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FORJADO EM STEELE / Maya Banks
FORJADO EM STEELE / Maya Banks

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

FORJADO EM STEELE

 

Steele, um líder de equipe KGI, é um enigma que nem mesmo seus companheiros de equipe entendem. Suas emoções estão fortemente bloqueadas e nada pode quebrar esse exterior gelado. Nada, exceto Maren Scofield, uma médica em uma missão, uma mulher que ficou sob a pele de Steele e ameaça rachar essa frieza imperturbável pela qual ele é conhecido.

Steele está determinado a não permitir que Maren passe por suas defesas cuidadosamente protegidas, mas quando ela está em perigo, não há nenhuma maneira que ele permita que qualquer outra pessoa a proteja. Ela está escondendo alguma coisa. Ele tem certeza disso. Mas ele não está preparado para a descoberta chocante que seus segredos revelam. Ou como eles irão alterar para sempre o curso do seu destino. Ele tem que tomar uma decisão. Resistir firmemente e impedir que ela penetre suas defesas. Ou dar uma chance a coisa mais poderosa que ele já enfrentou. O Amor.

 

— Situação, — Steele, disse em voz baixa.

Seu receptor crepitou no ouvido e a resposta de PJ Rutherford foi imediata.

— Não atirarei ainda. Repito, não é possível atirar. Dê-me dois minutos para reposicionar. Eu vou pegá-lo.

O olhar de Steele varreu as torres de vigia e ferveu com impaciência. Estavam 15 minutos atrasados e o helicóptero iria pousar em quarenta e cinco. O que não lhes dava quase nenhum tempo para entrar, pegar a menina e sair.

Ele não estava totalmente certo se essa garota queria sair, mas os pais dela estavam pagando a KGI uma bolada para entrar e tirá-la do alcance de Matteo Garza. Durante os três dias de vigilância vinte e quatro horas, não pareceu a Steele que Christina Westlake estava em qualquer tipo de perigo. Ela pulava ao redor usando uma tanguinha e biquíni e saltos de cinco polegadas, rindo, sorrindo e parecendo presunçosamente feliz. Ele só esperava pelo inferno que ela estivesse usando sapatos confortáveis hoje porque correr naqueles saltos altos seria uma merda e ele precisava dela firme em seus pés.

— Faça isso rápido, PJ. — Steele rosnou. — Temos um horário a cumprir.

— Fica frio, chefe, — Cole falou. — Minha menina vai fazer seu trabalho.

Steele revirou os olhos, e sabia muito bem que PJ estava fazendo a mesma coisa. Ele sofreria com mais brigas dos dois recém-casados, logo que a missão fosse concluída. PJ iria eliminar as bolas de Cole por essa observação.

— Algum sinal do nosso alvo? — Dolphin interrompeu: — Eu não a vejo há meia hora. Pensei que ela deveria estar se bronzeando agora.

A Senhorita Westlake tinha uma rotina. Era uma coisa que Steele poderia dizer sobre ela. Dolphin, Baker e Renshaw ansiosamente se ofereceram para a troca de vigilância da tarde para que pudessem ver a loira de pernas longas de tanguinha. Sem falar que ela sempre tirava a parte de cima do biquíni quando tomava banho de sol.

Ela era uma exibida, sem dúvida, mas não afetava Steele nem um pouco.

— Ela está atrasada, — Baker murmurou. — O que significa que teremos que procurar sua bunda quando entrarmos.

— Eu vou buscá-la, — disse Renshaw, um sorriso evidente em sua voz.

— Calma, — Steele ordenou. — Quero silêncio de rádio até que eu diga diferente. Obtenha um bom maldito tiro, PJ. Estou esperando que você derrube os guardas para que possamos terminar esse trabalho.

— Será feito, — PJ disse secamente. — As duas torres frontais estão limpas. Levantem-se, cowboys. Vamos juntar as coisas e voltar para casa.

A risada de Cole ecoou nos ouvidos de Steele.

— Essa é minha garota!

— Mexam-se, — Steele esbravejou. — Eu quero uma entrada e saída limpas.

Steele deslizou para fora do esconderijo que tinha construído, ergueu sua espingarda e rastejou através do denso matagal que cercava a casa palaciana.

Normalmente, para uma missão de recuperação, ele iria sob o manto da noite, bateria duro e rápido e daria o fora. Garza, no entanto, dobrou a segurança durante a noite, quase como se antecipasse uma invasão noturna. Durante o dia, ele empregava alguns seguranças e eles eram preguiçosos e desatentos. Isto deveria ser fácil pra caramba.

Deveria.

Ele compreendeu do que proferir aquelas palavras condenatórias, e ele não tinha um osso supersticioso em seu corpo.

Estava indo diretamente para a parte de trás da casa, quando tiros irromperam na distância.

— Droga, o que diabos é isso? — Ele gritou em seu microfone.

— Desculpe chefe, — Dolphin disse, um acesso de raiva em sua respiração. — Não foi possível evitar. Eles sabem que estamos aqui agora.

A julgar pelos gritos que enchiam o ar, Christina Westlake sabia que eles estavam aqui também. Ela não tinha a menor ideia que estavam aqui para ajudá-la. Ela só sabia que as balas estavam voando e que havia sangue.

— Dê-nos alguma cobertura, PJ e Cole — Steele ordenou. — Estou indo atrás da garota.

— Já limpei o caminho para você, — PJ disse. — Eles pensam que a sangrenta rainha da Inglaterra está chegando.

Steele sacudiu a cabeça diante de sua sagacidade e rapidamente escalou o muro de pedra sobre a varanda à beira da piscina. A piscina onde Christina Westlake deveria estar tomando banho de sol. A mulher tinha que ficar imprevisível logo agora?

Outro grito rasgou o ar e Steele virou a cabeça na direção do horrível barulho e imediatamente foi em direção aos degraus que levavam à varanda do segundo andar. Abaixou a faca quando chegou ao topo e bateu o ombro no cara corpulento que tentava emboscá-lo.

Dor cortou através de seu braço e ele cerrou os dentes, afastando o desconforto quando a lâmina cortou a pele.

Quando o atacante tropeçou para trás, Steele balançou a coronha de seu rifle para cima e esmagou a mandíbula do guarda. Ele desmontou no local, batendo no chão com um baque retumbante. O olhar de Steele imediatamente varreu a região, à procura de uma ameaça potencial. Outro som de dentro das portas de vidro duplo chamou sua atenção.

— Puta estúpida! Saia do meu caminho!

— Você não pode me deixar, Matteo!

O grito fez Steele estremecer. Evidentemente Matteo não estava tão ligado a Christina quando ela estava a ele. Ele estava determinado a fugir, mas não era Matteo que Steele queria. Garza poderia fazer isto tão fácil ou tão difícil quanto quisesse. Steele preferia o mínimo de derramamento de sangue possível, mas estava preparado para tudo.

Faça o trabalho. Custe o que custar.

Era um mantra que quase conseguira ferir seus companheiros de equipe quando PJ abandonou a equipe e desapareceu como um lobo solitário, dedicando-se a agir como uma justiceira.

Isso estava terminado, felizmente, e agora poderiam voltar a fazer o que faziam melhor. Trabalho em equipe. Detonando. Fazendo o seu trabalho.

Steele ficou na beirada da porta e, em seguida, chutou-a com a bota. A porta se abriu e Steele pegou a pistola com a mão esquerda, mantendo o rifle com a direita.

Matteo Garza se virou, derrubando o saco que estava enchendo com as coisas tiradas do cofre na parede. Seus olhos estavam selvagens e enlouquecidos. Christina se encolheu, tentando inserir-se entre Matteo e a parede, mas ele não queria nem saber. Ele empurrou a menina que estava gritando para frente dele e envolveu um braço musculoso em volta do pescoço dela.

— O que você quer? — Ele perguntou com voz rouca.

Steele o olhou com nojo. Usando a garota como escudo. Nenhum homem usava uma mulher dessa maneira.

— A garota, — Steele disse calmamente. — Não estamos aqui para prejudicá-lo. Deixe-a ir e sairemos em paz.

Os olhos de Garza estreitaram com desconfiança. Então ele olhou para a garota com desprezo.

— Você fez isso? — Ele rosnou em seu ouvido.

— Não! — Ela guinchou. — Matteo, não tenho ideia de quem é este homem. Você tem que acreditar em mim!

— Seus pais me enviaram, — disse Steele. — Agora, deixe-a ir e eu seguirei meu caminho. Ou você pode se recusar a cooperar e eu o tirarei do meu caminho. Sua escolha.

Garza empurrou Christina para frente e ela tropeçou, cambaleando em frente à Steele. Em um movimento relâmpago, ele pendurou o suporte sobre seu braço para que o rifle não caísse, e então tentou agarrá-la com a mão direita, dor gritando por seu braço enquanto os músculos estendiam a carne já dilacerada.

Teve o cuidado de manter a pistola apontada para Garza enquanto recolhia contra ele a mulher que se contorcia e protestava.

— Solte-me! — Ela gritou. — Eu não quero ir. Estou feliz aqui! Matteo, você irá deixar que ele me leve?

Havia dor e confusão em sua voz. Garza estava completamente indiferente.

— Leve a puta, — Garza falou entre os dentes. — Ela não é nada para mim.

— Mentiroso! — Christina gritou. — Você disse que me amava! Você disse que queria ficar comigo para sempre!

Steele intensificou o aperto quando a mulher ficou louca em seus braços. Droga. Seu braço estava doendo como um filho da puta e ele não tinha ideia da extensão da lesão.

— Dolphin, traga seu traseiro aqui em cima. Segundo nível. Entrada pela varanda. Estou com duas pessoas, — ele gritou no microfone.

— Estou a caminho, — Dolphin retornou.

Steele caminhou de costas em direção às portas, virando para que pudesse ver a entrada claramente, mas também mantendo Garza em sua periferia. Quando o homem começou a se mover, Steele parou e apontou a arma para ele.

— Não faça nada estúpido, — Steele avisou. — Eu peguei o que vim buscar. Não tenho nenhum interesse em matá-lo. Não me dê uma razão para mudar de opinião.

— Não me importo com a puta, — Garza falou entre os dentes. — Mas não vou sofrer o insulto de você invadir e matar meus homens.

— Faça um favor a si mesmo e esqueça qualquer insulto que você sente, — Steele o interrompeu. — Não foda comigo ou vou deixá-lo muito triste.

As narinas de Garza dilataram e seus olhos brilhavam com raiva e orgulho ferido.

Dolphin galgou as escadas e, nesse momento, Christina chutou para trás com força com seu salto perfurante, pegando Steele direto no joelho. Ela virou-se como uma maldita gata selvagem e atacou seus olhos com as unhas afiadas como adagas e arremessou-se para trás.

Steele foi forçado a soltá-la ou correr o risco de machucá-la. Enquanto ela corria em direção a Garza, o idiota puxou uma arma, mirando em direção a Steele. Quando Christina se virou, ela viu Dolphin levantar a arma e em um movimento ainda mais burro do que o de Garza, que puxou a arma para começar essa confusão, ela se jogou na frente de Garza exatamente quando Dolphin atirou.

Ela gritou de dor e Garza foi arremessado contra a parede, o sangue se espalhando rapidamente sobre o peito. Christina ficou completamente branca e balançou cambaleante antes de cair desmaiada. Nos pés de Garza.

— Inferno! — Dolphin praguejou. — Que diabos ela pensava que estava fazendo?

Steele correu para frente, virando a mulher inconsciente. Seus dedos correram pela lateral de seu corpo e saíram com sangue. Apenas um arranhão. Graças a Deus. Os pais ficariam chateados se sua filha chegasse em casa com um buraco de bala cortesia da KGI.

Dolphin agachou ao lado de Steele e colocou os dedos no pescoço de Garza.

— Nossa saída acaba de ser erguida, — disse ele severamente. — Garza está morto. Dizem que ele tem a polícia local no bolso. A merda vai cair em todo este lugar. PJ e Cole estão brincando de acertar nos patos, atirando em idiotas a esquerda e direita. Baker e Renshaw acabaram de colocar explosivos em parte da parede de trás, porque não podemos sair pela frente. Temos três minutos até que tudo exploda e então temos que dar o fora, chefe.

— Ela não queria ir, — Steele disse, balançando a cabeça. — Ele não deu a mínima para ela. Tentou usá-la como escudo.

— Que babaca, — Dolphin disse com nojo.

— Sim, e ela ainda tentou levar um tiro por ele.

Dolphin olhou Steele e franziu a testa.

— Você está sangrando. O que diabos aconteceu?

— Me enrolei com uma faca, — Steele disse concisamente. — Pegue a garota. Você vai ter que carregá-la. Eu te dou cobertura.

— Bem, foda-se. Não podemos levá-la para casa desse jeito. Os pais dela vão ficar furiosos.

Steele suspirou, sabendo que não estavam longe de Maren Scofield. Foda-se tudo, mas a última coisa que ele queria que acontecesse era agendar uma visita inesperada à médica loira.

Ela o irritava. Estava sob sua pele. Inferno, ele se arrepiava a qualquer hora que estava perto dela. Como formigas sob a pele, rastejando de dentro para fora.

— Assim que chegarmos ao helicóptero, telefone para o piloto, — Steele falou entre dentes. — Diga-lhe que faremos uma parada não programada.

Dolphin lançou seu rifle no ombro, enfiou a pistola no coldre e, em seguida, estendeu a mão para pegar cuidadosamente a mulher ainda inconsciente.

— Fique perto, — Steele disse laconicamente. — Jogue-se no chão se alguma coisa der errada. Não tente ser um maldito herói com a menina em seus braços. Se ela morrer, estamos fodidos. Eu nunca perdi um refém e estou muito certo que não vou começar a partir de agora.

— Você é o chefe.

Steele revirou os olhos para a irreverência na voz de Dolphin. Não que fosse algo novo. Steele iria para a sepultura antes de admitir que era muito afeiçoado a atitude de Dolphin e sua capacidade de iluminar qualquer situação com seu humor peculiar. Steele recebia provocações de sua equipe por não ter senso de humor, mas inferno, por que ele precisava de um, quando tinha Dolphin, PJ e Cole? Entre os três, eles eram mais um circo do que uma equipe de operações militares. Mas eles faziam o trabalho e isso era tudo que importava para ele.

Lidavam com merda diariamente que as pessoas normais nunca sequer sonhavam. Se esta era a maneira de lidarem com isso e permanecerem sãos, ele aprovava suas travessuras. Mesmo que eles o pressionassem regularmente.

Ele empurrou à frente de Dolphin e se dirigiu para a porta de entrada e para a varanda. Abaixou-se, fazendo sinal para Dolphin fazer o mesmo enquanto examinava o perímetro de qualquer ameaça potencial.

— À esquerda — Steele disse rispidamente. — Abaixem-se!

Steele levantou a arma e apontou pelas frestas da grade, espremendo duas rodadas de tiros e derrubou dois homens que estavam atravessando a varanda à beira da piscina. Ele gesticulou para Dolphin pegar o ritmo e desceram a escada.

— Situação! — Ele gritou no microfone. — Dolphin e eu estamos saindo pelos fundos. Temos a refém. Precisamos de cobertura. Limpem o caminho e coloquem suas bundas em marcha

— Estamos um passo a sua frente, chefe, — Baker falou — PJ e Cole limparam a casa. Renshaw e eu estamos posicionados no portão de trás prontos para explodir esse otário. Dê-me trinta segundos. Mantenha a posição atual até que esta merda exploda.

Steele e Dolphin abaixaram, dando cobertura para a mulher com seus corpos enquanto se agachavam na parte inferior da escada, usando a parede para protegê-los de detritos da explosão iminente.

Nesse momento, a explosão berrou sobre seus ouvidos. O chão tremeu e pedaços de metal e pedra choveram como uma tempestade de granizo.

— Droga, eles sabem como explodir, — Dolphin murmurou. — Eles podem ter usado C-4 um pouco demais.

— Você acha? — Steele disse secamente. — Vamos nos mexer.

Tossindo pela nuvem de poeira e concreto dizimado, correram em direção ao buraco na parede de pedra ao redor da área da piscina.

— Espero que os outros estejam em posição para que possamos dar o fora daqui — disse Steele em tons concisos.

— Fica frio. Estamos tratando disso, — PJ estalou.

Steele sacudiu a cabeça. Mulher temperamental. Isso nunca mudou muito, graças a Deus. Ela estava de volta onde pertencia. Ele nunca disse isso, não iria oferecer a ela esse tipo de desrespeito ou falta de confiança em suas habilidades, mas ela o preocupou quando saiu em sua missão individual de vingança. Além de superar várias lesões, seu trauma emocional e psicológico excedeu os padrões normais. Se dependesse dele, ela ficaria se recuperando mais alguns meses. Só que ela não queria fazer nada disso, e se ela ficasse em casa significava que Cole ficaria também. De nenhum maldito jeito ele iria entrar em missão com dois membros a menos na equipe.

— Fico feliz em ter sua bunda irritadiça de volta, Rutherford, — disse Steele em uma exposição incomum de humor.

Houve um silêncio de rádio completo. E merda, então:

— Puta merda, ele acabou de fazer uma piada? — Baker perguntou horrorizado.

— Ei, o sobrenome dela é Coletrane agora, — Cole reclamou. — Ela se casou comigo, lembra? Tenho a maldita certeza que a papelada diz que ela é Penelope Jane Coletrane agora.

— Eu vou chutar o seu maldito traseiro, Cole! — PJ estalou.

— Penelope Jane?

Steele não poderia dizer quem disse o quê, porque tudo veio em três direções, imediatamente seguido por vaias, risos e piadas instantâneas. Jesus Cristo. Eles ainda não estavam fora da situação crítica e toda a equipe estava agindo como se fosse uma noite em um bar.

— Eu preciso que todos calem a boca e sigam para o ponto de encontro com o helicóptero, — Steele estalou. — Vocês podem brigar mais tarde.

Steele definiu um ritmo rápido, mas teve o cuidado de manter Dolphin e sua carga perto dele para protegê-los com seu corpo. Baker e Renshaw estavam cerrando fileiras em torno de Dolphin.

O sangue escorria em um fluxo constante do rosto de Baker, salpicando o chão, deixando um rastro de sangue visível.

— O quanto isso é sério? — Steele gritou na direção de Baker, seu olhar nunca interrompendo a varredura do terreno.

— Sangrando como um maldito porco. Eu não tenho ideia, — Baker respondeu entre os dentes. — Não consigo sentir absolutamente nada no momento e meus ouvidos estão zumbindo como filhos da puta.

— Eu disse a você, seu imbecil, para ficar mais distante da zona de explosão, — murmurou Renshaw. — Não tive tempo para calcular a força dos explosivos, então coloquei mais do que imaginei que era necessário.

Steele praguejou. Exatamente o que ele precisava. Outro membro da equipe fora de serviço quando ele tinha apenas começado a juntar a equipe novamente depois de dois meses treinando recrutas novatos e ficar entediado até a loucura.

— Faremos uma parada para ver a Dra. Scofield. Ela pode examinar você e a mulher. Certificamos que não é nada grave e então poderemos voltar para casa e recolher nosso salário.

Renshaw lançou um rápido olhar para o braço de Steele.

— E você também, chefe. Parece que você tem um dodói também.

Os lábios de Steele franziram em impaciência.

— Está tudo bem.

Renshaw deu de ombros.

— Ei, se você não quer ser examinado pela médica bonita, azar seu. Tenho certeza de que Baker não vai reclamar.

Steele enviou a Renshaw um olhar sufocante que silenciou instantaneamente seu companheiro de equipe. Se a menina maldita não tivesse se jogado na frente de uma bala por um idiota que não dava a mínima para ela, eles sequer parariam para ver a Dra. Scofield. E agora ele tinha Baker para se preocupar.

Olhou para seu companheiro de equipe para ver Baker balançando a cabeça, o sangue correndo pelo rosto e para o chão. Ele ainda estava tentando se orientar, obviamente, mas pelo que Steele podia ver, não parecia sério. Isso não queria dizer que ele não teve uma concussão ou uma possível lesão que Steele não conseguia ver, mas ele iria permanecer otimista que eram apenas alguns cortes e arranhões e nada que exigiria tempo de inatividade.

Steele tivera tempo de inatividade o suficiente para uma vida. Estava pronto para estar de volta em ação, de preferência, com sua equipe na máxima força.

Passaram por uma folhagem densa em direção à clareira onde o helicóptero esperava. PJ e Cole já estavam lá. PJ estava emburrada e Cole estava sorrindo. Ele fazia muito isso em torno de PJ agora. Onde antes ele tentou manter estrito profissionalismo entre eles em todos os momentos, agora que convenceu PJ a se casar com ele, Cole deixou cair qualquer aparência de manter distância emocional dela durante as missões. Um fato que PJ ainda não estava levando bem.

Steele reprimiu um sorriso, sabendo que se sua equipe o visse sorrindo, acharia que ele ficou louco. Além do mais, PJ e Cole providenciavam muito alívio cômico em situações que de outra forma seriam tensas.

— Vamos carregar e sair, — Cole chamou. — Esta cadela está pronta para entrar no ar.

— Vou chamar o piloto do jato pelo rádio, avisá-lo que vamos nos atrasar. Podemos pousar o helicóptero perto da aldeia de Maren, — disse Renshaw quando se aproximaram dos outros.

Steele assentiu.

— Que diabos aconteceu com você, Baker? — PJ exigiu saber.

— Explosivos — Baker murmurou enquanto espalmava uma orelha e empurrava como se estivesse tentando desalojar alguma coisa.

— Isso vai acabar te matando. — PJ disse.

Dolphin passou à frente carregando a menina e os olhos de PJ se arregalaram.

— Eu vou querer saber?

— Não, — Steele disse laconicamente. — Entre no helicóptero. Vamos dar o fora daqui.

 

Maren Scofield deu um tapinha no braço da criança após aplicar gaze sobre o local onde ela tirou sangue e ofereceu um sorriso tranquilizador. Ela assentiu com a cabeça quando os pais ofereceram sua gratidão e ela deu-lhes instruções para continuar os cuidados em casa.

Quando finalmente saiu da clínica, Maren esticou as costas doloridas e suspirou. Foi um longo dia que começou ao amanhecer, quando o primeiro paciente bateu na porta de sua casa. Os moradores sabiam onde encontrá-la se ela não estivesse na clínica, e ninguém hesitava em procurá-la para todos os tipos de doenças ou lesões.

Um trabalhador que quebrou o braço foi até seu chalé. E assim o dia começou. Um fluxo constante de pacientes que finalmente diminuiu quando o sol começou a abaixar.

Marchou em direção à porta, ansiosa para fazer a curta caminhada de volta para casa, fazer uma xícara de chá quente e colocar os pés para cima por um tempo. Depois de se certificar que as salas de exames e a sala contendo o raios-X portátil e outros materiais caros estavam trancadas, não que isso adiantaria realmente, se alguém quisesse arrombar e roubá-los, se preparou para encerrar o dia.

E isso aconteceu no passado. Ela teve equipamentos roubados, a clínica destruída. Duas vezes. Felizmente, seus pais e seu irmão eram favoráveis aos seus esforços, e providenciaram a doação de novos equipamentos nas duas vezes.

Mas então, todos eles eram médicos também. Eles entendiam o seu pedido. Sua motivação para fornecer cuidados médicos para as pessoas carentes. Seus próprios pais viajaram por todo o mundo antes de ter a ela e ao seu irmão. Nos primeiros anos de sua infância, seus pais optaram por viver nos Estados Unidos praticando medicina. Mas quando ela e Kevin, seu irmão mais velho, passaram a fase de criança, seus pais fizeram as malas e partiram para lugares distantes, mais uma vez para doar tempo e serviços para aqueles que precisavam.

Sua infância foi colorida e nunca maçante.

Hoje em dia seus pais estavam aposentados e viviam na Flórida, desfrutando de compras e golfe. Faziam a viagem para a Costa Rica uma vez por ano para visitá-la e ela tentava viajar para a Flórida, uma ou duas vezes. Eles conversavam pelo Skype regularmente e trocavam e-mails semanalmente. Seu irmão estava atualmente em missão na Arábia Saudita. Tinha um ano que ela o viu e ela sentia falta dele.

Tinham apenas dois anos de diferença entre eles e sempre foram próximos. Ao longo da infância, nunca permaneceram em qualquer lugar tempo suficiente para criar raízes e desenvolver amizades, então criaram um vínculo e se tornaram o melhor amigo um do outro.

Depois da xícara de chá ela iria enviar um e-mail para Kevin e seus pais. Talvez fosse cansaço ou apenas seu atual estado de espírito, mas estava sentindo saudades de casa. Algum descanso e estender a mão para sua família iria fazê-la se sentir melhor em algum momento.

Quando abriu a porta para sair da clínica, uma forma escura apareceu na sua frente. Ela imediatamente se afastou, a respiração na garganta, e sua pulsação aumentou cerca de trinta batimentos por minuto. Começou a bater a porta para fechá-la, mesmo sabendo que era de pouca proteção e que não oferecia resistência para alguém que quisesse entrar.

Uma bota disparou, bloqueando a porta.

Pânico rasgou seu intestino e ela recuou, instintivamente, em busca imediata por uma arma, algo que poderia usar para se defender.

Um homem alto, de peito largo entrou com as mãos para cima de forma pacificadora.

— Señorita, não quero lhe fazer nenhum dano. Venho falar em nome de Javier Mendoza.

Os olhos de Maren se estreitaram, e ela deu um passo cauteloso para trás. Javier Mendoza era sombrio, na melhor das hipóteses. Os moradores o temiam, mas nunca ousaram lhe demonstrar desrespeito. Ele era atendido, apaziguado e pacificado por todos, incluindo La Fuerza Pública, a polícia.

Havia apenas fofocas e especulação para alimentar sua apreensão. Quando o nome dele era mencionado, era sempre em sussurros, como se as pessoas que falavam temessem que ele pudesse aparecer do nada.

Maren não sabia detalhes sobre o homem, mas sabia o suficiente para decidir que se ele enviou um homem a essa hora da noite, não podia ser bom.

— Eu estou fechando a clínica à noite, — ela disse, adotando um tom acelerado, profissional. — Foi um longo dia e estarei fechada até amanhã.

O homem sorriu, embora isso não fizesse nada para aliviar sua preocupação.

— Não é uma questão médica, señorita. Señor Mendoza gostaria de convidá-la para jantar na casa dele. Ele sabe que você trabalhou longas horas hoje e deseja que você participe de sua hospitalidade.

Apesar de seu sotaque ser acentuado, o inglês foi impecável. Cada palavra proferida com cuidado. Ele parecia um bandido, mas falava como um cavalheiro completo. Ele lhe dava arrepios absolutos.

— Por favor, transmita minhas desculpas ao Señor Mendoza, — disse ela suavemente, não permitindo que nada de seu medo deslizasse na voz. — Eu aprecio seu amável convite, mas estou muito cansada e gostaria apenas de voltar para a minha casa para que eu possa descansar. Meu dia começa muito cedo, e como você pode ver, terminou muito tarde hoje.

O garoto de recados, ou melhor, o brutamontes de recados, não parecia satisfeito com sua recusa, então ela rapidamente acrescentou.

— Talvez outra hora.

Não que ela tivesse qualquer intenção no inferno de algum dia honrar essa oferta particular. Mas, se isso fizesse o Neandertal de fala mansa sair de sua clínica para que ela pudesse ir para casa, ela diria praticamente quase qualquer coisa.

Os lábios dele se apertaram, mas para seu alívio, ele começou a recuar. Na porta, ele se virou, seu olhar encontrando o dela.

— Eu vou informar ao Señor Mendoza de sua recusa.

Maren ficou imóvel com a ameaça implícita. Gelo escorria em suas veias e a respiração aumentou. Ficou congelada enquanto o homem desaparecia na noite, deixando-a sozinha na clínica, agora silenciosa.

Levou um longo tempo para se recuperar e superar a paralisia. Caminhou vacilante até a porta e saiu, olhando nervosamente à esquerda e à direita, quase como se esperasse que Mendoza se materializasse tal como pensava que os moradores faziam quando falavam o nome dele.

Ela balançou a cabeça enquanto trancava tudo. Estava se transformando em uma tola completa. Estivera em situações muito mais assustadoras. A África para citar uma. Graças a Sam Kelly e a KGI, ela escapou ilesa, pelo que seus pais e irmãos foram extremamente gratos. Eles foram, em grande parte, responsáveis por ela não voltar lá novamente. Eles pediram a ela para escolher um lugar mais seguro.

Agora se perguntava o quanto mais seguro a Costa Rica era para ela.

Com um suspiro, começou a curta caminhada até o caminho para sua casa, revirando o pescoço e os ombros para aliviar os nós nos músculos. O ar da noite era abafado e úmido em suas narinas, mas cheio do perfume das flores. Elas floresciam como loucas em torno da clínica e seu chalé, cortesia dos moradores que a adotaram e ajudavam com a manutenção.

Ela sorriu, lembrando-se das mulheres trazendo comida para ela. Homens paravam para perguntar se ela precisava de reparos. Muitos de seus pacientes não tinham dinheiro para pagar por seus serviços, não que ela fosse aceitar, mas eles procuraram outras maneiras de retribuir. Eles a aceitaram. Ela era muito querida e respeitada. E até hoje não pensava que tinha algo a temer.

Mendoza nunca lhe prestou um pingo de atenção, e ela estava aqui há quatro anos. O que mudou? Ela nunca iria acreditar que simplesmente escapou de sua atenção até agora. Ele era um homem que tinha o dedo no pulso de toda a área. Provavelmente conhecia todos e sabia tudo o que acontecia em qualquer lugar perto de onde ele residia e fazia negócios. O que quer que esses negócios fossem...

Ela balançou a cabeça novamente, enquanto entrava na pequena casa. Fechou a porta e trancou-a, com tristeza reconhecendo, mais uma vez, que, se alguém realmente quisesse acesso, trancar a porta dificilmente adiantaria. Mas oferecia-lhe pelo menos uma sensação de segurança.

A casa estava bagunçada. Ela não era uma maníaca por organização. Na verdade, era um pouco distraída com as coisas menos importantes. Em seu trabalho, ela era focada. Outras coisas, nem tanto.

Sua casa era pequena, mas parecia habitável, e durante o dia, o sol enchia as muitas janelas, dando aos cômodos um brilho alegre. Suas plantas prosperaram, embora ela não tivesse a menor ideia de como elas conseguiam sobreviver a sua desatenção.

Tirou os óculos e deixou cair o estetoscópio sobre a mesa de café, colocando os óculos cuidadosamente ao lado dele. Em seguida, se arrastou para a cozinha para colocar água para ferver para o chá. Precisava comer, mas não havia nada apetitoso e o pensamento de ter que preparar alguma coisa era mais do que poderia lidar no momento.

Chá e biscoitos. Era uma refeição perfeita, e então dormiria mais cedo e teria o muito necessário descanso.

 

 

Maren despertou com um sobressalto, a mente enevoada. Confusão nublou sua mente enquanto olhava em volta, franzindo a testa enquanto procurava se situar. Olhando para a mesa do café, viu o copo meio cheio de chá e a caixa de biscoitos que mal comeu.

Ela cochilou não muito tempo depois que afundou no sofá. Não tinha sequer terminado seu chá.

Outra batida soou na porta, e sua cabeça virou nessa direção quando a compreensão a acertou. Alguém estava lá, e a batida foi o que a despertou de seu sono profundo.

Procurou pelos óculos no escuro, colocou-os e, em seguida, olhou para o relógio. Franziu a testa quando o nervosismo tomou conta dela. Era quase meia-noite.

Empurrou-se para cima, recobrando o juízo enquanto se dirigia para a porta. Não era uma ocorrência incomum para ela ser arrastada para fora da cama por uma emergência médica, mas esta noite ela estava no limite, após a visita e convite inesperado, cortesia de Javier Mendoza.

Passando as palmas das mãos sobre o rosto para se livrar do véu do sono, cautelosamente abriu uma fresta da porta e espreitou para fora.

— Dra. Scofield?

Piscou surpresa quando reconheceu a forma sombria preenchendo a porta. Conhecia aquela voz. Não que muitas vezes teve a oportunidade de ouvi-lo porque o homem raramente falava. Mas era um som gravado em seu cérebro.

— Steele, — ela murmurou.

Então ela abriu a porta e saiu, olhando em volta a procura dos outros. Havia sempre os outros, quando se tratava da KGI. Ela remendou numerosos membros do grupo de elite particular de operações especiais ao longo dos anos, mas isso estava bem. Graças a eles ela estava viva e ainda praticava medicina.

— Temos um problema — disse Steele, trazendo-a bruscamente a atenção.

— Claro.

Ele fez uma pausa e ela podia jurar que ele inclinou a cabeça para ela, mas estava escuro demais para ela identificar suas feições.

— Temos uma jovem que resgatamos. Ela está ferida. Baker também está ferido. Não tenho certeza da gravidade. Ele se enroscou com alguns explosivos.

— Isso vai acabar matando-o, — ela murmurou.

— Você pode dar uma olhada neles? — Ele perguntou com uma voz impaciente.

Ela podia jurar que sua própria presença o ofendia. Cada vez que entraram em contato, ele agiu como se ela não existisse. Na verdade, esta era a primeira vez que ele se dirigiu a ela diretamente. Todas as vezes que ela o viu, ele sempre esteve com os Kellys e Sam ou Garrett sempre mantiveram toda a conversa.

Era uma pena também, porque o homem a fascinava. Talvez fosse porque ele era tão distante. Talvez isso a intrigasse ainda mais.

— Dê-me um minuto e eu o encontrarei na clínica, — Maren disse.

E em seguida Steele foi embora, incorporando-se na noite, deixando-a em pé em sua porta um pouco perplexa com todo o encontro. Balançando a cabeça, ela virou-se e caminhou de volta para sua casa para buscar o estetoscópio e o resto de seu chá. Ela podia pensar nisso na clínica. Ela iria precisar disso. Ia ser uma longa noite.

 

Maren não se surpreendeu nem um pouco, quando entrou em sua clínica e encontrou membros da equipe de Steele esparramados por toda parte. PJ e Cole estavam sentados na pequena área de espera, rifles entre os joelhos, os canos apontados para o teto. Cole ofereceu a Maren um sorriso caloroso e PJ falou um suave Olá.

— É tão bom te ver, PJ, — Maren disse sinceramente.

Breves sombras flutuavam através dos olhos de PJ, embora ela respondesse a calorosa saudação de Maren, mas Maren não pressionou o assunto adiante. Ela cumprimentou os outros e continuou até a sala de espera no corredor onde as pequenas salas de exame estavam situadas.

Na primeira sala, viu Baker debruçado sobre a pia enquanto Renshaw o ajudava entregando-lhe toalhas para esfregar o sangue do rosto.

— Deixe-o, — Maren chamou da porta. — É melhor que eu dê uma olhada antes de agravar ainda mais.

Baker virou-se com uma careta e ela estremeceu com o roxo já inchado de sua mandíbula, queixo e olhos. Ela assobiou baixinho.

— Você não brinca quando se trata de explodir coisas, não é?

Renshaw riu e deu um tapa no ombro de Baker.

— Aposto que ele não vai cometer o mesmo erro novamente.

— Cala a boca, — Baker murmurou.

Então ele olhou para Maren.

— Examine a menina, primeiro. Eu estou bem.

Maren assentiu com a cabeça e, em seguida, caminhou até a sala seguinte. Quando olhou em torno do canto da porta, viu Dolphin consolando uma jovem mulher soluçando em silêncio enquanto Steele ficava na cabeceira da cama, os braços cruzados sobre o peito e uma carranca definida em suas feições duras como pedra. Maren poderia muito bem entender por que a menina ficou tão chateada. Steele não estava ajudando em nada. Ela provavelmente pensou que pulou diretamente da frigideira para o fogo quando a KGI a resgatou. Se é que nesse momento ela sequer pensava que havia sido resgatada.

Sim, Steele estava em sua forma típica. O que ela não daria para sacudi-lo. Apenas uma vez. Ela se perguntou se alguma coisa já o irritou. Pegou-o desprevenido. Ou o surpreendeu.

Ela ficou sabendo através de Sam alguns dos detalhes do calvário de PJ e posteriormente sobre sua saída da equipe e o fato de que Steele e os outros não aceitaram isso muito bem. Sam sugeriu que Steele exibira uma emoção incomum. Isso, ela pagaria para ver.

Ela respirou profundamente no momento preciso em que Steele olhou para cima e a viu. Seus olhos azuis cortaram para dentro dela, penetrando profundamente, fazendo-a se sentir subitamente nua e vulnerável. Quase como se ele pudesse ver dentro dela. Era um pensamento estúpido e era ainda mais estúpido atribuir poderes sobre-humanos a esse homem. Ele só era humano. Falível. Mas caramba, se ele não demonstrava ser invencível. Independentemente do que ele era ou não era, ele absolutamente passava essa impressão com cada olhar, cada palavra não dita. Cada ação.

Toda a sua respiração saiu em uma longa expiração, os ombros caindo enquanto ela murchava sob o seu olhar.

Se recuperando, ela foi para a cama, puxando a lanterna do bolso do jaleco.

— O que aconteceu? — Ela perguntou bruscamente.

A garota olhou nervosamente para Maren e se encolheu ainda mais contra o travesseiro. Ela estava tremendo da cabeça aos pés e o coração de Maren suavizou. Coitada, estava amedrontada além da conta.

Ela acariciou a mão da moça e apertou.

— Vai ficar tudo bem agora. Eu prometo. Eles podem parecer assustadores, mas são os mocinhos. Eles vão levá-la de volta para casa, onde você pertence.

— Eu não queria deixar Matteo, — ela disse com uma fungada. — Eles me obrigaram.

A carranca de Steele se aprofundou e Dolphin suspirou.

— Ela tentou dar um passo em frente a uma bala destinada a outra pessoa, — Dolphin murmurou.

— Isso poderia tê-la matado, — Maren disse ironicamente.

Quando seu olhar foi até Steele, ela poderia jurar que havia uma pequena contração no canto de sua boca. Quase como se o homem estivesse realmente prestes a sorrir. Era um pensamento tão absurdo que imediatamente o afastou, pensando que era sua imaginação e virou o foco para sua paciente.

— Foi de raspão, — Dolphin continuou. — Mas ela caiu como uma pedra. Desmaiada. Ela acabou de voltar a si.

— Por que vocês não me deixam sozinha com ela para que eu possa examiná-la. Vocês não estão ajudando pairando sobre ela parecendo assassinos.

Dolphin deu de ombros e Steele pareceu relutante até que Maren virou e se empenhou em encará-lo. Finalmente ele desviou o olhar e Dolphin recuou, embora ficassem de pé do lado de fora da porta.

— Agora, — Maren disse, voltando-se para a menina. — Qual é o seu nome, querida?

— Christina, — ela disse com uma voz vacilante.

— Eu vou examiná-la e me certificar que está tudo bem.

Lágrimas brotaram nos olhos dela.

— Mas nem tudo está bem e é tudo culpa dele. Matteo disse que não me queria, mas como ele poderia querer, quando eles vieram com armas de fogo e atirando nas pessoas? Agora ele vai pensar que eu fui responsável por isso. Eu o amo e só quero estar com ele.

Maren afastou uma lágrima do rosto dela.

— Eu sei que é chato agora, mas, querida, se a KGI foi chamada para salvá-la, Matteo não era um bom homem. Você está muito melhor sem ele. Steele vai levá-la de volta para seus pais e depois de algumas semanas, você vai ver que tudo vai dar certo.

— Ele me assusta, — ela murmurou.

Maren riu.

— Ele assusta a todos. Mas seu latido é muito pior do que a mordida. Ele é um bom homem, Christina. O melhor. Eu iria querê-lo nas minhas costas em qualquer situação ruim.

Christina acalmou, mas não parecia feliz.

Maren rapidamente fez uma avaliação, verificou seu pulso e as pupilas. Diferentemente do vinco onde a bala a atingiu, ela não demonstrou qualquer sinal de dano. Poderia costurar o ferimento, mas não havia nada que pudesse fazer por um coração partido. Só o tempo curaria isso.

Havia resiliência na juventude. Maren apostaria que dentro de poucas semanas depois que estivesse de volta com sua família, ela se repreenderia e perceberia que um homem não era a coisa mais maravilhosa de toda a sua vida.

— Eu vou suturá-la em questão de minutos, e então te darei algo para ajudá-la a descansar.

— Obrigada, — Christina disse em voz baixa. — Você é muito boa.

Maren sorriu.

— Os outros são legais também. Você só os viu no modo de comando. Eles assustam qualquer um quando estão focados em uma missão.

Maren fez um rápido trabalho com os pontos e, em seguida, deu à menina uma injeção para a dor que iria relaxá-la e capacitá-la para dormir. Dentro de instantes depois que Christina recebeu a injeção, seus cílios se agitaram e ela adormeceu.

Ela encontrou Steele e Dolphin fora da porta.

— Ela vai ficar bem. Eu dei alguns pontos e dei-lhe uma dose de antibióticos para prevenir a infecção. Ela vai precisar de acompanhamento médico assim que vocês a levarem para casa para que possam continuar a cuidar dela e tirar os pontos, quando necessário.

Steele assentiu com a cabeça e o olhar de Maren caiu quando, pela primeira vez, percebeu o sangue no braço de Steele.

— Isso é seu ou dela? — Ela perguntou em voz baixa.

Os olhos de Steele flutuaram para baixo e, em seguida, voltaram desdenhosamente para ela.

— Meu.

— Você não acha que eu deveria dar uma olhada nisso? — Ela perguntou.

Ele balançou a cabeça e permaneceu em silêncio. Ela suspirou. Um bastardo difícil. Evidentemente era contra a lei no livro de regras pessoais de Steele ser ferido ou sofrer paralisação.

— Basta examinar Baker, para que possamos sair daqui, — disse Steele.

— Eu vou tentar não tomar o seu desejo de sair de perto de mim, tão, pessoalmente, — ela disse secamente.

Dolphin pigarreou e se mexeu desconfortavelmente. Maren sorriu para aliviar o desconforto.

— Por que você não vai para o quarto de Christina e mantém vigilância sobre ela. Ela deve ficar apagada por um tempo, mas se acordar, eu odiaria que ficasse desorientada. Ela vai precisar de um rosto amigável e bem, Steele não aparenta ser um cara muito amigável. Eu vou dar uma olhada em Baker. Eu odiaria atrasar sua majestade, quando ele tem melhores lugares para estar.

Dolphin assentiu.

— Eu posso fazer isso.

Ele enviou um olhar de reprovação na direção de Steele, mas ele não deu à mínima. Ele continuou a olhar para Maren como se quisesse que ela tivesse ido embora cinco minutos atrás. Quem ela estava enganando? Ele queria que ela tivesse ido embora há cinco minutos!

Maren balançou a cabeça e caminhou de volta para a sala que Baker estava. Ele estava encostado à mesa de exame, sua bunda mal se mantendo na beirada. Renshaw estava sentado contra a parede, e olhou para cima quando ela entrou.

— Okay, então vamos ver o que temos aqui — Maren disse com uma voz alegre. — Por que você não se deita na mesa de exame para que eu possa realmente alcançar sua cabeça?

Ela cutucou e cutucou enquanto Baker resmungava baixinho e estremecia enquanto ela tratava dos ferimentos. Ela suturou dois cortes no couro cabeludo e, em seguida, enfaixou o resto.

— Você vai se sentir como uma merda de manhã, — ela ofereceu quando terminou.

— Me sinto uma merda agora, — ele murmurou.

— Você quer que eu lhe dê uma injeção para a dor?

Ele hesitou e depois abanou a cabeça.

— Se formos incomodados, eu preciso estar alerta.

— Ei, Baker, — Cole disse da porta. — Para sua informação, estaremos presos aqui até às oito da manhã. O piloto acabou de ligar. Ele teve problemas mecânicos que o manterão ocupado durante a noite. Então aceite essa maldita injeção. Maren, você se importa se ficarmos aqui até lá?

— Claro que não, — disse ela. — Mi casa es su casa. Ou melhor, a minha clínica é, — ela acrescentou com um sorriso. — Você podem ter visitantes no período da manhã. Os moradores locais muitas vezes estão aqui antes de eu chegar, esperando por mim. Só não atire em ninguém, okay?

Cole sorriu.

— Vamos fazer o nosso melhor.

Ela se virou para Baker.

— Agora, que tal aquela injeção? Você pode aproveitar para descansar, tenho certeza.

Ele suspirou com resignação e, em seguida, rolou, apresentando sua bunda enquanto puxava o uniforme. Ela riu.

— Vou levar isso como um sim.

Após aplicar a medicação para a dor, ela olhou para Renshaw.

— Tudo bem com você? Alguma coisa que eu preciso olhar?

— Não, senhora. Eu sei quando devo me manter longe de explosivos.

— Foda-se, — Baker resmungou.

Ela sorriu.

— Tudo bem, então, agora vou enfrentar os ferimentos de Steele. Se vocês não irão sair imediatamente, então ele pode sofrer como o resto de vocês e me deixar cuidar dele.

Renshaw bufou.

— Boa sorte com isso.

Ela enfiou a cabeça na sala de exame, onde Dolphin e Steele ainda estavam de pé sobre a menina.

— Steele? Posso vê-lo na sala ao lado um minuto?

Steele franziu a testa, é claro, mas balançou a cabeça e, em seguida, seguiu o caminho que ela indicou. Ela levou-o para a próxima sala de exames e vasculhou os armários para encontrar as coisas que precisava.

— O que foi? — Ele perguntou imediatamente.

Ela se virou para ele e fez um gesto em direção à mesa de exame.

— Sente-se.

Ele franziu o cenho quando ela se aproximou dele.

— Olha, — ela disse, exasperada. — Você não é super-humano, não importa o que você deseja que o resto de nós, meros mortais acredite. Sente seu traseiro nessa maca e deixe-me olhar seu ferimento. Cole disse que todos deverão ficar aqui até às oito da manhã.

O olhar no rosto de Steele foi impagável. Ele realmente parecia... Ter sido pego desprevenido. Ela queria fazer uma bomba de duplo punho, dizendo yesss, mas isso seria incrivelmente óbvio. Então continuou a olhar serenamente para ele, não recuando enquanto esperava que ele cumprisse suas ordens.

Ele estava acostumado a dar ordens, e não a recebê-las, e ela tinha que admitir que lhe dava uma pequena emoção ser quem mandava agora.

Enviando-lhe um olhar descontente, ele se sentou em cima da mesa e tirou a camisa, expondo um conjunto de abdominais definidos e um amplo peito musculoso com um punhado de pelos loiros. A mão dela se contraiu para verificar se estava babando, mas, novamente, isso seria muito óbvio.

— Vamos fazer isso rápido, — ele murmurou.

Sua sobrancelha se levantou e ela enviou-lhe um olhar que sabia que ele não iria gostar.

— Qual é a pressa? Cole disse que não tinha nenhum lugar para estar até às oito da manhã.

Ela passou a mão pelo braço dele, até que chegou ao corte que ainda escorria sangue. Os músculos se contraíram sob seus dedos e, em seguida, apertaram. Ela pensou ter ouvido sua ingestão súbita de ar, mas talvez tivesse imaginado.

— Não é tão ruim, — ela murmurou. — Precisará de alguns pontos e pomada antibiótica. Duvido que vá apodrecer em breve.

— Eu acho exatamente a mesma coisa, — disse ele. — Não há necessidade de fazer um barulho sobre isso. Coloque um curativo e termine logo.

A boca dela se contorceu.

— Estou começando a pensar que você não gosta de mim, Steele. Eu me pergunto por quê? Todos da KGI não parecem ter problemas comigo. Qual é o seu?

Seu olhar se levantou para seus olhos e se estreitaram para ela.

— Eu nunca disse que não gostava de você.

— Suas ações falam muito mais alto do que as palavras, — ela disse secamente.

— Por que diabos estamos tendo essa conversa? — Ele perguntou.

Ela encolheu os ombros e, em seguida, começou a trabalhar na área que precisava de pontos em torno do ferimento. Trabalhou em silêncio enquanto colocava as suturas e focava intensamente em sua tarefa. Quando colocou o último ponto, levantou a cabeça, esticando os músculos atados no pescoço. Empurrou os óculos de volta no nariz e deixou escapar um pequeno suspiro. E ela que queria tanto sua noite tranquila em casa com uma xícara de chá e ir para a cama cedo.

— Longo dia? — Steele perguntou em voz baixa.

Seu olhar puxou para cima, surpresa com a pergunta. Ele nunca iniciou conversa com ela. Conseguir alguma coisa dele era como tentar arrombar uma armadilha de aço. Trocadilho ridículo .

— Sim, mas parece que o seu também, — ela disse com diversão.

Ele mudou de posição na mesa de exame, como se estivesse prestes a levantar-se. Seu olhar flutuou para baixo e ela congelou quando viu a evidência da ereção inchada contra o uniforme. Ela arregalou os olhos e, em seguida, seu olhar atirou para cima para vê-lo olhando para ela. Flagrada. Completamente flagrada. Ele sabia que ela sabia.

Ela deu um passo para trás e acenou com a mão alegremente.

— Não é inédito para os homens, uh, experimentar ereções induzidas por adrenalina. Isso já foi documentado, na verdade. Eu tenho certeza que há uma tonelada de pesquisas que expliquem isso.

Deus, ela soava como uma completa idiota. Suas bochechas estavam em chamas quando deu outro passo para trás.

As feições de Steele apertaram e seus lábios formaram uma linha sombria enquanto ele ficava de pé em sua altura máxima e pairava sobre ela. Ele inclinou a cabeça, apenas o suficiente para que a boca estivesse mais perto de seu ouvido.

— Se você acha que minha ereção não tem nada a ver com você, então você está enganada.

A boca dela se abriu quando ele passou por ela e saiu da sala.

— Ooo-kay, — ela murmurou.

Não é o que ela esperava que ele dissesse.

 

Maren deixou-se entrar em seu chalé e suavemente fechou a porta atrás dela. Quando esquadrinhou o quarto, soltou uma exclamação assustada quando viu Steele esparramado no seu pequeno sofá.

— Jesus, você me assustou! — Ela suspirou.

Ele sentou-se, o olhar intenso enquanto olhava para ela. Ela estremeceu e um nó se formou em sua garganta. O jeito que ele estava olhando para ela era... Diferente.

— Você sempre caminha de volta para casa sozinha? — Ele perguntou.

Ela levantou uma sobrancelha.

— Como diabos eu poderia chegar em casa?

— Deixe-me reformular isso. Afora as vezes que nós a arrancamos a altas horas da noite, você rotineiramente caminha de volta para sua casa sozinha depois de escurecer?

— Sabe que eu acho que é essa é a maior quantidade de palavras que já saiu de sua boca ao mesmo tempo? — Maren disse pensativa.

Steele levantou a mão para correr irregularmente através dos cabelos, e ele rosnou. Na verdade, rosnou! Então, para sua surpresa absoluta, ele diminuiu a distância entre eles e puxou-a contra o peito. Ela aterrissou com um baque suave e ele segurou seu queixo com uma mão e deslizou a outra em torno de sua nuca, ancorando-a no lugar para que ela não conseguisse se mexer. Como se ela quisesse!

— Steele — ela sussurrou nervosamente.

— Cala a boca, — ele murmurou, assim que seus lábios desceram sobre os dela.

Seu beijo foi um choque absoluto para ela. Elétrico. Feroz. Exigente. A língua quente deslizou como veludo sobre seus lábios, persuadindo-a a abrir. Assim que abriu, ele aprofundou o beijo e empurrou para dentro, saboreando-a, deixando-a sentir o gosto dele.

Ela tremia da cabeça aos pés. Um terremoto contínuo, joelhos se transformando em geleia.

Seu aperto sobre ela era forte e possessivo. Ela suspirou em sua boca e ele engoliu tudo. Era uma loucura. Insanidade no seu melhor. Steele estava em sua sala de estar beijando-a. Um homem que nunca falou diretamente com ela. No entanto, estava obviamente atraído por ela. Estivera excitado na clínica. Estava beijando-a agora. Sim, definitivamente havia alguma coisa aqui e ela não iria questioná-lo muito duramente.

Ou talvez ele estivesse saindo de uma missão e qualquer mulher serviria.

Isso colocou um amortecedor sobre seu entusiasmo. Ela ficou imóvel enquanto ponderava essa possibilidade muito real. Proximidade era um fator definitivo. Steele e sua equipe acabaram de executar uma tarefa difícil, foram baleados, cortados e só Deus sabe mais o quê. Ficariam presos aqui durante a noite e ela era do sexo feminino, razoavelmente atraente, e tinha todo o equipamento pré-requisito para saciar as necessidades dele.

Ele se afastou, as sobrancelhas juntas enquanto olhava para ela interrogativamente.

— O que está errado?

Ela teria rido, mas estava muito desequilibrada para fazer mais do que apenas ficar lá boquiaberta.

— Você simplesmente me beijou e então pergunta o que há de errado?

Ele franziu a testa.

— Foi tão ruim assim?

Desta vez, ela riu.

— Eu acho que você sabe que não foi ruim. Por que você me beijou, Steele? Que diabos está acontecendo aqui?

— Eu quero fazer sexo com você, — ele disse sem rodeios.

Ela piscou como uma coruja e olhou para ele em silêncio. Embora os óculos ficassem embaçados com o calor do seu beijo e ela coçasse para removê-los, não queria perder nenhuma parte desta conversa.

— Ooo-kay, — ela começou lentamente. — Você quer fazer sexo comigo. Você quer fazer sexo com uma mulher a quem você nunca falou mais do que algumas palavras de cada vez. Diga-me uma coisa, Steele, isso é uma daquelas situações em que qualquer boceta serviria? É uma coisa de homem, sair de uma missão e mergulhar no primeiro buraco disponível que você possa encontrar?

Ele pareceu completamente surpreso por sua linguagem direta. Surpreso mesmo. Então pareceu perceber que era possível que ele acabou de ser insultado.

— Eu não saio fodendo por aí, — ele rosnou. — Eu estou limpo. Eu uso preservativos. Eu não tive relações sexuais em um ano.

— Tudo bem, então, — disse ela, mais do que um pouco surpresa com a sua admissão. — Talvez um pouco mais do que eu precisava saber.

— Se você vai transar comigo, você precisa saber.

Isto era verdade. Mas espere, ela iria transar com ele? Ela estava acalentando a ideia de dormir com ele? Sua mente se confundiu. Um homem com o qual ela passou muito tempo fantasiando estava aqui em sua sala de estar calmamente discutindo a questão do sexo entre eles como se fosse algo que fizessem regularmente. Não que ela tenha problemas com isso. Mas ela definitivamente tinha perguntas, porque hoje estava se moldando para ser o dia mais bizarro em um tempo muito longo.

— Por quê? — Ela perguntou em voz baixa. — Você não gosta de mim, Steele. Você mal consegue ficar na minha presença.

Ele a puxou de volta, prendendo-a em seus braços, o olhar perfurando o dela.

— Por que você acha que é, Maren? Você é uma mulher inteligente. Você viu o tesão que eu tive por você antes. Coloque dois e dois juntos e eu aposto que você vai encontrar a resposta.

— Você está atraído por mim, — ela sussurrou.

Ele ficou um bom tempo sem dizer uma palavra. Finalmente, ele quebrou o silêncio, a mandíbula apertada. Ele estava positivamente desconfortável. O frio e imperturbável Steele estava agitado.

— Você está sob minha pele. Não consigo me livrar de você. Às vezes, quando eu durmo... Eu posso sentir seu cheiro, — ele admitiu. — Eu posso ver seus olhos e os óculos bonitos que você usa. Eu me pergunto qual seria a sensação de correr meus dedos por seu cabelo.

Puta merda. Isso era... Épico. Isso... Não havia sequer uma descrição para o que era aquilo. Era enorme!

Ela levantou a mão, conscientemente ajeitando os óculos.

— Você acha que meus óculos são bonitos?

Ele soltou um suspiro e depois, para seu espanto, ele relaxou, os ombros caindo um pouquinho, e um sorriso honesto curvou os cantos dos lábios para cima.

— Sim. Bonitos.

— E você quer fazer sexo comigo, — ela repetiu.

— Eu acho que foi o que eu disse.

— Uau. E, hum, e agora?

Seus olhos se estreitaram.

— Você me deixa louco. Você está presa profundamente em minha pele. Eu não preciso de você lá. Você é uma distração, e eu não posso ter distrações. Então, vamos transar e, em seguida, eu vou parar de fantasiar sobre como é.

— Eu tenho que dizer, essa é a pior proposta que já ouvi na minha vida.

Steele deu de ombros.

— Então, eu não sou um cara sensível. Você quer foder ou o quê?

Ela apertou as mãos sobre os ouvidos.

— Pare. Só está piorando.

Ele puxou os braços dela para baixo e, em seguida, ergueu o queixo com dois dedos antes de reivindicar sua boca novamente. Ela caiu em seus braços, fechando os olhos em êxtase. Quando o homem não estava falando, e ela decidiu que fora uma bênção que ele não tivesse falado com ela antes, ele era sexy como pecado. O silêncio era sexy. Até o momento, sua fala não era uma grande ideia. Eloquência não era um de seus pontos fortes.

— Você me quer, — ele disse rispidamente contra sua boca. — Você me quer tanto quanto eu quero você.

— Bem, dã, — ela resmungou.

Ele se afastou, os olhos brilhando. Triunfo brilhava nas profundidades azuis gelo. Só que em vez de sentir o frio em seu olhar, tudo o que ela sentiu foi calor abrasador.

— A equipe está hospedada na clínica. Temos cerca de seis horas antes de irmos embora. Sua cama é grande o suficiente para nós dois?

Lentamente, ela assentiu.

Sem outra palavra, ele a pegou e ela caiu com um baque contra seu corpo. Seus braços se apertaram ao redor dela e ele caminhou em direção à porta do quarto dela.

Seu pulso trovejou nas veias e seu coração batia tão rápido que ela sentiu-se tonta. Isso estava realmente acontecendo. Steele queria transar com ela. Steele estava levando-a para o quarto. Em poucos minutos, os dois estariam nus e no mesmo quarto. Santo inferno!

Ela se preparou, certamente ele iria largá-la na cama, mas ele a surpreendeu, abaixando-a gentilmente sobre o colchão antes de recuar. Ele começou a despir-se e seu olhar estava voltado para toda a carne masculina que ele estava revelando.

Dava água na boca.

Duro. Musculoso. Forte. Nem um pingo de gordura em qualquer lugar em seu corpo. Abdômen magro com um tanquinho definido. Ombros largos e tórax com músculos duros. Braços fortes. As coxas pareciam troncos de árvores. Grossas e resistentes.

Ela agarrou os óculos, atirando-os no criado-mudo, porque isso era bom demais para perder. Não era como se ela precisasse deles o tempo todo mesmo. Apenas para leitura e quando ela realmente precisava se concentrar em uma lesão. Ou relatórios de laboratório.

Ela prendeu a respiração quando ele puxou a roupa íntima para baixo. Sua ereção balançou para cima, esticada e rígida, a cabeça de uma cor ameixa escura. Ela podia ver a veia grossa em todo o comprimento de seu pênis da base até a cabeça. O homem era bonito de se ver. De repente, estava extremamente consciente do fato de que ele iria esperar que ela retirasse suas roupas em seguida e ela não tinha o corpo que ele tinha. Nem passava perto.

Ela era muito macia em lugares que não deveria ser. Seus seios não eram lindos. Eles não estavam cedendo ainda, graças a Deus, mas não eram do tipo que você poderia dizer que eram muito firmes. Seu abdômen não era firme, porque ela não fazia exercícios o suficiente e gostava de açúcar. Pelo menos os quadris não eram grandes, não que isso fosse grande coisa para dar-lhe segurança. Ela não era grande nem nada, mas não era uma das mulheres super magras ou cheia de curvas que pareciam exuberantes e belas. Ela era apenas uma espécie... Comum.

— Dou uma moeda para saber o que você está pensando agora, — murmurou Steele.

— Eu sou comum, — ela deixou escapar.

Então ela fechou os olhos. Ela precisava de mais habilidades sociais. Era o que acontecia quando alguém crescia em um ambiente isolado, desligada da maior parte do mundo, nunca tendo amigos ou interagindo com outras pessoas. Tornava-se idiota falando bobagens a primeira vez que tentava interagir com outra pessoa em um nível íntimo.

— Comum?

A incredulidade na voz dele acalmou alguns de seus nervos em frangalhos.

— Sim, comum. Você é lindo. Quero dizer perfeito. E eu sou apenas comum. Nós não combinamos muito bem, — ela disse em um tom sério. — Espécimes masculinos lindos como você não fazem sexo com mulheres comuns. Eles não precisam disso. Eles podem ter relações sexuais com lindos espécimes femininas, então por que se contentar com uma comum?

Os lábios se agitaram para cima e para baixo por um momento e ele parecia tão exasperado que ela tinha certeza de que seu próximo passo seria começar a puxar os cabelos.

— Você está brincando comigo, não é?

Ela balançou a cabeça solenemente.

— Você é uma idiota, — ele murmurou.

— Você não chama uma mulher de idiota se tem planos de transar com ela, — Maren replicou.

— Você é uma idiota, — disse ele calmamente.

Ela não tinha nada a dizer sobre isso.

Ele apontou para baixo.

— Olhe para isto. Você acha que eu tenho essa ereção por uma mulher “comum”? Que estou tão excitado e desesperado que eu transaria com qualquer coisa com uma boceta? Jesus Cristo, mulher, eu fico como um maldito tarado ao seu redor. Você nunca percebeu?

— N-não, — ela gaguejou.

— Você é uma idiota, — ele repetiu.

Ela franziu a testa.

— Okay, eu realmente não estou gostando dessa palavra.

Ele suspirou.

— Okay, você não tinha ideia então. Completamente e totalmente sem noção.

Ela provavelmente não poderia discutir esse ponto, pois bem, era verdade. Ela não tinha ideia de que ele estivesse remotamente atraído por ela. Isso ainda a atordoava.

Ela lambeu os lábios e limpou a garganta.

— Então me deixe ver se entendi, para que fiquemos na mesma página. Vamos transar hoje à noite. Você irá embora às oito. E nunca falaremos sobre isso de novo e fingiremos que nunca aconteceu. Eu entendi direito?

— Eu não disse que nunca conversaríamos de novo, — ele resmungou.

— Sim, porque conversávamos muito antes, — ela disse sarcasticamente.

— Eu quero você fora da minha pele.

Bom, tudo bem então. Então era isso. Ela não tinha certeza de como se sentia por ser usada como uma exorcista de si mesma, mas o sexo com Steele não era algo que ela iria deixar passar. Não era como se as oportunidades surgissem para ela em Bumfuck, Costa Rica. E ela malditamente não iria admitir quanto tempo se passara desde que fizera sexo. É melhor deixá-lo pensar que ele era o único que estava há tanto tempo sem fazer.

— Tudo o que funcionar para você, — disse ela com um suspiro.

Ela começou a desabotoar a calça, mas Steele levantou a mão e passou os dedos delicadamente em torno de seu pulso.

— Não, deixe-me fazer isso. Minha fantasia. Vamos fazer do meu jeito.

Ela queria dizer: Ei, e o que acontece com a minha fantasia, mas esta era definitivamente sua fantasia também, então ele poderia fazer do jeito dele. E a ideia de que ela era sua fantasia... Uau. Era inebriante. Ela poderia viver com isso. E gostou muito.

Ele se inclinou sobre a cama e pressionou-a para trás até que estava deitada sobre o colchão. Então, desabotoou o botão da calça jeans e começou a deslizar a calça sobre seus quadris.

Nervos borbulharam na barriga dela e arrepios correram sobre a pele exposta. Seus nervos estavam sendo torturados. Ele estava nu, e ela estava bem com isso. Definitivamente. Mas a ideia de ela estar nua? De ficar totalmente exposta a ele? De que ele a visse sem roupa? Ugh.

— Relaxe, — ele murmurou enquanto puxava a calça por suas pernas.

— Fácil para você dizer.

Ele se inclinou e beijou sua barriga e as vibrações aumentaram, subindo em sua garganta. Ele tornou algo que deveria ter sido tão simples incrivelmente sexy. Apenas um beijo. Os lábios mal roçaram sua pele, mas foi o gesto mais erótico que ela já experimentou.

— Isso é bom — disse ele contra sua barriga. — Mas eu quero essa boca e essa boceta. Ela deve ser doce. Eu sonhei com isso. Perguntava-me qual seria o seu gosto. Como seria você debaixo de mim. Como seria a sensação quando eu colocasse o meu pau dentro dessa boceta doce.

Uau. Ele sonhou com ela. Ela realmente estava sob sua pele. Ela meio que gostava disso mesmo ele não gostando.

Ele empurrou a camisa dela, enrolando-a sobre a cabeça, e em seguida, levantou suavemente seus braços para que ele pudesse puxar a camisa e tirá-la. Depois ele a jogou para o lado, acomodando seu corpo sobre o dela, quente e duro.

De repente, ela não se importava com o corpo mole, porque ele o acomodava em todos os lugares certos. Era bom. Não, não era bom. Era incrível. Se ele sonhava com ela, ela definitivamente teve algumas fantasias pornográficas com ele.

— Dê-me sua boca, — ele sussurrou.

Apesar de sua boca pairar sobre a dela, o hálito quente em seu queixo, ele esperou que ela oferecesse seus lábios. Respirando rapidamente, ela levantou a cabeça para que a boca tocasse a dele.

Se ele tinha sido paciente e lento até aquele momento, tudo isso mudou no momento em que seus lábios se encontraram.

Ela respirou o fôlego dele. Ele respirou o dela. Suas línguas se chocavam, rolando quentes e úmidas. Ele tinha um leve sabor de hortelã, e ela se perguntou se ele fez uma limpeza rápida antes que ela chegasse ao chalé. Por falar nisso, ele tinha um cheiro incrível. Limpo. Não de sujeira, sangue e tudo o que ele encontrava em suas missões. Obviamente, ele fizera uso de seu chuveiro.

Ele recuou, o peito arfando, os olhos brilhando para ela. Passou a mão no rosto dela, empurrando o cabelo para trás, deslizando os dedos para cima e sobre sua orelha.

— Eu estava certo. Essa boca é doce. Mal posso esperar para provar o resto de você.

Ela tremia incontrolavelmente.

— Eu quero provar você também.

Ele sorriu então. Um sorriso sincero, brilhante e amplo. Surpreendia que seu rosto inteiro se transformasse tão rapidamente. Ele passou de pensativo, intenso, para alguém que ela nunca tinha visto. Relaxado. Quente. Sexy como o inferno.

— Puta merda, — ela sussurrou.

A sobrancelha dele ergueu interrogativamente.

— Seu sorriso, — explicou ela. — Eu nunca vi você sorrir assim. Eu não acho que eu já te vi sorrir alguma vez.

Ele fez uma careta, e ela se arrependeu de suas palavras, porque perdeu o sorriso.

— Normalmente não há muito pelo qual sorrir quando vemos um ao outro.

Isto era verdade, já que as únicas vezes que o via era quando ele ou um membro da equipe ficava ferido.

— E você vai ter a chance de me provar, — disse ele, um brilho malicioso nos olhos.

Ela colocou a mão sobre os ombros musculosos e passou os dedos sobre sua pele, até a clavícula e, em seguida, voltou novamente, preguiçosamente traçando um caminho.

— Você é um homem muito bonito, — ela disse com a voz entrecortada.

— Você é louca. Bonita, mas louca.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— ‘Bonito’ é geralmente uma palavra de código, quando as pessoas não querem dizer algo que poderia ser considerado um insulto.

— Acredito que já falamos sobre o seu fator de gostosura. Não há insultos, velados ou não, de mim. Eu tenho você na cama. Eu sou bom, pelo menos, após um ano com a lista de fantasias a serem realizadas.

— Sabe, eu realmente gosto do que você diz, agora que está realmente falando comigo.

Ele sorriu novamente, e enviou um arrepio por todo o caminho para sua barriga. Senhor, este homem era sexy até a morte. E estava nu. Em cima dela. Dizendo coisas doces e dando-lhe elogios. Olhando para ela como se ela fosse a mulher mais sensual do mundo. Se isso era um sonho ela seria uma mulher super chateada quando acordasse.

— Se você não se importa, eu cansei de falar por um tempo. Eu tenho um monte de degustação a fazer.

— Oh, não me importo, — ela suspirou.

— Mas, primeiro, vou deixá-la completamente nua para que eu possa marcar o número dois da minha lista de desejos.

— Qual é o número um?

Ele prendeu-a com seu olhar feroz, a expressão completamente séria.

— Eu vou chegar ao número um quando estiver com meu pau profundamente enterrado dentro de você.

 

Maren prendeu a respiração quando Steele manuseou as alças de seu sutiã para baixo e começou lentamente a retirar as taças que cobriam seus seios. Ele se inclinou para um lado, apoiando-se sobre o cotovelo e virou-a com ele para que pudesse chegar atrás dela para soltar os ganchos.

Em seguida, rolou de costas e se acomodou em cima dela mais uma vez.

— Você tem belos seios, — Steele disse em uma voz rouca. — Estava morrendo de vontade de prová-los.

Os lábios dela se curvaram em um sorriso.

— Você parece ter muitas fantasias que envolvem degustação.

Ele se inclinou e ela pensou que iria colocar a boca em seu mamilo, mas ele a beijou entre os seios e depois roçou os lábios para baixo da linha de sua cintura. Ele se ajustou de modo que estava entre as coxas dela abertas, com o queixo acima do laço da cintura da calcinha.

— Estive ansioso para isso, — Steele sussurrou quando começou a avançar lentamente com a calcinha por suas pernas.

Todas as suas inibições e nervosismo anteriores fugiram. Este era um homem que realmente a queria e evidentemente havia fantasiado sobre ela pelo menos semi regularmente. Quem era ela para discutir com as fantasias de um homem?

Ele puxou a calcinha de seus tornozelos e elas flutuaram até o chão quando ele a jogou sobre o ombro. Ele cutucou suas pernas para que elas se afastassem mais e, em seguida, moveu o corpo para cima dela até que a boca pairava sedutoramente sobre seu monte.

Com dedos gentis ele separou os lábios vaginais, expondo o clitóris e abrindo-a para o seu olhar ávido.

— Linda, — ele murmurou.

Sua respiração ficou presa na garganta enquanto a cabeça dele descia. Ela fechou os olhos e gemeu quando a língua acariciou seu clitóris. Foi um choque quente para todo o seu corpo. Suas pernas tremiam e sua barriga apertou. Ela se mexeu inquieta debaixo dele, enquanto as mãos acariciaram seus quadris, ancorando-a ainda mais ao seu alcance.

Ele acariciou e lambeu, pressionando beijos carinhosos sobre sua carne mais íntima. Ela nunca teria imaginado que Steele seria um amante tão paciente, tão gentil. Ela teria colocado as probabilidades em ele ser rápido e forte, e ainda assim ele parecia determinado a levar as coisas extraordinariamente lentas e trazer o máximo de prazer para os dois.

Ela estava definitivamente bem com isso. Estava mais do que feliz em perder uma noite de sono se isso significasse ter Steele fazendo amor com ela o tempo todo. Ela sempre poderia se recuperar depois que ele e sua equipe fossem embora.

A ideia de que poderia levar meses até que o visse novamente a deixou com uma sensação de vazio dolorido, mas não poderia pensar sobre isso agora. Não quando ele estava entre suas pernas, dando-lhe o melhor sexo oral de toda a sua vida.

— Você está me examinando, Maren?

Ela piscou e olhou para baixo para ver a cabeça de Steele levantada, seu olhar perfurando o dela. Ela corou. A última coisa que queria que ele pensasse era que ela não estava envolvida nisso e que ele não estava satisfazendo-a. Cruz credo, que mulher na cama com ele poderia imaginar uma coisa dessas?

— Não, — disse ela com voz rouca. — Claro que não.

— Você está comigo então?

— Oh, sim, eu estou com você, — ela suspirou.

— Eu estou fazendo-a sentir-se bem? Você tem que me dizer se eu não estou fazendo a coisa certa. Eu quero que seja bom para você.

Seu coração se derreteu ao tom de incerteza na voz dele. Ela estendeu a mão e tocou seu rosto, deixando os dedos correrem pelo queixo firme.

— Se você fizer isso melhor, eu estaria em coma induzido por prazer.

Outro sorriso brilhou, e ela percebeu que poderia rapidamente tornar-se viciada em seus sorrisos. Eles eram tão raros e ainda no espaço de uma hora ela estivera recebendo vários sorrisos deste guerreiro duro como prego. Será que outras pessoas já o viram sorrindo? De alguma forma, ela achava que não, o que tornava o fato de ele estar sorrindo para ela ainda mais precioso.

— Eu te quero louca, antes de eu entrar em você, porque não posso garantir quanto tempo vou durar quando eu entrar nessa sua boceta doce. Fantasiei sobre isso por muito tempo.

Ela soltou um suspiro feliz.

— Oh, eu estou com você, Steele. Não se preocupe. Eu quero você dentro de mim tanto quanto você quer estar lá. Eu juro.

Outro sorriso brilhou.

— Você pensava em mim também?

Um calor embaraçoso queimou seu rosto. Mas se ele podia admitir suas fantasias, ela podia definitivamente admitir as dela.

— Ah, sim. O tempo todo.

— Pena que só começamos a fazer isso agora.

— Eu não sei, — ela refletiu. — Você disse que me queria fora de sua cabeça. Se tivéssemos feito antes, não estaríamos fazendo agora, e estou realmente feliz por estar fazendo hoje à noite.

— Muito bom ponto. Vamos aproveitar esta noite então.

Ela reprimiu um suspiro de tristeza ao pensar que ele queria transar com ela e ir embora. Não que ela esperasse nada permanente. Steele não era um tipo de cara permanente. Mas a incomodava que ele quisesse exorcizá-la e nunca mais ter nada a ver com ela depois que transassem.

Oh bem, aproveite o momento e todas as bobagens do tipo. Esta noite apenas teria de cumprir quaisquer anseios que ela tivesse relacionados a ele.

A língua varreu de sua entrada até o clitóris e, em seguida, rolou provocante, arrancando um gemido dela.

— Você gosta disso.

A voz retumbou profundamente em seu peito, vibrando sobre a carne trêmula, provocando espasmos de prazer que se enrolavam tensamente através de sua cintura.

— Ah, sim, eu gosto muito.

Ele chupou delicadamente com a quantidade certa de pressão. Seus joelhos tremiam incontrolavelmente e as coxas viraram geleia. Ele moveu a mão entre as pernas dela e timidamente deslizou um dedo dentro enquanto continuava com a língua em seu clitóris.

Seu orgasmo estava subindo, afiado, totalmente fora de controle. Ela arfava em um esforço para evitá-lo. Ainda não. Ela não queria que terminasse tão rapidamente. Ela queria que durasse. Queria saborear cada minuto de Steele em sua cama, ele tocando-a e a boca em sua pele.

— Dê-me um, Maren. Eu quero que você goze na minha boca.

Ela soltou um gemido, mesmo enquanto ela lutava contra isso.

— Eu quero que dure, — ela sussurrou. — Eu sonhei com isso também, Steele. Eu quero que dure.

A risada suave retumbou sobre sua pele.

–- Haverá mais. Eu vou fazer você gozar muitas vezes mais antes de eu terminar com você.

— Oh, — ela suspirou. — Nesse caso...

— Na minha boca... — Ele murmurou.

Ele acrescentou um segundo dedo, esticando-a e acariciando suavemente sua passagem lisa enquanto a boca continuava a viagem sensual, sua língua levando-a a loucura.

Ela arqueou para cima, buscando mais de sua boca, de seus dedos. Tão perto. Ela balançou precariamente, o orgasmo crescendo, crescendo.

— Steele.

Seu nome saiu. Um apelo.

— Vamos, Maren. Deus, você é tão bonita. Eu gostaria que você pudesse se ver do jeito que eu te vejo agora. Corada com prazer. Os olhos brilhantes. A pele rosada. E você tem um gosto tão incrivelmente doce.

Suas palavras a enviaram diretamente sobre o limite. Mergulhando duro e rápido. A sala obscureceu e girou vertiginosamente em torno dela. Sua respiração estava vindo tão dura e rápida que ela estava perto de hiperventilar.

— É maravilhoso, — Steele rosnou por entre as pernas dela.

Ele lambeu e chupou, bebendo profundamente dela, até que ela estava mole debaixo dele, completamente satisfeita. Ela levantou a mão quando ele se levantou sobre ela e apalpou o rosto dele quando se aproximou.

Ele virou a boca para a palma da mão dela, pressionando um beijo no interior.

— Bom? — Ele perguntou.

— Perfeito.

Ela mal conseguia emitir uma palavra por seus lábios. Nunca se sentiu tão bem em sua vida. Não tinha energia para mover um único músculo. Graças a Deus, ele parecia perfeitamente satisfeito em fazer todos os movimentos por ela.

Ele deslizou uma mão entre suas pernas, abrindo as coxas suavemente enquanto acomodava seu grande corpo sobre o dela. Ele se atrapalhou com o preservativo um minuto com uma mão enquanto se sustentava acima dela com a outra. Em seguida, plantou as duas mãos em cada lado de sua cabeça e baixou a boca para a dela.

Ela respirou profundamente enquanto seus lábios pairavam tentadoramente sobre os dela. Ela levantou o queixo, impaciente para ter a boca na dela.

Ela foi recompensada quando suas línguas se encontraram em um confronto aquecido. Quente, sem ar. Sua língua deslizou sedutoramente sobre a dela, lambendo e chupando enquanto ele se posicionava entre suas pernas.

Seus olhos se arregalaram quando ele começou a empurrar. A cabeça estendeu sua abertura, enviando raios de prazer voando através dos membros.

Ela sabia que ele era grande. Ela o viu. E estava morrendo de vontade de tocá-lo. Queria saber como seria ter os dedos em volta dele. Queria saber qual gosto ele tinha e queria deixá-lo louco com sua língua, lábios, boca...

Mas nada a preparou para a sensação de tê-lo dentro de si. Quente e duro dentro dela. Seu corpo esticou para acomodar a largura e comprimento. Ela nunca experimentou nada parecido.

— Não quero te machucar, Maren, mas Jesus, você é tão apertada.

— Já faz tempo para mim, — ela sussurrou, apesar de sua decisão anterior de não deixá-lo saber quanto tempo se passou desde que fizera sexo.

— Para mim também, — ele sussurrou de volta. — Acho que vamos nos atrapalhar juntos com isso.

Ela riu. A ideia de Steele atrapalhado durante o sexo era hilária. O homem era talentoso. Se esta era a sua ideia de enferrujado, não podia nem imaginar como ele seria completamente em forma. Seus olhos já estavam girando com o esmagador prazer que estava sentindo.

Ela gemeu quando ele empurrou com mais força dentro dela. Ele expulsou um longo suspiro e ela podia ver seus dentes apertados. Ele estava lutando pelo controle. Era evidente em cada linha de seu rosto.

Querendo tocá-lo, deixou as mãos deslizarem até os braços musculosos para os ombros largos e, em seguida, até a espessa coluna de seu pescoço. Ele fechou os olhos e gemeu enquanto ela o acariciava. Ele se contorceu dentro dela e penetrou ainda mais fundo.

Ele beijou sua testa, seu rosto, ao lado de sua cabeça, e então tocou os lábios na lateral do pescoço e mordiscou a orelha.

— Linda, — ele murmurou.

— Você também, — ela sussurrou junto ao seu ouvido.

Ele passou os braços por baixo dela, juntando-a perto contra ele. Seus seios moldaram ao peito duro, seus corpos entrelaçados, ela embalada em seus braços. Seus quadris se levantaram quando ele retirou-se e, em seguida, entrou de novo, seu corpo indo direto contra o dela.

Ele a segurou por vários e longos momentos, silencioso enquanto seu corpo tomava o dela. Em seguida, seu abraço ao redor dela apertou e ele rolou, levando-a com ele. Ela ofegou de surpresa quando ela caiu em cima dele, braços e pernas esparramados.

Ela se endireitou e colocou as palmas das mãos contra o peito dele. Ela mexeu os quadris experimentalmente e foi recompensada com um grito estrangulado de Steele e o aperto se intensificou em sua cintura.

— Agora, isso eu realmente fantasiei, — murmurou Steele. —Número três no meu top ten. Você por cima, me cavalgando duramente.

— Vou me empenhar para tornar a realidade melhor do que a fantasia, — ela disse descaradamente.

Steele soltou um grunhido.

–- Você já fez isso, querida. A fantasia não se compara com a realidade. Minha imaginação é boa, mas não tão boa assim.

Ela sorriu e se inclinou para beijá-lo, deixando os seios roçarem sobre seu peito. Seus mamilos endureceram instantaneamente, e ela se sentiu tão bem que fez de novo, esfregando as pontas dos seios sobre o peito de pelos emaranhados.

Ela começou lentamente, a girar e mexer apenas o suficiente para causar um ofego em sua respiração. Em seguida, inclinou-se e levantou os quadris para que ele começasse a deslizar para fora dela. Quando estava quase segurando a ponta do seu pênis, deslizou para baixo, tomando-o todo.

Era inebriante ter tanto controle sobre um homem tão intimidante. Ele estava completamente à sua mercê.

Percebendo que ele ainda não tinha usado a boca em seus seios, e era algo que ela estava ansiando muito, ela se inclinou para ele, oferecendo-lhe o mamilo que roçou tentadoramente sobre seus lábios e quando a língua disparou e rolou asperamente o pico sensível, ela ofegou.

Ela ofereceu-lhe seu outro mamilo e ficou imóvel para que ele pudesse apertar os lábios em torno dele. Ele chupou com força, lambendo a ponta enquanto a segurava entre os dentes.

Ela começou a tremer e percebeu que ele estava certo sobre ela ter orgasmos múltiplos. Não teria imaginado que fosse possível se recuperar rapidamente depois de uma versão de orgasmo que fazia a terra tremer, mas ela já estava subindo rapidamente para outro orgasmo mais uma vez.

— Por favor, — ela sussurrou. — Eu quero a sua boca em mim quando eu gozar.

Ele estendeu a mão e apalpou um dos seios, moldando-o nas mãos enquanto chupava o mamilo.

Ela gemeu novamente, arqueando para ele.

— Eu não posso durar um minuto a mais, Maren — Steele avisou enquanto lambia seu mamilo.

Ela baixou a cabeça até que o cabelo se esparramou sobre os dois.

— Venha comigo, então. Vamos juntos. Eu estou tão perto.

Mesmo enquanto falava, ela se contorcia sem parar em cima dele, com o corpo em chamas. Ela precisava de alívio. Ela coçava, queimava, de dentro para fora.

Ele segurou sua bunda, apertando e moldando as nádegas com as mãos, enquanto ela cavalgava. Ele impulsionou os quadris para cima, dirigindo-se nela, para que ela não fizesse tudo por conta própria. Então, ele estendeu a mão e mergulhou em seu cabelo, torcendo os fios em torno dos dedos até que o punho descansava contra seu couro cabeludo. Então, puxou-a para baixo, para reivindicar sua boca e a beijou até que ambos estavam sem fôlego.

— Ajude-me, — ela implorou.

Sua força estava se esgotando rapidamente. Ela não queria nada mais do que se espalhar no peito dele e ficar lá para o resto de seu tempo juntos. Mas, então, nenhum deles iria sair.

— O prazer é meu, — ele murmurou.

Ele passou os braços em torno dela e rolou até que estava em cima mais uma vez. Permaneceu firmemente embutido dentro dela e quando ela caiu de costas, ele foi ainda mais fundo. Ela gemeu asperamente e soltou um som satisfeito que fez Steele se apertar todo.

— Você me deixa louco, — disse ele contra seus lábios. — Você é mais gostosa do que eu jamais poderia ter imaginado. Um gosto tão doce. Tão quente e selvagem. Sedosa em todos os lugares certos. Você é linda, Maren. Nunca duvide disso.

Ela engatou as pernas mais para cima das costas dele e abriu-se ainda mais para que pudesse levá-lo ainda mais profundamente. Sentia-se selvagem e insaciável. Era ferozmente satisfatório. Audaz. Lascivo. Estava exultante com sua nova confiança. Mas havia algo sobre ver o desejo nos olhos de Steele e ouvir de seus próprios lábios que ele a achava bonita, que era um grande impulsionador do ego.

Ele começou a se mover mais rápido e mais forte, os quadris batendo nas costas de suas pernas. O corpo inteiro tremeu com a força de seus movimentos. Seu olhar ligado ao dela e os olhos azuis brilhavam na luz fraca da lâmpada do quarto.

— Venha comigo desta vez, — ela sussurrou. — Eu estou quase lá.

Ele gemeu alto.

— Deus, eu estou lá também. Não posso esperar nem mais um segundo.

Com um grito abafado, ele subiu profundamente dentro dela novamente e todo o seu corpo tremeu e convulsionou contra ela. OS quadris se contraíram fortemente e os braços deslizaram debaixo de suas costas, como faixas de aço ao redor dela, segurando-a firmemente contra o corpo musculoso.

Seu orgasmo foi violento. Quebrando em torno dela como vidro em concreto. Era quase intenso demais para suportar. Quase beirava a dor e, em seguida, era a sensação mais agradável que já tinha experimentado.

Ela perdeu o foco. Não podia ver. Ela só podia sentir. E ouvir os sons de um homem satisfeito a apenas alguns centímetros de distância, pressionado em seu corpo.

Ela respirou fundo, saboreando o cheiro de sexo, almíscar e suor masculino. Então ela beijou e lambeu seu ombro e, em seguida, mordeu o caminho para o pescoço. Ele tinha um sabor maravilhoso. Tudo nele era sexy. O cheiro, o gosto e a sensação do corpo dele contra ela. Dentro dela.

Ele ainda estava pulsando dentro dela, os quadris ainda em movimento, mais lento do que antes, mas cada movimento sobre os tecidos sensibilizados provocava um pequeno espasmo que estremecia através de sua barriga.

Ele encontrou sua boca novamente e beijou-a rudemente, não tão gentilmente quanto antes. Sua respiração era irregular e cada respiração soprava calorosamente em sua boca.

Ele soltou um último gemido e depois ficou imóvel dentro dela. Seus quadris estavam pressionados solidamente ao dela, braços ao redor dela, segurando-a contra ele. Ele baixou a testa para descansar na dela e mordiscou delicadamente no canto de sua boca antes de salpicar de beijos sobre a curva dos lábios.

— A fantasia não se compara a realidade, — ele disse em uma fala preguiçosa.

Ele parecia um homem completamente satisfeito. Seus olhos brilhavam em triunfo. Então ele fez uma careta e desgosto sombreou os olhos anteriormente satisfeitos.

— Preciso me livrar do preservativo, — disse em voz baixa. — Não se mexa. Volto rapidinho.

Como se ela estivesse indo a lugar algum.

Ela estava deitada na cama, todo o corpo zumbindo em satisfação. Estava deliciosamente sonolenta, mas não queria dormir, porque então sua noite estaria terminada. Eles ainda tinham algumas horas e ela queria tirar o máximo delas.

Ela observou quando Steele se levantou da cama, apreciando a vista de um espécime macho tão perfeito nu. Seus músculos ondulavam quando ele se virou para descartar o preservativo. Ele ainda estava duro, mesmo após a sua liberação. E tão bonito que fez seus dentes doerem.

Quando ele se virou mais, ela vislumbrou a tatuagem no ombro esquerdo. Ela não a tinha notado antes. Estivera muito focada em todo o resto. Agora, curiosa, se inclinou para frente, tentando ver na penumbra.

Ele voltou depois de jogar o preservativo e inclinou a cabeça para o lado.

— O que foi?

— Sua tatuagem, — ela disse em voz baixa. — Eu estava olhando para ela. Não sabia que você tinha uma.

Ele fez uma pausa, mas depois acenou com a cabeça.

— Sim.

Quando ele não disse mais nada, ela sentou-se, tentando dar uma olhada melhor.

— Posso ver?

Ele se sentou na beirada da cama e, em seguida, virou-se para ela ter uma visão melhor.

Ela olhou com seriedade, absorvendo o intrincado padrão. Uma pomba com asas estendidas como se estivesse levantando voo, as garras estendidas e enroladas em torno de uma flecha em chamas. Agarrada ao bico havia uma rosa de haste longa, e uma única lágrima caía dos olhos da pomba.

Abaixo da seta em chamas havia duas palavras. Nunca se esqueça.

Ela estendeu o dedo para traçar as bordas do desenho. Havia algo extremamente triste e trágico sobre a tatuagem. Um nó se formou em sua garganta e ela olhou para cima para verificar a reação dele.

— O que significa?

Ele ficou em silêncio por um longo momento, o olhar fixo em um ponto distante da sala.

— Só uma coisa que eu não quero esquecer, — ele disse calmamente.

Sentindo o assunto era doloroso e também particular, ela deixou pra lá. Em vez disso, se ajoelhou atrás dele e colocou os braços ao redor de seus ombros. Apertou a face no topo da sua cabeça e segurou-o com força.

Ele pegou uma de suas mãos e puxou-a para a boca, beijando-a dentro da palma.

— Eu gosto de estar aqui com você, — ele resmungou. — É agradável. O silêncio. Você ao meu redor. Ser capaz de tocar e sentir seu cheiro. Nunca pensei que isso iria acontecer.

— Tudo o que tinha a fazer era perguntar, — ela disse contra sua cabeça.

O corpo dele tremia de riso silencioso.

— Eu estava convencido de que se você tivesse alguma ideia de como meus pensamentos eram lascivos você arrancaria minhas bolas. E já que você está geralmente em uma posição de poder, remendando nossos ferimentos, eu realmente não queria te chatear.

Ela sorriu.

— Então me diga, Sr. Durão, temos algumas horas até que você vá embora. O que vamos fazer com elas?

Ele girou em seu abraço, envolvendo os braços ao redor dela enquanto a arrastava para seu colo. Moldou a boca na dela e enfiou a língua por seus lábios, mergulhando profundamente.

— Prometi-lhe orgasmos múltiplos, — disse contra sua boca.

— Mmmm, você prometeu mesmo.

— Sou um homem de palavra. Eu nunca volto atrás em minha palavra.

— Eu posso ver isso.

— Então saiba que vai ter muito mais orgasmos.

— Deus, espero que sim.

Ele riu e beijou-a novamente.

— Eu gosto do seu entusiasmo.

— Sabe o que eu quero? — Ela perguntou.

— O que?

Ela se inclinou até que os lábios roçaram sua orelha.

— Eu quero te provar. Você pode ter fantasiado sobre qual seria meu sabor, mas eu tive várias fantasias sobre ter seu pênis na minha boca e deixando-o selvagem por mim.

O corpo dele inteiro ficou rígido. Ele endureceu, seu aperto nela quase doloroso.

— Eu não acho que eu poderia ficar mais duro, — ele murmurou. —Jesus, Maren. Se você tivesse alguma ideia de quanto tempo eu quis meu pau em sua boca.

Ela sorriu.

— Isso significa que eu vou realizar minha fantasia?

— Oh inferno, sim, — ele suspirou. — Eu sou todo seu. Faça comigo o que quiser.

 

Maren estava acordada no momento que Steele saiu da cama. Um minuto estava profundamente aconchegada em seus braços, a cabeça apoiada no ombro dele, e no outro estava acordada quando ele saiu.

Seu coração estava pesado com pesar. Ela queria tanto segurar este momento para sempre. Não queria que acabasse. Saboreou cada minuto com ele, mas agora ele estava se preparando para sair e as coisas voltariam a ser como antes.

Ela quase não existiria em seu mundo. Ela voltaria a ser ignorada. Sem conversas e, definitivamente, sem nenhum daqueles sorrisos de estremecer a terra dos quais ela desfrutou nas últimas horas.

— Steele — ela sussurrou.

Ela jurou para si mesma que não diria uma palavra quando fosse a hora de ele ir embora. Tinha jurado que não faria papel de boba. Não se humilharia ou se tornaria vulnerável. Isso não durou muito.

Ele se virou assim que terminou de puxar as calças. Caminhou até a beirada da cama e sentou-se de lado, levantando uma perna para que ela o encarasse.

— Você já está saindo? — Ela perguntou em voz baixa.

A tristeza brilhou em seus olhos. Talvez ele estivesse tão relutante quanto ela por acabar com o seu tempo juntos. Ela iria manter esse pensamento, mesmo que isso a deixasse delirante.

— Sim, — ele disse baixinho. — Já é hora de encontrar a equipe e levar a garota para casa.

— Tenha cuidado, — ela disse levemente.

— Sempre.

Para sua surpresa, ele inclinou-se e beijou-a longa e preguiçosamente. Foi um beijo lento e sensual. Nada como os beijos aquecidos e de tirar o fôlego das horas anteriores. Foi um beijo doce, um gesto que demonstrava carinho e respeito.

Seu coração se apertou e um nó se formou em sua garganta.

Droga, ela não iria fazer papel de idiota ficando toda emotiva. Eles tiveram uma noite de sexo, pelo amor de Deus! Não era como se ele tivesse colocado um anel em seu dedo e a pedido em casamento. Ou como se tivesse declarado seu amor eterno por ela.

Ele foi muito claro que estava fazendo sexo com ela para tirá-la da cabeça. Não poderia ser menos romântico do que isso.

— Cuide-se, Maren, — disse ele.

— Sempre, — disse ela, repetindo a sua resposta arrogante.

Ele tocou seu rosto e, em seguida, levantou-se enquanto ela tirava os lençóis de cima do corpo. Ele olhou para ela um longo momento e, em seguida, os lábios se firmaram, quase como se ele estivesse decidindo se iria sair. Então ele se virou e saiu do quarto. À distância, ela ouviu a porta abrir e fechar e depois o silêncio desceu até que podia ouvir cada rangido, cada pequeno ruído fora de sua janela.

Ela fechou os olhos e rolou para o espaço que Steele tinha ocupado. Ainda estava quente com o calor do corpo dele. Ainda tinha o cheiro dele. Escondeu o rosto no travesseiro onde ele repousou a cabeça e respirou fundo.

Foi a melhor e a pior noite de sua vida.

A melhor por que ela nunca tivera relações sexuais com um homem que se igualasse a Steele. E nunca mais teria.

E a pior por que essa noite claramente delineou tudo o que ela nunca teria.

Às vezes era melhor nunca viver sua fantasia. Porque quando a realidade descia, descrevia em detalhes gritantes o quanto o mundo real era uma droga. O ditado sobre como é melhor ter amado e perdido do que nunca ter amado?

Completa besteira.

Neste sentido, provavelmente era muito melhor nunca ter sexo escaldante entre os lençóis com Steele do que ter tido, provado e saber que nunca o teria novamente.

Ela fechou os olhos, sabendo que realmente precisava se levantar, tomar banho e ir para a clínica. Os moradores locais estariam agitados e esperando que ela abrisse. Ela enfrentaria mais um dia como todos os outros dias. Doenças, ossos quebrados, lesões menores, exames e cortes e ferimentos para suturar.

Mais um dia no paraíso.

O problema com isso é que ela passou a noite no paraíso. Agora, ela enfrentaria a labuta de sua vida normal. E agora que tivera um gosto da perfeição absoluta, a realidade à sua espera era deprimente como o inferno.

 

As equipes KGI, todas as três, reuniram-se na sala de guerra do complexo Kelly para o relatório pós-missão. Agora que Christina Westlake fora entregue em segurança para a família e sua própria equipe recebera os cuidados de que precisava, Sam convocou uma reunião para obter o resumo sobre a merda completamente errada que foi a libertação de Christina Westlake das mãos de Matteo Garza. Dez dias se passaram, mas a missão ainda ocupava os pensamentos de Steele, e não porque ela não correu exatamente como o planejado. Tinha tudo a ver com Maren e a noite inesquecível que passaram juntos.

Usar essa noite para tirá-la da cabeça? Inferno, ela estava sob sua pele mais do que nunca. Ele não conseguia dormir, porque ela estava lá assim que ele fechava os olhos. O cheiro dela, a sensação do corpo dela contra ele. A forma como ele se sentiu quando deslizou para o fecho apertado de seu corpo.

Ele afastou os pensamentos sobre ela, ela era uma distração mais do que nunca, e olhou para os outros ocupantes da sala. Examinou a mais nova equipe com um olho afiado. Ele investiu muito neles. Ele foi o responsável pela maior parte da formação deles, enquanto sua equipe estivera em — licença administrativa — por vários meses.

Eles eram bons. Tinham um longo caminho a percorrer, mas eram conduzidos pelos mais novos dos irmãos Kelly, Joe e Nathan. Gêmeos que serviram no exército até recentemente. Ambos se desligaram em condições menos do que ideais. Joe foi ferido, mas voltou para casa para se curar. Nathan, no entanto, fora mantido preso e torturado durante meses. Sua jornada para casa levou muito mais tempo e aconteceu de uma maneira inacreditável, altamente não ortodoxa. Shea, agora sua esposa, era uma empata telepática que estendeu a mão para ele em sua hora mais escura e o salvou. Literalmente.

Ainda era difícil para Steele entender tudo isso, mas ele testemunhou as habilidades extraordinárias de Shea em primeira mão. Ele sabia que não era besteira. Assim como também testemunhou as incríveis habilidades de cura da irmã de Shea, Grace.

Os Kellys atraíam todos os tipos, mas eram boas pessoas. As melhores. Steele não trabalharia para eles de outra forma.

Ele olhou para os dois novos recrutas, Skylar Watkins e Zane – Edge — Edgerton. Eles, junto com Nathan e Joe Kelly e Swanson, ou Swanny, como era chamado, formavam a terceira equipe KGI.

Steele liderava sua equipe e a outra pertencia a Rio. Era um ajuste ter outra equipe que compartilhava missões com eles. Steele não estava completamente certo de que gostava. É verdade, a KGI agora era capaz de aceitar mais missões do que antes, agora que tinham a equipe extra, mas Steele estava reservando seu julgamento até que soubesse até onde a nova equipe iria infringir a ação da sua.

Steele não tinha uma família com quem passar o tempo. Não tinha esposa. Não tinha entes queridos. Quando não estava em uma missão, ele se retirava para sua fazenda. Até que PJ e Cole se envolveram, sua equipe não tivera laços emocionais também. Eles passavam o tempo com a família, mas para a maior parte, a equipe era a família deles. Isso era o que os tornava perfeitos para a equipe. Sua primeira lealdade era para a KGI e uns para os outros. Não ter nenhuma bagagem emocional lhes permitia dar cem por cento para seus clientes.

Steele já sentia um fio profundo de camaradagem dentro da nova equipe. Eles eram muito unidos. Eles treinaram juntos 16 horas por dia no início. Ao final, estavam passando cada hora de cada dia juntos. Steele acreditava firmemente no mantra viver e morrer pela equipe. Era algo que ele havia batido em cada um dos membros de sua equipe e uma filosofia que tentou impor à nova equipe também. Pela aparência deles, ele foi, pelo menos parcialmente, bem-sucedido.

Dando um aceno de satisfação para Sam Kelly, que também estava de olho no novo time, Steele relaxou e encostou-se à parede, enquanto esperava pelo início da reunião. Ele já estava planejando a fuga para sua casa, onde poderia desfrutar de paz e solidão.

Pensamentos sobre Maren o invadiram novamente, e seus lábios se apertaram. Então, talvez ter sexo com ela não fora a melhor ideia. No fundo de sua mente, sabia que uma vez não seria suficiente, mas ele chegou ao ponto de desespero. Ele não conseguia mais funcionar de tanto pensar nela. Depois que isso se tornou aparente e sua equipe precisou parar para atendimento médico, ele foi consumido com imagens dela. Dele dentro dela. De como ela seria nua. De qual seria o seu gosto.

Deus, ele ainda podia sentir o gosto e o cheiro dela.

Oh, ele poderia ter ido a outro lugar para tratamento médico. Poderia ter ido para os Estados Unidos com sua equipe e deixar que a menina recebesse cuidados em solo americano. Os pais dela provavelmente teriam preferido essa opção a esperar mais um dia antes de verem sua filha sã e salva.

Mas Steele aproveitou a oportunidade para finalmente abordar a atração entre eles. Ele não sabia se era correspondido, mas estava determinado a expor a situação e levá-la para sua cama. Ou melhor, para a cama dela. Foi estupidez pensar que transar com ela uma vez realmente o satisfaria e a tiraria da cabeça. Não pensava em outra coisa desde que rastejou para fora de sua cama quente vários dias atrás. Graças a Deus ela estava a milhares de quilômetros de distância e não era facilmente acessível ou ele provavelmente estaria à sua porta no momento em que saísse dessa maldita reunião.

Ele tinha que ter isso sob controle. Essa obsessão era uma droga! Orgulhava-se de ter um controle de ferro. Ser frio e sereno em qualquer circunstância. Ele certamente não estivera no controle quando finalmente a deixou nua. Ele agiu como um novato ansioso em ação pela primeira vez.

Balançou a cabeça, amaldiçoando sua incapacidade de se concentrar no assunto em questão.

— Steele?

Ele olhou para cima para ver os outros olhando para ele. Sam tinha um olhar peculiar em seu rosto, e foi então que Steele percebeu que a reunião havia começado há muito tempo e Sam estava, evidentemente, à espera de seu relatório.

Porra!

— Você está conosco? — Garrett Kelly perguntou secamente.

Steele conteve o impulso de dizer a ele para se foder e pigarreou ao invés disso.

— Onde estamos? — Ele perguntou calmamente, ignorando os olhares surpresos de sua própria equipe, muito menos os olhares do resto dos membros reunidos da KGI.

Donovan arqueou uma sobrancelha.

— Estávamos esperando pelo seu resumo da missão.

— Não há muito a dizer. Entramos, pegamos a garota e saímos.

— E os cadáveres? — Garrett perguntou incisivamente.

— Danos Colaterais. — Steele respondeu. — Foi inevitável. Garza ficou estúpido. Era ele ou um de nós. Demos-lhe todas as oportunidades para se retirar. Deixamos claro que tudo o que queríamos era a menina. E ele deixou igualmente claro que não dava a mínima para ela. Isso deveria ter sido o fim, mas seu ego sofreu um duro golpe, porque fizemos ele e seus seguranças parecerem amadores. Ele puxou uma arma. Dolphin não teve escolha a não ser atirar.

— E a garota? — Sam perguntou. — Como é que ela acabou com um ferimento de bala?

Os olhos de Steele se estreitaram com a pergunta.

— Ela se jogou na frente de Garza. A bala a atingiu de raspão, mas atingiu Garza.

Dolphin assentiu com a cabeça e começou a falar, mas Steele silenciou-o com um olhar. Steele era o responsável pela missão. Ele era responsável por sua equipe. Ele e somente ele respondia aos Kellys.

Sam suspirou.

— Os pais dela estão felizes com seu retorno seguro, mas estão menos do que entusiasmados com o fato de que a filha foi baleada pelas pessoas encarregadas de sua libertação.

Steele deu de ombros.

— Ela está viva.

Donovan reprimiu uma risada.

— Isso é verdade.

Garrett assentiu com a cabeça.

— Considerando-se a situação, foi muita sorte que ela não conseguiu ser morta. Estou satisfeito com a missão e os resultados.

Steele levantou uma sobrancelha na direção de Garrett.

— Há alguma dúvida?

— Não, — Sam interrompeu — Eu só queria ouvir o seu lado. Os pais dela pediram um relatório completo e eu não iria fornecer um, ou uma explicação de como a filha deles ficou ferida, até que ouvisse diretamente de você. No que se refere a mim, foi missão correta e bem sucedida. Mas eu também queria ser capaz de fornecer aos pais dela, com detalhes em profundidade para que saibam o tipo de homem com o qual sua filha estava envolvida. Talvez ela faça melhores escolhas no futuro, uma vez que perceba que Garza não deu a mínima para ela ou se ela levou um tiro por ele.

Garrett bufou.

— Não é provável.

Sam olhou para Steele novamente.

— Você aceita treinar a equipe três mais algumas semanas? Nossa agenda está limpa pelos próximos dias e eu queria aproveitar. Rio está voltando para Belize para um pouco de descanso.

Lendo nas entrelinhas, Rio estava voltando para a esposa, Grace, e a filha adotiva Elizabeth, e estaria fora da grade por um tempo. O que significava que a responsabilidade do treinamento seria de Steele. Novamente.

— Desde que o resto da minha equipe receba algum descanso, — disse Steele.

As carrancas nos rostos dos seus membros de equipe disseram a Steele que eles não estavam felizes com sua diretiva, mas ele também sabia que eles poderiam tirar proveito de um pouco mais de inatividade. Cole e PJ eram recém-casados e continuavam trabalhando com merda pesada. Ele nunca seria desrespeitoso com PJ ao dizer isso na frente dos outros, mas ela precisava de mais tempo para se concentrar em sua recuperação e sua relação com Cole. Uma equipe feliz e bem ajustada significava uma equipe competente, mais focada, e em sua linha de trabalho, não podiam correr o risco de ferrar as coisas.

O resto da equipe poderia usar o tempo de inatividade também. Eles eram um grupo coeso e Baker, Renshaw e Dolphin foram muito afetados pela merda que dera tão errado com PJ.

Sam assentiu.

— Feito. Folga. A próxima missão será conduzida por Rio e sua equipe, a menos que tenhamos alguma coisa em andamento nas próximas semanas, e então, dependendo de qual seja a situação, Nathan e Joe podem pegar a missão com você ou um de nós, como líder da equipe.

Steele assentiu. Embora Sam, Garrett e Donovan não conduzissem oficialmente nenhuma das equipes, eles tomaram a liderança muitas vezes, muitas vezes levando missões com Steele e sua equipe ou Rio e a dele. Com a adição da nova equipe, era duvidoso que Sam iria enviá-las por conta própria por algum tempo. O que significava que o mais velho dos irmãos Kelly iria dirigir a nova equipe em todas as missões que lhe fossem atribuídas.

— Nós podemos ajudar com o treinamento, — PJ falou, um franzido juntando suas sobrancelhas. — Já tivemos bastante tempo de inatividade.

Cole deslizou um braço ao redor dela, em apoio enquanto olhava na direção de Steele.

— Você não teve nenhum tempo de inatividade, chefe. O resto de nós teve. Nós poderíamos ajudar com o treinamento, enquanto você tira um pouco de descanso.

Steele sacudiu a cabeça.

— Treinamento é um período de inatividade. Você não tem uma escolha nisso. Você está fora do trabalho até que eu diga o contrário.

PJ revirou os olhos, mas havia algo mais lá quando ela olhou para Steele. Gratidão. Lealdade. E as sombras ainda se escondiam em suas profundezas. Steele queria que elas desaparecessem. Levaria um tempo. Isso não aconteceria do dia para a noite. Mas ele se preocupava com PJ Mesmo que entendesse que o que ela mais precisava era de normalidade. Uma rotina. Trabalhar com sua equipe. Esse era o melhor remédio. Mas mesmo o melhor remédio tinha que ser dado com moderação.

— Tirem algumas semanas de folga — disse Steele. — Nós acabamos de voltar de uma missão. Vocês merecem. Eu não quero ver nenhum de vocês até eu chamá-los de novo. Fui claro?

Dolphin sorriu.

— Sim, sua onipotência. Vamos dar o fora daqui e parar de encher seu saco.

— Que ótimo, — murmurou Steele.

— Meu Deus, o homem está fazendo piadas de novo, — disse Renshaw em horror. — Onde este mundo vai parar?

— Se estiverem prontos, eu estou dando o fora. Tenho de apanhar um avião, — Rio disse, falando pela primeira vez. Mas, então, esse era Rio. Silencioso. Reservado. Toda a sua equipe se mantinha quieta e mal-humorada como ele. O resto da KGI muitas vezes brincava dizendo que Rio e sua equipe eram habitantes das cavernas. Mas Steele definitivamente poderia ver os pontos positivos nisso. Todos tinham sua própria versão das cavernas. Steele só passou a estar com sua extensa fazenda de cem hectares não longe do complexo KGI.

Isso compensava ficar perto. Era uma droga ter que voar todas as vezes que iam para uma missão. Foi por isso que ele comprou a área cultivada no Tennessee. Ele poderia ter a sua solidão, mas nunca estar longe da ação. Agora que PJ se casou com Cole, eles viviam na casa de Cole apenas trinta minutos de carro do complexo.

— Envie a Grace e Elizabeth nosso amor — Donovan disse a Rio.

— E Shea quer saber quando você trará Grace para uma visita, — interrompeu Nathan. — Ela está me perseguindo há dias.

Rio sorriu na direção de Nathan.

— Diga a ela que em breve. Eu quero algum tempo com elas antes de compartilhá-las com o resto da família.

Nathan assentiu.

— Vou falar com ela.

Foram interrompidos por um telefone celular tocando. Todo mundo olhou ao redor, mas foi Ethan, quem se levantou para pegar seu telefone. Normalmente, eles deixavam os telefones do lado de fora durante as reuniões e relatório da missão, mas a esposa de Ethan, Rachel, estava esperando gêmeos, e Steele reconheceu o toque como sendo dela.

Ignorando todos os outros ao redor, Ethan pegou o telefone e colocou-o ao ouvido.

— Tudo bem, bebê?

Ele ficou em silêncio e, em seguida, seus olhos se arregalaram.

— Puta merda. Okay, fique calma. Eu indo para aí.

Ethan desligou o telefone e todos olharam para ele com expectativa.

— Era Rachel, — disse ele desnecessariamente. Não era como se o grande homem chamasse qualquer um de bebê. Fascinava Steele como esses grandes homens, durões se dissolviam em massa em torno das mulheres que amavam. Quatro dos irmãos Kelly se casaram. Rio também. Dolphin e Renshaw apostaram em qual seria a próxima vítima e quem cairia de cabeça e se apaixonaria.

Steele deixava-os ter sua diversão contanto que seu maldito nome não estivesse na disputa. Ele não invejava a felicidade dos outros, se era o amor que os deixava felizes. Mas não estava com pressa para tornar-se vulnerável, entregando suas bolas para uma mulher como tantos membros da KGI já fizeram. Não, obrigado.

— Tudo bem? — Garrett perguntou, preocupado.

Ethan respirou fundo e passou a mão trêmula pelo cabelo curto.

— Sim. Não. Inferno, eu não sei. Rachel está em trabalho de parto. Ela acha que é a coisa real.

Sam franziu a testa.

— Eu pensei que a cesariana dela estava marcada para a próxima semana? Eles não vão deixá-la ter um parto normal, certo? Os bebês ainda estão sentados?

— Uh, sim, — Ethan murmurou. — Fale isso para eles. Eu tenho que sair. Ela está em casa e eu preciso levá-la ao hospital.

— É melhor me deixar levá-lo, — disse Donovan, colocando a mão no ombro de seu irmão mais novo. — Você está tremendo como uma folha. Não quero que acabe em uma vala e tenha que fazer o parto!

Ethan empalideceu.

— Uh, sim, talvez seja uma boa ideia.

 

Três horas depois, Steele se viu em pé na sala de espera lotada da maternidade, não só com o resto da família Kelly, mas também com a maioria da equipe KGI. Todos esperando ansiosamente pelas novas chegadas para o Clã Kelly.

Emoção e um ar de expectativa permeavam toda a área de espera. Marlene e Frank Kelly estavam presentes, assim como Rusty, a mais jovem Kelly adotada na família. Ela estava em casa para o verão entre seu ano de caloura e o segundo ano de faculdade e atualmente estava ajudando na loja de ferragens de Frank.

Até mesmo Sean, xerife local e também um membro honorário da família Kelly, estava presente. A tensão era densa. Garrett estava andando para lá e para cá enquanto Sarah estava de pé, com as mãos torcidas na frente do corpo. Sam sentou-se com Sophie, enquanto Donovan distraía e provocava a filha deles, Charlotte. Nathan e sua esposa, Shea, sentaram-se ao lado, enquanto Joe, Swanny, PJ, Cole, Dolphin, Renshaw e Baker estavam sentados no chão contra a parede. Havia pessoas em todos os lugares. Gente demais. Steele estava louco para ir embora, mas ele esperava, assim como os outros, por notícias do nascimento seguro dos gêmeos.

Este era um dia muito esperado por todos os Kellys. Rachel foi a primeira a casar-se na família Kelly. Ela e Ethan viajaram por uma longa e sinuosa estrada de volta um para o outro. Rachel ocupava um lugar especial nos corações de todos eles, e isso se estendia para as equipes também. Todos eles foram para a missão de resgate de Rachel depois que se descobriu que ela estava viva e era mantida prisioneira, após todos, incluindo Ethan, acreditarem por um ano inteiro que ela estava morta.

Mesmo que Steele estivesse desconfortável nesse ambiente, cercado por pessoas felizes e regozijantes que tinham um vínculo inquebrável, ele queria mostrar seu apoio. A KGI era sua família. Ele era leal a eles acima e além de apenas ser pessoas com quem ele trabalhava. E ele queria apoiar Rachel. Uma das mulheres mais fortes e mais amorosas que já conheceu. Ele tinha um respeito muito grande por ela. E correria quaisquer riscos por ela e qualquer Kelly que precisasse de sua ajuda.

— Quanto tempo ainda demorará? — Shea perguntou ansiosamente.

Nathan passou a mão em suas costas e sorriu.

— Não deve demorar muito. Levaram-na há mais de uma hora atrás.

Steele ouvira o suficiente de conversas de Ethan com seus irmãos para saber que ele e Rachel optaram por não descobrir o sexo dos bebês antes do nascimento. Também ouvira o suficiente para saber que estava deixando Marlene insana não saber, porque ela estava morrendo de vontade de ir às compras para seus mais novos netos.

Ele enviou um olhar de soslaio na direção de Rusty. Ela estava de pé ao lado, sozinha, mas, isso não era nada de novo. Ela sempre foi uma solitária. Steele gostava disso sobre ela. Ela não era pegajosa ou carente, embora fosse mais vulnerável do que permitia que os outros pensassem. Ela aperfeiçoou a atitude Eu não preciso de ninguém, mas se suavizou consideravelmente desde que se soltou e aceitou o amor e o apoio dos Kellys, em particular, Frank e Marlene, que a consideravam uma filha.

Ela cresceu e se transformou em uma bela jovem, agora que tinha se livrado das loucas cores neon e da atitude mal-humorada. Embora Steele realmente não pudesse culpá-la. Ela teve alguns golpes duros muito cedo na vida. Ele admirava sua resiliência. Ela era inteligente e extremamente leal aos Kellys. Mas, então, ninguém que ele conhecia era qualquer coisa além de firmemente leal àquela família tão unida.

Rusty olhou para cima, como se tivesse sentido seu olhar. Ela pareceu rapidamente alarmada, e isso não o agradou. Ele poderia não dar a mínima, como regra geral, ao que as pessoas pensavam sobre ele ou qual a impressão que lhes dava, mas não saía por aí assustando adolescentes. Embora ela já não fosse mais uma adolescente.

— Como vai a escola? — Ele perguntou.

Era uma pergunta chata, especialmente por que o semestre terminou semanas atrás. Mas ele não a tinha visto nem tivera a oportunidade de falar com ela. Nunca.

Ela sorriu hesitante, quase como se estivesse testando as águas para ver se ele iria mordê-la.

— Está indo muito bem, — ela disse suavemente.

— O que você está estudando? — Ele perguntou educadamente.

A confusão plissou sua testa e ela inclinou a cabeça para o lado. Não que ele pudesse culpá-la. Ele não era um cara cordial. Ele também não entrava em conversas educadas e casuais. Mas o que diabos então ele deveria fazer de pé em uma sala de espera cercado por pessoas ansiosas e comemorativas, todos à espera de bebês recém-nascidos para fazerem ooh e aah e dizer coisas estúpidas como Oh meu Deus, olha que fofo!

Como se qualquer recém-nascido fosse bonito.

Eles eram enrugados, vermelhos e barulhentos.

Definitivamente não eram bonitos.

— Uh, bem, eu ainda estou decidindo, — ela disse em voz baixa.

Mesmo enquanto falava, ela olhava ao redor, como se estivesse preocupada que seria ouvida e estivesse trazendo à tona um assunto delicado.

— Você tem tempo de sobra. O primeiro ano é mais sobre como conseguir se manter de pé e descobrir a configuração da terra.

Ela piscou surpresa.

–- Isso era o que eu também pensava, mas... — Ela parou e virou o polegar na direção dos irmãos Kelly. — Eles não veem isso exatamente dessa maneira. Eles acham que eu sou uma fracassada, porque eu não sabia o que eu queria estudar antes de sequer ter colocado os pés em uma universidade.

Steele levantou uma sobrancelha para a escolha de palavras dela. Não que ele se sentisse remotamente ofendido por palavrões, nem pensar! Mas os homens Kelly tinham descongelado consideravelmente em seu tratamento e opiniões sobre Rusty. Ele duvidava que eles expressassem essas palavras exatas ou a chamaram de fracassada só porque não tinha declarado qual seria sua especialização universitária ainda. Era mais provável que ela estivesse sensível, muito sensível, sobre o assunto e preocupada que eles a desprezassem por ela não ser mais decisiva.

— Você já filtrou suas escolhas?

Rusty mordeu o lábio e, novamente, lançou um olhar para o lado, mas desta vez seu olhar iluminou-se sobre Sean. Quando ela falou, foi em um tom baixo, como se não quisesse que ninguém ouvisse.

— Estou realmente interessada em justiça criminal, mas Sean acha que é uma ideia terrível e eu não posso imaginar que os caras gostariam disso também. Eles provavelmente ficariam furiosos com o pensamento de eu fazer qualquer coisa remotamente perigosa.

Havia um tom de frustração em sua voz que disse a Steele que ela estava falando sério, mesmo que o jeito que ela disse isso tivesse a intenção de ser irreverente, como se ela não se importasse, ou não estava considerando fortemente uma carreira na aplicação da lei. Ela só não queria ficar abatida e já estava preparando-se para a possibilidade. Ninguém gostava de parecer estúpido, ou se sentir estúpido.

— Não importa o que Sean pensa, — ele disse sem rodeios. — Ou o que os outros Kellys pensam, nesse caso. É a sua vida. Você está interessada em aplicação da lei?

Ela piscou de surpresa e os lábios se entreabriram, formando um pequeno O.

— Você não acha que é estúpido?

Ele deu de ombros.

— Não importa o que eu penso também. Essa é uma escolha que você tem que fazer por si mesma. Ninguém mais pode fazer por você.

Ela mordeu o lábio inferior, um claro sinal de sua frustração. Ela queria, precisava, de orientação. Ela ainda era jovem e impressionável.

— Mas se você está pedindo a minha opinião, eu acho que você faria uma ótima oficial de aplicação da lei. Eu sou da opinião de que você pode ser o que quiser, se você se esforçar e se dedicar.

Seus olhos se arregalaram.

— Sério?

Ele quase sorriu. Isso o surpreendeu, porque pela maneira que Maren reagiu ele percebeu que, obviamente, não sorria muitas vezes, e a última coisa que queria era uma reação exagerada por qualquer pessoa que estivesse olhando para ele e Rusty.

— Sim, muito.

Seus olhos se acenderam e dançaram com alegria.

— Cara, espere até que eu diga isso a Sean. O maior durão do planeta acha que eu daria uma boa policial.

Steele suspirou.

— O que? — Rusty perguntou inocentemente. — Se você acha que eu daria uma boa policial, então quem mais eu preciso convencer? Você seria a venda mais difícil.

Ele balançou a cabeça.

— Eu quase sinto pena dos cidadãos que você jurará proteger.

Sean caminhou até eles, uma carranca franzindo a testa.

— Rusty, você ainda está falando de uma carreira de oficial da lei?

Rusty se calou, os olhos se apagaram e sua postura imediatamente endureceu. Ela passou de relaxada para defensiva em uma fração de segundo.

— Steele acha que eu seria boa nisso, — ela disse calmamente.

A boca de Sean apertou.

— É também extremamente perigoso para você. Escolha uma profissão mais segura. De preferência uma que faça mais dinheiro.

Ela revirou os olhos.

— A KGI faz um bom dinheiro. Eu não vejo nenhum deles morrendo de fome.

— Eles não são oficiais de polícia comuns, — Sean disse pacientemente. — E de nenhuma maneira no inferno você precisa sequer contemplar uma carreira com a KGI. Sam ficaria muito preocupado e Marlene também.

— Você não acha que eu seria competente? — Rusty disse friamente.

— Não estou entrando em uma briga com você, Rusty. Então relaxe. Eu só acho que você está cometendo um erro. Se eu tivesse lhe dado o meu selo de aprovação, você teria escolhido outra coisa. De agora em diante vou apoiar todas as suas ideias ruins para que você desista só para me aborrecer.

Mágoa brilhou nos olhos de Rusty e ela olhou para baixo para esconder sua reação. Steele percebeu, mas ele não imaginava que mais alguém viu ou estava prestando muita atenção como ele.

— Tudo isso não é sobre você, Sean, — ela disse em voz baixa. — O que eu faço com a minha vida não tem nada a ver com você. Eu não faço escolhas com base no que eu acho que você vai gostar ou não. Você se dá muito crédito. Eu vou escolher o que me faz feliz e vou escolher um emprego do qual eu possa me orgulhar. Vou deixar Marlene e Frank orgulhosos. O resto de vocês já teria me dispensado há muito tempo, mas não o fizeram. Eles são as únicas pessoas com as quais eu dou a mínima. A deles é a única opinião que importa para mim.

Ela virou-se rapidamente e foi embora. Na porta, ela sorriu sem convencer Marlene e disse que estava indo ao banheiro.

— Bem, inferno, — Sean murmurou.

— Deixe-a, — Steele disse sem rodeios. — Ela é uma boa garota. Tem a cabeça no lugar.

A raiva brilhou nos olhos de Sean.

— Eu sei disso. Mas vamos lá. Uma policial? Você quer que sua esposa, irmã ou prima trabalhe na aplicação da lei? Especialmente alguém tão emocionalmente frágil como Rusty é?

— Você não lhe dá crédito suficiente, — disse Steele. — Ela pode muito bem surpreendê-lo se você lhe der a oportunidade.

Os lábios de Sean apertaram e ele olhou na direção em que Rusty foi.

— Ela pensa que estou pegando no pé dela. E talvez no começo eu estivesse. Mas não estou mais. Ela só vê o modo como as coisas eram quando ela apareceu pela primeira vez na vida de Frank e Marlene. Você diz que eu não lhe dou crédito suficiente, mas ela não me dá o mesmo crédito. Ela está muito ocupada lutando contra o ressentimento para ver que existem pessoas que realmente se preocupam com ela e não querem vê-la ferida ou morta devido a escolha de profissões.

Steele assentiu.

— Isso pode ser verdade. Mas se é o que ela realmente quer fazer...

— Talvez ela mude de ideia, — Sean murmurou.

— Isso tudo é porque ela é mulher? — Steele perguntou curiosamente. — Eu imagino que PJ e Skylar teriam algumas palavras bem escolhidas para você, se esse for o caso.

Sean fez uma careta.

— Não tem nada a ver com o sexo. Tem a ver com ela. Ela passou por momentos difíceis. Ela teve uma vida difícil antes de Marlene e Frank entrarem em cena. Eu não a vejo prosperando em um trabalho que só vai lembrá-la diariamente de onde ela veio.

Steele não deixou sua surpresa aparecer, mas ele estava começando a ter uma visão mais clara da situação. Sean se importava com ela e queria protegê-la. Embrulhá-la em uma bolha e protegê-la da vida quotidiana. Se apenas fosse tão fácil.

A sala inteira ficou em silêncio quando Ethan irrompeu pela porta, um sorriso amplo estampado no rosto.

— Meninos! Meninos gêmeos saudáveis!

A sala irrompeu em assobios, aplausos, risos e alguns soluços.

— Netos, — Frank disse, maravilhado quando abraçou Marlene apertada junta a ele. — Eu não acredito! Gêmeos. Assim como Nathan e Joe.

Joe sorriu do outro lado da sala.

— Espero que eles sejam mais bonitos do que eu e Nathan!

— Em seu pior dia eles ainda seriam mais bonitos que vocês — Garrett murmurou.

Nathan mostrou o dedo médio em um gesto obsceno para Garrett, o que suscitou uma repreensão de Mamãe Kelly.

— Vocês têm que vê-los! — Ethan exclamou. — Eles estão sendo limpos no berçário agora.

A sala de espera esvaziou quando todos eles subiram pelo corredor até o berçário. Steele foi arrastado junto com os outros em meio a um coro de conversa animada, tapinhas nas costas e abraços. Era uma tradicional festa animada. Ele nunca viu tantos sorrisos e felicidade em um só lugar. Não desde...

Ele fechou a porta das memórias antigas, forçou sua mente a ficar em branco e o escudo de gelo a descer. Quando se sentiu no controle, respirou fundo e se permitiu ser impelido em direção à janela do berçário.

— Oh meu Deus, olha como eles são lindos! — Shea exclamou.

— Tão fofinhos! — Sarah jorrou.

— Eu quero ver, — Charlotte disse melancolicamente de sua posição no chão, a cabeça quase raspando o joelho do pai.

Sam estendeu a mão e impulsionou-a em seus braços. Ela se agarrou a seu pescoço e, em seguida, gritou de emoção quando colocou os olhos sobre os dois pacotes que as enfermeiras sorridentes estavam segurando para que todos vissem.

— Eu quero bebês, — Charlotte anunciou, batendo palmas.

Sam riu.

— É melhor falar com sua mãe sobre isso, pequenina. Eu acho que você poderia usar uma irmãzinha para bancar a Manda-Chuva.

— Oh Sam, realmente — Sophie disse exasperada. — Ela vai nunca me deixar em paz agora!

Sam sorriu e se inclinou para beijar a esposa.

— Então eu acho que você deveria nos dar o que nós tanto desejamos. Outro bebê!

— Devemos ir agora, Nathan, — murmurou Shea. — É contagiante!

Todo mundo caiu na gargalhada.

— Todos vocês poderão entrar no quarto de Rachel, logo que ela estiver fora de recuperação, — Ethan anunciou. — Eles trazem os bebês para o quarto assim que terminam de limpá-los.

Steele abriu a boca para dar suas desculpas e dar o fora de lá, mas o barulho da conversa, exclamações excitadas sobre os bebês e parabéns e tapinhas nas costas abafaram tudo o que ele teria dito.

Duas horas depois, encontrou-se estufado no quarto de Rachel com o resto da KGI e membros das equipes variadas, e percebeu que ainda não tinha comido. Estava faminto, estava surdo por toda a vibração e sua cabeça estava prestes a explodir.

Rachel estava brilhando de felicidade, com os olhos cintilando de alegria, o rosto corado e rosado. Nada mau para uma mulher que acabou de ter a barriga cortada e as entranhas puxadas para fora e colocadas novamente.

Ele entrou em pânico — e ele não entrava em pânico, nunca! — Quando um dos bebês foi de repente empurrado em seus braços. Ele ficou rígido, com medo de que se sequer respirasse, ele o quebraria. Ou o deixaria cair. Ou o bebê fizesse xixi ou coco...

Ele preferia lidar com uma granada a ter essa quente se contorcendo... Realmente linda pequenina pessoa...

Ele estudou as pequenas feições e observou fascinado quando o bebê piscou e olhou para ele, quase como se estivesse perfeitamente consciente de seu entorno.

— Puta merda, alguém tem uma câmera? Me dê um maldito telefone. Não podemos perder isso. Esta será a foto de um milhão, pessoal — Dolphin piou. — O Chefe com um bebê nos braços. Vou colocá-la no meu protetor de tela.

Steele ficou quase cego quando uma multidão de flashes explodiu na sala.

— Desse jeito vou deixar a criança cair, — ele murmurou.

— Você está bem com o bebê em seus braços, — PJ disse maliciosamente.

— Sim, você está natural — Cole opinou.

Ele enviou a todos um olhar sombrio e repressor. Quando olhou para onde Sam, Garrett e Donovan estavam de pé ao lado da cama de Rachel, todos estavam lutando contra sorrisos e sufocando o riso. Bastardos. Todos eles.

— Como diabos eu acabei com o garoto no colo? — Steele perguntou. — Ele está sendo passado ao redor como uma maldita lembrancinha de festa. Vocês não precisam se preocupar com germes ou infecções?

Ethan sorriu e habilmente pegou o pacote dos braços de Steele. Ele sentiu-se estranhamente vazio, desprovido do quente e fofinho bebê. Olhou para suas mãos vazias por um longo momento e, em seguida, olhou para onde Ethan estava entregando, suavemente, os dois bebês a Rachel.

Ele ficou impressionado com a imagem que ela apresentou. Nunca viu uma mulher mais feliz. E esta era uma mulher que merecia felicidade acima de todas as outras. Ela esteve no inferno e voltou, e não só tinha sobrevivido, mas chutou o rabo do diabo no processo.

— Você se superou querida — disse Steele para Rachel.

Ele recebeu várias expressões de surpresa. Um, ele nunca usou palavras carinhosas. Ele não era um cara carinhoso e afetuoso. Dois, ele não costumava oferecer conversa espontânea. Mas nunca iria esquecer Rachel do jeito que ela estivera, magra, amedrontada até a loucura. Suja, roupas esfarrapadas, apontando uma arma para ele e, em seguida, para Sam, porque ela não tinha ideia de quem diabos eles eram. E ele nunca esqueceria as garantias que ele deu a ela naquela época, de que ele nunca permitiria que aqueles bastardos a levassem de volta e que ele se certificaria de que ela e Ethan voltariam para casa, o lugar onde pertenciam. Foi uma promessa que ele cumpriu.

O sorriso de Rachel iluminou toda a sala quando ela sorriu para Steele.

— Obrigada, Steele, — ela disse docemente.

Ele deu um passo para frente e as pessoas se moveram para a esquerda e para a direita para limpar o caminho em direção à cama. Ele se inclinou e beijou-lhe a testa e, em seguida, tocou suavemente cada um dos cobertores que cercavam a cabeça dos bebês.

— Seus filhos são lindos, — disse ele.

Ethan e Rachel sorriram.

— Eu estou indo embora e deixarei vocês descansar. Você teve um dia duro, mamãezinha. Melhor dormir agora, porque quando você voltar para casa, não poderá enviá-los de volta para o berçário.

Rachel riu.

— Não me lembre! E obrigada, Steele. Fico feliz que você esteve aqui.

— Eu estou feliz por ter estado, — disse ele em voz baixa.

E ele estava. Hoje foi um dia especial na família Kelly. Não apenas a família imediata, mas também a família alargada, que incluía todos os membros KGI.

Todos eles tiveram uma mão na missão que levou Rachel de volta para casa, onde ela pertencia. Era apenas justo que todos estivessem presentes quando Rachel saísse das sombras e fosse totalmente para o sol. A família inteira estava reunida e feliz, se alegrando com a adição de dois novos Kellys no pacote.

Sim, foi um bom dia. O final perfeito, e de muitas maneiras, o início de um capítulo na vida de Ethan e Rachel.

Ele deu um passo para trás, tomando uma decisão súbita, uma que estava importunando-o por alguns dias. Ele jurou que teria uma única noite com Maren e nunca olharia para trás. Mas ele queria vê-la novamente. Ela estava se tornando uma obsessão e ele não tinha obsessões. A única coisa com a qual ele já foi obcecado era seu trabalho.

Mas agora ele estava sobrecarregado com o desejo de vê-la novamente. Queria tocá-la, senti-la contra a sua pele, inalar o cheiro dela e perder-se em seus braços mais uma noite.

Quando ele passou por Sam, fez sinal para ele segui-lo para o corredor. Sam saiu, com a testa franzida.

— O que aconteceu? — Sam perguntou.

— Eu estou caindo fora. Sei que eu disse que estaria disponível para o treinamento, mas isso vai ter que esperar. Se você precisar de mim, me telefone. Eu não vou estar em casa.

Sam lançou-lhe um olhar curioso, mas não se intrometeu. Não que Steele teria oferecido qualquer informação adicional.

— As coisas estão tranquilas, mas raramente temos um aviso prévio de problemas. Entrarei em contato se eu precisar de você. Você vai informar sua equipe que estará inacessível ou eu aviso?

Steele sacudiu a cabeça.

— Vou falar com eles. Ligarei mais tarde.

— Quer usar o jato Kelly? — Sam ofereceu.

Steele não mordeu a isca. Sam tinha adivinhado que ele estava viajando para fora, mas ele não estava disposto a usar o jato da KGI e deixar registrado que ele estava voando para a Costa Rica. Ele pegaria seu próprio maldito voo.

 

Maren aplicou um torniquete em seu próprio braço e fez um punho quando alinhou a agulha borboleta para inserir em sua veia. Era difícil se concentrar em extrair o próprio sangue quando a razão para fazer isso pesava tão fortemente em sua mente.

Ela provavelmente estava sendo boba. Eles utilizaram preservativo, afinal. Mas seu período era regular como o dia. Nunca adiantava. Nunca atrasava. E ela estava com três dias de atraso.

Sem mencionar seu mal-estar no período da manhã, e os seios estavam sensíveis ao toque. Era, provavelmente, coisa de sua cabeça. Uma parte dela se perguntava se inconscientemente queria estar grávida e seu corpo estava apenas brincando com essa esperança. Mente sobre a matéria.

Mas a gravidez seria uma complicação para a qual ela estava mal preparada. Sem falar que duvidava que Steele aceitasse bem a notícia de que ele deveria se preparar para uma paternidade iminente. De jeito nenhum ela falaria alguma coisa com ele, até que soubesse com certeza de uma forma ou de outra. A última coisa que queria era fazer com que ele se preocupasse com uma possibilidade e, em seguida, descobrir que tudo foi um alarme falso. Ele nunca chegaria perto dela novamente, e quem poderia culpá-lo? Nada como uma suspeita de gravidez para evitar qualquer intimidade futura.

Não que ela imaginasse que ele estaria se alinhando para uma repetição daquela primeira noite. Ele deixou bem claro que era um negócio de uma única vez e que ele a queria fora de sua cabeça. Ela ainda não tinha certeza de como se sentia sobre isso. Mas era duvidoso que o veria intimamente novamente. Embora ele dissesse que as coisas seriam como sempre foram, e não era como se os dois conversassem como tagarelas todas as outras vezes que entraram em contato, mas não havia nenhuma maneira de que ela seria capaz de olhá-lo nos olhos e fingir que não sabia como ele era nu. E ela não queria esquecer como ele era nu. Essa era uma memória que levaria para a sua sepultura.

Com um suspiro, embalou o exame de sangue, afixou o nome de um paciente fictício, apesar de que era bobagem já que ela e qualquer rato de laboratório que analisasse o exame seriam as únicas pessoas que veriam o nome, e o colocou no saco com os outros exames de seus pacientes.

Enviaria seu exame de sangue com os outros que recolheu para sua própria paz de espírito. Uma vez que o pensamento de gravidez entrou em sua mente, ele governou toda a sua existência e ela foi incapaz de pensar em qualquer outra coisa.

Afastou-se de sua mesa e, em seguida, olhou para fora da janela para ver o mensageiro que pegava os exames de laboratório se dirigir até a clínica. Timing perfeito. Sem tempo para bancar a covarde e retirar seu exame. Agarrou a bolsa isolante, fechou-a e correu em direção à entrada.

O motorista a encontrou na porta com um sorriso amigável. Ele recolheu a bolsa de Maren e, em seguida, correu de volta para a van com um aceno. Seu pulso acelerou e ela teve que conter a vontade de gritar para ele voltar. Mordeu os lábios e se obrigou a permanecer imóvel até que o veículo estivesse fora de vista.

Com um suspiro, ela voltou e entrou na clínica para trancá-la. Sua carga de atendimento fora leve hoje e o último paciente deixou a clínica uma hora antes, deixando Maren terminar os exames laboratoriais e extrair o próprio sangue.

Depois de desligar todas as luzes, ela saiu e trancou a porta. Andou lentamente para o chalé, o sol da tarde quente em sua pele. Apalpou a barriga, imaginando se nesse momento havia uma pequena vida se formando dentro dela. Em seguida, recriminou-se por pensar tanto nisso.

Se não estivesse grávida, ficaria aliviada ou desapontada?

Não era uma pergunta para a qual ela tinha a resposta. Havia uma pequena parte dela que era favorável à ideia de um bebê, não importa o quanto estivesse mal preparada para ter um filho. E uma parte muito maior que entrava em pânico só de pensar.

Mas não havia absolutamente nada que pudesse fazer sobre isso agora, exceto aguardar os resultados do exame de sangue. E isso a tornava incapaz de brincar o jogo do E se...? Isso só iria deixa-la louca.

Estava quente no chalé, de modo que ela abriu as janelas para permitir que a brisa entrasse e circulasse mais ar. Ela não tinha nenhuma vontade de cozinhar e por isso vasculhou os armários a procura de algo rápido e fácil.

Colocou uma chaleira de água para ferver para fazer a habitual xícara de chá depois de um dia de trabalho, escolheu um saquinho de chá e o colocou em sua caneca favorita com a qual um dos moradores a presenteou. Era pintada à mão, um belo arranjo de cores, vivas, em tons terrosos avermelhados. Ela a acalmava e consolava, e ela definitivamente precisava acalmar-se hoje.

Decidindo sobre um sanduíche com queijo feito pelos moradores e um molho caseiro de ervas que ela comprou de um vendedor de rua local, sentou-se em sua pequena mesa e olhou através da janela panorâmica, aproveitando a brisa no rosto.

Saboreou cada gole de chá e decidiu que tomaria outro e talvez lesse um pouco como recompensa por um dia mais curto. Não eram muitas as vezes que terminava com os pacientes antes do anoitecer. E mesmo quando fechava a clínica e ia para casa, frequentemente era visitada em sua casa depois de horas por pessoas que necessitavam de cuidados médicos.

Ela preferia não fazer atendimentos em casa, porque gostava de ter a certeza de onde estava se metendo, mas fizera dois partos em casa quando o trabalho de parto progredira muito rapidamente para as mulheres para dar tempo de levá-las ao hospital.

Depois de terminar a primeira xícara de chá, colocou a chaleira no fogão e desligou-o, decidindo tomar banho e vestir roupas confortáveis antes de ceder a sua segunda xícara de chá e um bom livro.

Vinte minutos depois, voltou para a cozinha, com o cabelo ainda úmido penteado, pendendo sobre os ombros. Estava derramando a água fervente na caneca, quando ouviu uma batida na porta.

Ela suspirou, porque sabia que fora uma tola por pensar como foi bom ter tido um dia que terminou mais cedo. Nada como receber uma chamada em casa, quando se estava fazendo planos para uma noite calma e relaxante.

Colocando a xícara de lado, ela foi até a porta e abriu-a uma polegada. O anoitecer havia caído, mas não teve problema em reconhecer o homem de pé em sua porta, com a expressão indecifrável. Seus olhos se arregalaram enquanto ela continuava a olhar em silêncio para ele.

— Não vai me convidar a entrar? — Steele perguntou rispidamente.

Por um momento ela ficou ali, incapaz de fazer a boca funcionar, e seu corpo se recusava a atender as ordens de seu cérebro para recuar e deixá-lo entrar.

— Steele, — ela disse fracamente.

— Que bom que você se lembra de mim, — disse ele secamente.

— O que você está fazendo aqui?

— Eu vim ver você, — ele disse laconicamente. Então, ele olhou diretamente para a maçaneta da porta que ela ainda segurava. Ela rapidamente se afastou, abrindo mais a porta enquanto fazia um gesto para que ele entrasse.

Ele caminhou para dentro como se pertencesse ao lugar e ficou na sala de estar, virando-se para encará-la quando ela fechou a porta e voltou sua atenção para ele.

Eles se olharam em silêncio, ele estudando-a tanto quanto ela o estudava. Sua língua estava amarrada. Ela não conseguia pensar em uma única coisa a dizer. Ele era a última pessoa que teria esperado que aparecesse.

Em seguida, ocorreu-lhe que as únicas vezes que o via eram quando um dos membros da equipe precisava de cuidados médicos.

— Tem alguma coisa errada? Alguém está ferido? Devo ir para a clínica?

Steele balançou a cabeça lentamente.

— Eu vim sozinho.

A testa dela franziu.

— Por quê?

Ele passou a mão pelo cabelo e rapidamente desviou o olhar. Toda a sua postura sinalizava que estava pouco à vontade. Ele não respondeu imediatamente e isso a deixou perplexa. Ele era contundente e direto. Nunca media as palavras. E ainda assim ele parecia estar tendo dificuldade em articular os pensamentos.

— Era para eu tirar você da minha cabeça. Uma noite. Precisava de você fora da minha pele, — ele finalmente falou.

Os olhos dela se estreitaram.

— Sim? E como é que isto está funcionando para você?

— Não muito bem, — ele murmurou.

Então, para sua surpresa, ele diminuiu a distância entre eles e puxou-a rudemente para seus braços. Ele inclinou a cabeça e apertou seus lábios contra os dela, devorando sua boca em um beijo quente, ofegante e de enrolar os dedos dos pés.

Ela suspirou em sua boca e derreteu contra ele, seu corpo se tornando líquido. Desejo reuniu em sua barriga e ela reagiu instantaneamente, envolvendo os braços ao redor de seu pescoço quando ele aprofundou o beijo.

— Não pensei em mais nada desde aquela noite, — ele murmurou. — Tive que voltar. Você ainda está sob minha pele, Maren. Não consegui me livrar de você. Eu penso em você. Eu sonho com você. Aquela noite só fez piorar.

Ela arqueou uma sobrancelha quando olhou para ele.

— E você acha que outra noite vai ajudar?

— Eu não sei, mas o que sei é que vou morrer se eu não a tiver novamente. Faça amor comigo, Maren. Passe mais uma noite comigo.

Embora, tecnicamente, fosse um pedido, não saiu como um. Foi mais um comando, e foi expresso em uma forma que sugeria que ele não precisava ou queria uma resposta real.

Ela era uma idiota por fazer isso. Especialmente à luz do que suspeitava. Mas como poderia lançar um amortecedor sobre a coisa toda, dizendo que poderia estar grávida, ou que suspeitava que pudesse estar?

Havia uma urgência em todos os movimentos dele. A maneira como a beijou. A maneira como ele expressou seu — pedido — A maneira como olhou para ela, aqueles olhos azuis intensos perfurando-a e aquecendo-a de dentro para fora. Ela não podia dizer-lhe não, mais do que poderia desistir de respirar. Ele não era o único que não pensava em outra coisa desde aquela noite, e deu-lhe imensa satisfação que ele estava aqui, quando ele jurou que teriam apenas uma noite.

— Você me quer, Maren? Você está doendo de desejo como eu? Você pensou naquela noite?

— Oh, sim, — ela suspirou. — Eu pensei em você todas as noites quando fui para a cama sozinha e queria que você estivesse lá.

— Graças a Deus, — ele murmurou.

Então, ele puxou-a de volta em seus braços e cobriu sua boca com avidez, como se estivesse morrendo de fome por ela. A língua, quente e urgente, deslizou em sua boca, entre os lábios, saboreando-a e provocando-a.

— Quarto, — disse ele entre beijos.

— Lidere o caminho, — ela sussurrou de volta.

Ele pegou-a em seus braços — e oh cara, ela adorava quando ele a carregava por aí como se ela não pesasse nada — e levou-a para o quarto, assim como fizera na primeira noite. Desta vez, ele não foi tão gentil. Caiu com ela em cima da cama, descendo em cima dela quando ela desembarcou com um salto suave.

Seu corpo pressionou duro e urgente contra o dela, a boca nunca deixando seus lábios. Enquanto a beijava, tirou a roupa dela, puxou a dele, de alguma forma conseguindo deixar ambos quase nus enquanto ainda devorava cada centímetro de sua boca.

Ele se afastou o suficiente para arrancar a camisa por cima da cabeça e puxou a dela com impaciência. Seus olhos brilharam de satisfação quando descobriu que ela não estava usando sutiã por baixo da camiseta.

— Trouxe muito mais preservativos desta vez, — disse ele em um ronco baixo. — Planejo usar cada um deles.

Ela mordeu o lábio para não deixar escapar que os preservativos não foram terrivelmente eficazes na primeira vez. Ela não iria estragar o momento, nem seria idiota e brincaria com fogo por não deixá-lo usar preservativo. Se ela já não estivesse grávida, não usar o preservativo era o caminho mais rápido para acabar grávida, depois de tudo.

— Quantas? — Ela sussurrou.

— Muitas, — ele murmurou.

— Eu gosto de um cara que vem preparado.

Ele sorriu para ela, a urgência derretendo enquanto seus olhos se iluminavam.

— Eu pretendo ser muito criativo, essa noite. Estou em meu período de “descanso e relaxamento” e pretendo fazer muito bom uso dele.

O pulso dela acelerou. Ele parecia que planejava ficar com ela por um tempo. Isso era uma mudança de cento e oitenta graus desde a última vez que transaram, quando ele não conseguiu sair pela porta, rápido o suficiente depois de uma noite de sexo quente.

Ele franziu a testa enquanto olhava para ela.

— Isso está bem para você?

Ela estendeu a mão para suavizar as linhas em sua testa.

— Eu acho que é uma boa forma de passar o seu tempo livre. Eu vou fazer o meu melhor para ter certeza de que você obtenha pelo menos o relaxamento. Não posso prometer o quanto de descanso você vai ter, mas acho que vamos ter a parte do relaxamento atendida.

— Gosto da maneira que você pensa.

— Nós estamos nus, e você está perdendo tempo, — ela apontou.

Ele pegou uma camisinha e habilmente enrolou-a antes de posicionar-se entre as coxas dela.

— Vai ser rápido desta vez. Eu quero tanto estar dentro de você que estou prestes a explodir. Mas eu vou te dar prazer, Maren. Eu prometo, antes que a noite acabe eu vou fazer você gozar muitas e muitas vezes.

— Mmmm, eu gosto da parte do muitas e muitas vezes. E você tem uma boca muito talentosa.

— Eu gosto do seu sabor.

A voz dele enviou um arrepio sobre seu corpo. Ela estremeceu em antecipação, no limite, esperando que ele a penetrasse.

Não, eles não tiveram preliminares, mas ela estava tão pronta que seria um milagre se não começasse a gozar no momento em que ele entrasse dentro dela. As preliminares poderiam vir mais tarde. Agora ela só o queria tão profundamente dentro dela, quanto ele poderia ir, e queria rápido e duro.

— Eu quero você, — ela sussurrou. — Duro, Steele. Rápido e duro.

— Oh inferno, sim, — ele suspirou.

Ele empurrou dentro dela com um impulso forte. Ela arqueou as costas e fechou os olhos, enquanto um grito de prazer rasgava de sua garganta. Ele parou dentro dela e quando ela reabriu os olhos, ele estava olhando para ela, o olhar brilhante, a mandíbula apertada.

— Dê-me um segundo, — ele grunhiu. — Deus, você é tão gostosa. Eu nunca poderei ter o suficiente. Eu te toco e já estou pronto para gozar.

— Então goze, — ela murmurou. — Nós temos a noite toda. Você mencionou Descanso e Relaxamento, certo? Isso significa que temos todo o tempo do mundo. Tenho certeza de que conseguirei mantê-lo corretamente motivado depois de gozar neste momento.

Ele sorriu novamente e beijou-a demoradamente.

— Aposto que você pode me motivar. Tudo que você tem a fazer é olhar para mim e eu fico duro.

— Então vamos — disse ela com urgência. — Eu preciso de você, Steele. Estou quase gozando com você. Faça acontecer para nós dois.

Ele retirou-se e caiu para frente, balançando os quadris contra os dela. Ele fechou os olhos, com uma expressão de satisfação total. Todo o seu corpo se esticou, seus músculos enrolando e inchando no peito e braços.

Ele balançou contra ela, retirando-se e, em seguida, mergulhando profundamente, moldando o corpo ao dela, pressionando-a com força contra o colchão.

Ele a cobriu, seu calor corando a pele já quente. Ela respirou fundo, saboreando o cheiro dele, e então pegou sua boca, envolvendo os braços em volta do pescoço para ancorá-lo firmemente contra seus lábios.

— Goze também, — ele grunhiu. — Estou quase gozando. Diga-me o que você precisa, Maren. Quero você comigo.

Ela colocou uma mão entre eles e ele levantou seus quadris apenas o suficiente para que ela pudesse deslizar os dedos sobre o clitóris. Ela acariciou e encontrou seu ponto ideal, girando enquanto ele continuava a empurrar para dentro dela.

Seu orgasmo subiu, rápido e de tirar o fôlego. Ele estava empurrando mais rápido e com mais força, lutando contra os quadris dela, prendendo a mão entre eles.

Em seguida, ele baixou a testa na dela, para que seus narizes se tocassem e seus lábios pairassem a distância de um fôlego.

— Você me desfaz, — ele sussurrou.

Essas palavras simples a mandaram voando diretamente ao longo da borda. Seu orgasmo brilhou e, em seguida, veio em onda após onda, o prazer correndo por suas veias como uma droga potente. Ela arqueou para ele, esforçando-se para chegar mais perto. E então gritou seu nome antes que ele reivindicasse seus lábios novamente, sugando a respiração em sua boca.

Seus quadris colidiam contra os dela, o corpo dirigindo-se incansavelmente no dela. Ela engoliu o grito rouco dele quando sua liberação caía sobre ele. E então, finalmente, ele desceu sobre ela, seu peso pressionando-a na cama.

Ela puxou sua mão e envolveu os braços ao redor dele, acariciando acima e abaixo em suas costas enquanto ele estremecia com o final de seu orgasmo.

Ele enterrou o rosto em seu pescoço e ela podia sentir a respiração quente contra a pele.

— Tão linda, — ele murmurou, logo abaixo de sua orelha. — Não sei como vou conseguir me afastar de você.

Ela ficou em silêncio, um pouco de sua euforia evaporando. Não, ela não estava esperando nada permanente ou alguma coisa maluca como compromisso dele. Mas também não esperava que ele falasse em se afastar quando ainda estava enterrado dentro dela, o corpo completamente cobrindo o seu.

— Então não vá, — ela sussurrou.

Ele deu um beijo em seu pescoço e, em seguida, rolou para o lado, escorregando livre de seu corpo. Quando se levantou para descartar o preservativo, ela se abaixou, à procura de qualquer sinal de umidade ou de provas de que o preservativo tinha se rasgado. Mas não sentia nada, exceto sua própria umidade.

Talvez o outro fosse um acaso. Talvez ele não rasgou e talvez ela não estivesse grávida. Não saberia ao certo até que os resultados voltassem. E se ele planejava ficar um tempo, era provável que ainda estaria aqui quando ela recebesse os resultados. Então, se estivesse realmente grávida, contaria a ele cara a cara. Certamente não era uma notícia que ela queria dar por telefone ou por mensagem repassada a ele por Sam, Garrett ou Donovan.

Ciente de que se ele estivesse por aí, ele estaria lá quando ela recebesse os resultados de volta, empurrou o assunto para fora de sua mente e preferiu se concentrar no lindo espécime masculino rastejando de volta para a cama com um novo preservativo na mão.

Sim, ela gostava de um homem que vinha preparado, e se deliciaria usando cada um daqueles malditos preservativos.

 

Maren acordou do nevoeiro sonhador que a cercava. Estava totalmente satisfeita, o corpo deliciosamente dolorido. Partes dela ainda latejavam e se espreguiçou experimentalmente apenas para colidir com uma dura forma masculina.

Ela virou a cabeça, vendo instantaneamente um peito musculoso. Ela estava deitada de costas e Steele estava de lado de frente para ela, a perna e o braço jogados possessivamente sobre seu corpo. Ela soltou um suspiro e os olhos dele se abriram. Ele olhou para ela preguiçosamente, não fazendo nenhum esforço para tirar a perna e o braço de cima dela.

— Bom dia, — ele murmurou.

— Que horas são? — ela sussurrou.

— Ah, seis horas.

Ela gemeu.

A sobrancelha dele subiu.

— Tudo bem?

Ela fez uma careta.

— Não. Eu tenho que levantar e tomar banho. Meus pacientes começam a aparecer na clínica em torno das sete horas. Às vezes antes. Eles chegam primeiro, fazem uma fila e esperam que eu chegue para abrir a clínica.

— Quer ajuda?

Ela piscou, sem saber o que dizer. Não estava inteiramente certa do que ele planejava fazer enquanto ela estivesse trabalhando ou se ele planejava ficar. Eles não discutiram o assunto, além do fato de ele dizer que estava tirando algum tempo de descanso. Isso poderia significar qualquer coisa. Talvez ela fosse apenas uma parada em seu caminho para outro lugar.

— Uh, claro, se você quiser vir à clínica, eu adoraria sua companhia.

— Você pula no chuveiro primeiro. Vou lavar-me depois de você. Não temos tempo para o café? Vou ver o que posso arranjar enquanto você toma banho.

Okay, esse não era Steele. Aliens desceram e assumiram seu corpo. Ou talvez ele tivesse sido clonado. Mas este definitivamente não era o Steele que ela conhecia. Ele parecia positivamente doméstico.

— O que esse olhar significa? — Ele perguntou.

— Você tem que me dar algum tempo para processar isso, Steele. Quer dizer, a primeira noite foi inesperada o suficiente, e você não fez mistério sobre o fato de que era um negócio de uma única vez, você não iria me ligar e estava tentando me tirar de sua cabeça. A próxima coisa que eu sei, você está de volta, transamos loucamente como macacos durante toda a noite e, em seguida, você quer vir comigo para a clínica depois de fazer o meu café da manhã. Você está entendendo por que eu estou um pouco confusa aqui?

O canto de sua boca se curvou para cima.

— Sexo quente como macacos? É assim que você chama isso?

Ela revirou os olhos.

— Sabia que você ignoraria tudo na minha declaração, exceto a parte do sexo.

— É o ponto mais importante, — disse ele com ar satisfeito.

Ela olhou malignamente para ele, esperando que ele explicasse.

Ele deu um suspiro exagerado.

— Se você quer uma explicação, eu não posso te dar porque não tenho ideia do que diabos está acontecendo também. Eu não conseguia parar de pensar em você. Já era ruim o suficiente, antes que realmente tivéssemos relações sexuais, mas depois? Eu não pensei em mais nada, exceto você, e isso está fodendo com o meu foco. Então agora estou aqui, e estou gostando de estar aqui pra caramba, e gostaria de ir com você para a clínica porque eu vim te ver, e se você estiver lá e eu estiver aqui, eu não vou vê-la. E se eu ajudá-la, talvez você termine mais rápido e poderemos voltar e fazer esse sexo quente como macacos que você está falando.

— Bem, tudo bem então. Acho que isso aproximadamente abrange tudo. Você vai fazer o café da manhã. Eu vou para o chuveiro e depois vamos para o trabalho.

Ele se inclinou e beijou-a exaustivamente.

— É um plano então.

 

Ter Steele na clínica tornou o dia interessante. Sem mencionar que ele foi fantástico com seus pacientes. Ela passou a maior parte da manhã boquiaberta com o quanto ele era bom com as crianças. E com as mulheres também. No início, eles ficaram intimidados por ele, mas rapidamente se aqueceram com sua personalidade rude e todas as crianças clamavam por sua atenção.

Era difícil não imaginá-lo com seu próprio filho. A criança com a qual ela poderia muito bem estar grávida. Ela surpreendeu-se divagando várias vezes e, em seguida, empurrando-se para voltar ao paciente que estava tratando.

Ver Steele em uma atividade não profissional quando ele não estava sendo o Steele líder de equipe, mas sim o Steele comum, não tão super-humano e durão era... Revelador. Não que ele fosse desprovido de alguma coisa, mas ela estava acostumada ao seu exterior severo e vê-lo trancado por trás de sua armadura de guerreiro. O Steele que ela viu, não uma, mas duas vezes agora estava desafiando toda noção preconcebida que ela já tinha formado a respeito dele.

Ele era acessível. Repentinamente, muito humano e não a máquina que os outros membros da KGI o chamavam brincando.

Ela foi atraída pelo Steele fodão, mas o Steele, com o qual ela estivera tratando nas duas últimas vezes que eles estão juntos? Absolutamente irresistível.

Ela estava em profundos apuros. Além de quaisquer preocupações de gravidez, ela estava rapidamente caindo sob seu feitiço, e isso era a coisa mais estúpida que poderia fazer. Ele não era material de relacionamento. Inferno, ele foi brutalmente honesto sobre não gostar do fato de que ela estava debaixo de sua pele. Ele não a queria lá e não queria estar sexualmente atraído por ela. Depois que ficasse satisfeito, ele iria embora de novo, e ela provavelmente nunca o veria novamente, a menos que sua equipe precisasse dos serviços dela.

O que fazia dela um idiota ainda maior por concordar em fazer isso com ele. Passar algum tempo juntos, transar, ter um aconchegante café da manhã, quase romântico para dois. Ele em sua cozinha, sem camisa, vestindo somente uma calça jeans que ela nunca tinha visto, e droga, ele parecia delicioso de dar água na boca naquele jeans. Eles batiam os uniformes que ele sempre usava, embora aquelas roupas camufladas no corpo dele parecessem muito boas.

Se ela tivesse qualquer autopreservação, iria ficar bem longe dele e não deixá-lo ir e vir por um capricho quando ele tivesse o anseio de exorcizá-la de sua cabeça. Então, ela era uma idiota. Porque não tinha nenhuma intenção de negar-lhe qualquer coisa, mesmo sabendo que este caminho poderia levá-la a um coração partido.

Steele enfiou a cabeça na sala de exame, onde ela estava terminando de fazer um curativo na perna de uma criança que foi mordida por um animal.

— Acabei de colocar o último paciente na segunda sala de exame. Não tem ninguém na sala de espera. Quer que eu a feche enquanto você atende o último paciente?

Ela soltou um suspiro melancólico. Como era bom trabalhar em conjunto como fizeram hoje. As coisas foram muito mais suaves com a sua ajuda na organização dos pacientes, descobrindo histórias e fazendo a triagem para ela. Sua companhia foi um grande conforto para ela hoje. Ela gostou. Gostou que ele estivesse aqui em seu espaço, o seu mundo. Ela estava vendo um lado dele que não sabia que existia, porque nunca o viu fora do reino da KGI e suas missões.

— Sim, verifique do lado de fora para se certificar de que ninguém está chegando ou já chegou. Se não tiver ninguém, tranque a porta e deixaremos o último paciente lá fora quando eu terminar.

Ele começou a retirar-se, mas ela o chamou. Ele fez uma pausa e virou-se, esperando que ela falasse.

— Obrigada, — ela disse suavemente. — Hoje foi bom.

Ele sorriu calorosamente para ela. Ela sentiu seu sorriso em todo o caminho até os dedos dos pés e isso deu-lhe um ridículo e tolo arrepio de emoção. Sentia-se como se tivesse dezesseis anos de idade, com uma paixonite enorme pelo atleta da escola.

— Você fez todo o trabalho. Você é uma boa médica, Maren. Eles confiam em você. Você é ótima com eles. Eu sempre soube que você era boa, mas eu só a vi com a minha equipe. Você trabalha muito duro. Eu não sei como você faz isso todos os dias, em todas as horas do dia e da noite.

Ela brilhava por seu elogio, as bochechas queimando de calor instantâneo.

Ele deu-lhe uma saudação de dois dedos e, em seguida, saiu da sala. Ela voltou-se para a criança e sua mãe e enviou um olhar de desculpas. Mas a mãe apenas sorriu e piscou.

— Ele é um homem de boa aparência, não é?

Maren sorriu.

— Sim, ele certamente é.

Ela deu um tapinha no braço da criança e depois bagunçou seu cabelo escuro.

— Okay, você está pronto — disse em espanhol. — Mantenha os curativos e deixe sua mãe aplicar pomada e refazer o curativo. Não queremos que ele se infecte, e faça o que fizer não toque nele.

Então, para a mãe, ela disse:

— Mantenha atenção aos sinais de infecção. Se ele começar a ter febre ou o ferimento ficar vermelho ou começar a parecer infectado, volte e aplicarei uma injeção de antibióticos. Mantenha-o limpo e seco.

A mãe concordou com a cabeça e, em seguida, agradeceu a Maren. Ela sorriu para os dois e, em seguida, levou-os da sala de exames de volta para a sala de espera, onde Steele estava fechando.

Quando os viu, ele abriu a porta para deixar a mãe e a criança saírem. Ele bagunçou o cabelo da criança e lhe falou em espanhol. A criança sorriu de volta e, em seguida, seguiu a sua mãe para o lado de fora.

Steele fechou a porta e voltou-se para Maren.

— Vou esperar aqui até que você termine e depois deixar o último paciente sair. Quanto tempo você costuma ficar após seu último paciente? Você tem que preencher a papelada ou pegar outras coisas? Você trabalhou sem parar hoje atendendo pacientes.

Então ele franziu a testa.

— Você sequer fez uma pausa para almoçar.

— Nem você, — ela apontou.

Ele deu de ombros.

— Já fiquei um inferno muito maior de tempo sem comer. Pular uma refeição não me incomoda.

— Nem eu. Costumo trabalhar durante o almoço. Não é justo fazer todos eles esperarem até que eu faça meu horário de almoço. Minha clínica não tem horários definidos. Se há pacientes para serem atendidos, eu os atendo, e como mais tarde.

— Você tem um grill?

Ela piscou com a mudança repentina de assunto.

— Sim, um pequeno. Nada grande ou algo assim.

— Grande o suficiente para grelhar os bifes que vi em seu congelador? Ou pelo menos eu acho que é o que eles eram.

Ela sorriu.

— Sim. Um dos moradores me presenteou com quatro bifes de vaca que eles mataram recentemente. Eu sou péssima na grelha e odeio a ideia deles indo para o lixo, mas eu não queria recusar e ferir os sentimentos do homem.

— Vou jogá-los na grelha, quando voltarmos para sua casa. Você poderá relaxar, colocar os pés para cima, e beber uma xícara do seu chá enquanto eu faço o jantar.

O coração dela deu um giro engraçado no peito, e o calor invadiu suas veias. Como eles partiram de uma noite de sexo que não seria repetida para agir como um casal, estava além dela, mas viveria o sonho pelo tempo que durasse. Haveria tempo de sobra para se afundar na realidade mais tarde. Muito, muito mais tarde, quando ela lidasse com isso.

Carpe diem . Esse estava rapidamente se tornando seu lema.

— Combinado! — Ela disse. — Deixe-me voltar ao trabalho e ver com o que estou lidando e, em seguida, iremos sair daqui.

Trinta minutos depois, Steele esperava que ela trancasse a porta atrás deles, e então enrolou um braço em volta de deus ombros enquanto começavam a caminhada de volta para o chalé.

Graças à ajuda de Steele, esse normalmente teria sido um dia muito longo, com o número de pacientes que vieram até a clínica, eles terminaram antes de escurecer e o sol estava apenas começando a descida no horizonte. O céu estava pintado de rosa e dourado, misturado com tons de lavanda. Era um fim de tarde perfeito, beirando o anoitecer. Beber uma xícara de chá quente enquanto Steele manuseava a grelha era a noite mais perfeita que ela poderia desejar.

Ele a puxou para ainda mais perto, até que ela estava aninhada contra seu lado enquanto ele combinava seu passo ao dela. Ela não estava com pressa, saboreando o caminho, habitualmente tedioso e rotineiro no qual ela caminhou centenas de vezes antes. Mas com ele, era uma experiência nova. Companheirismo, intimidade. Coisas que ela não tinha desfrutado até agora.

Estar com ele trouxe o pensamento do quanto sua vida era isolada. Sua agenda era fixa, raramente desviando a norma. Ela acordava, trabalhava, voltava para casa. Lavava, enxaguava e repetia tudo novamente. Mas hoje houve uma mudança maravilhosa em sua rotina monótona.

Ela deslizou o braço em volta da cintura dele e inclinou-se mais para ele, apreciando a sensação de seu corpo musculoso contra ela.

— Obrigada novamente por hoje — disse suavemente. — Eu gostei de ter você lá.

Esperava que ela não estivesse falando demais ou que ele pensaria nisso como uma dica ou convite. Ela não queria se tornar muito exigente ou expectante. Mas não seria tão indiferente sobre a presença dele hoje. Ela não se importava se ele soubesse o quanto ela gostava de tê-lo por perto. O sexo era ótimo. Não havia como negar isso. Mas a companhia dele era muito boa. Só estar juntos, mesmo com seu trabalho. Era bom olhar para cima e vê-lo ali, em seu espaço. Em sua vida.

Ele apertou-lhe o ombro, pressionando-a mais firmemente ao seu lado.

— Eu gostei de estar lá. Fiquei impressionado, Maren. Eu não acho que eu poderia fazer o que você faz todos os dias.

— Mas você faz. Faz algo parecido. Você ajuda as pessoas. Eu ajudo as pessoas. Nós apenas fazemos de forma diferente.

— Eu acho que você está certa. Mas cada missão é diferente. Eu nunca sei com o que exatamente estarei lidando. Você faz a mesma coisa dia após dia. E ainda assim você não age como se estivesse cansada disso. Você tinha um sorriso para cada paciente, e parecia genuinamente interessada neles. Acho que o que estou tentando dizer é que não me parece que você atendeu seus pacientes roboticamente, trabalhando de forma mecânica. Você personalizou cada exame. Você os tratou como pessoas reais. Nem todos os médicos fazem isso.

Ela podia sentir-se corar e praticamente se contorcia com a forma como ele parecia sincero em seu elogio. Felizmente eles chegaram à sua casa e ele abriu a porta, em seguida, fez uma varredura rápida do interior, antes que a guiasse para dentro.

— Eu odeio que você não tranque a porta, e odeio mais ainda que trancar não iria adiantar nada, pois não seria necessário esforço nenhum para entrar nesse lugar, — ele murmurou.

Ela sorriu por sua rude preocupação e a maneira com a testa dele se franzia quando estava irritado.

— Eu estou bem, Steele. Todos os moradores gostam de mim. Eles cuidam de mim. Eu nunca tive um pingo de problemas aqui.

— Não são com os moradores que eu estou preocupado, — disse ele.

Ela levantou-se na ponta dos pés e beijou seus lábios.

— É gentil de sua parte se preocupar, mas não precisa Steele. Eu vou ficar bem. Além disso, tenho conexões. Conheço algumas pessoas que trabalham para uma organização que chuta traseiros, especializada em resgates e espancar bandidos.

Ela sorriu quando disse isso, e os lábios dele se curvaram com diversão.

— Sim? Quem são eles?

— Eu nunca te direi, — ela disse solenemente.

Ele deu um tapa de brincadeira na bunda dela.

— Vá colocar os pés para cima. Se você me disser qual o chá você quer, você tem mais de uma dúzia que eu vi, vou colocar um pouco de água para ferver enquanto pego os bifes e preparo o grill.

— Eu poderia seriamente me acostumar a ter um criado, — ela disse melancolicamente.

Ele levantou uma sobrancelha.

— Um criado homem?

— Er, hum, um cara atraente que cuidasse da casa, então? Um mordomo gostoso?

Ele fez uma careta.

— Desculpe-me se não digo absolutamente nada. Se descobrissem que você me chamou de mordomo gostoso, eu nunca mais seria capaz de mostrar meu rosto para a minha equipe novamente.

Ela riu.

— Eu não vou dizer se você não disser. A menos que precise retribuir algo que você fizer para me irritar.

— Não posso garantir que não vou te chatear, mas já estou gostando da ideia de fazer sexo para fazer as pazes.

— Você é bipolar? — Ela desabafou.

Seu olhar de completo que porra é essa? Foi hilário.

— Que tipo de pergunta é essa?

Ela levantou as palmas das mãos viradas para cima e deu de ombros.

— É uma questão lógica com base nos dados que coletei de você.

Ele gemeu.

— Meu Deus. Não banque a doutora para cima de mim. Você está me analisando?

Ela sorriu novamente.

— Não, mas devido a tudo que eu conheço de você todo esse tempo, você tem que admitir que é como olhar para duas pessoas completamente diferentes. Eu diria conversando com duas pessoas completamente diferentes, mas Steele o fodão nunca sequer conversou comigo. Ou não mais do que algumas respostas de uma só palavra aqui e ali. O Steele ser humano é galanteador, tem senso de humor, sorri muito e diz coisas bonitas que me deixam toda arrepiada por dentro.

— Você é uma das que falam o que pensa, não é? — Ele disse secamente. — Acho que não preciso nem me preocupar com você tentando poupar meus sentimentos.

— O que posso dizer? Eu sou uma garota do tipo que diz o que pensa. Você tem que admitir que você passou por uma mudança de personalidade muito radical. Ou isso, ou fez uma lobotomia ou talvez tenha ficado um pouco perto demais dos explosivos que atingiram Baker e sofreu um ferimento na cabeça. Existem documentários que os ferimentos na cabeça mudaram radicalmente a personalidade das pessoas.

Ele gemeu e balançou a cabeça.

— Olha, eu gosto de você, okay? E eu não gosto de muitas pessoas. É por isso que tenho a reputação de ser um osso duro de roer, um idiota, uma máquina, e um monte de outros nomes não tão agradáveis. Como regra geral, eu odeio as pessoas. Mas eu gosto da minha equipe. Eu gosto dos Kellys. E eu gosto de você.

Ela sorriu amplamente.

— Será que isso te matou admitir?

— Você pode ficar calada a qualquer momento agora, — disse ele com uma voz azeda. — Você é como uma espertinha nos comentários que está prestes a ter que cozinhar seu próprio maldito bife.

Ela levantou as mãos em sinal de rendição.

— Eu desisto, eu desisto. Cozinhe a vontade. Vou me calar agora e colocar os pés para cima como fui instruída. Surpreenda-me e pegue um saquinho de chá. Eu gosto de todos eles.

Antes que ela pudesse ir embora, ele a puxou contra ele e enfiou a mão no cabelo dela, segurando-a no lugar enquanto sua boca descia sobre a dela.

— Eu gosto desde óculos em você. São atraentes. Fazem você parecer toda séria e inteligente, embora eu saiba que você não precisa de óculos para parecer dessa maneira. Você precisa usá-los em algum momento enquanto fazemos sexo. É um sério tesão.

Okay, isso inclinou seu universo um pouco. Ela não chegou a ajustá-los, mesmo quando deslizaram um pouco por seu nariz quando ele a beijou. Em vez disso, deixou-o aprofundar o beijo, apreciando a sensação da boca dele contra a dela.

Ele a beijou avidamente, a língua deslizando fundo e, em seguida, roçando sobre a dela em movimentos leves e provocantes. Quando ele se afastou, seus olhos brilhavam e as pupilas estavam ligeiramente dilatadas. A excitação cantarolava por ele, era densa no ar. Seu próprio pulso acelerou quando viu a evidência de seu desejo.

— Eu gosto que você dê tanto quanto recebe, — ele murmurou. —Adoro essa sua língua atrevida e adoro que você desperta minhas emoções. Ninguém mais faz isso.

— Isso é porque eles estão se cagando de medo de você, — ela murmurou.

— Mas você não está — afirmou. E ele parecia muito satisfeito com esse fato.

Mas ela estava com medo dele. Não da maneira que ele estava falando. Mas ela estava definitivamente com medo dele. Porque ela sabia, sem dúvida que ele tinha o poder de magoá-la. Ele não faria isso de forma maliciosa ou intencional. Mas ela já estava em um caminho sem volta e sem saída. Ela não queria sair. Mesmo sabendo que eventualmente poderia sofrer.

Ela já era atraída por Steele. Fascinada pelo lado que ele apresentava para o mundo. Mas agora que ela conseguiu uma boa olhada no homem por trás do exterior durão? Estava ferrada com F maiúsculo.

Ela gostava dele antes. Queria arrancar aquelas camadas que o cercavam. Mas o que ela gostava e admirava antes? Agora estava caindo duramente apaixonada pelo homem por trás da parede de tijolos.

 

Maren sentou em frente a Steele na pequena mesa de jardim que dava para o pequeno quintal. Era apenas uma clareira antes que a paisagem mergulhasse na densa folhagem e árvores frondosas. Ela sempre foi fascinada pela explosão de verde ao seu redor. Tudo era exuberante e vibrante e o ar cheirava a limpeza.

Não, ela não era uma garota da cidade, nem poderia imaginar ter um consultório particular com um escritório confortável e fazendo rondas em um hospital. Ela amava o que fazia. Era imensamente gratificante. Era quem ela era.

Ela trocou sua xícara de chá por um copo de vinho que ela guardava para ocasiões raras, como Steele cozinhar para ela um bife e eles estarem imersos em uma conversa real. Se ela tivesse champanhe, teria aberto, porque este era definitivamente um momento que provavelmente nunca aconteceria novamente. E embora ela normalmente tirasse os óculos, logo que chegava em casa, ficou com eles desta vez. Para ele. Porque ele achava bonito e sexy, e ela gostava disso.

Ela tomou um gole e saboreou o gosto antes de baixar o copo para olhar para Steele, que acabava de empurrar o prato.

— Posso fazer-lhe perguntas pessoais, ou deverei apenas dormir com você e manter-me ignorante de tudo, exceto seu talento sexual?

Ele apenas levantou seu copo para tomar um gole, e fez um som de engasgo e colocou o copo de volta para baixo com uma batida.

— Que tipo de perguntas pessoais? — Ele perguntou com cautela.

Ela sorriu.

— Eu ainda não decidi. Eu só queria saber se elas estavam fora dos limites ou se você realmente me dirá algo que ninguém mais sabe sobre você. É uma coisa de menina. Nós gostamos de pensar que somos especiais. Especialmente se estamos dormindo com o cara.

Seus dentes brilharam quando ele relaxou e sorriu.

— Eu acho que depende da pergunta.

— Humm, tudo bem. Vamos perguntar algo geral. Conte-me sobre você.

Ele piscou.

— Isso cobre um inferno de muitos territórios. Aonde quer que eu comece?

Ela se inclinou para frente.

— Você tem família? Você é casado? Por favor, não me diga que é secretamente casado e tem uma esposa escondida em algum lugar.

Ele balançou a cabeça e soltou um suspiro.

— Se você estava preocupada que eu fosse casado, essa não deveria ter sido uma pergunta a fazer antes de eu tirar as suas roupas?

— Na época, eu não estava raciocinando muito já que você já tinha tirado as suas roupas.

Ele riu levemente.

— Não, eu não sou casado. Nunca estive perto.

Ela inclinou a cabeça para o lado.

— Sério? Então você nunca ficou sério com uma mulher?

Ele balançou a cabeça.

— Não. Minha carreira não é exatamente propícia para a formação de quaisquer relacionamentos duradouros.

Ela franziu o cenho.

— Parece meio solitário, se você me perguntar.

Ele levantou uma sobrancelha.

— E você? Eu poderia dizer o mesmo para você. Pelo menos desde que eu te conheço. Pelo menos eu tenho a minha equipe. Você está aqui longe de seu próprio país, com apenas seus pacientes para lhe fazer companhia. Você não sente falta de estar perto de pessoas? Namorar? Ter relações sexuais regulares?

— Quem disse que eu não tenho tudo isso?

Seus olhos se estreitaram.

— Você tem?

Ela sorriu.

— Não, mas não foi muito legal supor que eu não tenho vida sexual e que estou praticamente casada com o meu trabalho.

Ele deu de ombros.

— Eu não posso julgar. Sou absolutamente casado com o meu trabalho. Ele é uma cadela muito inconstante.

Ela assentiu com a cabeça em reconhecimento.

— Eu já percebi. Definitivamente, tem seus momentos de merda, como eu tenho certeza que é o mesmo para você.

Ele ergueu a taça e brindaram.

— É verdade.

— Então, o que acontece com a família? Você não brotou, eu suponho. Alguém teve que te dar à luz.

Ele ficou sério imediatamente e escuridão brilhou em seus olhos.

— Não tenho família.

Ela esperou, esperando que ele dissesse mais. Mas ele apenas ficou em silêncio e pensativo, com o olhar focado na distância, lembrando-se ou recusando-se a lembrar de algo doloroso.

— O que aconteceu? — Ela perguntou em voz baixa.

Ele olhou para ela, quase como se tivesse que se arrancar do passado. Seus lábios se curvaram para baixo em uma careta.

— Eu nunca falei sobre isso.

Foi dito de uma forma que lhe disse para se afastar. Mas a curiosidade a estava matando. Ela queria desvendar o mistério de Steele, e poderia nunca mais ter outra chance como essa, quando ele estava descontraído, acolhedor e aberto a ela. Ele estava sendo agradável. E acessível! Ela nunca diria a ninguém, porque eles nunca acreditariam nela. Eles provavelmente achariam que ela precisava de ajuda psiquiátrica.

— Você poderia falar sobre isso agora — disse ela calmamente. — Eu sou uma boa ouvinte. E não é que eu vou contar a ninguém. Eu não tenho exatamente muitas pessoas com as quais conversar por aqui.

Ele ficou em silêncio um longo momento, sua inquietação transmitida como um sinal de néon. Ela não iria pressioná-lo ainda mais, mas realmente esperava que ele se abrisse com ela.

Então ele suspirou e passou a mão pelo cabelo, cravando-o em um arranjo confuso que a deixou morrendo de vontade de ajeitá-lo com os dedos. Mas se ela chegasse perto o suficiente para fazer isso, a última coisa que estaria querendo tocar era seu cabelo. Estaria muito ocupada com outras partes de sua anatomia.

— Eu tinha uma família. Muito tempo atrás.

Seu coração se apertou com a dor na voz dele. Pode ter sido há muito tempo atrás, mas era óbvio que as feridas ainda estavam em carne viva.

— Meu pai era embaixador na Líbia. Eu cresci na embaixada. Eu e meu irmão. Griffin.

Ela prendeu a respiração, sabendo que tudo o que ele ia dizer era horrível. Estava em seu tom, em cada linha de seu rosto e mais pronunciado na escuridão que havia invadido os olhos.

— Eles foram mortos em um bombardeio da embaixada. Um Marine salvou a minha vida, mas não conseguiram salvar meus pais ou meu irmão. Eles tentaram. E então mais tarde pediram desculpas para mim por não terem sido capazes de salvá-los. Eu não estava com raiva porque eles não conseguiram salvá-los. Eu estava chateado por que eles me salvaram.

— Quantos anos você tinha?

— Sete.

— Oh, uau. — Ela sussurrou. — O que aconteceu? Quem te criou?

— A irmã do pai levou-me com ela. Ela era um pouco mais velha que ele e nunca teve uma ótima saúde. Ela faleceu logo depois que eu terminei o ensino médio.

— Então é por isso que você faz o que faz? Por causa de seus pais, quero dizer — ela adivinhou.

Ele balançou a cabeça.

— Na verdade, eu planejava ser médico.

A boca dela se abriu.

— Sério?

Ele deu um sorriso torto.

— Sim. Eu acho que é por isso que eu gosto tanto de observá-la. Eu sempre fui interessado em medicina. Mas depois que minha tia morreu, não havia ninguém para ajudar e o pensamento de todos esses anos na faculdade de medicina sem saber como diabos eu iria pagar, bem, eu me alistei pensando que eu passaria meu tempo e eles pagariam a escola médica.

Ela se inclinou mais para frente, fascinada por sua história. Que ele quisera ser médico a intrigava. Ele teria sido um excelente cirurgião. Tão concentrado e intenso. Ela definitivamente podia imaginá-lo.

— Depois que eu entrei, eu adorei. Tudo se encaixou.

— Deixe-me adivinhar. Você se juntou à Marinha?

Ele acenou com a cabeça.

— Sim. Apesar de que eu estava chateado com o fuzileiro naval que salvou a minha vida, depois ele se tornou meu ídolo quando cresci. Depois que superei minha dor inicial, estava grato por que ele não só arriscou tanto para me salvar, mas por que ele arriscou sua vida e foi ferido tentando salvar minha família. Seu trabalho era proteger o meu pai, mas ele estava disposto a dar sua vida por todos nós. Isso causou um grande impacto. Entrei para a Marinha para homenageá-lo. Para provar que ele ter me salvado significava alguma coisa e que talvez eu pudesse retribuir. Ajudar outras pessoas.

— Então como é que você acabou na KGI? Quero dizer, se você amava tantos os Marines.

Ele sorriu.

— Eu estava em uma encruzilhada. Eu adorava o serviço militar. Adorava meus colegas fuzileiros navais. Mas eu estava inquieto. Queria fazer mais. Eu não tinha certeza do que. Por acaso ouvi uma conversa sobre Sam Kelly e que ele estava recrutando para uma equipe de operações especiais privada. Eu liguei para ele e, em seguida, despedi-me para encontrá-lo. Nós conversamos sobre isso e eu sabia que eu queria me arriscar. Então, quando meu tempo acabou dois meses depois, eu saí e me juntei a KGI. Rio já estava lá e estava liderando uma equipe. Sam estava formando outra e queria que eu a liderasse. Escolhi os meus próprios recrutas e eles treinaram sob minhas ordens. Eu nunca olhei para trás. Nunca lamentei minha decisão. Os Marines me fizeram ser quem eu sou, mas a KGI me tornou melhor.

— Quantos anos tinha o seu irmão? — Ela perguntou, esperando que ela não estivesse pressionando muito.

— Ele tinha dezesseis anos. Nove anos de diferença entre nós. Eu me espelhava nele. Queria ser como ele e meu pai. Meu irmão queria ser um fuzileiro naval. Era tudo o que ele falava. De certa forma, eu fiz isso tanto por ele quanto pelo fuzileiro naval que salvou minha vida.

— Parece que você teve uma família maravilhosa e que cresceu ao redor do mundo, assim como eu.

Ele sorriu.

— Sim, eles eram os melhores. Minha mãe era apenas uma pessoa calorosa que todo mundo amava. Não era uma política falsa e polida que tantas mulheres aperfeiçoam. Ela era genuína, o negócio real. Todas as pessoas que conheci ficavam encantadas instantaneamente. E ela podia se lembrar do nome de alguém depois de encontrá-los uma vez. Não importa quanto tempo passasse antes de vê-los novamente. Ela fazia todo mundo se sentir especial. Como se fossem importantes. Da menor classificação para a mais alta. Não importava para ela. Ela tinha um sorriso para todos.

Seu coração apertou um pouco no calor instantâneo que inundou seus olhos enquanto ele falava de sua mãe. Estendeu a mão para colocar em cima da dele, e ele imediatamente virou a palma para cima para que ele pudesse capturar os dedos.

Ele acariciou seus dedos com o polegar, enviando pequenos arrepios de prazer por seu braço.

— Eu acho que é também por isso que eu gosto tanto dos Kellys, mesmo que eles meio me desconcertem. Especialmente Marlene. Ela me lembra muito a minha própria mãe. É muito contraditório para mim, estar em torno deles, no entanto. Eu gosto muito deles. Mas eles também me lembram do que eu perdi.

— Sim, eu entendo isso, — ela disse suavemente. — Eu não sei o que eu faria sem meus pais e meu irmão, apesar de não vê-los com frequência. Mas se eu não os tiver, me devastaria. Eu envio e-mails regularmente e tentamos falar ao telefone pelo menos uma vez por semana.

Ele acenou com a cabeça, continuando a acariciar o polegar sobre a mão dela. Era bom. Apenas sentados, conversando e ele tocando-a intimamente. Não era sexual, mas ela gostou ainda mais, porque tinha a sensação de que ele se importava um pouco com ela, pelo menos.

— E você? Você disse que cresceu ao redor do mundo. Seus pais viajavam muito? Eram médicos como você?

Ela assentiu com a cabeça.

— Sim. Ambos eram. Meu irmão é médico também. Eles trabalhavam para uma organização durante anos que oferecia assistência médica gratuita e vacinas em países do terceiro mundo. Eles pararam por um tempo, quando meu irmão e eu éramos mais jovens. Nós temos apenas dois anos de diferença, então eles ficaram nos Estados Unidos e trabalharam como médicos particulares até que fôssemos crescidos o suficiente para que eles se sentissem confortáveis levando-nos a alguns dos cantos rurais mais distantes do mundo.

— Aposto que você teve um inferno de uma infância interessante, — ele meditou.

— Sim, foi tudo menos chata, isso é certo. Minha mãe nos ensinava em casa, mas, ocasionalmente, estávamos em lugares onde podíamos assistir às aulas com outras crianças da nossa idade. Meu pai é inteligente. Quero dizer, ele é médico também, mas minha mãe é um gênio. Ela é positivamente brilhante. Até mesmo meu pai admite que ela é mais inteligente do que ele.

— Você deve ter puxado a ela, — disse ele.

Suas bochechas aqueceram com o elogio, mas ela balançou a cabeça.

— Meu irmão é o inteligente. Ele tem uma memória fotográfica. Ele se lembra até mesmo da coisa mais trivial. Ele absorve tudo e o retém. Eu sou distraída. Um traço que herdei de meu pai, eu receio. Eu sou um pouco desastrada, tudo bem, não é só um pouquinho. Eu sou uma desajeitada total. Eu divago às vezes porque estou na minha cabeça e esqueço onde estou ou o que estou fazendo. E tendo a deixar escapar o que está na minha mente, não importa o quanto seja inapropriado.

Ele sorriu.

— Sim, eu testemunhei essa parte.

— E fica ainda pior, — ela murmurou. — Eu realmente estou muito melhor perto de você só porque você me deixa com a língua presa a maior parte do tempo.

Seus olhos brilharam de surpresa.

— Isso não pode ser uma surpresa para você — disse ela secamente. — Pelo menos não agora que você sabe como eu estava atraída por você.

— Eu sabia como eu me sentia sobre você, — ele apontou. — Não necessariamente que você retribuía meu interesse. Pelo que eu sabia, eu era apenas uma oportunidade para algum sexo quente como macacos, como você colocou.

Ela riu e, em seguida, se inclinou para frente, deixando uma mão na de Steele e apoiando o outro cotovelo na mesa para que pudesse descansar o queixo na palma da mão virada para cima.

— Então, o que estamos fazendo aqui, exatamente, Steele? Eu não sou boa em joguinhos tímidos. Eu sou uma droga em flertar ou fingir que não quero algo que eu quero desesperadamente.

— E o que você quer? — Ele perguntou em voz baixa.

Ela balançou a cabeça.

— Oh, não, eu perguntei primeiro. Eu posso deixar escapar uma merda, mas não estou tão ansiosa assim por punição.

Seu peito subia e descia quando ele expeliu uma respiração rápida.

— Eu não sei, Maren. Eu não entendi isso ainda. Isso provavelmente não é uma resposta que vai me conquistar todos os pontos com você, mas o fato é que você me deixou completamente fora de equilíbrio.

— Quanto tempo você pretende ficar? — Ela perguntou, silenciosamente segurando a respiração enquanto esperava a resposta dele.

Ele pareceu incerto pela primeira vez. Quase como se estivesse nervoso, mas ela não conseguia imaginar nada que deixaria este homem nervoso.

— Eu tenho alguns dias — ele se esquivou. — Mas se você precisar que eu pare de incomodá-la antes disso, apenas diga e eu irei embora.

— Eu não acredito que eu disse qualquer coisa sobre querer que você saia, — ela disse levemente. — Mas eu não quero bancar a idiota e pedir-lhe para ficar se você não tem intenção de passar mais de uma noite comigo. Não quero me humilhar na frente de um cara que desejo há tanto tempo.

Sua mão apertou a dela, o polegar pressionando seus dedos.

— Peça-me para ficar, Maren. Se é isso que você quer, diga.

— Fique, — ela sussurrou. — Por todo o tempo que você estiver de folga.

Ele ergueu a mão, virando-a para que seus lábios pressionassem dentro da palma.

— Eu vou ficar, — ele murmurou contra sua pele. — Mas só se eu puder ficar em sua cama com você e dentro de você. E hoje à noite? Esses óculos vão ficar enquanto eu te foder.

 

Enquanto Maren se preparava para ir para a cama, ela tristemente reconheceu como era estranho ela e Steele estarem agindo quase como se fossem um casal permanente. Jantar aconchegante. Conversa agradável. E agora ele estava no chuveiro e ela estava subindo na cama para esperá-lo. Era verdade que eles fizeram amor e apesar de terem feito sexo duas vezes agora, ela ainda estava nervosa enquanto apoiava-se contra os travesseiros, mantendo um olho na porta do banheiro esperando que ele aparecesse.

Ela mexeu com os lençóis e, em seguida, olhou para o pijama. Era inútil usar alguma coisa, mas parecia um pouco demais ficar nua esperando-o sair. O que era ridículo porque ele deixou claro que iriam transar. Mas ela não era descarada o suficiente para agir como uma sereia sedutora. Embora estivesse usando os óculos. Isso lhe dava uma pequena — okay, talvez uma enorme — emoção, que ele gostasse que ela usasse os óculos.

Um momento depois, a porta se abriu e Steele saiu apenas com uma toalha enrolada na cintura. Seu cabelo estava úmido e a umidade ainda se agarrava ao leve punhado de pelos no peito. Ele fez uma pausa quando a pegou olhando para ele, e por um minuto eles simplesmente olharam um para o outro.

Deus, mas o homem era lindo. Não de uma forma bonita ou polida. Nem um pouco. Ele era vigoroso. Tinha cicatrizes. Ele não era o que ela considerava um homem realmente bonito, com traços perfeitos. Seu rosto era duro e quando não estava sorrindo, ele parecia absolutamente intimidador. Mas quando ele sorria e os olhos azuis gelo aqueciam? Tinha um efeito devastador sobre ela. Ela não podia imaginar uma mulher viva que poderia resistir a esse sorriso.

— Você está me olhando? — Ele perguntou divertido.

Ela assentiu com a cabeça, nem um pouco envergonhada.

— Pena que eu não posso retribuir o favor. Não consigo ver muito de vocês nesses pijamas com o lençol puxado até a cabeça.

— Eu posso consertar isso, — ela disse com a voz rouca.

Sua mulher sedutora interior estava saindo. Esquecendo quaisquer inibições sobre esperar por ele nua. Ela agarrou a mulher sedutora e abraçou-a completamente. As duas iriam seduzir este homem lindo de dar água na boca.

Ela levantou-se e ficou de joelhos, deixando cair o lençol. Puxou o top sobre a cabeça e, em seguida, deitou de costas para livrar-se do short. Quando terminou, sentou-se e encarou Steele.

— Melhor?

— Muito.

Ele deixou a toalha cair no chão a seus pés, revelando uma ereção muito rígida. Esticada para cima, quase plana contra o abdômen duro.

— Isso parece doloroso, — ela disse com uma sobrancelha levantada.

— Você vai fazer ficar melhor — disse ele enquanto avançava em direção à cama.

Ele plantou os punhos em cima da cama e se inclinou em direção a ela, fundindo suas bocas. Em seguida, seguiu em frente, deitando-a no colchão embaixo dele. Ela colocou os braços ao redor do seu pescoço, ancorando-o para ela, e beijou-o de volta.

— Você tem um gosto tão bom, — ele murmurou. — Acho que nunca vou ter o suficiente de você. E começar a transar com você usando esses óculos... Definitivamente Top Five na minha lista de fantasias.

— Você diz isso como se fosse uma coisa ruim, — ela disse levemente. E então ela riu, porque era totalmente personalidade dele continuar referindo-se a uma lista das coisas que ele fantasiou. Provavelmente, ele teve toda a sua sedução traçada à enésima potência.

— Não diga isso. Não é uma coisa ruim. Consigo pensar em coisas piores nas quais ser viciado.

— Eu meio que gosto de ser a droga escolhida por alguém. É bom para o meu ego. As pessoas geralmente não estão muito felizes em me ver uma vez que eles só me vêm quando estão feridos ou doentes. Até recentemente, essas foram as únicas vezes que você me viu.

— Eu posso dizer com segurança que eu nunca vou me assustar com o pensamento de vê-la. Especialmente se você estiver nua e eu estiver dentro de você enquanto estou vendo-a.

— Você não está dentro de mim, — ela sussurrou.

— Eu posso consertar isso — disse ele, ecoando suas palavras anteriores.

— Mmm, por que você não vai direto sobre isso, então?

Ele pegou um preservativo, levantando de cima dela o tempo suficiente para rolá-lo sobre o pênis. Então ele abriu suas coxas e se estabeleceu entre elas, posicionando o pau em sua abertura. Ele hesitou, porém, deslizando um dedo dentro e acariciando através da umidade.

Ela suspirou quando ele atingiu um ponto particularmente agradável. Então ele esfregou o polegar sobre o clitóris, e todo seu corpo apertou de prazer.

— Você é realmente bom com as mãos — disse ela. — Mas é ainda melhor com a boca.

Ele arqueou uma sobrancelha e diversão surgiu em seus olhos.

— Isso é uma dica?

— É um fato — ela respondeu.

Ele riu.

— Nesse caso, eu vou ter que provar que você não está errada.

Ele se moveu para baixo, as mãos deslizando em seus quadris e, em seguida, para baixo para envolver a bunda dela. Ela fechou os olhos e arqueou para cima, assim que a língua rodou sobre seu clitóris. Ele acariciou delicadamente, lambendo, sugando e levemente roçando a carne sensível e trêmula.

Então ele pressionou a língua sobre sua abertura e lambeu para cima em um longo golpe.

Seus joelhos ficaram fracos e as pernas começaram a tremer. Ele lambeu de volta para baixo e, em seguida, circulou a abertura, levemente rodeando antes de mergulhar a língua dentro dela, saboreando de dentro para fora.

— Steele!

— Delicioso, — ele sussurrou contra sua pele.

A baixa vibração de sua voz causou arrepios de prazer através da barriga. Ele brincava com seu clitóris, circulando e sacudindo-o levemente com a língua até que ela ficou rígida. Cada golpe de sua língua a mandou mais perto do orgasmo, até que todo seu corpo estava enrolado em um nó apertado.

— Dentro de mim. Por favor, Steele, — ela arquejou. — Eu quero você agora. Estou tão perto e quero você dentro de mim quando eu gozar.

— E eu quero estar dentro de você quando você gozar. Apertada como um punho em torno de mim e depois quando você fica molhada e sedosa? Nunca senti nada melhor, — ele rosnou. — Quero ver seus olhos nublados com desejo, esses óculos pousados tão lindos em seu nariz enquanto você fica selvagem para mim. Só para mim.

Ele se levantou, agarrando os joelhos dela e escancarando suas pernas quando se posicionou sobre ela. Ele empurrou para frente, plantando-se profundamente no primeiro impulso. Suas mãos voaram para os ombros dele, os dedos afundando quando o êxtase a engolfou. Crescendo, afiado, esmagador.

Ele começou a mergulhar, para frente e para trás, duro e depois ainda mais duro. Rápido, forte. Seus quadris batiam contra os dela enquanto o corpo descia sobre ela. Ele cobriu-a completamente, com o rosto enterrado em seu pescoço enquanto continuava a bombear dentro e fora. Os dentes roçaram sua pele e, em seguida, ele cravou-os suavemente em seu pescoço, a língua imediatamente acalmando a mordida de amor.

— Não vai durar, — ele suspirou. — Você é tão gostosa, Maren. Eu poderia fazer isso para sempre.

Ela sorriu sonhadora quando correu as mãos para cima e para baixo na parede musculosa das costas dele. Ela deixou-as flutuar para baixo, sentindo suas nádegas subirem e descerem sobre ela.

— Eu poderia também, — ela sussurrou. — Você é muito bom no que faz, Steele.

Ele riu contra seu pescoço e, em seguida, beijou um caminho para a mandíbula antes de finalmente reivindicar a boca novamente.

— Venha comigo, — ele sussurrou. — Vamos juntos.

Ela fechou os olhos e abraçou-o com força contra ela. Ele passou os braços por baixo dela, segurando-a firmemente contra ele. Pernas e braços entrelaçados, corpos unidos, ondulantes. Quente, ofegantes. Beijando, ofegando, suaves suspiros de prazer.

Tudo corria junto em um borrão nebuloso quando seu orgasmo caiu sobre ela. Sentia-se suspensa no ar e, em seguida, começou a flutuar lentamente para baixo, flutuando de volta para a cama onde estava deitada debaixo dele enquanto seu peito arfava contra o dela.

— Steele?

— Sim.

— Da próxima vez eu quero ficar por cima. Vou até usar meus óculos.

O corpo dele tremia de tanto rir, e então ele a beijou no nariz.

— É isso aí.

 

Maren estava enrolada no corpo de Steele, aquecida e exuberante, a respiração suave sinalizando que ela estava dormindo. Ele não fez nenhum esforço para movê-la. Gostava da sensação dela em seus braços, cobrindo seu corpo como um cobertor.

Ele brincou com o cabelo dela, entrelaçando-o nos dedos antes de afastá-lo suavemente para longe de sua bochecha para que pudesse ver o rosto macio. Seus cílios descansavam contra a pele, um tom mais escuro do que o cabelo loiro claro. Ela se movia para cima e para baixo com o ritmo da própria respiração e as pernas estavam emaranhadas com a dele.

Delicadamente, para não acordá-la, deslizou os óculos de seu rosto e colocou-os na mesa de cabeceira para ela descansar mais confortavelmente.

Terminaram a última sessão de sexo uma hora atrás e Maren mergulhou no sono depois de cavalgá-lo longa e duramente. Ele amou cada minuto de tê-la em cima dele, a cabeça jogada para trás, cabelos soltos pelas costas, os seios empurrados para frente para que ele pudesse tocar e saborear. Como prometido, ela estava usando os óculos, precariamente empoleirados no nariz bonito, enquanto transava com ele insanamente.

Deus, ele estava se perdendo. Pensando em sua fofura. Pensando em seu nariz e óculos, pelo amor de Deus! Ele olhou para baixo, observando enquanto ela dormia profundamente. Segura. Como se ela soubesse que estava protegida, e ela estava protegida para caralho com ele.

Ele permaneceu acordado, porém, saboreando a quietude e o silêncio que se instalou. E ele gostava de ter Maren em sua cama. Ou melhor, na cama dela. Ele inclinou a cabeça para frente para pressionar um beijo no topo de sua cabeça e deixou os lábios lá um longo momento enquanto inalava o cheiro dela.

Ele estava na merda.

Não teve tempo para refletir sobre essa revelação particular, porque seu telefone via satélite disparou.

Porra. Agora não. A qualquer momento, menos agora.

Maren agitou-se e ergueu a cabeça com uma careta.

— Que barulho é esse?

Ele suspirou.

— Tenho que atender. Desculpe.

Ela começou a deslizar para longe dele, mas ele rolou, colocando-a suavemente de lado antes que alcançasse o telefone no criado mudo.

— É melhor que seja muito importante, — ele rosnou no telefone.

— Steele, é Sam. Desculpe, eu sei que você está de folga, mas eu preciso de você. Rio e a equipe já pegaram uma missão.

Os lábios de Steele apertaram e ele olhou de soslaio para onde Maren estava deitada de lado, cabeça apoiada na mão, enquanto o observava em silêncio.

— Dê-me o resumo, — disse Steele.

— Em quanto tempo você pode estar aqui? — Sam perguntou. — Não tenho tempo para entrar em detalhes agora. Tenho mais chamadas para fazer. Você vai entrar em contato com sua equipe ou quer que eu os chame?

— Vou chamá-los, — disse Steele bruscamente. — Estarei aí em 12 horas.

Ele colocou o telefone de lado e, em seguida, virou-se para Maren.

— Sinto muito. Eu tenho que ir. Sam precisa de mim.

Ela não conseguiu reprimir a decepção. Seus olhos esmaeceram, mesmo quando ela assentiu com compreensão. Ele não estava mais feliz com a interrupção do que ela.

Ele se inclinou, colocando um dedo debaixo de seu queixo e elevando-o para que seus lábios estivessem no mesmo nível dos dele. Ele a beijou demoradamente, saboreando a sensação da boca macia contra a dele.

— Isso não acabou, — disse ele. — Estarei de volta logo que eu puder. Você entendeu?

— Sim, — ela sussurrou. — Tenha cuidado, Steele. Prefiro que você não volte, se for porque você precisa de cuidados médicos. Eu quero que você volte, porque eu sou irresistível.

Ele sorriu.

— Eu acho que é uma aposta segura, mas se eu acabar machucado, eu não vou rejeitar a sua perícia médica. Você pode beijar meus machucados e eles irão melhorar.

— Combinado — disse ela.

Embora soubesse que ele tinha que se mexer se quisesse chegar ao Tennessee quando ele disse que chegaria, estava relutante em deixar a cama dela. Ele hesitou, olhando para ela, tentado a colocá-la de costas e deslizar dentro dela.

E então ele pensou, por que não? Ele não tinha ideia de quanto tempo ficaria fora e tinha a intenção de voltar para que pudessem lidar com tudo o que havia entre eles, e havia sempre a possibilidade de, em qualquer missão, que ele não voltasse.

Ele se inclinou para ela, envolvendo os braços ao seu redor e rolando até que estava em cima dela. Tentou agarrar um preservativo, só para não encontrá-los onde ele havia deixado.

— Está tudo bem, — ela sussurrou enquanto acariciava o rosto dele.

Ainda assim, ele hesitou.

— Tem certeza?

Ela assentiu com a cabeça.

— Passou um longo tempo para nós dois. Eu estou limpa. Você está limpo.

— A ideia de estar dentro de você sem camisinha está lá em cima no meu Top três de fantasias.

Ela riu baixinho.

— Bem, já que eu tenho certeza que já nocauteou o resto do seu Top cinco, então você pode muito bem nocautear o terceiro. Você vai ter que pensar em novas fantasias enquanto estiver fora, para que possamos trabalhar sobre elas quando você voltar.

Ele deslizou para dentro dela e gemeu quando a sentiu molhada e sedosa ao redor de seu pênis. A mandíbula se apertou quando ele lutou contra sua liberação iminente. Dois segundos dentro dela e ele estava pronto para entrar em erupção.

Descansou a testa contra a dela, suas respirações se misturando. Então a beijou suavemente enquanto mantinha-se ainda dentro dela.

— Você me faz querer fazer algo que eu nunca fiz antes, — ele admitiu. — Estou tentado a ligar para Sam e dizer que eu não posso ir.

Ela acariciou sua mandíbula e, em seguida, ergueu os lábios para beijá-lo.

— Você vai voltar.

— Sim. Conte com isso, Maren.

Ele começou a mover-se em seu interior, lento e vagaroso. Ele queria prolongar o momento, queria saborear seus últimos minutos com ela antes que o mundo real se intrometesse novamente.

Suas pernas o envolveram, prendendo-o contra ela, e os braços circularam os ombros, os dedos afundando em suas costas.

Ele a beijou novamente, as línguas colidindo enquanto aprofundava o beijo.

— Eu vou voltar — ele disse com a voz tensa. — Acredite nisso, okay? Eu sei que eu disse que não voltaria na primeira vez, mas isso não acabou. Nós não terminamos. Assim que eu resolver as coisas, eu voltarei.

— Está bem, — ela sussurrou.

Seus olhos queimaram e seu corpo apertou, de repente, ficando quente e úmido ao redor do pênis. Sua vagina se agitou e apertou com mais força quando o orgasmo rolou do seu corpo para o dele. Ele empurrou mais fundo, comprometendo-se com a memória do quanto era bom estar dentro dela sem a barreira do látex. E ele sabia que nunca iria tê-la novamente com um preservativo. De jeito nenhum ele iria voltar a usá-los depois de experimentar a suavidade sedosa contra sua pele.

Ele mergulhou para dentro novamente e, em seguida, começou a empurrar duro e fundo quando sua liberação o varreu, colidindo com a dela. Esticaram-se juntos, movendo-se no mesmo ritmo, tentando desesperadamente alcançar a mesma coisa.

E então ele caiu em cima dela, cobrindo-a completamente, enquanto tentava recuperar o fôlego.

— Incrível, — ele murmurou. — Estou tão chateado por não termos mais tempo.

Ela beijou seu ombro e alisou as mãos sobre suas costas.

— Teremos tempo mais tarde.

Ele levantou-se de cima dela e beijou-a uma última vez.

— Aposte que teremos. Nenhuma força na Terra vai me impedir de voltar para você.

 

Maren encarava o aparelho de fax enquanto os resultados dos exames que ela enviou pelo entregador começavam a serem impressos. Ela prendeu a respiração, quase paralisada de nervosismo. Steele partiu três dias antes, e ela não tivera notícias dele, não que esperasse ter. Não havia como dizer quanto tempo ele estaria fora, e a última coisa que ela queria fazer quando ele estava saindo em missão era dizer-lhe que ela poderia estar grávida de seu filho.

Ela não queria que ele saísse sem saber, mas pensou que ele ainda estaria lá quando ela recebesse os resultados do teste e poderia dizer-lhe cara a cara. Mas dar-lhe esse tipo de notícia, sem sequer ter a confirmação, quando ele precisava de foco absoluto e concentração não era a coisa certa a fazer. Como diabos ele deveria se concentrar quando sua mente estaria ocupada com o conhecimento que poderia ser pai? Não, ela não podia jogar esse tipo de bomba em cima dele, e agora estava feliz por não ter dito no momento em que ele chegou, porque o resultado teria sido o mesmo. Ele teria que ir antes que ela recebesse os resultados oficiais, e ele ficaria se perguntando.

Ou talvez ele tivesse realmente dito a Sam que ele não poderia ir? Era uma possibilidade, uma que ela nunca teria considerado. Seu trabalho era tudo. Consumia a vida dele. Ele admitiu que estava casado com a carreira como ela estava com a dela.

Mas agora que era confrontada com os resultados, daria qualquer coisa para ele estar aqui agora. Era egoísmo dela. Steele salvava pessoas. Era quem ele era, e ele era importante para a KGI. Mas ela o queria ali com ela para enfrentar a notícia, fosse qual fosse.

Os resultados estavam terminando de serem impressos no aparelho de fax, mas ainda assim, ela olhou para os papéis, hesitante, como se fossem um inseto assustador prestes a mordê-la.

— Deixe de ser covarde, — ela murmurou. — Você saber de um jeito ou de outro não mudará o resultado. Se você está grávida, você precisa saber. Se não está, ainda assim precisa saber.

Depois de ter uma discussão consigo mesma, ela pegou as impressões e voltou para sua mesa. Colocou os papéis à sua frente e, em seguida, sentou-se, respirando profundamente.

Ela vasculhou os papéis, procurando o nome que colocara em seus exames. Ela voltaria e leria os exames de seus pacientes mais tarde. Se tentasse avaliá-los agora, teria que acabar reavaliando tudo de novo de qualquer jeito. Seu único foco era saber se ela estava grávida.

Seu pulso saltou quando encontrou seus resultados e ela leu rapidamente, absorvendo as poucas palavras que mudariam sua vida.

Positivo para gravidez.

Ela olhou em choque, paralisada com a revelação. Sim, ela certamente sabia, suspeitava que fosse uma boa possibilidade. Mas de alguma forma vê-la lá em preto e branco estourava sua bolha de negação. Talvez no fundo de sua mente, ela pensasse que os resultados seriam negativos e tudo fosse um medo presunçoso de sua parte. Mas lá estava. Ela estava definitivamente grávida e Steele definitivamente seria papai.

Oh Deus. Ela seria mãe.

Ela sentou-se na cadeira e soltou um longo suspiro. Colocou a mão sobre a barriga ainda plana e ficou admirada por haver uma pequena vida crescendo dentro dela. E então, como se saber o resultado de repente instigasse seus sintomas, ela deu uma guinada para o cesto de lixo e esvaziou o conteúdo de seu estômago em um violento vômito, os óculos escorregando do nariz e quase caindo na lixeira.

Ela ficou ali, pairando sobre a cesta por um longo momento, enquanto tentava recuperar o fôlego. Seu estômago estava em nós e as náuseas a oprimiam. Seu pulso estava disparado e suor eclodia na testa.

Quando estava certa de que não iria vomitar mais, cambaleou para fora do consultório em direção ao banheiro para que pudesse lavar a boca e respingar água fria no rosto. Então pegou seu reflexo no espelho e estremeceu com o quanto parecia pálida.

Apoiou as mãos na pia e fechou os olhos. Grávida. Ela estava carregando o bebê de Steele. Não importa quantas vezes pensasse isso ou reproduzisse aquelas três pequenas palavras no resultado do laboratório, ainda não conseguia acreditar.

Isso mudava muita coisa. Isso mudava tudo.

Não importa o fato de que Steele não iria receber esse tipo de notícia bem. Ela não estava recebendo bem! Ela trabalhava em Bumfuck, Costa Rica. Não era um lugar ideal para ter um bebê. O hospital mais próximo ficava a uma viagem de duas horas por estradas ruins. Ela não tinha acesso a bons cuidados para o pré-natal. Não que ela não fosse plenamente capaz de supervisionar sua própria gravidez, mas não tinha aparelhos como um ultrassom. Ou acesso a testes sofisticados. Ela tinha o essencial. Enviava os exames de seus pacientes para uma instalação em São Jose, mas para qualquer coisa que requeresse atenção imediata, direcionava seus pacientes para fazer a longa viagem para o hospital.

Que diabos ela iria fazer?

Havia também o fato de que, enquanto ela não se importava com os perigos de trabalhar em uma área rural, não era um lugar onde ela gostaria de ter um bebê. Ela não poderia dedicar todo o seu tempo e energia para seus pacientes se tivesse um recém-nascido para cuidar.

Ela caminhou de volta ao consultório em transe, recostando-se na cadeira. Tirou os óculos e esfregou a ponta do nariz entre dois dedos.

Isto era completamente inesperado. Mas era o que ela ganhava por brincar com fogo. E ter relações sexuais com Steele definitivamente era brincar com fogo. Eles foram irresponsáveis e agora os dois pagariam o preço.

Encolheu-se com o pensamento de jogar este tipo de notícias sobre ele. Ela não podia imaginá-lo recebendo-a bem. Ele não estava mais bem preparado para a responsabilidade de um bebê com o tipo de trabalho que ele tinha, assim como ela.

Como diabos eles supostamente seriam pais sólidos quando ele era enviado para lugares desconhecidos em missões perigosas e ela estava presa em uma área rural isolada da Costa Rica oferecendo atendimento médico gratuito para os moradores?

Isso supondo que ele iria querer qualquer tipo de responsabilidade quando se tratava do filho deles.

Ela estremeceu, sabendo que era uma suposição de merda da parte dela. Steele não a golpearia como o tipo de homem que fugiria da responsabilidade. Ele era do tipo que assumia suas responsabilidades em momentos cruciais. Ela não tinha nenhuma dúvida sobre isso. Mas não conseguia vê-lo se sentindo feliz com isso.

Ele prestaria apoio financeiro, mas ela não precisava disso dele. Ela tinha a herança de seus avós que ela dividiu com o irmão, e os seus pais a proviam generosamente, seja com equipamentos e suprimentos médicos que precisava ou requisitos básicos, como alimentos e roupas.

Ela sempre poderia mudar para os Estados Unidos e abrir uma clínica particular, mas esse pensamento a deprimia. Ela não foi talhada para isso. Com sua criação, nunca houve dúvida de que ela não teria um escritório confortável, fazendo rondas em um hospital e agendando férias. Ela sabia desde o início que queria ser médica, e queria seguir os passos de seus pais, viajando o mundo e oferecendo seus serviços para aqueles que não tinham saúde de qualidade.

Mas ela também era prática e sabia que com a notícia de sua gravidez vinha o conhecimento de que, pelo menos a curto prazo, os planos teriam que mudar. Ela não faria nada que colocasse seu filho em risco.

Suas prioridades mudaram em um piscar de olhos. Uma noite de sexo quente entre os lençóis irrevogavelmente alterou o curso da sua vida. E talvez a de Steele também.

Ela só esperava como o inferno que ele não a odiasse por isso. Enquanto ela dividia a responsabilidade por sua gravidez, certamente não era inteiramente culpa sua. Seja qual for o maldito preservativo que ele usou estava defeituoso!

Ou talvez ele fosse tão fodão que o preservativo não conseguia segurar seus pequenos nadadores.

Ela riu com esse pensamento e passou a mão sobre o rosto para aliviar um pouco a tensão. Então olhou para o relatório do laboratório e suspirou.

Ela tinha acabado por hoje. Os pacientes há muito foram embora. E ela ainda estava sentada no consultório quando o crepúsculo desceu, olhando para um pedaço de papel que abalou toda a sua existência. O que ela precisava era voltar para seu chalé, tomar uma boa xícara de chá quente e colocar os pés para cima.

E então teria a esperança de que Steele não desapareceria por semanas em qualquer missão para a qual ele fora chamado. Agora que o choque inicial desapareceu, sua ansiedade foi através do telhado. Steele precisava saber para que ele pudesse processar qualquer surpresa que sentisse, e então poderiam trabalhar juntos para encontrar a melhor solução para o filho deles.

O filho deles.

Ela esfregou a barriga novamente enquanto o temor se acomodava. Ela ia ter um bebê.

Não, certamente não era a maneira como ela tinha planejado. Com certeza, ela não estava ficando mais jovem, mas sempre achou que iria encontrar um cara legal, talvez até mesmo um médico que compartilhasse seus objetivos, se estabelecer, casar e depois ter filhos. Assim como seus próprios pais fizeram. Em seguida, ela e o marido poderiam viajar o mundo com os filhos, mostrando-lhes todas as coisas que lhe foram mostradas quando criança.

Infelizmente, nada disso iria acontecer agora. Ela estava fazendo tudo de trás para frente.

Ainda assim, o pensamento de um bebê não era uma notícia ruim. Levaria algum tempo para processar tudo e chegar a um acordo com todas as muitas maneiras que sua vida iria mudar. Ela sorriu, já imaginando um menino ou uma menina com cabelos loiros e olhos azuis.

Ela se levantou da cadeira e pegou sua bolsa. No caminho através da clínica para a entrada da frente, apagou as luzes. Ensaiou mentalmente como contaria a Steele sobre a gravidez.

Ele voltaria com a expectativa de continuar de onde pararam, e talvez ainda encontrassem algum tipo de arranjo onde veriam um ao outro o mais frequentemente possível. Ou, talvez, a deles fossem apenas uma relação temporária e, após a paixão e furor iniciais, as coisas se acalmassem e eles gradualmente parassem de ver um ao outro.

Mas nada disso iria acontecer agora. Tudo o que podia ter acontecido durante um período de tempo não era mais uma consideração. Seus futuros agora estavam inexoravelmente ligados. Eles sempre compartilhariam uma criança e sempre compartilhariam deveres e responsabilidades parentais.

Ela abriu a porta e saiu, girando a chave na fechadura antes de guardá-la na bolsa novamente. Quando se virou para tomar o caminho para sua casa, quase bateu diretamente em uma forma enorme e sombria.

— Droga! — Ela exclamou, enquanto rapidamente se afastava. — Já chega! Essa é a segunda vez que você me assusta desse jeito! Por que você fica rondando a porta da clínica me esperando sair? Você nunca ouviu falar em bater? Ou anunciar sua presença?

O brutamontes de recados de Mendoza não parecia incomodado com sua explosão. Ele se levantou solenemente, não dando um mínimo olhar para ela com expectativa. O que diabos ele esperava?

Fazia semanas desde seu último encontro com ele e ela apagou a coisa toda, pensando que Mendoza tinha se esquecido dela. Estúpido, mas era o que ela assumiu.

— Não foi minha intenção alarmá-la, señorita.

— Sim? Bom, você conseguiu me enganar.

O medo fez suas palavras mais acentuadas do que ela pretendia. Seus olhos se estreitaram e ele deu um passo à frente. Ela imediatamente deu um passo atrás, colocando a maior distância possível entre eles.

— O Señor Mendoza lamenta que você não fosse capaz de aceitar seu último convite para jantar e deseja estender outro convite para esta noite. Eu, naturalmente, a acompanharei.

Ela respirou fundo, pesando suas opções. Mesmo se ela conseguisse chegar ao seu chalé, ele não seria nenhuma barreira para esse homem se ele realmente quisesse entrar. Precisava manter-se calma e deixar claro que não tinha interesse em Javier Mendoza. Educadamente, é claro.

— Por favor, estenda as minhas desculpas ao Señor Mendoza. Com a minha agenda não tenho tempo para os convites sociais. Agora, se você me dá licença, hoje foi um dia muito longo e muito cansativo e tudo o que eu gostaria de fazer é voltar para minha casa para que eu possa descansar.

Seu suspiro foi pesado e quase parecendo arrependido. Ele deu mais um passo a frente, desta vez fixando-a contra a porta da clínica. Pânico bateu com força, deixando-a incapaz de respirar. Seu peito ardia cada vez que ela tentava respirar, e o estômago enrolou em um nó.

— Eu esperava que você fosse fazer isso fácil, — disse ele.

— O que é que isso significa? — Ela perguntou. — Olhe, eu tentei ser educada sobre isso, mas vejo que não está funcionando. Você precisa sair e não voltar. Não estou interessada. Diga ao Señor Mendoza que eu não aprecio essas pequenas visitas à minha clínica, nem aprecio estar morrendo de medo de pessoas que se escondem na escuridão.

Ele pegou o braço dela e ela congelou, olhando com medo para ele. Oh Deus. Isso não estava acontecendo.

— Você virá comigo, señorita. Não me obrigue a levá-la. Eu também fui educado, mas você está tentando minha paciência. O Señor Mendoza deseja que você jante com ele, e você vai aceitar. Mesmo que eu tenho que levá-la até lá.

A boca dela pendeu aberta.

— Você não está falando sério!

Sem outra palavra, ele puxou-a para cima e a jogou por cima do ombro. Aconteceu tão rápido que ela sequer teve tempo para protestar ou lutar. A terra girou vertiginosamente debaixo dela enquanto sua cabeça pendia para baixo das costas dele. Seus óculos caíram do nariz, batendo no chão, mas ele não parou.

— Coloque-me no chão, — ela gritou enquanto ele se dirigia para um veículo estacionado na estrada.

O aperto se intensificou em seus joelhos e ele continuou andando.

Quando chegaram ao Range Rover, ele a colocou no chão, não muito gentilmente, e então abriu a porta e colocou-a para dentro. Antes que ele se retirasse, ele colocou o cinto de segurança nela e, em seguida, olhou fixamente em seus olhos.

— Não tente nada estúpido. Eu não quero te machucar.

A conclusão foi que, mesmo que ele não quisesse machucá-la, ele machucaria se fosse necessário.

Um arrepio serpenteou por sua espinha e ela colocou uma mão protetora sobre a barriga. Se fosse só ela, ela saltaria do veículo, assim que a atenção dele fosse desviada e correria como o inferno. Mas não podia arriscar trazer qualquer prejuízo para seu filho. O que significava que estava presa e iria jantar na casa de Javier Mendoza, gostando ou não.

Ela tinha um sentimento muito ruim sobre isso. Os homens não enviavam empregados musculosos para coletar uma convidada indisposta para um encontro. De jeito nenhum ele só queria jantar e, em seguida, iria deixá-la ir embora. Por que ter todo esse trabalho por um simples jantar?

Ela estava perto de hiperventilar novamente quando o brutamontes deu a volta e entrou no banco do motorista. Ele lhe deu apenas um olhar rápido e, evidentemente, convencido de que ela não iria a lugar nenhum, ele ligou o motor e saiu pela estrada.

Ele levou vinte minutos em estradas que faziam Maren se sentir como se estivesse sendo golpeada repetidamente, antes de manobrar por um enorme portão de entrada para uma enorme casa. O lugar inteiro estava iluminado e seus olhos se arregalaram ao ver homens armados patrulhando o terreno. Ela se virou em seu assento para ver as torres de vigia pelas quais passavam. Dentro estavam dois homens, iluminados pela luz nas torres. Ambos seguravam rifles de alta potência.

Puta merda. No que ela tinha se metido?

Não que ela pensasse, com base no que ouviu dos moradores, que Mendoza administrava negócios honestos e respeitáveis, mas ela não esperava instalações tão agressivas e tão flagrantemente armadas. Ou esse cara tinha alguns inimigos perigosos ou queria que todo mundo achasse que ele não era um homem para ser fodido. É provável que fosse uma combinação de ambos.

Pararam na calçada circular que tinha fontes revestindo o pavimento e o brutamontes olhou para Maren.

— Fique aí. Eu vou dar a volta e abrir a porta para você.

O que diabos ele esperava que ela fizesse? Fugisse? O tempo para isso foi antes de chegarem a este complexo armado até os dentes. Como se ela quisesse levar um tiro tentando fugir.

O brutamontes deu a volta e abriu a porta, em seguida, estendeu a mão para ajudá-la. Não querendo irritá-lo mais do que já estava, e ela definitivamente não queria que ele relatasse ao seu — encontro — que ela foi difícil, ela deixá-lo pegar sua mão. Ela já tinha decidido no carro que ela estaria escorrendo doçura e encanto. Talvez, então, Mendoza fosse deixá-la voltar para casa. E se isso acontecesse, entraria em contato com Sam para tirá-la daqui o mais rápido que fosse humanamente possível. Então se encontraria com Steele para contar que ele ia ser pai. Primeiro, ela teria que tirar a si mesma e seu bebê fora daqui inteiros.

Ela o deixou ajudá-la a sair do veículo e, em seguida, ele a guiou em direção aos degraus, o braço firmemente agarrado em sua mão. Antes que subissem o primeiro degrau, as enormes portas duplas de carvalho se abriram e Maren olhou para cima para ver um homem que teria que ser Mendoza parado na porta olhando para eles com satisfação.

Ele era surpreendentemente de boa aparência. Se ele não a tivesse sequestrado e agora estivesse olhando para ela como se fosse sua presa, ela o consideraria quente. Era um homem alto, vestido com calça cara e uma camisa de abotoar. Tinha cabelos e olhos escuros com uma tez azeitonada. Parecia que se mantinha em forma, a julgar pelos seus ombros largos e braços musculosos. Não havia um grama de gordura sobre ele também.

Ele abriu um largo sorriso e de novo, se ele não a tivesse puxado de sua clínica e despejado em sua porta da frente, ela teria apreciado o seu sorriso e os dentes perfeitamente retos e brancos.

— Dra. Scofield, você me honra com sua presença, — ele disse com apenas um leve sotaque. — Eu estou tão feliz que você veio.

Ele se inclinou e beijou-a em ambas as bochechas. Ela tentou não recuar e afastar-se, mas era difícil quando cada instinto estava gritando para ficar bem longe desse homem.

— Eu não tive a impressão que eu tinha escolha, — ela disse secamente.

Os olhos de Mendoza piscaram e por um breve segundo seu sorriso escorregou, mas depois ele estava de volta. Falso. Encantador. E totalmente pervertido.

Todo este lugar lhe dava arrepios. Suas mãos foram para os braços automaticamente, e ela esfregou para tentar livrar-se do frio que tomou todo o corpo.

— Vamos entrar, — ele disse suavemente. — O jantar será servido em breve. Vou pedir que Marissa nos traga bebidas. O que você gosta?

Ciente do fato de que um, ela não precisava beber, e dois, não tinha nenhuma maneira de saber se esse imbecil iria drogá-la, ela balançou a cabeça.

— Eu estou bem, mas obrigada. Peço desculpas pela minha aparência. Não me foi dada a oportunidade de me trocar com algo mais apropriado para o jantar. Eu ainda estou com meu jaleco de trabalho, como você pode ver.

O sorriso dele brilhou novamente.

— Não se preocupe. Tenho uma coisa para você usar. Na verdade, vou pedir a Marissa para mostrar-lhe o seu quarto para que você possa se trocar de uma vez.

Sinos de alarme dispararam por toda a sua cabeça. Havia tanta coisa errada com essas poucas palavras que ela nem sabia por onde começar. O quarto dela? Ele tinha algo para ela usar? Isso estava ficando mais assustador a cada minuto.

Ela engoliu em seco.

— Não há necessidade. Eu odiaria incomodá-lo, e duvido que o que você tenha iria me servir de qualquer maneira. Talvez pudéssemos comer para que eu possa voltar para minha casa. Eu começo o dia muito cedo amanhã e tenho a agenda lotada de pacientes. Devo dar os resultados dos exames de laboratório para todos os pacientes que os fizeram na semana passada.

O sorriso desapareceu e ele olhava penetrantemente para ela. A ameaça em seus olhos aumentou o pânico dela.

— O vestido vai servir. Eu mandei fazê-lo especialmente para você. Você vai para o quarto que eu preparei para você e irá se trocar para o jantar. Marissa irá acompanhá-la e Carlos vai ficar do lado de fora de sua porta, caso você tenha necessidade de alguma coisa.

Ela não era idiota. Podia ler entre as linhas dessa declaração. Carlos não iria acompanhá-la, caso ela precisasse de ajuda. Ele estaria de marcação cerrada junto a ela, porque ele era seu cão de guarda e era seu trabalho fazer com que ela não tentasse escapar.

— Não vamos jogar aqui, Señor Mendoza, — ela disse sem rodeios. — Por que estou aqui, e por que estou sendo tratada como uma prisioneira? Eu tenho um trabalho a executar. As pessoas dependem em mim. Tenho que voltar para minha casa. Esta noite. Foi gentil de sua parte convidar-me para jantar, mas devo respeitosamente declinar. Agora, se você não se importa, por favor, instrua Carlos para me levar de volta para a minha casa.

Ele riu levemente, mas ficou claro que ele não estava se divertindo, nem um pouco.

— Ah, eu gosto de sua franqueza, Dra. Scofield. E como você foi tão brusca, serei igualmente contundente. Você não irá a lugar nenhum. Você vai ficar aqui na minha casa enquanto eu desejar que fique. Quanto aos seus pacientes, eles vão ter que ir para outro lugar em busca de atendimento médico. Mas não se preocupe. Sua perícia médica não vai para o lixo. Eu preciso de seus serviços para mim mesmo, mas vamos discutir isso em outro momento.

Que diabos? Ele estava louco? Bem, obviamente estava. Ela estava lidando com um cara em quem faltavam alguns parafusos. E pior, ele era um homem louco de pedra com um monte de armas!

Suas mãos tremiam. Ela não tinha nenhum controle sobre como seu medo estava sendo transmitido descaradamente. Não havia nenhuma vantagem em tentar apresentar uma frente corajosa. Ela estava apavorada e ele sabia disso.

— Você não pode me manter aqui, — ela disse em voz baixa.

Ele levantou uma sobrancelha.

— A forma como eu vejo, você não tem escolha no assunto. Eu domino toda esta área. Não há ninguém para ajudá-la. Ninguém para procurar ajuda. Eu sou a lei aqui e o que eu digo acontece. Quanto mais cedo entender isso, mais fáceis as coisas serão para você.

Ela balançou a cabeça.

— Você é louco!

Seus olhos se estreitaram com o insulto.

— Vá agora e vista seu vestido antes de dizer algo que você se arrependerá. Eu não vou tolerar qualquer desrespeito em minha casa. Entendeu?

Ela estava tentada a dizer, ou o que? Mas não era estúpida. Não havia nenhuma maneira de que ela lhe desse alguma razão para machucá-la ou ao seu bebê.

A julgar pelo seu nível de loucura, se ele descobrisse que estava grávida, ele ficaria fora de si. Ela só tinha que esperar encontrar uma maneira de sair dessa situação antes que se tornasse evidente que estava grávida de outro homem. Não havia como dizer como ele reagiria a essa notícia.

 

Maren sentou-se rigidamente em sua cadeira no terraço da enorme propriedade de Mendoza. Durante três dias, ela estava sendo mantida aqui e ainda não tinha ideia do por quê. Ela temia que Mendoza fosse um idiota louco obcecado por ela, e também temia que ele a forçasse. Mas, na verdade, foi tratada como convidada mimada, muito bem servida e todas suas necessidades foram atendidas. Exceto, naturalmente, a maior necessidade de todas. Conseguir dar o fora daqui e ficar tão longe dele quanto possível.

Após a primeira noite, ela não viu Carlos sequer uma vez. Em vez disso, outro capanga de Mendoza, um homem alto e musculoso chamado Armand, manteve estreita vigilância sobre ela. Ele a enervava. Ele quase nunca falava, mas ela tinha a impressão de que ele não perdia nada. Seu olhar era penetrante e ele sabia todas as coisas que aconteciam sob o teto de Mendoza. Ele também devolveu seus óculos, mas eles tinham se quebrado quando caíram de seu rosto durante o sequestro e eram inúteis agora. Ele murmurou algo sobre substituí-los, mas ela disse-lhe para não se preocupar. Para que ela precisaria deles aqui? Não havia nada para ler. Nem relatórios médicos ou lesões onde ela precisava se concentrar.

Embora não houvesse tranca real na porta do seu quarto, ela não estava sob qualquer mal-entendido que poderia simplesmente sair. Ela sabia disso porque toda vez que abriu a porta, Armand apareceu como se tivesse materializado do nada.

Mendoza poderia tê-la assustado, mas Armand a assustava até a morte. Ele a lembrava muito Steele. Não na aparência. Mas ele tinha a personalidade de um guerreiro. Você sabia, olhando para ele, que ele poderia chutar o traseiro e provavelmente tinha uma centena de maneiras de matar um homem com apenas o dedo mindinho.

Sua expressão era sempre ilegível. Ela nunca detectou qualquer indício de emoção. Ele era apenas... Impassível. Assustador e impassível.

Vozes chegaram suavemente até ela pelo vento e ela se virou na direção de onde vieram. Estava sentada há dez minutos à espera que Mendoza aparecesse. Armand a recolheu em seu quarto depois de instruí-la a se vestir para jantar com a roupa que Mendoza enviou. Entregue por Armand, é claro. Armand a depositou em seu quarto e rapidamente desapareceu.

Ela se esforçou mais para ouvir o que estava sendo dito. Do pouco que ouviu Armand falar, sabia que ele estava conversando com Mendoza.

— Eu ainda não acho que seja uma boa ideia usá-la, — disse Armand. — Seria fácil encontrar outro médico para o que você quer.

— Eu a quero, — disse Mendoza, um fio de aço na voz.

— Você está arriscando muito por uma mulher pela qual você sente tesão, — disse Armand, a crítica evidente em seu tom. — Ela tem ligações com uma organização privada que poderia causar muitos problemas para você.

Maren prendeu a respiração, os olhos arregalados e em choque. Como diabos Armand sabia sobre a KGI? E sobre sua ligação com eles? Pânico surgiu em seu peito, apertando até que ela mal podia respirar. O que diabos estava acontecendo? E para o que Mendoza queria usá-la?

Ela rezou continuamente ao longo dos últimos três dias para que Steele voltasse rapidamente. Certamente, se ele não a encontrasse, se encontrasse a clínica fechada, ele simplesmente não imaginaria que ela partiu por em um capricho. Ele procuraria por ela. Ela tinha que acreditar nisso. E esperava, pelo inferno, que ele se apressasse, pois não tinha ideia do que Mendoza tinha em mente para ela, mas não podia ser bom.

— Eles não são páreo para mim, — Mendoza disse arrogantemente.

— Isso é o que você pensa, — Maren murmurou baixinho.

— Não subestime as conexões dela — Armand disse com a voz suave. — Subestimação mata homens o tempo todo.

— Você age como se achasse que esta organização dela é mais poderosa do que eu. Além disso, nos mudaremos em breve. Então, eles não serão de qualquer preocupação para mim.

— Um homem sábio observa sempre suas costas, — respondeu Armand.

Maren franziu a testa e, em seguida, endireitou-se na cadeira quando os ouviu caminhando em sua direção. Ela olhou para a distância e levantou o copo de água aos lábios, fingindo que não os tinha ouvido.

Armand parecia militar para ela. O jeito que ele falava, os jargões que usava. Ele era americano, no entanto. Um traidor? Desertor? Ou apenas um lacaio de aluguel, disposto a oferecer seus serviços a quem tinha o dinheiro para pagá-lo?

— Maren, você está linda — Mendoza disse suavemente quando ele e Armand viraram a esquina do terraço. — Eu estava certo que essa cor ficaria impressionante em você. Ela acentua seus olhos muito bem.

Ela cerrou os dentes e forçou-se a reprimir a resposta cáustica que pairava em seus lábios.

Mendoza acenou com a mão para Armand.

— Você pode nos deixar agora. Volte em uma hora para acompanhar Maren de volta ao quarto.

Armand olhou em sua direção e a encarou por um longo momento antes de assentir e recuar.

Mendoza sentou-se em frente a ela e, em seguida, ergueu a mão para estalar os dedos. Em um instante, um funcionário apareceu com uma bandeja com os pratos do jantar.

Um prato de peixe grelhado foi colocado em frente a ela, e quando olhou para ele, seu estômago se rebelou com a simples ideia de colocá-lo na boca. Ela puxou respirações firmando através de seu nariz, desejando que a náusea fosse embora.

A gravidez a deixou com hipersensibilidade a cheiros, e o odor de peixe que ligeiramente emanava do prato enviou-a diretamente sobre o limite.

— Você não parece bem — disse Mendoza.

Ela olhou para cima para vê-lo olhando para ela, preguiçosa diversão em seus olhos.

— Eu não posso comer isso, — ela disse, empurrando-o para longe.

— Alguma razão em particular?

— Consigo pensar em várias. Ser mantida contra minha vontade não é exatamente bom para inspirar o apetite, — ela retrucou.

— E não poderia ser porque você está carregando uma criança e o pensamento de comida lhe faz mal? — Ele perguntou suavemente.

Ela não conseguiu controlar sua reação. O medo deveria estar sendo transmitido para o mundo inteiro ver. Afastou-se da mesa em uma medida de proteção, colocando a maior distância possível entre ela e ele. Como diabos ele poderia saber que ela estava grávida? Então, rapidamente, ela despachou a incredulidade. Armand era sua sombra constante e sabia das visitas ao banheiro de manhã e seu mal estar. Ele provavelmente deu um tiro no escuro, mas ela se traiu com sua reação e agora ele sabia que seu tiro atingiu o alvo.

— Não há razão para pânico. Não tenho nenhuma intenção de prejudicar você ou seu filho.

— Você vai me perdoar se eu não acreditar nisso, — disse ela.

— Eu estive te observando por um tempo. Eu me sinto atraído por você, Maren, — ele disse sem emoção. Eles poderiam estar discutindo o assunto mais mundano pelo pouco entusiasmo refletido nessas palavras. — No começo eu a procurei, porque você era uma solução conveniente para um problema que preciso resolver. Mas eu acho que gosto bastante da ideia de você estar onde estou.

— E qual é o problema que você precisa resolver? — Ela perguntou, com medo de qual seria a resposta.

— Eu farei uma cirurgia plástica em breve. Novamente.

As sobrancelhas dela subiram em descrença. Cirurgia plástica? Ele só podia estar brincando.

— Eu não sou cirurgiã, — disse ela. — Eu sou clínica geral.

Ele sorriu, divertido.

— Não há muito que eu já não saiba sobre você, Maren, incluindo as visitas ilícitas do homem que é, sem dúvida, o pai de seu filho, e foi por isso que eu me senti pressionado a fazer a minha jogada agora. Eu não espero que você faça a minha cirurgia. Na minha linha de trabalho, torna-se necessário mudar a minha aparência de vez em quando. Dessa forma, permaneço um passo à frente dos meus perseguidores, e eles são muitos. Chegou a hora de eu deixar este lugar e começar de novo em outro. Estou começando a sentir o calor, como dizem os americanos. Portanto, estarei voando para Paris em poucos dias e você vai me acompanhar e supervisionar a minha recuperação.

— Por que diabos você confiaria em mim? — Ela perguntou incrédula. — Você não tem nenhuma razão para acreditar que eu não iria traí-lo na primeira oportunidade.

— Oh, mas eu acredito em você, — ele disse em voz baixa. — Veja bem, eu tenho certeza que você valoriza a vida do seu filho por nascer.

Ela congelou, seu sangue transformando em gelo. Medo escorreu pela espinha quando ela olhou para sua expressão tão determinada.

— O que você está dizendo?

— Eu estou propondo uma espécie de barganha. Você faz o que eu quero e nenhum mal virá para você ou seu filho. Dê-me uma razão para duvidar de você e você sofrerá. Não posso ser mais claro do que isso.

— Seu filho da puta! — Ela fervia. — O que lhe dá o direito de tomar conta da minha vida, manter-me como prisioneira para atuar como sua médica pessoal? Só um canalha completo me chantagearia com a segurança do meu filho.

— Pense em mim como quiser. Mas minha oferta mantém-se firme. Prove-se indispensável para mim ou você será eliminada, assim como os meus outros empregados serão em breve.

— O que quer dizer? Você eliminará os outros empregados? — Ela exigiu.

Ele sorriu.

— Tão preocupada com os outros. É uma das coisas que eu gosto em você, Maren. Mas sim, vou me livrar de quem me serviu. Torna-se necessário que eu desapareça, e dificilmente se pode fazer isso quando se está cercado por dezenas de pessoas. Só você e Armand vão acompanhar-me em minha nova vida.

— O que você vai fazer com eles? — Ela sussurrou.

Ele deu de ombros.

— Nada diretamente. Talvez a organização com a qual você tenha vínculos irá dispensá-los para mim quando vierem resgatá-la. Mas essa não é a questão importante, Maren. Eu tenho sua concordância? Você vai cooperar ou terei que dispor de você, assim como dos outros?

Ela não podia acreditar nisso. Era absolutamente surreal. Como um sonho bizarro do qual não conseguia acordar. Coisas assim não aconteciam no seu mundo. Claro, ela não tinha uma existência muito normal. Certamente tivera sua cota de situações difíceis. A África veio à mente. Mas a KGI chegara lá, quando ela e vários outros trabalhadores humanitários foram mantidos como reféns por um grupo rebelde militante. Ela só estivera no lugar errado na hora errada e foi pega em uma situação de reféns.

Mas ela nunca foi apontada como agora. Ela nunca chamou a atenção para si mesma. Ela se misturava, fazia seu trabalho e era largamente ignorada, exceto pelas pessoas que procuravam seus serviços. Embora não pudesse dizer que sua vida era chata, também não poderia dizer que era algo fora do comum. Ela fazia seu trabalho e passava o resto do tempo em seu chalé. Lendo, bebendo chá ou outras tarefas chatas e mundanas.

— Não parece que eu tenha alguma escolha real, — disse ela, o desespero rastejando em sua voz.

— Sempre há uma escolha. Alguns são apenas mais desejáveis do que outras.

— E depois? — Seu queixo se levantou e ela afastou um pouco do medo paralisante. Ela teria que ser esperta sobre isso. Tinha que olhar para além de seu pânico inicial e pensar em alguma forma de sair disto. — Você vai me deixar ir depois de ter se recuperado de sua cirurgia? E o que dizer quando o meu filho nascer? Você vai me deixar partir antes do parto?

Ele franziu os lábios e olhou para ela, pensativo por um longo momento.

— Isso é algo que vamos discutir quando chegar a hora. Você pode ter certeza que eu vou lhe fornecer o melhor cuidado médico possível quando chegar a hora de você dar a luz ao seu filho. E, enquanto você mantiver sua parte do acordo, nenhum mal virá para você ou seu filho. Essa é a única garantia que eu estou preparado para oferecer.

O coração dela se afundou. Será que ela sempre seria sua prisioneira? E talvez ele não fosse tocá-la agora, quando ela estava grávida, mas o que aconteceria depois? Ele pretendia mantê-la como sua amante? Ele a forçaria depois que sua gravidez acabasse?

Ele disse que nenhum mal aconteceria para seu filho ou filha desde que ela cooperasse. Mas o que ele considerava mal? Se ele estava convencido de suas proezas sexuais, era perfeitamente possível que planejasse seduzi-la independentemente de ela estar grávida.

E, em seguida, outro pensamento bateu e quase a paralisou. Ela levantou o olhar para ele e o olhou com firmeza.

— Prometa-me que você não vai me separar do meu filho — disse ela. — Eu vou concordar com seus termos, se você jurar que o meu filho ficará comigo, não importa o que aconteça. E se jurar que não vai machucar nenhum de nós.

O canto da boca dele se curvou para cima em um meio sorriso.

Os olhos se estreitaram e raiva a fez imprudente.

— Vou fazer uma promessa, Mendoza. Se você fizer alguma coisa para prejudicar o meu filho ou levá-lo para longe de mim, eu vou te matar. Eu vou encontrar uma maneira, e acredite, existem maneiras de morrer que você nunca esperaria. Como médica, tenho conhecimento extenso, e eu não hesitaria em encontrar uma maneira de fazê-lo sofrer. Estamos entendidos?

Seu sorriso desapareceu. Ele ficou imóvel, olhando fixamente para ela um longo momento. Seus olhares se encontraram, nem um dos dois recuando ou desviando o olhar. Então ele balançou a cabeça lentamente.

— Nós entendemos um ao outro. Mas saiba disso, eu vou esperar certas concessões de você quando eu estiver totalmente recuperado da minha cirurgia. Contanto que você me mantenha feliz, não vai me dar nenhum motivo para voltar com a minha palavra. Tenha isso em mente.

Seu significado não podia ser mal interpretado. Ele realmente esperava ter uma relação íntima com ela, e sequer parecia que pretendia esperar até depois que seu filho nascesse. Seu estômago se revoltou com o simples pensamento.

— Agora que tiramos os assuntos de negócios fora do caminho, você quer que eu peça outra coisa para você comer no terraço? Ou talvez gostasse de retirar-se para seu quarto e contemplar suas novas circunstâncias.

Ela assentiu atordoada e, em seguida, empurrou-se da cadeira, com os joelhos tremendo tanto que se preocupou que iria cair. Armand apareceu, seu olhar agudo encontrando o dela. Então ele pegou seu braço, o toque surpreendentemente suave.

— Providencie para que ela volte para o quarto, — disse Mendoza. -E providencie para que o café da manhã seja levado para ela amanhã. Não se preocupe em preparar nada, Maren. Armand vai cuidar de todos os nossos planos de viagem. Quando eu estiver pronto para sair, Armand virá para você.

O aperto de Armand de repente se intensificou no braço dela e ela piscou, percebendo que ele estava lhe dizendo alguma coisa.

— Você está pálida, — ele murmurou, surpreendendo-a, oferecendo uma opinião. Ele raramente dizia alguma coisa, e, geralmente, era para dar-lhe uma ordem concisa de Mendoza. — Venha comigo. Depois de levá-la para o seu quarto, trarei um pouco de chá quente para você. Tenho certeza que somos abastecidos com todos os seus favoritos.

Ela o olhou fixamente, a mente lutando para assimilar tudo. Isso foi planejado. Fora vigiada por só Deus sabia quanto tempo. Armand sabia demais sobre ela. Ele sabia sobre a KGI. Ele sabia qual chá ela bebia. Quem era esse homem?

Armand a impulsionou para frente, e ela não tinha escolha a não ser entrar no passo com ele ou ser arrastada atrás dele. Ele não andou com seu ritmo acelerado de costume, apesar de tudo. Ele diminuiu a velocidade e parecia esperar enquanto ela caminhava como se estivesse se arrastando através da lama. Cada passo era como arrastar uma tonelada de tijolos atrás de si.

Quando chegou à porta, ele a abriu e, em vez de deixá-la como sempre fazia, a conduziu para dentro e ajudou-a a sentar-se na beirada da cama.

— Coloque os pés para cima e descanse. Eu vou trazer o seu chá para você, — disse ele brevemente.

Seu olhar colidiu com o dele e ela sacudiu a névoa em torno dela.

— Como você sabe tanto sobre mim? — Ela perguntou em voz baixa. — Quem é você?

Um canto de sua boca se curvou para cima, mas isso não parecia seque remotamente com um sorriso. Só o fez parecer mais perigoso do que nunca.

— Por que eu? — ela desabafou. — Eu ouvi o que você disse a ele. Você acha que ele não deveria me envolver. Você não pode convencê-lo a me deixar para trás?

Os olhos de Armand piscaram e, em seguida, os lábios apertaram em uma linha firme.

— É tarde demais para você, Maren. Você sabe muito. Se ele a deixar para trás neste momento, ele iria te matar. Sua única opção é seguir em frente e cooperar plenamente. Não faça nada para irritá-lo. Vou protegê-la o melhor que posso. Mas seja esperta.

Com isso, ele virou-se e saiu do quarto, deixando-a com a boca aberta em cima da cama.

Protegê-la? Ele a assustava pra caralho! Ela tinha muito mais medo dele do que de Mendoza. E ele iria protegê-la da melhor forma que ele fosse capaz?

Isso estava se tornando mais bizarro a cada minuto. Ela seria uma tola em confiar nele. Seria uma tola em confiar em qualquer um. Mas Armand estava certo sobre uma coisa. Ela teria que ser inteligente.

Se ao menos pudesse mandar um recado para Steele. Ou Sam. Ou alguém da KGI. O que ela não daria para que eles invadissem o complexo e a levassem para longe daqui. Se Armand era para ser acreditado e eles de fato sabiam sobre a KGI e, como Mendoza tinha sugerido, haveria uma tentativa de resgate, então, talvez, apenas talvez, ela pudesse pelo menos deixar uma pista para eles. Não que tivesse muito a oferecer em termos de informação. Mas ela contaria tudo o que podia.

Seus olhos se iluminaram diante do lindo bloco de papel floral na mesa de cabeceira. Era um tiro no escuro, mas era melhor do que nada. Ela pegou uma caneta e rabiscou às pressas uma nota dando o máximo de detalhes do que sabia, o que, certamente, não era muito. Descreveu a situação, dizendo que Mendoza planejava fazer uma cirurgia em Paris e, em seguida, mudar para um local não revelado.

Ela hesitou, sem saber se deveria dizer que estava grávida. Refletiu antes de decidir que não adiantaria nada escrever sobre isso. A última coisa que ela queria era que Steele descobrisse deste jeito. Isso só pioraria as coisas, especialmente se ele e sua equipe fossem as pessoas a entrar e então descobrissem que ela não estava lá e encontrasse um bilhete dizendo que estava grávida.

Não, ela iria deixar essa parte de fora e só esperava que tivesse a oportunidade de contar a Steele pessoalmente que ela carregava o filho dele.

Depois de terminar a nota, dobrou-a e colocou-a debaixo do colchão. Quando chegasse a hora de ir embora, ela a colocaria debaixo do travesseiro. Não era provável que alguém fosse encontrá-la, mas se eles fizessem uma busca minuciosa do local, talvez se deparassem com ela e talvez, pelo menos, os levassem na direção certa.

Ela tinha que manter essa esperança, por mais tênue que fosse, porque era tudo que ela tinha.

Endireitou-se e pôs a mão na barriga, olhando para baixo enquanto seus dedos espalmavam amplamente sobre seu estômago.

— Eu vou fazer de tudo para mantê-lo seguro, — ela sussurrou. — Até mesmo fazer um acordo com o próprio diabo.

 

Steele largou a mochila dentro da sala de guerra da KGI e impaciente, examinou a sala a procura de Sam e Garrett. Sua missão se estendeu por mais alguns dias por causa de complicações imprevistas e ele estava mais do que pronto para se apresentar e dar o fora. Maren provavelmente pensava que ele a abandonou completamente e ele estava ansioso para provar que ela estava errada, retornando como tinha prometido.

Donovan — Van — Kelly largou a mochila ao lado da de Steele e passou a mão pelo cabelo. Van foi com eles, não era surpreendente. A missão envolveu recuperar duas crianças raptadas que foram detidas para pedido de resgate. Van tinha um fraco de um quilômetro de comprimento e um quilômetro de largura por mulheres e crianças, e ele participava de todas as missões que tinham a ver com qualquer uma, mas especialmente com crianças.

Steele pensou muitas vezes que ele ficou surpreso que Van já não tivesse se estabelecido e tido uma ninhada de filhos. Em vez disso, ele era um dos únicos dos dois irmãos Kelly que não se casaram ou começaram a constituir uma família.

O resto da equipe de Steele estava atrás dele e Van. Todos pareciam cansados e precisam de algum tempo de descanso. Embora Van fosse conhecido por seu ponto fraco com crianças, o fato é que sempre que as crianças estavam em jogo, as emoções de sua equipe tornavam-se mais envolvidas. Nunca era fácil saber que poderiam encontrar o pior quando fossem resgatar uma criança sequestrada.

Felizmente para eles, desta vez, as crianças foram recuperadas com segurança. O pai delas, um rico empresário em Nova York, foi o alvo, apesar de suas medidas de alta segurança, e seus dois filhos foram sequestrados da escola quando a babá foi buscá-los com os seguranças que lhes foram atribuídos.

A babá foi baleada e estava até agora em estado crítico. Um dos guardas levou um tiro no colete e um dos outros homens foi morto quando tentou disparar contra os sequestradores.

Foi uma situação caótica e os sequestradores deixaram claro que matariam as crianças de uma forma muito sangrenta, se o dinheiro não fosse entregue.

Uma vez que Steele, junto com Van e sua equipe recuperaram as crianças, eles ficaram amarrados por dias com a burocracia e o FBI. Isso fez Steele ficar muito sentado e chateado, mas apenas quando Adam Resnick, o sombrio contato da CIA, mexeu algumas cordas, a poeira baixou e a equipe de Steele foi liberada para seguir seu caminho.

A mídia teve um dia cheio de notícias, dizendo que uma agência super secreta — governamental — especializada na recuperação de crianças raptadas foi contratada para entrar e derrubar os sequestradores. Felizmente, o FBI estava mais do que disposto a tomar o crédito pela missão. Se tivesse dado errado, Steele não tinha nenhuma dúvida que eles teriam sido rápidos em apontar o dedo.

Mas o pai das crianças chamou a KGI. Ele sabia quem raptou seus filhos e pagou uma bolada junto com a demonstração de seus sinceros agradecimentos a Steele e sua equipe. Steele saiu fora e deixou Sam receber a gratidão. Essa não era a sua coisa. Ele gostava mais quando trabalhava no anonimato.

E agora, ele só queria acabar com a coisa toda para que pudesse ter o relaxamento e descanso que tentou ter antes. Só que desta vez, iria deixar claro que, a menos que o mundo acabasse ele não estaria em uma missão por pelo menos um mês. Um mês inteiro com Maren na Costa Rica? Agora que a ideia criou raízes, estava obcecado por colocá-la em prática até o fim. Ele já estava imaginando as noites juntos em seu jardim. E as noites em sua cama.

Pela primeira vez, ele tinha um lugar para ir depois de uma missão. Ele tinha outros interesses além de se retirar para sua fazenda e passar o tempo na solidão. E ele gostou. Estava ansioso para passar um tempo com Maren. Se ele só pudesse apressar o processo, juntamente com Sam e Garrett. Talvez pudesse despejar o relatório da missão em Van. Ele estivera lá e teve uma participação tão ativa quanto Steele ou qualquer um de sua equipe.

Virou-se para Van, enquanto esperavam Sam desligar o telefone. Fosse o que fosse que Sam estava discutindo, não era bom e ele não queria fazer parte disso. Garrett estava ao lado de Sam para que pudesse ouvir o que estava acontecendo e sua expressão não parecia melhor do que a de Sam.

— Você pode passar o relatório dessa vez? — Ele perguntou a Van. — Eu tenho um lugar para estar.

Van não foi o único que deu a Steele um olhar surpreso. Dolphin, que estava bem atrás de Steele e Donovan, arqueou as sobrancelhas, mas permaneceu em silêncio.

— Sim, posso. Você e sua equipe podem sair.

— Estou fora da agenda pelo próximo mês, — disse Steele bruscamente. — Minha equipe precisa de um descanso. Eu preciso de descanso. Rio pode assumir a próxima missão e se ele não puder, Nathan e Joe podem. Eles estão prontos.

— Steele, eu preciso que você me espere desligar em um minuto, — Sam chamou a vários metros de distância.

Steele olhou para cima para ver Sam segurando o telefone afastado da boca enquanto olhava fixamente na direção de Steele. Sua expressão era sombria e todo o seu corpo estava tenso. Merda.

— Eu estou atrasado para algum tempo de inatividade vencido, — disse Steele.

Sam levantou a mão.

— Eu sei, — ele disse calmamente. — Mas isso é importante. Eu não iria segurá-lo se não fosse.

A equipe de Steele passou por trás dele, já em modo guerreiro. Todos ficaram tensos, prontos para ouvir o que estava acontecendo. E ele gostava disso sobre eles. Sempre prontos para a ação. Alertas e atentos. Mas agora não, porra. O timing de Sam era uma maldita droga.

Steele suspirou com resignação e, em seguida, virou-se para Van.

— Acho que vou fazer o relatório se eu tiver que ficar por aqui.

Van lançou-lhe um olhar curioso.

— Tudo bem com você, cara? Não estou acostumado a vê-lo... Agitado.

Steele ignorou a pergunta, não que isso seria alguma surpresa. Ele estava mais do que feliz que nunca foi aberto com qualquer pessoa na KGI. Não tinha nenhum desejo de comentar o que o estava incomodando. Em vez disso, se concentrou nos outros ocupantes da sala.

Nathan e Joe ainda estavam treinando com sua equipe, então todos os membros estavam presentes e contabilizados. Ao longo dos últimos meses, passaram a maior parte do tempo nas instalações de treinamento local e se refugiaram no prédio construído para a habitação da equipe. Steele ouvira Skylar e Edge falando sobre seus planos de mudarem suas residências permanentes para perto para que nunca ficassem muito longe do complexo.

Até agora, as coisas estavam indo muito bem com a nova equipe. Steele tinha que dar-lhes crédito. Eles eram afiados e ansiosos para aprender e não tinham grandes egos, o que era um ponto positivo quando se tratava de treinamento. Não havia nada mais irritante do que ter algum recruta sabichão convencido de que ele já sabia tudo que havia para saber. Esses eram do tipo que você não conseguia ensinar merda nenhuma, porque eles já estavam convencidos de que sabiam tudo.

Steele gostava dos novos recrutas, o que significava muito desde que ele não tendia a gostar de ninguém. Exceto sua própria equipe e os Kellys. Eles tinham sua lealdade e respeito. Isso estava gravado em pedra. Mas Skylar e Edge estavam rapidamente ganhando seu respeito duramente conquistado. Skylar foi um tiro certeiro. PJ tivera tempo para trabalhar com ela e PJ ficou impressionada, o que mais uma vez significava muito já que PJ não se impressionava facilmente por qualquer pessoa. Mas Skylar não era um pônei de um truque só. Além de suas habilidades como atiradora ela era letal em combate corpo a corpo e com uma faca. Ela os surpreendeu pra caramba, quando ela chegou ao nível superior em exercícios de treinamento com Garrett. O homem muito maior caiu de bunda no chão mais de uma vez. Derrubado por uma mulher com metade do seu tamanho. Todo mundo ainda estava falando merda com ele por causa disso.

Edge era quieto e reservado e tinha um olho afiado para os detalhes. Steele apreciava essas qualidades em qualquer um. Ele não era barulhento, não tinha necessidade de ser ouvido em todos os assuntos e prestava atenção. Ele era grande como uma montanha, facilmente o maior cara da KGI. Garrett sempre foi o mais alto, mas Edge o fazia parecer pequeno.

Dolphin moveu-se para o lado de Steele.

— O que está acontecendo? — Ele perguntou em voz baixa.

Steele quebrou o estudo da outra equipe e se virou para Dolphin, notando que PJ, Cole, Baker e Renshaw se aproximaram para ouvir.

— Sei lá, — Steele voltou. — Não deve ser bom, pela maneira que Sam e Garrett estão.

PJ franziu a testa, mas não ofereceu comentário. Toda a equipe de Steele estava avaliando a sala como se estivesse procurando alguma pista.

A maioria estava presente e contabilizada. Exceto a equipe do Rio, e ele não achava que tinha alguma coisa a ver com o Rio ou sua equipe. Eles não estavam atualmente envolvidos em uma missão, depois de ter assumido uma um pouco antes que Steele e sua equipe fossem chamados para o caso de sequestro.

Ethan não estava aqui, mas isso era de se esperar. Ele estava de licença desde que os gêmeos nasceram e estava passando seu tempo em casa com Rachel e os filhos. O que era exatamente onde ele deveria estar. Ethan poderia ter cometido erros no início de seu casamento com Rachel, mas ele mais do que os compensara agora. Não escapou a Steele o quanto o casal estava feliz agora, e com o nascimento dos mais novos membros da família Kelly era geralmente um momento festivo na família e na organização que se estendia para além da família Kelly.

Podia ser um pouco piegas, mas Steele se considerava parte da família que era a KGI. Não havia nada sentimental sobre isso. Eles eram leais e protegiam as costas uns dos outros. Sempre. Lealdade era tudo para Steele. Era uma parte essencial de sua formação. Era incutido na formação de cada membro da equipe. E PJ experimentou em primeira mão o quanto a lealdade corria profundamente quando ela tentou sair por conta própria. Ele não achava que ela tentaria um golpe como esse novamente. E isso lhe convinha muito bem. Ele poderia ter sido um solitário em todos os outros aspectos de sua vida, mas quando se tratava de sua equipe, eles eram uma unidade sólida e inquebrável.

Assim, além de Rio e sua equipe, todos os outros estavam contabilizados, o que significava que estava acontecendo provavelmente significava outra missão a qual não poderia dizer não. Droga. A única vez que ele realmente queria tempo livre para gastar em interesses pessoais ele não conseguia ter uma pausa.

Sam baixou o telefone e murmurou baixinho para Garrett, cuja carranca só ficou maior. Então Garrett praguejou fortemente, algo que o colocaria em apuros com sua esposa, Sarah, se ela estivesse a uma distância que pudesse ouvi-lo. O grande homem tentava o seu melhor para conter a língua e os palavrões pelos quais era famoso. Mas quando estava longe de Sarah, os palavrões ainda voavam.

Sam caminhou até onde os outros estavam com Steele, seu tom grave.

— Okay, escutem. Maren está desaparecida.

As palavras foram como um soco no intestino de Steele. Ele nunca imaginou que o que quer que fosse que estivesse mantendo Sam no limite envolvia Maren. Seu sangue gelou e o medo, uma emoção estranha, agarrou-o pelas bolas.

— Que porra é essa? — Steele exigiu saber.

Nathan, Joe e sua equipe reagiram com surpresa com a reação explosiva de Steele. Eles se aproximaram, caindo no lado direito de Sam e em frente a Steele e sua equipe.

— Eu estava lá, — Steele continuou, antes que Sam pudesse responder. — É onde eu estava quando você me ligou antes desta missão. Tudo estava bem. Você está me dizendo que ela está desaparecida desde então?

A testa de Sam franziu.

— Você a viu quando?

Ignorando os olhares curiosos de todos na sala, Steele focou em Sam.

— Eu estava lá quando você me ligou. Foi por isso que demorei 12 horas para chegar aqui. Isso foi o que, uma semana atrás?

Sam e Garrett trocaram olhares.

— Ela deve ter desaparecido logo depois que você saiu, — disse Garrett. — O irmão dela nos chamou. Ele e os pais estão desesperados. Ela normalmente envia e-mails várias vezes por semana. Telefona para eles pelo menos uma vez. Eles estão em contato constante. O irmão dela ficou preocupado porque não teve notícias dela. Nada desde há nove dias, o que foi antes de você deixá-la.

— Ela não falou com eles ao telefone enquanto eu estava lá, — disse Steele. — Não faço ideia se ela estava enviando e-mails para eles ou não. Eu estava lá apenas há dois dias, quando fui chamado. Alguém já confirmou visualmente se ela desapareceu ou eles estão apenas muito preocupados?

Sam passou a mão pelos cabelos, a expressão cada vez mais sombria.

— Eu tinha alguém que ficava de olho nela desde que a puxamos para fora da África. Nada grave. Ela não teria gostado de saber que eu estava usando os recursos para manter controle sobre ela. Eu só queria ter certeza de que ela estava segura e se alguma coisa acontecesse, queria saber sobre isso. O meu cara lá diz que a clínica não foi aberta em uma semana. Parece que ela desapareceu não muito tempo depois que você saiu, Steele.

— O que está sendo feito? — Steele interrompeu. — Quem é que temos lá? O que eles podem nos dizer?

— Ele está questionando os habitantes locais, mas estou preocupado o suficiente para querer enviar uma equipe. Rio faz mais sentido porque ele está mais perto.

— Foda-se, — resmungou Steele. — Eu e minha equipe assumiremos isso.

As sobrancelhas de Sam se arquearam. Donovan parecia igualmente surpreso e Garrett franziu a testa.

A equipe de Steele agitou-se ao lado dele. Eles estavam no limite, assim como Steele.

— Concordo — Cole disse bruscamente. — No momento em que Rio tirar sua equipe de Deus sabe onde, já poderíamos estar lá. Estamos todos aqui e preparados. Podemos carregar e sair dentro de uma hora.

Steele assentiu com a cabeça, assim como todos os outros membros da equipe.

— Nós poderíamos ir também, — Joe falou. —Estamos prontos. Nossa equipe está aqui.

— Não! — Steele interrompeu de novo. — Esta missão é nossa. Com ou sem a bênção de vocês.

Donovan soltou a respiração.

— Eu estou inclinado a concordar com Steele. — Ele lançou um olhar de desculpas na direção do irmão. — Desculpe, Joe. Não é que não temos confiança em você, mas não queremos que a sua primeira missão seja como esta onde não sabemos merda nenhuma e estamos basicamente, voando às cegas em só Deus sabe o quê. Isto é pessoal. Maren é importante para todos nós. E precisamos agir rápido.

Novamente, Steele assentiu.

— Podemos sair agora.

— Vou acompanhá-los, — disse Donovan.

Sam olhou para Garrett.

— Eu pensei que nós dávamos as ordens por aqui.

Garrett deu de ombros.

— O trabalho precisa ser feito. Parece-me que temos que usar a rota mais conveniente. Steele e sua equipe têm experiência. Eles estão aqui. Por que esperar?

— Eu vou com você — disse Sam secamente. — Você vai, Steele, mas eu vou com você. De jeito nenhum eu vou deixar Maren na mão. Ela fez muito por esta família, pela organização.

— Bem, foda-se, alguém tem que ficar aqui e cuidar das coisas, e certamente não serei eu, — disse Garrett. — Maren é uma de nós. De jeito nenhum eu vou ficar de fora.

Steele levantou as mãos.

— Olha, eu entendo. Maren é uma de nós. Mas isso será muito mais suave se vocês deixarem minha equipe lidar com isso. Vamos nos manter em constante contato com vocês, e se precisarmos de suporte vocês podem manter a nova equipe preparada.

Donovan parecia que estava cavando seus calcanhares. Steele conhecia aquele olhar. Apesar de que Donovan pudesse ser o mais afável e descontraído membro do clã Kelly, quando ele colocava algo na cabeça, ele era como um pit bull agarrado em uma parte nobre da carne bovina. Não ajudava que ele tivesse uma enorme fraqueza por mulheres e crianças. O fato de que Maren era uma mulher e era uma pessoa extremamente importante para os Kellys apenas selou isso.

— Sam e Garrett podem ficar aqui. Eu vou com vocês — disse Donovan.

Garrett levantou uma sobrancelha.

— Adoraria saber quem morreu e deixou você no comando, irmãozinho.

Donovan levantou o dedo do meio para ele.

— Enquanto estamos aqui discutindo como um bando de pirralhos de dois anos de idade, poderíamos estar nos movendo para fora e descobrir o que diabos aconteceu com Maren.

— Hooyah — Cole murmurou.

— Inferno, sim, hooyah, — Dolphin ecoou.

— Eu concordo com Van, — PJ disse resolutamente. — Estamos desperdiçando o tempo que poderíamos usar para encontrar Maren e chutar a bunda desse filho da puta que mexeu com ela.

Sam levantou as mãos novamente.

— Não sei se alguém já mexeu com ela. Não faz sentido sair puxando o gatilho até sabermos ao certo o que está acontecendo.

Mas sua expressão permaneceu duvidosa. Donovan falou, dizendo o que estava no fundo de todas as suas mentes.

— Se Maren desapareceu sem dizer nada a ninguém, ela está em apuros.

Baker e Renshaw avançaram, as expressões determinadas. Mas foi Skylar quem interveio a seguir.

— Então, quando é que vamos ser liberados?

Todo mundo se virou para Skylar quando a pergunta feita em voz suave encheu o breve silêncio.

Seus lábios estavam em uma linha apertada. Edge estava ao lado dela, a única dica de seus pensamentos era o ligeiro estreitamento de seus olhos. Swanny ficou atrás de Skylar, tranquilo, longe dos outros. Essa era apenas a natureza de Swanny. Ele era muito consciente da cicatriz irregular que cobria um lado de seu rosto. Ele havia sido capturado com Nathan quando ambos ainda estavam no exército, e ambos foram presos e suportaram meses de tortura indizível.

Era fácil esquecer a presença de Swanny porque o homem raramente falava. Ele era muito parecido com Edge a esse respeito, mas ninguém jamais poderia esquecer-se de Edge. O homem era muito grande. Swanny misturava-se. Um perfeito camaleão. Você poderia estar na mesma sala com ele e esquecer que ele estava lá. Ele era um mestre em nunca chamar a atenção para si mesmo.

Nathan parecia calmo, mas seu irmão gêmeo, Joe, fervia de impaciência e frustração. Mas entre os dois, Nathan era o mais descontraído. Joe tinha um temperamento mais quente e rápido para querer agir. Steele conseguia entender isso. Mas de jeito nenhum ele ficaria para trás nessa missão. Ele e somente ele iria atrás de Maren e teria a maldita certeza de que ela voltaria para casa com segurança. E enquanto ele estivesse fazendo isso ele a convenceria de que praticar medicina no meio de um maldito lugar nenhum na Costa Rica era uma ideia estúpida. Ela precisava estar de volta aos Estados Unidos, onde era seguro. Onde ele e a KGI poderiam manter um olho melhor sobre ela.

— Vocês terão uma missão, quando dissermos que terão, — Garrett dirigiu-se a Skylar. — E nem um minuto antes. Maren é muito importante para nós, e não apenas por causa dos serviços médicos que ela fornece a nossas equipes. Ela é da família. Enviaremos o melhor, e nesse momento o melhor não são vocês.

A avaliação contundente foi o suficiente para fazer uma pessoa menor estremecer. Mas Skylar e o resto da sua equipe olharam para Garrett, e Skylar assentiu.

— É justo — disse ela.

— Agora, se já terminamos... — Steele interrompeu. — Estamos perdendo tempo.

— Vamos embora, — disse Donovan.

Quando Donovan começou a seguir Steele, ele estendeu a mão para pegar o braço de Donovan.

— Faremos isso do meu jeito, — Steele, disse em voz baixa. — Minha equipe. Minha missão. Meu jeito.

O canto da boca de Donovan se franziu.

— E com você é de alguma outra forma?

Dolphin riu, depois de ouvir a troca de palavras.

— Ele está com você, chefe.

— Eu quero saber o que diabos está acontecendo, assim que vocês chegarem lá, — disse Sam. — E quero saber no momento em que descobrirem o que diabos aconteceu com ela.

Steele assentiu.

— Minha primeira prioridade é a segurança dela e tudo o que eu tenho que fazer para protegê-la. Minha segunda prioridade será manter você no circuito.

Garrett riu.

— Ai. Eu diria que ele acabou de te ensinar como as coisas funcionam no mundo de Steele.

Os lábios de Sam se franziram e seus olhos se estreitaram.

— Enquanto eu assinar seus malditos cheques de salário eu espero que você siga minhas malditas ordens.

— Você pode enfiar seu salário na bunda! — Steele estalou. — Agora, se terminamos aqui, eu tenho coisas mais importantes para fazer do que ficar com essa briga mesquinha.

Ele virou-se e saiu da sala de guerra, com a mente cheia de imagens de Maren. Maren sorrindo. Maren debaixo dele. Sentindo o cheiro dela. Sentindo seu sabor. E agora ela estava desaparecida! Ninguém sabia onde diabos ela estava. Sua família, quem diabos Sam mantinha de olho nela. Eles haviam feito um trabalho pobre e isso o enfurecia. Se tivessem feito o maldito trabalho direito, ele não estaria prestes a entrar em uma porra de um avião para ir caçar o filho da puta que colocou as mãos sobre ela.

Ele sabia que estava tirando conclusões precipitadas. Maren poderia simplesmente ter ido embora. Ela poderia estar em férias. Poderia ter tido uma emergência. Mas não importa quantas possibilidades ele imaginasse, ele sabia que não era nenhuma dessas coisas. Maren era super responsável. Ela não era volúvel. Ela era tão firme e tão estável quanto eles. Sempre tinha um sorriso acolhedor, um ombro amigo. Sempre oferecia conforto e segurança. Ela era boa da cabeça até os dedos dos pés. Sol e açúcar em um único pacote.

Não havia nenhuma maneira de que ela iria sair sem avisar sua família. O que significava que tudo o que aconteceu com ela não foi por escolha dela. Se algum idiota a machucasse, que Deus o ajudasse, ele iria despedaçar o filho da puta com suas próprias mãos.

 

Steele encarou penetrantemente o homem de pé na frente dele e de sua equipe, esperando que ele soltasse uma explicação de por que não descobriu que Maren estava desaparecida até bem depois de seu desaparecimento. Aliás, ele não havia tomado conhecimento disso até que Sam entrou em contato com ele para obter informações. Steele não tinha paciência para trabalhos mal feitos, e ficou claro que Sam havia contratado alguém para cuidar de Maren que fizera um trabalho extremamente mau feito.

O homem parecia nervoso, mas afinal estava sendo examinado por uma equipe inteira de pessoas muito irritadas. Donovan tinha os braços cruzados sobre o peito, olhando com expectativa. PJ e Cole estavam do outro lado do Donovan, nem um pouco satisfeitos, e Baker e Renshaw estavam circulando ao redor, então estavam quase envolvendo o cara.

Sim, ele sabia que estava fodido.

— Eu estava conversando com os moradores e o suspeito mais provável é Javier Mendoza. Aparentemente, ele está farejando a Dra. Scofield há algum tempo. Um brutamontes contratado de Mendoza foi visto fora da clínica na noite anterior a sua clínica não reabrir como de costume. Ela não foi vista desde então.

As narinas de Steele dilataram e seus lábios se curvaram em desagrado.

— Entendi. Então talvez você possa me explicar por que você teve que descobrir que esse cara estava farejando Maren através dos moradores. O seu trabalho era manter um olho nela. Você deveria saber o momento que um idiota começou a manifestar interesse, e deveria ter informado imediatamente a Sam Kelly, o homem que lhe paga para saber essas coisas.

Rico ficou pálido e arrastou os pés nervosamente.

— Nunca houve um problema. As coisas são sempre calmas por aqui. Ela se levanta, vai até a clínica, trata os pacientes e, em seguida, retorna ao chalé. Todas as semanas ela dirige para comprar suprimentos, mas, além disso, ela é previsível.

— Então você ficou preguiçoso e complacente, — Donovan rosnou. — Você achou que nada aconteceria, de modo que parou de manter um olhar atento sobre ela.

Rico não respondeu, mas era evidente que era exatamente o que aconteceu.

Steele sacudiu a cabeça em desgosto.

— Se alguma coisa acontecer com ela. Se um fio de cabelo dela for tocado de alguma forma, eu irei atrás de você. Não há um buraco no qual você possa se esconder, que seja grande o suficiente para que eu não possa encontrá-lo.

Rico parecia que estava prestes a mijar nas calças. Ele gaguejou e balbuciou, tentando chegar a uma explicação, mas Steele estava cansado desse idiota. Ele estava puto que Sam não mantivera as cordas apertadas sobre esse imbecil. Estava puto por que ele foi chamado para longe de Maren e ela ficou vulnerável e sozinha. Se ele estivesse aqui, não havia nenhuma maldita maneira do homem de Mendoza ter chegado perto dela.

Ele estava sendo devorado pelo fato de que enquanto ele estava fora em uma missão, Maren tivera problemas e ele não ficou sabendo. Ele não deixou nenhuma forma de ela entrar em contato com ele. Não lhe ocorreu deixar uma maneira de entrar em contato com ele por telefone, porque ele planejava estar de volta o mais rápido possível. Ele fodeu tudo. Exatamente como o idiota que Sam contratou.

De jeito nenhum que essa merda iria acontecer novamente. Assim que ele tivesse Maren de volta, as coisas iriam mudar.

— Você está demitido! — Donovan rosnou para Rico. — Saia fora daqui. Eu não quero você perto de Maren ou da clínica.

Rico pareceu aliviado e girou nos calcanhares, correndo para o seu SUV. Ele não podia sair de lá rápido o suficiente, e provavelmente percebeu o perigo muito real de ganhar uma surra quanto mais tempo permanecesse na presença desses caras.

— Rico, — Steele chamou.

Rico parou e virou-se lentamente para olhar Steele.

— Nem pense em nos ferrar com Mendoza, contando a ele o que aconteceu aqui. Você é um homem morto se eu sequer suspeitar que você falou.

Ele ficou pálido de novo e balançou a cabeça. Então correu para o veículo, entrou e arrancou pela estrada.

— Filho da puta! — Donovan soltou um palavrão. — Que idiota.

— Sim, — concordou Steele. Então ele se virou para sua equipe. —Okay, precisamos fazer algum reconhecimento. Eu quero tudo o que há para saber sobre Javier Mendoza e quero para ontem. PJ e Cole, quero que vocês dois assumam posição fora do complexo dele. Descubram a configuração do terreno. Digam-me o que está acontecendo, com o que estamos lidando. Baker, eu quero você e Renshaw trabalhando em uma estratégia de entrada e saída. Quero a confirmação visual da presença de Maren dentro do complexo. Temos 24 horas para conseguir isso. Eu não quero Maren nas mãos desse idiota por mais tempo do que o absolutamente necessário, e quero ter certeza absoluta que ela não está machucada quando entrarmos.

— Onde é que isso deixa a mim e Dolphin? — Donovan perguntou divertido.

— Precisamos de todas as informações que pudermos obter sobre Mendoza, suas relações, o que se passa dentro e fora de seu complexo. Do pouco que o idiota do Rico poderia nos dizer, ele tem um forte esquema de segurança e monitora todos os veículos dentro e fora de seus portões. Se ele tem entregas, eu quero saber quando e em que dia. Esse seria o ponto de acesso mais fácil para nós se pudermos pegar uma delas.

— Desde que os moradores irão sequer falar com a gente, — Donovan disse severamente. — Pelo que Rico disse, ele não foi capaz de conseguir muita coisa deles. Todos estão cagando de medo de Mendoza.

— Rico é um idiota incompetente, — Steele disparou de volta. — Faça o que tem que fazer. Eu preciso de todas as informações que pudermos conseguir.

Donovan movimentou a cabeça e, em seguida, virou-se para Dolphin.

— Você está comigo, eu acho. Vamos fazer algumas perguntas.

Dolphin fez uma careta.

— Como está o seu espanhol? O meu é um pouco enferrujado.

— Eu posso sobreviver, — disse Donovan.

— Eu quero todos os relatórios em seis horas! — disse Steele. — Sejam discretos e não sejam vistos. Não quero que Mendoza tenha um indício de que estamos aqui. Se ele mantém o dedo no pulso de todos os moradores, como suspeito, ele vai saber que estamos aqui, se já não sabe. Precisamos entrar pegar Maren e dar o fora antes que ele saiba o que o atingiu.

— Estamos nisso, — disse Renshaw.

Os outros ecoaram a afirmativa de Renshaw e moveram-se rapidamente para fora.

Steele olhou para a clínica e para o caminho para a pequena cabana de Maren.

— Espere por mim, Maren, — ele murmurou. — Estamos indo por você.

 

Seis horas mais tarde, eles se reuniram na periferia do complexo de Mendoza em uma seção densa de árvores com arbustos e folhagens sibilantes. Cole e PJ foram os últimos a chegar, deslizando na escuridão. Um minuto eles não estavam lá, e no próximo eles apareceram, quase causando uma onda com seus movimentos.

Eles eram bons, e se não queriam ser vistos, você não iria encontrá-los. Steele gostava da absoluta confiança que toda a sua equipe inspirava. Era a melhor equipe que poderia encontrar. A equipe de Rio era boa, mas não era como a de Steele. Steele apostaria em seus garotos em qualquer dia da semana.

— Dê-me o resumo, — disse Steele em um tom tranquilo. — PJ e Cole, eu quero o relatório de vocês primeiro.

— Essa não é nada parecida com a operação de Garza, — Cole começou. — Garza tinha uma rede de segurança meia-boca. Ele era preguiçoso e convencido de que era intocável. Mendoza leva sua segurança a sério. Ele tem homens no terreno em patrulhas pesadas, mas elas são irregulares, por isso não há um padrão. Parece que foi projetado dessa forma para que ninguém soubesse quando ou onde os guardas aparecem. Esse cara é inteligente.

— Quatro torres de guardas, uma em cada canto, — PJ acrescentou. — Três homens em cada, mais um posto de vigia adicional no meio do complexo que permite que os ocupantes vejam toda a área abrangente. Ele tem seis caras lá. Todos armados com fuzis de longo alcance. Eu levantei a possibilidade de eles serem atiradores de elite, mas é apenas uma suposição com base no que observamos de tudo o resto. Eu duvido que ele fosse tão longe com a sua segurança se eles não fossem capazes.

— Porra, — murmurou Steele. — O que mais?

— Altas paredes de concreto cercam a casa principal. Portões de ferro no norte e sul, com quatro guardas postados em cada um. Ninguém entra ou sai sem ser revistado. Vimos um caminhão de entrega entrar e demorou pelo menos cinco minutos antes de permitirem a entrada. Todos dentro do caminhão foram revistados e apalpados. Todo o caminhão foi revistado de cima abaixo. Eu duvido que entrássemos dessa forma. Eles foram muito rigorosos, — disse Cole.

— Com apenas dois atiradores de elite, o melhor que podemos considerar é sermos capazes de entrar pela parte da frente ou de trás, mas não ambas ao mesmo tempo. Cole e eu teríamos de nos juntar e derrubar um lado e pelo tempo que isso acontece, eles saberão que estamos aqui e todo o inferno vai cair. Esse cara está armado até os dentes. Eu diria que ele é um filho da puta paranoico, — PJ disse.

— O que você está dizendo é que estamos em minoria em números e poder de fogo — Donovan disse severamente. — Temos que trazer outra equipe para isso, mesmo que seja Nathan e Joe.

Steele praguejou. Eles não tinham tempo para esta merda. Quais eram os malditos riscos que correriam em uma maldita fortaleza mais protegida do que o Forte Knox, no meio de Bumfuck, Costa Rica?

— Não temos tempo para trazer outra equipe, — Steele falou. — Algum sinal de Maren? Sabemos se ela está mesmo lá?

— Nós temos uma boa ideia de que ela está, — Dolphin interrompeu. — Noventa e nove por cento de certeza.

— Dê-me as informações que vocês tem, — Steele dirigiu-se a Dolphin e Donovan.

— Van e eu vasculhamos os arredores, — Dolphin começou. —Mendoza teve várias entregas. Roupas femininas. Vários carregamentos de merdas femininas. Loções, material de banho, perfumes, coisas para cabelo. Tudo que uma mulher precisa. Sem mencionar algumas entregas locais de arranjos florais. Parece-me com um homem que tenta cortejar uma mulher. Mas ninguém realmente a viu. Ele reforçou a segurança na última semana, o que está em consonância com a linha do tempo do desaparecimento de Maren.

Os lábios de Steele apertaram e ele engoliu um grunhido de raiva.

— Mais alguma coisa que aponte para indícios de que Maren está sendo mantida na propriedade dele?

— Nós temos uma testemunha ocular, — Donovan disse severamente. — Uma criança. Não é a testemunha mais confiável do mundo, mas ele soa crível para mim e ficou bastante claro que ele a viu.

— Diga-me, — Steele exigiu.

— Ele viu um cara dirigir-se à clínica de Maren antes da hora de fechar. Ele estava esperando quando ela saiu. Eles conversaram e o garoto disse que Maren parecia assustada. Em seguida, ele disse que o homem pegou Maren, jogou-a por cima do ombro e colocou-a em seu veículo e foi embora.

— Porra, — Cole murmurou. — Isso é evidência bastante sólida. Eu voto em invadir.

Steele voltou sua atenção para Baker e Renshaw.

— O que você tem para mim?

— Nada bom, — disse Baker. — Como disse Cole, altos muros de concreto cercam a casa principal. Duas portas, ambas fortemente vigiadas. Temos algumas opções.

— Diga-me, — Steele disse laconicamente.

— Bem, podemos explodir o nosso caminho através das paredes de concreto. Vai levar uma porrada de explosivos e ainda assim só nos dá uma saída a menos que queira dividir as pessoas e ir para um lado e explodir o nosso caminho para o outro. Podemos arrebentar com as portas, mas novamente, eles saberão imediatamente que estamos lá e ainda levaria tempo para percorrer o complexo e prendê-lo. Especialmente porque não sabemos onde diabos ele está mantendo Maren.

Steele e Donovan trocaram olhares inquietos. Steele não estava gostando de nenhuma opção.

— Ou, — disse Renshaw. — Podemos fazer uma descida de helicóptero no complexo. Bater com força e rápido, carregar o helicóptero e dar o fora. PJ? Cole? Vocês detectaram lançadores de foguetes? Acho que eles estão armados assim?

PJ franziu a testa.

— Não que eu tenha visto. Ele tem poder de fogo pesado, mas tudo em que eu coloquei os olhos eram rifles, e ele tem muitos. No entanto, seríamos estúpidos se não nos prepararmos para o pior.

— Onde é que iremos encontrar um helicóptero grande o suficiente para levar todos nós e oferecer proteção suficiente para que não tenhamos nossas bundas atingidas enquanto estamos levantando e dando o fora de lá? — Baker perguntou.

Donovan fez uma careta.

— Droga, boa pergunta.

— Foda-se tudo! — Steele praguejou. — Este não é o jeito que eu queria que as coisas acontecessem.

— Eu sei que todos nós queremos entrar e tirá-la de lá, mas temos que ser espertos sobre isso, — disse Donovan. — Precisamos chamar outra equipe, fazer Rio conseguir um helicóptero. Ele tem as conexões e poderia fazê-lo um inferno de muito mais rápido do que nós, se tentássemos conseguir um contato no local. Ele poderia estar aqui, em poucas horas, se o chamarmos agora. Aliás, Nathan, Joe e equipe poderiam estar aqui, não muito tempo depois disso. Se formos esperar 24 horas antes de entrarmos, vamos ter mão de obra suficiente e tempo de planejamento para garantir que isto corra bem sem que nós e Maren morramos no processo.

— E o que Maren estiver suportando enquanto isso? — Steele, disse em uma voz suavemente mortal.

PJ vacilou e assentiu em concordância.

Donovan passou a mão pelo cabelo e exalou profundamente.

— Nós não temos outra opção. Eu odeio a ideia de não saber a que o filho da puta está submetendo Maren, mas a última coisa que precisamos é entrar e entregar nossas bundas e conseguir que nós mesmos e Maren sejamos mortos. Se eu tivesse que escolher entre ela ficar onde está mais um dia sofrendo a atenção daquele bastardo ou entrar prematuramente e provocar a nossa morte e a dela, acho que você sabe qual seria a minha escolha.

Steele se virou e fechou os dedos em punhos enquanto a raiva impotente fervia em suas veias. Foda-se tudo, mas eles estavam em uma situação impossível. Isso trouxe à mente muito rapidamente o tempo em que PJ esteve nas mãos de um monstro maldito e toda a equipe foi forçada a ouvi-la sendo brutalizada e estiveram impotentes para detê-lo. Ele nunca mais queria sentir isso de novo. Nunca mais.

E agora enfrentavam uma situação muito semelhante. Em muitos aspectos, era pior, porque não sabiam que tipo de situação Maren estava. Estavam voando às cegas e só esperava como o inferno que ela não estivesse sendo submetida a qualquer tipo de abuso.

Ele ficava louco ao imaginar o que ela poderia estar passando. Imaginar as mãos daquele bastardo nela. Machucando-a. Ela desamparada e sem esperança. Ele viu o pior que as pessoas tinham para oferecer. Ele derrubou um monte de babacas. Mas ele nunca sentiu esse tipo de fúria cega. Isso o sacudiu. Fazia-o pensar duas vezes em cada decisão que estava tomando. E Steele não era nada, se não decisivo. Ele sempre foi capaz de calcular cada situação com total calma e tranquilidade.

Tudo o que ele podia ver era o doce e sorridente rosto de Maren, e ele sabia que não iria descansar até que a tivesse de volta. Segura. Onde ela pertencia.

— O que é que vai ser, Steele? — Donovan perguntou em voz baixa. — É a sua missão. Mas o que quer que façamos, é preciso agir rápido. Há um inferno de muito para fazer em dois dias.

Steele se virou, a mandíbula ainda travada em frustração. Ele soltou um suspiro profundo. Não, ele não queria esperar mais um maldito dia para entrar, pegar Maren e tirá-la de lá. Mas ele tinha que ser inteligente. Eles precisavam de mais poder de fogo. Eles iriam contra um inferno de pessoas. Uma só equipe, não importa o quanto eles eram bons, contra muitos. E por mais que quisesse Maren em segurança, ele não iria arriscar a vida dela para alcançar esse objetivo.

— Ligue para Sam. Coloque a outra equipe no caminho. Então, precisamos entrar em contato com Rio e ver com o que ele pode nos ajudar. — Ele olhou para Dolphin. — Arranje-me um layout do complexo. Temos zero espaço para erros. Isso tem que ser traçado à enésima potência.

— Vou ligar para Resnick, — disse Donovan.

O grupo inteiro ficou em silêncio. Steele virou seu olhar para Donovan, estreitando os olhos.

— Por que diabos você chamaria Resnick? — Steele exigiu.

— Um cara como Mendoza deve estar em alguma merda. De jeito nenhum ele está limpo. Com o tipo de mão de obra que ele tem de frente? Quem diabos tem a porra de um exército guardando a sua residência completa com guaritas e portões equipados? Só alguém com inimigos e uma razão para temer ataques tem esse tipo de proteção.

— Então onde é que Resnick entra em cena? Eu ainda não gosto disso. Toda vez que Resnick mete o nariz, a coisa fica malditamente complicada. A última coisa que eu quero é o Tio Sam respirando no nosso pescoço quando estamos tentando afastar Maren de algum sequestrador louco de pedra.

— Hooyah — Cole murmurou.

— Inferno sim, hooyah, — Dolphin ecoou.

— Isso ganha um hooyah até de mim, — PJ disse.

Baker e Renshaw expressaram sua concordância.

Donovan levantou as mãos, muito parecido com o que Sam sempre fazia quando as coisas ficavam fora de controle e ele queria a calma.

— Antes que isso resulte em um motim definitivo, aqui está a coisa. É possível que Resnick tenha informações sobre Mendoza, que possa nos ajudar. Se ele puder nos emprestar recursos? Ainda melhor. Certamente nos ajudaria se tivéssemos o Tio Sam em nossos bolsos. Maren é muito importante para nós, para que não utilizemos todos os recursos e tenhamos todas as vantagens que pudermos.

O grupo ficou em silêncio. Donovan marcou um ponto enorme e ele sabia disso. Quando ele colocava as coisas dessa forma, dificilmente poderiam argumentar sobre a possibilidade de consultar Resnick. Se isso lhes dava superioridade sobre Mendoza, estariam loucos em não utilizá-lo.

— Okay, chame Resnick, — Steele admitiu. — Vou pegar o chifre com Rio primeiro e deixá-lo lidar dessa forma e direi a ele que precisamos de um helicóptero. Se ele tiver algum membro da equipe que consiga chegar aqui a tempo, vou colocá-lo junto com a outra equipe. Cole, enquanto Donovan e eu estivermos fazendo as ligações, preciso que você entre em contato com Sam. Informe-o sobre a situação e diga-lhe que precisamos da outra equipe o mais rápido que puderem transportar suas bundas aqui.

— É isso aí, chefe, — disse Cole. — Vamos colocar este show na estrada já.

 

Steele fervilhava com impaciência enquanto todos se apresentavam a dois quilômetros do complexo de Mendoza. Rio foi o primeiro a chegar, o seu braço-direito, Terrence, com ele. Diego chegou apenas algumas horas atrás de Rio. Steele só poderia assumir que o resto da equipe de Rio não fora capaz de fazer isso em tão pouco tempo.

Nathan e Joe voaram com sua equipe e foram acompanhados por Sam. Apenas Garrett e Ethan ficaram para trás na sede da KGI. Sam retirou todos os empecilhos para esta missão. Maren era um deles, e eles não iriam descansar até que ela estivesse segura.

E, finalmente, Resnick chegou, acompanhado por Kyle Phillips e sua equipe Black Ops que trabalhava para ele. Steele não tinha ideia se a equipe de Kyle era sancionada pelo governo ou se eles estavam completamente fora dos livros. Steele apostaria no último. Ele tinha certeza de que seus dólares de impostos pagavam o salário da equipe Black Ops, mas esse dinheiro, como tantas outras coisas, desaparecia em um buraco negro e era registrado como alguma despesa de cortesia do governo dos Estados Unidos.

Resnick e Kyle Phillips correram até onde Steele, Rio, Donovan e Sam estavam. As equipes se reuniram frouxamente ao redor para que pudessem ouvir o que Resnick tinha a dizer. Como de costume, Resnick tinha um cigarro pendurado no canto da boca e, assim que terminava um, ele era rápido em acender outro. Era o bastardo mais nervoso e agitado que Steele já conheceu. Ele ainda não estava muito interessado no fato de que a KGI tinha beijado e feito as pazes com Resnick depois que ele os fodeu no passado. Mas ele era um trunfo de Sam e caberia a ele usá-lo. Só que agora Steele tinha mais que um interesse pessoal, ele gostando ou não. Maren não estava apenas debaixo de sua pele. Ela estava dentro dele permanentemente. Ela pertencia a ele. Ele estabeleceu sua reivindicação, ela se dando conta disso ou não.

Ele ouviu o que Resnick tinha a dizer, mas essa ainda era sua maldita missão e iria ser feito do seu jeito. O que quer que Resnick tenha para eles, deveria ser muito importante porque ele se recusou a dizer merda no telefone. Em vez disso, pulou em um maldito avião com sua equipe Black Ops e apressou-se para dar seu relatório pessoalmente. Eles não tinham tempo para esta merda. Steele estava louco para mover-se e invadir. Quanto mais cedo desistissem de brincar com relatórios e informações, mais cedo Maren estaria de volta em seus braços, onde ela estaria segura. E ele não iria cometer o erro de deixá-la desprotegida novamente.

— Estamos perdendo tempo — disse Steele, impaciente. — Diga o que você tem a dizer para que possamos sair. Cada minuto que desperdiçamos é outro minuto que Maren está nas mãos daquele desgraçado.

Resnick acenou com a cabeça e colocou outro cigarro na boca.

— Olhe, Mendoza está envolvido até as orelhas em armas e tráfico de drogas. O pensamento de que a KGI acharia isso interessante surgiu depois que vocês derrubaram Alex Mouton e nós desmantelamos toda a operação e apreendemos seus bens.

O olhar de Sam afiou. Alex Mouton era o pai de sua esposa Sophie, — ou melhor, o tio, já que foi descoberto mais tarde que o irmão de Alex era na verdade o pai de Sophie. O mundo é definitivamente um lugar melhor sem os irmãos Mouton. Eles causaram a Sophie e a KGI uma boa quantidade de sofrimento. Mas, especialmente a Sophie.

— Ele assumiu onde Mouton parou. Assumiu suas operações. Expandiu-se rapidamente.

— É como um maldito Whac-A-Mole — Cole murmurou.

Resnick assentiu.

— Para cada um que derrubamos, dois ou mais aparecem para tomar seus lugares. É um negócio de cão comendo cão. Se não os derrubamos, eles matam uns aos outros. Os fracos são abatidos e os fortes, os cruéis sobem ao topo.

— Qual informação você tem sobre Mendoza? — Steele o interrompeu determinado a chegar ao ponto. Estavam perdendo muito tempo com conversa fiada.

— Bastardo desconfiado — Resnick murmurou. — Escorregadio como uma maldita enguia. Ele muda de nomes e aparência, como a maioria das pessoas trocam roupas íntimas. Tenho perfis dele sob uma dúzia de diferentes pseudônimos, e esses são apenas os que eu conheço. Há provavelmente muitos que eu não conheço. Cada órgão do governo no Ocidente tem um grande desejo de prendê-lo. Ele é o número quatro na lista dos mais procurados da minha agência, mas se ele não for eliminado logo, será o número um em um curto período de tempo. Eu quero pegá-lo. É por isso que eu e minha equipe estamos aqui. Faremos tudo o que pudermos para ajudar. E se prendermos Mendoza, precisarei recolher amostras de DNA para verificar sua identidade porque ele fez cirurgias plásticas várias vezes e ainda teve suas impressões digitais cirurgicamente alteradas.

— Então, vamos parar de brincar e começar, — disse Steele com irritação.

— Eu estou com Steele, — disse Donovan.

Ouviram-se murmúrios de concordância ao redor.

Resnick assentiu.

— Sua missão. Sam disse que essa era a sua missão.

— Vamos lá, — disse Steele. — PJ, Cole, vocês dois levem Joe e Skylar com vocês. Entrem em posição e apanhem o que puderem quando o helicóptero chegar. — Então ele olhou para Kyle Phillips. Ele sabia que o jovem fuzileiro naval não gostaria de receber ordens dele, mas isso era muito ruim. — Você e sua equipe irão no chão. O resto de nós irá no helo. Quando você vir o helicóptero exploda em seu caminho, mas certifique-se de que Maren não seja pega no fogo cruzado.

— Sim, senhor, — disse Kyle.

Kyle virou-se e acenou para sua equipe e se dirigiram para fora, sumindo dentro da floresta que iria levá-los para o perímetro da propriedade de Mendoza.

Steele avaliou os demais membros da equipe. Com Baker, Renshaw e Dolphin que estava em sua equipe e Nathan, Edge e Swanny na outra, mais Sam, Donovan, Rio, Terrence, Diego e Resnick, fizeram um total de treze. Eles tinham número suficiente para quebrar esta operação não importa quão fortemente armados os homens de Mendoza estavam.

— Você voou no helicóptero que Rio trouxe? — Steele perguntou a Donovan.

Donovan apontou o polegar em direção a Nathan.

— Ele sabe mais sobre helicópteros do que eu. Eu posso pilotar praticamente qualquer coisa, mas ele pilota melhor.

— Vamos então.

Eles fizeram uma conferência rápida das armas, testaram os rádios e receptores e, em seguida, decolaram. Steele correu pela lista de verificação em tons concisos até que todos estivessem conscientes de suas atribuições.

O helicóptero voou baixo, cortando o topo da copa das árvores e, em seguida, entrou na clareira onde o complexo se estendia. A atmosfera dentro do helicóptero estava tensa. As expressões estavam focadas e sombrias. Rifles levantados, agarrados com força enquanto se preparavam para a descida de helicóptero no interior das muralhas.

— Ao meu sinal, — Steele gritou.

O helicóptero voou e pairou a vários metros do chão. Abaixo deles, homens espalhavam-se em todas as direções, buscando cobertura.

— Vão! Vão! Vão! — Steele gritou.

Eles caíram de ambos os lados do helicóptero, rifles levantados. Pelo canto do olho Steele viu os homens nas torres de vigia começar a cair como moscas. Os atiradores estavam fazendo o seu trabalho.

Eles espalharam o caos ao seu redor. A explosão pesada balançou o chão, e fumaça e pedaços de pedra explodiram no pátio. O staccato de tiros encheu o ar. Gritos roucos, alguns berros. Porra, havia mulheres.

— Cuidado com as mulheres, — ele gritou no microfone. — Quero o mínimo de baixas possível. Quero uma varredura de toda a casa. Encontrem Maren e certifiquem-se que ela esteja segura.

Sem esperar pela confirmação, Steele atravessou o pátio, com os olhos abertos para qualquer sinal de Maren. Muitos dos homens de Mendoza estavam no chão, de bruços, com as mãos em concha atrás das cabeças enquanto as equipes da KGI e de Resnick gritavam para eles abaixarem e ficarem no chão.

— A torre dos guardas está limpa. — PJ falou pelo rádio. — Estamos nos movendo para auxiliar vocês.

Steele correu para as portas de vidro que já fora quebrada por tiros. Uma vez lá dentro, encostou-se nas paredes, movendo-se furtivamente através de cada sala. Quando chegou à grande sala de estar, no centro da casa, um dos guardas armados de Mendoza apareceu carregando uma metralhadora. Assim que ele sinalizou sua intenção de atirar, Steele o derrubou. Ele passou por cima do corpo e correu para as escadas.

Não havia ninguém no andar de cima. Estava tranquilo e os quartos estavam vazios. Fez uma rápida verificação dos quartos e dois banheiros e se deparou com o que parecia ser o escritório de Mendoza. Encontrando-o vazio, ele praguejou. Onde diabos estava Maren?

— Relatório, — ele disse no microfone. — Lá em cima está limpo. Nenhum sinal de Maren.

Houve um longo silêncio e, em seguida, um por um, os outros se reportaram a ele. Nenhum sinal de Maren ou Mendoza.

— Eu estou descendo — disse Steele.

— No andar de baixo está limpo, — relatou Donovan.

Steele desceu as escadas de dois em dois degraus e estourou de volta para a sala onde Donovan, Sam e Dolphin estavam.

— Onde diabos ela está? — Steele exigiu. — Nós devemos ter perdido alguma coisa. O bastardo deve ter um esconderijo onde se escondeu com ela quando chegamos.

— O exterior está seguro. Kyle Phillips e sua equipe, juntamente com o resto da nossa estão juntando a ralé agora, — disse Donovan.

— Isso foi extremamente fácil, — Sam rosnou. — Eu diria que eles estavam esperando a gente, mas a julgar pelo pânico e caos quando começamos a atirar, os guardas de Mendoza foram apanhados com as calças na mão. Não parece em nada com o homem que Resnick descreveu.

Steele tinha um pressentimento muito ruim sobre isso, e sua intuição nunca o guiou errado.

Resnick apareceu, e pela primeira vez não tinha um cigarro pendurado na boca. Ele parecia chateado e frustrado.

— Não temos nada lá fora — disse ele. — O terreno está seguro. Além dos guardas na torre, temos baixas mínimas. Eles não conseguiram se render rápido o suficiente quando o tiroteio começou.

— Puxe todo mundo que não está de guarda sobre o povo de Mendoza — Steele ordenou. — Quero uma varredura completa de toda a área.

Uma hora mais tarde, os membros da KGI reuniram-se na sala de estar, todos ostentando expressões sombrias. Dolphin desceu as escadas com Baker e Renshaw em seus calcanhares, exatamente quando Rio e Terrence apareceram na área da cozinha.

— Eu encontrei isto, — Dolphin disse, segurando um pedaço dobrado de papel. — É melhor você ler, Steele. Você não vai gostar.

Steele arrancou o papel da mão de seu companheiro de equipe e rapidamente o abriu, verificando o conteúdo.

 

Mendoza sabia sobre a KGI através de um de seus homens. Eles sabiam tudo sobre mim, inclusive a minha ligação com a KGI. Mendoza me disse que estávamos saindo e que o seu pessoal atual era dispensável. Ele estava contando com vocês para se livrar deles para ele. Tudo o que sei é que ele está indo para Paris para uma cirurgia plástica e, em seguida, ele se mudará para começar tudo de novo. Ele prometeu não me machucar se eu cooperar com seus planos. Estou muito amedrontada, mas não tenho escolha a não ser fazer o que ele me mandou. Ele quer que eu supervisione sua recuperação após a cirurgia. Se vocês encontrarem esse bilhete, por favor, saibam que eu teria feito tudo o que pudesse para evitar o que aconteceu. Espero vê-los novamente e estou colocando toda a minha fé que vocês não desistirão de me encontrar.

Maren

 

O papel tremeu na mão de Steele. Os outros se aglomeraram ao redor para ler e Sam o tomou de Steele, sua expressão cada vez mais furiosa enquanto lia.

— Filho da puta! — Steele praguejou.

Ele queria colocar seu punho através de uma maldita parede. Isto era um embuste. Ele sabia que não deveria ter esperado as outras equipes para invadir. Agora, porque ele esperou, Maren escorregou por entre os dedos e estava suportando Deus sabe o que nas mãos de Mendoza.

A letra dela estava instável e desigual, rabiscada como se ela estivesse com pressa, e como a carta afirmava, muito amedrontada. Ela correu um grande risco ao escrevê-la. Se Mendoza tivesse descoberto, ela poderia ter sido morta.

Ele não queria imaginá-la em tais circunstâncias. Um peão, impotente nas mãos de Mendoza. Ela era uma mulher bonita, inteligente. Ele não acreditou por um momento que o interesse de Mendoza nela era puramente profissional. Deixava-o doente pensar nela com medo, intimidada, ameaçada.

Ele tinha que se controlar antes que ficasse louco. Estava torturando-se com todas as possibilidades. Precisava se desligar disso. Tinha que encontrar a rígida calma exterior que sempre carregou consigo por tantas missões anteriores.

— Merda, — Resnick murmurou. — Isso não é bom. Não é nada bom. Nossas chances de encontrá-lo novamente são escassas, na melhor das hipóteses. Isto foi o mais próximo que alguém foi capaz de chegar até ele. Ele está sempre um passo à frente no jogo. Toda vez que chegamos perto, ele desaparece novamente. Isso vem acontecendo há anos.

— Ele está indo para Paris. O que você pode descobrir Resnick? — Sam exigiu.

Resnick passou a mão pelo cabelo e, em seguida, imediatamente tirou um pacote amassado de cigarros do bolso. Acendeu um e respirou fundo antes de expelir uma longa coluna de fumaça.

— Sei lá, — ele admitiu. — Os últimos três cirurgiões que ele usou — os que sabemos — foram encontrados mortos no dia seguinte à cirurgia. Se ele vai para Paris para fazer outra cirurgia, quem quer que seja o filho da puta infeliz, provavelmente vai estar morto dentro de vinte e quatro horas. Mendoza é cuidadoso e não deixa nada ao acaso. Você viu o que Maren escreveu. O imbecil deixou seus homens com as bolas penduradas ao vento. Ele esperava que você fizesse o trabalho sujo e eliminasse todos os que trabalharam para ele.

— Eu quero que cada um que restou seja interrogado, — disse Steele. — Quero um relatório completo de tudo o que eles disserem, toda a informação que puderem fornecer, não importa quão insignificante possa parecer. E quero saber a última vez que Mendoza foi visto aqui e quando ele desapareceu. Se ele já está a caminho de Paris com Maren, então o nosso tempo está se esgotando. Resnick, você me dará tudo o que puder encontrar sobre o tipo de cirurgião plástico em Paris que Mendoza pode usar. Eu não dou a mínima para quem você tem que pressionar para obter as informações.

Então ele se virou para Dolphin.

— Faça minha equipe me encontrar no helicóptero. Diga-lhes para se mexerem agora.

Dolphin acenou com a cabeça e se afastou. Steele examinou o grupo que se reuniu na sala de estar e olhou para Sam com firmeza.

— Minha missão. Do meu jeito. Isto é pessoal. Ele fodeu com um dos nossos. Eu vou pegar esse desgraçado com ou sem seu consentimento. Eu prefiro fazê-lo com a KGI, mas se você me der qualquer problema sobre isso, eu sairei e levarei minha equipe comigo.

As sobrancelhas de Sam levantaram-se e ele trocou olhares com Rio e Donovan, que pareciam igualmente surpresos com a proclamação aquecida de Steele.

— É sua, — Sam disse lentamente. — Mas mantenha-me no circuito a cada passo do caminho. Eu quero saber quando, onde e como em todos os momentos. Maren é importante para todos nós. Eu não vou abandoná-la nisso.

— Porra, não! — Rio murmurou. Então ele olhou para Steele. — Se você precisar de suporte, me ligue. Minha equipe vai estar disponível no momento em que você nos avisar.

Steele assentiu.

— Eu agradeço e vou chamar se precisar de ajuda. Isso é muito importante para foder.

— Eu vou com você, — Donovan disse calmamente. — Isso não é negociável.

— Tudo bem, contanto que você lembre-se...

Donovan interrompeu-o antes que ele pudesse terminar.

— Sim, sim, eu sei. Sua missão. Do seu jeito. Não se preocupe. Eu não vou pisar em seus dedos.

— Enquanto entendemos um ao outro. Agora, se vocês me dão licença, preciso encontrar com a minha equipe para que possamos dar o fora daqui e pegar um avião.

— Não se preocupe conosco, — Sam disse secamente. — Vamos lidar com a limpeza aqui.

Steele não respondeu. Ele já estava no caminho para fora.

Sua equipe estava esperando no helicóptero, e o olharam com expectativa quando ele se aproximou.

— Qual é o problema? — Cole exigiu. — Onde diabos está Maren?

— Eu vou chegar a isso, — disse Steele brevemente.

Ele olhou fixamente para PJ, que estava com uma expressão preocupada no rosto.

— Maren não está aqui. O que sabemos é que Mendoza está com ela a caminho de Paris para uma cirurgia plástica. Aparentemente ele quer as habilidades de Maren para ajudá-lo em sua recuperação.

— Porra, — PJ murmurou.

— Estamos indo atrás dela, mas PJ, eu preciso saber se você pode lidar com isso.

As sobrancelhas dela franziram e ela lhe lançou um olhar de que porra é essa?

— Não sabemos o que vamos encontrar, — ele disse em voz baixa. — Mendoza está com ela em sua posse por um tempo agora. Ele está mantendo-a com ele, e por sua própria admissão, ela está com muito medo. Maren não se assusta facilmente, por isso em minha mente sei que ela tem uma razão para ter medo desse babaca. Eu preciso ter certeza de que você pode lidar com isso. Você não vai me irritar, se desistir desta missão.

Havia um brilho feroz nos olhos de PJ. O braço de Cole passou automaticamente em volta dela em um gesto de apoio, e ele apertou seus ombros.

— Eu vou ficar bem, — PJ disse em uma voz calma. — Maren viu a maioria de nós em nossos piores momentos. De jeito nenhum eu serei uma covarde e a abandonarei quando ela mais precisa de nós. E se esse babaca a tiver machucado de alguma maneira, eu mesma arrancarei as bolas dele.

Cole sorriu e Dolphin murmurou um hooyah.

Steele assentiu.

— Okay, agora que tiramos isso do caminho, estamos saindo e transportando nossos traseiros para Paris. Resnick vai desenterrar qualquer informação que ele tenha sobre os cirurgiões plásticos que têm o nível de habilidade necessária para a ampla reestruturação e nos passará o mais breve possível. Nesse meio tempo, vamos levantar voo.

 

Maren entrou calmamente no quarto onde Mendoza, ou melhor, Tristan Caldwell, como ele próprio renomeou-se, repousava. Ele se mexeu quando ela se aproximou. Há muito tempo ela superou a surpresa com o quanto o sono dele era leve, mesmo quando ele estava recém-saído da cirurgia e drogado com analgésicos. Ele estava alerta e consciente, mas ele parecia ter boas razões para temer ser morto durante o sono. Ele, sem dúvida, fez muitos inimigos em sua vida. Ou talvez não confiasse nela totalmente não tentar assassiná-lo. Ela desejou ter coragem, porque se tivesse estaria tentada.

— Ah, você está aqui, — disse Tristan.

Ele tentou pegar a mão dela, mas ela a moveu para longe, levantando-a para os curativos no rosto dele. Fazia 12 semanas desde a cirurgia e os curativos volumosos foram removidos, agora só gaze menor descansava sobre os locais de incisão em cicatrização.

A cirurgia não foi pequena. Todo o rosto foi reconstruído, nariz e as maçãs do rosto reestruturados. Até o queixo. Isso deveria ser terrivelmente doloroso. Ela não podia imaginar fazer isso regularmente. Mas, mesmo com a longevidade de sua recuperação, ele fez um progresso mais rápido do que ela poderia ter imaginado.

— Eles parecem bem, — ela disse rapidamente.

Ela cuidou de nunca deixar que a conversa se desviasse de sua saúde. Não tinha nenhum desejo de construir qualquer tipo de relacionamento entre eles. Ela o tratava como trataria qualquer paciente. Distante e profissional. Não importa que estivesse sendo mantida em cativeiro e sujeita aos caprichos de um homem louco.

— Você tomou conta de mim muito bem, Maren. Eu não estou surpreso que estou me recuperando tão rapidamente. Quando você acha que o resto das ataduras poderá ser retirado?

— Eu deixarei mais uma semana — disse ela.

Elas provavelmente poderiam ser retiradas agora, mas ela não tinha pressa. Ela temia o que iria acontecer quando ele se considerasse totalmente recuperado. Embora tivesse mantido sua promessa de não tocá-la, ele estava ficando cada vez mais ousado. Ela percebia que ele estava ficando impaciente com a recuperação e estava pronto para fazer a sua jogada.

Ela estremeceu quando ele colocou a mão sobre sua barriga. Forçou-se a permanecer imóvel e não se afastar. Não queria irritá-lo, mas também não queria que ele a tocasse.

Ele não fez nada, exceto ser gentil com ela, e isso a deixava perplexa. Seus toques tornaram-se mais íntimos, e até mesmo o seu discurso se tornou menos ameaçador e quase... Terno. Como se ele quisesse que ela gostasse dele. Não importa o quanto ele a tratasse gentilmente, ela não iria sucumbir à síndrome de Estocolmo. Ela queria sair dali. Isso não iria mudar, não importa o quanto ele fosse bom para ela.

— A sua barriga deverá começar a aparecer em breve? — Ele perguntou.

Eles estavam rapidamente se aventurando em um território no qual ela não queria entrar. Ela moveu-se para o lado para que a mão dele caísse.

— Logo, — ela concordou, não querendo dizer mais nada.

— O pai sabe sobre a criança?

Ela estreitou os olhos quando olhou para ele, fazendo contato com seus olhos pela primeira vez. Ele usava lentes de contato coloridas agora, deixando seus olhos de um azul esfumaçado. Ela nunca o tinha visto sem elas desde o dia após a cirurgia, quando ele as colocou. Seu cabelo estava agora tingido de loiro e com a cirurgia plástica, seu rosto havia mudado drasticamente.

— Não, — respondeu ela, pensando que a resposta agradaria Tristan.

E parecia agradá-lo. Satisfação transbordava em seus olhos, mas eles também queimaram com uma luz possessiva que lhe enviou um arrepio na espinha. Ela tinha que lhe dar algum crédito, por mais que lhe doesse fazer isso. Ele cuidou de todas as suas necessidades, fez com que todas fossem atendidas e tratou-a com respeito e exigiu o mesmo de sua equipe. Ela foi tratada da mesma forma em seu complexo na Costa Rica. Como uma convidada mimada em vez da prisioneira que era.

— Ainda bem, por que assim ele não terá nenhum contato — Tristan murmurou. — Você é minha, Maren. E seu filho também é.

Ela congelou, as mãos subitamente trêmulas. Ela afastou-as da gaze depois de verificar a fita mais uma vez e colocou-as nas laterais do corpo para que ele não visse o efeito que suas palavras tinham sobre ela. Ela mordeu o lábio para não responder a sua declaração. Não ganharia nada sendo explosiva.

— Eu gostaria de jantar no terraço esta noite. Diga a Armand para que ele possa se organizar. Você vai comparecer, é claro, — disse ele.

Como se ela tivesse escolha.

— Eu gostaria de descansar agora, — disse ele com desdém. — Vou esperar você de volta na parte da manhã. Eu gostaria que as ataduras fossem retiradas então.

Ela começou a protestar, mas sabia que não faria nenhum bem. Ele fazia o que queria e provavelmente já percebeu que ela estava enrolando para remover os curativos.

Ela caminhou até a porta e quando a abriu, Armand estava parado do lado de fora para escoltá-la de volta para o seu quarto, ou melhor, sua prisão.

O quarto não era mau como uma prisão. Era o máximo do luxo e conforto. Ela tinha tudo o que poderia querer ou precisar. Exceto a coisa que mais queria. Sua liberdade. Estava cansada de viver com medo. Andando nas pontas dos pés em torno de Mendoza/Tristan e preocupada a cada dia que ele iria quebrar sua promessa e forçá-la. Ou pior, decidir livrá-la de seu filho.

Estava doente de preocupação. Estava paranoica com cada refeição que comia, cada bebida que era oferecida. Sempre com medo de que ele lhe daria algo para fazê-la abortar. Isso não era maneira de viver, e estava desgastando-a. Ela não confiava em seu comportamento suave. Temia que ele a pegasse desprevenida e atacasse quando estivesse mais vulnerável. Então, preparou-se e permaneceu cautelosa o tempo todo. E isto estava desgastando-a rapidamente.

Ela estava abaixo do peso e o cansaço a atacava.

Armand desencostou-se da parede e ficou ao lado dela enquanto caminhavam de volta para o quarto. Em sua porta, ele fez uma pausa e, em seguida, estendeu a mão para pegar a sacola que ela não tinha notado antes.

— Pensei que você poderia usá-los, — disse ele.

Sua testa enrugou em confusão quando ela espiou dentro. Ela pegou um livro e viu que era um manual passo-a-passo completo de gravidez com fotos e uma análise da gravidez mês a mês.

A bolsa também continha várias frascos de vitaminas e uma grande variedade de doces embalados, bem como chocolates finos e uma caixa inteira de uma variedade de saquinhos de chá. Havia também um par de óculos de leitura para substituir os que ela deixara para trás.

Ela estava aturdida por sua bondade. Ou seria Tristan quem tinha arranjado? De alguma forma, o pensamento dele dando-lhe qualquer coisa lhe deu um nó no estômago.

— Foi ele quem mandou isso para mim? — Ela perguntou em voz baixa.

Armand sacudiu a cabeça.

— Eu comprei para você. Você não tem comido bem. Eu pensei que os chás e os lanches embalados fariam você se sentir mais à vontade.

Ela ficou boquiaberta, chocada que ele tivesse lido sua mente e percebido seu medo de ser drogada.

— Obrigada, — murmurou, perdida sem saber que mais dizer.

Armand não disse uma palavra. Simplesmente se virou e foi embora. A poucos metros da porta, ele voltou.

— Você vai jantar com ele no terraço esta noite. Mas amanhã você vai tomar café da manhã no seu quarto depois de remover as ataduras. Depois disso, ele não terá mais necessidade de você até amanhã à noite. O jantar será servido na sala de jantar formal. Vista-se para ele. Há algo em seu armário. E uma caixa de sapatos, na parte inferior. Ele quer que você use a joia em sua cômoda. Certifique-se de seguir as suas instruções. Não o irrite, Maren. Não importa o quanto ele tenha sido gentil com você até agora, é preciso lembrar que ele é um homem acostumado a conseguir o que quer, e não é uma pessoa muito legal quando está frustrado.

Ela lambeu os lábios nervosamente. Armand foi fazer compras para ela? Ele mexeu em seu armário? Esteve em seu quarto? E agora emitiu ordens que fizeram sua espinha endurecer momentos depois que ele fez uma gentileza para ela, trazendo-lhe o livro, as vitaminas e as guloseimas.

— E tome as vitaminas, — Armand disse rispidamente. — Não faz bem ao seu bebê você não comer corretamente e não tomar suas vitaminas.

Ela queria dizer ao idiota que ela era médica e podia cuidar de si mesma muito bem, mas ela sabia que não estava se cuidando e por mais que odiasse admitir, ele estava certo. Ela realmente precisava cuidar melhor de si mesma e de seu filho.

— Eu não vou deixá-lo colocar nada na sua alimentação, — Armand disse em uma voz tão baixa que ela quase não ouviu. — Eu supervisiono a preparação de todos os alimentos. Seu bebê está seguro. Eu prometo.

Com isso, ele se afastou, desaparecendo pelo corredor escuro. Ela olhou para a sacola em perplexidade. Ela estava cercada por loucos. Em um minuto Armand poderia realmente parecer... Legal. E no próximo? Ele a lembrava que ele era o duro empregado de Tristan. Seu executor. Até mesmo Carlos, seu brutamontes de recados, fora deixado para trás, dispensável como Tristan dissera. Apenas Armand os acompanhou na mudança da Costa Rica para Paris e depois para só Deus sabe onde.

Maren deixou-se ficar no quarto, perplexa por que ainda não tinha ideia de onde estava. Ela poderia estar em qualquer lugar. Armand vendara seus olhos quando deixaram o apartamento que Tristan alugara em Paris. Ela ficou com os olhos vendados toda a viagem. Perdera a conta das horas no avião. Poderia ter sido uma hora ou dez. Sem a capacidade de olhar para o relógio, ela não tinha ideia do tempo que passou.

Uma vez que chegaram ao seu destino, Maren foi introduzida na enorme casa e a venda foi removida. Ela nunca esteve fora do terreno e tinha permissão para sair do lado de fora apenas por intervalos muito curtos e apenas com Armand colado em seu braço.

O tempo estava ameno. Nem muito quente, nem muito frio, embora as noites fossem frescas, e por alguma razão, ela tinha a ideia de que estavam nas montanhas. Talvez fosse o rico cheiro de pinho e frieza do ar.

Ela caiu sobre a cama, cansada demais para contemplar tomar um banho quente. Um banho rápido soou muito mais atraente, para que pudesse ir dormir muito mais rápido. Arrastou-se para cima e para o banheiro depois de certificar-se que a porta estava travada. Embora duvidasse que Tristan saísse da cama tão rápido, ela seria uma tola por presumir qualquer coisa quando se tratava dele. O dia em que ela baixasse sua guarda seria o dia em que ele iria fazê-la se arrepender.

Trancou o banheiro como uma medida extra de segurança e, em seguida, ligou o chuveiro, esperando o vapor começar a subir. Uma vez debaixo da ducha, virou o rosto para ele e deixou-o bater sobre seu corpo, absorvendo o calor reconfortante.

Suas mãos deslizavam por seu corpo pela cintura ainda fina. Ela havia perdido peso, e era um peso que não podia se dar ao luxo de perder. Se não fosse mais cuidadosa, acabaria fazendo a mesma coisa que temia que Tristan fizesse. Prejudicaria seu bebê por não cuidar melhor de si mesma e de seu filho.

— De alguma forma nós vamos sair dessa, — ela murmurou enquanto alisava as mãos sobre o local onde o bebê descansava. — Seu pai virá para nós. Temos que acreditar nisso. Ele pode não saber sobre você ainda, mas quando ele descobrir, eu sei que ele vai nos proteger. Ele não vai virar as costas para nós, bebê. Apenas temos que encontrar uma maneira de chegar até ele.

Ela livrou-se do peso de seus pensamentos e rapidamente lavou o cabelo. Depois saiu e enrolou uma toalha em torno de si mesma, penteou o cabelo molhado e, em seguida, começou a se vestir com as roupas que Tristan lhe forneceu.

A julgar pela qualidade e estilo das roupas que ele arrumou, ele tinha planos que não incluíam uma relação platônica entre eles. Caso contrário, por que teria se incomodado com a lingerie sexy e reveladora?

Ela vivia cada dia com medo de que ele iria dar esse passo e cruzar a linha que tinha prometido a ela que não iria atravessar. Ela não era uma tola ingênua. Sabia que ele não tinha a intenção de manter essa promessa. Mas ele parecia determinado a conquistá-la, em vez de forçar a mão. A pergunta era quanto tempo demoraria antes de sua paciência acabar e ele descobrisse que sua sedução não estava funcionando.

Ela só esperava como o inferno que estivesse muito longe antes que ele chegasse a esse ponto.

 

Rio foi despertado de um sono profundo pelo toque de seu telefone seguro. Ele rolou cuidadosamente para longe de Grace, que murmurou um protesto sonolento antes de se aconchegar de volta ao seu lado. Ele sorriu e beijou o topo de sua cabeça antes de se virar e alcançar o telefone na mesa de cabeceira.

— É melhor que seja bom, — ele rosnou no telefone.

— Eu tenho uma coisa que acredito que pertence a sua KGI.

Rio ficou em silêncio enquanto o choque apoderava-se dele.

— Hancock? Que porra é essa, por que você está me ligando?

O líder do Titan, um homem que Rio havia treinado, e que ele pensou ter se transformado em desonesto, não era do tipo que ligaria para perguntar sobre o tempo. Se ele estava ligando para Rio no meio da noite, ou ligando de qualquer maneira, não era para trocar gentilezas.

— Uma linda e jovem médica? Te lembra alguma coisa?

Rio sentou-se na cama. Grace acordou ao lado dele e ficou em silêncio enquanto ela o estudava no escuro.

— Que tipo de acrobacia você está tentando fazer, Hancock? Se você estiver com Maren, eu terei suas bolas em uma bandeja.

— Se a quer de volta, você vai prestar atenção. Estou enviando uma mensagem criptografada delineando as coordenadas. Esteja no local designado daqui a dois dias as duas da madrugada. Não se atrase ou não poderei garantir a segurança dela. E Rio, eu a entregarei apenas a você. Se qualquer outra pessoa aparecer o negócio estará desfeito. Fui claro?

— Sim, eu entendi, — Rio murmurou.

O telefone ficou em silêncio em seu ouvido e Rio o abaixou. Filho da puta. Não deveria surpreendê-lo que Hancock estivesse envolvido. O homem tinha os dedos em muitos acontecimentos tenebrosos. Não estava claro para quem Hancock trabalhava exatamente. Titan começara como uma organização governamental secreta Black Ops que não existia oficialmente. Mas depois, alguns anos atrás, deixara de existir até mesmo não oficialmente, e fora dissolvida. Só que, Titan ainda estava viva e operacional. Eles derrubaram Gordon Farnsworth, o homem responsável pelo rapto de Grace, e, como resultado, Rio e Grace adotaram Elizabeth, filha órfã de Farnsworth, uma menina preciosa que Grace curou com grande risco para si mesma.

Seria adequado Rio nunca cruzar o caminho com o homem novamente. Mas, aparentemente, o destino não era daquele tipo.

— Rio?

Ele se virou para ver o rosto preocupado de sua esposa olhando ansiosamente para ele.

— O que foi? — Ela perguntou baixinho.

Ele segurou-lhe o rosto e deu um beijo em sua testa.

— Não tenho certeza, querida. Era o nosso velho amigo Hancock. Aparentemente, ele está com Maren, ou pelo menos sabe alguma coisa sobre onde ela está.

Ela prendeu a respiração, com os olhos cada vez mais arregalados pelo alarme.

— Ela está bem?

— Eu não sei ainda. Ele está enviando informações criptografadas e diz que vai entregá-la no prazo de dois dias. Eu preciso recuperar essa informação, e então vou precisar chamar Steele. Ele está girando o mundo inteiro tentando encontrá-la.

— Você terá que ir?

Ele fez uma careta.

— Sim, querida, terei. Desculpe. Hancock disse que se eu não aparecer, o acordo estará desfeito. Levarei você e Elizabeth para ver Shea. Você pode ficar com ela enquanto eu irei com Steele.

Seus olhos brilharam com a menção da irmã. Então ela sorriu.

— Vou avisá-la que estou chegando.

Rio revirou os olhos.

— Espere por apenas um segundo antes de iniciar a telepatia. Se Shea descobrir rapidamente, então ela dirá a Nathan e Nathan vai dizer a Sam e os outros e todos eles saberão antes mesmo que eu saiba o que diabos está acontecendo.

Ela sorriu e jogou as cobertas.

— Vou esperar até você me dizer que posso contatá-la. Nesse meio tempo, vou acordar Elizabeth e vamos fazer as malas, enquanto você faz as suas coisas super secretas de espião.

— Beije-me primeiro, — ele murmurou.

Ela ofereceu sua doce boca e ele pegou pesado, saboreando-a e deixando-a saboreá-lo. Ele nunca se cansava de seus beijos, do seu amor. Ela era um maldito milagre. Seu milagre. Ela salvou sua vida e isso quase a matou. Ele nunca se esqueceria disso, nem nunca a deixaria colocar-se em risco assim de novo.

— Eu te amo — ele murmurou contra seus lábios.

— Eu também te amo — disse ela com um suspiro ofegante.

— Vá acordar Elizabeth. Precisamos sair assim que eu baixar as informações. Vou ligar para Steele para que ele nos encontre no complexo KGI. Ele e sua equipe estão só Deus sabe onde no momento. Ele tomou esta missão para encontrar Maren muito pessoalmente.

Grace franziu a testa por um momento, arqueando as sobrancelhas.

— Steele não toma nada pessoalmente, não é? Ele é mais uma máquina do que um homem. Eu não acho que eu já o vi expressar qualquer emoção.

— Eu não tenho nenhuma ideia do que o motiva sobre isso, mas ele não descansou um momento desde que Maren desapareceu. Ele estabeleceu a lei e disse a Sam que esta missão era dele e que Sam se fodesse se não gostasse.

As sobrancelhas de Grace subiram.

— Talvez Steele sinta alguma coisa por Maren.

Rio riu.

— Duvido amor. Steele é... Bem, ele é Steele. Ele vive para a sua equipe e nada mais.

— Aposto que é o que costumavam dizer sobre você também.

Rio pausou.

— Você me pegou amor. Quando eu te conheci, minhas prioridades mudaram radicalmente e eu nunca olhei para trás. Você e Elizabeth são tudo para mim. Você sabe disso, não é?

Ela sorriu e acariciou o rosto dele em suas mãos antes de se ajoelhar para dar um beijo ardente em seus lábios.

— Sim, eu sei.

 

Vinte e quatro horas depois, Steele estava dentro da sala de guerra no complexo KGI com sua equipe, esperando pela informação que Rio havia prometido. Ele não dormira nada nas últimas semanas. Seu único objetivo de encontrar Maren permeava todos os seus pensamentos de vigília. Sua equipe estivera tão focada quanto ele. Ele sabia que eles estavam trabalhando duro. Suas exigências eram quase desumanas. Mas eles aceitaram sem reclamar e adotaram a decisão de localizar Maren como se fossem deles. Três meses. Três malditos meses desde que ela desapareceu, e ele estava tão longe de encontrá-la agora do que estivera no começo.

Só que agora eles estavam aqui pela mensagem enigmática de Rio de que tinha informações sobre Maren. Era isso. Nada mais. Steele fervia de impaciência. Que diabos estavam fazendo aqui? Se Rio sabia onde Maren estava então por que diabos não estavam no ar, preparando-se para entrar e resgatá-la?

Rio deu um passo dentro da sala de guerra e todos ficaram atentos. Sam endireitou-se e concentrou sua atenção no outro líder de equipe, assim como todos os outros na sala.

A equipe de Rio o ladeava. Eles ainda estavam em baixa de um homem, e até agora Rio não mostrava nenhum interesse em substituí-lo. Eles eram loucos por operar com um homem a menos. Rio já deveria ter substituído o homem e ele deveria estar em treinamento com Nathan e a equipe de Joe. Mas, Rio fazia as coisas à sua maneira, assim como Steele, então Steele não podia realmente culpá-lo por qualquer motivo que ele tivesse. Ele duvidava que seria rápido em substituir um dos membros de sua própria equipe. Ele certamente não substituiu PJ quando ela saiu da equipe e foi embora. Mas, também, nunca foi uma questão de se ela voltaria ou não. Steele se recusou a sequer pensar isso.

— O que você conseguiu? — Steele exigiu quando Rio chegou perto o suficiente para que todos pudessem ouvir seu relatório.

— Hancock me ligou, — Rio disse sem rodeios.

A rodada de maldições subiu das pessoas reunidas. O sangue de Steele gelou. Hancock e por consequência, Titan, eram más notícias. Eles eram de caráter duvidoso e não havia como dizer quem estava assinando seus contracheques.

— Ele disse que vai entregar Maren às duas horas da madrugada de amanhã.

— Que porra é essa? — Steele falou entre os dentes cerrados. — Aquele desgraçado está com Maren? Qual o tipo de façanha de merda ele está tramando? Eu vou pregar a bunda dele na parede por isso.

— Eu arriscaria um palpite de que ele está disfarçado dentro da organização de Mendoza. Ou melhor, Tristan Caldwell, já que esse é seu mais novo apelido — disse Rio.

A expressão de Sam era empedernida.

— Então, ele simplesmente entregará Maren para nós?

— Dê-me um segundo para falar sobre sua comunicação. Então, podemos chegar a esse ponto, — Rio disse calmamente.

A sala ficou em silêncio e os dedos de Steele se fecharam em punhos nas laterais do corpo.

— O negócio foi que Mendoza, ou melhor, Caldwell, fez um acordo com Maren. Ela iria supervisionar a recuperação de sua última cirurgia plástica, e em troca ele não iria machucá-la ou tocá-la. Hancock acredita que ela está em perigo agora e que Caldwell pretende se evadir do acordo.

— Filho da puta! — Steele praguejou.

— Hancock estava disposto a deixá-la ir embora quando sua missão estivesse completa e ele derrubasse Caldwell. Eu não tenho nenhuma ideia de para quem diabos ele está trabalhando, mas não me surpreenderia se Resnick estivesse envolvido de alguma forma. Ou se não está diretamente envolvido, ele sabe de alguma coisa. Mas Hancock está, aparentemente, preocupado com a segurança de Maren e quer tirá-la de lá agora.

— Por que diabos ele simplesmente não derruba Caldwell agora? — Garrett exigiu. — Não faz sentido. Ele arriscaria tirar Maren de lá, mas não se arriscará a derrubar Caldwell?

Rio encolheu os ombros.

— Seu palpite é tão bom quanto o meu. Não tenho a pretensão de compreender o funcionamento da mente de Hancock. Ele é frio e calculista. Estou surpreso como o inferno que ele dê a mínima para o fato de que Maren está em risco. Ele é o tipo que coloca a missão acima de tudo. Sabemos disso muito bem. Ele deixou Grace entrar em uma situação onde ela poderia ter morrido, e ele fez isso para alcançar seu objetivo. Este não é seu modo habitual de trabalhar, por isso estou desconfiado de sua oferta de entregar Maren para nós.

— Onde e quando? — Steele perguntou sem rodeios. — Eu não dou a mínima para a missão ou objetivo dele. Se ele pode nos entregar Maren, isso é tudo que me interessa.

Rio olhou especulativamente, olhando para ele um longo momento, como se estivesse tentando descascar as camadas da mente de Steele. Boa sorte com isso. Steele retribuiu seu olhar, não recuando um centímetro. Ele não vacilou. Em seguida, Rio arqueou uma sobrancelha.

— Talvez Grace esteja certa, — ele murmurou.

Os olhos de Steele se estreitaram.

— Que diabos isso quer dizer?

Rio balançou a cabeça.

— Nunca pensei que veria esse dia.

— Podemos ir em frente? — Steele perguntou. — Não temos tempo para essa merda. Apenas me diga onde eu preciso estar, assim eu e minha equipe poderemos pegar a estrada.

Rio soltou a respiração.

— Há um problema com isso. Hancock só vai negociar comigo. Disse que se qualquer outra pessoa aparecer, não terá acordo. Sei que você não vai gostar, mas eu terei que ir. Você e sua equipe podem ficar a postos, enquanto eu recupero Maren.

— Claro que não! — Steele explodiu.

Várias expressões de desacordo foram manifestadas na sala.

Garrett tinha um olhar tenso no rosto. Sam estava balançando a cabeça e a expressão de Donovan estava sombria.

— Como é que você sabe que isso não é uma armadilha? — Sam perguntou. — Você e esse cara tem uma história, Rio. E se ele está usando Maren para atrair você? Como você pode saber se ele está dizendo a verdade sobre tudo isso?

— Eu não sei, — Rio disse calmamente. — É um risco que eu tenho que correr.

— Eu não gosto disso, — murmurou Donovan. — Isso cheira a uma armadilha.

— Ele não vai sozinho, — Terrence disse, falando pela primeira vez.

— Claro que não, ele não vai, — Steele interrompeu — Eu e minha equipe estaremos lá.

Rio levantou as mãos pedindo silêncio.

— Olha, Hancock é um bastardo cauteloso e paranoico com gelo nas veias. Eu não duvido por um segundo que ele vai colocar um fim nos nossos planos se eu aparecer com duas equipes. Sim, a minha equipe vai. Aonde eu vou, eles vão. Hancock sabe disso. Mesmo se eu aparecer no ponto de encontro sozinho, ele vai saber que eu nunca iria a lugar nenhum sem a minha equipe. Steele, você e sua equipe vão ter que ficar para trás com Terrence e os outros, você gostando ou não. Assim que eu pegar Maren, sairemos de lá e ligarei para você assim que eu a colocar em segurança.

— Então, ele simplesmente vai nos entregar Maren e espera que nós não déssemos a mínima que Mendoza ou Caldwell ou qualquer merda que ele chama a si mesmo ainda está lá fora e é uma ameaça à Maren? — Steele perguntou.

Rio assentiu.

— Sim, isso é exatamente o que ele quer. Ele está arriscando sua missão para tirar Maren de lá, o que não é nem um pouco característico dele. Ele não hesitará em quebrar o acordo se sequer pensar que estamos planejando atacar Caldwell antes que ele mesmo esteja pronto para derrubá-lo. Eu sei que isso vai contra o seu modo de agir, Steele, mas é exatamente o que vamos ter que fazer se quisermos Maren de volta e fora de perigo.

A mandíbula de Steele apertou até que seus dentes pareciam prontos para quebrar. Inferno, sim, isso ia contra sua forma de agir, simplesmente ir embora e deixar livre o filho da puta que sequestrou Maren. Ele queria o filho da puta derrubado onde ele já não representasse uma ameaça para ela. Mas em primeiro lugar ele queria Maren fora das garras de Caldwell, e, se ele tinha que ficar de mãos atadas, então era o que ele iria fazer. Desde que ele tivesse Maren de volta, Caldwell e Hancock poderiam se foder.

— Diga ao seu amigo que se ele nos foder sobre isso, eu vou caçar a bunda dele. Vou dedicar o resto da minha vida a caçá-lo e derrubá-lo, — Steele disse em uma voz gelada.

Rio levantou uma sobrancelha.

— Farei com que ele saiba disso.

— Agora, onde diabos estamos indo? — Steele perguntou.

— Kosovo, — Rio respondeu severamente.

 

Maren sentiu a presença de alguém em seu quarto e acordou com o véu pesado de sono, assim que uma mão apertou sobre sua boca. Seu grito foi abafado e todo o seu corpo ficou rígido, preparado para se defender.

Seu pensamento imediato foi que Tristan chegou ao seu quarto, que seu tempo acabou, e que ele estava fazendo sua jogada. Ela lutou sob a mão firme e, em seguida, outra mão foi para sua garganta, apertando levemente. Não era doloroso, mas a pressão a impedia de mover-se.

— Fique quieta, Maren. Eu não vou te machucar. Preciso de você acordada. Acima de tudo, permaneça em silêncio. Balance a cabeça, se você me entendeu.

A voz de Armand filtrou através de seu pânico, e ela balançou a cabeça. A mão dele a soltou, mas pairou perto, caso ela tentasse gritar novamente. Quem poderia salvá-la? Certamente não Tristan, embora ele não fosse gostar nem um pouco de encontrar seu segurança no quarto de Maren no meio da noite.

— Sente-se. Você tem que se apressar. Vista-se. Não leve nada com você.

Ela fez o que ele disse, e olhou para o relógio de cabeceira para ver que passava apenas alguns minutos após a meia-noite.

— O que está acontecendo? — Ela sussurrou. — O que você está fazendo aqui? E para onde é que eu vou?

— Não há tempo para perguntas, — disse ele, impaciente. — Se vista ou você terá que ir com suas roupas de dormir. Vista algo quente. É mais frio para onde estamos indo.

Ela agarrou o braço dele quando ele começou a afastar-se da cama.

— Diga-me o que está acontecendo. Você espera que eu confie cegamente em você? Foi Tristan quem ordenou isso?

Ele se voltou para ela, com a voz calma.

— Eu vou te tirar daqui. Mas se você não se apressar, vamos perder nossa oportunidade. É meu turno de guarda e os outros estão dormindo, exceto os guardas que patrulham a propriedade, e temos que sair exatamente agora para que não sejamos vistos. Você tem exatamente 12 minutos para se vestir e dar o fora dessa casa ou ficar aqui. Sua escolha.

Quando colocado assim, ela não iria discutir. Não, ela não confiava em Armand, mas ele era gentil com ela, e se ele iria tirá-la de sua prisão, ela não iria protestar. Só esperava pelo inferno que ela não estivesse pulando da frigideira direto para o fogo.

Arrastou-se e foi até o armário, arrancando os pijamas de seda. Ela não se incomodou com o pudor. Duvidava que Armand estivesse olhando, de qualquer maneira. Sem se incomodar com um sutiã, vestiu uma camiseta e jeans, presentes de Tristan. Odiava aceitar qualquer coisa que ele tivesse lhe dado, mas ela não tinha mais nada para vestir.

Vestiu as meias e um par de botas e depois estendeu a mão para uma das jaquetas forradas de pele que Tristan fornecera. Ela não tinha pensado nisso antes, mas era óbvio que ele planejava que ela ficasse com ele a longo prazo, porque ele comprou itens que ela precisaria em um tempo mais frio e estava frio, mas não tão frio assim.

Não importam quais eram os motivos de Armand, se ele lhe oferecia uma maneira de escapar, ela estava agarrando-a com as duas mãos.

Retornando do armário, sussurrou:

— Estou pronta. Onde estamos, Armand? Tristan nunca disse e eu não tenho permissão para sair o tempo suficiente para obter alguma ideia de onde diabos é este lugar.

— Kosovo, — ele respondeu com gravidade.

— Kosovo – ela guinchou. — Oh, meu Deus. Eu nem sei exatamente onde Kosovo está no mapa, e eu já viajei muito. Tudo o que posso dizer é que está em algum lugar da Europa Oriental.

— Não importa. Em poucas horas você vai estar muito longe daqui e é aconselhável que nunca mais volte.

— Não me diga, — ela murmurou. — Esse lugar não estará na programação de minhas futuras férias, disso tenho certeza absoluta.

Ele agarrou o braço dela.

— Vamos. Fique absolutamente silenciosa. Nem uma palavra. Você me ouvirá e seguirá minhas ordens em todos os momentos. Se eu disser caia, você cairá imediatamente. Estamos entendidos?

Havia um fio de aço em sua voz. Ela não tinha certeza de como ela já tivera a impressão de que ele era bom. Agora ele parecia frio como gelo. Não como o homem que lhe trouxe os livros de gravidez e chocolate. Ou alguém que a recriminou por não cuidar melhor de si mesma.

Ela o seguiu até o corredor do lado de fora do quarto, e foi então que notou a arma no coldre do ombro. Havia outra em seu quadril. Ela não sabia se ficava aliviada ou preocupada com o fato. Pelo menos ele tinha alguma proteção no caso de eles serem pegos, mas ela não gostaria de ser pega no meio de um tiroteio. Mentalmente fez uma oração para que escapassem sem serem detectados e seguissem em segurança para onde estavam indo.

Ele fez uma pausa, como se ouvindo qualquer som abaixo. Então arrebanhou-a pela escada, mantendo o dedo nos lábios para indicar que mantivesse silêncio rigoroso. Como se precisasse pedir isso a ela. Se ele iria tirá-la daqui, ela faria qualquer coisa que ele dissesse.

Ele a levou até a cozinha e saiu pela porta que dava para o terraço. De lá, desceram um conjunto de sinuosas escadas de pedra que levaram a um grande quintal cercado. Ele apertou-a ao lado da casa e segurou sua mão firmemente sobre o peito. Ficaram por um longo momento até que Maren viu uma figura sombria desaparecer a direita e em torno do canto da casa. Ela soltou um longo suspiro de alívio, mas a mão dele pressionou mais forte contra ela. Uma ordem silenciosa para ficar calma e absolutamente imóvel.

Outra figura seguiu no mesmo caminho que a primeira. Ela já conseguia se conter. Aparentemente discrição e fuga não eram seus pontos fortes. Graças a Deus, Armand tinha mais habilidade do que ela.

Uma dúzia de perguntas em pânico girava em sua mente enquanto ele a levava até o portão dos fundos e para a densa vegetação além do cercado no recinto. Ele iria apenas despejá-la em algum lugar fora do limite da casa e deixá-la ir sozinha? Sim, ela queria ser livre, mas de alguma forma vagar por Kosovo no meio da noite não a enchia com nenhum alívio. Ela não tinha passaporte, nem identificação, nem telefone, nem nenhuma maneira de chegar a lugar nenhum.

Quando se moveram para além da primeira linha de árvores, ele sussurrou:

— Pegue o ritmo ou terei que carregá-la e isso vai nos retardar muito.

Ela imediatamente apressou o passo, combinando com o dele o melhor que podia. Sorte que ela não estava tão pesada com a criança ou isso teria reduzido sua caminhada para um gingado. Embora não tivesse feito muitos exercícios nas últimas semanas. Ela passou seu tempo trancada em reclusão. Já estava sem fôlego pelo esforço da caminhada rápida.

Depois de uma quantidade interminável de tempo, sabia que não seria capaz de acompanhar o atual ritmo dele. Ela estava com uma dor aguda na lateral do corpo e seu quadril estava com cãibras.

— Está muito longe? — Ela sussurrou. — Não estou tentando ser uma dor no traseiro, eu juro, mas não conseguirei continuar assim por muito tempo.

Em resposta, ele simplesmente parou, pegou-a em seus braços e, em seguida, partiu em um ritmo veloz. O homem estava, obviamente, em ótima forma física. Apesar da advertência de que carregá-la os atrasaria, ele manteve um ritmo insano. Ela juraria que ele estava andando mais rápido agora que não estava tendo que esperar por ela.

Ele fazia parecer que levar seu peso era fácil. Quem era esse cara, afinal? Ele trabalhava para um cara como Tristan, mas ele fez coisas boas para ela e jurou que não deixaria Tristan prejudicar seu filho. E parecia que ele estava mantendo sua palavra. Ele arriscou muito para ajudá-la a fugir. Tristan ficaria furioso quando descobrisse que ela se foi, e quando descobrisse que Armand foi também, ele rapidamente somaria dois e dois.

— Ele vai te matar por isso, — ela sussurrou. — Você sabe disso, não sabe?

Ela viu seu sorriso no luar que fluía através das árvores. Não era um sorriso amigável. Ele tinha a aparência de um predador prestes a atacar sua presa. Ela estremeceu, porque o homem parecia decididamente perigoso. De alguma forma, ela pensou que ele poderia enfrentar um homem como Tristan Caldwell.

— Deixe que eu me preocupe com Caldwell, — Armand disse simplesmente. — Ele não vai ficar feliz, mas eu vou cuidar disso.

— Você ai voltar? — Ela perguntou em choque. — Você está louco?

— Meu trabalho não está acabado, — ele a interrompeu.

Outra dúzia de perguntas queimou em sua língua, mas o aperto se intensificou em torno dela, um aviso para que ela não pressionasse mais. Oh bem, se ele era louco o suficiente para voltar para Tristan depois de ajudá-la a fugir, era problema dele.

Ele deve ter sentido seus pensamentos.

— Será que a expressão "a cavalo dado não se olham os dentes” significa algo para você?

Ele tinha um ponto sólido.

— Obrigada, — ela sussurrou. — Eu não sei por que você fez isso, mas eu sou grata. Eu estava com muito medo.

— Eu sei, — ele disse simplesmente. — E eu tive meus motivos.

Ele ficou em silêncio e ela não levou o assunto adiante.

Depois do que pareceram horas, ele a levou em uma pequena clareira, onde um helicóptero preto estava descansando a uma curta distância. Assim que entraram no campo de visão, o helicóptero rugiu para a vida e os rotores começaram a girar, levantando poeira e folhas. Ela virou o rosto no peito de Armand para proteger os olhos dos detritos.

Um segundo depois, ele depositou-a dentro do helicóptero e pulou ao lado dela.

— Coloque o cinto, — ele gritou acima do barulho. — Certifique-se de que está apertado. Não quero que você caia.

Sim, nem ela. Ela prendeu o cinto de segurança, e por garantia, agarrou em seu braço. Ele não se afastou dela e ao invés, transferiu a mão dela para sua coxa e, em seguida, enrolou o braço que ela segurou nos ombros dela, ancorando-a firmemente ao lado dele.

Um momento depois, levantaram no ar e a terra girou vertiginosamente abaixo dela. O helicóptero varreu as copas das árvores, quase cortando-as enquanto voaram.

Um arrepio tomou conta dela e estava contente que ele dissera para trazer um casaco. Embora a temperatura estivesse muito quente, o ar da noite tinha uma frieza nítida quanto mais se elevavam no ar. Com as laterais abertas, o vento soprava diretamente através do interior, transformando seu nariz em um bloco de gelo.

Ela apertou a mão livre sobre a barriga, em uma medida de proteção automática.

Armand olhou para ela, seu olhar curioso. Ela balançou a cabeça para avisá-lo que estava bem. Assustada e nervosa como o inferno, mas estava bem. Ela só queria saber para onde estavam indo. Se ele estava planejando voltar para Tristan, evidentemente planejava despejá-la em algum lugar e ir embora. O que significava que ela ficaria sozinha.

Isso a encheu de pânico total. Sua única opção seria encontrar uma embaixada dos Estados Unidos e esperar que eles acreditassem em sua história maluca sobre ser sequestrada. Ou poderia tentar encontrar uma forma de contato com Sam para que a KGI pudesse vir buscá-la. Ela imaginou que agora, Sam lamentava o dia que ele a conheceu. Ela era uma fonte de problemas, não importa que prestasse serviços médicos para suas equipes.

Se ela saísse dessa ilesa, iria seriamente repensar sua carreira. Ela tinha um bebê no qual pensar agora, e trabalhar em lugares desconhecidos em áreas rurais isoladas do mundo já não era algo que pudesse considerar.

Uma hora mais tarde, o helicóptero começou a descer. Quando olhou para fora, ela se surpreendeu ao ver que estavam nas montanhas, e parecia que estavam pousando em um pequeno vale entre dois picos salientes. Não estivera errada em pensar que estavam perto das montanhas.

Assim que o helicóptero pousou, Armand estendeu a mão para soltar o cinto de segurança e apressá-la para sair. Ele se abaixou e pediu a ela para fazer o mesmo, protegendo-a com seu corpo enquanto a puxava para dentro das árvores a uma curta distância.

Quando estavam longe o suficiente do helicóptero para que ele fosse capaz de ouvi-la, ela perguntou com a voz trêmula:

— Onde estamos? O que eu faço agora? Se você está voltando, então como saberei para onde ir?

Ele tocou seu ombro e, em seguida, apertou tranquilizadoramente.

— Não se preocupe. Você não estará sozinha. Alguém está vindo até você.

O alívio a deixou instável e seus joelhos quase a abandonaram.

— Obrigada, — ela ofegou. — Eu não sei por que você arriscou fazendo isso por mim, mas eu serei eternamente grata. Se houver alguma coisa que eu possa fazer para recompensá-lo, não hesite em me avisar.

Ele sorriu aquele sorriso sarcástico e seus olhos brilharam com diversão.

— Oh, eu vou cobrar, Maren. Só que não de você.

Com essa declaração enigmática, ele a impeliu para frente novamente.

— Você consegue fazer isso ou terei que carregá-la novamente?

— Depende de quão longe é o lugar para onde estamos indo, — ela murmurou.

— Não é longe. Meio quilômetro ou algo assim.

— Eu posso fazer isso.

— Então vamos rápido. Estou em um cronograma apertado aqui. Tenho que estar de volta no helicóptero em 40 minutos, então não tenho tempo de sobra.

Balançando a cabeça, ela apressou o passo e caiu em suas costas para que pudesse seguir sua liderança.

Vários longos minutos depois, sua respiração vindo rápida, curta e ofegante de sua boca em uma nuvem visível, eles pararam. Ou melhor, ele parou abruptamente e ela colidiu com suas costas.

Ele colocou o braço para trás para estabilizá-la e permaneceu apoiando-a, imóvel, todo o corpo rígido e cauteloso, como se esperasse que alguém saltasse para fora das árvores para eles. Com a mão livre, ele puxou a arma do coldre no ombro e ergueu-a pronta. Seu coração deu um pulo e começou a bater disparado.

— Fique quieta e permaneça em absoluto silêncio, — ele disse em voz baixa.

Ela ficou tão rígida quanto ele, grudada em suas costas largas. Ele era grande o suficiente para que ela não conseguisse ver à sua volta, e melhor ainda, isso significava que ninguém seria capaz de vê-la.

— Vamos esperar que o seu salvador apareça — disse ele. — Não importa o que você ouça, ou o que poderá ver, não mova um músculo. Não diga nada até que eu diga, não importa o que aconteça, e não reaja a qualquer coisa que esteja prestes a acontecer. Fui claro? Acene com a cabeça, mas não fale.

Ela assentiu contra as costas dele e ele relaxou, mas ainda tinha um controle apertado sobre a arma enquanto examinava a área, olhando fixamente para a escuridão.

Ela queria perguntar-lhe quem diabos estava vindo por ela, e se ele confiava neles para tirá-la do país ou onde a levariam, mas ele fora muito exigente em seus pedidos, e como ele mencionou, ela não iria olhar os dentes do cavalo que lhe foi dado. Ela resolveria os detalhes, esperava, quando estivesse a quilômetros de distância de Kosovo e Tristan Caldwell.

 

Steele se reuniu com sua equipe e a de Rio a quatrocentos metros do ponto de encontro designado. Ainda enfurecia Steele deixar Rio ir recuperar Maren sozinho. Ele não confiava nesse Hancock, especialmente quando ficou claro que ele tinha sua própria agenda e que faria o que fosse necessário para alcançar seu objetivo.

Hancock já provou no passado que nada acontecia entre ele e a conclusão bem sucedida de sua missão. Ele não se importava de usar qualquer meio necessário, e não se importava com quem se machucava no processo.

O que tornava altamente suspeito ele estar entregando Maren por bondade de seu coração e porque Tristan estava perto de fazer um movimento em Maren.

— Tem certeza de que pode confiar nesse cara? — Steele perguntou.

Rio balançou a cabeça.

— Eu não acredito que eu já tenha dito que confio em Hancock. Eu não confio nele tanto quanto eu poderia atirar nele. Mas não acho que temos uma escolha aqui. Se queremos Maren de volta, temos que jogar pelas regras dele. Ele é muito exigente e certamente recuará e levará Maren com ele se eu não fizer do jeito dele.

— Eu não gosto de você ir sozinho, — Steele disse teimosamente. — Você não tem ideia do que ele tem com ele ou se isso é apenas uma maneira de ferrar com você e a KGI. Como raios vamos sequer saber se ele está com Maren?

Rio suspirou.

— Olhe, eu não gosto disso tanto quanto você. Eu preferiria estar em casa na cama com minha esposa do que aqui em Bumfuck, Kosovo, em uma perseguição selvagem e sem noção, liderada por um ex-companheiro que esteve muito perto de matar Grace na última vez que nossos caminhos se cruzaram. Mas se ele está com Maren e se está disposto a entregá-la, então não tenho escolha a não ser fazer o que ele disse e ir sozinho. Você e minha equipe vão estar por perto. Se as coisas derem errado, você poderá estar lá rapidamente.

Steele estava alerta. Ele não gostava disso. Mas não podia arriscar Hancock recuar e Maren terminar de volta nas mãos de Caldwell, ou pior ainda, à mercê de Titan. Ela não sobreviveria a um minuto com Titan. Eles a descartariam, porque ela seria um obstáculo entre eles e qualquer objetivo que estavam tentando alcançar.

— Okay, mas se você não estiver de volta em 20 minutos, nós entraremos — disse Steele a contragosto. — Entre, pegue Maren e retorne.

— Cuide de sua retaguarda, — Terrence disse ao seu chefe de equipe.

— Eu cuidarei, — Rio disse em voz baixa.

Steele olhou para PJ e Cole.

— Não faria mal vocês entrarem e ficarem de sobreaviso de modo que possam alinhar Hancock em sua mira. Se as coisas derem errado, cubram Rio e Maren e se certifiquem que nenhum deles seja atingido.

— Eu vou com você — Diego disse severamente. — Minhas habilidades de franco-atirador estão um pouco enferrujadas, mas ainda posso atirar numa mosca no rabo de um cavalo a 274 metros.

— Então, vamos entrar em posição, — PJ disse rispidamente. — É quase hora de ir.

Rio pendurou o rifle sobre o ombro e, em seguida, empurrou um clipe em sua pistola.

— Estou indo. Estarei de volta com Maren em vinte minutos e então precisaremos carregar e partir.

Steele observou enquanto o líder da outra equipe desaparecia entre as árvores. Foi necessário todo seu controle para não ir atrás de Rio e proteger sua retaguarda ele querendo ou não. Apenas o pensamento da possível repercussão que Maren sofreria o deteve. Ainda assim, os próximos 20 minutos seriam os mais longos de sua vida enquanto esperava para ver se ela voltava com Rio.

Se Hancock os ferrasse e os levasse em alguma perseguição absurda, ele iria tornar sua missão pessoal derrubar Hancock e Titan permanentemente.

 

Maren sentiu Armand endurecer, e ele rapidamente sacou a outra arma, segurando ambas na frente dele. Alguém estava vindo. Cada músculo em seu corpo estava enrolado apertado, pronto para atacar. Ela prendeu o fôlego e tentou acalmar a respiração. Mantendo seus movimentos tão leves quanto possível, espiou em torno do corpo maciço de Armand, esforçando-se para ver através do manto da noite.

Um momento depois, uma figura solitária apareceu e parou a alguns metros de onde Armand estava na frente dela. Seu olhar estava colado sobre o homem. Este era o seu salvador? A pessoa para quem Armand estava entregando-a? E se fosse, por que ele estava apontando uma arma? Aliás, agora ela podia ver que o outro homem tinha uma arma e apontava na direção de Armand também.

Quem quer que fosse, era facilmente perceptível que Armand não confiava nele e o outro cara não confiava em Armand. Grande. Apenas o que ela precisava era ser resgatada por um salvador não confiável.

— Hancock, eu estou aqui. Onde está Maren?

Ela conhecia aquela voz. Seus olhos se arregalaram. Oh meu Deus, era Rio! Euforia a percorreu. Seus joelhos cederam e ela se agarrou a Armand para evitar cair no chão. Estava tão extasiada que lágrimas correram de seus olhos. A KGI veio resgatá-la. Ela sabia que Armand sabia de sua ligação com a KGI, mas nunca sonhou que ele realmente os contatasse ou que iria arranjar para a resgatarem. Mas, ele o fez, ela estava tão grata que poderia beijá-lo! Seria possível que Armand fosse um dos mocinhos, afinal?

— Ela está aqui, — respondeu Armand.

Espere. Rio o chamou de Hancock. Como se ele o conhecesse. O que estava acontecendo? Mas, então, ela não se importava quem Armand/Hancock realmente era desde que ela partisse com Rio.

Estava tonta de alívio e emoção. Queria saltar e lançar-se sobre Rio, mas lembrou-se da ordem concisa de Armand para que ela não era fizesse um som ou movimento. Mas era difícil quando a liberdade estava a poucos metros de distância.

— Onde? — Rio perguntou secamente.

— Atrás de mim.

— Quero vê-la. E faça isso lentamente e mantenha as mãos onde eu possa vê-las.

— Alguém poderia pensar que, dado o favor que eu estou fazendo, você ficaria um pouco menos exigente, — Armand falou lentamente.

Ele soou arrogante e totalmente confiante. Ele foi do calmo e tranquilo para um metódico assassino a sangue-frio. Ela só queria estar longe de Armand/Hancock, Tristan Caldwell e Kosovo, tão logo quanto possível.

— Maren, dê um passo por trás de mim e mostre a Rio onde você está, — Hancock ordenou. — Mantenha-se ao meu lado e não se afaste.

Maren apressadamente deu um passo, posicionando-se ao lado de Hancock como ele disse a ela. Ela olhou ansiosamente em direção a Rio, mas viu que ele ainda estava completamente focado em Hancock. Provavelmente era uma boa ideia, pois Hancock tinha duas armas apontadas para Rio.

— Maren, você está bem, querida? — Rio chamou.

Ela olhou para Hancock, lembrando sua ordem para que permanecesse em silêncio.

— Diga a ele, — disse Hancock brevemente.

— Eu estou bem, Rio, — respondeu suavemente, a voz trêmula.

— Como é que isto vai acabar, Hancock? — Rio perguntou, ainda apontando as próprias armas em Hancock.

— Ela é sua, — Hancock afirmou. — Eu estou terminando. Fique fora do meu caminho e esqueça Tristan Caldwell. Ele é meu.

— Está bom para nós, — Rio disse categoricamente. — Maren, venha aqui. Ande devagar e fique atrás de mim. Entendeu?

Em vez de responder, ela iniciou um ritmo veloz, medindo cada passo, enquanto seguia. Quando chegou até Rio, ela quase desvaneceu no local, mas chegou por trás dele, assim como ele disse para fazer. Os dois homens continuaram se encarando, nunca baixando as armas.

— Depois de Farnsworth, estávamos quites — disse Hancock. — Agora você me deve e não ache que eu não vou cobrar.

— Eu nunca pensaria o contrário, — Rio disse secamente.

— Fique longe de problemas, Maren — Hancock disse, e então se virou e desvaneceu nas árvores, deixando Rio e Maren sozinhos.

— Oh, Deus, — ela sussurrou, os joelhos tremendo como reação.

Rio virou-se e agarrou-lhe o braço, olhando atentamente para ela.

— Você está bem? Ele a machucou?

Ela balançou a cabeça.

— Não. Eu estou bem. Realmente. Podemos sair daqui?

— Steele está esperando com sua equipe e o resto da minha, — Rio disse. — Vamos. Quanto mais cedo sairmos daqui, melhor.

Seu pulso acelerou novamente com a menção de Steele. Merda, mas não era assim que ela queria que ele soubesse sobre sua gravidez. Ela preferia dar-lhe esse tipo de notícia em particular. De preferência após o furor de seu resgate ter passado e ela poder colocar seus pensamentos em ordem.

— Você precisa de ajuda? — Rio perguntou.

— Não, eu posso fazer isso. Qual é a distância?

— Apenas uns quatrocentos metros.

Ela soltou a respiração de alívio e começou a avançar em um ritmo rápido. Não iria descansar até que estivesse bem longe de Hancock e Tristan Caldwell.

Rio pegou a mão dela e apertou tranquilizador. Grata pelo contato, ela apertou de volta.

— Obrigada por ter vindo me resgatar, — ela sussurrou.

— A qualquer hora, querida. Você tem certeza que está bem? Aquele desgraçado não a machucou, não é?

— N-não. Eu estou bem. Realmente. Estarei ainda melhor quando chegarmos em casa.

— Nós vamos chegar lá, — Rio, disse, em tom resoluto.

 

Steele andava de um lado ao outro, agitado, verificando o relógio. Rio foi há apenas alguns minutos, mas parecia uma eternidade. Ele não ouviu nenhum tiro. Tudo estava calmo. O resto da equipe de Rio ficou de frente para a direção onde Rio foi, tensos e preparados para entrar. Dolphin, Renshaw e Baker ficaram com Steele, tensos e pouco à vontade. Irritava-os tanto quanto Steele ficar nas cercanias. Especialmente em uma missão tão importante para ele.

Maren era dele.

Ele não sabia quando começou a pensar dessa forma, mas nas últimas semanas ao esgotar todas as vias possíveis para encontrá-la, ele começou a pensar nela como sua. Eles tiveram relações sexuais. Sexo realmente muito bom, e sexo não era igual a posse, mas forjaram algo entre eles que ultrapassava de longe apenas uma relação física. De jeito nenhum ele iria deixá-la fora de sua vista novamente.

Um som alertou todos eles. Eles se endireitaram e ficaram rígidos, armas a postos e apontadas na direção do som. Alguns momentos depois, Rio entrou na clareira, a mão de Maren segura firmemente na dele.

Todo o fôlego deixou Steele em um fluxo que momentaneamente o enfraqueceu. Ela estava lá. Segura e viva.

Os olhos dela rapidamente esquadrinharam a área e seu olhar se iluminou quando o viu, todo seu rosto irradiou alívio. Para sua surpresa, ela se lançou para ele, correndo diretamente para seus braços. Ele a pegou contra ele, segurando-a com firmeza. Ela colocou os braços ao redor do pescoço dele e segurou com toda sua força.

— Graças a Deus, você está salva — ele sussurrou ao lado de sua orelha.

— Obrigada, — ela ofegou. — Obrigada por me resgatar. Oh meu Deus, estou tão feliz de ver todos vocês.

— Nunca houve qualquer dúvida que nós a resgataríamos, Maren. Eu nunca pararia de procurar.

Ele a sentia viva, suave e tão infinitamente preciosa em seus braços. Ela escondeu o rosto em seu pescoço, e ele sentiu o deslizar quente de lágrimas contra sua pele. Seu abraço apertou e ela se moldou o corpo ao dele muito mais forte.

Por um momento muito longo, ele simplesmente a abraçou, seu alívio por tê-la segura em seus braços, esmagador. Sentia-se desequilibrado. Abalado e emocional, duas coisas que ele nunca experimentou em uma missão. Deus, ele não conseguia sequer formar as palavras para perguntar a ela tudo o que queria perguntar.

Ele inclinou o rosto dela para cima, os dedos gentis debaixo de seu queixo.

— Você está bem? O que ele fez para você, Maren?

Ela olhou com medo para ele, os olhos arregalados.

— Por favor, não aqui, — sussurrou. — Agora não. Isso pode esperar. Por favor, não na frente dos outros.

Ele se recompôs e soltou-a, mas manteve-a perto, colocou-se ao seu lado quando ele voltou a atenção para Rio.

— Qual é o acordo? — Ele perguntou, os pensamentos ainda firmemente ocupados com a mulher que ele mantinha ao seu lado.

Ele queria saber de tudo. Temia olhar nos olhos de Maren, pelo tanto que ela parecia aflita e pela quantidade de medo que aparentava. Mas ela estava certa. Isso não precisava ser exibido na frente dos outros, mas o fato de ela estar tão desesperada para não revelar nada fez seu estômago apertar com horrível medo do que ela sofreu.

Sua mão tremia ao lado dela, e todo o seu braço tremeu quando ele ancorou-o ao redor dela. Ele não tinha percebido o quanto estava assustado até agora. Alívio por ela estar aqui e aparentemente estar bem, mesmo se tivesse sofrido o inimaginável nas mãos daquele desgraçado, foi tornando-o incapaz de até mesmo processar o pensamento mais simples. Ele tinha que se organizar e ser forte para Maren e por qualquer descoberta pela frente.

— Sem acordo, — disse Rio brevemente. — Vamos embora. Hancock a entregou. Quer-nos longe de Caldwell até que ele o mate. Eu não tenho ideia do por que ele está esperando, mas ele deve estar acompanhando algo grande em que Caldwell está trabalhando. Eu disse a ele que não damos a mínima para Caldwell. Nós só queríamos Maren de volta.

Steele assentiu, embora não pudesse dar garantias sobre deixar a busca a Caldwell até que soubesse exatamente o que o idiota fez Maren sofrer. Mais tarde, quando ele e Maren estivessem sozinhos, descobriria exatamente o que precisava saber.

PJ, Cole e Diego apareceram um momento depois e imediatamente procuraram Maren.

— Fico feliz em ter você de volta com a gente, Dra. Scofield, — Cole disse quando seu olhar encontrou o dela.

Maren sorriu levemente.

— É bom estar de volta. Mas se vocês não se importam, eu prefiro dar o fora daqui.

— Isso é um hooyah para mim — disse Dolphin.

Os outros murmuraram em concordância.

PJ andou até Maren e colocou a mão em seu ombro.

— Você está bem?

Maren afastou-se de Steele tempo suficiente para envolver PJ em um enorme abraço. PJ pareceu surpresa, mas retribuiu o abraço tão ferozmente quanto Maren. PJ chamou a atenção de Steele por cima do ombro de Maren enquanto abraçava a outra mulher, e ergueu uma sobrancelha em questionamento. Steele deu um curto movimento negativo com a cabeça para dizer a PJ que ainda não sabia o que aconteceu enquanto Maren foi mantida prisioneira.

— Eu estou bem, agora que estou com vocês, — Maren disse enquanto se afastava de PJ — Pela primeira vez, não estou salvando vocês, mas sim o contrário.

O olhar de PJ imediatamente afiou para um motivo de preocupação. Ela tocou Maren no braço.

— Você está bem? Está machucada?

O braço de Steele circulou automaticamente sua cintura novamente, mais uma vez, segurando-a firmemente ao lado dele. Ele também olhou para Maren em questionamento, mas ela deu uma risada trêmula e disse:

— Não, eu estou bem. Realmente. Era apenas uma figura de linguagem.

PJ lançou um olhar duvidoso na direção de Steele, mas ela recuou.

Steele virou Maren na direção do caminho para o helicóptero que os esperava.

— Vamos em frente. Temos que pegar um avião.

Steele caminhou lentamente para que apressasse Maren através do terreno irregular. Demorou o dobro do tempo para voltar para o helicóptero, do que quando foram do helicóptero para o ponto de encontro. As equipes cercaram Steele e Maren, proporcionando uma barreira de proteção enquanto caminhavam mais para dentro da floresta densa.

Ela estremeceu em um ponto, e Steele parou para tirar a jaqueta. Envolveu-a em torno dela, proporcionando mais uma camada de roupa como uma barreira contra o frio. Não estava terrivelmente frio, e a jaqueta que ela usava normalmente iria fornecer calor suficiente nos tempos atuais, mas ela provavelmente estava em estado de choque. Aliviada. Recuperando-se do resgate súbito.

Quando chegaram ao helicóptero, Steele a ajudou a entrar e a posicionou entre ele e Dolphin, para que ela estivesse muito quente durante o trajeto. Levantaram voo alguns minutos depois e voaram em direção ao aeroporto, onde o jato Kelly esperava para decolar.

Todo mundo ficou em silêncio, mas não era possível conversar sobre o barulho dos rotores. O helicóptero pousou no aeródromo fora de Pristina e eles se apressaram para o jato. Dentro de uma hora, decolaram e estavam voltando para os Estados Unidos. Maren não perguntou para onde estavam indo, e foi melhor assim, porque Steele já havia decidido que ele iria levá-la para sua casa. Ela permaneceria lá até que estivesse certo de que Caldwell já não representava uma ameaça para ela.

 

Maren sentou-se próxima de Steele no sofá na sala de estar do jato para onde se moveram assim que decolaram. Sua ansiedade era clara e no momento em que deixaram seus assentos e se moveram para a parte de trás, ela virou-se para Steele, agitação clara em seus olhos.

— Eu sei que você tem muitas perguntas, — ela disse em um tom baixo. — Eu tenho muito que preciso te dizer. Só a você, — ela enfatizou. — Eu sei que Sam e os outros quererem — merecem — respostas, mas o que eu tenho a dizer é para você e somente você, e eu não quero falar sobre isso onde poderíamos ser ouvidos.

Sua voz subia com cada palavra e ela ficava mais chateada quanto mais ela falava. Ele passou a mão em seu rosto, movendo o cabelo dela atrás da orelha.

— Eu só quero que você descanse, — disse ele com uma voz suave. — Você não tem que dizer ou fazer qualquer coisa que não queira. Okay?

O alívio nos olhos dela era esmagador. Ele a puxou para seus braços, sem se importar se alguém visse. Ela descansou a cabeça em seu ombro, a respiração suave empurrando seus seios contra o peito dele.

— Obrigada, — ela ofegou. — Deus, estou tão feliz por você estar aqui. Eu começava a perder a esperança de que eu estaria livre novamente.

Ele apertou mais ao redor dela.

— Eu nunca pararia de procurar por você, Maren. Eu teria encontrado você mesmo que isso significasse revirar todo o mundo.

Ela levantou a cabeça para olhar para ele, com os olhos suaves e pesados de fadiga.

— Beije-me, — ela sussurrou.

— Você não precisa nem pedir — disse ele, enquanto sua boca descia sobre a dela.

Ele não foi vigoroso. Isso não era o que ela precisava. Ela precisava de conforto. Segurança. E então ele deu-lhe o mais terno dos beijos, com uma gentileza que ele nunca soubera que possuía. Mas, para ela, ele poderia e deveria fazer alguma coisa.

Ela suspirou em sua boca e, em seguida, caiu contra ele, fechando os olhos.

— Deite-se — disse ele suavemente. — Você precisa descansar Maren. Eu só posso imaginar o quão desgastante isso foi para você. Durma agora. Temos horas ainda até pousar. Não quero que você se preocupe com nada. Eu vou cuidar de tudo e de você.

Ela o abraçou com força e, em seguida, cuidadosamente abaixou-se, acomodando-se no sofá de modo que as pernas estenderam até o fim e sua cabeça estava apoiada no colo dele.

Ele acariciou-lhe a testa e a face, correndo os dedos pelos cabelos em um movimento suave, até que finalmente ela adormeceu e sua respiração se aprofundou, sinalizando o sono.

Ele olhou para ela por um longo tempo, absorto em seus pensamentos, com medo do que ela iria lhe dizer e o que isso poderia significar para os dois. Ele devia ter adormecido, a exaustão finalmente ultrapassando-o, porque quando abriu os olhos, sua cabeça pendia para trás contra o banco e ele estava olhando fixamente para o teto.

Olhou para o relógio para ver quantas horas haviam se passado. Abaixou a cabeça e estendeu a mão livre para trabalhar os nós em seu pescoço.

— Ela ainda está dormindo? — Rio perguntou. — Eu verifiquei vocês antes, e os dois estavam desmaiados.

Steele olhou para cima para ver o líder da outra equipe em pé no corredor que levava para a área de estar. Ele acenou com a cabeça, mas não estendeu um convite para Rio se juntar a eles. Infelizmente Rio, ou não entendeu a dica ou totalmente a ignorou.

Rio se sentou em uma das cadeiras situadas em um ângulo do sofá onde Maren e Steele estavam. Ele colocou um pé em cima e olhou para Steele.

— Hancock tem ideias idênticas de que devemos a ele, ou melhor, eu devo a ele agora. E ele vai cobrar. Não há dúvida sobre isso.

Steele franziu o cenho.

— Ele precisa ficar bem longe de nós. Ele já causou muitos problemas.

— Isso é verdade, mas ele também fez-nos um favor, entregando Maren. Eu ainda não sei por que ele fez isso. É característico dele não dar a mínima para nada além de seu objetivo. Mas eu juro, por muito tempo eu não consegui entender por que ele esperou tanto para eliminar Farnsworth. Não faz nenhum sentido para mim, porque ele permitiu que Grace fosse levada quando ele teve todas as oportunidades antes de eliminá-lo. Ele teve acesso e oportunidade e ainda assim não o eliminou até depois de Grace curar a filha dele. Ele colocou Grace em risco enorme, mas tirou Maren porque pensava que Caldwell estava perto de machucá-la?

Rio fez uma pausa e Steele olhou para ele.

— Você descobriu isso agora?

— Parece loucura, mas a única explicação que posso dar é que ele queria que Grace salvasse Elizabeth, antes que ele eliminasse Farnsworth. No minuto em que ela curou Elizabeth, ele atirou em Farnsworth.

Steele enviou-lhe um olhar cético.

— Então você acha que esse cara tem um coração sob esse exterior rígido.

Rio assentiu.

— Talvez eu tenha perdido algo com Farnsworth enquanto Hancock estava apenas sendo Hancock. Nunca se sabe o que ele está pensando. Ele é como uma máquina. Nenhuma emoção. Nem sentimentos. Mas agora ele nos deu Maren porque temia que Caldwell fosse fazer um movimento com ela? Ou seja, duas coisas que eu não posso explicar a não ser que ele realmente tenha um ponto fraco por baixo do exterior gelado.

Seus olhos brilhavam com diversão súbita.

— Pode-se dizer o mesmo para você também, homem de gelo.

Os olhos de Steele se estreitaram.

— Que porra isso quer dizer?

— Só que por trás desse exterior frio como gelo existe um coração real. Não é de seu feitio tornar uma missão tão pessoal, mas você procurou incessantemente e ficou sem dormir para encontrar Maren.

— Ela significa alguma coisa para esta organização, — Steele falou baixinho. — Ela não é uma missão anônima como tantas outras. Nós realmente a conhecemos. Ela nos ajudou muitas vezes. É claro que eu encararia como algo pessoal. Assim como eu fiz com PJ, quando ela desertou e como eu aceitaria pessoalmente se algum membro da minha equipe estivesse em apuros.

— Uh-huh. Já que você diz, — Rio disse com um sorriso.

— Foda-se, cara! — Steele disse rudemente.

O outro líder de equipe continuava sorrindo e lançando aquele olhar presunçoso e conhecedor na direção de Steele. Como se Steele estaria jorrando merda pessoal com Rio, de qualquer maneira. Os dois tiveram de trabalhar juntos, mas isso não significava que Steele tinha que gostar. E ele, com maldita certeza não iria ter nenhum maldito momento de desabafo meloso com o outro homem.

— Os outros descansaram um pouco? — Steele perguntou em uma tentativa de desviar a conversa para longe do tema atual.

Rio assentiu com a cabeça, mas a diversão ainda brilhava intensamente em seus olhos.

— Minha equipe precisa de tempo de inatividade, — disse Steele. — Eles estão trabalhando sem parar nos últimos meses, virando cada pedra em nossa busca por Maren. Já estávamos cansados antes de essa missão aparecer.

Tarde demais, ele percebeu que colocou o foco novamente diretamente em sua busca obsessiva e exaustiva por Maren. Foda-se tudo. Mas ele iria tornar claro que ele estaria fora de ação por um maldito tempo. De jeito nenhum iria deixar Maren quando ela mais precisava dele.

Rio assentiu.

— Minha equipe está descansada. E Nathan e Joe devem ser liberados a qualquer momento. Eles são competentes. Vamos pegar a folga, mas ficaremos de sobreaviso, enquanto a sua equipe recebe algum descanso e recuperação. Apenas certifique-se de incluir-se nesse cenário. Mas Maren provavelmente poderá precisar de ajuda a curto prazo. Eu não a vejo voltando para a Costa Rica depois do que aconteceu.

Steele franziu o cenho novamente.

— Claro que não, ela não irá.

Ele não sabia exatamente o que a curto prazo o aguardava. Sabia que precisava levar Maren de volta aos Estados Unidos e dar-lhe tempo para se recuperar desse calvário. A família estava frenética de preocupação, e gostaria de vê-la o mais rápido possível, mas de jeito nenhum Steele iria permitir que ela se esgotasse. Era altamente provável que Caldwell iria monitorar a família dela, se já não estivesse. E agora que Maren escapou quem diria que ele não enlouqueceria e tentaria recuperá-la?

Ao lado dele, Maren se mexeu e ele olhou para baixo para ver seus olhos se abrirem. Por um momento, havia confusão e seus olhos estavam muito nublados de sono. Então ela piscou e alívio inundou seu olhar quando conectou com o dele.

— Ei, — disse ele em voz baixa.

Ela olhou ao redor da pequena área de estar e quando viu Rio, ela congelou.

Como se sentisse seu desconforto, ou talvez apenas optando por deixá-los sozinhos, Rio levantou-se e fez uma partida apressada de volta para onde os outros estavam sentados.

— Onde estamos? — Ela murmurou.

Ela se esforçou para sentar-se e ele a ajudou, mantendo o cobertor dobrado ao redor dela.

— Estamos em solo americano, — disse Steele. — Devemos desembarcar em menos de uma hora.

Alívio mais uma vez estabeleceu-se em seus olhos azuis. Seus ombros caíram e, em seguida, ela passou as duas mãos pelo rosto, esfregando para baixo e para cima.

— Você pode usar o banheiro para se refrescar, se precisar, — disse Steele. — Ou se me disser o que você quer, posso pegar para você.

Ela balançou a cabeça.

— Eu estou bem. Realmente. Nada realmente que um longo banho não cure. Eu mataria para ser capaz de ficar de molho por cerca de uma hora.

— Feito — disse ele bruscamente.

Ela mordeu o lábio inferior e olhou nervosamente para ele. Ele odiava aquele olhar. Como se, de alguma forma, ela estivesse com medo de seu julgamento. Ou que estivesse com medo de dizer-lhe algo que ela temia mudaria sua opinião sobre ela de alguma forma. Será que ela achava que ele usaria algo que Caldwell lhe fizera contra ela? Foda-se isso.

— Você pode me levar a algum lugar, talvez um hotel depois que aterrissarmos? Eu realmente não me sentiria bem se ficasse no complexo KGI agora. Eu sei que Sam e os outros terão um monte de perguntas, mas, sinceramente agora eu só quero tomar um banho muito quente, ligar para minha família e resolver isso para mim antes de ter que explicar para alguém.

Ele franziu a testa com a menção de um hotel.

— Você vai para casa comigo. Você pode ter o seu banho e fazer suas ligações telefônicas lá. Sam pode esperar até você estar pronta. Aliás, não há nada que ele realmente precise saber a menos que você queira dizer a ele.

Os olhos dela se arregalaram.

— Isso não é necessário, Steele. Realmente. Eu não quero ser um incômodo. Sei que você valoriza sua privacidade. Um hotel está muito bem. Posso ligar para os meus pais e depois ir até eles. Tenho certeza de que eles estão preocupados como loucos.

Ele balançou a cabeça.

— Minha casa. Sem discussão. Além disso, de jeito nenhum você irá até seus pais. Ainda não, de qualquer maneira.

— O quê?

— É muito possível que Caldwell estará monitorando sua família. Especialmente depois que você fugiu. É muito perigoso para você estar em aberto até Caldwell ser preso. Seus pais e seu irmão foram notificados do seu retorno em segurança. Sam também está organizando proteção para eles, caso Caldwell faça algo estúpido. Eles foram informados de que você vai entrar em contato assim que voltar para os Estados Unidos.

— Você realmente acha que eles podem estar em perigo? — Ela perguntou, ansiosa.

Ele odiava o medo e a preocupação em seus olhos. Ela já experimentou demais de ambos. Mas ele não mentiria para ela.

Ele assentiu.

— É uma boa possibilidade. Não podemos deixar de assumir o pior.

Ela suspirou e seu rosto desanimou.

— Sinto muito, Steele. Odeio ser um incômodo para você e para o resto da KGI.

Ele ergueu o queixo dela com os dedos.

— Você não é um incômodo e com muita certeza, não vai pedir desculpas para mim. Fui claro?

Um pequeno sorriso flertou nos limites de sua boca.

— Muito claro.

— Muito bem. Agora, quando pousarmos, vou levá-la para a minha casa. Sam pode esperar quando estiver pronta. Depois de ter a oportunidade de descansar e se situar, você poderá ligar para seus pais para que eles saibam que você está bem. E você e eu vamos lidar com todo o resto.

Ansiedade penetrou no olhar dela de novo, e seu estômago deu um nó quando ele se perguntou o que ela tinha para lhe dizer que a preocupava tanto. Ele queria que ela se sentisse segura para dizer-lhe qualquer coisa, mas não havia nenhuma varinha mágica para ele acenar para fazê-la confiar plenamente nele. Tudo o que ele podia fazer era deixar claro com palavras e ações que nada do que dissesse iria mudar coisa nenhuma sobre a maneira como ele se sentia por ela.

— Maren, — ele disse calmamente.

Ela olhou para ele novamente.

— Você vai passar por isso muito bem. Confie em mim. Eu não vou deixá-la lidar com isso sozinha.

— Obrigada, — ela murmurou. — Eu só espero que você ainda se sinta assim quando eu te contar tudo.

 

Felizmente quando desembarcaram, não tiveram a espera uma festa de boas vindas. Maren sabia que devia uma explicação a Sam, mas Steele assegurou que ele cobriria as coisas com Sam e os outros. Sam fez um esforço extra e utilizara os recursos de sua organização e uma quantidade considerável de mão de obra no esforço para localizá-la. Mas, então, a impressão que ela tinha de Steele era que, talvez, ele e sua equipe foram os únicos que trabalharam incansavelmente para trazê-la de volta. Não que ela estivesse desmerecendo os esforços de Sam, ou mesmo de Rio e de sua equipe. Nem um pouco. Mas dava-lhe um brilho especial saber que ela significava algo para Steele. Ele parecia exausto. Havia linhas em seu rosto que não estavam lá antes de ela ser raptada. Parecia que ele fez sua única ambição encontrá-la.

Devia muito a todos eles. Era algo que ela nunca poderia esperar pagar, e essa não era a primeira vez que salvaram sua pele. Ela só esperava que fosse a última.

Quando desembarcaram, Rio disse a Steele que iria relatar para Sam e atualizá-lo sobre a situação. Ele estava mais preparado para resolver a questão de Armand, ou melhor, Hancock, uma vez que foi Rio quem atendeu o chamado de Hancock e que foi recuperar Maren.

O que Maren mais queria era sossego e tempo para chegar a um acordo com o que tinha a dizer para Steele. Ela gostaria de ter sido capaz de dizer a ele no momento em que descobriu, mas o destino e Caldwell ditaram o contrário. Mas era hora de dar-lhe a notícia. E estava morrendo de medo e mal preparada em seu estado atual para lidar com a conversa iminente com o pai de seu filho.

Ela agradeceu Rio e sua equipe e, em seguida, a equipe de Steele quando se preparavam para partir e seguir caminhos separados. Caiu de alívio quando Steele a levou a um SUV estacionado a uma curta distância da pista. Tirou a jaqueta e enfiou-a na parte de trás antes de fazer uma rápida pesquisa de seu corpo. Sentia-se nua, sem a cobertura oferecida pelo casaco. Não era como se já estivesse aparecendo, mas ela passou a mão sobre a camiseta para ver se havia alguma evidência de gravidez.

Sua barriga estava mais firme agora, não tão suave como era antes. Ela imaginou que mostraria a gravidez a qualquer momento. Mas a não ser por uma dureza quase imperceptível em seu abdômen, não havia nenhuma evidência de um bebê ainda.

Aliviada que Steele não iria notar nada diferente nela com apenas um olhar, entrou no veículo e relaxou contra o assento. Íntimo e pessoal, se fizessem amor, ele muito provavelmente notaria as diferenças em seu corpo.

Seus seios ficaram ligeiramente maiores e estavam muito mais sensíveis. Os mamilos estavam mais escuros e havia o fato de que sua barriga não estava tão macia. Mas ela estava assumindo muito. Certamente não havia garantia de que iriam para a cama juntos novamente. Mesmo que isso fosse tudo o que ela queria no momento. Eles não precisavam sequer ter relações sexuais. Ela só queria estar em seus braços, seu corpo envolto protetoramente em torno dela para que pudesse dormir sem as preocupações e a ansiedade que a assombraram nos últimos dois meses.

— Você parece cansada, — Steele disse sem rodeios enquanto se afastavam do pequeno aeródromo.

— Eu estou, — ela disse com um sorriso amarelo. — E não há nenhuma razão. Eu dormi no avião. Estou mais aliviada. Estou apenas começando a acreditar que estou realmente livre e não preciso mais me preocupar com Tristan. Mas eu definitivamente poderia dormir cerca de uma semana, eu acho.

— Você não vai fazer nada além de descansar por enquanto, — disse ele bruscamente.

Ela voltou a olhar para ele.

— Eu realmente sou grata por tudo que você e sua equipe fizeram Steele. Você nunca vai saber o quanto.

Para sua surpresa, ele estendeu a mão e pegou a dela, dando-lhe um aperto suave.

— Você salvou nossos traseiros muitas vezes. Não havia dúvida de que devolveríamos o favor. Agora, sente e relaxe. Tente não pensar naquele bastardo. Minha casa não é muito longe e acho que você vai gostar. É calma e o mais importante, é completamente privada. Vai ser um bom lugar para você se situar e decidir o que vamos fazer daqui para frente. E Maren? Não há pressa, okay? Não coloque qualquer pressão sobre si mesma. Você está convidada a ficar o tempo que precisar, e não há nenhuma maneira no inferno de eu deixar você fora da minha vista até que esta situação com Caldwell esteja completamente resolvida.

— Uau. Acho que isso é o máximo que eu já ouvi você dizer de uma vez.

Um sorriso curvou o canto da boca dele.

— Fico feliz em ver que você não perdeu o seu senso de humor.

Ela sorriu descaradamente, deleitando-se com a sensação de estar feliz. Livre do medo e da ansiedade que tomaram conta dela por tantas semanas. Ela relaxou, acomodando-se no assento, enquanto observava a paisagem voar em sua janela.

Fechou os olhos e soltou um longo suspiro. Ela tinha mais um obstáculo a superar, e então talvez pudesse relaxar e se concentrar em firmar-se sobre seus pés novamente. Ela não poderia fazer planos para o futuro, até que falasse com Steele sobre a única parte de seu futuro que compartilhavam.

O filho deles.

 

Maren acordou, surpresa por ter adormecido, quando o SUV diminuiu e depois parou enquanto Steele esperava o portão de ferro forjado balançar lentamente até se abrir. Ela prendeu a respiração quando viu o longo caminho sinuoso que levava a uma casa no estilo de uma extensa fazenda.

Cavalos pastavam no pasto aberto, mas em torno da casa de Steele sobre os três lados que não se voltavam para estrada que vieram, havia árvores densas. Era como se tivessem cortado uma área dentro de uma floresta e arremessado a casa bem no meio. Em uma palavra, era lindo.

E ele estava certo. Ela se retorceu no assento para olhar para trás. Era privado. A estrada que levava para a garagem era uma estrada municipal estreita que não parecia ter muito tráfego.

Ela quase suspirou de antecipação. Paz. Tranquilidade. Caldwell teria que procurar muito para encontrá-la aqui. Não que ela não achava que era uma possibilidade. No pouco tempo que foi sua prisioneira mimada, descobriu que ele tinha imensas riquezas e recursos. Se ele quisesse encontrá-la, era provável que poderia e encontraria. Ela só esperava que a novidade se desvanecesse com a ausência e a distância, e que ele não sentisse que ela valia a o risco de vir atrás. E havia o fato de que ela tinha o suporte de Steele — e da KGI. Ela tomaria essas chances em qualquer dia da semana.

— É lindo, Steele, — ela disse enquanto paravam na frente da casa. — Eu adorei a varanda. É tão perfeita. Ela está gritando por um balanço, no entanto. Sabe um daqueles suspensos do telhado? Ah, e uma cadeira de balanço de madeira. Definitivamente. Você não consegue imaginar isso?

Ele riu, e ela gostava do som, uma vez que vibrava através de seus ouvidos. Profundo, masculino e quente. Não era uma palavra que qualquer pessoa geralmente associava com Steele. Ele não era uma pessoa calorosa. Mas ele parecia tão diferente. Desde a segunda vez que ele foi vê-la, daquela vez sem qualquer razão além de que queria vê-la. Ela gostou muito disso. Ela manteve a esperança de que ela significava algo mais para ele do que apenas prazer físico.

Ele foi tudo, menos frio e distante com ela. Enquanto a primeira noite foi quente e apaixonada, ela valorizava a segunda visita infinitamente mais, porque nada o forçou a vir. Nenhum companheiro ferido. Não havia necessidade de cuidados médicos. Ele viera por ela.

Os malditos hormônios da gravidez estavam gritando por misericórdia. Só de pensar nisso elevou a temperatura em cerca de três graus.

— Você acha que eu sou o tipo de sentar na varanda da frente numa cadeira de balanço? — Perguntou ele.

Ela fingiu considerar o assunto e, em seguida, balançou a cabeça, mantendo o rosto perfeitamente sério.

— Eu posso ver você assim fazendo tricô.

Ele deu uma gargalhada e depois saiu. Ela abriu a porta e deslizou para fora enquanto ele estava andando para alcançá-la.

— Eu estou bem, Steele. Perfeitamente capaz de sair do carro e chegar naquela varanda incrível.

Ainda assim, ele colocou-a contra seu lado, e ela não reclamou. Não quando estava pressionada contra aquele corpo delicioso. Dado o fato de que ele poderia não encarar bem a notícia de sua paternidade, e ela poderia numa mais se encontrar perto e íntima de novo, iria apreciar enquanto durasse.

Subiram os degraus e ele digitou um código no teclado da porta. Ela franziu as sobrancelhas e olhou para ele.

— Alta tecnologia simplesmente não combina com esta casa. Ela tem todo esse charme rústico, tem uma varanda gritando por uma cadeira de balanço e, em seguida, chego à porta e tem uma entrada eletrônica.

Ele deu de ombros.

— Eu tenho um sistema de alarme de última geração completo com armadilhas. Se o código errado for introduzido... Bem, vamos apenas dizer que você irá preferir decorá-lo ou ter certeza que estou com você para abri-lo.

Os olhos dela se arregalaram.

— Armadilhas? Puta merda. Você quer dizer que eu poderia ficar seriamente mutilada se eu digitar o código errado? Steele devo lhe dizer agora, eu sou ruim com números. Números de telefone, números de contas, qualquer um deles.

Ele sorriu.

— Estou brincando. Mas o olhar em seu rosto foi impagável.

Ela olhou para ele com espanto.

— Você contou uma piada? Talvez eu deva voltar atrás no caso de uma queda de raios.

Ele fez uma careta para ela e, em seguida, empurrou-a para dentro. Ela riu e, em seguida, respirou profundamente, saboreando o cheiro picante de cedro.

Ela não mentiu sobre o charme rústico. Lembrava-a de andar em um chalé na montanha. Ele guiou-a para a sala de estar espaçosa e ela girou em um círculo, abrangendo tudo.

— Eu adorei, — suspirou. — É tão... você.

— Que bom que você aprovou.

A enorme lareira de pedra era o ponto central da sala. Acima da lareira pendia uma cabeça de alce montada e enquanto ela notava o resto da decoração, viu vários outros bichos empalhados. Na frente da lareira havia um tapete de urso, e vários quadros da vida selvagem pendurados nas paredes.

Ela torceu o nariz quando seu olhar retornou para Steele.

— Animais bonitos, mas de alguma forma eu acho que seriam ainda mais bonitos vivos e soltos.

— Tenho certeza que você viu o seu quinhão de vida selvagem durante o seu tempo na África.

— Oh, eu vi! — Exclamou ela. — Foi fantástico. A África foi fantástica. Bem, até aquela a coisa toda como refém. Então, nem tanto.

— O que você quer fazer primeiro? Devíamos ter parado e conseguido algumas roupas em algum lugar, mas você estava dormindo e eu odiaria te acordar. Mas, alguns dos meus conjuntos de moletom e uma camiseta devem servir em você, vamos para a cidade depois e conseguirei o que você precisa.

— Quais são as minhas opções? — Ela perguntou levemente.

— Bem, você pode sentar-se e eu vou preparar o almoço. Ou você pode ir tomar seu banho quente e aproveitar enquanto eu cozinho. Ou pode fazer suas chamadas telefônicas e, em seguida, fazer uma das opções anteriores ou pode comer e, em seguida, chamar seus pais. Mas em algum lugar em tudo isso, você e eu temos algumas coisas para discutir, — ele disse calmamente.

Ela engoliu em seco, sabendo que ele sequer percebia o quanto eles tinham a discutir. Ela não era covarde. Estava resolvida a dizer a ele, mas talvez fosse melhor uma conversa depois que ela estivesse limpa e eles terem comido algo.

— Que tal se eu tomar aquele banho, ficando de molho por alguns minutos, em seguida, nós comemos. Vamos conversar e, em seguida, eu vou ligar para os meus pais — disse ela.

Seria muito mais fácil se ela desse a Steele a notícia antes que ela ligasse para os pais, porque ela ia ter de dizer-lhes tudo o que diria a Steele e preferia que ele ouvisse diretamente dela e não como um participante passivo de uma conversa da qual ele não fazia parte.

— Okay, eu vou te mostrar o quarto de hóspedes. Ele tem seu próprio banheiro, mas só tem um chuveiro. Você vai ter que usar o meu banheiro, se quiser ficar de molho. Vou pegar algo para você vestir, e demore o quanto quiser no banho. Vou usar o banheiro de hóspedes para tomar um banho rápido e então vou arranjar algo para comermos.

Impulsivamente, ela se aproximou e colocou os braços ao redor de sua cintura, abraçando-o com força. Ela deixou a cabeça descansar em seu peito por um breve momento, saboreando o calor e a dureza de seu corpo.

— Obrigada. Você é o melhor, Steele.

Ele pareceu surpreso com o abraço, mas envolveu os dois braços firmemente em torno dela e apertou, quase a sufocando com seu abraço. Era... Bom. Mais do que bom. Se ela pudesse engarrafar seus abraços como um santo-remédio, o mundo seria um lugar muito melhor.

— Estou feliz de tê-la de volta — disse ele bruscamente.

— Estou feliz por estar de volta, — disse ela com fervor.

Ele a afastou de seu corpo apenas o suficiente para que pudesse olhar para ela. Aqueles olhos azuis gelo ardiam enquanto corriam sobre sua face. Em seguida, ele baixou a boca, beijando-a com um roçar dos lábios leve como pluma.

Ela fechou os olhos e balançou contra ele, as mãos indo para o peito, as palmas das mãos achatadas contra a camisa. Ele aprofundou o beijo, lambendo os lábios até que eles se separaram e um suspiro correu de sua boca na dele.

A sala era uma espécie de piscina quando ele se afastou e ela olhou para ele, a visão difusa. Ele tocou os lábios ainda formigando com a ponta do dedo.

— Vá tomar seu banho, — ele murmurou. — Terei o almoço na mesa quando você sair.

Ela deu um passo para trás, testando a firmeza de suas pernas. Confiante de que não iria beijar o chão após o beijo que deixou seus dedos formigando, ela relutantemente virou-se e deixou-o liderar o caminho para o quarto dele.

O quarto principal era enorme. Tinha uma cama king-size com uma rústica cabeceira de madeira ripada e estribo. Parecia uma cama de cabana, mas se encaixava no resto da decoração e, novamente, era tão... Steele. Ele ecoava em cada centímetro da casa. Combinava com ele completamente.

Quando entraram no banheiro, as sobrancelhas dela se ergueram. Enquanto o resto da casa não tinha remotamente aspecto moderno, ele tinha um banheiro impressionante, com todas as conveniências modernas. Pisos e azulejos radiantes aquecidos, bancadas em granito e o que parecia ser uma ducha de mármore e banheira enorme em separado. De forma alguma, ela poderia imaginar Steele imerso em uma banheira. Ele não parecia ser do tipo que apenas se sentava e aquecia como ela estava se preparando para fazer. Ele era mais do tipo impaciente, entrar e sair do chuveiro em dois minutos e meio.

— O que está procurando? — Steele perguntou.

O nariz feminino enrugou.

— O resto da casa combina mais com você. Sua personalidade, quero dizer. Mas o banheiro? Eu simplesmente não consigo conceber você usando essa banheira enorme. É linda, não me interprete mal. Eu sonho em ter uma banheira como esta. Bem, um banheiro assim. Ele é perfeito. Mas, novamente, eu não o vejo divertindo-se no banheiro ou entregando-se ao luxo de um banho quente.

Ele deu de ombros.

— Na minha linha de trabalho, chego em casa com os músculos doloridos, com buracos de bala. Machucado e sem dormir durante cinco dias consecutivos. Acredite em mim quando eu digo, às vezes, o melhor remédio é me enterrar na água quente e ficar lá por algumas horas.

Ela fez uma careta.

— Bem, quando você coloca dessa forma, faz todo o sentido. Infelizmente para mim, não posso realmente me aquecer ou até mesmo ficar na banheira por muito tempo.

— Por que não?

Ela abriu a boca, mas nada saiu. Ela quase se entregou dizendo que as mulheres grávidas não devem submergir em água quente por longos períodos de tempo.

— Bem, você me prometeu comida, e nem mesmo um banho quente predomina sobre alimento no momento.

— Vou deixar algumas roupas para você na cama. As toalhas estão no gabinete do chuveiro. Eu vou fechar a porta do quarto. Não se preocupe sobre eu entrar, vou ficar de fora até que você esteja dentro.

— Obrigada, — ela murmurou.

Ele virou-se e saiu, fechando a porta do banheiro atrás de si.

Ela estendeu a mão para acionar a água do banho e rapidamente retirou a roupa. Fez uma careta quando tirou a camisa e percebeu que em sua pressa para partir com Hancock, ela não colocou sutiã, e certamente não achava que Steele teria esse acessório particular.

Aliás, ela não tinha roupa íntima limpa, o que significava que estaria sem sutiã e calcinha até que pudessem chegar a uma loja para comprá-los. Definitivamente estavam no topo de sua lista de compras.

Vinte minutos depois, relutantemente deixou o lugar e a felicidade orgástica da água quente e saiu para secar-se. Torceu o cabelo em uma toalha e empilhou em cima da cabeça antes de envolver outra toalha ao redor do corpo. Em seguida, foi para o quarto e, como havia prometido, ele colocou um par de calças de moletom e um blusão com capuz de grandes dimensões. Perfeito. Iriam disfarçar seu estado sem sutiã.

Ainda usando a toalha na cabeça, não tinha como pentear o cabelo ainda, saiu do quarto de Steele e se dirigiu para a cozinha. Steele estava de pé na ilha, onde o fogão estava incrustado e estava cuidando de três potes diferentes.

Ela cheirou apreciativamente enquanto deslizava em um dos bancos da bancada na ilha em forma de U.

— Cheira maravilhoso. O que está cozinhando?

— Espaguete, — ele respondeu. — Desculpe não ser nada extravagante. Eu não estive em casa há muito tempo e os mantimentos estão em grave necessidade de reabastecimento. Espero que você não se importe de hambúrguer de carne de cervo no seu espaguete. Era tudo que eu tinha no congelador.

O estômago dela roncou.

— Eu tenho certeza que está maravilhoso. Tudo o que cheira tão bom tem que ser delicioso. E para ser honesta, eu fiquei realmente cansada de todas as coisas gourmet decoradas, que Caldwell sempre preparava. Eu não tinha ideia do que eu estava comendo metade do tempo. Temo que meu paladar não seja refinado. Dê-me um hambúrguer e batatas fritas e eu estou no céu.

Steele sorriu.

— Você e eu vamos conviver muito bem então. Eu sei cozinhar, mas não sou nenhum cordon bleu.

Poucos minutos depois, ele escorreu a massa e, em seguida, serviu o espesso molho de espaguete em duas camas de massas.

— O que você gostaria de beber? — Perguntou. — Eu fiz um rápido chá gelado, mas não tinha certeza se você gostava do seu adoçado ou não. Para mim, não é chá, a menos que seja o chá doce, mas se você não é do Sul, não é suscetível a compartilhar essa opinião. Eu também tenho uma variedade de refrigerantes e água engarrafada.

— O chá está bom, — disse ela. — É verdade que o chá que eu bebo é geralmente quente, mas eu não me oponho a chá gelado de jeito nenhum.

— Vou pegar um pouco de chá quando eu reabastecer os mantimentos. Faça-me uma lista dos tipos que você gosta. Eu não posso garantir que minha pequena mercearia terá uma enorme variedade, mas eu sempre posso encomendar para você.

— Você é muito doce, — ela disse suavemente.

Do jeito que ele estava falando, ele parecia ter por certo que ela ficaria mais do que alguns dias. Mas, depois, ela teria uma ideia melhor e saberia se ele ainda se sentiria hospitaleiro depois que ela soltasse a bomba.

— Eu já fui chamado de muitas coisas, mas não acho que alguém já me chamou de doce, — disse secamente.

— Então, estou feliz que estou começando a ver o seu lado doce. Está definitivamente lá!

Ele deslizou o prato dela na bancada e, em seguida, colocou o seu próximo ao dela. Encheu dois copos com gelo, serviu o chá e, em seguida, deu a volta para sentar-se ao seu lado.

Ela olhou para o prato fumegante de macarrão e seu estômago imediatamente se rebelou. Sentou-se completamente imóvel, desejando que a náusea fosse embora. Mas quanto mais tempo passava, pior ela ficava. Suor eclodiu em sua testa e ela respirou fundo, percebendo tarde demais seu erro.

— Maren?

A pergunta afiada de Steele chegou a seus ouvidos, mas ela já estava agarrando a bancada, tropeçando em direção ao banheiro antes que se perdesse completamente.

Ela explodiu dentro do banheiro de Steele, instintivamente, voltando onde estivera apenas alguns minutos antes. Tinha acabado de chegar ao banheiro quando a primeira ânsia de vômito a atingiu, a toalha sobre a cabeça caindo no chão.

Ela quase caiu com a força do vômito. Seu estômago se revolveu dolorosamente enquanto tentava oferecer alguma coisa, mas não havia nada lá para sair.

E, em seguida Steele estava lá, segurando-a e impedindo-a de entrar em colapso. Ele ancorou-a a seu lado e inclinou-se com ela, segurando seu cabelo para trás de seu rosto. Ele não disse nada, graças a Deus. Apenas ficou lá com ela, paciente e gentil enquanto seu corpo se convulsionava mais e mais.

Quando a ânsia de vômito finalmente se acalmou, ele a soltou, mas permaneceu ali, aparentemente sem saber o que ele deveria fazer em seguida. Ela ficou horrorizada que isso tivesse acontecido na frente dele. Sua humilhação não conhecia limites.

— Você pode ficar aqui por apenas um segundo? Vou pegar um pano frio para o seu rosto, mas eu não queria que você caísse. Você pode sentar-se, ou ainda precisa vomitar?

Ela fracamente balançou a cabeça.

— Eu vou ficar bem. Desculpe.

Ele praguejou baixinho.

— Não se desculpe. Aqui, deixe-me fechar a tampa para você se sentar.

Ele a manteve segura, enquanto fechava a tampa do vaso sanitário, e depois a ajudou descer para ele. Quando estava satisfeito que ela não iria cair, ele se afastou da pia e rapidamente umedeceu um pano.

Ele voltou e apertou-o na testa dela.

— Respire fundo pelo nariz. Só se acalme e não apresse nada. Quando você sentir que pode se levantar, vou ajudá-la a ir para o sofá na sala de estar, a menos que você prefira deitar-se na cama por um tempo.

Ela assentiu com a cabeça, fechando os olhos enquanto ele limpava suavemente o rosto e boca. Embora nada tivesse vindo para cima, sua boca parecia seca, e ela realmente queria algo para beber, mas estava com medo que isso simplesmente voltasse.

— Melhor? — Ele perguntou baixinho.

Ela assentiu com a cabeça novamente e então abriu os olhos para olhar para ele.

— O que diabos está acontecendo, Maren? Você está doente? Preciso levá-la para o hospital?

Ela suspirou.

— Nada que cinco meses não irão curar.

Ele deu-lhe um olhar perplexo.

— Eu estou grávida, Steele — disse. — Esse não é o jeito que eu queria te dizer, mas é o que há de errado. Estou grávida e ainda estou na fase de tudo me deixa enjoada.

 

A mente de Steele ficou total e completamente em branco. Ele olhou para Maren, tomado pela ansiedade escrita em linhas claras em todo o rosto dela. Suas feições pálidas e contraídas. O medo em seus olhos. Quanto mais tempo ele permanecia em silêncio, mais amedrontada ela parecia, e ele ainda não conseguia encontrar a maldita língua nem mesmo para salvar sua vida.

Raiva subia por ele como uma tempestade. Ele estava com medo de dizer alguma coisa com receio de ela achar que a raiva era dirigida a ela.

— O que ele fez com você? — Ele finalmente perguntou com a voz rouca. — Eu vou matar o filho da puta, Maren. Eu juro. Ele a forçou? Ele sabe que está grávida do filho dele?

Se Caldwell sabia, sua obsessão por Maren provavelmente não acabaria. Ele iria persegui-la incansavelmente e Steele nunca deixaria o homem tocá-la novamente. Mesmo que ele morresse tentando, ele a protegeria com o seu último suspiro.

Maren parecia cinza e muito parecida como se fosse vomitar novamente. Ela balançou precariamente, com os olhos sombreados, enquanto olhava ansiosamente para ele.

— Steele, ele não... Quero dizer, ele não é...

Ela fechou os olhos, parecendo mais doente do que nunca. Steele a envolveu delicadamente em seus braços e se levantou, levando-a com ele.

— O banheiro não é o lugar para uma conversa como esta, — ele murmurou.

Ele passou pelo quarto e voltou para a sala, onde colocou-a no sofá, almofadas empilhadas em volta dela, para que ficasse o mais confortável possível. Então pegou um cobertor, porque ela estava tremendo como uma folha.

Depois de garantir o seu conforto e que ela estava quente, ele se sentou ao lado dela, propositadamente mantendo-se próximo, seus corpos se tocando. Ele tomou as mãos geladas nas dele, esfregando-as delicadamente entre as palmas das mãos.

— Maren, olhe para mim, — disse com uma voz suave. — Não importa o que aconteceu, você pode falar comigo sobre isso. A menos que você não queira. Se você preferir falar com outra pessoa, eu a trarei para você. Talvez a sua mãe? Talvez devêssemos chamá-la agora.

Ela balançou a cabeça e uma lágrima espremeu no canto de seu olho e ele se alarmou. Oh merda. Ele não suportava mulheres chorando. E Maren chorando? Pânico o paralisava enquanto ele se esforçava para tentar pensar no que diabos deveria fazer.

— Não é o que você pensa — disse ela. — Ele não me machucou. Não tocou em mim. Como prisão, a dele era bastante opulenta. Ele deu tudo o que eu poderia precisar, me mimava e paparicava. Esbanjava presentes. Não, eu não estava lá de livre e espontânea vontade, mas ele não me maltratava de qualquer outra forma além de me manter sob sete chaves continuamente.

Os olhos de Steele se estreitaram em confusão. Certamente ela não quis dizer o que ele pensou que ela disse

— Então, o que você está dizendo? Que você esteve com ele por vontade própria?

Ela fechou os olhos e respirou fundo.

— Eu não estou grávida de Tristan, Steele. Ele nunca me tocou. Ele estava ficando mais ousado. Eu acho que se eu ficasse lá por muito mais tempo, ele teria... Bem, prefiro não pensar sobre onde as coisas iriam se eu não tivesse saído quando saí.

A boca de Steele caiu aberta em confusão. Isso não era nada do que ele esperava que ela dissesse. Sua mente estava gritando que porra é essa? Isso não fazia nenhum maldito sentido.

— Então, quem diabos é o pai?

Ela puxou as mãos de seu aperto e olhou para ele com os olhos azuis arregalados, com grande ansiedade, o medo escrito claramente em suas feições. Parecia que ela estava com medo... Dele. O pensamento o destruiu. Ele nunca quis que ela tivesse medo dele. Será que ela esperava que ele perdesse o rumo porque ela engravidou de outro cara?

— Eu só estive com um homem nos últimos 18 meses, — ela disse calmamente. — Você. Estou grávida do seu bebê, Steele.

Ele olhou para ela em completo silêncio enquanto processava o que ela acabava de jogar em cima dele. Havia tantas emoções conflitantes que iam desde que porra é essa ao alívio absoluto e depois para a euforia. E muita coisa no meio.

E quando ele finalmente conseguiu abrir a boca, foi chutando com o pé direito.

— Eu usei camisinha, — ele grunhiu. — Eu nunca correria um risco tão grande com você, Maren. Eu nunca não a protegeria. — E então algo o atingiu. — Foi na última vez. Nós não usamos camisinha. Deve ter sido então. Deus, eu sinto muito. Eu deveria ter sido mais responsável.

Antes que ele pudesse continuar, ela balançou a cabeça, mordendo o lábio inferior.

— Eu já estava grávida naquela época.

Ela parecia defensiva, mas também havia um tremor na voz que fez nó no estômago dele. Foda-se tudo, ele não queria que ela tivesse medo dele. Ele não iria surtar e começar a negar a responsabilidade. Mas na escala de merda, essa era enorme. Vida completamente alterada.

Ele passou a mão pelo cabelo desordenadamente e exalou em um longo assobio, e depois o que ela disse finalmente registrou. Seus olhos se estreitaram quando ele olhou para ela.

— Você já estava grávida? Você sabia? E não me contou? Que diabos, Maren?

Ele ficou horrorizado. Não por ela estar grávida. Mas ela já estava grávida. Se ele soubesse, ele nunca a teria deixado. Nada teria sido mais importante para ele do que ela e seu filho. Ela nunca teria sido sequestrada e mantida presa por semanas, terrivelmente amedrontada e preocupada com sua própria segurança e do bebê não nascido.

Ele teria ficado lá, mesmo se tivesse significado mudar-se para a porra da Costa Rica para ficar com ela durante a gravidez. Ou melhor ainda, ela estaria com ele aqui, em sua casa, e não em uma parte isolada de outro país.

Lágrimas subiram nos olhos dela. Suas mãos tremiam e ela parecia tão amedrontada que ele não aguentou mais. Puxou-a em seus braços e segurou-a com força enquanto ela balançava contra ele.

Suas palavras foram sufocadas, abafadas pelo peito dele, mas ele não a soltou.

— Eu não sabia ao certo, naquela época, Steele. Você tem que entender. Eu suspeitava, mas eu não podia imaginar que poderia ser verdade. Como você disse, nós usamos camisinha. O dia em que você voltou foi o mesmo dia que eu tirei meu próprio sangue e enviei para o exame. Antes que você chegasse, eu iria aguardar os resultados e entrar em contato com você através de Sam. Mas então você chegou e planejou ficar um tempo, então percebi que quando chegassem os resultados eu poderia dizer-lhe cara a cara e poderíamos partir de lá. Mas depois você foi embora e eu não queria sobrecarregá-lo quando você estava saindo em uma missão. Eu não acho que seria justo. E se eu não estivesse grávida? Você iria para sua missão se perguntando se eu estava grávida ou não. Você teria se distraído e na sua linha de trabalho, distrações podem ser mortais.

Ele soprou em seu cabelo e, em seguida, acariciou a mão abaixo do comprimento e, depois, voltou novamente, enredando os dedos nos fios.

— Você deveria ter me dito — disse ele calmamente. — Se você estivesse ou não, não é a questão. A possibilidade de você estar era. Eu nunca a teria deixado se eu soubesse que havia a possibilidade. Se você tivesse me dito, eu teria ficado Maren, e você nunca teria sido sequestrada.

— Eu fiz o que eu achava que era melhor, — disse ela, um soluço capturando sua voz e quebrando no meio da frase.

Ela recuou, saindo de seu abraço, e então estendeu a mão para tocar o rosto dele, os dedos se espalhando sobre a pele. Seu olhar era sério e suplicante.

— Eu estava pirando, mas você tem que acreditar em mim, Steele. Nunca tive a intenção de não te dizer. Eu peguei os resultados três dias depois que você partiu e eu iria dizer-lhe no minuto em que você voltasse. Mas então, quando eu estava saindo da clínica, Carlos, o homem contratado de Tristan, estava esperando por mim.

Ela olhou para ele, trilhas de prata deslizando por suas faces.

— Por favor, acredite em mim, Steele. Eu nunca esconderia algo assim de você.

— Eu acredito em você, — ele disse calmamente.

Seus olhos se iluminaram e ela parecia tão cheia de esperança de que ele tivesse se arrependido pela maneira que ele a atacou. Ele não tinha nenhuma desculpa que não fosse a culpa que sentia por deixá-la. Se ele estivesse lá, ela nunca teria sido levada. Nunca sofreria o que ela sofreu nos últimos meses.

E junto com suas palavras veio a autorrecriminação.

— Cristo, me desculpe Maren. Isso não pode ser o que você queria. A culpa é minha. O maldito preservativo deve ter estourado ou vazado. É minha responsabilidade. Você tem que saber que eu nunca teria colocado você nesta posição de propósito.

Ela acariciou seu rosto, acalmando-o com seu toque.

— Eu sei disso, Steele. A culpa é nossa e de ninguém ao mesmo tempo. Somos adultos. Nós dois sabemos que o controle da natalidade não é infalível. Nós dois brincamos com fogo e nos queimamos. Mas agora que eu tive tempo para aceitar a notícia, eu não lamento sobre o bebê. Espero que quando você tiver tempo suficiente para digerir tudo isso, você não lamente tanto. Nosso filho pode não ter sido propositadamente concebido, mas ele ou ela está lá agora. Dentro de mim. Uma parte de mim. Eu já amo nosso bebê. As últimas semanas foram tão terrivelmente estressantes. Eu estava com medo de comer ou beber qualquer coisa, porque eu temia que Tristan fosse tentar prejudicar o nosso filho ou me fazer abortar.

A raiva surgiu através dele mais uma vez. Ele estendeu a mão para tocar o queixo dela, esfregando o polegar ao longo da face, tentando enxugar as linhas de cansaço e estresse. Ele perseguiu as lágrimas que umedeciam as bochechas e, em seguida, ele se inclinou, beijando suavemente a umidade.

— Eu falhei com você, Maren, e eu sinto muito por isso. Parece que tenho muita experiência em falhar com as pessoas que são importantes para mim no ano passado. Primeiro PJ. Agora você. Eu deveria ter estado lá antes. Se eu estivesse, você não teria passado os últimos meses no inferno, preocupando-se que o filho da puta iria forçá-la ou levá-la a perder o seu filho. Meu filho, — disse ele com força.

Seu filho. Deus, ele não poderia sequer imaginar o fato de que iria ser pai. Estava tão mal preparado para a paternidade, era ridículo. As crianças nunca estiveram em seu plano de jogo. Nunca. Com o trabalho que ele realizava e nunca sabendo onde estaria, de um dia para o outro, e pior, nunca saber se conseguiria voltar de uma missão? Não era jeito de uma criança viver. Não era jeito de ser um bom pai.

Ele queria ser o tipo de pai que seu pai foi para ele. Mesmo que ele nunca planejasse ter filhos, agora que era inevitável, queria dar a seu filho dois pais amorosos e estáveis, assim como os seus foram.

Como ele ou Maren poderiam providenciar isso, quando seus trabalhos os levavam a todas as partes do mundo? Em situações perigosas?

— Você não falhou comigo, Steele, — ela disse em voz baixa, interrompendo seus pensamentos. — Como você poderia saber? Eu poderia ter dito algo quando Tristan começou a cheirar ao meu redor. Eu estraguei tudo. Foi estupidez. Eu poderia ter chamado Sam a qualquer momento. Mas eu sou uma menina grande. Eu posso cuidar de mim mesma. Eu venho fazendo isso há anos. Trabalhei sozinha em lugares que muitos homens não se arriscariam. Mas sabe de uma coisa? Eu estraguei tudo, porque eu não tinha nenhuma razão para acreditar que ele levaria as coisas tão longe como ele fez.

Ela exalou bruscamente e continuou.

— Eu nunca chamei a atenção assim. Você tem que entender, eu me misturo. Nunca chamei a atenção para mim. Não sou o tipo de mulher que para o tráfego ou é notada em uma multidão. O que aconteceu na África foi apenas um caso infeliz de estar no lugar errado na hora errada. Não foi pessoal. Fui levada como refém junto com todas as outras pessoas que só estavam no mesmo lugar errado, na mesma hora errada.

— Mas com Mendoza, ou Tristan, ou quem quer que diabos ele realmente seja, foi pessoal. E eu não compreendi isso. Eu não podia acreditar que eu chamaria a atenção enquanto praticava o meu trabalho tranquilamente e sem barulho. Eu acho que isso é o que considero tão preocupante e por isso me chateia muito. Eu nunca tive nada parecido com isso acontecendo, e eu ainda não entendo por que ele fez isso. Por que eu? Um homem que tem o tipo de poder e dinheiro que ele tem poderia ter contratado o melhor médico que o maldito dinheiro podia comprar. Caras como ele não querem um médico do interior que dispensa cuidados médicos gratuitos para indigentes. E como eu disse, eu não sou uma mulher que para o tráfego, então não entendo por que ele se fixou em mim. Foi conveniência? Proximidade? Aconteceu de eu estar na área e ele dizer: Que diabos, ela é médica, eu vou levá-la?

Steele colocou um dedo sobre os lábios dela e, em seguida, esfregou suavemente.

— Talvez nós nunca saibamos. Você não pode ficar louca tentando entender como loucos pensam. Mas, como você não para o tráfego? Tenho novidades para você. Eu definitivamente a notaria no meio da multidão.

Ela corou um rosa delicado, cor florescendo em suas bochechas. Ela mordeu o lábio inferior até que ele manuseou para libertá-lo, e ele suavemente empurrou para trás para que ela não prejudicasse a pele macia.

— Então, o que vamos fazer Steele? — Ela perguntou em voz baixa. — Eu sei que não é isso que você queria ouvir. Sei que nenhum de nós planejou isso. Pode não ter acontecido do jeito que queríamos, mas eu não me arrependo agora. Eu não iria voltar atrás e desfazer minha gravidez. Este bebê é uma parte de mim. Eu farei qualquer coisa no mundo para proteger essa criança.

Ele pesava suas palavras, ainda processando o choque de descobrir sua paternidade.

— O que faremos — ele começou lentamente, — a primeira coisa que faremos é garantir a sua saúde e bem-estar e de nosso filho. Você teve alguns meses muito estressantes, e mesmo se Caldwell não a prejudicou fisicamente, a tensão a pressionava. Precisamos ter certeza de que você está saudável, o bebê é saudável e que ambos recebam os cuidados de que necessitam.

— Após isso? Você vai ficar aqui comigo onde eu sei que está segura. Isso muda tudo, Maren. Eu não sei quais são seus planos ou se você sequer pensou nisso ainda. Você quer voltar a medicar tão cedo?

Lentamente, ela balançou a cabeça.

— Se fosse só comigo e eu não tivesse um filho a considerar, eu aceitaria outra atribuição. Eu não permitiria que algum maluco ditasse a minha vida ou me deixasse tão medrosa que não poderia fazer o meu trabalho. É mais do que um trabalho, Steele. É vocação. Eu não sei se você entende isso, ou talvez você ache que eu sou louca.

— Nem um pouco. Todos nós temos chamados. O meu é a KGI e nossas missões. Eu não acho que você é mais louca do que eu acho que sou pelo que faço. Nós ajudamos as pessoas. Apenas o fazemos de diferentes maneiras.

Ela sorriu e apertou a mão dele.

— Obrigada por isso, pelo menos. E para responder a sua pergunta, eu não sei. Você está certo de que a minha gravidez muda tudo. Altera as minhas prioridades. Eu vivi fora do país por tanto tempo que não tenho um lugar real para chamar de lar aqui. Eu poderia ficar com os meus pais até eu entender tudo e até depois que o bebê nascer.

A careta dele foi instantânea. Havia muitos problemas com esse cenário. Além das questões de segurança, ele não a queria longe dele. Ele queria ser parte dessa gravidez. Queria estar lá quando seu filho viesse ao mundo. E não poderia fazer isso muito bem se ela vivesse a estados de distância.

— O que você está pensando? — Ela perguntou em voz baixa.

Seu olhar estava focado nele, os olhos azuis inquisidores.

— Eu não quero você a quilômetros longe de mim, — disse sem rodeios. — Eu posso não ter planejado isso mais do que você, mas eu quero ser parte da vida do meu filho, Maren. Eu quero ver sua barriga crescer. Quero sentir ele ou ela chutando dentro de você. Quero ver as imagens de ultrassom. E certamente quero estar lá para o nascimento. Não há nenhuma razão para que você faça isso sozinha. Você não estará sozinha. Porque eu vou estar lá. Cada passo do caminho.

Os olhos dela se arregalaram, mas ele viu o alívio lá. Ela o queria com ela? Ela ficou com medo que ele não gostasse de ser uma parte da vida de seu filho?

— Eu já disse o que eu quero, — continuou ele. — Mas nós não conversamos sobre o que você quer.

— Eu quero você comigo, — ela sussurrou. — Eu gostaria muito. Eu não tinha certeza. Quer dizer, eu sei que isto foi uma enorme bomba caindo em você. Sei que vai levar tempo para digerir tudo. Acho que eu estava preocupada que você não iria querer ter muito a ver comigo ou com o bebê.

Os olhos dele se estreitaram.

— Isso não vai acontecer. Mas você precisa saber que eu vou ser dominador. É quem eu sou. E você tem que se preparar para isso. Quando se trata de sua segurança e a segurança do nosso bebê, eu me conheço o suficiente para saber que tipo de homem eu vou ser. E isso provavelmente irá deixá-la louca. Isso deixaria a maioria das mulheres louca. Vou tentar ser razoável. Vou tentar não ser tão arrogante. Mas estou te avisando desde o início que a única maneira que eu conheço é liderando, e estou acostumado a ter as coisas do meu jeito.

Os lábios femininos tremeram e diversão brilhava em seus olhos.

— Eu não sou um dos membros da sua equipe, Steele. Apenas lembre-se disso. Eu não recebo ordens muito bem.

Ele sorriu com tristeza.

— Vou tentar o meu melhor, mas você vai ter que ser paciente comigo.

— Façamos um acordo. Eu vou ser paciente com você, enquanto você promete ser paciente comigo e tentar controlar o seu desejo de mandar em mim.

— Concordo.

— Então, onde isso nos deixa, Steele? O que vamos fazer agora? Vamos tentar resolver alguma coisa além do nascimento do nosso bebê, ou vamos apenas aceitar do jeito que vier e decidir, quando chegar a hora?

Ele respirou fundo, imaginando o quanto ele precisava confrontá-la agora. Se ele fizesse do seu jeito, ele a mudaria para a sua casa trancada, abastecida e protegida rapidamente e acharia bom. Mas ele não queria dominá-la desde o início. Especialmente quando não tinha ideia de quais eram seus sentimentos, quais eram os sentimentos dela ou se eram sequer compatíveis como colegas de casa.

Ele sabia com maldita certeza que ela não viveria em sua casa sem que ela, eventualmente, dormisse em sua cama. Isso era óbvio. Uma vez não foi suficiente, mesmo antes de ele saber que ela estava carregando seu filho. Ela assombrava todo o seu pensamento, desde a noite que passaram juntos, e isso foi antes de ela ter desaparecido. Ela só se tornou mais que uma obsessão, uma vez que estava determinado a encontrá-la e trazê-la para casa em segurança.

Mas ele não tinha ideia se a atração era recíproca. Eles tiveram ótimo sexo, ou pelo menos foi para ele. Mas só porque rolaram nos lençóis algumas vezes não significava que ela estaria pronta para entrar em sua cama novamente. E havia o fato de que na primeira vez ele, muito sem rodeios, disse-lhe que a queria fora de sua cabeça, e depois ele a deixou na manhã seguinte, sem outra palavra, nem contato, nem nada. Ele ainda estava recriminando-se sobre isso. Se ele não tivesse sido um idiota determinado a exorcizá-la de todos os seus pensamentos, talvez ela não tivesse acabado como convidada relutante de Javier Mendoza, também conhecido como Tristan Caldwell. Era muito possível que ele ferrou tudo além da redenção e ela não quisesse nada com ele além de deixá-lo ajudá-la durante a gravidez.

E ele seria um canalha completo forçando-a, logo após seu resgate, de qualquer maneira. Ela precisava de tempo para se orientar, reorientar sua vida e entrar em acordo com tudo o que aconteceu em um curto período de tempo antes que ela pudesse esperar tomar qualquer decisão a respeito de sua gravidez, sua vida e um relacionamento com ele.

Relacionamento. A palavra saía como um sinal de néon em sua mente. Ele estava pensando em um relacionamento real? Se alguém tivesse perguntado a ele seis meses antes, teria sido rápido em dizer que um relacionamento era a última coisa que estava procurando ou queria. O trabalho era sua vida. A equipe era a sua vida. E uma parceira ou amante permanente não teria nenhum lugar no caminho que ele escolheu. Não seria justo para uma mulher ter que compartilhá-lo com sua equipe e suas responsabilidades para a KGI.

Inferno, não seria justo com Maren ou seu filho. O que significava que ele tinha algumas decisões muito grandes no futuro. Aquelas que ele não queria contemplar ainda. Mas então como ele poderia se afastar de uma mulher que se tornou para todos os efeitos práticos, uma obsessão, que vivia constantemente em seus pensamentos? A mãe de seu filho. A pequenina vida que era seu sangue. Alguém que dependia dele para o amor e proteção. De jeito nenhum ele poderia se afastar dessa responsabilidade. Não era algo que ele sequer considerasse.

O que significava que ele e Maren estariam inexoravelmente amarrados para o resto de suas vidas, não importa o que acontecesse entre eles.

Ela ainda estava à espera de uma resposta, e respirou fundo antes de estabilizar o olhar em sua direção, travando com o dela.

— O que eu sugiro é que, por enquanto, você fique comigo. Há toda uma série de razões, mas vamos com as duas mais importantes. Eu não vou arriscar a sua segurança ou a do bebê. Isso significa que você precisa estar onde eu possa te proteger. Onde eu sei que você está segura e cuidada. E você mesma disse que não tinha residência nos Estados Unidos o que significa que vai precisar de um lugar para estar confortável enquanto a gravidez avança. Eu já vetei você ir até seus pais, porque, e isto está relacionado com a razão número um, não é seguro. Eu não quero você em qualquer tipo de perigo, e acho que você não quer seus pais ou irmão em risco também.

Ela balançou a cabeça com firmeza.

— Não, eu não quero.

— Você tem algum problema de morar aqui comigo? — Ele perguntou baixinho.

Ela hesitou antes de lentamente balançar a cabeça novamente.

— Você tem um problema com isso?

— Eu não teria oferecido a menos que fosse algo que eu tenha certeza.

— Mas onde é que isso vai nos levar? — Ela sussurrou. — Ou será que existe mesmo um nós? Eu me sinto como uma idiota aqui, Steele, mas eu não sei o que somos. Nós somos o tipo de amigos que por acaso terão um bebê juntos? Somos ex-amantes que terão uma relação civilizada, porque é melhor para o bebê? Ou eu estou me fazendo de completa idiota ao pensar que o tempo que passamos juntos foi algo mais do que você me tirar de sua cabeça?

Ele bufou, mas ficou aliviado que sua preocupação anterior poderia muito bem ter sido extraviada. Ele tinha medo que ele tivesse arruinado qualquer chance de tê-la em sua cama novamente. Mas ele era determinado, e nunca desistiu de tudo o que ele queria. E ele definitivamente a queria.

— Eu fui um idiota por pensar que eu iria te tirar de minha cabeça. Se alguma coisa, aquela noite apenas a enfiou sob a minha pele, mais do que nunca. Você não é idiota, Maren. Aquela noite significou algo para mim também. Mais do que eu pretendia. Não vou mentir para você. Foi um maldito inconveniente, e não, eu não estou falando sobre o bebê. Eu não tenho arrependimentos sobre ele. Mas é por isso que eu voltei para você naquele momento e por que eu tinha toda a intenção de voltar novamente quando minha missão estivesse concluída. Porque eu não conseguia parar de pensar em você depois daquela primeira noite.

Os olhos dela ardiam e suas narinas tremeram quando ela olhou para ele. Havia um alívio claro em seus olhos, e os ombros caíram como se ela estivesse tensa até a resposta dele.

— E vou dizer mais uma coisa, — ele murmurou, inclinando-se até que suas bocas estavam tentadoramente perto. — Eu pretendo ter você de volta na minha cama. Talvez não hoje ou amanhã ou mesmo na próxima semana. Mas isso vai acontecer, e nós dois sabemos disso.

 

Steele deixou Maren fazer seus telefonemas, mas manteve-se próximo, intencionalmente ouvindo. Ele provavelmente era um idiota por espionar o telefonema, mas, neste ponto, ele levaria qualquer vantagem que pudesse para descobrir qualquer informação que o ajudasse a alcançar seu objetivo.

Não estava completamente solidificado em sua mente exatamente qual era seu objetivo final. Tudo o que sabia era que não iria deixar Maren fora de sua vista. De jeito nenhum, ele se afastaria dela, não quando ela e seu bebê mais precisavam dele.

Atormentava seus pensamentos que, se ele soubesse que havia alguma possibilidade de ela estar grávida, nunca a teria deixado e ela não teria sido levada por Tristan Caldwell. Ele entendia suas razões. Ele não estava zangado com ela por não ter contado a ele. Mas desejou que ela tivesse. Desejou que ela tivesse compartilhado as suspeitas e os medos. Eles poderiam ter enfrentado isso juntos, e ele estaria lá quando ela recebesse os malditos resultados de laboratório.

De repente, ele estava pensando a longo prazo, e isso o perturbava. Sua vida sempre foi cuidadosamente planejada. Planejava trabalhar com a KGI pelo menos mais dez anos antes de considerar a aposentadoria. Até então, teria dinheiro suficiente acumulado em sua conta bancária e investimentos para viver confortavelmente o resto de sua vida. Mas, como ele mesmo observou esse quadro, sabia que, se ele ainda estivesse em boas condições de saúde e não conseguisse ser morto ou gravemente mutilado, se cansaria de ficar apenas sentado, caçando e pescando e estando fora de ação.

Em dez anos, estaria se aproximando dos cinquenta. Além de quando a maioria dos homens se acalma, casa, tem filhos. Mas ele nunca pensou em ter um relacionamento sério, quando ainda estaria ativamente envolvido com a KGI. Não parecia justo deixar uma esposa e filhos e sair para lugares desconhecidos onde ele corria o risco de não voltar. Nenhuma mulher iria queria esse tipo de incerteza, e ele não podia culpá-la.

Mas agora Maren, e a chegada iminente de seu filho, mudaram tudo neste ponto. E ele não sabia o que diabos fazer sobre esse fato. Quando pensava em viver vidas separadas, de ver o seu filho apenas quando seus horários permitissem, de ser pai em tempo parcial, ele não gostava nem um pouco. Isso não era quem ele era. Não era quem ele queria ser.

Mas o que Maren queria? Essa era a pergunta de um milhão de dólares. Mas ele não podia perguntar-lhe quando ele próprio não tinha resposta para o que ele queria.

Será que ele queria Maren com ele? Absolutamente. Ele queria o filho sendo criado pelos dois? Sem dúvida. Mas como conseguir isso, trabalhar um relacionamento com Maren e conciliar as duas carreiras? Ele não tinha a menor ideia.

Levou tudo que tinha não bancar o homem das cavernas, estabelecer a lei e dizer-lhe como as coisas iriam ser. Ele seria um filho da puta mentiroso, se negasse querer fazer exatamente isso. Dava-lhe uma medida extrema de satisfação pensar em simplesmente dizer a Maren que ela ficaria com ele, e eles criariam o filho juntos. Inferno, talvez devessem até mesmo se casar. Ele gostava da ideia de ela e seu filho terem o nome dele. Mas isso era um grande passo quando eles mal se conheciam, com exceção das vezes em que ela prestou cuidados médicos para sua equipe e de algumas noites de sexo realmente ótimo. Todo o tempo ele passou mentalmente desejando que ela não contasse isso como qualidade de construção de relacionamento.

A maioria das mulheres precisava de um pouco mais no departamento de romance antes de concordar em se comprometer com um cara. O tempo que passaram quando ele voltou foram os melhores dias que se lembrava. E eles não fizeram muito. Apenas conversaram, ele a ajudou na clínica, e cozinharam, conversaram mais um pouco e fizeram amor.

Ele queria mais dias assim. Conhecendo um ao outro. Saboreando o tempo juntos quando não tinham um milhão de outras coisas acontecendo e não eram puxados em direções distintas.

Talvez esta fosse sua oportunidade para isso. Maren estava aqui, em sua casa. Ele com muita certeza não iria para nenhuma missão por um tempo. Seriam apenas os dois aqui. Eles poderiam ficar e conhecer melhor um ao outro, discutir suas opções, tomar decisões sobre o futuro deles e do bebê.

Steele passou a mão pelos cabelos e soltou um suspiro cansado. Caramba, mas os últimos meses estavam pesando sobre ele rapidamente. O estresse de não saber onde Maren estava ou se estava bem, a constante prontidão com sua equipe e, em seguida, o eventual resgate e agora a notícia de que ele iria ser pai.

Ele foi condicionado para suportar longos períodos em nada mais do que os nervos e adrenalina, mas sentiu como se tivesse acabado de bater na parede de frente. Precisava de descanso e tempo para refletir sobre a melhor estratégia para o futuro. A ideia de Maren partir, de sair por conta própria, fez um nó no estômago. Ele não queria isso. Ele a queria aqui, e não apenas para que pudesse protegê-la. Isso era uma grande parte, sim. Mas não era a única razão, e estava com medo de explorar de perto todos os porquês dessa revelação particular.

Sem dúvida, ela estava debaixo de sua pele, mas ela também estava rapidamente fazendo o caminho para seu coração. Um coração que muitos argumentavam que não existia. Os outros podiam brincar e dizer que ele era feito de gelo, mas apenas alguns minutos na companhia de Maren e o gelo se derretia mais rápido do que um cone de sorvete no meio de agosto.

E quando ele imaginou um bebê pequeno e doce, com cabelos loiros e olhos azuis, uma pequena réplica de Maren, não havia nenhuma dúvida de que seu coração estava se tornando rapidamente envolvido. Ele estava em dúvida sobre os filhos dos Kelly. A preciosa filhinha de Sam e Sophie e, em seguida, os meninos gêmeos de Ethan e Rachel. Eles eram bonitos como o inferno, mas ainda eram fedorentos, barulhentos, pequenos seres humanos contorcendo-se. Mas quando ele imaginava seu filho ou filha? Algo dentro dele suavizava, e entusiasmo que ele nunca teria imaginado o fascinou.

Ele endureceu quando ouviu a voz de Maren falhar e quebrar. Merda. Ela estava chorando. Virou-se em alarme, o olhar procurando-a. Seu rosto estava marcado pelas lágrimas. Os olhos estavam vermelhos e inchados. Mas, para seu alívio, ela estava sorrindo.

— Eu estou bem, mãe. Eu prometo. Mas há algo que eu preciso te dizer.

Steele sintonizou, sem se importar se ela soubesse que ele estava ouvindo. Era óbvio que ela estava prestes a dar à mãe a notícia de sua gravidez.

Maren respirou fundo.

— Eu estou grávida, mãe. Quase quatro meses de gravidez. Não, espere. Dê-me uma chance de explicar, por favor. Acalme-se. Está tudo bem. Não é o bebê de Tristan Caldwell.

Maren fechou os olhos e inclinou a cabeça, apertando a ponta do nariz entre os dedos enquanto segurava o telefone na orelha com a outra mão.

— Mãe, pare e me escute!

Os olhos de Steele se arregalaram com a veemência em sua voz.

Ela respirou fundo e levantou a cabeça. Ela se virou e viu Steele de pé a uma curta distância. Ela fez uma careta e revirou os olhos e, em seguida, colocou o dedo à têmpora, imitando uma arma, e fingiu atirar.

— Eu já estava grávida quando fui sequestrada.

Ela gemeu e fechou os olhos novamente. Então, se jogou em uma das cadeiras.

— Eu não disse a você, porque eu tinha acabado de descobrir. Eu peguei os resultados do teste no dia em que fui sequestrada. Eu não estava escondendo, mãe. Eu sequer tive a chance de dizer ao pai!

Ela olhou para Steele, nervosismo escrito em suas feições.

— Ele é um homem bom, mamãe. Eu estou com ele agora. Vou ficar com ele por um tempo. Pelo menos até eu me organizar e descobrir o que vou fazer a seguir.

Steele franziu o cenho, não gostando do que estava ouvindo. Como se ele fosse um Band-Aid temporário antes de ela se mudar para pastagens mais verdes.

— Uh, eu não sei, mãe. Eu teria que perguntar a Steele. Ele está preocupado que Tristan Caldwell esteja observando nossa família. Steele não quer me expor.

Ela afastou o telefone da boca.

— Steele? Estaria tudo bem se eles viessem me visitar aqui?

Steele se aproximou, sentou no sofá em frente a ela.

— Claro que sim. Eu vou combinar com Sam para pegá-los no jato da KGI e eles podem voar até Henry County. Eu vou buscá-los e conduzi-los aqui.

Os olhos dela brilharam e seu sorriso deslumbrante o fez querer continuar fazendo coisas para fazê-la sorrir novamente.

— Mãe, ele disse que tudo bem. Ele vai arranjar um voo para vocês no jato da empresa. Eu vou entrar em contato assim que eu souber os detalhes e vamos buscá-los no aeroporto.

Houve uma breve pausa e depois:

— Eu também te amo, mãe. E vou vê-la em breve.

Ela desligou o telefone e, para surpresa de Steele, se levantou e caminhou até o sofá onde ele estava sentado. Arrastou-se ao lado dele e jogou os braços ao redor dele.

— Obrigada, — ela disse enquanto apertava bem forte.

Ele envolveu os braços ao redor dela, sentindo o peso leve moldado ao seu corpo. Ele a puxou até que ela caiu em seu colo e ele segurou-lhe o rosto, esfregando o polegar sobre a pele acetinada.

— Sem problema. Eu sei que você está ansiosa para vê-los e eles provavelmente estão desesperados para fazer o mesmo e ver por si mesmos que está tudo certo.

Ele não estava prestes a deixar esta oportunidade escapar. Ela estava em seus braços, sua boca tão perto que podia sentir os sopros suaves de sua respiração. Ele inclinou a cabeça e moveu-se, pressionando os lábios nos dela.

Ele nunca teria pensado que tinha algo nele para ser gentil. Aquele não era o seu estilo. Mas a ideia de apressar algo tão importante não combinava com ele.

Ela soltou um suspiro ofegante e beijou-o de volta. Sua língua brincava alegremente com a dele, lambendo e saboreando, e então ela o surpreendeu ao se tornar a agressora e aprofundar o beijo, mergulhando a língua para frente.

A pulsação dele subiu e seu sangue corria quente nas veias. Seu corpo veio à vida. A virilha apertou e seu pau subiu nas calças. Tudo por um simples beijo. Mas era a combinação de tê-la tão perto, em seus braços, aquele sorriso doce que ela lhe deu, e sua língua brincando alegremente com a dele.

Ele a queria com uma intensidade que beirava a dor. Inferno, sim senhor, ela iria para a sua cama. Assim que ele pudesse levá-la lá.

Ele deslizou a mão, subindo em sua perna e, em seguida, para a barriga. Estendeu os dedos sobre o abdômen ainda plano e olhou para baixo, maravilhando-se com o pensamento de que seu filho estava sob sua mão. Aninhado no ventre dela. Uma parte dele. Seu sangue.

— Posso vê-lo? — Ele murmurou.

Lentamente, ela começou a puxar para cima o agasalho, expondo a barriga. Ele passou a mão sobre ela, esfregando e acariciando a pele. O estômago estava mais firme do que antes. Ele podia sentir o início de uma curva arredondada, mas era dura, a pele mais firme do que antes. O corpo dela estava se preparando para esticar para acomodar o bebê em crescimento.

— É incrível pensar que há uma pequena vida dentro de você, — ele disse roucamente. — Uma parte de nós dois. Fico feliz que você não se arrependa, Maren, porque é a mais pura verdade de Deus que eu não me arrependo também. Eu sei que não serei eu quem carregará o bebê nove meses e, em seguida, dará à luz, mas aqui e agora eu não lamento muito o preservativo ter falhado.

Ela segurou seu queixo na palma da mão e olhou para ele, os olhos quentes e suaves.

— Estou feliz, porque eu não lamento também. Estou apostando que acabamos fazendo um lindo bebê.

— Se for parecido com a mãe, isto está garantido.

Ela sorriu.

— Então, quando os meus pais podem vir? Eu odeio impor a você ainda mais, deixando minha família vir aqui, mas eles ficaram frenéticos nos últimos meses e estão determinados a me ver com seus próprios olhos para que possam parar de se preocupar.

— Isso é compreensível e você não está impondo. Eu não os culpo por querer vê-la o mais breve possível. Vou falar com Sam sobre isso na parte da manhã. Por agora, pensei que poderíamos relaxar à noite e acordar cedo. Nós dois precisamos dormir um pouco. Eu tenho que reportar com Sam de qualquer maneira, então vou adicionar requisitar um jato da KGI à lista.

Ela tragou visivelmente e pareceu de repente incerta, os olhos lançando para baixo. Seus dentes brilharam, afundando no lábio inferior, um sinal claro de sua agitação. Ele gentilmente afastou o lábio e, em seguida, empurrou o queixo para cima.

— O que está te incomodando, Maren?

Ela balançou a cabeça.

— Nada. Apenas imaginação. É estúpido, realmente.

Ele inclinou a cabeça, curioso sobre o que ela estava pensando.

— Diga-me.

Para sua surpresa, ela corou, as bochechas ficando rosadas com a cor.

— Eu ia perguntar onde eu vou dormir, mas você me mostrou o quarto de hóspedes. Foi um pensamento bobo.

Ele ficou imóvel, a pulsação de repente trovejando em seus ouvidos. Então pegou o rosto dela entre as mãos, forçando-a a olhar diretamente para ele.

— Se você está perguntando onde você pode dormir, então sim, o quarto de hóspedes é todo seu. Se você está me perguntando onde eu quero que você durma, então a resposta é comigo. Na minha cama. Mas se não é isso que você quer tudo bem. Pelo menos por enquanto.

Alívio brilhou em seus olhos.

— Eu gostaria de dormir com você. Quero dizer, se estiver tudo bem. Eu me sinto mais segura.

A admissão apertou seu coração e ele acariciou os polegares sobre a suavidade da pele dela.

— Maren, eu não vou fingir que você e eu não dormimos juntos. Não vou fingir que não temos uma conexão muito poderosa e bonita. Eu sabia antes e sei agora. É por isso que eu disse que voltaria para você. O que tivemos não estava terminado. Não estará por um tempo. Foi apenas adiado. Mas isso agora acabou. Você está aqui comigo onde você pertence. E eu quero ver onde isso nos levará. Temos um elo entre nós agora. Nosso filho. Mas essa não é a única ligação entre nós, e acho que você sabe disso, tanto quanto eu. E não quero que você pense que a única razão pela qual você está comigo é por que está grávida do meu bebê.

Ela se inclinou para ele, envolvendo os braços ao redor de seu pescoço e, em seguida, deitou a cabeça em seu ombro.

— Estou com medo, Steele.

Sua admissão franca rasgava o peito dele. Ele apertou seu abraço e inclinou a cabeça para beijar o topo da dela.

— Estou com medo também — ele admitiu.

Ela endureceu e, em seguida, levantou a cabeça para olhá-lo com surpresa.

— Eu não posso imaginar algo te assustando.

— Então, você não tem ideia do que eu já passei nestas últimas semanas, sem saber onde você estava, se estava ferida, morta, sofrendo, com medo. A lista aumenta e aumenta. Eu fiquei destruído no dia em que Sam me disse que você tinha desaparecido, e eu não vali nada desde então. Aqui e agora com você em meus braços é o único momento de paz que encontro desde o dia em que deixei você e prometi voltar. Foi uma promessa que eu tinha medo de não ser capaz de manter quando eu soube o que aconteceu com você.

— E, além disso, o pensamento de você carregando meu filho me assusta pra caramba. Não, porque é algo que eu não quero, mas porque eu sei todas as coisas que podem dar errado. Eu sei que só porque você está longe de Tristan Caldwell agora, não significa que ele não virá atrás de você. Estou com medo de eu não ser capaz de protegê-la. Estou com medo do que poderia acontecer com você e nosso filho. Então, sim, eu diria que estou muito, muito assustado agora.

Ela o beijou, longa e profundamente, a boca movendo-se docemente sobre a dele. Ele deixou-a ditar a ação, perfeitamente satisfeito em sentar e apreciar o que ela lhe dava.

— Nunca pensei que me sentiria assim por uma mulher, — ele murmurou quando ela se afastou, os olhos vidrados de desejo. — Nunca quis.

— E agora? — Ela perguntou suavemente.

— Agora eu não me imagino sem.

 

— Você precisa comer alguma coisa — disse Steele a Maren enquanto ela se sentava no colo dele, aconchegada em seus braços.

Os dois ficaram lá pela última hora simplesmente gostando de estar juntos e falando sobre o bebê. Nada muito sério. Apenas conversa ociosa, o que vinha à mente. Era com certeza o melhor remédio para ela.

Ela nunca se sentiu mais segura ou contente do que se sentia nesse momento.

— Você acha que seu estômago poderia tolerar um pouco de sopa e talvez uma xícara de chá quente? Eu não tenho a variedade de chás que você bebe, mas eu podia pelo menos usar os sachês de chá que faço chá gelado e esquentá-los para você.

O coração dela ficou suave com a preocupação em sua voz e determinação para cuidar dela. Era tão... Bom. Ela sempre foi autossuficiente. Seus pais a ensinaram a cuidar de si mesma desde uma idade muito jovem e ela sempre foi grata por isso. Ela cresceu uma adulta confiante, capaz e tinha que agradecer a seus pais por isso. Mas isso não quer dizer que numa época difícil, ela não teria absolutamente aceitado um homem como Steele protegendo-a e cuidando dela.

— Um pouco de caldo em uma xícara seguido por uma xícara de chá quente soa celestial, — disse ela. — Se você tiver algumas bolachas talvez eu pudesse mordiscar algumas e ver como o meu estômago lida.

A palma da mão deslizou sobre a barriga dela e a segurou possessivamente.

— Você esteve muito doente? Eu sei que você tinha menos que condições ideais no início da gravidez, e sei que você estava estressada além da crença. Foi pior para você por causa disso? Na verdade, eu não sei nada sobre mulheres grávidas. Não posso dizer que já tive a necessidade ou o desejo de ficar muito perto delas.

Ela sorriu e, em seguida, fez uma careta com tristeza.

— É engraçado porque até o dia em que eu olhei os resultados e confirmei a minha gravidez, eu realmente não estive doente. Um pouco enjoada, sim. Mas na hora que eu vi os resultados? Eu vomitei na lata de lixo do consultório. E, depois, quando fui sequestrada e mantida por Tristan, sim, eu estava doente com frequência. Foi muito ruim, porque metade do tempo eu estava com muito medo de comer qualquer coisa por receio de ele me drogar. Eu sei que parece loucura, mas juro por Deus, não sabia o quão longe ele iria. Ele era tão frio e distante. Eu não acho que ele sofreria uma pitada de culpa por livrar-se de algo que ele considerava um problema.

Os lábios de Steele apertaram e uma luz forte brilhou em seus olhos.

— A outra metade do tempo em que eu realmente queria comer ou sentia que precisava tudo o que ele servia era rico. Muito intelectual. Seus gostos eram caros e eu enjoava tanto que não conseguia passar do cheiro para prová-lo. Não tinha vontade.

— Armand, ou melhor, Hancock, foi bom para mim. Ele me deu as coisas. Como vitaminas e chocolate. Ele até me deu um livro de bebê. E óculos para substituir os que eu perdi.

A careta de Steele se aprofundou com a menção de Hancock.

— Quem é ele, Steele? — Ela perguntou em voz baixa. — Eu o conheci como Armand, mas eu o ouvi falando com Tristan antes de deixarmos a Costa Rica. Ele alertou Tristan da minha conexão com a KGI. Ele não os nomeou, mas era evidente para mim de quem ele estava falando. E depois, ele me tirou de Kosovo e levou para Rio e, finalmente, a você. Mas eu estava lá quando nos encontramos com Rio e não foi um encontro amigável. Eles sequer agiram como se gostassem um do outro e mesmo assim Hancock me ajudou.

— Hancock é o maldito bastardo que quase matou Grace quando ele a levou de nós. Ele também foi responsável por um dos membros da minha equipe levar um tiro quando ele fez o seu movimento em Grace. Ele trabalha para uma organização que não existe, oficialmente ou não oficialmente.

Maren estremeceu.

— Isso não parece bom.

— Não é, — Steele disse severamente. — Eles são uma organização desonesta. Não há nenhuma porra de pista de quem assina seus cheques, ou se a mesma pessoa o faz regularmente. Eles têm os dedos em um monte de diferentes tortas. Supostamente ele está disfarçado no campo de Caldwell e acabará por eliminá-lo. Não tenho ideia do por que ele está esperando. O melhor palpite é que Caldwell não o levou ao que ele está procurando ainda. Ou talvez Caldwell seja simplesmente um trampolim para alguém maior.

— Por que ele iria me deixar partir assim? Parece estranho que ele arriscaria sua missão. Eu não tenho nenhuma ideia do que Tristan fez quando soube que eu desapareci. Realmente não me importo. Mas Hancock correu um risco enorme em fazer o que fez. E eu sei que você não gosta dele. Isso é evidente pela sua expressão. Mas ele foi legal comigo. Ele me assustou até a morte, mas ele jurou que não deixaria Tristan me machucar ou meu bebê.

— Se isso é verdade, então eu sou grato por ele estar lá, — disse Steele, apesar de parecer que se engasgou com as palavras.

Maren ergueu o olhar para encontrar o de Steele diretamente, e colocar para fora, o seu maior medo.

— Você acha que ele virá atrás de mim? — Ela perguntou em voz baixa.

Steele apertou-lhe a mão e, em seguida, levantou-a para beijar-lhe os dedos. Em seguida, passou os dedos em torno dela e segurou sua mão em seu colo.

— Eu não vou mentir e dizer que não há nenhuma possibilidade. A verdade é que eu não sei, mas eu certamente não estou descontando a possibilidade. Suponho que ele é um perigo muito real para você e nosso filho, e eu vou agir em conformidade. Mas eu não quero que você se preocupe, Maren. Você não tem só a mim. Você tem todos da KGI. Você tem a minha equipe. Eles cairiam por você, com certeza, e uma vez que eu diga a eles o que você significa para mim, então você terá a mesma lealdade que se estende a mim.

Seu pulso acelerou quando ela ouviu suas palavras.

— O que você vai dizer a eles?

— Que você está grávida do meu filho e que não há nenhuma maneira no inferno de eu deixar que o filho da puta toque em você novamente.

— Oh.

Ela engoliu em seco e sentiu a mão começar a tremer entre as dele.

— Eu não lamento que você esteja grávida, Maren, e não vou fingir que lamento ou tentarei esconder o fato de que vou me tornar pai. É algo para se comemorar, e isso é exatamente o que vamos fazer.

Ela sorriu e apertou a mão dele.

— Eu juro que não sei o que fazer com você, Steele. Você está sempre me tirando do equilíbrio. Justo quando eu acho que o entendi, você faz algo que muda completamente tudo.

— Bom, — ele disse em um tom presunçoso. — Eu odiaria pensar que eu estava me tornando previsível.

— Eu gosto muito de você, você sabe, — ela disse em um tom sério.

A expressão dele ficou bem séria e sua voz baixou para coincidir com a dela.

— Eu gosto muito de você também, Maren. Eu mais do que gosto de você.

Ela se esqueceu de respirar e então tudo saiu em um fluxo quando ela percebeu que estava segurando a respiração. E então ela inclinou a cabeça, uma percepção completamente aleatória rastejando em sua mente.

— Você sabe que eu sequer sei o seu nome? Obviamente 'Steele' é seu sobrenome e todo mundo te chama assim, mas qual é o seu primeiro nome? Você me disse o nome do seu irmão, mas nunca disse qual é o seu.

Steele pareceu assustado e depois sorriu com tristeza.

— Eu já fui chamado de 'Steele' por tanto tempo que eu esqueço que tenho um nome. Eu sequer penso nisso, porque quando eu o faço, não soa como eu. Parece outra pessoa.

Ela assentiu com a cabeça, mas olhou com expectativa para ele, esperando ele compartilhar.

— É Jackson, — disse em um longo suspiro. — Jackson Steele. Parece engraçado, não é?

Ela sorriu.

— Nem um pouco. Eu gosto. Nome muito viril. Mas eu acho que ainda vou chamá-lo de Steele.

— Muito obrigado, — ele murmurou. — Se você começar a me chamar de Jackson, ou Deus me livre, de Jack, eu não iria nem perceber com quem você estava falando.

Ela riu e se inclinou para beijá-lo, deleitando-se com a intimidade criada entre os dois. Ele a beijou de volta, mas depois se inclinou para trás, adotando uma expressão severa.

— Agora, nós já conversamos bastante. Você deve estar morrendo de fome. Você está pronta para experimentar um pouco de sopa e chá? Vou ver se tenho algumas bolachas que não estejam velhas, mas não posso garantir nada. Amanhã, eu tenho que ir verificar com Sam e eu farei uma corrida ao supermercado e também conseguirei algumas roupas para você já que tocamos no assunto. Precisamos providenciar novos óculos também. Tudo o que você precisar, você vai ter.

O coração dela amoleceu com a sinceridade em sua voz. E que ele prestou atenção a esses pequenos detalhes como ela não ter os óculos.

— Eu vou com você, então?

Ele levantou uma sobrancelha, sua expressão dizia claramente que ele pensava que ela tinha ficado louca.

— Onde eu for você vai, Maren. Isso é um fato. Até que eu tenha certeza que você pode se defender, e eu pretendo ensinar-lhe um pouco logo, você não vai a lugar nenhum sem mim, e eu certamente não vou a lugar nenhum sem você.

— Bem, então, eu acho que estou feliz que você goste de mim, — ela disse descaradamente. — Seria um saco se você não gostasse, uma vez que vamos passar muito tempo juntos.

Ele riu e, em seguida, a ergueu de seu colo, colocando-a no sofá ao lado dele.

— Fique à vontade e relaxe. Vou pegar algo para beber e quando você estiver pronta, vamos para cama cedo. Amanhã vai ser um dia agitado e eu não quero que você exagere.

— Sim, Dr. Steele.

— Espertinha, — ele murmurou.

 

Quando Maren acordou na manhã seguinte, Steele já estava fora da cama. Quando, sonolenta olhou o relógio na mesa de cabeceira, ficou chocada ao ver que já eram dez horas. Ela dormiu por 14 horas!

Sequer se lembrava de ir para a cama. Ela tomou goles de sopa e depois saboreou uma xícara de chá quente, grata que tudo permaneceu em seu estômago. Em seguida, ela e Steele se sentaram no sofá e assistiram a um filme. A próxima coisa que percebeu foi ele levando-a para a cama, porque ela adormeceu no sofá. Ele a colocou debaixo das cobertas e depois se arrastou ao lado dela. Bum. Já era a manhã seguinte.

Tanto para uma noite de sexo realmente quente e selvagem.

Ela bocejou e espreguiçou-se, estendendo os pés todo o caminho até o final da cama, e fechou os dedos contra os lençóis macios. Steele tinha realmente ótima roupa de cama. Nada como aqueles baratos em sua cama na Costa Rica.

Pensar em sua casa e sua clínica pôs fim à qualidade onírica da manhã. Ela trabalhou duro para construir sua clínica lá. Nunca foi um trabalho que iria fazê-la rica, ou até mesmo financeiramente bem. Mas era gratificante. Todos os moradores gostavam e confiavam nela. E agora eles estavam sem médico e o hospital mais próximo ficava a duas horas de distância.

Ela teria que fazer algumas chamadas para ver se outro médico poderia assumir a clínica e a casa. Aliás, precisava recuperar suas coisas de lá. Tinha coisas que ela não queria perder. Itens e lembranças pessoais. E na clínica havia milhares de dólares em equipamentos e suprimentos médicos.

Só de pensar nisso tudo a estressou. Fechou os olhos e esfregou a cabeça, determinada a não deixar se apossar dela. Seu foco tinha que ser ela mesma e o filho.

A cama baixou e seus olhos se abriram para ver Steele pairando sobre ela, com uma expressão de preocupação.

— Você está bem? — Perguntou ele. — Está passando mal de novo?

Ela balançou a cabeça.

— Não, estou bem. Estava pensando em minha casa e na clínica. Eu estava elaborando sobre isso e estava tentando não me deixar ficar estressada.

— O que tem isso? — Steele perguntou em um tom mais calmo. Ele obviamente estava preocupado quando a viu na cama. Os olhos estavam brilhantes com preocupação e agora as linhas suavizaram ao redor dos olhos e toda a sua expressão se suavizou.

— Eu quero as minhas coisas — disse ela. — Tudo o que eu tinha estava naquela casa. Eu não tenho muito. Quero dizer que o que tenho não vale muito dinheiro. Mas o meu material é importante para mim e eu odiaria perdê-lo.

— Eu entendo, — disse ele. — Vou ver o que posso fazer. Talvez Rio possa empacotar sua casa e entregar tudo aqui.

Ela se levantou e jogou os braços ao redor do pescoço dele, derrubando-o sobre a cama no processo. Ela caiu em cima dele com um salto e, em seguida, o beijou.

— Obrigada — disse. — Eu já te disse como você é maravilhoso ultimamente?

Ele sorriu para ela, e ela ficou maravilhada, como ficou tantas outras vezes, com o coração palpitando em como ele era lindo quando sorria.

— Talvez você tenha dito, mas fique à vontade para dizer tão frequentemente quanto quiser.

— Você é maravilhoso — ela disse suavemente.

Ele levantou a cabeça, enquanto envolvia uma mão em torno da nuca dela e arrastava-a para baixo para encontrar sua boca. Eles se beijaram por vários segundos até que o peito dela ardia com a necessidade de ar. Ela afastou-se, inalando profundamente para se recuperar.

— Eu vim para dizer-lhe que o café da manhã está pronto e que você precisa começar a se mexer, se vamos fazer hoje tudo o que precisa ser feito — disse Steele enquanto acariciava seu rosto com uma mão.

— Você soa como um feitor de escravos, — ela gemeu.

— Aposte nisso. Eu corro um horário apertado por aqui.

— Oh Deus, salve-me. Eu já te disse como sou desorganizada? E que sou distraída? Oh, e sou uma desastrada completa também. Só para você saber. Sou praticamente um desastre ambulante, que deve deixar alguém tão meticuloso como você absolutamente insano.

As sobrancelhas dele se ergueram.

— Meticuloso?

— Hum, sim. Meticuloso. Você é uma daquelas pessoas com Transtorno Obsessivo Compulsivo que piram se tudo não está de uma determinada maneira. Você é maníaco por controle também. E eu apostaria o meu último dólar que também é um maníaco por limpeza e que tem tudo organizado em sua casa. Também aposto que você nunca se esquece de nada e que sua mente é como uma armadilha de aço. Trocadilho estúpido planejado.

Para sua diversão, cor aumentou nas faces dele.

— Peguei! — Ela gabou-se. — Esse olhar diz tudo.

— Só porque eu gosto de levar uma existência ordenada não significa que tenho algum distúrbio compulsivo.

— Não importa o que você diz, — ela disse inocentemente.

— Além disso, se você é todas essas coisas que diz que é, tais como distraída, desajeitada e desorganizada, você precisa de mim só para igualar tudo isso.

Ela sorriu e se inclinou para beijá-lo novamente.

— Não vou argumentar que você equilibra-me muito bem. Mas o que é que eu faço para você, então? Eu duvido que você tenha o desejo de adicionar esquecimento, desorganização e falta de jeito a sua existência bem ordenada.

— Não há dúvida de que você me equilibra Maren, — disse ele, a voz de repente muito séria. — Eu me divirto quando estou com você e não me lembro da última vez que eu realmente me diverti com outra pessoa. Você me faz rir. Você me dá isso. Isso faz de você muito especial e o que você tem a me oferecer é muito precioso.

— Bem, caramba, — ela murmurou. — Eu nem sei o que dizer a isso.

— Acho que vamos adicionar mudez à sua lista de falhas, — disse ele.

Ela estapeou o peito dele e, em seguida, rolou para fora da cama.

— Acho que vou usar as mesmas coisas que eu tinha na noite passada.

— Eu coloquei um conjunto limpo de moletom e uma camiseta nova para você no banheiro, — disse ele. — Depois do café da manhã vamos comprar algumas roupas para você, antes de executar o resto de nossas tarefas.

— Tarefas?

— Oh sim. Vamos comprar roupas e depois vamos nos dirigir para o complexo KGI. No caminho de volta, vamos parar e conseguir mantimentos para nada estragar. Pense que você está fazendo algo tão doméstico como compras de supermercado? Você vai precisar de todas as suas coisas femininas também, como xampu, escova de dentes e tudo o mais que as mulheres devem ter para sobreviver. E você precisa ver um oftalmologista para conseguir novos óculos? Eles precisam de prescrição? Ou podemos simplesmente pegar algo na farmácia? Eu sei que não vai ser o ideal, mas talvez funcione até que você possa obter algo melhor.

— Eles precisam de prescrição, — disse ela. — Mas isso pode esperar. Realmente. Eu não estou trabalhando agora, e é quando eu mais preciso.

— Eu gosto deles em você, — ele disse rispidamente. — E eu não quero pensar em você ficar sem as coisas que você precisa, nem mesmo por um minuto.

Ela sorriu e, em seguida, com a sobrancelha franzida enquanto uma preocupação muito mais premente empurrou o seu caminho para frente.

— Steele, você acha que você pode verificar seriamente um obstetra local? Eu não fiz nenhum check-up desde que descobri que estou grávida. Tenho certeza de que está tudo bem, mas gostaria de ter a paz de espírito de ter um médico supervisionando os cuidados do bebê.

O olhar dele se suavizou.

— Já estou à sua frente. Eu conversei com Sam esta manhã para obter os nomes dos médicos que Sophie e Rachel consultaram.

A boca feminina arredondou em um O.

— Você disse a ele que estou grávida?

Ele enviou-lhe um olhar perplexo.

— Bem, sim. Todos eles vão descobrir mais tarde hoje, quando eu lhes disser.

Suas bochechas aqueceram e ela guerreou com prazer e autoconsciência. Por um lado, deu-lhe uma emoção vertiginosa que Steele estava tão abertamente abraçando a paternidade, mas, por outro lado, temia os olhares dos outros. Eles teriam um tempo duro o suficiente retratando o líder da equipe fodão como um pai, mas depois olhariam para ela e se perguntariam como diabos os dois se ligaram, para começar.

— Hum, como ele reagiu a essa parte da notícia? — Perguntou ela.

Steele deu de ombros.

— Ele me deu os nomes de obstetras e disse que há uma clínica em Murray, Kentucky, que as duas mulheres foram. Eu não lhe disse que era o meu bebê, só que você está grávida. Todos eles vão descobrir isso em breve.

Ela gemeu e fechou os olhos.

— Oh, Deus, Steele. Ele provavelmente vai tirar a mesma conclusão que inicialmente você tirou e achar que Caldwell me forçou e me engravidou.

Steele franziu o cenho.

— Era um pressuposto lógico no momento. E se isso é o que ele pensa, ele não vai dizer nada. Sam não é um cara de espalhar informações pessoais. Eu confio nele mais do que confio em qualquer outro.

Ela estudou-o pensativa.

— Eu aposto que você não confia em muitas pessoas, não é?

A testa dele franziu.

— Você diz isso como se fosse uma coisa ruim.

— Não estou dizendo que é bom ou ruim. Apenas uma avaliação.

— Eu confio na minha equipe, caso contrário eu não os teria sob o meu comando. Confio em Sam, Garrett e Donovan, caso contrário, eu não trabalharia para eles. Confio em Rio e sua equipe também. Eu nem sempre gosto de trabalhar com eles, mas sei que eles protegem a minha retaguarda e sabem que eu protejo a deles.

Ela inclinou a cabeça para o lado.

— Eu testemunhei você e Rio em desacordo em várias ocasiões. Por que vocês não gostam um do outro?

— Eu não diria que estamos em desacordo. Nós somos apenas competitivos. Ele acha que a equipe dele é a melhor. Eu sei que a minha equipe é a melhor. Eu não gosto ou desgosto dele. Eu não me sinto fortemente sobre ele de uma maneira ou de outra. Ele é alguém com quem tenho que trabalhar e é necessária uma determinada quantidade de civilidade. Qualquer coisa, além disso, não é necessário para o trabalho ser feito.

Ela riu e balançou a cabeça.

— Isso é uma coisa que um cara diria.

— Em caso de ter escapado a sua observação, eu sou um cara.

Ela enfiou a mão entre eles e agarrou sua virilha, dando-lhe um aperto leve. Seu pênis endureceu imediatamente contra os dedos dela.

— Oh, acho que eu notei, — disse ela.

— Você tem dois segundos para mover sua mão ou vai estar de costas comigo dentro de você em cinco segundos.

Ela beijou-o, dando-lhe mais um leve aperto.

— Isso não é um impedimento, — ela murmurou.

Então ela o empurrou e fugiu para fora da cama, deixando-o olhando para ela.

Enquanto ela se vestia, sentiu que ele a olhava e quando olhou para trás, ele observava-a preguiçosamente, com um brilho nos olhos pensativos.

— Eu ainda quero saber o que você está pensando? — Perguntou ela.

— Eu gosto que você não faz joguinhos, — ele disse sem rodeios.

Suas sobrancelhas se ergueram.

— O que isso significa exatamente?

— Você diz as coisas diretamente. Você não tem medo de admitir as coisas, mesmo se não tiver certeza da reação ou se o que você quer é recíproco. Eu gosto que você não fique tímida e que parece estar na minha, como eu estou na sua. Não é necessário adivinhar com você e eu gosto disso. É muito refrescante.

— Você “está” na minha? — Ela suspirou. — Eu sei que você gosta de mim. Eu sei que você está atraído por mim. Mas por alguma razão, a maneira como você disse isso apenas fez parecer muito mais sério. Eu gosto da maneira como você disse. Vou saborear essas palavras por um tempo.

Ele se ergueu nos cotovelos, o olhar aquecido, uma vez que vagavam para cima e para baixo de seu corpo.

— Sim, eu estou na sua, Maren. Estou profundamente e não vejo nenhuma saída por um tempo muito longo. Espero, pelo inferno, que você esteja nesta comigo, porque se não estiver, as coisas vão ficar meio confusas.

— Se eu estivesse mais na sua, eu nunca encontraria meu caminho, — ela sussurrou.

— Isso não é uma coisa ruim, do meu ponto de vista. Eu não me importo se você se perdeu, desde que você esteja perdida comigo.

— Eu nunca tive uma conversa assim com um cara, — ela disse com tristeza. — É o tipo que me assusta de um jeito que oh meu Deus. De um jeito bom. Eu só não quero estragar tudo, Steele. Eu ainda estou tentando descobrir meus sentimentos por você, mas estava atraída por você há muito tempo.

Ela parou e olhou para ele, morrendo de medo de dizer a coisa mais alta em sua mente. Mas ele gostava que ela fosse aberta. Ela só esperava que não estivesse sendo muito aberta.

— Eu poderia me apaixonar por você, — ela sussurrou. — Mas você precisa me falar, Steele. Diga-me se isso é algo que eu não deveria deixar acontecer. Eu estou me tornando vulnerável a você e você jurou me proteger. Eu sei que significa fisicamente, mas eu expus algo para você que eu nunca expus a qualquer outra pessoa. Meu coração. E você tem que jurar protegê-lo também.

Ele afastou-se da cama e caminhou em direção a ela, com os olhos brilhando com determinação, o feroz azul ao redor do negro das pupilas. Ele apalpou o rosto dela entre as mãos, segurando-a firmemente no lugar enquanto seus lábios desceram para tomar posse dos dela.

— Deixe-me fazer isso realmente muito fácil para você, Maren. O que eu estou prestes a dizer-lhe eu nunca disse, nunca senti por outro ser humano, exceto meus pais. Eu estou te dando uma coisa que eu nunca dei a outra pessoa fora da minha família. Se isso não me faz vulnerável a você, então eu não sei o que faz.

— O quê? — Ela sussurrou.

— Eu tenho muita certeza de que eu já estou apaixonado por você.

Ela arregalou os olhos, até que teve que piscar contra o desconforto.

— Sério?

— Sim, realmente. Eu nunca estive apaixonado antes. Eu não sei como é. Mas se é como tivesse sido destruído e rasgado em dois, porque você estava desaparecida e eu não tinha nenhuma ideia de onde diabos você estava, se estava machucada ou com medo, então sim, eu diria que estou apaixonado por você. Ou se parece que eu não quero nunca mais ficar longe de você, mesmo que por alguns minutos, e que eu quero passar todos os dias da minha vida, certificando-me de que você tenha tudo o que sempre quis. Ou talvez o amor seja sentir como se eu tivesse recebido o presente mais precioso que alguém já me deu, porque você está aqui em meus braços e está grávida do meu filho.

Lágrimas deixaram sua visão completamente embaçada e ela rapidamente limpou os olhos, colidindo com as mãos de Steele, que ainda envolviam firmemente suas faces.

— Oh Deus, Steele, eu acho que eu também te amo.

Ele puxou-a em seus braços, esmagando-a contra ele.

— Ainda bem que eu não sou o único a me afogar aqui.

— O que vamos fazer agora? — Ela sussurrou.

Ele riu contra ela, seu peito retumbando com o esforço.

— Bem, agora vamos tomar o café da manhã e depois vou levar você para comprar algumas roupas. E se isso não diz eu te amo, eu não sei o que diz. Eu não vou às compras por ninguém.

 

Após as compras de roupas para gestante, Maren sabia que ela não usaria tamanhos normais por muito mais tempo, Steele colocou as compras na parte de trás do SUV e se dirigiam para o complexo Kelly.

Fazia tempo desde que Maren visitou a KGI ou a casa deles pela última vez. Desde que ela viajou até aqui para cuidar da esposa de Nathan, Shea, quando ela sofreu tanto trauma.

Ela ficou impressionada com o progresso. A construção estava em fase de conclusão. Tudo o que restava terminar era a pista de pouso e então não precisariam mais usar o aeródromo de Henry County onde os jatos Kelly estavam guardados.

— Todas as casas estão concluídas? — Ela perguntou enquanto se dirigiram através do que agora se assemelhava a uma base do exército em miniatura.

— Há um local para Marlene e Frank construírem uma casa, mas até agora Marlene conseguiu resistir e ela e Frank permanecem onde estão. Sam não gosta, mas não há muito que possam fazer exceto arrastá-los para cá.

— E Donovan e Joe?

— Ainda vivendo na antiga casa de Sam no lago. Donovan está atualmente aplainando o chão de sua casa, mas ele está tomando seu tempo e está lento. Eu acho que ele não está com pressa. E Joe ainda nem começou. Ele está muito feliz onde está.

— Aposto que eles vão mudar de ideia quando encontrarem a mulher certa, — ela murmurou.

— Há alguns meses atrás eu teria discordado, — disse ele com tristeza. — Agora, nem tanto.

Ela sorriu para ele. Ele era bonito em sua perplexidade. Mas ela teve que reconhecer. Ele estava levando o relacionamento deles ou o que diabos era o que eles tinham, muito bem. Ele não parecia lutar contra, mas ela não tinha ideia do que havia acontecido em sua mente, especialmente quando ela estivera desaparecida há tantas semanas.

Talvez naquele momento ele entrou em acordo com seus sentimentos por ela. Ele definitivamente solidificou as coisas em sua mente. Mas, então, ela já tinha se apaixonado duro e rápido desde a primeira noite que passaram juntos.

— Eu adoraria ver Rachel e os bebês, enquanto estou aqui — disse ela. — Você acha que ela e Ethan se importariam se eu for visitá-los?

— Eu não acho que eles se importariam. Estivemos todos muito preocupados com você, Maren. Todos ficarão muito aliviados e felizes, por vê-la. Você é importante para todos nós.

Suas bochechas aqueceram com o elogio brilhante. Era bom ser considerada tão altamente. Ela os considerava como amigos, bons amigos e era bom ouvir que a consideravam da mesma forma.

Eles passavam pela sala de guerra, onde a maioria das reuniões de planejamento e inteligência ocorria. Ela animou-se, curiosa, porque imaginou que iriam lá, mas agora que eles passaram, ela ficou aliviada. Não estava a fim de uma reunião intimidante estéril, onde ela faria uma descrição detalhada.

Ela relaxou quando pararam na casa extensa de Sam. Não havia outros veículos, além dos de Sam e Sophie. Parece que esta seria uma reunião tranquila.

Steele estendeu a mão e apertou a dela.

— Há algo que eu quero que você saiba para não estar despreparada, e também para que saiba que não é tarde demais para voltar atrás. Todos organizaram uma festa surpresa para você. Todos estão emocionados e aliviados por ter você de volta e segura. Eu não queria aborrecê-la com isso, então é por isso que estou estragando a surpresa, por assim dizer. Sam me contou esta manhã, quando conversei com ele. Ele não queria que eu lhe dissesse, mas não quero oprimi-la. Então, você vai ficar bem com isso? Porque, se você prefere não lidar com isso hoje, sem sombras de dúvidas vou informar a Sam que podemos fazer isso outro dia.

Ela sorriu, calor viajando através de seu peito com a ideia de que todo mundo estava tão aliviado que ela estava a salvo e que queriam dar boas vindas por ter voltado. Ela apertou sua mão de volta.

— Isso parece realmente perfeito, e eu aprecio o cuidado para que eu não me enrole toda.

— Então você quer fazer isso?

— Sim, vamos fazê-lo. Mal posso esperar para ver todos.

Steele saiu e esperou na frente do veículo ela encontrá-lo, e então desceu o degrau ao lado dela, envolvendo um braço frouxamente em torno de sua cintura enquanto a guiava em direção à parte detrás da casa.

Quando o deque entrou em vista, a garganta de Maren apertou. Todo o clã Kelly estava lá e também as equipes KGI. Todas as três!

Uma salva de palmas eclodiu e aplausos irromperam no ar. Charlotte estava segurando um punhado de cordas de balões e os soltou, gritando com prazer enquanto os balões levantavam e partiam.

Maren ficou imóvel, a boca ainda aberta enquanto Steele se virava para ela e sorria.

— Surpresa, — disse ele em voz baixa. — Eu lhe disse que você é muito importante para nós, Maren.

Lágrimas encheram os olhos dela e Steele imediatamente pareceu em pânico.

— Não chore — disse ele. — Faça o que fizer, não chore.

Ela virou a cabeça em direção aos degraus do deque, onde os Kelly estavam, e rapidamente enxugou os olhos para Steele não derreter. Em seguida, ela riu. Borbulhava de dentro dela, e Deus, a fez sentir-se bem soltar o riso.

Sam foi o primeiro a chegar e a esmagou em um abraço monstruoso. Ela fechou os olhos e absorveu o abraço. Ela e Sam eram amigos há muito tempo. De todos os Kelly, ela era mais próxima a ele. Ele ligava para ela muitas vezes apenas para conversar. Às vezes, para pedir conselhos médicos ou conselhos gerais sobre assuntos que o estavam incomodando. Era uma amizade fácil a deles. Pela qual era muito grata.

— Estou tão feliz que você está segura — Sam murmurou. — Eu estava preocupado, Maren. Graças a Deus você está aqui, onde podemos dar uma olhada em você.

— Devo a você e toda KGI um enorme agradecimento, — disse ela, enquanto se afastava do abraço. — Todos vocês fizeram muito por mim. Sem vocês, eu não estaria aqui agora.

Sam pegou a mão dela e puxou-a para longe de Steele e em direção aos degraus.

— Vamos. Todo mundo está morrendo de vontade de vê-la.

Ela olhou para Steele, que parecia nem um pouco feliz por Sam leva-la tão descaradamente. Ela sorriu e deu de ombros antes de se voltar para que pudesse ver para onde estava indo.

— Tia Maren! — Charlotte gritou assim que Sam e Maren atingiram o topo dos degraus.

— Esta é minha Cece! — Maren exclamou enquanto a tomava em seus braços.

Em seguida, ela gemeu e agarrou a criança pequena se mexendo, ela não era realmente uma criança mais, porque seus joelhos quase dobraram sob o peso.

— Pare aí, — Steele murmurou ao seu lado. Ele passou e arrancou Charlotte dos braços de Maren e depois a colocou em seu quadril, para ela ainda estar ao lado de Maren e a uma curta distância. — Você não deve levantar algo tão pesado.

Maren se inclinou para beijar as bochechas doces de bebê de Charlotte e, em seguida, fez cócegas em seu estômago, ouvindo os risos que eclodiram.

— Maren, estamos tão felizes que você está em casa, — disse Sophie.

Maren abraçou a esposa de Sam.

— Estou muito feliz por estar aqui também. Eu não posso acreditar o quanto Charlotte está ficando grande. Aperta meu coração!

E então Maren avistou Rachel Kelly, sentada do outro lado do enorme deque, Ethan ao seu lado, cada um segurando um bebê.

— Oh meu Deus, desculpe-me, Sophie. — Então ela viu que todos se juntaram em torno dela, esperando para oferecer seus abraços e alívio por ela estar segura. — Desculpe pessoal, deem-me só um minuto, por favor. Eu quero ir ver os gêmeos.

O riso ecoou por toda parte.

— Eles têm um jeito de roubar o show, — Garrett disse com tristeza. — Ethan, contribui muito para isso jurando que ele tem as crianças mais inteligentes e graciosas do planeta Terra.

— Tenho certeza que os genes Kelly não tem nada a ver com isso, — Maren disse com um sorriso.

Ela empurrou através da multidão, sorrindo para tantos rostos familiares calorosos. Deu-lhe um aperto de coração e deixou um brilho confortável em seu peito. Essas pessoas se preocupavam com ela. Realmente se importavam. Eram uma segunda família para ela, tão amados como seus próprios pais e irmão.

Assim que ela se aproximou de Ethan e Rachel, Rachel passou o bebê que ela estava segurando para Rusty, que estava sentada do outro lado dela e então rapidamente levantou-se e envolveu Maren em um abraço apertado.

— Estou tão feliz por você estar de volta, — disse Rachel. — Estávamos todos muito preocupados. Eu estava preocupada, Maren. Você me matou de susto.

— Você está tão bonita — disse Maren. — A maternidade combina com você, Rachel. Apresente-me a seus bebês? Dois meninos, segundo eu ouvi.

Rachel sorriu e, em seguida, Ethan se levantou, ainda segurando um dos filhos. Ele colocou um braço em volta de Maren, abraçando-a de um lado, enquanto ainda segurava o bebê com o outro.

— Você parece bem com um bebê em seus braços, Ethan.

Ethan sorriu, e isso aquecia todo o seu rosto. Felicidade e contentamento profundo brilhavam em seus olhos, e havia tanto amor em seu olhar quando ele olhou para seus filhos e sua esposa que a emoção deixou um nó na garganta de Maren.

Rusty se levantou para que Maren ficasse ladeada por bebês, e Rachel sorriu com orgulho, enquanto afastava o cobertor do rostinho para Maren poder ver.

— Este pequeno rapaz que Rusty está segurando é Ian. E este que Ethan está segurando é Mason.

— Posso... Posso segurar um? — Maren sussurrou.

Rusty prontamente entregou Ian, e Maren aninhou o bebê direto em seus braços e, em seguida, puxou o cobertor debaixo do queixo para que pudesse ver seu rosto.

As lágrimas encheram seus olhos. Em breve seria ela. Segurando seu próprio filho. Dela e de Steele. Ela levantou a cabeça, procurando-o automaticamente no meio da multidão. Seu olhar estava fechado sobre ela, e ficou claro que a imagem dela segurando um bebê o afetou profundamente.

Se ela duvidou de sua declaração anterior de amor, não havia uma única dúvida agora. Seu amor estava lá para o mundo inteiro ver. Ninguém poderia olhar para ele, a forma como ele estava olhando para ela, e acreditar por um minuto que o coração de Steele não estava envolvido.

Era um olhar que nunca tinha visto em seu rosto. Era uma janela direta para sua alma, uma abertura que ele nunca deu a ninguém. E ele não parecia se importar que o vissem.

Ela olhou para o bebê e, em seguida, de volta para Steele, esperando que ele entendesse a mensagem silenciosa.

Ele sorriu para ela, seu rosto inteiro suavizou. Ele entendeu perfeitamente. Ele sabia que ela estava lhe dizendo que em breve seria a criança deles que seguraria. Ela guardou o sorriso e o amor em seus olhos para a memória, nunca querendo esquecer este momento.

— Eles são tão bonitos, Rachel. Mal posso esperar para segurar o meu próprio bebê.

Rachel apertou a mão de Maren e, em seguida, passou um braço em volta da cintura de Maren, enquanto ambas olhavam para o bebê que ela segurava.

— Qualquer plano de ter um filho, ou você está falando de um longo caminho para o futuro?

O calor penetrou nas faces de Maren, mas ela se recusou a ser nada, menos verdadeira. Ela não se arrependia por um momento de estar grávida ou de que teria o bebê de Steele. E desde que Steele planejava dizer a todos de qualquer maneira, não era como se Rachel não saberia em breve.

— Que tal soa cerca de cinco meses? — Maren perguntou.

As bocas de Rachel e Rusty se abriram. Ethan piscou como se tivesse ouvido mal.

— Sério? — Rachel guinchou. E então, como se percebendo as possibilidades, o olhar de Rachel ficou preocupado e ansioso. — Oh, Deus, Maren. Isso é uma coisa boa? Não era... Quero dizer, ele não o... — Ela parou de falar, a tristeza rastejando em seus olhos.

Maren entregou o bebê de volta para Rusty e, em seguida, tomou as mãos de Rachel na dela.

— É uma coisa muito boa. Você está prestes a ouvir a nossa notícia de qualquer maneira.

— Eu diria que agora é um momento tão bom quanto qualquer outro, — disse Steele.

Maren se virou, deixando uma das mãos de Rachel cair, para ver Steele em pé bem atrás dela. A mão dele foi para sua nuca, os dedos a envolvendo, enquanto o polegar acariciava o ponto certo atrás da orelha dela.

— Todo mundo já quer abraçá-la e dizer-lhe o quanto estão felizes por que você está de volta. Podemos também dizer a todos a boa notícia para que eles não tenham que abraçá-la mais uma vez.

Seu tom era seco, e a divertiu que ele parecia tão desconfortável com todos os abraços e emoção, sendo arremessados ao seu redor. Ela escorregou para o lado dele, aceitando o calor do seu abraço quando ele deixou cair os braços sobre os ombros dela.

— Eu estou pronta quando você estiver, — ela sussurrou.

— Tem certeza? — Perguntou Steele. — Eu não me importo quem saiba. Eu contaria ao mundo. Mas quero ter certeza de que você está confortável com isso.

— Enquanto você estiver bem aqui ao meu lado, posso assumir tudo, Steele.

— Aposte nisso! — Ele murmurou, pouco antes de se inclinar e beijá-la na frente de todos.

Quando Maren se afastou, ela se sentiu um pouco pateta, e tinha certeza que estava com um sorriso ainda mais tolo.

Rusty tinha um olhar esbugalhado. A boca de Rachel estava escancarada e Ethan apenas parecia confuso. Ele olhou para Steele como se alienígenas tivessem invadido seu corpo. Ela teve que admitir, levara algum tempo para se adaptar e ainda estava se ajustando às diferenças no comportamento de Steele, quando ele estava em torno dela.

Enquanto seu olhar varria o resto da multidão, ela viu reações semelhantes lá. Todas da diversão à descrença. Grace e Rio estavam presentes e Grace parecia muito satisfeita. Ela tinha um sorriso sagaz, e, em seguida, virou-se para Rio com a palma da mão para cima, em um claro gesto de me pague.

Ela não queria nem saber o que estava acontecendo.

Enfiou a mão entre a de Steele e deixou-o levá-la de volta para o local onde Sam estava contra a casa. Steele se virou para os outros, sua mão ainda segura em torno de Maren.

Ele não teve que pedir atenção. Todo mundo ficou em silêncio mortal no momento em que ele a beijou. E agora todos os olhos estavam sobre eles enquanto esperavam o que Steele tinha a dizer.

— Maren está grávida e ela vai ter o nosso filho em cerca de cinco meses.

Nunca alguém mediu as palavras, isso era certo.

Maren preparou-se para a reação. Foi realmente muito cômico. Ninguém estava olhando para ela, no entanto. Todos os olhos estavam sobre Steele, e as expressões eram impagáveis. Ela desejou ter uma câmera para registrar as reações.

Então, o silêncio foi quebrado quando todos começaram a falar ao mesmo tempo. Ao lado deles, Sam parecia estupefato. Era óbvio que ele queria dizer algo para Steele, se era para parabenizá-lo ou qualquer outra coisa, mas seus olhos estavam em branco e os lábios entreabertos, enquanto olhava para Maren e Steele.

E, em seguida, a equipe de Steele empurrou para frente e rodeou-a e Steele. PJ foi a primeira a abraçar Maren. O resto da equipe bateu punho com Steele e fez várias piadas sobre Papai Steele e criar pequenos ninjas fodões. PJ ofereceu aulas de franco-atirador, enquanto Baker e Renshaw discutiram sobre quem seria melhor para ensinar ao bebê sobre explosivos.

— Não tentando ser rude, Baker, mas hum, estou pensando que você não é o melhor instrutor para nada que se relacione a explosivos — Maren disse duvidosamente.

A equipe riu e imediatamente começou a fazer graça com Baker sobre estar muito perto dos explosivos.

— Isso vai mudar as coisas, — Cole falou lentamente as palavras. Ele disse isso em um tom mais baixo para que não chegasse para os outros, mas a equipe ouviu e reconheceu com acenos sombrios de suas cabeças.

— Isso faz as coisas mudarem — disse Steele. — Eu não vou discutir isso aqui e agora, no entanto. Eu gostaria de ter todos em casa amanhã, onde poderemos conversar sem outras trinta pessoas presentes.

Todos reconheceram a sua declaração com um aceno de cabeça e, em seguida, moveram-se para trás para que os outros pudessem se aglomerar com as felicitações.

Maren ainda não tinha encontrado os dois novos membros da KGI, e ficou encantada por PJ já não ser o único membro feminino da organização.

Skylar era mais borbulhante e extrovertida que PJ, e tinha um sorriso contagiante que colocava imediatamente as pessoas à vontade. Edge era seu oposto polar. Grande, do tipo, uau como era grande, e aparência inflexível. Tranquilo e definitivamente reservado. Ele não era feio. Se você procurava o tipo forte e silencioso, então esse cara se encaixava direitinho.

Ele era sombrio. Olhos escuros, cabelo escuro, expressão fechada. Muito sombrio. Enquanto Skylar era muito mais leve. Cabelos loiros, olhos azuis com a pele mais pálida que parecia apenas mal beijada pelo sol. E ela tinha muito cabelo loiro. Parecia ser naturalmente encaracolado, mas não muito crespo. Ele caia em ondas e camadas suaves sobre os ombros e as costas.

Os dois se apresentaram e informaram a Maren que eles ouviram falar muito sobre ela. Ela ficou imediatamente à vontade com Skylar, mas não tinha certeza sobre Edge até que ele tomou muito suavemente sua mão e, em seguida, inclinou-se para beijar uma face e depois a outra em saudação. Por alguma razão, o gesto a comoveu e a emoção fechou sua garganta.

Rio e Grace foram os últimos a oferecer suas felicitações e abraços, e no momento na direção onde Maren e Steele estavam, ela estava cedendo de ficar de pé tanto tempo sorrindo e conversando com as pessoas.

— Obrigada mais uma vez por facilitar o meu regresso à civilização, Rio, — Maren disse depois que ele e Grace deram seus abraços.

Rio sorriu, com o braço enrolado em torno da cintura de Grace.

— Você é bem-vinda, doutora. A qualquer hora. Você salvou nossas bundas muitas vezes.

— Maren, você ainda não conheceu Elizabeth. — Grace virou-se e acenou para a garota que agora estava sentada ao lado de Rusty, olhando e sorrindo para um dos bebês. — Elizabeth, eu quero que você conheça a Dra. Scofield, querida. Venha ver.

— Ouvi falar muito sobre ela, — Maren disse suavemente. — Espero que ela esteja bem agora.

O olhar de Rio seguiu sua filha adotiva todo o caminho, e Maren podia ver a luz protetora feroz em seus olhos, bem como o calor e o amor, tanto para sua filha quanto para sua esposa.

Logo isso tudo seria dela também. Ela viu Sam e Sophie com Charlotte. Agora Ethan e Rachel com os bebês. E, finalmente, Rio e Grace com Elizabeth. Era lindo ver o amor que brilhava como um farol em cada olhar e toque. Ela desejava o mesmo.

A mão foi para sua barriga e, em seguida, a mão de Steele se apoderou dela, dando-lhe um pequeno aperto, como se para dizer que compreendia a direção de seus pensamentos.

— Ela está indo muito bem, — disse Grace, uma nota de orgulho na voz. — Ela teve uns dias ruins, não me entenda mal. Mas Rio e eu a amamos e ela nos ama. Querida, esta é a Dra. Scofield, uma grande amiga nossa.

Elizabeth sorriu timidamente para Maren e estendeu a mão. Maren tomou-a, sorrindo para a garota.

— Estou muito feliz em conhecê-la, Elizabeth.

— Obrigada. Tenho o prazer de conhecê-la também.

— Parabéns, cara, — Rio disse em uma voz sincera. — Maren é uma mulher fantástica. Você tem sorte de tê-la.

O rosto de Maren imediatamente inflamou na suposição que Rio fez. Ele agiu como se Maren e Steele fossem algo certo. Um casal. Comprometidos. Praticamente casados.

Ela deu uma olhada para Steele para avaliar sua reação, mas tudo o que ele fez foi apertar as mãos em volta da cintura dela, ancorando-a mais firmemente sob seu ombro, e então ele disse:

— Eu sou muito sortudo. Eu estava com medo de nunca recuperá-la. Você pode ter certeza que eu não vou deixá-la fora da minha vista novamente.

Ela não tinha dúvida de que ele o faria por ela. Ele não parecia nada confortável em dizer o que disse. Mas ele também parecia sincero. Desconfortável, mas sincero. O coração dela derreteu um pouco mais sobre a ideia de que ele daria o que ele pensava que ela precisava quando ele preferia cortar a língua a falar sobre qualquer coisa remotamente pessoal na frente dos outros.

Sophie inclinou-se, colocando a mão no braço de Maren.

— Nós, mulheres, vamos roubar Maren um pouco, Steele. Eu vou trazê-la de volta antes de comermos.

Steele relutantemente baixou o braço, libertando-a de seu abraço. Ele deixou a mão deslizar pelo braço dela até que chegou a sua mão. Ele pegou e apertou um momento antes de soltá-la completamente.

Ela enviou-lhe um sorriso que esperava conter todo o amor que ela testemunhou em seu olhar antes. E, a julgar pela maneira como ele olhou para ela agora, ela deve ter sido bem sucedida.

 

— O que há entre você e Maren? — Sam perguntou sem rodeios.

Steele voltou-se para a voz de Sam, as sobrancelhas franzidas na contundência da pergunta. Então, olhou em volta para ver se os outros estavam perto o suficiente para ouvir. Ele e Sam estavam fora do deque, abaixo dos degraus e no pátio inferior, onde os outros ainda estavam comendo e conversando.

— Eu acho que é óbvio o que há entre nós, — Steele, disse em uma voz seca.

Sam apertou os lábios e olhou para onde Maren estava cercada pelas mulheres Kelly, rindo e se divertindo.

— Maren é uma boa amiga minha. Eu aprecio muito sua amizade. Ela é uma das amigas mais queridas que tenho. Vai muito além de uma relação profissional. Ela é como uma irmã para mim, sem todas as qualidades irritantes de uma irmã de verdade.

O canto da boca de Steele ergueu-se.

— Você está me avisando para ficar longe da sua "irmã"?

Sam balançou a cabeça.

— Não, mas eu não a quero magoada. Ela é uma boa mulher, Steele. A melhor. Ela ajudou muitas pessoas.

— O que exatamente você acha que eu vou fazer com ela? — Steele perguntou, exasperado.

Ele não queria ter essa conversa. Ponto. Maren era problema dele. Sua relação com Maren era problema dele. Seu filho era definitivamente problema dele. E não era da conta de nenhum deles, exceto ele. Ele não dava a mínima para o que Sam a considerava. Ela era dele. O que quer que Sam tivera vontade de fazer por ela no passado, ele poderia simplesmente desistir agora, porque Steele estava assumindo.

— Olha, você é um osso duro de roer. Todos sabem disso. Você sabe como os outros te chamam. Embora eu não concorde que você é uma máquina sem emoção, você é um pesadelo para a maioria das mulheres, porque é tão calado o tempo todo e as mulheres gostam de homens com quem possam conversar.

Steele quase riu do visível tremor que rolou sobre os ombros de Sam.

— Maren é... Especial. Eu só espero que você perceba o que você tem, Steele. E se ainda não percebeu, certifique-se de perceber antes que seja tarde demais. Aviso de alguém que esperou muito tempo.

Steele olhou para a passarela para ver Garrett e Donovan se aproximando. Ele não planejou falar disto com eles hoje, mas a oportunidade se apresentou e isso iria salvá-lo de uma viagem a mais.

Assim que Garrett e Donovan chegaram perto o suficiente, Steele deu um passo atrás para que eles pudessem participar da conversa.

— Estarei fora de ação por um tempo, — disse Steele.

Sam não reagiu. Ele não parecia surpreso.

— Okay. De quanto tempo estamos falando aqui?

Havia cautela em seu tom de voz, e talvez ele temesse que Steele ficasse completamente fora de ação e fosse embora agora que ele tinha Maren e um filho a caminho.

— Eu não posso responder a isso, — Steele disse honestamente. — Minha primeira prioridade tem que ser a segurança de Maren e do meu filho.

Garrett acenou com a cabeça.

— Eu entendo isso.

Donovan assentiu também.

— Não é justo com a minha equipe tomar o tempo de inatividade comigo, — disse Steele. — Eles precisam de ação. Quanto mais tempo estamos parados, mais enferrujados e mais complacentes ficamos. Além disso, eles não são pagos quando não estamos em ação.

Sam levantou uma sobrancelha, surpreso.

— Você está nos dizendo para usar a sua equipe? Isso não é algo que eu esperava de você.

Steele passou a mão pelo cabelo.

— Olhe. Durante muito tempo, a minha equipe foi a minha vida. KGI tem sido a minha vida. Eles tinham cento e dez por cento da minha lealdade. Maren herdou isso de mim agora. Ela merece. Nosso filho merece. Não estou dizendo que não vou voltar. Mas temos muito que resolver. E é por isso que eu quero falar para todos vocês. Primeiro, preciso estar fora de ação por um tempo. Eu não confio que Caldwell não tentará agarrá-la.

— Estou te entendendo, — Garrett murmurou.

— A segunda coisa é que temos muitas coisas para calcular. Maren tinha uma clínica na Costa Rica. De jeito nenhum eu quero que ela volte para lá ou vá para qualquer lugar por um maldito tempo. Mas isso não é justo com ela. Eu não posso tomar essa decisão por ela, não importa o quanto eu gostaria.

— Homem inteligente, — disse Sam, diversão faiscando em seus olhos.

— Eu gostaria de conseguir algo aqui para que ela possa ficar comigo e eu possa manter um olho sobre ela e nosso filho. A KGI poderia usar um médico, sem dúvida. Mas ela também poderia abrir uma clínica nesta área, pelo menos até que o nosso filho tenha idade suficiente para que ela possa considerar voltar para o campo, se é isso que vai fazer Maren feliz.

Donovan segurou o queixo e esfregou pensativamente.

— Não é uma má ideia. Doc Campbell está falando em se aposentar. Eu acho que ele já teria feito isso se tivesse um substituto alinhado. Maren é uma médica experiente e o doutor Campbell ainda faz atendimentos domiciliar, o que é inédito nestes dias e idade. Ele iria querer alguém como ele, porque se preocupa com o que seus pacientes vão fazer quando se aposentar. Ele gostaria muito de Maren e ela seria perfeita para substituí-lo.

Excitação surgia na mente de Steele. Ele não queria parecer ansioso demais, mas faria qualquer coisa para fazer Maren feliz aqui. Com ele. Não a milhares de quilômetros de distância.

Ele nunca quis prendê-la, tolhê-la, mas estava assustado com a ideia de ela estar em algum lugar como onde ela estivera, sozinha e indefesa. Seu filho tão vulnerável. Não que ela estaria sozinha. Porque se ela insistisse em partir, ele também arrumaria as malas e iria com ela. Mas não era a sua primeira escolha. Ainda não.

Haveria tempo de sobra para decidir para aonde iriam caso diabos ela quisesse. Ele não tinha raízes em qualquer lugar. Ele fez do Tennessee sua casa em caso de necessidade, não porque tinha laços aqui.

— Vale a pena ver se ela pensaria nisso, — disse Steele. — Vou discutir isso quando eu tiver uma chance.

Então ele olhou para Sam.

— Você está bem com eu me afastar? Eu não posso mesmo dizer-lhe por quanto tempo. Definitivamente, até que o bebê nasça. Talvez mais se Caldwell ainda for uma ameaça. Se você não conseguir segurar o meu trabalho por muito tempo, eu entendo.

Sam ergueu a mão, as sobrancelhas e os lábios juntos, com irritação.

— Seu trabalho vai estar aqui quando você voltar. Por enquanto, Donovan pode assumir sua equipe. Ele trabalhou com eles mais do que Garrett ou eu, então ele seria a escolha lógica para assumir o papel de liderança da equipe. Van? Você tem algum problema com isso?

— Acho que não, já que você me ofereceu, — Donovan disse secamente.

— Eles não vão gostar, — Garrett interrompeu. — Eles não estão acostumados a seguir as ordens de ninguém, exceto dele.

— Eles vão entender — disse Steele. — Eles vão fazer isso por mim.

Sam assentiu.

— Você vai dizer a eles?

— Amanhã. Eu os convidei para minha casa. Depois disso, eles são seus, Van.

— Okay. Vou chamá-los e fazer uma reunião aqui no complexo em poucos dias. Eles precisam de tempo livre por agora.

— Sim, eles terão — disse Steele. — Nós todos teremos.

— O bebê... — Sam começou. Então, ele parou e disse: — Eu não deveria perguntar. Não é da minha conta. Eu só...

— É meu, — Steele, disse em voz baixa, adivinhando corretamente aonde Sam iria com sua pergunta.

Garrett e Donovan pareceram aliviados.

— Nós pensamos que talvez você assumiu para impedir Maren de passar pela situação de todos saberem que Caldwell abusou dela e a engravidou, — disse Donovan.

— O bebê é meu. Ela estava grávida antes de Caldwell a raptar.

Sam não conseguiu esconder sua surpresa com essa revelação, mas Garrett e Donovan não reagiram.

— Parabéns, então, — Sam finalmente disse, um brilho de diversão em seus olhos. — Eu acho que vamos lhe dar merda para um bom tempo. Imaginei que seria o último de nós a cair. E parece que Van vai durar mais do que todos nós.

— Viver e aproveitar a solteirice, — Donovan disse presunçosamente. — O resto de vocês é comandado pela mulher.

— E orgulhoso disso, — Garrett cortou antes de Donovan poder continuar.

— Além disso, vocês pegaram todas as boas mulheres, — Donovan disse com um suspiro dramático.

— Isso é verdade, — concordou Sam.

— Embora Maren seja a mulher altamente inteligente que eu sei que é, ela ficaria muito melhor comigo, — disse Donovan. — Temos muito em comum. Poderíamos brincar de médico juntos.

— Só se você quiser suas bolas removidas sem o benefício da anestesia, — resmungou Steele.

Sam e Garrett caíram na gargalhada.

— Cara, quando ele cai, ele cai duro, — Sam disse balançando a cabeça. — Eu pensei que Rio ficou ruim, mas Steele o faz parecer um peixinho de aquário no oceano.

— Podemos dispensar discutir minha vida pessoal e voltar ao assunto pertinente aqui? Tal como a minha licença e minha equipe ser liderada pelo menino nerd agora?

Donovan bufou.

— Pelo menos eles finalmente vão ser tratados com inteligência. Talvez quando você decidir voltar, eles decidam que gostam mais de mim. Eu não permitirei que eles sejam baleados tantas vezes quanto você fez.

Steele franziu o cenho enquanto Garrett e Sam riam dessa vez.

— À luz do que sabemos agora, estou achando que ele permitiu que eles fossem baleados de propósito para ele ter uma desculpa para visitar Maren — Garrett disse com uma voz maliciosa.

— Foda-se — murmurou Steele.

Ele olhou para trás até a passarela para ver Maren de pé contra o trilho de madeira da plataforma, virada em sua direção para que ela pudesse olhá-lo ocasionalmente. Ela sorriu ao vê-lo olhando para ela.

— Se acabamos aqui... — murmurou Steele.

Os outros traçaram a direção de seu olhar e depois riram.

— Sim, acabamos, — disse Sam. — Não é como se teríamos sua atenção por mais tempo de qualquer maneira.

Steele percorreu o caminho até os degraus, ignorando todos os outros. Seu foco era Maren e voltar para ela. Parecia que estavam separados por horas quando na verdade não foram mais de trinta minutos. Mas ele coçava para estar perto dela. Ele gostava dela ao lado dele, onde podia tocá-la ou até mesmo vê-la ali mesmo ao seu lado.

Indiferente de quem estava com ela ou o que pensariam, moveu-se para atrás dela e, em seguida, deu um passo para o seu lado, passou o braço em volta da cintura e deslizou a mão no bolso dianteiro da calça jeans.

Ela se encaixava perfeitamente. Como se fosse feita só para ele. Sua cabeça foi diretamente para baixo de seu queixo, proporcionando um lugar de descanso perfeito quando ele queria abraçá-la.

Ele não era expansivo. Não conseguia se lembrar da última vez que abraçou ninguém. Alguns das mulheres Kelly tinha experimentado mágicos abraços loucos, geralmente depois de serem resgatadas, ou com muito medo, e ele tinha sido o destinatário de mais de um desses, mas ele não abraçou ninguém por vontade própria desde antes de seus pais morrerem.

Com Maren, ele simplesmente amava tocá-la. E não era apenas sexual. Gostava de estar perto dela, tê-la em seu espaço, ocupando sua mente. Gostava de segurá-la e abraçá-la. Na noite anterior, quando viu um filme com ela em seu colo e, eventualmente ela adormeceu sobre ele, foi uma das melhores noites de sua vida.

Se ele tivesse alguma escolha no assunto, ainda estariam em seu sofá, aconchegados como dois insetos em um tapete, e foda-se o mundo exterior.

E maldição. Falando do mundo exterior.

Ele abaixou a cabeça ao ouvido de Maren.

— Tenho que ir falar com Sam sobre seus pais. Eu me esqueci de perguntar a ele sobre o jato. Você vai ficar bem aqui por um minuto?

Ela virou-se e lançou-lhe um sorriso deslumbrante que quase fez seus joelhos falharem.

— Eu estou bem, Steele. Vá resolver suas coisas com Sam.

Ela olhou para seu copo e depois ao redor como se estivesse procurando alguma coisa.

— O que você precisa?

— Oh nada. Está tudo bem. Eu ia pegar alguma coisa para beber.

Ele agarrou o copo dela.

— Volto já. Você quer limonada novamente ou chá?

Ela enviou-lhe um sorriso suave que fez sua pulsação acelerar.

— Limonada está bem.

Ele caminhou com dificuldade por entre a multidão de pessoas e notou Sean e Rusty de pé em um lado. Previsivelmente, Rusty estava com uma carranca, era sua expressão habitual quando passava algum tempo perto de Sean e Sean parecia irritado e impaciente. Novamente, não havia surpresa. Ficaria mais chocado se os dois tivessem uma conversa que não se deteriorasse rapidamente em uma discussão de algum tipo.

Depois de encher o copo de Maren com gelo e limonada, ele se virou e a procurou novamente. Ela estava de volta com Rachel, segurando um dos bebês, enquanto ela e Rachel conversavam. Ele levou um momento para saborear a imagem dela segurando a criança, e fingiu que era seu bebê que ela embalava nos braços.

A imagem era tão poderosa que se chocou contra ele, enfraquecendo-o momentaneamente. Ele foi inundado por uma onda de amor, uma emoção que não sentia há muito tempo. Com ela vieram memórias, a dor de perder as pessoas que ele amava mais do que qualquer coisa. E ficou paralisado de medo com a ideia de algum dia perder Maren.

Perder sua família o derrubou como uma criança, um evento que levou anos para se recuperar. Mas perder Maren ou seu filho iria totalmente destruí-lo. Não haveria recuperação desse tipo de perda. Doía até mesmo pensar nisso.

Era isso que os Kelly e até mesmo Rio passavam por todas as vezes que saíam em uma missão? O conhecimento de que o seu adeus a suas mulheres podia ser a última vez que os via e que eles poderiam não voltar dessa vez? Será que eles ficavam acordados à noite, considerando todos os inimigos que fizeram ao longo dos anos e se preocupando que em algum momento alguém iria se vingar e atingir a KGI onde doeria mais? Através de suas esposas e filhos?

Ele fechou os olhos e fechou os dedos em punhos apertados. Foda-se tudo. Se era assim que era estar apaixonado, ele não queria isso. Como diabos ele deveria existir dia a dia? Como deveria respirar quando o medo tornava impossível? Ele nunca teve medo de nada em sua vida adulta. Ele realizava seu trabalho mecanicamente. Assim como a máquina que ele foi acusado de ser.

Mas a ideia de perder Maren? De perder seu filho? De partir um dia e nunca mais voltar para casa? Ou, pior ainda, algum babaca se vingar tirando sua mulher e seu filho?

O medo era tão pesado, tão espesso que ele podia sentir o gosto. Abrangia todas as células do sangue, todos os seus pensamentos, penetrava profundamente em seu cérebro até que era tudo o que sabia.

Jesus Cristo, mas isso não era maneira de existir. Como diabos o resto deles fazia? Como pareciam assim tão relaxados o tempo todo? Ele era um caso perdido e só estava apaixonado por metade de um maldito dia.

Okay, fazia muito mais do que metade de um dia, mas ele admitiu, ou melhor, descobriu algumas horas atrás.

Ele precisava explodir alguma coisa. Ou atirar algumas rodadas em um alvo. Surrar alguém, enquanto ele estava assim. Qualquer coisa para resolver esta inquieta desconfiada e animalesca sensação que o deixava louco.

— O que está consumindo você, chefe? — Perguntou Cole.

Steele se virou, quase deixando cair a limonada de Maren no convés. Sua expressão deve ter sido forte, pois Cole deu um passo para trás, a expressão desconfiada.

— Nada — murmurou Steele. — Só pensando. Você pode levar isso de volta para Maren? Eu preciso encontrar Sam rapidamente.

— Claro, — Cole disse, tomando o copo que Steele segurava.

Steele fez o caminho para onde Sam tinha voltado com os outros no convés e fez um gesto para o lado. Garrett veio com Sam, seguido de perto por Donovan.

— O que foi? — Sam perguntou. — Você parece que engoliu um limão.

— Só me esqueci de mencionar uma parte muito importante da informação e eu tenho um pedido a fazer.

— Fale, — disse Sam. Só isso. Era uma das coisas que Steele mais gostava sobre quem ele trabalhava. Sam o apoiava, sem perguntas ou reservas.

— Eu quero trazer os pais de Maren em um dos jatos KGI e pegá-los em Henry County. Eles estão ansiosos para vê-la, é claro. Estavam frenéticos de preocupação. Ela falou com eles ontem e assegurou-lhes que estava bem. E enquanto eles estiverem aqui precisamos ver sobre a criação de proteção para eles, para que, quando voltarem para casa estejam seguros. Eu não confio que Caldwell não fará algo estúpido.

— Eu vou cuidar disso — disse Sam. — E, claro, podemos enviar um dos jatos para eles. Nesse meio tempo eu vou fazer alguns telefonemas e entrar em contato com uma empresa de segurança local para que, quando os pais dela voltarem para casa, tenham vigilância 24 horas. Seria uma boa ideia você discutir francamente com eles enquanto estiverem aqui sobre exatamente o que estamos lidando, para que possam ser mais cuidadosos e atentos quando voltarem para casa.

— Obrigado, Sam. Isso significa muito para Maren. E para mim.

— Mesmo se não estivéssemos fazendo isso por Maren, faríamos por você, — Garrett inseriu — Você nunca terá que pedir. Faremos tudo o que pudermos para ajudar.

— E a sua casa? — Donovan perguntou. — Eu sei que você tem uma rede de segurança muito apertada em torno de sua casa, mas se você e Maren vão ficar lá, você pode querer considerar ter alguma mão de obra adicional.

— Minha equipe estará se reunindo amanhã e eu vou tê-los para reforçar o perímetro. Planejo adicionar sensores de calor e detectores de laser que acionarão alarmes silenciosos, se alguém romper a área isolada. Vamos instalar mais câmeras e nos certificar que, se um animal peidar, eu vou saber. Se eu sentir qualquer coisa fora do comum, vou alertar vocês.

Sam acenou com satisfação.

— Você sabe que eu nunca acho que estou sendo muito paranoico, então se você ainda achar que precisa de ajuda, não hesite em chamar, posso ter uma equipe lá sem demora. Deixarei as equipes de Nathan e de Joe solta em ordem curta, mas seria perfeito como garantia extra para você e eles poderão dividir turnos, se você se sentir melhor tendo olhos e ouvidos no local.

— Eu posso decidir por isso, — disse Steele. — Eu quero que a minha equipe tenha algum tempo de folga. Eles precisam. Assim, enquanto eles estão em inatividade, eu não recusaria ter outra equipe checando de vez em quando. Pelo menos até eu ter minha própria equipe de volta.

— Você a tem — disse Donovan. — E Sam, Garrett e eu seremos mais do que felizes de ter uma mudança assim. As coisas estão quietas agora, mas todos nós sabemos que pode mudar rapidamente. Mas se não estivermos em missão, somos todos seus.

Steele estendeu a mão, apertando cada uma das mãos dos irmãos Kelly.

— Maren e eu apreciamos isso.

— A qualquer hora. Você é da família, Steele, mesmo que sua bunda dura se recuse a reconhecer isso. Você encorajou PJ a não desistir de sua família e de sua equipe. Basta ter a maldita certeza que você não cometerá o mesmo erro, — Garrett disse com firmeza.

Steele sorriu.

— Sim, eu ouvi isso. Você ficou apenas esperando para ser capaz de jogar em meu rosto sobre isso, não é mesmo?

Sam sorriu.

— Talvez. Eu definitivamente não sou de deixar a oportunidade de lhe dar merda passar.

— Ela é uma mulher incrível, Steele. Você é um sortudo, — disse Garrett. — Não tão sortudo como eu, mas você se deu bem.

Steele revirou os olhos.

— Nós não vamos ter um jogo provocando sobre quem pegou a melhor mulher. Nossas mulheres são incomparáveis e isso é um fato.

— Jesus, mas vocês estão me nauseando — Donovan resmungou. — Eu vou embora agora, antes de começarem a falar sobre sapatinhos de bebê e tricô e merda.

Steele riu.

— Maren disse que ela poderia totalmente ver-me fazendo tricô em uma cadeira de balanço na minha varanda.

— Viadinho. — Garrett murmurou.

— Você não tem espaço para falar, Sr. Eu não posso dizer palavrões perto de minha mulher, — disse Donovan.

Garrett fez uma careta.

— Sim, sim. Foda-se você e o cavalo que você montou.

— A forma rápida em que toda esta organização maldita está se tornando domesticada me faz querer ir longe, muito longe, — disse Donovan.

— Sua hora está chegando. Marque minhas palavras, — Sam disse, apontando o dedo para Donovan. — E quando isso acontecer? Vamos todos montar você como uma mula. Você nunca vai esquecer. Eu posso garantir.

Donovan revirou os olhos e se afastou, imediatamente balançando Charlotte em seus braços em meio a gritos de:

— Me gire, tio Van!

 

— Cansada? — Steele perguntou quando voltou da cozinha, onde guardou os mantimentos que compraram no caminho de volta do complexo Kelly. As sacolas contendo as roupas que compraram foram despejadas na cama de Steele e Maren prontamente se jogou no sofá, a cabeça para trás, mas toda caída nas almofadas.

— Sim, — disse, sem abrir os olhos.

— Excesso de hoje?

Ela abriu os olhos e olhou para ele por baixo dos cílios.

— Não, foi divertido. Eu precisava disso. Fiquei afastada de todos por muito tempo. Nas minhas piores horas, eu temia nunca mais ver qualquer um dessas pessoas novamente.

Steele sentou-se na ponta do sofá e fez sinal para que ela viesse a ele. Ele se virou para o lado e puxou-a entre suas coxas e começou a esfregar seus ombros, alisando as mãos grandes e fortes sobre os músculos. Ela suspirou e fechou os olhos, inclinando-se ainda mais em seu abraço.

— E quanto a você? — Ela perguntou sonolenta. — Hoje não pode ter sido divertido para você. Você estava na frente e no centro e eu sei que deve ter odiado isso.

Ele fez um som que parecia um cruzamento entre diversão e resignação.

— Oh, sim. Não vou mentir e dizer que foi divertido. Mas não foi ruim. Amor é novidade para mim, Maren. Ele muda as coisas, sabe? Eu sempre ficava contente em me sentar e deixar os outros serem o centro das atenções. Eu faço o que tem que ser feito e termino o trabalho e deixo os outros lidarem com os detalhes.

— Sim, eu sei, — Maren disse suavemente.

— Mas hoje foi... Diferente. De um jeito bom. Eu não me importei de ser o centro das atenções porque você estava lá comigo e eu não dou a mínima para quem sabia disso. Você é minha e eu estava orgulhoso de que eles soubessem disso. Você e meu bebê. Eu queria que eles olhassem para mim e pensassem o quanto eu sou afortunado.

Ela virou-se em seus braços, olhando para ele, para a sinceridade em seus olhos e seu coração completamente derreteu.

— Sabe, se eu já não tivesse tanta certeza de que estava apaixonada por você, teria tido ali mesmo.

Ele sorriu e se inclinou para beijá-la.

— Por que você não chama seus pais na primeira hora da manhã e diz a eles que podem partir assim que se organizarem. Eu conversei com Sam e ele vai enviar um dos jatos Kelly para buscá-los. Eu lhe disse que iria buscá-los em Henry County e eles podem ficar uns dias aqui para que você possa passar algum tempo com eles.

— Nossa, eu te amo mais a cada minuto que passa, — ela murmurou contra seus lábios.

Ela o beijou de novo, longo, lento, sem pressa. Apenas deleitando-se com a sensação de algo novo e brilhante e muito precioso.

— Você é um homem maravilhoso, Steele. E por trás desse exterior resistente como pregos encontra-se um coração de ouro.

— Sim, bem, não sinto a necessidade de dizer isso a todos, — disse bruscamente. — Você é a única que precisa saber esse tipo de informação.

Ela sorriu.

— Não se preocupe. Se alguém perguntar, vou dizer-lhes que você é um idiota controlador com problemas de TOC.

— E eu estava pensando em deixar você me levar para a cama e ter o seu caminho travesso comigo. Mas se eu sou um maníaco por controle, talvez eu deva reconsiderar essa opção e começar a dar ordens.

Ela bateu-lhe no peito.

— Já passamos por isso, imbecil. Não vai acontecer nesta vida.

— Um cara pode tentar, — disse ele inocentemente.

— Estou gostando de sua ideia, porém, — pensou ela, fingindo dar ao assunto uma consideração séria. — Quão travesso você pode ficar?

Ele a beijou novamente, profundamente desta vez. Longo e mais intenso. Sua respiração acelerou e o pulso batia contra o peito dela. Ela amava que ela podia fazê-lo reagir desta maneira. Que ele a queria. Que ele a amava.

Era uma sensação que não podia descrever. A maravilha, a emoção de algo novo e ainda brotando, crescendo mais forte a cada momento que passavam juntos. Ela queria saboreá-la, segurá-la em seu coração e nunca soltá-la. Sempre se lembraria desses momentos, mesmo com a memória tão fresca em sua mente do sequestro e o terror que sentiu por tantas semanas. Mas aqui e agora, com Steele fazendo as lembranças desagradáveis desaparecerem. Limpando-as, substituindo-as com amor e ternura.

Ele era dela. Isso ainda confundia sua mente. Este homem, este guerreiro era dela. Ele a escolheu. Ele a queria. E agora estavam construindo uma família juntos e esperava com todo o seu coração ser uma relação longa que só iria crescer mais forte com o tempo e cuidado.

Ela queria estar para sempre com ele.

Ele afastou-se, com os olhos pesados de desejo.

— Tão travesso quanto sua imaginação permitir.

— Nesse caso, você terá uma longa noite, — ela murmurou. — Vou ligar para os meus pais de manhã, e vamos lidar com o amanhã quando ele chegar. Mas hoje à noite? Tudo o que quero pensar é em você e eu e em fazer você implorar por misericórdia.

— Não haverá mendicância, — disse ele.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Muito orgulhoso para implorar, garotão?

— Claro que não, mas se há alguma mendicância envolvida, com muita certeza não será por misericórdia. Eu quero tudo o que você tem para dar. Mas eu não vou descartar implorar por mais.

Ela lutou para se levantar e se afastar dele, e ele agarrou-a pelos braços, segurando-a firme enquanto ela saía do sofá. Em seguida, ela estendeu a mão para ajudá-lo.

— Quão rápido você pode ficar nu? — Ela perguntou com uma voz provocante.

Enquanto se dirigiram em direção ao quarto, Steele deixava um rastro de roupas atrás deles. No momento em que estavam na porta, ele estava completamente nu e era óbvio que estava muito excitado.

— Meu Deus, você é lindo, — ela respirou enquanto ficava olhando, observando seu corpo magro e musculoso.

— Você fica roubando minhas falas, — ele resmungou. Ele se aproximou, avançando até que estava pressionado a ela, nu e glorioso. — Você é a bela, Maren. E está usando muitas roupas malditas.

— Quer me ajudar com esse pequeno problema? — Perguntou inocentemente.

— Positivo.

Ele puxou as calças até que ela caiu a seus pés.

— Ajude-me aqui e as chute para fora. Estou mais interessado em tirar esta camisa de você.

Ela fez o que ele pediu enquanto puxava impacientemente o resto de sua roupa. A cada peça que desaparecia, ele a beijava, moldando seu corpo ao dela, com as mãos perambulando para cima e para baixo de seu corpo até que ela estava tremendo de desejo.

Ela estendeu a mão, enrolando em torno de sua ereção rígida, acariciando para cima e para baixo em um movimento suave. Ele ainda estava contra ela, a boca contra o pescoço, e a respiração saía dura e quente contra sua pele.

— Eu acho que a única coisa boa é que já não precisa se preocupar com preservativos, — ela disse com uma voz rouca.

Ele sorriu contra seu pescoço e, em seguida, lambeu antes de beliscar a carne sensível.

— Não é que eles fizeram alguma coisa muito boa na primeira vez.

Ela riu.

— Não, eu acho que o bebê estava predestinado a ser concebido.

Ele se afastou, os olhos sérios enquanto olhava para ela. Ele segurou seu queixo, inclinando a boca em direção a dele.

— Nós fomos predestinados, Maren. Eu lutei contra isso, assim como lutei contra minha atração por você. É confuso e me irritava, tudo ao mesmo tempo. Mas eu soube no momento em que eu me rendi, a primeira noite que tivemos juntos, tudo mudou. Mesmo que eu continuasse a lutar contra isso e fui embora. Eu sempre vou me arrepender disso.

— Mas você voltou, — ela sussurrou.

—Sim, eu voltei, e desejo como o inferno que eu não precise partir novamente.

Ela colocou um dedo sobre os lábios dele.

— Não foi culpa sua, Steele. Você não pode assumir a responsabilidade por ações de algum lunático. Você estava fazendo o seu trabalho.

— Meu trabalho é proteger você e nosso bebê, — disse ele ferozmente.

— E eu tenho toda a confiança de que você vai fazer exatamente isso. Agora cale a boca e me beije. Eu nunca pensei que diria isso sobre você, mas você fala demais caramba.

Ele riu, transformando a gravidade absoluta em seu rosto e os olhos em algo mais leve, mais alegre. Ela adorava aquele olhar dele. E queria ser responsável por fazê-lo perder um pouco da frieza que o cercava por tanto tempo. Seus dias como o homem de gelo se foram.

Ele abaixou a boca, tomando a dela em um possessivo e apaixonado beijo que roubou seu fôlego. Seus lábios formigavam sob o ataque amoroso. Seus lábios se separaram e a língua varreu, degustando e provocando-a.

Então, para sua surpresa, ele abaixou-se por seu corpo até que se ajoelhou na frente dela, nivelando a boca com a barriga. Ele colocou as mãos suavemente sobre seus quadris e, em seguida, pressionou um pouco acima do umbigo da forma mais amorosa de beijo.

— Nosso filho — disse, admiração em sua voz. — Estou encantado com o fato de que meu bebê está dentro de você, crescendo em seu útero. Eu não tenho palavras, Maren. Nunca imaginei isso. Nunca planejei. Nunca pensei que eu estaria de joelhos diante de uma mulher que eu amo tocando o lugar onde meu filho está aninhado. Mas agora que estou, agora que eu tenho você e nosso bebê, não posso sequer descrever o que significa para mim. Você me deu o que eu nunca pensei que seria dado, e tenho a intenção de valorizar e protegê-los com o meu último suspiro.

Ela passou a mão pelo cabelo curto, carinhosamente acariciando enquanto ele beijava sua barriga novamente. Lágrimas enchiam seus olhos quando viu a enormidade deste momento. Ela queria se lembrar para sempre. Queria que esse momento durasse para sempre.

Esse homem, esse rude e belo homem ajoelhado em frente a ela com tanta reverência e amor em sua voz. Ele falou dela e de seu filho serem um presente, mas ele era o seu presente. Um que nunca tinha pensado em receber também.

Quando estivesse velha e grisalha, ela se lembraria desse momento. Ela diria a seu filho o momento em que o pai se ajoelhou na frente dela e beijou seu estômago, prometendo amar e protegê-la sempre. Ela diria a seu filho o quanto ele foi amado desde o início.

— Eu te amo, Maren — Steele sussurrou contra sua barriga. — Eu preciso que você acredite nisso. Não sei como ou quando aconteceu. Mas esse sentimento está lá e parece que sempre esteve. Não me lembro como era antes de você. Só que até você, minha vida era fria, sem vida e mecânica. Sem cor. Sem vibração. Eu não vivia. Eu existia. Você mudou tudo isso. Antes, o meu propósito, meu objetivo era proteger os outros. Minha vida não tinha importância e eu a teria dado para proteger a minha equipe ou uma pessoa a quem fui enviado para salvar. Mas agora isso importa. Você importa. Você é a pessoa mais importante na minha vida agora. Não é a minha equipe. Não é a KGI. Não vítimas anônimas que regatamos. Você e essa criança são a minha vida. Você me deu uma razão para realmente viver e não apenas existir. Eu não acho que você percebe o quanto você me mudou muito em um curto período de tempo.

Lágrimas deslizaram silenciosamente pelo seu rosto enquanto ela absorvia as palavras sinceras que jorravam dos lábios dele. Ele levantou a cabeça, pegando seu olhar, e olhar em seus olhos a deixou sem fôlego. Eles queimaram com intensidade e sinceridade. Cada palavra estava refletida nesses olhos azuis ferozes que uma vez ela pensou serem frios como gelo.

Agora, eles brilhavam com carinho e amor.

Ela cobriu o rosto dele com as mãos, sem se preocupar em limpar as lágrimas. Em seguida, inclinou-se e beijou-o e, depois, o abraçou, o rosto pressionado contra sua barriga.

— Eu também te amo, Steele. Oh Deus, você me desfaz. O que posso dizer para tudo o que você acabou de me falar? Você não pode sequer imaginar como ouvir isso me afetou. Nunca sonhei com alguém dizendo coisas assim para mim. Quero absorver todas elas de modo que daqui a vinte anos eu ainda vá me lembrar de cada palavra.

Ele levantou-se lentamente, segurando-a a ele enquanto se endireitava em toda sua altura. Ele inclinou o queixo para cima, para olhar nos olhos dele.

— Você nunca precisa se preocupar com o esquecimento, — ele disse calmamente. — Porque eu vou lembrá-la todos os dias.

Ele apoiou-a lentamente na beira da cama, seus corpos se tocando, a boca pairando sobre a dela, e enquanto ele a inclinava, beijou-a novamente. Quente, escaldante. Seu corpo desceu sobre o dela, pressionando-a na cama. Ele era um cobertor quente, rodeando-a com ele, com o seu amor.

Ele rolou para o lado, para que ela não suportasse o seu peso total, mas antes que ela pudesse protestar, ele pressionou a boca na curva de seu seio e suavemente acariciou mais perto do mamilo. Ele acariciou sua barriga e, em seguida, moveu a mão para o outro seio, apalpando-o e, depois roçou cuidadosamente o polegar através do outro mamilo.

— Eles estão mais sensíveis agora? — Perguntou. — Você está bem comigo tocando aqui?

— Oh Deus, sim, — ela suspirou.

Ele riu levemente.

— Isso é um oh Deus sim, eles são sensíveis, ou oh Deus sim, você está bem com meu toque?

— Ambos. Eles estão definitivamente mais sensíveis. Nas primeiras semanas de gravidez, você não teria sido capaz de chegar perto deles. Estavam tão sensíveis que doía até mesmo tocá-los. Mas agora estão apenas mais macios, eu acho. Mas eu amo você me tocando.

— Então você não vai se importar com isso também, — ele murmurou antes de abaixar a boca para um pico tensionado.

Ela gemeu quando ele chupou seu mamilo com cuidado, fazendo pressão leve, mas o suficiente para deixá-la louca de desejo e necessidade.

Ele levantou a cabeça para olhar para ela.

— Muito?

— Oh, não. Eu amo isso. Por favor, não pare.

Ele abaixou a cabeça novamente e, em seguida, traçou uma linha ao redor do mamilo com a ponta do dedo, enquanto lambia o outro.

— Eles estão mais escuros, — disse ele.

Ele moveu a mão para baixo, esticando os dedos sobre sua barriga, esfregando e acariciando.

— Você está mais firme aqui. Eu posso sentir o início de um inchaço. É pequeno e quase imperceptível à vista, mas eu posso sentir. É incrível.

Ela sorriu, completamente hipnotizada pela exploração suave de seu corpo e ele notando as mudanças físicas provocadas pela gravidez.

Ela tinha toda a intenção de transar com ele, como havia dito na sala de estar, mas na verdade, ele estava fazendo amor com ela. Lento e delicado. A redescoberta sensual depois de uma longa separação.

E ele estava fazendo amor. Eles transaram antes. Mais íntimo da segunda vez, quando conheceram um ao outro em um nível mais profundo. Formando a base do que iria trazê-los para isso, para a descoberta de algo significativo. Amor.

O amor aconteceu. Ela nunca teria pensado que isso poderia acontecer tão rapidamente. O amor era algo que você trabalhava, e ela não tinha dúvida de que a relação teria um monte de trabalho duro e dedicação. Mas simplesmente aconteceu. Não havia explicação. Nenhum evento cataclísmico ou revelação de abalar a terra provocada por algum evento externo.

Ele simplesmente aconteceu. E ela não tinha vontade de analisá-lo, para descobrir como ou por quê. Ela só sabia que amava esse homem, e Deus, ele a amava também. Seu coração estava perto de estourar com tantos sentimentos, tantas coisas que queria dizer, mas não tinha palavras para descrever. A única coisa que podia fazer naquele momento era mostrar-lhe o seu coração. E que ele tinha se entrincheirado tão profundamente dentro de sua alma.

O tempo era simplesmente isso. Tempo. Movia-se em velocidades diferentes para pessoas diferentes. Para ela, que se apaixonou por Steele quando ele voltou e passaram os preciosos dias aprendendo um sobre os outro, falando sobre tudo e nada. Ela sempre valorizaria aqueles dias roubados antes que o destino os levasse em direções diferentes, e antes que ela temesse nunca mais voltar para o lugar onde ela e Steele começaram algo especial e significativo.

Ela era tão grata que o destino havia lhes dado uma segunda chance. Que estava aqui em seus braços. Segura. Protegida. E muito valorizada. Ela sabia que aqui era exatamente onde queria estar. Não importava o que o futuro reservava, sabia que queria Steele lá com ela, enfrentando quaisquer obstáculos que encontrassem. Juntos. Com ele ao seu lado, ela sabia que não havia nada insuperável. Nada muito desafiador. Estavam juntos nisso e tinha fé que não importava o quanto a relação deles era nova e fresca, eles enfrentariam o futuro juntos.

Ele tomou seu tempo, esbanjando terna afeição em cada centímetro de seu corpo, como se também estivesse memorizando e guardando a memória deste momento de redescoberta. Como se estivesse assegurando-se de que ela estava ali e segura, onde nada de ruim poderia tocá-la. Ele parecia determinado a eliminar os últimos meses, quando ela viveu em constante medo e incerteza.

E quando ele finalmente a levou a um passo do ápice, o corpo corado e dolorido de desejo, ele subiu em cima dela, separando suas coxas para se posicionar entre elas, a ereção inserindo justo dentro da abertura.

— É como a primeira vez, mais uma vez, Maren, — disse ele com a voz macia. — É a nossa primeira vez onde estamos realmente juntos. Isto não é sexo. É muito mais do que isso. É a minha maneira de mostrar-lhe o meu amor, de mostrar-lhe mais do que palavras, palavras que eu não posso nem expressar, o quanto eu me importo com você. Eu não quero apressar isso. Temos toda a noite, e pretendo passar a noite inteira mostrando-lhe o quanto você significa para mim.

Havia um tom estranho em sua voz. Ele parecia vulnerável. Desnudo na frente dela e ela percebeu que ele nunca se permitiu estar tão desprotegido com outra pessoa. Ela estava vendo uma parte dele que ele manteve escondida do resto do mundo, e isso lhe mostrou que ela era a pessoa com quem ele estava compartilhando a parte mais profunda de sua alma. Parte dele que nunca seria vista por ninguém, apenas ela. Isso significava mais para ela do que jamais poderia verbalizar, e ela mergulhou nisso, saboreando cada palavra, cada toque. Colocando-as em seu coração, onde viveria até o dia em que ela morresse.

— Então me mostre Steele — ela sussurrou. — Eu sou sua. Somente sua. Espero que você saiba que pode confiar essa parte de si mesmo para mim. Eu nunca vou te machucar. Eu nunca vou te trair. Nunca vou partilhar o que há entre nós com outra alma viva. O que há entre nós é especial. Pertence somente a nós. Privado e precioso. Eu vou proteger isso e você com todo meu fôlego. Você nunca terá outra pessoa que irá proteger o seu coração e alma do jeito que eu protegerei, e essa é a minha promessa a você.

Ele fechou os olhos e se inclinou até que suas testas se tocaram e seus narizes roçaram. Ele beijou-a ao mesmo tempo em que empurrava dentro dela. Quente, derretido. A dureza acariciando profundamente, mas sempre tão gentil em seu corpo.

— Eu nunca vou usar outro maldito preservativo novamente, — disse ele com voz rouca. — Se você não quiser ficar grávida nos próximos dez anos ou mais, você vai ter que usar pílulas, porque depois de tê-la sem camisinha, não há nenhuma maneira no inferno que eu possa voltar a ter uma barreira entre nós. Nunca senti nada tão bom, Maren. Tão quente e sedoso ao redor do meu pau. É como mergulhar em veludo e cetim. Você se encaixa. Nós encaixamos. Nós fomos feitos para estar juntos, — disse ele, ecoando suas palavras anteriores. — Você foi feita para mim. Só para mim.

— Então é uma coisa boa que decidimos fazer finalmente, — ela brincou. — Eu odiaria pensar em ser uma solteirona esperando um homem que nunca veio para mim.

— Isso nunca vai acontecer de novo — disse ele, com uma expressão de seriedade absoluta. — Você significa tudo para mim, Maren. Nunca haverá outra mulher para mim. E eu com muita certeza espero que você sinta o mesmo.

— Eu acho que é bastante óbvio, — ela disse sem fôlego quando ele começou a mover-se dentro dela.

Golpes longos, profundos. Lentos e sensuais. Sem pressa. Sem impaciência. Apenas lentidão, movimentos sensuais enquanto ele deslizava dentro e fora dela com golpes medidos.

Abraçou-a com força entre seus braços, seus corpos pressionados juntos com tanta força que não havia espaço entre eles. Apenas os quadris dele se moviam enquanto ele subia e descia de volta para ela. O orgasmo dela se agitava e crescia, uma longa subida de prazer até o pico. Não era explosivo ou fez a terra tremer. Era o mais belo suspense que ela já experimentou. Mais e mais, espalhando-se até o seu sangue cantar com desejo.

Mesmo quando sua própria libertação era iminente ele não aumentou o ritmo. Não havia urgência em seus movimentos. Ele continuou a construção lenta, balançando em seu corpo, os braços em volta dela, segurando-a com tanta força que ela podia sentir o coração bater contra o peito dela.

Ele tomou sua boca, fundindo os lábios em uma corrida aquecida.

— Diga-me o que você precisa, Maren. O que você gosta? Ensine-me a agradá-la.

— Instruções são desnecessárias, — ela disse com um sorriso antes de oferecer a boca para outro beijo. — Eu amo isso. Eu amo você. Venha comigo, Steele. Estou tão perto e é tão bonito. Como nada que eu já senti. Não o orgasmo frenético, ofegante e explosivo. Apenas... Lindo. Profundo até a alma. Eu te sinto em cada parte de mim. Você está lá.

— Você está em mim também, Maren. Você é a melhor parte de mim. Você ocupa meu coração. Minha alma. Todos os meus pensamentos de vigília e quando eu vou dormir você está ali, nos meus sonhos, e quando acordo e vejo você ao meu lado, não posso nem descrever a satisfação que me prende. É como se eu tivesse esperado toda a minha vida por você e parece certo tê-la aqui ao meu lado. Em meu espaço. Minha cama. Minha vida.

Suas palavras caíram sobre ela, aumentando seu desejo enquanto uma onda de amor e emoção a consumia. Ela enrolou-se em volta dele. Braços, pernas, tentando imprimir-se em sua própria alma.

Ele apertou sobre ela, o rosto de repente se tornando tenso, e sua respiração acelerou e empurrou mais profundo.

— Você está pronta, Maren? Eu preciso abrandar para que você possa gozar? Eu quero que você chegue lá. Comigo. Sempre comigo.

Ela tocou seu rosto, acariciando as linhas da mandíbula e, em seguida, tocou levemente sobre os lábios.

— Eu sempre estarei com você, Steele. Eu e nosso filho. Nós somos uma família agora. Sua família.

Emoção ondulava sobre seu rosto e ele não conseguia formar as palavras que ele estava tentando dizer. Ele parecia dominado e então ela o segurou com mais força, instando-o a sua libertação enquanto a dela caía sobre ela como uma onda suave. Linda. Pungente. Ao contrário de qualquer orgasmo que ela já experimentou.

O orgasmo a percorreu em ondas, intenso e prazeroso. E, em seguida, ele acelerou os movimentos, quase como se já não tivesse controle sobre seu corpo e agisse instintivamente, inserindo nela enquanto seus músculos enrolavam e contraíam. Encheu-a com seu calor, os jatos quentes de sua libertação banhando o interior da vagina e fazendo seus impulsos mais confortáveis.

Ela arqueou para ele, querendo tudo dele, tudo que ele tinha para dar. Queria cada centímetro dele dentro dela, para que o cercasse e tomasse tudo o que tinha para oferecer.

Ela o beijou novamente, aliviando as linhas de tensão ao redor de sua boca e, em seguida, pressionou a testa dele novamente pouco antes de ele desabar sobre ela, cobrindo-a com o calor de seu corpo.

No longo momento que ficaram ali, em silêncio, cada um respirando profundamente como se recuperando da intensidade emocional do momento. Ela acariciou suas costas, acariciando para cima e para baixo e por cima dos ombros, oferecendo-lhe seu toque.

Ele enterrou o rosto em seu pescoço e, em seguida, a beijou logo abaixo da orelha.

— Nunca fui assim com outra mulher, Maren. Só com você. Sempre com você. Nunca haverá outra.

Ela sorriu, absorvendo a promessa silenciosa.

— Isso é ótimo, — ela disse levemente. — Eu detestaria ter que dar um pontapé em alguém por invadir meu território. Estou tentada a fazê-lo usar uma placa dizendo: ‘Já tem dona. Afaste-se’.

Ele riu, o peito vibrando contra o dela.

— E eu acho que eu vou te dar uma camisa que diz "Não mexa com uma mulher grávida”.

— Conselhos muito sensatos.

Ele rolou, levando-a com ele para que permanecesse conectado, ele continuava profundamente inserido nela.

— Eu sei que eu deveria me levantar e pegar uma toalha para nos limpar, mas não quero me mexer. Eu gosto de estar bem aqui dentro de você. Que tal nós apenas mudarmos os lençóis de manhã e dormir assim?

Ela o beijou, saboreando um pouco mais de seus lábios.

— Funciona para mim.

 

Steele teve o cuidado de não acordar Maren na manhã seguinte, quando ele saiu da cama. Eles passaram a noite fazendo um amor lento e vagaroso. Fizeram amor até que caíram num sono exausto, saciados, mas, mesmo com as poucas horas de sono, sentia-se completamente descansado. Ele não podia imaginar outra vez quando despertou e o mundo em torno dele parecia certo.

Mas não era, e ele não podia se permitir relaxar a guarda, mesmo quando se deliciava com a novidade e a intensidade da redescoberta um do outro. Sua equipe estaria aqui em breve, e tinham muito que discutir e muito a fazer antes que ele sentisse sua casa tão segura quanto poderia torná-la para Maren.

Não tinha certeza de como sua equipe reagiria ao ser entregue para Donovan, mesmo por um curto período de tempo. Não era uma situação que ele ou eles já tivessem enfrentado. Não era novidade para Donovan ou mesmo Garrett ou Sam participar das missões, e houve muitas vezes quando as equipes trabalharam juntas na mesma missão, mas sempre era claro. Rio liderava sua equipe. Steele liderava a dele. Rio e Steele podiam receber as ordens da KGI, mas suas equipes recebiam ordens só de Rio e Steele.

Inferno, ele não gostava de dar o seu comando a outra pessoa, mesmo que tivesse total confiança em Donovan e soubesse que sua equipe estaria em boas mãos. Mas ele e sua equipe eram uma unidade sólida e inquebrável que foi muito testada quando a missão falhou horrivelmente para PJ. Mas eles superaram e ficaram mais fortes do que nunca. Eles eram mais do que uma equipe. Antes de Maren, eram as pessoas mais importantes na sua vida. Agora Maren, e seu filho tinham precedência acima de tudo. Até mesmo sobre sua equipe.

Eles entenderiam isso. Eles o apoiariam absolutamente. Ele sabia que o apoiariam, não importava quais fossem suas decisões. Mas até que ele retomasse o comando, não seria o mesmo. Para qualquer um deles. Assim como não foi o mesmo quando PJ os deixou por um período de tempo.

Eles se entendiam. Trabalhavam em perfeita harmonia. Tinham uma química que muitas vezes levava-se anos para desenvolver. Ele não podia desistir disso mais do que Maren poderia desistir de sua carreira. Mas teriam que fazer concessões daqui para frente, porque tinham mais do que eles mesmos a considerar.

Eles tinham um filho. A pequena vida dependia deles para amar e proteger e colocar as necessidades acima de qualquer outra coisa em suas vidas. Ele sabia com certeza absoluta que ele e Maren estavam na mesma página quando se tratava de seus objetivos, considerando o filho.

Depois de tomar um banho rápido, ele silenciosamente se vestiu e olhou para ver Maren ainda dormindo profundamente. Ela estava enrolada com os joelhos puxados para o ventre, e ele se perguntou se isso havia se tornado um hábito durante aquelas semanas de incerteza e medo, uma medida inconsciente para proteger o filho, mesmo enquanto dormia.

Irritava-o que ela viveu com medo por tanto tempo, sem saber quando ou se Caldwell iria forçá-la, ou mesmo tentar prejudicar o bebê. Ele queria matar o desgraçado pelo que ele fez. Foda-se o que Hancock estava tentando realizar. Steele queria o sangue de Caldwell.

Depois de olhar para ela por mais um momento, relutantemente se afastou, verificando o relógio quando saiu do quarto. Fechou a porta atrás de si de modo que nenhum ruído a acordasse. Ela precisava descansar e ele iria deixá-la dormir por tanto tempo quanto pudesse.

Depois de preparar um bule de café, expôs uma variedade de sacos de chá que comprou para Maren no dia anterior e encheu uma chaleira com água para que tudo estivesse pronto quando ela acordasse. Também pegou uma fileira de bolachas água e sal da caixa e colocou na bancada. Ela podia mastigar aqueles enquanto tomava um gole de chá e se ela se sentisse capaz de comer qualquer coisa mais pesada, ele faria o café da manhã, ou pelo menos uma torrada.

Ela perdeu peso desde o tempo que passaram juntos na Costa Rica. Mesmo com a barriga começando a arredondar ainda que levemente, ela estava mais magra. Ela precisava ser mais bem cuidada, e isso era exatamente o que ele iria fazer pelos próximos cinco meses, se ele tinha alguma palavra a dizer sobre o assunto.

No momento em que terminou a primeira xícara de café, sua equipe começou a chegar. Baker e Renshaw foram os primeiros, chegando com poucos minutos de distância. PJ e Cole chegaram juntos depois, e Dolphin por último.

— Como está Maren? — PJ perguntou quando todos tomaram seus assentos.

— Ainda dormindo. Estou deixando-a descansar, tanto quanto ela consegue dormir, — disse Steele.

— Eu vou perguntar o que todos nós estamos imaginando, e você pode me dizer para me foder se estou ficando muito pessoal, — Dolphin disse sem rodeios.

Steele levantou uma sobrancelha, mas considerou o membro da equipe, em silêncio, à espera do que ele tinha em mente.

— Essa coisa com você e Maren é real? — Dolphin perguntou.

Na carranca imediata de Steele, Dolphin levantou a mão.

— Deixe-me reformular isso. O bebê é realmente seu ou o babaca a forçou e você entrou em cena para ajudá-la?

Steele suspirou.

— Sam fez a mesma pergunta. Ele e Maren são próximos. Ele estava preocupado. E queria saber se devia ir chutar a bunda de Caldwell. Sim, o bebê é meu. E sim, realmente não é da sua conta, mas aqui está o negócio. Para o próximo período, até o bebê nascer, eu estarei fora do comando.

Havia uma mistura de reações de surpresa a carrancas rápidas.

— O que isso significa exatamente? — Cole perguntou em voz baixa.

— Isso significa que vocês estarão trabalhando sob o comando de Donovan até que eu volte em ação. Por enquanto estão todos de folga, a menos que alguma coisa aconteça, e todos nós sabemos como isso funciona, mas Sam está deixando a equipe de Nathan e Joe solta para que eles possam assumir a nossa folga. Donovan irá conduzi-los até que eu volte. Por enquanto meu foco tem que estar em Maren e nosso filho e me certificar de que ela está segura. Temos muito para trabalhar, inclusive para onde vamos depois que o bebê nascer. Nenhum de nós quer desistir de nossas carreiras, mas a partir de agora, esses trabalhos tem menos importância que a criança.

— Eu entendo, — disse PJ. — Mas não será o mesmo, não estar trabalhando para você, Steele. Eu de todas as pessoas sinto mais. Mas eu concordo, você tem que fazer o que tem que fazer. Temos trabalhado com Van o suficiente para nos sentirmos confortáveis com ele na liderança. Só não fique preguiçoso, enquanto está fora de ação e espere que a gente dê cobertura ao seu traseiro, quando você voltar a trabalhar.

Os outros riram da gozação que PJ lhe fez. Steele relaxou. Ele não estava antecipando ter que contar a sua equipe assim. Eles eram uma grande parte de sua vida. Sua existência cotidiana. Ele passou mais tempo com eles do que a maioria dos casais casados passavam juntos.

— A outra razão pela qual eu trouxe vocês aqui é para que possam me ajudar a reforçar a segurança por aqui. Eu quero ter certeza de que, se alguém romper o perímetro vou saber muito bem sobre isso e estar preparado.

Os outros concordaram.

— Você vai chamar-nos se precisar de nós, — disse PJ, e não como uma pergunta, mas como uma declaração de fato. Em seguida, a voz abaixou. — Você lutou por mim. De jeito nenhum eu não lutarei por você, quando você precisar. Eu não vou esquecer isso, Steele. Se precisar de nós, avise. Não dou a mínima para o tempo de folga. Se você tiver qualquer dúvida, nós estaremos aqui, mesmo que seja para fazer turnos de vigília.

Steele olhou para PJ, o peito apertando.

— Você sabe que eu os chamarei. Não há ninguém em que eu confie mais para proteger minhas costas do que a minha equipe. Não há ninguém em que eu confie mais a segurança de Maren.

— Okay, bem, todos para fora do caminho, — disse Dolphin. — Agora vamos começar a trabalhar em certificar que ninguém entra ou sai sem uma grande merda chamada de alerta.

— Agora nós estamos conversando — disse Renshaw. — Diga-nos o que você quer chefe, e vamos fazer acontecer.

Depois de delinear as coisas que ele queria fazer, Steele levantou-se e os outros seguiram o exemplo, justo quando Maren entrava na sala de estar, com os cabelos úmidos do banho, usando jeans e camiseta, mas tinha os pés descalços. Pareceu-lhe que ela se sentia totalmente em casa. Em sua casa, como se fosse a coisa mais natural do mundo ela sair de seu quarto depois de tomar um banho e se vestir.

O senso de retidão bateu-lhe com força, e por um longo momento, tudo o que ele podia fazer era olhar até que percebeu que ele a estava fazendo sentir-se desconfortável com seu escrutínio silencioso.

— Uh, oi pessoal, — ela disse com um pequeno aceno. — Eu esqueci completamente que vocês viriam hoje. Eu meio que dormi demais.

Todo mundo a saudou calorosamente e sua estranheza visivelmente desapareceu. Steele foi para ela, conduzindo-a para a cozinha.

— Eu vou voltar até vocês em um segundo — Steele falou. — Vocês podem ir até o galpão onde todo o material é armazenado e também descarregar o que trouxeram com vocês.

Enquanto os outros saiam, Steele sentou Maren na bancada e depois foi para o fogão ligar o queimador sob a chaleira de água que já tinha preparado.

— Achei que você poderia começar com chá e alguns biscoitos. Se funcionar vou preparar algo um pouco mais substancial. Tenho pão doce e pães de canela, ou torrada. Se você acha que pode aguentar ovos, posso misturar um pouco para você.

Ela sorriu e apoiou os cotovelos em cima da bancada.

— Obrigada, Steele, você não tem que cuidar de mim, mas não vou mentir se disser que não estou gostando. Mas você tem coisas para fazer e não quero afastá-lo. Vá em frente e faça suas coisas com os outros para que eles não esperem. Eu vou terminar o chá e se eu estiver com fome depois dos biscoitos descobrirei alguma coisa para preparar. Quer que eu faça o almoço para todos? Quanto tempo isso tudo vai levar?

— Algumas horas, — disse ele. — Eu não tinha pensado sobre o almoço, e não é como se recebêssemos o entregador de pizza aqui. Ou qualquer outra coisa, nesse caso.

— Quer que eu faça hambúrgueres ou algo assim para todos? É o mínimo que posso fazer, já que você e todos eles estão fazendo isso por mim.

Ele beijou o topo de sua cabeça.

— Não pense que você tem que pagar qualquer tipo de dívida. Nós cuidamos de cada um. Eu os protejo e eles me protegem. Isto é, eles nos protegem. Mas sim, hambúrguer soa bem. Tem certeza de que pode lidar com o cheiro de hambúrguer de carne crua? Aliás, e o cheiro de fritá-los? Se você quiser, basta fazer os hambúrgueres, as rodelas, se tiver estômago para isso, e depois que estiver pronto eu jogarei tudo na grelha. Teremos cerveja e hambúrgueres. Eu garanto que a minha equipe não vai recusar isso.

Ela riu.

— Não, imagino que não. Temos um acordo. Vou temperar a carne e fazer as rodelas e colocá-las na geladeira para que fiquem prontas para assar quando você tiver acabado. Depois vou arranjar todos os ingredientes, cortar alguns tomates e cebolas e lavar a alface e nos sentaremos.

Ele girou seu banquinho de bar para que ela o encarasse e a puxou para seu peito.

— Eu gosto de você na minha cozinha. Gosto de ter uma conversa banal perfeitamente normal sobre quem faz o que para a preparação de alimentos. Gosto de ter você aqui. Ponto. Acho que você está me domesticando, Maren.

Ela se levantou e encostou a testa contra o oco de sua garganta para que o queixo descansasse em cima da cabeça dela.

— Oh, que horror. O mundo pode muito bem estar chegando ao fim. Quem teria pensado que o todo-poderoso Steele iria admitir ser domesticado, quanto mais ter se tornando domesticado.

— Que tal eu admitir, pelo menos no curto espaço de tempo da minha nova domesticidade, que eu gosto?

— Pare — ela disse dramaticamente. — Há tanta coisa que eu posso tomar em um dia. Esse tipo de choque não pode ser bom para o bebê.

Ele puxou provocantemente em seu cabelo e, em seguida, inclinou a cabeça para beijá-la.

— Vejo você em algumas horas. Se precisar de alguma coisa, basta enfiar a cabeça para fora da porta e gritar. Não estaremos longe e um de nós vai ouvi-la.

— Okay. Pensei em esperar até depois do almoço e todos partirem antes de eu ligar para os meus pais para organizar o voo para cá. Então, nós dois podemos sentar-nos enquanto eu converso com eles e combino os detalhes.

— Parece bom.

Ele a beijou novamente e, em seguida, relutantemente se afastou.

— Tente comer alguma coisa — disse enquanto se dirigia para a porta que dava para a varanda dos fundos. — E só para que fique claro isso foi um pedido. Não é uma ordem direta.

Ela riu, os olhos brilhando em alegria.

— Minha nossa, parece que você pode ser treinado, Steele.

Ele sorriu de volta, apreciando a brincadeira lúdica que fluía tão facilmente entre eles.

— Pelo tipo de recompensa que você, oferece este velho cão pode definitivamente aprender alguns truques novos.

 

Maren sentou-se na sala de estar com Steele e sua equipe e mordeu o hambúrguer enquanto os outros devoravam os deles. O gosto era maravilhoso, mas ela estava indo devagar e saboreando cada mordida, esperando que seu estômago não protestasse e a comida assentasse.

Ela podia ver o quanto Steele e sua equipe eram próximos. Claro, ela os viu muitas vezes e pôde testemunhar o vínculo que tinham, mas nunca esteve próxima deles em um ambiente totalmente descontraído, onde não havia nenhuma missão envolvida e não havia feridos para ela cuidar.

Eles riam e brincavam, a facilidade com que se comunicavam mostrando-lhe mais do que palavras o quanto eram coesos.

Todos tinham uma brincadeira para Steele sobre sua paternidade, e a crédito de Steele, ele levava com bom humor. Nem uma vez sua costumeira carranca apareceu no rosto, e cada vez que havia uma menção a ele tornar-se pai, seu olhar deslizava para Maren, calor irradiava de seus olhos.

Ele parecia feliz e contente. Mais descontraído do que ela já o viu próximo dos outros. Mesmo quando ele e sua equipe chegavam a clínica dela para tratamento, ele era distante, defensivo e falava frases cortadas, usando apenas algumas palavras para obter o significado todo.

Ela se perguntou se a equipe via o quanto ele estava diferente. O que eles estariam pensando? Ela sabia que Steele disse na noite anterior que ele estaria afastado por um tempo. Pelo menos até o bebê nascer. Ela tinha sentimentos mistos sobre isso. Por um lado, não queria ficar entre ele e um trabalho pelo qual ele era, obviamente, apaixonado. Ela nunca quis que isso fosse uma pressão sobre o relacionamento deles ou chegasse a um ponto onde ele se ressentiria dela, porque estava longe do que amava.

Mas, por outro lado, estava profundamente aliviada por ele não ir a nenhuma missão até depois que o bebê nascesse. Significava muito para ela que ele estava colocando ela e o filho acima de tudo em sua vida. E se fosse honesta, afastava um peso enorme não ter que se preocupar com ele precisar sair a qualquer momento e ela não saber se ele voltaria.

Era algo que ela teria que se acostumar para que o relacionamento deles funcionasse a longo prazo. Não havia nenhuma maneira de ela jamais pedir ou esperar que ele desistisse da liderança de sua equipe e se aposentar. Mas, pelo menos por enquanto, ela o tinha aqui e seguro até depois do filho deles nascer.

Pensar além disso era postergar os problemas. Era melhor levar um dia de cada vez e atravessar a ponte quando, ou se chegassem a ela.

Um sinal sonoro soou e a conversa parou instantaneamente. Steele ficou repentinamente alerta e cuidadoso e sua equipe também fez a transição de brincar e conversar para o silêncio absoluto. Tensos, equilibrados, prontos para a ação.

Ela olhou ao redor em confusão e viu que Steele estava intensamente concentrado em um monitor situado no canto da sala, um monitor que passou despercebido para ela até agora.

Este se iluminou e ela percebeu que era um sinal de vídeo da porta da frente. Mas ela congelou quando reconheceu o homem que estava na porta olhando diretamente para a câmera de segurança.

— Hancock, — ela sussurrou.

O medo tomou conta dela. Era impossível estancar o fluxo de pânico que corria em suas veias. Ela olhou para Steele para se assegurar, mas ele já tinha levantado e ido para o monitor, as feições em pedra no momento em que a ouviu sussurrar o nome de Hancock.

Ele apertou um botão e, em seguida, falou para o receptor.

— Que diabos você está fazendo aqui, Hancock?

— Deixe-me entrar, Steele. Tenho informações que você precisa e estamos perdendo tempo com essa conversa através de câmeras de segurança. Eu estou sozinho. Vim a pé.

Steele voltou-se para a sua equipe e latiu uma ordem rápida.

— Confiram o perímetro. Vejam se todos os alarmes foram acionados. Mas não confiem nos dados de vídeo. Nós não estamos lidando com civis típicos aqui. Se Titan está aqui, eles serão um inferno de muito mais cuidadosos do que a média contratada mais pesada. Eu quero uma busca física feita imediatamente. Relatar imediatamente.

Ninguém respondeu. Todos se mexeram e desapareceram. Steele voltou-se para o monitor.

— Dispa-se, — ele grunhiu. — o único jeito de você entrar é se eu souber com o que estou lidando.

A visão de Maren do monitor foi impedida, mas Hancock deve ter obedecido a ordem de Steele, porque depois de um longo momento Steele se levantou, as costas rígidas enquanto ele se concentrava no monitor.

Depois de vários minutos, Steele falou novamente.

— Vou abrir o portão. Caminhe calma e lentamente até a unidade. Eu vou encontrá-lo na varanda.

Steele virou-se e caminhou até Maren, sentada no sofá. Ele se curvou, plantando as mãos em ambos os lados, rosto a centímetros do dela.

— Escute-me, — disse ele. — Eu sei que você está com medo e sei que não tem nenhum desejo de ver esse cara. Mas preciso descobrir o que diabos está acontecendo e por que ele apareceu aqui. Não quero que você se mova deste ponto. Vou chamar um dos rapazes para ficar com você e deixarei os outros para vigiar e nos dar cobertura. Okay?

Ela assentiu com a cabeça, tentando controlar o tremor traiçoeiro de seus lábios.

— Talvez ele vá nos dizer que eliminou Caldwell.

Steele não parecia esperançoso e quando ele falou, ficou claro para Maren que ele estava tentando aliviar seus temores.

— Sim, talvez. Acho que vamos descobrir. Seja paciente e espere.

 

— Pegou-o na sua mira, PJ? — Steele murmurou no rádio.

— Sim, eu o tenho. Se ele pular errado, vou pegá-lo entre os olhos.

— Arredores limpos, chefe. Nenhum sinal de ninguém, — Renshaw relatou — A menos que ele tenha pessoas penduradas atrás e esperando por sua ordem. Mas ninguém violou nosso perímetro.

— Fique sobre ele, — Steele ordenou. — Baker, você vai ficar com Maren. Eu não me importo com o que vai acontecer, não a deixe, e se a merda acontecer, você a protegerá e a levará rapidamente para fora daqui.

— Entendido, — respondeu Baker.

Steele esperava no pé da escada da varanda e observou enquanto Hancock lentamente caminhava. Seu andar era diferente. Ele estava se movendo todo duro, como se cada passo fosse doloroso.

Quando ele se aproximou, Steele pôde ver o por que.

Alguém deu uma surra no homem.

O rosto de Hancock estava inchado e espancado. Os lábios estavam partidos e sangue seco emaranhava seu cabelo. Era óbvio que ele ainda não teve tempo suficiente para se limpar antes de vir aqui. Steele tinha mil perguntas, número um sendo como diabos Hancock sabia onde encontrá-lo. Se Rio vazou esse tipo de informação para seu ex-companheiro, Steele iria chutar seu maldito traseiro por toda Belize.

— Que diabos aconteceu com você? — Steele perguntou sem rodeios quando Hancock estava a poucos metros de distância.

— Caldwell ficou louco, — disse Hancock, sem meias palavras. — Onde está Maren? Ela está segura com você?

O olhar de Steele se estreitou e ele apertou os lábios em uma linha fina.

Hancock enviou-lhe um olhar cansado.

— Olhe, nós não temos tempo a perder e muito menos para mijar ao redor delimitando o território e medindo quem tem o maior pau. Há muita coisa que você precisa saber e rápido. Maren não está segura e você precisa saber o que você irá enfrentar.

— Então, você está aqui para me avisar — disse Steele, uma sobrancelha arqueada.

— Acredite no que diabos você quiser. Você quer que a informação ou não?

Steele olhou por um longo momento e depois acenou com a cabeça lentamente. Então se virou, apontando para a porta.

— Relaxem, — disse no rádio. — Ele irá entrar, mas mantenham a posição.

Quando ele abriu a porta, fixou Hancock com um olhar feroz.

— Se você fizer qualquer coisa para assustar ou perturbar Maren eu vou fazer quem fez isso com você parecer um amador. Entendeu?

Hancock assentiu.

— Apesar do que você pode pensar de mim, eu não tenho vontade de ver uma pessoa inocente ferida. Eu tenho um objetivo. Algo que você deve entender. Sucesso a todo o custo. Nada fica no caminho.

— É aí que você está errado, — Steele, disse em um tom suavemente mortal. — Se você está tentando comparar-se a mim para aliviar sua consciência, isso é besteira. Eu não uso pessoas inocentes para alcançar meu objetivo.

Hancock se aproximou até que ele e Steele estavam nariz com nariz, sem recuar.

— Diga-me uma coisa, homem de gelo, sim, eu sei como eles o chamam, se houvesse uma ameaça contra Maren, se o seu objetivo fosse mantê-la segura, você se importaria com quem você iria ferir para alcançar esse objetivo? Você se importaria com quem você teria que usar, ou com o que teria que fazer para mantê-la viva?

Steele olhou para trás, incapaz de responder, porque Hancock foi certeiro. Steele faria qualquer coisa para proteger Maren e mantê-la longe do perigo. E ele não daria a mínima a quem ele machucasse no processo.

— Então, qual é a sua criptonita? O que te enfraquece, Hancock? — Steele murmurou. — Qual é a motivação para a sua incansável busca de objetivo? Você usou Grace. Você usou Maren. O que está motivando você?

O olhar de Hancock se fechou e ele ficou rígido.

— Estamos perdendo tempo com besteira inútil.

Steele sabia que ele atingiu um ponto sensível, e sim, quem realmente se importava com o que motivava Hancock? Se ele tivesse a informação de que Maren estava em perigo, Steele queria saber sobre isso.

Assim que entraram na sala de estar, Maren ofegou, os olhos arregalados de alarme quando viu Hancock. Ele não sabia se era porque ela temia sua chegada ou se ficou chocada com sua aparência.

Ele logo teve sua resposta quando Maren passou por Baker e correu até Hancock.

— Que diabos aconteceu com você? — Perguntou ela.

Enquanto falava, ela estendeu a mão, sondando uma das lacerações de seu couro cabeludo.

— Isso precisa de sutura e parece que seu nariz está quebrado. Tristan fez isso? Foi porque você me ajudou a fugir?

Hancock parecia confuso com as questões rápidas e ainda mais confuso que Maren parecia preocupada com ele. Ele recuou sua cabeça para fora de alcance.

— Eu tenho muito que preciso dizer aos dois, — Hancock disse, olhando entre Maren e Steele.

— Bem, você pode nos dizer enquanto dou pontos nesses ferimentos. Steele, você tem um kit médico. Você pode enviar Baker para pegar? Certamente você tem um kit de sutura.

Steele engoliu o sorriso que ameaçava sair. Não havia nada remotamente divertido com a situação, mas ele achou hilário que Maren estava latindo ordens como um sargento experiente e não parecia nem um pouco intimidada por Hancock.

Baker correu para pegar o kit médico e, em seguida Steele o dispensou para retomar a vigília com os outros.

Momentos depois, Hancock estava sentado em um dos bancos na bancada da cozinha enquanto Maren focava intensamente na sutura de seus ferimentos.

— Você precisa proteger sua retaguarda, — Hancock disse a Steele enquanto Steele se aproximava. De jeito nenhum iria deixar Maren com Hancock sem colar ao lado dela. — Caldwell perdeu o controle.

— Sim, você já disse isso. Mas o que significa? Você o parou? Por que você está aqui e não onde ele está?

— Toda a situação foi ferrada além do reparo — Hancock disse com desgosto. — Caldwell foi ao fundo do poço depois que eu tirei Maren de lá. Antes, parecia indiferente. Eu nunca fui a favor de ele levar Maren. Ele poderia ter contratado alguém para fazer o que ele queria que ela fizesse. Eu sabia que ele tinha tesão por ela, mas eu não sabia a extensão de sua obsessão.

— Mantive Maren conosco porque queria apaziguar Caldwell e mantê-lo focado no negócio que ele estava trabalhando com o cara que eu estou atrás. Caldwell era apenas um meio para um fim. Eu estava contando com ele para me levar a Maksimov.

— Ei, espere um minuto. Ivan Maksimov? O russo?

— Vejo que você já ouviu falar dele — disse Hancock.

— Quem não ouviu?

— Uh, eu? — Maren disse, fazendo uma pausa em seu trabalho.

Os dois homens a ignoraram.

— Você vai eliminar Maksimov? — Perguntou Steele. Apesar de sua profunda antipatia por Hancock, o homem tinha bolas para ir atrás de Ivan Maksimov. Este era um homem para não foder com ele. Ele era temido, com razão. Tinha reputação de ser implacável. Dizia-se que ele matou um de seus próprios filhos na frente da mãe, como castigo pela amante desafiá-lo. Mais tarde, ele vendeu a mulher como escrava sexual e quando ela tentou ajudar os agentes da Interpol, fornecendo-lhes informações, seu corpo foi encontrado mutilado. Aos pedaços.

— Caldwell era atrativo e alerta. Grande em cena. Ele rapidamente ganhou a reputação de ser capaz de fazer as coisas. Limpamente. Ele ganhou a atenção de Maksimov e Maksimov estava interessado em lidar com Caldwell. Por isso ele estava saindo da Costa Rica, fazendo a cirurgia reconstrutiva e assumindo uma identidade totalmente nova e se mudando para Kosovo.

— Eu me envolvi com Caldwell, no momento certo. Eu ganhei a confiança dele e fiz o que tinha que fazer para tornar-me inestimável para ele. Também exerci uma grande influência e controle sobre ele. É o que eu faço. Foi o que fiz com o Farnsworth. É um presente, eu acho que você diria.

— Alguns presentes, — Maren murmurou.

— É um presente muito valioso, — disse Hancock. — Depois de um tempo eu posso controlá-los, fazendo-os fazer o que eu quiser, enquanto os faço pensar que foi ideia deles. E estava funcionando bem até você.

Maren amarrou o nó e depois recuou com uma careta.

— O que eu tenho a ver com alguma coisa?

— Ele é muito obcecado por você, — Hancock disse sem rodeios. — Ele se convenceu de que a criança que você carrega é dele.

Ela ficou pálida e estendeu a mão para firmar a mão na bancada. Steele colocou os dedos em torno de seu cotovelo para firmá-la.

— Calma, Maren, — ele murmurou ao lado de sua orelha. — Ele não pode tocá-lo aqui. Lembre-se disso.

— Ele ficou louco depois que eu a tirei de lá. Perdeu o foco. Não dava a mínima para Maksimov. Começou a evitá-lo porque estava muito ocupado virando o mundo de cabeça para baixo procurando por você.

— Oh, Deus, por favor, me diga que você não lhe deu qualquer informação sobre mim, — ela disse fracamente.

Steele passou o braço em volta dos ombros dela, oferecendo-lhe apoio silencioso. Ele estava muito puto para dizer algo.

— Eu não tive que dar. Não é difícil encontrar, Maren — Hancock disse em um tom estranhamente gentil.

Steele estava começando a se perguntar se Rio não estava certo sobre Hancock ter um coração enterrado em algum lugar sob todas as camadas de pedra. Hancock estava sendo extremamente gentil com Maren, tratando-a com luvas. E ela disse a Steele até onde Hancock foi para tranquilizá-la quando Caldwell a manteve a sete chaves.

— Então o que aconteceu? — Maren desabafou. — Por que você está aqui, e não com ele?

— Eu tenho que culpar Maksimov por isso, — respondeu Hancock. — Bem, e o fato de que Caldwell perdeu o controle e ficou louco.

— Desembucha, — Steele interrompeu, impaciente para chegar ao ponto.

— A partir do momento que Maren partiu, Caldwell foi consumido com a ideia de tê-la de volta. Nada mais importava. Ele estava com raiva de mim, mas ainda tinha medo de mim o suficiente para me afastar. Ele achava que eu não sabia o que ele estava fazendo na tentativa de localizar Maren. Ele me fez uma centena de perguntas sobre a KGI, quando antes ele não os considerava como nenhuma ameaça para ele.

— E o que você disse a ele? — Steele perguntou asperamente. Foda-se tudo, mas tudo o que precisavam era de um babaca louco desencadeado na KGI. Como se já não tivessem o suficiente para lidar.

— Nada que possa levá-lo em qualquer lugar, mas o suficiente para mantê-lo ocupado e atarefado. Com Maren lá, Caldwell estava menos interessado em lidar com Maksimov e mais focado em Maren. Ele estava muito perto de perder a paciência, no que se referia a ela e eu esperava que ele fosse fazer um movimento a qualquer dia.

As narinas de Steele dilataram e seu domínio sobre Maren apertou, os dedos cavando em seu ombro.

— Eu esperava que, se eu removesse Maren da equação, Caldwell iria centrar a sua atenção, esquecê-la, seguir em frente. Eu subestimei sua obsessão por ela.

Os olhos de Steele se estreitaram.

— Então, o grande fodão Hancock se ferrou.

— Se eu tivesse ferrado, eu teria deixado Maren lá, — Hancock disse, friamente encontrando o olhar de Steele.

— De qualquer forma, quando Maren estava lá, Caldwell continuou cancelando suas reuniões com Maksimov, citando a cirurgia e que não estava totalmente recuperado. Mesmo assim, após o período de recuperação normal, Caldwell continuou evitando-o, e Maksimov não é um homem que você quer irritar.

— Como eu disse, eu esperava que, se eu removesse Maren, Caldwell se reorientaria e seguiria em frente e eu estaria a mais um passo de eliminar os dois. Marquei o encontro com Maksimov e, em seguida, naquela manhã, Caldwell simplesmente desapareceu. Eu passei por sua correspondência, seus arquivos de computador, qualquer coisa que eu poderia colocar as mãos.

— Então Maksimov apareceu e não havia Caldwell e Maksimov não levou isso muito bem. Seus homens me deram uma surra e me disseram para entregar uma mensagem a Caldwell quando, e se ele aparecesse novamente. Não era uma ameaça. Era uma promessa. Caldwell é um homem morto.

— Não, se eu chegar a ele primeiro, — resmungou Steele.

— Bem, essa é a coisa. É provável que você faça exatamente isso.

Hancock olhou para Maren, relutância em sua expressão como se ele não quisesse dizer-lhe o que estava prestes a dizer.

— Ele sabe onde seus pais moram. Era evidente que ele fez uma extensa pesquisa sobre eles e da área em que vivem. Ele está provavelmente procurando por você, mas instável como está, é provável que se perca completamente se não encontrá-la lá.

Toda a cor deixou o rosto de Maren. Seus olhos ficaram arregalados, acometido de medo instantâneo. Ela torceu as mãos e se lançou para o celular de Steele, os dedos se atrapalhando com os botões.

Steele chegou a ela e a forçou a olhar para ele.

— Respire, Maren. Ligue para sua mãe. Certifique-se de que está tudo bem. Então me deixe falar com ela. Eu vou dizer a sua mãe e seu pai o que eles precisam fazer e vou avisar Sam para enviar o avião imediatamente. Eu não quero que você se preocupe. Vamos protegê-los e vamos protegê-la.

Ela assentiu com a cabeça, um pouco da agitação desaparecendo de seus olhos. Ela apertou os botões do telefone e, em seguida, trouxe-o para a orelha, batendo o pé com impaciência enquanto esperava. Por vários momentos, ela ficou lá, com os lábios caídos cada vez mais enquanto o silêncio se prolongava.

— Mãe, sou eu. Por favor, me ligue de volta assim que você pegar esse recado. É urgente.

Então ela desligou o telefone.

— Correio de voz, — disse desnecessariamente. — Oh Deus, Steele, e se ele já os tiver?

Ele foi até ela, deslizando as mãos sobre seus ombros e, em seguida, esfregou para cima e para baixo os braços dela na tentativa de acalmá-la.

— Nós não sabemos disso, Maren. Não entre em pânico. Vamos tentar novamente em breve. Basta se acalmar até sabermos mais, okay?

Ela assentiu com a cabeça, mas a preocupação não deixou seus olhos.

Steele se virou para Hancock.

— Você tem muitas respostas a dar. Em primeiro lugar, como sabia que Maren estava aqui e onde me encontrar? Rio lhe deu a minha localização?

Os lábios de Hancock se erguerem em um lampejo de um sorriso.

— Eu não tive contato com Rio desde que eu soube que Maren não estava com ele. Teria sido uma perda de tempo. Eu tenho recursos que você não pode imaginar.

— Para quem diabos você está trabalhando?

Hancock olhou-o com firmeza.

— Será que importa quem assina os meus cheques? Titan está acabado. Há conversas de que fomos desonestos. Nós simplesmente não estamos mais na folha de pagamento do Tio Sam. Mas isso não significa que somos traidores, ou que não temos os melhores interesses do país em mente. Você é tão irônico sobre mim, sobre nós, mas quão diabos somos diferentes da sua KGI? Só porque eu não trabalho para o tio Sam não quer dizer que não temos mais acesso a contatos e a informações sigilosas, e não significa que não aceitamos missões privativas que ninguém mais tem recursos para aceitar. Nós não estamos vinculados à política e essas bobagens de diplomacia externa. Não temos medo de sujar as mãos se a causa é justa. Mas o que é justo para um pode não ser justo para outro. E não trabalhamos para os interesses dos Estados Unidos. Derrubamos qualquer ameaça à segurança nacional e mundial. Pense o que quiser de mim, Steele. Eu não dou a mínima. Mas para um homem que eu estou tentando ajudar, você tem uma maldita maneira de mostrar gratidão.

Steele mostrou os dentes.

— A única maldita coisa que me preocupa é a segurança de Maren e do nosso filho. Sim, meu filho. Nem fodendo é o bebê de Caldwell. Maren e o bebê são meus, então você fique fora do meu caminho quando se trata de protegê-la, porque eu não dou a mínima para qual é sua missão, quão malditamente justa ela é ou como ela inclina a escala na política mundial. É da minha família que estamos falando aqui, e eu vou remover você e qualquer outro no inferno, a fim de proteger a minha família.

Hancock levantou uma sobrancelha em um gesto zombeteiro.

— E eles dizem que você é o homem de gelo. Você e eu temos muito em comum, ou assim eu sou levado a acreditar. Mas talvez nós dois sejamos muito mais passionais do que é dado crédito. Mas onde você é um cara tipo preto e branco, estou tão enterrado no cinza que eu nunca vou ver a luz do sol novamente. Minha alma está condenada, mas contanto que no final do dia eu possa olhar no espelho e saber que o mundo é um lugar melhor pelo que eu fiz, então não dou uma foda-se para o que você ou qualquer outra pessoa pensa.

Os lábios de Steele se curvaram em um sorriso de escárnio.

— Você não sabe porra nenhuma sobre preto e branco.

Hancock considerou-o um momento.

— Não, acho que não foi uma afirmação inteiramente correta. Eu sei sobre o que se passou com Brumley e o membro de sua equipe PJ Rutherford. Ou é PJ Coletrane agora? Ouvi dizer que eles se casaram. E sei que ela eliminou os homens de Brumley antes de matá-lo a sangue frio enquanto você observava. Então, sim, eu diria que você não tem espaço para me julgar, Steele. Você cruzou a linha, mas acho que está tudo bem quando você é o único a atravessá-la, desde que ninguém mais o faça, hein?

— Foda-se, Hancock. Eu não lhe devo nada. Você protegeu Maren, mas então você podia muito bem ter impedido que ela fosse levada, em primeiro lugar, portanto, não espere a minha gratidão para as semanas que ela passou nas mãos daquele desgraçado, grávida e aterrorizada. Ela nunca deveria ter estado nessa posição, especialmente porque você supostamente exercia tanto controle e influência sobre Caldwell. Você poderia ter colocado um fim nele quando ele quis levar Maren, mas não o fez porque ameaçava a sua missão. E pode dizer o que quiser sobre as escolhas que eu fiz, mas eu nunca aceitaria colocar uma pessoa inocente em perigo para alcançar meus objetivos.

— Ah, então você não enviou sua companheira de equipe à paisana em uma situação onde ela esteve vulnerável e sem o apoio da equipe. Okay.

Fúria cauterizava pela mente de Steele. Raiva cega misturada com culpa, culpa com a qual ele vivia desde aquela noite em que PJ foi brutalmente atacada. Ele vivia com isso a cada maldito dia. Ele lamentava a decisão e o fato de que falhou com PJ e o resto de sua equipe. E ter isso jogado de volta na cara por este bastardo presunçoso o fez querer colocar seu punho direto nos dentes de Hancock.

— Parem com isso! Os dois! — Maren gemeu. — Isso não está ajudando! Eu não me importo sobre o que era ou é, ou o que qualquer um de vocês fez no passado. Não importa! O que está feito está feito. Eu só quero saber se os meus pais estão bem e que esse monstro não tem as mãos sobre eles.

Steele se virou, o arrependimento já registrado. Ela estava certa. Este não era o momento nem o lugar, e ele estava deixando sua preocupação e medo assumir. Mas Maren não precisava disso dele ou Hancock. Ela precisava de confiança e de seu apoio. Ele não iria falhar com ela. Ele não iria deixar ninguém por quem ele era responsável cair novamente. Ele viveria com remorso pelo resto de sua vida sobre o que aconteceu com PJ, e seria condenado se deixasse algo acontecer com Maren e seu filho.

Ele passou a mão pelo cabelo e enviou-lhe um olhar de desculpas. Então virou-se para Hancock.

— Então, por que você está aqui? Só para me avisar e, em seguida, estará no seu caminho de volta para qualquer buraco do qual rasteja quando pega uma missão?

— Eu estou aqui porque não estou mais disposto a deixar Caldwell colocar as mãos em Maren do que você está. Maksimov pode ter escorregado por entre meus dedos, desta vez, mas Caldwell precisa ser eliminado. Eu vou ter que encontrar outra maneira de pegar Maksimov. E vou fazê-lo. Não importa quanto tempo levar, não importa o que eu tenha que fazer. Ele vai cair. Caldwell tem prioridade no momento. Ele é instável, e com sua riqueza e conexões, não há como dizer o quão longe ele irá para conseguir o que ele considera dele de volta. Ele não vai se importar com quem terá que machucar, contanto que o resultado final for conseguir o que ele quer.

Maren ficou ainda mais pálida até Steele se preocupar que ela fosse cair. Seus olhos estavam arregalados contra o rosto sem cor.

Ele abriu a boca para lhe oferecer tranquilidade, mas sabia que seriam palavras vazias. Não tinha ideia de com que estavam lidando, onde Caldwell estava, e como Hancock disse, não havia nenhuma maneira de saber o quão longe ele iria em sua busca obsessiva por Maren.

— Vou ligar para Sam. Ele ia falar com uma empresa de segurança local, sobre proteção para sua família. Ele teria isso arranjado de modo que, quando voltassem para casa depois de visitar você estariam protegidos. Mas eu vou chamá-lo e conseguir isso imediatamente. Vamos encontrar seus pais e trazê-los aqui o mais rápido que pudermos. Uma vez que estejam aqui, poderemos elaborar um plano que inclua proteção e vigilância para você, assim como para eles.

Ela pareceu um pouco aliviada e, em seguida, o telefone tocou, fazendo-a saltar. Ela olhou para o telefone e, em seguida, seu rosto se iluminou.

— Steele, é o número dos meus pais! Oh, graças a Deus!

 

Maren ergueu o telefone, o alívio tão grande que teve que apoiar-se no balcão porque seus joelhos tremiam muito.

— Mãe? Graças a Deus. Eu tentei ligar para você. Eu estava tão preocupada.

— Maren...

O nome dela saiu trêmulo e Maren soube imediatamente que algo estava muito errado. Ela congelou, segurando o balcão até os nós dos dedos embranqueceram. Steele imediatamente ficou alerta e se aproximou, de pé ao seu lado. Hancock franziu a testa com a reação de Steele e ficou do outro lado, de modo que ficasse encarando Maren, e os dois homens olhavam fixamente para ela.

— Mãe, o que foi? O que há de errado? — Maren perguntou abruptamente.

Um soluço baixo soou e Maren apertou o telefone com mais força, desejando que sua mãe lhe dissesse o que estava acontecendo.

— Maren, é seu pai. Ele está machucado. Há homens aqui. Tristan Caldwell.

Maren caiu no assento do balcão, tremendo tanto que mal conseguia manter a mão no telefone. Steele pegou o queixo dela, virando-a, para que o encarasse, o olhar intenso fixo nela em óbvio questionamento.

Caldwell, Maren murmurou.

Steele estendeu a mão automaticamente para o telefone, mas Maren se abaixou e se afastou trôpega do assento do balcão, evitando sua mão.

— O que ele quer, mãe? O que ele fez? Papai está bem?

— Ele disse que quer você e o filho dele de volta, — sua mãe falou sufocada. — Maren, o que ele está falando? Você me disse que estava com o pai do seu bebê.

— Eu estou. Ele é louco. O que ele fez, mãe? Eu preciso que você fale comigo. Acalme-se e me diga o que está acontecendo!

— Ele exigiu saber onde poderia encontrá-la. Quando nos recusamos, eles bateram em seu pai. Sinto muito, querida — disse ela com voz entrecortada. — Eu não podia deixá-los matá-lo, então eu liguei para você como eles me disseram. Sinto muito. Eu nunca a trairia. Eu não quero ser responsável por qualquer dano a você ou ao meu neto, mas, oh, Deus, eles o teriam matado!

— Você fez certo, — Maren disse roucamente. — Não deixe que eles o machuquem mais. Diga-me o que eles querem. Eu irei imediatamente.

A mão de Steele veio ao redor de seu braço, virando-a vigorosamente, a expressão tão sombria que a amedrontaria se ela já não estivesse aterrorizada.

— Ele quer falar com você, — sua mãe disse com voz trêmula.

— Coloque-o na linha então, — Maren pediu.

— Coloque no alto-falante, caramba, — Steele sussurrou.

Até mesmo Hancock tinha avançado e agora estava a apenas 30 centímetros de distância. Sentia-se sufocada pelos dois homens. Sobrecarregada com medo angustiante. Aquele desgraçado tinha seus pais! Eles espancaram seu pai. Duas das pessoas mais amáveis, mais gentis do mundo. Pessoas que dedicaram suas vidas inteiras a ajudar os outros. Eles não mereciam isso! Eles não mereciam ser arrastados para a obsessão de Caldwell. Não havia nenhuma maneira no inferno de ela deixar isso acontecer. Tudo o que ela tivesse que fazer para garantir a segurança deles, faria sem hesitar. Ela tinha Steele. Inferno, ela ainda tinha Hancock. E ela tinha a KGI. Ela não estava sozinha e Caldwell tinha escolhido a pessoa errada para ferrar.

Ela rapidamente apertou o botão para a opção de viva voz, mas ainda segurava o fone na orelha para que não fosse tão óbvio e sua voz não parecesse mais distante.

— Maren.

A voz de Caldwell a congelou. Ela ficou completamente imóvel, o sangue se tornando gelo em suas veias.

— O que você quer? — Ela perguntou com voz rouca.

Steele e Hancock se aproximaram dela, as expressões ferozes enquanto se esforçavam para ouvir cada palavra.

— É óbvio o que eu quero, — Caldwell disse friamente. — Você e meu filho. Volte para onde você pertence.

— Ele não é seu filho e você sabe disso! — Ela gritou.

Steele colocou a mão em seu braço e em seguida, colocou o dedo na boca para sinalizar a ela para não fazer nada para irritá-lo. Como se fosse possível! Ela estava furiosa. Se pudesse chegar através do telefone e enrolar as mãos em torno do pescoço do bastardo, iria fazê-lo e espremer a vida diretamente para fora dele.

— Você é minha. O bebê é meu, — disse Caldwell. — E eu quero vocês dois de volta. Você tem uma escolha, Maren. Você volta para mim, e eu deixo seus pais irem. Você se recusa e eles vão morrer enquanto você escuta no telefone.

No fundo o grito de sua mãe ergueu-se e todos os pelos do pescoço de Maren se levantaram.

— Pare! — Ela gritou. — Não a machuque. Eu vou fazer o que você quiser, mas não a machuque ou o meu pai. Diga-me o que você quer. Apenas pare com isso!

— É mais que isso, — disse ele suavemente. — Eu quero você aqui, Maren. Você tem exatamente 12 horas para chegar ou ambos morrem.

— Onde? — Ela perguntou desesperadamente. — Você quer que eu simplesmente entre na casa deles e tenho que acreditar que você vai soltá-los e me levar?

— Você não vai me encontrar na casa deles. Eles não estarão em casa. Vou te dar a localização uma vez que você desembarque na Flórida. Quanto a você acreditar em mim, eu não acho que você tenha alternativa. A escolha é sua, Maren. Pegue um avião e chegue aqui. Vou ligar para este número em 11 horas e dizer-lhe onde me encontrar. Assim que chegar, farei a chamada para seus pais serem libertados. Se eu não fizer essa chamada em exatamente 12 horas e 15 minutos? Eles morrem. Portanto, sequer pense em me ferrar com isso. Se me acontecer alguma coisa e eu não fizer essa chamada, eles vão morrer de uma morte horrível. Eu não estou blefando, então não tente me enganar.

— Como saberei que você não vai matá-los de qualquer maneira? — Maren perguntou, levantando a voz com histeria.

— Eu não tenho nenhuma razão para matar os avós do meu filho. Não, a menos que você continue a afastar o meu filho de mim. Eu quero você e quero o nosso filho. Eu não vejo nenhuma necessidade de ter o assassinato deles entre nós para o resto de nossas vidas. E se você se provar cooperativa e não brigar comigo, vou permitir que você os veja de vez em quando.

— Eu estarei lá — ela ofegou.

O telefone ficou mudo e Maren caiu de joelhos, soluços saindo de seu peito em rajadas dolorosas. Os braços de Steele foram ao redor dela, puxando-a para cima e contra ele enquanto a segurava com firmeza, acariciando seus cabelos, beijando a lateral de sua cabeça.

— Shhh, Maren, — ele sussurrou. — Você tem que ter calma. Temos que pensar nisso. Eu preciso de você comigo nisso. Você tem que ser forte para seus pais. Você entendeu? Forte para que possamos resolver isso.

— Ele é louco! — Ela disse, a voz aumentando de forma precária. — Oh meu Deus, você ouviu, Steele. Na verdade, ele espera que eu parta com ele e se eu for uma boa menina, ele vai me deixar ver minha família de vez em quando. Como se fôssemos um casal casado visitando parentes.

— Eu lhes disse, ele está desequilibrado, — Hancock interrompeu. — Completamente louco. Eu admito, eu nunca vi isso acontecer. Eu sabia que ele tinha uma coisa por Maren, mas ele estava focado nos negócios. Ele é implacável. Eu nunca teria imaginado que ele tiraria vantagem de Maksimov. Ele assinou sua sentença de morte. Quando tirei Maren de lá, ele simplesmente se perdeu. Ela se tornou sua obsessão. Trazê-la de volta se tornou seu único objetivo. Nada mais importava. E o inferno é, eu acho que ele é realmente apaixonado por ela. Ele está chateado que ela foi embora, sem dúvida. Mas não se trata de um jogo de poder e ele está em busca de vingança por ter sido frustrado. O filho da puta é realmente apaixonado por ela e vai fazer de tudo para recuperá-la, nem mesmo percebe que, mesmo se ele for bem sucedido e até mesmo se não houvesse a KGI ou Titan para derrubá-lo, Maksimov vai pegá-lo e Maren também. Ele está vivendo em tempo emprestado e está fodido de todas as direções.

— Jesus — murmurou Steele. — Merda.

— Chame a sua equipe, — Hancock disse a Steele. — Nós vamos ter que nos mover rapidamente.

— Nós? — Steele perguntou. — Não há nós aqui, Hancock. Você fica fora disto.

Hancock considerou Steele com um olhar firme.

— Eu vou entrar também. Você precisa de toda a mão de obra que possa encontrar.

— Parem de discutir! — Maren disse, angústia rasgando suas entranhas. — Não temos tempo para isso. Temos que ir!

Steele foi até a sala, pegou o rádio e latiu uma ordem concisa para sua equipe voltar para casa imediatamente. Então voltou para Maren e agarrou seus ombros.

— Não há nenhuma maneira no inferno de você ir com aquele filho da puta, Maren.

— Que escolha eu tenho? Você o ouviu. Nós não podemos enganá-lo e enviar a KGI comigo para derrubá-lo. Se ele não fizer aquele telefonema, meus pais morrem. E eu acredito nele! Ele é simplesmente louco o suficiente para fazê-lo.

A equipe de Steele verteu pela porta dos fundos e da frente e em poucos segundos se reuniram na cozinha, as posturas rígidas, completamente alertas e aguardando as ordens de Steele.

— Vou ser breve porque temos de pegar a estrada. Vou chamar Sam no caminho para o aeroporto e fazê-lo trazer quem ele tem. Não temos tempo para trazer Rio e sua equipe. Todos eles voaram ontem, assim Sam, Garrett, Donovan e a nova equipe terão que estar nisso.

Então ele rapidamente passou a situação em frases curtas e, no final, havia uma sala cheia de pessoas irritadas e prontas para sair e chutar os traseiros.

— Eu vou, — Maren disse, olhando para toda a equipe. — Não há nenhuma maneira de vocês poderem fazer isso sem mim. Ele está me chamando e se eu não responder, meus pais morrem.

— Sim, você irá — disse Steele, cada palavra arrastada penosamente dele. Como se reconhecesse a inevitabilidade de ela ter que ir e não tivesse escolha, exceto colocá-la em perigo.

Ela tocou-lhe o braço e seu olhar se encontrou com o dele.

— Eu confio em você, Steele. Confio na KGI. Vamos pensar em uma maneira de sair dessa. Mas, por agora temos de ir e temos que jogar do jeito dele.

Steele assentiu com a cabeça, mas ele parecia torturado. Então ele se virou para sua equipe.

— Vamos. Teremos que fazer toda a nossa programação no ar. Não temos tempo para mapeá-la com os outros no complexo. Eu só espero que Sam e os outros estejam disponíveis e possam nos encontrar no aeroporto.

 

Uma hora e meia depois, estavam no ar. A presença de Hancock era controversa, e ficou claro que ninguém o queria lá e que não confiavam nele. Mas, no momento, Steele não dava a mínima a quem viesse desde que significasse afastar Maren das garras de Caldwell.

Ela estava sentada na ponta do sofá na área de descanso do jato, os pés enrolados debaixo dela, silenciosa e pálida enquanto ouvia a estratégia que estava sendo discutida.

Sam, Garrett, Donovan e até mesmo Ethan vieram, assim como Nathan, Joe, Swanny, Skylar e Edge. Muitos músculos. Se somente eles soubessem o que estavam enfrentando.

Hancock estava no chão, dando as informações que ele tinha sobre Caldwell. Era sua opinião que Caldwell não estava operando com uma grande quantidade de mão de obra. Apenas dois de seus homens haviam desaparecido com ele pela manhã em que Maksimov perdeu a paciência e moveu-se para matar Caldwell. Então, se Caldwell havia contratado mais homens, não era provável que foi capaz de recrutar os candidatos mais qualificados em um prazo tão curto.

Fazia apenas alguns dias desde que Maren foi levada de Caldwell, embora parecesse que semanas tinham se passado. Caldwell desapareceu apenas dois dias antes, e encontrar músculos contratados rapidamente, embora não fora do reino das possibilidades com a riqueza e os recursos à disposição de Caldwell, era difícil para um homem que tinha ido ao fundo do poço.

Um ponto a favor dele. Esperava-se que estivessem lidando com lacaios abaixo do nível que estavam apenas procurando ganhar alguns dólares rápidos de Caldwell.

— Se soubéssemos aonde Caldwell vai se encontrar com Maren, iria tornar as coisas um inferno de muito mais fácil, — murmurou Donovan. — Nós saberíamos se é aberto ou se há espaço para nos mover, tomar posição e cercá-lo por todos os lados.

— Mas não podemos fazer isso — Maren interrompeu, seu tom desesperado. — Se acontecer alguma coisa com ele e ele não fizer essa chamada, meus pais morrem. Eu não posso trocar a minha vida pela deles. Não posso! É óbvio que ele não quer me matar. Ele está falando de um relacionamento de longo prazo aqui.

Um visível tremor trabalhou sobre os ombros dela. Skylar estava sentada ao seu lado no sofá e estendeu a mão para apertar a mão de Maren. Maren agarrou-se a ela, como se estivesse desesperada por essa conexão. Força compartilhada. Até agora, ela estava se segurando bem, mas Steele percebia que ela estava no limite e poderia perder o controle a qualquer momento.

— Nós sabemos Maren, — disse Donovan, em voz baixa e suave. — Mas se eu puder chegar perto o suficiente para monitorar o sinal de celular, posso rastrear a chamada para o local onde seus pais estão sendo mantidos.

— Mas ele não vai fazer a chamada, até que ele tenha Maren, — Sam disse severamente.

Ninguém parecia satisfeito com essa afirmação. Steele mal controlava sua própria reação. Ele tinha que se desligar. Tinha que pensar nisso como qualquer outra missão. Concentrar-se. Desligar a emoção. Desviar do fato de que o pensamento de Maren estar na posse de Caldwell por um minuto sequer o fazia querer perder a cabeça.

Edge sentou-se e limpou a garganta. Todos se viraram em sua direção. O homem não dizia muito, mas ficou claro que ele tinha algo a acrescentar.

— Olha, eu sei que isso não é o ideal, mas como disse Maren, ele não está planejando matá-la. Ele está obcecado por ela. E ele acha que o filho dela é dele. Então, ele não vai fazer nada que possa colocar a ela ou ao bebê em risco a menos que se sinta ameaçado e decida levá-los com ele.

Steele franziu o cenho, as palavras evocando imagens que fizeram suas entranhas tão torcidas que ele mal podia respirar.

Desligar. Não importa quantas vezes ele dissesse a si mesmo para fazê-lo, não conseguia a façanha. Seu controle firmemente amarrado que nunca falhava com ele, a rédea curta que ele tinha sobre suas emoções em todos os momentos, estava desgastada e em seu ponto de ruptura.

— Então, nós enviaremos Maren apenas tempo suficiente para que ele faça essa chamada. Nós colocaremos aparelhos eletrônicos nela, ela pedirá para falar com os pais dela. Se mantivermos essa linha aberta por tempo suficiente, Donovan pode fazer a sua magia e rastrear para esse local. Nós dividiremos as equipes. Uma com Maren, outra pronta para sair no momento que tivermos um ponto objetivo onde os pais dela estão. No minuto em que a chamada terminar, vamos pegar Caldwell, e a outra equipe pega os filhos da puta que têm os pais dela.

— Tenho que dizer, não é uma má ideia, — disse Donovan.

— Eu não quero que ela fique entre as mãos dele nem mesmo por um minuto, — Steele falou duro.

— Não temos escolha, — disse Maren. — Tem que ser feito Steele. Eu confio em você. Confio em todos vocês. Você vai me proteger. Você não vai deixá-lo fugir comigo.

— E se ele não fizer a chamada até que ele esteja em movimento com Maren? — Skylar perguntou. — Há uma diferença de quinze minutos entre o momento em que ele diz que ela tem que se mostrar e quando ele tem que fazer essa chamada. Isso me diz que ele está preparado para exatamente o que estamos planejando, e ele vai fazer essa chamada em movimento.

— Então, o que temos que fazer é nos certificar de não perdermos o contato visual em qualquer ponto, e nos movermos quando ele se mover. Nós também plantaremos um dispositivo de rastreamento em Maren, estaremos preparados para o pior cenário se perdermos contato visual ou ele realmente ficar longe, — disse Sam. — Esse cara é doido. Ele é fanático. Ele não está pensando claramente. Isso é óbvio. Então, ele não pode ter coberto todas as bases. Seu único objetivo é conseguir Maren de volta. Ele está nos subestimando desde o início, quando Hancock primeiro o alertou sobre nós. Em sua mente, ele é intocável. Isso nos dá uma vantagem, porque mesmo que ele esteja nos esperando para fazer uma jogada, ele já está pensando que nos enganou e não vai esperar a magnitude do nosso poder e recursos.

— Se ele estiver em um local fixo e não estiver em movimento quando fizer essa chamada, eu quero Cole, PJ, Skylar e Joe em posição, e quando a chamada for feita, eu o quero eliminado, — disse Steele.

— E por que você está aqui de novo, Hancock? — Garrett falou lentamente. — A maneira que eu vejo você não está oferecendo muita coisa, a não ser que vá segurar pompons e nos aplaudir.

Hancock olhou friamente para Garrett.

— Caldwell é a minha missão e eu vou estar lá quando ele cair.

— Sim, sim, o fracasso não é uma opção, — Ethan disse com um rolar de olhos. — Nós ouvimos isso antes. Mas de onde estou, este é um gigante F em seu histórico, Hancock.

— Eu não dou a mínima para quem recebe o crédito por eliminá-lo, — Hancock rosnou. — Eu só quero que ele caia para que eu possa passar para Maksimov. — Ele esfregou o queixo machucado e, em seguida, o olho inchado. — Eu tenho uma nota pessoal a resolver com aquele idiota agora.

— Estou pensando que sua próxima avaliação de desempenho será ruim, — Dolphin falou lentamente.

Normalmente Steele deixaria todos irritarem Hancock. O desgraçado merecia por todo o sofrimento que ele causou no passado. Mas o foco deles estava à deriva e estavam rapidamente ficando sem tempo. Eles pousariam em uma hora e, em seguida, só teriam algumas horas de espaço para uma grande quantidade de território e, em seguida, Maren estaria com a escuta e aguardaria a chamada e esperava como o inferno que tivessem coberto a área onde ele queria o encontro.

— Parem com isso e vamos nos concentrar na maldita missão — Steele estalou.

A cabine ficou em silêncio. Maren esfregou as mãos cansadas sobre as têmporas, pressionando e massageando, a ansiedade estampada em seu rosto. Steele estava em uma situação sem saída. Se ele não fizesse nada e não permitisse que Maren seguisse com as instruções de Caldwell, seus pais iriam pagar o preço e Maren nunca o perdoaria por isso. Ela viveria com a culpa pelo resto de sua vida e seria torturada pelo fato de que ela poderia tê-los salvo.

Mas se ele a deixasse, se a colocasse na linha direta de perigo, ele corria o risco de perdê-la e isso não era algo que ele podia afligir-se sem ficar louco.

Ela agarrava seu telefone celular como uma tábua de salvação, e de vez em quando olhava para ele como se estivesse repetindo a última conversa mais e mais em sua mente. Ele queria confortá-la. Queria envolver-se em torno dela, uma barreira entre ela e o resto do mundo. Mas seu foco tinha que estar em uma maneira de evitar danos a ela e a seus pais.

Desembarcaram no pequeno aeroporto em St. Augustine, Flórida, e rapidamente se reuniram nos veículos que Sam providenciou. Donovan marcou todos os aeroportos dentro de um raio de cem quilômetros com fotos aéreas e estava estudando cada um, tentando determinar onde Caldwell faria sua fuga com Maren.

O problema era que havia simplesmente muitas possibilidades para cobrirem. Até Maren receber aquele telefonema, eles estavam voando às cegas.

Sam fez contato com as autoridades locais e o departamento de polícia do condado e fez Resnick pavimentar o caminho para cooperação. Resnick queria Caldwell quase tanto quanto a KGI e estava ansioso para facilitar sua captura.

— Tendo em conta os parâmetros de tempo que ele deu a Maren, a melhor aposta é Flagler County ou Craig Municipal se ele está planejando voar para fora daqui — disse Donovan. — Eu verifiquei em todas as pistas de pouso privadas e há uma possibilidade. É rural. Só acomoda Cessnas, não jatos. Não é grande o suficiente. Minha aposta é nele. Os outros dois são muito públicos mesmo que sejam pequenos.

— Quão longe? — Steele perguntou.

— Trinta minutos e isso é em velocidade alta.

Steele assentiu com a cabeça e, em seguida, virou-se para Maren, reunindo-a em seus braços.

— Segure firme, Maren. Nós vamos passar por isso.

Ela abraçou-o, agarrando-se desesperadamente a ele.

— Espero que você esteja certo, Steele.

A espera era interminável. Todo mundo estava no limite. Sem descansos. Maren olhava para o relógio a cada poucos minutos, e quanto mais perto chegava à marca das onze horas, mais pálida ela ficava e se tornava mais agitada.

Quando o telefone tocou, ela pulou, olhando para o aparelho, o medo gritante descrito em suas feições. A conversa cessou e todos os olhos estavam unicamente em Maren enquanto ela, trêmula, trazia o telefone para a orelha.

— Olá — disse ela.

Steele estava orgulhoso do tom firme que ela usou. Ele sabia que ela estava aterrorizada, mas ela soou nítida e eficiente no telefone.

Ela ouviu por um longo momento e então disse:

— Não me ferre com isso, Tristan. Juro por Deus, se você não cumprir sua parte no acordo, eu vou matar você em seu sono.

Steele fez uma careta, não querendo que ela antagonizasse Caldwell. Mas, ao mesmo tempo, sentiu uma onda de orgulho por sua coragem.

Ela calmamente abaixou o telefone, deixou-o pendurado em sua mão enquanto encarava os outros.

— Ele me quer no aeroporto em uma hora. Quinze minutos depois de eu me render, ele vai fazer a chamada para libertar os meus pais.

— Qual aeroporto? — Donovan perguntou gentilmente.

— Ele me deu o endereço. Não deu um nome.

Donovan digitou no GPS enquanto ela recitava as informações, e ele concordou.

— Sim, justo como eu pensei. Ele optou por um aeródromo privado, o que eu disse que não poderia suportar um jato. Então ele está planejando voar em um Cessna.

— Vamos sair, — disse Sam. — Podemos deixar Maren em um veículo a alguns quilômetros de distância para o resto de nós poder se mover para a posição. Quando chegar a hora, e não um minuto antes disso, Maren, dirija para o aeroporto, mas não se apresse.

— Eu levo Maren — Steele disse calmamente. — Eu vou subir com um de vocês quando chegarmos ao ponto de nos separarmos.

Steele a tomou em seus braços novamente, segurando-a sem palavras enquanto os outros começavam a subir nos veículos. Ele pressionou um beijo no topo de sua cabeça e, em seguida, fez um gesto em direção ao banco do passageiro do SUV antes de dar a volta para deslizar no assento do motorista.

 

Eles pararam a vários quilômetros do aeroporto e as equipes saíram, esvaziando o veículo que levaria Maren e se reunindo para examinar o plano de ação.

Steele ficou para trás com Maren, tranquilo e intenso, com o olhar focado nela. Ficaram em silêncio, sem palavras passando entre eles enquanto ele gentilmente enfiava o pequeno transmissor no cabelo dela, escondendo-o com a trança. Quando terminou, a virou em seus braços e colocou-os livremente em torno dos quadris dela.

Pressionou a testa na dela e por um longo momento fechou os olhos, respirando enquanto compartilhavam o momento de ternura.

— Eu te amo — ele disse, finalmente quebrando o silêncio. — Cada instinto me diz para não fazer isso. Não deixá-la caminhar para esta situação, mesmo que eu entenda a escolha impossível que você enfrenta.

— Eu também te amo, — ela sussurrou.

Ela se inclinou para trás para que pudesse ver melhor em seus olhos e apoiou as palmas das mãos contra o peito duro.

— Steele, se as coisas derem errado, quero dizer, se o pior acontecer e ele fugir...

Ele silenciou-a com um dedo, os olhos atormentados com o que ela havia dito.

— Não, deixe-me terminar, — ela disse com a voz rouca. — Se o pior acontecer saiba que eu te amo e que eu nunca vou perder a esperança de você me resgatar. Eu vou proteger nosso filho com a minha vida e nunca vou desistir da esperança de estarmos juntos e criarmos o nosso bebê juntos.

Ele esfregou a mão sobre o rosto dela, deslizando-a por baixo do queixo para envolvê-lo enquanto olhava para ela.

— Agora me escute. Eu vou fazer tudo ao meu alcance para me certificar de você não ficar mais do que o tempo necessário com ele para ele fazer essa chamada para libertar seus pais. Faremos tudo que pudermos para proteger você e seus pais e eu preciso que você acredite e confie nisso. Mas, além disso, e isto é importante, Maren. Eu preciso que você me ouça sobre isso. Se algo der errado, se por qualquer motivo ele fugir com você, faça o que for necessário para sobreviver. Você entendeu?

Ela prendeu a respiração pelo aumento rápido de lágrimas que ardiam nos olhos.

— Eu nunca vou parar de procurar por você, Maren. Se aquele bastardo fugir com você, apesar de nossos melhores esforços, eu nunca vou desistir, e preciso que você faça o que for preciso para sobreviver. Eu nunca vou pensar mal de você por fazer o que tiver que fazer a fim de proteger a si mesma e nosso filho. Não o irrite. Não o antagonize. Coopere plenamente e espere por mim, porque eu irei. Eu nunca vou descansar até que você esteja de volta comigo onde você pertence.

Ela inclinou a cabeça contra seu pescoço para o queixo descansar em cima da cabeça dele e colocou os braços em volta dele, apertando firmemente enquanto continha a emoção brotando em sua garganta.

Ambos sabiam o que ele queria dizer. Se fracassassem, ele queria que ela desse a Caldwell o que ele queria se isso significasse sobreviver e não ser prejudicada. Havia tortura em seus olhos quando ele disse a ela enfaticamente para fazer o que fosse preciso para sobreviver. Mas também havia determinação, e ela sabia que ele quis dizer cada palavra. Ele nunca descansaria até que a encontrasse. Se isso custasse o resto de sua vida, ele a resgataria. E ele estava pedindo-lhe para não desistir.

— É hora, — Sam disse rispidamente a alguns metros de distância. — Os outros estão em posição. Há um avião na pista com um piloto dentro. Temos atiradores cercando a área e estamos prontos para agir a qualquer momento. Maren, querida, eu preciso de você para retardá-lo. Quando chegar lá, preciso que você distraia Caldwell. Nathan vai tirar o piloto e pilotar o avião. Mas é preciso dar-lhe tempo para entrar e fazer o seu trabalho sem Caldwell perceber. Então, o que você tiver que fazer, faça. Nathan vai passar por todos os movimentos, mas assim que Caldwell fizer a chamada, ele vai pousar o avião. Se tivermos sorte, ele vai fazer a chamada antes de estarem no ar. Mas se não, só saiba que você não estará sozinha. Nathan vai estar lá dentro.

— Ele não vai notar uma diferença no piloto? — Maren perguntou ceticamente.

— Bem, é aí que você entra. Precisamos do foco dele em você. O piloto tem uma cor de cabelo semelhante a de Nathan. Se Nathan puder entrar, colocar os fones de ouvido e óculos de sol, a cabine de comando tem apenas uma abertura estreita, de modo que a não ser que Caldwell vá verificar o piloto, pensamos que vai funcionar. Se ele estiver mais preocupado com você e você ficar a bordo, ele provavelmente não vai prestar muita atenção no piloto, de qualquer maneira.

Maren respirou fundo e, em seguida, virou-se para os braços de Steele, abraçando-o com força enquanto tentava reunir a compostura para o que estava por vir.

— Eu posso fazer isso, — ela sussurrou.

O abraço de Steele apertou ao redor dela e ele deu um beijo em seu cabelo, um pouco acima da orelha.

— Aposte nisso, você pode. Você é dura, Maren. E nós a protegeremos. Agora vamos chutar alguns traseiros e conseguir os seus pais de volta.

Steele andou com Sam e Hancock depois de instruírem Maren para fazer isso lenta e calmamente. Ela ainda tinha tempo e tudo o que queriam era estar na posição antes que ela chegasse ao local. Os nervos de Steele estavam crus e expostos. Ele nunca se sentiu tão vulnerável em sua vida. Maren levava uma grande parte dele com ela, e o consumia que ele não tinha nenhuma maneira de saber se ocorreria conforme o planejado.

Ele não conseguia aceitar que poderia perdê-la. Ou que ela estaria à mercê de Caldwell quando ele sabia muito bem o que Caldwell pretendia. Ele queria o que era de Steele. Estava reclamando o que era de Steele como dele. De jeito nenhum Steele aceitaria esse tipo de ameaça de ninguém.

Sam entrou em uma área arborizada e eles saíram, correndo pela floresta até chegar à beira da clareira, onde o aeroporto estava aninhado.

É verdade que era pequeno. Um, talvez dois aviões pudessem ser guardados aqui. Pequenos aviões.

E como Sam tinha dito, havia um Cessna menor na pista, motor funcionando, e a vários metros de distância, um SUV preto com vidros escuros estava estacionado.

— Alguém tem uma visão de dentro do veículo? — Perguntou Steele no rádio.

— Eu tenho uma visão através do para-brisa dianteiro, — Skylar relatou. — Um homem no assento do motorista. Nenhum passageiro na frente.

— Tenho uma atrás, — PJ transmitiu — Provavelmente Caldwell. Eu já verifiquei o perímetro e não consigo encontrar outra coisa. Ou ele é muito bom ou é muito estúpido.

Steele olhou para o Cessna à vista. Isso não combinava. Caldwell pode ter ficado louco, mas ele não podia ser tão estúpido. Alguma coisa estava errada aqui e seu instinto estava gritando para ele.

— Estou entrando.

A voz suave de Maren veio ao longo do fio. Havia um tremor evidente. Ele desejou, inferno, que fossem capazes de dar-lhe um fone de ouvido para que ela pudesse ouvi-los como a ouviam. Assim, poderiam dar instruções a ela. Suporte. Mesmo que apenas avisá-la que ela não estava sozinha.

Os próximos minutos foram os mais longos da vida de Steele, e de repente o SUV que Maren estava dirigindo apareceu. Ela dirigiu-se para o outro veículo, mas não conseguiu sair. Menina esperta. Ganhava-lhes algum tempo. Não se coloque em risco antes que você perceba a situação.

A porta do SUV preto se abriu e um homem saiu. Ele caminhou até a porta de Maren e abriu-a, estendendo a mão em um gesto galante que fez Steele mostrar os dentes.

E então vieram as vozes sobre o fio. Caldwell cumprimentou Maren como um amante de longa data separado. Ele se inclinou para beijá-la, e Maren não recuou. Mas Steele recuou. Ele odiava o homem tocá-la. Sua boca onde a de Steele estivera apenas alguns minutos mais cedo.

E então Maren cambaleou e estendeu a mão para apoiar-se contra o capô do SUV. Por um momento, o coração de Steele deu uma guinada, mas depois se lembrou de que ela estava apenas fazendo o que disseram a ela.

Caldwell inclinou-se sobre ela, esfregando a mão para cima e para baixo nas costas dela. Ele murmurou palavras suaves que irritavam cada nervo de Steele. Steele forçou sua atenção para longe de Maren e Caldwell tempo suficiente para ver Nathan entrar do outro lado do Cessna. Ele estava acompanhado de Edge e um momento depois, Edge correu o dobro do tempo do outro lado da pista, o piloto sobre um ombro. Ele desapareceu, toda a troca levou apenas alguns minutos.

Ele rapidamente ajustou de volta para o que estava acontecendo com Maren e Caldwell.

— Faça a chamada, — Maren disse com a voz trêmula. — Você prometeu. Eu vim. Agora faça a chamada. Eu quero falar com eles quando você ligar. Eu quero ter certeza de que estão seguros.

Steele olhou para Caldwell, sua inquietação crescendo a cada minuto. Sua testa franzida em concentração porque algo o estava incomodando. Mas ele não conseguia identificar.

Caldwell olhou várias vezes na direção do hangar fechado, mas nenhuma vez olhou para o avião a espera.

— Aqui está o acordo, — Caldwell disse em uma voz calma. — Eu ligo e sua mãe vai ser libertada. Uma vez que estivermos no ar e atingirmos o nosso destino, vou fazer outra chamada e seu pai estará livre.

— Esse não era o acordo!

— Estou segurando as cartas, Maren. Estou disposto a fazer um gesto de boa vontade para mostrar que você pode confiar em mim. Eu vou fazer a chamada agora. Sua mãe vai ser posta em liberdade com uma escolta. Ela vai ser instruída a não falar com ninguém ou seu pai será morto. O resto é com você.

Ele pegou o braço de Maren enquanto pegava o telefone. E ele ainda não tinha olhado na direção do avião. Ele estava virado em direção ao hangar.

— O avião é um desvio, — disse Steele em seu microfone. — Ele está cobrindo-se no caso de ser uma armadilha.

Enquanto falava, o teto do hangar começou a retrair, deslizando em uma abertura enorme.

— Porra, ele tem um helicóptero lá dentro, — disse Cole. — E não tenho tiro certeiro. Não estou alto o suficiente. Nós não podemos tirá-lo agora de qualquer maneira, até ele fazer o segundo telefonema.

— Eu estou trabalhando em um bloqueio de sinal, — disse Donovan. — Se eu puder localizar a chamada, não será necessário o segundo telefonema. Vamos lá, vamos lá, — ele murmurou. — Fale comigo, baby. Dê-me o que eu preciso.

Era óbvio que Donovan era doce falando com seus eletrônicos, e não com muito sucesso. A frustração era evidente em sua voz.

Caldwell passou o telefone para Maren e, em seguida, começou a guiá-la em direção ao hangar. O motor do helicóptero rugiu para a vida e os rotores começaram a girar.

— Jesus Cristo, se houver alguma coisa solta, sujeira dentro do maldito hangar, ferramentas, qualquer coisa, podem decapitá-la com a força dos ventos das lâminas, — disse Joe. — Caldwell é uma merda estúpida!

— Eu consegui! — Gritou Donovan. — Eu tenho a posição. Estou chamando-o agora.

— Foda-se isso. Vou entrar — disse Steele. De jeito nenhum ele ia sentar lá enquanto Caldwell levava Maren para longe dele.

— Ainda há um cara no SUV, — Garrett avisou. — Alguém tem uma mira sobre ele?

— Apanhei-o, — Skylar disse.

Um momento depois, o vidro quebrava no para-brisa, mas Steele já estava correndo o mais rápido que podia em direção ao hangar, determinado a fazê-lo antes de ele decolar. Para sua surpresa, Hancock estava em seus calcanhares.

A bala atingiu o chão, aos pés de Steele, atirando pedaços de concreto.

— Atirador, abaixe-se! — Joe rugiu. — Veio da sua esquerda. Alguém chegue nele rapidamente.

Houve um tiroteio enquanto o resto da KGI fornecia cobertura para Steele e Hancock fugirem em direção ao hangar. Eles estouraram pela mesma porta que Caldwell levou Maren enquanto o helicóptero levantava e se levantou para cima através da abertura escancarada no telhado.

— Não atirem, — berrou Steele. — Maren está naquele helicóptero. Não tentem derrubá-lo!

Ele pulou para o trilho de pouso, mal conseguindo enrolar os dedos em torno dele, enquanto o helicóptero subia mais. Hancock lançou-se sobre o outro lado e o helicóptero subiu acima do teto, os dois homens pendurados precariamente nos trilhos.

Logo que o helicóptero passou o telhado, ele ampliou para frente e o chão girava vertiginosamente abaixo. Steele balançou as pernas para cima e, em seguida, puxou-se o resto do caminho para ficar de pé no trilho. Assim que sua cabeça alcançou a abertura, viu Caldwell apontando uma arma diretamente para ele.

Antes que ele pudesse tomar uma ação evasiva, Maren lançou-se em Caldwell, agarrando-lhe o pulso, em um esforço para impedi-lo de atirar em Steele.

— Não! — Steele rugiu. Porra, ele não queria que ela fosse atingida.

Maren lutava com Caldwell e viravam-se, cada um lutando pelo controle. Um tiro soou e ele e Hancock se abaixaram. O helicóptero inclinou precariamente, e foi então que Steele viu que a bala quebrou o painel de controle e o piloto estava caído para frente.

Porra!

Steele impulsionou-se para cima e para dentro do helicóptero, assim que Caldwell balançou Maren para ela soltar seu pulso.

— Desista, Caldwell. Seu piloto está morto. Você não vai a lugar algum e se quer viver, abaixe a maldita arma para que possamos pousar essa porcaria.

Ele gritou as palavras para Caldwell ouvir, mas Caldwell estava, obviamente, além da razão. Ele balançava o braço freneticamente na direção de Maren.

— Se eu não posso tê-la, você também não terá. Vamos todos morrer — Caldwell gritou.

Steele se jogou em Caldwell, desesperado para desviar o tiro, mas era tarde demais. Um tiro soou tão logo Steele colidiu com Caldwell. Mas o medo por Maren tinha prioridade. Ele balançou Caldwell e o soltou e olhou freneticamente na direção de Maren só para vê-la de pé, pálida como um fantasma, a mão cobrindo a boca enquanto olhava para baixo horrorizada.

Hancock estava caído no chão, o sangue se espalhando rapidamente sobre o peito. Puta merda. Hancock tinha se jogado entre Maren e Caldwell e tomou a bala destinada a ela.

A dor explodiu na cabeça de Steele e ele cambaleou para o lado. Caldwell estava enfurecido e ele ficou em silhueta contra as portas abertas do helicóptero, arma apontada para Steele, que estava caído no chão.

— Eu ganhei, — disse Caldwell.

Em um borrão de movimento, Maren voou em Caldwell, empurrando-o para fora da abertura e para o espaço vazio. Steele assistiu com horror quando ela colidiu com ele e depois foi caindo com ele quando a mão dele se agitou e agarrou o braço dela.

— Não! — Steele rugiu.

Ele pulou para o lado, raiva e tristeza esfaqueando através de seu coração. Enfiou a cabeça para o lado para ver Caldwell mergulhando para a terra abaixo. Mas não viu Maren. Ele balançou a cabeça, enquanto as lágrimas queimavam, ofuscando sua visão. Em seguida, ele a ouviu.

— Steele!

Era um grito agudo que o sacudiu de seu choque dormente. Olhou para baixo e a viu pendurada no trilho, as mãos enroladas apertadas em torno dele. Suas pernas balançavam e giravam enquanto o helicóptero girava e caía de forma irregular.

Ele não tinha tempo para processar seu alívio enorme por ela não ter caído para a morte. Ela estava mal pendurada e, se ele não chegasse a ela em questão de segundos, ela iria cair.

— Segure-se! — Gritou ele. — Espere um pouco, caramba. Não se atreva a soltar, Maren. Você pode me ouvir? Não solte!

Ele avançou o seu caminho ao longo da borda, enganchando o pé debaixo do assento para se apoiar e não cair. Ele se esforçou para baixo, com a mão estendendo até onde conseguia ir.

Droga. Ele precisava de mais alguns centímetros, mas se afrouxasse a posição, ele iria com ela e os dois morreriam.

— Maren, me escute. Na contagem de três, solte a mão direita e alcance a minha. Seja rápida e não solte a outra mão. Você pode fazer isso? Você tem que me alcançar. Dê-me sua mão. Eu juro que não vou soltar você.

Ela assentiu, embora terror brilhasse em seus olhos. Eu te amo, ela murmurou.

Oh porra não. Não haveria despedidas. Nenhum Eu te amo antes de morrer. Ele não iria deixá-la morrer.

Ele se esforçou para baixo, tanto quanto pôde, esticando a mão e cada músculo em seu corpo.

— Um, dois, três!

Ela deu uma guinada para cima, com a mão procurando a dele. Seus dedos não conseguiram envolver em torno dele, mas ele pegou o pulso dela, agarrando-a com tanta força que era um milagre não ter quebrado. Mas não havia nenhuma maneira no inferno de ele soltá-la.

— Agora me dê sua outra mão, Maren. Estenda a mão e me dê. Eu tenho que ser capaz de puxá-la para cima. Se eu conseguir puxar o suficiente para que você possa colocar os pés no trilho inferior, você pode levantar-se e rastejar para dentro.

Ela assentiu com a cabeça e, em seguida, soltou o trilho. O helicóptero deu um soco louco, girando rapidamente como um bêbado. Ela se debateu e girou para fora e, em seguida, bateu contra o trilho com seu corpo.

Ele sabia que estava esmagando os ossos em seu pulso, mas seu aperto era a única coisa entre a vida e a morte dela.

Depois de suas mãos baterem várias vezes, ele finalmente conseguiu agarrar os dedos dela e, em seguida, trabalhou a mão para baixo para que ele agora tivesse os dois pulsos em suas mãos.

Ele puxou para cima, usando toda a sua força para puxá-la tão alto quanto podia para que ela pudesse ganhar uma posição no trilho. Seu pé começou a deslizar de onde ele tinha enfiado debaixo do assento.

Porra!

Ele avançou para baixo e sabia que tinha que soltá-la ou os dois iriam cair para a morte. Ele trancou olhares com ela, sua expressão feroz. De jeito nenhum iria deixá-la morrer sozinha. Se caíssem, ele a abraçaria durante todo o caminho e ela saberia que ele a amava com seu último suspiro. Eles podiam até ter sorte e se ela caísse em cima dele, poderia haver uma pequena chance de ela não ser morta com o impacto.

Justo quando ele estava chegando a um acordo com o fato de que os dois iriam morrer, mãos circularam seus tornozelos e começaram a arrastá-lo para trás. Os olhos de Maren arregalaram, passando da resignação e aceitação à esperança.

Steele renovou seus esforços, puxando Maren para cima com toda a sua força. A situação era agravada pelo fato de que o helicóptero estava girando fora de controle e Maren era agitada pelo vento. Ele estava tomando cada pedacinho de sua força, coragem e determinação para não soltá-la. Estava com todo o corpo dentro do helicóptero com apenas os braços estendidos abaixo segurando os pulsos de Maren quando Hancock se inclinou sobre ele, deitando sobre as costas de Steele enquanto chegava para agarrar os pulsos de Maren logo abaixo de onde Steele os segurava.

Juntos, eles a puxaram para cima e para dentro do helicóptero e Hancock prontamente rolou longe, manchas de sangue por todo o peito. Ele estava pálido como a morte, e ajudar Steele minou sua força remanescente.

— Piloto — Hancock disse ofegante. — Nenhum piloto. Caindo. Os controles atingidos por um tiro.

Steele se arrastou para cima e, em seguida, arrastou Maren de pé. Não havia tempo para alívio ou alegria. Eles não estavam fora de perigo ainda.

— Coloque o cinto e segure firme, — Steele falou rápido. — Eu vou tentar nos pousar o melhor que posso, mas não vai ser tranquilo e vai ser um inferno de um pouso acidentado.

 

Tão logo Steele dirigiu-se para a cabine, Maren inclinou-se sobre o corpo de Hancock e começou a puxá-lo para o banco. Custou cada pedacinho de sua força, mas ela estava ligada na adrenalina e no momento poderia mover uma maldita montanha.

As pálpebras de Hancock se agitaram e ele olhou para ela em confusão quando ela começou a sustentá-lo para que pudesse rolá-lo para o banco.

— Que diabos você está fazendo? Você está louca? Coloque o cinto de segurança. Agora! — Ele gritou.

Só que saiu tão fraco que era mais um ganido do que um grito. Onde antes ele poderia ter soado como um pastor alemão, ele agora parecia um Chihuahua. Deus, ela estava ficando histérica porque estava realmente pensando que tipo de cão ele soava agora.

Steele estava na cabine após arrastar o cadáver do piloto no chão. Ele estava xingando uma faixa azul e Maren sabia que não era bom. Nem um pouco.

— Estou colocando o cinto em você. Nós vamos bater, — ela disse calmamente. Ficou maravilhada com a forma como ela parecia indiferente. Como se tivesse acabado de dizer que eles estavam participando do chá em algum palácio. Sim, ela estava ficando louca.

— Puta que pariu, mulher, eu levei uma bala por você. Eu vou ficar chateado se você se matar tentando colocar o cinto em mim. Agora traga seu traseiro no seu lugar e coloque a cabeça para baixo e a cubra com as mãos. Entendeu?

Ela o ignorou e empurrou e puxou até que o tinha o suficiente no banco para fixar o cinto de segurança ao seu redor. Então ela se empurrou ao lado dele e colocou o cinto. Antes que ela pudesse pensar no que fazer em seguida, Hancock a empurrou para baixo e cobriu o corpo dela com o dele.

Ela podia sentir o calor do sangue contra sua pele. Podia sentir o cheiro. A pulsação dele era fraca. Ela mal foi capaz de detectá-la quando brevemente o examinou quando estava arrastando-o do chão. Como ele conseguiu sequer falar estava além dela, mas o homem já provou ser um pouco super-humano. Ele e Steele foram evidentemente cortados do mesmo pano.

— Caindo! — Steele gritou da frente.

O resto foi um borrão. Ela quase esperava um daqueles momentos fora do corpo, onde tudo desacelerava e sua vida passava diante de seus olhos em quadros episódicos. Mas tudo o que foi registrado era vidro quebrando, um barulho de ossos quebrando e o rangido e guincho de metais se despedaçando. E então o mundo inclinou para o lado e ela estava batendo contra a lateral do helicóptero, Hancock ainda estendido sobre ela.

E depois o silêncio.

Terrível, silêncio esmagador. Ela tentou se mover, mas estava presa sob o corpo de Hancock e algo estava prendendo-o em cima dela. Ela tentou alcançar para sentir sua pulsação, mas não conseguiu. Ela não tinha ideia se ele estava vivo ou morto, e a ideia de estar presa debaixo de um homem morto a assustou muito.

O que era estúpido, dado que estava viva e que deveria ser grata por isso. Mentalmente passou sobre cada parte de seu corpo, tentando verificar seu nível de lesões. E o bebê. Oh Deus, o seu bebê. Pânico a encheu e ela fechou os olhos, rezando a cada respiração que nada iria acontecer com seu filho, como resultado do acidente.

Steele. Seus sentidos estavam finalmente voltando para ela, e, agora, na esteira da preocupação com seu filho veio o entendimento que Steele poderia estar morto ou muito gravemente ferido.

— Steele.

Ela tentou gritar, mas saiu como um resmungo baixo, a voz embargada. Dor lanceava através de seus ombros e ela ficou intrigada com isso. Ela não se sentia ferida. Ela não sentia nada.

Choque.

Ela estava em estado de choque e assim que ele passasse, ela iria sentir cada um dos seus ferimentos, mesmo que não soubesse a extensão ou até mesmo quais eram. Choque podia ser mortal, mas ela estava pensando um pouco racionalmente. Estava histérica até para si mesma, mas estava justo num acidente de helicóptero, pelo amor de Deus. Ela merecia um pouco de folga para isso.

— Steele! — Ela disse em voz alta, e foi então que percebeu o gosto de sangue e suas palavras foram arrastadas.

Ela fechou os olhos e concentrou-se em acalmar a respiração e controlar sua frequência cardíaca. Ela precisava se acalmar. E esperar, inferno, que alguém os resgatasse rapidamente.

 

Steele voltou à consciência com um ruído terrível nos ouvidos. Sua cabeça doía pra cacete e ele estava entorpecido em qualquer outro lugar. Tentou sacudir as teias enevoando sua mente e enquanto a visão clareava, viu vidro, sangue e metal amassado, e ele estava inclinado para a esquerda olhando para o lado direito do helicóptero.

Estava deitado de lado e estava preso pelo teto quebrado do helicóptero. Mas ele estava vivo. E na esteira da revelação veio desespero e pânico.

Maren.

Ela estava na parte de trás. Ele não tinha nenhuma maneira de chegar a ela. Nenhuma maneira de mover-se. Ele podia mover seu braço direito, mas o esquerdo estava preso contra a lateral do helicóptero e suas pernas estavam presas pelo painel de controle.

Ele tentou acalmar o pânico rugindo que o agarrou. Precisava pensar direito. Tinha que descobrir uma maneira de sair dessa bagunça e encontrar Maren. Ela podia estar gravemente ferida. Ele precisava levá-la a um hospital. Hancock havia sido baleado e já estava parecendo ruim. Era duvidoso que ele sequer sobrevivesse ao acidente. Ele não considerava que Maren estivesse morta. Não podia pensar isso ou ficaria louco.

As equipes estavam lá. Eles tinham que ter visto o helicóptero cair. Eles estariam aqui em breve. Apenas alguns minutos se passaram, não foi? Ele perdeu a consciência e não tinha ideia da passagem do tempo, mas se os outros estavam perto não muito tempo poderia ter se passado ou já estariam em cena.

— Maren, — ele chamou, a voz rouca e fibrosa. — Maren, você pode me ouvir? Fale comigo, por favor. Avise-me que você está aí atrás.

Houve um longo silêncio e, a cada segundo que passava, a escuridão enchia sua alma.

— Steele?

Oh Deus. O alívio foi esmagador. Ele estava fraco, exausto e fechando os olhos. Era fraco, quase inaudível, e ainda assim seu nome era a coisa mais doce que ele já ouviu.

— Sim, querida, sou eu. Você está bem? Não se mova, okay? A ajuda está a caminho. Eles estarão aqui a qualquer minuto. Qualquer ideia de quão ruim seus ferimentos são?

— Eu não sei, — ela disse fracamente. — Não posso me mover. Hancock está em cima de mim e estou presa entre ele e a lateral do helicóptero. Eu realmente não posso sentir nada. Eu sei que estou em estado de choque. Senti um pouco de dor no meu ombro quando tentei me mexer, mas nada mais.

— Fique parada — Steele, disse, a preocupação tomando-o. — Não se mexa de jeito nenhum. Não queremos correr o risco de você se machucar ainda mais. Espere, Maren. Por favor, baby. Por mim.

— E quanto a você? — Ela perguntou lentamente, cada palavra aparentemente difícil de sair. Preocupava-o que ela parecia tão fraca. Mas se ele pudesse mantê-la falando, então poderia distraí-la de todo o resto. E ele a manteria com ele. Ele não queria que ela caísse no sono. E se ela tivesse um ferimento na cabeça? E se ela perdesse a consciência e nunca mais a recuperasse?

— Eu acho que estou bem, — disse ele, sem saber se era uma mentira, mas de jeito nenhum iria dar a ela qualquer razão para se preocupar. Ele queria que ela focasse em si mesma. — Preso como você, mas não estou com nenhuma dor. Só não posso me mover. Estaremos livres em breve.

— Eu não sei se Hancock está vivo, — ela ofegou. — Seu sangue está todo sobre mim. Eu posso sentir o cheiro. Posso provar. Não consigo alcançar para sentir a pulsação, mas ele me cobriu, tentando me proteger quando caímos.

— Graças a Deus — Steele sussurrou. Não importa a história que a KGI tinha com Hancock, apesar de sua antipatia pelo homem, ele tomou uma bala destinada a Maren e agora protegeu-a com seu próprio corpo. Por duas vezes ele salvou a vida dela, arriscando a própria no processo. Era uma dívida que Steele nunca poderia esperar pagar.

— Steele! Steele!

Steele ouviu um grito perto do helicóptero e alívio o inundou. Sam estava gritando no topo de seus pulmões, e se Sam estava aqui, o resto da KGI estava também.

— Estou aqui — Steele chamou. — Preso. Não posso me mover. Maren está viva, mas ela está presa entre Hancock e a lateral do helicóptero. Hancock está em má forma. Ele levou um tiro por Maren e então a cobriu com seu corpo quando caímos. Eu nem sei se ele ainda está respirando. Precisamos de ajuda imediatamente.

— Eu chamei todos os malditos recursos disponíveis, — disse Sam. — Vamos tirá-lo para fora, cara, fique comigo, okay? Não se atreva a morrer perto de mim.

— Isso é uma ordem que de bom grado vou seguir, — Steele disse secamente.

O helicóptero balançou e metal rangeu.

— Tenha cuidado, — Steele latiu. — Tenha muito cuidado. Eu não quero Maren mais ferida e não temos ideia da extensão de seus ferimentos. Eu não a quero mais ferida por você tentar puxá-la para fora.

— Eu posso subir no topo, — Donovan chamou. — Se eu conseguir chegar a Hancock e Maren, colocarei um colar cervical em Maren e eu vou ver se Hancock está vivo. Se ele não estiver, então vamos tirá-lo para que possamos chegar a Maren. Aliás, uma lesão no pescoço é a menor das preocupações de Hancock se ele levou um tiro no peito. Há sangue por toda parte aqui. Vamos tirá-lo e depois vou ver Maren.

— Seja cuidadoso com ela, Donovan. Estou confiando em você com toda a minha vida — disse Steele, sua voz dolorida de emoção.

— Eu sei, cara — disse Donovan. — Eu sei. Você sabe que eu serei cuidadoso.

Steele fechou os olhos, dor inundando-o. Agora que sabia que Maren seria cuidada, ele relaxou e dor dividiu através de seu corpo até que ele queria gritar. Estava muito próximo de perder o controle. Dor. Medo avassalador por Maren. Desamparo. Nunca em sua vida ele esteve em uma situação onde estava absolutamente à mercê dos outros. Ele odiava estar preso, incapaz de se mover. Incapaz de chegar a Maren e tranquilizá-la, tocá-la e avisá-la que ele estava ali e não iria deixá-la.

— Hancock está vivo, — Donovan chamou. — Mas ele está em uma situação péssima. O tempo estimado de chegada de uma unidade de evacuação médica é de dez minutos. Ele está sangrando como um porco. Não sei dizer se o sangue em Maren é dele ou dela ou de ambos.

— E Maren? — Steele falou.

— Eu estou bem, Steele.

Sua voz suave como seda deslizou sobre seus ouvidos e ele fechou os olhos, inalando profundamente enquanto doce alívio amenizava um pouco a dor torturante em seu corpo.

— Tudo bem, querida, eu vou colocar um colar cervical em você e então vamos tentar erguer o metal em torno de suas pernas para que possamos tirá-la daqui. Eu preciso que você fique extremamente imóvel e relaxe o máximo que puder. Eu sei que é pedir muito, mas preciso que você fique calma e coopere, — Donovan disse com uma voz suave.

— Eu acho que é apenas meu ombro — Maren respondeu. — Dói. Não posso movê-lo. Mas estou preocupada com o bebê, Donovan. Você pode dizer se estou sangrando? Por favor, eu preciso saber.

O coração de Steele apertou e ele fechou os olhos enquanto sussurrava uma oração fervorosa. Ele nunca tinha orado tanto por algo em sua vida como orou para seu filho estar bem.

— Vou cortar suas calças, tudo bem? — Donovan perguntou em um tom reconfortante. — Sou só eu, Maren. Ninguém está olhando. Vou ver se você tem algum sangramento vaginal e então vou cobri-la com um cobertor e tirá-la daqui, okay?

— Tudo bem, — ela sussurrou de volta.

Parecia uma eternidade para Steele. Foi também extremamente silencioso. Nenhum som vinha de trás e cada segundo era uma tortura.

— Eu não vejo nenhum sangramento, Maren. Como você está se sentindo? Qualquer cólicas ou dor em seu abdômen?

Houve um longo silêncio, quase como se estivesse pesando suas palavras e fazendo um autoexame. Então, finalmente,

— Não, eu acho que não. É apenas meu ombro. Não consigo mover meu ombro esquerdo. Se eu tentar, a dor é insuportável.

— Okay, vamos tomar cuidado. Hancock já foi removido, e agora vamos focar em você. Isso pode doer, Maren. Mas vamos ser tão rápidos e tão suaves quanto possível.

— E Steele, — ela disse em uma voz instável. — Eu estou bem. É só o meu ombro. Você disse que eu não estava sangrando. A maior parte do sangue é de Hancock. Você precisa tirar Steele primeiro. Eu posso esperar.

— Não! — Berrou Steele. — Porra, Maren. Você precisa ir a um hospital para que você e o bebê possam ser examinados. Eu estou bem. Agora coopere com Donovan e saia para bem longe daqui.

— Homem impossível e teimoso, — Maren rosnou.

Donovan deu uma risadinha.

— Por mais que eu concorde com sua avaliação, ele está certo. Você é a prioridade aqui. Eles estão trabalhando em Hancock e vão fazer o que puder para salvá-lo. O helicóptero médico deve chegar a qualquer minuto para levá-lo embora. Mas você é a próxima. Steele pode esperar. O bastardo é teimoso demais para morrer mesmo, então você não precisa se preocupar com ele. De jeito nenhum ele vai deixar você e o bebê.

— Correto, — Steele falou seco. — Agora, pare a conversa e leve-a para fora do helicóptero e faça uma avaliação de seus ferimentos. Ela precisa ser tratada do choque e transportada para um hospital imediatamente.

— Eu sou o médico aqui, — Donovan disse secamente. — E Maren é uma doutora em Medicina. Eu acho que nós podemos lidar com isso sem que você assuma o comando. Você tem zero no caminho da formação médica.

Maren respirou fundo quando olhou para o caloroso encorajamento nos olhos de Donovan. Havia uma grande preocupação, sim, mas ela não viu medo ou dúvida. Ele estava à vontade, fazendo o melhor para manter a calma e evitar que Steele se perdesse completamente. Ela apreciava isso. Ela pegou a mão de Donovan e espremeu, surpresa com a pouca força que tinha.

Garrett se empurrou para dentro do espaço já abarrotado, e ele e Donovan colocaram toda a sua força e esforço para libertar Maren do metal amassado. Ela estremeceu, mas recusou-se a gritar, mordeu o lábio até que tirou sangue. Recusava-se a adicionar mais preocupação a Steele. Ele já estava ficando louco por não ser capaz de chegar até ela.

Todo o rosto de Garrett ficou vermelho, as veias dilatadas na testa e nos lábios e mandíbula apertando forte. Seus músculos incharam e tensionaram, e ele soltou um grito quando empurrou o metal resistente que estivera dobrado sobre as pernas dela.

Assim que havia o suficiente de lacuna, Donovan rudemente a puxou do banco, e desta vez ela não pôde deter o grito de dor enquanto agonia corria através de seu ombro e pescoço.

— Que porra é essa? — Steele se enfureceu.

Ela sugou em respirações firmadoras, piscando para afastar as lágrimas de dor. Seu peito arfava com o esforço enquanto tentava se controlar para que pudesse tranquilizar Steele.

— Estou bem, — ela suspirou.

Donovan parecia agoniado, cheio de lamento em seus olhos verdes.

— Deus, me desculpe, Maren. Eu tinha pressa. Garrett não ia ser capaz de segurar para sempre.

Ele levantou-a suavemente e arrastou-se desajeitadamente no chão do helicóptero para o lado virado para cima, onde Sam esperava. Donovan passou Maren para Sam, que a envolveu em seus braços.

Ethan embrulhou um cobertor firmemente ao redor dela, tomando cuidado para não bater em seu ombro, e Sam levou-a em direção a um veículo a espera.

— Steele, — ela protestou. — Você não pode simplesmente deixá-lo. Ele está machucado.

— Shhh, Maren. Nós não estamos deixando-o. Donovan, Garrett e Ethan estão trabalhando com a equipe de Steele para tirá-lo. É possível que vamos ter que esperar por uma equipe de resgate com as ferramentas certas para cortá-lo fora da cabine, mas eles vão estar com ele a cada passo do caminho.

— Eu preciso estar com ele, — sussurrou. — Eu não quero que ele pense que eu fui embora. Ele precisa de mim.

Sam a deslizou no banco do passageiro da caminhonete e enrolou o cobertor mais firmemente ao redor dela. O motor estava ligado e o calor estava indo a todo vapor, apesar da temperatura sufocante lá fora.

— O Serviço de Emergência Médica já transportou Hancock. Eles desembarcaram enquanto estávamos tirando-a do helicóptero. Você precisa estar no hospital, Maren, e Steele seria a primeira pessoa a dizer-lhe isso. Ele vai cooperar muito mais se souber que você está sendo cuidada. Então faça um favor a todos nós e nos deixe levá-la para o hospital para que você possa ser examinada.

Através de seus pensamentos confusos, culpa subiu. Ela ainda não tinha perguntado sobre seus pais. Temor fez nós na barriga e as palavras ficaram presas em sua garganta quando tentou perguntar o que mais temia.

Ela agarrou a manga de Sam, juntando o material em um punho.

— Meus pais, Sam. E a minha mãe e meu pai?

Ele tocou seu rosto e acariciou suavemente.

— Temos uma equipe a caminho. Donovan foi capaz de obter um bloqueio no local quando Caldwell fez a chamada. Eu vou avisar você o minuto em que ouvir algo. Agora, a coisa mais importante é levá-la ao hospital.

Ele prendeu o cinto de segurança ao redor dela e fez com que sua cabeça descansasse confortavelmente com o colar cervical em torno de seu pescoço. Então ele correu para o lado do motorista e entrou. Segundos depois, eles partiram e Maren olhava entorpecida pela janela a paisagem que passava.

Ela não podia absorver tudo. Caldwell estava morto. Ela matou um homem e não tinha um único arrependimento. Hancock estava às portas da morte depois de salvá-la. Duas vezes. Steele estava preso na cabine do helicóptero, depois de fazer o seu melhor para pousar com segurança. Mas eles estavam vivos.

Doce alívio sussurrava através de suas veias e ela fechou os olhos, de repente exausta além da medida. Ela não conseguia nem manter a cabeça para cima e deixou-a cair contra o encosto de cabeça.

Vagamente registrou um telefone tocando e Sam falando em voz baixa. Sentia-se sonolenta, ausente. Como se estivesse separada de seu corpo e estava apenas metade consciente do que estava acontecendo ao seu redor.

E ela estava com frio. Com tanto frio. Seus ossos eram como gelo e ela estava congelando de dentro para fora. Ela temia que nunca estaria quente novamente.

— Maren.

Suas pálpebras estavam pesadas. Muito pesadas para abrir e ela ignorou a pessoa chamando seu nome.

— Maren, querida, eu preciso que você acorde e fique comigo. Eu tenho uma boa notícia. Abra seus olhos, então eu saberei que você me entendeu.

Sonolenta, ela se forçou a abrir os olhos, o olhar dirigido à frente enquanto era incapaz de virar a cabeça na direção por causa do colar cervical.

Ele estendeu a mão e fechou sobre a dela. Foi um choque quente. Muito quente e reconfortante. Ela queria manter o aperto. Permitir que o seu calor escorresse em seu corpo.

— Seus pais estão bem, Maren. Nathan acabou de relatar. Sua mãe está bem e eles estão levando seu pai para o hospital. Eu vou levá-la lá para que você possa estar no mesmo lugar. Mas não se preocupe. Eles não sentem que é algo sério. É mais uma precaução do que qualquer coisa. Ele está machucado, mas está bem.

Lágrimas deslizaram por suas bochechas e pálpebras fechadas enquanto ela inspirava e expirava em respirações profundas e fortes.

— Graças a Deus, — sussurrou. — Oh Deus, Sam. Eu estava tão preocupada que eu nunca iria vê-los novamente. E agora isso acabou. Eles estão bem. Caldwell está morto. Isso realmente acabou.

— Acabou, — ele concordou. — Você nunca precisará se preocupar com ele de novo, Maren. Ele não é mais uma ameaça para ninguém.

Sua respiração passou erraticamente sobre seus lábios enquanto ela tentava manter o choro a margem.

— Sinto muito. Eu sou um desastre completo, — ela balbuciou.

Sam apertou a mão dela novamente.

— Querida, você foi sequestrada, baleada, caiu de um helicóptero, e depois uma queda do próprio helicóptero. Acho que você tem direito de estar um pouco agitada.

Ela riu com voz trêmula.

— Quando você coloca isso dessa forma, você marca um ponto.

— Vamos levá-la para o hospital para que eles possam examiná-la e certificar que você e o bebê estão bem, — disse Sam. — Steele não estará muito atrás. Eu prometo.

 

Steele sentou-se no quarto escuro do hospital de Maren, a cadeira puxada para a cama, enquanto a mãe dela estava dormindo no pequeno sofá na parede oposta. Ele se machucou como um filho da puta, mas recusou a medicação para a dor, porque não queria estar apagado quando Maren acordasse.

Ele teve várias costelas e três dedos quebrados, felizmente em sua mão esquerda e não era o dedo do gatilho à direita. Ele sofreu uma concussão e o médico queria interná-lo para observação, mas Steele recusou. Ele ficaria no hospital de qualquer jeito. Mas não havia nenhuma maneira no inferno de ele ser separado de Maren.

Depois que o remendaram na Sala de Emergência, amarraram suas costelas, enfaixaram seus três dedos em uma tala e deram-lhe uma lista de sintomas para ser cauteloso, ele fez um rápido trabalho de descobrir onde iriam colocar Maren e ficou lá desde então.

Ele conheceu a mãe de Maren, e era óbvio que a maçã não caía muito longe da árvore. Diana Scofield era inteligente, calorosa e amorosa e era óbvio que ela tinha um coração do tamanho do Alasca. Ela deu uma olhada em Steele e imediatamente envolveu-o em um abraço que rivalizava com qualquer outro que ele já recebeu.

Foi um momento agridoce, porque ele foi levado de volta para uma época em que sua mãe o abraçava. Aceitação dele por Diana foi imediata, e os dois passaram uma hora conversando sobre Maren, o bebê e quais eram as intenções de Steele.

Em seguida, Diana arrastou Steele ao quarto do marido no hospital e os apresentou. Matthew Scofield interrogou Steele impiedosamente sobre seus planos em relação a Maren e ao bebê. Somente quando Steele assegurou que ele iria seguir Maren até os confins da terra se era onde isso o levaria foi que Matthew relaxou. Ele foi recebido na família, com entusiasmo, e em seguida, Diana teve uma chamada interativa com o irmão de Maren.

Assim, pela terceira vez Steele se viu interrogado por um membro da família coruja. O irmão de Maren estava preocupado e pronto para sair a qualquer momento, mas Diana o assegurou que não havia necessidade. Diana marcou uma hora para Kevin ligar novamente para que ele pudesse falar com Maren quando ela despertasse.

Até o momento que Steele voltou ao quarto de Maren, acompanhado por Diana, ele estava exausto. Ele afundou em uma cadeira que colocou ao lado da cabeceira dela e baixou a cabeça entre as mãos. Ele entrava e saía de consciência, pensando em tudo que o médico disse sobre Maren.

Ela deslocou o ombro e ele o enfaixou e segurou no local após colocá-lo de volta no lugar. Foi uma experiência extremamente dolorosa para Maren, e seus gritos de dor ainda assombravam Steele. Mas uma vez que o ombro estava de volta no lugar, a dor diminuíra consideravelmente e ela flutuou em um sono induzido por drogas.

Eles deram a ela um coquetel de bem-estar, como a enfermeira brincalhona rotulou. Algo para relaxá-la e afastar a tensão e algo para a dor. Fosse o que fosse, funcionou. Muito bem. Maren estava completamente inconsciente por três horas e agora Steele estava ficando impaciente esperando ela despertar para que ele pudesse ver por si mesmo que ela estava bem.

Assim que ela acordasse, fariam um ultrassom para verificar como o bebê estava; e ele estava ansioso para ver seu filho pela primeira vez. Mas primeiro queria uma confirmação visual de que Maren estava bem. Queria que ela acordasse e, a primeira coisa que visse fosse ele ali sentado ao seu lado, sabendo que ele a amava.

Ele deslizou a mão em cima da cama e enrolou os dedos suavemente em torno de sua mão suave, querendo o contato físico mais para si mesmo do que para ela. Ele precisava ser tranquilizado. Nunca esteve tão assustado em sua vida como quando o helicóptero caiu, fora de controle, e ele estivera impotente para impedir. O pensamento de que ela poderia ter morrido no acidente era uma mancha escura em sua alma que ainda tinha que desaparecer.

Ele precisava que ela acordasse, para que pudesse dizer que a amava novamente. Queria dizer a ela que não precisava mais ter medo de ser levada por Caldwell. Não precisava temer que os dois morreriam em um acidente. Ele queria dar-lhe essas palavras quando não havia nada, apenas ele e ela e nada mais que a confirmação do fato de que ela era a sua vida.

Excitação subiu em suas veias quando os dedos apertaram ao redor dele. Imediatamente olhou para cima, procurando algum sinal de que ela estava despertando. Ela soltou um suspiro e virou a cabeça em sua direção e então... A mais bela visão do mundo. Seus cílios se agitaram lentamente e, em seguida, abriram, e ele olhou para os olhos azuis mais lindos que ele já viu.

Ela sorriu e ele ficou fraco, com alívio. Uma onda de emoção tomou conta dele e sentiu a picada de lágrimas ardentes traírem suas pálpebras. Piscou rapidamente, determinado a que ela não visse sua devastação. Ele queria apenas dar-lhe segurança. Seu amor. E o conhecimento que eles conseguiram. Eles estavam bem.

— Steele, — ela sussurrou.

Ele se inclinou para frente, incapaz de evitar se aproximar. Apertou os lábios em sua testa e deixou-os lá, fechando os olhos enquanto mentalmente fazia uma oração de agradecimento.

— Graças a Deus, você está bem, — ela disse, com a voz cada vez mais forte. — Eu estava tão preocupada. Oh Deus, Steele, você não pode imaginar o que eu pensei. Eles me levaram para longe de você, e eu não sabia se você estava bem ou quanto estava ferido.

— Estou bem, — disse ele bruscamente. — Nada que alguns dias com uma certa médica para cuidar de mim não vão curar.

Quando ele se afastou, ela sorriu, alegria e alívio brilhando como estrelas em seus olhos. E então o brilho diminuiu e sua mão baixou automaticamente para a barriga.

— O bebê? — Perguntou, ansiosa.

— Até aí tudo bem, — disse ele, ansioso para aliviar seus temores. — Eles disseram que assim que você acordasse fariam um ultrassom. O que você acha? Pronta para encontrar nosso filho pela primeira vez?

O rosto dela se iluminou, seu sorriso suplantava o sol.

— Oh, sim, eu adoraria isso mais do que qualquer coisa.

— Sua mãe está aqui. Ela está dormindo no sofá do quarto.

Ansiedade substituiu a alegria radiante e sua expressão esmaeceu.

— Meu pai? Como está o meu pai? Sam disse que libertaram os meus pais, mas ele não sabia de mais nada. Só que eles estavam levando-o para o hospital.

— Ele está bem — tranquilizou Steele. — Só um pouco machucado, mas já está fazendo barulho querendo dar o fora do hospital, e ele quer ver a filha.

Alívio brilhou mais uma vez em seu olhar e ela caiu contra os travesseiros.

— Acabou — disse ela suavemente.

Ele a beijou novamente e, em seguida, capturou sua mão mais uma vez, apertando.

— Sim, acabou.

— Hancock? — Ela perguntou com medo.

— Ele está em cirurgia. Foi crítico. Ele perdeu muito sangue. Pegou um pulmão, mas errou o coração. O prognóstico é bom, mas saberemos mais quando ele sair da cirurgia.

— Ele salvou minha vida, — ela murmurou.

— Oh sim. Devo ao bastardo agora. Mas é uma dívida que pagarei com prazer. E você salvou a minha, Maren. Foi a coisa mais tola que você já fez. Deus, quando eu vi você cair do helicóptero com ele, eu morri mil mortes. Eu pensei que tinha perdido você. Você não pode imaginar o que fez comigo. Juro por Deus, se você puxar um golpe como esse de novo, vou te amarrar na minha cama e nunca deixá-la sair de casa.

Ela sorriu e entrelaçou os dedos com os dele.

— Isso não é exatamente um castigo, você sabe.

Ele relaxou e moveu-se para mais perto, só queria ficar mais perto dela. Ele acariciou seus cabelos, acariciou seu rosto, assegurando-se de que ela estava ali, viva. Ela era dele, e ele com certeza nunca ia deixá-la ir.

— Maren?

Maren virou na direção da voz de sua mãe, e então de repente Diana voou para a cama e Steele se afastou para que ela pudesse estar do lado ileso de Maren.

— Oh minha querida, graças a Deus, está tudo certo.

Diana envolveu Maren em um abraço o melhor que podia, sem pressionar o ombro comprometido. As lágrimas corriam livremente pelo rosto de Diana, enquanto ela e Maren choravam juntas, segurando uma a outra como se nunca soltariam.

— Estou tão feliz que você e papai estão bem, — Maren disse sufocada. — Eu nunca me perdoaria se algo tivesse acontecido com vocês por minha causa.

— Shhhh, não diga isso. Você não é culpada pelos atos desse maníaco. E ele já se foi. Ele não pode te machucar novamente.

— Quando posso ver o papai? — Maren perguntou ansiosamente.

Diana sorriu com tristeza.

— Se ele fizer do seu jeito, estará aqui assim que for humanamente possível. Ele deixou todo o andar em polvorosa. Você o conhece. Ele é um paciente terrível. Está dizendo para as enfermeiras como fazer o trabalho delas. Até o médico. Ele questionou as credenciais do médico responsável pelo tratamento. Ele só queria o melhor. Ele está ferido e machucado, mas nada sério. Nenhum osso quebrado. Nada que não cicatrize em uma semana ou menos.

— Graças a Deus — Maren sussurrou fervorosamente. — Eu te amo, mãe. Tenho tantas saudades suas.

Diana apertou-a novamente.

— O jovem sentou-se na sua cabeceira quando ele mesmo precisava muito de uma cama de hospital. Ele está muito pior do que seu pai e ele admitiu isso. Mas Steele recusou qualquer coisa além do tratamento superficial na Sala de Emergência, porque ele não podia esperar para chegar até você.

Maren olhou além de sua mãe e encontrou o olhar de Steele, amor e um brilho de lágrimas brilhando em seus olhos.

— Ele é um bom homem — disse Diana. — Você escolheu bem, Maren. Ele vai proteger você e seu filho com a própria vida. Uma mãe não pode pedir mais do que isso para a filha.

— Eu sei, — Maren disse suavemente, seu olhar ainda trancado com Steele.

Diana se afastou e, em seguida, olhou para Steele, compreensão em seus olhos.

— Eu vou voltar e verificar seu pai. Talvez ele vá se acalmar, agora que você está acordada e posso dizer-lhe que você está muito bem.

Maren apertou a mão da mãe.

— Eu te amo, mãe. Diga ao pai que eu o amo e que eu vou vê-lo em breve.

Diana se inclinou para beijar o rosto de Maren e, em seguida, virou-se e, para surpresa e perplexidade de Steele, ela colocou os braços ao redor dele e o abraçou com força antes de subir na ponta dos pés para beijar sua bochecha.

— Cuide do meu bebê, — ela disse ferozmente.

— Nunca duvide, — Steele disse em um tom sério.

Diana virou-se para sorrir para Maren e, em seguida, saiu do quarto.

— Quando é que podemos fazer o ultrassom? — Maren perguntou ansiosamente.

— Eu vou dizer à enfermeira que está acordada. Eu sabia que você ia querer ver o bebê assim que acordasse, por isso tenho certeza que eles têm o ultrassom portátil, movendo-se pelo chão. Eu vou levá-la agora para que ela possa contatar o técnico de ultrassom, e então você e eu encontraremos nosso filho. Juntos.

 

Maren estava na cama do hospital, Steele em pé ao lado dela, os dedos firmemente atados com os dela enquanto o técnico de ultrassom pressionava o sensor por sua barriga.

— Quer saber o que você terá, enquanto estou bisbilhotando? — Perguntou o jovem.

Maren olhou automaticamente até Steele, uma pergunta silenciosa nos olhos.

— Sim, — disse Steele, a ânsia em sua expressão. — Eu adoraria saber. A menos que você não prefira?

— Não, eu quero saber também, — ela sussurrou.

Antecipação a agarrou. Ela segurou a mão de Steele ainda mais apertado e ele acrescentou uma segunda mão a dela, imprensando-a entre as suas.

O técnico espalhou gel na barriga dela e deslizou o sensor, pressionando em certos pontos, enquanto observava o monitor. O olhar de Maren estava colado à tela, prendendo a respiração enquanto esperava a confirmação da pequena vida dentro dela.

— Aqui estão os batimentos cardíacos, — o técnico disse, apontando para o som intermitente na parte inferior.

Lágrimas encheram seus olhos e a tela ficou borrada. O técnico cutucava e incitava, posicionando o sensor quando ele pegou uma série de disparos.

— Eu diria que o diabinho está muito bem, — disse o técnico. — Agora vamos ver se consigo fazê-lo cooperar e nos mostrar se é um menino ou uma menina.

Os próximos segundos pareciam uma vida enquanto o técnico angulava e pressionava. As imagens não pareciam reais. O técnico apontou características. O coração batendo. A cabeça, pernas e braços. Era pura magia. Este era o seu filho, vivo e bem, abrigado em segurança em seu ventre.

— Ah, aqui vamos nós — disse o técnico, com um sorriso ampliando suas feições. — Parece que temos uma menina. Vê? Sem pênis. E ela não é nem um pouco modesta. Sem dúvida aqui. Ela está definitivamente nos mostrando tudo que ela tem.

Maren ouviu a ingestão de ar súbita de Steele e seu coração balançou. E se ele queria um menino? Ele ficou desapontado? Mas quando ela olhou para cima, ficou pasma pelo brilho das lágrimas que cintilavam nos olhos de Steele. Ele parecia extasiado. Seu olhar estava voltado para o monitor e ele parecia tão abalado por isso, tão apaixonado, que a sua própria garganta fechou, enquanto observava sua reação à notícia de que ele teria uma filha.

— Uma filha, — ele sussurrou, as palavras se engasgaram e quebraram.

Em seguida, ele baixou o olhar para Maren e ela foi atingida pela profundidade da emoção em seus olhos. Não apenas pela imagem de sua filha. Mas por ela. Seu amor por ela brilhava como um farol, de modo inconfundível que ela ficou superada.

Ele se inclinou e beijou-a, doce e infinitamente terno. Assim que o técnico limpou o gel da barriga e começou a arrumar o equipamento, Steele deslizou a mão sobre a barriga dela, envolvendo-a possessivamente. Então ele se afastou dela e se inclinou para pressionar um beijo em seu abdômen.

— Uma filha, — disse ele de novo, tanto temor em sua voz que ela sorriu.

— O que no mundo é que você vai fazer com uma filha? — Brincou ela.

Steele se endireitou, um olhar de pânico entrando nos olhos.

— Oh merda. Rapazes. Inferno não. Ela não vai namorar, até que tenha trinta.

Maren riu.

— Você não acha que está sendo um pouco exagerado?

Ele estava totalmente sério, quando balançou a cabeça.

Nem percebeu quando o técnico rolou o ultrassom para fora do quarto e fechou a porta, deixando os dois sozinhos.

Steele puxou a cadeira para trás, para o lado da cama, posicionando-a o mais perto que conseguiu, e então se inclinou sobre a cama, segurando a mão dela.

— Eu te amo, Maren. Você me assustou muito. Eu te amo mais do que eu jamais pensei que fosse possível amar outra pessoa. Eu me importo profundamente com a minha equipe. Eu me preocupo com a KGI. Eu respeito todos e eles têm a minha lealdade. Mas nada se compara ao que eu sinto por você. Você tem o meu amor, Maren. Você sempre vai ter.

Ela respirou profundamente, saboreando as palavras sinceras. Ele as disse em tom quase admirado, como se não entendesse muito bem a si mesmo e ficasse maravilhado com a ideia de se sentir tão profundamente apaixonado por outra pessoa.

— Eu também te amo, — ela disse suavemente. — Muito, Steele.

— Este não é o jeito que eu queria fazer isso, — ele disse em um tom rude, incerto.

Ela inclinou a cabeça, estudando sua expressão, o mal-estar súbito e a incerteza penetrou em seu olhar.

— Eu não sou bom em coisas de romance. Eu não tenho muita experiência com isso. Não estou em contato com o que as mulheres querem ou esperam quando se trata deste assunto. Eu só posso dizer o que quero mais do que a minha próxima respiração.

Seu pulso saltou e o coração disparou.

— E o que você quer, Steele?

— Você, — disse ele sem rodeios. — Para sempre. Minha. Comigo. Onde quer que a vida nos leve. Eu quero viver para estar com vocês. Case-se comigo, Maren. Vamos fazer uma família juntos. Vamos torná-la oficial e ter um casamento que vai me fazer querer rastejar para fora da minha pele e convidar sua família e minha equipe e todos da KGI. Os detalhes não importam. Eu quero que você tenha tudo o que você quiser. Tudo que eu quero nesse negócio é você. E nossa filha.

Ela prendeu a respiração, olhando com admiração para a sinceridade brilhando nos olhos azuis intensos. Ele queria o para sempre. Ele a queria. Ele queria se casar.

Quanto mais tempo ela levava para responder, mais agitado ele parecia. Ela engoliu o enorme nó crescendo em sua garganta e acenou com a cabeça e então finalmente encontrou a voz.

— Sim. Ah, sim, Steele. Eu quero isso mais do que qualquer coisa.

— Obrigado, — ele murmurou. — Estava morrendo de medo que você não quisesse a mesma coisa que eu. Estava morrendo de medo de perder você. De eu não ser o que você queria. Ou você não precisar de mim tão desesperadamente quanto eu preciso de você.

Ela estendeu a mão para tocar seu rosto, levemente correndo os dedos sobre a maçã do rosto firme e, em seguida, até o queixo.

— Eu te amo, Steele. Eu quero estar com você. Mas o que dizer de nossos trabalhos? O que faremos?

A expressão dele ficou séria.

— Lar é onde você estiver Maren. Eu gostaria que ficássemos na minha casa até depois que o bebê nascer e estar velho o suficiente para viajar. Então, se você quiser voltar para o campo, eu vou com você. Eu não quero te reprimir. Você é uma médica muito boa e eu quero que você seja feliz fazendo o que você ama. Se isso significa mudar-me para estar com você, então eu o farei. Sem arrependimentos. Eu nunca olharei para trás.

— E a KGI? Como vai ser?

Ele hesitou por um momento, mas, em seguida, olhou diretamente nos olhos dela.

— Você é mais importante para mim do que a KGI. Você e nossa filha. Eu iria embora num piscar de olhos, se é o que a faria feliz. Se isso fizer você se sentir mais segura. Meu trabalho é perigoso, Maren. Não há garantias de quando eu sair em uma missão que eu vá voltar. Se você não pode viver com essa incerteza, então eu desistirei. Eu nunca quero que você sinta que vem em segundo lugar a qualquer outra coisa na minha vida.

— Oh, Deus, você tem que parar, — ela disse com uma fungada. — Você vai me fazer chorar!

— Eu só quero você, — ele disse calmamente. — Todo o resto não tem sentido, a menos que você esteja comigo.

Ela continuou a acariciar seu rosto, desdobrando os dedos enquanto olhava amorosamente para ele.

— Eu sei o quanto você ama seu trabalho. É uma vocação. Assim como meu trabalho é. É o que somos e não é justo para nenhum de nós mudarmos o que somos, apenas para estarmos juntos. Por enquanto, e por um tempo após a nossa filha nascer, eu gostaria de ficar com você. No Tennessee. Eu quero que meus pais e meu irmão vejam minha filha e passem um tempo com eles. Eu quero ir visitá-los e tê-los nos visitando. Eu quero ser uma parte maior da família KGI em vez de estar na periferia e só vê-los quando eles vêm a mim para tratamento médico. Eu tenho certeza que posso encontrar algo para me manter ocupada enquanto você está salvando o mundo.

— Você poderia abrir o seu próprio consultório em Dover, — disse Steele. — Eu conversei com Sam, Garrett e Donovan sobre isso. A KGI precisa de um médico. Temos três equipes e agora precisamos de um médico no local. Além disso, Doc Campbell está falando em se aposentar, mas ele é um médico prático. Ele ainda faz atendimentos em casa. Ele tem uma clínica rural. Eu acho que você e ele têm muito em comum. Você poderia falar com ele sobre trabalhar com ele e talvez assumir a clínica dele, quando ele se aposentar. As possibilidades são infinitas. Eu não quero que seus talentos sejam desperdiçados. Você é muito boa médica para isso, e eu sei que você não seria feliz sem praticar medicina. É quem você é, assim como a KGI é quem eu sou.

Excitação subiu sua espinha. A ideia de praticar medicina e trabalhar com e perto de Steele era extremamente atraente. Além disso, ela gostava dos membros da KGI. E trabalhar em uma clínica rural e até mesmo fazer atendimento domiciliar era justamente o que ela estava procurando para os últimos anos de sua vida.

— Eu gosto dessa ideia — disse ela. — Seria perfeito. Poderíamos ficar no Tennessee até a nossa filha ficar mais velha e, em seguida, decidir se eu quero voltar para o campo. Quem vai dizer que eu não vou ter outro filho depois dessa?

Um olhar de selvagem satisfação cruzou o rosto de Steele. Seus olhos brilharam e contentamento absoluto caiu sobre suas feições.

— Nunca pensei que isso um dia sairia da minha boca, mas eu adoraria ter mais de um. Eu adorava ter um irmão mais velho.

Dor brevemente registrou em seus olhos quando ele pensou em seu próprio irmão. Maren tocou seu rosto novamente, e ele se inclinou contra a palma da mão, depois girou e deu um beijo no interior de sua mão.

— Nossa filha precisaria de um parceiro. Não que ela não teria muitos deles com todos os Kelly tendo filhos. No momento em que a nossa filha nascer, quem sabe quantos mais Kelly estarão programados para fazer suas aparições.

Maren riu.

— Você provavelmente está certo sobre isso. Eu sei que Sam iria amar outra criança. E é só uma questão de tempo antes de Garrett e Sarah começarem a pensar em bebês. Eu vi Sarah com Charlotte e ela está doida por uma.

— Então você vai se casar comigo e se mudar para minha casa? Ou você prefere viver mais perto do complexo? Eu posso vender minha casa e construir o que quiser.

Deus, ela amava esse homem. E era óbvio que ele a amava muito. Ele estava disposto a fazer tantos sacrifícios porque queria que ela fosse feliz.

Ela balançou a cabeça.

— Eu amo a sua casa. Ela é perfeita. O refúgio perfeito quando queremos fugir do mundo e apenas ficar juntos.

Ele se inclinou e roçou a boca suavemente sobre a dela.

— Eu gosto da maneira como você pensa. Mas você ainda não me deu a minha resposta.

— Eu já dei! — Ela disse, exasperada.

— Diga-me outra vez, — disse ele, com uma expressão cada vez mais séria. — Eu preciso ouvir Maren. Dê-me as palavras de novo.

— Sim, eu vou me casar com você, Steele. Eu te amo muito. Vou me casar com você quando e como quiser. Eu fugiria para Las Vegas se é isso que você quer. Enquanto o resultado final for você sendo meu marido e eu pertencer a você, nada mais importa.

Ele capturou seus lábios em um beijo longo e tentador. Não era tão gentil como antes e ele derramou a profundidade de sua emoção nele. Seu amor a cada respiração. Suas línguas emaranhadas e ele chupou e lambeu os lábios, degustando e mordiscando enquanto explorava cada centímetro de sua boca.

— Eu amo você — disse ele com voz rouca. — Eu nunca vou amar alguém como eu te amo.

— Isso é bom, porque eu pretendo mantê-lo em torno por um tempo muito longo. Eu fiz o impossível.

Ele recuou, dando-lhe um olhar perplexo.

— Derrubei o homem de gelo, — ela disse com um sorriso.

Ele sorriu de volta.

— Droga você conseguiu.

 

— Por que você fez isso, Hancock? — Steele perguntou sem rodeios.

Ele estava de pé junto à cama de Hancock, e o homem parecia uma merda. Ele já tinha ido ao inferno e voltado com os capangas de Maksimov, e isso foi antes de tomar uma bala e depois ser esmagado na queda do helicóptero.

Hancock lentamente treinou seu olhar sobre Steele, constantemente sobre ele. Steele engatou na encarada, nenhum homem falando enquanto estudavam um ao outro.

— Você está reclamando porque eu salvei a sua mulher? — Hancock perguntou ironicamente.

— Te devo uma, — Steele disse a contragosto. — E tenho certeza que você vai cobrar.

— Oh, eu vou incluir você no meu marcador. Um dia, — disse Hancock. — Mas agora você pode ficar tranquilo. Estou fora de serviço por um tempo, e depois irei atrás de Maksimov.

— Para quem você trabalha Hancock? Eu não consigo entender você. Um minuto você é um idiota flamejante e no próximo é o Bravo Capitão América.

Hancock fez um som de escárnio.

— Deixo a porcaria do Capitão América para a sua KGI. Nós todos temos o mesmo trabalho, Steele. Nós apenas temos diferentes maneiras de fazê-lo. Você acha que as suas missões são justas. Eu acho que as minhas são. Quem está certo? Quem está errado? Será que realmente importa para quem eu trabalho? Provavelmente fica na sua garganta, mas estamos do mesmo lado. Nós apenas temos métodos diferentes. E enquanto você trabalha exclusivamente para o setor privado e o Tio Sam, eu trabalho para o bem maior. Isso nem sempre é o Tio Sam. Víboras estão por toda parte. Seu governo não está imune.

— Meu governo? É o seu governo também — Steele ressaltou.

O rosto de Hancock tornou-se pedra.

— Não reivindico um governo que, quando decidiu por razões políticas que já não queria correr o risco de Titan tornar-se uma obrigação, nós nos tornamos dispensáveis. Eles nos rotularam como traidores e fizeram o pior para nos eliminar. Mas eles eram os traidores. Vendem e ferram o povo americano. Meu governo? De jeito nenhum.

— E ainda assim você assume missões para eliminar as pessoas que são uma ameaça direta à segurança nacional, — disse Steele.

— Eu não dou a mínima para os políticos e burocratas. Mas me preocupo com vidas inocentes, americanos e não americanos. O mundo é um lugar melhor sem Farnsworth. Sem Caldwell. E certamente será um lugar melhor sem Maksimov. Você pode não concordar com os meus métodos, mas, no final, nossos objetivos são os mesmos.

Steele franziu o cenho, não gostando que Hancock tivesse razão. Steele não era o Escoteiro exemplar e não podia apontar o dedo para Hancock quando ele mesmo fez escolhas mergulhadas em sombras.

— Cuide de si mesmo, — disse Steele a contragosto.

Hancock levantou uma sobrancelha.

— Você e a doutora vão sair daqui?

— Sim, eu vou levá-la para casa.

Algo brilhou nos olhos de Hancock, mas isso foi quase antes de Steele registrar uma ligeira reação.

— Vou procurá-lo quando eu quiser cobrar, — disse Hancock.

— Basta se certificar de não trazer problemas para minha porta, — Steele avisou. — Eu não vou hesitar em eliminá-lo se você representar qualquer perigo para a minha família.

— Prontamente anotado.

Steele se virou e começou a caminhar para fora e, em seguida, parou na porta. Girou ao redor para encontrar Hancock ainda olhando-o.

— Você tem uma maneira de sair deste lugar quando o liberarem?

As sobrancelhas de Hancock subiram ironicamente.

— Você está me oferecendo uma carona?

— Não seja idiota. Você é um lobo solitário. Se você precisa de um lugar... — Steele interrompeu, indecisão agarrando-o. Mas o homem salvou Maren. Três vezes, se contar o fato de que ele a tirou de lá antes de Caldwell ir completamente ao fundo do poço. — Se precisar de um lugar para dormir até que se recupere, você é bem-vindo na minha casa.

Hancock olhou para Steele por um longo momento, e Steele poderia jurar que ele realmente pegou o outro homem desprevenido.

— Talvez eu vá aceitar, — Hancock murmurou.

 

Steele esperava nervosamente no final do corredor, ansioso para Maren aparecer. Eles decidiram se casar na igreja que os Kellys frequentavam por gerações. Era uma igreja perfeita. Velha, caiada de branco, algo além dos oitocentos anos. Havia um cemitério em volta com lápides que remontavam centenas de anos.

Todo mundo estava lá, e por todos, literalmente significava todos os que significavam alguma coisa para Maren e ele. Todo o clã Kelly se reuniu, Rusty e Sean incluídos. Skylar e Edge estavam lá, assim como Rio e toda a sua equipe.

A equipe de Steele estava lá com ele. Cada um deles. Estavam todos agindo como seus melhores homens. PJ estava lá, a única diferença era que ela estava do outro lado do corredor do lado da noiva, junto com as esposas dos Kelly, as quais Maren pediu para ficar com ela.

O irmão e a mãe de Maren sentavam-se no banco da frente do lado da noiva. Todo mundo encheu a igreja, não prestando atenção em que lado sentava-se. Cada um deles era importante, tanto para Steele quanto para Maren, sem diferenciação.

A respiração de Steele parou quando as portas no final do corredor se abriram e lá estava Maren, no braço do pai, parecendo tão bonita que ele ficou mudo. A música tocava ao fundo, mas ele não a registrava plenamente. Tudo em que estava focado era que Maren estava caminhando lentamente pelo corredor. Para ele.

Quando Maren e o pai chegaram à frente da igreja, a poucos metros de onde estava Steele, o pai beijou a bochecha dela, as lágrimas brilhando intensamente em seus olhos. Maren não usava véu, e Steele estava feliz porque ele não queria qualquer parte do seu belo rosto obscurecido. Queria ver seus olhos, ver o amor por ele brilhando em suas profundezas.

Seu pai então tomou a mão dela, puxando-a para Steele. Enquanto Steele chegava para tomá-la do pai, Matthew Scofield disse a Steele, em voz baixa:

— Você está recebendo uma das maiores bênçãos da minha vida. Cuide dela e a ame para sempre.

— Sim, senhor — disse Steele gravemente. — Ela é a minha vida.

Acenando com satisfação, o pai recuou e foi juntar-se a mãe de Maren e ao irmão no banco da frente.

E lá estava Maren. De pé ao lado dele, tão radiante e deslumbrante que era como ser socado no estômago. Seu sorriso iluminava toda a Igreja. Havia tanta alegria e... Paz... Em seus olhos. E amor. Acima de tudo o amor. Tudo para ele. Ainda o impressionava. Essa mulher o amava, o aceitava. Ela o protegeu e foi ferozmente protetora com dele. Pelo amor de Deus, era o seu trabalho, o seu dever, a sua honra protegê-la e amá-la, mas dane-se se ela não era igualmente e ferozmente protetora com ele. Ela o espantava a cada dia, e ele nunca tomaria esse amor e apoio por concedido. Era um presente que ele estimaria para o resto de sua vida e além.

Ele não queria esperar para se casar com ela. Queria amarrá-la no minuto em que ela foi liberada do hospital, mas ela queria esperar até que ambos estivessem completamente curados. Ela estava determinada de que não iria andando pelo corredor com uma tipoia, nem que ele iria se casar com ela com as costelas quebradas e os dedos em uma tala.

Então passaram a recuperação juntos na casa dele em paz e solidão, descobrindo-se mais a cada dia que passava, confirmando seu crescente amor. Esses dias foram especiais, daqueles que ele não trocaria por nada. E agora ele estava feliz por que esperaram, porque ele não queria nada interferindo com a lua de mel deles. E ele definitivamente a levaria para uma lua de mel. Apenas os dois. Em algum lugar privado onde poderia passar seus dias fazendo amor com ela sem impedimentos.

Seu olhar caiu para a saliência agora perceptível na cintura e ele sentiu a picada traidora de lágrimas. Deus, ele não podia perder-se. Agora não. Não no dia mais importante de sua vida. Ele não podia perder-se na frente de sua equipe e dos outros. Mas ela o desfez. O conhecimento de sua filha descansando no ventre dela o dominou.

Sua filha. A filha deles. Sua família.

Maren apertou seu braço, os olhos suavizando, quase como se soubesse exatamente o que ele estava sentindo. Então ela apontou para o ministro a espera, indicando que todos estavam esperando ele continuar.

Foi então que ele desafiou a convenção. Ele sabia que havia regras definidas sobre cerimônias. Inferno, eles ainda tiveram um ensaio, como se ele precisasse ser treinado sobre como se casar com uma mulher que significava o mundo para ele.

Mas nada disso importava. Ele não conseguiria ir para outro momento sem abraçá-la. Sem beijá-la e dizer que a amava. Agora. Antes dos votos.

Ele puxou-a em seus braços assim a filha deles estava solidamente entre eles. Sua garganta se fechou quando ele sentiu o leve tamborilar de um chute, quase como se sua filha entendesse o que estava acontecendo. Ele abaixou a boca para a de Maren, beijando-a suavemente no início e depois mais profundamente, permitindo que cada emoção escorresse naquele beijo.

Ela suspirou em sua boca. Ele ouviu risos suaves dos bancos, mas ignorou tudo, menos a linda mulher em seus braços. Brilhando mais que o sol. Seu amor por ele. Não havia nada que se comparasse.

A única coisa que faltava neste dia era a sua própria família. Seus pais e seu irmão, Griffin. Mas de alguma forma sabia que eles estavam lá em cima, sorrindo para ele, Maren e a filha deles. Sabia que seu pai ficaria orgulhoso dele. Sabia que sua mãe teria adorado Maren tanto quanto ele adorava.

Quando ele finalmente se afastou, deve ter havido algo em seus olhos que disse a Maren o que ele estava pensando. Ela estendeu a mão, ignorando o protocolo, assim como ele, e acariciou a mão sobre seu rosto e, em seguida, até o queixo.

— Eles estão aqui, — ela sussurrou. — Eles sempre estiveram com você. E embora eu saiba que você ama e sente falta deles, você tem uma família. Todo mundo aqui.

Ela virou-se, apontando para a congregação reunida, seu sorriso quente e suave e tão cheio de amor.

— Eles todos são sua família. A minha também. Temos sorte, Steele. Muita sorte. E agora você tem a mim e nossa filha. Você sempre nos terá.

O ministro limpou a garganta e havia sorrisos de sua equipe e das esposas Kelly que estavam em ambos os lados de Maren e Steele, mas ele ignorou-os novamente enquanto puxava Maren para ele uma última vez. A última vez que ele a segurava antes de serem oficialmente declarados marido e mulher.

— Eu te amo — disse ele roucamente. — De tudo o que eu sempre te dei, saiba disso acima de tudo: Você sempre terá o meu amor.

Ela sorriu de volta, indiferente de como ele estava retardando a cerimônia.

— E você sempre terá o meu amor, Jackson Steele. Agora, o que você acha de se casar?

 

Dois meses depois

Steele estava ansioso à cabeceira de Maren, os dedos firmemente entrelaçados com os dela enquanto ela respirava através de outra contração. Deus, quanto tempo isso iria continuar? Ele esteve lá quando Rachel Kelly deu à luz os gêmeos, mas não demorou tanto tempo, demorou?

Não, ela teve um parto por cesariana. Demorou poucas horas. Maren estava em trabalho de parto há 18 horas. As dezoito horas mais longas de sua vida. Ela devia estar sofrendo. Seu rosto estava pálido e suado, e ainda assim ela parecia totalmente serena, com os olhos quentes e cheios de amor, mesmo quando respirava através das contrações. Ela estava levando isso um inferno de muito melhor do que ele, porque ele estava prestes a perder a cabeça.

— Quanto tempo mais? — Perguntou ele, voltando-se para a enfermeira.

A enfermeira sorriu com indulgência, como se estivesse acostumada com maridos aflitos na sala de parto.

— Não muito. Ela está totalmente dilatada. O médico está a caminho agora.

— Ele precisa apressar-se, inferno, — murmurou Steele. — E se ele não chegar a tempo?

Maren riu e admirou-se de que ela poderia encontrar diversão quando seu corpo era sacudido com dor e estava exausta do longo trabalho.

— Se o médico não chegar a tempo, então eu ainda vou ter o bebê, Steele. As mulheres fazem isso o tempo todo. Tenho certeza de que a enfermeira tem muita experiência em partos.

Steele franziu o cenho.

— De jeito nenhum eu quero que nossa filha nasça sem um profissional qualificado.

A enfermeira enviou-lhe um olhar e bufou.

— Vou fingir que não ouvi isso.

A mão de Maren apertou levemente sobre a dele.

— Vai ficar tudo bem, Steele.

Caramba, mas ele era um fracasso nisso. Devia ser ele oferecendo-lhe conforto e segurança. Ela estava nisso por tanto tempo e ainda assim ela estava acalmando-o. Ele se aproximou mais dela, já reconhecendo os sinais de outra contração. Maren ficou em silêncio, com o rosto apertado enquanto ela se abatia. Ela fechou os olhos e inalou respirações curtas e, em seguida, soprou-as novamente.

Sua mão apertou em torno dele, apertando até que ele sabia que teria marcas de unhas. Mas ele não se importava. Inferno, ela poderia fazer o que ela precisasse. Qualquer desconforto que sentia era mínimo comparado ao que ela estava passando.

Ele olhou desesperadamente para a enfermeira.

— Não há nada que você possa fazer? Ela está sofrendo, caramba.

O olhar da enfermeira suavizou.

— Parto não é indolor, Sr. Steele. Mas a Sra. Steele está lidando com isso muito bem. E como eu disse, não vai demorar muito. Chamei o médico e ele já estará aqui em breve. Estamos preparando-a para a fase de empurrar.

Ele sentiu-se empalidecer.

— Fase de empurrar? Isso soa... Ruim.

Maren riu novamente.

— Se eu não empurrar o bebê nunca vai nascer, querido. Ela tem que sair de alguma forma.

Ele fez uma careta.

— Isso ainda soa doloroso como o inferno. O que posso fazer Maren? Diga-me e eu vou fazer, eu juro. Diga-me como posso tornar isso melhor para você.

Os olhos dela estavam suaves com amor.

— Você já está fazendo isso, Steele. Você está aqui. Você me ama. Você está segurando a minha mão e me oferecendo seu apoio. Isso é tudo que você pode fazer. O resto é com a natureza. Tente relaxar. Não vai demorar muito agora, e você estará segurando nossa filha.

Ele ficou imóvel, atordoado com a imagem de uma pequena recém-nascida, uma réplica em miniatura de Maren. Ele olhou para suas mãos. Mãos que poderiam facilmente ferir um bebê frágil. E se ele a machucasse? E se ele a segurasse errado? Ele só segurou um bebê e foi por menos de um minuto, quando um dos bebês de Rachel foi empurrado para seus braços.

— Você está pensando demais, — disse Maren, diversão espessa em sua voz. — Relaxe, Steele.

Então, ela ficou em silêncio novamente quando outra contração a agarrou. Esta foi mais forte desta vez e demorou mais tempo. Ela estava tensa, o rosto uma máscara de dor e concentração. Um pequeno gemido escapou, o primeiro som de sofrimento que ela fez desde que o trabalho de parto começou.

Ele reprimiu seu pânico. Ela não precisava dele ficando louco logo agora. Ele deveria ser a rocha. O forte. Ela deveria estar se apoiando nele, e não o contrário.

Ele inclinou-se e passou o braço por baixo dos ombros dela, levantando-a um pouco e apertando seu abraço enquanto agarrava a mão dela com a mão livre.

— Estamos quase lá querida. Só um pouco mais de tempo. Você pode fazer isso, Maren. Você é tão forte. Deus, eu estou tão orgulhoso de você. Apenas pense. Em um curto espaço de tempo, vamos encontrar a nossa filha.

Ela enviou-lhe um olhar agradecido e ele mentalmente se chutou na bunda por ser uma florzinha até agora. Isso era o que ela precisava dele. Inabalável apoio. E ela ia conseguir isso dele.

— Me abrace assim, — ela arquejou. — É mais confortável se eu puder inclinar-me. — Ela olhou para a enfermeira. — Eu preciso empurrar. O médico está vindo? Está na hora. Eu não posso impedir. Eu tenho que empurrar.

Okay, isso não ajudava o pânico dele, mas ele invocou sua impassividade lendária e não deixou nenhum pouco de seu medo se mostrar. Ele instruiu sua feições e focou em Maren. Ele beijou sua testa e, em seguida, afastou o cabelo da testa suada.

A enfermeira colocou-se entre as pernas dela e, em seguida, seus olhos se arregalaram.

— Sim, está definitivamente na hora. Você está dando à luz.

Então, como se isso não tivesse acabado de cair como uma bomba, pelo menos era uma bomba de pânico de indução para Steele, ela rapidamente levantou uma das pernas de Maren em um dos estribos. Ela fez um gesto em direção a Steele, sua clara intenção de que ela queria que Steele colocasse a outra perna no estribo. Mas isso exigiria que Steele deixasse Maren, e isso não ia acontecer. Ele fez uma careta e balançou a cabeça. A enfermeira revirou os olhos e, em seguida, passou para o outro lado de Maren e prontamente posicionou a perna em conformidade.

Só então Doc Campbell entrou, parecendo sem pressa. Ele olhou para a enfermeira e depois para Maren.

— Eu diria que é hora, mocinha. Que tal começarmos a fazer o parto do bebê?

Steele suspirou de alívio. Ele teve que admitir, ele não estava feliz quando Maren insistiu que o Dr. Campbell seria quem ajudaria no parto de sua filha. Ele não era obstetra e era mais velho do que a sujeira. Mas Maren começou a trabalhar com ele, lentamente assumindo a clínica e Doc Campbell diminuiu suas horas, dando a Maren mais da carga de trabalho enquanto ela ganhava relevância e começava a conhecer a comunidade em que atuava. Como resultado, ela queria que ele ajudasse no parto de seu bebê. Ela confiava nele, e o velho a amou instantaneamente. Contanto que ele entregasse com segurança sua filha, Steele podia lidar. Mas, ao primeiro sinal de problemas, iria exigir que um obstetra assumisse.

Maren apertou a mão de Steele e lutou para se sentar mais. Ele não sabia como diabos ela poderia se sentir confortável colocando o queixo tão longe em direção a seu peito, com as pernas naquelas malditas engenhocas, mas ela parecia querer dessa forma então ele gentilmente a ajudou, apoiando suas costas e empurrando para ficar mais perto de forma que ela ficasse aninhada contra ele.

— Quando a próxima contração começar, eu quero que você respire fundo, segure e empurre — Doc Campbell disse enquanto colocava as luvas.

Maren acenou com a cabeça e, em seguida, ficou tensa. Steele imediatamente entrou em estado de alerta. Era isso. Puta merda, mas era isso. Logo ele estaria segurando sua filha. Isso confundia a sua mente e estava perto de deixá-lo de joelhos.

Maren soltou um grunhido e depois se abateu, mostrando intensa concentração no rosto, a tensão evidente enquanto o rosto ficava vermelho com o esforço. A enfermeira contou até dez e depois disse a Maren para respirar e esperar pela próxima.

Havia a próxima? Não deveria ter terminado? Ele olhou ao redor em confusão. Doc Campbell parecia perplexo.

— Essas coisas levam tempo, meu filho. Embora pareça que esta senhorita vai estar aqui mais rápido do que a maioria.

— Mais rápido? — Steele disse com voz rouca. — Como diabos 18 horas é "rápido"?

— Ele quer dizer a fase de empurrar, — Maren disse sem fôlego. — Às vezes é preciso empurrar muito antes de o bebê nascer. O que ele quer dizer é que eu não vou ter de enfrentar muito mais contrações antes de ela estar aqui.

Nada disso fazia o menor maldito sentido, mas ele apertou os lábios e focou na única coisa que poderia fazer. Apoiar Maren. Deixando-a tão confortável quanto podia.

Mais três contrações, Maren empurrou, a enfermeira contando. Em um ponto, Maren caiu para trás, sua força aparentemente exaurida. O botão de pânico foi acionado novamente e Steele se juntou a dela, o rosto perto do dela, os olhos fixos nos dela.

— Você consegue fazer isso, Maren. Não vai demorar muito. Você mesmo disse. Fique comigo, querida. Seja forte. Está quase acabando.

Ela sorriu levemente e, em seguida, um som de dor eviscerado que apertou seu estômago passou pelos lábios dela e ela se concentrou novamente, com o rosto avermelhando, o corpo inteiro tenso.

Foi neste momento que Maren soltou um som que enviou um arrepio na espinha de Steele.

— O que há de errado? — Perguntou ele. — O que diabos está acontecendo?

— A cabeça está fora, — Doc Campbell disse com um sorriso enorme.

Houve um som de sucção e tanto o médico quanto a enfermeira se concentraram entre as pernas de Maren.

— Você pode ir ver, — Maren sussurrou. — Eu estou bem, Steele. O pior já passou. Mais um empurrão e ela vai estar aqui. Vá assistir a nossa filha nascer.

Ele estava dividido entre seu desejo de permanecer exatamente onde estava e o impulso irresistível de assistir sua filha entrar no mundo. Maren o cutucou, tomando a decisão por ele. Moveu-se para o final da cama, arregalando os olhos quando viu a cabeça do bebê embalada na palma da mão do médico.

De repente, ela caiu totalmente em uma corrida de fluidos, sangue e só Deus sabia mais o quê. Segura nas mãos à espera de Doc Campbell. A enfermeira imediatamente começou a limpá-la, estimulando-a e, em seguida, o som do choro de bebê subiu.

Era o som mais bonito que Steele já ouviu em sua vida.

— Quer cortar o cordão, filho? — Doc Campbell disse, estendendo um instrumento para Steele.

Steele congelou.

— O quê?

— Corte o cordão — Doc Campbell disse impaciente. — Bem aqui. Apenas corte.

Com as mãos trêmulas, Steele fez o que lhe foi dirigido e, em seguida, a enfermeira assumiu, apertando o cordão umbilical e levando a bebê para envolvê-la em um cobertor. No momento seguinte, a enfermeira entregou o bebê para Steele e ele estava segurando sua filha.

Sua filha.

Sua pequena menina perfeita, bonita, rosto vermelho, linda e se contorcendo.

— Pensei que você poderia querer entregá-la para a mãe, — a enfermeira disse calmamente.

Ah, sim, ele entregaria. Ninguém mais. Ele queria ser aquele que colocaria sua filha nos braços de Maren pela primeira vez.

Reverentemente, deu um passo em direção à cabeceira da cama onde Maren estava contra o travesseiro, parecendo cansada, mas feliz. Ele se inclinou, colocando gentilmente a filha em seus braços.

Todo o rosto de Maren se iluminou, tão brilhante, tão alegre que quase doía olhar. Ele inclinou-se com ela para que pudessem os dois abraçá-la e, em seguida, Maren deslizou a bata para baixo, guiando o bebê ao seio.

Steele observou fascinado enquanto o instinto assumia e sua filha pegava e finalmente agarrava, dando seus primeiros goles do leite de sua mãe. Oh, ele sabia que não era leite. Ainda. Maren havia explicado todos os meandros do trabalho de parto, jogando em torno dos termos como colostro e toda uma série de outras coisas que não faziam qualquer sentido para ele. Ele deixou todos os termos médicos para ela. Ele só estava interessado no resultado final.

Maren e a filha deles em seus braços, sua família.

— Ela é linda, — Steele disse com voz rouca.

— Sim, ela é, — Maren sussurrou. — Nós conseguimos, Steele.

— Não, você conseguiu, — ele corrigiu. — Você deve estar exausta.

Ela lhe deu um sorriso cansado.

— Estou, mas valeu a pena, você não acha?

— Oh sim. Absolutamente.

Quando ele olhou para as duas mulheres mais importantes de sua vida, percebeu o quão rapidamente alguém poderia se apaixonar. Em somente dois segundos, aquela pequena menina segurou seu coração nas pequenas mãos e ela nunca o soltaria.

— Eu te amo — ele disse roucamente, pressionando a boca em sua têmpora. — Eu te amo pra caramba, Maren.

— Eu também te amo, — ela disse em uma voz tensa com a fadiga, mas com toda a doçura e amor que a faziam ser quem ela era.

Deus, ele amava essa mulher. Não conseguia se lembrar de sua vida antes dela. Não queria lembrar ou voltar para aquela época. Ele só queria olhar para frente. Para um futuro mais brilhante que o sol. Nada era melhor do que isto. Bem aqui, agora. Nunca haveria um dia mais especial do que este.

Após a placenta ser expulsa e Maren ser limpa, a enfermeira disse que iria levar o bebê para o berçário para todas as coisas, seja lá o que eram, que eles faziam com os recém-nascidos. Steele franziu o cenho. Oh inferno não. Não antes que ele a exibisse.

Ele olhou para baixo, vendo que sua filha havia afrouxado o aperto sobre o mamilo de Maren e fechou os olhos. Maren também fechou os olhos e então ele cuidadosamente pegou o pacote precioso, embalando-a contra seu peito.

Sem dizer uma palavra, ele certamente não iria pedir permissão para levar sua filha para mostrá-la a todos que estavam esperando ansiosamente por sua chegada, saiu da sala de parto e desceu pelo corredor até a sala de espera.

A enfermeira começou a protestar, mas Doc Campbell levantou a mão.

— Deixe-o ir. Dê-lhe alguns minutos. O bebê vai ficar bem.

Steele percorreu o caminho para a sala de espera e todos os olhos se voltavam para ele. Sua equipe estava lá. Cada um deles. Os Kelly estavam lá. Os pais de Maren. Todos reunidos, assim como se reuniram todos aqueles meses atrás, quando Rachel deu à luz os gêmeos. Ele era uma parte disso agora. Isso o confundia e o humilhava tudo ao mesmo tempo.

Ele olhou para todos eles e sorriu. Realmente sorriu. Um sorriso que ninguém nesta sala provavelmente nunca pensou que ele fosse capaz.

— Eu quero que vocês conheçam minha filha, — disse com orgulho. — O bebê mais lindo que já nasceu.

Risos subiram. Câmeras clicaram, telefones celulares foram erguidos para capturar o momento em que o homem de gelo encontrou a única coisa que certamente o derreteu e transformou em uma poça no chão.

Uma linda menina de 2 quilos e 950 gramas.

 

                                                                                Maya Banks  

 

                      

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