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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


ARDENTE E SELVAGEM / Brenda Jackson
ARDENTE E SELVAGEM / Brenda Jackson

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio VT

 

 

 

- Garanto, Cole, que se não estivesse tão ocupado olhando para Patrina Foreman, teria percebido que McKinnon esteve perto de deixar Rick Summers inconsciente por se aproximar de sua irmã - disse Durango Westmoreland em voz baixa aproximando-se do seu primo Cole.

- O que disse? - perguntou Cole afastando o olhar da mulher que estava do outro lado do salão. Esteve observando-a desde que ela chegou àquela celebração em honra da irmã dele.

- Rick Summers. Esteve prestes…

- Não, refiro-me a ela. Como disse que ela se chama?

- Patrina Foreman - respondeu seu primo sorrindo ao ver o interesse de Cole pela mulher. - os amigos dela chamam-na de Trina. Trabalha como ginecologista. De fato, foi quem se encarregou de Savannah quando chegou a hora de dar à luz.

- É casada?

- É viúva. O marido dela, Perry, era o chefe da policia local. Morreu há três anos com um tiro enquanto perseguia um delinquente que tinha fugido da prisão. Trina e ele eram amigos desde crianças. Foi um duro choque para ela.

Durango ficou em silencio durante alguns minutos enquanto Cole voltava a olhar para a mulher.

- Se está pensando o que creio que está pensando - comentou Durango, - pode esquecer. É um ranger do Texas. Quando Perry, o marido dela, morreu, Trina jurou a si própria que não voltaria a ter nada com um agente da lei. Na realidade, para ser sincero, não saiu com ninguém desde então. Além do seu trabalho, a vida dela parou no dia em que mataram o marido.

«Que pena, é inacreditável», pensou Cole.

A mulher atraiu a sua atenção desde o momento em que entrou no salão. Uma atração tão forte como nunca havia sentido antes. Devia dizer-lhe alguma coisa. Não podia deixar passar aquela oportunidade sem aproveitá-la, sem tentar. Além disso, alguns olhares fugazes fizeram-no perceber que com ela aconteceu o mesmo.

- Não tenho nada a perder - disse Cole - aqui vou eu. Deseje-me sorte.

- Boa sorte, mas depois não diga que não o avisei.

Cole olhou para o primo com olhos travessos e piscou-lhe um olho.

- Descanse.

 

 

 

                                 Onze meses depois

Cole despertou desorientado.

Onde estava?

Estava estendido numa cama desconhecida, numa casa que não era a dele nem a de sua irmã. Nunca a tinha visto antes.

O que tinha acontecido?

Tentou levantar-se, mas uma dor aguda, insuportável, percorreu todo o seu corpo, imobilizando-o.

Tentou tranquilizar-se e pensar na última coisa que se lembrava.

Chegou ao aeroporto de Bozeman em algum momento. Queria fazer uma surpresa à sua irmã e a McKinnon, que viviam fora da cidade. Eles não o esperavam até três semanas seguintes.

Descera do avião, apanhou a sua mala e alugou um automóvel no aeroporto. O empregado avisara-o sobre o mau tempo que fazia naqueles dias em toda a região, sobre uma terrível tempestade primaveril que já havia isolado várias povoações próximas, mas ele não fizera caso, acreditando que chegaria a casa de sua irmã antes da tempestade cair sobre a cidade.

Mas enganara-se.

Mal entrou na auto-estrada, de repente, surgiu uma enorme frente fria e começou a lançar camadas de neve contra os vidros do automóvel.

Cole começou a lembrar-se da sensação de pânico que sentiu ao ficar sem visibilidade, o desespero para manter o controle do carro…

E acabava tudo ai.

Não lembrava de mais nada.

O que teria acontecido depois?

Um ruído proveniente de um lugar indefinido afastou-o de seus pensamentos. Lutando contra a dor, virou a cabeça naquela direção e conseguiu distinguir o contorno de uma mulher entrando no quarto onde ele estava.

Não era a sua irmã, disso tinha a certeza.

Quem seria?

A mulher entrou e colocou uma cesta de roupa sobre uma mesa que estava próxima a uma lareira acesa.

Cole tentou observar seu rosto sem que ela percebesse.

Era atraente, apesar do estado em que estava, conseguia perceber perfeitamente. E além disso, já a tinha visto antes. Antes.

O que lhe lembrava aquela mulher?

Era alta, provavelmente chegava ao metro e oitenta. Tinha o cabelo comprido e escuro apanhado num rabo de cavalo. As linhas do rosto eram quase perfeitas, faces proeminentes, nariz perfeito e os lábios carnudos impossíveis de esquecer.

Era uma criatura belíssima.

De onde a conhecia?

Onde a vira?

Patrina Foreman! - exclamou para si mesmo.

Conheceu-a no ano anterior, na festa que a sua madrasta Abby, e a mãe de McKinnon, Morning Star, organizaram em honra de Casey e McKinnon para festejar a sua união, que seria realizada em Novembro. Cole e o seu irmão, Clint, apanharam um avião do Texas para não a perder.

Agora que se lembrava, Patrina causou-lhe um impacto inesquecível. Ficara enfeitiçado ao vê-la, aprisionado na atração sexual mais intensa que alguma vez sentira. Era uma mulher perfeita, com um corpo perfeito, incluindo a sua generosa sensualidade, coisa que apreciava nas mulheres.

Naquela festa, o seu primo Durango disse-lhe que tinha vinte e oito anos, o que queria dizer que desde então passara tempo suficiente para que Patrina tivesse feito os vinte e nove. Também lhe contara que trabalhava como ginecologista, que fora casada com o chefe da policia local e que há três anos tinha ficado viúva.

Depois, em Novembro, tinha voltado a vê-la na celebração do casamento. Infelizmente, ficara apenas o tempo suficiente, não tivera a mínima oportunidade de se apresentar e tentar falar com ela. Mas a atração sexual que experimentara da primeira vez tinha voltado a aparecer.

Observando aquela mulher retirando a roupa do cesto e dobrando-a com naturalidade, Cole perguntou-se como chegou até ali, até a casa de Patrina Foreman.

Movido pela excitação, Cole fez um novo esforço para se levantar, mas uma dor ainda mais aguda do que a anterior o impediu.

Depois, tudo se enevoou e perdeu a consciência novamente.

Patrina suspirou preocupada ao dobrar a última peça de roupa que tinha levado no cesto. Se aquele homem não despertasse depressa, ia ter que o fazer ela e teria que verificar os seus sinais vitais.

Foi uma incrível coincidência que estivesse conduzindo por Craven Road quando aquele desconhecido perdeu o controle do seu veiculo. Detendo o seu carro, aproximou-se e, ao ver os ferimentos que tinha, reuniu todas as suas forças para retirá-lo do carro dele e transferi-lo para o seu. Custou-lhe muito, já que o homem estava inconsciente e pesava muito, mas no fim conseguiu.

Depois, ao chegar em casa, foi uma odisséia tirá-lo de novo, abrir a porta, entrar com ele e levá-lo para a cama.

Mas o pior foi tirar-lhe a roupa.

Ficou tão fascinada ao ver o seu corpo, os ombros largos e retos como se fossem forjados numa forja[1], os seus quadris, as pernas…

Embora estivesse inconsciente, quase se sentiu culpada por ter ficado observando-o.

Reconhecera-o no ato, mal abrira a porta do seu automóvel. Cole Westmoreland, ranger do Texas, era filho de Corey Westmoreland, irmão de Clint, de Casey, e primo de Durango Westmoreland.

Patrina olhou pela janela e ficou observando a neve que caia sem cessar. As linhas telefônicas estavam avariadas e as estradas, cortadas. A rádio tinha dito que a tempestade, uma daquelas estranhas tempestades primaveris que se abatiam sobre Bozeman, Montana, a cada mês de Abril, persistiria por mais dois dias.

Estavam completamente isolados.

Não havia nenhum problema em termos de trabalho, tinha pedido precisamente aquela semana de ferias. O seu plano tinha sido passá-la tranquilamente em casa.

Não contava com aquele convidado inesperado.

De repente, por alguma mudança no ar ou no pesado silêncio do quarto, teve a sensação de que ele estava despertando.

- Água...

Durante intermináveis segundos, Patrina olhou para ele sem saber o que fazer, aprisionada no seu olhar, tal como tinha acontecido um ano antes naquela festa. Depois, como se tivesse acordado de um longo sonho, Patrina avançou, agarrou um copo cheio de água e encaminhou-se para a cama onde jazia o paciente.

Tentando ignorar o olhar dele e de como a fazia sentir, passou-lhe a mão pelo pescoço para levantar-lhe ligeiramente a cabeça, a fim de poder beber um pouco do liquido.

Não tinha febre, disso tinha a certeza, mas… Estava quente… Muito quente…

O que estava acontecendo?

Aquele era o primeiro homem pelo qual se sentia atraída desde a morte de Perry. Saíra de vez em quando com algum homem, mas nunca passou daí. Nenhum outro a interessou minimamente, nenhum a fez esquecer a recordação do seu marido. Mas Cole Westmoreland conseguira-o da primeira vez, sem falar, apenas com os olhos. Estava voltando a fazê-lo, a queimá-la com o olhar, provocando-lhe um calor insuportável dentro do seu corpo.

- Quer mais? - perguntou-lhe ao ver que havia bebido tudo.

- Não, obrigado - respondeu ele olhando para ela.

Tentando dominar-se, Patrina voltou a apoiar suavemente a cabeça de Cole no travesseiro.

- Porque estou aqui? -perguntou ele.

- Você não lembra?

- Não. - respondeu confuso.

- Seu carro saiu da estrada e você sofreu um acidente terrível.

- Como cheguei até aqui?

- Teve a sorte de eu ir passando por ali naquele momento. Suponho que ia para casa da sua irmã Casey.

- Fiquei inconsciente?

- Sim, bateu a cabeça com muita força. De algum modo, ainda não sei muito bem como, consegui colocá-lo no meu carro e trazê-lo para cá - disse Patrina. - depois, tirei a sua roupa e coloquei você na cama - acrescentou sorrindo.

- Há quanto tempo estou aqui?

- Há cinco horas. Dormiu o tempo todo. Estava perto de despertá-lo. Quando alguém bate com a cabeça, não é bom que durma tanto tempo.

Cole sabia disso, já que na sua família havia dois médicos, a sua prima Delaney e a mulher do seu primo Thorn, Tara, mas assentiu como se fosse a primeira vez que ouvia aquilo.

- Está com fome?

- Não, mas obrigado pela preocupação. - respondeu olhando ao seu redor.

- Não há luz. As coisas que há aqui funcionam com um pequeno gerador que tenho, mas não há linha telefônica. Não há maneira de dize a Casey ou ao seu pai que está aqui e que não te aconteceu nada.

- Obrigado por pensar nisso, mas não se preocupe. Ninguém sabia que eu vinha hoje. Esperam-me dentro de três semanas.

Casey vivia a poucos quilômetros de sua casa, tal como Durango e a sua mulher, Savannah. Patrina assistira ao parto dela em Dezembro do ano anterior, uma menina linda a quem tinham chamado Sarah, pela mãe de Durango. O pai de Cole, Corey, também vivia por ali perto, numa colina escarpada que todos conheciam como a montanha de Corey. Não se via muito ele e a sua mulher, apenas quando desciam à cidade para ver seus amigos, como Morning Star e Martin Quinn, os pais de McKinnon, ou a família.

- Mudei de opinião.

- Sobre o quê? - perguntou Patrina olhando-o nos olhos.

- Tenho fome.

- Perfeito. Vou fazer um pouco de carne.

- Eu vou - disse Cole.

Não suportava a idéia de que alguém o visse como um inválido, e muito menos ela.

- É melhor não se levantar. Observei você e creio que não partiu nada, mas devia descansar.

Estivera observando-o? Teria sentido algo mais além do interesse por ver se ele tinha partido alguma coisa?

- Já sabe que sou médica - disse ela como se lhe tivesse lido o pensamento.

- É ginecologista, não é? - perguntou Cole sorrindo.

- Sim, mas não quer dizer que não possa tratar de você - respondeu Patrina levantando-se para ir fazer a comida.

- É bom saber. Vou lembrar-me disso. - disse ele sem conseguir evitar.

- Lembrar-se do quê? - perguntou ela virando-se para ele.

- Que você pode tratar de mim.

Patrina olhou para ele fixamente e Cole não soube como interpretá-la.

Furiosa consigo mesma por não saber responder a Cole como ele merecia, Patrina entrou na cozinha para preparar qualquer coisa para o seu convidado imprevisto.

Enquanto fritava um pouco de carne numa frigideira tentava recordar a última vez que um homem passou a noite em sua casa. Decididamente, pensou, ninguém o fez desde que o seu irmão Dale veio de Phoenix no ano anterior para assistir ao casamento de McKinnon.

Ela, o seu irmão Dale e o seu falecido marido Perry, cresceram juntos em Bozeman. Mais do que uma vez, depois da morte de Perry, Dale recordara-lhe as palavras que o seu marido dizia sobre o desejo de que Patrina tivesse uma vida plena no caso de lhe acontecer alguma coisa. Mas não era fácil fazê-lo. Nada fácil. Todas as noites, durante aqueles três anos de ausência, Patrina deitava-se sentido a falta dele, sonhando com ele.

Patrina colocou numa bandeja o prato de carne que preparara, uma sanduíche de peru e uma fatia de torta de chocolate e levou-a ao quarto. Ao entrar, viu que a cama estava vazia. Não se surpreendeu, já que desde o primeiro momento reparou que Cole Westmoreland era teimoso, mas aquilo só podia-lhe causar complicações. A última coisa que precisava era que o seu convidado voltasse a cair por sua teimosia. Embora ele insistisse, ainda não estava recuperado.

Quando o ruído da água do chuveiro batendo contra o chão de mármore chegou aos ouvidos dela, Patrina estremeceu. Imaginou o convidado nu, com a água percorrendo o seu corpo e as mãos quentes dele lavando cada canto secreto do seu peito.

O que estava acontecendo com ela?

Por que não conseguia deixar de pensar naquelas coisas?

Por que o olhar daquele homem tinha lhe provocado um desassossego tão grande desde a primeira vez que cruzou com ele no ano anterior?

Devia ter cuidado com ele. Se deixasse levar, Cole Westmoreland seria capaz de virar de pernas para o ar a sua pacífica e tranquila existência.

Devia impedi-lo.

Além disso, era um ranger, um agente da lei, e ela prometera a si mesma não voltar a ter nada com um agente da lei.

- Pensei que terminaria antes que regressasse com a refeição.

Patrina olhou para a porta do banheiro e viu Cole de pé, completamente nu exceto pela pequena toalha presa ao redor da sua cintura. Que espetáculo. Por que tinha de ser tão atraente? Por que não conseguia pensar noutra coisa senão em percorrer aquele peito cheio de músculos com as suas mãos?

- Isso cheira muito bem.

- Já que está de pé - disse Patrina sentido -se envergonhada pela indiscrição dos seus pensamentos, - pode sentar-se à mesa para comer. Embora você acredite que já está bem, não está. As dores aparecerão rapidamente. Na bandeja há um par de comprimidos contra as dores.

- Você não vai comer?

«Comer? O que vou fazer a seguir é sair daqui antes de cometer uma loucura, antes de me atirar nos seus braços e confirmar se esse corpo escultural que tem é real ou não», pensou Patrina.

- Não, tenho algumas coisas para fazer na cozinha. Sente-se e aprecie a comida. Espero que goste - disse ela ao sair do quarto.

- Patrina?

- Sim? - disse ela da porta.

- Obrigado por tudo. Além de me ajudar, tirou a minha mala do carro e trouxe-a para cá. Não sei como agradecer. Se não fosse você, agora não teria o que vestir.

Patrina ficou mal disposta só de pensar nisso.

- Foi um prazer - respondeu antes de regressar apressadamente à cozinha com as faces vermelhas como um tomate.

«Quando se ruboriza, fica linda», pensou Cole enquanto vestia uma calça jeans e uma camisa que retirou de sua mala.

Foi até a janela e observou os flocos de neve caindo com uma ferocidade incomum. Não conseguia sair dali. Teria que passar a noite com ela, não havia outra solução. Ele não se importava, o seu trabalho como ranger obrigara-o a passar imensas noites em casas de desconhecidos refugiando-se das intempéries.

Mas aqueles dias já pertenciam ao passado. O seu irmão Clint foi o primeiro a abandonar a profissão no ano anterior. Cole seguiu os seus passos um mês depois. Com o dinheiro que conseguiu vendendo a Clint a sua parte do rancho que o tio de ambos lhes deixou, Cole realizara alguns investimentos bem sucedidos com a ajuda do seu primo Spencer, o especialista financeiro da família. Desse modo, Cole, com apenas trinta e dois anos, abandonara a profissão de ranger para se transformar num homem muito rico.

Naqueles dias, estava envolvido em vários negócios relacionados com a criação de cavalos com que o seu primo Durango e o seu cunhado McKinnon trabalhavam já há vários anos. O negócio demonstrou ser tão lucrativo que tanto ele como o irmão Clint decidiram entrar como sócios. No entanto, não deixava de pesquisar qualquer alternativa. Embora não fosse um problema misturar o trabalho com os assuntos de família, se pudesse escolher, preferia fazer negócios por sua própria conta.

Uma das possibilidades que descobriu foi um negócio de táxis aéreos, com helicópteros para as pessoas que viviam em locais montanhosos e mal comunicados. Além disso, tinha conversado em mais de uma ocasião com o seu primo Quade, que acabara de sair do serviço secreto com o projeto de criar uma companhia de segurança. Clint, apesar de estar casado e de já estar muito ocupado com a criação de cavalos, também mostrou interesse.

Cole sorriu ao pensar no seu irmão, na boa parelha que fazia com Alyssa, uma mulher feita à medida dele e que o fazia feliz. Ele, por sua vez, não estava preparado para o casamento. Preferia continuar solteiro e apreciar a sua liberdade. Uma liberdade que tinha tornado-se agradável desde que deixara o seu trabalho de ranger e começara a fazer negócios por sua própria iniciativa.

E ali estava ele, mimado por uma mulher, a doutora Foreman, com a qual sentia uma atração instintiva incapaz de controlar. O contato da mão dela no seu pescoço tinha-o excitado, tinha-o feito sentir a necessidade de se deitar junto a ela na cama, de sentir o seu calor no corpo.

Além disso, ele tinha a certeza de que acontecia o mesmo com ela. Podia sentir na forma em que Patrina respirava quando estava perto dele, na forma como olhava para ele, como observara o seu corpo ao sair da ducha, como tremiam os lábios ao falar com ele.

No entanto, também percebeu o esforço dela por controlar aquela atração. Certamente teria lembrado da promessa que fez a si própria de não voltar a ter nada com um agente da lei.

«Terei que ser eu a fazê-la mudar de opinião», pensou consigo mesmo levado pelo desejo enquanto se sentava à mesa que ela preparou. Começou a comer quase com desespero, devorando a carne e o enorme sanduíche que ela havia feito para ele, um sanduíche que era quase uma expressão do desejo dela. Depois, já saciado, saboreou a fatia de torta de chocolate e o café.

Cole apoiou as costas na cadeira satisfeito. Foi uma refeição deliciosa. Se tivesse podido partilhá-la com ela, teria sido perfeita. Estava habituado a comer sozinho diariamente, mas era-lhe muito difícil ao ser consciente da mulher que tinha apenas a alguns metros.

- Você quer mais alguma coisa?

Cole olhou para Patrina parada diante da porta do quarto com os olhos iluminados pelo desejo. Tendo em conta a atração que sentia por ela e o fato de não se deitar com uma mulher há mais de um ano, decidiu responder a pergunta que ela fez com a maior sinceridade.

- Já disse que sim, quero mais alguma coisa.

 

Com o olhar de Cole fixo nela, Patrina sentiu-se subitamente aprisionada em um lugar inundada de desejo por todos os lados, um lugar que parecia não ter ar suficiente para respirar.

Desde a morte de Perry, muitos homens tentaram sair com ela. Nenhum conseguiu. Retirara-se para uma tranquila existência rodeada por suas memórias e por suas pequenas tarefas diárias. Mas nenhum deles a olhou como estava fazendo aquele homem.

- O que mais você quer? - perguntou Patrina aproximando-se da mesa onde ele estava sentado.

Cole não respondeu e Patrina sentiu-se aliviada. Viu nos olhos dele que estava lutando consigo mesmo para encontrar a resposta adequada… Passara tempo suficiente com o seu marido para conhecer os homens, para saber a influência que a testosterona tinha neles, o furioso entusiasmo da paixão para saber como se proteger deles.

- Preciso de companhia.

- Companhia? - repetiu Patrina olhando para ele e tentando compreender.

- Sim, companhia, não gosto de comer sozinho.

Patrina percebeu que ele havia se controlado, que não era aquilo que tinha pensado responder, mas felicitou-se por Cole ter sido capaz de se conter. No final das contas, não sabiam nada um do outro. A única certeza era a atração sexual que existia entre os dois, e não estava disposta a mudar toda a sua vida por uma relação que não teria futuro, para não falar de que aquele homem era um agente da lei.

- Já lhe disse porque não pude comer com você, tinha coisas para fazer na cozinha - disse Patrina.

- Gostaria de conhecê-la melhor.

- Por que? - perguntou Patrina sentido como se ele estivesse brincando com ela, como se estivesse derrubando todas as suas defesas, uma a uma.

- Porque parece que não vamos ter outro remédio senão passar aqui algum tempo, os dois juntos - disse ele apontando para a janela com a cabeça.

Como efeito, a neve continuava caindo ininterruptamente. Segundo a rádio, a tempestade não ia cessar antes de dois dias. Gostasse ou não, estava aprisionada na sua casa com ele.

- Seria melhor que fosse para a cama e descansasse, ainda não estás recuperado - disse Patrina tentado escapar. - eu levo isto para a cozinha - acrescentou referindo-se à bandeja da comida.

- Prometa-me que volta? - pediu ele observando-a com intensidade.

Patrina estava determinada a resistir a todo custo. Foi então que se lembrou dos comprimidos. Olhou para a bandeja e viu que Cole os tomou. Em poucos minutos sentir-se-ia muito cansado e não teria forças para continuar a discutir.

- Prometo.

Quinze minutos depois, Patrina regressou ao quarto acreditando que Cole teria adormecido, mas a sua surpresa foi monumental ao ver que estava acordado, deitado na cama e olhando para o teto.

- Começava a duvidar que viesse.

Patrina pegou uma cadeira, aproximou-a da cama e sentou-se junto a ele tendo o máximo cuidado para que a longa saia que usava não se enrugasse nem se abrisse.

- Estava ouvindo o rádio. Queria ouvir a meteorologia.

- E o que disseram?

- Disseram que a tempestade só passará dentro de dois dias - respondeu ela.

- Não se sente sozinha vivendo num lugar como este?

- Não tenho tempo para isso - respondeu ela. - normalmente durmo na cidade para poder estar perto dos meus pacientes. Esta semana é uma exceção, estou de férias.

- E o que acontece se um bebê decide surpreender os pais e nascer antes do tempo?

- Já aconteceram mais vezes, mas não há problema. Se estiver incomunicável, há mais médicos nos arredores.

- Você trouxe ao mundo o filho de Durango e Savannah.

- Sim - Patrina sorriu. - nunca tinha visto Durango comportar-se como naquela noite.

- O que quer dizer?

- Conheço Durango há anos. Ele, os irmãos e os primos, costumavam vir aqui visitar o seu pai, inclusive antes de decidir vir estudar na Universidade de Montana ao acabar o colégio. Nunca o tinha visto demonstrar o seu amor pela mulher e pelo filho deles como naquela noite.

Cole concordou recordando a historia. Clint, Casey e ele cresceram acreditando que o pai tinha morrido num acidente de rodeio. Perto de sua morte, no entanto, a mãe confessara-lhes a verdade. Um dia depois do funeral, Clint e ele contrataram um detetive privado para localizar o pai. Casey, por sua vez, não recebeu bem a noticia, incapaz de superar a decepção provocada pela mentira que a mãe lhes contara por toda a vida.

Felizmente, Casey, Corey e o pai dos três acabaram por se dar lindamente. De fato, Cole realizara aquela viagem a Bozeman para assistir à festa de aniversário que Casey e a esposa do seu pai, Abby, estavam preparando para Corey.

- Você sai com alguém, Patrina? - Perguntou Cole.

- Por que quer saber? - perguntou Patrina nervosa por sua vez.

- Por curiosidade.

- Não.

- Gostaria de sair? - perguntou Cole novamente decidindo ir ainda mais longe.

Dependendo da sua resposta, teria que agir de uma maneira ou de outra. Um «sim» tornaria as coisas mais fáceis. Um «não», por sua vez, exigiria uma estratégia mais persistente. Mas, respondesse o que respondesse, Cole estava decidido a consegui-la.

- Leia os meus lábios, Cole Westmoreland - disse Patrina inclinando-se sobre ele e fazendo com que o decote deixasse entrever o começo dos seus seios. - não quero sair com ninguém.

Ler os lábios dela? Ele não queria ler seus lábios. Queria beijá-los.

Cole olhou para ela nos olhos. Queria dizer-lhe que queria estar com ela, que morria por tocá-la, por acariciá-la, que estava preparado para tudo. No entanto, o olhar dela demonstrava uma determinação igualmente forte em não deixar que isso acontecesse. Aquilo não ia ser nada fácil.

- E se eu dissesse que gostaria de sair com você?

Os olhos de Patrina brilharam com uma mistura de ódio, fogo e desejo, mas Cole não se importou. Gostava das mulheres que se faziam de rogadas, das mulheres difíceis de conquistar. As últimas duas mulheres com quem esteve mostraram-se tão entregues, tão dispostas a fazer tudo o que ele quisesse que, de alguma maneira, havia perdido o interesse.

- Respondi que está perdendo o seu tempo. Olhe bem para mim, Cole. Pareço uma mulher fácil de convencer? Dou a impressão de ser uma daquelas pessoas que se deixam levar pela paixão?

Cole esteve quase a responder que sim, mas preferiu não o fazer.

- Onde você quer chegar? - perguntou ele.

- Conheço homens como você - disse ela pensando no seu irmão Dale, que sempre foi um mulherengo empedernido. - Esta atração que há entre nós é temporal, desaparecerá rapidamente, não significa nada. Para você, é apenas uma forma de passar o tempo, faz parte de sua natureza ir conquistando mulheres por aqui e ali, deitar com elas e esquecê-las na manhã seguinte. Não significam nada, apenas amores de um dia. Não quero ser o amor de um dia de ninguém.

Cole tentava prestar atenção ao que Patrina estava dizendo, mas a visão dos seios dela crescendo com cada palavra que dizia, absorvera-o por completo.

- Mulheres como eu são como uma diversão para você, não é?

- Desculpe?

- Você me ouviu. Os homens como você, fortes e atraentes, estão habituados a estar com mulheres que estejam à sua altura. O que é que pensa? Acha que pode vir aqui, saborear as belezas locais, e voltar para o Texas como se nada tivesse acontecido?

De certo modo, Cole reconheceu para si mesmo que em parte, Patrina tinha razão. Viajara até ali desejando arranjar uma mulher com a qual pudesse se divertir durante alguns dias. Encontrá-la foi como um sonho, mas ainda persistia o seu desejo de algo efêmero, algo como saciar mais de um ano de abstinência.

No entanto, o que ela tinha dito acerca dos seus gostos, não era totalmente verdade. Gostava de mulheres, de todos os tipos, cores, tamanhos e origens. Todas, sem exceção. Era solteiro, não estava comprometido com ninguém. Apenas queria apreciar a vida com mulheres que também não quisessem se comprometer, apenas ter um pouco de diversão.

Patrina, aparentemente, não o via assim. Não estava disposta a ser uma aventura de uma noite. Contudo, aquilo a tornava ainda mais atraente, conquistá-la seria um desafio interessante, e ele era bom com as mulheres.

Também era bom em ler o rosto das pessoas, e o que o rosto dela transmitia era uma enorme frustração por não libertar a excitação sexual que a preenchia por dentro; qure ela própria percebesse aquilo ou não, precisava deixar sair o calor que tinha guardado dentro dela. Além disso, ele tinha certeza de que ela não dormiu com ninguém desde a morte do seu marido.

- Fiz-me entender? - perguntou Patrina, olhando para ele.

- Perfeitamente. Agora gostaria de fazê-lo eu.

- Como queira - disse ela cética; - vá em frente.

Cole afastou as mantas e levantou-se. Nervosa, Patrina levantou-se da cadeira e retrocedeu assustada, tentando não olhar para o corpo nu dele, tapado unicamente pela cueca que vestia.

- Tenha calma, Patrina, não gosto de obrigar as mulheres a fazer algo que não queiram. Mas o que sou capaz de sentir é o desejo de uma mulher a quilômetros de distância. E, por mais que você disfarce e negue, você quer. Não sei se percebe ou não, mas você quer. Mais cedo ou mais tarde, vai ter que reconhecer.

- Uau! Acredita que sou uma espécie de viúva depravada sedenta de sexo, não é?

- Não, não acredito - respondeu Cole com um sorriso irônico. - Mas antes disto tudo acabar, farei com que seja uma viúva feliz e alegre. Quando olho para você, vejo uma mulher atraente e desejável, uma mulher que está negando a si própria os prazeres da vida há muito tempo. Talvez pense que estar com outro homem seria trair o seu falecido marido, ou que tenha medo de se deixar levar, não sei. O que posso garantir é que não serei eu a dar o primeiro passo. Não serei eu que vou pedir para dormirmos juntos. Será você.

- Eu? Antes disso o inferno irá congelar.

- Hum… Se olhar pela janela, verá que não falta muito para isso - replicou Cole assinalando a tempestade de neve que batia contra as janelas.

Patrina respirou profundamente, como se tentasse afogar no ar a asfixiante frustração que lhe provocava o fato de não ser capaz de lidar com aquele homem.

De onde tirou a idéia de que ela estaria disposta a entrar no seu jogo? Foi hospitaleira salvando-o de uma estrada onde teria encontrado uma morte certa se não fosse por ela, levara-o para sua casa e cuidara dele. Isso era tudo. E embora ela admitisse a forte atração que havia entre ambos, em nenhum momento tinha-lhe passado pela cabeça pô-la em pratica. No entanto, Cole, um homem habituado a ter aos seus pés qualquer mulher, parecia ter interpretado tudo de uma forma errada. Pensou que ela se atiraria em seus braços, que se abandonaria à paixão para que ele transformasse toda a sua vida convertendo-a numa viúva alegre. Era completamente absurdo. Além disso, mesmo que ela decidisse satisfazer suas necessidades sexuais com um homem, ele, um ranger do Texas, seria o último da lista.

- Não tem nada a dizer?- perguntou Cole.

- O que espera que eu diga? - perguntou ela olhando para ele. - talvez você esteja tratando as mulheres desta forma. Mas comigo não. Conhecemo-nos o ano passado, trocamos meia-dúzia de olhares, e foi tudo. E agora, depois da generosidade que demonstrei trazendo-o para minha casa e cuidando de ti, depois de oito horas aqui, diz que quer dormir comigo. Essa é a sua forma de agradecer tudo o que fiz por você?

Cole franziu a testa. Se ela pensava que conseguiria mudar de assunto para fazê-lo sentir-se culpado, estava muito enganada.

Era tudo muito mais simples. Ele era um homem e ela uma mulher. Entre os dois existia uma atração evidente. Ele queria dormir com ela e, embora ela não quisesse admitir, ela também queria. Podia ter cometido um erro ao ser tão direto, mas não era nada fácil ter diante de si uma mulher tão bonita como ela a devorá-lo com os olhos a cada instante. A única coisa que queria era que Patrina soubesse que ele estava mais do que disposto a satisfazê-la no momento em que ela decidisse dar o primeiro passo.

- Como já disse, Patrina, nunca obriguei uma mulher a fazer algo que não quisesse, e também não vou fazer isso com você. Acima de tudo, respeito-a como pessoa. Mas esta atração que sentimos um pelo outro não tem nada a ver com o respeito. Tem haver com as emoções, com o desejo. O único problema é que, aparentemente, você decidiu há muito tempo afastar-se do mundo e negar a si própria qualquer prazer. E não entendo. Não entendo como é que uma mulher tão bonita como você é capaz de fazer isso. Acorde! Já é hora de voltar à vida. Eu estou aqui. Você está aqui. Vamos aproveitar.

- Você tem um descaramento!

- Eu? Por lembrá-la que é uma mulher bonita? Por dizer a verdade? Olhe bem para mim, Patrina. Sou um homem, e não me sinto culpado por me sentir atraído por você.

Indignada, Patrina aproximou-se dele para lhe responder, para lhe dizer o mais francamente possível o que pensava dele. De repente, sem dar por isso, Cole atraiu-a para ele, pousando os seus lábios nos dela.

O instinto disse a Patrina que se afastasse, que o empurrasse para poder sair dali, mas a sensação dos lábios dele, a delicadeza com que a língua dele estava percorrendo a sua boca, deteve-a.

A indignação começou a recuar, ocupando no seu lugar uma curiosidade irresistível, a necessidade de saber por que Cole era capaz de excitá-la como nenhum outro homem tinha feito. E, como que movida por uma força invisível, as suas mãos começaram a agir por conta própria, rodeando o pescoço dele, acariciando o seu cabelo.

Enquanto ele percorria as costas dela com as pontas dos dedos, Patrina começou a sentir como todo o seu corpo se aquecia, já entregue aos lábios de Cole, envolvida numa comovente nuvem provocada pela forma como ele a beijava, criando violentas ondas por todo o seu corpo.

Então, percebeu que estava completamente rendida a Cole, que não era só ele que a estava beijando. Ela própria estava devorando-o, desesperada, como se tivesse passado cem anos sozinha no meio do deserto. Queria saboreá-lo, tocá-lo, experimentar cada centímetro do corpo dele e deixar-se elevar sem pensar em mais nada.

De repente, ele separou-se dela perturbado, como se acabasse de despertar numa estranha dimensão.

Patrina aproveitou o momento para colocar distância entre ambos.

Cole inspirou por alguns segundos, como se o beijo lhe tivesse esvaziado os pulmões. Estava atônito, e tudo por um simples beijo. Aquela era a prova de que ele tinha razão. Tinha que lhe dizer. Contudo, quando estava prestes a abrir a boca, ela pediu-lhe que não falasse colocando um dedo sobre os lábios dele.

- Não diga nada - disse ela suavemente. - Foi apenas um beijo, não significou nada.

- Pense o que quiser - disse ele exausto, - mas o que acabou de acontecer demonstra que tenho razão - acrescentou deitando-se na cama. - além disso, sabe tão bem quanto eu, que já não sente o mesmo de antes, que deu um pequeno passo para sair desse buraco negro no qual esteve metida durante tanto tempo. Eu te ajudarei a sair para a luz.

Sentindo o olhar furioso de Patrina sobre ele, Cole fechou os olhos para saborear o sabor dela nos lábios e ouvir as batidas do seu coração, que ainda batia aceleradamente.

E tudo aquilo foi provocado por um simples beijo.

Apenas um beijo.

 

- Bom dia.

De pé junto ao balcão da cozinha, Patrina deixou o que estava fazendo para arranjar forças antes de se virar e devolver-lhe a saudação.

Acordou no meio da noite, horrorizada ao perceber que adormeceu numa cadeira junto da cama dele. Saíra do quarto sem fazer barulho, tomara uma ducha e metera-se na cama com a cabeça zonza, incapaz de dormir sabendo que ele estava no quarto ao lado. Levantara-se duas vezes para entrar no quarto de Cole e confirmar se ele estava bem.

Depois adormeceu, não sem antes passar um bom tempo recordando o dia em que o havia conhecido. Assim que o viu na festa de Casey um ano antes, algo nele a encantou de forma fulminante. Foi instantâneo, arrasador e repentino.

Passou o resto da noite tentando evitá-lo, mas foi inútil. Ele acabou por se aproximar dela e apresentou-se. Até ali tinha ouvido falar dos três filhos de Corey e até tinha conhecido Casey. Mas nunca havia se encontrado cara a cara com um dos seus irmãos, Cole e Clint, tão parecidos que algumas pessoas até os confundiam.

No entanto, ela foi capaz de distingui-los desde o principio. Cole tinha alguma coisa diferente. As feições do seu rosto, a forma dos seus lábios, os olhos escuros… Não tinha certeza absoluta, mas alguma coisa era diferente nele em relação aos outros.

Além disso, algo na forma dele se mover e de olhar avisara-a da verdadeira natureza daquele homem, um mulherengo habituado a despir as mulheres com os olhos.

Voltara-o a ver seis meses depois, no casamento de Casey, e teve a mesma sensação assim que o viu. Contudo, naquela ocasião, consciente da intensa atração que ele provocava nela e com medo de que pudesse aproveitar algum momento de debilidade para se aproximar, Patrina abandonou a igreja um minuto depois de ter terminado a cerimônia e de ter felicitado os noivos.

E seis meses depois, ali estava ele, em sua casa, a alguns metros dela, dando-lhe bom dia da porta da cozinha, ameaçando virar de pernas para o ar todo o seu mundo.

- Bom dia, Cole. - disse virando-se para ele. - Como…?

Não conseguiu terminar a pergunta. Um nó formou-se em sua garganta ao vê-lo na porta, vestindo apenas uma calça jeans, descalço e com o peito nu. Era demais. Demais para ela. Demais para qualquer mulher.

Estava hipnotizada, mas percebeu que com ele tinha acontecido o mesmo. Estava a despi-la com o olhar, desejando tirar-lhe a blusa e a calça, desejando libertar o calor que estava encerrado dentro do seu corpo.

- Cheira muito bem.

As palavras de Cole fizeram-na voltar a si e, rapidamente, voltou a virar-se para não o ver.

- Espero que tenha fome - disse Patrina.

- Estou esfomeado.

A vos dele tinha soado mais próxima, como se tivesse entrado na cozinha e estivesse mesmo atrás dela.

- Como é que gosta dos ovos? - Perguntou ela sem virar-se.

- De todos os jeitos, faça-os como você gosta - sussurrou ele ainda mais perto.

Nervosa, Patrina virou-se com uma colher de pau na mão, como se acreditasse que com isso pudesse defender-se.

Deparou-se diante dele, quase conseguia sentir a sua respiração, quase conseguia tocar os seus lábios.

- Antes de usar essa arma contra mim - disse Cole agarrando na colher de pau, - quero agradecer por tudo.

- Agradecer-me? Por que? - perguntou tremendo.

- Por ter-me trazido para sua casa, por ter cuidado de mim, por aguentar a minha teimosia.

Teimoso? Não quereria dizer arrogante?

- Sou médica, estou habituada a cuidar de todos os tipos de pessoas.

- Também é mulher, Patrina - disse ele. - Creio que precisa que te lembrem disso mais vezes.

- Por que acha que me esqueci? Não é necessário que me lembre de nada; além disso, não tem nenhum direito de fazê-lo.

- Não sei se você esqueceu, mas parece empenhada em ignorar, em esconder. Nego-me a que o faça. Quero que deixe sair a paixão que tem dentro de si.

Ia responder-lhe quando ele, sem lhe dar tempo, beijou-a. Voltou a sentir a mesma reação instintiva de se afastar dele, mas em seguida cedeu aos seus impulsos e devolveu-lhe o beijo.

O que estava fazendo? Em que estava se transformando? Só conseguia pensar na língua de Cole percorrendo a sua boca, nos seus seios pressionados contra o tórax dele. Quanto mais o beijava, mais queria, mais se afastava do mundo onde se sentia segura. Mas não conseguia evitar, a boca dele era irresistível, provocadora, incontrolável, emanava um desejo selvagem, um desejo que já tinha esquecido, um prazer ainda mais intenso do que na noite anterior.

Então, ele deixou de beijá-la e ela, desorientada, baixou a cabeça e refugiou-se no peito dele, incapaz de olhar para ele nos olhos. Enquanto ele lhe acariciava o cabelo, Patrina esforçava-se por reunir as palavras necessárias para lhe dizer que não queria nada daquilo, que era feliz no seu mundo tranquilo e isolado, que precisava continuar a viver na solidão.

- Poderia continuar te beijando - murmurou ele no seu ouvido.

- Por que você torna tudo tão difícil? - perguntou Patrina levantando o olhar.

- Não torno nada difícil, sou apenas persistente. Não me renderei até te convencer.

- Não se esforce, não conseguirá nada.

Cole olhou para ela tentando decidir se devia continuar a insistir, se devia dar rédea solta à excitação que sentia.

- Quer que te ajude a fazer o pequeno almoço? - perguntou mudando de assunto.

- Não, obrigado. Pode esperar na sala, logo ficará pronto.

- Em outras palavras, quer que eu vá embora, não é? - perguntou Cole sorrindo.

- Sim, é isso que quero.

- Como queira.

Com alguma frustração, Cole virou-se e foi para a sala, decorada como toda a casa, com móveis fortes de madeira, resistentes ao clima agreste daquela região. Numa das paredes, um sofá de couro, coberto por uma capa, concedia ao ambiente um ar caseiro, completado por uma hospitaleira lareira.

Cole olhou para a tempestade do outro lado da janela e perguntou-se como o seu pai fizera para sobreviver naquele clima, no alto da montanha, tanto tempo, sobretudo durante os anos que passou sozinho antes conhecer Abby. Supôs que deva ter-se rodeado de pequenas coisas quotidianas para combater a solidão, assim como Patrina fazia. Cole respeitava essa forma de vida, mas no que dizia respeito a ela, não deixava de pensar que haviam sinais evidentes de que aquela mulher precisava de mais alguma coisa.

Assistira a algo muito parecido quando criança, vendo sua mãe recusar várias vezes todas as oportunidades que apareciam à sua volta e que a teriam feito feliz. Como com o seu professor do quarto ano, o senhor Jefferson. Em vez disso, inventou uma historia acerca da morte do seu pai, transformando-se numa mártir de sua própria infelicidade para acabar por se entregar a uma espécie de reclusão imposta por ela própria. E, embora Cole e os seus irmãos tivessem acabado por descobrir a mentira, a mãe de Cole, Carolyn Roberts, continuou a comportar-se como se Corey Westmoreland tivesse morrido de verdade. Ninguém foi capaz de fazer qualquer coisa por ela, amargurada e desfeita por um pensamento repetido, a certeza de que há muito tempo tinha deixado de ocupar o coração do seu ex-marido.

Finalmente, acabou por morrer do mesmo modo em que tinha vivido durante tantos anos, detida na mesma prisão que Patrina tanto parecia precisar. Por alguma razão que nem ele próprio era capaz de compreender, estava determinado a não permitir que acontecesse a ela o mesmo que à sua mãe. Não estava interessado numa relação séria e douradora, nem com ela nem com nenhuma outra mulher, mas estava determinado a ser o artesão de sua ressurreição, em voltar a mostrar-lhe a alegria de viver.

Passeando pela sala, Cole aproximou-se da lareira e descobriu, sobre a estreita prateleira de tijolo, várias fotografias cuidadosamente preservadas. Uma delas mostrava Patrina vestida de noiva e acompanhada por alguém que sem dúvida, devia ser Perry. Pela informação que Durango lhe dera, o casamento durou cinco anos, interrompido pela morte repentina do marido de Patrina.

Segundo Durango, Perry foi, além de um excelente chefe de policia, um homem muito querido e respeitado. Olhando para a fotografia, Cole sentiu uma pontada no estômago. Por que era tão difícil olhar para aquela fotografia?

Decidiu deixar de olhar para ela e observar uma outra em que Patrina aparecia acompanhada por duas mulheres. As três tinham um evidente ar familiar. Seriam a sua mãe e a sua avó? Foi então quando percebeu que, na verdade, sabia muito pouco sobre ela ou sobre sua família, só conhecia o irmão, Dale, que havia conhecido no casamento de Casey.

- Acabei de colocar os bolos no forno. Ficarão prontos em seguida - disse Patrina da porta.

- Quem são estas duas mulheres? - perguntou Cole apontando apara a fotografia.

- É a minha mãe e a minha avó - respondeu entrando na sala mas mantendo-se a distancia.

- Ainda estão vivas?

- Infelizmente, não - respondeu com a tristeza nos olhos. - Foram as parteiras da cidade. Na realidade, todas as mulheres da minha família, desde a minha bisavó, foram parteiras. Duvido que haja uma só criança nos arredores que não tenha sido trazida ao mundo por uma de nós. Eu segui a tradição, embora tenha aproveitado para estudar medicina na universidade.

- Dale é a única família que te resta?

- Sim , e acredite, é mais do que suficiente.

Da forma como tinha dito, Cole supôs que mantinham uma relação muito próxima, assim como ele com os seus irmãos.

- Suponho que este aqui - disse Cole assinalando a foto de casamento de Patrina - Seja o Perry.

- Sim - ela confirmou após alguns segundos. - Sou eu e o Perry no dia em que nos casamos. Era um homem maravilhoso.

- Também me disseram isso. Durango e McKinnon gostavam muito dele.

- Todo mundo gostava do Perry. Era muito fácil lidar com ele. Não devia ter morrido como ocorreu.

- Mas foi o que aconteceu, Patrina - disse Cole.

Não queria parecer insensível à sua dor, mas era necessário falar-lhe assim se queria salvá-la das trevas em que estava vivendo há três anos.

- Não preciso que me lembre - afirmou ela orgulhosa. - mas, já que o fez, aproveito para te dizer que a forma como morreu convenceu-me para sempre de que nunca mais terei nada a ver com um agente da lei.

- Por que? - perguntou Cole tentando testar a segurança com que ela tinha dito aquela afirmação. – Por que morreu cumprindo o seu dever?

- Por que foi uma morte sem sentido. Em minha opinião, essa é uma razão suficiente.

Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, Patrina virou-se e voltou para a cozinha.

Que palavras podia empregar para lhe dizer que aquela não era razão suficiente? Como lhe podia explicar que os homens que se dedicavam àquela profissão, faziam-na sabendo que arriscavam suas vidas e que, apesar disso, não se importavam? Como lhe podia explicar que para eles valia à pena se isso significasse ajudar as pessoas? Cole sabia por experiência própria. De fato, se deixou de ser um ranger não foi pelo perigo, mas sim pela necessidade de mudar de vida, pelo desejo de aproveitar as infinitas possibilidades que a vida lhe oferecia.

- O pequeno almoço está pronto - disse Patrina da cozinha.

- Vou já.

Enquanto vestia uma camisa, Cole pensou no que deveria fazer. Era possível que ela estivesse chateada pela conversa acerca do seu marido, mas aquilo não o deteria. Aquela mulher atraia-o, excitava-o, despertava nele um desejo que nunca tinha sentido antes.

Era capaz de tudo para convencê-la.

 

Patrina estava colocando os pratos na mesa da cozinha quando Cole entrou.

Há quanto tempo não compartilhava de um pequeno almoço com um homem?

- Que bom aspecto tem isto tudo - disse ele lavando as mãos na pia.

- Obrigada, Cole. Espero que goste.

- Não vai comer comigo? - Perguntou aproximando-se dela. - gostaria que o fizesse.

- Tenho coisas para fazer - respondeu Patrina perturbada pela presença dele.

- Tem que comer alguma coisa - assinalou ele aproximando-se um pouco mais. – Por que será que tenho a sensação de que tem medo de mim?

Patrina olhou para ele tentando que de algum lugar do seu corpo saísse uma resposta gélida, cortante, mas não foi capaz. Os olhos de Cole pareciam estar hipnotizando-a, envolvendo-a com a respiração numa onda de desejo. O seu cheiro vencendo a sua vontade.

- Por que é tão persistente?

- Por isto - respondeu Cole agarrando a mão dela entre as suas.

O contato provocou uma reação em cadeia por todo o seu corpo, como se uma corrente elétrica libertada pelos dedos dele a tivesse incendiado. Começou a sentir calor, mais calor, um fogo intenso que também via refletido nos olhos de Cole.

- Vê? - disse ele.

- É melhor você sentar e comer - apressou-se a responder Patrina. - Vai ficar frio.

- As senhoras primeiro - disse ele puxando uma cadeira para ajudá-la a sentar.

- Obrigada.

- Será um prazer comer com você.

Mas, o que tinha feito? Sem perceber, cedeu fazendo exatamente o que ele queria desde o princípio.

«Como conseguia ser tão tonta?»

Cole começou a servir-se como se não comesse há vários dias. A mesa estava repleta de bolos, ovos, bacon, suco de laranja e café. Ficou explicado que o senhor Westmoreland gostava de comer.

- O café está delicioso. Quente e forte, do jeito que eu gosto.

Patrina quase o disse que Perry também costumava bebê-lo assim, mas decidiu não dizer nada.

- A televisão funciona?

- Sim - respondeu ela.

- Por que não a liga?

- Não costumo ter tempo para fazer isso - ela voltou a dizer. - Costumo trabalhar muito, assim, vejo-a quando estou no hospital. Além disso, não costuma passar nada de interessante, só programas do coração e coisas parecidas.

- Quer dizer que nunca assistiu CSI? - perguntou ele bebendo um gole de café.

- Já disse que não quero ter nada a ver com a lei. Isso inclui os programas de televisão.

- Tenho certeza de que os policiais daqui não estão muito contentes com você. - brincou ele.

- Não deturpe as minhas palavras. Não tenho nada contra eles, de fato fui casada com um policial. O que quis dizer é que já não quero ter nada a ver com esse mundo.

Cole perguntou-se se o que ela acabava de dizer, além de ser uma referência ao seu falecido marido, também se referia a ele. Ninguém da sua família, exceto o seu irmão Clint e o seu primo Quade, sabia que tinha pedido demissão. Planejou dizer a todos na festa de aniversario do seu pai. E embora confessar isso para Patrina fosse uma grande ajuda, não queria fazê-lo. Estava determinado a demonstrar-lhe que a paixão estava acima de tudo, acima das más recordações e das teimosias.

- Se deseja, pode assistir televisão, não me importo, eu prefiro ler.

- Algum livro de Rock Mason?

- Sim.

Cole reprimiu uma gargalhada irônica. Ambos sabiam que Rock Mason, cujo nome real era Stone Westmoreland, era seu primo. A mulher de Stone, Madison, tinha dado à luz um mês antes.

- Já sabe quem vai ser a próxima vítima? - perguntou Cole fazendo referência ao livro.

- Ainda não. É cativante. Acho que Stone está prestes a começar outro livro - disse Patrina estendendo a mão para pegar a cafeteira.

- Posso ajudar em alguma coisa? - perguntou ele.

- Fazendo o quê?

- Não sei… Cortar lenha para a lareira, lavar os pratos, fazer um boneco de neve… Só precisa dizer e eu farei.

- Há madeira suficiente. Dale trata sempre disso quando vem aqui. E sobre os pratos… Não é preciso, obrigado. Eu os coloco de molho na lava louça e lavo-os em seguida.

- E por que não fazemos um boneco de neve? - sorriu Cole.

- Não, obrigado, está muito frio.

- Não exagere… Tenho certeza que está habituada. Ande, vamos.

- Não se esforce, não vou sair. Além disso, você deveria continuar descansando, ainda não está recuperado.

- Estou perfeitamente bem - garantiu Cole levantando-se da mesa. - Por que não fica aí sentada lendo tranquilamente enquanto eu lavo os pratos?

- Cole, não precisa fazer isso.

- Mas quero fazê-lo, preciso fazer alguma coisa. Vá buscar o seu livro, eu trato disto.

- Comecei a lê-lo ontem.

- Eu sei - disse Cole começando a recolher os pratos. – Vi você sentada lendo. Adormeceu, não foi? Não tenho certeza, porque depois voltei a despertar e já não estava lá.

- A cadeira era um pouco incômoda e fui para a minha cama.

- Poderia ter se deitado na minha - disse Cole olhando para ela. - Não me importaria de dar-lhe espaço.

- Não vai deixar de insistir, não é?

- Já expliquei, Patrina. Nada mudou em mim. De fato, até estou mais convencido hoje do que ontem.

- Por que?

- Você já sabe. Porque te desejo e você me deseja.

- E se eu disser que não o desejo? Que não me atrai? - perguntou Patrina desviando o olhar.

- Diria que está mentindo.

- Não vai acontecer nada entre nós, Cole - replicou furiosa.

- Quer apostar? Patrina, quando demos a mão, sentiu o mesmo que eu. E ontem, quando nos beijamos, aconteceu o mesmo. Consigo sentir a sua excitação. Quero que a deixe sair.

- Você se acha tão irresistível ao ponto de pensar que nenhuma mulher pode te dizer um não?

- Não. Sou apenas um homem incapaz de resistir à sua beleza.

Furiosa com a conversa que acabavam de ter, e vendo que não iam chegar a nenhum lugar, Patrina levantou-se da mesa, saiu da cozinha e entrou na sala para ficar sozinha.

Respirando profundamente, com as palavras que Cole acabou de falar ainda às voltas em sua cabeça, recordou os fatos desde que se deparou com ele na estrada. Era realmente possível que duas pessoas sentissem uma atração tão forte uma pela outra de uma forma tão súbita e espontânea?

Patrina não sabia responder à pergunta, mas tinha certeza absoluta de que isso nunca lhe tinha acontecido. Perry e ela se conheciam desde crianças, quando a família dele se mudara para a cidade e começaram a namorar no colégio. Tiveram uma relação tranquila e convencional. Custou-lhes muito pouco controlar a influência dos hormônios durante os anos em que saíram, e, desse modo, chegaram virgens à noite de núpcias. Com Perry, foi muito simples. Com Cole, por sua vez, era diferente. Seria a atração que sentiam um pelo outro razão suficiente para se atirar a uma relação desenfreada?

Cole parecia ter uma opinião muito definida a esse respeito. Para ele era razão suficiente. Estava determinado a viver aquela paixão independentemente do que acontecesse depois.

«Só por cima do meu cadáver», pensou Patrina cheia de raiva e de frustração.

Se Cole a via unicamente como um objeto sexual, estava pronta a demonstrar-lhe que não era. E o melhor que podia fazer para conseguir era ignorá-lo.

Saindo da sala, entrou no seu quarto e fechou a porta com força.

Deitou-se na cama, agarrou o seu livro na mesinha de cabeceira e preparou-se para passar o dia tranquilamente, ignorando completamente a presença dele ali.

Quando acabou de lavar o último prato do pequeno almoço, Cole secou as mãos e olhou ao seu redor. Patrina tinha se metido no quarto dela, disposta a ignorá-lo.

«Não importa», pensou Cole. «Mais cedo ou mais tarde vai ter que sair dali».

Podia fazer mil coisas para passar o tempo até que chegasse aquele momento. Na sua mala, por exemplo, guardava muitas palavras cruzadas para fazer. Adorava exercitar a mente sempre que podia.

Saiu da cozinha e parou por alguns momentos diante da porta do quarto de Patrina, tentado a bater.

Mas não, não era o momento. Tinha que esperar. Acabaria por sair, embora fosse apenas para comer.

Com um sorriso nos lábios, afastou-se para o seu quarto determinado a esperar o tempo que fosse necessário.

Deitada na cama, Patrina olhou para o céu através da sua janela. A neve caía ainda com mais força do que no dia anterior.

Que horas seriam?

Consultou o relógio da mesinha. Já era tarde. Como tinha passado o tempo?

De repente, ergueu-se da cama ao sentir um doce aroma proveniente da cozinha. Levantou-se, foi até a porta e abriu-a. O cheiro intensificou-se. Movida pela curiosidade, saiu do seu quarto e dirigiu-se à cozinha.

Ali estava Cole, com um avental agarrado à cintura e cozinhando tranquilamente.

- O que você está fazendo? - perguntou ela.

- Achei que era a minha vez de fazer o jantar. – respondeu sorrindo-lhe como se fosse a situação mais normal do mundo.

- Não pensei que soubesse cozinhar.

- Há muitas coisas que não sabe sobre mim. Sim, sei cozinhar. De fato, gosto muito. Ficará pronto num minuto. É um prato típico do Texas.

- Cheira muito bem - disse ela aproximando-se um pouco.

- Verá como também tem um sabor muito bom.

- Precisa de ajuda?

- Não é necessário, já tratei de tudo, como passou o dia?

Uma parte de Patrina sentiu-se culpada ao pensar que tinha passado horas fechada no quarto, lendo, enquanto ele estava preparando o jantar para os dois.

- Bem, mas devia ter te ajudado.

- Não senhora. Precisava ficar sozinha.

- Bom, pelo menos ponho eu a mesa - disse ela lavando as mãos.

Sem esperar pela resposta, e visto que no fim das contas a cozinha era dela, Patrina abriu os armários determinada.

- Acabou o livro? - disse ele virando-se para ela, fazendo com que a camiseta de manga curta que vestia lhe marcasse os músculos.

Mas Patrina não ouviu a pergunta. Estava olhando para ele.

- E?

- E o quê? - perguntou perturbada.

- Perguntei se já acabou o livro - repetiu Cole, dessa vez sorrindo.

- Ainda não. Mas está tornando-se muito interessante - disse ela sem deixar de olhar para ele.

- Vai pôr a mesa? - perguntou Cole ao ver que Patrina continuava de pé sem fazer nada.

- Sim, claro - respondeu ela percebendo que estava olhando para ele como uma tonta com os pratos na mão.

Mas ao colocá-los sobre a mesa, deparou-se com o corpo de Cole diante dela.

- Sei que precisava de espaço para si - disse Cole agarrando os pratos, - mas eu não me senti bem.

- Por que? - perguntou ela incapaz de pensar noutra coisa para dizer, como se ele tivesse esvaziado a sua mente.

- Porque teria gostado de passar o dia com você.

- O que teríamos feito?

- Palavras cruzadas - respondeu ele com um sorriso sedutor.

- Palavras cruzadas? - repetiu Patrina, que não tinha a certeza de ter ouvido bem.

- Sim, palavras cruzadas, gosto de fazê-las.

Não era o único que gostava de fazê-las.

Estava conseguindo o que se proposera.

Patrina tinha o corpo ardente. Estava desejando abraçá-lo, beijá-lo…

- Não pense, Patrina. Faça. - murmurou Cole.

Patrina olhou para ele assustada.

Como sabia o que estava pensando? Notava-se tanto assim?

- Deixe-se levar.

Suavemente, Cole agarrou o rosto dela entre as mãos e colou o corpo dele contra o dela.

Ao fazê-lo, provocou uma resposta imediata em Patrina, uma resposta instintiva que não foi capaz de controlar. O desejo estava apoderando-se dela, fazendo com que os seus seios se endurecessem e os pulmões respirassem agitadamente. A sua capacidade de raciocinar havia desaparecido.

Quando os lábios dele tocaram os dela, Patrina já estava entregue. Começou a saborear a boca dele, deixando que a sua língua entrasse pouco a pouco.

Cole deslizou as suas mãos imperceptivelmente pelo corpo dela e começou a acariciar-lhe a cintura, a rodear-lhe as costas e a descer suavemente.

Então, colada a ele, sentiu a excitação dele no seu ventre, como se fosse uma pedra. Sem saber por que, Patrina colou-se ainda mais a ele; precisava senti-lo a todo custo.

Determinada a deixar-se levar, envolveu o pescoço de Cole com as suas mãos e beijou-o com ardor.

Mas não era o suficiente.

O membro ereto dele estava enlouquecendo-a.

Precisava tocá-lo.

Senti-lo.

Deslizando as mãos pelo corpo dele, chegou ao seu cinto e começou a tirar-lhe a calça urgentemente, incapaz de pensar em outra coisa.

E, então, o alarme do forno começou a apitar.

Para Patrina, foi como se lhe tivessem atirado um balde de água fria sobre a cabeça.

Afastou-se dele como se tivesse recebido uma descarga. Tinha o rosto vermelho, os olhos dilatados e estava desorientada.

O que tinha acontecido?

Onde estava?

- Patrina?

Mas ela foi incapaz de responder. Queria que a terra a engolisse. Como diabos tinha avançado tanto?

- Patrina, olhe para mim.

- Não - disse, virando-se, pronta para sair dali. - Não quero olhar para você, quero ficar sozinha, deixe-me ficar sozinha.

- O que você tem é medo - disse Cole seguindo-a até a sala. - tem medo de se deixar levar, de se entregar à paixão que tem acumulada.

Patrina voltou-se para lhe responder, mas ao fazê-lo, chocou-se com ele. Perdeu o equilíbrio e caiu de costas no sofá. E ele foi atrás.

Tinha-o em cima dela, os corpos estavam colados.

Cole olhava para ela, envolvendo-a naqueles olhos que era incapaz de resistir. De onde vinha aquela excitação incontrolável? Por que não sentiu nada parecido com Perry, apesar de ter apreciado todos e cada um dos beijos que tinham dado? Era como se ela e Perry tivessem sido mais amigos do que amantes. Na cama, o seu marido sempre se comportara com a mesma delicadeza que fora dela, tratara-a como se fosse um copo de fino cristal que pudesse se partir a qualquer momento.

Cole, por sua vez, estava fazendo exatamente o contrário. Não a tratava com delicadeza nem com diplomacia. Estava tratando-a como mulher, incendiando nela uma excitação furiosa que até esse momento nunca havia conhecido. Apostava que a conseguiria e não iria parar diante de nada.

Os olhos de Cole refletiam toda aquela intensa paixão, mas estava quieto, como se estivesse deixando para ela a iniciativa.

Ficaram em silencio, observando-se através da penumbra da cozinha, enquanto lá fora a tempestade continuava descarregando toneladas de neve contra as sólidas paredes da casa. Patrina conseguia sentir cada músculo, cada pequena parte do corpo dele em cima dela, excitando-a, desapertando gradualmente as ligaduras que encarceravam as últimas reservas de sensatez que lhe restavam.

E, então, incapaz de resistir mais, Patrina rodeou-lhe o pescoço com os braços e o atraiu para si para beijá-lo. Naquele momento, como se aquele fosse o sinal que tinha esperado, Cole começou a beijá-la exasperadamente, como se estivesse tomando posse do seu território, como se ela fosse dele, como se tivesse sido dele desde o principio. E Patrina estava fazendo o mesmo.

Algum tempo depois, sem ser capaz de decifrar quanto, Patrina percebeu que Cole havia deixado de beijá-la e olhava para ela enquanto recuperava o fôlego.

- Creio que deveríamos ir jantar - murmurou Cole apertando-a entre os braços. - Quando acabarmos… Faremos o que você quiser.

 

Sentado na mesa da cozinha, Cole olhou para Patrina. Estavam acabando de jantar e não tinham dito nenhuma palavra desde que sentaram.

Estaria pensando no que acabara de acontecer?

Não havia a menor dúvida de que era a mulher mais apaixonada que já conhecera. E teimosa. Certamente estava arrependendo-se do que aconteceu, convencendo a si própria de que foi um erro que não deveria voltar a repetir.

Pelo menos estava provando-a que tinha razão, que ela era uma mulher sensual por mais que quisesse esconder.

Mas aquele silêncio inquietante já tinha durado demais.

Tinha que conseguir que ela dissesse alguma coisa.

- O que fazem exatamente na clínica? - perguntou Cole bebendo um golo de vinho.

- Por que quer saber? - ela devolveu a pergunta ceticamente.

- Porque me interessa.

- Por que te interessa? - insistiu ela como se estivesse ganhando tempo.

- Interesso-me por tudo que tenha a ver com você - respondeu ele sinceramente.

- E se eu não te disser?

- Bem… Nesse caso terei que procurar alguma forma de te fazer falar. - disse Cole com voz sedutora.

- É uma clínica para mulheres - Patrina disse finalmente. – As pessoas trabalham lá voluntariamente. Oferecemos todo o tipo de serviços de saúde, checapes mensais, análises de gravidez, análises de câncer de mama, educação sexual…

- Quando é que você costuma ir lá?

- Sempre que posso - continuou Patrina. - durante várias horas por dia. Queria ter mais tempo. Dependemos de investidores privados e os serviços que oferecemos não são propriamente baratos para nós. Mas, apesar de tudo, conseguimos garantir um serviço de saúde às mulheres que mais precisam dele.

- As grávidas?

- Não apenas para grávidas, mas para todas as mulheres que dele precisam. Por exemplo, no ano passado, tratamos mais de mil mulheres desalojadas. Todas merecem o melhor tratamento que pudermos oferecer.

Ouvindo Patrina falar, ele percebeu o quanto aquela clínica significava para ela. Mas, também percebeu, pela primeira vez, que era uma mulher muito veemente e expressiva. Não parava de fazer gestos com as mãos para explicar melhor o que estava dizendo, os olhos brilhavam…

E que mãos delicadas e bonitas ela tinha! Queria voltar a tocar aquelas mãos que com tanta urgência lhe tinham desabotoado a calça naquela cozinha, antes do maldito forno começar a tocar.

Cole olhou para o rosto dela, para os olhos, o nariz, para os lábios… Tudo parecia estar esperando ser beijado por ele. E ele queria. Queria despí-la, meter-se na cama com ela, pousar o corpo…

- Desculpe… Estou aborrecendo-o - disse Patrina de repente.

- Não, claro que não - respondeu Cole saindo de seu devaneio. - Tudo o que disse é muito interessante.

«Embora fosse muito mais interessante fazer amor com você», pensou ele.

- Já que você fez o jantar, acho que é a minha vez de arrumar a mesa - disse ela levantando-se e estendendo a mão para alcançar o prato de Cole.

- Não gosto quando você fica nervosa e com medo de mim - disse ele agarrando a mão dela.

- Não tenho medo de você - replicou Patrina soltando a sua mão. - Só que há muitas coisas que não entendo.

- É impossível entender tudo na vida. E menos ainda o que tem a ver conosco.

- Não há um conosco, Cole.

- Preciso te lembrar o que aconteceu há algumas horas?

- Aquilo foi um erro.

- A mim não pareceu. - disse ele a sorrir. - se não me tivesse detido, teríamos continuado a nos beijar como loucos. Olhe, Patrina, se isso te tranquiliza, posso ajudá-la a lavar os pratos e depois vamos para a cama, separados, cada um na sua; foi um dia muito comprido - propôs Cole, embora não fosse, nem parecido o que queria fazer. - Mas, se quiser passar a noite comigo, não tenho nada contra. Eu gostaria imensamente - acrescentou suavemente em voz baixa.

- Eu durmo na minha e você na sua - sentenciou ela.

- Será como quer.

- Evidentemente.

- Bom, já está decidido. Agora, pelo menos, deixe-me ajudar a arrumar a cozinha.

- Posso arrumá-la sozinha, obrigada - insistiu ela, começando a tirar a toalha da mesa.

- Como quiser - disse Cole levantando-se da mesa. - Eu saio.

- Está bem - disse ela, surpreendida por deixá-la tranquila tão facilmente.

- Não, não está - disse Cole da porta. - O que na verdade estaria bem era dormirmos juntos esta noite. Isso é que estaria bem.

Passado alguns minutos, Patrina ouviu da cozinha o barulho do chuveiro no quarto de Cole, o que a tranquilizou, já que queria dizer que estava determinado a cumprir a sua palavra e deixá-la em paz.

No entanto, a tranquilidade durou pouco. A sua mente começou a imaginar Cole nu debaixo d’água no banheiro, e recordou o que aconteceu algumas horas antes, a forma como estavam um em cima do outro no sofá da sala, com os corpos colados, a facilidade com que ele despertou o desejo dentro dela.

Mas não devia voltar a acontecer. Tinha que mostrar mais resistência, fazê-lo compreender que não era nenhuma mulher provinciana solitária que ele pudesse manipular conforme o seu desejo.

Falar sobre o seu trabalho na clínica a havia feito raciocinar, recordando todos e cada um dos dias que passou com mulheres desesperadas, cujo único erro foi se deixarem levar por um momento errado.

Não, ela não ia cometer o mesmo erro, porque estava cada vez mais convencida de que a única coisa que ele queria era deitar-se com ela, nada mais. E embora já não pudesse negar o fato de que sentia uma inegável atração sexual por ele, estava determinada a não voltar a cair em suas redes.

Patrina acabou de lavar os pratos e de limpar o chão e antes de se retirar ao seu quarto para ler um pouco, ligou o rádio para ouvir o boletim meteorológico. Desejava que aquela tempestade terminasse para que Cole fosse embora e ela pudesse recuperar a sua vida de sempre.

A sua vida de sempre.

Ir e voltar para a clínica.

Fazer visitas por toda a cidade.

Estar sempre sozinha.

E se fizesse o que ele queria apenas por uma noite? Se esquecesse dela própria, da sua vida e se entregasse ao prazer?

Que mal teria em satisfazer as suas necessidades sexuais?

O que não conseguia negar era que se sentia excitada só de pensar que um homem como Cole Westmoreland pudesse achá-la atraente. Porque não aproveitar as circunstâncias? No fim das contas, quando a tempestade terminasse, ele iria embora e seria muito difícil que voltassem a se encontrar, já que só ia a Bozeman de vez em quando para visitar a sua irmã Casey.

No entanto, ficava pendente o assunto da festa que Casey e Abby organizaram para o pai de Cole, Corey. Patrina estava convidada e Cole estaria lá. Vê-lo depois de ter passado uma noite inteira com ele não seria tão incômodo. O desejo teria desaparecido. Além disso…

«Mas, o que está pensando? Quanto vinho bebeu no jantar?», pensou para si própria, ligando o rádio e aquecendo um pouco de café.

Poucos minutos depois, vendo a neve a cair através do vidro, Patrina percebeu que, se a previsão do tempo que acabara de ouvir no rádio se cumprisse, aquela seria a última noite que Cole passaria em sua casa. Segundo as notícias, a tempestade terminaria no dia seguinte, durante a manhã.

Ia ser um prazer ficar sozinha, poder andar pela casa sem se preocupar com ninguém, voltar a se vestir como gostava!

- Ainda está nevando?

- O quê? - perguntou Patrina virando-se bruscamente e derramando um pouco do café que tinha na mão.

Cole dirigiu-se a ela rapidamente e pegou a xícara de café.

- O que pretende fazer? Queimar-se?

- Assustou-me - respondeu ela.

- Desculpe, não foi minha intenção - desculpou-se ele, colocando a xícara em cima da bancada.

Foi então que Patrina reparou que Cole estava descalço e de cueca. O tipo de roupa interior que Dale, o seu irmão usava, embora nunca tivesse reparado como ficava mal nele.

Além disso, percebeu que ele estava excitado, que o membro ereto se escondia, à espreita, atrás de um ostensivo volume no meio das pernas.

- E então?

- E então… O quê?

- A tempestade.

- Creio que começará a diminuir amanhã - disse Patrina sem saber ao certo se Cole referia-se a neve ou ao que estava acontecendo dentro das paredes da casa.

- Isso quer dizer que terei que ir embora.

- Tenho certeza que Casey vai gostar muito de ver você.

- E eu tenho certeza que você quer ficar sozinha outra vez.

Patrina olhou fixamente para ele. Era isso o que ela queria? Ficar sozinha novamente?

- Há uma linda lua cheia - disse Cole apontando para o céu noturno.

- É? - perguntou ela na defensiva, incapaz de acreditar que ele pudesse ter fito aquele comentário sem nenhum duplo sentido.

- Ian diz que cada lua cheia tem um significado diferente e que é diferente de todas as outras.

Ian era primo de Cole. Tinha estudado Física e depois trabalhara durante algum tempo na NASA. Nos últimos tempos mudara de profissão e administrava um cassino no lago Tahoe.

- E o que acha que ela quer nos dizer?

- As luas de Abril são símbolo de fertilidade. Convidam-nos a libertar os nossos desejos.

- Tem certeza que Ian disse isso?

- Não, deu-me um livro que falava sobre o assunto. Na realidade, como já disse a você ontem, nem Casey nem meu pai esperam minha visita senão dentro de algumas semanas. Digo isto porque, se não te importar, prefiro que não saibam de nada disto.

- Nada do quê? Não aconteceu nada.

- Nada?

- Apenas alguns beijos…

- Então, não foi um sonho, não é? - murmurou Cole olhando para ela.

- Não, não foi um sonho - respondeu Patrina.

- Quer que o façamos novamente?

Patrina ia responder que não quando algo dentro dela a deteve. Aquela era a última noite que iam passar juntos. Seria muito difícil que os seus caminhos voltassem a se cruzar. Ia deixar escapar aquela oportunidade? Desejava voltar a beijá-lo, desejava com todas as suas forças.

- Patrina?

- Talvez - respondeu ela olhando fixamente para ele.

- Talvez? - repetiu ele surpreendido.

- Sim, talvez eu gostasse de fazer isso novamente.

- Talvez? Não tem certeza?

- Prefiro que você tentasse me convencer.

- Tem consciência do que está dizendo?

«Claro que tenho», pensou ela. «Só um beijo, um beijo antes que vá embora, por favor»

- Perfeitamente - respondeu Patrina.

 

Cole beijou-a sem esperar um segundo, desejando saborear a boca dela. Queria que Patrina voltasse a sentir a paixão dentro dela e se deixasse ir mais além.

Deu tudo o que tinha dentro dele para cativá-la o máximo possível. Beijou-a várias vezes seguidas. E começou a surtir efeito. Patrina estava começando a suspirar, a beijá-lo, a tentar aprisionar os lábios dele aos dela.

Consciente de que estava começando a entregar-se, Cole decidiu aumentar a intensidade e começou a beijá-la com mais ardor, saboreando cada canto da boca dela, descobrindo cantos que nunca foram explorados, tentando dezenas de formas de excitá-la.

Entretanto, não deixava de observá-la. Gostava de ver as pálpebras dela movendo-se continuamente, os olhos brilhantes, as pupilas dilatadas.

Determinado a avançar o mais longe possível, Cole começou a desabotoar gradualmente os botões da blusa dela. A cada botão que conseguia abrir, a pele dela tornava-se mais visível. Os seus seios estavam cada vez mais perto.

- Disse apenas para me beijar - murmurou Patrina.

- Eu sei, - disse ele desabotoando o último botão - mas há muitas formas de beijar.

Com um simples movimento dos dedos, Cole desabotoou-lhe o sutiã e os seios dela apareceram excitados. Começou a acariciá-los suavemente com a língua, percorrendo os mamilos uma e outra vez. Patrina tinha fechado os olhos e estava sussurrando o nome dele, reforçando a sua excitação, incentivando-o a continuar.

Lentamente, sem deixar de beijar-lhe os seios, desceu uma mão ate à calça dela e, devagar, desabotoou-lhe o botão, abriu o fecho e baixou-a.

Patrina estava tão entregue que não percebeu.

Enquanto a sua língua aumentava a fricção nos seus seios, Cole começou a percorrer o interior das pernas dela, seguindo a linha da calcinha.

- O que… Está fazendo?- perguntou ela quase num suspiro, sem o deter.

- Como já disse, há muitas formas de beijar - respondeu Cole escolhendo as palavras com cuidado. - Permita-me que mostre a você algumas delas.

Patrina olhou para ele com os olhos entreabertos, como se estivesse decidindo se o deixava continuar ou não, se entrava naquele novo mundo ou parava à porta.

Patrina tentava recuperar o fôlego, mas a única coisa que conseguia fazer era olhar para os lábios de Cole, lábios que estavam oferecendo-lhe sensações que nunca havia sentido.

Queria mais, precisava de mais.

Durante os cinco anos em que esteve casada, seu marido Perry nunca conseguiu excitá-la daquela forma. E aquele homem, em apenas um dia, conseguiu colocar a sua vida de pernas para o ar.

Ia permitir que continuasse?

Como se estivesse explorando os seus pensamentos mais íntimos, Cole começou a acariciá-la nas profundezas do seu sexo.

- Diga-me - murmurou ele. - diga-me que posso te beijar aqui. - acrescentou introduzindo um dedo dentro dela.

Patrina sentiu como se um ferro em brasa estivesse entrando no centro do seu corpo e estivesse queimando-a. Só ele conseguia apagar aquele fogo, só ele podia consumi-lo com os seus dedos e com a sua boca, só ele.

- Patrina…

Ela abriu os olhos e viu que ele estava tão excitado quanto ela, que estava a devorá-la com o olhar, que queria continuar.

- Sim - concordou ela num sussurro. – Beije, beije.

Com um sorriso de satisfação, Cole deslizou-lhe a calcinha pelas pernas. Para Patrina, foi como se estivesse despojando de algo muito intimo, da última defesa que lhe restava diante daquela força da natureza que estava a subjugá-la. Estava nua. Completamente nua diante dele. Mas não sentia medo nem vergonha. Apenas um desejo incontrolável.

Cole ajoelhou-se, separou-lhe as pernas gradualmente segurando-as com as mãos e começou a introduzir sua língua dentro do sexo dela.

As pernas de Patrina começaram a tremer e os pulmões deixaram de bombear oxigênio. Ao olhar para baixo, viu a cabeça de Cole mergulhada dentro dela, devorando-a, possuindo-a como ninguém a tinha possuído até àquele momento. A visão excitou-a ainda mais.

Começou a gemer, incessantemente. Tentou morder o lábio inferior para se conter, mas foi inútil. Os gemidos estavam começando a transformarem-se em gritos, gritos de prazer. Cada vez que a língua dele entrava novamente dentro dela, um grito escapava de sua boca.

- Não pare, por favor, não pare - disse Patrina colocando as suas mãos de ambos os lados da cabeça de Cole para garantir que ele não se detivesse.

Então, todo o seu corpo começou a tremer, a ser percorrido por intensas convulsões que pareciam afastá-la ou transportá-la para um planeta diferente, para um tempo diferente. O mundo desapareceu, afundou-se sob os seus pés e desfez-se num orgasmo como nunca teve em toda a sua vida.

E, então, precisamente quando acreditava que não era possível mais nada, sentiu que ele a agarrava em seus braços.

- Espere, sou muito pesada…

- Não pesa nada - replicou Cole.

Patrina mergulhou o seu rosto entre os músculos do peito dele.

Não sabia para onde estava levando-a, mas não se importava minimamente.

Em poucos segundos, sentiu a suavidade dos lençóis nas suas costas e percebeu onde estava. Cole estava retirando-lhe os sapatos, a calcinha e a calça, que estavam enroladas aos seus pés.

Em poucos segundos, jazia nua sobre a cama de seu quarto.

Depois, Cole beijou-a suavemente, cobriu-a com os lençóis, olhou ao seu redor como se estivesse observando se estava tudo em ordem e olhou para ela com doçura, o que escondia uma paixão contida.

- Boa noite, Patrina. Durma bem.

Patrina não disse nada. Estava frágil demais para fazê-lo.

Nua, com o corpo alterado, viu-o abrir a porta do quarto e desaparecer atrás dela.

Assim que fechou a porta, Cole apoiou-se na parede prestes a desmaiar e ofegou.

Tinha empregado toda a sua capacidade de autocontrole para poder deixar Patrina na cama, nua, olhando para ele inundada de desejo. Nunca, em toda a sua vida, tinha sentido algo semelhante por uma mulher.

Ela possuía alguma coisa que despertava os seus instintos mais primários, instintos que sempre conseguiu controlar. Mas com ela era incapaz de manter o controle. Dera-lhe o primeiro beijo e ficara aprisionado numa obsessiva espiral.

Saboreou os seus lábios, os seus seios, todo o seu corpo, mas não era o suficiente. Queria metê-la na cama e fazê-la sua.

Possuí-la.

Sabendo que se permanecesse ali, acabaria por voltar a entrar no quarto dela, Cole foi à cozinha para beber um pouco de café que ela fizera antes.

Instantes depois, olhando pela janela da cozinha enquanto bebia o café, Cole recordou o que tinha dito a Patrina acerca da lua. Sempre teve uma predileção especial por astronomia, embora nunca tivesse tempo suficiente para se dedicar mais a ela. Por isso foi uma surpresa gratificante saber que um primo dele era astrônomo.

Aquilo o levou a pensar nos primos, nos onze primos homens e na facilidade com que o seu irmão Clint e ele haviam se integrado a eles. Lembrou-se da reação do primeiro deles, Quade, ao descobrir que a pessoa que averiguava para Cole e Clint, não era apenas um tio de Quade, mas o pai biológico dos dois irmãos. Depois, ao chegarem a Bozeman, em Montana, à procura de Corey, haviam conhecido Durango e Stone.

Bozeman.

Era uma cidade bonita, mas pequena demais. Era uma cidade onde todos se conheciam, onde as notícias corriam rapidamente. Uma cidade assim poderia arruinar a reputação de Patrina se chegassem a saber que ele tinha passado aqueles dias com ela. Por isso é que Cole lhe dissera que não queria que ninguém soubesse que tinha passado a tempestade na casa dela. Ela era adulta, dona dos seus atos e decisões, mas era melhor não se arriscar.

Cole virou as costas à janela e dirigiu-se à mesa para se servir de mais café. Já era tarde, mas não tinha sono. Só de pensar que Patrina estava dormindo no quarto ao lado ficava excitado.

E uma ducha fria?

Pousou a xícara de café em cima da bancada da cozinha, decidido a dirigir-se ao banheiro, quando viu Patrina à porta da cozinha.

Ela tinha o cabelo solto, caindo sobre os ombros e cobrindo as alças de uma leve camisola azul clara.

- Não conseguia dormir - murmurou ela olhando para ele.

Cole dirigiu-se a ela precavendo-se de não se aproximar demais. Estava muito excitado para conseguir controlar-se por mais tempo.

- Quer um pouco de café? - perguntou ele.

- Café não é o que eu quero. - respondeu ela sem se mexer.

- E o que você quer? - perguntou nervoso.

- Você. Eu quero você. Preciso de você, Cole.

 

Patrina ficou observando-o, tentando saber o que Cole estava pensando.

Custara-lhe dar aquele passo, as palavras foram as mais difíceis que dissera em toda a sua vida. Mas uma força estranha e poderosa tinha-a forçado a isso.

Queria mais.

Precisava de mais.

Embora Cole a tivesse falado repetidamente da paixão, aquela noite não fizera nada mais senão senti-la. Chegara a um mundo desconhecido, um mundo em que nunca esteve com Perry. A maneira como ele interpretava as suas necessidades, os seus desejos, as suas fantasias…

Não havia a menor dúvida de que era um homem experiente, um homem com um dom para satisfazer as mulheres. E ela queria vivê-lo, embora tivesse que ir embora no dia seguinte, embora nunca mais o voltasse a ver. Precisava dele.

Todo o seu corpo precisava dele.

- Tem certeza?

- Certeza absoluta - respondeu sem desviar o olhar, tentando mostrar-lhe o que sentia com os olhos.

Patrina deu um passo em direção a Cole e ele, com ardor, abriu os braços, atraiu-a para si e beijou-a.

Foi sentir novamente os lábios dele roçando os dela e perceber que ela pertencia àquele lugar. Nenhum homem a possuiu daquela forma, os seus braços pareciam envolvê-la por todo o lado; a boca dele a envolvia completamente.

Deslizando uma mão pela camisola dela, Cole agarrou a peça e tirou-a pela cabeça. Patrina ficou nua. Então ela, puxando-o pela mão, conduziu-o à sala, onde ele tirou a cueca e ficou igualmente nu, deixando em evidência a sua excitação, o seu membro ereto e ansioso.

- Tem certeza absoluta disto?

Patrina parecia agradecer-lhe com o olhar, mesmo estando os dois nus, desejando-se mutuamente, Cole estava dando-lhe a oportunidade de se deter.

- Sim, tenho certeza, embora espero que entenda que não tenho tanta experiência como você.

- Gosto ainda mais disso.

Agarrando-a entre os seus braços, Cole beijou-a suavemente, fazendo com que a boca dela se abrisse gradualmente, cada vez mais, até que começaram a devorar-se um ao outro, com as línguas entrelaçadas. Sem deixar de beijá-la, levantou-a nos braços e levou-a lentamente para o quarto onde estava dormindo naqueles dois inacreditáveis dias.

Ao chegar perto da cama, Cole pousou-a no chão.

Patrina percebeu que estava dando-lhe a última oportunidade. Sem hesitar ela tirou a colcha com um esticão, meteu-se entre os lençóis e, uma vez deitada, olhou para ele ansiosa. Cole estava completamente nu e com uma ereção fora do comum.

O tempo de se sentir culpada por tudo quanto tinha a ver com Cole havia passado. Compreendera que era uma mulher como todas as outras, com desejos e necessidades. Quando, no dia seguinte ele partisse, teria que voltar a viver com as suas frustrações, escondendo a sua paixão. Mas naquela noite era dele, queria deixar toda a sua vida de lado e entregar-se a ele.

Sem pressa, Cole entrou na cama pelo lado que Patrina lhe tinha deixado, uma cama enorme, suficiente para duas pessoas.

Uma vez mais, ele abraçou-a e começou a beijá-la, desta vez com mais fúria, com mais urgência.

E Patrina estava ficando louca. Tudo o que ele fazia, parecia estar destinado a satisfazê-la, a derretê-la.

A mão de Cole começou a descer pelo corpo dela até parar entre suas pernas. Os dedos começaram a acariciá-la, a provocá-la. Patrina, como num reflexo, agarrou o pênis dele entre as mãos e começou a tocá-lo. Estava duro, mais duro do que alguma vez imaginara. Sem saber o que estava fazendo nem como, começou a massageá-lo ritmicamente com uma facilidade surpreendente, como se tivesse feito isso durante toda a sua vida.

Então, deparou-se com os olhos de Cole e viu neles o que as suas carícias lhe estavam provocando.

Cole separou as pernas dela com as mãos e, colocando-se em cima dela, olhou para ela fixamente, avisando-a com o olhar do que estava prestes a acontecer.

- Quero você, Cole - gemeu Patrina sem controle.

E então ele fez.

Penetrou-a. Entrou decisivamente dentro dela, fazendo com que todo o corpo de Patrina estremecesse. Começou a mover-se cada vez mais rápido, fazendo com ela passasse as pernas ao redor dele enquanto sentia o cheiro dos seus corpos.

E quando pensava que já não era mais possível sentir prazer, as pernas dela começaram a tremer, o seu corpo a desfazer-se como se o estivessem partindo em dois e tudo explodiu numa fração de segundo, fazendo com que os milhares de pedaços em que se tinha desintegrado voltassem a recompor-se.

Ofegando, Cole abraçou-a e beijou-a apaixonadamente.

E ela, alheia a qualquer outra coisa, fechou os olhos para sentir melhor os lábios dele.

Cole abriu os olhos e perguntou-se quanto tempo teria passado.

Tinham adormecido nos braços um do outro. O cheiro dela estava por todo o seu corpo, o quarto cheirava a sexo, os lábios dela estavam entreabertos, os lençóis revirados…

E não tinha usado preservativo!

Como é que podia ter esquecido?

Tinha vários na sua mala.

Era a primeira vez que lhe acontecia uma coisa dessas com uma mulher.

Olhou para Patrina.

Dormia pacificamente, com uma expressão de satisfação no seu rosto. Odiava ter que fazer, mas precisava despertá-la.

Tinha que lhe dizer.

- Patrina - sussurrou.

Depois de dizer varias vezes o nome dela, ela abriu os olhos lentamente e, sem lhe dar tempo para dizer o que fosse, passou-lhe os braços ao redor do pescoço e beijou-o.

Cole começou a sentir novamente aquela urgência, o desejo renascendo no seu corpo e atirando-o para frente. Sem conseguir evitar, deitou-se sobre ela, abriu-lhe violentamente as pernas e penetrou-a completamente.

Patrina rodeou-o com os braços e com as pernas, movendo-se ao ritmo do corpo dele, aceitando-o a cada penetração, saboreando-o, recebendo-o como se fosse uma dádiva.

Então, Cole compreendeu que nunca poderia voltar a sentir uma excitação tão intensa com ninguém senão com ela, como se, enquanto Patrina gemia e gritava o seu nome, estivesse a marcá-lo para sempre.

- Parou de nevar.

Patrina olhou pela janela e viu que Cole tinha razão. A tempestade não só tinha passado, como o sol começava a aparecer timidamente por entre as nuvens.

Ficou em silencio.

Aquilo significava o fim.

- Tenho que telefonar para a agência de aluguel - disse ele como se lhe tivesse lido o pensamento. - preciso que levem o automóvel e me tragam outro. E por favor, lembre-se do que disse ontem - acrescentou abraçando-a. - ninguém da minha família me espera tão cedo. Prefiro que ninguém saiba sobre isto. Quero que seja o nosso segredo.

Patrina sabia que ele dizia para protegê-la, para salvaguardar a sua reputação, mas não era necessário. Ia dizer-lhe isso quando ele a beijou, fazendo com que as palavras se desvanecessem e no seu lugar aparecesse de novo o desejo.

Passaram toda a noite fazendo amor, adormecendo e despertando para voltar a começar. Mesmo que nunca mais voltasse a estar com outro homem em toda a sua vida, podia dar-se por satisfeita. Em apenas quarenta e oito horas deixou de ser uma mulher escondida dentro de um mundo frio e sombrio para experimentar uma paixão que nunca teria imaginado.

- Patrina, ontem nós não usamos preservativo - disse Cole. - nem da primeira vez nem nas seguintes. Desculpe. Não costumo esquecer-me destas coisas, efetivamente sinto muito. Quero que saiba que, se você ficar grávida, eu assumo toda a responsabilidade.

Patrina olhou para ele tranquilamente.

Agradecia as palavras dele, mas não eram necessárias. Embora não fosse o melhor momento para ficar grávida, não tinha medo. Trouxe tantos bebês ao mundo, conheceu tantas mães, que compreendeu que poucas tiveram o filho no melhor momento das suas vidas. E, apesar disso, aqueles pequenos tinham-nas enchido de felicidade.

- Não se preocupe, Cole. Se eu ficar grávida, serei perfeitamente capaz de me encarregar do meu filho.

- Do nosso filho - corrigiu ele. - Por favor, prometa-me que, se estiver, me dirá.

Patrina concordou para que ficasse tranquilo.

Ele teria, logicamente, todo o direito de saber. Contudo, mesmo que lhe telefonasse para contar, não queria que ele se sentisse obrigado a nada. Ambos sabiam que agiram voluntariamente.

- Tenho que ir.

Cole levantou-se da cama e ela supôs que ia tomar banho. Nua, com os lençóis enrolados, inclinou-se sobre a mesinha e viu que eram dez horas da manhã. Parecia um pouco mais tarde, já havia muita luz, e…

- Já que estou aqui - disse Cole metendo-se novamente na cama. - fui buscar isto - acrescentou mostrando-lhe uma caixa de preservativos.

Patrina beijou-o carinhosamente pensando que, no fim das contas, ter um filho de Cole não era um erro.

De fato, percebeu que uma parte dela desejava ter.

Mas depois, Cole começou a beijá-la apaixonadamente e Patrina esqueceu-se de tudo.

Cole meteu a última maleta no bagageiro do novo automóvel que a agência lhe enviara. O dia havia ficado completamente limpo.

Patrina observava-o da porta de casa. Estava linda, embora Cole só fosse capaz de pensar nela nua, em todas as vezes que tinham feito amor.

Cole fechou o bagageiro e aproximou-se dela. Não queria ir embora, mas tinha que o fazer.

Quando ficou junto dela, abraçou-a e beijou-a como se fosse um soldado que ia para a guerra. Patrina respondeu-lhe com a paixão que punha em todas as coisas.

Diabo.

Ia sentir falta dela.

Muita falta.

- Está na hora de ir embora - disse Cole.

- Desta vez conduzirá com mais cuidado?

- Se não o fizer, você virá salvar-me?

- Claro que sim - sorriu ela. - Vou salvar-lo em qualquer lugar da Terra, em qualquer lugar, Cole Westmoreland.

Aquilo estava sendo muito mais difícil do que ele tinha esperado.

- Espero ter sido um bom hóspede.

- O melhor, e eu espero ter sido uma boa médica.

- Excelente. Mas creio que na cama é ainda melhor. Quando nos virmos no aniversário do meu pai, vai me custar muito não correr para você e te despir diante de todos. Quase tanto como ir embora e não fazer amor com você pela última vez.

- E o que o impede de fazê-lo?

- Porque uma vez não seria o suficiente - respondeu ele. - Teria que fazer uma e outra vez, e não teria vontade de partir.

Cole respirou profundamente.

Custou-lhe muito dizer aquilo, mas era verdade.

- Lembre-se um pouco de mim - disse lutando contra a tentação de abraçá-la, de entrar novamente naquela casa e ficar nela para sempre. - Agora é uma nova mulher. Não volte a entrar naquele mundo sombrio em que estava. É uma mulher linda e apaixonada demais para fazê-lo.

Virando-se, Cole desceu as escadas do alpendre e entrou no carro sem olhar para trás.

Arrancou e, enquanto se afastava, a viu de pé à porta de casa.

Sem dúvida, Patrina era a mulher mais apaixonada que tinha conhecido.

 

- Que surpresa! - exclamou Casey Westmoreland Quinn olhando para o seu irmão, que chegou algumas horas antes, do lado oposto da mesa. - E que sorte teve com o tempo. Se tivesse vindo alguns dias antes, teria encontrado uma terrível tempestade. Toda a cidade ficou incomunicável.

- Não deve ter sido muito divertido - disse Cole tentando fazer com que a sua voz saísse com naturalidade.

- Bem, na verdade, não podemos nos queixar - disse McKinnon Quinn bebendo um pouco de café da xícara de sua mulher.

Cole sorriu. Ficou feliz por ambos, era evidente que se amavam de verdade. Mas, sobretudo, ficou feliz pela irmã. Era uma mulher muito sensível e romântica que sofreu muito ao descobrir que a sua mãe lhes mentiu a vida toda no que dizia respeito ao marido, melhor dizendo, ao pai de Cole, Clint e Casey. Vendo-os ali sentados, Cole agradeceu aos céus por sua irmã ter voltado a acreditar no amor.

Depois pensou no seu irmão Clint, que tinha se casado há pouco tempo com Alyssa. Eles também pareciam muito apaixonados, coisa que enchia Cole de felicidade.

No entanto, no que dizia respeito a ele, continuava pensando que o amor e o casamento não eram para ele. Quando pensava no futuro, via-se como o tio Sid, eternamente solteiro. E algumas pessoas eram mais felizes sozinhas. Amava a liberdade que possuia para ficar sozinho, não ter que ser responsável por ninguém nem ter que prestar contas a ninguém. Amava as mulheres, mas preferia manter-se com aventuras ocasionais. Nada mais.

Os seus pensamentos levaram-no a Patrina, aos dois dias que passaram juntos. Felicitava-se de não ter dito a ninguém. E, embora houvesse a possibilidade de que estivesse grávida, decidiu não pensar nisso antes do tempo.

Entretanto, o tempo que haviam passado juntos continuaria a ser um segredo entre os dois e de mais ninguém. E, sobretudo, Casey não deveria saber. Era demasiado romântica para compreender o que aconteceu entre ele e Patrina. Além disso, dada a opinião que a irmã possuia dele em relação às mulheres, era melhor não dizer.

- Quer mais café, Cole? - perguntou Casey tirando-o dos seus pensamentos.

- Não, obrigado. Estou cheio. O jantar estava delicioso.

- Obrigado.

- Bem, como vão os preparativos para a festa de aniversario?

- Muito bem - respondeu Casey. - Vai adorar, vai ver. Aliás, não consigo esperar para ligar para o pai e dizer-lhe que está aqui.

Desde que Corey Westmoreland descobriu que era pai dos três, não mediu esforços para estabelecer uma boa relação com Cole, o seu primogênito.

- Há uma coisa que McKinnon e eu queremos dizer-lhe. Já dissemos ao papai, à Abby e aos pais do McKinnon. Pensei em dizer a você e ao Clint na festa.

- O que é? - perguntou Cole morto de curiosidade.

Casey e McKinnon trocaram sorrisos de cumplicidade.

- Vamos adotar um bebê. - disseram ao mesmo tempo.

- Fantástico! - exclamou Cole. - Parabéns!

Sabia o quanto ambos desejavam ter filhos e formar uma família, principalmente depois de ter sido diagnosticado um problema congênito em McKinnon que o impedia de ser pai.

- Obrigado - sorriu Casey. - mas vai ter que dar os parabéns à doutora Patrina Foreman.

- À doutora Foreman? - perguntou Cole tentando que ninguém percebesse a sua surpresa.

- Sim, foi a médica que trouxe ao mundo a pequena Sarah. Administra uma clínica na cidade. Há alguns meses, passou pela sua consulta uma adolescente grávida que não pode cuidar do bebê. Foi lá para entregá-lo a adoção quando nascesse, mas queria certificar-se de que os pais seriam os adequados. Patrina ligou-nos imediatamente, tivemos uma conversa com a menina e nos entendemos perfeitamente bem. E os papéis já estão todos assinados. Teremos o bebê poucas horas depois do seu nascimento.

- Quando será?

- No mês que vem.

- Uau, isso é que é uma grande notícia! - disse Cole. - Ficarão agradecidos à doutora Foreman…

- É uma pessoa maravilhosa - continuou a sua irmã - admira-me que não a tenha conhecido na festa do ano passado. Foi nomeada para os prêmios Eve que darão aqui em Bozeman. O vencedor será nomeado no fim do ano numa grande cerimônia.

- Os prêmios Eve?

- Sim, são os prêmios que dão às mulheres que mais contribuíram para a comunidade. Com todo o trabalho voluntário que faz todos os dias, Patrina merece-o. O seu marido, que era o chefe de polícia daqui, morreu a alguns anos no cumprimento do dever. Creio que ela, vivendo sozinha naquela casa tão isolada e com tanto tempo livre, decidiu dedicar-se a ajudar os outros.

Cole bebeu um pouco de café tentando não pensar em Patrina, no quanto devia sentir-se sozinha na sua casa, nos dias que tinham passado juntos, na cara de felicidade com que tinha olhado para ele enquanto o seu cabelo era iluminado pelos primeiros raios da manhã depois de ter passado toda a noite fazendo amor.

Decidiu, por sua vez, que era o momento ideal para que a sua irmã soubesse das boas notícias. Foi algo que não disse a Patrina porque, no fim de contas, nenhum dos dois procurava uma relação séria.

- Tenho boas notícias - começou Cole. - deixei de ser um ranger. Segui os passos de Clint e pedi demissão - acrescentou observando o rosto da irmã.

Não parecia surpreendida. Ela, mais do que ninguém, sabia que sempre tinha levado a sério aquela profissão.

- Isso é extraordinário, Cole - disse Casey. - O que vai fazer agora?

- Decidi investir o dinheiro que ganhei ao vender a minha parte do rancho a Clint. Vou reunir-me com Serena Preston na próxima semana. Está precisando de dinheiro para lançar um serviço de helicópteros. Quade vai aventurar-se comigo. Queremos abrir várias sedes por todo o país. De fato, estamos em conversações com Rico Clairbone para que se junte a nós.

Rico era um reconhecido detetive privado. A sua irmã Jéssica casou-se com um primo de Cole, Chase, e a outra irmã de Rico, Savannah, era casada com Durango. Com aqueles laços, Rico era como mais um membro da família.

- Uau, vai ficar muito ocupado.

- Espero que sim. - disse Cole.

Mas a verdadeira razão era que se trabalhasse muito, ajudaria a esquecer Patrina. Céus, sentia falta dela.

Cole encostou-se nas costas da cadeira e recordou Patrina novamente, de pé à porta de sua casa, enquanto o sol iluminava o rosto dela e o desejo o consumia por dentro. Tinha que deixar de pensar nela.

Aquilo não o levava a nenhum lugar.

- Quanto tempo vai ficar conosco até subir a montanha para ver nosso pai? - perguntou a sua irmã.

- Ainda não decidi. Provavelmente, uns dois dias. Espero que não seja um incômodo para vocês, não quero…

- Não diga tolice - interrompeu-o McKinnon. - É ótimo tê-lo aqui. Além disso, quero mostrar os cavalos que Clint nos enviou. São incríveis.

Naquela noite, depois das nove, Cole estendido na cama, não conseguia faze outra coisa senão pensar em Patrina e na noite que partilharam.

Incapaz de lutar contra a tristeza, fechou os olhos e deixou que as recordações o invadissem. A sua cabeça encheu-se de imagens dos dois beijando-se, abraçando-se, fazendo amor durante horas, desejando-se cada vez mais.

Era improvável que suas vidas voltassem a se cruzar com tanta intensidade.

Por que então não conseguia esquecê-la?

Por que não conseguia deixar de pensar nela?

Talvez passando alguns dias com o pai na montanha, isolado de todos, o ajudasse a conseguir.

Estava perdido naqueles pensamentos quando, de repente, o seu telefone móvel tocou.

- Sim? - respondeu impaciente.

- Cole, sou eu, Quade. Está em Montana?

- Sim, na casa da Casey e do McKinnon. Cheguei esta manhã. - disse Cole, e no fundo, era quase verdade.

- Vou apanhar um avião em Washington no fim da semana para me reunir com vocês. Sabe alguma coisa do Rico?

- Não, mas o McKinnon disse que está por aqui visitando Durango e Savannah. Parece que houve uma tempestade que manteve toda a cidade isolada.

- Talvez devêssemos pensar bem em todo este projeto dos helicópteros. Com o tempo que costuma fazer por aí, muitos dias não poderemos sair.

- Sim, mas pense no dinheiro que podemos ganhar quando o fizermos - disse Cole, que estudou aquele negócio a fundo e tinha certeza absoluta de que seria um êxito. - Vai superar.

- Lembrarei a você essas palavras quando estivermos a trinta graus abaixo de zero, reunidos diante de uma lareira e à espera de que esquente para poder voar - brincou Quade.

Continuaram conversando durante alguns minutos. Cole abençoou seu primo em segredo por ter ligado, pois manter-se ocupado pensando em coisas ajudava-o a não pensar nela.

Mas, quando Quade desligou, tudo regressou com mais força.

Esperava-o uma noite muito longa.

Eram mais de onze horas e Patrina continuava dando voltas na cama sem conseguir dormir.

Tentou manter-se ocupada durante todo o dia para não pensar. Mas, ao chegar à noite, as recordações se apoderaram dela.

Recordações que só tinham um nome.

Cole.

Cada vez que tentou fechar os olhos, deparou-se com ele a beijá-la, enchendo-a do prazer mais intenso que sentiu em sua vida, fazendo com que se esquecesse de tudo, possuindo-a completamente.

Nervosa, levantou da cama e olhou pela janela. Ali estava a lua, a lua da qual Cole lhe tinha falado.

«As luas de Abril são símbolo de fertilidade. Convidam-nos a libertar os nossos desejos».

Inconscientemente, Patrina levou a mão ao ventre.

Símbolo de fertilidade.

Libertar os nossos desejos.

Teria o destino querido uni-la a Cole para conceber uma criança?

Se realmente estava grávida, a estranha profecia de Cole seria efetivamente verdadeira e haviam libertado os seus desejos para gerar um filho. Ainda que, na realidade, esse filho não fosse fruto do amor, mas sim do desejo.

Os olhos de Patrina encheram-se de lágrimas ao recordar o mês em que ocorreu a morte do seu marido.

Quantas vezes ela lamentou não ter ficado grávida dele antes? Se o tivesse feito, pelo menos, uma parte dele teria sobrevivido.

Patrina fechou os olhos, mas não foi o rosto de Perry que apareceu e sim o de Cole.

Mordendo o lábio inferior, lembrou-se da promessa que fez a si mesma de não voltar a ter nada com um agente da lei. Estava determinada a cumpri-la. No caso de acontecer a Cole o mesmo que aconteceu ao seu marido, nunca conseguiria superar.

Abrindo os olhos, olhou para a lua e jurou a si própria que não permitiria que Cole magoasse o seu coração.

 

- Por que raios nos encarregaram disto? - perguntou Cole ao seu primo Quade com a lista de compras na mão enquanto saiam do carro.

- Porque é o dia de folga de Henrietta - disse o primo encaminhando-se para o supermercado. - Além disso, não fomos tão espertos como McKinnon, que esquivou-se quando percebeu tudo. Vamos, Casey é sua irmã - acrescentou entrando pela porta, - mais cedo ou mais tarde íamos ter que contribuir.

- Eu sei, mas não quero nada - queixou-se Cole pegando um carrinho e revendo a lista.

- Olhe, aquela não é Patrina Foreman? A que está na seção de congelados?

Cole olhou na direção que Quade o indicava.

Realmente, era ela.

Estava de costas, mas podia tê-la reconhecido a quilômetros de distância.

O seu corpo reagiu no ato, como se ela tivesse um ímã que o atraísse, como se não tivesse passado uma semana desde a última vez que se falaram, como se…

- Ei? Aconteceu alguma coisa? - perguntou Quade.

Cole olhou para ele aborrecido, como se o tivessem apanhado desprevenido.

- Nada, por que? - disse Cole para disfarçar.

- Porque já pedi três vezes que me lesses a lista e você não me deu atenção. Ficou abobalhado olhando para Patrina - disse Quade sorrindo. - O que há? Está interessado naquela mulher?

- Não. - respondeu Cole forçado.

- Essa negativa soa-me mais a evasiva do que outra coisa.

Mas Cole não estava ouvindo-o.

Estava avançando para ela.

Como se fosse uma força misteriosa que o impelisse.

- Não vejo nada da seção de congelados na lista - disse Quade.

Cole virou-se para responder ao seu primo e quase derrubou uma prateleira inteira.

- Olha por onde vai - brincou o primo.

Ia a responder-lhe com uma frase que resolvia o assunto quando, de repente, Patrina se virou.

- Olá, Patrina - disse Cole.

Pela expressão no rosto dela, parecia tão surpreendida quanto ele.

Seria bom ou mau?

Teria passado aquelas noites acordada como ele?

Estava a menos de cinco metros de distância, mas conseguia distinguir o perfume dela entre todos os cheiros do lugar. Usava uma bata larga e comprida de médica e uma calça escura. Até com aquele uniforme era incrivelmente atraente...

- Olá, Cole - disse ela. - Olá, Quade - acrescentou desviando o olhar em seguida para o primo dele.

- Trina, como vai? - perguntou Quade olhando para os dois. - Ora, não sabia que se conheciam.

- Sim, foi na festa da Casey no ano passado.

- Ah, já me lembro - disse Quade insinuando que acreditava completamente.

- Por que não vai dar uma volta e começa a procurar as coisas da lista? - pediu Cole ao primo.

- Claro - concordou ele. - Trina, vai à festa de aniversário do tio Corey este fim de semana?

- Sim, pensei ir lá durante um tempo.

- Fantástico. - disse Quade. - Vemo-nos lá. Tchau.

- Tchau, Quade.

Quando ficaram sozinhos, Cole sentiu como se a atração entre ambos voltasse a aparecer. Até o ar parecia ter mudado.

- Estive falando com a Casey na semana passada - começou Patrina. - disse-me que havia chegado de surpresa e que estava passando alguns dias na montanha com Corey.

- Sim, estive lá durante alguns dias. Como está, Patrina?

- Estou bem - respondeu ela olhando para ele intensamente.

- Tem alguma coisa para me dizer? - perguntou Cole suavemente, esperando que Patrina percebesse o que queria dizer.

- Não - respondeu ela imediatamente.

O que teria querido ela dizer? Que ainda era muito cedo para saber ou que já tinha a certeza que não estava grávida?

- Como você está, Cole?

- Quer saber a verdade? - perguntou ele quase a sussurrar.

- Não, não aqui.

- Concordo. Onde? Diga-me onde.

Patrina passou a língua pelos lábios para umedecê-los e Cole, ao ver, sentiu uma corrente elétrica por todo o seu corpo.

Não sabia o efeito que provocava nele coisas como aquela? Não conseguia manter a língua dentro da boca? Estava ficando louco. Patrina teria percebido como ele estava? Para ele era óbvio. Quade teria percebido?

Ao não receber nenhuma resposta de Patrina, Cole abriu a porta de um dos armários de congelados, e agarrando um saco para disfarçar, aproximou-se dela.

- Desejo-te.

Sentiu que ela estremecia. Não podia ser pelo frio emitido pelo armário que acabava de abrir. Foram as suas palavras. Não havia a menor dúvida.

- Já teve o que queria.

- Quero estar com você outra vez.

E para ter a certeza de que ela o tinha entendido bem, fechou a porta e olhou para ela nos olhos.

- Desejo-te, Patrina. Quero voltar a estar com você.

Patrina percebeu a determinação nos olhos de Cole. Ela também o desejava, desejava-o desesperadamente, mas ia cumprir o que tinha prometido a si própria, tinha a certeza do que devia fazer.

Não lamentava nada do que tinha acontecido entre eles, mas não podia deixar que voltasse a se repetir. Esteve toda a semana sem dormir, pensando nele durante todas as horas. Se o deixasse entrar na sua vida, o que seria dela quando Cole regressasse ao Texas?

Não podia obcecar-se por ele. A maioria dos homens eram capazes de substituir uma mulher por outra com muita facilidade, mas ela era incapaz.

O seu corpo desejava-o ele. Só a ele.

- Patrina?

Tinha que ser forte. Devia ignorar aqueles sinais de emergência que o seu corpo lhe enviava e enfrentar a situação prudentemente.

- Não, não creio que seja uma boa idéia - disse por fim em voz baixa para que ninguém a ouvisse.

Pronto, já o tinha dito. Tinha conseguido. Só lhe restava sair dali a seguir, sob qualquer pretexto.

- Uau! Já é tarde! - exclamou olhando para o seu relógio. - Tenho que ir embora, Cole. Foi um prazer ter falado com você. Dê meus cumprimentos à Casey e McKinnon.

E, sem olhar para ele, agarrou no seu carrinho e afastou-se rapidamente, deixando Cole na seção de congelados. Encaminhou-se para a caixa registradora sentindo o olhar quente de Cole nas suas costas. Alguma coisa no seu interior estava pedindo-lhe que desse a volta, que fosse para junto dele e o convidasse para passar a noite com ela. Mas não devia fazer.

Uma vez que a empregada separou e introduziu as compras em vários sacos, Patrina virou-se.

Cole já não estava lá.

Mas algo lhe dizia que voltaria a vê-lo. Que Cole Westmoreland era um homem que conseguia sempre o que queria.

- Bem, vai me contar o que se passa entre vocês dois?

- Por que tem que se passar algo? - disse Cole colocando a chave no contato do carro e arrancando com o veiculo.

- Esqueceu que passei vários anos trabalhando para a CIA? Estou habituado a ver coisas que para outras pessoas não são importantes. Além disso, a temperatura entre vocês era tão alta que por algum tempo tive medo pelos pobres sacos de congelados.

- Acredito que está a imaginando coisas demais.

- Prefiro que me diga que não é assunto meu do que insulte a minha inteligência.

Ao chegar ao primeiro semáforo vermelho, Cole deteve o carro e olhou para o primo. Quade tinha trinta e quatro anos, dois a mais do que ele, e foi a primeira pessoa que Clint e ele tinham corrido em busca do pai de ambos. Naquela altura, Quade vivia em Austin e, embora a princípio tivesse estranhado o interesse de Cole e Clint pelo seu tio Corey, ao ouvir as suspeitas tinha-se lançado para ajudá-los. Tinha sido ele quem os tinha apresentado a Corey Westmoreland, o pai que sempre tinham dado como morto. Depois daquilo, os três tinham estabelecido uma relação que ia mais além da familiar.

Não estava disposto a contar-lhe toda a verdade, mas, pelo menos, já que o seu primo suspeitava de algo, podia contar-lhe alguma coisa, o suficiente para que ficasse satisfeito.

- Patrina e eu nos sentimos atraídos um pelo outro - disse arrancando novamente quando o sinal mudou para verde. - percebemos desde a festa de Casey no ano passado.

- Conte-me algo que eu não saiba - respondeu-lhe Quade.

- Não quer ter nada a ver com nenhum agente da lei.

- A última vez que falei coma Trina, disse-me que não queria ter nada a ver com nenhum homem, fosse agente da lei ou não.

Cole lançou ao primo um olhar gélido.

- Quer fazer o favor de olhar para frente? - pediu-lhe Quade. - Trina e eu somos apenas amigos. Sempre foi assim. Conheço-a desde que éramos crianças. Via-a todos os verões na casa do tio Corey. Juntávamo-nos todos, o irmão dela, Dale, o McKinnon, ela e eu.

Cole pensou nos verões que ele, Clint e Casey tinham perdido, verões longe dos primos, do pai, de toda a família, pela mentira que a mãe lhes tinha contado.

- Por que não lhe disse que não é ranger? - perguntou o seu primo.

- Por que o que eu faço ou deixe de fazer para viver não deveria importar.

- Importa, e você sabe. Não consegue entender que ela rejeite esse tipo de profissão depois do que aconteceu com o marido?

- Não, não entendo. Aconteceu há mais de três anos. Devia seguir em frente com a sua vida. É uma mulher especial com muito a oferecer. Mas empenha-se em se manter afastada de qualquer homem que se aproxime dela.

- E o que te importa? Sente mais alguma coisa além de uma intensa atração?

Cole não gostou nada da insinuação do primo. Podia ser o primeiro a admitir que, enquanto estiveram fazendo amor, acreditou ter sentido coisas por ela que nunca tinha sentido com nenhuma outra mulher. Estava disposto a aceitar, até, que desde então não conseguiu deixar de pensar nela, de recordar cada um dos minutos que passou debaixo do teto da casa dela. Mas o que significava tudo aquilo?

- Cole?

- Não é mais do que atração física - respondeu. - Nada mais. Não estou à procura de uma relação séria nem nada que se pareça, já me conhece. Gosto de ser um solitário. Nunca planejei casar-me nem nada desse estilo.

- Comigo passa-se o mesmo. A não ser que…

- A não ser que o quê? - perguntou Cole surpreendido parando noutro sinal vermelho.

- A não ser que voltasse a me encontrar com uma mulher que conheci no Egito há alguns meses - confessou Quade. - Estive lá durante alguns dias antes da visita do presidente. Uma noite que não conseguia dormir, desci para dar um passeio pela praia e a conheci.

- Uma egípcia?

- Não, norte-americana.

Não era preciso dizer mais nada. Era evidente que a mulher e o seu primo dormiram juntos naquela noite.

- Pediu-lhe o número do telefone? - perguntou Cole tentando ser o mais discreto possível.

- Quando acordei na manhã seguinte, ela já tinha ido embora, o presidente chegava precisamente nesse dia, então, não tive tempo para procurar. Mas posso dizer que nunca, enquanto viver poderei esquecê-la.

Cole concordou levemente. Sabia perfeitamente o que Quade queria dizer. Ele também nunca poderia esquecer o que tinha vivido com Patrina.

A conversa com o seu primo tinha-o decidido. Não podia deixar que as coisas terminassem assim. Tinha que ir vê-la.

Tinha-o recusado no supermercado, mas não voltaria a fazê-lo.

Tinha que tentar.

Patrina parou no semáforo e, olhando pelo espelho retrovisor, passou a mão pelo pescoço num gesto de desanimo.

Esteve trabalhando todo o dia sem descanso. Primeiro oito horas no seu consultório, depois outras oito na clínica. Não pretendia passar lá tanto tempo, mas não tinha escolha. Várias mulheres foram em urgência. A clínica estava com tanta falta de recursos que só o esforço de todos os voluntários podia compensar.

No entanto, foi um alivio manter-se ocupada. Ajudou a não pensar nele. Enquanto esperava que o sinal mudasse para o verde novamente, o rosto de Cole no supermercado introduziu-se sem permissão na sua mente.

Encontrar-se ali com ele foi uma incrível casualidade. Foi ao supermercado para ajudar a senhora Charles. A pobre mulher, que fora amiga intima da sua avó, estava sozinha com oitenta anos, sem que ninguém se encarregasse dela. Sempre que podia, Patrina ajudava-a.

Por que as coisas tinham que ser tão complicadas? Por que teve que se encontrar com ele? Teve que empregar toda a sua força de vontade para se negar aos desejos de Cole. Embora, na realidade, também eram os dela.

Respondeu à pergunta dele sobre a possível gravidez com toda a sinceridade. Talvez na semana seguinte começasse a sentir as primeiras náuseas…

Patrina inclinou-se sobre o banco do passageiro, abriu o porta luvas, tirou um disco e colocou-o para tocar. Um pouco de Miles Jaye e a sua voz quente ajudaria a tranquilizá-la.

Pouco depois, quando ainda faltavam vários quilômetros para chegar em casa, mudou de música. Miles estava a relaxando-a demais. Além disso, lembrava-lhe as incontáveis noites que passou sozinha em sua casa, ansiando pelo abraço de um homem. Por que aquelas canções que ouviu tantas vezes a faziam pensar em Cole, na noite que tinham passado juntos fazendo amor?

Estava tão perdida em seus pensamentos que demorou a perceber, ao estacionar diante de sua casa, que havia um automóvel perto do seu com as luzes apagadas.

Ao iluminá-lo com as suas, Patrina reconheceu o automóvel que Cole tinha alugado.

O coração dela saltou.

O que ele fazia ali à meia noite?

Então, lembrou-se das palavras que ele lhe tinha dito no supermercado.

«Desejo-te, Patrina. Quero voltar a estar com você».

Inclinou-se no banco sentindo que o cinto de segurança a oprimia. Queria libertar-se. Precisava.

Na escuridão, Patrina distinguiu Cole saindo do seu automóvel, fechando a porta e apoiando-se como se estivesse à espera dela.

Como ia proceder?

Ia ficar a noite toda metida no seu automóvel?

O que ia fazer com o fogo que sentia pelo corpo todo, com o vulcão que aguardava entre as suas pernas ao qual ele extinguira?

Tirando a chave do contato, Patrina agarrou a bolsa e abriu a porta do carro. Em seguida, Cole aproximou-se dela e ofereceu-lhe a mão para ajudá-la a sair.

- O que está fazendo aqui? - perguntou Patrina pensando que devia estar um desastre depois de ter trabalhado todo o dia.

- Esta manhã não podemos terminar de falar. Pensei que seria boa idéia passar por aqui.

- Pois pensou mal. Trabalhei desde as seis da manhã, e…

- Por que?

- Como por quê?

- Por que chegou em casa tão tarde?

- Não que você tenha alguma coisa a ver com isso, mas estive atendendo pacientes no consultório e depois fui para a clínica por mais oito horas. Quando nos encontramos no supermercado esta manhã, foi porque fui comprar algumas coisas para Lila Charles. Era uma boa amiga da minha avó e agora está sozinha na vida. Não tem ninguém, é idosa.

Cole continuava com a mão estendida para ajudá-la a sair do carro. Convencida de que não a comprometeria em nada, Patrina estendeu a sua para agarrar na mão de Cole.

Mas, quando a sua pele roçou a dele, tudo mudou. O seu corpo começou a tremer, os olhos olharam-no com desejo, o coração começou a bater violentamente.

- Estou cansada - murmurou ela.

- Claro que está, coração - sussurrou ele carinhosamente.

Estava tentando digerir a forma que ele tinha utilizado para se referir a ela quando, sem lhe dar tempo, Cole atraiu-a para ele, passou-lhe a mão pelo pescoço e beijou-a.

O cansaço que a tinha martirizado durante a viagem de regresso desapareceu de repente. A única coisa que sabia era que ele a beijava, que os seus lábios continuavam provocando nela um monte de emoções desenfreadas.

E, enquanto estava se deleitando com a sua língua, Cole agarrou-a nos braços e fechou a porta do carro com um safanão.

- Ponha-me no chão, por favor, sou muito pesada.

- Já disse que é mentira, não pesa nada - sorriu ele docemente.

Exausta pelo cansaço e pelo efeito do beijo, Patrina desistiu de lutar e mergulhou o rosto no peito de Cole.

- Patrina, abra a porta, por favor.

Procurando na sua bolsa, conseguiu tirar a chave, introduziu-a na fechadura e abriu a porta. Imediatamente, o calor da casa encheu-a de segurança e tranquilidade.

Cole entrou e em vez de soltá-la, dirigiu-se ao quarto dela.

- Espere um momento. Acha que pode entrar em minha casa, levar-me para a cama e deitar-se comigo?

- Não estou aqui para isso, Patrina - disse estendendo-a na cama. - vim para falar com você, mas está muito cansada, sendo assim, mudarei os planos e farei outra coisa por você.

Cole entrou no banheiro e, em poucos segundos, Patrina ouviu o barulho da água.

- O banho ficará pronto rapidamente - disse ele da porta do banheiro. - dou-lhe cinco minutos para tirar a roupa. Se eu voltar e você continuar vestida, eu próprio farei as honras - acrescentou desaparecendo de novo no banheiro.

Patrina ficou perplexa.

Mas depois, percebeu que nenhum homem fez algo parecido por ela, preparar-lhe um banho e ordenar-lhe para que se despisse.

Porque não aproveitar? Apressando-se, tirou a roupa e vestiu um robe.

Estava atando o nó à cintura quando Cole entrou de novo e viu a roupa dela estendida sobre a cama.

- preparada?

- sim.

Aproximando-se dela, Cole voltou a agarrá-la nos braços, virou-se e entrou no banheiro.

- Se continuar fazendo estas coisas, vai acabar magoado.

- não se preocupe.

Sem lhe dar tempo, Cole depositou-a suavemente dentro da banheira e ao mesmo tempo, tirou-lhe o robe. Patrina sentiu a água quente em sua pele e suspirou de felicidade. O robe tinha se molhado, Cole usou muitos sais, mas não importava. Aquele era um momento único.

- Quando quiser sair, avise-me.

- Eu posso sair sozinha - disse olhando para ele.

- Já sei que pode, só peço que me avise para poder te ajudar.

Quando Cole saiu, Patrina fechou os olhos. Apreciaria o banho durante um longo tempo, secar-se-ia e sairia por si própria, sem lhe dizer nada. Mas para isso, precisava descansar.

Já tinha passado um longo tempo, e Patrina não saia. Cole tinha arrumado um pouco o quarto, sentindo o perfume dela por todo o lado. Tentando não se distrair, abriu a porta do banheiro e viu que ela tinha adormecido.

Agarrando uma toalha, aproximou-se dela, levantou-a suavemente, e agarrou-a nos braços e vestiu-a docemente.

- Não, Cole - murmurou ela ao acordar. - posso fazer sozinha. Não é preciso que você…

- Eu sei, coração. Mas deixe-me ajudar, embora seja apenas por esta noite, está bem? - disse ele suavemente.

Patrina pareceu tranquilizar-se.

Enquanto lhe secava o cabelo, Cole perguntou-se se seria muito habitual que trabalhasse tanto. Recordou o que a irmã lhe disse acerca do trabalho de Patrina pela comunidade, e a sua nomeação para os prêmios Eve. Era evidente que merecia aquele prêmio. Mas, se alguém não se preocupasse com ela, mais cedo ou mais tarde acabaria por desmaiar de esgotamento.

Cole levantou-a e começou a secar-lhe o corpo. Ao chegar aos seios, Patrina tapou-os com as mãos num gesto instintivo.

- Vamos, coração, depois da noite que passamos, vais cobrir-se?

Patrina ouviu-o e Cole começou a secar com a toalha cada canto do seu corpo. Embora já conhecesse o corpo dela, aquilo não fazia com que a sua excitação não aumentasse pouco a pouco. Queria tirar a toalha e secá-la com as próprias mãos.

De repente, Cole recordou a razão da sua presença ali e, enquanto lhe secava de joelhos as pernas, estendeu uma mão para lhe tocar o ventre.

- É muito cedo, juro que, assim que eu souber de alguma coisa, será o primeiro a saber.

Cole concordou satisfeito.

Já seca, Cole voltou a agarrá-la nos braços e sentou-a aos pés da cama.

- Gostou do banho? - perguntou-lhe, preparando os lençóis.

- Muito obrigada.

- De nada, coração. Vamos, já está pronta. Patrina obedeceu e meteu-se na cama. - Há mais alguma coisa que possa fazer por você?

- já fez o suficiente.

Pegando da mesa de cabeceira o livro que Patrina começou a ler durante os dias em que tinham estado juntos, Cole sentou-se na cadeira junto a ela.

- Não vai embora?

- Não até que adormeça.

- Onde é que disse à sua irmã que ia nesta noite? É quase uma da manhã.

- Acha que estou na casa do Durango jogando cartas com ele e com Quade.

- E se der por…?

- Não se preocupe - interrompeu-a ele delicadamente. - Não descobrirá. Além disso, o que importa se o fizer?

- Nada. Manter isto em segredo foi idéia sua, não minha. Além disso, se ficar grávida, todos quererão saber como aconteceu.

- Não se preocupe com nada. Está tudo sob controle.

Patrina mexeu-se na cama, abraçou-se à almofada e fechou os olhos. Cole ficou ali a observando da cadeira, desejando deitar-se com ela, abraçá-la, beijá-la e fazê-la sua novamente durante toda a noite.

E, então percebeu que havia algo mais dentro dele além da atração.

O que era aquilo? O que significavam aquelas emoções que estava sentindo?

Não era possível…

Cole observou-a e comprovou pela respiração dela que adormecera. Era hora de ir embora, mas era incapaz de se mover daquela cadeira. Não conseguia deixar de olhá-la. Mas, quanto mais a olhava, aquelas estranhas emoções ficavam cada vez mais evidentes.

E ele não gostava. Não gostava do que lhe estava acontecendo.

 

- Bom dia, doutora Foreman.

Patrina sorriu para Tammie Rodhes, a pequena recepcionista do seu consultório, que com apenas vinte anos, trabalhava o dia inteiro para poder pagar os seus estudos noturnos na universidade.

- Bom dia, Tammie. Como está nesta manhã?

- Muito bem, obrigada. Hoje tem uma agenda muito cheia. Além disso, o marido de Ellen Cranston ligou. Diz que ela está começando a sentir as dores.

- Tem certeza de que não é outra coisa? - perguntou Patrina enquanto vestia a bata branca.

O parto de Ellen Cranston estava programado para dali a dois meses. A última vez que o marido de Ellen tinha ligado assustado pelas dores que a sua mulher sentia, fora um alarme falso.

- Eu perguntei-lhe mas, como insistiu tanto, disse-lhe que podia passar pelo consultório para que ficasse tranquilo.

Patrina concordou e entrou no gabinete. O primeiro paciente chegaria dali à uma hora. Isso lhe daria tempo para beber um café tranquilamente e pensar no que aconteceu com Cole na noite anterior. Ainda lhe parecia inacreditável tudo o que tinha feito por ela, esperá-la à porta de sua casa até a meia-noite, preparar-lhe um banho para que relaxasse, preparar-lhe a cama, velá-la até que o sono a vencesse…

Dormiu como um bebê. Ao acordar e descobrir que Cole tinha ido embora, tal como havia prometido, teve a sensação de ter sonhado com tudo. E teria continuado acreditando se não fosse pelo breve recado que encontrou em cima do balcão da cozinha: Vejo-a em breve.

O que significava aquilo? Ia esperá-la outra vez à porta de sua casa até que ela chegasse?

- Doutora Foreman, esqueci de lhe dizer que também ligou alguém. Disse que era pessoal.

Patrina voltou-se e viu a recepcionista a porta do gabinete.

- Disse o nome?

- Sim , Cole Westmoreland.

- Deixou alguma mensagem? - perguntou Patrina percebendo o curioso interesse de Tammie.

- Sim, disse que vinha vê-la para almoçarem juntos.

- Não consigo comer muito durante o dia - assinalou Patrina, franzindo o nariz.

- Isso foi o que eu lhe disse.

- Mais alguma coisa?

- Sim, disse que passaria por aqui hoje ao meio dia.

Patrina disfarçou o nervosismo diante da recepcionista enquanto se perguntava de onde Cole tirou a idéia de que podia entrar e sair da sua vida quando desejasse.

- Não é o primo de Durargo Westmoreland? Um dos filhos de Corey Westmoreland?

- Sim, é - respondeu Patrina friamente.

A pergunta de Tammie não era nada estranha. Tanto Durango como Corey eram muito conhecidos na cidade. Antes de se casar com Savannah, Durango foi muito popular entre as moças solteiras. Corey por sua vez, era um cidadão respeitado e a sua opinião, muito valorizada. Todos sabiam que vivia no alto da montanha e conheciam com todos os detalhes como descobriu que tinha três filhos há trinta anos atrás.

- Ouvi dizer que esse Cole Westmoreland é muito atraente.

- O que disse? - perguntou Patrina perdida em seus pensamentos.

- Dizia… Que me contaram que Cole e o seu irmão, Clint são muito atraentes.

«Você nem imagina quanto», pensou Patrina.

- Sim, são - disse. - Mas não são velhos demais para você? Além disso, creio que Clint Westmore­land é casado.

- Ouvi a minha irmã Gloria dizer, enquanto falava com uma amiga dela - sorriu Tammie. - trabalhava numa loja de roupas e conheceu-os no ano passado. Parece que foram lá para alugar dois trajes para o casamento da irmã Casey.

- Bem, de qualquer maneira, se o senhor Westmoreland voltar a ligar, por favor, diga-lhe que estou muito ocupada e que não posso ir almoçar com ele.

- Ele disse que voltaria a ligar. Pediu-me que lhe dissesse, simplesmente, para que estivesse pronta à uma da tarde.

Contrariada, Patrina concordou para agradecer a informação à recepcionista. Quando ficou sozinha, Patrina recostou-se na cadeira.

Cole não se dava por vencido. Foi muito simpático na noite anterior, mas a ave presa dentro dele regressou mais fominta do que nunca.

- Da próxima vez que me utilizar como desculpa, pelo menos faça o favor de me avisar - disse Durango ao seu primo Cole enquanto desmontavam dos cavalos que usaram para dar uma volta pelo rancho.

- O que você quer dizer? - perguntou Cole franzindo a testa?

- Casey veio esta manhã visitar Savannah e fez um comentário acerca de um jogo de cartas - comentou Durango. - disse que você voltou às tantas da manhã e que estava comigo. Felizmente, ontem à noite, Savannah foi para a cama cedo e Quade e eu ficamos conversando. Como a minha mulher não podia saber se você chegou depois dela ter se deitado ou não, eu pude te cobrir.

- Obrigado. - sorriu Cole.

- O que tem entre as mãos? Quade disse que tinha uma vaga idéia de onde poderia estar, mas não se acusou.

- Muito obrigado, sinceramente. De momento, vou precisar de ajuda para que me cubra de vez em quando. Não sei quanto tempo durará.

- Está envolvido com alguma mulher? Pelo menos, espero que não seja casada.

- Não, não é.

- Graças a Deus.

- Olha quem está falando. - disse Cole sorrindo. - Já esqueceu de que todos nós conhecemos aquela historia sobre você e o McKinnon?

Durango, irmão de Quade e três anos mais velho que Cole, era o segundo primo que Cole e Clint conheceram. Ao chegar a Montana, disse ele que tinha ido buscá-los no aeroporto. Tinha-os hospedado em sua casa e acompanhara-os a casa de Corey. Depois, Clint e Cole conheceram o pai que os tinha gerado. Além disso, por acaso, conheceram o outro primo, Stone, e a jovem com a qual este último se casaria alguns meses depois, Madison, e a mãe da moça, Abby, a mulher que ocupou o coração de Corey durante os trinta anos que passou sem ele.

- Diga a Casey que já está tudo praticamente pronto para a festa - disse Cole para mudar de assunto.

- Sim, já me disse - respondeu Durango consciente da evasiva do primo. - Savannah já está tremendo só de pensar na quantidade de Westmoreland que virão para cá. Como houve alguns que não puderam vir ao casamento do Clint, não nos voltamos a reunir desde o casamento de sua irmã. Por Deus, ainda não consigo acreditar que o seu irmão tenha se casado.

- Pois acredite, está felizmente casado.

- Conheço a sensação.

Cole olhou para o primo e observou como os seus olhos diziam a verdade. Bastava estar com ele e com Savannah durante alguns minutos para se perceber isso.

- McKinnon e eu combinamos de ir comer logo em Watering Hole - disse Durango. - queres vir?

- Obrigado pelo convite, mas já tenho planos - respondeu Cole piscando-lhe um olho.

Patrina sorriu ao ver os resultados do exame de ultrasom que fez em Ellen Cranston.

Chegaram no meio da manhã nervosos pelas dores que estava sofrendo no ventre. Durante cinco anos tentaram com que Ellen ficasse grávida e, quando finalmente conseguiram, os nove meses estavam transformando-se num calvário de suspeitas e preocupações para eles. Mas os resultados eram esclarecedores. Não iam ter um filho, iam ter dois, gêmeos. Um menino e uma menina. A posição do pequeno não permitira ver até àquele momento a menina que também estavam à espera.

Sabia que os Cranston iam receber a notícia com entusiasmo. Não conseguia esperar para lhes dizer. Contente, Patrina agarrou no telefone e marcou o numero do casal.

Dez minutos depois, Patrina apoiou as costas na sua cadeira e sorriu. O feliz casal regozijou-se tanto que começaram a chorar ao telefone.

Inconscientemente, Patrina levou a mão ao estômago.

E se estivesse grávida?

Ter um bebê encher-lhe-ia de alegria tanto como a ele. Nesse momento, já existiam formas para saber se estava ou não. Mas queria esperar. Se na semana seguinte não tivesse a menstruação, seria uma prova definitiva.

- Doutora Foreman, o senhor Westmoreland já chegou - disse de repente a recepcionista através do intercomunicador.

- Por favor, diga-lhe que entre - respondeu Patrina levantando-se.

Assim que deixou de apertar o botão, Cole apareceu na porta, entrou no gabinete e fechou-a atrás de si.

- Aqui estou eu - disse como uma voz irresistivelmente sedutora.

Com as costas apoiadas na porta do gabinete de Patrina, Cole olhou para ela e comprovou que estava tão bonita como sempre. A boca dela estava pedindo para que a beijasse, que a saboreasse durante horas.

- Olá, Cole.

- Olá, Patrina. Dormiu bem durante a noite? - perguntou ele aproximando-se.

- Sim, obrigada por perguntar. E obrigada por tudo o que fez.

- Prefiro que me agradeça assim - disse agarrando-a pela cintura.

Sem pedir permissão, Cole beijou-a.

Quando os lábios se tocaram, ambos emitiram um suspiro de alivio, como se algo dentro deles tivesse se libertado ao mesmo tempo.

Sem a menor resistência, Patrina rodeou-o com os braços e aproximou-se dele para senti-lo ainda mais perto.

Separando os lábios suavemente dos dela, Cole olhou para ela sem deixar de abraçá-la.

- Eu precisava.

- Eu também.

Cole olhou para ela surpreendido pela facilidade com que cedeu a beijá-lo.

- Vai para a clínica quando terminar por aqui?

- Sim, vou todos os dias. Precisam de mim.

«eu também preciso de ti, e com mais urgência», pensou Cole.

- Quanto tempo vai ficar lá? - perguntou ele.

- O tempo que for preciso.

- Não concordo. Vou buscar você às oito. Dê-me a direção enquanto almoçamos.

- Desculpe? - perguntou Patrina incapaz de acreditar na arrogância dele.

- Perdôo-lhe apenas porque é linda - brincou ele beijando-a novamente para que deixasse de falar.

Patrina olhou para o relógio e viu que acabavam de dar sete horas. Não havia tanto trabalho como no dia anterior. Um dos médicos foi para casa. Só restavam ela e uma pessoa da manutenção. Era uma sorte, dada a perseverança com que Cole insistiu em ir buscá-la às oito.

Embora ainda faltasse uma hora para sair, decidiu relaxar alguns minutos bebendo um café depois de dizer à recepcionista do turno da noite, Júlia, que podia chamá-la a qualquer momento se acontecesse alguma coisa.

Vestiu o casaco e, com a xícara do café, saiu para o terraço de onde se avistava uma linda vista do lago. Apoiando-se na varanda, pensou no almoço com Cole.

Levou-a a um restaurante perto do hospital e, para ser sincera, divertiu-se muito. Ele contara-lhe os preparativos da festa de aniversário do seu pai, que todos os seus primos viriam, até Delaney e Jamal, que apanharam um avião do Oriente Médio. Riu muito com a história que Cole lhe contara sobre o berço que o seu primo Thorn comprou para o seu primogênito.

Depois, a conversa ficara muito mais séria quando ela lhe perguntou sobre a sua mãe. Cole contara-lhe com tristeza nos olhos como ela escondeu até o fim, a ele e aos seus dois irmãos, a verdadeira história do seu pai. Patrina reconheceu para si própria a elegância de Cole quando ele disse que, apesar de tudo, apesar dos anos e experiências familiares que perdeu, não guardava rancor pelo que sua mãe fez.

Só de ouvi-lo falar, Patrina percebeu a estreita relação que o unia à sua mãe. Aquele homem sabia o que significava perder alguém, mudar de cidade, de vida… Era admirável. Embora houvesse algo que Patrina não estava disposta a aceitar: a sua profissão. Sentia-se incapaz de voltar a ter uma relação íntima com um agente da lei.

E então, enquanto ele falava, Patrina percebeu que tinha se apaixonado por ele.

Apaixonara-se por ele.

Sabia que Perry, em algum lugar, estaria sorrindo ao saber, desde que ela tivesse encontrado a pessoa para ser feliz novamente.

Mas não podia. Era impossível. Não conseguiria viver com a incerteza diária de não saber onde ele estaria. Com a incerteza de não saber se estava vivo ou morto.

De qualquer forma, aqueles pensamentos eram absurdos, já que Cole não estava apaixonado por ela. A única coisa que poderia fazer era superar.

Considerando que já tinha o seu tempo de descanso, Patrina votou a entrar e, ao passar pela mesa de Júlia, a mulher olhou para ela de forma estranha.

- o que se passa, Júlia?

Antes que a recepcionista pudesse responder, Patrina sentiu algo duro e frio a pressionar as suas costas.

- Não, doutora, não se passa nada - sussurrou-lhe uma tenebrosa voz masculina ao ouvido. - Mas já que você está aqui, pode me dar a chave do armário?

Tentando manter a calma, virou-se lentamente e viu um homem observando-a com olhos nervosos.

Não devia ter mais de vinte anos.

- Para quê a quer? - perguntou suavemente.

- Não se comporte como uma estúpida. Já sabe para quê a quero. Preciso de drogas.

Cole acabava de entrar na clínica para ver porque Patrina estava tão atrasada quando ouviu a voz do homem.

Parou de repente no corredor.

Aproximando-se discretamente, viu que um estranho ameaçava Patrina e outra mulher com uma pistola.

No momento sentiu-se nervoso, fúria e medo por Patrina. Não conhecia o lugar, nem as saídas. Não sabia nada daquele edifício, mas tinha que pensar rápido e agir com a cabeça fria.

Então, ouviu Patrina dizer ao homem que não tinha as chaves do armário. Tinha que fazer alguma coisa o quanto antes.

Sigilosamente, entrou em vários gabinetes até encontrar uma bata de médico. Vestiu-a e encaminhou-se para eles.

Não devia entrar em cena abruptamente, isso podia ser fatal. Então começou a assobiar para que os três o pudessem ouvir.

Respirando profundamente, deu a volta na esquina e deparou-se com Patrina e Júlia olhando-o com os olhos dilatados.

O homem estava nervoso.

Nesse momento, soube o que fazer.

Devia convencer ao estranho de que ele era o médico encarregado pela clínica e que tinha a chave em seu poder.

- Olhe, temos um novo paciente - disse Cole fazendo-se tonto e aproximando-se deles com toda a naturalidade.

- Saia daqui, médico insignificante - disse o homem apontando-lhe a pistola. - E vocês, dêem-me a chave do armário, já! - exclamou virando-se para elas.

- Ah! É isso que quer? Eu a tenho - disse Cole.

- Dê-me! - exclamou o estranho virando-se novamente para ele.

- Claro. Não vou discutir com um homem que me aponta uma pistola. - sorriu Cole levando a mão ao bolso.

Cole tirou um chaveiro e deu-o ao jovem.

- Acha que sou idiota? Estas são as chaves de um carro!

- Não, está enganado. Olhe bem para elas - disse Cole.

Nesse momento, quando o jovem baixou o olhar para o chaveiro, atacou-o com toda a fúria sem perder um instante, acertou-lhe no joelho e conseguiu tirar-lhe a arma. A seguir, sem lhe dar tempo para reagir, Patrina acertou-lhe nas costas atirando-o ao chão inconsciente.

- Chame a policia! - exclamou Cole dirigindo-se a Júlia e afastando a pistola com um pontapé. - Quem te ensinou a bater assim? - acrescentou olhando para Patrina.

- Meu irmão Dale. Quando o Perry morreu, meu irmão insistiu para que eu aprendesse algumas técnicas básicas de defesa pessoal.

Cole agradeceu secretamente a Dale por ter sido tão diligente com a irmã.

- Está bem? - perguntou Cole aproximando-se dela.

- Sim, estou bem, mas, podia ter-te matado!

- Tinha que correr o risco, tinha que te proteger.

Os dois olharam-se como se estivessem hipnotizados.

- A polícia está a caminho - interrompeu Júlia.

- Ótimo. Onde raios estão os guardas de segurança?

- Não temos - respondeu Júlia. - tivemos que prescindir deles há alguns meses. O orçamento não era o suficiente.

Cole olhou para a mulher surpreendido e furioso. Não havia segurança? Nenhuma? Como era possível?

Mas não disse nada.

Só havia uma solução, e estava disposto a colocá-la em prática. Aquela clínica não voltaria a estar tão desprotegida.

Nunca. Jamais enquanto ele vivesse.

Quando a policia chegou, prenderam o jovem e passaram várias horas reconhecendo o local e interrogando-os.

As declarações de Júlia aos meios de comunicação que se reuniram na porta da clínica centraram a atenção em Cole.

Referiam-se a ele como um herói.

A notícia saiu em todos os noticiários da noite. Cole recebeu chamadas de Casey, de Duran­go, do seu pai… todos queriam saber se estava bem, se lhe tinha acontecido algo, ou como tudo tinha acontecido. Apesar do interesse de toda a família, só Casey o cravou de perguntas. Ouvira na televisão que se encontrava presente na clínica porque fora buscar a doutora Patrina Foreman. O esforço que fizera para que ninguém soubesse nada da sua relação com ela havia desmoronado. A essa altura, toda a cidade, todo o Estado, já sabia de tudo.

Horas depois, no automóvel de Patrina, ele respirou aliviado. Não falaram muito desde que a policia chegou.

O que ela estaria a pensando?

Durante os interrogatórios, teve que ser sincero com a polícia e dizer-lhes que havia deixado de ser um ranger a um mês. Patrina tinha percebido.

Olhara fixamente para ele, mas Cole não conseguira descobrir o que escondia atrás dos seus olhos.

Tinha que falar com ela. Aquilo não podia esperar mais.

- Patrina, nós precisamos conversar.

- Sobre o quê? - perguntou ela friamente.

- Sobre tudo o que aconteceu, sobre nós, do que quiser… Mas conversaremos antes de chegar na sua casa, porque, quando lá chegarmos, a última coisa que quero é conversar.

Como se tivesse recebido um murro no rosto, Patrina virou-se para ele com o rosto cheio de raiva. Estava verdadeiramente furiosa.

Cole agradeceu por ter decidido ser ele a conduzir. Do contrário, quem sabia como ela teria reagido.

- Maldito arrogante! - exclamou Patrina. - ainda acredita que vai entrar em minha casa para satisfazer os seus desejos? Quem pensa que é? Mentiu-me! Por que não me disse que deixou de ser um ranger? Por que não me disse? Por que me deixou angustiada durante semanas? Por que?

- Supunha-se que devia contar - replicou Cole virando no desvio que levava à casa de Patrina.

Ao chegar, Cole travou o carro, desligou o motor e deixou as luzes ligadas.

- Sabia perfeitamente o que eu pensava. Sabias o que pensava por ser um ranger.

- O que pensa sobre a minha forma de ganhar a vida não me importa. Dormir com você, querer estar com você não tem nada a ver com isso. Assumiu que esse era o meu trabalho e, apesar de tudo, fez amor comigo. A sua cabeça dizia-lhe uma coisa, mas o seu coração dizia outra muito diferente. E depois de pensar, cheguei à conclusão de que quem tinha razão era o seu coração. Ele é que sabia a verdade.

- Poderia ter morrido esta noite - disse Patrina olhando para ele.

- Aquele homem estava apontando-lhe uma pistola. Você também podia ter morrido. - respondeu Cole sentido que se fazia um nó na garganta só de pensar. - Podia ter-te perdido.

Cole tirou o cinto de segurança e inclinou-se para ela.

- E isso é uma coisa que nunca vou permitir. Nunca.

Patrina olhou fixamente para ele, tentando descobrir o que a boca dele possuía para atraí-la tanto, para querer beijá-la vezes sem conta, para se perder nela.

Tentou concentrar-se no que ele acabava de dizer, no que estava acontecendo.

Não podia continuar enganando-se. Não havia forma de recusá-lo. Ficaria com ele até que regressasse ao Texas. Depois, tudo terminaria.

E, no caso de estar grávida, enfrentaria a gravidez com alegria. Não tinha medo de ser mãe solteira.

Se havia feito amor com ele, acreditando que era um ranger, foi para aproveitar o momento, para não deixar passar a oportunidade de se sentir mulher novamente. Não procurara mais nada, e ele também não lhe prometera nada. A única coisa que tinham partilhado fora sexo, paixão, desejo. Mais nada.

E desejava-o.

Desejava meter-se na cama com ele, sentir-se desejada de novo, sentir que um homem morria por fazer amor com ela.

- Patrina, vou beijar você.

Disse em voz baixa, com calma, mas com convicção, com o domínio de um homem seguro de si mesmo. Se até ali tinha tido alguma dúvida do verdadeiro caráter de Cole, aquela frase esclarecera-a completamente.

Não ia deter-se perante nada.

- E isso não é a única coisa que vou fazer - acrescentou inclinando-se sobre ela. - Podemos fazer aqui ou ali dentro, você decide. - sorriu Cole.

Não aguentava mais. Não podia com aquele sorriso. Estava consumindo-se por dentro. Estava ficando louca. Não dormira com um homem durante mais de três anos. Precisava que Cole a possuísse outra vez. Dava-lhe vida.

- Patrina?

Levantando a vista, Patrina olhou para ele fixamente, ficou em silêncio durante alguns instantes e deixou que os seus desejos falassem por ela.

- Faremos lá dentro.

 

Quando cruzaram o umbral da casa, Cole fechou a porta atrás de si e atirou-se sobre ela.

Não conseguia esperar nem mais um segundo.

Prendeu-a entre os seus braços e começou a beijá-la com um desespero que nunca nenhuma outra mulher havia despertado nele. Era como uma necessidade instintiva, o impulso que leva um homem a possuir uma mulher que, por alguma razão sabia que era perfeita para ele.

No entanto, enquanto a beijava, Cole assustou-se com os seus próprios pensamentos. Nunca havia pensado em nenhuma mulher daquela forma. Nunca quisera pertencer a ninguém nem que ninguém lhe pertencesse. Mas Patrina era diferente. Não sabia o que poderia ser, mas não se parecia com nenhuma outra pessoa que tivesse conhecido.

Por outro lado, não podia esquecer a possibilidade dela estar grávida. Aquilo transformaria toda a situação. Alguma coisa dentro dele parecia encantado com aquela possibilidade, como se parte dele quisesse que se tornasse realidade.

Mas no momento não queria pensar mais.

Não lhe servia de nada preocupar-se antes do tempo. Além disso, tudo o que queria naquele momento era voltar a tocá-la, praticar todas e cada uma das fantasias sexuais que teve com ela desde a última vez que estiveram juntos.

O desejo de possuir o corpo dela chegara a ser, durante aqueles últimos dias, uma obsessão, algo tão importante como respirar para continuar vivendo.

Patrina deixou de beijá-lo por alguns momentos para recuperar a respiração e Cole aproveitou para observá-la. Tinha os olhos dilatados, os lábios vermelhos e úmidos, a pele brilhante e madeixas sobre o rosto.

Era demais. Nenhuma mulher tinha o direito de ser tão atraente. Desejava-a.

Desejava-a com todas as suas forças. Não conseguia pensar noutra coisa.

Patrina fez dele um homem cego de paixão, tinha-o excitado até o limite. Queria tirar a calça. Tinha que o fazer o quanto antes, não conseguia suportar mais a pressão do seu membro contra a calça.

Mas, antes, queria vê-la nua.

- Vem cá.

Patrina deu um passo à frente.

- Mais perto.

Patrina avançou de novo e encontraram-se colados um ao outro. Incapaz de esperar mais, Cole baixou as mãos até a cintura dela, desabotoou o botão e, quase com fúria, como se estivesse possuindo uma terra desconhecida, baixou com um esticão a saia dela.

- Quero que tire tudo - ordenou-lhe Cole seguindo com o dedo a linha que a calcinha de Patrina desenhava nas suas pernas, - quero te ver nua.

Patrina emitiu um gemido abafado. O dedo dele estava queimando-a. Tinha que sufocar aquele calor. Conforme necessário fosse.

E só ele podia fazer.

Dando alguns passos para trás, Patrina começou a tirar pouco a pouco a roupa que ainda tinha vestida. Desabotoou a blusa e com ela o sutiã, deixando desnudos os mamilos eretos.

Cole estava utilizando toda a sua força para não se atirar sobre ela.

Quando finalmente Patrina tirou a calcinha mostrando todo o seu corpo nu, Cole quase se ajoelhou diante dela para adorá-la.

- Agora, dispa-se você.

Cole estava tão excitado, tão entregue à beleza de Patrina, que obedeceu imediatamente. Desabotoou a camisa e, despindo-a rapidamente, atirou-a para um lado.

A seguir, descalçou os sapatos e as meias.

Então, levando a mão ao bolso traseiro da sua calça, Cole tirou uma caixa de preservativos e, segurando-a na boca, abriu o cinto, o botão da calça e começou a baixá-la sem deixar de olhar para ela.

Finalmente, satisfeito com o efeito que estava provocando em Patrina, tirou a cueca e ficou por alguns minutos nu, diante dela.

A única coisa que se ouvia era a respiração dos dois agitando o ar que os separava.

Agarrando novamente a caixa dos preservativos com a mão, Cole aproximou-se dela e, beijando-a, conduziu-a até ao quarto.

Depois de tê-la deitado sobre o colchão, Cole ergueu-se diante dela e, tirando um preservativo, começou a colocá-lo. Mas o olhar dela, que não perdia o mínimo detalhe do corpo dele, estava excitando-o tanto que estava ficando nervoso.

- Quer que eu o ajude? - murmurou Patrina com voz cativante.

- Obrigada, doutora - respondeu ele sorrindo, - mas prefiro fazê-lo eu. Quero-a tanto que, se me tocar neste momento… Seria muito embaraçoso.

- Oh! - Retorquiu ela.

Cole olhou para ela. Como era possível que aquela mulher não soubesse o quanto era atraente?

- Pronto - anunciou Cole afundando-se na cama.

Patrina estremeceu.

Estava prestes a voltar a entrar num mundo muito diferente.

Patrina abraçou Cole e atraiu-o para ela.

Já não havia a menor dúvida; aquela sensação inexplicável era nova para ela, algo que nunca tinha sentido com Perry durante o tempo em que esteve com ele. A forma como Cole colocou o preservativo diante dela tinha-a deixado louca de desejo.

Cole estava em cima dela. Seu tórax pressionava os seios dela, excitando-a com sua extraordinária musculatura, enquanto que os braços a rodeavam dando-lhe segurança, oferecendo-lhe um lugar onde permanecer a salvo, um lugar a qual pertencer.

- Relaxe - sussurrou Patrina acariciando-lhe as costas.

- Isso é muito fácil de dizer, linda. Como não está a ponto de…

- Como não?

Empurrando-o suavemente para o lado, Patrina deitou-o de barriga para cima e colocou-se em cima dele. Cole gostava de ter o controle de situações como aquela, mas estava tão excitado que decidiu deixar-se levar.

- Esta posição é diferente - murmurou Cole agarrando um dos seus seios com a mão e beijando-o.

Patrina inclinou a cabeça para trás para suportar a onda de prazer que estava invadindo-a. Definitivamente, aquele homem sabia fazer muitas coisas com a boca. Mas ela também. E queria demonstrar-lhe.

Sem avisar, Patrina afastou-se dele, retrocedeu até chegar aos pés da cama e olhou para ele. Mas não estava olhando para os olhos dele, mas para outra parte do seu corpo. Cole percebeu. Havia um brilho misterioso nos olhos de Patrina.

- Não vai fazer o que penso que vai fazer, certo?

- Não sei o que pensa que vou fazer - sorriu ela enquanto percorria o corpo dele com as mãos, detendo-se em cada músculo, em cada linha.

- Está tentando acabar comigo, é isso, não é?

- Não, quero desfrutar de ti como você desfrutou de mim - respondeu ela vendo como Cole se excitava ainda mais ao ouvir aquelas palavras, surpreendida ao descobrir o poder sexual que tinha sobre ele.

Agarrou o pênis com as mãos e começou a massageá-lo, passando as mãos para cima e para baixo, enquanto ele ofegava cada vez mais.

Mas queria mais. Queria tocá-lo, saboreá-lo e não a um preservativo. E estava decidida a fazê-lo. Sem pensar duas vezes, tirou-o lentamente.

- Sabe o quanto me custou colocá-lo? - perguntou Cole com a voz abafada, presa pelo prazer que ela lhe estava dando.

- Perfeitamente. Não tirei os olhos de cima de você nem um segundo enquanto o colocava - respondeu inclinando-se sobre ele para introduzir o sexo de Cole dentro de sua boca.

Cole teve um choque elétrico ao sentir a língua dela. Instintivamente, tentou segurá-la, mas ela agarrou-se à sua cintura. Ficou claro que sabia o que queria e não ia parar perante nada.

Patrina saboreava-o ansiosamente, como ele fez com ela dezenas de vezes na noite que passaram juntos algumas semanas atrás. Cada vez que lhe tocava com a língua, notava como o estômago de Cole se retraia, como os seus pulmões tentavam reunir ar, como as suas mãos lhe acariciavam o cabelo obrigando-a a continuar. Nunca tinha desfrutado ao fazer aquilo. Era uma surpresa.

Então, sentiu como ele começava a estremecer e reparou que tentava afastar o seu sexo dela.

Mas Patrina manteve-se firme, não só para lhe demonstrar que era ela quem tinha o controle, mas porque estava desfrutando como nunca fez antes em toda a sua vida.

Cole começou a gritar o nome dela e, sem poder aguentar, desfez-se na boca dela. Então, Patrina levantou-se e observou com satisfação como Cole tentava recuperar a respiração.

Sem esperar um segundo sequer, inclinou-se sobre a mesa de cabeceira, tirou uma caixa de preservativos diferente da que ele tinha levado e, tirando outro, começou a colocá-lo.

Cole olhou para ela fixamente.

- Depois do que aconteceu da última vez, decidi que devia estar preparada para o que viesse a acontecer. Não tinha certeza se voltaria ou não.

- Sabe que o faria - afirmou Cole.

- Rezei para que não o fizesse, mas, por outro lado… Desejava-o. Fez-me sentir coisas que nunca senti antes. Fez-me sentir mulher.

- Não gostou? Pareceu-lhe mal?

- Claro que não, mas… Antes de te conhecer, nunca pensei que voltaria a sentir-me assim.

Cole ficou em silêncio durante alguns minutos.

- E agora? - perguntou finalmente.

- Agora, quero que faça amor comigo durante toda a noite sem se preocupar com o que acontecerá amanhã.

Cole agarrou-a pela cintura e, agilmente, deitou-a sobre a cama.

- Toda a noite - repetiu ela olhando para ele.

Cole deslizou a sua mão pelo corpo dela até chegar ao ventre. Então, suavemente começou a acariciá-la entre as pernas, fazendo com que ela fechasse os olhos para sentir melhor o que ele fazia.

- Patrina, abra os olhos e olhe para mim.

Ao fazê-lo, Cole deitou-se sobre ela e, decisivamente, penetrou-a.

Patrina sentiu que a força de Cole a partia em mil pedaços. Instintivamente, rodeou-o com as pernas para recebê-lo melhor.

Deixara novamente a vida terrena para entrar num mundo novo.

Algumas horas depois, o repentino som do telefone acordou-os. Patrina inclinou-se sobre a mesa de cabeceira antes de atender.

Quem poderia ligar às quatro da manhã?

- Sim? - perguntou libertando-se dos braços de Cole para se sentar na beira da cama.

Cole viu Patrina concordar em silêncio durante alguns breves instantes.

- Vou imediatamente - disse por fim antes de desligar o telefone.

- Um parto imprevisto? - perguntou Cole levantando-se.

- Sim - respondeu Patrina virando-se para olhar para ele. - Mas não é um parto qualquer.

- Ah, não? E o que tem este de especial?

- Quem vai nascer é a sua futura sobrinha - sorriu Patrina. - ou sobrinho, quem sabe?

Patrina percebeu a confusão de Cole.

- Chama-se Verônica, tem dezoito anos e é quem vai dar o seu bebê em adoção à sua irmã Casey e a McKinnon. O parto estava previsto para daqui a um mês. Pode ligar-lhes enquanto me visto e dizer-lhes que se encontrem comigo no hospital? Diga-lhes que vou já para lá.

Cole não esqueceria nunca enquanto vivesse o rosto de felicidade da sua irmã quando finalmente segurou o bebê nos braços. O seu marido, McKinnon, estava igualmente emocionado. Era um momento para a posteridade.

- Já sabem como irão chamá-lo? - perguntou Cole.

- Sim - respondeu Casey. - McKinnon e eu decidimos chamá-lo de Corey Martin Quinn em homenagem aos nossos pais.

Cole concordou satisfeito. O nome combinava como um anel no dedo. Segundo Patrina, pesava quase quatro quilos. Tendo em conta que nasceu antes do tempo, era quase um recorde.

- O bebê terá que ficar aqui no hospital, pelo menos durante mais um dia - disse Patrina entrando no quarto. - Depois, podem levá-lo para casa.

- Como está Verônica? - perguntou Casey.

- Está muitíssimo bem, mas continua firme na decisão de não ver o bebê. Nem sequer quer saber se é menino ou menina. Diz que a única coisa que quer é regressar a Virgínia, continuar a estudar e recuperar a sua vida.

Pelo que Patrina lhe tinha contado a caminho do hospital, Verônica Atkins abandonou o colégio para fugir com um grupo de rock. Ao ficar grávida, o pai do bebê tinha-se zangado com ela e Verônica, sozinha, começou a trabalhar como empregada doméstica. Passou meses vivendo em abrigos, sem nenhum lugar para onde ir. Finalmente, tomou a decisão de dar o filho em adoção para que pelo menos tivesse uma oportunidade. Depois de entrar em contato com Patrina, conheceu Casey e McKinnon. Ficou encantada com eles. Por fim, encontrara uma família na qual o seu filho teria a estabilidade e o amor que a ela lhe tinha faltado.

- Embora, como são os pais, podem vir visitá-lo a qualquer momento. - acrescentou Patrina.

- Obrigado por tudo, Trina - disse McKinnon olhando encantado para a mulher e para o filho.

- Não tem que me agradecer - respondeu ela. - vocês merecem tanto esta criança como ela merece uma família.

Os olhares de Cole e Patrina cruzaram-se durante um instante, mas foi o suficiente. Ambos estavam pensando no mesmo. No filho que Patrina podia ter dentro dela.

Cole sentiu um nó no estômago, uma nova sensação, algo que nunca tinha experimentado. Ele já havia tentado rejeitá-la durante semanas, escondê-la, não dar importância, mas era a hora de enfrentar a realidade.

Amava-a. Estava apaixonado por ela.

Maldição. O que teria acontecido? Quando? Procurou no seu interior e rapidamente encontrou a resposta. Foi naquela primeira noite que passou nos seus braços, fazendo amor com ela. A maneira como ela lhe entregou o seu corpo, a forma como confiara nele, tinham mudado tudo.

Tinha que ser um estranho lunático que, apontando-lhe uma pistola, desenterrara de uma vez aqueles sentimentos que com tanto esforço tentou esconder.

Cole olhou para Patrina. Estava nervoso. Queria ir ter com ela e dizer-lhe, confessar-lhe com se sentia, beijá-la como um homem beija a mulher ama. Mas não poderia fazê-lo. Havia muitas pessoas. Além disso, Casey estava começando a desconfiar de algo. Ela tinha centenas de perguntas sobre o incidente na clínica. E embora ele se negasse a respondê-la, tinha certeza de que não se daria por vencida.

Respirando profundamente, Cole aproximou-se de Patrina e, esquecendo-se dos outros, acariciou-lhe quase despercebidamente a face com a ponta dos dedos.

- Vamos, doutora? - perguntou-lhe Cole.

- Logo - respondeu ela com um sorriso. - Depois que preencher alguns papéis.

Cole concordou com a cabeça e observou-a sair do quarto.

- O que está acontecendo, Cole? O que há entre você e Patrina?

Cole deparou-se com o olhar da sua irmã fixo nele. Parecia aborrecida, a ponto de lhe dar um sermão, e ele entendia-a. Conhecia muito bem todas as aventuras que teve em sua vida, a forma como tinha encarado as suas relações com as mulheres. Mas, naquela ocasião, era diferente. Tinha de lhe dizer.

- Eu a amo. Quero casar-me com ela.

Casey ficou pálida. Era evidente que nem sequer tinha pensado nessa possibilidade.

- Como é possível? Conheceram-se no ano passado e desde então não se viram mais.

- Nos vimos, sim.

Casey olhou para ele como se lhe dissesse que mais cedo ou mais tarde exigiria que lhe contasse toda a história, do princípio ao fim.

- Já lhe disse tudo isso? - perguntou Casey em voz baixa.

- Ainda não - reconheceu Cole aproximando-se da irmã e dando-lhe um beijo na testa. - Mas vou dizer. E mais cedo do que pensa.

 

Quando entraram pela porta da casa de Patrina, Cole decidiu falar com ela. Precisava de lhe dizer como se sentia. Mais do que fazer amor com ela.

- Patrina?

- Sim? - perguntou ela deixando a sua bolsa em cima da mesa da entrada.

- Precisamos conversar.

Patrina suspirou. Sabia perfeitamente o que Cole queria falar. Estar no hospital, com a sua irmã e o bebê, devia tê-lo posto nervoso. Queria perguntar-lhe novamente se estava grávida, o que iam fazer, o que ela lhe ia exigir…

- Não tem que se preocupar com nada, Cole. Se estiver grávida, não pedirei nada nem o culparei. Sou maior de idade, sabia o que estava fazendo durante todo o tempo. Fiz porque queria estar com você e não me arrependo.

Cole aproximou-se dela e agarrou-a pela cintura.

- Nesse caso, talvez te interesse saber que comigo aconteceu o mesmo. Sempre soube o que estava fazendo e fiz o que fiz porque queria estar com você.

- O que você quer dizer? - perguntou Patrina confusa.

- O que quero dizer é que, embora nenhum dos dois tenha planejado isto, se estiver grávida, serei um homem muito feliz. Quero essa criança… E quero estar com você.

Patrina olhou para ele. Estava dizendo o que ela pensava que ele estava a dizer? Não era imaginação sua?

- O que estou tentando dizer, Patrina, é que não é só desejo. Eu amo você.

- Mas…

- Sem más. Nunca disse isso a nenhuma mulher e não quero dizer a mais ninguém. Só quero dizer para você. Se não me ouviu bem, posso repetir as vezes que você quiser. Não me cansarei até que acredite. Amo você, Patrina. Quero você. Não me importo se está grávida ou não. Quero casar com você. Quero casar com você o mais depressa possível e viver aqui com você.

- Mas… E o que acontecerá no Texas? Nunca disse que queria viver aqui.

- Querida, viverei onde você estiver. Já não sou um agente da lei, já não sou um ranger. Mas o que ainda não te disse é que o meu tio deixou aos meus irmãos e a mim o rancho dele e todas as terras ao redor. Casey e eu vendemos a nossa parte para o Clint. Ele vai construir uma reserva natural para proteger a fauna da região. Eu, pela minha parte, utilizei o dinheiro da venda em alguns investimentos que deram resultado e são muito lucrativos.

Patrina assentiu com a cabeça e Cole percebeu que havia entendido tudo perfeitamente. Estava apaixonada por um homem imensamente rico.

- Quade, Rico, o irmão de Savannah e eu, estamos começando a dar forma a uma empresa de segurança. Além disso, Quade e eu permanecemos em contato com Serena Preston. Queremos comprar-lhe os helicópteros para abrir um serviço de transportes.

- E o que Serena fará?

- Não faço idéia. Suponho que se mudará. Por que?

- Por nada, era apenas curiosidade. Ela teve uma relação com o meu irmão durante um ano, mais ou menos, até que descobriu que era um mulherengo.

- Patrina, agora que já sabe de tudo, casa comigo? Dê-me uma oportunidade. Juro que farei o que for necessário para que se apaixone por mim.

- Não perca tempo, Cole.

- Mas…

- Seria inútil, porque já estou apaixonada por você. Percebi naquela noite em que cheguei em casa exausta e você estava à minha espera. Amo você, Cole.

- E casará comigo?- perguntou ele ansioso.

- Claro!

- O quanto antes?

- De quanto é que estamos falando?

- Na próxima semana a família intera virá para celebrar o aniversário do meu pai. Gostaria de apresentá-la a todos como minha esposa.

- Tem certeza? Não quer esperar para saber se estou grávida ou não?

- Querida, como já disse, isso não me importa. Além disso, se não estiver grávida, eu me encarregarei para que fique - brincou ele.

- Quer mesmo ter um filho?

- Claro que quero um filho. Não percebi o quanto desejava até que vi a felicidade da minha irmã e do McKinnon. Quero ter um filho seu.

Patrina baixou os olhos e desatou a chorar. A vida estava oferecer-lhe algo que poucas pessoas tinham: uma segunda oportunidade para ser feliz. Os cinco anos que partilhara com Perry foram maravilhosos, ia recordá-los para sempre. Mas estava apaixonada por Cole. Queria estar com ele. Ser uma boa esposa. Amá-lo. Voltar a ser feliz.

Quando voltou a levantar cabeça, encontrou os lábios de Cole. Pela primeira vez, correspondeu-lhe sem que nenhum pensamento lhe enevoasse o momento. Aquilo era o que queria. Aquele era o seu lugar. O lugar onde ela passaria o resto da sua vida. Entre os braços dele.

 

                                                 Uma semana depois…

- Céus! - exclamou Casey quando Patrina lhe mostrou o seu anel de diamantes. - O meu irmão não é tão avarento quanto eu pensava. É extraordinário!

Patrina concordava. Estavam casados há quatro dias, mas decidiram esperar um pouco para apreciar a lua de mel.

O casamento foi uma cerimônia simples, oficializada pelo pai de McKinnon, o juiz Martin Quinn. A seguir, Cole e ela, junto de Clint e Alyssa, assistiram ao batizado do filho de Casey e McKinnon, Corey Martin.

- Vai ser um rapaz com sorte - dissera Clint, que pouco antes anunciara a todos que Alyssa estava grávida.

Cole agarrou a mão de Patrina em sinal de cumplicidade.

Eles também tinham a certeza de que teriam um bebê para o final do ano, mas decidiram não dizer nada ainda.

- Sempre soube que o meu primo tinha bom gosto para mulheres - disse Delaney Westmoreland Yasir.

- Obrigada - respondeu Patrina.

Toda a família Westmoreland reuniu-se em volta de Corey para celebrar os seus cinquenta e sete anos. Patrina olhou ao seu redor. Casey e Abby fizeram um excelente trabalho organizando tudo. Corey estava sentado numa cadeira de balanço com um neto em cada braço, Rock, o bebê de três meses filho de Stone e de Madison, e ao qual todos chamavam Rocky, e o recém nascido, Corey Martin.

Patrina observou então Alyssa, que estava falando com o marido, Clint. Tinha engordado muito para estar apenas de três meses. Iria ter gêmeos? Inconscientemente, levou a mão ao ventre. E se ela tivesse gêmeos? A família West­moreland parecia ter tendência para isso, como a mulher de Stone, Jayla.

- Posso roubar a minha mulher por alguns minutos? - perguntou Cole dirigindo-se ao grupo onde estava Patrina.

Sem esperar pela resposta, Cole conduziu-a para fora da casa. Corria uma leve brisa. Patrina abraçou-o e Cole beijou-a apaixonadamente.

- Hum… não é que me pareça mal, mas… A que veio isto? - perguntou ela.

- Por nada - respondeu ele sorrindo. - queria apenas beijá-la.

Cole voltou a beijá-la e disse:

- Spencer e Donnay estão prestes a anunciar. O Ian e a Brooke também.

- O que vão anunciar? Mais bebês?

- Sim.

- Será que vocês, os Westmoreland, só pensam em reproduzir para dominar a terra? - brincou Patrina.

- É uma boa idéia - sorriu Cole. - Como Emilie e você estão hoje? - acrescentou acariciando-lhe suavemente o ventre.

- Emery e eu estamos bem - respondeu Patrina teimando no nome.

- Como queira - respondeu ele divertido. - Não vamos discutir por isto.

Decidiram esperar até o nascimento para saber se o bebê que Patrina carregava era um menino ou uma menina. Cole estava convencido de que seria menina, e já lhe tinha mostrado a sua preferência ao chamá-la de Emilie, por parte da sua avó materna. Patrina, por sua vez, achava que era um menino, e propusera o nome de Emery.

- Pois então não discutimos. - disse ela beijando-o suavemente.

E depois, enquanto Cole a abraçava, teve o pressentimento de que estava grávida de gêmeos. Ao fim e ao cabo, tinha engravidado sobre a influência da lua de Abril, aquela lua que convidava os amantes a libertar os seus desejos.

Além disso, aquelas últimas semanas tinham-lhe demonstrado que tudo era possível estando casada com Cole Westmoreland.

 

                                            Novembro

Durante os cincos meses seguintes, a família Westmoreland reuniu-se em outras duas ocasiões.

A primeira, para estar presente na cerimônia da entrega dos prêmios Eve, que aquele ano decidiu premiar o trabalho de Patrina Foreman em proveito da comunidade.

A segunda, para celebrar o dia de Ação de Graças na montanha de Corey. E naquele ano tinham muito para agradecer. A família Westmo­reland já sabia que tanto Brooke como Patrina esperavam gêmeos, embora o sexo dos pequenos ainda fosse uma incógnita.

Nas últimas semanas, Cole tinha brincado com Patrina dizendo-lhe que os bebês seriam meninas e que se chamariam Emilie e Evelyn. Ela, por sua vez, não deixava de afirmar, que pelo movimento dentro do seu ventre, que iam ser meninos e que se chamariam Emery e Ervin. Só faltavam dois meses para saber quem tinha razão.

Enquanto a maioria aproveitava um intervalo para sair e dar um passeio, Cole observou o seu primo Quade que ficara em casa.

Parecia cansado.

Teria ficado afetado ao demitir-se do seu trabalho como agente secreto?

Era hábito entre as pessoas acostumadas a ter uma vida muito intensa, ocupada e estressante.

- O que é isto? - perguntou Quade.

- O quê? - perguntou Cole por sua vez aproximando-se dele.

- Isto. - respondeu o primo apontando para uma revista que Patrina assinara há pouco tempo.

- É da Patrina. Para mulheres grávidas.

Cole olhou para o primo e para a revista varias vezes sem perceber.

- É ela. - disse Quade assinalando a capa com a voz tremendo, deslocada e com o rosto pálido, como se fosse um fantasma.

Cole olhou para a revista. Uma modelo belíssima ocupava a capa. Estava grávida, tão grávida que dava a impressão de estar prestes a dar à luz.

- Então… conhece-a?

- Claro que a conheço. - respondeu Quade sem afastar os olhos da revista. – A conheci no início do ano no Egito.

- Esta é a mulher da qual me falou? - perguntou Cole surpreendido. - a que conheceu na praia?

- A própria.

- Está grávida!

- Não me diga!

- Quanto a você não sei, mas a mim dá-me a sensação que vai ter trigêmeos. - disse Cole. - ou, pelo menos gêmeos. Além disso, parece estar prestes a dar à luz.

- De que mês é esta revista? - perguntou Quade olhando por todo o lado. - Ah! É do mês passado. Isso significa que provavelmente já tenha dado à luz ou que estará prestes.

- Tem razão. - disse Cole. - Quade, olhe para mim, está pensando que foi você quem a deixou grávida?

- Não tenho certeza, Cole, mas tendo em conta as datas, é possível, muito possível - respondeu Quade.

- O que vai fazer?

- Em primeiro lugar, tenho que encontrá-la - disse Qaude deixando a revista sobre a mesa. - quando o fizer, se o filho for meu, então pedirei para que se case comigo.

- E se ela não quiser?

- Então, terei que convencê-la. Mas não se preocupe, nós casaremos.

Quade deu um abraço no primo e dirigiu-se ao seu quarto para fazer a mala. Então, Cole agarrou novamente a revista e olhou para a contra capa.

Não sei como se chamas, querida, mas espero que estejas preparada. Quade Westmoreland vai à tua procura. E não se dará por vencido.

 

[1] Forja é uma fornalha de que se servem os ferreiros e outros artífices para incandescer os metais para serem trabalhados numa bigorna; Do francês, forge e do Latin, fabrica. (...) Neste sistema o ferreiro atua no metal aquecido a fim de gerar uma forma desejada... (Fonte: Wikipédia) 

 

                                                                  Brenda Jackson

 

 

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