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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


LÍQUIDO CARMESIM / Carol Lynne
LÍQUIDO CARMESIM / Carol Lynne

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

LÍQUIDO CARMESIM

 

Neo Manos, filho de Zeus, viria a se tornar o Rei do Reino, que regem as Criaturas Bentas que vagam pela terra. Tudo mudou quando Neo foi sequestrado e torturado por mais de 400 anos nas mãos de um vampiro.

Depois de ser transformado em um dos monstros que tinha vindo a desprezar, Neo se recusou a tomar o seu lugar de direito como Rei. Como poderia razoavelmente governar o reino, se odiava o que havia se tornado?

Na tentativa de fazer as pazes com o filho de Zeus, os deuses criaram um companheiro perfeito para Neo.

Michael era tudo o que Neo tinha desejado e tudo o que sabia que não merecia. Com o sangue destinado a impulsionar a Neo para o próximo nível de sua evolução, Michael rapidamente se torna o alvo dos inimigos de Neo.

Logo se tornará uma batalha diária, manter seu companheiro seguro e beber do Líquido Carmesim para evitar o crescente desejo de beber o sanque que flui das veias de Michael.

 

 

Com a música de Paganini[1] ao fundo, Neo Manos estava sentado em seu estúdio de frente à grande janela, da qual se enxergava o vinhedo que tanto amava. Depois de novecentos anos, a videira tinha começado a ser seu amante e o vinho seus descendentes.

“Quase é tempo,“ murmurou para as fileiras de grandes uvas. A colheita era uma espécie de renascimento. As grandes e suculentas uvas que ele e seus trabalhadores tinham passado um ano inteiro preparando para ser colhidas, lavadas e catalogadas antes da prensagem. Neo cantarolava uma música, tomando essa energia para encher sua alma.

Tomou um gole de seu vinho especial e imerso na música começou a sentir suas pálpebras pesadas.

Imagens chegaram através de seus olhos: cadeias, sangue, muito sangue, ele em uma mesa, estacas de ferro atravessavam seu corpo mantendo-o deitado.

Neo despertou com um grito, o suor cobria seu rosto e peito. A porta abriu e seu mordomo de muitos anos, Joseph, entrou no estúdio.

“Está bem? Vossa Alteza.”

Secando a testa com o punho de sua camisa, Neo não se incomodou em virar. “Já te disse a seiscentos anos que não me chame dessa forma,“ grunhiu.

“A gente é o que é. Você terá que me matar antes que deixe de tratá-lo com o respeito que merece a sua posição.”

Neo moveu sua mão. “Deixe-me.”

Ouviu a porta fechar-se enquanto tomava seu copo de vinho. Quantos séculos teriam que passar para que os pesadelos terminassem?

As noites passadas no vinhedo eram tudo para Neo.

Lá fora, caminhando entre as fileiras de uvas que tinha ajudado a plantar, isso era sua religião, sua igreja, seu santuário. O vinhedo. “Le Uve del Regno”, ou Uvas do Reino, era o seu tudo.

Os gritos de lamento de vários de seus empregados enchiam o forte ar noturno. Neo levantou a vista à lua cheia e sorriu. Sabia que seus trabalhadores selecionados caçavam nas colinas. Em ocasiões, como esta noite, Neo desejava unir-se a eles. O que poderia ser igual a ser parte de uma manada? Sentir o entrosamento dos companheiros?

Ele viu as fileiras de videira que os were-felinos[2] trabalhavam somente com a luz da lua fazendo sua colheita.

Os Felinos realmente eram os melhores trabalhadores em sua opinião.

Todos eles pediram a Neo um lugar para passar os dias ao sol em sua forma de gato, e eram mais que felizes de trabalhar a noite inteira em sua forma humana, colhendo e preparando as uvas.

Os lobos eram necessários, mas não para a produção.

Suas grandes mãos tendiam a destroçar mais do que colhiam. Não, Neo necessitava aos lobos para a proteção e eles eram uma feroz e leal manada.

Um movimento ao final da linha captou sua atenção.

Neo ia falar com um de seus guardas, mas se deteve, quando uma nuvem se moveu, descobrindo a lua cheia, iluminando ao homem.

Spiro. Quanto tempo tinha passado desde que tinha visto seu irmão?

Spiro se aproximou. De novo, Neo recordou o quão diferentes eram. Onde Neo era escuro, Spiro era pura luz, com um comprido cabelo branco até os ombros e olhos cinza pálido.

“Irmão,“ Spiro saudou.

“O que está fazendo aqui?“ Neo perguntou, limpando as mãos nas calças. Inclusive depois de todos estes anos separados, a presença de Spiro ainda fazia a Neo sentir-se incômodo. Não é que não amasse a seu irmão. Depois de tudo eles tinham compartilhado a mesma mãe, mas Spiro fazia que Neo quisesse coisas que simplesmente não eram possíveis desde que tinha trocado.

Spiro se deteve. Seu rosto revelou uma expressão dolorosa. “Senti saudade.”

“E eu sinto saudade, mas sabe por que deve ser desta maneira.“ Suas emoções ameaçavam tirando o melhor dele. Ele e Spiro uma vez tinham sido inseparáveis, mas as coisas mudaram Neo tinha trocado. Ele levantou a mão para evitar que Spiro se aproximasse mais.

Spiro seguiu a indicação. “É tempo, Neo. “

Neo não se moveu. “É a mesma pergunta que os deuses e você me fazem a cada cem anos. Não.”

Spiro suspirou. “O mundo te necessita, irmão. Fiz tudo o que pude nos passados oitocentos anos, mas é tempo de uma mudança, não posso guiá-los dentro deste novo século. Não sou suficientemente forte.”

Neo bufou. Seu irmão tinha sido um fantástico líder para todas as espécies não humanas que eles chamavam Criaturas Bentas. Ele olhava a fértil terra sob suas botas.

Tinha que admitir que o mundo tivesse mudado. Spiro era um governante para as espécies e provavelmente também para os weres, fadas, vampiros. Eles tinham começado a tomar vantagem da alma gentil de Spiro. “Que tipo de líder eu poderia ser? Nem sequer posso sair durante as horas do dia. LaMont se assegurou disso.”

“LaMont está morto,“ corrigiu Spiro.

Assassinado por suas próprias mãos há seiscentos anos.

“Precisa deixar o passado.“

“Fácil de dizê-lo, irmão. Você não foi torturado e nem convertido em um monstro.”

Spiro sacudiu a cabeça. “Possivelmente tenha razão. Não está preparado para ser líder. Como pode ser líder de uma raça se te envergonha de ser parte dela?”

Neo retornou sua atenção às uvas ao seu lado. “Terminou?”

“Não. Quero te pedir um favor.”

“Se tiver que ver com que deixe minha casa, a resposta é não.“

“Tenho um filho,“ disse Spiro. ”O Reino está começando a ser muito perigoso para ele. Perguntava-me se poderia cuidar dele por mim.”

Surpreso, Neo girou e riu. “Um filho? Desde quando sai com o sexo feminino?”

“Michael é filho de meu coração não de meu corpo. Criei-o pelos passados vinte e cinco anos. Uma piscada de olhos para nossa longa vida, mas nem por isso é menos querido para mim. “

A suspeita se infiltrou na mente de Neo. “Ele é humano.”

“Não, mas ele não é um lutador.“ Spiro deu um passo aproximando-se. ”Ele não pode proteger a si mesmo. Rogo-te que o faça por mim.”

“Não teme que drene ao menino, caso se aproxime de mim como drenei a você?“ Embora fosse uma elucidação ao ar, nem por isso foi menos dolorosa.

“Humm, essa era uma de minhas preocupações. Foram tomadas medidas que se assegure que isso não possa acontecer.”

“Quais? “

“Seu sangue é mortal para você se tentar tomá-lo contra sua vontade.”

Neo riu. “E se supõe que isso seja um incentivo? Não tem idéia de quantas vezes tratei de me assassinar? O monstro em que me converti não me deixa. Caminhei sob o sol e me queimei. A dor é tão intensa que gritei por dias, ainda assim não morri. “

Neo continuou a rir, “A morte é bem vinda.”

“Não a do Michael. Mas se o usa para morrer, isso o mataria também.”

Esse novo pedaço de informação surpreendeu a Neo.

Ele conhecia a única maneira de que sua morte pudesse causar a morte de outro. Entrecerrou os olhos olhando fixamente ao seu irmão. Spiro tinha retrocedido um passo.

“Não necessito um companheiro!”

Spiro levantou os ombros e olhou fixamente a Neo nos olhos. “Muito mal. De qualquer maneira, os deuses já lhe deram um, e hoje em seu vigésimo quinto aniversário, Michael esta sendo apresentado diante a você. “

Neo grunhiu, esmagando uma de suas preciosas uvas. Sabia que não tinha sentido ir contra os deuses nessa área em particular. Raramente seu progenitor interferia em assuntos do coração, mas quando o fazia isso não podia ser descartado. Um companheiro. Alguém que espera que ele abra seu coração compartilhe as lembranças do passado que ele quer tanto esquecer. “Onde ele está?”

“Joseph está o acomodando.”

Neo começou a passear para cima e para baixo do corredor.

“Sabe o que sou?”

“Michael sabe que compartilhamos uma mãe em comum em Triana. Também sabe que é um vampiro e filho de Zeus, mas não sabe o tipo de homem que pode ser quando troca.”

Neo detectou a tristeza no olhar de seu irmão.

Ele não culpava ao seu irmão por sentir-se dessa maneira. Não podia desejar ser o companheiro de vida de alguém como ele, nem ao seu pior inimigo, mas era fácil ver o muito que Spiro amava ao menino que criou.

“Ele é um bom menino. Com um forte temperamento. Temo que seja culpado disso. Não fui capaz de ser duro com ele.“ Spiro olhava suplicante a Neo. ”Por favor, seja amável com ele.”

Neo não podia recordar uma vez que tivesse querido mais abraçar ao seu irmão, mas o sangue nas veias de Spiro lhe atraía como a de nenhum outro. “Vou tentar,“ prometeu. Sim, poderia fazer. Se não era por ele mesmo, seria pelo irmão que foi forçado a deixar.

“Pensei em te enviar alguns dos guardas pessoais de Michael. Um em particular, Daniel, é bastante próximo a Michael. Acredito que é o único em que Michael confia, além de mim.”

“São amantes? “Neo perguntou. Um forte ciúme percorreu seu corpo apesar de que ainda não conhecia seu companheiro.

“Não, embora Michael tivesse um no passado. O permiti porque sabia que Michael não poderia amar a outro homem como a você.”

“Nunca permita que esse homem se aproxime de Michael de novo ou de mim. Fui claro?“ Neo advertiu.

“Sim. Não acredito que precise se preocupar por Marcel. O romance só durou alguns meses antes que ele o deixasse para conquistar a outro jovem amante.”

Neo assentiu. “Vá se despedir. Não necessito guardas, nem sequer a esse companheiro Daniel. Entrarei logo que relate aos meus guardas que temos um novo hóspede.“ Viu Spiro desaparecer de frente aos seus olhos. Essa era uma noite de surpresas, Neo necessitava de tempo para chegar a bons términos com seu novo hóspede.

“Por que tem que ir?“ Michael perguntou ao seu pai.

Spiro caminhou para a cama e sentou junto a Michael. “Nós falamos a respeito deste dia por anos. Ambos sabíamos que chegaria.”

“Mas é meu aniversário,“ Michael grunhiu.

Spiro tocou a ponta do nariz de Michael. “Por isso te dei uma grande festa antes.“

Michael golpeou a brincalhona ação de seu pai. Apesar de que sabia que não era seu verdadeiro pai, nunca questionou aos deuses a eleição de Spiro para que o criasse. Michael não podia imaginar a ninguém mais que o amasse tanto quanto Spiro o fazia. “Tenho vinte e cinco anos. Por que insiste em me tratar como um menino?”

Os cantos dos lábios do Spiro se elevaram.

“Acho que sinto saudades do menino que estava acostumado a sentar em meu colo e esconder-se debaixo de minhas batas.”

Michael riu. “Isso faz muito tempo.”

“Uma piscada de olhos para mim.“ Os olhos cinza claro de Spiro se nublaram.

Michael se deixou cair na cama e olhou o teto.

“Como ele é?“

“Neo?”

“Sim.“ Ele tinha ouvido tanto desse homem que não sabia por onde começar, coisas boas e más. Tão animado que estava de finalmente poder encontrar com o grande Neo Manos, que estava apreensivo. O único vampiro com o que tinha tratado era Daniel. Nunca lhe tinha ocorrido temer a Daniel, mas a simples menção do nome de Neo no Reino fazia que os homens se estremecessem de medo. O que é Neo tinha que causava essa reação nos outros homens?

“Ele é alto, quase trinta centímetros mais alto que você, com o cabelo negro como a asa de um corvo que cai como uma sedosa manta até seus ombros. Embora seu rosto seja quase uma cópia do meu, seu corpo é muito mais forte…”

“Não, Pai, quero dizer, como é ele?“ Ele tinha feito essa pergunta muitas vezes em anos e nunca tinha recebido uma resposta. Seu pai usualmente preferia trocar de tema. Agora, entretanto parecia que seu pai poderia realmente lhe responder.

“Quando éramos jovens, Neo estava cheio de vida,“ disse Spiro, caindo na cama de costas junto a Michael.

Michael apoiou sua cabeça em suas mãos, escutando.

Nunca tinha visto uma expressão tão pacífica no homem mais velho. “Nós fomos inseparáveis durante dois milênios mais ou menos até…“ A expressão de Spiro mudou. ”Ele foi capturado por um inimigo de nosso pai. Francois LaMont que odiava a Zeus e seqüestrou a Neo. Durante quase quatrocentos anos, LaMont torturou ao meu irmão, antes que finalmente conseguíssemos resgatá-lo.”

Spiro passou seus dedos através dos cachos loiros de Michael. “A melhor parte de Neo morreu nessa masmorra. Francois converteu a Neo, em algo imperdoável na sociedade dos vampiros sem a permissão do Rei Kildare. Neo nunca chegou a bons termos com o que ele é agora. Renunciou à felicidade, preferindo passar seu tempo na Itália entre suas uvas que opulenta a vida de seu Reino.”

“É por isso que se recusa a ser líder das Criaturas Bentas?“ Michael nem sequer conhecia Neo, mas seu coração se quebrava pelo homem. Quatrocentos anos de tortura mudavam a qualquer um, inclusive se fossem filhos de um deus.

“Sim. Não gosta que lhe recordem o que é. Não pode ser um líder sem reconhecer o fato de que embora seja o filho de Zeus, também é um vampiro.”

Michael sentiu uma lágrima descer por sua bochecha e rapidamente a limpou. Que horrível vida tinha tido Neo. Michael prometeu fazer tudo o que estivesse em seu poder para oferecer a Neo, embora sejam algumas gramas de felicidade. “Estou preparado para conhecê-lo,” murmurou.

Spiro embalou a bochecha de Michael. “Sim, está.“ Inclinou-se e depositou um beijo na testa do Michael. ”Ele não quer falar de seu passado, assim não lhe pergunte. Com isso somente revelaria seu lado mau.”

Michael girou os olhos. “Não sou um completo estúpido, Pai. Foi um maravilhoso professor no caminho da compaixão.”

Spiro ficou de pé e ofereceu a mão. Michael contente tomou e deu ao seu pai um abraço. “Quando te verei de novo?“ Michael perguntou.

“Quando me necessitar, estarei aqui.“

Michael assentiu e viu seu pai desaparecer diante de seus olhos.

Entrando no banheiro anexo, Michael estudou-se em frente ao espelho. Seus cachos loiros pálidos se viam um pouco selvagens depois da longa viagem. Michael foi até a sua bolsa e pegou a tira de pele que usava em ocasiões como esta. Atou seu cabelo em seu nunca, antes de fiscalizar-se de novo. “Tenho que fazê-lo,“ disse ao seu reflexo.

Michael rapidamente trocou de camisa antes de abrir a porta da antecâmara e sair ao corredor. Desceu a escada de madeira e ferro. “Olá?“ gritou, vagabundeando pela parte principal da casa.

Joseph apareceu inclinando a cabeça. “Posso ajudar em algo, senhor?”

“Uh, sim, espero me reunir com Neo. Ele está por aqui?”

Joseph sorriu e assinalou para uma porta fechada. “Ele está no estúdio. Bata antes de entrar. “

“Obrigado.“ Michael tomou uma profunda respiração bateu na ornamental porta de mogno.

“Entre,“ uma profunda voz ordenou.

Michael lentamente abriu a porta e entrou. O quarto parecia vazio até que viu a grande cadeira em frente à janela.

Uma cabeça brilhante de cabelo negro podia ver-se sobre o respaldo. “Senhor?”

“Você gosta de vinho, Michael?“ Neo perguntou.

Michael não tinha idéia de que a voz de Neo podia ser tão baixa. A voz de Spiro era tão suave como o fôlego de uma pomba. “Um, sim, senhor, eu gosto,“ respondeu esfregando o pelo que arrepiou em seu braço. Se a voz de Neo tinha o poder de excitá-lo, o que poderia fazer ao tocá-lo?

Uma mão de tom oliva assinalou a outra cadeira. “Junte-se a mim.”

Tragando o nó em sua garganta, Michael se moveu à outra cadeira. A primeira coisa que notou foi à vista através da janela, fileiras de videiras acentuavam a luz do panorama. O resultado era fascinante. “Isso tira o fôlego.”

“Sim, o faz.“

Algo na voz de Neo captou a atenção de Michael, viu o outro homem pela primeira vez. Neo o olhava fixamente com esses olhos tão escuros que pareciam ser feitos de ônix. O artista em Michael gritava por riscar os perfeitos rasgos faciais de Neo. Haveria inclusive visto um homem que merecesse mais uma estátua esculpida em mármore?

“Meu pai disse que você produz vinho há muitos anos,“ disse Michael, tomando um tema seguro de conversação.

“Cinco séculos e noventa e sete anos,“ Neo riu. ”Deve haver uma taça extra de vinho sobre a mesa do escritório. Por favor, me traga.” Michael fez o que lhe pediu, dando a Neo a taça.

Quando seus largos dedos roçaram os seus, Michael gemeu e retirou sua mão. “O que foi isso?”

Neo não disse nada durante um momento, enquanto vertia o vinho. Quando ele o ofereceu, Michael duvidou.

“Não vou te morder,“ disse Neo. ”O que sentiu foi à reação de seu corpo pelo meu, nada mais.”

Michael tomou o vinho, assegurando-se de não tocar os dedos de Neo e se sentou na cadeira oferecida.

Como podia Neo dizer que não sentiu nada? Isso tinha sido tudo, inclusive embora fosse por um segundo. Tomou um gole do escuro líquido, tremendo. “Nunca senti nada como isso.”

Neo olhou a Michael, uma negra sobrancelha se levantou quando o canto de sua boca elevou. “Isso é porque nunca te encontrou comigo antes.”

Michael quase se afogou com o vinho. Não podia dizer se Neo estava brincando ou não. Todo mundo teria a mesma reação ao tocar Neo? Por alguma razão, a ideia não sentava bem a Michael. Olhou para trás e captou o olhar de Neo nele, olhando-o fixamente. Poderia sequer ser capaz de ler a Neo? Quando Neo virou a cabeça de novo para olhar pela janela, Michael tratou de pensar em algo que dizer.

“Hoje é meu aniversário.”

Neo voltou a olhar a Michael. “Sim, Spiro me disse. Essa é a razão pela que te convidei há uma taça de vinho.”

Ajeitando-se em sua cadeira, Michael tratou de concentrar-se na bebida em sua mão. Ou Neo não gostava dele ou não era um grande conversador, Michael decidiu que era melhor manter a boca fechada.

Quando sua taça estava vazia, ficou de pé. “Obrigado pelo vinho.”

“Quando quiser. Espero que possa apreciar o extraordinário vinho que produzimos no Le Uve del Regno.

“Sim, senhor, seguro que o farei. Eu, uh, levarei a taça à cozinha de caminho a minha cama.“ Michael se dirigia à porta quando Neo o deteve.

“Por favor, me chame de Neo. Como alguns o fazem.”

“Bem, Neo. Obrigado.”

“Minha antecâmara está anexa a tua. Se desejas minha companhia precisa te acostumar ao meu horário.”

Michael estava de pé no centro do quarto, perguntando-se que inferno supunha que isso significava.

Era que Neo lhe estava pedindo que ficasse acordado de noite e dormisse de dia, ou lhe estava oferecendo a Michael um lugar em sua cama?

Embora isso devesse ser aterrorizador, o pensar em dormir com o formoso homem enviou um estremecimento através da coluna de Michael que viajou aos seus quadris e direto a sua virilha.

“Boa noite, Michael,“ disse Neo, tirando a decisão das mãos de Michael.

“Boa noite, Neo. Obrigado por me deixar ficar.”

“Deve agradecer ao meu irmão, não a mim.”

Michael deixou o estúdio mais confuso que nunca.

Uma coisa era clara. Se quisesse aliviar o espírito de Neo, primeiro tinha que conseguir tirar ao homem.

 

Antes que a alvorada despontasse, Neo se reuniu com os membros de sua segurança pessoal.

Gunnar, o alfa da manada de homens lobos, era o primeiro ao mando.

Pela primeira vez, Neo se deu conta de quão formoso era o homem, e não só Gunnar, como todos os homens. Ele os tinha entrevistado pessoalmente e eleito a cada um, apoiado em sua lealdade, força e orientação sexual. Repentinamente não estava seguro de querer a nenhum no quarto atrás de Michael enquanto ele dormia. “Antes de tudo, quero deixar isto perfeitamente claro. Sob nenhuma circunstância vão tocar a Michael de maneira nenhuma, a menos que seja necessário para sua proteção.“

Haig, um dos lobos riu dissimuladamente. Neo se virou, mas antes que pudesse repreender ao guarda, Gunnar já o tinha feito com um reverso que cruzou seu rosto.

Haig sabia muito bem o que era desafiar o seu alfa, imediatamente baixou o olhar e tirou um lenço de seu bolso para deter o sangue do nariz.

Neo viu o sangue como se não fosse nada. A razão pela que tinha elegido rodear-se de criaturas weres era simples. Não desejava seu sangue. Odiava a parte de si mesmo que bebia sangue para sobreviver, Neo se orgulhava de nunca ter mordido para alimentar-se. Tinha um grupo de doadores muito bem pago que faziam semanalmente uma doação.

Joseph servia diariamente a Neo seu alimento em uma taça de vinho. Essa era a única coisa que tinha que fazer para beber o sangue de outros, ainda assim se sentia selvagem enquanto o fazia. Retornou sua atenção a Gunnar, Neo inclinou para frente. “Eu gostaria que você mostrasse as adegas a Michael se ele o pedir. Ninguém mais.”

Gunnar inclinou a cabeça de lado. “Não confia em seus próprios homens?”

Neo esfregou o queixo, trazendo a sua mente à imagem de Michael. O mais perfeito espécime de masculinidade que tinha visto. Quando seu quase amante tinha entrado em seu estúdio, tomou tudo o que tinha em permanecer sentado. Não pôde nem sequer pegar a taça de vinho para Michael, sem mostrar sua mais que óbvia excitação. Os olhos azuis pálido dele recordavam a Neo ao céu em dias de verão. Sua cabeleira de cachos dourados rogava para que seus dedos se inteirassem neles e as mãos de Neo picavam por fazer isso. Mas o corpo de Michael é o que lhe chamava mais que tudo. Musculoso não era a palavra que utilizaria para descrever a Michael. O jovem se via quase… frágil. Embora Neo estivesse seguro de que Michael estava são. Ele perguntava se um forte vento poderia tombar ao jovem.

“Não confio em ninguém para que esteja ao redor dele e não quero que esteja sozinho,“ adicionou Neo, quando se deu conta que Gunnar seguia ali, olhando-o fixamente.

“É quente, hum?“ Disse Gunnar brincando como de costume.

Sem pensá-lo, Neo pegou ao homem lobo pelo pescoço.

“Ele é meu.”

Gunnar levantou as mãos em sinal de rendição. “Sinto muito. Só brincava,“ Gunnar ofegou, sua entrada de ar seguia pressionada pela mão de Neo.

Neo liberou ao seu amigo e se sentou. “Pode brincar tudo o que queira, mas não a respeito de Michael.”

Neo olhou ao redor do quarto aos lobos e felinos.

Cada espécie tinha guardas e trabalhadores entre eles. Os were-felinos poderiam facilmente enfrentar a qualquer dos lobos se eles assim o escolhessem, e provavelmente ganhariam, mas fazia anos eles juraram sua lealdade a Neo e a Gunnar.

“No momento deixei a Sema fazendo guarda diante do quarto de Michael por esta noite. Duvido que alguém seja o suficientemente parvo para tratar de passar por cima dele.”

Neo sorriu pensando nos trezentos quilos do tigre negro siberiano. Sema era mais que mascote da casa, mas sabia que o felino era um guardião intimidante.

“Quanto tempo vai ficar seu hóspede conosco?“ Gunnar perguntou.

“Indefinidamente.“ Neo odiava manter segredos de Gunnar, mas um deslize de sua língua poderia ser seriamente perigoso. Os deuses tomavam seus presentes muito seriamente e se saía uma palavra a respeito de que a ele lhe tinha obsequiado um parceiro criado especialmente para ele, Michael nunca estaria seguro.

O sol já estava saindo no horizonte quando Neo se desculpou. Ele afastou a Sema da porta de Michael e entrou em seu quarto. Depois de despir, ele abriu a porta entre ambas às antecâmaras e viu Michael.

Em algum momento durante a noite tinha chutado os cobertores. Entrou lentamente no quarto, querendo, não, precisando ver de perto o seu parceiro. Deteve-se junto à grande cama e estudou o corpo nu de Michael. Deuses é magnífico. A pele de cor bronzeada pelo sol fazia contraste com seus loiros cachos quase brancos.

Neo sentia seu corpo responder à perfeição estendida na cama. Ele se estirou e acariciou a suave pele do flácido pênis, nesse momento apoiada em sua bronzeada coxa.

Sem pensar, Neo envolveu seus dedos ao redor de seu duro pênis. Com o muito que queria deitar acima do muito menor corpo, Neo sabia que não podia.

O sangue que bombeava através das veias de Michael lhe chamava como nenhuma outra o tinha feito antes. As palavras de Spiro lhe acossavam. Neo sacudiu a cabeça. Ele não podia arriscar ambas as vidas por uma foda, sem importar quão incrível fosse essa foda.

Michael abriu os olhos e o sexy pequeno sorriso apareceu. “Você gosta do que vê?”

Neo se apartou e soltou seu pênis. “Desculpe-me.“ Ele girou para sair, mas Michael saiu da cama e o apanhou antes que chegasse à porta.

“Não vá.“ Michael rogou. Passou sua mão sobre as costas de Neo. ”Passou muito tempo, desde que alguém me visse dessa forma.“

Neo não se atreveu a girar-se. O aroma do sangue de Michael era intoxicante. “Somente porque te quero não significa que tomarei,“ explicou.

A mão de Michael moveu pelo quadril de Neo e circulou seu pênis. “Acredito que posso te persuadir.”

Apertando os dentes, Neo retirou a mão de Michael.

O jovem tentava o forte controle de Neo. Sem dúvida que Michael facilmente poderia persuadir a Neo com somente alguns desses sensuais toques, mas por isso Neo ia manter a Michael na baía, pelo bem de ambos. “Não sabe o que está fazendo. A menos que queira terminar do outro lado de minhas presas, sugiro que se afaste de mim.”  

Sem esperar uma resposta, Neo entrou em seu quarto e fechou a porta, deslizando o ferrolho em seu lugar. Quando o fez e chegou a sua cama, seu corpo estava tremendo cheio de necessidade. Deslizando-se sobre as cobertas, Neo rodou sobre seu abdômen e pressionou a ereção contra os negros e sedosos lençóis, com uma imagem de Michael em sua mente.

“O que me fazem?“ gritou aos deuses enquanto continuava empurrando-se para o colchão. A seda deslizando-se contra seu pênis se sentia tão suave como imaginava que o corpo de Michael deveria ser.

O estresse físico de seu sofrido corpo enquanto aumentava a velocidade, alertou a Sema de que algo estava mal com seu amo. Largas patas chegaram junto ao torso de Neo enquanto um forte grunhido rompia o ar. Sem deixar de acariciar-se, Neo aplaudiu o nariz de Sema. “Desce, “ ordenou, apesar de que sua voz não era mais que uma série de ofegos.

“Michael,“ gritou enquanto pulverizava sua branca semente sobre os negros lençóis.

Neo paralisou ao lado do atoleiro de seu sêmen, e fechou os olhos. Não tinha tido suficiente tortura em sua vida?

Possivelmente poderia procurar sua liberação com Rafi, o were-tigre alfa, até que pudesse confiar em si mesmo para tocar a Michael  

Provavelmente deveria envergonhar-se de sua libertina conduta, mas quando abriu os olhos e viu o formoso homem olhando-o com seu pênis em sua mão, não pôde resistir.

Uma mão não vista puxou a Michael de sua orelha até que o forçou a separar-se da parede. Spiro sacudia a cabeça. “Esse não é o caminho ao coração de meu irmão.“

Michael se encolheu de ombros. “Ele não deveria ter entrado aqui me deslumbrado com esse magnífico…”

Spiro levantou uma mão e evitou que Michael fosse mais adiante. “Ele pode ser muitas coisas, mas definitivamente, é um homem. Se continua te mostrando assim, ele te verá.”

“Tinha calor,“ Michael gemeu. ”Esta casa é como um forno. Como se supõe que saberia que ele viria?”

Spiro sorriu e beijou a testa do Michael. “Sabe que o faria. Você foi treinado por anos para ajudar a guiar a Neo quando o momento chegasse, mas isso nunca passará se não se apaixona por você.”

“Por que é tão importante que nos apaixonemos um pelo outro? Deixaria-o fo... fazer amor comigo sem toda a coisa sentimental.”

Spiro levantou as mãos e suspirou. “Por que devo seguir esta conversa contigo? Os deuses proibiram que vocês dois copulem até que Neo aprenda a amar de novo. Sem amor em seu coração, ele não é o tipo de rei que as Criaturas Bentas necessitam.”

“Mas como faço para que se apaixone por mim se não puder tocá-lo?“ Michael perguntou.

“Não tem que fazer que se apaixone por você. Deixa-o que se apaixone por você. Seja você mesmo, seja amável, e sobre tudo não lhe tema, não importa o que faça. Essa é a maneira de chegar ao seu coração.“

“Bem. Embora ache que terei bolas azuis para o tempo que isso aconteça.”

Spiro cobriu os ouvidos com suas mãos. “Não escutei isso.”

Michael girou os olhos. “É um puritano.”

“Não, não o sou. Só não quero ouvir meu filho falar sobre ter sexo com meu irmão. Isso é… asqueroso.”

Michael riu e deu ao seu pai um abraço. Neo realmente não era seu tio, e ele não poderia nunca considerá-lo dessa maneira, mas Spiro sempre seria seu pai. “Senti saudade.”

“Tomarei nota disso, deixarei você sozinho para que comece seu dia.“ Spiro apartou, mas se deteve. ”Poderia ter melhor sorte, se acostumar ao seu corpo a seguir o horário de Neo. Ele não tem voto no assunto, você sim.”

Michael baixou a cabeça. “Sim, Pai.”

“Menino esperto,“ Spiro riu antes de desaparecer.

Ainda sorrindo, Michael se vestiu para correr. Sua roupa simplesmente era um short de nylon e sapatilhas de esporte. Saiu do quarto determinado a correr ao menos oito quilômetros.

Ao dar a volta na esquina, chocou-se com um enorme homem loiro. “Desculpe-me,“ disse. ”Também vive aqui?”

“Sim. Sou Gunnar. O chefe da segurança de Neo.”

“Oh, prazer em conhecê-lo, Gunnar. Sou Michael.”

“Sim, sei quem é. Neo me atribuiu para ser sua sombra durante o dia.”

“Sério?“ Maldição, ele teria a esse menino quente seguindo-o todo o dia. Legal.

“Você corre Gunnar? Porque é o que estava por fazer. Trato de correr ao menos oito quilômetros todos os dias.”

Gunnar sorriu. “Isso depende. Tem algum problema correndo com um lobo ao seu lado?”

“Pode trocar, somente assim? Pensei que os weres-lobos só trocavam durante certas fases do ciclo lunar.”

Gunnar riu. “Tenho oitocentos anos. Crê que não aprendi um ou dois truques nesse tempo?”

Michael bateu nas costas de Gunnar e se dirigiu à porta. “Vamos estar bem.“

“SIM. Enquanto não me toque na frente de Neo.”

Michael fez uma pausa quando sua mão ia à maçaneta. “Por quê?”

Gunnar caminhou para ele, retirou a mão de Michael da maçaneta e abriu a porta. “Porque Neo ameaçou me arrancar à cabeça se eu ou alguém mais te tocava.“

Gunnar sorriu e tirou sua roupa, dando as costas a Michael quando tirou seus jeans. Enrolou seus jeans e sua camisa e as atou. Michael estava confundido até que Gunnar trocou a um grande e branco lobo diante de seus olhos. O magnífico lobo colocou a cabeça através do anel de roupa, que tinha feito levando-a como se fosse um colar.

“Lindo truque.“ Michael levantou sua perna e a apoiou no corrimão do alpendre enquanto se estirava, ele via Gunnar passear adiante e a atrás. ”Sabe, é um formoso lobo. Possivelmente consiga mais encontros dessa forma. Ao menos não arruinaria as coisas por abrir a boca.”

Gunnar ladrou e tratou de mordê-lo.

“Tranqüilo, Fido, ou direi a Neo que tratou de me morder,“ Michael riu e baixou os degraus.

Encontrou um caminho de terra fora do vinhedo, para o bosque. “Este deve ser o caminho, huh?“ perguntou a Gunnar.

O lobo ladrou em resposta, seguiu facilmente a Michael. “Tudo estará bem, sabe?“ Michael admitiu diante de seu novo amigo. Enquanto corria ao seu lado, deixou que sua mente vagasse. Essa era sua parte favorita de correr.

Permitir a oportunidade de deixar-se ir e deixar que sua mente livremente reinasse mantendo-o centrado.

Um coelho à direita moveu nos arbustos. “Ooh, viu isso? Vai por ele, toma um aperitivo.”

Gunnar ladrou de novo, mas Michael podia ver que o olhar do lobo o seguia enquanto corria. “Sabe que o quer,“ continuou brincando.

Ele estava quase decepcionado quando Gunnar se recusou a ir atrás da caça. Finalmente deixou de correr e começou a caminhar lentamente. “Pode trocar, ou terei que falar comigo mesmo toda à tarde?”

“Sempre foste uma dor no rabo, ou só desde que chegou?“ Gunnar perguntou.

“Merda!“ Michael levou a mão ao seu peito. ”Que maneira de assustar a um menino.” Ele olhou ao seu redor e captou ao muito nu e muito excitado Gunnar e lhe deu as costas.

“Uhhh, pode se vestir agora.”

“Sinto-o por isso. É um dos efeitos secundários de trocar, mas sei que ninguém está cômodo com isso.”

Michael se encolheu de ombros enquanto ouvia subir o zíper. “Nada mal tendo esse osso. Só duvido que me queira vendo-o.“

Gunnar riu. “Por certo menino, um conselho sábio.”

“Deve deixar de me chamar de Fido, porque sei que é somente uma brincadeira, mas não o tente com nenhum outro lobo. Seu senso de humor não é como o meu.”

“Hmm, eles são sensíveis? Tenho que recordar isso.“ Eles caminharam em silêncio durante um trecho. ”Então, para que se usa isso?“ Michael perguntou assinalando uma enorme construção de pedra redonda.

Gunnar tomou o caminho para a construção. “Venha vou lhe mostrar.”

Michael caminhou justo detrás de Gunnar. Ele não tinha dúvida de que o homem fosse o alfa de sua manada. O largo e extenso peito e ombros provavam com as costuras de sua camiseta enquanto seu corpo marcava perfeitas linhas ao seu magro quadril.

“Deixa de olhar minha bunda,“ Gunnar admoestou.

Com o rosto vermelho, Michael murmurou. “Mas é uma linda bunda.“ Trocou sua atenção para a construção a frente dele. ”Então, me fale a respeito do que é isto.”

Gunnar abriu a ornamentada dupla porta. Michael entrou no quarto e suspirou. “Merda, aqui devemos estar a seis graus abaixo de zero.“

“Dois graus abaixo de zero,“ Gunnar o corrigiu depois de revisar o termômetro na parede. “È a adega para provar o vinho. Nós temos grupos que ocasionalmente provam o vinho para a distribuição em massa.”

Michael levantou a vista para ver as vigas de madeira.

“Este lugar é assombroso. Possivelmente deveria começar a dormir aqui de noite.”

Gunnar riu. “O chefe tende a manter a casa um pouco quente, não é assim?”

“Maldição, pensei que era eu. Por que é tão quente?”

Encolhendo-se de ombros, Gunnar guiou a Michael fora da construção e fechou as portas. “Acredito que é algo com ser vampiro. Ele sempre tem frio. Ouvi Joseph dizer a Neo que não estaria tão mal se tomasse o sangue como se supõe que devia fazê-lo.”

“O que quer dizer com isso de como se supõe deve ser?“Michael sabia como se via quando os vampiros se alimentavam de seus doadores porque tinha visto Daniel jantar. ”Neo tem humanos particulares para se alimenta?”

“Não,“ disse Gunnar, sacudindo a cabeça. Ele olhou ao redor antes de continuar. “Provavelmente não deveria te dizer isto, mas duvido que você saiba pelo Neo.“

Gunnar se moveu a um banco sob a sombra das árvores. “Vê aquela construção com o teto vermelho?”

Gunnar perguntou, assinalando um ponto na distância.

“Sim.”

“Aqui nós a chamamos de banco de sangue. As pessoas ao redor vendem meio litro de seu sangue a Neo.”

“Ele faz algo especial com isso. Não conheço tudo isso particularmente, dado que nunca permitiu a ninguém saber, somente Joseph o mistura para ele, mas o resultado é algo que chama Líquido Carmesim. Acredito que é o sangue do doador mesclado com outras coisas incluindo vinho. Apesar de que o sangue é sua única fonte de alimento desde que trocou, Neo ainda não gosta do sabor, a menos que esteja misturado com algo mais. Embora isso tenha um efeito secundário. O Líquido Carmesim é a única coisa que vi que pode embebedá-lo.“ Gunnar encolheu os ombros. ”Claro, não estou dizendo que sempre esteja bêbado, Neo não se permite isso frequentemente. Principalmente bebe sozinho o suficiente para seguir vivo.”

“Não, merda. Por que ele o faz dessa maneira? Vi aos vampiros alimentar-se, e te posso dizer que é tão quente como o inferno.”

Gunnar cobriu seus olhos e riu. “Não posso acreditar que essas coisas saiam de sua boca. Acredito que é justo o que este lugar necessitava.”

“Oh yup. Alegra-me ter sua aprovação, agora responda minha pergunta.”

Gunnar ficou de pé e olhou de volta ao ‘banco de sangue’. “Conheço a Neo há centenas de anos e nunca ouvi que ele beba diretamente da fonte.“ Ele olhou sobre seu ombro a Michael. ”Sabe o que quero dizer.”

“Por quê?”

“Vergonha, eu suponho. Acredito que quando a vergonha é muito ele se permite mais do Líquido Carmesim que necessita para viver.”

A primeira reação de Michael foi perguntar se tinha tomado algo do vinho especial de Neo antes em seu estúdio. Não, não havia maneira, mas seu coração se derreteu pelo solitário vampiro dormindo na casa. “Isso é péssimo.”

“Sim.” Gunnar começou a caminhar a casa com Michael atrás dele. ”Tenho a sensação de que você estar aqui será bom para ele.“

“De novo, alegra-me que goste.“ Michael chocou seu ombro contra o corpo musculoso de Gunnar. ”Vou tomar um banho.“ Ele cheirava a Gunnar.

“Você também deveria,“ disse, enrugando seu rosto.

Dentro de seu quarto, Michael se despiu e se meteu sob o jorro de água. Como seria sentir-se envergonhado de quem é? Honestamente não podia imaginar o solitário que deveria ser a vida para alguém assim. Possivelmente deveria tratar de tomar uma larga sesta, assim poderia estar acordado com Neo. Ooh, perguntarei se ele joga xadrez.

 

Da janela de seu quarto, Michael olhava Neo percorrer o vinhedo. Tinham se passado quase dois meses desde que tinha chegado e não acreditava que estivesse perto de conhecer o vampiro. Trocou seu horário, esperando que isso ajudasse, mas Neo sempre parecia ter algo mais que fazer que passar o tempo com ele.

Os luxuriosos ruídos que vinham ocasionalmente do quarto de Neo só contribuíam a aumentar a solidão de Michael. Perguntava o que faria Neo se ele tomasse um amante? Em várias ocasiões tinha visto Rafi desaparecer com Neo no estúdio ou no quarto. Neo tinha bom gosto, ao menos Michael podia dizer isso. Rafi tinha um cabelo negro sedoso e olhos amendoados que tiravam o fôlego. Sendo um alfa dos were-tigres, Michael assumia que o corpo do homem deveria ver-se melhor nu do que se via vestido.

Afastou-se da janela e se dirigiu à porta. Se Neo queria que fosse embora, Michael só desejava que dissesse.

Saindo no frio ar da noite ele quase caiu sobre Sema.

“Merda, eu sinto muito.“ Michael se agachou e esfregou o negro tigre detrás das orelhas. Os olhos de Sema se fecharam e começou a ronronar. Igual a um gato domesticado, o ronrono de Sema era tão alto e profundo que Michael sentiu o rugido em seu peito. ”Sim, é um lindo menino,“ continuou acariciando ao forte felino. ”Por que não troca e faz companhia a Rafi? Hmmm?“

Quando Sema parecia feliz de novo, Michael se dirigiu aos vinhedos. Ele tinha conseguido caminhar vinte metros antes que Neo lhe gritasse.

“O que está fazendo aqui fora? Michael. Disse-te que os vinhedos são meus esta noite.”

Michael olhou ao redor. Certo, tudo no vinhedo seguia em seu lugar, as uvas tinham sido colhidas várias semanas antes. Ele tomou sua oportunidade e se aproximou. “O que encontra tão fascinante neste vinhedo sem frutos para passar mais tempo aqui que comigo?“ Corajosamente perguntou.

Neo deu um olhar de soslaio a Michael antes de girar lentamente e afastar-se. Teimoso desde que nasceu, Michael o seguiu, esperando uma resposta. Quando Neo chegou ao final de uma linha, retornou pela seguinte. A uns metros de distância Michael estava cara a cara com Neo, embora com uma linha de videira entre eles.

“O vinhedo não me faz querer algo que não posso, ter.“

Neo grunhiu.

Michael olhava fixamente os negros olhos de Neo. Essa era a primeira vez da manhã que chegou que Neo dava uma indicação do que queria. “Ofereci a você desde o segundo dia que cheguei. Tentei tudo no que podia pensar para que me visse, mas parece preferir a companhia de Rafi que a minha.”

“Vejo-te,“ disse Neo com uma suave voz. Michael nem sequer tinha ouvido que o usasse. Isso era algo mais que um murmúrio, era quase uma oração. ”Rafi não é mais que uma liberação. Não posso machucá-lo, e sua companhia me ajuda a manter a cabeça quando estou ao redor de você.”

Os olhos de Michael olhavam para a paisagem. A explicação da companhia de Rafi o fazia sentir-se melhor. E se não tivesse tido um amante durante as noites solitárias? Possivelmente deveria haver-se unido a Neo nos vinhedos antes. Essa era a conversa mais longa que tinham tido em semanas.

Possivelmente se Neo o conhecesse melhor, poderia enviar a Rafi longe quando tocasse a sua porta.

“Pode falar comigo enquanto caminha?“ Michael perguntou. Moveu-se pela mesma fileira em que se encontrava, esperando que ter uma fileira entre eles ajudasse a Neo a sentir-se mais cômodo.

Neo seguiu caminhando, suas mãos atrás de suas costas. “O que é que quer discutir?“

Michael riu. “Não quero discutir nada. Somente pensei que precisamos falar, sabe? Tentar conhecer um ao outro.”

Quando Neo não disse nada mais, Michael tratou de pensar em algo mais que dizer.       “Esteve na América?“

Neo olhou para Michael. “Uma vez. Não me interessou.“

“Sério? Porque meu Pai me levou a cidade de Nova Iorque quando fiz vinte e um anos, e achei assombrosa.”

“O que encontrou de assombroso em uma cidade tão cheia de humanos?”

“Hot dog, senti que me apaixonava por eles. Ooh, especialmente os do Gray's Papaya[3].” Michael riu e esfregou o estômago. ”Comi tanto que acredito que aumentei dois quilos na semana que estivemos lá.”

“Spiro te levou a muitos lugares enquanto crescia?”

“Suponho que como a maioria das pessoas. Fazíamos um par de viagens ao ano. Usualmente o que meu Pai chamava de férias de aprendizado, mas algumas vezes deixava que eu escolhesse o lugar.”

“Quais foram suas férias favoritas?”

Michael sorriu. A conversa parecia fácil agora.

“Hmmm, é difícil escolher uma. Realmente desfrutei da Grécia, mas não gostei muito da comida.”

Neo gemeu. “Blasfêmia. A Grécia tem uma das melhores comidas do planeta.”

“OH, acredita nisso? Qual é sua favorita?”

“Embora não fui capaz de comer comida real em muitos anos, lembro que minha mãe fazia um prato com carne de ovelha e coração de alcachofra. Ela o cobria com um molho, mas por minha vida que não recordo como se chamava.“ Neo suspirou. ”Esse era meu prato favorito.”

Que mencionasse a sua mãe o impactou. Spiro nunca lhe tinha falado a respeito de sua mãe e só lhe disse que o pai de Neo era Zeus. “Posso te perguntar algo pessoal?”

“Sempre pode perguntar. Isso não quer dizer que te responda.”

“Bastante justo. Poderia me falar a respeito de sua mãe? Perguntei a meu Pai uma vez, mas ele disse que esse era um tema para outro dia. Não é necessário dizer, que esse dia nunca chegou.”

Michael notou como os passos de Neo diminuíram diante da pergunta. “Não, Spiro nunca poderia falar de nossa mãe. Verá, ele me culpa de sua morte, e não queria que tivesse uma má impressão de mim.”

“Então, ela está morta, “disse Michael. Bem ao menos sábia mais que antes.

“Sim. Triana, nossa mãe, era uma fada. Ela tinha o dom da visão, igual à Spiro.“ Neo deixou de falar.

Michael começou a perguntar se ele continuaria. Depois de vários passos, Neo levantou a cabeça e olhou para a lua.

“Quando Francois LaMont me capturou, minha mãe viu e sentiu tudo. Por quatrocentos anos ela tratou de localizar o lugar onde me tinha cativo . Então um dia LaMont cometeu um engano, trazia um raminho de Lonigal totalmente em flor na lapela de seu casaco. Minha mãe a viu em uma de suas visões, e eles finalmente foram capazes de seguir meu rastro. “

Neo baixou a cabeça e olhou para Michael. “Você vê os ramos de Lonigal só crescem em um lugar muito pequeno da parte central da Áustria.”

Neo seguiu pela fileira do vinhedo. “Minha mãe não contava enfrentar à criatura em que me tinha convertido e se suicidou pouco tempo depois de meu resgate.”

“Merda,“ Michael grunhiu. ”Não é estranho que te odeie,“ disse sem pensar. Logo que as palavras saíram de sua boca, Michael desejou poder voltá-las. ”Sinto muito, não deveria haver dito isso.”

Neo surpreendendo-o sorrindo. “Você me culpa por aquilo que me converti?”

Michael sabia que ele podia responder a pergunta que Neo fazia levianamente, mas decidiu aprofundar mais. “Quando era jovem, havia um menino um servente, Tim, com o que estava acostumado a brincar. Um dia um rato mordeu a perna de Tim enquanto dormia. Esse rato deve ter tido algum tipo de enfermidade que eu era muito jovem para entender. De qualquer maneira, a mordida começou a infeccionar de tal maneira que tiveram os doutores que cortar a perna de Tim. Sei que algumas pessoas poderiam arrastar-se em amargura pelo que lhe tinha acontecido, mas a filosofia de Tim era diferente. Ele acreditava que deveria ter morrido pela febre por causa de sua perna, mas os deuses o salvaram porque tinham um propósito para ele.”

“Tim agora tem uma perna artificial. Ele está indo à escola para ser doutor.”

Neo se virou e olhou fixamente a Michael. “Está-me dizendo que não tenho direito a estar zangado por tudo o que me aconteceu?”

Michael sacudiu a cabeça, mas olhava o chão. Mostrar ao homem o medo só empurraria para trás o progresso que tinha obtido. “Não. Não sei pelo que passou, assim não sei se o que sente está bem ou mau. Tudo o que trato de dizer é que possivelmente os deuses lhe salvaram da morte para um propósito superior.“

“Qual? Ser o rei que meu irmão quer que seja?“ Disse Neo aborrecido.

“Você inclusive pensou em quão único é agora?”

“Único? É outra maneira de dizer louco ou monstro?”

Michael sabia que ele provavelmente merecia o sarcástico dardo que Neo lançava a sua maneira, mas não podia fazer que trocasse de opinião. “Você nasceu para ser Rei de uma grande quantidade de espécies. Tem dentro de si o sangue de um deus, o sangue de uma fada e o sangue de um vampiro. Quem podia ser mais perfeito para guiar às Criaturas Bentas no seguinte milênio?”

Neo grunhiu e se afastou pisando forte. Michael ficou onde estava olhando as costas do homem do qual se apaixonou. Perguntava quantas semanas mais passariam antes de ter oportunidade de falar de novo com ele. Toda esperança de tirar Rafi da cama de Neo se perdeu. “Sem dúvida, estou em sua lista negra de merda agora.”

Embora o último do sol da tarde se estava perdendo no horizonte, Michael seguia pintando a imagem que ainda queimava dentro de sua mente com a ajuda de uma luz sobre cabeça. Ele cuidadosamente e metodicamente adicionava cor a algumas das uvas que tinha pintado. Nesse momento o vinhedo inteiro frente a ele parecia coberto de diamantes.

Tinha sido recompensado com uma agradável chuva, bem cedo. Quando o sol saiu, as gotas que penduravam brilhavam. A chuva tinha umedecido o chão, fazendo-o mais escuro. O contraste entre o verde das folhas, o azul do céu e o escuro chão era muito perfeito para que Michael não o pintasse.

Um ruído detrás dele quase o faz cair de sua cadeira.

Uma forte mão lhe ajudou a recuperar o balanço antes que Michael caísse ao chão.

“Não quis te assustar,“ disse Neo, liberando Michael.

Michael esfregou seu braço aonde Neo o havia tocado.

“Está bem. Tinha a cabeça muito longe para ouvir que se aproximava.”

“Não te machuquei?“ perguntou Neo, assinalando o braço de Michael.

“Não.“ Como podia lhe explicar a maneira que o toque de Neo o fazia sentir?

”Quando me toca sinto que minha pele está viva.“ Sacudiu a cabeça, procurando a maneira de explicar-se melhor. Decidiu-se pelo mais simples. ”Formiga.”

Neo assentiu, mas não comentou nada. Em lugar disso, Neo olhou à pintura em que Michael estava trabalhando. “Você fez isso?”

“Sim, mas ainda não terminei.“ Michael sustentou o fôlego, perguntando-se qual poderia ser a reação de Neo ao seu trabalho. Não entendia por que lhe importava tanto. No Reino, ele pintava para seu próprio prazer nunca lhe importou o que outros pensassem.

Neo tomou a pintura, mas cuidando de não tocar o úmido tecido. “Foi há muito tempo.”

As palavras foram tão brandamente murmuradas que Michael apenas as ouviu. “Muito tempo desde o que?“

Michael perguntou.

“Desde que vi desta maneira a luz do sol caindo na terra.“ Neo tomou uma profunda respiração e se girou com os olhos úmidos. ”Acredito que seu jantar esteja preparado.”

Michael estava comovido pela emoção mostrada por Neo. “Você gosta disto?” Assinalou o tecido. “A pintura eu quero dizer.”

Com suas mãos fechadas detrás de suas costas, Neo olhou para a casa. “Possivelmente.”

Michael ficou de pé vendo o homem desaparecer do outro lado da porta. Girou para olhar a pintura e sorriu. Se isso poderia fazer feliz a Neo, Michael poderia pintar somente cenas à luz do sol daqui em diante.

Apesar de Michael levar um par de dias para terminar a pintura a sua satisfação, finalmente esteve preparada. A noite anterior, Neo realmente o tinha convidado ao seu estúdio para jogar xadrez. Michael ainda seguia emocionado das três horas que tinha passado com o formoso homem.

Não é que Neo fora muito divertido, mas tinha um seco senso de humor que Michael encontrou encantador.

A tarde tinha sido tão boa que Michael tinha esperado uma visita essa noite, mas isso não aconteceu, e se decepcionou muito.

Michael respirou fundo e tocou com sua mão livre a porta do estúdio.

“Entre.“ Neo gritou.

Michael abriu a porta e entrou. Sustentando o presente. “Terminei a pintura.”

Neo levantou a vista dos papéis de seu escritório e olhou a Michael entrar. “Se aproxime.”

Michael chegou junto à escrivaninha e sustentou a pintura prendendo o fôlego. Ele aproveitou a oportunidade e adicionou a silhueta de Neo na pintura, sabendo que Neo poderia reagir de duas maneiras. “Espero que não se incomode,“ disse assinalando o agregado.

Sem tirar seus olhos do tecido, Neo sacudiu a cabeça.

“Não me incomoda em nada, está de tirar o fôlego.“ Neo tomou a oportunidade de fazer o que queria ter feito todos esses dias. Passou seus dedos sobre a pintura seca, seguindo os raios de sol que iluminavam o vinhedo. ”Você é extraordinariamente talentoso.”

“Obrigado.“ O elogio fez que Michael sentisse uma quente felicidade em seu interior.

“Tenho que enviar Joseph para trazer uma moldura.“ Neo ficou de pé e levou o tecido para a chaminé. “Enquanto isso eu acredito que a desfrutarei no suporte da chaminé.”

Michael se moveu ao lado de Neo. “Alegra-me que você goste. Isso significa muito para mim.”

Neo colocou sua mão nas pequenas costas de Michael. “Pode fazer tanto com sua vida. Por que elegeu ficar aqui, longe de seu mundo?”

Com o queixo em alto, Michael olhou para os olhos escuros de Neo. “Porque você está aqui.“ Assinalou para a janela. “Além disso, rapidamente me apaixonei por este lugar.“

Perdido no olhar de Neo, Michael ficou nas pontas dos pés e roçou os lábios de Neo.

A cabeça de Neo se fez para trás com o toque.

Seguiu olhando a Michael por um momento antes de voltar a sua escrivaninha.

Michael se surpreendeu ao ver que a mão de Neo tremia quando pegou a cadeira. “Ainda faço que se sinta incômodo?“ Michael perguntou.

“Sim,“ Neo murmurou um momento depois. ”Meus sentimentos por você chegaram muito fácil e sei em meu coração que não pertence aqui. Meu futuro não deveria ser seu sofrimento.”

“Acredito que se equivoca. Pertenço aqui se somente me desse uma oportunidade de lhe provar isso.”

Neo sacudiu a cabeça. “Meu coração não é o suficientemente grande para tudo o que merece. Seria melhor que encontrasse ao homem que pintou no quadro.“ Neo olhou ao quadro. ”Esse homem com seu rosto para o calor do sol. Esse não sou eu.”

“Poderá não ser capaz de estar sob o sol, mas esse homem é você. Ao menos para mim.”

Neo afastou a vista da pintura e retornou aos seus papéis. “Obrigado de novo pela pintura, mas tenho trabalho que terminar.”

Uma vez mais, Michael se sentiu como se ocultasse dele. Com sua mão na maçaneta, ele baixou a cabeça. “É melhor pessoa do que crê. Vi como interage com os outros. Vi-te trabalhar ao lado deles, e te estudei quando pensava que não havia ninguém ao redor. Você pode necessitar sangue para sobreviver, mas isso não define quem é realmente.”

“Obrigado, mas se equivoca.”

“Não, não e até que veja isso, eu estaria desperdiçando meu fôlego tratando que mudasse de opinião. “

 

Michael estava estendido sobre uma manta sob sua árvore favorita quando Gunnar encontrou-o. “Está aqui? procurei-te por todos os lados,“ disse , sentando-se junto a Michael.

Michael apenas conseguiu abrir os olhos para reconhecer a um de seus poucos amigos. “Estou pensando em ir,“ admitiu.

“O que? Não pode ir. Neo poderia voltar-se louco se não esta aqui.”

Michael riu. “Oh, é um homem divertido. Neo nem sequer me há dito ‘oi’ em quase um mês e meio da noite que lhe dei a pintura. Enquanto isso desfruta me torturando fodendo ao maldito alfa were-tigre todas as noites.”

Gunnar arrancou um ramo de erva do chão e começou a mastigá-la. “Neo não é uma pessoa fácil de interagir, mas posso te garantir que lhe importa apesar de que mantém a companhia de Rafi. Acontece que também sei que sua pintura está pendurada sobre sua cama, assim não me diga que não pensa em você.”

Michael arrancou um fio da manta. “Desejou a alguém tanto que te dói cada minuto do dia?”

Gunnar não disse nada por muito tempo e Michael não se atreveu a olhá-lo. Ele queria intensamente olhar a Gunnar, mas não se sentia capaz de dirigi-lo se Gunnar risse dele.

“Tenho-o feito,“ finalmente disse Gunnar.

Porque seu amigo tinha confiado nele, Michael decidiu confiar nele ainda mais. “Eu tenho um presente especial para Neo, se ele pudesse me amar.”

“Ama-o?“ Gunnar perguntou.

“Sim. O que é isto? Somente tive uns breves momentos roubados e foi rude e desagradável comigo no tempo que estive aqui. Mas em ocasiões, quando ele pensava que ninguém o olhava, conseguia vê-lo em seu olhar.”

Michael se deteve e limpou a garganta do rápido nó de emoções que se formou nela.

“Acredito que ele quer ser amado, mas pelo que lhe aconteceu sente que não o merece. Possivelmente poderia ajudar se lhe falasse como se sente.“ Sugeriu Gunnar.

“Acredita nisso?”

“Não te machucaria.”

“Você disse a essa pessoa que sofria por estar apaixonado por ele?“ Viu a Gunnar soltar o ramo e ficar de pé.

“Não. Ele morreu antes que eu tivesse coragem.”

Michael ficou de pé e envolveu seus braços ao redor de Gunnar. “Sinto muito, o mundo não foi justo contigo.”

Gunnar pareceu duvidar, mas finalmente envolveu seus braços ao redor de Michael. “Se alguém tiver a capacidade de ajudar ao Neo a ser feliz, é você.”

Michael apertou ao seu grande amigo forte. “Não é tão duro como acredita, líder.“ Brincou.

Gunnar grunhiu. “Não conte para ninguém.”

 

Tarde dessa noite, Michael se aproximou da porta do estúdio e tocou ligeiramente. “Neo? Posso falar contigo?”

“Entre,“ Neo grunhiu.

Michael entrou e procurou no quarto a Rafi. Ele tinha praticado todo o dia o que ia dizer. Antes que pudesse sentar-se, Neo saltou de sua cadeira e envolveu em sua mão o pescoço de Michael.

“Atreveu-se a entrar em meu escritório cheirando a lobo?”

Impactado, Michael abriu a boca para rechaçar a acusação, mas encontrou que ele não podia falar.

“E não só qualquer lobo, o chefe de minha segurança!” Neo gritou e empurrou a Michael ao chão.

As mãos de Michael imediatamente foram a sua garganta, assegurando-se de que Neo não tivesse quebrado nada. Embora ele fosse testemunha do temperamento de Neo, não sabia que o homem fosse violento. “Não é o que você esta pensando,“ replicou Michael.

“Sai da minha casa!“ Rugiu Neo, afastando-se.

“Espera, por favor,“ rogou Michael. Ele sabia que se somente dizia a Neo a verdade poderia lhe perdoar.

Neo virou o rosto contorcido dentro da máscara de vampiro. “Sabia que era um engano deixar você ficar aqui. A única razão pela que aceitei foi porque senti pena de você. Spiro não te queria mais ao redor dele e agora eu tampouco.”

Michael sentiu as lágrimas formar em seus olhos.

Sabia que seu pai não se sentia dessa maneira, mas o olhar de Neo quando disse isso, cortou-o como com uma faca. “Realmente me odeia tanto?“ Atreveu-se a perguntar.

“É uma puta,“ disse Neo irritado. “Se ofereceu a mim antes que passassem vinte e quatro horas, por que deveria me surpreender que procurasse em outro lugar quando te dou as costas?”

“Mas não o fiz. Não quero a ninguém, só a você.“ Agora era o momento de dizer. “Eu te amo. “

Neo bufou. “Sim, só você entende essas palavras. Volta para sua casa garotinho.”

Sua cabeça foi para trás como se tivesse sido golpeado. Michael não podia acreditar no que lhe estava acontecendo. Suas emoções tomaram o controle, e lançou sua dor para Neo como se fosse uma arma. “Ao menos não passeio fodendo com ele na sua frente. Crê que sou tão estúpido para não ouvir o que faz no quarto do lado? Eu sou o único que te ama!“

“Rafi não é teu assunto!“ Neo deixou o quarto com um ‘puff’ de fumaça.

Michael ficou no quarto tratando de adivinhar o que tinha feito de errado. Por alguma razão seu amor não era suficiente para Neo. Que mais poderia lhe dar? Não havia maneira de que voltasse a casa de Spiro. Precisava pensar o que estava tão mal nele para que Neo encontrasse a idéia de amá-lo tão repugnante.

Recordou a cova que tinham passado enquanto corriam. Gunnar lhe disse que os lobos a usavam nas noites de lua cheia. Com a lua cheia a mais de uma semana, Michael decidiu que a cova poderia ser justamente o lugar que necessitava para lamber as feridas proverbiais.

 

Depois da terceira garrafa de Líquido Carmesim, Neo começava a cambalear. Deixou cair sua cabeça para trás e olhava as vigas. Quando começaram a girar, ele riu. “Roda, roda e balança quando te detiver ninguém saberá,“ cantava.

Refugiou-se no armazém de provas longe das lágrimas nos olhos de Michael. Havia uma parte dele que queria acreditar nas últimas palavras de Michael. Como seria se alguém tão especial como Michael o amasse?

Ele tinha pensando muito nas semanas anteriores e chegou à conclusão de que Michael tinha sido enviado como um truque para que retomasse ao seu status de Rei.

Bem, ele não ia ser pressionado a entrar em algo para o que não estava preparado.

Apesar do fato de que seu irmão se colocou em um montão de problemas para arrumar essa pequena charada, Neo tinha imaginado que o averiguou antes que ele tivesse feito papel de idiota ao confessar seus sentimentos. Oh, ele não estava, mas ele desafiava a alguém a estar ao redor do homem de cabelo dourado e não cair apaixonado por sua tranquila conduta e sua energia pela vida. A noite no vinhedo tinha estado tão perto.

O cabelo de Michael à luz da lua o atraía como o fogo à traça. A história que Michael lhe tinha contado sobre seu amigo havia realmente chegado a Neo. Agora se perguntava se a história tinha sido fabricada para que se apaixonasse por Michael.

A pintura lhe tinha feito tomar consciência. Um aviso a mais de que ele já não era o homem que estava acostumado a ser. Não seria justo para Michael, pedir que ele também vivesse na escuridão da noite. Inclusive se Michael era um peão no jogo de Spiro, Neo não podia condenar a um homem a viver nas sombras.

A seguinte coisa que Neo soube é que estava no quarto de Michael. Ele nem sequer recordava como tinha chegado ali. A primeira coisa que notou foi à cama vazia.

Neo tragou o nó em sua garganta e se dirigiu ao armário.

Quando encontrou somente os cabides vazios, Neo suspirou. “Possivelmente seja a melhor desta forma.”

Cambaleou para seu próprio quarto, sem surpreender-se de encontrar Rafi nu com seu pênis em sua mão. O were-tigre era formoso, Neo não podia negar isso, mas por semanas ele tinha sido incapaz de chegar ao clímax apesar de seus melhores esforços. “Não esta noite.”

Rafi se sentou. “Ouvi que vocês dois tiveram uma briga. Espero te fazer sentir melhor e que possa esquecer tudo a respeito de Michael.”

Neo entrecerrou os olhos. Por que não tinha notado antes? Algo em seu companheiro de cama tinha mudado. Parecia que Rafi não se via como se fosse somente uma simples relação física. De algum jeito Rafi tinha começado a ter sentimentos por ele. «Merda».

Neo se sentou na beira da cama e puxou brandamente uma das tranças que caíam sobre o peito de Rafi. “Fomos amigos e companheiros por muitos anos, mas meu coração não te pertence. Sinto muito.”

Lágrimas encheram os olhos de Rafi. Era a primeira vez que Neo havia inclusive sido testemunha de que o alfa era tão emocional. “Não tem que me amar, somente me deixe te amar e isso é suficiente para mim.”

Neo sacudiu a cabeça e embalou a bochecha de Rafi. “Não posso permitir isso. Merece mais.“ Neo se inclinou e depositou um suave beijo nos lábios cheios de Rafi. ”Será melhor que já não venha mais.”

Três dias depois, Neo procurava ao seu chefe de segurança. “Gunnar,“ gritou, entrando nos dormitórios.

Tratou de fazer seu melhor esforço por afastar-se do lobo que tinha posto suas patas em Michael. Perder a Michael tinha sido suficientemente duro, para agora perder ao seu melhor amigo também.

“O que?“ Gunnar abriu a porta de seu apartamento.

“Acabo de receber uma chamada de Morris Jones querendo revisar suas referências.”

“E? Espero que de boas. Mostrei-me mais leal do que provavelmente mereça.”

Neo empurrou a Gunnar e entrou em seu pequeno apartamento. “De que inferno é tudo isto?”

Gunnar cruzou os braços e se apoiou contra a parede. “Sei que o que te aconteceu em todos esses anos foi ruim, sei. E estava acostumado a deixar passar seus estados de humor porque sabia que estava machucado, mas então um homem chega contigo para realmente te dar uma oportunidade de amar e lhe cospe no rosto. Sinto muito, não posso trabalhar para alguém assim.”

“Sei que Rafi está passando momentos duros, mas não posso permitir que siga sonhando com o que nunca poderei lhe dar.”

“Rafi?“ Gunnar deu um passo para Neo. ”Não vi Rafi em dias. Estou falando a respeito de Michael e a merda de como o tratou.”

“Bom, não se sinta tão alto e poderoso por alguém ao que teve em suas mãos o mesmo dia que pretendia professar seu amor por mim.”

“Pode ser um imbecil,“ disse Gunnar golpeando com o punho a parede ao lado dele.

”Se você me cheirou em Michael é porque ele é o suficientemente compassivo para me confortar quando viu que eu estava aflito.”

Neo nunca tinha sabido que Gunnar lhe mentia.

Entrecerrou os olhos e tratou de ler ao seu amigo. “Por que estava aflito?”

“Michael me perguntou se tinha amado a alguém o suficiente para que fosse uma dor constante.“ Gunnar olhou aos olhos de Neo. ”Ele o ama e o enviou para longe de você.”

Neo sentiu como se lhe tivessem dado um murro. Sem outra palavra deixou o apartamento de Gunnar. Lembrou do rosto de Michael a noite que ele o tinha jogado ao chão. Como pôde ter sido tão cruel?

Logo que chegou a seu estúdio chamou Spiro.

“Neo? Aconteceu algo mau?“ Respondeu Spiro, sua voz se ouvia como se viesse do teto.

“Sim. Preciso falar com Michael.”

“O que? Neo, O que está acontecendo?”

“Maldição, Spiro, somente me deixe falar com ele.“ Neo começou a passear pelo estúdio.

“Michael não está aqui. Não o vi desde a manhã seguinte que o levei para você.”

“Merda!”

“Estarei aí em trinta segundos,“ disse Spiro.

“Não. Encontrarei-o. Eu causei isto, assim vou consertar.”

“Escuta-me se algo lhe acontecer,“ advertiu Spiro.

Neo não precisava preocupar-se com Spiro. Se algo acontecia a Michael, ele gostosamente ofereceria sua cabeça aos deuses. Visões de uma masmorra chegaram a sua mente.

“Não!“ Gritou obrigando as suas lembranças a afastarem-se. “Michael estará bem.” «E quando o encontrar, nunca o afastarei de minha vista de novo».

 

Encolhido contra a parede da cova, Michael tremia. Tinha esperado que três dias fosse o suficiente para que alguém fosse buscá-lo.

Mas ao final do segundo dia, sabia a verdade. Tudo o que tinha pensado que estava no coração de Neo tinha sido uma quimera.

Já não era questão de desejar que alguém pudesse vir, agora somente era aonde deveria ir. Retornar com seu pai só levaria a vergonha ao melhor homem que tinha conhecido. Michael não podia fazer isso. Ele amava muito a Spiro.

Um homem lá fora captou sua atenção. Michael se endireitou esperando que fosse o homem por quem se apaixonou. “Neo?”

Uma escura figura entrou na cova. “Não, mas estou feliz de saber que o espera.”

Michael pressionou suas costas contra a dura parede. “Quem é?“

“Meu nome é Liam. Sou um velho amigo de Neo.”

O pelo na parte de trás do pescoço de Michael lhe arrepiou, enquanto conseguia ficar de pé. O homem estava mentindo. Embora Michael não conhecesse tudo sobre Neo, tinha começado a ser óbvio nos meses que tinha estado nos vinhedos que Neo não tinha amigos fora daqui. “O que é que quer?”

Liam riu e se moveu para Michael. “A você.”

Michael se moveu a um lado e se afastou. Não conseguiu ir muito longe antes que ele o derrubasse no duro piso com seu corpo muito maior.

“Neo pode te matar se me tocar.”

Liam empurrou seu duro pênis contra a bunda de Michael enquanto detinha seus braços acima de sua cabeça. “Oh, talvez devesse fazer muito mais que te tocar.”

Michael afundou seus dedos na dura terra. Tragou a bílis que subia a sua garganta quando Liam começou a rasgar sua roupa. “Por que faz isto?“

“Porque Neo tirou meu vampiro. Por centenas de anos esperamos que ele se apaixonasse para poder ter nossa revanche.”

Michael não pôde deter uma risada que lhe escapou. “Oh, está tão equivocado. Neo não me ama. Eu estive três dias nesta cova e ninguém se incomodou em me buscar. Imagino que ele está em sua cama fodendo com esse maldito were-tigre.”

Michael se estremeceu quando sentiu o pênis de Liam roçar suas nádegas. “Socorro!“ Gritou tão alto quanto pôde, movendo-se para cima. A parte de trás de sua cabeça golpeou com o rosto de Liam enquanto continuava golpeando.

Repentinamente Liam se endireitou, tomou a Michael ao redor do pescoço com seu braço. “Alguém esta vindo.”

Liam tratou de empurrar a Michael para que ficasse de pé, mas Michael recordou o que seu pai lhe tinha ensinado e afrouxou seu corpo. Um golpe acertou um lado de sua cabeça, e um forte murro golpeou sua clavícula.

“Maldição, não tenho tempo para isto,“ Liam grunhiu.

Michael foi levantado do chão e jogado nos largos ombros de Liam. Apesar do sangue que descia por seu rosto, Michael continuava lutando com tudo o que tinha. Em certo momento da luta as gotas de sangue chegaram à pele nua de Liam.

Liam gritou e deixou cair Michael ao chão. “Que porra me tem feito? “

Michael tratou de esclarecer sua visão, mas o que via não podia estar acontecendo realmente. A carne de Liam se dissolvia como se Michael lhe tivesse jogado ácido em sua pele.

Michael cobriu a ferida com sua mão e saiu correndo da cova sem olhar para trás.

Ele ia descendo a montanha quando se encontrou cara a cara com o grunhido de um lobo branco. “Gunnar! “

Gunnar trocou. “Quem te machucou?”

Michael assinalou para a cova. “Um tipo, Liam. E… Eu acredito que meu sangue lhe queimou.”

“Fique aqui,“ disse Gunnar, trocando de novo.

Logo que o lobo tinha deslocado, Neo apareceu através do bosque. “Michael.”

Michael levantou sua mão livre. “Fique ai.”

As narinas de Neo se moveram e suas presas baixaram. “Está sangrando.”

Michael assentiu. “Há algo mal com meu sangue.”

Gunnar reapareceu e se colocou entre Neo e Michael. “Volta para casa, Neo.“

“O que? O que está acontecendo?“ Neo perguntou.

“Não estou seguro, mas há um vampiro morto na cova.”

“Liam,“ Michael interveio. ”Meu sangue salpicou nele.”

Neo deu um passo atrás e olhou para a cova. “Liam?”

“Conhece-o?“ Gunnar perguntou.

Neo assentiu. “É um dos seguidores de Francois LaMont.”

“Era. Como te disse, ele está morto. Sua carne queimou.”

Neo olhou de Gunnar a Michael. Pela primeira vez, Neo pareceu notar a nudez de Michael. “O que ele te fez?”

Michael afastou a vista, incapaz de olhar nos olhos do homem que amava. “Ele tentou… mas eu lutei contra ele.”

Neo se apressou a avançar, mas Gunnar lhe bloqueou o caminho.

“Não pode tocá-lo até que saibamos como seu sangue matou a Liam,“ Gunnar grunhiu.

“Sei como, e também sei que o sangue de Michael já não pode me machucar.“ Neo empurrou a Gunnar fora de seu caminho como se não pesasse nada.

No momento em que Neo o envolveu em seus braços, Michael paralisou desacordado.

Olhando ao fogo, Neo sustentava a Michael em seu colo, resistente a deixar de sustentar ao homem loiro dormindo. Seu corpo amaldiçoava seu controle mental. O aroma do sangue de Michael enchia o ar igual ao mais fino dos vinhos, e Neo desejava com cada fibra provar o presente dos deuses.

“Gostaria que trouxesse para o amo Michael uma manta?“ Joseph perguntou, deixando uma tigela com água quente e um pano na mesa junto a Neo.

Neo assentiu. Suas presas ainda não tinham retrocedido e inclusive embora considerasse Joseph como um confiável membro de sua família, Neo não se permitia mostrar seu lado selvagem a esse homem. Já era suficiente que Joseph tivesse mencionado o tremor do corpo de Neo enquanto lutava por levar o corpo de Michael ao interior da casa.

“Muito bem, sua Alteza.”

Joseph desapareceu e retornou um momento depois com uma suave manta de cashmere. Neo o conhecia o suficiente para saber que evitaria ver o corpo nu de Michael enquanto estendia a manta.

Neo lhe deu seu melhor sorriso, esperava que Joseph soubesse o muito que o apreciava.

Joseph baixou a cabeça e saiu do estúdio.

Com sua mão livre, Neo colocou o pano na água quente e começou a lavar o sangue seco na bochecha de Michael. Ele podia facilmente curar essa ferida, mas até que não falasse com Spiro ele não se atreveria.

Apesar de que Spiro lhe tinha advertido a respeito de não beber o sangue de Michael, não lhe tinha advertido a respeito de tocá-lo. Não entendia o que tinha acontecido a Liam, mas esperava que Spiro pudesse lhe dar um pouco de luz à situação.

Neo espremeu o trapo sujo. Enquanto a água da vasilha se voltava rosa, sua raiva ameaçava ultrapassá-lo.

Neo empurrou sua ira abaixo, sabendo que só empurraria a Michael a mais perigo se perdia o controle. Se Liam tinha descoberto a Michael, isso significava que os outros quatro homens, aos que Francois LaMont chamava de filhos, também sabiam.

Uma suave brisa moveu o cabelo de Neo, lhe informando que seu irmão tinha chegado.

“Deuses, o que aconteceu?” Perguntou Spiro, ajoelhando-se ao lado da cadeira de Neo. Seus largos dedos acariciavam os loiros cabelos de Michael.

“Ao parecer os vampiro criados pelo LaMont descobriram sua existência em minha vida,“ Neo respondeu.

“Havia cinco vampiros que escolheram seguir a Francois, verdade?“ Spiro perguntou.

“Sim. Agora há quatro.“ A Neo não gostava de pensar em como os outros que Francois LaMont torturou e converteu antes que a ele, converteram-se em seus cinco seguidores que o tinham estado torturando até a loucura. Não podia compreender como alguém podia servir voluntariamente a um Amo sádico.

A vergonha o encheu, enquanto confessava ao seu irmão o que tinha acontecido.

Neo se surpreendeu ao ver que Spiro assentia e aceitava quando mencionou a maneira em que o sangue de Michael tinha matado a Liam. “Você sabia o que podia acontecer?”

Spiro se encolheu de ombros. “Seu sangue é sagrado. Para um vampiro pode significar a morte. Adverti-lhe isso.“

“Sim, mas eu pensei…“ Neo olhou para Michael. ”Não me queima da maneira em que o fez com Liam.”

“Porque o ama. Também te disse isso,“ Spiro lhe recordou.

“Eu lhe tenho carinho, mas temo amá-lo, “admitiu Neo.

Spiro riu. “Assustado ou não, ama-o. Se não o fizesse estaria drenado agora. Vejo a maneira em que suas mãos tremem. O fato de que você controle o desejo por seu sangue é prova desse amor.“

“Posso ser capaz de curá-lo?“ Neo perguntou.

“Claro.“ Spiro de novo colocou sua mão na cabeça de Michael. ”Não é seu corpo o que está ferido, é seu espírito.”

Spiro ficou de pé, seu olhar seguia no homem que tinha criado. “Se insistir em ficar aqui acredito que deveria te enviar alguns de meus guardas para dupla proteção.”

“Não foi culpa de meus guardas que Michael resultou ferido. Foi minha culpa. Obrigado por sua oferta, mas posso cuidar de meu companheiro.”

“Enviarei espiões a procurar os outros seguidores de LaMont.“ Spiro se inclinou e depositou um beijo na testa de Michael. ”Ele é meu mundo. Irmão ou não, se o prejudicar de novo, eu lutarei contigo até a morte. “

“Não o machucarei de novo, baixa sua espada.”

“Enquanto isso ficar claro.“ Spiro desapareceu com outra brisa.

O som da água despertou a Michael. Abriu os olhos e se encontrou no banheiro de Neo, mas o mais importante era que estava nos braços de Neo. “O que aconteceu?”

Neo lhe sorriu. “Pensei em te dar um banho antes de te colocar na cama.”

“Mas este é seu banheiro.”

Neo assentiu. “E com sua permissão será em minha cama onde dormira agora.”

Lembranças de seu tempo na cova chegaram a sua mente junto com a confrontação no estúdio. “Por que agora? O que mudou?”

Balançando a Michael em um braço, Neo fechou o grifo. Entrou na banheira gigantesca, com Michael enroscado contra seu peito. Uma vez que se acomodaram dentro da água quente, Michael se acomodou entre suas pernas, Neo suspirou. “Eu. Eu mudei.”

Apesar da pulsante dor de cabeça, Michael montou escarranchado no colo de Neo. “Por que treme?”

“Porque o monstro em mim quer te consumir.“ Neo fechou os olhos e apoiou sua cabeça no mármore. ”Eu… sinto.”

Michael retirou o sedoso cabelo do formoso rosto de Neo. Esse era o outro lado de Neo que Michael não tinha visto antes. Na cova, Michael dizia a si mesmo que faria Neo rogar ao ir buscá-lo, mas vendo-o agora, Michael sabia que não poderia fazê-lo. “Estou apaixonado por você. Não só por algumas partes, mas por tudo. Você pode se considerar um monstro, mas eu não o faço. O que te aconteceu foi horrível, mas isso não quer dizer que tenha de fazer de conta que essa parte não existe ou é muito má.”

Neo embalou as bochechas de Michael. “Como pode dizer isso? Tem idéia do que o monstro quer te fazer agora?

Michael se inclinou e murmurou contra os lábios de Neo. “Ama-me?“

Neo fechou os olhos e assentiu.

“Meu sangue está desenhado para você. É teu tanto como é meu.“ Inclinou a cabeça para um lado, lhe oferecendo seu pescoço. Michael sabia que esse dia viria quando ele se submeteria gostosamente ao seu amante. Claro que ele assumiu que passaria em um momento de paixão, mas se deu conta que era melhor desta maneira.

“Dou-te meu sangue livremente,“ murmurou, ainda esperando pela mordida que viria.

Neo surpreendeu a Michael beijando seu pescoço, seguido de uma larga lambida. “Não quero te machucar.”

“Sei que não quer, mas realmente quero que me foda e não poderemos fazê-lo até que consiga estar sob controle.”

Neo envolveu seus braços ao redor da cintura de Michael e ficou de pé. Enquanto a água descia por seus corpos nus, Neo tomou a boca de Michael em um profundo beijo. “Não aqui.”

Michael enterrou seu rosto no pescoço de Neo, lhe dando pequenos e suaves beijos na pele oliva enquanto Neo tomava seu tempo para gentilmente secá-lo. O momento era tenro, algo que Michael não tinha esperado. Seu amor pelo homem se aprofundava com cada carícia da toalha.

“Sentiu saudade de mim?” Perguntou Michael.

Era provavelmente uma pergunta tola, mas precisava saber.

Neo levou Michael ao quarto e cuidadosamente o deixou sobre o colchão, puxando os cobertores sobre ambos. “Pensei que tinha voltado à casa de Spiro. Não foi até que Gunnar me deixou claro seus sentimentos…“

“Está bem,“disse Michael, passando suas mãos pelo escultural peito de Neo.

“Não, não está. Pensei que tratava de me enganar para que me apaixonasse por você,“ Neo admitiu.

“Por que pensou isso?“ A mão de Michael viajou para baixo ao pequeno ninho de cachos que rodeavam o pênis de Neo. O duro membro de seu parceiro escolhido roçou o dorso de sua mão, causando uma ereção em Michael.

“Sei o que acredita que devo tomar meu lugar como líder das Criaturas Bentas.“ Neo pressionou seu pênis contra a mão de Michael.

Michael sorriu e envolveu seus dedos ao redor do pênis. “Que seja ou não líder eleito é seu assunto. Se o fizer, eu farei tudo o que possa para te ajudar, mas se decidir que o vinhedo é o lugar correto para você, ainda te amaria.”

Neo se girou cobrindo o glorioso corpo de Michael.

“Estou assustado de te querer muito. Pela primeira vez em minha vida estou apaixonado. E se arruíno tudo?”

Michael envolveu suas pernas ao redor da cintura de Neo, soltou o pênis de Neo para estar mais perto do homem. “Então eu lhe repreendo e avançaríamos.”

Sorrindo, Neo empurrou seu pênis contra o de Michael.

“Não trago bem em ser repreendido.“

“É por isso que você é um governante. Prometo que se esse momento chegar, o farei em privado.“

Apesar de que Neo lhe tinha professado seu amor, Rafi seguia na parte de atrás da mente de Michael. “E Rafi? Terminou com ele?”

Neo suspirou e fechou seus olhos. “Perdoe-me. Meu tempo com Rafi era somente a maneira que encontrei para te manter afastado. Não sabia o que Rafi sentia por mim.”

“Somente de olhar em seus olhos se vê o que sente por você.”

Neo sacudiu a cabeça. “Estava cego a tudo por minha necessidade por você e não me sinto bem por isso. Mas não se preocupe. Reparei minha falta com Rafi.”

Apesar de que lhe preocupava que a presença constante de Rafi nos vinhedos pudesse ser sempre uma tentação para o homem que amava, a explicação de Neo de algum jeito tinha tranquilizado o orgulho de Michael.

De novo lhe ofereceu seu pescoço. “Agora me morda assim poderemos foder.”

Um momento depois e ainda os dentes não se encaixavam em sua carne. Michael ia dizer algo quando sentiu a perfuração das presas de Neo. Ofegou enquanto um calor o percorria. Quanto mais Neo bebia dele, com mais energia Michael se sentia, o que não tinha sentido.

Com um último gemido, Neo lambeu o pescoço de Michael, selando a ferida. Não foi até o momento em que o pênis de Neo estava enterrado profundamente até as bolas que Michael se deu conta que estava em seu interior. “Como…?”

“Muito cuidadosamente,“ disse Neo com uma risada.

Michael enlaçou suas pernas altas ao redor da cintura de Neo quando o pênis do homem começou a mover-se dentro e fora dele. Ele olhava fixamente o formoso rosto que tirava o fôlego e não podia acreditar que um homem tão grande e poderoso como Neo o quisesse. Não, Michael se corrigiu. Neo havia dito que o amava.

A lenta, formosa maneira de fazer amor poderia ser perfeita se Michael pudesse tirar a imagem de Neo fodendo a Rafi de sua cabeça. Michael sabia que o que tinha ouvido dos dois homens era diferente. Rafi estava gritando, não havia dúvidas disso, mas Neo também tinha falado bastante enquanto fodia ao were-tigre.

Deveria Michael tomar o silêncio de Neo como se estivesse decepcionado da maneira em que Michael se sentia ao redor de seu pênis? Enquanto seguia ponderando a pergunta, Neo seguia empurrando-o lento e firme, empurrando-se profundamente antes de sair até a coroa que permanecia dentro do corpo de Michael, mas seguia sem dizer uma palavra.

“Não me deseja da maneira em que faz com Rafi?“ Finalmente perguntou.

Neo fez uma pausa em seus impulsos, apoiou-se em suas mãos e olhou aos olhos de Michael. “Por que me faz essa pergunta?“

Michael mordeu o lábio inferior, desejando não haver dito nada. “Esquece.”

Neo entrecerrou os olhos e sacudiu a cabeça. “Responda-me.”

Com um forte suspiro, Michael deixou suas pernas cair aos lados de Neo. “Ouvi você foder antes, recorda? Sei como você fazia quando estava realmente desfrutando e ouvia as coisas que diziam durante o sexo.“ Michael tomou outra profunda respiração, sentia o peso do olhar de Neo nele. ”Mas não faz essas coisas comigo.”

Neo inclinou a cabeça a um lado. “Estou tratando de fazer mais que uma simples foda contigo. Quero que isto seja especial. Quando eu fodia a Rafi, isso era tudo sobre mim e o que eu queria, mas não posso ser dessa maneira contigo.”

Michael retirou o negro cabelo de Neo de seu rosto e o acomodou detrás de suas orelhas. “Isso me parece que com Rafi estava desfrutando, se você desse ou não prazer a ele. Não vou quebrar, sabe. Não troque porque acredita que eu quero.“

Neo girou a cabeça e beijou a mão de Michael, “Nada mais de falar de Rafi. Ele é o passado, você está aqui comigo agora e para sempre.“

Apesar das dúvidas de Michael de que isso pudesse ser possível, assentiu aceitando-o. Somente porque nunca falaria de Rafi com Neo, não significava que o esqueceria.

Com um travesso sorriso, Neo se empurrou mais profundamente. “Será que essa é sua sutil maneira de me dizer que necessita mais de mim?“

“Eu necessito tudo o que você queira me dar.“ Michael não estava falando somente de sexo, mas dessas outras coisas Neo ainda não precisava saber.

Neo tomou os pulso de Michael e levou as mãos à cabeceira. “Segura.”

Não havia lugar onde pudesse agarrar-se, Michael estirou as mãos e se apoiou contra a lisa madeira da cabeceira enquanto Neo quase o dobrava em dois com cada duro e rápido empurrão. Isso era mais do que esperava, mas não menos satisfatório. Michael gritava cada vez que o pênis de Neo roçava sua próstata.

Tratando duramente de concentrar-se em respirar apesar do entristecedor prazer, seu pênis explodiu sua liberação antes que estivesse inclusive consciente do que lhe estava acontecendo. Neo nem sequer diminuiu o ritmo enquanto o abdômen e peito de Michael se cobriam de sêmen. Era impossível que Michael levasse suficiente ar aos pulmões enquanto Neo continuava o assalto em seu traseiro. «Por favor, não deixe que morra a primeira vez que faço amor com meu amante», Michael rezou.

Quando sua visão começou a encher-se de manchas, Michael finalmente deixou a cabeceira e colocou suas mãos no peito de Neo. Precisava dizer ao seu novo amante que fosse mais lento, mas ele precisava de oxigênio para fazer a declaração que necessitava. «Santa merda Como vou fazer?»

Tudo ao mesmo tempo, os rasgos de Neo se esticaram. Neo se afundou no peito de Michael e cravou suas presas na suave carne de seu pescoço enquanto seu corpo se estremecia com a liberação.

Igual a antes, quanto mais Neo bebia, mais revitalizado Michael se sentia. Quando Neo selou a ferida, os pulmões de Michael retornavam ao seu funcionamento normal.

Neo enterrou seu rosto no pescoço de Michael e suspirou.

“Nunca tinha tido uma experiência que significasse tanto para mim,“ murmurou.

“Para mim também, mas pode me fazer um favor da próxima vez?“ Perguntou Michael sentindo-se atrevido.

“Certamente,“ respondeu Neo.

“Morda-me antes. Em um momento pensei que poderia me sufocar.”

Neo se levantou o suficiente para olhar Michael aos olhos. “Machuquei-te?”

“Não, bom, sim, algo, mas isso só foi pela intensidade de sua forma de fazer o amor. Por favor, não troque essa parte. Amo isso. Somente que há algo quando você me morde, em lugar de me sentir fraco, eu sinto-me forte.”

As sobrancelhas de Neo se juntaram. “Nunca ouvi isso antes.”

“Eu tampouco, mas sei como me senti.”

“Hmmm, bom investigarei sua teoria dentro de uns trinta minutos mais ou menos. Perdoa pela tardança, sou um homem velho comparado a você.”

Trinta minutos? O único amante que tinha tido era bom uma vez por noite. Michael fechou os olhos esperando sobreviver às proezas sexuais de seu novo companheiro.

 

As semanas seguintes passaram na alegria de fazer amor até no que a Michael concernia. Descobriu que quanto mais Neo se alimentava dele, menos precisava dormir. Embora continuasse na cama com Neo, antes que o sol sumisse, geralmente ficava de pé e corria por algumas horas.

Quando corria pelo caminho para as quadras de esportes a um lado dos dormitórios, Michael mantinha os olhos abertos. A segurança se redobrou e usualmente não havia ninguém dentro do alcance de seus ouvidos, mas isso não lhe incomodava e tratava de cuidar de si mesmo, quando podia.

Michael estava na metade do caminho dos dormitórios quando ouviu algo mover-se próximo ao matagal. “Quem está aí?“

Rafi se deteve no caminho frente a Michael. “Sou eu.”

Era a primeira vez que Michael via Rafi, desde que foi resgatado da cova. “Não tinha visto você ultimamente,“disse Michael.

“Tive que me afastar por um tempo, mas voltei.”

Michael esperou que Rafi dissesse mais alguma coisa, mas quando não disse nada, Michael assinalou aos dormitórios. “Estou indo ver se Gunnar, queria jogar basquete.”

Embora isso pudesse ser um diplomático convite para que Rafi se unisse, mas Michael não o sentiu assim. Não estava seguro de que etiqueta social se estendia para ex-amantes de seu companheiro. Assentindo, Michael tratou de rodear a Rafi, mas o were-tigre se deteve frente a ele de novo.

“Ele vai se cansar de você,“ disse Rafi.

“Essa é sua opinião,“ respondeu-lhe Michael aborrecido. ”Lamento que tenha ficado machucado, mas isso é entre você e Neo.”

Rafi realmente grunhiu, de sua própria maneira de tigre.

“É por causa de você que Neo terminou nossa relação.”

Michael suspirou. Ele realmente não queria deixar zangado com sua resposta a um homem que poderia rasgá-lo.

Possivelmente era melhor acalmar a Rafi, assim poderia seguir com seus assuntos. “Sinto muito. Por tudo.”

Uma mão chegou a um lado do rosto de Michael e ele nem viu de onde. Michael caiu ao chão com a força do golpe.

“Um dia realmente o sentirá em lugar de me insultar com sua superficialidade,“ vaiou Rafi antes de entrar como uma tormenta no mato por onde tinha aparecido.

Michael se levantou e cobriu sua dolorosa bochecha com sua mão. Cuidadosamente moveu a mandíbula de um lado a outro, esperando que o dano não tivesse sido mais sério do que tinha sido. Merda. De novo estava na posição de não saber o que fazer. Michael e Neo tinham começado a unir laços, não havia dúvida de que Neo havia sentido o golpe logo que tinha acontecido. Felizmente, Neo seria incapaz de deixar a casa por no mínimo outra hora.

Michael seguia no caminho, congelado, quando Haig, um dos guardas de confiança de Neo chegou ate ele. Ele rapidamente tratou de esconder o lado de seu rosto girando de lado.

“O que aconteceu aqui?“ Perguntou Haig. ”Pude cheirar a ira desde meu posto.”

Era Haig a resposta aos seus pedidos, ou poderia o were-lobo insistir em levá-lo com Neo? “Pode guardar um segredo?“ Michael perguntou a Haig.

“Algumas vezes. Depende do que seja.”

Michael virou os olhos. “Bom, ao menos é honesto.“ Ficou olhando um momento antes de girar o rosto para Haig. As grandes e loiras sobrancelhas do homem subiram quase até a linha do cabelo. ”O que aconteceu?“

“Alguém me golpeou, mas não quero voltar a casa desta forma.“ Michael se aproximou. ”Conheço meu companheiro, e não quero que alguém morra por um simples desacordo. Se pode me conseguir um pouco de gelo não estará tão mal quando Neo me veja.”

Haig entrecerrou os olhos, levantou a cabeça e começou a farejar o ar. “Se foi Rafi quem te golpeou, duvido que seja um simples desacordo. Além disso, não importa quão duro te tenha golpeado o fato de que o fizesse é suficiente para que tenha selado seu destino aos olhos de Neo.”

Michael não precisava saber como Haig sabia disso. Era amplamente conhecido ao redor do vinhedo que Michael havia recentemente substituído Rafi na cama de Neo. Isso seguia sendo um ponto doloroso para Michael, mas fazia o melhor para controlar sua dor e ciúmes pelo were-tigre. “Mas está de acordo comigo sobre a reação de Neo quando o descobrir?”

“Claro. Tenho meu próprio companheiro e sei o que faria se alguém se atrevesse a pôr uma mão no Kern.”

“Rafi está doído e confuso, ele não deveria morrer porque atuou por causa desses sentimentos.“ Michael deu outro passo. ”Só necessito um pouco de gelo e um lugar onde estar até que o inchaço abaixe.”

Haig colocou suas mãos em seus quadris, mostrando a larga musculatura de seu peito, “Posso te levar a minha casa, Kern está lá, mas não tenho eleição, tenho que reportar isto a Gunnar.“

“Bem.“ Possivelmente Rafi possa dar-se conta do que tem feito e fuja do vinhedo antes que Neo o encontre.

Haig seguiu e começou a descer pelo caminho com Michael justo detrás dele. Em lugar de seguir para os dormitórios, Haig deu uma volta para uma pequena casa com a frente de pedra construída para casais das Criaturas Bentas.

Michael seguiu a Haig pelos degraus para o alpendre. Apesar de que a casa não era grande nem elegante como a de Neo, tinha um encanto que resultava extremamente atrativo para Michael.

Quando Haig abriu a porta da frente, o interior era tão caseiro como o exterior. “Kern,“ gritou Haig.

“Espera,“ uma profunda voz respondeu desde mais à frente da área da sala e cozinha.

Kern entrou em quarto usando somente um short. “Cheirei que vinham dois, assim corri e pus um pouco de roupa.”

Haig limpou a garganta. “Será melhor que ponha também a camisa. Provavelmente já terei suficientes problemas por trazer Michael aqui, não tem sentido empurrar mais a sorte.”

“O que te aconteceu?“ Perguntou Kern.

Michael não conhecia a Kern tão bem como aos outros guardas. Exceto pelo Haig, Kern tendia a manter-se à parte. Michael perguntava se a cicatriz que ia da testa de Kern até sua clavícula tinha que ver com isso.

Haig cruzou para a cozinha e abriu o refrigerador. “Evidentemente Rafi voltou.“ Haig pegou um grande bife, do tipo que Michael tinha visto nas entregas de mantimentos, e o levou embrulhado a sala em uma toalha de papel. ”Pega.”

Michael pegou o bife e o envolveu na toalha antes de, cuidadosamente, pressioná-lo contra sua bochecha. Ele fez gestos quando o pressionou contra seu torcido rosto, mas sabia que isso baixaria o inchaço, já sentia seu olho inflamado.

Kern desapareceu e voltou rapidamente com uma camiseta vermelha descolorida na mão, colocou rapidamente sobre a cabeça, enquanto se aproximava de Michael. Depois de levantar o queixo de Michael e retirar o improvisado pacote de gelo, Kern grunhiu. “Bem, ao menos não tratou de te matar. Um were-tigre poderia te arrancar a cabeça com um bom golpe.”

“Essa é uma agradável imagem,“ murmurou Michael, colocando o bife contra sua bochecha de novo.

Kern baixou a vista, seus penetrantes olhos verdes fixos nos de Michael. “Diria que deveria usar essa informação quando falar com Neo. Isso poderia ser suficiente para salvar a vida de Rafi, mas se eu fosse Neo iria atrás de Rafi e o despedaçaria com minhas mãos nuas.”

Michael olhava fixamente a Haig. Nenhum deles tinha mencionado seu temor diante da reação de Neo, assim. Como Kern sábia? Ele ia perguntar, mas Kern o interrompeu.

“Para nós, é um instinto natural assassinar a quem ameaça ao nosso companheiro.“ Kern olhou sobre o ombro de Michael para Haig. ”Sou afortunado de que meu companheiro seja tão forte como eu, mas não importa quão forte ou fraco seja um companheiro, o instinto segue aí.”

Kern retornou sua atenção a Michael. “Por que não se senta? Vou fazer uma xícara de chá.“

“Teria um pouco de vinho?“ Perguntou Michael. ”Eu sinto, mas acredito que poderia necessitar um pouco agora.”

Kern sorriu. Apesar da cicatriz em um lado de seu rosto, o homem era incrivelmente formoso. “Certo.”

Antes que Kern saísse do quarto, Haig o puxou para um beijo. Ver os dois homens fortemente musculosos em um apaixonado beijo era mais sexy que o inferno. Michael se obrigou a reajustar seu duro pênis em suas calças.

“Retornarei em uns minutos com Gunnar,“ disse Haig, rompendo o beijo.

Kern olhou a Haig até que a porta se fechou antes de retornar à cozinha.

“Há quanto tempo estão juntos?“ Perguntou Michael quando Kern lhe deu a taça de vinho.

“Nós crescemos juntos, mas realmente somos um casal desde os dezessete.“ Kern se sentou em uma cadeira frente ao sofá. ”Recentemente celebramos nosso aniversário de quatrocentos e vinte anos.”

“Maldição. O que se faz com isso? Quero dizer, estar mais à frente do aniversário de prata ou de ouro.”

Kern riu, ficou de pé. Virando de costas a Michael tirou a camisa sobre sua cabeça. Uma árvore completa com ramos, folhas e raízes cobriam as costas completamente de Kern. Michael olhava fixamente a parte baixa da tatuagem.

As raízes eram apenas visíveis pela cintura do short de Kern. “Quão longe se estendem as raízes?”

“Não, Não vou baixar o short,“ disse Kern, com uma admoestadora expressão. ”Nós começamos com uma simples raiz e lentamente adicionamos uma peça a cada ano. Agora estamos com as folhas. Esperamos ter lugar ao menos para outras quatrocentas ou quinhentas delas.

Michael deixou seu copo e ficou de pé, enfeitiçado pelo intrincado desenho em branco e negro. As folhas adicionadas em vários tons de verde faziam que a tatuagem se visse em terceira dimensão. O artista nele ansiava riscar cada raiz e cada ramo. “É fantástico,“ murmurou em um reverencial tom. ”Como fizeram para decidir o desenho?”

Kern colocou a camiseta e caminhou para o quarto, retornou com um livro muito velho. “Este é o livro de nossos ancestrais. Eles rendiam culto ao grande carvalho.”

Michael estudou a pintura de um grande carvalho à frente do livro. Sacudiu a cabeça. “Obrigado por compartilhar isto comigo. Haig também tem um, verdade?“

“Sim. Uma fada na Irlanda é o artista. Ele é magnífico. Haig e eu viajamos ao norte cada ano para celebrar nosso aniversário.”

“Assim suponho que são de lá?“ Perguntou Michael, retornando ao sofá.

“Sim.“

“Ainda têm família lá?“ Michael se perguntou o que se sentiria ter uma história assim. Claro, ele tinha a Spiro e agora a Neo, mas nem sequer sabia se tinha ancestrais. Spiro sempre havia dito que ele tinha sido um presente dos deuses.

“Não.“ A conduta total de Kern mudou. ”Será melhor que me vista em caso de que tenhamos problemas.”

A abrupta mudança em Kern surpreendeu a Michael. Ele viu o were-lobo dirigir-se com firmeza ao quarto.

Michael tinha a forte suspeita de que essa firmeza era afastar do inferno dele. Por que tinha que fazer tantas perguntas?

Ele levantou o bife congelado e de novo o colocou em sua bochecha. A ação doeu como o inferno. Parecia que seu rosto era mais sensível com o passar do tempo. Agora não só tinha que preocupar-se por Rafi voltar e terminar o trabalho e a reação de Neo a sua briga, mas também o fato de que ele tinha feito que Kern se zangasse com ele.

Decidindo que era melhor esperar lá fora, Michael ficou de pé e levou o bife de volta ao congelador. Ainda seguia congelado assim pensou que estaria bem para que pudesse comer-se. Olhou ao redor do quente lar uma vez mais antes de abrir a porta e sair ao alpendre. Michael considerou sentar-se na cadeira de balanço, mas não sentia correto invadir o lar de Kern e de Haig.

Pela primeira vez desde que chegou ao vinhedo, Michael se deu conta de que ele era um estranho lá fora.

Não tinha família, nem história e não era seu assunto meter-se na vida dos outros, nem sequer para nivelar uma relação.

Os lobos já tinham sua manada. Eles não necessitavam que ele lhes fizesse estúpidas perguntas.

“Que inferno está fazendo aqui sozinho?“ Gritou Gunnar, correndo para ele com Haig seguindo-o.

“Onde está Kern?“ Perguntou Haig.

Michael assinalou para a casa. “Acredito que eu o zanguei. Não era minha intenção, juro-o.“ Michael sacudiu a cabeça e olhou em direção à casa de Neo. ”Eu sinto muito, Haig. Não devia ter incomodado. Eu mesmo vou dizer a Neo.“

“Não se atreva a dar outro passo,“ grunhiu Gunnar.

Embora Gunnar não fosse seu alfa, Michael quase caiu ao chão e mostrou sua garganta diante da ordem. Maldição.

Como o homem fez isto?!

“Por que estão aqui fora?“ Perguntou Kern, saindo ao alpendre.

“Falaremos depois,“ murmurou Haig.

Gunnar levantou o queixo de Michael, seus olhos se entrecerraram para ver o dano causado pelo golpe de Rafi. “Como se sente?”

Michael abriu a boca para minimizar a lesão, mas antes que as palavras saíssem, Gunnar lhe assinalou. “Recorda que posso cheirar uma mentira.”

«Não havia maneira». Haveria algo que Gunnar não pudesse fazer? “Dói,“ confessou Michael.

Gunnar olhava fixamente a Michael por um momento. “Rafi te ameaçou?”

Michael pensou em seu anterior confronto. “Ele estava zangado.”

“Isso é óbvio. O que foi que ele disse?“ Perguntou Gunnar, liberando o queixo do Michael.

Michael tragou o nó em sua garganta. “Que um dia eu realmente o sentiria.“

Gunnar deu um passo atrás e tomou uma profunda respiração. “Joseph acaba de me chamar. Neo está destruindo seu estúdio porque não pode te encontrar.“

“Então deveria ir, “ disse Michael.

Gunnar olhou de novo a Haig e Kern. “Não. Deixe-me acalmá-lo antes que te veja. Pode esperar fora da casa com estes dois.“

Michael olhou a Kern. Embora o homem já não se via zangado, seu humor definitivamente tinha trocado desde que Michael lhe perguntou sobre sua família. Michael se inclinou e murmurou a Gunnar no ouvido. “Não estou seguro de que Kern queira fazer algo mais comigo.”

“Isso não é certo,“disse Kern.

Michael girou os olhos. Claro que Kern tinha ouvido. A maioria das Criaturas Bentas tinham o ouvido igual ao homem de 6 milhões de dólares.[4]

“Não sei o que fiz para que pensasse isso,“ continuou Kern. ”Somente que minha família não é tema de discussão. Nunca.”

Michael assentiu. “Sinto muito. Recordarei isso.“

Gunnar fisicamente girou a Michael para a casa principal. “Suficiente espera. Vamos.”

“É um agressivo bastardo,“ grunhiu Michael enquanto era empurrado pelo caminho por seu amigo. Quase lhe disse, Fido, mas pensou melhor pelos dois guardas que os seguiam. Essa era uma brincadeira que podia fazer a Gunnar quando estavam sozinhos, mas fazê-lo frente aos homens de Gunnar não era opção.

“Que infernos estão tomando tanto tempo?“ Gritou Neo.

“Não posso saber, Sua Alteza,“ replicou Joseph, levantando as peças do abajur quebrado.

Neo saiu do estúdio e entrou no informal saguão.

O sol estava quase oculto, mas faltavam quase outros trinta minutos antes que pudesse sair para procurar a seu casal.

Gunnar tinha assegurado a Neo que ele encontraria Michael e o levaria a casa, mas estava cansado de esperar. Pegou a maçaneta para sair. Olhando fixamente o corte em sua mão, Neo tomou uma profunda e calmante respiração. Valia à pena toda a dor que as queimaduras do sol lhe causariam, mas repentinamente se deu conta que Michael poderia as sentir também, bem como Neo havia sentido a dor em seu companheiro antes.

Antes que pudesse tomar sua decisão final, a maçaneta da porta girou. Neo se retirou e Gunnar rapidamente entrou na casa.

“Encontrei-o na casa de Kern e Haig. Ele está bem,” disse Gunnar, tentando assegurar a Neo.

“Onde ele está?“ Perguntou Neo logo registrando a raiva em sua voz. ”Especialmente quando as ordens eram trazê-lo com você.”

“E o fiz. Ele somente está lá fora com o Kern e Haig. “

Gunnar colocou uma mão no ombro de Neo. ”Entretanto. Somos amigos há muito tempo e te conheço, sei que o assustará nesse estado. Tem que se acalmar ou ele temerá vir contigo com um problema no futuro.”

“Não me diga como tratar ao meu companheiro!“ Rugiu Neo.

Gunnar entrecerrou os olhos. “Estou tratando de salvar seu rabo. Se cale e me escute.”

As presas de Neo desceram diante da reprimenda. “Traz a Michael para dentro ou te prepare para morrer,“ grunhiu.

A porta detrás de Gunnar se abriu e Michael se apressou a entrar no quarto. “Chega!“ Michael se virou para Gunnar. ”Aprecio sua ajuda, mas não pode falar dessa maneira com ele.”

Gunnar abriu sua boca para discutir, mas Michael sacudiu a cabeça e abriu a porta, assinalando a Gunnar que os deixasse. “É um de meus melhores amigos, mas não deixarei que arruíne a relação que você construiu com Neo por isso. Agora, por favor, nos deixe, tratarei de arrumar a situação antes que nos saia das mãos.”

Gunnar deixou de olhar a Michael para olhar fixamente a Neo. “Chame-me quando me necessitar.”

Neo assentiu. Lutar com seu chefe de segurança não manteria a Michael seguro, de fato teria o efeito oposto.

Gunnar se despediu de Michael e Neo com uma breve inclinação de cabeça e saiu da casa.

Michael fechou a porta e se dirigiu a Neo. “E você,“ ele igualou o olhar com Neo. ”Pode se acalmar. Estou bem. Fui golpeado, sim, mas nada está quebrado.”

Neo nem esperou que Michael terminasse a frase antes de puxá-lo para seus braços. Ele estava tão preocupado que nem podia falar. Pela primeira vez desde que despertou sua pele não se sentia como se fora separar-se de seu corpo.

Enterrou o rosto no pescoço de Michael e inalou o aroma de seu companheiro.

Sem esperar sua permissão, Neo mordeu a já familiar jugular . O sangue que chegou a sua boca não era tão doce como sempre. Confirmando que Michael tinha mais dor do que ele queria que Neo acreditasse.

Michael inclinou a cabeça a um lado e enterrou seus dedos através do cabelo de Neo. “Está bem,“ murmurou Michael.

Neo retraiu suas presas e selou a ferida com uma rápida varrida de língua. Quando se apartou para olhar o formoso rosto que amava mais que a suas amadas uvas, estava impactado. Neo passou sua mão pelo lado do rosto de Michael. “Sarou.”

Michael retirou seus loiros cachos para tocar sua bochecha.

“Deve ser o efeito da mordida.”

Era mais que evidente que os dois deveriam seguir juntos. Apesar de que sabia que o sangue do vampiro podia curar a uma pessoa, até onde Neo sabia, uma mordida de vampiro não fazia isso. “Nós estamos realmente conectados,“ disse Neo assombrado.

Michael sorriu e parou na ponta de seus pés para beijar a Neo. “Estive tratando de te dizer isso.”

Neo se inclinou e levantou Michael em seus braços.

Enquanto subia as escadas com seu companheiro, ele amorosamente exortava a Michael. “Vê? Se tivesse vindo diretamente a mim, não teria sofrido tanto tempo.”

“Vejo isso agora, mas estava assustado.”

“Pensou que te machucaria?“

“Não, mas me preocupava o que poderia fazer a Rafi,“ explicou Michael.

Neo quase deixou cair a Michael antes de chegar à cama. Em sua pressa de assegurar-se de que Michael estivesse bem, ele quase se esqueceu do homem que machucou a Michael.

Seus braços se esticaram ao pensar em Rafi colocando uma mão em Michael. “Então, foi Rafi?”

Michael golpeou o peito de Neo com seu punho. “Solte-me. Vai quebrar minhas costelas.“

Neo deixou a Michael na cama. “Por que te golpeou?“

“Ele está ferido, Neo. As pessoas fazem coisas estúpidas quando têm seu coração quebrado.“

Escutar a Michael tratar de defender as ações de Rafi não sentava muito bem a Neo. Possivelmente ele precisava recordar ao seu companheiro, onde exatamente deveria estar sua lealdade. Com um forte puxão rasgou sua camisa, fazendo voar os botões. “Sente-se atraído por ele?“ Perguntou, baixando o zíper de suas calças e ficando nu, Neo começou a despir a Michael. Em sua pressa por reclamá-lo de novo, Neo se lançou sobre Michael sem inclusive incomodar-se pela camisa de seu companheiro. “É meu,“ grunhiu, vertendo lubrificante sob a greta do traseiro de Michael.

“O que? Não,“ disse Michael sacudindo a cabeça.

“Sei,“ Michael se estremeceu quando Neo entrou nele sem tomar o tempo para estirá-lo.

Neo pegou os quadris de Michael e empurrou seu pênis tão profundo como pôde. Com suas bolas aninhando contra o corpo de Michael, Neo se inclinou e mordeu entre as omoplatas de Michael. Empurrou a Michael para a beira da cama.

Michael acomodou seus joelhos debaixo dele, e levantou inclusive mais seu traseiro. “Seu somente, “ grunhiu Michael.

A nova posição permitiu a Neo empurrar-se inclusive mais profundo dentro do buraco de Michael. Rodeou a estirada pele que rodeava seu pênis com seu dedo. “Seu corpo está feito para meu pênis,“ recordou a Michael.

“Isso é tudo pelo que faz isto?“ Perguntou-lhe Michael olhando sobre o ombro.

Apesar de sua necessidade de entrar e sair do corpo de Michael, Neo podia ver a mescla de emoções na expressão do seu companheiro. De novo, Neo se inclinou somente que desta vez ele se esticou para a boca de Michael e deslizou sua língua através dos lábios dele. Saqueava a boca de Michael enquanto empurrava seu pênis dentro de seu buraco.

Quebrando o beijo, Neo lambeu o lábio inferior de seu parceiro. “Você enche meu coração com luz de sol,“ murmurou contra os lábios de Michael.

Obviamente agradado com o sentimento, Michael sorriu, as faíscas retornaram aos seus olhos. “Amo-te.”

“E eu te amo.“ Neo mordeu o pescoço de Michael de novo, raspando com suas presas a pele antes de deslizar-se através dele. Nunca necessitaria de novo do Liquido Carmesim que passou anos desenvolvendo. Tudo o que precisava era ao homem debaixo dele.

Neo sabia da força do sangue especial de Michael desde que o provou pela primeira vez semanas atrás.

A diferença da dos humanos, o sangue de Michael parecia recarregar-se na mesma hora. O aumento da produção permitia a Neo beber de seu amante tão à vontade quanto o desejasse. Ele lambeu a ferida fechando-a antes de começar o ataque com toda sua força.

“Obrigado,“ disse Neo, a Michael e aos deuses. Com uma mão nas costas de Michael, pressionou o torso de seu companheiro à cama e começou a mover-se. Deslizou seu pênis fora antes de empurrá-lo de novo dentro. Deliciosos gemidos de luxúria faziam erupção em Michael. ”Duro?”

“Siiiiimmm,“ vaiou Michael.

O sabor do sangue de Michael ainda seguia em sua língua quando começou um ritmo duro e rápido, deleitando-se com a resposta verbal de Michael.

“Sou teu… Seu… Foda-me!“ Gritou Michael, alcançando entre suas pernas seu próprio pênis, começando a acariciar-se.

O corpo de Michael se aferrava ao pênis de Neo cada vez que tratava de sair, antes de relaxar de novo quando Neo se empurrava de volta. Se não fosse pelo poder de cura da mordida de Neo, não tinha dúvidas de que seu jovem companheiro teria hematomas pela intensidade das fodidas. O dar-se conta disso lhe permitia não tratar a Michael com delicadeza quando estava tão excitado.

O que diriam seus trabalhadores se Neo despisse a Michael e o fodesse no vinhedo? Importaria-lhes? Vinhedo era seu lar, sua propriedade. Ali não havia ninguém que lhe dissesse o que podia ou não podia fazer na terra que era sua propriedade há muitos séculos. Se os were que trabalhavam para ele não gostassem poderiam empacotar suas coisas. Surpreendentemente, todo um novo mundo pareceu abrir-se diante dos olhos de Neo. A ideia de que os dois poderiam ocupar-se em sexo voluntário, encheu a luxúria de Neo.

Raspou com suas curtas unhas as costas de Michael. “Amo te foder.”

Michael gritou sua liberação enquanto seu corpo se aferrava ao pênis de Neo. Neo tomou a mão de seu amante cheio de sêmen e a levou aos seus lábios. Um a um lambeu os dedos limpando-os enquanto seu corpo se preparava para encher com sua semente, o traseiro de seu companheiro.

“Meu,“ grunhiu de novo enquanto fazia erupção dentro de Michael. Seu corpo se estremeceu enquanto o clímax continuava, causando que um pouco do sêmen se derramasse do buraco de Michael nos lençóis.

Ainda enterrado em Michael, Neo paralisou em cima dele e virou de lado. Ele lambia a parte de atrás do pescoço de Michael enquanto seu corpo lentamente se acalmava.

“Pode me morder de novo se o necessitar,“ murmurou um quase adormecido Michael.

Neo beijou o pescoço de Michael antes de mover a cabeça e apoiá-la no travesseiro. “Estou bem alimentado. Por que não toma uma sesta antes do jantar?”

Michael grunhiu e o seguinte que Neo ouviu foi um suave ronco vindo de seu parceiro. Ele seguiu sustentando a Michael durante um momento antes de cuidadosamente afastar-se. Enfrentar a Rafi seria melhor enquanto seu amante dormia.

 

Banhado e vestido, Neo abriu a porta traseira. Ele saiu ao pátio de pedra e se dirigiu ao lado de Gunnar. “Imaginei que estaria aqui fora.”

“O que posso dizer, sou um glutão de seus castigos.”

Gunnar esfregou os olhos com as mãos. ”Como certo, Rafi se foi.”

Neo assentiu e assinalou às cadeiras frente à chaminé.

Era uma fria noite de inverno e Joseph já tinha acendido a grande chaminé exterior. Neo cruzou suas pernas e olhava fixamente as chamas. O primeiro ataque a Michael tinha vindo de mãos de estranhos, mas este incomodava mais a Neo porque tinha vindo de um dos seus. “Assegurou-se de que todo mundo saiba que Rafi já não é bem-vindo aqui. Nunca mais.”

“Isso eu imaginei, mas não é meu lugar dar essa ordem até recebê-la de você.“

“Duas vezes falhei em proteger a Michael.“ Neo se encontrou com o olhar de Gunnar. ”Farei o que seja necessário para me assegurar de que não aconteça de novo.“

“Podemos obtê-lo com nossos próprios homens ou terei que contratar guardas adicionais?”

Tinha que dar crédito a Gunnar de que devido ao orgulho não respondesse imediatamente, mas tomou seu tempo para medir as forças de segurança que já tinha o lugar contra as potenciais ameaças. Gunnar rompeu o contato visual e ficou de pé. Ele começou a passear pela borda do pátio de pedra, olhava de Neo ao vinhedo. “Acredito que necessitamos guardas especializados, mas não acredito que você goste.”

“Por quê? O que propõe?“ O pelo na parte de trás do pescoço de Neo se arrepiou.

“Meus lobos são uma força muito fraca se os vampiros de LaMont decidirem que Michael será seu alvo. Os felinos são bons trabalhadores, mas facilmente se distraem quando estão de guarda.”

Com suas mãos dentro dos bolsos dianteiros, Gunnar girou o rosto para Neo. “Acredito que necessitamos guardas fortes que estejam acostumados a funcionar de noite.”

Neo entrecerrou os olhos. A resposta ao seu problema era uma espécie que ele odiava. “Vampiros.”

Gunnar assentiu. “Sei que pensa que trazer vampiros a sua casa revolverá o estômago, mas há alguns homens bons, confiáveis e podem perfeitamente fazer seu trabalho. Além disso, quem melhor para brigar contra os vampiros de LaMont que alguém de sua própria espécie?”

A reação imediata de Neo era dizer não. Não gostava dos vampiros. Como poderia lhes confiar à segurança de seu companheiro? Entretanto, ele confiava nos instintos de Gunnar. Apesar de seus sentimentos pessoais, ao final ele aceitaria o que fosse melhor para Michael. “Onde poderemos encontrar esses vampiros confiáveis?“

“Há alguns que trabalham para o Reino,“ sugeriu Gunnar.

Neo sacudiu a cabeça. “Preferiria não misturar o Reino nisto. Além disso, se eu for permitir vampiros no Vinhedo, prefiro que sejam os suficientes para fazer seu trabalho corretamente.”

Ele passou suas mãos através de seu cabelo. O único lugar ao que poderiam ir por ajuda era o Clã de Kildare, a família real da sociedade dos vampiros. “Crê que Ian Kildare possa me emprestar alguns de seus guardas? O homem não me suporta.”

“Tem razão e com muitas boas razões dado que você deixou muito claro que odeia a sua gente. Entretanto, esta é sua oportunidade não só de construir pontes entre a família Kildare e o Reino, mas sim seria muito boa publicidade para os vampiros. Há muitas Criaturas Bentas que não confiam neles. Isto daria a Kildare uma oportunidade de fazer algo bom pelo Reino.”

Neo tinha se reunido com Kildare em várias ocasiões.

Antes de sua captura e tortura às mãos de Francois LaMont, Neo havia realmente desfrutado da companhia do homem.

Quando Ian o visitou no Reino depois de seu resgate, Neo se recusou a ver o Rei dos vampiros, isso criou uma fissura entre o Reino e o Clã de Kildare.

«Maldição». Neo ficou de pé e se dirigiu a Gunnar. “Verei se posso ter uma reunião com Ian.”

“E enquanto isso, falarei com os guardas para me assegurar de que todos nós estejamos no mesmo entendimento.”

A conversa terminou, Neo foi olhar a Michael.

Neo sentou na beira da cama e olhava fixamente ao seu companheiro. A testa de Michael estava franzida enquanto dormia, inclinando-se Neo perguntou o que estaria sonhando.

Passou seu polegar meigamente pela testa de Michael até que as linhas relaxaram. Antes de deixar o quarto, Neo depositou um suave beijo nos lábios rosa de Michael.

 

Encontrou a Joseph no estúdio tratando de limpar a confusão que Neo tinha causado antes. Neo limpou a garganta e esperou que Joseph o visse. “Eu me encarregarei do resto,“ disse a seu velho empregado. Isso era o mais perto de uma desculpa que poderia dar. Ele não sentia ter perdido o controle e destruído o cômodo. Era isso ou arriscar-se a sair à luz do sol atrás de seu companheiro, mas ele não esperava que Joseph limpasse seu desastre.

“Este é meu trabalho, Sua Alteza,“ Joseph respondeu.

“Obrigado, mas não desta vez.“ Neo guiou amavelmente a Joseph fora do cômodo. ”Imagino que Michael terá fome uma vez que desperte de sua sesta. Possivelmente poderia lhe fazer um pouco desse frango à parmegiana que gosta tanto.“

Joseph franziu o cenho, sabia muito bem que Neo o estava afastando. Uma vez sozinho Neo se colocou no centro do quarto e fechou os olhos. Ele não usava seus poderes de fada freqüentemente, mas agora realmente necessitava do estúdio arrumado antes de chamar Ian Kildare.

Concentrando-se em suas lembranças do quarto antes de sua raiva, a pele de Neo explodiu em arrepios enquanto a magia girava em uma iridescente luz ao redor dele.

Quando abriu os olhos, Neo suspirou, satisfeito. Levantou o telefone e começou a discar. “Bem. Agora a parte difícil.“

 

Michael se vestiu com uma calça de seda de pijama e uma camiseta branca depois que Joseph lhe levou o jantar. Havia dito a Joseph antes que ele não tinha necessidade de lhe levar a comida, que era perfeitamente capaz de comer na cozinha com ele, mas Joseph não aceitou isso.

Levando a bandeja à cozinha, Michael a deixou no balcão. “Estava fabuloso. Obrigado.”

“Meu prazer,“ disse Joseph com um sorriso.

Michael começou a sair da cozinha. “Neo está no estúdio?”

“Sim, mas sua Alteza está em uma reunião neste momento.”

Michael se girou para olhar a Joseph. “Uma reunião? Com quem?“

“Um vampiro de nome Ian Kildare, seu chefe de segurança e Gunnar.“

“Ian está aqui?“ Michael sorriu. Ele não tinha visto Ian em anos, mas lhe agradava muito o Rei.

“Obrigado,“ lhe disse enquanto corria de volta a sua antecâmara e se trocava. Colocou um jeans e uma camiseta azul índigo e prendeu o cabelo na nuca.

Aproximando-se da porta do estúdio, Michael pressionou a orelha na madeira, escutando se por acaso havia alguma discussão. Sabia que Neo e Ian não se levavam bem, então por que estava ele aqui? Com uma profunda respiração, Michael bateu a porta.

Gunnar abriu a porta e olhou para Michael. “Como se sente?”

“Bem. Joseph disse que Ian está aqui. Pensei que estaria bem vir e lhe dizer olá“ disse Michael.

“Conhece o rei?“ Perguntou Gunnar.

“Sim, por que te surpreende?“

“Quem é? Gunnar“ perguntou Neo.

Gunnar deu um passo atrás e abriu completamente a porta para que Michael entrasse no estúdio. “Michael. Ele gostaria de saudar o Rei Kildare.”

Michael olhou para Neo para assegurar-se de que não estava ultrapassando. “Você se aborrece?”

Neo ficou de pé e cruzou o quarto para o lado de Michael. “Não, para nada. Já comeu?”

“Sim,“ Michael mentiu. Apesar de que tratava de comer a maravilhosa comida que Joseph lhe preparava, seu estômago não aceitava mais que um par de porções. Ele jogava no sanitário a maior parte do jantar para não machucar os sentimentos de Joseph.

“Dá-me gosto verte de novo, Michael,“ disse Ian, unindo-se a eles.

Michael inclinou a cabeça em reverencia à posição de Ian. “Também me dá gosto verte.“ Michael olhou ao redor do quarto. Ele viu Ramiro Delgado e sabia que não era uma reunião ordinária. Ramiro estranha vez, ou alguma vez, deixava o castelo Kildare. ” O que acontece?“ Perguntou.

Neo passou seu braço pela cintura de Michael e beijou o topo de sua cabeça. “Pedi a Ian que me ajudasse a te proteger.”

Michael estava impactado. Sabia o que significava para Neo pedir ajuda aos vampiros. “Acha que é necessário?”

“Sim,“ disse Ramiro de sua posição junto à chaminé.

Como chefe de segurança do Clã Kildare, Ramiro não respondia a ninguém, só a Ian. Michael tinha conhecido ao formoso espanhol uma vez e tinha sido suficiente para que estivesse preocupado. Rude, não começava a descrever ao homem de um metro e noventa e sete centímetros. Ramiro tinha usado o apodo de RAM[5] durante anos. Michael supunha que tinha algo que ver com o fato de que Ramiro vencia aos outros vampiros da corte.

Michael olhou aos olhos de Neo. “Realmente crê que vejamos Rafi de novo? Por favor, não quero causar todos estes problemas.“

Neo puxou Michael contra seu peito. “Rafi não é o único problema que temos que vigiar. Há quatro vampiros que Francois LaMont deixou. Se o que te disse Liam é certo, devemos esperar atentados a sua vida dos outros quatro.”

Michael sacudiu a cabeça. “Ficarei louco se me rodear de guardas todo o tempo. Como se supõe que pintarei com alguém me olhando? E a respeito de minha corrida diária?”

“Durante as horas do dia, só temos que nos preocupar com Rafi. Acredito que se deixarmos os guardas de Gunnar no caminho, deve estar bem. Entretanto, depois do entardecer, não será permitido sair sem escolta,“ Neo explicou.

A primeira reação de Michael era lhe dar um pisão, mas de qualquer maneira, dado que estranha vez se aventurava a sair de noite sem Neo, isso não parecia ser um desconforto. Assentiu aceitando as novas restrições. Se Neo podia dar a bem-vinda aos vampiros no vinhedo para garantir a segurança de Michael, ele podia tratar de seguir as regras. “Quantos de seus homens se alojarão aqui?“ Michael perguntou a Ian.

“Dez, incluindo Ramiro,“ respondeu Ian.

Michael olhou de novo ao formoso espanhol. “Ramiro vai ficar?”

Ramiro finalmente se virou para Michael. “Aceitei agradecido à oportunidade de terminar com os vampiros que LaMont criou. Eles são abominações no que a mim concerne.”

“Mas eles são vampiros. Como você,“ comentou Michael.

“Eles não são como eu!“ Grunhiu Ramiro. ”Eles são fracos de mente. Seguiram a um homem como Francois. Ele era um sádico filho de uma cadela que acreditava na dor em lugar de louvores. Os quatro que ficaram são como cães raivosos sem um amo que os enjaule.”

Os olhos de Michael se abriram mais diante da veemência das palavras de Ramiro. O chefe da segurança de Ian sempre lhe tinha parecido um tipo silencioso.

“Só para esclarecer,“ interrompeu Gunnar, olhando fixamente a Ramiro. ”Você fará cargo de seus homens, mas sou eu quem está a cargo da segurança do Vinhedo. Decisões concernentes a Michael ou a Neo passam por mim. Entendido?“

Ramiro entrecerrou seus negros olhos a uma simples ranhura enquanto caminhava para Gunnar. Os dois homens se olharam fixamente, nenhum retrocedia.

“Suficiente,“ disse Ian.

Neo caminhou para diluir a tensa situação. Colocou suas mãos nos ombros de Ramiro e de Gunnar. “Os dois terão que trabalhar juntos. Recordem a vida de Michael está em risco até que terminemos com os vampiros criados pelo LaMont.

Como nenhum dos homens rompia o contato visual, Neo se moveu entre eles de frente a Gunnar. “Por favor. Necessito que trabalhe com Ramiro. Necessitamos dele.”

Gunnar olhou fixamente a Neo por um momento antes de dar a seu chefe um leve movimento de cabeça assentindo. “Muito bem.”

Michael soltou o ar que havia sustentado. “Alguém gostaria de uma taça de vinho?“

 

À tarde seguinte, Neo estava no pátio com a chaminé as suas costas. Precisaria alimentar aos guardas do Clã de Kildare recém chegados antes que eles começassem a morder aos seus empregados. “Joseph,“ gritou.

Joseph apareceu no marco da porta. “Sim, Sua Majestade.”

“Pegue o Líquido Carmesim guardado e envia a Ramiro Delgado e a seus homens.”

“Muito bem.”

“Joseph, “disse Neo uma vez mais antes que se fora. ” Há acertos para mais doadores. Terá que alimentar a dez vampiros em lugar de um. E envia a Michael aqui fora tão logo termine seu jantar.”

Quando Joseph não respondeu, Neo se virou para olhar seu mordomo. “Aconteceu alguma coisa?”

“O amo Michael não está se alimentando bem. Sua Alteza. Acredito que deveria saber,“ explicou Joseph.

“O que quer dizer com que não está se alimentando bem?“ Michael não lhe tinha mencionado que não se sentia bem.

“Vi-o esconder a comida. Ele obviamente não quer que saiba que seu apetite parece ter diminuído.”

Neo assentiu. “Obrigado por me dizer isso,“ Joseph se foi e Neo se sentou em uma cadeira junto ao fogo. Era possível que Michael não necessitasse tanta comida como antes.

Cada vez que Neo bebia de seu amante, ambos se sentiam mais vitalizados.

“Ei,“ o saudou Michael saindo ao pátio.

Neo abriu seus braços. “Vêem, sente-se comigo frente ao fogo.”

Michael se montou escarranchado no colo de Neo e se inclinou a beijá-lo. Abrindo-se imediatamente, Neo aceitou a língua de seu amante saboreando o doce e condimentado molho de spaghetti que ainda seguia na boca de Michael.

Neo se apartou e lhe sorriu. “Tem sabor de tomate e alho.”

“Sinto muito,“ disse Michael, cobrindo a boca.

Sacudindo a cabeça, Neo riu e retirou a mão da boca de Michael. “Tem uma idéia de quanto tempo passou desde que comi molho e massa? Beijar-te foi o mais próximo em séculos.“ Neo deu a Michael outro beijo. ”E amo isso.”

Michael moveu seus quadris, pressionando seu traseiro contra o duro pênis de Neo. “Que mais ama?”

Neo desabotoou a camisa de Michael e passou sua mão por sobre os magros músculos do peito e abdômen de seu amante. “Amo te morder justo aqui,“ disse Neo, beijando o peito de Michael. ”Mas não tanto como amo este outro.“

Neo se moveu ao mamilo esquerdo e raspou com seus dentes no duro botão e passou sua língua pelo disco rosa.

“Mmm,“ gemeu Michael, arqueando as costas. ”Faz isso de novo, só que mais duro desta vez.”

Neo tomou o rogo seriamente e raspou com suas presas a pele do pescoço ao peito de Michael mordiscado o mamilo antes de apartar-se. Grunhiu quando gotas de sangue pintavam o mamilo rosa de Michael de vermelho.

“Tão sexy. Tão delicioso.“ Neo lambeu avidamente o sangue, saboreando o sabor do homem que amava.

Michael tomou o cabelo de Neo e o puxou para trás.

“Morda-me.“ Grunhiu.

Luxúria mais forte do que nunca tinha experimentado envolveu a Neo em um casulo de necessidade.

Repentinamente ele não podia tirar a roupa o suficientemente rápido. A camisa de Michael foi arrancada de seu corpo e lançada ao pátio enquanto Neo levava ao seu amante à grama. Vendo que o sangue seguia saindo da ferida infligida antes, Neo lambeu os lábios. “Vê-te tão bom para comer.“

Michael baixava seu jeans até que se desfez deles. “Então me coma. “

A risada de Neo se converteu em um gemido quando viu o pulsante pênis de Michael entre suas pernas. Seu olhar se centrou na veia azul sobre a coxa. Deuses, ele queria afundar seus dentes e nunca deixar de beber. Neo se ajoelhou entre as pernas de seu amante e lavou as bolas de Michael com sua língua antes de dirigir-se à tentadora veia.

Michael se abriu mais e empurrou a articulação de sua coxa com sua virilha no rosto de Neo. “Faz,“ grunhiu.

Depois de raspar com seus dentes, Neo percorreu o néctar na pele. Sangue, mais doce que o Líquido Carmesim enchia sua boca enquanto ele chupava, inclinando-se, Neo agradeceu aos deuses uma vez mais pelo precioso presente.

Usou suas unhas para raspar a pele do tórax de Michael, causando que a pele de Michael estalasse em arrepios.

O aroma de sangue fresco enchia o ar enquanto Neo lambia a ferida na coxa de Michael.

“Obrigado,“ murmurou como sempre depois de que se alimentava de Michael.

Neo se sentou em seus calcanhares e sacudiu a cabeça. No momento que ele se alimentou, Michael tinha se deslocado. A prova do prazer de seu amante estava pulverizada no peito de Michael mesclada com o sangue.

A combinação de suas duas coisas favoritas era muita para ignorar. Neo tirou seu pênis de suas calças e envolveu sua mão ao redor de seu eixo. “Isto é para mim?“ Perguntou passando sua língua pelos atoleiros de sêmen e sangue.

Antes que Michael pudesse responder, apareceu Ramiro. O vigilante limpou a garganta. “Você causou em meus homens um estado de frenesi. Dou-me conta que esta é sua casa, mas não pode esperar que eles só ignorem o aroma do sangue de Michael quando tão fortemente enche o ar.”

Com seu pênis ainda em sua mão, Neo entrecerrou os olhos e tratou de cobrir o corpo nu de Michael do olhar de Ramiro. “Mataria a qualquer que se atreva a tocá-lo.”

“Entendo isso, Sua Alteza. Só peço que o leve ao interior. Ao menos até que deixe de sangrar,“ adicionou.

Michael passou sua mão pela bochecha de Neo. “Me leve para a cama.”

Neo roçou seu nariz com o de Michael. “Tudo que queira amor.“ Ele olhou Ramiro. ”Se vire e se afaste assim poderei levá-lo para dentro.”

Ramiro sorriu, mas se girou e afastou.

Neo ficou de pé e tratou de acomodar sua ereção dentro de suas calças antes de inclinar-se e tomar a Michael da grama. “É uma formosa confusão.“

Michael riu. “Estou seguro de que me verei inclusive mais formoso antes que nossa noite termine.”

 

Michael disse adeus a Haig com a mão enquanto corria sua terceira volta ao redor do vinhedo.

“Está quente hoje,“ disse Haig frente ao seu posto.

“Esta sim. Sente-se genial,“ Michael respondeu sem romper o ritmo. Embora os meses de inverno fossem normalmente frios e cinzas, ele despertou com a luz do sol. Em lugar de suas usuais calças e jaqueta para fazer exercício, Michael optou por um short e uma camiseta sem mangas.

“Deveria tomar um descanso,“ gritou-lhe Haig. “Está ficando rosa.”

Michael moveu a mão afastando a preocupação de Haig. Ele só planejava uma volta mais em sua corrida diária assim não tinha sentido deter-se e esfriar-se antes de terminar. Enquanto seus pés comiam a terra do caminho da desgastada grama, os pensamentos do Michael foram para Neo.

Tinha passado uma semana desde que os vampiros do Clã Kildare tinham chegado ao vinhedo. Michael estava surpreso de que Neo tivesse dirigido a proximidade tão bem. Ele inclusive tinha compartilhado uma taça de Líquido Carmesim com Ramiro ontem à noite. Michael sustentava a ilusão de que os dois homens começavam a ser bons amigos, só conhecer vampiros que nada tinham nada que ver com Francois LaMont era bom para ele.

A ponta do tênis de Michael golpeou uma rocha e cambaleou para frente, apenas conseguiu evitar cair ao chão. Depois de recuperar o equilibrio, Michael se inclinou e apoiou- se nos joelhos para tomar várias e profundas respirações. Levantou a vista ao sol e sacudiu a cabeça. Apesar de que a temperatura estava sobre os onze graus centígrados, Michael os sentia perto dos trinta.

Michael tinha começado a sentir o calor dias antes quando o sol começou a sair faz um mês. Pensou que a roupa com a que corria poderia fazer a diferença, mas agora no caminho começava a questionar-se isso.

Repentinamente, cada passo se sentia como vinte enquanto percorria as fileiras de videira. Novamente tropeçou com uma pedra, isso não tinha acontecido uma semana antes. Michael não pôde sustentar-se desta vez e caiu ao chão.

A suave terra fértil amorteceu sua queda, mas deixou sua pele raspada quando se deslizou através da terra e folhas antes de poder deter-se.

Ofegando, Michael rodou de lado. Estava a uns cem metros da casa, mas estava muito exausto para ficar de pé e sua pele lhe doía, como se lhe apertasse forte. Arrastou-se a uma área com sombra.

Possivelmente se descansava alguns minutos recuperaria, ele simplesmente se excedeu.

 

“Onde está Michael?“ Neo perguntou a Joseph entrando na cozinha.

Joseph girou com os olhos muito abertos. “Sinto muito, Sua Alteza, não esperava que despertasse tão cedo.”

Eram uns minutos depois das três da tarde, Neo nunca tinha despertado há essa hora desde que se converteu em vampiro. Tinha uma sensação de que algo funesto tinha passado na boca de seu estômago, mas não queria alarmar a Joseph. “Não podia dormir.”

Joseph assentiu, mas não disse nada mais.

“Michael?“ Insistiu Neo.

“Oh.“ Joseph olhou ao redor da cozinha, obviamente pensando. ”Não o vi desde que saiu para sua corrida diária.”

As notícias encheram a Neo de mal-estar. “Busca-o na casa. Chamarei Gunnar.”

Neo saiu da cozinha e se dirigiu apressadamente ao estúdio. Pegou o telefone de onde o tinha deixado carregando e teclou o número de Gunnar, surpreso quando foi diretamente ao correio de voz. “Chame-me imediatamente!“ Ladrou ao telefone e desligou.

Neo começou a andar ao redor do quarto, finalmente terminou frente à janela coberta por pesadas cortinas. Antes de mover a cortina a um lado, pegou óculos de sol em seu escritório junto com um grande casaco negro. O estômago de Neo começava a agitar-se com cada segundo que passava. Algo estava definitivamente mal.

Com uma profunda respiração e mãos trementes, Neo abriu as cortinas o suficiente para ver o exterior.

Inclusive com as lentes de sol em seu lugar, levou vários minutos aos olhos de Neo acostumar-se a brilhante luz do sol. Tratou de manter sua pele das mãos escondidas na cortina enquanto revisava a área.

No vinhedo não se via nada diferente ao princípio, mas Neo não podia assegurá-lo. «A resposta está entre as fileiras», disse-se a si mesmo. “Aí,“ gritou quando viu o vulto.

O coração de Neo pareceu deter-se quando se deu conta de que o vulto era Michael. Sem pensar em sua própria segurança. Neo saiu através das portas francesas e correu para fora da casa. “Michael,“ gritou correndo para o homem que amava.

Caiu de joelhos logo que chegou junto a Michael. “O que te tem feito?“ Murmurou ao ver a pele-vermelha e bolhas em Michael.

Michael abriu os olhos só o suficiente para que Neo visse o pálido azul. “Ajude-me,“ gemeu.

Quando Neo tratou de levantar o pequeno homem em seus braços, Michael gritou em agonia. “Não! Dói!“

Neo soltou a Michael e ficou de pé, tirou o comprido casaco de seu corpo. Colocou o casaco sobre o corpo queimado de Michael. “Ajuda!“ Gritou antes de retornar sua atenção a Michael. Ele levantou a beirada do casaco. ”Ficara bem, bebê, vamos levá-lo para dentro.”

“Onde está?“ Gritou Gunnar.

“Aqui.“ Neo ficou de pé o suficiente para fazer gestos ao seu chefe de segurança.

“Temos que usar meu casaco como maca,“ informou Neo a Gunnar.

“O que lhe aconteceu?“ Perguntou Gunnar enquanto ajudava a deslizar o casaco sob o corpo de Michael.

“Não sei. Despertei sabendo que algo estava mau. Tratei de te chamar, mas só consegui que minha chamada fosse pra caixa de mensagem. Quando olhei pela janela o vi. “

“Estava ao telefone falando com um informante que me guiaria para onde estão os vampiros de LaMont. Desliguei quando te ouvi gritar.“ Gunnar tirou sua camisa e cobriu o rosto e ombros de Michael. Ele repentinamente se deteve do que estava fazendo e olhou fixamente a Neo. ”Por que não está queimando?”

“O que?“ Perguntou a Neo. Aí foi quando se deu conta de que o sol parecia não afetá-lo para nada.

Levantou sua mão e a olhou, nem ampolas, nem feias linhas vermelhas.

Neo olhou de novo a Michael. ”Porra. Vamos, me ajude a levá-lo para dentro.”

Com Gunnar de um lado e Neo do outro, eles rapidamente levaram Michael ao interior. Joseph correu tão logo ouviu os gritos de dor de Michael. “O que lhe aconteceu?”

“Queimou-se. Convoca a Spiro.“ Com um movimento de cabeça, Neo assinalou a Gunnar que seguissem para as escadas. ”Levem-no à banheira.”

“Ajude-me,“ gemeu Michael enquanto Neo e Gunnar o subiam pelas escadas.

“Estamos tentando, amor, por favor, fica comigo.”

“Dói muito.“ Quando uma lágrima desceu pelo rosto de Michael, ele gritou de novo. ”Arde.”

“Tente não chorar. O sal só fará que arda mais.“ Explicou Neo.

Uma vez no banheiro, Gunnar encheu a banheira com água fria enquanto Neo encontrou uma tesoura e começou a cortar a roupa de Michael. Não gostava de pensar que Gunnar visse Michael nu, mas não podia evitá-lo. “Deixe-me entrar e então colocamos a Michael dentro da banheira.“

Gunnar assentiu e fez o que lhe pediu. Uma vez que Michael estava apoiado contra o peito de Neo, Neo e Gunnar trabalharam juntos em tirar o casaco debaixo de Michael. “Vá à cozinha pegue um copo,“ ordenou Neo.

Logo que Gunnar saiu do quarto. Spiro se materializou com um pequeno frasco de líquido claro em sua mão. “Agora, sustenta sua boca aberta,“ disse Spiro, inclinando o frasco nos lábios de Michael.

“O que é isso?“ Perguntou Neo. Não estava seguro de onde segurar a Michael, cada centímetro de seu rosto estava muito queimado. Quão último queria era lhe causar mais dor ao seu amado.

“Agora,“ grunhiu Spiro, segurando o rosto de Michael e baixando sua mandíbula.

Michael gritou quando a brilhante pele começou a estirar-se e abrir-se em vários lugares. Spiro ignorou os rogos de Michael e verteu o líquido em sua garganta. Michael gritou um momento mais, antes de fechar a boca.

Spiro soltou a Michael e se sentou no piso do banheiro. “Ele estará bem dentro de algumas horas.“

“O que foi que lhe deu?“ Neo lhe perguntou de novo.

Spiro fechou os olhos e se apoiou contra o lavabo. “Algo que fiz em meu laboratório, mas que esperava nunca ter que usar.”

“Isso não responde minha fodida pergunta. O que tinha esse frasco?”

Gunnar retornou ao quarto levando um copo grande. “Aqui. Joseph quer saber se necessita de algo mais.”

“Não. Obrigado.“ Neo não estava feliz com seu chefe de segurança. ” Tratarei contigo depois.”

Gunnar inclinou a cabeça e saiu do quarto.

“Isso não é sua culpa,“disse Spiro.

“Então de quem é? Minha?“ Perguntou Neo. Ele começou a verte água sobre o corpo de Michael enquanto seu amante entrava e saía da inconsciência.

“Michael está trocando,“ respondeu Spiro.

“A que?“ Um grande medo se mostrava no rosto do Neo. ”Nunca permiti que bebesse de mim.”

Spiro sacudiu a cabeça. “Michael não é como os humanos que requerem troca de sangue para converter-se. Seu corpo o assimila, está começando a ser um dos teus. É a maneira em que os deuses devolvessem algo do que LaMont te tirou.”

“Como a luz do sol?“ Neo levantou sua mão. “Estive lá fora, desprotegido por mais de dez minutos e nada, nem sequer fiquei rosa.”

A expressão de Spiro se voltou pensativa. “Isso melhorará quanto mais ame e se alimente de Michael. Isso tomará anos, mas finalmente será capaz de fazer todas as coisas que fazia antes de sua captura.“

Comer comida real, foi o primeiro pensamento que chegou à cabeça de Neo. Sentar-se como um homem civilizado à mesa e ter um verdadeiro jantar. Ele se encontrou desfrutando-o, desejava o dia quando pudesse sentir-se como seu velho eu. “Eu gostaria disso, “confessou.

“Claro que você gostaria,“ comentou Spiro. Ele se inclinou na banheira e passou a ponta de seus dedos pela bochecha de Michael. ”Arrancar o vampiro em você, sempre foi o mais importante para você.“ Spiro olhou fixamente aos olhos de Neo. ”Recebeste um verdadeiro presente que permitirá que isso aconteça. É questão de que cuide de Michael o suficiente para ver esse dia.”

“Espera,“ gritou Neo quando Spiro começava a desvanecer-se. ”Que mais devo fazer com Michael? Não me disse o que deu para ele.”

“Seca-o e leva-o a cama. Ele precisará dormir mais os próximos dias.” Antes que Neo pudesse dizer mais, Spiro se foi.

Neo baixou a vista para olhar Michael. Ele não podia ver o rosto de seu amante, mas as bolhas de seus braços e pernas pareciam estar melhores. Neo brandamente verteu outra taça de água sobre a carne queimada. Que mudanças estavam levando-se a cabo no homem que amava? Spiro não disse, mas Neo esperava que com protetor solar e roupa adequada permitissem a Michael seguir desfrutando da luz do sol.

Neo suspirou. Michael lhe tinha presenteado a luz do sol mais do que Neo esperava. Se não era assim, Neo sabia que nunca poderia caminhar sob a luz do sol sem uma forte queimadura. Um presente, como o que lhe havia dado, merecia ser compartilhado entre duas pessoas apaixonadas. Sem Michael ao seu lado, a luz do sol não significava nada para ele.

 

“Este chapéu faz que pareça um estúpido,“ grunhiu Michael. Já era suficiente mal que mandassem usar jeans e camiseta de manga longa.

Neo envolveu seus braços ao redor da cintura de Michael. Inclinou a cabeça sob a grande aba do chapéu e o beijou. “Sinto muito, mas não correrei mais riscos contigo.”

“Sim, isso é o que disse a última vez,“ disse sarcasticamente. Logo que as palavras saíram gemeu. ”Não quis dizer isso. Sinto muito. Sei que não é sua culpa.”

Neo não disse nada durante um momento. Um lado de sua boca finalmente se levantou em um meio sorriso. “Sei que não o queria, mas tem razão, disse isso muitas vezes sem seguir minha promessa. Realmente sinto isso.”

Michael sacudiu a cabeça. O último que queria era que Neo se sentisse culpado. Tinha passado uma semana desde que Neo tinha arriscado sua vida para resgatá-lo.

Michael tinha rogado a Neo que saísse e desfrutasse da luz do sol. Cada vez Neo se recusava dizendo que não o faria até que pudesse levar a Michael com ele. Isso poderia ser uma pequena coisa para muita gente, mas Michael sabia o muito que Neo tinha sentido saudade de andar durante as horas do dia.

“O que vamos fazer?“ Perguntou Michael, quando Neo abriu a porta e o acompanhou até ela.

“Não sei,“ respondeu Neo. ”Acredito que gostaria de somente caminhar ao redor se você estiver bem.”

“Estou bem.“ As queimaduras de Michael tinham sarado em quarenta e oito horas, mas lhe tinha tomado mais tempo recuperar sua força. Ele olhou para o sol que descia. ”Sabe, provavelmente não restam mais de quarenta e cinco minutos de luz de sol. Devíamos ter saído mais cedo.”

Neo entrelaçou seus dedos com os de Michael enquanto tomavam o caminho. “Ainda não estou convencido de que seja seguro para nós. Dado que o sol está mais fraco a esta hora do dia, pensei que seria uma boa prova.”

Caminhando através do vale além das casas dos empregados, Neo diminuiu o ritmo. Michael se deteve e olhou o homem que amava. “Acontece alguma coisa errada?”

Seus olhos brilhavam com lágrimas não derramadas, Neo sacudiu a cabeça. “É a primeira vez que vejo meu amado Le Uve del Regno à luz do sol. É mais formoso do que imaginei.

Michael olhou o panorama. Apesar da ligeira neve que tinha caído no mês anterior, as colinas se viam com vários tons de verde. Os altos ciprestes eram sentinelas no perímetro do vinhedo. “Quando vi pela primeira vez essas árvores daí, pensei que eram guardas de uma prisão.”

A mão de Neo foi às costas baixa de Michael. “ Você não gostava aqui? “

Michael sacudiu a cabeça. “Não é isso. Quero dizer, é lindo, não posso negar isso, mas estava… sozinho. No Reino as pessoas me queriam ao redor. Eles valorizavam minha opinião, acreditavam que eu era divertido.“ Michael se encolheu de ombros. ”Sentia que estava dando tudo por um homem que não me queria aqui.”

“Mas de qualquer maneira ficou,“ corrigiu Neo a Michael.

Sorrindo, Michael envolveu seus braços ao redor da cintura de Neo. “Claro que o fiz. Não podia pensar em deixar Sema.“

Neo riu e beijou o topo da cabeça de Michael. “Você gosta do meu grande gato não é assim?“

“Amo seu grande gato, e odeio que lhe chame dessa forma, mas acredito que ele gosta mais de mim do que de você.”

“Não há maneira. Eu resgatei Sema de um horrível homem que estava acostumado a golpeá-lo. Sema pode ser um gato, mas ele entende mais do que crê.”

Enroscado no peito de Neo, Michael gemeu seu acordo. Apesar de que Neo ainda se recusava a tomar o rol de Rei das Criaturas Bentas, seu coração parecia maior que sua obstinação. A preocupação pelo bem de todas as criaturas dos deuses era o aspecto mais importante do líder. Spiro fazia um bom trabalho em sua ausência, mas lhe faltava à qualidade de resolução que Neo tinha naturalmente.

A mão de Neo pressionou a bochecha de Michael. “Como se sente?“

“Genial.”

“Diga-me se sua pele começar a formigar. Esse usualmente é o primeiro sinal de que está queimando.”

Michael riu e pressionou seu pênis meio duro contra a coxa de Neo. “OH, aqui há um formigamento, mas é em um lugar modestamente coberto, entretanto pode revisá-lo se quiser.”

Neo baixou o zíper do jeans de Michael e envolveu em sua mão no duro pênis de Michael. “Sente-se perfeitamente são para mim.”

Michael gemeu quando Neo começou a acariciá-lo sem atenção a quem pudesse ver. “O sol está se pondo. Por favor, me deixe tirar este chapéu de garota.”

A mão de Neo liberou o pênis de Michael e subiu o zíper de seus jeans. “Vamos.”

“Se tiro o chapéu iria mais rápido, e deixaria de ser um filho de uma cadela,“ protestou Michael enquanto era guiado pelo caminho.

Com uma risada e sacudindo a cabeça, Neo seguiu puxando a Michael pela mão.

“Aonde vamos?“ Perguntou Michael, sentindo-se como um aluno do primário que é levado ao escritório do diretor.

Neo guiou a Michael a uma velha construção de pedra e se deteve. Antes que Michael pudesse perguntar, Neo o girou de cara para a parede de pedra. “Pare.”

Michael ouviu um zíper baixar um momento antes que seu próprio jeans fosse desabotoado e baixado até os tornozelos junto com sua roupa interior. Neo tirou uma das pernas de Michael de sua roupa e o reposicionou.

“Perfeito,“ murmurou Neo quando se abriu com seu traseiro inclinado para o entardecer e suas mãos ainda agarrando a parede de pedra. Neo esfregou seu rosto contra o pescoço de Michael e inalou seu aroma. ”Deixaria-me te foder com o entardecer ?”

Michael girou a cabeça e capturou a boca de Neo em um profundo beijo. “Tem lubrificante?”

Neo sacudiu a cabeça e sorriu antes de tirar a camiseta de Michael. “Você se aborrece?”

As poucas vezes que eles tinham tido sexo sem lubrificante tinha sido fantástico. Michael desfrutou sentindo a língua de Neo aplicando saliva em seu buraco quase tanto como o ardor criado pelo grosso pênis pressionando-se dentro dele. “Faz,“ rogou.

“Estive pensando desde nosso último jogo de sangue,“ murmurou Neo. Levantou os cachos da parte de trás do pescoço de Michael e o mordeu, chupando só o suficiente para lhe dar um disparo de adrenalina que usualmente acompanhava a alimentação de Neo.

Michael inclinou a cabeça e gemeu. Neo retirou os dentes do pescoço de Michael e se moveu para a área de suas omoplatas. Quando as pontas das presas de Neo apenas atravessaram sua pele, Michael sabia o que ia vir e lhe deu a bem-vinda com os braços abertos. Ele abriu suas pernas e arqueou suas costas enquanto Neo raspava o caminho pelo lado esquerdo da coluna de Michael.

“Tão formoso,“ disse Neo quando chegando acima do traseiro de Michael, separou as nádegas de Michael e grunhiu.

Michael só podia imaginar como se via suas costas.

Sentia o sangue descer por suas costas fazendo um canal para a greta de seu traseiro. A língua de Neo lambia o fresco sangue que corria sobre o buraco de Michael. Ele não sabia o que o exterior causava em Neo, mas o ar fresco parecia fazer a seu amante inclusive mais retorcido sexualmente. “Como eu faço para te saborear?”

Neo gemeu e abriu o buraco de Michael enterrando sua língua. A sensação foi incrível, mas Michael queria, não, necessitava o pênis de Neo. “Foda-me.”

Depois de vários impulsos com sua língua, Neo cuspiu dentro do buraco de Michael, lambeu seu caminho pelas costas, selando as feridas antes de pressionar-se contra o corpo de Michael, com um braço envolto ao redor do peito, Neo guiou seu pênis pelo insalivado buraco. “Amo-te,“ murmurou Neo enquanto se empurrava ao interior.

“Uuhhhh,“ grunhiu Michael e apoiou a cabeça no forte corpo de Neo.

Uma vez que Neo se enterrou até as bolas no buraco de Michael, ele soltou a raiz de seu pênis e tomou a de Michael.

“Seu traseiro é o único Reino que quero dirigir.”

Michael sorriu. “Está tratando de me dizer que vais manipular meu traseiro?”

Neo começou a empurrar seu pênis dentro e fora do corpo de Michael. “Dirigir não é manipular. É mais a respeito de proteger e cuidar amorosamente,” disse. “Esse é meu trabalho.”

Michael abriu a boca para dizer a Neo que essas mesmas qualidades eram as que o Reino necessitava em um líder quando o pênis de Neo golpeou sua próstata, enviando ao corpo de Michael eróticos espasmos de proporções épicas. Ele se estremeceu com a intensidade de sua liberação, mordendo sua própria língua enquanto pintava a mão de Neo e a parede de pedra com sua semente.

Neo liberou o pênis de Michael e envolveu ambas as mãos ao redor da cintura de Michael, levantando-o do chão em cada impulso. Tudo o que Michael podia fazer era apoiar suas mãos na parede e desfrutar da fodida.

“Michael!“ Gritou Neo quando chegou ao clímax.

Os dois homens deslizaram a terra ainda, conectados. Neo lambeu o pescoço de Michael e se alimentou, renovando a ambos. Michael se sentia a salvo com Neo envolvendo-o e começou a ficar adormecido. Algo nas mordidas de Neo afetavam a Michael como uma droga. Apesar de que as curtas e luxuriosas mordidas vitalizavam a Michael, as mordidas o alimentavam parecia acalmá-lo, arrulhando-o a um mundo de unicórnios seguindo arco íris.

Michael riu bobamente, realmente uma risada tola igual a uma garota da escola, quando esses pensamentos percorreram sua cabeça. Neo selou a ferida no pescoço de Michael e riu. “O que é divertido? “perguntou Neo.

“Sabe de unicórnios seguindo o arco íris?“ Perguntou Michael ainda rindo bobamente.

Neo colocou seu flácido pênis dentro de suas calças e ficou de pé. Michael viu seu companheiro ainda com um tolo sorriso em seu rosto. “Aonde vamos?”

“Colocar um pouco de comida em seu estômago. Vamos.“ Neo se inclinou e ajudou a Michael a ficar de pé.

Michael tratou de desenredar seus jeans de seus tornozelos e finalmente levantou as mãos. “Que se fodam. Retornarei caminhando a casa desnudo.”

Neo sacudiu a cabeça e se ajoelhou frente a Michael para lhe ajudar a subir seus jeans. “Está bem?“ Perguntou Neo.

“Certo. Por quê?“ Perguntou Michael, levantando seus braços enquanto Neo empurrava a camiseta por sua cabeça.

“Porque parece mais louco do que o normal.“ Neo ficou de pé e olhou aos olhos de Michael. ”Está seguro que se sente bem?“

Michael envolveu seus braços ao redor do pescoço de Neo e o puxou para um profundo beijo. “Possivelmente deveria beber de seu sangue,“ balbuciou. Pontos negros começaram a dançar frente aos seus olhos, Michael tratou de apanhar alguns antes de dar-se conta que não havia nada ali. ”Sabe. Acredito que possivelmente tenha razão.”

Sem outra palavra, o mundo de Michael se voltou negro enquanto caía nos braços de Neo.

 

Neo bocejou e estirou os braços sobre sua cabeça. Ele viu Michael roncando e franziu o cenho. Nunca tinha despertado com Michael ainda na cama. Neo colocou a mão sob os cobertores e tomou o flácido pênis, algo que normalmente lhe ocasionava uma reação imediata em seu companheiro.

Michael grunhiu e rodou sobre seu estômago. “Dormir,“ murmurou Michael antes que o suave ronco se ouvisse de novo.

Preocupado, Neo sentiu a testa de Michael em busca de febre. Se algo parecia, era que Michael estava mais frio do que deveria estar. Frio. “Porra!”

Apartando os cobertores, Neo saiu da cama e se vestiu rapidamente, esquecendo-se da ducha no momento. Saiu de seu quarto e baixou as escadas em questão de minutos.

“Boa tarde, Sua Alteza,“ saudou Joseph.

“Não, não é,“ grunhiu Neo. Entrou em seu escritório e fechou a porta de repente.

”Spiro!”

Quando a resposta não chegou, Neo apertou os dentes e pegou o telefone. “Gunnar. Vou ao Reino procurar Spiro. Faça-me um favor e vigia a Michael.”

“É a mudança de turno. Não quer ter ao guarda de Ramiro na casa?“ Perguntou Gunnar.

Neo olhou o relógio. Apesar de que Ramiro poderia ser mais efetivo contra os vampiros de LaMont, Neo confiava em Gunnar o mais prezado para ele. “Apreciaria se você o fizesse.”

“Acontece algo errado? Não foi ao Reino em séculos.”

Com seu coração na garganta, Neo suspirou. “Acredito que estou convertendo ao Michael em vampiro,“ admitiu.

Gunnar permaneceu em silencio durante um momento.

“Vigiarei a ele. Faz o que precise fazer.”

“Obrigado,“ murmurou Neo e desligou. Ele nunca se perdoaria se um homem tão doce e amável como Michael terminasse convertendo-se em um monstro como ele.

Fechando os olhos, Neo puxou a sua parte fada de seu sangue para fazer a viagem. Gunnar tinha razão, tinham passado séculos desde que tinha viajado ao Reino.

O processo lhe levou mais tempo que de costume, mas Neo lentamente começou a sentir o brilho percorrendo seu corpo. Respirou mais lentamente e se enfocou em Spiro enquanto sentia que ia à deriva.

Quando abriu seus olhos era um caos. Estava no quarto do trono, Neo tratou de dar sentido aos gritos ao redor. Spiro estava sentado no trono e atendia a um grupo de homens, Neo acreditava que eram were-lobos, acalmou-se e os escutou.

Neo estava transfigurado pela ira que dirigiam ao seu irmão. Ele não podia entender isso. Todo mundo amava a Spiro. Quem se acreditava esses homens para ameaçar assim ao seu irmão? Os instintos protetores de Neo saíram chamando à força do vampiro pela primeira vez desde que tinha sido convertido.

Em uma piscada de olhos, Neo estava entre Spiro e o grupo de were-lobos. Ele tomou ao alfa do grupo pela garganta e o levantou do chão. “Quem você crê que é para falar com seu Rei dessa maneira?”

Em resposta o homem se converteu em um lobo negro e fez seu melhor esforço para morder o braço que mantinha a ele cativo.

Sem temor, Neo usou sua mão livre para amordaçar o focinho do lobo. Inclinou-se e olhou fixamente aos olhos ao lobo.

“Não o tentará de novo!“ Grunhiu e lhe mostrou suas presas.

O alfa rompeu o contato visual e Neo sabia que era sua forma de rendição. Liberou o focinho do lobo. “Troca e me fale.“ Quando o lobo não parecia inclinado a seguir as ordens, Neo golpeou duro seu nariz. ”Agora!“

O alfa trocou a sua forma humana, e Neo afrouxou o agarre no pescoço do homem, sustentando-o de pé. Olhando sobre seu ombro, Neo estudou ao seu irmão. Spiro parecia mais magro que o usual, realmente nos ossos.

“Está bem?”

Spiro assentiu, mas seu olhar era atormentado.

“Obrigado por sua ajuda.“

A culpa encheu a Neo e se estabeleceu fortemente em seu coração. Retornou sua atenção para o were-lobo. “Vou liberar- te, mas não pense em me enganar.“

O homem assentiu. Neo o empurrou vários metros quando o liberou. “Se explique,“ ordenou.

O alfa começou uma larga explicação de seus direitos de terra e como os were-felinos estavam invadindo seus terrenos de caça. Era uma típica discussão, uma que tinha existido por séculos, então, por que o caos?

“Tem um mapa de suas terras?“ Perguntou Neo.

“Sim,“ o alfa respondeu, tirando-o do bolso interior de seu casaco.

Neo estudou o mapa durante um momento. “Mostre-me onde os felinos estão invadindo.

“Eles cruzaram o rio, aqui.“ O alfa assinalou o ponto.

De acordo ao mapa, a propriedade era dividida pelo rio exceto em várias áreas aonde o rio se inclinava nas terras dos were-felinos. Neo assinalou essas seções no mapa. “Segundo estes documentos, as terras dos felinos estão do outro lado do rio. Então eles dirão que não transpassaram suas terras, mas é muito possível que os limites não estejam apropriadamente marcados. Tem duas opções: vocês pagam aos were-felinos por suas terras que se estendem mais à frente do rio ou levanta uma cerca, levantada apropriadamente por um fornecedor externo.“

“E o que se eles continuam ignorando os limites?“ Disse aborrecido o alfa.

“Então retorna e pede audiência, sabendo que tem feito tudo o que está em seu poder para não lutar com os were-felinos.”

O alfa moveu a cabeça para os outros. “Vamos.“

Neo limpou a garganta. “Não podem deixar o salão até que cada um, peça desculpas por sua falta de respeito.”

O alfa entrecerrou os olhos. Ele ia dar um passo para Neo, mas evidentemente pensou melhor. “Perdoe-me, Sua Alteza.”

“As desculpas não são para mim. Eu não sou a quem gritaram.“ Neo se fez a um lado, já não estava mais entre Spiro e os were-lobos.

Um por um deram um passo à frente e baixaram a cabeça em desculpa. Dada a natureza de Spiro, ele perdoou a todos com suaves palavras, dizendo que se arrumaria a disputa entre lobos e felinos. Neo rodou os olhos. Spiro tinha tido razão todo esse tempo. Ele não tinha nem o temperamento nem a força para ser um Rei.

“Isto é típico?“ Perguntou Neo, assinalando aos were-lobos que deixavam o quarto.

“Sim,“ disse Spiro com sua usual voz suave. Ele olhou a Neo. ”Odeio isto. Nunca pensei que usaria essa palavra, mas o faço.“ Spiro ficou de pé e caminhou para Neo. ”O que aconteceu para que venha a me buscar no Reino?”

“É possível que esteja convertendo a Michael em um vampiro sem sabê-lo?”

A expressão de Spiro se voltou atormentada. “Não. Você não pode trocá-lo se o tentasse. Ele foi criado para esse propósito.“

A declaração de Spiro lhe recordou algo que tinha estado na mente de Neo durante meses. “De onde veio? Quem são os pais de Michael?“

Afastando-se, Spiro tomou seu comprido cabelo branco e o atou em sua nuca. “Michael é um presente para você dos deuses. Por favor, só aceita isso.”

“Não! Há muitos segredos. Preciso saber o que está mal com meu companheiro. Não posso protegê-lo a menos que saiba o que está acontecendo. Por que seu sangue me permite caminhar sob a luz do sol?“

“Porque isso é o que ele é!“ Gritou Spiro. ” Ele é a personificação da luz do sol, descendente de Hemera, Deusa da luz do dia e de Hyperion, Deus da luz. Ele foi dado a você como um presente para te fazer ver as coisas e que tome seu lugar como Rei do Reino.”

“Por que os deuses se preocupam tanto em me dar um presente?“ Perguntou Neo.

Spiro sacudiu a cabeça e esfregou seus olhos enquanto começava a passear pelo enorme salão. “Não foram os deuses. É seu pai, Zeus. Evidentemente ele sente culpa por não vir em sua ajuda quando foi capturado. Ambos sabemos que estava muito ocupado fodendo com quantas mulheres caíam em suas mãos. Ele ordenou o presente. Hemera e Hyperion o deram.”

“Por que meu pai escolheu a você para criar a Michael em lugar de seus pais?“ Perguntou Neo.

“Eu nunca ocultei meu desejo de ter um menino. Ao princípio, acreditei que Zeus me permitia o privilégio de criar a Michael como recompensa por guiar o Reino em sua ausência.“ Spiro sacudiu a cabeça. “Mas estava enganado. Logo descobri a verdadeira razão.“ Spiro olhou fixamente a Neo. “Zeus sabia que você não poderia me afastar quando te pedisse ajuda para proteger a Michael.”

“Então por que permitiu que meu pai seguisse a sua maneira?“ Perguntou Neo.

“Porque amo a Michael. Uma vez que o tive em meus braços, faria qualquer coisa por esse menino. Qualquer coisa!”

Neo estava impactado pela ira de Spiro. O usual temperado caráter de seu irmão enquanto cresciam não se parecia com o homem que destilava veneno enquanto caminhava pelo piso de mármore.

“Como o que?“ Neo podia dizer que havia mais que Spiro não havia dito.

Spiro fechou os olhos e passou suas mãos pelo comprido cabelo loiro, puxando algumas pálidas mechas.

Isso era tudo o que Neo podia tomar. Isso sem dúvida insistiria a muitas horas vagabundeando ao redor do vinhedo antes que pudesse entender a situação inteira.

“A respeito de Michael…,“ insistiu Neo.

“Eu fiz tudo o que pude por ele.“ Spiro sacudiu a cabeça. ”Até que você tome seu correto lugar não há esperança para nenhum de nós. Agora vai antes que perca minha dignidade e te rogue que fique.“

Neo abriu sua boca para discutir quando seu telefone soou. “Maldição!“ Ele tomou o telefone de seu bolso.

“Sou Ramiro,“ anunciou.

“Neo,“ respondeu.

“Eles os levaram,“ disse Ramiro.

O pelo na parte de atrás de Neo se arrepiou. “Quem?

“A Gunnar e a Michael. Encontramos Sema apenas com vida no corredor e Joseph estacado em seu escritório. Sinto muito, mas fomos incapazes de salvá-lo.”

O ar deixou de entrar nos pulmões de Neo quando caiu de joelhos. Lembranças de ser estacado pelo Francois LaMont lhe chegaram. “Não!“ Gritou.

 

Michael abriu os olhos e imediatamente procurou refúgio na parede de pedra em suas costas. Apesar de que o homem de pé frente a ele era pequeno, apenas um e sessenta e dois, Michael sabia que o tamanho de um vampiro nada tinha que ver com sua força.

“Por favor, não mais,“ rogou Michael. Ele tinha sido golpeado repetidamente, queimado e apunhalado. Agora um deles retornava para mais. Parecia que seus sequestradores ainda não tinham terminado com ele. O único pensamento que continuamente passava por sua cabeça era que Neo tinha suportado quatrocentos anos da mesma tortura enquanto que ele levava nesse escuro quarto só uns dias.

O pequeno homem levantou as mãos. “Não quero te machucar. Meu nome é Audric. Quero te ajudar, mas não sei como,“ o homem declarou de uma maneira nervosa.

“Deixe-me sair daqui,“ pediu Michael.

“Não posso. Eles são mais fortes que eu,“ o homem murmurou. ”Pensei ir pelo Neo, mas pode me matar se me vir antes que possa ter oportunidade de me explicar.”

Michael sabia isso bem. “Por que quer me ajudar? Não é um deles?”

Audric olhou ao longe. “Não. Eu tentei me liberar deles muitas vezes, mas eles sempre me encontram e…“ Audric sacudiu a cabeça. ”Os odeio.“

De algum jeito, parecia que Audric lhe estava dizendo a verdade. Ele podia ver o medo nos olhos verdes quando olhava através de seu enredado cabelo vermelho escuro.

“Onde está Gunnar?“ Michael tinha ouvido seu amigo gritar durante dois dias, então os gritos se detiveram. Ele rezou para que a morte não levasse o alfa.

Os olhos de Audric se encheram de lágrimas. “Seu amigo ofereceu briga. O resto de minha família não foi amável com ele.”

“Ele está morto?“ Perguntou Michael.

“Ele provavelmente deseje estar, mas não. Eles… o trocaram.”

“Ele é um lobo. Como é isso possível?“ Michael nunca tinha ouvido que uma criatura were fora trocada a vampiro.

“Francois era muito habilidoso nas artes escuras e tinha bons estudantes. Conseguiu converter ao filho de Zeus. Realmente pensa que trocar a um lobo seria um desafio para seus estudantes?”

“Por que mudar a Gunnar e não a mim?“ Perguntou Michael.

“Eles querem a seu amigo por sua força e porque ele é amigo de Neo. Você,“ Audric sacudiu a cabeça ”eles não lhe trocarão. Um de meu grupo tentou e morreu ao tentá-lo.“

“Os outros estão com medo de você.”

Michael vagamente recordava os gritos de dor de um homem depois do primeiro dia de seu cativeiro. “Meu sangue.“

Audric assentiu.

“Dois dos teus eu consegui matar sem sequer tentar. Por que você não me teme?”

“Faço-o,“ confessou Audric. “Mas estou mais assustado do que eles me façam se te ajudo a escapar.”

“Menino esperto,“ disse Michael.

“Não. Se fosse esperto não me tivesse deixado apanhar pelo Francois em primeiro lugar.“ Audric ficou ajoelhado em frente a Michael. ”Também espero que me proteja se consigo fugir.”

“Como sei que posso confiar em você?“As vísceras de Michael lhe diziam que Audric era sincero, mas isso também poderia ser um truque. Ele suspirou. Por que Audric precisaria enganá-lo? Era mais que óbvio que os vampiros já sabiam onde Neo vivia.

Audric se encolheu de ombros e começou a morder a unha do polegar. “Não sei. Quero dizer, por que o faria, verdade?“ Esses grandes olhos verdes olhavam fixamente ao Michael. ”Estou cansado de estar assustado. Eles… machucam-me quando estão aborrecidos porque sabem que não posso fazer nada contra isso.”

Michael tragou o nó em sua garganta. Ele pensou que a história de Neo era a coisa mais triste que tivesse ouvido, mas Audric seguia vivendo a vida da que Neo tinha conseguido escapar. Nesse momento, Michael sabia que faria tudo o que estivesse em seu poder por proteger a Audric. “Vá com Neo. Diga que eu te contei uma história a respeito de meu amigo, Tim, que perdeu uma perna.“

“Que história?“ Perguntou Audric.

“Isso não importa. Só lhe diga que lhe disse isso.”

“Mas você tem que me dizer. Que tal se me faz perguntas que não posso responder?“ Audric começou a morder a unha de seu outro polegar.

Se Michael não soubesse bem, ele poderia pensar que Audric era mais jovem que ele. Ele queria lhe perguntar, mas pela maneira em que Audric seguia olhando sobre seu ombro e sobressaltando-se com cada pequeno ruído, seu tempo era evidentemente limitado. Esperava que tivessem oportunidade de lhe falar uma vez que ambos estivessem a salvo.

“Se Neo tratar de te questionar mais à frente, lhe diga que te disse: ‘Bebê e Fido necessitam que me escute’. Pode fazer isso?

Audric assentiu. “Preciso ir enquanto seguem ocupados tratando de imaginar o que farão contigo depois.”

Apesar de que a declaração foi feita com remorsos, a gravidade da situação golpeou a Michael igual a uma tonelada de tijolos. Apesar das fortes algemas e correias ao redor de seus pulsos, Michael conseguiu colocar uma mão no magro ombro de Audric. “Vá.“ Tratou de dar a Audric um animado sorriso, mas sabia que não funcionou.

Os golpes tinham sentido. Eles não tratavam simplesmente de torturá-lo. Os vampiros de LaMont o queriam morto. Michael suspirou. A grande pergunta era por que eles não tinham tido êxito?

Depois que o sol desceu no horizonte, Neo abriu as cortinas de seu estúdio. Descobriu rapidamente que sem a alimentação diária de Michael, ele já não podia tolerar a luz do sol. Deixando cair em uma cadeira ele bebia o grosso sangue de um doador, fechando os olhos cada vez que levava o copo à boca. Ele precisava estar consciente e o Líquido Carmesim embotou sua mente durante anos. Se ele queria recuperar a Michael, necessitava sua força.

Neo deixou o copo e se concentrou no rangente fogo da chaminé. Deu-se conta de várias coisas nos dias que passaram. Acima de tudo, ele era mais forte do que nunca tinha sido desde que deu ao seu estômago sangue humano não diluído. Embora o Líquido Carmesim fosse muito mais gostoso isso o fazia débil.

Um golpe na porta o tirou de seus pensamentos.

Rapidamente terminou seu jantar antes de deixar o copo no chão fora da vista. “Entre.”

Logo que a porta se abriu, Neo cheirou ao seu companheiro. Seus olhos se entrecerraram quando Ramiro entrou no quarto levando a Audric. Em uma piscada de olhos, Neo estava frente ao homem que se escondia nas sombras detrás de Francois durante esses anos no que ele esteve cativo.

Estendendo as presas, Neo se aproximou da garganta de Audric. Foi somente a força de Ramiro o que evitou que decapitasse a Audric com suas mãos nuas.

“Espera!“ Gritou Ramiro. “Ele está aqui para nos ajudar. Ele tem uma mensagem de Michael.”

A mandíbula do Neo se esticou com sua ira e tomou um momento relaxar suficiente para falar de novo. “Fala,“ ordenou.

“Ele disse que te dissesse algo a respeito de seu amigo Tim que perdeu uma perna.”

As presas de Neo se retraíram. “Continua.”

O pomo de Adão de Audric bombeava enquanto tragava saliva várias vezes antes de continuar. “Ele também disse que Bebê e Fido necessitavam que me escutasse.”

Neo quase gemeu diante do termo carinhoso que usava para Michael. Realmente sorriu quando pensou em que Michael chamava de Fido a Gunnar. Era mais que óbvio que Audric ganhou a confiança de Michael, mas seria o vampiro honestamente merecedor desse presente?

“Onde estão?“ Perguntou Neo, dando um passo para trás.

“Nos subúrbios de Kiev na Ucrânia. Em um grande chalé propriedade de LaMont no Rio Desna. Alí os encontrará.“ Audric olhou sobre seu ombro a Ramiro. ”Temo que tenham que apressar-se. Eles já converteram ao seu homem de segurança em um de nós.”

O fôlego de Neo ficou apanhado em seu peito. Com o muito que lhe doía pensar que Gunnar vivesse com as mudanças. Neo sabia que Michael nunca sobreviveria à dor que acompanhava a isso. “E Michael?”

Audric sacudiu a cabeça. “Sebastián tentou trocá-lo, mas em lugar disso encontrou sua morte. “

Audric terminou a oração com um sorriso. “Isso foi o mais delicioso que presenciei.“

“Seu sangue?“ Perguntou Neo.

Audric assentiu e ficou sério de novo. “Eles se zangaram com ele e trataram de matá-lo várias vezes.”

Neo tocou o peito, esfregando a invisível corrente que o oprimia e lhe impedia de respirar. Queria saber como? Não.

Não agora. Ainda não, a pergunta esperaria. “Por que não tiveram êxito?”

Audric sacudiu a cabeça. “Não sei como e eles tampouco, mas isso não impedirá que sigam tentando. É por isso que precisam apresar-se.”

“Quantos são? Só os dois que ficam?“

“Não. Richard, Cedric, Sebastián e Liam continuaram o trabalho de Francois, os três estão a cargo de dirigir um exército de trinta homens. Todos loucos, todos capitalistas.”

Neo se virou para o Ramiro. “Quantos homens você pode conseguir?”

Ramiro esfregou a parte de atrás de seu pescoço. “Poderia estar perto, mas acredito que chamar o Reino pode ser um movimento inteligente. Não só para ter respaldo adicional, mas também para ter a aprovação do Reino para qualquer medida que sejam necessárias sem repercussões.”

Neo se dirigiu à porta. “Eu farei os acertos com Spiro. Você contata com Ian.“

“O que devo fazer?“ Perguntou Audric.

Neo se deteve. Esqueceu-se de Audric. Apesar de que o vampiro tinha sido de grande ajuda. Neo ainda não estava convencido de que se podia confiar nele. Ele tirou o telefone e chamo a Haig.

“Sim?“ Respondeu Haig desde fora da casa.

“Necessito que você e Kern vigiem a alguém enquanto fazemos uns acertos para resgatar a Michael e a Gunnar.“

“Estaremos aí,“ respondeu Haig antes de desligar.

Neo olhou a Ramiro. “Fica com Audric até que Haig e Kern cheguem aqui.”

A expressão no rosto de Audric caiu. Era óbvio que sabia que não confiavam nele.

“Sinto muito,“ Neo se sentiu obrigado a dizer.

“Entendo-o,“ murmurou Audric, baixando seu queixo ao peito.

Crente em que tinha a situação no estúdio sob controle, Neo se dirigiu para a antecâmara extra. Abriu a porta sem tocar e encontrou a Spiro atendendo a Sema.

Apesar de que as feridas do formoso tigre negro tinham sido curadas pelo Spiro, o felino seguia débil.

Neo se aproximou da cama. “Necessito sua ajuda.”

Afundando seus dedos no negro cabelo de Sema, Spiro disse. “Qualquer coisa.”

 

Horas depois que Audric se foi, Gunnar começou a gritar de novo. Michael lutava contra o ferro que o sustentava, agonizando de não poder ajudar ao seu amigo. Agora que sabia o que tinham feito a Gunnar, ele estava inclusive mais zangado. Gunnar tinha sido um alfa, orgulhoso de sua herança de were-lobo. Até onde Michael sabia, não havia outro were-vampiro híbrido. O que poderia fazer este novo status no ânimo da vida de Gunnar?

Michael olhou para baixo ao seu corpo nu. Ele pensou na maneira em que a faca que Cedric tinha enterrado em seu estômago e que se derreteu como chocolate. Poderia seu sangue fazer o mesmo com as algemas que o mantinham prisioneiro?

Michael levantou o braço e olhou fixamente a veia no interior de seu pulso. Ele tomou uma profunda respiração.

Pensar em morder seu braço até que sangrasse e realmente fazê-lo era duas coisas completamente diferentes.

Gunnar gritou de novo, fazendo que Michael tomasse uma decisão. Ele apoiou seu braço no chão de pedra e puxou as correntes tanto quanto pode, sabendo que a pele em seu pulso era fina. Se somente tivesse os agudos dentes de Neo, pensou, ficando em posição.

Deitando-se do lado direito, Michael posicionou a pele entre seus caninos superiores e inferiores e esperou. Logo que Gunnar começou a gritar de novo, Michael gritou tão duro como pôde, usando a angústia de Gunnar não só para ajudar a esconder seu próprio grito, mas também como incentivo para conseguir terminar o trabalho.

Apesar de que a dor não foi tão mau como o que tinha sofrido a mãos de Richard e Cedric, Michael começou a duvidar que ele pudesse realmente levar seu projeto a cabo.

Ele estava a momentos de dar-se por vencido quando seus dentes perfuraram a veia e o quente, líquido, com sabor a cobre encheu sua boca. Ele cuspiu o sangue nas algemas sustentando seu pulso esquerdo e assentindo quando começou a fumegar. “Vamos. Vamos.“

Inclinou-se e chupou de novo enchendo sua boca de sangue, antes de mover-se para a restrição em sua mão direita deslizando-a sobre a ferida aberta e sangrando.

Girou a cabeça longe do horrível aroma do ferro desintegrando-se e verteu o sangue em sua boca na outra algema.

A fumaça era quase entristecedora, mas estava funcionando. Michael abriu e fechou seu punho, esperando que pudesse ter suficiente sangue para fazer seu trabalho.

Quando finalmente esteve livre de suas restrições, tomou um momento, antes de ficar de pé. Os dias sem comida nem água tinham debilitado seu já magro corpo.

Usando a parede para apoiar-se, Michael se dirigiu para a grande porta de madeira.

O sangue em seu punho era já uma lenta destilação. Não havia opção, Michael de novo mordeu a machucada carne, renovando o forte fluido de seu sangue tóxico. Ele enlameou a porta tanto como pôde, mas nada aconteceu. “Merda.”

Com suas mãos apoiando-se na porta, Michael tratou de pensar. Por que tinha funcionado antes? Enquanto seguia de pé sentindo que todo seu plano se deslizava entre seus dedos, uma só gota chegou à maçaneta de ferro. Michael sorriu quando viu que o sangue começava a borbulhar e a maçaneta fumegava. Apartou-se e estudou a porta, tinha três dobradiças, mas só um ferrolho. A eleição parecia óbvia e ele pressionou seu pulso até que começou a sangrar de novo.

Sem perder tempo saiu através da porta e correu para os incessantes gritos de Gunnar. Quatro portas mais à frente, Michael abriu sua ferida e enlameou com seu sangue a fechadura da porta. “Estou chegando,“ murmurou.

Suas mãos começaram a tremer quando ele ouviu vozes que se dirigiam por esse caminho. Não. Não. Michael usou cada grama de sua força para empurrar a porta, o cabo caiu ao chão com um forte ‘clink’.

“Fique longe!“ Gunnar grunhiu em um desfigurado meio vampiro, meio lobo.

O coração de Michael se deteve ao ver pela primeira vez à criatura em que seu amigo se converteu.

“Está bem, tirarei você daqui.”

“Mate-me,“ pediu Gunnar. ”Por favor. Antes que lhe mate. Eles se recusaram a me alimentar,“ Gunnar conseguiu dizer o suficiente para que Michael entendesse.

Michael sacudiu a cabeça “Não quero te matar.“ Ele estudou as estacas de ferro que sustentavam a Gunnar na mesa de madeira, inseguro de como proceder. Se ele gotejava seu sangue no ferro poderia fazer contato com a carne de Gunnar. Michael tinha visto por si mesmo o que seu sangue fazia a outros.

Ele olhou para Gunnar. “Não sei o que fazer.“

“Vá!“Grunhiu Gunnar.

“Não. Não quero te deixar assim.”

“Então se incline e me deixe te morder. Prefiro estar morto que vivo desta forma,“ disse Gunnar.

“Também Neo pensava assim, mas me alegro que nunca tenha tido êxito em suicidar-se.“ Michael se aproximou da beira da mesa para apoiar-se, quando a falta de comida e água o apanhou. ”Nunca me perdoaria se morresse por minha causa,“ conseguiu dizer.

Fortes ruídos assustaram a Michael, fazendo que saltasse. Depois de uns segundos, ele caiu ao chão, suas últimas reservas de energia se foram. “Neo está aqui,“ conseguiu dizer antes de fechar os olhos.

 

Enquanto os homens de Kildare e os guardas do Reino lutavam contra os vampiros de LaMont, Neo revisava os grandes quartos de Richard e Cedric. “Onde podem havê-lo escondido?“ Perguntou a Audric.

Audric gritou quando um de seus próprios vampiros o apanhou. Neo se encarregou desse vampiro facilmente, lhe arrancando a cabeça com uma espada emprestada. “Fala,“ Neo ordenou a Audric.

O pequeno e assustado vampiro se separou do corpo sem cabeça que caiu ao chão. “Provavelmente nas masmorras.“ Assinalou para o terceiro corredor a porta à direita.

Neo olhou ao redor. Ele não podia revisar dois lugares ao mesmo tempo, só havia um guarda que não estava ocupado na luta entre os vampiros e lobos. Fez gestos a Kern, Neo ordenou a Audric. “Mantenha-se perto de Kern.”

Logo que Kern chegou ao quarto, Neo sutilmente empurrou a Audric para ele. “Vigia-o. Quando Ramiro obtenha um descanso, envia-o aos dormitórios.“

Kern assentiu e levou a Audric a um rincão em um lado do grande quarto de recepção.

Com o Audric vigiado, Neo saiu em busca de seu casal.

Espada em mão, ele revisou os arredores enquanto percorria o corredor. Antes de abrir a masmorra, como Audric tinha chamado a isso, Neo pressionou seu ouvido contra a porta. Uma emboscada de Cedric e Richard poria em perigo sua oportunidade de tirar com vida Michael e a Gunnar.

O ruído proveniente da batalha no corredor impedia a Neo de ouvir detrás da forte porta de madeira. Sustentou sua espada em alto e abriu a porta de um só golpe preparado para destruir a qualquer que se interpor em seu caminho.

Uma escada de caracol estava frente a ele.

Satisfeito, Neo baixou os degraus com suas costas contra a parede. O aroma que subia era uma combinação de pó, umidade e o sangue de seu companheiro. Os gritos de Gunnar ecoavam no cavernoso espaço, enviando Neo a beira.

Um ruído acima nos degraus e Neo se girou com a espada pronta.

“Sou eu,“ murmurou Ramiro, chegando a sua vista.

Neo assentiu e seguiu descendo para as vísceras do campo de jogos do sádico LaMont. Com cada passo o aroma de sangue, velho e novo, era mais forte. Quantas pessoas teriam sido torturadas nessas masmorras de pedra? Ele definitivamente estava de acordo com a descrição de Audric do nível inferior.

Apesar de que não tinha estado nessa masmorra, impressionou-o, as velhas paredes de pedra úmidas e cheirando a pó trouxeram lembranças que Neo tinha tratado por séculos de esquecer. Os guardas do Reino se apressaram a resgatá-lo, a fúria no olhar de LaMont enquanto encaixava as estacas de metal através de suas mãos e pés encaixando-o na mesa aonde o torturava. A delícia de Neo quando arrancou lenta e dolorosamente a cabeça de LaMont de seu corpo ainda o atormentava. Ele se encerrou no vinhedo quase imediatamente, assustado de converter-se no monstro que LaMont tinha criado. Isso foi até se abrir ao amor de Michael que soube que o homem que uma vez foi ainda seguia em seu interior.

Ao fundo das escadas, Neo de novo se preparou para a batalha. Tratou de bloquear os gritos de Gunnar enquanto se concentrava em encontrar aos vampiros que procurava. Com Ramiro vigiando suas costas, Neo percorria os quartos do labirinto, detendo-se em cada um, Richard e Cedric tinham que estar em algum lugar. Eles não iam se meter no problema de sequestrar a Michael se não tivesse um plano de fuga, ao primeiro indício de um resgate.

Ramiro deu uma cotovelada a Neo e assinalou a um ponto no corredor. “Sangue fresco,“ murmurou.

Neo assentiu. Ele sabia do momento em que entrou na masmorra onde estavam Michael e Gunnar. “Precisamos encontrar a Cedric e Richard.“

Uma forte risada se ouviu no fundo do corredor.

Neo conhecia essa risada. Cedric. Evidentemente Neo não foi o único em reconhecer a primeira criação de Francois.

Ramiro se deteve frente a Neo e desencapou sua outra espada.

“Alegra-me que trouxesse de volta meu brinquedo favorito,“ disse Cedric.

“Foda-se,“ disse Ramiro aborrecido, avançando pelo corredor.

Neo olhou Ramiro. Qual era a conexão entre esses dois vampiros? Gunnar gritou de novo. O chefe de segurança de Neo nunca tinha admitido dor ou lesões, entretanto o que Gunnar estava experimentando era mau. Os gritos ameaçavam enviando a Neo dentro da fossa de que acabava de sair. Lembranças de tiras de sua pele arrancadas lentamente de seu corpo por Francois o assaltaram. Sim, ele gritou de forma similar. Tanto sangue. Fome como nunca tinha conhecido. Francois lambendo seu sangue que fluía livremente de suas feridas.

Um grito de ataque de Ramiro tirou Neo do grito induzido pelo transe no que ele tinha entrado. Apesar de que reagiu rapidamente, Ramiro já estava dentro do quarto quando Neo entrou.

“Não mova um músculo,“grunhiu Cedric com a ponta de uma ornamentada adaga pressionando a garganta de Michael.

Deixando cair sua espada, Neo entrecerrou os olhos e seu corpo começou a transformar-se na criatura que ele detestava. No passado, ele tinha perdido o controle e deslizado parcialmente à mudança, mas nunca se permitiu perder completamente o controle sobre seu próprio corpo. Ver seu companheiro inconsciente, e a mercê de Cedric, era mais do que o monstro escondido que Neo podia dirigir.

Com os gritos de Gunnar alimentando sua fúria no fundo, Neo avançou à velocidade da luz. Tomou a Cedric pela garganta e o lançou contra a parede mais longínqua, utilizando a força superior dada por seu pai. Enquanto a mescla entre as pedras rangia pelo impacto, as pedras de séculos de antigüidade começaram a cair uma de cada vez.

Cedric rodou longe da parede que caía, mas Neo estava junto a ele. Tomou de novo a Cedric e encaixou suas unhas nas veias do pescoço que lhe davam vida ao vampiro, lançando-o para o faminto Gunnar. “Alimenta a sua criação,“grunhiu Neo a Cedric.

Ramiro estava junto a Gunnar e conseguiu apanhar o corpo que voava. Ele pressionou a ferida aberta de Cedric contra a boca de Gunnar. Por causa da temperatura do sangue, não era comum que um vampiro se alimentasse de outro, mas era melhor que ver Gunnar voltar-se louco.

Gunnar usou suas presas para abrir mais a carne, tragando o sangue das veias de Cedric.

Neo se inclinou e levantou a Michael do chão aos seus braços. O coração de Michael pulsando tranqüilizou os medos de Neo, apesar de que desejava ver os grandes olhos azuis de seu companheiro. Com Michael enroscado contra seu peito, Neo retornou sua atenção a Cedric quem estava rapidamente sendo drenado.

“Pode te encarregar disto?“ Perguntou a Ramiro.

Ramiro assentiu. “Terminarei com ele, uma vez que Gunnar tenha suficiente.”

 

“Leve a Gunnar de volta ao vinhedo tão rápido quanto possa. O sangue de Cedric não o sustentará por muito tempo.”

“Recordo-o,“ comentou Ramiro, quebrando o braço de Cedric quando o idiota teve a coragem de levantar contra ele.

O satisfatório ‘crack’ do osso de Cedric ao quebrar-se, agradou a Neo. O vampiro de LaMont tinha cometido atos inqualificáveis e eles mereciam tudo o que lhes passasse.

“Levarei a Michael a um lugar seguro e voltarei pelo Richard. Tem que estar por algum lado. Neo depositou um beijo na testa de Michael antes de acomodá-lo em seu ombro. Tomou sua espada e se concentrou em sua casa.

Michael despertou nos braços de seu pai. “Neo?”

“Ele retornou,“ Spiro murmurou em um tranqüilizador tom. ”Há ainda um vampiro das criações originais de LaMont que não encontram.”

Os eventos anteriores lentamente retornaram à mente de Michael. Ele se endireitou e olhou para o rosto de Spiro. “ Sabia que meu sangue derrete o metal?“

“Não, mas não me surpreende. O ferro é a única coisa que realmente pode sustentar a um vampiro. Devido a Neo se alimentar de seu sangue o ferro já não o afeta.”

Michael se levantou da cama e cruzou o quarto. Entrou no banheiro e fechou a porta detrás dele. Depois de beber diretamente da torneira, fechou a tampa do sanitário e se sentou. Embora ele se alegrasse de que Neo não pudesse ser preso, Michael começou a questionar sua relação.

«Realmente me ama?»

Mais e mais Michael estava começando a sentir-se como se fora só um recipiente, criado para dar a Neo de volta tudo o que tinha sido tomando dele. «Esse é meu único propósito na vida do Neo?» Michael queria ser mais para Neo que o conteúdo em suas veias.

Ele não estava seguro como pesar a pergunta antes de dar-se por vencido. Ao final, não estava nem perto de chegar à resposta que ele procurava em princípio. Olhou para seus pulsos curados, levantou e se aproximou do lavabo uma vez mais. Enquanto a água quente voltava vermelha sua pele. Revisou no espelho. Seu reflexo o impactou. Seu acostumado rosto de um jovem de vinte e cinco anos se foi. Michael fechou a torneira e percorreu as linhas ao redor de seus olhos. Estava envelhecendo rapidamente.

Com água gotejando ainda de suas mãos, Michael retornou à antecâmara. “O que está acontecendo? Olhe-me parece que envelheci dez anos.

Spiro, girou sua atenção a Sema, recusando-se a olhar para Michael. “Você atravessou uma horrível experiência. Precisa dormir e comer.”

Michael podia dizer pela linguagem corporal de Spiro que isso não era toda a verdade. “Pai? “

Finalmente Spiro levantou o olhar do grosso pelo negro de Sema e olhou a Michael aos olhos. “Não posso te dizer mais. Sinto muito.“ Os olhos de Spiro se encheram de lágrimas. ”Posso te dizer que Neo e você terão difíceis escolhas por diante. Rezo para que ele realmente escolha acertadamente e você siga aqui com vida. “

Quando Neo retornou ao chalé, a briga havia terminado. Os vampiros de LaMont sem as cabeças estavam por todas as direções enquanto que os guardas do Reino e do Clã de Kildare estavam atentos esperando novas ordens.

O pelo na parte de atrás do pescoço lhe arrepiou enquanto estudava o quarto. Algo não estava bem. Girou-se para o rincão aonde tinha deixado a Audric. Com uma opressão em seu peito Neo se apurou cruzando entre os corpos ao rincão vazio. Pequenos atoleiros de sangue no chão, várias gotas afastando do lugar, mas não havia sinais de Audric nem de Kern.

“Alguém que retorne ao V do Regno e traga o Haig aqui,“ ordenou Neo. Não se girou ao ver se suas ordens tinham sido seguidas. Ele o esperava. Neo poderia não ser o Regente oficial do Reino, mas dar ordens parecia lhe vir naturalmente. Possivelmente Spiro tinha razão, ele tinha nascido para ser líder.

Neo seguiu o rastro de sangue. Suas vísceras lhe diziam que Richard estava em algum lugar perto, mas precisava assegurar-se antes de voltar a casa. Girou-se para o resto de seus homens. “Quero que cada centímetro desta casa seja revisada.”

Os vampiros se dispersaram seguindo suas ordens.

Neo seguia de pé com suas mãos atrás de suas costas.

Como poderia explicar a Haig o desaparecimento do Kern?

Deixar a Kern vigiando a Audric tinha sido um movimento estúpido, mas ele aceitou quando Kern ofereceu seus serviços.

“Onde está?“ A voz de Haig ressonou detrás de Neo.

“Isso é o que espero que possa me dizer,“ Neo respondeu. Os weres-lobos têm um laço especial com seus companheiros que vai além do que experimentam outras Criaturas Bentas.

Neo olhou para o rincão. Agora vinha a parte dura. “Espero que possa rastreá-lo através do sangue.”

As narinas de Haig se moveram. “Ele não tinha que estar aqui,“ grunhiu.

Neo assentiu entendendo-o, mas se recusou a desculpar-se. Não lhe tinha ordenado ao Kern que acompanhasse ao grupo em sua operação de resgate. “Pode encontrá-los?“

Haig se colocou em cócoras e inalou. “Não é sangue de Kern, é de Audric.”

Neo começou a caminhar de frente para trás. Se Kern não estava fisicamente ferido, isso só podia significar uma coisa, ele tinha sido enfeitiçado. Isso ia contra as leis das Criaturas Bentas, usarem seus dons para controlar mentalmente a outros. A idéia de que um vampiro como Richard o tivesse feito não deveria surpreender a Neo, mas o fez.

“Pode encontrá-los?“ Perguntou de novo.

Haig fechou os olhos, obviamente procurando ao seu parceiro. “Eles não estão aqui, mas estão bem perto.“ Haig abriu os olhos e olhou através da janela. ”Fora em algum lugar. O sol vai sair logo, eles devem estar em algum lugar clandestinamente.”

Neo se uniu a Haig e viu pela janela a exuberante erva verde. Odiava deixar preocupado ao were-lobo, mas necessitava o sangue de Michael se queria ser de alguma utilidade na busca de Audric e de Kern. “Tenho que te deixar alguns minutos, mas retornarei.”

“Não te esperarei,“ replicou Haig em um tom que era um fato.

“Não o esperava.“ Neo se afastou e se concentrou em seu lar. Ele retornou ao estúdio e tomou uns momentos para esclarecer sua cabeça. Brevemente se perguntou onde estava Joseph. Seu leal servente sempre parecia antecipar sua chegada.

Doeu a Neo no coração quando se deu conta que ele nunca seria saudado por seu amigo novamente. Apertou a ponta de seu nariz para manter as emoções na baía, Neo foi em busca de Michael. Encontrou-o na cozinha preparando uma panela de sopa.

Com um silencioso suspiro, Neo envolveu seus braços ao redor da cintura de Michael. “Como se sente?“

O corpo de Michael se esticou. “Bem. Faminto.”

Neo conhecia de primeira mão algumas das torturas às que Michael tinha sido sujeitado. Poderia tomar tempo até que se sentisse a salvo de novo. Queria tomar em seus braços a Michael e levar ao seu amado à segurança de sua cama, mas ele ainda tinha que tratar com Richard. “Richard tem a Audric e a Kern.”

Michael gemeu e se girou de frente a Neo. “Sabe onde?”

“Não, mas necessito seu sangue para poder ajudar a Haig e aos outros em sua busca.”

A expressão de Michael se nublou momentaneamente antes de inclinar a cabeça a um lado. “Toma o que necessite.“

 

Enquanto os pés de Michael comiam o caminho, continuava duvidando dos verdadeiros sentimentos de Neo. A única razão pela que Neo retornou a casa era porque necessitava do sangue de Michael, não é assim? Neo apenas tomou o tempo para perguntar a Michael como se sentia antes de pedir-lhe a coisa que o fazia sentir-se realmente estúpido é que não podia negar nada a Neo. O que teria acontecido se dissesse a seu parceiro que não? Poderia Neo seguir dizendo que o amava?

Michael sacudiu a cabeça e tratou de concentrar-se em correr. Era apenas a segunda volta ao redor do vinhedo e já sentia suas pernas como fogo. Sabia que não era o sol. Cuidadosamente se havia coberto com protetor solar e vestia roupa protetora.

Michael lentamente dirigiu-se à adega de provas. Ramiro tinha encerrado a Gunnar em um grande quarto até poder saciar a luxúria pelo sangue dos vampiros recém convertidos. Com suas mãos em seus quadris Michael passeou para frente e para trás da frente do edifício, tratando de manter sua respiração sob controle.

Antes que tivesse oportunidade de tocar, a porta se abriu e Ramiro rapidamente o levou ao interior. Ramiro se via feito uma merda, mas então recordou que ele não tinha tido oportunidade de recarregar seu corpo com o sono.

“Como vai?“ Perguntou Michael.

“Dormindo, finalmente,“ respondeu Ramiro tomando uma das cadeiras frente à mesa de provas.

“Por que não faz o mesmo? Ficarei aqui caso ele desperte.”

Ramiro sacudiu a cabeça. “Ele ainda está com a ansiedade de sua transformação. Levará dias antes que possa confiar em alguém. Sou muito mais forte que você, e inclusive não quero dormir sabendo que ele pode rasgar minha garganta á qualquer momento.”

Apesar de que Ramiro tinha acendido alguma luz, o quarto sem janelas estava em penumbras. Michael revisou o perímetro. “Onde está?“

Ramiro assinalou para a esquina direita mais afastada.

“Deixei-lhe um colchão. Por agora ele está dormindo como um bebê, mas igual a um bebê, vai despertar em umas horas faminto.”

Michael secou as mãos em suas calças. “Posso me sentar com ele?”

Ramiro o olhou fixamente e negou, mas Michael se aproximou. “Por favor. Ele é o melhor amigo que tive.”

Com um olhar de soslaio, Ramiro sacudiu a cabeça. “Se algo te passar eu não viveria para ver o entardecer. “

Rompendo o contato visual, Michael mordeu o lábio inferior. “Não acredito que tenha que preocupar-se por Neo. Ele está muito ocupado procurando Richard para preocupar se vivo ou morro.”

“Isso é uma merda. De onde tirou essa idéia?“ Ramiro perguntou.

   Michael sabia que ia ouvir-se como um menino malcriado se dizia em voz alta suas preocupações. “Não importa. Deixará ver a Gunnar, ou não?”

Ramiro olhou o relógio antes de tomar uma grande garrafa de sangue do suporte. “Só em caso de que desperte,“ explicou, sustentando a garrafa.

Michael seguiu a Ramiro à esquina do quarto. Tomou um momento aos seus olhos ajustar-se à escuridão que rodeava a Gunnar, mas uma vez que o fez, o coração de Michael quase se quebrou. Ele uma vez era um homem formoso, mas agora poderia descrever-se somente como grotesco. “Ele poderá retornar a ver-se como antes?“

Ramiro assentiu. “Isso eu acredito. Geralmente toma uma semana a um humano trocar a vampiro e ter o suficiente controle para trocar de um a outro, mas realmente não tenho ideia de quanto possa tomar um lobo para converter-se em vampiro.“ Ramiro entrecerrou os olhos e olhou para Gunnar. ”Inclusive nesta etapa, fisicamente, ele é o vampiro mais forte com o que me cruzei. Não estou seguro como, ou se ele será capaz de adaptar-se a sua vida regular de novo.”

Michael esfregou uma mão pela parte média de seu torso, tratando de acalmar seu tenso estômago. “Diz que não há possibilidade de que recupere o meu amigo depois disto?”

“Não sei,“ suspirou Ramiro, passando sua mão através de seu abundante negro cabelo. ”Isto é território desconhecido para todos nós.”

Ajoelhando-se junto a Gunnar, Michael apoiou uma mão na parte baixa da perna de seu amigo. Tudo isto é minha culpa, Gunnar, Joseph e agora Kern e Audric. “Não o culparia se não voltasse a falar comigo de novo.”

“Ele é um guarda treinado, Michael. Nós sabemos ao que vamos quando entramos.“ Sorriu Ramiro. “Além disso, se lhe agradava ao imbecil teimoso antes que trocasse, pode que lhe agrade depois.”

Michael assentiu. Gunnar e Ramiro tinham chocado desde a primeira noite em que se conheceram. Michael tinha suspeitado que os dois homens fossem muito parecidos para realmente começar a serem amigos, então, por que Ramiro era o único a cargo da transição de Gunnar? “Se te desagrada tanto por que está com ele?“

Ramiro riu. “Porque sou o único capaz de controlá-lo.“ Ramiro se encolheu de ombros mostrando sua forte musculatura. “Além disso, agora temos laços em comum que sempre estarão presentes.”

“Ser vampiros?“ Perguntou Michael.

“Ser vampiros de LaMont,“ corrigiu Ramiro. ”Francois foi meu criador.”

A notícia impactou a Michael. Ele se perguntou se Ramiro tinha sofrido a mesma tortura que Neo. “Como conseguiu escapar?”

Ramiro sacudiu a cabeça. “Não importa, faz muito tempo. O importante é ver se Gunnar sai disto com sua mente intacta. Fui testemunha de primeira mão de que nem todos os vampiros estão sãos.”

“Audric ajudou-me,“ Michael se sentiu obrigado a dizer.

“Sim. No caso de Audric, não foi uma mente débil o que o manteve em cativeiro, foi um corpo débil. Deve ter forças em ambas as áreas para sair do grupo dos fortes vampiros de LaMont.”

Quando a perna de Gunnar se moveu, Michael rapidamente retirou sua mão. “Acredito que é tempo de que se alimente.”

“Deveria ir,“ disse Ramiro, desarrolhando a garrafa.

Michael ficou de pé. “Pode me avisar quando posso visitá-lo?”

“Sim. Avisarei de qualquer mudança. Se ele não sair disto…“ Ramiro quebrou o contato visual e olhou ao Gunnar por um momento. ”Avisarei-te.”

Michael deixou a adega de provas com seu coração pesado isso não resolveria correndo. Retornou a casa, mais cansado do que nunca esteve antes.

 

Para quando Neo retornou com Haig, seu guarda já tinha circulado o chalé e estava revisando o exterior. “Algo?“ Pergunto Neo a Haig.

Haig se deteve e assinalou para uma estátua com um círculo de grama. “Posso cheirar a Audric e a Richard. Somente que não posso ser capaz de encontrar a entrada.

“O que com Kern?”

Haig esfregou seus olhos com as palmas de suas mãos. “Não sei. Não posso cheirá-lo, não posso senti-lo como deveria ser capaz de fazê-lo“ suspirou Haig. ”Pode que não esteja aí embaixo. Pode que o esteja cheirando no aroma de Audric.”

Apesar de que Haig parecia acalmado, Neo não acreditava que fora o momento de lhe falar da probabilidade de que Richard tivesse controlado a mente e o corpo de Kern.

No momento, Neo decidiu concentrar-se em encontrá-los.

“Sei que ele estava no interior, Ninguém se incomodou em procurar a passagem secreta?”

“Porra! Assumi que os vampiros tratariam com isso, mas agora penso, eles teriam que haver-se apressado a chegar aqui antes que o sol saísse.“ Haig se girou e retornou correndo para o chalé.

Neo detrás dele começou a procurar nos quartos próximos ao rincão, em direção às gotas de sangue. Ouviu um ruído detrás dele e se girou. Com lágrimas em seus olhos, Haig tinha trocado a lobo. O lobo cor loiro escuro começou a cheirar o sangue de Audric, passou sua língua por uma gota de sangue separado do grande atoleiro.

Neo ofegou diante da ação. Ele tinha vivido rodeado de were para saber o que o sabor do sangue fazia a um lobo. Haig estava tão desesperado por encontrar ao seu companheiro que se enlaçou a Audric. Através do laço de sangue, como isso era chamado, Haig poderia ser capaz de seguir o rastro de Audric. Apesar de que isso não significava que os dois eram parceiros, Haig teria sempre conexão com Audric. Na natureza, were pode ser capaz de seguir a pista de um assassino que conseguiu escapar com vida, isso terminaria com o fim da presa torturante. Isso queria dizer que o laço que Haig tinha estabelecido poderia ser quebrado somente com a morte de Audric. Algo que Neo se recusava a permitir que acontecesse.

Neo olhou o lobo. “Machuca-o e te arranco a cabeça.”

Haig quebrou o contato visual e começou a seguir o rastro pelo piso de mármore. Ele cruzou uma porta e farejou durante um momento antes de olhar a Neo.

“Já revisei aí,“ disse Neo, abrindo o armário de casacos.

Haig empurrou a Neo e começou a farejar a parede.

Neo tirou o lobo e começou a pressionar a parede. Procurando algum desnível, algo que pudesse dar a pista de um interruptor que se usasse para fechar a porta. Um rápido giro da barra de ganchos, toda a parede se deslizou para trás, revelando umas escadas. A diferença das masmorras, a passagem escondida era obviamente uma construção nova.

“O que está esperando, vamos,“ Haig disse detrás de Neo. Antes de descer as escadas, Neo se girou para Haig. “Quis dizer o que disse.”

“Sei que o fez, mas se Audric fez algo a Kern, nada do que possa me fazer me impedirá de assassiná-lo.”

“Se Audric fez algo a Kern, eu mesmo o assassinarei e te darei o corpo para que tenha um brinquedo que morder,“ Neo lhe assegurou honestamente.

Eles atravessaram a passagem e finalmente chegaram a um grande quarto redondo. Três corpos estavam dormindo no chão de terra. Neo viu a cena frente a ele. Kern e Audric estavam nus, dormindo sobre seu abdômen.

Haig deu um passo para Kern. “Inclusive dormido deveria ser capaz de senti-lo.“ Haig olhou para Richard, dormindo placidamente sobre suas costas. ”O que lhe fez?”

Neo sustentando sua espada se dirigiu para Richard.

O presunçoso bastardo estava dormido com um sorriso de satisfação em seu rosto. Neo tomou um momento para estudar a câmara. Recoberta com folhas de ferro, sem dúvida Richard acreditava que nunca seria detectado em seu esconderijo clandestinamente.

“Acredito que Kern estava sendo controlado pelo Richard,“ explicou Neo. Parte dele esperava que Richard pudesse abrir os olhos e visse a espada descer para ele, mas não perderia tempo empurrando ao destino.

“Mas isto é…“

“Acabou-se,“ disse Neo enquanto arrancava a cabeça de Richard com um só golpe. Limpou o sangue da espada na limpa camisa branca de Richard antes de guardá-la.

“Deve ser capaz de despertar a Kern agora.”

Quando não recebeu resposta, Neo levantou o olhar do corpo de Richard. “Haig?”

Em lugar de caminhar para seu amante, Haig estava inclinado sobre Audric.

“Não o faça,“ advertiu Neo.

Haig sacudiu a cabeça e assinalou para o pequeno homem. “Vê o que eu vejo?”

Neo se separou do corpo de Richard. O primeiro que notou foi esperma seco na parte de atrás da coxa de Audric, mas isso não é ao que se referia Haig. Neo moveu sua atenção, seguindo o olhar de Haig e sentiu que seu coração se afundava. Marca de mordidas. Era óbvio que Kern tinha copulado com Audric.

Haig deu vários passos para trás. Afastando-se de Kern e de Audric. “Como pôde ter feito isto?”

A expressão no rosto de Haig expressava a dor de seu interior. Neo se apressou a aproximar-se de Haig. “Esse não era Kern. Tem que acreditar nisso. Ambos sabemos que ele nunca iria com Richard sem estar enfeitiçado.“

Quando Haig se recusou a admiti-lo, Neo foi mais longe do que tivesse preferido e sacudiu ao fortemente musculoso guarda. “Não pode culpá-lo. Não deixe que isto destrua todos os anos que se amaram.”

Lágrimas encheram os olhos de Haig. “Não posso tratar com isto.“ Ele sacudiu a cabeça enquanto se dirigia ao túnel do passadiço. ”Eu sinto. Só não posso enfrentá-lo agora.”

“Espera!“ Gritou Neo a Haig. ”Kern não entenderá quando despertar.”

Se Haig não o ouviu ou simplesmente o ignorou, Neo não soube. Não somente o deixou com dois homens dormindo, mas sim Neo teria que explicar a Kern por que Haig não estava com ele.

Neo tratou de ver a situação do ponto de vista de Haig. Como se sentiria se tivesse visto assim a Michael?

Neo fechou os olhos, amaldiçoou em silêncio, suas mãos em um punho ao seu lado, suas presas se encaixaram em seu lábio inferior.

Com o sabor de cobre do sangue ainda em sua língua, inclinou-se sobre Kern. “Acorda.“ Neo se surpreendeu da ira em sua voz. Não estava tratando de convencer a Haig que não era culpa de Kern?

O grande carvalho tatuado nas costas de Kern começou a mover-se quando Kern lutava por sentar-se. Kern piscou

 

Para quando Neo entrou em sua casa, o sol estava se pondo e tudo o que ele queria era assegurar-se de que Michael estivesse a salvo. Antes dos eventos desse dia, estava convencido de que fazer-se cargo do Reino era o melhor por fazer, mas ao entrar em sua antecâmara, começou a repensar.

Michael estava encolhido debaixo dos cobertores na grande cama. Inclusive dormido, seu rosto era uma máscara de infelicidade. Neo cambaleou vários passos quando se deu conta do que tinha feito. Tinha sido tão fácil para ele deslizar-se dentro do rol do Rei, que tinha esquecido a importância que também tinha seu companheiro.

De sua experiência passada, Neo sabia que o ser resgatado era somente um passo em seu processo de cura. O que tinha feito? No momento em que Michael mais o necessitava, Neo não tinha estado com ele.

Tirando-a roupa, Neo se aproximou da cama, inquieto. Dirigia-se o Reino significava que ia ter menos de um por cento de Michael, Neo sabia que ele nunca estaria de acordo em tomar seu lugar como Rei.

Neo deslizou entre os lençóis e pressionou seu corpo contra as costas de Michael. Quase imediatamente sentiu o corpo de Michael esticar-se. “Sinto-o tanto,“ murmurou Neo ao ouvido de Michael. ”Deveria ter estado aqui contigo.”

Michael não disse nada. Neo sabia que ele merecia o tratamento do silêncio por sua conduta. No passado, Michael houvesse rapidamente defendido as ações de Neo como parte do que um líder deve ser, mas, evidentemente, já não era assim.

Neo enterrou o rosto nos alvoroçados loiros cachos e procurou em si mesmo a resposta. Por que não ficou com Michael em lugar de retornar ao ataque no chalé? Não importava quantas vezes tratasse de convencer-se a si mesmo, ser um grande líder não era a razão.

O dar-se conta, envergonhou-o. Ele não queria enfrentar suas próprias lembranças de sua tormentosa vida nas mãos de LaMont. Afastando-se de Michael, Neo se dirigiu a uma cadeira ao outro lado do quarto. “Sou egoísta,“ admitiu, enterrando seu rosto em suas mãos.

Michael não se moveu nem falou.

“Não te confortei porque sabia que precisaria falar a respeito do que te aconteceu e não sou o suficientemente forte para escutar isso. Tratei pelos últimos seis séculos de apagar as lembranças de minha cabeça, sair de meus sonhos. Não podia dirigir o pensar no que você experimentou por muito que queria fazê-lo. É meu Michael, meu inocente. O mundo nuca deveria te haver tocado, e se isso foi por mim, nunca poderia aceitá-lo.”

“É um idiota,“ disse Michael sem mover um centímetro. ”Um egocêntrico idiota,“ adicionou. ”Novas notícias, Neo, o mundo não se move ao redor de você. Também, coisas de merda acontecem às outras pessoas.”

“Sei. E tem razão,“ aceitou Neo.

Com uma repentina explosão de energia, Michael tirou os cobertores e saltou fora da cama. Ele se lançou contra Neo com mais ira da que Neo lhe tivesse visto. “Algumas vezes as coisas são a respeito de mim. Logo que teve tempo de me atirar aqui antes de ir de novo. E quando retornou, não foi para ver como me encontrava.”

Neo ficou de pé. Abriu a boca para argumentar, mas Michael levantou sua mão, vendo-se maior do que era. O que lhe tinha acontecido? Haveria os vampiros de LaMont feito algo com a idade de Michael?“

“Não se trata disto porra. Voltou aqui esta manhã porque você necessitava algo de mim. Faz isso bastante, sabe? Oh, você tem um bom jogo, murmura palavras de amor, tratando de me fazer acreditar que realmente sou importante para você.”

Michael entrecerrou os olhos. “Mas quando eu te necessito, deixa que seus demônios se interponham entre nós. O que te aconteceu foi horrível, e nada do que faça vai afastar essas lembranças, mas isso aconteceu faz muitíssimo tempo. Deixa de foder sobre isso. Recuso-me a ser seu recipiente para beber quando o necessita. Se não pudermos ao menos estar em igualdade de condições em nossa própria casa, isto termina.“

Sem outra palavra, Michael saiu da antecâmara completamente desnudo.

Neo ficou de pé com a boca aberta, perguntando-se o que tinha acontecido. Ele esperava que Michael estivesse ferido pela maneira como tinha atuado, mas não zangado, e do que vinha tudo isso de que era um recipiente? O que lhe tinha acontecido ao homem que amava que envelheceu tão rapidamente?

Michael tinha tido razão em uma coisa. Neo tinha deixado que seus demônios se interpusessem entre eles. Apesar de que tratou de convencer a si mesmo que era o melhor para o Reino, em realidade não tinha nada que ver com o Reino, tudo era por seus medos. Tomando suas calças, Neo se vestiu e foi procurar respostas.

 

Depravado no trono nos altos céus, Zeus olhava fixamente a Neo. “É cortês marcar uma entrevista antes de interromper.“

“Não tenho tempo para jogar seus jogos,“ disse Neo aborrecido. ”Tenho perguntas, e você é o único que pode responder.”

Zeus suspirou como se já estivesse aborrecido da companhia de Neo. Claro que estava. Neo não tinha seios.

“Quais são?“

“O que acontece a Michael?“

Zeus riu, o presunçoso filho de uma cadela. “Não vi a Michael desde que era um bebê. O que quer saber dele?”

“Está envelhecendo rapidamente, e não acredito que Michael esteja consciente disso.”

“Encontro difícil de acreditar que tenha eliminado os espelhos de sua casa. Você sempre me deu a impressão de ser muito vaidoso.“ Sorriu Zeus. ”É muito parecido a mim nesse sentido. A beleza deve desfrutar-se, saborear-se. Sou um homem formoso e sei.”

“Michael?“ Pressionou Neo, perdendo a paciência. Ele sempre tinha odiado a maneira em que seu pai sempre trocava qualquer conversa para enfocá-la em si mesmo.

“É um insaciável pequeno bastardo, Neo. Suponho que também nisso segue meu exemplo.”

Neo girou os olhos. Se não necessitasse a informação que somente seu pai poderia lhe dar, Neo seria feliz de dizer a Zeus que se fodesse. “O que tem que ver o insaciável com a idade de Michael?”

"Você está usando a sua luz mais rápido do que seu corpo pode produzir. Você está literalmente sugando a vida dele, assim não necessita de procurar alguém para culpar. Tente procurar em um desses espelhos que você sempre gostou tanto. Para você, a capacidade de caminhar na luz do sol é um dom. Pelo que tenho observado você começou a tratá-lo como um direito, e se continuar a fazê-lo, não só o dom, mas a vida será tirada de você."   

“Não entendo. Acreditei que Michael foi criado para mim. Como pode só tomá-lo e afastá-lo?“

A risada de Zeus retumbou nas paredes de mármore, forçando a Neo a cobrir os ouvidos pelo risco de rasgar seus tímpanos. “Tudo foi criado em um determinado momento. Sim, Michael foi criado para te ajudar a te guiar, a devolver algo que te tiraram, mas minha esperança era que pudesse ser mais que isso. Quanto mais falo contigo mais me dou conta quão semelhantes somos. Possivelmente foi um engano pensar que poderia ser um líder.”

“Quando era um menino, seu coração estava cheio de pensamentos pelos outros. Você era uma perfeita eleição para ser um Rei, mas então foi trocado, e não falo só da parte vampiro dentro de você. Começou a ser uma pessoa diferente. Um verdadeiro Rei tem a capacidade de ver além de si mesmo. Você estava tão obcecado pelo mau que te tinha acontecido que nem sequer te deteve para considerar as outras Criaturas Bentas. Quantas delas poderiam usar sua sabedoria e amparo através dos séculos?“

Apesar de que havia muita verdade no discurso de seu pai, Neo queria retornar à única coisa que significava mais que algo para ele. “Mas por que quer apartar a Michael de mim?“

“Eu não. Você o faz.”

“Nunca faria isso. Eu o amo com tudo o que sou, “ argumentou Neo.

“Tristemente, pelo que vejo, isso não é muito. Você odeia a metade do que é. Até que possa abraçar à Criatura Benta em que te converteu, nunca realmente amará nada.”

Zeus ficou de pé e saiu do quarto sem outra palavra. «Bastardo».

 

Michael se encontrava fora da adega de provas vestido só com uma toalha que encontrou no quarto de lavagem. Ele não se incomodou em tocar.

A menos que estivesse dormindo ou lutando com Gunnar, Ramiro poderia sair agora que o sol sumiu.

Muito seguro, dez minutos depois, Ramiro saiu à luz da lua. O formoso vampiro se via mais que cansado e Michael começou a perguntar-se quão difícil era cuidar de Gunnar que tinha tirado dele sua força física e emocional.

“Como vai?“ Perguntou Michael. Ajustando a toalha quando captou o olhar de Ramiro vagabundeando.

“Igual,“ respondeu Ramiro. ”Mas não está aqui por isso. Disse-te que te avisaria de qualquer mudança. Então, o que é o que te incomoda?“

Michael se encolheu de ombros. Agora que estava aqui, começou a sentir-se estúpido por incomodar a Ramiro quando ele já tinha as mãos cheias.

Ramiro levantou um dedo e abriu a porta da adega de novo. Colocou a cabeça um momento antes de fechá-la de novo. “Sinto muito. Pensei ouvir Gunnar me chamando.”

“Tudo está bem. Está ocupado. Volta para dentro em caso de que te necessite.“

Ramiro sacudiu a cabeça. “Gunnar está dormido. Diga-me o que acontece para que saia apenas usando uma toalha.”

“Não sei se pode me ajudar, mas estava me perguntando. Que tão mal é ser vampiro?“

“Isso depende. Suponho que a grande coisa é que a maioria dos vampiros não foram vítimas. Nós não tivemos escolha no que nos aconteceu.”

Michael assentiu. “Mas…“ suspirou Michael. ”Eu tampouco tive escolha de como me fizeram. Nenhuma. Spiro acaba de me dizer hoje que meus verdadeiros pais, ambos, são deuses de algum tipo. Não tive eleição nisso. Sou quem sou, mas tenho escolha no tipo de homem em que me converti porque nada podia fazer com o que já parecia.”

Ramiro levantou suas sobrancelhas que desapareceram sob os cachos negros que caíam em sua testa. “Bem então, descobriu um dos grandes segredos da vida. Estou impressionado.“

“Como tratou com o que te aconteceu nas masmorras de LaMont?”

Ramiro se esfregou a mandíbula. “Está perguntando por você mesmo ou pelo Neo?”

“Ambos, acredito. Não posso entender todas as coisas que passaram a ambos , e não estive muito tempo, mas estou assustado.”

“Por que não tem o controle?”

“Sim.”

Ramiro assentiu. “Há diferentes caminhos para tratar com o trauma. Pode se levantar e te assegurar nunca ser vítima de novo, ou pode te isolar do mundo, e nunca ir mais à frente. Isso tem sentido?“

“Isso é pelo que te converteu no chefe de segurança de Ian,“ assumiu Michael.

“Sim. E é por isso que Neo construiu seu vinhedo e se rodeou de weres em lugar de vampiros. Ele nunca se movia além de uma vítima.”

“Como posso ajudá-lo?“ Perguntou Michael.

“Você não pode fazer nada mais do que já tem feito.”

Michael soltou um suspiro. “Sim, a respeito disso, gritei-lhe. Disse-lhe que era um imbecil egocêntrico, disse-lhe que superasse todas as coisas que lhe tinham acontecido. Disse que deixasse de usar meu pescoço como um recipiente para alimentar-se.”

Ramiro começou a rir. Ele tratou de deter-se, inclusive levou a mão a sua boca. “Bom para você. É provavelmente uma das poucas pessoas que pode afastar-se de uma confrontação como essa ainda com sua cabeça em seu lugar.”

“Somente porque estava tão zangado com ele,“ defendeu-se Michael.

“Zangado com Neo ou com o que te aconteceu?“ Perguntou Ramiro.

Michael abriu a boca para dizer algo antes de fechá-la de novo. Ele tinha passado o dia inteiro tratando de convencer-se de que Neo só pensava nele no tempo de alimentar-se. Sim, ele definitivamente necessitava a Neo quando despertou, mas essa não era razão suficiente para sentir e dizer tudo o que havia dito. Teria transferido à ira que sentiu nos dias passados para Neo porque essa era a única maneira que conhecia para tratar com isso?

“Michael!“ Grunhiu Neo, correndo pelo caminho da casa.

“Deixarei vocês sozinhos, “ disse Ramiro. ”Pela maneira em que está vestido…“ Soltou o fôlego. ”Gosto da minha cabeça onde está.”

Quando Neo alcançou a Michael, Ramiro já tinha desaparecido dentro da adega de provas. “Não se zangue com ele. Ramiro só estava tratando de me ajudar a entender.”

Neo ia tomar a Michael, mas se deteve e deixou cair seus braços ao seu lado. “Não deveria ter que ir com estranhos para isso. Eu deveria estar aí para você. Sinto muito.“

“Ramiro não é um estranho. Ele provou ser um bom amigo.”

“Possivelmente sim.“ Neo se movia em seus pés durante um momento antes de tomar a mão de Michael. ”Fui ver meu pai.“

A admissão surpreendeu a Michael. “Fez?”

Neo assentiu. “Tinha razão. Zeus é o maior imbecil egocêntrico que conheci. Assim acredito que me vem por natureza. Se inclusive somente absorvi uma décima parte dele, não sentiria saudades que não quisesse nada mais comigo.”

Michael sacudiu a cabeça. “Não quis dizer todas as coisas que disse.”

“Oh, você queria, mas sei que nunca as teria dito se não te tivesse pressionado. Sou a mesma pessoa da que te apaixonou, mas havia momentos em que preferia ver muito além das minhas muitas falhas. Eu me aproveitei de você hoje, e por isso, passarei o resto de meus dias tratando de emendá-lo. O que fiz permitiu que houvesse dúvidas em seu coração. Você começou a se questionar por que deveria ver além das minhas falhas e não tenho resposta para isso. Amo-te mais do que posso explicar, mas preciso fazer um bom e duro olhar de mim mesmo antes que você realmente acredite.”

“Todas as coisas que passaram…“ suspirou Michael. ”Tomei minha ira e a derrubei em você.”

Neo assentiu. “E eu fiz com todo mundo com o que tive contato que aguentaram o que me tinha acontecido há muitos anos.“ Neo deu um passo à frente aproximando seu corpo ao de Michael. ”Eu devia estar aqui para você, sem importar o que.”

“Não,“ Michael sacudiu a cabeça. ”Você é primeiro e acima de tudo um Rei. Isso é natural em você.”

“O que? sigo sendo um imbecil?”

Com um sorriso em seu rosto, Michael envolveu seus braços ao redor da cintura de Neo. “Não. Hoje resgatou a quatro pessoas.“ Isso repentinamente recordou a Michael que não tinha perguntado por Kern e Audric. Ele somente assumiu que eles tinham sido encontrados quando Neo retornou. ”Audric e Kern estão bem, Não é assim?”

“Mais ou menos. Eles estão aqui, mas acredito que estão muito longe de estar bem.“ Neo roçou seus lábios na testa de Michael. ”Não quero falar deles agora. Vamos falar de você. O que posso fazer para te ajudar?”

“Sustenta-me. Fale comigo.“ Michael se apertou forte a Neo. ”Confia em mim.”

“Confiar não me vem facilmente,“ admitiu Neo.

“Sei. É por isso que não posso te pedir um melhor presente.“ Michael liberou a Neo e deu um passo para trás. Estendeu-lhe a mão e esperou que Neo a tomasse. ”Vamos voltar à cama. “

Neo embalou a bunda de Michael através da toalha.

“A seguinte vez que saia com uma tromba da antecâmara, poderia, por favor, recordar te pôr um pouco de roupa?“

 

Duas semanas depois, Michael deixou o apartamento de Gunnar com um peso em seu coração. Apesar de que seu amigo estava tratando de dirigir seu único status dentro das Criaturas Bentas, Gunnar ainda tendia a esconder-se, inclusive depois de que escurecia.

“Aqui está,“ disse Neo, reunindo-se com Michael no caminho entre os dormitórios e a casa principal.

“Sinto muito. Fui jogar xadrez com Gunnar,“ explicou Michael depois de aceitar um profundo beijo.

Neo esfregou as costas de Michael. “Não se preocupe. Ele se ajustará.”

“Espero que tenha razão,“ murmurou Michael. Enterrando seu rosto contra o peito de Neo e inalando.

Nunca se cansaria do aroma de seu companheiro.

“Precisamos conversar.”

Finalmente! Apesar de que tinha passado quase cada momento com Neo da noite da briga, Michael ainda não podia obter que seu companheiro falasse a respeito da conversa que tinha tido com Zeus. “Tem algo que ver com o fato de por que já não se alimenta mais de mim?”

“Não. Já lhe disse isso, brincar é uma coisa, mas não preciso me alimentar de você.“ Sorriu Neo. ”Sou um menino grande agora.”

Michael apalpou o pênis de Neo. “Sempre foi um menino grande.”

Um suave gemido escapou dos lábios de Neo enquanto Michael continuava massageando sua grande ereção. Com um pouco de sorte faria que seu companheiro perdesse o controle. Apesar das reservas de Neo de alimentar-se dele, Michael necessitava disso, fisicamente e emocionalmente. A conexão que sentia com seu companheiro depois se tornou aditiva, mas era mais que isso.

Era como se seu corpo estivesse perto de explodir. Apesar de que ainda não estava seguro do que em seu sangue ajudava a Neo, isso não podia continuar.

“Está procurando problemas.“ Neo roçou o pescoço de Michael com seus dentes, mantendo as presas retraídas.

Michael levou sua mão ao interior das calças de Neo, sorrindo quando Neo deixou sair outro profundo gemido. Lentamente acariciou o pênis, estendendo o pre-sêmen a todo o comprimento.

“Mmmm,“ grunhiu Neo, raspando a pele do pescoço de Michael.

Diante da gota de sangue, as presas de Neo baixaram e pressionaram contra o pescoço de Michael. Michael sustentou o fôlego, silenciosamente animando ao seu amante a beber.

“Por favor,“ finalmente rogou.

Neo imediatamente liberou a Michael e tratou de afastar-se, mas a mão de Michael ao redor de seu pênis impediu que fora muito longe. “Não posso,“ desculpou-se Neo. ”Eu gosto como uma droga da que não posso ter suficiente, não entende isso?”

“Não, não o entendo. Tudo o que sei é que me sinto ardendo em meu interior e o único que me ajuda é sua mordida.“ Com um suspiro, Michael liberou o pênis de Neo. ”Não sei por que me está fazendo isto.”

“Porque te amo,“ murmurou Neo, embalando as bochechas de Michael e esfregou a pele ao redor dos olhos de Michael com seus polegares. ”Notou como esta jovem desde que deixei de me alimentar?“

Michael o tinha notado, mas ele assumiu que sua aparência de algumas semanas se devia ao sequestro e a tortura. “Isto não tem sentido. Fui feito para você. Meu sangue é meu presente.”

Neo puxou a Michael aos seus braços. “Esse presente o considerei garantido. Seu sangue é melhor que qualquer Líquido Carmesim que tenha produzido. Converti-me em um viciado e constantemente necessitava de minha seguinte ração.”

“Neo enterrou seu rosto nos cachos de Michael. ”O que não sabia é que te estava drenando a vida, nunca me perdoarei por isso.”

O fôlego de Michael ficou apanhado em seu peito.

Surpreso sua criação para nada se seguia sentindo como um presente. “Em outras palavras, os deuses pensaram que sou dispensável.“ Michael se afastou do abraço de Neo. ”Desculpe, mas há alguém com quem preciso falar.”

“Espera!“ Gritou Neo, tomando a Michael. ”Se você tiver que culpar a alguém, esse deveria ser eu. Sou o que não sabia dos limites de quanto sangue poderia tirar de você.”

“Exatamente.“ Assentiu Michael. ”Não sabia. A pergunta é por que meu pai não lhe disse isso.“ Cobriu a mão de Neo que se apoiava em seu ombro. ”Não estou zangado contigo. Só necessito respostas.“

“Diga-me o que necessita?“ Rogou Neo.

“Respostas, já lhe disse isso,“ explicou Michael. ”Mas é meu pai quem me dará essas respostas, não você.”

“Mas não vê, que estou bem, porque já aprendi a estar ao redor de você e não ter a luxúria pelo sangue.”

“Você não deveria ter que fazê-lo. Você goste ou não, Neo, é um vampiro. Sei disso, os deuses sabem isso e meu pai sabe disso. Assim por que eles lhe tentam com meu sangue para te fazer mais forte só para pôr limites a quanto pode tomar? E em primeiro lugar por que foder alguém quem clama me amar me colocou nesta posição? Essas são as respostas que necessito.”

Michael rezou para que Neo pudesse entender. Seu companheiro tinha feito um grande progresso nas duas últimas semanas aceitando no que se converteu, inclusive tinha ido mais longe ao aconselhar a Gunnar a respeito de sua transição.

“O sangue dos doadores é suficiente para me manter forte. O verdadeiro presente dos deuses é seu coração não seu sangue.“ Neo puxou a Michael aos seus braços de novo. ”Enquanto tenha você, tenho o raio do sol. Não necessito seu sangue para isso. Só necessito que sempre esteja ao meu lado.”

Havia algo no tom de voz de Neo que preocupou a Michael. Era quase como se Neo estivesse assustado. “O que é que teme?“ Perguntou Michael.

“Que eles lhe separem de meu lado,“ admitiu Neo.

“Eles teriam que me matar primeiro.”

“Não quero correr riscos.“ Neo respirou fundo. ”Já aceitei ajudar ao Spiro a guiar o Reino. Minha esperança é que isso seja suficiente para agradar aos deuses.”

“Deixaremos o vinhedo?“ Apesar de que tinha vivido no V do Reino por menos de um ano, esse tinha começado a ser seu lar, e pensar em voltar a viver no Reino não o agradava.

“Não. Isso foi parte do acordo com Spiro. Eu viajarei ao Reino para assuntos oficiais, mas isto,“ Neo assinalou para o vinhedo ”é o meu lar e sempre o será. Ainda assim, não sou completamente ignorante do estado do Reino. Spiro fez seu melhor esforço por muito tempo sem ajuda, e é tempo de que eu avance. Além disso, nem todo mundo quer que as Criaturas Bentas vivam em harmonia. Tenho a sensação de que os vampiros de LaMont eram só a ponta do iceberg.”

Apesar de que era um grande passo para o Neo, Michael não pôde evitar sentir dor. Depois de tudo, a decisão tinha sido tomada sem ele. “Por que não falou comigo?”

“Estou falando agora,“ disse Neo, suas sobrancelhas juntas em aparente confusão.

Michael assentiu. “Sim, faz. Idiota de mim, eu pensei que éramos uma equipe.”

Neo grunhiu e girou os olhos. “Nós somos uma equipe, mas isto é negócio.”

Afastando-se com uma quebra de onda de movimento de seus braços, Michael fervia. “Quando poderá entrar em sua cabeça que seja negócios ou prazer me afeta?“ Michael sacudiu a cabeça. ”Sabe o que? Esquece-o.”

“Deixa de atuar como um menino,“ grunhiu Neo quando Michael se dirigiu a sua casa.

“Deixarei de atuar como um quando deixar de me tratar como um.”

“Que porra? Michael. Nenhuma maldita decisão parece ser o suficientemente boa para você,“ disse Neo golpeando a Michael com seu peito enquanto o seguia.

“Isso é porque todas elas são ‘suas’ decisões, não as nossas!“ Gritou-lhe Michael sem girar. ”Inclusive se preocupou como me senti quando deixou de se alimentar de mim? Nem sequer te incomodou em me perguntar? Isso dói. Estou em uma constante dor. Tratei de lhe dizer isso. Roguei-te, mas você fez uma decisão de macho, e o que eu quero ou necessito não importa para você. Bom, isto importa para mim! Quero estar contigo, mas não quero seguir debaixo de você cegamente. Fui treinado minha vida inteira para ser seu companheiro, para fazer algo que seja possível que queira de um companheiro, e isso inclui conhecer o suficiente do funcionamento do Reino para te ajudar a tomar decisões.”

Michael abriu a porta e entrou na casa. Nem sequer olhou para trás para assegurar-se de que Neo o seguia. Decidiu ignorar ao seu companheiro e ir por um copo. Depois de enchê-lo com água e tomar um grande gole, seu coração ainda seguia golpeando incontrolavelmente.

Esvaziou o copo, deixou-o na pia com mais força do que o necessário. O copo se quebrou em três grandes pedaços, um deles se deslizou pela palma de sua mão.

“Merda!” Gritou e afastou sua mão quando o sangue começou a comer o lavabo. Ainda, inclusive essa pequena perda aliviou em algo sua dor.

Michael se girou e levantou sua mão. Neo tinha tomado refúgio no lado mais longínquo do quarto, obviamente tratando de controlar a luxúria do sangue enquanto ficava aí para assegurar-se de que Michael estivesse bem.

“Vê isto?”

As presas de Neo desceram. Ele cobriu a boca e se virou de costas a Michael. “Precisa aplicar pressão para deter o sangramento.”

“Por que faria isso quando se sente tão bem? É isto o que vou ter que fazer de agora em diante, me cortar eu mesmo para aliviar minha dor?“ Michael via o sangue começar a formar um atoleiro no piso de mármore. Ele não entendia por que seu sangue parecia comer qualquer metal e a outros vampiros, mas nada mais. ”Claro, terei que experimentar um pouco. Somente espero não me cortar muito profundamente.”

“Detenha!“ Gritou Neo.

“Estou-te rogando que me ajude. Certamente podemos encontrar a maneira em que ambos tenhamos o que necessitamos.”

A declaração ficou pendurada no ar um momento.

Finalmente Michael abriu a boca para fazer outra petição quando notou que os ombros do Neo começavam a tremer. Tragou o nó em sua garganta quando se deu conta que tinha feito chorar ao filho de Zeus.

«Maldição!» Quantas vezes tinha gritado a Neo que estava sendo egoísta, e aqui estava ele só pensando em si mesmo e não na angústia que lhe estava causando.

O amor de Neo por ele estava aí frente a seus olhos. A devoção de seu companheiro era outra coisa que Michael se questionou a morrer. Ainda assim eles seguiam parados a quase três metros de distância, um sangrava, o outro necessitava do sangue, mas se recusava a tomá-lo.

Michael se virou e pegou uma toalha da gaveta. “Sinto muito,“ disse, aplicando pressão na ferida. Esta vez havia fodido de mais. ”Estive tão ocupado te criticando por ser egoísta…“ Michael fechou o olho fortemente e realmente envergonhado do que ia dizer.

”Deveria ter visto que sofria por mim, porque me ama. Sim, ouvi que dizia as palavras, mas estava tão envolto em minha própria dor que realmente não as escutava.“

Neo secou os olhos e se virou de frente a Michael.

“Sou um egoísta. Sei que estava te machucando, mas esperava que pudesse afastar-se. Gostosamente viveria com meus próprios demônios por uma vida contigo, mas não posso pensar em te machucar.”

Michael deu vários passos para frente, tratando de calibrar a reação de Neo a que ele se aproximasse. “Deixe-me ir falar com meu pai. Possivelmente ele possa nos ajudar.”

Neo sacudiu a cabeça. “Não. As respostas vêm de meu pai.“ Ele tomou uma profunda respiração. ”Vá pedir ajuda a Spiro para curar sua mão e sua dor. Não há dúvida de que Spiro terá estranhas poções que lhe possam ajudar enquanto chegamos ao fundo disto.“

 

Com o muito que Neo queria irromper no quarto do trono de Zeus e demandar respostas, ele sabia que obteria mais se mostrava o respeito que o deus merecia. No momento que Neo entrou no quarto, inclinou a cabeça.

“Posso falar contigo? “

“Estava justo por falar contigo,“ respondeu Zeus. ”Are[6] disse-me que aceitou ajudar a Spiro.”

“Sim.”

“Adiante,“ assinalou Zeus. ”Estou curioso sobre o que te fez trocar de opinião.“

Neo caminhou para seu pai com o olhar ainda no chão. “Michael fez que percebesse de algumas coisas que não me tinha permitido pensar antes que entrasse em minha vida.“

“Como quais?“

“Importa-me se as ‘Criaturas Bentas’ vivem ou morrem,“ declarou Neo. ”Depois que troquei, não acreditei que me importasse com ninguém, nem sequer eu mesmo. Enfoquei todas minhas emoções nas uvas, as usando como alguém pode usar a seus amigos. Quando Michael foi sequestrado, dava-me conta que queria fazer do mundo um lugar seguro para ele.”

Neo olhou para seu pai. “Vi de primeira mão, a dor de meus amigos por causa de algumas desencaminhadas Criaturas Bentas. Sei que nada disso teria acontecido se o tivesse detido faz anos. Sabia que os vampiros criados pelo LaMont eram malvados, ainda assim escolhi enterrar minha cabeça no trabalho em lugar de fazer algo a respeito. Levarei essa culpa pelo resto de minha vida.“

Zeus acariciou sua branca barba, obviamente pensativo.

“Não há necessidade de que carregue a culpa. Isso só pode nublar seu julgamento no futuro. Inclusive eu não vi os vampiros de LaMont como uma ameaça.”

Neo assentiu. Essa era uma atrevida declaração vindo de um deus, que se sentia superior a todos os outros.

Possivelmente Zeus estava de humor para que Neo tomasse alguma vantagem. “Quero te pedir um favor, Pai.”

Uma branca sobrancelha como a neve retrocedeu e se elevou. “Sério? Você nunca me pediu nada no passado.“

Neo baixou a cabeça de novo. “Tem o poder de tirar a luz do sol do sangue de Michael e que ainda mantenha sua imortalidade?“

“Por que me pede tal coisa? Michael foi criado especificamente para te dar de volta o que te tinha tirado.“

“Sim, sei disso, e por um tempo apreciei o gesto, o custo para Michael é muito grande. Prefiro vagar na escuridão para sempre a cortar a vida do homem que amo.”

“Durante seiscentos anos odiou o mundo porque desejava sentir o sol em seu rosto.”

Neo sentiu o ardor das lágrimas quando seus olhos se encheram de umidade. “Estava equivocado. Necessitei do amor de Michael por mim, para ver isso. Ter o sol não significa nada sem ele.”

Zeus riu. “Possivelmente não somos tão semelhantes depois de tudo. Invejo seu amor, e se inclusive repete isso, o negarei.”

“Pode me ajudar?“ Perguntou Neo. Se precisasse ficar de joelhos e rogar seria um pequeno preço a pagar apesar de que seu pai nunca lhe permitiria esquecê-lo.

“Não há necessidade de ir a extremos. Que se alimente duas vezes à semana dará a ambos, o que necessitam. Não poderá tomar banhos de sol, mas o sol com moderação não te queimará.”

“E Michael não envelhecerá?“ Questionou Neo.

“Você gosta dele jovem, não é assim?“ Sorriu Zeus. ”Não, Michael não tem idade.”

A aparência de Michael não tinha nada que ver com a petição de Neo. Simplesmente queria assegurar-se de que seu companheiro estivesse vivo tanto quanto Neo estivesse. “Obrigado.”

“Você pode agradecer me protegendo das Criaturas Bentas. Tenho muitos meninos entre eles que podem algum dia requerer sua direção.”

Neo baixou a cabeça uma vez mais, antes de sair do quarto. As palavras de seu pai a respeito de seus outros meninos, não lhe incomodaram. Zeus tinha tido muitos meninos, mas Spiro era o único irmão de Neo no que a ele concernia.

 

Michael passeava de um lado ao outro junto à antecâmara enquanto esperava que Neo retornasse. Tinha confessado a seu pai sua atitude egoísta e as horríveis coisas que disse a Neo. Spiro havia somente sorrido e felicitado a Michael por defender-se. De acordo com Spiro, sempre ia ter momentos de luta, mas sempre tinha que ter a capacidade de dar um passo atrás e ver o ponto de vista da outra pessoa para fazer que a relação funcionasse.

Um ruído no corredor lhe alertou que Neo se aproximava. A porta se abriu e Neo entrou no quarto, rasgando sua camisa.

“Cama. Agora,“ grunhiu Neo, tirando os sapatos e baixando o zíper de suas calças.

Michael queria saltar de alegria. Ele somente usava o roupão de banho, Michael a desenredou e baixou o pesado tecido por seus ombros. “Posso tomar isso como que Zeus foi de grande ajuda?”

“Sim.“ Nu, Neo passou sua mão pelo comprimento de seu pênis antes de dar à dura carne um apertão.

”Alimentarei-me duas vezes à semana.“ Neo sorriu e sacudiu a cabeça de seu pênis acusadoramente para Michael. “Posso me controlar, você pode?”

Michael se estendeu no centro da cama com as pernas abertas. Antes tinha tomado banho e se preparado, esperando boas notícias. As presas de Neo desceram quando notou que Michael já tinha estirado e lubrificado seu buraco. “Isso depende. Zeus disse algo de quão freqüentemente pode foder, ou essa regra de duas vezes por semana é somente com a parte da alimentação?”

Com um grunhido de pura necessidade, Neo se empurrou, girou a Michael sobre seu estômago e o cobriu com seu calor.

“É meu prazer foder quantas vezes possa aguentar.”

Michael levantou seu bumbum e se empurrou contra o pênis de seu companheiro. “Então te prepare porque vai ter longas noites pela frente.”

Neo brincou mordendo a pele que cobria uma omoplata de Michael. “Pode falar muito, mas assim que goza cai adormecido.”

“Suponho, que somente terá que me dar algo para me manter acordado.“ Gemeu Michael quando a perita língua de Neo lambeu seu sangue antes de lhe dar a oportunidade de correr. ”Agora deixa de me provocar. Deixe-me sentir essas presas enterrar-se profundamente e chupar duro.”

Neo levou sua mão entre seus corpos e circulou o buraco de Michael com seu dedo. “Antes ou depois de te foder?“ Perguntou Neo, empurrando dois dedos no interior.

“Mmmm,“ gemeu Michael. Tratou de abrir mais suas pernas, mas o peso de Neo evitava que se movesse, atormentando-o mais. ”Ao mesmo tempo,“ ele ofegou quando Neo adicionou um terceiro dedo.

Neo usou sua mão livre para aplicar lubrificante em seu pênis antes de retirar o cabelo do pescoço de Michael. “Quer ambos?“

“Por favor,“ rogou Michael, puxando os cobertores em uma bola em seus punhos. O primeiro toque do pênis de Neo quando substituiu seus dedos foi rebatido com as agudas presas que perfuravam a carne de seu pescoço.

Enquanto Neo se deslizava profundamente em seu interior, começou a alimentar-se.

Com a boca aberta, Michael sentia cada pelo de seu corpo arrepiar-se enquanto Neo o chupava com o ritmo de seus batimentos cardíacos. Eles eram um. Apesar das discussões e os contínuos ajustes de viver uma eternidade com o mesmo homem, Michael sabia, nesse momento, que para Neo significava mais que somente seu sangue.

Com cada impulso de seus quadris, o pênis de Neo golpeava a próstata de Michael. Isso era incrivelmente excitante e em cada um esperava não gozar. “Bom,“ conseguiu dizer Michael.

Quando Michael sentiu as presas de Neo deixar seu pescoço ele quase chorou. Mas não foi até que Neo retirou seu pênis que Michael reagiu verbalmente. “Por favor, não o faça.”

Rindo, Neo se sentou em seus calcanhares e girou a Michael sobre suas costas. “Ainda não terminei com seu traseiro, mas, por agora, já tomei todo o sangue que podia.“

Michael envolveu suas pernas na cintura de Neo e levantou seus braços. “Ajude-me a me levantar.”

Neo facilmente levantou a Michael em seu regaço antes de levantá-lo o suficiente para entrar de novo. Michael girava seus quadris, movendo-se sobre seu membro duro e profundo. Olhou nos olhos de Neo e lhe sorriu. Seu grande e forte vampiro se via como um menino glutão com toda a comida sobre seu queixo, Michael se inclinou e lavou o rosto de seu amante.

“Realmente conseguiu levar meu sangue a sua boca ou só saboreou algo para desfrutar depois?“ Brincou Michael.

“Gosto de sentir sua língua em mim,“ murmurou Neo contra os lábios de Michael.

Michael levantou as sobrancelhas e apoiou seus joelhos na cama e começou um ritmo lento acima e abaixo, enquanto abria a boca para a exploradora língua de Neo. O erótico beijo rapidamente aumentou a paixão entre eles uma vez mais. A língua de Michael conseguiu entrar na boca de Neo.

Ele estava acostumado a retrair as presas quando faziam amor. Apesar de que estavam cobertos, Michael passava sua língua contra as agudas pontas, silenciosamente rogando de necessidade.

Neo tratou de sair do beijo, mas Michael o seguiu, recusando-se a deixá-lo. Michael pressionou duro contra a ponta e foi recompensado quando sentiu a pequena ferida.

Neo gemeu quando o sangue de Michael cobriu ambas as línguas. Até aonde Michael concernia isto não tinha nada que ver com alimentação, assim deveria ser perfeitamente seguro.

Logo que a ferida sarou, com a saliva de Neo que se mesclou com o corte. Michael retirou sua língua e olhou a Neo nos olhos de novo. “Amo-te,“ murmurou.

“É minha vida,“ respondeu Neo em resposta.

Empurrou a Michael de costas à cama, sem quebrar a conexão. Evidentemente, Neo estava cansado do lento ritmo, porque em um momento estava golpeando dentro e fora do buraco de Michael.

A próstata foi assaltada uma vez mais. O olhar de Michael estava fixo no pênis que entrava e saía de seu corpo, então tomou seu próprio pênis e lhe deu vários duros e satisfatórios puxões. “Está lindo me fodendo.”

“Goza para mim,“ disse Neo, seu olhar ia do pênis de Michael ao seu rosto. ”Banhe-me com isso.”

Com a mão envolvendo seu pênis. Michael gritou o nome de Neo enquanto gozava, pulverizando sua semente no peito de Neo. Ambos viram as pérolas gotas de sêmen começar a descer pelo peito de Neo e aterrissar em Michael.

Com um grunhido diante da aproximação de seu clímax, Neo selou seus corpos juntos, enlameando o sêmen entre eles. Michael envolveu seus braços ao redor de seu amante, sustentando-o enquanto o corpo de Neo seguia estremecendo-se com cada jorro de sêmen que disparava seu pênis.

«Amo-te». Michael não o disse em voz alta, mas o sentia com cada célula de seu corpo. Enterrou seu rosto contra o pescoço coberto de suor de Neo e fechou os olhos, totalmente feliz pela primeira vez em semanas. Neo deve ter sentido da mesma maneira porque antes que Michael pudesse recuperar-se suficientemente para falar, ouviu o suave ronco que fazia quando dormia. Com um sorriso em seu rosto, Michael se permitiu dormir, esperando despertar em um par de horas para a seguinte rodada.

 

“O que gostaria de comer esta manhã?“ Evelyn, sua nova ama de chaves, perguntou.

“Possivelmente uns ovos fervidos, se não te incomodar,“ respondeu Michael.

“Não para nada, Senhor. Quer que os sirva quentes?“

“Não obrigado. Não tenho fome no momento. Mas deixa-os no refrigerador, por favor, e tomarei depois.“

“Muito bem.“ Evelyn saiu do estúdio tão silenciosamente como tinha entrado.

Desde sua cadeira junto à de Neo, Michael viu a porta fechar-se e suspirou. Apesar de que Evelyn era uma genial adição ao seu grupo familiar, sentia saudades de Joseph. Era difícil acreditar que já tinha passado um mês desde que Neo tinha enterrado ao seu velho mordomo.

Michael ficou de pé e olhou pela janela por volta do recém estabelecido cemitério. Antes de seu seqüestro, o vinhedo não tinha tido necessidade disso, mas a morte de Joseph recordou a todos eles quão preciosa era a vida.

Duro que ele tentava, Neo ainda não se interessava na nova ama de chaves. Michael supunha que todo mundo tem sua própria maneira. Para Neo, era passar ao menos uma hora diária, sentado diante da tumba de Joseph.

O olhar de Michael viajou do cemitério ao vinhedo, detendo-se nas sombreadas linhas do homem que amava. Era o amanhecer, à hora favorita do dia de Neo.

Michael sorriu. Seu amante se via tão tranqüilo, com seu formoso rosto para cima, para captar a luz da manhã que começava a aparecer pelo horizonte.

Apesar de que usualmente tratava de dar seu espaço a Neo ao amanhecer, Michael tirou o chapéu abrindo as portas francesas e dirigindo-se para o homem que amava. Era realmente uma gloriosa manhã. A videira estava em floração em cada uma das fileiras enchendo o ar com suave fragrância dando um agradável contraste com as folhas.

Chegando a Neo, Michael envolveu seus braços na cintura de seu companheiro e apoiou sua bochecha nas costas de Neo. “Você se aborrece se me junto a você?”

Neo levou suas mãos atrás para abraçar a Michael antes de deixar suas mãos acima das de Michael. “Haig veio para ver-me durante a noite,“ Neo murmurou no ar da manhã.

“Falou com ele?“ Perguntou Michael.

“Brevemente. Evidentemente ele sentiu que Audric está ficando nos dormitórios e quer saber por que.”

“O que lhe disse?“ Michael enterrou seu rosto contra as costas de Neo. Odiava que Haig se afastasse de Kern durante tanto tempo, mas de novo, todo mundo tinha sua própria maneira, e para Haig, que Kern copulasse com Audric obviamente tinha sido igual à morte.

“Disse-lhe que haverá uma lua cheia em dois dias e que ninguém se incomodou em preparar a Audric para o que poderia enfrentar.”

“Crê que ele troque?“ Perguntou Michael.

“Há uma real possibilidade. Os were velhos podem controlar suas mudanças, mas os jovens não podem. E dado que não há maneira de saber que mudanças ocorreram no DNA quando Kern mordeu a Audric, alguém deve ao menos estar aí para ajudá-lo.“

Michael assentiu. “O que disse Haig a isso?“

Neo se virou e puxou a Michael frente a ele. “Haig quer saber onde estava Kern e por que ele não estava ajudando a Audric. Não estava muito feliz quando lhe disse que Kern não tinha deixado a casa desde que o trouxe aquele dia.”

Michael tinha sido testemunha dos laços entre Haig e Kern. Rezou muitas vezes durante o último mês para ver que o casal se unisse de novo. “Eles resolverão.“

Michael pressionou suas costas contra o peito de Neo.

Em silêncio, ambos olhavam com reverencia ao sol seguir elevando-se. Ambos tinham aprendido a tratar cada momento à luz do sol como o precioso presente que era.

Agora que Neo podia sair e apreciar as vibrantes cores que a luz do dia oferecia, ele tinha construído jardineiras e caminhos de flores. Cada pedaço estava cheia de flores de brilhantes cores, e quando o sol se levantou, a atenção de Michael retornou a casa. Um bocejo o tomou por surpresa.

Ele realmente se adaptou ao horário de Neo.

“Preparado para a cama?“ Perguntou Neo.

Michael assentiu e levantou sua mão para cobrir outro bocejo. “Vem comigo?”

Neo beijou o topo da cabeça de Michael. “Não há outro lugar aonde prefira estar.”

 

 

[1] Paganini era conhecido como o mágico do violino e tocava músicas clássicas.

[2] Were, troca formas. Felinos, lobos e todos os tipos de animais.

[3] Gray's Papaya é um restaurante de cachorro quente com três localizações no lado oeste de Manhattan, no número 539 da Rua 37, o número 402 da sexta avenida com a rua oito e no, 2090 da Rua Broadway com a 72, está aberto vinte e quatro horas, famoso por ser barato e de alta qualidade. O nome de mamão faz referência a uma bebida que se vende no lugar, que inclui laranja, uva, abacaxi, pina colada, inclui champagne de coco, (sem álcool), daiquiri de banana (sem álcool) agregado ao mamão.

[4] The Six Million Dollar Man foi uma série de televisão estado-unidense produzida e exibida entre 1974 a 1978 pelo canal ABC. A série é sobre o ciborgue Steve Austin, interpretado pelo ator Lee Majors. No Brasil a série se denominou O Homem de Seis Milhões de Dólares ou também de O Homem Biônico. A série era na época costumeiramente reprisada pela Rede Bandeirantes.O programa se baseou no livro Cyborg de Martin Caidin de 1972, que se tornou um best-seller, com três sequências: Cyborg II: Operation Nuke, Cyborg III: High Crystal, e Cyborg IV. A série foi antecedida por três filmes de televisão, de 1973.

[5] RAM = ataque

[6] Are o deus grego da guerra, Marte é o deus romano da guerra

 

                                                                                Carol Lynne  

 

                      

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