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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


AS LÀGRIMAS DO PALHAÇO / Carlos Cunha
AS LÀGRIMAS DO PALHAÇO / Carlos Cunha

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

AS LÀGRIMAS DO PALHAÇO

 

Ao publicar este texto eu quero homenagear não só aos palhaços, mas a todos os artistas de rua que mostram a sua diversificada arte nos parques, jardins públicos, avenidas ou qualquer outro lugar onde lhe deem a oportunidade de mostrar o seu trabalho, que não pode se negar ser de grande valor e digno de maior respeito.

Parabéns pela grandeza maior de se apresentarem, com tanto amor e carinho por aquilo que fazem, mesmo mantendo o seu anonimato, sem nunca perderem a fibra do grande artista.

Um riso forte, puro e cheio de encantamento domina uma porção de rostinhos inocentes e faz com que as almas daquelas crianças se encham de fantasia.

 

 

Mantendo um equilíbrio perfeito um palhaço pedala, sentado em um monociclo, por uma das avenidas do grande parque, enchendo de alegria aqueles que lá estão e o observam admirados.

Suas mãos dominam com segurança e presteza várias bolas coloridas que sobem e descem, num bailado cheio de cadência, seguindo o ritmo comandado por aquele maestro com o rosto pintado, que tem o nariz redondo e está vestindo roupas largas e coloridas.

Ele faz graças e micagens que obriga todas as pessoas, de todas as idades, a rirem. Diz galanteios para as moças bonitas em sua volta, que são dignos de um poeta e as crianças, a quem ele dedica a sua vida, deliram com as caretas engraçadas do seu rosto mascarado.

Quando desce do seu trono - o monociclo que tem mais de dois metros de altura - e fica no chão da avenida ao alcance das pessoas, elas se aglomeram em sua volta para ver as suas graças e ouvir o que ele vai dizer para alegra-las.

Delas tira risadas hilariantes com seus ditos cheios de humor e quando faz surgir do nada uma flor vermelha de papel, ou tira do ouvido um lenço de cor berrante, enche de admiração a todos os que o rodeiam.

Até lágrimas nos olhos das pessoas mais sensíveis ele coloca, quando elas o ouvem contar uma história triste, com aquela sua boca pintada de vermelho e percebem que se esconde uma tristeza atrás de toda aquela alegria que ele distribui e que as cores daquela fantasia que usa servem para disfarçar uma grande dor por ele sentida.

O final da tarde se aproxima e é chegada a hora dele terminar o seu espetáculo e ir descansar.

As famílias vão para as suas casas e o palhaço segue o seu caminho que, sem as crianças que são levadas por elas, para ele é difícil e árduo.

Ele também tem uma casa e quando chega nela tira a sua fantasia pra carregar os sofrimentos de um homem comum. Senta-se, ainda com o rosto pintado, e pensa com amargura em uma criança muito especial para ele.

Toda aquela pintura que o mascara não disfarça a dor dos seus olhos, quando neles surgem duas lágrimas que rolam manchando a tinta que cobre o seu rosto. Elas existem, e são tão amargas para aquele palhaço, porque ele sabe que a criança que mais ama, o seu filhinho adorado, está doente e não vai demorar pra ele ir para o céu e ser mais um anjo por lá.

 

Carlos Cunha Autoria & Produção Visual