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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


QUESTÃO DE INTERESSE / Brenda Jackson
QUESTÃO DE INTERESSE / Brenda Jackson

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio VT

 

 

 

Jared Westmoreland levantou os olhos do documento legal que estava lendo para ouvir uma comoção do outro lado da porta de seu escritório.

Ouviu sua secretária dizer

-Espere um momento, senhorita. Não pode entrar no escritório do senhor Westmoreland sem que eu a anuncie.

E então a porta se abriu e apareceu uma mulher muito atrativa, mas muito zangada.

Os batimentos do coração do coração de Jared se aceleraram. Reprimiu o desejo que se apoderou dele ao olhá-la, enquanto rodeava seu escritório. Era uma mulher realmente deslumbrante. Nem seu aborrecimento diminuía sua beleza. Jared lhe deu um olhar e descobriu uma massa de cabelo castanho escuro cheio de cachos emoldurando seu rosto e uma pele de cor de mogno, suave e perfeita. Também tinha uns formosos olhos marrons com umas sobrancelhas perfeitamente arqueadas, uns lábios deliciosos e umas bochechas arredondadas com umas covinhas que nem seu aborrecimento podia ocultar. Um corpo lustroso e cheio de curvas coberto em uma calça e uma camisa que completavam sua beleza.

-Senhor Westmoreland, tentei detê-la, mas...

-Está bem, Jeannie - disse a sua secretária, que tinha entrado correndo atrás da mulher.

-Quer que chame a segurança?

-Não, não creio que seja necessário. Jeannie Tillman, que já trabalhava com ele há cinco anos, não pareceu convencida.

-Está seguro?          

Jared olhou à mulher que estava a sua frente. Estava com os braços cruzados, observando-o.

-Sim, estou seguro.

Jeannie assentiu duvidosa, saiu da sala e fechou a porta.

Jared concentrou toda sua atenção na bela desconhecida. Estava seguro de que não era uma cliente, pois e ele não se esqueceria de um rosto tão bonito. De fato, estava seguro de que não a tinha visto nunca.

Dana Rollins se encontrou com os olhos de Jared e tentou dissimular a intensa reação ante ele. Tinha ouvido falar de Jared Westmoreland, o rico advogado de Atlanta. Mas agora o estava vendo em pessoa, e parecia que tudo o que diziam dele era correto.

Definitivamente, era um homem de sonho feito realidade: Alto, elegante dos pés à cabeça, tinha um corpo forte e sólido como uma rocha. Sua pele era de cor de café, tinha os olhos marrons escuros, uma mandíbula compacta, nariz reto e cabelos negros. Suas feições eram agradáveis, e seu rosto, em conjunto, sensual.

Mas não era momento para fixar-se no quanto era sexy aquele advogado. Tinha ido por um motivo profissional e nada mais.

-Suponho que terá tido uma razão para irromper deste modo em meu escritório, senhorita...

-Rollins - disse ela. E sim, tenho uma razão. Esta! -exclamou, tirando uma carta de sua bolsa. Logo estendeu a mão para dar-lhe. -Recebi esta carta certificada faz menos de uma hora, em que você me pede que devolva o anel de compromisso a Luther Cord. Tentei chamá-lo, mas me disseram que estava fora, assim vim aqui imediatamente para que me dê uma explicação.

Jared agarrou a carta e a olhou. Deu-se conta em seguida do que se tratava.

Levantou o olhar e disse:

-Vejo que tem problemas para devolver o anel, senhorita Rollins, verdade?

-É obvio. Luther decidiu que não estava disposto a deixar seu estado civil de solteiro e cancelou nosso casamento uma semana antes da data em que ia se celebrar. Além da incômoda situação em que me colocou, e da humilhação, por exemplo, ter que explicar a meus amigos e devolver os presentes que nos tinham dado, deixou-me com todos os gastos da festa. E se por acaso fosse pouco, recebo essa carta de seu advogado!

Jared respirou profundamente. Evidentemente, a mulher ainda não se deu conta de que Luther Cord lhe tinha feito um favor.

-Senhorita Rollins, aconselho que consulte seu advogado para verificar o que lhe digo, mas meu cliente tem todo o direito a lhe pedir que lhe devolva o anel de compromisso. Um anel de compromisso é um presente com uma condição. A condição é que o compromisso conduza ao matrimônio. Não basta com o desejo de casar-se, portanto, se o compromisso se romper, pela razão que seja, supõe-se que o anel deve ser devolvido, do mesmo modo que se devolvem os presentes de casamento - disse Jared.

Observou-a cruzar os de braços mostrando um gesto de aborrecimento.

-Nego-me a devolvê-lo, por uma questão de princípios.

Jared agitou a cabeça, pensando que os princípios não tinham nada que ver com aquilo.

-Infelizmente, senhorita Rollins, enfrenta uma batalha perdida, que lhe sairá por muito dinheiro se meter-se nela. Quer adicionar quantas minutas de advogados aos gastos que já tem?

Sabia que a menção do aumento de gastos a faria repensar. E como sabia que estaria refletindo, arriscou-se a pressionar mais.

-Sei que está passando por uma situação penosa, mas meu conselho é que tente esquecer este episódio e que siga adiante. Você é uma mulher linda, e estou seguro de que encontrará algum homem digno de você em algum lugar. Evidentemente, Luther Cord não é esse homem. Possivelmente seja uma sorte para você havê-lo descoberto agora.

Jared sabia que suas palavras não eram o que ela queria ouvir, mas queria ser muito sincero em sua posição. Pois Luther Cord era seu cliente, não podia dizer mais. De fato, já havia dito mais do que deveria. Mas por alguma razão queria ajudá-la para que deixasse de sofrer por seu antigo noivo o mais depressa possível.

Passaram uns momentos, e Dana não disse nada, mas parecia estar pensando sobre o que ele acabava de lhe dizer. De repente a viu tirar de sua bolsa uma caixa pequena de cor marfim e entregar-lhe.

Ela o olhou e lhe disse:

-Agradeço-lhe o conselho. Embora seja amargo o que tenho que fazer, devolverei o anel.

Jared abriu a caixa e viu o deslumbrante solitário de diamantes.

-Está fazendo o que deve senhorita Rollins.

Ela assentiu e estendeu a mão para dar-lhe.

-O que menos preciso é me endividar mais. Luther não merece.

Deu-lhe a mão, e notou como bem encaixava na sua.

-Espero que fique bem – disse Jared sinceramente.

Dana sorriu, agradecida. Embora não tinha gostado de escutar suas palavras, não podia evitar estar agradecida por sua sinceridade. Para ela, a compaixão e a amabilidade eram dois sentimentos que não estavam acostumados a ter os advogados.

-Assim será. Sei que interrompi seu trabalho, irrompendo deste modo em seu escritório, e lhe peço desculpas...

-Não me interrompeu-disse Jared brandamente -. E quanto a meu conselho, considere-o um favor.    

Dana sorriu.

-Obrigado. Possivelmente algum dia possa lhe devolver o favor.

Ao vê-la dar a volta para abandonar seu escritório, Jared pensou como era sensual e feminina aquela mulher.

 

 

 

 

                                           Capítulo 1

Um mês mais tarde...

Jared tinha uma manhã horrorosa.

Havia começado, com uma ligação de sua mãe na noite anterior, deixando uma mensagem, em sua secretária eletrônica, para lhe recordar que o aniversário de seu pai e de seu tio, seria no domingo de Páscoa e lhe pedia que desse exemplo a seus cinco irmãos, levando uma garota à festa que sua tia Evelyn e ela tinham organizado para seus respectivos maridos gêmeos.

A recente boda de seu primo Storm fazia que sua mãe, Sarah fizesse balanço da vida de seus seis filhos e tivesse descoberto que nenhum deles tinha mostrado um interesse sério por nenhuma mulher. E, é obvio, ela pensava que ele tinha que ser o primeiro, e tinha toda a intenção de encaminhá-lo no bom caminho. Não importava que ele e seus irmãos estivessem contentes com seu celibato. Ela sentia que a verdadeira felicidade de seus filhos estava junto a uma mulher. O único que deixava tranqüilo, por enquanto, era seu irmão Spencer, cuja noiva, Lynette, tinha morrido afogada em um acidente há três anos.

Jared se levantou da poltrona e se aproximou da janela. Por causa da chamada de sua mãe, tinha chegado ao escritório uma hora mais tarde que de costume por culpa do tráfego. E como se não bastasse, acabava de receber uma chamada do ator Sylvester Brewster, para lhe dizer que queria divorciar-se de sua terceira esposa. Sylvester era bom em sua profissão, mas sempre se metia em relações que não duravam.

Quando Jared ouviu o zumbido do interfone de seu escritório, deu a volta e suspirou, perguntando-se se a manhã podia piorar ainda mais.

Atravessou a sala e levantou o fone.

-Sim, Jeannie?

-Senhor Westmoreland, sua mãe ao telefone. Jared agitou a cabeça. Sim, a manhã podia piorar ainda mais, pensou.

-Pode passar, respondeu-. Olá, mamãe...

-Ouviu minha mensagem, Jared? Jared apertou os olhos e disse:

-Sim, ouvi.

-Bem. Então porei um prato a mais para o jantar no próximo domingo.

Jared queria lhe dizer de um modo amável e respeitoso que se colocasse um prato a mais, ficaria vazio. Mas antes que fosse capaz de dizer-lhe sua mãe adicionou:

-Recorda que é o mais velho, e que quero que dê exemplo. Não é tão jovem...

Disse como se ele tivesse setenta e sete anos, e não trinta e sete. Além disso, sua mãe sabia o que ele pensava da instituição do matrimônio. E que era um advogado especializado em divórcios, Por Deus! Ocupava-se de que um matrimônio se acabasse, não de uni-lo! E sabia que o matrimônio não era o que se esperava que fosse. A gente se casava, e logo se divorciava. Era um círculo vicioso; um ciclo que lhe ajudava a ganhar dinheiro, mas que odiava ao mesmo tempo. Embora houvesse matrimônios que duravam muito tempo na família dos Westmoreland, considerava-os uma exceção e não a regra. Certamente ele teria a má sorte de ser o primeiro fracasso matrimonial da família, e não queria transformar-se em uma estatística.

- Jared, está escutando? Jared suspirou. Quando sua mãe usava esse tom, não ficava mais opção que escutar.

-Sim, mas, não te ocorreu pensar que o Durango, o lan, o Spencer, o Quade, o Reggie e eu gostamos de estar solteiros? -perguntou respeitosamente.

-Já não lhes ocorreu que seu pai e eu estamos ficando velhos, e que nós gostaríamos de ter netos enquanto ainda pudermos desfrutar deles?

Jared agitou a cabeça. Era muito. Primeiro os queria empurrar ao matrimônio, e agora lhe lançava indiretas com os netos, pensou Jared.

Mas o que menos queria era discutir com a cabeçuda Sarah Westmoreland. Preferia enfrentar-se a um terrível juiz em um tribunal que opor-se a sua mãe. Era uma batalha que necessitava de uma energia da que não dispunha naquele momento.

-Verei o que posso fazer-disse Jared finalmente.

-Obrigado, filho. É tudo o peço.

-De verdade, Dana. Eu gostaria que viesse conosco.

Dana Rollins olhou Cybil Franklin, que estava de pé em meio de seu escritório, franzindo o cenho com determinação.

Cybil era sua melhor amiga do instituto, e a razão pela qual Dana viajou do Tennesse a Atlanta fazia três anos, para trabalhar nas Indústrias Kessler como arquiteta de jardins.

-Obrigado, Cybil, mas estou segura de que ouviu dizer de que @«três ‘e uma multidão». Não acredito que seja boa idéia ir com você e o Ben a Carolina do Norte neste fim de semana. Cybil apertou os olhos.

-É só uma viagem de acampamento nas montanhas. Sinto-me mal ao pensar que passará a Semana Santa sozinha.

Dana encostou-se à poltrona que tinha no escritório e disse:

-Hei! Sou uma mulher de vinte e sete anos! Posso me cuidar sozinha! Estarei bem. Não tenho problema em passar a Semana Santa sozinha. «Será como qualquer outro ano desde que morreram mamãe e papai» pensou.

Nunca mais haviam sido o mesmo as férias desde que tinham morrido seus pais em um acidente de carro, fazia cinco anos. Era filha única; e não tinha mais família, assim sua morte a havia deixado realmente sozinha. Quando tinha conhecido Luther havia acreditado que aquilo teria terminado. Tinham começado a sair no princípio da primavera e depois de seis meses, tinha-lhe pedido em casamento.

-Em momentos como este, eu gostaria de encontrar o Luther Cord e matá-lo - disse Cybil, zangada-. Quando penso no que te fez, ponho-me furiosa...

Dana sorriu brandamente, já não era capaz de sentir raiva quando falava do Luther. Tinha-lhe feito uma visita inesperada na semana anterior para lhe dizer que se mudava para a Califórnia. Havia-lhe dito que sua decisão de não casar-se não tinha nada que ver com ela. Que finalmente havia aceitado suas preferências sexuais, e que a sua maneira, queria-a, mas não do modo em que um marido deve querer a sua esposa. Ao princípio tinha sido um choque, mas logo se deu conta de que tinham estado presentes nele todas as pistas. Só que ela não tinha querido ver. Dana não havia contado a ninguém, nem sequer a Cybil. Dana voltou a concentrar sua atenção em Cybil.

-Estarei bem. Não serão nem as primeiras nem as últimas férias que passarei sozinha.

-Sei, mas queria...

-Cybil, deixa-me já. Tem que partir, se quer chegar a tempo de almoçar com o Ben - disse Dana, tentando levar sua amiga para a porta.

-De acordo, mas me ligue se precisar.

Assim que Cybil partiu, Dana deixou escapar um grande suspiro.

Desde que havia terminado com o Luther, Dana dedicava todo seu tempo e energia a seu trabalho. O trabalho não podia substituir uma família e uma vida pessoal, mas a entretinha e a ajudava a não pensar na solidão.

Olhou o calendário que havia no escritório. Era incrível que a semana seguinte era Páscoa. Os seus pais sempre tinham gostado de fazer algo especial nas férias. E ela havia voltado para casa em férias até em época de universidade, para passar a Semana Santa com eles. Recordava sua última Páscoa juntos. Haviam ido ao serviço religioso e logo tinham compartilhado um delicioso jantar preparado por sua mãe, sem saber que seriam as últimas festas que compartilhariam juntos.

Suspirou. Não queria deixar as lembranças, mas sabia que tinha que fazê-lo. Tinha que passar outras festas sem seus pais. Não tinha alternativa.

— Em que posso servi-lo, senhor?

Jared estudou a enorme carta que havia na parede, detrás da porta, e decidiu.

-Mmmm... Traga-me um sanduíche de presunto e queijo com pão integral, umas batatas fritas e um copo de chá gelado.

-Certo. Em alguns minutos trarei.

Jared assentiu e logo olhou ao redor. Geralmente almoçava com clientes em restaurantes finos, e outra vez pedia que lhe levassem a comida ao escritório e comia ali. Mas havia decidido aproveitar o bonito dia caminhando desde seu escritório até o bar onde comprava comida.

O lugar estava cheio, e desejou encontrar um local para sentar-se para que pudesse ver o cardápio. Até estava disposto a compartilhar a mesa com alguém se à pessoa não se importasse. Olhou ao redor para ver se via alguém comendo sozinho. Bruscamente, sua vista se deteve em uma mulher que lhe pareceu familiar. Estava lendo um livro enquanto mastigava uma batata frita. Uma lembrança assaltou repentinamente seu cérebro e seus sentidos, e fez sentir um calor em todo o corpo.

Dana Rollins.

Fazia um mês que havia irrompido em seu escritório, mas ele recordava o impacto que havia causado em sua masculinidade aquele dia. Havia sentido o batimento do coração, do sangue em suas veias, e lhe tinha recordado que tinha estado tão ocupado com o trabalho, que fazia oito meses que não estava com uma mulher.

Estava acostumado às mulheres bonitas e formosas, mas Dana Rollins tinha algo especial. Fazia muito tempo que não se sentia tão atraído por uma mulher.

-Senhor, seu pedido está preparado. Jared deu a volta e agarrou a bandeja que deu o homem atrás do balcão.

-Obrigado-disse. Logo olhou para Dana Rollins e depois de tomar uma rápida decisão, encaminhou-se para onde ela se encontrava.

Dana estava tão absorta no livro que não se deu conta de que Jared se achava de pé a seu lado. Estava inclinada para frente, com o livro frente a ela, assim que o decote de sua blusa estava suficientemente aberto como para que pudesse dar uma olhada. Gostou do que viu: seios grandes e firmes.

Como sabia que não podia ficar ali a observando, pigarreou e disse:

-Senhorita Rollins

Em seguida Dana levantou os olhos e o reconheceu. Viu-a sorrir.

-Senhor Westmoreland. Alegro-me de voltar a vê-lo.

Aquele sorriso lhe fez dar-se conta de como era linda.

-Eu também me alegro de voltar a vê-la. Há muita gente aqui, e a havia visto sentada só e me perguntei se poderia me sentar aqui.

-Sim, é obvio o sorriso de Dana aumentou. Deixou o livro na mesa.

-Obrigado-respondeu Jared e se sentou em frente a ela-. Como tem passado? Ela pestanejou e o olhou.

-Estou bem. E tenho feito o que me aconselhou, segui adiante. Jared assentiu.

-Me alegro senhorita Rollins.

-Por favor, me chame Dana.

-Só se me chamar Jared - dito isto, começou a pôr Ketchup nas batatas. Logo a olhou e sorriu-: O que está lendo?

Ela tomou um gole de refresco, agarrou o livro e com ele na mão disse:

-Um livro de poesia de Maia Angelou. É uma poetisa muito boa e eu adoro seus livros. Levantam-me o ânimo.

Ele assentiu. Havia lido algum poema da escritora.

Dana o olhou.

-Costuma ler muito, Jared?

- O que leio por prazer, são as novelas que meu primo escreve com o pseudônimo de Rock Maçom.

Os olhos de Dana se acenderam e perguntou, surpreendida:

-É da família de Rock Maçom? Jared riu.

-Sim. Seu verdadeiro nome é Stone Westmoreland.

Dana sorriu.

-Incrível! Tenho lido todos seus livros! É um escritor com muito talento. Jared riu.

-Direi a ele o que acaba de dizer. Ele e sua esposa, Madison, estão no Texas visitando alguns primos que vivem ali, mas virão ao aniversário de nossos pais no próximo fim de semana.

-De «nossos pais»? Ele sorriu.

-Nossos pais são gêmeos e completam sessenta anos. E como este ano cai no domingo de Páscoa, nossas mães estão organizando uma grande festa.

-Parece que será muito bom.

-Quando estamos juntos, sempre é muito bom. A família Westmoreland é muito grande. E você? É grande sua família?

Jared viu tristeza em seus olhos.

—Não tenho família. Sou filha única e meus pais morreram em um acidente de carro faz cinco anos, quando foram a minha graduação na universidade.

-Sinto muito.

Ela o olhou e viu a sinceridade em seus olhos.

-Obrigado. Foi duro para mim, mas já passou. Como meus pais não tinham irmãos, não tenho família.

Jared viu que mordia os lábios, como se o fizesse para que não tremessem ao recordar.

-Que planos tem para no domingo de Páscoa? -não pôde evitar perguntar.

-Não tenho planos. Irei à igreja e provavelmente passe o resto do dia em casa, descansando e lendo.

O elevou uma sobrancelha.

-E o que fará na hora do jantar? Ela deu de ombros.

-Esquentarei algo no forno de microondas e desfrutarei esse dia assim.

Jared quis concentrar-se no lanche, mas não pôde. Como tinha uma família grande, gostava muito das festas, inclusive as havia esperado, embora ultimamente, a interferência dê sua mãe tinha malogrado um pouco sua espera.

De repente lhe ocorreu uma idéia. E se levasse Dana para jantar em sua casa?

-O que você acha de vir ao jantar de Páscoa na casa de meus pais?

-Está-me convidando para jantar na casa de seus pais?

-Sim.

Dana agitou a cabeça.

-Mas, por quê? Apenas nos conhecemos.

-É que poderia me ajudar a sair de um apuro.

-Um apuro? De que tipo?

-Minha mãe está obcecada. Ultimamente se casaram vários de meus primos, e como nenhum de seus seis filhos parece seguir o exemplo, ela se tomou como algo pessoal a nos encaminhar para o altar. Eu sou o mais velho, assim sobre mim cai mais peso que sobre os outros. Ela espera que eu dê exemplo levando a alguém para jantar. E como lembrança de que me deve um favor, acredito que agora quero que me devolva isso.

Dana pestanejou e deixou escapar um profundo suspiro.

Ao que parece, pensou Jared, esqueceu-se de sua promessa.

-Mas tenho certeza de que há muitas mulheres que estariam dispostas a ir jantar com você na casa de seus pais - disse ela.

Jared assentiu e sorriu.

-Sim, mas se levar a alguma delas poderiam interpretar que estou interessado em uma relação séria. Além disso, minha mãe e minha tia são boas cozinheiras. A única coisa que tem que fazer é ir comigo, agüentar a minha família e se unir a nós nos festejos. Sei que é pedir muito, mas realmente gostaria muito que viesse. Isso me serviria para tirar a minha mãe de cima.

Jared viu que Dana mordia nervosamente o lábio inferior. Logo o olhou. Havia sentido a atração física que havia entre eles, assim como a companhia de Jared lhe parecia perigosa. Mas lhe devia um favor e ela sempre cumpria sua palavra.

-Somente desta vez?

-Sim, só desta vez. Mas para convencê-la necessitamos de uma história. Acredito que seria boa idéia nos encontrar qualquer dia desta semana, para falarmos sobre as perguntas e respostas que farão meus familiares.

Dana franziu o cenho.

-Que tipo de perguntas? Jared sorriu.

-OH, as normais, como a quanto nos conhecemos, como e quando... Se nossa relação é séria. E também pode haver perguntas mais pessoais como se está vivendo comigo, se é fértil, quantos filhos quer ter...

Dana pestanejou. E riu. Para Jared pareceu um som bonito, e pensando bem, era um som sensual, que o excitava.

-Não fala a sério, verdade? –perguntou Dana controlando sua risada.

-Infelizmente, sim. Espera até conhecer minha mãe pessoalmente, e verá. Sua prioridade agora parece ser casar um de seus filhos.

Dana levantou uma sobrancelha e disse:

-E você tem aversão ao matrimônio?

-Sim, ocupo-me de muitos divórcios para saber que os matrimônios não duram.

Jared a viu encostar-se na cadeira com expressão pensativa.

-Então, será minha garota esse dia?

Dana refletiu a respeito do convite de Jared. Depois de um momento, assentiu, aceitando.

Jared sorriu, satisfeito com o giro que tinham dado os acontecimentos.

-Obrigado, Dana. Agradeço por me ajudar nisto. Não imagina o quanto me é importante tirar a minha mãe de cima.

 

                                       Capítulo Dois

Dana olhou o relógio. Jared iria chegar a qualquer momento e ela parecia à beira de um ataque de nervos.

Tinham falado por telefone durante a semana para ficar de acordo nas respostas que dariam às possíveis perguntas que lhe fizesse a família. Apenas de ouvir sua voz, Dana já se estremecia. Sua voz profunda e sensual produzia nela uma estranha sensação, como a lembrá-la de que era uma mulher, algo que havia se esquecido desde que havia rompido com Luther. Sentia certa apreensão por aquela reação descontrolada com Jared, porque não se sentia forte naquele momento para viver emoções intensas. Não queria ser vulnerável a nenhum outro homem.

Dana quase pulou quando ouviu o toque da campainha. Respirou profundamente e se recordou que provavelmente não voltaria a ver Jared depois daquele dia, assim não havia razão para estar nervosa.

Suspirou profundamente e abriu a porta.

Jared olhou Dana e tomou fôlego. Se antes havia pensado que era atrativa, aquele dia lhe pareceu incrivelmente maravilhosa sexy e atrativa. Em principio achou ter sentido apenas um impulso sexual, mas ao vê-la ali, de pé na porta, com aquele cabelo caindo sobre seus ombros, e esses jeans que se ajustava a sua figura curvilínea, perguntou-se como faria para passar aquele dia.

-Olá, Jared, por favor, entre.

-Obrigado. Está muito bonita.

Dana sorriu e deu um passo atrás quando ele entrou e fechou a porta.

-Obrigado. Vou buscar a bolsa... —disse Dana, caminhando para onde ele supôs que seria seu dormitório.

Ele agradeceu ter alguns segundos para se recuperar daquele efeito avassalador que produzia sua presença. Aquela mulher era muito feminina e sexy.

Jared olhou o ambiente para distrair-se. Estava decorado muito originalmente, em cores brilhantes e com mobiliário moderno.

De repente sentiu algo se esfregando contra sua perna.

-Hei! De onde você apareceu? -perguntou a um gato negro. Agachou-se e o levantou.

-Estou pronta - disse Dana entrando na sala. Sorriu ao vê-lo com o gato-. Vejo que já conheceu o Tom.

Jared riu.

-OH! Este é o seu nome?

-Sim. Tenho-o há dois anos, desde que era pequeno. Está muito malcriado, mas me faz muita companhia.

-É simpático - disse Jared enquanto acariciava o animal.

-Shh... Não diga muito alto. É muito presunçoso – sussurrou Dana.

Jared sorriu, deixando o gato no chão.

Quando se ergueu, encontrou os olhos de Dana. E sentiu uma pontada de desejo. Engoliu em seco.

E disse

-Está pronta?

-Sim.

-Bem vinda a nossa casa, Dana. Estou tão contente que Jared a tenha trazido!

Dana de repente se sentiu envolta em braços fortes quando uma mulher, que supunha seria a mãe de Jared, deu-lhe um gigante abraço. Ela havia esperado uma amável boa vinda, mas não uma demonstração de afeto tão efusiva.

-Obrigado por me receber – respondeu Dana quando a mulher deixou de abraçá-la.

Olhou para Jared, que lhe sustentou o olhar um momento. E ela não pôde deixar de perguntar-se o que estaria pensando.

Recordou a atração que havia sentido quando Jared tinha chegado a sua casa, e sentiu um nó na garganta. Até vestido com jeans e pólo tinha um aspecto asseado, suave e sensual.

-Já terão tempo de se olharem nos olhos, vocês dois – disse Sarah Westmoreland, contente. Venham. Estão todos ansiosos de conhecer Dana.

Jared agitou a cabeça. O que menos queria era sua mãe pensando que Dana era algo mais que uma amiga íntima a quem havia convidado para jantar.

-Parece que somos os últimos em chegar... -disse ele, pondo a mão nas costas de Dana enquanto sua mãe os fazia entrar no vestíbulo.

-Quade não chegou. Mas avisou que já estava a caminho.

Jared assentiu. Seu irmão Quade trabalhava no Serviço Secreto e muitas vezes perdia as reuniões familiares devido a seu trabalho. Mas fazia todo o possível para estar presente. Como todos os Westmoreland, ele gostava muito das reuniões em família.

Jared ouviu vozes provenientes da sala e voltou a olhar Dana. Tinha tido intenção de olhá-la só um momento, mas a luz parecia realçar ainda mais sua beleza, e não tinha podido tirar os olhos dela. Essa boca que tinha...! Perguntou-se como seria senti-la...

-Por Deus, Jared! Quer deixar de olhar Dana desse modo! -exclamou sua mãe em tom jocoso,

« Maldita seja!», disse-se Jared. Não tinha se dado conta de que a estava olhando desse modo. Esqueceu-se de quão observadora era sua mãe. Sarah Westmoreland estava sorrindo com picardia e pela primeira vez Jared se perguntou se não teria sido um engano levar Dana ali. Teria que atuar mais friamente e não parecer tão fascinado com ela. Se não, haveria mais de um mal-entendido.

-Já era hora de que chegasse! —exclamou alguém.

Jared deu a volta e franziu o cenho. Era seu irmão Durango, um donjuán que pensava que todas as mulheres tinham nascido para seu prazer, exceto as que tinham outro dono. Durango estava falando com ele, mas fixando os olhos em Dana.

-Durango - disse Jared quando seu irmão se aproximou.

Durango assentiu, mas seguiu olhando Dana.

-Quem é esta bela criatura? -perguntou Durango, sorrindo.

-Esta é a garota de Jared. Não está a seu alcance. Assim, se comporte - interveio Sarah Westmoreland.

«A garota do Jared» pensou Jared, arranhando a nuca.

-Está segura de que não quer mais bolo de aniversário, Dana? Dana sorriu a Sarah.

-Obrigado, mas não posso comer mais. Toda a refeição esteve deliciosa, senhora Westmoreland.

Dana se sentiu aflita quando Jared a levou ao salão e apresentou a toda a família. A casa estava decorada com globos e grinaldas. E não levou muito tempo para saber que os Westmoreland eram um grande clã. Notava-se o carinho e a harmonia entre eles.

Estavam os primos de Jared: Darei Thorn, Stone, Chase, Storm, Clint e Penetrei. Havia poucas mulheres na família: a prima de Jared, Delaney, que estava casada com um xeque do Oriente Médio, um homem alto, moreno, muito arrumado; sua prima Casey, que vivia no Texas, e que era irmã do Clint e Penetrei, e Shelley, Tara, Madison e Jayla, as esposas de Darei, Thorn, Stone e Storm. Também conheceu tio de Jared, Corey, e a sua esposa, Abby.

Nunca tinha visto tantos parentes juntos reunidos em um lugar, e por um momento, uma parte dela sentiu ciúmes de que houvesse gente que tivesse uma família tão grande enquanto que outros não tinham a ninguém. Mas em seguida passou, quando viu o quanto eram amáveis e amistosos com ela. A princípio tinham tido muita curiosidade, já que Jared não tinha levado nunca nenhuma mulher, mas em seguida a tinham tratado como mais um membro da família, depois de fazer algumas pergunta cujas respostas pareceram satisfazer sua curiosidade.

Quando seu irmão Quade chegou, a família dirigiu toda sua atenção a ele momentaneamente, mas logo voltaram a concentrar sua atenção em Dana.

Jayla estava grávida de gêmeos, e convidou Dana a ir com eles às compras no fim de semana seguinte, para decorar o quarto dos bebês. Como Dana sabia que Jared havia planejado aquilo como uma única ocasião, não aceitou, pondo a desculpa de que havia muitas coisas que fazer na sábado pela manhã, mas agradeceu o convite.

Ela olhou para onde estava Jared falando com seus irmãos e seu coração começou a acelerar-se. Como se ele tivesse intuído que o estava olhando, levantou a cabeça em sua direção e se olharam.

Ela deixou escapar uma profunda exalação antes de desviar o olhar.

Olhou pela janela para distrair-se. A casa dos pais de Jared era de estilo sulino. Tinha dois andares, e três acres de terra. Havia um grande quintal de onde se via um lago. Estava anoitecendo, e isso queria dizer que a Semana Santa estava acabando.

-Quero falar com você a sós um momento - disse Jared ao ouvido.

Ela tomou fôlego. Não havia notado que se aproximou e a fragrância de sua loção pós barba e o calor de sua respiração a tinham surpreendido.

Perguntava-se do que queria lhe falar, e soube que também tinha despertado a curiosidade de sua família quando lhe deu a mão e a levou a cozinha, e logo fechou a porta.

Jared se apoiou na mesa da cozinha, e se olharam um momento sem dizer nada. Logo ele pigarreou.

-Devia ter te dado isto quando fui te buscar, mas me esqueci - disse Jared.

Poderia ter esperado até a levar de volta a sua casa, mas por algum motivo, tinha querido estar com ela há sós alguns minutos.

—Luther Cord enviou isto na sexta-feira, com instruções de que lhe entregasse. Depois de chegar à Califórnia, evidentemente, mudou de idéia e decidiu que deveria ficar com você.

Dana elevou uma sobrancelha com curiosidade.

Jared tirou uma pequena caixa branca de seu bolso. E ela soube em seguida o que era.

— O anel de noivado?

Jared viu sua cara de surpresa e de prazer de uma vez e não pôde evitar sorrir.

-Sim, é para você - deu-lhe a caixa de jóia.

-Sabia! Sabia que era o anel! Jared deu a volta e viu sua mãe entrar na cozinha. Tinha a cara sorridente.

-Passava pela porta da cozinha e escutei as palavras «anel de compromisso». OH, Jared! Estou tão feliz! Tão orgulhosa de você! -exclamou sua mãe entre lágrimas e risadas. Logo abraçou a Dana e adicionou-: Bem-vinda à família.

Jared entrou em pânico quando se deu conta do que havia imaginado sua mãe. E quando abriu a boca para explicar-lhe entrou toda a família na cozinha.

-O que acontece? -perguntou seu pai ao ver sua esposa com os olhos cheios de lágrimas.

Jared novamente quis falar, mas o sossegou a voz de sua mãe

-Jared e Dana. Acabam de comprometer-se! Jared lhe deu um anel! Sinto-me tão feliz! Não posso acreditar que um de meus filhos finalmente esteja sentando a cabeça e vá se casar!

Jared e Dana de repente se viram envoltos em palavras de felicitações. Jared olhou por cima das cabeças das pessoas e viu Dana, notando que ela estava tão surpresa quanto ele pelo rumo que tinha tomado àquela história. Jared estendeu a mão e tomou a de Dana para apertá-la brandamente, como querendo dar a entender que tentaria arrumar o mal-entendido o quanto antes. Sabia que tinha que fazê-lo naquele momento, mas não recordava quando tinha visto sua mãe tão feliz.

Sarah Westmoreland começou a chorar outra vez.

-Está me fazendo muito feliz hoje, Jared! Quem teria imaginado que um de meus filhos mudaria de opinião sobre o matrimônio! Mas assim que os vi me dei conta do amor que havia entre vocês...

Dana olhou para Jared, e compreendeu a mensagem. Assentiu silenciosamente para lhe dizer que compreendia o que estava pedindo e respirou profundamente.

-Nós temos que ir - disse Jared tomando a mão da Dana e levando-a para fora da cozinha.

-Mas... Mas não celebramos a boa notícia - gritou sua mãe quando ele estava se aproximando da porta de entrada.

Jared deu a volta para olhar seus familiares, queria lhes dizer que não o celebrariam. Tinham-nos seguido até a porta e os tinham rodeado. Franziu o cenho ao ver as caras dos solteiros, como querendo lhe dizer « alegro-me de que seja você e não eu».

-Verei vocês amanhã - disse a sua família. Logo, sem dizer nada mais, saiu de casa de seus pais, levando Dana pela mão.

-Sinto o que aconteceu - disse-lhe Jared-. É que não pude dizer a minha mãe a verdade. Estava tão feliz!

-Compreendo - respondeu Dana, assentindo. Jared olhou Dana.

-Obrigado - disse ao ver que sua compreensão era sincera.

Ela sorria.

-Não tem que me agradecer isso, este era um dia especial para sua família. Dei-me conta de quão feliz estava sua mãe quando pensou que nos tínhamos comprometido.

Jared assentiu, agradecido por sua compreensão.

-Falarei com ela manhã e esclarecerei as coisas.

-De acordo.

Satisfeito, Jared ligou o carro e se afastou da casa de seus pais. Em um semáforo se deu conta de que Dana tinha o anel de compromisso no dedo. Franziu o cenho ao recordar a insistência de sua mãe de que o pusesse. Não sabia por que, mas não gostava de vê-la com o anel, que lhe havia dado Luther Cord no dedo.

-Agora que tem outra vez o anel, o que vai fazer com ele? -perguntou Jared, em tom neutro.

Dana o olhou e logo fitou o anel.

-O que pensei fazer desde o começo: vendê-lo e pagar os gastos que tive com o casamento. Surpreende-me que Luther o tenha devolvido.

Jared não se surpreendia. Durante a última conversação que havia tido com Luther Cord, tinha recomendado que devolvesse o anel, embora não tivesse obrigação legal de fazê-lo, porque era uma maneira de ajudá-la com os gastos que havia ocasionado à ruptura do compromisso. E evidentemente, o homem lhe tinha feito conta.

Quando mudou o semáforo, Jared olhou Dana. Tinha os olhos fechados e a cabeça recostada no assento. Não pôde reprimir um sorriso. Indubitavelmente, aquele havia sido um dia exaustivo para ela. Ele estava acostumado a sua enorme família, mas um estranho poderia sentir-se afligido.

-Tendo em conta todos os aspectos, arrepende-se de ter ido jantar na casa de meus pais? -não pôde evitar a pergunta.

Embora Dana não tenha aberto os olhos, sorriu.

-Não, foi muito agradável, Jared. Estar entre seus familiares, e perceber a estreita relação que têm me trouxeram lembranças de minha relação com meus pais, e do tempo em que festejávamos juntos as festas - abriu os olhos e sorriu-. Realmente agradeço que tenha compartilhado comigo.

O olhar cálido que Dana lhe dedicou o estremeceu. Ele também havia gostado de estar com ela aquele dia. Era uma pessoa encantadora, e a diferença das garotas com as quais havia saído, não exigia sua absoluta atenção, grudando nele o tempo todo. Adaptou-se facilmente a sua família e os havia conquistado com a mesma facilidade. Dava-se conta do por que sua mãe tinha pensado que estava apaixonado por ela.

As mãos de Jared apertaram o volante. Pensar que estava apaixonado por ela era uma coisa, e pensar que se comprometeu, outra muito distinta. Como sua mãe tinha podido pensar isso? Sabia bem o que ele pensava do matrimônio. Acreditava que uma só mulher ia fazer mudar de idéia em algo que tinha tão enraizado?

Momentos mais tarde pararam o carro em frente à casa de Dana. Virou a cabeça e viu que dormia. Não gostava da idéia de despertá-la, mas tinha que fazê-lo. Para não assustá-la se inclinou e sussurrou:

-Dana, chegamos a sua casa.

Viu-a abrir os olhos lentamente. Logo Jared fixou o olhar em seus lábios, grandes, lascivos, tentadores. Tivesse dado algo por prová-los.

-Irei acompanhá-la até a porta - disse, reprimindo a vontade de estreitá-la em seus braços e beijá-la.

-Certo - respondeu ela depois de respirar profundamente.

Jared desceu do carro e abriu a porta para que saísse. Foram juntos até a porta de entrada. Ela o olhou.

-Obrigado, Jared, por um dia tão maravilhoso. Foi muito especial.

Jared assentiu. Queria dizer que ela era especial também, mas sabia que não podia fazer isso. Aquele era o único tempo que passariam juntos e tinha que aceitar.

-Obrigado por ter sido minha garota hoje. Falarei com minha mãe amanhã.

-Certo.

Observou-a pôr a chave na porta. Um momento depois Dana o olhou como duvidando, e por fim lhe disse:

-Quer entrar e tomar algo?

De repente ele decidiu que queria entrar, mas não para beber algo. Desejava fazer com ela algo que havia pensado durante todo o dia.

-Sim, eu adoraria.

Entraram em sua casa. Quando ela foi para a cozinha, ele agarrou o seu braço e disse:

-Não me ocorre melhor forma de terminar este dia que esta...

E a beijou. Morria de desejo de provar sua boca.  

Dana se estremeceu ao sentir sua boca. Automaticamente fechou os olhos.

Quando a língua do Jared penetrou sua boca, notou o sabor do chá que havia tomado antes. Ao senti-la, ela teve um calafrio de prazer.

Era a primeira vez que tinha sensações tão intensas. Quando ele a envolveu com seus braços e a apertou contra seu corpo, ela quase se derreteu ali mesmo. O assalto a sua boca foi sensual, sem pressas, feito para tentar e despertar cada uma das partes de seu ser.

Logo a beijou mais profundamente, mais minuciosamente, apaixonadamente. Uma parte dela queria apartar-se, mas Jared tinha razão. Aquela era a melhor forma de acabar o dia. Sentiram-se atraídos desde o primeiro momento e fingir o contrário teria sido uma absoluta perda de tempo. E já que aquela seria a última vez que estariam juntos, ao menos poderiam compartilhar aquele momento.

Assim deixou que a beijasse. E desfrutou do beijo.

Então Jared trocou o ritmo e uma língua jogou com a dela.

O calor se apoderou de Jared enquanto seguia beijando. Ao princípio havia pensado no beijo como uma forma de dizer adeus, para satisfazer sua curiosidade e seu desejo, mas no momento que provou sua doçura, irremediavelmente se mergulhou nele e o saboreou.

Beijou-a com suavidade, mas a fundo, explorando toda sua boca. E quando lhe rodeou o pescoço com seus braços e arqueou seu corpo contra o dele, Jared se sentiu consumido pelo desejo. Ela tinha algo que alagava seus sentidos. Nunca havia sentido tanto desejo de devorar a alguém.

Momentos mais tarde, com um gemido entusiasmado, ele deixou de beijá-la, mas seguiu acariciando sua boca com seus lábios.

-É linda em todos os sentidos, Dana - sussurrou em seu ouvido, afundando o rosto em seu pescoço suave e feminino e lhe dando um beijo ali.

Seu galanteio chegou à alma. Ninguém lhe havia dito nunca nada assim.

-Obrigado.

-Não me agradeça. É a verdade - respondeu ele, separando-se por fim-. E quero voltar a agradecer por ter me ajudado hoje.

-Eu também quero agradecer. Como já disse, sua família é maravilhosa.

O assentiu. Não haveria razão para vê-la depois daquele dia. Tentou pensar em alguma desculpa para vê-la alguma vez, mas não encontrou nenhuma. Passou a mão pelo pescoço. Nenhuma mulher havia feito demorar tanto para se despedir.

-Onde está Tom? -perguntou, tentando prolongar a despedida.

-Provavelmente na cama.

« Que sorte tinha aquele gato!», pensou Jared. Olhou-a e se deu conta de que havia que ir antes que fizesse uma loucura, como agarrá-la e voltar a beijá-la.

-Adeus, Dana.

-Adeus, Jared.

-Cuide-se.

Com essas últimas palavras, Jared partiu.

 

                                           Capítulo Três

Perto das dez, na manhã seguinte, Jared foi à casa de seus pais. Tinham cancelado a audiência que tinha no tribunal as nove, o que lhe dava a oportunidade de poder visitar sua mãe e consertar o mal-entendido do dia anterior.

-Mamãe! Papai! -gritou enquanto ia da sala à cozinha.

-Estou no fundo - foi à resposta de seu pai.

Jared abriu a porta da cozinha foi ao pátio.

Seu pai estava ocupado lustrando seu Ford Mustang clássico.

-Bom dia, papai.

-Bom dia, filho. Que agradável surpresa, te ver em uma segunda-feira pela manhã!

-Cancelaram uma audiência que tinha esta manhã. Onde estão todos?

-Durango ficou dormindo ontem à noite na casa do Stone, e lan e Spencer estão tomando o café da manhã com seus primos no Chase's Agrada. Quade teve que voar a primeira hora para D.C., e Reggie, suponho que foi trabalhar.

Jared assentiu e olhou ao redor.

-Tenho que falar com mamãe. Está lá em cima? Seu pai suspirou profundamente.

-Não, tinha consulta com o médico esta manhã. Jared franziu o cenho.

-Uma consulta com o médico? Existe algum problema? Seu pai deu de ombros.

-Espero que não, mas já conhece sua mãe. Se houver algum, serei o último, a saber. Pensa que me preocuparia muito. Não me teria informado da consulta de hoje se não tivesse sido porque escutei a mensagem da secretária do médico lhe recordando a consulta. Ao que parece, encontrou outro tumor durante sua última verificação, a semana passada.

Jared franziu o cenho. Fazia três anos tinham diagnosticado câncer de mama e tinha tido que fazer várias sessões de quimioterapia e radioterapia até que tivesse desaparecido.

-O carro de mamãe está na entrada, como foi ao médico?

-Eu me ofereci para levá-la, mas ela já havia combinado com sua tia Evelyn que a levasse. Já sabe como são amigas íntimas durante anos.

Jared assentiu. As duas mulheres, amigas íntimas da época de escola, casaram-se com os gêmeos, e se tornaram cunhadas.

-Acredita que seja algo sério?

Não pôde evitar recordar o que tinha passado à última vez. Os tratamentos contra o câncer tinham debilitado muito sua mãe. Seus irmãos, seu pai e ele tinham cometido o engano de tratá-la como se fosse uma inválida, e isso tinha piorado as coisas. Provavelmente fora o motivo pelo qual sua mãe não havia dito a ninguém da família que tinha uma consulta com o médico. Porque teriam aparecido todos na consulta.

-Para ser sincero, Jared, eu estava começando a me preocupar. Sabia que a sua mãe estava preocupada com alguma coisa, embora tentasse ocultar. Mas tudo isso mudou ontem.

Jared elevou uma sobrancelha.

-Ontem? O que aconteceu ontem?

-Você a fez muito feliz quando anunciou seu compromisso com Dana.

Jared ia falar, mas seu pai seguiu: - Acredito que seu noivado lhe deu um novo motivo para lutar, a determinação de lutar contra tudo o que aparecer. E estou muito feliz por isso. Recorda a depressão que estava quando teve que fazer todos aqueles tratamentos! Se acontecer o mesmo, Deus queira que não seja assim! Sua mãe poderá enfrentar isso com mais força, agora que sabe que há espera um dia muito importante em sua vida.

-Que dia?

-O dia que Dana e você se casarem - sorriu James Westmoreland-. Não falou de outra coisa ontem à noite e esta manhã. Gosta muito de Dana, e acredita que será uma boa esposa. E eu também. Escolheu muito bem, Jared, e não poderia ter sido mais oportuno. Se houvesse alguma possibilidade de que voltasse o câncer, e ela tivesse que fazer esses tratamentos, fará o que for necessário para manter sua saúde e poder organizar seu casamento.

-Meu casamento?

-Sim, seu casamento. Obrigado, filho, por dar a sua mãe uma razão para viver. Fará o que for preciso para ver casado um de seus filhos, e para desfrutar em um futuro próximo de um neto.

Jared ficou gelado, e mudo. Mas uma coisa estava clara: não podia contar sobre Dana a seu pai naquele momento.

Dana olhou pela janela e viu Jared. Supunha-se que se despediram no dia anterior, então, que fazia ali, às seis da tarde, em frente a sua porta?

Engoliu em seco e tentou controlar os batimentos do seu coração. Não custava muito recordar o beijo que se deram. Um beijo em que havia ficado pensando todo o dia. Em lugar de concentrar-se em seu trabalho, sua mente se distraiu com a lembrança de Jared.

Seguiu olhando-o pela janela. Usava terno, o que significava que provavelmente teria ido diretamente do trabalho a sua casa. Parecia reservado, distante, controlado. Não obstante, estava muito atrativo. E a atraía tanto como as outras vezes.

Respirou profundamente, e se recompôs para abrir a porta.

-Jared? -murmurou sem forças.

-Dana, sinto incomodá-la, mas tenho que falar sobre algo importante.

-Certo - respondeu ela.

Parecia sério o que queria dizer, fosse o que fosse.

Indicou que entrasse.

-Quer beber algo?

-Não, obrigado.

Pela extremidade do olho viu o gato correr do sofá à cozinha.

Jared se sentou no assento que ela lhe ofereceu, sentando-se frente a ele. Jared não pôde evitar olhar a abertura de sua saia, que deixava ver uma parte de perna. Nem pôde evitar olhar a forma de seus peitos sob a blusa.

-Jared? Você disse que tinha algo importante a me dizer.

Ele lembrou o que tinha ido fazer.

-Fui ver minha mãe esta manhã para esclarecer o mal-entendido, mas as coisas se modificaram. Não estava em casa, e falei com meu pai.

Dana assentiu.

-E lhe disse a verdade?

-Não.

-OH! -exclamou Dana, confusa.

-Ao que parece, há um problema - disse Jared-. Faz três anos, a minha mãe diagnosticaram câncer de mama. Tiraram-lhe o tumor e teve oito semanas de quimioterapia e radioterapia. Teve dias bons e maus, e meu pai, meus irmãos e eu vimos que era uma mulher extraordinária.

A sinceridade do Jared comoveu Dana. Imaginava o que Jared e sua família poderia haver sentido. Havia notado que adoravam a mãe.

-De todo o modo, falei com meu pai esta manhã e antes que pudesse dizer a verdade sobre nós, ele me disse que os médicos encontraram outro tumor no seio de minha mãe, e se for maligno, teria que voltar a passar pelos tratamentos do câncer novamente.

-OH, não! -sussurrou Dana, e imediatamente se levantou da cadeira e se sentou junto ao Jared no sofá. Tocou-lhe o braço e disse com toda sinceridade-: Sinto tanto, Jared!

Jared ficou de pé lentamente e meteu as mãos nos bolsos. Seu tato havia irradiado sensações por todo seu corpo. E era algo com o que não queria pensar naquele momento. Tinha que concentrar-se no que queria dizer.

-Eu também - respondeu ele-. Não obstante, conhecendo minha mãe, lutará com todas suas forças. Mas há algo que eu posso fazer que fará com que sua luta seja mais fácil.

-O que? Jared a olhou.

-É uma idéia muito louca, mas neste momento faria algo por minha mãe, inclusive mentir.

Dana franziu o cenho, perguntando-se no que mentiria.

-Jared, sobre o que tem que mentir? -perguntou, levantando do assento e ficando frente a ele.

Os músculos da mandíbula do Jared se esticaram e ele desviou o olhar brevemente. Quando voltou a olhar, seus olhos tinham um brilho atormentado.

-Jared, Sobre o que tem que mentir? -repetiu Dana.

Jared duvidou um momento. Logo falou:

-Sobre nós. Meu pai me informou de que minha mãe está muito contente acreditando que finalmente vou assentar-me e me casar. E não quero decepcioná-la neste momento.

Confusa, Dana deu um passo atrás.

-O que está dizendo? -não estava segura de compreender o que dizia.

-Quero te fazer uma proposta - disse Jared, olhando-a.

-Que tipo de proposta? E sorriu afetadamente.

-Que continuemos fingindo que estamos comprometidos um tempo mais, por minha mãe.

Como se isso fosse fácil, pensou Dana, se estivesse sentada em vez de estar de pé. De todos os modos, o impacto das palavras de Jared foi fulminante.

Dana o olhou, como procurando algum sinal de que estava brincando. Mas não, parecia sério.

-Fingir que estamos comprometidos? -finalmente pôde dizer Dana.

-Sim.

-Mas... Não podemos fazer isso. Ele a fitou.

-Sim, podemos fazê-lo. Nunca antes me havia dado conta do que significava para minha mãe ver algum de seus filhos estabelecido. Agora sei, e farei algo para vê-la feliz.

-Até se casar? É? Franziu o cenho.

-Espero não ter que ir tão longe, Dana. Acredito que a ajudará acreditar que estou comprometido, pelo menos até que passe a pior parte disto.

-E depois?

-Depois lhe direi que as coisas não vão bem entre nós e que rompemos nosso compromisso. Às vezes ocorre...

Dana se afundou no sofá.

-Acredite Jared, isso eu conheço bem... Jared suspirou profundamente.

-Sinto muito. Sei que é pedir muito, tendo em conta que seu compromisso com o Luther se rompeu, mas não sei que outra coisa posso fazer.

A tristeza de seu olhar a comoveu. Dana se voltou para trás no sofá, tratando de assimilar todo aquilo. Admirava-o por sua capacidade de sacrifício. Não tinha a mínima intenção de casar-se, e havia deixado muito claro. Assim certamente não queria cair em nenhuma das armadilhas que conduziam ao matrimônio, embora fosse um assunto fingido.

Mas por amor a sua mãe faria o que acreditava que tinha que fazer.

Dana levantou o queixo e alisou nervosamente a saia.

-Se te ajudar nisto, Jared, o que espera de mim?

Jared se sentou na cadeira em frente a ela. Alegrava-se de que ao menos estivesse pensando em sua proposta.

-Eu nunca estive comprometido, mas você sim. Como era sua relação com Cord? Dana suspirou.

-A princípio, eu me via passando o resto de minha vida com ele. Mas agora tenho que admitir que desejava me casar por motivos equivocados. O amor não tinha nada que ver com aquilo. Luther tinha êxito na vida, era bonito,...

-E gay.

Dana elevou as sobrancelhas, surpreendida.

-Sabia?

Jared deu de ombros.

-Não estava seguro até que a conheci. O que primeiro pensei quando entrou em meu escritório foi que nenhum homem em sua sã consciência a deixaria escapar.

Dana sorriu.

-Obrigado. Eu não sabia nada sobre as preferências sexuais de Luther, até recentemente. Veio me contar a verdade. Tenho que agradecer por ter rompido o compromisso.

Jared assentiu.

-Estiveram juntos durante um ano mais ou menos e não sabia de nada?

Dana agitou a cabeça.

-Não tinha nenhuma pista, embora logo me dei conta de que havia alguns sinais. Mas eu não os via.

-Que sinais?

-O sexo, por exemplo.

Jared sentiu um nó na garganta. Fez-se um silêncio entre eles.

-O sexo? -perguntou ele.

-Sim, o sexo. Decidimos que não teríamos relações até que nos casássemos. Jared assentiu.

-OH! E de quem foi à idéia?

-Foi idéia de Luther, e eu aceitei, porque o sexo está superestimado.

Jared a olhou sem compreender. Para ele não estava superestimado e não compreendia como Dana podia pensar algo assim.

-Sim?

-Sim.

Jared sentiu curiosidade, e não pôde evitar perguntar:

-Por que pensa isso?

-Não sou virgem, Jared. Tive relações sexuais, e sinceramente, nunca experimentei nada que valesse a pena.

Jared se perguntou quem seriam os homens que a tinham decepcionado. Olhou-a.

-Talvez não tenha feito com a pessoa adequada.

Dana sentiu que suas palavras percorriam sua espinha dorsal provocando um comichão em todo o corpo. Perguntou-se se uma aventura entre os lençóis com Jared a faria trocar de opinião, logo pensou que não saberia nunca. Mas a idéia era suficiente para que sentisse um calor no ventre.

Dana pigarreou e disse:

-Acredite duas vezes me bastaram. Posso compreender a estupidez de uma pessoa quase adolescente, mas faz alguns anos tive outra relação, e minha opinião não mudou.

Jared se voltou para trás na cadeira.

-Faz poucos anos? Quanto tempo?

-Três anos, quase quatro.

-Faz quase quatro anos que não tem relações com um homem? -perguntou Jared, sem poder acreditar.

Dana levantou o queixo, perguntando-se como tinham entrado em um tema tão pessoal. Mas de toda forma, respondeu:

-Sim, é.

Logo pensou que havia dado muita informação e lhe disse:

-Me diga que coisa espera que façamos durante nosso compromisso fictício?

Jared a viu lamber os lábios, e pensou que gostaria que fosse sua língua que o fazia e não a dela.

E se por acaso isso fosse pouco, Dana cruzou as pernas e ele não pode evitar olhar. Esticou-lhe o ventre quando pensou em lamber essas pernas e coxas.

« Maldita seja!», pensou. Sentia-se muito atraído por ela, e a última coisa que queria era ter uma razão para passar mais tempo com ela. As necessidades de sua mãe estavam em primeiro lugar. Mas ele também tinha necessidades...

Acomodou-se no assento para aliviar a tensão que sentia dentro da calça. Teria-lhe encantado desfrutar do sexo com ela sem estabelecer nenhum laço afetivo. Mas depois que ela rompeu seu compromisso com Luther não queria se aproveitar da situação sugerindo semelhante atitude.

Jared pigarreou e disse:

-Que coisas vocês faziam juntos? -sorriu-. Você me disse uma coisa que não faziam...

Dana alisou a saia. Logo a observou girar os ombros, e seu interesse passou de suas pernas a seus peitos. Jared sentiu um desejo irresistível de cruzar a sala, levantar a blusa, desabotoar a camisa, e acariciar sua pele antes de pegar seu mamilo e sugá-lo...

-Luther e eu saíamos muito - disse ela finalmente-, íamos a concertos, ao teatro, a festas... Ele era um vendedor na empresa, e tinha que fazer muitas relações sociais;

Jared ficou olhando-a. Ele também tinha muitas relações sociais, mas ultimamente havia freado um pouco sua vida social devido à quantidade de trabalho que tinha.

-Podemos fazer essas mesmas coisas. Mas a minha mãe gosta de reunir à família, assim também teríamos que ir a reuniões familiares. Importa-se?

Dana recordou o bem que o tinha passado no dia anterior.

-Sim. Já disse isso: tem uma família maravilhosa. Mas eu não gosto de enganá-los.

-É por uma boa razão - Jared sorriu-. Eu gostaria de imaginar que um compromisso fictício comigo não é algo tão mau. Sou um tipo bastante decente.

A decência era o que menos a estava preocupando.

-Quanto tempo pensa que irá durar nosso compromisso fictício? -perguntou ela.

-Isso depende de como esteja minha mãe. Se isto for um falso alarme, bastará com um par de semanas. Mas se tiver que fazer tratamentos, a última vez durou dois meses. Considera muito tempo?

Dana suspirou. Tudo lhe pareceria muito tempo.

-Não, mmmm... Está bem.

Jared gostaria que estivesse mais decidida, mas sabia que suas dúvidas eram iguais às dele. Jared engoliu em seco e ficou em pé:

-Então, quer continuar sendo minha noiva fictícia?

Dana respondeu depois de um momento de tensão. Sabia que podia meter-se em uma confusão, tendo em conta a atração que sentia por ele, mas não podia deixá-lo na mão.

-Sim.

Jared sorriu, aliviado. Aproximou-se dela, tomou a mão e a puxou para que ficasse de pé.

-Obrigado, Dana. Agora sou eu quem está em dívida com você.

A idéia de que Jared lhe devesse algo produzia uma sensação estranha. Lambeu os lábios secos e tentou sorrir.

-Está bem. Não vou pedir nada que não possa me dar.

Jared olhou os lábios da Dana, que estavam úmidos ainda. Estavam muito perto um do outro, e seria muito fácil tomar sua boca.

-Então, o que teremos que fazer primeiro? –perguntou Dana.

Sua pergunta lhe fez elevar uma sobrancelha. Esteve a ponto de dizer que «um beijo com língua» podia estar bem, mas mudou de opinião.

-A que se refere?

Ela sorriu, e ele se perguntou se teria adivinhado o que estava pensando.

-Temos que voltar a ver sua família? Ele respirou. Ainda bem que perguntava. Quase havia esquecido.

-Sim. Meus irmãos continuam na cidade até domingo, exceto Quade. Teve que voltar para D.C. e tomou um vôo na sábado pela tarde. Dana assentiu. Depois de passar um dia inteiro com sua família, ela sabia que seu irmão Quade trabalhava para o serviço secreto; Durango era guarda-florestal e vivia em Montana; Jan era capitão de um luxuoso navio que fazia cruzeiros pelo Mississipi e tinha a casa em Memphis, e Spencer era um conselheiro de finanças, que vivia na tranqüila comunidade do Sausalito, Califórnia. Jared e seu irmão pequeno, Reggie, eram os únicos que viviam na região de Atlanta.

-Eles sabem o que ocorre com a saúde de sua mãe? —perguntou Dana. Jared agitou a cabeça.

-Não. E conhecendo minha mãe, não nos dirá mais que o necessário. É sua forma de nos proteger. Mas eu lhes direi o que sei. Vamos jantar ao Chase's Agrada dentro de uma hora. E mais tarde chamarei o Quade para pô-lo a par.

-Você ira dizer a eles, a verdade a sobre nós? Jared agitou a cabeça.

-Não. Quanto menos gente souber, melhor. Não quero que ninguém deixe escapar nada. Não quero que minha mãe possa vir a suspeitar de nada.

Dana assentiu. De repente se lembrou de algo.

-O anel!

-O que tem? -perguntou Jared olhando a mão esquerda da Dana. Tinha notado antes que não o usava.

-Não o tenho mais. Levei-o a joalheria durante a hora do almoço. Necessitava o dinheiro para pagar algumas fatura.

Jared se arranhou o pescoço por detrás. Não tinha gostado de ver aquele anel em seu dedo, porque simbolizava seu compromisso. Mas terei que fazer algo.

-Aonde o levou?

-A Garbella Joalheiros. Creio que ainda o terão?

Jared respirou profundamente e olhou seu relógio. Garbella era uma joalheria muito conhecida, freqüentada por gente rica.

-Embora tenha, a loja está fechada agora - respondeu Jared—. Amanhã irei até lá logo cedo. Se o tiverem, o comprarei de volta.

-E se não estiver mais lá? Jared tomou fôlego.

-Então, comprarei outro - disse.

-Mas... Sua família viu esse anel. Se virem outro diferente suspeitarão.

Jared assentiu. Era certo.

-Nesse caso terei que inventar uma história que justifique a mudança. Dana assentiu.

-De acordo - disse.

Jared olhou novamente seu relógio.

-Tenho que ir. Se não, não chegarei a tempo de jantar com meus irmãos.

Dana o acompanhou à porta.

Detiveram-se quando chegaram. Ela o olhou. Os olhos do Jared pareciam mais escuros, da mesma cor que quando a havia beijado no dia anterior.

-Ligarei para você na parte da manhã - disse-lhe sensualmente-. Posso ligar no seu trabalho?

-Sim, não há problema. Espera, vou te dar meu cartão.

Jared a viu atravessar a sala, até uma mesa. O movimento de seus quadris quase o deixa sem fôlego. Respirou profundamente. Dana estava muito sexy com aquela saia curta. Definitivamente tinha o corpo apropriado para usá-la.

-Aqui tem meus telefones - disse ela quando voltou e lhe deu o cartão.

Jared sentiu um calafrio quando roçou sua mão ao aceitá-lo.

-Obrigado - disse.

Ao ver que ele não se movia, Dana pigarreou e disse:

-Algo mais, Jared? Ele pensou que sim.

-Acredito que deveríamos selar este acordo, e isto será melhor que um apertão de mãos.

Inclinou-se e a beijou. Algo que havia desejado fazer desde que tinha entrado em sua casa.

Ouviu-a ronronar, sentiu que seus mamilos se erguiam contra seu peito viril, o que fez que a beijasse mais profundamente.

Jared sentiu uma multidão de sensações enquanto a beijava. E evidentemente, houve um curto-circuito em seu cérebro que não o deixou pensar com claridade. Como se seus dedos fossem independentes de sua mente, deslizaram-se para tocar sua coxa até chegar ao corte da saia que o tinha deixando louco desde que à vira. Sua mente lhe advertiu que aquela mulher era uma genuína tentação; algo sem adulterar.

Soltou-a lentamente e tentou recuperar o controle de sua respiração, o controle de seu desejo e de sua lascívia. « Latido!», pensou. Seduzir Dana Rollins não era parte de sua proposta, mas...

-Acredita que isso foi sensato? -perguntou ela.

Ele olhou seus lábios, ainda úmidos de seu beijo.

-Sim, sinceramente, acredito que foi o melhor que fiz em todo o dia.

Jared tomou um gole de sua bebida enquanto olhava ao redor do Chase's Agrada. A reunião com seus irmãos havia saído bem. Todos estavam de acordo de que não deviam curvar a sua mãe, e haviam dito que o compromisso do Jared havia sido muito oportuno. Embora se alegrassem de que fora ele quem se casaria e não eles.

-Está bem?

Jared olhou seu primo Darei. Seu primo e ele tinham apenas alguns meses de diferença de idade e sempre tinham tido uma relação muito estreita.

-Sim, estou bem, no geral. Darei se sentou a sua frente.

-Durango nos disse a Chase e eu o que ocorre com tia Sarah. Sabe que pode contar conosco para o que precisar. Mas sei que tudo irá bem.

Jared assentiu.

-Isso espero - respondeu—. Nem sequer sei o que aconteceu na consulta do médico hoje. Passei na casa de meus pais hoje, mas minha mãe não quer falar de outra coisa que não seja de meu compromisso.

Darei riu.

-Bom, admitirá que isso deu à família algo do que falar. Quem tivesse pensado que você finalmente decidiria se amarrar!

Jared franziu o cenho.

-Só nos comprometemos.

-Sim, mas a não ser que você saiba algo que eu não sei, os compromissos são o prelúdio de um casamento. Você se casará com há Dana algum dia.

Jared bebeu outro gole de vinho e olhou seu primo por cima da borda da taça.

Algo que havia aprendido sendo advogado era a quem podia dizer algo e a quem não.

-O compromisso não é real. Darei se ergueu.

-Como?

Jared lhe contou a história, inclusive como eles se conheceram.

-Maldita seja! Um compromisso fictício... Já sabe o que passou quando Shelly e eu fingimos um noivado. Que se transformou em real - disse Darei, recordando aquele tempo.

-Isso não acontecerá comigo. Já sabe o que penso do matrimônio. Darei riu.

-Sim, e você sabe o que eu opinava então... Mas agora não poderia viver sem a Shelly.

-Vocês têm uma história muito particular. Além disso, já tinha o AJ!

Darei assentiu ao pensar em seu filho, a quem não tinha conhecido até os dez anos, quando Shelly havia voltado depois de desaparecer por dez anos.

-Mas igualmente, Shelly e eu tínhamos que voltar a nos conhecer. Foi então quando nos demos conta de que ainda nos queríamos. Jared soprou.

-Em meu trabalho vejo o pior lado do matrimônio: Quando duas pessoas que se comprometeram a amar-se até a morte se enfrentam em um tribunal com ódio em seus olhares, e vontades de tirar ao outro todos seus bens - riu e logo continuou-. O homem ao que represento amanhã no tribunal quer conseguir de sua futura ex-mulher à custódia do cão...

Darei agitou a cabeça com tristeza.

-Não deixe que o que veja em sua profissão te influa em sua opinião sobre o matrimônio, Jared. Jared respirou profundamente.

-Já tenho feito. Este assunto da Dana faço por minha mãe, e não quero esquecer isso.

 

                                         Capítulo Quatro

Dana levantou a cabeça de seu escritório e sorriu quando viu Cybil entrar.

-Bom dia.     

-Mmm... Não me parece justo que guarde segredos de sua melhor amiga...

Dana elevou uma sobrancelha.      

-Como?

Cybil franziu o cenho e caminhou até a mesa.

-Não sei se tiver alguma desculpa, mas seu compromisso aparece nas colunas sociais no jornal de hoje - Cybil agitou o jornal local diante de Dana.

-O que? —Dana lhe tirou o jornal bruscamente de sua amiga-. Não sabia. Cybil a olhou confusa.

-O que é o que não sabia? Que está comprometida com um dos solteiros mais cobiçados de Atlanta ou que a notícia apareceria no jornal de hoje?

Dana levantou os olhos do jornal.

- Posso explicar isso disse a sua amiga.

-Me diga.

Dana suspirou e se levantou para fechar a porta.

-Será melhor que se sente para que lhe conte isso - disse ao voltar.

Levou vinte minutos para explicar toda a história. Teria levado menos tempo se sua amiga não a tivesse interrompido a todo o momento para lhe fazer perguntas.

-Deus! Isto é irreal! Todo o escritório está murmurando. Espero que Jared lhe de um anel diferente. Esperamos que não ocorra o mesmo que aconteceu de seu compromisso com o Luther.

Dana suspirou. Não havia pensado nisso, já que não havia imaginado que seu compromisso se tornaria público.

-Quem acredita que passou a notícia aos jornais? —perguntou Cybil.

-Não sei. Mas isso não importa agora.

Dana sabia que havia que ser alguém da família de Jared, provavelmente sua mãe. O artigo estava muito bem escrito.

-Pergunto-me se Jared o viu - comentou Dana.

Cybil sorriu com ironia.

-Eu acredito que sim. E te asseguro que neste escritório todos viram.

Dana a olhou, preocupada. Cybil estava sempre a par das fofocas que circulavam pelo escritório. Não era que sua amiga participasse delas, mas todo mundo sabia que dois membros de sua equipe, Mary Bonner e Helen Fisher, eram as fofoqueiras maiores das Indústrias Kessler.

-Estão todos perplexos, porque não viram o anel. Mas acredito que a maioria esteja feliz depois do que passou com o Luther...! Passou de compadecimento a inveja, sobre tudo porque conseguiu o maravilhoso e rico Jared Westmoreland.

O sorriso de Cybil se apagou de seu rosto de repente, e logo continuou:

-Mas quando romper seu compromisso com Jared, novamente sentirão pena de você, e se perguntarão como deixou escapar dois bons homens - Cybil olhou Dana e adicionou-: Tenho o pressentimento de que isto pode complicar-se, Dana.

Dana pensava o mesmo, mas já era tarde. Tinha dado sua palavra a Jared.

Dana abriu a boca para dizer a Cybil que não se preocupasse que ao final tudo daria certo, mas nesse momento soou o telefone.

-Sim?

-Bom dia, Dana.

Dana sentiu um calafrio ao ouvir a voz sensual de Jared. E sua mente se encheu da lembrança de seu beijo.

-Bom dia, Jared - olhou sua amiga. Logo desviou o olhar ao ver que esta a estava observando com muita atenção.

-Viu o jornal desta manhã? -perguntou Jared.

Dana pensou em sua pergunta e olhou Cybil outra vez, lhe cravando os olhos, para lhe pedir intimidade para falar. Mas Cybil ficou ali, ignorando sua silenciosa petição.

Dana suspirou e olhou Cybil como protestando.

-Sim, vi-o.

-Peço desculpas por não ter te avisado, mas eu mesmo não sabia até esta manhã, em que o vi. Parece que a felicidade de minha mãe não tem limites.

-Sim, isso parece - respondeu ela.

Jared não parecia zangado, pelo tom de sua voz. Ao contrário, Jared pareceu falar com ternura e calma. Ou era imaginação dela?

-Quer almoçar comigo? -perguntou Jared.

-Almoçar?

-Sim, no Jenzen’s.

Dana abriu muito os olhos. Jenzen's era um restaurante exclusivo de Atlanta. Ela havia ouvido dizer que ali teria que reservar mesa com muita antecipação, semanas antes. Não era um lugar que ela freqüentasse.

-De acordo. Quer que nos encontremos lá? -disse ela.

-Não, passarei para te buscar. Às onze e meia, está bem?

Dana olhou o relógio. Tinha uma reunião que terminaria um pouco antes dessa hora.

-Sim, há essa hora está bem. Estarei te esperando diante do edifício.

-De acordo. Tenho vontade de te ver, Dana.

Dana pendurou. Fechou os olhos e pensou por que Jared despertava tantas emoções. Emoções que nunca havia sentido.

-Está bem?

Dana levantou a cabeça. Esqueceu-se de que Cybil ainda estava em seu escritório.

-Sim, estou bem. Era Jared. Cybil sorriu.

-Isso ouvi - ficou de pé—. Aproveite o almoço com ele, mas me prometa uma coisa.

-O que?

-Que não se envolverá muito nesta história. Vi a expressão de seu rosto quando ouviu a voz de Jared.

-E?

-E não quero que voltem a lhe fazer mal. Dana fez um gesto com a mão, subtraindo importância à preocupação de sua amiga.

-Hei! Sei quais são os limites da relação entre Jared e eu. Só estou lhe fazendo um favor.

-Um favor... Eu o vi algumas vezes e é muito sedutor, a fantasia de qualquer mulher. Até onde pensa chegar nesta farsa de compromisso? Vai se entregar?

-Entregar? Cybil sorriu.

-Sim, já sabe se deitar com ele, compartilhar o travesseiro. Ter orgasmos...

A imaginação da Dana se disparou com aquelas imagens e os batimentos de seu coração se aceleraram.

-É obvio que não!

-Está segura?

Antes que Dana pudesse responder, Cybil abriu a porta e saiu.

Jared olhou Sylvester Brewster. Realmente não havia tido muito entusiasmo em reunir-se com ele. Sylvester era um conhecido cantor de vinte e oito anos, que viajava por todo o país cantando canções que sempre terminavam sendo número um nas listas de sucessos.

Mas tinha sérios problemas com a escolha de mulheres, ou mais exatamente, terminava se aborrecendo de todas. Trocava de esposa como de camisa. Isso sim, quando deixava uma esposa e elegia outra, era muito generoso com a pensão que lhe dava.

Agora queria separar-se de sua terceira esposa para casar-se com a quarta. Mas o problema era que sua esposa queria mais dinheiro do que Sylvester estava disposto a dar.

-Não quero lhe dar um só tostão a mais, Jared, haja ou não haja bebê no meio.

-Sua esposa está grávida? -era a primeira notícia que tinha Jared.

-Isso a diz, e bem poderia estar, mas dá no mesmo, porque não é meu. Jared elevou uma sobrancelha.

-Está seguro?

-Sim - disse Sylvester com um suspiro de frustração. Logo, baixando a voz como se pudessem escutá-lo, sussurrou-: Sou estéril. É o resultado de uma enfermidade que tive na infância. Assim se Jackie proclamar que está grávida de mim, não é certo.

-Se o que diz é certo, não será difícil prová-lo com uma prova de paternidade.

-É verdade, e não permitirei que ninguém me demande declarando que sou o pai do bebê. Jared olhou Sylvester passear pela sala.

-Não me surpreenderia que voltasse a casar logo após o divorcio, engano-me? Sylvester deixou de caminhar e olhou para Jared.

-Sim, está enganado. Eu amava a Jackie e não estava saindo com ninguém mais. Com ela não me aborreci nem um momento, a excitação era permanente. Ela era distinta. Pela primeira vez em minha vida me apaixonei. Por isso estou tão aborrecido. Jackie se nega a ser sincera comigo, até depois de ter dito que sou estéril e que esse menino não pode ser meu. Agora diz que sou eu que minto - com raiva, golpeou a mesa com o punho-. Não se pode confiar nas mulheres. Não voltarei a casar.

Jared ficou calado alguns segundos. Logo assentiu. Mas estava seguro de que Brewster não cumpriria essa promessa. O matrimônio era um vício para o Brewster. Um vício que Jared se alegrava de não compartilhar.

-Entrarei em contato com o advogado da Jackie a semana que vem. Sinto que tenham chegado a isto, porque formavam um belo casal. Mas se estiver seguro de que foi infiel...

-Estou seguro. Não conheço o nome do homem com quem está envolvida, mas houve uma aventura. Seu estado é prova disso.

Meia hora mais tarde, Jared terminou de gravar a informação em seu gravador para que sua secretária transcrevesse. Ficou de pé e se aproximou da janela. Era outra manhã que não ia bem. Primeiro foi à nota no jornal à hora do café da manhã.

Logo tinha ido a Garbella Joalheiros, assim que tinham aberto, e se tinha sido informado de que já tinham vendido o anel. Terminou tento de compra outro anel e estava quebrando a cabeça para encontrar uma desculpa para dar a sua família por que Dana não levava o mesmo anel. A única razão era dizer que havia comprado um diamante maior e que achava que Dana gostaria mais.

Suspirou enquanto olhava o relógio. Era hora de partir, se queria ir buscar Dana para almoçar.

Dana.

Começava a ser um problema. Não havia considerado sua proposta um assunto de negócios, se não, teria apresentado algum documento entre eles. Só estava fazendo um favor. Se feito favores anteriormente, assim que ele sabia que cumpriria sua palavra. Mas havia alguns fatores com os quais não tinha contado.

Como a forte atração que sentia por ela. E os sonhos que havia tido. A noite passada tinha sonhado com suas pernas e suas coxas, e outras partes de seu corpo que não tinha visto. Em seus sonhos havia acariciado a suave pele da parte interna de sua coxa e tinha deslizado os dedos dentro de seu calor úmido. E logo tinham estado aos beijos... Sua boca tremia de só recordar com sua língua seu sabor. Apenas de pensar nela, já se excitava.

Deus Santo! Não compreendia aquela incomum química sexual que havia entre eles. Ele estava acostumado às mulheres bonitas. Até tinha saído com uma Miss Geórgia! Então, o que tinha Dana Rollins que o fazia estar contando os minutos que faltavam para vê-la?

Não gostava de reconhecer, mas as mulheres com quem havia saído antes tinham sido muito egocêntricas, muito agressivas e habituadas a fazer sempre o que queriam. Mas Dana, não. Era uma pessoa com força de vontade. E embora ele tivesse tido uma amostra de seu explosivo caráter a vez que tinha irrompido em seu escritório, sabia que era uma pessoa amável. Preocupou-se com o bem-estar de sua mãe o suficiente para aceitar a farsa de seu compromisso.

E falando de sua mãe. Ela gostava de Dana. No dia anterior sua mãe tinha chegado a lhe sugerir que tivessem um noivado curto e o casamento em junho. Ele a havia decepcionado lhe dizendo que isso era impossível. Não obstante, tinha que admitir, a felicidade de sua mãe valia aquela farsa, pensou.

Jared se, pois a recordar a conversa que havia tido com Darei na noite anterior. Realmente estava convencido de que havia dito a seu primo. Entre ele e Dana não haveria nada, por mais que se sentisse atraído para ela. Não era a primeira vez que se sentia atraído por uma mulher, nem seria a última.

A reunião com Sylvester havia reafirmado sua convicção de que o matrimônio não era o que a gente pensava, e desejava terminar seus dias sobre a terra como um homem solteiro.

Quando se aproximou com o carro e viu Dana, sentiu um calafrio por todo o corpo.

Tinha um aspecto muito profissional, com aquele traje de saia e jaqueta de cor azul marinho. A saia chegava ao joelho, era mais larga que a que usava no dia anterior, graças a Deus!, Porque do contrário não estaria seguro de poder abster-se de tocar suas pernas. Dana abriu a porta do carro e se sentou.

-Olá, Jared.

Jared a observou por o cinto de segurança e tentou não olhar como subia a saia ao sentar-se, deixando descoberto aquelas largas pernas. Respirou sua fragrância, um aroma muito feminino, que era outro detalhe para suas fantasias.

-Estava esperando muito tempo? -perguntou ele, colocando os óculos de sol e tentando controlar os rápidos batimentos do coração de seu coração.

Ela sorriu e se acomodou no assento, mostrando involuntariamente mais coxa. O pulso do Jared se acelerou mais.

-Não, saí faz um momento. Chegou bem a tempo.

Jared tentou concentrar-se no tráfico.

-Você conseguiu recuperar o anel?

-Não - voltou os olhos para ela em um semáforo-. Já o tinham vendido, assim tive que comprar outro - observou-a torcer sua atrativa boca.

-E o que diremos a sua família?

-Que gostei mais deste - Jared suspirou.

Era verdade. Ainda não compreendia por que incomodava ver o anel de Cord no dedo de Dana. Provavelmente seria porque conhecia toda a história e sabia que ela merecia algo melhor.

-A história vai ter que soar convincente quando a contar - disse ela franzindo o cenho. Jared riu.

-Sou advogado, não se esqueça. Meu trabalho consiste em convencer às pessoas.

Ela sorriu.

-Sim, tem razão. Perdoe-me, havia esquecido - ficou calada um momento e logo adicionou-: De todos os modos, foi o melhor.

-O que?

-Comprar outro anel. O artigo do jornal provocou uma grande fofoca em meu escritório, e todos queriam ver meu anel. Não havia me ocorrido que se ficava com o anel do Luther eles recordariam.

A ele tampouco tinha ocorrido.

-O que você disse?

-Que estavam fazendo sobre medida. Ele assentiu.

-Sinto ter te colocado em uma situação incômoda.

-Não há problema. Só que não esperava que aparecesse esse artigo na imprensa. Acreditei que só tinha que fingir este compromisso com sua família, não com toda Atlanta.

-Isso te traz problemas? –perguntou Jared, dando-se conta das implicações de sua representação.

-Não, sempre que não te cause problemas. Jared franziu o cenho e perguntou:

-Que classe de problemas? —deteve o carro.

-Em seu modo de vida. Você é um dos solteiros mais cobiçados de Atlanta. Se estiver comprometido comigo, desaparece do mercado...

Jared sorriu fracamente. Evidentemente seria uma mudança em sua vida, mas transitivo.

-Mmm... Suponho que sim, mas só por um tempo - olhou-a fixamente um momento, como se procurasse nela algo que lhe indicasse que queria que fosse de outro modo.

Jared suspirou. Não havia visto nada. Alegrava-se de que ela compreendesse que entre eles não havia nada nem haveria. Esses ardentes beijos não tinham significado nada, e não queria que ela confundisse amor com lascívia. Embora não pensasse que efetivamente ela os confundisse. Mas precisava assegurar-se de que não havia mal-entendidos.

Seu noivado era um jogo, e nada mais.

Dana estava em frente à Jared no restaurante. Sua presença tinha exercido um grande magnetismo sexual sobre ela desde que a tinha ido buscar. E não pôde evitar recordar a pergunta de Cybil a respeito da atração física entre eles.

A idéia de que Jared pudesse esperar ter uma relação íntima com ela a inquietava. Sabia que era um tema que deviam conversar. Mas ela não havia sido capaz de entrar no assunto. Durante a viagem tinham falado de diferentes assuntos sem mencionar nada sobre o noivado. Tinham falado do tempo, dos filmes que tinham estreado durante a Semana Santa e das recentes eleições da Geórgia.

Não ficou surpresa ao inteirar-se de que vivia no Country Clube, uma zona exclusiva de Atlanta Norte, na zona da Alpharetta. As casas valiam milhões, e ali viviam vários famosos do cinema e do esporte.

-Está muito calada.

Dana levantou o olhar. Os olhos de Jared pareceram penetrá-la com um calor que lhe percorreu todo o corpo. Ela agarrou a taça de café para romper o contato visual. Cybil a havia advertido para não envolver-se muito, e havia dito segura, que não ocorreria, mas naquele momento toda essa segurança estava desmoronando. Jared Westmoreland era um homem que tinha que pôr certa distância. Ela era o suficientemente preparada para ler nas entre linhas. E estava dizendo todo o tempo entre linhas, que não era um homem a quem devesse entregar seu coração.

-Mmm... Estava pensando.     

-Está pensando em mudar de idéia em relação a isto?

Ela o olhou. Embora sua expressão não deixasse entrever nada, ela sabia quanto significava a felicidade de sua mãe para ele. E o admirava por isso.

-Não, mas há algo do que eu gostaria de falar.

Ele assentiu.

-De acordo. Do que quer falar?

Dana suspirou profundamente. A química sexual entre eles estava presente em todo momento. Aquela forte atração a advertia que podia meter-se em algo perigoso.

-Sobre nossos beijos...

-Sobre nossos beijos?

Ela baixou novamente o olhar para a taça ao ver o brilho de desejo nos olhos do Jared.

-Sim - disse por fim, olhando-o outra vez.

-O que ocorre com nossos beijos, Dana?

Dana quase se derreteu ao ver seu olhar enquanto o fazia aquela pergunta.

Tivesse gostado de poder responder que queria mais beijos. Mas sabia que essa era uma resposta equivocada.

Dana pigarreou e disse:

-Não quero que nos levem a outra coisa... Ele a olhou um momento. Logo perguntou:

-Em sua definição de «outras coisas» inclui essas coisas que alguma vez fez com o Cord?

-Sim - disse ela depois de morder o lábio inferior.

Depois de uma breve pausa, ele disse:

-Dana?

-Sim? -teve que olhá-lo.

-Por que te incomoda a idéia de fazer amor comigo? -perguntou ele, brandamente.

Ela sentiu um comichão no ventre ao ouvir sua voz sensual. A idéia de fazer o amor com ele não a incomodava, mas a fazia perder o equilíbrio, e ter fantasias selvagens. Também a fazia ser mais consciente que nunca do estado sexual em que se encontrava.

Levava quatro anos sem deitar-se com um homem. Até aquele momento não a tinha preocupado, mas agora sentia desejos e sensações... E tinha a intuição de que fazer amor com Jared apagaria de sua mente a idéia de que o sexo estava superestimado. Sabia que pedir uma relação platônica com Jared não era realista. Depois de tudo, ela era uma mulher. E ele um homem diferente de todos que havia conhecido. Sabia fazê-la sentir-se atrativa, querida, desejada.

Um silêncio denso se estendeu entre eles.

-Não me incomoda, Jared. Confunde-me. Ele ficou calado um momento e logo disse:

-Apesar de que desejo uma relação física contigo, quero que saiba que nunca te pressionaria para que fizesse algo que não esteja preparada.

Dana franziu o cenho.

-Esse é o problema, Jared. Como posso saber quando estou preparada para algo? Tudo isto é muito novo para mim.

-Saberá, Dana. Saberá melhor que ninguém - disse Jared brandamente-. Estaria mentindo se te dissesse que não a desejo. Inclusive agora, desejo a tanto, que morro por te querer. Eu não sou Luther Cord. Mas como nosso compromisso não é real, não espero nada de você, nem assumo nada. Até onde chegarmos será algo que sempre dependerá de você.

-Obrigado.

Um estremecimento de desejo passou entre eles. Jared reconheceu o desejo nos olhos da Dana, mas sabia que ela provavelmente riria se tivesse consciência disso.

Jared amaldiçoou aos dois tolos que tinham feito que ela pensasse que o sexo não valia a pena. Não havia a menor duvida de que, se alguma vez fizessem amor, desfrutariam de um grande prazer.

-E quanto aos beijos... Podem ser perigosos, mas necessários. Os casais comprometidos se beijam, assim, de nós se espera certa demonstração de afeto. E embora não tenhamos que nos beijar quando estivermos sozinhos, desfruto de seus beijos, e espero que você desfrute me beijando também. Mas se preferir que...

-Nos beijar está bem... -interrompeu-o-. Agora que esclarecemos coisas. Como havia dito antes, isto é temporário.

A viagem de volta ao trabalho de Dana fizeram em silêncio. Realmente não havia muito que dizer.

Quando Jared estacionou o carro, disse-lhe:

-Aqui está o novo anel e entregou uma caixinha de veludo.

-Que lindo! -exclamou ela ao abri-la-. Você não acha que isto é muito? -o pôs no dedo. Ficava perfeito.

Jared sorriu. Por alguma razão, gostou de o anel em seu dedo.

-Não, se tratar de convencer a minha família de que há uma boa razão para trocar o anel. Simplesmente direi que vi este e pensei que ficaria melhor. Eles vão compreender.

Dana assentiu. Era um anel deslumbrante, de desenho exclusivo. Deveria ter gasto uma fortuna. É obvio que o devolveria quando terminassem a farsa.

-É lindo, Jared - Dana estendeu a mão diante dele.

Jared lhe sorriu, agarrou-lhe a mão e a beijou.

-Me alegro de que você goste.

Dana engoliu em seco quando Jared soltou sua mão. O beijo em sua mão havia sido totalmente inesperado e ela havia sentido um estremecimento dos pés à cabeça.

-Agora quero te fazer uma pergunta - disse Jared.

-O que?

-São tuas amigas essas duas pessoas? Estão nos olhando desde que chegamos.

Dana seguiu seu olhar e viu Mary Bonner e Helen Fisher de pé na entrada do edifício, fingindo estar conversando.

-Não são amigas. São colegas de trabalho. As mais fofoqueiras de todo o edifício.

-Então, o que acha de darmos algum motivo para fofocar?

Dana sorriu. Ela sabia o que viria a seguir. Mas como haviam dito que os casais comprometidos se beijavam em público algumas vezes...

-De acordo.

Jared a puxou até quase colocá-la em cima de seu colo. Dana se sobressaltou. Logo Jared a beijou. Seu corpo reagiu instintivamente. O beijo foi suave, amável, lento e quente. Também foi minucioso, tão completo que ela sentiu que o sangue estalava por todo seu corpo. O beijo número três foi tão bom como os anteriores, e inclusive melhor. Jared a fez concentrar-se na ascensão de seu próprio desejo. Sua língua jogou com a dela e a fez sentir um desejo urgente, desesperado. O desejo o consumiu. Seu sexo duro e forte se apertou contra o ventre dela.

Lentamente Jared se separou. E ela pôs as mãos no peito musculoso e viril para recuperar a respiração normal. Estava derretida por dentro, e um calor intenso que jamais havia sentido antes se elevou entre suas pernas.

                                       Capítulo Cinco

-E? Acredita que funcionou? - perguntou Jared, baixando a cabeça para provar o sabor da doçura de seus lábios enquanto devolvia Dana novamente a seu assento.

A respiração de Jared estava quente e sua língua úmida, e parecia estar perdendo o controle.

-Sim - disse ela-. Estou segura de que não deixarão de falar de nós.

O jardim e o pátio dos Westmoreland estavam iluminados. Tinham colocado mesas e cadeiras em frente ao lago e deixou uma área vazia para dançar. No ar havia aroma de costelas e frangos da churrasqueira, e uma enorme toalha cobria as mesas servidas com deliciosa comida.

Além dos irmãos e primos de Jared, tinham convidado os amigos e antigos companheiros de colégio.

Dana suspirou enquanto olhava ao redor. Tinham-na apresentado como a noiva de Jared a todos os assistentes, e quando lhe tinham perguntado quando seria o casamento, ela só tinha sorrido e havia dito que ainda não tinham fixado uma data, mas que não acreditava que seria aquele ano.

-Compreendo por que Jared prefere este anel - disse Madison, fazendo com que Dana deixasse seus pensamentos e voltasse a emprestar atenção ao que a rodeava.

Jared tinha tido razão. Sua família havia aceitado sem problemas a razão para trocar de anel.

-É lindo, não? -disse Tara-. O outro era bonito, mas este é mais o gosto de Jared.

Dana queria perguntar o que queria dizer com aquilo, mas apareceu a mãe de Jared.

-Está tudo bem, Dana? -perguntou Sarah, sorrindo. Dana sorriu.

-Sim, obrigado por me convidar.

-Não precisa me agradecer. Agora é da família.

Dana assentiu. Incomodava-lhe enganar a mulher.

-Você foi o melhor segredo guardado de Jared. Nunca deixou desconfiar que saísse a sério com alguém. De fato, eu pensei que não saía com ninguém. Sempre dizia que não se casaria jamais. Isso te demonstra o que pode acontecer quando alguém se apaixona. E é evidente que está apaixonadíssimo - sorriu sua mãe—. Não tira os olhos de você. Nunca o vi assim com uma mulher, e estou muito contente de que seja assim.

Dana pensou que essa felicidade era a responsável por toda aquela farsa. E o recordá-lo, sem saber por que, baixou-lhe o ânimo.

-O que você achou da sala de projeções de Jared? -perguntou-lhe Jayla minutos mais tarde, quando a conversação havia passado de falar de Jared e Dana aos filmes que estavam pondo no cinema.

Dana não sabia do que estava falando. Mas intuía que se supunha que tinha que sabê-lo.

-A sala de projeções do Jared? Shelly sorriu.

-É que não te contou à reforma que está fazendo? Quando foi a última vez que esteve em sua casa?

Dana não sabia o que dizer. Não podia dizer que não havia estado nunca na casa de Jared, porque teria parecido estranho. Abriu a boca para dizer algo, mas então apareceu Jared a seu lado. E beijou sua boca, sossegando a mentira que ia improvisar.

-Vêem dançar comigo, amor - olhou sua mãe e suas primas-. Perdoem-nos um momento - disse antes de levar Dana a pista de dança.

Jared a estreitou em seus braços e a olhou. Gostava de sentir o contato de seus seios contra seu peito musculoso e viril, e o perfeito acoplamento de seu corpo ao dele.

-A resgatei a tempo? -perguntou Jared, sorrindo.

Desejou estar a sós com ela e beijá-la do modo que tinha imaginando toda a noite.

-Ia buscar você quando ouvi a pergunta de Jayla sobre a sala de projeções. Ela levantou o rosto e sorriu.

-Sim, me salvou a tempo. Teria sido estranho que não conhecesse sua casa. Há algo que tenha que saber se por acaso alguém me perguntar?

Jared deslizou brandamente sua mão por cima do braço dela. Notou que Dana se estremecia, e gostou de causar aquele efeito.

Mas também lhe aconteciam coisas, como a tensão que havia em suas partes baixas. Desejava-a, e com seus corpos tão juntos era impossível que ela não notasse sua excitação.

-Eu gosto de ver filmes antigos e instalei uma sala de projeções caseira, com a última tecnologia. O sistema de som é melhor que o de qualquer sala.

Em realidade, não gostava de falar daquilo. O que gostava de fazer era apertá-la contra seu corpo e beijá-la interminavelmente.

Dana sorriu.

-Mmmm... Sinto-me impressionada.

Ele esteve a ponto de lhe dizer que além de impressionada estava excitada.

E sua excitação aumentava a dele.

Dana sabia como estar atraente, certamente. Usava um vestido verde com decote em v por cima do joelho, que se ajustava perfeitamente a suas curvas, e evidenciava a estreita cintura que tinha seu bonito traseiro. Seu aspecto o estava matando desde que a tinha visto. Reprimiu um gemido. Dana Rollins era sutil, mas provocativamente sexy.

-Acredito que é hora de que conheça minha casa, para que não volte a ter estes problemas. Eu adoraria que jantasse em minha casa - disse ele, baixando a cabeça e roçando brandamente com seus lábios a boca dela.

Procurou uma desculpa para beijá-la, e não se importou com o público. Ao menos isso se disse. Gostava de sentir sua boca. Não via o momento de poder tê-la a sós.

Ela riu e o olhou.

-Sabe cozinhar?

Ele sorriu.

-Sim. Assim, o que acha de ir neste fim de semana?

-Este fim de semana irei a Brunswick. No sábado é o aniversário de minha mãe e quero pôr flores no jazigo.

Jared viu que seus olhos tinham deixado de brilhar. Também tinha ouvido a tristeza em sua voz, e imaginou que para ela seria doloroso ir visitar o jazigo de seus pais.

-Estarei com você no pensamento este fim de semana - disse Jared. Abraçou-a. Logo lhe perguntou-: O que acha então se jantarmos em minha casa a semana seguinte a sua volta?

Ela sorriu. Estava comovida ao imaginar que ele pensaria nela o fim de semana.

-Eu adoraria - respondeu Dana quando terminou a música.

Era quase uma da manhã quando Jared levou Dana em casa. Embora fosse tarde, ela o convidou a tomar um café. E ele aceitou o que não a surpreendeu.

Tinham compartilhado algumas musicas lentas, e cada vez que tinham dançado ela havia notado sua excitação, e estava segura de que ele também se deu conta de que ela estava excitada.

Em um dado momento, Jared a tinha levado a um lugar escuro do quintal e estava a ponto de beijá-la, quando foram interrompidos por Durango. Ela tinha notado o olhar assassino que Jared tinha dedicado a seu irmão, mas este simplesmente riu.

Mas agora estavam em sua casa, e estavam sozinhos.

Assim que Dana fechou a porta, ele a estreitou em seus braços e a beijou interminavelmente. Sua língua foi uma ardente tortura para ela.

Jared sentiu um desejo desesperado ao notar que o corpo da Dana parecia dissolver-se no dele, e nesse momento teve que tocá-la, saboreá-la, acariciá-la. Acariciou-lhe os braços e os ombros, e sentiu seu gemido de prazer contra sua boca. Então seguiu beijando-a desesperadamente; naquele momento precisava prová-la, tanto como respirar. E ela se agarrou a ele, beijando-o, o fazendo perder o controle quase por completo.

Um momento depois, Jared se apartou para não sucumbir à tentação de levantar Dana em seus braços e a levar para a cama, e fazer amor toda a noite.

Jared a olhou. Viu o desejo em seus olhos e seu corpo masculino reagiu. Inclinou-se e beijou seu pescoço, e gostou de seu sabor. Tivesse querido prová-la toda. Debaixo de sua língua a sentiu estremecer, e ele se excitou mais, e soube que se não parasse, cederia à tentação.

Mas ele não queria parar. Desejava-a com uma intensidade que o afligia.

Com um grande esforço, parou e a olhou. Tivesse a tirar o vestido e tê-la nua. Então houvesse acariciado seus seios com a língua, sugando seus mamilos até voltá-la louca. Teria se ajoelhado e seguido com sua boca o atalho de suas pernas para seu corpo, até que tivesse chegado A...

-Jared? -sussurrou brandamente ela.

-Sim? -respondeu com a voz rouca de desejo.

-Acredito que deveria ir.

Ele tomou fôlego. Sabia que pedir que partisse era um modo de dizer que ainda não estava preparada para ir à cama, e se ele continuasse ali, definitivamente a levaria para a cama.

Tinha escutado, mas ainda uma parte dele, a que a desejava e necessitava, quis insistir.

-Deseja-me, Dana. Vejo em seus olhos. Ouço em sua respiração. Sinto em seus beijos. Por que negar o que deseja?

Ela pôs um dedo nos lábios e disse:

-Sim, te desejo, mas não posso me envolver em uma aventura sem importância, Jared. Assim que sua mãe estiver fora de perigo, você romperá este compromisso e partirá. Não e mesmo?

Ela ficou olhando-o, esperando uma resposta, e ele deu a única que podia.

-Não, não o nego.

-Então, o melhor é não ceder a meus desejos - respondeu ela, dando um passo atrás. Ele franziu o cenho.

-Não posso te dar mais, Dana.

-E eu não te pedi mais, Jared. Então tampouco deve esperar que eu te dê mais do que posso dar.

Jared passou a mão pela mandíbula.

-Por que fazer as coisas tão complicadas?

-Não quero complicar nada, justamente. Se por um momento pensasse que seria capaz de dirigir uma aventura com você, neste momento estaríamos em meu quarto. Mas não posso - terminou de falar tão frustrada como acreditava que ele estaria.

Jared suspirou, e a estreitou em seus braços.

-Ouça, sinto muito. Não quis te pressionar, sobre tudo porque eu disse não faria. Mas te desejo de um modo que não deveria te desejar. Acredito que nunca desejei tanto a uma mulher.

Jared não desejava outra coisa que abraçá-la e permanecer assim sem limite de tempo. Não sabia quanto tempo poderiam manter a farsa, mas começava a lhe preocupar. De algum modo precisava criar imunidade contra aqueles desejos que lhe atacavam quando estava com ela.

Momentos mais tarde, Jared se voltou para trás e a olhou:

-Estarei fora da cidade esta semana. Não voltarei até na sexta-feira tarde da noite. Quando você vai?

-Na sábado pela manhã logo cedo. Tenho sete horas de viagem de carro, porque eu gosto de tomar a rota com paisagens e passar a noite em uma das Ilhas Seja.

Jared lhe rodeou os ombros com um braço.

-Em qual?

-Em Jekyll Island. É linda e está perto de Brunswick. Meus pais me levavam para acampar ali todos os anos.

-Quando estará de volta?

-Provavelmente no domingo tarde da noite.

Jared assentiu. Se iria partir no sábado pela manhã queria dizer que não a veria até que voltasse. Inclinou-se e a beijou uma vez mais, apertando-a contra ele. Sentiu que a ponta de seus peitos se endurecia ao contato com seu torso, e ele reagiu apertando sua ereção contra o ventre dela. A sensação se irradiou a todo seu corpo, e ele a beijou mais profundamente, provando seu sabor, penetrando sua boca com sua língua, voltando-a louca e voltando-se louco de desejo.

Finalmente a soltou.

Sabia que tinha que partir. Se ficasse um minuto mais não seria capaz de controlar-se.

-Boa noite, Dana.

Jared abriu a porta e partiu.

Dana suspirou profundamente e se apoiou na porta, sentindo falta de Jared imediatamente. Tinha que ser realista em relação a seu compromisso fictício, se não, se apaixonaria por ele. E isso era algo que não devia permitir que acontecesse.

Duas horas mais tarde, Jared estava convexo na cama, acordado, olhando para o teto. Talvez estivesse indo muito rápido com Dana e tivesse que frear-se um pouco. Ele tinha fama de ser um homem controlado, mas com Dana perdia o controle totalmente.

Desejou poder deixar de pensar no desejo que sentia por ela, mas era impossível. Ele não tinha tido intenção de que seu compromisso os levasse a uma breve aventura. Custava-lhe centrar-se e pensar que tudo aquilo era fictício.

Até seus irmãos e primos tiravam sarro de tão apaixonado que o viam. Seu pai lhe tinha falado a sós e havia perguntado se estava seguro de que poderia esperar um ano para o casamento.

Deus! Era tão óbvio o quanto a desejava?

E por um momento, aquela noite, quando a tinha apresentado a amigos e vizinhos, realmente a tinha considerado dele.

Era uma tolice, refletiu. Nunca tinha considerado sua uma mulher, porque não gostava que nenhuma mulher o considerasse dela. Só lhe interessava a parte física de uma relação, não a emocional. Tinha suficiente com as confusões de seus clientes para experimentá-los por si mesmo.

Atravessou o quarto e tirou uma roupa de banho de uma gaveta. Tirou o pijama e ficou de roupa de banho. Ainda estava excitado. Talvez um banho na piscina pudesse esfriá-lo e tranqüilizar sua mente.

Era quase de madrugada quando voltou a deitar-se. Seu corpo estava esgotado, mas sua mente seguia pensando na Dana.

Durante os dias seguintes Dana esteve muito ocupada. Os rumores a respeito de seu noivado tinham cobrado realidade, e se tinha deslocado a voz de que levava no dedo um diamante como uma rocha. Mais de um curioso se aproximou de seu escritório para olhá-lo dissimuladamente.

Na terça-feira pela manhã recebeu uma inesperada chamada da mãe de Jared.

-Senhora Westmoreland, que agradável surpresa! -disse-lhe sorrindo.

Quanto mais a conhecia mais gostava, pensou Dana, principalmente porque recordava a sua mãe: amistosa, disposta, dedicada a sua família.

-Dana como está querida? Ia te perguntar se gostaria de almoçar comigo no Chase's Agrada, o que acha?

-Não há problema. Às doze?

-Perfeito. Sabe como ir ou quer lhe ensine como chegar?

-Sim, sei como chegar. É um lugar ao que vão muitos colegas de trabalho. Fui ali um par de vezes, além disso. A comida é fantástica.

-Sim, é. Chase ainda usa algumas das receitas secretas da família Westmoreland.

Algumas horas mais tarde, enquanto Dana conduzia para o Chase's Feliz, não pôde evitar pensar em Jared. Tinha deixado uma mensagem na secretária eletrônica na noite anterior para lhe dizer aonde foi, uma informação que uma noiva devia saber. Inclusive havia deixado o número onde podia encontrá-lo se precisasse.

Mas ela não precisava. Infelizmente tinha que recordar a si mesma muitas vezes que aqueles dias. Tinha que levar a relação com Jared em sua justa medida. Já que ele mesmo havia reconhecido que uma vez que terminasse aquela farsa ele desapareceria de sua vida.

Uma voz interior dizia que desfrutasse do que desse, e outra advertia que não se apaixonasse por ele. Embora devesse admitir que já estivesse meio apaixonada.

Isso deu um nó na garganta. Não queria admitir nada. A vida lhe havia ensinado que não tinha que depender de outros. A perda de seus pais, do Matt e do Luther, dois homens que tinham entrado em sua vida e logo partiram, a havia ensinado. E agora Jared pensava fazer o mesmo.

Dana viu a mãe de Jared sentada em frente a uma mesa. Pensou que Sarah Westmoreland estava em forma para seus cinqüenta e sete anos. Seu sorriso lhe dava uma graça especial. Sabia que não seria só uma sogra para suas noras. Que seria como uma segunda mãe.

-Senhora Westmoreland - disse Dana ao aproximar-se dela.

-Dana, me alegro de te ver outra vez - a mulher se levantou e lhe deu um abraço.

Era uma pessoa carinhosa, encantadora, pensou Dana. E notou a excitação na voz da mulher.

-Eu também me alegro de vê-la. Quando se sentaram, a senhora Westmoreland sorriu e disse:

-Como vão as coisas no trabalho? Jared disse que é arquiteta de jardins. Dá a impressão de ser uma profissão interessante.

-É - sorriu Dana-. Meus pais tinham uma floricultura, assim me acostumei desde muito pequena às flores, as árvores e aos arbustos - fez uma pausa quando a garçonete lhes levou dois copos de água e o cardápio-. Há pessoas que não entende o que faz uma desenhista de jardins quando se constrói um edifício. Meu trabalho é fazer com que a zona exterior de um edifício não só seja bonita, mas também compatível com a natureza a sua volta.

Sarah Westmoreland assentiu. Logo a olhou com tristeza.

-Jared me contou sobre seus pais. Deve ter sido muito duro para você. Ela assentiu.

-Sim, foi. Era filha única e era muito unida a meus pais. Sua morte me deixou sem família. Sarah sorriu.

-Bem, isso acabou agora. Como eu disse outro dia, os Westmoreland são sua família agora e quero que se sinta parte de nós.

-Obrigado - Dana sentiu um nó na garganta.

Odiava enganar a família de Jared, embora fosse por uma boa razão.

Dana olhou o cardápio. Não era capaz de olhar à senhora Westmoreland nos olhos.

-Então, querida, teve notícias de Jared? Dana levantou os olhos.

-Me ligou ontem à noite - alegrava-se de que não era mentira.

-Estou segura de que sente sua falta.

Dana sorriu. Duvidava que ele sentisse falta dela, mas ela certamente sim sentia falta dele, embora não quisesse.

Dana bebeu outro gole de água, e decidiu mudar de assunto.

-E a senhora como está? -perguntou.

-Bem. Creio que Jared te contou que tive câncer de mama faz alguns anos, e que recentemente me encontraram outro tumor. Mas é possível que não seja mais que um caroço de gordura. Vão tirar isso dentro de duas semanas, e então saberemos os resultados. Seja o que o for, enfrentarei. Sou a primeira a reconhecer que a quimioterapia e a radioterapia me fizeram mal, mas se tiver que acontecer de novo, farei. Sou uma lutadora, Dana. Minha família me dá motivos para lutar. E não vejo o dia de ser avó - disse excitada-. Jared me disse que querem ter filhos...

Dana pensou que Jared se excedeu um pouco em seu papel. Nem sequer tinham falado desse assunto.

Nesse momento a garçonete se aproximou para tomar nota. Dana a agradeceu internamente. Bastava estar fingindo um compromisso, para que agora pensasse em ter filhos com Jared.

                                           Capítulo Seis

Na quarta-feira de noite, depois de dar de comer ao Tom, Dana se aninhou em sua poltrona favorita para ler e relaxar. Tinha sido um dia difícil no trabalho. Um cliente havia ficado furioso porque a Prefeitura não lhe tinha dada à permissão para construir uma cascata no edifício de sua empresa. Mas queria desconectar dos problemas de seu trabalho, e preferiu recordar o almoço com a mãe de Jared. Tinha estabelecido um laço especial com Sarah, algo que não devia sentir, nem merecia, porque não era a verdadeira noiva de seu filho. E se perguntou o que pensaria sua família quando rompessem à relação, algo que poderia acontecer quinze dias mais tarde.

Para ouvir a campainha, levantou a cabeça do livro. Olhou seu relógio. Eram apenas seis horas e não esperava ninguém. Cybil e Ben tinham decidido passar a semana no Tennessee para visitar irmã do Ben.

No momento em que olhou pela janela, seu coração quase parou. Era Jared. Não o esperava antes de sexta-feira.

Tomou fôlego e abriu a porta.

—Jared, já voltou!

Ele se apoiou no vão da porta e se olharam.

—Sim, terminei antes do esperado, mas não fui para casa ainda. Pensei em passar por aqui primeiro.

Dana sentiu curiosidade em saber por que havia ido ali antes que a sua casa. O único que lhe ocorria era que se inteirou de que tinha almoçado com sua mãe. Mas poderia ter ligado para ter essa informação.

Dana moveu a cabeça e o olhou. Sua presença masculina era tão sólida e forte, que quase não podia falar.

-Entra...

Jared suspirou assim que entrou. O rosto de Dana lhe tinha indicado que estava surpreendida que tivesse ido ali diretamente do aeroporto. Maldita seja! Ele mesmo estava surpreso. Tinha sentido sua falta de um modo terrível, e só podia pensar em ir vê-la assim que o avião aterrissasse.

Olhou-a. O sol do final da tarde parecia fazê-la resplandecer. Só podia estar ali de pé e olhá-la. E pensar em como estava linda com aqueles shorts e aquela camiseta que dizia: Sou tua.

A idéia de que fosse sua o excitou.

Claramente estar a sós com ela lhe produziu um curto-circuito, e o calor que primeiro sentiu no ventre se expandiu até chegar mais abaixo. Ao sentir sua fragrância feminina se embriagou.

-Sentiu minha falta? -perguntou.

Desejava com todas suas forças que tivesse sentido falta dele. Ao mesmo tempo não compreendia que ele tivesse sentido falta dela, se ela não havia sentido.

Dana tentou apartar o estremecimento de seu corpo. É obvio que tinha sentido falta dele. Mas amaldiçoava que o tivesse perguntado.

Em seguida recordou o que havia ocorrido na última vez que tinham estado naquele mesmo local. E sentiu um calor em todo o corpo.

-E você sentiu minha falta? -perguntou Dana de repente.

Os olhos do Jared se encheram de um brilho pícaro ao ver que Dana havia devolvido à pergunta.

-OH, sim! Senti falta, sonhei e pensei em você todos os dias, e nesses sonhos fazia todas as coisas que ainda não está preparada para fazer. Fazia com que se desse conta de quão maravilhoso é quando duas pessoas... As pessoas apropriadas fazem amor.

Jared cruzou os braços, e depois de um momento de silêncio, disse:

-De acordo. Eu já respondi sua pergunta. Mas você não a minha. Sentiu minha falta? -repetiu.

Ficaram olhando-se, conscientes de que havia algo entre eles, uma força terrível na atmosfera.

A química entre eles era mais intensa que nunca. E nesse momento, Dana pensou o que aconteceria se falasse que sim tinha sentido falta dele com a mesma intensidade que ele havia dito.

Ela também havia sonhado com ele, e cada vez que tinha invadido seus sonhos tinha feito amor com ela. Mas tinha se sentido segura pensando que quando despertasse poderia enfrentar à realidade. Mas uma parte secreta dela morria por ver se o sonho tinha alguma relação com a realidade.

Em seus sonhos tinha entregado tudo a ele, e Jared a tinha feito sentir um prazer impossível de imaginar. Poderia fazê-la chegar ao orgasmo tantas vezes como em seus sonhos?, Perguntou-se.

-Dana?

-Sim?

-Perguntei se sentiu minha falta.

-Sim, senti sua falta. E também sonhei com você - disse-lhe Dana e observou Jared tomar fôlego.

Jared descruzou os braços e disse:

-E nesses sonhos...

-Isso é algo que só eu sei - respondeu ela. Jared sorriu.

-E eu não posso averiguar?

-Não acredito que possa.

Jared elevou uma sobrancelha e Dana se deu conta de que havia cometido um engano. O tinha desafiado.

Dana não pôde evitar olhar o volume em sua calça e se excitou ao descobrir o que viu. Estava excitado. Ela tragou saliva e levantou o olhar. Quis recordar a conversação que tinham tido em sua casa a outra vez, mas a única coisa que conseguia era desejá-lo mais.

-Acreditei que tínhamos decidido não complicar mais as coisas - comentou-a, tratando de recuperar a prudência.

-Averiguar seus sonhos comigo é algo pouco complicado. E muito prazeroso para ambos. Dana viu o desejo em seu olhar.

-Não vou deitar com você, Jared. Jared levantou uma sobrancelha e a olhou. Então se deu conta de que o estava desafiando novamente.

-Já disse isso, Dana, não farei nada que não queira fazer.

-E o que está fazendo agora se não me pressionar?

-Tentar destruir sua teoria de que o sexo está superestimado. Mas não tenho que dormir com você para isso.

-Não?

-Não.

Dana tragou saliva. Viu a intensidade de seu olhar. Acreditava. Agora compreendia por que era um dos advogados com mais êxito de Atlanta.

-Pouco a pouco, lentamente tenta conseguir... Do tom de sua voz a suas palavras, estava tentando romper suas defesas.

-Mas também sou minucioso, Dana.

Ela voltou a engolir em seco, e se perguntou por que diabo se fazia tão difícil. Mas a outra parte dela tinha curiosidade. Realmente poderia lhe provar que o sexo valia a pena? O que faria para prová-lo?

-Uma vez me perguntou como saberia quando estaria preparada, Dana. É possível que não esteja preparada para se deitar comigo, mas eu acredito que está preparada para isto. Você o que acha?

Dana suspirou. Como podia saber se não sabia do que estava falando exatamente.

Mas algo lhe dizia que se não aceitava àquela experiência, se arrependeria.

-Talvez tenha razão... Jared assentiu.

-Terá que ser você a propor...

Houve silêncio entre eles. Logo, finalmente, Dana cortou a distância que os separava e se deteve frente a ele. Olhou-o. Queimava de desejo.

-Isso estou fazendo...

Jared sorriu. Gostava de tudo em Dana: seu sorriso, seu corpo, sua mente. E agitou a cabeça. E se esqueceu do que gostava. Era hora de concentrar-se no que queria. Dana Rollins era uma mulher muito sedutora.

E ele a desejava.

Havia-lhe dito que não se deitariam, mas pensava deixá-la louca... Levá-la até o limite, até que não pudesse agüentar mais.

-Confia em mim, Dana?

Ela assentiu, sabendo o que estava perguntando e por que estava perguntando.

Ela o olhou intensamente nos olhos quando respondeu:

-Sim, confio em você.

-Bem.

E então, sem perder mais tempo, estreitou-a em seus braços e rapidamente se moveu em direção ao quarto de Dana.

-Mas... Você disse que não nos deitaríamos... Jared a olhou.

-E não vamos fazer. Vamos jogar um jogo. Ela se agarrou à jaqueta do Jared para se sujeitar, posto que ele estivesse caminhando muito rápido.

-Um jogo?

-Sim. Minha versão de «Luz vermelha, luz verde».

-OH!

Jared sorriu ao pensar nas possibilidades enquanto a colocava na cama. Alegrava-se de que Tom não estivesse por ali. E para assegurar-se de que o gato não aparecesse mais tarde, Jared fechou a porta.

Suspirou quando voltou junto a Dana, ao ver um olhar de dúvida em seus olhos.

-Mudou de opinião? -perguntou, respeitando suas dúvidas e temores.

Não queria só satisfazer seu desejo, a não ser lhe ensinar quão maravilhoso podia ser compartilhar o prazer.

Dana o olhou enquanto se voltava para trás na cama. Ele tentou não concentrar-se em suas pernas e coxas.

-Não. Não mudei de opinião, Jared.

-Está segura?

-Sim.

Jared se afastou da porta e ficou de pé aos pés da cama.

-Então, me deixe que te conte como funciona este jogo - disse Jared, tirando a jaqueta e deixando-a em uma cadeira-. A luz sempre estará verde, me permitindo saber que posso seguir adiante.

Mas se em algum momento se sentir pressionada, afligida, ou querer que pare, bastará com que diga «luz vermelha», de acordo?

Ela assentiu lentamente. Em realidade, o que compreendia era quanto atrativo estava ele ali, junto à cama, sobre tudo com aquela excitação tão evidente. Dana se perguntou o que ganharia Jared com aquele jogo.

Como se ele tivesse adivinhado seus pensamentos, disse-lhe:

-Não se trata de mim. Trata-se de você. Eu posso dirigir as coisas... E como faço é comigo.

-E eu não posso averiguar? -perguntou ela. Ele riu.

-Sim, algum dia.

Jared se aproximou da cama e apoiou um joelho. Estreitou-a em seus braços e sussurrou:

-Luz verde - baixou a cabeça e a beijou.

No momento em que sua língua penetrou a boca da Dana, um ardente desejo se apoderou dele. Nunca havia desejado a ninguém daquela maneira tão desesperada. Beijou-a da mesma forma em que tinha sonhado fazê-lo, e se sentiu feliz ao ver que ela devolvia com a mesma paixão. Aquilo o excitou mais ainda.

De repente, ela deixou de beijá-lo e disse quase sem fôlego:

—Luz vermelha. Jared a olhou.

—Tinha que respirar... -explicou-lhe ela. Ele não disse nada, mas seguiu olhando-a. A viu lamber os lábios depois de tomar fôlego.

—Luz verde - disse Dana.

Ele estava preparado. Voltou a beijá-la e a levantou para cima e a apertou contra sua ereção. Não só queria que a visse, mas também a notasse e que visse o efeito que tinha sobre ele. Apalpou seu traseiro, e logo lhe acariciou as coxas. Depois deslizou lentamente sua mão para a zona que havia entre suas pernas. Queria tocá-la, mas tinha um short que o impedia.

Jared levantou e disse:

-Luz vermelha - sorriu para ouvir o gemido de frustração da Dana-. Posso tirar sua camiseta e os shorts?

Dana o olhou um momento, derretida sob o olhar do Jared.

-Luz verde - respondeu.

Jared quase ficou sem fôlego. Dana havia dado luz verde para seguir adiante, e ele ia tentar aproveitá-lo.

Inclinou-se para ela e lhe tirou a camiseta, e a atirou. Dana ficou com o torso nu, à exceção de um sutiã negro. Jared ficou com água na boca ao imaginar-se em seus seios. Mas ele era um homem de palavra, e lhe havia dito que a deixaria decidir. Se não queria tirar o sutiã, provaria seus seios sem tirar-lhe.

Olhou seus shorts, estendeu a mão, e quando ela levantou os quadris, os tirou. Tinha calcinha negra. Nunca havia gostado tanto de uma roupa íntima negra como naquele momento. Atirou os shorts junto à camiseta. Logo, de joelhos se inclinou para ela e levantou seu sutiã.

Dana se estremeceu, mas não protestou. Naquele momento ele não poderia tirar os olhos de seus seios mesmo se alguém tivesse gritado « Fogo!».

Teve que controlar sua respiração. Dana tinha os seios mais formosos do mundo! Eram grandes e firmes. Jared a olhou.

-Continua verde a luz? -perguntou sedutoramente.

-Sim.

Aproximou-se e segurou seus seios. Logo riscou um círculo com a ponta de seu dedo no mamilo. Primeiro um, logo o outro. Ouviu-a respirar profundamente. Isso o excitou mais. Inclinou-se levemente e capturou um mamilo entre seus dentes. Logo o acariciou com a língua para excitá-la mais.

Dana apertou a mão em um punho ao sentir um prazer que jamais havia sentido. Logo que podia permanecer na cama, com aquelas sensações que a fazia sentir Jared. Tomava um e outro seio, jogava com seu mamilo, os metia na boca, torturava-a com sua língua...

Dana fechou os olhos. Deixou escapar um gemido. E se deu conta de que Jared também o tinha ouvido. Mas ele não deixou de fazer o que estava fazendo. Ela havia sonhado com ele fazendo aquilo.

Quando sentiu que Jared deixava seus mamilos, abriu os olhos e o olhou.

-A luz está verde ainda? –perguntou Jared. Ela assentiu. Não podia falar.

-Então, se deite pediu ele.

Ela obedeceu. E seu ventre se contraiu quando ele começou a riscar um caminho de beijos desde seus seios até seu umbigo. E se por acaso isso fosse pouco, sentiu seus dedos deslizar-se por suas coxas, provocando um forte batimento do coração entre suas pernas. Dana se esqueceu de toda idéia de resistência. Tinha-lhe dado à luz verde para que fizesse o que quisesse. E ao parecer, os desejos mais ferventes dele a agradavam.

Jared notou o calor da Dana. Cheirou sua essência e sua ereção aumentou. Tentou esquecer-se de sua excitação e concentrar-se em Dana. Deslizou um dedo pelas coxas e descobriu a umidade de sua excitação.

Os dedos do Jared encontraram o caminho para sua feminilidade. Dana automaticamente abriu as pernas. Logo Jared colocou mãos à obra, acariciando-a para diante e para trás, uma e outra vez, deleitando-se no som de seus gemidos, em seus ronroneios sensuais, no modo em que pronunciava seu nome.

Sem deixar de acariciá-la com a mão, tirou sua boca de seu umbigo e voltou para seus lábios, mordendo-os, desenhando-os com sua língua de lado a lado, e logo penetrou sua boca com ardente paixão, sem deixar de acariciá-la com os dedos. Notou que Dana estava mais excitada, mais úmida, mais quente. Não podia ficar quieta. Movia-se para cima e para baixo contra seus dedos, levantando seu traseiro.

-Jared!

E então ocorreu. Ele o sentiu e continuou o que estava fazendo, mas levantou a cabeça para olhá-la. Pareceu-lhe que era formosa tendo um orgasmo, e soube naquele momento que queria vê-la na agonia do prazer o resto de sua vida.

Pestanejou. E rapidamente apartou aquele pensamento e se perguntou que loucura estava pensando. Dana não tinha lugar em seu futuro. Nenhuma mulher tinha. Mas isso não o absteve de estreitá-la em seus braços e de beijá-la, e de provar o doce sabor de seu suor na frente enquanto seus espasmos foram terminando.

Sentiu sua ereção pulsando intensamente. Mas queria reprimir sua própria necessidade. Aquele era o momento da Dana, e seria só o começo. Um dia chegaria seu momento. Mas enquanto isso...

Jared baixou a cabeça e a beijou. Não entendia por que precisava sentir seu sabor com aquele desespero. O beijo foi rápido, intenso e satisfatório. Ela suspirou e o sexo do Jared voltou a esticar-se.

-O que acha de sairmos amanhã à noite? -sussurrou ele momentos mais tarde quando ela estava aconchegada em seus braços, enquanto ele a abraçava.

No fundo de sua mente, ainda podia ouvir os gemidos de prazer da Dana.

Dana o olhou. Como podia estar pensando no dia seguinte quando ela ainda estava afetada pelo que acabava de fazer? Ela não se imaginou que podia existir um prazer tão grande. E tudo com seus dedos. Não queria pensar o que seria fazer o amor com ele.

-Amanhã? -quase não podia falar.

-Sim, amanhã. Podemos sair para jantar, ver um filme e logo dar um passeio pelo Stone Mountain. Qualquer lugar que não tenha uma cama. Você, mulher, é uma tentação muito grande.

Ela se moveu em seus braços e o olhou. Talvez fossem seus hormônios as que pensavam por ela, mas quando se tratava do Jared, queria desfrutar do que podia lhe dar, sem medir as conseqüências.

-De acordo. Iremos onde quiser. Você decide.

Ele assentiu e ela o observou levantar-se da cama. Ainda tinha postos às calças e a camisa e estava tão desalinhado como ela. Então ela recordou algo importante.

-Esta foi minha primeira vez, sabe? Ele a olhou.

-Sua primeira vez do que?

Ela duvidou o que dizer. Mas ao vê-lo esperar sua resposta, disse:

-Meu primeiro orgasmo.

Ele a olhou em estado de choque. Quando passou, aproximou-se da cama e a abraçou. Logo a obrigou a olhá-lo.

-Me alegro de que tenha compartilhado esta primeira experiência comigo.

-Eu também - sorriu ela.

Jared a beijou novamente. Ela sentiu seu desejo, mas também uma ternura que a sobressaltou.

Jared se separou dela lentamente, atravessou o quarto e recolheu seus shorts e sua camiseta. Voltou para a cama passou a vesti-la, em silêncio.

Quando estava vestida, Dana o olhou. Acariciou-lhe a bochecha com um dedo.

-Te ligo amanhã.

-De acordo - logo se deu conta de que precisava lhe dizer algo mais-. Almocei ontem com sua mãe.

-Sim? -perguntou Jared, surpreso.

-Sim. ela me ligou e convidou para almoçar no Chase's Agrada. É encantadora, Jared. Realmente me incomoda ter que lhe mentir, embora saiba o motivo pelo qual o fazemos.

Ele assentiu e fixou seus olhos nela.

-Não se preocupe. Tudo sairá bem. Ela sorriu fracamente.

-Espero que tenha razão.

Mas uma parte dela o duvidou.

Porque estava se apaixonando por ele.

 

                                             Capítulo Sete

-O que quer dizer com que existe uma possibilidade de que o menino seja meu? -pergunto Sylvester Brewster, em estado de choque.

Jared tirou os documentos do envelope e olhou para o homem.

-O que digo é que, de acordo com este relatório médico, apoiado no exame médico que fez a semana passada, não é estéril. De fato, tem uma boa recontagem de espermatozóides.

Sylvester se afundou na poltrona.

-P... Mas... o que aconteceu com essa enfermidade que tive na infância?

-Segundo o doutor Frye, é possível que tivesse uma recontagem de espermatozóides em algum momento, mas não há sinal de que tenha sido totalmente estéril em nenhum momento. Não há nada documentado na história clínica.

Sylvester agitou a cabeça, fechou os olhos e disse:

-Não pode ser...

-Informaram-lhe mau. O médico que te diagnosticou esterilidade quando foi pequeno, evidentemente, equivocou-se. E como é capaz de ter filhos, é bastante possível que o menino de sua esposa seja seu, como ela diz.

Sylvester deixou cair à cabeça na mesa de Jared.

-Maldita seja, Jared! Não sabe tudo o que lhe tenho dito! As coisas das quais a acusei! Jared assentiu. Podia imaginar, Sylvester levantou a cabeça confuso e perguntou:

-O relatório médico diz que não é estéril. Não prova que o menino seja definitivamente seu. O próximo passo é pedir uma amniocentesis.

Sylvester levantou a cabeça, confuso e perguntou:

-Uma o que?

-Uma amniocentesis. É uma prova que lhe faz à mãe, geralmente da semana quatorze à semana vinte e quatro de gravidez, para determinar a paternidade de um não nascido. Podemos ter os resultados dentro de duas semanas.

-Não.

-Não? —Jared levantou uma sobrancelha.

-Não. Já a humilhei o bastante. Viu a imprensa amarela esta manhã? Alguém passou minhas acusações aos meios de comunicação, e está tudo aí. Jackie não me perdoará jamais por não confiar nela.

Jared pensou que era possível. Aquela manhã havia falado com o advogado da Jackie Brewster, quem lhe tinha informado que sua cliente se sentia ferida e estava furiosa, mas que não tinha inconveniente em fazer uma prova de paternidade. Uma vez que se demonstrasse a Sylvester que era o pai do bebê, pensava processá-lo por tê-la humilhado publicamente, e iria lhe dar por isso até o último cêntimo que tivesse.

Jared olhou para Sylvester.

-Aconselho que não tome nenhuma decisão hoje. Leve o relatório para casa e lê-o, e logo marcaremos um dia da semana próxima para falar sobre como vamos proceder.

-Não quero o divórcio, Jared. Quero voltar com minha esposa. Estava equivocado. Devia confiar nela. Eu a amo e lhe devo uma desculpa imensa.

Para Jared quase lhe escapa dizer que fazia duas semanas, quando acreditava que era estéril, havia-lhe dito algo muito diferente.

-Sim, mas duvido que a senhora Brewster tenha essa idéia agora na cabeça. Segundo seu advogado, não quer te ver, nem pensar em você. Como seu advogado, sugiro que não tente um contato com ela até que determinemos nosso próximo passo.

Trinta minutos mais tarde, Jared estava olhando pela janela. Sylvester se tinha metido em uma confusão. O amor que sentia por sua esposa havia sido manchado por sua desconfiança. Teria alguma possibilidade de sobreviver seu matrimônio? Esperava que sim, pelo Sylvester.

Jared suspirou e desviou seus pensamentos dos problemas de Sylvester aos seus próprios. Embora pudessem resumir-se em um só nome: Dana.

Poucas vezes em sua vida se sentou em uma situação que não podia dirigir. E aquela era uma delas. Respirou profundamente. O que tinha acontecido entre eles no dia anterior lhe havia afetado de um modo perigoso. E o curioso era que não tinham feito amor. Entretanto, tinha compartilhado com ela algo que não tinha compartilhado com nenhuma outra mulher.

Enquanto a tinha beijado e acariciado, havia sentido que ela era a única mulher que poderia querer. À única que queria em sua vida. Maldita seja! Aquele compromisso fingido lhe estava afetando os neurônios, e o estava confundindo terrivelmente.

Não tinha sido fácil deixá-la na noite anterior, e antes de partir sentou na cama e a tinha abraçado. Ficaram assim, durante um momento. O único som que havia quebrado o silêncio tinha sido o miado do Tom à porta do quarto. Até agora, a lembrança do que tinha acontecido lhe produzia uma opressão no peito, uma sensação de necessidade a que não estava acostumado.

Olhou seu relógio. Tinha que buscá-la as seis para ir jantar. E não via a hora de vê-la, de beijá-la com o desespero que sentia. Definitivamente, não podia deixar de pensar em Dana Rollins.        -Quer mais vinho?

-Não, obrigado, Jared - Dana tentou não olhá-lo. Cada vez que o olhava, sentia uma pontada no coração.

-Está preparada para sua viagem deste fim de semana?

Ela o olhou e fez o esforço de sorrir.

-Sim. Estou preparada. É uma viagem curta, assim não preciso levar muitas coisas.

-Eu gostaria de ir com você.

-Por quê? -perguntou Dana abrindo muito os olhos.

Jared se deu de ombros.

-Eu não gosto da idéia de que dirija sozinha tantas horas.

Ela agradeceu sua preocupação.

-É algo que faço todos os anos - disse Dana-. E quando chega o aniversário de meu pai, em setembro, volto a fazer. Não é tanto.

Jared franziu o cenho. Para ele sim era.

-Você compartilhou o aniversário de meu pai comigo, e eu quero estar ali para compartilhar o aniversário de sua mãe com você.

Dana olhou sua taça de vinho. Como não ia apaixonar se pelo Jared se dizia algo assim?

Lentamente elevou o rosto e lhe disse:

-Obrigado, Jared, mas não é necessário. Ele sorriu.

-Para mim, sim é - respondeu Jared e se inclinou para ela-. Além disso, faz anos que não vou a Jekyll Island e eu gostaria de voltar ali.

Dana respirou profundamente. Tinha vontade de dizer que era melhor que fosse em outro momento, que precisava estar sozinha, mas não pôde. Usou outra estratégia.

-Não acredito que seja boa idéia que saiamos juntos da cidade, Jared.

-Por quê? Pensou isso ontem à noite?

Dana estremeceu ao recordar. De pequena tinha jogado muitas vezes a «Luz verde, luz vermelha», mas nunca daquele modo, nem com alguém como Jared.

-Por isso, entre outras coisas - disse finalmente. E não queria que perguntasse essas coisas.

-Sei que tem medo que te leve para cama, Dana. Mas acredito que está claro que você não quer, e que eu não vou te pressionar. Isto não tem nada que ver com estarmos indo pra cama.

-Então, do que se trata Jared?

-Quero estar com você e desfrutar de sua companhia. Eu gosto de falar com você.

Dana sabia que Jared escondia algo. O conhecia o suficiente para saber que havia algo que o inquietava. Sentia.

-Há algo mais? Sua mãe está bem? Ele a olhou um momento e depois de respirar profundamente, disse:

-Falei com meu pai hoje e me disse que chamaram minha mãe ao e hospital. Cancelaram a operação de outro paciente e parece que podem operá-la em seu lugar. Será na semana que vem. Não teremos que esperar duas semanas.

Dana assentiu.

-São boas notícias, não?

-Sim, mas...

-Mas o que?

Jared passou a mão pelo pescoço.

-Nada. Só estava recordando de como foi na outra vez.

Dana o compreendia. Estendeu a mão, tomou a sua e a apertou. Em parte se alegrava de estar com ele naquele momento e de compartilhar seus mais íntimos temores.

-Não podemos fazer nada mais que ter esperanças e rogar que tudo vá bem, Jared. Sei que seus irmãos, seu pai e você querem muito bem a sua mãe. Sei que seu carinho por ela é o que te levou a representar este noivado, inclusive...

Dana deixou sua mão e encostou-se ao assento, esperando haver dito algo que o fizesse se sentir melhor. Sabia que Jared estava preocupado. Mas ela pressentia que Sarah Westmoreland sairia daquilo sem problemas.

-Como se conheceram seus pais? —perguntou Dana, para que ele se lembrasse dos bons momentos.

-Minha mãe e minha tia Evelyn eram amigas íntimas. Ambas se criaram em Birmingham, Alabama. Quando terminaram o colégio, minha tia Evelyn veio a Atlanta a visitar sua tia. Em sua primeira semana de estadia aqui conheceu meu tio John em um pic-nic da paróquia. Escreveu a minha mãe contando que se apaixonou e pedindo que viesse a Atlanta para ser sua dama de honra. Fazia pouco mais de uma semana que conhecia seu futuro marido! -Jared sorriu-. Minha mãe, curiosa como é, subiu em um ônibus nesse mesmo dia e veio a Atlanta para convencer minha tia Evelyn de que era uma loucura. Ela não pensava que existia o amor à primeira vista, como imaginara.

Dana riu brandamente.

-E o que aconteceu depois? Jared sorriu.

-Quando chegou, conheceu o irmão gêmeo do John, James, e se apaixonou tão perdidamente como minha tia Evelyn. Meus pais se casaram duas semanas mais tarde que meu tio e minha tia.

-É uma bonita história de amor. Jared deu de ombros enquanto tomava sua bebida.

-Sim, verdade.

Fazia muito tempo que não pensava em como se conheceram seus pais. Apaixonaram-se imediatamente e não pensaram nos momentos altos e baixos que aconteceriam. Simplesmente sabiam que se amavam e queriam estar juntos. Para eles, isso era a única coisa que importava.

Jared suspirou profundamente, olhou seu relógio e disse:

-Está na hora de irmos. Esta noite será boa para passear pelo parque. Gostaria de ir?

-Ela olhou para ele, e de repente compreendeu a necessidade que ele tinha de afastar por alguns dias dali-. Eu adoraria que me acompanhasse se de verdade deseja ir a Brunswick comigo.

Ele sorriu.

-Gostaria.

-Bem.

Uma hora mais tarde, Jared a acompanhou a sua casa. Foi até a porta e disse:

-Gostei muito de estar com você esta noite, Dana - tomou suas mãos. Seu contato a estremeceu.

-Eu também gostei de sua companhia. Gostaria de entrar e tomar algo? Ele agitou a cabeça.

-Não, é tarde. E é melhor ir. Dana deixou escapar a respiração que estava contendo. Por um lado se alegrava de que ele tivesse recusado seu convite, e por outro desejava estar a sós com ele. Queria que a beijasse. E mais alguma coisa.

-Então, boa noite - disse ela, olhando-o.

Ele pegou sua mão e a levou até a porta da entrada, onde estava mais escuro. Ela sabia que viria um beijo, desejava-o, e gemeu aguardando o momento em que suas bocas se tocariam. Sentiu um calor intenso, um imenso prazer quando sua língua se encontrou com a sua. Ela ficou ali, de pé, agarrada aos sólidos ombros de Jared para sujeitar-se, enquanto ele a levava a outro mundo, deleitando-se em seus lábios como se fosse uma comida para saborear.

Quando finalmente Jared parou de beijá-la, ela teve que apoiar a cabeça em seu peito viril, enquanto continha a respiração. Jared podia despertar a paixão apenas ao tocá-la, com um só beijo, ou um olhar. E ela havia sentido sua sólida ereção pressionando seu ventre através do tecido de sua saia. Estava tão excitado como ela.

-Entra em casa, Dana - sussurrou Jared contra seus lábios, depois de soltá-la brandamente. Deu um passo atrás.

Ela engoliu a saliva.

-Boa noite, Jared - disse e voltou para abrir a porta com a chave.

-Boa noite. Amanhã à noite vou jogar bilhar com meus primos e Reggie, mas na sábado pela manhã virei buscá-la cedo. As sete está bem?

Ela se voltou e ao vê-lo sentiu uma revoada de mariposas no estômago. Jared havia dado um passo atrás e tinha ficado sob a luz. Era alto e arrumado. E estava tão atraente com essa pose tão sexy!

-Sim. As sete está bem. Quando vier estarei pronta para que partamos.

-De acordo.

Dana lhe dedicou um último olhar e abriu a porta.

Uma vez dentro, apoiou-se na porta até que sua respiração se acalmou.

Como faria para sobreviver a um fim de semana a sós com Jared Westmoreland?

Jared ficou de pé ao lado da Dana enquanto ela colocava o buquê de flores para sua mãe.

Quando havia passado há primeira hora, a tinha encontrado fresca e animada, o oposto dele as primeiras horas da manhã. Podia ser insuportável antes de beber ao menos uma xícara de café. Mas tinha aberto a porta com um sorriso, pronta para sair.

Durante a viagem tinham falado de diferentes coisas, de lembranças de quando ela tinha estado em Brunswick, de seus pais... Dana lhe contou que estavam acostumados a comer ao ar livre no jardim, recordou quando foram à igreja os domingos, e que ela ia sempre beijar seu pai quando voltava do trabalho.

Tinham parado uma vez para comer, mas o resto do trajeto havia feito sem parar até a cidade. Uma vez ali, tinham procurado uma floricultura para comprar um buquê, e logo tinham ido ao cemitério.

Jared tinha pensado em ficar no carro, para que ela tivesse um momento de privacidade, mas uma parte dele queria estar com ela, a seu lado, fazendo-a perceber que estava com ela, compartilhando aquele momento, que ela era importante para ele.

Depois de um momento de silêncio, Dana se ergueu e se apoiou nele com naturalidade, e ele lhe deu o apoio que necessitava.

Envolveu-a com seus braços em volta de seus ombros e a apertou contra ele.

-Está bem ?

Ela tentou sorrir, e quando Jared viu suas lágrimas lhe deu um nó na garganta.

-Sim, estou bem. Só que este ano é mais duro, porque meus pais fariam trinta anos de casados. Casaram-se o dia do aniversário de minha mãe - Dana o olhou com os olhos nublados-. Minha mãe sempre recordava meu pai que o dia de seu aniversário devia receber dois presentes, e ele, é obvio, satisfazia-a. Queriam-se muito. Em certo sentido, penso que se tinham que morrer, foi melhor que o fizessem juntos. Não posso imaginar a meu pai vivendo sem minha mãe e vice-versa. Começaram a sair na época do colégio, e estavam tão unidos, tão compenetrados! Mas o mais bonito é que nunca me fizeram sentir excluída. Meu pai dizia que eu era o melhor presente do amor deles.

Jared assentiu. Sabia que ela precisava falar botar suas emoções para fora. E ele começava a dar-se conta de que alguns matrimônios duravam. O de seus pais havia durado. O dos pais de Dana também. E o de seus tios.

Durante um momento ficaram calados, como se necessitassem do silêncio. Admirava sua força para ir duas vezes ao ano e enfrentar à lembrança da dor da perda com aquela integridade e ternura. Não podia imaginar que o chamassem um dia, que lhe dissessem que seus pais já não estavam, assim desse modo. Mas pelo menos, ele tinha a seus irmãos se algo assim acontecesse. Dana não tinha ninguém.

Mas esse dia Dana tinha a ele, e Jared queria que soubesse. Jared tomou a mão e entrelaçou seus dedos aos seus. Alegrava-se de ter ido, de estar com ela em um momento como aquele, tão privado. Para ele era importante que fora em seu ombro que ela se estava apoiando. E pela primeira vez em sua vida sentiu que estava em perigo. Em perigo de perder seu coração.

-Obrigado, Jared. Ele a olhou.

-Não tem que me agradecer por isso Dana. Neste momento não poderia estar em melhor lugar do que aqui, com você - disse com sinceridade-. Está pronta para partir?

-Sim.

Uma vez no carro, Jared tomou o caminho de Jekyll Island. Sua secretária tinha feito reserva em um hotel. Não sabia se Jeannie teria achado estranho que estivessem em quartos separadas, mas não havia dito nada.

Olhou para Dana.

-Está com fome? Ela negou com a cabeça.

-Não. Estou esgotada e acredito que vou dormir um pouco quando chegarmos ao hotel.

Ele sorriu. Era possível que estivesse cansada, mas não se notava. Estava estupenda com calça cumprida e camiseta. Voltou a olhá-la. Não tinha havido nenhuma ocasião em que ele não se sentisse excitado com a roupa que ela usasse.

Jared se imaginou com ela no hotel, em seus braços, fazendo muitas coisas, mas não dormindo.

Dana despertou acalorada e suada. Quis continuar o sonho em que Jared estava com ela na cama, nu, rodeando-a com seus braços, apertado contra seu corpo.

Havia sentido a umidade de sua pele, a perfeição de seus músculos sob suas mãos, e a textura do pêlo de seu peito lhe roçando os seios, que se enrijeceram com seu contato.

Dana se esticou na cama e respirou profundamente enquanto tirava o cabelo do rosto.

Quando Jared a havia acompanhado até à porta de seu quarto tinha lhe dado um beijo na boca, mas não tinha sido um beijo qualquer. Tinha sido um beijo quente. Sua língua se deslizou por sua boca e logo lhe havia sugado, lhe deixando uma marca. Sua marca.

Olhou sua boca. Ainda sentia o calor. Logo olhou a porta de seu quarto, a que separava o dele, era como um escudo, uma barreira, uma porta que conectava ambas as habitações. Mas se fosse aberta...

Perguntou-se se Jared estaria em seu quarto. Teria dormido um pouco? Teria sonhado com ela?

Levantou-se e decidiu que era hora de aproveitar de algum prazer físico. Outro dia Jared havia demonstrado o que seu corpo esteve perdendo. Tinha-lhe dado uma amostra do que podia ser o prazer, se ela decidisse aceitá-lo.

A visita ao jazigo de seus pais lhe tinha feito pensar em quão imprevisível podia ser a vida. A vida não tinha garantias, não havia promessas. Não havia nada para sempre.

A única coisa existia era o momento. E terei que aproveitá-lo. Jared sempre tinha sido sincero com ela. Nunca tinha ocultado o que pensava do matrimônio. A semana seguinte, se tudo fosse bem com a operação de sua mãe, ele desapareceria de sua vida. Mas, maldita seja! Ela não queria que desaparecesse sem ter provado algo que recordaria sempre.

Voltou-se quando ouviu o suave click na porta que conectava ambos os quartos. Arrumou o cinto do roupão de seda e foi abrir. Quando o viu respirou profundamente, e aspirou sua fragrância. Ali estava, alto, arrumado, sexy e ardente. Sentiu um aperto no coração.

Com qualquer roupa era igualmente atraente. Um homem que qualquer mulher queria para si. Qualquer mulher desejaria que a despisse que a beijasse até deixá-la sem sentido, e que lhe fizesse amor com ardente paixão.

E era o homem que qualquer mulher queria dar o coração.

De repente se deu conta de que já estava completamente apaixonada por ele. Amava-o com todo seu ser. Durante as últimas duas semanas tinha conhecido o suficiente para saber que era um homem inteligente, íntegro. E havia demonstrado desde o primeiro dia em que ela havia ido a seu escritório, quando ele foi além de onde qualquer um consideraria ético e lhe tinha dado o conselho de que se preservasse de mais problemas e humilhação, evitando problemas que lhe fariam perder mais dinheiro.

Também era grata pela forma em que tinha lhe demonstrado que o sexo não estava supervalorizado, e que valia a pena se fazia com a pessoa apropriada. E nesse mesmo dia, tinha ido a Brunswick com ela lhe dando seu ombro e compartilhando com ela sua dor.

-Espero que não te acordado, Dana.

Ela engoliu em seco ao olhá-lo.

-Não estava acordada. Você dormiu? Ele sorriu

-Não, não pude. E fui ver uma partida de tênis pela televisão. Jared olhou a cama de relance.

-Gostou de seu quarto? -perguntou ele.

Ela sorriu. Era um dos melhores hotéis da praia.

-É maravilhoso, Jared. Obrigado. Não esperava algo tão luxuoso.

Jared assentiu. Ele sabia que não esperava. Essa era uma das coisas que a faziam tão especial.

Dana estava muito sexy. E para cúmulo, havia uma cama.

-Quer dar um passeio pela praia antes do jantar? -perguntou Jared-. Podemos jantar no restaurante de abaixo ou, se preferir, em nossos quartos.

Dana baixou o olhar e tomou uma decisão rápida.

-Eu adoraria dar um passeio pela praia, e se não se importar, prefiro jantar aqui.

-De acordo.

Ela continuou olhando para ele, e notou que ele se deu conta de que algo havia mudado nela. Também sabia cumpriria sua palavra, que levaria as coisas com calma, com paciência, e que não a pressionaria, mas que estaria disposto quando ela quisesse. E quando ele se lançasse ninguém o pararia. Isso esperava!

Ela queria tudo o que ele queria lhe dar. E sabia que não haveria caminho de volta. Mas seriam lembranças inesquecíveis que entesouraria o resto de sua vida, embora durasse um momento.

-Será melhor que deixe você se vestir, então - disse ele.

Ela sorriu.

-Sim. Assim poderemos aproveitar o que resta de luz.

Ele assentiu. Logo se inclinou e lhe deu um beijo, suave, que a embriagou.

Logo deixou de beijá-la, mas não deixou de olhar sua boca. Finalmente, respirou profundamente.

-Chamarei na porta quando estiver pronta - sussurrou Dana.

Fechou a porta e se apoiou nela.

Que beijo! Jared era um professor da sedução!

Sorriu. Jared era um professor excelente. Sabia que havia mais lições a aprender, mas já sabia o suficiente para o que precisava fazer com ele.

Naquele momento não podia pensar em outra coisa que em seus planos para excitar Jared Westmoreland.

                                        Capítulo Oito

Jared pensou que Dana queria deixá-lo louco. Louco de desejo.

Duvidava seriamente que pudesse manter a prudência, e seu controle, durante muito mais tempo. Em qualquer momento a estreitaria em seus braços, a jogaria sobre a mesa e a tomaria como sobremesa. Dana era uma tentação. Dava-lhe água na boca.

A sedução tinha começado quando ela apareceu em sua porta e havia dito que estava disposta a dar um passeio pela praia. Ele se sentiu seduzido por sua roupa: um short jeans e uma camiseta com fita no decote. Havia sentido a tentação de lhe desatar o laço e deixar seus peitos livres. E não queria pensar quão sensual seria seu ventre liso nu, com esse umbigo que já havia acariciado há poucos dias.

Tinham caminhado de mãos dadas pela praia, desfrutando do pôr-do-sol e do oceano. Tinham falado sobre um montão de coisas. Sobre o tempo, a economia, sobre livros que tinham lido e comidas exóticas que tinham provado. Logo a conversação havia passado ao tema da família Westmoreland e a espera que tinham ante o nascimento dos gêmeos da Jayla e Storm em uns meses. Dana escutou, e notou a excitação na voz do Jared. Sentiu tristeza ao pensar que ela já não estaria perto dele para compartilhar esse momento

Na vida de Jared. Ele também devia ter-se dado conta.

Dana o olhou. Ele a estava olhando tão intensamente que ela se sentiu derreter. O tema dos gêmeos lhe recordava que eles não tinham um futuro juntos.

Durante o resto do passeio ficaram calados, cada um envolto em seus pensamentos. Pensamentos que preferiram não compartilhar.

Quando voltaram para o hotel, resistentes, foram se trocar para o jantar, cada um em seu quarto. Uma hora mais tarde levaram o jantar ao quarto de Jared. Até ele teria admitido que era uma noite romântica à luz das velas e com suave música de fundo, cortesia da administração do hotel. Evidentemente, Jeannie havia dito que eram um casal de noivos recém comprometido quando havia feito a reserva do hotel, e o pessoal do hotel queria ficar bem com eles, se por acaso ainda não tinham decidido onde passariam a lua de mel.

Uma lua de mel que nunca teria lugar.

Pela segunda vez Jared se sentia torpe, como se lhe tivessem paralisado os sentimentos. Não fazia mais que pensar que a relação entre eles não tinha um futuro. Dizia-se todo o tempo que deixasse já essa história, que voltasse a si, mas o obcecava. Ordenou-se que deixasse se desfrutar daquilo. Não era momento para pensar nisso. Quando a única coisa que queria fazer era concentrar-se na mulher que tinha em frente, bebendo o champanha que lhes havia dado o hotel, enquanto ela o observava com aqueles lindos olhos.

A temperatura de seu corpo aumentou alguns graus. Esteve excitado durante todo o jantar com tudo o que ela fazia. Até vê-la abrir a boca para comer o excitava! Tinha os lábios muito sensuais e cada vez que os usava, ele sentia que se incendiavam suas partes baixas.

Não pôde evitar perguntar-se no que ela estaria pensando. Não estava muito conversadora e o advogado que havia nele, sempre alerta e agudo, estava esperando que lhe dissesse algo. Algo que lhe desse a pista do que estava passando por sua cabeça.

Com a incerteza o estava matando, disse:

-No que está pensando? Ela sorriu.

-Estava pensando quanto estou feliz por ter vindo comigo e como e boa sua companhia.

-Eu também desfruto da sua. Era verdade. Nunca havia sentido tão cômodo com uma mulher que gostava e que desejava.

-Você disse que queria falar comigo sobre uma festa que darão Thorn e Tara - disse Dana.

-O fim de semana seguinte ao Dia das Mães é o primeiro aniversário de casamento de Thorn e Tara. Estão organizando uma grande celebração, e queria saber se estiver livre para ir comigo essa sexta-feira de noite.

Dana sorriu.

-Mas é duas semanas mais tarde que a operação de sua mãe.

-Sim, há algum problema com isso?

-Acreditei que, se tudo corresse bem com sua mãe, não estaríamos...

Jared tomou a sua mão e perguntou:

-Que não estaríamos o que?

-Saindo. Que terminaríamos que romperíamos nosso compromisso.

Jared ficou pensando um momento. Embora fosse verdade que em um momento ele havia pensado romper sua relação assim que pudessem, agora tinha que ter em conta algumas questões.

-Minha família e sobre tudo a minha mãe, achariam estranho que rompêssemos imediatamente depois da operação. Acredito que deveríamos esperar pelo menos algumas semanas para dar a notícia.

E não sabia como iria fazer para deixá-la partir, pensou Jared.

-Cedo ou tarde terá que pôr fim a isto, Jared. Não podemos seguir enganando a todo mundo.

Jared olhou a mão da Dana, logo a soltou lentamente.

-Suponho que tem razão. Se tudo for bem, e minha mãe não necessitar de mais tratamentos, talvez a festa de Thorn e Tara seja a última vez que nos vejamos. O que acha?

-Sim, concordo.

Isso queria dizer que só ficavam três semanas para estarem juntos. Ela já sentia uma grande dor em seu coração, mas não queria estragar aquela viajem.

-O jantar esteve estupendo - disse ela, limpando a boca com um guardanapo.

Jared se excitou. Teria ficado encantado em limpar qualquer miolo de sua boca com sua língua.

Jared abriu o primeiro botão da camisa. Vestiu-se informalmente para jantar, com uma calça cáqui e uma camisa preta. Dana usava um vestido estampado com uma abertura interminável de um lado. Aquele vestido o estava deixando louco até que por fim ela se sentou.

-Eu gosto da vista que se vê da sacada - disse ela indo, com a taça na mão.

-Sim, é espetacular.

Mas não estava falando da paisagem, em realidade.

-Deve ser divino à noite - ela voltou e o olhou com um brilho que ele interpretou como desejo.

Ou seria imaginação dele?

-Sim, é. Se ficarmos um momento aqui, veremos o quanto e belo. Logo será totalmente noite.

-Imagina estar ali de pé, debaixo dessas estrelas?

Quase deixou escapar que bem se imaginava deitado com ela, debaixo das estrelas, fazendo amor.

Jared segurou sua taça e lentamente se aproximou dela. Quando se deteve em frente a ela, um denso silêncio se elevou entre eles enquanto lhe sustentava o olhar, observava sua respiração irregular e cheirava sua fragrância.

Estava excitada.

O era um homem com experiência, que conhecia as mulheres, e teria reconhecido àquela fragrância em qualquer lugar, sobre tudo em Dana. E era a mesma fragrância em que se afogou aquela noite que tinham jogado a «Luz vermelha, luz verde». A mesma que o tinha levado quase ao limite enquanto a estava observando ter seu primeiro orgasmo. Se tivesse tido alguma forma de engarrafar essa fragrância, o teria feito. Aquela noite se mesclava com o perfume que pôs. E a mescla era uma bomba para seus sentidos.

-Façamos um brinde - propôs Dana. Suas palavras romperam o silêncio e a concentração do Jared.

-O que iremos brindar, Dana? -perguntou ele com voz sensual.

Jared estava sentindo um desejo cada vez mais intenso. Sua vontade era agachar-se, levantar o vestido e ir diretamente à fonte dessa fragrância. Com seus dedos e sua língua...

-Proponho um brinde pela vida.

-Pela vida? -Jared lhe cravou o olhar.

-Sim, nos podem arrebatar isso, em qualquer lugar, em qualquer momento. Por isso devemos viver a vida ao máximo, devemos desfrutá-la, apreciá-la. Porque quando se vai, acabou-se tudo. E não se pode fazer nada.

Jared pensou em suas palavras. A vida. Não podia deixar de pensar em como distinta estava sendo sua vida desde que tinha conhecido Dana. «Irrompido», era uma palavra mais exata. No transcurso de oito semanas a havia conhecido, a apresentou a sua família, e os fez acreditar que estava comprometido com ela, comprou um anel muito caro, que tinha intenção de deixar, e tinha fingido o papel de homem apaixonado.

-De acordo. Brindaremos pela vida - disse Jared levantando a taça para tocar na de Dana.

Tomaram um gole de champanha.

-Mmm... Vamos nos divertir um pouco? -perguntou ela, olhando-o por cima da borda da taça.

-Que tipo de diversão propõe? Ela sorriu.

-Eu gostaria de jogar a um jogo - disse Dana com um leve sorriso.

-Um jogo?

-Sim. O jogo de esconder. Eu me escondo e você me busca.

Jared sorriu. Gostava da idéia de fazer isso.

-E o que acontecerá quando eu te encontrar?

-Isso depende - respondeu ela com um sorriso.

-Do que?

-De onde me encontre.

Jared pensou em várias possibilidades enquanto dava uma olhada no quarto.

-Não há muitos locais onde se esconder - comentou Jared. Ela sorriu.

-OH! Entre seu quarto e o meu há alguns.

Se Jared lhe dissesse que esconder-se não lhe serviria de nada já que sua fragrância a delataria. No que dizia respeito a ela, seu nariz era como um radar.

-De acordo. O que quer que faça então? -perguntou ele.

-Que saia durante dez minutos. Quando voltar, o quarto estará no escuro totalmente, e lembre-se que estarei escondida em meu quarto ou no seu.

Jared assentiu. Aquele era o segundo jogo que jogavam juntos, e para alguém que vivia uma vida muito estruturada, era agradável deixar-se levar por Dana.

-Você tem dez minutos. Nada mais - disse Jared enquanto ia para a porta-. Voltarei em dez minutos, esteja pronta ou não.

Dana o observou, lhe dedicando um devastador sorriso antes de fechar a porta.

Ela respirou profundamente e sorriu sedutoramente.

Estaria pronta quando Jared voltasse.

Jared voltou aos dez minutos exatos.

Entrou em seu quarto que estava escuro. Não pôde evitar sorrir quando acendeu a luz. Dana devia ter imaginado que seu perfume a delataria, porque tinha perfumado a habitação para despistá-lo.

Olhou em volta e viu que suas sandálias estavam ao lado do sofá. Evidentemente, as tinha tirado dali. Ele se aproximou e recolheu uma delas. Eram bonitas, e ela tinha um pé muito pequeno e sexy. Deixou o sapato no chão e olhou o sofá. Ao que pareciam, as sandálias não eram as únicas coisas que tinha deixado. Ele também recolheu um lenço que ela tinha usava em volta da cintura.

Jared olhou em volta, com os ouvidos em alerta. A porta que conectava ambas os quartos estava aberta. Atravessou o quarto em direção ao dela. Estava escuro e então acendeu um abajur. Olhou em volta. Não faltava nada, nem havia som algum que a delatasse. E seu perfume também estava naquele quarto. Saiu do dormitório para a sala da suíte. Olhou para o sofá e pestanejou. Ali, formando um atoleiro no chão, estava seu vestido.

Sentiu uma pontada de desejo. Aquele era um jogo muito perigoso. Não tinha esperado que tomasse aquele rumo tão rapidamente, mas não se queixava. Havia dito que seria ela quem decidiria quando estava preparada para que sua relação alcançasse outro degrau. E agora era ele quem tinha que encontrá-la.

Ele era o caçador e encontraria sua presa.

Com determinação, caminhou para a pequena cozinha que tinha um armário e uma mesa. Abriu um armário e o encontrou vazio.

Então voltou sobre seus passos em direção ao dormitório dela para olhar no banheiro. Encontrou-o quase vazio. Um sutiã de encaixe vermelho estava pendurado em um abajur do teto. Ele estendeu a mão e o pegou.

Estava muito excitado.

Quando entrou novamente no quarto dela, agachou-se e olhou debaixo da cama grande: Nada. Abriu o armário e saiu na varanda. Não havia nada.

Sentiu frustração mesclada com uma intensa excitação. A pressão de sua ereção contra sua cueca o estava matando. Quando a encontrasse, ela pagaria por aquela tortura.

Atravessou novamente a porta de conexão e voltou para a sala da suíte dele. Olhou em volta. A porta estava fechada e ele recordava havê-la deixado aberto. Sentiu a esperança de uma possibilidade, e seu corpo se excitou ainda mais enquanto atravessava a sala lentamente. Olhou para baixo quando ia agarrar o trinco e descobriu uma peça vermelha. Agachou-se e a recolheu. Era pouca coisa, um pedaço de tecido, mas sabia bem o que era e de onde procedia.

Levou o objeto ao nariz e inalou a fragrância dela, distinta de seu perfume. Decidindo que definitivamente não necessitaria mais, Jared levou o minúsculo objeto ao bolso de atrás da calça.

Abriu lentamente a porta enfrentou a escuridão. Logo fechou a porta.

Dana conteve a respiração. Jared a encontrou por fim. Não havia sido bom esconder-se. Tinha acreditado que ele a encontraria fácil, mas, evidentemente, não tinha sido assim.

Ela havia seguido todos seus movimentos desde seu esconderijo. E agora estava ali, em seu dormitório, em sua cama, esperando-o, completamente nua.

A decisão estava tomada. E não se arrependia.

Recordaria aquela noite por toda a vida. Porque sabia que ele não fazia nada pela metade. Era meticuloso, metódico, eficiente.

-Sei que está aqui, Dana - sussurrou Jared no escuro -. E esteja preparada ou não, aqui estou.

Ela ouviu seus passos, lentos, mas decididos. Ouviu o som de sua respiração, rápida e irregular. Conteve a respiração quando Jared estava mais perto da cama. Sentiu sua presença e cheirou sua essência masculina.

E quando ele acendeu o abajur, olharam-se. Logo Jared baixou o olhar até o lençol que cobria o corpo nu dela. Depois voltou a olhar seu rosto.

-Te encontrei - disse Jared um momento mais tarde.

Sua voz foi tão sensual que ela sentiu fogo em sua pele.

-E? O que ganhei?

-O que quiser - respondeu ela.

-O que quiser? -perguntou Jared com os olhos escuros de desejo.

-Sim, o que quiser.

-Está segura?

-Sim.

-E está preparada? -sorriu ele.

Queria estar totalmente seguro. Uma vez que começasse a fazer amor, seria impossível parar. Aproximou-se e lhe tirou uma mecha do rosto. Precisava tocá-la.

-Estou preparada, sim.

-Não vai se arrepender?

Dana respirou profundamente. Sabia o que estava perguntando e por que. Cedo ou tarde ele desapareceria de sua vida, dependendo dos resultados da operação de sua mãe. Ela sabia e aceitava. E estaria preparada quando acontecesse.

Mas queria agarrar-se a aquele momento. Celebrar a vida. Com ele.

-Não haverá arrependimento, Jared. Sei como é o jogo.

Lentamente, Dana se levantou, deixando cair o lençol. E ouviu como Jared tomava fôlego.

Ficou de joelhos e acariciou seu peito. Logo deslizou a mão para seu ventre liso.

-Vamos falar toda a noite ou vamos fazer o que quisemos desde o começo? -perguntou ela.

Ele estendeu a mão e desenhou seu mamilo com o dedo, brincando com a ponta.

-E o que é o que quisemos?

-Um pouco de nós.

-Um pouco?

-Bem inteiro - sorriu ela.

Jared a estreitou em seus braços e a beijou, acendendo uma explosão de paixão. Beijou-a com uma fome apaixonada. E foi como se as emoções fluíssem sem poder parar.

Dana o rodeou com seus braços e o abraçou. Queria desfrutar do que ele queria lhe dar, e se perguntou por que se negou aquele prazer tanto tempo. Jared era um homem muito especial que sempre a tinha tratado como uma dama. E estaria eternamente agradecida por isso.

Jared a soltou lentamente e deu um passo atrás. Ela sentiu suas pernas tremerem com o impacto do beijo. Jared seguiu olhando-a com aquela intensidade masculina. Ela sentiu calor no ventre, um fogo que ia descendo para suas pernas.

-Esta noite vou fazer todas essas coisas que estive sonhando te fazer - sussurrou ele-. Quero te ver chegar novamente ao orgasmo, que tenha vários, uma e outra vez. Mas esta vez não estará sozinha. Eu estarei aí com você, compartilhando o prazer - suas palavras eram a sedução envolta em seda.

Dana o viu tirar a camisa. Seu torso nu era forte, musculoso. Era bonito com aquela cor escura que ela tanto gostava.

Jared atirou a camisa a um lado. Logo se sentou em uma cadeira para tirar os sapatos e as meias. Logo ficou de pé e tirou a calça.

-Quando te disse que esperaria que você estivesse preparada, sabia que seria uma prova muito dura para minha paciência. Estive te esperando interminavelmente e esta noite vou te demonstrar quanto.

Dana seguiu observando-o. Jared tirou a calça totalmente e a roupa de baixo. Ela pestanejou quando viu seu tamanho. Havia sentido sua ereção muitas vezes, mas vê-la era outra coisa. Era muito bem dotado.

-Mmm... Interessante - sussurrou ela, olhando-o.

-Interessante? -riu ele-. Nada mais?

-Vou esperar para ver como funciona para fazer mais comentários.

Ele riu. Adorava compartilhar essa camaradagem com ela, e de uma vez sentir o fogo do desejo em todo seu corpo.

-Me acredite. Funcionará bem. De fato, pensei que poderia fazer horas extras.

Ficaram em silêncio, olhando-se, como se tomassem consciência do que ia acontecer.

Jared caminhou para a cama e tomou as mãos de Dana. As levou aos lábios e beijou sua palma.

-Provoca coisas em mim que nenhuma mulher provocou. Não quero que pense que o que vamos fazer é qualquer coisa de cama. É algo muito especial para mim. Único.

O amor que Dana sentia por ele aumentou quando o ouviu. Ela o amava com toda sua alma. E essa noite queria entregar-se fisicamente ao homem que amava. Dana decidiu que já tinham falado o bastante, e soltou suas mãos e as dele caíram na cama.

O corpo dele terminou em cima do dela. Ele a olhou, sentindo o calor de sua pele contra a dela, e segurou o rosto entre as mãos. Estudou suas feições como se quisesse gravar em sua memória.

E então ele a beijou, com desespero, devorando-a. E não pôde parar. Desejava-a com um ardor que não podia compreender. Ouviu o gemido de paixão que escapou dos lábios dela e sentiu o calor de seus dedos acariciando suas costas enquanto a língua dele seguia penetrando a doçura de sua boca. Finalmente, a necessidade de respirar e de protegê-la de uma gravites o fez parar.

-Tenho que te proteger - disse ele com ardente desejo.

Ficou de pé e foi até onde estavam as calças. Procurou algo no bolso. Tirou a tanga dela no lugar de sua carteira. Olhou um instante e disse:

-Bonita cor.

Ela riu um pouco envergonhada.

-Fico feliz que te tenha gostado.

Jared a atirou a um lado e procurou no outro bolso. Tirou sua carteira e dela um preservativo. Vários. Sabia que ela o estava olhando enquanto o colocava, e se sentiu afligido pelas sensações que experimentava ao preparar-se para penetrá-la.

Quando terminou, perguntou:

-O que acha?

Viu o desejo nos olhos dela.

-Penso... Que te quero dentro de mim, Jared.

Jared respirou profundamente. Afligia-se com o desejo que sentia por ela, e sabia que não se devia ao tempo que fazia que não estava com uma mulher.

Caminhou lentamente até a cama, deitou e a estreitou em seus braços. Beijou-a apaixonadamente e se entregou ao seu desejo. Logo deslizou a boca até seus seios, decidido a terminar o que tinha feito no outro dia. Seus lábios e sua língua a torturaram de prazer. Tratava-se de um homem que queria que sua mulher se excitasse todo o possível. Jared tomou o tempo necessário para voltar a acostumar-se a sua pele, sem pressa. Gostou do modo em que seus mamilos ficaram duros quando os pôs na boca, enquanto se deleitava neles gulosamente.

Quando a fragrância da Dana se voltou embriagadora, sua mão se moveu com precisão e se deslizou para baixo, até sua parte mais íntima. Encontrou-a completamente úmida. Jared recordou uma cena de seus sonhos com ela e desejou representá-la. Moveu-se e deslizou a boca desde seus peitos até seu umbigo, saboreando sua pele.

Seguiu lhe dando beijos. Rodou com ela e a deixou de costas. Logo lhe beijou as costas, os ombros. E a olhou nos olhos. Por seu olhar soube que ela estava tentando calcular seu próximo movimento. O que o fez voltar para trás e sem dizer nada, sua mão se abriu entre suas pernas. Logo baixou a boca e a dirigiu ao seu centro com faminta intensidade.

Os quadris da Dana se levantaram automaticamente, e para assegurar-se de que ficavam ali, Jared as sujeitou enquanto a devorava intimamente. Ouviu-a gemer com cada impulso de sua língua. Provou seu calor, seu fogo e sua paixão.

-Jared!

Rapidamente Jared se apartou e ficou em cima dela. Beijou-a no mesmo momento que entrou nela com um impulso suave. Recebeu as boas vindas de seu corpo. Ele começou a se mover, fazendo seus impulsos mais fortes e profundos, com um só pensamento em mente: não guardar nada, compartilhar tudo com ela e confrontar as conseqüências logo.

E quando o corpo de Dana explodiu em um milhão de partículas debaixo dele e a levou ao topo do prazer em uma espiral de sensações, ele deixou de beijá-la e afundou o rosto no pescoço dela. E a beijou ali. Marcou-a. E seguiu levando-a ao ponto mais alto com impulsos regulares que demonstravam sua posse.

Essa mesma explosão o surpreendeu. Gritou seu nome enquanto seu corpo se agitava com a magnitude de um terremoto, a força de um furacão e o efeito de uma tormenta de relâmpagos. Tinha encontrado um intenso prazer em seu corpo, muito magnífico para medi-lo, muito enlevado para descrevê-lo.

E soube, quando a terra finalmente deixou de dar voltas, e quando relaxou seu corpo, esgotado e sentindo-se em uma nuvem, que aquela era uma experiência que não tinha compartilhado com nenhuma mulher.

E, nesse momento, Jared se deu conta de que separar-se dela seria a coisa mais difícil que tivesse que fazer em sua vida.

Pouco depois de meia-noite, Jared, descalço, estava apoiado no corrimão da janela. O incessante golpe das ondas contra a borda acalmava os batimentos de seu coração e a irregularidade de sua respiração.

Tinha sensações que jamais havia sentido, e que vinham de diferentes direções. Deixou escapar um longo suspiro, tentando as reprimir. Mas era inútil. Nenhuma mulher o havia comovido tanto como Dana aquela noite, e não tinha sido todo físico.

Fizeram amor toda à noite, uma e outra vez. Tinha compartilhado muito mais que seu corpo com ela. Tinha compartilhado sua alma. Era como se ela se colocasse dentro de seu coração e estivesse ali escondida ainda.

Depois de fazer amor a última vez, havia permanecido deitado, acordado enquanto ela dormia a seu lado. Ele tinha suspirado de satisfação durante um momento depois daquilo. Quando a olhava, sentia-se comovido por parecer tão em paz. Lutando com sentimentos que lhe eram estranhos, levantou-se e pôs a calça. Antes de sair do quarto tinha evitado fazer barulho com a porta. A luz da lua iluminava o corpo de Dana, aconchegada em sua cama, seu corpo nu descansava enquanto dormia. Seus seios firmes o tinham tentado outra vez.

Jared deixou escapar um suspiro, tratando de que seus pensamentos voltassem para o presente. Com ela tinha encontrado uma absoluta satisfação. Da igual quantidade de mulheres com as que se deitou, ou com as que pudesse deitar-se no futuro. Só em seus braços podia encontrar aquela sensação de plenitude.

Jared deu a volta, intuindo a presença dela imediatamente. Sentiu um nó na garganta ao ver que estava usando a camisa dele, que apenas a cobria.

Olharam-se um momento. E logo ela disse brandamente:

-Acordei e me senti sozinha na cama sem você.

Jared não quis lhe dizer que o motivo que o fizera levantar-se tinha sido porque precisava distanciar-se dela. Precisava esclarecer os pensamentos. Fazer amor com ela tinha sido uma bomba.

-Queria ouvir o som do oceano - mentiu Jared. Respirou e continuou-: Mas, sabe o que é o que mais quero fazer?

-Não, o que?

-Fazer amor outra vez.

Uma parte dele queria reunir forças para lhe dizer que dormissem o resto da noite separado. Estavam se metendo em algo com o que não tinham contado. E que decididamente ele não queria. Mas quando ela se foi aproximando dele, só pôde abrir os braços.

Jared a abraçou. Sentiu que a força de vontade que estava tentando recuperar, lhe escapava, e a apertou contra seu corpo. Rodeou-lhe os braços e ficaram um momento assim, corpo contra corpo, alma com alma. E pareceu que suas curvas se amoldavam perfeitamente a seu corpo musculoso.

E então a levantou em seus braços e com passo rápido a levou para a cama. Jared se inclinou e a beijou. Foi um beijo apaixonado, profundo, sensual e exigia total entrega. Os gemidos de prazer dela fizeram que ele explodisse de excitação.

Soltou-a para lhe tirar a camisa, e logo tirou a calça. Depois a abraçou outra vez. Ela sussurrou seu nome, e Jared quis lhe demonstrar desesperadamente com seu corpo o que ela provocava nele e quanto a desejava.

E saber que seu desejo era igualado pelo dela.

Dana, não fazia mais que aumentar sua paixão. E decidiu passar a noite fazendo o amor com aquela mulher, que tinha dominado até sua alma.

Mas ele não podia deixar que ela se instalasse em seu coração, pensou quando começou a beijá-la.

 

                                 Capítulo Nove

-Obrigado por estar aqui, Dana.

Dana sorriu para ele quando este lhe segurou a mão e a apertou brandamente, enquanto se sentavam um ao lado do outro na sala de espera do hospital.

Ela sabia que estava preocupado pelo resultado da operação de sua mãe.

-Não tem que me agradecer por isso Jared. Eu quis estar aqui.

Ela olhou o relógio da parede. Os médicos lhes haviam dito que a operação não duraria muito tempo, e que o médico sairia para falar com a família quando terminassem.

O irmão menor de Jared, Reggie, tinha acompanhado ao senhor Westmoreland ao bar para tomar um café. E seus outros irmãos chamavam constantemente pelo telefone celular para estar a par da operação. Sua tia e seu tio estavam ali e vários de seus primos com suas esposas. A família Westmoreland estava muito unida, obviamente. Ela os admirava por isso.

-Quer que te traga alguma coisa? -ofereceu Dana.

-Não, obrigado - ele sorriu-. Estou bem. O que quero de verdade é algo que não posso ter agora - sorriu sinicamente-. Mas pode ser depois.

Dana sentiu que se apoderava dela um calor interior e que ficava vermelha. Esperava que ninguém notasse. Desde que tinham estado em Jekyll Island tinham começado há passar mais tempo juntos. Tinham jantado na casa de Jared e saído para jantar fora algumas vezes àquela semana, viram vários filmes e foram celebrar o aniversário de Thorn no Chase's Agrada.

E cada vez que faziam amor era melhor que a anterior. As noites em que ele ficou dormindo, havia gostado de despertar em seus braços. Nunca tinha tido que lamentar nada. Tudo era satisfação. A intimidade que tinham compartilhado era tangível, e tão profunda que ela havia chorado várias vezes de emoção.

Aquela noite ia voltar a jantar na casa dele e gostava sinceramente. Dana esperava que tivessem motivos para celebrar, e tinha esperanças de que tudo saísse bem.

Tentou distrair Jared com qualquer conversação, embora soubesse que ele, como todos outros, olhava constantemente o relógio. Seu pai havia voltado e estava caminhando de um lado ao outro da sala de espera.

Todos olharam para o médico quando este entrou na sala.

Jared e seu pai correram para ele.

-Como ela está? -perguntou o senhor Westmoreland com voz tremente.

O doutor Miller sorriu e apertou o ombro do senhor Westmoreland.

-Está bem. E as análises do laboratório confirmam que o tumor não era mais que uma massa adiposa. Sarah se encontra bem, e quando acabar o efeito da anestesia poderá partir. Claro que a semana próxima terá que vir à consulta para controlar sua evolução.

James Westmoreland suspirou de alívio e Dana viu a alegria em todos outros.

-Obrigado, doutor Miller.

-De nada - o médico olhou Jared e a seus primos-. Qual de vocês é o que ficou noivo?

-Eu. Por quê?

-Porque é único assunto que falou sua mãe, desde que saiu em cadeira de rodas para a sala de operações até um segundo antes da anestesia. Está muito contente, e está ansiosa por começar a planejar a festa do casamento. Parabéns — o médico deu a volta e saiu da sala de espera.

Jared olhou para Dana. Seus dedos apertaram a bolsa. Foi um gesto inconsciente que só ele notou. Ela havia aceitado seguir duas semanas mais com a farsa. Mas Jared compreendia que sentisse um peso. Ele também sentia.

Olhou seu rosto. Sabia que ainda depois de que terminasse seu «compromisso» permaneceriam suas lembranças. Não o abandonariam nunca.

Suspirou profundamente enquanto atravessava a sala para onde estava Dana de pé. Precisava do contato com ela. Sua paz.

-Minha mãe está bem - disse. Ela sorriu.

-Isso ouvi. Fico feliz - respondeu ela tão calmamente que apenas a escutou.

Movido pela alegria de que sua mãe estivesse bem e porque tinha vontade de provar os lábios dela, Jared a beijou.

-Se seguirem assim, cumprir-se-á a premonição de sua mãe - disse James rindo, de pé junto a seu filho maior.

-E qual é?

-Que haverá outros casamentos na família Westmoreland antes do verão.

Dana havia se apaixonado pela casa de Jared desde que a tinha visto fazia duas semanas.

Era uma casa de dois andares, em um dos bairros mais caros de Atlanta.

Todos os cômodos eram bonitos, incluindo a sala de projeções.

Tinha cinco quartos, seis banheiros, e uma grande cozinha, um salão e uma sala de jantar, assim como uma sala de jantar menor para o dia a dia. Até tinha uma garagem para quatro carros. E havia descoberto que era dono de uma moto. Jared havia explicado que todos os homens da família tinham uma Thornbyrd, a marca de motos que fabricava seu primo Thorn.

A casa, pensou Dana, era como o dono: grande, interessante, fascinante.

-Fique a vontade - disse Jared.

Tinham passado a maior parte do dia na casa de seus pais, depois de que sua mãe teve alta. Jared havia chamado a seus irmãos dado a boa notícia informando que sua mãe estava bem.

-Precisa de ajuda? -perguntou Dana, sentando-se a mesa da cozinha.

Observou-o mover-se eficientemente na cozinha.

-Não. Vamos comer algo ligeiro e singelo.

-Mmmm... Deixe-me que adivinhar perritos quentes e limonada?

-Não, é algo mais substancioso que isso. De fato, é uma das poucas receitas secretas da família Westmoreland que Chase quer compartilhar: frango à caçarola. Preparei esta manhã antes de ir ao hospital. Assim que somente terei que fazer é esquentá-lo. Também vou preparar uma salada para acompanhá-lo. E pensei que uma taça de vinho cairia bem.

Dana o viu tirar uma forma da geladeira e colocá-la no forno microondas. E tirou os ingredientes da salada.

-Está certo de que não quer ajuda? A última vez que tinha jantado com ele ali tinha pedido a um serviço de refeições prontas.

Ele a olhou e sorriu.

-Não. Já tem feito muito. Realmente agradeço haver faltado ao trabalho e ter vindo ao hospital. Foi muito importante para mim, e sei que para minha família também, sobre tudo para minha mãe. Estou tão contente de que o resultado tenha sido negativo! De certo modo, estava preparado para o pior.

Dana sentiu o tom angustiado de sua voz e imediatamente se levantou e parou em frente a ele. Pôs uma mão em seu braço.

-Mas como já disse Jared, os resultados foram bons e isso é o importante. E ela está bem.

Jared assentiu. Logo houve um silêncio entre eles. Olhou-a. A atmosfera se carregou de desejo. Desejava-a. Sempre a desejava.

Recordava todos os detalhes de quando haviam feito amor a noite anterior. Haviam voltado do cinema e assim que fechou a porta, o desejo se despertou. A ergueu em seus braços levando-a para seu quarto. Depois a despiu e tirou as próprias roupas rapidamente, e com apenas tempo de colocar o preservativo, fizeram amor.

Estendeu um braço para ela no mesmo momento em que soou o forno de microondas.

-Acredito que é hora de comer - disse ele, respirando profundamente.

Ela sorriu.    

-Sim, creio que sim.  

-Você quer nadar comigo? - perguntou Jared mais tarde quando tinham terminado de jantar, e de recolher a louça.     

Ela sorriu.

-E quem disse que sei nadar?

-Simplesmente, imaginei que saberia nadar, e se não souber, eu te ensinarei.

-É um perito nadador?

-Não sou dos piores.

Dana pensou que se nadava com a mesma mestria com que fazia amor, devia ser muito bom.

-Sei nadar. Meus pais quiseram que aprendesse aos quatro anos. Viver nesta Costa, tão perto do oceano, supõe aprender a nadar quanto antes.

-Dana o olhou-: Mas há um pequeno problema.

-Qual?

-Não trouxe traje de banho.     

-Isso não é problema. Estou seguro de que aqui haverá algum que fique bem.

-Não se preocupe - disse ela com um brilho de decepção nos olhos.

Imediatamente, Jared se deu conta do que tinha incomodado Dana.

-É um traje de banho que deixou Delaney, Dana. Estava acostumado a deixar vários aqui se por acaso vinha e queria nadar- atirou dela para ele-. Nunca nadei com uma mulher nesta casa - sussurrou.

Nunca havia explicado a nenhuma mulher sua vida pessoal, mas por alguma razão sentiu necessidade de fazê-lo.

Dana se arreganhou internamente por sentir-se incomodada. Ele não tinha por que lhe explicar nada.

-Sinto muito. Não tenho direito de recriminar nada, Jared. O que faz não é problema meu.

-Não precisa se desculpar - disse ele depois de olhá-la nos olhos um momento. Deu-lhe um suave beijo nos lábios. Logo a beijou mais profundamente e quando deixou de beijá-la, disse-: Nadaremos nus.

-Sim, mas há outro problema.

-Qual?  

-Nunca nadei nua.

-Sempre há uma primeira vez. Venha, vamos nadar.

Quando começaram a caminhar, Jared a abraçou e a levou onde estava a piscina.

Dana cheirou o cloro ao entrar em uma passagem que conduzia à piscina. Jared estendeu a mão e acendeu uma luz que iluminou uma área com plantas. Dizer que a piscina era impressionante teria sido desmerecê-la. Estava rodeada na intimidade de um muro de tijolos aparentes e teto de cristal em forma de abóbada. Definitivamente aquele lugar era um paraíso para um nadador.

Dana sorriu quando deixaram de caminhar e ela olhou para o céu e viu como se refletiam as estrelas e a lua na piscina.

-E? Prefere um traje de banho ou ficar nua?

Ela sorriu timidamente.

-Acredito que vou me sentir mais cômoda vestida.

Ele a observou e se perguntou se aquela era a mesma mulher que tinha jogado de forma tão inquietante aquele fim de semana. Tinha sido muito apaixonada. E agora parecia que ficava tímida.

Mas ele estava certo que após alguns beijos acabaria com parte do pudor.

-Mas vou logo avisando que pretendo tirar sua roupa de banho na primeira oportunidade que tiver - sussurrou ele, inclinando-se e agarrando o lóbulo de sua orelha com a boca e sugando brandamente.

Dana suspirou e fechou os olhos. Era uma sorte que ele a estivesse segurando pela cintura, porque se não, teria se derretido.

-Imaginei que tentaria fazer algo assim.

Jared tomou a mão e a levou para uma área rodeada de palmeiras.

-Pelo menos, avisei... Levou-a até uma sala grande que parecia um vestuário.

-Pode se trocar aqui - sorriu Jared-. As toalhas estão nesse armário e nessa gaveta há um maio que pode te servir.

-E você?

Jared sorriu cinicamente.

-Eu não tenho problema em nadar nu, Dana.

Dito isto, deu a volta e a deixou sozinha.

Dana desabotoou nervosamente os botões da blusa e a tirou. Olhou ao redor. As paredes estavam cobertas de espelhos. Achou engraçado se ver nua em todos eles. Logo viu um sofá cama a um lado e não quis imaginar Jared nela com alguma mulher fazendo amor refletindo-se nus nos espelhos. Ele disse que não tinha levado nenhuma mulher para nadar em sua casa, mas isso não queria dizer que nenhuma mulher tivesse estado com ele naquela sala. Mas esse não era assunto dela, como havia dito anteriormente a ele. Mas a parte dela que o amava sentiu dor ante a idéia de outra mulher.

Deixou escapar um comprido suspiro e tirou a saia. Tentou desviar seus pensamentos para outros assuntos. O jantar tinha sido delicioso e o vinho perfeito.

Era evidente que o resultado da operação de sua mãe havia lhe tirado um peso de cima dos ombros de Jared. Estava mais depravado. Estar a seu lado a fazia sentir coisas. Cada vez que sorria, ela se derretia. Aqueles olhos com um brilho de inteligência e acuidade a sobressaltavam. Jared era o primeiro filho de seus pais, mas não parecia ser o herdeiro indiscutível. Tudo o que Jared tinha era fruto de seu trabalho. Merecia tudo o que havia conseguido, porque era um homem excepcional. Era decidido e feroz, mas tinha uma amabilidade inata que a enternecia.

Jared era o homem que amaria o resto de sua vida.

Suspirou enquanto prendia o cabelo. Não podia lamentar-se de nada. E não devia esquecer-se da impossibilidade de um futuro com ele.

Momentos mais tarde se olhou no espelho. Jared não havia dito nada de que a roupa de banho era um biquíni. Parecia novo e ficava muito bem, embora mostrasse mais carne do que tivesse desejado. Jared a havia visto nua várias vezes do fim de semana que tinham estado juntos, mas por alguma razão sentia pudor.

Talvez fosse porque cada vez que o olhava via desejo em seus olhos. E a advertência que havia feito de que não ia demorar a tirar a roupa de banho lhe dava calafrios. Não duvidava que essa fosse sua intenção.

Dana agarrou uma toalha e colocou em volta da cintura. Tomou fôlego e saiu do vestuário.

A primeira coisa que notou foi que Jared havia diminuído as luzes. A segunda, que ele já estava na água, de pé na parte baixa, apoiado na parede da piscina. A idéia de que estava completamente nu a excitava. Tinha um corpo musculoso, firme, e cada vez que entrava em contato com ele, ardia de paixão.

-Tire a toalha, Dana.  

Dana caminhou até o bordo da piscina e a olhou.

-E se eu não quiser? -olhou em seus olhos. Um sorriso se desenhou nos lábios de Jared.

-Então é possível que saia da piscina e eu mesmo a tire. E já que tenho que tirar a toalha, talvez tire todo o resto.

-Mmm... É uma ameaça muito tentadora... Jared nadou até onde ela estava.

-Não é uma ameaça, Dana. É uma promessa.

Ela deu um passo atrás quando o viu sair da água, nu. Deu-se conta de que usava um preservativo, deixando muito claro sua intenção. Pingando água, parou em frente a ela. Inclinou-se e a beijou meigamente enquanto lhe tirava a toalha com a ponta do dedo. Ela notou que caía ao chão, mas ele seguia beijando-a, sem dar importância. Além disso, não importava que ele concluísse suas ameaças naquele momento.

-Está muito bonita - disse ele sensualmente-. Mas não ficará vestida por muito tempo...

Abaixou a cabeça e tirou a parte de acima do seu biquíni. Depois se inclinou e acariciou os ombros com a ponta da língua. Deu-lhe pequenos beijos no pescoço, e logo deslizou até seus seios. Colocou em sua boca de um em um.

Quando ela começou a estremecer, ele foi baixando lentamente, ficou diante dela e lhe tirou a parte de abaixo do biquíni.

-Seu corpo me deixa sem respiração, Dana - disse Jared enquanto lhe beijava o ventre-. E sua fragrância me deixa louco - moveu-se para baixo e apertou seus quadris. Olhou-a e viu que ela o estava observando, enquanto agarrava seus largos ombros-. Eu adoro te beijar toda...

Jared sentiu um estremecimento em todo seu corpo feminino.

-Mas acima de tudo eu adoro te beijar aqui - disse Jared.

Ouviu-a gemer quando sua boca se fechou em sua parte mais íntima. Estava quente e úmida. Sua língua começou a acariciá-la lentamente e a saboreá-la completamente. Quando ela se arqueou contra sua boca, ele se moveu com insistência, guloso, possessivo.

-Jared! -gritou ela.

Sentiu que ela explodia contra sua boca, com cada uma de suas terminações nervosas. Ele não pararia até que terminassem seus últimos tremores, até vê-la totalmente derretida e entregue ao seu prazer. De pé, estreitou-a em seus braços e a abraçou fortemente. Depois a levou até um banco e a abraçou. Colocou-a em seu colo e a apertou contra seu corpo.

-É incrível, Jared - sussurrou ela em um meio suspiro, com os olhos quase fechados. Ele sorriu.

-Isso é algo bom ou mau?

-Mmm... Suponho que é algo muito bom. Ele riu.

-Só supõe? Não está certa? Rodeou-lhe o pescoço com as mãos.

-Me dê alguns segundos para me recuperar e lhe direi isso com segurança.

-Não te darei nenhum segundo, amor. Desejo-te muito - e voltou a beijar.

Seus lábios estavam famintos, sua língua quente. O corpo de Dana respondeu imediatamente e começou a excitar-se outra vez.

-Vêem, vamos nadar um pouco. Ele ficou de pé com ela em braços e caminhou para a piscina.

-A água tem a temperatura controlada, está morna.

Entraram na piscina. Nadaram em ambas as direções. Quando chegaram a uma das bordas ele a abraçou. Beijou-a e a acariciou toda, até deixá-la louca.

Ela gemeu seu nome quando ele deslizou um dedo dentro dela, e a acariciou.

-Me envolva com suas pernas - ordenou-lhe.

Ela o olhou. Rodeou-lhe o pescoço com os braços e ele a colocou onde queria que estivesse. E então se deslizou dentro dela, e descobriu que estava quente e úmida ainda.      

Afundou-se nela, profundamente.

-Isto é o paraíso - disse Jared.

E começou a mover-se dentro dela, fazendo amor, dando e compartilhando.

A água batia contra suas peles, sacudindo sua paixão, absorvendo o calor de seus corpos nus, levando-os para a febre do topo.

A experiência foi intensa, estremecedora. Dana ficou afetada tanto física como mentalmente. Foi uma experiência sexual que chegou tanto a seu físico como a sua alma. E quando Jared aumentou seu ritmo, ela se apertou contra ele e se entregou a um espiral de prazer que só podia terminar em um ponto. Cada impulso a levava mais e mais alto. Cravou-lhe os dedos nas costas quando não pôde mais e chegou sem remédio ao clímax do prazer.

Jared deixou escapar um gemido rouco quando sentiu o estremecimento dela e notou que seus quadris se moviam contra sua masculinidade, empurrando-o mais profundamente dentro dela. E então Jared a soltou. Perdeu totalmente o controle e com um último impulso se desintegrou. Esse último impulso os conectou de um modo especial, fazendo com que compartilhassem as sensações simultaneamente. O sangue galopava em seus ouvidos e seu nome tremeu nos lábios de Jared ao mesmo tempo em que seu corpo se agitava, liberando-se da tensão acumulada de uma forma tão intensa que o deixou perplexo.

Sentiu que Dana tremia, sua resposta foi desinibida, total, completa.

Ele a abraçou fortemente, e se entregou à multidão de sentimentos que os unia. Ela era dele.

                                         Capítulo Dez

-Quero minha esposa de volta, Jared. Não quer me ver e nem conversar comigo. O que me aconselha que faça?

Jared suspirou profundamente. Era difícil responder a algo assim, quando ele mesmo não sabia como dirigir sua vida sentimental.

Tinham passado duas semanas da operação de sua mãe, e aquela noite era a festa de aniversário do Thorn e Tara. E o ato final em que atuariam Dana e ele como casal.

Acreditava que essa noite romperia seu noivado.

-Jared, está me escutando?

Jared voltou a olhar para seu cliente. Evidentemente, Sylvester pensava que ele tinha todas as respostas. O que era um engano. Ele se dedicava a terminar com os matrimônios, não uni-los

-Você tentou implorar?

A última vez que havia falado com o advogado de Jackie, este lhe havia dito que sua cliente queria divorciar-se. Que não queria continuar casada com um homem que a tinha acusado de infiel.

-Falo sério, Jared.

-E eu também. Ela não quer saber de reconciliação.

-Não posso perdê-la. A amo, Jared. E farei o que estiver a meu alcance para salvar meu casamento. Estava equivocado. Sabia que era uma boa mulher, e, entretanto, pensei o pior dela. Não podia acreditar que alguém pudesse me amar completamente, e com devoção.

Era estranho ver Sylvester naquele estado por uma mulher. No passado, não tinha tido nenhum problema em terminar um casamento rapidamente.

«O amor. Que incrível!», pensou Jared.

Aquela palavra lhe trouxe Dana a memória. O que sentia por ela era desejo, lascívia. Entretanto, outras vezes não tinha tido problema em terminar quando uma relação começava a ficar pegajosa.

Mas com Dana... Embora a relação estivesse se tornando pegajosa...

Indubitavelmente era hora de terminar, sem lamentos.

-Não pode fazer nada, Jared?    

Sylvester o sobressaltou.

-É possível. Tentarei que Jackie e você tenham um encontro em particular, sem o seu advogado e sem mim. Não posso te prometer nada, mas tentarei. Uma vez que estejam sozinhos, está em sua mão a convencer que merece seu perdão.

Notou o brilho de esperança nos olhos de Sylvester. Evidentemente, o homem amava profundamente a sua esposa.

-Você está bem, Dana? -perguntou Cybil estudando a fisionomia de sua amiga.

Dana levantou a cabeça dos papéis de sua mesa e tentou sorrir.

-Sim, estou bem - rapidamente desviou o olhar, sabendo que não podia ocultar seus sentimentos de Cybil.

-Se está bem, então, por que esteve chorando? 

Dana voltou a olhar os papéis.

-Quem te disse que estive chorando?

-Eu - respondeu Cybil. Ao ver que Dana não dizia nada, acrescentou-: Eu não queria que sofresse. Dana se levantou e foi para a janela.

-Não me feriram. Aproveitei cada um dos momentos que passei com Jared.

-E se apaixonou perdidamente por ele - comentou Cybil o óbvio.

-Sim. Apaixonei-me por ele. Não quis que acontecesse, mas aconteceu. Amo Jared com toda minha alma, e não lamento.

-De acordo. E agora o que pretende fazer? -Cybil caminhou para ela e ficou em frente. Dana desviou o olhar.

-Agora chegamos ao fim da história. Esta noite acaba tudo, e amanhã volto a ser uma mulher sem compromisso - uma profunda dor se instalou em seu coração.

Como ia poder voltar para a solidão de sua vida depois de conhecer Jared? E não se tratava só de Jared. Também sentiria falta da família Westmoreland. Eles tinham completado um vazio em sua vida de que não havia tido consciência, a necessidade de ter uma família.

-Ben e eu vamos às Ilhas Amélia pela manhã para jogar uma partida de tênis. Você vem conosco.

Dana sorriu.  

-Não se preocupe. Sobreviverei - riu forçadamente—. Não será o primeiro compromisso que se rompe - disse brincando.

-Mas será a única coisa que importa, seja ou não fictício.

Dana assentiu.   

-Sim, será o que importa.

-E poderá suportar as perguntas que farão as pessoas do escritório na segunda-feira? As especulações? A fofoca?

Dana respirou profundamente.

-Estarei preparada para o que vier Cybil.

Mas sabia que mentia.

-Tenho a impressão de que não está de bom humor esta noite.

Jared sorriu forçadamente a seu primo Storm e bebeu o ponche que tinha nas mãos.

-Se você diz...

-Sempre ouvi dizer que, se quiser uma resposta direta, não pergunte a um advogado - riu Storm.

-Sim, dizem isso - respondeu Jared, voltando a beber.

Jared olhou em volta, e viu todas as pessoas que havia ido celebrar o aniversário de Thorn e Tara. Até depois de um ano de seu casamento, parecia tão estranho que Thorn tivesse casado. Jared tinha pensado que não haveria mulher sobre a terra que pudesse agüentar o temperamento de Thorn Westmoreland. Evidentemente, enganou-se. Tara parecia dirigir muito bem seu primo. E era evidente que estavam muito apaixonados.

O casamento de Storm fazia seis meses, também tinha sido uma surpresa. O solteiro mais cobiçado de Atlanta, que havia jurado que jamais se casaria, agora estava felizmente casado e com gêmeos a caminho.

-O que aconteceu? -perguntou a Storm.

-O que aconteceu com o que? -perguntou Storm elevando uma sobrancelha.

-Contigo e o casamento. Tinha jurado não se casar nem se apaixonar, mas fez e quero saber o que aconteceu.

Storm sorriu.

-Como está prestes a se casar, não entendo por que me faz este exame. Mas, se por acaso ainda não entende, ou quer analisá-lo com lógica, a resposta é muito simples. O que aconteceu foi o amor. Conheci uma mulher sem a qual não poderia viver. Ao princípio acreditei que era algo físico somente, já que havia uma forte atração entre nós, mas logo descobri que havia algo mais. Eu gostava de estar com ela, ir aos lugares em sua companhia, ver seu sorriso, e compartilhar pensamentos com ela... Eu sentia que era diferente das outras mulheres que havia conhecido...

Storm riu antes de continuar:

-Levou um tempo até me dar conta de meus sentimentos, mas quando o fiz, soube o que queria e a quem queria. E também soube o que podia perder se não aceitasse a verdade e atuasse de acordo com esses sentimentos. Necessitava de Jayla em minha vida, como parte de minha vida, tanto como precisava respirar.

Jared olhou a Storm preocupado.

-Foi vulnerável. Storm agitou a cabeça.

-Esse é um ponto de vista subjetivo, mas equivocado, Jared. Eu estava apaixonado. Estava tão profundamente apaixonado que não podia me afastar. Jayla havia dado sentido a minha vida, mas desde meu ponto de vista, Dana fez o mesmo com a sua. Notam-se quando os vê juntos. Nunca te vi tão atento com nenhuma mulher. Durante os últimos dez minutos esteve inquieto, esperando que volte com Tara de ver a casa. A ama, homem. Eu pensei que comigo t havia sido forte, mas com você foi pior! Está pior que Thorn! E ele nem sequer sabia que estava apaixonado pela Tara até que quase foi tarde!

Jared tomou outro gole. Perguntou-se o que diria seu primo se soubesse que estava enganado, porque ele não estava apaixonado por Dana, e todo o noivado tinha sido uma farsa.

Antes de responder, apareceu Dana, e tudo se apagou da mente. Tara e Thorn tinham construído a casa e tinha se mudado fazia poucos meses. Era uma bonita casa, situada nos subúrbios da cidade em um terreno que havia sido da família Westmoreland desde várias gerações.

-Bom, aqui está sua garota, Jared. E se for tão preparado como acredito, estou seguro de que se desvanecerão suas dúvidas. Dana é um tesouro que merece ter. Se eu estivesse em seu lugar, daria um passo a mais. Não ficaria satisfeito em pôr um anel no dedo. Oficializaria o quanto antes.

-E o que me diz do risco?

-Que risco?

-De divórcio.

Storm agitou a cabeça.

-Você trabalha com muitos casos de divórcio, Jared. Quando a gente está apaixonado, não pensa no fracasso. Só pensa no êxito e na prosperidade. A vida está cheia de riscos. Cada vez que surge a estação dos incêndios vou lutar contra o fogo enfrento um risco. Não tem que pensar no que possa vir a enfrentar, e deve aceitar que há alguns riscos que terá que assumir. Você tem que acreditar que é para sempre - Storm deixou o copo de vinho em uma mesa que estava perto dele. Acredito que vou ver minha esposa e vou dar um enorme beijo...

-Por quê? -perguntou Jared.

-Por nenhuma razão em especial. Porque sim.

Jared o observou se afastar antes de voltar à atenção para Dana. Ela o olhou e sorriu. Jared lhe devolveu o sorriso e logo suspirou profundamente, e pensou em como pareciam bem às coisas naquele momento. Dana se dava bem com sua família. Parecia parte dela.

Seguiu observando. E de repente se deu conta de que tudo o que havia dito Storm era verdade. Embora quisesse negá-lo e o tivesse negado, a verdade estava muito clara. Estava apaixonado. Queria que Dana fosse parte de sua vida.

Queria que estivesse sempre a seu lado.

Quanta vez se lembrou que seu noivado com ela era só fictício, que deveria aproveitar estar com ela, por que iria chegar o fim, e que ele voltaria a sair com outras mulheres que não procuravam um compromisso? Mas durante todo o tempo sabia que sua vida estaria vazia sem ela.

Quantas vezes havia tido vontade de que as coisas seguissem como estavam, mas tinha se convencido de que ele não necessitava de uma mulher em sua vida, que havia visto o lado feio do casamento e que não queria assumir esse risco? Mas Storm tinha razão. Havia alguns riscos que valia a pena assumir.

A idéia da Dana com outro homem, compartilhando o que havia compartilhado com ele, era insuportável. Quando ele se colocou naquela representação, não tinha tido intenção de baixar a guarda. Mas a tinha baixado. E ela ocupou seu coração facilmente. Ele havia tentado resistir, tratando de convencer-se de que o que sentia por ela era só lascívia, mas sabia que não. Que o que sentia por ela era amor. E se era sincero, até podia admitir que se apaixonou por ela no mesmo dia em que havia aparecido em seu escritório. Desde aquele momento a tinha querido com uma paixão desesperadora.

Perguntava-se o que queria Dana. Sentiria algo por ele? Haveria alguma possibilidade de que ela o amasse?

Só havia uma forma de saber. Se o amasse, tudo seria mais fácil. Se não, faria o que tinha aconselhado a Sylvester: Imploraria, porque não havia intenção de deixá-la escapar. Faria algo por ganhar o coração dela para sempre, com a razão ou com a sedução.

Dana não teve que perguntar a Jared se queria entrar em sua casa nessa noite quando a acompanhou. Ela queria que entrasse e esperava que assim o fizesse. Era sua última noite juntos e ela queria uma lembrança mais. Além disso, queria lhe dar o anel de noivado.

Quando tinha ido ver a casa de Thorn e Tara o tinha encontrado diferente. Não era nada que pudesse apalpar, mas ela sentia. Ele sempre havia sido atento quando estavam juntos, mas aquela noite estava duplamente atento. E para alguém que se supunha que ia anunciar no dia seguinte a sua família que havia terminado seu noivado, pareceu pouco acreditável. Ao contrário, parecia um noivo solícito que a adorava. Tinha estado todo o tempo lhe dando beijos e segurando a mão. E à vista de qualquer um teriam parecido um casal muito apaixonado.

Logo o tinha surpreendido olhando-a várias vezes de um modo estranho. Uma vez, em um momento em que estava falando com Darei, tinha-lhe segurado o rosto e dado um beijo diante de toda a família. Tinha-a beijado lentamente, firmemente, antes de sussurrar sedutoramente: «vamos », ao ouvido.

Assim ali estavam em casa. Quando Jared fechou a porta ela se perguntou o que teria em mente. Mas fosse o que fosse ela estava decidida a não perder a compostura.

-Foi uma bonita festa, não? - comentou ela, tratando de iniciar uma conversa.

Jared se apoiou na porta, sem dizer nada, enquanto a olhava intensamente.

-Sim, foi bonita - respondeu.

-E a motocicleta que Thorn trouxe para Tara é maravilhosa. E pensar que ele a fez com suas próprias mãos! Deve ter levado horas fazendo! É um presente muito especial.

-Sim, é.

-É evidente que são felizes juntos - adicionou Dana, sabendo que havia começado a divagar-. Da para ver que estão muito apaixonados...

-Sim. De fato, todos os meus primos que se casaram parecem estar apaixonados. Ela o olhou.

-E o que me diz do Chase? Acredita que seguirá a seus irmãos no matrimônio?

Jared se separou da porta e ficou em frente a ela.

-Sim, penso que sim, quando encontrar à mulher apropriada.

Dana assentiu. Perguntava-se se Jared trocaria de opinião alguma vez sobre o matrimônio e o amor, ou se seguiria deixando-se influenciar por sua profissão.

Sabendo que havia que fazer algo que não podia adiar, Dana estendeu a mão e com pulso tremendo se dispôs a lhe dar o anel de noivado.

-É hora de te devolver isto – e o entregou.

-Não. Quero que fique. Ela pestanejou.

-Não posso fazer isso.

Não podia acreditar que lhe sugerisse tal coisa.

-Por que não? Você queria ficar com o anel de Cord.

-Sim, mas para pagar os gastos do casamento. Fingir estar comprometida com você não me da direito a nada - disse brandamente.

Só havia perdido seu coração, pensou Dana.

Ele não disse nada durante um momento e logo a tomou em seus braços e a abraçou fortemente. Logo se separou levemente, e a olhou.

Dana notou que a olhava do mesmo modo que a tinha olhado durante a festa.

Ela manteve seu olhar e sentiu que um torvelinho de emoções se expandia por todo seu ser. Cada vez que havia pensado em que aquela seria a última vez que se vissem, sentia um grande desespero. Mas não queria que a última noite com Jared terminasse triste. Não havia começado desse modo, e não queria que terminasse assim.

Jared se inclinou e a beijou. Imediatamente Dana notou que havia algo diferente naquele beijo. Seguia sendo apaixonado, mas também tinha uma grande ternura que a comoveu profundamente, quase a fez chorar de emoção. Era como se ele estivesse pondo metodicamente seu ser nela.

Um momento mais tarde, quando ele se separou, ela teve que segurar a mão para manter o equilíbrio. O coração pulsava rapidamente.

-Joguemos a um último jogo - sussurrou ele.

-Um último jogo?

Ela pensou nos dois jogos a que tinham jogado. E se excitou.

Ele a olhou um momento.

-Sim, joguemos a Verdade ou Desafio.

Com um suspiro, Dana olhou suas mãos, admirando o anel que ele havia posto novamente. Logo levantou o olhar outra vez.

-Faz anos que não jogo isso, desde a época do colégio, em que ficávamos dormindo na casa de alguma amiga.  

-Então, sabe como se joga, não?

-Sim.

Mas algo lhe dizia que Jared teria sua versão do jogo. O que se atreveria a dizer Jared? E realmente ela queria despir sua alma e seu coração dizendo a verdade sobre o que lhe perguntasse?

Jared a seguiu olhando.

-Bem, então, comecemos. Você primeiro - murmurou Jared.

Dana suspirou profundamente e perguntou:

-Verdade ou Desafio?

-Verdade - Jared sorriu.

-Certo - respondeu Dana. Fez uma pausa, perguntando-se o que podia perguntar. Logo decidiu fazer perguntas não comprometedoras.

-O que foi que mais gostou na festa de Thorn e Tara?

-Estar com você.

Dana se estremeceu para ouvir sua resposta. Não havia esperado que dissesse isso.

Antes que ela pudesse recuperar-se, Jared perguntou:

-Verdade ou Desafio?

-Verdade.

-O que gostou mais da festa de Thorn e Tara?

Dana suspirou. Tinha desfrutado de muitas coisas aquela noite, mas sabia o que era o que mais tinha gostado.

Olhou-o e disse a verdade:

-O momento em que me beijou diante de todo mundo.

Ela notou o obscurecimento de seus olhos e sua respiração irregular. Excitou-se ao vê-lo. Jared estendeu a mão e lhe tocou o queixo, e logo seu dedo se deslizou ao centro de seu pescoço, onde seu pulso estava pulsando.

-Verdade ou Desafio? -desafiou-o ela outra vez, apenas capaz de pronunciar as palavras.

-Desafio - disse ele sensualmente.

Dana engoliu em seco. Jared estava riscando círculos em seu pescoço com o dedo, algo que estimulava tanto sua mente como seu corpo. Aquilo sim que era um desafio.

-Você esta desafiado a me beijar como se eu fosse à única mulher na sua vida - disse Dana.

Deu-se conta de como devia ter soado, mas era seu desafio e se perguntava o que ele faria a respeito.

Jared sentiu que seu sexo se esticava em resposta ao desafio de Dana. Duvidava que ela soubesse o quanto estava sexy enquanto, esperava o que ele ia fazer. Satisfazer seu desafio não era problema para ele, posto que em sua mente ela fosse à única mulher. Mas ela não sabia, e talvez fosse à hora de que soubesse.

Jared estendeu a mão e a buscou. Beijou-a com tudo o desespero e necessidade que sentia. Ouviu-a gemer no momento que sua língua penetrou sua boca, e enquanto a beijava, sentiu o calafrio que a percorria dos pés a cabeça. Ele a havia beijado muitas vezes, mas agora a estava beijando como à mulher que tinha elegido para passar o resto de sua vida, e ele queria expressar-lhe com seu beijo.

Tinha desejado beijá-la assim toda a noite. Aquele beijo diante de sua família havia sido para ajudá-lo a agüentar até aquele momento, até aquele beijo. Seu coração estava transbordando de amor e seu corpo cheio de desejo.

Quando segurou sua cabeça para beijá-la mais, ele tinha deslizado uma mão por debaixo da blusa, e havia desabotoado o seu sutiã para tocar seus seios. Sentiu que os bicos se endureciam debaixo de seus dedos, e notou a reação de Dana ao beijo. Ela gemeu e esse som foi como fogo atirado em seu corpo masculino. Logo, quando se fez necessário respirar, ele deixou de beijá-la lentamente, e se voltou para trás.

Dana deixou escapar um gemido de frustração. Não queria que deixasse de beijá-la. Graças a ele, ela havia descoberto todo o prazer que se podia experimentar em fazer amor.

-Verdade ou Desafio?

Ela sentiu um nó no estômago. Mordeu o lábio inferior, e o olhou.

-Desafio.

Ele sorriu aparentemente feliz. Logo disse.

-Me dê sua roupa de baixo.

Dana pestanejou, e se perguntou se teria ouvido bem, embora soubesse que sim. O ambiente ficou carregado de eletricidade quando levantou a saia. Intensificou o calor no olhar de Jared e a respiração dela ficou irregular.

Enquanto ele a olhava, Dana baixou a calcinha. Tirou e a deu.

-Obrigado - disse Jared quando a segurou.  

Agora era a vez dela.

-Verdade ou Desafio?

-Desafio - respondeu Jared.  

Um brilho intenso apareceu nos olhos de Dana quando disse:

-Agora quero a sua.

Jared riu calmamente enquanto desabotoava o cinto. Logo baixou o zíper. Dana o observou tirar o jeans e depois a cueca preta, e respirou profundamente ao vê-lo nu da cintura para baixo em frente a ela. Nu e excitado.

Ele manteve o olhar e disse:   

-Verdade ou Desafio.

-Desafio - sorriu ela intimamente.

-Te desafio a tirar o resto da roupa.

O coração da Dana começou a pulsar mais rapidamente enquanto desabotoava a blusa para tirar e soltou o sutiã. Depois deixou cair à saia ao chão. Seu corpo se estremeceu ao ver o olhar de desejo dele.

-Verdade ou Desafio? -perguntou ela, sentindo-se totalmente exposta, e sexy de uma vez, ali, despida diante dele.

-Desafio - respondeu Jared com voz sensual.

Ela assentiu, perguntando-se se voltariam em algum momento a Verdade, já que o Desafio era muito mais divertido. Ali, nua no meio da sala de sua casa, sentia-se quente, úmida, lasciva.

-Tire o resto da roupa — disse ela. Jared não teve mais que tirar a camisa e estava pronto.

-Verdade ou Desafio? -desafiou-a Jared com voz sedutora enquanto a olhava de cima abaixo.

Dana sentia que o corpo lhe ardia em cada lugar que ele punha seus olhos.

-Verdade - respondeu ela.

-Agora que estamos nus, o que quer que façamos? -perguntou Jared, queimando-a com o olhar.

Ela sustentou o olhar. Voltavam para a Verdade. Seu corpo morria por ele. A zona entre suas pernas pulsava de desejo por ele. E só podia pensar em um modo de acabar com sua tortura.

-Quero que façamos amor. Aqui. Agora. E que não falte nada.

Suas palavras foram tanto uma verdade como um desafio, pensou Jared, enquanto o assaltava um desejo irrefreável e um amor poderoso. Queria lhe dar tudo o que ela pedia.

Jared a beijou. Afogou-se na umidade de sua boca. Queria tocá-la, prová-la, marcá-la como dele. E embora soubesse que semelhante coisa era impossível, queria seduzi-la para que o amasse tanto como ele a amava.

A colocou sobre o carpete e deixou escapar um grunhido de desejo quando deixou de beijá-la para devorar o resto dela. Sua língua estava quente e a pele que provou aumentou a fome que tinha dela. Dana o acariciou por toda parte, lhe fazendo saber que sentia a mesma necessidade dele. Quando ela tomou em suas mãos, e acariciou seu sexo suave e morno, ele respirou profundamente. Ela estava ardendo por ele igual a ele por ela, com o mesmo fogo.

-Não agüento mais - disse ele, separando suas mãos.

Imediatamente cobriu seu corpo e entrou nela. Entrou profundamente. Com a respiração irregular, começou a empurrar dentro dela, enquanto a olhava aos olhos, fazendo amor como se fosse acabar a vida e aquilo fosse à única coisa que pudesse mantê-lo vivo.

Dana seguiu o ritmo frenético dele, e exalou com o impacto de cada impulso. Invadiu-a o prazer, e a fez lhe envolver os quadris com suas pernas e empurrou contra ele para senti-lo mais profundo. Isso era o que desejava, e o havia pedido. E ele havia dado.

-Jared!

Ela se entregou a ele com abandono. De repente teve tremores por todo o corpo, dos pés à cabeça. Uma corrente de sensações a queimou no centro de sua feminilidade, entre suas pernas, onde se uniam seus corpos. E quando ele aumentou o já frenético ritmo, e fez mais profundos seus impulsos, ela levantou seu corpo do chão, querendo senti-lo no mais profundo de seu ser.

-Dana!

O corpo do Jared se estremeceu com a força de um orgasmo que o transladou a um mundo de êxtase. Um profundo grunhido de satisfação escapou de seus lábios, e seu corpo explorou dentro dela. Ele não tinha conhecimento que fazer amor com uma mulher podia ser uma experiência tão enriquecedora, até que havia feito amor com ela. Nunca havia feito amor tão grosseiramente, nunca tinha desejado que aquele êxtase não acabasse mais.

Um momento mais tarde, paraliso-se no chão, ao lado dela, e a estreitou em seus braços, enquanto ela jazia inerte, apoiada em seu peito, uma vez saciada a fome que tinham um do outro.

-Verdade ou Desafio? —sussurrou ela, lhe dando um beijo no oco debaixo do pescoço, e sugando-o.

Jared conteve a respiração.

-Verdade - disse, quando pôde respirar normalmente.

-No que está pensando? -perguntou ela, elevando o olhar.

-Estou pensando que o que acabamos de compartilhar é impressionante, e que cada vez que temos feito amor foi incrível. Também penso que é linda, sexy... Uma mulher que todo homem queria ter. E que te quero de todas as maneiras que um homem quer a uma mulher. Na cama e fora dela. Também estou pensando que não usamos nenhuma proteção, mas que não me importa, porque não quero que terminemos esta noite.

Dana acariciou o pêlo de seu peito. Queria dizer que a queria como amante, que não tinham que romper sua relação aquela noite? Mas, como explicaria a sua família que sua noiva passava a ser só uma amante? Por outro lado, ela sentia que queria algo mais de Jared. E era melhor recolher as migalhas agora que sofrer depois.

-Verdade ou Desafio, Dana? Sua pergunta interrompeu seus pensamentos. Olhou-o e disse:

-Verdade.

Tomou a mão.

-No que está pensando?

Ela respirou profundamente e respondeu:

-Estou pensando em que não posso me conformar com uma aventura com você.

-Isso está ótimo, porque eu não quero uma aventura.

Quando viu a cara de confusão de Dana, Jared se incorporou e a estreitou em seus braços. Logo a beijou lentamente na boca.

Quando a soltou, disse:

-Quero algo mais que uma aventura, Dana. Quero que seja a mulher que encontre ao chegar em casa todas as noites.

-Não entendo.

Com um suspiro tremente, Jared lhe esclareceu:

-Então acredito que é melhor deixar de lado o jogo e falar só a verdade - disse-. Estas últimas seis semanas, fingindo ser seu noivo, o homem com quem vai se casar foram as melhores de minha vida. E esta noite, quando me dei conta de que nossa relação ia terminar, tive que enfrentar várias verdades. Uma das quais foi o fato de que me apaixonei por você.

Dana pestanejou, em estado de choque.

-Você se apaixonou por mim? Jared sorriu.

-Sim. E quero fazer real nosso noivado - disse, e lhe acariciou a bochecha-. Mas isso depende do que você sente por mim, Dana.

Dana ficou com os olhos cheios de lágrimas.

-OH, Jared, eu também te amo! E desejo mais que tudo no mundo que nosso noivado seja real!

Jared riu com alegria e alívio e levantou Dana até pô-la em seu colo.

-Não sabe quanto fico feliz em ouvir isso! Então, Dana Rollins, quer se casar comigo? Ser minha esposa, a mãe de meus filhos, e o amor de minha vida para sempre?

Jared tomou o rosto em suas mãos e continuou:

-Quer que esse anel que leva seja o símbolo de meu amor e minha promessa? E quer acreditar que te honrarei, protegerei e te farei feliz?

Os olhos de Dana se encheram mais de lágrimas, e entre lágrimas lhe escapou uma risada gutural.

-Sim, quero me casar com você, Jared, e ser tudo isso que disse.

Uma felicidade impensável se apoderou de Jared.

-Sabe que isso significa que os Westmoreland serão sua família?

-Quanto me alegra! Já tinha por eles tanto carinho e não queria me separar deles embora fosse nossa última noite juntos...

Jared a abraçou e ela apoiou o rosto em seu peito.

-É muito hábil em fazer proposições sedutoras, Jared Westmoreland - disse ela.

-Sim?

-Sim.

-Mmmm... Também sou bom em outras coisas

-Acrescentou Jared.

Ela o olhou e perguntou:

-De verdade?

-Sim.

-Demonstre-me isso está desafiado - disse ela se pondo a beijá-lo.

Jared rodou com ela. Olharam-se nos olhos. E ele soube que a amaria o resto de sua vida.

E essa era a verdade.

 

                                                 Epílogo

Dois meses mais tarde...

Como tinha prognosticado Sarah Westmoreland, aconteceu outro casamento na família antes do verão.

Jared desceu os degraus da igreja com sua esposa. Ela se apoiou em seu peito quando atingiu uma chuva de arroz. Pela extremidade do olho, Jared viu seus pais. Tinha visto que sua mãe havia chorado de emoção. Era evidente que estava feliz. E sabia que agora se poria a casar a algum outro filho. Jared riu, até havia olhado para seu primo Chase. Não se salvaria ninguém.

Quando Jared e Dana se sentaram na limusine, ele a abraçou e a beijou com todo seu amor. Sua língua jogou com o interior de sua boca, e ele pensou que jamais se cansaria de seu sabor.

Sua próxima parada era o salão do Centro Cívico de Atlanta. Assombrava-se de que sua mãe, e sua tia Evelyn com a ajuda de sua tia Abby de Montana tivessem organizado uma festa tão elegante quando Dana e ele tinham fixado a data.

Jared deixou de beijar a Dana e olhou seu rosto.

-Credita que ficarão bravos os convidados se disser ao chofer que não vamos à festa, e que iremos diretamente ao aeroporto para tomar o vôo a St. Maarten?

Ela sorriu.

-Acredito que sim. Sua mãe e suas tias não nos perdoariam isso nunca.

Jared sorriu.

-Tem razão. Ao menos o que podemos fazer é aparecer.

-Estou de acordo.

Jared a abraçou e a pôs em seu colo. Não era fácil, devido a seu vestido de noiva. Era muito bonito, e Dana estava muito bonita quando apareceu na igreja em direção ao altar. O marido de sua melhor amiga, Ben, havia sido o padrinho e Cybil havia sido sua dama de honra. Também a tinham acompanhado ao altar Delaney, Shelly, Tara, Madison, Casey e algumas amigas da universidade de Dana. Jayla teve que ficar à margem porque estava a ponto de dar a luz. Darei tinha sido o padrinho de Jared e seus irmãos e o resto de seus primos tinham sido acompanhantes no cortejo.

Sylvester Brewster tinha querido cantar na festa como uma forma de agradecimento a Jared por ter possibilitado que sua mulher voltasse com ele. Depois que Jared arrumou o encontro entre eles, ambos tinham concordado em ir a uma terapia de casal para arrumar seu casamento. Estavam apaixonados, e queriam esquecer aquele episódio.

Dana levantou a mão para olhar seus anéis. Logo olhou a mão de Jared e observou sua aliança, idêntica a dela.

Olhou-o nos olhos. Amava-o sem reservas. De repente lhe ocorreu uma idéia:

-Esta noite, mais tarde, quando estivermos sozinhos, deveríamos jogar um último jogo. Jared levantou uma sobrancelha e respondeu:

-Acreditei que Verdade ou Desafio era o último jogo. Ela agitou a cabeça, sorrindo.

-Para que possamos nos diverti? Eu tenho o jogo perfeito para nós.

Tinha aguçado a curiosidade de Jared.

-De acordo. Dana riu.

-Imaginei que iria querer jogar.

E então, Dana segurou o rosto e o beijou com toda a paixão que sentia por ele, e Jared lhe devolveu o beijo com o mesmo ardor. E ela soube que o dia mais importante de sua vida havia sido aquele em que se transformou na noiva fictícia dele.  

 

                                                                  Brenda Jackson

 

 

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