Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


ESPECTRO DO SONHO / Mary Wine
ESPECTRO DO SONHO / Mary Wine

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

2º Livro da série “Sonhos”

ESPECTRO DO SONHO

 

        Sonhos podem parecer frequentemente reais, mas quando se acorda normalmente percebe sua ilusão.

        Imagens borradas assombram a mente de Roshelle, em seus sonhos existe um espectro do sonho. Mas Roshelle não é do tipo covarde e não se assusta com um simples sonho. Ela dá boas-vindas ao seu pesadelo e assim encarará seu monstro frente a frente. Mas em vez de achar uma besta, ela encontra sua cara metade.

        A mente de Jared Campbell é treinada para a perfeição. Ele pode entrar nos sonhos de suas vítimas e com cuidado eliminar a lembrança de sua invasão, até que Roshelle entra em seu caminho.

        A vida de Jared não permite qualquer envolvimento emocional, mas suas emoções o traem, e nada parece ter importância. Roshelle é um vicio e ele quer mais do que uma simples amostra.

        O espectro do sonho e a sonhadora se encontram presos a situações perigosas que não afetarão apenas suas vidas, mas também a seus corações.

  

   Havia bruxas na montanha. Todo mundo sabia. Roshelle podia ter só oito anos, mas sabia das bruxas. Johnny Murray dizia que o xerife era o único homem valente o suficiente para subir à montanha de noite. Johnny tinha doze anos e sabia muitas coisas.

   Arrastando os pés, Roshelle deu outro passo indeciso. Estava no mesmo bordo da propriedade de sua avó. Um passo a mais e estaria na montanha.

   Com as bruxas.

   Olhando as árvores frente a ela, Roshelle nem sequer via o movimento das folhas. Tinha vivido com Abba durante um ano inteiro e nunca tinha visto ninguém mais. Desejou que Abba estivesse com ela agora. Não, não o desejava, porque isso seria trapacear. Ganhar um desafio trapaceando não tem valor. Johnny a tinha desafiado: subir à Montanha da Bruxa e trazer de volta uma boina de beisebol que havia perdido quando tinha sido açoitado por uma bruxa. Havia-lhe dito onde acha - lá. Se não conseguisse a boina, não poderia jogar na equipe de futebol de Johnny e todo mundo sabia que sua equipe era o melhor. Roshelle era a melhor jogadora feminina da escola, mas todos da equipe de Johnny tinham entrado depois de vencer um desafio. Bem, eles não tinham enfrentado seus desafios à noite. Endireitando os ombros, avançou para a ravina onde estava a boina.

   Dez minutos depois, Roshelle levantou a boina onde descansava o par de meias cobertos de barro. Johnny era certamente muito valente para ter subido ali em cima sozinho. Mas ela também o era, e ela ia demonstrar a esses meninos que era uma garota valente o suficientemente para entrar naquela equipe! Sua alegria se evaporou em um instante. Alguém a estava observando. Seus olhos procuraram pelo bosque. A sensação era correta. Roshelle não sabia como descrever a sensação, mas sabia que não estava sozinha.

   Girando ao redor, Roshelle se deteve quando a sensação voltou outra vez. Agora estava frente com o seu observandor. Ela não estava segura do que fazer. Abba sempre dizia que ela teria que ser ela mesma.

   —Sou Roshelle.

   Sua voz foi à deriva com o vento. Seus olhos observaram, mas nada se moveu. Cruzando seus braços sobre o peito, Roshelle esperou. Ele era um mal educado por ignorar uma apresentação. Abba a havia alertado sobre isso.

   O menino caiu de um dos ramos de uma árvore. Aterrissou perfeitamente sobre seus pés com apenas uma pequena inclinação de seus joelhos para amortecer o impacto de sua aterrissagem. Roshelle notou que ele se admirava com ela. Ele tinha brilhantes olhos verdes esmeralda. As bruxas tinham olhos verdes... Só que aqueles eram agradáveis, ele se pareciam com olhos de meninos normais, não como olhos de bruxas.

   —Você sabia que eu estava aqui.

   Roshelle assentiu com a cabeça. Esperava que ele não lhe perguntasse como o tinha descoberto. Sua mãe lhe fez prometer que nunca contaria a ninguém seus sentidos especiais. Roshelle não podia romper uma promessa a sua mamãe.

   —Sou Roshelle Enjoe Everitt. Quer ser meu amigo?

   —É uma garota.

   Deixando aparecer seu lábio inferior, Roshelle apoiou as mãos nos quadris. Ela era melhor que qualquer menino! Estava inclusive falando com uma das bruxas! O menino era muito alto com o cabelo negro, justo como Johnny disse. Não tinha medo dele e diria lhe isso!

   —Não tenho medo de você!

   Um sorriso se abriu na cara do menino em resposta.

   —Deveria.

   Girou-se e se afastou subindo a base da montanha. Roshelle o olhou até que as árvores o ocultaram de sua vista. Era um menino muito antipático. Nem se quer se apresentou.

 

   Era estranho como uma lembrança podia surgir e atormentar os pensamentos de uma pessoa sem nenhuma razão aparentemente. Saindo para o terraço da casa de sua avó, Roshelle tomou um momento para observar a montanha. A família Campbell vivia ali acima. Roshelle balançou a cabeça e ficou abismada por ter acreditado nas histórias a respeito da Montanha da Bruxa. Talvez passeasse pela ravina amanhã simplesmente para divertir-se. Deslizou um dedo sobre a superfície suave do móvel da cozinha. A casa estava tão limpa como uma cozinha de igreja, mas estava também tão silenciosa como um confessionário. Seus sapatos fizeram o mais leve som enquanto se movia de quarto em quarto. Empurrou as persianas para abrir-las e forçou a fechadura dos teimosos trincos das janelas. Os sons do bosque entraram precipitadamente na casa junto com o ar fresco e doce da montanha. Roshelle respirou fundo e sorriu.

   Estava em casa.

   Que palavras maravilhosas. Bem, agora as apreciava corretamente! O condado de Benton era seu lar. Não havia nenhum lugar como aquele.

   A casa quase parecia contente por ela ter voltado. Roshelle começou a desembalar seus pertences. Seu carro estava cheio de suas posses. Roshelle começou a esvaziá-lo.

   Deteve-se um momento e investigou o dormitório principal. A colcha feita de crochê por sua avó estava exatamente dobrada sobre a cama.

   Deus, como sentia falta da Abba.

   Obrigando-se a sorrir, Roshelle mentalmente se lamentou. Abba tinha tido uma vida longa e plena. Simplesmente tinha chegado sua hora. Os anos que Roshelle tinha passado fora lhe pareciam uma grande perda, mas Abba teria apertado suas orelhas se a tivesse ouvido lamentar sobre seu tempo na universidade.

   A Doutora Roshelle Enjoe Everitt.

   Sua avó quase morreu de orgulho no dia da graduação! E agora ela estava em casa. Roshelle tinha intenção de estabelecer-se no condado do Benton e viver uma vida longa e plena, justamente como tinham feito seus avôs, ali mesmo naquela casa.

   O som de seu telefone interrompeu sua distração.

   —Doutora Everitt.

   A enfermeira do Centro Médico Tricondado lhe informou que Jennifer London tinha acabado de entrar em trabalho de parto de seu primeiro menino. Roshelle fez algumas pergunta rápidas para assegurar-se que não era um falso alarme antes de desligar o telefone. Adorava trazer bebês ao mundo e sua primeira paciente do condado do Benton parecia ansiosa por seus serviços.

 

   —É a pior doutora do mundo!

   —Empurra Jennifer.

   —Dói muito! Tem que fazer algo para me ajudar!

   Outra contração captou a atenção da paciente. Seu marido não sabia o que fazer no parto.

—Você pode fazê-lo, carinho. Amo-te tanto!

   —Odeio você! É um cão! Isto é inteiramente culpa sua! Espero que você goste do sofá porque vai dormir nele o resto de sua vida! Quero mais medicação contra a dor, veja se consegue um doutor que não tenha conseguido seu título em uma faculdade barata!

   Roshelle apertou os lábios. Os primeiros bebês eram sempre os mais traumatizantes.

   —Vamos, Jennifer, uma vez mais!

   Jennifer empurrou na contração seguinte e foi recompensada com o nascer da criança. Roshelle eficazmente limpou as vias respiratórias do bebe. Os gemidos da menina recém-nascida provocou um sorriso em todo mundo presente na sala de partos.

   —Robert, amo tanto você!

   Duas horas mais tarde, Roshelle encaminhava seu carro para casa. Deixou aquela família para conhecer seu novo integrante. Felizmente para ela, ir ao centro médico era só um passeio a carro de 32 quilômetros até sua casa. Estava tudo indo bem às duas da manhã, e Roshelle estava ansiosa com o encontro de seu travesseiro. Inclusive cansada como estava, Roshelle reagiu instantaneamente ante o homem que entrou correndo na estrada diante de seu carro. Ele simplesmente saiu do bosque sem olhar se vinha tráfico. Pisar nos freios só serve para retardar seu veículo, foi impossível detê-lo. O impacto da máquina e a carne foi um golpe estridente. O homem rodou sobre seu carro para aterrissar no caminho detrás dela. Roshelle estacionou rapidamente o carro antes de empurrar a porta e saltar fora do carro. Sua vítima descansava sobre o pavimento com uma quietude que fez com que seu coração apertasse. Seus dedos encontraram seu pulso estável na coluna de seu pescoço. Moveu suas mãos sobre suas extremidades em busca de rupturas. Seus olhos se abriram repentinamente antes que ela terminasse sua inspeção.

   —Tranqüilo…

   Ele se levantou do pavimento e brutalmente jogou o corpo dela para trás. Seu corpo se chocou contra o asfalto de forma dolorosa. Um joelho prendeu seu corpo, enquanto ele descansava bastante do peso de seu corpo em seu peito até fazê-la lutar por respirar. Uma mão enorme se fechou ao redor de seu pescoço. Lutando por respirar, Roshelle tentou se acalmar. A facilidade com que ele tinha lhe atirado dizia a que ele poderia esmagar seu pescoço com uma só mão. Ele estava respirando rapidamente enquanto inclinava a cabeça para estudá-la. Na escuridão sua cara era apenas um contorno e escuridão. Os dedos que rodeavam sua garganta repentinamente ficaram com a cor vermelho vivo devido ao acidente. Ela serpenteou seu corpo enquanto seu cérebro pensava a mil. Nesse rápido encontro ela se sentiu completamente exposta e vulnerável, e ela tinha vinte e seis anos e isso nunca tinha acontecido. Aqueles olhos perfuraram ameaçadoramente os dela enquanto sentia uma quebra de onda sobre sua mente antes de perder sua consciência.

   Sentando-se em seus joelhos, Jared contemplou à fêmea que estava deitada no caminho. Alargando a mão apalpou aquele longo pescoço para confirmar que ele não tinha provocado danos irreparáveis naquele corpo. O batimento do coração estava estável, logo depois ele colocou aquele corpo sobre seu ombro.

   —O que aconteceu a ela?

   —Você esta atrasado. — Jared emitiu sua opinião que foi mais que um julgamento para o homem que emergiu da escuridão. O comentário foi interrompido quando um caminhão apareceu ao redor da curva no caminho. Os faróis dianteiros iluminaram a cena para provocar uma claridade visível. Jared deu meia volta e esperou que os dois ocupantes do veículo se aproximassem. O homem detrás dele fez um sinal para chamar a atenção. Os recém chegados devolveram a breve saudação antes de se despedir do outro homem presente.

   —Está viva? — A Pergunta foi feita com uma pura emoção.

   —Sim. Esta equipe é inadequada.

   Um olhar descontente entrou nos olhos de ambos os homens enquanto avaliavam o homem em questão. Não havia locais para enganos. Os enganos se pagavam freqüentemente com vidas. Essa noite tinham tido sorte.

 

   —Não! Não está a venda!

   O recipiente caiu provocando um som forte. Roshelle deu um salto quando o som fez estalar outra onda de dor através de sua cabeça. Simplesmente não entendia. Cada fibra de seu corpo doía. Nem sequer recordava como havia chegado a casa ontem. O relógio lhe dizia que tinha dormido durante horas, mas ainda sentia-se muito cansada, desde que tinha chegado do hospital. Mas era o sonho que verdadeiramente a incomodava. Ainda podia sentir as sensações do sonho. Apareciam uma e outra vez dentro de sua mente com uma claridade espantosa. Mas ela havia acordado em sua cama, isso devia ser apenas uma ação de seu cérebro. Nada parecia ajudar a levantar a névoa de sua cabeça. Era um esforço inclusive manter os olhos abertos. Ter outra oferta insistente dos advogados Huntley para sua propriedade somente fazia com que sua cabeça doesse muito mais.

   Roshelle nunca venderia a casa que seu avô tinha construído com suas mãos. A poucos metros do bosque, a casa tinha quatro dormitórios, ela tinha visto três gerações de sua família criar-se dentro de suas paredes. O crescente nível de impaciência de Clark Huntley começava-a a irritá-la. O homem não podia entender uma indireta? Roshelle estava em casa para ficar. Tinha um trabalho e uma casa. Acreditava que o homem notaria que ela estava sendo muito clara.

   —Bom, não vou vendê-la!

   Levando a mão, Roshelle esfregou a zona dolorosa. Reconhecendo a derrota voltou para seu dormitório. Certamente esperava sentir-se melhor pela manhã.

 

   Movendo seus pés silenciosamente, Jared ficou ao lado da cama de Roshelle, passeou seu olhar por aquele corpo. Sua respiração se fez mais profunda em lentas inspirações, enquanto seu corpo se relaxava na profunda letargia de sua necessidade. Ele esta impressionado, por ela ter conseguido ficar de pé, mesmo que por poucas horas. Provar sua mente tinha sido um reflexo, pelo fato dela tê-lo tocado naqueles primeiros minutos. Naquele momento ele estava concentrado em um de seus rastros se não fosse isso ele teria reconhecido-a como uma civil. Jared observou os escuros círculos que rodeavam seus olhos. Sua avaliação sobre ela tinha sido errônea, no momento do acidente. Agora percebia que tudo a respeito dela parecia frágil, desde sua pele suave, até as suaves curvas de seus quadris. Inclusive sua cama parecia suave. Ela havia se trocado e posto uma leve camisola. O material descansava sobre seu corpo em delicadas curvas. Sua mão se alargou para o tecido e o alisou com as pontas dos dedos. Tão delicada e feminina.

   Sentado sobre a cama, Jared deixou suas mentes fundir-se. Havia uma estranha facilidade nisso. Ele era totalmente consciente dela. Isso ia além de suas habilidades psíquicas. Seu corpo se uniu a sua mente no conhecimento de sua nova vizinha. Deixando seus dedos mover-se agilmente ao longo das curvas de seu rosto, sorriu ante o contato das peles. As pontas de seus nervos arderam com a sensação. Ela murmurou algo suavemente e moveu-se em direção a sua mão. A palma dele cavou sua bochecha enquanto uma quebra de onda de excitação lhe atingiu. A adrenalina viajou desde o seu coração ate seu sexo.

   Abruptamente, Jared ficou de pé. Seu sangue pulsava de um jeito que lhe prometia uma noite longa. Seu pênis se elevou pedindo atenção quando ele observou aqueles suaves seios outra vez. Os mamilos eram agora pequenos grãos, levantando o tecido suave da camisola para mostrar suas pontas a ele. A inexperiência de sua equipe fez com que aquela moça se tornasse sua responsabilidade. Assegurar-se de que sua pequena vizinha se recuperasse era um trabalho que se sentia obrigado a fazer, mas contemplar seu corpo estava sendo uma distração muito molesta. Era uma lástima. Não era sempre que um homem conseguia uma vizinha tão encantadora.

  

   —Veja: você esta maravilhosa!

   Apertando seus lábios em uma linha torcida Roshelle lançou um duro olhar a sua amiga.

   —Não devia mentir assim. As pessoas falam, sabe.

   Christina a olhou criticamente antes de sacudir sua cabeleira loira. Talvez Roshelle não tivesse um padrão de beleza comum, mas Christina era a pessoa mais maravilhosa que ela conhecia, uma verdadeira jóia rara que vivia no condado de Benton County. Roshelle Enjoe Everitt tinha um coração de ouro e era a melhor amiga do mundo.

   —Você esta deslumbrante. Os homens caíram aos seus pés.

   Deixando passar aquele comentário, Roshelle se encantou com a perfeição do penteado de Christina. Roshelle sempre trançava seus cabelos após escová-los.

   Agora seu cabelo estava penteado com uma trança francesa, com alguns cachos soltos que emolduravam seu pescoço. Um estilo antigo, mas totalmente de acordo com o vestido da Guerra Civil que estava usando, devido ao baile que iria acontecer esta noite.

   —Venha, vamos!

   O sol estava se pondo e ninguém queria chegar tarde à primeira peça de baile. Infelizmente ela tinha perdidos os bailes da Guerra Civil na sua época de estudante.

   Durante o dia a área de 90 metros foi transformada em um falso campo de batalha. Todas as pessoas do condado de Benton, independente de suas classes sociais, deixavam o mundo moderno para carregarem os empoeirados rifles negros para a demonstração teatral.

   Uma vez que entardecesse, as senhoras se empossariam de uma área. A saia do vestido era coberta de enfeites. O número de senhoras era menor do que o dos homens, possivelmente alguma mulher deixaria a noite só um pouco mais apreciada que quando chegou.

   Christina cronometrou sua chegada na hora que o segundo violinista levantou seu arco. As duas mulheres se movimentavam para um lado claro da pista do baile. Numerosos homens estenderam suas mãos para Christina. Ela lançou lhes um sorriso encantador enquanto encaminhava sua mão para o companheiro eleito. Afastando-se com seu prêmio, Roshelle sentiu que Kevin Gilmore parecia ter crescido uns 50 milímetros depois de sair com Christina.

   Agora que Christina tinha escolhido seu parceiro, os homens restantes voltaram sua atenção para Roshelle. Christina e ela tinham sido amigas desde o primário, e alguns costumes nunca mudavam. Algumas mulheres tinham uma área encantadora, outras eram descoladas.

   —Você nunca se cansa? —perguntou Christina horas mais tarde.

   Roshelle simplesmente agitou suas pestanas quando ela aceitou outro acompanhante.

   —Você poderia me dar mais atenção! — Christina se aproximou e deu um beijo rápido na bochecha de Roshelle antes de sair da festa. Vários homens foram em massa detrás dela tentando fazê-la mudar de idéia.

   Tinham se passado seis longos anos desde seu último baile no moinho Jennings e Roshelle pretendiam dançar cada musica até que os violinistas não agüentassem mais tocar.

   As bebidas deixaram de transitar às duas da manhã. Christina a muito tinha ido embora. Embora seus pés ainda tamborilassem, ela andou pelo caminho sujo que a conduzia ao seu quarto individual que seu avô tinha criado no “acampamento rebelde”.

   Através dos registros históricos, ela sabia que ter um quarto com uma rede era um luxo. A maior parte dos participantes possuía barracas de acampar feitas de lona que precisavam ser instaladas e desarmadas para cada acontecimento. Um bom número de homens as montava com gravetos que encontravam sobre o campo de batalha.

   Deitando-se na rede, Roshelle dormiu com a música da noite flutuando através de sua mente.

   O sonho a agarrou de repente, de maneira brutal, destroçando a beleza de seu descanso tranqüilo. Havia mais. Podia ver-se enquanto era encaminhada para ele que o corpo dele de costa estava rente ao chão. Sentia o contato de sua carne quando o ele apertou seu pulso trazendo-a para ficar de baixo dele. A força de seu corpo era poderosa, mas a força de sua mente era devastadora. Ele alcançou sua alma com uma precisão aterrorizadora.

   Sua mente se rebelou ao recordar o pesadelo, empurrando-a para a consciência para escapar de sua imagem obsessiva.

   Pressionando a palma de sua mão contra o rápido batimento do coração de seu coração, firmemente tratou de explorar sua memória para ordená-los. Foi um sonho, nada mais que as ilusões de seu cérebro subconsciente. Influenciada por incontáveis filmes, que criavam sua própria versão de terror fictício.

   Então por que o sentiu?

   Não havia nenhuma cara em seu sonho, só sombras difusas pela luz da lua, mas podia senti-lo.

   Os sonhos freqüentemente podiam parecer reais, mas as sensações se desvaneciam quando a consciência se reatava. Agora que tinha despertado, ele era muito mais real que quando dormia. Sua essência flutuou por sua pele fazendo seus nervos formigar em resposta. Roshelle passou seus dedos sobre os inchaços diminutos que havia em seu pulso e sentiu outro tremor sacudir seu corpo. Foi seguido por vários enquanto lutava por desvendar seu sonho.

   Doces anjos do céu, o que lhe tinha passado essa noite?

 

   A determinação de Roshelle para explorar sua memória perturbou-a mais que seu sonho. Os olhos de Jared se abriram de repente em uma consciência foto instantânea; levantou-se antes de pensar melhor. Um homem sábio lembraria que qualquer movimento repentino feito enquanto dormia com um grupo de Guarda florestal do Exército era um bom convite para conseguir um disparo, uma punhalada ou pelo menos um osso quebrado.

   Zangados murmúrios foram expressos. Jared os recebeu como seu castigo e observou a sua unidade reacomodar-se para voltar a dormir. Deitando-se, olhou para o céu noturno.

   Podia senti-la.

   O mais interessante é que a tinha ouvido. Jared não era um telépata. Inclusive nesses poucos momentos a ouviu claramente e sentiu cada emoção. Era estranho. Tinha um talento para encontrar gente. Passado de sua mãe, seu talento psíquico podia conduzi-lo a qualquer local tendo apenas um objeto pessoal da vitima. Era uma habilidade que tinha passado anos aperfeiçoando.

   Ela não deveria recordar seu encontro.

   Jared já tinha feito isto antes. Ninguém recordava. Suas mentes simplesmente se recusaram a produzir a informação de invasão ao seu consciente.

   A Dr. Roshelle Enjoe Everitt era uma psíquica. Os cantos de sua boca se curvaram para cima quando o considerou. Uniram-se ao enlaçar suas mentes. Ela fugiu do enlace, tratando de bloquear qualquer outro contato.

   Sua tenacidade lhe divertiu.

   Encolhendo-se de ombros, apoiou suas costas na terra onde estava. Seus olhos observaram o bosque circundante com uma perita avaliação. Escolheu os detalhes diminutos da noite. As árvores que brandamente se balançavam com a brisa, o perfume da chuva que vinha do oceano, e a carícia muito interessante de uma fêmea.

   Jared sentiu sua mente quando ela o buscou. Ela estava movendo-se entre os fragmentos de sua memória lhe buscando. A excitação percorreu seu corpo. Sua forte curiosidade despertou. Ele se lembrava da claridade e suavidade de sua pele, Jared trocou de posição outra vez, quando sua roupa se fez muito estreita.

   Encantou-se com a persistência dela ao tentar encontra-lo. Tendo maior alcance, uniu-se com sua mente completamente. Naquele momento era quase uma só entidade e compartilharam cada sensação. Jared sentiu que seu corpo se excitava enquanto que sua pequena vizinha o invadia com muita precisão.

   Aquela mulher não era o que parecia ser. Jared considerou sua união e ficou de barriga para baixo. Inclusive era possível que não tivesse colidido com ele por acidente.

   O condado de Benton era assombrosamente remoto. As montanhas que compunham a maior parte dele proporcionavam a base perfeita para sua equipe. As probabilidades de que apresentasse um psíquico de alto nível em sua porta eram mínimas.

   Essa mínima possibilidade era um risco muito grande. Apesar de que ela era o suficiente forte para resgatar informação de sua mente, não era nenhum competidor para ele em um nível psíquico.

   Jared engoliu sua aversão. Às vezes as armadilhas mais efetivas capturaram os melhores prêmios. Precisamente o que estava fazendo um psíquico de alto nível em um remoto lugar tão cedo pela manhã? Os sinais da derrapagem sobre o asfalto confirmavam que ela poderia havê-lo matado facilmente, mas tinha aplicado os freios para não atropelá-lo.

   Foi uma coincidência ou foi a propósito?

   Levantando-se, partiu silenciosamente. Precisava aproximar-se dela para encontrar as respostas. Não se incomodou em anunciar sua partida. A equipe anterior tinha sido substituída porque não tinham conseguido avançar o nível operacional esperado.

   Se estes homens não podiam manter seu ritmo, encontrariam-se igualmente substituídos. Quando rastreava, eles tinham que proteger-lo, não o oposto. Seus talentos eram os melhores, mas estes lhe requeriam sua concentração absoluta.

   Um homem tinha um sono leve no campo de batalha ou despertava morto.

 

   O verão cheirava tão bem!

   Não havia nada mais doce que o aroma dos morangos quando os colhia. Roshelle brandamente deslizou suas mãos sob a verde folhagem em busca da fruta amadurecida.

   Desde que podia recordar, esta coleta de morangos tinha dado fruto. Todos os anos sua avó e ela tinham recolhido essa fruta.

   Colhendo outro morango gordinho, o levou sua boca, aspirando sua fragrância antes de mordê-la. Quando era uma menina, comia inteiras e muitas. Agora podia desfrutar a fruta comendo-a pouco a pouco.

   A brisa da tarde lhe trouxe uma sensação de ansiedade. Levantou sua cabeça enquanto estudava o bosque a seu redor. Um tremor viajou abaixo de sua coluna vertebral enquanto procurava qualquer indício de que não estava sozinha. A luz do sol cintilou abaixo através das agulhas de pinheiro e nem sequer uma folha seca rangeu.

   Voltando sua atenção aos novelos, balançou a cabeça. Os pesadelos agora também estavam invadindo as horas em que estava acordada. A maneira que sua pele tremeu foi muito intensa. Tinha que encontrar um modo de tirar aquilo de sua mente. Certamente não podia ser real. Ele não podia ser real.

   Jared observou a cena. Seu corpo se encheu de alegria quando a olhou. Houve um puxão quase hipnótico emanando dela. Vinte passos a favor do vento percebeu o leve aroma de seu corpo. Seu cérebro instantaneamente o identificou. Recordou muito bem o agradável peso de seu corpo sobre o seu.

   Tinha passado muito tempo desde que havia estado com uma mulher. A maneira que ela o excitou confirmou lhe isso. Jared forçou a sua mente em uma aguda concentração. Havia uma verdadeira razão para observá-la hoje e não era a suave forma de seu traseiro.

   Mas ela era tão doce. Realmente era uma lástima que fosse uma civil.

   Ela se levantou e transportou sua cesta. Jared se aproximou mais quando ela caminhou para a pequena cabana. Era hora de uma pequena prova.

   Roshelle se ocupou em lavar e tirar as folhas dos morangos. Havia uma tranqüilizadora normalidade na complexa tarefa.

   A faca que sustentava caiu de seus dedos quando uma sensação serpenteou sua mente. Alguém sondava sua mente. Ele a buscava. Sua imagem se elevou de forma perfeita quando o sentiu movendo-se dentro de sua mente.

   Era uma invasão. Seu pensamento mais simples era exposto a este… espectro. Pôde sentir o espectro quando ele lentamente devorou sua habilidade de pensar como uma só pessoa. Além disso, seu ser mais profundo ficou exposto.

   Apertando seus lábios, Roshelle utilizou cada pedacinho de vontade que tinha para empurrar ao invasor para fora. Não! Ele não tinha nenhum direito! A investigação metódica de seus pensamentos era muita íntima para agüentá-lo. Concentrou-se fortemente antes de empurrar uma sólida porta fechada para manter a raia de seu invasor.

   Jared arqueou uma sobrancelha ante seu rechaço. Sua cara se endureceu quando entendeu os resultados de sua prova.

   Ela havia falhado.

 

   Roshelle perdeu a hora de dormir. Era tarde. Tinha passado da hora de dormir. Comprovou que porta da rua estava fechada pela terceira vez antes, ela apertou o punho devido à frustração. Nunca, nunca havia se assustado naquela casa!

   Dando meia volta foi para seu dormitório. Ele não destruiria a casa de sua avó. Era sua casa e se recusava a viver com medo. Retirando as cobertas, deitou-se no colchão.

   O sonho veio outra vez. Soube que o faria.

   Nunca havia sentido tal urgência antes. Suas visões geralmente lhe traziam satisfação, ou pelo menos um fechamento. Esta vez era totalmente diferente.

   Roshelle procurou a verdade desta visão com uma determinação que nascia do desespero. Ainda se balançava a margem do medo, mas conduziu a si mesma adiante com a esperança de que independentemente do encontrasse, seria mais suportável que o desconhecido.

   Esta vez ouviu como seu carro conectava com seu corpo. O horror de machucar a outro ser humano a pôs doente, apesar de saber que não o tinha matado. A adrenalina alagou seu corpo quando avançou em seu esforço de assistir a sua vítima. Seu pulso pulsou sob seus dedos, e claramente sentiu o impacto quando seu corpo foi brutalmente forçado a estar debaixo dele.

   Outra vez Roshelle se encontrou levantando-se de sua cama. Seu coração pulsava a toda velocidade e tocou nos possíveis hematomas de sua pele, mas recordou. Agora estava ali, mas ainda não sabia quem era ele.

   Respirando profundamente, acalmou os rápidos batimentos de seu coração.

   Saindo de sua cama, foi em busca de um copo de água. Sua boca tinha secado ao recordar seu pesadelo. Seus pés nus caminharam brandamente sobre o piso de madeira dura. A casa mesma era uma velha amiga e a conhecia do mesmo com ou sem luz.

   Sua mente voltou ao enigma daquele encontro. Quem quer que fosse ele, duvidou que voltasse a ver. Seu espectro de pesadelo era de uma estranha classe. Abba nunca tinha sido muito clara sobre ao que tinha acontecido a sua mãe. Mas sabia que também sua mãe tinha tido visões. De fato, uma das lembranças mais nítidas da mulher que a levou em seu ventre era a promessa que tinha extraído de sua filha de sete anos.

   Suas visões sempre, sempre devem permanecer em segredo. Não devia falar delas, nem na escola, jamais. O mundo não seria indulgente.

   Era estranho que ainda pudesse ver o desespero na cara de sua mãe quando lhe tinha extraído essa promessa. Heather Everitt morreu meses depois daquela noite.

   Mas isso certamente não lhe ajudou a entender o que tinha querido dizer sua mãe. Indulgente? O que significava isso? As visões eram extremamente reais. Neste caso, dolorosas. De todos os modos, não via onde exatamente a palavra indulgente encaixava com ela. Enquanto que era verdade que o resto do mundo pensaria que era estranha, estava no século vinte e um. Não era provável que a queimassem na estaca.

   Sua mão se deteve justo antes de levar o copo de água a seus lábios. Algo agarrou fortemente seus dedos e uma palma a golpeou em sua cara, sacudindo seu corpo para trás ante o contato do aço sólido. A mão agarrou ao mesmo tempo seu nariz e boca para selar qualquer tentativa que fez por respirar.

   Roshelle lutou freneticamente e logo depois enfraqueceu contra de seu captor, mas seus pulmões mortos de fome arderam por oxigênio e seu cérebro velozmente esgotou seu pobre fornecimento. Sua mente lutava por permanecer alerta, mas sem oxigênio sua mente sucumbiu à inconsciência.

   Seu captor sustentou a sua vítima apesar da fadiga que seu corpo apresentava. Quis assegurar-se de que sua vitima não se fingia a morta. Assegurando-se que bastante tempo tinha passado, simplesmente a soltou e deixou seu corpo cair ao chão. O impacto que sua cabeça fez com isto não lhe preocupou.

   Já estava quase morta.

   Mas tinha que assegurar-se. Para isso haviam pagado. Ao agachar-se sentiu o coração bater em seu peito. Seus pulmões aspiraram e exalaram, mas ainda estava como uma boneca quebrada sobre o chão.

   Perfeito.

   Levantando-a outra vez a lançou através de sua cama. Seu corpo ricocheteou quando o colchão amorteceu seu peso, seu corpo ficou jazido no chão. Retrocedendo, ele fez uma pausa para considerar a distância entre seu dormitório e a cozinha. Colocando a mão em um bolso, retirou um pequeno pacote, um tira de aço. Ele golpeou essa tira no crânio de Roshelle, o rangido do golpe fez nascer um sorrir brilhante em seu rosto. Movendo a cabeça com aprovação, retornou à cozinha para terminar sua tarefa.

 

   Uma arma era como uma mulher. Jared sorriu abertamente quando deslizou o percussor de volta a seu rifle. O metal estava perfeitamente igualado e cintilava belamente.

   Ouviu-a outra vez.

   Sentiu que sua angústia enchia sua mente. Era um guincho que abruptamente terminou em um silêncio sepulcral.

   Mas sabia quem era.

   Por alguma razão seu encontro os tinha conectado. O tom de seu grito não deixava que se concentrasse. Incomodou-se. Não havia nenhuma razão pela qual devia estar preocupado por ela.

   Ela era uma civil! Logo tirou de sua mente aquele pensamento.

   O sentimento persistiu. Ficando de pé, moveu-se. Ela queria jogar? Bem, estaria feliz de lhe ensinar as regras do jogo. Ninguém invadia sua mente.

   Um par de olhos pardos encontrava com os de Jared. O olhar na cara do homem era familiar.

   Caminhando, o Capitão Shane Jacobs começou a seguir seu operário. Se Jared Campbell ia rastrear essa noite então a unidade do Shane lhe respaldaria.

   Caminhando, Shane tirou um pequeno telefone móvel de seu bolso. A série de números codificados que marcou no pequeno teclado estava tão afirmada em sua memória que não precisou fiscalizar-los com seus olhos. Estes se enfocaram na figura de Jared Campbell que partia rapidamente. Ele soube sem dúvida que rastreava alguém. Precisamente quem era essa pessoa, era a pergunta. O fato de ter saído sem nenhuma classe de efeitos pessoais era extremamente estranho. Shane não tinha visto fazer isso nos quatorze anos que tinha comandado a unidade que apoiava a esse homem.

 

   A urgência que conduzia ao Jared começava a zangá-lo mais. Quem era essa criatura que parecia incapaz de bloquear a de sua mente?

   Teve a intenção de fazê-la descansar esta noite! Não tinha tempo para interrupções. Se ela tratava deliberadamente de unir-se a ele então teria que fazê-lo permanentemente.

   O primeiro indício de fumaça no ar o distraiu de sua cólera. Aumentava mais forte a cada passo que dava. Com apenas uma quarta parte da lua, havia pouca luz. O céu noturno não pôde revelar de onde vinha à fumaça.

   A fonte da fumaça não permaneceu no mistério muito tempo. Através do denso bosque que rodeava a casa Everitt, a luz do fogo iluminou a noite.

   Jared cobriu os últimos 30 metros correndo. A metade da casa estava já inundada pelas chamas. As línguas alaranjadas cobriam com impaciência seu caminho ao longo do terraço da casa. A quantidade de fumaça que se levantou das tabuletas anunciou que piso de madeira se aproximava rapidamente ao grau necessário de calor para queimar-se.

   Onde estava ela?

   Shane escorregou um passo atrás de Jared. Não havia necessidade de perguntar se a mulher estava na casa. A linguagem corporal de Jared lhe deu essa informação. Os ombros dele se alinharam antes que ele fosse para a parte posterior da casa.

   Droga, se mova!

   Jared emitiu a ordem diretamente em sua mente. Não esperou por uma resposta. Rodeando a esquina da casa tirou sua pistola e simplesmente disparou para a janela do dormitório. Quando o vidro se quebrou, a fumaça grossa começou a sair através da abertura. Tomando um último fôlego, saltou através da janela.

   A fumaça imediatamente lhe privou de sua vista, mas não necessitava seus olhos para encontrá-la. O enlace entre eles era muito mais forte do que Jared tinha acreditado no princípio. Sabia exatamente onde estava. O fato que estivesse completamente em silêncio o enchia de urgência.

   Tirando seu corpo da cama, caminhou três passos para a janela antes de que a falta de oxigênio lhe deixasse sem forças.

   A fumaça o envolvia como uma manta grosa. Concentrou-se completamente para não perder o sentido de orientação. Com seus pulmões exigindo oxigênio, simplesmente atirou-a pela janela aberta.

   Sem seu peso, foi fácil lançar seu corpo para fora daquele inferno. Aterrissou com seus pés e se lançou cuidadosamente longe da marca da casa. A diferença de temperatura do ar da noite era tão impactante como a água da geada. Seu corpo se endureceu com a traumática mudança.

   Shane se ajoelhou sobre o corpo da moça, agora ela estava longe da estrutura ardente de sua casa. Seus homens eram meras sombras de noite enquanto se moviam sobre a área em patrões experimentados de busca. Ajoelhando-se, Jared a avaliou. Ficou aliviado com o batimento estável do coração. Sua respiração era ainda rouca e trabalhosa pela exposição da fumaça. Os pulmões de Roshelle se enchiam e esvaziavam lentamente.

   Olhando de novo sua casa, Jared observou como o último do teto começava a arder. As chamas se elevaram com um estalo e o estalo da madeira encheu o ar da noite.

   O distante barulho de um veículo de socorro tocou seus ouvidos. Olhando para baixo outra vez, notou os sinais de vida que mostravam seu corpo.

   Gostaria de arrumar uma desculpa para poder ficar com ela.

   Levantou-se e se obrigou a si mesmo a começar a dificultosa viagem para cima da montanha. O autoaborrecimiento enchia seu cérebro com o passar do caminho. Não havia absolutamente nenhuma razão pela qual deveria estar tão preocupado por seu bem-estar.

   A frustração teria entendido. Agora teria que esperar que se recuperasse para interrogá-la.

   Essa não o sentimento que agora se filtrava através de seu cérebro. Não… era mais alívio, misturado com quase agradecimento pelo fato de ter ouvido seu grito.

   Caminhando através do bosque, aumentou seu passo. Não tinha tempo para algo como isto. Agora, teria que fazer uma viagem para interrogá-la pessoalmente. O enlace que tinham unidos tinha que ser cortados imediatamente.

   Detendo-se, Jared se deu a volta para ver o brilho de alaranjado no céu noturno. Podia ouvir o zumbido da atividade quando os bombeiros locais trabalhavam para impedir que o fogo se estendesse para o bosque.

   Soltou a respiração que tinha estado sustentando. Havia algo nela. Este enlace era muito interessante. Nesse momento, valeu-lhe sua vida.

   E embora pudesse desejar que fosse de outra maneira, agradou-lhe que esse inferno lhe desse uma razão para vê-la outra vez.

  

   Esfregou uma mão lentamente na palpitante dor de sua fronte. Seus esforços foram em vão, mas Roshelle continuou o movimento um pouco mais, de qualquer maneira.

   —Talvez devesse se deitar.

   A dor de cabeça de Roshelle se duplicou. Entregou o arquivo à enfermeira enquanto uma mulher a olhava e inspecionava. Roshelle forçou sua mão cair para um lado.

   Não existia a palavra “discrição” no condado de Benton, muito menos um segredo. O corpo médico inteiro se dedicou a seguir seus passos, assim como também a lhe dar intermináveis conselhos para que fosse para casa e tomasse cuidado.

   Para Roshelle nada seria melhor do que ir a casa, mas a policia tinha fechado a cena. Ela nem podia entrar dentro da sua propriedade.

   —Obrigado, Paula, mas eu estou bem.

   —Um-Hum.

   A mulher de meia idade emitiu seu comentário dobrando seus rechonchos braços sobre seu amplo peito.

   Sua dor de cabeça começava se transformar em uma enxaqueca.

   O timbre de seu celular interrompeu seus pensamentos. Tratando de alcançar a fina unidade, atendeu agradecida por qualquer interrupção.

   —Dra. Everitt.

   Exatamente um minuto mais tarde, Roshelle fechou seu telefone. A chamada era da assinatura de advogados Huntley lhe solicitando que aparecesse em seus escritórios. O homem no outro extremo da linha lhe assegurou que valeria aquela visita.

   Como essas pessoas conseguiam o telefone privado de alguém? Abba tinha usado o mesmo número de telefone por quase trinta anos e seu número estava na agenda de telefone do centro médico.

   Mas seu novo número de celular era outra coisa. Tinha acabado de assinar um contrato pelo pequeno pedaço de tecnologia ontem mesmo. Agora que tinha um salário real, podia se permitir o luxo de ter seu próprio celular. Em vez de confiar em uma linha telefônica cedida pelo centro médico.

   Roshelle estava segura de que tinha dado o número de seu telefone a exatamente duas pessoas. Uma estranha sensação percorreu lentamente sua coluna em resposta a aquela pequena informação.

   Agarrando as chaves do automóvel alugado que estava dentro de sua bolsa, Roshelle dirigiu-se para o estacionamento. Teria muito gosto em visitar o escritório dos Huntley.

   Entretanto duvidara que eles ficassem muito contentes, por isso ela teria que visitá-los.

 

   —O que há entre suas mãos? — Perguntou Christina, antes de deslizar-se no assento frente a Roshelle.

   —Por que não me diz isso você? É sempre muito mais interessante escutá-lo antes disso virar uma rede de intrigas.

   —É verdade. — Christina observou sua amiga durante um momento antes de lhe dirigir um brilhante sorriso. Era tão bom ter Roshelle. Ela nunca tinha tido uma verdadeira amiga. Mas no momento, estava um pouco preocupada. O departamento do xerife tinha declarado que o incêndio foi acidental, mas Shelly era a pessoa mais cuidadosa que ela conhecia.

   —Deixe me ver… Primeiro, é amplamente conhecido que você ameaçou Clark Huntley.

   —Só fui profissional.

   —Você fez algo imperdoável ao levar os assuntos legais dele a Preston.

   —Ele é culpado. — Roshelle verdadeiramente não sentia nenhum remorso por ter denunciado aquele homem.

   Roshelle ainda estava perturbada com o encontro que tinha tido com Clark Huntley. O homem tinha estado nervoso quase a beira do pânico quando ela novamente se recusou a vender suas terras.

   O olhar irritado nos olhos do homem tinha sido suficiente para manter-se em posição. Dois dias mais tarde, isso ainda a incomodava. Não entendia o que poderia ser tão valioso a respeito de sua propriedade. Havia muitas terras a venda no condado de Benton.

   —Então porque necessita um advogado de qualquer maneira?

   —Nada importante. Só acredito que já chegou agora de eu ter meu próprio testamento.

   —Roshelle Enjoe, trate de esquecer essa idéia que você vai morrer logo.

   —Só acredito que já é tempo de eu fazê-lo. — Roshelle encolheu os ombros e tratou de sorrir a sua amiga. Christina lhe dirigiu um olhar duro a sua amiga.

   —Então, começa a explicar doutora.

   —Não é nada, realmente. Não sou a primeira pessoa que pensa na morte depois de uma experiência traumática.

   Christina cerrou seus olhos azuis antes de deixar que um sorriso cruzasse por seu rosto. —Bem, eu vou aceitar sua decisão por hora. Apenas não faça alguma loucura.

   —Você quer dizer para não fazer nada sem você ao meu lado?

   A loira sacudiu a cabeça, com um sorriso brilhante.

   —Exatamente! Então, se for fazer alguma viagem para Las Vegas e encantar todos os condutores, seria melhor que me convidasse.

   —Conduzirei e você pode encantá-los.

   —Desmancha prazeres. — Christina a reprimiu. —Esta viagem é uma loucura.

   —Ora se não é, mas penso que devemos ir enquanto é verão ou congelaremos nossos ossos.

   —Consegue um carro conversível e teremos um acordo feito.

 

   —Isso é ridículo. Qual é o problema em convencer uma garota a vender um pedaço de terra sem valor?

   Clark Huntley passou a mão sobre sua cabeça, procurando cabelo para empurrá-lo para trás, mas o tinha perdido há muito tempo. No momento refletia gostosamente nos estragos da idade do que se ocupar com o homem a sua frente.

   —Este é o condado de Benton; As pessoas estão apegadas a sua terra. Roshelle Everitt esta planejando reconstruir sua vida aqui. Esse é o grande problema que temos. Só a morte fará mudar de idéia.

   Um sorriso frio apareceu na cara de seu companheiro. Clark se arrepiou quando observou um brilho calculado nos olhos daquele homem.

— É melhor deixar as coisas como estão! Nenhuma terra é assim tão importante! A garota não venderá então nossa parceria esta acabada! Aqui mesmo e agora!

   Um olhar frio se dirigiu a ele, logo depois aquele homem vestiu sua luva. Ele ficou de pé durante um momento e olhou o pequeno escritório de advocacia. Não era grande coisa. Simples e organizado. Os retratos familiares estavam pendurados na parede e um título de advogado estava orgulhosamente exibido na parede oposta. Seus olhos avaliaram parte a parte do escritório até se voltar ao advogado. Clark sentiu um calafrio percorrer sua coluna quando contemplou aquele olhar gélido.

   —Estou de acordo. Você não serve para nada.

 

   Justo quando o sol do meio-dia deixava à tarde, Roshelle assinava seu nome na ordem de trabalho que iniciaria os trabalhos de reconstrução da casa de sua avó. Um trabalhador bem forte inclinou a cabeça com aprovação antes que ele descesse pela ladeira e subisse a seu caminhão.

   Ela reconstruiria tudo. Algo a conduzia nessa direção. Roshelle não estava segura do que era. Apenas não podia esquecer a impressão de que algo estava tentando impedir seus objetivos.

   Não Algo… Ele.

   Desviando sua atenção aos restos chamuscados da casa, enfocou seus olhos rumo à parte superior da montanha. Foi quase como se a paisagem respondesse seu dilema mental.

   Era estranho que as únicas lembranças claras que tinha do dia do incêndio eram dele em sua mente. Nada mais parecia estar enraizado dentro de seu cérebro, mas recordava claramente a forma de seus pensamentos.

   Isto era ridículo! Não havia nenhuma bruxa vivendo em cima da colina! Tomando bruscamente sua jaqueta do assento do passageiro de seu carro, fechou a porta com um empurrão.

   Se ela tinha ido naquela montanha quando era uma menina, então podia ir lá de novo hoje. Seria melhor que ele se acostumasse com a vizinhança. Roshelle não vendia sua terra!

   O crepúsculo chegava, mas Roshelle se manteve em movimento. A escuridão não a incomodava. Mas ter seus pensamentos invadidos a incomodou. As montanhas se elevavam diante dela, este era o ponto mais alto, onde podia ver a terra de sua avó. Um sorriso iluminou seu rosto. Ali! Tantos medos de infância! Ela não era um pilar de pedra nem estava convertendo-se em rã.

   Nunca tinha existido um espectro do sonho. Ela estava em estado de choque, puro e simples. Foi o trauma resultado, de ferir outro ser humano. Em lugar de preocupar-se tanto com seus sonhos, deveria se preocupar em esperar que o tipo não a expulsasse dali.

   —Está invadindo minha propriedade.

   Ele saiu de um nada da escuridão. Sua mão se apossou de sua garganta e a jogou contra uma sólida parede de rochas. Seus dedos empurraram suas mãos, tentando freneticamente afastá-lo.

   Jared não se deu conta de quão pequena era. Sua cabeça logo que alcançou sua clavícula. Mantendo-a sujeita, firmemente, enquanto ela lutava com pânico.

   Considerando suas emoções, Jared descobriu que suas suspeitas eram infundadas. Havia muita inocência dentro dela. Fechando seu braço sobre sua cintura, continuou mantendo unidos seus corpos. Intensificou seu vínculo mental, ele começou a gostar daquela situação. Seu corpo se encaixava no dele. Deslizou seus olhos da suave curva de sua garganta e sobre os montículos de seus peitos. Soltando sua garganta arrastou seus dedos sobre seu pescoço e sorriu. Seu corpo saltou de antecipação quando seus pulmões se encheram de seu perfume.

   Ela não podia entrar em pânico. Roshelle se repetiu várias vezes. Seu corpo não obedeceria. Ela tremia como uma folha em uma tormenta de vento. Seu corpo ardeu ao longo de cada milímetro de suas costas. Ele não deixou que se afastasse dele nem por um segundo, em vez disso comprimiu seu corpo ao dela. Seus olhos se abriram repentinamente quando sentiu em seu corpo a clara prova de sua excitação. A grossa ereção pareceu iniciar profundas sensações dentro de seu corpo.

   —Você não deveria estar aqui. — Murmurou Jared em seu ouvido. Inclinou sua cabeça em busca de seu perfume. —Mas não me queixo.

   Sua mão acariciou seu pescoço novamente em um fácil movimento que fez com que um forte espasmo percorresse seu estomago. Roshelle renovou seus intentos de escapar, mas ele a deteve firmemente. Ela aspirou rapidamente o profundo aroma masculino. O calor se acumulou em seu abdômen quando sua mão retrocedeu a seu pescoço. Um só dedo riscou os contornos de seus lábios.

   —Pare! —A fúria devolveu lhe a habilidade de recuperar o seu pânico. O que ele acreditava que ela estava fazendo ali? —Deixe me ir!

   —Não. —Murmurou a palavra um milímetro de seu ouvido. Sua respiração golpeou sua pele e ela tremeu em resposta. Seu corpo inteiro pareceu haver-se convertido em uma rede de receptores que gritavam ao uníssono.

   Jared moveu sua mão sobre seu pescoço outra vez. Seu corpo se estremeceu em suas mãos e ele sorriu abertamente. Havia algo de intenso do jeito que ela reagia a ele. Seu membro vibrou quando mordeu gentilmente seu pescoço.

   —Não pode me manipular.

   —Talvez você, devesse permanecer em sua propriedade, porque quis lhe manipular desde que nos encontramos.

   OH doce Jesus! Não tinha sido um sonho. Ele não foi um sonho.

   Não, o sólido aço de seu corpo confirmou a ela que ele não era nenhuma criatura do sonho. A força com que ele a sustentou foi extrema. Não a machucava em lugar disso ele abrasava sua pele com sua boca. Seus lábios seguiram o rastro desde seu pescoço, enquanto o mordia, suas mãos tocavam todo o seu corpo. Seu corpo parecia estalar de calor quando escutou um pequeno gemido escapar de seus próprios lábios.

   Movendo seu corpo, Jared posou sua mão atrás de sua cabeça. Sua boca procurou a sua e se posou sobre seus lábios. Ela ficou sem fôlego em seu estado de choque e ele aproveitou a ocasião para explorar sua boca.

   Estava sendo invadida. Em cada nível. Roshelle não recordava onde começava seu corpo e terminava o dele. Ele se movia dentro e fora de sua boca de diferentes maneiras. Seus lábios se apossaram dos seus, parecia como um processo natural da união entre suas almas. Empurrou contra ele, mas o corpo sólido de seu peito permaneceu firmemente enraizado em seu lugar

   Ele demorou em sua boca. Saboreando e explorando a suavidade dos seus lábios de cetim. Sentia um perfume temperado com especiarias que provinha de sua pele e Jared arrastou seus lábios sobre seu pescoço como se procurasse a fonte desse aroma. Era melhor do que tinha imaginado. Seu corpo se excitava impaciente e demandante.

   Sua roupa era uma barreira. Jared não estava com ânimo para ser detido por isso. O som do botão que se abriu fez se grande em seus ouvidos. Enlaçou seus dedos no magro algodão de sua blusa e vacilou. A extrema onda de emoções que ela provocou em seu corpo o deixou fora de si quando ele contemplou seu rosto drogado de paixão.

   Seu corpo se contraiu quando sua mão posou em seu peito. Seu polegar acariciou o mamilo e este se elevou diante a atenção. Um segundo botão se abriu e de repente com um pequeno som explosivo o terceiro estava livre. O ar da noite tocou sua pele durante segundos antes que sua mão se apossasse de seu seio nu. O prazer aumentou de intensidade quando outro gemido escapou dela. Desta vez foi mais era como aquele gemido lutasse contra a necessidade do toque. Como ela podia necessitar daquele toque?

   De algum jeito, o fazia. Suas costas se arquearam e seus quadris empurraram para frente enquanto ela se balançava de desejo. Ela sentia cada dedo a cativava e a dureza daquele polegar tão desejado sobre seu mamilo outra vez.

   Ele inclinou suas costas sobre seu braço. Seu peito se elevou ante o tentador desdobramento do ataque de Jared sobre seu sexo dolorido no oco entre suas coxas. Seu corpo tremeu e ele acariciou com a mão firme seu pescoço novamente. Não estava somente querendo manipulá-la. Precisava tocá-la. Saboreá-la, afundar-se em seu corpo e tocar sua essência que ele podia cheirar em sua pele.

   —OH, Deus. —Roshelle sentiu seu corpo se fragmentar em pedacinhos quando ele capturou seu mamilo com sua boca. Ela não poderia sentir a terra sob seus pés quando sua língua fez um círculo e lambeu o erguido casulo. O prazer correu através dela tão intensamente, que raiava a dor. Agarrou-se a seus bíceps e se encantou com seus duros músculos.

   Seus quadris se encontravam com os deles, empurrando-os, fazendo Jared se amaldiçoar. Seu sexo pulsou de necessidade quando sua essência de rosa, quente de especiarias chegou a seu coração. A necessidade de lhe arrancar a roupa lhe atingiu duramente. Apertou os dentes quando seus olhos apanharam o mamilo pequeno rosado. Ela continuava inclinada quieta sobre seu braço, esquecendo sua impotência. Poderia penetrá-la, arremessando a para trás, contra uma árvore e não poderia mais se deter.

   Mas ele não era um animal, até se seu organismo estava vindo com essa primitiva necessidade. Pegando as extremidades de sua blusa, Jared devorou seus seios, enquanto provava seu sabor uma última vez com os lábios. Seu rosto se estremeceu quando ela recuperou sua compostura. Segurando seu rosto, olhou-a aos olhos fixamente.

   —Desfrutei de sua visita. Sinta-se em liberdade para retornar, Roshelle.

   Um segundo mais tarde, ela ficou sozinha.

   Seus olhos se abriram repentinamente quando freneticamente o buscou. Cada sombra podia ser ele. Ainda podia sentir o homem agudamente. Não havia maneira de recriminar as sensações que invadiam seu corpo.

   Mas ele a tinha libertado. Roshelle voltou seus olhos para o escuro bosque outra vez. Aonde ele foi? Moveu a cabeça tratando de obrigar a seu cérebro a recuperar suas funções lógicas. Suas emoções flutuavam de forma perigosa, finalmente deu meia volta em retirada. A necessidade de escapar golpeava através de sua corrente sanguínea.

  

   Jared observou sua fuga com os olhos meios fechados. A curva de seus quadris era sensual. Seu sabor estava aderido aos seus lábios enquanto apoiava seus ombros firmemente no tronco de uma árvore. Eles estavam tão ligados que aquela distancia imposta foi difícil de aceitar. Ela lutava contra sua sujeição mental da mesma maneira que o fez quando a deixava sujeita.

   As comissuras de sua boca tremeram ligeiramente antes que ele a soltasse. Realmente era uma lástima que ela fosse um civil. Inclinando-se, recolheu sua jaqueta do piso do bosque. O objeto que ela tinha deixado cair, perdeu a importância, já que ela não ia voltar para recuperá-lo. Seu perfume se pegou no tecido. Seu corpo tenso pelo desejo insatisfeito enviou outra demanda ao longo de seus nervos.

   Se ela encontrasse coragem para retornar a sua montanha, então Jared não lhe deixaria ir tão rapidamente. Retornando para as montanhas, ele subiu de volta para seu mundo.

 

   Os seguintes dois dias deram lhe um pouco tempo para pensar em outras coisas que seus pacientes. O centro médico estava lotado, cheio de trabalho a fazer. As enfermeiras se queixaram. Roshelle silenciosamente rezou para que isso continuasse.

   Enquanto ela enfocasse a atenção em seus pacientes, não haveria tempo para pensar nele.

   Assim como o destino poderia ter sido amável, ele não era completamente clemente. Ele flutuava através de sua mente cada vez que fechava seus olhos. O tom profundo de sua voz estava profundamente enraizado em sua cabeça.

   —Pois bem, já é hora que este lugar volte a paz. —Uma enfermeira passou com um carrinho de fornecimentos. Ela levantou sua vista e se fixou sobre Roshelle.—Uma boa noite de descanso deveria ser prescrita para você, Doutora.

   —Sim, Senhora. —Não havia nenhum outro lugar em que Roshelle queria ir, que não fosse sua cama, já que o cansaço excessivo a obrigava a isso.

   Além disso, necessitava de uma jaqueta nova. Necessitava de um montão de coisas novas. Seus pertences atualmente se encontravam armazenados em seu fichário no centro médico. Sua única e incomparável jaqueta permanecia perdida na montanha.

   E podia voltar lá. Ele tinha sido um menino mau. Roshelle não estava completamente segura de que ele fora real. Mas certamente não ia retornar lá para descobrir!

   Bem. Era uma covarde. Em letras maiúsculas grandes, remarcadas. Mas era mais fácil que tratar com ele.

  

   O celular de Roshelle começou a tocar no segundo em que ela deslizou sua chave em seu carro.

   —Escute cuidadosamente. —Aquela frase foi quase cômica devido a seu uso abundante em melodramas da televisão, mas o tom no que lhe falou, fez que um tremor lhe percorresse ao longo de sua coluna vertebral.

   Nenhum artista de cinema noturno alguma vez tinha sido capaz de inspirar um terror absoluto usando seu tom de voz. A linha Telefônica se desconectou antes que seu cérebro terminasse de processar a informação que foi subministrada.

   Roshelle seguiu sentada com o pequeno pedaço de tecnologia agarrado entre seus dedos congelados. Tinha que obter ajuda, precisava chamar a…

   Ninguém!

   O homem no outro extremo da linha foi brutalmente explícito, a respeito do que aconteceria se Roshelle envolvia a alguém mais.

   Era uma brincadeira. Uma travessura horrível, doente. Roshelle se esforçou para se recuperar e pensou em discar o numero de Christina. O telefone chamaria... E Christina atenderia e seria o fim dessa loucura.

   —Realmente, Doutora, eu esperava algo melhor de uma pessoa com seu nível de inteligência. Entretanto, posso te dar uma prova.

   Os ligeiros sons foram transmitidos ao telefone. —Fale com ela — ela escutou, mas essa pessoa não falou no telefone, Roshelle apenas escutou os ecos de sua voz que foram transmitidos ao seu celular.

   Alguém exprimiu uma replica incompreensível, que se tornaram sons amortecidos.

   —Sua amiga é muito teimosa, mas a quebraremos.

   A certeza arrepiante da habilidade do homem de fazer isso pareceu refletir no tom sorvete de sua voz.

   —Não! —Várias pessoas no estacionamento voltaram sua atenção para ela diante a sua aparente angustia. Obrigando-se com uma enorme força de vontade a camuflar o terror de sua voz.

   —Isso não será necessário.

   —Doze horas.

   Desta vez o silêncio da linha ao desconectar-se foi tão surpreendente como um disparo. Seus dedos tremiam quando ligou o carro. Havia muito por fazer e ela só tinha doze horas, realmente só quatro porque era já a uma da tarde.

   O obstáculo que tinha a frente lhe parecia muito difícil de escalar, mas o faria. Christina era a única família verdadeira que tinha.

   Se eles queriam a maldita terra a teriam!

 

   —Isto é muito repentino, Roshelle; Está segura de que quer realmente fazer isto?

   Era estranho que a mais simples das perguntas pudesse fazer romper o controle do pânico de uma pessoa. Estando no escritório de registro, tomou um segundo para se perguntar o que aconteceria se seguia às demandas do seqüestrador, a pergunta de Candice Talbert foi como uma bofetada que a trouxe de volta ao pensamento racional.

   Se ela cedia a terra, então que segurança teria de que voltaria a ver a Christina alguma vez?

   A mão que sustentava a pluma começou a estremecer-se devido às horríveis possibilidades que começaram a surgiam em sua mente. Dessa maneira, ela devia entregar os documentos de identificação mais tarde nessa mesma noite. Uma vez que sua assinatura estivesse nos documentos, eles não teriam outro propósito.

   Exceto eliminá-las.

   Firmemente colocando a pluma em seu lugar, Roshelle tendeu um sorriso para Candice.

   —Acredito que tudo esta bem. Penso que tomarei alguns dias para reconsiderá-lo. De fato, apreciaria se você recordasse em falar exclusivamente comigo novamente, se eu decidir vender.

   —Bem, se for vender não se esqueça de não assinar os papeis quando você enviá-los pelo correio.

   —Candice, prometo que se eu for vender, eu encontrarei coragem para vir aqui. De fato, se você não obtiver isto das minhas mãos, não o aceite.

   —Bem, de fato. Eu tenho uma forma para que isso aconteça.

   —Mesmo? —Isso de fato faria com que as coisas ficassem mais interessantes nesta noite. Roshelle obrigou a sua mão a deixar de tremer quando assinou o contrato que Candice apresentou a ela. As apostas eram altas, mas que eleição tinha? Saiu caminhando com os papéis em sua mão, parecendo uma bandeira branca de rendição.

   —Essa é minha garota. —Candice teria agregado uns poucos conselhos a mais a sua cliente quando ela deu a volta e começou a caminhar para a saída. Algumas pessoas não respeitavam suas raízes familiares. Mas, Roshelle não dava a aparência de ser o tipo de pessoa que vendia seus bens poucos depois de que seu parente havia falecido. Candice refletiu sobre seu encontro com a jovem mulher antes de alcançar o telefone, talvez sua amiga Ruth desse um pouco de luz para iluminar esta situação.

 

   Então, exatamente o que acontecia com as terras de sua avó?

   Chamadas telefônicas eram uma coisa, mas o seqüestro? O condado de Benton tinha um dos índices mais baixos de criminalidade no país. A maioria das pessoas na cidade não se incomodava em fechar as portas de seus carros quando iam ao supermercado local.

   O assunto inteiro desafiava a lógica. Transpasse as escrituras e Christina será liberada. Isso lhe não parecia muito provável.

   Então, o que ocorreria se pusesse em marcha seu jogo?

   Deixando cair sua cabeça em suas mãos, renovou seus intentos de esquecer sua dor de cabeça. A náusea invadia seu estômago aonde diabos ia isto tudo? Tudo isto tinha começado com ele.

   Abruptamente seu humor mudou quando a cólera ardeu no desassossego de seu corpo. Tinha direito de viver em sua terra! Nenhuma imagem obsessiva ia destruir seus sonhos e ela não ia suportar que seus amigos fossem mantidos como reféns!

   Depois de tudo, realmente não tinha nenhuma outra escolha. Christina era tudo o que tinha.

 

   — Roshelle, esta me pedindo que um velho infrinja a lei.

   Forçando sua boca em um sorriso, Roshelle retorceu as mãos. — Sr. Findlay, não é como se as leis das armas estivessem feitas para alguém como eu. Não sou uma criminosa, simplesmente estou um pouco assustada. O rifle de meu avô estava na parede da cozinha todos os dias enquanto Abba era viva e eu me sentia mais segura nessa época.

   Um calafrio percorreu enquanto aquele homem a olhava. Roshelle conteve o fôlego, mas deixou a suas pestanas mover-se. Tinha visto Christina se dirigir aos homens com um pequeno sorriso, e umas tantas piscadelas.

   —Não vou caçar. Prometo que ninguém saberá que essa pistola deixou sua loja. A menos que algo me ocorra. —Agora ela deixou que seus olhos se abrissem de par em par. O proprietário da loja de armas derreteu-se ante seus olhos. Tomou o cartão de crédito que lhe entregou e fechou a venda.

   —Bem, agora uns quantos conselhos, uma mulher não tem que estar sozinha para se defender. O que você precisa é encontrar um bom rapaz. As pessoas jovens não levam à família tão a sério como deveriam. Esperam a metade da vida chegar para poder ter a seus bebês. Um bom marido robusto é todo o amparo que você esta realmente precisando.

   Seu sorriso desapareceu de seu rosto no segundo em que saiu da loja. Agarrando firmemente sua compra sob seu braço, Roshelle forçou seus pés a seguir adiante.

   Seus pés tropeçaram quando viu a estação do xerife do condado do Benton. Estava só a meia quadra, e era tão tentador depositar sua carga nos ombros da lei.

   Mas ela não poderia tomar essa oportunidade. O pensamento de não voltar a ver a Christina mover seus cachos loiros novamente forçou sua determinação. Agarrando firmemente sua compra contra seu peito, voltou às costas à estação do oficial.

 

   Roshelle nunca tinha estado tão agradecida por seus estranhos sentidos. Esta noite, inclinou sua cabeça com gratidão porque a ardente espetada lhe informaria que já não estiva sozinha. Assim abriu sua mente e pela primeira vez tentou localizar seu acompanhante.

   Erguida entre as sombras de uma árvore, ele a esperava. Sua cólera era ainda forte, dando rédea solta a suas emoções. Roshelle intencionalmente as soltavas livremente. Era melhor que ter medo.

   Seus dedos se curvaram ao redor da asa da pequena pistola. Sua bolsa permitia-a de guardar de forma oculta sua arma.

   Ia ser a prova mais difícil que tinha passado na vida. Ameaçar a vida de outro ser humano era algo que entrava em conflitos com seus valores.

   Era assombroso o qual forte torna seus poderes quando utilizava os. Roshelle sentiu que seus sentidos o anunciavam de uma forma alarmante.

   —As ações, por favor.

   —Primeiro; Christina.

   —Você não está em posição de dar ordens.

   A doçura de sua voz punha seus nervos de pé.

   —Tampouco você. Se você não fizer o que eu estou pedindo, nunca verá essa escritura territorial.

   Sua mente repentinamente se acendeu com várias sensações novas. Nunca verdadeiramente tinha tratado de desenvolver seus sentidos adicionais, Roshelle lutava por compreender o que sua mente tinha recolhido.

   Seus olhos ajudaram lhe a ver pelo menos dois outros homens. Aproximaram-se dela de forma silenciosa. Um deles fez um movimento abrupto e lhe mostrou uma terceira figura na escuridão. A pessoa tropeçou ligeiramente antes de colocar tanta distância como pôde de suas escoltas. Sua mão agarrou ansiosamente a de sua amiga quando Christina tropeçou ao lado dela.

   —Agora me dê a escritura.

   Roshelle iniciou uma lenta retirada com sua amiga a seu lado.

   —Isso já foi longe o suficientemente.

   Seu antagonista deu um passo adiante com sua cara escondida entre as sombras. Havia apenas um feixe prateado de lua nesta noite, mas quando ele deu um passo fora do claro a magra luz se refletiu sobre a pistola que ele mantinha pronta para usar.

   Enredando seus dedos na mão de sua amiga, Roshelle jogou a única carta que tinha podido pensar

   —Esta cravada na árvore atrás de você.

   Envolto em um pacote azul escuro, o envelope passava despercebido na escuridão. Os três homens mudaram de direção e voltaram sua atenção para recuperá-lo. Girando sobre seus calcanhares, Roshelle se precipitou para baixo, para a estrada e para seu carro. Tinha deixado as chaves na ignição com a esperança de que sua tática lhes pudesse dar o suficiente tempo para escapar.

   A adrenalina as fez conduzir mais rápido. Fugindo dos perseguidores ganhavam mais terreno, mas eles não lhe permitiriam sair imunes.

   Mais chamas voaram pelo ar naquela noite, mais deles se encontravam escondidos entre as árvores. As mulheres tinham a vantagem de seu tamanho, já que passavam entre as arvores mais rápido que seus perseguidores masculinos.

   A vantagem não foi suficiente. Nunca cobririam a distância até a estrada. Sem outra escolha, Roshelle trocou de direção e sacou sua arma, e começou a atirar. Aterrorizada manteve seu braço estável enquanto a necessidade entristecedora de sobreviver lhe deu a força para devorar o gatilho.

   Seu primeiro perseguidor se converteu em uma vítima de seu fracasso ao não identificá-la como uma ameaça. Seis metros os separavam e sua pontaria resultou perfeita. Seu corpo caiu lentamente ao chão.

   Seu companheiro imediatamente se cobriu e respondeu ao ataque inimigo. Teria acertado seu braço se Christina não tivesse puxado Roshelle para a coberta de uma antiga árvore.

   —Onde conseguiu uma pistola?

   —Do Findlay; Quantos há?

   —Muitos. —Christina fechou os olhos, quando respondeu a real situação a sua amiga.

   Os sons da chegada de reforços aterrorizaram os corações de ambas as mulheres. A árvore a mantinha-as protegida, mas com mais adversários que poderiam lhes rodear muito depressa.

   Pressionadas no chão em busca de sobrevivência se pegaram a uma à outra quando sentiram que estavam presas numa armadilha mortal.

   Abruptamente se fez um supremo silêncio.

   O tiroteio foi quase ensurdecedor, aquilo antecipava sua morte.

   O som lento de uma só pessoa aplaudindo foi à deriva até seus ouvidos. O homem manteve sua lenta apreciação enquanto seus pés faziam o mais leve dos sons com o passar do chão do bosque. Deteve-se alguns passos antes de se expor na linha de fogo de Roshelle. Por um momento, ela pensou gostosamente que desistiria de sua vida pela certeza que ela poderia enviar este animal ao inferno.

   —Devo dizer que estou impressionado.

   Um só disparo perfurou a noite. A chama atinou à árvore justamente a 76’20 milímetros acima de sua cabeça, fazendo com que retirasse seu corpo da árvore. Roshelle foi incapaz de calcular sua aterrissagem e caiu de bruços no chão do bosque. Tentando se proteger da queda com as mãos, mas aquilo foi inútil. A queda provou uma dor intensa que se intensificou quando um pé caiu sobre sua mão, esmagando sua carne na dura terra.

   Sua mão relaxou a força com a que sustentava a arma em resposta à tortura. A pressão aumentou momentaneamente em sua mão antes de afastar-se. Aproximando seu braço em seu peito, lentamente flexionou a extremidade tratando de decidir se estava em bom estado. A dor a percorria todo seu corpo, mas sua atenção foi cativada quando foi levantada bruscamente de seus pés pelo cinto de suas calças jeans.

   —Sim, estou realmente impressionado. —Seus olhos se tornavam mais frios que sua voz. Pressionou sobre ela antes de retornar a seu rosto. —Agora me diga, onde esta a escritura?

   —Nunca a traria! —Roshelle proferiu seu desafio na cara de seu atormentador.—Você nunca a obterá agora.

   Apesar da escuridão da noite, Roshelle viu claramente o sorriso que se formou na boca de seu agressor. Essa simples ação enviou lhe um calafrio a sua coluna vertebral. Brutalmente separou dele com um empurrão de medo. Recusava-se a morrer como um covarde!

   —Ah. Refere-se ao testamento que recentemente fizeste é uma lástima que livrou-a da morte que tínhamos pensada para você.

   Uma mão fria percorreu a longitude de sua bochecha. Roshelle retrocedeu pela escuridão, devido a repugnância que esse contanto lhe ocasionou. Talvez o fato de que deliberadamente tinha aberto sua mente esta noite, sentiu a enfermidade que habitava sua alma do homem que a tocou. O retorcido mal impregnou seu cheiro entre eles, causando enjôo em seu estômago quando se viu forçada a resistir sua presença.

   Roshelle não acreditava que verdadeiramente alguma vez tivesse entendido a definição de ódio até esse momento. Comprimido na criatura que estava frente a ela estava o ser mais malvado que tinha conhecido. O perverso mal gotejava de sua carne fazendo que o fedor a afogasse.

   Aquele toque tinha lhe causado tanta dor. Roshelle se encontrava a ponto de vomitar em resposta ao horror.

   —Não conte com isso. Apenas eu pessoalmente posso fazer a transferência, ou terra se converterá em propriedade da igreja.

   —Você não escuta instruções muito bem. Mas teremos que ver simplesmente o que conseguiu fazer.

  

   O helicóptero vibrou de uma forma familiar. Jared levantou seus olhos e observou como as montanhas de Washington apareciam. Sentia-se em casa na aeronave de combate. Enquanto a maioria dos meninos brincava de imaginar suas bicicletas, aviões, ele tinha estado voando em um realmente.

   Quase sempre eram helicópteros. Tinha a habilidade de aterrissar e levantar vôo com a mínima extensão de terra. Sua mãe era uma mulher entre um milhão, um agente psíquico. A taxa de eficiência que tinha em suas tarefas fez com que se sobrecarregasse fortemente no trabalho. Apenas um segundo depois de ter aprendido a usar seu próprio talento, Jared tinha se encontrado ajudando-a a aliviar essa carga.

   Não é que lhe incomodasse fazê-lo. Tinha sido duro. Vivendo no limite. A luta constante. Dedicou-se à caçada com uma fome desmedida, com a adrenalina pulsando através de sua corrente sangüínea. Ele tinha nascido para isso.

   Mas esta noite sua mente vagava outra vez. O corpo palpitava, mas não provocado pelo mesmo tipo de missão de sempre. Queria caçar como sempre, mas a presa que tinha em mente era uma mulher.

   A sociedade tinha todo um conjunto de palavras educadas para definir o que sentia. Cortejo, romances, encontros. Jared não tinha vivido a vida confortável que os civis tinham. Sua vida sempre era um caminho a bordo. Não estava interessado em nada que fosse tão manso como um encontro. Desejava Roshelle. Era simples e básico, mas incrivelmente intenso.

   Saboreá-la tinha sido um cálculo equivocado. Ainda a tinha aderida a sua mente. Seus dedos ainda pulsavam rememorando a lembrança exata de quão suave era sua pele. Os leves gemidos foram a coisa de mais erótica que ele tinha escutado. Queria mais que sexo. Queria algo que rompesse com a barreira da mera penetração. Estava seguro de que ia desfrutar deslizando-se dentro de seu corpo, mas também sabia que a maneira com que suas mentes estavam unidas o faria muito mais intenso. Ou melhor, até mais íntimo.

   Desfrutou da maré crescente de desejo que ia queimando lentamente a pele. Jared abriu a porta da aeronave nem bem esta tocou a almofadinha de aterrissagem diante de sua casa. Empurrou com o ombro a porta e deu exatamente quatro passos antes que sua em sua mente registrasse uma emoção.

   Algo ia muito mal.

   Era o medo que flutuava no vento. Era tão evidente que poderia saboreá-lo se o quisesse. Tirou sua pistola da pistoleira e examinou sua casa. As emoções se voltaram tão intensas que tinha um problema de achar sua a posição exata.

   Um assobio bem definido destroçou, momentaneamente, sua atenção. Ante a possibilidade de uma ameaça Shane estava alertando a seus homens. Em um instante, a unidade lhe emprestou toda a atenção. Nada se movia enquanto Jared lutava para desenredar a confusão de emoções que o assaltava.

   Ela.

   Seus olhos se aumentaram de puro prazer. Então, a pequena fada não tinha medo de vir atrás dele? Esse pensamento lhe ocasionou um sentimento muito peculiar no seu corpo. Deslocou-se para os caminhões da unidade enquanto deixava cair sua pistola de volta a sua capa. Eventualmente, responderia a sua chamada, mas nesta vez, não ia fazer o sem estar preparado.

   E a recompensa ficaria o vencedor.

 

   Roshelle nunca pensou que a sede pudesse doer. A pele de sua boca parecia gritar de agonia com cada gota de umidade que lhe evaporava.

   Tinha as mãos atadas por detrás. Já fazia um momento longo que a lesão tinha lhe roubado a sensação de seus braços. Roshelle esfregou a corda ao longo da rocha junto a onde ela estava sentada, esperando poder desgastar assim a atadura. Simplesmente se negava a pensar no que o movimento sustentado lhe estava fazendo à pele de seus pulsos. O dano que fizesse não teria importância se ela morresse.

   Christina tinha estado em companhia destes animais durante mais tempo. Roshelle podia imaginar quanto mais incômoda se sentia nesse momento. Sua amiga estava sentada junto a ela, usando seu corpo para ocultar aos olhos de seu captor, nos intentos de Roshelle se liberar. Roshelle tomou um minuto completo até notar que tinha desgastado até a última capa de suas ataduras. Pôde separar suas mãos de uma vez enquanto a dor lhe anunciava a volta de circulação do sangue. Levantou seus olhos para encontrar o olhar esperançoso de sua companheira.

   Sem estar segura do grau de êxito que podia ter contra os homens armados que os mantinham prisioneiras, Roshelle se dedicou a liberar a Christina de suas ligaduras. Embora suas chances de triunfo fossem improváveis, sempre era melhor tentar do que não fazer nada.

   A escuridão ainda as cobria lhes dando uma vantagem leve. Os homens estavam sentados empilhados ao redor do fogo do acampamento, enquanto que as mulheres ficaram às escuras.

   Roshelle registrou o ambiente presente e notou que estavam localizadas junto ao resto da bagagem. As mochilas, atadas apertadamente, feitas de tecido de camuflagem verde e marrom, jaziam sobre a terra ao lado dela. Atraiu sua atenção, o cantil atado à mochila mais próxima. Roshelle se obrigou a ignorá-la. Não podia desperdiçar sua única oportunidade para atender a sua comodidade.

   Tudo estava empacotado de forma organizada e segura. Algo no alto do vulto mais próximo atraiu sua atenção. Era algo pequeno e redondo, cuidadosamente colocado em uma das correias que atravessavam a parte superior da mochila. Na escuridão, Roshelle realmente não poderia chegar a distinguir o que era. Mas era algo que ela poderia alcançar.

   Vigiando a seus captores, mediu cuidadosamente seus movimentos. Com suas mãos fechadas sobre o pequeno artigo, trouxe-o e o colocou entre seu corpo e o da Christina. O objeto tinha em sua parte superior, um anel pequeno justo de 12 milímetros de diâmetro.

   Era uma granada. Pelo era o que ela achava que era.

   Seus captores estavam esparramados ao longo de uma área de 3 metros. Ainda com um explosivo, ela duvidava que pudesse inutilizá-los a todos com uma só carga. Seus olhos se moveram, estudando o lugar, procurando qualquer maneira de utilizar a arma.

   Seus olhos se detiveram nos dois caminhões que tinham estacionado justo na costa frente a elas.

   Levantando o explosivo em sua palma, olhou para o cascalho que a separava da máquina. Se explodisse justamente o caminhão, então possivelmente pudessem escapar pela noite enquanto seus captores estavam ocupados em tratar de decidir se estavam sendo atacados.

   —Faz-o.

   Apenas audíveis, as palavras da Christina eram um eco de seu próprio desespero. Não tinha idéia de quanto tempo demorava em explorar o fusível de uma granada. Mas valia a pena arriscar a vida para descobri-lo.

   Seus dedos atiraram firmemente do anel da pequena bola. Inclinando-se para frente, Roshelle o enviou rodando costa abaixo pela ladeira.

   Segundos mais tarde a ignorância terminava. A força da explosão destroçou o corpo de metal do caminhão. As chamas laranjadas saíram disparadas aos quatro ventos enquanto o tanque do combustível, quebrado, desdobrava sua carga inflamável. Seus olhos estavam congelados na cena de destruição. O calor lhes chegou como uma onda espessa.

   —Vamos, Shell!

   Christina a gritou para que se levantasse e ambas as mulheres, torpemente, obrigaram seus corpos cheios de cãibras a mover-se depois das horas de quietude. Sem saber onde estavam saíram em disparadas rapidamente por entre as árvores com nada mais que o fogo detrás delas marcando a direção para onde fugir.

   Um disparo ressonou na noite as fazendo redobrar o passo. Ouviram outra explosão, mas Roshelle não podia pensar com suficiente claridade para perguntar-se sobre o que era.

   Tinha que escapar. Podia senti-lo pisando seu calcanhar. O pânico cresceu dentro de sua mente atando-a com seu abraço. Nenhuma outra coisa tinha importância e pressionou até mais a seu corpo lhe pedindo uma velocidade adicional. Arderam-lhe os pulmões enquanto tratavam de administrar o oxigênio para as demandas de seu organismo.

   Mas ele estava se aproximando.

   Seu terror se manifestou em um grito como se ela estivesse apanhada em seu pesadelo. Sua carreira frenética se interrompeu abruptamente como se algo a atirasse dos pés. Uma parede sólida de carne se conectou com suas costas enquanto algo a empurrava para um abraço asfixiante. Uma mão brutal lhe esbofeteou a cara para silenciar qualquer som que pretendesse escapar na noite.

   O reconhecimento foi instantâneo. Roshelle lutou contra o avanço de seu pesadelo, enquanto ele se tornava espantosamente real. A imagem do espectro do sonho a sujeitou como um punho de aço aumentado seu domínio sobre sua vontade.

   —Limpem tudo!

   Essas palavras ressonaram de forma profunda naquele ambiente. Nada mais alcançou seus ouvidos enquanto ela lutava contra o terror de sua mente. Seu corpo estava sujeito por essa encarnação sólida de seu medo.

   Agora ela era dele. Puro prazer serpenteou através de seu corpo. Jared moveu sua mão para baixo da coluna de sua garganta assegurando seu domínio nesse lugar sensível para conduzi-la a seu lugar de captura.

   Podia sentir o medo dela, fluía entre seus corpos em cada ponto de contato. Os restos do acampamento captaram sua atenção enquanto deslizava sobre eles seu olho atento. Sua cara se torceu em um gesto de fúria ao notar a prova de um ataque iminente.

   Os veículos pesados estavam armados com as melhores armas. Tudo organizado com o tipo de homens que saberiam como aproveitar um equipamento tal.

   Os corpos dos conspiradores ficaram onde caíram. Seus próprios homens foram rápidos para recolher qualquer resto presente. Essas explosões trariam olhos curiosos rapidamente. Shane se asseguraria de que não houvesse rastros.

   Bem mas a respeito da pequena doutora, Jared poderia descobrir os detalhes de seus planos. Antes que ele acabasse com ela, conheceria exatamente quem tinha criado a ameaça para sua família.

   Seu perfume subiu até ele aumentando a cólera de Jared.

   Ela era boa. Melhor assim.

   Era a isca perfeita e tinha fincado todos seus os dentes nele. Era como veneno correndo por seu sangue. A prova de sua traição não pareceu atuar como um antídoto. Em lugar disso seus pulmões realizaram uma respiração profunda para capturar seu perfume delicioso.

   Seus dedos se estavam contraindo lentamente ao redor de sua garganta. Os cinco dígitos diminuíram a habilidade de Roshelle respirar no mesmo tempo sentia como a fúria ardia brilhantemente dentro dele.

   Abruptamente soltou lhe a garganta permitindo lhe aspirar ao oxigênio que seus pulmões necessitavam desesperadamente. Seu alívio foi breve porque essa mesma mão se fechou sobre mechas de seu cabelo retomando o controle brutal. A dor a invadiu quando ele a empurrou para diante, assim submetida.

   Sujeitou rapidamente seus pulsos. A pele machucada registrou o apertão com uma ferocidade assombrosa. Roshelle foi incapaz de conter o grito que escapou de seus lábios. Suas cordas vocais cansadas imprimiram um pequeno gemido.

   Jared duvidou por um minuto, possivelmente ela emitiu um som que indicava que estava machucada, aquela pulsação irregular era ocasionada a proximidade dos dois. Atribuiu-lhe ao suor o escorregadio de sua pele.

   —Luz. —Sua ordem se cumpriu imediatamente. Em lugar de suor perlado o que cobria seus pulsos era sangue. A pele suave estava machucada e rota em vários pontos.

   Um bendito alívio alagou o cérebro de Roshelle. Isso atraiu a atenção dele embora não estava muito segura. O controle que ele retinha sobre seu corpo se voltou passível, isso era tudo o que importava. Encurvando-se ligeiramente para frente deixou seu captor soltar seus braços. Seus olhos se moveram sobre o que os rodeava como se tratasse de lhe encontrar um sentido aos acontecimentos da noite.

   Era frustrante para ela descobrir que estava de volta ao local onde tinha estado anteriormente. A única satisfação que ela encontrou foi ver os restos vermelho vivo do caminhão. De vários lugares a fumaça se levantava em magras Candelas que se dissipavam no ar da noite. O metal retorcido que permanecia se parecia somente a um amontoado de detritos.

   Perturbava-a bastante pensar que ela tinha sido a causa de tanta destruição. A torção repugnante de seu estômago parecia assinalar que ela tinha escapado de um grupo de depredadores só para encontrar a um animal que estava mais adiantado na cadeia alimentar.

   Que tipo de animal era? Roshelle não sabia exatamente. Mas ela conhecia exatamente à besta que a abraçou. A maneira em que se uniram veio de forma clara a sua memória, recordou as imagens que tinha estado evocando.

   Ele era muito pior que qualquer pesadelo. O terror tentava rapidamente renovar o controle em sua mente.

   Roshelle brigou desesperadamente contra isso. Este homem seria capaz de destruir muito mais que sua carne. Poderia levar essa destruição até sua alma.

   Uma emoção o empurrava e ganhava caminho na mente de Jared se transformando em fúria. Sentiu-a como um incômodo que brigava para ganhar sua atenção. Segurar seus braços lhe havia ocasionado um dano doloroso. Encontrar em si mesmo, essa relutância ao ocasionar dor em sua prisioneira o fez sentir frustrado.

   Ele não tinha tempo para isto!

   Mas a necessidade fastidiosa de aliviar sua dor o trucidava seu cérebro, e se negava a ir-se. Jared tirou seu capuz de sua cabeça. O tecido negro era suave, teria que alcançar. Envolveu-a sobre seus pulsos e logo atou a corda por cima para assegurar suas mãos detrás dela.

   Um assobio bem definido golpeou o ar da noite e Jared franziu o cenho. Não necessitava desse aviso de Shane. Sabia da necessidade de uma partida rápida e queria levá-la de volta a sua terra antes que cruzasse lhe alguma oportunidade de escapar. Um sorriso se expandiu em sua cara quando pensava em encarcerar a sua prisioneira dentro dos limites de sua casa. Não haveria escapatória.

   Sua família permaneceria segura!

   Roshelle se sentiu flutuar quando ele elevou seu corpo do chão. A força desse homem era assombrosa. O motor já estava ligado quase ao mesmo tempo em que seu corpo se acomodava na superfície dura do piso do caminhão. Sem uma estrada, os aros lutaram entre as pedras e os sulcos do caminho. Sem poder usar suas mãos para sustentar-se, ela começou a inclinar-se e rodar.

   Seu corpo arroxeado reagiu em resposta ao rude tratamento. Um pé sólido parou seu sofrimento. A bota que se apoiava contra suas costelas, pressionava-a contra o piso. Embora a ação fosse crua foi bastante efetiva.

   Apesar de sua necessidade de alívio, Roshelle se encontrou a si mesma desprezando aquilo que lhe recordava sua posição com esse homem. Encontrar a sua pessoa literalmente “sob o talão da bota” lhe exigia uma resposta que seu orgulho morria por lhe dar. Infelizmente, seu corpo estava completamente em desacordo e imóvel. Sua bota a liberou nem bem motor se deteve.

   Descendo de um salto de seu assento, Jared cobriu a distância que o separava de Shane. Uma vez de volta ao seu território familiar, sentia como sua mente retomava um férreo controle sobre tudo. Havia presente só um fator de incógnita e Jared trataria com ela diretamente.

   —Pode economizar a atuação, Shane Jacobs! Não estou impressionada! E tire suas garras de minha pessoa! Aprendi a caminhar bem o bastante quando fiz dois anos de idade!

   Quando as palavras zangadas alcançaram seus ouvidos, Jared se deteve.

   Shane estava leavandp a mulher de cabelo loiro para a casa e ela estava armando um escândalo para evitá-lo. O resultado da luta que estavam levando a cabo, ele não queria machucar sua prisioneira. Shane deixou escapar um grunhido frustrado antes de estender um braço para a porta principal. A loira sacudiu a cabeça antes de avançar com passos pausados.

   O fato de que a mulher conhecesse seus nomes só fez piorar as coisas. Não havia maneira que seus problemas acabassem naquela noite. A fadiga se envolveu em seu corpo obrigando Jared a pensar simplesmente em como assegurar seus “problemas” até manhã.

   A montanha estava acondicionada com uma grande variedade de edifícios; infelizmente, não havia uma cela entre eles. Nunca tinha mantido a um prisioneiro ali. A função de sua unidade era a formação de planos e amparo.

   Bom, tinham duas prisioneiras agora.

   Shane estava muito ocupado com a loira e isso vinha a Jared como foi pedido. Não estava com ânimo para compartilhar seu problema. Ela tinha começado e ele tinha toda a intenção de vê-lo terminado.

   Pôde soltar-se de suas ataduras com muito menos esforço esta vez. O que for que estava envolto em seus pulsos permitiu a Roshelle deslizar o tecido e liberar suas mãos. Movendo seus braços diante dela simplesmente se tomou um momento para esfregá-los e liberá-los da dor. Muitas horas de posições incômodas fizeram com que agradecesse sua liberação. Era uma lástima que não tivesse muita fé em permanecer assim, livre, durante muito tempo.

   Obrigou-se a levantar-se e investigar a nova condição em que se encontrava. Ficar deitada no piso do caminhão tratando de cuidar suas feridas não ia ajudar a obter nada.

   Sabia que a tinham levado para dentro do bosque. O condado de Benton compreendia quase todo o bosque, mas havia pistas, distintas elevações que indicavam que estavam nas verdadeiras montanhas. Até através da escuridão ela percebia o som das arvores se movendo.

   Ninguém pareceu estar à vista. Roshelle se moveu mais perto do bordo da porta de carga para poder investigar a área. Outros três caminhões estavam estacionados a uns trinta pés do dele. Estavam alinhados com muito cuidado, postos em fila exatamente com três pés de separação entre eles.

   A casa detrás dos veículos parecia ser o lugar onde se hospedavam os homens que tinham descendido dos caminhões. A luz se filtrava pelas janelas assim como partes da conversação se mesclavam com a brisa noturna. A voz de Christina chegou aos seus ouvidos embora as palavras exatas ficassem distorcidas.

   Sentiu um grande alívio. Outra sensação parecida invadiu seu corpo. Os desconfortos ocasionados por suas feridas interferiam na identificação exata do que ela estava sentindo.

   Elevando sua cabeça, Roshelle moveu seus olhos lentamente olhando à escuridão. Ele estava ali. Não a tinham deixado sozinha. Em lugar disso era cuidadosamente observada.

   Sua tolerância chegou ao fim abruptamente. Estava farta de ser a presa. Empurrando-se a si mesmo para ficar de pé, obrigou a sua mente a lhe dizer aonde ele estava. Já tinha se encontrado antes. De alguma forma seus sentimentos estavam ligados a esses encontros, bem que os poderia exercitar.

   —Pode deixar de se esconder na escuridão, porque não me assusta.

   Bem, lançar um desafio a deriva, talvez não fosse a coisa mais sábia a fazer no momento, mas a esperar o desconhecido era insuportável. Com muita determinação ela se empenhou em encontrar sua direção porque seus pés não fizeram nenhum som como se materializasse na escuridão. Ele se incorporou no ambiente como um fantasma. A luz banhou as linhas duras de seu rosto. Ele era puro músculo, ela se sentia uma anã perto dele. Seus pés se moveram quando ele se aproximou e apareceu sobre ela.

   —Bem, se eu não a assusto agora, prometo que amanha o farei.

   Jared apertou os dentes enquanto percorria com os olhos seu rosto de aspecto inocente. Essa necessidade de proteger seu corpo frágil ia invadindo cada vez mais sua mente e essa sensação o fez fechar os punhos.

   Nenhuma mulher valia à pena morrer... Nem sequer esta. Mas que situação complicada. Roshelle era durona e Jared quebrava a cabeça ao imaginar qual seria o melhor método para quebrar sua vontade.

   —Quem é?

   A voz dela era suave, um sussurro suava enquanto lhe cravava o olhar. Jared apertou seus lábios em uma linha magra antes de envolver seu braço com sua mão.

—Sou seu pior pesadelo.

   E ela era o dele. Seu corpo pulsou de desejo insatisfeito ao mesmo tempo em que pensava na melhor forma de interrogá-la. Jared apertou seus dentes sabendo que devia aceitar à desilusão. Mas seu corpo dizia outra coisa.

   Seu membro estava duro de necessidade enquanto a guiava para sua casa. Utilizou de toda sua autodisciplina para passar pelo quarto principal, já que a única coisa que desejava fazer era cuidar de sua pele machucada. Seu corpo delicado foi criado para um homem apreciar-lo. Mas em lugar disso ele o tinha traído.

   Maldito seja, que ela fosse ao inferno e por lá ficasse!

  

   —Ainda assim não me assusta!

   A sólida porta fechou ruidosamente em seu rosto. A madeira com que revestia os painéis ficou olhando-a fixamente sem impressionar-se com suas palavras valentes.

   Deitando-se na cama, Roshelle permitiu que seu rosto refletisse seus verdadeiros sentimentos. Estava tão cansada! O medo poderia ainda percorrer suas veias, mas parou quando percebeu que estava sozinha agora.

   A luz do sol passou através da janela quando elevou seus olhos de novo. Roshelle levantou seu rosto e descobriu a existência de uma porta. Esta a conduzia a um banheiropequeno no qual entrou agradecida. Ela tomou um banho rápido. Seu corpo estava já distante muito consciente do homem. Não necessitava que ele a encontrasse nua.

   Os olhos verdes eram excepcionais, a intensidade esmeralda tinha que ser do tipo mais estranho, em conjunto com seu cabelo negro, era uma combinação surpreendente. Seu corpo era impressionate. Ele media muito mais que um metro oitenta e três de altura e seu peito estava revestido com músculos grossos que contornavam seus braços.

   Ele era um dos homens mais aterrorizador que ela conheceu.

   Era quase gracioso recordar seu primeiro encontro. Ele a tinha ameaçado. Mas algo nele tinha um jeito inocente, agradável. Não podia imaginar alguém lhe fazendo mal. Abba era responsável por isso.

   Um sorriso cruzou sua cara. A doce e querida Abba. Como sentia saudades de sua avó.

   Esse sorriso foi a primeira coisa que Jared viu quando abriu a porta. O fato que ela estava claramente satisfeita com ela mesma fazia seu humor melhorar.

   —Se divertindo?

   Sua respiração se obstruiu em sua garganta. Roshelle a forçou para baixo. Ela se recusou a ser sua próxima vitima.

   —Vejo que decidiste não se esconder mais.

   —Sentiu saudades?

   —Como a uma dor de dente.

   Jared percebeu sua diversão quando entrou no quarto. Ela tinha uma postura solida sob a cama, ele a deixaria ficar nessa posição. Seus dedos se enroscaram na colcha de forma que ele percebeu que ela tentava esconder seu medo.

 

   Os métodos de Shane não alcançavam a informação que ele necessitava. A loira insistiu em dizer que ambas tinham sido seqüestradas. Para Jared a espera tinha terminado. Roshelle lhe diria por que ele a tinha encontrado na névoa da força rebelde, ou a tiraria de sua mente.

   —Sugiro que me diga exatamente o que fez seus amigos subirem à montanha.

   Ela agora sabia uma coisa a respeito dele. Era um homem que mantinha suas promessas. O medo crescia em resposta a voz agressiva. Roshelle se obrigou a encará-lo.

   —Não eram meus amigos. Eram meus sequestradores.

   Um rude grunhido foi sua resposta. Ele cruzou seus enormes braços em cima de seu peito enquanto seus olhos cortavam os seus. Ele continuou dentro de sua mente. Roshelle lutou contra a invasão, mas se recusou a acovardar-se. Ela podia sentir sua irritação, pois ele parecia mover-se entre suas emoções.

   Mas seus sentidos registraram mais que sua irritação. Ela o sentia. Era uma força que parecia estar forjada em aço sólido. Havia uma atração inegável a essa força. Todos os detalhes a respeito de como tinham terminado enfrentando-se não tiveram importância quande Roshelle sentiu o impacto da verdadeira natureza deste homem.

   Ele tinha honra. Talvez seus modos fossem ásperos, mas ali não havia o fedor da desonestidade saído de sua alma. Algo no mais profundo do seu coração foi afetado por sua presença.

   Roshelle ofegou repentinamente. Seus olhos se fecharam em duas linhas quando ele escutou seus pensamentos. Não foi como uma conversação através de palavras, mas estavam se comunicando por emoção compartilhada. Gostou de sentir sua aprovação. Percorreu seu cérebro enquanto a excitação seguia em seu corpo.

   —Não me toque.

   Jared não estava sequer seguro quando decidiu fazer exatamente isso. Mas quis fechar a brecha entre eles até poder enterrar sua cara na curva suave de seu pescoço outra vez. Seu corpo só se importava com a necessidade de aproximar-se dela. Para ele esta no inferno era ficar fora do corpo dela, mas isso não se alterou o fato de que seu membro se elevava ao observar com atenção à cama onde ela estava sentada.

   Não estava seguro do que ele esperava dela, mas se afastou da parede em que se apoiava. Os dois passos que ele deu permitiram lhe alcançar seu corpo.

   —Não me toque!

   Ela rodou pela cama procurando escapar. Seus olhos se aumentaram quando lutava contra as necessidades de seu corpo. Ela o queria. Jared o sabia.

   —Você gosta da forma que a toco.

   Ele se moveu como um predador. Duas mãos enormes aterrissaram na metade da cama quando ele saltou através dela. Sua mente esqueceu aqueles protestos e tudo ao redor. Seus lábios formaram um sorriso quando ele deixou que sua própria excitação controlasse a situação.

   —Hum, você tem medo de si mesma. Eu poderia te ajudar a enfrentar sua fobia.

   Mas Jared não teve interesse em persegui-la através da cama. Ele manteve seu vínculo aberto enquanto seus olhos se ampliavam com a intensidade, observado cada reação. Fluiu de ambos os corpos uma necessidade de união e contato que ameaçou lhes sua sanidade mental, isso corrompia suas idéias sobre o bem e o mal.

   Aquilo a assustou como a morte. Jared manteve sua mandíbula unida e saiu da cama. Seu medo afugentou seu instinto, envenenando seu desejo de reclamá-la. Ele empurrou a porta aberta com muita força e a fechou de repente com mais força ainda.

 

   Embalando suas mãos sob a torneira, Roshelle as usou para salpicar água para seu rosto. O líquido refrescante golpeou seus olhos, diminuindo o ardor.

   A porta se abriu atrás dela causando lhe pânico. Ela não poderia enfrentar outra prova justamente agora.

   A porta se fechou de novo quase antes de ser aberta completamente. Seus olhos examinaram o prato de comida deixada na mesa. Alcançando o copo de água ela desfrutou a refrescante bebida, mas o resto da comida não lhe interessou.

   O sol estava se pondo. A única janela que sua prisão oferecia se acendeu com o resplendor do por do sol. Nada mais que umas simples persianas cobriam a abertura na parede. Movendo-se para ela alcançou a varinha plástica que permitiria abrir a janela.

   Seus olhos apreciaram a beleza do bosque. Esta casa estava rodeada por ele. Roshelle não pôde ter imaginado algo tão perfeito.

   Alcançando o fecho, ela empurrou o vidro corrediço. A brisa da tarde passeou por ela, rodeando-a com a fragrância das montanhas. Devorando-a em uma respiração profunda. Não havia nada tão doce como aquelas árvores. Um arrepio percorreu seus braços lhe fazendo franzir o cenho.

   Seu corpo era muito sensitivo. Desafiava-a sua compreensão. Como ela havia desenvolvido semelhante atração com um homem que não conhecia? Seu temperamento se agitou, mas isso não mudou as coisas. Seus peitos realmente se elevaram quando a lembrança de seu tato atuou através de seu cérebro com a perfeição do cristal claro. Seus mamilos doeram quando ela recordou da boca quente acariciou uma parte sensível e pequena de seu corpo.

Roshelle balançou a cabeça quando a dor viajou para seu ventre. Ela nunca tinha sido tão perfeitamente consciente de suas necessidades sexuais. Seu corpo pulsou em uma onda quente de desejo que lhe fez estremecer-se.

   Roshelle agitou sua cabeça em repugnância com seu corpo. Ela tinha que sair dali antes que seus hormônios a metessem em problemas. As imagens escuras dele movendo-se por seu corpo flutuavam por sua mente. Ele a desejava e as idéias estavam flutuando entre suas mentes.

   Rodando sobre seus pés, Roshelle olhou fixamente à porta. O medo tinha uma maneira cômica de aumentar os sentidos de uma pessoa. Cada som chegava com um volume assombroso. Ela se lembrava da forma que a porta se fechava. Em nenhum momento escutou o som da chave na fechadura.

   Bem, era o momento de averiguá-lo! Sua mão agarrou o cabo da porta, enquanto seu pulso dava volta. A porta abriu lhe outorgando a liberdade que ela procurava. A única luz que brilhava na casa era de seu quarto. Entrando no escuro corredor. Nada se moveu, nenhuma ordem de retornar a sua cela foi emitida.

   Endireitando seus ombros, Roshelle deu os primeiros passos à liberdade. Apenas a casa lhe dava a boa vinda permitindo lhe um rastro de esperança. Seus captores confiavam que seu próprio medo a manteria prisioneira. Era penoso descobrir quão acertados estavam.

   Bom, ela estava fora desse maldito quarto e Roshelle tinha a plena intenção de caminhar diretamente para fora pela porta principal da casa. A estrutura da mesma era muito pequena. O corredor estava conectado a uma sala. Mais à frente seus olhos observaram uma visão fugaz de uma cozinha. Enquanto se aproximava da porta principal, estando de pé no lar que estava situado frente à porta. Nada mais que um sofá havia no quarto.

   Uma porta batente estava justamente atrás desse sofá. Roshelle observou isso. A pesar do fato de que a porta estava fechada soube exatamente o que havia atrás dela. Podia cheirar o ar do quarto. Esse era a quarto principal. Seu quarto.

   Agora mesmo estava vazio. Ela quase poderia saborear o homem em sua língua, mas seus sentimentos lhe disseram que estava sozinha no momento.

   Não por muito tempo! Roshelle tinha se preocupado com sua amiga. Agora que tinha encontrado sua liberdade tinha a intenção de encontrar Christina. Ela se lembrava de uma segunda casa. Movendo-se para a porta principal, surgiu à vista.

   Era a única outra estrutura à vista. Christina tinha que estar ali.

   Esfregando-as mãos sobre seus braços, Roshelle se obrigou a sair de noite. Tinha vestido umas calças jeans e um Top de algodão. Uma vez que o sol ficava nas montanhas de Washington, a temperatura caia dramaticamente.

   Desejando sua jaqueta de lã, obrigou-se a sair de noite. A segunda casa estava a 1 km de distância.

 

   —A vida parece ter complicado bastante.

   As palavras de Shane estavam muito próximas da verdade para a comodidade de Jared.

   —A loira te mandou plantar batata outra vez?

   Agachando-se ao lado de seu amigo, Shane considerou o comentário.

   —Parece um anjo, mas sugiro que leve um agasalho para impedi-la de te congelar enquanto está próximo a ela.

   Lançando seu olhar sobre o homem ao lado dele, Jared fez uma careta. A senhorita Christina Faulkner exprimia claramente sua opinião negativa da situação atual. Justo como um par de enigmas que aquela situação apresentava, o contínuo desafio de Roshelle impedia Jared pôr uma conclusão a este caso.

   Ele grunhiu em frustração. O problema principal era que não estava perto de resolver algo. Roshelle lhe dizia a verdade. Não havia jeito de mentir para ele. Isso só complicava a situação ainda mais.

   Se libertasse às mulheres, eles as matariam.

   Movendo seus olhos atrás para a fonte de seu desgosto, Jared piscou umas poucas vezes para esclarecê-los. Ela serenamente caminhava atravessando diretamente o caminho do frente.

   Shane se divertiu silenciosamente com aquela situação. Ele se perguntou quanto tempo a pequena doutora iria permanecer quieta. Jared saltou de seu lugar e rapidamente estava cruzando a distância entre eles.

   Essa diversão morreu abruptamente quando a mulher avançou rapidamente em busca de atenção. Jared era maior que ela uns bons 37 centímetros. Jared tinha a noite como cobertura; com as luzes do cercado iluminando-a havia pouca possibilidade de que ela pudesse ver seu adversário. Mas ela voltou seu corpo para enfrentar sua companhia aproximando-se.

   Shane balançou a cabeça. Ele tinha trabalhado com psíquicos a vida inteira. Roshelle tinha muito mais que o instinto a guiando. Ela adestrou seus olhos no Jared possivelmente não os vendo.

   Ela o podia sentir e isso explicava o mau humor de Jared.

   Complicado? A confusão sangrenta parecia a melhor parte do bolo.

 

   Esse maldito medo estava tentando aparecer novamente. Roshelle o impeliu. Ela iria encontrar Christina! Ela poderia sentir esses olhos verdes sobre ela. Não obstante sua determinação para perseguir sua meta, não havia nenhuma maneira de que ela pudesse desprezar seu sentido de autoconservação. Este não era um homem a quem pudesse dar as costas.

   —Retorne ao seu quarto.

   Essa voz profunda navegou dentro da escuridão. Ele se deteve repentinamente perto de seu campo visual.

   —Quero ver Christina.

   —Não.

   Sua voz levou uma nota que indicou que ele esperava obediência completa a sua ordem. Tendo a vista posta na noite, ela o buscou. Seus olhos não poderiam encontrá-lo, mas sua mente pôde. Ela ficou apreensiva com o conhecimento de sua companhia. Ela tinha chegado longe com isto, anunciando sua presença, já era a hora de colocar os pingos nos “is”.

   Ele se dissipou na escuridão até que menos de um metro os separou obrigou a inclinar sua cabeça para trás para encadear seu olhar ao seu.

   —Fui uma vítima. Não o inimigo. Não ficarei encarcerada como um prisioneiro.

   Malditos fossem seus olhos castanhos que pareciam tão sinceros. Jared apertou seus dentes outra vez.

   —Sendo esse o caso, não recomendaria que deixasse este complexo.

   Roshelle se assustou quando uma nova voz emitiu essa advertência. Ela tinha estado completamente atenta ao seu adversário. O segundo homem tinha caminhado atrás dela. Girando sua cabeça ao redor, sentiu sua mandíbula cair em resposta à visão de a saudação.

   Shane se deteve quande Roshelle o olhou boquiaberta. Dois metros não era algo que a maioria das pessoas pudesse resistir olhar fixamente. Com 1.68 metros sua cabeça só lhe alcançava a metade do peito.

   —Economize sua preocupação. Christina e eu estaremos muito bem.

   —Quem fez esses cortes em seus pulsos?

   As bandagens que cobriam seus pulsos eram um aviso latente do quão indefesa tinha sido. Ela simplesmente não estava segura de que estivesse mais segura agora. Estes homens não eram os amáveis vizinhos em que uma garota pudesse sentir fácil confiar.

   Não, como encontrar ursos pardos em seu pátio traseiro. A coexistência estava completamente fora de consideração!

   —Estou segura que o departamento do xerife o pode dirigir essa situação.

   Jared considerou o seu adversário. Eles tinham um assunto pendente. Mante-la totalmente afiançada em sua montanha soava maravilhosamente bem a seus ouvidos. Um sorriso lento cruzou sua cara quando ele considerou sua presa. Para aproximar-se do xerife, ela teria que descer de sua propriedade. Ninguém cruzava a fronteira sem a aprovação de Shane ou a sua.

   —Benton esta a vinte e seis milhas ao sul.

   De qualquer jeito? A expressão de seu rosto recordava a um predador quando via a aproximação de sua presa.

   —Não pode cruzar essa área. É proibido qualquer pessoa atravessar essas fronteiras. Enquanto você não faça isso…

   Ele de um passo a cada palavra proferida. Sua cara se ruborizou de vergonha diante do seu recuo covarde. Ela realmente tentou não perguntar o que aconteceria, a alegria pura expressa em sua cara lhe disse que ele a fazia cair em uma armadilha.

   Mas ela tinha que saber…

—O que?

   —Vão atirar.

  

   Ultimamente Roshelle descobriu como o tempo demora a passar quando estava vivendo um pesadelo. Apesar de muito avaliar a situação, ela sentia uma preocupação ao relembrar a última ameaça dele.

   Ela sentia uma ponta de perturbação, talvez se devesse aos novos acontecimentos, a bala que dispararam ou muito provavelmente também se devia ao fato de ver as sentinelas trocando de turnos cada doze horas.

   Os homens em questão subiriam em um caminhão com seus fuzis entre seus braços. Caras duras acompanhadas de corpos tremendamente fortes. De fato, o tipo de homens que habitavam esta montanha causava a Roshelle a necessidade de redefinir seu conceito do que eram os homens. Os jovens doutores e as amizades que ela tinha como homens não entravam dentro desta categoria precisamente.

   Talvez fosse a falta de sonho, não sabia bem. Mas repentinamente Roshelle soube exatamente a diferença entre este e o outro grupo de captores.

   Não faziam planos para matá-la.

   Embora houvesse varias alternativas desagradáveis, o fato de que ela não estava em perigo de receber uma bala em qualquer momento, tirou-lhe uma grande parte da tensão dos ombros.

   Infelizmente, logo que desapareceu o medo de uma morte iminente, a dúvida lhe penetrou a mente. Talvez estas pessoas não tivessem planos de matá-la, mas eles estavam longe de ser amistosos.

   Especialmente ele.

   Franziu o cenho. O homem devia ter um nome. Considerando o fato de que ele tinha penetrado sua mente e atuado com tanta familiaridade, pareceu-lhe bastante injusto não saber seu nome.

   Uma risada curta lhe escapou da garganta. Justo? Ultimamente a vida era algo exceto justa com ela. Mas… se o que Roshelle queria saber era um nome, então duvidava que fosse encontrar a resposta dentro desse quarto. Não, se ela queria algo destas pessoas, teria que ir buscá-lo. Embora isso fosse menos tão simples como um nome. A fraqueza não era algo recompensado nesse lugar.

   Roshelle ficou parada, apoiando seu corpo contra a porta. Adaptar-se às regras desta gente não tinha lhe ajudado muito. Empurrando para frente seu queixo, ficou em movimento. Podia não gostar das regras da casa, mas não havia maneira de retornar ao mundo real se ela não o confrontasse outra vez.

Em uma forma estranha, estava esperando outro encontro com seu espectro do sonho. Cada vez que o encontrava, ele perdia um pouco a característica de pesadelo. Ele parecesse com um menino inspecionando sob sua cama antes de apagar a luz, mas Roshelle trataria de dar a melhor cartada daquele jogo. Sairia e olharia de frente o seu monstro. Possivelmente assim pudesse encontrar a coragem para desafiá-lo enquanto estava com ele!

 

   —Espero que a doçura esteja me olhando.

   —Quando essa garota o ver, você não terá nenhuma oportunidade com ela.

   —São reais essas tetas?

   —Isso importa a quem?

   Meu deus pensou Roshelle, devia existir alguma lei da natureza que decretasse que os homens naquela montanha fossem tão enormes?

   Roshelle havia conhecido homens altos em sua vida, mas eles tinham um pouco mais de um metro e oitenta! Não era simplesmente a altura. Seus peitos mostravam grossos músculos que os faziam mais imponentes.

   Obrigando-se a seguir seu caminho. Ele estava sentado entre um grupo de seis homens, todos eles empenhados no que parecia ser alguma tarefa de limpeza dos fuzis. Sustentavam firmemente as armas negras sobre seus regaços, algumas partes desmontadas da armas estavam organizadas de forma a facilitar sua montagem, enquanto as mãos trabalhavam nos tambores abertos.

   Jared inseriu seus dedos na arma que sustentava. O fato de que ela tivesse juntado coragem necessária para sair buscá-lo parecia agradá-los. Mas os comentários de seus homens o incomodaram bastante. Roshelle podia ter a melhor dianteira sob sua blusa, mas isso não era da incumbência deles.

   Fixando a direita, Roshelle cravou os olhos no objeto de seu dilema. Ignorou aos homens que a rodeavam. À medida que ela se aproximava, os sorrisos nas caras ásperas se fizeram mais notáveis. Não era necessário ser uma rainha de beleza para saber o que acontecia naquelas mentes nesse momento.

   Tampouco necessitava de muita experiência para saber o que eles pensavam. Suas bochechas se coloriram quando o calor a invadiu, na mesma medida em que a mente dele se conectava com a dela. Excitação crua golpeou seu estômago e seus mamilos se endureceram notavelmente. O calor se estendeu pelo seu corpo até que chegou ao ventre. Ele levantou as comissuras dos lábios firmes em um sorriso notável, ao mesmo tempo ele arqueava sua sobrancelha observando-a.

   Súbitamente, os homens sentados ao redor dele, endireitaram-se. Seus sorrisos se ampliaram enquanto os olhos refletiam um interesse crescente. Era um olhar que Roshelle tinha aprendido de cor. Dando uma volta, deixou que um sorriso cruzasse sua cara.

   Christina vinha em sua direção. Graças a Deus! Roshelle, aliviada, deu meia volta. Uma risada aguda saiu do peito dele, fazendo explodir de raiva. Mas Roshelle não se atreveu a olhá-lo. A maioria dos homens apenas suspeitava quando uma mulher estava sexualmente excitada. Mas este, sabia sem sombra de dúvida o quão débil era sua carne. Para piorar a situação, Ele deixava que suas próprias emoções fluíssem entre eles. O desejo masculino alimentou sua própria necessidade violenta, fez o impossível para resistir ao desejo de se aproximar dele.

   Alegre, essa era a única maneira em que se podia descrever o abraço que as duas mulheres compartilharam. Roshelle deixou de prestar atenção nele e correu para os braços abertos de sua amiga. Jared trocou de posição, suas calças se tornaram incômodos como resultado de sua ereção. O formoso traseiro dessa mulher o enlouquecia. O enlace entre suas mentes fazia que a necessidade fosse mais dolorosa porque era impossível de ignorar. Roshelle fugia dele, daquela atração e tudo o que ele queria fazer era caçá-la.

   O desejo rude e primitivo o endureceu ainda mais. Um psíquico não se encantava somente com o nível físico de uma mulher, havia mais. Roshelle lhe oferecia uma associação verdadeira de intimidade. Suas mentes poderiam fundir-se completamente da mesma maneira que seus corpos.

   As mulheres se afastavam enquanto Jared limpava seu rifle. Ele sabia que deveria deixá-la retornar a sua vida de civil. Seu membro pulsava com força, assim que ficou de pé. Fixou a arma em seu ombro enquanto se afastava de seus homens. Seu corpo vibrava de necessidade. A fome o assolava até encontrar a barreira de seus princípios enquanto se obrigava a afastar-se de Roshelle.

   A vida poderia ser uma verdadeira merda às vezes.

 

   —O que se está queimando?

Com sua amiga dentro de casa, Christina enviou lhe outro sorriso.

   —Estou cozinhando.

   —Christina, querida, segundo lembro, não existe a palavra cozinhar no seu dicionário.

   Se sentado na cadeira, Roshelle olhou sua amiga. Christina moveu a cabeça como era seu costume, antes de dedicar sua atenção ao que fora que constituíra a obra culinária que estava criando na fornalha da cozinha. Havia várias caçarolas sobre o fogão e levantou as tampas examinando seu trabalho.

   —Sim, mas Shane Jacobs não sabe isso. Aquele bruto, não sabe de nada.

   Sua amiga esboçou um sorriso diabólico antes de olhar uma colher de pau sobre a pia.

   —Shane sugeriu que eu passasse o tempo na cozinha. Nem Deus permitiria que eu estivesse contraria.

   Já era ótimo que atuasse como uma covarde. Mas posta a escolher entre sua amiga ou ele, Roshelle decidiu esconder a cauda entre as patas e escapar. Era seguro que de qualquer maneira escolheria a companhia de sua amiga antes que a dele.

   —E agora o que, doutora?

   —Por que está me perguntando?

   Deixando cair uma tampa novamente em cima da panela, Christina moveu seus olhos azuis ao redor de sua companheira.

   —Seu histórico é bastante melhor que o meu. Tudo o que consegui fazer foi me deixar seqüestrar. Para uma mulher moderna, você não tem feito nada para nos salvar do perigo.

   —Veja como minhas atitudes resultaram, agora estamos prisioneiras nesse local.

   Levantando-se Roshelle olhou a vista que lhe oferecia a janela de cozinha. Enquanto os homens ainda estavam sentados com suas armas, ele já não estava mais com eles. Ela se arrepiou ligeiramente, devia reconhecer que havia conforto ao encontrá-lo ao seu lado.

   —Estamos evoluindo considerarmos nosso último anfitrião.

   Era realmente assim? Roshelle não estava segura. Tampouco tinha maneira de lhe explicar a Christina seus encontros com ele. Ao menos não podia fazê-lo sem lhe dizer coisas que não queria contar.

   —Justamente desejaria ter ao menos uma pista que nos indique onde estamos.

   —Shelly, acredito que deveria sair mais freqüentemente.

   Dando a volta, Roshelle tratou de compreender a diversão impressa na cara de sua amiga. Não havia nada engraçado na situação em que viviam.

   —Estamos diretamente no coração da Montanha da Bruxa. Como poderia não sabê-lo?

   —Bem, meu carcereiro não se incomodou em apresentar-se!

   Balançando a cabeça, Christina começou a revolver todas as coisas das gavetas.

   —Esqueci que nunca saiu muito.

   Ela tirou especiarias de uma gaveta e começou a jogar vários tipos de temperos na mesma panela. Não se preocupava com o que estava fazendo e nem se incomodou em ler as etiquetas.

   —E o que isso significa?

   —A família Jacobs aparece no acampamento ianque de vez em quando. Esse gigante é o moço maior, Shane.

   —Christina, esse homem não é um moço!

   Um sorriso leve lhe cruzou a cara antes de responder.

   —Confia em mim Shelly, ele é homem, ou seja, nunca vai amadurecer. O tamanho da embalagem é irrelevante.

   —Está bem, então estas são pessoas de fato, civilizadas. Pelo menos um deles o é. Para que nos querem?

   —Penso que ainda têm que decidir.

   —No limite desta propriedade, estive esperando que em qualquer segundo me chegasse à ordem de execução.

   —Sim, pois bem os moços Campbell sempre foram um grupo bastante intenso.

   —Campbell como o xerife Campbell?

   Christina simplesmente assentiu com a cabeça ao tempo que levantava um prato vazio da mesa. Roshelle sempre tinha sabido que Brice Campbell possuía a terra vizinha a sua avó, mas nunca se inteirou que o homem fosse casado.

   —Não sabia que o xerife tinha uma família.

   Ela tinha crescido com a Abba e não era um segredo. Mas Abba era excessivamente educada e ela preferia uma vida pacífica. Os fins de semana passados no Jennings Mill eram o, mas excitante que tinham tido. Além de Christina, Roshelle mesma jamais respirou muita vida social. Ela nunca sentiu que lhe faltasse algo a sua vida. Com os poucos moços nos quais se interessou lhe tinham alcançado alguns encontros nas celebrações históricas mensais. Sem nenhum estímulo de parte de Roshelle, nenhum dos presuntos pretendentes a havia convidado alguma vez.

   —Penso que ele tem três filhos. Mas realmente nunca os conheci.

   Esse pequeno fato não era nem um tropeço para sua amiga. Roshelle se assombrava com a quantidade de garotas que queriam fazer amizade com Christina, buscando tirar vantagem da atração que ela exercia na população masculina.

   A idéia de que poderia haver outros dois homens similares a seu espectro não fazia muito bem a seus nervos. Roshelle deixou de lado esse pensamento perturbador. Tinha problemas suficientes por agora para pensar nas possíveis complicações por vir. Ele era o único que ela precisava superar.

   Um passo de cada vez. Ir-se dessa montanha não deveria ser tão difícil. A ameaça de atirarem poderia ser um blefe. Roshelle simplesmente desejou que fosse assim.

 

   —A idéia dessas duas cabeças pequenas e bonitas pensando juntas me deixa bem aterrorizado, meu amigo.

   —Podem brincar até o dia do julgamento final, está decidido, ela ficaram aqui.

   Contemplando a cozinha de Shane, Jared considerou justamente quanto tempo deveria deixá-la com sua companheira. Isolar Roshelle de qualquer forma de consolo a conduziria diretamente a seus braços. Jared bufou aborrecido. Realmente não deveria planejar como manipular a sua pequena convidada, mas seu cérebro estava claramente centrado na tarefa de conseguir que Roshelle superasse o medo dele.

   Mas era mais que desejo sexual o que o fazia levar adiante a idéia de retê-la em sua montanha. Esse incêndio ocorrido na casa dela podia ser um movimento muito calculado para obrigá-lo a sair à luz do dia ou alguém a queria morta. Talvez ambas as coisas. E ele caiu numa armadilha, indo a sua ajuda sem nenhuma precaução. Teria sido ridiculamente simples alguém eliminá-la naquelas condições. Isso o deixava com a firme resolução de mantê-la sob sua vigilância.

   Teria sido muito mais simples tratar com ela como se fosse um inimigo. Em lugar disso, encontrou-se sentindo responsável por Roshelle. A emoção que sentia arrepiava sua nuca. Jared gostava da sua vida da forma que era; não havia absolutamente nenhum lugar para ela.

   Até encontrar entre as paredes de sua casa o perfume dela à deriva, quase parecia uma invasão. As mulheres não tinham nada o que fazer em sua montanha. Os perigos que rodeavam sua vida eram o suficiente para afastá-las.

   O objeto de seus pensamentos escolheu precisamente esse momento para aparecer. Roshelle deixou que a porta se fechasse atrás dela enquanto descia os degraus da entrada da casa. O sol da tarde acendeu seu cabelo mostrando todos os tons de cobre que havia nele. Se tivesse estado suficientemente perto para ver seus olhos, então Jared também teria visto como as pupilas marrons tornaram se douradas. Essa mulher recordava a um camaleão. A camuflagem era uma habilidade que utilizava de maneira extrema.

   Roshelle começava a acostumar-se ao olhar fixo dele. No momento sabia que havia várias pessoas vigiando-a e que ele era definitivamente um dos que a olhavam. Ainda quando ela queria acreditar que tinha vencido o pesadelo, ele ainda estava enraizado profundamente em algum local de sua mente. Entretanto o sentimento se transformava em algo penetrante, algo que pulsava através de seu ventre ordenando que o fosse a procurar.

   O som do motor de um caminhão chegou a seus ouvidos à medida que se aproximava. Os moços da guarda fronteira voltavam para passar a noite.

   Inclinando-se para frente, Roshelle caminhou até sua casa temporária. Um encontro com esse grupo era suficiente para ela. Ao mesmo tempo, retornar ao quarto onde a tinha agasalhado, parecia-lhe retornar as mãos dele. Parou, detendo-se no alpendre.

Talvez fosse a hora de provar sua fanfarrice.

   O caminhão estacionou na frente da casa de Shane. Roshelle observou enquanto os ocupantes entravam na casa. Era muito possível que não houvesse outros homens de serviço. Agora que ela pensava naquela possibilidade, era muito possível que estes homens estivessem fazendo algo mais além do que patrulhar uma fronteira.

   Além do que, isto era o condado do Benton, não o Pentágono.

   Estas pessoas tinham conseguido mantê-la aprisionada em um quarto usando seu próprio medo para obtê-lo. Não havia razão para que devesse acreditar sobre a ameaça de lhe disparar se tentasse escapar, talvez eles estivessem blefando.

   O destino parecia estar ao seu lado essa noite. Enquanto ela observava o caminhão vazio, duas figuras apareceram da noite para rodear o veículo e entrar na casa. Seu espectro de sonho caminhava ao lado de Shane Jacobs para reunir-se com seus colegas.

   Nesse momento, ele girou antes de entrar a casa. Os olhos de ambos se travaram em uma batalha que Roshelle sentia extremamente inclinada a envolver-se, mas ela sabia que no momento, tinha outra prioridade.

   Rompendo o contato visual, ela se introduziu rapidamente na casa fechando firmemente a porta atrás dela. Entrou rapidamente no seu quarto e teve sua recompensa. Movendo um pouco as cortinas, viu seu espectro entrando na outra casa. A porta se fechou atrás dele fazendo a sentir, durante um momento, completamente isolada.

   Roshelle pensou durante um momento em Christina, mas logo descartou qualquer pensamento. Com o amparo de escuridão para auxiliá-la, não haveria outra oportunidade melhor para escapar. Havia um número de perguntas pendentes a respeito destas pessoas, mas Roshelle confiava que não machucariam a sua amiga.

   Uma vez que ela alcançasse o escritório do xerife não haveria mais problemas.

   Seria uma larga caminhada. Movendo-se pela casa, procurou os artigos de primeira necessidade que serviriam durante sua viagem. O armário do vestíbulo continha um número de jaquetas que ajudariam a combater o frio noturno.

   Seus lábios se torceram em uma careta de fúria assim que avistou uma jaqueta que não era negra. Era verde escuro e pertencia a ela! Ela estava pendurada ao lado dos pertences dele. Roshelle a sacudiu com força para tirar do cabide e a pôs. Tomou outra jaqueta e a colocou em cima da dela para esconder a brilhante cor.

   A cozinha tinha uma porta traseira que ia utilizar para escapar. Sair da casa pelo norte a colocaria na direção equivocada, mas Roshelle pensava regressar mais tarde. Não queria arriscar sua escapada sendo vista por alguém.

   Crescer com sua avó a pôde ter mantido isolada, mas lhe tinha dado uma habilidade que era valiosa essa noite. Quando era uma menina, Roshelle tinha aprendido sobre essas montanhas. Sentia-se cômoda vagando pelas árvores mesmo na escuridão envolvia pelos bosques. Os sons que chegavam até seus ouvidos simplesmente confirmavam que ela estava em casa. As estrelas a guiariam em seu caminho de volta a Benton. Seus pés marcaram um ritmo enquanto Roshelle saboreava a volta à normalidade.

   Em sua cara apareceu o primeiro sorriso autêntico em muitos dias enquanto se imaginava chegando ao escritório do oficial para lhe pôr um ponto final a seus pesadelos.

 

   —Casaras comigo?

   —Quero ter dez meninos, sou muito ruim de cama e penso engordar a cada bebê.

   Sem piscar um olho, Christina proferiu com fúria sua réplica aguda. Estava cansada de homens a olhavam apenas com um rosto bonito. Os homens simplesmente se dissolviam aos seus pés sem pensar em algo que ela pudesse prover mais à frente do que sexo.

   A risada flutuando no quarto provocou que seus lábios se curvassem em uma careta de exasperação. Os homens eram criaturas tão patéticas. Estava condenada a morrer virgem.

   Saindo da cozinha, encontrou um olhar de cor avelã que a media. Shane Jacobs não estava impressionado com sua crueldade. Seus homens comiam como um grupo de meninos no pátio de recreio. O prato vazio frente à Shane lhe fez franzir o cenho. Sorriu e aplaudiu sua barriga. Comeu o desastre que tinha cozinhado sozinha para provar que podia. Estúpido.

   Jared olhou a batalha dos dois com os olhos entrecerrados. A loira não lhe interessava. Era muito simples bloqueá-la fora de sua mente.

   Quando Jared saiu do alpendre, um sorriso lento curvou os lábios. Embora os separassem uns bons 270 metros, ainda a podia sentir. O humor dela era muito bom e essa ligeireza invadiram seus sentidos, despertando sua curiosidade. Sentia que ela se agachou para cobrir-se de algo e não o tinha enfrentado. A total falta de lógica entre suas ações e suas emoções foi o que despertou sua suspeita. Abrindo a sua mente, Jared saiu a procurar a razão detrás de sua atual alegria.

   Independentemente da razão que sai de seu enlace, Jared desfrutava da habilidade de se conectar com as emoções dela em qualquer momento em que quisesse.

   Ao conectar-se com ela, outra vez sentiu um prazer puro derramando-se sobre seus sentidos. Jared franziu o cenho ao considerar esse sentimento. Até onde ele poderia ver Roshelle não tinha nenhuma razão para estar tão contente com sua situação do momento.

   Seus olhos se situaram sobre a janela de seu quarto. Jared tomou exatamente três segundos para confirmar que ela não estava dentro dessas paredes. Jared se surpreendeu ao descobrir que era capaz de sentir Roshelle. Assombrou-lhe porque a empatia não era sua especialidade.

   Mas o rastreamento o era.

   Jared tinha estado rastreando objetivos desde que tinha aprendido a caminhar. Uma vez que ele formava um enlace sólido com sua presa, caçá-la, não implicava mais que percorrer a distância necessária para chegar até ela.

   Seus pés começaram a mover ao mesmo tempo em que sua mente conseguiu enfocá-la. Jared se transformou no bosque escuro que rondava aquela residência. Seu corpo sentiu prazer com a caçada, ele era um caçador nato.

   Seus lábios se curvaram com uma implacável intenção.

   Desta vez ela era toda dele.

 

   Surpreendente.

   Absolutamente surpreendente.

   Roshelle balançou a cabeça pela décima vez. Outra vez estava prisioneira de seu próprio medo. Uma refém de um pesadelo que, apesar de tudo, era humano. Bem… ele não era de tudo normal. Não, seu espectro noturno não era alguém a menosprezar. O homem possuía uma mente que tinha uma precisão mortal.

   De uma maneira incomum, ia sentir saudades não sentir-se pressionada a enfrentá-lo outra vez. Sair a procurar o homem detrás de seu pesadelo era muito mais satisfatório do que Roshelle estava disposta a admitir.

   Mas era consciente de que devia deixá-lo para atrás. Roshelle já tinha escolhido o caminho de sua vida e tinha passado muitos anos ganhando o direito de segui-lo. Era uma doutora. A tempestade emocional que tinha experiente durante a semana passada teria que ficar atrás.

   Era estranha a maneira em que às vezes poderia sentir esse homem. Seus sentimentos nunca tinham sido tão persistentes. A sensação ia deslizando-se ao longo de sua pele nesse mesmo momento tão forte como um abraço.

   Ele estava localizando, procurando, caçando. A confiança irradiava de sua mente. Uma onda de triunfo estrelou contra a cabeça de Roshelle, uma fração de segundo antes que suas costas se açoitassem contra o tronco de uma árvore. Seus pés tropeçaram como se fossem literalmente empurrados fora de seu caminho. Mas ela não chegou a se chocar contra a árvore. Em lugar disso uma mão masculina controlou o balanço de seu corpo tomando-a fortemente da parte dianteira de sua jaqueta. Ele a levantou no ar e a colocou exatamente onde queria.

   Uma mão era tudo o que ele tinha usado para aprisioná-la contra essa árvore. Um par de pernas sólidas se apressou a bloquear qualquer rota de escapamento. Sacudindo sua cabeça para trás, Roshelle procurou com o olhar a confirmação de que não se achava a frente de uma criatura provida de seus sonhos. A luz da lua banhou os contornos duros de sua mandíbula, deixando transluzir seu sorriso.

   A cólera de Roshelle o impressionou. Jared poderia tocar a erupção de seu calor à medida que este surgia pelo corpo feminino. Em algum momento, nos últimos dois dias, ela tinha superado seu medo dele. Levantou o peito ao respirar fortemente, mas não provocado pelo terror, isso não a controlava essa noite.

   Não, ela estava absolutamente furiosa. Jared quase riu como resposta. Esconder sua recém adquirida coragem seria mais efetivo. O excesso de confiança era um engano que ele não faria outra vez com esta mulher. Mas essa vontade aberta para cercar um combate lhe era aditiva.

   Jared nunca havia encontrado com uma mulher tão intrigante com ela. Seu cérebro lhe exigia que investigasse a causa.

   —Penso que foste o suficientemente longe.

   —Se afaste de mim!

   Apesar de exigir liberação, Roshelle estava surpreendida de que lhe concedesse seu pedido. Mas ele a liberou, seu corpo se sentia mais apanhado por sua presença do que no momento em que a tinha aprisionado.

   —Sua mãe não lhe ensinou noções de educação?

   —Minha mãe me ensinou a caçar.

   Roshelle acreditou. Trocou de posição nervosamente enquanto via como ele se dissolvia nas sombras. Era como se ele se mesclasse na noite muito mais completamente do que qualquer ser humano seria capaz de fazer.

   Entretanto isso não lhe dava direitos para retê-la contra sua vontade.

   —Seus colegas não vão atirar em mim.

   Roshelle sentiu como sua confiança aumentava a medida de que dizia as palavras em voz alta. Tinha-o acusado de mentiroso e tinha ganhado!

   Quando esta mulher encontrou sua coragem, exerceu-o imediatamente. Jared sorriu abertamente em resposta. Ela não ia a lugar nenhum, mas iria voltar sob seu domínio.

   —Não, carinho, meus homens não vão disparar. Mas parece atrair a alguns que o fariam. Poderia viver bastante, mas deve retornar a montanha.

   O que a incomodava, não era a confiança que escutava nessa voz, era o tom divertido que emitia. Roshelle já tinha tido sua parte de maus momentos na vida, mas nada a tinha preparado para o que seu destino lhe estava proporcionando por agora. Quando isso ia mudar?

   —Decidi correr meus próprios riscos no escritório do xerife.

   Voltando lhe as costas, Roshelle voltou para seu percurso. Ela voltaria para sua casa e sua vida retornaria à normalidade!

   —Roshelle…

   Ela realmente tratou de ignorá-lo, mas o tom profundo de sua voz lhe exigia que cedesse ao desejo de olhá-lo. Seus passos se detiveram durante um segundo ao mesmo tempo em que se voltava para ver que era o que ele queria.

   Ele trabalhou com a efetividade de um caçador, a mente dela em sintonia com a dele. Com uma mão, ele a atirou diretamente para o chão. A gravidade o ajudou a tirar- lhe o equilíbrio enquanto a colocava sobre um de seus largos ombros. Um ligeiro movimento de suas pernas e seu corpo estava acomodado sobre seus dois ombros justo como o estaria qualquer presa recém caçada.

   Possivelmente se ao menos a levasse sobre um só ombro tivesse podido fazer algo para vingar-se. Mas sua posição atual estirada sobre as compridas costas de seus ombros a imobilizou. Tinha o pescoço dele apertado contra seu estômago enquanto que uma mão entrelaçava entre suas coxas para assegurar suas pernas, o outro braço estava travando seus bíceps e a parte traseira de seu pescoço.

   Poderia tentar rodar na sua atual posição, mas a situação que estava envolvida a impediu que realizasse uma ação tão impulsiva. Ao mesmo tempo, a força com que essas mãos a sujeitavam lhe recordavam que não ia ser simples soltar-se.

   —Sabe? Você é um grande problema.

   Ela gritou. Jared riu enquanto começava a trocar de direção e começa sua ascensão de volta a casa. O perfume dela o rodeou enquanto inalava mais profundamente à medida que empregava esforço para subir a montanha. Nunca tinha estado tão perto do centro de seu corpo.

   Esse perfume temperado com especiarias que o estava tentado se tornou forte e poderoso. Seu corpo reagiu com uma necessidade feroz. O fato de que ela estava tão zangada com que o desejo que sentia fosse mais difícil de ignorar. O temperamento dela tinha descartado todo o medo de sua mente, fazendo que a necessidade incrível de tocá-la se voltasse muito mais tentadora. Queria despir seu corpo até encontrar a fonte de seu perfume. Precisava saboreá-la até que ela gemesse outra vez sob seu toque.

   Pelo amor de Deus! Roshelle respirou com dificuldade enquanto cada um de seus terminais nervosos começava a explodir com a demanda da mente dele. Ele já não flutuava dentro de sua mente. Em lugar disso pareciam entrelaçados por cada emoção compartilhada entre eles. Podia saborear a intrusão, podia sentir a necessidade do corpo dele pulsando no seu. Sua pele pedia a gritos que a liberassem de sua roupa enquanto sentia como seu ventre se retorcia e ansiava poralgo muito mais profundo e intenso que uma carícia.

   Roshelle esperneou outra vez enquanto sentia como seu corpo se esquentava. Tudo era muito intenso. A necessidade de escapar do pulso entristecedor do desejo saiu em disparada através de seu cérebro.

   Roshelle quase gritou enquanto seu corpo caía sobre o piso do bosque. Uma banda de aço sólido apanhou sua cintura e evitou que caísse aos pés dele. Mas também a sustentou contra seu corpo sem deixar um só milímetro entre eles. Suas mãos se pousaram contra seu peito em um esforço por manter a distância. Um só dedo acariciou amavelmente sua bochecha enquanto lhe acomodava os quadris para que estivessem firmemente apertadas contra seu corpo. Ela sentiu como seu organismo tremia de necessidade ao sentir a evidência sólida de sua ereção pressionando contra seu ventre.

   —Se desejas que nos detenhamos aqui, está bem, mas não vou deixar você ir caminhando ao encontro de uma bala.

   —Não pedi sua ajuda.

   —Tampouco foi minha idéia de me oferecer voluntariamente para o trabalho. Isso não muda nada a situação que estamos enfrentando, Roshelle.

   Pronunciou seu nome em um tom rouco e sensual. O som lhe retorceu o estômago como uma rajada. A última vez que ele tinha usado esse tom tinha a beijado também.

   —Não o faça!

   Jared retrocedeu as palavras entre seus lábios. Ela avançou rapidamente e ele a seguiu. Seus lábios se abriram ante o assalto. Jared moldou seu o corpo ao dela e desfrutou da pura sensação que proveio de tocá-la.

   Render-se a ele era sua única opção. Roshelle gemeu brandamente enquanto sentia como sua vontade se desmoronava. O corpo dele se moveu e moldou ao dela, ao seu desejo. Sua boca foi feroz, ordenando acesso total a dela. Seus dedos se deslizaram para cima pelas costas e se enredou no seu cabelo mantendo a cabeça dela exatamente onde ele a queria.

   Jared levantou sua cabeça e jurou brandamente. A sensação era muito intensa. Era muito mais que a necessidade apaixonada de carne. Roshelle se fundia com sua mente enquanto lutava para submeter-lhe o corpo. Sua respiração escapou em gemidos baixinhos enquanto lutava para lhe rechaçar com força. Seus mamilos eram pontas duras cravando-se em seu peito como um convite. Sua boca se encheu de saliva ao pensar em provar seus mamilos. Em despir seu corpo e percorrer com sua língua cada polegada de seus peitos.

   Sua mão viajou por seu pescoço até seus seios. Roshelle gemeu enquanto sentia como seu corpo se arqueava para essa mão. Seus mamilos imploravam pelo toque, ainda mais pelo leve contato. Desejava-o ardentemente com uma devoção que eliminava qualquer pensamento racional. Ali mesmo, só havia necessidade e instinto. Conduziam-na para ele e para o corpo duro que seus dedos só poderiam medir através de sua roupa.

   Ela se estremeceu entre seus braços. Jared acariciou seu pescoço outra vez como se ensinasse a aceitar seu toque. A mente dela lutou contra a intimidade tanto como ele sujeitava sua necessidade imperiosa de possuí-la sem mais trâmites. Possuí-la aqui e agora, pressionando-a até que seu corpo se abrisse e cedesse a parte mais profunda que uma mulher podia dar a um homem.

Mas Jared não queria tomá-la desse jeito. Levantou o corpo e a colocou contra uma árvore. Pressionou seus quadris sobre as dela até que suas coxas se separaram para lhe permitir situar-se entre suas pernas. Ele capturou sua boca outra vez e empurrou sua língua profundamente procurando a dela.

   Não havia maneira de escapar. Roshelle não poderia evitar que sua própria língua procurasse a dele. Os lábios masculinos eram firmes, moviam-se sobre os dela e lhe ensinavam o movimento que desejava ardentemente. Ela suspirava de prazer enquanto tinha as coxas enlaçadas com força ao redor dos quadris dele. Seu corpo duro parecia agradá-la imensamente. Queria tocar essa dureza.

   As mãos de Jared a sujeitaram para conseguir colocá-la de maneira tal que ela estivesse em total contato com seu corpo. Para que sentisse o impulso duro de seu sexo contra suas próprias dobras. Roshelle ficou sem fôlego quando sentiu a sensação que queimava a entrada de sua passagem. Apesar das capas de suas roupas o toque a surpreendeu incrivelmente, a fez retorcer-se enquanto certa coisa incerta fazia seu cérebro sofrer uma erupção. Ele não a soltou. Ali estavam seus olhos brilhando ao mesmo tempo em que pressionava, outra vez, sua ereção contra o centro de sua feminilidade.

   Jared observou como seu nariz se dilatava. Era um detalhe básico e primitivo que lhe indicou exatamente a quão excitada estava. Os quadris se aderiram novamente quando ela o apertou entre suas coxas outra vez. Mas seus pensamentos se encheram outra vez dessa coisa incerta que, rapidamente, estava lhe enchendo de pânico. Ele se inclinou para frente para lhe dar um beijo na boca antes que ela deixasse que o medo lhe extinguisse a paixão. Quando ela se relaxou em seu abraço novamente seus lábios se pegaram aos dele.

   Jared a colocou outra vez sobre seus ombros antes de ceder ao desejo primitivo de empurrá-la a aceitá-lo. A confiança não era algo que alguém pudesse impor. Tinha que se construir. Cada vez que ele tinha forçado, ela tinha cedido, em cada abraço, um pouco mais de si mesmo, mas ainda não estava pronta a entregar seu corpo completamente.

   Essa mulher era um paradoxo

   O peso dela não era suficiente para frear seus passos; de fato seu peso era bastante confortável. Enquanto percebia o resplendor da luz artificial, um sorriso lhe dividia a cara. Fazer com que Roshelle retornasse a sua própria casa o deixava imensamente satisfeito.

   —Por que eu nunca encontro meus soldados na hora certa, em seu posto?

   —Penso que tomarei um segundo turno, Senhor!

   Vários outros homens se uniram à celebração da captura, aplaudindo quando deixou Roshelle no meio do caminho de acesso. Seu captor simplesmente a pôs de pé sem nenhuma advertência. Ser a diversão dos homens e dele enfureceu-a!

   Seu corpo se transformou uma massa de nervos trementes e lutou para evitar que notasse, enquanto o grupo de homens lhe sorria burlonamente. Mas o olhar nos olhos dele fez seus joelhos fraquejassem. O desejo que brilhava nas profundidades de seus olhos esmeralda não lhe prometia muito alívio ao domínio que exercia sobre ela. Roshelle se afastou dele. Ele estava parado em meio dela e o bosque lhe fazendo impossível que pudesse deixar o prédio sem desafiá-lo. Seus olhos estavam prometendo que ele se deleitaria com qualquer desculpa que lhe desse para levar a à casa.

   Roshelle levantou o queixo e olhou raivosamente para trás, olhou-o para ele. A risada de seus homens a enfurecia seu temperamento e ela se dedicou a sentir a chama de sua própria cólera para escapar do calor que despertavam por dentro as carícias dele.

   —Haviam-me dito que os homens das cavernas eram extintos. Vejo que a informação era incorreta.

   — Os homens das cavernas não preferiam arrastar a suas mulheres pelos cabelos?

   —Não sou sua mulher!

   —Penso que a dama protesta muito.

   Roshelle se voltou a ponto de enfrentar o soldado que se atreveu a citar Shakespeare em um lugar tão incivilizado. Qualquer tento de mostrar uma educação refinada lhe parecia quase um sacrilégio vindo deste grupo de depredadores.

   Embora soubesse que havia mais que uma forma de demolir a um homem.

   —Nem todas as mulheres têm corações suaves para animais tolos.

   Roshelle captou o sorriso zombador do homem ante a oportunidade que ofereciam as palavras dela.

   —Jared não quer um coração suave, mas bem que quer um lugar suave onde entrar.

   A crueldade absoluta das palavras do homem lhe arrancou um rubor. Percorrendo ao grupo com o olhar, notou que todos estavam desfrutando da total falta de princípios morais do camarada. Repentinamente, o desdém de Christina para o macho da espécie não foi tão difícil de compreender.

   Jared? Sua mente se aferrou o pedacinho de informação enquanto lutava para manter algum resto de dignidade. Dando meia volta, ela o encontrou olhando-a fixamente. De certa forma, lhe poder aplicar algo tão normal como um nome a este homem, desterrava o último de sua imagem de pesadelo.

   Ainda não estava perto da normalidade, mas ele se transformou em tão humano como ela. Levantando a cabeça, ela o percorreu outra vez com o olhar.

   —Quando era uma menina, uma de minhas histórias favoritas contava a batalha de um rei duende chamado Jared. Em certa forma, penso que o nome fica bem!

   Jared simplesmente não podia frear a gargalhada que lhe escapava do peito. Roshelle levantou seu queixo no ar da noite antes de caminhar a passos longos de volta a casa depois de proferir seu insulto final.

   Que bonito pacote de irritação feminina! Manipulá-la estava se voltando seu passatempo favorito. A pesar do fato óbvio de sua superioridade física, ela se recusou terminantemente, a reconhecer sua derrota.

   As mulheres sempre o haviam temido, especialmente as que se inteiraram de suas habilidades psíquicas. O medo as invadia e lhe via nos olhos antes que corressem em busca de amparo. Algumas poucas que seguiram com ele, jamais o tinham desafiado, preferindo submeter-se a sua vontade.

   Roshelle não era assim. Definitivamente não. Ela levantou seu queixo, colocou suas mãos em cima de seus quadris antes de lhe informar simplesmente o quão baixo lhe considerava. Mas seu corpo se pegou a ele assim que a tocou. Seu corpo pequeno encaixava a perfeição com o dele.

   Seu corpo se excitou enquanto olhava o balanço de seus quadris. Logo ia dar a boas-vindas entre essas coxas. Ia abrir se completamente para ele até que ambos se inundassem um dentro do outro, na mais completa intimidade.

 

   —Momento de abandonar a operação?

   —Não, acredito que precisaríamos ajustar nossos parâmetros.

   Um par de olhos frios considerou a informação estendida sobre seu escritório. Ainda poderia ser possível alcançar sua meta.

   A rentabilidade deste projeto tinha diminuido significativamente com a perda de equipe. Perdas de homens eram irrelevantes. Com dinheiro podiam se conseguir muitos mais. Sua falta de habilidade foi responsável por sua perda; a única preocupação verdadeira era a equipe que a unidade de Jared Campbell possuía.

   Além das folhas de informações geradas pelo computador, havia várias fotos também. Uma mão lenta removeu uma delas da parte superior de um escritório para uma inspeção mais detalhada.

   A pequena doutora era surpreendentemente interessante. As mulheres civis raramente davam trabalho. Eram exemplos lastimosos de uma sociedade que nadava em seus próprios excessos.

   Seu nível de educação a fazia uma candidata muito melhor que qualquer uma que estivesse trabalhando no projeto. A inteligência era o ingrediente crucial. Poderia ter esperado uma fêmea de maior tamanho, mas havia formas de vencer essa deficiência.

   Sim… Ela precisamente poderia cumprir perfeitamente com suas necessidades.

  

   —Christina eu estou ficando preocupada com você.

   Com uma espátula na mão, Christina girou da boca do fogão para olhar a sua acusadora.

   —Ele o comeu! De um puxão.

   Uma risada chateada escapou da garota antes que voltasse para sua última criação. Roshelle deslizou em uma cadeira quando considerou sua falta de opções para o dia. Não gostava da inatividade.

   —Penso que deveria advertir-te que penso em tirar sua força. A minha cozinha em forma de prisão parece estar equipada com nada mais que um abridor de latas e uma cafeteira.

   —As coisas básicas para um homem da caverna.

   Roshelle fez uma careta. Nos três dias desde que Jared a tinha trazido-a de volta a este complexo, cada vez que ela cruzou com um soldado ele tratou de caminhar como um gorila e lhe grunhiu apropriadamente.

   —Deveria ter ido à Universidade de treinamento de assassinos em lugar da Escola de Medicina.

   —Bem, pelo menos não estás descalça.

   Tomou um momento compreender o comentário de sua amiga. Olhou-a fixamente confundida quando Christina levantou um de seus pés do chão para menear seus dedos nus no ar.

   —Alguém tomou seus sapatos?

   O composto que separava as duas casas era muito básico. Ambos os caminhos de acesso não eram mais que piso do bosque. À exceção dos rastros de pneumáticos, as casas mesmas estavam rodeadas pelo bosque. Cruzar a terra coberta com agulhas e pedras era extremamente imprudente sem sapatos.

   —Em resposta a sua bem-sucedida escapada decidiu colocar um obstáculo para evitar que eu deixe esta casa.

   —Esteve longe de ser bem-sucedida. O oposto, se você me perguntar.

   —Bem, certamente conseguiu muita atenção.

   —O que quase consegui foi um certificado de falecimento.

   Jared fechou os olhos quando Roshelle lhe fulminou com o olhar. A surpresa passou brevemente sobre esses olhos marrons antes que camuflasse a emoção. Abandonando seu posto fora da porta de cozinha, entrou para ver se sua coragem recém descoberta suportava uma inspeção mais próxima. Era hora de pressioná-lo suficiente para lhe tirar alguma informação. A falta de novidades sobre seu caso a deixava nervosa.

   Quem quer que esteja lá fora, não era um aficionado.

   —Humm… vamos ver… faz três dias desde que me ameaçou. Especulo que está atrasado.

   Ver o homem à luz do dia a ciente de seu tamanho. Havia algo sobre a maneira que ele se mesclava dentro com a escuridão que fez que se esquecesse exatamente de quão grande era. As paredes da cozinha, apesar de seu grande tamanho, simplesmente a rodearam quando ele entrou. Seu peito se apertou em resposta. Sentindo-se desequilibrada, Roshelle caminho e deixou a cozinha. Não gostou do modo que seus olhos verdes a olhavam fixamente, a fez sentir-se tão… exposta.

   Tinha confrontado seu pesadelo. Descobrindo que era um ser humano depois de tudo. Além disso, se recusava a sentir medo nesse lugar. Não era parte desse mundo medieval.

   Atualmente aquele homem representava cada obstáculo entre ela e a vida a que estava se desesperada por voltar.

   Parando repentinamente dos passos que a conduziam a casa de Jared, Roshelle voltou para o bosque que a rodeava. A luz da tarde se filtrava através das árvores enquanto que a brisa levava a frieza do outono. Uma vez que entardecesse, a temperatura descenderia dramaticamente. De alguma forma sua amiga tinha se adaptado a esse alojamento. A jaqueta que a tinha protegido durante sua tentativa de fuga tinha desaparecido. O guarda-roupa foi esvaziado.

   O aborrecimento a tinha feito sair para ver sua amiga. Retornar a seu quarto antes que a temperatura baixasse, parecia-lhe deprimente.

   Ela se encontraria cravando os olhos no teto muito logo.

   Além disso, ele ainda a vigiava. Podia sentir seu olhar. Isso não era tudo o que podia sentir. Seu corpo começou sua súplica outra vez. Três dias de desejo quase a tinham enlouquecido. A onda física de desejo sexual formaria uma crista e diminuía, mas sempre voltava.

   Então, tinha evitade Jared enquanto usava cada última ponta de força que tinha em bloquear sua mente. Seu corpo alimentou o desejo, atravessou seu enlace da mente. Quando suas necessidades fluíram nela, compensou uma reação frenética que sua vontade pareceu impotente de parar.

   O terreno áspero de sua prisão no topo da montanha tinha certa vantagem. Poder caminhar para tirar suas frustrações, era muito satisfatório.

   Jared avançou ao mesmo passo que sua presa. Seu passo não era frenético nem preguiçoso. Mas a mulher desgastava suas botas em uma tentativa de enganá-lo com astúcia. Algumas vezes a parte mais importante de uma batalha era saber o momento correto para atacar a seu inimigo.

   Roshelle tinha um traseiro apertado que ele desfrutou de observar quando saiu. Quando trocou de direção, Jared ficou vendo seus peitos que se moviam sob a camisa que vestia.

   Este era seu bosque. Shane e ele tinham feito o bloco central na estação anterior. O lado norte da montanha sustentou a casa em que sua mãe tinha criado a sua família.

   Inclusive na metade de sua vida, Grace Campbell era uma força que teria que ser levado em conta. Jared não tinha grandes expectativas de lhe explicar a adição de dois civis. O coronel Jacobs ia estar menos contente com a brecha de segurança.

   Jared apertou sua cara em uma careta. No momento, não houve pergunta de uma brecha. Roshelle não ia a lugar nenhum. Não desde que descobriu por que eles a tinham encontrado em meio de um grupo muito bem armado de mercenários.

   Roshelle era a parte inocente de seu mundo. Não lhe ocorreu que havia inimigos fora dali que o departamento do oficial não estava equipado para dirigir. Jared a amarraria a uma árvore antes de deixá-la voltar para a linha de fogo.

   Apertando seus lábios, preocupado, Jared refletiu sobre suas próprias emoções referentes ao seu dilema atual. Roshelle se tornando um problema maior a cada dia que ficava em sua propriedade. Sua crescente preocupação por seu bem-estar lhe fez trazê-la a sua casa.

   Os fortes laços com seus homens eram uma coisa. Forjar qualquer maneira de elo com uma mulher era outra coisa. Especialmente uma fêmea civil que não tinha uma pista referente ao que era. Jared duvidava muitíssimo que Roshelle tivesse qualquer noção de que operários como ele existissem.

   Mas ele esquecia a habilidade desta mulher em camuflar seu ser verdadeiro. Roshelle já sabia muito mais dele do que a metade de seus homens. Ela o podia sentir.

   Existia a possibilidade muito real de que o exército decidisse que Roshelle poderia ser útil como operário. Os verdadeiros psíquicos eram muitos estranhos. Se Roshelle resultasse ser tão forte como suspeitava que o fosse, o Exército nunca permitiria que voltasse para a população civil.

   O tombo de imaginar-lhe em uma unidade de provas o golpeou diretamente nos intestinos por sua fealdade. Roshelle olharia essa vida como nada melhor que a escravidão. Condenada seria se Jared não pudesse ver uma solução.

 

   Meu Deus! Roshelle de certa forma tinha estado doida quando achava que estava em boa condição física. Olhando a última luz desvanecer-se das árvores, levantou seu pulso para ver a hora. Só tinha estado passeando por três horas, mas suas pernas gritavam em sinal de protesto.

   Apoiando suas mãos em suas coxas, mexeu suas pernas para alongar o corpo. Logo que tinha encontrado algo que fazer por si mesmo. Considerando os destinos que sua vida estava tomando recentemente, construir um novo lar definitivamente estava em seus planos.

   Ao menos caminhar não era mais aborrecido que sentar-se em seu quarto. Ela tinha revistado a casa de cima. Não havia nem sequer uma revista Playboy no lugar. Que tipo de soldado não tinha uma revista de nus femininos ao seu redor? Não era um requisito do asqueroso código de conduta masculina?

   Bem, sentiu-se atraída para a porta do quarto de Jared. Um estremecimento delicado atropelou seus ombros quando considerou isso. Ela tinha deixado ao aborrecimento revolver os armários do homem. Roshelle podia ouvir a Abba agora. Sua avó estaria desolada por descobrir a sua neta comportando-se de uma maneira tão baixa.

   Roshelle apostaria que havia um montão de coisas no dormitório principal. Estava começando a ficar frustrada. O problema era que não viu o que havia detrás daquelas portas como um dormitório simples. Sua mente oferecia a visão de um refúgio cheio de animais selvagens. Era melhor ficar afastada de certas coisas.

   O ar gelado a fez endireitar-se e voltar para a casa. Tendo posto nada mais que um Top de manga curta, se perguntava o que vestiria para dormir. Esfregando suas mãos sobre sua pele exposta, sentiu o arrepio que se formou em seus braços.

   Roshelle parou repentinamente quando estava preste a voltar para seu quarto. Absorta em seus pensamentos não pressentiu sua companhia ardente. Registrando as sombras, seus olhos não encontraram nada, mas soube que Jared estava ali. Roshelle duvidou que estivesse alguma vez sozinha.

   —Se esqueceu de anunciar a ameaça do dia?

   Nada mais que a quietude a respondeu, mas ele estava aqui. Fechado. Talvez fosse o aborrecimento ou talvez seus esforços lhe cansassem mais do que soubesse, mas o desejo de tirar o Jared de seu esconderijo se levantou e Roshelle o agarrou. A falta de controle completa que atualmente tinha sobre sua vida engendrou uma grande quantidade de determinação para agarrar qualquer fragmento que pudesse.

   Pareceu-lhe um lugar perfeito para começar a resgastar seu equilíbrio.

   Avançando, Roshelle tinha a intenção de encarar seu espectro. Seus olhos não encontraram nada na escuridão. Detendo-se outra vez, tratou de descobrir aonde ele foi. Ainda podia sentir o homem. Girando com seus sentidos viajou onde eles a conduziram, mas nada encontrou.

   A razão era simples; Jared estava só um passo diante dela. Roshelle tinha se esquecido o qual fácil ele podia rastrear sua mente. Não deveria ter começado este jogo. A voz de sua mãe lhe chegou através de sua memória com sua advertência para nunca exibir seus poderes a ninguém.

   —Deste modo, pode encontrar seu objetivo.

   Desta vez ele veio a ela, a aparição de uma figura sólida na noite fez com que ela retrocedesse, procurando algum amparo ao seu alcance.

   —Sem comentários?

   —O que quer?

   Jared franziu o cenho enquanto percebia o estremecimento em sua voz. Ela tinha estado parada bastante tempo para perder o calor que seu corpo tinha produzido enquanto caminhava. Controlar seu guarda-roupa lhe deu paz mental ao saber que não tentaria mais fugir a noite.

   —Aqui.

   Na escuridão, Roshelle não teve nenhuma pista do que capturou com seus braços. Movendo suas mãos de um lado para outro tratou de identificar o artigo volumoso. A jaqueta ainda estava quente do calor de Jared, aquilo lhe causou um estremecimento ao pensar em abrigá-la em sua fria carne.

   Mas seu orgulho rechaçou aceitar ajuda do homem responsável por mantê-la ali.

   —Não, obrigado. —Ela obrigou a seus braços a afastar o objeto.

   Mulher teimosa. Jared lhe devolveu a jaqueta com um golpezinho em seu pulso.

   —Ponha-a.

   —Não necessito sua ajuda.

   —Demônios que não!

   Roshelle mais ou menos esperava que a jaqueta fosse posta em cima de seus ombros, mas em lugar disso Jared se aproximou rapidamente e com alguns movimentos exatos ele vestiu-a, cercando cada polegada de seu tórax com a jaqueta.

   Ao seu lado, Jared apertou seu punho vestido pela jaqueta e a prendeu. Levantando a outra mão agarrou sua teimosa mandíbula forçando-a a olhá-lo. Capturando seus olhos, ele tratou de lhe esclarecer.

   —Se não estivesse protegida por meus homens lhe asseguro que estariam mortas. As mulheres mortas não são desobedientes. Se pensar que pode voltar caminhando a seu hospital, não é tão preparada como acreditei.

   Seus olhos cintilaram desafiando-o. Jared respondeu ao desafio que ela emitiu. Colocando sua boca em cima da dela, tratou de conquistar suas defesas, afastando sua resistência, saindo a procurar à fêmea que se escondia em meio de suas paredes.

   Seu desejo queimou sua boca quando ele moveu a carne para satisfazer seu objetivo. Roshelle lutou por manter seu controle só para encontrá-lo dissolvendo-se contra a força de sua vontade. Seu sabor invadiu sua boca quando ele acariciou sua língua. Um suave gemido escapou de sua garganta quando o prazer se cravou em sua coluna vertebral. O desejo floresceu em locais que nunca tinha acreditado possível. A intensidade disso assustou-a até o fundo de sua alma.

   Separando seus lábios, Jared contemplou os olhos bem abertos que refletiam seu próprio desejo. Ele podia cheirar a excitação em sua carne. O perfume temperado com especiarias avançou como uma poderosa ventania que fluía sobre sua cabeça. Acariciando sua bochecha ele tratou de aquietar os tremores que sacudiam seu corpo. Ele precisava tocá-la outra vez. Ensinar lhe como acomodar seu corpo com o seu. Certamente não era a coisa mais sábia que ele podia escolher fazer, mas estava atormentando seu cérebro, fazendo à razão uma perda de tempo.

   Jared sentiu uma labareda em suas fossas nasais quando seu perfume se elevou em uma corrente grosa. Seu pênis ficou rígido e se moveu em resposta enquanto ele olhava seus olhos alargarem-se quando ela entendeu o que estava acontecendo.

   A forma com que ele a prendeu, deixou-a consciente de toda sua masculinidade. Roshelle batalhou com seu corpo, quando este tratou de abandonar sua vontade ao ritmo que seu sangue esquentava. Ela nunca tinha percebido o quanto um homem podia ter um cheiro gostoso. Este perfume mergulhou na parte mais profunda de seu cérebro, e estagnou com sua intensidade.

   —Relaxa carinho. Deixe-me toca-la.

   Ela negou com a cabeça e se moveu para libertar-se. Ele não ofereceu concessão. Roshelle sentiu calafrios quando ele grunhiu brandamente. Jared esfregou ligeiramente um dedo sobre sua bochecha. Ele empurrou sua mente repentinamente através da parede que ela tinha construído entre suas mentes. O desejo ardeu em seu corpo em uma onda que a afogou. As imagens escuras de seu corpo movendo-se dentro dela fizeram desmoronar suas barreiras impostas. Ela sentiu a umidade golpear as dobras de seu sexo quando ele continuou mentalizando e expondo o desejo agressivo que ele sentia por ela.

   —Você confiará em mim, carinho. Aquela fome que está em seu corpo não vai acabar. Acostume-se à idéia.

   Liberando seu apertão sobre a jaqueta, Jared a viu tropeçar para trás vários passos antes que ela recuperasse o equilíbrio.

   —Deixou a jaqueta cair.

   Ela se sentiu tão apanhada! Roshelle lutou com as imagens em sua cabeça quando seu corpo gritou para que o aceitasse. Ela precisava estar livre das dobras sufocantes do desejo, mas tinha a impressão que ela estava muito mais que envolvida naquela situação. Jared se levantou diante dela como uma parede sólida que esperava. Teria sido tão simples para ele despi-la. Em lugar disso esperou que se rendesse a sua vontade.

   As palavras zangadas subiram borbulhando por orgulho, mas Roshelle apertou seus lábios em troca. Não tinha medo de Jared. Não, era pior que isso. Ela se tinha medo de si mesma. A jaqueta caiu na terra com um ruído surdo quando obrigou a seus dedos a soltá-la. Seu sangue correu ao longo de suas veias em uma velocidade assombrosa fazendo-a esquecer do ar frio. Em lugar disso, sua camisa se apertava ao redor de seus seios.

   Ele levantou seus dedos e começou a desabotoar os botões de sua camisa. Ele a tirou e exibiu um peito perfeito que roubou sua respiração. Esculpido à perfeição, seus músculos estavam apinhados em cima de seus ombros declarando sua força de uma maneira puramente primitiva.

   —Venha aqui, Roshelle

   Não houve como desobedecer aquele chamado. Ela foi atraída por esse peito. Roshelle levantou seus dedos e suspirou quando começou a explorar seus ombros. Ela deslizou as pontas de seus dedos sobre suas largas clavículas onde encontrou o cabelo rangente que cobria seu peito. Seus peitos se levantaram e se incharam quando riscou um caminho para seu esculpido abdômen. Seu corpo gritou pela agressão, mas profundamente dentro seu ventre se estremeceu quando desejou juntar seu corpo ao dele.

   Sua camisa não tinha botões. Em lugar disso ele enfrentou a pressão que pedia para arrebentar imediatamente aquele tecido. Seus braços caíram de lado quando ele tirou a camisa dela. Seus dedos acariciaram suas costas quando separou os ganchos que mantinham seu sutiã fechado. Um braço sólido se fechou atrás de suas costas quando atirou sua última roupa longe.

   A vacilação cintilou através em sua mente. Jared levantou uma mão para acariciar seu pescoço em resposta. Seria simples afligi-la. Queria mais, um pouco mais profundo. Tinha a necessidade de unir-se com ela, não tomar seu corpo. Aquilo não tinha nenhum sentido, mas não lhe importou no momento. Seus peitos eram a perfeição. Os montículos cremosos, ambos com mamilos coralinos, implorando uma atenção mais próxima.

   Seus lábios se fecharam ao redor de seu mamilo e Roshelle já não importou nada mais. Sua boca aspirou profundamente quando seu corpo avançou tremendo para oferecer-se a ele. O fogo corria a toda velocidade por seu ventre até que golpeou seu núcleo. O fluido se deslizou abaixo de seu canal quando pressionou seus quadris para o bastão duro de carne que desejava ardentemente.

   Ele pressionou adiante e ela gemeu com prazer. Seus lábios se arrastaram através de seu peito até que subiram a seu peito oposto. Desta vez sua língua lambeu ao redor do mamilo fazendo-a sentir-se frenética para que a tocasse mais profundamente. Em lugar disso ele lambeu e girou sua mão que se fechou sobre seu outro seio e fazendo a estremecer brandamente. Seu pênis se sacudiu sobre seu ventre, fazendo a ela apertar-se mais contra ele.

   Seus dedos deixaram seu peito para atacar o cinturão de suas calças jeans. Nada parecia ter importância salvo tirar-los de suas pernas. Ela mudou de posição e oferendo um melhor acesso à seu zíper. Roshelle tirou seus sapatos com um rápido puxão seus sapatos quando ele empurrou bruscamente as calças para baixo de suas pernas. Seus pés agasalhados em meias três-quartos sentiram a terra úmida e isso pareceu serenar sua carne acalorada.

   Mas não era suficiente. Ela se contorceu quando seu organismo pediu a gritos suas carícias. A mínima distância entre eles era muita. Abruptamente ela a aproximou mais. Um braço sólido a ligou ao seu ventre quando sua respiração débil e áspera golpeou sua orelha. Ele mordeu seu pescoço fazendo-a saltar. A ponta dura de seu pênis raspou seu núcleo fazendo-a gemer.

   Ele a dobrou sobre seu braço enquanto que seus pés separaram os seus. Ela era completamente vulnerável a seu poder. Tudo girou dentro dela quando o desejo se elevou a níveis sem discernimento. Roshelle não pensava. Ela estava inundada sentindo que cada contato entre eles queimava e palpitava. Mas dentro de seu corpo, as paredes de seu canal pediam a gritos um toque mais profundo. Seus quadris se levantaram quando ele moveu seu duro pênis para a abertura de seu corpo.

   Ela estava pronta e molhada para ele. Jared não vacilou. Em lugar disso empurrou adiante de seu corpo e a sujeitou quando ela se contorceu de dor. Seu canal estava muito apertado. As paredes convulsionaram ao redor de seu pênis quando tratou de se ajustar a ele.

   —Shh... Relaxa um pouquinho. Não te mova, carinho.

   Roshelle estava segura que morreria se não se movesse. Seu pênis fazia doer sua vagina, mas seu corpo gritava pela necessidade. Empurrou seus quadris para trás e para frente monotonamente enquanto procurava o atrito que alimentaria a anseia de seu corpo. Ele prendeu sua respiração em uma nota áspera quando ela se moveu e o braço ao redor de seu ventre a apertou para sujeitá-la. Seu peito a dobrou sobre seu braço quando ele saiu de seu corpo e empurrou de volta, fazendo-a gritar.

   Jared sentiu em seu pênis que o clímax se aproximava como uma explosão. Não podia resistir. Em lugar disso seu quadril a montou profundamente quando seus gemidos lhe fizeram empurrar mais duro em seu corpo. Tratando de alcançar seu orgasmo, ele moveu seu dedo em busca do pequeno broto no alto de seu sexo. Esfregou sua cabeça torcida quando seus quadris seguiram entrando em sua passagem. Seu corpo começou a esticar-se quando seu pênis se sacudiu com força e disparou sua semente nela. Empurrou para frente quando seu dedo pressionou em suas dobras.

   O prazer explodiu profundamente dentro dela. Roshelle se contorceu e girou quando seu corpo a sacudiu até seu coração. A salpicada quente de sua semente fez suas paredes apertar-se e prender sua vara. Seu grunhido rude se uniu a seu grito quando suas mentes refletiram o prazer para trás e para frente até que ela não estava segura de do que corpo sentiu. A intensidade era bastante forte para destroçar sua prudência, deixando seu corpo palpitando como um arame carregado.

   Seu dedo seguiu esfregando seu pequeno broto, fazendo o prazer irradiar em pequenos diminutos. Ele ainda estava duro dentro dela quando ele investiu seu corpo contra o seu poderosamente. Uma parte metálica se abriu, fazendo Roshelle dar-se conta que ele só abriu seu zíper e continuava com suas calças postas. Uma vibração repentina a fez saltar. Jared amaldiçoou sob sua respiração quando tirou sua mão de seu sexo.

   Jared amaldiçoou outra vez silenciosamente quando extraiu seu telefone de seu bolso. Era melhor que alguém ter morrido ou ele mesmo o mataria. Ele se endireitou ligeiramente quando a linha de código brilhou intermitentemente através da tela da pequena unidade. Roshelle mexeu para sair do seu distraído agarre, mas ele não podia ignorar a chamada.

   Sua pele nua brilhou à luz da lua quando se agachou para recolher sua roupa. Um empurrão de suas pernas firmes e ela se afastou dele com um salto entre as árvores. Levantando o telefone, Jared amaldiçoou outra vez quando Roshelle desapareceu da sua vista.  

   Confiar nele? Só quando o sol virar quadrado! Ela não cruzaria uma estrada sem olhar. Não se deixaria levar pela lassidão. Não… Uma pista do que era a tinha se mostrado quando correspondeu a ele.

   Seus olhos enfocaram a brancura do teto de sua quarto, Roshelle deixou que seu ataque de cólera se dissipasse. Mentir para si mesma não a conduziria a nenhuma parte. Uma ducha quente não tinha conseguido apagar o aroma dele de seu corpo. Sua vagina doía e sua pele era sensível ao menor toque.

   Não tinha sido correto. A profissão que tinha escolhido estava dominada por homens que podiam lhe oferecer uma ampla variedade de razões reais que atraíssem sua atenção. Somente porque aqueles com tinha saído não tinham conseguido que seu sangue se acelerasse não era motivo para que se fixasse em alguém como Jared.

   Deus bendito! Jared representava uma parte bruta da sociedade, da qual ela logo que podia acreditar que as pessoas civilizadas tivessem necessidade.

   Ainda assim, ela estava tentando compreender por que seus lábios ainda lhe faziam cócegas. Talvez houvesse locais em seu cérebro que ainda não tinham evoluído. Não havia outra explicação para o amontoado de sensações que ele podia extrair de seu corpo.

   Zangar-se não a ajudaria. Nem mentir a si mesma. Talvez conversar com Christina a ajudasse.

   Um sorriso iluminou suas faces. Sim! Christina conhecia todos os tipos de homens. Era capaz de brincar ao mais atrativo dos homens e dispensá-lo sem olhar atrás. Roshelle não tinha tido nenhuma experiência. Essa era o motivo de que tudo o que havia sentido fosse tão intenso.

   Intenso era uma palavra muito suave para descrever os acontecimentos da última hora. Envergonhou-se ante a lembrança de seu comportamento sem sentido. Nada tinha importado exceto seu desejo pelo corpo de Jared. Agora a parte mais profunda de seu corpo se estremecia e pulsava.

   Ela tinha que liberar-se antes que aquilo a consumisse outra vez.

 

   Roshelle estava dormindo. Jared atravessou a parede ao voltar para a casa. Deteve-se na soleira quando sentiu a letargia em que ela estava envolta. Seu pênis pulsou enquanto deixava escapar uma maldição.

   Entrou no dormitório, dirigindo-se para o banheiro. Agarrou um barbeador elétrico que se encontrava na prateleira e o aplicou em seu rosto. A pele de Roshelle era muito delicada para sua barba noturna.

   Ele se encontrava a um fio. O rosto que lhe olhava fixamente do espelho mostrava uma severa resolução. As únicas palavras que parecia capaz de resmungar eram maldições. Por que demônios tinham tanta pressa por voltar a meter-se entre as coxas dela?

   Já a tinha tido. Deveria ser pateticamente fácil esquecê-la. Em lugar disso estava barbeando com o propósito de ir ao dormitório para desfrutar de outra dose. Seu penis endureceu enquanto pensava em afundar-se de novo na estreita passagem dela e passar o tempo montando-a lentamente.

   Girando-se para a ducha, Jared fez rodar seus ombros e tentou diminuir a intensidade de suas emoções. O rechaço dela tinha ferido seu orgulho. Soltou um gemido de frustração. Deveria estar satisfeito por ter conseguido que ela se entregasse finalmente. Seria muito mais simples retornar a sua vida. O sexo era algo que seu corpo pedia, mas teria que deixá-lo separado de sua vida real.

   Em lugar disso se sentia magnificamente marcado.

   Jared tirou a roupa, mas ficou congelado quando levantou suas calças para tirar seu telefone do bolso. Um fluido marrom café manchava a parte dianteira. Havia manchas em ambos os lados da cremalheira. Era sangue. Seus olhos identificaram imediatamente.

   Jared sentiu como seus lábios se elevassem em uma sombra de sorriso enquanto observava de novo a evidência em suas calças. Deixou que sua mente fosse à busca da dela, e a encontrou ainda dormindo. Voltou-se para a ducha enquanto sua careta se convertia em um verdadeiro sorriso. Básico e primitivo era a expressão de seu rosto de aprovação.

   Roshelle era virgem. Riu profundamente e sorriu outra vez. Sua virgem.

 

   —Shelly, tem que sair deste fogão.

   Com sua boca cheia de ovos mexidos, Roshelle lhe dirigiu um olhar de confusão a sua amiga antes de engolir.

   —Esperava que me dissesse algo que não soubesse já.

   Voltando as costas à cozinha, Christina se deslizou na cadeira que estava em frente de sua amiga. Como podia lhe dizer a sua melhor amiga que ela não tinha uma resposta? Jared não era o tipo de homem que uma garota podia deixar de lado. Havia muita intensidade nele.

   —Embora soe egoísta, estou agradecida de que ele se fixou em você e não em mim.

   —Isto está ficando mais confuso.

   —Shelly, eu não trato mal aos homens por diversão. É só que me enfureço quando me dou conta de que me olham como se fosse um objeto de arte. Esses dois dos quais me viu mandar embora, nunca tomaram um momento para me perguntar qual era minha cor favorita ou para ver nada mais alem de minha cara. É fácil descartá-los quando sei que não se preocupam com nada que esteja debaixo de minha pele.

   Levantando o olhar para sua amiga, Roshelle sorriu. Não estava mais perto de descobrir o que fazer com Jared, mas ao menos tinha uma amiga.

   —Christina sinto tudo isto.

   —Não seja tola! Não é mais responsável por esta confusão que eu.

   Ficando de pé, Roshelle se aproximou da pia.

   —Não posso evitar pensar que este assunto gira em torno de mim de alguma forma.

   —Por que seria assim?

   O prato que ela estava lavando escorregou de seus dedos quando seu corpo saltou em resposta à voz de Jared.

   —Não olhe agora, Shelly, mas acredito que acabamos de ser invadidas.

   O comentário de sua amiga golpeou Roshelle por sua graça. Jared e Shane estavam plantados na porta cortando qualquer possibilidade de escapamento da cozinha. Objetos de camuflagem verdes e marrons adornavam a ambos dos homens, assim como duas armas de aspecto bastante terrorista.

   —Roshelle, por que acredita que isto gira em torno de você?

   A voz de Jared era completamente tranqüila, mas seus olhos lhe transmitiam uma ordem que Roshelle soube que não lhe permitiria negar. Nunca havia contado a Christina a respeito do que estava ocorrendo porque tudo parecia tão insignificante. Mas não ter em conta essas pequenas coisas quase havia custado a vida de ambas.

   —Coisas estranhas, realmente. Não acredito que seja por mim, mas sim pela terra de minha avó. Abba também se queixava da insistência da empresa Huntley.

   —É por isso que pôs as coisas em claro com Clark Huntley? —Christina meneou sua cabeça para dar mais força a sua pergunta.

   —Não, isso teve que ver com meu celular.

   Jared fez um gesto com os olhos a Shane enquanto as duas mulheres continuavam com sua conversação. Estavam dando informação mais rápido do que qualquer interrogatório teria podido obter.

   —Cresceu aqui, Shelly, a metade do contado tem seu número de telefone.

   —Não o de meu novo móvel. Apenas fazia vinte e quatro horas que o tinha quando Huntley me chamou. Acredite-me, sei o estranho que soa. Mas o tipo ficou petrificado quando lhe exigi saber onde tinha conseguido o número.

   Nem a metade de aterrorizado que ia ficar quando Jared jogasse as mãos em cima dele. Obter o número de um telefone móvel era muito mais fácil do que a gente pensava, mas requeria uma equipe especializada. Jared tinha a intenção de descobrir por que o escritório local da lei parecia estar correndo em uma espécie de cacho de cabelo.

   —Roshelle, que mais?

   Ela se concentrou em sua pergunta. Roshelle podia ver a cólera impressa nos verdes olhos dele, mas por uma vez não estava dirigida para ela. A idéia de que Jared poderia estar furioso pela segurança dela enviou dardos de emoção assobiando ao longo de seus nervos.

   —Não utilizo o forno.

   —Sei!

   O olhar triunfante da loira confundiu Jared. A confissão de Roshelle não tinha nenhum sentido para ele.

   —Do que está falando?

   —Não pude ter deixado algo no forno porque nunca o tinha usado. Nenhuma vez só.

   —Sua avó pôde havê-lo deixado ali.

   —As damas da igreja fizeram um bom trabalho de limpeza na casa depois de que Abba faleceu. Todos os eletrodomésticos estavam apagados. —Jared cruzou seus braços sobre o peito como resposta. - Um forno de gás tem um piloto indicador. Tem que liga-lo.

   —Devo entender que não ligou?

   —Não era uma prioridade, tendo em conta que não pensava utilizar o forno. Além disso, deixando algo dentro do forno não me teria golpeado na cabeça. Quem quer que sejam essas pessoas, não lhes preocupa o assassinato ou o seqüestro. E tudo parece conduzir novamente a minhas terras.

   Sustentar uma conversação civilizada com este homem era incômodo. Os olhos dele eram muito diretos ao observá-la. Roshelle sentiu como ardiam as bochechas quando ele deixou vagar seu olhar sobre o rubor que acendia seu rosto. Shane se tinha deslizado dentro da cozinha, deixando a entrada livre.

   Covarde ou não, Roshelle saiu da cozinha. Tinha estado dando voltas na cama durante toda a noite enquanto seus sonhos se enchiam com nada mais que Jared. Não parecia capaz de lhe deixar fora de seus pensamentos. Em lugar disso seu corpo ardia e suspirava ao recordar todos e cada um dos detalhes de seu encontro.

   Com nenhum lugar aonde ir, e ainda menos que fazer, as horas do dia se estendiam intermináveis para ela. Isso deu a sua mente muito tempo para desfrutar-se nas lembranças sobre Jared. Tudo o que Roshelle podia pensar era em dormir de novo.

   Levantando seus olhos para a cúpula da cordilheira, caminhou nessa direção. Ao menos escalando o pico lhe daria algo que fazer. Talvez pudesse enganar sua mente para que dormisse seu corpo estava exausto.

   Jared observou carrancuda a determinação dela em se afastar dele. Em sua opinião, Roshelle estava voltando muito móvel. Apesar de pequenas as informações que ela tinha lhe dado, tinham inclinado a balança muito mais do que ela nunca saberia.

   Alguém desejava sua morte. Jared tinha a intenção de assegurar-se de que isso nunca ocorresse.

   Por agora teria que submetê-la a uma vigilância mais estreita. Apesar de suas patrulhas, poderia ser possível que alguém rompesse a segurança no ponto onde o bosque circundante terminava.

   —Acredito que já é hora de visitar Benton - Shane saiu ao sol matutino dirigindo um severo olhar a Jared.

   —Eu acredito que é hora de confiscar um par de botas.

   Shane se esfregou a mandíbula enquanto seus olhos seguiam o olhar de Jared. A razão de sua preocupação não era complicada de adivinhar. Sua convidada avançava para a ladeira da colina esquecendo-se de quão vulnerável ficava em sua ação.

   Ambos os homens receberam um sinal via celular. Tirando seus telefones, tomou uns segundos para que a linha codificada fosse compreendida por ambos.

   Jared pensou de novo em Roshelle. Seu dever não podia ser ignorado. Gostasse a ela ou não, ele não tinha nenhuma intenção de deixar que sua segurança ficasse em suspense para que lhe distraísse durante esta atribuição. Mas teve que admitir que desfrutava a idéia de encarar a pequena tormenta de fogo a sua volta.

 

   Chutar o chão com cólera apenas machucaria seu pé. Estando descalça, o piso de madeira maciça agüentou muito bem para seu desagrado.

   Sentia-se a ponto de gritar! A risada insuficientemente sufocada do homem enquanto cruzava a entrada somente a enfureceu mais. O bruto tinha gostado de arrastá-la de volta a sua casa, e igualmente alegre se mostrou lhe pedindo suas botas.

   E onde estava ele?

   Jared tinha ordenado isto. Bem, o maldito bem podia dizer-lhe na cara.

   Deixando de lado a promessa a sua mãe, Roshelle ia sair a encontrar o tipo. No mínimo, faria o que pudesse para lhe provocar uma boa dor de cabeça. Talvez fosse pelas muitas vezes que tinha tentado controlar sua visão, mas atualmente se converteu em um pouco mais simples de fazer.

   Especialmente com Jared.

Por alguma razão ela podia ver se o tentava com esforço. Projetando-se, Roshelle se forçou a entrar no cérebro dele levando consigo seu total descontamento.

   A sensação que a envolveu como resposta a fez retirar-se a toda pressa. A precisão das invasões dele a fez sentir-se completamente exposta. Nesta ocasião uma pura intenção masculina alagou todo seu corpo. A sensação se moveu ao longo de todo seu ser, passando por cada curva. Tocando-a tão profundamente como já o corpo dele tinha feito. A carne dela respondeu imediatamente. Seus mamilos se esticaram enquanto uma ligeira dor pulsava em suas vísceras.

   Um profundo rubor acendeu suas bochechas. Não tinha sentido. Ele era rude, ameaçador e fora do normal. Equilibrou-se sobre sua própria alma. Mas também tinha lhe salvado a vida.

   De pé na janela, os olhos dela observaram ao homem que sustentava suas botas. Ele estava em um lugar próximo à casa de Shane. Uma vez mais, um rifle automático cruzava seu peito enquanto seus olhos esquadrinhavam lentamente a área.

   Era um mundo tão distinto. Tudo parecia estranho. As condutas de vida eram drasticamente diferentes. Estas pessoas viviam cada dia esperando alguma classe de atividade hostil.

   Quando essa violência se estendeu para tocar sua própria vida, havia-a emocionado por inteiro. Esta gente não esperava outra coisa. Era assombroso descobrir que semelhantes pessoas existiam em seu próprio pátio traseiro.

   Talvez estivesse sendo muito crítica. Era muito possível que Jared necessitasse de sua rudeza. Roshelle não o podia imaginar encaixando em seu mundo e ela certamente não poderia adaptar-se ao dele.

   Mas só talvez lhe deixasse ajudá-la a sair desta rede em que se encontrou enredada.

   A verdade era que não podia pensar em ninguém mais apropriado para a tarefa. Seu seqüestrador ainda estava lá fora. Por muito que odiasse estava de acordo com Jared, seu ponto de vista tinha sentido. Se tentar voltar para sua vida, não viveria muito.

   Mas esse reconhecimento a deixou mais incômoda que antes. Sem o objetivo de voltar para seu lar, Roshelle encontrou ante a necessidade de confiar em seus atuais anfitriões. E esse era um terreno escorregadio.

   Conhecia alguns nomes, mas, além disso, o que era Jared e seus companheiros era um mistério. A evidência ante seus olhos lhe dizia que sua capacitação era de vanguarda. A quantidade de armamento que mostravam abertamente ainda a deixava nervosa. Fora de um filme de ação, Roshelle nunca tinha posto seus olhos em uns fuzis tão potentes.

   E mais, estar desarmado era a exceção. Era estranho descobrir quão preciosas eram aqui as eleições diárias. Agora que a tinham enfrentado à falta de liberdade para sair e caminhar pela rua, Roshelle se dava conta do privilégio que realmente era.

 

   Jared empurrou a porta principal de forma silenciosa. Transpassando a entrada, seus olhos se deslizaram pelo quarto procurando movimento. Nada. Roshelle estava aqui dentro, Jared podia senti-la.

   O único som na casa era como um suspiro. Continuava enquanto ele entrava silenciosamente na sala de estar. Aproximando-se da cozinha, golpeou-lhe o forte aroma de amoníaco.

   Apoiando um ombro no marco da porta, ficou aturdido pela vista que lhe recebeu. De joelhos na esquina mais afastada da cozinha, Roshelle estava esfregando cruelmente as pranchas do chão com uma escova de limpeza. Os músculos de seus braços se sobressaíam enquanto ela aplicava à tarefa. E seu doce e pequeno traseiro se elevava no ar para a admiração dele.

   Depois de inundar a escova no balde que tinha a seu lado, estirou-se como um felino para alcançar a esquina. Um lento sorriso zombador apareceu ao rosto dele ao ver como a camiseta dela exibia seus seios. Esses pequenos e firmes seios que saltavam com seus esforços, agitando-se livre de roupa interior.

   O sorriso dele se fez mais profundo enquanto desfrutava da excitação que lhe provocava. Penetrando por seus poros, deixou que o calor se ampliasse em suas vísceras. Seu membro se elevou e se esticou. Com a porta principal fechada, tinha todo o tempo do mundo para investigar sua atração pelo pequeno corpo dela.

   Virando-se sobre suas coxas, Roshelle elevou uma mão para frente coberta de suor. Era estranho, Roshelle podia sentir claramente Jared outra vez. Sua mão se congelou em sua frente. Abrindo mais sua mente, observou o que ocorria. Olhou para trás e uniu seus lábios em uma linha apertada.

   Droga, esse homem se movia com muito sigilo!

   —Não acredito que esta acostumado com um chão tão sujo.

   —Apesar da perfeita pintura de seus tetos, uma mulher só pode ficar olhando-os durante um tempo.

   Ficando de pé, Roshelle agarrou o balde. Não estava segura por que ele tinha esse tom tão presumido. Posando seus olhos sobre ele, observou sua postura indiferente. Relaxamento não era precisamente a sensação que tinha sentido antes de dar a volta. Não, era algo muito mais intenso. Registrando o rosto dele em busca de pistas, viu como seu olhar descia por seu próprio corpo. Os olhos meio fechados dele se detiveram um instante em seus seios antes de continuar a passar pelo corpo dela.

   Bom, isso esclarecia o bastante! Ele era normal em um sentido, o masculino.

   Roshelle girou para a pia para esvaziar seu balde. O interesse dele tinha acendido um fogo nela que rapidamente se elevou à categoria de inferno. Seu corpo parecia saltar ante a oportunidade de mostrar sua fome por ele. Podia sentir o rubor posando-se em suas bochechas. Por isso começou a lavar o balde a fim de oculta-lo o dos agudos olhos de Jared.

   —Lembro que me disse que não me temia.

   A mão dela se congelou sobre o balde. A voz dele tinha um tom ameaçador agora. Elevando seu queixo, ela lutou com seu próprio orgulho. Ele a provocava.

   —É correto.

   —Bem - Jared observou a suave curva do traseiro dela. - Os medos virginais não deviam durar além da noite em que perde essa pureza.

   —Eu não me rendi!

   Roshelle se virou para olhá-lo. Seu rosto avermelhou ainda mais quando os olhos dele observaram com muito interesse como os mamilos dela se apertavam contra sua camiseta. Ele levantou seu rosto sorrindo de forma presumida ante o aborrecimento dela.

   —Estou de acordo. Acredito que foi mais uma conquista.

   Os dedos dele se enlaçaram ao redor do pulso dela. Um suave puxão a enviou para perto ele. Roshelle ficou sem fôlego quando sua cabeça aterrissou sobre o peito dele. Seu aroma invadiu seus sentidos dissolvendo por completo qualquer pensamento que pudesse ter. Em lugar disso, o desejo se transformou em uma besta viva dentro dela que rompeu a muralha que ela havia construído.

   A mão dele apanhou a pela nuca e levantou seu rosto para ele. Seus olhos brilhavam enquanto ele abria o enlace entre suas mentes. Roshelle sentiu a profunda inspeção de suas emoções ao mesmo tempo em que ele apertava firmemente o corpo dela contra o seu.

   —Não pode ocultar sua necessidade de mim, carinho. Assim deixa de levantar esse muro em meu caminho.

   Sua boca acabou com qualquer aguda réplica que ela poderia ter feito. Ele apertou seus lábios apartando-os para empurrar dentro de suas profundidades enquanto sua mão sustentava a cabeça dela durante o assalto. O beijo foi duro e profundo. Uma sólida quebra de onda de decisão proveniente dele alagou a mente dela ao mesmo tempo em que seu membro endurecido pulsava contra o abdômen dela.

   Roshelle se contorceu enquanto o calor subia em seu interior. Seus dedos procuraram desesperadamente a cálida pele masculina que jazia sob a roupa dele. Um gemido de frustração saiu de sua garganta enquanto lutava por separar do peito dele para lhe despir.

   Jared grunhiu. O profundo som retumbou do seu peito enquanto empurrava a língua dentro de sua boca para saborear toda a longitude da língua dela.

   De repente Jared separou suas bocas com brutalidade. Levantou sua cabeça para olhar por cima dela para a janela da cozinha. Em apenas um segundo sua mão envolveu novamente o pulso dela ao tempo que liberava seu corpo. Voltou-se sobre seus pés e saiu a passos rápidos da cozinha. Roshelle se viu sendo arrastada atrás dele enquanto se encaminhava pelo escuro corredor para entrar no dormitório principal.

   Roshelle encontrou seu corpo dando voltas enquanto tentava freneticamente conservar seu equilíbrio e conseguir ver na escuridão. Em lugar disso tudo o que sentiu foi Jared. Parecia envolvê-la com sua mente. Flutuando sobre sua pele, fazendo com que se arrepiasse do pescoço ao longo de seu peito.

   Sua respiração começou a acelerar-se lhe impedindo calma. Um sussurro suave chegou a seus ouvidos enquanto tentava tranqüilizar a agitação de coração. Seus pés se moviam impulsionados pela necessidade de mover-se. Qualquer tipo de movimento. Seu abdômen tremeu quando o calor pareceu dirigir-se a suas vísceras. Cada sensação parecia impulsionar-se para o tenso nó de necessidade que se retorcia dentro de seu ventre.

   A umidade fluiu através das dobras de seu sexo e sobre a parte interna de suas coxas. Roshelle elevou uma mão tremente para sua cabeça quando se precaveu do muito que desejava que Jared a fizesse dele. Parecia ir além da necessidade. No mais profundo, o desejo se transformou em desespero.

   —Posso te cheirar.

   Ele apareceu atrás dela. Seu forte braço a capturou enquanto se apertava contra suas costas. A cabeça dele se inclinou para beijar brandamente a têmpora dela. Seu peito se elevou ao respirar profundamente enquanto seus dedos começaram a acariciar o pescoço dela.

   —Sua pele cheira tão bem. Não posso esperar para despi-la.

   Seus dedos apanharam a parte de baixo da camiseta dela e atirou a. Passou com facilidade sobre sua cabeça. Roshelle somente suspirou quando o ar da noite roçou sobre sua pele nua.

   Jared segurou seus seios com mãos firmes. Os dois globos de carne responderam a seus dedos. A luz da lua se derramou sobre os mamilos fazendo a gemer enquanto seu corpo tremia em antecipação. Ele desejava lamber esses pequenos montículos até que ela se queixasse, mas seu penis pulsava de desejo de se introduzir profundamente no corpo dela.

   Nem meio minuto demorou a lhe tirar as malhas que ela levava. Jared empurrou os punhos elásticos fora de seus pés e a girou para envolvê-la em um abraço ao mesmo tempo. Ficou de pé, elevando-a enquanto capturava um mamilo entre seus lábios.

   Roshelle se agarrou aos ombros dele. Gemeu enquanto seus dedos apalpavam seus firmes músculos. Sua força a deleitava. Converteu o batimento do coração de suas vísceras em uma ardente necessidade que a relaxou completamente enquanto Jared a depositava de barriga para cima na cama. O comprido corpo dele separou as coxas dela ao inclinar-se para cobri-la. Seu aroma masculino a envolveu, fazendo-a gemer. Nada importava exceto alimentar a fome que seu corpo suportava.

   Os quadris dele a mantinham aberta enquanto utilizava a outra mão para desenhar uma firme linha sobre seu abdômen. Ela ficou sem fôlego quando essa mão cobriu a pele nua de seu sexo. Os dedos dele roçaram a suave pele enquanto capturavam seu olhar na escuridão.

   —O que aconteceu a seus pequenos cachos?

   O rosto dela enrubesceu, mas não pôde impedir que seus quadris se elevassem procurando um roce mais forte da mão dele. Não queria falar! Somente sentir e apaziguar o urgente desejoo que a tinha invadido.

   Ela se contorceu e Jared sorriu. O corpo dela estava suave e completamente depilado. Ela devia havê-lo barbeado para tentado limpar a evidência da perda de sua virgindade. Seus quadris se retorceram para cima enquanto seu corpo procurava a culminação de seu respectivo desejo. Roshelle não estava pensando, unicamente sentindo.

   Jared se controlou no ponto gélido de sua ardente necessidade de penetrá-la. Não queria montá-la como se fosse um animal no cio.

   —Está dolorida?

   Introduziu um dedo em sua vagina ao mesmo tempo que fazia a pergunta. Roshelle ficou sem fôlego quando suas vísceras se elevaram em protesto. Os olhos dele a procuravam enquanto retrocedia e voltava a empurrar. Desta vez o corpo dela não saltou. Ele esfregou o interior de sua vagina, estirando lentamente a entrada.

   Roshelle estava fascinada com seu rosto. Ele a estava observando, medindo sua reação ante seu toque. Provando lentamente os limites do desconforto dela. Sua boca apanhou a dela ao tempo que lhe introduzia outro dedo. Não era um beijo devastador. Em lugar disso era uma profunda degustação da boca dela ao tempo que com cuidado continuava dilatando sua vagina.

   Ambos os dedos empurraram e esfregaram, fazendo-a arquear seus quadris de novo. Ela necessitava seu toque, ainda mais necessitava que a enchesse. Mas ele esperou até que ela estivesse preparada. Seu penis ardia contra a coxa dela, fazendo com que ela tentasse trocar de posição para atraí-lo. Mas o corpo dele permaneceu firmemente em seu lugar, recusando-se deixá-la simplesmente apaziguar suas necessidades. Estava esperando que ela o pedisse. Era uma prova de vontades. Roshelle podia sentir como ele lutava contra sua própria necessidade de tomá-la. Os dedos dele se deslizaram fora de seu sexo para tocar o inchado botão que se escondia mais acima.

   O prazer sacudiu o corpo dela quando ele esfregou. Um gemido escapou de seus lábios e seus ombros se estremeceram quando ele se deteve.

   —Deseja-o, Roshelle?

   Seu tom foi rude e muito baixo. Seus dentes se apertaram enquanto voltava a acariciá-la.

   —Sim.

   —Deseja-me?

   A mente dele empurrou a dela com a pergunta. Isto ia mais à frente que sexo. Jared desejava unir-se a ela até que esquecessem onde começava a identidade individual de cada um. Essa intimidade a atraía com uma tentação muito grande para ser ignorada por ela.

   —Sim. Vêem para mim, Jared.

   Ele empurrou dentro de seu corpo e de sua mente em um só movimento. Foi brusco e rápido, mas montou seu corpo com lentos movimentos fazendo que o prazer se irradiasse em quebras de onda de sensações. Nada tinha importância. O tempo se deteve. O abraço dele a sustentou contra seu peito enquanto seus quadris empurravam dentro de seu corpo.

   Seu sêmen quente jorrou dentro do corpo dela, mas isso não satisfez a necessidade de ambos. Ambos continuaram movendo-se. O corpo dele ainda estava duro com o desejo, a vagina dela ainda envolvia ao seu redor ao mesmo tempo que ela levantava os quadris para ele.

   Ele mordeu a delicada pele de seu pescoço enquanto o corpo dela lhe respondeu com uma primitiva dança de necessidade. Ambos tomaram tanto como deram. Necessitava-lhe tanto que a assustava. Roshelle não pôde manter esse pensamento quando o desejo começou a subir outra vez em suas vísceras. Esse mesmo nó de tensão, centrado em seu ventre. O duro impulso de seu pênis ao penetrá-la fazia com que o apertasse a cada embate.

   —Isso, carinho. Suave e lento esta vez.

   As bochechas dele se apertaram enquanto mantinha seu lento balanço. Roshelle sentiu como seu desejo crescia quase em pânico e ele tentava introduzir se mais profundamente nela. Os olhos dele se cravaram em seu rosto enquanto ela lutava contra a necessidade de suplicar. Duas mãos aferraram seus quadris quando tentou acelerar o ritmo de novo.

   O instinto dele gritava, mas Jared manteve seu controle. A beira do orgasmo empurrou dentro dela, negando-se ao alívio de correr-se em seu interior. Os músculos da vagina começaram a apertar seu pênis enquanto os olhos dela se abriram com o êxtase. Um grito escapou de seus lábios quando seu sexo envolveu apertadamente o membro dele e começava a banhá-lo com seus fluidos. O clímax dela afligiu a fortaleza dele fazendo que derramasse seu sêmen outra vez dentro de seu corpo.

   Ainda não era suficiente. Jared grunhiu brandamente ao depositar outro beijo na boca dela. Ela correspondeu a sua demanda enquanto ele sentiu como o cansaço se estendia no cérebro dela.

   Jared rodou afastando-se dela deixando que a cama suportasse seu peso. Seu braço se estirou procurando-a e puxou seu corpo de forma que sua cabeça descansasse em seu peito. Apoiou uma mão sobre as nádegas dela e com a outra começou a lhe acariciar o cabelo. Ela se contorceu e tentou trocar de posição, mas ele a manteve sobre seu peito enquanto ela ficava dormindo.

 

   Jared grunhiu porque a cafeteira demorava uma pequena eternidade para ferver. Logo que tinha dormido. Roshelle tinha resmungado durante seu sonho como se tentasse ajustar-se à presença dele na cama. Retorceu-se várias vezes afastando-se e ele despertou em todas ocasiões, atraindo a de volta a seus braços antes de voltar a dormir. Mas esse não era o verdadeiro problema. A tensa ereção em suas calças era a razão de que estivesse em pé desde antes do amanhecer.

   O aroma do sexo o tinha povoado. Infernos, os pequenos murmúrios que ela deixava escapar durante seu sonho o tinham excitado. Tudo o que Jared desejava era empurrá-la sobre suas costas e montá-la até que ficasse vazio de sêmen.

   Em lugar disso alcançou uma xícara e a encheu de café recém feito. Roshelle era muito delicada para ajustar-se a seu apetite. Se seu maldito penis saísse de seu corpo, a teria montado até que não pudesse caminhar.

   Por sobre a borda da xicara, Jared olhou para a sentinela apostada no ponto mais longínquo. Era um homem distinto ao de ontem à noite, mas seus lábios se franziram. Roshelle não era um entretenimento para seus homens.

   Ele grunhiu outra vez porque além de desconsiderar sua unidade inteira, não havia outra maldita coisa que pudesse fazer para deter suas fofocas. Eram homens rudes. Se não tinham sexo e algum outro o tinha... Haveria problemas.

 

   O despertar não foi agradável. Grunhindo, Roshelle arrastou seu corpo fora da cama de Jared. Algo não ia bem com ela. Era impossível que uma virgem se convertesse em semelhante lasciva em apenas quatro dias.

   Seu corpo doeu quando o obrigou a levantasse e caminhar. A cama de Jared tinha umas savanas escuras que mostravam umas expressivas manchas, as quais fizeram que ela se ruborizasse. Roshelle se queixou quando se preparou para se vestir.

   Desde quando havia se tornado tão fácil de dirigir, parecia bastante estúpido seguir ruborizando-se. O aroma do café captou sua atenção enquanto se encaminhava pelo corredor. Jogou as roupas sujas dentro da máquina de lavar roupa antes de ir procurar um pouco de café quente.

   Olhou às escondidas na cozinha, mas estava vazia. A luz do sol matutino entrava em torrentes fazendo brilhar o chão recém lavado. A cafeteira tinha sua jarra meio cheia. Ao lado da branca máquina havia um prato coberto com um pano.

   Levantando o pano havia um café da manhã. Os ovos e as batatas estavam frios, mas o estômago de Roshelle grunhiu com ânsia. Levantou o prato e o colocou no microondas antes de voltar-se para o café.

   Havia uma caixa de cartão sobre a mesa junto à cafeteira. Não estava ali a noite anterior. Roshelle olhou dentro e encontrou uma pequena coleção de livros.

   Suas emoções giraram perigosamente ao pensar no presente. Porque era um presente. Jared claramente os tinha deixado ali para ela. Tinha sido muito mais fácil considerar o ontem à noite como só sexo. Vendo a prova do cuidado dele por seu bem-estar converteu o encontro em algo que Roshelle não estava segura de como chamar.

   Ou talvez não quisesse fazê-lo.

 

   —Não parece estar tão chateada como me tinham contado.

   O livro saiu voando e um chiado assustado escapou de seus lábios. Absorta em seu primeiro entretenimento em uma semana, Roshelle se assustou ao ter a alguém tão perto.

   —Olá.

   Roshelle entrecerrou os olhos. OH, conhecia esse tom! Suave como um uísque de cem anos e igual de devastador. Seu acompanhante elevou uma sobrancelha em resposta. Percorrendo com o olhar, ela notou algo familiar. Cabelo negro, olhos verdes e ao que cinqüenta flexões não lhe teriam deixado sem fôlego.

   —Estou decidida, não ser chata.

   —Isso diz você.

   Resgatando seu livro das pranchas de madeira do alpendre, Roshelle o abriu e lhe emprestou sua completa atenção à página. Jared não era o único a não ter maneiras sociais. Sua mãe devia ser um sargento de treinamento da marinha.

   —Acredito que deveria me desculpar.

   —Não perca seu tempo.

   —Geralmente as pessoas gostam de ser encaradas, quando alguém esta dentro da casa dela.   Fechando o livro, Roshelle ficou de pé e passeou seu olhar pelo homem que tinha diante. Era um bruto de aparência agradável e ela não tinha paciência para sofrer com suas pequenas diversões.

   —Sugiro que procure a alguém que se possa impressionar.

   A alegria dele se evaporou no segundo que ela emitiu sua observação. Seus traços se endureceram e saiu da entrada. Roshelle se encontrou sendo objeto de um intenso escrutínio quando ele passeou seus olhos pelo rosto dela. A familiar sensação de que seus pensamentos estavam sendo inspecionados a fez erguer uma barreira a fim de lhe manter fora.

   Sem estar segura de que fosse por sua defesa ou pelo conhecimento de suas intenções, Roshelle observou como seu acompanhante a admirava desde seus olhos meio fechados.

   —Sou o irmão de Jared, Rourke.

   —Obviamente.

   Seus olhos a examinaram tão agudamente como se fosse uma lente de microscópio ao mesmo tempo que tocava sua mente durante um instante. Essa parecia ser a forma familiar de saudar.

   —Tranqüilo, irmão, admito a derrota. Ela é tua.

   Desta vez ela se assustou. Jared estava a dois centímetros de suas costas. Seus olhos se moveram para ela um momento antes de retornar a seu irmão. Apertado-o de suas facções não comunicou nenhum pingo de laço familiar.

   —Recorda-o.

   —Farei-o.

   A tensão se rompeu um segundo mais tarde quando os dois homens se abraçaram de uma forma que fez que Roshelle ficasse com a boca aberta. Quão extremos estes homens podiam cruzar com tanta rapidez a deixavam lutando por seguir o ritmo.

   —Boa tarde, Roshelle.

   O rosto dela mostrou sua desaprovação ante o uso familiar de seu nome. Ambos os homens a observavam com uma patente superioridade. Roshelle lhes enviou um brilho de aborrecimento por usá-la como sua diversão noturna. Enviou- um olhar especialmente mordaz a Jared. Pela atitude tão territorial que o tipo tinha adotado, Roshelle quase lhe perguntou onde estava seu bando.

   —Se me desculparem, acredito que os níveis de testosterona que há aqui são tóxicos para as mulheres.

   Observando sua marcha do alpendre fez com que Rourke se lamentasse por haver-se encarregado do negócio que lhe tinha tirado da montanha no mês anterior.

   —Tem uns quantos dentes a mais, Rourke.

   Esboçando um amplo sorriso, Rourke olhou a seu irmão. Talvez essa magnífica peça estivesse fora de seu alcance, mas observar como se retorcia Jared com ciúmes poderia ser divertido.

   —O que acontece, Jared? Há algo que não te deixa ter seu reconfortante sonho de beleza?

   —Muito gracioso. Roshelle não é do tipo fácil e impressionável.

   Rourke moveu a cabeça assentindo. Roshelle não era da classe de garota que um tipo dispensa quando a noite termina. Ambos os homens levaram seus pensamentos para a variedade de mulheres que tomavam e deixavam. Suas vidas eram muito incertas para outra coisa. Roshelle não era somente de outra categoria, ela era do tipo com que eles não tinham contato.

   —Ela é uma dama.

   Jared sabia. Fazia todo o possível para evitar usar a palavra. Escutá-la da boca de seu irmão lhe deu mais força. Jared tinha se relacionado com mulheres frequentemente. Tinha evitado às de muito baixa moral porque emprestavam a desonestidade. Mas as damas... Bem, isso era algo ao que não tinha dedicado um segundo olhar.

   Saborear a doçura da inocência, unido ao orgulho com que Roshelle rendia seu corpo sem seu coração, corria pelo sangue dele com a força do ópio.

   Igual a qualquer vício, cada dose somente aumentava a dependência. Encontrar outro homem perto de Roshelle tinha atraído sua fúria à superfície. Especialmente Rourke. Seu irmão tinha convertido a sedução de mulheres em um costume.

   —Deve estar oxidado; acredito que ela te cortou as asas.

   Abrindo seus braços em cruz, Rourke fez uma reverência.

   —Triste. Mas certo. Acredito que me retirarei da busca de sua companhia.

   Com uma falsa saudação, Jared observou a seu irmão abandonar o alpendre rapidamente. Este se deteve metade de um passo para lançar um olhar divertido por cima de seu ombro.

   —Pisa com cuidado, irmão; as damas podem ser muito criativas quando planejam vingança.

   Uma sobrancelha escura se levantou enquanto Jared considerava o conselho de seu irmão. Dando meia volta, entrou em sua cozinha com passo indeciso.

 

   Dele?

   Quando o inferno congelar! Quando os porcos voarem! Quando…

   OH, quando ia deixar de mentir-se? Era um hábito tão molesto. Um que parecia ter adquirido ao mesmo tempo que tinha conhecido Jared.

   Roshelle fechou a porta da secadora com um empurrão e se dirigiu com passos firmes para o dormitório principal. Observou a vista da janela e o guarda com seu rifle que estava ali fora.

   A amargura se elevou em sua garganta ao descobrir seu crescente conhecimento deste mundo. Cada dia o bordo exterior se aproximava mais e mais a sua vida. O temor de que eles dois estivessem mais e mais enredados cresceu dentro de seu coração. Por muito que lhe desejasse, Jared se tinha situado firmemente em sua memória, apesar de todos os esforços que ela tinha feito para evitá-lo.

   Estava completamente sob sua pele. Era quase estranha a forma em que podia lhe sentir. Tirando as roupas da secadora, Roshelle deu um passo atrás para o dormitório. Pura agressividade masculina percorreu a pele dela, fazendo que tremessem as mãos enquanto colocava peças no balde.

   Seus olhos se abriram de par em par ao dar-se conta do que sua mente tentava lhe dizer. Voltou-se sobre seus tornozelos para encontrar seu dilema mental materializado em carne e osso. Muito concentrada em suas emoções, não percebeu quando Jared se aproximou dela. Com pés silenciosos, ele tinha estado espreitando através da casa.

   —Umas savanas podas não deveriam desperdiçar-se.

   O significado era mais claro que a água. O desejo percorrendo seu corpo saltou a pouca distância que lhes separava. Uma suave dor se propagou rapidamente por todo o corpo dela, impondo-se ao protesto de seu sentido comum.

   —Você também pode senti-lo.

   A mão dele se curvou sobre a cintura dos jeans dela detendo sua retirada. As mãos dela se abriram sobre o sólido peitoral dele em um vão esforço por lhe manter afastado. Cada polegada que ele avançava para ela, arrastou qualquer pensamento racional bem longe de seu alcance.

   A boca dele se apoderou da dela, levando qualquer retalho de controle que pudesse ter. As mãos dela tentaram agarram avidamente o calor que sentia do corpo dele. A carne dele estava viva e ela desejava com ardor fundir-se a ele.

   Jared grunhiu com aprovação quando ela arrancou os botões de sua camisa. Suas mãos mergulharam pela abertura, arranhando seu peito. A língua dela imitou a dele quando atrevidamente saboreou sua pele.

   Roshelle jogou a cabeça para trás para observá-lo. Seus dedos tinham lhe ensinado quão forte ele era. Mas agora desejava vê-lo. O sol da tarde mostrou um torso que fez que sua vagina pulsasse de necessidade. As mãos dele lutavam com a roupa dela. Um pequeno som de rasgão a fez largar-se de seu abraço. Tinha que fazer outra coisa.

   —Volta aqui.

   Em vez disso, Roshelle começou a abrir sua roupa superior muito lentamente. O rude desfrute que se lia no rosto dele, deu-lhe confiança em si mesmo. Com um último estalo se abriu e ela jogou os ombros para trás para empurrar brandamente a camisa de seu corpo.

   —Acredito que é melhor que você fique aí.

   A mandíbula dele se apertou com firmeza, mas uma comissura de sua boca tremia. Jared não era um homem que estivesse acostumado a receber ordens. Especialmente de uma mulher. Roshelle subiu os dedos por seu corpo para alcançar os colchetes de seu prendedor. Esse pequeno poder a deixava atrevida ao considerar a idéia de brincar com a atração de ambos em lugar de somente alimentá-la.

   O prendedor seguiu a seu Top no chão depois que ela se afastou um pouco lentamente. Uma escura sobrancelha se ergueu quando Jared deu um passo atrás dela. A boca dele se levantou em um sorriso malicioso quando se deteve e baixou o ziper de sua calça com firmeza. O rude som do metal fez que os mamilos dela se endurecessem.

   —À tentação podemos jogar os dois, carinho.

   Seu inchado membro se elevou fora da braguilha aberta.

   Roshelle inspirou ao ver a evidência de seu desejo. As botas dele ainda estavam atadas em seus pés. O corpo dela tremeu enquanto considerava se podia ou não esperar com que as tirasse. A vermelha cabeça de sua glande se moveu mostrando o quão faminto estava.

   —Voltou a depilar esta manhã?

   Roshelle ficou sem fôlego, mas não pôde evitar que um pequeno sorriso travesso aparecesse em seus lábios. A sensação dos dedos dele sobre sua vulva nua tinha sido suprema. Agora entendia por que as mulheres suportavam a dor da cera.

   Jared estirou uma mão para lhe tocar um seio.

   —É tão malditamente formosa.

   Alcançou a parte superior dos jeans dela e abriu o botão. Deslizou o ziper para baixo enquanto Roshelle utilizava suas mãos para facilitar o passo por seus quadris. Os lábios dele permaneceram abertos em um sorriso enquanto se ajoelhava para terminar de tirar completamente os jeans.

   A paixão ainda era inegavelmente quente, mas também se balançava ao bordo da diversão. Em lugar de amedrontá-la, apenas a deliciava de forma intensa.

   Ele a levantou do chão outra vez. Um beijo ardente golpeou seu abdômen e com um só percurso a deitou na cama. Não a seguiu nesta ocasião. Em lugar disso separou as coxas dela com suas seguras mãos enquanto a observava acomodar-se sobre a cama.

   O corpo dela estava completamente desdobrado. Expondo sua suave carne a seus ansiosos olhos. Suas mãos acariciaram a zona interna das coxas enquanto a tensão cruzava o rosto dela.

   —Carinho, fecha os olhos. Vou saborear-te. —Em vez disso, ela fundiu seus olhos abertos com os dele. Jared pressionou sua palma com firmeza sobre o sexo dela e escutou sua exclamação de surpresa. - Confia em mim. Fecha os olhos.

   —Por quê?

   —Quando bloqueia um de seus sentidos, outros se intensificam.

   Roshelle não estava segura de que pudessem intensificar ainda mais. Já era muito intenso. Cega, nem sequer saberia quando se produziria o momento do contato. Estaria em suspense enquanto esperava o toque dele.

   Piscou rapidamente antes de fazer o esforço de manter os olhos fechados. Seu peito se elevou com uma profunda inspiração enquanto se obrigava a acessar. Um grande sorriso iluminou o rosto de Jared. A confiança não era algo que te pudesse tomar. Devia dar-se livremente.

   Sua boca a queimou. Roshelle saltou na cama, mas Jared a empurrou firmemente para baixo. Sua língua lambeu outra vez seu sexo exposto antes de posar-se diretamente sobre o pequeno botão situado em cima da entrada de sua vagina. Prazer e dor pulsaram juntos enquanto ele tamborilava com sua língua sobre e ao redor desse centro sensitivo. Suas mãos a sustentavam em seu lugar enquanto ele convertia sua anterior necessidade em desespero. De repente, com uma sucção ele introduziu o clitóris inteiramente em sua boca. O corpo dela pareceu partir-se em dois quando o prazer incrementou a pressão. Seus pulmões não pareciam serem capazes de agarrar suficiente ar enquanto pressionava os quadris contra a boca dele.

   Jared amaldiçoou brandamente ao elevar-se sobre ela. Não tinha pensado tomá-la com as calças ainda postas, mas não podia esperar. Empurrou dentro de seu corpo e apertou os dentes quando ela elevou seus quadris facilitando a posse. A mente dela estava aberta quando ele entrou nela, mesclando-se ao igual a seus corpos. O prazer se abriu passo através deles enquanto suas mentes o refletiam sem descanso.

   Ele se elevou sobre ela, mas Roshelle se aferrou aos largos ombros. Cada embate dilatava mais sua vagina, cada penetração tentando-a abri-la ainda mais. Não lhe parecia o suficientemente profundo. Quando ele se retirava, o momento da nova penetração parecia durar uma eternidade. Os dedos dele se curvaram sobre suas nádegas ao elevar da cama. Seus embates se fizeram mais rudes e ela se levantou para lhe envolver.

   O grito que saiu de sua garganta se mesclou com o duro grunhido de satisfação masculina. Ambos debatiam em suas mentes, e a carne de um corpo se voltou uma só unidade de prazer.

  

   A tarde caía quando Roshelle levantou sua cabeça da cama revolta. A culpa começou seu assalto de novo, mas ela a jogou a um lado. Tinha desfrutado com Jared e isso era um fato.

   Conhecia-o. Talvez não da forma normal em que uma mulher espera conhecer um homem, mas podia lhe sentir. Enquanto algumas mulheres despertavam perguntando-se quão importantes eram para seus amantes, Roshelle não precisava perguntar.

   Jared a desejava. Sua paixão se propagava entre eles até que não havia maneira de saber quem era quem. Confundiam-se em uma só entidade, cada um aberto ao outro.

   A maneira em que suas mentes se fundiam não a incomodava já. Por que deveria fazê-lo? De fato, era um alívio descobrir que havia outras pessoas que experimentavam tais habilidades.

   O rosto aterrorizado de sua mãe dançou ante seus olhos durante um instante. Apesar do muito que Roshelle tinha desfrutado ao achar a outra pessoa com o dom, sabia sem dúvida que aquilo tinha ido contra aos objetivos alarmantes de sua mãe.

   Somente desejava ter alguma idéia do que sua mãe tinha tentado evitar.

 

   —Shelly, ficou louca?

   Roshelle sorriu enquanto se afundava com agradecimento em uma cadeira. A distância entre as casas era curta, mas estava convencida de que Jared havia posto as pedras mais afiadas de todo o estado de Washington para cobrir o chão. Seus pés declararam seu protesto quando se sentou tentando cobrir as dolorosas conseqüências de seu orgulho.

   Mas estava fora de sua casa!

   —Se eu ainda estou lúcida, então por favor atire em mim. Eu não posso viver se esse inferno se tornar realidade.

   —Não te atreva a me deixar aqui sozinha.

   —Precisamente acredito que cruzaria o inferno para te encontrar.

   —Estou impressionada.

   Roshelle pôs seus olhos em branco ante o sarcasmo da Christina. Dando a seu pé uma última fricção se endireitou na cadeira. Estar encantada pelo fato de ter saído de uma casa era patético, mas era melhor que esperar que Jared voltasse para ela.

   —Vêem, tenho um bolo por aqui e você precisa salvar minha figura.

   —Nunca confie em um cozinheiro fraco.

   —Ninguém te há dito que é como uma dor, Shelly?

   Pestanejando umas quantas vezes, Roshelle considerou o humor escondido depois do cenho da Christina.

   —Por aqui, isso é tudo o que ouço. Mas se acredita que vou comer algo cozinhada pelo Shane Jacobs, então você é a louca.

   —Os idiotas também o comem. Mencionei-te o quão patético que os indivíduos da espécie humana estão condenados a ser?

   —Freqüentemente.

   Christina se virou antes que sua amiga pudesse ver a piedade em seus olhos. Pobre Shelly. Os escuros círculos sob seus olhos lhe diziam tudo. Se Christina duvidava o porquê sua amiga tinha estado acordada a passada noite, os diminutos machucados de seu pescoço o confirmavam.

   Roshelle merecia algo melhor! Esse homem não era o tipo quente e amoroso que uma mulher desejaria que sua amiga tivesse. Christina conhecia muito bem aos de sua classe. Quente e rápido. Queimavam-se tão rápido como se acendiam. Christina somente desejava ter a coragem para lhe baixar as fumaças. Mas Jared a assustava como a morte. Realmente era uma lástima que Roshelle não tivesse medo também. Os homens como Jared não suportavam bem a ironia. O problema era que Christina não acreditava que Roshelle sequer conhecesse o significado da ironia.

   —Doutora Roshelle Enjoe Everitt.

   A voz masculina que dizia seu nome com tanta precisão também era estranhamente familiar. Resistente ao seu tom Ela endireitou suas costas de forma automática como a resposta sem idade de um menino quando escuta seu nome completo de lábios de um pai.

   —Xerife Campbell?

   Apesar da clara evidência ante seus olhos, Roshelle sentiu ainda a necessidade de confirmar a identidade do homem que tinha diante dela.

   Talvez fosse por seus frustrados esforços por lhe ver os que causavam que lhe olhasse como a uma visão conjurada por sua mente fatigada.

   Talvez foi a desilusão por ter finalmente os meios para deixar ao Jared atrás.

   —Como terminou aqui?

   O tom de acusação na voz do xerife incomodou Roshelle. Ele permanecia na entrada ocupando todo o espaço. Era o suficientemente velho para ser seu pai, mas somente os cabelos de suas têmporas mostravam algum sinal de cinza. Os olhos dela vagaram sobre o rosto do homem procurando o motivo de que fosse tão familiar.

   —É uma história bastante complicada.

   —Espero por seu bem que assim seja.

   Roshelle se endireitou para fazer frente a esse tom ameaçador.

   —Cuidado, pai, Roshelle fica resmungona quando está cansada.

   Ela se girou sobre seus pés para enfrentar-se com Jared. Suas bochechas se acenderam enquanto suas orelhas se elevaram ante essa declaração. Pai? Seus olhos se moveram de um homem a outro tomando nota dos detalhes de suas caras. Embora Jared não tivesse herdado a cor de olhos e cabelo de seu pai, não havia dúvida de que Brice Campbell era seu progenitor.

   —Encontramos.

   O que fosse ao que se referisse o pai de Jared com essa frase, não era bom. Roshelle observou como o rosto de Jared convertia-se em pedra, seus olhos verdes se estreitaram até formar frestas depois das que a olhou.

   —A quem encontraram?

   Roshelle estava farta de que movessem seus fios como a uma marionete! Era sua vida, não um jogo. Se o xerife tinha encontrado o seqüestrador da Christina então tinha terminado e poderiam voltar para casa.

   —Clark Huntley.

   A desilusão cintilou nos olhos dela. Jared cruzou seus braços sobre o peito como se esperasse a que seu pai terminasse.

   —Por que ameaçou matar Clark?

   —Não fiz tal coisa!

   Os olhos de Roshelle se abriram de par em par enquanto olhava fixamente ao pai de Jared.

   —Sua secretária diz outra coisa. Você também tem uma pistola sem registrar. Clark foi assassinado com uma arma idêntica.

   Roshelle sentiu que a cor abandonava seu rosto. Morto? Desejava que o tipo saísse fugindo do estado, mas não que lhe assassinassem! A náusea se levantou para estrangulá-la quando se deu conta de que o seqüestrador ainda tinha a pistola que ela tinha comprado.

   Jared tinha observado antes a seu pai quando interrogava. Teria apostado seu último dólar a que Brice Campbell não acreditava que Roshelle fosse uma assassina, mas talvez tivesse informação que poderia conduzir ao culpado. Ela se endireitou e colocou as mãos em seus quadris.

   —Bom, não sou tão parva para utilizar meu cartão de crédito na única loja de armas do Benton, para comprar uma pistola que pensasse em usar num assassinato.

   —Também assinou o talão de venda. — Brice Campbell empurrou a asa de seu chapéu vaqueiro um pouco para trás para olhar ao Roshelle—. O que quero saber é por que não foi ao meu escritório?

   —Você acredita que sou tão estúpida para por fogo em minha própria casa.

   —Os acidentes ocorrem, doutora, inclusive às pessoas com estudos. Mas alguns detalhes a mais de sua parte, e essa conclusão de incêndio acidental teria sido descartada e a investigação teria alcançado outros patamares.

   Brice Campbell estava furioso com ela. Roshelle lhe devolveu o duro olhar recusando deixar-se amedrontar.

   —Às vezes deve se procurar ajuda fora para te proteger.

   O xerife bufou brandamente como resposta. Girando a cabeça olhou a seu filho.

   —Quanto tempo ela esta aqui?

   —Uma semana, não tinha nenhuma pistola quando a encontramos - Jared elevou uma sobrancelha para Roshelle antes de terminar sua observação. - Ela é especialista em explodir granadas.

   O xerife dirigiu um largo olhar a seu filho antes de tornar-se a rir.

   —Estou agradavelmente surpreso. —Seus olhos castanhos desceram pelo corpo dela antes de lhe dedicar um sorriso de aprovação. - Não acreditava que fosse capaz de assassinar Clark, doutora Everett.

   Jared se uniu a seu pai e os dois riram abertamente. Inclusive Shane sorria como um idiota enquanto lhes observava.

   —Perfeito! Se todo mundo for tão feliz, então me devolva meus sapatos e continuarei meu caminho.

   O ambiente se acalmou imediatamente. Olhos escuros a olharam criticando-a. Brice Campbell olhou seus pés nus antes de lhe lançar um duro olhar a seu filho. Jared cruzou seus braços sobre o peito como resposta.

   —Roshelle gosta de escalar as ladeiras das montanhas.

   —Sugiro que permaneça aqui, doutora. Não necessito de mais homicídios que investigar. A sorte se acaba. Você teve sua parte este mês. Clark Huntley não necessita de outra pessoa no cemitério.

   Ela sabia. Mesmo assim, aceitar o amparo de Jared era muito amargo. Sentia como se ordenasse seu destino, mas essa ação parecia tão inútil. Mas isso não significava que gostasse dessa situação.

   A cara de Jared refletiu muita superioridade para o orgulho dela, assim deu meia volta sobre seus pés e partiu antes que seu ego lhe ordenasse fazer algo estúpido.

   Como lhe dar murros por puro rancor. Com a sorte que tinha, provavelmente acabaria rompendo-a mão.

 

   Os olhos de Jared a seguiram todo o caminho de volta a sua casa. A forma em que ela erguia os ombros lhe enchia de orgulho. Sua mulher não viria abaixo em público. Em lugar disso levantava a cabeça bem alta dirigindo-se ao único refúgio que tinha e pelo inferno como agradava o que fosse sua casa.

   —Tome cuidado, filho. Essa dama tomou umas quantas decisões com respeito a sua vida. Deixa-a sem identidade própria e talvez não seja capaz de recuperar-se.

   —Ele a matará.

   —Não estou tão seguro sobre isso. —Brice esperou que o olhar do filho voltasse para ele. - Não encontramos a arma do homicidio, mas Helen Rutten está informando a todos que Roshelle tinha ameaçado Clark com um revólver.

   —Ela mente.

   —Sei, mas é muito possível que encontremos essa pistola perto de sua próxima vítima.

   Jared não demorou muito em imaginar-se quem poderia ser a próxima vítima. Helen não poderia ser tachada de mentirosa se estava morta.

   —Isto vai ficar feio, filho.

   —Acredite-me, pai, já está.

   Lentamente Jared deu a seu pai a informação que precisava. Seu primeiro instinto tinha sido correto. Havia uma ameaça para sua família. Ainda não estava seguro de onde viria o próximo ataque, mas sim estava convencido de que eles eram os objetivos.

   Em alguma parte disto Roshelle tinha se envolvido. Mas ela tinha a chave. Ninguém se incomodaria em preparar lhe uma armadilha se não fosse assim. Jared ia desfrutar matando o responsável.

 

   Ela realmente deveria ter mais cabeça. O orgulho estava fora de suas opções! Levantando seu pé da pia onde o tinha submerso em água quente, Roshelle investigou o dano que ocasionou em si mesma.

   As carnes de seus pés estavam machucadas, com algumas cicatrizes. Aquele tipo de pedras que cobriam o chão entre as duas casas eram suficientemente afiadas para cortar sua pele. A pele mais dura de seus pés e dedos tinham melhor aspecto que a pele mais fina, mas alguns cortes eram bastante profundos para necessitar pontos. Mas precisava limpar a sujeira de seu interior. Voltando a introduzir o pé na água, Roshelle inspirou quando as feridas abertas protestaram. Olhando-se no espelho do banho, coberto de vapor, seu reflexo a olhou fixamente. E riu.

   As lágrimas corriam por suas bochechas quando deixou de rir. Todos os conflitos emoções saíram dela através de suas lágrimas. Sim, o futuro ainda era extremamente incerto, mas uma mulher não podia pedir um protetor melhor que Jared.

   Ou um melhor amante. Roshelle observou como o rubor coloria suas bochechas. A resposta de seu corpo a intrigou. A forma em que ela tinha ido para ele na escuridão a embaraçava, mas seu corpo desejava ardentemente outra oportunidade. Deveria estar consternada, mas não o estava. De fato, estava um pouco assustada de que Jared não estivesse interessado em passar outra noite com ela. A maneira em que manipulava seu corpo lhe indicava sua experiência com as mulheres.

   —Esta noite não posso imaginar nada mais tão gracioso.

   Girando a cabeça, Roshelle sentiu seu rubor aprofundar ao ser surpreendida sonhando com ele. Os olhos dele perfuraram os seus, exigindo conhecer o motivo atrás de sua diversão. Abruptamente se moveram ao perceber a água manchada de sangue da pia. Levantou o pé dela da água, segurando-a pelo tornozelo. Roshelle inspirou assombrada pela quantidade de força que ele investiu na ação.

   Jesus! Ele era tão cheio de vida! Seus olhos vagaram pelo braço que acompanhava essa mão. Os músculos estavam claramente definidos, sobressaindo-se sob o suave bronzeado de sua pele. Até agora tinha controlado essa força cada vez que a tinha tomado entre seus braços.

   —Se alguma vez voltar a deixar esta casa sem sapatos...

   A ameaça de Jared se desvaneceu à vista do rubor que cobria as bochechas dela. Suas pestanas revoaram brevemente antes de elevar para mostrar a fome que navegava através deles.

   —Então me devolva meus sapatos, Jared Campbell.

   Em lugar disso, Jared passeou um só dedo pela superfície ruborizada do rosto dela. Sua mão continuou descendo por sua garganta, passando por seus seios até alcançar o enrugado mamilo. A carne se inchou, procurando um roce mais firme de sua mão.

   —Acredito que necessita de menos roupa, nada mais que isso. Talvez, não precise usar nada - Sorriu mostrando-a uma perfeita fila de dentes—. Seu corpo é tão formoso. A nudez soa me perfeita.

   —Quer que me resfrie?

   —Te manterei quente.

   Antes de engatinhar em cima da banheira, Roshelle tinha tirado os jeans. As mãos de Jared se moveram sobre o cetim de suas coxas nuas subindo para lhe tirar seu último objeto. Esse aroma tão picante envolveu a cabeça dele enquanto as mãos dela se tiravam a camisa. Ela teria que esperar para ele se despir, porque agora mesmo seu corpo lhe exigia que se afundasse entre as úmidas dobras que estavam sentadas diante dele.

   Os músculos dela protestaram ante essa entrada. Estendendo suas mãos sobre suas nádegas, Jared controlou brutalmente sua urgência por penetrá-la profundamente. Devagar e suave, convenceu à carne dela a aceitá-lo. Os dedos dela se cravaram em seus ombros enquanto abria a boca ante o gozo. Seu prazer lhe envolveu, mesclando-se com o desfrute quase primitivo que ele obtinha quando seus corpos se uniam.

   O espelho do banheiroos refletiu. Roshelle observou o corpo dele movendo-se contra o seu. Aferrou-se a seus ombros quando ele apanhou sua boca em um beijo possessivo. Seu membro se elevou e tremeu quando o orgasmo se fez realidade.

   Completamente satisfeito, Jared se encontrou caindo contra o corpo dela. O balcão da pia a protegeu de seu peso enquanto ele sentia o coração dela voltando para a normalidade. Roçando-lhe sua boca com um beijo, colocou-se a roupa em seu lugar.

   —Se alguém precisa tirar-se estas botas, é você.

   Sua mão cavou o rosto dela enquanto seus lábios se moviam brandamente sobre os seus.

   —Sinto muito, carinho. As coisas estão um pouco quentes para que me apanhem com as calças baixadas.

   Ela tremeu como resposta. Jared era rude, mas ao mesmo tempo seu teimoso comportamento a tinha feito avermelhar com seu calidez. Este era um homem que a protegeria com sua própria vida.

   Jared recolheu a calcinha do chão. Deveria havê-la mortificado ver um objeto tão íntimo pendurando em sua mão, mas não foi assim. Pelo contrario, sua anterior diversão voltava a borbulhar fazendo que apertasse seus lábios para não estalar em gargalhadas nervosas.

   Talvez não sabia a causa exata do humor dela, mas Jared também sorriu. Tinha esquecido quão alegre era realmente o espírito dela. Entregou-lhe o resto de sua roupa enquanto se balançava sobre o balcão da pia e tentava vestir-se sem apoiar-se em seus pés.

   Roshelle observou enquanto os firmes dedos dele pulsavam uma linha de código no comunicador que tirou do bolso da camisa. O tipo se movia com segurança em seu mundo. Seus olhos se moveram sobre a tela e depois assentiu com a cabeça aprovadoramente. Guardou o aparelho voltando toda a atenção de seus verdes olhos para ela. O calor subiu novamente às bochechas dela quando seus olhos mostraram o anseia que o breve encontro não tinha satisfeito.

   Uma grande mão se aferrou à nuca dela enquanto sua boca se apoderava da sua. Movendo-se com ele, Roshelle se lançou em busca do sabor de seu companheiro. Estava impaciente por aprender mais sobre ele. Sua língua empurrou procurando satisfazer sua curiosidade. Seu orgulho a fez observar ao quão entrecortado era a respiração dele quando apartou os lábios dos seus.

   Um forte golpe na porta principal atraiu sua atenção.

   —Isso é para você.

   Jared a levantou em braços e atravessou a porta. A escassa luz do banheironão chegava ao corredor, mas Jared parecia sentir-se muito a gosto na escuridão. Seus pés se moviam com firmeza em direção ao sofá da sala de estar. Assobiou com força antes de depositá-la sobre as suaves almofadas.

   —Chamou?

   —Os pés da dama precisam cuidados.

   Embora fosse jovem, Roshelle não poderia dizer que o recém-chegado fosse um menino. Havia um ponto duro nele que lhe etiquetava como um homem enquanto que o rosto juvenil confirmava seus poucos anos. Ele inclinou a cabeça como saudação enquanto se pendurava o onipresente rifle no ombro antes de depositar uma caixa grande sobre o chão ao lado das pernas dela. De cor negra, a caixa nada revelar, apenas algumas tiras fixadas em sua parte superior, Roshelle observou enquanto ele abria o estojo de primeiro socorros que qualquer sala de emergências estaria orgulhoso de possuir. Cada compartimento estava rigorosamente abastecido, sem desperdiçar um só milímetro de espaço.

   Elevou cada um dos pés dela por turno antes de remover na caixa com mãos seguras para tirar os artigos que lhe interessavam. Alguns médicos acreditavam que os médicos rurais não estavam muito capacitados. Enquanto observava a segurança de suas mãos, Roshelle sentiu um grande respeito pelos conhecimentos do homem. Não existia nem um vestigio de dúvida e suas mãos realizavam a tarefa com a mesma facilidade que ela poderia aplicar.

   —Suponho que não necessitará que lhe diga a dose adequada para estes medicamentos.

   As mãos dela se fecharam ao redor dos tubos de analgésicos antes de lhes jogar uma olhada para identificá-los.

   —Obrigada.

   Apesar de sua deferência para com o conhecimento médico dela, o homem ficou de pé e saudou Jared antes de prosseguir com o resto de suas indicações.

   —Não pode apoiar os pés durante trinta e seis horas. E somente trabalhe leve durante uma semana.

   A porta principal estava quase fechada quando Jared a levantou em braços de novo. A facilidade com que o fazia a fazia sentir-se como o brinquedo de um menino. O som das portas do dormitório fechando-se foi suave, mas lhe perturbou os ouvidos. Essa noite os sons pareciam amplificar a prisão de seu mundo. Inclusive embora pudesse escapar nada a esperava exceto a morte.

   Dobrando seus joelhos ela, Roshelle elevou o olhar para a entristecedora vista do céu noturno que podia ver da cama. A lua se estava elevando e as estrelas enchiam a quarto com seu brilho. Quem teria acreditado que a casa tivesse um quarto com tal paz e beleza?

   Dois fortes sons golpearam seus ouvidos. Roshelle girou para observar as botas de Jared golpeando o piso. Suas calças as seguiram e depois se aproximou do cabeceira da cama e colocou sua arma ali. A luz da lua se derramou sobre seu corpo provocando o desejo nela. A noite se estendia ante ela enquanto a cama se afundava sob o peso de Jared.

   Seus olhos se fecharam enquanto umas cálidas mãos a atraíram a um abraço que apagou qualquer demônio de sua mente. Jared encheu esse espaço por completo, deixando-a felizmente satisfeita para desfrutar do êxtase que seus corpos pareciam capazes de provocar.

   Colocando-se de barriga para cima, Jared a atraiu para si outra vez. Sua mão se enredou com as suaves mechas do cabelo dela apoiando-a sobre seu peito. Ele desfrutava sustentando-a quase tanto como lhe fazendo o amor.

   Não estava seguro do que significava fazer o amor, chamá-lo somente sexo parecia muito desrespeitoso para esta dama.

   A respiração de Roshelle se aprofundou com o sonho. Jared moveu a mão sobre a bochecha dela. Girando-se, pensou em despertá-la. Podia dormir mais tarde. Qualquer oportunidade para compartilhar a companhia do outro, desapareceria muito em breve.

   Jared duvidava muito que Roshelle estivesse disposta a fazer o sacrifício necessário para permanecer a seu lado.

  

   O tempo tinha parecido avançar lentamente momentos antes. Agora estava completamente congelada. Jared tinha partido. Roshelle se encontrou indo em sua busca, procurando qualquer pequeno rastro. Seus esforços não produziram nada, nem sequer o toque familiar de sua mente invadindo a dela.

   A casa era o único pedaço de prova de que o homem verdadeiramente existia neste planeta. Enquanto os dias foram alargando-se, Roshelle se questionando sua percepção da realidade. Porque ela o sentia mais completamente que a qualquer outro humano, sua separação a machucava cada vez mais forte. Havendo ele forçado seu caminho para os pensamentos dela, sua mente se sentia vazia sem ele.

   Perambulou de janela em janela, indo em busca de qualquer sinal de movimento entre as duas casas. Nem sequer os carros conduziam por noturnas avenidas. Só dois sentinelas faziam guarda, suas posições sempre firmes, enquanto se moviam de um lado para outro. Era quase hipnótica a forma em que os homens tentavam combinar seus passeios. Nunca estavam parados em lugar nenhum, e entretanto podiam em lugar disso se confundiam com as árvores e outros objetos naturais. A forma em que podiam misturar-se com a paisagem era absolutamente estranha.

   A única coisa que o tempo parecia tocar era a ridícula manta que Roshelle tinha começado a fazer devido ao aborrecimento. Seus dedos sustentavam as agulhas de tecer enquanto ela contava os pontos de um aos mil. Logo deixava a um lado enquanto passeava pela casa e levantava as portinhas em outra janela. Um dia, enquanto desenredava outro novelo de linha, seus dedos roçaram o fundo da cesta que estava junto ela. Seus olhos voaram para a manta estirada sobre seus joelhos e ainda por cima do piso. As cores se mesclavam desordenadamente porque ela não tinha tido consciência de seus esforços, simplesmente tinha tecido com uma lã não importando que cor tivesse o fio que entreteciam as agulhas. Uma risada lenta se elevou em sua garganta, a manta era uma salada de fruta, nenhumas das cores se combinavam. Mas um sorriso absurdo a substituiu sobre sua cara enquanto a sustentava e desfrutava de seu fofo peso.

   Que dia era hoje?

   Seu estômago roncou em sinal de protesto. Uma das mudanças mais deslumbrantes era o fato de que a cozinha agora estava completamente abastecida com comida. Uma vez por semana o guarda trazia uma caixa de comida fresca. Indo para a cozinha seus olhos se abriram de incredulidade devido às quatro caixas de cartão empilhadas organizadamente em cima do refrigerador.

   Um mês? Tinha estado passeando em uma névoa por um mês! Meu deus! Alguém realmente precisava lhe dar um tiro! Seu estômago roncou outra vez e ela foi tirar comida do refrigerador. Estava morrendo de fome! Ao observar a quantidade de verduras apodrecidas a percebeu que não estava comendo bem. De fato, suas calças jeans escorregavam pelos seus quadris.

   Bem, se seu atual apetite era uma indicação, Então sua roupa não demoraria muito em ajustar-se de novo! Jared estava obviamente fazendo o que fazia para ganhá-la vida. Não havia razão para que ela sonhasse com uma casa como um ordenador portátil esquecido. Mas quando ele retornasse, ele tiram uma conversação a respeito do que ela esperava fazer com seu tempo.

   Uma carreira de costureira não era exatamente o que tinha em mente.

   Talvez o sentinela poderia dar alguma idéia a respeito de quando Jared retornaria. Mas Roshelle logo rechaçou a idéia. Se alguém quisesse que ela soubesse onde estava o homem, então já saberia. Era outro tema a discutir com Jared. A comunicação não era o ponto forte do homem.

   Ao menos não a forma falada de comunicação. A forma em que ele se deslizava dentro de sua mente os obrigava a comunicar-se em um nível muito diferente. Agora que ela havia trazido seus próprios pensamentos à ordem, Roshelle tinha descoberto que podia sentir Jared. Era algo fraco, sem muita definição, mas ele estava ali para que ela o tocasse. Em sua busca de conexões mais profundas, ela tinha encontrado este pequeno enlace.

   Prometeu nunca se apaixonar de novo, era terrível para isso.

   Seus olhos se abriram de repente. Não podia estar apaixonada por Jared. Não só viviam em mundos diferentes; Habitavam realidades diferentes!

   Ohh … Estava mentindo-se a si mesma outra vez!

   Onde estava esse homem? Mereci um soco por isso! O amor era cem por cento culpa dele! Ele a tinha atraído a sua vida. Isso fazia responsável por seus sentimentos!

   Limpar o refrigerador lhe permitiu ter algo para fazer enquanto sua mente lutava com o dilema de suas emoções. Jared lhe tinha advertido que procurar algo a respeito de sua vida trazia consigo um enorme preço. Só que, O que tinha querido dizer? Agora mesmo, se relacionando com ele poderia custar um grande preço, a ela ou a qualquer pessoa. Jared não parecia estar preocupado.

   Mas ele estava… Roshelle passeava de um lado a outro sobre seus pés desenvolvendo essa idéia. Jared estava preocupado, tanto que a tinha encarcerado aqui para protegê-la. De fato, quando ela se predispôs a refletir sobre seus sentimentos, poderia encontrar seus significados.

   —Terminará te acostumando com isso.

   Roshelle tropeçou ao dá-la volta rapidamente para confrontar seu acompanhante. A primeira vista, a mulher que estava de pé no portal não era do tipo que causasse preocupação; um segundo olhar a seus olhos cor de esmeraldas contava uma história muito diferente. Apesar de sua altura um pouco cima de um metro e cinqüenta, a forma em que controlava e punha seu corpo falava em grandes quantidades a respeito de sua habilidade para defender-se. O tempo deixou leves sinais em sua fisionomia, ainda tinha cabelos negros como o carvão até suas raízes. Estava enroscado em tranças apertadas que tinham sido presas organizadamente com alfinetes no alto de sua cabeça. O penteado lhe dava uma aparência régia que qualquer rainha teria invejado. Parecia ter um pouco mais de cinqüentas anos, mas mesmo assim esta mulher era uma das mulheres mais belas que Roshelle tinha conhecido.

   Apesar de sua conclusão, que a mãe de Jared devia ter sido uma sargenta de treinamento, Roshelle tinha acertado à verdade muito mais diretamente. Deixando seu gênero de lado, a mulher de pé diante dela não deixava nenhuma dúvida na mente de Roshelle de que ela era a responsável por ter educado a seu filho como o predador que era.

   —Meu nome é Grace.

   —Grace?

   Nossa saber o nome dela não ajudava muita coisa, mas a forma direta que ela disse Roshelle achou engraçado. —Desculpe-me, sinto muito.

   —O que te diverte?

   Roshelle considerou os olhos meio fechados da mulher um momento. Ela parecia investigar diretamente sua alma, de modo que, não havia absolutamente nenhuma necessidade de guardar seus pensamentos para si mesma. —As mulheres que cantam no coro da igreja deveriam ter nomes de virtudes. Não uma mulher que parece como se pertencesse a uma companhia de comandos especiais.

   Uma risada baixo escapou da mulher enquanto seus olhos esmeraldas começavam a cintilar.

   —Realmente estou de acordo. É muito difícil saber qual a função que um Rangers esta envolvido.

   Roshelle deixou que seus lábios se elevassem em um grande sorriso. —Suponho que é uma boa coisa que Jared não esteja aqui, porque não estou exatamente segura de qual ramo dos Rangers pertence.

   Agora foi a vez de Grace de sorrir.

   —O Exército.

   —Hmm… bem, talvez tivesse sido entretido observá-lo ficar emburrado.

   —Sua sinceridade deve colocá-la freqüentemente em problemas, doutora.

   Roshelle deu uma piscada à mãe de Jared antes de responder—A gente toma a vida muito seriamente. Ao menos essa é minha opinião.

   Grace moveu seus olhos sobre a garota parada na cozinha de seu filho. Ela era encantadoramente honesta. A maior parte da gente utilizava uma quantidade enorme de desonestidade em cada um de seus pensamentos. Roshelle Everitt não parecia obedecer essa regra. Era muito interessante, assim como sua afinidade com os fenômenos mentais. Mesmo que a garota carecesse de treinamento, o dom estava ali.

   Grace se concentrou novamente no rosto de Roshelle, procurando algo que subjazia nela. A sensação de que esta garota lhe era familiar, ou alguma de suas características. Uma lembrança distante apunhalava sua mente.

   —É divertido como os pais batizam a seus filhos algumas vezes. Sempre têm fé completa nos nomes que escolhem.

—É jovem para ter um doutorado médico.

   —Minha avó acreditava que ao perseguir uma meta obtemos o resultado com o dobro da velocidade devida.

   Grace já sabia muito mais a respeito de Roshelle do que a informação que havia recebido do exercito. O objeto de seu interrogatório era a possibilidade de poder ver que classe de personalidade ela tinha. De todos seus filhos, Jared era o mais parecido com ela. Qualquer mulher que pudesse conseguir evocar essa classe de emoções tão fortes em seu menino mais velho devia ser investigada.

   Especialmente quando ela tinha chegado em condições tão complicadas.

   Não era que a mãe de Jared fora fácil de ler, mas Roshelle claramente podia notar que a mulher estava examinando-a. Era a maneira em que seus olhos esmeralda a espionavam inspecionando-a. Mantendo seus ombros retos, Roshelle se recusou a encolher-se ante dela. As similaridades entre os pais e a descendência eram assombrosas.

   —O que pensa a respeito de mim? —Os olhos de Grace refulgiram enquanto fazia a pergunta.

   —Que seu filho aprendeu muito sobre seu jeito de ser.

   A brutalidade de Roshelle agradou à mulher. Relaxou sua boca em um sorriso momentaneamente. —Encontre suas botas; Há coisas que precisamos discutir.

   —Eu adoraria saber onde elas estão. Acredite, eu tentei encontrá-las.

   Grace expressou um olhar de desagrado em seus olhos esmeralda. Enfocou sua atenção nos pés nus de Roshelle um momento antes que lentamente assentisse com a cabeça.

   —Pode culpar a meu marido por este desprezível método de te confinar nesta casa. Não criei meus filhos para acreditar nas mulheres incapazes de cuidar-se de si mesmos.

   A idéia do xerife Campbell tomando os sapatos desta mulher para controlá-la fez aparecer outro gesto de diversão em Roshelle.

   —De qualquer maneira, não acredito que isso tenha surtido muito efetivo quando o tentam em ti.

   —Não o é. —Grace permitiu que um brincalhão sorriso cruzasse seu rosto enquanto considerava Roshelle durante um momento. —Mas estarei um pouco mais que decepcionada ao descobrir que você não tratou que deixar a casa apesar dessa restrição.

   —Ela saiu e retornou necessitando de um médico.

   A voz de Jared apareceu do nada enquanto ele entregava sua informação como um julgamento. Roshelle saltou de susto e olhou para encontrá-lo de pé na porta como se tivesse estado ali por uma semana. Sua mãe lhe dirigiu um olhar inquisitivo.

   —Tiramos do entorno as rochas antes de começar a construção.

   —Sabia que você tinha tirado todas essas rochas dali!

   Em lugar de parecer culpado, o rosto de Jared lhe comunicou que ele estava considerando ordenar outra carga. Seus olhos se moveram sobre o rosto dela, tocando levianamente o rubor que lentamente se elevou para saudá-lo.

   —É agradável saber que sentiu saudades de mim, Roshelle.

   A forma com que ele pronunciou a fez corar profundamente. Apertando seus lábios, Roshelle amaldiçoou à natureza por criar um macho tão escandalosamente destrutivo ao seu controle. Ele partiu durante um mês e nem sequer deixou um bilhete?

   — Ah, você sentiu falta de mim?

   Grace quase se engasgou por ouvir o tom inocente que Roshelle usou para sua pergunta. Sua postura de pé, com suas mãos cruzadas sobre o peito enquanto olhava fixamente a seu adversário. Se a situação não fora tão urgente, então Grace os teria deixado para que tivessem sua discussão. A cara de seu filho expressava claramente seu desejo de dobrar a evasão de Roshelle.

   Nenhum deles romperia suas relações, mas Grace apostaria a que ambos conseguiriam dormir muito pouco esta noite enquanto… discutiam. O fato de que Jared não intimidava ao Roshelle era muito mais interessante. Era também um alívio descobrir que Jared não tomaria como esposa a qualquer flor de estufa.

   Maldito homem inconstante. Jared estava muito seguro dela! Seus olhos se estreitaram em meras ranhuras reluzentes enquanto a observou. Algo atraiu sua atenção e ela derrubou sua atenção nisso. Penduradas nas mãos de Jared estavam suas botas. A perspectiva de uma excursão lhe alegrou disfarçadamente. Jared lhe dirigiu um enorme sorriso brilhante quando mostrou interesse de vê-la calçada.

   —Procurando isto?

   —De maneira nenhuma.

   Ela caminharia até a China descalça antes de admiti-lo! A mãe dele já tinha saído; Roshelle posou seus olhos na figura da mulher afastando-se. Levantando seus pés, ela começou a segui-la. Jared poderia obrigá-la a caminhar sobre as rochas afiadas descalça, mas nunca conseguiria fazê-la implorar por seus sapatos!

   —Sinto muito.

   A simplicidade dessas palavras a deteve. Nunca Jared havia sugerido que suas ações pudessem causar alguma classe de remorso. O fato de que ele sentia foi para seus golpeados sentimentos quase um presente. Sua desculpa a fez se dar conta o quão tão entristecedor era seu comportamento.

   —Senti saudades.

   Ela realmente o tinha feito, e seus olhos de uma suave cor café arderam na alma dele.

   —Vem cá.

   Suas bochechas ficaram escarlates enquanto suas pálpebras revoavam, mas de alguma forma ela se aproximou. Parecia um felino, seus passos eram lentamente excitantes enquanto ela se aproximava. Suas magras mãos amavelmente se posaram na parte superior de seu peito enquanto ela se estirava para deixar o mais ligeiro beijo sobre sua boca.

   —Não tenho medo de ti, Jared. Deixa de me olhar com o cenho franzido.

   Ela murmurou as palavras com uma voz cheia de paixão. Contornando as bochechas dela com as mãos, ele se aproximou dela, mostrou-lhe a evidência de seu desejo. Os olhos dela se escureceram e se converteram em ouro líquido enquanto ela se ajustava a si mesma para lhe satisfazer.

   —Deveria está-lo, Roshelle. Realmente deveria está-lo.

   Porque Jared não acreditava ser capaz de deixá-la ir, nunca. Sua boca se apertou contra a parte superior da dela para selar qualquer oportunidade de fala. Jared permitiria que seu corpo falasse por ele. Suas línguas se misturaram quando ambos prescindiram de suas personalidades únicas.

   A mãe dele os esperava, mas Roshelle não se importou. Jared estava em casa. Suas pernas se enredaram ao redor dele enquanto ela atirava o tecido que cobria seu corpo. A vida estava cheia de realidades desagradáveis que só a união com sua carne a fazia esquecer as suas complicações. Ao mesmo tempo em que suas mãos tiravam a camisa do peito dele, ela inspirou esse perfume quente de sua pele e logo escorregou seus dedos através do matagal de cabelo negro.

   Era básico e primitivo, e Roshelle sentiu um grito de resposta dentro de si mesma. Arranhando e arranhando, ela encontrou que ele sentia a mesma necessidade feroz. Ambos jogaram de lado qualquer forma de civilização quando a necessidades e emoções primitivas eram acatadas.

 

   —Jared estava ali quando sai?

   Grace continuou vertendo água quente em um tigela de cerâmica enquanto Jacobs fazia a mesma pergunta outra vez. Seus dedos lentamente desembrulharam uma bolsa de chá depois.

   —Grace.

   —Relaxa, Jacobs. Imagino que chegarão logo que consigam por suas roupas de novo.

   O coronel Jason Jacobs inclinou sua cabeça para o lado enquanto as palavras dela faziam sentido. Quarenta anos trabalhando e convivendo com estes psíquicos e Grace ainda lhe assombrava com sua falta de interesse pelos códigos morais sociais. Ela tinha deixado dois adultos jovens e saudáveis juntos e não parecia ter ilusões no que se referia ao que eles estariam fazendo. De fato, esperava deles. As realidades da natureza não eram causa de preocupação para Grace.

   —Acredito que essa é uma boa idéia. Vamos tirar nossas roupas também. —Brice Campbell emitiu sua opinião no móvel mostrador da cozinha.

   Grace não precisava concordar com seu marido que necessitariam primeiro tirá-las roupas, o olhar em seus olhos disse a ela exatamente o quanto tinha sentido saudades. Um dia ou seis meses, nunca tinha importância. Não havia espaço para a falsa modéstia entre eles.

   O olhar nos olhos de sua esposa disse a Brice que ela estava mais que receptiva a sua idéia. Ela se sentou cuidadosamente em uma poltrona vigiando-o, esperando que ele a reclamasse de volta a sua cama. Três filhos e trinta anos de matrimônio não tinham apagado esta cerimônia. Cada vez que estavam separados, ela esperaria pelo convite para retornar a sua cama.

   Jacobs sabia igualmente. O homem enorme simplesmente saiu da casa como fosse a procurar a sua esposa. Beth estaria de pé no alpendre. Com chuva, neve ou sol, sua esposa de olhos azuis estaria de pé sobre esse alpendre do momento em que ouviu o ruído do helicóptero.

   Grace olhou atentamente para seu parceiro, sua mão se estendeu em um gesto que ela sabia de cor. Ficando de pé, ela colocou sua mão na dele. Agora, estava em casa.

 

   —Por quê?

   A frente de Jared se enrugou pela confusão que lhe produziu a pergunta de Roshelle. A mulher realmente se vestia rapidamente. Sua camisa estava só ao meio abotoar enquanto ela se sentava completamente vestida, inclusive as botas.

   Seus olhos se moveram sobre sua cara em espera de uma resposta a sua pergunta.

   —Por que deveria ter medo?

   O rosto dele se voltou duro. Roshelle olhou a transformação com uma clara fascinação. Era uma completa parede que incluía a sua mente também. Quando ele fazia o amor com ela, Jared invadia sua alma, acoplando-os tão apertadamente que ela perdia o sentido de onde seu corpo e mente começava e onde terminava.

   Mas ao segundo de que ela pedisse qualquer tipo de explicação, a imagem de seus sonhos retornava com sua armadura solidamente posta em seu lugar. A mudança era completamente desestabilizante. Suas emoções se mostraram indecisas enquanto observava como seus olhos se voltavam hostis em resposta a sua pergunta.

   Jared estava completamente a par dos pensamentos de sua companheira. Ele fez uma parada e esperou, enquanto os olhos dela observavam o lugar principal. Para os olhos de um civil tudo isso desafiava uma explicação racional.

   Os rifles automáticos exibidos na casa de Jared a tinham afligido. Entretanto, tinham uma aparência quase de brinquedos de meninos comparados ao que ela via agora. Duas casas se assentavam no nicho dos seguintes Montes. Uma era rústica e construída de sólidos troncos de árvore enquanto que a outra era mais moderna em sua arquitetura. Detidos quase diretamente em meio a duas casas havia seis helicópteros. Não o tipo de aeronave que Roshelle tinha visto que fazia os turnos no hospital. Estes eram caçadores negros como carvão. Enormes armas se projetavam a frente da casa enquanto as sentinelas patrulhavam a área diretamente ao redor deles.

   As máquinas pareciam quase irreais até que seus olhos se posaram nos detalhes que confirmavam que este era seu lugar de descanso normal. O bosque crescia espesamente aqui, algumas árvores alcançavam os três metros de altura. O bosque estava recortado de forma a acomodar as aeronaves.

   Enormes estruturas foram enterradas para suportar uma rede de camuflagem pendurada sobre a pista de aterrissagem.

   —Faço parte de uma operação do Exército dos Estados Unidos. Estas unidades aéreas contêm as unidades do Rangers de minha mãe e minhas.

   —O que entende por operativo?

   Jared voltou esses olhos verdes para ela antes de invadir deliberadamente seus pensamentos. Seu significado estava mais claro que a água mesmo que sua aplicação não o fosse. Este homem era um caçador adestrado. Suas habilidades psíquicas lhe faziam ultrapassar a qualquer outro. O Exército não estava disposto a permitir que alguém com sua capacidade o abandonassem, nem lhe dariam permissão pública para descobrir seu segredo.

   —Por que aqui? Tudo isto não deveria estar edificado detrás de alguma porta com a palavra “Zona Militar” impressa nela?

   —As habilidades de minha mãe parecem ser realçadas nestas montanhas. Não me protejo entre paredes de um prédio.

   Enquanto sua mente lutava por aceitar a prova que seus olhos viam, Roshelle não duvidava das afirmações de Jared. Simplesmente, havia muitas provas para lhe apoiar. Havia lógica nisso igualmente; Jared não era o tipo de homem que toleraria estar confinado de fato. Pode-se colocar a um predador dentro de um zoológico, mas perdiam seu instinto de caçador. O animal sobreviveria, mas não prosperaria.

   —Por que está me mostrando isto?

Jared realmente admirou a forma em que sua mente trabalhava para solucionar uma adivinhação. Duvidou de que ela fosse gostar da resposta que encontraria desta vez. Dar permissão de retornar a sua casa era uma sentença de morte. Se bloquear permanentemente sua habilidade para escapar de seu mundo era a única forma para assegurar sua segurança, Jared o faria.

   Quando se luta pela sobrevivência, não há regras e o perdedor termina morto.

   A falta de resposta de Jared fez Roshelle considerar a possibilidade de cair fora de um caminhão. Havia algo como… trapaceiro a respeito desta noite. Ela saltou do susto quando ele reacendeu o caminhão e começou a aproximar-se da casa de seus pais. As luzes da área ficaram mais brilhantes a cada passo que davam. Roshelle estava sentada e congelada em seu assento apesar de que Jared tinha estacionado o veículo. Sair parecia ser uma ação quase irreversível. Uma vez que desse um passo para este mundo, a porta para seu próprio mundo se evaporaria.

   Não, ela não ia permitir que isso ocorresse. Sua mão procurou a manivela da porta. O medo não a controlaria.

   Roshelle recentemente tinha descoberto o quão bem a determinação podia sustentar a uma pessoa. Especialmente quando a alternativa era abandonar-se a si mesmo. Exatamente dois minutos mais tarde, ela se encontrava sentada em uma mesa de cozinha. Roshelle obrigou a suas costas a permanecer reta enquanto o Coronel Jacobs se dispunha a interrogá-la.

   Gracioso, mas a palavra “interrogatório” não tinha adotado seu verdadeiro significado a não ser até o mês passado. O que o gigante de cabelo prateado a estava fazendo não qualificava exatamente como uma entrevista.

   Seus olhos como folhas afiadas captavam seus movimentos menores movimentos como se ele estivesse avaliando palavra por palavra. A culpabilidade tentava surgir dentro dela, mas Roshelle a deixou de lado. Ela estava tão perplexa como seus acompanhantes.

   Ou era ela? Tão determinada estava tratando de solucionar o dilema deste pesadelo que tinha passado por cima dela? O olhar de desaprovação na cara do coronel repentinamente a incomodou intensamente.

   —Não me olhe dessa maneira.

   —Desculpe?

   —Claro que não! — Roshelle passeou seu olhar pelas outras pessoas no quarto. O xerife Campbell tinha tomado assento na mesa enquanto Jared estava apoiado contra a parede detrás dela. Sua mãe trocava de posição entre o portal e o móvel mostrador a suas costas.

   —Eu não originei esta confusão, vocês o fizeram. — Sua acusação lhe fez ganhar um olhar cauteloso de ambos os homens. —Trato com pais relutantes, mães nervosas e a ocasionalmente avós violentas. Não com pistolas compactas, fogo fechado, e seqüestro de criminosos. De acordo com o que se vê por aqui, faço-me a idéia de que vocês são das pessoas que se ocupam deste tipo de coisas regularmente.

   —Qual é seu ponto?

   —Este tipo os anda procurando. Ou possivelmente deveria dizer, ele os encontrou.

   Ambos os homens intercambiaram um olhar antes de reclinar-se novamente em suas cadeiras. Um leve sorriso aberto avançou a rastros pela cara do coronel.

   —É uma garota muito esperta.

   —De forma alguma, não acredito que deva agradecer esse adjetivo.

   —Pode ser que não, mas conseguimos mante-la viva.

   —Não discuto isso.

   —Você somente o faz mais difícil para nós, se comportando deste modo.

   Roshelle elevou seu queixo antes de responder a isso. Suas vidas eram difíceis? Bem, a sua tinha sido demolida.

   —Imploro seu perdão! Talvez devessem considerar o que vocês são se esperarem que as pessoas normais, assim como eu, não os confundam com os tipos maus. Ser transportada por diferentes grupos de homens armados tende a ficar bastante confuso para uma pessoa possa confiar.

   —Sinto muito, doçura, mas você estava paralisada quando a arranquei desse fogo.

   As palavras de Jared a golpearam como um banho de água fria. Muito mais que uma hora tinha passado enquanto ela tentava entender como tinha terminado fora de sua casa aquela noite. O fato de que Jared fosse o responsável tinha bastante sentido.

   —Mas te deixei mais cedo esse dia. Como sabe… Suas palavras se desvaneceram enquanto ela se dava conta exatamente do que estavam discutindo. Os olhos do coronel se aguçaram como pontas de flecha quando ele a considerou. Jared lentamente sorriu antes de mover-se mais perto dela.

   —É muito forte, mas não treinada. Ouvi-te forte e claro.

   —Estão falando de telepatia?

   O coronel Jacobs fez a pergunta com uma voz que demandava uma resposta imediata. Roshelle se recusou a entregar-lhe. Apertou firmemente seus lábios enquanto o rosto de sua mãe brotava em sua memória.

   —Deixa-os sozinhos, Jacobs. — Grace Campbell emitiu sua advertência em um murmúrio, mas bem definido. Ela olhou furiosamente ao coronel enquanto o gigante olhava raivosamente para trás. —Alguns costumes não precisam ser descobertos. Ela se construiu por si mesma em uma vida. Deixa à garota em paz.

   —Caso tenha esquecido, alguém quer matá-la! — Jared plantou sua palmas em cima da mesa enquanto olhava fixamente a sua mãe. Grace não piscou em resposta, em lugar disso a mulher fez baixar os olhos a seu filho sem um indício de indecisão.

   —Sim, mas me pergunto se Roshelle não tem uma melhor idéia a respeito desta situação e pode ser melhor que suas idéias. Eu acho interessante saber que qualquer pessoa que está relacionado à terra vizinha a nossa está morto ou assassinado. Ou perto disso. E você, meu filho, realmente não tem idéia do que está empurrando a esta garota. Este é o mundo de um homem, ser uma mulher por aqui só dificulta as coisas.

   Jared ficou de pé e cruzou os braços sobre o peito. Havia uma chama de cólera ardendo nos olhos de sua mãe que ele nunca tinha visto antes. Mas a segurança de Roshelle não era algo no que ele retrocederia. Ela ficava em sua montanha, de uma ou outra maneira.

   —Você a pode sentir, também.

   Jason Jacobs voltou seu olhar fixo cor avelã a sua mulher. Grace olhou fixamente para trás antes que ele se voltasse seu olhar para o Roshelle. Roshelle lhe deu diretamente as costas. Repentinamente, o pânico de sua mãe lhe fez entender seu perfeito sentido. Havia um horrível sentimento de afundamento correndo a grande velocidade para baixo por sua coluna vertebral. Uma necessidade urgente de correr que quase a afligiu.

   O coronel Jacobs invadiu sua visão enquanto o homem punha sua cabeça a exatamente um centímetro de sua cara.

   —O mundo lá fora está cheio de pessoas que adorariam colocar suas mãos sobre um psíquico de alto nível. É o bastante sábio para você pôr suas habilidades sobre esta mesa e desse modo nós possamos ajudá-la. Acredito que é momento de decidir simplesmente com quem estaria melhor.

   —Não pertenço a ninguém. — Roshelle lutou para fazer encontrar ar em seu peito. Sentia como se um bloco sólido de cimento armado estivesse situado em sua parte superior. Esmagando-a lentamente até morrer. Lutou contra isso. Conhecia exatamente quem era. — Sou uma doutora e logo que solucione seu problema, vou voltar ao meu emprego. Isso chamado normalidade. Ali é onde vivo minha vida.

   A batalha se travava no rosto da garota agora. Grace a observou com o coração oprimido. Seu filho tinha nascido nesta vida. Jacobs o buscou e ganhou com pura vontade. Mas ela recordava um tempo quando a inocência se terminou e suas próprias eleições estiveram de repente bruscamente fora de suas mãos. Do mesmo modo como ela tinha sido separada de sua mãe e de qualquer forma de vida normal.

   Seu filho estava certo em um ponto importante. Não tinha muita importância se a garota terminava morta. Mas a morte não era ao que a garota realmente tinha que temer. Suas habilidades psíquicas tinham um grande valor, principalmente, no mercado negro. Grace achava esta realidade desagradável, mas ela também estava muito bem informada sobre o destino que podia ter Roshelle. Jared estava correto. Mas Roshelle cruzou os braços através de seu peito e lhe lançou um olhar duro a Jacobs, com uma cara que dizia claramente que a garota não confiava em nenhum deles. Isto não era algo que Grace pudesse culpá-la posto que o mundo pudesse chegar a ser bastante desumano.

   —Roshelle não é uma telépata. Ela e Jared formaram um enlace que lhes outorga a habilidade de sentir o um ao outro. Ela é uma empática.

   O coronel Jacobs assentiu lentamente com a cabeça. Seus olhos eram agudos como uma navalha enquanto percorriam o rosto de Roshelle. O gigante parecia entender por completo Grace Campbell. Ele tomou as palavras dela como uma evidência sólida.

   O silêncio na cozinha se fez ensurdecedor. Roshelle podia sentir as paredes aproximando-se dela. Ela não podia ficar aqui! Tinha que sair! Seu cérebro se negou a aceitar qualquer tipo de futuro relacionado a este estilo de vida. A voz de sua mãe fazia eco dentro de sua cabeça ruidosamente, Roshelle não podia pensar além de seu pânico.

   —Não, Não, Não. Não sou uma de vocês! — Seus pés empurraram a mesa enquanto procurava escapar do confinamento quase brutal que sentia a estava envolvendo. Jared ficou de pé diante dela, mas ela ficou rapidamente fora de seu alcance antes que ele se desse conta de sua intenção de escapar. Alcançando o alpendre, ela respirou com força o ar noturno. A baixa temperatura queimou a pele quente de suas bochechas, mas ela se empurrou a si mesma a mesclar-se com a noite.

   Por que não lhe havia boas opções? Ficar aqui destruiria qualquer as habilidades suas como médica. O pensamento de unir-se a outra família, nunca à fez sentir dor. Mas deixar Jared rasgava seu ser. Simplesmente não era justo.

   Mas a vida raramente era justa.

   Roshelle fez uma parada abrupta quando a simples verdade a golpeou. Onde fosse que a culpa estivesse, já não tinha importância. Ela estava aqui e Jared já sabia seu segredo.

   Agora várias outras pessoas sabiam igualmente. Jogando sua cabeça para trás, olhou as estrelas que enchiam o céu noturno. Até esta noite, Jared a tinha mantido cuidadosamente isolada. Havia algum propósito na reunião desta noite, estava segura disso. O homem nunca fazia nada sem uma razão.

   Cada peça ficou em seu lugar enquanto procurava em sua memória as advertências de Jared. Descobrir muito a respeito de quem ele era custaria a ela um preço muito alto. Seus olhos piscaram para os helicópteros enquanto seus pés a levavam mais perto deles.

   O único foco emissor de luz eram uns pequenos abajures azuis colocados no cimento armado com o que se realizou a superfície da zona de aterrissagem. Seis círculos idênticos repartiam sua luz em cima das máquinas ali detidas. Até em repouso havia um fio estranho nessas coisas. Apesar das sombras, o armamento da aeronave se destacava.

   Jared queria que ela os visse. Não havia outra explicação para que ela estivesse aqui. A dura certeza de seus olhos antes que deixassem sua casa cruzou por sua memória. Ele tinha sabido quanto queria ela retornar a Benton. Em lugar disso ele havia a trazido aqui.

   —Agora sei muito.

   —Sim.

   Jared confidencialmente abrigou os ombros dela com sua jaqueta. O tecido estava ainda quente com seu corpo. Ele estava parado com suas mãos firmemente ancoradas sobre seus ombros enquanto suas mentes se fundiam. Em lugar da cólera, ela só sentiu propósito. Claro, direto para uma meta.

   Em uma manobra brutal, Jared a protegia. Não contando com os meios para neutralizar a seu seqüestrador, ele seguiu adiante para a opção de assegurar-se de que ela não pudesse deixar o amparo de sua vida.

   Era rude e permanente, mas suas emoções surgiram quando a última de suas paredes foi derrubada. Admitir amá-lo era uma coisa, senti-lo preencher sua alma por inteiro era impressionante.

   Não havia ninguém mais que pudesse protegê-la agora.

   —Acredito que entendo.

   O alívio que alagou seu corpo apanhou Jared de surpresa. Ele tinha tomado sua decisão. Encontrar-se a si mesmo vulnerável à opinião de Roshelle sobre desse julgamento era surpreendente. A forma em que ela tinha conseguido introduzir-se em sua vida realmente o desconcertava.

   Desviando a da evidência da realidade, Jared a atirou para seu corpo e o santuário que lhe poderia oferecer. Rodeado pela noite recolheu o doce perfume de sua mulher. Inclinando sua cabeça, ele provou o sabor que esse perfume lhe prometia.

   Nada estava bem no mundo, com exceção disto. Roshelle empurrou seu corpo procurando o contato com o dele, procurando o calor que a acenderia. Tudo com que ela contava estava deslizando-se entre seus dedos, mas não estava sozinha. Jared se afundou em sua alma enquanto seus corpos se envolviam no desejo mútuo.

   Amanhã poderia continuar com sua batalha, esta noite Jared era dela.

 

   Meu Deus, ela cheirava tão sexy.

   Introduzindo seus dedos no cabelo dela, Jared começou a despertar lentamente a sua companheira. Roshelle estava tendida através de seu corpo e ele a desejava outra vez. Jared sorriu abertamente, Roshelle o tinha chamado de homem das cavernas e ele tinha a intenção de cumprir com todas suas expectativas. Ela poderia dormir amanhã.

   Girando-a, sua boca atirou um mamilo pequeno até convertê-lo em um pico. Sua cabeça se moveu enquanto seus lábios expressavam seu prazer. Tinha os peitos mais sensitivos. Movendo-se ao outro suave montículo Jared lhe outorgou a mesma atenção.

   —É um animal.

   —Exatamente do jeito que gosta.

   Deveria estar ruborizada. Em lugar disso Roshelle elevou seus quadris para que Jared se deslizasse em seu interior. Ela se esfregou contra sua pele e ele apertou o passo. Sim, ele era um animal. Primitivo e duro, abaixo dele, seu corpo desejava ardentemente mais dessa parte primitiva do homem.

   Roshelle pôs sua cabeça sobre o peito dele outra vez, enquanto Jared tratava de recuperar-se de sua paixão. Suas mãos lentamente riscaram círculos entre os cabelos ali, e seus olhos ficavam pesados.

   Jared desfrutou da paz que ela sentia quando ela ia à deriva de volta ao sonho. Roshelle estava completamente à vontade em seu abraço. Seu corpo lhe dizia isso, mas sua mente o fazia do mesmo jeito. A recepção indefesa quase o humilhava. Jared se estendeu para essa emoção como se tratasse de encher sua mente com ela.

   Sua mão retorceu o cabelo dela, fazendo-a sobressaltar-se de dor. Jared soltou seu cabelo velozmente antes que Roshelle despertasse. Mergulhando de novo na mente dela, procurou a perturbação. Algo havia ali. Muito fraco, mas uma definitiva imagem se formava enquanto ele pressionava para frente. Podia sentir essa segunda entidade. Sentir o batimento do coração que demonstrava sua força de vida. Estava em um estado de letargia de ditoso contentamento como no qual se encontrava Roshelle.

   A salvo no ventre de sua mãe.

   Um bebê. Seu filho. Roshelle estava grávida. Jared não necessitava uma prova de sangue para prová-lo a si mesmo. Podia sentir como a vida diminuta crescia dentro dela. Dando-a volta, ele sustentou seu corpo sobre um cotovelo ao lado de sua adormecida figura enquanto sua mão cobria seu abdômen.

   Sua barriga estava mais plaina antes dele havê-la deixado. Jared franziu o cenho enquanto sua mão captava o pequeno pulso de vida sob a carne dela. Roshelle tinha perdido peso que seu corpo necessitava para dar sustento a seu menino.

   Talvez tivesse ficado doente. Seu cenho franzido e se voltou mais profundo. Jared não sabia quase nada sobre gravidez. Mas a perda de peso muito rápida não era sã em condições normais.

   Sabia ela? A suspeita se fez maior quando Jared recordou do quão determinada ela estava para encontrar uma escapatória de sua vida esta noite. Realmente ela podia acreditar que podia manter seu menino em segredo? Sua mente procurou a resposta a essa pergunta de uma vez sua mão acariciava o lugar de descanso de seu filho. Nem sequer um indício de resistência apareceu.

   Curvando seu corpo ao redor do dela, Jared atirou as mantas cobrindo-os. Roshelle não sabia ainda. Com a incerteza das últimas poucas semanas passadas tinha sentido. Jared duvidava de que ela tivesse notado a ausência de seu ciclo menstrual.

   Bom, eles não eram um casal normal assim é que não era tão estranho que o pai informasse à mãe de que iam ter um menino.

   Um amplo sorriso se estendeu através de sua cara. Roshelle ficaria ali. E isso o fazia sentir-se tão contente como o inferno.

 

   —Simplesmente, Por que conheço o rosto dessa garota?

   Grace não estava alarmada pela aparição de Jacobs. O homem se movia silenciosamente, mas ela o estava esperando. Movendo sua cabeça de um lado para outro, fez caretas para seu companheiro enquanto este se apoiava contra uma árvore esperando sua resposta.

   —Ela se parece com seu pai de tantas formas.

   —E eu poderia conhecer esse homem?

   Jason Jacobs estava procurando uma confirmação. Grace inclinou sua cabeça e suspirou. De certo modo era triste, mas ela simplesmente não podia tirar a idéia de que Roshelle era um partido perfeito para seu filho.

—Devon Ross é seu pai. —E um companheiro de operações não ia estar muito contente de encontrar a sua filha em algum lugar próximo a uma unidade Militar. Mas parecia que o destino tinha outras idéias.

   —Devon nunca foi tão forte como você.

   —Não, mas ele tinha a vantagem de possuir mais de uma habilidade. Roshelle parece ter herdado uma grande quantidade desse sentido de empatizar. Mas ainda posso esperar que meu filho não lhe tenha tirado a luz todas suas habilidades.

   A nota de piedade na voz do Grace fez com que Jacobs vacilasse. Grace nunca se havia ressentido suas habilidades psíquicas até onde ele sabia.

   —Sabia da existência dessa menina.

   —Você o que?

   Grace sorriu lentamente. Jacobs realmente odiava quando não sabia até o último detalhe de sua vida.

   —Devon me disse que Heather estava grávida. Estou agradecida de nunca ter tido que fazer uma eleição semelhante. Além disso, ela cresceu bem sob meu nariz.

   —Que tipo de eleição, Grace?

   Movendo seus olhos sobre ele, Grace notou a acuidade que Jacobs ainda tinha, até na metade da vida. Seus meninos eram grandes, e já tinham entrado em combate. Era uma vida difícil, mas existiam pessoas que tinham nascido para isso. Ela estava presa nisto também. Muito efetiva em suas habilidades rastreadoras, o Exército não estava aberto a nenhuma outra sugestão.

   —Os homens são mais adequados para esta vida. Devon sabia isso. Trazer um filho a isto podia ser aceitável. Uma filha é outra história. Um pai pode esperar que uma filha não precise viver sua vida sob tais condições. Além disso, sua memória é melhor que a minha. As agentes femininas não se encontram tão sãs quando conseguem voltar. Heather poderia ter estado pior.

   Grace compartilhou um momento de lembranças com seu companheiro. Houve um tempo em que a vida não tinha sido muito importante para ela. Brice Campbell tinha entrado em sua vida, de forma brusca e tinha recusado a deixá-la.

   Mas seu marido era um guerreiro, também. Ele se mesclou com a parte dura e sua realidade. Seu amor fazia com que valesse a pena sobreviver, mas Heather não tinha sido capaz de abandonar seu mundo de civil. A brutalidade militar impressionou à garota até que ela terminou a lutar contra Devon quando o pânico a conduziu além de qualquer compreensão do amor do homem.

   Evadir seu amparo tinha feito dela um branco. Ao final, ela tinha escapado direto para os braços de seus assassinos. Mas ela tinha escondido a sua filha quase por completo. As habilidades psíquicas não despertaram até que a menina tinha passado já de seus anos mais tenros. Devon não tinha encontrado sua descendência até que o tempo passou e já não podia tirá-la do entorno de sua família adotiva sem destroçá-la e além de submeter à garota à mesma desolação que tinha sofrido Grace tantos anos antes. Quando se consegue saborear uma vida sem a morte te espreitando, uma mulher civil freqüentemente não conseguia assimilar muito bem a mudança.

   —Então, ela a escondeu aqui?

   Grace assentiu com a cabeça a seu superior. Sem perceber Jared tinha descoberto um segredo muito antigo. Mas o destino tinha uma forma de assegurar que as almas gemeas se encontrassem entre si. Roshelle era o par perfeito para seu filho.

   —Heather não tinha forma de saber que vivia acima da colina. Se Devon me tivesse contado sobre sua escapada, então a teria encontrado antes que ela terminasse morta.

   Grace murmurou com frustração que o tempo não se apagava. Heather não tinha estado capacitada para agüentar a visão que ela significava. Para os olhos da mulher civil, Grace representava um monstro criado pelas Forças Armadas, seu gênero deformado além das intenções da natureza. —O mínimo que podia fazer era permitir que a mulher cumprisse sua última vontade de que sua filha não terminasse como eu.

   Jacobs emitiu um gemido e Grace sorriu para sua masculina opinião.

   —Cada mãe tem o direito de desejar uma boa vida para seus filhos. Não era meu direito interferir, Jacobs. Tive a meus próprios filhos para praticar meus desejos neles. Em certa forma, duvido que você tivesse permitido que alguém dissesse a forma de criar a seus filhos.

   —De fato, isso tem sentido.

   Jacobs nunca recuava com muita elegância. Percorrendo com seus olhos sobre seu companheiro, Grace se permitiu a si mesmo sorrir amplamente. Jacobs franziu o cenho ao ver essa expressão.

   —Não vejo Devon a algum tempo. Sua visita poderia ser interessante.

   —Você o contatou?

   Grace saltou de onde estava sentada e deu um piso sobre o bosque.

   —Não, eu não o tenho feito, mas você o fará.

   —Fazer o que?

   Grace olhou de esguelha para o gigante na escuridão. —Você fará o que eu esperaria que ele fizesse, se ele descobrisse a situação difícil que sua filha passa.

   Jacobs soltou uma maldição enquanto Grace caminhava de volta para sua casa. Uma pequena risada se elevou sobre seu peito enquanto ela considerava seu filho confrontando ao pai de Roshelle.

 

   —Roshelle?

   —Vá embora.

   Sua voz se manteve fria, Jared observou como Roshelle enterrava sua cabeça sob a roupa de cama até que não se via um fio sequer de seu cabelo cor café acobreado ficou à vista.

   —Vamos, esta acabando seu tempo.

   Empurrando sua cabeça para trás, ela olhou de lado o relógio ao lado da cama. Cinco e trinta e oito estavam atrasados? Talvez no Exército o estivesse.

   —Sou um civil.

   Sua cabeça desapareceu outra vez enquanto Jared reprimia uma risada. Ela parecia uma tartaruga nesse momento. Tentando alcançar a roupa de cama sob a qual esconder-se, Jared enganchou suas mãos no centro dos cobertores e os retirou a puxões.

   —Está bem! —Obrigando a seu corpo a ficar direito, Roshelle lançou um olhar cintilante ao seu atormentador. Deveria haver uma lei contra as pessoas madrugadoras! Jared se levantou completamente vestido. O homem a manteve acordada a maior parte da noite de modo que uns leves círculos escuros se marcavam sob seus olhos.

   —Bom dia.

   —É dia. A menos que haja café em minha mão, não é bom.

   —Necessita um pouco de café da manhã.

   Ficando suas roupas, Roshelle considerou a idéia de Jared. Suas calças jeans se escorregavam de seus quadris, obrigando-a a alcançar um cinturão para sustentar o tecido que sobrava.

   —Não estou realmente tão faminta.

   —Bom, deveria está-lo.

   Roshelle simplesmente se importou com sua resposta. De fato ela tinha perdido algum pesinho. Não era grande coisa. Mais provavelmente se devia à falta de comida de gordurosa em sua dieta. O que não daria ela por um verdadeiro sorvete de nata!

   —Vamos. Shane afirma que sua amiga o está conduzindo à bebida.

   Uma risada nervosa escapou de seus lábios enquanto Roshelle se permitia ser tirada da casa de Jared. Christina podia ter esse efeito sobre os homens. Mas era tão divertido de observar! Seus olhos olharam fixamente a mão fechada sobre a sua, em estado de shock. Jared sustentava firmemente sua mão enquanto a conduzia à casa de seus pais. O simples gesto a desconcertou. Ter Jared expressando publicamente seu afeto era ligeiramente inquietante.

   Mas o calor que se propagou através de seu corpo quase a fez chegar às lágrimas.

   Poxa, devia estar mais que cansada foi o primeiro que pensou. Assim é que o homem sustentava sua mão. Não era razão para afundar na lama. A confusão cruzou seu rosto um momento mais tarde quando Jared manteve a porta principal aberta para ela.

   O que foi isso? Maneiras civilizados?

   —Onde está Jared e quem é você?

   —Um homem não pode estar feliz?

   —Se falamos de você, então me reservo o direito a questioná-lo.

   —Desfruto de nossos debates.

   Fazendo caso omisso a ele, Roshelle ficou com o olhar fixo no enorme sorriso assentado sobre seus lábios. Seus olhos verdes faiscavam com a luz do sol matutino enquanto a obscenidade pura de seu humor a golpeava. Jared estava... Feliz. Essa emoção nunca teria passado pela cabeça com respeito a este homem. Roshelle encontrou um sorriso de resposta cruzando por seus lábios. O mundo parecia simplesmente um pouco mais brilhante o dia de hoje.

   A cozinha cheirava normal para variar. Christina pôs um café da manhã de ovos mexidos diante de Roshelle. Este era o único prato sobre o qual ela alegava qualquer talento em realizar.

   Seus olhos vagaram sobre a Christina enquanto a mulher se movia de acima para baixo pela cozinha. Seus movimentos estavam bem definidos enquanto fechava os quartos com cólera controlada. Christina nunca olhou em sua direção, mas a mulher de cabelo loiro estava enviando olhadas sarcásticas ao Jared. Girando a cabeça para eles, Roshelle investigou o que podia estar fazendo Jared para arrepiar tanto as plumas da Christina.

   Apoiado contra a contraparte superior longínqua, Jared estava de pé com seus braços cruzados à altura do peito enquanto enviava a Christina um grande sorriso. Era verdadeiramente mais um sorriso afetado com uma grande quantidade de orgulho, por alguma estranha razão.

   Movendo seus olhos outra vez, Roshelle os posou no último ocupante do quarto. Shane estava sentado inspecionando-a com os olhos meio fechados como levantava uma xícara de café para seus lábios.

   A confusão a golpeou em uma espessa onda. Ela tinha perdido alguma coisa? Sua curiosidade ia ter que esperar, porque a cozinha estava totalmente quente esta manhã. A náusea se mantinha devido à quantidade de calor no quarto. Não querendo queixar-se, Roshelle ficou de pé para encontrar algum ar fresco antes que seu estômago se abrisse caminho para fora.

   Christina poderia ter matado ao homem! A mudança em seu amigo era fácil de ver. Christina conhecia a aparência que uma mulher grávida, a metade de suas amigas se viam exatamente assim enquanto planejavam freneticamente seus casamentos. Ela tomou um momento para olhar com olhos afiados Jared antes de dar um passo adiante para seguir a sua amiga. Seus pés tinham dado só dois passos antes que Shane a sujeitasse com um braço enorme ao redor de sua cintura, olhando para ela disse:

   —Deixe quieto!

   Fechando um braço ao redor de sua figura retorcida, Shane entreabriu seus olhos para inspecioná-la. Um rubor manchou suas bochechas enquanto ela tentava outra vez separar seus corpos. Ele teve que resistir ao desejo de sorrir.

   —Acredito que deveríamos deixá-los sozinhos.

   Girando sua cabeça, Christina se deu conta que Jared já não estava na cozinha. —Está bem! Agora... Me larga… Já!

   Em um segundo ele a soltou, Christina engatinhou através do quarto. Esqueceu-se que tão grande era ele. Segura além de seu alcance contemplou a distância até a porta. Shane sorriu lentamente em resposta. Dando-lhe um olhar fulminante, Christina se voltou para pia derrotada. Ela esperava que Shelly tivesse melhor sorte que ela no dia de hoje.

 

   Como tinha ficado tão quente? Pondo uma mão sobre sua frente, Roshelle se deparou com uma dor de cabeça formando-se ali. Apesar de vir para fora, seu organismo se queixava amargamente do calor. Recostando-se sobre o alpendre lançando-se em impropérios, tratou de apaziguar-se a si mesma. Era simplesmente um pouco de calor. Seu estômago se retorceu enquanto seus joelhos tremiam perigosamente.

   Pistolas, explosivos ou assassinos Jared podia negociar com eles, mas ver-se forçado a estar parado impotentemente lhe dava um susto mortal. As pernas de Roshelle começaram a estremecer segundos antes que Jared observasse seus joelhos dobrar-se. Caminhando adiante, Jared a agarrou antes que ela me chocasse com a mesa. Só uma cadeira havia sobre o alpendre. Caminhando a grandes passos, Jared caminhou para seu dormitório.

   Quanto tempo durava um desmaio? Se a causa fosse um golpe de calor, então ele sabia como tratá-lo. O clima não dava sustento a essa possível causa. Nem sequer, enquanto ele percorria com uma mão sua cara, Jared claramente sentiu a temperatura elevada de seu corpo.

   Ela se sentia absolutamente miserável! Obrigando a seus olhos a abrir-se, Roshelle tratou de decidir-se em que momento ela se pôs tão doente. Um par de olhos verdes gravitou sobre ela. Ela olhou suas afetadas profundidades. Indo em busca da razão detrás de seu desassossego. A náusea clamou por sua plena atenção enquanto tentava ficar de pé.

   Jared lhe estava esperando um segundo depois de que ela emergiu do quarto de banho. Com um ligeiro estremecimento, Roshelle se sentiu melhor.

   —Suponho que o café da manhã não estava de acordo comigo hoje.

   —Só hoje?

   A pergunta de Jared tocou um ponto interessante. A comida em geral não tinha estado sendo ingerida adequadamente durante todo o mês. Só que não tão violentamente como hoje. Simplesmente acontecia que ela não era uma pessoa madrugadora. Embora adoecer-se nas manhãs era...

   Seus olhos se abriram repentinamente enquanto ela mentalmente tratava de contar os dias que ela tinha passado nesta montanha. As quatro caixas vieram a sua mente, o qual fazia seis semanas desde tinham tido sua primeira...

   Nunca tinham usado nenhum preservativo ou qualquer outro método para evitar uma gravidez. A estupidez dessa ação fez subir um rubor a suas bochechas. A gravidez era a última de suas preocupações no mundo do hoje, com todas as enfermidades que se transmitiam sexualmente lá fora, e nunca lhe tinha passado pela cabeça em sugerir que usasse camisinha.

   —Estou grávida. — Suas palavras foram claras enquanto ela começava a rodar para trás por cima da cama. Sua cabeça pulsou enquanto seu corpo tentou se ajustar à maré de hormônios. Lentas lágrimas escorregaram de seus olhos enquanto considerou quão incerta era a vida em que ela colocaria a seu bebê. —Não chore Roshelle. —Sua desolação feriu Jared até a medula. Seus dedos tiraram as lágrimas enquanto ele a atraía para seus braços.

   Seus olhos olhavam profundamente a ela uma vez que ela voltava seu olhar para cima. Nenhuma barreira impedia seu ingresso na mente dela hoje. Misturando-se juntos ela se lançou para frente para apanhar a alegria que ele sentia por seu menino.

   Jared continuou sujeitando-a apesar de que seu corpo lhe dizia que ela se deslizou para a sonolência. Ele rechaçou as emoções em sua cabeça, indo a busca de uma resolução. Recostando seu corpo, ele alisou as cobertas sobre ela antes de sair a procurar seus pais. Talvez eles tivessem uma solução.

   Porque não existia condições que o fizesse deixá-la partir.

  

   — Criou-o em um helicóptero, verdade?

   Grace Campbell tomou um momento para observá-la antes de responder-lhe.

   —Já voava antes de aprender andar.

   —Ele pilhou a idéia de “sobrevoar” baixo.

   Um sorriso tocou sua face enquanto Grace pensava em seu filho. Neste momento Roshelle estava tentada a escapar de sua excessiva preocupação. A jovem se movia em todos os minutos quando Jared colocava diferentes tipos de comida diante dela. Com sua oferta mais recente rechaçada, Jared de novo se dirigiu à cozinha enquanto Roshelle se separava do aroma perturbador da comida. A sala de estar se estava começando a acumular os pratos sem tocar. O sorriso do Grace se ampliou enquanto pensava quanto tempo mais permaneceria a moça na casa antes que o aroma da comida fosse muito tentador para que o ignorasse.

   —Alto aí, Jared Campbell!

   Jared lhe enviou um amplo sorriso enquanto seguia seu caminho. Outro prato foi colocado diante dela, causando que seu estômago protestasse. Possivelmente fosse o conhecimento da gravidez, mas a simples vista da comida a voltava verde nesse momento. Tinha passado uma semana desde que descobriu a existência da pequena vida que crescia dentro dela e os sintomas estavam gritando alto e claro por todo seu corpo.

   —Roshelle, precisa comer.

   —É um engano comum. Comerei o próximo mês.

   —Comerá esta noite. Esse é meu bebê.

   Jared apertou seus dentes quando Roshelle fugiu do quarto como resposta. Droga! Cada vez que afirmava qualquer conexão com o menino que estava crescendo, aparecia um olhar aterrorizado no fundo de seus olhos. Ela tinha colocado um sólido muro entre eles. Jared podia derrubar essa barreira, mas odiava ter que criar alguma fonte de discussão, justamente agora.

 

   Roshelle parou abruptamente no alpendre da casa Campbell. Algum tipo de aeronaves vinha sobre o topo da montanha como aves de rapina. Eram praticamente negras, salvo uma luz verde que as iluminavam.

   O som dos rotores se voltou quase ensurdecedor enquanto revoavam apenas a 30 metros e meio da porta dianteira da casa. A porta atrás dela abriu repentinamente enquanto Jared colocava uma mão firme em seu ombro e a empurrava um passo atrás dele.

   Um homem saltou do helicóptero antes sequer de que a coisa tocasse o chão. Manteve a cabeça baixa enquanto se separava dos rotores que seguiam girando. Endireitou-se enquanto se aproximava.

   Roshelle ficou sem fôlego enquanto sentia o toque inconfundível de sua mente. O que mais a surpreendia era o sentimento de familiaridade. Este homem tinha tocado seus sentidos antes e nunca tinha notado em realidade que tivesse acontecido.

   —Meu deus. —Esse homem era seu pai. As emoções brotaram dentro dela, mas Roshelle não podia negar o fato de que o conhecia. No mais profundo de sua mente, o toque deste homem era familiar.

   E ele a tinha deixado na ignorância. A ira ferveu em seu feito quando considerou o fato de que ele a tinha jogado de sua vida. Ela não era débil! O fato de que todo mundo parecia pensar por ela fez dar um passo diante de Jared e baixar esses degraus para o homem que a tinha julgado sem lhe deixar falar com sua mente.

   —Roshelle.

   A mão de Jared a deteve em seu avanço. Ela se girou rapidamente para olhá-lo.

   —Não sou seu bichinho de estimação, Jared. Acredite ou não, posso confrontar minha própria vida bastante bem.

   A mão em seu ombro não se afrouxou. Em lugar disso deslizou por suas costas até que encontrou sua cintura. Ele agarrou a tira de pele e a agarrou com uma força suficiente para atirar de sua cintura e lhe fazer dar um passo para trás.

   —Devon Ross é parte de meu mundo. Este não é o momento de te instruir a respeito de alguma das realidades mais difíceis da vida.

   —Seu pilantra, faria melhor em apartar sua mão de minha garotinha.

   Seus olhos se arredondaram quando Roshelle escutou o término. Não era doce, em lugar disso soou como uma etiqueta. A mão de Jared deu um rápido puxão que a enviou tropeçando para trás enquanto ele soltava sua cintura e avançava para enfrentar-se a seu pai.

   —Seus olhos devem estar falhando, Ross, não há meninos por aqui.

   A cara de seu pai se endureceu enquanto a estudava. Um movimento na escuridão atraiu repentinamente sua atenção. Os homens de seu pai se moveram através da noite como sombras enquanto tentavam colocar-se detrás de Jared e seus homens.

   Os rifles se elevaram para os intrusos enquanto Roshelle sentia que uma pesada mão caía de novo sobre seu ombro. Shane Jacobs começou a pô-la detrás de Jared e seu pai.

   —Vamos, Roshelle. — Seu pai lhe fez um movimento com a mão juntamente com sua ordem.

   Ir? Roshelle olhou aos helicópteros com seus rotores girando ainda à velocidade de vôo. Os homens de seu pai tiraram suas armas para os homens de Jared que continuava levando a de volta à casa.

   —Volte para seu helicóptero, Ross. Roshelle fica comigo.

   —Por cima de meu cadáver.

   —Como você queira.

   Seu pai sorriu antes de enviar um sólido murro direito à cara de Jared. Os dois homens começaram uma luta sem precedentes. Os punhos voavam e os grunhidos assinalavam os impactos. Roshelle sentiu que seu temperamento explorava.

   Estavam brigando por ela como se fora um pedaço de cabeça. Separou-se da exibição e Shane a deixou ir porque se dirigiu longe da posição de seu pai.

   Agarrando firmemente uma mangueira armazenada perto dos degraus dianteiros da casa, Roshelle sorriu. Não era uma mangueira doméstica. Parecia um pequeno modelo de bombeiro. Terminada com boquilha de latão.

   Dando um forte giro aos controles, voltou todo o jorro de água geada sobre Jared e seu pai. Ambos os homens amaldiçoaram enquanto saltavam de lado olhando-a furiosamente. Roshelle golpeou os controles de novo e deixou cair a mangueira.

   —Se querem brigar está bem! Mas não se atrevam a me utilizar como desculpa para seu comportamento! —voltou-se e subiu as escadas de dois em dois enquanto jogava fumaça pelo espetáculo. Girando-se, Roshelle olhou ao homem ao que se teria alegrado de ver a uns dez anos.

   —Olá papai, prazer em conhecê-lo.

 

   Estava asfixiando-se. Roshelle podia sentir claramente a garra de aço apertando seu pescoço. Algo estava pressionando-a. Seus pés se detiveram com indecisão, a sentinela diante dela estava observando-a calmamente desde sua posição encoberta.

   Mas ela sabia que ele a estava olhando. Podia sentir os olhos do homem enquanto a inspecionava. Cada passo que dava atraía os olhos das sentinelas vigilantes. Retrocedendo com o passar do alpendre se acomodou em uma cadeira. Rodeava pela noite, procurou a paz que desejava ardentemente.

   Ela não entendia. As profundas risadas masculinas provinham agora da agressiva área dianteira. Seu pai e Jared estavam simplesmente conversando amistosamente. Ela bufou brevemente quando dois homens mais vieram a protegê-la.

   Não lhes necessitava. Mas o fato de que Jared tentasse forçá-la a permanecer com ele levava muitas emoções a seu exausto cérebro. Ela sabia uma coisa.

   Não trocaria o homem que conhecia por um ao que não conhecia. Isto era entre ela e Jared. Ela terminaria dessa forma.

   A aeronave de seu pai se elevou do chão para deixar a noite tão pacífica como tinha estado. Roshelle tentou relaxar-se enquanto sentia uma onda de fadiga golpear seu cérebro.

   Muito concentrada em manter Jared fora de sua mente, Roshelle descobriu que destruir os muros que ela construiu aliviaria grande parte de seu esgotamento. Também permitia que Jared voltasse a entrar em sua cabeça. Não era uma prova para demonstrar o que era capaz de fazer; não, era simplesmente sua presença renova sua união.

   O ligeiro contato trouxe um sorriso a sua cara. Havia uma confiança familiar que se propagava por seu corpo, enquanto de novo era consciente dele. Por que encontrava conforto em sua presença não estava claro para ela.

   Era realmente estranha a forma em que suas habilidades pareciam simplesmente responder a suas ordens. Agora que ela tinha sido testemunha da forma precisa em que Jared e sua família acostumavam exercer suas próprias habilidades, sentia-se como o membro mais jovem da equipe, invejosa dos membros claramente mais avançados.

   Ciumenta e ressentida. Tudo estava dando voltas em sua cabeça. Deveria estar agradecida pelo fato de que suas habilidades lhe tinham conduzido ao Jared? Possivelmente não, mas tampouco estava ressentida.

   Jogando sua cabeça para trás, estudou o céu noturno. Estava tão cansada de lutar. Esta noite nada parecia mais apetecível que a rendição. Havia lugares bastante piores que esta montanha.

   Era realmente estranha a forma em que estava aprendendo a centrar-se em uma pessoa de uma vez. Nesse momento podia sentir claramente como Jared estava procurando como se sentia ela. Forçando-se a desviar a atenção dele, Roshelle tentou apontar seus talentos a outro branco.

   Controlar a imagem obrigou Roshelle a utilizar um brutal autocontrole sobre si mesma. Podia senti-lo, quase saboreá-lo, mas a identificação se negava a esclarecer-se. A imagem mental estava muito imprecisa para ter êxito. Deslocando o objetivo tratou simplesmente de sentir a imagem, abrindo sua mente às complexidades da alma humana.

   Seu corpo se sacudiu violentamente para afastar do aviso do mal. O grosso fedor de avareza egocêntrica invadiu sua mente quando se encontrou enfrentando de novo seu captor. Mais perita em interpretar seus próprios sentimentos, Roshelle encontrou outro nível na depravação do homem. Tentou afastar da figura, mas esta se forçou a seguir concentrada na imagem.

   Ela poderia lhe ver se forçasse à imagem a esclarecer-se. Tudo o que precisava era um nome, talvez uma direção, algo que proporcionasse uma forma de encontrá-lo.

   Não o obteve. Jared capturou sua atenção quando a arrancou da cadeira agarrando-a pelos bíceps. Conhecer a brutal precisão de sua mente não minimizou sua dentada quando o explorou seus pensamentos em busca de sua visão. A dor propagou através de seu corpo enquanto simplesmente tratava de impedir-se a si mesmo o deslizar-se à inconsciência que a resguardaria da agonia.

   —Jared, solta-a.

   Ouviu sua mãe, mas Jared simplesmente não podia deixá-la ir. Podia sentir ao bastardo. Empurrava-se mais forte formaria a conexão que lhe permitiria lhe seguir a pista.

   Grace queria essa conexão quase tanto como seu filho, mas o processo de extração da mente de Roshelle seria o suficientemente traumático para fazer que a garota entrasse em estado de choque. Não era uma linha de ação aconselhável quando a moça estava grávida. Jared estava muito imerso em sua perseguição para considerar as conseqüências físicas. O fato de que seu filho tivesse duas vezes seu tamanho não dissuadiu Grace de tentar separar ao Jared de sua busca. Um sólido golpe lhe fez se chocar contra a balaustrada do alpendre. Jacobs entrou no alpendre a tempo de obstaculizar Roshelle antes que colidisse com essa mesma balaustrada.

   —Ponha no chão um momento.

   Quando Jacobs cumpriu sua petição, Grace se apoiou sobre seus pés diante de Roshelle. Seus olhos estavam ainda frágeis e desfocados como se ela gravitasse sobre o bordo de sua visão. O dano inflingido no jovem corpo da mulher era muito para que ela o ignorasse e a interferência estava rompendo seu enlace empático. Adiantando-se, Grace passou uma mão sobre a bochecha de Roshelle, como se as peças restantes de sua mente. Um aroma, a sensação, não muito, mas mesmo assim um lugar por onde começar.

   A confusão fazia girar sua cabeça enquanto Roshelle tentava desesperadamente manter os olhos abertos. Seu corpo parecia quase desligado de seu cérebro enquanto ela tratava de decidir simplesmente onde estava. Sua vista se obscureceu perigosamente enquanto tentava manter-se agarrada à realidade.

   Grace examinou a batalha de Roshelle por um momento antes de ir investigar seus próprios achados. A garota era mais forte do que parecia, a maioria da gente teria perdido completamente o conhecimento.

   —Vamos, Roshelle, luta por isso.

   Jared. Sim, Jared tinha estado procurando algo. Jared era mais forte que ela! Abrindo os olhos bruscamente, Roshelle lhe encontrou erguido sobre ela. Ela empurrou seus pés baixos seu corpo enquanto se elevava para procurar seus olhos. A intensidade esmeralda era exatamente quão mesma a noite em que se encontraram. A intensidade afiada brilhou em suas profundidades enquanto seu rosto deixava transluzir sua agressão.

   —Pode encontrar?

   Não era uma pergunta. Roshelle o exigiu com uma voz que fez que ele torcesse seus lábios com apreciação. Ela queria cada pedaço de carne com tanta força como ele.

   —Tentarei.

   —Bem.

   Olhar seu corpo encolher-se na cadeira outra vez fez que Jared vacilasse. Mas a distração era fatal para suas habilidades. Ajudar-lhe agora não importaria se seu problema escapava. Voltando-se para sua mãe, Jared forçou a sua mente a voltar para negócio que tinham entre mãos. Nenhum deles tinha uma conexão clara, de outra forma já estariam em movimento. Mas entre suas duas mentes era possível que houvesse suficiente evidencia para capturar a sua presa.

 

   Caminhar nunca tinha parecido tão difícil antes. Esfregando-os olhos com as mãos, Roshelle tentou uma vez mais forçar as pesadas dobras de pele a elevá-lo suficiente para descobrir onde estava.

   A luz prévia ao amanhecer lhe saudava enquanto seus olhos caíam sobre o relógio da mesinha. Quatro e quarto? Bem! Isso queria dizer que era perfeitamente aceitável que se desse a volta e dormisse novamente.

   Recordando-se a si mesma de ter um largo bate-papo com Jared sobre a forma em que o homem parecia ser capaz de esgotar sua energia. Arrastar a colcha sobre seu homem tomou extraordinárias quantidades de sua força. Sim, precisava falar com esse homem sobre espremê-la até deixá-la seca...

  

   —Shelly? Está começando a me preocupar. Seriamente precisa se levantar.

   —Acredite, tentei.

   Christina sorriu com alívio. Inclusive embora a voz soasse penosamente atordoada, qualquer resposta faria que deixasse de se preocupar sobre a necessidade de procurar ajuda médica. Sabia que o soldado que havia trazido sua amiga mentia sobre seu desmaio, mas Roshelle tinha estado dormindo por quase vinte e quatro horas. Talvez Roshelle devesse ir ao médico, mas Christina saberia quando chegasse o momento certo!

   —Vou trazer um pouco de café.

   —Cafeína? —Roshelle elevou a cabeça enquanto farejava o ar tentando captar o aroma do café forte e recente.

   —Nem pense! esta grávida.

   Levantando-se, Roshelle fez uma careta com a boca como resposta. Captou o aroma da bebida e se abrandou quando viu o vapor elevando-se da jarra nas mãos da Cristina. Possivelmente era descafeinado, mas estava quente e seu corpo parecia estar frio durante um longo período.

   —Realmente cheira maravilhosamente.

   Sabia inclusive melhor! Roshelle encontrou saboreando a superfície do líquido quente enquanto considerava pedir mais. Decidindo não forçar sua sorte, optou em lugar disso por uma ducha.

   Permanecendo sob a água, procurou uma forma de aliviar a dor que parecia haver-se hospedado em sua carne. Estirando seus braços sobre sua cabeça, tentou forçar a seus músculos a que se relaxassem.

   Onde estava Jared?

   Ele tinha se afastado de sua mente. Sua memória podia estar ainda imprecisa, mas recordava a desorientação de seu primeiro encontro com ele. Apenas esperava que fosse suficiente para que ele encontrasse seu captor.

Roshelle deveria estar angustiada em relação ao que Jared faria nessa reunião. Em lugar disso se encontrava mais preocupada de que ele não pudesse encontrar o homem. Acabar com a vida de alguém estava em conflito com seus princípios morais básicos, mas a maldade deste homem era como uma infecção. Eliminá-lo era necessário.

   Ajeitando a roupa, repassou as tarefas do dia. A gravidez não esperaria o fim daquela missão. Já tinha passado do tempo de começar seu pré-natal. Até sendo simples, a atenção do primeiro trimestre era essencial para um bebê saudável.

   Como ocupar-se disso era sua ocupação principal do dia. Shane parecia estar a cargo de uma grande quantidade de coisas, mas o homem também desapareceu no momento em que Jared o fez. Isso deixava com o Coronel Jacobs, mas Roshelle não tinha nem idéia de contatar com o homem. Nunca tinha visto nem um só telefone em qualquer das casas.

   Os celulares pareciam ser a única forma de comunicação utilizada na montanha. Roshelle freqüentemente via Shane ou Jared usando os pequenos dispositivos.

   A manhã era fresca e se encontrou desfrutando dos sons da montanha. Realmente podia ouvir a brisa passando através das árvores. Enquanto estava parada escutando, seus ouvidos captaram outro som, este claramente feito pelo homem. Enquanto se aproximava o som se elevou até quase um nível ensurdecedor.

   —Ponha o coberto!

   Roshelle cravou o olhar na sentinela tentando decidir por que estava gritando-a. Seus olhos captaram a aeronave que se aproximava enquanto limpavam o bosque. Com a camuflagem de cores verde e marrom, os helicópteros oscilaram para o claro enquanto se colocavam em ângulo para ficar suspenso só a seis metros do chão.

   A aeronave começou uma lenta descida no claro. Movendo-se para diante procurou Jared, mas quem quer que fora esta gente, Jared não estava com eles. Não havia armas na casa de Jared, mas era possível que as houvesse na de Shane.

   Engatinhando para cima dos degraus, Roshelle lançou outro olhar aos homens que estavam saltando da aeronave. Elevaram rifles de alta potencia em frente a elas enquanto seus ouvidos captavam os estalos dos disparos contra as mesmas. Sua mente estava tentando lhe dizer que isto simplesmente não podia estar acontecendo, mas a realidade dos últimos meses lhe disse que definitivamente sim estava ocorrendo.

   —Shelly, o que está...

   —Vamos!

   Atirando sua amiga atrás dela Roshelle correu à parte de atrás da casa. Seu único instinto era colocar tanta distância como pudesse entre esses soldados e elas. O som da porta dianteira derrubando a fez encher-se de terror; sem nenhuma medida de amparo, tinham pouca esperança de defender-se.

   O vestíbulo se encheu com os sons de seus perseguidores. O tiroteio de um rifle ensurdecia com o eco que produzia entre as paredes. Roshelle se jogou no chão enquanto as balas se incrustavam na parede em frente dela. Christina tropeçou com ela, terminando com seus olhos azuis fixos nos frenéticos olhos de Roshelle. O olhar vidrado dos olhos de sua amiga fez que brotasse o terror. A cara da Christina estava perdendo cor tão rapidamente como seu peitilho começou a voltar-se vermelha.

   —Parem os disparos. Precisamos dela viva.

   —Não necessitamos da loira.

   Roshelle colocou seus dedos no pescoço da garota procurando o pulso. Nunca encontrou a confirmação da vida. Seu corpo foi levantado do chão e sustenido para inspecioná-lo.

   —Esta.

   Eles a arrastaram para a porta principal. Roshelle lutou com seus captores todo o caminho. Seus golpes faziam um contato sólido, mas o puro tamanho dos homens ainda a empurrava fora da casa. Uma vez em campo aberto, seu corpo foi rapidamente elevado e metido de um empurrão em uma das aeronaves que estavam esperando.

   Foi jogada sobre um assento, mas imediatamente se separada dele. Um firme golpe acabou com seus esforços quando a fez cambalear-se. Sua cabeça se chocou com a sólida estrutura da aeronave, causando que o piloto fizesse algum comentário a seu respeito. O que foi que dissesse o homem viajou através de seu casco à fina rádio encostada ao casco de seu captor. Com os sinais de multiplicação dos helicópteros ainda movendo-se, seus ouvidos não captaram mais que uns quantos sons amortecidos.

   O movimento do aparelho enquanto se elevava da superfície fez que lutasse com pânico. Seus esforços não conseguiram já que seu captor derrubou o peso de seu corpo sobre ela, imobilizando-a contra o assento. O contato próximo com o assassino de Christina a sufocou de horror.

   Mas tinha que manter a esperança. Cristina podia sobreviver. Algumas feridas pareciam fatais, mas em realidade eram mais escandalosas que mortais. Mentir-se a si mesmo não estava trazendo alívio algum. Sem atenção médica, sua amiga não viveria.

   Era muito possível que ambas compartilhassem o mesmo destino.

  

   —Dra. Everitt, prazer em revê-la.

   Sua voz ainda sustentava uma ligeira nota gélida, mas isso não aumento ou sentimento de medo que ela já sentia. Uma raiva abrasadora fez que Roshelle se encontrasse com os olhos de seu inimigo.

   —Não tem nada que dizer?

   —Prefiro não perder o tempo, obrigado.

   —Vale, vale. Não há necessidade de ser grosseira. Depois de tudo podemos passar o tempo em companhia um do outro.

   —Isso é nojento.

   Um sorriso frio mostrou sua cara enquanto ele a inspecionava. Era da mesma forma que um homem dizia a um cozinheiro como queria que lhe fizessem os filetes em seu pescado. Tudo nele era distante e perfeito. Do pescoço da camisa perfeitamente engomado até suas unhas tão bem arrumadas.

   Mas se dizia que ia passar o tempo junto significava que não iria matá-la. Perfeito. Roshelle tinha a intenção de ganhar outra vez e para isso sua morte ainda não deveria ocorrer, até dentro de uns anos, pelo menos. Um forte golpe na porta fez com que levantasse a cabeça e olhasse com interesse pelo cristal da mesma.

   —O Dr. Moosavi necessita uma amostra de seu sangue. Senta-se livre de me comunicar quando o deseja. Asseguro-lhe que ele está sendo compensado o suficiente para lhe aliviar de qualquer valor moral dos que pode ter padecido.

   Roshelle não acreditou em nenhum momento que o homem tivesse perdido o sonho até o momento. Ele emprestava a discrepância. Seus olhos se separaram dela enquanto se colocava um par de luvas de látex em suas mãos para a inspeção. Seus movimentos foram cortantes como uma navalha enquanto ele atirava de seu braço como se fora um espécime estranho.

   —Quinze minutos, Mr. Thyssen.

   A porta se fechou sobre seus pés enquanto o homem tirava seu sangue. Poucos exames poderiam ser feitos tão rapidamente. Mas se Thyssen continuava contemplando a dessa maneira ficaria nervosa. Roshelle ferozmente tentou rechaçar essa emoção. Sua compostura era a chave para sua sobrevivência.

   —Bebe-os são criações maravilhosas, tão puras, seja por princípios morais ou de opiniões. Se tiverem uma correta educação aplicada depois do nascimento, podem formá-las como a mais efetivas das armas.

   Sua calma se dissolveu como o açúcar. As implicações de suas palavras a assaltaram em muitos níveis para analisar.

   E tudo isto teria sentido. Um sentido horrível, repugnante, lógico.

   —Meu cliente está muito excitado de que estejamos perto de lhe prover sua mercadoria. Será muito interessante ver se a descendência é geneticamente similar ao pai.

   Queriam converter seu bebê em um monstro. Não, seu bebê não, mas o bebe de Jared. Um menino que levaria os dotes psíquicos dele, usariam-no por seu poder e assim realizariam mais vendas quando e onde quisessem. Roshelle nunca tinha querido matar a ninguém antes. O desejo de levar a vida desta criatura foi tão entristecedor que ela sentiu umas algemas em seus pés que a amarravam à mesa detendo-a.

   —Obrigado, querida. Estando assim tão perto do êxito, devo confessar que a espera esta ficando insuportável. A confirmação da gravidez. A maioria dos homens não podem resistir à cópula com uma fêmea disponível. Uma vez que Jared Campbell a levou a casa, foi simplesmente um fator tempo.

   —Não terá a meu bebê. —As palavras foram baixas, mescladas com o veneno de uma mãe por proteger a sua cria.

   —Sua voz deixa transluzir seu instinto maternal. As emoções podem pôr as coisas difíceis. Tem muito poucas opções. Duvido isso até dado o caso de que não acabe voluntariamente o embaraço. Alimenta-se porque não tem a força mental para machucar seu menino. Não há nada que possa impedir seu crescimento ou o nascimento.

   —Pense nisto, querida; ajudará a criar ao ser mais perfeito em lógica e melhor treinando que o mundo em toda a vida tenha visto. Seu nível de inteligência será grandemente apreciado. A mulher que selecionamos para educá-lo terá a casa mais bela que um ser poderia nem imaginar.

   Sua mão se posou sobre seu abdômen no momento que Thyssen deixou o quarto. Ele estava correto. Mas que lhe parta um raio! Ela não poderia destruir seu bebê até para lhe manter afastado de suas mãos. Não importava que horror planejasse para seu filho, havia esperança enquanto houvesse vida.

   E ela estava já de sete meses. Devia ter paciência. A informação era a chave. Sabiam de Jared não a respeito dela. Pois bem, ela não estava muito segura como poderiam ajudar seus dotes como não seja para lhe dar ao Thyssen outra gratificação.

   Mas eles não foram fazer desaparecer. De fato, era de vital importância que estivesse tudo quão saudável pudesse. Devia usar isso em sua vantagem. Roshelle pensou suas opções para encontrar um curso de ação. Entregar a seu menino estava fora de consideração. E Jared a encontraria.

   A pesar do número de vezes que Roshelle teve que resistir a indagar com sua habilidade para ler a mente, e agora o desejava. Jared poderia encontrar o caminho em sua mente para saber realmente onde se encontrava? Estar separados lhe pareceu seu maior inimigo no momento. Jared lhe havia dito que era um vidente, que mais poderia significar?

   Roshelle se encontrou com tempo para considerar cuidadosamente essa pergunta. Esperando descobrir uma resposta para proteger a seu filho.

 

   Shane não esperava Jared essa noite. Em lugar disso, ele deixou sua unidade com seu operário enquanto se dirigia a sua casa. Havia informação para arquivar e os dois homens aos que ele tinha deixado de guarda lhe exploraram. Entrando pela rua dianteira de sua casa, iria acender a luz da cozinha eliminando a escuridão.

   Christina necessitava de uma verificação também. Uma profunda risada saiu desde seu peito enquanto ele considerava simplesmente qual séria a opinião que teria MS. Faulkner a respeito de todo isso. Ele somente poderia mencionar como um entretenimento.

   Franzido o cenho começou e substituiu sua diversão. O homem em serviço deveria estar ali presente. Os olhos de Shane vagaram até o caminhão, lentamente o registrou enquanto ajustava sua visibilidade noturna.

   Seus olhos se posaram no corpo cansado de um Ranger. Apenas um braço era visível, mas ninguém poderia mentir ao supor que ele estava morto. Sacudindo com força sua pistola de seu pistoleiro, Shane avançou para confirmar suas suspeitas. O corpo ainda desprendia calor, mas estava além de qualquer ajuda.

   A casa de Jared estava às escuras e silenciosa. Shane considerou em acender a luz de sua casa para perceber movimentos. Seus dedos digitaram o código para pedir reforços. Continuou caminhando, ele se moveu para a parte posterior da estrutura. Se as mulheres estavam dentro, então ele teria uma o fator surpresa ao seu favor.

   Ele encontrou o segundo Ranger no terraço posterior da casa. A fúria lentamente cresceu em seu coração. O silêncio completo de sua casa fez com que sua fúria aumentasse. Empurrando a porta, seus olhos observaram o corredor. Christina jazia sobre o piso como uma boneca quebrada. A cabeça loira confirmou sua identidade antes que ele se adiantasse para confirmar a realidade de sua morte. Seu estômago se torceu quando viu todo o sangue que havia no peito da jovem mulher. Essa mancha vermelha confirmou seu fracasso em protegê-la.

   Seus olhos se abriram de repente, fazendo que Shane apertasse com força sua pistola colocando-a para cima defendendo-se. O azul de uns olhos que se esforçavam por enfocar por cima da arma até chegar a sua cara.

   —Por Deus! O necessito agora é de outra pistola em minha cara.

   Uma maldição saiu da boca de Shane enquanto se ajoelhava ao lado dela. Estava coberta de sangue. O piso de madeira estava enlameado ao seu redor, mostrando a luta que tinha tido por sobreviver.

   —Realmente desejei que em sua casa tivesse um telefone.

   Apesar de seu humor, o som de um avião próximo fez com que seus olhos mostrassem seu pânico. Agito seus braços violentamente tentando escapar do terror que os helicópteros a inspiraram.

   —Se acalme. Estão aqui para ajudar.

   —Não, levaram-se Shelly.

   O comentário meio aterrorizado de Christina mostrou exatamente a falha de segurança existente em sua casa. Deviam ter sobrevoado sob a parte superior perto das grandes árvores. De outra maneira a segurança de seu pai teria registrado a entrada do helicóptero.

   —Deixa de me incomodar! Não há alguma lei que permita ao moribundo morrer em paz?

   —Não está morrendo. — Agora que ele tinha comprimido sua ferida, Shane observou assombrado como nenhuma das feridas presentes fossem mortais. Apenas a perda de sangue seria o fator agravante, mas ele só contou quatro feridas. Uma bala passou simplesmente sob sua clavícula, através do ombro, o suficiente alto para lhe fazer perder um pulmão. Outra tinha entrado perto de seu coração. Viu que o osso estava quebrado, mas tinha agüentado o suficiente para desviar a bala do músculo vital que se encontrava debaixo.

   Só a calma que ela mantinha sobre o piso fez com que se preocupasse principalmente. Ela deveria estar retorcendo-se de agonia. Em troca seus olhos azuis se moveram pesarosamente o que lhe fez Shane pensar em manter uma conversação. Com a quantidade de sangue que tinha perdido, chegar à inconsciência poderia ser fatal.

   —Agora está mentido para mim. Também, deve haver leis contra isso.

   —Chamam-nas regras sistematizadas. Mas não minto.

   —Sim, mas mente.

   —Então vamos apostar algo.

   Uma aposta? Christina considerou sua oferta. Talvez ela devesse viver somente para ter a satisfação de havê-lo perturbado.

   —Com o que?

   —Um beijo.

   Ele o havia dito simplesmente para manter sua mente aguda. Shane esperou impacientemente até que os homens de seus pais entrassem na casa. Ele poderia escutar as botas sobre o chão do alpendre. Em alguns segundos mais tarde, teriam um médico aqui para estabilizá-la.

   —Da forma que eu gosto.

   Agora ela pensava cuidadosamente, Shane Jacobs tinha realmente uns olhos muito bonitos. Eram fortes e estáveis. Nesse momento ela os encontrou estranhamente reconfortáveis. Quem se preocuparia com o que perguntava? Ela ia morrer, assim é que nunca teria que pagar a aposta de uma forma ou de outra.

   —Certo, aceito a aposta. Diga a minha mãe que não esteja de luto durante um ano. Fica horrível de preto. OH, e realmente não posso seguir com isto.

   Esta confissão fez com que Shane apertasse seus dentes fortemente. Colocando em sua cara uma máscara acalmada para não afligir a Christina mais do que já estava. — Tome cuidado.

   —É um bom perdedor. — Seus olhos piscaram quando o quarto girou, logo voltou a observar de novo seu rosto. — Mas ainda segue sendo um idiota.

   Retirando-se do seu lado, Shane a deixou ao cuidado do médico de sua unidade. Jared e sua mãe podiam ser bons psíquicos por se apresentarem justamente no momento que Shane podia sentir a raiva carregar o ambiente. Dois de seus homens estavam mortos.

   Seus homens.

   Enquanto Shane controlava seu temperamento que raiava quase a violência, seu sócio permaneceu silenciosamente imóvel. Jared ficou com o olhar fixo como atendiam Christina. Seus olhos absorveram cada detalhe da luta que as duas mulheres tinham sofrido.

   —Sobreviverá ela?

   —Nunca vi a alguém tão sortudo em minha vida. —Ainda balançando a cabeça, o médico tirou suas luvas enquanto se dirigia para que a pia para limpar-se.

   Balançando a cabeça por estar de acordo, Jared voltou suas costas à casa de Shane. Por que não a podia sentir? Nada mais que o silêncio enchia a noite. Deslocando-se pelo espaço que o separava de sua casa, Jared procurou o lugar onde mais provavelmente sentiria a presença de Roshelle.

   Sentou-se em sua cama na escuridão, olhando fixamente o vazio. A roupa de cama estava colocada e dobrada organizadamente. Jared a desfez com uma mão até separar a fronha do colchão colocando a perto de sua cara. O perfume de Roshelle permanecia sobre o tecido. Cheio deste perfume seus pulmões, procurou o enlace que os mantinha unidos.

   Nada.

   Jogando de um lado a roupa de cama, olhando ao redor do quarto, procurando qualquer artigo que pudesse criar sua imagem. Era como um quebra-cabeça, nenhum dos objetos de Roshelle trouxe sua visualização esta noite.

   Ele que tinha passado sua vida rastreando. Por que agora esta habilidade o evitava? A frustração se elevou sobre Jared fazendo minguar suas opções. Ele necessitava de um objeto mais pessoal para estabelecer um enlace com seu objetivo. Roshelle tinha muito poucos objetos pessoais neste lugar.

   Sua quarto pareceu gritar por sua ausência. Voltando as costas à casa, Jared saiu em busca da escuridão. Sem Roshelle, as paredes pareciam esmagá-lo em seu interior.

   —Nada?

   —É mais forte do que eu, talvez você a possa encontrar.

   Esta não foi uma admissão fácil para ele. A fúria ardia detrás de cada uma de suas palavras. Jared não queria sua ajuda, não ligava para seu orgulho, se isso pudesse trazê-la de volta.

   O tinha pedido quando menos o esperava. Ela justamente não acreditou que tivesse êxito desta vez. Apenas sabia da vantagem que sua experiência tinha, mas acreditava que seu filho era igualmente forte. Mas não recusaria de realizar seu pedido.

   Retornando à casa, ela encontrou nos olhos de seu filho o mesmo arrependimento que refletiam nos seus. Roshelle não tinha permanecido na casa o tempo suficiente para reter objetos particulares. Jóias, artigos de asseio favoritos, qualquer tipo de coisas que pudessem aproveitar com seus dotes e assim achá-la. Este tipo de imagem levaria seu tempo para deixar rastro.

   —Poderia obtê-lo através de mim?

   —Essa é uma péssima idéia.

   Não havia nada de bom esta noite. Mas o comentário de coronel Jacobs não foi necessário.

   —Não, filho. Acredito que Jacobs está correto. Não podemos nos permitir ficar sem você.

   Procurar um enlace com outro ser humano era extremamente difícil. Era utilizado como último recurso. Já que esgotava a energia dessa pessoa, não se sabia exatamente o que poderia ocorrer, mas esse risco era infinitamente mais perigoso com outro psíquico.

   —Além disso, nunca se provou sobre outro psíquico. É muito provável que um ou os dois possa entrar em curto circuito.

   —Cada vez mais eu desgosto dessa idéia. — Jacobs expressou sua opinião com um tom que indicada que esta idéia estava fora de cogitação.

   —Vale Christina?

   —Possivelmente, mas não acredito que a garota tenha força suficiente agora.

   Ele entendia agora a expressão “ficar atado”. Jared se afastou entre as árvores antes que seu temperamento explorasse. Necessitava de todo seu controle para mantê-lo firmemente em seu lugar. Seu inimigo tinha planejando meticulosamente este ataque contra ele, por isso Jared não devia cometer nenhum engano, por isso devia controlar-se custasse o que custasse.

   Haveria um lugar para a fúria. Haveria tempo para a recompensa. Roshelle pertencia a ele! O plano que o homem tinha para ela não daria certo, isso só aconteceria por cima de seu cadáver.

   Tudo isto não era por Roshelle. Inclusive ela sabia isto. Seu desconhecido inimigo queria enfrentar a ele? Pois bem, Jared estaria encantado por fazê-lo!

  

   —Sentiu o feto chutar?

   Perguntou o Dr. Moosavi. Roshelle. Ela o ignorou. Ela observou a imagem de seu filho que vinha da máquina de ecografia. Ela tinha realizado a mesma tarefa incontáveis vezes para seus pacientes, ainda assim nunca tinha entendido realmente a profunda emoção que se sentia ao olhar essa nova vida enquanto se desenvolvia.

   —Seria de ajuda se respondesse a minhas perguntas.

   Sim, Roshelle imaginava que o seria. Mas útil para quem? Ela se pergunta. Este homem com seus olhos encapotados e seus princípios morais vendíveis não ganharia sua conformidade. Mas suas revisões semanais eram extremamente úteis. Roshelle podia ver seu menino enquanto o Dr. Moosavi obedientemente media o desenvolvimento do bebê que crescia dentro dela.

   Mas ela não pensava em lhe dar mais informação que a suas máquinas podiam prover. Isso frustrava o homem, Roshelle poderia sentir o sentimento e isso a encantava. A cólera em qualquer forma podia ser uma distração.

   Voltando sua atenção a seu propósito, Roshelle construiu rapidamente uma parede. Um par de olhos verdes claros a estavam observando atentamente. Obrigando-se a olhar o monitor do ecógrafo outra vez, ela encheu seus pensamentos com a imagem que a proporcionava. Miller perdeu interesse em suas emoções maternais e pôs suas energias em uma revista que descansava em seu colo.

   Thyssen quase alegremente tinha apresentado o moço de cabelo arenoso. Miller tinha alguma aula sob nível psíquico, cujo único talento verdadeiro parecia ser o poder neutralizar os outros sinais psíquicos. O jovem parecia estar muito amargurado por sua falta de talentos comerciáveis. Ele detestava Jared por estar dotado com algo que a natureza lhe tinha negado. Odiava a criatura por nascer pela mesma razão.

   Mas ele obtinha um incomum deleite realizando seus deveres para Thyssen. Ele esquivava seus passos sem parar. Roshelle nunca estava separada dele por mais de seis metros. Até agora ele não tinha parecido poder sondar suas habilidades. Ela considerou a probabilidade de tentar contatar ao Jared por si mesma. A possibilidade que Miller pudesse identificar suas habilidades lhe impedia de fazer o intento. Roshelle estava segura que podia encontrar Jared, mas essa habilidade era a única carta que ela tinha. Ela precisava achar o momento perfeito antes de pô-lo sobre a mesa. Enquanto o irritável moço a vigiasse, não estava em perigo imediato. O tempo era um aliado que Roshelle não podia permitir-se gastar.

   Era realmente muito triste descobrir mais sobre o que era Jared de seus inimigos. Roshelle teria preferido ouvir o dele. OH, havia varias razões para que Jared nunca tivesse sido franco com ela. Mas nenhuma delas parecia ter importância agora mesmo. Roshelle se encontrou escutando Thyssen simplesmente porque ele podia lhe ensinar sobre o homem que amava.

   O telefone tocou. Roshelle observou o Dr. Moosavi responder ao aparelho eletrônico. Devia ser um dia de mudança, outra vez. Thyssen a mudava freqüentemente. Roshelle passava duas noites consecutivas no mesmo canto. Uma pequena beliche se mudava com ela. A pequena cama parecia mais uma cela. A maioria das vezes estava em movimento, e ela se encontrava assegurada no beliche para evitar que pudesse ser vista pelos outros automobilistas no caminho.

   —Tira-a.

   —Sozinha?

   Roshelle dirigiu um sorriso ameaçador sobre Miller. A vacilação estava escrita em sua cara claramente. O moço estava tão ocupado resistindo a vida que nunca se ocupava em construir algo para si Seu corpo estava mais cheio de graxa que músculo. Sua capacidade de queixar-se por cada desconforto havia ganhado olharas mortais de seus companheiros armados.

   —Estão esperando-a agora.

   O desgosto na voz do doutor quase a fez rir nervosamente. Em lugar disso ela desceu da mesa de exame e simplesmente saiu andando do quarto. OH, ela sabia que não iria longe, mas foi tão encantado ouvir o Miller lutar por manter o mesmo passo que ela.

   Um curto e aborrecido corredor a levou para fora do edifício. A caravana estava estacionada a menos do meio metro da porta principal para evitar que qualquer olho curioso pudesse vê-la. O ar estava espesso com fumaça enquanto abria a porta. Volteando a cabeça, Roshelle notou que sua escolta estava completamente ocupada em fumar um último cigarro antes que começasse a viagem. Os mercenários contratados eram proibidos fumar dentro da caravana para assegurar a saúde do bebê.

   Os sorrisos lascivos que lhe dirigiram a fizeram subir ao veículo por si mesma. Grosseiros e desarrumados, suas sacanagens a fizeram desejar os sentinelas honoráveis de Jared. Parada na área da cozinha da caravana, Roshelle notou que Miller tinha decidido unir-se ao grupo de fumantes.

   Seus olhos começaram uma busca frenética. Sua privacidade duraria uns poucos minutos e era vital que ela os contasse. Várias armas estavam à vista; ela as rechaçou imediatamente. As grandes pistolas nove milímetros seriam sentidos falta. Uma faca de cozinha poderia passar despercebida. Atirando em uma gaveta aberta, precipitadamente selecionou uma pequena faca de aspecto malvado que ela guardou sob seu folgado Top de maternidade.

   Roshelle não tinha uma idéia real do que ela faria com a arma, mas era melhor que absolutamente nada.

   Com uma arma assegurada em seu poder, seus olhos continuaram sua busca. Estava tão determinada a encontrar uma arma, que tinha esquecido

dos numerosos aparelhos de comunicação à mão. Dois telefones celulares estavam assegurados a mochilas enquanto um ordenador portátil estava em cima da mesa. Unidos por sinais via satélite, os três poderiam ajudá-la a conseguir ajuda.

   Isso se soubesse a quem chamar.

   Roshelle duvidava que a polícia local fosse de alguma ajuda para ela. Tão organizado como Thyssen parecia, não a assombraria descobrir ele podia provar que ele a guardava legalmente. Assim como prover suficiente documentação que provaria a qualquer oficial de polícia que ela estava completamente louca.

   Tempo precioso se estava perdendo enquanto lutava por encontrar algum número que ela soubesse que podia ser de ajuda. Jared tinha um telefone celular, mas ela não sabia o número.

   Mas ela conhecia seu pai! A memória explorou enquanto Roshelle jogava um olhar para fora de antes que levantasse um dos telefones da mesa. Não tinham freqüentemente criminosos no centro médico Tricondado, mas quando os tinham, Brice Campbell se ocupava pessoalmente.

   Cravando os olhos no pequeno teclado, ela obrigou a seu cérebro a recordar o número. A linha conectou enquanto ela lançava outro olhar à entrada. Em lugar da voz do oficial, ela se conectou com sua caixa de mensagens. Sem saber o que dizer, ela murmurou toda a informação que pôde até que a linha a desconectou.

   Lutando com sua desilusão, apagou o número de chamada antes de guardar o telefone outra vez em sua capa. A folha de sua faca oculta era fria contra sua pele, mas isso lhe deu uma cálida sensação de esperança. Ela tinha vencido a este grupo antes e o faria outra vez.

   Seu bebê não se merecia menos.

 

   Jared não desconhecia a linguagem pitoresca, mas as maldições que provinham da boca de seu pai, entretanto, fizeram-lhe levantar o olhar. Com o telefone celular em sua orelha, a cara de seu pai refletia uma fúria completa. Sem se importar com mensagem que o homem estava escutando, mas não era bom.

   Bem, esse era só outro roubo de galinha. A tensão existente na montanha era suficientemente apertada para estrangular uma pessoa. Sem uma só pista, eles eram obrigados a esperar por um local para começar sua busca.

   —Jacobs!

   Brice gritou, para a montanha, quase como um rugido, antes de voltar a vista para seu filho. Estendeu o telefone enquanto sua cara deixava transluzir uma tortura que ele tinha preferido evitar seu filho, mas que ele sabia que não poderia.

   A voz de Roshelle ecoou em seu ouvido enquanto uma maldição similar explorou em sua boca. Por que ela não o chamou? Inclusive enquanto escutava os detalhes de sua mensagem, Jared encarou a verdade, o porquê Roshelle teve que chamar seu pai por ajuda. Ela não tinha idéia de como lhe contatar. Não por telefone.

   Ambos, Jason e Shane vieram em resposta ao grito de seu pai. Jared afastou o telefone enquanto se dirigia para sua casa e sua equipe de vôo. O coronel Jacobs teria um plano de ação dentro de meia hora. Outra maldição golpeou seus ouvidos: a reação de Jason ante o apuro de Roshelle.

   Thyssen. Podia agora nomear seu inimigo, o próximo passo seria matá-lo. Comprovando que sua pistola estava preparada, deslizou-a em seu pistoleiro. Se ele tinha sorte, teria a oportunidade de usar suas mãos nuas no bastardo.

   A vista de sua cama vazia o deixou sombrio. A colcha estava pregada na esquina e a manta que Roshelle tinha tecido estava estendida aos pés da cama. O vazio que a manta enfatizava fez com que Jared examinasse suas prioridades.

   Se ele tinha sorte, seria capaz de trazer Roshelle para casa. Seu filho nasceria em apenas oito curtas semanas. Esta não era uma briga para eliminar a seus inimigos; era uma luta por manter unida a sua família.

   A meta de sua missão era recuperar Roshelle. Se Thyssen interrompesse em sua meta, bem… então Jared poderia ceder a seus primitivos desejos. Se o homem evitasse sua captura, então bem poderiam ter que abandoná-lo em sua casa da montanha. Neste momento Jared estava disposto a começar uma procura em qualquer ponto do globo enquanto estivesse com o Roshelle. A força de suas emoções o assombrou. Roshelle parecia haver-se fundido com sua mesma alma. A idéia de não recuperá-la era completamente inaceitável.

   Mas a possibilidade de fracasso surgia ameaçadoramente perto para ignorá-la.

 

   O motor voltou a vida, fazendo-a sorrir abertamente. A porta foi outra vez deslizada em seu lugar para evitar que ela fosse vista. Hoje ela tinha a intenção de usar isso como vantagem. Ela tinha passado as horas no beliche cravando os olhos no compartimento diminuto. Era nada mais que uma grade de aglomerado e plástico. A única exceção eram as duas janelas pequenas que se abriam ao exterior para permitir a entrada de ar fresco. Cada janelinha continha apenas dez centímetros de largura, mas ambos juntos deixariam espaço suficiente para que ela pudesse sair do compartimento.

   Isso se ela conseguisse remover a instalação da parede da caravana. Roshelle ia tentar. Tirando sua faca de seu esconderijo, aplicou-a aos parafusos que mantinham o respiradouro no lugar. Não sabia como estavam armadas as caravanas, ela não estava segura do que ganharia tirando os parafusos.

   Trabalhar com um instrumento bicudo em um veículo em movimento não era uma tarefa fácil. Suas mãos começavam a luzir as marcas de seus frenéticos esforços. Enxugando o sangue, ela rodeou com sua mão mais firmemente sua ferramenta. Seu filho chutou em aprovação enquanto ela se empenhava em sua liberdade.

   O último parafuso caiu, fazendo que o marco se separasse da parede. Roshelle ficou olhando com admiração o oco de noventa centímetros por trinta que ficou aberto. Para seus olhos se desesperados, via-se tão largo como uma porta de celeiro.

   Passando uma mão sobre sua barriga distendida, mediu o oco com os olhos. Ela o podia fazer. Ela o faria!

   Seus olhos se dirigiram a estrada pela que estavam viajando. A sorte finalmente lhe estava sorrindo hoje. Atualmente caminhavam por uma estreita estrada cheia de árvores. O sol estava brilhando, assim ela observou que não passava nenhum carro por aquele caminho. As curvas fechadas da estrada obrigavam o condutor uma lenta velocidade que diminuía ao aproximar-se de outra curva muito fechada na estrada.

   Roshelle se recusava a desperdiçar um segundo em considerar os riscos. Um milagre tinha sido concedido este passo à liberdade. Ela tinha intenção de tomá-lo. Deixando a janela de lado, ela pegou um cobertor e começou a atravessar a abertura. O condutor reduziu a velocidade enquanto tomava outra curva, e ela simplesmente se deixou sair.

   Suas pernas cederam sob o peso de seu corpo. Um tornozelo se queixou amargamente, mas ela levantou a cabeça a tempo de ver as luzes traseiras da caravana desaparecer de sua vista.

   Foi uma das coisas mais doces que viu.

   Saindo de onde estava, moveu-se para as árvores e a cobertura que lhe podiam prover. O tempo e a distância eram seus maiores inimigos agora. Algumas vezes os guardas iam encontrá-la, outras vezes não. Não havia um padrão para seu trabalho. Colocar tanta distância como fora possível entre eles seria sua única defesa.

   Como fazê-lo era a pergunta. Ela podia tentar uma carona. Roshelle descartou essa idéia. Ia ser perigoso, podia deixar uma testemunha de onde ela tinha ido. Uma mulher grávida só pegando carona não seria fácil de esquecer.

   Mas ela tinha um problema mais imediato.

   Afastar-se da estrada parecia ser o curso de ação mais lógico. Mas Roshelle não estava segura em que estado que se encontrava, e muito menos o quão tão próximo de algum povoado ela podia estar. Caminharia uma semana se significasse a liberação de Thyssen, mas sua única bagagem era um cobertor. Sem água, ela podia terminar morrendo em muito pouco tempo.

   Internando-se além das árvores e arbustos, ela tomou um passo determinado. Com o anoitecer sobre ela, a desidratação não seria um problema por várias horas. Roshelle só teria que esperar encontrar civilização antes que ocorresse.

   Acomodando o cobertor ao redor de seus ombros, ela usou as estrelas para seguir pelo norte. Seu filho a chutou firmemente fazendo que um verdadeiro sorriso cruzasse sua cara. Seu menino não se rendia!

 

   —Montana.

   Essa simples palavra recebeu uma dura aprovação na cabeça de Jared. Tudo o que precisavam era um lugar para começar. Agora que ele sabia quem estava entre ele e Roshelle, encontraria uma maneira de rodeá-lo. Shane já estava procurando quem era este Miller. Se a sorte estava ao seu lado então haveria um cuidadoso arquivo do homem.

   Jared ainda estava esperando esta informação quando sua unidade se separou da pista de aterrissagem. Os seis negros helicópteros se deslizaram na noite. A distância era a única coisa contra eles agora. Viajando pela rodovia, não havia forma de transportar Roshelle rápido o suficiente para fugir de um ataque dos helicópteros.

   Brice Campbell se sentou no assento de passageiro enquanto contemplava o telefone em sua mão. Os olhos de seu pai estavam acostumados à paisagem, mas ele mantinha uma mão envolta firmemente ao redor do móvel.

   Algumas vezes um filho poderia estar agradecido pelo fato que as maçãs não caíssem longe da árvore de onde cresceram.

  

   Os americanos desperdiçavam muita comida.

   Hoje Roshelle estava agradecida por essa verdade. Catar o lixo de um restaurante a teria aborrecido normalmente. Neste momento comer comida desperdiçada parecia muito mais lógico do que pensar em seus antigos código de conduta.

   Manter-se livre era sua única meta. Ela tinha que comer ou paralisar. O pequeno restaurante parecia ser a única civilização em Quilômetros. Ela tinha caminhado todo o dia e o fato que sua ausência devia ter sido descoberta a incitava a aumentar sua velocidade de viagem.

   Mas primeiro precisava comer.

   Um dependente atirou outras duas bolsas no lixeiro antes de retornar à porta traseira do restaurante; depois de dezoito horas de andar, inclusive meio hambúrguer comida soava bem.

   Ela não tinha dinheiro e entrar nesse restaurante deixaria muitas pessoas para que Thyssen indagasse sobre ela. Eram sobras ou nada. Rasgando o plástico, investigou o que poderia ser comestível. Os sanduíches meio comidos estavam ainda envoltos em seu papel enquanto os copos estavam ainda meio cheios de gelo. Atirando a tampa plástica de um copo tragou saliva copiosamente ante o gelo. Qualquer tivesse sido o refrigerante que tinha estado no copo ainda se pegava ao gelo que se derretia dentro de sua boca, trazendo alívio a boca ressecada.

   Depois de apreciar demasiadamente do refresco, Roshelle retornou ao bosque antes de ceder à necessidade para comer. O desespero a conduzia. Escapar parecia ser possível, e ela não se podia deixa o pudor interferir em suas atitudes, não podia permitir ser capturada novamente.

   Não haveria uma segunda oportunidade.

 

   —Me espere! Só vou urinar. É um passeio em carro de duas horas já sabe!

   Uma porta se golpeou ruidosamente em resposta. Avançando entre as árvores, Roshelle cravou os olhos na caminhonete que estava com suas luzes acesas enquanto o condutor esperava impaciente seu companheiro. A caixa do caminhão estava cheia de móveis. Um refrigerador, um sofá e outros artigos de uso doméstico estavam sujeitos aos lados do caminhão.

   Com seu motor pontudo para a estrada e longe dela, Roshelle estimou a distância entre onde ela estava e o corredor da caminhonete. Recolhendo seu jantar, ela avançou e engatinhou diretamente para o caminhão. Com uma parte do sofá se sobressaindo sobre o pára-choque, a porta não estava assegurada corretamente. Com todos os outros móveis, havia montões de lugares para esconder-se.

   Deitar-se entre o mobiliário podia não ser o método mais seguro de viagem, mas Roshelle só sorriu. Ela estava completamente escondida e um passeio em carro de duas horas lhe daria essa distância que estava necessitando.

   Qualquer que fosse o destino dos dois homens era outra oportunidade de proteger a seu menino.

 

   —Estúpidos.

   De forma fria, Thyssen quase murmurou seu julgamento. Ele era o melhor! Isso era a razão pelo qual seus clientes vinham a ele. O fracasso não era aceitável.

   —Encontrem-na. Sem esse bebê, nosso cliente não paga.

   Seus homens se afastaram a toda velocidade. Não estavam ansiosos por encontrar Roshelle, somente impaciente por escapar de sua cólera. Levantando o relatório mais recente do Dr. Moosavi, olhou a imagem do feto que crescia.

   Era perfeito. Um menino, engendrado com a habilidade psíquica de seu pai e, Deus o permitisse, com a inteligência de sua mãe. Thyssen realmente sorriu. A Dra. Everitt era uma digna adversária. Embora parecesse uma garota comum, a fêmea era muito ardilosa.

   Embora ela não fosse uma grande beleza, ele sentiu crescer seu desejo em resposta a sua habilidade de dominar com astúcia a seus adversários. Odiaria vender a seu bebê, mas o ódio poderia ser tão, tão… estimulante.

 

   O desespero manteve seus pés em movimento. O cansaço excessivo evitou a seu cérebro divagar em círculos. Muito desesperada para descansar, Roshelle continuou seu rumo. Talvez dormir algumas horas aliviaria algumas de suas dores, mas isso também permitiria que o frio penetrasse muito a sua pele.

   Ela não podia ser apanhada. Devia manter-se em movimento. Essas palavras voltavam uma e outra vez a sua cabeça até nada mais pôde penetrar a parede que formaram.

   O frio assombroso não podia romper em seus pensamentos. Nem sua fome. Mas repentinamente ela parou seu avanço enquanto sua mente gritava ante um horrível feito. Thyssen estava aqui. Aqui mesmo. Ela virtualmente podia tocar o homem com a ponta de seu dedo, de tão próximo. Seu fedor esbofeteou sua cara enquanto Roshelle olhava o deserto pelo que ela tinha estado vagando pelo que pareciam horas intermináveis.

   Tola!

   Ela tinha que pensar! Cada direção parecia estar fechada para ela. Seu cansado cérebro não podia decidir aonde ir. Repentinamente se paralisou em uma resposta puramente emocional.

   A avidez parecia arrastar-se no ar da noite enquanto Roshelle sentia aproximar-se do Thyssen. O amparo explorou dentro de seu cérebro até que nada mais importou que um final definitivo para o que estava ameaçando a seu bebê.

   Era uma urgente necessidade que parecia radiar das mesmas estruturas de suas células. Essa criatura não ia habitar o mesmo planeta com seu menino!

   Ela nem tentou ignorar seu instinto de encontrar ao homem. Parecia estar implantado muito profundamente nela para isso. Não havia mais nada que Roshelle pudia fazer e ela pretendia assegurar-se que esta fosse a batalha final deste jogo.

   Esta vez ele seria a presa e Roshelle tinha a intenção de voltar para casa com sua presa. Não havia, simplesmente, nenhuma outra opção. Uma vez que seu filho nascesse, seria muito simples capturá-lo. Passariam muitos anos até que Jared pudesse lhe ensinar a proteger-se. Assim que a obrigação caía sobre ela. Roshelle não podia trazer para seu menino a uma vida tão cheia de riscos.

   Ela protegeria a seu filho até se significava tomar uma vida.

   Podia cheirar o mal em seu inimigo. Roshelle abriu sua mente e deixou que suas perversões se levassem os últimos restos de consciência aos que se apegava.

   A oportunidade para acabar este pesadelo estava em suas mãos. Roshelle se dirigiu capturar seu objetivo.

  

   —Não havia rastros dela na estação.

   —Então volta para povoado e averigua onde foi. Como pode ser difícil encontrar uma mulher grávida, suja pela viagem?

   Roshelle se deixou cair sobre seus joelhos uma fração de segundo antes de chamar a atenção de Thyssen. Ela pegou a palma de sua mão para reprimir o som de sua respiração. Ela era tola, mas tão tola!

   Tinha esquecido o fato muito importante de que carecia de prática nesta arte. As arestas de Jared estavam afiadas como uma navalha. Ela era simplesmente uma noviça.

   Tinha encontrado o branco… e virtualmente tinha caminhado direita para o homem. Seu corpo estava dobrado a menos de dois metros dele.

   —Miller se foi.

   Thyssen apertou dedos em um punho. — Covarde.

   —Que lástima — Resmungadas sem fôlego, as palavras do Thyssen tinham uma estranha quantidade de afeto. Foi quase como se desfrutasse ser mais ardiloso.

   —A operação está estancada. Retiraremo-nos.

   —Pensei que disse que não obtemos dinheiro sem esse menino.

   —Corrijo. Sem o Miller, somos patos mortos. Jared seguirá a pista - Thyssen trocou de direção e subiu abruptamente quando vários dos homens bloquearam seu caminho. Suas caras estavam retorcidas por uma desagradável avareza. —Tolos! Tentam fazer um assalto frontal em seu terreno? Falhar ao comprar essa terra causou isto! Meu plano era perfeito em sua simplicidade! Tudo o que sei sobre Jared Campbell indicava que ele tomaria a isca que lhe ofereci. Ele nunca deveria saber sobre o bebê. Isto é uma complicação que não pode ser vencida. Teremos que eliminá-lo antes de voltar pelo bebê. Se formos afortunados, ele já poderia ter plantado outro na matriz de sua companheira.

   —O que quer dizer?

   —É singelo. Achamos a armadilha correta e eliminamos a ambos, mãe e filho. Quando eles já não puderem rastrear seu sangue, podemos seqüestrar o menino. Mas estarão em guarda por algum tempo agora. Esperaremos. Além disso, ele atualmente aninha com essa fêmea. Acredita que você é muito mais desenvolvido, mas os humanos realmente são similares à maioria dos mamíferos. Jared Campbell tem uma nova companheira. Ele passará algum tempo assegurando-se que seu código genético esteja sendo passado de um a outro. Em alguns anos deveria haver um ninho cheio que nós poderemos colher.

   Thyssen considerou a seus homens enquanto moviam suas cabeças com satisfação. Que limitados idiotas eram. Ficaram cegos com o hipnótico impulso do dinheiro. Havia tão mais em uma atribuição como esta. Burlar um homem como Jared Campbell tinha sua recompensa em puro gênio. Primeiro você encontra um terreno perfeito ao lado de sua guarida. Depois uma fêmea compatível passeando-se justamente diante de seu nariz. Que homem não saborearia um presente tão tentador? A verdadeira beleza de seu plano era que certamente Jared Campbell tinha sido feliz quando seu mais novo brinquedo empacotou suas bolsas e partiu. Seu código genético tivesse viajado dentro de seu corpo sem seu conhecimento.

   Mas isso foi antes que Roshelle Everitt retornasse ao condado de Benton. Bem, isso não era algo que ele tinha lamentado. Ele ia desfrutar dela. Logo que ele eliminasse seu atual protetor. Não era sempre o lutador mais forte o que conseguia ganhar. Muitas vezes, era o varão mais ardiloso o que conseguia separar à fêmea do rebanho.

   A onda quente de luxúria a golpeou como algo físico. Roshelle retrocedeu, afastando-se disso. Unida às emoções do Thyssen, sua carne se tornou atrás de seu interesse. Com seu corpo tão inchado com seu filho, seu balanço falhou. Caiu, aterrissando na sujeira. As folhas secas que cobriam o piso do bosque rangeram ruidosamente sob seu peso. O som foi horripilantemente forte.

   —Merda! —A estranha vista da luz da lua banhando o canhão de uma pistola se apresentou ante seus olhos só um segundo antes que Roshelle fosse tirada de seu esconderijo. O soldado enviou seu corpo para frente com uma patada cruel. Ela se agarrou a sua barriga enquanto a gravidade a fazia cair de repente na terra. Um penetrante raio de luz caiu sobre sua cara. Seus olhos se fecharam com dor, mas o dano parecia. Abrindo os olhos outra vez ela descobriu frenética que sua visão noturna tinha sido destruída pela luz.

   —Encontrei-a, deve ser nosso dia de sorte! —Talvez ela não os possa ver, mas a alegria de sua captura era o suficiente forte para senti-la.

   —A sorte não existe—Thyssen baixou sua vista para passá-la sobre Roshelle. Fechando seus dedos ao redor de seu braço, ele a atirou para seu corpo.

   —Como adivinhou nosso plano?

   Roshelle não estava muito segura sobre o que queria dizer Thyssen, mas o tom ártico de sua voz incitou seu temperamento.

   —Encontrei você.

   —Ah… Mas claro que sim. — Thyssen baixou sua voz a um sob sussurro. Sua mão se apertou ao aproximar o corpo dela para ele. Ao ser forçada ao contato físico, seu estômago se retorceu com náuseas.

   —É tudo tão, mas tão simples. Jared Campbell encontrou uma companheira de seu próprio sangue. Foi muito sábio de sua parte manter essa parte para você mesma — Um sorriso sádico iluminou sua cara enquanto estendia uma mão sobre a volumosa barriga. — Com ambos os pais sendo psíquicos, posso redobrar o preço deste infante.

   Ao inferno sendo uma dama! Roshelle golpeou duramente seu joelho nos genitálias do homem com cada resto de força que possuía. Thyssen grunhiu enquanto se afastava tropeçando de seu corpo. Um barulho estranho percorreu seus ouvidos. Seu cinturão foi agarrado e atirado bruscamente para trás.

   Fora de equilíbrio ela tropeçou antes que uma árvore impedisse sua queda. O impacto sacudiu seu corpo inteiro enquanto a dor corria através de sua pélvis e coluna vertebral. Uma sólida conexão de carne humana contra carne encheu o ar. Levantando sua cara, ficou olhando os homens cansados que estavam sobre a terra. Seus corpos eram montes desossados e mortalmente silenciosos. Alguns ficavam encurvados sobre suas armas com seus dedos ainda curvados ao redor dos gatilhos.

   Um golpe surgiu e ela cravou os olhos nos dois que estavam de pé. Até às escuras, ela reconheceu a seu espectro do sonho. Jared conduziu Thyssen através do bosque com força brutal. Ele atacou com violenta resolução. Roshelle se agarrou à árvore atrás dela, mas não pôde separar seus olhos da mortífera cena frente a ela.

   Ela tinha que saber. Precisava ver com seus próprios olhos o fim deste monstro. Thyssen caiu sobre seus joelhos e levantou seus olhos frios para olhá-la. Esse sorriso sádico vagou por sua cara um segundo antes que o pé de Jared conectasse com sua mandíbula. O som de ossos destroçados golpeou seus ouvidos enquanto o corpo se retorcia e afastava de Jared.

   O corpo caiu sobre a terra e ficou esparramado como uma marionete quebrada. Roshelle passou seus olhos sobre o peito do homem procurando qualquer movimento. A morte se posou em Thyssen com quietude. Sua respiração escapou de seus pulmões de repente. Roshelle aspirou profundamente enquanto Jared voltava seus olhos sobre ela.

   Suas botas não fizeram som ao mover-se para ela. Sua mão se deslizou por seu rosto, e em seu cabelo, antes de curvar-se firmemente ao redor de seu pescoço. — acabou-se.

   —Eu sei — Sua voz não foi nada mais que um tremente grasnido. Aproximando-se, ela colocou sua mão sobre seu pescoço procurando tranqüilizar-se. Seus braços a apertaram em um abraço que foi quase doloroso. Roshelle se retorceu aproximando-se, desesperada por sentir-se sustentada.

   Jared sustentou seu corpo e estremeceu aliviado. Ele nunca tinha estado assustado por nada antes. Ver Thyssen pôr essa mão sobre seu menino lhe gelou até a medula. Seu corpo se estremeceu e ele deslizou sua mão pelas magras costas dela.

   —Terá sorte se não te atar com uma correia à parede do dormitório - Jared grunhiu as palavras e Roshelle sorriu abertamente. Sua voz era a coisa mais doce que ela tinha ouvido.

   —Usa uma cadeia para segurar a porta, porque se não ela vai abrir de algum jeito o ferrolho da porta.

   A voz do Shane Jacobs a sobressaltou. Roshelle levantou a cabeça e procurou o gigante. Ela apanhou o brilho leve da lua refletido nos olhos do homem. Um agudo assobio golpeou a noite antes que ele elevasse a mão a seu pescoço e tirasse algo de sua cabeça. As sombras que os rodeavam ganhavam vida enquanto seus Rangers, por turnos, tiravam-se suas próprias máscaras. Seus olhos desceram para as desabadas formas dos homens de Thyssen. Repentinamente ela se deu conta. O que seus civis ouvidos registraram como estranhos estalos foram em realidade disparos mortais dos rifles destes homens.

   Os homens pareciam fluir unidos em algum ritmo comum. Jared combinou diretamente seu passo com eles. Foi inquietantemente familiar e ainda assim, estranho. A incerteza a consumiu enquanto a fadiga pareceu enrolar-se ao redor dela como uma manta.

   Sacudida e exausta a escolha foi tirada das mãos quando Roshelle sentiu seu corpo escorregar-se para o piso do bosque. Fortes braços a uniram a um homem ao que seu corpo reconheceu muito bem.

  

   Roshelle abriu seus olhos à escuridão. Ela pestanejou e esfregou seus olhos, mas não havia um só raio de luz. Girando a cabeça, cravou os olhos em uma incandescência de cor rubi. A roupa de cama estava amontoada e feita dobras ao redor dela. A cama era assombrosamente suave, mas seu filho estava retorcendo-se diretamente em cima de sua bexiga fazendo que fora necessário deixar a comodidade para encontrar outra forma de alívio.

   Sua memória estava clara. Roshelle saiu do banheiropara voltar para dormitório. Não havia nenhum sinal que identificasse onde estava. Parecia o quarto de um hotel, mas faltava o poste de informação da saída de emergência na parede ao lado da porta principal.

   Atravessando o dormitório, alcançou o bordo da cortina. Alguém tinha fechado os bordo a fim de que não houvesse nenhuma abertura magra para deixar entar um pouco de luz no quarto. A luz do sol lhe golpeou o rosto um segundo quando moveu o pesado tecido. Roshelle pestanejou e olhou pela janela.

   Alguém levantou o olhar justo para ela. Roshelle ficou sem fôlego quando observou ao soldado examiná-la com olhos afiados antes de lhe fazer uma inclinação de cabeça e dá-la volta para olhar a área diante de sua janela. Seus ombros largos estavam cobertos de tecido verde e marrom de traje militar. A boca de seu rifle de alta potencializa apoiado sobre um desses ombros.

   Ela deixou cair a cortina para fechá-la enquanto franzia o cenho. Voltou para sua guarida. Ela tinha ido muito longe para ser guardada sob chave. Esfregou o montículo de sua barriga antes de sacudir sua cabeça. Não havia melhor solução. Thyssen estava morto, mas quem queria comprar a seu bebê não o estava.

   Muitas coisas incertas martelavam sua cabeça fazendo com que seu sono desaparecesse. Resmungando baixo, Roshelle se voltou para o banheiro para tomar banho.

   Ela se deteve quando algo em direção oposta ao banheirochamou sua atenção. Viu um envelope sobre uma mesa de sua superfície azul. Ela reconheceria a letra de sua melhor amiga! Roshelle rasgou a carta abrindo-a para examiná-la e o desejando que sua amiga estivesse viva e bem.

 

   Jared flexionou seus ombros e grunhiu. Ele odiava esses edifícios de concreto. As paredes pareceram reduzir seus sentidos. Era como converter-se em um legume enlatado. Ele alargou seu passo enquanto tentava relaxar os nós de suas pernas.

   Girando seu pulso, olhou o relógio. Roshelle tinha dormido durante quatorze horas. Sua unidade rondava a área de fora de seu local temporário. A base era pequena, mas compacta e não havia maneira de que Jared a deixasse dormir em outro lugar que não estivesse assegurado.

   Ele repentinamente parou. A mente de Roshelle roçou a sua quando ela saiu de sua sonolência. Um pequeno sorriso aberto se formou em sua boca quando pensou que ela estava despertando ao segundo que ele saiu.

   Dando a volta, dirigiu-se para seu quarto. A impaciência lhe conduziu quando ele tratou de afundar-se em seus sentimentos. Ela fugiu do contato, zangando lhe. A necessidade por tocá-la enervou com insistente intensidade. Ela tinha que aceitá-lo de volta em sua mente e seu corpo.

   Aquela alternativa era muito aterrorizante para ser considerada.

 

   Ele vinha.

   Roshelle sentiu seu calor aumentar quando Jared fechou a distância entre eles. Ela se apressou a tirar o sabão de seu cabelo. Estava sempre tão vulnerável para ele. Até agora, seu corpo se regozijava na idéia de estar em seu abraço.

   Ela não podia fazer isso. Havia também muitas outras coisas perturbadoras. Muitas possibilidades horríveis do que poderia lhe ocorrer a seu filho uma vez que nascesse. Uma oportunidade muito alta que Jared enterraria. Proteger seu coração parecia quão único ela podia fazer para si mesmo. Assim Roshelle levantou uma parede para manter seus sonhos obsessivos fora.

   —Roshelle? — Jared se manteve na porta e a olhou com seus olhos esmeraldas. Seu organismo saltou em resposta à aparência bem fundada do homem de quem ela se apaixonou desesperadamente. Suas emoções rodaram quando lutou por lhe manter a um lado de suas frágeis defesas.

   Jared bebeu de seu olhar. Ele tinha estado sentado sobre a borda da cama e só a tinha observado dormir porque isso preencheu o vazio oco que ele levava ao redor desde que ela havia sido tirada dele. Roshelle girou seus grandes olhos grandes enquanto ela empurrou uma parede para não lhe deixar entrar.

   O rechaço o esbofeteou. Roshelle o aceitaria, mesmo que levasse o resto de sua vida para fazê-lo.

   —Vou investir nessa parede até fazê-la pedacinhos.

   Jared apanhou sua mão firmemente para agarrá-la. Ele curvou cada dedo ao redor de sua carne até fazer uma sólida conexão entre eles, fazendo que um circuito de energia fluíra entre seus corpos.

   —Não tem que gostar do que sou meu doce, mas acostumará a isso.

   Com um puxão em seu pulso ele aproximou-se dela, corpo contra corpo. Sua boca em cima da dela em busca da conquista, Jared procurava reunir-se com sua companheira. Seu perfume o envolveu diretamente em seu cérebro. A separação era desoladora, trazer Roshelle para seu abraço evocou em Jared uma fome que o estava matando. Precisava se alimentar dela.

   Mas havia uma coisa que ele precisava fazer primeiro.

   Ela realmente sentiu dor quando Jared separou seus lábios dos dela. Seus olhos se abriram de repente para encontrar seus olhos esmeraldas examinando-a a fundo. Seu rosto tenso justamente segundos antes que ele se dobrasse para inclinar-se sobre ela. Ele sustentou seu olhar fixo enquanto tirava a arma que levava em seu corpo. A porta do dormitório foi fechada com mais força que necessária. Roshelle saltou de susto, quando a porta de madeira se fechou de repente. A boca de Jared se levantou de prazer puro. O sorriso aberto converteu-se em um sorriso ameaçador quando ele jogou seu corpo na superfície de sua cama.

   —Bem-vinda a casa.

   Qualquer comentário que ela poderia ter expressado nunca saiu de seus lábios. Jared renovou a posse de sua boca enquanto lhe tirava a toalha. Roshelle não se importou. O objeto era uma barreira que rodeava sua pele. Sua carne pedia a gritos seu contato e ela se recusou a ter paciência! Tirando sua camisa, ela pôs-se a voar os botões nas esquinas escuras do quarto. Gemeu de prazer quando suas mãos encontraram o corpo que ela necessitava agora mesmo.

   Sua língua empurrou em sua boca. O beijo foi uma penetração profunda. Roshelle se contorceu quando ele a agarrou por detrás de sua cabeça e a sujeitou com calma para seus lábios. Sua boca arrastando-se sobre seu queixo e abaixo de seu pescoço.

   Ele se entregou às carícias sobre seus peitos para um momento depois agarrar um dos mamilos em sua boca. Roshelle ficou sem fôlego quando a sensação se difundiu de seu mamilo para sua barriga em uma onda picante de necessidade. Ela estava desesperada por ele. Dentro de seu canal uma doença a atravessou com uma lança, fazendo que seus quadris se torcessem com desespero.

   Ele a podia cheirar. Jared sentiu seu corpo sacudir-se enquanto o perfume de seu canal aumentava. Sua haste pulsou quando ele encontrou seu outro mamilo e lambeu a torcida ponta. Ele colocou um dedo à força em seu corpo e gemeu. Ela estava alagada de umidade. Arrastando seu dedo, ele estendeu o fluido sobre as dobras de seu sexo.

   Ele se elevou sobre ela como uma besta primitiva. Roshelle cravou os olhos no corte duro de sua mandíbula enquanto ele roçava a cabeça de sua haste contra de seu corpo. Ele alisou sua bochecha quando ele deliberadamente pressionou em sua mente antes de entrar em seu corpo.

   O vazio se apagou quando ele penetrou sua mente e seu corpo dentro dela. Seu corpo empurrou adiante enquanto Roshelle ansiosamente inclinava seus quadris para a invasão. Ela necessitava do estiramento de seu corpo, desejando ardentemente misturar suas mentes. O prazer se derramou em cada esquina de sua mente e em seu corpo quando seus quadris a conduziram para o clímax. A união de suas mentes os sobressaltou até que ambos choraram pela explosão de êxtase.

 

   Um punho bateu na porta do dormitório. Roshelle despertou sobressaltada quando a porta se abriu. Um soldado, pois sua cabeça no quarto.

   —Senhora, partiremos em vinte minutos.

   Ele se foi antes que sua voz terminasse de sair, para a parede oposta. Roshelle piscou e olhou detrás dela. Ela sabia que Jared se foi, mas não podia resistir ao desejo de comprová-lo. Saiu da cama e correu para a ducha. O que for que o dia preparava, seria melhor com uma cabeleira limpa.

   Ela se encontrou em um helicóptero exatamente dez minutos mais tarde. O ruído produziu um efeito indesejado ao redor do interior da máquina, fazendo com que a conversação se limitasse à conexão dos cascos. Não havia nada que dizer que ela precisasse ouvir e cada membro da tripulação de vôo tinha posto um casco.

   Desta vez Jared estava bloqueado para ela. Roshelle observou como as milhas descendessem atrás do helicóptero e investigava o homem que tinha passado a noite com ela. Doía-lhe o corpo ligeiramente e seu filho chutava, mas nada mais para recordar de Jared.

   Aterrissaram fora da casa que Roshelle tinha chegado a conhecer tão bem. Sua porta estava aberta. Ela caminhou para fora e o buscou outra vez, mas inclusive os homens de Jared se foram com impaciência até seus próprios lares.

   Roshelle ficou com o olhar fixo nos degraus de madeira que foram até a casa de Jared. Ela olhou o composto. De forma estranha, sentiu-se da mesma forma que quando Jared a trouxe aqui a primeira noite.

   Onde estava ele?

   Roshelle subiu dois degraus para ver por cima do caminhão, mas a noite ocultava a qualquer que pudesse estar de pé perto. OH, mas ele estava aqui! Ela podia sentir seu espectro do sonho. Jared outra vez se mesclava com a noite. Transformando-se no bosque como uma criatura de um sonho.

   O bebê se moveu dentro dela. Jared era um homem! Ele não era feito de luz de lua, a não ser de carne e osso. Seu filho o provava!

   A noite era fresca e o vento estava voltando. Levantando seu queixo, Roshelle subiu as escadas restantes e entrou na casa.

   Ela ainda amava esta casa. Havia uma serenidade simples que o lugar parecia irradiar. Algo assim como a casa de sua avó. Mas era diferente. Na casa da Abba, Roshelle estava envolta no cuidado reconfortante de uns pais carinhosos. A casa de Jared a rodeava em um abraço que era provocadoramente masculino. Dominando, agressivo, mas protegendo-a completamente.

   Quando a casa ficou às escuras não se incomodou. Jared estava tão em concordância com a noite que parecia natural que sua casa estivesse assentada na escuridão.

Mas a casa não estava escura esta noite. Um fogo lentamente ardia na chaminé. Não era uma flama rugente, mas sim se queimava de uma maneira lenta, lambendo chamas e carvões acesos. O calor encheu o quarto de uma percepção acolhedora.

   Assim porque estava ele se escondendo?

   A pergunta rasgou seu coração.

   Talvez a decisão não fosse completamente dela. As lágrimas outra vez cravaram suas pálpebras. Jared obviamente levava uma vida muito dedicada. Roshelle sabia que ele não tinha a opção de abandonar as coisas ou deixar para lá. Não, ela duvidava que as unidades militares assentadas sobre a colina no pátio dianteiro de sua mãe tomariam isso como uma ação amigável.

   Além disso, Jared pertencia a aqui. Foi criado para isto. Um homem como ele enlouqueceria e morreria no mundo civil.

   E ela não poderia deixar sua vida atrás, tampouco.

   Mas Jared não havia perguntado tampouco sua opinião. Por que ela tinha que amar ao homem tanto? Consumia-a. Agora mesmo ela estava disposta para encarar aquele relacionamento, mas como Jared veria aquilo?

   Seus pés passeavam enquanto ela dava voltas dentro de sua cabeça. Roshelle se deteve e acendeu a luz, iluminando o quarto traseiro. A mensagem daquele cômodo foi uma boa bofetada em sua cara.

   Outra vez ela se emocionou no dormitório dos convidados. Girou a cabeça e olhou para a porta dupla que dava acesso, ao quarto principal. Ambas as portas estavam firmemente fechadas sem um indício de luz.

   Covarde não era uma palavra que Roshelle alguma vez tivesse conectado com seu espectro do sonho. Agora mesmo surgia em letras destacadas. Assim, o homem não podia encontrar as forças suficientes para dispensá-la pessoalmente? Bem, ela não o ia ser tão fácil de descartar!

   Com suas costas retas, Roshelle foi andando pelo corredor. Ela dormiria sob seu teto e se Jared Campbell pensava por um segundo que iria para algum canto e se esconderia até que seu bebê nascesse... o homem poderia ir acordando para a vida!

   Ao segundo em que seu pé atravessou a soleira, Roshelle se deteve pela sacudida. Sua boca se abriu. Sua mente pulsou a ritmo acelerado quando tratou de ler a mensagem simultânea de Jared.

   O quarto estava ainda mobiliado. De canto a canto desta vez. Inclusive as cortinas e uma valência adornavam a janela. Os detalhes diminutos declaravam um nível de atenção que a deixaram aniquilada.

   Não era um quarto qualquer, era um quarto infantil.

   Perfeito em cada detalhe. O quarto do bebe não carecia de nenhum dos detalhes que pudesse desejar qualquer futura mamãe. O berço estava equipado com cortinas de cores vistosas e um edredom combinando. Com um estampado de bolas coloridas, vermelhos, azuis, amarelos e verdes, davam alegria à cama. Um mobile de bolas, que se encontrava situado sobre o berço, fazia jogo com os lençóis desta e a decoração da parede de madeira enfrentada à janela.

   Uma mesinha se encontrava situado sob a janela com um bocado de fraldas empilhados sobre ele. Seus olhos se posaram sobre a quantidade de produtos para recém-nascidos que havia nas prateleiras situadas sob as fraldas. Talco, toalhinhas, fraldas e todas as demais peças que a sociedade moderna tinha colocado no mercado para fazer mais fácil a vida das mães.

   Uma cadeira de balanço se encontrava no canto. Não um modelo barato. Era o melhor da linha, com amaciadas almofadas e um pé para reclinar-se.

   —Suponho que teria que haver perguntado quais seriam as cores preferia.

   —É perfeito. — Roshelle girou para olhar de frente Jared. Tentou agüentar as lágrimas que tentavam deslizar-se por seus olhos. Ele parou com os braços cruzados sobre o peito e olhando-a vigilante. Plantou-se firmemente. Roshelle inclinou a cabeça derrotada.

   Seu desconsolo o feriu até a medula. Jared apertou a mandíbula com frustração. Moveu-se trocando o peso de seu corpo de uma perna a outra tentando compreender seu estado de ânimo. Jesus! Ele nunca ficava nervoso! Só Roshelle conseguia reduzi-lo a um estado de total inquietação e dúvidas.

   —Simplesmente me diga que o que quer Roshelle! Prometo que o conseguirei! —Ele se aproximou dela, como um touro furioso. Sua mente entrava nela com uma posse brutal. Roshelle se sentiu alagada por uma emergente necessidade que rivalizava com a sua.

   Jared introduziu sua mão entre seus cabelos sujeitando sua cabeça com força. O picante perfume dela chegou até ele fazendo com que fechasse os olhos com um gemido. —Encontraremos a maneira de fazer que isto funcione!

   Roshelle ficou olhando fixamente os intensos olhos verdes do homem que se encontrava frente a ela. A intensa determinação que desprendiam esses olhos lhe fez arder a pele. —Tudo o que preciso é de você.

   —Então por que está chorando?

   Ela se afastou dele. Jared soltou um suspiro frustrado. Ela se afastou dele da mesma maneira que a primeira vez que lhe viu no quarto. Parou e abruptamente girou para enfrentá-lo. Seus olhos de cor café se elevaram para ele e se cravaram com decisão em seu rosto.

   —Amo-te, Jared Campbell. Sei que isso não muda seus sentimentos, mas eu tampouco posso mudar o que sinto.

   A maldição que Jared deixou escapar, fez que suas bochechas ficassem de cor escarlate.

   —Que não a amo? Meu deus, mulher! Não posso estar nenhuma hora sem pensar em você. —Jared se aproximou dela cruzando o quarto e elevou com a mão seu queixo. —Pode entender isso, senhora?

   —Mas... Você nunca me disse nada... Nenhuma palavra.

   Jared tragou uma maldição. Ia ter que aprender como falar com uma dama. Deu um passo adiante até ficar frente a ela outra vez e emoldurou com as mãos.

   —Amo-te, Roshelle Enjoe Everitt, e realmente espero que cultive sua paciência para poder viver comigo porque Christina insistiu em que comprasse o anel mais caro que havia na joalheria e meu pai me fez jurar que ele poderia ir ver a cerimônia. —Ela abriu a boca para falar, mas Jared não tinha terminado. —E se me diz que não, aviso que aceitarei a sugestão do Shane e a manterei encerrada até que se convença. E isso me poderia levar anos.

   —Foi às compras com Christina? —A idéia era tão hilariante que Roshelle quase ficou púrpura com o esforço que lhe supôs tentar evitar rir.

   —Demônios, não! —Jared girou ligeiramente a cabeça. — Dei lhe meu cartão de crédito imediatamente depois de lhe implorar ajuda. E essa amiga tua me fez implorar por sua boa vontade, bem minha mãe não sabe nada a respeito de compras e acredite-me sou um leigo nesse assunto.

   Sua risada iluminou todo o quarto. Ele achava que seu riso iluminou a montanha inteira. Jared a olhou fixamente antes que um sorriso atravessasse seu rosto. O que era o dinheiro em comparado a felicidade de Roshelle?—Compre algo que deseje.

   —O dinheiro não pode comprar o que necessito Jared. O amor não está a venda.

   A chegada de uma aeronave destroçou sua intimidade. O helicóptero fez uma descida brusca fazendo com que as paredes da casa tremessem.

   —Vou ter que fazer alguns ajustes por aqui antes que tragamos um bebe a esta casa.

   Um sorriso feroz iluminou seu rosto.

—Terei muito gosto em explicar isso a seu pai!

   Jared se estava indo um minuto mais tarde. Roshelle o seguiu. Seu pai estava ali?

   O ruído foi aumentando até chegar a níveis ensurdecedores, quando Roshelle saiu pela porta principal. O helicóptero se manteve revoando sobre o caminho dianteiro da casa, um homem saltou sobre ele antes que este aterrissasse.

   —Volte para seu helicóptero, Ross!

   —Essa é minha filha. —Seu pai se plantou fazendo frente a Jared. Os dois homens se olhavam como dois ursos pardos dispostos a enfrentar-se pela supremacia sobre seu território. A noite de repente cobrou vida quando começaram a aparecer pessoas da escuridão. Shane e seus homens saíram de seus esconderijos para rodear à escolta de Devon.

   Grace se materializou na noite com o Coronel Jacob detrás dela.

   —Não depende de você, Campbell! Minha filha pode vir comigo se ela assim o escolher!

   —Demônios se não depender de mim! Porque a amo e ela vai casar se comigo e viver aqui comigo! —Jared lançou as palavras contra Devon com tal força que o fez cambalear-se e retroceder.

   Realmente aquilo deveria havê-la feito sentir afligida. Mas em lugar disso, Roshelle sentiu vontade de rir. Seu pai lançou um grunhido antes de lançar-se contra Jared. Ambos os homens começaram a brigar no pátio dianteiro enquanto o resto das pessoas que se encontravam ali os olhava com diversão. Bem, quando se ama a um homem como Jared, tem-se que aceitar o pacote completo.

   Levantando o queixo, Roshelle caminhou direito para introduzir-se em meio da briga. Seu pai foi o primeiro que a viu, retrocedendo. Jared também se retorceu e ela olhou seu duro rosto. O sangue gotejava por uma esquina de sua boca e seus olhos revelavam um primitivo desfrute pela briga. Sim, ela aceitava o pacote completo do homem e, deus permitindo, seu filho se converteria em um homem a imagem e semelhança de seu pai.

   —É um costume em algumas famílias pedir primeira permissão ao pai da noiva, de algum jeito, não acredito que isto seja também algum tipo de tradição.

   —Não perguntei! O comuniquei!

   —Sim, o fez. — Roshelle esfregou sua barriga antes de elevar de novo seus olhos. —E quanto tempo vai demorar para explicar as coisas a ele?

   Um grande sorriso apareceu no rosto de Jared. Sentiu-se rodeado por seus sentimentos e sentiu como se evaporava o peso que sentia sobre os ombros. Seu espírito se aliviou e se cheio da mesma alegria que parecia estava nela. Seus olhos mantiveram o olhar quando ele a encarou. O resto do mundo podia estar condenado que eles não perceberiam, assim tinha sido sempre. Suas mentes se fundiam na mais pura intimidade.

   —Nos vamos casar, e diga a seu piloto que não faça tremer a casa. Vamos ter um bebe.

   Seu pai começou a rir enquanto seus olhos perambularam por seus acalmados rasgos. Ali estava de novo o roce suave de sua mente antes que sorrisse de novo

   —Acredito que se parece muito comigo, filha.

   Seu pai passou seu olhar para onde estava Grace tomando em consideração ao grupo. Fez uma ligeira inclinação para a mãe de Jared antes de voltar à vista para Jared. Seu pai lhe aplaudiu brandamente sua grande barriga antes de assinalar Jared com o dedo.

   —Será melhor que se case quanto antes com minha filha, se não querer que chute seu traseiro, Campbell.

   Os homens de Jared romperam em um coro de gemidos.

   —Outro bom homem que remói o pó!

   —Pobre tolo!

   —O velho anel no nariz!

   Roshelle agitou as pestanas em resposta. Os gemidos se repetiram enquanto os homens se afastavam dela. Moveu os pés para trocar de posição e nesse momento soltou o fôlego. Os cantos rodados que cobriam o caminho em frente da casa lhe cravaram nos pés.

Inclusive essa leve dor chegou através de seu enlace a Jared. Jared franziu o cenho considerando o motivo. Seus olhos caíram sobre os pés nus de Roshelle um segundo antes de tomá-la em braços para apartar a das afiadas arestas dos cantos.

   Ele a levou diretamente a casa. Ignorando a todo mundo, Jared fechou a porta com o pé. Dirigiu-se então para o quarto cruzando a porta e sentando-se na cama.

   Seu filho deu um chute que fez que o inchado ventre de Roshelle ondulasse. A mão de Jared se posou com suavidade sobre sua pele enquanto seu filho dava outro chute.

   Abba o teria aprovado.

   Esta família compartilhava seu amor da mesma maneira que outras tantas famílias o faziam ao redor do mundo. Seus nomes e habilidades não importavam.

   —Ficarei aqui até a saída do sol, Campbell!—A voz de seu pai atravessou a janela aberta que se encontrava na frente da casa, provocando uma careta de desgostou no rosto de Jared, como pôde ver Roshelle.

   —É maravilhoso ter avós para os meninos.

   Jared elevou uma sobrancelha escura enquanto acariciava de novo seu ventre com a mão.

   —Suponho que terei que deixar viver a esse velho.

   O áspero comentário não a incomodou. Jared se encontrava em seu elemento e ela não o queria de nenhuma outra maneira.

   Roshelle sentiu como um sorriso se abria passo através de seu rosto. Ambos se sentiram envoltos pelos laços do amor. A emoção lhes atravessou até que não souberam onde começava uma e terminava o outro. Um sentimento além deste mundo e do outro.

   Porque era amor...

                                                                                Mary Wine  

 

                      

O melhor da literatura para todos os gostos e idades

 

 

              Voltar à Página do Autor