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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


As Duas Panelas / Monteiro Lobato
As Duas Panelas / Monteiro Lobato

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

As Duas Panelas

 

 

Duas panelas, uma de ferro, orgulhosa, outra de barro, humilde, moravam na mesma cozinha; e como estivessem vazias, a bocejarem de vadiação, disse a graúda:

- Bela tarde para um giro pela horta! A cozinheira não está e até que venha, teremos tempo de dizer adeus à alface e fazer uma visita aos repolhos. Queres ir?

- Com todo o prazer! – respondeu a panela de barro lisonjeadíssima de honrosa companhia.

- Dá-me o braço então, e vamo-nos depressa antes que “ela” venha.

Assim fizeram, e lá se foram as duas desajeitadonas gingando os corpos ventrudos, cheias de amabilidade para com as hortaliças.

- Bom dia, dona Couve! Comendador Repolho, como passas! Coentrinho, adeus!

No melhor da festa, porém, a panela de ferro falseou o pé e esbarrou na amiga.

- Ai que me trincas! exclamou esta.

- Não foi nada, não foi nada…

Uns passos a mais e novo choque.

- Ai que desbeiças, amiga!

- Em casa arruma-se, não é nada…

Minutos depois terceiro esbarrão, esse formidável.

- Ai! Ai! Ai! Ai! Fizeste-me em pedaços, ingrata!

E a mísera panela de barro caiu por terra a gemer, reduzida a cacos.

 

                                                            Monteiro Lobato

 

Carlos Cunha  Arte & Produção Visual