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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


AMOR COMANCHE / Catherine Anderson
AMOR COMANCHE / Catherine Anderson

 

 

                                                                                                                                   

 

 

 

 

 

                             PRÓLOGO

Oregón, 1866

A chuva açoitou o rosto do Jacob Rand, água doce como frios arroios fluíam por suas bochechas mesclando-se com suas lágrimas, logo, encharcavam-se em uma piscina salgada na fenda do lábio superior. Uma mecha de cabelo negro molhado pendurava sobre seus olhos. Sua visão se rabiscou de forma que já não pôde ver claramente a tumba de sua mãe. Não é que importasse. O aguaceiro tinha feito o trabalho rápido de aplanar a terra do recente montículo. Se não fora pela rocha que tinha utilizado para marcar o lugar, sua sepultura não se haveria visto diferente do páramo revolto de barro. Desejava que seu pai se tomou tempo para esculpir uma cruz, mas como sempre, havia trabalho por fazer. Pai tinha ajudado a cavar, ficou para conseguir a profundidade correta, e não disse nem sequer uma oração antes de partir. O trabalho da Cruz teria que vir mais tarde, depois de que a luz do dia se esgotasse. Eram tempos difíceis, e bastante tinha Pai alimentando-os a todos.

Fechando forte um punho, Jacob se esfregou os olhos, decidido a não chorar diante de suas irmãs. Agora que mamãe se foi, o cuidado das três meninas e de seu irmão mais pequeno, apenas um bebê começando a caminhar, caiu sobre seus ombros, era o major dos irmãos. Tinha prometido fazer um bom trabalho, e sabia que Mãe contava com ele.

Jogou uma olhada ao Sarah, que a seus três anos de idade chorava a seu lado. Nesses momentos lhe tivesse gostado de poder trocar de lugar com seu irmão menor, Jeremy, que com sua curta idade, incluso no parecia dar-se conta do que verdadeiramente tinha ocorrido. por que tinha que ser ele o major, e dizer a oração final sobre a tumba de sua mãe? Não era muito falador. Já havia dito a oração do Senhor. A maior parte, de todos os modos, o que se acordou. Não sabia nada das outras orações, exceto a da bênção do jantar, e que agora não parecia apropriada. Pensou que devia terminar dizendo algo agradável sobre Mãe, mas não lhe ocorria o que.

 

 

 

 

Sara choramingou de novo mais forte. Ele só desejava que ela se acalmasse… que não chorasse. Maldita seja sua sorte. Parecia que estava chupando ilumine, do sal de suas lágrimas que tinham penetrado em sua boca. Não parava de sorver, mas mesmo assim, o nariz gotejava ao lábio superior. Não tinha um lenço, assim fez uma rápida passada com a manga. Sarah soprou, logo soluçou, e fez erupção o ar de suas fossas nasais. Fez outro passe com a manga, limpando seu vermelho nariz.

 

Pobre Sarah. Seus piececitos médio descalços estavam cheios de barro vermelho. Sua camisa feita farrapos era um refugo do Jacob, aferrava-se uns segundos aos ossudos ombros da menina. As três garotas e ele, ao bordo da tumba com os joelhos nodosos, empapados de água e sujas de barro… e à parte Jeremy, que se entretinha olhando o fluir dos riachos que formava a chuva pouco mas lá. Todos com as bochechas e o nariz como maçãs vermelhas pelo frio. Tragou saliva e se estremeceu, olhando à menina cuja carita se congestionava lastimosamente.

 

Jacob a atraiu para si. Afirmando um braço sobre ela quis consolá-la o melhor que podia. Um aroma de urina flutuou até ele, e se deu conta de que Sarah certamente se teria urinado em cima ontem de noite. A culpa se apoderou dele. Tinha prometido cuidar dela e ali estava, empapada até o congelamento, suja, enlameada e com um mau aroma como um curral das vacas em agosto.

 

“Vá bom trabalho que estou fazendo até agora”, pensou. Lhe olhava, e acariciou a cara aproximando-se mais se até fosse possível. Sabia que ela se limpava o nariz contra ele. Mãe sempre repreendia ao Sarah por fazer essas coisas, mas Jacob não tinha o coração para brigá-la nestes instantes.

 

Novas lágrimas queimaram detrás de suas pálpebras, e as arrastou em um sopro. lembrou-se de haver renhido com a Mary Beth ontem, justo antes que Mãe começasse a sentir-se mau. Logo recordou que tinha jogado com o Jeremy na colina, deixando de lado suas tarefas e obrigações até mais tarde. Agora Mãe se foi, e não havia nada que pudesse fazer para trazer a de volta. Nada. Nem sequer podia dizer quanto o sentia.

 

Seu estômago se sentia revolto pela fome, e seus joelhos se sentiam débeis. Não se sentia bem, muita fome, muita, não tinha comido nada desde ontem ao meio dia, e cavar a tumba era um trabalho duro e penoso.

 

Quase tão duro como a mineração de ouro.

 

—Mãe estará às escuras aí abaixo—. Sarah olhou a tumba, e logo olhou para cima, implorando com seus grandes olhos marrons, possivelmente para fazer uma idéia do que de verdade estava ocorrendo em seu mundo. Sujos fios de cabelo negro se aderiam às bochechas. Ela se estremecia tão forte que os dente chocavam entre si—. por que pusemos a Mãe no barro?

 

Jacob não tinha respostas. Se houvesse um Deus, a teria enterrado muito longe daqui. Em algum lugar de Califórnia, mais que provável, onde o sol nunca deixasse de brilhar. Se Jacob fora Deus, ali é onde estaria a tumba de sua mãe.

 

Do outro lado da tumba, Mary Beth com seus oito anos disse:

 

—Mãe, já não está aqui, gatinho. Ela se foi ao céu para viver com os anjos.

 

Jacob olhou a Mary Beth, desejando que ela dissesse algo mais. Algo a respeito das harpas e seus vestidos diáfanos… e as ruas pavimentadas de ouro do céu. Sim Sarah seguia recordando a Mãe com gradeio por toda a cara, morta e sobre a terra, sem sudário nem caixa, seus sonhos estariam infestados de pesadelos durante um ano. como sempre, Mary Beth fez exatamente o contrário do que Jacob desejava. Sua boca se fez uma linha severo, e ela não disse nada mais. Entretanto a esperança de umas palavras que aliviassem o silêncio estava ali, deslizou seus olhos até a Rebecca de 6 anos, mas ficou tão quieta como uma estátua, olhando-a fixamente, ela tinha a cara branca, seu cabelo negro pendurando condensado sob a chuva.

 

Blusa de lã se parecia muito a ele, pensou. Jacob suspirou e deu no ombro do Sarah um ligeiro tapinha.

 

—O céu é um bom lugar. Só há cavalos de cor branca, e os anjos estão vestidos com tecidos formosos e com enormes asas

 

—Como são seus vestidos?— pergunto Sarah com inocência.

 

Jacob vacilou. O alcance completo de sua existência sempre foram povos mineiros, mas uma vez faz muito tempo, tinha ido procurar a Pai à cantina… Ali se tinha visto vestidos bonitos…

 

—Acredito que são de cor vermelha com encaixe negro—, afirmou.

Mary Beth, com a cara manchada de barro e inchados os olhos de chorar, ficou olhando-o um instante, como um sapo observando a uma mosca.

 

—Não é assim! Os anjos se vestem de branco, Jacob Nathaniel! Não vás inventar mentiras sobre o evangelho.

 

—Que diferença há, Mary Beth?

 

—Simplesmente a há, isso é tudo. O vermelho é a cor de Satanás, e só as mulheres más se vestem assim.

 

—Branco então. E deixa de te mover na cabeceira da tumba de mamãe Mary Beth. É o mesmo que caminhar sobre ela, e é lhe faltar ao respeito.

 

Sarah, aparentemente alheia a suas disputas, seguia olhando ao céu.

 

—por que Mãe não nos levou com ela?— perguntou com voz gritã. —levou-se a bebê não nascido!— Logo acrescentou—, Quero o vestido vermelho com adornos negros.

 

—Encaixe—, acrescentou Jacob. —Algum dia, quando eu seja rico, gatinho, comprar-te um precioso vestido de anjo, de qualquer cor que deseje.

 

A garganta do Jacob lhe doía. As gotas de chuva se sentiam como espetadas na cara. Onde estariam os anjos? Tudo o que podia ver era o barro e mais gradeio. E quando fechou os olhos, tudo o que via era o sangue de sua mãe, manchando suas velhas saias, enquanto perdia a seu hermanito não nato e se sangrava sem ajuda naquela loja perdida no páramo.

 

—Algum dia, quando for rico—, burlava-se da Mary Beth—. Está começando a soar como Pai. Nem você nem ele ides fazer lhes ricos, Jacob, e sabe.

 

—Então vou ter que me fazer rico trabalhando em outra coisa. Silêncio, Mary Beth. vais fazer que Sarah chore de novo.

 

—Melhor isso, que chore agora a que lhe prometa algo que não possa cumprir. Nem sequer tem um casaco agora que lhe faz falta.

 

—Lhe vou comprar um casaco, e os vestidos, também. Assim já o vereis. Te vou comprar todos quão vestidos queira, pequena.

 

Os olhos da Mary Beth se encheram de lágrimas outra vez. Olhou-o um instante e logo baixou o olhar.

 

—Inclusive se você ganhasse dinheiro, Pai lhe tiraria isso e o gastaria em equipes de mineração. O único que lhe importa é encontrar o ouro. Não lhe importava se Mãe se machucava e perdia ao bebê, e tampouco que chorasse por esta vida tão difícil. Ele não se preocupa conosco. Sarah nunca terá um casaco, nem vestidos, nem nada. A única coisa que Pai vai lhe dar é uma pá com seu nome escrito. O mesmo para mim e para Blusa de lã.

 

Jacob tinha pensado o mesmo muitas vezes, só que ouvi-lo dizer em voz alta lhe dava medo, sobre tudo agora, depois de prometer a sua mãe que cuidaria de suas irmãs. Não tinha sido o suficientemente grande para fazer o trabalho de Mãe no poço mineiro, mas certamente seria no momento e logo estaria ali abaixo cavando, substituindo-a.

 

Mary Beth caminhou ao redor dele. Ela ia ser de pouca ajuda, ao igual ao tinha sido Mãe … era frágil igual a ela. O trabalho nas escavações no poço logo a mataria.

 

Jacob olhou a tumba e recordou o olhar se desesperada, suplicante dos olhos de sua mãe ontem de noite, justo antes de morrer. Com sua única força que ficava, tinha-lhe agarrado as mãos e sussurrou:

 

—Cuida delas por mim, Jacob. me prometa que o fará. Não deixe que seu pai.

 

Sua voz se apagou, e seus formosos olhos escuros se fecharam para sempre, sem poder terminar sua súplica. Jacob tinha obstinado as pequenas e calosas mãos de sua mãe, apenas capaz de falar em torno dos soluços que tinham quebrado em sua garganta.

 

—Eu me ocuparei delas, Mãe. Prometo que o farei. Não vou deixar que lhe aconteça o mesmo às meninas, Mãe. Juro-te que ele não o fará. vão estar bem. Já o verá. Tudo vai estar bem.

 

Apesar de que as palavras saíram de seus lábios, Jacob sabia que estava mentindo. Sua mãe tinha morrido. Seu pai a tinha matado a trabalhar, a ela e a seu filho por nascer, perseguindo um sonho estúpido. Nada voltaria a estar bem de novo.

 

                                     Capítulo 1

Portland, 1885

Embora a escuridão incluso no tinha cansado, os abajures de gás no estudo do Jake se acendiam para afugentar a tristeza de outro dia chuvoso de fevereiro. Os abajures lavrados eram o único luxo, além das duas cômodas poltronas de pele e uma garrafa de brandy ocasional sobre uma bandeja, que Jake se permitia neste quarto. Do contrário, tudo mantinha uma simplicidade austera, evidente nas paredes forradas de madeira de pinheiro desbastado, a mesa feita à mão, mas forte e útil, e as prateleiras de tablones em bruto.

 

Tinha eleito a decoração, se se pode chamar assim, para procurar um equilíbrio em sua vida e obter um estado de ânimo totalmente diferente com a opulência das demais habitações da casa. A moldura da chaminé era feita de um nó de madeira Myrtlewood, que tinha encontrado anos atrás no sul do Oregón. por cima desta, uma grande pintura do nevado Monte Shasta. Nas paredes do estudo tinha uma agradável coleção de cenas da natureza, que ocupavam cada centímetro de espaço de parede disponível. Seu quadro favorito era o que retratava um arroio de montanha de água cristalina, que serpenteava através de um grupo de álamos salpicados.

 

Sua noiva, Emily, queixava-se da desordem que sempre havia naquela habitação, e insistia, com razão possivelmente, que deviam redecorar esta peça para estar acorde com o resto de sua casa. Mas, até agora, Jake tinha evitado fazê-lo. Não podia explicar por que, não sabia por que, mas necessitava assim esta sala, com toda sua singela crueldade, cada centímetro de lhe era impensável perdê-la. sentia-se em paz aqui, como nunca o tinha feito em nenhuma outra parte.

 

Jake pelo general mantinha a porta do estudo fechada enquanto trabalhava, e sua família cumpria seu desejo de deixá-lo só, mas hoje ia ser uma exceção. Mais cedo, duas de suas irmãs menores tinham aparecido com seus filhos nas costas para despedir-se dele antes que saísse de novo da cidade em outra viagem de negócios. E agora tinha chegado Mary Beth e pedido lhe ver.

 

Aborrecido porque tinha uma grande quantidade de trabalho que fazer antes de partir para o sul do Oregón, Jake afrouxou o nó de sua gravata, atirou da cintura de seu colete de seda recamada de ouro, e se recostou em sua cadeira. Contemplando a maior de suas irmãs sobre seus dedos unidos pelas gemas. Justo ela voltava de um passeio de compras e ainda vestia com um traje de rua de cor veio tinjo de lã ligeira; parecia uma princesa sentada ali em frente em sua cadeira de escritório adicional. Uma princesa muito infeliz. Ambos os irmãos tinham o cabelo de sua mãe, negro como de ébano e olhos marrom escuro e, segundo alguns, compartilhavam a mesma teima insuportável. Jake não tinha chegado ainda a compreender verdadeiramente a Mary Beth. Suas mudanças de humor eram tão difíceis de predizer como o clima cambiante do Oregón.

 

depois da primeira greve de mineiros do ouro do José do Rand, suas circunstâncias tinham dado um giro drástico, mas para melhor, e Jake se esforçou incansavelmente após para que seguisse sendo assim. Ela tinha tudo o que pudesse desejar e inclusive mais. Mas… ela era feliz? Diabos, não. Aos vinte e sete anos, deveria ter aceito a um de seus muitos pretendentes e haver-se casado e ter a seus próprios filhos, antes que fosse muito tarde, não ter sua cabeça cheia de idéias a respeito de assistir à universidade.

 

—Mary Beth, em dez minutos tenho que me reunir com o Jeremy para lhe deixar instruções a fim de que possa dirigir os negócios, enquanto eu estou fora. Além disso, nem sequer comecei a fazer as malas. Realmente não tenho tempo para isto agora mesmo.

 

—E eu, é obvio, não tenho nada que fazer, mas…— respondeu ela com doçura.

 

—Acredito que falamos deste tema a nossa mútua satisfação o ano passado—. Ela jogava com os botões de cobertas de seda de seu traje.

 

—Discutimo-lo a sua satisfação, Jake, não à minha.

 

Uma visão do rosto gasto de sua mãe se instalou na mente do Jake, lembrou-se das promessas que lhe fez antes de morrer, de cuidar de suas irmãs acima de tudo, de não as deixar sofrer com trabalhos penosos.

 

—Sabe o que sinto pelas mulheres que trabalham, verdade?

 

—A prática da lei não é um trabalho. É uma profissão. Uma vocação.

 

Agarrou a pluma e voltou sobre os documentos que tinha estado trabalhando todo o dia.

 

—Não vou ter minha irmã levando a ombros a carga de um homem. Você já tem tudo o que pode necessitar. Não há nada que possa desejar que eu não te dê.

 

Um punho feminino se estrelou sobre a superfície de seu escritório com a força suficiente para fazer rabiscar a pluma sobre um documento. Jake, uma vez avaliados os danos, arqueou uma sobrancelha. Tinha dominado a homens mais fortes com solo este olhar que estava usando sobre ela. Mary Beth nem se alterou. Mary Beth, o pesadelo de sua existência, a única pessoa que poderia incitá-lo a perder os estribos. por que era sua irmã favorita? Sacudiu a cabeça; era seu favorita e que o matassem se sabia por que… porque não tinha nem idéia.

 

—Não seguirá com seu trabalho enquanto eu esteja sentada aqui! -exclamou ela—. vamos ter esta conversação, aqui e agora.

 

Jake deixou a pluma e se acomodou em sua poltrona. Só podia perguntar-se qual seria sua estratégia esta vez. depois de seu último enfrentamento, ela tinha destroçado todos os objetos de vidro no comilão principal. E logo Mary Beth tinha estado negando-se a comer nem a sair de sua cama durante três dias.

Posteriormente Jake tinha sabido que a criada, Caridade, tinha subido à habitação do Beth durante esses dias, com comida escondida para ela. Mary Beth era muito criatividade…

 

—Eu não dirijo sua vida, sempre pode fazer o que goste.

—Só que não posso nem devo trabalhar, segundo você.

 

—Sim, à exceção disso— Jake se fixou no forte rubor das bochechas de sua irmã, era um signo inequívoco que ia sair seu gênio mas volátil.

 

—É uma mulher encantadora. Não há um só homem solteiro no Portland que te chame a atenção? Não me importa se for um varredor.

 

—E você o comprasse para mim, verdade? Assim como adquire todo o resto, meus vestidos minhas jóias… todo!!!. Por uma vez, eu gostaria de obter algo por minha conta—. Ela juntou as mãos em seu regaço—. Além disso, se o matrimônio der a felicidade, por que não te casaste até com a pobre Emily? Tem trinta anos irmano. Agora que ela já não está de luto, não há nada que te detenha. Têm comprometidos mas de um ano.

 

—Deixa a minha relação com o Emily fora disto Mary Beth—. Jake suspirou e se esfregou a parte de atrás de seu pescoço para aliviar a tensão que se ia acumulando nesse ponto.   Emily. Ao igual a redecorar seu escritório, era uma peça mais de todos seus assuntos pendentes. Por razões que totalmente desconhecia, não podia reunir o entusiasmo de fixar uma data para as bodas.

 

Voltou o olhar à montanha de papéis sobre seu escritório e disse:

 

—Tenho um montão de obrigações. Você tem um monton de tempo livre para desfrutar e fazer realidade costure fantásticas.

 

Ela atirou da cadeira.

—Coisas fantásticas? Maldita seja, Jake! Às vezes estou tão perto de te odiar, que me aterra.

 

Lhe dirigiu um sorriso conciliador e fez um gesto para os livros pulcramente alinhados na basta estantería da parede.

 

—consideraste te converter em novelista? Em escrever poesia? por que não te dedica à pintura ou ao desenho? As criações do Emily não são uma maravilha, mas desfruta e se entretém com isso. Não te quero limitar, Mary Beth, só quero, não, necessito! te proteger. Não pode ver isso?

 

—Eu não sou como Emily. Ela é tão complacente que me dão náuseas. Bom, esses quehaceres não são para mim. Se eu estudar Direito, isso vai dar uma diferença real no mundo, necessito-o, preciso ser alguém, preciso ser útil, me realizar… Necessito um trabalho de verdade, eu sei que posso ser boa nisto, é minha vocação… Se tão somente me dessem uma oportunidade.

 

—Carinho, já tem feito uma diferença, já é alguém no mundo. Pensa em todas as pessoas desta família que lhe querem e que lhe necessitam.

 

—Isso, para mim, não é suficiente—. Ela levantou as mãos, em um gesto de impotência.

 

detrás dos olhos do Jake ia formando-os começos de uma dor de cabeça, esfregou-se a frente com ar ausente.

 

—Falamos já este mesmo assunto um centenar de vezes. —E sabe o que é o melhor para mim Jake? Nunca quero me lembrar de sua resposta—. Se levantou, cavou-se as saias e sua boca se torceu em um sorriso amargo—. E agora me comprido, então poderá voltar para seu trabalho, te esquecendo de minha existência—. Fez um gesto de desdém com a mão como girando-a alderedor do estudo. —E por que não? Jake, você tem a vida que quer.

 

A vida que queria? Ele? Ao redor, sobre o escritório, podia ver todos os documentos até por revisar. Amanhã se dirigiria a outro povo mineiro a negociar a aquisição de uma nova exploração para seu pai. Quando retornasse, em seu escritório se amontoariam ainda mais papéis. Qual era a razão de todo esse trabalho? Para adquirir mais riqueza? Para fazer que Mary Beth fosse feliz? O primeiro, a riqueza, era uma fria companheira de cama, e ele estava claramente fracassando como um miserável na segunda razão, fazer feliz a sua irmã.

 

—Mary Beth, o que, exatamente, é o que quer?   É te fazer advogado? Duvido-o. Detestaria-o, depois de seis meses.

 

Deu um passo para ele. Com voz tremente, disse:

 

—O que? Quem é você para decidir por mim? O que detesto é que você me faz sofrer, pensando que isto te absolverá ante seus próprios olhos!

 

Esta estratégia era nova. Jake entrecerró os olhos ao olhá-la.

 

—Absolverá-me? Que demônios significa isso?

 

—Exatamente o que sonha! me manter encarcerada nesta tumba rodeada de luxos, me protegendo do que considera como a dura realidade, não trará de volta a nossa mãe. E nunca vai desfazer o que fez nosso pai com ela. O que deva me acontecer me acontecerá! Não deve procurar a absolvição tratando de ser tão protetor com todos nós.

 

Isso picou, maldita seja, doeu. Jake se levantou lentamente de sua cadeira.

 

—Você, senhorita, é uma mucosa ingrata, arremesso a perder. Como te atreve a expor o que aconteceu nossa mãe?— Apoiou bruscamente os punhos sobre a mesa—. Pergunta por que não me casei com o Emily ainda? Pensa nisso. Quando tive tempo para uma mulher e ter uma família? Se não fora por mim, por meu duro trabalho, quando foram umas crias, seu estômago vazio lhes teria levado aos botequins dos acampamentos mineiros. Todas vocês teriam dançado para poder comer, e possivelmente lhes teria levado fazer coisas piores e mas denigrantes que um simples cão-cão!.. Isso foi meu pecado? Um segundo trabalho para pôr comida em seus pratos?

 

—A ameaça da fome terminou faz muito tempo, tanto que nenhum de nós pode recordar o que se sentia com o estômago vazio—. As lágrimas encheram seus olhos—. Não sou uma menina. Entretanto, ainda não me vê como adulta, como uma mulher frente a ti. Sempre me verá como uma jovenzinha? Quanto tempo aconteceu desde que não me olha realmente para saber quem e como sou?

 

—Não seja tola. Estou-te olhando agora mesmo.

 

—E você quem é Jake? Converteste-te em cego a tudo, menos a suas próprias obsessões. Quanto aos sacrifícios? OH, sim, fez muitos sacrifícios, muitos possivelmente. Até mais dos que te corresponde por simples ética!Sabe o que me rompe o coração? Que desprezaste toda sua vida e agora te converteste em igual a ele.

 

Jake sabia que se referiam a seu pai. A comparação era como uma bofetada na cara.

—Acredito que será melhor pospor este pequeno bate-papo até que os dois estamos um pouco mais tranqüilos.

 

—Até quando? Vai pela manhã para visitar outro povo mineiro, que por meu o leve o inferno! Deus sabe que ORE-CAL ENTERPRISES não necessitam cada aquisição que pode agarrar Pai com suas mãos.

 

—Isso forma parte de nosso negócio, Mary Beth, a aquisição das novas minas.

 

—Adquirindo? Roubando, mas bem.

 

A acusação deixou ao Jake desestabilizado.

 

—Roubando? Nunca roubei nada em toda minha vida!

 

—Alguma vez? Se quiser, pode fingir que é cego ao que está passando, isso está bem por mim, se assim o quiser, claro está. Mas por favor não siga destruindo nossa relação mentindo a respeito.

 

Com isso, dirigiu-se à porta.

 

—aonde crie que vai? Não se pode dizer algo assim e logo te sair de rositas.

 

Ela ficou imóvel, com a mão no pomo da porta.

 

—Talvez, vá até a zona da costa e— lhe lançou um olhar por cima do ombro—dance por minha comida. A prostituição é uma atividade bastante feminina, não?

 

Até esse momento, Jake não se deu conta de que Mary Beth tivesse sabido ou imaginado nem a metade, a respeito das atividades de má morte que se faziam na linha de costa.

 

—Certamente, Jake, por isso não te vais pôr a discutir de novo comigo por fazer isso. Isso é tudo para o que são boas as mulheres. Que mulher é a correta para isso? Como pretendem os homens saber que classe de mulheres terá que proteger ou utilizar, dependendo de sua natureza? Jake, é muito protetor comigo. E eu me sinto uma vítima. Se só te casasse com a pobre Emily. Então teria a vida dela para protegê-la ou fazer-lhe impossível, em vez de ser minha vida a que está aqui em interdição.

 

Com isso, ela saiu e fechou a porta com tal força que as paredes retumbaram. Jake ficou ali, congelado e com uma estranha sensação de intumescimento. Sua vítima? Mary seu Beth vitima por sobreprotección???

 

Afundou-se em sua cadeira. A dor detrás de seus olhos se intensificou. Com o braço, cheio de uma instantânea coragem, varreu todo o conteúdo que havia sobre o escritório. Os documentos voaram sem rumo fixo até cair sobre o chão. Viu-os em terra, sabendo de que condenadamente, ele mesmo teria que recolhê-los em um minuto. Apoiando um cotovelo sobre a mesa, deixou cair a cabeça sobre sua mão aberta e tensa.

 

Apenas um momento depois de deixar cair, ouviu ranger a porta abrindo-se. Seu irmão, Jeremy, com seu cabelo negro com gotas de chuva, com seus zombadores olhos marrons, apareceu a cabeça no estudo.

 

—Que diabos acontece com Mary Beth?

 

—Nada, até agora, em comparação ao que será seu problema. Uma palavra mais e te juro que vou estrangular a.

Jeremy se pôs-se a rir. Tirando-se seu levita cinza, entrou por fim e fechou a porta detrás de si. Trazia com ele, aroma da chuva, o do ar fresco, e a lavanda que usava como perfume, além de outros densos aromas que não pôde identificar no momento. Jake sabia já sem perguntar que seu arrumado irmão viria de um tardio almoço com alguma de suas muitas amigas. A julgar pelo aroma pesado de perfume, talvez tivesse havido algo mais que comida na reunião.

 

A gente dizia que Jake e Jeremy tinham um parecido notável, ambos eram extraordinariamente altos, largos de ombros, estreitos de quadris, com o cabelo negro como o ébano e a pele de forma natural brunida, era mas moréia por sua afeição mútua de estar ao ar livre. Jake não podia ver o parecido realmente, além das similitudes próprias que lhes dava a vida irmãos. Um olhar do Jeremy fazia que as mulheres se deprimissem e caíssem de costas como desequilibradas mentais… O menino as voltava verdadeiramente loucas.

 

—Jesus, Jeremy, cheira como uma puta francesa.

 

Seu irmão se atirou do pescoço branco engomado e estirou o pescoço, sonriendo, tinha a imagem de um macho satisfeito.

 

—Athena usa um perfume um pouco pesado. Uma mulher de excessos, isso é Ateneu, que Deus benza seu generoso coração.

 

Jake procurava em sua mente uma mulher que conhecesse que levava esse nome.

 

—Joder com a Athena, a filha do leiteiro.

 

—O que me diz de seu carita? A garota é gloriosa, com esse queixo picudita, com esses lábios cheios. E não me exorte por isso. Em caso de que não o tenha notado, sou o suficientemente major para saber que me faço.

 

Jake lhe dava já como uma causa perdida.

 

—Com quem te deite, hermanito é agora o menor de meus problemas.

 

Em resposta ao olhar inquisitivo do Jeremy, Jake lhe deu uma breve resenha sobre sua discussão com sua irmã Mary Beth.

 

Os dentes do Jeremy brilharam em um sorriso. De pé junto à mesa, Jeremy cruzou uma perna e deixou cair o quadril no bordo do escritório do Jake.

 

—Pelo menos ela superou a etapa de nos romper a baixela, vamos, no momento, até tem tempo disso e de mais.

 

Jake se afundou na almofada de couro suave da cadeira e inclinou a cabeça para trás. Deixou seus olhos fechar-se por uns instantes, logo perguntou:

 

—Equivoco-me com ela, Jer? É minha forma de pensar tão terrivelmente injusta?

 

Jeremy se tomou um momento para responder.

 

—Não acredito que seja uma questão de bom ou mau, justo ou injusto. Há vezes, entretanto, em que penso que nos amas tanto a todos nós que comete o engano de tratar de nos envolver em algodões.

 

Um pesado silêncio caiu entre eles. Jake recordou as palavras da Mary Beth e sua mente estava infestada de incerteza. havia-se sentido culpado pela morte de sua mãe. A dia de hoje, até se podia recordar evitando suas tarefas aquela tarde, aquela mísera tarde em que ela morreu, o, Jacob Nathaniel deixando a um lado seus quehaceres se foi a jogar com o Jeremy. Sua mãe tinha tido que fazer as tarefas que ele tinha impostas. Ela, grávida de vários meses já, tinha tido que ir à quebrada a pela provisão de água, ela sozinha, sem ajuda de ninguém, apesar de sua debilidade. Embora haviam já passado dezenove anos e podia olhar para trás, agora como adulto, pensava que qualquer menino de onze anos tivesse feito o mesmo, evitar o pesado trabalho por jogar apenas um momento com seu irmão. Mas apesar de todo o tempo transcorrido após, Jake, incluso no podia perdoar-se a si mesmo. Foi aterrador pensar que tinha passado todos estes anos tratando de expiar os pecados de seu pai. Foi ainda mais aterrador pensar que tinha obrigado a Mary Beth a fazer penitência com ele.

 

—Me diga—. disse ao fim com voz rouca. —Se fosse você, Jeremy, o que faria com a Mary Beth?

 

Jeremy suspirou.

 

—Não sei. A parte difícil é que posso lhes entender aos dois e não quero me pôr de parte de nenhum. Mary Beth sente que sua vida não tem sentido. Mas também posso ver como se sente você. Não posso te culpar por querer conservá-la em casa, onde tem algum tipo de controle, onde pode proteger a de todo dano.

 

Controle. Era assim como todo mundo o via? Como um controlador de tudo e de todos?

 

—Sabe o que seria para ela, se a sotaque ir à escola? Na universidade teria mas oposição que apóio por parte de todo o mundo. Mesmo que fosse admitida entre tantos estudantes masculinos, seria certamente excluída da camaradagem e de entre os companheiros. Inclusive os professores podem ser resistentes a dar classe a uma senhorita, estaria ali sozinha.

 

Jeremy agarrou a pepita da mesa do Jake, que servia como pisapapeles.

 

—Sim, isso seria para a Mary Beth um pouco aborrecido, mas Jake, o aborrecimento não a vai matar. Superará-o, tem dúzias de amizades, que lhe importam os companheiros na universidade? Só irá ali a estudar. por que está tão zangado? Seu sempre tinha sorrido com as extravagâncias de nossa irmã, nunca te havia oposto tão seriamente a nenhuma de suas demandas.

 

—Porque quero fazer o correto para ela—. Jake se sentou mais erguido, não era de tudo capaz de expressar seus sentimentos a respeito da Mary Beth com palavras—.por que tudo o que faz tem que ser minha decisão, de todos os modos?Não tem você nada que dizer sobre este tema , irmão?

 

Jeremy se Rio, e levantou as mãos.

 

—OH, não, não! me deixe sair ileso deste assunto!—

 

—Faz-me sentir como um carcereiro.

 

—Não me meta em meio de suas batalhas, Jake. De qualquer maneira eu me sairia delas, não se pode ganhar. Você é o major, e é sua responsabilidade.

 

—Talvez estou cansado das responsabilidades—. Jake se levantou de sua cadeira e se passeou por um momento. Restelo a mão pelo cabelo, deteve-se frente à janela para olhar à rua. Um carro que passava colocou suas rodas em um recente atoleiro, levantando a água lamacenta como um rocio enlodado—. Nem sequer se pode raciocinar com ela quando fica assim. O que faz com seus comentários é me pôr tão furioso que quão único posso fazer é lhe gritar. Teve a audácia de me acusar de usar táticas ocultas em nossos negócios. Pode acreditá-lo?

 

Jeremy não respondeu. Curioso, Jake olhou por cima do ombro. Seu irmão mantinha a cabeça encurvada, como estudando atentamente o fulgor da pepita. Jake se voltou e esperou. Jeremy ficou calado.

 

—Bom, não vais rir te?— Perguntou Jake.

 

—Bem sabe que nunca tenho feito nada desonesto em minha vida.

 

Jake retornou lentamente à mesa.

 

—Jeremy...

 

Deslizando suas mãos com um pouco de brutalidade. Jeremy devolveu a semente a seu lugar, seus largos ombros estavam rígidos por debaixo da seda cinza de seu colete. As mangas de sua camisa branca se esticaram sobre os músculos agrupados em seus braços.

 

—Agora não é o momento, Jake.

 

—Agora é o momento perfeito. O que é tudo isto? Sabe a que diabos se refere?

 

—Maldita seja Mary Beth e sua boca—. Jeremy se apertou com dois tensos dedos a ponte do nariz e fechou os olhos—. Me está pondo em um lugar infernal neste instante.

 

—Isso é muito, e ainda por cima condenadamente mau. Nunca guardamos secretos nesta família.

 

—Talvez seu e eu não os tenhamos—, disse Jeremy com voz tensa.

 

—E o que é, exatamente, o que significa isso?

 

—Que Pai não é tão sincero com os que lhe rodeamos como o somos Mary Beth ou eu contigo—.

 

—O que significa? Dava o de uma vez Jeremy.

 

Os lábios do Jeremy se emagreceram.

 

—Significa que ouvi certas palavras, vi coisas, que me têm feito…— O passou a manga pela boca, como quando era menino e o pilhava em alguma falta. —Tenho razões para acreditar que nosso pai ajuda a criar certa circunstâncias, graças às quais se conseguem baixar os preços de nossas aquisições mineiras, empurra-as a alguma má situação, e logo se oferece a pagar o resgate.

 

Jake o olhou fixamente.

 

—Tem alguma idéia do que está dizendo?

 

—Sim—. Os ombros do Jeremy pareceram relaxar-se depois desta confissão —. Amanhã vai para Terra de Lobos, não? Faz uns dois meses já, que me aproximava até o escritório de pai, e por acaso ouvi uma conversação entre ele e Hank. Falavam sobre Terra de Lobos. Recordo-o por que esse nome é incomum. Pai disse “cuida bem do asuntillo com ele, Hank. Agora, dirige-te ali e já sabe o que tem que fazer, logo apresenta nossa oferta”.

 

Jake fez um gesto com a mão.

 

—E? É uma oferta justa. E que vão estar condenadamente contentes de receber. O proprietário está em cama com uma lesão e não pode trabalhar. Ele não será capaz de voltar para a mina em meses. Nossa oferta de compra pode salvar a este homem da ruína financeira.

 

—Como se feriu Caçador de Lobos?— perguntou Jeremy.

 

—Sabe o nome do homem?—

 

—Fiz algumas investigações, sim. Como está a ferida? Sabe que ou como passo?

 

Um tremor de inquietação subiu pela coluna vertebral do Jake.

 

—Um desmoronamento, acredito.

 

Jeremy assentiu com a cabeça.

 

—Um dos pequenos inconvenientes dos vários que houve já nessa mina. Pequenos inconvenientes, custosos, mas corrigíveis. houve uma onda de acidentes em e ao redor dessa mesma prospecção este último mês.

 

Jake fechou os punhos.

 

—Essa é uma acusação desprezível, e você sabe. Caçador de lobos quase foi assassinado. Pai pode ser ambicioso. Deus sabe que eu seria a última pessoa que o defenda. Mas ele não é nenhum assassino.

 

O olhar do Jeremy não titubeou.

 

—Esse é um risco dos acidentes preparados. cedo ou tarde, alguém está obrigado a estar no lugar equivocado no momento equivocado.

 

Jake podia ver pelo olhar nos olhos de seu irmão que ele realmente acreditava o que estava dizendo. deixou-se cair contra o escritório.

 

—Comprova os registros—, desafiou Jeremy—. Não teve feridos no passado, mas virtualmente todas e cada uma das aquisições mineiras de Pai, foi precedida por uma rajada de má sorte que pôs esses negócios em números vermelhos. Não estou seguro se se puder ou não demonstrar. Mas em todos os casos, a má sorte terminou milagrosamente no momento que ORE-CAL ENTERPRISES se fez cargo.

 

Por um momento, Jake estava olhando para trás no tempo e de novo de pé junto à tumba de sua mãe igual a quando menino. E entretanto a voz que ouvia era a da Mary Beth, acusadora, ressonando em sua mente—. Não posso ter sido tão cego—. Pensou.

 

—Talvez eu vi coisas que você não viu porque Pai não é tão cuidadoso quando eu estou a seu redor. Vi-o pessoalmente pôr em ordem seu escritório antes de que você entrasse em seu escritório, escondendo os papéis, cobrindo-os com outro tipo de correspondência—. Jeremy elevou as mãos. —Só pensa nisso, Jake. Como é que Pai sempre sabe, sem estar sobre o terreno, quando uma empresa está em problemas? Não se trata de minas só, já sabe. Faz três meses, foi um hotel. Em todos os casos, ele chega com uma oferta no momento justo. Crie que as pessoas que se enfrentam à bancarrota enviar avisos por telegrafia aos possíveis compradores?

 

Jake ficou olhando o teto. Havia um halo de verdade no que Jeremy estava dizendo. Seu pai parecia ter um sexto sentido, quase sobrenatural, da oportunidade, movia-se em uma tira de controle sempre no momento perfeito. E Jake conhecia o Jeremy o suficientemente bem para sentir-se seguro de que não diria essas coisas sem causa razoável. Querido Deus. O estudo parecia fechar-se e oprimir-se a seu redor.

 

—vou comprovar isto do que me está falando—, disse ao fim Jake.

—E o que vais fazer?— A voz de seu irmão soou tremente—. O sinto, Jake. Nunca tive a intenção de deixar cair esta laje sobre ti desta maneira. Eu queria ter mais provas. Mas se não me equivoco, com o que averigüei até agora, o que vamos fazer? Temos que nos tranqüilizar e mantê-lo em segredo de algum jeito. Um escândalo desta magnitude nos arruinaria como empresa. Um problema assim poderia inclusive romper seu compromisso com o Emily.

 

Agora Emily era a menor das preocupações do Jake. Quando era menino, recordou, jogando tinha deslocado uma vez de frente contra uma árvore, chocando-se com o às cegas e se sentiu exatamente igual a agora, aturdido, desorientado, incapaz de recordar o que tinha estado pensando um instante atrás. Apenas capaz de sentir seus pés, rodeou seu escritório e se sentou em sua cadeira.

 

—Jake, está bem?—

 

Estava bem? Jake tragou uma risada dura. Sua irmã havia totalmente aberto a caixa da Pandora, e agora seu irmão lhe dizia, não, quase lhe confirmava que seu Pai tinha estado orquestrando aquisições contrárias à ética dos negócios. Diabos, não, não estava bem. Pensou em todas as vezes que tinha atirado o golpe de morte a tantos homens de negócios, a compra de seus meios de subsistência por um preço marcado como justo, acreditando que estava fazendo um favor porque estava salvando os da ruína financeira inevitável.

 

Todo o mau que tinha desprezado das atitudes de seu pai, e agora se esteve convertendo em alguém igual a ele. Tudo dentro do Jake se rebelou contra esse pensamento. Ele tinha querido a seu pai como progenitor dele que era, mas nunca lhe tinha gostado de sua forma de ser. E aí estava o problema. Jake era mais feliz quando ele não via o homem que em realidade era seu pai. Até este momento, Jake se tinha contentado mantendo um lar separado e atender a gestão de suas empresas, economizando pouco ou nenhum pensamento para o final quando seu pai lhe aproximava tal ou qual negócio, fazendo simplesmente o último trâmite, a aquisição e o investimento.

 

—Eu deveria ter acontecido mais tempo nos escritórios principais—, sussurrou com voz rouca.

 

—Isto se que é bom. te culpar a ti mesmo. Jake o menino bom, que leva todo o peso sobre seus largos ombros. Fiscalizar só algumas poucas minas seria uma empresa gigantesca. carregaste sobre suas costas, além das minerações, com um montão de distintas classes de negócios e empresas. Quando não te está preocupando com dispor condições de trabalho seguras, está fazendo as contas. Alguma vez ele te expôs que contratar a ajuda de alguém, para que se faça cargo de uma parte desta imensa carga?Pai me animou a te jogar nem sequer uma mão e compartilhar as obrigações? Diabos, não, nunca. E agora sabemos por que. Queria te manter tão malditamente ocupado, e por debaixo dele, que não tivesse tempo de te dar conta de tudo o que fez e desfez a seu desejo.

 

A boca do Jake se sentia seca. Tratou de tragar e não pôde.

—Podemos pôr desculpas durante todo o dia, mas a conclusão é que deveria ter visto o que estava passando.

 

—E o que vais fazer?—

 

—Vou a Terra de Lobos, tal como o tinha planejado, e farei as devidas comprovações.

 

Jake sabia que se estava repetindo e que não era uma solução. Mas além disso, de sua viagem, não tinha nem idéia do que ia fazer. Como reconstruir sua vida, uma vida quase destruída pela ambição desmedida de seu pai?

  

 

                                             Capítulo 2

Terra de Lobos, 1885

O relâmpago cortou o céu e logo o trovão golpeou com sanha. Índigo Lobo se acomodou sobre uma parte de erva e se abraçou ao redor de seus joelhos. Com um suspiro, deixou que a chuva a empapasse, jogou a cabeça para trás para apanhar gotas de chuva com sua língua. A água escorregava da asa de seu chapéu de couro até a nuca. Ela se estremeceu com um calafrio e endireitou sua coluna. Em algum lugar por cima dela, na ladeira, caiu um raio. Uma árvore, dividido em duas por sua força, deu um forte estalo e se estrelou contra o chão. A vibração do ruído e o aroma de pinheiro queimado chegava até onde estava sentada.

 

Sua única companhia, Wolf, o lobo que ela mesma tinha criado desde cachorrinho, gemeu e se apertou ainda mais a sua coxa. Golpeados ambos pelo vento, colocou uma mão sobre o colar do animal empapado pela chuva e fechou os olhos para absorver a fúria elétrica que se formava redemoinhos no ar. Por um momento, ela não se sentiu tão impotente contra as forças que ameaçavam destruindo a vida que até agora tinha levado.

 

Hoje tinha sido um dos dias mais compridos que ela recordava. Cada minuto que tinha passado indo até a mina lhe tinha parecido uma eternidade, seus pensamentos se centraram em sua casa e o que poderia estar acontecendo ali. Agora que tinha terminado o trabalho do dia, sentou-se aqui, temerosa de averiguar o acontecido durante essas largas horas.

 

Desejou que a tormenta durasse para sempre mas infelizmente, aos poucos minutos os trovões se fizeram mais distantes e a chuva começou a diminuir. Abriu os olhos para ver que o mais negro dos nubarrones de tormenta se deslocava para o sul. Um raio de sol anêmico penetrava na penumbra das nuvens e logo fracamente se apagou. Seu pai lhe dizia desde pequena que o raio de luz era uma promessa dos Grandes Seres de que tudo estaria bem. Índigo carecia de sua fé. As coisas não foram melhorar a menos que a gente fizesse algo para arrumá-lo. Pergunta-a era, como?

 

Ela suspirou e ficou em pé, olhando sombríamente para o final da ladeira onde tinha estado sentada sobre a erva e percorreu com seus olhos as casas que se agrupavam debaixo da montanha. Iniciou então o caminho de volta.

 

A palavras provavelmente evocavam imagens diferentes para cada pessoa, para ela lar significava Terra de Lobos. Umas quantas moradias mas tinham sido construídas nos últimos anos, mas pelo resto era a mesma cidade de sua infância. A casa que seu pai tinha construído depois de chegar ao Oregón fazia mais de vinte anos se manteve bem; suas paredes de troncos fortes de cor escura, seu teto, que assemelhava um tabuleiro de xadrez bastante confuso, emplastros de cinza degradado das velhas pranchas se uniam ao dourado tênue da madeira nova dos últimos acertos, feitos antes da chegada das chuvas. De onde estava se podia ver o galinheiro e parte do jardim de atrás. Mais à frente entre as árvores estava o velho tipi que conservava seu pai; da lonjura era um cone de couro de cor marrom mel envelhecido, os paus de sustento do tipi se entrecruzavam entre os altos pinheiros. Ao lado do montão de lenha talhado, estava um toco cicatrizado. Ela e seu irmão, Chase, utilizavam-no desde meninos como um objetivo para a prática com sua faca e a tocha arrojadiza.

 

Índigo não podia imaginar viver em outro lugar. Entretanto, nestes momentos, seu pai poderia estar assinando os documentos que poderiam trocar sua vida para sempre. Se não o tinha feito já, claro está. Ore-cal ENTERPRISES. Ela tinha escutado pela primeira vez este nome fazia apenas um mês e já o odiava.

 

Volutas fracos de fumaça cinza derivavam para o céu das muitas chaminés da cidade e se dirigiam para o sul, levadas com o vento. Voltou o olhar nessa direção, para o sul, cheia de medo, porque sabia que um mundo diferente estava além dos longínquos picos nevados. além de seu povo, onde todos a conheciam e respeitavam, sua cor de pele, mais escuro por sua ascendência comanche, seria considerado uma falta. Nem no povo nem em sua minas, ninguém a tinha tratado de restringir, nem por ser mulher nem por seu tom de pele mas caramelado. Se seu pai seguia adiante com seu plano de vender sua mina, a vida que sempre tinha tido poderia lhe ser arrebatada. Em todos seus dezenove anos, nunca se tinha aventuroso mais longe do Jacksonville, apenas uma distância de dez milhas.

 

A venda da mina não era necessária, mas até agora não tinha podido convencer a seus pais disso. Ela podia fazer que as coisas funcionassem de novo e dirigir sozinha as rédeas, até que seu pai se recuperasse. Sabia que podia. Se a gente tinha a mente estreita, não era culpa dela. Podia lutar, igual como qualquer homem. Se seus pais só lhe dessem a oportunidade, sabia que podia prová-lo.

 

Cheia de frustração acariciou brandamente a pele úmida do Wolf. inclinou-se sobre ele, a cruz das costas do animal era tão alta como seu próprio quadril, um desagradável aviso de que ela tinha herdado a construção ligeira de sua mãe. Odiava ser de constituição pequena, sobre tudo agora que tanto importava e punham em dúvida sua capacidade de fazer frente ao trabalho na mina. Todas as tardes do acidente de seu pai, o cansaço o agarrotaba os músculos e tendões dos ombros, mas nunca se queixou, nenhuma só vez. Entretanto, seu pai ainda tinha a intenção de vender. Não era justo, não, não era justo. Ela não queria ir-se dali.

 

Wolf levantou os olhos dourados até ela com uma expressão extrañamente humana e muito inteligente para ignorá-lo. Eram um estranho casal, ela e Wolf. Um lobo nunca seria aceito nesse mundo além das montanhas. Ao igual a ela, pensou tristemente.

 

—Bom, meu amigo, vamos a casa e ver quão más são as notícias, não? Não podemos evitar para sempre fazer frente a isto.

 

Índigo continuou descendo pela ladeira, tomando cuidado de onde punha seus pés calçados com mocasines, para não escorregar no barro. Wolf caminhava a seu lado, no silêncio era um espectro prateado, sumido na escuridão.

 

Índigo enfiou a rua principal da cidade, em direção para seu lar. Viu o Shorty Dixon recostado no banco frente à loja de ultramarinos. Como era seu costume todos os dias depois do trabalho, estava mascando tabaco junto a seus dois cupinchas, Stretch e Stringbean.

 

Agora era plenamente consciente do cavalo pacote justo em frente de sua casa, e a verdade, não estava ansiosa por conhecer estranho que era seu proprietário. A Índigo tivesse gostado de correr pela rua e não deter-se até o passeio marítimo com os anciões. Quase podia cheirar os aromas deliciosos que saíam procedentes das cozinhas do restaurante do hotel neste momento do dia. Ela se deteve um momento sob a chuva. A risada do Stringbean flutuava no vento detrás dela, e esse pequeno detalhe em seus ouvidos a fez sonreir, voltou-se, olhando para a rua principal, quase seguro provavelmente que o bom homem estava contando outra de seus extravagantes historia.

 

A portada da porta lhe chamou a atenção. Olhou por cima do ombro para ver sua mãe na escada da entrada. Indigo pôs-se a correr. À medida que se aproximava da casa de madeira, a arreios de seu visitante se assustou ao cheirar e ver o lobo e, chutando, relinchou. Jogando um olhar cauteloso ao cavalo desconhecido e deixando-o a um lado, Wolf se escabulló sob o alpendre.

 

Índigo deu um toque a seu chapéu jogando-o para trás, contente de ver que sua mãe estava sonriendo. Não era uma meia sorriso, sorria de brinca a orelha, como se algo grande tivesse ocorrido.

 

—O que ocorreu?— perguntou-lhe Índigo, com medo de uma vez que esperança de uma boa notícia, respirada pelo brilho nos olhos azuis de sua mãe—. Mamãe, não fique aí parada com um sorriso tolo. por que está tão feliz?

 

—OH, Índigo, não o adivinharia nem em um milhão de anos.

 

—Mamãe!— Dando dois largos passos, Índigo se uniu a sua mãe no alpendre—. Não jogue às adivinhações agora. Viria-me bem uma boa notícia, seria uma boa mudança.

 

Sua mãe se levou uma mão à cintura magra, e o outro à espiral de ouro de seu cabelo trancado em cima de sua cabeça.

 

—O Senhor respondeu a nossas orações com um milagre. Não temos que vender a mina.

 

Índigo deu um suspiro involuntário de prazer. Continuando, uma dúzia de perguntas surgiram em sua mente.

 

—Que classe de milagre?

 

—Um homem chamado Jake Rand. Passou pelo povo do Jacksonville ontem e ouviu sobre o acidente de seu pai. Estava procurando um posto de trabalho temporário pela zona. Tem um montão de experiência no manejo do trabalho nas minas. ofereceu-se a ser nosso chefe na exploração até que reúna o salário suficiente para seguir adiante em sua viagem. É uma solução perfeita para nós e para ele.

 

Índigo sabia que deveria fazê-la feliz a notícia, mas se sentia como se um punho gigante a tivesse golpeado no estômago. Em lugar de contar com ela, seu pai preferia contratar a um completo estranho? depois de tudo o que tinha acontecido, como poderiam estar seus pais tão seguros de confiar nesse tal Jake Rand?

 

—De todos os modos—, sua mãe continuou—, o senhor Rand tem que familiarizar-se com as coisas. Seu pai lhe ofereceu sua ajuda. Não te importa pôr ao dia ao senhor Rand no trabalho, verdade? Ninguém sabe mais a respeito da mina que você, à exceção de seu pai, e ele não pode mover-se no momento.

 

Isso era certo, ela era a que mais sábia da mina depois de seu próprio pai e, a verdade, estava molesta por ter que entregar as rédeas.

 

—Mamãe, se eu souber tanto da mina, se reconhecerem isto, não necessitamos um estranho que vem de sabe Deus onde. Contratar a alguém só significa mais salários a pagar.

 

A boca de sua mãe fez uma careta.

 

—OH, querida, sei que sonhaste dirigindo a mina você mesma, mas os sonhos não sempre são práticos. Não importa quão capacitada está, segue sendo uma menina. Não se pode esperar que uma equipe de homens rudes aceitem suas ordens, sem menosprezar sua autoridade.

 

Índigo sabia que podia e que o faria se fosse necessário. Sabia que podia enfrentar-se à equipe de trabalhadores. Não os tênia medo, eles acabariam aceitando suas ordens, mas também podia ver que o que dissesse não trocaria nada. tragou-se uma réplica irada. Estas últimas semanas não tinham sido fáceis para seus pais.

—Quando quer Sr. Rand subir a ver a mina?

 

Um olhar de alívio cruzou o rosto de sua mãe.

 

—Imediatamente, parece-me. Quer tomar o controle a primeira hora da manhã—. Colocou uma mão sobre o ombro de Índigo—. Não esteja tão abatida. Seu tempo virá quando tiver mais idade. por agora, deve estar orgulhosa de que seu pai te tenha escolhido para ser o braço direito do senhor Rand. Isso é o que tem que ser, e sabe. Você vais responder todas as dúvidas do Sr. Rand. Se for lista e o faz bem, estará dirigindo a mina através do Sr Rand.

 

Isso lhe pareceu uma completa idiotice, ter que defender-se em outro homem para mandar em sua propriedade, mas então a vida era uma loucura, às vezes, e especialmente para uma mulher. Conhecia a mina como as linhas de sua mão, entretanto, supunha-se que devia dar instruções a esse homem de seu funcionamento? Não era suficiente, embora fosse sua mão direita, mas sabia que devia conformar-se com o que lhe tocava. Seu pai estava gravemente ferido. O negócio mineiro se cambaleava agora ao bordo do desastre. Sua mãe a olhava sonriendo, celebrando o golpe de sorte com uma muda oração.

 

—Pode contar comigo, mamãe.

 

—Índigo? Nunca duvidei nem um instante de sua aptidão— Sua mãe respirou profundamente o ar refrescado pela chuva—. As coisas estão melhorando. Posso senti-lo em meus ossos—. Seus brilhantes olhos azuis olharam a Índigo—.Quer vir e te apresentou ao senhor Rand?

 

Índigo se esfregou suas calças de pele de ante.

 

—Se for voltar para a mina, não tem sentido me limpar, verdade? Acredito que vou esperar aqui em lugar de te sujar o chão da sala—. Um pensamento lhe ocorreu—. Mamãe, o que aconteceu o homem de Ore-cal ENTERPRISES? supunha-se que ia vir hoje. Não apareceu ainda?

 

—Não, graças a Deus. Eles enviaram um telegrama dizendo que vão atrasar se um par de semanas. Imagine o que haveríamos sentido se tivéssemos assinado a venda da mina a Ore-cal e então tivesse aparecido o senhor Rand batendo na porta.

 

A luz do abajur invadiu de cor e calidez âmbar a habitação, um agradável contraste com a escuridão de tormenta que se via pela janela. A chuva começou de novo, recreando-se cansativamente como uma tatuagem desigual que deixavam as gotas de chuva escorregando contra o vidro gentil da janela. Aliviando os assobios constantes do vento e à luz do abajur, uma calidez acolhedora provinha da estufa e a chaminé da outra habitação, Jake se acomodou na cadeira de balanço junto à cama de Caçador de Lobos.

 

Não recordava ter visto nunca outra casa com um encanto mais simples que esta. Por toda parte via evidência de que as mãos da Loretta Lobos tinha feito um bom trabalho. Quando Jake considerava as quantidades extraordinárias gastas em decorar sua casa no Portland e em comparação, a elegância de sua própria casa, resultava fria, em altares de seu entorno atual, aquela magnifica casa de cidade se sentia extrañamente solitária e vazia.

 

—Você tem uma casa muito agradável—, disse a seu anfitrião em cama. Segundo os padrões do Portland, o lugar era pouco mais que uma choça, mas gostava da colcha de recortes de cores e paredes rústicas que lhe rodeavam. Deram-lhe uma sensação de atemporalidad. E algo mais, alguma coisa inominável, que fez ao Jake querer ficar ali indefinidamente.

 

Os olhos de Caçador de Lobos, eram extrañamente de cor índiga e olhando ao redor se temperavam com afeto.

 

—Minha mulher tem magia em suas mãos—. Moveu os ombros e fez uma careta enquanto tratava de recuperar seu braço direito enfaixado em uma posição indolor. Ele homem ferido posou seu olhar na colcha de pachwork que se estendia sobre seu regaço—. Sempre põe muito amor em tudo o que faz.

 

Sim, pensou Jake, é o que sinto nesta habitação, uma grande quantidade de amor, algo que todo o dinheiro no mundo não pode comprar ou copiar. De repente, incômodo e sem saber por que, balançou-se para frente e apoiou os braços sobre os joelhos.

 

Caçador de Lobos não era quem lhe incomodava. Ao Jake gostava do homem, até tal ponto que não dava crédito de que alguém queria matá-lo. Entretanto, a prova se estendia ante ele. O aspecto que tênia o homem ali prostrado era o de ter mas ossos quebrados que sãs.

 

Jake se lamentou de ver aquilo ante seus próprios olhos. Inclusive se seu pai não era responsável, ele odiava ver um homem tão forte e resistente confinado na cama com poucas esperanças de sair dela durante largas semanas até por vir. Jake sabia como se sentiria se estivesse obrigado a depender do tamanho de uma mulher como Loretta Lobos. Certamente o homem era resistente inclusive a pedir um travesseiro, mas amaciada, por temor a que a frágil mulher fosse tratar de levantarl

 

—O que lhe faz pensar que o problema ao redor da mina pode ser devido aos prejuízos raciais?— Jake perguntou em voz baixa.

 

Caçador de Lobos jogava com uma franja de lã azul na colcha.

 

—por que? Tenho simplesmente essa impressão, Estou seguro de que os acidente não foram por falha de….—

 

Quando Jake viu que seu anfitrião parecia estar procurando a palavra correta, rapidamente a subministrou

 

— Falha de engenharia?

 

Um frio sorriso tocou a boca do lobo, e logo assentiu com a cabeça e ficou pensativo.

 

—Eu não tenho feito nenhum machuco a ninguém nestes largos anos. Se alguém quer me causar problemas , meu sangue é a única razão—. Se encontrou com o olhar do Jake—. Muitas pessoas chegaram a estas montanhas. Alguns trouxeram os maus sentimentos. Se você trabalhar junto a mim, será odiado também. Quase morro no último desmoronamento…— Os olhos de Caçador de Lobos eram inquisidores—. Sabendo isto, a maioria dos homens não aceitam este trabalho.

 

—Eu não sou qualquer homem—. Nesses momentos Jake sabia que ninguém poderia conectá-lo com Ore-cal. Os Rands faziam todo seu negócio com o nome da empresa. Mas esse conhecimento não o tranqüilizou muito. O olhar de Caçador de Lobos parecia lhe fazer fundir as capas que lhe protegiam e lhe fez sentir transparente. Jake não podia arriscar-se a que sua verdadeira razão de estar aqui nesse lugar, aos pés da cama do mineiro, revelassem-se até—.Eu necessito um trabalho temporário e você necessita um capataz. Parece-me uma solução perfeita para os dois.

 

Caçador de Lobos parecia ter em conta cada uma de suas expressões.

 

—depois de tudo o que passou, estou olhando sempre detrás de mim. Seus olhos me falam da amizade, entretanto. E você tem cara de homem honesto.

 

—É por isso que esteve considerando vender? Porque não há ninguém em quem pode confiar, e pelo perigo?—

 

—Não só a causa do perigo para mim mesmo. Se se tratasse só de mim, eu gostaria de agüentar até que me cure e volte a abrir a mina. Mas tenho a minha família que alimentar.

 

Fazia muito tempo que Jake se preocupou por satisfazer as necessidades básicas dos seres queridos, mas ainda recordava a forma em que a responsabilidade tinha monopolizado sua mente.

 

—Minha filha, Índigo, esteve tratando de controlar a meus homens e fazer as reparações sobre a marcha—, sorriu com certo orgulho de pai—. Acredito que ela pode fazer um trabalho muito bom, mas depois de tantos acidentes, preocupa-me sua segurança. E sua mãe se preocupa ainda mais, e tendo que estar pendente de minhas necessidades e aqui comigo, não pode trabalhar e subir à mina com minha filha. Bastante carrega lhe dou eu, para além de se ter que ocupar do negócio e da segurança de todos nós—.   Levantou a mão sã em um gesto de impotência da derrota—. O doutor diz que vai passar muito tempo antes que eu possa voltar a subir. Às vezes, um homem deve antepor seu orgulho. Deve dizer suvate, está acabado, e olhar o horizonte.

 

Loretta Lobos era uma mulher na aparência francamente frágil. Jake não podia culpar a seu marido por sentir-se protetor com ela. Não tinha visto ainda a Índigo, mas imaginar-se a uma menina dentro de uma mina que já tinha sofrido vários desmoronamentos fez um nó em suas tripas. Verdadeiramente, se fosse sua filha estaria louco de preocupação por ela. Não o era e o para sentir-se assim, ao igual a com suas próprias irmãs, sabia o que se sentia bastante bem.

 

—Bom—. A voz do Jake se apagou e olhou, sem ver o chão. Não podia suportar a idéia de que seu pai poderia ser responsável pela desgraça desta família, e só podia rezar porque Caçador de Lobos tivesse razão e que fosse só inveja e obra daqueles que incluso no confiavam nos homens de raça a Índia como o mineiro. — Estou contente de ter passado pelo Jacksonville antes de que encontrasse a outro.

 

—E eu estou contente com você.

 

A simples honestidade dessa resposta tocou ao Jake muito dentro a seu pesar. É indicativo de um homem que tratava na verdade, embora lhe humilhou. O que aconteceria esta família quando Jake tivesse que ir-se? Enquanto que preparava seus planos para vir aqui, não tinha pensado na gente de Terra de Lobos como real, nem tinha considerado que poderia lhe gostar de tanto.

 

—Se algo me ocorresse… se por algum motivo não pudesse ficar até que esteja completamente recuperado, não há ninguém, um amigo ou um familiar, que pudesse lhe ajudar?

 

Caçador fechou os olhos por um momento.

 

—Muitos amigos, sim, mas que devem alimentar a suas próprias famílias. Meu filho viria imediatamente a casa, mas se lhe peço que volte, ele vai há perder todo o trabalho na empresa madeireira que tem junto a meu irmão. Se. E meu irmão, Veloz, sei que deixaria tudo também por vir a me ajudar, mas meu filho Chase e ele logo que podem dar boa conta de quão pedidos têm. Não posso pedir a outros que deixem todas suas obrigações para que me ajudem.

 

Estava claro que Caçador incluso no tinha conseguido deixar de lado todo seu orgulho.

 

—Às vezes, não temos mais remedeio que chamar à família, Caçador.

 

—Não lhes deixarei que se joguem seu futuro por vir a me ajudar. Inclusive a madeira poderia ser minha tabela de salvação se o negócio das minas me falhasse. E este negócio pode falhar a semana ou o mês próximo. A madeira é o futuro de meu filho. E se não haver outro remédio, também será o meu; mas agora mesmo, esta é minha luta.

 

Ninguém sabia melhor que Jake o inseguro de uma empresa mineira poderia ser. Suspirou e assentiu com a cabeça.

 

—Bom, durante o tempo que eu esteja aqui, talvez, a ajuda de seu filho não será necessária.

 

Os olhos de Lobos se animaram de novo.

 

—Minha mulher acredita que Deus enviou a nós. Se isto for assim, então o verá que você fique até que nossa necessidade tenha terminado, verdade?

 

Podia haver dito algo menos isso. O fazia sentir-se terrivelmente culpado. Jake olhou pela janela durante um momento à chuva que caía inclinada pelas rajadas de vento. Esteve tentado de dizer a verdade sobre quem era a Caçador, e por que se chegou até Terra de Lobos, mas se o fazia, certamente o mestiço o enviaria a passeio. E, dadas as circunstâncias, quem o culparia?

 

—Bom—. Do começo desta conversação, esta se tinha convertido em sua palavra favorita, pensou Jake . Um tema muito profundo, com um final vazio, uma palavra que diz tudo e nada. Desejoso de escapar do olhar penetrante de seu novo chefe, Jake se levantou para agarrar o impermeável do cabide onde a senhora Wolf o tinha colocado, perto do fogo para que se secasse. sentia-se zangado, impotente, francamente mal. Tudo o que queria Caçador de Lobos era ter uma vida tranqüila e modesta com sua família e trabalhar em sua pequena mina. Ao Jake não parecia justo que algumas pessoas tivessem tanto enquanto que outros muito mais merecedores perdiam o pouco que tinham—. Espero que você esteja satisfeito com meu rendimento—. Essas palavras saíram do fundo do coração do Jake—.Durante o tempo que fique, vou fazer todo o possível e que se encontre em minha mão para lhe ajudar.

 

As pestanas de Lobo se agitaram. Por um instante, Jake pensou que poderia ficar dormido antes de que a conversação tivesse terminado por completo. O láudano que estava sobre a mesita de noite, para aliviar os dores que sem dúvida padecia a todas as horas, parecia estar fazendo seu trabalho.

 

Com o que aparentemente era um grande esforço, Caçador se centrou, e se manteve até acordado.

 

—O trabalho se acumulou na mina e aqui. Desde que meu filho e meu irmão se foram, estive muito ocupado contudo. Tenho o teto emendado desde este outono, mas há outras coisas, muitas coisas até por fazer.

 

—Não se preocupe com o trabalho por fazer—, interrompeu Jake—. Estou muito à mão. Se vir algo que precise ser arrumado, eu me ocuparei.

 

—Índigo… minha filha… sei que o tenta. Mas é uma carga muito pesada para uma garota.

 

—Agora que eu estou aqui, senhor Lobo, você só se concentrará em curar-se. Deixe que eu me preocupe com todo o resto.

 

Devido a seu braço direito estava sustenido pelo tipóia, Lobos estendeu sua mão esquerda para estreitar a mão do Jake. Embora débil e um pouco tremente, com os dedos do índio se fecharam ao redor do Jake em um agarre firme.

 

—Meus amigos, chamam-me Caçador.

 

Quão último Jake queria era forjar uma nova amizade. Sua missão aqui seria bastante difícil se suas lealdades estão divididas.

 

—A meu simplesmente Jake.

 

Caçador sorriu.

—É bom—. Seu controle sobre a mão do Jake se relaxou e seu braço se deixou cair pesadamente a seu lado—. vou estar tranqüilo, né? Devido a você nos foi enviado.

 

Os olhos azul índigo do homem eram estranhos em sua raça, passaram de semi-fechados, a fechados em uns segundos e suas facções caíram em repouso. Jake se levantou da cadeira de balanço, sentindo-se como um homem condenado a morte que acabava de ouvir o som metálico da porta da cela fechando-se detrás dele.

 

Um movimento na entrada chamou a atenção do Jake. Loretta Lobos se deslizou na habitação. Apesar de que vestia roupa singela e sem jóias, estava radiante. Sua forma tranqüila de mover-se para dela o tipo de mulher que fazia um homem ter vontades de sorrir. Jake podia ver por que os olhos de Lobo se iluminavam quando falava dela. Parecia de constituição tão frágil e tão delicada que um simples vento algo mas forte poderia fazê-la cambalear. Ela, que não parecia rival para o homem acidentado deitado na cama. Entretanto, Jake tinha a sensação de que provavelmente era ela a que mandava nesta casa. Um homem deveria ser verdadeiramente duro de coração para dizer que não a esses olhos tão azuis que tinha Loretta Lobos.

 

—Nossa filha, Índigo, comprometeu-se a lhe mostrar os arredores e a exploração, senhor Rand. Está muito mais familiarizada com as idas e vindas na mina que eu. É capaz de responder a qualquer pergunta que possa ter sobre o negócio.

 

Jake jogou um olhar à janela.

 

—Este tempo é bastante desagradável para que uma jovem caminhe fora de casa.

 

Um brilho malicioso fez que seus olhos brilhassem divertidos.

 

—Índigo não deixa que o mau tempo diminua seu rendimento. Está-lhe esperando no alpendre.

 

Jake se quadrou imediatamente, imaginou por um instante a alguém muito parecido à senhora Lobo tremendo no alpendre.

 

—vou estar em caminho agora mesmo.

 

—Você se unirá a nós para as comidas, é obvio, já que vai utilizar a habitação de nosso filho Chase pelo que dure sua estadia. Jantamos às seis.

 

Ao Jake não gostava da idéia de ser uma carga mais para esta mulher. Sabia, sem que o dissesse ninguém, que eram momentos verdadeiramente duros para a família Lobos.

 

—Agradeço-lhe a oferta, senhora Lobos, mas já fiz os acertos para ficar no hotel.

 

—Tolices—, replicou ela—. No momento em que você retorne da mina, vai até o hotel a recolher sua bagagem, e lhe dizendo ao senhor Bronson que houve uma mudança de planos, tem suficiente. O preço das habitações do hotel do Mike são justas, mas são muito para uma larga estadia de um trabalhador que necessita alojamento e comida, além de ter que guardar parte do salário para seguir adiante.

 

Jake não era operário comum, e além disso sentia já que gostava da família do lobo muito mais do que deveria. Se ficava em sua casa e passava as comidas e as veladas com eles, só poderia complicar até mais as coisas.

 

—Isso é muito amável de sua parte senhora, mas…

 

Ela levantou uma mão.

 

—Não vou escutar nenhuma palavra em contra, moço. Você fica conosco, e isso é definitivo—. Com isso, passou-lhe de comprimento e se inclinou sobre seu marido dormido. depois de tocar com o interior de sua boneca na frente do homem, olhou para cima com um sorriso beatífica.

 

—Não lhe vi tão em paz do acidente.

 

Ao Jake não gostava de ser posto no papel de salvador. retirou-se da habitação discretamente e fechou brandamente a porta detrás de si.

 

                                               Capítulo 3

Quando Indigo ouviu que a porta dianteira se abria, forçou um sorriso decidido a ser agradável com o Jake Rand embora isso a matasse. A pesar que com sua chegada tinha usurpado o que ela considerava como seu legítimo lugar, sabia que não era realmente culpa deste homem. No momento em que cruzou seu olhar com a dele, entretanto, suas boas intenções voaram como o penugem de dente de leão no vento. Ele não era como esperava.

 

Os mineiros se produziam em todos os tipos, cores e tamanhos, é obvio, mas a maioria não eram tão bonitos. Nenhum que pudesse recordar tinha sido mais alto que seu pai, e os que tinham a experiência suficiente para fiscalizar uma escavação eram pelo general maiores.

 

Olhou-o à cara. A cor de sua pele estava dourado pelo sol, tinha a linha de sua mandíbula bem quadrada, havia diminutas dobras de expressão nas esquinas de seus olhos marrons café e o nariz era reta. As formas podas e marcadamente cinzeladas de seus rasgos recordavam a uma talha de madeira polida. Não havia nem rastro de cinza em seu cabelo de ébano. Supôs que estaria entre os ventiocho ou trinta anos.

 

Embora sua camisa de lã de quadros vermelhos e as calças de tecido vaqueiro desbotado não eram novos, estavam podas e engomadas. A roupa de um mineiro, inclusive recém lavado, pelo general levava manchas de terra. depois de fechar a porta detrás dele, deu duas pernadas e se deteve; era tão alto que parecia diminuir o alpendre. depois de lhe dar uma breve inclinação de cabeça em sinal de saudação, lançou seu olhar escuro à esquerda e a direita, logo franziu o cenho e olhou através da fina chuva para o povo.

 

Pensou que era mas bem grosseiro na forma em que não lhe fez apenas caso. Não acreditava que fora correto para uma dama falar com um cavalheiro em primeiro lugar. Pelo general, não se teria complicado por um pouco tão corriqueiro, mas a gente de fora de Terra de Lobos, por isso ela sabia, punha uma grande ênfase nos maneiras. Começou a desejar ter acompanhado dentro a sua mãe, até sujando o chão, e assim com uma apresentação formal não tivesse tido que fazer frente a este dilema. Quão último queria era lhe dar a este homem uma má primeira impressão.

 

Sem deixar de olhar à rua, ele franziu os lábios firmes e assobiou um pouco do Yankee Doodle. Ela aproveitou o momento para estudá-lo. O vento açoitava o cabelo negro e ondulado sobre a frente. A desbotado calça se acomodava algo baixo sobre seus quadris magros e se esticava sobre os contornos de suas coxas poderosas. A camisa abraçava seu amplo peito e os ombros. Sua postura indicava uma energia única; estava de pé, com suas largas pernas separadas, os braços em jarras, com o impermeável cinza enganchado em uma boneca.

Um repentino sentimento de temor se estendeu por Índigo. Não podia dizer por que, mas de algum jeito sabia que nada voltaria a ser o mesmo outra vez agora que ele tinha chegado.

 

Quando viu que até permanecia em silêncio, decidiu-se a falar em primeiro lugar, embora não fora o mas correto.

 

—Olá—

 

Haveria dito mais, mas ele fez uma ligeira inclinação para onde ela e ficou a assobiar de novo. Pôs fim à sintonia com uma nota amarga, e suspirou com resignação. passou-se uma mão pelo cabelo e deixou cair o impermeável de lona sobre o corrimão do alpendre; depois acomodou as mangas de sua camisa, que tênia arregaçadas, as estirando e as grampeando em suas bonecas. Quando começou a assobiar de novo sem dizer uma palavra, ela começou a zangar-se.

 

Ele como se nada, disse-lhe,

 

—Desagradável o dia, não?

 

Sua voz profunda lhe chegou tão de repente, quando ela não o esperava, que lhe deu um pequeno sobressalto.

 

—Assim é sempre fevereiro—, adicionou—. Está tomando o sol um minuto e mergulhando ao seguinte. Parece que o aguaceiro te pilhou despreparado, né?

 

Antes de que pudesse pensar em uma resposta, ele dirigiu sua atenção a uma das seções do chão do alpendre. depois de estudar a madeira de carvalho gretada um momento, deixou cair todo seu peso em um pé para pôr a prova o tablón mais fraco sob sua bota. A seguir agarrou uma viga saliente da terraço e lhe deu uma sacudida. Ela supôs que estava a comprovando a robustez. Estava claro que pensava que o lugar necessita trabalho de manutenção. Índigo não era uma pessoa orgulhosa, por isso sua valoração não a incomodava. Um pouco de podridão e de necessidade de acertos não tinha por que envergonhá-la, depois de tudo. Mas não pensava que fora muito amável de sua parte encontrar defeitos em sua casa justo em frente dela.

deslizou-se a mão no bolso da calça e rapidamente olhou seu relógio.

 

—Quanto tempo estiveste aqui?— Perguntou-lhe.

 

—Não muito—. Respondeu Índigo.

 

perguntou-se se já quereria a trabalhar ficar imediatamente. Sua Mãe lhe disse uma vez que alguns homens nasceram para ser os chefes e outros índios. Jake Rand era sem dúvida do tipo dos que acostumavam a dar ordens. O aura de poder que lhe rodeava era evidente na forma decisiva em que se passeava, na forma em que seus olhos escuros escorregavam intrascendentes e que, em troca, quando algo captava seu interesse, esse mesmo olhar se voltava extremamente intensa. Tinha a sensação de que ele estava acostumado a dirigir as coisas e que pouca gente se atrevia a resistir.

 

O olhar do homem se atrasou brevemente em suas calças enlameadas de couro, e logo chegou a seus mocasines.

 

—Não acredito que já estivesse aqui quando estava a senhorita Lobos verdade, filho?

 

Pensava que era um menino? Momentaneamente desconcertada, Índigo o olhou longamente.

 

Evidentemente tomou seu silêncio como uma resposta negativa e percorreu a rua de novo com o olhar.

 

—Maldita seja, pergunto-me aonde foi—. Enquanto contemplava a chuva, com a boca, séria e tensa, que aprofundavam as pequenas rugas nas comissuras de seus lábios—.Parece que estão vertendo cubos de água em vez de chover hoje—. Índigo se levantou do banco de madeira e se aproximou dele no alpendre, seguro de que daria conta de seu engano uma vez que a visse de pé.

 

—Você é Jake Rand, suponho.

 

Jake olhou para baixo. O menino levava um chapéu de couro, molhado, impregnado até as orelhas. Tudo o que podia ver com claridade de seu rosto infantil era um queixo pequeno mas tenaz. Com surpreendente maturidade, o magro jovencito lhe tendeu a mão.

 

Realmente preocupado pela falta Índigo, Jake sentiu um calafrio intenso e baixou o olhar para seu acompanhante no alpendre. Uma camisa de pele de gamo empapada se aferrava ao menino como uma segunda pele, delimitava-lhe os finos ombros e mas abaixo, qual não seria sua surpresa, que sem lugar a dúvidas ali se escondiam dois dos peitos mais exquisitamente formados que jamais tinha notado. Os mamilos, eretos pelo frio, empurravam-se orgulhosos contra o couro flexível. Durante uns segundos intermináveis, ficou olhando embevecido, como um idiota sem sentido.

 

—O senhor Rand?— repetiu ela.

 

Jake se deu uma dura sacudida mental, e obrigou a seu olhar a voltar desde aqueles seios para cima, para olhar à cara sombreada por debaixo da asa do chapéu. Sabia que devia falar, mas não vinha à mente nenhuma só palavra, salvo a consciencia que o menino não era tal, mas sim tinha resultado ser uma mulher. Com uma graça em suas formas e vestida de tal forma que deu um novo significado à palavra empapada.

 

—Sinto muito. Quando me chamou filho, dava-me conta de que não sabia quem era eu. Sou Índigo Lobos.

 

Jake tragou saliva e disse:

 

—Já o vejo—. Se encolheu logo que as palavras saíram de sua boca—. Quero dizer…—  

 

—Que exatamente, quis dizer?

 

—É obvio, que você é a senhorita Lobos. Dava-me conta no momento…—, sentiu-se acalorado, —…no momento em que nos demos a mão—.

 

Com um fino dedo, lhe deu um pequeno empurrão ao bordo molhado de seu chapéu jogando-o para trás, lhe dando pela primeira vez a possibilidade de contemplar inteira sua cara. Seus olhos eram grandes como os de sua mãe, de uma cor muito clara; a sua mente veio a imagem que seria igual a jogar uma gota de anil sobre um copo de leite. Como se fossem feitas de seda, as muito negros pestanas lhe davam um agradável contraste com sua tez escura. Tinha rasgos frágeis mas chamativos, uma versão feminina da realeza de seu pai, o nariz com ponte alta e orgulhosa e os maçãs do rosto marcados, uma boca deliciosa para beijar e, também tinha herdado de sua mãe a delicada mandíbula. Não era uma combinação que alguém chamaria bela, mas era atrativa de igual maneira. encontrou-se que desejava lhe arrancar o chapéu espantoso para poder ver seu cabelo ali oculto. Era escuro, ou loiro, ou seria uma tonalidade mogno ou castanha?

 

Ela atirou para deixar sua mão livre. Jake se deu conta então de que ainda sustentava seus magros dedos em sua mão. Imediatamente a soltou.

 

—Sinto muito. É que… Bom, tomou por surpresa. Pensei…

 

—Suponho que de onde é as mulheres não usam peles de cervo.

 

—Não—, admitiu. Tampouco acostumavam a encher-se de barro nem a molhar-se com a chuva. Jake ficou olhando-a, fascinado, sem saber muito bem por que. Rasgo por rasgo, ela não era a moça mais formosa que tinha visto nunca. Mas havia algo, talvez o contraste estranho que o golpeou, uma boneca de porcelana embutida na pele de ante. Sobre tudo, pensou que eram seus olhos. Brilhavam para ele, grandes e sinceros, revelando muito mais do que provavelmente se dava conta. Se jogasse pocker, não duraria nem até a terceira mão.

 

—Agora que o penso, não sei por que me esperava uma senhorita com um vestido de musselina. Isso não seria muito prático para uma escavação mineira. —Jake se conteve e não seguiu falando pensando se não tinha sido descortês olhando a dessa maneira, envolta em sua suja e úmida vestimenta.

 

Como se ela pressentisse o que Jake havia quase dito, escovou-se com suas duas mãos abertas suas calças.

 

—Trabalhei arrumando as comportas esta manhã. À parte, também revisei as caixas dos balancins do moinho de água, estão todos preparados, já os temos em marcha e funcionando, e bem sabe Deus que necessitamos todo o rendimento que possamos obter.

 

O vento soprava sob o beiral do alpendre, trazendo consigo uma rajada de chuva. Ela pôs a mão em cima de seu chapéu. O vento canalizado pelo oco do alpendre repercutiu em suas já ajustadas roupas, esticando até mais sua molhada camisa de ante.

 

Jake sentiu que a boca lhe secava como se tivesse tragado pó. sentia-se aborrecido consigo mesmo por sua estupidez. Ela claramente não tinha idéia de como o couro molhado que a cobria, revelava muito mas do que ocultava…

 

—Mamãe diz que quer visitar a mina. Se preferir não molhar-se, podemos esperamos um pouco—. Enrugou o nariz e olhou à chuva. —Essa é uma coisa boa a respeito de clima do Oregón. Se não gostar do que vê, solo tem que esperar…

 

—Só esperar e trocará—, terminou ele por ela. —Não estou preocupado por me molhar. Tenho o impermeável. Mas me preocupa que você possa resfriar—. O a olhava fixamente, queria obrigar a olhar ao longe, até a rua, para as montanhas, mas só seguia fixo nela. —Está empapada—. Disse ao final.

 

Ela se encolheu de ombros. Era curioso, só para um minuto que tinha cuidadoso a esses mesmos ombros e tinha pensado que eram os de um menino esquálido. Agora lhe pareciam perfeitos. A garota tinha a mesma constituição ligeira e frágil de sua mãe, à exceção que tinha um busto mais amplo. Duvidava de que pesasse os quarenta e cinco quilos, incluindo as peles molhadas que a cobriam.

 

—Estou mas que acostumada à chuva.

 

Índigo admirou seu sorriso de menino travesso, esse sorriso aprofundava suas finas linhas de expressão e transformava agradavelmente seu rosto.

Seus olhos marrons pareciam esquadrinhar em seu interior. Uma sensação de algo que não podia nem sabia nomear se estendeu entre eles. Recordava-lhe acaso, como se havia sentido o ar durante a tormenta, uma sensação de carga elétrica que se formava redemoinhos a seu redor.

 

De repente, a idéia de passar horas a sós com ele, a várias milhas da cidade, não lhe pareceu uma grande ideia. Não gostava da forma em que a olhava, ou a forma em que se sentia quando não lhe soltou a mão quando antes a estreitou. Não podia dar nome ao sentimento. Só sabia que lhe dava medo.

 

Ao parecer, seu pai confiava plenamente nele. Caçador de Lobos não ia pôr a sua filha em perigo à mãos de um homem do que não se confiasse entretanto. Mas essa duplicidade, que seu pai confiasse nele e o masculino olhar de apreciação que ela notava, fizeram-na sentir algo insegura. A estranha sensação ia além de sua compreensão. Um sorriso amável poderia ocultar um coração negro. Ninguém sabia melhor que ela.

 

Recordando o forte agarre pelos dedos do Jake Rand, baixou o olhar às mãos descansavam sobre seus quadris. Como poderia um homem ganhar sua existência em um buraco no chão e não ter calos?

 

Jogou uma olhada à montanha. Uma névoa envolvia suas ladeiras boscosas. Em três horas estaria escuro. Duvidava. Não queria lhe dizer a sua mãe que não queria acompanhar agora ao Jake Rand, não entenderia o por que e ela não ia dizer lhe a razão verdadeira, que ele fazia que suas pernas se sentissem fracos como gelatina. Seus pais poderiam pensar que estava pondo desculpas porque queria dirigir a mina sem ajuda de ninguém.

 

Endireitou os ombros.

—Bom, se molhar-se um pouco não lhe incomoda, será melhor que vamos o antes possível.

 

—Não me importa esperar para que você entre e fique algo seco—. Especialmente uma camisa, acrescentou em silencio para seus adentros. —Não tem sentido passar frio. Lhe vou emprestar meu impermeável se é que você não tem um.

 

—surpreenderia-se quão quente resulta o couro brando molhado. Atua como uma segunda pele.

 

Por todos os demônios, Jake se tinha dado conta que sim, que a puñetera camisa era quase uma segunda pele sobre a garota.

 

Ela atirou de sua camisa.

—Pelo general, consigo impermeabilizar toda minha roupa de trabalho, mas aqui ultimamente as coisas foram tão complicadas que não tive tempo.

 

Jake fez um gesto para seu cavalo.

 

—Se me pudesse mostrar o celeiro, eu gostaria de deixar ao Buck acomodado. Depois da viagem em trem ao Roseburg e o comprido viaje aqui, merece-se um lugar seco para descansar. Os vagões de gado não são tão cômodos para viajar como os das pessoas.

 

—De onde vem?

 

Jake duvidou falar do Portland.

 

—Do norte—.

 

Ela desceu pelas escadas do alpendre. Jake a seguiu deixando o impermeável onde estava, sobre o corrimão. Se não lhe assustava um pouco de água… Caminhou detrás dela, encolhendo-se de ombros frente à chuva. depois de desatar ao Buck, levou-o para um edifício de madeira cinza ao lado da casa.

A metade de caminho, Jake renunciou a tratar de manter-se seco. Em seu lugar, recreou-se na oscilação dos quadris de Índigo Lobos. Seu passo era comprido e elegante, seu corpo reagiu ante isso.

 

Era pura harmonia em movimento. Tratou de imaginar-lhe em um dos vestidos elegantes da Mary Beth e sorriu. Vestida com um desses preciosos trajes, e oscilando dessa maneira seus quadris, deixaria vesgo até ao mas pintado.

 

Uma vez dentro do estábulo, ela se converteu em um torvelinho de eficiência. Momentaneamente distraído pelos grunhidos excitados de três porcos brancos confinados em um curral na esquina afastada, Jake se parou junto na porta e respirou o aroma familiar, mas muito tempo esquecido. Os estábulos em sua casa se mantinham tão limpos para servir o chá sobre seu mesmo chão de linóleo. Não era assim aqui. Com o simples detalhe do forte aroma, Jake se deu conta de quão desatendido estava o lugar; certamente, não tinham tido tempo de limpar a fundo nem de mantê-lo ao dia da incapacidade de Lobos.

 

De repente, a enormidade da situação o golpeou. Duas mulheres pequenas e frágeis não poderiam dirigir todo este trabalho.

 

—por que não descansa enquanto me espera no alpendre?— Disse Jake.

 

—Você não sabe onde está tudo.

 

Indigo soltou a cilha que grampeava a barriga do cavalo. Jake a tirou do braço antes de que ela levantasse a cadeira.

 

—Eu me encarrego disto.

 

Ela se fez a um lado enquanto Jake baixava a cadeira. Jake já estava talher da chuva, empapando igual sua roupa, agarrou um trapo para esfregar para baixo suas calças e escorrê-los algo. Com a intenção de fazer o mesmo ao Buck antes de pô-lo em um dos cubículos, voltou-se bem a tempo para ver a luta livre de Índigo com um fardo de feno que penduravam a um pouco de altura para evitar a umidade.

 

—Whoa—. Deixou cair o trapo e se apressou. —Um quarto de litro como você se machucará levando isso—. Desatou os arames que retinham, e a bala golpeou o chão. —Onde o quer?

 

Ela deu um passo atrás e o estudou. Nas sombras da granja, Jake não podia estar seguro, mas pensou que ela parecia perplexa. Ela assinalou para um recinto vazio com restos de feno no chão, justo ao lado.

 

—Eu o estava dirigindo bem. Uma vez que se curta o cabo, só tinha que levar um pouco de feno ao atroje do cubículo e acrescentar um pouco de grão.

 

Como viu que ela de novo tentava agarrar a bala de feno, Jake lhe perguntou:

 

—Onde está a forca?

 

Pouco a pouco, Índigo começou a dar-se conta do Jake Rand não tinha nenhuma intenção de deixar que o ajudasse e dirigiu seu olhar para a forca que havia em um rincão. Chamando-a quarto de litro ele tocou um ponto sensível. Seu irmão, Chase, chamava-a também assim e ela o odiava absolutamente.

 

—Sou mais forte do que pareço, senhor Rand, e estou acostumada a fazer todo este trabalho daqui.

 

—Estou seguro de que é você perfeitamente capaz. Seu pai me há dito que é, sua pequena trabalhadora.

 

Sú pequena trabalhadora? E pelo visto também sou um quarto de litro. Índigo apertou os dentes.

—Estou completamente desenvolvida, sou suficientemente forte, e cumpro os dezenove anos de idade este mês.

 

—Tantos?— Ele distribuía o feno entre os muros divisórios golpeando e levantando com a forca, com uma precisão assombrosa. Através da penumbra, dedicou-lhe um sorriso. —Não se vê tão maior.

 

Sem ser evidente, Índigo tentou elevar-se um pouco mais alto, estirando bem sua coluna.

 

—Bom, sou-o.

 

Ele fez uma pausa em meio de um giro, um pouco de feno ficou sobre seus largos ombros. Não podia ler sua expressão.

 

—Não foi minha intenção ofendê-la—. Terminou o tiro e o distribuiu, outro montículo de feno mais. —Uma constituição física tão pequena como a sua não lhe subtrai atrativo a uma mulher. Até que lhes vi você e a sua mãe, pensei que minha irmã Mary Beth era pequena. E junto a você, ela é uma amazona.

 

—Sou média, não pequena.

 

Esta vez se deteve, os dentes da forca se chocaram contra os tablones e se apoiou na manga, estudando-a. depois de um comprido momento, sorriu e disse:

—Bom, deixamo-lo em média. Tenho a sensação de que a ofendi. Se for assim, sinto muito.

 

A desculpa a fez sentir infantil. Ele ia aprender muito em breve que ela não deixava que seu tamanho lhe impedisse nada.

 

—Já que terminou com o feno, vou trazer para o Buck um pouco de grão e a água.

 

Sentiu o olhar que a seguia ao armazém de penso. O saco de cinqüenta libras de grão estava quase vazio. Índigo saltou sobre uma pilha para alcançar um novo saco do alto de uma prateleira. Acabava de elevar seus braços e de agarrar de cada extremo de uma bolsa quando sentiu umas mãos grandes que se depositam brandamente em sua cintura. O toque inesperado a sobressaltou. Olhou por cima do ombro, diretamente aos olhos escuros do Jake Rand. Podia sentir o calor do bafo da respiração do homem. A extensão de seu peito encheu de repente toda sua visão, e ela foi consciente de repente de quão grande era este homem. Podia sentir a força surgir sem logo que tocá-la com a ponta dos dedos.

 

—Eu o agarrarei—, disse em voz baixa e vibrante.

 

Com um giro de seus quadris, Índigo escapou de sua mão e levantou a bolsa, decidida a lhe demonstrar quão forte era.

 

—Posso dirigir estes sacos todo o tempo, o senhor Rand.

 

Lhe arrebatou a carga antes que pudesse protestar de novo.

 

—Já sei que sabe dirigir-se muito bem.

 

Em sua posição elevada, voltou-se; de pé sobre a pilha era tão alta como ele, com a cara a uns quantos centímetros escassos da sua. Desde perto, podia ver as linhas pequenas nas esquinas de seus olhos e o torrado da textura de sua pele. sentia-se extrañamante sem fôlego e saltou agilmente desde sua atalaia para tentar pôr certa distância entre eles. Enquanto olhava afastá-la costas dele, os lábios firmes do homem se torceram em um sorriso preguiçoso que cintilava brilhantes dentes brancos, e seus olhos se encheram do que parecia diversão.

 

inclinou-se para a bolsa em um rincão, tirou a faca de sua vagem e cortou a arpillera. deu-se conta que dirigia a faca com a mesma facilidade com que o para ela. Com cada movimento, os músculos agrupados nas costas se pronunciavam baixo a apertada camisa molhada. Índigo deu uns passos lhe rodeando e se precipitou até a porta enquanto ele se encarregava de pôr uma certa quantidade de penso no atroje do cavalo, logo pendurou a lata de medir o grão em seu sítio.

 

Desconcertada e um pouco sufocada sem saber porquê, esperou-o na entrada dos estábulos, consciente de seus movimentos detrás dela, enquanto ele terminava de acomodar ao Buck. Desejou poder pospor sua viagem à mina até manhã. Então os outros mineiros estariam ali. Indo-se esta tarde, seriam as únicas duas pessoas na montanha.

 

Apesar de tudo, não pôde detectar nada sinistro no olhar escuro dos olhos do Jake Rand, mas algo em lhe dava certamente medo.

 

                                         Capítulo 4

O caminho até a mina resultou ser o mais comprido que Índigo podia recordar. Em alguns lugares o caminho se voltava muito difícil e a chuva o fazia escorregadio, o que impediu a conversação. Enquanto que Jake Rand parecia cômodo com os largos períodos de silêncio, em realidade não o estava. Parecia-lhe que o ar rangia com a tensão. Por necessidade, ela abria a marcha e mais vezes das que não, imaginava que podia sentir o olhar deste homem sobre sua pessoa. cada vez mais consciente disto, também crescia seu desconforto, rechaçando esse pensamento como tolices de sua mente. Se tinha feito esse caminho uma vez, voltaria-o a fazer mil vezes.

Depois de ter tido todo um dia de trabalho exaustivo do alvorada, Índigo começou a cansar-se no último lance do pendente. As peles de suas roupas empapadas se tornaram tão pesadas que tinha que fazer um soberano esforço só para mover-se. deu-se conta de que Jake Rand ainda respirava com facilidade, assim que ela caminhava diante, com medo a reconhecer que suas pernas estavam quase esgotadas.

 

Ele já se referiu a ela como um quarto de litro.

Se sua atitude no celeiro era uma indicação, não acreditava que as mulheres devessem cansar-se nem usar suas mãos para o trabalho duro. Se perdia o fôlego subindo uma colina, poderia reforçar essa opinião. O que faria se lhe proibia trabalhar na mina?

 

Em um ponto ele se parou a seu lado. Ela se afiançou em seu lugar e se centrou na crista da montanha. Poderia fazê-lo, disse-se, posso fazê-lo, só tenho que colocar um pé diante do outro e não pensar em quão cansada estou. Simplesmente tenho que poder.

 

—Tenho que descansar um momento—, disse Jake de repente.

 

Ainda lhe faltando o fôlego e tratando de ocultá-lo, Índigo o olhou. O peito do homem se enchia e baixava brandamente, parecia fingir? Para escapar da chuva, ele ficou por debaixo dos ramos de uma árvore de folha perene e se sentou com as costas apoiada contra a madeira, com um braço cobrindo e descansando sobre um de seus joelhos dobrados. Ela olhou a cama semi-seca de agulhas de pinheiro onde se acomodou, e desejou seriamente reunir-se com ele ali. Ele aplaudiu o chão a seu lado, onde estava seco e limpo.

 

—Vamos. Não remoo—. Seus dentes brancos brilharam em um sorriso zombador.

 

O cabelo em sua nuca se arrepiou. Olhou ao homem deliciosamente bonito sentado ali, com seu cabelo negro molhado e revolto pelo vento e sua camisa empapada pela chuva moldando firmemente os ombros. Era quase tão moreno como seu pai. Seria muito fácil esquecer que era um homem branco, algo que ela não podia dar o luxo de fazer. Podia pretender não dar-se conta do tom de pele caramelado que ela tinha, mas uma atitude cordial não podia enganá-la. Já não era assim, já ninguém mais tomaria por tola.

 

Índigo passou sua mão sobre o quadril para estar segura de que sua faca ainda descansava ali, e então se aproximou dele. Não teve que agachar-se para acomodar as agulhas de pinheiro para as fazer amaciadas porque generosamente o tinha feito por ela.

 

Em realidade não parecia tão fatigado nem tão sem fôlego. parou-se porque sabia que estava esgotada? O orgulho lhe queimava e lhe obstruía a garganta. Acreditava que era débil, e certamente lhe proibiria seguir trabalhando na escavação. Agora sabia.

 

—Não está muito longe—, disse. —Temos que voltar antes do anoitecer. Minha mãe vai se preocupar muito se não voltarmos antes que fique o sol.

 

Ele voltou a dar uma palmada no chão a seu lado.

 

—Vou ter a em casa antes do anoitecer. Um descanso de cinco minutos não nos fará mal. Tenha piedade de um homem velho.

 

Não lhe parecia velho. Índigo se centrou nesse pensamento e olhou seu rosto moreno e arrumado.

 

Para manter a distância se sentou frente a Jake Rand e renunciou desta maneira a apoiar suas costas sobre a árvore. O intenso aroma de pinheiro a rodeava. Quando se acomodou sobre as agulhas dos pinheiros, cheirou o mofo da capa inferior do chão do bosque. A rede de ramos por cima dela era mais magra que onde ele estava sentado, por isso a chuva se filtrava em mais quantidade. impregnou-se até mais seu chapéu para cobrir-se.

 

Depois de lhe dizer que o couro úmido a mantinha quente, nunca admitiria que nesses momentos verdadeiramente estava sentindo intensamente a mordida do frio. Nesta hora do dia, geralmente teria tomado já um bom banho calentito e estaria sentada frente à chaminé com um bom fogo e o chocolate quente que mamãe tinha a ponto e delicioso. encolheu-se de ombros muito consciente que a olhava com seus olhos escuros, quente, implacáveis…

 

—Seu pai me há dito que conhece esta mina como a palma de sua mão—, disse.

 

—Sim.

 

—Parece que alguém provocou o desmoronamento, não? O que é o que pensa você?

 

Índigo desejava que seu pai aprendesse a ser menos sincero. A julgar pelo olhar nos olhos do Jake Rand, supunha que lhe tinham contado tudo. Se era assim, não tinha muito sentido ser evasiva com esta questão. Ela tratou de ocultar o estremecimento que percorreu todo seu corpo.

 

—Estou de acordo com meu pai. Não posso saber realmente quem o provocou, mas o ultimo não foi precisamente acidental.

 

Sua atenção se centrou em dominar os pequenos espasmos que percorriam seus ombros femininos e se perguntou se ele podia ver seu tremor agora mesmo.

 

—Parece muito segura.

 

—Estou-o. Havia marcas de tocha nas madeiras, até frescas. Alguém deliberadamente tinha debilitado os postes de sujeição da abóbada.

 

Jake olhou além dela na chuva. Não gostava de carregar às mulheres com as obrigações de um homem, mas neste caso, não via uma maneira de evitá-lo.

 

—Acredita que alguém tem a intenção de matar a seu pai?

 

O gasto e feio chapéu ocultava seus olhos. Ela franziu os lábios em um gesto intrascendente. Jake se deu conta nesse instante que azuleaban fracamente.

 

—Carinho, tem frio?

 

Indigo se esticou. Fora de sua família, só o velho Shorty a chamava assim. Sentiu que essa forma de dirigir-se a ela era a própria da atitude que até agora Jake Rand tinha tido. Se tivesse sido branca, nunca lhe teria ocorrido lhe falar de uma maneira tão familiar.

 

—Só um pouco—, respondeu ela, seguiu lhe falando no mesmo tom formal que tinham utilizado ambos até esse instante. —Quanto a sua pergunta, se alguém tivesse querido morto a meu pai, por que não o matou simplesmente? Não tinham forma segura de saber que iria a essa galeria esse mesmo dia . Ninguém devia entrar ali, mas que eu.

 

Jake tomava cada palavra em consideração.

 

—por que ninguém mais que você?—. Voltou a tratá-la formalmente.

Notou como a jovem tremia ligeiramente a voz; se as lembranças eram entre frios e desagradáveis, não estava seguro. Olhou-a, a via tão jovem e indefesa ali sentada e mesmo assim, tinha seus ombros rígidos. Se houvesse se trazido o impermeável, o teria desdobrado e a teria envolto no.

 

—Planejou-se dinamitar pela manhã. Eu sou o dinamitero e deveria ter sido eu quem fosse colocar as cargas.

 

Jake tratou de ocultar sua surpresa e não soube fazê-lo. Ela era o dinamitero? Um engano, e se voaria a si mesmo e todos outros mandando-os a outro mundo rapidamente. Não lhe parecia justo que a uma garota lhe permitisse assumir esses riscos.

 

—Foi uma dessas coisas estranhas que às vezes ocorrem—, prosseguiu. —Quando eu estava a ponto de entrar não pude encontrar a mecha da bobina. A noite anterior lhe tinha perguntado ao Shorty se o tinha deixado tudo preparado na choça, incluindo os cartuchos de dinamite, para o ter preparado para detonar a primeira hora.

 

—E não o fez?—

 

—Acreditou que sim—. Ela fez um gesto com a mão. —A memória do Shorty já falha às vezes. De todos os modos, aproximei-me da choça da dinamite para ver se podia encontrar a mecha.

 

Seu pequeno queixo se afiançou. Embora Jake sentiu quão difícil era para ela continuar, não podia deixar de ajudá-la com um sorriso. De algum jeito recordava um pouco a Mary Beth.

 

—Enquanto fui comprovar se estava na cabana, meu pai pensou que Shorty poderia ter deixado o carretel a noite anterior no lugar que tínhamos planejado furar. Foi dentro a olhar. Eu acabava de retornar à entrada principal…— Ela tomou uma respiração profunda. —Todos ouvimos falar dos desmoronamentos. Ao princípio, não me dava conta que meu pai estava ali—. O silêncio cresceu durante um momento no que Jake se perguntou se queria que continuasse rememorando quando isso o para dano. —Deveria ter sido eu a que estivesse ali baixo, portanto não pôde ter sido um atentado contra sua vida.

 

—sente-se culpado porque seu pai foi ferido em seu lugar?— Detestava seguir pressionando mas precisava saber mas. —Como pode estar segura de que não foi um intento de atentar contra você?

 

—Quem quereria me matar? Pelo resto, quem quereria matar a meu pai?

 

—O que tem que este homem, Shorty? pode-se confiar nele?

 

—Absolutamente.

 

—Está segura de que não esqueceu o carretel de mecha intencionalmente para que seu pai entrasse na mina?

 

Índigo reprimiu uma réplica irada. Jake Rand nunca tinha conhecido ao Shorty, assim não podia saber como de descabelada era a sugestão que fazia.

 

Como se Jake Rand pudesse ler seus pensamentos, sua expressão se suavizou.

 

—Não pretendo ser um estorvo e começar a fazer acusações. É só que…—. Suspirou e jogou para trás uma das mechas de cabelo molhado de sua frente—. Não consigo conectar com a gente muito freqüentemente, mas há algo especial na pessoa de seu pai—. Sua boca se curvou no princípio de um sorriso muito sincero. — Tem uma forma de olhar, em seus olhos há uma honestidade pouco comum. Se estiver em minha mão, quero lhe ajudar.

 

Poderia haver dito uma dúzia de coisas, todo o qual poderia ela ter evitado, mas isto precisamente teve um halo de verdade. Havia algo especial em seu pai. Ela mesma o tinha visto sempre. Estranha honestidade parecia uma forma tão boa como qualquer outra para descrevê-lo, embora Índigo sempre tinha pensado mais em términos de bondade. Alguns de suas reservas caíram. Talvez seu pai tinha razão em confiar neste homem. Entretanto ela tinha o mau hábito de suspeitar sempre dos estranhos.

 

Mas havia algo nos olhos do Jake, uma sombra escura como se estivesse ocultando algo. Isso a incomodava. Há muita gente que são um pouco reservados com os estranhos, entretanto, ela também o era. Mesmo assim, não quis forjar uma impressão muito rápido sobre ele.

 

—Shorty é um velho amigo. Meu pai confia nele, e eu também, acredito que quem estava tratando de sabotar a mina se limitou a debilitar os pilares de sustento, esperando que toda a galeria inteira se viesse abaixo quando a dinamite explorasse. Se um dinamitero não souber como fazê-lo, pode paralisar um túnel completamente. E agora, todo mundo acredita que, por ser mulher, cometi um engano tão estúpido.

 

Jake incluso no sabia como tomá-la valoração de toda aquela situação. Ao igual a Jeremy tinha adivinhado, alguém tinha estado no lugar equivocado no momento adequado.

—Assim acredita que em lugar de causar machuco a vocês, sua intenção era causar o suficiente machuco à estrutura para que tivessem que fechar a exploração?

 

—A algumas pessoas não gosta de ter perto aos índios, e são particularmente receosos de meu pai porque ele é Comanche—. Ela se encolheu de ombros. —Estou segura que ouviu os contos a respeito de nós, os mais sanguinários de todos. Se lhe der as costas a um de nós, pode despedir-se de seu couro cabeludo. Se algo falta, há quem está seguro de que o roubou um de minha raça. — Sua boca se entristeceu e aprofundou uma covinha na bochecha. —Não o quererão morto, mas sim fora daqui.

 

—Outra pergunta. Como poderia alguém ter sabido que planejavam furar, para arruinar essa manhã em particular?

 

—Não é nenhum secreto que ocultemos. Pelo contrário, nos dias de voladura a ninguém está permitido rondar pelos poços até que se terminou, assim normalmente os mineiros sabem de antemão que esse dia podem dever trabalhar um pouco mais tarde que o habitual.

 

—Assim provavelmente sabiam todos na cidade.

 

—Sim. Ao igual a todo mundo sabia que ninguém, além de meu pai e o dinamitero, estariam na mina.

 

Jake se centrou nos lábios da garota. A marimacho lhe estava mentindo a respeito de não ter frio.

 

—Sabia-se que ia você a estar alli, entretanto. Correto?

 

Ela assentiu com a cabeça.

 

—Então, é possível que fora você o objetivo.

 

—Como lhe hei dito, quem quereria lombriga morta? Não, que tomou a tocha simplesmente debilitou os madeiros muito. Provavelmente não tinham idéia de que algo assim ia acontecer até que a carga explorasse. Para então, eu tivesse estado na segurança do exterior da mina, depois do parapeito.

Os pilares são coisas divertidas. Se a madeira se debilitar, a terra por cima pode mover-se. Continuando, a mais pequena vibração pode causar um colapso. Foi uma desgraça para meu pai entrasse ali e começasse a mover as coisas ao redor, em busca da bobina da mecha.

 

Era o turno do Jake para tomar uma respiração profunda. Tratou de imaginar quão terrível devia ter sido para ela quando se deu conta que seu pai estava no interior da mina derrubada.

 

—Suspeita de alguém em particular?

 

Índigo vacilou. Já tinha revelado muito mais do que se sentia cômoda. Jake Rand tinha uma maneira inata de tirar as respostas. Olhou-o aos olhos e unicamente pôde detectar preocupação.

 

—Pode confiar em mim—, acrescentou, lhe dando de novo a inquietante impressão que tinha lido seus pensamentos. Estava acostumada a que fora ao reverso. —Preciso saber tudo o que possa me dizer, é a única forma em que poderei ajudar.

 

—Os Henleys, talvez—, admitiu. —É só uma hipótese, e eu não gostaria que o repetisse por aí. Não é justo acusar às pessoas quando não se tem nenhuma prova.

 

Jake considerou que a atitude da garota era muito cabal, certamente se tivesse ocorrido à inversa, a gente não tivesse demorado para acusar a seus vizinhos os índios.

—Ninguém além de mim vai ou seja o por que as suspeitas?

 

—Não é uma suspeita, exatamente. Simplesmente, são os que têm a mina mas perto da nossa, e a verdade, não são muito tolerantes com as demais raças.

 

Raças. Jake fez uma careta. A palavra tinha um som tão feio…

—Algum dos trabalhadores se mostraram resistentes a ajudar a cavar para tirar seu pai fora do túnel?

 

Ela soltou uma gargalhada amarga.

—Todos eles. Com exceção do Shorty e Stringbean, é obvio. São como uma família. Os outros correram na direção oposta. Quando uma parte de um poço se paralisa, o resto também poderia segui-la. Todos sabíamos isso. Muitos dos homens têm famílias que dependem deles, assim não podia culpá-los.

 

Jake repassou a história pouco a pouco, tratando de recolher algo que não encaixasse. Um pensamento bloqueou todos outros.

 

—Você sabia que outro desmoronamento poderia ocorrer, entretanto, foi procurar a seu pai e voltou dentro para examinar as madeiras depois?

 

—Naturalmente, entrei de novo depois de tirar meu pai. Tinha que saber o que causou o desmoronamento. Não era a primeira vez, já sabe. Já tínhamos começado a suspeitar que algo estava mau. Temos um grande número de homens que trabalham para nós. Se os pilares de outros túneis tinham sido manipulados, suas vidas poderiam ter estado em risco. O que teria feito você?

 

Jake moveu os ombros contra o tronco da árvore.

 

—O mesmo, suponho. É só que…

 

—Que sou uma mulher?— terminou. —Entenda bem uma coisa, senhor Rand. estive trabalhando com meu pai da infância, em ambos os sítios, em casa e na mina. Não permanecerei à margem enquanto os outros fazem o trabalho sujo.

 

—Estou seguro que ninguém a deixará à margem. Isto não nega a questão de que se expôs a um risco muito grande.

 

Ela apertou em um punho o couro úmido de sua calça.

 

—Teria sido menos trágico se um homem tivesse entrado em meu lugar e tivesse morrido em um desmoronamento? Além disso, o que outra coisa podia fazer? Não podia pedir ao Shorty nem ao Stringbean fazer o que eu não faria. Tinha que ir, e era isso ou fechar definitivamente.

 

Jake não podia culpá-la por falta de coragem. Olhou-a um momento e decidiu que no breve descanso se restabeleceu o suficiente para seguir. Já haveria tempo mais adiante para mais pergunta.

 

Levantando-se de onde estava sentado, elevou-se ante ela e lhe ofereceu uma mão. Ela vacilou um momento e logo colocou seus dedos magros sobre sua larga palma. Jake atirou dela, assombrado do pouco que pesava. Sua mão, pequena e flexível dentro do círculo de seus dedos, sentia-se fria como o gelo. Em um intento para que se esquentasse, manteve-a apertada mais do necessário, enquanto a tirava de debaixo da árvore. Notou que sua pele estava gretada… Ao igual a sua mãe a tinha tido uma vez.

 

—Deixou que chover—, disse.

 

Jake não se deu conta que até agarrava sua mão e a soltou para que pudesse afastar-se, o que ela fez com a maior celeridade. Esteve a ponto de sorrir. enfrentou-se a um desmoronamento dos verdadeiramente perigosos, mas o toque da mão de um homem a punha nervosa.

 

Totalmente preparada mentalmente para dar ao Jake Rand um resumo sobre o funcionamento da mina, Índigo ficou perplexa quando ele deixou à parte tudo o que tinha esperado lhe mostrar e em seu lugar insistiu em ver o montão de madeiras extraídos do lugar do desabamento. depois das examinar atentamente, esteve de acordo com ela em que me tinham usado uma tocha neles.

 

—O tempo obscureceu as marcas da folha, é obvio—, explicou. —Mas os cortes estavam afrescos depois do desmoronamento.

 

Agachando-se sobre o montão de escombros extraídos, levantou a vista para encontrar-se com seu olhar.

—Apesar de que obscureceu, ainda posso afirmar que são recentes.

 

O choque do olhar do Jake na sua era inquietante. Parecia mais preocupado pelo desmoronamento do que um estranho possivelmente deveria. Ela apartou seus olhos. Estava começando a anoitecer. No profundo dos bosques, o matagal de cores de mirto, louro, madroño se voltavam escuros e imprecisos em um vazio que parecia estender-se para o infinito. O ar da noite cheirava a sangue frio fresca. Deveria lhe dar um resumo do que precisava saber para que pudessem voltar para casa. por que foi ele a examinar as madeiras, que não tinham nada que ver com o trabalho programado para amanhã? Logo que ficava já luz do dia.

 

A diferença da maioria dos pais, lhe permitiam fazer quase tudo o que quisesse, mas eram muito estritos em algumas costure, especialmente nos costumes sociais. Uma regra com a que estavam conforme era com que as jovens não ficassem fora de noite em companhia de cavalheiros. Simplesmente não se fazia, não importava quão confiável fosse o homem. Samuel Jones, o proprietário da loja, tinha terminado casando-se a ponta de escopeta, porque tinha levado de passeio a Elmira Johnson um dia de campo e se demoraram em chegar a sua casa, quando seu cavalo se rompeu a pata dianteira. Índigo não acreditava que ao Jake Rand gostaria de dizer se quiser com o canhão da pistola de seu pai apertado sobre seu nariz.

 

—Quer ver as eclusas?— perguntou ela.

 

—Uma comporta é uma comporta, e já me disse que a tinha revisado hoje. Prefiro ver os pilote que se derrubaram.

Índigo ocultou sua exasperação. ia dirigir esta mina ou a lhe fazer um elogio?

Quando chegaram à entrada principal acendeu duas lanternas, entregou-lhe uma e logo abriu o caminho para as vísceras da mina. Renunciaram a usar as vagonetas utilizadas para transportar aos mineiros e a equipe, fizeram o caminho a pé ao lado dos trilhos para que pudesse obter uma melhor visão de tudo. O aroma adocicado da terra fria e úmida pressionava em torno deles. Suas vozes se ecoavam sobre as paredes do túnel. Índigo se deu conta que as sombra se obscureciam até mais rapidamente ali dentro. Seu mal-estar aumentava. Na escuridão circundante, já era impossível dizer como de rápido se acabava a luz do dia, e ele não parecia ter nenhuma pressa.

 

—Só se pode ver dois dos pilares paralisados aqui—, explicou.

 

—Mas longe começa a faltar o ar?

 

—Não estamos ainda no mas profundo do túnel —, respondeu ela. —E há um montão de poços de ventilação.

 

—Onde se produziu o outro desmoronamento?

—Na outra galeria.

 

—Onde está se localizada?

—Nesta mesma colina, a cinco, possivelmente seis milhas. Pai pôs uma reclamação sobre outro terreno lhe limitem em nome de meu irmão Chase, no caso deste lugar a joga. Estamos obrigados a fazer uma certa quantidade de prospecções ali para manter a demanda, mas não trabalhamos a tempo completo.

 

Quando chegaram ao lugar do acidente, tomou seu tempo examinando os escombros que ainda não tinham sido levados a exterior. Em um intento por proteger do frio, Índigo trocou seu peso de um pé ao outro. Seu interesse pelos restos a desconcertava. Ela poderia ter entendido se estivesse interessado nas reparações necessárias depois do desmoronamento. Em troca, estava muito mais preocupado com a madeira queda e a disposição geral da mina antes dos dois desmoronamentos.

 

—Onde ia se fazer a voladura?

 

—Mais dentro em parte da mina que agora está tampada pelos escombros de pedra do desmoronamento.

 

Ele se endireitou.

—Acredito que vi suficiente.

 

Índigo pensou que não tinha visto nada até agora, ao menos o que verdadeiramente importava. Como tinha a esperança de ser capataz de uma equipe quando não sabia nada sobre os trabalhos em curso? guardou-se para si a questão.

 

—Eu gostaria de ver o outro túnel—, disse.

 

—É muito longe para ir ali esta noite. Tenho que chegar a casa antes de que anochezca de tudo.

 

Ele levantou sua lanterna e fixou seu olhar nela. Com a luz alaranjada que jogava sobre o peito e a cara, ele parecia grande e imponente. E ela se sentia exposta. A negrume sem fim detrás dela pareciam dedos gelados que lhe enroscavam ao redor de sua nuca.

 

—Sinto ter demorado tanto—. Seu olhar se deslocou aos lábios. —Deve estar congelando-se com o couro molhado.

 

A negação se arrastou até sua garganta, mas estava muito instável para expressá-la. Ele pôs uma mão em seu ombro, aproximou-se dela e abriu a marcha.

 

—Podemos ir amanhã pela tarde à outra ladeira?— Sua voz ressonou de novo nela, cada sílaba se sobrepunha com o eco, o que fez que soasse como se dissesse cada palavra três vezes. Sua mão era cálida firme, e não parecia ter nenhuma pretensão, além de guiá-la para a saída.

 

—Não estamos trabalhando ali agora mesmo.

 

—Mas eu gostaria de vê-lo.

 

—Posso-lhe levar. Mas como não estamos cavando ali, vai ser uma perda de tempo.

 

Ele se deu a volta. A luz da lanterna oscilou, logo ricocheteou nas paredes de terra.

—Acredito que o que estou fazendo não tem muito sentido para você, não? A razão, pela que estou investigando sobre o desmoronamento de cada um dos túneis é que quero saber como se produziram. Quem avisa não é traidor. Não posso permitir que nos ponhamos em perigo por futuros atos vandálicos. Acredito que a segurança tem prioridade sobre tudo o resto.

 

Cegada pela luz, entreabriu os olhos e voltou a cara para a saída.

—Não podemos nos permitir um vigilante noturno, se essa for sua idéia.

 

Ele moveu a lanterna para um lado e já não deu totalmente em seus olhos.

—Tampouco podem permitir o luxo de passar uns dias fazendo reparações só porque a alguém lhe ocorra de novo provocar outro desmoronamento para que tenham que fechar.

 

Índigo não necessitava que lhe dissessem qual era seu dever.

—Do último desmoronamento, comprovo todos e cada um dos pilares, todas as manhãs antes de começar a trabalhar. Que mais posso fazer?

 

Acreditou vislumbrar um sorriso no Jake.

—Não a estou pondo em dúvida. Não me atreveria a chegar tão longe. E não quero que volte a estar em perigo. É por isso que estou cheio de perguntas. Posso ver que isto não é o que me pede neste trabalho, entretanto, isto é essencial… Isto está tão frio como o gelo, está tremendo como uma folha —. Ela se afastou dele ficando atrás e perdendo o contato da mão masculina sobreprotectora em seu ombro.

 

Quando se voltou e seguiu caminhando, foi detrás dele e lhe disse:

—Fria ou não, prefiro que vá por diante agora e faça qualquer pergunta que tenha de caminho a casa. Não quero que minha mãe se preocupe ainda mas por nós.

 

—Duvido que evitar o tema vá dar calma a sua mãe. Ela sabe que o último desmoronamento foi um acidente. Você está trabalhando aqui. Provavelmente não há um minuto em que ela se esqueça disto.

 

—Ainda lhe agradeceria se você não falasse muito sobre isto diante dela.

 

Na entrada, apagaram suas lanternas e ficou olhando o crepúsculo. Índigo deu um passo além dele, aliviada de estar ao ar livre uma vez mais. Consciente de seu olhar, olhou para trás.

 

—É uma pesada carga de preocupações as que leva você sozinha, não?— , perguntou.

 

endireitou-se os ombros.

—Não me queixo.

 

—Não, já vejo como é você—. Deu um passo para o crepúsculo. —vou tentar tranqüilizá-la e a vigiar o que digo quando estivermos em casa. De uma vez, agradeceria se procurasse em sua mente algo que tenha esquecido me contar. Necessito toda a munição que possa conseguir.

 

Ela não se perdeu o detalhe, ele não dizia nós, dizia, eu vou tranqüilizar a. Já estava tomando o controle. Nesse ponto, agarraram o caminho de volta da montanha para o povo.

Não tinham andado muito quando ele fechou a mão ao redor de sua boneca. Com um violento puxão, atraiu-a cambaleando contra seu peito e a sujeitou com um braço de aço a seu redor. Ela tentou escapar, horrorizada quando ele tirou sua faca.

 

—Não se mova—, sussurrou-lhe com urgência. —Temos companhia.

 

Índigo se congelou e lançou um olhar por cima do ombro para ver que se referia. Podia ver até uns cinqüenta metros. As sombras eram imensas além desse ponto. Os ramos das árvores se balançavam com o vento. Ele se assustou por algo, isso estava claro. Podia sentir seu coração golpeando forte.

 

Por sua parte, ela se sentiu aliviada ao saber que a tinha agarrado para protegê-la, e não por outras razões. Fora o que fora o que se escondia nos bosques, Índigo duvidava que aquilo pudesse assustá-la tanto como ao Jake Rand. Anteriormente, no estábulo, havia sentido a força sem explorar nele, agora era uma realidade. Seu corpo estava com os músculos atados com seus tendões, tudo tenso preparado para atacar ou proteger. sentia-se rodeada por ele e sabia que não tinha outra opção que estar-se quieta e rezar, até que decidisse deixá-la em liberdade.

 

—É um lobo—, sussurrou. —O maior que vi nunca.

 

Tentou falar, mas ele a apertava contra si, oprimindo sua respiração. A dureza de ferro de suas coxas, também se apertavam contra ela. O calor de seu corpo o sentia través de suas roupas molhadas.

 

—Se posso afastar o de você, poderá subir a uma árvore?—

 

Trabalhosamente colocou uma mão entre eles e a empurrou contra seu peito, ao fim pôde falar.

—É meu amigoWolf, meu amigo. Não nos fará mal.

 

Seu abraço se relaxou, mas só ligeiramente.

—Seu amigo, um lobo?

 

As arrumou para soprar. Tão perto, deu-se conta que sua cabeça apenas lhe chegava ao ombro. Podia ver a parte inferior da mandíbula e a sobra de sua barba recém enchente. Seu aroma a rodeava, uma agradável mescla de lã úmida, poda, o suor e o aroma de almíscar masculino. Sua mão, ampla e de comprimentos dedos, enroscada sobre suas costelas, morna, inclusive através da pele.

 

—Sim, é meu amigo—. Apesar de que sua cercania a punha nervosa, não podia deixar de sorrir ao ver a expressão de incredulidade em seu rosto. —Seu nome é Wolf.

 

Jake embainhou sua faca. Ela fez a afirmação, como se todo mundo tivesse os lobos como os amigos, e a via como se estivesse afogando uma risada. sentia-se como um idiota.

 

—Wolf—, repetiu. —Seu amigo. por que ainda não acredito?

 

Baixou o olhar e ficou imóvel, ainda muito perto. Seu chapéu tinha cansado quando ele a agarrou. depois de tratar de adivinhar a cor de seu cabelo durante a maior parte da tarde, não podia deixar de olhar. Não era nem mogno como o de seu pai, a não ser um marrom mais claro; entretanto, não era o que ele chamaria loira tampouco. Leonado era a única palavra que lhe veio à mente, sua base em geral a do mel escuro, rica em nervuras de ouro e acobreados tênues. Durante sua breve escaramuça, lhe tinham solto algumas das forquilhas e sobre um ombro lhe caía uma massa reta como de seda, embora parte seguia capturado por umas quantas.

 

Era um estranho contraste, seu tom luminoso e dourado de sua escura pele, herança de sua parte a Índia. Com esse corto leonado e os olhos azuis muito claros, todo aquele que a olhava saberia que ela não tinha alcançado esse tom da pele pela exposição ao sol.

 

A natureza tinha jogado uma de suas brincadeiras sobre Índigo Lobos. Era uma raridade em si, já que tinha herdado a pele brunida de seus antepassados Comanches e a cor de seu cabelo que pertencia a uma mulher branca de pele clara. Uma das incongruências da natureza, sim, mas Jake não se estava rendo.

 

Sem o maldito chapéu, era a mulher mais notável que jamais tinha visto. Tinha um aspecto selvagem, mas ao mesmo tempo abrangia tudo o que era feminino, tão frágil, e uma luz em seus braços que ele não queria perder. Era toda suavidade. Podia sentir o calor emitido por seu cuerpecito ou onde quer que seus corpos se tocavam.

 

Ele começou a falar e logo se esqueceu o que queria dizer quando a olhou aos olhos. Assim de repente parecia que só escutava o tamborilar dos batimentos do coração do coração, uma quebra de onda de nostalgia se estendeu por ele e durante uns segundos intermináveis, não podia pensar além disso.

 

Porque ele era tão alto, pelo general Jake se sentia mais atraído pelas mulheres esculturais, mas Índigo Lobo se sentia perfeitamente bem entre seus braços. Seus peitos, tão tenros e suaves, pressionavam-no justo debaixo das costelas e queimavam através de sua camisa com seu natural calor. Com o braço apertado por sua cintura, a pélvis se lançou involuntariamente para frente para que montasse na coxa. Por um instante, imaginou levantando-a um pouco mais alto, imaginou como se sentiria sua pele sedosa, imaginava as pernas femininas apertadas ao redor de sua cintura, com ele mesmo enterrando-se em seu interior.

 

—Mmm Sr. Rand?

 

Apesar de que escutou a incerteza em sua voz, Jake não pôde reagir e desviou o olhar para sua boca. Só a inocência que tinha lido em seus olhos lhe impediu de inclinar a cabeça e beijá-la. Podia sentir seu coração pulsar e sabia que a estava assustando. Ela estava rígida, suas pequenas mãos fechadas em punho agarrando sua camisa de quadros, com as costas arremesso para trás tratando de pôr certa distância entre eles.

 

—Senhor Rand?

 

Jake piscou. Tragou saliva. Tratou de respirar com uns pulmões que negavam a trabalhar. Logo, com pouca graça e nenhuma advertência, soltou-a. Perdendo quase o equilíbrio, cambaleou-se. Ele a agarrou por braço para sustentá-la. Ela procurou com a vista seu chapéu, e se afastou dele para buscá-lo.

Que demônios lhe passava? Ela logo que teria saído do colégio. Quando a olhou não pôde acreditar que tivesse dezenove anos e idade suficiente para casar-se. Os homens que atacavam às meninas inocentes tinham aborrecido ao Jake, sempre tinha respeitado a inocência e sempre o faria. Do mesmo modo, não gostava dos homens sem palavra, e ele tinha uma prometida lhe esperando no Portland. Entretanto, ali estava ele, desejando à filha de Caçador de Lobos? Necessitava uma boa patada no traseiro.

Seu sangue seguia sua louca carreira pelas veias, Jake viu que ela recolhia seu cabelo para trás e o prendeu. Um instante depois, tomou o chapéu e o impregnou até suas orelhas. sentiu-se nesse instante como se alguém acabasse de apagar a única vela em uma habitação escura.

 

Tremiam-lhe as mãos, assim que ela se deu conta da mudança nele, enquanto a sustentava. Ele tinha estado com muitas mulheres que se davam conta em seguida que era um homem tímido quando se topavam com ele. Deus, como poderia haver-se comportado dessa maneira? Era só uma menina. O problema era que não a havia sentido como tal em seus braços.

 

Jogou um olhar para as árvores e tratou de pensar em algo que dizer para suavizar as coisas. Nada lhe veio à mente. Ela poderia ser inocente, mas não era tola. As mulheres têm um instinto para estas coisas e, não importa a idade, sempre pareciam saber quando um homem tinha em sua mente as coisas que não devia.

 

Olhou ao manchado lobo que se sacudia o barro e decidiu que quanto menos dissesse melhor. Eloqüente, não o era em realidade. Se ele iniciava uma desculpa, o mais provável era que se enredasse até mais e só pioraria as coisas.

 

—Um mascote lobo?— perguntou em um tom deliberadamente ligeiro. —Não me diga. Suponho que tem a metade das criaturas do bosque dançando em torno de você.

 

Lhe olhou por debaixo da asa do chapéu, sua postura era incerta. Jake quase esperava que saísse correndo e não a tivesse culpado.

 

—Não, só Wolf. Dou de comer a uns poucos animais selvagens. O cervo, é obvio. Sempre são animais necessitados. Também, há um velho puma que perdeu a maior parte dos dentes e uma família de mapaches. Devem comer de minha mão, mas pelo general não me seguem.

—Um puma sem dentes. E suas garras não contam?—

 

—Ele puma não é estúpido, senhor Rand. Se me fizesse mal, não haveria ninguém para lhe dar de comer todos os dias.

 

—E os mapaches? Qual é seu pacto com eles? Os que vi, simplesmente fugiram.

 

—É provável que os assustasse. Algo fugirá, se você o assustar.

 

Uma garota, por exemplo? Jake se Rio brandamente e sacudiu a cabeça.

 

—Nunca vi um lobo tão grande, ou com sua coloração.

 

—É do Yukón.

 

Jake digeriu isso.

—Como chegou a ser sua proprietária?

 

—Não sou sua proprietária. Só somos amigos. Não se pode ser dono de um lobo, em realidade não o aceitam. Eles fazem a eleição. Os animais selvagens são assim, especialmente os lobos—. Se afastou um pouco mais e olhou para a maleza onde o lobo tinha desaparecido. —Um velho mineiro do norte passou por aqui com ele faz uns três anos atrás. Quando se fué, Wolf optou por ficar. fomos amigos após.

 

Assim que os animais selvagens eram assim? Jake colocou as mãos nos bolsos da calça com a esperança que ela se sentisse um pouco menos ameaçada. Tinha perdido o controle por um segundo. Admitia-o. Mas, por que tênia que atuar ela como se lhe tivessem brotado chifres?

 

Uma desculpa era necessária. Não havia maneira de evitá-lo. Só esperava que fossem as palavras singelas e corretas.

—Sinto muito, o lobo me pilhou por surpresa.

 

—Isso é normal. Sempre toma por surpresa—.

 

Assim que ela tinha.

 

—Temo-me que lhe dava um susto ao tentar protegê-la—. Deus, como odiava esse condenado chapéu. —Se o fiz, peço desculpas.

 

—Não há necessidade. Só quero dizer, que não precisa me proteger.

 

Ela sim necessitava amparo, de acordo, por todos os demônios. Amparo contra ele. As arrumou para reir.

—A verdade? Pensei que íamos ser o jantar do lobo. Imaginei a um montão de lobos gigantescos, uma manada inteira, e todos famintos. Por todos os infernos, é como para tremer de medo.

 

Acreditou vislumbrar um sorriso nela. até agora, tudo bem. Não parecia a ponto de fugir correndo dele agora.

 

—Ele nunca atacaria a um homem, a menos que, é obvio, pensasse que alguém me estivesse fazendo mal.

 

Uma ameaça velada? Jake sabia que não tinha mais remedeio que aceitá-lo. Se se sentia melhor ao advertir que seu lobo a cobria, que assim fosse.

—vou recordar manter minhas bons maneiras a partir de agora.

 

A partir de agora?. daqui em diante, não queria nem mesmo tocá-la. Olhando para o céu, adicionou: —Será melhor que caminhemos de volta. Logo será de noite.

 

Ela não necessitava nenhum estímulo. Jake esta vez teve que esforçar-se para manter seu ritmo.

 

A simplicidade da vida no lar dos Lobos fascinava ao Jake. depois de uma breve visita caçador, fez várias tarefas noturnas. Quando aquelas se terminaram, relaxou-se diante do fogo em um tamborete de madeira em cru e bebeu uma taça de fumegante café enquanto esperava que Loretta terminasse de preparar o jantar. Detrás dele, podia ouvir índigo chapinhando na água de seu banho. Em um rincão da cozinha, Caçador tinha construído um cubículo com um inodoro e uma banheira. Uma singela parede, de não mais de metro e meio de comprimento que não chegavam ao teto, era pouco mas que uma tela de privacidade. Ela conversava esporadicamente com sua mãe. Uma mulher do Portland não se teria imaginado banhando-se na mesma habitação com um homem, com tela de privacidade ou sem ela.

 

Ela saiu pouco depois de seu banho com uma camisola de flanela, um xale envolvendo seus ombros e sapatilhas forradas de pele que faziam que seus pequenos pés se vissem tão grandes como raquetes de neve. Quando sua mãe lhe deu uma taça de chocolate quente, uniu-se ao Jake ante fogo em outro tamborete, ao parecer inconsciente de que sua roupa não era apropriada. Que incrivelmente doce e singelo que era tudo. Oxalá as coisas fossem tão simples e diretas de onde vinha.

 

Não é que fizesse nada impróprio de uma dama. até agora tinha colocado seu tamborete tão longe dele como era possível, de fato, temia que não pudesse entrar em calor. E sua camisola certamente era bastante modesta. Para ela não tinha nenhum sentido vestir-se de novo justo antes de deitar-se. Quanto ao banho, se uma pessoa estava manchado de barro e a tina só estava na cozinha, o que outra opção havia?

 

Seu cabelo avermelhado fluiu em uma cortina reta e brilhante até seu traseiro, e se via tão suave que desejava tocá-lo. Ele manteve seu olhar nas chamas e tratou de fingir que não estava sentado a seu lado. de vez em quando, entretanto, não pôde resistir a lhe jogar uma olhada. Fez sons suaves e pequenos bebendo seu chocolate quente, sua moréia tez se levantou inclinando docemente os lábios sobre a taça para beber o último sorvo. Em ocasiões, a ponta rosada de sua língua parecia lamber sua boca como um gatinho.

 

Jake imaginou esses lábios em sua pele e que cálida e doce saberia sua boca, e sentiu um nó no sob ventre. O que se tinha dado procuração dele, em nome de Deus? Sabia que tinha que pôr fim a isto. Podia um homem imaginar-se a si mesmo metido em uma panela fervendo e não dar um passo por escapar?

 

Depois que Loretta terminou de ajudar para jantar a seu marido, chamou índigo e ao Jake à mesa. O jantar resultou uma tortura para o Jake. Não sabia como, mas Índigo Lobos conseguiu fazer que comer fosse um ato quase sensual. Ele terminou olhando seu prato durante a maior parte da comida, apenas consciente do que comia, nem distinguia se empurrava dentro bocados de carne de veado, batatas ou de milho.

 

Não pôde evitar que sua mente se distraíra pensando nos dormitórios abuhardillados por cima deles. Estavam separados por só uma meia parede, tinha que dormir em um lado da habitação e Indigo na outra. Durante toda a noite ia ser capaz de ouvir sua respiração suave, escutar inclusive se se girava na cama em seus sonhos. E saberia que estava a só uns passos de distância.

 

Jake nunca tinha feito uso dos serviços de uma prostituta, mas estava começando a perguntar-se se não deveria haver uma primeira vez para tudo. Durante seu noivado com o Emily só tinham compartilhado nada mais que beijos castos. Embora Jake tinha considerado pressioná-la para conseguir mais que um simples roce de lábios, uma sensação vaga de mal-estar o tinha mantido a raia. Emily era inegavelmente bela, amável, bem educada, a esposa perfeita para ele. Entretanto, não sentia a urgência de casar-se com ela.

 

Seu trabalho e sua vida social ocupavam a maior parte de sua vida, e lhes subtraía quase todo o tempo de estar juntos e a sós, mas às vezes Jake se detinha pensar se isso era sua culpa ou se realmente amava ao Emily. Antes sempre tinha deixado a um lado a questão. Qual era o verdadeiro amor, depois de tudo? Uma relação como a de seus pais, com sua mãe sempre entregue e sufriente e temendo a seu pai? Pelo menos ele se preocupava com o bem-estar do Emily. Isso sempre lhe tinha parecido suficiente para sua relação. até agora.

 

Jake tomou um sorvo de café, seu olhar estava fixo em seu prato. Tinha visto um Saloon em uma das ruas, o Lucky Nugget, se recordava corretamente. Talvez alguma mulher emprestava ali seus serviços.

 

Um arranhão sobre a porta de entrada fez que Jake levantasse a vista de seu prato. Quando Índigo se desculpou da mesa e se levantou, Loretta sorriu.

—Será Wolf, de retorno de visitar sua esposa e sua família.

 

A pele ao longo da coluna vertebral do Jake se arrepiou ao ver índigo abrir a porta. Nunca tinha tido o duvidoso prazer de estar na mesma habitação com um lobo, além desse gigantesco tamanho. Para dissimular sua inquietação, perguntou-lhe:

—Sua esposa e família?—

 

—OH, sim—, respondeu Loretta. —A velha pastor do Sr. Morgan pariu sete cachorrinhos de lobo faz ao redor de um mês. Os lobos se emparelham para toda a vida, já sabe. E Wolf toma muito a sério a paternidade e vai ficar com as crias várias vezes ao dia, enquanto Gretel se estira e dá uma carreira ou dois. Também proporciona a sua companheira carne fresca.

 

Wolf caminhou por ali, era formoso, com uma pele grosa salpicada de prata e negro, uma cauda suave de corto comprido e emplumado e a cabeça enorme e com um porte de realeza. Jake olhou seus olhos de ouro e se perguntou se a besta dormia na casa. Esperava que não.

Índigo ficou de joelhos, rodeou o pescoço do lobo com seus magros braços e afundou a cara contra seu colar. Como se fora dele, o lobo aceitou sua adoração com indiferença régia, sem tirar os olhos do Jake. Teve a sensação de que o lobo estava lhe medindo e parecia saber que tinha tido pensamentos para a garota pouco menos que honoráveis. A última parte de carne de veado na boca do Jake cresceu até alcançar proporções gigantescas, e chegou a ser muito seco para tragar. Regou-o com café.

 

—Não se comporta como nenhum cão que eu tenha visto nunca—, comentou.

 

—Isso é porque não é um cão—lhe informou Loretta. —Os lobos são uma história completamente diferente. Compreendemos isso desde o começo. Não considera a ninguém como seu amo. Adora a Índigo, é obvio, mas isso é só uma parte de sua forma de ser. Vem e vai como lhe agrada e o faz tão freqüentemente como quer. Por sorte, seus desejos pelo general combinam bem com os nossos. É um animal surpreendentemente bem educado e solícito.

 

depois de lavá-las mãos, Índigo voltou para a mesa e a sua comida. Entre bocado e bocado, explicou as características dos lobos ao Jake com mais detalhe. Jake se inteirou de que os lobos, a diferença dos cães, tinham garras afiadas. Eram animais ferozmente independentes, entretanto, não lhes faltava lealdade. O instinto de manada era uma parte muito importante de seu ser, mas se adaptavam bem à domesticidade. Sua voz fluiu sobre ele como veio quente, suave e musical. encontrou-se querendo ouvir sua risada.

 

—Não estou seguro de que eu gostasse de ter um animal que não pudesse controlar—, admitiu Jake quando por fim ela terminou de falar. Ela arqueou delicadamente uma sobrancelha.

—Não, imagino que não gostaria.

 

E o que significava isso? Jake a olhou pensativo. —Talvez nos diferenciamos nisso. A meu modo de ver, um animal deve saber obedecer a seu amo sem lugar a dúvidas.

 

Dois pontos brilhantes de cor tingiram suas bochechas suaves.

—Wolf não precisa ser controlado. É muito inteligente.

 

O lobo estava a seus pés, silencioso e discreto. Jake apareceu por debaixo da mesa.

—Parece que se comporta muito bem.

 

—Um perfeito cavalheiro—, ela esteve de acordo. —E o amigo melhor do mundo.

 

O amor que brilhava em seus olhos era inconfundível. Uma pontada de tristeza atravessou ao Jake. Sem dúvida, ela tinha outros amigos, garotas de sua idade e meninos jovens aos que chamar dessa maneira. prometeu-se que não diria nada mais depreciativo de seu mascote. Só esperava que o animal nunca se voltasse contra ela.

 

—E diz que teve cria? parecem-se com os lobos?

 

—Só um dos sete se assemelha ao Wolf—. Enrugou o nariz. —Os outros são basicamente mestiços.

 

Loretta se desculpou e se levantou da mesa.

—Só um pequeno macho é todo lobo, entretanto, a viva imagem de seu papai. Preocupa-me que o senhor Morgan não seja capaz de encontrar um lar para ele. Terá que lhe pegar um tiro se não lhe encontrar lar.

 

—Nunca deixarei que isso aconteça—, exclamou Índigo,con— um filho do Wolf…

Loretta sorriu.

—Suponho que poderíamos alimentar a outra boca até que alguém o adote.

 

—Ou até que ele adote a alguém—, acrescentou Jake . —Se chegar a ser como seu pai, suponho que não pode unir-se com qualquer.

 

Loretta se queixou.

—Deus nos libere. Se o cachorrinho pudesse escolher, estará à direita de seu papai detrás de Índigo. Ela atrai às coisas selvagens como o mel faz com as moscas.

 

Jake empurrou sua cadeira para trás e ajudou a limpar a mesa, tomando cuidado de não incomodar a Lobo enquanto manobrava em torno da mesa para recolher os pratos que tinham usado.

 

—Não lhe fará mal, senhor Rand—, Loretta lhe assegurou. —Se fosse no mais mínimo perigoso, não poderia deixá-lo correr como o faz. A gente da cidade eram receosos, também, ao princípio, mas Wolf demonstrou que é seguro ao redor dos meninos e os mascotes. Não acredito que possa morder a menos que alguém lhe provoque.

 

—Gostaria de acariciá-lo?— Índigo lhe perguntou.

 

Com um sorriso bonachão, Jake disse:

—Não, obrigado—.

 

aproximou-se da mesa com um recipiente para raspar a sujeira dos pratos, e logo empurrou a Loretta longe da pia. Tinham passado anos desde que tinha lavado um prato, mas certamente não lhe importava a tarefa. Esta noite ele se cuidou do gado, tinha levantado algo da carga que ela normalmente atendia, mas mesmo assim, imaginava que ela tinha tido um duro dia de trabalho. Igual ao tinha tido Índigo.

 

—Não pensei que houvesse um homem em quilômetros à redonda, além de Caçador, que tivesse condescendido a lavar os pratos—, disse Loretta com um sorriso. —Você realmente não tem que fazê-lo. Posso seguir com eles.

 

—Vai mais rápido se todos participarmos—, respondeu. Afundando suas mãos na água saponácea, Jake a olhou. —Eu gostaria de ver a outra mina amanhã pela tarde. Perguntava-me se lhe importaria que Índigo me acompanhasse.

 

Jake quase esperava que Loretta dissesse que não. Era um comprido caminho para que uma jovencita o fizesse a sós com um homem que a família logo que conhecia. Loretta respondeu com um de seus sorrisos brilhantes, com seus grandes olhos azuis tão inocentes como os de sua filha. Jake supôs que jamais lhe ocorreria que ele pudesse ter pensamentos que não devesse com sua filha.

 

—O que será uma oportunidade perfeita para que você possa ver algo dos arredores!— ela respondeu. —vou preparar lhes um agradável almoço para levar. Talvez no caminho de volta, possam tomar uma rota diferente e fazer uma tarde de picnic. O que pensa, Indigo?

 

Indigo, pareceu ao Jake, não estava muito entusiasmada pela idéia. Uma garota inteligente. Ela se aproximou lentamente para eles, com as mãos carregadas com a jarra e o prato de nata de manteiga.

—Acredito que poderíamos voltar para casa por meio dos baixios Creek.

 

—Isso seria ideal—, secundou Loretta. —Dessa maneira, se chover, pode refugiar-se em uma das choças ao longo da corrente para que seu dia de campo e a comida não lhes ágüe.

 

No momento em que a confusão foi eliminado, Indigo e Wolf desapareceram pela escada levantada do desvão. Fascinado, Jake viu que o lobo a subia com facilidade, assombrou-se de que pudesse dirigir os degraus.

—Como faz para baixar?— , perguntou.

 

—Através de sua janela—. Loretta terminou secando-as mãos e devolveu a toalha a seu sítio. —Ela a deixa aberta para ele, assim pode ir e vir como lhe agrada durante a noite. Wolf, há pouco, debate-se entre o amor por Índigo e seus deveres como papai. vai um momento, a visitar o Gretel e a suas crias. O pendente da saliente do alpendre não está muito longe da terra, e Caçador pôs um barril velho por aí para que possa saltar acima e abaixo.

 

—Não tem frio deixando a janela aberta?

Loretta se pôs-se a rir.

—Ela é parte Comanche, senhor Rand. Enquanto tenha um montão de peles como mantas em sua cama, o ar frio lhe agrada. Acredito que é por isso que Wolf a quer a sua maneira. São almas as gema, ambos os silvestres em sua forma de ser. Índigo não é como a maioria das meninas.

 

Jake já tinha chegado a essa conclusão, mas até este momento não se deu conta do muito diferente que poderia ser. Selvagem. Sentiu a natureza dentro dela. Entretanto, também detectou uma doçura inerente e que era um ser vulnerável.

 

Ele se baixou as mangas da camisa.

—Acredito que vou pelo Saloon por um par de horas.

 

—Um jogador de cartas, verdade?

 

—Desfruto de uma mão de vez em quando—. Jake não tinha intenção de jogar às cartas. Só havia uma padre para o que lhe doía, e tinha a intenção de ir procurar uma dose. Apesar de que ia contra sua forma de ser, contratar a uma mulher para arranhá-la coceira tinha que ser melhor que comer-se com os olhos a uma menina da idade de Índigo. —Se for deixar a porta sem fecho, eu a fecharei quando voltar a entrar.

 

—vou deixar um abajur aceso, então.

 

Jake abriu a porta.

—Não há necessidade. Posso encontrar o caminho até o desvão sem ela… boa noite.

 

                                                 Capítulo 5

Jake se deslizou de novo na casa três horas mais tarde, mais que um pouco bêbado, e como Randy em vez de Senhor Rand. O saloon tinha duas mulheres que ofereciam seus serviços na parte de acima. Por desgraça, Franny, uma loira com covinhas, parecia tão doce e vulnerável como Indigo. A prostituta maior, Mai Belle, tinha quase cinqüenta e sim, estava bastante em forma. Incômodo com a idéia de contratar os favores do Franny, Jake pagou ao Mai Belle dez dólares por uma hora de seu tempo, pensando que poderia apagar o fogo que lhe consumia.

 

Talvez Jeremy poderia lançar-se na saia de uma mulher e esquecer-se de todo o resto, mas Jake não se levantou para a ocasião. Felizmente, Mai Belle tinha um senso de humor incomensurável, um coração bondoso, e um montão de experiência no cuidado do ego masculino. Abriu-lhe uma garrafa de uísque, e pelo tempo que tinha passado na barra do salão antes de subir, Jake já estava bem entrado em taças e se dava pouca conta de que tinha derramado muito mais que um pouco de álcool na mesita de noite. Durante sua estadia no dormitório do Mai Belle, não só lhe conto todo o relacionado com a história de sua vida , também lhe tinha falado de seu compromisso com o Emily e sua inesperada atração pela filha de Caçador de Lobos.

 

O sábio conselho que depois de lhe escutar toda uma hora lhe deu Belle foi curto, mas doce. Ela deu uns tapinhas no ombro do Jake e lhe disse:

—Carinho, sabe qual é seu problema? É muito sério. Se uma intuição se apoderar ti e parece correta, não acredito que vá matar te.

 

O conselho o deu ao Jake como uma risada histéricamente divertida. Mas nesse momento, soou-lhe muito bem. Com um sorriso, respondeu:

—Não acredito que seja amor o que estou experimentando, Mai Belle, não. Nada tão profundo, não se se me entender.

 

—Sim, bom.—. Ela se uniu a ele em um sorriso. —Você ensina a um homem cujo cérebro não esteja entre suas pernas, e comerei minhas ligas de encaixe negro.

 

Com esse pouco de sabedoria para levar-se, Jake tinha eleito o caminho de volta à casa de Lobos, eleito, era a palavra. Além de uns quantos brandys e um momento de agradável conversa, foi o único que fez Jake essa noite nas habitações privadas do Mai do Belle , isso e dar um grande estrondo.

 

Quando fez seu segundo intento de escalar a escada da água-furtada, Jake sorriu na escuridão recordando a risada rouca do Mai Belle. Poderia voltar em algum outro momento. Era uma mulher amadurecida e bonita, e quase tão sábia como ninguém que jamais tivesse conhecido. Até esta noite, não tinha pensado nunca que uma puta podia ser doce.

 

Alargou a mão para um degrau e se perdeu. Seu braço se meteu no oco, perdeu o equilíbrio, e tudo o que lhe impediu a queda foi um degrau sob sua axila. Filho de puta. Jake pendurava por um momento, tratando de encontrar outro perdaño com suas botas. Enquanto pendurava, enganchado por um braço e em perigo de deslocar o ombro, lhe ocorreu que só um bêbado estúpido trataria de subir a um mezanino quando não podia caminhar sobre terreno plano.

 

Maldita escada, de todos os modos. Encontrou pontos de apoio e subiu com estupidez o resto do caminho. Quando chegou à água-furtada, levantou uma perna, arrastou-se para frente e logo ficou no chão, caído de barriga para baixo.

Não é que fosse um mau lugar o chão, ao menos não se movia e era seguro. Decidiu que podia descansar ali um momento. Agradável e fresco. Até tênia caminho por percorrer até sua cama e tal como estava lhe levaria um momento. afastou-se um pouco mas do fio do mezanino. Não queria cair e aterrissar na sala de estar. Era meia-noite. despertaria todo mundo. Por não falar da possibilidade muito real de que poderia romper o pescoço.

 

Para estar seguro, Jake se arrastou com os dedos dos pés e se empurrou mais longe da escada. Depois se apoiou uma vez mais, pensando nas más passadas da bebida. O estou acostumado a voltou a girar por debaixo. Estendeu suas mãos por diante e se assegurou que não se movia. Não recordava ter estado nunca tão bêbado. É obvio, nunca tinha deixado de cumprir com uma mulher, tampouco.

 

Talvez sua virilidade se atrofiou. Isso foi um pensamento sério. Seu nariz se golpeou. Jake olhou para baixo de sua longitude, perguntando-se que demônios lhe passava. Então se deu conta que se estrelou contra o chão. Enquanto contemplava esta situação, ouviu um som ressonante e baixo. Por um instante pensou que era o ar subindo por seu nariz rota. Então se deu conta da origem do ruído. Mierda. Esse maldito lobo.

 

Jake estava imóvel enquanto o piso parecia girar. O lobo seguiu lhe grunhindo. Por último, Jake se atreveu a levantar a cabeça. A débil luz da lua penetrava por uma janela, derramando-se na cama do Indigo. O lobo ficou aos pés da cama para lhe impedir o passo, envolto na sombra, a aproximadamente três pés de distância da garganta do Jake. Jake se espabiló rápido.

 

—Se um menino bom—, sussurrou-lhe. —Só estou tomando uma pausa aqui por um segundo.

 

O lobo pensaria que nada disso. Jake supunha que o animal não tinha visto nunca um homem arrastando-se pelo chão da habitação de sua proprietária. Tinha que ser uma estranha visão. Jake piscou e tratou de ficar sobre seus joelhos. O grunhido desço do lobo se manteve constante, que por não ser mais forte, não era menos ameaçador. Até aqui tudo bem.

 

Ficar em pé resultou ser um problema, mas com o estímulo que tinha a três passos para conseguir tirar seu culo daí, Jake decidiu não irritar mais ao animal e se arrastou para seu lado da partição. Se Índigo despertasse , como ia explicar o estado em que se encontrava?

 

O lobo deixou de grunhir e seguiu nos talões do Jake, colocou-se como um sentinela de pé aos pés da outra cama, olhando, enquanto que Jake tratava de montar a maldita coisa como se fora um cavalo. Bom, não exatamente. Nunca se tinha cansado dessa maneira sobre um cavalo. Decidido, Jake jogou uma perna sobre o colchão e o tentou de novo. É obvio, nunca se movia o chão quando se estava subindo a uma cadeira de montar, assim realmente não era uma comparação justa.

 

Quando no terceiro intento não o conseguiu, Jake deixou cair a cabeça sobre o colchão e olhou através das sombras ao Wolf.

—Se lhe contar isto a alguém, pego-te um tiro. Entende? Bang, e lobo morto.

 

Wolf grunhiu uma vez e se sentou sobre suas patas traseiras. Obviamente não tinha intenção de ir-se até que Jake se metesse em sua própria cama, que é onde tinha que estar. Jake tinha problemas para concentrar-se e o olhou sobre a ponte de seu nariz.

—Você Sr. Wolf crie saber o que estava pensando antes. Crie que é muito inteligente, não?— moveu-se para tentar acomodar melhor seu peito sobre a cama, tentou levantar de novo as pernas para subir. —Entende algo, vira-lata tolo. O que eu penso e o que vá fazer são duas coisas diferentes.

 

Wolf se lambia e grunhiu de novo. Jake fez um novo intento de subir corretamente sobre a cama e se golpeou de novo no chão. Gemeu e apoiou a cabeça sobre o colchão.

—Não posso fazê-lo—, sussurrou.

Wolf grunhia.

 

As náuseas aprisionaram o estômago do Jake. Voltou a gemer.

—Adiante. me mate. Neste momento seria uma bênção.

 

Outro grunhido de baixa freqüência foi a resposta do Wolf.

Jake fechou os olhos.

—Olha o desta maneira, velho amigo. Se não poder subir em minha própria cama, não posso subir a dela—. Um sorriso doente se estendeu por sua boca. —E ainda se pudesse, provavelmente não estaria à altura das circunstâncias—. Que fosse e o perguntasse ao Mai Bell, se não lhe acreditava.

 

Típico de clima imprevisível do Oregón, a tarde do dia seguinte se voltou cálida e ensolarada. O ar cheirava a vapor e a doce, uma visita prévia da primavera que encheu os sentidos de Índigo e levantou o ânimo depois de um inverno tão largo e úmido. depois de mostrar ao Jake seu Rand segunda mina, que seu pai tinha reclamado em segundo lugar, a que chamavam Wahat no Comanche, abriu o caminho para a baía de baixios, sentindo-se mais alegre e despreocupada do que tinha estado do acidente de seu pai.

 

Montada a corto no Molly, sua égua, abriu-se passo através das ervas altas e ladeiras salpicadas de árvores, cavalgando para o lugar dirigida por seu sentido inato da orientação. Jake Rand a seguiu sobre o Buck, falando com ela com pouca freqüência.

 

depois de passar a maior parte do dia de ontem e hoje em sua companhia, Índigo se foi dando conta que Jake Rand não era muito falador. De fato, pela manhã tinha sido quase áspero. Isso lhe sentava muito bem, porque a ela não tampouco gostava de muito bate-papo. Desfrutava da conversação, é obvio, mas tambien amava o silêncio, sobre tudo enquanto estava no bosque. Os sons dos animais selvagens e as aves soavam em seus ouvidos como música. O sussurro do vento levou a sua imaginação a lugares longínquos e tempos distantes.

 

Às vezes, enquanto cavalgava sozinha pelos bosques, imaginava ser de autêntico e puro sangue Comanche, uma mulher respeitada da tribo, montando em um cavalo magnífico através das planícies do Texas tal e como seu pai as havia descrito. Sempre se sentia um pouco parva quando seus sonhos terminavam e se via obrigada a enfrentar a realidade. Molly estava muito longe de ser um cavalo elegante, e a rodeavam os ravinas e as ladeiras em lugar dos páramos e as planícies ensolaradas. Mas, a quem o fazia danifico sonhar? Não encaixava no mundo tal e como era agora, e isso a fazia sentir-se menos sozinha, pretendendo, embora só seja por um tempo, que vivia com o povo de seu pai, que a cor de sua pele não importava, que ninguém voltaria a feri-la por isso.

 

Hoje, com o Jake Rand a cavalo detrás dela, estava um pouco nervosa, como para deixar-se levar por seus ensoñaciones. Em troca, estava desfrutando da cavalgada, admirando os primeiros espionagens da ansiada primavera e com o Wolf trotando a seu lado.

O bom tempo fazia que se comportasse como um cachorrinho brincalhão.

 

Voltando-se um pouco em sua cavalgadura comentou ao Jake,

—Quer que paremos a comer no lugar do velho Geunther? Já que o dia é tão ensolarado inclusive poderíamos nos sentar ao ar livre.

 

Jake pensou que o terreno seria úmido, mas poderia sobreviver a isso. depois de subsistir toda a manhã, pensou que poderia resistir condenadamente algo.

—Parece-me bem. Tenho já fome. Está longe?

 

—Um pouco mais, detrás a próxima colina. Será melhor que não deixe amanhã os panqueques que minha mãe nos faz para o café da manhã. É uma cozinheira maravilhosa, já sabe.

 

Posto que sua cabeça já não sentia a ressaca da noite anterior, Jake podia sorrir a isso.

—Por alguma razão, não tinha fome esta manhã.

 

—Vai ter que superá-lo. Trabalhamos duro todo os dias. Terá que tomar um bom café da manhã para manter a carne nos ossos.

 

Ela sim que tinha suficiente carne, sobre tudo nos lugares que contavam. Cavalgando por detrás dela pelos atalhos, ao Jake resultava difícil apartar os olhos de seu bem arredondado traseiro. sentava-se a cavalo como se fosse uma só entidade com o animal, tendo uma graça para montar que nunca tinha visto. Suas esbeltas e bem tonificadas pernas abraçavam o ventre da égua posto que cavalgava sem cadeira, e dava amostras de uma tranqüila mas poderosa força.

 

Ao vê-la, resultava-lhe fácil imaginar sua vida em um mundo primitivo, selvagem e livre. Também foi desconcertantemente fácil imaginar-se a si mesmo fazendo o amor com ela, inundar-se em seu quente e úmido interior com desenfreio, saborear sua doçura. Um sorriso se posou em sua boca. Havia alguns desejos em um homem que não se podiam afogar em um copo de uísque. Nem em um nem em cem.

 

Quando Jake viu o lugar do Geunther, deu as graças ao Senhor por que estava ensolarado. O lugar era uma choça e não gostou da idéia de comer ali. Índigo desmontou debaixo de uma árvore de louro, depois colocou as rédeas largas do Molly para que a égua pudesse pastar. Jake se desceu do Buck com mais graça da que tinha ontem à noite subindo a seu colchão, desensilló, e seguiu o exemplo do Indigo lhe deixando as rédeas largas.

 

O som do arroio cantava nos ouvidos do Jake. Folhagens de samambaias e brotos de amora se alinhavam na borda. Jake esfregou os pés na erva aveludada, respirou profundamente o ar e fechou os olhos por um momento para saborear o sabor fresco do ar. Tinham passado anos desde que tinha estado fora desta maneira, montar a cavalo pelo simples prazer de fazê-lo, rodeado de quilômetros e quilômetros de lugares desertos de gente. Tinha esquecido o maravilhoso que se sentia.

 

—Passa-lhe algo?

 

Centrou-se em Índigo, que se ajoelhou sobre a erva desembalando a alforja que continha o almoço. Hoje não se pôs o chapéu e com o cabelo solto refletia a luz do sol com um resplendor de ouro, cobre, e bronze, quase o cegava. Ele piscou e sorriu.

—O ar cheira tão bem, faz-me sentir vontades de gritar.

 

As palavras saíram antes que considerasse quão absurdas soavam. Entretanto ela não pareceu reparar nisso. Em troca parecia olhar mas lá, para a ladeira pela que acabavam de descender, com uma expressão distante que se fundia em seus belos olhos. depois de um momento lhe lançou um sorriso travesso.

—Então talvez você deveria gritar, senhor Rand.

 

Ele se pôs-se a rir, e logo se sobressaltou um pouco quando ela deixou escapar um guincho, como um canto tirolês. Nunca tinha ouvido nenhum som que lhe parecesse.

—Que demônios foi isso?

 

—Um grito de guerra Comanche. Em realidade não é difícil, uma vez que o assimila. Adiante, dese uma oportunidade. É estimulante. Só estamos Wolf e eu para lhe escutar.

 

Com um sorriso, Jake lhe deu um Noooo… por resposta e se sentou a seu lado, satisfeito por que ela estava começando a relaxar-se. Durante toda a manhã tinha estado reservada e cautelosa. Embora ele tampouco a tinha animado a conversar.

 

—Talvez mais tarde. Em primeiro lugar, quero comer.

 

Loretta tinha embalado dois sanduíches, partes de queijo, um pedaço de bolo de chocolate, rodelas secas de maçãs confeitadas e uma pequeno jarra tampada cheia de suco. Depois que Indigo pôs a comida sobre uma pequena manta, acomodaram-se e saborearam cada bocado. O suco, descobriu, era de amora e o sabor era mais delicado que o vinho mais caro.

 

Estava começando a conhecer o estilo de vida da família Lobos, singelo, embora ao parecer era, a sua maneira, muito mais prazenteiro que o seu no Portland. Jake pensou que provavelmente poderia comprar uns acres de monte, mas nunca teria tempo para desfrutar deles. Inclusive se tivesse tempo duvidava que fosse encontrar algum companheiro de picnic entre a élite do Portland. Ao Emily não lhe ocorreria sentar-se no chão úmido para comer um sanduíche. Emily. Deus… Agora mesmo não podia recordar seu rosto.

 

Suas reações lhe fizeram sentir a pontada de melancolia. Até chegar aqui pensava que o tinha tudo. Agora se sentia com um estranho descontente. Não havia vida submerso na papelada. Os anos lhe tinham enganado e a realização trabalhista lhe fez sentir-se frustrado. Como poderia um homem com sua riqueza sentir-se mal em comparação com uma menina que bebia suco de amora de uma jarra velha cheia de lascas e golpes?

 

Quando Wolf se uniu a eles, Índigo abriu um pacote de periódico de seu almoço com uma porção generosa de carne crua, que Jake supôs que era carne de veado. O lobo a devorou.

 

—Com seu pai prostrado na cama, não deveria tomar cuidado com as provisões de carne?— Perguntou Jake. —Como se pode alimentar ao Wolf e um puma desdentado sem supor um gasto excessivo?

 

—Sempre há mais de onde saiu—. Se secou as mãos em um pano e tomou seu sándwich de novo. —Eu posso trazer para casa a maior parte da carne, por isso meus pais não lhes importa que eu seja generosa com o Wolf e o puma.

 

Seu olhar caiu sobre os ombros magros.

—Dispara um rifle? Não é muito para você? — interrompeu-se.

 

—Às vezes levo o rifle. Embora prefira usar o arco.

 

Jake tomou em consideração. Ela matava animais, o que significava que provavelmente os tinha que eviscerar e esfolar. Como diabos as arrumava com um cervo? devido a que já não parecia tão tensa como o tinha estado antes e porque queria que seguisse falando, perguntou-lhe.

—Estou acostumado a ir cada trimestre a caçar, levo-os a quartos a casa, a lombos do Molly. Levo-me uma parte cada vez, e logo volto pelo resto. Não estou acostumado a ir muito longe. Estas colinas estão cheias de caça.

 

Era um grande enigma, uma garota amiga de um lobo que alimentava aos animais selvagens, e que logo tinha o coração feito para quando tivesse que matá-los para comer. Jake estudou seu rosto pequeno, tratando de entendê-la. O que mais lhe desconcertava de tudo era que ela parecia tão nervosa estando a seu lado. Talvez Jeremy tinha razão e ele franzia o cenho muito. Ou talvez ela pressentia em que forma realmente lhe afetava.

—Incomoda-lhe? Matar animais, quero dizer.

 

Sua boca firme se entristeceu um pouco.

—Minha família tem que comer. Os animais, são Tao-eu-cha, os filhos da Mãe Terra. Às vezes, alguns têm que morrer para que outros possamos viver.

 

Ela realmente amava aos animais, pôde-o ver que em sua expressão.

—Dói-lhe a matar, não?

 

—Faz-me sentir triste, mas só por um tempo. Como diz meu pai, nós não estamos aqui para questionar a forma da mãe natureza. Ela faz as coisas a seu modo. Se eu fosse um cervo, provavelmente comeriam. — Seu olhar caiu a sua mão. —Este sándwich é feito de carne de veado.

 

Jake se pôs-se a rir outra vez.

—Bom ponto. É só que um não prevê uma jovencita como você se vá de caça. Isso é pelo general o trabalho de um homem.

 

—Sou um pouco diferente das outras mulheres mais jovens—, admitiu, —como estou segura que se deu conta. Dava-me por vencida tratando de ser algo que não sou faz já tempo. E vivo a minha maneira.

Jake pensou que seria uma vergonha se ela trocasse. Índigo Lobos era um ser único e original. Um dia algum jovem se aproximaria dela a lhe jogar uma olhada, e a arrebataria de sua vida antes de dizer amém. A idéia lhe fez deixar de mastigar. Se tão somente tivesse dez anos menos, poderia ser ele mesmo o que ganhasse seu coração. Havia algo nela que lhe atraía de uma maneira que outras mulheres não o fizeram nunca, de uma maneira em que Emily não o fazia.

 

Mas ele não era mais jovem. E era provavelmente uma bênção. Uma garota como ela seria uma emparelha em seu mundo, e as restrições sociais a fariam sentir miserável. Ela pertencia aqui, debaixo de uma árvore de louro, com a brisa jogando com seu cabelo.

 

Deu outra dentada a seu sanduíche e saboreou o gosto.

—Tao-eu...—

 

—Tao-eu-cha. A língua Comanche—. Ela o olhou um momento. —Você não tem, por acaso, algum antepassado índio?

 

—Não estou seguro. Os Rands estão tão mesclados que é difícil seguir a pista. Minha mãe era Negro holandês. Desde aí vêm meu cabelo e os olhos. Meu pai só Deus sabe. Acredito que o nome do Rand é uma abreviatura de algum idioma estrangeiro, russo ou italiano, ou algo assim. Meu pai me disse isso uma vez, mas era tão complicado que se esqueceu. E a quem lhe importa?

—Negro holandês?

 

—Um ramo mais moréia—. Procurou o olhar preocupada dela e sorriu. —A origem é muito importante para você, não? Não se pode imaginar sem saber quem é e de onde provém.

 

Ela desviou o olhar.

—Alguns temos que nos apoiar na herança de nossa raça.

 

Sob o orgulho, ouviu um mundo de dor em sua voz. Considerou que sua pele cremosa e dourada.

—É formosa, Indigo.

 

Não estava seguro de como nem por que havia dito essas palavras. Mas já tinham saído de sua boca. No momento em que ele falou, a frágil camaradagem que tinha começado a desenvolver-se entre eles se fez pedacinhos. Ela fixou nele seus vulneráveis e grandes olhos azuis, e estes por um momento desmentiram seu pícaro sorriso. Viu a dor nos olhos, dor que ela tratou desesperadamente de ocultar. E o medo. Do que?, ele não sabia.

 

A tensão entre eles se converteu em quase evidente. Jake quis chutar-se a si mesmo. Tinha medo de mover-se ou dizer mais nada. A brisa se levantou e os ramos dos altos pinheiros rangeram. Era o som da solidão.

Seguindo o exemplo dela, voltou a atacar a sua comida perguntando-se o que era o que a punha assim de nervosa. Inclusive se ela sentia que a encontrava atrativa, também lhe estava demonstrando que não ia fazer nada para impor-se nem atuar desconsideradamente. Ou já tinha sido desconsiderado? Ontem de noite na montanha, seu comportamento tinha sido pouco menos que exemplar. Talvez seu tamanho a intimidava. Estavam sozinhos a quilômetros da cidade. Talvez tinha medo de que fizesse um avanço impróprio e tratar de aproveitar-se dela.

 

Ele nunca tinha usado sua força contra uma mulher. Mas ela não podia sabê-lo. Salvo dizer-lhe não podia pensar em uma só coisa que poderia fazer para aliviar seus temores. Nunca tinha sido bom com as palavras. Se ele para alusão a que não devia temer uma violação, ela, então estaria segura que esse pensamento tinha rondado pela cabeça do Jake.

 

—Índigo, estou-o imaginando, ou se assusta por mim?

 

Ela ficou rígida ante a pergunta.

—por que ia estar assustada?

 

Isso era uma boa pergunta.

—Parece nervosa, isso é tudo. Se tiver feito algo…

 

—Você não tem feito nada.

 

Sentia a boca súbitamente seca.

—Espero que não.

 

Com o objetivo de aliviar o ambiente, disse:

—Sou inofensivo, a verdade. Pergunte a qualquer pessoa.

 

Não parecia inofensivo para Índigo. Justo no momento, com quase um metro de largura nos ombros, e suas pernas largas e musculosas nas calças de mezclilla, era definitivamente muito grande. As mangas de sua camisa de lã verde se arregaçavam para revelar os tendões de seus antebraços bronzeados. sentava-se a só dois metros de distância, o suficientemente perto para que uma mão pudesse agarrá-la quando ela não o esperasse. deu-se conta do fulgor que esse homem tinha em seus olhos e conhecia esse tipo de olhares. Uma vez, faz toda uma vida, outro homem branco a tinha cuidadoso dessa maneira.

 

—Não lhe tenho medo, nem a você nem a ninguém—, disse-lhe.

 

Era uma mentira, uma das poucas que lhe havia dito nunca. Tudo sobre o Jake Rand lhe dava medo. Ela não podia evitar a sensação-uma premonição, talvez?- que de algum jeito ele ia ganhar o pulso pelo controle de sua vida. No momento em que o viu pela primeira vez, tinha sentido alguma coisa inexplicável, uma sensação estranha de reconhecimento, como se seu destino por fim tivesse chamado a sua porta.

 

Não era um homem que pudesse tomar-se à ligeira. Cada poro de sua pele irradiava força, cada movimento que fazia era resistente e masculino. OH, sim, lhe dava medo. Tinha visto as mulheres no armazém geral admirando uma nova peça de tecido da mesma maneira em que ele a olhava. Com desejo. Tentadas, mas dizendo-se a si mesmos que não. Nove de cada dez vezes as mulheres voltavam uma e outra vez e, finalmente, compravam o tecido. Uma semana mais tarde, tinham vestidos novos. Índigo não queria que seu mundo se rasgasse para a seguir, ter que montar para adaptar-se ao Jake Rand.

 

Recordando o poder férreo que tinha sentido em seu corpo ontem de noite, esteve a ponto de tremer. O pescoço de sua camisa estava aberto, revelando um pescoço largo e forte, moreno pelo sol. Quando se movia, a lã de cor verde de sua camisa se apertava mas, mostrando o traçado dos músculos de seus ombros e seus braços. Tratou de imaginar toda essa força contra ela, e pensou que teria mas oportunidade enfrentando-se contra um muro de pedra.

 

—Não tem medo de ninguém nem nada absolutamente?— Olhou-a como se fosse encontrar sua resposta muito divertida. —Estou impressionado. Pensei que quase todo mundo tinha medo de alguém, ou de algo.

 

Pergunta-a a sacudiu de novo, trazendo a à realidade. Recuperou sua compostura e, finalmente, conseguiu responder.

—Ah, sim? E a quem ou a que lhe tem medo, senhor Rand?

 

Pergunta-a ficou sem resposta, a cara do homem era um papel em branco.

 

—Agradeceria-te que me chamasse Jake.

 

—Você é maior que eu. Não seria respeitoso.

 

O fez uma careta lastimera.

—Não sou exatamente Matusalém.

 

Depois de escutá-la referir-se a ele como maior, irritou-se um pouco. Empurrou uma peça inteira de queijo na boca. Trinta não era ser tão maior. Só tinha tido -fez um rápido cálculo mental- uns onze anos quando ela nasceu. Conhecia homens que estavam casados com mulheres de vinte e até trinta anos mais jovem, por amor a Cristo.

 

Depois de baixar o queijo com uma fatia de maçã confeitada, Jake a olhou uma vez mais e se esforçou por recuperar seu senso de humor.

—escutaste meus ossos ranger ao caminhar?— perguntou com inquietação fingida. —Esfrego-me as articulações diariamente com graxa para eixos. O médico me prometeu que isso curaria o problema.

 

Os olhos de Índigo seguiam sendo cautelosos, mas vislumbrou um sorriso coquete nas comissuras de seus lábios.

 

—Já sei—. Lhe tendeu a mão e a fez tremer. —deu-se conta da paralisia, não? Vergonhosa, mas inevitável, é companheira de minha avançada idade.

 

O sorriso se soltou finalmente e se estendeu ampliamente através da boca da garota.

 

Esquentando-se no jogo, Jake levantou o olhar para o céu e lançou um gemido.

—OH, não. É tudo pela chuva de ontem, verdade? saiu-se o betume de sapatos que uso para me tingir o cabelo. Admite-o. Viu um rio de água com tintura correndo por meu pescoço, não?

 

Ela o recompensou com uma risada musical, que imediatamente sufocou mordendo o lábio inferior. O som e a vista de sua boca, atormentou-o por um instante. Senhor, mas ela era tão doce. A lhe fez feliz ver que já não havia cautela em seus olhos azuis e limpos.

 

—Não queria dizer isso, Jake.

 

Disse seu nome como se se tratasse de um ato íntimo, e suas bochechas se voltaram de um rosa encantador.

 

—Não é tão maior—, adicionou.

 

—me diga que sou um demônio bonito, e talvez lhe poderia isso a perdoar.

 

Ela riu de novo. O som o esquentou ao atravessá-lo limpamente.

 

—É um demônio bonito—, respondeu ela. —Um diabo muito bonito jovem, tão jovem que ainda cheira a talco de bebê.

 

—Está perdoada definitivamente.

 

Wolf jogou as orelhas olhando hipnoticamente para a ladeira. Jake seguiu o olhar do lobo, mas não viu nada.

 

—Não se preocupe pelo Wolf. É provável que esteja olhando sua sobremesa, correndo por ali. Os coelhos são sua comida favorita—. Ela guardou o segundo sanduíche da alforja, e logo começou a comer uma parte de bolo. depois de tomar um bocado, lambeu com a língua seus lábios para arrastar os restos de chocolate. —Senhor Rand...

 

—Vamos começar outra vez?

 

—Jake—. A cor rosada voltou para suas bochechas. —Posso te perguntar algo?

 

—Tenho trinta.

 

—Não—, disse com um sorriso, —não se trata de sua idade.

 

—Pergunta o que queira.

 

Girou o bolo como se estudasse suas falhas.

 

—Pode me explicar por que não tem calos como a maioria dos mineiros?

 

Não era o que esperava. Jake olhou a palma de sua mão. Mentiras a dúzias nadaram através de sua mente, mas por razões alheias a ele, não pôde as expressar. Tinha vindo aqui sabendo que teria que dizer alguma que outra mentira para ficar em uma posição de confiança com esta família, e tinha pensado então que não ia ser tampouco tão difícil. Isso tinha sido antes de conhecer verdadeiramente a Índigo e a seus pais.

—Eu, né ..—. Se esclareceu garganta. —Durante os últimos anos, estive fazendo trabalho de escritório.

 

—Trabalho administrativo?

 

—Para uma empresa mineira muito grande.

 

—O que teve que deixar por algum motivo?

 

Jake se sentia como se se estivesse afogando. —Não exatamente. Isto é mais como uma permissão de ausência. Eu, um,— tomou uma respiração profunda. —Vim aqui com a esperança que poderia…— A olhou aos olhos e embora não podia dizer por que, sabia que não podia lhe mentir. —Alguma vez tiveste a sensação de ter caminhado sem rumo em sua vida?

 

—Não.

 

—Bom, eu tive essa sensação. Vim aqui em busca da verdade.

 

—A verdade—, repetiu ela. —A verdade sobre o que?

 

—A respeito de mim mesmo, tudo o que acreditei que sou. A verdade a respeito de meu trabalho, de minha vida—. Suspirou. Até o momento, não lhe havia dito nada que não fosse certo. —Quando trabalha em uma empresa grande, é muito fácil atribuir um valor monetário a tudo. As pessoas se convertem em nomes em um papel. Um homem pode estar tão apanhado no movimento e na rentabilidade dos negócios que não se dá conta de nada mais. Algo que me aconteceu me fez me dar conta de que talvez tinha perdido o contato com todas as coisas que realmente contam. Tinha que procurar algumas respostas. E assim terminei aqui no Terra de Lobos.

 

—Por acidente?—

 

Jake sentiu que seu pulso se acelerava. Mas depois de chegar tão longe, já não podia mentir, não importa quão inofensiva fosse a mentira.

—Não, não por acaso. Tinha ouvido falar dos desmoronamentos na mina de seu pai e de sua lesão. Imaginei que poderia me contratar. A partir do que tinha ouvido a respeito de Terra de Lobos, pensei que poderia ser o lugar onde poderia encontrar as respostas que necessitava.

 

—Assim não acaba de conhecer nosso problema ao passar pelo Jacksonville.

 

—Não.

 

—Mas isso foi o que disse a meu pai.

 

—Eu sei o que lhe disse—. Jake apoiou os cotovelos nos joelhos e se inclinou para diante. —Algumas costure não são fáceis de explicar. O que teria pensado você pai que se lhe houvesse dito que estava em busca de respostas? Era mais fácil dizer que estava de passagem.

 

Ela o olhou durante o que pareceu um tempo interminável. Logo sua expressão se suavizou.

—Espero que encontre a verdade que está procurando. E não vou envergonhar te, lhe contando isto a meu pai.

 

O alívio o alagou através dele.

—Não o fará?

 

—Não. Uma viagem interior é uma coisa privada, e eu respeito isso. O mesmo aconteceria com meu pai, se o houvesse dito—. Seus olhos se enfraqueceram ao lhe olhar. —Há tanta gente que nunca olham dentro de si mesmos para encontrar uma mínima verdade. Nem sequer estou segura que a gente se dê conta que há uma verdade que procurar. Entretanto, meu pai não é um deles, ele viaja freqüentemente dentro de si mesmo, quase todos os dias, e eu também, e meu irmão. É a forma Comanche.

 

Jake olhou os restos de seu sanduíche. Em seu nervosismo tinha pressionado os polegares no pão.

—Um lugar no interior—, repetiu. —Faz que pareça quase nobre. Entretanto, sente-se tão— Se interrompeu, sem saber como terminar. —Quando Miro profundamente dentro de mim, não estou seguro de que eu goste do que vejo.

 

Ela sorriu.

—Se você não gostar em que te converteste, busca outro caminho para seguir adiante.

 

Ela o fez parecer tão fácil. Mas não era assim. Como podia lhe dar as costas a tudo pelo que tinha trabalhado tão duro, e a todo mundo gostava? Possivelmente seu mundo no Portland não era tudo o que deveria ser, mas era onde tinha chegado a pertencer. —Não sempre é tão singelo.

 

—Uma viagem para o interior nunca é simples.

 

Lhe buscou com o olhar. Jake tomou a determinação de não olhar para outro lado. Tinha a sensação de que o estava lendo. depois de um momento, ela rompeu o contato visual para acabar com seu bolo. O silêncio caiu sobre eles. Jake se concentrou no resto de seu almoço, já não desfrutou de seu sabor. Lançou um mendrugo de pão ao Wolf, que ainda se sentava junto a Índigo, sobre a ladeira. Quando o pão golpeou o peito do lobo, deixou-o cair ao chão e o olhou com desdém.

 

Estirando os braços sobre sua cabeça, Índigo respirou fundo, e logo rodou sobre seu flanco. Enquanto o fazia, o ar ao redor do Jake pareceu a ponto de estalar com o som. Um tiro de fuzil.

 

Por um instante que pareceram anos, no que não podia reagir. Seus olhos registraram o mais mínimo detalhe, imprimindo as imagens em seu cérebro como uma câmara o fazia em um negativo. Wolf, sentado junto a Índigo um momento, atirado no chão no seguinte. Sangue por toda parte, salpicada através da manta, sobre a erva, no rosto do Jake. Os gritos de Índigo. Os cavalos fugindo.

 

Jake se sentia como se estivesse submerso em melaço frio. Um rifle, Meu deus, um rifle. O suco de amoras alagando seu regaço enquanto ele lançava a jarra com os dedos que demoraram para reagir. lançou-se para frente defendendo o corpo de Índigo com o seu próprio e tinha a sensação de que estava voando contra o vento, e que nunca podia chegar a ela. Um pensamento se desabou dentro de sua mente. Se Índigo não se atirou ao chão, poderia ter tomado a outra bala que disparassem no peito. Cobriu-a inteira com seu corpo e cruzou os braços sobre a cabeça.

 

Jesus, doce Jesus.

 

Não soaram mais disparos. Ofegando como se tivesse estado correndo, levantou-se sobre um cotovelo, e limpou o sangue que salpicava seus olhos e escaneou a ladeira. Viu um homem fugindo através das árvores. Ficando de pé, Jake agarrou o braço de Índigo e a arrastou para a cabana, seu único pensamento era procurar algum tipo de cobertura.

 

—Wolf!— Ela soluçou e tratou de escapar dele. —Wolf! Não posso deixar ao Wolf!

 

Jake jurou.

—te esqueça do maldito lobo!—

 

lançou-se com ela através de porta da choça desmantelada. Uma vez dentro, empurrou-a ao chão perto de uma janela e se agachou sobre ela para ver através do cristal sujo. Se o homem ainda estava ali acima na colina estava bem escondido. Algo pegajoso se aferrou aos lábios do Jake. Fez uma careta e cuspiu, e logo se tocou a cara. Um tecido de aranha.

 

—Wolf...

 

O horror que nublava a mente do Jake caiu capa por capa. Olhou para baixo para ver índigo levantando as mãos. O sangue do Wolf a salpicava. Tremia violentamente. Jake gemeu e tendeu seus braços para ela. Logo a abraçou. Ao fazê-lo, sua mente registrou duas coisas, duas coisas completamente irrelevantes nesse instante, que o cabelo da garota era como magnifica seda, tal como tinha imaginado, e dois, que não sentiu nada sexual, só um feroz instinto de amparo, enquanto a sustentava contra si com força.

 

—Vou a pelo Wolf, carinho, logo que seja seguro.

 

—Por que?— gemeu. —por que alguém lhe disparou? Nunca machucou a ninguém. Nunca!

 

Mantendo o olhar através da janela na ladeira, Jake tinha uma palma da mão sobre suas costas esbelta, tratando de consolar a da única maneira que sabia. Querido Deus. Por apenas trinta centímetros essa bala não tinha sido para ela.

 

Ela estava tão frenética pelo lobo que Jake correu o risco de voltar a sair da cabana. Saiu correndo da porta de entrada para não ser um branco fácil, desviou-se a sua esquerda, e se escondeu depois dos matagais. enganchou-se a camisa com as sarças e se arrastou sobre o ventre até chegar sob o louro. Wolf seguia tendido onde tinha cansado. Seu ombro esquerdo, uma vez recheado com os músculos e a pele grosa, era agora um enorme buraco. Havia sangue por toda parte. Apenas podia acreditar quando viu que o lobo ainda respirava.

depois de voltar a vigiar a montanha, Jake se levantou, recolheu ao Wolf em seus braços, e correu de retorno à choça. Índigo se reuniu com ele na porta. Deu-lhe um empurrão jogando-a a um lado, gritou-lhe que ficasse no chão, e se levou a animal a uma esquina. indigo ficou de joelhos a seu lado.

 

O ver com que delicadeza se abraçou a seu mascote quase rompeu o coração do Jake.

 

Ela não chorou. Jake teria acolhido com satisfação as lágrimas. Em seu lugar, sentou-se sobre seus talões e pôs uma mão reverentemente sobre a frente do lobo. Jake se tirou a camisa.

 

Embora o lobo não gostava especialmente e sabia que provavelmente ia morrer, Jake não podia deixá-lo ir brigar, sobre tudo quando sabia quanto o queria Índigo. Fez outra viagem à janela para comprovar a ladeira da colina. Logo tirou sua faca e cortou uma tira de lã de sua camisa para fazer uma atadura. O resto do objeto faria como uma almofadinha. Com suficiente pressão aplicada à ferida, talvez o sangrado pudesse ser contido.

 

Voltando para Índigo, agarrou-a por ombro e a levou fora de seu caminho. —vou fazer o que puder—, disse em voz baixa.

 

O interior da choça estava envolto na sombra, tinha pouca luz para ver. Utilizando a faca, Jake cuidadosamente investigou a ferida. Índigo se inclinou junto a ele, suas mãos trementes se apertavam, testemunho eloqüente e silencioso de sua dor, por seu melhor amigo no mundo inteiro.

 

Jake não tinha pedido nada a Deus fazia já muito tempo, além de usar seu nome em vão. Entretanto, agora rezava. Não era pelo lobo, rezava pela garota. ia ficar desconsolada se o lobo morria.

 

A ponta da faca do Jake raspou a ferida. Avançou com cautela, jogando parte da pele peluda para cima. Por fim, a bala arrebentada ficou livre da carne destroçada e tilintou no piso de madeira poeirenta.

 

Trabalhando rapidamente, Jake dobrou os restos de sua camisa e a sujeitou sobre a ferida. Pressionou durante um tempo com a esperança de poder deter o sangrado. O lobo ainda estava vivo, algo que em si era incrível. Agora que Jake tinha examinado a ferida mais de perto, sabia que não havia esperança. A maior parte do osso de um de seus ombros se destroçou. Se Wolf vivia, estaria paralisado. Seria mais humano que o deixasse ir.

 

Por que fazia isto? No máximo, daria-lhe esperança a Índigo onde não havia nenhuma. Um olhar a seu rosto respondeu a essa pergunta. Seus olhos azuis eram enormes e assustados, lhe rogando que salvasse a seu mascote. Jake tratou de recordar como se sentia a sua idade, e só uma coisa ficou clara. Aos dezenove anos, tinha acreditado também nos milagres. Não ia ser ele quem lhe tirasse a ilusão. A vida o faria logo e por sua própria conta.

 

—V… vai morrer? —perguntou com uma voz gritã.

 

—Não sei, carinho. Não se vê bem.

 

Ela pôs uma mão tremente sobre a cabeça do Wolf de novo.

—Não pode morrer, simplesmente não pode. Wolf? Ouve-me, meu amigo? Não te pode morrer. Não me pode deixar.

 

Jake usou a tira de tecido de sua camisa de lã para comprimir a ferida, logo se transladou de novo à janela e a deixou com sua dor.

 

O que escutou o fez sentir-se doente. Desejava melhor ouvi-la chorar. Algo seria melhor que esses sussurros e as súplicas sinceras e trementes. Não podia imaginar tanto amor, e a sensação de vazio que se instalava dentro dele.

 

Jogou uma olhada à ladeira e tratou de não pensar. Foi um momento de insensatez, supunha. A sensação de que já não sabia nem o que queria, que a sua vida faltava algo vital, era um produto da loucura. Você o desprezou toda a vida, e agora te converteste em alguém igual a ele.

 

Esses intermináveis minutos se estenderam até uma hora, seus sussurros se apaziguaram, e se deixou cair contra a parede, era a consecução de uma vigília que Jake sabia que ia terminar com a morte de seu mascote. Lamentou-o, mas neste momento sua principal preocupação devia ser sair dali e com vida. Ele seguia vendo-a a ela, os braços estendidos para o céu antes de que voltar para seu regaço. Que tivesse passado se a bala tivesse sido para ela?

 

O pensamento encheu de medo ao Jake. Tudo o que tinha para defendê-la era uma faca pestilenta. por que diabos não havia trazido um rifle? E onde estavam os cavalos? Se esse filho de puta se aproximasse de uma janela e começasse a disparar a bocajarro, Jake não podia suportar uma defesa real com nada mais que uma folha de faca de três polegadas como arma.

 

Olhou para o topo da colina. O sol estava caindo. Dispunham de um pouco de luz natural até. Duas horas mais, possivelmente três. O que aconteceria não podia encontrar os cavalos?

 

—Índigo, podemos fazer o caminho de novo a pé antes de que oscurezca?

 

Uma sombra que se mesclou com as sombras, ela se moveu um pouco.

—Não se pode mover ao Wolf.

 

O olhar do Jake se deslizou para o lobo. Não se dava conta que não havia nenhuma esperança?

 

—Carinho, não podemos ficar aqui com ele—. Tinha chegado a hora de lhe falar de suas suspeitas. —Acredito que a bala poderia ter sido para ti.

 

Ela respirou forte, claramente consternada. Então olhou ao lobo.

—Se Wolf morrer, tivesse preferido que me tivesse dado .

 

Jake não podia olhá-la.

—Não pode dizer isso.

 

—Sim.

 

Ele se passou os dedos pelo cabelo, lutando contra sua própria ira irracional, não contra ela, mas sim por esse filho de puta que lhes disparou da ladeira.

 

—Há alguém que conheça que poderia tratar de te disparar? Pensa bem, Indigo. Ninguém absolutamente?

 

—Não—. Ela se moveu de novo, uma sombra na escuridão, com o cabelo em um brilho tênue ao redor de seus ombros. —Acredito que ao que queriam matar era ao Wolf— Sua voz se quebrou. —Um montão de gente odeia ao lobo. Têm medo dele. Dispararam-lhe anteriormente. Quem o fez provavelmente pensou que matá-lo seria divertido.

 

Divertido. Jake se sentia como se fora a vomitar. Em dia tão recente como ontem, poderia ter disparado ao lobo ele mesmo. Mas nunca o teria feito sabendo que era um animal de companhia. Era inconcebível para o Jake o que esse outro homem tinha feito. Mas era mais fácil acreditar que pensar que alguém tinha tido a intenção de matar a Índigo.

 

—Quem o fez teve uma grande oportunidade. Por só um cabelo não deu a ti.

 

—Um bom atirador estranha vez falha—, respondeu. —Se a bala fosse dirigida a mim, tivesse-me encontrado.

 

Jake orou por que ela tivesse razão.

 

—Sigo pensando que temos que sair daqui.

 

—Não—, disse simplesmente. —Não posso deixar ao Wolf.

 

Jake tragou.

—Carinho, não vai sair desta. Já sabe.

 

—Ele pode viver. O sangrado se deteve, acredito. Se o mover, vai começar de novo. Então morrerá seguro.

 

Jake apoiou um cotovelo no batente da janela suja, plantou uma mão pela cara, e suspirou.

—Não pode arriscar sua vida por um lobo, Índigo.

 

—Você diz lobo, como se se tratasse de algo sujo.

 

—Não foi minha intenção que soasse assim.

 

—Não, mas é como o sente. Ele é diferente, não é um cão, por isso eu não gosto de te ouvir falar assim.

 

Jake voltou a suspirar.

—Estou seguro de que o tivesse apreciado com o tempo. Mas inclusive se fosse um cão, meu voto seria o mesmo. Sua vida é muito mais valiosa que a de um animal.

 

—Eu sou diferente, também—. Sua voz veio a ele em um sussurro magro. —Wolf e eu somos iguais. Sei que não o entende, mas somos amigos. Não deixaria morrer sozinho a um amigo.

 

—Se ele te amar tanto como você o ama, quereria que fosse. Não pode ser salvado.

 

—E poderia não ser seguro andar por aí nesses bosques—, seguiu falando. —Os cavalos se escaparam. Se alguém tiver uma bala para mim, poderia receber um disparo ao sair para buscá-los. Estamos tão seguros aqui como em qualquer lugar, talvez mais seguros. E Wolf não me abandonaria, sem importar o perigo. Eu não vou fazer menos por ele.

 

Além de sua lealdade irracional ao lobo, tinha um ponto de razão. Jake manteve seu olhar fixo na ladeira. A seu julgamento, precisava sair em busca dos cavalos, mas e se o atirador se aproximava da choça, enquanto se achava fora? Era mais que provável que fosse como ela dizia, e que não estivesse em perigo. Mas essa era uma aposta que Jake não podia fazer. A bala também teria podido ser para ele. Mas ninguém sábia o por que de sua estadia em Terra de Lobos, nem que tinha ido ali a investigar. tirou-se essa idéia da cabeça pela mesma razão que lhe tinha dado, era mas provável que o lobo fosse o objetivo real.

 

—Quem sabe—, sussurrou. —Talvez tenha razão e ficar seja a melhor ideia. Sua mãe sabe que tínhamos planejado voltar por este caminho. Talvez mandará a alguém para nos buscar.

 

—Não pode saber onde nos detivemos. Os cavalos não estão aqui.

 

Isso era certo. Jake se desabou contra a parede. Talvez, só talvez, a sorte estaria com eles. Talvez a bala tinha sido destinada ao Wolf. Talvez Loretta Lobos enviaria a alguém a lhes encontrar, e as alforjas do almoço lhe chamassem a atenção. Talvez o homem que disparou ao Wolf estaria a vários quilômetros agora. Talvez tudo saísse perfeito.

 

Era um inferno transbordante de montões de talvez.

                                              Capítulo 6

Para a meia-noite, Jake se deu conta que nunca tinha entendido o verdadeiro significado da palavra final. Mediu os segundos pelo tic-tac apagado e lento de seu relógio de bolso. A lua se congelou sem dúvida em uma posição. Inclusive o vento tinha deixado de sopro. O silêncio se fechou em torno dele, um silêncio espantoso, horrível, que parecia estar lhe espreitando.

Jake nunca tinha tido medo à escuridão, mas esta noite a escuridão sem apenas lua que tocasse nos bosques parecia uma ameaça. Embora não havia nenhuma só corrente de ar que se agitasse, as sombras parecia trocar e avançar para a choça.

 

Quando ficava olhando o tempo suficiente para alguma forma, logo tomava no contorno de um homem. O suor gotejava na nuca descendo por seu pescoço e lhe corria pela coluna vertebral. Às vezes, seu coração pulsava tão forte que estava seguro de que se sairia através de suas costelas.

 

Seguia imaginando os cândidos olhos azuis da Loretta Lobos. Ela tinha crédulo nele para levar a sua filha a salvo a casa. Agora, estava aqui sentado, armado com nada mais que uma faca quando um louco com um fuzil poderia rondar pelas cercanias. Um tiro certeiro o derrubaria no chão. depois disso, Índigo estaria a sua mercê.

 

Detrás dele, a garota se sentava em um silêncio rígido. Não parecia dar-se conta de nada, solo pendente do lobo. Seu silêncio o enervava. Talvez fosse a parte a Índia nela, mas a forma em que se lamentava não parecia natural.

 

Uma cãibra apunhalou sua coxa. Trocou de posição para facilitar a rega sangüínea e acidentalmente golpeou os tablones do chão. O som pareceu ensurdecedor. Seu braço roçou o batente da janela suja, e o pó encheu suas fossas nasais. Encurvando os ombros nus para proteger do frio, amassou sua perna e ficou de novo fixo na ladeira.

 

Um movimento brusco lhe fez voltar-se. Wolf, que era um fantasma de prata e negro em um raio tênue de luz da lua, elevou-se com sua pata dianteira que estava sã. Os olhos dourados fixos na janela, estirou o pescoço e deixou escapar um uivo baixo que se elevou misteriosamente em um increscendo fúnebre.

 

Jake nunca tinha ouvido uivar a um lobo de perto e o som fez que um calafrio percorresse todo seu corpo. Parecia não terminar nunca. Indigo se aproximou do lobo e se abraçou a seu enorme peito. Um soluço irregular surgiu dela.

 

—OH, Wolf, meu amigo.

 

A angústia em sua voz fez que Jake sentisse um nó na garganta. Com uma sensação de afundamento, deu-se conta de que o lobo estava uivando à lua para anunciar sua própria morte. Indigo, em sintonia com ele, estava-o ajudando a sentar-se direito. Wolf inclinou sua cabeça para trás e voltou a uivar. O esforço o esgotou com claridade. deixou-se cair contra seu amiga, já não era capaz de sustentar-se. Seu terceiro uivo foi lastimosamente débil.

Indigo começou a lamentar-se com voz lastimosa, baixa e de uma vez estranha. Jake escutou, não pôde identificar o idioma que se utilizava. Algo do que ela cantava soava como o latim, que reconheceu de seus dias na universidade. O resto, supôs, era no Comanche. Ein medi-dro. Ein habbe que-ich-cado… Um canto de morte, canto com lágrimas nos olhos, era o canto do lobo porque Wolf já não tinha a força para fazê-lo por si mesmo.

 

Como se Wolf entendesse, apoiou a cabeça contra seu peito. No claro de lua, seus olhos de ouro pareciam brilhar cheios de magnífica luz. Jake tinha a sensação desconcertante que o animal lhe estava suplicando que fizesse algo, mas não tinha nem idéia do que lhe podia estar lhe pedindo.

 

Depois de uns minutos, a força do Wolf diminuiu e se afundou nos joelhos de sua ama. Midiiendo cada um das segundas pela dor surda de seu coração, Jake viu que o resplendor dos olhos do lobo decaía. Soube no instante exato em que a última parte da vida se deslizou do corpo do Wolf. Não disse nada, não podia.

 

A pesar que devia haver sentido a flacidez repentina de seu mascote, Índigo nunca fez uma pausa em seu canto. Ela acariciou a cabeça do lobo com os dedos suaves e cantava sem cessar, como se o animal ainda pudesse ouvi-la. Na penumbra, via-se como um comanche puro-sangue. Até esta noite, Jake não se deu conta até que ponto os costumes do povo de seu pai estavam arraigados nela. Quase podia ouvir o tamborilar dos exóticos tambores dos comanches retumbando na noite.

Jake teve a louca sensação que ela estava feita com raios de lua, e se ele se levantasse e lhe fizesse sombra, ela desapareceria. Seu canto se repetiu uma e outra vez. Os minutos se fizeram uma hora, e a hora em dois. Ela ainda estava cantando seu letanía quando os primeiros raios de cor rosa da aurora tocaram o horizonte.

 

Quando voltou a luz do dia, Jake considerou que era seguro deixar a Índigo e procurar os cavalos. Assim como o tinha estado durante toda a noite, ela ainda estava de joelhos e sustentando ao Wolf em seus braços. Quando voltou, Jake se aproximou dela pouco a pouco, sem saber o que dizer.

 

—Índigo?

 

Seus formosos olhos não pareciam centrar-se nele.

—Índigo, encontrei os cavalos. Acredito que devemos retornar a Terra de Lobos agora.

 

Seus braços se apertaram ao redor do lobo, e lhe sussurrou,

—Nei-na-sua-palha de cereal-hábitat, Nei-na-sua-palha de cereal-hábitats. Um beijo, Hites.

 

Jake ficou em cuclillas a seu lado. As sombras escuras gravavam seus altos maçãs do rosto. Lançou um suspiro e lhe roçando uma mão pelo cabelo, com o desejo de que Deus lhe iluminasse para conseguir fazer isto mais fácil para ela.

 

—foi-se, carinho. Dói-me, mas terá que lhe fazer frente—.

 

Ela sacudiu a cabeça.

—Não, não se foi. Nunca te foste.

 

Ela inclinou a cabeça para escutar. O vento da manhã canalizado sob o beiral do barraco fez um zumbido. Ela fechou os olhos como se ouvisse algo que Jake não podia.

 

—Nosso ESSA irmão é sagrado, seu espírito não morre—, sussurrou. —converte-se em um com o vento, as montanhas, a luz da lua. Seu espírito permanece sempre. Se escutas, pode-se ouvir sua voz.

 

ESSA. Jake supôs que significa lobo em comanche. Tão irracional como parecia seu comportamento, era a expressão de sua pequena cara. Se, ela ia chorar. Desejou com todo seu coração que ele tivesse podido fazer algo por trazer de volta ao lobo.

 

—Se seu espírito persistir, então realmente não o terá perdido.

 

Quando abriu os olhos, a dor que via refletida em lhe fez doer.

—Sim, perdi-o. Apesar de que pode caminhar a meu lado, caminhamos em dois mundos diferentes.

 

Jake tocou com dedos reverentes a grosa pele do lobo.

—vais confiar em mim para levá-lo?

 

Sua boca fez um rictus amargo, e tragou saliva.

—vou dizer lhe meu último adeus primeiro.

 

Jake se levantou e saiu da cabana. O ar frio da manhã passou por suas costas nua e levantou a pele de galinha. Olhou ao sol em constante aumento pelo este e pensou na vida e em seu imprevisibilidad. As criaturas nasciam, muorían, mas o mundo seguia adiante. Com o tempo, Índigo teria só uma vaga lembrança desta manhã.

 

Sem fazer ruído, ela apareceu ao lado do Jake. Olhou para baixo à umidade delatora que brilhava em suas pestanas grosas e escuras, o único signo de que ela tinha derramado uma lágrima.

 

—Estou lista agora—, disse simplesmente.

 

Com sensação de vazio, Jake retornou à choça para agarrar ao lobo. Ela apartou o olhar enquanto que ele atava ao animal através da garupa do Molly. Quando se montou acima, Jake notou uma marcada diferença na forma em que cavalgava, as costas encurvada, os ombros cansados, a cabeça inclinada. O feroz orgulho que tinha geralmente tinha sido derrotado no transcurso de umas poucas horas.

 

Jake se surpreendeu quando ela se moveu de sua apatia e se voltou para falar.

—Não quero que diga a meus pais que a bala quase me roçou.

 

Jake esporeou ao Buck ao trote para ficar a sua altura. Olhou ao corpo sem vida do Wolf e apertou as rédeas.

—Não posso prometer isso, Índigo. Acredito que têm direito ou seja o, no caso de.

 

—No caso do que?—

 

Jake agachou a cabeça para evitar o ramo de uma árvore.

—No caso do voltam a tentar, já lhe disse isso. A bala podia ser para ti.

 

—Disse-lhe isso ontem, um bom atirador estranha vez falha. A gente tinha disparado ao Wolf antes. E eu não tenho inimigos. É ridículo pensar que alguém tem a intenção de me matar.

 

Jake evitava seu olhar.

—Sinto muito, mas acredito que tenho que dizer-lhe

 

—E lhes dar algo mais do que preocupar-se?— Sua voz se elevou uma oitava. —Eles têm suficiente com o que já há.

 

—E como se sentiriam se tivesse sido você a que estivesse em lugar do Wolf? A mina e todas as outras preocupações empalideceriam em comparação.

Ela fez um ruído frustrado e esporeou a seu cavalo ao trote. Jake cavalgou com o Buck detrás dela de novo. Não tinha muito sentido continuar a conversação. Tinha que dizer-lhe a seus pais, e isso era tudo.

 

Quando entraram de novo em Terra de Lobos, Jake não esperava ver tanta gente fora de casa.

 

Tampouco antecipava o revôo que Índigo provocava. Enquanto cavalgavam pela ladeira, ouviu vozes que anunciam sua chegada. Um momento depois, viu a Loretta Lobos correndo do escritório do xerife à rua, com as saias azuis levantando a brisa.

 

—Índigo— exclamou ela.

 

Não havia dúvida de que havia um rastro de lágrimas em sua voz. Plenamente consciente de seu peito nu, Jake desceu do Buck em frente da casa e passou de tirar a cadeira de montar. A gente ao longo das duas calçadas se detinha e se voltava para lhe olhar. depois de que ele e Índigo tinham passado a sós todo um dia e uma noite perdidos, as acusadoras expressões em seus rostos despertou seu gênio. Sem dúvida que estavam vendo o lobo morto na garupa do cavalo da menina. Eles pensaram que ele e a garota tinham estado em alguma parte, fornicando toda a noite, malditos idiotas de mente estreita.

 

—Gabado seja o Senhor que estais bem—, exclamou Loretta.

 

Índigo se voltou levando seu cavalo para o celeiro. Quando Loretta se deteve diante do Jake, viu o Wolf. Seus passos se cambalearam e a cor se foi de sua cara. logo que pôde, explicou-lhe o que tinha acontecido. Loretta pôs a mão sobre sua boca e fechou os olhos.

 

—OH, Meu deus. Pobre Índigo.

 

Duas mulheres de idade avançada estavam perto da casa. À medida que se sussurravam detrás de sua Palmas das mãos cavadas, dispararam olhares de cumplicidade no peito nu do Jake. Ele apertou os dentes.

Loretta seguiu seu olhar. Quando lhe devolveu o olhar em sua boca se desenhou em uma linha apertada.

—Não lhes importa, senhor Rand.

 

Eram um pouco difícil de ignorar.

—Já sabe você o que estão pensando.

 

Loretta assentiu com a cabeça.

—Sim, mas não se pode evitar. Você não deve preocupar-se com isso. Asseguro-lhes que Caçador e eu não somos dessa classe de gente — Ela moveu a trança despenteada. Era evidente que tinha estado toda a noite caminhando e acordada. —Você se fez cargo e cuidou de nossa filha. vamos estar eternamente agradecidos por isso.

 

Índigo vinho do abrigo com uma pá. Sem nem sequer um olhar em sua direção, equilibrou a manga na cruz do Molly, girou sobre suas costas e se afastou entre as árvores. Loretta ficou detrás dela.

 

—Deus a benza. Ela amava a esse lobo.

 

—Mais, acredito eu, que qualquer de nós pode entender—, disse Jake com voz rouca. —Ela estará bem?

 

Sem deixar de olhar a sua filha, Loretta se mordeu o lábio, em um gesto muito parecido ao de sua filha.

—Reza para que o esteja. Não obstante, terá que deixá-la fazer isto a sua maneira. Ninguém deve misturar-se, ao menos não por agora—. Quando finalmente voltou sua atenção ao Jake, ela levantou as sobrancelhas. —Por Deus, Sr. Rand, que aconteceu com sua camisa?

 

—Fiz ataduras para o Wolf.

 

—Se não resfriar, será um milagre. Venha à casa para entrar em calor. Tenho café recém feito.

 

Quando Jake seguiu pelas escadas do alpendre, disparou-lhe um último olhar às árvores, onde Indigo tinha desaparecido. Era sua maneira de fazer as coisas, deixar a uma menina chorar em paz? Talvez Loretta podia aceitar isso, mas lhe parecia cruel.

 

Ao entrar na casa, Loretta se foi diretamente ao lado da cama de Caçador. Jake ouvia relatar o que tinha acontecido. aproximou-se da porta do dormitório e apareceu e quando ela chegou à conclusão da história e começou a lhe dizer a seu marido como a gente na rua se estavam comportando.

 

—Esses velhos espantalhos!— exclamou ela. —Fazem-me estar tão zangada que poderia lhes cuspir. Eles que se acreditam perfeitos em tudo. Estão ciumentos, isso é tudo.

 

Jake se preparou para a reação de Caçador. Ele sabia como se sentiria se Índigo fosse sua filha. As más línguas poderiam arruinar a vida de uma menina, e se se fosse das mãos, não haveria uma só maneira de reparar a situação. Jake não estava seguro de como se sentia a respeito disso. Obrigado, sim. Entretanto, ressentido também. Ele não tinha planejado acontecer quase venticuatro horas junto a uma jovencita sem nenhuma companhia.

 

Caçador dirigiu um olhar para a porta e lhe fez gestos para o Jake para entrar.

—Parece que teve uma noite muito má, meu amigo.

 

—Tive-as melhores—. Jake se esfregou o ombro enquanto caminhava para a cama. —Índigo o aconteceu muito pior que eu—. Se deu conta que Caçador dirigiu sua vista para seu peito nu. Posto que ele não tinha ouvido a Loretta explicar sua estado de nudez, decidiu que ele mesmo devia evitar qualquer mal-entendido. —utilizei minha camisa para fazer ataduras. Fiz tudo o que pude pelo lobo.

 

O mestiço fechou os olhos por um momento, logo respirou fundo. Quando voltou a olhar ao Jake, não havia dúvida da tristeza em sua expressão.

—E Índigo?—

 

—Está-o tomando muito mal, temo-me.

 

Loretta tocou o ombro de seu marido.

—O senhor Rand diz que a bala esteve a ponto de golpeá-la. Ela se moveu no último momento.

 

Caçador agarrou a pequena mão de sua esposa e lhe deu um rápido apertão. Logo voltou um olhar inquisitivo para o Jake.

—Você acredita que alguém tem intenção de disparar a nossa filha?

 

Jake não queria alarmá-los sem necessidade.

—Não estou seguro do que acredito. Tudo o que posso dizer é que teria sido ferida se não se moveu. Talvez o homem estava esperando uma oportunidade clara de disparar ao lobo—. Jogou uma olhada a Loretta e tomou nota do pálida que se estava pondo. —Isso é provavelmente o que aconteceu. Mas já que foi tão perto dela, senti que tinha que dizer-lhe Cazador pareció sopesar cada palabra.

 

Caçador pareceu sopesar cada palavra.

—E que é o que você pensa?

 

Jake suspirou.

—Essa é uma pergunta difícil. Assustei-me como o inferno ao ver o perto que tinham estado de feri-la, justo depois de ocorrer tivesse jurado que a bala era para ela, mas — Se lambeu os lábios e tragou saliva. —Agora, olhando para trás, acredito que talvez tive uma reação exagerada. Índigo me assegura que não tem inimigos. Se esse for o caso, é muito pouco provável que alguém tente lhe fazer danifico. Já me disse que lhe tinham disparado ao Wolf anteriormente.

 

—Várias vezes— assentiu Loretta . —Os lobos não inspiram muita confiança.

 

Jake se perguntou se não tinha respondido um pouco muito rápido. Entretanto, não podia culpá-la por saltar em qualquer explicação. Ninguém queria pensar em que um ser querido estava em perigo.

—Nesse caso, provavelmente estejamos a salvo no suposto de que Wolf fora o objetivo.

 

Caçador soltou a mão de sua esposa e indicou ao Jake que se sentar-se na cadeira de balanço.

—Estamos agradecidos por tudo o que tem feito.

 

Jake se sentou na cadeira, cansado além de toda razão.

—Não tenho feito muito. E do aspecto das coisas, o que fiz há…— Se interrompeu. —Sinto não ter retornado com ela antes do anoitecer. Os cavalos se desbocaram, e tinha medo de sair e deixar sozinha a Índigo para ir em sua busca. Inclusive se tivéssemos tido os cavalos atados, ela não o teria deixado. O lobo demorou várias horas em morrer.

 

—Você fez o que sentiu que era o melhor—, murmurou Loretta. —Nós não o fazemos responsável.

 

Caçador assentiu com a cabeça.

—Você se fez cargo de nossa filha. Se as más línguas pensarem que houve entre vocês algo imoral, capearemos o temporal.

 

Para o Jake, seria Índigo a que teria que capear além de sofrer com as intrigas, não os três que havia agora nessa habitação. Podia Caçador, sendo Comanche, compreender bem as possíveis conseqüências? Um olhar à cara da Loretta respondido a essa pergunta. Os Lobos entendiam todo isso, mas eram muito decentes para fazê-lo responsável por algo que não tinha sido capaz de evitar.

 

Uma onda de sentimento de culpa se apoderou do Jake. antes de que decaísse, perguntou-se por que demônios tinha que sentir-se culpado. Não foi sua culpa que um filho de puta de gatilho fácil lhes tivesse pego um tiro e golpeasse ao lobo. Tampouco tinha tido nenhuma opção de permanecer na cabana toda a noite.

 

Entretanto, não podia deixar que decaísse. O tema se tinha que enfrentar, e o rodeio nunca tinha sido seu caminho. Fez um gesto para a porta principal.

—Do modo em que essas mulheres nos olhavam, eu diria que estão empenhados em pensar as coisas mas miseráveis.

 

—Esse é nosso problema, não o seu—. Caçador olhou a sua esposa. —aonde foi minha pequena?—

 

—A enterrar ao Wolf—, respondeu Loretta com voz trêmula. Caçador suspirou fundo. Jake podia ver que ele desejava estar de pé para poder ir com sua filha.

 

—Se não querer que esteja sozinha, posso-a seguir—, ofereceu Jake

 

Caçador fechou os olhos e assentiu com a cabeça.

—Em uns minutos, não? Dele um pouco de tempo para chorar sem ninguém olhando. trata-se de um assunto privado, e é o caminho de meu povo.

 

Jake deslizou seu olhar para a janela iluminada pelo sol. O limpo vidro brilhava em seus olhos. Tinha a garganta irritada, e o aroma do café lhe fez água a boca. A noite de insônia o tinha deixado esgotado. Quanto pior devia sentir-se Índigo? O calor da chaminé lhe envolvia ao redor dos ombros como uma manta. Baixou o olhar para suas mãos. O sangue e a sujeira manchando os dedos.

 

—Será melhor que me lave e me ponha uma camisa—, disse.  

 

Loretta deu a volta ao pé da cama.

—Tem fome, senhor Rand? Posso lhe fazer algo em pouco tempo.

 

Jake se levantou da cadeira de balanço.

—além de uma taça desse café, uma panela de água quente e uma pastilha de sabão, bastará por agora.

 

Um pouco mais de uma hora mais tarde, Jake abandonou a casa e se internou entre as árvores. As marcas dos cascos do Molly tinha deixado um rastro evidente para seguir, e ao redor de meia milha da casa, chegou a um claro. preparou-se quando viu índigo acurrucada junto a um montículo de terra recém removida. Ela se abraçava os joelhos, inclinou a cabeça, e olhou para trás. O esgotamento era evidente em cada linha de seu corpo. Molly estava perto dela, pacote a um tronco grande cansado.

 

Jake ficou nas árvores, resistente a misturar-se. Então se deu conta do sangue que brilhava no antebraço direito de Índigo. O sangue era fresca, até fluía. Seu pulso se acelerou, e se apressou para ela. Para ouvir perto suas pegadas, levantou a cabeça.

 

—Índigo, que…— Jake se congelou em metade de um passo e ficou olhando a faca que sujeitava em sua mão esquerda. —Em nome de Deus o que tem feito?

 

Deixou-se cair de joelhos junto a ela, quase sem poder acreditar o que via. O corte em sua carne parecia ser profundo, e o fio de sua faca estava manchada de sangue. Olhou à tumba e viu manchas escuras, ela tinha sangrado sobre a terra.

 

—Índigo, por todos os infernos.

 

Apoderou-se da boneca para examinar a ferida mais de perto. A hemorragia tinha diminuído, mas o corte era profundo e se requereriam pontos de sutura para reparar a brecha. Mesmo assim, ia ficar uma cicatriz. por que? Que lhe teria passado pela cabeça para cortar-se assim?

 

—É o caminho de meu povo—, afirmou. —Quando um ser querido nos deixa, faz-se uma marca em nossa carne para recordar.

 

Jake apertou o estômago enquanto olhava a sua pele perfeita, profanada pela folha de uma faca. Uma quebra de onda de cólera se estendeu por ele.

—Jesus. Isso é uma loucura—. Incrédulo, levantou o olhar para ela. —Isso é uma loucura, Índigo. Você não deve te ferir ti mesma, seja qual seja a razão.

 

—É o caminho do povo de meu pai.

 

—Você não é uma das pessoas do povo de seu pai.

 

No momento em que as palavras saíram de seus lábios, lamentou-se pelo dito. Embora seus olhos azuis e o cabelo ao sol o desmentiam, o sangue comanche fluía selvagem por suas veias. Ontem de noite, tinha visto provas disso. Colocou a mão no bolso traseiro de sua calça e tirou um lenço, alegrou-se de haver ficado roupa poda de suas malas antes de sair da casa. Dando uma sacudida para desdobrá-lo, fechou os borde da ferida juntos e rapidamente lhe envolveu o braço.

 

Sentado sobre os talões, estudou-lhe seu rosto pálido. A calma em seus olhos lhe disse que tinha encontrado um pouco de paz no ritual de duelo, embora lhe tivesse parecido algo bárbaro.

 

—Está bem?— Era uma pergunta estúpida. É obvio que não estava bem. —vamos voltar para casa para que sua mãe possa suturar o braço.

 

—Não haverá pontos de sutura.

 

Jake apertou a boneca.

—O que quer dizer que não haverá pontos de sutura? É um maldito corte bem profundo, jovencita. Nunca vai fechar bem sem eles.

 

—Isso é bom.

 

Agora a entendeu. Ela não queria uma cicatriz magra, apenas visível. Para o resto de sua vida, tinha a intenção de levar a marca de luto pelo Wolf, e queria que todo mundo o visse. Suas tripas se contraíram, e sentiu como se fora a jogar fora o café que tinha bebido.

 

Como se ele não estivesse ali, ela olhava ao infinito. O vento se levantou e jogou com seus cabelos. Os fios de ouro e cobre cobriram algo dos olhos e ficaram apanhadas em suas largas pestanas. Jake soltou a boneca e empurrou a um lado a mecha rebelde com um dedo. Logo colocou a mão sobre seu ombro.

 

Quando ela não o olhou, deu-se por vencido no intento de levar-lhe logo dali e se sentou a seu lado, com um joelho como apoyabrazos e sua atenção se centrou no dedo de pó de suas botas. Ela não estava em perigo de morrer sangrada, depois de tudo. Talvez sua mãe poderia convencê-la para costurar a ferida ao chegar de retorno a casa. Podia sentir sua cercania em cada poro de sua pele e se perguntou no que estava pensando.

 

—Esteve a ponto de morrer por mim uma vez—, sussurrou ela. —Topei-me com uma grande vas negra e seus cachorrinhos, e ela veio detrás de mim. Wolf conseguiu mantê-la longe de mim, mas saiu com o ventre esmigalhado por proteger —.ficou sem fôlego. —Mamãe lhe costurou. Sua pele era tão grosa, a cicatriz não foi nunca visível. Mas eu nunca o esqueci.

 

Jake tragou em seco. O som foi um ruído surdo e oco no peito. Sentiu um pequeno calafrio que fez que lhe encolhessem os ombros um instante.

—vais jogar o de menos, sei.

 

—Inclusive depois de que ele e Gretel tivessem cachorrinhos, passou a maior parte de seu tempo comigo. Quando ficava dormida na noite, eu sabia que ele estaria ali para velar por mim. Quando despertava pela manhã, sempre estava a meu lado. Ele amava a meu travesseiro. Tive que lutar muitas vezes com ele por conservá-la.

 

Jake recordou a noite em que se subiu bêbado ao desvão e a ferocidade do Wolf protegendo-a. Poderia facilmente imaginar ao lobo tomando sobre ele o zarpazo de um urso para salvar a seu amiga. Seu olhar se deslocou à tumba. Desejou saber o que dizer.

 

Os minutos passaram. Sentiu que lhe incomodava sua intromissão, mas posto que ainda tinha a faca, não estava disposto a deixá-la. lembrou-se da cicatriz na bochecha de Caçador. Uma cicatriz de duelo? O pensamento lhe horrorizava. Como poderia o homem ter ensinado à menina essa Bárbara costume sobre a automutilación por duelo? E mais por um lobo, pelo amor de Deus. Jake compreendeu que ela tinha amado a seu mascote de uma maneira que muita gente não podia compreender, provavelmente, de uma maneira que inclusive ele não compreenderia nunca, mas o corte a si mesmo levava as coisas muito longe. Queria lhe arrebatar a faca das mãos e atirá-lo bem longe.

 

Como se ela lesse seus pensamentos, embainhou a folha e ficou em pé. Supôs que se ia antes do que queria porque ele tinha vindo.

 

—Índigo.

 

Algo que queria dizer fugiu de sua mente.

 

Com os olhos secos e sem expressão, encontrou-se com seu olhar e logo o rodeou e se foi por seu cavalo. Ele esperava que ela montasse e cavalgasse de volta. Em seu lugar, levou-se ao Molly da rédea. levantou-se, agarrou a pá e ficou com ela, cortando seu passo para manter-se andando a sua mesma altura.

Da extremidade do olho, Índigo viu as botas do Jake, e como tocavam o chão. Caminhava com passo firme, do talão à ponteira, ao igual a todos os homens brancos. Os músculos de suas coxas roçando e estirando o tecido de algodão das calças cada vez que se movia. Jogou um olhar a seu rosto moreno e viu o cenho meditabundo que tinha na frente. Era evidente que desaprovava as crenças de seu pai.

 

Índigo contraiu a mandíbula e apertou o passo. Podia sentir sua comoção e repulsão. Não tinha direito a segui-la e logo emitir um julgamento. Quão único queria era que a deixassem sozinha.

 

Parecia que seu firme presencia se abatia sobre ela e isso não o desejava. Não tinha perdido o detalhe quando olhou sua faca. Tinha considerado a possibilidade que ela se fizesse verdadeiro dano e certamente queria arrebatar-lhe Do cenho franzido que levava, talvez ainda jogava com a idéia. Se o tentasse, duvidava que pudesse detê-lo. Ele era uma cabeça e um ombro mais alto que ela. Uma olhada a seu amplo peito recordou o que tinha sentido ao ficar apanhada no círculo de seus braços, rodeada por seus músculos de aço. Não tinha nenhuma dúvida de que podia tomar algo que quisesse dela.

 

Uma falta de ar e a claustrofóbia se apoderou dela. A ira seguiu a essas duas emoções. Não tinha direito a interferir em seu modo de ser ou de pensar. Não tinha direito absolutamente.

 

Então por que estava assustada?

 

Enquanto reconsiderava essa pergunta, a sensação de falta de ar em seus pulmões voltou. Sabia a resposta. Inclusive intumescida pela dor não podia evitar a sensação de que seu destino tinha vindo a chamá-la. Uma advertência sussurrou em sua mente como um canto sem letra nem música. Tome cuidado. Não confie nele. Seu pai dizia que os espíritos sussurravam seus ditados. Índigo não estava segura de se se tratava de espíritos ou sua imaginação, mas as palavras seguiam atormentando-a. Jake Rand era perigoso, e quanto antes se fosse de Terra de Lobos, ela mais feliz seria.

 

Jake esperava que a Loretta desse um ataque quando visse o corte no braço de Índigo. Em troca, limpou a ferida com o uísque e não a arreganhou. Índigo suportou a dor sem fazer ruído.

 

—Deve envolver a antes de ir à mina pela manhã—, disse Loretta com suavidade.

 

—Minha camisa a cobrirá—. Índigo olhou ao Jake. —O senhor Rand pensa que estou louca.

 

Loretta acariciou a cabeça de sua filha e foi pôr o uísque em uma prateleira.

—Não imagino que esteja muito equivocado. Mas é um bom tipo de loucura—. Fechou o armário e mostrou um sorriso ao Jake. —Estou segura de que está morto de fome. Tenho um pouco de johnnycakes no forno e algumas mora cozinhado.

 

Jake lhe deu um tombo o estômago.

—Talvez mais tarde.

 

—um pouco de café, então?

 

—Não, obrigado, seriamente.

 

Índigo se levantou da mesa e desapareceu pela escada para a água-furtada que lhes servia de dormitório. Jake olhou detrás dela, com a boca tão seca como o pó. depois de um momento, deu-se conta que Loretta o olhava com uma expressão de desconcerto. De repente, sentiu a necessidade de ar fresco. Alguém deveria revisar a mina e a idéia de caminhar a passo ligeiro atraía. Tinha que sair daqui, longe da loucura. Não havia outra palavra para isso. Uma moça não devia ferir-se si mesmo, não importava qual fora a razão e a mãe não estava em seu são julgamento se aceitava esse maldito costume.

 

                                             Capítulo 7

Horas mais tarde, Índigo jazia acordada em seu dormitório do mezanino e escutou a rouca voz do Jake Rand enquanto falava com sua mãe diante da escada de ascensão. Tinha uma risada agradável, cálida e profunda. Mas quando o ouviu, sentiu-se apanhada, a sensação era muito parecida com a que tinha experiente ao mesmo tempo, envolta em seus braços, impotente, sem via de escapamento. tombou-se de flanco, cheia de um temor que não podia explicar.

 

Era uma tolice, ridícula. Além de sua posição temporária como capataz na mina, ele não tinha controle sobre ela, e não havia absolutamente nenhuma razão para que lhe temesse.

 

O aroma da suave pele do Wolf se aferrava a seu travesseiro, e as lágrimas queimavam detrás das pálpebras. cobriu-se o rosto para sufocar um soluço e apertou os punhos vários segundos. O ar frio da janela aberta, tocou-lhe as costas. Wolf nunca voltaria a saltar por cima da travessa e nem a sua cama de novo.

 

As lembranças se amontoavam em sua mente, conmovedoramente doces, do Wolf saltando pela grama junto a ela, olhando-a com seus solenes olhos dourados. Nunca voltaria a abraçar-se a seu pescoço nem sentiria o roce áspero de sua língua na bochecha outra vez. Ele se tinha ido. para sempre.

 

Tudo era culpa do Jake Rand. Desde sua chegada, nada tinha saído bem. E as coisas não eram suscetíveis de melhora até que se fosse. Se ele não tivesse vindo, não se teriam detido ontem no lugar do Geunther, e Wolf ainda estaria vivo. Se não fora por ele, sua reputação não pareceria pedaços. Mamãe já lhe havia dito que nos próximos dias foram ser difíceis, com a gente olhando e murmurando, algumas costure francamente desagradáveis.

 

Desejou não ter que ir com ele à mina por manhã. Desejava não ter posto nunca os olhos nele.

 

A primeira pessoa em que Índigo pôs os olhos à manhã seguinte foi Jake Rand. Isto quanto aos desejos feitos realidade. Ela só se despojou de sua camisola e atirava da camisa sobre sua cabeça quando ele se saía de sua partição, com as botas na mão. que até então, ao dormir ali seu próprio irmão não tinham necessitados mas paredes que um muro dividindo em dois o mezanino a apenas dois metros, sem sequer tocar o teto, subtraía-lhe a intimidade necessária agora que compartilhava o desvão com um estranho. No último momento, Índigo se sacudiu a musselina sobre seus peitos. Divisou-lhe sentada no bordo da cama e se voltou para ela.

 

O cabelo negro alvoroçado do sonho, a camisa aberta para revelar uma ampla extensão de bronze de seu peito peludo, ficou ali um momento e a olhou fixamente, como se seu sentido comum tivesse fugido.

 

Tomada por surpresa, ela não podia mover-se. Seu olhar nublada marrom caiu à cinta de laço de cor rosa que bordeaba o decote de sua roupa interior. Dando-se conta de sua pouca vestimenta, agarrou o edredom e o subiu por cima de seu peito.

 

Um sorriso lento se elevou de uma esquina de sua boca, e lhe mostrou seus brancos dentes.

—bom dia.

 

A julgar pelo brilho de profundo agradecimento que viu em seus olhos de pesadas pálpebras, suspeitava que tinha visto algo mais que suas cintas.

 

—Não poderia você dar um golpe ou avisar de algum jeito que vai sair, ou algo, por isso eu possa estar fazendo?

 

Passou-se uma mão pelo cabelo.

—Sinto muito. Não sabia que estava acordada e não quis te incomodar.

 

Ela apertou os dedos dos pés em uma greta entre os tablones do piso e desejou com todo seu coração que se fosse. Uma grande quantidade de bons desejos não lhe serviam para nada. Seu olhar escuro voltou a percorrê-la.

 

—Como está o braço?

 

Certamente não ficaria ali lhe perguntando pela saúde se ela fosse uma mulher branca e estivesse médio vestida. Índigo lhe voltou a cara. Podia ouvir sua mãe abaixo, começando o café da manhã. O aroma do café recém feito flutuou até o desvão. Queria que se fora longe, muito longe. Talvez então a sensação de desalento no peito se iria. Com uma voz tremente desaparecido extrañamente a sensação, ela respondeu a sua pergunta.

—Está bem.

 

—Provavelmente deveria lhe pôr um pouco de pomada.

 

Era seu braço. Não o necessitava para lhe dizer como cuidá-lo. Ela fez um som inarticulado e viu que se dirigia pela escada, de costas aos degraus. Em meias três-quartos, que era um risco. O pé de seu irmão Chase tinha escorregado assim uma vez, e se tinha cansado até o chão do salão machucando-a costas. Jake Rand não cairia, é obvio, mas imaginando que o fizesse iluminou seu estado de ânimo grandemente. Ouviu-o dar a sua mãe os bom dia. Logo fechou a porta de atrás. Supôs que tinha ido a letrina.

 

Tremendo no ar frio, meteu-se em suas calças de ante e uma blusa poda de pele de gamo. Quando baixou as escadas, seu primeiro pensamento foi para o Wolf. Pela manhã sempre descia pela janela e voltava para a porta da casa, arranhando-a para que lhe deixasse entrar antes de que ela inclusive pudesse baixar a escada. Agora, só o silêncio a esperava. Uma dor surda cortava através de seu peito. ficou ali um momento e escutou, desejando que sua morte fosse um mau sonho.

 

—Vai ser mais fácil com o passado do tempo—, disse sua mãe com uma voz suave. lhe passando um prato e um tigela grande, lhe sorriu comprensivamente. —Trata de empurrar as más lembranças de sua mente. É mais fácil se não pensar nisso.

 

Índigo respirou fundo. O problema, como ela o via, era que Wolf tinha sido uma parte tão importante de sua vida que a consciência de não estar junto a ele incluso no a tinha assimilado. Tinha sido como um braço ou uma perna, sempre estava aí quando o necessitava. Seu protetor, um amigo com quem falar. E, como um membro amputado, não ia esquecer sua presença, não importava quão duro tratasse de não pensar nisso.

 

A porta da habitação de seus pais estava aberta, e pôde ver seu pai sentado contra os travesseiros. Foi lhe dar os bom dia. No passado, sempre tinha sido capaz de acalmá-la, e ela esperava que pudesse fazê-lo também agora.

 

Ele sorriu e tomou a mão enquanto se aproximava da cama. O calor de seus dedos fortes se enroscava ao redor da sua. sentou-se no colchão e suspirou com cansaço. Para sua surpresa, seu pai não falava. Em seu lugar, fechou os olhos, como se absorvesse sua presença e sabor dos sentimentos que se agitavam em seu interior. As lágrimas brotaram de seus olhos. Desejava fazer uma toca sob seu amparo e chorar, mas não era a maneira de fazer as coisas.

 

Sentaram-se em silêncio. O desejo de chorar se fez mais forte e piscou. No fundo de sua mente ouviu os sons normais da manhã e se resentía com o fato que as coisas seguissem como se nada tivesse passado.

 

Como se tivesse lido seus pensamentos, disse:

—Essa é a maneira da vida, pequena. Sai o sol, e o ilumina tudo. Os sorrisos de Mãe Lua sobre nós. A Dor pode fazer que pareça que o chão se converte no céu, e o céu em chão. Entretanto, quando o Pai Sol se eleva e te esquenta, vê-se que não é assim. É uma boa coisa, a igualdade.

 

Índigo supunha que assim era. Voltou o olhar para a janela.

 

Na mesma voz suave, acrescentou,

—As lágrimas são também uma boa coisa.

 

Ela apartou o olhar para ele, incapaz de acreditar que tinha ouvido bem. Sempre, tinha falado contra a debilidade.

—Só os fracos de coração se derrubam nas lágrimas, papai.

 

Seus olhos permaneciam fechados.

—Quando a carne está ferida, limpa-se para que possa sanar. Os lugares feridos em nossos corações não se pode alcançar, por isso os Grandes Seres nos deram as lágrimas.

ficou olhando seu rosto forte, cinzelado e a escuridão, a cicatriz de duelo em sua bochecha se perdia nas linhas que tinham marcado seu rosto na vida. Ela não podia imaginar-se a seu pai chorar.

—Mas quando eu era pequena, arreganhavam-me por chorar.

 

—Ah, sim. Uma folha caía de uma árvore, e você chorava. O vento trocava de direção, e você chorava. Arreganhava-te, porque chorar por nada não é bom. As lágrimas se devem guardar para as grandes feridas.

 

—Quando derramaste suas lágrimas?

 

Suas pestanas levantadas. A cor azul escura de seus olhos, posaram-se nela.

 

—Faz muito tempo, antes que sua mãe lhes tivesse a ti e a seu irmão sobre seu peito, ela me abraçou. Chorei pelos que tinha amado e perdido.

 

— Não te envergonhou chorar?

 

Liberou a mão da sua para lhe acariciar o cabelo despenteado.

—Não é uma vergonha quando a dor é grande. Não é nenhuma vergonha no amor, Índigo. A única vergonha é quando nossos corações são tão duros que já não se sentem. Eu lhes ensinei mau, se você crie que é um engano o derramar lágrimas. Talvez se deve a que os Grandes Seres nos benzeram, né? Não tivemos a dor nunca dentro destas paredes de madeira. Quando a dor chega, eu te mostrarei como chorar. — Lhe acariciou o braço, e logo se recostou contra os travesseiros. —Eu o faço muito bem.

 

Índigo sentiu um sorriso atirando de sua boca.

—Acredito que poderia fazê-lo muito bem, também.

 

—Vê agora e confronta o dia. O dano é como uma tormenta. Forte, mas com o tempo passará.

 

Índigo se levantou da cama. A dor da perda ainda se centrada no peito, mas de uma maneira estranha se sentia reconfortada. Outros tinham percorrido este caminho antes que ela e tinham sobrevivido. Do mesmo modo que ela o faria.

—Obrigado, Papai.

 

Caçador lhe fez um sinal de distância.

—A verdade não é um presente, Indigo. Não, as obrigado não são necessárias.

 

Ao sair da habitação, os pensamentos do Indigo lhe contradisseram. A verdade era o mais bendito dos presentes, e ninguém podia compartilhar o da mesma maneira que o fazia seu pai.

 

Quando ela entrou na cozinha, Jake estava saindo pela porta traseira. A umidade frisava seu cabelo e seu rosto tinha um aspecto avermelhado, simplesmente limpo. Supôs que tinha usado a bomba de água do pátio e se jogou água fria para despertar. Sua camisa de lã azul que parecia remarcar a amplitude de seus ombros, estava abotoada e remetida, e levava suas botas.

 

—Há uma pelotão de quatro pequenos por aí—, disse Jake com um sorriso.—Pensei que foram correr por detrás de mim.

 

—Isso é normal aqui—, disse-lhe Loretta. —Somos muito populares na hora do café da manhã.

 

Índigo lhe rodeou e se dirigiu à porta de atrás. Sua mãe a chamou.

—Será melhor que te dê pressa, Índigo. O café da manhã estará preparado daqui em uns minutos. No caminho de volta, pode-me trazer três ovos mas do galinheiro?

 

Índigo abriu a porta de atrás e a deixou assim, incómodamente consciente dos olhos do Jake Rand nela. O ar fresco da manhã golpeou as bochechas enquanto corria pelo pátio.

 

Quando retornou à casa, uma pilha de panqueques estava no centro da mesa. Correu ao lavabo e usou a bomba para lavar os ovos que tinha recolhido. Ao sentar-se Jake, sua mãe lhe pôs um prato de ovos diante. Índigo se sentou frente a ele, seus olhos ainda pegajosos de sonho, com a boca seca. deu-se conta que Jake se deu uma barbeada rápida.

 

Quando sua mãe retornou e lhe deslizou uma torta debaixo do nariz, fez o sinal da cruz se e baixou a cabeça para sussurrar a bênção. Quando terminou a oração, fez outro sinal da cruz, e agarrou o garfo.

 

—É católica?— Ele a olhou com curiosidade divertida. —Pensei que abraçava as crenças de seu pai.

 

A pesar que não tinha apetite, Índigo se tragou uma parte de ovo e tratou de ignorar a sensação de formigamento em sua pele quando ele a olhava.

—Os Grandes Seres de meu pai e o Deus de minha mãe caminham bem juntos.

Agarrou o jarro do mel quente e se verteu uma quantidade generosa sobre os panqueques com manteiga.

—Parece que a Igreja se sentiria muito cheia de gente para ti.

 

Cheia de ressentimento, comandou o mel logo que terminou com ela. Parecia-lhe que perguntava a suas convicções em todo momento.

—Não crie na Muito santo Trindade?

 

—A maioria dos cristãos o fazem, de uma maneira ou outra.

 

—Minha mãe acredita em um Deus com três caras que leva as rédeas supremas sobre o céu e a terra. Meu pai adora a muitos deuses que se unem em uma só força mística da natureza. Um Deus com muitas caras, ou muitos deuses com uma só cara, há realmente uma diferença?

 

Parecia ter isto em conta.

—Não, acredito que não a há.

 

Índigo com um sorriso forçado, não muito segura de por que se incomodou em lhe explicar. Pensou que a opinião que Jake Rand tivesse de não lhe importava o mais mínimo.

—fui ensinada a reconhecer a Deus em todas partes, dentro da igreja de minha mãe e ao ar livre na catedral da natureza de meu pai. Não me sinto confundida, Sr. Rand, sinto-me benta.

 

Jake a olhou aos olhos. Não havia dúvida de que a dor se refletia ali. Entretanto, falou com uma voz firme, como se seu coração não estivesse quebrado. Que contradição era, esta garota que se cortou um talho no braço em um primitivo ritual de duelo! Um Deus com muitas caras. Ela encarnava duas culturas diferentes, de algum jeito em harmonia com ambas. Em um momento, parecia tão branca como ele. Ao seguinte, parecia a Índia pura. A mescla lhe fascinava. Em sua forma simples, moveu-se sozinha através das complexidades que tinham desconcertado aos teólogos por séculos. Recordou a larga noite que tinha passado na cabana Geunther, a sensação de misticismo que a rodeava. Nenhuma outra mulher tinha obtido jamais tocar sua alma e apenas esta pequena menina o fez e sem propor-lhe —Pensé que podría curar al Hada de los Dientes de las bolas de pelo.

 

A pesar que ela parecia fazer a rotina diária do café da manhã, Jake notou que comia muito pouco de seu prato. Quando se levantou da mesa para limpar seu prato, sua mãe lhe entregou outro prato de torresmos.

—Pensei que poderia curar à Fada dos Dentes das bolas de cabelo.

 

Jake procurou em sua mente e não podia recordar a que animal lhe chamavam fada dos dentes. Viu como Índigo atirava sem comer seus ovos no cubo. Uma expressão de tristeza cruzou seu rosto.

—Acredito que não vou ter que procurar mais agora.

 

—Não, eu não os vou contar—, disse Loretta com suavidade.

 

Jake esperou até que Índigo deixou a cozinha pela porta de atrás, então perguntou

—Quem é a Fada dos Dentes?—

 

Loretta lhe lançou um olhar de surpresa.

—Você não o vê na parte de atrás?— A risada se esquentou em seus olhos azuis. —É melhor que tome cuidado, Sr. Rand. Não se vê uma serpente, até que te remói.

 

—A Fada dos Dentes é uma serpente?—

 

Ela se pôs-se a rir.

—Céus, não. Apesar de que às vezes temos uma serpente-touro que aparece uma e outra vez ao sol no alpendre. Se você ainda está aqui em torno desta primavera e vem através dele por aí, só rodeie-a. devido a Índigo, que pensa que todos os animais têm seus direitos. A Fada dos Dentes é um puma.

 

—O puma—. Jake deslizou um olhar incrédulo das janelas traseiras. —Dá-lhe de comer a um leão da montanha?

 

Ela se pôs-se a rir outra vez.

—É um velho amigo. A idade lhe roubou todos seus dentes, e a artrite há anquilosado suas patas. Não pode caçar tampouco, assim Índigo lhe proporciona mantimentos. Cada manhã, ele se aproxima da borda do pátio e espera a que lhe dêem seu café da manhã.

 

A nuca arrepiou ao Jake.

—Não lhe preocupa que alimente um gato montês?—

 

—Índigo não é como a maioria das garotas.

Esqueceu-se de seu café da manhã, levantou-se de sua cadeira e se aproximou da janela. A uns metros nas árvores, viu índigo de joelhos perto de um enorme gato dourado. Além disso do prato das cascas e os ovos, tinha tomado de caminho uma parte de carne do ahumadero. Tudo cheio de ondulação muscular debaixo de seu casaco elegante, o puma fazia círculos, de ida e volta, com impaciência de ver enquanto ela cortava a carne de veado em partes manejáveis.

 

—Meu deus—, sussurrou-lhe Jake. —Um golpe de uma garra, e a abre em canal.

Loretta se uniu a ele na janela.

—Antes me preocupava que a atacasse. Ao longo dos anos, acostumei a ele. Só tinha quatro palmos de alta, uns quatro anos, acredito… quando a primeira criatura selvagem a seguiu até casa. Um coiote com uma pata dianteira que tinha sido destroçada em uma armadilha. Correu e pediu a seu pai que a curasse.

O puma se aproximou de Índigo e Jake ficou sem fôlego. Não podia acreditar o que estava vendo, quando a garota levantou as mãos e deixou que o gato lambesse seus dedos até deixá-los limpos.

—Isto é uma loucura—. Jogou uma olhada a Loretta. —O que fez Caçador?

 

—O que podia fazer? Saiu e curou a pata do pobre animal.

 

—Assim nada mais?

 

—Bom, não. Índigo teve que lhe falar com coiote em primeiro lugar. Tomou um pouco de tempo lhe convencer que Caçador não lhe faria mal.

 

—Falar com ele?

 

—Não posso explicá-lo, Sr. Rand. Só cria minha palavra. Ela fala com os animais—. Seus olhos adquiriram um brilho malicioso. —Não o há sentido quando ela o olhe a você?

 

Um calafrio se disparou de novo do Jake.

—O que tenho que sentir?

 

—Ela tem um dom. Se você tiver secretos, guarde-os bem.

 

Jake recordou a sensação que se deu procuração dele ontem, que ela o estava lendo. Desconcertado e tratando de fingir o que não era, disse,

—Ela me disse que um urso negro tratou de matá-la uma vez. Seu presente não funcionou nesse momento.

 

—Ao igual a falar com qualquer, necessita-se cooperação por ambas as partes.

 

Jake se sentiu aliviado ao escutar isso. Ele tomaria cuidado de agora em diante de não deixar a Índigo lhe olhar aos olhos durante muito tempo. O pensamento ficou gravado ele. Em realidade não acreditava essas tolices. Lê-lo a ele?

 

Loretta seguiu explicando.

—A lhas tinha tido cachorrinhos. Índigo e Wolf tropeçaram com eles acidentalmente. A mãe entrou em pânico—. Se secou as mãos no avental e se voltou para a cozinha. —me criem, é estranho o animal ao que ela não converte. Às vezes, uma manhã ou uma tarde ou na noite, necessito um salvo-conduto para chegar a letrina. Mofetas e mapaches, texugos, coiotes, e um montão de cervos. Vêm com a esperança de mantimentos. Os veados são os mais valentes. Vão caminhando direitos para ela, pedindo panqueques. Um montão acredito que vivem a milhas da cidade, mas suponho que não se sentem ameaçados aqui. Ela tem uma maneira de ser especial com eles.

 

Jake viu índigo enquanto caminhava para a casa. O puma desapareceu no bosque.

—por que se incomodava por ir-se longe a caçar? Podia escolher um cervo no alpendre traseiro.

 

—Por Deus, não. Nenhum só daqueles que vêm à casa. Isso não seria justo quando eles confiam nela assim.

 

Jake se esfregou o queixo. Esta família lhe deixava mas desconcertado por momentos. Índigo entrou. Uma rajada de ar fresco veio com ela. separou-se da janela. Recordou sua primeira impressão, que havia algo louco nela. Tinha sido mais perspicaz do que pensava.

 

Quando ela e Jake chegaram à mina, Índigo se deu conta de que nos próximos dias poderiam resultar inclusive mais complicados do que sua mãe temia. À entrada do túnel, vários dos homens mais jovens estavam de pé em um grupo. No momento em que a viram, separaram-se e voltaram a trabalhar, mas bem se deu conta os olhares de apreciação que lhe deram ou os sorrisos de cumplicidade em seus rostos. Ela queria poder fechar sua mente. A perda do Wolf já era bastante difícil.

 

Com a esperança de tirar forças de seu entorno, Índigo levantou seu olhar para os mastreie que invadiam a ladeira rochosa por cima da mina. Sem voltar-se para olhar, absorveu a sensação de serenidade que emanava das árvores emaranhadas a sua esquerda e direita. Encheu-a de paz e endireitou os ombros, lista para enfrentar às pessoas que tinha ao redor.

—Asnos estúpidos—, murmurou Jake. Índigo arrastou sua mente de novo à presente enquanto lhe escutava. —Peço-te perdão.

 

—Não é necessário—. Respondeu ela quase sem pensar.

 

Ela sabia pela cor do rosto do Jake que os sorrisos dos homens o enfureciam. Rezou para que não fizesse algo que piorasse as coisas. O melhor nesta situação era fingir indiferença. Jake se iria daqui em umas poucas semanas. Entretanto, este era seu mundo.

Abrindo acontecer com través da trança solta dos sulcos, Índigo se aproximou da vagoneta, e se encarregou de todos os carros de mineral, quando saíram à superfície da mina. O salto estava cheio, o que a pôs ao tanto que a pista tinha sido limpa para que pudessem entrar e escavar nas nervuras da galeria oeste.

—bom dia, Topper. Como vai?

 

Topper cuspiu e deslizou seu olhar para o Jake.

—As coisas serão melhor quando chegarmos às galerias que cavamos para fora. Ser capaz de trabalhar só em uma seção é como tratar de esvaziar o oceano com um dedal. Esta é a primeira carga que a Trammer subiu.

 

—É melhor que nada. revisou Shorty as vigas antes de começar o trabalho?

 

Topper assentiu com a cabeça.

—Sempre o faz se vocês chegarem tarde. ouvimos falar do do Wolf, senhorita. Todos somos o sentimos realmente.

Contrariamente ao que, obviamente, Topper queria fazeracreditar, Indigo duvidava de que todos os empregados compartilhavam esse sentimento.

—Obrigado, Topper—. Se voltou para o Jake. —Conhece senhor Rand?

 

Jake estendeu sua mão direita.

—Acredito que falamos de passagem, ontem. Encantado de lhe conhecer.

 

—É o novo chefe?

 

—Só temporalmente. Estou tomando o lugar do Sr. Lobos, até que volte a estar de pé.

 

Topper voltou a cuspir. Um dos homens que tinham estado observando-a a sua chegada simplesmente se foi vaiado da risada. Índigo se voltou bem a tempo para vê-lo olhando em sua direção e empurrando o companheiro a seu lado. Ela também podia imaginar o que estavam dizendo, e a humilhação queimou suas bochechas. Voltou sua atenção ao Topper, decidida a manter a cabeça alta.

Além disso, o que importava o que pensavam? Seu interesse na mineração nunca se centrou nos homens com os que trabalhava. Se seguiam suas ordens, podiam sorrir tudo o que quisessem.

 

Ela ficou a um lado enquanto Topper e Jake conversaram. Quando considerou que era de boa educação seguir adiante, tocou o braço do Jake e se voltou para o arroio, onde vários dos homens mais jovens trabalhavam a eclusa, uma pá e a coleta, outros transportam cargas em carrinhos de mão. É melhor fazer frente às más línguas agora.

 

Quando Jake se despediu do Topper e foi a seu lado, ela podia sentir a tensão que emanava dele. Obviamente não tinha vontades disto mais que ela. Quando se aproximaram dos homens, Índigo avaliou suas expressões. A menos que escapasse a sua conjetura, Denver Tompkins, um loiro magro que tinha mostrado interesse em cortejá-la, estava decidido a ser o mais detestável. Ele conduziu a folha de sua pá na terra e se apoiou na manga, mostrando um sorriso malicioso. Ela passou a seu lado.

 

—Bom dia, Denver.

 

Seu olhar azul se deslizou com lentidão sobre seu corpo.

—Bom dia—. Seu sorriso se ampliou quando voltou sua atenção ao Jake. —ouvi que dois tiveram uma aventura excitante.

 

—Se você chamar uma aventura a receber um disparo—, disse Jake.

 

—Ia passar cedo ou tarde. A um montão de gente não gostava do lobo.

 

—Isso não dá a ninguém licencia para disparar—, replicou Jake.

 

Índigo resistiu a tentação de lhe jogar um olhar de advertência. Se perdia sua têmpera, era pouco o que podia fazer a respeito. Corey Manning se aproximou de seu lado e arrojaram uma carga de cascalho. O pó se elevou até ela. fez-se a um lado. Jake se aproximou do canal de irrigação para comprovar os rápidos. Na tensão de seus ombros, ela se deu conta que estava muito zangado. Não é que o culpasse. Agora orava para que tudo acabasse em paz.

Denver tinha que ter lido o estado de ânimo do Jake também. Seu sorriso se desvaneceu, e tirou sua pá. depois de estabelecer uma comparação entre os dois homens, decidiu que o loiro era sábio por atuar com cautela. Jake era de longe o mais poderoso. Mais alto e construído com mais força, um homem magro como Denver seria um parvo se queria lhe irritar.

 

Os outros homens na eclusa receberam suas instruções de Denver. Os sorrisos e expressões sabiamente desapareceram de seus rostos, como marcas de giz eliminados de uma piçarra. Índigo se relaxou um pouco. Jake parecia não dar-se conta. Mas quando terminou o exame dos rifles, viu-o lenta e deliberadamente desafiar com o olhar a cada homem. Uma advertência brilhou em seus olhos escuros.

 

Enquanto se afastavam, Índigo não ouviu mais sussurros. Jake a agarrou lhe olhando e lhe piscou os olhos um olho.

—A arte da intimidação sutil—, sussurrou. —Assim se dedicassem a trabalhar todo o tempo.

 

Sutil? Índigo esperava não ser nunca objetivo de suas sutilezas. Levou-o corrente abaixo para lhe mostrar o moinho de água que moía o mineral. A partir daí, levou-o a ver os dois túneis que se encontravam mais acima na colina da mina. depois de revisar os mecanismos de polias nas duas jaulas, colocou-se as mãos nos quadris e olhou para baixo no canal, que dirigia um fluxo controlado de água nas eclusas.

 

A brisa lhe moveu o cabelo negro e o deixou sobre a frente de bronze. Um olhar especulativo em seus olhos negros enquanto centrava sua atenção nela. Seu ventre se encolheu e teve uma sensação de debilidade nos joelhos. Não tinha a menor ideia de por que reagiu tão extrañamente a sua presença.

—Sinto muito tudo isto—, disse-lhe em voz baixa.

 

Olhou para as eclusas. Viu Denver olhando. Ele estava sonriendo de novo.

 

—Não é sua culpa.

 

—Não—, admitiu. —Mas não tenho feito nada para evitá-lo. Desejaria…

 

Quando se interrompeu, Índigo se centrou nele, um pouco surpreendida pela emoção que escutou em sua voz. Seus olhos se encontraram e se mantiveram o olhar. O que era o que desejava? Olhando-o, o ressentimento que tinha brotado dentro dela as últimas vinte e quatro horas se desvaneceu. Não foi sua culpa. Não era de nenhum dos dois. Não pôde evitar sua chegada e a coincidência com os acontecimentos sobre os quais não tinha controle, e tinha sido um engano lhe jogar as culpas.

 

—Não se sinta mau, Senhor Rand. Não importa.

 

—Temo-me que sim.

 

Índigo respirou fundo.

—Se eu fosse alguém mais debil, estaria perdida. Mas não o sou, e com independência do que pensem, sua opinião não é importante. Enquanto façam seu trabalho, podem pensar o que quiserem.

 

É evidente que sem estar convencida, procurou seu olhar. Sua controlada calma a fez sentir exposta, e voltou a afastar-se.

 

—Jake—, gritou atrás dela.

 

deteve-se e olhou para trás.

—Perdão?

—Jake. Eu gostaria que seguisse me chamando Jake.

 

Recordou o dia de ontem, a conversação, suas brincadeiras, sua risada, o sentimento de camaradagem que tinha começado a construir entre eles. Minutos depois, Wolf tinha recebido um disparo. As lembranças brilharam em sua cabeça, dura e claramente, acentuados como linhas de sangue cor escarlate.

 

—Jake, então—, ouviu-se responder. —Se quiser, posso-te dar um percurso pela choça do dinamitero. E eu gostaria que conheça o Stringbean e ao Shorty. Quando voltarmos à casa, te vou mostrar os livros de contas. Pedimos todos nossos fornecimentos no Jacksonville .

 

Ao meio dia, Índigo se sentia como se durante o dia se moveu como um borrão. Ela tinha uma vaga lembrança do trabalho na mina com o Jake, de sentar-se à mesa de sua mãe com ele depois do almoço para familiarizar-se com a papelada, mas nada disso parecia real. Só uma coisa registrava sua mente, e foi a terrível sensação de vazio. Estava tão acostumada à presença do Wolf que tinha deixado cair sua mão várias vezes para acariciar a cabeça, só para dar-se conta que não estava ali. mais de uma vez deu um passo esperando que estivesse enredado em seus pés. Com o transcorrer das horas, a dor em seu interior cresceu até parecer insuportável.

 

Quando sua mãe lhe pediu que fora à loja com uma lista de mantimentos básicos, saltou com a oportunidade de escapar da casa. Jake tinha saído durante uns minutos. Posto que ele não tinha mencionado que retornariam à mina, sabia que o resto da tarde se elevava larga e solitária para a ela. Não estava acostumada a passar muito tempo dentro, ansiava um pouco de ar fresco e fazer exercício.

 

O passeio pela avenida lhe pareceu muito curto. Embora consciente de quão olhadas atraiu dos clientes dentro das lojas com o passar do caminho, desfrutou da brisa que jogava em seu rosto. Fora da loja, ficou durante um momento olhando um barril de batatas que acabavam de chegar e logo decidiu que era melhor não gastar o dinheiro. Mamãe ainda tinha batatas no saco de juta. Devia ter cabeça e até o último centavo tênia que ser vigiado.

 

Quando entrou no escuro interior, tomou um minuto para que seus olhos se acostumassem. dentro das sombras, Elmira Jones, a esposa do proprietário, saudou-a:

—Bom, olá, Indigo. É agradável verte.

 

Índigo se aproximou do mostrador. como sempre, Elmira levava um moderno vestido muito apertado, certamente debaixo levaria seu espartilho, tão apertado que Índigo se perguntou como respirava. Seu vestido, muito elegante para o trabalho, era de um azul luminoso, a criação era de tafetán de dobras em capas com uma sobrefalda de algodão azul e branco a raias adornada com franjas de seda branco.

 

—Agrada-me verte, também—, respondeu Índigo e entregou sua lista. —Esse vestido é novo?

 

—Você gosta? Tia María me enviou isso. Feito em Nova Iorque, isso sim, o último em moda. É um vestido complexo.

 

Um vestido complexo?. Índigo forçou seu sorriso.

—É precioso—.

 

Um movimento para a esquerda chamou a atenção de Índigo. voltou-se para ver o Jake Rand de pé na prateleira olhando e provando-os luvas de trabalho. Olhou por cima do ombro no mesmo instante, e seus olhos se encontraram, lhe fez uma piscada divertida. Obviamente estava de acordo em que o vestido da Elmira era um pouco muito elegante para o entorno.

 

Ao ver o Jake na loja, Indigo se deu conta de novo de quão grande era. Recortado contra a cortina de fundo da estantería, que lhe deu uma referência da medida, assinalou que se encontrava uma prateleira e média mais alta que Elmira, e a largura de suas costas ocultou a metade da vista das estropia. Sua postura, embora depravado, era puramente masculina, musculosos braços soltos aos flancos e ligeiramente dobrados, os pés calçados com botas de trabalho. O dril de algodão das calças se ajustava a suas largas pernas. A banda larga de seu cinturão de couro se assentava baixo, nos quadris. Tinha uma figura imponente.

 

Elmira agitou a mão quando saiu delicadamente ao longo das prateleiras da parede para recolher os artigos na lista de Índigo. Índigo se perguntou onde estava seu marido, Sam. Desde seu casamento à força o outono passado, não tinha saído mais da loja que só para recolher fornecimentos.

 

—Não os tem você estes em um tamanho maior?— Perguntou Jake.

 

Levava um par de luvas de couro grossos. Índigo aplaudiu mentalmente em silêncio sua previsão. depois de fazer trabalho de escritório desde fazia vários anos, faria-se ampolas nas mãos na mina a menos que levasse amparo. Elmira franziu o cenho e se mordeu o lábio.

 

—Estou seguro de que Sam tem outros que não tem exposto ainda, mas por minha vida, não posso recordar em onde estão.

 

Jake escolheu outro par.

—Não há problema. Estes estarão bem.

 

Enquanto falava, Doreen Shipley e Adelle Amor, ambas as esposas dos homens de negócios locais, entraram na loja. Caminhavam juntas sempre, formando um par bastante chamativo, todas engravatadas em vestidos de seda adornadas com muitos volantes e frufrús para umas mulheres de grossura considerável.

 

No instante em que divisaram ao Jake e Índigo, respigaron seu nariz. Fizeram esse gesto tão notável, de fato, que Índigo compreendeu que era lhe fazer a ambos um desprezo. Fazia vários anos, a tia de Índigo, Amy, tinha escandalizado à cidade admitindo publicamente seu comportamento ilícito com o fim de salvar a seu agora marido, Veloz López, de uma soga de enforcado. Adelle e Doreen, com nada melhor que fazer, ainda mexericavam sobre ela. Agora tinham carne fresca entre seus dentes.

 

A senhora Shipley cavou uma mão gordinha ao redor da boca e disse:

—Não têm vergonha absolutamente? por que, se eu fosse ela, estaria envergonhada de mostrar meu rosto.

Elmira, que tinha sido vítima deste par de esnobes o outono passado depois de seu nefasto dia de campo com o Sam, entrecerró os olhos.

—Posso lhes ser de ajuda, senhoras?—

 

Adelle Amor soprou com desdém.

—Não estou do todo segura. Fizeram-nos acreditar que um estabelecimento como este estava pensado exclusivamente para gente decente.

 

O calor subia pelo pescoço de Índigo. Elmira sorriu.

—Suas fontes eram absolutamente corretas. Assim que talvez, se não ir comprar nada, deveriam ir-se.

 

Com um olhar de incredulidade, a senhora Shipley abriu a boca e conteve a respiração, pondo tal tensão no sutiã que seus botões estiveram muito de perto de estalar.

—OH-hh!— exclamou.

 

—Bom. vamos ver o que Samuel tem que dizer a respeito disto. Nós gastamos uma grande quantidade de dinheiro nesta loja, vou ter que informar a seu marido.

 

Elmira sorriu de novo.

—E você também? Não a tinha visto—. Golpeou uma lata de pimiento sobre o mostrador. —Mas não se preocupe. Meu marido está a só dez milhas do Jacksonville.

 

O rosto da senhora do Amor se ruborizou.

—Está insinuando que não nos dão a bem-vinda em seu estabelecimento?

 

Elmira jogou uma olhada a Índigo.

—Tenho que repetir o dito?

 

—Não temos porquê agüentar isto!— Gritou a senhora Shipley.

 

—Certamente, não têm por que fazê-lo!

 

Em um arrebatamento, as duas damas se foram tão rápido como tinham chegado. Um silêncio terminante caiu sobre a loja. Índigo não se atrevia a olhar ao Jake.

 

Elmira golpeou uma bolsa de frijoles no mostrador.

—Não lhes faça nenhum caso, Índigo—. Tomou uma lata de levedura para assar e a pôs junto aos frijoles. —Essas velhas bruxas vivem para fazer intrigas da gente. Não cria que todo o povo lhe olhe mau, porque não o fazemos.

 

—Espero que Samuel não se zangue quando forem com o conto —, aventurou Índigo.

 

Elmira tirou o livro de contas de debaixo do mostrador e rapidamente se fez uma lista das coisas que Índigo estava tomando.

—Se Samuel tivesse estado aqui, lhe teria dado com uma bota em seus pomposos traseiros para lhes ajudar a sair mas rápido. Ambas as som umas víboras, e todos no povo sabem. Se não tivesse sido pela gente como elas, Sam e eu… —Se interrompeu e agitou a mão. —OH, bom, é água passada. Baste dizer que o mereciam.

 

Mesmo assim evitando o olhar do Jake, Índigo recolheu suas compras.

—Bom, agradeço-lhe isso, sabendo que seu negócio depende de gente como elas. Obrigado, Elmira—. Forçando um sorriso, acrescentou: —Acredito que vou, antes que perca a mais clientes.

 

—Os que contam, seguirão —, respondeu ela.

 

Depois que Índigo saísse, Jake se voltou e a seguiu com o olhar por um momento. Primeiro os homens na mina, e agora as mulheres locais. Quem mas ia fazer lhe o vazio?

 

—Suponho que as más línguas estarão zumbindo no Jacksonville agora também—, murmurou.

 

Elmira lhe tendeu a mão às luvas para que pudesse comprovar a etiqueta do preço.

—Não há dúvida. Trouxeram-nos um carregamento de fornecimentos, na manhã de ontem. Harry, o condutor, sempre fica ao dia sobre o último no saloon. Estou segura de que não perdeu o tempo a difundir a notícia.

 

Jake apertou os dentes. Quando algo como isto acontecia no Portland, há um conjunto de coisas que um homem honorável arruma logo que seja possível. Apesar da paciência dos Lobos, Jake duvidava que se fizessem as coisas de maneira diferente aqui.

 

Saber o que deve fazer-se e fazê-lo são duas coisas diferentes, entretanto… Casar-se? O pensamento o deteve em seco. Estava seguro que Emily se recuperaria com a suficiente rapidez se rompia seu compromisso com ela. Por todos os inferno, provavelmente estaria casada com outra pessoa antes de um ano! Voltando para presente, isto não seria um matrimônio por amor. Mas não pôde por sua própria vida, imaginar como Índigo poderia levar uma vida normal nas circunstâncias atuais. E ela pertencia aqui, a Terra de Lobos, com o vento jogando com seu precioso cabelo e o sol beijando sua pele. Com o tempo, ele teria que retornar ao Portland. Sua família estava ali, suas obrigações estavam ali, sua casa estava ali. Índigo se murcharia e morreria se a levassem fora de sua cidade.

 

À medida que procurou em seu bolso por sua carteira, Jake sorriu para seus adentros, recordando que a primeira noite na montanha quando ele tinha mantido a Índigo entre seus braços para protegê-la do ataque do Wolf. Se agora era tremendamente honesto, tinha que admitir que a idéia de casar-se com ela não era totalmente molesta. Ela o atraía de uma forma que não saberia como definir. Quase podia saborear a doçura de seus lábios rosa escuro, igual como se sentiria acariciar sua pele de seda. Um homem poderia sofrer destinos muito piores.

 

Sacudidos seus pensamentos fora de sua cabeça, Jake pagou pelas luvas e saiu da loja. Para ele seria mais sábio manter sua mente prática. Só um parvo se deixava levar pelo primeiro impulso. Por muito deliciosa que pudesse ser a recompensa.

                                                 Capítulo 8

Suas bochechas ainda estavam ardendo de humilhação, Índigo movia os pacotes para aliviar uma cãibra no ombro. Manteve a cabeça encurvada. Se a gente a olhava do interior das outras lojas, não queria sabê-lo. Uma coisa era ser apartada porque se vestia e se comportava de maneira diferente. Essa era sua eleição. Mas ser desprezada? sentia-se tão sozinha. Terra de Lobos tinha sido fundada por seu pai. Ali era onde devia estar. Entretanto, de repente o povo se sentia estranho e hostil.

Não era sua culpa que Wolf tivesse recebido um disparo. E que o racional naquelas circunstâncias tinha sido manter-se a talher para evitar uma emboscada até que clareasse o dia. As lágrimas sob as pálpebras a queimaram. Os fitas de seda do chão no passeio os via imprecisos.

 

—Índigo?

 

A doce voz chamando-a por seu nome lhe fez girar a cabeça. voltou-se a olhar ao segundo piso do Lucky Nugget. A janela do Franny estava aberta. A jovem prostituta apareceu e a saudou, seu cabelo loiro perfeitamente penteado piscava à luz do sol.

 

—Inteirei-me do do Wolf. Eu só te queria dizer que o sinto muito.

 

Índigo olhou com inquietação por cima do ombro. Não muita gente sabia da amizade entre ela e Franny. Índigo não se preocupava tanto por ela como pelo Franny. A multa que os cidadãos honrados em Terra de Lobos imporiam a jovem seria desterrá-la fora da cidade, se se inteirassem de que se atreveu a falar com uma jovem decente. Embora não é que a Índigo a fosse considerar decente nunca mais…

 

—Obrigado, Franny. Agradeço-o.

 

—Disse por ele minhas orações da noite. Não sei se for contar, mas as pinjente de todos os modos.

 

—Franny, quantas vezes tenho que te dizer que deixe de pensar mal de ti mesma? Não tem lido a história da María Madalena ainda? É obvio que suas orações contam.

 

—Ajudaram-lhe?

 

Índigo sorriu sinceramente pela primeira vez esse dia. Sabia que Franny teria estado muito ocupada na escuridão para haver dito as orações. Supôs que ontem à noite significava pela tarde. Em ocasiões, nem sequer seu pai poderia lhe dizer uma mentira para aliviar o coração de alguém. Posto que ela já havia dito duas mentiras em dois dias, uma ao Jake ontem e outra a Elmira sobre seu estúpido vestido de aspecto pomposo faz uns minutos, Índigo decidiu que também poderia ir pela terceira.

—Não as disse de noite, verdade?

 

Inclusive da distância, Índigo viu que os olhos do Franny se ampliavam.

—Bom estamos! Como sabe?

 

—Só o supunha.

 

Franny se inclinou mais pela janela

—Índigo, me diga a verdade. Aliviaram-lhe algo?

 

—Fizeram-no. Mas não o vais dizer a ninguém, verdade?

 

—Sério? De verdade?— Franny enxugou uma lagrimita com prazer. —Bom, se isso não for algo. Não pensei o Senhor escutasse às pessoas como eu.

 

Índigo recordou que Jake caminhava também pelo passeio. Seu coração deu um salto nervoso.

 

—Franny, tenho-me que ir.

 

—Vêem ver-me logo.

 

—Talvez o faça. Amanhã, depois do trabalho.

 

Franny se retirou a sua habitação e começou a fechar a janela. Logo apareceu a cabeça por atrás.

—vou dizer mais orações por ti.

 

Índigo não podia deixar de sorrir de novo. Franny era tão crédula que era um encanto. Com um movimento rápido, Índigo se apressou em seu caminho. Não tinha mencionado sua amizade com o Franny a sua família, entretanto, e não queria que Jake Rand a descobrisse e o contasse a seus pais antes que tivesse uma oportunidade. O povo Comanche nunca tinha permitido às mulheres sós em seus povos converter-se em indigentes, por isso a prostituição tinha sido inexistente. sentia-se segura que se ela se aproximasse de seu pai no momento adequado, sabia que ele desafiaria as convenções e ofereceria refúgio a pobre Franny em sua própria casa.

 

Com seus pensamentos centrados no Franny, logo que era consciente de seu entorno quando se desceu do final do passeio. Ao passar perto do beco que havia entre a ferraria e o seguinte edifício, um homem saiu correndo para ela da escuridão entre os dois imóveis. Antes que pudesse reagir, sentiu-se agarrada por uns braços cruéis que a levantaram em velo e a levaram entre as sombras. Seus pacotes caíram e ficaram pulverizados pelo chão a seu passo.

 

Índigo não teve tempo de sentir medo. O homem a empurrou contra a parede de madeira. Sua cabeça caiu para trás e golpeou as pranchas. O impacto de seu corpo com o seu tirou todo o ar de seus pulmões. Durante uns segundos ficou ali, espremida e muito aturdida para mover-se. Seu captor apertou seu antebraço contra sua garganta para que não gritasse. Não é que seus gritos tivessem podido chegar muito longe. Estavam justo na parede do forno da forja do ferreiro, que estava fazendo tanto ruído que ninguém caminhando pela calçada do passeio seria capaz de ouvi-la.

 

—Olá, Índigo.

 

Essa voz… Ela piscou e tratou de se localizá-la. Não. OH, Deus, não. Quando seus olhos se acostumaram à penumbra, o rosto do homem ficou claro ante seus olhos. Brandon Marshall. Índigo abriu a boca assombrada. Quando ele sorria, seu lábio inferior com cicatrizes se franziu grotescamente. Seu olhar horrorizado caiu à cicatriz diagonal no queixo. Anos atrás, ela tinha pensado nele como o jovem mais arrumado que tinha visto nunca, magro e loiro, com olhos azuis alegres e um sorriso maravilhoso. Havia-lhe dito costure tão bonitas que tinha feito que se sentisse bela e especial. E tinha acreditado cada mentirosa palavra dela.

 

—Prometi-te que voltaria. Ainda ninguém sabe que estou aqui, Índigo. Certamente, não acredito que me tenha esquecido.

 

Tinha ouvido que tinha estado vivendo em Boston durante seis anos. Nunca tinha imaginado que seu ressentimento para com ela tivesse durado todo este tempo.

 

Como se lesse sua mente, lhe tirou o braço de sua garganta e se tocou o lábio inferior com cicatrizes.

—OH, sim, eu me lembrei de ti, amor. Cada vez que me olhava em um espelho.

 

O coração de Índigo começou a pulsar. defendeu-se do medo e pouco a pouco avançou a mão direita para sua faca. À medida que seus dedos tocavam a manga através da pele de sua blusa, Brandon a agarrou pela boneca.

 

—OH, não, não esta vez.

 

Índigo finalmente encontrou sua voz.

—me solte, Brandon.

 

—Quando estiver preparado. Enquanto isso, esquecerei que sou um cavalheiro. Vi-te falando com o Franny. Uma puta falando com outra prostituta.

 

esforçou-se para retorcer-se longe dele. Ele riu e se apertou mais contra ela. Outra onda de medo a atravessou. Já não era uma menina de treze anos de idade. Fazia tempo que se deu conta que sua força não era rival contra da um homem. Com uma faca, até poderia sustentar sua posição. Sem a arma, não estava mais preparada para batalhar com o Brandon, que qualquer mulher de seu mesmo tamanho. Seu pai estava confinado na cama. Seu irmão, Chase, e seu tio Veloz, estavam a quilômetros de distância, trabalhando na madeireira. Não havia ninguém a quem pudesse recorrer, ninguém. A menos que…

 

—Jake!— exclamou ela. —Ja…—

Brandon se estrelou contra ela, apertando-a com mais força.

—te cale—.

 

Indigo ficou sem fôlego. Tinha visto o Jake no passeio. A menos que tivesse entrado em outra loja, deveria passar por aqui em qualquer momento no caminho de volta a casa de seus pais.

—Jake!— gritou de novo.

 

Quando Jake viu os pacotes de Índigo atirados pelo chão, soube que algo tinha passado e pôs-se a correr. À medida que se aproximava do lugar, escutou a voz assustada de Índigo entre os fortes golpes do martelo da ferraria e se voltou para olhar às sombras entre os dois edifícios.

 

Uma voz de homem disse:

—Disse-te que te calasse, cadela estúpida. Além disso, por que chamar o Jake Rand? Todo o povo sabe que já provou seus encantos. É mais, estão falando disso até em J'ville. Assim é como eu o soube. Crie que talvez se sentiria ciumento, à lombriga contigo? Esquece-o, Índigo. Aos meninos brancos não importa compartilhar uma puta a Índia.

 

—Não—. Ela estava chorando.

 

—OH, sim. Como te disse faz anos, as índias só são boas para uma coisa, abrir-se de pernas para os homens brancos. E ficar de joelhos e rastrear, é obvio. Com um quarto de sua raça em seu sangue, isso é o que é, nada mais que uma squaw. Ser mais bonita que a maioria não comprará o respeito de nenhum homem. Não vejo o Rand correndo para o altar por ti.

 

Enojado pelo que tinha ouvido falar, Jake se moveu nas sombras.

—lhe tire suas mãos de cima!—

 

—Jake!— Índigo tratou de liberar-se de seu captor. —me solte, Brandon!

 

O terror na voz de Índigo fez apertá-las vísceras do Jake, e arrojou suas luvas ao chão. Com duas pernadas, chegou até ela. O homem a soltou e ela caiu para trás, Jake estava em guarda, Brandon foi com as mãos levantada.

—Ouça, senhor, não tenho nada em seu contrário—.

 

—Eu te direi o que temos—, disse Jake com voz perigosamente rouca. Agarrou a Índigo e a pôs detrás dele para que pudesse voltar a sair à rua. Logo se foi a pelo homem. —Acredito que necessita algumas lições sobre como tratar a uma dama.

 

—Uma dama?

 

Jake plantou um murro na boca ofensiva do homem.

 

Quando Índigo escutou o impacto dos nódulos do Jake contra os dentes do Brandon, reprimiu um grito e se abraçou a sua cintura. Sua mente estava congelada. Brandon Marshall. depois de tantos anos, estava de volta. Queria correr, mas o medo pelo Jake a fez jogar raízes. Brandon era o tipo que tem amigos que se penduram ao redor como cópia de segurança.

 

A luta, posto que o outro não tentou fazer frente a Jake, terminou em uns poucos segundos. Brandon se desabou contra a parede e cruzou os braços sobre sua cabeça, gemendo e dizendo que ele tinha terminado. Jake o agarrou pela camisa e o levantou pulso.

 

—Entende algo, verme miserável. Se alguma vez te aproximar desta garota de novo, farei que se lamente do dia que nasceu. Entende-me?

—Sim! Sim, entendo-o!

 

Por um momento, Índigo pensou que Jake poderia voltar a pegar ao Brandon uma vez mais, mas em troca o jogou no chão. Sem nem sequer olhar para trás, deu meia volta e caminhou para ela, sua única expressão era de preocupação.

 

—Dói-te algo?

 

Índigo negou com a cabeça. As palavras estavam além dela. Recordou todas as coisas que Brandon havia dito e se perguntou quanto Jake tinha ouvido. A vergonha se apoderou dela em uma onda hirviente. Uma puta falando com outra prostituta. Os anos passaram de distância e as lembranças se equilibraram sobre ela, tão vívidos como se tudo tivesse ocorrido ontem. As índias só são boas para uma coisa.

 

—Carinho, está segura de que está bem?

 

—Estou bem—. Ele não acreditou— Chegou antes… estou bem.

 

Só que, é obvio, não o estava. As lágrimas encheram seus olhos. De repente não podia suportar nem um minuto mais ali de pé. Com um soluço, voltou-se e pôs-se a correr. Longe, tinha que fugir. Em algum lugar onde os olhos da gente não pudessem segui-la. Em algum lugar privado onde poder chorar. Em algum lugar escuro para que pudesse ocultar sua vergonha.

 

Até tremendo de raiva, Jake viu índigo passar de comprimento a casa de seus pais e entrar no celeiro. Seu primeiro impulso foi ir atrás dela, mas então viu seus pacotes. No momento em que os tinha recolhido, moveu-se em direção à casa. Se tivesse querido consolo, teria ido com seus pais. Provavelmente necessitava uns minutos a sós para recuperar a compostura.

 

A um ritmo mais lento, Jake a seguiu. Compostura. Ele necessitava uma dose do mesmo. Suas mãos estavam tremendo ainda. Isto foi por sua culpa, maldita seja. As índias só são boas para uma coisa, abrir-se de pernas para os homens brancos. E o rastreamento, é obvio. Todo o povo sabe que já provou seus encantos. As palavras se estrelavam contra ele. Subiu os degraus da entrada à casa dos Lobos, ficou de pé no alpendre um momento para respirar profundamente várias vezes.

 

Sabia o que tinha que fazer.

 

Loretta Lobos passeava acima e abaixo aos pés da cama de seu marido. Sua palidez alarmou ao Jake.

—Brandon Marshall, aqui, em Terra de Lobos? Não posso acreditá-lo. Não posso acreditá-lo! depois de todos estes anos? Está seguro que ela o chamou Brandon?

 

Jake acabava de lhes dizer o que tinha acontecido. ficou de pé ante a janela, com o braço apoiado contra a banda, trocando seu olhar de Caçador a Loretta quando tratava de dar sentido ao que estavam dizendo. Quem demônios era Brandon Marshall?

 

—Não pode ser o mesmo homem—, disse Caçador. —Ele está em Boston.

 

—Há muitos Brandons que conheçamos? Só um!— Loretta se deteve em meados de uma volta e se voltou para seu marido. —É Brandon Marshall, está claro—. Como se a busca de confirmação, voltou-se para o Jake. —Como era?

 

Jake passou a mão pela mandíbula.

—Alto, magro—. Arrastou uma imagem mais clara em sua mente. —O cabelo loiro, mas bem comprido. Tinha uma feia cicatriz no lábio.

 

Loretta elevou as mãos.

—É ele! Eu sabia. No momento em que disse Brandon, é o que conhecemos. Está seguro de que ela está bem?

 

—Ela está bem, só um pouco aturdida—. Jake se separou da janela. —E quem diabos é Brandon Marshall?—

 

Loretta tampou seus olhos com as mãos.

—É um filho de puta delinqüente.

 

Se a situação não tivesse sido tão grave, Jake poderia ter sorrido. Sua impressão da Loretta Lobos até agora, era que não diria nunca uma palavra malsoante embora tivesse a boca cheia de mierda.

—Já me tinha dado conta disso—. acrescentou ele.

 

Ela tomou uma respiração entrecortada.

—Faz uns seis anos, esteve vivendo no Jacksonville por uns meses. Começou a montar a cavalo até Terra de Lobos cada poucos dias, e se encaprichó de nossa filha.

 

Jake levantou uma sobrancelha.

—Faz seis anos? Ela não teria mais de…-—

—Tinha treze—, finalizou Loretta. Suspirou e passou a mão pelos olhos. —Era muito jovem e muito ingênua. E Brandon era rico, encantador e bonito. Deslumbrou-a, como se fosse uma mesma estrela baixada do céu durante semanas—. A boca da Loretta emagreceu. —Não estamos certos de todos os detalhes. Índigo nunca falou muito sobre isso. Mas a partir do que podemos deduzir em algum momento, ele fez um avanço indevido, e lhe deu uma bofetada, e brigaram. Uns dias mais tarde, ele voltou fingindo que queria desculpar-se e a atraiu até o bosque. Ele. humm. —Fez um gesto com as mãos. —Tinha quatro amigos com ele.

 

Jake fez uma careta. Recordou que a primeira noite quando foram ver as minas, na montanha, ele tinha percebido que Índigo lhe tinha medo. Agora sabia por que.

 

—Não puderam terminar o que tinham em mente lhe fazer —, seguiu Loretta. —Indigo se deixou derrotar. Assim é como Brandon ficou marcado. Lhe mordeu e lhe cortou o queixo com sua faca.

 

—Bem por ela.

 

Caçador interrompeu:

—O cabelo o terá também mas comprido, porque também lhe arranco uma parte de orelha—. O orgulho soou em sua voz. —Uma menina pequena contra cinco homens adultos. Eu lhe ensinava a praticar luta todos os dias. É melhor que eu com uma faca. Manteve-os a raia até que pôde escapar e correr.

 

—Só que caiu—, Loretta acrescentou. —Perdeu a faca entre a erva. E conseguiram de novo apanhá-la antes de entrar no povo. Por sorte, Veloz e Amy ouviram seus gritos e chegaram bem a tempo.

 

—Veloz e Amy?—

 

—Minha irmã e seu marido. Em realidade, ela é minha prima, mas o povo de Caçador consideram os primos como irmãos—. Loretta agitou a mão, como se a questão de parentesco fosse algo sem importância, para o assunto em si. —De todos os modos, Brandon jurou vingar-se. Depois se transladou a Boston. Até que nos disse seu nome faz uns minutos, eu acreditava que nunca o voltaria a ver.

 

—Parece que se havia você equivocado—. Era o turno do Jake. passou-se uma mão pelo cabelo, e logo fez uma pausa para olhar a Caçador. —Quanto tempo pode fazer que esteja de volta? Poderia ser o homem que disparou ao Wolf?

 

Loretta ficou sem fôlego.

—OH, Meu deus, não tinha pensado nisso.

 

O pulso do Jake se acelerou. Uma imagem cruzou por sua mente, Índigo caindo ao igual a caiu o lobo, quando soou o disparo.

—Caçador, acredita que iria tão longe para tratar de matá-la?

 

Os olhos azul escuros de Caçador se aumentaram preocupados.

—Teria que ser boisa—. Seu olhar se encontrou com o Jake, o não entendeu essa expressão.. —Boisa, uma loucura. Não tem nenhum sentido—. Esclareceu.

 

—Um assassino pelo general não o tem—, disse Jake. —Acredito que talvez deveríamos informar deste assunto ao xerife. Isso não nos fará mal. E prefiro acautelar que curar.

 

Loretta se levou uma mão tremente até a cintura.

—Acredito que tem razão—. Olhou a seu marido. —Caçador?

 

Caçador assentiu lentamente.

—Sim, devemos contar-lhe ao xerife—.

 

Loretta, arrumou com as mãos seu penteado para pô-lo em ordem, então começou a desatar seu avental.

—Acredito que estará em seu escritório, vou agora mesmo.

Jake respirou profundamente, preparando-se.

—antes de que se vá, há algo mais que acredito que devemos discutir.

 

—E o que é?— -perguntou ela.

 

Tão resumido como pôde, Jake lhes disse como os homens que trabalham na mina tinham atuado. Então lhe contou o incidente no armazém de fornecimentos. Terminou dizendo:

—Um homem decente não espera a ver se acontecerem ou não estas coisas, atua antes.

 

Loretta ficou olhando.

—O que, exatamente, está sugiriendo?

 

—Casarei-me com ela. A menos que tenham uma idéia melhor—. A sala ficou em silêncio. —Tinha a esperança de que tudo passaria e não haveria mas escândalo. Mas posso ver que isso não vai acontecer, se não fazer justo isto, a gente desta cidade a vai crucificar pelo resto de sua vida.

 

Caçador se removeu sobre sua cama. Jake o olhou. O silêncio cobriu a habitação de novo.

 

—É muito amável de sua parte oferecer-se—, disse Loretta com voz tremente, —mas não acredito que…

 

Caçador elevou a mão sã para fazê-la calar.

—Você falou só de Índigo. O que tem que você? Quando você toma a uma mulher em matrimônio, saberá que é para sempre.

 

Jake voltou a respirar fundo e exalou com os lábios franzidos.

—Serei fiel aos votos matrimoniais, se for isso o que me estão dizendo.

 

—Não é isso o que quero dizer. Quero saber o que está dentro de seu coração.

 

Jake tragou com a boca seca.

—É uma moça e bela.

 

—Sim.

 

Jake pôs suas mãos nos quadris e olhou fixamente às ponteiras reforçadas de suas botas. Por fim, levantou a vista.

—Não a amo, se isso for o que está perguntando.

 

—Bom, é obvio que não. Vocês apenas se conhecem—, incidiu Loretta.

 

Uma vez mais, Caçador lhe fez um gesto de silêncio.

 

—Adiante.

 

Jake estava começando a sentir-se como um inseto em uma frigideira quente. Esta gente nem sequer sabia quem era realmente. Se se casava com sua filha, com o tempo teria que explicar algo bastante mas forte que seus sentimentos com respeito à garota, falando de explicar situações estranhas.

 

—Quer a verdade?

 

Caçador inclinou a cabeça.

—A verdade de seu interior.

 

Jake deslizou um olhar a Loretta, umedeceu-se os lábios e seguiu adiante.

—Ela é uma garota encantadora. Qualquer homem com olhos na cara se sentiria atraído por ela. O aspecto físico do matrimônio com ela não seria uma dificuldade para mim—. Se esclareceu garganta. —Isso, em poucas palavras. Nem sequer estou seguro de como funcionaríamos como matrimônio. E ela não é uma jovem corrente.

 

—Não, não o é—, esteve de acordo Caçador.

 

Jake voltou a suspirar.

—Por outro lado, entretanto, tenho que sopesar o bom e o mau desta situação. A outra noite não foi sua culpa, e tampouco foi a minha, mas aconteceu. E a menos que me case com ela, vai pagar por isso o resto de sua vida. Não posso lhe dar as costas a isso. E eu.. eu não valeria nem a pólvora que usaria para me fazer estalar até o inferno.

 

Caçador assentiu com a cabeça.

—É uma boa coisa, o que você vai fazer, e suas palavras me dizem que tem um bom coração. Mas, qual é o preço pela noiva?

 

Loretta jogou em seu marido um olhar de horror.

—O que te passa Caçador, perdeste o sentido?

 

—O que?— Perguntou Jake.

 

—O preço da noiva—, repetiu Caçador. —Entre meu povo, que é o caminho. Um homem oferece um preço pela noiva de grande valor para o pai da noiva. Quanto major é o preço da noiva, major é a honra da noiva.

 

Jake redundou.

—Quer que a compre?

 

—Não, quero que você lhe faça as honras.

 

Loretta fez um ruído estranho. Jake tinha um desejo terrível de rir. Ali estava ele, oferecendo a casar-se com uma moça para salvar sua reputação, e lhe pede que pague pelo privilégio. —Quanto tem você em mente?

 

Caçador sorriu.

—Minha filha é muito formosa—. Ele ficou pensativo por um momento. —Mas você é um homem sem recursos, não? E você tem só um cavalo.

 

—Quer você meu cavalo?

 

—Não, um homem deve ter pelo menos um cavalo.

 

Sua boca se torceu nas esquinas.

Talvez você pode pagar o preço da noiva de seu salário, um pouco cada vez.

 

—De meu salário? De quanto estamos falando?

 

—Um homem não aprecia o valor de algo se não pagar um preço—. O mestiço arqueou uma sobrancelha. —Não sou eu o que deve oferecer um preço. Você deve fazer uma oferta. Se não ser suficiente, o direi.

 

Jake suspirou. O dinheiro não era um problema. A questão era, realmente queria fazer isto? Jake sabia a resposta a isso. Não podia deixar acontecer isto e viver com a culpa.

 

—Como 500$ lhe parece bem?— atreveu-se.

 

—Sete, e é dela.

 

—Cazadoor-rr-r!— Loretta levou uma mão à frente.

 

—Sete , OK—, Jake esteve de acordo. Jogou uma olhada a Loretta. —vou ser bom com ela, se isso for o que lhe preocupa.

 

Loretta fixou seus enormes olhos azuis nele, logo se voltou para seu marido.

—Os dois parecem estar esquecendo que Índigo tem algo que dizer em tudo isto. Ela não vai casar se com o senhor Rand. Não quererá dar seu consentimento para casar-se com ninguém.

 

Caçador parecia imperturbável.

—Ela fará o que eu lhe peça—.

 

—OH, Caçador, não pode fazê-lo assim—, sussurrou.

 

—Já parece—, respondeu.

 

Jake trocou seu peso de pé, e colocou as mãos nos bolsos.

—Há um juiz aqui na cidade? Acredito que devemos arrumá-lo tudo de forma imediata.

 

Caçador assentiu com a cabeça.

—Não é um juiz o que necessitamos. Minha filha tem que estar diante de um sacerdote. Se viajar ao Jacksonville e fala com o Pai Ou'Grady, virá e dirá as palavras. É cedo ainda. Se se der pressa, podemos terminar esta noite.

 

—Esta noite?— Loretta elevou as mãos. —Esta noite, Caçador?

 

—Sim—, respondeu, —antes que as intrigas nesta cidade nos sangrem mais.

 

Os pensamentos do Jake se voltaram até o Indigo. Tratou de imaginar como era melhor lhe dar a notícia. Dirigiria-o com a maior naturalidade, decidiu. Índigo é uma garota inteligente. Se o enfocava corretamente, ia compreender que isto era inevitável.

—Acredito que deveria sair e falar com ela antes de ir.

 

Caçador assentiu com a cabeça.

—Quando tiver terminado a conversação, diz-lhe que quero vê-la

 

Um raio de sol se filtrou através das gretas nas paredes do mezanino do celeiro e caía sobre o feno como bandas de ouro brilhante. Índigo estudava as bolinhas de pó que dançavam nos raios de luz.

 

Os aromas, as vozes e os ruídos familiares, atuavam relaxando seus nervos igual a um opiáceo. Ela se esvaziou por completo. Seus braços e pernas estavam como sem ossos e muito pesados. Quando evocava imagens do Brandon, sentia-se mais que desprezível. Nem sequer os pensamentos sobre o Wolf se sobrepunham a tudo o que tinha passado esta tarde. Estava poda. Seu pai estava no certo, as lágrimas faziam sua magia.

 

De repente, a serenidade no estábulo se fez pedacinhos. Por debaixo da água-furtada ouviu os porcos começar a grunhir ansiosos, como o faziam quando estava a ponto de lhes jogar alimento em sua canaleta. Buck relinchou. Ouviu o Molly chutar e empurrar seu traseiro contra a porta de seu cubículo. Alguém tinha entrado no celeiro.

 

Não havia outro som, exceto os dos animais, alertou-se. Era mas bem como se notasse uma carga elétrica estática no ar, ao igual a se sentia antes de uma tormenta. Índigo não confiava em seus instintos. Brandon? Deteve sua respiração e apertou as costas contra a parede. Ouviu o rangido da escada de gato e soube que alguém estava subindo lentamente à água-furtada. Com sigilo, levou sua mão até a faca.

 

Quando uma cabeça moréia apareceu sobre o feno ondulante, Índigo devolveu a faca a sua vagem. Jake. Lançou um suspiro de tensão acumulada. Seus largos ombros, envoltos em sua camisa de lã azul, apareceram à vista. Inclusive na escuridão, sentiu o impacto de seus olhos marrons quando a olhou. Ela limpou suas bochechas.

 

—Pensei que te encontraria aqui—, disse com um sorriso indulgente. —Não há lugar como um palheiro para pensar com tranqüilidade, parece-te?

 

Entrou pisando no feno solto e se dirigiu para ela, cambaleou-se quando entrou na suavidade sem fundo onde as balas tinham desaparecido e o feno se voltava uma cama tenra. Quando por fim chegou, sentou-se e apoiou as costas contra a parede.

 

O lugar, que sempre lhe tinha parecido espaçoso para ela, viu-se diminuído por sua presença. O pó agitado picou nas fossas nasais.

 

Índigo escondeu seus talões pegando-os até mas a seu corpo e abraçando firmemente seus próprios joelhos. A posição acurrucada a fazia sentir-se mais segura. Mais que o pó flutuava no ar, alguma coisa inominável. Índigo sentiu que a atitude para ela tinha sofrido uma mudança. Aventurou um olhar. Estava-a estudando. Assinalou uma luz peculiar em seus olhos que nunca tinha estado ali antes.

 

Sua boca se curvou como se sentisse que ele queria sorrir, mas não estava seguro do que deveria fazer. Cruzando os tornozelos, colocou os talões debaixo das coxas e apoiou os cotovelos sobre seus joelhos. Uma expressão nostálgica jogava em seu rosto enquanto olhava a seu redor.

 

—Faz anos, aqui no Oregón em já não me lembro que parte, meu pai estacou uma demanda sobre um terreno mineiro perto de uma granja. Eu estava acostumado a entrar às escondidas no celeiro do agricultor de noite depois de ter terminado suas tarefas—. Se encolheu de ombros. —Meu pai trabalhava ali dia e noite, vivíamos ao pé da mina, junto ao arroio, vivíamos sempre em uma loja de campanha. Fomos cinco meninos, e sempre parecia chover, assim tínhamos que nos apinhar no interior. De noite, sentia-me como um dos seis cilindros de levedura que vêm em um pacote, todos colocados como em uma taça.

 

Esperou um momento, como se lhe desse a oportunidade de falar.

—Às vezes, se não saía, sentia-me como se me asfixiasse. Quando descobri o palheiro nesse celeiro velho, pensei que tinha encontrado a nervura mãe. Passava-me horas ali acima, fiando sonhos sobre algum dia, quando tivesse a idade suficiente para ganhar o dinheiro para cuidar de meu irmão e irmãs sem a ajuda de meu pai. Imaginava ter minha própria casa. Uma enorme, com tantas habitações que nos pudéssemos perder dentro dela.

 

Sua voz soou com tristeza. Um olhar distante apareceu em seus olhos. Logo pareceu voltar a centrar-se na palha diante dele.

 

—O problema com os sonhos é que quando se fazem realidade, nunca estão à altura de suas expectativas. Por fim tive uma casa, e finalmente fiz o dinheiro para ser independente de meu pai. Mas ainda…— riu brandamente e sacudiu a cabeça. — Não sei por que te estou contando isto. Entretanto, até que cheguei aqui, ainda me sentia como um desses seis cilindros de levedura em um molde.

A garganta de Índigo se sentia extrañamente apertada.

—por que te lembra disto agora?

 

Seus olhos escuros se esquentaram com a cor do vinho quente.

—Não sei. Será o estar na montanha, suponho.

 

Desfazendo um molho de feno, passou os dedos ao longo de sua dourada suavidade. Não podia imaginá-lo como um menino e se perguntou o que o tinha motivado a compartilhar algo tão íntimo. Aquilo lhe pareceu um indicativo das mudanças de seus sentimentos com respeito a ela.

Desde sua experiência com o Brandon anos atrás, erigiu-se uma barreira invisível entre ela e os homens. até agora, ninguém tinha desafiado seus perímetros. Jake Rand era uma provocação não só para seus limites autoimpuestos, mas também passou por cima do espaço que ela considera sagrado. Não podia dizer por que se sentia assim. Só sabia que era assim. Ele estava pressionando-a possivelmente muito. Acabava de compartilhar uma parte privada de si mesmo com ela, e tinha a horrível sensação que esperava que lhe desse algo de si mesmo em troca.

 

Enquanto que ele estava despreocupado jogando com o molho de feno, roçando seu corpo com um olhar cauteloso, tendo em conta a profundidade de sua caixa torácica, a magreza de sua cintura, os tendões em suas coxas, que esticavam o dril de algodão de suas calças. Sua atenção se centrou em suas mãos, curtidas e moréias e se sacudiu com a mão seu cabelo negro que se estendia a mechas por sua frente. Tinha mãos largas e fortes, com compridos dedos, mãos que tinham o poder de alcançar o futuro com força, e não deixá-lo ir.

 

—O que é o que você sonha, Índigo?— Procurou seu olhar. —Tem que sonhar com algo. Sobre o homem que caminhará a seu lado em sua vida algum dia, que se casará contigo e terá a seus filhos? Ou é que já conheceu alguém especial?

 

—Alguém especial?— repetiu ela.

 

—Um apaixonado, alguém ao que lhe deste seu coração.

 

Ela sacudiu a cabeça.

—Não há ninguém.

 

—E o que de seus sonhos? Todas as mulheres imaginam o homem de seus sonhos, não?

 

A Índigo lhe fez um nó no estômago. sentia-se como um peixe enganchado sendo conduzido para uma rede. Se fazia um movimento em falso, poderia cair em sua armadilha.

—Eu não sonho com ninguém.

 

Pareceu pensar um momento.

—Talvez seja melhor assim. Como hei dito, a realidade estranha vez está à altura de nossas expectativas.

 

—Isto não é uma conversação sem motivo, verdade?

 

Lhe deu de presente um tímido sorriso.

—Isso óbvio, né?— esfregou-se a mandíbula, evitando seu olhar. —Nunca fui bom com as palavras. Este é um momento como o inferno. Há algo que tem que saber, e não estou seguro de como o direi.

 

—O que tem que me dizer?

 

por que? perguntou-se ela, ela não tinha a menor ideia, mas de repente sabia. Do momento em que o viu, tinha percebido que este momento chegaria. voltou-se para olhá-lo. O brilho que tinha visto em seus olhos estava ainda ali, mas mais pronunciado, ardendo como uma brasa. Reconheceu-o como posse.

—Seu pai e eu tivemos uma larga conversação.

 

Uma sensação de frio rodeou seu coração, deu-lhe um tombo,

—Do que me tem que falar?

 

—Sobre nós—. Descartou o molho de feno e jogou para trás uma mecha de cabelo comprido e solto da bochecha. Os nódulos do homem se sentiam quentes e um pouco ásperos contra sua pele. —A respeito de tudas as intrigas. A menos que façamos algo, será condenada ao ostracismo.

 

Índigo queria que deixasse de falar, que não lhe dissesse nada mais, mas suas cordas vocais pareciam haver-se congelado.

 

Como se agora ele tivesse o direito a tocá-la, riscou um caminho da orelha com a ponta dos dedos, e logo seguiu a linha de sua mandíbula até o queixo. Passou o polegar por seus lábios, estudou sua expressão, logo sorriu de novo ao inclinar-se mas perto de sua boca.

—A idéia de te casar comigo não pode te ser tão desagradável. Está me olhando como se me tivesse crescido um terceiro olho no centro da frente.

 

Ela não podia respirar. Abriu a boca para tentar agarrar ar e ele tocou a parte úmida de seu lábio inferior com o polegar.

 

—me acredite, Índigo, que não cheguei a esta decisão sem pensar o que é o melhor para ti, digo-lhe isso de coração. Sei que sou um pouco maior que o marido de seus sonhos, mas a diferença de idade não parece ser tão grande uma vez que se acostuma um à idéia.

 

—Eu lhe t-te disse, nunca…não fantasiei com um marido.

 

—Nó? Bom, assim não terá que preocupar-se se estiver ou não à altura de suas expectativas românticas, não?

 

Suas expectativas românticas? Seus pensamentos de matrimônio nunca tinha sido isso.

—Eu não-não quero me casar.

 

Ele abandonou a exploração de sua boca e lhe agarrou a mão, envolvendo seus dedos na sua.

—Já sei—, respondeu ele com suavidade. —E eu gostaria que as coisas tivessem acontecido de outra maneira. Isto não é exatamente o que eu tinha em mente, tampouco. Mas a vida não sempre nos dá o que esperamos, não? Tudo o que podemos fazer é tirar o melhor partido dela.

 

Índigo sentiu como o impacto de um punho contra suas vísceras, ele e seu pai já tinham decidido seu futuro sem nem sequer consultá-la? Casada com o Jake Rand? A perspectiva estalou em sua mente como um cartucho de dinamite com a mecha muito curta.

 

—Não!— exclamou ela na crista de um soluço. —Não, não o har—.

 

Apertou os dedos e baixou suas mãos sobre seu regaço.

O calor da boneca queimava através da pele da perna da calça da calça.

—Índigo, sei razoável. Não temos outra opção. Sua reputação está destruída.

 

—Não-oo-OH!—

 

Ele respirou fundo e exalou um suspiro de cansaço. Ela tratou de atirar de sua mão livre, mas seu controle foi implacável. O fato de que a abraçasse quando ela não queria, fez-a dar-se verdadeira conta do que estava lhe dizendo. Não era estranho que seus olhos brilhassem com posesividad. O previa que logo seria seu marido.

 

—Pode que não seja muito consolo, mas vou fazer tudo o que esteja em minha mão para te fazer feliz—, disse com voz rouca. —Prometo-lhe isso.

 

A finalidade em seu tom de seu pânico, e o pânico lhe deu inusitada força. Ela se separou dele e, em um movimento fluido, rodou a seus pés.

—Meu pai não estará de acordo com isto. Está mentindo!— Seu pé golpeou o feno suave e perdeu o equilíbrio. Lutando por voltar a equilibrar-se, dirigiu-se para a escada. —Nunca vou fazer o! Nem contigo nem com qualquer outro homem!

 

—Índigo, me escute…

—Não! —Ela se voltou para ele—. Não vou escutar te! É um mentiroso. Meu pai me conhece melhor que eu mesma. Nunca estaria de acordo em um matrimônio sem me pedir permissão. Nunca!

 

—Temo-me que tem feito exatamente isso. E se te parasse e pensasse em esllo só um momento, estou seguro que entenderia o por que.

Ela passou uma perna sobre o degrau da escada, encontrou um ponto de apoio, e agarrou os compridos laterais.

—Ele não o fez! Ele não o faria!

 

Loretta se sentou na cadeira de balanço e se inclinou ligeiramente para frente para estudar a cara escura de seu marido. Sua boca se colocou em uma linha firme com a que estava muito familiarizada. Não podia deixar de perguntar-se se as dose regulares de láudano que lhe tinha estado dando para a dor tinham alterado seus sentidos. Ele adorava a sua filha.

 

—Caçador..—. Ela juntou as mãos e as apoiou sobre seus joelhos. —Isto simplesmente é uma loucura. O Sr. Rand é muito maior que Índigo, e não há amor entre eles para diminuir a brecha. São pouco mais que estranhos. Dou-me conta que está preocupado sobre a intriga, e o matrimônio pode pôr fim aos mesmos, mas que tem que os problemas que vai conduzir esta decisão?

 

Ele sorriu dessa maneira sábia que tinha. Com o coração encolhido, Loretta sabia que também poderia ir discutir com uma parede. Uma vez que seu marido chegava a uma decisão, nada podia dissuadi-lo.

 

—Deve confiar um pouco mas em mim… né? Eu sei o que estou fazendo.

 

Loretta duvidava.

—Te vai odiar por isso até o dia de sua morte.

 

—Só até que chegue a amá-lo. Logo perdoará.

 

Com sua mão sã tocou seu peito à altura do coração. Ainda era tão forte e musculoso como o tinha sido anos atrás quando ela o viu pela primeira vez, sobre seu cavalo, com sua roupa comanche, reclamando-a como esposa a sua família.

—Às vezes, uma voz fala dentro de mim, e, diz-me pelo caminho que devo caminhar, lances antes que eu possa vê-lo. Sei que se se seguir tudo estará bem. olhei fixamente aos olhos do Jake Rand. Ele é um bom homem, com um grande coração. Ele não sabe, Indigo não sabe, mas os Grandes Seres lhe conduziram até aqui. Sinto a retidão dentro de mim.

—Não é um assunto para decidir-se assim!— exclamou ela.

 

—Sim—, respondeu. —Acredito dentro de mim. Contemplo tudo o que aconteceu, sua chegada, a morte do Wolf, sua noite no bosque, juntos, seu sentido de responsabilidade para ela. É o círculo do destino, fechando-se em torno deles. Vejo como o círculo se estreita, caminham um para o outro. Agora, ela não deseja esta união. Sou eu quem compreende os extremos do círculo e atarei um nó indissolúvel, para que não possam separar-se. Será como os Grandes Seres desejam.

 

—O que acontece a voz dentro de ti está mau?

 

—Nunca se equivocou.

 

—Não posso suportar ficar a um lado e permitir que isto aconteça.

 

—Sim, fará a um lado—. O tenor firme de sua voz, indicou a Loretta que não toleraria nenhum desafio.

 

—Sempre inclinei a sua vontade, pequena. Sempre tratei que te conceder seus desejos—. Fez um gesto em sua casa. —Honrei-te com cada fôlego que tomei durante mais de vinte anos. Agora, você te dobrará, e honrará o meu. Nossa filha vai casar se com o Jake Rand. Eu falei.

 

—E se eu…

 

Ele a cortou.

—Seu não vais fazer nada. Você me honrasse, já que uma mulher deve honrar a seu marido. Não vais estar em meu contrário, não em seu coração ou em suas ações.

 

—Você bem sabe que eu nunca faria isso, Caçador, mas acredito que está cometendo um terrível engano.

 

—vais tirar esse pensamento de sua mente. Eu adorei a minha filha, não? vais confiar em mim nisto, porque você sabe que sua felicidade é minha felicidade. Morreria antes de pôr seu coração sobre a terra.

 

Indigo se deteve o pé da cama de seu pai, o shock lhe deixava os dedos gelados. Olhando-o aos olhos de cor azul escura, não viu nenhuma das coisas familiares, seu amor, seu calor, ou sua compreensão. Em seu lugar, tudo o que podia ler era a determinação.

 

—N-Não pode me dizer isso—, sussurrou entrecortada.

 

—vais casar te com o Jake Rand—, repetiu. —É meu desejo. acordamos um bom preço pela noiva. O tempo de falar terminou. Você poderá ir à cozinha e esperar a que sua mãe retorne do escritório do Xerife para que possa ajudá-la a preparar o jantar de suas bodas.

 

De repente, sentiu debilidade nas pernas, Indigo se agarrou a um barrote da estrutura da cama.

—O que tem feito? O preço da noiva é um costume Comanche.

 

—Eu sou Comanche.

 

—Jake Rand não o é! Sabe o que os homens brancos opinam destes costumes? Se pagarem um preço pela noiva, sentem-se que adquiriu a mulher. Eu não sou uma coisa que compra.

 

—Expliquei-lhe o significado do preço da noiva para ele. Ele honrou o caminho de nosso povo e pagará setecentos dólares. É uma oferta muito boa.

 

Índigo ouviu a porta abrir-se e fechar-se. O ruído de umas botas pesadas que se dirigiam para o dormitório. Baixando a voz, exclamou:

—É uma fortuna! Sentirá que possui todos os cabelos minha cabeça. Só redige um contrato de compraventa e acabemos de uma vez.

 

—O contrato do matrimônio parece—. Seu pai lhe dirigiu um sorriso.

 

Índigo se sentia como se tivesse recebido uma bofetada. Ouviu chiar as dobradiças detrás dela e sentiu a presença do Jake quando este entrou na habitação. Ainda agarrando o marco da cama, voltou-se para lhe olhar a ele. O instinto de sobrevivência lhe disse que lutasse por sua liberdade agora ou fugisse para sempre. Ela não estava para dar rodeios.

 

—Assim..—. Sua voz tremia de raiva. —Hei aqui a meu novo dono! Deve te sentir orgulhoso de ti mesmo. A escravidão foi declarada ilegal faz vinte anos.

 

—Não é assim, Índigo—, disse Jake.

 

—Não é assim?— Soltou o marco da cama e se voltou para ele, não do todo segura de que suas pernas lhe respondessem. —te explique!

 

Uma pergunta se deslizou em seus olhos. Olhou para Caçador.

—Estive de acordo em pagar o preço pela noiva. Esse é o costume, verdade?—

 

—Você me comprou!— -exclamou ela. —Assim é como as pessoas o vêem. Sou mais da metade branca, e sei o que pensa.

 

—Posso retirar a oferta, se se sentir tão enojada sobre isso.

 

—Não—, inseriu Caçador. —Este será um verdadeiro matrimônio aos olhos tanto de brancos e como do Comanches.

 

Índigo se abraçou a sua cintura. Um estremecimento percorreu todo seu corpo. Olhando para acima ao Jake, sussurrou-lhe:

—Se for seguir com isto, nunca terá um momento de paz para o resto de sua vida.

 

Com os olhos reluzentes de irritação, Jake se voltou para Caçador.

—Eu entendi que ela estaria de acordo uma vez que falasse com você. Se esta for a forma, isto não poderá ser...

 

—Índigo?— A voz de seu pai soou como o aço. deu-se a volta para olhá-lo. —Desafia-me?— perguntou de maneira uniforme.

 

No rosto de seu pai viu ira e quis fugir. Embora seu instinto lhe insistia a rebelar-se, esta não era a forma em que a tinham ensinado. Faria o que seu pai pedia porque fazer outra coisa era inconcebível.

—Não, pai. Nunca te desafiaria.

 

Jake soltou um forte suspiro de exasperação.

—Índigo, te esqueça de seu pai por um minuto e me olhe.

 

Não ia esquecer a seu pai nem por um só instante… Com uma sensação de intumescimento, ela levantou o olhar para ele.

 

—Não ofereci me casar contigo para fazer sua vida miserável—, disse em voz baixa. —Meu objetivo era te evitar mas problemas. Se for odiar por isso, não só te falhei nisso, mas também vamos pagar muito caro o resto da vida. Não quero brigar contigo em cada passo deste caminho, antes e depois das bodas. Não me posso imaginar que quisesse que isto fora assim. Para fazer nossa vida suportável, um de nós deve eventualmente ganhar a guerra.

 

Índigo se centrou no que tinha ficado por dizer, que seria, sem lugar a dúvidas, que ele seria o vencedor. Ela não podia sentir nem seus pés.

 

—Meu pai falou—. Sua voz não soava como a sua. Tragou saliva, imaginando-se a si mesmo e ao Jake, casada e sozinha. De repente, Jake Rand pareceu aparecer como uma montanha. Ela não podia acreditar o que estava acontecendo. —vou honrar seus desejos—.

 

Os olhos do Jake não lhe ofereceram quartel.

—E honrará meus?

 

Algo em seu interior fez uma bola em um nó doloroso. Justo em cima da cintura, onde descansava seu estômago, era como uma brasa quente. Seu orgulho, deu-se conta. Isto foi o que sentiu ao tragar.

—Sim, e honrar os teus.

 

                                           Capítulo 9

Índigo se sentia como apanhada na irrealidade. Os eventos pareciam acontecer-se a um ritmo frenético. Jake foi ao Jacksonville. Pouco depois, sua mãe retornou de ver o xerife, informou de sua conversação com o próprio xerife Hilton, e logo começou a fazer uma lista de coisas que terei que fazer para estar preparados para a apressadas bodas.

 

Em primeiro lugar na agenda da Loretta estava preparar uma festa de bodas. Índigo trabalhava a seu lado em uma nuvem. Nem sequer os pensamentos sobre o Brandon a tiravam de seu estupor. Não lhe importava se o xerife Hilton tinha ido ao Jacksonville a pergunta pelo Brandon. Tampouco lhe importava o que o xerife pudesse averiguar. E o que se Brandon tinha sido o homem que disparou ao Wolf? Que mais dava, neste ponto, se tivesse estado detrás dos acidentes? Só uma coisa importava. No espaço de umas horas, ela se casaria com um homem branco.

 

E não qualquer homem branco. Se seu pai estava empenhado na eleição de um marido para ela, por que não tinha eleito um nativo da zona, de compleição magra e curto de entendederas? Jake não só era muito mais alto que ela, além de duas vezes mais largo, todos os músculos como o aço. Um de nós deve eventualmente ganhar a guerra. Que guerra? Uma vez que se convertesse em seu marido, ela não poderia resistir muito um assédio. Essa não era a forma em que a tinham ensinado.

 

Com mãos trementes, Índigo cortou rodelas de batatas na panela, surpreendida de não cortá-los dedos também. Logo a massa de um bolo. Tinha posto a levedura? Não podia recordar se a tinha medido ou não. Como sairia o sabor do bolo com uma dobro quantidade de levedura? Ao igual a sua boca sabia neste momento, supôs, seca e amarga como o fel.

 

Quando tudo na cozinha estuvi preparado, sua mãe insistiu em preparar a casa da tia Amy, para que Índigo e Jake a ocupassem. Estava completamente mobiliada, permanecia vazia agora que Amy e Veloz se foi às plantações madeireiras. Seria uma residência perfeita temporal para os recém casados. No cérebro de Índigo se entupiu na palavra temporária. Jake Rand não tinha intenção de permanecer em Terra de Lobos. Algum dia, não muito longínquo, se ele decidia ir-se, ela teria que lhe acompanhar.

 

Índigo fez sua segunda viagem do dia à loja e reuniu os elementos que necessitava para encher a despensa da cozinha de tia Amy. Sal, pimenta, açúcar, farinha, a levedura, frijoles, mel…

 

Quando Elmira se inteirou do iminente matrimônio de Índigo, abriu uma nova conta sob o nome do Jake Rand e atribuiu todos os cargos a ele. A assinatura de seu nome nos cargos levou a mente de Índigo que dentro de umas horas ia ser a senhora do Jake Rand.

 

Quando voltou para casa com suas compras, empilhou-se o lote em uma capa de travesseiro para facilitar seu transporte. Em outra, ela estivada perecíveis. Quando foi ao ahumadero a por uma parte de toucinho, a realidade da situação a golpeou de novo. Amanhã pela manhã, estaria preparando o café da manhã para seu flamejante marido.

 

Sua mãe não lhe deu oportunidade de preocupar-se com muito tempo. Ao igual a dois torvelinhos, atacaram a casa do López com trapos e vassouras na mão. Quando a limpeza a fundo se obteve, Índigo arrumou sua roupa nas gavetas da cômoda e trocou a roupa da cama enquanto sua mãe se encarregava da cozinha.

 

À medida que a colcha escondeu debaixo aos travesseiros e se alisaram as rugas, Índigo tratou de imaginar-se a si mesmo dormindo ali com o Jake esta noite. Em sua ignorância, quando estava a ponto do ato sexual, ela só sabia que se levava a cabo na cama. Tinha ido visitar acidentalmente ao Franny uma vez quando um cliente estava em sua habitação. O rangido forte da cama tinha advertido aÍndigo de não tocar a janela.

 

Suavizando as rugas por última vez na colcha com os dedos trementes, Índigo, recordou o dito:

—Você tem feito sua cama. Agora a dormir nela—. Agora sabia onde se originou esse velho adágio, uma noiva, sem dúvida, tinha chegado a dita conclusão.

 

Uma sensação de pânico a encheu. Submeter-se a seu marido ia ser horrível. Sabia. Não fazia falta ser um gênio para dar-se conta disso. As mulheres falavam livremente a respeito das coisas agradáveis. Quando o sol brilhava, todo mundo o comentava. Quando uma feira se programava no Jacksonville, as línguas zumbiam durante semanas adiantado. Quando alguém em particular desfrutava de uma atividade, como um bem social, falava disso durante várias semanas depois. Tal não era o caso quando se tratava do que ocorria na noite de bodas.

 

Pelo contrário, sempre e quando a uma mulher lhe dizia algo a respeito desse aspecto do matrimônio, avermelhava até ficar escarlate, olhava a seu redor para assegurar-se de que ninguém escutava, e logo sussurravam detrás das Palmas cavadas.

 

Por tudo isto, Índigo deduzia que a realização do dever de esposa era horrível, tão horrível que as mães não queriam que suas filhas se inteirassem disso, por temor a que nunca se casassem e tivessem seus netos.

 

Os bebês. Essa era outra curiosidade da que Índigo se deu conta, as mulheres punham caras largas quando ouviam uma delas dizer que tinha dificuldades para conceber um filho. Uns anos atrás, quando Alicia Crenton não podia trazer família depois de seu matrimônio com o xerife Hilton, todas as damas da cidade se apressaram a lhe dar conselhos sobre como curar o problema. A senhora Amor lhe tinha dado uma rocha para pôr debaixo do lado de seu marido do colchão. Antiga Hamsteal, a herbanária, tinha dado a Alice pós de fertilidade. Inclusive a mãe de Índigo se uniu, sugiriéndole a Alice comer mais carne fresca. Todo mundo tinha atuado como se fora a ser o fim do mundo se Alice não ficava grávida, e logo.

 

Desde que Alice já tênia cinco filhos, que pareciam mais que suficiente, tudo se acalmou. Tudo isto fazia a Índigo pensar. por que era tão importante toda a confusão que trazia Alicia com isso de ter família? Cada mulher grávida que Indigo tinha visto parecia francamente miserável, abrindo as pernas ao caminhar para manter o equilíbrio, com uma mão sujeitando o desço das costas para aliviar a dor, o ventre todo exagerado. passavam-se o dia contando os dias e os meses para o parto, para terminar com seu pesadelo. Se o embaraço era tão horrível, por que todas as mulheres estavam tão ansiosas por ver a Alice sofrer?

 

Índigo tinha encontrado a resposta na Bíblia, onde Deus lhe ordenou à humanidade crescer e multiplicar-se. Ali mesmo, em branco e negro, dizia-o, claro como a chuva, que cada mulher temerosa de Deus tinha um dever cristão de ter descendência, e que era dever de seu marido fazer todo os intentos possíveis. Não é de sentir saudades que todas as mulheres na cidade tivessem estado tão preocupadas com a Alice.

 

Contudo, não acreditava Índigo que a noite de bodas fosse extremamente recomendável.

 

Considerou sair fugindo. Mas aonde? O mais longe que tinha ido alguma vez foi ao Jacksonville. Não podia desvanecer-se na escuridão ali. E a idéia de viajar a outro lugar dava quase tanto pânico como deitar-se com seu marido. Além disso, seu pai nunca o perdoaria se fizesse tal coisa, e tinha sido educada para obedecer sem pigarrear. Amava-o muito para agora defraudá-lo.

 

Não teve mais remedeio que sofrer, orando todo o tempo que Jake não fosse um desses homens que queriam uma grande família. Não podia imaginar nada pior. E se ela era como Alicia Crenton e não se embaraçava com facilidade? Quando se tratava do feminino, sempre tinha sido mais lenta que um caracol; foi a última em ter peito, a última em chegar sua menstruação. Seria sua sorte que fosse também lenta para ficar grávida? Então teria que sofrer os intentos de seu marido ao menos uma dúzia de vezes, Como ia suportar o?

 

Tinha que haver um truque para isso, decidiu Índigo. Para todas as misérias na vida, havia algum tipo de remédio, láudano para a dor, a hortelã para uma dor de estômago, o uísque e limão para a tosse. Possivelmente devia pedir conselho a sua mãe, mas já sabia como ia terminar o assunto. Quando uma vez se aproximou de sua mãe com pergunta sobre sexo, ela gaguejou, ruborizou-se e disse:

—Simplesmente não te importa—. Índigo, não podia estar satisfeita com essa resposta agora.

 

aproximou-se da janela e olhou à rua para o Lucky Nugget. Se alguém na Terra era uma autoridade em relações homem-mulher, tinha que ser Franny.

 

—Acredito que estamos a ponto de terminar.

 

O som inesperado fez a Índigo descender de seus pensamentos. afastou-se da janela e apertou suas mãos na cintura. Sua mãe tinha uma estranha habilidade para ler seus pensamentos às vezes.

—Eu, né. Sim, terminamos aqui, em todo caso.

 

Loretta sorriu e se alisou o avental.

—Será melhor que nos demos pressa. Não quero que meu presunto se cozinhe muito—. Enrugou o nariz. —Devemos polvilhar um pouco de baunilha, por aqui. Esta casa esteve fechada durante tanto tempo, que cheira a umidade.

 

—Baunilha! Não estava em minha lista. Necessitarei-o para assar.

 

Loretta elevou uma sobrancelha.

—Você, assar?

Índigo se lambeu os lábios.

—Tenho que aprender agora que me vou casar.

 

—Talvez. Uma coisa é certa, necessita-se um pingo de baunilha aqui para perfumar o ar. Acredito que há tempo para que possa ir à loja e conseguir um pouco.

 

Índigo logo que podia ocultar seu entusiasmo.

 

—Isso sim, não demore—, advertiu sua mãe, movendo um dedo. —Ainda tem que te banhar e te vestir. Se precisa comprar algo mas pensa-o bem, Jake deve estar de volta com o pai Ou'Grady em um par de horas. E não te vais casar envolta em calças de pele de ante!—

 

À medida que sua mãe terminou de falar, uma expressão nostálgica entrou nos olhos e lhe dedicou um sorriso trêmulo. Desde esse olhar, Índigo sabia que sua mãe a estava vendo pela primeira vez como uma mulher. O amor e o orgulho brilhavam em sua cara. O momento durou só um instante, mas Índigo sabia que marcou seu passo da infância. A realização a fazia sentir sozinha, muito sozinha.

 

Índigo fez um trabalho rápido de ir à loja. Depois, guardou a baunilha na cintura de suas calças e correu para o extremo norte da cidade para rodear os edifícios. Um carvalho nodoso se situava na esquina traseira esquerda do Lucky Nugget. Subiu por ele, ganhou o teto e se arrastou até a janela do Franny. Depois fez rapel sobre o cristal e se encolheu contra a coberta de madeiras para que não a vissem da rua.

Por favor, pensou, que Franny não esteja abaixo.

 

Para ouvir abri-la janela, a cabeça loira do Franny apareceu.

—Indigo! Não te esperava até manhã.

 

Índigo penetrou na habitação do Franny.

—Estou desesperada, Franny. Tenho que falar contigo.

Os olhos verdes Franny se encheram de preocupação.

—Céus, Índigo, o que te passa?

 

Sem fôlego por correr, Indigo tratou de acalmar o ritmo de suas respirações.

—Simplesmente não me diga não te importa, como minha mãe faz sempre. Promete-me isso?

 

—Normalmente eu não gosto de prometer, quando não sei o que estou prometendo—. depois de considerar o dito por Índigo por um momento, Franny, finalmente assentiu com a cabeça. —Mas você é especial. Agora me diga o que está mau.

 

—Me vou casar—. Soltou as palavras depressa, Índigo lhe disse tudo o que tinha acontecido desde que tinha visto o Franny umas horas antes. Quando finalmente terminou, disse: —Esta noite é minha noite de bodas, Franny. Não se a quem acudir, não tenho a quem pedir conselho mais que a ti. Estou tão assustada que meus joelhos estão tremendo.

 

—OH, meu ...

 

Índigo pôde ler a compaixão nos olhos do Franny e confirmou seus piores temores, as noites de bodas eram um calvário. No fundo, ela tinha estado esperando que Franny pudesse lhe dizer que o ato sexual não era tão mau.

 

—Eu apenas lhe conheço—, espetou Índigo. —Como vou ter, bom, já sabe? Você é a única pessoa que posso acudir.

 

A boca do Franny se torceu.

—Porque não sou uma senhora?—

 

Índigo nunca teve intenção de machucar ao Franny.

—OH, Franny, não! Você é meu amiga. Pensei que se alguém era um perito em como suportar algo assim, tênias que ser você. Tem que haver algum remédio.

 

Franny franziu o cenho e apertou os lábios. Então, finalmente sorriu.

—Tem razão em todos os sentidos. Eu sou seu amiga, e também sou uma perita em agüentá-lo, e há um truque. Ao menos o é para mim. Não sei muito a respeito de outras mulheres.

 

Assinalou a Índigo para a cama e deu uns tapinhas nela.

—Sente-se e tira o olhar horrorizado de sua cara. Não é uma situação agradável, mas tampouco te vai matar.

 

—Eu gostaria de morrer agora mesmo para me economizar o sofrimento.

 

—Eu quis um par de vezes isso mesmo.

 

Franny se endireitou as lapelas de sua bata de cor rosa, apertou-se o cinturão, e se sentou no bordo do colchão. Ao Indigo resultava difícil acreditar tudo o que a garota fazia para ganhá-la vida. Tinha um rosto muito doce que fazia pensar em um corpo de anjo. Seu cabelo loiro e acrescentava essa ilusão, uma coroa brilhando como um halo. Aos dezessete anos, ela era dois anos menor que Índigo, e seus olhos verdes brilhavam enormes com uma inocência ingênua. Não pertencia a um lugar como este.

 

Durante vários segundos, Franny pareceu estudar o teto. Uma profunda tristeza se deslizou por sua cara bonita. Por fim, disse,

—Como suportá-lo? Índigo, é uma pergunta difícil de responder—. Ela baixou o queixo. —Alguma vez sonha acordada?

 

—Às vezes, quando estou sem nada que fazer, que não é freqüentemente.

 

Franny sorriu.

—Sempre e quando o souber fazer não importa. Aprendi faz muito tempo que uma mulher pode sobreviver a algo se sabe usar a imaginação. necessita-se um pouco de prática, mas ao final é tão fácil sonhar acordada que nem sequer saberá o que está passando sobre ti.

 

—De verdade?—

 

Franny lhe pisco os olhos um olho.

—Como poderia eu fazer o que devo se não fosse assim? Não acreditará que eu gosto, verdade?

 

—Não, mas sonhar acordada? Não soa como uma solução segura.

 

—É-o—. Fez um gesto para a porta. —Com o primeiro golpe na porta de uma noite, a parte pensante me deixa—. Ela encolheu magros seus ombros. —Nesse momento me vou sentar ao lado de um arroio espumoso em algum lugar muito longínquo e escuto o gorjeio dos pássaros… Ou evoco um grande campo de margaridas que dançam na brisa, e me deito sobre minhas costas e vejo a deriva das nuvens.

 

Um sorriso sonhador apareceu em sua boca.

—É celestial. E os homens que me visitam deixam de existir. O mesmo indivíduo poderia vir cinco vezes em uma noite, e nunca me daria conta sequer. Não vejo suas caras, não ouço seus nomes, e eu não sinto nada.

 

—Alguma vez sente nada?

 

Franny sorriso se desvaneceu de repente.

—Exceto um par vezes, que não é um mal médio. E isso não te vai passar.

 

—Que passo esse par de vezes?

Sua boca se emagreceu.

—Em minha linha de trabalho, de vez em quando, um homem pode vir de mau humor…

 

O coração do Indigo se encolheu.

—O que acontece Jake está de mau humor?—

 

Franny se pôs-se a rir.

—vai vir ao Lucky Nugget, a pedir minha cabeça! te relaxe, Índigo! Se seu cooperar com o Jake e faz o que ele te peça, por que ia maltratar te? Simplesmente te jogue em um campo de margaridas, e ele terminará antes de que te dê conta.

 

Índigo tragou saliva.

—me diga a verdade. Dói-te?

 

—A primeira vez. depois disso, não.

 

—Como de mau?

 

Franny suspirou.

—Depende. Se seu marido tomar cuidado, não vai ser mau absolutamente.

 

—E se não o faz?

 

As sombras encheram os olhos do Franny. Indigo soube então que o primeiro homem do Franny não tinha sido delicado com ela e que ele a tinha machucado muito. Esta realidade lhe fez esquecer-se de seus próprios problemas por um momento, e quando voltou para eles, não pareciam tão monumentais. Mas pela graça de Deus, ela poderia estar nos sapatos do Franny.

 

Franny se lambeu os lábios e não pareceu capaz de enfrentar o olhar de Índigo.

—Inclusive com um homem insensível, tampouco é tão mau, Índigo. Não é pior que uma espetada com um espinho no dedo.

 

Indigo soube que Franny a estava mentindo para lhe evitar maior medo. Com uma voz forte, disse,

—Quero-te, amiga.

 

Franny sorriu com prazer.

—Diz-o seriamente?

 

—Nunca tive uma irmã. Acredito que é o mais perto que nunca terei. Obrigado por falar comigo.

 

As bochechas do Franny se coloriram e disse: —Para que serve uma irmã se não ser para falar?

 

Desejando poder ficar mais tempo, Índigo lançou um olhar nervoso ao relógio da mesinha de noite.

 

—Acredito que melhor vou antes de que minha mãe me pendure no secador.

Franny assentiu com a cabeça.

—te anime, né? A próxima vez que te veja, tudo terá terminado, e nos riremos juntas.

 

—Espero que esteja bem.

 

Franny se levantou da cama.

—Pensa em todas as mulheres que aconteceram antes por isso. Todas sobrevivemos. Você, também o fará.

 

Quando Índigo foi para a janela, deteve-se e se voltou a dar a seu amiga um abraço rápido antes de sair e escalar pelo telhado fortemente inclinado até o terraço.

—Tome cuidado. Não te caia.

 

—Agora mesmo, daria-lhe a bem-vinda a uma fratura no pescoço.

 

Franny se Rio.

—Só recorda, as margaridas.

 

Índigo desceu do carvalho, e enviou uma breve oração de agradecimento por ter sido benta com uma boa amiga. Franny, a pomba manchada. Pela centésima vez, Índigo se perguntou o que tinha levado a uma garota tão doce a uma vida de prostituição. Franny nunca o havia dito, e Índigo respeitou seu direito à intimidade, mas isso não lhe impedia de ser curiosa.

 

Uma coisa era segura. Se Franny poderia sobreviver, noite detrás noite, pensando nas margaridas, o mesmo método seria bom para que ela, Índigo Lobos, logo Índigo Rand, sobrevivesse à primeira noite com o Jake.

 

No momento Jake voltou para Terra de Lobos, estava cansado e rouco, cansado pelo passeio de vinte milhas, e o segundo porque o pai Ou'Grady era surdo como uma taipa e gostava de conversar.

 

Quando Jake abriu a porta da casa dos Lobos e gritou para que todos soubessem que estava de volta, esqueceu-se de ajustar seu volume e sobressaltou a Índigo. Nenhuma explicação foi necessária. Quando o pai seguiu ao Jake em pleno auge e começou a dizer olá e o que é isso que dizem?, fez-se evidente por que Jake estava rugindo. Em questão de segundos, ali gritava todo mundo.

 

Uma vez que Jake perguntou a Loretta a respeito de sua visita ao xerife, e tinha averiguado que Brandon Marshall estava sendo interrogado, foi capaz de relaxar-se um pouco. No momento em que o fez, descobriu que não podia apartar os olhos de Índigo.

 

Levava uma saia de pele de ante negro e uma blusa a jogo com mocasines, todas adornadas com miçangas. Com seu cabelo escovado em uma nuvem avermelhada, de seda que ondulava mas lá de sua cintura, era a mulher mais formosa que jamais tinha posto os olhos nele. Também era a mais pálido. Sua pele se ficou tão branca que não podia estar seguro, se tinha usado perborato lhe branqueiem como se usava na pele de gamo.

 

Jake não podia deixar de pensar na noite seguinte. Tampouco pôde ignorar o medo que se lia em seus olhos gigantescos. Parecia quase tímida, isso não se correlacionava com a jovem mulher de espírito valente que tinha chegado a conhecer.

 

Desejava que não tivesse terminado sua conversação no celeiro de maneira tão abrupta. Não podia ser fácil para ela ser empurrada a contrair matrimônio com um estranho. O menos que ele deveria ter feito era tranqüilizar sua mente. Como se pudesse. Tinha suficiente com suas próprias dúvidas. Matrimônio a tudo correr, para aborrecer-se.

 

Depois de abraçar e de outorgar sua bênção a Loretta e Índigo, o pai Ou'Grady entrou no dormitório. Em seu cadencioso acento irlandês, seguia gritando,

—Caçador, bom homem, Até na cama como um ocioso?

 

Não muito seguro de como queria lhe fazer frente a Índigo no momento, Jake se dirigiu à porta do dormitório e apoiou um ombro contra o marco. Surpreendeu-lhe quão depravado o sacerdote parecia sentir-se no lar dos Lobos, como se fora um parente de visita.

—boa noite, pai—. Caçador fechou os olhos quando o sacerdote lhe deu sua bênção. —É bom lhe ver.

 

—!!!!!!O que diz?!!!!!

 

Caçador elevou a voz e o repetiu de novo.

 

—Especialmente em uma ocasião tão feliz, né?— O Pai se sentou na cadeira de balanço. —OH, mas os velhos ossos sempre doem!— Olhou para o Jake. —É um bom filho o que te conseguiste—. O Pai se balançou para frente e lhe deu uma piscada de cumplicidade a Caçador. Medindo uma polegada entre os dedos polegares e o índice, disse: —À exceção de um enguiço, que é metodista.

 

O sacerdote disse Metodista como ele poderia haver dito leproso, mas Jake tomou como o que estava destinado, e se Rio entre dentes. Ou'Grady se acomodou e seguiu balançando-se com um impulso de suas pernas rechonchas.

 

Jogando um olhar além do Jake para assegurar-se de que as mulheres não se aproximaram da porta, o sacerdote lhe sussurrou:

—ouviram a piada daquela monja que pediu às meninas de sua escola que lhe contassem que queriam ser de maiores?

Caçador sorriu e olhou ao Jake. Os sussurros do Pai era quase tão fortes como um tom de voz normal.

—Não, pai, eu não—, respondeu ele, ao igual a em voz alta normal.

 

—Quando o perguntou, uma menina pequeñita disse que queria ser uma prostituta. A monja abriu a boca e gritou:— O que diz? A menina pequena o repetiu mais forte. —. O sacerdote pôs-se a rir tão forte que Jake duvidava de que alguma vez diria o resto da brincadeira, seguiu. —Quando a monja finalmente a entendeu, suspirou de alívio e disse: 'OH, gabado seja Deus, pensei havia dito que queria ser protestante!

 

Jake se pôs-se a rir. Caçador, entretanto, não o fez. Ele olhou ao sacerdote com uma solenidade absoluta e lhe perguntou:

—O que é um protestante?— A expressão de contrariedade se desenhou no rosto de Ou'Grady e isso golpeou ao Jake como mais divertido que a mesma brincadeira, e riu com mais ganha.

 

—Caçador, meu amigo, às vezes põe a prova minha paciência. Um protestante é um não católico.

 

—por que não dizem que não é católico?— Caçador lhe perguntou.

 

O sacerdote fez um gesto com a mão.

—Já arruinaste todo o assunto—. Lançou um olhar ao Jake. —Até tenho a esperança de convertê-lo, por isso não fiz uma brincadeira sobre a sua!

 

Jake sorriu.

—Eu lhe disse que o estudo da fé e a conversão há lhe dar muitas voltas.

 

Pai assentiu com a cabeça.

—vou ter que rezar muito por vós. Um matrimônio misto, além de que a pequena tem crenças indígenas do povo de Caçador…Bom, um casal necessita um pouco de terreno comum.

 

Jake esteve de acordo. esfregou-se a barba de um dia do queixo.

—Se me desculparem, Pai, acredito que vou lavar me.

 

O sacerdote lhe indicou que seguisse seu caminho e se dedicou a perguntar a Caçador a respeito das minas.

 

Jake se lavou, barbeou-se e se trocou de roupa em um tempo recorde. De acordo com sua identidade assumida como mineiro, Jake tinha preparado só calças de mezclilla e camisas de trabalho em sua mala.

 

Quando baixava a escada do mezanino, aproximou-se de Índigo à mesa, decidido a lhe falar. Ela levantou os olhos cautelosos. Uma vez mais, Jake estava desconcertado. Era esta a mesma garota que se enfrentou a uma mina a ponto de derrubar-se para salvar a seu pai?

—Pode-lhe deixar o resto de quehaceres a sua mãe?—, perguntou-lhe. —Eu gostaria de falar contigo uns minutos antes da cerimônia.

 

Loretta escutou e deveu terminar o bolo. —Não demorem muito, Indigo. O Pai Ou'Grady vai querer te escutar em confissão.

 

Jake assegurou a Loretta que voltariam breve, continuando, guiou a Índigo pela porta principal. Uma vez no alpendre, levou-a ao corrimão e, antes de que ela adivinhasse sua intenção, levantou-a em velo por sua cintura, para sentá-la sobre ela. Preparando uma mão em cada lado dela, inclinou-se para diante até que seus rostos ficaram escassos centímetros de distância.

 

—Acredito que temos que falar.

 

Ela quis se separar dele e quase perdeu o equilíbrio. Jake deslizou um braço ao redor de sua cintura e a agarrou para que não caísse para detrás. Ela abriu a boca e pôs as mãos sobre seus ombros.

 

—Índigo—, começou. —A respeito de esta noite...

 

Isso foi tudo o que conseguiu dizer. O Pai Ou'Grady abriu a porta e disse:

—Agora, agora, haverá um montão de tempo para isso mais tarde, Jake, meu amigo. Já é hora das confissões e as núpcias.

 

—Só um minuto, Pai—, pediu Jake.

 

—Eu não tenho um minuto—. O sacerdote fez gestos com impaciência. —Menos mal que não se pode arruinar uma reputação duas vezes. lhes olhe vós agora, estaís assim, no alpendre, para que todos lhes vejam. Os homens jovens eram mais inteligentes em meus tempos.

 

Jake se tragou sua irritação.

—Eu gostaria de ter umas palavras com ela. Logo somos todos deles.

 

—Terão muito tempo depois para conversar, moço—. O sacerdote lhes deu uma piscada exagerada.

 

Derrotado, Jake se fez a um lado. Índigo desceu de um salto e correu para a casa.

 

A partir desse momento, Índigo se sentia como se todo o acontecesse a uma velocidade vertiginosa. O pai Ou'Grady escutou sua confissão. Depois, ficou de pé com ela e Jake aos pés da cama de seu pai e realizou a cerimônia. antes de que ela soubesse muito bem como aconteceu, o sacerdote os declarou marido e mulher.

 

—Agora está tudo feito—, disse o pai Ou'Grady com um amplo sorriso. —Já pode beijar à noiva e podeis ir ao alpendre a conversar diante de todos os olhos deste povo se gostarem.

 

Índigo olhou a seu marido. Quando ele baixou sua cabeça moréia, ela conteve o fôlego, recordando os beijos do Brandon esse fatídico dia quando lhe mordeu.

 

Jake lhe surpreendeu tomando sua cara muito brandamente entre suas mãos e logo que roçar sua boca com a sua.

 

Quando se endireitou, piscou. Sem dúvida, isso não era tudo o que havia…

 

Como se adivinhasse seus pensamentos, sorriu, e tomou uma mão entre as suas.

—Estas como o gelo.

 

Ela estava fria e úmida também. Tratou de atirar de sua mão e deixá-la livre, mas ele se manteve firme e a levou a mesita de noite para assinar os documentos em presença de seus pais. A pluma de tinta gotejou uma mancha enquanto pressionava a ponta no papel. Ela começou a tremer com a magnitude do que estava fazendo. Por um momento, não pôde recordar como se escrevia seu nome.

 

Jake lhe tinha uma mão posta sobre as costas. Por alguma razão, seu contato a reforçou. Desenhou sua assinatura ao longo da linha, e então lhe entregou a pluma. Seus olhos se encontraram, seu calidez era extrañamente reconfortante, e entretanto estava assustada. Ele se inclinou para assinar com seu nome.

 

O Pai Ou'Grady se esfregou as mãos.

—É oficial. Já estais casados, aos olhos de Deus e do Estado. Agora podemos participar da deliciosa comida que as damas prepararam—. Quando se voltou para a Loretta e viu as lágrimas em seus olhos, exclamou: —Seja feliz mulher. Não perdestes a uma filha, ganharam um filho. Um bom filho, além do pequeno defeito que é metodista. Mas não me poderá acusar de não tentar lhe atrair a nosso redil.

 

Jake deixou a pluma e pôs uma mão sobre o ombro de Índigo, seus largos dedos lhe acariciavam com gosto e aplicavam uma suave pressão. Já parecia. Lhe pertencia.

 

Uma sensação ardente se levantou na parte posterior de sua garganta. converteu-se no que ela mais aborrecia, a squaw de um homem branco. Se ele quisesse, poderia governar até sua respiração.

 

Como se tivesse percebido seu terror, Jake, obstinado a seus ombros, agachou a cabeça para a sua.

—vais estar bem—, disse com voz rouca. —Não se preocupe por mim. Simplesmente desfruta da noite.

 

Que desfrutasse da noite? Séria mas fácil dizê-lo que fazê-lo. Com a grande estrutura muscular do Jake a seu lado, só tinha uma coisa em mente, o final da noite. Sua noite de bodas.

                                           Capítulo 10

O ar era úmido e frio, quando saíram de noite. Com seus alforjas penduradas sobre o ombro direito, Jake tomou o braço de Índigo, colocando-se entre ela e a rua enquanto caminhavam para o extremo norte da cidade, a casa de sua tia Amy. O calor da mão penetrou no couro tenro da manga, o agarre por seus dedos era suave, mas fazendo alusão à força latente.

 

Quando ela o olhou, sentiu-se sem fôlego. Para sua mente assustada, parecia aparecer mais alto que era antes, um sólido muro de poder que poderia desatar sua força em qualquer momento mesmo sobre ela. O passo decidido e nítido de suas botas no passeio parecia indicativo de seu estado de ânimo, como se ele mesmo se atribuiu uma tarefa e a intenção de conseguir obtê-la com muito pouco atraso.

 

Índigo levantou a vista para o Lucky Nugget. Poderia ser conveniente praticar a arte do ilusionismo do Franny antes que a hora da verdade chegasse a ela. Usando toda sua força de vontade, tratou de bloquear a presença do Jake Rand e concentrar-se. As margaridas se negaram vir a sua mente. Em troca, inundou-se nas lembranças do Wolf quando ficaram sozinhos nas montanhas.

 

Wolf… Tinha estado tão absorta em suas próprias preocupações de esta noite que tinha pensado pouco nele. Sua garganta se fez um nó, e perdeu o trem de seus pensamentos. Se não fora pelo Jake caminhando a grandes pernadas a seu lado, teria chorado por tudo o que tinha perdido, em especial sua liberdade. Seus dias de vagar pelas montanhas poderiam ter terminado. Seria o que quisesse seu marido.

 

Jake suspirou e acomodou as alforjas ao ombro. Por um instante, seus pensamentos se foram até o Emily. Devia lhe escrever à primeira oportunidade. O problema estaria na busca de um momento privado para fazê-lo. Não podia arriscar-se que Índigo visse a carta e descobrisse quem era. Não gostava da idéia de manter secretos com ela.

 

No momento, entretanto, tinha preocupações mais imediatas. O olhar longínquo em seus olhos lhe preocupava. debaixo de sua mão, sentiu-a frágil e tensa. À medida que se aproximavam da casa que, temporalmente chamariam lar, tratou de pensar em algo que poderia dizer para aliviar a tensão. Nada lhe ocorreu. De verdade que nunca foi bom com as palavras.

 

Se só se conhecessem um pouco melhor, poderia ter tido uma melhor compreensão do que estava pensando. O que é o que uma moça sente ante sua noite de bodas? Gostaria de falar um momento? Deveria tomar sua mão, lhe dar um beijo? Ou isso pioraria as coisas? A julgar por sua expressão, parecia esperar sua noite de bodas com o mesmo entusiasmo que esperaria que lhe extraíssem um dente.

 

Por um instante, considerou lhe dar um pouco mais de tempo para que se acostumasse a ele, antes de começar a exercer seus direitos conjugais. Com a mesma rapidez, empurrou o pensamento longe. No máximo, estaria disposto a esperar não mais de uns poucos dias, e com sua atitude não era provável que se submetesse a uma mudança significativa em tão pouco tempo. Posto que ele não tinha nenhuma intenção de viver como um monge, havia pouco ou nenhum ponto para pospor o inevitável.

 

Ele já tinha mordido uma parte bastante grande de problemas por casar-se com ela. Não necessitava a frustração sexual acrescentada à lista. Como o pai Ou'Grady tão sabiamente disse, um casal necessitava um terreno comum. Que melhor lugar que a cama matrimonial para encontrar um pouco?

 

Ao olhar para baixo a Índigo, recordou a primeira noite, quando ele a tinha tido em seus braços, protegendo-a do enorme lobo, o incrivelmente bem que se sentou com ela, como se seu corpo tivesse sido formado especialmente para ele. Sentiu uma explosão de calor em seu interior. Seu único problema estaria em conseguir que se relaxasse o suficiente para excitá-la sexualmente. Pensou que o desejo de lhe tê-la queimava em um nó em suas vísceras.

 

Quando chegaram ao alpendre da casa, imaginou que podia escutar seu coração pulsar com força. O que, em nome de Deus, pensava ela que ia fazer lhe? antes de abrir a porta, voltou-se a olhá-la. O intenso aroma de pinheiro enchia o ar úmido da noite.

 

—Trata de te relaxar, Índigo. Tudo vai estar bem.

 

Seu pequeno rosto brilhava como um ovalóide branco sob a luz da lua. Ela levantou os olhos muito abertos e assustados para ele. Jake fez uma pausa para contemplá-la um momento, não de tudo capaz de livrar-se da sensação de que algo nela se foi muito longe de logo. Não era a mesma jovem que tinha mandado como capataz de uma equipe de homens adultos? A mesma garota que tinha tomado a carga de seu pai e tinha feito um trabalho incrível levando a cabo seus muitos deveres?

 

Empurrou a porta e se apartou para que entrasse. aproximou-se da soleira e ficou imóvel, olhando por diante na escuridão. Atirou dela para dentro e fechou a porta detrás de ambos. Plenamente consciente de seu corpo rígido tratando de manter-se a distância dele, Jake esperou a que seus olhos se acostumassem, e a seguir, dirigiu-se para uma mesa redonda onde se elevava um abajur. Deixou seus alforjas no chão e procurou provas a caixa de fósforos. Em uns momentos, o abajur arrojou sua luz, lançando suas sombras sobre as paredes.

 

Esfregando-as mãos, olhou a seu redor para familiarizar-se com seu entorno e lhe disse:

—Faz frio aqui dentro.

 

—Pus troncos na chaminé—, respondeu ela com voz tremente.

 

Jake se voltou para a mesma.

—Assim que o deixou preparado—. Levou os fósforos com ele e se agachou para acender a lenha com uns periódicos velhos. As chamas saltaram e se levantou para a chaminé. Ele agarrou o atiçador e reposicionó os troncos.

 

—Bom, isso parece—. Sabia que estava declarando o óbvio. A conversação nunca tinha sido seu ponto forte. voltou-se para ela. —vai esquentar em um minuto.

 

Agarrou o abajur, deixou-a um momento em sombras iluminadas pela chaminé, enquanto percorria brevemente a pequena casa. Estava muito longe de sua casa no Portland. Quando retornou à sala de estar, pôs o abajur de novo sobre a mesa e se inclinou para o fogo.

Índigo não sabia se era a luz do fogo, as sombras da lanterna, ou uma combinação de ambos, mas parecia muito sinistro por momentos. A piscada âmbar jogava em seu rosto e deu a suas características fortemente esculpidas um aspecto sinistro. Seu cabelo que tinha revolto o vento brilhava como ébano gentil.

 

Quando a chamou a olhava fixamente, com um sorriso lento em seus lábios.

—Vêem aqui, Índigo.

 

endireitou-se os ombros e levantou o queixo.

 

Seu sorriso se aprofundou.

—Vamos. Faz mais calor aqui.

 

Seus pés se sentiam como se pesassem cem libras. Ela se aproximou dele, tinha medo a lhe contrariar. À medida que se aproximava junto à chaminé, ele apoiou um ombro contra o marco de pedra e a olhou pensativamente. estava-se sentindo como se resolvesse um difícil problema de aritmética, e estava decidido a resolvê-lo. O ar de repente pareceu muito pouco, e lhe resultava difícil respirar.

 

—te aproxime. Ainda não pode entrar em calor ali.

Deu dois passos mais. Não havia dúvida do que o brilho em seus olhos significava. Desejasse-o ela ou não, ele estava decidido a contar com ela. Do primeiro instante que o viu, tinha-o visto como um homem cheio de propósitos, que obtinha o que se propunha fazer. Agora levar-lhe à cama era seu objetivo. Não fazia falta dizer qual seria o resultado disso. Não podia deixar de recordar a facilidade com que se ocupou do Brandon.

 

Brandon.

 

Um filme de suor frio cobriu seu corpo. As imagens se equilibraram sobre ela do passado, daquela tarde que nunca esqueceria quando Brandon e seus amigos a tinha assaltado. devido a que tinha um quarto de sangre a Índia e era moréia de cabelo claro com olhos azuis, eles a tinham considerado como um prêmio.

 

Olhando o rosto moreno do Jake Rand, não podia deixar de perguntar se não poderia ter um lado escuro de sua mesma natureza. Poderia ocultar sob capas de verniz uns desejos malvados que alguma vez se atreveu a revelar? Embora era difícil de acreditar, alguns homens podiam ocultar as mais negras intenções as dissimulando com palavras suaves e condutas encantadoras.

 

—Consegue entrar em calor? — , perguntou. —te aproxime um pouco mas se o desejar. Não estou acostumado a morder.—

 

Dignidade. Seu pai tinha feito que soasse tão fácil, mas não era assim.

—Eu, não tenho frio.

 

Sua voz mesclava diversão com algo mais.

— Então, por que treme?

 

—Eu?— Juntou as mãos detrás das costas e cravou as unhas na carne. A dor lhe deu algo no que concentrar-se. —Talvez solo um pouco de frio.

 

Seus olhos, quentes e cintilantes à luz do fogo, entraram profundamente nela. Índigo tratou de ver nele, mas era como se tivesse fechado as cortinas para que não pudesse olhar muito profundamente. por que ia fazer isso se não tivesse nada que ocultar? Sua inquietação aumentou.

 

depois de um comprido e tortuoso momento, ele levou uma mão a seu cabelo. Seu toque se sentia leve, e increiblemente gentil. Afundou seus largos dedos nos fios e agarrou a parte posterior de seu pescoço para atrai-la para ele.

 

—Índigo, Tem medo?

 

—De q-o que?

 

Jake quase riu disso. Ela se assustou, ostensiblemente. Também era evidente que seu orgulho não lhe permitia reconhecê-lo. A pesar que seus temores eram lhes embainhem, pôde ver que essa atitude era muito dela, e ele tinha que admirar sua valentia. Não havia lágrimas virginais para obter um indulto. Nada de súplicas. ficou de pé diante dele, claramente decidida a aceitar seu destino. Algo assim como uma Juana de Arco, pensou, o que lhe fez sentir-se um pouco exasperado. Não era seu verdugo, depois de tudo.

Sua fanfarronada teve o efeito perverso de fazer insistência em sua falta de estatura. Nunca tinha conhecido a ninguém tão decidido a elevar o queixo quando ela tinha tão pouca altura. por que estando ali, levantava a cabeça com orgulhoso desafio, negando-se a deixar que seu olhar vacilasse nem um instante?

 

A compaixão que sentia por ela de maneira nenhuma esfriou seu desejo. Do primeiro instante que pôs os olhos nela, tinha-a querido. Agora era dela. Era uma sensação embriagadora. Tudo o que tinha que fazer era levantá-la em seus braços e levar a à cama. Com pouco entusiasmo por parte dela, claramente, embora o bom era que não acreditava que fosse lutar. Com um pouco de delicadeza e paciência, poderia convencer a de que se relaxasse, e uma vez o fizesse…

 

Seu pulso se acelerou enquanto se imaginava a si mesmo despojando sua roupa como a pele de uma peça de fruta deliciosa. Índigo, uma curiosa combinação de inocência e coragem, sensualidade, inquietação, e intrepidez.

 

Como não desejava prolongar sua agonia, apertou seu afeto na parte posterior de seu pescoço e se inclinou para ela. Seu aroma, uma mescla de rosa mosqueta e a pele recém lavada, embriagou-lhe. Inclinou a cabeça e suaves os lábios contra seu cabelo. Que perfeição, toda ela. Como tinha estado tão resistente quando se ofereceu a casar-se com ela?

 

Ouviu-a respirar apertadamente pela garganta. Um calafrio lhe percorreu o corpo, e apertou os punhos em sua camisa, para manter-se reta. Acariciando-a a sua maneira, Jake encontrou o pendente aveludado de sua garganta com a boca. Fechou os olhos e sentiu o sabor de sua pele. Sua imaginação não lhe tinha feito justiça, era muito mais doce do que sonhasse. Uma descarga elétrica de candente necessidade se disparo através dele. Centrado nisso, deslizou o outro braço ao redor dela.

 

arqueou-se contra ele como uma corda de arco imaginário, pelo tensa que estava temia que pudesse romper-se se apertava seu abraço. Não podia ouvir sua respiração. Mas podia ouvir seu coração, um selvagem zumbido que falou com eloqüência de seu terror. Jake ficou gelado. Isto era muito mais que um caso de donzela com nervosismo, sem dúvida. Não é que ele fora um perito no manejo de vírgenes. Talvez todas as mulheres reagiam desta maneira quando se enfrentaram a sua primeira experiência com um homem.

 

Estendeu as mãos em suas costas, assaltado por uma onda de sentimento de culpa quando sentiu o bato as asas desesperado de seu palpitante pulso nos dedos.

 

—Índigo …—. Sem saber o que queria ou que poderia dizer, o que poderia dizer, simplesmente o tênia que fazer.

 

—O que?

 

O som de sua voz tremente lhe doeu por ela. Esse maldito orgulho Comanche. Se era o medo, por que não se limitava a dizer-lhe Certamente, não pensaria mal dela por isso. Não seria uma seqüela de sua experiência com o Brandon Marshall e seus amigos? O que lhe tinham feito esses bastardos?

 

De repente, moveu-se. Perdeu o equilíbrio, inclinou-se longamente contra dele, sem soltar sua camisa. Jake tomou a cara entre as mãos

.

—Índigo ...—. como plumas os polegares ao longo das bochechas, disse: —Carinho, eu não vou fazer te danifico.

 

Embora seus lábios pronunciassem essas palavras, ela sentiu que não eram verdade, lhe faria mal a primeira vez.

—Não mais do necessário, em todo caso.

 

Fez uma careta pela forma em que soava. por que, quando mais queria dizer exatamente o correto, danificava-o sempre? Ela não respondeu, mas as palavras não eram necessárias. O terror que viu em seus olhos azuis, lhe deu vontade de chutar o traseiro a si mesmo.

 

Tomando um pouco de ar, disse:

—Você gostaria de falar um pouco?

 

Ela piscou.

—Falar?

 

Jake quase sorriu ante a incredulidade de que cruzou seu rosto.

—Sim, falar. Não tivemos muito tempo para isso.

 

—Está bem. Sobre o que?

 

—Ummm ...—. Ele a apartou um pouco, e logo a abraçou brandamente até que se sentiu seguro de que tinha o equilíbrio. —O tempo?

 

Ela o recompensou com uma risita estridente que soava mais histérica que divertida.

 

A mente do Jake correu. Tinha que haver um centenar de temas que poderíamos discutir. Esse era o problema, não? Apenas se conheciam entre si. Não lhe ocorria nada. Com o dormitório que se morava só a uns metros de distância, duvidava que ela fosse capaz de concentrar-se em uma conversação de todos os modos.

 

—Não acredito que sua tia Amy deixasse nenhum jogo aqui, verdade?

 

—J-Jogos?

 

—Um baralho de cartas, alguns jogo de dados—. Ele recolocó um madeiro no fogo com a ponta reforçada da bota, e logo olhou para cima. —Realmente não estou preparado para me deitar ainda. E você?

 

Seu mal dissimulado alívio quase lhe fez sorrir de novo. Isso seria um engano fatal. poderia-se pensar que se estava rendo dela, e era quão último ele queria.

 

—N-Não, não estou cansada no mais mínimo—. Quase podia ver como ia recuperando sua compostura. —Um jogo?— Seus olhos se iluminaram. —As damas?

 

Jake não tinha tido tempo em anos, e nunca tinha desfrutado de poder jogar.

—as traga.

 

Esteve a ponto de tropeçar com seus próprios pés em seu afã das encontrar. Jake agarrou duas cadeiras de respaldo reto da cozinha e as colocou na mesa redonda. Quando voltou para a sala com o tabuleiro, moveu o abajur a um lado para deixar espaço. A cavalo entre sua cadeira, viu como montava o jogo.

 

—Qual escolhe, vermelho ou negro?—perguntou ela.

 

—Vermelho—. Por paixão não correspondida.

 

sentou-se no bordo da cadeira e cuidadosamente pôs as peças. As mãos lhe tremiam. Quando Jake a olhou, um sentimento de ternura brotou em seu interior.

 

—Move você primeiro—, ofereceu-lhe ela.

 

Ele se transladou com um disco vermelho, determinado, por seu bem, a concentrar-se no jogo. Trinta minutos mais tarde, estava profundamente derrotado. Quando ela ganhou sua última peça, levantou seus grandes olhos azuis aos seus e disse com esperança óbvia,

—Aos dois melhores de cada três?—

 

Com um sorriso reprimido, disse:

—Suponho que não te importaria para adoçar a panela, fazer uma aposta comigo.

 

—Eu não tenho dinheiro.

 

—Há muitas mas coisas para apostar—. Ele estava pensando em términos de que o perdedor perdesse um beijo, mas quando notou sua expressão cautelosa, disse, —O ganhador se leva que lhe sirvam o café na cama todas as manhãs durante uma semana.

—Eu não bebo café.

 

—Chocolate quente para ti, o café para mim.

—Está bem por mim.

 

Jake se resignou a uma larga noite. Ela estava tão nervosa como um camundongo em uma habitação cheia de gatos, o que não para estimulante uma conversação. Para agudizar seu próprio interesse no jogo, devesse ter posto como regra que o perdedor se despojasse de um objeto a eleição do ganhador. depois de vários minutos de exame mental, determinou que tivesse selecionado a blusa. Recordando seu primeiro encontro e como ela tinha vestido com a pele de gamo empapada, tinha pouca dificuldade em imaginá-la nua de cintura para acima…

 

Sua habilidade às damas teve um repunte espetacular, e se impôs nas duas seguintes partidas.

 

Quando se executou o último golpe mortal e olhou ao outro lado do tabuleiro a seu oponente, viu por que tinha ganho com tanta facilidade. Ela estava esgotada pelo cansaço, os olhos azuis avermelhados, a seda de suas pestanas batendo as asas em uma luta se desesperada para manter-se acordada.

 

—Acredito que será melhor que acabemos —, disse.

Ela abriu muito os olhos, e se sacudiu a si mesmo. Não podia ter provocado uma resposta mais rápida se a tivesse cravado com um alfinete.

—Outra partida de revanche, por favor? Mereço-me a oportunidade de igualar o marcador.

 

Contra seu melhor julgamento, Jake esteve de acordo.

 

Na parte posterior de sua mente flutuava uma motivação puramente egoísta. Talvez, se ele seguia com o jogo, estaria tão esgotada, pelo tempo que demorassem, que ao levar a à cama, não teria a energia para lhe ter medo.

Não houve sorte. Ao final da quarta partida, que ganhou, só tinha que olhar o pulso rápido no oco de sua garganta para saber que todos seus sentidos se recuperaram muito bem. De todos os modos, isto não poderia durar toda a noite.

 

levantou-se da cadeira.

—Quer uns minutos antes de que eu te siga à cama?— perguntou, assinalando para o dormitório.

 

—Uns minutos para que?

 

Ele a olhou fixamente. O desconcerto de seus olhos era real, estava seguro. Com uma voz forte com a risada contida, disse,

—Para te preparar para te deitar.

 

Ela lançou um olhar horrorizado para o corredor escuro.

—OH—. Arrastou seu olhar de novo à sua.

 

—Eu… Sim, isso estaria bem.

 

—Você gostaria de ter o abajur?—

 

—Não, não a necessito.

 

Enquanto caminhava para o dormitório, Jake apoiou o quadril contra a mesa e cruzou os braços sobre seu peito. Inclinando a cabeça, escutou. O som de uma gaveta que se abre com chiado áspero através da quietude. Suspirou e se dedicou a contar as pranchas no chão que foram da parede da sala de estar ao tapete trancado de juta.

 

Quando sentiu que lhe tinha dado um montão de tempo, apagou o abajur e, guiado pela diminuição de seu brilho, abriu-se passo até o dormitório. O aroma da baunilha flutuava no nariz enquanto entrava pela porta. Indigo ficou diante da janela aberta, sua armadura, só uma camisola de flanela larguísimo. Ela se abraçou, para proteger do frio. via-se tão jovem e indefesa. Ele se moveu lentamente para ela.

 

Quando pôs suas mãos sobre os ombros rígidos de Índigo, abandonou toda esperança de lhe fazer o amor. Ele não era um bastardo de coração frio, não, não o era. Ele a atraiu para seu peito e se inclinou para diante para ver seu rosto. Sua expressão triste sugeriu que ela estava procurando algo ou alguém na escuridão exterior. Ele seguiu seu olhar e estudou as sombras cambiantes. Uma tormenta soprava em florações, negros nubarrones foram sulcando no céu. O vento açoitou a casa e assobiou brandamente por debaixo dos beirais.

 

Resignado, Jake a guiou brandamente à cama. Ela estava tremendo, pelo frio ou os nervos, ele não sabia. Olhou para a janela aberta, pensou em fechá-la, e logo recordou seu costume de ter a janela de sua habitação aberta para o Wolf. A pesar do frio, não tinha o coração para fechá-la.

 

Abrindo de novo a roupa de cama, deu-lhe um empurrãozinho. Com uma notável falta de entusiasmo, deslizou-se entre os lençóis. vislumbrava-se um brilho de musselina e se deu conta de que levava seus pololos sob sua camisola de dormir. Sua camisa interior, também, sem dúvida. Sua noiva… a tentadora.

 

desabotoou-se a camisa, consciente com cada movimento de seus dedos que ela o olhava, seus olhos eram esferas luminosas de prata e azul nas sombras iluminadas pela lua. Deixou cair as mãos à cintura. Ela ficou cara à parede. Sentado no bordo da cama, desatou-se as botas e as atirou ao tirar-lhe As calças saíram depois. Vacilou e logo decidiu deixar-se sua cueca de ponto. Não tinha muito sentido a nudez total, quando não podia pô-la em bom uso.

 

tendeu-se a seu lado, jogou a roupa de cama sobre si mesmo, e estudou suas estreitas costas. Ainda estava tremendo. Ele se aproximou ainda mais e instalou uma mão na curva de seu quadril. A seu contato, ela se sacudiu.

 

—Tem frio—, disse.

 

—N-não, n-em realidade não.

 

Havia uma protuberância no lado do Jake do colchão. moveu-se para ela para sair da moléstia.

—dormi em melhores camas.

 

Ele deslizou a palma da mão a seu ventre. ficou absolutamente imóvel. Dobrou os joelhos e a atraiu para si, por isso sua parte inferior descansava no berço de suas coxas. Seu calor a envolveu inteira, entretanto, ela se estremeceu ainda mais.

 

—Não há nada que temer, Índigo.

 

—Eu… não tenho medo.

 

Tinha o cabelo desdobrado em cima de seu travesseiro. Jake deixou de cair a bochecha contra seu sedosidad. Deus, sentiu-se tão bem. Fechou os olhos e desejou que seu corpo não reagisse. Seu traseiro suave apertado contra ele era uma autêntica tortura. Com grande determinação, manteve a mão onde estava, apesar de que lhe doía o músculo de seu peito. Que infernal maneira de começar um matrimônio!

 

Por alguma razão, os pensamentos sobre sua irmã Mary Beth encheram sua mente. Em certo modo, Índigo se parecia muito a ela. Jake tratou de imaginar a sua obstinada irmã nesta situação, casando-se contra sua vontade com um homem que logo que conhecia. Se isso ocorresse, seria a esperança do Jake que o homem tivesse compreensão e se tomasse o tempo para cuidar dela. Sendo esse o caso, como poderia Jake fazer menos pela pequena Índigo?

 

Índigo sentiu o braço do Jake relaxar-se e fazer-se mais pesado. Conteve o fôlego e escutou como o ritmo de sua respiração trocava. Estava dormido? Ela não podia ter tanta sorte.

 

Sua mão se posou em seu ventre, com ponta dos dedos tocando a parte inferior de seu peito. Inclusive através de uma dobro capa de tecido e de flanela, o calor dele a queimou. Ela estava ali, nas garras do pânico, com medo a que se movesse.

 

A memória a turvou, e fechou os olhos, tratando de perder o conhecimento. Brandon, seus amigos, a sensação vertiginosa de horror que havia sentido quando cinco deles tinham convergido nela. Ela não queria ser tocada assim de novo.

 

Jake se moveu, e lhe deu um salto o coração. Ele murmurou algo contra seu cabelo. sentiu-se como se se fora a afogar, ela estava ali e esperou a que ele fizesse algo, algo que não sábia que, não estava segura. Recordando o conselho do Franny, tratou febrilmente de conjurar imagens do Wolf e as margaridas. As imagens revoavam, dentro e fora dos borde de sua mente.

 

Os minutos se arrastaram lentos. Então ele começou a roncar. Sua respiração agitava forte seu cabelo e empanavam a parte posterior de seu couro cabeludo com o calor. Estava dormido, real e verdadeiramente dormido. Ela não podia acreditar. por que? A questão lhe dava voltas como um círculo sem fim na cabeça. Ele tinha toda a intenção de usar seu direito como marido, ela o tinha lido em seus olhos.

 

ficou olhando à parede, muito segura de que nunca seria capaz de descansar. Quando não se moveu nem a tocou de outra maneira, começou a relaxar-se um pouco. As pálpebras imediatamente se voltaram pesados. deixou-se levar por um tempo, vagamente consciente, de que ainda não confiava nele o suficiente para deixar totalmente o guarda baixo.

 

Na negrume da noite, Jake despertou com uma dor persistente no flanco. Pouco a pouco seu consciencia voltou para a superfície. Por um momento, não tinha idéia de onde estava. Logo identificou a cálida suavidade contra suas costas, o corpo de uma mulher. Assustado, abriu os olhos. Um braço magro se atia sobre sua cintura. Cravou o olhar na escuridão. Logo sorriu.

 

Indigo. Em seu sonho, ele havia se tornado de costas a ela. E dormida, tinha perdido suas inibições. Podia sentir sua bochecha esmagada contra seu ombro, seu cabelo de seda sobre sua pele.

 

O mal-estar que tinha interrompido seu descanso persistiu. Recordou o vulto que tinha sentido no colchão e se deu conta que estava deitado sobre ele. Tentou mover-se, mas Índigo murmurou em seu sonho e apertou o braço ao redor dele. Ele sorriu de novo e se imaginou a expressão que lhe cruzaria a cara se despertasse e se deu conta do amável em que se converteu.

 

Por muito que odiasse perder seu abraço, ele não ia dormir muito tendido com o desconforto do colchão. Era curioso como seguia abraçando-se a ele, moveu-se um pouco e devagar para diante e só conseguiu a transferência do desconforto a outro lugar de seu corpo. Que me crucifiquem se não havia algo estranho ali aparecendo.

 

Deslizando-se silenciosamente da cama, Jake deslizou uma mão sob o colchão para ver se uma seção dos cabos do somier da cama se quebrado. Seus dedos se encontrou sobre as cordas uma espécie de tabuleta. Sua mão se agarrou em torno de algo grande, frio e com superfície rugosa. Que demônios era?Uma rocha?

 

Insatisfeito, ele o pôs na mesita de noite, tirou também a madeira que parecia servir de bandeja à pedra para fora, e voltou a meter-se na cama. Como se tivesse perdido seu calidez, Índigo se acurrucó contra ele. Jake nunca era de negar-se a uma dama, deu-lhe a bem-vinda com os braços abertos. Ela acomodou a cabeça no oco de seu ombro e uma perna se dobrou em ângulo sobre suas coxas. Incapaz de resistir, Jake deslizou uma mão pelo quadril e a coxa feminina, atirou a camisola um pouco para cima, e pôs uma mão sobre o joelho da garota. Malditos pololos. Sorriu e voltou a dormir.

                                             Capítulo 11

À manhã seguinte Jake despertou com o aroma do café. Começou a abrir o olhos para ver índigo inclinada por cima dele sustentando uma taça. Com um sorriso incerto, disse-lhe,

—Nossa aposta, recorda?

 

Jake lhe dedicou um sorriso médio dormitado e ficou sobre um cotovelo para poder beber da taça. Olhando por cima do bordo, deu-lhe um sorvo lento, consciente inclusive através da bruma da sonolência, que ela se movia com rapidez longe dele, como se temesse que pudesse agarrá-la. lhe ia gostar de despertar olhando a seu doce rosto cada manhã. Inclusive com seus vestidos de peles velhas sujas, era formosa. Preferia-a com o cabelo solto, com toda sua delicadeza feminina, embora hoje estava igual de formosa com uma grosa tranca enrolada em seu cocuruto.

 

—Devo ter estado morto—, disse com voz rouca. Jogando uma olhada à rocha que tinha tirado de debaixo dele, acrescentou, —Não é fácil dormir com um canto rodado metido entre as costelas. Pergunto-me por que sua tia e seu tio, tinham uma debaixo do colchão.

 

Uma expressão de surpresa se estendeu por todo o rosto de Índigo quando olhou para a mesita de noite. Tomando cuidado de não inclinar a taça, Jake agarrou o travesseiro, e a acomodou sobre o respaldo, deixando cair tranqüilamente.

—Já estas acima e trabalhando!.

 

—Temos que ir até a mina—. Disse e se sentou remilgadamente no pé da cama, bem fora de seu alcance, e viu que ele se tomou outro sorvo de café. —Tenho-o feito como você gosta?

 

Jake tragou.

—É perfeito—. A olhou por um momento, seus sentidos registraram os milhares de aromas na habitação, o café, a baunilha e rosa mosqueta, uma mescla que evocava imagens de casa e lar. —Índigo, a respeito de que vá à mina…

 

—Sim?

 

Jake não podia deixar de notar o temor que lhe encheu os olhos. Alisou a colcha com mão e logo olhou pela janela um momento. Ontem, ela tinha sido a filha de Caçador de Lobos, e seu trabalho na mina tinha sido uma circunstância totalmente diferente do que era agora. Ontem à noite, ela se tinha convertido em sua esposa.

 

Índigo não era como as outras mulheres, entretanto. Jake sabia o muito que adorava ir à mina. Também sabia que era um privilégio que tinha chegado a esperar. Nos últimos dias, todo seu mundo se tornou patas acima. além de perder ao Wolf, tinha sido forçada pelas circunstâncias a casar-se com um homem maior que logo que conhecia. Como podia fazê-la sofrer outra mudança radical?

 

Empurrando atrás seus próprios sentimentos, Jake colocou seu olhar nela e esboçou um sorriso forçado.

—Nada.

 

Seu alívio foi evidente em sua expressão. Jake desejou poder resolver todos os problemas entre eles tão facilmente. Tudo o que ela uma vez tinha tido deveria abandoná-lo pelos convencionalismos sociais.

 

Aliviando seus pés, ela se apressou para a porta, como se queria escapar antes de que ele dissesse outra coisa.

—O café da manhã já está esquentando na estufa. vou servir o e preparar nosso almoço, enquanto te veste.

 

Minutos mais tarde, quando Jake se dirigiu à cozinha, Índigo correu à mesa, agarrou a cafeteira, e lhe voltou a encher a taça que tinha na mão. Ao não estar acostumado a um serviço tão solícito, arqueou uma sobrancelha no desconcerto e a observou enquanto se afastava. Não é que se queixasse. Foi um delicioso café, e tinha querido outra taça, mas havia algo quase desesperado por seu afã de lhe agradar.

 

dirigiu-se para a mesa e com o som das botas que tocavam o chão, ela lançou um olhar apreensivo por cima do ombro. Tendo muito cuidado de não fazer movimentos bruscos, Jake deixou a taça fumegante ao lado de seu prato. Inclinada o quadril contra a mesa, cruzou os braços e a olhou, uma vez mais assediado pela estranha sensação de que a garota estava nervosa ante ele porque era um impostor.

 

Ela estava, obviamente, imaginando todo tipo de horrores, que ele não tinha intenção de infligi-la. Tirou seu relógio e comprovou a hora. Quase as seis e meia. Tinham um pouco de tempo. Pouco a pouco se endireitou e se aproximou dela, decidido a lhe dar uma idéia real do que tinha a intenção de lhe fazer.

 

Índigo sentiu sua cercania antes de que pusesse suas mãos sobre seus ombros. Com os dedos ainda agarrando pela asa a cafeteira, voltou-se para lhe olhar e logo desejou não havê-lo feito. O dril de algodão azul da camisa enchia toda sua vista. Quando levantou o olhar, descobriu que tinha inclinado sua moréia cabeça e sua cara se abatia a uns centímetros por cima da sua.

 

—Havemos dito bom dia?— perguntou com voz rouca.

 

Ela não podia interpretar mal o brilho sonolento e decidido em seus olhos escuros. Deixou-a sem fôlego, cheia de escuro pânico. O silêncio que havia na casa lhe recordava que estava a sós com ele, terrível e completamente sozinha. E inclusive se não tivesse sido assim, não haveria ninguém que a ajudasse, ninguém que sequer o tentasse. Era sua mulher, tudo o que ele decidisse lhe fazer estava em seu direito, ante a lei e ante os olhos de Deus.

 

—Eu, sim, acredito que sim— Seu rosto se desenhou imperceptivelmente mais perto, e sabia que tinha a intenção de beijá-la. Possivelmente mais. —bom dia?— provou sorte.

 

Com um sorriso de cumplicidade, tirou-a do queixo.

—Essa não é a maneira correta de lhe dizer bom dia a seu marido.

 

—Não o é?— sua voz soou gritã.

 

—Não, senhora Rand, não o é—, sussurrou. —Te vou ensinar.

 

Seus lábios tocaram os sua de seda, suaves mas com um impacto devastador. Mantendo a boca fechada, Índigo se congelou, com medo a afastar-se. Ele tinha todo o direito a lhe dar um beijo e poderia zangar-se se resistia. Nunca esqueceria como Brandon se converteu em um animal feroz quando ela se atreveu a lhe dizer que não.

 

Jake se tornou para trás e a contemplou piscando com seus olhos marrons.

—Penetra insetos?

 

—O que?

 

Com a gema do dedo, riscou a linha de sua mandíbula, seus olhos seguiam dançando. Mostrando um sorriso exagerado, que mostrou brilhantes dentes brancos, apertou-a mais forte.

—Penetrar insetos. Assim é como tomo café no caminho. Funciona muito bem para manter objetos estranhos fora da boca, mas os beijos não são exatamente assim. Não é o que tenho em mente, absolutamente.

 

—Não?

—Não—, afirmou, com a voz imersa em um timbre sedutor. Colocou-lhe uma mão na cintura e a aproximou mais. Quando se deu conta que ainda tinha um braço torcido detrás dela para sujeitar a asa da cafeteira, arqueou uma negra sobrancelha. —Está pensando me escaldar com ela?

 

Índigo apertou a asa.

—Não, só que… o café da manhã está preparado. Batatas fritas com toucinho e— tratou de manter a distância entre suas caras. —E os ovos! Com bolachas recém feitas e a manteiga fresca que minha mãe nos fez. E o mel. Tem fome?

 

—Faminto—, murmurou, e apertou sua mão na cintura para atrai-la contra ele. —Entretanto, o mel que estou desejando não é do tipo que guarda na jarra—. Ante que pudesse reagir, moveu seu outra emano à parte posterior da cabeça. —Não há nada que temer, Índigo—, sussurrou. —Não vou fazer te danifico.

 

—Eu… não tenho medo.

 

Uma risada baixa vibrou em seu peito.

—Anda, afrouxa esses dentes e me dê um beijo de bom dia. Temos que começar em alguma parte.

 

—por que?

 

O impulso de rir encheu ao Jake e quase lhe fez esquecer o que se proposto fazer.

—É uma lei da natureza. Não se pode terminar o que nunca se começou. — A tensão em seu corpo a fez muito rígida para adaptar-se a seu abraço. —Alguma vez tem feito isto? Uma garota bonita como você deveria ser uma veterana beijando.

 

—Nunca me pediram isso.

—Eu lhe peço isso agora.

 

Ela se tornou para trás, lhe olhando mais alarmada no momento.

 

Jake sorriu.

—Isto não é tão mau. Eu ponho uma mão em sua cintura —, apertou-a com mais força ali para demonstrar-lhe e a outra detrás de sua cabeça. Logo te abraço—. A levou com firmeza contra ele. —Tudo o que tem que fazer é fechar os olhos.

 

—P-Mas então não poderei ver.

 

—Certo. Mas estando tão perto, não pensará em meu próximo movimento e te fará sentir infernalmente bem.

 

Ela baixou o olhar a sua boca.

—Eu… o café da manhã se esfria.

 

Inclinou a cabeça de novo. esforçou-se em ir contra sua mão, mas frustrou seu intento de escapar apanhando sua trança com o punho. Ele era outro Brandon. Seu domínio sobre ela era como o aço e não podia mover-se. Seus lábios se pegaram a ela e sentiu a língua acariciando-a. Abriu a boca e se tornou para trás, Jake se surpreendeu, e não permitiu que se movesse. Por um momento interminável, sentiu-se desesperada e claustrofóbica. Continuando, o calor do fogo da cozinha queimou quase o couro de suas calças de ante. Ao apartar-se de uma possível queimadura, a única direção que podia tomar era para frente. O corpo de Índigo pressionou com força contra o seu.

Com um gemido, retirou-se um passo, dando um tempo. Logo deslizou sua mão da cintura até o traseiro e a atraiu para sua pélvis para que notasse a pressão de sua virilidade. O apresso e o roce contra seu corpo fez que sua atenção se centrasse no assalto alarmante a sua boca, e a sensação de formigamento que notou em seu ventre.

 

Impressionada pelas sensações que tomavam completamente por surpresa, esqueceu-se de que a estava beijando só o tempo suficiente para que ele invadisse completamente com a língua sua boca. Uma inundação de sensações golpeou a Índigo com tal repentina força que não pôde reunir suas dispersas forças para lutar contra qualquer delas.

 

Tenho que me afastar dele, pensou grosseiramente. Ela tinha que ter fugido antes. O pensamento se perdeu. A diferença do Brandon, Jake não a vencia só com a força. Ele utilizava seus lábios, seu corpo e suas mãos para desarmá-la. Uma tremente e deliciosa debilidade, derramou-se por toda ela.

 

Como se intuira sua entrega, deixou relutantemente a boca dela e esboçou um sorriso lento e sensual.

 

—Assim é como se dizem bom dia corretamente.

 

Índigo se balançava até um pouco, tinha até aturdidos os sentidos. Sentiu que os braços do Jake também tremiam e soube que ele estava desorientado como ela.

 

—boa noite—, acrescentou com voz rouca, —é ainda melhor. Quando voltarmos a casa, vou dar sua primeira lição.

 

Essa promessa a sacudiu até trazê-la à realidade. Olhou-o e sua mente correu como louca. Uma quebra de onda de temor a alagou. Com as mãos trementes, empurrou-as contra seu peito para pôr certa distância entre seus corpos.

 

—Não te aflija—, disse com uma piscada zombadora. —É uma coisa perfeitamente aceitável que fazem as pessoas casadas, e é muito mais agradável que dizer bom dia. Garanto-lhe isso.

 

Liberando-a, voltou-se para a mesa onde esperava seu café da manhã. depois de sentar-se, tomou um grande bocado de ovo e fez uma careta.

—Tinha razão. esfriou-se—. A encadeou com um olhar cálida. —Esse beijo, entretanto, valeu a pena—.

 

antes de ir à mina, Jake e Índigo tinha duas paradas que fazer, um no escritório do xerife para obter uma atualização do chefe Hilton e outra na casa dos Lobos, em que Jake ia fazer algumas tarefas nas quadras, enquanto que Índigo alimentaria a suas criaturas selvagens.

 

A notícia do Hilton deixou ao Jake com uma sensação lhe frustrem. Brandon Marshall afirmou que não sabia nada a respeito dos acidentes na mina ou da morte do Wolf. Ele também tinha vários amigos que estavam dispostos a dar testemunho de seu paradeiro a tarde em que Wolf tinha recebido um disparo.

 

—Isso não quer dizer muito—, disse Hilton. —Os amigos desse homem podem mentir por ele. vou manter meus olhos abertos, pode contar com isso.

 

Aplaudiu-lhe o ombro a Índigo e lançou um olhar significativo ao Jake.

—Enquanto isso, não seria uma má idéia para você que tome cuidado. Não confio nesse patife, e não estou muito seguro que não tenha uma ou duas más idéias.

 

Jake assentiu com a cabeça.

—vou tomar todas as precauções.

 

—você faça-o. Minha senhora e eu lhe temos de verdade carinho a esta pequena damita. Nós não gostaríamos de ver que lhe acontecesse algo mau.

 

Agarrando o cotovelo de sua mulher, Jake respondeu:

—Não a podem querer mas que eu, estou seguro.

 

Ao sair do escritório, dirigiram-se para a casa da Loretta e Caçador, Jake se deu conta de quão sincero fava sido no que lhe havia dito ao xerife. afeiçoou-se com Índigo, tanto era assim estava contente de ter que fazer as tarefas no celeiro, enquanto ela alimentava a seus pequenos amigos. Não estava do todo seguro de que querer ver como alimentava a Fada dos Dentes uma vez mais, sem interferir. Não importava o que lhe disse Loretta, Jake não acreditava que se pudesse confiar em um puma, e o pensamento de sua esposa ferida e aberta pelas garras ferozes do felino fez que seus joelhos se sentissem débeis. quanto mais longe estivesse ela do grande gato melhor.

 

antes de separar-se diante da casa, Jake disse:

 

—depois de alimentar aos cervos, vê e come algo mas, não tomaste suficiente no café da manhã.

 

—Realmente não tenho fome.

 

Jake viu o flash de tristeza em seus olhos e se deu conta que estava pensando no Wolf.

—vais comer ao menos um pouco?

 

—Se tiver que fazê-lo...

 

—É necessário—, disse-lhe com um sorriso. —Tem um comprido dia por diante. Encontraremo-nos no interior quando eu tenha terminado no celeiro.

 

Jake começou a afastar-se, logo se voltou e disse.

—me faça um favor, e tenha especial cuidado enquanto que está dando de comer aos animais.

 

Levantou, perplexos seus olhos azuis. —Cuidado?—

 

Jake lhe fez piscou os olhos.

—Sim, vê com cuidado. A verdade é que não aprovo que dê de comer a esse puma, já sabe.

 

—Você não o passa?

 

—Não, não o faço—. Ele passou o polegar ao longo da frágil linha de seu maçã do rosto. —Só de me pensá-lo faz romper a suar.

 

Uma expressão de alarme cruzou seu rosto.

—Mas, Jake, é realmente bastante inofensivo. Nunca me machucou.

 

—Inofensivo?— Soltou uma gargalhada aguda e a liberou. —É selvagem, Índigo. Não se pode predizer o que poderia fazer, e não tente me convencer do contrário.

 

—Não—, admitiu.

 

Dando um passo atrás, atirou-lhe para sob o queixo.

 

—Então me dê o gosto, né?

 

Com isso, Jake se afastou para o celeiro. Uns minutos mais tarde, quando retornou à casa, encontrou-se com Índigo sentada na mesa, os últimos bocados de uma torrada ainda estavam em seu prato. Jake pôs o cubo de leite fresca perto do fogão, aproximou-se da porta do dormitório para dar a Caçador os bom dia, logo se uniu ao pai Ou'Grady de pé junto ao fogo.

 

O sacerdote lhe deu um empurrão com o cotovelo.

—É uma coisa triste para mim a confessar, ao ver que é um metodista, mas entendo que pensamos igual com respeito ao puma—.

—Lhe falou disso, verdade?— Jake se encontrou com o olhar de Índigo e se perguntou por que estava tão triste. —Tem tão mau sabor essa torrada?— perguntou-lhe com um sorriso zombador.

 

Com uma notável falta de entusiasmo, Índigo baixou o olhar e pôs o último bocado na boca. Um momento depois, Loretta saiu da habitação, levando o prato de Caçador.

—bom dia, senhor Rand.

 

Jake arqueou uma sobrancelha.

—Senhor Rand? Acredito que poderíamos passar aos nomes de pilha, agora que sou seu filho político.

 

Sem seu habitual sorriso, Loretta passou junto a ele e foi à cozinha. Quando viu o cubo do leite, disse,

—Vejo que tem feito minhas tarefas de novo. Obrigado, Jake.

 

Devido a seu tom era sem lugar a dúvidas frio, Jake franziu o cenho.

O Pai Ou'Grady tocou o ombro do Jake.

—Não é fácil para uma mãe separar-se de uma filha depois de casar-se.—, sussurrou-lhe. —depois de todos estes anos, despertou esta manhã para descobrir que já não a tênia sob seu teto e que agora em adiante, você tomasse suas próprias decisões para ambos. Tenha paciência, né?

 

—Tomar decisões?— Jake dirigiu um olhar inquisitivo sobre o sacerdote. —Não tenho nenhuma intenção de usurpar seu lugar na vida de Índigo.

 

—Não. É obvio que não o fará—. O Pai Ou'Grady lhe deu uma palmada reconfortante. —Só está um pouco sensível. Todas as mães o estão, justo ao princípio. Em um poquito de tempo, vai sentar cabeça e a aceitar que vós estão casados. Confia em mim sabedoria. fui testemunha de uns poucos matrimônios.

 

Ainda preocupado pela atitude fria da Loretta, Jake voltou sua atenção a Índigo.

—Está preparada?

 

levantou-se da mesa.

—Sim. demorei menos tempo do usual em lhe dar de comer aos animais.

 

O Pai Ou'Grady deu uns tapinhas no braço do Jake outra vez e lhe deu um amplo sorriso.

—teve que tempo de tomar alguma decisão sobre converter-se à fé? Desde já estou ao seu dispor para isso. vou estar por aqui alguns dias, para atender a meus paroquianos que precisem ir para mim. Faria-me um homem muito feliz o começar sua instrução enquanto estou aqui.

 

Distraído pela pergunta e divertido pela perseverança do sacerdote, Jake se Rio entre dentes.

—Para ser honesto Pai, a última coisa em minha mente a noite passada foi a religião.

 

O sacerdote olhou para o teto.

—Suponho que me pergunto por que.

 

Índigo retornou da cozinha nesse momento. Jake tomou pelo braço e a conduziu para a porta.

—Porei-me em contato com você quando tomar uma decisão, Pai. O prometo.

 

Uma vez fora no alpendre, Jake notou a cor rosada nas bochechas Índigo e se deu conta que devia ter escutado seu comentário fora de tom com o pai. Seus grandes olhos azuis eram muito explícitos e então, ela se afastou correndo. Esteve a ponto de gemer. Por sua expressão, soube que incluso no tinha conseguido minar suas defesas, tal como se tinha proposto ao beijá-la esta manhã.

—Bom, já está preparada para um comprido dia?— perguntou com ligeireza deliberada.

 

—Sim.

 

Não podia deixar de notar que sua voz soou com resignação e sem esperança.

 

Quando Jake e Índigo chegaram à mina e começou sua inspeção, o primeiro encontro do Jake foi com Denver Tompkins, quem fez uma careta, um olhar lascivo na direção de Índigo, e disse:

—Quando os meninos brancos jogam, ao final temos que pagar. Suponho que se inteirou da lição pelas más.

 

Jake ficou tenso.

—Suponho que se referem a meu matrimônio?

 

—Pelo inferno, todos no povo sabiam o que havia quando você chegou a cavalo com o pai Ou'Grady. A única surpresa foi que Lobos lhe permitisse esperar tanto tempo para fazer o correto com ela.

 

Levantou uma sobrancelha.

—É um dobro problema, quando lhe pilham jogando com uma Índia norte-americana. Quanto lhe pediu seu papai por ela? Um cavalo e um par de mantas?— Franziu os lábios e assobiou. —Que ganga, não? É uma bonita peça de bagagem para um.

 

Jake se congelou com a folha da pá enterrada no cascalho. Seu primeiro impulso foi pensar que ia pegar lhe a esse homem até obter uma polpa sanguinolenta e logo despedi-lo. Há três coisas que pensou antes de fazê-lo, o mais importante é que ele não queria humilhar a Índigo. Em segundo lugar, se os rumores já circulavam, uma surra ao Tompkins só acrescentaria lenha ao fogo. Sua terceira razão, embora menos imediata, foi mas convincente. De todos os mineiros, no que confiava menos era nesse Tompkins. Até ele sabia que era melhor o ter na mina e sob seu mandato, para o ter sempre com um olho em cima, em vez de livre e maquinando sabe deus que coisas.

 

Quando Jake tomou tanto tempo para responder, Tompkins se Rio entre dentes.

—Não foram dois cavalos? De verdade lhe exauriram, não?— Deu-lhe uma piscada de cumplicidade. —Se for você inteligente, pode triplicar seu investimento em uma semana, uma squaw fará algo que seu homem lhe ordene, incluindo, ser boa e carinhosa com seus amigos.

 

Jake se endireitou lentamente. Por tão somente um instante, uma fúria cega se apoderou dele, e se imaginou o satisfeito que se sentiria ao ter as mãos ao redor do pescoço do Tompkins. Seu corpo já se esticou para saltar quando sua razão retornou. Não queria que Índigo se inteirasse disto. Se começava uma briga, ela sem dúvida se inteiraria.

 

Contando com que o ruído do entorno criado pelos trabalhos da mina serviriam para amortecer sua resposta, Jake disse:

—Tem dois segundos para retirar isso e pedir desculpas.

Tompkins dió um passo atrás.

—Olhe, senhor Rand. Talvez ao ser um estranho por estas partes, não nos conhece muito e não entende nossas formas. Todo mundo aqui sabe o que fazemos e em ocasiões brincamos a respeito.

 

Tompkins levantou suas mãos em um encolhimento de ombros.

—Ninguém quer fazer mal. Não o pode tomar um pouco menos seriamente? Todo mundo sabe que tinha que casar-se com ela e que seu pai, o índio, provavelmente a fez comprar. Assim é como fazem eles as coisas.

Aumentando a pressão na pá, Jake disse:

—O preço da noiva que um homem paga por uma mulher a Índia, não é uma compra, mais do que a dote da menina branca tem que dar no matrimônio, é um suborno. Se não fora tão malditamente ignorante, saberia.

 

Uma expressão petulante se instalou na cara do Tompkins.

—Assim que você pagou.

 

Jake se deu conta que sua atitude defensiva tinha cimentado as suspeitas do homem.

—Eu não disse isso—, respondeu.

 

—Não tem que dizê-lo—, disse Tompkins com um sorriso. —A verdade está escrita em todo sua cara. Deus, é rico? Um casamento à força, e teve que pagar para ser o noivo. Como você é novo nestas partes, tivesse-me gostado de ver sua cara.

 

Jake tratou de pensar em uma forma de reparar o dano que lhe acabava de fazer. Com um nó na boca do estômago, olhou aos olhos do Tompkins e sabia que não podia. quanto mais tratava de emendar esta situação, pior provavelmente ficaria a coisa.

 

Se alguém insinuava a Índigo algo sobre que seu marido tinha pago o preço pela noiva, pensaria que ele o tinha estado contando. depois de ver o olhar em seus olhos a noite anterior quando ela descobriu que o dinheiro trocava de mãos, Jake não se figurava que teria uma oportunidade de convencê-la que ele não havia dito nada, Teria menos futuro que uma bola de neve no inferno. Só podia esperar que nunca se inteirasse disto. Se a sorte ia em seu contrário, entretanto, teria que fazer todo o possível para acalmar o orgulho ferido de Índigo.

 

A curiosidade brilhava nos olhos do loiro.

—Por quanto lhe saiu?

 

Jake tinha a horrível sensação de que se estava afundando em areias movediças, e olhou para o Indigo para assegurar-se que estava fora do alcance do ouvido.

—Uma pequena fortuna, e com muito gosto paguei até o último centavo. Outra coisa, só para que saiba a história verdadeira. Não houve casamento à força. Qualquer homem com os olhos na cara se daria conta. No instante em que a conheci, soube que queria me casar com ela, e quando finalmente me armei de valor para propor-lhe honrou-me me aceitando. Essa é a verdade ante Deus, e vou matar a você ou a qualquer outro homem que diga que é mentira.

 

O loiro levantou as mãos.

—Ouça, eu seria o primeiro em admitir que é uma preciosa amostra de percal, ou deveria dizer de ante.

 

—O melhor—. Jake se esforçou por manter sua voz acalmada. —Não volte a cometer o engano de referir-se a ela como uma pele-vermelha de novo. Não em minha presença ou na sua. Não há uma mulher nesta cidade, branca ou Índia, mais casta e temerosa de Deus que esta menina, e qualquer homem que não se tire o chapéu diante dela responderá ante mim. fui claro?

 

—Sim.

 

—Alegra-me saber que nos entendemos—, disse Jake com voz sedosa. —Isso vai para todos os mineiros daqui, assim corra a voz. E justa advertência, Tompkins. Se ouvir uma palavra depreciativa sobre meu matrimônio, saberei que se iniciou com você—. Assinalou com o polegar na direção de Índigo. —Se essa garota derramar nenhuma só lágrima por seu sujo bate-papo, lhe vou arrancar a pele.

 

Tompkins parecia inquieto.

—Não é muito inteligente fazer ameaças de matar às pessoas. Alguém poderia pensar que você o faria.

 

—O que te faz pensar que não o farei?—

 

—Não tenho controle sobre o que outros digam ou deixem de dizer. O vou dizer da forma que deseja, mas duvido que vá trocar o pensamento de ninguém.

 

Com isto, Tompkins desceu pelo pendente. Sentindo-se desesperado, Jake ficou ali e olhou detrás dele.

 

—Acredito que o vai fazer—, comentou uma voz profunda, rouca detrás dele.

 

Jake se voltou de repente para ver o Shorty saindo de detrás de um carro próximo.

—E do que servirá?—

 

Shorty se aproximou, arranhou-se a orelha, e logo se inclinou para um lado para cuspir suco de tabaco.

—Como marido de nossa Menina Empregada. Pelo menos ficou de pé para ela—. Chamou ao lado do Jake e jogou uma olhada na parte posterior vendo a retirada do Tompkins. —É um cérebro de pênis bom para nada, poucos o teria feito. A metade do que disse, estava falando a inveja. Ele queria que fosse dela. Ofereceu a seus Pais trezentos dólares uma vez.

 

Jake entrecerró os olhos contra o sol.

—O que disse Caçador?

Shorty colocou os polegares debaixo de suas correias.

—Nada. Não é muito falador quando está pensando em assassiná-lo. Só dá a estes homens o que querem ver, se eles o virem como um tipo que rastreia e curta couros cabeludos, isso lhes dêem. —Cuspiu de novo. —Pelo bem dessa menina, estou contente de que fosse você com quem ficou turma de trabalhadores no bosque e não com o Tompkins.

 

Era um completo muito conservador, e como o ancião não parecia muito fácil com as palavras, Jake não sabia como responder. aventurou-se até duvidando.

—Obrigado. Sempre tem o hábito de esconder-se detrás dos vagões e escutar, Shorty?

 

—Quando se trata de nossa Menina Empregada e sua felicidade, não me envergonha. estive vendo Denver bater o lábio todas a manhã. Figurei-me que diziam muito a respeito de você. Sabia que ele tinha vontades de bronca, e quando lhes viu chegar me disse, em três minutos está aqui. Tudo o que tinha que fazer era manter-se perto e esperar—. Shorty lhe honrou com um olhar com os olhos entreabridos. —Quando lhe vi pela primeira vez, deu-me medo, porque sempre tinha os olhos sobre ela. Acredito que não estava muito equivocado.

 

Jake se perguntou onde se dirigia com tanto rodeio.

—Não, acredito que não—.

 

—depois de ver o que tem feito, acredito que não preciso dizer isto, mas o digo de todos os modos. Será melhor que a trate bem. Se não o fizer, enfim, vamos ter aqui muita tarefa, mas acredito que não. O fato de que seu pai não esteja aqui para vigiar, aqui havemos quem velo por ela, não cria que esta sozinha.

 

Embora Jake não se sentia intimidado sobre tudo, fez um valente intento de parecê-lo um pouco, e um sorriso.

—Quais?

 

Shorty endireitou os ombros artríticos.

—Eu, Stringbean, e Stretch. Danifica-lhe um só cabelo da cabeça, e terá que responder ante nós três. E não pensamos perder.

 

Esforçando-se por manter uma expressão cuidadosamente em branco, Jake respondeu:

—Não o farei.

 

—Verei que não o faça—. O extremo do nariz bulboso do Shorty ficou vermelha.

 

—Suponho que me dará porta à primeira oportunidade que tenha. Mas alguém tinha que dizê-lo. Não é justo, esse ácaro é muito pouco para que lhe faça mal, sem que ninguém ponha remédio.

 

Jake não podia ocultar seu sorriso.

—Estou de acordo. Tenha a segurança, entretanto, vou cuidar bem dela. daqui em diante, você não precisa preocupar-se.

 

Shorty assentiu com a cabeça.

—Por isso ouvi dizendo ao Tompkins, parece-me que deveremos nos preocupar todos—. Se encontrou com o olhar do Jake. —Só vigie suas costas. Dizer que é um bode escorregadio é pouco. E esteve detrás da menina há mais de um ano. vai estar fora de controle agora mais que nunca, recorde minhas palavras. Não será feliz até que a veja chorar.

Esse era o pior temor do Jake. Estudou ao Shorty por um momento, decidiu que podia confiar no homem, então se esclareceu garganta.

—Se ele falar sobre o preço da noiva, lhe vai romper o coração. Ao ser branco, não gostava da maldita idéia nem um pouco, e não posso culpá-la. Preocupa-me que vá pensar que estive me gabando. Ou pior ainda, me queixando. Não pensei nisso como uma compra, mas isso é o que vai acreditar se se corre a voz de novo.

 

—envie-me isso —.um brilho nos olhos se deslizou ao Shorty. —Às vezes, entre o bem e o mal, só há uma bênção. Neste caso, são meus ouvidos. Direi-lhe não só o que escutei, se não a forma em que se falou—. Ofereceu a mão ao Jake. —E você dirige muito bem sua mão esquerda, a meu modo de pensar.

 

O alívio se apoderou do Jake. Apertou palma da mão do Shorty.

—Agradeço-lhe a oferta, e pode ser de muita ajuda. Temo-me que não vai acreditar uma maldita palavra do que eu diga.

 

O olhar do Shorty se fixou no Jake.

—Ela estava presente o dia que Tompkins ofereceu a seu pai os trezentos. Caminhou direita para cima, vermelha de ira, ele sim tratou de comprá-la. Trate de ver quão diferente foram vocês duas com ela, e como pode ela sentir-se…— Com isso, o miúdo subiu sua correia um pouco mas acima e se afastou colina abaixo.

 

Com um cenho pensativo e um movimento de cabeça, Jake voltou para seu trabalho, a carga da pilha de cascalho em um carrinho de mão e levá-la, uma carga de uma vez, à eclusa.

 

Ao descanso do meio-dia, foi em busca de Índigo e a encontrou ajudando a outro mineiro, fazendo uma tarefa exaustiva. Usando todo seu auto-controle, as arrumou para não fazer nenhuma objeção. Se começava a restringi-la em qualquer trabalho da mina, igual poderia mandá-la a casa.

 

Quando viu que Jake vinha, falou com seu companheiro e abandonou o trabalho. perguntava-se muitas coisas a si mesmo, enquanto caminhava pela ladeira. Obrigado a olhar a feminina cadência dos quadris e a seus pequenos ombros, Jake recordou o frágil que se havia sentido as costelas por debaixo da palma a noite anterior. Então recordou o suave e quente traseiro na palma de sua mão, como o havia sentido e amassado. Ela era sua esposa, maldita seja. podia-se permitir mas que bem comprar tudo o que necessitasse, entretanto, ali estava ela, no trabalho escravo de uma mina. Uma onda feroz de sentido protetor o atravessou como lava hirviente.

 

Levantou o olhar para ele, Jake apertou os dentes, decidido a não dizer nada. Duvidava que a Índigo importasse o mais mínimo a respeito de todas as coisas que o dinheiro podia comprar. Sua luxuosa casa no Portland que, sem dúvida, impressionaria-a, mas não favoravelmente. Para ela, todas as riquezas do mundo estavam aqui, e não podia lhe roubar com a consciência tranqüila nem um pouco disso. Seu único consolo era que agora se parecia mais a si mesmo, que a noite de bodas anterior. Ela se moveu com confiança, e seu olhar se encontrou com a sua sem vacilar.

Índigo teve poucas dificuldades para interpretar o olhar nos olhos do Jake, e pelo menos era a centésima vez essa manhã, em que se encheu de temor. Não havia dúvida do que tinha estado pensando quando disse:

—Sobre o de ir à mina…— Tinha estado muito perto de lhe dizer que ficasse em casa.

 

sentaram-se juntos sob um carvalho para comer a comida que ela tinha preparado. Embora se obrigou a comer um pedaço de maçã confeitada, olhava a um nada e tratou de imaginar o que sua vida seria se Jake lhe proibia vir aqui. Sabia que não era o único em sentir que o lugar da esposa estava em casa.

 

Tratou de pensar em algo que lhe pudesse influenciar para que a mantivesse ali a seu lado, mas não havia nada. Se as mulheres brancas em geral tinham pouca influência na maioria dos maridos, uma Índia norte-americana ainda menos. Sua única esperança residia na oração e em que ele fosse benevolente.

 

 

                                                                        CONTINUA

 

 

                                           Capítulo 12

Depois da pausa do meio-dia, Jake retornou a seu trabalho de transportar o cascalho. Ao fazer repetidas viagens do carrinho de mão à eclusa, teve oportunidade de observar aos outros mineiros. O que observava, não o para estar seguro. Algo lhe parecia peculiar. Alguém tinha manipulado para debilitar as vigas na mina, e, no que a ele concernia, não havia ninguém por cima de toda suspeita.

 

 

 

 

Não pôde evitá-lo, mas esperava que seu pai não tivesse nada que ver com isso. A possibilidade antes tinha sido bastante má, mas agora? Índigo já se resentía de seu matrimônio. Detestaria-o se se inteirasse de que seu pai tinha estado perto de matar ao dele. Jeremy tinha prometido continuar a busca de arquivos de Ore-cal, enquanto que Jake investigado em Terra de Lobos. Jake esperava que em lugar de encontrar a evidência contra seu pai, Jeremy encontrasse que não era culpado.

Cada vez que Jake empurrava uma carga de cascalho à eclusa, ficava a procurar o Indigo. Tinha crédulo em casar-se com uma garota que se mantivesse a bordo e em casa. E necessitou de todo seu controle para não interferir quando viu que ajudava ao Topper a voltar a pôr uma carga nos trilhos. Para sua surpresa, as arrumou para levantá-la por seu lado. O peso que moveu parecia ser suficiente para romper as costas de dois homens e ela era uma garota pequena.

Jake se encolheu e olhou para outro lado. Então, embora sabia que não devia fazê-lo, deslizou seu olhar para ela. Enquanto olhava...

 

 

                                         

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