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CORAÇÃO DE PEDRA / Diana Palmer
CORAÇÃO DE PEDRA / Diana Palmer

 

 

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CORAÇÃO DE PEDRA

 

Keely Welsh sentiu sua presença antes de vê-lo. Tinha sido assim desde o dia em que conheceu Boone Sinclair, o irmão mais velho do seu melhor amigo. O homem não era uma estrela de cinema, bonito e sociável. Ele era um recluso, um solitário que quase nunca sorria e que intimidava as pessoas simplesmente por estar na mesma sala. Por alguma razão desconhecida, Keely sempre sabia quando ele estava por perto, mesmo sem vê-lo.

Ele era alto e magro, mas tinha as pernas fortes, mãos e pés grandes. Os rumores sobre ele cresciam mais, à medida que eram contados. Ele esteve nas Forças Especiais da Marinha cinco anos atrás. Salvou sua unidade de uma destruição certa. Ganhou medalhas. Almoçou com o presidente na Casa Branca. Fez um cruzeiro com um autor famoso mundialmente. Quase casou com uma princesa européia. E mais e mais e mais.

Ninguém sabia a verdade. Bem, talvez Winona e Clark Sinclair soubessem. Winnie, Clark e Boone eram mais próximos do que os irmãos e irmãs eram normalmente. Mas Winnie não falava sobre a vida particular do seu irmão nem mesmo para Keely.

Não havia um dia, desde que ela tinha treze anos, que Keely não tivesse amado Boone Sinclair. Ela o observa a distância, com seus olhos verdes suaves e ávidos. Suas mãos tremiam quando o encontrava inesperadamente. E elas estavam tremendo agora. Ele estava em pé no balcão, assinando uma autorização para os exames de rotina de seu cão que eram feitos a cada ano. Ele adorava o velho pastor alemão, cujo nome era Bailey. As pessoas diziam que era a única coisa na terra que ele amava. Talvez gostasse de seus irmãos, mas não demonstrava. Mas seu afeto por Bailey sim.

Um dos outros veterinário da Techs saiu com alguns papéis e chamou Bailey, com um sorriso para Boone, que não foi retribuído. Ele levou o velho cão para uma das salas de exame e passou por Keely. Ele nunca olhava ou falava com ela. Para Boone, ela era invisível.

Ela suspirou quando a porta se fechou atrás dele e de seu cão. Era dessa maneira em qualquer lugar da cidade em que a visse. Na verdade, era assim também em sua enorme fazenda perto de Comanche Wells, a oeste de Jacobsville, Texas. Ele nunca disse que Winnie não poderia convidar Keely para um almoço ou um passeio ocasional a cavalo. Mas ele a ignorava do mesmo jeito.

"É engraçado" Winnie observou quando elas estavam cavalgando. "Quero dizer, Boone não faz nenhum comentário sobre você, mas ele finge que não te vê. Pergunto-me por que." Ela olhou para Keely, com seus olhos escuros maliciosos emoldurados por seus cabelos loiros. "Você não saberia?"

Keely apenas sorriu. "Não tenho a menor idéia", disse ela. Era a verdade.

"É só você, também," a amiga continuou pensativamente. "Ele foi muito educado com o nosso irmão Clark em uma ocasião em que ele trouxe para casa, uma noite para jantar, uma garçonete e você sabe o quão Boone pode ser esnobe Mas ele finge que você não existe. "

"Posso lembrá-lo de alguém que ele não gosta", respondeu Keely.

"Havia aquela garota com quem ele se envolveu," Winnie disse.

Keely sentiu o coração saltar. “Sim, eu me lembro disso”, ela respondeu.

Tinha sido quando ela tinha quatorze, quase quinze anos, pouco antes de ele voltar do exterior. Seu jovem coração tinha se quebrado.

“Foi um pouco antes de você chegar para viver com sua mãe”, Winnie continuou como se desejasse ler sua mente. “Na verdade, nessa época ela começou a beber muito mais...” Ela hesitou. A mãe de Keely era uma alcoólatra e esse era um assunto delicado.

“Enfim, Boone tinha saído do Exército naquela época. Sua noiva foi rapidamente para a Alemanha, onde ele tinha sofrido um acidente aéreo que o deixou ferido e fora de combate, e depois... poof. Ela se foi, Boone voltou para casa, e nunca mencionou o seu nome novamente. Nenhum de nós descobriu o que aconteceu. "

“Alguém disse que ela era da realeza européia”, Keely disse timidamente.

“Ela era remotamente relacionada com alguém que foi designado cavaleiro na Inglaterra”, respondeu sarcasticamente.

“De qualquer forma, ela deixou Boone e ele ficou amargo por um longo tempo. Então, três semanas atrás, o telefone toca e ele recebe uma chamada dela. Ela está vivendo com o pai, que é proprietário de uma agência de detetives particulares em San Antonio. Ela disse que tinha cometido um erro terrível e queria fazer as pazes. "

O coração de Keely caiu. Uma rival que tinha uma história com Boone. Ela se sentiu miserável só de pensar nisso, apesar do fato de nunca ter sido próxima o suficiente para fazer concorrência a qualquer outra mulher. "Boone não perdoa as pessoas", disse ela, pensando em voz alta.

“Você está certa”. Winnie respondeu, sorrindo. “Mas ele está um pouco mais amável. Ele a leva para sair ocasionalmente. Irão a um show do Desperado na próxima semana.”

Keely perguntou emburrada e surpresa. “Ele gosta de hard rock? Ele parece tão sério e retraído que eu não poderia imaginá-lo em um show de rock.”

Winnie riu. "Eu posso", disse ela. "Ele não é conservador, nem o homem calmo que aparenta ser. Especialmente quando perde o humor ou discute. "

"Boone não argumenta," Keely meditou em voz alta.

“Não. Se fica muito zangado, ele soca. Nunca, as mulheres é claro, mas seus homens sabem que não pode pressioná-lo, especialmente se ele está mal humorado. Um tratador de cavalo descobriu da pior maneira que ninguém faz piadas com o chefe. Boone havia sido chutado por um cavalo e o tratador achou engraçado. Boone amarrou o homem a um poste, jogou-lhe óleo e um balde de feno. Tudo sem dizer uma palavra”.

Keely riu em voz alta.

"O quê foi?" Winnie perguntou.

"Eu estava pensando no cowboy..."

Winnie riu, também. "Ele não conseguia acreditar, mesmo quando a coisa estava acontecendo. Boone realmente não parece tão convincente, é como se ele não fosse capaz de sujar suas mãos. Seus cowboys costumavam subestimá-lo."

"O episódio da cascavel é memorável” veio a resposta divertida.

"Aquele cozinheiro ficou tão chocado!" Winnie revelou. "Ele era realmente um péssimo cozinheiro, mas ameaçou processar Boone se o despedisse, era como se nós estivéssemos presos a ele. Ele ameaçou cozinhar para Boone uma cascavel se ele fizesse mais alguma observação sobre a comida e ainda acrescentou alguns comentários picantes sobre o motivo da noiva de Boone ter sumido. Então um dia ele olhou em seus caldeirões para ver se estava limpo o suficiente para cozinhar, e uma cascavel saltou direto na cara dele! "

"Sorte para o cozinheiro que a cascavel não tinha mais presas."

"Mas o cozinheiro não sabia disso!" Winnie riu. "E tampouco sabia quem tinha feito aquilo. Ele pediu demissão na hora. Os homens torceram para ele ir embora. O próximo cozinheiro era talentoso e cortês com meu irmão. "

"Não me surpreende."

Ela balançou a cabeça. "Boone tem essas pequenas loucuras", sua irmã murmurou. "Como nunca ligar o aquecedor no quarto dele, mesmo com o tempo gelado e sempre usa as camisas abotoadas até o pescoço."

"Eu nunca o vi sem camisa", comentou Keely. Era incomum, porque a maioria dos cowboys trabalhava sem camisa no calor do verão ou quando estavam marcando e vacinando o gado. Mas Boone nunca a tirava.

"Ele costumava ser menos puritano", disse Winnie.

"Boone, puritano?" Keely parecia chocada.

Winnie deu uma olhada para ela e riu. "Bem, eu acho que realmente não combina com ele."

"Não, não."

Winnie franziu os lábios. "Mas ele não é o único puritano aqui. Eu nunca vi você de camiseta, Keely. Você sempre usa mangas compridas e decotes altos ".

Keely tinha uma boa razão para isso, uma que ela nunca partilhou com ninguém. Era a razão pela qual não tinha namorado. Era um terrível segredo e preferia morrer a contar a Winie, que poderia contar a Boone...

"Eu era muito reprimida", disse calmamente Kelly. Ela queria ser diferente, mas seus pais tinham insistido para que Keely fosse a Escola Dominical e a Igreja todos os domingos. "Meu pai não aprovava roupas chamativas ou reveladoras."

Provavelmente porque a mãe de Keely provocava qualquer homem que lhe agradasse quando bebia. Ela ainda tentou seduzir Boone. Keely nem imaginava e Winnie não sabia como lhe dizer. Esta era uma das razões para o antagonismo que Boone dirigia a Keely.

As coisas teriam sido melhores se Keely soubesse onde seu pai estava. Ela disse que as pessoas pensavam que ele estava morto, porque era mais fácil do que admitir que ele fosse um alcoólico, assim como sua mãe, e relacionava-se com um bando de homens perigosos. Primeiro perdeu seu pai, mas estaria em maior perigo se tivesse ficado com ele.

Ela ainda o amava do seu jeito, apesar do que tinha acontecido com ela.

"Você sequer sai com alguém."

Keely deu de ombros. "Sou uma técnica em veterinária. Tenho uma vida atarefada. Se houver uma emergência à meia-noite de um fim de semana, tenho que ir ao consultório."

"É muito injusto”, Winnie disse suavemente, enquanto deixavam os cavalos beber de um dos córregos cristalinos do bosque onde foram cavalgar. "Eu mesma tentei te apresentar os homens agradáveis que eu conheço no trabalho. Você congela quando um deles chega perto de você. "

"Isso é porque você trabalha com a polícia, Winnie, e vê os policiais como prováveis encontros para mim", disse Keely de forma travessa. Era verdade. Winnie trabalhava como assistente no Departamento de Polícia de Jacobsville durante o dia, e duas noites por semana trabalhava na central do 911. Na verdade, esperava ficar permanente nessa atividade, porque ficar ao lado do Oficial Kilraven todos os dias estava matando-a.

"Policiais me deixam nervosa", Keely disse. "Eu posso ter um passado criminoso."

Winnie não estava sorrindo. Ela balançou a cabeça. "Você está escondendo alguma coisa."

"Nada importante. Honestamente." O que ela suspeitava sobre seu pai, se verdadeiro, a deixaria envergonhada. Se alguma vez Boone descobrisse, ela realmente desejaria morrer de vergonha. Mas não sabia de seu pai desde seus treze anos, de modo que não era provável que ele aparecesse um dia com os seus novos amigos foragidos. Ela rezou para que ele não aparecesse. O comportamento de sua mãe já era duro o suficiente para agüentar.

"Tem um policial bonito de verdade que está trabalhando conosco há algumas semanas. Ele é justamente seu tipo. "

"Kilraven," Keely adivinhara.

"Sim! Como você sabia? "

"Porque você fala sobre ele o tempo todo", Keely devolveu. Ela franziu os lábios. "Tem certeza de que não está interessada nele? Quero dizer, você é solteira e segura de si ".

Winnie corou. "Ele não é meu tipo."

"Porque não?"

Winnie mexeu-se na sela inquieta. "Ele me disse que não era meu tipo. Disse que eu era muito jovem para ficar sonhando acordada em satisfazer um lobo como ele e que parasse com isso. "

Keely arfou em voz alta. "Ele não fez isso!"

A garota mais velha assentiu com tristeza. "Ele fez. Eu não percebi que era tão óbvia. Quero dizer, ele é maravilhoso, a maioria das mulheres olha para ele. Ele só reparou quando eu fiz isso. Porque eu sou quem eu sou, eu acho ", acrescentou sombriamente. "Boone poderia ter dito algo a ele, já que é tão protetor comigo. Ele acha que eu sou muito ingênua para ficar solta no mundo. "

"Você teve uma vida protegida", disse Keely suavemente. "Kilraven é espertinho e perigoso. "

"Eu sei", murmurou Winnie. "Houve vezes em que ele esteve em situações onde eu suei sangue até que ele voltasse ao distrito. Ele notou isso também e não gostou. Ela deu um longo e triste suspiro e olhou para Keely. "Você sabe tudo sobre minha agonia privada, mas você não compartilha a sua? Não costumava ser assim, Keely. Eu sei "

Keely riu nervosamente. "Sabe o quê? Não guardo segredos. "

"Sua vida toda é um segredo. Mas o maior deles é que você é apaixonada pelo meu irmão. "

Keely olhou-a como se tivesse sido esbofeteada.

"Eu nunca diria a ele", disse calmamente Winnie. "É verdade. Sinto muito pela maneira como ele a trata. Eu sei o quanto dói. "

Keely desviou os olhos, envergonhada.

"Não fique assim", disse Winnie, com voz suave. "Não contarei. Nunca. "

Keely relaxou. Ela suspirou, olhando para o movimento do riacho sobre as rochas. "O que eu sinto não me magoa. Ele nunca saberá. E isso me ajuda a entender como seria amar um homem, mesmo que esse amor nunca seja correspondido. É o gostinho de algo que nunca poderei ter, é isso. "

Winnie franziu as sobrancelhas. "O que você quer dizer? Claro que você vai ser amada um dia! Keely, você tem apenas dezenove anos. Você tem a vida toda pela frente! "

Keely olhou para sua amiga, e seus olhos escuros estavam suaves e tristes. "Não é dessa forma, não é. Não vou casar nunca. "

"Mas um dia..."

Ela balançou a cabeça "Não."

Winnie mordeu seu lábio inferior. "Quando você for um pouco mais velha, poderá ser diferente", ela começou. "Keely, você tem dezenove anos. Boone tem trinta. É uma grande diferença de idade, e ele tem uma opinião sobre isso. Sua noiva era apenas um ano mais nova do que ele. Ele disse que as pessoas nunca devem se casar se não tiverem a mesma idade. "

"Por quê?"

Winnie suspirou. "Eu nunca falei muito sobre isso, mas a nossa mãe era doze anos mais jovem do que papai. Ele morreu deprimido porque ela fugiu com o seu irmão mais novo. Ele sempre disse que cometeu um grande erro, por casar com alguém de outra geração. Eram muitos anos entre eles. Não tinham nada em comum. "

Keely entristeceu pela família. "Sua mãe ainda é viva?"

Ela mordeu o lábio. "Nós... não sei", disse ela. "Nós nunca tentamos encontrá-la ou ao nosso tio. Eles se casaram, após o divórcio, e mudaram-se para Montana. Nenhum deles tentou entrar em contato conosco novamente. "

"Isso é tão triste."

"Isso deixou Boone amargo. Bem, e depois que sua noiva o deixou, ele não ficou com uma boa impressão das mulheres. "

"Não se pode culpá-lo, realmente," Keely teve que admitir. Ela deu um tapinha no pescoço do cavalo. "Não é triste, sermos tão jovens para os homens que nos interessam?"

"Apenas em suas mentes", Winnie respondeu. "Mas nós podemos sempre mudar as suas opiniões. Só temos que encontrar um jeito. Um que funcione. "

Keely riu. "Não é que parece fácil?"

Winnie torceu o nariz. "Não é verdade." Ela puxou as rédeas, tirando o seu cavalo do riacho. Keely a seguiu. "Vamos falar de algo mais alegre", disse Winnie no caminho de volta para a fazenda. "Você vai ao baile de caridade?"

Keely balançou a cabeça. "Eu gostaria de ir, mesmo sem companhia, mas os meus patrões irão e ficarei de plantão. "

"Isso é horrível!"

"É, no entanto, eu estava de folga no ano passado. "

"Eu me lembro. No ano passado você ficou em casa. "

Keely estudava o arção da sela e como o couro rangia sob o constante movimento do cavalo. "Ninguém me convidou."

"Você não incentiva os homens," Winnie salientou.

Keely sorriu tristemente. "Para que?" Ela perguntou. "Qualquer homem que me convidasse seria por não ter opção melhor. Eu não quero me envolver com ninguém. "

Winnie sempre teve curiosidade sobre a vida privada de Keely. Ela se perguntou o que teria acontecido à outra para deixá-la tão solitária. "É só um baile", ela recordou. "Você não tem que concordar em casar com o homem quando ele a leva pra casa."

Keely desatou a rir. "Você é terrível!”.

"É um fato óbvio," veio a resposta divertida.

"Seja como for, estarei trabalhando. Você vai se divertir o suficiente por nós duas. "

"Qualquer homem que me levasse seria por não ter opção também" ela lembrou à amiga. "A diferença é que eu quero ir para esfregar na cara do Kilraven meu acompanhante."

"Ele não vai", Keely murmurou.

"O que te faz pensar assim?"

"Só um palpite. Ele é muito reservado. Ele me lembra Cash Grier, o jeito de como ele era antes de casar com Tippy Moore. Grier era um inimigo das mulheres e acho que Kilraven, também. "

Winnie hesitou. "Eu gostaria de saber."

Keely não continuou a conversa. Ela sentia pena de Winnie. Ela sentia pena de si mesma, também. Homens são dor de cabeça...

Ela voltou ao presente, a tempo de ver Boone saindo da sala de exame com Bailey na coleira. Ele passou direito por Keely sem olha-lá ou dizer uma palavra. Ela o encarou com o coração partido dentro do peito. Então se virou e voltou ao trabalho, colocando uma cara feliz para o benefício de seus colegas de trabalho.

Keely odiava ver a ex noiva de Boone. O pai de Misty Harris tinha aberto uma agência de detetives particulares em San Antonio. E ela era rica, bonita, muito inteligente e desdenhava das outras mulheres. Boone, Winnie disse a Keely, gosta de mulheres com uma cabeça boa e um espírito independente. Ela também achava que a mulher provavelmente fosse boa na cama, o que deixou Keely desconfortável.

A mulher tinha uma língua venenosa, e não gostou de Keely. Ficou óbvio quando chegou para encontrar com Boone na sexta-feira à noite e encontrou Keely sentada na sala de estar com Winnie.

"Sem ninguém para sair?" Ela reprovou as outras mulheres, olhando astutamente vestida com um elegante vestido preto, seu longo cabelo preto fluindo pelos ombros. Seus olhos eram de um azul profundo e brilhavam com maliciosa diversão. "Muito ruim. Boone está me levando ao show do Desperado. Ele vai me apresentar ao vocalista. Nós temos ingressos há dois meses. Vai ser uma grande noite! "

"Eu amo Desperado", Winnie teve que concordar.

"Eu não iria perder esse show por nada", a morena ronronou.

Houve um ruído na porta lateral, latidos e ranhuras.

"Oh, é o cão", a morena murmurou. "Ele é imundo. Pelo amor de Deus, Winnie, você não vai deixá-lo entrar? Os tapetes persas são inestimáveis! Ele vai sujar todos de lama!"

"Bailey é um membro da família", disse Winnie friamente, abriu a porta e puxou uma toalha de uma prateleira perto. "Olá, velho companheiro!" Ela cumprimentou o velho pastor alemão. "Você se molhou?"

Ela secou e limpou suas patas. Ele ofegava e gemia, sua língua estava roxa e seu corpo estremecia. Seu estômago estava inchado.

Com um olho treinado, Keely observou-o. Algo estava errado. Ela levantou e juntou-se a Winnie na porta de vidro deslizante, baixando sobre um joelho. Suas mãos tocaram a barriga distendida do cão.

Ela apertou os dentes. "Ele está inchado", disse à Winnie.

"O que foi?" Boone perguntou, subindo dois degraus por vez.

Keely olhou para ele, tentando não demonstrar seu prazer em apenas vê-lo. Bailey está inchado. Ele precisa passar por um veterinário agora. "

"Não seja absurda", disparou Boone. "Cães não incham."

"Grandes cães sim", disse Keely urgentemente. "Você já deve ter visto isso no gado alguma vez. Aqui. Sinta! "

Ela agarrou a mão dele e levou-a para a barriga do cão.

Ele sentiu e olhou com raiva.

"Olha a cor da sua língua," Keely insistiu. "Ele não está recebendo oxigênio suficiente. Se você não levá-lo ao veterinário em breve, ele estará morto. "

"Ah, isso é ridículo", a morena cuspiu. "Ele apenas comeu demais. Coloque-o no seu canil. Ele vai ficar bem pela manhã. "

"Ele vai estar morto", repetiu Keely.

"Olha, você, eu não vou deixar de ir a esse concerto por causa de um cão velho estúpido com uma dor de estômago!" A morena enfureceu. "Você está apenas tentando chamar a atenção de Boone para você dizendo-lhe que algo está errado com o cão! Ele sabe que você tem um fraco por ele. Este é um ato patético! "

Boone olhou Keely, que estava pálida e nauseada por ter seu segredo revelado em voz alta para Boone ouvir.

Ele correu a mão sobre o estomago de Bailey uma última vez. "Não é inchaço", ele pronunciou. "Ele só comeu muito e tem gases." Ele deu um tapinha na cabeça do velho cão, sorrindo. "Você vai ficar bem, não vai velho?"

Keely olhou furiosamente para ele. O cão estava arquejando e choramingando ruidosamente.

"Ele não é o seu cão", Boone disse para ela. "Misty está certa. Este é um desejo de atenção, assim como o velho Bailey faz para eu acariciá-lo. Mas isso não vai funcionar. Estou indo ao show com Misty. "

Keely estava tão furiosa que sequer olhou para ele. Bailey estava morrendo.

"Vamos", disse Misty a Boone.

Ele não falou com Keely ou Winnie novamente. Ele e sua acompanhante caminharam para a garagem. Minutos mais tarde, o carro dele rugia para fora propriedade.

"O que é que vamos fazer?" Winnie perguntou, porque ela acreditava em sua melhor amiga.

"Não podemos deixá-lo morrer, nós temos que levá-lo ao veterinário", disse Keely brevemente.

"Quem dirige?" Foi tudo que a outra perguntou.

O mais antigo dos três veterinários, Bentley Rydel, era o dono da clínica e estava de plantão. Ele era o melhor cirurgião do grupo. Com trinta e dois anos era o único solteiro. As pessoas diziam que por ser tão antagônico, nenhuma mulher ficaria perto dele. Provavelmente era verdade.

Ele ajudou Keely a colocar Bailey na mesa da sala de raio-X. Enquanto o raio-X era tirado, ela acariciava e falava de modo a tranqüilizar o cão.

Em dez minutos eles estavam com os resultados do raio-x. Ele parecia triste quando mostrou as provas de que o estomago de Bailey estava torcido. "É um procedimento complicado e caro, e não posso prometer que terá êxito. Se não funcionar, a necrose vai se espalhar e ele morrerá. Mas ele pode morrer de qualquer maneira. Você tem que tomar uma decisão. "

"Ele é do meu irmão", disse nervosamente, acariciando e tranqüilizando o velho cão.

"Seu irmão terá de dar consentimento."

"Ele não vai", disse Keely lastimosamente. "Ele não acha que esteja inchado."

Bentley arqueou as sobrancelhas. "Ele é veterinário?"

O telefone de Winnie tocou o tema de Star Wars interrompendo a conversa. Ela respondeu nervosamente, reconhecendo o número de Bonne no identificador.

"É Boone!" Ela sussurrou com a mão sobre o telefone. Ela fez uma careta. "Alô?" Ela disse hesitante.

"Onde diabo está o meu cão?" Ele exigiu.

Winnie deu um profundo suspiro. "Boone, nós trouxemos Bailey para o veterinário..."

"Nós? Não é ela? "Ele exigiu, indignado.

O veterinário, vendo a expressão triste de Winnie, pediu o telefone que Winnie deu a ele com prazer.

"Este animal", o veterano começou com firmeza, "tem um caso grave de timpanismo. Eu posso mostrar-lhe no raio-X onde a necrose do tecido já começou. Se ele não for operado estará morto em uma hora. A decisão é sua, mas peço-lhe para tomá-la rapidamente. "

Boone hesitou. "Ele viverá?"

"Não posso prometer-lhe isso", disse Bentley brevemente. "Ele deveria ter sido trazido quando os primeiros sintomas apareceram. O atraso complicou o processo. Esta conversa ", ele acrescentou de maneira fria, “é outro atraso. "

A maldição foi audível dois metros do telefone celular. "Faça", Boone disse. "Eu vou dar-lhe permissão. Minha irmã pode ser sua testemunha. Faça o que puder. Por favor ".

"Certamente." Ele entregou o telefone para Winnie. "Keely, precisamos prepará-lo para a cirurgia."

"Sim, senhor." Keely estava sorrindo. Seu patrão era um grande negociador. Agora, pelo menos, Bailey tinha uma chance, não graças ao coração da mulher que desejava sacrificar sua vida por um ingresso de show.

A operação levou duas horas. Keely uniformizada ficava ao lado do veterinário, administrando anestesia ao cão e checando seus sinais vitais, Havia apenas uma pequena quantidade de tecido morto, felizmente, e ela assistiu as mãos hábeis de Bentley cortá-la de forma eficiente.

"Qual foi o impedimento?", Perguntou a ela.

Ela disse entre dentes. "Ingressos para o show do Desperado. A acompanhante de Boone não queria perdê-lo. "

"Então, ela decidiu que Bailey devia morrer."

Ela torceu o nariz. "Tenho certeza que ela não estava sendo deliberadamente insensível".

"Você ficaria surpresa com quantas pessoas consideram animais objetos inanimados, sem sentimentos. Alguns idosos algumas vezes entram e me dizem com toda seriedade que o animal não sente dor. "

"Bobagem", ela murmurou.

Ele riu breve. "Exatamente minha opinião."

"Como ele está indo?" Ela perguntou.

Ele assentiu aprovando seu trabalho. "Tudo bem. Não existem complicações com que se preocupar. Eu operei o pastor de Tom Walker há dois meses atrás, lembre-se, e ele tinha um tumor do tamanho do meu punho. Perdemo-lo, apesar da intervenção na hora certa. "

"Não vamos perder Bailey?" Perguntou preocupada.

"Não é o caso. Ele é velho, mas é um lutador. "

Ela sorriu. Mesmo que Boone a infernizasse, valeu à pena. Ela gostava do velho cão, também, mesmo que Boone achasse que estava usando o seu animal de estimação. Ela estava furiosa que Boone tivesse acreditado na insensível morena. Keely não era suficientemente estúpida para achar que poderia brincar com um homem que tinha uma cabeça parecida com um bloco de aço. Para Boone, não importava se ela era Helena de Tróia, passava por ela sem vê-la.

Ela sabia melhor do que ninguém que não adiantava tentar atraí-lo. Ela se espantava por ele não perceber isso.

"Feito", Bentley anunciou finalmente quando fez a última sutura no local. Keely tirou o anestésico e esperou enquanto o veterinário examinava o velho cão. "Eu acho que ele vai ficar bem, mas essa é minha opinião. Nós teremos certeza pela manhã. "

"Sim, senhor."

"Eu vou carregá-lo para você", ele ofereceu, porque o cão era muito pesado e Keely tinha problemas para carregar peso.

"Não precisa", ela começou sem jeito.

Seus olhos de uma cor azul pálida encontraram-se com os dela. "Você tem algum tipo de problema no seu ombro esquerdo. Não tenho que vê-lo para saber disso e não vou deixar você carregar peso. "

Ela torceu o nariz. "Eu não percebi que era tão óbvio."

"Deixa para lá", disse ele com um sorriso. "Mas não quero que você carregue muito peso"

"Obrigado, patrão", disse ela, sorrindo de volta.

Ele deu de ombros. "Você é minha melhor funcionária." Ele parecia sem jeito com o que tinha dito, e levantou Bailey, com muito cuidado, para colocá-lo na gaiola de recuperação onde seria mantido e monitorado até que saísse do efeito da anestesia.

 

"Posso ficar cuidando dele", ela começou.

Ele balançou a cabeça. "Eu recebi uma chamada no meu celular enquanto estávamos preparando Bailey", ele disse a ela. "Há uma novilha em trabalho de parto na fazenda de Cy Parks. Ela está tendo dificuldade. É uma das melhores do seu rebanho e ele me quer lá para ter certeza de que o bezerro nascerá vivo. "

"Então você tem que ir para lá "

Ele assentiu. "Vou dar uma olhada em Bailey, quando voltar. É sexta-feira à noite ", ele acrescentou, com um ligeiro sorriso. "Normalmente temos casos de emergência a noite toda, você sabe."

"Quer que eu fique e atenda ao telefone?", Ela perguntou.

Ele estudou a com o olhar. "É sexta-feira à noite", ele repetiu. "Por que você não tem um encontro?"

Ela deu de ombros. "Os homens me odeiam. Se você não acredita, é só perguntar a Boone Sinclair. "

Ele olhou sobre os ombros dela com as sobrancelhas arqueadas quando a porta foi aberta. "Falando do diabo", disse ele em uma voz que não era de boas vindas ao irmão de Winnie.

 

Boone seguiu para a sala onde Keely e Bentley estavam juntos ao lado da gaiola de recuperação, onde Bailey se recuperava. Ele não parecia muito irritado agora, e sua preocupação com o velho cão era evidente. Ele baixou sobre o joelho ao lado da gaiola e tocou a cabeça do animal que dormia suavemente com as pontas dos dedos.

"Ele viverá?" Ele perguntou, sem olhar para cima.

"Nós saberemos pela manhã", disse Bentley seco. "Ele passou muito bem pela cirurgia e não encontrei nada que possa complicar a sua recuperação. Para um animal com sua idade, ele está em excelente forma. "

Boone levantou-se, encarando o veterinário. "Obrigado."

"Agradeça Keely," veio a resposta curta. "Ela ignorou sua sugestão para deixar o animal, sozinho até de manhã. Momento em que," o veterinário acrescentou com um brilho nos olhos, “você o encontraria morto. "

Os olhos de Boone brilharam. "Eu pensei que ele estava tentando chamar atenção. Como Keely ", acrescentou com frio sarcasmo.

Bentley arqueou as sobrancelhas. "Você realmente acha que Keely precisa mendigar atenção de qualquer homem?", Perguntou, como se o comentário fosse inacreditável para ele.

Boone reforçou. "Sua vida social não é da minha conta. Sou grato a você por salvar Bailey. "

"Vamos saber se fui bem sucedido pela manhã", respondeu Bentley. "Keely, pode ir buscar minha maleta, por favor?"

"Sim, senhor." Ela saiu da sala, feliz por ter algo para fazer que a tirasse da presença de Boone.

Boone de uma olhada de novo na gaiola. "Nós já passamos por alguns momentos difíceis juntos", disse ao veterinário. "Se eu tivesse percebido o quão perigoso era sua condição, nunca o teria deixado." Ele olhou para Bentley. "Eu não sabia que cães tinham timpanismo."

"Agora sabe", respondeu o veterinário. "A maioria dos cães grandes correm esse risco."

"Quais são as causas?"

Bentley balançou a cabeça. "Não sabemos. Há meia dúzia de teorias, mas não há respostas definitivas. "

"O que você fez?"

"Eu extirpei o tecido morto e realinhei seu estômago", Bentley respondeu calmamente. "Eu vou receitar uma dieta especial para ele, a base de líquidos, para o próximo par de dias.”

"Você me avisará?" Boone disse lentamente.

Bentley reconhecia a preocupação nos olhos escuros. "Claro."

Boone girou para Winnie. Seus olhos eram acusadores.

Ela torceu o nariz. "Agora, ouça, Keely sabia o que estava fazendo, independente do que você acha," ela começou defensivamente. "Eu concordei com ela e vou assumir toda a responsabilidade por ter trazido Bailey."

"Não estou reclamando", disse ele. Sua expressão era aliviada. Ele curvou-se e deu um beijo carinhoso na testa de Winnie. "Obrigado."

Ela sorriu, aliviada por ele não estar zangado. "Eu amo o velho Bailey, também."

Keely voltou com a maleta e entregou-a Bentley. Ela trazia a velha capa de chuva também.

"Eu odeio capas de chuva", ele começou irritado.

Ela apenas segurou-a. Ele fez uma careta, mas enfiou seu longo braço e puxou a para cima. "Pessimista", ele murmurou.

"Você teve pneumonia na última vez que saiu na chuva ", ela lembrou-o.

Ele virou-se e sorriu para ela, na verdade, era apenas um leve erguer do canto da boca. Bentley Rydel nunca sorria. "Vá para casa", disse ele.

Ela balançou a cabeça "Não vou deixar Bailey até ter certeza de que está fora do efeito da anestesia", disse ela, e não olhou para Boone. "Além disso, você certamente terá pelo menos, uma chamada de emergência quando voltar."

"Eu não te pago o suficiente por todas essas horas extras", ele salientou.

Ela deu de ombros. "Então nunca ficarei rica." e deu um riso forçado.

Ele suspirou. "Certo. Estou no meu celular, se precisar de mim. "

"Dirija com cuidado."

Ele fez uma careta para ela. Mas sua expressão era sóbria e impassível como ele. Acenou ao Sinclairs na sua saída.

Boone deu um olhar penetrante à Keely. Ela evitou seus olhos e voltou para a gaiola de Bailey para checá-lo.

"Nós temos que ir", Winnie disse ao irmão. "Vejo você mais tarde, Keely".

Keely assentiu sem olhar para eles.

Boone estranhamente hesitou, mas não falou nada. Ele pegou Winnie pelo braço e levou-a a porta.

"Você não poderia agradecer a Keely por ter salvo a vida de Bailey?" Acusou ela quando pararam ao lado dos respectivos veículos.

Ele olhou a com frieza sob chuva. "Eu podia processá-la por trazer Bailey aqui sem permissão."

Winnie ficou chocada. "Ela salvou a vida dele!"

Ele evitou seu olhar. "Esse é exatamente o ponto. Vamos. Estamos ficando molhados. "

"O que aconteceu com seu show?" Winnie perguntou em tom mordaz.

"Ainda não acabou. Vou voltar. "

Ela quis dizer que sua ex-noiva não deveria estar nada satisfeita por ter sido abandonada, mesmo que por poucos minutos. Mas não disse nada. Ele estava obviamente de mau humor, e não era sábio pressioná-lo.

Keely ficou com o cão até Bentley chegar e atender sua chamada. Houve uma nova situação de emergência, uma mulher cuja campeã, uma Springer Spaniel Inglês estava dando cria e um dos filhotes não nascia. Mais uma vez, eles tiveram que fazer uma cirurgia de emergência para salvar mãe e filho.

Eram duas da manhã, quando terminaram e Keely limpou tudo. "Agora vá para casa", disse Bentley suavemente.

"Eu irei". Ela riu. "Não consigo manter meus olhos abertos."

"Não importa o que Boone Sinclair diz", ele disse a ela, "você fez a coisa certa." Ele deu uma olhada em Bailey, que estava dormindo pacificamente, graças a um analgésico. "Eu acho que ele ficará bem"

Ela sorriu. Embora Boone fosse um pé no saco, amava o velho cão e ela estava contente por ele não ter quer renunciar à sua companhia ainda.

Ela foi para casa, passou na ponta dos pés pelo quarto da sua mãe, e foi para a cama.

No dia seguinte, trabalhou até tarde e depois foi para casa para fazer todo o trabalho doméstico que a sua mãe nunca se incomodava em fazer. Quando terminou já era hora do jantar. A essa altura, sua mãe estava terminando o segundo uísque com soda e sua melhor amiga, Carly, tinha aparecido para o jantar. Keely, que tinha preparado o suficiente apenas para a mãe e ela própria, teve que acrescentar batatas e cenouras para aumentar o ensopado. Os gastos com a alimentação eram miseráveis, já que em primeiro lugar vinha a bebida.

Era o mesmo todo sábado à noite em que ela estava em casa, pensou Keely lastimosamente, escondendo seu desconforto enquanto servia a refeição na sala de jantar. Sua mãe, Ella, já embriagada, tirava sarro das roupas conservadoras de Keely, enquanto sua melhor amiga, Carly, acrescentava seus próprios comentários sarcásticos. Ambas já tinham passados dos seus quarenta anos e não eram nem um pouco convencionais. Carly não era bonita, mas Ella sim. Tinha um lindo rosto e uma boa aparência, e os utilizava para obter vantagem. A lista de seus ex- amantes, apesar de seu problema com bebidas, daria para preencher um pequeno caderno. Os estragos que ela causava era uma das suas fontes favoritas de diversão. Depois disso era ridicularizar Keely. Ella e Carly consideravam a virtude obsoleta. Nenhum homem, elas enfatizavam, queria uma mulher inocente nestes dias. Virgindade era uma carga para uma mulher solteira.

"Tudo que você precisa é de um homem, Keely." Carly Blair deu um sorriso falso, levando um forte cigarro turco aos seus lábios extremamente pintados de vermelho. "Algumas noites com um homem experiente tiraria o pudor dessa sua cara azeda."

"Você precisa usar maquiagem", a mãe acrescentou, entre um gole e outro do seu terceiro uísque com soda. "E comprar algumas roupas que não pareçam que saíram de uma liquidação."

Keely teria que lembrá-las que trabalhava com animais em uma clínica veterinária, e não em uma boutique exclusiva, e que os homens eram escassos nesses lugares. Mas elas só se divertiriam mais se reagisse. Ela aprendeu a manter a cabeça abaixada quando estava sob o fogo cruzado.

A carne guisada tinha sido cozida no forno elétrico durante o dia e estava cheirosa e tenra. Ela fez um molho para acompanhar e um bolo simples de sobremesa. Seus esforços foram pouco apreciados. As mulheres nem notaram o que estavam comendo, pois fofocavam sobre uma mulher que conheciam na cidade e que estava tendo um caso. Seus comentários eram cruéis e embaraçosos para Keely.

E elas sabiam disso obviamente, e por isso o faziam. O que não sabiam era que Keely não poderia manter um relacionamento com um namorado, muito menos com um amante. Ela tinha um segredo que nunca compartilhou com ninguém, exceto com o médico que tinha tratado dela. Ela ficaria sozinha para o resto da sua vida e tinha a certeza que sua mãe não sabia o que ela estava escondendo. A mulher mais velha era amarga e infeliz, e adorava fazer a filha de sua vítima. O segredo de Keely daria mais munição para seus ataques. Então Keely mantinha uma boa distância entre ela e sua mãe insensível.

Ela se perguntava muitas vezes o que teria acontecido com seu pai. Ela o amava muito, e achava que ele também a amava. Mas ele não tinha sido o mesmo desde a perda do seu parque natural. Ele entregou-se ao álcool e drogas para amortecer a dor e desilusão. Não tinha como se sustentar e muito menos a uma filha adolescente e teve que deixá-la com a mãe. Ela fez tudo para que ele a deixasse ficar, estava disposta a arrumar um emprego depois da escola, mas nada! Ele disse que ela precisava de segurança enquanto crescesse, e ele já não podia garantir. Sua mãe não é tão má pessoa assim, ele disse. Keely conhecia-a melhor, mas não podia mudar a opinião do pai, por isso tentava arrumar explicações por ele provavelmente ter esquecido o quão cruel Ella poderia ser. Além disso, ela tinha medo de seus novos amigos, especialmente um deles, que a esbofeteou.

Ella era proprietária de terras que tinha herdado, juntamente com uma considerável quantia em dinheiro de seus pais que faleceram recentemente. Ella emprestou dinheiro para o seu marido investir em seu negócio para tirá-lo da sua vida, disse. Rapidamente ela gastou o dinheiro que tinha herdado, em férias luxuosas, carros e uma extravagante mansão, enquanto Keely estava vivendo em condições miseráveis com seu pai. Mas a falta de riqueza da mãe não era da conta de Keely. Assim que se estabilizasse no serviço, arranjaria outro emprego em tempo parcial de modo que pudesse mudar para uma pensão. Então poderia ter tudo o que não tinha ali.

Seu pai tinha acabado de deixá-la na varanda de Ella, chorando e implorando para ir com ele. Ella não estava feliz por ter uma adolescente de volta na sua vida, mas pelo menos a recebeu. Com treze anos, Keely lentamente foi se acostumando com a mãe que ela mal se lembrava da infância, e que transformou sua vida em uma miséria.

"Boone Sinclair está se encontrando com sua ex-noiva, que o largou quando ele saiu do Exército," Carly Blair falou lentamente, dando uma olhada para Keely.

"Será?" Ella olhou para Keely, também. "Você a viu?" Ela perguntou, porque sabia que sua filha tinha amizade com Clark e Winnie Sinclair. "Como ela é?"

"Ela é muito bonita," Keely respondeu calmamente enquanto comia. "Longos cabelos negros e olhos azuis escuros."

"Muito bonita." Ella riu. "Nada parecida com você, Keely, certo? Você parece com o seu pai. Eu queria uma linda menina parecida comigo. "Ela enrugou seu nariz. "Que decepção você acabou se tornando."

"Não podemos ser todos bonitos, mamãe", respondeu Keely. "Eu prefiro ser inteligente."

"Se você fosse esperta, poderia ir para a universidade e conseguir um emprego melhor", replicou Ella. "Trabalhar como auxiliar de um veterinário" acrescentou arrogantemente. "Que trabalho vulgar."

"O chefe de Keely é muito bonito", Carly interrompeu, afastando sua cadeira. Ela riu. "Tentei fazer com que saísse comigo, mas ele me deu um olhar furioso e voltou para seu consultório." Ela deu de ombros. "Acho que ele tem uma namorada em algum lugar."

Keely estava surpreendida com o comentário. Carly tinha mais de quarenta anos e Bentley apenas trinta e dois anos de idade. Bentley tinha mencionado, apenas uma vez, que não suportava Carly. Provavelmente não gostava da mãe de Keely também, mas ele era muito educado para dizer isso. Elas não tinham animais que necessitassem de seus serviços. Ella odiava animais.

"O patrão de Keely é frio como um peixe, como Boone Sinclair", disse Ella. Ela se inclinou para trás em sua cadeira e estudou a sua filha com uma expressão fria. "Você nunca vai chegar a nenhum lugar com aquele homem", acrescentou, falando lentamente. "Ele pode estar saindo com sua ex-noiva por aí, mas não é um amante apaixonado."

"Como você sabe?" Keely devolveu atormentada pelo comentário e da forma como a mãe se dirigiu a ela.

Ella sorriu. "Porque eu tentei seduzi-lo, em mais de uma ocasião", disse ela, desfrutando do olhar de horror no rosto da filha. "Ele é frio. Não responde normalmente a mulheres, nem mesmo quando elas o querem fisicamente. Não importa o que as pessoas dizem sobre seu relacionamento com sua ex-noiva, posso assegurar-lhe que ele não reage positivamente às mulheres. "

"Talvez ele só não goste de mulheres mais velhas", Keely murmurou friamente, seus olhos cintilando com o quadro da mãe seduzindo Boone.

Um olhar cruel passou pela face de Ella. "Bem, certamente ele não gosta de você", ela retrucou com ironia deliberada. "Eu contei a ele como você gosta do seu chefe e que dorme com ele."

Keely estava horrorizada. "O que!" Ela explodiu. "Mas, por quê?"

Ella riu da sua expressão. "Eu queria ver o que ele ia dizer," ela meditou. "Foi uma decepção. Ele não reagiu. Então eu perguntei se ele não tinha notado quão agradável você era, mesmo não sendo bonita, e ele disse que não se sentia atraído por crianças. "

Crianças. Keely tinha dezenove anos. Isso não era infantil. Ela não pensava sobre si mesma como uma criança. Mas Boone sim...

"Então eu disse que você podia parecer uma criança, mas você sabia o que fazer com um homem, e ele foi embora", continuou Ella. Ela viu a expressão surpresa de Keely. "Então, eu suponho que sua pequena fantasia de amor não se realizará." Seu rosto assumiu uma expressão malévola. "Eu mencionei durante a conversa, antes de ele sair tão rudemente, que você tinha uma queda por ele e que provavelmente poderia te tirar do seu patrão, se tentasse. Ele disse que nem se você fosse a última mulher na terra ".

Keely queria ser tragada pelo chão. Alguns dos comportamentos antagônicos de Boone começaram a fazer sentido. Sua mãe foi alimentá-lo com mentiras sobre Keely, e ele engoliu tudo. Ela imaginou há quanto tempo Ella tinha feito isso, e se foi por vingança porque Boone não queria tocá-la. Talvez ela visse Keely como uma rival e queria ter a certeza de que não havia chance de Boone enfraquecer em relação a sua filha. De qualquer maneira, foi devastador para a mulher mais jovem. Ela deixou o resto de sua comida intocada, não conseguiria engolir mais nada.

"Você poderia ficar com ele se deixasse de se vestir com roupas de liquidação e usasse um pouco de maquiagem " Ella falou.

"Com meu salário, só posso me permitir roupas de liquidação", disse Keely.

Houve um silêncio tenso. "Isso é uma indireta para mim?" Ella exigiu com olhos brilhando. "Porque eu te dou um teto sobre a cabeça e comida", acrescentou brusca. "Você só tem que cozinhar um pouco e arrumar a casa de vez em quando para pagar por isso, é mais do que justo. Eu não sou obrigado a vestir-te, também! "

"Eu nunca disse que você era, mãe," Keely respondeu.

“Não me chame de mãe!" Ella disparou de volta, contorcendo-se na cadeira. "Eu nunca quis você em primeiro lugar. Seu pai era louco para ter um filho. Ele ficou desapontado quando nasceu uma menina, e eu me recusei a engravidar novamente. Arruinou minha cintura! Levei anos para chegar a minha forma novamente!

"Eu queria te dar para adoção quando você tinha onze anos e seu pai se divorciou de mim, mas ele disse que iria levá-la se eu lhe emprestasse dinheiro suficiente para abrir o parque. Então eu lhe dei o dinheiro, que ele nunca me reembolsou, mas de qualquer maneira, tomou-te das minhas mãos. Ele não queria você também, Keely ", acrescentou com um sorriso bêbado. "Ninguém te quis. E ninguém te quer. "

"Ella", Carly interrompeu de maneira nervosa “isso é cruel." O rosto de Keely estava branco como a farinha.

Ella piscou, como se ela não estivesse muito consciente do que estava dizendo. Ela encarou inexpressivamente Carly. "O que é cruel?"

Carly recuou, Keely colocou-se de pé e começou a limpar a mesa sem dizer uma palavra.

Ela carregou os pratos vazios para a cozinha, tentando desesperadamente que a mulher não a visse chorar. Atrás dela, ouviu sussurros, que aumentavam e então a voz de sua mãe argumentando. Ela saiu no ar frio da noite sem casaco, as lágrimas escorrendo pelas bochechas. Abraçou a si mesma e caminhou para frente do quintal, parando na cerca, olhou para Comanche Wells, o pasto e o pequeno oásis de árvores que sombreavam a terra cercada onde o gado de raça pura pastava. Era uma bela vista, com o ar fresco e a lua brilhando sobre as folhas do grande carvalho que ficava em frente ao jardim, parecendo que as folhas tinham sido pintadas de prata. Mas Keely estava cega para aquela beleza. Estava enojada.

Ela ouviu o telefone tocar na casa, mas ignorou. Primeiro o feroz antagonismo de Boone e a discussão sobre Bailey, o sarcasmo da ex-noiva na noite anterior e depois as afirmações horríveis da sua mãe esta noite. Foram os piores dois dias da vida de Keely. Ela não queria entrar, ficaria do lado de fora no frio, congelando até a morte e a dor parasse.

"Keely?" Carly chamou da porta traseira. "É Clark Sinclair. Ele quer falar com você. "

Keely hesitou por um momento. Ela virou-se e correu para dentro sem encarar Carly nos olhos ou olhar em direção a sala de jantar onde a mãe acabava sua bebida.

Ela pegou o telefone e disse: "Olá?" Em um tom desanimado.

A velha está te infernizando?" Clark meditou. "Quer sair? Sei que está em cima da hora, mas eu tenho que ir a Jacobsville e queria a companhia de alguém. Winnie vai trabalhar até tarde, e só Deus sabe onde Boone se enfiou. O que você acha? "

"Oh, eu adoraria", disse Keely fervorosamente.

"Precisa de um plano de fuga, não é? Eu estarei aí em dez minutos. "

"Eu estarei pronta. Vou esperar por você na varanda. "

"Deus, esta noite deve ter sido horrível!" Ele exclamou. "Eu me apressarei, para você não apanhar frio." Desligou. Keely também.

"Tem um encontro?" Ella falou lentamente, próxima à porta, ziguezagueando com o seu copo de uísque com soda nas mãos que estava vazio agora. "Quem é a vítima?"

Keely não respondeu. Foi para seu quarto no fundo do corredor e trancou a porta atrás dela.

"Eu disse que era um erro dizer-lhe isso", disse Carly lastimosamente. "Você vai se arrepender amanhã, quando estiver sóbria “.

"Um erro de lhe dizer o quê?" Ella murmurou. "Eu preciso de outra bebida."

"Não. Você precisa ir para a cama e dormir. Vamos lá. "Carly levou-a ao fundo do corredor para o seu quarto, empurrou-a para dentro e fechou a porta atrás delas. "Como você pode dizer aquilo, Ella?" Carly perguntou suavemente enquanto colocava a amiga na grande cama de casal com seu caro edredom rosa.

"Eu não me importo", disse Ella desafiadoramente. "Ela está no meu caminho. Eu não a quero aqui. Eu nunca a quis. "

"Ela faz todo o trabalho doméstico e cozinha," Carly disse em um de seus raros momentos de compaixão. "Ela trabalha o dia todo e, por vezes, metade da noite para o seu chefe e, em seguida, chega a casa e funciona como uma governanta. Você não dá valor ao que ela faz por você. "

"Eu podia contratar alguém para fazer tudo isso." Ella acenou com essa idéia distante.

"Pode se dar ao luxo de pagar alguém?" Carly retrucou.

Ella olhou com desdém. Já era difícil pagar os serviços públicos e comprar mantimentos. Mas ela não respondeu.

Carly olhou a calmamente. "Se você a pressionar, ela vai sair. Então o que você vai fazer? "

"Vou arrumar a casa e cozinhar", disse Ella pomposamente.

Carly balançou a cabeça. "Certo. É a sua vida. Mas é você que perderá. "

"Perder o que?" Ella murmurou.

"A única família que você tem," Carly respondeu num tom moderado. "Eu não tenho ninguém", acrescentou. "Meus pais estão mortos. Eu não tinha irmãos. Eu era casada, mas nunca fui capaz de ter uma criança. Meu marido está morto, também. Você tem uma filha e não a quer. Eu teria dado qualquer coisa para ter um filho. "

"Você pode ter Keely," Ella disse, rindo. "Eu vou dá-la para você."

Carly foi em direção à porta. "Você não pode manter as pessoas à distância, Ella." Carly olhou para trás. "Você realmente não tem ninguém".

"Tenho os homens." Ella riu friamente. "Posso ter qualquer homem que eu queira".

"Por uma noite", concordou a amiga. "A velhice chega rapidamente, para nós duas. Você realmente deseja colocar sua única filha para fora? Ela vai casar e ter filhos um dia. Você nem conhecerá seus netos ".

"Não terei netos," Ella atirou de volta. "Não estou ficando velha. Até pouco tempo eu tinha trinta anos! "

Carly riu. "Você está perto dos cinqüenta, Ella", Carly lembrou à amiga. "Todos os tratamentos de beleza do mundo não vão mudar isso."

"Eu farei um lifting", a outra mulher devolveu. "Venderei mais terras para pagá-lo."

Isso era imprudente. Ella já tinha vendido a maior parte das terras que sua família tinha deixado. Se vendesse o resto, teria sérias dificuldades para pagar as contas. Carly achou melhor não argumentar com ela.

"Boa noite", disse Ella.

Ella fez uma careta para ela, desabou sobre o travesseiro e dormiu em segundos. Carly não disse mais nada, simplesmente fechou a porta.

Keely vestiu calças de veludo cotelê marrom e um suéter, penteou seus cabelos loiros e lisos. Esperava que Clark não tivesse em mente um lugar caro. Ela não estava vestida para isso. Jogou um velho casaco bege sobre suas roupas e agarrou sua bolsa.

Fiel a sua palavra, Clark chegou a exatamente dez minutos, dirigindo seu carro esporte.

Carly saiu do quarto de Ella quando Keely estava saindo.

"Ela está dormindo?" Keely perguntou vagarosamente.

"Sim". Carly estava preocupada e demonstrava isso. "Ela nunca devia ter dito isso para você", ela acrescentou. "Ela te amava quando você era um bebê. Você não se lembra, era muito nova, mas eu sim. Ela estava tão feliz... "

"Tão feliz que agora ela me trata assim?" Keely perguntou magoada.

Carly suspirou. "Ela ficou diferente depois que seu pai a deixou. Começou a beber, e só piorou ano após ano." Ela não era mais uma mulher jovem. "Existem coisas que você não sabe sobre seus pais, Keely", disse ela suavemente.

"Tais como?"

Carly balançou a cabeça. "Não sou eu que tenho que te contar." Ela se afastou. "Estou indo para casa. Ela vai dormir até de manhã. "

"Tranque a porta quando sair, por favor," disse Keely.

"Estou saindo agora. Você pode trancá-la.” Carly pegou sua bolsa e parou assim que a porta se fechou atrás delas.

"Eu sou tão má quanto ela, às vezes," a mulher mais velha confessou tranquilamente. "Eu não deveria me divertir com você da maneira como faço, e nem ela. Mas você não reage, Keely. Você deve aprender a fazer isso. Você tem dezenove anos. Não perca o resto de sua vida submetendo-se, apenas para manter a paz. "

Keely franziu as sobrancelhas. "Eu não faço isso".

"Você faz, querida", disse Carly suavemente. Ela suspirou. "Ella e eu somos uma má influência sobre você. O que você precisa fazer é arrumar um apartamento só seu e viver sua vida. "

Keely procurou os olhos da outra mulher. "Eu pensei sobre isso...".

"Faça", Carly avisou. "Saia enquanto você pode."

Keely olhou com desdém "O que você quer dizer?"

Carly hesitou. "Eu já disse muito. Aproveite seu passeio. Boa noite. "

Carly saiu em seu pequeno carro importado. Keely olhou-a por um instante antes de descer os degraus para onde Clark estava esperando em seu elegante Lincoln. Ele se inclinou e abriu a porta para ela.

Ele forçou um riso. "Eu ia descer para abri-la, mas sou muito preguiçoso", provocou.

Ela sorriu de volta. Ele era uma versão de Boone carinhoso. Clark tinha o mesmo cabelo preto e olhos escuros, mas ele era um pouco menor que seu irmão, e seu cabelo ondulado, ao contrário do de Boone, era liso.

"Nem um de vocês lembram sua irmã", ela comentou.

Ele deu de ombros. "Winnie parece com nossa mãe e não gosta disso. Nós odiamos nossa mãe. "

"Winnie disse."

Ele deu uma olhada para ela enquanto saiam. "Compartilhamos o mesmo sentimento, não é, Keely?" Ele analisou. "Sua mãe é uma dor de cabeça."

Ela acenou com a cabeça. "Ela estava em grande forma, esta noite," ela disse cansada. "Bêbada e cruel".

"O que Carly estava dizendo para você?"

"Que eu tenho que aprender a reagir", disse ela. "Não é surpreendente, vindo da melhor amiga da minha mãe? As duas zombam de mim o tempo todo. "

Clark olhou para ela sem sorrir. "Ela está certo sobre isso. Você precisa enfrentar meu irmão também. Boone passa por cima de todos que não revidam. "

Ela tremeu. "Não estou falando do seu irmão", disse ela. "Ele é assustador."

"Assustador? Boone? "

Ela evitou o seu olhar virando para a janela. "Podemos falar de outra coisa?"

Ele estava desconcertado pelo seu comentário, mas recuperou-se com rapidez. "Claro! Acabei de ouvir que os chineses estão lançando uma sonda em direção a lua. "

Ela deu-lhe um olhar torto.

"Você não gosta de astronáutica", ele murmurou. "Certo. Política? "

Ela gemeu em voz alta. "Estou tão cansada de candidatos presidenciais que estou pensando em mudar para um lugar onde ninguém tenha funções públicas".

"A floresta amazônica me veio à mente."

Os olhos dela se estreitaram "Se eu for suficientemente longe, posso escapar da televisão e da internet."

"Posso ver as manchetes", disse ele com falso horror. "Técnica veterinária local comida por onça na mais sombria das selvas da América do Sul!"

"Uma onça que tivesse amor próprio não iria querer comer um ser humano", ela retrucou. "Especialmente um que come pizza de anchovas ".

"Eu não sabia que você gostava de anchovas."

Ela suspirou. "Eu não gosto. Mas quando era pequena, descobri que se eu a pedisse, meu pai me deixaria comer mais de duas fatias de pizza. "

Ele riu. "Seu pai devia ser divertido."

"Ele era." Ela sorriu recordando. " Os animais o amavam. Eu o vi alimentar tigres com as mãos, sem nunca ser mordido. Mesmo as cobras gostavam dele. "

"Esse parque deve ter sido uma coisa."

"Era maravilhoso", ela respondeu. "Nós adorávamos. Mas houve um trágico acidente e papai perdeu tudo. "

"Alguém foi comido?"

"Quase", ela respondeu, não querendo dizer mais. "Houve uma ação judicial."

"E ele perdeu", ele adivinhou.

Ela não o corrigiu. "Destruiu-o."

Ele franziu as sobrancelhas. "Ele cometeu suicídio?"

Ela hesitou. Este era Clark. Era seu amigo. Ela sabia que nunca diria a Boone ou mesmo a Winnie sem consultá-la primeiro. "Ele não está morto", disse calmamente. "Eu não sei onde ele está ou o que está fazendo. Ele desenvolveu um... problema com bebida." Ela não podia dizer-lhe toda a verdade. Deu uma olhada para ele preocupada. "Você não contará a ninguém?"

"Claro que não."

Ela estudou a sua bolsa no colo, virando-a impacientemente em suas mãos. "Ele deixou-me com minha mãe e sumiu. Isso foi há seis anos, e não ouvi uma palavra sobre ele. Pelo o que sei, poderia estar morto. "

"Você o amava."

Ela acenou com a cabeça. "Muito." Ela moveu-se inquieta.

"E o que mais?"

Ela sentiu a dor pelas palavras que a mãe tinha dito para ela. "Minha mãe disse que nunca me quis. Eu estraguei sua aparência", acrescentou com um riso vazio.

"Bom Deus! E pensei que a nossa mãe era má!" Ele parou em um semáforo em Jacobsville e olhou para ela. "Não é um inferno não podermos escolher os nossos pais?"

"Sim, é", ela concordou. "Eu fiquei doente, quando ela disse isso. Eu devia ter adivinhado. Ela não gostava de mim quando fui embora e gostava ainda menos quando papai deixou-me com ela. E agora acho que ela me odeia. Tentei agradá-la, mantendo a casa limpa e cozinhando, mas ela não deu nenhum valor. Ela resmunga pela comida que eu como." Ela virou para ele. "Eu tenho que sair dessa casa", disse ela desesperadamente. "Eu não posso ficar mais."

"A Sra. Brown administra uma pensão muito respeitável", ele começou.

Ela torceu o nariz. "Sim, e cobra um preço respeitável pelos quartos. Não posso pagar com meu salário. "

"Peça um aumento a Bentley", ele sugeriu.

"Ah, vou fazer isso logo de manhã", ela falou lentamente.

"Você está com medo de Bentley. Você está com medo de Boone." Ele seguiu o tráfego. "Você está sempre com medo de sua mãe. Você tem que enfrentar e reivindicar sua própria vida, Keely ".

"O que você quer dizer?"

"Você não pode passar a vida tendo medo das pessoas. Especialmente pessoas como o meu irmão e Bentley Rydel. Você sabe por que eles são assustadores?" Ele insistiu. "Porque para eles é difícil falar. Eles são basicamente tão introvertidos que têm dificuldade de se relacionar com outras pessoas. Conseqüentemente são quietos e tristes e não mudam seu jeito. São solitários ".

Ela suspirou. "Sou uma solitária, também, do meu próprio jeito. Mas não fico de lado olhando furiosamente as pessoas, ou, pior ainda, fingindo que elas não estão lá. "

"Será que é a ultima tática de Boone?" Ele meditou, rindo "Ele ignora você, não é?"

"Ignorou até quando discuti sobre a condição de Bailey."

"Graças a Deus que fez", disse ele fervorosamente. "Bailey pertence a Boone, mas todos nós amamos o velho companheiro. Eu nunca vou entender porque Boone não percebeu o que estava acontecendo com ele. Ele é um vaqueiro, já tinha visto timpanismo antes. "

"Sua namorada o convenceu de que eu estava tentando chamar sua atenção, usando Bailey para atrair Boone ao meu local de trabalho."

"Oh, pelo amor de Deus!" Explodiu ele. "Boone não é um estúpido!"

"Bem, aparentemente, minha mãe disse a Boone que eu tinha uma queda por ele, e agora ele acha que tudo que faço ou digo é uma tentativa de me insinuar em sua vida", disse ela amargamente.

"Ella disse isso a ele?" exclamou.

"Sim. E ela disse-lhe que estou dormindo com Bentley. "

"Bentley sabe que você está dormindo com ele?", Perguntou inocente.

Ela riu. “Não sei. Vou perguntar a ele. "

Ele explodiu numa risada. "É isso aí, garota", disse ele. "Você tem que aprender a rolar com os socos e não levar a vida tão a sério."

"Está muito sério para mim ultimamente", ela respondeu. "Eu me sinto como se tivesse atingido um muro essa noite."

"Você devia empurrar sua mãe em um", disse a ela. "Ou melhor, mostre a ela a péssima mãe que tem sido."

"Ela não escuta quando está bêbada, e quando está sóbria não fica em casa." Ela franziu os lábios. "Eu trabalho com veterinários. Aprendi como dopar cães. "

Ele sorriu. "Vai fazê-lo?"

"Onde você está me levando?" Ela perguntou quando ele tomou uma rodovia estadual, ao invés da estrada para Jacobsville. "Eu pensei que íamos assistir a um filme."

"Não estou com humor para filme. Pensei que poderia ir para San Antonio comer camarão ", ele respondeu. “O que você acha?"

"Vamos voltar muito tarde ", ela recordou-lhe preocupada.

"Que diabo", ele zombou. "Você pode dizer a sua mãe que você está dormindo comigo, agora, em vez de Bentley, e ela pode pensar o que quiser quando você chegar em casa."

Seus olhos quase saltaram.

Ele reparou e forçou um riso. “Eu preciso de uma ajudinha sua num assunto", ele acrescentou, “Eu acho que eu e você podemos ter a solução para nossos problemas. Se você quiser arriscar."

No caminho para San Antonio, imaginava o que ele quis dizer, e como iria se encaixar em sua "solução".

 

O restaurante que Clark levou Keely era um dos mais exclusivos da cidade, famoso pelos frutos do mar. Keely estava preocupada por estar vestida casualmente para um lugar como aquele, mas viu pessoas vestidas de todo jeito durante a noite. Ela relaxou e Clark seguiu a recepcionista para uma mesa de canto. Eles estavam sentados e analisando os menus. Keely teve que morder a língua pelos preços. Qualquer um destes pratos equivalia a um dia de seu salário. Mas Clark, apenas lhe deu um sorriso e disse-lhe para pedir o que quisesse. Eles estavam comemorando. Ela imaginou o que estariam celebrando, mas ele não diria.

Keely tinha comido antes, então pediu uma comida leve. Depois de ter acabado, ela perguntou a si mesma se era realmente a comida que os tinha trazido ali. Ele não tirava os olhos da garçonete que pegou seus pedidos. E a garçonete corava lindamente quando ele a encarava.

"Você a conhece?" Keely perguntou suavemente quando a garçonete correu para atender seus pedidos.

"Sim", disse ele, fazendo uma careta. "Estou apaixonado por ela."

Imediatamente Keely recordou a atitude de Boone para com seus irmãos por se envolver com alguém de uma classe econômica inferior. Ele tinha verbalizado isso no passado. Era doloroso ver o olhar no rosto de Clark. Ela sabia sem perguntar que ele via o desespero de sua própria situação.

"Ela é aquela que você levou para jantar no rancho?" Ela perguntou, lembrando algo que tinha ouvido de Winnie.

Ele assentiu com a cabeça. "Boone foi educado com ela, mas depois ele me perguntou onde eu estava com a cabeça. Ele vê todas as mulheres trabalhadoras como exploradoras que não podem esperar para se casar comigo e em seguida divorciar com um belo prêmio. "

"Nem todas as mulheres querem dinheiro", ela recordou.

"Diga a Boone. Ele não sabe. "

"Essa mulher que sai com ele parece ser obcecada com isso", murmurou Keely.

"Ela não conta, porque já é rica."

"Sim. Ela é linda, também ", acrescentou ela, com amargura.

Ele estudou a toalha branca com suas flores frescas, velas e prataria. "Pense... um homem como Boone enfiaria sua cabeça no mesmo laço que escapou uma vez? Aquela mulher ficou longe dele quando ele estava deitado em um hospital com ferimentos de estilhaços que poderia tê-lo morto. Ela não gostava de hospitais. Achou que ele poderia ficar aleijado, então lhe devolveu o seu anel. Agora ela está em San Antonio e quer voltar de onde tudo começou. Como você acha que Boone se sente sobre isso? "

Pela primeira vez, ela sentiu um lampejo de esperança. "Seu irmão não perdoa as pessoas", disse ela suavemente. Foi o que ela tinha dito uma vez para Winnie.

"Exatamente. Muito menos se a pessoa arranhou seu orgulho. "

"Então porque está saindo com ela?" Keely queria saber.

Ele deu de ombros. "Ela é linda e tem maneiras polidas. Talvez ele esteja apenas sozinho e queira desfilar com ela pendurada no seu braço. Ou, "acrescentou ele lentamente", talvez ele tenha algo em mente que ela não está esperando. Novamente, ela quer casar com ele. Mas não acho que ele queira casar com ela. E acho que ele tem um bom motivo para sair com ela e só. "

"Só Deus sabe o que é" Keely murmurou.

"Deus sabe e Ele provavelmente não gosta disso, também. "

"Você acha que Boone está planejando uma vingança?"

"Pode ser. Ele não partilha seus pensamentos mais íntimos com Winnie ou comigo. Boone é muito fechado. Ele não cede nada. "

"Como ele era antes de voltar para casa ferido?" Ela quis saber.

"Ele era menos sombrio", disse a ela. "Ele fazia piadas, ria, gostava de festas e adorava dançar. Agora, é o oposto do homem que costumava ser. Ele é amargo e nervoso, e não diz o porquê. Nunca falou com nenhum de nós sobre o que aconteceu com ele lá. "

"Você acha que tudo o que aconteceu o fez mudar tanto?"

Ele acenou com a cabeça. "Tenho saudades do irmão que eu tinha. Não posso chegar perto do homem que se tornou. Ele me evita como uma praga. Mais ainda, depois que eu trouxe Nellie para jantar em casa comigo. Ele me deu um longo sermão sobre os perigos de se relacionar com empregados. E foi eloqüente. "

"Então você está receoso quanto a levá-la para sair."

"Estou receoso de Boone descobrir que tenho me encontrado com ela", confessou ele. "O que me traz", acrescentou com um olhar “para a solução de que preciso de sua ajuda ".

Ela deu-lhe um olhar desconfiado. "Por que tenho a sensação que não devia ter concordado em vir aqui com você?"

"Eu não posso imaginar." Ele se inclinou para ela, sorrindo. "Mas se você apenas cooperar no meu projeto, vou retribuir o favor um dia."

Ela notou que Nellie, esperava em outra mesa, enviando um triste olhar para Clark, que era obviamente seu interesse. "Isso é desconcertante para Nellie", ela recordou.

"Não por muito tempo. Vou falar com ela antes de sair. Escuta, você é minha melhor amiga. Preciso de você para me ajudar a evitar que Boone descubra o quanto estou envolvido com Nellie. Fingiremos um envolvimento, se você quiser arriscar. "

"Envolvimento" Keely grunhiu. "Escuta aqui, Boone já pensa que estou dormindo com Bentley, graças à minha mãe. Ele não vai acreditar que estou direcionando minha atenção para você. Ele me odeia!" Ela exclamou. "Ele vai perder a cabeça se achar que há algo sério entre nós, e vai acabar com isso de qualquer maneira. Vou perder o meu emprego e terei que ficar em casa, minha mãe vai me deixar louca "

"Sua mãe vai ficar emocionada se você sair comigo, porque sou rico", disse Clark cinicamente. "Ela não vai causar problemas. E Boone vai perder seu tempo tentando pensar em maneiras de te tirar da minha vida, sem saber o que se passa ".

"Boone não é estúpido," ela se preocupou. "Ele vai se perguntar o que você vê em mim. Eu sou pobre, trabalho em um emprego subalterno..."

"Vou cuidar de tudo isso", disse ele, tranqüilizando-a. "Tudo que você tem a fazer é fingir que me acha fascinante." Ele forçou um sorriso. "Na verdade sou fascinante", acrescentou. "Sem mencionar muito adequado e encantador."

Ela fez uma careta pra ele.

"Mas o meu irmão não pode saber que não é de verdade", Clark acrescentou sério. "Ele tem controle de todo o meu dinheiro até que eu tenha vinte e sete anos. Então poderei tomar conta de tudo, mas só no próximo ano. Não posso me dar ao luxo de enfrentá-lo, ainda. Mas não estou desistindo de Nellie." Ele deu uma olhada na direção da jovem garçonete, que corou novamente pelo seu interesse e quase derrubou uma bandeja ao olhar para ele. "Você tem que nos ajudar", disse a ela. "Você ajudou Bailey e ele é só um cão. Sou o tipo de homem que se leva em consideração, te trato como uma irmã. "

"Isso mesmo, brinque com meus sentimentos," Keely murmurou.

Ele forçou um sorriso. "Vamos lá. Isso deixará Boone maluco, você sabe que sim. Você vai adorar! "

Pensando na forma como Boone a tinha tratado, teve de admitir que a decepção pagaria dividendos sob a forma de vingança. Mas Boone era um formidável inimigo e Keely estava incerta sobre o que fazer. Isso era engraçado, considerando sua atitude hostil e condescendente com ela. Ele já era o seu inimigo.

"Eu te salvarei, se a situação ficar muito difícil", ele prometeu.

Sabia que era uma má idéia. Ela iria se arrepender. "Se eu concordar com isso, tenho que contar a verdade para Winnie", ela começou.

"Não", ele disse imediatamente. "Winnie não consegue guardar um segredo, e tem medo de Boone, também. Ele a pressiona e conta tudo o que sabe. "

Keely torceu o nariz. "Eu só sei que isto vai acabar mal."

"Mas você vai fazê-lo, não vai?" Ele perguntou com um sorriso sedutor.

Ela suspirou. Clark era seu amigo há tanto tempo quanto Winnie. Ele ajudou-a a sair de uma meia dúzia de arranhões envolvendo sua mãe. "Ok", disse ela, finalmente.

Ele sorriu de orelha a orelha. "Ok! Agora. O que quer de sobremesa? "

Antes que eles deixassem o restaurante, ele a apresentou para Nellie e explicou a garçonete quem ela era e que lugar ocupava na sua vida. Nellie alegrou-se. Ela ficou animada quando Clark acrescentou que Keely estava lá para dar impressão que havia algo entre eles, assim poderia se encontrar com Nellie sem que Boone soubesse.

Keely reparou que a outra mulher era muito acanhada e dócil, e Clark parecia amar essa atitude. Mas Keely notou uma coisa que ele não, havia um ligeiro brilho nos olhos de Nellie que não combinava com um comportamento dócil. Ela não podia dizer nada, mas ficava apreensiva. Talvez Nellie o fascinasse devido à desaprovação de Boone, de muitas maneiras, só agora começava a experimentar os limites do controle de seu irmão mais velho. E Nellie sabia que a família era rica. Ela era uma garota que trabalhava, como Keely. Se ela fosse uma interesseira, Keely seria responsabilizada por tomar parte nisso. Desejava ter recusado. Desejava realmente.

Já era bem tarde quando voltaram para casa. Era uma da manhã quando Clark deixou Keely na sua porta.

Até aquele momento, não tinha se lembrado das palavras cruéis de sua mãe. Elas voltaram com força cruel quando viu a luz da sala de estar ainda acesa. Não queria entrar. Se tivesse qualquer outro lugar para ir, não poria o pé naquele lugar.

Mas sua escolha, como seu salário, era limitada. Ela tinha que viver com a mãe até que pudesse arranjar coisa melhor.

Clark estava olhando-a com aberta simpatia. "Ela provavelmente nem sequer se lembra do que disse," ele murmurou. "Bêbados não tem boa memória."

Ela deu uma olhada para, curiosa. "Como é que sabe isso?"

Ele hesitou, mas apenas por um minuto. "Depois que a noiva de Boone o deixou, ele passou duas semanas bêbado. Ele não se lembra de muitas coisas que me disse, mas eu nunca esqueci nenhuma delas. A principal ", acrescentou tenso, “foi que eu nunca me comparasse a ele e que eu não estava apto a administrar uma fazenda ".

"Oh, Clark," ela simpatizou. Ela podia imaginar como seria ser um homem e ter Boone como um irmão mais velho para conviver. Era muita responsabilidade.

"Quando ficou sóbrio disse não lembrar nada do que falou. Mas palavras machucam ".

"Nem me fale", Keely suspirou.

Ele virou-se para ela. "Estamos ambos no mesmo barco, não é? Nós somos pessoas que não correspondem às expectativas das pessoas com que vivemos ".

"Winnie e eu achamos que você é incrível do jeito que é", ela respondeu com obstinação.

Ele riu surpreso. "Sério?"

"Claro. Você tem um maravilhoso senso de humor, você nunca é sarcástico ou mal-humorado e tem um grande coração." Os olhos dela estreitaram-se. "Se eu lhe disse que Bailey necessitava de cuidados de emergência imediatamente, você teria colocado ele no carro e iria direto para o veterinário".

Ele suspirou. "Sim, acho que teria."

"Boone pensou que era um patético pedido de atenção da minha parte", acrescentou ela, infelizmente. "Acho que minha mãe disse um monte de coisas para ele sobre mim."

"Aparentemente. Ela não gosta de você, não é? "

"O sentimento é mútuo. Estamos juntos até que eu consiga um aumento ou um segundo emprego. "

"Como é que você vai encarar um segundo emprego?", Indagou.

"Para ficar longe do constante abuso da minha mãe eu me viro. Posso imaginar viver num lugar onde ninguém tira sarro de mim. "

"Você pode trabalhar para mim", ele sugeriu.

Ela balançou a cabeça dela. "Obrigado, mas não. Quero ser totalmente independente. "

"Eu percebi isso, mas não custa perguntar."

Ela sorriu. "Você realmente é um bom homem."

"Eu virei buscá-la no próximo sábado de manhã. Podemos cavalgar na fazenda e começar a deixar Boone nervoso ", acrescentou com um riso seco.

"Gaste toda sua munição antes de eu chegar", ela implorou.

"Ele não é tão ruim", disse ela.

Ela estremeu. "Claro que não é."

A porta da frente se abriu e a mãe de Keely saiu para o alpendre. "Quem é esse aí?" Ela falou lentamente, pendurada em um dos postes de apoio. Ela estava vestindo calças de seda floral com um roupão rosa suave. Seu cabelo estava despenteado e ela olhou sonolenta.

"Não lhe dê atenção", avisou Keely triste com um suspiro. "Ela sequer sabe o que está dizendo. Eu te vejo no próximo sábado. "

"Obrigado, Keely", disse a ela com sincero afeto.

Ela deu de ombros. "Você faria isso por mim", disse ela, e sorriu. "Boa noite".

"Boa noite".

Ela saiu do carro e caminhou até a varanda, tremendo por dentro, receava outro confronto com sua mãe. Ela tentou passar por Ella, mas a mulher mais velha a parou.

"Onde você estava?" Ela exigiu.

Keely olhou para ela. Pela primeira vez não retrocedeu, apesar de seus joelhos estarem tremendo. "Fora", ela respondeu simplesmente.

A face da mulher mais velha estava tensa. "Não fale comigo assim. Você vive em minha casa, caso tenha esquecido! "

"Não por muito tempo", Keely gritou. "Eu me mudarei assim que conseguir um serviço a noite que complemente o meu serviço diurno. Eu não me importo se tiver de viver no meu carro, valerá à pena! Não ficarei aqui por muito tempo. "

Ela corou ao passar por sua mãe e entrou em casa, direto para seu quarto e trancou a porta atrás de si. Ela estava tremendo. Foi a primeira vez, que se lembrava que tinha reagido aos abusos de sua mãe.

Ella veio a sua porta e bateu. Keely ignorou-a.

Ela bateu de novo, com o mesmo resultado.

Ella ficou sóbria rapidamente. Ela tinha acabado de perceber que se Keely fosse embora, não teria ninguém para fazer as tarefas. Ela não sabia nem cozinhar. Era capaz de pagar alguém até dois ou três anos atrás, mas estava diante de uma drástica redução no seu capital, devido às suas más decisões nos negócios. E havia algo mais, algo mais preocupante, que não ousava pensar agora.

"Não foi isso que eu quis dizer!" Ela chamou através da porta. "Eu sinto muito!"

"Você está sempre sentindo muito", Keely respondeu forçadamente.

"Não. Desta vez eu realmente sinto muito! "

Houve uma hesitação. Keely começou a enfraquecer. Então se lembrou das situações anteriores e ficou quieta.

"Eu não posso cozinhar!" Ella gritou através da porta um minuto mais tarde. "Eu vou morrer de fome se você me deixar!"

"Compre um restaurante," Keely retrucou seca

 Com o quê, Ella estava pensando, mas Keely desligou a luz. Ella continuou ali, inquieta, sua mente turvada, o coração batendo forte. Há muito, muito tempo atrás, ela desejava aconchegar Keely nos braços e cantar canções de ninar. Ella a amava. O que tinha acontecido com aquela suave e acolhedora sensação? Tinha morrido, há anos atrás, quando descobriu a verdade sobre seu marido? Tantos segredos, ela pensou. Tanta dor. E ainda estava ali. Não terminava.

Ela precisava de outra bebida. Virou as costas e foi em direção ao seu próprio quarto. Ela podia negociar o seu caso com Keely pela manhã. Havia muito tempo. A garota não podia sair. Ela não tinha lugar para ir, e nem dinheiro. Como conseguiria um segundo emprego, se Keely trabalhava tantas horas com o veterinário? Ela relaxou. Keely iria ficar. Ella tinha certeza disso.

Sábado de manhã, Clark chegou para buscá-la para cavalgar com ele na fazenda.

Ela tinha feito isso várias vezes com Winnie. Mas nunca com Clark. Winnie e Boone normalmente ficavam em casa no fim de semana, mas o Volkswagen vermelho de Winnie não estava à vista quando Clark dirigiu-se à frente dos estábulos com Keely junto a ele.

Ele saiu e abriu a porta para ela com um floreio. Boone, que estava selando um cavalo para ele mesmo no celeiro, parou com a sela no ar para olhá-los furioso.

"Oh! " Keely murmurou num suspiro.

"Ele é apenas um homem", Clark lembrou a. "Ele pode matá-la, mas não pode comê-la"

"Tem certeza?"

Boone tinha colocado a sela de volta no chão, ao lado do portão que mantinha o seu garanhão favorito na sua cocheira. Ele caminhou lentamente pelo corredor de ladrilhos em direção a Clark e Keely, que deu um passo para trás com sua aproximação calculadamente rápida e perigosa.

Ele agigantou-se sobre eles, ainda mais alto do que Clark, e olhou intimidante. "Eu pensei que você estivesse voando para Dallas hoje", disse a Clark.

Clark sentiu-se intimidado por seu irmão mais velho e não escondia isso. Ele tentou olhar desafiadoramente, mas só conseguiu um olhar culpado. "Vou segunda-feira," disse ele, e soou como um pedido de desculpas. "Eu trouxe Keely. Ela vai cavalgar comigo. "

Boone olhou para baixo para Keely, que estava olhando para os pés e chutou-se mentalmente por estar concordando com o temerário plano de Clark.

"Vai?" Boone murmurou friamente. Ele deu uma olhada para Clark. "Traga-me um cobertor para Tank do estábulo, por favor? Você pode pedir a Billy para selar dois cavalos para vocês no caminho. "

Clark alegrou-se. Seu irmão parecia quase amigável. "Claro!"

Ele forçou um sorriso para Keely e avançou rapidamente pelo corredor do estábulo, abandonando Keely com Boone, que parecia estranhamente como um leão confrontado por um bife suculento e grosso.

"Diga a Clark que não quer cavalgar, Keely", ele disse lentamente. "E peça para que ele te leve para casa. Agora. "

Primeiro a mãe, agora Boone. Estava tão cansada de pessoas dizendo-lhe o que fazer. Ela olhou amplamente para ele com seus olhos verde escuros. "Por que você se importa se vou cavalgar com Clark?" Ela perguntou calmamente. "Cavalgo com Winnie o tempo todo."

"Há uma diferença."

Ela se sentiu ameaçada. Então se sentiu insultada. Ela encontrou seu cortante e escuro olhar com resignação. "É porque minha família não é rica ou socialmente importante?" Ela perguntou. "É porque sou pobre?".

"E, ignorante", ele acrescentou tenso.

Seu rosto corou. "Eu tenho um diploma para o trabalho que faço," ela gaguejou.

"Você é uma admirável ajudante, Keely", afirmou categoricamente. "Você segura cães e gatos, enquanto o veterinário as trata."

Seu corpo inteiro ficou tenso. "Isso não é verdade. Dou anestesia e faço exames... "

Ele fez um gesto com a mão. "Poupe-me dos pormenores", disse ele, soando entediado.

"Não podemos ir todos para Harvard, você sabe", ela murmurou.

"E alguns de nós não pode sequer freqüentar a Escola Pública", ele disparou de volta. "Você tinha uma bolsa e jogou-a fora."

Ela sentia-se doente. "Uma bolsa que paga apenas os livros didáticos", ela corrigiu. "E só metade. Como todo mundo, você acha que eu poderia me dar ao luxo de pagar por instrução, ir às aulas e ter um emprego de tempo integral, tudo de uma vez? "

"Você podia desistir do emprego."

Ela deu um riso vazio. "Minha mãe amaria isso. Então ela não teria sequer o que comer".

Seus olhos escuros estreitaram-se. "Você paga aluguel?"

Seus grandes e suaves olhos verdes encontraram com os dele. "Eu faço todo o trabalho doméstico, cozinho e faço as compras. Esse é meu aluguel ".

Quem compra a sua bebida?" Ele perguntou com um sorriso frio. "E seus negligees transparentes?"

O rosto de Keely ficou escarlate. Ele estava insinuando alguma coisa. Seu olhar perguntava sem palavras.

Ele enfiou as mãos nos bolsos de seu jeans, puxando nervosamente o tecido grosso sobre os poderosos músculos de suas pernas. "Eu passei na sua casa para agradecer-lhe, tardiamente, por ter levado Bailey ao veterinário a tempo de salvá-lo", disse ele bruscamente. "Você não estava casa, mas ela estava. Ella atendeu à porta em um roupão transparente e convidou-me para entrar. "

A vergonha era opressiva. Ela virou o rosto.

"Embaraçada?" Ele zombou. "Por quê? Tal mãe, tal filha. Eu tenho certeza que você usa coisas semelhantes para Bentley ", acrescentou com doce sarcasmo.

Ela não conseguia formular uma resposta. Sua opinião sobre ela era dolorosa. Amava-o secretamente por anos, e ele a tratava assim. Ele não iria mesmo dar-lhe o benefício da dúvida.

Sua falta de resposta o deixava com raiva. Por que isso o fazia se sentir culpado era uma pergunta que ele não poderia responder. "Fique longe de Clark", disse ele brusco. "Eu não quero que você saia com ele. Você me ouviu, Keely? "

"Nós só íamos cavalgar..."

"Eu não quero saber "! Ele rebateu, vendo o seu corpo tenso, os olhos arregalados de susto. Isso o deixou com mais raiva ainda. Ele caminhou em sua direção e enfureceu quando ela deu um passo atrás. "Saia da vida de Clark. Hoje! "Disse a ela em um tom baixo e ameaçador.

Ela sentiu seus joelhos fracos. Foi intimidante. Ela não tinha forças sequer para encará-lo. Estava tão cansada de ter medo de todos, sobretudo de Boone.

Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, Clark veio com um cobertor. Ele estava sorrindo. “Billy está selando os cavalos. Logo os trará!"

Boone deu um olhar furioso para Keely. “Acho que Keely quer ir para casa", disse ele.

“Você quer?" Clark exclamou, surpreendido.

Keely respirou rápido e pôs se perto de Clark. “Eu gostaria de cavalgar”, ela respondeu.

Clark deu uma olhada para Boone, cujos olhos eram negros como azeviche. "O que está acontecendo?", Ele perguntou ao seu irmão. Ele de um olhar carrancudo. "Você realmente se importa se eu sair para cavalgar com Keely?"

Boone olhou furioso para Keely como se quisesse assá-la em um espeto e olhou furiosamente para seu irmão, também. Seus lábios eram uma linha fina. “Ah, merda!" Boone grunhiu. “Ah, por favor, façam a droga que quiserem!"

Ele virou-se e caminhou para fora do celeiro, aparentemente esquecido do cobertor que Clark tinha trazido e da sela que havia deixado no portão da cocheira. Seus longos e rápidos passos eram audíveis sobre o piso pavimentado, ecoando pelo corredor.

Clark cerrou os dentes enquanto assistia à partida de Boone. “Espero que ele não cruze com nenhum dos seus homens no caminho por onde vai", disse com visível preocupação.

“Por quê?" Keely perguntou, aliviada que Boone não tivesse dito nada mais.

De repente houve uma voz distante, uma maldição e o acentuado som da água sendo chapinhada.

"Oh, rapaz", disse Clark fortemente.

Keely fitou o corredor. Um alto e ensopado vaqueiro entrava no celeiro, espalhando água, quando andava. Ele espremia seu chapéu, resmungando. Olhou para cima e viu Keely e Clark e fez uma careta.

"O que aconteceu com você, Riley?" Exclamou Clark.

O vaqueiro olhou com raiva para ele. "Eu só fiz um comentário sobre como você e a Srta Keely ficavam bem juntos", disse ele defensivamente. "Boone me pegou e me atirou direto na água!"

Clark trocou um olhar com Keely. Ela teve de morder seu lábio para evitar rir do cowboy andando no corredor, resmungando sobre suas roupas que tinham sido lavadas recentemente e teriam que voltar para a máquina de lavar. Ele se dirigiu a porta de trás do celeiro em direção ao alojamento do outro lado.

“Pobre rapaz”, disse Keely. Ela olhou para cima. “Seu irmão tem um temperamento muito desagradável."

“Sim". Ele suspirou. “Bem, não foi tão mau como eu esperava", acrescentou ele, sorrindo. “Vamos para um passeio agradável e fingir que o meu irmão gosta de você e não pode esperar para recebê-la em nossa família!"

“Otimista", disse Keely e forçou um sorriso.

Boone tinha ido embora, quando eles voltaram do preguiçoso passeio pela fazenda, e neste momento Winnie estava guardando seu carro na garagem. Ela dirigia um Fusca vermelho, seu orgulho e alegria, porque estava pagando-o por conta própria.

Ela saiu da garagem franzindo as sobrancelhas. Ela nem sequer viu Keely e Clark num primeiro momento, até passar pelo celeiro.

"O que há de errado com você?" Clark perguntou a ela.

Ela parou, e olhou para eles pálida. “O quê?"

“Eu disse, o que há de errado com você?" Clark repetiu e juntou-se com Keely a sua irmã perto do curral.

“Péssimo dia no trabalho?" Keely perguntou com simpatia.

Winnie estava com os lábios apertados. “Eu tive um pequeno desentendimento com Kilraven", ela murmurou.

Keely arqueou as sobrancelhas. “Que tipo de desentendimento?"

Winnie torceu o nariz. “Eu não mencionei o 10-30-2 envolvidos em um 10-16 físico", disse ela, descrevendo uma possível arma envolvida em uma briga doméstica. “A mulher que ligou disse que o marido estava bêbado, tinha batido nela na frente das crianças e estava segurando uma pistola em sua cabeça. O telefone ficou mudo e eu enviei Kilraven. Eu consegui pegar a ligação de volta e a ouvia enquanto dava-lhe as informações, como a chamada era histérica, eu me agitei e não disse nada sobre a arma. Quando chegou ao endereço que lhe dei, ele teve uma Colt 45 automática enfiada na sua cara. "

Keely arfou. "Ele atirou?"

“Não para minha sorte, não", disse Winnie lastimosamente. "Eu também tinha que informar um 10-03, 10-30-03, chamando pelo rádio silencioso enquanto ele entrava na casa. Eu estraguei tudo. Foi o meu primeiro turno de trabalho sozinha, sem o meu instrutor, e estraguei tudo! Minha supervisora disse que eu poderia ter matado alguém, e ela estava certa." Ela explodiu em lágrimas. "Kilraven chamou-o para fora e desarmou o homem, Deus sabe como. Depois que o homem estava sob custódia, a caminho do centro de detenção, Kilraven me ligou de seu celular e disse que se eu lhe enviasse uma chamada novamente e deixando de lado detalhes vitais da ocorrência, que me despediria. "

Keely abraçou-a, balbuciando palavras de consolo, enquanto Clark dava um tapinha no seu ombro e disse que isso tudo iria passar.

Winnie assoou o nariz e secou os olhos. "Vou entregar minha demissão na delegacia e no 911 e voltar para casa", ela chorou. "Eu sou uma ameaça! Kilraven disse que eu estava tomando o lugar de pessoas que precisavam desesperadamente de trabalho Ele disse que mulheres ricas entediadas deveriam encontrar uma outra maneira de se distrair! "

"Isso foi cruel", murmurou Clark. "Vou ter uma conversa com ele."

Winnie olhou para seu doce irmão através dos olhos cheios de lágrimas. "Você está brincando? Kilraven faz Boone parecer civilizado! "

"Bem, nós poderíamos pedir para Boone falar com ele," Clark cedeu.

Quando Winnie estava começando a responder, um carro da polícia de Jacobsville vinha voando pelo o longo caminho e derrapou em frente do celeiro. Um policial alto, de cabelo preto, com aparência poderosa desceu e foi em direção a eles.

"Uh-oh", sussurrou Winnie, ficando pálida.

"Quem é esse?" Perguntou Clark.

Winnie tomou um fôlego. "Kilraven", disse ela pesadamente.

 

Winnie parecia uma daquelas pessoas contratadas para chorar em funerais. Seu longo, cabelo loiro estava desfeito pelo vento e seus escuros olhos estavam vermelhos de chorar.

"Está tudo bem", disse ela, tentando desviar a atenção de Kilraven do problema, enquanto ele se aproximava dela. "Você não precisa vir até aqui para me dizer que estou despedida. Eu entregarei minha demissão amanhã de manhã. "

Ele colocou sua mão sobre o coldre da sua arma e encarou-a com os olhos prata brilhantes. "Quem te pediu para sair?"

"Você disse que eu deveria", ela acusou, e derramando novas lágrimas. "Você disse que eu precisava deixar a aplicação da lei para as pessoas que eram qualificada para isso."

O homem alto fez uma careta. As lágrimas eram reais. Ele tinha sido obrigado pelo Chefe de Polícia Jacobsville Cash Grier, a procurá-la, mesmo protestando de todas as maneiras, por achar que Winnie estava fingindo. Mas não estava. Sua raiva dissolvia como lágrimas quentes no pavimento.

"Eu poderia ter matado você ", disse Winnie, com olhos vermelhos, e recomeçou a chorar. "Esse homem tinha uma pistola apontada para sua cabeça!"

Kilraven é apertou os perfeitos dentes. "Não estava carregada."

Winnie encarou-o através de uma névoa. "O quê?"

"Não estava carregada," Kilraven repetiu. "Ele estava muito bêbado para perceber que estava descarregada."

"Não tinha uma bala na agulha?" Winnie perguntou.

Kilraven deu de ombros. "Não importa."

Winnie olhou-o com desdém. "Não importa? Por quê? "

Ele deu um longo suspiro. "Ele não podia se lembrar de destravá-la."

Winnie apenas olhava para ele agora, não dizia nada.

"Mas poderia ter terminado em tragédia", prosseguiu Kilraven calmamente. "Quero dizer, se ele realmente conseguisse disparar a maldita coisa ..." Ele deixou o resto no ar.

Winnie assoou o nariz e enxugou os olhos novamente. "Eu sei".

"Eles te colocaram nessa função sem um treinamento de verdade", ele murmurou. "Em qualquer grande cidade, os funcionários do 911 passam por um treinamento. Bem, a cidade de Jacobs tem um também," ele admitiu. "Mas o diretor pensou que você estava apenas brincando, que não levaria a sério sobre o trabalho na central do 911, já que você trabalhava o dia todo para nós, no Departamento de Polícia. Então, ele acabou deixando você como uma assistente de um dos oficiais. Ele achou que você desistiria após alguns dias, que só estava nesse emprego porque estava entediada de ficar em casa, Tive uma longa conversa com o diretor, antes de vir para cá. "

"Teve?" Winnie estava fascinada. Ela hesitou. "Você não bateu nele ... ou algo do tipo?"

"Eu não bato nas pessoas", respondeu arrogantemente.

"Não é o que Harley Fowler diz," Keely murmurou.

Kilraven olhou furiosamente para ela. "Aquele cara puxou uma faca para mim e ameaçou cortar o meu... bem, não importa o que ele ameaçou, ele me atacou. Era acertá-lo ou matá-lo. "

"Com todos aqueles pinos que tiveram que colocar no seu maxilar?" Keely perguntou em voz alta.

"Foi melhor do que levar uma bala" Kilraven protestou. "E eu sei. Já levei três tiros, juntamente com vários pedaços de estilhaços, e estou usando dois pinos de aço, também. Os pinos doeram menos. "

Winnie o estudava curiosamente.

"Eu não lhe disse onde eles estão", disse Kilraven. "Você deveria se envergonhar pelo que está pensando!"

Winnie corou. "Você não sabe!"

"O inferno que não”, ele bufou de raiva. "O meu bisavô era um verdadeiro xamã que podia ler pensamentos."

"Não é o que Harley Fowler diz que ele era", Keely interrompeu.

Ele deu-lhe um olhar exasperado. "O que Harley Fowler sabe sobre mim? Eu nem conheço o homem! "

"Ele não te conhece, mas joga poker com Garon Grier, que trabalha com Jon Blackhawk, que é o seu meio irmão", explicou Keely.

"Maldito FBI!" Kilraven amaldiçoou.

"Harley não pertence ao FBI," Winnie salientou.

"Garon e meu irmão, sim", disse Kilraven. "E eles podem parar de dizer às pessoas mentiras sobre mim e minha família."

"Jon é a sua família", respondeu Winnie. "E Harley não disse mentiras, disse que seu bisavô tinha raiva de um xerife local e besuntou-o com carne fresca e jogou-o de cabeça em uma caverna de lobos."

"Bem, a caverna estava vazia naquele momento", Kilraven defendeu seu antepassado.

"Sim, mas o seu bisavô não sabia disso". Keely riu.

Kilraven fez uma careta para dela. "Você não escutou isso de Harley Fowler, e sim de Bentley Rydel."

Keely corou.

Kilraven levantou a mãos. "Você leva seu cachorro no veterinário e enquanto espera que ele seja medicado, você fornece informações pessoais que em seguida, serão do conhecimento de toda a comunidade!"

"Você não faz parte da família, a menos que saibam tudo sobre você", assinalou Clark.

Kilraven olhou ameaçadoramente. "Que família?", Ele perguntou, e deu uma olhada para Winnie, que corou tão calorosamente como Keely.

"A família Jacobsville", Clark respondeu. "Não somos uma cidade. Nós somos uma grande família ".

"Você não vive em Jacobsville, vive em Comanche Wells," Kilraven retrucou.

"É uma extensão de Jacobsville, e você está evitando a questão", disse Clark com um sorriso.

Kilraven ergueu o canto da boca num arremedo de sorriso. "Estou indo. Não quero ser parte de uma família. "

"Com essa atitude, não me preocuparia com isso", disse Winnie com um suspiro.

Ele hesitou palidamente. "Seu diretor irá falar com você na parte da manhã sobre alguns treinamentos. Ele vai fazê-lo pessoalmente. Não quero que você seja despedida. Nem qualquer dos outros policiais e pessoal do salvamento. Você tem uma verdadeira habilidade para o trabalho. "

Kilraven virou-se e entrou no seu carro patrulha. Arrancou para a rodovia, sem um olhar, um aceno ou qualquer outra coisa.

"Bem, ele é um tipo agradável", Clark teve que admitir.

"Ele é do tipo assustador, também", disse Keely, olhando para Winnie.

Winnie sorriu através das lágrimas. "Talvez eu não seja um caso perdido, depois de tudo."

Keely abraçou-a. "Definitivamente, você não é um caso perdido", ela riu.

"Bem, acho que vou entrar e encontrar algo para comer..." Ela parou, seu olhar foi de Clark para Keely. "O que estão fazendo juntos?"

"Deixando Boone louco", disse Clark, sorrindo.

"Gostaria de explicar como?" Sua irmã perguntou.

"Convidei Keely para andar a cavalo comigo, e Boone estava no celeiro quando chegamos."

"Então é por isso " Winnie disse pensativamente.

"Por isso, o quê?" Keely quis saber.

"Por isso que meu irmão estava na estrada sentado no seu carro com uma viatura dos Texas Rangers, com as luzes acesas atrás dele, enquanto um policial pesquisava a licença do carro".

"Como você sabe o que ele estava fazendo?" Keely perguntou.

"Porque eu faço as pesquisas o tempo todo para os soldados e policiais locais", ela respondeu.

"E o que Boone estava fazendo?" Clark perguntou hesitante.

Winnie riu. "Ensinando ao soldado novas palavras, pelo que vi. Eu não me atrevi a parar para perguntar. "

"Oh, querida," disse Keely, olhando para Clark.

"Pare com isso", disse Clark com firmeza. "Não é problema de Boone, se a convidei para cavalgar comigo."

"Não deveria ser", disse sua irmã Winnie. "Mas ele vai tornar seu problema. Ele acha Keely muito jovem para sair com homens. Qualquer homem. "

Clark arregalou os olhos. "Ela tem quase vinte anos!"

"Bem, claro que ela tem", disse Winnie suavemente. "Mas não para Boone. Para ele, Keely ainda usa tranças e ensina seu cachorro a buscar jornais. "

"Não diga isso," Keely gemeu.

"Foi quando seus pais alugaram aquela casa perto da estrada, enquanto a sua casa estava sendo reformada. Você tinha cerca de onze anos. Esse cão era muito bom em buscar jornais," Winnie respondeu. "Só que era mais fácil para ele pegar o jornal do Boone no nosso alpendre do que buscá-lo na sua caixa no fim da rua."

"Boone gritou comigo", recordou Keely com um estremecimento.

"Boone grita com todos," Winnie lembrou-a.

"Quase todo mundo," Clark especificou.

Keely arqueou as sobrancelhas. "Quase?"

"Não funcionou quando ele gritou com Rydel Bentley, não foi?" Ele riu. "Winnie me disse”, ele acrescentou quando Keely olhou perplexa.

"Bentley não tem medo de ninguém", Keely concordou, sorrindo. "Ele tem sido bom para mim."

"Eu acho que ele tema queda por você, exceto pela idade dele", disse Clark. "Ele é mais velho que Boone".

"Eu acho que é" Keely disse.

"Quer almoçar?" Winnie convidou após um momento de silêncio. "Nós vamos ter de fazê-lo nós mesmos, porque a Sra. Johnston está de folga hoje, mas posso fazer uma salada e Keely pode fazer o pão."

"Eu amo pão caseiro", Clark suspirou. "Ao refeitório Senhoras, eu costumava fazer isso na escola quando era garoto."

"Importa-se?" Winnie perguntou a sua melhor amiga.

Keely sorriu. "Claro que não. Gosto de cozinhar. "

Seria também uma desculpa para não ter de ir para casa por um tempo. Sua mãe levantaria muito cedo, e como de costume e a perturbaria com besteiras. Com um pouco de sorte, talvez Carly convidasse Ella para sair, uma vez que era sábado. Ela daria a Kelly uma adorável noite calma em casa sozinha se ela não a provocasse; algo que raramente fazia.

Os três trabalhavam em um amigável silêncio enquanto preparavam juntos um almoço leve. Keely pegou um pouco da massa que estava usando para o pão e acrescentou manteiga, nozes pecans, canela e açúcar fazendo pãezinhos para a sobremesa.

A salada de Winnie esfriava enquanto esperavam a massa crescer. Dentro de uma hora, Keely teria pão fresco sobre a mesa e pãezinhos de canela cozinhando no forno, enquanto eles comiam frutas frescas.

No meio da festa de improviso, Boone entrou. Parou na soleira da porta, sentindo o cheiro no ar.

"Cheira a pão fresco", ele comentou, franzindo a testa. "Onde diabos vocês conseguiram pão fresco? Há uma padaria na cidade que não conheço? "

"Keely fez o pão", Clark murmurou, comendo mais um pedaço com manteiga. "Mmmm!" Acrescentou ele, fechando os olhos com o delicioso sabor.

"Recebeu uma multa?" Winnie perguntou, tentando desviar seu olhar penetrante de Keely que estava contorcendo-se na sua cadeira.

"Multa por quê?" Boone perguntou, procurando por um prato no armário.

"Excesso de velocidade", ela respondeu.

Ele colocou seu prato na mesa, talheres e um guardanapo. Encheu sua xícara com café do bule e sentou-se com os três. Keely estava com o coração disparado, e tentava se acalmar enquanto Boone estava tão perto.

"Eu levei uma advertência", disse ele tensamente.

"Minha amiga Nora é secretária do delegado", ela lembrou-o. "Se você receber uma multa, vai passar por seu escritório e ela vai me dizer."

Sua boca crispou-se. "Tenho uma pequena multa."

"Há apenas um tamanho de multa”, disse ela.

Ele ignorou-a. Pegou um pãozinho, passou manteiga e deu uma mordida. Sua expressão foi a mesma de Clark. Pão fresco era um deleite. A sua cozinheira, Sra. Johnston, não sabia fazer pão, apesar de ser uma ótima cozinheira.

"Tem salada também", comentou Winnie, empurrando a tigela para ele.

"Onde você aprendeu a fazer pão?" Ele perguntou a Keely, e pareceu realmente interessado em sua resposta.

"Quando eu morava com meu pai, ele tinha um grande parque natural. Um de seus trabalhadores temporários tinha sido militar e viajou por todo o mundo ", ela recordou. "Ele era um chefe gourmet e me ensinou a fazer pão francês e pastéis quando eu tinha doze anos. "

"Que espécie de animais seu pai tinha?" Boone persistiu.

"O habitual", disse ela, sem olhar nos seus olhos. "Girafas, leões, macacos e um elefante."

"Leões africanos?"

Ela assentiu com a cabeça. "E um leão da montanha", acrescentou. Ninguém reparou que os dedos, segurando o garfo, estavam brancos.

"Eles têm péssimo temperamento", Boone disse. "Um dos meus empregados da fazenda seguia a pista de um quando trabalhou no Arizona, durante alguns anos atrás. Ele estava atacando o gado. Ele disse que matou um de seus cães de rastreamento antes que pudesse acertá-lo com um tiro. "

"Eles tendem a ser agressivos, como a maioria dos animais selvagens", ela concordou. "Eles não são mal intencionados, você sabe. Eles são apenas animais selvagens. Eles fazem o que fazem. "

"Qual era o seu trabalho no parque?" Boone murmurou.

"Eu alimentava e dava água aos animais e assegurava que as portas estivessem trancadas durante a noite para que não saíssem," disse ela.

Ele terminou o seu pão e seguiu bebendo café preto. "Não é um trabalho adequado para uma criança de doze anos", ele observou.

"Era só papai e eu", disse ela, "com exceção do velho Barney, e ele era aleijado. Ele caçou um leão que tinha se tornado um assassino de homens na África. Eles lutaram ferozmente. Barney perdeu um braço e um pé para o leão.

"Ele tirou sua pele, quando o matou?" Boone perguntou.

Ela sorriu ligeiramente. "Ele fez um tapete e dormiu sobre ele toda noite. Quando ele nos deixou, ainda o carregava".

"Os pães estavam bons", disse Boone inesperadamente.

"Obrigado", respondeu Keely timidamente.

"Você poderia conseguir um emprego de cozinheira", ele salientou.

Ela franziu as sobrancelhas. "Por que iria querer desistir de trabalhar para Bentley?"

Sua expressão agradável mudou. "Só Deus sabe."

Winnie deu a seu irmão um olhar penetrante. Ele ignorou-o. Estudou o rosto dela de cara amarrada. "Você esteve chorando", disse ele abruptamente. "Por quê?"

Ela empalideceu. Não queria falar sobre isso.

"Por quê?" Ele insistiu.

Ela sabia que era inútil tentar esconder dele. Alguém poderia contar-lhe, de qualquer maneira.

"Eu quase matei Kilraven”, ela confessou, descansando seu garfo.

"Como?"

"Eu estava agitada e me esqueci de avisá-lo que o homem envolvido em uma briga doméstica estava armado", disse ela calmamente. "Felizmente para Kilraven, a arma estava travada e o homem não se lembrou disso."

"Felizmente para o homem", Clark elaborou secamente. "Se ele atirasse em Kilraven, iria aguardar o julgamento no hospital".

"Isso dependeria do local onde ele atirasse", respondeu Winnie.

"Kilraven é feito de aço", Keely brincou. "A bala não atravessaria aquela casca dura."

"Ela está certa" Riu Clark. "Eles teriam que acertá-lo com uma bomba para fazer um arranhão nele."

Nenhum deles reparou que Boone estava sentado rígido, com os olhos fitando cegamente o espaço. Aquele olhar que qualquer combatente veterano teria reconhecido imediatamente. Mas ninguém em sua família tinha servido no serviço militar, exceto ele próprio.

Keely notou. Ela sabia que Boone tinha ido à guerra, que esteve na linha de frente, como soldado das Forças Especiais. Ela sabia que ele estava relembrando momentos terríveis. Keely os reconhecia, porque tinha os seus próprios. Sem dizer uma palavra, seus olhos demonstraram reconhecimento para o homem taciturno a sua frente. Ele franziu as sobrancelhas e evitou seus olhos.

Ele terminou o seu café e colocou-se em pé. "Eu tenho de fazer alguns telefonemas", ele murmurou.

"Keely fez pãezinhos de canela", disse Winnie. "Você não quer um?"

Ele hesitou. "Traga-me um no escritório, com uma segunda xícara de café, ok?", Indagou.

"Claro", disse Winnie.

"Não." Seus olhos escuros deslizaram para Keely. "Você traz", disse ele.

Antes que ela pudesse responder, saiu da sala.

"Bem!" Clark disse surpreso.

"Ele está com um humor de morder alguém," disse solenemente Winnie. "Boone tem horror quando não há público para ele. Se ele desaprova o namoro de vocês Clark, vai fazer da sua vida um inferno. Vou levar a sobremesa para ele. "

"Não", disse Clark. Ele olhou para Keely. "Você têm que parar de ter medo dele e enfrentá-lo", disse a ela. "Esta é uma boa hora para começar."

Keely ficou pálida. Ela hesitou e olhou para Winnie pedindo socorro.

Mas Winnie hesitou, também. Ela franziu a testa. "Talvez Clark esteja certo", disse ela depois de um minuto. "Você está com medo de Boone. Ele sabe, e usa isso contra você."

Keely mordeu seu lábio inferior. "Eu suponho que você está certa. Eu sou uma banana".

"Você não é," sua melhor amiga respondeu, sorrindo. "Aqui está sua chance de provar isso."

"Com o seu escudo ou sobre ele," Clark entoou dramaticamente.

Keely ruborizou. "Eu não sou uma espartana."

"Uma amazona, então," Clark concordou e forçou um sorriso. "Vá buscá-lo!"

"Nós estaremos bem aqui", prometeu Winnie. "Você pode gritar por ajuda e nós vamos resgatá-la."

Keely tinha dúvidas sobre isso. Winnie e Clark amavam Boone, mas nenhum deles tinha desafiado seu temperamento. Se ela gritasse por ajuda, eles iriam supor que Boone estava enfurecido e pronto para uma luta, e estariam escondidos sob as pesadas peças do mobiliário tentando não serem notados. Ainda assim, eles tinham razão. Ela tinha quase vinte anos. Já era tempo de aprender a lutar.

Ela encheu uma xícara de café preto e pegou os bolinhos de canela no forno. Colocou dois deles em um prato e acrescentou um guardanapo. Ela deu uma olhada para sua audiência.

Clark roçou nas mãos dela.

Winnie balbuciou, "Vá em frente!"

Ela teria feito um comentário inteligente, mas o seu coração estava na garganta. Incomodava-a o fato de Boone ter pedido para ela levar a sobremesa para ele. Considerando a sua reação à sua amizade com Clark, ele teria que fazer algo.

 

Ela bateu de leve na porta.

"Entre," ele respondeu breve.

Ela equilibrou o pires com os pãezinhos de canela sobre a xícara de café e delicadamente abriu a porta do escritório, fechando-a depois de entrar.

Era uma pequena e íntima sala, com duas paredes de livros até o teto, janelas francesas que davam para um pequeno pátio, e uma lareira a gás. O tapete era de um profundo bege, combinando com as cortinas em tons de terra. Mas eram os móveis de couro vermelho, que quebravam a seriedade da sala, dando um toque de cor. Boone parecia em casa, em uma grande poltrona em couro vermelho atrás de sua enorme mesa de carvalho. Sobre a lareira havia um quadro do pai de Boone. Era uma profecia de como Boone seria mais velho, com cabelos prateados e uma ilustre expressão de comando.

"Você parece com ele", Keely pensou enquanto colocava o café e a sobremesa suavemente em um local vazio na mesa. Suas mãos estavam frias e agitadas. Ela esperava que ele não tivesse notado.

"Eu?" Ele deu uma olhada no retrato. "Ele era mais baixo do que eu."

"Você não pode ver a altura em uma pintura", ela recordou.

Ela não quis discutir e foi em direção à porta.

"Volte aqui", disse ele seco. Não era um pedido.

Era agora ou nunca. Ela respirou firme e virou. "Winnie está esperando por mim."

"Winnie?" Ele perguntou com um sorriso cínico. "Ou Clark?"

Ela engoliu. Suas mãos começaram a se agitar novamente. Ela engachou-as na cintura ainda olhando para ele. "Ambos", ela respondeu.

Ele inclinou para trás na cadeira, ignorando os pãezinhos e o café. "Você e Clark tem sido como irmãos durante anos. Por que a súbita paixão? "

"Paixão"? repetiu ela.

"Ele está saindo com você. Você não anunciou?" Ele perguntou sarcasticamente.

"Fomos cavalgar", ela recordou. "Há um monte de coisas que você não pode fazer em um cavalo!"

Suas sobrancelhas arquearam-se. "Sério? Que tipo de coisas? "

Ele estava provocando-a. Ela olhou furiosamente para ele. "Você disse que queria pãezinhos de canela e café. Aí está. "

Ela foi em direção a porta novamente.

Incrível, o quão rápido ele podia se mover pensava desorientadamente quando ele já estava na porta antes que ela chegasse. Ela teve que parar de repente para não se chocar contra o alto e poderoso corpo.

Ele virou-a para que ela ficasse contra a porta. Seus olhos escuros se estreitaram ao olhar para ela. Ela sentia como um pequeno, delicioso e decididamente alarmado coelho.

Ele sabia. Sorriu lentamente e seus olhos começaram a brilhar. "Você está com medo de mim", disse ele em um lento e profundo tom.

Suas mãos estenderam-se atrás dela contra a porta e ela quase derreteu. Ele estava muito perto. Ela podia sentir o calor de seu alto e poderoso corpo, sentiu o puro e picante perfume dele quando se inclinou mais perto.

Agora ele tinha uma vantagem, e sabia disso. Ela fez uma coisa estúpida, tentando fugir.

"Você não tem medo de Clark ou Bentley, tem?" Ele persistiu.

"Eles são pessoas legais".

Ele fez um curto e áspero som profundo em sua garganta. "E eu não sou?"

Ela tinha a respiração irregular. Os olhos dela só iam até o primeiro botão da camisa, que estava desabotoado. Um espesso pelo preto surgia sob ele. Ela perguntou se havia mais em todo seu amplo peito. Ele nunca tirava a sua camisa, ou mesmo abri-a mais do que o botão superior. Ela estava curiosa. Seus pensamentos a surpreendiam. Ela não tinha pensado dessa forma sobre um homem por um longo tempo.

Ele reconheceu seu medo. Uma magra mão veio até sua bochecha e acariciou seus suaves cabelos loiros, o gesto sensual era o suficiente para fazê-la tremer. Ela não podia esconder a sua reação a ele. Ela não tinha experiência.

Aproveitando sua vantagem, ele curvou-se e roçou preguiçosamente seu nariz contra ela em uma estranha e íntima carícia que fez a sua respiração parar na garganta.

"Tem cheiro de lilás", ele sussurrou. "É um perfume que nunca associo a qualquer outra mulher."

"É só xampu", ela revelou. Ela estava tímida e nervosa e não entendia o que ele estava fazendo. Era uma brincadeira? Ela não se lembrava de um homem ter a tratado dessa maneira.

"É?" Ele se deslocou, um pouco, mas o suficiente para colocar suas longas pernas em contato com as dela, em uma intimidade que ela nunca tinha partilhado com um homem.

Instintivamente suas pequenas mãos foram para o peito dele e empurrando-o de uma vez.

Ele puxou-a de volta com uma palavra grosseira. Seus olhos estavam em chamas quando olhou para ela. "Você acha que eu estava brincando com você?" Ele desafiou firmemente. "Você tem sorte! Eu não perco o meu tempo com crianças. "

Ela estava tremendo. Sua postura denotava perigo, e ele olhou-a de forma assassina.

"Inferno!" Ele explodiu furioso com a sua própria fraqueza e a fria reação dela. Ela estava como uma pedra de gelo.

O seu lábio inferior tremeu. Ele era assustador assim. Ela associava raiva com violência física, graças a um amigo de seu pai. Encolheu-se involuntariamente quando ele levantou a mão.

Seu flagrante medo esfriava seu temperamento. Ele parou por um momento, perplexo. O que estava aprendendo sobre ela, sem uma palavra dita o fascinava. Ela realmente estava com medo dele. Não apenas da sua paixão, mas do seu temperamento também. Ela pensou que ele estava levantando a mão para bater nela. Que colocou uma questão preocupante. Algum homem bateu nela no passado?

"Eu ia abrir a porta, Keely", disse ele em um tom completamente diferente, como o que usava com crianças. "Eu não bato em mulheres. Isso é uma covardia. "

Ela obrigou seus olhos a encará-lo. Ela não podia dizer-lhe. Ela guardava tantos segredos. Havia pesadelos em seu passado.

Ele franziu as sobrancelhas. Seus dedos foram a bochecha dela e acariciou com ternura ímpar. Eles se mudaram para sua boca macia e traçou-a, em seguida, subiu até seus cabelos.

"O que aconteceu com você?", Indagou em tom suave que ele desejava ter sempre usado com ela.

Ela encontrou seus olhos no mesmo nível. "O que aconteceu com você?" Ela combateu em uma voz que quase não foi mais alto do que um sussurro.

"Comigo?"

Ela assentiu. "Quando Clark estava falando de bombas, você ficou quieto e seus olhos estavam perturbados."

A expressão em seu rosto passou de terno para indiferente, em segundos. Ele se fechou novamente. "Seria melhor você voltar para os outros", disse ele. Abriu a porta e ficou de lado, esperando ela sair.

Ela passou por ele hesitante, como se houvesse algo inacabado entre eles.

"Obrigado pelo café e a sobremesa", disse ele tenso, e fechou a porta antes que ela pudesse dizer outra palavra.

 

Boone saiu do escritório uma hora mais tarde e saiu sem dizer uma palavra. Keely,Winnie e Clark assistiam a um novo filme no "pay-per-view e, em seguida, dividiram uma pizza antes de Clark levar Keely para casa. Boone ainda não havia voltado.

Keely não tinha premonições, mas estava tendo uma agora. Estava ficando escuro e quando se dirigiu para casa, registrou duas coisas de uma só vez. Não havia luzes acesas em casa e um policial estava sentado em uma viatura na entrada da garagem.

"Oh, Deus" Keely murmurou temerosamente, com a mão na maçaneta.

Clark, preocupado, saiu do carro e caminhou com ela para o policial, que saiu de seu carro quando Keely o abordou.

"Desculpe minha senhora", disse ele com calma, “mas não conseguimos entrar em contato com você por telefone, assim, há uma espécie de emergência."

"Alguma coisa aconteceu com a minha mãe?" Keely perguntou nervosamente.

"Não exatamente." O policial fez uma careta. "Ela está no Shea's Roadhouse", ele acrescentou, nomeando um bar famoso na estrada para Victoria. "Ela está muito bêbada, está quebrando garrafas e se recusa a sair. Gostaríamos que você fosse com a gente e tentasse levá-la para casa antes que sejamos obrigados a prendê-la." Ele, como a maioria das pessoas de Jacobs, sabia que a fortuna de Ella tinha diminuído. Keely provavelmente não teria dinheiro suficiente para pagar fiança e tirar Ella da prisão.

"Eu vou agora mesmo", Keely concordou.

"Eu vou te acompanhar e ajudar a trazê-la para casa", disse Clark sem questionar.

Ela sorriu para o policial. "Obrigada."

Ele deu de ombros. "Eu costumava ter de arrastar o meu pai para fora dos bares", disse ele. "É por isso que me tornei policial quando cresci. Eu vou segui-los até lá, no caso de haver mais problemas. "

"Obrigado."

"É o meu trabalho, mas por nada."

Quando eles chegaram ao Shea's, Ella estava gritando e segurando uma garrafa vazia de uísque sobre a cabeça enquanto o barman encolhia-se em um canto.

"Pelo amor de Deus!" Keely exclamou, andando até sua mãe com o policial e Clark atrás dela. "O que você está fazendo?"

Ella reconheceu a filha e lentamente colocou a garrafa no balcão. Ella estremeceu. "Keely." Em uma rara demonstração de emoção, rodeou o pescoço da filha, abraçando-a. "Que vamos fazer?" Ela chorou. "Oh, Keely, o que nós vamos fazer?"

"Sobre o quê?" Keely perguntou, chocada com o comportamento da mulher mais velha. Ela nunca foi carinhosa.

"É tudo culpa minha", Ella murmurou. "Tudo culpa minha. Se tivesse dito o que eu sabia... "

Antes que ela pudesse dizer mais, começou a desmoronar.

"Socorro!" Keely gritou.

O policial e Clark ampararam de ambos os lados a mulher mais velha.

"Você quer dar queixa?" O policial perguntou ao barman.

O homem olhou ao redor, mas a cara de Keely decidiu por ele. "Não, se ela concordar em pagar os prejuízos."

"Claro que vamos", respondeu Keely, sem saber da situação financeira de sua mãe.

"Onde está Tiny?" O policial perguntou ao barman, porque esses problemas normalmente eram resolvidos por ele.

"Ele fez uma cirurgia no joelho", ele confidenciou. "Um dos nossos clientes mais voláteis o chutou na perna e colocou-o fora do jogo. Costumávamos ter um substituto, mas não encontramos nenhum. Ninguém quer o trabalho, exceto Tiny. "

"Se você ficar em apuros, tudo que tem a fazer é nos chamar", o policial disse a ele.

"Eu sei disso. Obrigado. "O barman hesitou, franzindo a testa, como se quisesse dizer algo mais, mas deu uma olhada preocupada em Keely.

O policial era um veterano na aplicação da lei. Ele sabia que o homem queria dizer-lhe algo. "Eu vou ajudá-los a colocar a Sra. Welsh no carro, então vou voltar e pegar uma lista dos danos", ele prometeu, e viu o barman relaxar um pouco.

"Ok", disse ele.

Keely seguiu o policial e Clark, com sua mãe, para o carro.

"Você tem um cobertor ou algo assim, no caso de ela passar mal?" Keely perguntou preocupada. Seria terrível se a mãe dela vomitasse em seu luxuoso banco.

Clark abriu o porta-malas e puxou uma grande manta de lã, atirando-o sobre o banco traseiro. "Eu tenho para o caso de levar Bailey em algum lugar", confessou ele. "Ele não gosta de andar no carro."

Eles colocaram Ella no banco e fecharam a porta. Depois de um par de palavras com o policial, eles voltaram para casa com Ella. Keely foi cuidadosa ao usar o seu braço direito no processo. A esquerda era muito fraca e frágil para a sustentação.

"É como um peso morto" comentou Clark enquanto a carregava.

"Ela é geralmente", Keely respondeu, sem fôlego. Ela franziu as sobrancelhas ao olhar para a mãe, que ainda estava vestindo calças, uma blusa, suéter e sapatos. Ela as tiraria mais tarde, quando Clark saísse. "Eu não imagino o que ela estava fazendo lá? Ela não vai a bares, exceto com Carly, e não costuma voltar bêbada. "

"Não diga", disse Clark. "Bem, vou para casa", acrescentou ele, sorrindo. "Obrigado por tudo, Keely".

Ela sorriu. "Eu que agradeço."

"Ligo mais tarde."

Ela acenou enquanto ele se distanciava. Já estava escuro. Ela voltou para dentro, ainda confusa com a condição de Ella.

Mas havia mais enigmas para desvendar. Ela tirou os sapatos da sua mãe e jogou um cobertor sobre ela. Despir uma pessoa inconsciente era um trabalho pesado e seu ombro já estava dolorido.

Ela estava assistindo o noticiário na sua pequena televisão enquanto cuidava de umas roupas, quando ouviu uma batida na porta.

Na maioria das noites de sábado, havia emergência no trabalho e ela era chamada para ajudar. Mas o telefone não tinha tocado. Não tinha nenhuma mensagem, com exceção de uma chamada estranha, estática e em seguida, um clique. Ela pensou se Bentley teria ligado por alguma emergência.

Quando ela abriu a porta, foi outra surpresa. Xerife Carson Hayes estava de pé na sua frente. Ele não estava sorrindo.

"Olá, Keely", disse ele. "Posso entrar?"

"Claro." Ela segurou a porta, para que ele pudesse entrar. Ele era uma cabeça mais alto que Keely, cabelos castanhos com mechas loiras, com uma teimosa franja sobre o seu supercílio esquerdo. Ele tinha os olhos escuros que pareciam ver através das pessoas. Com seus trinta e poucos anos, ainda era um solteirão convicto e era uma presa considerável. Mas, Keely sabia que ele não estava procurando a no meio da noite porque a achava irresistível.

Ela correu para diminuir o volume da TV, e indicou-lhe uma cadeira. Ela sentou na borda do sofá.

"Se é sobre a noite do bar", ela começou preocupadamente.

"Não", ele disse suavemente. "Não é bem isso. Keely tem ouvido sobre seu pai ultimamente? "

Ela estava atordoada. Não foi a pergunta que tinha previsto. "Não", ela balbuciou. "Eu não ouvi uma palavra dele, desde que me deixou aqui quando eu tinha cerca de treze anos", ela acrescentou. "Por quê?"

Ele parecia estar considerando suas opções. Ele inclinou-se para frente. "Você sabia que ele tinha más companhias antes de te deixar?"

"Sim", disse ela e estremeceu. "Um de seus novos amigos bateu-me e deixou algumas contusões", ela recordou. Ela nunca disse isso a ninguém. "Acho que foi a principal razão de ter me trazido de volta à minha mãe."

A boca sensual de Hayes era uma linha fina. "Pena que ele não estivesse vivendo em Jacobs, na época," ele murmurou.

Keely sabia o que ele queria dizer. Ela tinha ouvido dizer que Hayes era o inferno dos espancadores de mulher. "É mesmo" Ela concordou. "O meu pai está metido em algum tipo de problema?"

"Nós achamos que ele precisa de dinheiro. Ele pode entrar em contato com você ou a sua mãe. Isto é importante, Keely. Se ele o fizer, você precisa me chamar de imediato." Ele estava solene quando falou. "Você pode estar em terrível perigo."

"Pelo meu próprio pai?" Ela perguntou boquiaberta.

Ele estava hesitante. "Ele não é o pai de que se lembra. Não é mais. "

Ele nunca tinha sido o pai que ela desejava, recordou, ainda que ela tenha tentado dar-lhe o amor que um pai deveria receber de uma filha. Ela podia lembrar-se das vezes em que ela estava doente e seu pai a deixava sozinha, saindo por horas e, por vezes durante dois dias, enquanto um empregado e Keely mantinham o parque funcionando. Por último, a bebida e seus amigos violentos tinham preocupado Keely mais do que ela admitiria.

"Ele esta envolvido em algo ilegal, Xerife Carson?" Perguntou preocupada.

Seu rosto era um livro fechado, nada revelando. "Ele tem amigos que estão", disse ele, partilhando um pouco da verdade. "Estão lhe exigindo um dinheiro que ele não tem, e estão pressionando-o. Achamos que ele pode ter tentado entrar em contato com sua mãe. "

"Por que você acha isso?" Perguntou lentamente.

Ele suspirou. "O barman do Shea disse que ela estava gritando que o seu marido estava vindo para matá-la se não desse o dinheiro para ele, e ela estava quebrada."

Seu coração saltou. "Quebrada? Ela disse que estava falida? "Ela exclamou. "Mas ela possui bens, tem rendas"

Ele odiava ser o único a lhe dizer isto. Apertou os dentes. "Ela vendeu todos os bens, Keely, provavelmente para pagar a conta do bar", disse ele pesadamente. "Um dos corretores que estava no bar no momento, me contou. Não há mais nada. Ela provavelmente gastou suas economias também. "

Keely sentia-se doente. Ela afundou no sofá e se sentia ferida. Não se admirava que Ella não quisesse que ela fosse embora. Sua mãe não podia se dar ao luxo de contratar alguém para substituí-la no trabalho doméstico.

"Sinto muito", disse Hayes sinceramente.

"Não, está tudo certo", ela respondeu, forçando um sorriso. "Eu imaginei. Ela deixa escapar alguma coisa às vezes." Seus olhos verdes estavam agitados. Seu pequeno salário mal lhe permitia um antigo carro usado e gasolina para trabalhar, muito menos pagar por serviços públicos e manutenção. O que Hayes tinha dito era aterrador. "O que quer que eu faça?" Ela perguntou, supondo que ele tinha vindo por isso.

"Eu quero que você me diga se ouvir alguma coisa sobre seu pai", disse ele suavemente. "Há muito em jogo aqui. Gostaria de poder dizer o que sei, mas não posso. "

Keely recordou que o amigo de seu pai tinha uma ficha criminal. Ele gabou-se quando lhe bateu dizendo que tinha matado uma mulher por menos do que Keely tinha feito.

Ela franziu as sobrancelhas. "Mesmo antes de eu vir para Jacobsville", ela recordou, "o amigo do meu pai, Jock, disse que tinha matado uma mulher."

"Jock?" Ele tirou um PDA e puxou para cima uma tela. "Jock Hardin?"

Seu coração capotou. "Sim. Foi o que bateu em mim. "

Ele franziu as sobrancelhas. "Porque é que ele te bateu?"

Ela deu um longo suspiro. "Eu queimei os pãezinhos."

Hayes amaldiçoou veementemente e, em seguida, pediu desculpas. Ele inclinou para frente e fitou direto seus olhos. "Ele faz algo mais do que bater em você?", Indagou.

"Ele quis". Ela não podia dizer mais. Jock tinha puxado metade da sua camisa quando a empurrou, revoltado. Seu orgulho não iria deixá-la admitir isso para Hayes.

"Ele foi impedido?"

Ela assentiu. Seus olhos verdes o fitaram. "Você sabe onde ele está? Quero dizer, ele não vai vir aqui e dar problemas para minha mãe e eu, não é? "

"Eu não sei, Keely. Ele está em um novo negócio com seu pai. Não pergunte. Eu não posso te dizer ", acrescentou, quando ela começou a falar. "Basta dizer que nós podemos colocá-lo longe da sua vida se conseguirmos pegá-lo."

"E meu pai?" Ela perguntou suavemente.

Ele mordeu o farto lábio inferior. "Ele provavelmente vai dizer a mesma frase. Eu sinto muito. Ele tem feito algumas coisas ruins, desde que te deixou aqui. Algumas coisas muito ruins. Pessoas morreram. "

Seu coração afundou entre seus sapatos. Ela se lembrava do seu pai rindo, comprando-lhe um cachorrinho, brincando com ela no parque, provocando-lhe sobre o seu carinho pelo grande leão da montanha, Hilton. Ele não tinha sido um homem mau naqueles dias, e tinha sido carinhoso com ela, sempre amável. O homem que ela lembrava, nos últimos tempos tinha sido muito diferente, com violentas mudanças de humor. Jock havia retomado a sua vida. E Keely percebeu, tardiamente, que o pai provavelmente tinha salvo sua vida, trazendo-a de volta para Jacobsville.

"Ele não era um mau homem, quando tínhamos o parque", ela disse a Hayes. "Tinha uma bela namorada, que me levava igreja e ele nunca caçoava sobre isso. Ela foi também nossa contadora. Naquele tempo, ele era religioso, a sua própria maneira. Ele amava os animais e eles o amavam também. Ele podia caminhar entre o tigre e o leão da montanha e acariciá-los." Ela riu, lembrando." Eles ronronavam..." Seu rosto se desfez. "O que Jock vem fazer aqui?", Ela perguntou, e estava realmente com medo. O homem tinha a aterrorizado por semanas. Seu pai tinha estado tão fora da realidade que sequer interveio.

O rosto de Hayes endureceu. "Eu vou prendê-lo, tão bem que ele nunca vai sair", ele prometeu.

Ela relaxou um pouco. "Ele foi cruel comigo."

"Tiveste sorte dele não te matar."

Ela assentiu.

"Vamos manter os olhos em você", ele prometeu, ficando em pé. "Eu tenho trabalhado com meus ajudantes e a policia de Jacobsville irá aumentar as patrulhas perto do seu serviço durante a noite, quando você trabalhar até tarde. Ligue nos e informe quando você sair de casa e iremos te acompanhar na estrada. "

"Ligarei. Obrigado, Xerife Hayes ", acrescentou ela, quando estavam na porta da frente.

"Sinto muito sobre a maneira como as coisas ficaram para seu pai", disse ele abruptamente. "Eu sei como é. Meu único irmão era um viciado. Ele morreu de uma overdose ".

Ela sabia. Todos sabiam. "Eu sinto muito por você também."

"Mantenha suas portas trancadas."

"Manterei."

"Boa noite".

"Boa noite".

Ela ficou olhando o carro partir. Então trancou a porta, sentou pesadamente dando vazão as lágrimas.

Sua mãe manteve-se sóbria no dia seguinte e estava muito quieta. Keely cozinhou e limpou, de igual modo silencioso. Nenhuma delas mencionou a situação financeira. Sua mãe estava muito atenta e reservada. Mas quando Keely perguntou o motivo, ela não respondeu.

Carly veio na sexta-feira à noite para convidar Ella para ir ao bar, que estava sóbria e não queria ir.

Elas estavam na sala ao lado, falando suavemente, mas Keely podia ouvi-las acima do suave barulho da máquina de lavar louça.

"Você vai dizer a Keely?" Carly estava perguntando.

"Eu suponho que terei", disse Ella tensamente. "Esperava que nunca fosse chegar a isto", acrescentou ela intermitentemente. "Eu pensei que estava tudo acabado. Rezei para ele morrer e ficar longe para sempre. "

"Eu sei como você se sente", disse Carly. "Mas é tarde demais para isso. Você falou com o Xerife, não é mesmo? "

"Sim. Eu disse-lhe tudo o que sei. Ele disse a Keely que estamos em perigo e que ela tinha que lhe contar se ouvisse algo sobre seu pai." Ela hesitou. "Ela adorava o pai. Sei que ela ainda o ama, apesar de tudo. Ela pode não contor a ninguém se ele ligar ".

"Ele não é o homem que amava", disse Carly firmemente. "Ele a mataria num piscar de olhos se ela estivesse em seu caminho. E aquele homem, Jock, mata sem precisar de uma razão. Ele não tem coração. "

"Sim", disse Ella, e estremeceu. "Ele veio com Brent para trazer Keely aqui. Não deixou Brent fora de sua visão nem por um segundo, e não ficaram muito tempo. "

"Eu me lembro", respondeu Carly. "Ele foi o homem mais assustador que eu já conheci. Ele me fez arrepiar quando olhou para mim. "

"Eles não podem voltar aqui", disse Ella enérgica. "Eu não me importo com os problemas deles, não posso dar-lhes dinheiro, não tenho!" Ela tossiu. "Ele queria que eu vendesse a casa!"

"É tudo que você tem, você não pode fazer isso!"

"Não vou ", disse Ella. "Mas ele me ameaçou”.

"Você contou ao Xerife Carson. Eles vão cuidar de Keely ".

Keely sentiu seu coração parar. Um dos homens a ameaçaram? Certamente não seu pai!

"Jock era do serviço militar", disse Ella vagarosamente. "Brent disse que ele participou de algumas operações super secretas. Ele sabe como torturar pessoas e gosta disso. Brent disse que Jock ainda tinha algo para Keely, apesar do que tinha acontecido com ela. "

 

"O que ele quer dizer, o que aconteceu com ela?" Carly perguntou em voz alta.

"Eu não sei. Ele não iria me dizer. "Houve uma longa pausa. "Tantos segredos. Eu tenho que guardá-los de Keely e Brent guarda-os de mim. Aparentemente Keely guarda os seus. Tantos segredos. Oh Deus, eu preciso de uma bebida! "

"Nós não podemos sair", disse Carly de uma vez. "Agora não."

"Eu tinha um pouco de uísque escondido", disse Ella melancolicamente. "Não sei onde está."

"Você está melhor sem ele", disse Carly. "Você tem que pensar nas consequências. Agora, mais do que nunca, você precisa pensar com clareza! "

Houve outra pausa. "Sim. Suponho que sim. "

Keely, tinha a cabeça cheia com o que estavam dizendo, sentia-se entorpecida. Ela não disse uma palavra. Ela apenas sorriu para Carly quando ela saiu, e evitou ficar sozinha com a mãe, que estava tão quieta quanto uma igreja. Era tão estranho que Keely sentia-se gelada, como se estivesse descendo à sua própria sepultura.

Ela tentou, uma vez, obter de sua mãe algo sobre seu pai. Ella mudou o assunto e foi assistir as notícias na televisão. Ela passou a fazer isso todos os dias, como se estivesse esperando por alguma estória nova. Isso deixava Keely nervosa.

Clark veio na noite seguinte, sábado, para levá-la para um dos seus encontros, e ele estava triste, quando se distanciou da casa da sua mãe.

"O que há de errado com você?" Keely perguntou.

Ele deu uma olhada para ela. "Eu queria ir a San Antonio para jantar e nos divertir. Boone disse que não podíamos ir." Ele franziu as sobrancelhas, olhando para ela. "Ele diz que você está com algum tipo de problema, e não pode sair da cidade."

Sua respiração parou na garganta. Como Boone sabia? O que ele sabia? Então ela lembrou. Hayes Carson era seu melhor amigo. Eles saíam juntos todas as semanas para jogar poker com Garon Grier e Jon Blackhawk, meio irmão de Kilraven .

"O que está acontecendo, Keely?" Clark perguntou. "O que Boone sabe que eu não sei?"

Ela apertou os dentes. Ela não queria falar sobre isso, mas seria agradável colocar algumas das suas preocupações para fora. "Meu pai está envolvido em algum tipo de problema e o Xerife Carson acha que mamãe e eu poderíamos estar em perigo. Ele quer dinheiro. Aparentemente, ligou para minha mãe e ameaçou-a. Ela não vai me dizer o que ele disse. "

"Bom Deus!" Exclamou Clark. Ele olhou no espelho retrovisor. "Será que tem alguma coisa a ver com a razão por que estamos sendo seguidos?"

"Seguidos?"

"Sim. Por uma viatura do Xerife quando te peguei, e por um carro da polícia de Jacobsville agora que estamos aqui na cidade. "

Keely lembrou o que Hayes tinha dito. Agarrou com força a bolsa em seu colo. "Xerife Carson disse que iria cuidar de mim", ela confessou. "Eles acham que eu poderia estar em perigo saindo à noite."

"Comigo?"

"Você poderia estar na linha de fogo, também, Clark", disse ela, só agora percebendo isso. "Talvez devêssemos parar de nos ver...".

"Não." Sua voz era firme. "Não vou desistir de Nellie. Este é um bom plano. Iremos lidar com seu pai. Afinal, uma ameaça é apenas uma ameaça. Como é que ele vai te machucar quando estamos rodeados por policiais? ", Perguntou, sorrindo.

"Eu não sei".

"Nós vamos estar perfeitamente seguros", disse ele. "Quando Boone disse que eu não podia levá-la a San Antonio, liguei para Nellie que veio no seu carro até aqui. Vou te deixar na biblioteca local. Fica aberto até as nove horas. Isso vai me dar um pouco de tempo com ela, se você concordar. Você estará segura na biblioteca ", acrescentou.

Ela sabia disso. A polícia seria capaz de vê-la através das muitas janelas de vidro se ela se sentasse em uma mesa. "Ok", ela concordou.

Ele sorriu para ela. "Você é a garota mais legal que eu conheço."

"Obrigada, Clark."

Ele hesitou. "Você não acha que seu próprio pai machucaria você?" Acrescentou, preocupado.

"Claro que não", ela mentiu.

"Isso me faz sentir melhor."

"Será seguro para Nellie, dirigir até San Antonio, sozinha à noite?" Acrescentou ela, preocupada.

"Ela dirige um daqueles SUVs enormes", disse ele. "Um tanque não pôde detê-la. E ela tem um celular que lhe dei. Ela pode me ligar se precisar de ajuda ".

"Ela parece legal", ela respondeu.

"Ela é a melhor coisa que já me aconteceu," ele murmurou, sorrindo saudosamente. "Ela é como dinamite na cama, e quando lhe dou presentes, ela me embaraça com sua gratidão. Os brincos de diamante a fizeram chorar. "

Ela pensou se Clark percebia o que estava fazendo. A mulher encarava o sexo como um negocio para ter presentes caros, e ele achava que era amor. Ela não. Ela tinha visto a ganância nos olhos de Nellie quando Clark tinha falado com ela no restaurante. Os homens eram tão fracos, ela pensou tristemente.

Mesmo Boone, saía com aquela mulher traidora que o deixou bruscamente, quando foi ferido no exterior. Ele a aceitou de volta em sua vida num piscar de olhos.

"Você está muito quieta”, observou Clark. "Desculpe. Não devia ter feito essa observação sobre Nellie ser quente. Acho que você acha que sexo fora do casamento é pecado. "

"Eu acho", ela confessou.

"Nosso pai nunca pensou nisso", ele retornou. "Ele desfrutava das mulheres. Não se casou novamente, mas continuava no jogo. Winnie, porém, não aprovava o seu estilo de vida. Ela é muito como você." Ele olhou para ela. "Ela não gostou de Nellie ." Ele fez uma careta. "Eu acho que Nellie não atrai mulheres", acrescentou. "Ela tem um monte de problemas no trabalho. Seus colegas acham que ela recebe muitas gorjetas. Dizem que ela brinca com a vaidade dos homens só para ganhar gorjetas maiores. Ridículo! "

Não era, mas Keely não ia dizer isso. Com alguma sorte, quando Clark passasse bastante tempo com sua bela namorada, descobriria a verdade por si próprio. Se Winnie não gostava da garota, significava algo. Winnie amava as pessoas, e não era possessiva com seus irmãos.

"Você não se importa de ficar aqui sozinha?" Ele perguntou quando parou em frente à biblioteca. Ele tinha ligado para Nellie no caminho até lá.

Ela sorriu. "Claro que não. Vá se divertir. "

Ele curvou-se e beijou-a na bochecha. "Você é doce. Vou compensar-te. Que tal um brinco de esmeraldas? Eu sei que você ama esmeraldas... "

Ela franziu as sobrancelhas. "Não quero nada de ti, Clark", disse ela, perplexa. "Você é meu amigo!"

Ele olhou como se ela tivesse batido na cabeça dele. "Mas você adora esmeraldas", ele persistiu.

Ela chegou-se e beijou sua bochecha. "Se eu quiser esmeraldas, as compro. Um dia ", ela acrescentou, rindo. "Não é Nellie?" Ela perguntou, indicando uma grande SUV verde que acabara de estacionar ao lado deles no estacionamento. A mulher estava claramente irritada com eles.

"Uh-oh." Clark riu. "Ela viu você me beijar e é terrivelmente ciumenta. Vou ter de adoçá-la." Ele puxou um estojo de jóia do seu bolso, abriu-o e mostrou a Keely. Era um colar de diamante. Um verdadeiro, reluzente e muito caro colar de diamantes "Eu perguntei o que realmente desejava, e ela me disse um destes. Acha que ela vai gostar? "

Keely teve que morder a língua. "Claro!"

Ele fechou a caixa. "Isso vai deixá-la de bom humor." Ele riu. "Voltarei logo."

"Ok".

Ela saiu do carro. Nellie veio ao redor do SUV, travando-o com o seu controle remoto. Ela deu uma olhada superior para Keely, que estava vestindo calças de veludo cotelê com uma blusa de algodão e casaco. Nellie estava usando um vestido e sapatos caros de estilista com um casaco que custava um ano de salário de Keely, provavelmente outro presente de Clark. Ela parecia cara, gananciosa e muito ciumenta.

"Porque você beijou-o?" Perguntou a Keely, mantendo-se de costas para Clark. "Eu não quero você tocando nele, está ouvindo? Ele é todo meu. "

"Percebi", disse Keely, indicando o casaco e vestido. "Comprou e pagou por isso?"

"Como você se atreve!" Nellie rebateu.

Keely sorriu docemente. "Um dia ele vai enxergar este seu lado", ela sussurrou. "E você vai estar fora."

"Você acha que eu me preocupo?" Nellie falou lentamente. "Há sempre um outro, um mais rico. Além disso, os homens são estúpidos. "

Ela contornou Keely e correu para os braços estendidos. de Clark. "Oh, querido, senti tanto sua volta!" Exclamou ela e beijou-o avidamente.

Keely balançou a cabeça. Caminhou para a biblioteca, pensando que PT Barnum estava certo. Um idiota nasce a cada minuto. Ela desejava poder dizer a verdade para Clark. Um homem apaixonado não a ouviria ou acreditaria nela e ainda estragaria a amizade. Mas o pior estava por vir, ela sabia. Desejava que ela e Boone não fossem inimigos, para que pudesse dizer-lhe o que estava acontecendo. Ela sabia que ia acabar, inevitavelmente, no meio de todos os problemas.

 

A biblioteca era um dos lugares favoritos de Keely. Ela não tinha muito tempo para passar lá, porque normalmente estava de plantão nos fins de semana. Mas este fim de semana, um dos veterinários inesperadamente se ofereceu para trabalhar no seu lugar. O marido dela estava no exército, e sua unidade havia sido chamada para uma operação no exterior. Ela ficava triste por passar tanto tempo sozinha. Keely compadecia-se por ela, mas estava feliz por ter o tempo livre. Ou tinha estado até a vida dela de repente se complicar.

Ela estava lendo um extenso texto sobre anatomia canina quando uma sombra caiu sobre ela. Ela olhou para cima, diretamente para os olhos escuros de Boone Sinclair. Seu coração disparou. Ela tateou o livro que caiu no chão.

Ele abaixou para pegar, e olhou o título com um estranho sorriso, colocando-o em cima da mesa. Puxou uma cadeira e sentou ao lado dela. Ali, na área da leitura, ela estava sozinha. O bibliotecário estava de costas na catalogação, então tinham a sala só para si.

"Eu pensei que você tinha um encontro com Clark", ele murmurou desconfiado.

Ela não conseguia pensar. Ele estava inclinado na direção dela, e ela podia cheirar o aroma de hortelã na respiração em seu rosto. Ela mordeu seu lábio inferior nervosamente.

"Eu queria procurar uma coisa," ela gaguejou inventando. Corou, não era boa em mentir. "Ele foi colocar gasolina. Já está voltando." Ela forçou um olhar. "Nós íamos até San Antonio ao teatro, quando você disse a ele que não podíamos ir."

"San Antonio é muito grande e não temos muitos policiais lá", disse ele, inesperadamente sombrio. "Vocês não precisam ficar fora da vista da polícia. É fácil de ver você aqui. "

"Você foi falar com o Xerife Hayes", ela acusou.

Ele assentiu. "Hayes é bastante descontraído na maior parte do tempo. Quando ele se preocupa, há uma boa razão." Seus olhos se estreitaram. "Sua mãe não tem sido vista no Shea's há uma semana?" Era uma pergunta.

Ela precisava desesperadamente falar com alguém. Seu rosto aparentava preocupação. Clark era doce, mas estava mais preocupado com Nellie do que dar atenção aos problemas de Keely. Não que não se importasse com ela. Apenas se preocupava mais com Nellie.

Inacreditavelmente as mãos grandes de Boone pousaram suavemente nas dela sobre a capa de livro. Ele entrelaçou seus quentes e fortes dedos nos dela. "Fale comigo", disse ele calmamente.

Ela realmente estremeceu. Fazia anos que um homem a tinha tocado. Na verdade, não era um homem, apenas um rapaz com quem ela tinha saído. Ela não tinha sido abraçada, beijada, acariciada. Ela era uma mulher com sentimentos femininos, não podia, não ousava entregar-se a eles.

Boone sabia mais sobre as mulheres do que ela. Compreendeu sua reação a ele, e estava intrigado com isso." Para uma mulher que está recebendo regularmente sexo, você não aja como se as suas necessidades estivessem sendo supridas”, comentou ele.

Ela ficou tão vermelha quanto a capa do livro e empurrou a mão dele.

Ele sorriu, mas não de maneira perceptível. Seus dedos contraíram-se mais. "Diga-me o que está realmente acontecendo, Keely".

Sua mão era reconfortante. Ela não queria evitar, acariciou a mão. Era tão bom. Ela queria subir em seu colo e por a cabeça no seu ombro e chorar até não poder mais. Ela queria conforto, só um pouco de conforto. Mas este não era o homem, local ou hora.

Ela deu um profundo suspiro. "Algo está acontecendo com o meu pai", ela confessou, em um tom calmo. "Não sei o quê é. Ninguém me diz nada. Ele está envolvido em algo ruim, e têm esse amigo dele..." Sua suave face se contraiu e os olhos dela estavam cheios de lembranças dolorosas.

"Este amigo," ele estimulou apertando sua mão. Ele estava muito atento.

"Jock." O nome tinha sabor de veneno na boca. "Minha mãe acha que ele tem algo a ver com o que está acontecendo. Eu ouvi por acaso ela conversando com Carly. Ela não vai me dizer nada. "

"Este homem, Jock", ele insistiu. "Você parece assustada quando diz o nome dele."

"Ele me bateu...", ela confessou fascinada pela expressão em seu rosto. "Eu mal tinha treze anos. Ele ficou me observando enquanto eu estava cozinhando, me deixava nervosa, já tinha sido preso e disse que tinha matado uma mulher. Deixei os biscoitos queimar. "Ela mordeu o lábio novamente. "Ele me bateu tão forte que caí no chão. Meu pai me ouviu gritando, entrou na cozinha e conseguiu colocar Jock para fora. "Ela abraçou-se, sentindo frio com a lembrança. "Foi então que meu pai me trouxe para morar com minha mãe."

"Bom Deus". Os olhos de Boone estavam suaves e silenciosos com simpatia. "Não admira que você fique desconfortável com homens." Ele estava lembrando. Sua mandíbula tensamente. "É por isso que você estava com medo de mim no meu escritório."

"Eu realmente não conheço você", ela desculpou-se. "E você não gosta de mim", acrescentou incomodamente. "Você não gosta que eu seja amiga de Winnie e não gosta de me ver por aí com Clark."

"Não, não gosto", ele respondeu honestamente. Mas ele olhou preocupado.

"Eu compreendo", disse ela inesperadamente. "Você sabe que sou pobre e acha que uso Winnie e Clark ..."

"O diabo que eu acho!" Ele baixou a voz rapidamente, olhando para ter certeza que não tinha chamado a atenção do bibliotecário. Ele olhou novamente para Keely, com o cenho carregado. "Você não usa as pessoas", de forma alguma. "Você trabalha como um soldado pelo seu salário. As horas extras não remuneradas, as idas à casa da velha Sra. McKinnon para aplicar injeções no seu cão diabético, porque ela não pode fazê-lo, passeios com os cães do refúgio nos finais de semana por isso o pessoal pode lidar com as adoções..." Ele parou, como se não quisesse que ela soubesse como tinha conhecimento de suas atividades.

"A Sra. McKinnon ama seu cão ", ela respondeu. "Maggie cuida do refúgio aos sábados e alimenta os animais e coloca água no domingo. O orçamento é pequeno. Ela gastaria o dobro para pagar alguém para fazer. Só ajudo um pouco. "

Seus escuros olhos estudaram calmamente, seu rosto oval emoldurado por grossos cabelos loiros, um pouco abaixo da sua boca. Ela não era bonita, mas irradiava uma espécie de beleza que a maioria das mulheres não tinha.

"É uma pena", disse ele, quase para si mesmo, "que não seja mais velha."

"Eu farei vinte em dezembro", disse ela, sem entender.

"Vinte anos inteiros." Ele olhou para baixo, para sua mão. Era uma bela mão, não era elegante. Unhas curtas, imaculadamente conservadas, não polidas. Nenhum anel nos dedos. Ele franziu o cenho. "Nenhum anel", questionou. Ele olhou para suas orelhas quando o cabelo dela foi empurrado para trás. "Nenhum brinco?"

Ela corou. "Tenho alguns de prata, mas esqueci de colocá-los..."

"Clark não lhe deu nada?" Ele insistiu. "Ele saiu hoje com um enorme estojo de jóia."

"Oh, era para... " Ela parou repentinamente, horrorizada.

Suas sobrancelhas arquearam e o canto da boca inclinou-se. "Não era para você?"

Ela engoliu duro. "Eu não gosto de jóias."

"Mentirosa."

Ela corou. "Eu não tenho que ser paga para dar atenção a um homem", disse ela bruscamente, e então percebeu como aquilo soava, e corou mais ainda. "Quero dizer, não quero coisas caras de Clark."

Ele levantou a cabeça para um lado e olhou-a como um falcão. "Nas últimas semanas, ele comprou metade de uma joalheria. Vejo os recibos, Keely, mesmo que eu não pague as faturas. Tenho um contador para fazer isso. "

Ela estava em um dilema agora. Não podia admitir que Clark tivesse dado jóias caras para ela, e se negasse iria colocá-lo em apuros.

"Seu carro é um pedaço de lixo", ele insistiu. Seu olhar percorria pelas calças e blusa que ela estava vestindo, o casaco pendurado sobre as costas da cadeira ao lado dela. "Você usa a mesma roupa para sair uma meia dúzia de vezes seguidas. Só usa o carro se precisar, assim pode economizar o dinheiro da gasolina. E você não vai deixar Clark lhe dar um par de brincos? "

Seus dentes cerraram-se. Ela não podia dizer mais nada. Puxou sua mão.

Ele não iria deixá-la ir. “Essa garçonete que ele trouxe em casa”, ele disse suavemente, “olhava ao redor entre cada mordida, catalogando quadros, prataria e a mobília, colocando mentalmente etiquetas de preço nos lustre e os tapetes."

Ela estava horrorizada com a intensidade com que reagiu a essa afirmação. Seus olhos quase saltaram.

Ele franziu seus lábios e seus olhos escuros cintilaram. "Clark acha que me engana", disse em tom suave. "Ele não percebe que o pai de Misty tem um agencia de detetives particulares e que posso contratar um quando precisar. Aparentemente, Nellie também não tinha percebido, ou teria sido mais cuidadosa com as idas aos motéis com Clark . "

Ela fez uma suave exclamação e mostrou o seu horror.

"Você não usa as pessoas", continuou ele. "Mas Clark faz. Ele está usando você. E você está deixando. "

"Você não sabe " ela protestou fracamente.

"Estou surpreendido com o fato de seu patrão ser tão indulgente sobre isso", acrescentou ele, e sua expressão endureceu. "Não está com ciúmes do tipo?"

Ela afundou-se em sua cadeira. Ela se sentia débil, tinha falhado com Clark. Ele nunca iria perdoá-la. "Dr. Rydel tem trinta e dois anos, Boone," ela disse suavemente, e não notou a reação, quando falou seu nome. Seus olhos tinham brilhado.

"Trinta e dois." Ele repetiu as palavras. Ele ficou caldo por um instante.

"Trinta e dois", ela repetiu, olhando para cima. "Eu tenho dezenove. Mesmo se eu fosse uma femme fatale, seria dispensada. Dr. Rydel odeia mulheres. Só gosta de mim porque pensa em mim como uma criança. Como você ", acrescentou em um tom diferente.

Seus olhos eram ilegíveis. "Tem vezes", disse ele suavemente, "que você parece mais velha do que é." Ele franziu o cenho ligeiramente. "Por que você não sai com ninguém, Keely?" Ele perguntou subitamente.

Ela estava chocada com a pergunta. "... O meu trabalho me ocupa muito tempo..." Ela tentou se safar, olhando para ele. "Eu saio com Clark," disse ela obstinada.

"Clark ama você", ele respondeu inesperadamente. "Como uma irmã", acrescentou quase ao mesmo tempo. "Ele nunca te toca. Não se ilumina quando você entra na sala. Suas mãos não tremem quando você está perto dele. Isso não é um romance. "

O que ele estava descrevendo era exatamente o que acontecia com Keely quando ela via Boone. Ela não ousava admitir isso, é claro. O que ele estava dizendo sobre Clark?

"Quando ele trouxe a garçonete para casa ", continuou ele, "derramou café em toda a toalha de linho tentando servir-lhe um segundo copo. Quase caiu da cadeira quando tocou suas mãos ao passar a saladeira. "

Ela torceu o nariz.

"E eu não preciso de uma declaração para saber quem ganhou um colar de diamante. É certo como o inferno que não foi você. "

"Você não vai dizer a ele?" Perguntou preocupada. "Ele é meu amigo, ele e Winnie. Não tenho muitos amigos. Dei minha palavra... "

Seus olhos brilharam. "Isso me incomoda, você mente para ajudá-lo a me enganar."

Seus olhos se desculpavam. "Ele disse que ela era a coisa mais importante do mundo, que morreria se a perdesse. Ele pensou que iria te deixar tão zangado, vendo-me com ele, que não iria pensar em Nellie ".

Ele olhou para as mãos dela e acariciou suas costas distraidamente com seus dedos. Ele não queria admitir o quão irritado tinha ficado. Extremamente zangado. Keely era uma criança. Ele não podia se dar ao luxo de se envolver com ela e também não queria Clark se aproveitando dela. Estranho, como se sentiu aliviado por ela não estar dormindo com Bentley Rydel. Sua mãe tinha mentido para ele, tentando atingi-lo, porque a rejeitou.

"Sua mãe é uma maluca", ele murmurou zangado.

Ela estava confusa, não acompanhava seu pensamento complexo. "Por que você diz isso?"

Ele olhou para cima. "O que você acha de Nellie?" Ele perguntou, mudando de assunto.

Ela hesitou.

"Diga-me", ele incentivou.

Ela suspirou e encontrou seus olhos. "Eu acho que ela é a pior espécie de oportunista", confessou. "Ela soma os presentes e dá sexo em troca. Clark acha que é amor ", acrescentou cinicamente.

"Você não".

Seus olhos eram velhos. "Viver com meu pai me ensinou algumas coisas. Ele estava quase quebrado quando perdeu o parque porque esta mulher brincou com ele e fingia estar aterrorizada pela maneira como ele tratava dos animais. Ela alimentou sua vaidade e ele comprou-lhe coisas caras. Depois houve uma ação judicial, e ficamos com absolutamente nada. Enquanto isso," ela acrescentou," havia esta doce mulher que fazia a contabilidade para nós, que me levava à igreja e depois meu pai. Ela era tímida e não era bonita, mas ele a abandonou tão logo a outra mulher chegou. "

"O que aconteceu?"

"Quando ele foi à falência, a sua espalhafatosa namorada se interessou repentinamente por um corretor local que desejava apenas um lote de terras herdados de seu falecido pai."

"Entendi".

"Clark é um homem doce," ela disse calmamente. "Ele merece algo melhor."

Ele inclinou-se para trás, largando sua mão. Seus olhos estreitaram-se. "Ela trabalha para viver. Como você. Eu esperava que você ficasse ao seu lado. "

"Ela é uma serpente", ela devolveu. "E ela não trabalha exatamente duro para viver. Seus colegas dizem que ela assedia clientes masculinos para obter gorjetas maiores. Clark me contou. Ele acha que estão com inveja porque ela é bonita. "

Ele tinha um olhar distante. "Beleza é subjetiva", disse ele estranhamente. "Nem sempre é manifestada nos detalhes superficiais."

Ela sorriu. "Talvez eu seja subjetivamente bonita e ninguém reparou", disse ela.

Ele percebeu, tardiamente, que ela tinha feito uma piada. Ele riu suavemente.

Ela olhou ao redor. O bibliotecário estava começando a fechar as portas e apagar as luzes. Ela mordeu o lábio. Clark não estava à vista.

"Acho que eles não vão te deixar passar a noite", ele salientou.

Ela se levantou, franzindo o nariz, pegou seu casaco e sua bolsa. "Pelo menos, há um banco na frente. Eu disse a Clark que fechava às nove. "

Ele levantou-se também, elevando-se sobre ela. "Você não aprendeu ainda que a intimidade faz as pessoas perderem a hora."

Ela não podia encarar seus olhos. Ele parecia muito mundano. Ela largou a bolsa e delicadamente colocou seu braço esquerdo no casaco. Ele colocou-se atrás dela, ajudando com o resto da peça ao longo do seu braço e no outro ombro.

"O que aconteceu com seu braço?", Indagou.

Ela sentiu a sua mão quente em seu ombro, o calor do seu corpo em suas costas. Ela queria virar e ser abraçada por ele. Pensamentos insanos.

"Um acidente", disse depois de um minuto. "Nada terrível", ela mentiu. "Mas deixou uma debilidade nesse braço. Não posso levantá-lo muito. "

Houve uma pausa. Seu rosto impassível geralmente tinha uma aparência irregular. "Tenho um problema semelhante com uma das minhas pernas", disse ele hesitante. "Se exagero, coxeio."

Ela se virou e olhou para ele. Tinha notado isso. Ela nunca esperava que ele admitisse isso ao seu inimigo. "Você se machucou no exterior, mais do que você disse a Winnie e Clark", disse ela com grande perspicácia. "Mais do que você disse a alguém. Exceto talvez ao Xerife Carson. "

Sua mandíbula contraiu-se. "Você vê demais."

"Na minha vida, também passei por guerras" ela respondeu calmamente. "Cicatrizes não desaparecem, mesmo que as feridas se curem. E elas destroem as pessoas. "

Ela não estava olhando para ele enquanto falava. Seus olhos tinham a mesma expressão que os dele. Foi um momento de partilhar a tragédia e a dor. Ele deu um passo para mais perto dela. Ela olhou para ele com expectativa. Era como se o muro entre eles tivesse baixado um pouco, deixando uma nova luz. Mas quando ele começou a falar, um carro estacionou do lado de fora.

Boone arrastou Keely para as sombras de uma estante de livros. Pelo vidro da janela, eles viram Clark olhar furtivamente para o grande Jaguar de Boone estacionado ao lado da SUV de Nellie. Ele ajudou-a sair do seu carro e entrar na SUV e acenou para ela ao sair do estacionamento. Ele olhou procurando. Manteve-se nos pára-choques da frente do seu carro, olhando em direção à biblioteca com hesitação.

"A brincadeira acabou", disse Keely para Boone com uma piscada.

"Não, ainda não. Venha aqui." Ele tomou a mão dela e a arrastou para mais perto da estante, longe da vista dos vidros. "Espero que você seja uma boa atriz."

"Como?"

Eles ouviram a porta abrir. Clark cochichou alguma coisa para o bibliotecário. Houve um sussurro e passos abafados pelos tapetes aproximando-se.

Boone largou a mão de Keely. "Você não vai me dizer nada desagradável", disse ele em voz baixa, até ao final do corredor. "Eu quero saber onde Clark estava e porque não está aqui com você." Ele assentiu de forma significativa.

Ela pegou rápido. "Eu te disse, ele acabou de sair para comprar gasolina"

Clark virou o corredor onde estavam. Seu olhar de medo diminuiu quando ouviu o que Keely. Ele pareceu relaxar.

"Estou de volta", disse a ela. "Bem na hora." Juntou-se a eles e forçou um sorriso a seu irmão. "O que vocês estão fazendo aqui?"

"Eu vim pegar um livro e encontrei Keely", murmurou Boone. "Por que você não a levou com você para comprar gasolina?" Ele perguntou suspeito.

"Eu disse a ele que queria dar uma olhada naquele livro de anatomia canina que te falei", disse ela ao Clark.

"Ah. Certo, "ele concordou rapidamente.

Boone deu uma olhada para os dois e saiu. "Agora não terei tempo de procurar o meu, agradeço aos dois." Ele girou sobre os calcanhares e seguiu para fora, parando apenas tempo suficiente para falar com o bibliotecário.

 

Keely apressou-se para pegar o seu próprio livro e levá-lo para o balcão, dizendo que ao incomodado bibliotecário que estaria de volta na segunda-feira para consultá-lo e desculpou-se pelo atraso.

O bibliotecário sorriu e disse que estava tudo bem, mas seguiu-os até a porta, trancando-a atrás dela.

"Essa foi por pouco!" Clark exclamou quando estavam no carro voltando para casa de Keely. "Quanto tempo ele ficou lá?"

"Apenas um par de minutos", ela mentiu. "Eu pensei que nós estávamos em apuros!"

"Gostaríamos de saber se ele viu Nellie sair do meu carro e entrar no dela", disse ele. "Espera, ele estava falando com você no corredor e não em frente à janela!"

"Sim, não foi?" Ela concordou.

"Eu vou planejar melhor da próxima vez", disse ele, quase para si mesmo.

"Ela gostou do colar?"

Ele riu. "Ela adorou! Eu encomendei um traje Gucci e mandei entregar no apartamento dela, "acrescentou. "Ela ficou muito agradecida"

Ela poderia imaginar o tipo de gratidão, mas não diria nada. Ela ainda estava imaginando o que Boone esperava que ela fizesse agora. Não suportaria contar para Clark que o tinha entregado. Não que ela tivesse, na verdade. Boone não era estúpido. Clark subestimou-o, como de costume. Boone estava sempre três passos à frente de todo mundo.

"Nellie realmente é linda", comentou ela para dizer algo.

"Absolutamente." Ele forçou um sorriso para Keely. "Você não teve nenhum problema antes de Boone aparecer?"

"Absolutamente nenhum. Eu estava bem. "

"Eu vou ter de planejar melhor da próxima vez", ele repetiu. "Boone é esperto. Tenho que me esforçar para mantê-lo no escuro. "

"Eu tenho certeza que você vai pensar em alguma coisa", ela respondeu.

"Vamos", ele respondeu. "Estamos juntos nessa, lembre-se."

Esta foi provavelmente o fim do desespero de Clark, de qualquer forma, e ela detestava ter concordado em participar disso. Especialmente agora que sabia de tudo. Ela se perguntava se deveria contar a verdade a Clark. Provavelmente deveria, mas ela era cautelosa com o temperamento de Boone se ele descobrisse. Ela se sentia sufocada.

"Não fique tão preocupada", disse ele suavemente. "Tudo vai ficar bem. De verdade. "

"Sabia que o pai de Misty tem uma agência de detetives particulares em San Antonio?" Perguntou abruptamente e, em seguida, poderia ter mordido a língua pelo deslize.

"Que agência", murmurou Clark. "Eu pedi que checassem um cowboy para nós quando estávamos contratando-o. Ele tinha uma ordem de prisão e sua brilhante equipe não encontrou nada. "

Ela olhou para ele. "Como você descobriu isso se eles não te disseram?"

"Boone descobriu", disse ele. "Ele suspeitava de que o homem tinha feito alguma coisa, então pediu para Hayes investigar o homem a fundo. Ele tinha uma acusação por roubo. Uma condenação, nada menos, e ele trabalhou um tempo. Boone despediu-o no mesmo dia. "

"Eu pensei que mesmo um mau detetive poderia descobrir algo assim", ela respondeu.

Ele fez uma careta. "Isso é o que eu pensava. Mencionei a Boone, também. Ele disse que eles tinham contratado um homem com falsas credenciais, mas só descobriram isso após devolver nosso cheque. Eles nos agradeceram envergonhados. "

Ela estava curiosa sobre isso. Parecia uma explicação muito fácil. Mas eles já estavam chegando em frente da casa dela, e não havia mais tempo para perguntas.

Quando Clark estacionou na entrada, Ella estava do lado de fora da porta de tela com um copo cheio de uísque na mão.

"Então, aí está você!" Enfurecida com Keely . "Onde você estava?"

"Por que você não vem para casa comigo?" Clark sugeriu rapidamente, inclinando-se sobre o assento do passageiro para olhar para ela.

Mesmo com sua mãe naquele estado era preferível a estar na mesma casa com Boone, depois da sua embaraçosa conversa. Ela precisava de tempo para pensar sobre o que ele tinha dito. Sem mencionar a sua preocupação por ter que ouvir uma longa lista das qualidades de Nellie, que já tinha durado todo o caminho de casa. Ela forçou um sorriso. "Eu posso lidar com isso", ela disse-lhe suavemente. "Está tudo bem".

"Se você diz que está." Ele parecia em dúvida. "Você nunca disse o que aconteceu no escritório de Boone na última vez que você esteve em casa. Ouvimos ele fechar a porta."

"Ele apenas me alertou sobre você", ela mentiu, e sorriu novamente. "Não funcionou."

Ele riu, aliviado. "Graças a Deus. Eu não poderia lidar com todos os meus planos de ir ao sul se você não me ajudasse, e é apenas o começo para mim e Nellie! Você tem certeza que quer ficar?" Ele fez um gesto indicando a mãe dela.

Ela assentiu. "Obrigado pela carona. Até mais ".

"Até. Cuide-se." Keely fechou a porta de passageiros. Ele acenou para a mãe dela, que o ignorou, quase dançando em sua impaciência para falar com sua filha. Ele foi embora rapidamente.

"O que há de errado?" Keely perguntou quando chegou à varanda, porque este não era um simples caso de alguns drinques a mais. O rosto de sua mãe estava completamente branco, e ela estava visivelmente assustada.

Ella mordeu o lábio. "Seu pai ligou novamente."

"Outra vez? Onde ele está? "Ela perguntou. "Ele vem aqui?"

"Eu não sei." E deu um grande gole de sua bebida.

"O que ele queria?" Keely insistiu.

Ela virou-se e olhou para a filha, com olhos assustados. A mão segurando a bebida estava tremendo. "Ele... ele não disse."

"Porque ligou, então?"

Ella olhou ao redor nervosamente. "Vamos para dentro."

Entraram, e Ella trancou a porta. Ela estava agitada e não conseguia nem encontrar o interruptor para desligar a luz da varanda

“Eu apago," Keely ofereceu.

Ella ficava olhando ela, mordendo o lábio inferior. Ela estava tão pálida que a sua pele parecia leite.

Keely esperou calmamente, a mulher mais velha falar.

 

"Eu não sei por onde começar", disse Ella hesitante. "Eu sei que seu pai não lhe disse nada sobre o que aconteceu aqui antes de ir embora com você."

"Ninguém me diz nada", respondeu Keely amargamente. "Sei que meu pai está envolvido em alguma coisa, que a polícia está interessada e Jock está envolvido também de alguma maneira". Ela continuou "E eu sei que você está quebrada e papai está te ameaçando por dinheiro."

Ella mordeu seu lábio inferior com força suficiente para tirar sangue. "Você não podia saber disso. Quem te disse isso? "Ela exigiu.

"É verdade?" Keely perguntou.

Ella olhou ao redor selvagemente e afastou seu eriçado cabelo para trás de seu rosto fino.

Keely avançou um passo. "É verdade?" Ela repetiu suavemente.

Ella deu um suspiro profundo. Por uma vez, ela aparentava sua idade. "Sim", disse ela. "Eu pensei que o dinheiro nunca iria acabar. Havia muito. Seus avós investiram em terra quando era barato. Como a cidade cresceu, mais pessoas necessitavam de terra, então eles começaram alugando para as empresas. Quando eles morreram, eu continuei a prática, a renda dos terrenos aumentou.

"O que aconteceu?" Keely insistiu.

Ella deu um sorriso vazio. "Fui gananciosa. Meus pais nunca me compraram roupas de estilistas ou mesmo um bom carro. Fizeram com que eu me sustentasse, desde o dia que comecei a trabalhar. Queriam que eu fosse para a faculdade, mas pensei que era esperta o suficiente. Seu pai achou que eu iria ficar com todo esse dinheiro no minuto que me casei, então casou comigo. Mas não funcionou desse jeito. "Ela deu um longo suspiro, os olhos tinham um olhar distante. "Tudo que eu tinha era uma pensão. Brent e eu compramos carros caros, diamantes, comemos nos melhores restaurantes e fizemos longas viagens transoceânicas. Gastamos uma fortuna em contas. Meus pais pagaram, então eles cancelaram meus cheques. "Ela riu de novo olhando para sua filha. "Brent se habituou a viver bem. Ele não podia voltar a ser assalariado. Ele encontrou uma maneira de fazer um monte de dinheiro rápido. "Seu rosto estava tenso. "Você era muito jovem para entender o que estava acontecendo. Meus pais morreram em um acidente de avião e herdamos os imóveis, mas não havia restado muito. Apenas as terras o resto tínhamos gasto. Eu queria que ele saísse da minha vida. Ele queria o parque, por isso fizemos um acordo. Eu vendi os terrenos e dei-lhe o dinheiro. Eu estava livre, ainda relativamente jovem, e quis comemorar. Então o fiz. Seu pai deixou você aqui e a vida luxuosa era uma coisa do passado. Eu me ressenti por isso. Mas ele provavelmente salvou-nos de ser atirados na rua com as roupas do corpo. Eu me comportava como uma louca e sequer percebia. Quando percebi, era tarde demais. "

Ela moveu-se pela sala e sentou, pesadamente, em uma cadeira. Keely sentou no braço do sofá em frente ao dela. Era incomum para a sua mãe falar com ela assim, de igual para igual, sem sarcasmo.

Ella afastou o cabelo para trás. "Eu consegui salvar algumas propriedades antes de serem executados para pagamento das faturas não pagas. Mas meus locatários encontraram aluguéis mais baratos e se mudaram. Fiquei com prédios vazios que eu não podia reparar, e ninguém queria usá-los. Passando-se seis meses, foi tão de repente tudo desapareceu, exceto a casa e as terras ao redor. "Ela olhou para Keely. "Seu pai e Jock estão quebrados e precisam de um adiantamento. Querem vender a casa e a propriedade para financiá-la. "

"Mas é tudo que você tem," Keely argumentou. "Diga-lhes que não vai fazê-lo. Xerife Carson vai cuidar de você. "

Ella mordeu o lábio inferior. "É mais complicado do que isso, Keely", ela respondeu calmamente. "Você vê, o seu pai... e eu fiz uma coisa ilegal, quando você era bem pequena. Se ele diz o que sabe, posso ir para a prisão. "

Keely calou-se. "Se ele usar isso, será incriminado e poderá ser preso também."

A mulher mais velha sorriu tristemente. "Eles teriam que pegá-lo primeiro, não é?", Ela perguntou. "Ele tem estado sempre um passo à frente da lei durante toda a sua vida."

"O que você fez?" Keely perguntou, achando que sua mãe iria provavelmente fechar-se e não dizer mais nada.

Ella tomou um gole de sua bebida. "Eu tenho vivido com a culpa por anos", disse ela, quase para si mesma. "Eu pensei que não ia me incomodar, com o que fizemos. Eu pensei... "Ela tomou mais um gole da bebida. "Um menino viu Brent trazer um carregamento de cocaína e esconder no nosso porão. Ele estava indo para contar ao xerife. "Ela fez uma careta. "Meu pai estava morrendo e já tinha ameaçado me deserdar por causa do Brent. Se houvesse um escândalo, e nós fossemos processados, eu perderia tudo. Eles poderiam ter provado que eu... tinha pago pelo carregamento que Brent estava revendendo nas ruas. "

"O que você fez?" Keely perguntou apreensiva.

"O menino gostava de ficar alto," Ella continuou lastimosamente. "Ele fazia isso o tempo todo, de qualquer maneira. Ele tinha um fornecedor, um dos distribuidores de Brent, ele morreu e sua irmã casou-se com um pecuarista local há alguns meses. Prometemos que enviaríamos ao menino um quilo de cocaína, tudo só para si, se ele não dissesse nada sobre nós. "

Keely se sentia mal. Ela já tinha uma idéia de que sua mãe estava falando. "E?"

"Oh, ele concordou. Na verdade, nós prometemos-lhe um centavo por venda. São cem dólares de cocaína na rua. O que não dissemos era que aquela droga era 100 por cento pura, não tinha nenhuma mistura para diminuir o efeito. Entregamos ao seu fornecedor, e ele tinha que lhe injetar. E ele morreu. Claro, ela não sabia, de qualquer modo. Mas nos a tínhamos no nosso bolso, também, porque ela não podia provar que não sabia que o estava matando. "

Keely de olhos fechados. "Foi o irmão mais novo do Xerife Hayes Carson, Bobby, não foi?" Ela perguntou rudemente.

Ella suspirou. "Sim. Eu vivi com a culpa e o medo todos estes anos, apavorada que o Xerife Hayes descobrisse. Ele não iria descansar até que me pusesse na prisão. Ele culpou outros, o que tirou a atenção de cima de mim. Era a única esperança que eu tinha... "

"Não admira que você pagasse pelo parque para o pai", disse ela, vendo claramente o padrão do passado. "Foi por isso que você o deixou me levar."

Sua mãe assentiu lentamente. "Depois que Bobby morreu, não consegui olhar mais para Brent. Ele me fez sentir uma assassina. Eu estava com medo, também, que ele em uma bela noite, contasse a alguém o que tínhamos feito. Então, ele prometeu sair da cidade, se eu desse o dinheiro para o parque. Ele mesmo disse que iria endireitar, livra-se das drogas, tentar ter sua vida de volta. Ele disse que nunca quis nada como queria o parque."

 

Os olhos de Keely ficaram angustiados ao recordar aquilo que a mãe tinha dito, que pagou ao marido para ter Keely com ela.

"Não", disse Ella rapidamente, lendo a expressão de Keely. "Eu queria magoá-la naquela noite. Não era verdade. Brent queria você com ele. Ele disse que se eu lutasse com ele, iria contar a verdade à polícia. Ele não tinha nada a perder. Já tinha sido preso por posse duas vezes e saiu com a ajuda de um advogado. Mas nunca sairia com um assassinato, e nem eu. Por isso, deixei te levar." Ela olhou para cima. "Eu nunca perguntei se Jock era o motivo. Veja, Jock reparou em você quando veio para ver Brent e disse-lhe sobre o antigo parque que estava administrando. O dono queria sair. Brent disse que Jock gostava de garotas jovens. Eu sequer liguei os fatos, no momento. "Ela estremeceu." Eu deveria ter atirado."

Keely sentiu-se mal por tudo. Talvez aquele acidente, tão terrível como foi, a tinha salvo de algo muito mais terrível. Agora ela percebia o que provavelmente tinha acontecido. Logo depois que seu pai tinha comprado o velho e pobre parque, onde Jock trabalhava e começou a reforma, Jock havia sido preso. Aparentemente ele ficou um tempo na prisão, porque só apareceu depois de dois anos no parque. Isso foi quando as coisas começaram a piorar, e uma semana antes do acidente de Keely. Depois disso, Jock não suportava tocá-la. Provavelmente era idéia de Brent se desfazer de Keely, para que os dois exercessem outros negócios ilegais. Keely poderia ter sido parte do plano para esses negócios, pensou com terror. Ela foi salva de mais do que sabia na época, apesar de ter se ressentido por ser abandonada.

Ela não conhecia seu pai. Ela pensou que ele a amava. Nesses dois anos, quando eram apenas os dois, e Dina cuidando dos livros, a sua jovem vida tinha sido feliz e segura. Seu pai, duas vezes, tinha cedido à bebida; embora Keely embora não tivesse conhecimento de que ele estava usando drogas. Mas, pouco antes Jock tinha voltado, Brent Welsh tinha se envolvido com uma chamativa mulher que levou tudo o que ele tinha, e havia um bom bocado. Jock ficou lívido quando descobriu isso.

"O que você está pensando?" Ella perguntou.

Ela olhou para cima. "Como fomos felizes por um par de anos. Acho que foi enquanto Jock estava na prisão, porque quando ele saiu, papai e eu tínhamos organizado o parque e ele só voltou a poucos dias antes do papai trazer-me para cá. "

Ella olhou aliviada. "Pelo menos Jock não teve muito acesso a você, não é?"

"Não", respondeu Keely. "Eu tinha medo dele."

"Eu ainda tenho", Ella confessou. "Seu pai pode ser perigoso quando está bêbado. Mas ele dizia que Jock era perigoso e frio, sóbrio. "

Keely deslizava as mãos sobre os joelhos. "Obrigado por estar me dizendo a verdade."

Os olhos de Ella estavam preocupados. "Eu estava amedrontada, Keely", disse ela abruptamente. "Eu não podia enfrentar o fato de ter ajudado a matar um homem, mesmo que ninguém soubesse. Comecei a beber e não podia parar. Ajudou-me a esquecer. "Ela mordeu seu lábio novamente. "Eu nunca deveria ter dito que não queria você, Keely. Ou que seu pai estava desapontado porque você não era um menino. Eu queria tanto você. Eu daria qualquer coisa para não te perder. Carly estava certa. Eu nunca deveria ter dito uma coisa dessas ".

Não significa que Ella a amava. Mas era algo. "Obrigado", respondeu Keely.

Ella levantou a cabeça. "Você está envolvida com o garoto Sinclair?" Ela perguntou preocupada. "Brent iria encontrar uma maneira de usar isso a seu favor, você sabe. Ele é um viciado. Ele não pode parar. Ele é mais perigoso agora do que quando morávamos juntos, especialmente na sua situação e com Jock atiçando o. "

Keely estava tentando se familiarizar com a idéia de que seus próprios pais tinham uma mão na morte do jovem irmão do Xerife Hayes, e que seu pai era um traficante. Ela sabia sobre as ofertas que ele fez para adquirir os animais que não eram absolutamente legais. Mas tinha escondido o seu pior lado dela durante esses dois anos que estavam juntos. Do seu ponto de vista, ela tinha sido ingênua e estúpida. Talvez, ela pensou, não era tanta ignorância, mas negação. Não queria um pai ladrão. Mesmo um alcoólico, que é o que ela pensava que ele fosse não tinha o estigma de um ladrão. Então, novamente, era só um passo.

"Você está lembrando coisas, não é mesmo?" Ella perguntou. "Ouça, Keely, posso não ser uma boa mãe. Posso ser a pior alcoólica da cidade. Mas eu nunca levantei uma mão para você com raiva ou coloquei sua vida em risco, e você sabe disso. "

Isso era verdade. Keely podia se sentir usada por sua mãe, mas nunca teve medo dela. Ela assentiu.

"Eu gostaria de lhe dizer que vou começar de novo. Que vou parar de beber, de reclamar e de seduzir homens casados. "Ela deu de ombros e deu um sorriso de escárnio para si mesma. "Mas seria uma mentira. Eu tenho sido assim por muito tempo. Não posso mudar e não quero mudar. Gosto de ficar bêbada. Gosto de homens. "

"Eu sei disso," Keely disse em um tom resignado. "Se você simplesmente parasse de tentar me fazer sentir inferior, já seria alguma coisa. Dói quando você zomba do jeito que eu sou. Papai certamente não é perfeito, mas ele me fez ir à igreja todos os domingos. Ele mesmo disse que estava indo para ter certeza de que eu não acabaria como você. "

Ella pensou naquilo. Ela ainda mantinha sua bebida. Ela tomou mais um gole. "Bem, ele estava certo de fazer isso. Sim. Ele estava. A melhor forma de não ser um alcoólico, é nunca começar a beber, em primeiro lugar. "

"Eu não gosto nem do cheiro", Keely murmurou.

Ella riu. "Nem eu", ela confessou. E ela sorriu, realmente sorriu para sua filha.

"Algum dos seus pais bebiam?" Ela perguntou sem jeito.

Os olhos de Ella escureceram de dor. Ela tomou um grande gole da bebida. "Meu pai bebia."

 

 

Ela esperou, mas não houve outras confissões. Ela se surpreendeu com o ódio nos olhos de Ella quando falou de seu pai. Keely lembrou que ela nunca tinha falado sobre seus pais, tampouco.

"Mais segredos", Keely murmurou distraidamente.

Ella só assentiu. "Alguns devem ser guardados para sempre." Ela se levantou. "Bem, eu vou para a cama. Se o telefone tocar, faça-nos um favor e não atenda. "

"Gostaria de poder", Keely confidenciou, "mas ainda tenho um trabalho que me obriga a sair a qualquer hora."

Ella franziu o cenho. "Você tem um celular?"

Ela corou. "Não." Ela não poderia sequer ter um dos mais baratos.

Ella foi até sua bolsa e tirou o aparelho dela. "Quando você sair à noite a partir de agora, leve o meu. Eu vou estar com Carly se sair." Ela cortou no mesmo instante a objeção. "Podemos usar o dela. Você tem que ter uma forma de pedir ajuda. Seu pai e Jock podem até tentar raptá-la. Brent pareceu desesperado. "

"Porque eles apenas não roubam um banco?" Keely perguntou, exasperada.

"Não brinque com isso", disse a mãe de uma só vez, e saiu pálida.

"Desculpe. Eu não devia ter dito isso. "

Ella virou em direção ao corredor. "Eu estou indo para a cama. Tenha cuidado se você tiver que sair. Ligue para o escritório do xerife e peça para seus auxiliares ficarem de olho em você. "

"Eu ligarei." Ela estava pensando, sobre o irmão do Xerife Hayes e como ele sofreu depois da sua morte por overdose. Ela não podia suportar o pensamento de estar envolvida de qualquer forma, mesmo não tendo nada a ver com aquilo. Seus pais eram responsáveis. Inevitavelmente, um dia isso viria à tona. Você realmente nunca conhecia as pessoas, disse para si mesma. Nem mesmo seus pais.

Mas apesar de tudo, isso fez- com que se sentisse aquecida por dentro, a inesperada preocupação de uma mãe que ela achava que a odiava. Ela não iria para a cama agora. Saboreou a sensação de ter uma verdadeira mãe pela primeira vez em sua vida. Mesmo que a mãe fosse quase uma assassina.

 Clark telefonou-lhe dois dias mais tarde, e pediu que o acompanhasse no grande baile de caridade no centro comunitário local no sábado. Ela não estava de plantão nesta noite, de modo que não podia recusar.

"Isso é desespero ou o quê?", Ele perguntou miseravelmente. "É a única coisa que acontecerá em Jacobsville no futuro previsível, a menos que você queira nos inscrever no seminário de quadrilha de verão”, acrescentou irritadamente. "Eu nem vou chegar a ver Nellie".

"Eu gosto de dançar", ela respondeu. "Está tudo bem. Você pode escapar que ninguém sentirá sua falta. Então você pode dizer estava com um desarranjo estomacal. "

"Você é um gênio", ele exclamou.

Não, só estava ficando boa em mentir, ela pensou. Ainda estava preocupada com a percepção de Boone e o salto precipitado de Clark para o desastre. E no fundo da sua mente com seu pai, Jock e seus esquemas.

As coisas voltaram à rotina. Ela e sua mãe estavam juntas pela primeira vez. Mesmo Carly era carinhosa com Keely. E parecia que o trabalho que ela fazia em casa era lentamente apreciado, principalmente sua comida. Ela sentia como se tivesse uma vida nova.

Mas no sábado de manhã, enquanto estava preocupada se seu melhor vestido serviria para o baile, houve um telefonema.

Ela mesma atendeu ao telefone. Sua mãe foi dormir tarde, ela e Carly tinha ido até a cidade na noite anterior, e ela esperava que fosse Clark. Mas não era Clark.

"Sua mãe já colocou a casa a venda?"

Ela conhecia aquela voz. Não era seu pai. Era Jock.

Ela hesitou doente de medo.

"Responda-me, maldição!"

"N-não", ela gaguejou. "Ainda não..."

"Diga a ela que é melhor se mexer. Eu sei o que ela e seu pai fizeram. Ele pode não querer dizer, mas eu vou. Está me ouvindo, Keely? "E ele desligou.

Keely não teria entendido a ameaça uma semana atrás. Mas entendia agora. Ela não poderia ir até Hayes Carson e dizer que sua mãe tinha ajudado num homicídio. Não haveria saída, especialmente se Hayes descobrisse que era o assassino. Clark não podia ajudá-la, também. Ela não ousava envolver Boone. Ela sentou doente e assustada, e pensou o que elas iriam fazer.

Mais tarde, quando Ella acordou, Keely teve de lhe contar sobre o telefonema.

Ella estava de ressaca, mas ficou sóbria rapidamente. "Jock sabe, então? Eu tinha medo de Brent ficar alto o suficiente para contar a ele. "

"Que podemos fazer?" Keely perguntou lastimosamente.

Ella deu um longo suspiro. "Eu não sei. Vou ter que pensar sobre isso. "

"Você não tem tempo!" Keely disse. "E se ele procurar o xerife?"

Ella olhou para sua filha e realmente sorriu. "Obrigado", disse ela roucamente. "Isso significa muito, depois do modo como te tratei, você ainda se importa se vou para a prisão." Ela deu de ombros. "Talvez eu fosse absolvida, Keely. Foi há muitos anos... se eu tivesse um bom advogado... "

"Sim", Keely concordou.

Ela deu uma olhada para a mulher mais jovem, tão esperançosa, tão entusiasmada. Ella sabia que nenhum juiz no Condado de Jacobs iria deixar que Ella se safasse de um homicídio, não quando o irmão do xerife era a vítima, independentemente de quanto tempo havia transcorrido entre a morte e o presente. Keely era jovem e cheia de sonhos. Ella já tinha passado por isso. Mas ela seria capaz de fazer algo para salvar sua filha. Seria capaz de poupar Keely, se tivesse a coragem de fazer aquilo que era necessário.

"Iremos pensar em alguma coisa", ela garantiu a jovem mulher. "Você vai ao baile com Clark, não é mesmo? Ele é muito simpático. Talvez se case com você. "Os olhos dela parecia sonhadores por um momento. "Ele é um bom homem. Cuidaria de você e poderia te dar tudo o que quisesse. "

"Clark e eu somos apenas amigos", disse ela.

Ella deu uma olhada curiosa para ela. "Trata-se de seu irmão, não é? Não te fiz nenhum favor contando mentiras a ele. Eu poderia chamá-lo e dizer-lhe a verdade. "

"Não", disse Keely rapidamente.

Ella encarou-a. "Você o amava, e ferrei tudo para você. Sinto muito. "

"Ele pensa que sou muito jovem para ele," Keely disse com um sorriso triste. Ela estava lembrando a forma como Boone tinha falado com ela na biblioteca e odiava as circunstâncias que roubaram sua única chance com ele. Agora que ela sabia a verdade sobre seus pais, qualquer tipo de relação com ele seria impossível. Boone Sinclair, com a sua excelente reputação e impecável linhagem, não se rebaixaria tanto a ponto de casar com a filha de drogados e assassinos.

"Você parece tão triste", disse Ella. "Eu lamento muito."

"Eu sei. Está tudo bem ", ela respondeu.

Ella se levantou. "Seria melhor você pensar no seu vestido. Eu ofereceria um dos meus", acrescentou," mas você está muito magra. "

"Obrigado por oferecer", disse Keely suavemente.

Ella sorriu de volta, e algo profundo agitou-se dentro dela quando lembrou quão cruel tinha sido com sua filha. Agora, estava arrependida por isso. Talvez pudesse corrigir isso. Talvez, só talvez, pudesse poupar Keely de qualquer desgosto se cuidasse disso direito.

 

Clark chegou na hora para pegar Keely. Ela estava usando um lindo vestido verde de veludo que aderia adoravelmente a sua bonita silhueta até os bem talhados tornozelos, com uma estola de raposa que pertencia à sua mãe. Ella tinha insistido em que ela pegasse. Ela também usava saltos altos que eram muito caros e lindos, outro empréstimo de Ella, que calçava o mesmo numero de sapatos. Keely não tinha sapatos de noite, também nunca teria tido oportunidade de calçá-los. Seus cabelos loiros estavam limpos e brilhantes, disciplinadamente penteados, e seus olhos cheios de sonhos.

"Você está linda", disse Clark repentinamente enquanto a ajudava entrar no carro. "Realmente linda. "

Ela sorriu. "Obrigado, Clark."

Ele entrou no carro, pensativo. Quando franzia as sobrancelhas assim, lembrava Boone.

"Alguma coisa errada?" Ela perguntou.

Ele deu de ombros. "Estava pensando que tenho usado você e isso está errado."

"Não me importo."

"Isso é o que torna tão ruim", ele respondeu. "Estou fazendo coisas que não gosto só para impedir Boone de fazer perguntas sobre a minha namorada." Ele deu uma olhada para ela. "Se eu realmente me importasse com ela, estaria fazendo as coisas diferentes, não estaria, Keely?"

Ela foi surpreendida por sua atitude, e à pergunta. "Você está apaixonado. Faz com que as pessoas façam coisas estranhas ".

"Eu? Apaixonado? "Ele acelerou em uma curva. "Tenho gasto uma fortuna em jóias e roupas para Nellie. Ela não tem recusado nada. Na verdade, fez sugestões do que gostaria para que eu pudesse comprar." Ele olhou para ela. "Eu não te convenci a aceitar um par de brincos baratos."

Ela corou. Issso soava muito como se Boone tivesse feito alguns comentários ao acaso que fizeram seu irmão começar a pensar nas coisas.

"Eu não gosto de jóias."

"Claro que você gosta Keely. Todas as mulheres gostam de jóias ", Clark respondeu. "Mas você não vai aceitá-la de mim. E nem mesmo vai me dizer o por que. "

Ela mordeu o lábio. "Seria como aceitar pagamento por te ajudar."

"E isso está errado?"

"No meu mundo, sim, está. Um pequeno presente no Natal é uma coisa. Mas jóias caras, isso é outra coisa. "

"É o que Boone diz. A namorada dele estava insinuando que gostaria de um colar de diamantes. Ele disse que não esperasse isso dele. Ele não tinha que pagar para as mulheres saírem com ele. Ela era realmente má. Ela saiu enfurecida sem uma palavra. "

"Aposto que ela voltou", disse Keely tristemente.

"Claro que voltou. Boone é rico, atraente e é implacavelmente perseguido por todas as solteiras do sul de Dallas. "

O coração de Keely afundou. Claro que era. Boone era o sonho de toda mulher. E certamente era o de Keely.

“Isso me fez pensar," continuou Clark. "E não de uma boa maneira. Se Nellie me amasse, ela desejaria comprar coisas para mim. "

"Ela não pode pagar pelo seu gosto, Clark," ela murmurou secamente.

Ele pensou por um minuto e depois riu. "Bem, não, não pode. Mas esse é o ponto da coisa, Keely. Ela não me comprou nada desde que começamos a namorar. Nem mesmo um lenço ou um CD de música. Nada. "

"Algumas pessoas não são doadoras".

"Algumas pessoas são caça dotes" ele respondeu.

Ela inclinou para trás contra o encosto do banco com um pequeno suspiro. "Acho que sim. Nunca entendi por que. Adoro trabalhar pelo o que eu recebo. Meu salário pode ser pequeno em comparação com muitos outros, mas me entusiasma. Trabalhei com minhas próprias mãos pelo que tenho. "

"Boone admira isso".

"Admira?" Ela tentou não soar impressionada.

"Não que ele queira. Ele faz de tudo para ignorá-la. "

"Eu notei."

"Talvez ele esteja certo, Keely", disse solenemente. "Você é muito jovem, mesmo para sair comigo."

Ela agitou as mãos. "O que há com a minha idade? Pelo amor de Deus, eu vou fazer vinte na Véspera de Natal! "

Ele sorriu. Ela fazia ele se sentir bem. Sempre fazia. Ela e Winnie estavam mais próximas a ele do que quaisquer outras duas mulheres na terra.

"Você é a amiga mais encantadora que tenho", disse ele de repente. "Vou começar a tratá-la melhor."

"Você está certo disso? Então, se você quiser me dar alguma coisa ... "

"Qualquer coisa!" Ele interrompeu. "Qualquer coisa mesmo."

"Eu amaria ter tapetes para o meu carro."

Ele piscou. "O quê?"

"Tapetes. Você sabe aquelas coisas pretas com nervuras que vão sobre o assoalho Só para o lado do condutor ", acrescentou rapidamente. "Ele tinha, mas não veio com o equipamento original, e o estacionamento do Dr. Rydel não é pavimentado. Tenho de caminhar através da lama para chegar ao meu carro quando chove. "

Clark ainda estava absorvendo o choque. Nellie tinha pedido, petulantemente, um pingente de diamante, que tinha visto em um anúncio de revista e Keely estava pedindo um único tapete para seu maldito carro.

"Não é nada caro", disse ela rapidamente, temendo ter se excedido. "Quero dizer, para o Natal. Vou te dar alguma coisa, também, mas vai ser barato. "

Ele parou no centro comunitário, sentir-se com duas polegadas de altura. Ele virou-se para ela no carro. "Você me faz sentir envergonhado", disse ele calmamente.

"De quê?", Ela perguntou.

Ele agitou a cabeça. "Não importa. É melhor irmos, acho que estamos um pouco atrasados. "

"Minha culpa", disse ela, sorrindo. "Você teve que esperar, enquanto eu procurava minha bolsa." Ela segurou-a. "É uma das bolsas da minha mãe. Ela me emprestou, assim como seu telefone celular e a estola de raposa" ela apontou “e também os sapatos" ela levantou um pé para lhe mostrar.

Ele poderia chorar. Ela nunca pedia nada. Não deixava que Winnie lhe emprestasse absolutamente nada. Ele nunca se sentiu tão mal em toda a sua vida. Ele a usou para encobrir seu grande caso de amor, colocou a em uma posição onde Boone poderia ficar furioso com ela se descobrisse o que estava fazendo e não pensou sequer uma vez nas consequências.

"Esta noite é a última vez que estou escondendo Nellie atrás de você", disse ele repentinamente. "Eu vou sair com ela, desta vez. Mas a partir de agora, estou entrando pela porta da frente da minha casa. "

"Tem algum molho de tomate à mão, não tem?" Ela provocou. "Boone vai jantá-la."

"Sei disso. Talvez não seja uma coisa ruim deixá-lo tirar um pedaço dela. Por uma vez, talvez ela mostre sua verdadeira personalidade. "

Ela parou de sorrir. "Ela pode não ser tão ruim quanto você pensa," ela disse suavemente. "Quero dizer, ela se importar com você e ainda gostar de jóias."

"Ela pode preferir apenas as jóias", ele retornou cinicamente.

Um grande SUV parou no estacionamento. Ele fez uma careta. "Ela está adiantada." Ele olhou para Keely. "Você quer que eu entre com você?"

Ela balançou a cabeça. "Posso fazer isso sozinha."

Ele entregou-lhe um convite. "Pegue, se isso é tudo que você me deixa te dar. Vou estar de volta antes que você sinta minha falta. "

Ela sabia mais do que isso. Ele podia dizer que não, mas ainda estava sob o encanto de Nellie. Ela o convenceria, até ao final da noite de que ele não poderia viver sem ela. Pobre homem.

"Divirta-se", disse ela.

Ele grunhiu. "Divirta-se você."

Ela saiu do carro, fechou a porta e acenou. Ela não olhou para Nellie. Ela teria jogado pedras nela, alegremente, se isso ajudasse Clark.

A música fluía pelo ar frio da noite. Eles estavam tocando um número latino. Ela imaginou todos os excelentes dançarinos da cidade, incluindo Matt Caldwell e Cash Grier, iriam para a pista de dança deslumbrar os espectadores. Estava ansioso para vê-los.

Ela deu o seu convite na porta, puxou a estola de raposa para mais perto e encaminhou-se para a enorme sala onde estava tocando uma banda ao vivo.

"Eu achei que você viria quando ouvi Clark falar que tinha comprado convites", uma profunda e divertida voz disse atrás dela.

Ela virou-se e olhou nos escuros e suaves olhos de Boone Sinclair.

 

Keely não conseguia pronunciar uma única palavra. Boone pegou a mão dela e arrastou-a para o centro comunitário com ele.

"Se eu perguntar onde Clark está?"

Ela sentia como se seus pés não tocassem o chão. "Não há necessidade. Eu não vi o seu carro. "

"Eu não vim dirigindo. Trouxe um dos caminhões e estacionei do lado de fora. Duvido mesmo que Clark tenha notado. "

"Ele não notou." Ela olhou ao redor. "Winnie veio?"

Ele hesitou. "Não."

Ela parou de caminhar e ele teve que parar, também.

Ele olhou-a apreciando, os seus olhos escuros persistentes sobre o modo como o vestido verde-esmeralda vestia seu magro e bonito corpo. "Verde combina com você", ele pensou longamente.

"Winnie não veio ...?" Ela disse rapidamente.

"Kilraven disse que não viria", ele respondeu. "Ela disse que era inútil deixar os homens que nem sequer gostava desfilar com ela em torno da pista de dança."

Ela levantou a cabeça e olhou para ele. "Talvez ela tenha um propósito."

Ele levantou uma sobrancelha e olhou travesso. "Talvez tenha."

Ela de repente sentiu se desconfortável. Olhou ao redor novamente, desta vez procurando Misty.

"Ela não está aqui."

Corada, ela olhou para trás para seus olhos divertidos.

"Vim sozinho", disse ele. "Mencionei que não iria comprar diamantes para uma data casual e ela se ofendeu."

"Fiquei sabendo".

"Ah? Clark estava impressionado? "

"Sim. Mas não durou muito tempo ", ela acrescentou. "Quando estiver sozinho com ela, vai esquecer tudo que disse."

"Sem dúvida." Ele franziu os lábios. "Você dança, Miss Welsh?"

Seu coração saltou pela maneira como ele disse isso. Ele não tinha acompanhante e tinha vindo mesmo assim. E estava olhando para ela como se pudesse comê-la. Isso era emocionante, mesmo que não pudesse esperar por mais nada.

"Eu danço", respondeu. Ela pareceu sem fôlego.

Ele levou a estola e sua bolsa e colocou-os em uma mesa próxima onde Cag Hart e sua esposa, Tess, estavam sentados. "Vocês se importam de olhá-los?", Indagou.

Tess forçou um sorriso. "Não se eu puder experimentar essa estola."

"Experimente," Keely convidou com um grande sorriso.

Tess colocou ao redor do pescoço e fez uma pose. Ela piscou para seu marido. Seus olhos azuis brilharam na moldura de cabelo vermelho.

"Não vou lhe comprar uma raposa morta", Cag informou-a arrogantemente.

Keely recordou que Cag tinha assistido o filme "porco" e deixou de comer carne suína. Ela imaginou se ele havia visto recentemente qualquer outro filme de animais.

Tess olhou para cima e sorriu. "Havia um cão de caça neste filme..."

"Você vai parar?" Cag murmurou, olhando estranhamente corado. "Eu gosto de animais."

Tess curvou-se sobre ele e beijou-o. "Eu sei. Mas esse animal provavelmente foi morto há um certo número de anos...".

Ele explodiu em uma risada e beijou-a de volta.

Boone puxou Keely em direção à pista de dança.

Ele deslizou um braço em torno de sua cintura e puxou-a para mais perto, acomodando seus dedos entres os dela. Ela tropeçou nervosa com a habilidade com que ele a conduzia num ritmo lento, e ele riu, profundamente.

Ela sentia como uma raposa, correndo para o abrigo. Seu coração estava disparado, sua respiração estava presa em algum lugar ao sul de sua traquéia. Ela quase não notava a música. Ela estava muito consciente do poderoso corpo de Boone contra o dela, o perfume de seu hálito, o cheiro da sua colônia. Ele fazia-a sentir se fraca e débil.

Sua mão espalmada nas suas costas sobre o veludo macio. "Eu gosto desse vestido", ele murmurou em sua testa.

"É muito bonito", ela começou.

"Eu gosto de senti-lo", ele corrigiu.

Ela riu nervosamente. "Ah".

Ele tocou na bochecha dela, de modo que ela levantou os olhos para o seus. "Dezenove anos," disse ele calmamente, estudando-a. Ele parecia culpado.

Ela franziu as sobrancelhas. "Você sabe, a idade não é tudo."

"Se você repetir aquela velha e batida frase que o importante é a quilometragem”... ele ameaçou suavemente.

"É verdade, mesmo assim" ela respondeu.

Ele endireitou seus dedos entre os dela enquanto movimentavam-se preguiçosamente na música. "Você ficou sabendo do seu pai, não é mesmo?", Perguntou subitamente.

Ela estremeceu em seus braços.

Ela assentiu. "Eu achei que sim. Você estava agitada desde que passou pela porta. "

Ela sentia-se miserável, quando lembrava o que a mãe tinha dito sobre o irmão de Hayes Carson. Ela carregaria a culpa pelos atos de seus pais até que morresse. E Hayes estava tentando olhar por ela, não sabendo a verdade.

"Venha aqui."

Ele parou de dançar, pegou a pela mão e levou-a pela porta lateral para o pátio escuro, onde apenas uma faixa de luz partia de dentro da sala revelando as pedras do chão.

"Diga-me o que está te preocupando" ele a persuadiu calmamente.

Ela inclinou a testa contra seu peito. Se ela pudesse. Mas Hayes era seu amigo. "Foi Jock quem telefonou. Ele fez ameaças. Meu pai quer que minha mãe venda a casa e dê-lhe o dinheiro ", disse ela pesadamente. "Ele tem algo sobre ela, algo que pode usar, se ela não fizer isso. Ela tem medo dele. "

"O que ele tem sobre ela?"

Ela suspirou suavemente. "Não sei".

Ele inclinou seu queixo para cima. "Sim, você sabe, Keely", argumentou, procurando os olhos dela na fraca luz do pátio que vinha das janelas.

Seus olhos eram atormentados. "Não posso dizer", disse ela tristemente. "Não é o meu segredo."

Seus dedos acariciaram seu queixo. "Você pode me dizer qualquer coisa", disse ele, sua voz profunda e suave e sedutora. "Qualquer coisa".

Ele fez com que ela quisesse contar. Ele era poderoso e atraente. Fazia seu sangue correr quente através das veias. Ela queria beijá-lo até a dor passar. Não podia contar-lhe, naturalmente.

Ela não tinha que fazer isso. Boone leu os sinais sutis de seu corpo e sua respiração e chegou a uma conclusão. Lentamente, a fim de não assustá-la, curvou em direção a sua boca. "Eu deveria levar um tiro," ele sussurrou.

Sua respiração tinha gosto de café. A suave sensação de carne contra carne em tal maneira intimista fez a cabeça de Keely girar. Ela raramente tinha sido beijada, de alguma maneira, e nunca como esta. Sua habilidade era aparente.

Mas ele pareceu perder o controle, apenas um pouco, com o beijo prolongado. Sua boca tornou-se rapidamente faminta. Seus braços contraíram-se e atraiu-a contra o comprimento do seu corpo, inclinando-a sobre seus duros contornos. Ela reforçou sua inexperiência na intimidade, a qual estava completamente desacostumada.

Boone levantou a cabeça, surpreendido pela sua postura, pela sua reação. Ela respondeu como se nunca tivesse sido abraçada e beijada em sua vida, como se o exigente ardor de um homem adulto fosse desconhecido para ela. E talvez fosse. Ele considerou o que sabia de sua vida a partir dos vagos comentários de Winnie.

Ele deixou-a se afastar, apenas um passo, mas não a deixou ir. "Está tudo bem", disse ele suavemente, sorrindo. Ele emoldurou seu rosto com suas grandes mãos e manteve-a onde queria. Seu polegar acariciou gentilmente seu lábio inferior e inclinou-se novamente. “Todos temos algo a temer”, ele citou de forma divertida, “medo de si mesmo..."

Era diferente desta vez. Ele não exigiu. Provocou seus lábios, roçando numa leve carícia que a fazia querer mais. Suas mãos afastaram o cabelo dela para trás, mudaram-se para suas costas, para a curva dos seus quadris, e atraiu-a para mais perto. Ela estremeceu ao contato e por um instante a sua boca se tornou exigente. Mas quando ela enrijeceu, ele cedeu imediatamente.

Era como um duelo silencioso, ela pensou, fascinada. Ele avançou, e quando ela hesitou, ele desistiu. Era como se soubesse da dificuldade que ela sentia, como se ele tivesse conhecimento de quão nova e assustadora essas sensações eram para ela. Ele acalmou-a, atraindo-a, até que ela começou a relaxar e parou de lutar lentamente, contra a firme pressão da sua boca.

"É isso", ele sussurrou, quando ela afundou suavemente contra ele. "Só não lute. Não lute comigo. Não vou machucá-la. "

Ela sabia disso. Mas ainda era difícil dar mais de si para alguém que não sabia sobre seu passado. Ela estava aterrorizada não pela exploração de suas mãos, mas do que encontraria se ele persistisse.

Então, quando ela sentiu a ponta dos seus dedos provocando a curva dos seus seios, ela pulou e se afastou.

Ela esperou uma explosão. Uma vez, apenas uma vez, ela tinha cedido a tentação em sua vida adulta e concordou em sair com um vendedor de uma cidade vizinha. Ele agarrou-a no carro e ela empurrou-o para longe dela. Ele ficou furioso, falando rudemente sobre as garotas que provocavam. E então forçou as mãos nos seus ombros e seios. Ela nunca esqueceria o olhar de total horror em seu rosto. Ele empurrou-a para longe dele. Levou a para sua casa sem uma única palavra. Sequer olhou para ela quando saiu do carro. Não foi tão mau como o encontro que tinha tido aos dezesseis anos de idade que tinha terminado em trauma. Mas era suficientemente ruim. Essa foi a última vez que saiu com um homem para um encontro.

Porém, Boone não estava bravo. Na verdade, ele parecia satisfeito e não ofendido com sua falta de resposta.

Ele retirou a sua mão e traçou seus lábios inchados com os seus. "Bem!" Ele exclamou suavemente, e sorriu.

Ela estava preocupada. ...” Você não está furioso?"

Ele agitou sua cabeça. "Virgens necessitam de manipulação suave", ele sussurrou, e curvou-se para beijá-la, carinhosamente, quando ela corou.

Quando ele afastou-se, sua expressão era solene e gentil. Ele afastou seu longo cabelo, tocou seu rosto, sua boca, seu queixo. "Quando você fará vinte anos?", Perguntou após um minuto.

"Ves-Véspera de Natal", ela gaguejou.

"Véspera de Natal. Em quatro meses. "Ele beijou-lhe as pálpebras fechadas, sorrindo contra eles. "Nós vamos ter que fazer algo muito especial para o seu aniversário".

"Nós? Oh, quer dizer, Winnie, Clark e você? "

Ele levantou a cabeça procurando seus olhos. "Por que você acha que eu não quis dizer apenas você e eu?" Ele perguntou.

"Há Misty", ela lembrou-o.

Ele franziu o cenho, como se não soubesse do que ela estava falando. A magia parecia sumir. Ele retirou sua mão e tornou-se distante. "Misty", ele repetiu.

A magia escoou pela noite. Ele se tornou um estranho distante, o homem não amigável do passado. Nesse momento, ele olhava como se nunca tivesse considerado tocar Keely.

Ela colocou os braços em torno de si mesma contra um frio que não vinha do ar noturno. "Está ficando frio", disse ela, tentando parecer indiferente.

"Sim, está." Ele se afastou dela, pensando profundamente. Ele parou para abrir a porta para ela.

Ela passou por ele sem olhar e não disse nada. Ele também não disse nada. Ela foi para a mesa de refrescos e pegou um pequeno copo de refrigerante e sentou contra a parede.

Ela viu Boone parar em um grupo de pecuaristas e conversar com eles. Seus olhos disparavam ao redor para ver se Clark tinha retornado. Quando ela olhou novamente em direção ao grupo de pecuaristas, Boone tinha ido embora. Ela não o veria novamente.

Clark recolheu-a. Ele parecia desarrumado e indisposto.

"As pérolas eram da cor errada", disse ele desanimadamente. "Ela queria rosa. Eu comprei cinza. "

"Sinto muito.

Ele olhou para ela e fez uma careta. "Eu odiei ter deixado você lá sozinha", confessou ele. "Estou muito arrependido. Não vou fazê-lo novamente. "

"Foi tudo bem", disse ela. "Eu gostei da música."

"Você é a melhor amiga que tenho", disse ele depois de um minuto. "Mas você não deve me deixar tirar vantagem disso."

Ela riu. "Ok".

Ele deu-lhe um sorriso jovial. "Boa menina."

"Qual é o nosso próximo plano?"

Ele suspirou. "Realmente não sei. Você saberá quando ela decidir se vai querer me ver novamente. "

"Ela vai querer", disse ela com convicção.

"Veremos".

Dr. Rydel estava causando mais confusão que o habitual quando Keely chegou ao trabalho na segunda-feira.

"Eu te disse para encomendar ração para cães de baixo teor de gordura, na semana passada," ele estava furioso com uma das suas mais recentes secretárias, Antonia.

"Mas eu encomendei, Dr. Rydel", disse ela, quase em lágrimas. "Eles tinham que ter entregue."

Ele fez um rude som. "E eu suponho que a urna contendo o velho gato da Sra. Randolph também está para ser entregue?" Acrescentou sarcasticamente.

Antonia estava vermelha nesse momento. "Não, senhor, esqueci de verificar isso. “Sinto muito “, acrescentou rapidamente.

Não fazia nenhuma diferença. Ele ficou na frente dela e olhou-a com desdém. Ela explodiu em lágrimas e saiu correndo.

"Ah, bom trabalho, doutor", sua colega, Dra. Patsy King, murmurou. "Ela vai nos deixar e teremos que parar e procurar mais uma secretária. Quantas são só este ano? Deixe-me pensar... seis, não é? "Acrescentou ela com ironia.

Bentley olhou a com desdém. "Quatro!"

"Ah. Apenas quatro. "Ela girou os olhos. "Isso me faz sentir melhor."

"Você não tem um paciente esperando, Dra. King?" Ele balbuciou, com os olhos brilhando.

Ela suspirou. "Sim, tenho, graças a Deus, mas vim aqui para pegar com a nossa secretária a agenda para marcar uma próxima consulta. Suponho que eu mesma terei que fazer! "Ela olhou mordazmente em direção à parte traseira onde Antonia chorava audivelmente.

Ele amaldiçoou.

Ela fez uma careta. "Oh, como isso ajuda!" Ela resmungou. Ela sentou na cadeira de Antonia e usou o computador para agendar a próxima visita de seu paciente. Enquanto ela estava lá, acrescentou-se as despesas e imprimiu uma folha listando.

"Eu posso ajudá-la a fazer isso", Keely ofereceu.

"Não, você não pode" Dr. Rydel murmurou. "Eu preciso de você para ajudar com os exames, não fazendo anotações."

"Falando nisso, Keely, podia levar esse cachorro para Sra. Reynolds no carro para ela?" Dra. King perguntou, e sorriu suavemente.

"Claro", respondeu Keely imediatamente, e saiu com a Dra. King, deixando um fumegante Dr. Rydel para trás.

Após essa manhã, estava aberta a guerra entre os dois veterinários no consultório. Dra. King era três anos mais jovem do que o Dr. Rydel, casada com dois filhos, e precisava do seu trabalho. Mas ela ameaçou sair se ele não parasse de usar as secretárias como alvo. Keely, os outros auxiliares e o outro veterinário, Dr. Dave Mercer, tentaram manter-se fora do caminho do Dr. Rydel até o seu temperamento melhorar. Ninguém sabia o que tinha acontecido com ele, mas era como um lutador profissional andando pelas ruas calçando luvas de boxe. Ele estava louco por uma briga.

Foi um alívio para Keely quando a semana de trabalho acabou e ela poderia fugir da tensão. Ela ainda sonhava acordada com Boone e revivia o terno beijo compartilhado no pátio do centro comunitário. Ela não entendeu o seu comportamento, de qualquer maneira. Tudo ia bem até que tinha mencionado Misty. Então ele se retirou, como se sentisse culpado por tocar Keely.

 

Ele preferiu deixar o baile a correr o risco de falar com ela novamente.

Pior, as pessoas estavam comentando sobre os dois. Tess Hart provocou-a por ter saído para o pátio com Boone e voltado corada. Ela mencionou isso para Cag. Provavelmente ele disse a seus irmãos e eles disseram para outras pessoas. Então Keely foi provocada, quando foi ao supermercado, porque uma das meninas tinha um namorado que trabalhava numa das fazendas dos Hart. Depois, foi provocada no banco, porque uma dos caixas era casada com o capataz de Cag Hart. A filha dessa caixa trabalhava na central 911 com Winnie.

"Você e Boone são o assunto da cidade, você sabia?" Winnie provocou sua amiga, quando foram almoçar juntas no Barbara's Café no sábado.

"Boone, vai me matar", disse Keely lastimosamente. "Clark provavelmente vai querer me matar, também, quando perceber que Boone sabe o que ele está fazendo."

"Oh, Boone sempre sabe", disse Winnie facilmente. "Clark nunca pode esconder nada dele, nem de mim. Mas cá entre nós, não creio que esta coisa com Nellie vá muito mais longe. Ela ficou louca porque Clark deu-lhe perolas da cor errada. Isso, depois de ele ter dado a ela mais de uma joalheria!" Ela inclinou-se para frente. "E ela revelou que é casada."

"O quê?" Keely exclamou. "Clark sabe?"

"Isso, e mais", disse Winnie. "Quando eu sai de casa, Boone estava mostrando ao nosso irmão um espesso arquivo sobre Miss Nellie Summers. Ele disse que Clark não sairia de casa até que lesse cada detalhe sórdido. "

"Pobre Clark."

Winnie riu. "Ele estava enlouquecido depois de ler a primeira página", disse ela. "Ele não teria acreditado há duas semanas atrás, mas aparentemente Boone escolheu o momento certo para lhe dizer a verdade."

"Estou feliz", ela confessou. "Fui colocada bem no meio, sendo usada como cobertura para Clark."

"Clark não deveria ter feito isso. Boone ficou zangado. Ele disse que Clark não tinha o direito de agir dessa maneira. "

"Clark é meu amigo. Eu poderia ter dito não ", disse Keely suavemente.

"Você nunca diz não a ninguém", respondeu Winnie, preocupada. "Você é muito boa para as pessoas, Keely. Você não se protege. "

"Eu estou tentando."

"Clark passa por cima de você. Boone também. Aposto que Dr. Rydel passa também. "

"Dr. Rydel passa por cima de todo mundo,” Keely salientou.

"Bem, você trabalha lá." Ela bebericou o café e seus olhos começaram a mover-se rapidamente. "Então o que estava acontecendo entre você e meu irmão no baile?"

"Não, você também!" Keely gemeu.

"Eu sou sua melhor amiga. Você tem que me dizer. "

Keely colocou sua melhor expressão suave. "Ele queria falar comigo sobre Clark sem que todos escutassem."

Winnie baixou o rosto. "Era só isso?"

"O que mais poderia ser?" Keely respondeu. "Você sabe que Boone não me suporta. Normalmente ele me ignora. Mas ele sabia que Clark estava metido em alguma coisa e eu estava ajudando-o. Ele arrancou de mim. "

"Ele é bom nisso", Winnie tinha que admitir. "Eles costumavam deixá-lo interrogar as pessoas quando estava no exército." Ela brincava com a xícara de café. "Ele mudou muito desde que voltou do exterior. Ele costumava ser uma pessoa feliz. Ele não é feliz agora." Ela olhou para cima. "Ele sai com Misty, mas nunca a toca."

O coração de Keely saltou. "Como você sabe?"

"Ele nunca recolhe nada", disse ela com carinho. "Sempre deixa suas roupas pelo quarto. Eu recolho e as coloco no cesto para a Sra. Johnson. Nunca há qualquer mancha de batom em sua camisa." Ela parou e franziu os lábios. "Bem, isso não é absolutamente a verdade. Na noite de sábado passado, havia algumas manchas de batom em seu colarinho. "

O rosto de Keely ardeu e Winnie riu triunfante. Keely sabia que Winnie iria direto para Boone e o provocaria se imaginasse o que tinha acontecido. Ela não podia deixar a amiga ter certeza. Se Boone fosse provocado por causa de Keely em casa, tudo estaria acabado antes de ter tempo para começar.

"Não me admira que ele esteja como uma serpente escaldada durante toda a semana," Winnie meditou, olhando Keely de perto. "E não tem ligado para Misty. Estranho, não é? "

"Vá com calma, por favor. Eu só dancei com ele," Keely murmurou. "Por isso tinha batom em seu colarinho."

O bom humor de Winnie sumiu lentamente. Ela franziu as sobrancelhas. "Tem certeza que isso é tudo?"

Keely deu um eloqüente olhar para a amiga. "Boone não me suporta. Ele estava apenas tentando descobrir porque Clark e eu tínhamos ido ao baile e Clark tinha sumido. "

"Oh, peixe com batatas fritas!" Winnie murmurou.

"Como?"

Winnie moveu-se. "Meu Deus, estou pegando Hayes Carsonites!" Ela exclamou.

"O quê?"

"Hayes Carson não xinga como um homem normal. Ele diz coisas como crackers com leite! e peixe com batata fritas! "É polido quando você está ao seu redor."

"O que você esteve fazendo com Hayes Carson?" Keely perguntou.

"No rádio!"

"Ah. “Certo “.

"Ele não tem má aparência," Winnie pensou. "E é muito mais amigável do que Kilraven. Eu realmente tiro meu chapéu para ele. "

"Você vai partir o coração de Kilraven", Keely provocou.

Winnie enrugou seu nariz. "Como se ele notasse que estou flertando com outro homem", disse ela breve. "Ele está tentando a tática de Boone. Está me ignorando. "

"Ele provavelmente está apenas ocupado."

Winnie brincou com seu guardanapo. "Os homens não são melhores que os problemas que causam", disse ela irritadamente.

Keely riu. "Não", ela concordou. "Eles não são."

"E não mentimos bem?" Winnie retrucou.

Keely assentiu.

O pequeno café estava lotado para um sábado, principalmente com turistas tentando desfrutar dos últimos dias de agosto. Jacobsville tinha um rodeio anual que atraia multidões, porque teria algumas das estrelas do circuito. O prêmio em dinheiro não era mau, também.

"Há um monte de carros com placas de outros estados," Winnie murmurou. "Acho que o rodeio atraiu-os."

"Eu só estava pensando no rodeio". Keely riu. "Grandes mentes correndo na mesma direção."

"Exatamente. Acho...” Winnie se calou. Estava olhando para a porta da frente sem resposta.

Keely deu uma olhada em direção à entrada. Kilraven, ainda de uniforme, estava de pé na porta. Ele realmente era um gato, Keely pensou; alto, bonito e elegante com olhos prata e espesso cabelo preto. Era musculoso sem ser exagerado.

"Desculpe-me", ele falou com sua voz profunda. "Há alguém aqui dirigindo um SUV vermelho com placa de Oklahoma?"

Um jovem em jeans e camisa de cambraia levantou a mão. "Sim. Eu", ele respondeu. "Alguma coisa errada, oficial?"

Kilraven caminhou para a sua mesa, avistou Winnie e Keely e assentiu educadamente antes de colocar-se em frente ao homem. "Você recolheu um cervo na estrada, senhor?" Ele perguntou.

O jovem riu. "Sim, ele foi morto por um carro, penso eu, porque ainda estava quente e mole quando o recolhi. "O sorriso desbotou. "Eu estava só levando-o para casa e ia colocá-lo no meu congelador. Fiz alguma coisa errada? "

Kilraven limpou a garganta. "Você pode querer ligar para o seu agente de seguros."

O jovem ficou pálido. "Por quê?"

"O cervo não estava morto."

"Não estava morto...?" Ele assentiu.

"E ele deixou seu veículo repentinamente, através do pára-brisa."

O jovem ainda estava assentindo com a cabeça. "Através do pára-brisas?" Ele reforçou. "Através do meu pára-brisa? Do meu novo caminhão? Aaahhh! "

Ele saltou, derrubando sua cadeira. Quase atropelou um jovem ao sair pela porta. Seu grito de desânimo pode ser ouvido mesmo com as portas fechadas.

Kilraven sacudiu a cabeça e parou ao lado Winnie. "O cervo estava apenas atordoado", disse ele com disfarçada diversão em seus olhos prata. "Tivemos um homem que cometeu o mesmo erro há cerca de seis meses durante a estação de caça. Mas, felizmente para ele, o cervo saiu antes que ele entrasse em seu caminhão. "

Fora do café, os gritos ficavam mais altos.

Kilraven deu uma olhada para fora e riu. "Ele desejará um relatório para a sua seguradora. Seria melhor eu escrever-lo. "

"Já acharam Macreedy?" Winnie perguntou pausadamente e com um sorriso.

Kilraven suspirou. "Ele chegou de surpresa em Bexar, perto das 05 da tarde de ontem arrastando quarenta carros em um cortejo fúnebre. Eles estavam supondo que seriam conduzidos para um cemitério de Comanche Wells, onde deveriam estar a três horas ", ele acrescentou, porque Keely estava olhando perplexa. "Ele finalmente fez com que chegassem à Igreja certa... depois de vários carros pararem para colocar gasolina."

"É a segunda vez este mês. Eles não deveriam deixar Macreedy conduzir um cortejo fúnebre, "Winnie salientou.

Kilraven riu. "Eu disse para Hayes Carson a mesma coisa, mas ele diz que Macreedy nunca terá autoconfiança se tirá-lo do serviço público agora".

"Será que ele não tem um mapa?" Keely quis saber.

"Se tem, nunca o encontrou", disse Kilraven com um suspiro. "Ele levou o último funeral para um pântano perto do rio e o ataúde ficou preso." Ele riu. "É engraçado agora, mas ninguém estava rindo na hora. Eles tiveram que pegar dois caminhões para rebocá-los"

"Hayes deve acabar com isso e por Macreedy em funções administrativas," Winnie disse.

"Grande erro. Hayes colocou-o para cuidar da cadeia no mês passado e ele deixou um prisioneiro sair para usar o banheiro e esqueceu-se de trancá-lo novamente. O prisioneiro roubou um banco, enquanto foi temporariamente liberado. "Ele balançou a cabeça. "Não creio que Macreedy faça carreira na aplicação da lei."

"Sim, mas o seu pai fez" Winnie lembrou-o.

"Seu pai era um soldado da cavalaria do estado", Kilraven disse a Keely. "Ele insistiu para que seu filho seguisse seus passos."

"Hayes Carson é o nosso xerife", Keely disse, confusa. "Macreedy é um ajudante do xerife."

"Sim, bem, Macreedy começou a trabalhar como um soldado da cavalaria," Winnie começou.

Kilraven estava rindo novamente. "E então ele parou um carro de uma unidade secreta de drogas por estarem acima da velocidade para interceptar um enorme carregamento de cocaína. Eles estavam trabalhando no caso durante semanas. Os traficantes de drogas fugiram enquanto Macreedy estava multando os agentes por uma luz traseira queimada. O pai de Macreedy conseguiu salvá-lo dos caras da unidade de drogas, mas ele foi convidado a praticar suas trapalhadas em outro lugar. "

"Então Hayes Carson o pegou", continuou Winnie. "Hayes é seu primo em segundo grau."

"Xerife Carson poderia ter dito não", respondeu Keely.

"Você não pode dizer não ao pai de Macreedy," Kilraven retrucou.

"Pelo menos ele está conhecendo todas as estradas secundárias", disse Winnie filosoficamente.

Kilraven forçou um riso para ela. O olhar durou apenas um segundo muito longo para ser convencional, e a pele delicada de Winnie ficou agradavelmente corada.

"Onde está a minha espingarda?" Veio um alto do estacionamento. "Alguém roubou minha espingarda!"

Kilraven olhou para fora da janela. O cara jovem que possuía o SUV vermelho estava correndo pela rua com uma espingarda, na mesma direção em que o veado tinha ido embora. O proprietário da arma estava pulando para cima e para baixo com raiva e gritando ameaças para o caçador do cervo.

"É melhor ir salvar o caçador", comentou Kilraven.

"Espero que ele tenha um agente de seguros compreensivo", Keely pensou.

"E um bom advogado. Roubar rifles é um crime ". Kilraven assentiu para elas e caminhou para fora.

"Bem!" Keely provocou suavemente. "E você acha que ele não gosta de você?"

A expressão de Winnie era tão alegre que Keely invejou-a.

 

Keely riu com a situação desagradável de Hayes Carson com seu primo Macreedy, mas era impossível para ela falar ou pensar sobre ele, sem lembrar a triste confissão de sua mãe sobre o irmão de Hayes, Robert.

Ela estava se sentindo culpada sobre isso quando Clark ligou.

"Sinto muito", disse ela, logo que reconheceu a voz dele.

"Sente muito?" Ele hesitou. "Ah. Acho que você está falando de Nellie. Boone sabia de tudo, Keely ", acrescentou pesadamente. "Eu achei que estava enganando-o. Sempre o subestimei. Ele contratou a agência de detetive do pai da namorada para investigar Nellie. Não posso dizer que estou realmente surpreendido com o que ele descobriu. Bem, estou surpreso por ela ser casada e estar me enganando. "

"Boone é muito inteligente", disse ela de forma não comprometedora.

"Sim, e ele sabe como fazer com que as pessoas falem."

Ela torceu o nariz. "Eu não queria..."

"Não! Você não. Eu! Ele me perguntou o que diabos eu pensava que estava fazendo, deixando-a em um baile sozinha a noite toda. Ele ficou furioso. "

"Mas estava tudo bem."

"Ele sabe que seu pai e seu parceiro no crime podem te sequestrar, Keely. Eu sabia, ou deveria ter sabido, e a coloquei em risco. Boone disse que nada disso poderia ter acontecido. Realmente, sinto muito, Keely. Eu estava tão louco por Nellie que só pensava nisso. Você é minha amiga. Eu deveria ter cuidado de você."

O fato de Boone estar preocupado com sua segurança fazia sentir-se aquecida por dentro. "Está tudo bem, Clark," disse ela. "De verdade.”

"Ele fica empolgado contigo", ele prosseguiu. "Eu quase diria que ele é possessivo, mas isso é ridículo. Ele gosta de você, do seu jeito, eu acho. "Ele parou. "Algumas pessoas falaram que vocês dançaram. Vocês foram para fora juntos... "

"Para falar de você", ela reagiu. "Ele quis saber onde estava e o que estava fazendo. Ele é muito insistente. "

Houve um suspiro aliviado. "Sim, ele é." Ele parou novamente. "Keely, não se envolva com ele", disse ele, de maneira trôpega que fez seu coração se encher de decepção. "Algo aconteceu com ele no exterior. Ele odiou mulheres por anos depois que Misty o abandonou quando foi ferido. Deus sabe por que ele está se deixando levar pelo mesmo caminho novamente. Talvez queira vingança. Ele não gosta das mulheres de qualquer maneira, só as usa. Como eu", acrescentou lastimosamente.

Keely não sabia o que dizer, como responder a ele. "Ele não é má pessoa."

"Eu não disse que era, só que ele é detestável com as mulheres. Ele está mantendo Misty sobre uma rédea curta, e nem presta atenção nas palavras, quando fala com ela. É quase como se estivesse a mantendo por perto por alguma razão misteriosa, mas ele realmente não quer ter nada a ver com ela. Ele nem se importa se está atrasado para o encontro, ou se vai aparecer. Ela passa a maior parte do seu tempo quando estão juntos reclamando sobre a forma como ele a trata, e sobre você. "

"Eu?" Ela exclamou. "Mas por quê? Boone nem liga para mim! "

"Eu realmente não sei. Ela está com ciúmes de você. "

"Não entendo", ela murmurou. "Ela é bonita e rica. Sou simples e pobre. Não sou concorrência. "

"Eu poderia discutir isso", respondeu Clark suavemente. "Você tem algumas qualidades maravilhosas."

"Não sou bonita."

"Nem ela."

Keely riu suavemente. "Claro que ela é".

"Ela não é bonita por dentro", disse ele com obstinação. "Você é".

"Obrigado, Clark. Você é gentil. "

"Gentil." Ele riu. "Bem, pelo menos ainda somos amigos. Não somos? "

"Sim".

"Então, você pode cavalgar comigo de vez em quando. Na fazenda. Quando Boone não estiver por perto ", acrescentou com um riso incomodo.

"Nós dois sabemos que você não está com medo de Boone," ela reprovou.

"Não muito, de qualquer maneira."

"O que disse a Nellie, sobre não vê-la mais?"

Houve uma longa pausa.

Seu coração se afundou. "Clark, você não continua vendo-a?"

Houve uma pausa mais longa.

"O marido pode machucá-lo. Machucar de verdade ", ela advertiu.

Ele suspirou. "Vocês não entendem. É complicado. "

"Acho que não", ela respondeu. "Tenha cuidado. Ok? "

"Eu vou ter cuidado. Sei que tenho que romper. Mas tínhamos algo especial, do meu lado, pelo menos. Demora um pouco para se adaptar. "

"Cuide da sua retaguarda", ela respondeu.

"Eu vou fazer isso. Até mais. "

"Até."

Ela desligou, mas estava preocupada. Clark estava brincando com fogo. Se ela e Boone fossem realmente amigos, contaria a ele. Mas Boone não tinha telefonado ou se aproximada dela desde o baile, quando a beijou tão docemente. Ela sonhava com ele, sentia sua falta, mas não o tinha visto mais. Talvez ele tenha ficado com ela, pensou tristemente, para obter informações sobre Clark e Nellie. Era um pensamento deprimente, e a manteve infeliz pelo resto do dia.

Ela e sua mãe estavam melhores do que nunca, embora Keely vivesse no terror que seu pai, ou pior ainda, Jock, poderia simplesmente aparecer na porta. Ella tinha conversado com um corretor sobre a casa e o terreno. Tinha de levar a ameaça de Jock a sério, disse, e ela não queria ir para a prisão. Keely estava preocupada que o segredo pudesse ser revelado. Sentia-se culpada apenas por saber sobre isso.

As coisas pioraram quando Hayes apareceu na clínica veterinária onde ela trabalhava, no meio da semana. Ele estava triste e preocupado e pediu para Keely para irem até o estacionamento, longe da multidão da sala de espera, onde poderiam conversar sem problemas.

"O que há de errado?" Keely lhe perguntou apreensivamente.

"É sobre seu pai," ele começou hesitante. Seu rosto ficou sério. "Eu ouvi algo. Um pouco de fofoca. Envolve o meu irmão... "

"Oh, céus!" Keely disse. "Sinto muito!"

A expressão no rosto falou alto. Ela nunca poderia manter segredos e isso tinha custado muitas noites de sono. Se Hayes insistisse, ela teria de lhe dizer. Ela estava pálida.

"Você sabe, não é?" Ele perguntou calmamente. "Diga-me, Keely".

Ela apertou os braços em torno de si mesma. "Se eu disser, minha mãe vai para a prisão", disse ela lastimosamente.

"Se você não disser, sua mãe pode morrer", ele reagiu. "Seu pai foi visto em um bar de estrada em Bexar dois dias atrás."

Ela realmente arfou. "Com Jock?"

"A pessoa que o viu não conhecia o outro homem. Provavelmente não iria reconhecê-lo. O que Brent tem sobre sua mãe, Keely, e o que isso tem a ver com a minha família? "

Ela inclinou para trás contra a sua viatura, olhando para ele com olhos mortos. "Aparentemente, meu pai era um traficante de cocaína antes de ir embora daqui, e tinha um material puro. Ele fez um acordo com... "Ela parou e mordeu seu lábio. Ela não pensou como isso soaria.

Hayes parecia saber. Ele movimentou sua alta figura. "Eu sei o que meu irmão era", disse ele calmamente. "Você não precisa defendê-lo. Ele está morto e enterrado. "

Ela deu um longo suspiro. "Sim, mas ainda era o seu irmão e você o amava", disse ela suavemente. "Eu amava o meu pai. Nunca sonhei... "Ela parou. "Seu irmão, viu meu pai fazer uma compra de droga. Meu pai ofereceu-lhe uma pequena fortuna em cocaína para não te contar. "

"Então era isso."

"Meu pai deu a seu irmão. Não disse a ele que era cem por cento pura. Seu irmão tinha o seu fornecedor para injetar lhe. É por isso que ele teve uma overdose. "Ela baixou os olhos. "Estou tão envergonhada!"

"Não!" Ele avançou e emoldurou seu rosto nas suas grandes e calorosas mãos. "Não, Keely, não é sua vergonha ou sua culpa! Você é tão vítima quanto Bobby. Não tome essa carga em seus próprios ombros. Esses crimes são deles, não seus! "

Lágrimas rolaram por suas bochechas. Hayes procurou por um lenço, mas não tinha um. Keely sorriu e puxou uma toalha de papel do bolso do seu jeans. "Eu sempre as carrego", ela explicou, passando em seus olhos. "Estamos constantemente limpando as bagunças. Alguns cães ficam doentes quando são trazidos para cá. "

"Posso simpatizar com eles," Hayes disse com um sorriso forçado. "Não gosto de ir ao médico sozinho."

Ela assoou o nariz. "Eu queria te dizer. Mas não podia. Não tive minha mãe próxima, até os últimos dias, e eu sabia que se contasse, ela poderia ir para a prisão. "

"Por quê?", Perguntou fortemente. "Não há provas. Todas as pessoas diretamente relacionadas com o caso estão mortas. A mulher que deu a droga para Bobby foi Ivy Conley irmã da Rachel. Ela morreu de uma overdose de droga sozinha, há pouco tempo. Ela deixou um caderno e confessou que tinha dado a Bobby uma overdose ", disse ele surpreendentemente. Na verdade Keely conhecia Ivy, que tinha acabado de casar com Stuart York, o melhor amigo do seu irmão.

Hayes olhou pensativo. "Seu pai e Rachel entregaram a arma para Bobby, mas ele puxou o gatilho contra si mesmo, figurativamente falando. Bobby era um viciado desde os doze anos. Eu sabia e tentei detê-lo. Mas nunca consegui. "

"Você quer dizer que minha mãe não vai para a cadeia?" Ela disse preocupada.

"Não." Ele hesitou. "Mas seu pai irá, se eu conseguir encontrar uma maldita coisa

sobre ele", acrescentou no tom mais frio que já tinha ouvido dele.

Ela se sentia triste, porque seu pai tinha sido bom para ela. Ela não sabia sobre seu passado obscuro, e tinha o amado. Era difícil aceitar que ele era um fora da lei. Ela imaginou o porquê, o que tinha feito com que ele entrasse em tantas confusões que o fazia fugir com medo. "Se ele está fugindo, precisa de dinheiro", ela fundamentou em voz alta ", deve estar desesperado para fugir."

Ele franziu os lábios. "Você pensa como um detetive," meditou.

"Ele fez algo ruim", ela prosseguiu. "Ou Jock fez, e ele ajudou." Seus olhos estavam tristes quando se encontraram com os de Hayes. "Ele era bom para mim, nesses dois anos que vivi com ele. Se ele não tivesse se envolvido com Jock novamente, poderia ter mudado. "

"Homens ruins não mudam, Keely," Hayes disse em um tom resignado. "Muitos deles são facilmente levados. Outros são simplesmente preguiçosos, e não querem trabalhar para ganhar a vida. Alguns foram tão maltratados que odeiam o mundo e querem ficar na mesma. Entretanto, há boas crianças que usam drogas ou ficam bêbadas e fazem coisas que se arrependem para o resto das suas vidas. "Ele deu de ombros. "Eu acho que é por isso que Deus fez os homens da lei." Ele sorriu.

Ela sorriu de volta.

"Se você ouvir alguma coisa sobre ele", disse, "você tem que me contar imediatamente."

"Mamãe conversou com os corretores," ela disse. "Ela está realmente com medo do que ele pode fazer."

"Eu também”, disse ele. "Tenho um amigo em San Antonio falando com o homem que reconheceu o seu pai. Ele tem um cargo de chefia e está seguindo-o. Talvez tenhamos sorte ".

"O que devo dizer para mamãe fazer?"

Ele pensou por um minuto. "Diga para ir em frente e colocar o imóvel no mercado."

Ela abriu a boca para protestar.

Ele levantou uma mão. Ela não tem que vendê-la. Só tem que parecer que quer sua venda. Pode nos dar um pouco de tempo. Aposto dinheiro que seu pai ou o seu parceiro estão mantendo um olho por aqui. "

"Eu vou dizer a ela", ela prometeu.

"E mantenha suas portas e janelas trancadas, em todo caso", acrescentou com raiva.

"Nós sempre fazemos isso."

"Mantenha um telefone a mão, também", ele aconselhou.

Ela assentiu.

"Sinto muito por você estar envolvida nisso", disse ele.

"Não podemos escolher nossas famílias", disse Keely filosoficamente.

"Não é verdade?"

 Ela foi para casa depois do trabalho e disse à sua mãe o que tinha descoberto com o Xerife Carson. Ella estava evidentemente aliviada.

"Eu estava morrendo de medo", ela confessou a sua filha. "O Xerife Carson não vai me prender? Ele te disse isso? "

"Ele me disse," Keely respondeu. "Mas quer que você coloque a casa à venda."

"Eu posso fazer isso." Ella esfregou as mãos sobre as calças de seda. "Sim. Eu posso fazer isso. "Ela aparentava a sua idade. Sequer tinha colocado maquiagem. "Só tomei um drink hoje", disse ela depois de um minuto, e sorriu para sua filha. "Sou imperfeita. Mas talvez possa dar a volta por cima, se tentar. "

Keely sentiu o início de uma verdadeira relação com sua mãe. "Sério?", Ela perguntou, e sorriu.

"Bem, só não espere muito," Ella riu. "Tenho sido uma bebedora inveterada a maior parte da minha vida. Não é fácil sair. "

"Entendo. Vou ajudar. De qualquer jeito. "

Ella estudava a mulher mais jovem calmamente. "Você é uma boa garota, Keely", disse. "Não tenho sido uma boa mãe. Gostaria... "Ela deu de ombros. "Bem, não tivemos muitas segundas oportunidades. Mas vou tentar. "

"Todos podem", respondeu Keely. Impulsivamente abraçou sua mãe. Ella hesitou por um minuto, mas depois a abraçou de volta. Era um momento fora do tempo, quando tudo parecia possível. Mas só parecia.

Keely tinha esperança de que Boone ligaria, ou traria Bailey à clínica para um exame ou mesmo estaria em casa quando ela fosse cavalgar com Winnie casualmente no sábado. Mas ele estava fora.

Ela aceitou um convite para cavalgar no rancho dos Sinclair, na esperança de vislumbrar Boone. Sabia que era patético, mas estava faminta para vê-lo, sob quaisquer circunstâncias. Winnie conduziu por um caminho arborizado em direção ao rio que corria através da propriedade. Keely começou a descer do cavalo.

"Não", disse Winnie rapidamente, indicando a grama alta. "Pode ter cobras. Um dos rapazes matou duas perto do rio esta semana. "

"Está muito quente", disse Keely, nervosa pela menção de cobras. Tinha pavor delas.

"Sim, e elas gostam de locais frescos", disse Winnie. "É melhor voltarmos", acrescentou, verificando seu relógio. "Tenho de trabalhar esta tarde. Uma das nossas assistentes teve uma morte na família e prometi substituí-la. "

"Você é uma boa pessoa", disse Keely. "De verdade."

Winnie sorriu. "Obrigado, Keely. Você também é."

"Como vai Clark?" Ela perguntou no caminho de volta.

"Caminhando para uma tragédia", disse friamente Winnie. "Ele ainda está vendo aquela mulher."

"Como você sabe?"

"Ele enfiou um estojo de jóias em seu bolso quando pensou que eu não estava olhando a noite passada", disse ela.

"Mas ela é casada", Keely argumentou. "E se o marido descobrir?"

"Clark vai sentir muito", ela respondeu. "Esse relatório do detetive disse que ele era um motorista de caminhão que percorre longas distâncias, e tem uma tendência à agressão."

"Oh, rapaz," Keely murmurou.

"Um dia vamos ter uma ocorrência para atender Clark, é esperar para ver", disse com raiva Winnie. "Ele não escuta. Acha que pode ganhar de longe do seu marido. Ele está apaixonado. "

"Essa mulher não deixou o marido por um motivo", Keely concordou. "Provavelmente tem medo dele."

"Isso seria o meu palpite."

Elas andavam em silêncio até que avistaram o celeiro.

"Boone está fazendo uma coisa estúpida, também", disse Winnie após um minuto.

O coração de Keely saltou. "O quê?"

"Está trazendo a tal da Misty para casa no fim de semana", disse ela tensa. "Só Deus sabe por quê. Ele trata-a mal, mas ela insiste. Não entendo o que está acontecendo. "

"Vingança", Keely supôs.

"Isso é o que pensei, também. Mas Clark não foi o único a esconder uma jóia de mim. Boone tinha um estojo de jóia no bolso também, tal como Clark ", disse ela, olhando preocupadamente para Keely. "Eu vi. Um pouco quadrado, como um estojo de anel. Ele estava escondendo-o. "

O mundo de Keely estava acabado. Ela tentou sorrir. "Acho que ele descobriu que realmente se preocupa com ela, né?"

Winnie parecia preocupada. "Meus irmãos são dois idiotas", ela murmurou.

"O amor não faz as pessoas racionais", disse ela, olhando pela árida pastagem. "Se não chover, até mesmo os animais ficarão doidos", acrescentou, tentando mudar de assunto. "Essa seca é terrível."

"Pior para os pequenos fazendeiros que para nós", respondeu Winnie. "Nós podemos nos dar ao luxo de comprar feno para alimentar o nosso gado. Agora, com essa coisa de milho para o combustível, está empurrando os preços para ainda mais alto. "Ela balançou a cabeça. "Você tenta corrigir uma coisa, e estraga outra."

"Isso é a vida, suponho."

"Não fique tão aborrecida", Winnie disse suavemente. "Talvez tenha sido um alfinete de lapela ou algo que Boone comprou para um amigo. Pode até não ser um anel ".

"Claro."

Winnie conhecia a outra mulher, estava escondendo uma grande mágoa. Ela mudou o assunto, uma vez que voltavam para a fazenda.

Encontraram um furioso Clark no celeiro. Ele estava marchando e fumegando. Viu as mulheres desmontarem e foi ao encontro delas, juntamente com um vaqueiro que levou os cavalos para tirar os arreios e colocá-los na cocheira.

"Qual é o seu problema?" Winnie perguntou ao seu irmão quando os cavalos foram levados.

"Esse maldito detetive particular que trabalha para o pai da namorada de Boone, esse é o problema!" Ele estava enfurecido. "Boone me enganou!"

"Enganou? Como? "Keely quis saber.

"Nellie não é casada", ele falou entre dentes. "Eu estava desconfiado, porque ela vive em um apartamento na cidade. Nenhum dos seus vizinhos mencionou que havia outros homens indo e vindo, e muito menos que o tal marido estava usando o estacionamento do apartamento. Então, pedi a um amigo da policia de San Antonio para verificá-la para mim, em segredo. Ele descobriu que ela nunca se casou! "

Winnie ficou chocada "Clark, tenho certeza que Boone não mandou falsificar aquele relatório," ela começou.

"Boone odeia Nellie", ele disparou de volta. "Ele faria qualquer coisa para nos separar. E antes que vocês digam, sei que ela é uma mercenária. Ela gosta de coisas bonitas, porque não pode tê-las. O problema é meu se quero comprá-las para ela... ninguém tem nada a ver com isso. "

Winnie e Keely trocaram olhares tristes.

"De qualquer forma, ela está furiosa porque Boone investigou-a e tentou separar-nos com mentiras", ele acrescentou com raiva. "Ela não quer me ver mais."

Keely sentiu-se culpada. Embora não devesse.

"Estou muito triste", Winnie disse suavemente, beijando-o na bochecha. "Gostaria de poder ficar e conversar mais sobre isso, mas me atrasarei para o trabalho. Podemos falar mais tarde? "Ela franziu as sobrancelhas. "Ah, esqueci! Tenho que levar Keely em casa... "

"Eu levo," Clark ofereceu. "Ela pode me consolar."

Winnie abraçou seu irmão e, em seguida, Keely. "Eu ligo para você", ela disse a amiga.

Keely assentiu. Ela estava desiludida com o fato de não ver Boone, e triste por ele ter mentido para Clark. Não parecia que Boone tivesse pago pessoas para inventar histórias sobre Nellie.

Clark colocou-a em seu carro esporte e arrancou pelo caminho. Ainda estava furioso, e demonstrava isso.

"O que você vai fazer?", Ela perguntou.

"Vou fazer o que Boone quer que eu faça", ele murmurou. "Estou deixando Nellie antes que ele encontre uma maneira de destruir a sua reputação."

Ela sentia-se triste por ele. "Boone é terrível", disse ela.

"Ele está muito acostumado a fazer as coisas do seu jeito. E tem feito isso por muito tempo e acha que pode manipular a vida das pessoas, também. "Ele olhou para ela. "Você quer dar o troco? Afinal, ele fez sua parte em machucar você, também. "

Ela sentia uma sensação de escuro agouro. "Como?"

"Ele disse à Misty que você estava correndo atrás dele no baile de caridade", disse ele tenso. "Eu te disse que havia alguns boatos. Ela os ouviu e causou um inferno. Boone não costuma dar atenção quando ela grita, mas deu dessa vez. Ele disse que você o atraiu para o pátio e flertou com ele descaradamente. "

Ela estava tão embaraçada e humilhada que queria afundar no chão. Essa era uma absoluta mentira, e Boone sabia. Ela mordeu o lábio quase o ferindo.

Clark olhou para sua expressão dura e fez uma careta. "Desculpe. Eu não devia colocar isso de forma grosseira. "

"A verdade é sempre melhor, Clark, mesmo quando dói."

"Não pude acreditar quando ouvi", disse ele. "Sei que você não persegue os homens. E você nunca flerta. Quando ela saiu, eu lhe disse o diabo. Ele saiu sem uma palavra. Você não pode argumentar com ele. Ele ignora você! "

Ela sentia-se muito pequena. Tinha ido até a casa dos Sinclair com a frágil desculpa de cavalgar com Winnie, esperando ver Boone. E ele tinha dito mentiras sobre ela para sua namorada. Foi a última gota. Ela sentiu seu estômago revirar.

"Vamos começar sair juntos, de verdade", disse Clark de forma curta.

"E isso seria bom para que?" Ela quis saber.

"Para dar uma lição em Boone sobre tentar manipular a vida das pessoas, isso é o que ele faria", ele cerrou os dentes. "Estou farto de ele me comandar como um garoto. Ele não pode suportar Nellie porque diz que ela é mercenária. Mas o que é essa caça tesouros que anda com ele, além de uma mercenária? "

"Ela não é uma das minhas pessoas favoritas."

"Nem minha. E agora ele está falando em ficar noivo, "ele murmurou. "Eu o ouvi mencionar para Hayes Carson no telefone. Não pude ouvir tudo o que estava dizendo, mas ele pareceu furioso. Em seguida, mencionou que estava tentando ficar comprometido. Eu não podia acreditar. Mas quando vi os anéis em cima da sua mesa... "

Seu coração passou o resto do caminho no chão.

Ele suspirou. "Bem, não vou viver na casa com essa mulher miserável, e Winnie disse que não ficará também. Se ela entra, nós saímos. Boone que se encarregue dela por si mesmo. "

"Não posso dizer que te culpo", disse ela em um tom moderado. "Ela estava disposta a sacrificar o pobre velho Bailey apenas para ir a um concerto."

"Algo que você nunca faria em toda sua vida", ele respondeu e sorriu para ela.

"Eu amo animais".

"Eu também."

"Então o que você quis dizer, sobre fingir que saímos juntos, como estávamos fazendo antes? Boone descobriu de cara, Clark. "

"Não desta vez", ele garantiu a ela.

Ela se surpreendeu com essas palavras pelo resto do caminho de casa enquanto suportava a dor que Boone cruelmente tinha provocado. O homem que tinha beijado-a tão carinhosamente no pátio do centro comunitário não parecia alguém que humilharia uma mulher que correspondia a ele. Mas ela sabia muito pouco sobre os homens, e Boone tinha certamente a tomada por uma novata. Talvez ele estivesse apenas se divertindo. Ele se afastou, quando ela mencionou Misty, e se tornou distante. Talvez ele se sentisse culpado por brincar com uma mulher quando estava envolvido com outra. Ele teve que explicar os boatos à Misty, então ele tinha ridicularizado Keely. Garota. Não importa. Ela quase poderia odiá-lo por isso. Por certo, isso trouxe de volta a realidade da sua situação.

Boone era rico. Keely era pobre. Sua namorada era socialmente aceitável e bonita. O pai de Keely era um criminoso. Isso era tudo.

Clark parou em frente a sua porta e desligou o motor. "Vamos para San Antonio, assistir um espetáculo de balé". Levantou uma mão quando ela começou a protestar. "Vou contratar um guarda-costas e Boone não terá a desculpa de que estou pondo você em perigo."

Era uma mudança. Ela sentiu um novo respeito pelo seu amigo.

"E vamos às compras, quer você queira ou não", acrescentou firmemente. "Você precisa de um vestido de noite bem bonito, algo sedoso e com ombros de fora", acrescentou com um sorriso.

Keely sentiu-se mal. "Eu não uso essas coisas", disse ela empertigada.

"Não estou pedindo para você usar suas roupas intimas", disse ele suavemente. "Só uma coisa um pouco mais feminina do que você costuma usar"

Ele não podia saber como estava machucando seu orgulho. Mas estava aparente, e ele reparou. Ele franziu as sobrancelhas.

"O que há de errado?", Indagou.

Ela apertou as mãos juntas em seu regaço. "Clark, não posso usar roupas que não abotoem até o pescoço, muito menos alguma coisa com os ombros de fora", disse com orgulho afetado. Ela levantou o rosto. "Eu tive um... um acidente, pouco antes do meu pai me trazer de volta à Jacobsville. Há, assim, cicatrizes... "

"Deus, sinto muito!" Disse ele de uma vez. "Eu não sabia!"

"Ninguém sabe, nem mesmo a minha mãe", disse ela, inarticulada. "E você não pode dizer a ninguém, também". Ela baixou os olhos para o seu jeans. "É algo com que tenho aprendido a viver, do meu jeito. Mas tenho de me vestir dentro das limitações do meu ferimento. "

"Essa fraqueza em seu braço", lembrou ele em voz alta. "Faz parte do acidente, não é?"

Ela assentiu. Seu rosto estava corado. "Sinto muito."

"Não. Eu sinto muito ", ele respondeu calmamente. Ele se aproximou e juntou suas mãos. "Não vou dizer a ninguém," ele prometeu. "E nós vamos comprar roupas muito conservadoras. Mas muito bonitas ".

"Não vou deixar você fazer isso", disse com orgulho.

Ele franziu os lábios. "Suponha que eu te faça um empréstimo?"

"Eu nunca poderia pagá-lo de volta. Você tem que contentar-se com o que posso me dar ao luxo de vestir. Minha mãe pode me emprestar algumas de suas coisas mais conservadoras, e sua pele de raposa. Vou parecer apresentável. Prometo ".

Ele sorriu suavemente. "Certo. Se isso é o que você quer ".

"Esse guarda costas, você deveria consultar o Xerife Carson sobre isso", disse ela.

"Eu vou. Vá em frente. Entrarei em contato. "

"Você tem certeza que quer fazer isto?" Perguntou enquanto abria sua porta. "Nellie poderá voltar para você."

"Não sei se a quero", ele respondeu. "Vamos levar um dia de cada vez. Se você precisar de alguma coisa, deixe-me saber, ok? "

Ela não iria, e ele sabia, mas ela sorriu.

Seus olhos escuros estreitaram-se "E sinto muito pelo que eu te contei sobre o que Boone disse", acrescentou solenemente. "Ele machucou você."

"A vida dói, Clark," ela disse calmamente. "Não há como contornar isso."

"E o que dizem." Ele inclinou-se mais para fechar a porta, e disse pela janela aberta. "Próxima sexta-feira à noite. O balé ".

Ela sorriu. "Vou pedir ao Dr. Rydel para sair cedo do trabalho."

"Vou pedir-lhe, também," ele ofereceu.

"Alma corajosa!"

"Sim, eu ouvi que ele está fazendo refeições do pessoal ultimamente, mas tudo bem", ele riu. "Eu ligo para você. Até mais. "

"Até."

 

O guarda-costas era um policial que trabalhava em Jacobsville e que fazia serviços extras quando estava de folga. Ele tinha uma constituição poderosa e parecia nunca sorrir.

Em vez de ir no carro com eles, conduziu seu próprio veículo e seguiu atrás deles para San Antonio. Clark tinha pago pela sua gasolina e teria comprado um ingresso do balé, até que ele mencionou que preferia ser condenado à morte na fogueira. Então Clark fez outros arranjos para quando estivessem no espetáculo.

Keely usava o mesmo vestido de veludo verde que tinha usado no baile, a estola de raposa e os saltos altos de sua mãe. Ela estava nervosa por estar em meio à classe alta de San Antonio, mas Clark segurou sua mão e tranqüilizou-a dizendo que eles eram apenas pessoas normais como ele mesmo.

Ele reconheceu um amigo e apresentou Keely a ele. O homem era Jason Pendleton, proprietário de uma fazenda em Jacobsville. Ele estava normalmente com sua irmã adotiva, Gracie, mas hoje estava com uma ruiva que apresentou como sua noiva. A mulher era grosseira e não muito educada. Ela arrastou Jason por alguns minutos e levou-o ao proprietário de um jornal local.

"Acho que nós não somos companhia suficientemente boa", Clark pensou. "O velho Peppernell ali é proprietário de um jornal, mas a nossa família poderia comprar tudo que ele tem com o dinheiro do caixa pequeno. Jason irá dizer-lhe isso, em algum momento, e então ela vai arrastá-lo de volta para cá e efusivamente vai fingir que Peppernell é um primo ou alguém que deveria conversar. Sua irmã, Gracie, não se impressiona com cifrões. Ela tem amigos que não têm um centavo. Mas a noiva de Jason aparentemente só se associa com os ultra-ricos ".

Ele estava se divertindo. Keely estava mortificada. "Esse é o tipo de pessoas que você conhece?" Perguntou pouco à vontade. "Eles o julgam pelos cifrões?"

"Jason não. Sua noiva aparentemente sim.” Ele franziu o cenho. "Eu me pergunto onde está Gracie? É incomum não vê-los juntos. "

"Será?" Ela reagiu curiosa. "Irmãos e irmãs não costumam ser parceiros um do outro em eventos sociais, não é?"

"Eles não são próximos", disse ele cuidadosamente. "A mãe de Gracie casou com o pai de Jason, e rapidamente faleceu, deixando Jason responsável por cuidar dela. A mãe de Gracie está morta, mas Gracie ainda vive com Jason. Até agora, ele não se comprometeu. Sua noiva é bonita, mas é gananciosa, também. "

Keely tinha notado isso. Ela estava observando a mulher e como Jason Pendleton inclinava sua alta forma para falar com ela. A mulher virou boquiaberta para Clark e Keely e recuou.

"Ela recebeu a má notícia." Clark riu sob sua respiração.

Keely riu também, mas quando girou sua cabeça, seus olhos colidiram com os de Boone Sinclair. Ela estremeceu com o encontro inesperado. Ela desviou os olhos de uma vez e voltou-se para Clark, agarrando a sua mão. Seu coração estava disparado novamente. Boone a tinha acusada de persegui-lo descaradamente. Ela não queria ter que falar com ele de jeito nenhum.

Boone estava com Misty. Ele arrastou-a para onde Keely e Clark estavam parados.

"Antes de começar", disse Clark beligerante com seu irmão, "Trouxe Jarrett do Departamento de Polícia de Jacobsville como nosso guarda-costas na estrada, e o Detetive Rick Marquez está sentado do nosso outro lado no balé". Ele deu ao seu irmão, um olhar frio. Ele ainda estava enfurecido por aquele relatório sobre Nellie, do detetive particular. "Tenho coberta todas as bases."

Os escuros olhos de Boone estreitaram-se irritadamente. Ele olhou para Keely até que ela foi forçada a revidar o olhar, mas imediatamente desviou sua atenção para longe dele. Ela não podia esquecer o que ele disse sobre ela à sua namorada.

"Ainda acho que não é uma boa idéia," disse Boone breve.

"Boone, porque apenas não desfrutamos da nossa noite e deixamos seu irmão e sua... amiga... desfrutem a deles?" Misty arrogantemente perguntou. "Ele não está mais na idade de precisar de consentimento, você sabe."

Boone deu uma olhada para Misty. Ele voltou para Clark. "Não a coloque em risco", disse solenemente.

"Eu nunca faria isso", respondeu Clark breve. "E você sabe disso."

Boone deu um longo olhar para Keely que ela ignorou. Ele olhou com cara feia, quando escoltou Misty para os seus lugares.

"Você chamou Marquez?" Keely solicitou, para ter algo a dizer.

"Sim. Ele ama balé, e é nossa proteção aqui dentro, caso seu pai e seu amigo decidam montar um ataque na platéia ", acrescentou com puro sarcasmo.

Keely riu. "Não acho provável que isso venha a acontecer."

"Nem eu. Boone está ficando estranho ultimamente. Ele estava mandado Hayes Carson para o inferno em seu celular, ontem à noite, Deus sabe por quê. Hayes é o melhor amigo dele, mas eles estão se distanciando. "

"Estão?" Ela perguntou distraidamente, ainda revivendo o intenso interesse de Boone e realmente não ouvindo o que Clark dizia. "Não vamos entrar?"

"Nós provavelmente..."

"Ah, aí estão vocês," A noiva de Jason Pendleton apressou-se. "Eu sinto muito por termos nos afastado, mas tínhamos que falar com o amigo de Jason!"

Clark deu uma olhada para Keely e teve que morder a língua para não rir.

Jason deu um olhar estranho à sua noiva, como se não tivesse notado seu gosto pelo alpinismo social. Ele não era convencionalmente bonito, mas Keely podia ver por que atraia as mulheres, e não era por causa de seu dinheiro.

Ela deu um sorriso tímido para o casal quando Clark levou-a para o auditório.

Detetive Marquez forçou um sorriso, quando eles se sentaram.

"Você está sozinho?" Clark perguntou surpreso.

"Não posso ter garotas". Marquez deu de ombros. "Quando elas vêem a arma," e indicou seu coldre "-e percebem que a carrego todo o tempo, costumam deixar marcas de derrapagem ao sair da minha vida. Mas, tudo bem", ele disse agradavelmente. "Eu sempre quis viver minha vida sozinho, sem filhos ou netos."

Clark e Keely gargalharam.

Ele só forçou um sorriso.

Tudo no balé, era lindo e prendia a atenção, Keely estava ciente dos olhos escuros de Boone observando-a. Ela odiava os sentimentos que não podia consertar, pois sabia o que ele realmente pensava dela. Era humilhante que não pudesse se livrar deles.

Quando o espetáculo acabou, Boone parou Clark, Keely e os guarda-costas na porta da frente.

"Nós vamos ao Chaco's Bar and Grill para um último drink. Porque não se juntam a nós? Seus guarda-costas são bem-vindos, também. "

"Eu não bebo em serviço", disse Jarrett direto. "Mas obrigado."

"Nós devemos ir para casa", Clark começou, sabendo da relutância de Keely em relação a Boone.

"Apenas um último drink", disse Boone, e tinha aquela expressão que significava que ia ter o que queria não importava o que custasse.

"Bem, tudo certo", Clark concordou, como sempre fazia. Fez uma careta, porque percebeu a expressão de Keely quando ele concordou.

"Não vamos ficar muito", Boone prometeu.

Ele e Misty encaminharam-se para seu carro esportivo, que estava estacionado ao lado do de Clark. Misty estava reclamando bem alto sobre a intrusão na sua privacidade. Keely sentia como se pudesse fazer o mesmo. Ela não queria um último drink, especialmente com Boone.

Mas eles acabaram no bar de qualquer jeito. Keely pediu um refresco. Misty olhou furiosamente para ela enquanto pedia um uísque puro com um sorriso falso, como se achasse o modo de agir de Keely, puritano.

"Marquez aprovaria", Clark disse suavemente enquanto Keely era servida. "Você não é maior, ainda."

"O quê?" Misty perguntou.

"Você tem que ter vinte e um anos para tomar uma bebida num bar", disse Clark cuidadosamente.

Ela franziu o cenho. "Você não tem nem vinte e um anos?" Perguntou a Keely.

"Eu farei vinte anos na Véspera de Natal, em quatro meses", disse Keely sem olhar para ela.

Misty estava irritada, e demonstrava isso. Ela bebericava sua bebida e ignorava Keely.

Boone não. Ele parecia agitado. Quando Misty desculpou-se e foi ao banheiro feminino, com evidente relutância- Clark decidiu ir também, Keely foi deixada sozinha com Boone.

Ela não podia forçar-se a olhar para ele. Ela bebericava seu refrigerante com ambas as mãos em torno do copo e olhava em direção ao bar.

"Você não disse uma palavra para mim a noite toda", disse ele inesperadamente. "E ainda não olhou para mim uma vez."

Keely olhou-o então, e seus olhos flamejavam. "Eu não quero que pareça como se estivesse perseguindo você", ela disse-lhe friamente. "Deduzo que me joguei para cima de você no baile de caridade e isso te ofendeu."

Sua mandíbula estava tensa. Ele parecia distante, como se o comentário o embaraçasse. "Há coisas que você não sabe. Você não deveria estar vagando pela cidade, com Clark."

"Estou tão segura com ele quanto estaria em casa", disse ela. "Clark é um homem maravilhoso. Estou muito feliz com o que seu detetive particular descobriu sobre Nellie. Aparentemente ", acrescentou com um sorriso significativo," Estou mais a seu gosto do que ela. "

Sua carranca foi intimidante. Mas antes que ele pudesse falar, Misty estava de volta. Arrastou sua cadeira e apoiou-se contra o ombro de Boone para distraí-lo. Clark e Keely estavam rígidos e desconfortáveis, e quase não conseguiam permanecer corteses durante o tempo que levou para terminar as suas bebidas.

 

Misty deu um jeito de ficar momentaneamente sozinha com Keely no caminho até os carros.

"Ele não falou nada exceto de você toda a noite, Deus sabe por quê! Bem, você não vai tê-lo ", disse ela glacialmente. "Estou de olho em você!"

Keely não teve chance de perguntar o que isso significava. Misty correu para Boone e quase tropeçou chegando ao carro. Misty aparentava estar com ciúmes de Boone notou Keely. Ela não podia imaginar o porquê, mas estremeceu ao pensar que ele podia estar lamentando pelo seu mau comportamento.

 "O que diabos está errado com Boone?" Clark perguntou no caminho de casa. "Nunca o vi tão amargo."

"Não tenho a menor idéia", disse Keely.

"Eu disse o diabo a ele por causa do relatório do detetive. Ele jurou que não contratou o homem para mentir. "Ele olhou para Keely. "É difícil para mim ficar com raiva dele. Mas sinto muito, não consegui nos livrar daquele drink. "

"Está tudo bem, Clark", ela respondeu. "Ele é como um trator. É difícil para qualquer um dizer não a ele. "

"Especialmente eu." Ele sorriu. "Quando éramos crianças, Boone estava sempre me protegendo, dos meninos mais velhos. Ele nunca tinha medo de nada. Acho que talvez tenha me protegido demais. Depois que nossa mãe partiu, era um inferno viver com papai. Boone apanhou várias vezes por mim. "

"Ele te ama."

"Sim. Eu o amo, também." Ele deu uma olhada para ela. "Xerife Carson disse a Bonne que está fora do seu caso."

"Sim", respondeu ela. "Eu tinha que lhe contar o que meu pai fez."

"Como?"

Ela mordeu o lábio inferior. Seu pai era um criminoso. Que estava colocando Boone fora de sua órbita para sempre. Ela estava certa de que Hayes Carson já tinha contado a ele sobre seus pais. Os dois homens sempre foram melhores amigos.

"Meu pai era um traficante, Clark," ela disse calmamente. "Ele forneceu a cocaína que matou Bobby, o irmão do Xerife Carson."

"Oh, cara", disse Clark pesadamente. "Pobre criança."

"Agora o meu pai está de volta e ele e seu parceiro querem dinheiro, muito dinheiro ..."

"Eu poderia lhes dar o que querem", disse ele subitamente.

"Não!" Seus olhos eram eloqüentes. "Não pode ver, a única maneira de detê-los é mantê-los por perto, enquanto mamãe coloca a casa a venda. A polícia pode ter uma chance de pegá-los antes que possam machucar alguém. "

"Você acha que seu pai te machucaria?", Indagou.

Keely nunca gostou de olhar para trás. Seu acidente tinha machucado mais do que o seu corpo. Quando o garoto caiu no poço leão, seu pai tinha ficado em pé do outro lado. Ele não havia feito um gesto para ajudar.

"Sim, ele seria, não seria? " Clark perguntou perceptivelmente

Keely deu um longo suspiro. Foi após o processo judicial que o pai de Keely a trouxe de volta à Jacobsville. Ele não tinha muito a lhe dizer, e não tinha encarado seus olhos. Ela tentou dizer a si mesma que ele só hesitou porque estava chocado. Mas Keely não tinha hesitado.

"Eu passei todos estes anos tentando fingir que ele me trouxe de volta para o meu próprio bem", disse ela. "Mas acho que foi porque fiz com que se sentisse envergonhado." Ela levantou sua mão quando ele começou a fazer uma pergunta. "Não posso falar sobre isso, nem mesmo agora. É tão doloroso pensar que meu pai estava disposto a não fazer nada por uma criança quando sua vida estava em perigo. Eu o amava. Mas ele estava pronto a me sacrificar para salvar-se. "Ela olhou para cima. "Na mesma situação, Boone não teria hesitado meio segundo. Nem você ou Winnie ".

Clark foi solene. "É difícil perder a fé em um dos pais. Eu sei. Quando a nossa mãe fugiu com o nosso tio, nós ficamos devastados. Três filhos pequenos, e ela simplesmente se foi. "

Keely estava pensando que nunca teria desertado a sua própria carne e sangue. Mas não disse isso.

Clark sorriu. "Você dará uma mãe maravilhosa", ele riu. "Seus filhos serão estragados com tanto mimo".

Ela esfregou sua mão direita sobre seu braço esquerdo. "Não", ela disse distraidamente. "Não vou ter filhos. Não vou casar. "

"Umas poucas cicatrizes não vão fazer diferença", ele disse a ela.

Ela não respondeu. Ele não tinha idéia. Ela não podia dizer-lhe, de qualquer modo. Ela deu uma olhada para ele. "Eu me diverti", disse ela. Ela sorriu. "A noiva do Sr. Pendleton é hilária." Ela riu. "Acha realmente que ele vai se casar com uma mulher que é notadamente uma alpinista social?"

"Acho que, como eu, ele começou a ter uma relação física que lhe cegou para a verdadeira natureza da mulher", disse ele depois de um minuto. "Espero que ele tenha sorte de ver a luz a tempo."

Ela franziu o cenho. "Isso não parece com você."

"Eu estava observando Misty esta noite", ele respondeu. "Ela estava em cima de Boone, os olhos dela são como cifrões. Ela gosta de ir de primeira classe. Finge ter dinheiro, mas acho que ela não tem. Acho que ela está tramando algo, para tentar ter Boone de volta. Espero que ele tenha bom senso. "Ele gesticulou com a mão. "Eu me vi, quando olhei para ele. Fiquei tão encantado com Nellie. Mas o que eu vi foi uma ilusão. "Ele deu uma olhada para ela. "Você não me deixou te dar brincos de esmeralda, e você os adora", disse ele suavemente. "Eu nunca tinha conhecido uma mulher como você."

"Na verdade, existem muitos delas, e todas vivem em Jacobsville e Comanche Wells," ela provocou. "São apenas garotas simples e não sofisticadas do campo que gostam de animais, plantas e não acham que casar com um homem rico, é a maior ambição das suas vidas."

Ele fez uma careta. "Eu nunca vi nenhuma dessas garotas passarem por Boone", disse ele com resignação. "Ele sempre espera o pior quando encontro alguém fora dos nossos próprios círculos".

Isso doeu, mas ela não disse nada. Clark tinha sido gentil com ela. "Tenho de ir", disse ela. "Tive uma noite maravilhosa, Clark", ela acrescentou. "Obrigado."

"Nós vamos fazer isso novamente." Ele franziu o cenho. "Eu não quis dizer que concordo - sobre namorar garotas fora do meu próprio círculo", acrescentou. "Penso sempre em ti como da família".

Ela sorriu. "Essa é a coisa mais agradável que você me disse."

Ele olhou envergonhado. "Achei que você preferiria que eu pensasse em você como uma jovem mulher adequada?"

Ela balançou a cabeça. "Eu gosto de ser sua amiga."

"Eu gosto de ser seu amigo também." Ele se inclinou e beijou-a no rosto. "Se você precisar de ajuda, sabe que pode contar comigo."

Ela riu. "Claro que sim. Mas posso cuidar de mim mesma. Boa noite, Clark. "

"Boa noite".

Ele observou-a entrar em casa antes de ir embora.

Sua mãe estava estranhamente calma. Quando Keely questionou sobre a casa, ela só deu respostas evasivas. Carly não era vista em lugar nenhum, e já fazia tempo. Ela ficará fora da cidade por um tempo, Ella disse finalmente, e não se referiu a Carly novamente. Houve também um inquietante telefonema que Ella atendeu com respostas monossilábicas. Ela não diria a sua filha o que tinha sido dito, ou mesmo quem tinha ligado.

Quando um carro parou na porta da frente em uma manhã chuvosa de sábado, Ella arfou. Keely correu para olhar.

"É Boone Sinclair," ela gaguejou chocada.

"Graças a Deus", disse Ella pesadamente. "Graças a Deus." Ela caminhou ao fundo do corredor, entrou em seu quarto e fechou a porta.

Surpreendida, Keely saiu para a varanda assim que Boone chegou à varanda em dois passos.

Ele estava com roupas de trabalho, jeans e botas, um Stetson branco e uma camisa de mangas longas com botões fechados até o pescoço. Ele olhou para Keely, com seus olhos escuros e tempestuosos.

"Vamos dar uma volta", disse ele bruscamente.

Ela poderia ter encontrado uma dúzia de razões para não ir. Ela queria dar uma desculpa. Sua mente concordou. Mas o seu corpo entrou em casa, agarrou sua bolsa e uma jaqueta leve e disse adeus a sua mãe.

Boone abriu a porta do seu carro, ajudou-a a entrar, deu a volta para entrar também e ligou o motor. Um minuto mais tarde, eles estavam acelerando em direção a auto-estrada para sua fazenda.

Ela estava nervosa, e era aparente. Suas mãos brincavam, com a pequena bolsa enquanto ouvia o som rítmico dos limpadores de pára-brisas afastando chuva torrencial.

Apesar de todas as suas recentes turbulências, ela sentia-se segura com Boone. Segura, animada, esperançosa, ansiosamente apaixonada. Seu corpo inteiro doía por abraçá-lo novamente como quando dançaram no baile de caridade. Ela esperava que não fosse aparente.

Era. Boone era demasiado experiente para se enganar com sua linguagem corporal. Sorriu suavemente para si mesmo. Se ela estava envolvida com o seu irmão, como afirmou Clark, não estaria nervosa na companhia de Boone. Isso significava que ainda havia tempo. Se ele pudesse convencê-la que não quis humilhá-la.

Ele parou no pasto em um caminho que levava a um portão fechado e desligou o motor.

A chuva inundava o pára-brisa, fazendo do mundo exterior um borrão cinza. Ele desatou seu cinto de segurança, acomodou-se no seu banco e encarou Keely.

O silêncio era um pouco enervante. Ela deu uma olhada para ele e descobriu seus olhos capturados e presos.

"Clark diz que vocês dois estão firmes", disse ele.

Agora o que ela dizia, pensou freneticamente. Não era verdade, mas Clark estava usando-a como um instrumento de vingança, aparentemente, pela perda der Nellie. Ela mordeu o lábio inferior e tentou encontrar uma saída graciosa do dilema.

"Ele disse isso?", Ela perguntou, jogando com o tempo para pensar.

Seus olhos escuros estreitaram-se. "Não brinque comigo", disse ele bruscamente. "Você está ou não está envolvida com meu irmão?"

Desculpe Clark, disse ela em silêncio, mas uma mera mulher não poderia resistir ao olhar de Boone.

"Não estou", disse ela, sem fôlego, como se tivesse corrido um longo percurso.

A tensão pareceu deixá-lo. "Bem, agradeço a Deus por alguma coisa estar bem", ele murmurou. "Eu poderia ter arrebentado Hayes Carson!"

Enquanto ela tentava montar aquele quebra-cabeça, ele desatou o cinto de segurança dela e puxou-a para o conforto dos seus braços.

"Eu pensei que essa semana nunca terminaria." Sua boca encontrou a dela, como se ele tivesse passada fome durante anos e pretendia satisfazer essa fome em segundos. Ele esmagou-a contra ele, não se importando com seu suave gemido de protesto. "Estou morrendo de fome de você", ele sussurrou em sua boca. "Morrendo por você"

Ela realmente tinha o ouvido dizer isso? Ela desistiu de protestar. Não importava, de qualquer maneira. Ela enroscou-se contra ele e ignorou a dor em seu ombro e braço, o ardor dele apenas aumentava a sua resposta. Sua cabeça começou a girar. Era o mais doce interlúdio de sua vida. Chuva batendo no teto, no capo, no carro, o vento soprando, mas ela não ouvia nada além das batidas do seu próprio coração. Ela não tinha deixado as reservas. Tudo o que ele quisesse, ele teria.

Exceto quando sua mão investiu sob sua blusa e subiu pelos seus seios, avançando devagar em direção as alças. Ela não podia, não ousaria deixá-lo sentir seu ombro.

Com um agudo e baixo gemido, ela afastou-se para longe dele, seu rosto corado de sua paixão, seus olhos selvagens com paixão e pavor.

Ele não entendeu. Seus olhos tornaram-se frios. Ele empurrou-a, respirando profundamente, até poder controlar-se novamente. Ele havia tomado seu protesto quando a beijou pela primeira como medo virginal. Mas era isso. Ela o rejeitou. Ela mentiu sobre seus sentimentos por Clark. Ela não podia esconder o fato de que não queria intimidade com Boone. Seu ego estava ferido, era quase tão ruim como quando Misty esquivou-se dele no hospital militar.

"Boone", ela começou lentamente, temendo com o que diria a ele agora.

"Esqueça", disse ele, interrompendo-a. Ele colocou o seu cinto de segurança de volta e ligou o carro. "Obviamente, você não pode superar seus sentimentos por Clark. Não se esforce ".

Ele não disse nenhuma palavra, ou mesmo olhou para ela, até que estivessem sentados em frente da casa dela com o motor ligado.

"Não é o que você pensa", ela disse incisivamente.

"O inferno que não é", ele retornou glacialmente. "Adeus, Keely".

A forma como ele disse, demonstrava que não era simplesmente uma despedida temporária. Ele quis dizer que não iria vê-la novamente sozinho, nunca. Seu coração quebrou-se. Ele pensou que tinha sido rejeitado o que não era verdade. Ela não suportaria ver o olhar na cara dele se a visse sem camisa. Isso acabaria com qualquer chance que tivesse. Claro, se fosse só isso, sem acrescentar o trauma que ele não sabia.

Ela respirou calmamente. "Obrigada pelo passeio", ela conseguiu dizer num tom educado. Abriu a porta e saiu.

Ele ainda não tinha dito uma palavra. Ele estava na rodovia antes que ela desse o primeiro passo até a casa. Ela não olhou para trás. Não ajudaria.

Sua mãe ainda estava agindo estranhamente. Quase uma semana já tinha se passado desde que Boone levou Keely para sair e beijá-la. A chuva havia parado, e agora o calor queimava. Havia incêndios florestais. Todo mundo estava com medo de jogar fora fósforos, queimar lixo ou até mesmo fumar um cigarro ao ar livre. Era quase época da colheita de milho, feno e amendoins. O milho e o feno alimentariam o gado durante o inverno, o que era muito importante. Colhedeiras e tratores estavam prontos, contando os dias que faltavam para colheita.

No sábado de manhã, os sons das máquinas podiam ser ouvidas em toda parte. Winnie parou para pegar Keely para um almoço de improviso, assegurando-a primeiro que Boone estava fora com as colhedeiras e deveria estar em todos os dias. Ele havia levado uma geladeira, para guardar o almoço e cerveja.

"Espero ter ovos suficientes para fazer um sanduíche de ovo" Winnie murmurou enquanto arrancava pelo caminho que passava pelos enormes portões que conduziam a casa. "Se não tiver, posso correr de volta ao mercado. Porque não pensei nisso enquanto estava na cidade? "Ela lamentou. Olhou para Keely, com olhar apreensivo. "Boone está realmente fora com a colhedeira", ela prometeu. "Eu não iria mentir."

Keely relaxou com um sorriso. "Certo. Desculpe ".

"Não é culpa sua", respondeu Winnie, liderando o caminho para a casa. "Boone esteve enfurecido com você a semana toda, na verdade, para não mencionar Hayes Carson-Deus sabe por quê. Mas esta manhã algo veio pelo correio. Ele levou para o escritório, e ficou tudo quieto. Ele saiu sem uma palavra, andando muito devagar. "Ela torceu o nariz "Deus que ajude os cowboys. Alguém vai se despedir até o por do sol, guarde minhas palavras. Ele está fervendo! "

"Você não sabe por quê?" Keely tinha que perguntar. "Não poderia ter sido algo sobre o meu pai...?"

Winnie olhou surpresa. "O que Boone tem a ver com o seu pai?"

Keely sentiu-se numa armadilha. "Você disse que ele tinha conversado com o Xerife Hayes ..."

Winnie olhou com cara feia. "Keely, o que está acontecendo?"

Ela hesitou. "Clark não disse nada para você?"

"Ele disse que você tinha que ter um guarda-costas quando vocês foram para San Antonio," Winnie respondeu suavemente. "Eu não sou estúpida. Há boatos sobre seu pai estar em apuros e ameaçando você e sua mãe. Mas não creio que Boone se envolveria com isso. "

"Não. Não, claro que não ", disse Keely rapidamente. Ela forçou um sorriso. Winnie não tinha idéia do que estava realmente acontecendo com Boone e sua melhor amiga. Provavelmente era melhor que nunca soubesse. Boone nunca olharia duas vezes para Keely novamente, de qualquer maneira. Ela pensou como para manter sua amizade com Winnie sem com que ela desconfiasse. Ela teria de encontrar um caminho. Só o pensamento de encontrar com Boone novamente, depois da maneira que ele partiu no sábado, deixava-a nervosa.

Começaram o almoço, mas como havia predito Winnie, deveria ter comprado ovos. Ela tinha apenas dois.

"Eu não posso fazer sanduíches para nós agora e para os homens depois com apenas dois ovos", ela riu. Agarrou as chaves do seu carro e sua bolsa. "Você termina a salada e eu vou correr até o mercado. Levarei apenas quinze minutos. "Ela deu uma olhada para o rosto preocupado de Keely. "Ele está na pastagem mais ao norte", acrescentou tristemente. "Boone sequer poderia chegar aqui em quinze minutos. Sente-se melhor? "

"Sim", disse Keely precariamente.

Winnie franziu os lábios. "Fico imaginando o que está acontecendo entre você e meu irmão mais velho. Mas não vou perguntar. Ainda não. "

Ela correu para fora e fechou a porta traseira atrás dela. Keely sentiu-se menos segura.

Ela terminou a salada e colocou-a na geladeira. Ouviu a porta abrir e fechar e sentiu uma dor cruciante de alívio. Winnie estava de volta.

Mas as pegadas próximas ao fundo do corredor, não eram suaves e abafadas. Eram pesadas e duras. Apreensiva, ela virou.

E lá estava Boone, vestindo jeans manchados e botas, uma camisa molhada com suor, o seu Stetson pendente em uma mão. Seus olhos, quando encontraram os dela, estavam em chamas com raiva.

"Vamos para o escritório, Keely", disse ele tensamente. "Tenho algo para te mostrar." Ele virou-se e saiu, deixando-a para segui-lo.

Ela parou na porta aberta do escritório, puxando os botões na sua camisa branca de mangas longas que estava vestindo com calças de sarja. Ele estava segurando o envelope que Winnie disse que havia chegado pelo correio, essa manhã. Ele tirou uma fotografia e mostrou a ela.

"Dê uma olhada", disse ele em um tom tão ameaçador que fez seu cabelo da nuca eriçar. "E então me diga que você não tem nada com Clark!"

 

Keely moveu-se lentamente pela sala e pegou a fotografia que Boone segurava. Ela quase teve um colapso quando a viu. A imagem mostrava duas pessoas na cama, em um abraço íntimo. O homem era Clark. A mulher tinha o rosto de Keely. Mas certamente não era o corpo de Keely. Ela quase riu com alívio da óbvia tentativa de colocar seu rosto no corpo de outra mulher.

Ela parecia divertida em seus olhos, mas Boone não estava rindo. Ele estava realmente furioso, e, obviamente, acreditava que a fotografia era a prova de suas mentiras.

"Não sou eu", ela começou.

"O diabo que não é!" Ele disse furioso. Ele arrancou a fotografia dos dedos dela e rasgou-a em pedaços, jogando-os pelo carpete. "Se você tivesse me contado a verdade, eu poderia ter aceito, Keely. Você não tinha que mentir para mim! "

"Mas eu não menti", ela protestou. "E posso provar!"

Suas mãos foram, relutantemente, para os botões da sua camisa. Ela não queria ter de chegar a esse extremo, mas ele não ia ser facilmente convencido.

Ele entendeu mal sua intenção mais uma vez. "Poupe-se do constrangimento", disse ele rapidamente. "Eu não me importo como você é sob a camisa. Foi só uma brincadeira da minha parte, Keely ", acrescentou com um sorriso frio. "Um pouco de flerte, um pouco de provocação, alguns beijos. Tenho certeza que você não levou isso a sério. Eu só queria ver até onde você ia. Se você não tinha deixado isso claro antes, certamente deixou agora. Qualquer um dos irmãos Sinclair serve, desde que tenha o suficiente para pagar seu preço, não é? E eu pensei que você era tão honesta, íntegra e trabalhadora! Era apenas fingimento. Como todas as outras, você só queria dinheiro! "

"Isso não é verdade!" Disse ela defensivamente.

Os olhos dele brilharam novamente. "Eu não quero você aqui. Nunca. Saia da minha casa, Keely, e vá embora. E não volte mais. Não importa se Clark ou Winnie convide você, não venha! Invente uma desculpa, faça o que for preciso. Mas não venha aqui novamente. "

"Você não entende!" Ela começou sem saída.

"Eu disse, saia daqui! Agora! Se não o fizer, Deus me ajude, chamarei um dos assistentes de Hayes para te levar algemada! "

Ele estava muito zangado para ouvir a razão, e faria o que estava dizendo. Keely não podia suportar o pensamento de ser presa por infringir a lei. Todos em Comanche Wells e Jacobsville saberiam na hora, e ela nunca mais viveria ali.

Ela suspirou, sentindo como se tivesse sido esmagada. Ela amava-o, e ele tratava-a tão mal.

"Eu vou", disse ela. "Você não tem que fazer ameaças para me fazer sair. Por favor, diga algo Winnie quando ela chegar. "

Ele não respondeu. Arrastou-se de volta ao fundo do corredor, lá fora ouviu apenas uma caminhonete. O ronco do motor fez Keely começar a percorrer o longo caminho. Boone não sabia que tinha sido trazida por Winnie até lá. Ela não tinha como ir para casa. Mas ela estava muito cautelosa com Boone para ir até o alojamento e pedir uma carona. Não seria boa idéia, afinal, todos os homens estavam nos campos, trabalhando na colheita.

Ela estava vestindo uma blusa de mangas longas, não tinha água e não estava usando um chapéu. O sol era brutal. No momento em que ela deixou os portões e a andou a primeira milha da estrada, sentia-se mal e sedenta para ir adiante. Sentou em uma sombra na estrada e pensou. Ali era plano. Winnie passaria por ali mais cedo ou mais tarde e a veria. Sua blusa branca se destacava do conjunto de arvores. Ela só precisava ter cuidado com a vegetação rasteira e os longos espinhos, que eram tão perigosos que poderiam perfurar uma bota.

A grande árvore perto da estrada oferecia uma pequena sombra. Havia um tronco caído próximo, que parecia estar lá por um longo tempo. Ela se deixou cair, esgotada pelo calor, sem olhar primeiro. Isso foi um erro. Ela ouviu o som de bacon fritando, mesmo quando seu confuso cérebro imediatamente conectou com a idéia de que estava longe de um fogão; era uma cobra cascavel.

Antes que pudesse virar a cabeça para olhar para ela, a serpente atacou. Ela a mordeu no antebraço e retrocedeu, ainda chocalhando.

Aterrorizada, ela saltou em pé e correu para trás antes que pudesse pegá-la novamente. A marca da mordida era vívida, manchado com sangue. Torniquete, ela pensou. Impeça o sangue de correr para o coração. Mantenha a mordida mais baixo do que o coração...

Ela puxou o lenço que sempre carregava no bolso e envolveu cerca de metade do seu antebraço entre a mordida e o seu cotovelo. Ela agarrou uma vareta e usou-a para apertar o lenço. Apenas use-o para manter o veneno abaixo da pele, ela lembrou do livro de primeiros socorros que tinha lido, não aperte o suficiente para interromper a circulação. Uma vez bem apertado, não o afrouxe, peça ajuda.

Ajuda? Ela olhou para os dois lados. A estrada estava deserta. Ela tinha sido mordida por uma cobra venenosa. Seu braço já estava inchado com o veneno tentando fazer o seu caminho até o coração dela. Ela manteve seu braço esquerdo para baixo, que estava ferido! E tentava respirar devagar e superficialmente. Ela precisa de antídoto. Será que teria no hospital de Jacobsville? Ela não estava com o celular de sua mãe. Tinha ficado no balcão da cozinha de Winnie. O calor já tinha esgotado-a e sua cabeça estava flutuando. Ela estava enjoada. A mordida doía. Realmente doía!

Ela fechou os olhos, em pé no meio da estrada. Se alguém não passasse por essa estrada logo, seria tarde demais. Ela pensou em Boone, a forma como ele esteve com ela no baile de caridade, abraçando-a, beijando-a tão carinhosamente, quase como se ele... a amasse.

"Boone", ela sussurrou. E desmaiou.

Winnie estava amaldiçoando a sua própria má sorte enquanto dirigia rapidamente de volta à fazenda. Boone tinha ligado para ela, quase incoerente na sua fúria, que nunca se atrevesse a deixar Keely voltar à sua porta. Ele tinha fotos, disse duramente, dela com Clark que tinha revirado seu estômago. Ele mandou-a embora e não queria vê-la ali novamente. Ele desligou antes que Winnie dissesse que Keely não tinha como voltar para casa. Agora, esperava que ela pudesse voltar a tempo de salvar a pobre garota de uma caminhada longa e desconfortável.

Quando ela se aproximou da estrada do rancho, notou um amontoado de tecido na estrada. Mas, quando chegou perto,percebeu que não eram panos-era Keely!

Ela girou seu carro e saiu correndo, a porta aberta, se apressou ao lado de Keely.

"Keely! Keely! "Ela chamava, ela sacou o celular e discou o número de serviços de emergência, sem hesitação.

Os olhos de Keely abriram-se de forma instável. "Winnie ...cobra...cascavel ..." Ela tentou levantar seu braço esquerdo. Estava inchado e já quase negro.

"Querido Deus", sussurrou Winnie reverentemente. Uma voz falou em seu ouvido. "Aqui é Winnie Sinclair", disse ela. "Shirley é você? Achei que fosse. Ouça, tenho Keely Welsh aqui no meio da estrada com uma picada de cobra. Foi uma cascavel, ela disse. Estou levando a para o Hospital de Jacobsville, não há tempo para envio de uma ambulância. Tenha alguém esperando na porta com antídoto. Entendido? Obrigada, Shirley. Não, não posso ficar na linha, tenho que colocá-la no carro. "

Ela desligou o telefone e conseguiu colocar Keely no banco da frente e colocar lhe o cinto, em questão de segundos, com uma força que não sabia que tinha. Seu coração estava martelando quando acelerou o carro e deixou marcas de pneu ao mudar a marcha.

Uma milha da estrada ela ficou satisfeita pelas brilhantes luzes azuis. Ela diminuiu a velocidade. O carro, da Polícia de Jacobsville, girou na frente dela. A porta abriu e Kilraven colocou a cabeça para fora. "Siga-me!" Ele gritou.

Ela assentiu, aliviada por ter ajuda. Ele arrancou e ela colou em seu pára-choque. Carros saiam do caminho. Passaram direto por dois semáforos vermelhos e chegaram à entrada da emergência do hospital.

Logo que ela parou o carro, Kilraven veio correndo para pegar Keely e carregá-la quando uma maca e Dr. Coltrain apareceram.

"Acidente ofídico," Winnie ofegou. "Cascavel. Ela colocou um torniquete em si... "

“Está tudo bem", disse a ela Kilraven. "Shirley nos ligou. Tudo está pronto, com exceção do antiofídico ", acrescentou ele calmamente. "Eles não têm o suficiente, de modo que temos um soldado percorrendo a fronteira. Hayes Carson vai encontrá-lo e trazê-lo até aqui. "Ele colocou uma mão grande sobre o ombro de Winnie. "Ela vai ficar bem. Você fez tudo certo. "

Ela mordeu o lábio inferior. Lágrimas caíram pelo seu rosto. Ela virou-se e começou a afastar-se dele.

Ele puxou-a para seus braços. "Nunca se envergonhe das lágrimas", disse ele em seu ouvido. "Eu tenho derramado a minha parte delas".

Isso era surpreendente e agradável. Isso significa que ele era humano. "Obrigado", disse ela roucamente após um minuto. Ela retrocedeu e secou os olhos com as costas da mão. "Eu estava apavorada e não podia demonstrar. Ela é minha amiga. "

"Eu sei. Vamos lá. Vou com você, por que tive uma chamada aqui. Lembra-se do velho Ben Barkley? O filho dele colocou-lhe uma bala na perna, quando ele começou a bater na sua mãe . "

"Riley atirou nele?" Ela perguntou, surpresa. O rapaz era doce e prestativo quando chamou os serviços de emergência para ajudar a salvar sua mãe de seu habitual pai bêbado.

"Riley atirou", ele afirmou. Ele forçou um sorriso, e inclinou-se. "Estamos indo para levá-lo para longe do alvo de sua fúria e melhorar sua pontaria, no caso dele fazer isso novamente"

Ela gargalhou. Era algo muito cruel para se dizer.

"Assim é melhor", disse ele quando viu o rosto dela. "Controle-se, agora."*

"Eu não sou britânica".

"Você não é?" Ele exclamou. "Que coincidência... eu também não!"

Ela socou seu largo peito, rindo. Eles caminharam juntos para a sala de emergência.

Furiosa, impotente para fazer algo por sua amiga, Winnie refugiou-se na única coisa que poderia ajudar-vingança. Ela telefonou para Boone e deu-lhe o inferno.

"Devagar, devagar!" Queixou-se. "Não posso entender uma palavra que você está dizendo. Espere... "Ele desligou o motor do trator que estava usando para ajudar na colheita. "Tudo bem, o que aconteceu com Keely?"

"Ela foi para casa, graças a você, e foi mordida por uma cascavel! Ela está no Hospital de Jacobsville... Boone? Alô? Alô? Maldição! "

Ela desligou ainda mais furiosa agora, porque ele não iria escutá-la. Ela ligou para Clark. "Onde você está?" Ela perguntou quando ele não respondeu por quase um minuto.

Ele parecia sem fôlego. "Eu estou, uh, eu tive que correr para pegar o telefone", disse ele ofegante. No fundo, a música estava tocando, e houve um fraco protesto, que parecia vir de uma garganta feminina.

"Oh, não importa", ela murmurou e desligou. Ela não tinha necessidade de perguntar onde ele estava. Ele estava certamente com aquela maldita Nellie novamente. Era muito para aguentar.

 

* Stiff upper lip, now – essa é uma expressão britânica que quer dizer q se vc manter o lábio superior tenso, as pessoas não notarão sua expressão facial e não saberão quais são seus sentimentos.

 

Mas ele telefonou de volta dez minutos mais tarde, enquanto ela estava esperando, confiando, por alguma informação sobre Keely. Ela parou enfermeiras, que prometeram ir e verificar, mas nunca voltavam. Ela estava ficando frustrada.

"O que você quer?" Clark perguntou.

"Não importa. Volte para Nellie ", ela murmurou.

"Não desligue!" resmungou ele. "Não estou com Nellie. Estou na casa de Dave Harston ajudando-o a mover um piano. Sua esposa nos fez um almoço. "

Ela sentiu seu rosto ficar vermelho. "Desculpe".

Ele riu. "Acho que o som deve ser semelhante, mas juro que não estou fazendo nada que não possa ser visto. O que aconteceu? "

"Keely foi mordida por uma cobra cascavel", disse ela lastimosamente. "Eu não consigo descobrir o que está acontecendo e estou preocupada. Seu braço estava quase preto, Clark. Estou com medo, "A voz dela falhou.

“Estarei aí em quinze minutos. Ela vai ficar bem, mana. Sei que vai ".

"Obrigado", disse ela roucamente e desligou. Ela rezou para que ele estivesse certo.

A agitação na recepção chamou sua atenção. Boone estava intimidando passando direto por uma enfermeira e um policial - Kilraven, no seu caminho de volta da sala de emergência. Winnie quase se animou. Se alguém poderia acabar com a burocracia, era seu irmão mais velho. Eles poderiam ameaçá-lo, mas não iriam impedi-lo.

"Coltrain!" Ele falou alto.

"Aqui," respondeu uma profunda e resignada voz.

Boone disfarçava bem, mas estava apavorado. O telefonema de Winnie fez com que ele se sentisse culpado como o inferno, e ele quase não conseguiu respirar enquanto corria para o hospital. Um de seus cowboys tinha morrido por causa de uma mordida de cobra cascavel no ano anterior. Ele estava morrendo de medo de que talvez Keely não tivesse sido socorrida a tempo. Se ela morresse, ele nunca iria se perdoar, nunca!

"Onde ela está?" Boone exigiu, piscando os olhos escuros, o rosto corado. Ele tinha vindo direto do trabalho para o hospital com as roupas que estava trabalhando, e nem percebeu como estava despenteado.

Coltrain assentiu em direção a um cubículo onde eles estavam trabalhando nela. Ele sabia bem que tentar parar Boone significava uma briga, onde ele poderia levar o pior.

Boone caminhou para o cubículo e parou imóvel. Tudo parecia estar fora de foco, exceto o braço esquerdo de Keely. Ela estava nua até a cintura, com um lençol sobre os seios, deixando seu braço e o ombro esquerdo descoberto enquanto eles injetavam-lhe o antiofídico em uma tentativa de salvar sua vida. Ela estava inconsciente. Seu braço estava quase preto, irreconhecível pelo inchaço. Mas não era o inchaço que chamava a atenção de Boone. Era seu ombro. Havia enormes cicatrizes, parecia que alguma coisa com enormes dentes a tinha mordido. O dano era chocante de olhar. A dor que ela deveria ter sofrido -

Ele soube imediatamente que as fotografias tinham sido falsificadas e, mais tarde, ele iria esclarecer algumas coisas com alguém, apenas uma investigação. Mas agora, todo o seu foco estava no seu erro em julgar mal a garota a quem ele quase matou com sua afronta.

"Que diabos aconteceu com ela?" Boone perguntou chocado.

"Ela foi mordida..."

"Não a picada de cobra. Isso! "Ele apontou para o seu ombro.

Coltrain quis dizer que ele deveria perguntar a Keely, mas sabia que não adiantaria nada. "Ela pulou na jaula de um leão da montanha no parque do seu pai, para salvar um menino de sete anos, que passou pela grade quando ninguém estava olhando."

"Bom Deus! E onde estava o pai, enquanto tudo estava acontecendo? "Boone exigiu

"Parado na grade, assistindo", disse Coltrain com absoluto desdém.

"Desgraçado", disse roucamente Boone.

"Concordo inteiramente."

Prendeu a respiração quando olhou para ela. "Ela viverá?", Perguntou finalmente, tinha adiado a pergunta pelo tempo que pode.

Coltrain olhou para ele. "Eu não sei, Boone," ele disse honestamente. "O veneno teve um bom tempo para trabalhar antes que ela fosse encontrada..." Ele hesitou por causa da tortura nos olhos do outro homem.

Boone moveu-se passando pelos enfermeiros, para a cabeceira da cama onde Keely estava deitada, tão branca e imóvel. Ele tocou levemente seu suado cabelo com uma mão que não estava muito estável. Ele curvou-se até seu ouvido.

"Você tem que viver", ele sussurrou a voz forçosamente firme. "Você tem que viver. Isso é culpa minha, mas não posso... viver... sem você, Keely... "Ele teve que parar porque sua voz falhou. Seus olhos embaçaram. Ele nunca chorou. Seu autocontrole era absoluto. Mas estava perdendo-o. Seu polegar roçou os pálidos lábios dela enquanto ele suspirava audivelmente. "Eu vou matar aquele maldito detetive particular", ele sussurrou.

Keely mexeu-se, apenas um pequeno movimento, mas ele sentiu. Seu rosto inclinou-se para o dela e seus lábios roçaram a pele pálida e fria. "Não morra. Por favor... "

"Você tem que nos deixar trabalhar", disse Coltrain, pegando o outro homem pelo braço. Eram tão rígidos quanto o metal. "Vamos, Boone. Faça o que é melhor para ela. "

Boone hesitou apenas tempo suficiente para um último olhar para ela.

"Ouvi falar dessas cicatrizes", um dos enfermeiros estava dizendo.

"Que cicatrizes?" Boone perguntou roucamente.

Coltrain apenas sorriu enquanto acompanhava o fazendeiro para fora do cubículo e voltava para a sala de espera.

Winnie olhou-se como Boone era colocado na sala de espera. Ele parou, quase tremendo de raiva. Ele olhou para sua irmã. "Você me ligue se houver qualquer alteração, qualquer uma", disse ele fortemente. "Você ouviu?"

"Sim, claro", ela respondeu. "Aonde você vai?"

"Matar um detetive particular", disse ele através de seus dentes. Ele acrescentou mais um pouco de fortes adjetivos na sentença, que fez Winnie arquear as sobrancelhas até a linha do cabelo.

Ele se foi em um piscar de olhos. Ela ligou as fotos que ele mencionou com a súbita partida de Keely e então com o detetive particular que Boone estava indo procurar. Clark caminhava enquanto ela processava tudo aquilo em sua mente.

Ela virou-se para ele. "Nós conhecemos algum agente de fiança?" Perguntou quase em um tom de conversação.

Keely estava enfraquecida, mas estava se recuperando enquanto o antiofídico gotejava no cateter. Ela não estava consciente, mas estava gemendo. Coltrain ficou com ela enquanto a equipe trabalhava para estabilizar seus sinais vitais.

Era muito tarde quando ele saiu para a sala de espera, sorrindo.

"Ela ficará bem", ele disse exausto. "Mas vai ficar aqui por uns dias."

"Graças a Deus", disseram quase em uníssono.

"Nós deveríamos enviar os rapazes para caçar cascavéis", Clark sugeriu.

"Boone já foi atrás de uma delas, estou com medo", disse Winnie. Ela sorriu para Coltrain. "Obrigado."

"Eu gosto dela, também," ele respondeu e sorriu. "É melhor vocês descansarem um pouco. Uma das enfermeiras ligará se houver qualquer alteração. "

"Obrigado", disse Winnie novamente.

"É por isso que sou médico", disse Coltrain, sorrindo enquanto os deixava.

Winnie tentou telefonar para Boone, mas ele não respondia. Ela estava prestes a tentar novamente quando Xerife Carson Hayes entrou na sala, o seu cabelo castanho com mechas loiras brilhando sob a luz do teto. Seus olhos escuros estavam turbulentos.

"Você tentou falar com seu irmão?" Ele perguntou a Winnie. "Desculpe, mas não permitimos telefones celulares na prisão."

Winnie gemeu. "Oh, não."

"Oh, sim," respondeu Hayes. "Não se preocupe em chamar ninguém. Eu mesmo irei afiançá-lo, quando estiver de folga. "Ele colocou uma mão na sua orelha. "Eu juro por Deus, os guardas estavam anotando as palavras com que ele os atacou. Eu nunca tinha ouvido essa linguagem na minha vida. Pelo menos o detetive não insistiu na acusação de agressão, no entanto... "

"Não? Graças a Deus ", exclamou Winnie. "Mas por quê?"

"Ele fugiu pela sua vida. Seus empregadores não foram tão afortunados. "Ele sorriu. "Detetive Rick Marquez e eu estávamos fazendo uma pequena investigação por conta própria, depois do horário, e com uma pequena ajuda de alguns amigos. Acontece que”, ele disse em um tom baixo, receosos dos curiosos," que a namorada de Boone, Misty, e seu pai são os contatos na rede regional de narcotráfico. Fugiram quando Marquez enviou um agente do DEA para a agência de detetive deles com um mandado de busca para vasculhar o local. O que ouvi por último”, acrescentou com um sorriso" tem um estadual atrás deles. Acho que não o veremos tão cedo. "

Winnie estava quase sem fôlego. "Pobre Boone. Ele e Misty estavam namorando... ".

"Pedi isso a ele", disse calmamente Hayes. "Ele ficou louco como o inferno, também. Disse que isso estava interferindo com algo muito pessoal. Odiei forçá-lo a entrar nisso, mas era a única pessoa que tinha qualquer tipo de acesso a ela. "

Os olhos de Winnie iluminaram-se. "Ele não se importa com ela, então?"

"Não. Ele não pôde defendê-la. Ele fez isso para me ajudar a eliminar um dos principais fornecedores de droga de Jacobsville. "

E Boone não queria por causa de algo pessoal. Poderia ser Keely? Ela pensou sobre as fotos que o detetive do pai de Misty tinha enviado para ele...

"Eles falsificaram as fotos", ela exclamou.

Hayes franziu o cenho. "Que fotos?"

"Não importa."

"Como vai Keely?" Hayes perguntou suavemente. "Boone me contou sobre a picada de cobra ".

"Ela vai ficar bem. Ainda não consegui pegá-lo no telefone ", acrescentou preocupada.

"Agora mesmo, ele está na enfermaria", disse ele. "Não parou de praguejar, até chegar à cidade. Ele está no hospital em algum lugar. Vai aparecer logo ".

Enquanto eles conversavam, Boone passou pela porta. Estava despenteado, com os olhos vermelhos e machucado.

"Eu sei", Winnie disse quando mostrou uma mão machucada. "O outro cara ficou pior. Você está bem? "

Ele deu de ombros. "Só um pouco irritado. Liguei para Coltrain. Ele diz que ela vai ficar bem. No momento em que ela puder ser removida, irá para casa com a gente ", acrescentou.

Winnie hesitou. "Ela não vai querer fazer isso."

"Ela irá mesmo assim. Alguém ligou para a mãe dela? ", Indagou.

Clark vinha da máquina de refrigerante com duas cocas. "Você quer algo para beber?", Perguntou aos dois homens. Ele franziu o cenho para Boone. "Que diabo aconteceu com você?"

"Uma ligeira discussão", Boone disse descontraidamente. "Queria um café preto, se você estiver convidando."

Clark sorriu. "Qualquer coisa para meu irmão mais velho", ele murmurou, e saiu novamente.

"Eu vou até a casa de Keely falar com sua mãe", disse Hayes. "Vou voltar à noite, porque temos um caso pendente, mas estou fora amanhã." Ele sacudiu o dedo para Boone. "Você vai para casa e lave a boca com sabão."

Boone colocou afetuosamente um braço em torno de seus ombros. "Você é o único homem que conheço que acha “Crackers e Leite" um palavrão ".

"Eu dou palestras para crianças pequenas sobre drogas", ele salientou. "E se eu escorregar na frente de uma sala de aula de crianças?"

"Eles provavelmente sabem mais palavrões que você," Winnie interrompeu, sorrindo. "Você deveria ouvir alguns dos seus pais falarem ao telefone quando ligam para chamar a polícia."

Hayes concordou. "Eu sei. Tenho que ouvi-los. "Ele sorriu para Winnie. "Sabe, você é muito boa no rádio. Kilraven gosta de tê-la em serviço. Ele diz que você ilumina as noites escuras ".

"Ele disse?" O rosto de Winnie ficou radiante.

"Pare com isso", disse Boone gravemente. "Ela vai voltar para a faculdade e se casará com um homem culto".

"Eu não vou voltar para a faculdade", disse prazerosamente Winnie. "Não quero uma graduação, e não vou casar com um homem, culto ou não, até que isso me agrade."

"Até lá". Hayes riu.

Boone olhou com raiva para ela. Ela olhou de volta.

"Eu, uh, não ficaria muito esperançoso sobre Kilraven," Hayes disse suavemente, um pouco envergonhado. "Ele teve algumas tragédia em sua vida. Ele pode agir normal, mas não superou o trauma. "

Winnie moveu-se para mais perto dele. "Conte-me, Carson," ela disse calmamente, usando o seu último nome, como sempre fazia quando estava realmente séria.

"Há alguns anos atrás", disse ele calmamente, "houve um violento assassinato, em San Antonio. Kilraven estava trabalhando disfarçado lá na hora, com a polícia local. Era um sábado à noite chuvoso, quando temos sempre dezenas de acidentes, e ele e o seu parceiro estavam mais próximos do que as unidades de patrulha, a maioria dos quais estavam ocupados, por isso eles se ofereceram para proteger a cena do crime. Kilraven reconheceu o endereço e correu, antes que seu parceiro pudesse detê-lo ". Hayes fechou os olhos. "Foi ruim. Muito ruim. "Ele parou. "O que estou lhe dizendo é que o homem é um trem desgovernado emocionalmente procurando um lugar para se chocar, independentemente da sua aparente calma. Ele não vai criar raízes em Jacobsville, Texas. Ele convive com esse trauma há muito tempo. Um dia, ele vai explodir e queimar. "

"Ele conhecia as vitimas do assassinato?" Winnie perguntou hesitante.

"Ele era próximo a eles ", disse Hayes. "E isso é tudo que vou dizer sobre isso."

Winnie imaginava que parentes estavam envolvidos. Pobre homem! "Falou com o Dr. Coltrain sobre quando podemos tomar Keely para casa?" Ela perguntou a seu irmão.

Boone balançou a cabeça. "Não. Mas irei. Posso garantir que não será esta noite. "

Ela conseguiu sorrir. Hayes tinha despedaçado seus sonhos. Ela não queria demonstrar. "Estou indo para casa dormir um pouco. Você vem? "Ela perguntou a Boone.

Ele hesitou. "Acho que sim." Ele olhou para si próprio e sorriu. "Eu deveria ter ido para casa e me trocado."

"Ninguém vai notar", ela suspirou. "Muita gente vem para cá durante o dia e no meio da noite, com a esperança de ter resultados." Ela indicou duas famílias com rostos brancos e olhos vermelhos. Ela sorriu para eles. Eles sorriram de volta. Era fácil fazer amigos na sala de emergência. Ela disse que estava indo para casa e perguntou se precisavam de alguma coisa que ela poderia trazer-lhes. Mas sacudiram a cabeça. Havia coisas de que precisavam, mas não ousavam sair até que soubessem de alguma coisa. Ela compreendia.

Winnie e Boone dormiram por um tempo e voltaram para o hospital. Eles almoçaram na cantina, sem saborear o que comiam, e beberam café preto.

"O que você disse para Keely?" Ela perguntou.

Seus olhos estavam torturados. "Muito", ele disse culpado. Ele olhou para sua xícara de café vazia. "Aquelas malditas fotos eram tão convincentes!" Ele percebeu, também, que Keely não tinha tentado seduzi-lo, quando começou a desabotoar sua blusa. Ela ia lhe mostrar as cicatrizes. Era um ato de coragem que não tinha apreciado no momento. Agora, isso o machucava.

"Ela vai ficar bem", Winnie garantiu a ele. "Você pode ficar em paz."

Ele riu sem graça. "Você acha?"

A porta da cafeteria se abriu e Hayes Carson entrou. Ele não estava sorrindo. Pegou o caminho mais curto para os Sinclairs.

"Preciso falar com você", disse ele direto, olhando ao redor para ter certeza que ele não estava sendo observado. "Acabei de encontrar Ella Welsh, morta em sua sala de estar!"

 

"Morta?" Boone exclamou, tomando cuidado para manter sua voz baixa. "Como?"

"Ferida por um tiro", respondeu Hayes. Ele puxou uma cadeira e sentou. "Tenho um médico legista, juntamente com uma equipe forense do laboratório criminal do estado e um investigador nosso. Encontramos impressões digitais e um cartucho de bala vazio, mas não preciso ter percepção extra sensorial para saber quem fez isso. "

"O pai de Keely " Winnie supôs. "Ou o parceiro dele, Jock."

"Keely disse que eles estavam desesperados por dinheiro" respondeu Hayes. "Eu disse para Keely dizer a Ella para colocar a casa no mercado, mas não vendê-la, só para fazer Brent Welsh pensar que ela estava cumprindo. Mas os homens devem ter a procurado e exigiram resultados imediatos. Ela deve ter recusado ou enfurecido-os, não sei. "Ele suspirou. "Nós não ousamos deixar Keely ver o seu corpo. Terá de ser um caixão fechado ".

"O quê?" Boone exclamou.

A expressão de Hayes era eloqüente. "Ella foi torturada, provavelmente queriam encontrar qualquer bem que ela tivesse".

"Bom Deus!" Boone disse pesadamente. "Eles vão vir atrás de Keely, não vão?", Perguntou friamente. "Ela vai ser a próxima, porque vai herdar o pouco que Ella deixou."

"Não ouvimos mais nada Misty, seu pai e o detetive desde que fugiram para a fronteira," Hayes disse a ele. "Eles podem estar assustados o suficiente para continuar fugindo, se estiverem na mesma rede com o restante dos irmãos Fuentes" tráfico de drogas. Também, o assassinato deve ter apressado a fuga, uma vez que sabem que iremos atrás deles por isso. Por outro lado, se Ella deixasse seguro de vida, Keely seria a beneficiária. E a conta poupança de Ella significaria dinheiro imediato. Já falei com o gerente do banco dela. Ele me disse que tem algum dinheiro lá ".

"Nós vamos precisar de mais homens para proteger a fazenda," Winnie pensou em voz alta.

"Muitos mais, todos ex-militares, e sei onde encontrá-los", disse Boone com raiva. "Vou transformar a fazenda em uma fortaleza. Welsh nunca colocará suas mãos em Keely! "

"Eu poderia fazer aqui um comentário sobre as leis da vigilância", disse Hayes com ironia, "mas não o farei. Só não passe do limite. Não posso pagar mais nenhuma fiança. "

Boone riu. "Você será reembolsado." O sorriso desbotado. "Pobre Keely", disse ele pesadamente. "Primeiro a cobra, agora sua mãe ."

"Alguém terá que contar a ela". Hayes olhou a sua volta para os rostos desgostosos. "Nós poderíamos sortear. Ou poderíamos pedir ao Coltrain para fazer o trabalho sujo ".

"Eu vou contar-lhe quando chegar o momento", Boone disse suavemente. "É minha responsabilidade agora."

Winnie, não disse nada, mas olhou pensativa e feliz.

Diferente do olhar de Keely quando saiu dos efeitos dos medicamentos que tinha tomado.

Boone não saiu do lado da cama. Ela olhou furiosa para ele a primeira vez que o viu lá, quando ainda estava muito doente e fraca para falar. No terceiro dia, já tinha recuperado alguma força e estava furiosa.

"Eu sei, eu sei", disse antes que ela começasse. "Eu fiz tudo errado. Acusei você de coisas que não fez e te expulsei de casa. "Ele olhou brevemente torturado. "Eu sei que causei isso." Ele deu um longo suspiro, olhando para suas botas. "Deus Todo Poderoso, nunca pretendi que você fosse a pé para casa no dia mais quente dos últimos tempos! Devia estar fora de mim para não perceber que você não tinha como chegar em casa. "

Keely queria ter raiva dele, mas ainda estava muito doente e seu braço doía. Ela estremecia cada vez que se movia. "Não era eu...com Clark, naquela foto que você esfregou na minha cara!"

Ele levantou a cabeça e assentiu. "Eu sei", disse ele sério.

Esse olhar, e as palavras, dizia coisas sobre ela que não tinham sido contadas. Ele sabia. Ele sabia sobre o seu ombro. Ela fechou os olhos e as lágrimas fluíram. Ela sentia-se ainda pior agora. Ela nunca quis que Boone, de todas as pessoas, conhecesse o seu segredo. Sua mente voltou para o menino que tinha vomitado quando viu o seu ombro...

Ele aproximou-se da cama e inclinou-se sobre ela, com uma mão grande ao lado de sua cabeça sobre o travesseiro. "Eles vão me matar se eu sentar aqui. Sei que você ainda está fraca e machucada como o inferno. Mas quero que você sinta uma coisa. "Ele levou sua mão direita até seu peito sobre a camisa e acariciou-o. Ele observava seus olhos enquanto ela fazia isso, viu que tinha entendido em seus olhos verdes, e assentiu.

Ela franziu as sobrancelhas quando encontrou os olhos dele.

"Há mais delas", disse ele duramente, afastando-se dela. "Muito mais – uma que tirou um osso da minha coxa. Misty quando me viu, na Alemanha, logo após que as ataduras foram removidas, saiu correndo da sala. É um pouco menos confuso agora, depois de algumas cirurgias plásticas, mas as cicatrizes são muito profundas para serem permanentemente apagadas, e são perceptíveis. Nunca mais usei camisa sem mangas ", acrescentou amargamente. "Não uso há anos."

Ela sentiu a dor. Ela compreendia isso. "Não uso nada de mangas curtas desde os treze anos", ela respondeu calmamente. "Quando eu tinha dezesseis, um rapaz me convidou para sair. Ele estava apenas me apalpando, você sabe como os meninos são, mas quando começou a tirar minha blusa e viu as cicatrizes-que eram recentes, então, ele... "Ela fechou os olhos. "Ele jogou-se pela porta aberta do carro e vomitou. Ele estava triste, muito triste, mas eu estava arrasada. Soube, então, que nunca teria uma vida normal. Soube que nunca me casaria e teria... teria filhos... "Sua voz foi interrompida pelas lágrimas que caíam quentes sobre suas bochechas. Ela estava fraca, doente e com dor, ou nunca teria deixado que ele visse a sua devastação.

Isso o afetou. Ele inclinou-se novamente sobre ela e tocou de leve com sua boca seus olhos, nariz e bochechas. "Não", ele sussurrou roucamente. "Você foi tão corajosa, Keely. Eu não suporto ver você chorar. Não, querida. Não ".

Agora ela sabia que estava sonhando. Boone nunca tinha chamado por nenhum nome carinhoso, e não se importava se a magoava. Ela fechou os olhos, para desfrutar do sonho. Era tão doce ter sua respiração nos seus lábios, sua boca acariciando seu rosto molhado, sua voz profunda murmurando coisas doces impossíveis.

O som da porta abrindo interrompeu o sonho, é claro. Boone se afastou e ela estava certa que tinha sido a sua imaginação. Ela tinha sido fortemente sedada, depois de tudo, para compensar a terrível dor. A expressão de Boone era taciturna, como de costume, e não parecia nada com um homem que tinha sussurrando doces palavras de carinho para ela. Winnie e Clark entraram no quarto, tristes e preocupados, sobretudo quando viram a cara de Keely.

"Você não contou a ela?" Winnie perguntou irritada. "Coltrain disse para não contar"

"Contar-me o quê?" Keely perguntou imediatamente, tocando levemente seus olhos com o lençol.

O rosto de Winnie desviou-se. Boone olhou furioso para ela. Clark também.

"Contou-me o quê?" Keely exigiu, agressivamente agora, enquanto olhava de um rosto culpado para o outro.

"Eu disse que contaria quando fosse à hora", disse Boone breve. "Não é a hora."

"Sim, mas..." Winnie parou horrorizada, quando a televisão, no alto, começou com as noticias do dia. A primeira parte era uma foto de Ella Welsh e notícias sobre o seu assassinato. Esse era o motivo pelo qual Winnie e Clark tiveram pressa em voltar ao quarto de Keely, porque sabiam que a televisão tinha sido ligada, para que pudessem assistir as notícias da tarde. Eles tinham visto o início da transmissão na televisão quando passaram pela sala de espera. Não tinham pensado que a história sobre o assassinato seria transmitida tão rápido.

Keely explodiu em lágrimas, quase histérica.

"Maldita coisa! Desligue-a! "Boone mandou Clark enquanto caminhava em direção a campainha de emergência ao lado do travesseiro de Keely. Enquanto Clark desligava a televisão, Boone pressionava o botão e chamava a enfermeira, inclinou-se para Keely e aconchegou o rosto dela em seu ombro. "Está tudo bem, querida. Está tudo bem. Sinto muito. Não queria que você soubesse assim! "

A enfermeira veio. Boone explicou calmamente o que acabara de acontecer. A enfermeira fez uma careta e foi chamar Coltrain, que estava ela explicou, ainda fazendo rondas.

O médico ruivo chegou ao quarto poucos minutos depois. Receitou um sedativo para Keely e esperou até que fizesse efeito e chamou os irmãos para fora no corredor.

"Foi a maldita televisão", Boone disse raivosamente. "Porque você tem essas coisas em todos os quartos, em primeiro lugar?"

"Não foi minha idéia, acredite em mim", respondeu Coltrain de imediato. "Keely vai ter uma difícil recuperação, se voltar para casa sozinha."

"Ela não irá", Boone disse imediatamente. "Ela está indo para casa com a gente. Já discuti isso com Hayes Carson. "

"Boa idéia", respondeu Coltrain. Ele respirou forte. "Nunca esperei que a história saísse tão cedo. Inferno, nós sequer temos uma estação de televisão local na cidade. "

"San Antonio é perto o suficiente para captar a história, especialmente em um dia fraco de notícias," Winnie murmurou. "Não há nada mais que notícias políticas, e todo mundo está doente com isso."

"Seria melhor você contratar alguns guardas para protegê-lo em casa", avisou Coltrain. "Esses caras estão desesperados o suficiente por dinheiro para ir atrás de qualquer coisa que possam pegar."

"Todos sabem que eles mataram a mãe de Keely, pelo menos localmente sabemos isso", disse Winnie. "Eles seriam estúpidos em ficar."

"Esses caras tem um propósito", disse Coltrain, irônico. "Caso contrário, não teriam arriscado vir aqui, em primeiro lugar. Hayes Carson adoraria ter Brent Welsh na sua mira sobre qualquer pretexto. "

"Eu também", respondeu cruelmente Boone. "Ele ficou parado e assistindo enquanto Keely era machucada ao salvar um garoto do leão da montanha. Essas cicatrizes serão permanentes, não serão? ", Perguntou a Coltrain.

Coltrain franziu o cenho. "Podemos contatar um cirurgião plástico para amenizá-las, mas são muito profundas. Ela teria que fazer uma meia dúzia de cirurgia, pelo menos. E há uma outra coisa, as suturas não foram bem feitas, de qualquer modo. Ela pode enfrentar alguns problemas pelo caminho. Eu recomendo a cirurgia plástica, só por isso. Mas ela não tem qualquer seguro, você sabe. "

"Que diabo isso interessa?" Boone perguntou alegremente. "Vou cuidar disso. Você fala com ela, e eu pagarei o cirurgião. "

Coltrain forçou um sorriso. "É uma idéia."

Winnie, não disse nada, mas sentia-se terrível por ela e Keely serem amigas há muitos anos, e Keely nunca ter contado a ela sobre o encontro com o leão da montanha. Ela imaginou se tinha dito ou feito alguma coisa que deixasse sua melhor amiga desconfortável para lhe contar isso.

"Keely está dormindo?" Boone perguntou ao Coltrain.

Ele assentiu. "Ela vai ficar apagada por um tempo. Isso é bom. A picada de cobra ainda deve doer como o inferno. Se Winnie não a tivesse encontrado a tempo... Bem, ele não suportava pensar ", acrescentou, cortando rapidamente a observação quando viu os olhos torturados de Boone. "Seria melhor eu voltar ao trabalho. Se você precisar de mim, basta dizer a enfermeira de plantão. Ela sabe onde me encontrar "

"Obrigado", disse Boone.

Coltrain deu de ombros e sorriu. "Eu gosto de Keely".

Os irmãos reuniram-se para discutir seus planos. Boone decidiu que era melhor ver Eb Scott pessoalmente. Ele estava precisando de serviços especializados. Clark e Winnie voltariam para ficar com keely. Ninguém passaria por eles. Não estavam armados, mas certamente poderiam chamar ajuda.

Era manhã quando Keely acordou novamente. A combinação de todas as drogas e a perturbação emocional pela morte de sua mãe a tinha derrubado de noite. Ela piscou com sono, sua mente estava clara e calma até que se lembrou muito repentinamente o que tinha visto na televisão na noite anterior. Era como uma pedra em seu coração. As lágrimas feriam os olhos dela, novamente.

"Sinto muito, Keely", Winnie disse suavemente, da cadeira ao lado da cama. "Pela sua mãe."

Keely deu uma olhada para ela e suspirou. "Eu sabia que ia perdê-la um dia," ela disse, "e nós fomos quase inimigas durante tanto tempo. Mas estávamos apenas começando a nos conhecer novamente, estávamos nos tornando amigas... "Ela mordeu o lábio com força. "Foi uma semana miserável", disse ela depois de um minuto.

"Sim, foi." Ela hesitou. "Eu queria que você tivesse me contado sobre seu ombro", disse ela. "Sinto que falhei, porque você não pode confiar em mim o suficiente para me contar."

Keely franziu o cenho. "Eu tinha medo que você contasse a Boone," ela disse suavemente. "Não que isso teria importância. Ele me odiava... "

"Não, não," veio a resposta imediata. "Você não tem idéia do que aconteceu, enquanto você esteve inconsciente."

"Ele me mostrou uma fotografia de uma mulher com a minha cabeça em outro corpo, em uma situação comprometedora com Clark," disse Keely pesadamente. "Eu sabia que era uma farsa, mas Boone não. Ele ficou furioso. Eu ia engolir meu orgulho e mostrar-lhe... e ele pensou que eu estava tentando seduzi-lo! "Seus olhos faiscaram. "Eu deveria ter acertado-o com alguma coisa! Então ele me disse para sair da casa, e saiu andando antes que eu pudesse dizer que não tinha como voltar para casa. Quando eu sair dessa cama ", ela acrescentou entusiasmada" Vou dar-lhe o troco! Esse homem não perde por esperar! "

Winnie teve de lutar contra um sorriso. Keely era uma pessoa gentil, mas estava realmente irritada. "Vou ajudá-la a bater nele", ela prometeu. "Mas ele não sabia, Keely. E você não sabe como ele reagiu quando descobriu, também ".

"O que você quer dizer?"

"Quando ele te viu na sala de emergência, ficou fora de si por ter sido enganado pelo detetive do pai de Misty. Ele saiu e a próxima coisa que soubemos, foi Hayes Carson dizendo-nos que tinha pago a fiança de Boone para tirá-lo da prisão em San Antonio. "

"O quê?" Keely exclamou.

"Ele bateu no detetive que falsificou a fotografia." Winnie riu. "Ele foi detido e Hayes teve que pagar a fiança e trazê-lo para casa."

"Será que vão processá-lo?" Keely perguntou, sua raiva esquecida pela preocupação com o futuro de Boone. "Ele não vai ter que ir para a prisão, vai?" Ela perguntou amedrontada.

"Não é provável. O detetive, Misty, e seu pai fugiram para a fronteira, e ninguém conseguiu acusá-los ", disse Winnie. "Acontece que eles estão envolvidos com o grupo de Fuentes, você acredita? Boone só estava vendo Misty para manter Hayes Carson informado sobre seus contatos. Ele estava furioso com Hayes por obrigá-lo a isso. "Ela forçou um sorriso. "Eu disse que ele não iria perdoá-la facilmente depois do que ela lhe fez."

"Boone ficou preso". Keely disse, desacreditando. "Ele nunca dá um passo errado."

"Ele deu desta vez. Mas houveram circunstâncias atenuantes. Ele estava bastante embriagado no momento. "

"Ele estava bebendo?"

"Pelo que ouvimos," Winnie concordou. Ela riu. "Meu irmão mais velho impecável, bêbado e batendo em detetive". Ela balançou a cabeça. "O que está acontecendo com o mundo?" Ela torceu o nariz para Keely. "Parece que ele pensa um pouco mais em você do que aparenta, eu diria."

Keely estava com medo de esperar por mais, especialmente após Boone ter visto seu ombro arruinado. Mas suas ações indicavam mais sentimentos por Keely do que ele expressava verbalmente. Havia esperança, ela pensou. Ele tinha cicatrizes, também. Talvez ele tivesse experiências piores do que as dela, com pessoas do sexo oposto que não entendiam ou se preocupavam com suas cicatrizes.

 

Quando Boone voltou ao hospital, Winnie e Clark tinham ido para casa jantar e preparar um quarto para Keely, quando ela fosse liberada. Coltrain tinha dito que ela estaria pronta para ir no dia seguinte, se continuasse a melhorar.

Keely não queria ir para casa com eles, se Boone tivesse oferecido apenas por culpa. Mas não queria ir para sua casa, com a morte de Ella tão recente na sua mente. Ninguém lhe disse onde Ella tinha morrido, mas Keely suspeitava que tivesse sido em casa.

 

Ela recebeu uma visita inesperada, enquanto se preocupava com as escolhas da morte, em sua mente. A melhor amiga de Ella, Carly, entrou vestida de preto, com os olhos vermelhos de chorar.

"Eles te contaram?" Ela perguntou suavemente, porque não queria perturbar Keely.

"Sim", disse Keely roucamente. "Nós estávamos indo tão bem juntas..." A voz dela falhou.

Carly inclinou-se sobre a cama, e abraçou-a suavemente. "Eu estava fora da cidade. Havia uma chamada não atendida no meu celular, mas quando tentei retornar a chamada para Ella, não houve resposta. Fiquei preocupada quando não consegui encontrar você também, por isso interrompi minha curta viagem e voltei para casa. "Ela fez uma careta. "Que retorno a casa! Ella morta, e você no hospital em estado grave. Você vai ficar bem? "

"Sim", disse Keely. "Mas acho que a cobra morreu."

Levou um minuto para Carly entender o humor seco. Ela sorriu. "Pobre cobra".

"Espero que seus parentes estejam todos tristes." Ela tocou levemente os olhos com o lençol. "Não tive tempo para fazer quaisquer arranjos sobre o funeral."

"Você quer que eu faça?" Carly perguntou solenemente. "Ella me deu uma cópia de seu testamento e instruções para seu funeral, há dois anos. Nunca pensei que seria necessário, mas fiz a vontade dela. "

"Você pode chamar os Lunsford e tomar as providências?" Keely pediu suavemente. "Ela tem uma apólice com eles, que deverá cobrir tudo. Ela pagou-a há alguns anos. "

"Ficarei feliz em fazer isso", respondeu Carly. Lágrimas rolaram pelas suas bochechas. "Ela era a única amiga que eu tinha - amiga de verdade."

Keely estendeu sua mão boa e apertou a de Carly. "Você era sua única verdadeira amiga", ela respondeu. "Estou feliz por ela ter tido você."

Carly chorava ainda mais forte. "Eu queria poder ter de volta cada coisa que disse para você, Keely", ela chorou. "Eu realmente queria não ter dito nada daquilo. Nos velhos tempos, eu cuidava bastante de você quando Ella não podia. Eu perdi isso de vista. Mas farei tudo por você agora, se puder. "

"Cuide dos arranjos do funeral de mamãe”, Keely disse," e estaremos quites."

Carly secou os olhos. "Quando você deseja fazê-lo?" Perguntou preocupada. "Você não está preparada para um funeral."

Ela não estava e hesitou. Boone passou pela porta, avaliou friamente Carly e foi em direção a cama de Keely.

"Eu estava contratando alguns empregados extras para a fazenda", disse ele, sem preâmbulo. "O que você quer fazer com sua mãe?"

"Carly vai tomar conta disso," Keely disse. "Ela sabe onde está tudo, e tem cópias do que mamãe queria e sua última vontade."

Boone deu uma olhada na mulher mais velha. "Se houver contas pendentes, cuidarei delas", disse ele.

Carly assentiu. Seus olhos estavam tão vermelhos como os de Keely. "Obrigado." Ela hesitou. "Você sabe", disse ela, fitando significativamente Boone, "não seria uma má idéia cremá-la e enterrar suas cinzas no terreno da família."

Então, Boone soube que Carly tinha visto Ella e queria poupar Keely desse trauma. Seus olhos se estreitaram. "Acho que essa é uma boa idéia. Keely? "

Keely não estava certa e hesitou.

"Um funeral Viking", Boone disse calmamente. "Apropriado para uma mulher corajosa."

Keely começou a chorar de novo. "Sim", ela concordou, sufocada. "Ela era corajosa. Certo. Está certo ".

Boone inclinou-se e chegou o mais perto dela que podia, beijando suas lágrimas. "Isso passa", disse ele suavemente. "Tudo passa. Você será capaz de se lembrar dela com alegria um dia. "

"Sim, será" Carly concordou. Ela foi para o outro lado da cama, inclinou-se e beijou o cabelo despenteado de Keely. "Estou indo para cuidar das coisas. O hospital e a casa funerária precisarão da sua autorização para começarem. Pedirei para eles ligarem para você aqui. "

"Faça isso", disse calmamente Boone. "Mas não creio que haverá problema. Você grudou em Ella quando ninguém mais chegaria perto dela. "

Carly tomou aquilo como um elogio e sorriu. "Obrigado."

"Se você puder encontrar aquela cobra", disse Keely a Boone, tentando aliviar o clima sombrio, "nós podemos arranjar o mesmo tipo de funeral para ela. Claro que, se ela não morreu por me morder, vamos ter que matá-la primeiro. "

Boone ensaiu um sorriso. "Estou feliz em ver que você está melhor."

Ela sorriu fracamente, fazendo uma careta ao mover seu braço.

"Coltrain diz que ela pode ir para casa amanhã, então ela vai ficar conosco", Boone disse a Carly. Ele puxou a carteira, tirou um cartão de visita e entregou a ela. "Se você precisar de ajuda com os arranjos, avise-me."

"Certo. Se nós a cremarmos, podemos agendar a cerimônia funerária quando estiver tudo pronto, " Carly disse a ele. Ela deu uma olhada em Keely preocupada. "Você não vai ser capaz de pensar em um funeral no estado em que está agora."

"Tenho que concordar", disse Keely. Ela suspirou. "Oh, meu Deus! O meu trabalho! Eu sequer liguei para o Dr. Rydel! Ele vai me despedir! "

"Eu telefonei para ele," Boone disse rápido. "Ele colocou um auxiliar temporário no seu lugar. Ele e o pessoal te desejam melhoras. Mandaram-lhe uma grande cesta de frutas. Acabou de chegar, as enfermeiras me entregaram, mas levei-a para o carro. Estou levando para casa. Você pode tê-la amanhã. "

"Obrigada", disse a ele. "Estava com medo de perder meu emprego. Estava muito doente para ligar e dizer a eles o que estava acontecendo. "

"Oh, todos em Comanche Wells e Jacobsville, sabem tudo o que está acontecendo", disse Carly. Ela deu uma olhada distraída para Boone. "E quero dizer tudo."

Os olhos de Boone realmente faiscaram, mas Keely não viu.

Carly se despediu e deixou Boone sozinho com Keely. Ele enfiou as mãos nos bolsos da calça e ficou olhando para ela, seus olhos suaves e silenciosos.

"Você parece um pouco melhor", comentou ele.

"Eu gostaria de me sentir assim. Ainda estou com dor de estômago e meu braço lateja", disse roucamente. Ela olhou para ele. "Eu odeio cobras".

"Elas não gostam que as pessoas sentem nelas", ele salientou.

"Eu não sentei. De repente, ela estava lá. Sequer olhei para os lados. Ela só sacudiu a cabeça e me mordeu. "

"Nervoso".

Ela piscou. "Como?"

"As cobras são nervosas. Elas agitam o guizo para tentar assustar as pessoas e mandá-las embora. "

Eu nunca pensei que uma cobra podia ser nervosa.

Ele suspirou. "De qualquer maneira, nós a pegamos."

"Você a pegou? Pegou? "Ela estava animada.

"Os homens a encontraram cerca de vinte metros de onde você estava sentada quando te mordeu."

"O que fizeram com ela?"

Ele franziu os lábios. "Você gosta de chapéu de cowboy?"

"Acho que sim. Não o uso muito, exceto quando cavalgo. "

"Você usará esse. É justamente do seu tamanho e tem uma bela fita de cascavel. Ou terá, quando a pele for curtida. "

"Você não fez!"

"Eu fiz." Ele forçou um sorriso para ela. "Nós vamos cavalgar, quando você estiver melhor."

"Nós?"

Estreitou um olho. "Você cavalgou com Clark e Winnie o tempo todo. Você pode cavalgar comigo agora ", disse ele com fingida agressividade.

"Ok", disse ela, fascinada. Era como se ele estivesse com ciúmes dela. Isso era ridículo, claro.

"Coloquei uma televisão no seu quarto. Você pode assistir filmes no pay-per-view. Temos satélite, também, então você pode assistir programas de todo o mundo. "Seus olhos brilharam. "Então, também tem as notícias nacionais, com a corrida presidencial em cada canal, a cada hora, cada dia."

Ela suspirou. "Eu não assisto as notícias nacionais há semanas. Não posso suportar a monotonia. As únicas notícias são sobre as eleições presidenciais e cada detalhe da vida privada das celebridades. "

"O canal espanhol tem notícias de verdade", ele salientou. "Se você quiser saber o que está acontecendo no mundo, é onde se pode descobrir."

Ela sorriu. "Não falo espanhol."

"Vou te ensinar", disse ele calmamente, e seus olhos estavam insinuando que ele tinha em mente ensinar outras coisas, também.

Ela corou um pouco. A vida dela tinha sido fechada, um doloroso livro, no seu futuro, um sonho que ela achava que nunca realizaria. Agora, aqui estava aquele homem atraente por quem tinha sido apaixonada por anos, buscando-a com os olhos e sorrindo para ela. Ela sentia como se o coração fosse estourar de alegria.

Ele sorriu. "A Sra. Johnston tem uma assistente na cozinha, Melinda. Ela é da Guatemala. Ela está nos ensinando maia. Você pode aprender, também. "

"Maia?" Ela prendeu a respiração. "Sua cultura conhecia a astronomia, o conceito de zero e técnicas de irrigação e plantio, enquanto os europeus batiam uns nos outros na cabeça com pedras."

"Eu sei." Ele riu. "Você passa seu tempo livre na biblioteca lendo livros sobre eles. Ou então ouve da bibliotecária chefe. "

Ela corou. Ela gostava de me ensinar coisas sobre eles. "Eu adoraria ver algumas das ruínas Maias", disse ela. "Eu adoraria ir para o Peru e ver as ruínas Incas, também."

"Eu também", ele disse ela. "Talvez possamos ir, um dia."

Para ela, era um sonho irrealizável. Ela nunca economizaria o suficiente para pagar uma passagem de avião até ao sul do Texas para umas férias. Seu sorriso era ansioso.

Ele notou isso. "O que mais você gosta?"

Ela sorriu. "História Antiga".

"O Cesares, os filósofos, os políticos ...?"

"Não mencione políticos!"

"Que tipo de história?" Ele riu. "E qual historiadores você leu?"

"Tácito. Tucídides. Strabo. Arrian. Plutarco. E outros ".

"Autores profundos para uma mente jovem", comentou ele.

"Ouça, posso ser jovem, mas tenho um espírito velho", disse a ele. "Eu era muito sozinha, quando meu pai me levou para o oeste do Texas para viver em um parque natural, e estava realmente sozinha quando voltei para cá, porque minha mãe bebia muito." Mamãe. O pensamento aquietou-a, trouxe a sua consciência sua tragédia recente. "Eu não posso acreditar que meu pai a mataria", disse ela. "Ele estava um pouco fora dos limites da lei, algumas vezes, mas ele nunca fez mal a ninguém."

"Ele vendia drogas", lembrou Boone ela. "Isso machuca as pessoas."

"Sim, mas você sabe o que eu quero dizer", ela respondeu. "Ele não é um assassino."

"Querida, todas as pessoas são assassinas, tendo o incentivo certo", disse ele. "Qualquer um pode matar".

Ela suspirou. "Eu suponho que sim", disse ela tristemente.

Ele inclinou-se e beijou-a, suavemente, em sua boca. "Vou buscar uma xícara de café decente. O que trago para você? "

"Um bom bife suculento com batatas coradas?" perguntou esperançosa.

"Sem chance, eu não poderia passar pelas enfermeiras, a menos que todas estivessem com os narizes tampados. Tente outra vez ", ele incentivou.

"Acho que vou esperar pelo jantar daqui", disse ela com resignação.

"Quando você estiver bem de novo, vou voar com você até Fort Worth e comeremos esse bife em um lugar que conheço", disse ele.

Seu coração saltou na sua garganta. "O que você quer dizer com isso?"

Ele deu um longo suspiro. "Eu saia com Misty para fornecer informações a Hayes, e o xingava duas vezes por dia por isso. Eu tinha me livrado dela anos atrás. Mas eu tinha que fazer algo, de forma que ela não ficasse desconfiada. "Seus olhos escureceram. "Hayes tem responsabilidade nisso. Ela é vingativa. Tramou contra você, e eu estava muito irritado para pensar direito quando vi aquelas fotografias. "

Keely recordou que Misty tinha prometido ficar mesmo com ele. Ela havia feito um bom trabalho. "Ela teria o que merecia um dia ", Keely respondeu.

"Todos nós", disse ele filosoficamente. Ele deu uma olhada em seu relógio. "Tenho que fazer alguns telefonemas e arranjar algo para comer, então voltarei."

Seus olhos se iluminaram. "Ok".

Ele sorriu lentamente. Desgrenhada, com os cabelos despenteados, o rosto desprovido de qualquer maquiagem, ela era bonita para ele. Poderia ter sido morta, facilmente. Ele nunca teria sido capaz de viver com isso, sabendo que causou sua morte.

Ele inclinou-se e beijou-a novamente com ternura. "Volto logo", ele sussurrou.

Ela sorriu. "Certo. Vou esperar. "

Ele sorriu enquanto saía.

Dez minutos depois o telefone tocou. Ela atendeu, pensando que deveria ser Carly, Winnie ou Clark.

"Keely é você?"

Era a voz de seu pai.

 

"Você matou minha mãe!" Keely disse perplexa, inundada com raiva só com o som da sua voz. "Como você pode!"

"Não fui eu, juro que não foi!" Ele respondeu, e parecia assustado. "Keely, nunca matei uma pessoa na minha vida. Você tem que acreditar em mim. "

"Você ameaçou-a por dinheiro"

"Tive que fazer! Escute, se eu não pagá-los,... bem, eles ameaçaram matar sua mãe, agora eles ameaçaram você também, "disse ele nervosamente. "É a quadrilha de Fuentes! Eu me envolvi com eles por causa de Jock ", disse amargamente. "Ele tem trabalhado há anos para Fuentes. Ele mesmo foi para a prisão por causa dele, logo que você passou a viver comigo. Ele disse que pagou mais do que qualquer dos outros distribuidores, e que iria chegar a mim, porque tinha um primo na organização. Mas houve problemas, porque Jock enganou um dos patrões e embolsou um dinheiro de droga. Então ele escondeu-se e me deixou na mão. Eles estão atrás de mim, agora. "Houve um suspiro. "Sua mãe estava certa sobre Jock. Ela disse que ele me destruiria se eu seguisse com ele, e destruiu. Ele fica me ligando, ameaçando você, se não aparecer com dinheiro suficiente para ajudá-lo a sair da cidade antes do narcotráfico matá-lo. Não sei o que fazer! "

Ela teve que lutar arduamente para controlar seus sentimentos. Ele estava tentando arrumar desculpas para seu comportamento, mas ela lembrava que ele tinha ficado parado enquanto o leão da montanha a arrastava para o que teria sido sua morte.

"Procure o Xerife Carson," disse a ele. "Diga a ele o que você me disse, e o ajude a encontrar Jock. Isso é o que você tem que fazer. "

"Inferno, Carson irá me prender e jogar fora a chave!" Ele murmurou. "Eu dei ao seu irmão, a droga que o matou. Não, não vou procurar a polícia ".

"O que mais você pode fazer?" Ela perguntou.

"Arrumar dinheiro suficiente para pagar Jock, então ele vai me largar. A organização de Fuentes quer Jock. Eles querem matá-lo, mas não sabem onde ele está. Eles acharam que Ella sabia e eles... "Ele ia dizer que a torturaram, mas não podia fazer isso com sua filha, a quem ele já tinha falhado de tantas maneiras. "Bem, eles a mataram. Agora, a única esperança que tenho é a de levantar dinheiro suficiente para ajudar Jock a sair do país antes que o apanhem. Ele jurou que se eu não arrumasse o dinheiro, ia dizer-lhes que eu os trai. Ele quer se vingar e jogar a culpa em mim! "

"Se você der a ele o dinheiro", disse ela em um tom cansado ", ele só vai querer mais."

"Há uma chance de que ele não queira. Ele só quer sair do país antes que façam com ele o que fizeram com os agentes da narcóticos que mataram. Ele não disse, mas acho que tem medo do novo parceiro de Fuentes. O parceiro chama-se Machado e odeia Jock. Ele vai matá-lo antes de Fuentes se tiver uma chance, e Jock sabe disso. "

"Deixe-o," Keely disse friamente.

"Jock foi o único amigo que tive Keely", disse ele pesadamente. "Ele ficou comigo, quando todo mundo abandonou o navio."

Assim como Carly tinha ficado com Ella. Mas isso foi porque Carly verdadeiramente amou a mãe de Keely. Jock tinha ficado com Brent Welsh porque sabia que Ella tinha dinheiro, Keely pensou, e poderia utilizar Brent para conseguir uma parte dele. Mas ela não disse isso. Ele não teria escutado, de qualquer forma.

"Eu não tenho dinheiro", Keely disse a ele. "Eu trabalho como auxiliar de veterinário e ganho salário mínimo. Mamãe"A voz dela falhou. Ela se recompôs. "A minha mãe tinha algum dinheiro em uma conta poupança, mas está no nome dela e está vinculado ao testamento. Não serei capaz de tê-lo durante semanas. "Ela não sabia se isso era verdade, mas ele pareceu convencido.

Ele xingou drasticamente. "Deve haver algo que você possa vender!"

"Ela já tinha vendido tudo", disse amargamente.

Ele murmurou novamente, incoerente. "Então os amigos de vocês, os Sinclairs-eles tem dinheiro. Peça a eles! "

"Não."

"Sua vida está por um fio, Keely!" Ele disse furioso. "Não é uma brincadeira! Jock já disse que não tem nada a perder. Ele vai te matar se não nos ajudar. "

Ela se sentia muito velha. Sua mãe estava morta, ela tinha quase morrido sozinha. Boone sabia do seu mais escuro segredo, certamente não a queria mais, mesmo se ele tivesse compaixão e compreensão sobre a sua lesão. Ele próprio era marcado. Mas Keely não via qualquer futuro para si mesma.

"Eu não me importo", disse ela passivamente. "Deixe Jock fazer o seu pior. Ele pode estar me fazendo um favor ", disse com humor negro. "Deus sabe, nunca terei um marido ou uma família, com a minha aparência."

"Sinto muito...", ele disse lentamente. "Estou muito triste, pelo que aconteceu. Fiquei tão chocado que eu não poderia mesmo fazer nada. Sinto-me mal sobre isso. E não pensei em como as cicatrizes poderiam afetar sua vida ".

"Tenha dó", disse ela, e sentia o ódio fervilhar por ela. "Até aquele momento, pensei que você cuidava de mim."

"Eu cuidei, do meu jeito", disse ele. "Meus pais eram frios uns com os outros e comigo. Eles nunca ajudavam ninguém. Você foi a primeira que aprendi a cuidar. "

"E minha mãe", ela respondeu. "Nenhum de vocês foi feito para criar uma criança."

"Não me diga", ele riu seco. "Depois que você chegou, nossa vida mudou para sempre. Ela era muito instável emocionalmente para lidar com um bebê. "Ele parecia amargo. "Você passava muito tempo com Carly."

Uma luz brilhou em sua mente e ela recordou do rosto de Carly. Estava muito mais familiarizada com ela do que com Ella. Não se admirava da outra mulher ter sido tão protetora com ela.

"Mas isso tudo é passado, e tenho problemas maiores agora. Você tem que tentar arranjar-me algum dinheiro. Jock disse que não vai esperar muito mais tempo. "

"Diga a ele para vir me ver. Eu posso emprestar uma espingarda ", ela meditou.

"Isso não é engraçado!"

"Se você estivesse na minha posição, seria."

"Pergunte a seus amigos se eles vão ajudar. Mesmo dois mil podem ser suficientes, "o pai persistiu. "Anote um número, Keely. Você pode me ligar aqui. "

Ela agarrou um lápis e bloco de dentro da gaveta de sua cama. "Ok".

Ele deu-lhe o número. "Faça o seu melhor, querida", ele suplicou. "Você viveu contra todas as expectativas. Eu não quero que morra por um punhado de dinheiro. "

"Vou ver o que posso fazer", disse ela pesadamente, e desligou. Foi só então que percebeu que estava tremendo.

Quando Boone voltou, encontrou Keely quieta e preocupada, olhando para o espaço.

"O que há de errado?", Perguntou, ao mesmo tempo, porque sabia que algo estava errado. Ele podia sentir.

Ela franziu o cenho. "Como você sabe que alguma coisa está errada?"

Aproximou-se e sentou preguiçosamente na poltrona ao lado de sua cama. "Leio mentes. Vamos lá. Diga-me. "

Ela afundou de volta no travesseiro cansada. "Meu pai ligou. Jock está fugindo dos traficantes e quer dinheiro para sair do país. Ele disse ao meu pai que se eu não arrumar algum, ele vai me matar. Os traficantes, provavelmente, vão mandá-lo de volta de onde ele veio em uma caixa de sapatos ".

Ele arrancou seu chapéu e o soltou no chão perto da sua poltrona. Ele correu uma grande e magra mão através do seu cabelo preto. "Vou soltar Bailey em cima dele, e quando ele terminar, Jock vai caber em uma caixa de sapatos. Ou partes dele vão. "

"E Bailey está bem?" Ela perguntou.

Ele sorriu. "Está ótimo, graças a você." Seu sorriso desbotou. "Ainda não posso acreditar que dei ouvidos a aquela egoísta e trapaceira quando você me disse que algo estava errado com Bailey. Quem me dera poder voltar no tempo. "

"Acabou tudo bem."

Ele assentiu. "Só porque você teve a coragem de fazer aquilo que sabia que estava certo. Você tem coragem, Keely ".

"Sou apenas teimosa", ela respondeu. "O que vou fazer? Não tenho nada que possa vender que traria dinheiro suficiente para comprar uma passagem de avião para Jock".

"Iremos conversar com Hayes", disse a ela. "Ele vai saber o que fazer."

 E Hayes sabia. Eles arrumaram uma soma em dinheiro que Boone daria para atrair seu pai em uma armadilha. Keely já tinha dado o número onde seu pai poderia ser encontrado quando ela tivesse o dinheiro.

"Você não vai", ela disse a Boone quando ele e Hayes estavam discutindo quem iria levar o dinheiro para Jock.

"Como?" Boone perguntou arrogantemente

Ela corou, mas não iria recuar. "Você não vai. Todo mundo a minha volta ou é morto ou está em perigo, e você não vai se juntar a minha mãe no funeral. Deixe-o fazer. "Ela apontou para Hayes. "Ele sabe como lidar com criminosos. Ele é bom nisso. "

"Obrigado", Hayes disse.

"Eu estava com uma unidade de Forças Especiais no Oriente Médio", Boone lembrou Keely. "E voltei para casa."

Ela olhou para Hayes pedindo ajuda.

Ele fez uma careta. "Ok, eu vou trabalhar nos detalhes, enquanto você levanta o dinheiro. Com alguma sorte, podemos prender os homens. "

"Vou te telefonar", prometeu Boone.

Quando Hayes saiu, Boone observou Keely levemente divertido. "Você está com medo que eu me machuque."

Ela se mexeu em seu travesseiro. "Minha mãe está morta, porque o meu pai queria dinheiro. Não quero perder você... Quer dizer, não quero que Clark e Winnie percam você. "

Ele franziu os lábios. "Eu poderia ter torcido seu pescoço quando vi as fotos", disse ele conversando. “Eu poderia ter torcido o de Clark, também.”

"Eu sei que você não o quer comigo porque sou de outra classe social..."

"Pare com isso", ele murmurou. "Não quero ele contigo porque você é minha, Keely", disse ele bruscamente.

Calor espalhou por seu corpo como fogo. Certamente ela estava ouvindo coisas. Sua expressão disse.

"Teremos que fazer alguma coisa com essa auto-imagem." Ele riu. "Não sei por que você sempre achou que eu não te queria. Mesmo Clark percebeu que eu era ciumento como o inferno. "

"Você me odiava", ela exclamou. "Você me ignorava quando trazia Bailey para o Dr.Rydel!"

"Disfarce", ele respondeu. "Eu não sabia sobre o seu ombro", ele acrescentou, em um tom moderado. "Tudo que eu podia pensar era em meus defeitos. Eu já tinha provas de como uma mulher reagiria a eles. Você é tão jovem, Keely. Pensei que você era jovem demais para enfrentar. "

"Eu sou mais velha que aparento", ela respondeu.

"Nós dois somos." Seus olhos escuros intensificaram sobre o rosto dela. "Não me importo mais com os obstáculos. Nós vamos improvisar. "

Ela estava formigando pela maneira como ele olhava para ela, mas estava um pouco apreensiva. Era um mundo moderno, nos círculos freqüentados por Boone. Mas Keely estava vivendo no passado. "Eu nunca... eu nunca tinha... Não sei como..." Ela falou, exasperada.

"Eu sei tudo isso", disse ele suavemente. "Vamos devagar. Não vou te apressar. "

"Sim, mas isso não será problema", disse ela fervorosamente. "Não está vendo? Fui criada religiosamente, apesar dos maus modelos que meus pais eram. Eu não acredito que as pessoas deveriam dormir juntos, se não forem casadas. "

"Engraçado", ele retornou com um sorriso ", é exatamente da maneira que penso, também."

Ela pareceu parar de respirar. Seus olhos eram detidos pelo seu. Ela se surpreendeu. "É?" Ela repetiu.

"É. Então vamos aprender a nos conhecer muito melhor, e vamos fazer a longo prazo. Ok? "

Ela sorriu. Seu coração voava alto em seu peito. "Ok".

Ele deu um sorriso do fundo da garganta. Era a primeira vez se sentia feliz desde que seu calvário começou.

Ele retirou o dinheiro do seu banco, e telefonou para Hayes, Keely tinha que ligar para seu pai e combinar um horário e lugar para o dinheiro mudar de mãos.

"Você conseguiu!" Exclamou o pai dela. "Keely, você é uma maravilha! Isto irá salvar a minha vida! "

"Eu pensei que estava salvando a minha", ela respondeu desconfiada.

"Naturalmente, a sua!" Ele disse rapidamente. "Eu quis dizer que salvará a ambos! Onde quer que eu te encontre? "

"Pai, eu ainda estou no hospital", salientou ela.

"Oh! Está certo. Acho que eu poderia encontrá-lo no hospital, então ", disse ele.

Ela repetiu o que disse, de forma que Boone e Hayes pudessem ouvir. Hayes assentiu entusiasticamente.

"Sim, isso seria bom," Keely disse. "Quando você quer vir?"

"Dez minutos", disse ele, e desligou.

Ela colocou o receptor de volta para baixo. "Ele está a caminho", disse ela. Seu tom era amargo. "Ele disse que iria salvar sua vida. Ele não estava preocupado com a minha. "

"Eu sinto muito, Keely," Hayes disse a ela. "Mas ele não estava preocupado com o bem-estar das outras pessoas. Se ele estivesse, nunca teria enviado a Bobby cocaína totalmente pura, sabendo que iria matá-lo. "

Keely suspirou. "Eu tinha esperança de que," Ela interrompeu corada. "Bem, teria sido ótimo se ele se importasse um pouco comigo. Mas se tivesse se preocupado, teria mergulhado na jaula do leão da montanha sem pensar sobre as consequências quando a vida de um menino estava em jogo. "

"Que foi o que você fez", respondeu Boone.

Ela assentiu. "Eu não pensei em nada, só reagi. Meu pai foi processado pelos pais do garoto por causa disso, mas eles me chamaram para que eu ficasse em pé e descrevesse meus ferimentos que consegui tentando salvar o menino. A família ficou envergonhada e pediu para seu advogado retirar o caso. O menino nem sequer estava assustado, e não tinha nenhuma marca em cima dele. Mas o juiz não foi tão complacente. Ele disse que meu pai deveria ter mais segurança no local, e determinou um valor a pagar à família. Mas, papai tinha gasto todo seu dinheiro com sua bonita caça tesouro e teve que pedir emprestado para pagar a família do garotinho os honorários. Ele perdeu tudo. Ele deve pensar que lhe devo por isso. "

"Parece-me que ele te deve", disse friamente Boone.

"Mesmo aqui", Hayes concordou. "Seria melhor eu ficar aqui para ajudar. Vou falar com o guarda da segurança, também. "Ele deu uma olhada para Boone. "Você fica?"

"Pode apostar que sim", respondeu Boone com obstinação. "Não vou deixá-la aqui sozinha no caso do pai dela passar por você."

Hayes sorriu. "Eu não acho que ele vai, mas mais vale prevenir que remediar. Quer uma arma? "

Boone riu. "Eu nunca necessitaria de uma. Ainda não. "

"Certo. Grite se precisar de ajuda. Obrigado, Keely ", disse a ela.

Ela assentiu.

Hayes saiu e ela fitou curiosamente Boone. "Por que você não precisa de uma arma?" Ela perguntou a ele.

"Eu tinha a maior pontuação na minha unidade de combate corpo a corpo", disse ele simplesmente. "Eu até poderia desarmar os meus homens, quando me atacavam com armas."

Seus olhos brilharam. "Uau".

Ele deu de ombros. "É uma habilidade. Todos tem uma. "Ele sorriu para ela. "O seu é cuidar dos animais. Eu nunca te disse que Bailey morde? "

"Ele nunca me mordeu", disse ela, confusa.

"Você é a única pessoa que pode dizer isso", disse ele com um brilho no seu olhar. "Como eu disse. Você tem habilidades. "

Ela sorriu de volta.

Ele levantou-se e foi até a porta, abriu-a e olhou para os dois lados. Voltou para o quarto. Ele só virou em direção ao armário quando a porta abriu-se repentinamente e Brent Welsh entrou no quarto.

"Rápido, Keely, dê-me o dinheiro!" Ele disse a Keely abruptamente. "Hayes Carson está no andar de baixo, ele pegou Jock no minuto em que passamos pela porta! Alguém os avisou! "

"Então você deve estar seguro," Keely disse a ele. "Se Xerife Carson pegou Jock."

"Eu nunca vou ter dinheiro suficiente para estar seguro", disse ele. "Mas pelo menos posso ficar longe do bando de Fuentes. Onde está o-"

Em um movimento tão fluido que Keely quase perdeu, Boone capturou Welsh com um braço, colocado em torno dele e pregou-o na parede. Manteve-o lá com uma grande mão aberta enquanto sacava seu celular e apertava um botão.

"Deixe-me ir!" Brent suplicou ao seu captor. "Eu não posso ir para a cadeia aqui, eles vão me matar!"

"O que seria uma tragédia", Boone falou lentamente.

A porta foi aberta repentinamente e Hayes entrou, desligando o seu telefone celular. Abaixou sua Glock calibre 40 e deu uma olhada para Boone. "Você não esquece sua formação militar, não é?" Ele riu.

Boone forçou um sorriso. "Eu pratico com alguns touros no rodeio. Aqui ". Empurrou Welsh para frente para que Hayes pudesse algemá-lo.

"Keely, diga-lhes para me deixar ir!" Brent apelou para sua filha. "Sou inocente. Foi Jock! Ele fez isso! "

Keely sentia se mal. Ela quase acreditou nas falsas desculpas do pai. "Não posso ajudá-lo", disse ela tristemente. "Ninguém pode, agora."

O rosto de Brent obscureceu e ele começou a praguejar. Hayes fez uma careta e empurrou o homem para fora do quarto e entregou-o para um assistente.

"Desculpe por isso", disse a Keely. "Nós o tínhamos, mas ele escapou. Conseguimos pegá-lo agora, graças a você ", disse a Boone", bem como seu parceiro, também. Eu vou falar com você depois. Não se preocupe, Keely ", acrescentou. "Esses dois são acusados de assassinato no Arizona. Imagino que haverá uma audiência de extradição em breve. Bom trabalho, Boone. Se quiser trabalhar para mim...? "

"Eu não seria adequado", Boone disse a ele. "Praguejo de verdade."

Hayes fez uma careta para ele. »Crackers e Leite" é uma boa maldição ", ele informou ao seu amigo.

"Ha!"

Hayes saiu com sua dignidade intacta.

Boone aproximou-se da cama e puxou Keely para seus braços, cuidando para não tocar seu braço dolorido. "E agora podemos nos concentrar em tempos mais felizes", disse ele suavemente, sorrindo quando a beijou com ternura.

Ela tinha um quarto ao lado de Winnie no andar de cima, o mais belo quarto que tinha visto em sua vida. Ela tinha medo de caminhar sobre o tapete, que era de um puro branco, dramaticamente contrastando com o azul das cortinas, da colcha e o azul do azulejo do banheiro.

"Meu Deus, o banheiro é maior que todo o meu quarto em casa", ela exclamou enquanto Boone a carregava e deitava-a sobre a cama.

"Gostamos muito de espaço", disse a ela, sorrindo. "Confortável?"

Ela se afundou naquela maciez toda. "Oh, sim!"

Winnie e Clark entraram logo trás, trazendo flores e frutas.

"As flores vieram das meninas do consultório", Winnie disse a ela ", e as frutas do Dr. Rydel".

"Ele costuma te dar presentes?" Boone perguntou sombriamente.

"Só quando sou mordida por cascavel e acabo no hospital", ela disse-lhe solenemente.

Winnie e Clark explodiram numa risada.

Boone corou um pouco. "Pára com isso," ele murmurou. Ele puxou o chapéu sobre os olhos. "Tenho que começar a trabalhar com os meninos, na pastagem oeste. Estarei de volta a tempo de jantar. "Ele forçou um sorriso para Keely. "Quando você estiver melhor, você pode fazer alguns pãezinhos."

Ela riu, lisonjeada por ele ter gostado deles. "Ok".

"Mas ainda não", ele advertiu.

Ela bateu continência para ele. Ele riu em voz alta, acenou para seus irmãos, e os deixou com Keely.

"Imagino que," Winnie suspirou, sorrindo. "Você e Boone".

Keely corou. "Ele está apenas sendo amável."

"Você acha mesmo?" Clark meditou. "Eu não".

"Xô", Winnie disse a seu irmão. "Vou arrumar Keely, e vou trabalhar por algumas horas. Tenho que fazer uma troca no turno esta semana. "

"Você vale uma fortuna, e está trabalhando por um salário", Clark suspirou.

Winnie fez uma careta para ele. "Eu gosto de trabalhar em troca de salário."

Os olhos de Clark brilharam. "Você gosta de trabalhar com Kilraven".

Winnie corou. "Ele é apenas um dos caras com quem trabalho, agora que estou trabalhando em tempo integral."

Clark arqueou ambas as sobrancelhas e riu quando saiu.

"Além disso", disse Winnie a sua melhor amiga, "Kilraven não gosta de mim."

Keely tinha dúvidas sobre isso, mas não disse uma palavra. Apenas sorriu.

Winnie a ajudou colocar um vestido florido de algodão comprido até o tornozelo, com mangas largas e decote alto. Ela recuou ante as cicatrizes. "Coitadinha", disse ela com verdadeira simpatia. "Deve ter sido tão doloroso!"

Keely perdeu a autoconsciência com aquela expressão. "A maioria das pessoas teria dito como é horrível. Sim, foi terrível. Os primeiros dias foram os piores da minha vida. E depois, mesmo quando começou a sarar, tinham as cicatrizes. "Ela estremeceu e inclinou para trás no travesseiro com um suspiro. "Mas acho que foi realmente uma bênção disfarçada, porque Jock tinha acabado de sair da prisão após dois anos, e veio para cima de mim no dia em que chegou. As cicatrizes foram que me salvaram dele. Ele me achou repulsiva. "Ela olhou para Winnie significativa. "Eu tinha treze anos", disse ela amargamente.

Winnie sentou na cama ao lado dela e apertou sua mão. "Alguns homens são animais", disse ela suavemente. "Os homens costumavam vir em cima de mim quando eu ia a festas porque sabiam quem eu era, quem minha família era. Eles realmente não me queriam, eles queriam a riqueza e o poder que eu tinha acesso. Boone passou muito tempo fazendo ameaças. "Ela riu. "É por isso que gosto de trabalhar na central de emergências", acrescentou. "Algumas das pessoas mais novas não sabem que venho de uma família abastada. Eles me tratam como se fosse uma deles. É lisonjeiro ".

Keely estava curiosa. "Kilraven sabe quem você é."

Winnie assentiu. Ela franziu o cenho. "É estranho, ele parece não se importar." Ela hesitou, olhando para baixo em seu colo. "Mas a maior parte do tempo ele me trata exatamente como os outros auxiliares".

"Eu sempre sonhei com Boone," Keely disse. "Nunca pensei que ele sentiria a mesma coisa por mim."

Winnie riu. "Eu tinha um palpite sobre isso quando ele saiu e bateu no detetive particular", ela meditou. "Não é como Boone. Não foi só culpa, também. Ele pode pensar que você é muito jovem, Keely, mas parece ter aceitado sua idade. "

Keely sorriu. "Sou velha para minha idade", disse ela secamente.

"E eu digo amém a isso!"

 

Boone chegou em casa empoeirado e cansado, tinha ajudado a mudar o gado dos pastos de verão para outro mais próximo, onde ficariam até poderem ser transferidos para um confinamento de engorda e completarem 01 ano de idade.

Era um longo e árduo processo, e sempre tinha alguém machucado. Felizmente, Keely notou, não era Boone.

"Você paga ao seu capataz uma fortuna para fazer esse trabalho e, em seguida, sai e trabalha com ele," Winnie perturbou-o quando ele entrou no quarto de Keely depois de ter tomado banho.

"Eu não sou talhado para a vida de um cavalheiro do ócio", salientou ele, sorrindo. "Como você está, garota?", perguntou a Keely.

"Muito melhor", ela garantiu a ele. "Você já ouviu alguma coisa de Hayes Carson?"

Ele balançou a cabeça. "Ele vai entrar em contato conosco quando tiver algo a dizer. Enquanto isso pare de se preocupar. Você está segura aqui. "

Ela sorriu. "Eu sei. Não foi isso. Eu só pensei. "

"Eu estou faminta", disse Winnie. "Quando vamos comer?"

"Mrs. Johnston se superou” Winnie respondeu com um sorriso. "Carne guisada e broa de milho mexicano."

"Digno de um dia todo de trabalho", disse ele. "Vou trazer o seu", disse a Keely.

"Eu poderia descer", ela começou.

"Não até Coltrain dizer que você pode", ele respondeu firmemente. "Nós não queremos uma recaída, agora, não é?"

"Eu acho que não. Meu braço está melhor "disse ela, movendo-o delicadamente. "O inchaço diminuiu muito."

"Maldita cobra", ele murmurou.

"Isso foi exatamente o que eu disse quando ela apareceu", Keely garantiu a ele.

Ele forçou um sorriso. "Você devia ter olhado melhor." Seus olhos deslizaram sobre o vestido florido. Eles eram ousados e possessivos.

A lembrança daquele olhar a manteve ocupada durante todo o jantar. Ele mesmo o trouxe, em uma bandeja, para o divertimento de Winnie, Clark e Sra. Johnston, e acrescentou uma flor em um vaso na bandeja.

Após a ceia, Winnie foi direto para seu quarto mudar de roupa. Clark saiu. Boone colocou pijamas e um robe e caminhou para o quarto de Keely com uma pasta de arquivo na mão, óculos de leitura e um lápis sobre uma orelha. Ele empilhou tudo na cama com Keely, apoiando-se em dois do monte de travesseiros que a Sra. Johnston tinha trazido para ela. Ele abriu a pasta e começou a ler.

Keely estava fascinada. "O que você está fazendo?"

"Trabalhando nos relatórios de programas de melhoramento genético das nossas vacas e bezerros que o capataz me trouxe", disse a ela. "Temos raça com determinadas características, como baixo peso e estrutura magra, e usamos os computadores para fazer projeções." Mostrou-lhe a informação sobre as páginas.

"Não. Quero dizer ... quero dizer, o que está fazendo aqui, desse jeito? "Ela indicou o seu roupão e pijama.

Ele deu-lhe um sorriso conspiratório. "Estou dormindo com você."

"Não!" Ela engasgou. "Em primeiro lugar, não posso-"

"Dormindo", destacou. "Você fecha os olhos e a próxima coisa que você descobre, é de manhã."

Ela relaxou um pouco, mas ainda estava desconfiada.

"Todas as portas estão abertas", ele assinalou, indicando o corredor. "Elas vão ficar abertas. Ninguém vai perceber que estou aqui. "

Winnie passou pela porta e sorriu. Ela parou de repente, virou-se e encarou-os.

Boone olhou com raiva para ela. "Qual é o problema com você?" Ele perguntou à irmã. "Nunca viu um homem em pijamas e robe antes?"

"Você está na cama com Keely", afirmou. "Ela ainda está frágil", acrescentou preocupada.

"Isso é verdade, mas o amigo do pai dela é um artista para escapar", ele concordou. Ele alcançou seu bolso e puxou um Smith & Wesson calibre 38 de uso especial da polícia. Guardou-a novamente. "Ninguém passa por mim."

Winnie parou olhando chocada e começou a sorrir. "Entendi."

"Bom. Enquanto você está por aí, o que acha de pegar Bailey e sua cama no meu quarto e trazer os dois para cá? ", Acrescentou. "Ele vai começar a ganir se a luz se apagar e estiver sozinho lá dentro."

"Vai mesmo", Winnie disse a Keely. "Ele acha que Boone vai morrer se não estiver lá para protegê-lo."

Keely sorriu. "Ele é um doce de menino velho".

"Quem, eu?" Boone provocou, olhando para ela maliciosamente sobre seus óculos de leitura.

"O cachorro!" Ela enfatizou.

"Ah." Voltou para a sua planilha, esquecido do mundo.

Winnie riu. "Vou pegar Bailey."

 Ela o trouxe. E também trouxe Clark e Sra. Johnston. Todos olharam do corredor, fascinados. Boone nunca trouxe uma mulher para o andar de cima, e lá estava ele na cama, em seu pijama, com Keely.

Clark começou a falar. Boone levantou a arma, exibiu-a, colocou-a de volta no bolso, sem tirar os olhas dos relatórios.

"Eu não disse nada!" Clark protestou. "Você não deve ameaçar as pessoas com armas, apenas porque estão curiosas!"

"É para amigo do mal do pai de Keely", Winnie disse a ele.

"Ah. Oh! "Clark finalmente entendeu. "Ok".

Sra. Johnston sorria de orelha a orelha. Seus cabelos brancos pareciam vibrar. Ela,Clark e Winnie ficaram apenas, olhando e sorrindo. Boone alcançou o outro bolso e tirou um estojo de jóia, do tamanho suficiente para conter um anel. Mostrou-o, ainda sem tirar os olhos do relatório, e guardou-o novamente. Agora Keely estava parecendo sem fôlego, também.

"Aqui está Bailey e sua cama", Winnie disse enquanto colocava o cachorro e sua cama ao lado da cama de Boone. "Vamos fechar a porta ao sairmos."

"Você não vai fazer isso", disse Boone bruscamente a ela. "Esta é uma família respeitável. Nada de imoralidades escadas acima. "Ele olhou com desdém para Clark. "De ninguém."

Clark agitou as mãos. "Uma vez, apenas uma vez, escapei com uma menina para meu quarto para fins imorais. Ele nunca esquece! "

"Foi um ato de caridade", Winnie desaprovou Boone. "Ele encontrou-a vagando sozinha em uma esquina e a trouxe para casa para colocar um cobertor em torno dela."

Todos explodiram numa risada, até mesmo Clark.

"Tudo bem, isso é suficiente. Todo mundo fora. Eu tenho trabalho a fazer, então vamos ter uma noite de sono decente. "Deu uma olhada para Keely, que estava olhando-o abertamente venerando com os olhos. Ele sorriu carinhosamente. "Alguns de nós poderia aproveitar mais do que outros."

"Não vou discutir com isso", respondeu Keely.

Enquanto eles se olhavam, a audiência desapareceu.

Boone deu uma olhada para a entrada e riu no fundo da garganta dele enquanto olhava para sua companheira de cama. "Eu tenho más intenções em mente", ele confidenciou em um tom baixo", mas provavelmente eles estão escondidos a dez metros da porta, à espera do desenvolvimento. Então nós temos que nos comportar."

Ela suspirou profundamente. "Ok", ela respondeu. Sua mão, sob o lençol, alcançou e tocou seu musculoso braço. Ela fechou os olhos, confortada pelo contato. "Há vários dias, tenho medo de dormir", ela sussurrou. "Agora não estou."

Ele passou uma mão sobre seu cabelo loiro. "Vai dormir", disse ele. "Vou mantê-la segura."

"Sei que sim."

Ele voltou para o relatório. Segundos mais tarde, no longo silêncio que se seguiu,os três começaram a espreitar cautelosamente a porta.

"O quê?" Boone perguntou agressivamente.

Ele voltou aos relatórios. Bailey subiu em sua cama, rodou algumas vezes, deitou e bocejou e voltou a dormir.

 Na manhã seguinte, Keely ouviu um carro chegar. Ela abriu os olhos lentamente, desorientada. Estava deitada ao lado de um quente e duro corpo que a abraçava suavemente contra ele. Estavam ambos sob as cobertas.

Boone olhou para ela calorosamente. "Pronta para o café da manhã?" Ele perguntou suavemente. "Eu ouvi movimentação na cozinha."

Ela enroscou-se mais perto. "Eu poderia comer."

Estavam ambos em seu lado da cama e, aparentemente, tinha estado próximos assim a noite toda. Keely sentia-se tão segura e acolhida que estava relutante em se mover.

Vozes murmuraram no andar de baixo, e pesados, rápidas passadas vieram das escadas. Hayes Carson entrou, o uniforme um pouco amassado, e o cabelo castanho com mechas loiras despenteado sob seu Stetson.

Ele parou, levantando as duas sobrancelhas.

Boone bocejou. "Eu tenho uma arma", ele murmurou.

"Eu não disse nada ainda", protestou Hayes.

Boone olhou com desdém para ele. "Para proteger Keely", acrescentou.

"Ah."

Hayes caminhou para a cama, atirou o chapéu sobre o chão acarpetado, subiu do lado de Boone e deitou no travesseiro. "Deus, estou cansado! Passei a noite toda ajudando a interrogar o pai de Keely e seu amigo. "

"Fique a vontade", Boone disse sarcasticamente.

"Obrigado, eu estou", respondeu Hayes. "Esta é a cama mais confortável em que já estive ", acrescentou. Ele alcançou seu chapéu e colocou sobre os olhos. "Eu poderia dormir por uma semana!"

"Diga-me o que você está fazendo aqui primeiro", disse Boone.

"Para salvar a sua pele, o pai de Keely fez um acordo. Ele entregou seu amigo Jock em uma acusação de assassinato. Parece que Jock matou uma mulher no Arizona. Ele era o principal suspeito, mas eles não tinham provas para condená-lo. O pai de Keely tem um relógio que pertenceu à mulher morta, e pode colocar Jock lá no momento do assassinato. "Ele sorriu sob o chapéu.

"E o meu pai?" Keely quis saber.

"Três a cinco anos, como cúmplice. Nós conversamos com o oficial da D.A. ontem à noite, também. "

"Talvez isso o ensine algo", disse Keely, mas não soou convincente.

"Não espere milagres", avisou Boone. "Com delinqüentes, raramente acontecem."

"Como você," Hayes se ajeitou debaixo do chapéu e cruzou suas longas pernas.

Houve o som de outro carro chegando. Uma porta de carro bateu. Vozes murmuraram. Outro som de passos, mas estes eram leves e rápidos, e quase indetectáveis.

Kilraven parou na soleira da porta, olhando. "Bem, essa é a lei da cidade", ele murmurou. "Sai no meio de um interrogatório e deixa o trabalho duro com a legislação local!"

"Cale a boca, Kilraven," Hayes disse agradavelmente. "Ainda não dormi desde a noite de ontem."

"Tal como eu !" Kilraven atirou de volta, olhou com cara feia e deu de ombros. "Inferno, talvez você esteja certo. Um pouco de descanso pode nos animar. Oi, Keely ", ele cumprimentou enquanto mergulhava com os pés fora da cama e esparramava-se por cima dos pés de Hayes. "Diga-me, se esta não é realmente uma cama macia", ele murmurou, fechando os olhos.

Houveram outros passos. "Ninguém vai descer para o café da manhã ...?"

Winnie ficou parada na porta, absolutamente chocada. Havia quatro pessoas na cama. Duas delas estavam de uniforme.

"Não vou trazer bandejas aqui", ela anunciou. "Quem quiser café da manhã terá que buscá-lo lá embaixo." Ela forçou um sorriso. "Há o suficiente para os acompanhantes, também."

"Nós somos os acompanhantes?" Hayes perguntou enquanto dormia.

"Aparentemente", Kilraven respondeu.

"Eu suponho que todos nós temos que levantar", Hayes suspirou.

"É minha cama", Boone salientou. "E Keely e eu estávamos aqui primeiro".

Hayes sentou com o cenho franzido. "O que você está fazendo na cama com Keely?"

Ele mostrou o revólver de seu bolso.

"Arma!" Kilraven exclamou.

Boone apenas balançou a cabeça e riu.

Os convidados ficaram para o café da manhã e depois seguiram seu caminho. Kilraven estava dando uma olhada estranha para Winnie. Ela estava subjugada por ele agora. Era como se toda diversão e alegria borbulhante a tivesse deixado para sempre. Ela sabia que não havia chance de que se importasse com ela, de maneira permanente, e ela não era do tipo de relações temporárias. Isso partia seu coração.

Kilraven tentou captar seu olhar enquanto ele e Hayes alcançavam a porta da frente, mas ela não olhou para ele. Disse adeus em um tom perfeitamente natural e agradável e voltou para a mesa. Kilraven estava franzindo as sobrancelhas quando saiu.

"Não tem uma reunião com alguns pecuaristas de fora hoje?" Winnie perguntou a Boone.

"Sim, por um par de horas. Eles querem ver os nossos laboratórios de inseminação artificial. "

"Eu tenho que começar a trabalhar", disse Winnie relutantemente. Ela deu uma olhada para Keely. "Clark já foi para Dallas para uma reunião com alguns investidores, e a Sra. Johnston foi às compras."

"Bailey vai me proteger", ela disse a eles, acariciando o velho cão.

"Você não precisa de proteção agora", disse Boone suavemente. "Seu pai e Jock estão seguros atrás das grades no centro de detenção em San Antonio. Eles não perdem prisioneiros. "

"Assim ouvimos", Winnie tinha que concordar. "Certifique-se de manter as portas trancadas", ela advertiu Keely.

"Claro que sim", disse ela, sorrindo. "Não se preocupe. Eu sobrevivi a uma mordida de cascavel. "

"Você é resistente", Winnie tinha de admitir. "Estarei de volta assim que sair do trabalho. Cuide-se. "

"Você, também," disse suavemente Keely.

Winnie inclinou-se para beijá-la e a Boone antes de sair para seu trabalho. Ela conseguiu esconder o seu desgosto deles, não queria estragar a felicidade dos outros.

A casa estava muito quieta, com apenas eles dois, ambos ainda em seus pijamas. Boone olhou para Keely com uma expressão que ela nunca antes tinha visto em seu rosto. Ele levantou-se lentamente, puxou-a de sua poltrona, colocado-a em seus braços e encaminhou-se para as escadas.

"Hora da sobremesa", ele sussurrou, curvando-se para a boca dela.

"Era café da manhã. Não tem sobremesa no café da manhã. "

"Sim, nós temos."

Ele beijou-a avidamente. Após alguns segundos, Keely se esqueceu de protestar, seu braço bom envolveu o pescoço dele e beijou-o de volta com entusiasmo. Ele riu suavemente com sua ânsia inocente, e avançou para ensinar-lhe a técnica correta. No tempo em que levou para chegar ao quarto dele, ela já estava pronta para passar ao nível seguinte.

Deixou-a tempo suficiente apenas para fechar e trancar a porta. Seus olhos brilhavam com a força de seu desejo. "São anos", ele disse impaciente, seus olhos escuros brilhavam para os dela. "Eu quero você".

Ela estava sem fôlego, assustada, alegre, tudo de uma vez. Mas os velhos receios a afligiam.

"Eu sei", disse ele suavemente. "Você quer esperar por uma cerimônia. Isso levará semanas. "Ele puxou-a para ele, empurrou seu quadril contra a dureza do seu corpo. "Não me faça esperar", ele sussurrou roucamente.

"Boone ..." Ela estava dividida, atormentada.

Ele alcançou seu bolso e tirou um estojo de jóia. Abriu-a. No interior estava um solitário de esmeralda e um par de alianças em ouro amarelo ornadas com esmeralda e diamante. "Todos nesta casa sabem que pretendo casar com você. Tenho esses anéis há semanas, à espera de Hayes ter provas suficientes para colocar a maldita Misty e seu pai fora de circulação! Um pedaço de papel com um carimbo não fará muita diferença. Com este anel ", disse ele carinhosamente, deslizando o solitário de esmeralda em seu dedo," Eu te desposo. O resto virá depois. Eu te amo, Keely ", acrescentou ele com reverência. "Vou amar você até o dia da minha morte. Quer casar comigo? "

Ela mal podia ver o anel ou ele pelo borrão de lágrimas. "Sim", ela sussurrou.

Ele inclinou-se e tocou suavemente seus lábios com os dele, provocando-os a separar, permitindo a longa e lenta invasão de sua língua na boca dela.

Ela arfou com a carga de paixão tão poderosa como um brilhante relâmpago, abalando seu esbelto corpo. O choque estava nos olhos dela que encontraram os dele.

"Começamos aqui, agora, Keely", disse solenemente. "O primeiro dia do resto das nossas vidas. Deixe eu te amar. "

Ela já tinha ido longe demais para pensar em recusá-lo. As mãos dele estavam sob o vestido, desviando a atenção dos seus receios sobre as cicatrizes. Ela fechou os olhos, gemendo suavemente, enquanto os dedos deles acariciavam habilmente seus seios, seguindo para sua boca faminta.

"Sim", ela sussurrou indecisa. E por muito tempo, minutos apaixonados, ela não disse mais nada.

Ele parou o tempo suficiente para protegê-la. "É muito cedo para os bebês", ele sussurrou contra seus úmidos seios. "Temos um monte de coisas para fazer primeiro. Então, quando estivermos confortáveis um com o outro, eles virão naturalmente. "

"Adoro crianças," ela disse suavemente.

Ele sorriu. "Eu também."

Seu braço protestou quando ela se aproximou dele, mas ela ignorou a dor. Ele a agradou por um longo tempo, até que ela estivesse tremendo de desejo, implorando pelo fim da sua angústia. Naquele momento, ela sentiu-o perder o controle. Ela arqueou ansiosamente para encontrar a dura descida do impulso do seu corpo tenso, clamando suavemente, quando a barreira protestou pela invasão.

Ele hesitou, seu corpo inteiro pulsando. "Machuquei você", ele disse aflito.

"Só um pouco", ela sussurrou, porque ele parecia ferido também. "Não pare".

"Como se pudesse", conseguiu dizer. Ele riu enquanto se movia novamente, e então gemeu, compelido à satisfação, impotente para se conter.

Ela se movia com ele, com cega necessidade, pulsando com deleite que crescia nitidamente e mais prazeroso a cada segundo. Ela sentiu-o como uma intimidade que nunca sonhou ser possível. Seu último pensamento foi que o resultado iria matá-la. O prazer era tão intenso que, no final, ela gritou muito alto em um tom que nunca ouviu sair de sua garganta na vida.

Eles permaneceram unidos. Ele estava exausto e mal podia respirar. Embaixo dele, Keely estava segurando-o apertado, com as unhas curtas enterradas em seus músculos, ainda movendo-se contra ele sem resposta enquanto o prazer corria e inundava seu inexperiente corpo. Ela estava apenas aprendendo que o pico na verdade não é o pico. Ela podia sentir os ecos daquele intenso, devastador clímax acontecia uma e outra vez, apenas movendo-se do jeito certo.

Ele a desejava novamente, mas sua magra mão pegou seu quadril e a tranqüilizou. "Chega", ele sussurrou. "Você é muito nova nisso. Será desconfortável se não parar ".

"Ah", ela protestou.

Ele beijou-lhe carinhosamente. "Além disso," ele sussurrou, "estamos brincando com a sorte. Estas coisas só são boas para uma utilização. Elas podem estourar. "

Ela abriu os olhos e olhou para ele. "Podem?"

Ela parecia quase esperançosa. Ele riu. "É raro, acontecer. Não precisamos de um bebê agora, no início do nosso casamento. "

"Tem certeza que não?" Ela perguntou.

Ele beijou-lhe novamente. "Tenho certeza. E não é porque não queira ", ele esclareceu. "Quero um tempo para nós, vamos viajar e nos conhecer."

"Viagens".

Ele riu. "Em qualquer lugar que você queira ir."

"Quer dizer, poderíamos ir para Wyoming e ver o Old Faithful*?" Ela perguntou entusiasmada.

Ele apoiou-se sobre um cotovelo. "Eu estava pensando em algum lugar mais exótico".

* o mais conhecido gêiser do Parque Nacional de Yellowstone

"Ah. Como Flórida ", ela assentiu.

Ele olhou com cara feia. "As pirâmides. Chichen Itza. Sacsayhuaman. Zimbábue. Esses lugares. "

"Quer dizer, ir para o exterior?" Ela exclamou. "Nós poderíamos fazer isso?"

Ele estudou extasiado, seu bonito rosto e sorriu de novo. "Sim. Poderíamos fazer isso."

"Uau".

Ele beijou-lhe mais uma vez e retirou-se, recuando quando ela recuou. "Eu disse a você", ele murmurou. "É preciso tempo e prática para evitar essas pequenas armadilhas."

"Suponho que sim." Ela olhou para o seu vasto peito, onde cicatrizes profundas o atravessavam. Havia mais sobre sua barriga, e uma muito pior, em sua grossa coxa. Ela se aproximou e tocou-as, experimentando a rigidez dos sulcos com a ponta dos seus dedos, explorando. "Medalhas de honra", ela murmurou em voz alta.

Ele estava observando-a, seus olhos escuros vivos e alertas. Ele sorriu. "Tenho consciência delas durante anos."

"Não são tão ruins", ela respondeu.

Os olhos dele estavam nos ombros dela, as cicatrizes dela eram tão profundas quanto as dele e menos cuidadas. "Se você quiser fazer uma cirurgia plástica, pode", disse a ela. "Mas eu amaria você mesmo se você não tivesse um braço ou uma perna. Nada vai mudar a maneira como me sinto. Não me importo com suas cicatrizes. "

"Não me importo com as suas." Ela se aproximou e beijou seu peito, onde era mais áspero, e os sulcos cruzavam, na diagonal. "Estou tão feliz que aquela estúpida mulher fugiu de você", ela murmurou.

Ele riu. "Eu também, agora."

Ela aconchegou-se a ele, mais segura e menos embaraçada. Parecia ser uma coisa natural, esta combinação de corpos. Era sem dúvida gratificante.

Ele a envolveu em seus braços, cuidando para não machucá-la. Ele fechou os olhos. Nunca tinha sido tão feliz em toda sua vida.

Ele tinha planejado um grande casamento, mas a sua consciência exigiu algo mais breve, então no dia seguinte, ele e Keely procuraram o gabinete do juiz em Jacobsville e casaram-se.

"Você realmente é modesto," Keely provocou-o enquanto andavam na rua usando as alianças de casamento e com a licença na bolsa de Keely.

Ele deu de ombros. "O sujo falando do mal lavado", ele respondeu, sorrindo ternamente.

Ela se pressionou contra ele, ainda um pouco fraca e vacilante da picada de cobra, mas estava tão feliz que achava que ia explodir. "Há uma coisa que temos que fazer", disse ela relutantemente.

"Sim. Quer ligar para Carly, ou quer que eu ligue? "

Ela entrelaçou seus dedos com os dele. "Vou ligar para ela."

Eles fizeram o enterro uma semana depois, uma pequena cerimônia no cemitério, onde Ella Welsh foi enterrada ao lado dos pais. Foi um triste interlúdio num turbilhão feliz, porque Winnie tinha insistido em uma festa de casamento. Boone e Keely relutaram mas o entusiasmo de Winnie era contagiante.

Então eles se casaram no outono, com as arvores exibindo uma gloriosa cobertura vermelha e dourada, e crisântemos no buquê de Keely. Ela jogou-o fora da igreja e assistiu com diversão as damas de honra brigando para pegá-lo. Mas quem levou a melhor, foi um homem, Hayes Carson, pegou o buquê. Ele deu um amplo sorriso e saudou cortesmente todos, quando olharam para ele. Um irritado Dr. Bentley Rydel também compareceu ao casamento, juntamente com colegas de Keely, e Carly que chorava baldes e dizia que Keely era a noiva mais linda que já tinha visto.

Boone e Keely viajaram por um mês, passeando pela Espanha, África e grande parte da Europa. Eles voltaram para casa cansados da viagem, mas com belas lembranças.

"Você não está feliz por ir aos chás e jantares, não é?" Boone perguntou quando terminaram o jantar e estavam sentados na frente da lareira na sala.

"Não fui talhada para isso", ela respondeu preocupada.

Ele deu uma risada e a puxou para perto dele. "Então, faça o que quiser."

"Eu gostaria de voltar a trabalhar para o Dr. Rydel", disse ela lentamente. "Acho que você não gostaria disso."

Ele olhou para ela fixamente, para seus suaves olhos verdes. "Nós já tínhamos concordado que você tem dons, e que se aplicam aos animais. Acho que seria uma boa idéia. Terá dias em que estarei fora da cidade a negócios, e terei oficinas e conferências para ir. Você pode me acompanhar a algumas delas, mas você não gostará de estar na estrada muito tempo. Trabalhe para Rydel. "Ele beijou-a. "Só não se esqueça de onde você vive e de quem te ama".

Ela sorriu e beijou-o de volta. "Eu nunca poderia esquecê-lo."

Ele se esticou e bocejou. "Clark tem uma nova garota, Winnie contou," ele murmurou após um silêncio pacífico. "Uma boa, desta vez. Ela trabalha em uma biblioteca. "

Keely sorriu. "Bom para Clark. E quanto a Winnie? "

Ele hesitou. "Não sei. Ela mudou. Ela tem estado calada ultimamente. Provavelmente sonhando acordada com Kilraven. "Ele balançou a cabeça. "Esse pássaro não vai sossegar em uma cidade pequena. Ele sempre viveu em grandes cidades. "

Keely prometeu a si mesma que arrumaria um tempo para falar com sua melhor amiga e deixá-la colocar tudo para fora.

"Dormindo?", perguntou.

Ela esfregou o nariz contra seu ombro. "Não de verdade. Por quê? Você tem algo em mente? "Ela provocou.

"Na verdade, tenho." Ele se inclinou mais perto, tocou suavemente a boca com a sua. "Pãezinhos."

Despreparada, ela explodiu numa risada. "Pãezinhos?"

"Não tive um pãozinho decente desde que nos casamos", ele assinalou, "e agora você está curada. Além disso, ninguém faz pão como você. "

"Bom, se esse é o modo como se sente, eu adoraria assar alguns pãezinhos para você!" Ela respondeu. Seus olhos brilharam divertidos. "Mas preciso de um pouco de incentivo, em primeiro lugar."

Ele franziu os lábios. "Que tipo de incentivo?"

"Seja inventivo", ela provocou.

Ele se levantou, pegando-a em seus braços, e foi para a escada. "Atividade inventiva", ele garantiu com uma risada alta, "é o meu nome do meio."

Ela enfiou o rosto sob seu queixo e ouviu a pesada e dura batida do seu coração e sorriu com antecipação. Ela sentia como se estivesse sendo reembolsada por todos os longos anos de solidão e tristeza que tinha sofrido. Suas cicatrizes, ela concluiu, não importavam tanto afinal. E a felicidade que tinha encontrado com Boone valia cada uma delas.

 

                                                                                            Diana Palmer

 

 

                      

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