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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


SONHOS SOMBRIOS / Mary Wine
SONHOS SOMBRIOS / Mary Wine

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

1º Livro da série “Sonhos”

SONHOS SOMBRIOS

 

O desespero pode bater em sua porta da forma mais improvável possível – Uma vez que você descobre as mentiras ao seu redor, sua vida nunca mais será a mesma.

O xerife Brice Campbell não acredita em poderes paranormais, mas tudo muda quando ele encontra Grace. A melhor perseguidora psíquica do Exército, Grace sempre resolve seus casos. Quando uma criança some do condado de Benton, ela é convocada. Só que desta vez, o foco da missão é ligeiramente modificado. Por causa de Brice.

Faíscas de desejo percorrem Brice e Grace, levando ambos a um turbilhão de paixões. Embora Grace tenha talentos extra-sensoriais surpreendentes, quando se trata de assuntos do coração, ela é uma noviça.

Brice ensinará a Grace o que significa o amor: emocionalmente e fisicamente, mas primeiro ele tem que convencer a ela, que ele não é o grande vilão e predador da história. Eles têm que descobrir a grande paixão que os envolves.

  

O som da chuva ao cair era perfeito. Grace “fez uma cara de desagrado” quando um agudo assobio a distraiu. Observando as nuvens densas fechou seus olhos e ouvidos para evitar interrupções. Jogando a cabeça para trás, riu quando as gotinhas geladas da chuva se deslizaram através de suas bochechas.

   Liberdade. Simples e plena tinha encontrado neste canto, onde começavam os bosques de Washington.

   — Grace.

   Era assombrosa a maneira em que o Major Jason Jacobs podia converter seu nome em uma expressão de descontentamento. Desviando seus olhos para a escura noite, Grace observou o bosque com um intenso desejo.

   — Não há necessidade de um hotel, Major —Grace observou novamente o bosque.— Podemos acampar aqui.

   — Ouvi dizer que chove a duas semanas consecutivas, afogaríamos na lama. —A frustração na voz do Major rapidamente se converteu em um indignado orgulho masculino. O problema existente entre a conversação com qualquer Oficial é que nunca se sabe quando eles tomam uma opinião como um insulto a sua autoridade. Mas às vezes pode ser divertido observar o orgulho masculino em ação.

   — Eu preferiria acampar.

   — Grace…

   Grace encolheu ligeiramente seus ombros, enquanto olhava à liberdade que lhe ia ser negada. Juntando os talões ficou de pé com o resto de sua escolta. Os homens de Jacobs esperavam com impaciência chegar a uma habitação de um hotel abrigado e quente.

   Aquela noite estava viva, e aquela vida vinha diretamente para ela. A noite lhe chamava, para que?, não sabia e não se importava. Girando-se, Grace a confrontou. Nada mais que o silêncio a saudou, o eco que escutava era quase ensurdecedor.

   — O que é isso?

   Enquanto examinava a noite, viu que Jacobs, com sua cabeça ligeiramente inclinada em sua direção, esperava pacientemente a que terminasse. Talvez o homem fosse bastante tradicional ao preferir uma cama ao chão do bosque, mas nunca lhe tinha obrigado a abandonar nenhuma visão antes que a capturasse completamente.

   O que era que flutuava no vento, sua essência fazia de algum modo mais atrativo o bosque. Controlando os fragmentos de emoção em sua mente, Grace devagar tentou obrigar-se a concentrar-se.

   A visão a evitou, deixando-a ansiosa por apanhá-la. Exatamente por que sua curiosidade estava envolvida, era um mistério. Preocupar-se com uma missão era um problema. Qualquer participação emocional se converteria em desgraça. Sacudindo sua cabeça com frustração, Grace voltou para a Unidade de Jacobs.

   Droga, por um momento a vida quase tinha começado a ficar interessante.

   Talvez foi a simples frustração que conduziu Grace a procurar a visão novamente. Talvez fosse pura aversão aos limites do velho hotel. Quaisquer que fora a causa, Grace se sentou tranqüila sobre seus joelhos enquanto tentava reunir os fragmentos de seus sentimentos em uma imagem reconhecível.

   O Major Jacobs podia ter suas seis horas de sonho. Grace sabia muito bem o que a preocupava nesse momento, ela tinha cometido um pecado: a curiosidade. Aquela pequena emoção não a deixaria dormir essa noite.

   Havia algo muito emocional naquela comunidade. Cólera, medo, esperança e meia dúzia de outros sentimentos flutuavam na noite. Grace não somente podia senti-los; quase se afogava neles.

   Obrigou sua mente a manter um rígido controle. Teve que enfocar bem, para eliminar o impreciso. Esta vez, a conexão em sua mente era clara. A visão se transformou em uma imagem de cor completa que chamava sua atenção.

   Grace podia claramente os cabelos de seu objeto de busca. A emoção e a curiosidade da visão deixaram-na com um sentimento inequívoco de necessidade. Sua visão não era um objetivo mais. Era uma menina e Grace podia vê-la mais claro que o sol. A noite literalmente cantava. Grace estava impaciente para se unir a aquela harmonia.

   Mantendo encurralada a visão, Grace voltou-se para a porta do quarto. Seus pés vacilaram quando sentiu o sobressalto de um dos guardas noturno da unidade. Sempre havia um guarda na noite.

   Aproximando-se da janela, moveu a cortina uns centímetros para poder ver o homem. Não que tivesse algum tipo de aversão a Clark, só era contra aos pensamentos dele que achava que ela era alguns tipo de bruxa. Ele não era o único. A metade os homens de Jacobs, pensavam que ela fora criada pelo diabo.

   Essa noite, os velhos preconceitos a zangou. Não queria compartilhar a pureza de sua visão com os homens que a condenavam. Queria tocar a esta menina, inundar-se na inocência de sua terna infância.

   A Unidade que fosse ao inferno. Grace não estava de humor para ser julgada e não iria esperar o amanhecer.

 

   Então, eles estavam aqui.

   Mais exatamente, ela estava aqui. Brice continuou observando os três helicópteros que estavam sobre o asfalto no Aeroporto do Condado do Benton. Era dolorosamente fácil identificar à mulher entre a unidade de Rangers pertencente ao exército. Inclusive a certa distância, sua compleição era óbvia comparada com a de seus companheiros.

   Brice se encontrava sentado, no fundo do assento de sua patrulha. Os homens que estavam em serviço estavam armados com mortal precisão, incluindo óculos de visão noturna. Havia-lhe custado quase dois dias, para conseguir que aquele pequeno exército viesse ao Condado do Benton.

   Não havia necessidade de começar de forma errada. As instruções que lhe tinham dado foram dolorosamente claras. O campo de aviação devia ser espaçoso.

   Era-o, mas de maneira alguma ia se sentar e esperar que este grupo o dirigisse como um cachorrinho. Aquele era seu condado; somente esperava que sua decisão tivesse sido a correta.

   Girando a chave do carro, fez retroceder o jipe. Não havia nada bom naquele maldito caso. Em seus três anos como Xerife, Brice havia visto muitas situações difíceis cruzar seu caminho. Só que seqüestro de crianças era algo que nunca imaginaria que pudesse cruzar seu caminho. Um homem podia deixar de solucionar um roubo, inclusive um assassinato, mas o seqüestro de uma menininha? Como poderia viver com isso?

   Brice fechou seus olhos durante um momento. Realmente estava arriscando esta vez. Quando se deu conta de que estava trazendo um psíquico, assumiu que aquilo muito bem poderia lhe custar sua reeleição o ano próximo. Benton era uma pequena comunidade; nada se mantinha em segredo durante muito tempo. Definitivamente em poucas semanas, os rumores, se não a história inteira, estariam por toda parte do condado. Se esta Unidade não conseguisse encontrar Paige Heeley, Brice poderia dar o beijo de adeus a seu escritório.

   Se aquela agente psíquica não conseguisse encontrar à menina desaparecida, Brice mandaria para o inferno seu cargo de xerife. Paige tinha somente quatro anos e Brice faria qualquer coisa para ver a família reunida novamente.

   A só idéia de que um psíquico estivesse envolvido ainda lhe engasgava. Aceitar o conceito iria significar uma sessão de duras provas.

   Este poderia ser diferente. Independentemente de seus próprios sentimentos sobre assuntos paranormais, ele tinha que aceitar um fato. O Exército dos Estados Unidos não perdia tempo.

   Por alguma razão, esta mulher era parte de uma Unidade do Rangers. Brice esperava que metade dos rumores sobre ela fosse verdade.

   Sinceramente, esperava que eles conseguissem encontrar algo.Todos os homens de Brice havia procurado por todos os arredores e não tinham encontrado nem sequer um fio de cabelo de Paige. Depois de duas semanas, qualquer esperança de recuperar à menina viva era quase nula.

   Bem, Brice não estava preparado para desistir. Paige Heeley estava aí e talvez, só talvez, ele tinha descoberto o modo de encontrá-la.

 

   Grace sentiu que dentro do caminhão se asfixiava da mesma maneira que no quarto de motel, mas necessitava do veículo e da velocidade que podia manter-se nele. Obrigou-se a concentrar sua mente no veículo.

   A visão era dolorosamente clara. Por alguma razão estava desenhada em sua mente com perfeita claridade. Desta vez não se preocupava com as repercussões que poderiam resultar por seguir seus instintos.

Nada importava, exceto a criatura. Os doces olhos azuis, eram tão claros. A inocência fluía dela em ondas suaves e espessas, com essa aura que só as crianças têm direito.

   Ao chegar ao final do caminho, Grace abandonou o caminhão. Preferia caminhar, de todos os modos. O aroma do bosque estava cheio de vida, intensificando a claridade de sua conexão com Paige.

   O leve som das criaturas da noite a acompanhou enquanto se movia na escuridão. O tempo se deteve quando Grace lhe emprestou atenção completa a sua conexão. Sempre era assim quando suas habilidades de rastreamento a conduziam a alguém a quem Grace queria encontrar.

   A fascinação de Grace com sua visão a fez acelerar o passo. Faltava ainda uma hora para que amanhecesse quando se deteve frente ao seu objetivo. Embora a visão de Paige era entristecedora em sua doçura, o local que a rodeava mostrava justamente o contrario. Foi apenas uma breve interrupção a sua conexão, mas foi suficiente para sentir uma onda de cautela cruzar por sua mente. Voltando seus olhos para a cabana que estava aproximadamente a duzentos pés de distância, Grace se afastou de Paige um momento.

   A ruptura de sua conexão a fez retornar à realidade durante uns breves momentos. Seu corpo mostrava sinais de cansaço e fadiga. Mas Grace ignorou-os. Havia algo mais ali.

   Fortes ondas de ódios alcançaram-na.

   Concentrando-se em seu objetivo explorou os arredores mais longes. A emoção que surgia dentro da cabina, tentavam segurava-la. Talvez Grace encontrasse o desejável objetivo, mas aquilo não significava que estivesse perto do esconderijo do seqüestrador.

   Além disso, as emoções e os fatos não tinham sentido. Por que alguém seqüestraria a uma criança?. O assassinato era o resultado óbvio de tal ação.

   Grace jogou uma olhada ao bosque circundante. A cabana estava literalmente em meio do nada. Paige não iria a nenhuma parte. As nuvens começavam a baixar outra vez com a promessa de chuva.

   Perfeito. Um bom aguaceiro cobriria os rastros de Grace de maneira muito eficiente. Agora somente teria que enganar à raposa.

  

Brice entrou no estacionamento do hotel Riverbend pela entrada traseira. Era quase a alvorada. Seu único contato com aquele grupo lhe informou que estariam preparados para iniciar as buscas ao amanhecer. Brice tinha a intenção de estar com eles.

   Um leve sorriso zombador tocou brevemente sua boca. Duvidou que sua opinião fosse ser considerada, mas se encarregaria disso muito em breve. Seus subordinados ainda seguiam procurando, mas ele ia montar guarda com os Rangers recém chegados.

   Brice tinha curiosidade de saber o fazia esta equipe do Rangers especial. Encolheu-se em sua capa de chuva quando saiu de seu jipe. Aquela nuvens de chuva que tinha pairado durante toda a noite, parecia que iria descarregar juntamente agora.

   Alinhando seus ombros, Brice começou a caminhada firme que o levaria ao quarto da mulher psíquica. Às vezes lhe assombrava o número de pessoas no Benton que com regularidade espionava pelas cortinas. Teve uma conversação Telefônica com Jeff Dalton, quem dirigia o hotel, para descobrir exatamente em que quarto tinham alojaram-na.

   Brice manteve seu passo constante; não duvidou nem por um instante que haveria alguém de guarda. Seguiu adiante quando a alvorada lançava uma luz cinza através das nuvens carregadas e esperou a ordem de deter-se.

 

   — Espaçoso.

   A voz que emitiu a ordem saiu da escuridão. O guarda que o tinha vigiado se moveu em imediatamente, retrocedendo a sua posição inicial frente à porta que Brice tinha tentado bater.

   O homem que saiu do corredor fez com que Brice levantasse uma sobrancelha. O reconhecimento foi quase imediato. Um homem do tamanho do Jason Jacobs não tendia a ser esquecido facilmente. Com um metro noventa e três centímetros de estatura, Brice não passava por baixo freqüentemente. O Major Jacobs era uma das verdadeiras exceções. O homem era imenso, desde sua altura de dois metros e onze centímetros até seus musculosos ombros e pernas extremamente largas. Inclusive as mãos do homem pareciam imensas, mas de fato eram apenas proporcionais ao resto dele.

   Era também da família. A irmã do homem acabava de casar-se com seu primo Grant. A frustração inundou o corpo de Brice. Tinha-lhe levado quarenta e oito horas para contatar um homem cujo número de telefone mantinha armazenado em seu computador pessoal.

   — Que pequeno é o mundo às vezes.

   Jacobs estendeu sua mão junto com seu senso de humor. Brice o encontrou com a própria lhe dando um olhar ligeiramente ácido.

   — Parece que não vai atirar em mim, Major, por que não me põe a par da situação?

   Jacobs enviou um sorriso zombador ao Xerife antes de rebater aquela pergunta. Em sua Unidade, não se respondiam perguntas. Eles as faziam.

   — Parece que você já conhece o caso.

   Brice inclinou sua cabeça e estudou Jacobs. Compreendeu o que ele disse. Ninguém tinha lhe prometido alguma informação, só que a psíquico estaria presente.— Só desejava saber se tudo aquilo era verdade ou fabulas.

   Jacobs levantou uma sobrancelha em resposta. Alguém tinha a língua larga. Teria que tomar nota do nome do homem. Brice era um bom homem, mas Jacobs não iria perguntar quem repassou as informações confidenciais. Neste jogo, o descuido poderia ter mortais resultados.

   — Entrega a domicílio.

   A firme certeza daquela resposta deu a primeira esperança real que Brice tinha sentido em dias. Algo que Jacobs estivesse planejando, parecia ter confiança completa em um resultado favorável. Jacobs realizou uma saudação abrupta quando seus homens começaram a sair de seus quartos para o corredor. Foi realizado em completo silêncio já que a Unidade do Rangers estava pronta para uma demonstração de força.

   — Então conseguirei conhecer seu agente? Ou ela morde?

   Jacobs soltou uma risada baixa. Caminhando para o quarto de Grace, bateu de forma solida na porta.— Grace não perde tempo em morder. Mas te fará engolir os dentes pela garganta com apenas um golpe, se baixares a guarda durante meio segundo.

   A descrição de Grace feita pelo Major trouxe, de forma escondida, um ar de deboche entre homens pertencente ao grupo. Brice observou a cena, parecia prudente esconder os sentimentos de pouca consideração por Grace, a fim de evitar problemas futuro com o Major Jacobs.

   Os olhos do Jacobs ficaram duros, mas sua atenção permaneceu sobre a porta fechada do quarto de motel. Lançou um largo olhar ao sentinela antes de deslizar uma chave na fechadura e desaparecer dentro do quarto.

   Jacobs observou a cama limpa e intacta, o tapete tinha uma única marca de sapato. Seus olhos buscaram as marcas do local onde Grace estivera as marca eram mais evidentes no quarto do banheiro.

   Podia sentir o vento que entrava pela janela aberta e seguiu os rastros, notando a janela cuidadosamente removida do quarto do banheiro. Nem um só homem em sua Unidade teria encaixado pelo retângulo magro, mas Grace não teria nem um arranhão.

   Aquilo não explicava por que tinha saído ao campo sem sua Unidade ou por que demônios o guarda de plantão não notou sua saída.

   Jacobs não fez nenhum som quando voltou para corredor, mas a cólera era bastante aguda para se apalpar quando as palavras sussurradas do homem golpearam a seus homens.

   — Seu espaço foi violado. Sugiro que encontrem um modo de encontrar seu agente em vez de escutar minhas conversações.

   A atividade foi imediata. A Unidade do Rangers caiu na perita eficácia. Cada homem conhecia sua tarefa e o resultado era uma máquina perfeita. Jacobs observou as ações meticulosas de seus homens antes de que deslizasse seus olhos cor avelã para os de Brice.

   — Grace encontrou a sua garota.

 

   Vinte e quatro horas mais tarde, a mandíbula do Brice doía pelo esforço de apertá-la. A tormenta caia com toda sua fúria. A luta contra a chuva gelada e a lama o tinham lhe tirado a escassa paciência. A confiança de Jacobs em que seu agente tinha encontrado Paige Heeley não valia muito se Grace não aparecesse. Que classe de Ranger saía sem o apoio e não entrava em contato?. Em realidade, se Brice encontrasse seu cadáver sobre o piso do bosque, colocaria outra bala no corpo inerte.

   Maldição!

   O trovão retumbou pelo céu antes de ecoar pelas ladeiras da montanha. Brice ergueu seus ombros e escalou outra colina para explorar a área de abaixo, favorita entre a comunidade mochileira. As pessoas faziam excursão por essa área durante a primavera e construíam pequenas cabanas com qualquer tipo de madeira que pudessem encontrar.

   A temperatura estava caindo de novo, e o soprar de um vento forte fez com que Brice amaldiçoasse uma vez mais ao destino. Obrigando-se a subir outra ladeira coberta de lama, olhou fixamente o lago debaixo. Uma pequena cabana estava situada a três metros da ribeira. Seus dedos alcançaram o microfone de rádio .

   — Allen, tenho outro possível.

   — Dez E quatro. Nada aqui. Seguirei adiante até sua posição, Xerife.

   — Entendido.

   Fazendo seu caminho ladeira abaixo, Brice manteve fixa o olhar no objetivo. O bosque era espesso com uma boa quantidade de madeira morta sobre o chão. Algo captou sua atenção em uma árvore média derrubada, que se encontra com aproximadamente quinze grau a cima de algumas pedras de granito. O cair do tronco de sequóia, os ramos meio mortos formavam uma cortina que corria por quase seis metros. Os subido arrepio tomou parte de Brice, o sentimento intensificado com o conhecimento de que estava completamente ao descoberto. Sua mão se moveu pouco a pouco buscando a sua arma. Seus olhos exploraram devagar a cortina de folhagem putrefata, procurando a única coisa que estava errônea. Não podia encontrá-la, mas o sentimento de que estava sendo observado não se apagava.

   Brice curvou seus dedos ao redor de sua pistola. Um leve rangido das folhas flutuou ao vento. A figura tornou forma lentamente na parede da árvore podre.Era de forma humana. Coberta de lama meio seca havia agulhas de pinheiro e folhas mortas aderidas em sua cabeça, aquilo começou a morver-se atrás dos ramos obrigando a Brice a dirigir outro olhar para convencer-se que a árvore não se estava movendo. A lama e a sujeira cobriam sua cara e todo o seu corpo de forma uniforme, mas os olhos que olhavam fixamente através da sujeira eram de um verde esmeralda surpreendente.

   Com mão estável apontou sua arma a aquilo. Brice deslizou um olhar avaliador sobre a figura em busca de pistas sobre seu gênero. Havia tantos despojos florestais aderidos à pessoa. Era impossível distinguir se era um homem jovem ou uma mulher magra. Os olhos esmeraldas foram à arma em sua mão antes de voltar para sua cara. A arma não pareceu preocupar ao indivíduo em nada. A postura indiferente parecia quase misteriosa. Poucas pessoas ficariam cômodas com uma pistola lhes apontando.

   — Você não vai disparar me.

   Possivelmente não havia como identificar seu gênero mas aquela voz certamente o fez. Clara e quase revestida de mel. Brice estreitou seus olhos quando procurou à mulher sob a imundície. Passando seus olhos por sua longitude outra vez, Brice notou a figura esbelta que permitia caber na janela do quarto de banho do motel.

   — Não esteja tão segura sobre isso, neste momento o pensamento é tentador.

   — OH… já vejo. Esta um pouco decepcionado porque não conseguiu ver a bruxa trabalhando? Terrivelmente desolado, Xerife — Sua ira realmente não deveria incomodá-la. Mas o olhar dele eram estranhamente interessante para ela. dentro de suas profundidades jazia algo que a fazia estremecer. Era uma reação estranha, nascida de seu gênero feminino. Grace franziu o cenho quando a sensação continuou movendo-se sobre seu corpo em uma quebra de onda constante.

   Voltando a guardar sua arma em seu porta-pistola, Brice observou a sua criatura do pântano. Aquele tipo de coberta era aplicada a sobrevivência. Não mostrava nem um milímetro de sua pele. Nenhuma sugestão da cor de seu cabelo, em contra partida, aqueles olhos intensos lhe fitavam fixamente através de uma máscara de lama negra esverdeada, espessa. Aplicado em camadas, as diferentes sombras de lama formavam uma camuflagem extremamente eficaz. Era uma habilidade que só a elite das forças armadas aprendia. Deveria ter parecido ridículo em uma mulher. Mas, a deixava atrativa. Brice considerou a sobrecarga de energia sexual que pulsou através de seu cérebro em resposta a suas habilidades de sobrevivência. Talvez o mundo moderno poderia etiquetá-lo como selvagem por pensar assim, mas Brice não se preocupava. Na verdade, aquela mulher irradiava um poder que fervia o sangue de qualquer homem que tivesse sangue nas veias.

   — Tem uma atitude de demônio para um Ranger.

   — Não sou um Ranger.

   — O que quer dizer exatamente?

   Ela se parecia mais com um Ranger do exército do que a metade dos homens que vira naquela manha a mandado de Jacobs. Exceto pelo fronte bastante cheio de sua camisa. Em vez de um conjunto de músculos peitorais, ela claramente enchia sua roupa com um par delicioso de seios. Aquele arrepio de excitação o agarrou novamente. Brice observou os pequenos pares de mamilos rígidos que brotavam em sua camisa. As caçadas extraíam o lado primitivo nos homens, parecia-se que o mesmo ocorria com essa mulher. Brice sentiu seus orifícios nasais ardiam ligeiramente em resposta.

   — Sou um agente.

   Os homens eram criaturas tão irritantes. Procuravam o controle, movidos por suas carreiras profissionais e guiados pelo sexo. Grace podia ver a excitação em seus olhos. Mas ela não se moveu. Havia uma estranha excitação percorrendo seu ventre. Seus olhos observavam os peitos dele e Grace sentiu que retinha sua respiração. Quase sentiu que os seus olhos a tocavam. Grace nunca tinha sido ciente de um olhar masculino em sua vida. Seus seios de fato se elevaram sob seu fixo olhar, uma onda de sensações percorreram seu ventre.

   Grace retrocedeu frente a ele quando se agachou atrás dos ramos da árvore. A necessidade de escapar voltou-se urgente. Havia muita agressão naquele homem. Emanava em seu corpo como um rastro que podia cheirar.

   Grace levantou aquele pacote com as mãos suaves. Havia algo quase hipnótico a respeito da inocência daquela menina. Ia realmente a sentir saudades. Entregá-la aos cuidados da polícia local era quase triste.

   Mas agora, era hora de encontrar abrigo contra aquela tempestade. Aninhando ao seu peito a pequena Paige, Grace ajustou a jaqueta que tinha envolvido a menina para defendê-la da chuva. Dormindo dentro de um casulo, tinha esquecido a perseguição do gato e o camundongo que tinham atormentado-as.

   Os ouvidos do Grace lhe disseram que o xerife estava seguindo-a rapidamente, de modo que quando ela se voltou e saiu de seu esconderijo fez com que o homem saltasse atrás antes de se chocar contra ela. Considerando o susto na cara do homem, Grace empurrou aquele embrulho para frente obrigando-o a agarrá-la ou deixá-la cair.

   O xerife não a decepcionou. Seus braços se fecharam sobre o embrulho enquanto se esquivava para evitar sujar-se com a imundície que cobria a Grace. Ela sorriu enquanto seus olhos brilhavam em divertimento diante o fato de que aquele embrulho que protegia Paige também estava coberto de lama e folhas.

   — Se isto for seu equipamento, vou deixar o cair!

   — De modo algum duvido que os pais dela ficariam contentes se descobrissem que você falou desse jeito a respeito da filha deles.

   Brice levantou o rosto rapidamente. Não podia ser tão simples. Levantando o vulto com um braço, Brice moveu a borda do tecido para trás para olhar dentro.

   Brice conteve o fôlego quando desembrulhou a pequena cabeça de cabelo loiro sujo. Envolta dentro das dobras do tecido, a criança dormia pacificamente. A menina fez um gesto leve quando o ar frio da noite se precipitou sobre ela. Brice a recobriu enquanto a assegurava mais firmemente dentro de seus braços.

   — Como demônios a encontrou?

   O trovão estalou através do céu um segundo depois que Brice quase rugisse a pergunta. Paige gritou de forma desesperada. Brice afastou a jaqueta, mas Paige se retorceu e se soltou de seus braços.

   No segundo em que seus pés chegaram a terra correu longe dele a toda velocidade. Desapareceu atrás da forma silenciosa do agente do Jacobs. Antes de Grace fixar seu olhar em Brice, ela viu as pequenas mãos de Paige dirigir-se em direção a suas pernas.

   — Isso foi brilhante.

   — Talvez poderia haver me advertido isso, antes de dá-la como estivesse se desfazendo de algo.

   Grace observou ao homem diante dela. Sua cara estava possessa pela irritação quando seus olhos castanhos se moveram sobre os dela de novo. Havia uma maneira exata em que ele movia seus olhos. Aquele exame minucioso não omitiu um só detalhe.

   — Você não teria acreditado se eu lhe houvesse dito que ela estava nesse vulto —Alcançando as duas mãos que se abraçavam a suas pernas, Grace levantou a menina em suas costas. Em seguida Grace sentiu que Paige envolvia seus braços ao redor de seu pescoço, pondo seus pés adiante. A risada de Paige flutuou no ambiente quando Grace começou a subir a ladeira.

   — Nas costas! Nas costas! Nas costas!

   A pequena moça saltitava de acima a abaixo com seu cântico. Paige tinha começado a falar no momento que pôde e não se deteve até que caiu dormida. Sua soneca pareu ter recarregado à menina. Sua pequena voz tagarelava a respeito dos pássaros e as árvores e uma quantidade infinita de outros elementos.

   — deixe-me levá-la — Brice estendeu suas mãos para o Paige, mas as retirou quando ela soltou outro grito estridente. Pouco depois, Grace virou seus olhos de esmeralda para fita-lo outra vez.

   — Eu a encontrei, eu a levarei. —Fez um meio giro perfeito e reassumiu seu passo firme subindo a ladeira. Seus passos eram estáveis e fortes. Brice a olhou enquanto ela seguia com a menina sem um signo de fadiga. Brice não podia recordar uma só mulher que ele conhecesse que estivesse em tão boa condição. Neste momento, a agente de Jacobs nem sequer respirava com força.

   Esse era o nível de resistência que Brice esperava de cada homem de seu departamento. Mas vê-lo encerrado em uma mulher da metade de seu tamanho era ligeiramente pertubador. Agitando sua cabeça, Brice diminuiu a distância entre eles. Está bem, a mulher estava em uma condição física excelente. Em realidade, deveria estar agradecido por isso.

   Além disso, era uma boa caminhada de duzentos e setenta e cinco metros para alcançar o topo de ladeira. Ela se inclinava só um pouco para assegurar-se que Paige não deslizasse de suas costas. A postura lhe dava uma vista clara de seu firme traseiro. Brice desfrutou daquela onda de excitação que o golpeou de novo. Desta vez sentiu seu membro crescer em apreciação. A maneira que ela tinha fugido o fez sorrir abertamente. Com um traseiro assim, um homem desfrutaria da perseguição.

 

   O silêncio ditoso foi esquecido quando a última das Unidades de busca entrou na Sala de Emergências. Grace olhou o dispositivo de portas fechar-se atrás deles e suspirou com alívio. Levantando sua cara, deixou que a chuva a ajudasse a livrar-se um pouco da lama que se aderia a seu corpo.

   Embora estivesse com frio, desfrutou da sensação da chuva em seu corpo. A vida estava contida dentro das gotas de água e quando se deslizaram por sua pele pareceram confirmar seu próprio elo com seu ciclo interminável.

   O barulho feito pela água ao entrar na rede de esgoto, quando chegaram ao estacionamento, afastou-a de seus pensamentos. Grace abriu seus olhos e olhou para o bosque escuro. A pesar do fato de que tinha recuperado Paige, ainda sentia a chamada para voltar, mas a chamada não era tão forte como na noite que chegou.

   Grace observou o bosque. Gostava do pântano, mas seus sentidos queriam retira-la dali por alguma razão. As emoções estavam interferindo em suas capacidades. Os sentimentos cortavam facilmente mesmo estando bem concentrada e sempre destruíam os seus vínculos mentais.

   Essa noite era um exemplo obvio dessa lição. Ela precisava descansar sua mente, ainda agitava pelo enredo de emoções a seu redor. Inclusive a cara do Xerife estava brilhando dentro de sua cabeça.

   Um tremor sacudiu seu corpo. Era muito consciente do homem. Em realidade, recordava de todos detalhes de sua cara. A maneira como ele fitado seu corpo, como se tocasse parte por parte. Poucos homens eram tão intensos. A maioria eram escravos de sua luxúria. Mas este homem desfrutava de sua besta interna. Tinha querido olhar seus peitos e tinha estado contente, ela o tinha notado.

   Grace inspirou profundamente quando pensou em revê-lo de novo. O desejo se burlou ante sua lógica. Mas a tentação era cruel. Grace sentiu que seus peitos formigavam ligeiramente com apenas o recordar daqueles olhos castanhos.

   Qualquer coisa que desejasse, teria que esperar até que sua fadiga desaparecesse. Então sua disciplina poderia dominar as imprudentes respostas físicas.

   Aquilo não significava que ela tivesse que ir ao médico. Sentando-se no chão, seguiu desfrutando da chuva deslizando-se por sua cara. Os edifícios eram velhos. As paredes bloqueavam cada sinal de vida. O ar mesmo se voltou pesado dentro de suas paredes. Justo ali, estava o som doce da chuva e a noite era clara e fresca. Enchendo de ar seus pulmões, Grace suspirou. Ali, ela poderia relaxar-se.

   Um segundo tremor a sacudiu juntamente com um terceiro. Grace prestou pouca atenção à temperatura minguante de seu corpo. Sempre tinha frio depois de rastrear uma visão. Nada expulsaria a frieza de seu corpo exceto dormir. Apoiando suas costas contra um grande vaso, absorveu os momentos de claridade que sua cansada mente poderia recolher.

   Seus ouvidos beberam o som da chuva quando seu aroma encheu seus pulmões.

   Ela amava a noite, principalmente quando era chuvosa.

 

   Com sua terceira taça de café na mão, Brice entrou no corredor de enfermaria. Acenou a quando o pessoal noturno enviou um montão de saudações murmuradas em sua direção. Algo sobre aquela noite era estranho, embora o próprio Brice estivesse eufórico. Ainda tinha problemas em aceitar o fato de que sua idéia curinga tinha dado resultado. Supunha que teria que despedir-se das brincadeiras psíquicas por respeito. Ainda não tinha nenhuma pista de quem era o agente de Jacobs, mas definitivamente não era normal.

   O sentimento que o dominava o seguiu à sala de emergências. Levantando o café até seus lábios, olhou a seu redor para descobrir a causa. Dois enfermeiros estavam de pé ao lado da entrada de uma das portas. Com suas cabeças apertadas juntas. Sussurravam olhando fixamente algo justo além de sua vista. Baixando o café, caminhou aproximando-se da porta para descobrir o que estava causando o temor. Uma maldição se deslizou de sua boca. Grace. Com todo entusiasmo da notícia, ela simplesmente tinha evitado todo mundo. Estava sentada sobre o chão com suas costas contra um suporte de vasos grande completamente alheia do aguaceiro que a empapava. Seus braços cruzados se apoiavam sobre seus joelhos, que estavam levantados até seu peito. Estava imóvel; Brice sentiu que uma manta de preocupação o cobria.

   Jacobs e sua Unidade investigavam o extremo norte longínquo do condado. Além disso, utilizavam rádios com freqüências diferentes de forma que só entrou em contanto com eles, quando tinham chegado ao hospital. Dois enfermeiros caminhavam um do lado do outro, suas cabeças giraram de forma sincronizada enquanto olhavam nervosamente para o corredor..

   — Pelo amor de Cristo! Ninguém lhe ofereceu uma taça de café?

   — Essa mulher não é normal.

   — Olhe-a! Sentada ali como se fosse um pingüim no Polo Norte. Não me parece que queira nenhum café. —Ambos os auxiliares de enfermagens cruzaram os braços e rechaçaram a observar seu de vista.

   — Sabe, Scott, às vezes me envergonho em admitir que temos os mesmos cromossomos. — disse Brice antes de jogar fora seu próprio café para depois agarrar seu guarda-chuva e sair. Possivelmente a mulher não fosse normal, mas isso não significava que era alguma espécie de bruxa. Pelo amor de Deus, ela havia trazido a criança desaparecida. As pessoas deviam oferecer um mínimo de decência.

   Saindo pela porta, Brice apertou seus dentes contra o frio no ar. Mais dez graus e estaria tirando a neve do caminho amanha. Normal ou não, a mulher era ainda humana.

   Sentou-se ao lado de Grace. A chuva tinha lavado a maior parte da sujeira de sua cara, mas o restante estava nas pontas de seu cabelo sujando a lateral de seu rosto. Ela manteve sua cara orientada para cima, para a chuva, mantendo-a fora de sua vista. Brice obrigou seus olhos a procurar qualquer sinal de vida. Tinha visto cadáveres que pareciam mais vivos que ela naquele momento, à exceção de uma leve subida e descida de seu peito. Tão ligeiro que quase não se percebia.

   Seu corpo começou a tremer compulsivamente. Por que decidiu permanecer fora do hospital no frio, ele não sabia. Mas ela iria se aquecer agora mesmo antes que adquirisse uma hipotermia.

   — Grace?

   Nada, nem sequer piscou os olhos. Alargando sua mão, Brice a sacudiu. Ela reagiu ao toque com a mesma violência de uma mina ativada pela pressão.

   Brice recebeu um surpreendente olhar de fúria dos olhos cor de esmeralda antes que ela colocasse ambos os pés diretamente sobre seu peito e lhe desse chutes para afastar de seu corpo. Podia ser pequena, mas o que mais tinha era músculos sólidos.

   Em reflexos a seus chutes, Brice conservou seu corpo agarrado ao seu. Seu ataque o enviou para o chão, levando Gracie juntamente consigo. Seu cérebro reagiu imediatamente a sua posição vulnerável. Ele a atirou de costas ao chão antes que ela tivesse a possibilidade para pensar.

   — Me solte.

   — Qual é seu problema? Sou o único que se está dolorido agora.

   Grace sentia seu corpo estremecer-se em resposta ao dele. Na realidade o domínio puro de sua captura a excitou. A ira flamejou dentro dela, mas se mesclou com o intenso estímulo de seu toque, fazendo-a ainda mais consciente de seu corpo.

   — Eu não gosto que me toque, assim solte-me!

   Seu olhar fixo esmeralda queimava de irritação. Brice a sustentou por um instante antes de levantar-se com um empurrão, atraindo-a junto com ele. O estacionamento do hospital não era exatamente o lugar para explorar detalhadamente o que ativou seu corpo.

   Logo depois, ela recuperou seu equilíbrio, sacudindo violentamente seu braço contra o aperto, retirou-se vários passos antes de ficar em guarda contra ele. Um leve sorriso zombador surgiu em sua boca quando ele observou o forte som de sua respiração. O desejo era um demônio indômito. Ataca sempre da forma que o convém. O agente de Jacobs não parecia apreciar aquela repentina atração. Isso fez Brice elevar os cantos de sua boca em um largo sorriso, ia desfrutar transformando sua mente.

   Enquanto ela parecia ter muita energia mental para gastar, seu corpo parecia estar a um passo do colapso. Os espasmos sacudiam agora sua estrutura quase que continuamente. Se não tivesse tido a mandíbula apertada tão firmemente, Brice teria esperado ouvir tagarelar seus dentes plenamente.

   — É o momento de entrar não acha?

   — Eu prefiro ficar aqui.

   O desafio que ela emitiu fez Brice curvar seus lábios ainda mais.

   — Goste ou não, você não ficará aqui fora neste frio.

   — A temperatura não é um perigo de morte. Encontre outra pessoa que necessite de sua preocupação.

   — Me permita conseguir um espelho, querida, porque se esse corpo tremer mais ainda, terminará deitado sobre seu traseiro.

   — É meu traseiro. Cai fora.

   — Entre agora!

   A ordem dura e afiada atravessou seus nervos. O xerife parecia determinado a forçar contra sua vontade. Um singelo sorriso tocou a cara do Grace, a maioria dos civis tinham medo dela. Sondou os olhos castanhos uma vez mais. Aquele homem não era um civil, era um predador muito bem disfarçado em um uniforme de polícia civil. A verdade se gravou nas profundidades de seus penetrantes olhos. Ele não estava domesticado.

   — Não.

   A pronúncia daquela palavra contava mais que se o tivesse gritado. Os olhos do Brice se obscureceram enquanto observava seu retrocesso até uma posição mais ampla que lhe permitiria defender-se mais eficazmente. Ele sentia que sua excitação atingia outro grau. Ela não ia lhe dar a oportunidade de persegui-la; tinha a intenção de defender seu terreno.

   — Bem, se esta for a maneira em que vai ser — Seu corpo se contorceu quando sentiu as ondas excitação crua que a ela o inspirava. Soltou suas mãos de seu cinto enquanto considerava seu objetivo.— Ira entrar, doçura.

   — Já vejo que os dois se conheceram.

   Brice se voltou para encontrar Jacobs parado exatamente quatro passos detrás dele.

   Grace se negou a suportar o duro olhar que Jacobs lhe enviou. Paige Heeley tinha sido recuperada, além disso, ela recusava ser criticada. E fulminou logo depois o olhar do Xerife. Seu corpo tremeu outra vez quando a fadiga a tomou.

   Um cego não teria omitido que a violência aumentou os tremores que sacudiam seu corpo. Jacobs se amaldiçoou silenciosamente. Não deveria ter permitido que sua curiosidade pela reação do Grace ante a Brice o distraíra de seu nível de esgotamento.

   E Grace estava esgotada. Ajudado pela chuva gelada, seu corpo caminhava ao esgotamento enquanto a observava.

   — Vamos, Grace.

   Era uma afirmação simples, ainda assim Grace se esforçou por compreendê-la. Jacobs indicou com sua cabeça na direção oposta a dela. O xerife a olhava de novo com aqueles olhos penetrantes, assim que ela forçou suas costas a endireitar-se. Ele desejava tocá-la de modo que lhe negaria a possibilidade de sair debaixo dele.

   Observou o uniforme marrom do departamento do xerife que se ajustava em seu peito. O material úmido revelava os firmes contornos dos músculos que ela recordava. Seus seios se elevaram de novo antes que ele olhasse mais seus mamilos ela ficou de costas a ele. Uma dor percorreu seu ventre quando forçou sua energia restante ao recordar o uniforme marrom.

   O homem era um civil. Assim nunca o veria outra vez.

   Brice olhou o desigual casal até que eles desapareceram de sua vista. Fez uma ligeira careta de dor enquanto os músculos de seu peito emitiam uma leve queixa.

   Voltando seus olhos para o corredor, Brice sorriu abertamente e devagar.

   Bom, aquela definitivamente não era nenhuma donzela!

 

   Com um ombro apoiado contra a porta do banho, Jacobs olhou como Grace perdia sua luta por permanecer consciente. Seus olhos se fechavam, mas ela nem sequer tinha sido consciente de seu presença durante os últimos dez minutos. Assombrou-se de como tinha conseguido tomar banho.

   Sua respiração se fez cada vez mais superficial, recordando a Jacobs a razão pela qual ela compartilhava seu quarto. Avançando eficazmente, colocou um monitor cardíaco nela. Sua carne estava gelada. Colocando as mantas da segunda cama, agasalhou-a até o queixo.

   Considerando a informação mostrada na tela, Jacobs acenou devagar em aprovação. A unidade tinha um alarme estridente que o alertaria se seu coração parasse. Era uma segurança que necessitava essa noite.

   Tinha estado ignorando certos feitos ultimamente. Sua missão solitária era só outro elo da cadeia. A depressão alcançava ao mais forte dos homens. Em um Ranger, podia significar suicídio.

   Simplesmente não tinha querido ver que Grace tinha chegado muito longe para abandonar sua Unidade. Aquilo não era um engano. Grace simplesmente não importava.

   Bem, ia ter que encontrar uma maneira de mudar essa situação. A morte não era a pior coisa que poderia acontecer. Um psíquico verdadeiro valia uma fortuna no mercado mundial. Especialmente um com a proporção de êxito do Grace.

   A mulher era um agente. Tinha tido só dezesseis anos na primeira vez que presenciou como ela rastreava a alguém usando nada mais que uma aliança de casamento. Vê-la dirigir essa habilidade nunca deixou o assombrado. Dando suficientes creditos, nunca a tinha visto falhar.

   Deslocando-se longe da mulher dormida, Jacobs se dirigiu à ducha. Equivocou-se sobre quão profunda era sua depressão.

   Seu superior exercia muita pressão sobre eles para que se ativessem a assuntos militares. Mas inclusive o Coronel Turvel tinha sugerido que pegar o caso de Heeley seria uma boa mudança de paisagem. Depois de tudo, encontrar a uma menina poderia pôr um sorriso na cara mais endurecida.

   Jacobs sabia que Paige Heeley não seria suficiente, mas era um começo.

 

   — Outra noite nas grades.

   — Sua preocupação por minha conduta moral é comovedora.

   O sargento Jenson enviou uma resposta a saudação zombadora do seu chefe. Brice simplesmente sorriu largamente em sua direção fora da área de espera. passava muitas noites sobre o cama de armar naquela cela de detenção. Durante o caso Heeley, quase se tinha convertido em seu dormitório. Bem, essa noite o faria em sua casa. O pensamento de sua própria cama trouxe um amplo sorriso a sua cara.

   O sorriso se intensificou em algo mais predador quando pensou em seu principal objetivo durante o dia.

   Alguém tinha raptado um de seus cidadãos. Brice tinha uma cela escolhida de detenção para o delinqüente responsável. Não havia nenhuma maneira que permitisse que outra família se convertesse no objetivo desse monstro. Sobre tudo quando o meio para rastrear o criminoso se encontrava a dezenove quilômetros caminho abaixo.

   Se essa mulher pôde encontrar Paige, talvez poderia usar suas habilidades para encontrar o raptor.

   Além disso, Brice tinha curiosidade por ver se a mulher era um pouco menos abrasiva com a luz de dia. Ela tinha despido suas garras com total espontaneidade a noite passada. Essa idéia pôs um sorriso lento de apreciação em sua cara.

   Seu rechaço envolveu algo dentro dele. Brice permitiu que sua memória recordasse exatamente como ela ficou em debaixo dele. Tinha sido puro prazer sentir seus mamilos contra seu peito. Teria sido melhor prová-los, colocá-los em sua boca e lambê-los até que ela envolvesse aquelas pernas firmes ao redor dele em rendição.

   Entrando no estacionamento do motel, Brice liberou a fantasia. A primeira ordem de detenção seria mantê-la no condado do Benton.

   Hoje os sentinelas ficariam em posições mais ocultas. Passando lentamente pelo corredor, Brice esperou a ordem de deter-se. Quando esta não chegou, simplesmente levantou a mão para golpear na porta do quarto. Jacobs abriu logo depois. Com a porta aberta, uma onda de calor se fugiu dela.

   — Não esperava ver-lo tão logo — comentou Jacobs enquanto abria a porta.

   Ambas as janelas do quarto tinham as cortinas fortemente fechadas contra a luz de dia. Embora os restos da tormenta mantinham a baixa temperatura, aquilo não contava para o nível de calor que estava presente no quarto. Brice tirou sua jaqueta no momento em que deu um passo dentro do quarto. Procurando com seus olhos Grace, quase sentiu saudades. O que parecia uma cama enrugada era seu corpo coberto com roupas de cama de ambas as camas do quarto.

   Com os olhos cheios de perguntas, Brice contemplou ao Jacobs.

   — Este trabalho exige muito dela.

   As mantas extras disseram a Brice os esforços que tinham impelido seu corpo ao esgotamento. Abordá-la no estacionamento coberta pela chuva certamente não tinha ajudado.

   — Preciso falar com ela, lhe fazer algumas perguntas — Brice manteve sua voz baixa.

   Jacobs cruzou devagar seus braços sobre seu peito.

— Ser da família te franqueou a porta principal. A permissão de interrogar a meu agente tomará mais amigos dos que tem.

   O comportamento inflexível que o Major adotou era inequívoco. Brice considerou suas opções. Se ele se rendia agora, teria que estar contente pela volta do Paige.

   — Então por que te acha ainda em meu condado?.

   — Não parecia haver nenhuma razão para preocupar-se de passar outras quarenta e oito horas aqui.

   A voz do Jacobs claramente lhe indicou que estava reconsiderando sua decisão anterior. Brice observou a atitude territorial que o homem mostrava antes de que seus olhos se movessem à fonte de seu dilema. Encerrada dentro da mulher inconsciente havia uma habilidade que poderia lhe dar a vantagem contra um rasteiro que pilhava aos meninos. Brice ainda necessitava de suas habilidades.

   — Tenho um seqüestrador infantil que trabalha em meu condado. Seria bastante útil ter uma idéia de simplesmente onde começar a busca, Major. Essa não pode ser a preocupação de seus superiores, mas te asseguro que é a minha.

   Embora parecesse estranho foi a referência a categoria de criminoso fez com Jacobs reconsiderasse sua posição. Brice Campbell tinha um arquivo bastante interessante. Em seis curtos anos no Exército, o homem tinha terminado com um registro impressionante.

   — Bem, Capitão, deu dez horas a mais. Não vou lhe dar uma ordem. Nosso trabalho acaba quando o objetivo é recuperado. —Jacobs lançou um olhar penetrante a sua companhia.— Eu não despertaria suas esperanças. Grace pode ser muito seletiva a respeito com quem conversa.

   — Penso que ela me adora. —Brice recordou do modo como seus mamilos tinham endurecidos. Era a forma mais básica de comunicação. Personalidades diferentes atraíam-se mutuamente. E era algo que ele queria explorar.

   Uma risada baixa saiu do peito do Major outra vez.— Assegurar-me-ei de notificar a seus parentes mais próximos.

   Brice preparou-se para sair, mas se deteve na entrada durante um momento. Girou sua cabeça para olhar a cama. Como desejava prosseguir naquele caso, perturbava-o como aquele esforço físico sucumbia às forças daquela mulher. Brice não sabia como ia fazer o, mas ele tinha estava em debito com ela, tinha que pagar essa dívida.

   — Devo-te uma. — Brice deu a Jacobs um cartão de visita.— me chame se necessitar qualquer ajuda com ela.

   Jacobs ficou sério logo depois que o xerife se retirou do quarto. Se fosse inteligente, sairia daquele condado antes que Brice Campbell descobrisse. Seu superior gostava de manter ao Grace em segredo. Era uma opinião que ele compartilhava de bom grau. Quantas menos pessoas soubessem sobre Grace, mais a salvo estaria. Saindo do quarto, Jacobs permitiu que o ar da manhã lhe roubasse o calor do corpo.

   O bosque circundante proporcionava uma oportunidade que Unidade poderia beneficiar-se. Tinham estado encerrados na base durante semanas. Uns dias nas montanhas eliminariam o excesso de graxas. Embora a base podia proporcionar todo o treinamento físico que seus homens necessitavam, não havia substituição estando no campo. Havia uma margem de incerteza que a natureza podia proporcionar. As habilidades que um homem aprendia com isso podiam significar a diferença entre a vida e a morte.

   O encontro de Brice com Grace pesava em sua mente. O contato físico era algo que Grace nunca tolerava bem, mas agora o evitava ao ponto da violência.

   Brice parecia ávido por outra ronda com ela. Poderia ser interessante ver o que faria Grace quando se encarasse com as perguntas do homem.

   Tirando seu telefone móvel do bolso de sua camisa, Jacobs marcou uma linha em código para ver se seu superior objetava sua decisão. O Coronel Turvel devia estar em seu escritório porque a resposta foi quase foto instantânea.

   Assentindo com satisfação, Jacobs guardou o telefone. Talvez levando Grace para longe, dentro das montanhas retiraria qualquer parafuso frouxo que a tivesse impulsionado a expor-se durante esta missão. Se não, teria que ser criativo.

 

   — Não segue muito bem as ordens.

   Passando sua mão de novo pelo topo de sua cabeça com agitação, Jim procurou desesperadamente em sua mente qualquer desculpa para sair da cabana. Sam era certamente um idiota por havê-los unido com aquele tipo de gente. Jim desejou sair.

   — A menina só ia tomar banho. Não pensei que necessitasse de uma escolta.

   — Não te pago para pensar. — Enojado pela patética desculpa do homem que estava de pé diante dele, fez um sinal com sua mão para conseguir que o homem desocupasse a cabana. Ele tinha coisas mais importantes que fazer. O objetivo de sua missão não tinha sido alcançado. Teria que pôr outra armadilha.

Dois únicos tiros perfuraram o ar, causando um aceno de aprovação. Nenhum cabo solto.

   O fracasso não era uma opção.

  

Abrindo os olhos, Grace olhou a seu redor. Devagar, inspirou profundamente o ar e o liberou. Seus músculos estavam relaxados e sua cabeça nas nuvens.

   Podia mover-se perfeitamente. Sem saber os detalhes exatos de sua atual posição, fez-se vital para ela investigar os arredores antes de fazer qualquer movimento brusco. Se assustados, os Rangers tendiam a despertar de mal humor. Os homens de sua unidade dormiam com suas armas mais freqüentemente do que com suas noivas. Uma certa preocupação inundou sua cara; Jacobs estava estirado em outra cama, em frente a dela. Uma mão estava sob o travesseiro, o magro bordo de sua pistola aparecia por debaixo do branco travesseiro de algodão.

   Movendo seus olhos para a janela, pôde captar o suave raio de luz. Estava desejando escapar e explorar o bosque antes de que o superior de Jacobs encontrasse alguma outra tarefa para despachá-la.

   Pensar no Coronel Turvel foi um engano. Aquilo azedou seu humor, abrindo a porta da depressão que a tinha espreitado durante os últimos meses. OH, sabia o que era depressão; simplesmente não gostava de fazer nada a respeito.

   Tendo em conta o Jacobs, Grace acomodou seu corpo sobre o lado oposto da cama. Jacobs tinha o sono mais sensível que ela conhecia, escapulir-se sem que o notasse era seu desafio favorito.

   Hoje sua recompensa por evadi-lo seria ver o amanhecer. Não era nada pessoal, mas Jacobs era o melhor candidato para aquele tipo de treinamento. Além disso, as quatro paredes da habitação do motel eram muito lúgubres para permanecer entre elas enquanto o amanhecer esperava.

   Empurrou a porta super lentamente. O ar que chegava até ela em pequenas rajadas era fresco, fazendo-a estar impaciente por sair daquela habitação. Mas uma seca dobradiça poderia finalizar seu jogo com um diminuto barrulho. A paciência valeu a pena quando Grace deslizou através da porta até o caminho.

   O ar da manhã era maravilhosamente fresco. Grace permitiu que um sorriso cruzasse sua cara ao se afastava do edifício. Os primeiros raios de luz se elevavam por cima do horizonte. O motel se encontrava sobre milhas do bosque e a alvorada estava trazendo lentamente as árvores à vida.

   Grace obrigou a seus pés a deter-se. Estava desejando mover-se além da vereda mas aquilo poderia trazer companhia que se misturaria em seu amanhecer. Tendo fugido da Unidade de Jacobs fazia tão pouco tempo, não havia maneira de que aqueles mesmos homens voltassem a cometer o engano de não vigiar cada um de seus passos. Ao menos não por um tempo.

   Queria desfrutar do bosque do Benton. Exatamente por que não se importava com a segurança que a base oferecia. O ar fresco que a rodeava era o que importava.

   Seus olhos captaram o rápido momento que Clark trocou de posição. Grace franziu o cenho profundamente. Estar em Benton significava que ainda estava em território do xerife. Seu corpo se sobressaltou com a simples lembrança daquele homem. Grace também pensava em seu próprio corpo com curiosidade. Mas certamente não era estranho que a olhasse com luxuria.

   Entretanto o olhar de Brice Campbell tinha sido diferente. Os olhos do xerife tinham estado iluminados com alguma classe de promessa. Seu corpo tinha ardido em sensações enquanto pensava exatamente que tipo de promessa estava fazendo o homem. A maior surpresa tinha sido que aquilo a tinha excitado.

   A idéia dele pressionando-a contra o chão fazia vibrar seu corpo. Tinha sido agudamente consciente dele nos cantos mais profundos de seu corpo. A tensão sexual depois de uma missão era normal. O calor que se levantou entre suas coxas não o era. Seus mamilos estavam fortemente eretos inclusive agora enquanto sua pele começava a estremecer-se.

   Clark se moveu outra vez atraindo a atenção do Grace. Inclinando a cabeça, advertiu o olhar de Jacobs.

   — Por que estamos ainda aqui?

   A cara do Jacobs se voltou uma rocha sólida. Grace conhecia essa expressão. Usava-a com seus homens freqüentemente. Bem, ela sabia como esconder-se em uma máscara também. Grace advertiu o brilho zangado de seus olhos quando se colocava sua própria máscara inexpressiva.

   — Parecia ter pressa por ver o bosque faz um par de dias.

   Grace nem sequer piscou ante sua cara de descontente.

   — Além disso, vamos jantar com o Brice em sua casa esta noite.

   Grace gemeu em resposta. Jacobs elevou uma sobrancelha.

   Bem. Deixaria que Jacobs a arrastasse ao jantar. Brice Campbell não a ia fazer fugir. Girando sobre seus calcanhares, Grace caminhou para a habitação para uma ducha.

   Não estava preocupada. Não se preocuparia. Negava-se a preocupar-se.

   Com o som da água correndo para ocultar sua diversão, Jacobs deixou que suas gargalhadas golpeassem a saída do sol da manhã. Cada homem novo na Unidade tentava impressionar Grace. Os homens mais experimentados tinham feito aposta sobre o quão rápido aqueles olhos verdes deteria os avanços. Grace podia congelar a um homem a dez passos sem nem sequer suar ao fazê-lo. Mas Brice Campbell podia fazê-la ruborizar.

 

   — Tempo de ir-se, Grace.

   Colocando a jaqueta por cima, agarrou as luvas que descansavam sobre o mostrador de azulejos do banho. Grace sorriu quando o negro tecido de ponto se aderiu a seus dedos. As distrações de sua carne eram molestas. Impedir que seus nervos se entremetessem com suas limitadas percepções, era algo consolador. Completo controle. Nisso encontrava a estabilidade para manter o controle de sua atenção.

   Grace subiu ao helicóptero com alívio. Aquele "jantar" certamente não duraria muito tempo. De fato, tinha em mente permanecer dentro do negro aparelho e rechaçar ver de novo Brice Campbell. Deslizando seus olhos sobre os de Jacobs, pensou no brilho que havia no fundo de seus olhos cor avelã. Seu C.O. (oficial superior) queria respostas também. Jacobs tinha passado a maior parte da manhã tratando de lhe fazer baixar o olhar. Possivelmente deveria lhe haver dado suas respostas e haver-se salvado dessa pequena reunião social. Se houvesse tentando ficar na Unidade de transporte, Jacobs simplesmente teria convertido o convite em uma ordem.

   Grace fixou seus pés sobre o chão do helicóptero para manter seu corpo fixo no assento enquanto Jacobs levantava a nave do chão. Ele agarrava os controles com o entusiasmo, após dois dias de inatividade. O aparelho se inclinou em um ângulo pronunciado enquanto se apressava a remontar o bosque. Grace deixou que um sorriso aparecesse em sua boca.

   A nave se levantou, propulsando-se rapidamente ante o desejo de seu piloto. Grace desfrutava da liberdade do passeio. A velocidade. Foi difícil conter a necessidade de estremecer-se quando navegaram sobre uma colina de terra, suspensos sobre o chão. Um lago aguardava diante deles e o aparelho se colocou uns poucos metros por cima da superfície vidriosa da água. O movimento dos sinais de multiplicação fazia que à água fugisse em ondas longe do helicóptero.

   Grace adorava a forma em que Jacobs dirigia a nave. O apoio do ar era vital para a segurança de sua Unidade. Jacobs não viajaria muito longe de seu aparelho por nenhuma razão.

   O caminho que Jacobs se dirigia não era mais que um velho percurso florestal. Grace observou sua cara tensa enquanto considerava o ângulo para fazer baixar o avião.

   Essa noite o ar se movia em preguiçosas rajadas entre as árvores. As sequóias se balançavam com um lento ritmo enquanto esperavam que a lua arrojasse sua luz sobre elas. A pensar do prazer que Grace encontrava na noite, estava preocupada com a razão exata de sua visita. Muitos civis tinham perguntado por ela, Jacobs raramente lhes permitia aproximá-lo suficiente para lhe falar.

   Aquilo a satisfazia enormemente. Tinha estado muitos anos forçada a agüentar a insistência dos curiosos. Agora que seus dons estavam nos informe sobre ela, raramente tinha que agüentar interrogatórios de ninguém mais que de seu oficial imediato. Alguns deles faziam um esforço extraordinário para assegurar-se de não ter que fazê-lo muito freqüentemente.

   Umas luzes artificiais anunciavam seu destino. Grace inspecionou a larga estrutura a que Brice Campbell chamava casa. As paredes externas eram, de fato, largos troncos. A casca tinha sido tirada da madeira e esta tinha sido selada para protegê-la do clima, mas não lhe tinham aplicado pintura. Não era pequena. Grandes janelas com múltiplos painéis de cristal tinham sido postas cada oito pés com o passar da frente da casa. O telhado se estendia até cobri-la, e vigas de apoio estavam espaçadas entre as janelas.

   As árvores cresciam justo até a linha do alpendre. A única parte do bosque que tinha retirado as árvores, além disso do caminho florestal, era o pequeno caminho de cascalho que dava acesso à garagem que estava a uns vinte pés da casa. Grace se deteve antes de pisar no alpendre. O Xerife Brice Campbell os estava esperando. Sacudiu seu corpo e se endireitou quando seus olhos os viram aproximar-se da casa. Alargou uma mão até a ponta de seu chapéu e o atirou para lhes saudar cortesmente enquanto seus olhos sustentavam os dela.

   — Boa noite.

   Aquele era seu território; havia pura confiança em sua voz. O desafio estava claramente escrito em seus olhos. Grace endireitou as costas e entrou no alpendre. Não estava assustada daquele homem!

   Brice deixou que seus olhos vagassem sobre ela. Sua pele tinha a cor de marfin, moldando seu rosto de forma perfeita. O Cabelo da cor do carvão completava sua formosura. E todo isso misturado a uma combinação de beleza que Brice não acreditava ter visto, a não ser em filme clássico. Ainda estava vestida com o traje verde e marrom padrão do exército. Seu cabelo recolhido em apertadas tranças no alto de sua cabeça e suas botas de cordões por fora das calças. Estava vestida até o último detalhe para uma inspeção de campo.

   Grace deu cinco passos no enorme salão familiar antes de ficar rígida. Seus sentidos se amotinaram. Em cada esquina da casa estava ele. Seu aroma ficava à deriva no ar. Elevou a cabeça e tentou identificá-lo, mas era muito evasivo. Girando sobre seus calcanhares, Grace observou a porta.

   — Jantar agora é muito grosseiro, carinho.

   Brice cruzou os braços sobre o peito o que lhe fez parecer mais dominador do que já era.

   — Os costumes sociais são uma perda de tempo, assim como uma distração.

   — Alguém deveria te ensinar o que significa a frase "fora de serviço".

   Grace simplesmente elevou uma sobrancelha. Se não respondia, eles não teriam dialogo. A idéia não lhe deu muita satisfação e aquilo era infantil. Grace olhou a ambos os homens antes de mudar os rumos de seus pensamentos. Não havia nada de imaturo em estar cansada de ser interrogada.

   Mas Brice Campbell a deixava louca. Apertando seus lábios em uma fina linha, caminhou para uma das janelas para ver a paisagem. Bem. Estava na casa. Os dois homens se afastaram em vista de seu rechaço, o que a fez sorrir. Grace inalou o ar lentamente e tentou tranqüilizar suas emoções.

   Agora que estava mais entrada na casa, Grace capturou o aroma do jantar no ar. O que fosse aquilo, cheirava bem. O ruído dos pratos alcançou seus ouvidos junto com partes da conversação dos homens.

   Agora que estava sozinha, perguntou-se sobre a casa. Estava às escuras, mas preferia assim. Perto da sala havia um comilão. Tinha uma bonita porta de madeira. A habitação estava vazia exceto por um enorme óleo. Representava a cena de um enorme garanhão negro acorrentado sobre suas patas traseiras. A força irradiava da criatura, a pesar do fato de que era só uma pintura de lona.

   Havia um corredor ao lado do comilão. A primeira porta levava a uma habitação. Era a habitação dos convidados. Com móveis necessários. O chão também era de madeira. De fato, o corredor tinha o piso de madeira com um largo tapete sobre ele. A seguinte era o banheiro. Grace parou na seguinte porta. Era outra habitação de convidados.

   A habitação seguinte capturou sua atenção. Todos os móveis eram antigos. Havia um grande cofre de madeira com a parte de acima em forma de ovo. Grace se aproximou e lentamente deslizou a mão sobre ele. A madeira era suave e estava bem envernizada. A seu lado havia uma velha prateleira. Um uniforme estava pendurado dele. A primeira vista parecia o uniforme azul das Forças Aéreas. Não o era. Duas filas de botões de latão estavam fixados nele. Era um uniforme da União da Guerra Civil. As calças estavam penduradas atrás da jaqueta. Uma parte da cor carmesim lhe chamou a atenção.

   Armas enormes estavam colocadas na prateleira. As armas que descansavam eram largos rifles e pareciam da época da Guerra Civil também. Havia três rifles e duas pequenas pistolas de mão. Todos brilhantes por ter sido recentemente polidos.

   O último artigo que descansava na prateleira de armas era uma espada. Estava também polida até alcançar um alto brilho. Descansava cuidadosamente sobre a prateleira sem sua vagem. Grace estendeu a mão brandamente, tocando o extremo de uma das pistolas.

   — Essa é uma pistola de pólvora negra.

   Grace ficou rígida. Brice Campbell se movia como uma pantera, silenciosa e calmamente. Um espiral de excitação a golpeou no ventre enquanto os olhos dele se moviam lentamente sobre ela. Havia uma evidente honestidade na forma com que ele a observava. Seu olhar sempre voltava para seus olhos quando o fazia. Um pequeno tremor percorreu suas costas em resposta. Brice Campbell não estava interessado somente em olhar. Havia uma promessa sensual em seus olhos que a fez dar um passo atrás.

   — São as pessoas que a fazem ficar nervosa?

   Sua pergunta era simples, mas a deixou confusa. Sempre tinham perguntado coisas sobre ela, mas tinha passado um bom tempo desde alguém a encarasse enquanto a questionava.

   — Bem... As pessoas são uma distração.

   Brice cruzou os braços sobre o peito enquanto seus olhos tentavam afundar-se nos dela. Grace se moveu, pois tanta atenção começou a excitá-la. Em realidade, sua pele começava a arder enquanto ele a observava.

   — Por que está tão preocupada em estar distraída? Jantar não é uma questão de vida ou morte. Minha cozinha não é tão má.

   Um pequeno sorriso nasceu nos lábios dela. Brice sentiu que sua boca respondia a expressão com um aberto sorriso.

   — Deveria fazer isso mais freqüentemente.

   — Não faço promessas que não estou interessada em cumprir.

   Grace deixou que seu sorriso se assentasse em seus lábios enquanto caminhava para a entrada. Os olhos dele a observaram atentamente antes de lhe bloquear a saída. Ela apertou os lábios em uma dura linha.

   — Nem todos os homens acham que um sorriso significa que uma mulher quer dividir à cama com ele.

   — Esta Esperando que isso aconteça.

   As palavras saíram de sua boca em um impulso. Grace apertou de repente os dentes, mas era muito tarde. Lançar um desafio era realmente algo estúpido. Os lábios dele se frisaram em um amplo sorriso zombador que deixou ver seus dentes. Caminhou em sua direção, fazendo-a consciente do tamanho do seu corpo, o quanto ele era maior que ela. Ela se sentia pequena perto dele; sua força parecia crescer enquanto seu corpo se afastava dele uma vez mais. Não era algo que pudesse controlar. Sua respiração saía em pequenos ofegos enquanto captava seu aroma.

   Brice sentiu uma forte excitação sexual e voltou a curvar seus lábios, desfrutando-a. Os impulsos se dispararam em sangue. Todos eles profundamente sexuais.

   Coberta de lodo ela tinha estado mais relaxada, no papel de agente militar. Possivelmente ele só queria ver se havia uma mulher detrás daquela compostura fria. Possivelmente o menino existente dentro dele queria lhe atirar do papel de militar e conhecer sua reação.

   Mas o homem em seu interior queria fazer bastante mais.

   — Possivelmente estava esperando que fosse um convite. Vêem aqui e poderemos averiguá-lo.

   Ela sacudiu a cabeça, mas seus mamilos estavam ferroando através de sua camisa, contando uma história muito diferente.

   — Está perdendo o tempo.

   Seus lábios se elevaram em um sorriso zombador antes de que estirasse sua mão para agarrar seu corpo. Seu corpo se moveu com um sólido propósito, atá-la a seu forte abraço. Grace ofegou em busca de ar enquanto sua pele respondia com ardente emoção ao contato.

   — Não acredito.

   Grace moveu suas mãos até apoiá-las contra seu peito, empurrando-o. Ele baixou sua firme boca contra a sua. Riscou os cantos de seus lábios com os seus, empurrando contra os firmes lábios de sua boca fechada. Uma mão envolveu sua cara, seu polegar empurrou seu queixo para baixo para lhe permitir acesso. Quentes e decididos, seus lábios se moveram sobre os dela deixando sua resistência de lado quando ele provou seu sabor. Sua língua era um audaz invasor que buscava os mais profundos secretos de sua boca. O calor explorou em seu ventre enquanto o peito dele se esfregava contra seus seus sensíveis mamilos.

   — Sabe tão bem como esperava por isso.

   Deslizando sua mão ao longo de seu braço, capturou seus pulsos e a pôs frente a frente de seus olhos. Seus hábeis dedos acariciando sua mão enquanto tocava a sensível pele do interior do seu pulso. Grace empurrou contra seu abraço. Os fortes braços dele a apertaram enquanto o corpo dela derretia de calor.

   — Seu pulso se acelerou.

   Uma mão grande viajou sobre a suavidade de sua coluna para apertá-la contra a latente artéria de seu pescoço. Liberando o seu pulso, Brice deslizou sua mão por um lado de sua cara antes de que sua boca se apoderasse da sua uma vez mais. Movendo sua boca sobre a dela, entrou no misterioso caminho que a rodeava. Exigiu uma resposta que ela não parecia ser capaz de lhe negar.

   A emoção se elevou nela como uma onda. Grace viu a tentação estender-se se por ela, enquanto caminhava sobre uma gama de sensações dentro dela. Seus dedos se curvaram em garras enquanto lutava por liberar do arrebatador estímulo de seu toque. Cada centímetro em contato entre seus corpos ardia.

   O desejo se converteu em uma força impulsora em seu interior e Grace estendeu seus dedos sobre o peito dele, procurando a cadeia de músculos que estava usando para sustentá-la contra ele. Pressionada contra seu enorme corpo, sua ereção pulsava contra suas costelas fazendo que seu ventre se contraísse de necessidade. Um suave gemido escapou de sua boca quando ele levantou seus lábios dos seus.

   Embalando sua cara em sua mão, inclinou-a para atrás até que sua boca pôde encontrar seu longo pescoço exposto. Os olhos dela estavam frágeis de necessidade; seus quadris apertados contra seu corpo enquanto se rendia a seu toque.

   Outro gemido escapou de sua garganta quando Brice fechou seus lábios contra a pele marfim de seu pescoço. Um sentimento de dominação a puxou, convertendo seus gemidos em profundas expressões de desejo. Seus quadris se ondularam em um claro convite de desejo.

   Brice elevou a cabeça enquanto saboreava o aroma de sua excitação. Podia cheirar seu sexo através de suas roupas. Movendo uma mão acariciou brandamente seus seios. Tocando o erguido mamilo com seu polegar, observou a seus olhos abrir-se de repente em resposta.

   — Vamos para meu quarto.

   O tom rouco de sua voz golpeou seus ouvidos enquanto sua mão espremia com cuidado seus mamilos novamente. Uma onda de fogo se estendeu por seu centro, fazendo-a gritar de necessidade. A intensidade disso era muito complexo para entender. Grace lhe deu um brutal empurrão no peito.

   Brice a deixou ir. A excitação sexual enchia o ar mas seus olhos cintilavam de pânico. Ela sabia condenadamente bem. O doce aroma de seu sexo golpeava seu corpo com força primitiva. Queria arrastá-la a seu dormitório e deixar o mundo fora até que tivesse explorado até o último centímetro de seu corpo.

   — Possivelmente seja melhor. Jacobs está esperando.

   Brice foi em direção ao rifle de sua prateleira. Seus olhos eram frios quando se deslizaram sobre sua cara, ele limpou a peça que esta suja por uma fina camada de pó, e deixou bruscamente a habitação.

   A parede detrás dela se transformou de prisão a suporte quando Brice saiu pela porta. Grace deixou que seu corpo desabasse contra ela enquanto lutava pela estabilidade emocional que parecia haver-se perdido rapidamente. Seus lábios estavam tremendo enquanto lutava pela objetividade tão necessária para que sua concentração estivesse completa.

O calor radiava ao longo de cada centímetro de sua pele com a tácita necessidade de desprezar completamente suas roupas. Seus peitos estavam suspensos contra o sutiã que levava e não podia recordar outra ocasião em que a roupa tivesse sido tão incômoda. Tomando fôlego profundamente, sentiu que o calor se movia para seu interior, provocando um batimento cardíaco que sentiu indo diretamente em seu sexo.

   Grace apertou os dentes com aborrecimento. A onda de excitação era inegável, e a odiava. Estar a mercê de seu corpo era tão molesto como o inferno. Apertou suas coxas enquanto tentava esclarecer sua mente.

   O controle retornou em lentas quantidades. A descarga explosiva de uma arma alcançou seus ouvidos. Qualquer tema era bem-vindo se significava deixar de pensar no beijo de Brice.

   O rifle se descarregou uma vez mais. Grace caminhou até o pátio e observou enquanto Brice o baixava para começar o processo de recarga. Levantou um pote de pólvora até a boca, vertendo uma quantidade do pó negro no canhão da arma. Depois colocou a bala e por último usou uma larga barra para comprimi-lo tudo firmemente no canhão.

   Brice deu a arma ao Jacobs, lhe dando cuidadosas instruções. Grace observou enquanto atirava o gatilho. O rifle se descarregou com uma nuvem de fumaça.

   — Onde aprendeu a disparar esta arma?

   — Temos um grupo histórico que se reúne uma vez ao mês. Uma batalha fingida e um baile. Deveria assistir este fim de semana. É uma das formas locais de relaxar-se no Benton.

   O convite podia soar inocente para Jacobs, mas Grace encontrou o olhar fixo do Brice nela enquanto o dizia. O alarme percorreu seus nervos enquanto considerava a idéia de encontrar-se em sua companhia novamente.

   — Se você gostar do rifle, deveria provar o canhão.

   A cara do Jacobs se abriu em um zombador sorriso.

   — Tem um canhão?

   — Eu não. —Brice levantou as mãos com inocência.— Mas meu grupo tem oito e estão acostumados que um homem suficientemente grande dirija a essas senhoras.

   Brice desapareceu na cozinha. Jacobs voltou sua atenção a ela e Grace lutou por manter suas emoções enterradas. Em vez disso, Grace se fixou nos móveis felpudos do alpendre, um sofá e umas cadeiras, todos com um espesso acolchoado. Havia faróis de vela ardendo na pequena mesa de café com guardanapos, sal e um porta pimenta.

   Um pequeno sorriso de alívio cruzou sua cara. O jantar não ia requerer que se sentasse na casa. Sentando-se em uma das cadeiras, Grace estirou o pescoço enquanto tentava afrouxar os rígidos músculos. O ar era fresco e limpo, mas maravilhosamente doce com a fragrância do bosque.

   Brice retornou e lhe ofereceu um prato de comida. Grace o olhou boquiaberta ao ver a quantidade de comida que havia nele. Quanto aquele homem acredita que ela comia?

   — Me deixe saber quando estiver pronto para o segundo Road, querida.

   Fulminou-o com o olhar em resposta, mas ele parecia desfrutar de seu temperamento. Cravando seus olhos na comida, levantou o garfo com rápidos movimentos. Se limpar o prato significava no final daquela noite, estava disposta a cooperar. Seria o momento de ver o que Brice Campbell desejava dela. A pobre expressão daquele pensamento trouxe um rubor a suas bochechas.

   Jesus! Que demônios estava acontecendo com ela?.

   Homens, emoções, beijos... Era suficiente para voltá-la louca!. Deixando que seus olhos vagassem sobre o Brice, observou a forma simples em que conduzia a conversação com o Jacobs. Seus olhos marrons se travaram com os seus. O calor imediatamente apareceu em sua cara novamente.

   Isso era!

   Deixando cair seu prato, Grace saltou de sua cadeira e usou o passa-mão do alpendre para escalar até os ramos de um pinheiro. Voltando seus olhos a ambos os homens, apoiou seu corpo contra o tronco da árvore.

   Elevando o queixo, Grace deixou que a essência do bosque levasse as emoções da companhia que a aturdiam. Os homens podiam entreter-se entre eles; ela queria a companhia da noite.

   Por Jacobs ser seu superior fez com que ela fosse ao jantar. Sua cabeça palpitava cheia de emoções. Rechaçar as emoções era a única maneira de encontrar um pouco de paz. Pensar no Paige como uma menina em vez de um objeto de trabalho, tinha sido um grande erro.

   Girando os olhos, lançou- um olhar fulminante a Jacobs. Ela não ia converter se em nenhuma reina de sociedade. Jason Jacobs era o único C.O. da Unidade que nunca tinha descarregado sua ira sobre ela. Grace manteve sua taxa de eficiência tão alta como podia em resposta. Mas se o gigante queria começar a jogar jogos mentais com ela, estava a ponto de experimentar a briga de sua vida!.

   Brice observou revelar o drama. Havia uma clara linha desenhando-se, inclusive não entendia do que se tratava o assunto. Jacobs colocou a mão no bolso e atirou uma pequena caixa negra. Seu agente a pegou e saltou sobre o corrimão do alpendre no mesmo instante e fugiu.

   — Droga!

   Jacobs deixou que sua maldição escapasse no mesmo tom de suave sussurro que usaria com seus homens.

   —Sinto muito, Brice, mas posso te dar a localização da cabana em que encontramos o Paige.

   Brice pensou naquela noite por um momento. Se fosse inteligente, deixaria que a mulher se fosse. A idéia durou exatamente dois segundos antes de disfizesse. Simplesmente, ela se sentia diabolicamente bem contra seu corpo. Brice não estava de humor para deixá-la ir.

   — Fique aí, Brice.

   Brice não se moveu. Seus olhos atravessaram a escuridão enquanto sua vista noturna começava a recuar.

   — Por quê?

   — Disse-te que não ia fazer disto uma ordem. Ao Grace gosta de estar sozinha.

   Dando-a volta, Brice cruzou os braços sobre o peito. Tinha desfrutado o beijo e não estava de humor para permitir que ela o rechaçasse. Mas parecia que seu primeiro obstáculo seria seu C.O.

   — Não espero encontrar ninguém nessa cabana amanhã. É possível que ela possa rastrear a algum dos suspeitos mediante algo que tenham deixado na cabana?.

   — Nosso trabalho termina quando o objetivo é recuperado.

   — Ela pode fazê-lo?

   — Essa não é a questão, Brice.

   — Possivelmente. Possivelmente não.

   Brice dirigiu um frio olhar ao Jacobs.

   — Mas possivelmente deveria observar de perto seu agente. Algumas pessoas necessitam mais que simples ordens para encher sua vida. Se segue empregando-a como uma peça de xadrez, não te zangue quando atua como se fosse uma.

   Jacobs ficou em pé. Brice tinha um efeito interessante sobre o Grace. De fato, Jacobs nunca a tinha visto prestar tanta atenção a nenhum outro homem. Grace necessitava que alguém a estabilizasse e possivelmente Brice o faria melhor que ele.

   — Bem. Tem uma oportunidade. Separarei meu pássaro de terra ao amanhecer.

   Tirando outra caixa negra de seu bolso, Jacobs pressionou eficientemente uma linha de código antes de levantar seus olhos até Brice. Um sorriso zombador formou-se em sua boca.

   — Levarei Grace de volta à cabana, mas não farei nada mais.

   — Fará o trabalho.

   Jacobs observou a cara de confiança do Brice.

   — Por que está tão seguro?

   — Seu agente cometeu um engano fatal nisto, Jacobs.

   O comandante inclinou a cabeça com entendimento antes de saltar o corrimão do alpendre e desaparecer. Grace tinha cometido o engano de ver o Paige como uma menina em lugar de um objetivo. Todo Ranger sabia que a separação entre ambos era essencial.

   Brice observou a noite e pensou no limite que havia entre ele e a agente do Jacobs. Havia uma mulher encerrada sob chave em algum lugar dentro dela. Ele estava desejando ter outra possibilidade para encontrá-la.

   A luta por passar outra hora com ela ia além das necessidades de seu caso.

   Agora era algo pessoal.

  

A alvorada era formosa. Grace estava de cara ao Este na hora certa antes de que o horizonte se voltasse rosado. Por que ficar em cama quando o sonho estava a milhas de distância?. Possivelmente a fadiga logo lhe chegaria, mas por agora aproveitaria a oportunidade de estar livre da habitação do motel.

   — Um homem poderia acostumar-se a sua visão pelas manhãs.

   Saltou para detrás em uma clara postura bélica uma vez mais. Um cenho franzido alcançou seu rosto enquanto Brice a contemplava. Estar em guarda era uma coisa, esperar a violência em todo momento falava de uma vida dura.

   — bom dia.

   — Era-o.

   — Deve te haver perdido a classe de código de conduta do Exército.

   — Possivelmente deveria agarrar a indireta.

   — E me perder?

   Brice caminhou em pequenos círculos que a obrigaram a mover-se com ele ou a lhe permitir acesso a suas costas. Moveu-se para impedir que ganhasse essa vantagem.

   — Pode rastrear objetos da cabana?.

   Assim, o homem ainda queria seguir perguntando?. Bem, Grace realmente tinha que lhe dar um ponto extra por persistente.

   — Às vezes.

   Aquele sorriso zombador apareceu em sua cara de novo. A confiança radiava na pequena expressão de seu rosto. O homem era um complicado labirinto de estímulos emocionais. Grace observou a forma em que ele deixava que seus olhos escorregassem sobre seu corpo. Era molesto descobrir o muito que desfrutava que o homem a observasse assim.

   — Jacobs toma as decisões sobre onde vou rastrear.

   Endireitando as pernas, tirou de suas luvas mais firmemente para pô-los em seu lugar. A única pele exposta à vista era seu rosto; suas bochechas formigavam de calor. A exposição parecia ser algo que Brice Campbell tinha habilidade. Seus olhos marrons pareciam ver claramente a forma em que o corpo dela saltava em resposta. Não havia nenhuma lógica para tal conclusão, mas de todas formas, Grace tirou de suas luvas novamente.

   — Simplesmente evita aos perguntadores ou eu sou um caso especial?

   — Normalmente os ignoro.

   — Aos perguntadores ou aos homens?

   — Ambos!

   Bem! Agora estava sendo grossa.

   Deslizando seus olhos sobre ela, Brice reconheceu os pequenos sinais de excitação sexual. O volumoso traje de tarefa que tinha posto ocultava a maioria de suas curvas, mas não o tremor de suas extremidades. O desejo serpenteou por seu estômago enquanto notava o rubor que banhava as bochechas dela. Que estranho, mas era a primeira vez que tinha visto uma mulher ruborizar-se. Isso atraiu a atenção completa de seu corpo. Alargando a mão para diante, deslizou um dedo através da acetinada superfície de sua cara.

   — Parece que não tem muita sorte comigo.

   Muito consciente do homem, seu toque encheu seu corpo de pânico. Erguendo a mão, Grace foi recompensada com o som bem mais satisfatório que proveio do golpe no cotovelo do homem justo em seu ponto mais suave. Brice se balançou para detrás sobre os calcanhares enquanto se esfregava o ponto com a mão. Seus olhos eram meras fendas, satisfazendo-a enormemente.

   — Me deixe.

   A mulher tinha um vocabulário de respostas de uma só palavra que impressionaria a um monge. A dor em seu cotovelo se converteu em um batimento do coração estável.

   — Por que você não gosta que lhe toquem?

   Essa simples curiosidade a confundiu novamente. por que o homem se interessava por seus sentimentos?. Se não fosse algo sério, não importaria.

   — As emoções causam distração.

   — Uma pequena distração pode ser... divertida.

   — A concentração produz resultados. Todo o resto é uma perda de tempo.

   Aquilo era a realidade.

   — Não, carinho, mas certamente eu gostaria de golpear ao homem que te ensinou tal coisa.

   Sua atitude era tão... possessiva. Deveria havê-la feito zangar. Em troca, Grace tomou um momento para considerar se Brice Campbell podia ter ou não um bom propósito. Certamente seu corpo acreditava que suas idéias seriam boas.

   — Me teria encantado ver esse olhar em sua cara a outra noite.

   Grace sabia. O tom tenso de sua voz lhe trazia coisas à memória. Recordava-lhe a furiosa necessidade que havia sentido palpitando em seu corpo durante quase toda a noite. A pele tensa sob seus observadores olhos.

   — Possivelmente possamos tentá-lo novamente esta noite.

   Ela vaiou brandamente. Um segundo mais tarde saltou longe dele. Jacobs saiu pela porta da habitação do hotel para observá-los. Brice lhe devolveu o olhar ao homem. Desejava Grace e não lhe importava quem o descobrisse.

   De fato, quanto antes Jacobs aprendesse, logo o homem deixaria de interferir na sua caça.

 

   A cólera realmente podia doer.

   — Que direção, Grace?

   — Norte.

   Espetando a palavra, Grace voltou a apertar os dentes. Jacobs inclinou o avião para o norte enquanto ela observava o bosque baixo eles. O homem tinha que estar doente. Jacobs nunca estava de acordo em investigar. Nunca. Ainda assim, ali estavam eles.

   Cobrindo por cima das milhas em que ela tinha carregado Paige, o helicóptero percorreu a distância em meros segundos. Tão isolada como estava a posição, era fácil localizá-la do ar. Inclusive se seus olhos lhe falhavam, o sítio ainda tinha um interesse assombroso.

   Grace deixou que seu aborrecimento se dissolvesse enquanto observava a cabana uma vez mais. Sua curiosidade se voltou atenção. Havia algo ainda ali.

   Apesar de sua intenção de ignorar ao homem, Grace seguiu ao Brice Campbell com os olhos. Ele se uniu à Unidade quando aterrissaram e começaram a aproximar-se da cabana. Sem o marrom de sua uniforme para diferenciá-lo, tinha que esforçar-se para notá-lo. Seus movimentos harmonizavam com qualquer dos outros soldados sem um sinal de estupidez.

   — Brice Campbell é todo Ranger.

   Entre a aguda atenção e o movimento seguro de seu corpo, o treinamento era inequívoco. Sua corrente do uniforme era irrelevante; uma vez um homem alcançava um certo nível nas Forças Especiais, não o perdia nunca.

   — Um dos melhores.

   Vindo do Jacobs era um grande elogio. O tom de sua voz dizia muito sobre o respeito que sentia pelo homem. Aquilo explicava por que não estava ela olhando de novo à cabana.

   Voltando os olhos ao objetivo, Grace esperou movimento. Não demoraria muito. A cabana estava assentada em um claro de vinte pés. Os Rangers fariam um assalto combinado que reduziria ao mínimo qualquer ameaça para a Unidade.

   — Está limpo. —Jacobs seguia olhando-a. Observando a cabana outra vez, Grace sentiu que sua curiosidade aumentava. Aquilo era um problema, plaina e simplesmente, mas de verdade desejava voltar a entrar nessa cabana.

   Cada passo que dava para seu objetivo era sem planejar. Principalmente, porque não tinha nenhum objetivo. Nunca houve um momento em que não houvesse um objetivo ou um propósito no que centrar-se.

   Assim, hoje poderia seguir sua curiosidade e ver onde a conduzia. Detendo-se frente à porta, Grace girou e observou o silencioso bosque. Podia sentir o peso dos homens observando-a mas não era suficiente para deter o que a aguardava outro lado da porta.

   Grace deixou que sua mente voltasse a concentrar-se. Tirando-os luvas dos dedos, entrou na cabana. Muitas pessoas a tinham usado durante muitos anos. As imagens apareceram em grandes quantidades de energia estática. Enquanto o bosque estava quente com a aproximação do verão, a cabana estava úmida devido a que as janelas estavam fechadas.

   Perambulando, Grace alargou a mão, tocando uma peça do mobiliário aqui, a superfície de algo ali. A sala de estar era uma estranha coleção de lamentável mobiliário que havia visto melhores dias a década anterior. Havia algo ali, mas nada tomava uma forma definida. A energia estática continuava interferindo.

   O dormitório estava justamente frente a ela. Alí era onde tinha visto claramente ao Paige a primeira vez que a tinha rastreado. Grace conhecia cada polegada da habitação. Ao entrar nela, parou-se em seco em sua trajetória. Posta na metade da cama, havia uma pequena manta enrugada. Da classe que um menino usa por segurança. Os pontos feitos à mão permaneciam atiradas e estiradas fora de suas ordenadas filas originais. Um desgaste como aquele era o resultado das diminutas mãos de um menino enquanto era levado de um lado a outro.

   Não era do Paige. Grace estava absolutamente segura daquilo. Contemplou-a como se fosse uma serpente enrolada. Era estranho que algo tão pessoal tivesse sido deixado detrás, mas então, depois de que Paige tivesse sido tirada dali era muito possível que outro menino pudesse ter sido transferido com pressas.

   Grace agarrou a manta, frisando seus dedos no tecido. Bloqueou tudo e caiu no vazio que lhe permitiria localizar ao dono do artigo.

 

   Brice esperava. Tinha estado esperando durante quatro horas. Ninguém falava. Nada se movia. Não havia indício do Grace, e pelo que via tampouco movimento dentro da cabana.

   Brice observou um casal da Unidade do Rangers. Estavam mortalmente sérios e armados para a guerra. Brice se sentiu inadequadamente armado com apenas sua pistola ao quadril. Possivelmente não deveria ter estado tão surpreso de que Grace saltasse em uma postura de luta de forma normal. Seus companheiros levavam rifles automáticos.

   Passou outra lenta hora. Jacobs começou a aproximar-se da cabana. A tensão começava a crescer no corpo do homem. Aquilo devia significar que as coisas começavam a alargar-se. Passaram outros vinte minutos antes de que se rompesse a tensão. Jacobs girou a cabeça. Algo devia ter saído de seu rádio. Brice observou como os enormes ombros se relaxavam e começava a entrar no caminho. Brice o observou, vendo como Grace dava a volta à esquina da casa. Uma pequena parte de tecido estava apertado no punho enquanto cobria o terreno que os separava a passo rápido. Pareceu lhe requerer uma grande energia deter-se e jogar uma breve olhada ao Jacobs.

   — Havia outra menina aqui.

 

   Como podia ter falhado em notar à segunda menina?. Nunca era tão descuidada. Grace verteu sua agressividade em subir a colina. Os outros subiam para lhe seguir o passo mas não lhe importou. Quando alcançou o helicóptero, estava empapada em suor, seu coração palpitando sob seus peitos. De todas formas, não podia lhe preocupar menos. Tinha estado tão segura de que não tinha havido nenhum outra criança aquela noite. Como pôde não haver-se dado conta?

   Grace caminhou em círculos ao redor do helicóptero. Estava tão zangada que doía!. Podia ver claramente outra menina, mas não podia encontrar sua localização. Flutuava em peças sobre sua cabeça. Havia muitas interferências!. Nada era claro. Exceto a menina em si mesmo. A cólera ferveu enquanto a frustração se apoderava dela.

   Indeciso sobre o que estava causando seu aborrecimento, Brice se aproximou um pouco mais. Se havia outra menina, sua única conexão era Grace. Ela tinha saído correndo antes e Brice não o ia permitir outra vez. Jacobs parecia ter idéias similares, pois ocupou o lado oposto do helicóptero. Seus olhos estudaram ao Grace quando ela parou abruptamente, fixando seus olhos sobre a porta da máquina negra.

   Sólidas nuvens vermelhas era tudo o que Grace via enquanto fazia frente à nave. O aborrecimento auto-inflingido a estava consumindo, como a incapacidade de resolver o caso atual. Olhou a diminuta escada do helicóptero em que esperavam que subisse e sua mente se rebelou. O instinto assumiu o controle. Grace precisava procurar refúgio na terra. Girou sobre ambos os pés e se apressou em busca de um esconderijo no bosque.

   Deu três passos antes de que Jacobs lhe rodeasse a cintura com os braços. Com um braço a levantou no ar. Duas pernadas e atirou da porta do helicóptero, abriu-a e a atirou sobre o assento. Fechou a porta de uma portada e abateu o botão da fechadura no exterior da porta. Imobilizou ao Brice com um duro olhar.

   — Agora temos aberto a caixa da Pandora —declarou antes de rodear o aparelho para subir ao assento do piloto. Brice saltou a bordo enquanto o helicóptero abandonava a terra.

 

   Cobriram o quarto de milha de bosque de volta à casa do Brice em tempo recorde. Grace parecia decidida a deixar atrás sua visão. Mas estava absorta em algum objetivo.

   — É sempre tão intensa?

   — Quando trabalha, sim.

   Jacobs parecia observar a seu agente com olho perito. Seu frenético passo não parecia surpreender ao homem. Mantinha-se justo com um passo por detrás dela, enquanto seus homens se desdobravam em abano a seu redor. Cada homem da equipe conhecia exatamente seu papel.

   Grace vacilou quando alcançou o degrau inferior de sua casa. Jogou uma olhada atrás, ao bosque, antes de encontrar-se com os olhos de seu C.O. Abruptamente se deu a volta e entrou na casa.

   — Farei um esboço.

   Brice a observou sentar-se à vista de todos frente à janela. Tirou um pequeno caderno de papel de sua mochila e inclinou a cabeça sobre a página em branco. Os olhos entrecerrados enquanto forçava a sua visão a tomar vida no esboço.

   — Não gosta de muito dar explicações —disse Brice enquanto continuava observando-a trabalhar.

   A visão parecia capturar por completo sua atenção. Era como se tentasse transladar seu sentido psíquico em algo que o mundo a seu redor pudesse compreender.

   Desviando os olhos de Grace, Jacobs observou a seus homens. Estavam colocados entre as árvores enquanto esperavam suas ordens. Seu treinamento se fez evidente quando cada homem encontrou um esconderijo em lugar de estar de pé, ao redor do claro.

   — Está frustrada. Ao Grace gosta de seus casos limpos e asseados.

   Bom, tinham isso em comum. Brice observou seus dedos enquanto se deslizavam e rabiscavam o desenho. Estar em seu alpendre, enquanto ela ocupava sua sala de estar era bastante estranho, mas a mulher não suportava muito bem a companhia e Brice queria aquele esboço.

   Não podia distinguir as palavras exatas da gente, mas Grace não o necessitava. Estavam falando sobre ela e alguns a chamavam grosseira. Ao menos não se tratava de uma pessoa oculta depois de um painel de cristal. Não viu os homens ir-se, mas o piso de madeira vibrou quando baixaram os degraus de madeira dianteiros. Somente um ligeiro tremor, mas, em todo caso, sentiu-o. Grace, silenciosamente, pôs o papel a um lado. Queria caminhar, precisava caminhar. Suas emoções estavam esgotadas e necessitava que a vida natural a renovasse. Seu nome estava sendo transportado pela brisa, chamando-a para que se unisse de noite. Deslizando-se sobre seus pés, silenciosamente saiu pela parte traseira da casa.

   Grace amava o som da noite. Escutou a chamada dos pássaros noturnos a suas companheiras. O gentil toque das folhas ao ser balançadas pelo vento. O aroma da água chegou até ela. Grace se encaminhou para a água. Foi recompensada com um pequeno lago. Era muito pequeno, possivelmente só tinha 30 pés de largura, mas para ela era perfeito. Seus olhos se embeberam em sua calma. A lua era minguante e a superfície do lago era como cristal liso a sua débil luz.

   Enquanto vagava devagar entre as árvores que rodeavam o lago, Grace considerou seus sentimentos. As coisas tinham mudado outra vez tinha pego a manta. Deteve-se. Aquilo era o que realmente a incomodava. Não havia um rastro claro da segunda menina por nenhum lado na cabana, só a manta. Algo estava mau. Simplesmente não podia saber o que era.

   Uma coisa estava clara. Grace queria ficar no Benton até que pudesse descobrir o que a estava evitando ali. Esse desejo arraigou fortemente em sua cabeça. Queria desenterrar o que fosse que estava rodeando aquele caso. Grace inclusive estava descobrindo que temia ser afastada do caso antes de finalizar sua busca.

   Ter pouco que dizer sobre suas missões nunca lhe tinha preocupado... até agora. De fato, era assombroso que estivesse caminhando através do bosque e não ter cruzando a pista de aterrissagem na base.

   Estava segura de que Brice Campbell tinha algo haver com isso. Jacobs tinha se estremecido quando o pessoal desconhecido do Exército tinha querido interrogá-la. Os civis normalmente necessitavam de ordens assinadas para entrar na mesma habitação. O Coronel Turvel era pior, o homem a teria posto em uma cela se acreditasse que ela não se seguisse a norma.

   Então... o que tinha inspirado respeito em Jacobs por esse homem?. Sua contínua participação com um civil lhe confirmava aquele fato. Se não fosse assim, Grace teria despertado dentro da base.

   O Exército a levava como queria e onde queria. O Coronel Turvel a qualquer momento podia exigir a volta de Jacobs junto com sua unidade. O desejo de Grace de ficar não seria suficiente para trocar as ordens. Além disso, duvidava que ninguém lhe pedisse sua opinião.

   O vento trocou de direção e Grace sentiu frio. Um aroma vinha com o vento. O vento voltou a mudar de direção, mas sabia, agora sabia que não estava sozinha. Não podia vê-lo, mas estava absolutamente segura de que havia alguém ali. E não era Jacobs.

   O vento soprou outra vez. O aroma voltou com ele. O reconhecimento se elevou, impactando-a em um nível primário. Tinha cometido o engano de esquecer que aquele era seu território. Brice Campbell a tinha detectado como predador que era.

   Brice observou Grace buscando-a. Ela era boa, realmente boa. O leve som de sua agitada respiração tociu seus ouvidos. Ela elevou o queixo e respirou profundamente o ar da noite. A adrenalina lhe percorreu o corpo. Podia cheirá-lo. O sentido do olfato de uma mulher era aproximadamente três vezes mais apurado do que o do homem, mas muitas mulheres nunca aprendiam a usar seus sentidos tão efetivamente. Um amplo sorriso apareceu em suas feições como uma apreciação à habilidade dela.

   Brice desfrutou da onda de excitação que mexia com seus nervos. Rastreá-la através de suas terras tinha sido profundamente satisfatório. O fato de que ela encobria seu rastro tão bem tinha feito a experiência muito mais agradável. Seu sorriso se alargou com satisfação por ter encontrado sua presa essa noite.

   Os olhos do Grace registraram as sombras. Ventou outra vez, levando uma forte advertência. A cautela invadiu sua mente. Brutalmente a apartou. A noite era seu santuário e não lhe ia permitir invadi-lo.

   — Sempre desaparece assim ou deveria tomar o como algo pessoal?

   — Sinta a liberdade de tomar como algo pessoal.

   Uma gargalhada alcançou seus ouvidos em resposta. Grace caminhou para trás, até as sombras. Sentia-se mais exposta ao encarar aquele homem, isso nunca lhe ocorreu antes.

   — Mas o mais importante, deveria entender a indireta de que não desejo companhia.

   — Isso não é verdade. — Brice a observou uns segundos antes de cortar a distância entre eles. Uma vez mais ela estava na defensiva, só que ele não estava de humor para deixá-la afastar-se a ele.

   Grace literalmente tremia com a necessidade de fugir. Ele parecia crescer em altura e voltar-se mais ameaçador a cada passo. OH, queria sair dali e ele sabia disso. Aquela era a única razão pela qual se negou a ceder as demandas de seu corpo. Seria a proprietária de seu corpo. Não a controlariam.

   Brice deu o último passo que poria seus corpos em contato. Nunca passaria. Quando ele se moveu, levantou seu joelho e a apertou contra seu quadril, levantando-a, Grace lançou seu desequilibrado corpo por cima de suas costas, girou-se para lhe dar um forte golpe no centro das costas. Ele expulsou o fôlego de seus pulmões, lhe deixando ofegante em busca de ar sobre o chão do bosque.

   Empurrando seus pés na suave terra, Grace deu dois passos antes que seu tornozelo se dobrasse. Ajudada pela gravidade, ela se estreitou entre a manta de agulhas do pinheiro que cobriam o piso do bosque. Os agudos picos cobriam sua cara antes que Brice a obrigasse a ficar de costas, cobrindo-a com o peso de seu corpo para assegurar-se de que permaneceria ali.

   — Bom... acredito que estivemos assim antes.

   — Assim, sabe o que quero?

   Vaiando sua resposta, Grace se esforçou por obrigar a seu corpo a escapar. A sensação foi foto instantânea, os mamilos se endureceram em convite. Uma quente mão apossou-se de seus seios com o polegar, gentilmente esfregou o ereto mamilo através de suas roupas.

   — Isto me diz que quer algo mais que um beijo.

   — Não quero que me toque.

   — Mas segue desfrutando que te beije.

   Ela se moveu com fúria e tentou tirar-lhe de cima novamente. Sua cara esboçou um sinal de preocupação. Havia definitivamente algo mau em uma mulher que desfrutasse ser beijada por um homem.

   — Não vai contra a lei natural do seu corpo Grace; de fato, é algo bastante normal.

   — Eu não sou normal! —E não queria sê-lo!. Grace empurrou contra seu abraço uma vez mais enquanto lutava contra o impulso de gritar pela frustração. O calor estava explodindo cada centímetro de seu corpo. Sua mão era pesada enquanto gentilmente acariciava seus seios. Seu polegar continuava movendo-se em preguiçosos círculos ao redor de sua sensível ponta. Seu outro peito desejava o mesmo tratamento.

   — Sim, você é. —Seu corpo ficou quieto enquanto as palavras dele a golpeavam. Brice ajeitou seu peso e riscou com uma mão o cetim de sua cara.

   — Suas bochechas estão quentes outra vez devido ao rubor. A atração entre homens e mulheres é normal quando aparece. Todo o treinamento do exército não pode anulá-lo.

   Baixando sua cabeça, Brice procurou outro sabor para combinar com o aroma que o fascinava. O corpo dela se removeu para afastá-lo, rompendo o frágil contato. Deslizando uma firme mão sobre a suave coluna de seu pescoço, Brice inclinou sua cabeça para cima para encontrar o que exigia.

   Estremecendo-se de horror, Grace sentiu seu corpo saltar sob o homem que a sustentava. Deslizando-se ao longo dos contornos de sua boca, pressionou mais forte procurando saboreá-la. As sensações se arrastaram através de seu corpo, sacudindo-a com sua intensidade. Cada centímetro de contato a queimava violentemente enquanto ele continuava a conquista de sua boca. Grace obrigou a seu corpo a inclinar-se em uma tentativa de escapar. Um dos joelhos dele se colocou entre suas coxas enquanto a parede de seu peito acabava com suas esperanças de fuga. Brice ficou firmemente colocado sobre seu corpo, enquanto seus lábios empurravam os seus a abrir-se para completar sua rendição.

   As sensações novas que foram a tanto reprimidas desafiavam seus controle, abriam-se passo a passo através de sua mente, rechaçando serem presas pela culpa, lógica ou vontade.

   Ela o beijou em resposta. Grace elevou as mãos e as estendeu sobre seu peito. Não sabia como um homem podia fazê-la sentir tão bem. Brice o fazia. Era uma força sólida que fazia que seu corpo pulsasse. Sua mão viajou por seu pescoço até seu peito enquanto Grace o oferecia o seu toque. Seu suave apertão a fez gemer pela sensação.

   — Você gosta disto?

   Brice moveu sua mão sobre seu peito enquanto ela arqueava as costas. Queria ouvir a dizer. Com cuidado beliscou seu mamilo. Brice observou seus olhos abertos e os capturou com os dele.

   — Me diga que você gosta que te toque.

   A arrogância estava escrita em sua cara. Grace lutou contra as exigências de seu corpo, quando seu orgulho insistiu em que resistisse a seu pedido. Mas realmente gostava. Seu corpo parecia necessitar seu contato. Sua mão ficou completamente quieta voltando doloroso seu peito.

   — Sim.

   Sua mão abandonou seu peito, fazendo-a se zangar. Brice lhe tirou a camisa das calças, levantando-a para despir seu peito. Colocou a palma de sua mão contra seu peito outra vez com unicamente seu pequeno sutiã como barreira. Grace sentiu que suas costas se arqueava novamente enquanto procurava seu firme toque. Parecia impossível controlar a necessidade que tinha de seu corpo de estar mais perto do dele. Sua mão brandamente acariciou seu nu diafragma movendo-se para cima para desabotoar seu sutiã.

   — Quis te provar desde que te conheci.

   Brice empurrou o magro sutiã de algodão fora de seu corpo. Rodeando o montículo de seu peito, tomou o erguido mamilo com sua boca e gemeu. Sua língua imediatamente lambeu a rosada ponta enquanto o empurrava mais dentro em sua boca.

   O ressonante tom de uma unidade de localização eletrônica se abriu a caminho através da determinação do Brice. Não era seu localizador, mas vários anos entre as forças armadas lhe tinham concedido atenção ao dispositivo por reflexo. A coisa podia emitir vários tons que atualmente enchia o ar, exigia atenção imediata.

   — Diga a Jacobs que se vá ao inferno.

   O localizador era um duro aviso da realidade. Grace sacudiu sua cabeça para esclarecê-la. Um baixo grunhido saiu do Brice enquanto continuava estirando o mamilo entre seus dedos. Havia um olhar primitivo em sua cara enquanto olhava seu nu peito. Seu joelho se esfregava contra seu sexo, negando-se a soltá-la. Grace empurrou contra seu peito com uma mão. Era muito forte para movê-lo. Era uma petição para ser liberada, uma vez que estava seguro que ele não desejava lhe conceder. Mas o localizador continuava soando. A Unidade do Jacobs estaria sobre sua posição em três minutos se ela não conseguia responder ao localizador.

   Grace ficou em pé no mesmo segundo em que Brice saiu de cima dela. Apoiando um cotovelo contra a terra, observou-a enquanto estirava a roupa para baixo. Escondeu sua cara depois de uma dura máscara antes de afastar-se dele.

   — A atração é inútil. Ainda se o exército não pode pará-la, certamente pode-se interferi-lá. Você é um civil e eu oficialmente não existo.

   Pressionando um código em seu localizador, silenciou a unidade. Grace agarrou seu redentor em um punho fortemente apertado. Brice ficou em pé com uma facilidade preguiçosa que ela sabia que era falsa. Ela alargou o espaço entre eles enquanto seus olhos lhe jogavam uma última olhada.

   — Adeus, Xerife Campbell.

   — boa noite, Grace. A próxima vez que fique despreparada, farei-te sentir inclusive melhor.

   Lançando um último olhar, Grace se girou para a nave de sua unidade. Era um adeus. Embora se sentisse atraída pelo homem, aquilo só era uma razão mais pela que não deveria voltar a vê-lo.

   Grace lutou para pôr suas emoções sob controle antes de enfrentar-se Jacobs. Tudo o que precisava era que seu C.O. notasse como Brice era capaz de distraí-la de seu trabalho. Com sua sorte ultimamente, o gigante poderia decidir que aquilo era o que ela necessitava.

   Os homens eram tão ordinários. O superior de Jacobs já acreditava que uma boa viagem à cama melhoraria sua atitude. Possivelmente era certo para os homens. Bom, igual também era certo para as mulheres. Grace não sabia.

   Mas a absoluta intensidade do toque do Brice Campbell rompia seu controle. Grace sorriu levemente quando imaginou a cara do Coronel Turvel quando sua taxa de eficiência decaísse porque sonhava com o Brice Campbell.

   Sim, adeus era o melhor.

 

   O silêncio de sua casa disse Brice que seus convidados se partiram. Movendo-se lentamente pelo alpendre, seus olhos procuraram qualquer pista que lhe dissesse que tinham estado alguma vez ali. Não ficava nenhuma. Sua cozinha poderia ter tido uma inspeção de luva branca. Cada prato estava em seu sítio sem nem sequer uma simples borbulha de sabão esquecida na pia.

   Ela existia!

   Colocando uma mão na parte superior do mostrador, Brice deu voltas a sua frustração. Quando suas palavras penetraram nele, sentiu inflamar-se seu caráter. Exatamente que demônios tinha a audácia para tentar treinar a um ser humano na crença de que não lhes permitia sentir?. Bem, ele se asseguraria de interferir naquele treinamento. Apartando o mostrador, Brice passeou em silencio pela casa. Sentiu uma quebra de onda de desejo correr por seu sangue quando contemplou a caçada que tinha por diante.

   Tinha a intenção de assegurar-se que seria uma boa noite.

 

   Dois dias mais tarde, Grace observava a cabana outra vez. Seu mistério a assombrava. Estar atraída por Paige era compreensível. A comunidade de Benton era muito unida. A área inteira tinha sido alagada com a ansiedade pela grave situação da pequena. No momento em que Grace alcançou o asfalto fora da cidade a tinha alagado aquela maré emocional.

   Mas não havia uma só razão que pudesse pensar que lhe dissesse por que tinha aberto a boca e pedido que a levassem de volta à cabana.

   Dando voltas em lentos círculos ao redor da estrutura, Grace deixou a sua mente vagar. Não era uma habilidade com a que se sentisse cômoda. Concentrar-se era mais de seu gosto. Quando havia um objetivo, podia aplicar disciplina e isso produzia um caso fechado.

   Mas possivelmente o problema era que aquele caso ainda estava aberto. Se havia uma segunda menina, Grace deveria havê-la sentido.

   Aquilo soava como se culpasse. Observando a porta aberta da cozinha, Grace alargou uma mão para abri-la. A cara da segunda menina apareceu em cor durante um segundo antes de desvanecer-se. Grace ficou congelada na soleira enquanto a frustração fervia dentro dela até estalar em cólera.

   O calor daquele aborrecimento golpeou sua memória como era normal. De fato, exatamente igual ao dia que tinha encontrado a manta. Grace afastou seu corpo da estrutura e sentiu diminuir seu caráter com a distância.

   Os acontecimentos extremos deixavam sua impressão em lugares e edifícios. Mas Grace se encontrou olhando fixamente a cabana e sua cólera. Simplesmente não entendia tal intensidade. As crianças não podiam guardar tal ira em seu interior. Sua misteriosa menina da manta não podia ter deixado tal nível de aborrecimento atrás dela.

   Bem, as emoções eram um problema. Havia psíquicos com um dom verdadeiro de entendimento das emoções humanas, mas aquele não era o talento do Grace. Ela era definitivamente mais sensível às emoções humanas que os homens de sua unidade, mas no que Grace era realmente excelente era em suas habilidades de rastreamento.

   Paige já não estava dentro da cabana e era momento de seguir adiante. A curiosidade tinha o poder de colocar às pessoas em problemas. Girando sobre seus tornozeiros, Grace fez caso omisso da cabana definitivamente.

   — Ali não há nada.

   — Não me parecia isso.

   Jacobs moveu seus olhos sobre a cabana antes de dirigir os de volta a ela.

   — Interferências emocionais, nada mais. —Grace lhe deu as costas antes que perguntasse algo mais. Não tinha sentido tentar explicar algo que não entendia nem ela mesma. Uma vez que abandonariam o condado do Benton, de todas formas não importaria.

   Mais emoções emergiram quando pensou em deixar Benton para trás. Brice Campbell não teria forma de encontrá-la. A pena a atravessou. Grace tratou deixa-la de lado, mas havia um desejo em seu corpo que se negava a ser banido.

   Dois dias depois seus mamilos seguiam zumbindo. Sua boca tinha estado quente sobre seu mamilo. Pensar nisso fazia que seus mamilos ficassem eretos. Tinha uma das mentes mais disciplinadas do planeta, mas não podia desalojar ao Brice dela.

   Abrindo-se passo entre as árvores, Grace deixou vagar seus olhos. Jacobs estava utilizando o bosque para aumentar os sentidos de sua unidade. Apesar das dores que acompanhavam tais expedições, a possibilidade de dormir rodeados por nada mais que a noite fazia que merecesse a pena.

   Seus ouvidos registraram as pistas que lhe informavam que a unidade se afastava deles. Grace não lhes dava muita importância. A metade da Unidade a ignorava devido ao medo a que ela os amaldiçoa-se ou lesse suas mentes como em alguma filme troca de ficção científica. O resto dos homens só estavam interessados em inteirar-se se aquilo implicava sexo.

   Jacobs era a única exceção. Em realidade, Grace desfrutava falar com ele vez em quando.

   Uma hora depois do pôr-do-sol, Jacobs pôs fim ao dia. Grace se sentou agradecida. O resto dos homens se assentaram em grupos dependendo do grão de relacionamento entre eles . Deixada sozinha, procurou em sua bolsa algo que lhe servisse de jantar.

   Um par de largas pernas invadiram sua visão quando Jacobs se colocou a um passo de seu corpo. Realmente era um gigante. Seu tamanho sem dúvida tinha jogado uma parte na atribuição a sua unidade. Mas também era um piloto brilhante.

   Grace se perguntou se o homem tinha desejos de estabelecer-se. Não acreditava que nunca abandonasse o serviço. Mas se fazia algo como casar-se, muito provavelmente se transladaria de sua unidade.

   Era egoísta por sua parte, mas Grace não queria tratar com nenhum outro que não fosse Jacobs. Devia estar voltando-se velha porque aquilo não lhe tinha incomodado tanto no passado. Seu último C.O. tinha sido um idiota. Stephen Fredericks sempre tinha tido uma nervura de mesquinharia nele, mas quando lhe deram o mando da Unidade o tinha cheio de corrupção. Tinha sido um dos anos mais lomgos da vida do Grace.

   — Fala.

   Grace voltou sua atenção ao Jacobs. Ele a estava observando com aqueles olhos de lince deles. Ela simplesmente se encolheu de ombros. Ver-se envolta em uma conversação essa noite seria revelar muito. Havia um nível de comodidade que derivava se manter na sua privacidade e aquela noite incluso a companhia do Jacobs era abrasiva.

   — Cospe-o, Grace.

   — Era só um pensamento ocioso, Jacobs. Não merece seu tempo.

   Grace viu seus olhos avelã voltar-se duros enquanto pensava em seu rechaço.

   — Só espero que estivesse pensando em mim.

   Grace quase se afogou em resposta. Jacobs nunca tinha feito antes nada que estivesse tão perto de ligar. Gostou daquilo.

   — Consiga uma vida pessoal, Jacobs.

   Ele o considerou durante um largo momento.

   — Eu gosto de minha vida como está.

   — Talvez deveria te soltar um pouco mais freqüentemente.

   Grace não estava de humor para que seu C.O. de repente tentasse pô-la brincalhona.

   — Possivelmente é hora de que o você faça.

   Grace se endireitou colérica. Jacobs lhe devolveu o olhar com calma. O entendimento apareceu imediatamente. Jacobs claramente tinha informado a seu C.O. de sua recente excursão a sós. Agora os dois homens estavam preocupados de que a presa precisasse ser curada do impulso de vagar. Os homens podiam ser realmente idiotas.

   Deixando cair seu jantar sem abrir em sua mochila, Grace franziu o cenho. O C.O. de Jacobs nunca falava diretamente com ela mas estava segura que não tinha nenhum problema em analisar minuciosamente sua vida.

   — Pode deixar de preocupar-se. Não vou seguir o exemplo da Karen.

   Os olhos do Jacobs se voltaram solenes quando a observaram. Não acreditava. Alargou a mão para diante, agarrou seu jantar sem comer da mochila e a atirou ao peito. Grace agarrou a bandeja de papel de alumínio por reflexo e o olhou airadamente.

   — Inclusive se estivesse planejando pôr uma pistola em minha boca, duvido que o sexo trocasse minha mente.

   — Sexo comigo, quer dizer?

   O que quis dizer exatamente Jacobs lhe escapava. O sexo era sexo. Quem fosse seu companheiro não faria muita diferença. E havia algumas costure que não eram de sua incumbência. Grace deixou cair a bandeja de papel de alumínio outra vez e olhou airadamente ao Jacobs.

   — Nunca estiveste interessado em mim e se o estiver agora, é definitivamente o momento de que te afaste.

   Seus olhos cor avelã a observaram com uma mescla de emoções, mas nenhuma forma de interesse sexual espreitava ali. Nem a tão comum luxúria.

   — O pacote no que vem envolta faz difícil para um homem encontrar um pouco de interesse, mas estou de acordo em que o sexo só pelo sexo não é a reposta a nada.

   Jacobs procurou na mochila e agarrou a bandeja de papel de alumínio outra vez.

   — Mas jantar te manterá em pé, assim abre-o.

   Qualquer comentário que pudesse ter pensado morreu quando Grace sentiu o inequívoco toque de outro psíquico. Havia só um punhado deles no planeta que pudessem abrir-se caminho em sua mente. Fechou os olhos enquanto o identificava, somente um escasso segundo antes de empurrar o de sua mente. Devon Ross podia ser capaz de entrar em sua mente, mas não tinha a força para ficar ali se ela queria tirá-lo.

   — Temos companhia.

   Jacobs emitiu um agudo assobio que atraiu a completa atenção de sua Unidade. Armas apareceram em cada mão enquanto ficavam a talher no lugar mais próximo. Seus olhos como afiadas agulhas se fixaram em sua cara, enquanto esperava que ela esclarecesse sua afirmação.

   — Devon Ross está aqui.

   Muito perto. O homem não tinha tanto alcance como ela. Precisava estar perto de seu objetivo para conectar com ele. O telefone do Jacobs vibrou procurando atenção quase como se fosse um sinal.

   — O Comandante Gennaro disse que se passaria para o jantar.

   Jacobs abriu seu telefone de comunicações de repente.

   — Será um prazer que passe, Comandante Gennaro.

   Jacobs manteve seus treinados olhos fixos nela enquanto fechava o telefone de repente. Grace reconheceu o olhar imediatamente. Jacobs levava seu dever até o extremo. Inclusive se esperavam companhia, sempre assegurava a posição dela.

   Mas aquilo não explicava o estranho tema de conversação. Que sua carência de experiência sexual fora tema de discussão não lhe sentava muito bem a sua mente. Eles simplesmente não podiam entendê-lo. A maré emocional que acompanhava a intimidade física era muito... intensa.

   Os beijos do Brice Campbell ainda a distraíam dois dias mais tarde. Um pequeno risco de emoção cruzou sua pele enquanto pensava no Xerife do Condado do Benton. Havia uma imagem assentada em sua mente ,do homem tirando seu Top e saboreando seus erguidos mamilos. Seus peitos formigaram com a sensação quando a lembrança voltou a captar sua atenção.

   Devon Ross fez outro intento de entrar em sua mente. Agora que o homem estava mais perto, suas habilidades eram muito mais difíceis de conter. Grace aceitou o desafio com uma quebra de onda de fúria. Queria que a deixassem em paz.

   Tirar Devon de sua mente fez que deixasse os encapotados olhos do Jacobs para tratar depois. Ficando em pé, Grace tomou sua mochila e inclinou sua cabeça em direção ao bosque. Não gostava de trocar-se em frente da Unidade. Jacobs normalmente lhe permitia ter sua privacidade.

   Mas considerando seu humor atual, podia lhe ordenar permanecer com seus homens essa noite. Grace lhe deu exatamente dois segundos para emitir a ordem antes de dá-la volta e dissolver-se no bosque.

   O alívio quase a alagou. A falta de intrusão humana a deixou com que seus pulmões de repente puderam encher-se com o frio ar da noite. Elevando a cabeça, deixou que a brisa escorregasse pelo pescoço aberto de sua camisa.

   Entendia perfeitamente o que aconteceu com Karen. Era como se uma mão se fechasse sobre sua garganta, espremendo e apertando até que rasgásse convertia em um pouco completamente necessário. Grace podia sentir a corda ao redor de seu pescoço, apertada, enquanto obrigava a seus pés a deter-se.

   Sua liberdade atual era só uma ilusão. No momento em que se afastasse muito, Jacobs estaria atrás das suas costas. Mas aquilo era uma melhora. Rodeada de noite, as coisas molestas como as conversações simplesmente podiam ir-se à deriva.

   — É uma bonita noite, não é assim?

   Sua mochila golpeou a terra quando se girou para enfrentar a seu acompanhante. Sabia exatamente quem era. A fúria cintilou através de sua mente quando identificou imediatamente a voz do Brice Campbell devido a seu corpo saltou em resposta.

   — Tem vontades de morrer ou algo?

   Brice manteve a vista no Grace enquanto ela o encontrava na escuridão. Surpreendê-la não era o melhor movimento que podia ter feito, mas romper seu perfeito controle lhe dava vantagem.

   — Não tenho nenhuma informação sobre seu caso. Assim me deixe sozinha.

   Grace agarrou sua mochila, mas a deixou cair na terra outra vez enquanto considerava a idéia de que Brice Campbell estivesse frente a ela. Ele moveu seu corpo longe da árvore e ficou diretamente em seu caminho. Isso a deixava com a opção de voltar para sua Unidade ou aceitar sua companhia.

   — Mas possivelmente Jacobs possa arrojar um pouco de luz sobre as coisas.

   Grace sacudiu a cabeça em direção a seu C.O.

   — Não vim aqui por meu caso.

   A confusão cruzou a cara de Grace enquanto fixava os olhos em sua cara. Brice viu a dura expressão de sua boca enquanto tentava manter sua curiosidade cativa. Queria saber por que ele estava ali, mas era muito obstinada para fazer a pergunta.

   — Vim para verte.

   Suas palavras produziram uma resposta que Grace tentou parar, frenética. O calor alagou sua cara e reconheceu o peculiar tremor que seu corpo parecia reservar para o Brice Campbell. Os lábios do Brice se curvaram em um zombador sorriso enquanto suas mãos desabotoavam sua pesada jaqueta. Os olhos dela viajaram por seu peito enquanto ele não fazia caso do objeto.

   — Está perdendo o tempo.

   — Possivelmente. Não obstante, talvez meu escritório tenha um relatório a respeito de um grupo armado de homens abrindo-se caminho por este atalho florestal. —Apoiando seus ombros contra uma árvore, Brice tocou a ponta do chapéu e deu um sorriu zombador.— Não pude resistir o impulso de contar ao Jacobs como uma pequena senhora de cabelo cinza se fixou em um de seus homens.

   A imagem de seu C.O. ouvindo aquela pequena fofoca fez que sua risada se elevasse. O som borbulhou fora de sua boca antes de que Grace o pensasse melhor. Um amplo sorriso brilhou na cara do xerife em resposta.

   — Mas eu gostava mais da idéia de vir a verte.

   Suas palavras foram muito suaves. Grace sacudiu a cabeça, mas ele já tinha capturado seu pulso. Um forte puxão e ela caiu para diante. Esta vez, Brice se assegurou de lhe capturar ambos os braços em um sólido apertão. Arrancou-a do chão e encaixou seu corpo contra o seu.

   — Tranqüila —Sussurrou a palavra contra sua orelha, mas foi mais um som calmante que qualquer intento de conversação.

   Grace se encontrou escutando o som do coração dele. Por alguma razão, o seu compassou seu ritmo enquanto seu corpo se derretia mais perto do dele. Suas terminações nervosas estavam de repente viva com pequenas pulsações sensuais. Não havia possibilidade de controlar a reação de seu corpo, simplesmente estava acontecendo.

   As mãos dele liberaram as suas lentamente enquanto se moviam por seus braços. Havia uma profunda sensação de prazer que a confundia com sua intensidade. A força irradiava de cada carícia e ela arqueou suas costas enquanto esperava que acariciasse cada centímetro de seus braços.

   Brice deixou cair sua jaqueta sobre os ombros do Grace. Seus lábios se abateram sobre os seu enquanto seu fôlego atormentava sua sensível pele. Baixou-a de novo ao piso do bosque. Sua jaqueta atuava como uma manta para lhe permitir estender-se sobre as agulhas de pinheiro.

   Grace se removeu com indecisão. Ele os tinha deitado sob uma profunda sombra formada por árvores jovens. Sem luz, seus restantes sentidos se voltaram inclusive mais sensíveis. Seu aroma a envolvia. Era agressão pura. Mas ele não a apanhou com seu corpo essa noite. Em troca, colocou-se junto a seu corpo com a cabeça apoiada sobre seu cotovelo. Grace manteve seu corpo absolutamente imóvel. Podia sentir a força elevar-se como calor de sua pele. Era uma clara declaração de poder. Não queria que ele a refreasse outra vez. Ter a liberdade de lhe tocar, repentinamente havia se tornado importante enquanto notava seu sangue precipitando-se por suas veias.

   Brice capturou uma de suas mãos e puxou a luva que compria cada ponta de seu dedo , ate libertá-los. Baixando sua cabeça, cuidadosamente mordiscou a pele interior de seu pulso. Ela conteve o fôlego, fazendo-o sorrir satisfeito.

   — Sua pele é suave como a seda. Quero tocar cada centímetro dela. Saboreá-la.

   Não estava lhe pedindo permissão. Em lugar disso, sua voz estava cheia de exigência enquanto deslizava uma suave mão sobre seus braços e pescoço. Grace não podia escapar de suas sensações. Ele a rodeava por completo. Sua mão se colocou sobre seu peito e começou a soltar os botões. Seus dedos roçaram a pele nua que cada botão deixava ao descoberto.

   Despir seus peitos alimentava seus instintos primários. Brice desfrutou da onda de excitação sexual por mais dolorosa que fosse. Ele ia amansar-la, suavizá-la, ouvi-la lhe pedir que a tocasse. Seus pequenos e rosados mamilos estavam duros e apertados. Brice os roçou com as pontas de seus dedos e a escutou ofegar.

   A frustração a fez zangar. Grace empurrou contra seu peito, mas não para que a liberasse. Sua ereção estava empurrando contra suas coxas fazendo com que seu corpo estivesse a ponto de explodir devido ao calor. Seus dedos se moveram em círculos ao redor do montículo de seu peito.

— Deixa de jogar comigo.

   — Não vou fazer amor aqui. —Brice agarrou um mamilo com sua boca e o aspirou profundamente. Deu-lhe uma rápida passada com sua língua antes de apartar-se.— Não farei amor até que você venha para mim. Sem condições.

   Seus lábios capturaram os seus um segundo depois. Empurrou sua negativa de volta a sua boca enquanto a beijava. Era uma dura invasão que exigia uma resposta. Grace constatou que seus lábios lhe devolviam o beijo por puro instinto. Profundamente no interior de seu corpo, a rendição parecia ser a única opção.

   Suas grandes mãos levantaram suas costas em um alto arco enquanto chupava cada um de seus mamilos. O calor serpenteou por cada lugar de seu ventre. A sensível carne entre suas coxas começou a aquecer-se e esticar-se. Grace enredou suas mãos em seu cabelo e ofegou com necessidade. A intensidade daquilo era espantosa. Seu corpo nunca tinha exigido algo tão completamente.

   Brice manteve seu corpo sobre férreo controle. Fazer sexo com ela não era o que queria. Ele a desejava. Cada parte dela. A sedução era uma arte que um homem sábio aprendia. Esmagar suas defesas era simplesmente a primeira etapa.

   — Abre suas pernas para mim.

   Grace levantou as pálpebras, mas estava muito escuro para vê-lo. A ordem era absolutamente sexual. Seu orgulho deveria ter retrocedido ante aquilo. Em troca, moveu suas pernas lentamente até as abrir, elevando seus peitos para a boca dele. Deixando um simples beijo em cada mamilo, Brice deu suaves mordidas ao longo de seu pescoço.

   — Mais.

   — Não. —Não obedeceria. Grace fechou as pernas, mas sua mão alcançou seu sexo antes de que completasse o movimento. Brice espremeu firmemente a sensível pele, esfregando o tecido de suas calças contra as dobras, estimulandos de seu corpo.

   O prazer a atravessou sob sua mão. Era selvagem e ardente. Suas coxas se abriram e ela gemeu.

   — Bem. —Sua mão subiu de volta a seus peitos, mas se deteve no botão de sua calça. Houve um pequeno "pop" quando abriu suas roupas, apartando o tecido de seu corpo. Sua mão viajou de volta a seu sexo. Um sob gemido escapou de seus lábios quando ele acariciou com cuidado suas úmidas dobras.

   — Você gosta disto?

   Seus quadris pressionaram pedindo mais atenção. mas Brice deteve o movimento.

— Disse-me que não te tocasse, Grace —Seus dedos desenharam um preguiçoso círculo antes de voltar a parar.— mudasse de idéia?.

   Encontrou a pequena protuberância no centro de seu sexo e o acariciou com uma firme pressão. Seu corpo se sacudiu enquanto o prazer atravessava seu ventre. Podia cheirar seu próprio aroma enquanto ele esfregava sua carne. Seu corpo se retorcia em um apertado nó de sensações sob seu dedo. Ele voltou a parar e ela abriu os olhos. Sua mandíbula estava fortemente apertada enquanto se abatia sobre ela. Esperando que lhe dissesse o que esperava.

   — Sim.

   — Sim, o que?

   Sua exigência era muito. Grace se estirou para seus dedos, mas a pressão não era suficiente. Ele sabia a forma correta de tocar seu corpo. A necessidade palpitava através dela, exigindo liberação.

— me toque. Só me toque.

   Seus dedos acariciaram seu corpo fazendo que seus quadris se pressionassem frenéticas contra o alívio das demandas que retorciam seu corpo. Tudo se centrou sob sua mão em uma sacudida de prazer em sua mente. Um grito agudo escapou de seus lábios quando seu corpo liberou a tensão em quebras de onda de prazer que irradiavam de todo seu ser.

   Brice gentilmente alimentou seus peitos nus enquanto ela lutava com seu clímax. Seus olhos se abriram um segundo antes que o empurrasse brutalmente de seu corpo. Deixando-a ir, observou-a rodar e ficar em pé. Lutou com suas roupas enquanto Brice lambia deliberadamente seus sucos de seus dedos.

   — Grace. —Sua voz era aço puro. Congelou-a no sítio. Inclinando a cabeça, Grace observou ao Brice surgir das sombras nas que tinham estado deitados.

   — Verei-te logo.

   Grace sacudiu a cabeça. Não queria voltar a vê-lo. Era devastador para seu autocontrole. Mas seus pensamentos era um triângulo de enredos assim girou sobre seus calcanhares e se afastou dele.

   Um segundo depois tinha desaparecido.

   Brice observou o bosque enquanto esperava. Jacobs não o decepcionou. Sua sombra se separou da noite enquanto cortava a distância entre eles.

   — Não quero fazer disto algo pessoal, Campbell, mas mantenha-se longe de meu agente.

   Pensando nas palavras do Jacobs, encontrou-se com que seus olhos trocavam de posição sobre o obstáculo que o homem representava.

   — Se tiver alguma razão pessoal, então diga-o.

   Um sob som escapou do Jacobs antes de que sua cara se voltasse granito puro.

   — Grace é minha agente, Brice. Estivemos juntos muito tempo para adicionar agora o sexo à equação. Além disso, ela não está interessada em mim.

   Jacobs observou a expressão que se estendeu sobre a cara do Brice. Havia um sério propósito no olhar do homem; era algo que unicamente outro caçador poderia entender. Aquele não era um homem que fosse conformar se com um rechaço. Estava planejando perseguir Grace até que cedesse. Grace não teria a mais mínima oportunidade... enquanto Brice pudesse encontrá-la.

   — Tem que deixá-la ir, amigo.

   Não, Brice não tinha que deixá-la ir. Mas não precisava ter Jacobs ao redor.

   — Acorda Jacobs. Ela já está te fechando as portas na cara. Essa moça está tão profundamente enterrada, que não há possibilidade de tirá-la fora.

   — Assim, crê que é teu trabalho?

   Brice deixou que em sua boca aparecesse um zombador sorriso.

   — Tenho sua atenção. Seu agente não parece me fechar a porta como faz contigo.

   E aquele era um verdadeiro problema. Admitir que não podia alcançar Grace era duro de tragar. Ela era sua responsabilidade e Brice estava lhe pisando o terreno. Mas era também sua amiga e não havia maldita forma de que a deixasse escorrer-se sem lutar.

   As mulheres agentes da idade do Grace eram especialmente vulneráveis à depressão. Dois suicídios no último ano intensificavam sua necessidade de alcançá-la. Possivelmente o Coronel Turvel era um verme, mas talvez podia ter um propósito em que Grace fosse virgem aos vinte e cinco anos. O que o deixava com o enorme problema de admitir que ela não tinha nenhum problema em fechar as portas a ele e ao resto do exército que a rodeava. Cada missão que tinham tido nos últimos seis meses não tinha produzido nem um indício de emoção no Grace.

   — É um maldito civil, Brice.

   Notando o profundo cenho na cara do Comandante, Brice decidiu que o homem cedia com menos graça que ninguém que conhecesse.

   — Leva-a ao Moinho este fim de semana. O acontecimento atrai gente de todo o estado; um par de caras estranhas não se notarão. Todo mundo necessita um descanso na luta. Possivelmente é hora de que dê um a ela.

   — Exatamente o que crê que demonstrará isso?

   Brice lhe lançou um duro olhar a seu amigo antes de que se separasse da árvore e começasse a girar para sua casa.

   — Talvez eu gostaria que sua agente descubra que é uma mulher.

   Observando ao Brice desvanecer-se na escuridão, Jacobs ficou pensando na perspectiva de dizer a Grace que ia passar o fim de semana inteiro com um montão de civis. Iria apontar lhe com aqueles olhos esmeralda e tentaria fazer o impossível por cortá-lo em diminutos pedacinhos.

   Inclinando sua cabeça, parou-se no exterior de campo e observou a seu agente. Plantou-se contra uma árvore enquanto olhava a Devon Ross e ao resto da Unidade do Gennaro com aberta hostilidade.

   Bem, aquele era o final de sua única idéia brilhante. Devon Ross era a coisa mais próxima à própria espécie do Grace que ele podia imaginar. O homem estava em excelente condição, tinha uma idade similar e era psíquico. Mas Grace não estava nem medianamente interessada em falar com ele.

   Brice Campbell não daria a Grace a oportunidade de fechar a porta nos narizes e deixá-lo fora. Essa idéia empurrou a Jacobs a decidir-se por uma firme resolução. Grace se uniria aos vivos outra vez, embora ele tivesse que lhe dar as costas enquanto Brice a arrastava esperneando todo o caminho.

   As soluções tinham sua forma de aparecer depois de tudo. Ele tinha permissão de avançar lentamente ao redor do Benton durante os próximos dez dias. O convite do Brice não os tiraria do condado. Todo mundo necessitava um pouco de descanso. Grace não podia ser muito diferente.

   — Bonita jaqueta.

   A atenção de Jacobs se voltou momentaneamente para seus homens; cruzou seus pés e instalou seu corpo a exatamente três polegadas do dela.

   Genial. O que desejava, outro homem que lhe ditasse suas necessidades. Não necessitava a nenhum deles. Grace olhou irada a seu C.O. mas não conseguiu mais que arrogância em troca. Ele moveu sua mochila e se instalou por essa noite.

   Aquilo realmente não deveria incomodá-la. Jacobs se deitava a seu lado na base. Que a incomodasse não tinha sentido. Mas ela podia culpar ao Brice e com razão. Cada vez que punha os olhos no homem, seu mundo não parava de girar. Jacobs era parte de seu mundo e Brice Campbell era o intruso. A vida seria muito mais suportável no momento em que seu cérebro se centrasse naquele fato.

   O inverno não se foi ao todo; com a queda do sol, a temperatura começou a cair. Colocando seu queixo no pescoço da jaqueta do Brice, captou seu inequívoco aroma. Era molesto descobrir que bem o reconhecia.

   Mas era algo mais que isso. Mais que seu aroma, seu corpo absorvia cada sinal que Brice tinha deixado entre as fibras de sua jaqueta. Sua pele se derretia em suas dobras em um intento de encontrá-lo. Seu traidor corpo estava desfrutando da experiência enquanto sua lógica gritava contra a natureza e seu inato instinto de procriação.

   Ela era uma contradição da natureza. Não tinha sentido ter as mesmas necessidades que uma mulher normal. Sua vida não era normal e provavelmente nunca o seria. Encontrar suas emoções comovidas pelas exigências do Brice Campbell somente aumentava sua necessidade de escapar.

   Mas ela não ia ter que fugir. Jacobs e seus superiores a tirariam do Condado do Benton muito em breve. Brice Campbell ficaria atrás e os sentimentos dela também.

   Graças a Deus!

  

— É possível que Brice esteja tramando algo. Lantejoulas caem realmente bem em uma saia.

   — Inclusive as mulheres muçulmanas não levam tantas capas de roupa como eu — Grace observou a roupa do Jacobs.— Com quem está jogando?

   — Uma representação histórica da Guerra Civil. Escutei que é uma excelente forma de se relaxar.

   Vestido de pés a cabeça em lã azul, Jacobs era a imagem de um correto soldado do Exército da União. Onde havia o homem conseguido obter o histórico uniforme era um mistério, mas sua fonte era responsável por seu adorno também.

A roupa interior só cobria, quando muito, parte de seu corpo. Em cima tinha uma blusa larga, uma anágua, um rígido espartilho estava em cima de todo o resto. Ela não tinha que ser psíquica para notar quão divertido estava Jacobs tirando os cordões do espartilho e apertando-os. Uma saia larga, uma blusa e a jaqueta de lã completavam o conjunto, lhe fazendo agradecer que o clima fora temperado.

   Grace tropeçou com a prega da saia, ou talvez era a anágua, duas vezes antes de que entrasse no caminhão. Sim senhor, aquele ia ser um dia longo!

   A única peça do traje que ao Grace realmente gostava de era a jaqueta. Esta era a peça de arte mais assombrosa que alguma vez tivesse visto. Era feita de lã cinza suave, mas o que a assombrou foi a corda negra e verde diminuta que estava bordada, debruando a jaqueta. Alguém tinha passado muitas horas trabalhando nela e Grace se sentia privilegiada por levá-la. Nunca se havia sentido assim antes por uma parte de sua roupa.

   Estavam de pé no alto do que devia ser um campo de batalha, Grace observou como quão afeiçoados foram representar os soldados azuis e cinzas, assistiam a uma classe obrigatória de segurança. Estavam alinhados em blocos de aproximadamente cinqüenta homens cada um. Um homem a cavalo estava a um lado do campo. Levantou sua espada e a desceu na temprana luz do sol da manhã. O som ensurdecedor de trezentos rifles descarregando, nublou o ar. As nuvens de fumaça se elevaram em cima dos homens sobre o campo. A espada se elevou outra vez e oito canhões foram disparados depois.

   A classe parecia ter terminado, mas os homens não abandonavam o campo. O oficial em cima do cavalo deu um joelhada no animal para que se detivesse e pudesse dirigir umas palavras aos homens montados; havia suficientes medalhas de latão em cima do homem para deslumbrá-la. Todos os homens sobre o campo levantaram sua mão direita e repetiram as cinco regras de conduta durante o fim de semana. Grace encontrou as regras extremamente divertidas. A mais divertida era: "Cada um de vós deve ser amistoso com todos e jogar de forma amável.

   Grace vagou pela área do campo. Decidiu que estava melhorando suas habilidades para caminhar. Somente tropeçou uma vez.

   O campo superior era considerado como campo do Norte. Estavam vestidos de azul para caracterizar os ianques. Havia muita atividade ali. As mulheres cozinhavam sobre fossas de fogo abertos. Estavam, a maior parte, vestidas exatamente como o estava ela, ainda assim elas se agachavam e caminhavam sem nenhum esforço. Várias sorriram, e a saudaram quando caminhou entre elas.

   Ao lado dos fossas de fogo havia filas de cabanas diminutas, de só uma habitação, construídas na saia da ladeira, debaixo das estruturas mais permanentes, estavam assentadas mais de cem lojas de lona. Muitas estavam atiradas sobre o pasto esperando que os homens voltassem antes de que fossem levantadas.

   Os meninos corriam pelo campo arrastando brinquedos de madeira e bonecas de trapo. Os menininhos levavam calças curtas, enquanto as garotas luziam com vestidos largos.

   O aroma do café da manhã começou ir à deriva com a brisa. Estava segura que aquilo atrairia às pessoas. Podia-te sentir fora do mundo moderno e seus costumes enquanto estava ali. Havia um ar de aceitação e de comunidade. O campo começava a ser invadido por casacos azuis. Qualquer mulher que tivesse café quente se voltava imediatamente um ponto de reunião.

   — bom dia, senhorita Grace. É um verdadeiro prazer vê-la hoje. —Aquele tom profundo, reconheceu-o imediatamente. Grace girou para encontrar Brice a não mais de dois pés de distancia atrás dela. Sua mente simplesmente ficou em branco. Deveria haver uma lei contra um homem que se visse tão bem com um disfarce.

   Brice aproveitou sua carência de resposta para capturar sua mão magra e levá-la a seus lábios para lhe dar um suave beijo. O contato de seus lábios contra sua carne a impactou e ela resgatou sua mão do apertão.

   Grace deslizou a vista devagar sobre ele. A lã azul escura moldava em seu corpo com exatidão. O tecido vermelho que ela tinha visto em sua casa era de fato uma bandagem que enrolava sua cintura. Quadris estreitos continuavam em um par de pernas fortes. As calças eram diferentes das de Jacobs. Estas calças tinham emplastros interiores sobre a área da coxa. Para montar a cavalo, pensou. Isso significava que ele tinha um cavalo ali. Ela voltou seus olhos para sua cara. Seus olhos negros tinham estado observando sua avaliação dele, e pareceu lhe agradar. Ele a olhou fixamente durante num momento antes de devagar lhe devolvesse o favor. Com absoluta vergonha, Grace sentiu o rubor queimar suas bochechas.

   — Se interessa por cavalos, Senhorita Grace?

   O rubor se fez mais profundo, de um tom vermelha beterraba. Grace pensou que tinha ouvido-o rir em um tom baixinho, mas estava muito ocupada tentando recuperar seu equilíbrio emocional para dar-se conta, antes de que pudesse pensar em uma boa resposta, Brice tomou sua mão outra vez. Esta vez colocou sua mão no interior de seu braço e a escoltou ao baixar da colina.

   — Jacobs está no curral, disse-lhe que eu te levaria.

   A menção do Jacobs a fez recordar sua atribuição, é obvio que ela não ia dar um passeio de braço dado com aquele homem! Grace extraiu sua mão de seu braço, cruzando firmemente suas mãos diante dela.

   Brice sorriu abertamente. Ela não estava nem por indício perto de ceder. O desafio silencioso que lhe enviava-lhe fazia ferver o sangue.

   — Está bem que não queira tomar meu braço. Certamente, isso somente anunciará a todos os outros homens daqui que está disponível.

   Grace aproximou sua mão a seu braço tão rápido que ele quase perdeu o passo. Ela enlaçou seus dedos ligeiramente sobre o vulto de seus bíceps.

   Tratar de concentrar-se em seus passos, definitivamente não a estava ajudando. Grace era muito consciente do homem que caminhava a seu lado. Sua morna mão tomou a sua afetuosamente e ela sentiu que seu pulso se acelerava. Só ao ter aquele homem a seu lado fazia que suas emoções se desbocassem. As lembranças eram dolorosamente claras. A carne entre suas coxas começou a palpitar em resposta a seu aroma.

   Dobraram a colina e os currais dos cavalos estiveram à vista. Havia dúzias de cavalos e Brice a dirigiu entre o labirinto de animais e gente. Brice seguiu movendo-se até que chegaram a outra colina, debaixo deles se encontravam cinco currais. Todos estavam separados um do outro.

   — Os cavalos. — Informou Brice.

   Grace passeou seus olhos sobre as magníficas criaturas. Eles sacudiram suas cabeças e moveram suas patas no ar, desafiando a que alguém os montasse. Um enorme negro capturou seu olhar e ela reconheceu ao animal imediatamente. A pintura que pendurava no comilão do Brice captava a semelhança da criatura exatamente.

   De algum modo a idéia que aquele homem não montasse um cavalo domesticado a fez tremer. Ele era forte, muito forte e muito básico. Um pouco parecido ao garanhão negro que decidia montar. Seus olhos se fixaram na criatura negra como carvão. Sua semelhança tinha sido encantadora; a realidade era um enfeitice.

   Brice manteve um passo firme, que os conduziu diretamente ao curral do garanhão.

— Este é Penetre.

   Jacobs tinha uma bota apoiada sobre o sulco do curral e olhava à negra besta atentamente. Brice emitiu um assobio agudo e o cavalo sacudiu sua cabeça e se encabritou em seu curral. Brice levantou a mão dela e a levou a seus lábios novamente. Esta vez a beijou longamente. Grace tentou resgatar sua mão, mas ele sustentou sua mão firmemente enquanto seus olhos a desafiavam com sua demanda. Um lento rubor se estendeu sobre sua cara novamente. Aqueles olhos negros a olharam com uma intenção que era mais uma ameaça que uma promessa.

   — É um homem irritante, Brice Campbell, está muito seguro de ti mesmo.

   Seus olhos realmente brilharam ante suas palavras. Tornando-se para trás, Grace se conteve a antes de ceder ao impulso físico de apartar ao homem dela.

   — E você é uma mulher obstinada —Brice olhou o balanço zangado de sua saia quando ela quase se voltou correndo para a colina. Seu corpo era extremamente consciente dela, inclusive quando ela colocava distância entre eles. Nunca o transbordaria, mas seguro que se divertiria ao observar seu intento.

   — Talvez, devesse mencionar o fato de que Grace fica um pouco… violenta quando os homens a cortejam. —Comentou Jacobs a Brice.— Deve havê-lo notado na noite em que a conheceu.

   Jacobs observou como Brice saltava ao curral. Acariciou o focinho do animal, aproximou uma cadeira da perto e começou a atá-la no cavalo.

   — Bom, escutei que a algumas garotas agrada esse tipo de comportamento.

   — Besteira! —Apoiando a mão sobre sua mandíbula, Jacobs se ergueu exibindo toda sua estatura.— te considere advertido, não irei procurá-la somente para salvar sua pele.

   — Agora Jacobs, se estas insinuando que Grace necessitaria uma arma para me ferir, vou estar profundamente decepcionado.

   — Ela necessitará uma arma para te matar.

   — Obrigado pelo elogio.

   — É uma advertência, Brice.

   Balançando-se em cima da cadeira, Brice observou o militar.

   — Vai passear, Jacobs.

   Cravando os calcanhares no garanhão, Brice montou no animal. Jacobs observou o domínio do outro homem sobre o animal.

   — Um passeio realmente valido. Ela não é sua irmã e tampouco é menor de idade.

   Encolhendo-se de ombros, Jacobs observou a direção pela que Grace se foi. O dever lhe ditava que a seguisse, mas o instinto lhe disse que era hora de deter-se. Um sorriso zombador se instalou sobre sua cara. Bem, bem, Grace e ele tinham estado juntos muito tempo.

   Brice tinha uma oportunidade.

 

— Está perdendo seu tempo — Não foram apenas as palavras da mulher que transmitiam seu recado, mas sua presença já se encarregava disso.. Um homem sobressaltado apareceu de repente em seu caminho no qual a obrigou deter-se ou se chocar com ele.

   — Agora, Beth, somente deixa que te explique.

   — Talvez a Wendy não importa compartilhar a seu homem, mas a mim sim.

   Enganchando suas mãos nas asas de uma cesta enorme, a moça caminhou ao redor de seu companheiro não desejado. Manteve a cabeça em alto fazendo caso omisso de sua presença.

   — Vais casar te comigo, Beth!

   Sua cesta caiu no chão com um ruído surdo quando ela aproximou sua cara a seu acompanhante.

   — Suponho que devo ter esquecido a parte onde me pede me casar contigo! —Ela colocou sua mão direita no centro de seu peito e o empurrou para longe de seu corpo. A imagem era em realidade graciosa; a mulher chamada Beth era menor que duas boas polegadas? Era mais alta que sua companhia não desejada. O homem não era baixo, mas ela estava ereta e tinha uma cabeça de cabelo castanho para acentuá-lo. — Não gaste seu fôlego!

   Quando se agachou para recolher sua cesta, Jacobs observou o bem formado traseiro que alcançava a mostrar sua saia enquanto ela se inclinava. Ela não era a classe de mulher pequena pela que ele tivesse que preocupar-se em romper, seu corpo estava cheio de curvas femininas em todos os locais corretos.

   Seu suposto noivo fez o que lhe foi pedido. Não gastou seu fôlego; em troca se aproximou ajudado por seus antebraços e robou um beijo de sua boca. A cesta caiu no chão novamente, enquanto ela infligia golpes com a mão direita e sinistra ante a indesejável atenção da que era objeto. O moço apartou a cesta de si, quando Beth aproveitou sua maior estatura para afastar seu corpo de seu abraço. A raiva retorceu a cara do homem quando se levantou.

   — Sua cadela!

   Ficando frente a ela, Jacobs deteve diante a tentativa do homem de vingar-se. Enquanto em seus olhos refletiam raiva, seu sentido comum invalidou seus impulsos. Lançou um último olhar furioso a Beth antes de afastar-se com passo irado. Beth exalou um suspiro sufocado de frustração, antes de inclinar-se para sua cesta novamente. Jacobs recolheu-a do chão antes de que seus dedos entrassem em contato com os dela.

   — Você parece ser muito dada a atirar a cesta.

   — Isto é uma reação alérgica aos homens que estão muito perto de mim.

   Um par de profundos olhos azuis tentaram afastá-lo, enquanto Jacobs deixou que um sorriso zombador se instalasse em sua cara.

   — Acredito que é melhor que fique com ela, já que abundam os homens por aqui hoje.

   Fazendo chiar seus dentes, Beth apoiou suas mãos em seus quadris. Estupendo. Se o homem queria arrastar suas panelas por todo o acampamento, era bem-vindo para a tarefa. Ela revoou suas pestanas antes de estender suas saias ao redor dele.

   — Se fosse tão amável.

   — Não há problema —E não o era. Ela se aproximou do caminho com o porte de um oficial e estava coberta da cabeça ate pés com um vestido histórico. Mas havia algo intensamente feminino e extremamente erótico nela quando caminhou sobre a colina com seu vestido sussurrando sobre seus quadris.

— Nenhum problema absolutamente.

   Jacobs acomodou a carga sobre seus ombros e a seguiu colina acima. Deixar que uma mulher assinalasse o caminho tinha vantagens bastante agradáveis. Ao menos a vista que tinha frente a ele o assegurava. A Lisa pele de seu pescoço era a única carne nua que podia ver, mas ela era certamente um dos monumentos mais sensuais que alguma vez tinha visto.

   — Obrigado.

   Ela fez uma pequena reverência antes de ficar a arrumar sua cozinha de acampamento com satisfação. Suas ações estavam dispensando-o e Jacobs achou graça, portanto, ficou. A tarefa de fazer uma comida sobre a fogueira do acampamento tomava a maior parte de sua atenção, mais entretanto seus olhos azuis de vez em quando olhavam a seu redor para descansar sobre ele e Jacobs sorriu abertamente em resposta a seu olhar.

   O dever finalmente terminou com seu jogo quando Jacobs a contra gosto abandonou o acampamento para fazer averiguações sobre o Grace. Introduziu a mão no bolso de sua jaqueta para localizar seu rastreador com sentimentos encontrados. Em condições normais, não estava seguro do que Grace faria.

   Os enlaces por satélite eram coisas assombrosas. Pressionando uma linha de código numérico em um terminal do tamanho de sua mão, Jacobs esperou seu enlace para precisar sua posição. Morria por averiguar sobre ela com seus próprios olhos, mas aquilo arruinaria o objetivo daquele fim de semana.

   Sua cara refletiu sua preocupação quando seu busca-pessoas informou-o que se retirou paras áreas habitadas para o bosque. Aplicando um jogo adicional de códigos no teclado, esperou novamente. À Tenente Anson mais lhe valia conhecer exatamente o local exato onde Grace se encontrava; ela era sua atribuição primária.

   Alguns de seus outros Rangers apoiavam a empresa do homem.

   Com a freqüência em que sua Unidade via a ação, era pouco provável a falta de atenção. Agora, Grace era um mérito por cada um de seus anos no campo, mas seus homens a excediam em número de vinte a um. Eles dependiam em excesso dela para seu êxito na missão.

   A função inteira da Unidade devia utilizar as capacidades do Grace. O trabalho era simples: desdobrar, proteger e recuperar seu objetivo. Qualquer homem que não podia manter-se em contato com sua missão era um peso morto. Era seu trabalho fazer que este trabalho funcionasse para a sobrevivência de sua Unidade.

 

   A frustração estava voltando sua companheira mais próxima.

   Olhando para os homens que representavam a história diante dela, Grace observou Jacobs na sua frente. Os acontecimentos do dia tinham culminado com um baile. Jacobs naquele momento girava com uma jovem, enquanto tentava imitar os passos de baile dos anos 1800.

   O sorriso sobre sua cara se congelou. Talvez o homem tinha um propósito. Estava bastante mal por sua parte sair desprotegido. Mas a perseguição dos homens de rastreá-la como uma raposa era bastante extrema. Especialmente quando a seguiam levando um vestido. Com o traje histórico estorvando, não havia nenhum modo em que pudesse evitar os homens do Jacobs.

   Qualquer idéia que pudesse ter de revisar o bosque com eficácia foi descartado essa noite. Mas aquilo não significava que ela fora a dançar em meio de um baile. Ao menos, o acontecimento era melhor sem fontes artificiais de iluminação. Isto lhe fez possível caminhar sobre as franjas que ficavam na escuridão.

   A brisa da noite levou o frio que parecia habitar nas montanhas do mundo inteiro. Independentemente da temperatura durante as horas de luz do dia, depois de pôr-do-sol o ar sempre levava a frescura induzida pela água que significava a abundância de vida. Inspirando profundamente com seus pulmões, fechou seus olhos, deixando que os sons de noite a tocassem. A ausência completa de maquinaria artificial era um remanso para sua alma.

   Não havia nenhum helicóptero que se escutasse, já fosse de motor ou de propulsão, que distraíra sua apreciação da noite. Jogando a cabeça para trás, observou as constelações no alto. Sem as luzes segadoras de uma pista de aterrissagem, destacavam na noite com brilhante pureza.

   O suave relincho de um cavalo a alcançou, causando que jogasse uma olhada em sua direção. O garanhão de Brice a fascinava. A possibilidade inesperada de estar perto dele melhorou seu humor enormemente.

   Penetre se afastou de sua presença, arranhando a terra com agitação. Colocando-se em cima da perto do curral, Grace simplesmente esperou. O cavalo se aproximaria dela ou não, segundo seu capricho.

   A espera era uma arte que Grace quase tinha aperfeiçoado. Mantendo-se completamente quieta, desfrutou dos movimentos do animal, feito que ele não deixou de observar. A curiosidade o persuadiu. Grace lentamente acariciou o pescoço da besta, absorvendo a vida que pulsava de sua carne.

   — Agora estou ciumento.

   Girando sua cabeça, Grace observou a escuridão. Com nada mais que a luz da lua, ele ficou entre as sombras. Mas nunca o cheiro de uma pessoa a fez identificá-lo imediatamente. Grace inclusive recordava o aroma penetrante e ardente que pertencia ao Brice Campbell. Cruzando a grandes passados a distância até o curral se colocou a curta distância de seu corpo e acariciou ao animal. O afeto foi bem recebido.

   Olhá-lo acariciar com mão firme o comprido do pescoço do animal, trouxe-lhe uma vívida lembrança dessa mesma mão deslizando-se ao longo de seu próprio corpo. O rubor que aflorou a sua cara, fez Grace estar enormemente agradecida pela escuridão que o ocultaria deste homem. Tal como um tubarão cheirava o sangue, um simples rubor atrairia ao caçador neste macho.

   Mas seu corpo não ia deixar aquelas coisas ao azar. A excitação se apropriou dela com a velocidade da luz. Seus peitos se apertaram com muita dor sob o rígido espartilho. Sua pele exigiu a liberdade das capas de pano. Seu corpo desejou a liberação que Brice tinha provado que podia lhe dar.

   Brice deixou cair sua mão, causando que o cavalo fizesse uns violentos sons e arranhasse com seus cascos a terra.

   — O que é o que quer?

   Com um sorriso zombador, Brice limpou a perto antes de aterrissar com ambos os pés dentro do curral. Tomou só um minuto assegurar uma brida sobre o cavalo antes de subir em cima do animal.

   Iluminados somente pelo brilho de prata da lua, o homem e o cavalo pareciam mais uma lenda que a realidade. Trocaram de posição ao mesmo tempo que a brisa, já que até seu olfato sentiu seu aroma. Grace observou como Brice apertava as rédeas fortemente com uma mão, enquanto oferecia a outra a ela.

   — Vêem aqui, Grace.

   O cavalo parecia quase ser parte dele. Força e vitalidade irradiavam deles. Ela sentiu outra explosão de emoção, quando foi atraída para aquela força a um nível puramente instintivo.

   Ele era absolutamente másculo, e aquilo lhe resultava enormemente atrativo, quando menos neste momento. Colocando sua mão sobre a dele, sorriu ante a sensação de seu corpo impulsionado para o cavalo. Levantando-se de seu assento sobre a perta do curral, Grace lançou sua perna sobre o traseiro do cavalo. Sua saia e anáguas lhe obstaculizaram a ascensão, mas os agarrou com uma mão. Brice esperou enquanto ela acomodava as jardas infinitas de tecido aos lados do cavalo.

   — Sustente em mim.

   Sua ordem fez com que Grace vacilasse por um momento. Não estava exatamente segura de como fazê-lo. Colocando suas mãos sobre seu cinturão, sustentou-se dali. Ele, devagar, sacudiu sua cabeça. Suas mornas mãos se fecharam sobre as suas enquanto com cuidado as acomodava ao redor de seu peito. O movimento fez que estivesse completamente pressionada a suas costas do pescoço até suas coxas.

   Seu corpo se adaptou às baixas temperaturas da noite. Sua fria pele rapidamente absorveu o calor que seu corpo irradiava. Sua bochecha colocada contra seu ombro, sua cabeça se enchia dos batimentos do coração que insuflava a vida com o passar do corpo contra o que estava pressionada.

   Recolhendo as rédeas, ele as dirigiu escapando da escuridão, depois de uns segundos de estupidez, ela se derreteu contra ele, movendo seus quadris em harmonia ao galope. Ele ofegou rigidamente ante a excitação que o golpeou com força demolidora. Seu aroma aprofundou a necessidade.

   Grace esteve perdida nas sensações. O cavalo avançava, levando-os a ambos na noite. O animal que ela sustentava entre seus braços era uma força viva. Seu corpo emparelhou seu ritmo e respondeu com uma emoção quase brutal. Não havia ninguém para vê-la, ninguém para criticar as respostas de seu corpo. Ela as sentiu. Sentiu-as evaporar-se conscientemente.

   Seu corpo respondeu com essa sensação sexual tão intensa que Brice parecia ser capaz de despertar nela. O calor aumentou ao longo de suas veias, de igual maneira que seu centro começou a palpitar de fome outra vez. O movimento do cavalo entre suas pernas intensificava aquela sensação.

   Brice deteve o cavalo, e se deslizou do corpo do animal, levando-a com ele. Em um movimento fluido converteu seus corpos em uma só unidade. Seus olhos faiscaram na escuridão, enquanto suas emoções ferveram perigosamente cada vez mais alto.

   — Não me beije.

   Brice observou sua cara enquanto considerava sua súplica. Passando sua mão com cuidado ao longo da curva de seu rosto, sorriu quando ela se retraiu ante a seu toque. Agora o entendia. Tinham-na beijado antes, mas nunca tinha compartilhado a emoção por própria vontade. Enquanto a maior parte das mulheres tinham dificuldade para separar a mente do corpo, Grace era uma professora nessa arte.

   — Me beije novamente.

   Brice inclinou sua cabeça devagar. Se ele se moveu uma fração de segundo mais rápido do ela teria se afastado, mas Grace manteve sua posição enquanto seus lábios se colocavam ligeiramente em cima dos dela. O ligeiro contato a impressionou, sua boca se moveu devagar sobre a sua, com cuidado procurando o companheirismo na intimidade. Indecisa quanto a forma de responder, moveu devagar seus lábios contra os seus. O controle desapareceu quando a sensação aumentou causando que quisesse mais.

   Sua boca tomou firmemente o mando. Abrindo seus lábios com audácia, provando-o. Ele se pressionou firmemente contra seu corpo quando a paixão governou seus pensamentos. Seus lábios saborearam os dele, provando-os e deslizando-se ao longo da sensível superfície.

   Cada pequeno pedaço de seu corpo aumentava seu desejo. Grace sentiu o movimento de seu corpo contra o dele enquanto ele exigia e pedia uma resposta. Uma mão firme pressionou os quadris contra os delas e a dor dentro dela se inflamou um pouco mais. Era uma labareda de emoção que a chamava mais perto do perigo.

   Outra vez seu corpo se endureceu; sua pele consciente de cada polegada de seu tato. Esfregou seus seios contra seu peito e lhe escutou um gemido de prazer em resposta. Sua cabeça se voltou para trás quando sua boca se moveu para a coluna de sua garganta.

   Grace dançava nas chamas que ela mesma tinha aceso. Nada importava, exceto o que se encontrava no final daquele sentimento. Os braços masculinos a pressionaram contra seu corpo e isto a ajudou a descobrir quanto lhe agradava sentir seus duros músculos. Seus braços tinham deixado de funcionar como freio; em troca os usou para aproximá-la mais a ele. Sua mão agarrou seu traseiro, sustentando-a enquanto ele devagar se roçava contra ela. Ela explorou com paixão assim como com incerteza. Abrindo seus olhos, olhou fixamente a fome que havia nos olhos frente a ela.

   De repente se sentiu valente. Seu sangue se precipitava em suas veias à velocidade da luz, trazendo para seu corpo à vida como nunca antes o havia sentido. As sensações eram embriagadoras. A liberdade parecia ao alcance da mão, a liberdade de ser simplesmente ela mesma.

   Levantando suas mãos alcançou os botões de sua blusa. Os olhos do Brice seguiram seus movimentos com arrogante satisfação. Seu sutiã fazia seus peitos subissem, tentando os olhos de Brice enquanto este os sujeitava. Seus dedos baixaram sob a roupa para deixar seus mamilos livres. Os lábios dele brincaram com um mamilo enquanto lhe dava ligeiros beliscões no outro seio até que alcançou a elevação de seus mamilos. A ponta de sua língua lambeu o caminho até o topo daquele peito fechando sua boca sobre seu pico.

   Uma mão magra vagava sobre seu corpo até que encontrou o inchaço de seu sexo. Ela fechou seus dedos a seu redor, lutando contra a lã das calças. Um grunhido baixo saiu de seu peito quando ela atirou dos botões de sua braguilha. Seu engrossado pênis empurrou com impaciência para frente. Grace acomodou seus magros dedos ao redor de sua longitude, enquanto seu próprio sexo ficava molhado pelo desejo.

   — Voltemos para minha loja — sussurrou Brice.— Não quero que nossa primeira vez seja tão precipitada para fazê-lo aqui. Fantasiei contigo em minha cama, e é lá onde te quero.

   — Eles estarão esperando para me vigiar ali — Grace acariciou a longitude dele. Não queria pensar na Unidade ou os homens que esperavam para reassumir seu dever de protegê-la.

   Uma mão levantou seu queixo.

— Será um rude passeio.

   — Não me rompo facilmente.

   Ele gemeu com satisfação. Sua cabeça baixou para buscar seu mamilo, sua língua lambendo-o. Chupando-o com sua boca, Brice enviou para seu corpo sensações em espiral, e que pareciam estar no vórtice da sensação. Empurrou sua saia para cima, deixando que o frio da noite acariciasse suas pernas. Uma mão encontrou as dobras úmidas de seu corpo. Um dedo firme acariciou e separou os lábios de seu centro.

   Ela gritou quando ele encontrou a diminuta pétala oculta em seu sexo. As dobras estavam úmidas de seu doce aroma quando ela pressionou seus quadris contra sua mão. As regras de sociedade não tiveram capacidade nesses momentos. A atração era tão primária como a natureza em sua forma mais dramática, mais forte que todas as vezes anteriores.

   — Me olhe — Grace levantou suas pálpebras. Cada moralismo tinha abandonado sua cara. Suas mãos agarraram seu pênis quando ele a levantou, e colocou firmemente seu traseiro contra uma árvore enorme.

   Grace gemeu ligeiramente quando ele acariciou sua carne mais sensível com sua longitude. O ar da noite acariciou seu corpo exposto enquanto ela sentia a dura ponta de seu sexo sondando sua entrada. Grace rodeou com seus braços seus largos ombros. O animal dentro dele queria reclamá-la. Aquele era um ritual primitivo no qual a lógica não tinha capacidade.

   Empurrando duramente, entrou em sua carne. Grace apertou seus dentes contra a dor. Brice jogou sua cabeça para trás enquanto lutava por manter o controle e permitia que seu corpo se adaptasse à penetração. Seu peito se elevou enquanto suspiros entrecortados escapavam por seus dentes apertados.

   — É virgem —Ele amaldiçoou sob seu fôlego enquanto lutava por algum fragmento de autocontrole.

   — Isso importa? —Sua voz era suave apesar da dor. Brice exclamou mais uma maldição.

   — Se eu tivesse esperado… até encontrar uma verdadeira cama.

   — Não te detenha. Não podia deixá-lo se deter. A dor se foi e tudo o que sentia era a necessidade furiosa que os tinha reunido. Grace apertou suas pernas ao redor de seus quadris. Seu membro pulsou dentro de sua vagina, tremendo de necessidade.

   Sua apertada passagem apertou-lhe a carne, fazendo-o esquecer algo que não fosse satisfação. Levantando-a pela cintura, Brice acomodou seu corpo completamente. A satisfação impregnava seus sentidos.

   — Não vou deter me —Seus quadris se moveram com impulsos fluídos que acariciaram o centro de seu corpo. As ondas de prazer a alagaram. Havia tanto prazer. Aquilo começou a parecer-se com o êxtase.

   — Sim. — Um gemido baixinho escapou do lábios de Grace enquanto empurrava seus quadris para frente para permitir uma penetração mais profunda. Seus quadris batiam em seu corpo em ritmo que lhe roubava o fôlego. Ela se aderiu a ele enquanto ele controlava o ritmo. A tensão envolvia seu membro enquanto entrava e saía dela. Penetrou-a quase ao ponto da dor. Ela pendia no bordo quando afundou seu membro até o punho.

   — Isso, doçura. Abraça-me. —Sua passagem o aferrou com seus músculos internos quando ele empurrou mais forte e mais profundo. A necessidade de gozar rugiu nele, mas quis que esse momento durasse, e também queria que ela chegasse primeiro.

   Brice observou sua cara.— Goza para mim, Grace —Seus olhos de esmeralda estavam abertos e ele viu que o prazer a afligia.— Só se deixe levar.

   Ela não tinha nenhuma opção. Seu corpo também a controlava. Os impulsos centrados em seu corpo a faziam apertar e pulsar ante cada impulso. Aquilo se converteu em um nó insuportável um segundo antes de que ela explodisse em sensações que ramificaram por todo seu corpo. Suas coxas se apertaram como braçadeiras ao redor de seus quadris quando se aderiu a ele enquanto ondas de prazer golpeavam seu centro mais profundo.

   Ele gemeu profundamente dentro de seu peito e empurrou contra seu corpo com uma força que a sacudiu. O orgasmo fez que seus músculos se apertassem ao redor dele, fazendo que perdesse o controle. Ele empurrou uma e outra vez e logo explodiu. Novamente Grace sentiu sua explosão dentro de seu corpo. Esgotada, derrubou-se contra Brice, de algum modo intuindo que ele não a soltaria. Esse foi o momento no que se rendeu por completo.

   Era muito simples cobrir os detalhes de sua luxuria. No momento em que seus pés tocaram o piso, sua saia caiu sobre suas pernas para cobrir seu comportamento impulsivo. Sua mente se enfocou no centro de seu corpo que pulsava em forma intermitente.

   Uma mão sólida tomou seu queixo quando ela tentou esquivar dos olhos penetrantes do Brice. Ele levantou sua cabeça e firmemente beijou seus lábios apertados. Foi um ardente, profundo beijo, movendo-se sobre sua boca com um movimento preguiçoso.

   — Vamos procurar uma cama —Brice se afastou para se aproximar de Penetre. Ele não montou o cavalo. Em troca, colocou suas mãos em seus quadris e a levantou para cima até o traseiro do animal. Brice se balançou detrás dela e a aproximou contra seu corpo com um sólido abraço.

   Cada passo que dava o cavalo de volta ao acampamento era uma volta à realidade para o Grace. A perda tão completa de controle desafiava sua compreensão. Seu corpo nunca tinha controlado a sua mente. Ela não podia deixar que aquilo passasse.

   O braço com que Brice a sustentava era sólido. Sua mão acariciou sua coxa. Ele a apertou contra seu peito tão atrativo devido a sua força. Seus lábios pulverizavam beijos diminutos ao longo da linha do cabelo enquanto os dirigia mais e mais perto da realidade.

De algum modo, ela tinha sido capaz de liberar-se no bosque. Aqui no acampamento, estavam os olhos preparados à crítica em cada movimento. Grace se impôs um duro autocontrole. Era sua única defesa contra uma vida que era freqüentemente áspera.

   A vista de sua loja fez sua cara corar. Grace desceu do cavalo e simplesmente correu para longe de Brice. Ele rompia seu controle. Mas ela não podia sobreviver sem disciplina.

   Sua saia ondeou no ar enquanto corria. Brice franziu o cenho. Queria segui-la e obrigá-la a confrontar o que tinha acontecido com eles. Ele não tinha esperava que ela fosse virgem. Se o tivesse sabido, teria encontrado força necessária para esperar e fazer o amor com ela até que estivessem em uma cama. Ao menos, a primeira vez.

   Mas não o sabia. A verdade era que estava profundamente satisfeito de que ela só tivesse lhe. Se aquilo significava que a teria que perseguir por todo mundo, faria-o.

   Desmontando, Brice descobriu um dos Rangers. O homem se moveu rapidamente afastando-se da loja de Grace e procurando uma melhor coberta agora que seu objetivo estava à vista. Brice cabeceou com aprovação. Ela não estava em sua loja, mas estava a salvo. De momento, teria que ser suficiente. Grace voltaria para ele. Nada exceto aquilo o acalmaria.

   E ela o faria diretamente na frente daquela unidade.

 

   Os brilhantes raios da manhã se arrastaram sobre a superfície da loja de lona, iluminando o interior. Seu corpo rechaçou entender o impulso de despertar e levantar-se. O sonho tinha sido um pouco mais que uma imagem distante, mas muitos anos de treinamento militar faziam que seu cérebro não pudesse retornar ao sonho agora que o dia estava em seu apogeu.

   Rodando sobre as mantas, sentou-se e esfregou seus olhos sonolentos num momento. Onde tinha estado sua disciplina, na noite anterior, quando a necessitava? Tomou mais de uma hora para dominar o impulso de retornar a Brice, sentou-se sobre sua cama enquanto seu corpo traidor a tinha impulsionado, Não, tinha-o exigido que voltasse para o que só Brice poderia dar.

   A cólera renovada aconteceu como um relâmpago pelo corpo do Grace. Assustada? Por que estava tão assustada, ela tinha sentado sobre esta cama, toda a maldita noite se exigiu uma resposta. Nada mais a assustava. Em alguma ocasião algumas pessoas lhe tinham disparado, mas agora não mais. Como o poderiam fazer, estando ela tão vigiada?. Grace realmente não se preocupava muito por isso. Ela não era nada mais que um instrumento para ser utilizado pela ordem de alguém mais. O intolerável daquilo era que acreditava, sobre tudo ultimamente. Realmente lhes tinha deixado dirigir sua pessoa de maneira tão completa que rechaçava inclusive até sentir? Era tão patético que se estremeceu.

   Realmente tinha se rendido? Estava ainda viva, não merecia mais que um esforço para deixar que o desprezo alcançasse a fração mais pequena em sua mente?

   Grace considerou aquilo um momento. Brice certamente o havia sentido ontem à noite. A Pergunta não era simplesmente ter sexo ou não o ter; era sobre confiança, e ter que ceder o controle de sua mente a suas emoções. Mas tinha desfrutado tanto daquilo que queria mais.

   Um movimento leve apanhou seus olhos. Grace girou sua cabeça. Jacobs estava dormido sobre uma cama do outro lado da loja. Sua expressão desgostada, e seus olhos cor avelã cheios de perguntas. Grace fechou seus olhos e gemeu. Jacobs dormia com uma mãe zelosa ao filho. Ele era completamente consciente de sua agitada noite; de fato, tinha compartilhado sua loja. Agora, quereria conhecer a causa de sua insônia.

   Grace era uma mulher simplesmente isolada do mundo e não dava satisfação a ninguém, mas Jacobs era uma excessão. Ele era também uma das poucas pessoas que a conheciam, realmente a conhecia e gostava dela.

   Grace se levantou e começou a recolher as anáguas e o espartilho. Deliberadamente manteve a vista separada do Jacobs. Tinha que controlar suas emoções antes de tratar com ele. Grace se obrigou a suavizar a cara antes de regressar para onde ele ainda estava deitado sobre a cama. Ele se sentou devagar, olhando-a com expressão dura. Seus olhos a avaliaram, e Grace tinha muitíssimo medo que não omitisse nada.

   O som profundo da voz de Brice quando saudou Penetre rompeu com sua batalha mental. Ao escutar aquela profunda voz fez com que sua instabilidade emocional emergissem à superfície. Os olhos fechados do Jacobs eram prova disso. Entre os dois homens, Grace sentiu a tensão sufocante apertar-se ao redor dela. Dando a volta, começou a sair da loja por volta da claridade do dia, pois sentia que se asfixiava. Seu pulso direito foi capturada por uma das mãos do Jacobs.

   — Deixe-me ir.

   — Então fale comigo.

   Jacobs apertou os dentes com frustração; aqueles olhos cor esmeralda rechaçavam qualquer tentativa que ele fazia por entender suas profundidades.

   — Bem, então o faremos a minha maneira —Jacobs pôs um pequeno bracelete de prata em seu pulso antes de deixá-la ir.

   Grace o olhou raivosamente durante um momento. Teve vontades de discutir, mas a necessidade de escapar de todo contato humano era maior. Girando sobre seus tornozelos, rapidamente abandonou a loja. Brice elevou a vista quando saiu, mas apenas lhe jogou uma olhada. Um sozinho olhar seria suficiente para expor suas emoções ao limite, assim deu um puxão a sua saia, para poder mover-se com facilidade, e entrou na zona mastreada e à segurança que aquela representava.

   Não se deteve, seguiu com seu passo frenético, até que seu corpo começou a lhe doer pela constrição de seu espartilho. Grace pensou em tirar roupa. A pausa foi suficiente para fazê-la consciente da distância que tinha percorrido. Talvez uma milha e meia da loja. Levantando seu braço direito Grace olhou duramente o bracelete. Aquela era um dispositivo de rastreamento, uma corda eletrônica. Ela desprezava essas coisas. Emitiria um alarme se estivesse separada do Jacobs por mais de duas milhas? Desta maneira, aquilo poderia ser usado para assinalar sua posição exata.

   Seu enlace via satélite funcionava de uma maneira similar. A diferença era que o levava como uma opção. O intento de tirar o bracelete, dispararia outra classe de alarme. O problema com isto era que Jacobs resolveu utilizar um equipamento que era restrito a situações de combate. Aquele dispositivo só tinha uma distância de cinqüenta pés!?

   Sentando-se no bosque, Grace aproximou seus joelhos até seu peito. A ligeira brisa revolveu o ar da manhã. Os pequenos sons do bosque a rodearam. Normalmente a confortavam. Mas hoje nada parecia ser capaz de acalmar as emoções que buliam em seu interior.

   Ociosamente fez girar o brilhante bracelete ao redor de seu pulso, Grace tentou cria pensamentos de ação. Tinha uma dor instalada entre suas pernas que recordava Brice. Mentalmente não podia tirar-lhe de seus pensamentos. Agora seu corpo também estava marcado. Talvez era hora de pedir ao Jacobs que a levasse de retorno à base.

   A Base do exército era um asqueroso edifício de sólido concreto. Se pedisse a Jacobs ser devolvida ali, então seria, em efeito, como encerrar-se a si mesmo em um cárcere de pedra. Considerou-o por um momento. Seria muito mais fácil de agüentar. Levantando seus olhos às árvores em cima dela, Grace reparou na beleza absoluta do bosque. Havia poucos locais no mundo que amasse tanto como o bosque. Por uma vez, seria capaz de ficar e desfrutar disso. Inclusive Turvel tinha estado de acordo, deixando que ficassem por um tempo.

   Grace se levantou e começou a retornar por onde tinha vindo. Turvel a tinha surpreso com essa aceitação. Normalmente gostava de mantê-la em segredo. Talvez, só talvez, seu ponto débil eram as crianças e tinha querido que ela seguisse com a investigação. Grace realmente não o conhecia tão bem. Ele tinha sido amigo de Fredricks entretanto, e Grace recordava isso muito bem.

   Quando Fredricks tinha comandado a Unidade, tinha levado um rastreador no tornozelo, sempre. Grace, de fato, tinha destruído vários deles no seus intentos de liberar-se. De certa forma, era um dos motivos pelos que ela e Jacobs estavam na mesma sintonia, por assim dizê-lo. Tinham-lhe posto um rastreador e alguém tinha que estar perto dela numa distancia de cinqüenta pés. Grace caminhava quase constantemente. Fredricks o permitia, devido que dessa forma a mantinha em bom estado sua condição física. Entretanto, aquilo significava que alguém tinha que caminhar com ela. O dever de guardião não tinha sido uma atribuição popular entre os homens da Unidade. Jacobs tinha tomado o trabalho a maioria do tempo.

   O mesmo Fredricks só tomou o trabalho quando outros tinham estado trabalhando. Um pequeno sorriso apareceu em sua cara. Tinha sido um de seus jogos favoritos, tentar e conseguir adiantar o Fredricks enquanto ela rastreava e apagar o microfone de ouvido, para não escutar quando lhe reclamava.

   Esta investigação, entretanto, não ia a nenhuma parte. Grace o considerou. Tinha só uma peça de evidência, a manta. Daquilo tinha feito uma investigação, que não tinha chegado a uma confirmação, a criatura seguia perdida. A cabana em si mesmo era um quebra-cabeças. Algo sobre ela, tinha insistido para Grace voltar e cavar mais profundo. A lógica lhe disse que não o fizesse.

   As duas vezes que Grace tinha estado ali tinha sentido cólera. A primeira vez que isto tinha acontecido, o sentimento tinha tomado o mando completamente e ela, de fato, tinha sido incapaz de funcionar fora de sentir a cólera. Aquilo foi de grande interesse porque suas habilidades empáticas não eram muito fortes. Talvez fossem em comparação com uma pessoa normal, mas não quando era comparada com uma pessoa empática de verdade. Isto lhe conduziu a acreditar que a emoção tinha sido posta ali por uma razão. Era improvável que tivesse resultado de alguma pessoa ou de algum acontecimento. Aquilo não teria se prendido à sua mente tão bem.

   De repente se escutou o som surdo de fogo repetido entre as árvores. A primeira batalha do dia estava em progresso. Grace rodeou o vale para olhar. Seus olhos observaram como as colunas de pessoas que realizavam a reconstrução histórica da guerra de secessão carregavam e preparavam suas armas. As unidades de homens trabalhavam com os canhões. Seus olhos escolheram a Jacobs que estava participando do esforço de carregar um dos grandes canhões negros. Acenderam-no e a força da descarga enviou o canhão para trás, fazendo-o rodar aproximadamente dez pés. Os homens o empurraram para frente e recarregaram outra vez.

   Grace se sentia desconectada de todos eles. Existem centenas de pessoas que podem se sentar juntos e desfrutar da companhia uns de outros, ela se tocavam, se amavam com afetuosa liberdade. Inclusive se sentiam tristes quando o contato corporal era retirado. Às vezes Grace se perguntava se ela era realmente um membro da mesma espécie.

   Seus olhos seguiram olhando como Jacobs interagia com eles. Era fácil esquecer que ele era de fato muito diferente dela. Tinham passado tanto tempo juntos que era cômodo para Grace acreditar que eram irmãos. enganava-se.

   Uma carga de cavalaria era o seguinte e os cinqüenta e tanto cavalos subiram o vale rapidamente em pleno. Brice se destacava montando a Penetre. Observou como harmonizava com a besta e montava o cavalo com fluídos movimentos. Era formoso de olhar. Inclusive tinha sido mais formoso senti-lo, saboreá-lo. Tinha sido maravilhoso deixar que Brice e Penetre levassem de noite. Grace tinha estado tão completamente em harmonia com a dança do cavalo como com a de seu amo.

   As complexidades de interação social não pareciam ser muito grandes para as pessoas no acampamento. Por que era algo que ela era incapaz de obter? Grace endireitou suas costas; não ia encontrar a resposta ali. O único e verdadeiro modo de aprender algo era fazendo-o. Talvez aquilo significasse que ia tropeçar várias vezes e machucar-se, mas Grace não tinha medo de umas quantas contusões.

   Com a decisão tomada, Grace baixou até o vale e entrou em "Campo do Norte". Algumas mulheres a viram e a saudaram. Fazendo um esforço por responder de algum jeito, ela olhou com interesse como estava preparando o alimento sobre as fogueiras do acampamento. Grace conhecia habilidades de sobrevivência, mas a cozinha era um mistério.

   — Grace, aqui.

   Não foi muito difícil identificar a companheira de baile de Jacobs. A coroa de cabelo castanho da mulher teria sido visível inclusive à distância. Grace devolveu o sorriso e se dirigiu à mesa em que ela trabalhava.

   — Sou Beth. Um par de mãos extra sempre serão bem-vindas em minha fogueira.

   A incerteza do Grace deveu refletir-se em seu rosto porque Beth se tomou um momento para observar a sua recruta mais nova. Seus olhos brilharam quando decidiu uma tarefa.

   — Tome cuidado, meu papai insiste em manter as facas da cozinha são afiados.

   Passando seu polegar sobre o bordo da faca em questão, Grace deu uma cabeçada apreciativa ante seu fio. O pai do Beth sabia como tratar uma faca.

   — Hão-me dito que tenho habilidade para as armas com fio.

   Girando sua cabeça longe do fogo, Beth lhe dirigiu um olhar crítica em resposta.

   — Suponho que é algo afortunado para todos os homens que estão no campo.

   — Talvez.

   Uma risada nervosa escapou do Beth em resposta. Ela não estava segura se Grace falava a sério ou não, mas a imagem era divertida igual.

   As brincadeiras ao redor da mesa de cozinha eram muito interessantes. Grace não tinha idéia que as mulheres falassem assim. Como todos os homens estavam no campo de batalha, era a temporada aberta dos machos do Condado do Benton. Grace apanhou Beth observando disfarçadamente várias vezes.

   — Tem alguma pergunta que me fazer.

   — Bem. Não realmente —Beth tropeçou com suas palavras.

   — É pessoal? —Aquela poderia ser a razão da relutância da mulher para expressá-lo. Beth lhe dirigiu um olhar e o pensou um pouco. Alinhou firmemente os ombros antes de abrir a boca.

   — Jacobs é teu?

   — Meu o que?

   — Seu homem.

   — Ah… —À medida que entendia o que a mulher queria lhe dizer, deu-se conta de algo. Os homens eram criaturas ciumentas, parecia que as mulheres eram muito mais práticas que eles. Simplesmente perguntavam.

   — Somente trabalhamos juntos.

   — De verdade? —vacilou Beth— Não é sua namorada?

   — Não — lhe assegurou Grace.

   — Eu lhe poderia haver isso dito —Interveio outra mulher.— depois de tudo, se qualquer de vocês tivesse visto o Grace aqui com o Brice Campbell ontem à noite, saberiam que Jacobs não é seu homem. Brice o é.

   Grace quase cortou o dedo. Deixou de afiar a faca e olhou boquiaberta à mulher. Vendo sua cara sobressaltada elas irromperam em tolas risadas. Beth a alcançou e lhe deu um abraço rápido.

   — Não se preocupe, acostumará a isso. Nada é um segredo no Condado do Benton.

   — Obviamente não.

   Grace passou o resto do dia com as mulheres, quem pareceu encantadas com a relação de Brice e ela. Encontraram coisas para que ela fizesse e realmente o tentou. Mas depois de queimar a segunda ronda de verduras, foi proibido o fogo e foi enviada a cortar.

   Quando ficou sem coisas que cortar, Beth lhe deu um avental. Começou a tratar farinha e massa de pão. O surpreendente era que realmente lhe agradava. A massa era parecida com a borracha pegajosa e ela desfrutou trabalhando nela. Deixou que um sorriso cruzasse sua cara enquanto amassava outra bola de massa.

   Brice e Jacobs a encontraram justo quando estava nisso.

   — Brice, camarada, deveria me sustentar.

   Encontrar Grace de pé em meio de um grupo de risonhas mulheres, fez que Jacobs revisasse sua frente para comprovar que não tinha febre. Estava coberta de farinha enquanto felizmente amassava a massa de pão. Massa de pão! Grace poderia montar uma arma em aproximadamente menos de dois minutos e era uma perita ao disparar. Tinha muitas habilidades, mas as domésticas não estavam entre elas.

   Brice lhe enviou um sorriso enquanto tirava seu chapéu, logo se inclinou e colocou um breve beijo nos lábios do Grace. A ação fez que várias mulheres rissem bobamente. Grace sentiu o rubor afluindo a suas bochechas. Isto também causou que os poucos homens na área retrocedessem uns passos para trás. Inclinaram seus próprios chapéus enquanto seus olhos se dirigiam para as outras mulheres e no lugar onde estava Grace. Imaginando-o que estariam pensando deles, Grace fixou os olhos no Brice.

   — Não tivesse sido melhor simplesmente pôr um sinal sobre minha frente?

   Sua voz era apenas um sussurro, mas seus olhos lhe estavam gritando.

   — Os beijos são muito mais agradáveis.

   Seus dedos esmagaram a massa, entre suas mãos. Que vergonha! O homem publicamente a tinha marcado. Ele vivia ali. Nessa noite o condado inteiro saberia deles.

   — É um homem irritante.

   — Ah, mas a maior parte dos homens o são —disse Beth a Grace enquanto recolhia a bola de massa. Em seus olhos azuis brilhava um fogo lento quando os dirigiu sobre o Jacobs.— Sobre tudo os que levam uniforme. Têm fé completa em sua superioridade mental.

   — Brice é o único por aqui que leva uniforme diariamente, mas avaliação o elogio —Jacobs sorriu abertamente ante seu comentário.

   Grace não pestanejou ante as palavras do Jacobs. Aquilo não era tanto um assunto de honestidade como de segurança. Beth não tinha que inteirar-se da verdadeira identidade e os riscos que implicava o que Jacobs era. Enganá-la com falsas aparências era por seu próprio bem.

   — Uhm... Bem, se isso for certo, tenho uma sugestão para você, Senhor Jacobs.

   Beth deu a volta expertamente sobre sua saia e colocou sua cabeça exatamente a três polegadas do ouvido do Jacobs.— Na próxima vez que dance com uma dama, tire-a pistola de calibre bastante grande que mantém em uma cartucheira no ombro ou deixe um pouco mais de espaço entre você e sua companheira. Porque há vultos dos quais a mãe de uma aconselha afastaria-o e também estão os vultos sobre os que o pai da garota advertiria-o.

   Depois de que Beth deu sua opinião, arrastou suas saias ao redor dos homens com um rangido e voltou para sua cozinha. Um extenso sorriso apareceu na cara de Jacobs que fez que Grace lhe olhasse fixamente com confusão, parecia-se com um moço no pátio de recreio enquanto seus olhos olhavam o balanço das saias do Beth.

   A tarde teve uma última batalha e parecia que a maior parte dos participantes partiriam logo depois de que aquela concluíra. Beth serviu o almoço antes de começar a recolher sua cozinha de acampamento. Brice e Jacobs lhe ajudaram a transportar suas panelas até acima, onde os carros estavam estacionados, cruzando a área dos cavalos.

   Grace em realidade se sentia contente com seus esforços. Tinha conseguido conversar com outras mulheres e não tentou ocultar-se. Era surpreendente quanto tinha desfrutado das brincadeiras bondosas, mas a carência de sonho da noite passada começava a alcançá-la. Com um murmúrio de adeus ao Beth, meteu-se em sua loja de campanha enquanto os homens seguiam até o estacionamento.

   Seu corpo se afundou com gratidão na cama, ao mesmo tempo que se relaxava. Abriu seus olhos uma meia hora mais tarde para encontrar-se com Jacobs que se ajoelhava ao lado de sua cama. Seus olhos tinham um olhar preocupado, enquanto a observava.

   Levantando-se, Grace lhe dirigiu um olhar tranqüilo. Os olhos cor avelã do Jacobs a observavam sistematicamente para saber se encontrava-se bem.

   — Passas muito tempo preocupando-se comiho.

   Jacobs levantou uma sobrancelha ante sua declaração.

   — Uma lástima, Gracie.

   Agora foi seu turno de franzir o cenho. Jacobs só a chamava "Gracie" quando tentava entrar em sua cabeça. Seus olhos se obscureceram ante seu cenho franzido. Um sorriso desagradável apareceu sobre sua cara.

   — Mais tarde. — Sua voz era uma promessa. Tomando sua mão ele abriu o bracelete de prata de seu pulso, deslizando-a no bolso dianteiro de sua jaqueta.

   — Vamos. Beth te espera para as festividades.

   De fato, tanto Brice como Beth esperavam. Estavam de pé perto do curral e falavam em tom tranqüilo enquanto esperavam. Era a primeira vez que Grace realmente tinha visto Brice desde ontem à noite. Devagar encontrou seus olhos. Ele devolveu seu olhar com um olhar tranqüilo que fez Grace querer recuar e voltar para a loja. Um sorriso lento se arrastou através de sua cara, e Grace realmente quis retornar.

   Beth exalou um suspiro audível. Aproximou-se e tomou ao Grace da mão.

   — Terá que perdoar ao Xerife Campbell. Ele nasceu impedido pelo fato que é macho.

   Grace suprimiu um sorriso ante a capacidade da mulher de insultar a ambos os homens pelo acidente. Beth começou a tirar o braço ao redor do de Grace, mas Jacobs as deteve.

   — Onde se supõe que vão as duas?

   Beth girou e colocou suas mãos sobre seus quadris antes de lhe dar uma resposta.

   — A nenhum local que lhe interesse. Agora ides jogar com suas armas e lhes avisaremos se conseguem nos impressionar hoje.

    

Beth conduziu Grace até o topo do percurso. Várias mulheres o tinham feito também. Parecia ser o jeito como terminava o fim de semana social. Todas elas se localizaram aproximadamente a cem metros da linha das árvores. Tinham ali uma vista fabulosa do campo de batalha.

   As mulheres lentamente se foram juntando para contar histórias de eventos passados e alguns atuais. Beth levava Grace com ela, e ia apresentando enquanto falava com os diferentes grupos. Escutou-se o toque marcial, e se tranqüilizaram emprestando atenção às colunas de homens que estavam começando a entrar no campo.

   O tiroteio explodiu no campo. As mulheres se levantaram para conseguir uma melhor vista. Grace ficou atrás e simplesmente observou a batalha. Logo chegou outra ronda de explosões de pó negro. Os canhões dispararam depois. Grace procurou o Jacobs e o viu dirigindo um. Os homens na linha de fogo, recarregavam e preparavam suas armas para outra ronda.

   A explosão se expandiu pelo ar, e empurrou Grace com força. Obrigou-se a permanecer de pé devido a sua força de vontade. Todo seu lado direito se estava esfriando até os ossos, contraindo-a. Grace soube o que significava aquilo exatamente. Havia sentido que as balas furavam sua carne. A contração começou a retroceder enquanto uma dor ardente começava a fazer-se sentir. Ela o conteve, aprofundando sua respiração para manter o oxigênio fluindo para seu cérebro.

   A cavalaria começou sua carga da colina enquanto Grace tentava descobrir onde tinha pego a bala. Não tinha dúvidas sobre isso. A dor se centrava em seu lado direito, justo em cima do osso do quadril. Surgia e gritava ao longo de suas terminações nervosas. Sua mão apalpou a área e sentiu o sangue pegajoso e quente gotejar através de seus dedos.

   Grace apertou fortemente sobre a ferida, mas sentia como o sangue corria por sua mão. Respirou profundamente de novo. Perdia sangue muito rápido para manter-se de pé. Tinha deixado sua unidade de enlace dentro da loja. Tinha-a deixado de usar o rastreador pela manhã.

   A vida parecia estar em completo acordo com Jacobs. Abandonar sua Unidade era um convite a morrer. Sem um elo com o Jacobs, era possível que não tivesse a oportunidade de lhe dizer que ele tinha razão.

 

   Brice estava apoiando-se no pescoço de Penetre quando começou outra carreira pelo campo de batalha. A última batalha do fim de semana sempre era a mais intensa.

   Sim, ele era como um moço com brinquedos! Penetre deixou para trás aos outros membros da unidade de cavalaria. Brice não o retardou, mas guiou o garanhão até que alcançou o topo da fila de canhões. Atirou das rédeas e Penetre elevou sobre seus quartos traseiros com os cascos dianteiros agitando-se no ar.

   Brice se manteve em sua cadeira de montar olhando por volta de lugar de onde as mulheres sempre olhavam a batalha final. Estava presumindo e estava desfrutando-o muito. Todos os membros da cavalaria faziam o mesmo. Era uma tradição durante a carga final do fim de semana.

   Penetre golpeou a terra e Brice levantou o olhar para a colina esperando ver as caras sorridentes das mulheres. Seu sorriso se murchou quando viu que elas estavam reunidas sobre algo e de fato umas quantas estavam agitando a mão, chamando-o da colina. Um medo frio passou sobre ele quando compreendeu que algo estava muito mal. Apertando seus calcanhares sobre Penetre, Brice lançou o cavalo a tudo galope para a colina.

   Deteve penetre a seis metros do grupo de mulheres e saltou da cadeira de montar. A gente imediatamente lhe abriu espaço e chegou ao centro do distúrbio. Um medo gelado o envolveu quando conseguiu ver o Grace. Ela estava de joelhos, lutando por manter-se erguida. Suas mãos e seu braço estavam molhados com o brilhante sangue vermelho. A jaqueta cinza que levava estava empapada com ela.

   — Brice? —Tirando a jaqueta do traje dela, amaldiçoou pela quantidade de sangue que encontrou de baixo dela. Separando o que ficava de sua blusa, seus olhos se dirigiram à ferida. Soube que era uma ferida de bala assim que a viu. Usando sua roupa, Brice aplicou uma força brutal em um esforço parar o sangrado. Ela soltou bruscamente seu fôlego, mas não se queixou.

   — Vejo sua idéia.

   — Sobre o que? —Brice não se preocupou com o que ela dizia contanto que permanecesse bastante consciente para falar.

   — Esperar por reforços — A confusão cruzou seus olhos castanhos brevemente. Grace se perguntou por que. Sua declaração era o bastante clara. Os homens não gosta que lhes digam que têm razão?— Deixei meu beeper na loja.

   Ante as outras mulheres presente, aquela era uma declaração inocente. Brice entendeu melhor. Um aperto nessa unidade eletrônica teria trazido ajuda com toda rapidez. Cada um dos Rangers sabia que o magro enlace via satélite negro era sua única fonte de ajuda.

   Brice deixou de olhá-la fixamente para procurar ajuda. Encontrando Beth enviou um duro olhar.

   — Encontra ao Jacobs, agora!

   Beth não necessitou outro estímulo, agarrou os flancos de sua saia e se lançou para baixo pela ladeira em meio da batalha. Esquivando dos homens e cavalos por igual, ignorou seu espartilho que a estreitava com força. Sabia exatamente onde estava Jacobs. Seus pulmões queimavam enquanto se obrigava a correr mais rapidamente.

   Jacobs procurava a origem de alguma classe de comoção que estava ocorrendo no campo. Podia ouvir as maldições de vários homens. Seus olhos examinaram a área diante dele. As maldições se voltaram mais fortes enquanto a coluna imediatamente a sua direita se esmiuçava. A causa do alvoroço chegou, a grande velocidade e deu totalmente contra ele. Beth levantou os azuis olhos horrorizados enquanto se esforçava por encontrar suficiente ar para falar. Com uma mão apontou para a colina e forçou uma só palavra entre os estertores:

   — Grace.

   Levantando Beth, Jacobs a depositou uns dez metros atrás da linha de canhões.

   — Fique aqui! —Emitiu uma ordem mortal. Assegurando-se que Beth estaria bem no momento, Jacobs se voltou e subiu para a ladeira. Beth ficou de pé, tentando recuperar a respiração enquanto o olhava subir a montanha. Os numerosos homens a estavam olhando hostilmente por ter invadido o campo de batalha, mas ela lhes devolveu o mesmo olhar. Seu coração estava correndo e não só pela carreira. Jacobs a tinha elevado como se fora uma pluma. Apesar de sua preocupação por sua nova amiga, Beth se sentia de repente muito feminina.

 

   Brice soube exatamente quando chegou Jacobs. A maldição que saiu de sua boca provavelmente a metade dos homens no campo de batalha a ouviu, deixou-se cair ao lado do Brice e imediatamente começou a avaliar seus signos vitais.

   — O helicóptero esta a caminho —As palavras do Brice foram brandamente absorvidas por Jacobs enquanto movia a cabeça de Grace para que o olhasse. Apenas consciente, ela tentou enfocar para ele seus olhos.

   — Vamos, Grace, não me deixe —lhe ordenou. Abrindo sua conexão via satélite, começou a procurar a seus homens.— Maldito punhado de idiotas!

   — Me avise se não vão matar o homem, porque eu o farei —Sustentando Grace com mais força, Brice levantou sua cabeça para fulminar com seu olhar Jacobs. Havia uma unidade de Rangers inteira nas colinas e nem um só homem em posição para proteger a seu agente.

   — Eles estavam no outro lado do campo, me olhando.

   Grace olhou Jacobs através de seus olhos entreabertos. Estava enfocando-se na dor. Manteria-a acordada mais tempo. Dor alucinante significava vida e ela queria viver. Calafrios percorriam em longas ondas tanto sua pele como seu corpo. Girando sua cabeça para o Brice, ela tentou formar seus pensamentos em palavras.

   — Tenho frio.

   Brice cabeceou entendendo. Estava perdendo muito sangue. Brice não se atrevia a mover suas mãos, mas não o necessitou, Jacobs moveu seus ombros tirando-a jaqueta em resposta a sua necessidade. O casaco de lã era largo; ela suspirou quando o calor cobriu seu corpo.

   Passando seus olhos sobre ela, Brice notou os sinais de diminuição de sua condição. Sua pele se tornou branco giz ao ter seu corpo que desviar sangue às áreas mais importantes. Onde demônios estavam esses médicos? A força de vontade desta mulher o cegou a um fato muito básico. Tinha a metade de seu tamanho. Agora mesmo aquilo poderia significar a diferença entre a vida e morte. Um homem poderia resistir a quantidade de perda de sangue que ela estava suportando; Brice só pôde rezar esperando que seu corpo também pudesse.

   O médico que desceu do helicóptero do condado deixava muito que desejar. Brice fulminou ao jovem de cabelo loiro avermelhado quando se tomou seu tempo para percorrer a curta distância até seu paciente.

   — Eu me farei cargo agora.

   — Você é médico? —O tom de Jacobs indicou claramente a desconfiança na competência do rapaz, devido a sua jovem aparência.

   — Técnico em Emergências Médicas.

   O orgulho com que o moço mostrou de seus créditos a Jacobs, disse-lhe que o rapaz era recém-formado. Estendendo a mão agarrou o estojo de primeiro socorros médico sustentado pelo moço, abrindo-o para tomar os artigos que procurava.

   — Você não pode fazer isso!

   Tudo o que o médico tivesse intenção de adicionar, morreu em seus lábios quando viu Jacobs completar a tarefa de estabilizar seu paciente. A eficácia de seus movimentos, fez com que o observasse maravilhado, olhando-o boquiaberto.

   Jesus! Grace se tinha esquecido da dor justamente quanto um golpe de adrenalina a queimou. A glicose que lhe deu não lhe permitiu o sentir saudades um só segundo. Moveu sua cabeça para Jacobs. Soube que ele aumentaria a dose se ela não respondesse rapidamente. Seus olhos avelã se encontraram com os seus. Grace soube o que lhe aconteceria depois. A interrogação. Ela lhe adiantou.

   — Domingo, oito de junho. Não tenho nenhuma maldita idéia de que hora é e tenho vinte e cinco anos.

   Jacobs cabeceou, aprovando e o médico avançou e começou a prepará-la para transportá-la para o centro médico. Brice ainda não abandonou seu lugar ao lado do Grace até que a ataram e a subiram carregada para o helicóptero com ele sentando-se rígido a seu lado. O helicóptero se elevou da terra, enquanto Grace encontrava o olhar dos olhos do Brice.

   Havia uma profunda preocupação em seus olhos castanhos. Grace fechou os seus e procurou em si mesmo. Estava muito ocupada tentando manter a dor sob controle para tentar colocar paredes entre eles. Além disso, seu presença forte e estável, parecia fluir entre eles e Grace estava agradecida por isso. A dor estava voltando-se difícil de ignorar e ela precisava saber desesperadamente que não estava sozinha. Brice satisfazia essa necessidade. Ele era a sólida pedra em que Grace podia defender-se sob a tormenta que batia seu corpo. Lhe sorriu brandamente antes de permitir a suas pálpebras cair rendidos.

 

   Clark tentou conter o riso de alegria que aflorou na sua cara. Maldição, tinha adorado atirar naquela cadela. Justo como o chefe o tinha pedido, ordenado e limpo. Ela tinha conseguido uma vantagem com a criança e agora eles necessitavam tempo. Seu fim chegaria bastante logo. Embora isso significasse que tivesse que pagar pela perda de tempo com sua própria dor, bom, a vida era uma merda.

 

   As luzes do Centro Médico de Três Condados eram tão deslumbrantes e brilhantes como de costume. Brice passeava pelo corredor da unidade cirúrgica, tinha estado desgastando suas botas nas últimas três horas. Grace tinha ingressado na cirurgia e ele tinha esperando no corredor.

   Esta não era a primeira ferida de bala que havia o trazido até aqui. Desgraçadamente, Brice soube que não seria a última. O fato é que era Grace e fazia toda a diferença no mundo para Brice. Em suas vísceras se fixou um medo frio pelo que alguém pudesse sair e lhe dizer.

   Brice continuou sua vigília no corredor. Jacobs o tinha feito jurar que não se afastaria do lado do Grace. Não teria sido necessário. Não havia força neste planeta que pudesse mover o daquele lugar.

   Um olhar mortal invadiu seus olhos, havia uma só coisa que ele desejava estar fazendo em realidade. Tratando de ajudar ao Jacobs a procurar quem disparou. Mas não era a ordem que Brice tinha recebido, e tinha que respeitá-la.

   O corpo de Brice se ergueu quando a abriu porta. O Doutor Fenton caminhou para ele estendendo sua mão.

   — Está agora em recuperação. A moça é muito sortuda.

   — Posso vê-la?

   — Ainda está dormida. Assim que desperte será a primeiro pessoa que a verá.

   O doutor passou uma mão cansada por seus olhos antes de seguir seu caminho pelo corredor. Brice esperou dois segundos exatamente antes de empurrar através da porta que o levou a unidade de cuidados intensivos.

   — Não pode entrar—A enfermeira emitiu sua advertência antes de levantar sua cabeça.— OH…o sinto Xerife. Não sabia que era você.

   Brice olhou a jovem enfermeira com olhos críticos. Ela vinha a meio metro antes de havê-lo identificado. Sua dedicação ao dever era admirável.

   — Onde está?

   — No número dois.

   Murmurando um breve agradecimento, Brice retirou a cortina que servia de isolamento e entrou. Tomou um tamborete, e se sentou. Ninguém ia ter uma segunda oportunidade naquela noite com ela.

   Pouquíssimas pessoas sabiam quem era Grace, então... quem lhe teria disparado?. Não tinha sido um acidente, e teria apostado seu último dólar que a pessoa que o fez quis feri-la mas não matá-la.

   Alguém disso queria Grace ocupada com algo mais durante o próximo par de semanas. Brice o perguntaria depois, mas estava quase seguro que a dor extrema interferia com as habilidades psíquicas que ela possuía.

   Mas o exercito a deixariam em seu condado por algum tempo. Uma longa viaje seria pouco aconselhável, considerado a potencial perda de sangue.

Brice encontrou ainda mais interessado no homem atirador.

   Essa era justamente a classe de habilidade que exigia a um Ranger.

   Jacobs poderia não querer sua ajuda, mas o homem ia conseguí-la. Ter um traidor em uma unidade do Rangers era mortal. Se não podesse confiar no homem a seu lado, era um pulo para a morte.

   Neste caso, o traidor tinha calculado. Seja o que seja que estivesse acontecendo, passava em seu condado. Posando seus olhos sobre em Grace, permitiu-se que a irritação se refletisse em sua cara. A condição física fazia aumentar seu temperamento. Brice ia se assegurar de descobrir quem era o patife.  

  

A nuvem era tão espessa que a estava sufocando. Lutar e mover-se contra a falta de ar, acabou com suas forças. Mas Grace persistiu. Queria sair, longe do sonho induzido pela droga. Não lhe levou muito tempo. Cada músculo se contraiu quando tentou sair da inconsciência. Obrigando a suas pálpebras a abrir-se, a intensidade da luz chegou a seus olhos, fazendo-os gritar em protesto. Aspirou uma enorme quantidade de ar enquanto obrigava a seus olhos a permanecer abertos. Tinha os membros pesados, quase inertes à superfície da cama. Movendo um protestante braço sobre seu corpo, mediu para encontrar a intravenosa droga que se introduzia em sua corrente sanguínea. A cinta se enrugou quando a atirou, separando a da carne de seu braço. Sem a cinta, moveu seus dedos para o magro tubo de plástico. Agarraram-lhe o pulso justo antes de que pudesse tocá-la. Girando os olhos, olhou duramente ao ofensor.

   — Acredito que o doutor preferiria que deixasse isso justamente onde está —Brice a observou enquanto voltava a colocar o braço junto a seu corpo. Sua mão alisou a cinta outra vez sobre sua pele. A tensão manteve tensa na cara dela. Conteve o fôlego e lutou por sustentá-lo.

   — Conseguirei uma enfermeira que te traga algo para a dor.

   — Não!

   Logo que era capaz de lutar contra a dor que flutuava por todo seu corpo. A dor era natural. As drogas lhe roubariam o mais singelo dos pensamentos, encerrando-a na escuridão onde não havia concentração, nem controle.

   — Deve ter dor.

   De fato, seus olhos estavam frágeis por causa dela. Mas as piscinas esmeraldas se voltaram duras, negando-o.

   Grace observou o soro novamente. A mão do Brice seguia cobrindo a sua, lhe impedindo de tirar o aparelho. Voltando a olhar sua cara, cedeu a sua única opção.

   — Por favor, não.

   Sua súplica o desarmou. O fato era que não queria deixá-la afundar-se na inconsciência. Ser capaz de olhar naqueles seus olhos enviou uma onda de alívio que se estrelou contra sua mente. Mas a forma em que sua cara se contraía lhe dizia que a anestesia estava perdendo o poder.

   — A dor só porá as coisas pior, carinho.

   — Não tenho medo à dor.

   — Tampouco deve te gostar de senti-la.

   Suas palavras saíram em um baixo grunhido. Grace mordeu os lábios, frustrada. Brice não podia entender e se não o fazia trocar de idéia, estaria cheia de morfina em apenas uns segundos.

   — Os remédios são asfixiantes. Encerram-me na escuridão.

   Seus olhos duvidaram ante o conflito antes de que inclinasse o queixo em um leve assentimento. Grace respirou de alívio. O alívio era bem-vindo. Inclusive para seus medos. A dor de seu corpo simplesmente diminuiria com o tempo. Ele trocou o local de suas mãos, movendo as com o passar do braço de Grace em lentas carícias. O contato sublinhou o frio que sentia. Mas também trouxe outras sensações além do calor. Elevando a mão lhe convidou a tocá-la. Seus dedos a acariciaram e se perderam em silenciosa intimidade. Seus marrons e fixos olhos se afundaram nos dela quando deslizou a palma de sua mão até a superfície de sua cara. Girando a cara em sua mão, afundou-se no aroma de sua pele. Esfregando a bochecha contra a palma, deixou que suas agitados pálpebras se fechassem.

 

   Grace apertou os dentes enquanto forçava a si mesmo a sentar-se. Só um pouco mais. O suor bordou sua frente quando a dor se voltou grandiosa. Derrubando-se para trás contra a elevada cama de hospital, a fúria se estendeu por seu corpo. Estava tão fraco que nem sequer podia sentar-se. Era intolerável.

   O doutor seguia lhe dizendo que relaxasse e se deixasse curar. Já tinha passado internado durante quatro dias. Não era suficiente? Se ressentia por esta sendo cuidada. Não tinha nenhum local aonde ir, mas queria sair urgentemente da habitação do hospital.

   O que realmente incomodava Grace era o fato de que a onipresente dor lhe impedia de concentrar a mente. Não que tivesse que rastrear algo nesse momento, mas se sentia incômoda consigo mesma ao estar completamente distraída por seu corpo. Os quatro dias tinham parecido quase infinitos.

   Um rápido golpe na porta a advertiu de que alguém estava entrando. Jacobs a deteve com um enorme sorriso.

   — Tentando te sentar outra vez, não?

   Deveriam haver leis contra que alguém que a conhecesse tão bem. Olhou-o com olhos entrecerrados durante um momento e o ouviu rir brandamente.

   — É uma paciente terrível, Grace.

   — Bem, não deixe seu trabalho, por que o campo da enfermaria está melhor sem ti.

   Deslizou a mesa supletiva diante dela. Jacobs depositou uma bandeja de comida nela e lhe sorriu.

   — Eu gosto de meu trabalho.

   O homem também o fazia, tentava cuidar dela. Possivelmente aquilo não era tão mau, mas naquele momento, Grace o achava bastante sufocante. Jacobs normalmente dormia no lado oposto da habitação.

   Seu C.O. nunca tinha compartilhado sua cama, a não ser que fosse completamente inevitável. Entretanto, nos momentos em que sentia que havia uma mínima ameaça para sua saúde, dormia na mesma habitação.

   Observou Jacobs. Definitivamente sentia que havia perigo para sua segurança agora mesmo. Levava sua arma no cinturão grampeado sobre suas calças de trabalho. O homem sempre tinha levado uma arma em cima, mas naquele momento a mostrava em sinal de advertência. Tanto para qualquer que pensasse passar perto daquela seção do hospital como para a mesma Grace. Queria encerrá-la sob chave e tentar mantê-la assim até que estivesse satisfeito de que a ameaça tinha sido neutralizada.

   Baixou os olhos à bandeja de comida. A onipresente dor a privava de seu apetite. O aroma da comida só conseguia trazer-lhe nauseias. Colocando ambas as mãos na mesa, empurrou-a longe dela. Foi empurrada de volta a ela.

   — Não tenho fome.

   — Come ou vou ter que deixar que entre a enfermeira com algo para a dor.

   Lutar contra a dor levava quase todas suas forças. Grace não tinha suficiente força para lutar contra Jacobs. Não em seu atual humor. Obrigando-se a que seus olhos vagassem de novo sobre a comida, agarrou uma peça de fruta. Levando-a até a boca, Grace começou a mordiscá-la. Sentiu o olhar fixo dele sobre ela ante de que girasse sobre seus calcanhares e a abandonasse com sua comida. O alimento caiu de volta à bandeja enquanto Grace dava um curto vaio de desaprovação. Pelo general lhe desgostava a raça humana por inteiro. Atualmente, os homens estavam no mais alto de sua lista.

 

   Brice manteve o passo parecido e estável enquanto se aproximava do corredor do centro médico que atualmente estava ocupado por uma unidade do Exército do Rangers. Seu escritório estava alagado de queixa de membros das famílias dos outros pacientes. Brice manteve o passo regular porque não queria assustar ao sentinela que estava de volta. Pensariam bastante mal dele se recebesse um tiro desses homens bum centro médico.

   Seus lábios se torceram em um sorriso quando deu uma olhada em Jacobs na sala. O enorme homem estava conversando tranqüilamente com o homem apostado ante a porta do Grace. Jacobs despediu do homem cujo fez uma saudação antes de abandonar o lugar. Jacobs inclinou a cabeça para o Brice antes de tocar e entrar na habitação. Brice fez um alto e esperou. Jacobs saiu uns minutos depois com uma bandeja de comida. Seus olhos eram um conjunto de profundas linhas quando o inspecionou. Brice deslizou os olhos sobre a bandeja.

   — Segue sem comer?

   Jacobs assentiu lentamente com a cabeça e depositou a bandeja no carrinho de enfermeiras mais próximo.

   — É pela dor. Está lutando com ele agora mesmo. Possivelmente amanhã coma.

   — Está muito magra —advertiu Brice.

   — É bem-vindo para tentá-lo, mas quando Grace não tem apetite...

   — E quem poderia culpá-la?

   Ambos os homens se voltaram quando a declaração chegou ao vestíbulo. Beth caminhava tranqüilamente para eles ignorando completamente a sentinela que tentava pará-la. O homem parecia resistente a parar fisicamente à alta mulher e jogou um incerto olhar a seu oficial ao mando.

   — Volte para seu posto.

   O homem fez uma saudação antes de apressar-se a afastar-se do Beth a toda velocidade. Jacobs elevou uma sobrancelha, perguntava-se o que lhe haveria dito ao homem ao passar. Tinha a intenção de averiguá-lo.

   Beth se parou em frente do Jacobs. Deus, era muito formoso para defini-lo com palavras. Tinha passado as últimas duas noites tentando construir um plano de como chegar até ali para vê-lo. Finalmente tinha encontrado a desculpa aquela manhã e ali estava. Só desejava que não a estivesse olhando tão furiosamente. Reforçou seu propósito e lhe dedicou o sorriso mais doce que possuía. Sem guerra, não havia glória.

   — Provaste a comida deste hospital. Pode ser qualificada como um castigo cruel e insólito na mente de algumas pessoas —Beth se adiantou com rapidez, sem esperar lhes dar a oportunidade de jogá-la.

   — Passei a maior parte do dia na cozinha e apostaria que Grace encontrará minha comida mais de seu gosto.

   Jacobs observou Beth duramente um momento. Não tinha idéia do que estava falando a mulher. Mas tinha a cara mais bonita que tinha conhecido. Sustentava uma grande cesta de vime, e agora estava tão perto dele que pôde detectar os bons aromas que saíam dela. A comida que tinha feito a semana passada sobre a fogueira do acampamento tinha estado maravilhosa. Jacobs imaginou que em uma cozinha moderna, a mulher poderia fazer pôr a um homem de joelhos.

   — Beth, não pode estar aqui.

   — Me perdoe, Major Jacobs, mas quase soa como se pensasse que sou um risco para a segurança.

   Beth empurrou sua cesta nos braços de Brice e revolveu em seu moedeiro durante uns segundos. Tirando um cartão de algum tipo, empurrou-a para a cara do Jacobs. Tirando o cartão de identificação militar, Jacobs comparou sua foto com sua cara. Parecia correta. Mas como a tinha conseguido? Estava abrindo a boca para fazer a pergunta, mas ela golpeou primeiro.

   — Tenho que dizer que não acredito que meu pai se tomasse amavelmente sua insinuação de que sua filha poderia ser uma traidora.

—Quem é seu pai?

   — Hal Stewart. Agora está retirado, mas não precisa rebuscar entre papéis para lhe recordá-lo informou Beth.

   Jacobs a avaliou durante uns minutos. Um sorriso começou a cruzar sua cara. Maldita seja, mas aquela sim era uma mulher! Relaxou-se visivelmente enquanto sorria. Tinha garra. Isso era seguro. Não muitas mulheres poderiam abrir-se caminho através de seu sentinela e lhe fazer frente.

   — Como ouvi que estavam por aqui também, traje comida em abundância.

   — Com quem estiveste falando, Beth? —exigiu Brice.

   Beth arqueou uma sobrancelha para ele.

   — Agora Xerife Campbell, realmente acredito que me está acusando de ser fofoqueira. Não falei com ninguém —Beth colocou as mãos nos quadris.— Entretanto, tenho ouvidos e notei que todo mundo no condado está dizendo que este hospital se tornou uma base militar. Devido a Gil Bryson jura que necessitava uma comprovação a fundo de seu filho antes de que sua esposa saísse da sala de parto.

   Ambos os homem tiveram a decência de parecer envergonhados.

   — Espero que não pensassem que tinham uma espécie de secreto aqui. Se esse for o caso, tenho que ter uma pequena conversação com vocês sobre o Condado do Benton e sua eficiente cadeia de intrigas.

   Beth tirou a cesta de Brice e a colocou sobre o carrinho das enfermeiras. Quando levantou a tampa, o aroma fez que ambos os homens olhassem famintos. Beth tirou um prato e começou a enchê-lo com várias coisas. Terminado, cobriu-o com um guardanapo de chá.

   — Agora, se vós dois deixarem que se esfrie a comida, deixarei-os a mercê da cafeteria de agora em diante.

   Beth conteve o fôlego e os olhou. Ainda não terminava de acreditar-se que estivesse levando aquilo a cabo. Tinha estado passeando ao redor de uma hora por sua cozinha tratando de ter a coragem para entrar no carro e tentá-lo.

   — Se me perdoarem, tenho a intenção de alimentar Grace. É a coisinha mais magra que eu já vi.

   Jacobs a parou. Beth esperou que expressasse sua preocupação.

   — Beth, Grace pode ser um pouco obstinada. Possivelmente seria melhor que eu a levasse.

   Beth se ergueu em toda sua altura. Havia-lhe flanco muito chegar até ali e não ia se jogar para detrás agora.

   — O homem de pouca fé, Major Jacobs. Teria que saber que corri através de um campo de batalha com um espartilho por esta mulher, e não atirar nela, se é o que gostaria de saber. Não se preocupe, Papai diz que eu poderia envergonhar a um piloto e fazer que tomasse os votos de castidade.

   Beth lhe fez uma piscada quando ele se adiantou para abrir a porta da habitação do Grace. Grace levantou a vista para ver quem entrava.

   — Grace, que alívio verte, estive tão preocupada. O que está usando, de todos os modos? Homens insensíveis, te deixando em uma bata de hospital —A porta se fechou deixando ao resto fora e Jacobs sorriu.

   Grace simplesmente poderia ter encontrado sua igual naquela noite.

   — Todos os homens neste condado estão cegos?

   Brice já enchia um prato quando Jacobs fez aquela pergunta. Só um idiota vacilaria diante do que oferecia Beth.

   — Ela não chegou a mencionar as condecorações de seu papai.

   Levantando uma sobrancelha, Jacobs jogou uma olhada à porta fechada da habitação do Grace. A filha de um general? Isto explicava muitas coisas. Havia só duas classes de mulheres que não podiam conseguir uma entrevista em uma base do Exército. As Casada e a filha do general. Nenhum homem em seu são julgamento deixaria que um coração quebrado arruinasse sua carreira.

   Mordendo um pedaço de frango, fechou os olhos com êxtase. Não deveriam permitir a nenhuma mulher menor de cinqüenta anos, cozinhar tão bem. Dando outra dentada, revisou que mais oferecia a cesta.

   — Beth disse realmente que seu pai estava retirado, não?

  

   Grace sentada na cama riu brandamente. Beth tinha um humor contagioso. Ela tinha avançado diretamente até sentar-se ao final de sua cama e começado a conversação. Tinha colocado diante dela um prato de frango, enquanto se passeava através da habitação.

   — Precisa manter suas forças para controlar o comportamento de Brice. Os homens podem ser muito brutos se uma mulher demonstrar debilidade.

   Assentindo, Grace começou a mordiscar o frango frito. Estava realmente bom.

   — O que está procurando?

   Beth abriu outra das portas do armário antes de responder. Seus lábios pressionados em uma apertada linha antes de fechá-lo outra vez.

   — Alguma roupa para ti. Tem que tirar essa bata de hospital. As gavetas da habitação estavam vazias. Pondo suas mãos nos quadris, Beth considerou as opções que estavam ao alcance da mão. Seus olhos caíram sobre a bolsa de lona de Jacobs, a bolsa estava situada com esmero em uma esquina da cama. Não vacilou um segundo antes de atirá-lo ao chão e abri-lo.

   — Somente te faça carrego.

   — Hummm? —Sacudindo uma camisa, Beth enviou um olhar ao Grace.— Quando convive com um oficial, às vezes é necessário lhes recordar que as mulheres não são soldados.

   Premio em mão, Beth deixou a bolsa, antes de que começasse a revolver o quarto de banho. Torcendo a cabeça, Grace tentou determinar o que procurava a mulher agora. Levando-se outro pedaço de frango a sua boca, decidiu que as habilidades do Beth na cozinha eram interessante.

   — Quem te ensinou a cozinhar?

   — Desespero, livros e um estranho programa de televisão —Surgindo do quarto de banho, Beth riu quando retirou o prato vazio.— Suponho que trataste de o encher estômago com o que fazem na base do Exército de alimento.

   A risada saiu de seus lábios antes de que Grace pudesse pará-la— Com regularidade —A cama se moveu, quando Beth se inclinou detrás dela e atirou do laço que sustentava a bata do hospital em seu lugar. Beth a tinha tirado de seu corpo e posto a camisa em seu lugar, quase ao mesmo tempo.

   — Assim! Por agora estará bem —Os dedos do Beth se enredaram no cabelo do Grace quando retirou as forquilhas— Os homens não deixam de viver como porcos, assim nunca notam o que fazem as mulheres.

   — O que quer dizer?

   Beth escovou o cabelo enredado antes de responder.

   — Significa que nenhum deles pensou em te dar esta escova. Com seu lado machucado, deveria ter estado sobre esta mesinha de noite, onde pudesse alcançá-lo.

   Elegância, entendeu Grace. A vaidade era quase um idioma estrangeiro. Seu aspecto não era considerado por Jacobs porque estava mais concentrado em sua saúde imediata.— Falando em Jacobs, como é que chegou aqui?

   — Fanfarronice e diversão —Dando no cabelo de Grace uma passada final com a escova, Beth o colocou sobre a mesinha de noite.— Eu tremia dentro de minhas botas. Jacobs pode parecer anti-social quando toma uma decisão.

   — Notei o mesmo de um tempo a esta parte —respondeu Grace. Um sonolento bocejo a percorreu.

   — Mais vou te deixar dormir. Voltarei outra vez amanhã e te trarei algo para te pôr. Os homens são tão obtusos. Eles não pensam em nada; deixar uma moça meio nua e congelada.

   Grace sorriu antes de ela desaparecesse pela porta. Bocejou outra vez. Estava cansada, mas não podia dormir ainda. Considerou que enganou-se com o que esperava. E entendeu que esperava de Brice. Tinha vindo cada noite. Não estava segura se se sentia molesta por ter saudades da presença do homem ou não. A verdade é que estava muito cansada para preocupar-se naquele momento. Alguém golpeou a porta e ela não pôde evitar que seus lábios se estendessem em um sorriso através de sua cara quando Brice deu um passo dentro da habitação.

   — boa noite.

   Ele tocou seu chapéu outra vez. Seus olhos descenderam prazerosamente sobre ela antes de voltar para sua cara. A apreciação se refletia em seu olhar.

   — Parece que tem um bom trato com o Beth.

   — Penso que consegui o melhor da partilha.

   Ele se sentou a seu lado sua cama, onde levantou um fio de cabelo negro como o carvão que descansava sobre o lençol branco.— Como conseguiu manter isto a distância do cabeleireiro da base?

   Seu cabelo era sua única vaidade. Em realidade, era o último elo de uma família que há muito foi perdida. Pensou em sua mãe sentando-se e escovando seu cabelo; essa lembrança era algo muito querido.

   — foi talhado antes.

   Brice avançou sua mão, escorregando na cortina negra de seda.

   — Não recentemente.

   Ninguém tinha acariciado seu cabelo. Ver seus dedos escorregando entre seu cabelo era uma sensação estranha, íntima. Alcançando o final, Brice moveu sua mão sobre sua cabeça outra vez. Seus dedos esfregando sobre seu couro cabeludo, devagar antes de pentear a longitude de seu cabelo outra vez.

   — Nunca o deixo solto —Suas palavras saíram de um puxão, apressadamente. Seus pulmões pareceram não ser capazes de encontrar suficiente ar e se aceleraram. Alcançando o final de seu cabelo Brice levantou a mão uma vez mais. Um sorriso se assentava sobre sua boca quando pôs sua mão em seu rosto uma vez mais, ficou ali ao lado de sua cabeça, enquanto seus olhos se encontravam.

   — Deixá-lo-á solto quando fizermos o amor.

   Ela sacudiu a cabeça, mas ele controlou o movimento com sua mão, aproximando-se até que seu fôlego roçou seus lábios.— Pentearei-lhe com meus dedos como agora.

   Grace tomou fôlego quando sentiu uma quebra de onda de emoção em seu interior. Ele deixou cair o mais ligeiro dos beijos em sua boca antes de conter-se e sentar-se direito.

   Suas pestanas revoaram e logo escorregaram fechando-se. Sua respiração se compassou quando alcançou o sonho. Dormiu sem suas infinitas máscaras. O corpo de Grace reagiu de uma maneira tão básica que teve um efeito direto sobre o desejo que sentia ele. Sob todo o resto que era, Grace ainda era uma mulher. Brice tinha a intenção de lhe demonstrar como podia sê-lo.

 

   Tinha passado a manhã e a tarde quando Grace despertou no dia seguinte. Brice era a última coisa que recordava. Seus olhos se moveram para o relógio que estava ao lado de sua cama. Santa Maria! Eram mais das cinco da tarde.

   Estirando suas pernas, Grace suspirou. Encontrava-se muito melhor hoje. Sentia dor ainda, mas não era lhe esmagante. Grace sempre despertava com o alvorada. Hoje tinha dormido todo o dia. Chegou à conjetura de que a comida do Beth tinha a culpa disso. A menção de alimento trouxe uma queixa de seu estômago. Entretanto Grace tinha outra prioridade nesse momento. Queria uma ducha e se sentia o bastante bem para tentá-lo.

   Rodando sobre seu estômago, usou suas mãos para empurrar-se sobre seus joelhos. Talvez não estava tão bem, mas havia mais de um modo. A sonda de soro que estava atada a seu braço direito estava enredada. Grace examinou a sonda um momento. Os doutores o tinham deixado a pesar do fato que ela rechaçou a medicação contra a dor que queriam lhe administrar. O ponto onde a agulha se inseria em seu braço direito estava muito dolorido.

   Decidindo que já tinha bastante dor contra o qual lutar, Grace separou a cinta e tirou a agulha de borracha de seu braço ela mesma. Estava pronta para levantar-se. Grace tinha estado limitada à cama, sobretudo pelo tubos de plástico. Agora era muito mais fácil conseguir pôr os pés no chão.

   Grace deu os primeiros passos devagar, seu corpo estava são. Talvez não tinha toda sua força mas poderia com uma ducha, isso era fácil. Seu cabelo estava ainda solto e Grace decidiu que o lavaria. Outro pensamento cruzou sua mente, Beth tinha razão. Estava-se congelando.

   Apoiado contra a parede, Brice sorriu levemente. Grace estava acordada. Podia ouvir seus movimentos ao redor da habitação. Aquilo o agradou enormemente. Agora Jacobs não podia expulsa-lo.

   Jacobs deu volta à esquina nesse mesmo momento. Levantou uma sobrancelha olhando o sorriso que estava ainda no rosto do Brice.

   — Deve estar sentindo-se melhor.

   — E como sabe?

   —Sonha como se estivesse ganhado na loteria.

   Jacobs sacudiu a cabeça devagar. Assim era Grace.

   Estava-se pressionando, mas se não o fizesse ele estaria preocupado.— Suponho que seria melhor que lhe encontre algo a mais para usar.

   — Não toque na minha conta.

   — Xerife Campbell, isso é completamente miserável!

   Beth o arreganhou dando a volta à esquina.

   Jacobs deu a volta. Esta era a mulher que tinha conseguido tirar-lhe de cima duas vezes. Olhou-a franzindo o cenho. Beth se movia com a graça silenciosa que a maioria da gente nunca aprendia. Viu a leve vacilação de seus olhos azuis quando ela notou seu cenho. Jacobs não relaxou suas facções porque estava curioso pelo que faria.

   Beth conhecia aquele olhar. Seu pai era um perito em olhadas intimidantes. Ela bateu suas pestanas um par vezes antes de colocar sua cesta no carro das enfermeiras. Se Jacobs queria jogar aquele jogo com ela, simplesmente ignoraria ao homem.

   — O que há na bolsa?

   Beth jogou uma olhada à bolsa dobrada sobre seu braço. Um leve sorriso cruzou seus lábios quando notou o tom dominante de Jacobs. Ela se assegurou de apagar a diversão de sua cara antes de girar.— Um pouco de roupa para o Grace. Pelo que ouvi, veio em boa hora.

   Jacobs olhou enquanto ela abria a cesta uma vez mais e enchia um prato com comida. Aquilo cheirava fantástico. Ela passou justamente diante dele batendo na porta antes de entrar. Brice começou a rir brandamente.

   — Sabe, Jacobs, penso que alguém se pôs em seu lugar bastante amavelmente.

   — É certo.

 

   Grace olhou enquanto se abria a porta e sorriu quando Beth entrou. Não tinha estado segura de que se apresentasse outra vez. Mais importante, tinha comida com ela.

   — Parece que cheguei bem a tempo —Beth tirou umas perneiras e um suéter comprido da bolsa.

   Grace olhou a roupa. Nunca tinha usado nada como isso. Tinha visto outras mulheres que levavam esse estilo. O suéter era de um profundo púrpura e era peludo e suave.— Obrigado, Beth.

   — Não há por que. Agora vamos tirar essa toalha molhada antes de que seu jantar se esfrie.

   Passou uma hora antes de que Beth partisse. Grace tinha estado agradecida pelo companheirismo da mulher.

   Olhou ao redor do quarto. Não tinha sonho. Não, estava farta daquelas quatro paredes. Não estando muito segura de quão longe poderia chegar, Grace caminhou até a porta e devagar empurrou para abri-la. Ninguém estava perto, então saiu ao vestíbulo.

   — boa noite.

   Grace reconheceu a voz profunda imediatamente. afastou-se um pouco mais longe da porta porque Brice atualmente se apoiava contra a parede ao lado da porta. Estava com o uniforme e Grace decidiu que lhe sentava bem. Ajustado à perfeição, o uniforme marrom não conseguia ocultar a condição primária do homem que o levava.

   Era uma curiosa sensação a que tinha ao olhar seu corpo. Grace estava sempre rodeada de homens que estavam em boa condição física. Nenhum deles fazia que seu estômago se apertasse ou sua cara se ruborizasse. Movendo seus olhos sobre ele, estudou suas marrons pupilas. A força deste homem ainda a impressionava.

   Ela estava absolutamente impressionante. Beth tinha bom olho para a roupa, porque o suéter ficava muito bem. Muito bem, para a comodidade de Brice. A suave malha de ponto se aderia a seus peitos, lhe dando uma visão clara deles. Seus olhos estavam saltando entre os distintos corredores, procurando uma via de escapamento.

   — Quer dar um passeio?

   — Um passeio? —Sim, ela queria caminhar, só que não estava muito segura de querer fazê-lo com o Brice. Claramente ele estava de volta, então suas opções eram acompanhá-lo ou sua quarto outra vez.— Fora?.

   — Com o cabelo molhado?

   — Não tenho frio. —Mas ela estava contente. Elevando a mão, Grace acariciou brandamente seu cabelo. Brice Campbell estava muito seguro de si mesmo.

   Como em um jogo de xadrez, ela estava constantemente em guarda. Alargando a mão, Brice a colocou em seu braço. Ele já a tinha rodeada; só que ela ainda não o via .

   — Acredito que conheço o lugar justo.

   Grace girou sua cabeça para olhá-lo. Brice a fez girar por outro corredor e logo por uma porta de cristais duplos. Um sorriso se formou devagar sobre sua cara. Tinham entrado em um átrio exterior. Estava rodeado pelos quatro lados pelo hospital, mas não tinha teto.

O ar da noite os rodeou e Grace, com gratidão, encheu seus pulmões com ele. Árvores de grande tamanho se alinhavam sobre os borde, enquanto que uma variedade de vegetação enchia os espaços entre as árvores maiores. Adiantando-se, ela arrastou sua mão ao longo das folhas respirando o ar da noite.

   Completamente esquecido, Brice ficou de pé olhando-a saudar a noite. Como um velho amigo, Grace abraçou a pequena amostra da natureza. Sua cara se transformou em uma tapeçaria de maravilha. Estava tão formosa nesse momento de liberdade que lhe humilhou ser testemunha

   Seu corpo novamente estava começando a ficar débil. Ela não queria voltar para seu quarto ainda. Viu um banco e se deixou cair nele. Inclinando sua cabeça atrás, olhou as estrelas. Grace estava começando a lhe gostar do Condado do Benton de verdade. Era um lugar bonito.

   — Formosa vista —Brice se deixou cair a seu lado no banco. Tinha a cabeça girada a um lado, mas estava olhando-a de lado.

   Grace ligeiramente sobressaltada se brigou mentalmente. Não devia ter desdobrado seus sentimentos tão abertamente.

   — Frio?

   Brice a viu tremer. — Diria-me se o tivesse?

   — Provavelmente não.

   — Foi o que pensei.

   O tom zangado de sua voz a surpreendeu. Qualquer frio que sentisse aqui não seria o bastante para ameaçar sua vida. Expressá-lo seria nada mais que uma queixa.

   — por que quereria sabê-lo?

   Havia um toque de verdadeira curiosidade detrás de sua pergunta. Seus olhos se obscureceram por um momento quando compreendeu que ela não estava enfrentando-o, mas sim simplesmente Grace não esperava que ninguém se preocupasse com seu conforto. Aquilo era algo que alguém aprendia durante um treinamento intensivo. As necessidades do corpo tinham que ser reduzidas ao mais essencial.

   — Quanto tempo estiveste no campo de batalha?

   — Dez anos.

   Brice simplesmente a olhou fixamente. Dez anos? Devia ter sido pouco mais que uma menina. Homens adultos se quebravam sob pressão. As paredes depois das que ela se escondia tomaram um novo significado; eram essenciais para sua sobrevivência.

   Grace viu sua cara endurecer-se.— por que te incomoda com isso?

   A tensão se revelava no corpo do homem de maneira intensa. Grace investigou em seus olhos procurando a razão detrás de seu desgosto. Ele desaprovava claramente sua vida. Sua opinião a machucava a pesar do fato de que ela não tinha nenhum controle sobre os fatos.

   Ficando de pé, Grace pensou em deixar atrás seu áspero julgamento. Não baixaria a cabeça com vergonha.

   — Minha vida não te incumbe!

   O rechaço zangado de sua voz chegou como um golpe. Ela não o deixaria fora. Brice destruiria cada parede que ela tivesse construído com suas mãos nuas primeiro.

   — Equivoca-te.

   Brice a atraiu para a curva de seu corpo com facilidade. Capturando sua cabeça com sua mão, atirou sua cabeça atrás.

   — Isto te faz minha!

   Grace soube sua intenção, mas foi impotente para evitá-lo.

   Ele parecia sentir atraído por sua falta de defesa, tomando-se seu tempo para baixar sua boca à sua. Sua boca estava tão quente que a assustou. Grace tentou afastar sua cabeça, mas a mão que a sustentava a deteve firmemente. Sua boca abriu firmemente a dela, enquanto empurrava sua resistência a um lado.

   Sua boca estava movendo-se sobre a dela de uma maneira tal que seu corpo lhe exigia responder. Ela podia sentir seu sangue apressando-se no longo de suas veias. Devagar, moveu seus lábios ao uníssono com os seus. Ele grunhiu em sua garganta e afundou o beijo.

   Seu corpo estava explorando com o calor, assim como o desejo imprudente de tocá-lo. Suas mãos se elevaram para explorar o peito que seus olhos tinham examinado antes pela tarde. Os músculos eram duros e pulsavam de vida.

   Sua roupa atual não a defendia de seu corpo como seu vestido histórico o tinha feito. Seus mamilos se endureceram e apertaram em seu peito, nesse momento ele esfregou uma mão brandamente e escutou seu ofego ante a sensação.

   — Ainda penso nisso. E você, Grace? —Sua mão se moveu de novo e estacionou em seio através da malha do suéter.

   Brice sorriu quando notou seus olhos estavam drogados pela paixão. Podia cheirar a excitação em seu corpo. Estava ganhando uma resposta de seu corpo que resultava cada vez mais difícil controlar. Enterrando sua cara na curva de seu pescoço, inalou o aroma quente de sua pele. Empurrando um braço sob seus joelhos, Brice a girou contra seu peito antes de que ela tivesse tempo para recuperar sua maldita lógica.

   Ele a levou direito para o corredor da sala. Seu aroma a envolveu-a fazendo-a mais consciente do lhe pulsem corpo escondido sob sua uniforme.

   Grace se encontrou na cama antes de que lhe tivesse ocorrido alguma boa réplica mordaz. Com um braço a ambos os lados de seu corpo ele se colocou sobre ela em uns segundos enquanto travava seu olhar com a sua.

   Com precisão, suas mãos cavaram seus peitos através do suéter. Grace não podia pensar por que se sentia tão bem. Já não estava dolorida. Em troca seu toque causava um prazer que parecia mover-se como uma onda através de cada capa de sua carne.

   A voz do Jacobs flutuou através da porta fechada e Grace abriu seus olhos. A cara de Brice refletia prazer um momento antes de ter que retirar suas mãos de seu corpo..

   — Teremos que terminar isto mais tarde.

   A férrea determinação que desdobrou provocou que uma chicotada de cólera percorresse seu corpo. Ela não pertencia a nenhum homem, só a si mesmo, ninguém ia forçar a por um caminho que só pertencia a ela..

   — Não o aposte! Meu cabelo se manterá recolhido.

   Detendo-se um passo da porta, Brice deu a volta em resposta ao desafio de sua voz. Enganchando suas mãos em seu cinturão, cravou seus olhos na mulher que negava sua reclamação.

   Grace se negou a dar seu braço a torcer. Brice estava cravando-a com esses olhos castanhos, mas ela não se renderia. Um sorriso se arrastou por sua cara enquanto ele colocava a mão em seu bolso. Sua mão deixou algo sobre a mesa ao lado da cama um segundo antes de que se voltasse, deixando-a em paz. Voltando sua cabeça, ela olhou o artigo depois de que ele saísse.

   Contra a mesa branca se destacava um bilhete de vinte dólares. Seus olhos se alargaram com ultraje quando entendeu sua mensagem

   O homem tinha aceito sua aposta.

 

   — Sim, senhor.

   Jacobs fechou de repente seu telefone, desejando poder tratar fácil o seu C.O. Às vezes, realmente odiava o Exército. Especialmente a certos funcionários. O Coronel Turvel era um burro supersticioso. O homem o negaria até seu último fôlego, mas tinha medo do Grace. Nos quatro anos que Jacobs tinha estado ao mando, o Coronel Turvel nunca conheceu Grace pessoalmente.

   — Problemas, Major?

   — Só alguns.

   Quase seguro que acontecia algo ao redor de Grace, Brice considerou a onda de ciúmes que o golpeou.— Não pode estar piorando.

   O comentário seco do Brice ganhou uma risada de Jacobs.— Você não conhece o Grace. Agora que encontrou seus pés, mantê-la nesse quarto se voltará quase impossível.

   — Acabo de descobri-lo. A cara de Jacobs imediatamente pareceu forjado em pedra sólida.— te relaxe, tirei-a a galeria e a retornei a sua cama.

   — Não durará muito tempo —disse Jacobs a Brice passando uma mão por sua bochecha.— O Doutor Fenton é bastante firme em sua idéia de não tirar a daqui, essa bala fez-lhe muito dano.

   O problema de Jacobs era o que Brice tinha estado esperando. A oportunidade de mover um passo mais perto de Grace.— O que te parece minha cabana?

   — Não entendo.

   — Tenho um par de quartos livres no topo da montanha, muito apartados.

   O convite não enganou Jacobs nem por um segundo. Mas a oferta do homem simplesmente era muito boa para rechaçá-la. Sua casa era o lugar perfeito para esconder ao Grace enquanto sanava. A relação crescente entre eles estava começando a lhe incomodar. Grace sairia da vida de Brice assim que o Coronel Turvel decidisse que já estava bem para voltar para seu dever.

   Aceitar a casa do homem só ia abrir uma ferida mais profunda. Mas Jacobs não tinha uma solução melhor. Outro par de olhos vigilantes é o que ela necessitava

   Só esperava que Grace o perdoasse quando recebesse a ordem de partir.

 

   Era curiosa a forma em que seus sentidos tamborilavam. Às vezes, quase parecia como se um interruptor os cortasse. Uma pequena quantidade de dor que podia ignorar-se. Mas o que provinha de seu flanco, não.

   Entretanto a visão apareceu.

   Levantando a cabeça, Grace rodou completamente fora da cama enquanto seus pés se apoiavam no piso e recebiam o peso de seu corpo com a precisão de inumeráveis horas de treinamento.

   Alcançada pela visão, sua mente se fechou ao redor dela, mas não havia suficiente solidez para vê-la com claridade. Levantando sua cabeça, seus pés começaram um curso que a levaria a fonte de sua visão.

   Havia algo aditivo naquilo. O aroma era familiar agora. Tinha ficado tanto na cabana como Paige. Agora estava perto do bosque, perto da casa de Brice, apenas uns cem pés de distancia.

   A distância era a peça mais clara de sua visão. Justo quando seus pés a levavam mais perto, sua mente a empurrava e arrastava para ali. Procurando a razão a encontrou muito intrigante. A emoção flutuava em espessas ondas. A irritação se queimava ao longo de seu corpo, em sua corrente sanguínea e em cada célula de sua carne. Pulsando e mordendo sua têmpera, incitando uma explosão através do elo psíquico. Ela deslizou através da porta traseira da casa e afundou seus pés nas pranchas de madeira do piso com seu corpo empurrando para frente.

   Uma sólida banda de aço foi largada no corpo de Grace, parando seus passos. Seu corpo gritou em agonia enquanto sua carne enviava um rugido de dor. Ainda agarrada em sua busca, Grace lutou contra seu apreensor.

   A raiva que a acendia tomou ao Brice com o guarda baixo. Tropeçou quando ela se desfez de seu abraço. Como uma lebre, desceu com apenas um salto os degraus do alpendre. Lançando seu corpo sobre o corrimão, Brice aterrissou a um só passo diante dela. Os olhos do Grace, olhavam completamente através dele. Mas o brilhante sangue vermelho que gotejava na sua camisa capturou sua completa atenção.

   Psíquica ou não, o corpo humano ainda tinha necessidades básicas. Plantando ambos os pés firmemente na terra Brice a atraiu a seus braços. Subiu os três degraus de um só passo e cruzou pela porta traseira antes de que sua prisoneira cessasse de lutar.

   — Grace? —Brice tentou pôr-lhe de pé. Em troca ela tropeçou quando suas pernas se negaram a aceitar o peso de seu corpo. Seus olhos o olharam fixamente, atravessando-o, quando ele agarrou seus pulsos para lhe impedir de terminar caindo no chão da sala.

   — Não te responderá Brice. — Jacobs emitiu sua conclusão um segundo antes de que Grace apontasse um brutal empurrão a seus braços.— te afaste, Brice.

   Assentindo, Brice retrocedeu, mas ficou ante a porta aberta. Ver o testemunho da intensidade de suas habilidades lhe trouxe uma nova compreensão do por que ela tinha açoitado Paige sem levar escolta. A mulher nem sequer era consciente de que estava sangrando, muito menos que necessitasse uma escolta. Seus olhos refletiam nada mais que um fogo ardente

   A cabeça do Grace estava palpitando. Empurrou longe a dor. Estava aqui. A resposta estava justamente aqui. Tudo o que ela tinha que fazer era vê-la. Podia ver as palavras na página, mas estavam imprecisas e sua mente se negava a centrar-se nelas. Seu corpo estava interferindo com sua dor. Com a disciplina de anos de treinamento, tentou fazê-lo a um lado. Mas resistiu obstinadamente seus esforços. Girou para a porta que levava a alpendre traseiro. Estendeu a mão para senti-lo. O eco da irritação era espessa. Caminhou mais perto e a cólera se desenvolveu dentro de seu corpo. Como se fora uma simples traça, Grace se encontrou sendo atraída pela ardente chama. A lógica se entremeteu, exigindo que rompesse suas amarras. Atirando de seu corpo para detrás, caiu ao chão da sala.

   Enquanto se obrigava a si mesmo a levantar-se, sentiu como essa voragem retrocedia e desaparecia. Não! Ela queria a resposta. Não ficava nada exceto o vazio. Entretanto, enquanto a visão de sua mente desaparecia seus olhos captaram a visão do intenso escrutínio do Brice. Tinha-a estado observando todo o tempo? Suas costas estavma ardendo enquanto a fadiga mostrava suas garras. Realmente não deveria estar tão cansada. Olhando nesses olhos marrons, tentou formular uma pergunta de seu esgotado cérebro.

   — Sinto-o —cada pedaço de cor desapareceu de sua cara como a areia fazia em um relógio de areia.

   — Jesus! —A maldição saiu da boca de Brice enquanto saltava para diante para agarrar seu corpo enquanto se derrubava. Flácida como uma boneca de trapo, ela se rendeu em seu abraço sem um sozinho pingo de resistência.

   Colocar seu corpo sobre a cama de convidados se parecia muito a arrumar uma efígie de pedra para seu gosto. Brice observou a pálida e branca cor de sua pele antes de proceder à tarefa de limpar seus pontos. O ligeiro arrasto de pés sobre o piso de madeira de madeira lhe disse que Jacobs estava também na habitação. Alargou a mão para o tornozelo do Grace. A esposa negra e magra deixada atrás fez que Brice lhe dirigisse um deliberada olhar.

   — O que lhe passa?

   — Só Deus sabe, Brice —A cara do Jacobs estava cheia de preocupação enquanto seus olhos se dirigiam para a unidade de seguimento que estava assegurada a seu magro tornozelo. Sua mão apertou a unidade de controle que receberia qualquer sinal transmitido da unidade.

   — Então, o que significa tudo isto?

   — Pediu um psíquico, Xerife. Ninguém lhe prometeu respostas. Só a menina.

   Jacobs girou sobre seus calcanhares e se foi. Brice o alcançou quando o homem estava chegando ao alpendre.— É por isso pelo que alguma vez lhe deixa terminar as investigações?

   — Em parte. — Lançando um olhar de relance para Brice, Jacobs respondeu a pergunta, sendo observado fixamente por Brice. — Está virtualmente perfeita quando começa a rastrear. Essa eficácia baixa quando chega ao final da investigação de um caso.

   — Mas o custo é muito alto para ela.

   — Exatamente —Voltando-se para o Xerife, Jacobs assinalou com seu dedo ao homem.— Por isso não deixo que nenhum policial daqui ou da China a leve a esgotamento. Conseguimos o prêmio e eles terão que adivinhar os detalhes por sua conta.

   Aquilo o deixaria com toda a culpa, mas Brice não acreditava.

   — Devo supor que nem todos os C.O. tiveram a mesma consideração com ela?

   — Grace não teria sobrevivido tanto tempo se fosse fraca. — Jacobs levantou uma mão para acariciá-la queixo.— Mas você é muito preocupado com sua saúde. Eu faço o que posso, quando posso.

   O que queria dizer que os C.O. de Jacobs não viam nada demais em tratar a uma mulher como um agente valioso.

 

   Jacobs dirigiu seus passos para o bosque. Observando as árvores, Brice lhe seguiu. O que era o que tinha chamado a atenção de Grace tanto para que tivesse estado disposta a lutar por consegui-lo?. A mulher queria respostas. Possivelmente Jacobs não estava de acordo com sua forma de utilizar a energia para as buscar, mas não era uma máquina.

   Os pequenos rastros marcaram o chão do bosque. Alguém tinha estado ali recentemente, mas provavelmente seria um dos homens do Jacobs. Isso não queria dizer que não fosse seu atirador. Elevando os olhos, Brice encontrou a um dos Ranger oculto nas rochas justo a cem metros diante dele. Seus dedos se dobraram ligeiramente enquanto memorizava a cara do homem. Ele sabia algo. Brice não tinha as habilidades psíquicas do Grace, mas seu instinto lhe advertia que não lhe voltasse as costas.

 

   Grace se sentou quase no mesmo segundo em que se abriram seus olhos. O céu crepuscular ainda não tinha começado a mostrar os primeiros raios de sol da manhã, mas a escuridão retrocedia enquanto ela a observava. Baixou seus pés ao piso, estremecendo-se um pouco enquanto seu flanco se queixava pelo repentino movimento.

   Suas botas tinham desaparecido. Olhando a um lado da cama de novo, Grace apertou seus dentes. Suas botas estavam sempre em seus pés ou ao alcance da mão. Se estavam desaparecidas, não era um engano. Mas o rastreador preso no seu tornozelo a deixava atada, naquele local. Grace a olhou com fúria enquanto lembranças do Major Fredricks lhe vinham à memória. Esse C.O. tinha desfrutado ao encadeá-la como a um animal.

   Grace estava farta disso. De tudo. Sua vida era uma jaula e ela era cada vez mais e mais consciente das barras de aço que a tinham encarcerado.

   Atravessando a silenciosa casa, saiu pela porta de atrás. O frio da noite golpeou seus braços nus, mas lhe deu a bem-vinda confirmação de que já não estava separada do bosque por paredes artificiais. Entretanto, estava limitada à casa sem suas botas. O aborrecimento levou o último de seu sonho. Havia muito poucas coisas que desfrutasse. Negarem suas caminhadas a deixa furiosa.

   Ainda havia algo na casa que respirava vida. Grace se encontrou em realidade a gosto dentro da estrutura. Passando sua mão sobre a porta de entrada, deixou que seus dedos acariciassem sua suave textura. Embora fosse construída com os mais básicos materiais, nada era rústico.

   — Espero que tenha sua aprovação.

   É obvio, não estava sozinha. Ao mover-se, o monitor negro fixado em seu tornozelo informou de forma adequada à unidade de apóie. Mas era uma surpresa ver uma banda em seu pulso o rosto de Brice.

   Seus olhos vagaram sobre ele com óbvia curiosidade. Em vez do antigo quadro que normalmente apresentava, seu cabelo estava enredado e seu jeans azuis estavam bastante baixos sobre seus quadris. Ligeiramente enrugada, sua camisa desabotoada traía o fato de que tinha dormido com ela posta. Havia algo muito básico no despertar a este homem de seu sonho. A pesar do fato de que tinha sido um dispositivo eletrônico que tinha despertado-a, Grace sentiu como se alguém tivesse acordado-a. O calor se mostrou em suas bochechas enquanto movia seus olhos de novo a sua cara.

   — Você construiu esta casa.

   Ver como suas bochechas se voltavam vermelhas em resposta a ele foi uma das coisas mais eróticas que Brice testemunhou. Tão básica como era Grace, o revelador efeito de sua excitação pedia uma resposta.

   Ela estava examinando atentamente suas habilidades como carpinteiro, tentando ocultar seu próprio desejo. Brice deslizou lentamente seus olhos pelas curvas expostas de sua roupa. Brice franziu o cenho enquanto voltava a olhar sua cara para descobrir que ela ainda tinha posta toda a atenção no marco da porta.

   A disciplina desta mulher estava lhe frustrando endemôniamente.

   — Isso explica muito.

   — Como?

   Olhando de novo para ele, Grace se sentiu aliviada de descobrir que a curiosidade tinha substituído ao predador de seus olhos. Estava agradecida pela mudança, embora não fosse grátis. Lhe iria custar uma explicação.

   — Cada esquina tem algo de sua personalidade. A necessidade que te fez construí-la ainda não se foi.

   Sua afirmação foi feita para expô-lo como ele a estava expondo-a. O perigoso brilho que cintilava em seus olhos lhe fez desejar o ter deixado o tema antes. O homem que estava diante dela estava furioso por ter sido desmascarado. Obrigando-se a si mesmo a manter seu olhar observou como a emoção surgia das profundidades.

   Assentindo lentamente com sua cabeça, Brice lhe devolveu o olhar. Está bem, o merecia. Levar um psíquico para sua casa era convidá-la para descobrir como tinha utilizado o trabalho para expulsar a feiura de sua alma.

   — Algumas missões levam um pouco mais de descanso para esquecer.

   Grace assentiu ao lhe entender. As cicatrizes que deixavam algumas missões tinham que ser esterilizadas ou deixariam escapar o veneno durante toda a vida. Levantando sua mão do marco da porta, levou-a para um lado de sua cara olhando ao homem em que se converteu.

   Cada dedo lhe fez sentir. Brice permaneceu olhando fixamente com fascinação enquanto a sentia procurar em sua mente. Não era um ato de invasão. Em troca se encontraram em algum lugar onde as palavras tinham pouco significado.

   Aproximando-se dele, Grace roçou seus lábios com os seus, completando a intimidade. Nunca se havia sentido tão completa com nenhuma outra alma como se sentia nesse momento.

   Ao abrir seus olhos, olhou nos de um homem que a considerava como sua presa. A queda de suas defesas tinha sido interpretada como uma rendição. Dando um passo atrás, pôs as coisas em seu canto.

   — Volta aqui.

   Ele pronunciou as palavras em um murmúrio. Grace olhou fixamente nos olhos que pareciam um par de navalha de afiadas. O estranho era que gostou do som de sua ordem. Tanto como seu corpo gostou da percepção do dele e que sua memória fora tão clara como um cristal. Seu aroma masculino flutuou até disparar sensações que correram através de sua pele. Ele se moveu e levantou um enorme braço para segura-la.

   — Não deveria ter te beijado.

   Ela moveu seus pés de forma nervosa enquanto seus olhos verdes se posavam sobre sua cara. Colocando seu polegar em seu cinturão, Brice apoiou suas costas no marco da porta que estava detrás dele. A emoção fazia estragos dentro dela. A excitação era um demônio rebelde e estava apossando-se do seu corpo. A cor de suas bochechas se fez mais escuro. Deslizando seus olhos sobre ela descobriu os mamilos que apareciam sobre a camiseta.

   — Não tem importância. De fato, eu gostaria que provasse de novo.

   — Tal imprudência não traria nada mais que dor.

   Essa maldita lógica! Afastando-se da entrada, Brice deu um passo adiante e colocou sua mão ao redor de sua nuca. Encarando-a, olhou-a com uma ferocidade assustadora.— Certas coisas acontecem independentemente de nossa vontade. —Aproximando sua boca a dela, pressionou ligeiramente seus surpreendidos lábios contra os seus.— Deixa de fugir Grace, ou terei que te perseguir — Brice se afastou de um lado enquanto a cólera relampejava através de seus olhos esmeralda.

   Grace se voltou sobre seus calcanhares antes de recordar que estava descalça. Voltou-se e olhou ao Brice.— Onde estão minhas botas?

   Seus lábios se abriram para transmitir um amplo sorriso.— Sabe onde eu as coloquei, ao lado de minha cama —Sua mão se abriu para revelar uma de suas botas. Brice a sustentou entre seu polegar e seu dedo indicador antes de que, de forma deliberada, atirasse-a sobre o corrimão do alpendre.

   Grace deu um pisão no chão. Seu pé gritou em forma de protesto porque ainda estava descalça. Seus dentes estavam apertados com raiva. Por todas as presunçosas coisas masculinas que fazia! Voltando a ficar na sua estóica "máscara", Grace saiu ao alpendre para recuperar seus sapatos. Mas antes de que fosse muito longe, Brice a agarrou e a pôs firmemente de novo no alpendre. O sorriso desapareceu de sua cara enquanto fazia um arrogante assentimento de sua cabeça. Voltou-se para sua casa e desapareceu através da entrada.

   Bom, ela só iria e recuperaria suas botas. Essa habitação estava exatamente a trinta metros de distância. Tudo o que ela tinha que fazer era caminhar até ali. Em troca, Grace se encontrou retrocedendo. Não podia aproximar-se tanto dele naquele momento. Não tão perto para cheirar essa morna pele masculina, ou se derreteria de novo. Seu corpo ainda tremia por seu último beijo.

   Se metia-se na guarida do leão, também poderia tirá-la roupa.

 

   — Quando é seu próximo evento histórico?

   Brice tentou controlar o impulso de saltar. Mas ainda existia tensão em seus ombros. Grace notava um sorriso deslizando-se sobre sua cara. Já era hora de ser a que causa de respostas emocionais. Ele voltou sua cabeça e a agarrou fixando o olhar. Seus lábios se voltaram em uma apertada e fina linha antes de que levantasse os cantos de sua boca em um sorriso zombador.

   — O quatro de julho. Será o dobro de importancia.

   Considerando seu seguinte movimento, Grace cruzou o pátio e tomou o assento. Os dois homens estavam sentados concentrados em limpar suas armas. A pesar do fato de que eles a tinham vigiado com seus olhos, suas mãos continuavam movendo-se de forma confiada sobre as armas.

   — Quero-me ir.

   Jacobs lhe dirigiu um duro olhar.

   — O que está tramando, Grace?

   Essa era uma boa pergunta. Uma a que Grace tentava encontrar uma resposta. Era algo que não ia encontrar vagando na casa de Brice Campbell.

   — Um local pouco conhecido.

   Brice levantou um dedo assinalando-a.

   — Sabe, adora se reservar do mundo, da gente.

   Grace lhe olhou com ferocidade em resposta, mas Brice lhe devolveu o olhar.

   — A empatia não é assim de simples.

   — Bom, tenta me ensinar um pouco.

   Olhando a seus dois críticos, Grace olhou as duas cara antes de responder. Tinha passado na semana anterior tentado desconectar disso, mas o vínculo persistia.

   — Desafia à lógica. As emoções se movem em fluxos que podem saltar fronteiras ou trocar com o estalo de um dedo. Forçá-lo em uma imagem clara não é possível. Tem que ser tolerada antes que possa ser entendida. O que é mais importante, não sou uma clarividente—empática.

   — O que é o que há no moinho do Jennings que capta sua atenção?

   Grace considerou essa pergunta. A verdade era que não sabia. Mas o desejo de descobri-lo-se abatia sobre ela.— Um pedaço do quebra-cabeças está ali. Mas estou muito longe para vê-lo claramente. Mas posso senti-lo aqui. Há pedaços flutuando ao redor desta casa.

   Tendo em conta o monitor fixado a seu tornozelo, levantou-se para o fixamente para Jacobs. O entendimento atravessou seus olhos antes que elevasse com uma obstinada determinação sua mandíbula. Bem, talvez era hora de que o homem entendesse que ele não era a única pessoa com determinação.

   — Seja o que seja, alguém pensa que vale a pena me pegar um tiro para protegê-lo. Pessoalmente, estou com humor para começar a bater em todos aqueles que contrariarem nossos planos.

   Empurrando seus pés baixo ela, Grace se voltou sobre seus calcanhares depois um último olhar a seu C. O.

   Olhando como se afastava, Jacobs teve que obrigar-se a não lhe ordenar que ficasse. Como resolveria o conflito se ele estava fazendo um buraco no cérebro.

   — Está sendo um burro, Jacobs.

   — por que acha isso?

   Brice levantou uma sobrancelha ante o tom do Jacobs. O gigante tocou a cabeça e a sacudiu com frustração.

   — Tem razão, sou um asno.

   Voltando a levantar a arma de seu regaço, Brice começou a polir lentamente o canhão. Mas bem gostava da idéia de voltar com Grace ao moinho. Se estivessem com sorte, o bastardo que lhe tinha pego um tiro faria outro movimento. Então o apanharia. Uma risada muito desagradável cruzou sua cara.

   — Para quem é isso?

   — Para quem pôs esse buraco nela.

   Um olhar igualmente desagradável cruzou a cara de Jacobs. Os dois homens fecharam os olhos enquanto compartilhavam a mesma raiva.

   — Utilizá-la como isca poderia ter terríveis conseqüências.

   Brice sabia. Mas a alternativa era muito arriscada.

— Este problema te seguirá até a base. Em pouco tempo perdera o controle da situação. Aqui fora tem amigos para que lhe ajudem apanhar esse rato.

   Isso era algo que podia marcar a diferença. Brice considerou o forte assentimento que lhe dirigiu.

   — O que é o que tem em mente?

 

   Era assombroso como uma ação tão simples podia aliviá-la tanto. Em só dois segundos Jacobs tinha aberto a fechadura das algemas que uniam seus tornozelos. Grace não pôde controlar o sorriso que apareceu em sua cara enquanto olhava o objeto desaparecer no bolso do homem.

   Possivelmente fora o alívio em sua relação, mas com a terminação de sua restrição, Grace sentiu a sua mente concentrar-se. Era a primeira vez que tinha sido capaz de fazê-lo desde que lhe tinham disparado.

   Grace simplesmente saiu do quarto. Queria sair do alpendre para ver se ainda persistia algum sentimento do dia que havia sentido a cólera apontada sobre ela.

   Permaneceu fora do alpendre apoiada no corrimão. Podia detectar a imagem que estava evitando-a. Estava aqui. A imagem não era muito forte a pesar a tudo. Era velha e isso significava que quem quer que tinha estado ali, não voltaria. A imagem era, de uma maneira estranha, familiar. Quase como um aroma familiar que não se pode se localizar.

   Jacobs ficou na cozinha olhando Grace. Conhecia esse olhar em sua cara. Por qualquer razão, tinha recuperado a visão. Ele considerou brevemente devolver suas botas, mas desprezou a idéia. Ela fisicamente não estava em condição. Além disso o par de botas era um pequeno truque de Brice.

   Não era que Jacobs desfrutasse encerrando-a. Nada mais longe da verdade. Ele desfrutava de sua tenacidade. Também respeitava sua força e sua resistência. Nunca tinha visto uma mulher que se assemelhasse a ela. O problema era que Grace tinha sido treinada para ignorar a dor. De fato era tão boa fazendo-o que continuaria até o esgotamento. Como seu oficial ao mando, ele tinha que fazer a chamada quando ela tivesse tido o bastante.

   Grace se deixou cair em um joelho e dobrou suas mãos sobre a que tinha levantada. Tudo girava dentro dela. A dor e a fadiga apareceram, ocasionando a ruptura de sua concentração. Sua mente estava disposta, mas seu corpo estava débil. A repugnância floresceu dentro dela. Apertando seus dentes, obrigou-se a ficar em pé. Ao menos a vislumbre momentânea confirmava que estava sobre a pista.

   Ser capaz de dominar seu corpo outra vez lhe devolveria seu equilíbrio.

 

   Aquilo tinha levado uma semana, mas Grace tinha muita paciência. E olhando. Escutando os leves sons da casa, percebeu o som que produzia Brice ao sentar-se em uma das cadeiras do alpendre. O aroma do azeite flutuava à deriva na brisa da tarde. Brice Campbell trabalharia em sua poderosa e negra arma durante a maior parte da hora seguinte.

   Ela era completamente consciente do homem. A cura tinha tido efeito. Seu corpo o desejava outra vez. Era muito mais difícil ignorá-lo agora que o tinha sentido dentro dela.

   Baixando ao vestíbulo, Grace observou o dormitório principal. Seu coração nesse momento aumentou seu batimento antes de que chegasse a cruzar a soleira. Apertando seus lábios deu várias pernadas para a escura habitação.

   Permaneceu de pé na entrada, podia senti-lo por toda parte. Um delicado estremecimento atravessou sua pele. Era tão surpreendente a forma em que podia senti-lo. Seus olhos se moveram sobre a cama. Ele nunca havia trazido uma mulher aqui. Não, só sua essência perdurava na habitação. Grace se endireitou. Suas botas captaram sua atenção. Alinhadas muito bem ao lado da mesa.

   Só que ela não dormiria nessa cama, as alcançando pegou suas botas do chão. Suas botas não permaneceriam aqui e ela tampouco.

   Caminhando lentamente para a entrada, saiu da habitação. Tinha alcançado seu primeiro objetivo. Agora tinha um a mais antes de partir. Sairia a dar um passeio aquela noite.

   Deslizando-se pela janela, Grace se mesclou entre a linha das árvores, estirou-se e encheu de ar fresco seus pulmões. Sentia-se tão bem ser livre outra vez. Os sons da noite encheram seus ouvidos e se tomou um momento para olhar as estrelas. Suas pernas protestaram um pouco pelo passo rápido que mantinha. Seu corpo se debilitou no último mês e tinha que restaurar sua resistência.

   O treinamento de seu corpo era normal e ela desesperadamente o necessitava para poder levar uma vida singela. Muitos pensamentos a rodeavam. Muitas emoções.

   Fechando seus olhos, respirou o ar da noite. Isto era o que ela queria da noite e sua ditosa harmonia. Seu corpo o rechaçou. Sua pele teve saudades do calor do toque humano. Seus peitos se elevaram e os mamilos se endureceram com a lembrança do aroma do Brice que a enchia.

   Voltando para a casa, seus pés a levaram. Sim, ela tinha que voltar, mas também o queria. A separação parecia que durava muito.

Grace caiu sobre um joelho ao bordo da luz. Brice ainda polia sua arma no alpendre traseiro. Suas mãos eram suaves e estáveis enquanto movia o pano de polir sobre sua espada. Seus olhos estavam entretidos na tarefa com um prazer depravado.

   O calor cobriu sua cara enquanto o olhava. Por que Brice Campbell? Os homens a olhavam com regularidade, uns quantos até cometeram o engano de tocá-la. Por que seu corpo não o podia rechaçar facilmente? Tinha que encontrar a causa, porque era pouco provável que alguma vez pudesse voltar para a montanha de Brice Campbell. Jacobs parecia disposto a lhe dar o fim de semana para bisbilhotar ao redor do Moinho do Jennings, mas Grace não era parva para pensar que aquilo iria mais longe. Além disso a questão verdadeira era Turvel.

   Os C.O. de Jacobs tinham que estar de acordo ou eles não iriam. Regras.

   Grace começou a retroceder para tomar posição. Tinha a intenção de averiguar o que tinha ocorrido nesse moinho.

   Com um passo, saiu da escuridão. Brice se esticou quando ela apareceu. Estava meio levantado de sua cadeira antes que seus olhos a reconhecessem. Grace não era idiota; se ele tivesse estado limpando um rifle moderno, ela nunca o teria surpreendido. Mas a oportunidade de desequilibrar Brice foi uma idéia momentânea a que não pôde resistir.

   — Uma noite agradável para uma excursão.

   Ele a desejava. A necessidade era dolorosamente aguda agora. Pela forma em que se movia ela estava muito segura, muita cheia de força. Isto dobrava a necessidade, enviando o seu corpo o objetivo que se propunha. Possivelmente fora a imagem dela em seu dormitório. Começando pelas botas, o olhar do Brice subiu por seu corpo e descansou sobre a intensidade esmeralda de seus olhos.

   Possivelmente fora o fato de que ela estava agradada consigo mesma. Manteve sua cabeça em alto enquanto dava um passo até o alpendre. Seus seios se moviam com cada passo. O suor obscurecia seu cabelo e a blusa de manga larga que estava usando.

   Ela não tinha que ser empática para sentir a agressão que procedia dele. Grace podia senti-la. Em realidade a saboreava. Permitiu-se mostrar um sorriso zombador sobre sua cara enquanto se afastava de Brice. O homem estava muito seguro dele e ela o rechaçaria.

   Tinha dado um só passo dentro do vestíbulo quando os passos dele estiveram justamente detrás dela. Grace se girou sobre seus calcanhares para enfrentar-se a ele. Brice se inclinou e a arrastou para seus braços. Ele se voltou a incorporar tão rápido que sua cabeça começou a dar voltas. Uma pesada mão caiu com um sólido golpe em seu traseiro antes de que pudesse evitar.

   A raiva explorou dentro dela, mas suas opções estavam severamente limitadas pelo estreito vestíbulo. Seguidamente Brice a liberou na seguinte porta, ela o empurrou para afastar-se dele e se encontrou transportada no ar. Ela lutou contra ele, antes de compreender que era na cama do dormitório principal onde tinha sido fixada.

   Era seu turno de sorrir agora. Brice considerou o quadro que representava Grace em sua cama. Ela se apoiou em seus joelhos enquanto pensava como ia tentar matá-lo. A raiva mortal que lhe dirigia era como fogo em seus verdes olhos. Retirando sua arma da cintura de seu jeans, Brice a colocou no suporte da chaminé.

   Talvez pelo o fato de que ela trabalhava para um gigante, mas Grace tinha esquecido que Brice era realmente grande. Enchia a habitação completamente, obrigando-a a sentir a vulnerabilidade que atravessava seu corpo. Jogar um desafio a seus pés tinha sido imprudente porque o homem que tinha diante dela estava muito feliz de aceitá-lo.

   Ela manteve seus olhos pegos a ele esperando seu ataque. Grace quase se desfez de seu afeto. Ela se mergulhou debaixo dele, mas ele a manteve sujeita com o peso de seu corpo enquanto rodavam pela superfície da cama. O colchão se afundava sob sua briga. Seu aroma enchia sua cabeça enquanto ele rodava completamente sobre ela.

   Mas ele não ficou em cima de seu corpo esta vez. Em vez disso se girou sobre suas costas e a sujeitou com seus tornozelos ao redor dos dela enquanto suas mãos se colocavam em seu traseiro. A cara dela ficou em cima do peito dele. Grace empurrou com suas mãos para baixo para afastar-se dele. Ele agarrava firmemente seu traseiro, ela arqueou suas costas para conseguir só uns centímetros de separação.

   — A idéia de te ter em minha cama me manteve acordado cada noite desde que está sob meu teto.

   — Isto é uma má idéia. —Grace replicou sua resposta entre seus apertados dentes. Ele cheirava tão bem! E seu corpo se sentia melhor. Seus dedos se estenderam sobre a parede do peito dele enquanto as gemas de seus dedos sentiam o pulso de sua vida. O ar escapou dos pulmões dela evitando um áspero ofego enquanto seu estômago sentia claramente a prova de sua paixão.

   — Do meu ponto de vista me parece que é bastante boa. —Afastando os tornozelos, Brice liberou seu apertão sobre as pernas dela. Ela empurrou para cima com seus joelhos e suas pernas escorregaram ao redor dos quadris dele. Um gemido escapou de seus lábios enquanto ele pressionava sua palpitante ereção no centro suave de seu corpo.

   O que lhe estava fazendo ele? Grace o separou de seu peito ficando sentada sobre seus quadris. A dura haste de seu sexo pressionava contra a carne que de repente pedia mais atenção. Sua roupa era muito apertada, muito quente. Ela tirou a camisa de seu corpo enquanto o calor se fazia mais intenso.

   Brice tirou a roupa de sua cabeça e a lançou através do quarto. O ar golpeava sua pele e Grace simplesmente desfrutou disso. Brice manteve seus olhos sobre sua cara antes que suas mãos muito firmemente retirasse seu sutiã e o lançassem até cair em cima dos outros objetos.

   Grace se sentiu vulnerável naquele primeiro momento quando seus olhos se posaram sobre seus peitos nus. Ela queria lhe agradar e nunca tinha pensado que seus peitos eram bonitos.

   — Tem o mais formoso par de seios que tenha visto. — Ela estava aturdida. Sentou-se em cima dele como uma Amazona. Seus peitos se elevaram enquanto se estirava para lhe tentar com sua carne. Rapidamente, Brice assentou sua boca sobre esses brancos e acetinados seios. Suas mãos subiram desde seu traseiro enquanto ele pressionava seus corpos até uni-los firmemente.

   OH Deus…Todo se estava encaixando tão malditamente bem! Seus lábios estavam muito quentes, mas ela não podia lhe pedir que parasse. Sentia-se tão bem, tão bem. Seus dedos se retorciam sobre sua camisa, fazendo arrebentar os botões enquanto ela procurava sua pele. O cabelo áspero acariciou seus dedos antes que ela encontrasse os duros músculos de seu peito. Um estrondo profundo de aprovação saiu dele. Baixando sua cabeça ela encontrou seu olhar fixo.

   —Beije-me, Grace —E ela o fez. Ligeiramente indecisa se inclinou para tocar sua boca. Caindo brandamente como uma pluma, seus lábios se moveram sobre os dele procurando a forma correta. Os lábios dele se separaram, enquanto ela se fazia mais valente. Não estavam o suficientemente juntos. Ela queria senti-lo, sem as capas de algodão que os cobriam aos dois.

   Sua resposta fez migalhas do seu controle. Embalando seu pescoço, Brice fez girar seu corpo fixando-o debaixo do dele. Ela se moveu com indecisão, mas colocou sua mão em seus braços.

   Alcançando um seio, Brice cavou sua mão nele, acariciando-o e apertando-o. Um profundo ofego escapou de seus lábios e ele trocou de lado para lhe dar o mesmo tratamento.

   Grace não podia pensar, mas tampouco queria fazê-lo. Brice inclinou sua cabeça e lambeu seu mamilo antes de introduzi-lo em sua boca. Ela se arqueou pela sensação que lhe provocava e ouviu seu próprio pequeno gemido de prazer.

   — Você gosta disto?

   Ele sabia que lhe gostava, mas Grace resistia a confessá-lo por orgulho. Os olhos do Brice eram duros enquanto ele esperava ouvir a rendição dela.

   — É tão obstinada, Grace.

   — Dou igualmente que obtenho, Campbell —Grace se incorporou apoiando-se em seus cotovelos e agarrou o mamilo dele com seus lábios. Adorou sua entrecortada respiração e lambeu a pequena protuberância sobre sua camisa antes de que ela a chupasse mais forte. Seus dedos retorceram o tecido até que esta ficou separada para lhe deixar alcançar sua pele nua.

   — Isto não tem por que ser uma batalha, carinho. —Brice a empurrou sobre suas costas e procurou seus olhos. Ele não deixaria que convertesse aquilo em uma espécie de combate.

   Grace rechaçou ceder e o olhou com olhos duros em resposta. Ele capturou seus pulsos e as levou por cima de sua cabeça com um rápido movimento enquanto apartava suas coxas com um joelho. Sua mão livre fez um rápido trabalho ao lhe abrir suas calças antes de tirar-lhe a fina e singela calcinha dela. Ele os jogou através do quarto junto com sua blusa. Brice deslizou sua mão sobre seu sexo e o apertou gentilmente.

   Seu corpo estremeceu de necessidade e Grace lutou para recuperar seu controle. Sua mão se movia separando sua carne enquanto ele encontrava seu ponto mais sensível. Seu corpo se agitava tentando separar-se, mas ele a sujeitou enquanto seu dedo começava a riscar lentos círculos. A sensação era aguda e desumana enquanto se cravava em seu corpo.

   — Isto o faz mais singelo? —Brice controlou seu próprio desejo. Brice aumentou a pressão sobre seus clitóris e olhou como sua pele se avermelhava com paixão.

   Seu toque era dolorosamente agudo e Grace lutou contra seu afeto, mas seus quadris se levantavam empurrando contra sua mão. Seu dedo pressionou contra ela e logo fez círculos pressionando outra vez. De repente tudo pareceu apertado e o prazer se cravou diretamente nela enquanto Brice afundava sua mão em seu sexo.

   Ela se deixou cair em sua cama e sentiu a ardência de suas lágrimas em seus olhos. Seus pulsos estavam livres e Grace não tinha força para mover-se entre seus braços. Em troca sentiu sua mão cavar-se contra sua bochecha enquanto seu fôlego acariciava seus lábios.

   — Quero fazer amor contigo, Grace. —Sua boca cobriu a dela, devolvendo a sua garganta sua negativa. Grace tentou levantar-se, mas a força sólida de seu peito a manteve no mesmo lugar, enquanto ele exigia uma resposta a seu beijo. Grace se rendeu em resposta porque seu corpo o exigia. Ela o queria. Quando ele a tocava lhe dava muito prazer, mas ela queria mais do que isso, queria tocá-lo.

   — Conseguiu seu propósito, Brice.

   — Consegui? —Seus olhos de esmeralda estavam nublados pela paixão. Brice se relaxou a seu lado e a olhou enquanto se apertava contra ele. Ela moveu seus magros dedos sob sua camisa aberta enquanto levantava o olhar para ele.

   — Sim —Grace ainda não tinha palavras para expressá-lo. Mas ela queria que seu prazer se mesclasse com o seu. Seu corpo parecia incompleto sem o seu. Estendendo suas mãos sobre seu peito, ela suspirou com prazer. Movendo-se para baixo com audácia esfregou seu volumoso sexo através de seu jeans.

   A cama se afundou quando Brice se incorporou para tirar-se suas calças. Grace o olhou com um ardente olhar que queimava sua pele. Ela não tinha gozado ainda, mas os detalhes podiam esperar. Nesse momento ela estava estirada em sua cama. Seus peitos ascendiam e se endureciam enquanto olhava como ele despia seu corpo para ela.

   Grace olhou fixamente seu sexo. A dura vara se levantava e se juntava. Inclinando-se para diante, deslizou sua mão a seu redor. Brice tomou ar enquanto ela movia sua mão para cima por toda sua longitude. Pulsava em sua mão, lhe fazendo recordar como tinha palpitado profundamente dentro de seu corpo.

   Os olhos de Brice estavam frágeis pela excitação. Ela moveu sua mão outra vez e olhou como sua cara se contraía. A cama se afundou outra vez quando ele rodou para unir-se a ela. Suas mãos eram firmes, mas aprazíveis enquanto ele empurrava sobre suas costas. Seus dedos acariciaram sua curada ferida enquanto ele a olhava procurando signos de dor.

   Descendendo sua cabeça, Brice lambeu um pequeno e rosado mamilo. Ela arqueou suas costas e ele o introduziu em sua boca. Os quadris dela empurraram com um diminuto movimento. Brice cobriu com uma mão seu sexo e lhe deslizou um dedo.

   — te abra para mim, carinho.

   Seu membro palpitou contra a perna dela e Grace obedeceu enquanto gemia com antecipação. Sua passagem ansiava ser preenchida pelo seu corpo. Seu dedo se deslizou em seu corpo enquanto ela se abria mais para lhe permitir um completo acesso. Seu corpo se levantou e se colocou entre as coxas dela. Brice se sustentou sobre ela enquanto a ponta de seu membro empurrava para a abertura de seu corpo.

   Ela empurrou seus quadris procurando uma completa posse. Brice pressionou para frente enquanto gemia de puro prazer. Ela sustentava perfeitamente seu membro. Seus quadris se elevaram para facilitar sua penetração enquanto seus mamilos roçavam o peito dele.

   Sua passagem se alagou devido ao seu primeiro orgasmo. Mas ela empurrava para ele com impaciência procurando outro orgasmo.

   Seu corpo era tão duro. Grace o ansiava e empurrou seus quadris para se aninhar aos ses. Moveram-se juntos em um baile que enfrentava suas ânsias. O prazer percorria seu membro enquanto a conduzia para outro orgasmo. Seus impulsos eram duros e lentos e ela quis mais.

   — me olhe, Grace —Seus quadris retrocederam com a ordem. Sua cara estava desprovida de emoções. Seu olhar era tão duro como seu sexo. Ele empurrou fortemente e o impacto de seu sexo golpeou seu corpo enquanto ela se apertava ao redor dele, espremendo-o. O prazer a alagou enquanto ele a penetrava mais profundamente com seu membro. Seus olhos olhavam como ela o absorvia até a última onda de satisfação que correu por seu corpo.

   Brice girou para sair dela imediatamente. Passou sua mão sobre sua ferida e assentiu com satisfação. Os pontos estavam secos. Com cuidado esfregou seu quadril aliviando qualquer desconforto que pudesse lhe haver sido provocada por sua atividade. Levantando seu queixo, Brice observou seus olhos esmeralda. Ela ocultava seus sentimentos a seu agudo olhar.

   — Grace. — Sua voz era uma profunda advertência.

   A porta de atrás chiou enquanto se abria. O som de pesadas botas ressonaram no chão, enquanto a porta se fechava.

   — Está surdo, Campbell? Tem companhia chamando a sua porta do frente! —A porta de atrás se fechou de repente detrás de Jacobs enquanto ia à parte traseira da casa. O som da voz de seu C.O. golpeou ao Grace como um cubo de água geada.

   — Família não tem noção de privacidade. —Brice se levantou da cama e vestiu rapidamente os jeans. Colocando sua camisa na cintura, Brice levantou de sua arma. Ajustou-se os jeans outra vez enquanto seu corpo protestava pelo confinamento. Levantando seus olhos, detectou o pânico que se refletia na cara do Grace. A mulher controlava tão bem suas emoções, que quase não percebeu a mudança.

   A cama se afundou quando ele deixou cair seu peso em cima dela. Sua mão se cavou firmemente em seu queixo enquanto punha um beijo nos lábios dela.

   — Fique aqui.

   — Não… acredito que seria uma má idéia.

   A boca de Brice abriu os lábios dela com uma firme demanda antes de saboreá-la profundamente. Uma pesado toque soou na parte dianteira do quarto e uma maldição escapou de sua boca.

   — Estou começando a desfrutar de nossas conversações, carinho. Podemos falar toda a noite. Aqui mesmo.

   Brice se voltou para atender a sua visita. Grace pulou para fora da cama e ficou olhando-a uma vez de pé. Estirada-las esquinas estavam livres agora. O edredom estava enrugado. OH Deus... o que é que estava fazendo? Cada polegada de sua carne gritava. Não, chorava, lamentando a perda do toque do Brice.

   Distanciando-se da cama, Grace agarrou sua roupa. Seu corpo estava débil. Tão fraco que ela queria desfrutar outra vez do homem. Tinha que escapar. A distância seria a única parede que manteria ao Brice Campbell a raia.

 

   — Quem está detrás dessa porta?

   A voz do Jacobs era fria como uma pedra, quando exigiu informação.

   — Disse-te que por aqui tem amigos. Chamei a alguns deles. —Jacobs inclinou sua cabeça para um lado enquanto o digeria.

   — por que estão aqui?

   — Cada pedaço desta armadilha tem que ser apertada. Não temos tempo para adivinhar ao que nos enfrentamos verdadeiramente.

   Ele o entendeu imediatamente. Jacobs se distanciou enquanto esperava que Brice abrisse a porta. Os homens que entraram eram musculosos, com um olhar afiado. Memorizaram sua cara enquanto ele fazia o mesmo. O último homem que atravessou a porta teve a completa aprovação dele.

   — Grant Campbell. —O xerife do condado vizinho cruzou a habitação enquanto oferecia sua mão para lhe saudar. Jacobs estreitou a mão de seu cunhado antes de enviar um sorriso zombador ao Brice.

   — Onde está a doidinha?

   Grant Campbell sorriu levemente. Jacobs nunca se referia a sua irmã com algo que não fosse o apelativo de doidinha. Mas o homem também tinha um forte sentimento fraternal.

   — Em casa, sem dúvida trocando as fechaduras das portas, eu não pode trazê-la aqui.

   — Sabe que estou aqui?

   Jacobs voltou a empregar sua voz acerada. Brice igualou o duro e fixo olhar do homem.

   — Poderia recordar esse pequeno bate-papo que a Senhora Stewart teve contigo sobre a cadeia de intrigas em toda esta zona. Estou surpreso de que Sarah não viesse ao hospital.

   — me pode agradecer isso mais tarde. Ao Sarah não gosta de manter as distâncias com sua família —Grant emitiu sua opinião antes de deixar cair no sofá.— Estes são meus homens. Os melhores. Mas o mais importante deles é que conhecem cada polegada do moinho.

   Esse era um recurso que Jacobs não tinha. Ele não era o suficientemente parvo para acreditar que aquilo não importava. Necessitava gente que conhecesse a área. E necessitava de estranhos. Isso lhes daria vantagem. Um sorriso zombador apareceu em sua cara.

   — Acredito que deveríamos lhes apresentar Grace.

   A sombra do vestíbulo escondeu com muita eficácia. O único ocupante da sala que notou sua presença foi um animal que veio com um dos agentes. O animal olhou com seus olhos grandes entre a escuridão para estudá-la. Levantou seu nariz e sacudiu sua cabeça para apanhar seu aroma nas profundas dobras de pele que cobriam sua cara. O animal levantou uma pata a seu amo enquanto soltava uma grave choramingação.

   — O que te excitou tanto? —O agente responsável o controlou animal usando uma linguagem familiar sobre a pele do animal, mas o cão se desviou de sua atenção. Ele voltou a apontar sua cabeça para a escuridão antes de emitir uma série de choramingo e grunhidos.

   — Rudy está mais excitado do que o tinha visto faz tempo —Brice observou com agente.

   — Sim. Não terá uma cadela que se oculta ali atrás, não?

   Jacobs quase se engasga. Brice o tentou, mas o som que saiu de seu peito soou muito a risada. Grace franziu o cenho. Malditos machos. Eles sempre pensavam que eram muito perspicazes. Ela sabia como ser uma cadela. Se Brice Campbell encontrava a idéia tão divertida realmente deveria lhe romper a cabeça.

   — Boa noite, cavalheiros. Espero que vocês perdoem meu atraso. —Grace deu um passeio pelo quarto com um sorriso fixo em sua cara. Agitou suas pestanas um pouco enquanto observava a companhia. Observando o primo do Brice voltou sua completa atenção ao Grant Campbell.

   — Como está sua esposa?

   Grant Campbell ficou em pé em um salto enquanto sua mão tirava de um rápido puxão seu chapéu. Outros agentes imitaram a seu Xerife. Saudações surdas encheram o quarto enquanto os homens tentavam olhá-la fixamente sem deixar aberta a boca.

   — Que animal mais belo.

   — Ah, é Rudy. Obrigado, senhora. — O agente Allen sorriu abertamente como um menino de escola enquanto lhe sorria. Grace abriu um pouco mais seus olhos com inocência enquanto lhe emprestava atenção ao agente mais jovem.

   — Sabe algo sobre o rastreamento com cães?

   — Estou familiarizada com o rastreamento.

   Allen sorriu abertamente outra vez enquanto se lançava a uma brilhante explicação das capacidades de rastreamento do Rudy. Grace lhe sorriu enquanto aparentava emprestar atenção a cada palavra. Rudy realmente lhe interessava. Allen deu sua permissão ao cão e ele se lançou para ela para investigá-la cuidadosamente com seu nariz antes de sentar-se a seus pés. Os outros agentes do Grant virtualmente rogavam pela possibilidade de ganhar sua atenção. Grace pestanejou outra vez antes de dar o toque final a sua atuação.

   — Posso lhes oferecer algo de beber, cavalheiros?

   — Café seria estupendo, senhora.

   — Muito amável por sua parte, senhora.

   — Obrigado, senhora.

   Dando-a volta Grace estreitou seus olhos quando se deu conta que Brice a olhava fixamente. Seus negros olhos postos nela enquanto pressionava seus lábios até convertê-los em uma fina linha.

   — Tomarei uma cerveja —Seus olhos brilharam divertidos antes de que se voltasse para a cozinha. Jacobs lhe enviou um olhar molesto antes de adicionar sua ordem à lista.

   — Tomarei duas dessas cervejas.

   Grace tampou com a mão sua boca enquanto evitava uma tola risada. Valeu a pena o esforço de esperar por eles só para ver o olhar na cara do Jacobs. Sorrir parecia ser suportável quando fazê-lo chateava completamente Brice.

   Talvez estivesse cansada de ser tão previsível. Colocando açúcar em seu café, Grace considerou sua idéia. Sim, isso era verdade. Ela estava farta de que todo mundo predissera seus movimentos, esperando suas reações, anotando seu grau de eficácia; analisando sua vida em um relatório asseado e bem organizado que seria arquivado nos arquivos secretos do exercito.

   Voltando para o salão ensaiou um sorriso que se refletisse em sua cara. Bem, eles simplesmente poderiam adicionar isso a suas conclusões.

 

A vista do Moinho Jennings deveria apertar suas defesas. Em troca, Grace sentiu que a última gota de tensão se esvaia com a luz da manhã. Enchendo seus pulmões outra vez, sustentou o ar fresco um momento antes de soltá-lo.

   Grace meneou a cabeça por sua loucura. Movendo-se ao redor da parte de atrás do caminhão de Brice sustentou em suas mãos um dos muitos vultos que tinham que ser descarregados.

   Brice o tirou dos braços.

   — Nenhum levantamento para ti.

   Brice levou a carga em seus ombros e caminhou para o acampamento. Fixando o molesto olhar nas costas do homem Grace girou e agarrou um vulto maior do caminhão.

   — refere-se a ti, Gracie —Jacobs lhe arrebatou a carga.

   — Não sou inválida —Nenhum dos dois homens emprestou atenção a sua crescente frustração.

   Jacobs agarrou uma segunda carga do caminhão e levou ambas as cargas com segurança pelo caminho. Grace girou para agarrar algo mais do caminhão. Seus dedos fixaram em um montão de lona dobrada quando a mão do Brice fez contato sólido com seu traseiro.

   Levantando-a, Brice capturou seu corpo antes de afastá-la vários passos atrás da parte traseira do caminhão. Suas saias deram um amplo giro quando ela deu a volta para enfrentá-lo. Seus olhos o olharam com fogo verde e isso o fez sorrir.

   — Se te surpreender aqui de novo, porei-te sobre meus joelhos.

   OH, e também o desfrutaria. Grace o olhou irada antes de ir-se. Brice Campbell era muito atrativo. Cada vez que via seus olhos queria afundar-se nessas profundidades marrons. Só a maneira em que movia sua boca era suficiente para trazer cor a suas bochechas. O som de sua risada foi levado pelo vento e suas bochechas avermelharam mais.

   Muito para aliviar a tensão.

   — Grace! Estou tão feliz de que tenha vindo. — Beth rodeou o caminhão com seus braços cheios. Sorrio para Grace quando se aproximou. — Vêem, vamos ao campo. Quero uma cozinha superior no fogo esta vez e terá que delimitar o lugar com estacas no princípio do fim de semana.

   — Necessita uma mão?

   — OH, poderia? Estas panelas de ferro são as piores —Beth imediatamente lhe deu várias panelas grandes. Encantada de ter a alguém que não tinha a intenção de mimá-la, Grace aceitou sua oferta imediatamente.

   Beth tinha razão. As mulheres já ocupavam os melhores lugares de cozinha. Beth inspecionou o que estava disponível e guiou ao Grace nessa direção. Enquanto a mulher começava a arrumar o lar a sua satisfação, ela também pôs muito cuidado em não aproximar-se muito ao Grace. Pôr às pessoas nervosa a seu redor era algo normal, mas ver o Beth nervosa era decepcionante.

   A cadeia de intrigas devia ter chegado ate Beth, as notícias de quem era Grace. As mulheres, sobre tudo, evitavam o contato com ela ao saber que era psíquica. Exceto pelas poucas que queriam que lhes ensinasse a fazer feitiços.

   A decepção a golpeou como uma onda. Realmente lhe agradava a ruiva mulher. Ser tolerada por sua atração para o Jacobs era um rude golpe.

   — me diga a verdade. Danifiquei-o ao ter desafiado a autoridade do Jacobs no hospital? —Beth deteve sua agitação e elevou seus enormes olhos azuis para o Grace.— Sei que o conhece. Alguns homens não podem suportar uma mulher que os faça andar em círculos. É minha forma, às vezes. É que não quero me pôr em ridículo.

   O nervosismo flutuou através de sua cara, mas não estava dirigido ao Grace. Em troca a mulher a olhou com olhos suplicantes. O alívio a alagou ao descobrir que Beth estava preocupada de que ela tivesse pisoteado o orgulho de Jacobs muito duro.

   — Depende do que queira dizer com o término "danifiquei".

   — O que crie que quis dizer? —perguntou Beth com exasperação

   — Se sua intenção era agitar uma bandeira vermelha em frente do touro, obteve-o. Se não querer a atenção do Jacobs, sugiro-te que empacote e mude a outro estado.

   — Realmente achasse isso?

   — Estaria surpreendida ante o número de mulheres que tentam uma aproximação sem esperança com o Jacobs só devido a seu tamanho. —explicou Grace enquanto tomava outra estaca e a colocava em seu lugar.

   — Brice tem o mesmo problema. —comentou Beth enquanto começava a pôr carne em uma caçarola grande de ferro.— Sendo o delegado e todo isso. Realmente o odeia. Imagino que é por isso que gosta.

   — Isso o que significa? —perguntou Grace

   — Só que deve ser uma das mulheres mais fortes que conheço. A metade dos homens daqui lhe temem; estão assustados o osso. Não Brice, ele o desfruta completamente — Beth lhe informou.

   — Agora está de brincadeira —se mofou Grace.— Duvido que haja alguém aqui que me tenha medo.

   — Penso no que quiser, mas desde que meu pai se retirou, dirige a única loja de mantimentos no condado, e escuta tudo nesse mostrador. Uma das coloridas histórias que mais rondam é que tiveste seu momento selvagem com ambos os homens na cabana do Brice.

   Grace se engasgou com isso. Beth se aproximou bateu-lhe as costas.

   — Estão um pouco equivocados? —perguntou Beth.

   — Totalmente.

   Algo na voz do Grace alertou a Beth porque parou o que fazia e olhou fixamente sua cara por um momento.

   — De fato. —declarou. — Tem que ser uma garota dura para manter esses homens todos que trabalham contigo fora de sua cama.

   De repente Grace se sentiu exposta. Deixou de cortar e baixou a faca.

   — Não coloque as coisas por esse ângulo. Algumas vezes desejaria ser assim. Parece-me triste me envolver superficialmente com alguém. Ele só queria dizer que o fez com a filha do General. Não porque gostava de mim.

   Grace olhou seus olhos azuis. Nunca tinha pensado sobre sua virgindade. Aquela garota a respeitava por suas atitudes. Grace riu e agarrou a faca de novo.— Você pois Jabocs no bolso lá no centro medico.

   — Você acha mesmo?

   Grace lançou um sorriso para Beth.

— Os homens são uns bobos.

   Beth riu bobamente enquanto voltava para seu jantar.

— Sim, o são, amiga.

 

   Grace estava sentada comendo, encantada, umas horas depois. Como Beth convertia a comida em algo tão bom? Se morasse por aqui, por certo aumentaria uns 10 kilos. Viu como os homens presentes a elogiavam. Beth estava desfrutando com a atenção.

   Jacobs e Brice estavam sentados em uma pequena mesa com outros homens e estavam concentrados em uma espécie de jogo de cartas. Dando a Beth um abraço, Grace saiu da loja e a relevou de sua presença obrigada. Agora a gente chegava em lotes, e o caminho estava lotado enquanto transportavam seus pertences até o campo. Cruzou o campo de batalha e o deixou atrás.

   Os currais dos cavalos entraram em seu campo de visão e Grace notou que cada curral estava cheio. Muitos tinham sido improvisados para poder conter a quantidade de animais que estavam pressentem. Lanternas de vela alagavam de luz amarela a escuridão. As conversações dos concorrentes se mesclavam com a essência de pinheiro no ar. Alguém tocava o violino e o som suave de uma balada de amor enchia o ar.

   O forte sentido de comunidade insistentemente unia-se dela. O último mês tinha sido fácil manter-se à margem e não permitir-se acostumar-se muito às pessoas daqui. Agora era muito diferente.

   Agora mesmo, queria tirar o espartilho. Como as mulheres tinham levado estas coisas cada dia de sua vida? Estava melhorando na manobra das anáguas e a saia. Já não tinha que atirar delas para subir as colinas. Havia uma forma de caminhar que uma garota desenvolvia ao ondular o tecido para afastar a de seus pés.

   Grace subiu a colina e olhou para baixo. Estava escuro como a boca de um lobo. Seus olhos se ajustariam, mas poderia ter sido trazido uma lanterna com ela. Encolhendo os ombros, Grace caminhou até sua loja. Se necessitava luz, sabia que havia uma lanterna na loja. A lanterna estava estritamente contra as regras, mas dizer a Jacobs que não trouxesse sua equipe de campanha era como esperar que a maré não chegasse.

   Além disso, a escuridão não incomodava Grace. Esta tinha sido uma fonte de solidão desde que recordava. Mas não estava sozinha naquela noite. Sinceramente duvidava que o estivesse. Seus lábios se torceram em um sorriso débil. Claramente vários homens a vigiavam. Muitos dos assistentes de Brice que conheceu, estavam ali na cabana, mas os outros eram homens conservadores que achavam que ela era uma dama que necessitava seu amparo.

   Era quase cômico. Tinha passado grandes sofrimentos para assegurar-se que era tão forte como qualquer soldado. Mesmo assim havia algo na maneira que os homens se removiam o chapéu ante uma garota que a fez querer ocultar algumas de suas habilidades.

   Agora sabia que o espartilho de verdade lhe estava causando dano. Estava-lhe cortando o fluxo de sangue a seu cérebro para suavizá-la. Ante o mais mínimo signo de feminina debilidade, teria aos homens de sua unidade atacando-a como a uma coelha ferida. Seu sexo só era considerado imperdoável. O único indício de graça feminina que tinha era seu rechaço a que sua linguagem se parecesse com um montão de lixo.

   Seu espartilho estava engrenado em cima de uma anágua. Também havia uma magra camiseta debaixo do espartilho. Grace pôs seus braços atrás tentando desatar os nós do laço.

   Franziu o cenho com frustração. Seu primeiro espartilho tinha laços na parte de atrás, mas também tinha uma fila de ganchos dianteiros que utilizava para poder tirá-la coisa. Este espartilho só tinha laços atrás.

   Grace continuou agarrando os nós, mas era muito provável que estivesse fazendo uma confusão maior com eles. Fez um som desço de frustração. Realmente queria tirar-se aquela coisa. Se não a necessitasse para amanhã simplesmente utilizaria a faca de sobrevivência do Jacobs para cortar o fronte e abri-lo. Mas o necessitava. Outro gemido saiu de sua garganta.

   — Grace, necessita ajuda?

   Grace saltou. Isso tinha vindo do exterior do tecido da porta da loja. Os tons profundos o identificaram como Brice. Não tinha esperado que a seguisse tão rápido. Repetiu sua pergunta quando ela não respondeu. Grace contemplou a situação por um momento. Necessitava ajuda. A dor se estava convertendo em uma distração. Convidar Brice para que lhe ajudasse a tirá-la roupa não teria sido sua primeira opção, mas era sua única opção. O espírito prático ganhou.

   — Sim, necessito-a.

   A lona da loja se moveu e Brice entrou indo diretamente para centro da loja onde o teto era mais alto. Aproximando-se um pouco mais percebeu o aroma inequívoco da essência feminina que levava.

   — Estou presa nesta coisa.

   Ele assentiu compreendendo a situação, mas Brice não importava com o espartilho. Seus olhos estavam fixos na tentação exposta dos seios dela que se sobressaíam do bordo da roupa. O magro algodão de sua camisa logo que cobria a superfície de marfim.

— Grace, carinho, isso não é tão mau no meu ponto de vista.

   A expressão de sua cara capturou por completo sua atenção. De repente se sentia formosa porque sua cara refletia um desejo incontrolável. Ela era a causadora desse olhar em sua cara e Grace experimentou uma repentina quebra de onda de poder feminino.

   Brice olhou seus olhos encher-se de prazer e sorrio também. Finalmente! Grace tinha terminado de correr. Fechando a distância entre seus corpos baixou sua boca para a atrativa fenda que seu espartilho lhe proporcionava. Grace suspirou enquanto ele deixava um rastro de suaves beijos na delicada pele mas seu corpo saltou quando agarrou seus quadris.

   — Grace?

   — Acredito que tive suficiente deste espartilho por hoje.

   Brice usou sua grande mão para girá-la, afastando a dele. Grace deixou cair suas mãos em frente dela. Sentiu quando começou a trabalhar nos nós. A pequena loja a fez consente do calor de seu corpo. Grace sentiu a suas emoções responder a seu corpo.

   Seus olhos se fecharam com um gemido mental quando sentiu o calor subir por seu corpo. Seu fôlego preencheu seus pulmões de novo. Sua essência trouxe para sua mente cada imprudente impulso que tinha tido estando em sua cama. Suas emoções surgiram contra o isolamento entre eles. Fazendo seu corpo transpirar. O espartilho se afrouxou e liberou a pressão sobre seu corpo. Grace não pôde conter o suspiro de alívio que escapou dela.

   — Fazia pressão sobre a ferida? —perguntou Brice brandamente detrás dela. Seu braço se deslizou por sua cintura para roçar ao longo da linha de seu quadril, onde a bala a tinha golpeado.

   — Umm.

   Brice soltou seu fôlego bruscamente quando ela arqueou suas costas. Seus ombros entraram em contato com seu peito e elevaram seus peitos.

   Seus olhos vagaram sobre a suave carne que logo que cobria a magra camiseta. A luz era fraco, mas claramente viu que os pequenos mamilos estavam endurecidos debaixo do tecido. Seu peito se elevava e caía com rápida agitação. Brice atraiu firmemente seu corpo contra o seu.

   Devagar, baixou sua cabeça, pressionando gentilmente seus lábios na suave curva de seu pescoço. Um suave tremor começou a sacudi-la. Sua boca baixou outra vez ao longo da coluna de sua garganta. Sua mão esquerda deixou de roçar sua pele para devagar viajar para cima de suas costelas ao suave montão de seu peito. Seu polegar brandamente rodeou a pérola de seu mamilo enquanto ela se arqueou oferecendo a carne para seu toque.

   Grace sentiu a ultima capa de controle fragmentar-se. Seu corpo exigiu mais e ela não ia negar lhe a petição. Por que nunca notou o quão sensíveis eram seus peitos?. Sua morna mão quase a queimava e o simples toque desse só dedo causava pulsações as suas terminações nervosas, com um ritmo que era estranho e profundamente reconhecível. Suas mãos viajaram para trás para encontrar as fortes coxas dele. Seus dedos se estenderam agarrando os músculos que estavam por traz daquela suas calças de lã.

   Seu toque causava que o fogo corresse ao longo de seus nervos. Liberando seu peito, Brice a girou para beijá-la. Ela gemeu brandamente, mas Brice controlou o impulso de esmagar brutalmente seus lábios. Moveu os lábios com os seus, saboreando e deslizando-se pela superfície lisa.

   Grace seguiu seu avanço e aproximou mais seu corpo a ele. Ele se esticou ao sentir os quadris de Grace sobre sua excitada carne. A primeira vez que Grace havia sentido seu membro ereto se assustou. Agora, absorvia-o como prova de seu próprio atrativo. Desfrutava do fato de que ela o excitava.

   A audácia corria por suas veias e Grace estendeu sua mão sobre seu quadril. Estendendo seus dedos os arrastou até o lhe pulsante pênis ereto que estava sob sua palma. Envolveu seus dedos ao redor dele e adorou seu áspero gemido. Fazê-lo responder a seu tato era aditivo.

   Sua boca lhe ensinava enquanto sua paixão queimava seu corpo. Sua mão retornou a seu peito e Grace sentiu pulsar seu falo sob sua mão. Grace queria mais. Mas de repente pensou onde estava. Jacobs poderia chegar em qualquer momento.

   — Brice, não podemos fazer isto.

   O homem grunhiu baixo e profundo. O som não lhe deixou nenhuma dúvida de que não estava de humor para ser dissuadido.

   — por que sempre diz algo com o que seu corpo não está de acordo? —Seu corpo confinava o bordo da violência. Olhou-a com olhos entrecerrados que esperavam qualquer movimento que lhe desse a desculpa para devolvê-la a seus braços.

   — Jacobs dorme aqui também —Grace observou como suas palavras penetravam. Brice baixou seu olhar nas camas que estavam a menos de quatro pés?. Uma baixa maldição saiu de sua boca.

   Tinha razão. Maldição! Brice a observou. Enquanto estava em seus braços as barreiras que ela tinha levantado tinham começado a derrubar-se. No segundo em que se separaram, ela tentou se afastar. Ele podia ver como ela tentava por limites entre eles. A paixão não era suficiente. Ele queria tudo dela. Estendendo sua mão lhe ofereceu a palma de sua mão.

   — Vêem comigo

   Seu fôlego se entrecortou e seus olhos se alargaram. O nervosismo corria por sua cara, mas suas mãos estavam juntas e fechadas firmemente. Brice apertou sua resolução. Ela viria a ele. Nada mais o faria.

   Grace sabia exatamente o que ele queria e estava no humor de ceder-lhe. Mas se conteve com a decisão em sua cabeça. Aquele não era um homem que seria um amante ocasional. Ela desapareceria como a névoa em quarenta e oito horas. Desejá-lo era uma coisa, usá-lo para encher o vazio de seu coração estava mau. Seu poder sobre ele fez que ficasse em seu lugar com suas mãos sujeitas fortemente em frente dela.

   Brice Campbell merecia algo mais que uma noite de amor. Grace nunca guardaria lembranças de um homem Brice.

   Porque na próxima semana ela seria um caso esquecido na vida dele.

   — Não me importa quem esteja aí fora olhando.

   Mas possivelmente lhe importava sim. Brice apertou sua mandíbula enquanto considerava o jogo firme de seus lábios. Estar ao redor dela às escondidas de seu guardião não era o bastante, queria mais.

   — Quando te cansar de que todos outros controlem sua vida, já sabe onde está minha casa —Brice, com os ombros baixos, saiu da loja antes de dizer "ao diabo com o orgulho".

   — Estarei-te esperando, Grace.

   As palavras foram mais atordoantes que um golpe. Grace tropeçou sob seu peso. Sua mão se pegou a sua boca para reter o grito que saiu em resposta.

   Grace se afundou em sua cama de armar subindo suas pernas até seu peito. Lágrimas escapavam das esquinas de seus olhos. Sentia. Sentia tanto. Suas paredes se desmoronavam e simplesmente sentiu alívio.

   Grace considerou tudo no que tinha sido formada, ainda assim tinha conseguido converter-se em sua pessoa. Eles podiam imprimir habilidades em seu corpo e mente, mas ainda era a pessoa que nasceu para ser. A vida estava aí fora esperando por ela, e Grace sabia que era tempo de abraçá-la. Sentir significava sofrer, mas apagá-lo simplesmente a tinha deixado vazia.

   Podia dizer-lhe Levantar-se e ir diretamente até sua cabana e deixar Brice decidir se queria uma relação exposta. Grace abraçou seus joelhos mais perto. Nenhum dos dois tinha bastante vontade para afastar-se. E lhe importava muito Brice para arriscar-se a deixá-lo amá-la. Tinha que parar aqui porque ela tinha que abandoná-lo.

   O suave som do cascalho a alertou que alguém se aproximava. A tenda da loja se movimentou e Jacobs entrou nela. Arrojou sua jaqueta ao chão com fúria logo que controlada. Parecia que não era quão única tinha uma noite lhe frustrem. Ele deu uma volta na escuridão e estudou um momento sua cara.

   Jacobs se ajoelhou diante de sua cama de armar, ficando ao mesmo nível de seus olhos. Ficou imóvel enquanto a estudava. Estendendo a mão, percorreu o úmido caminho de suas lágrimas com seus polegares. Isso o deixou. Jacobs devagar sacudiu sua cabeça e ela o deixou acariciar sua cara outra vez. Lágrimas frescas se derramaram e ele as capturou, e ela o deixou.

   Estendendo suas mãos, Grace esfregou suas mãos aos lados de sua cara. O gesto foi um signo amizade para aquele homem que tinha compartilhado tanto de sua vida. O toque que ela reservava só para ele tinha sido este, simplesmente esfregar ambas as mãos ao longo da linha da mandíbula por um momento ou dois. Grace não podia recordar havê-lo feito nos últimos dois anos. Grace capturou a lágrima que escapava da esquina de seu olho. Só uma. A única que lhe tinha visto derramar.

   — Olá, Gracie —sussurrou na escuridão.— Te senti saudades.

   — Sei —respondeu enquanto deslizava suas mãos sobre as suas e as capturava.— Sinto muito.

   Jacobs apertou suas mãos um momento antes de levantar-se.— te encarregue que isto não passe de novo.

   Grace observou Jacobs mover-se ao redor do quarto. Tirando o uniforme, dobrou-o e o empilhou ordenadamente. Utilizando sua jaqueta como travesseiro, instalou-se sobre o cama de armar com um par de calças de trabalho; não mais preparado que ela para dormir. Sua própria frustração ainda roía suas vísceras. depois de estudá-lo por um tempo, Grace decidiu que estava sofrendo a versão masculina de seus sentimentos. Lhe escapou uma leve risada. Jacobs a observou, com a pergunta brilhando em seus olhos.

   — Realmente somos as criaturas mais patéticas no planeta —lhe informou.

   Jacobs a olhou um momento antes de que em sua boca se formasse um sorriso. Algumas vezes esquecia quão bem ela o conhecia.

   — Há vezes que penso em beber e esta é uma dessas.

   Jacobs deixou sair uma risada por aquele comentário. Grace nunca bebia álcool. Apreciava muito seu controle para permitir que fora minado por algo como beber. Colocando a mão no bolso de sua jaqueta tirou um pequeno frasco metálico que continha um escocês muito velho.

   — Bem, você pensa nisso e eu o faço.

   Grace riu brandamente de novo e Jacobs levantou o frasco em forma de saudação antes de lhe dar um gole. Grace reprimiu suas emoções porque essa era sua maneira de ser. Jacobs seguiria ordens e ela também. Simplesmente não havia outro caminho para viver sua vida. Ela era um psíquico e Brice era um civil.

   Era uma barreira que não podia ser violada.

 

   A alvorada invadiu o quarto e Grace se obrigou a levantar-se. Tinha prometido a Beth lhe ajudar com o café da manhã e sabia que as outras mulheres se levantariam com o sol. Jacobs acordou como um urso grande aborrecido. Grace não o incomodou, ele a ajudou a fixar o espartilho. Enquanto deixava o quarto, ouviu Jacobs colocar a sua própria roupa. Tinha que assistir naquele sábado de manha uma aula sobre pólvora negra e segurança.

   Grace se parou um momento respirando o ar fresco da manhã. O calor do sol já afugentava a frieza da noite. Um movimento chamou sua atenção, deu-se a volta e viu o Brice de pé no curral com Penetre. Estava selando o cavalo para a classe da manhã. Grace o olhou um momento. Seus olhos absorveram sua imagem. Sabia que a levaria sempre com ela. Ele a olhou com uma expressão ligeiramente afligida que fez que sufocasse sua risada. Agora sabia quem lhe tinha dado o escocês a Jacobs.

   Grace se afastou rapidamente do campo Ianque para unir-se ao Beth. Uma explosão de pólvora negra encheu o ar e Grace não pôde conter a risada. Os canhões exploraram e ela riu a gargalhadas.

   — O que? —exigiu Beth.

   Grace levantou os verdes olhos resplandecentes para o Beth.—Jacobs estava um pouco deprimido ontem à noite. De fato, tomou um pouco de escocês.

   Beth começou a rir. riu tão forte que sustentava seu estômago.

   — Jacobs se via tão zangado quando se foi ontem à noite que pensei que não estava interessado —Beth fez um pouco de pesca verbal.

   Grace não disse nada. O que podia dizer? Jacobs queria dormir contigo, mas sairemos daqui amanhã ao amanhecer. Melhor que Beth pensasse que não ia funcionar.

   Quanto mais tempo passava Beth com o Grace, mais chegava à conclusão que nunca fez um hábito da mentira. Se Grace não queria responder a uma pergunta simplesmente não o fazia. Grace não dava rodeios ou tratava de trocar o tema, simplesmente não dizia nada absolutamente.

   Então hoje, Grace não tinha nada que dizer. Uma infância no exército disse a Beth era tudo o que precisava saber. Jacobs era das Forças Especiais. Realmente deveria estar agradecida que o homem simplesmente se afastasse ontem à noite. A maior parte dos Rangers que conhecia a teriam levado a cama e logo se teriam ido.

   Mas isso não a fez feliz. Nem um pouco.

 

   A última batalha do dia estava em processo. Já que o evento já levava três largos dias, as mulheres não tinham ido ao topo da colina a observar. Fariam-no amanhã. Grace estava na mesa de cozinhar. A tarde de Domingo já quase terminava. Beth tinha que pôr o jantar no fogo e Grace começava a perguntar-se por que. Normalmente tinha algo cozinhando a todas as horas. Mesmo assim tinha deixado morrer o fogo.

   — Vêem, é tempo de escapar.

   Grace deu um olhar interrogativo ao Beth.

   — Do que escapamos?

   — É dia do banho. —continuou explicando Beth enquanto levava Grace ao caminho que rodeava o campo de batalha. Grace notou que a maioria das mulheres seguiam seu exemplo.— logo que a batalha termina, os homens se dirigem ao lago. A regra é que nós as mulheres têm que estar no outro lado do campo ou somos apanhadas.

   — Está brincando? —perguntou-lhe Grace a sua amiga. Beth sacudiu sua cabeça em um gesto negativo.

   — As mulheres são segundas. Os homens conseguem uma hora e logo nós conseguimos uma hora —Beth lhe piscou os olhos o olho.— Espero que tenha comido bem no café da manhã, porque os homens cozinham no domingo de noite.

   — Então o que fazemos se algum desses homens fica depois de seu tempo. — Precisou perguntar Grace.

   — Ninguém o tentou, mas se os apanhamos, fazemo-los caminhar na prancha.

   — Espera um minuto. De todos esses homens nenhum tentou dar uma olhadinha? Têm a primeira hora para encontrar um bom esconderijo.

   — Isso não é honorável.

   Estraguem. Apostava que nenhuma destas mulheres sabia um pouco de rastreamento. Elas não sabiam onde olhar, por isso nunca tinham apanhado a ninguém. Grace não preocupava que alguém queria meter-se em problemas por ver banhar-se. A nudez não era problema para ela. Suas condições de vida não lhe permitiam um excesso de modéstia. Agora, o conceito de rastrear a alguns machos egoístas era o que Grace chamava entretenimento.

   — Agarra suas coisas, só temos uma hora.

   Grace se apressou em seu quarto para agarrar algumas roupas. Logo depois Beth e ela foram à colina. Depois de passar as vinte e quatro horas cozinhando em fogo a lenha, a idéia de banhar-se era muito atrativa.

   As mulheres não vacilaram um segundo antes de tirar os incômodos vestidos. Anáguas e espartilhos foram jogados sobre qualquer rocha disponível. Os chiados soavam enquanto saltavam à água do lago.

   Tirando-os broches de seu cabelo Grace o destrançou antes de mergulhar-se na água. Banhar-se era rápido e eficiente. Grace não sabia como alargar o processo.

   Subindo a uma rocha começou a escovar seu cabelo. Ainda molhado, torceu-o em uma trança e começou a sujeitá-lo no topo de sua cabeça.

   — O que está olhando? —Beth parecia realmente curiosa. Grace pensou que a resposta era óbvia.— Apanhando a olheiros.

   — Sério? —a ruiva olhou fixamente a borda de em frente.

   — Claro como o dia —Grace apontou um braço a seu amiga.— São patéticos na camuflagem.

   — nos mostre Grace, não apanhamos a ninguém em muito tempo.

   Grace viu seu amiga e a encontrou sorrindo. Deu ao Beth uma leve cabeçada de aprovação.

   — Fique aqui. Estejam prontas para apanhá-los. As mulheres assentiram com regozijo antes de que Grace se inundasse no bosque. dirigiu-se a um ponto onde tinha notado a três homens sentados juntos. Assim que incomodasse a um grupo outros escapariam. Grace sentia curiosidade do que planejavam fazer as mulheres aos prisioneiros.

   Dando voltas ao redor da posição dos homens, Grace sorrio. Tinham cometido o engano de escolher uma área que era escarpada e só a dez metros do lago. Também estavam muito entretidos vendo as mulheres abaixo para incomodar-se em comprovar que sua posição era segura. Grace ficou a três passos deles e nem sequer se giraram. Realmente patético, nem sequer a ouviram.

— Algo interessante, meninos?.

   Os três se levantaram surpreendidos. Não puderam manter o equilíbrio sobre o pendente e dois deles caíram pela colina que chegava ao bordo do lago. O terceiro obteve o equilíbrio antes de girar-se a olhar ao Grace. Grace capturou seu olhar de assombro antes de tirar sua saia do caminho, plantando um pé na entre perna do homem e mandá-lo junto com seus amigos. As mulheres capturaram aos três jovens homens, rendo e chiando em seu entusiasmo.

   Brice levantou o olhar para ouvir a comoção do campo. Ele e Jacobs subiram o topo e olharam o que parecia ser todas as mulheres de ambos os bandos entrar em campo. Brice não pôde conter sua risada.

   — Parece que teremos entretenimento.

   — O que quer dizer?

   Brice sorriu para Jacobs antes de voltar a vista ao campo de batalha.

   — Qualquer homem que apanhem observando é aprisionado. Mas não tinham apanhado a nenhum em anos.

   — Quer apostar quem é a responsável por essa pequena mudança? —perguntou Jacobs com seco humor. Brice deslizou um olhar para Jacobs rendo desço em sua garganta.

   — Não lhe acontece nada.

   — Não — afirmou Jacobs.

   As mulheres formaram duas grandes filas no campo. Um grupo delas tinha a seus "prisioneiros" retidos na cabeça da linha. Grace viu com assombro que, jovem ou velha, todas as mulheres do evento chegavam correndo. Sustentavam vassouras, varas e sacudidores.

   Jacobs não podia deixar de rir enquanto os três delinqüentes eram enviados abaixo, ao centro das mulheres. Estas estavam encantadas balançando suas vassouras e outras armas. Os homens se apressaram a alcançar o final da fila, mas assim que o último homem o alcançou as mulheres romperam filas para persegui-lo, baixando a colina.

   — Isso é duro, evidentemente.

   — Alegra-me que nunca tivessem me apanhado —informou Brice.

   Os dois homens caminharam devagar para o campo. As mulheres estavam ocupadas celebrando e Beth e Grace estavam no centro.

   Grace começou a sair da multidão. Tinha sido divertido olhar o entusiasmo das mulheres. Se alguma vez surgia outro destes eventos, ela ia apanhar a alguns destes jovens somente para divertir-se.

   Algumas meninas pequenas pulavam jogando a apanhá-las umas às outras, usando as saias das mulheres para ocultar-se em seu jogo. Grace o encontrou encantador e uma das meninas se agarrou suas pernas e se escondeu entre suas saias. Grace não se moveu esperando a que a menina o fizesse.

   — Ponte de Londres —exigiu a menina.

   Grace não tinha idéia a que se referia a menina. Beth sabia e levantou seus braços em frente de seu corpo. Seguindo seu exemplo aferraram suas mãos formando uma "ponte" para que as meninas passassem por abaixo. Seguiu um desfile de outras e Grace se encontrou no centro do jogo. As meninas cantavam enquanto corriam ao redor do Beth e Grace por um curto tempo. Sua atenção foi apanhada por algo mais, sua canção continuou enquanto se afastavam.

   Uma última menina com cabelo negro correu por debaixo da ponte, mas se parou e se meteu sob a saia do Grace. Suas pequenas mãos agarraram as pernas do Grace. O corpo do Grace ficou rígido enquanto as visões exploraram em sua mente. O choque elétrico foi poderoso e Grace se esforçou para as enfocar. Beth o sentiu por suas mãos unidas. Foi tão doloroso para a outra mulher que sacudiu seu corpo vários passos atrás antes de que aterrissasse de costas na sujeira.

   A mente de Beth logo tinha registrado a informação de que estava sendo eletrocutada antes de que seu corpo fosse literalmente arrancado da terra. Parecia que não podia respirar e suas mãos se agarraram à sólida parede de carne a qual se encontrava.

   Caindo de joelhos em frente da menina, Grace tentou firmemente enfocar-se. Era a segunda menina. A menina de cabelo negro se sentou em frente dela sorrindo pela atenção que recebia. Grace forçou um sorriso em sua cara para não alarmar à menina. Cada detalhe era correto. Grace tinha sentido à menina sustentando a manta e não havia dúvida que era ela. Os olhos de Grace percorreram à menina. Estava vestida com um folgado vestido azul. Havia um pequeno avental pacote a sua cintura. Uma pequena manta metida na cintura do avental. Grace estendeu a mão com cuidado tocando-o.

   — É sua manta nova?

   A menina assentiu e atirou da esquina para esfregá-la cara. Agarrou o pescoço de Grace e lhe planto um úmido beijo na bochecha antes de sair correndo a encontrar-se com as demais meninas. Grace se endireitou e começou a caminhar. Não gastou pensamento algum em ninguém porque podia perder o laço que tinha ganho no tocar da menina. Grace queria explorar o laço, mas tinha que sair do primeiro campo. A visão pedia sua completa atenção e lutou por conter um uivo pelo menos até chegar a sua loja. Grace o conseguiu só por força de vontade. Deu um passo dentro das paredes de lona e caiu de joelhos permitindo ao vazio rodeá-la.

   Jacobs ainda sustentava em Beth. Estava entre a necessidade de seguir Grace e olhar ao Beth. Brice lhe disse que ficasse com o Beth e Jacobs a contra gosto relegou seu dever no delegado. Se tivesse sido alguém mais, a teria deixado às pessoas mais próximas. Não o podia fazer com o Beth. Não era muito freqüente que alguém tocasse Grace quando estava trabalhando, mas as poucas vezes que tinha passado, Jacobs tinha visto a mesma reação. Ele o havia sentido uma vez. Doía violentamente. Beth tentava respirar. Seu corpo estava frouxo pela falta de oxigeno.

   — lhe afrouxe o espartilho — ordenou a alguém.

   Jacobs pensou que era uma boa idéia. Sustentou ao Beth com um braço e tirou sua blusa com a outra. Por sorte seu espartilho tinha ganchos dianteiros e tirou até que se soltaram. Deu uma olhada a doce pele que estava exposta antes de pôr sua blusa para cobri-la outra vez. Ela começou a respirar e seus olhos azuis se abriram e suas mãos se aferraram a seu braço. Seu peito subia e baixava freneticamente enquanto tentava recuperar o equilíbrio.

   Devagar, Beth recuperou sua orientação. Seus olhos se fixaram no homem que a sustentava. Por que Jacobs a olhava assim? Sua memória retornou e olhou ao redor procurando Grace. Grace não estava por nenhuma parte, mas havia algumas mulheres e homens ao redor dela e de Jacobs. Beth se deu conta que seus pés não estavam no piso se não pendurando a uns centímetros do chão. Estava sendo sustentada literalmente pelo braço de Jacobs e aquilo nem sequer incomodava ao homem.

   Em troca, olhava-a com seus olhos cor avelã. Devagar, sorriu bobamente. Beth se deu conta de várias coisas. Um, sua cabeça palpitava. Dois, estava pressionada a esse muito atrativo corpo do Jacobs. Três, seu espartilho estava aberto, o que significava que tinha nu o peito com apenas uma magra camiseta calicó de algodão entre eles. Sua cara avermelhou. Esperava que Jacobs a baixasse, em troca pôs um braço debaixo de suas pernas e a afastou com essas pernas largas dele.

   Jacobs não se deteve até que esteve frente a sua loja. Tentava pôr Beth ali, mas Brice estava frente à loja e inclinou sua cabeça para lhe indicar que Grace estava dentro. Jacobs ficou indeciso um momento sobre o que fazer.

   — Me larga.

   Jacobs ignorou a ordem completamente. Parecia que Beth estava bem no momento, mas ele sabia bem, por experiência, que ficaria fria em qualquer momento. A tensão que uma das visões do Grace causava no corpo de uma pessoa era assombrosa. Não tinha nenhuma intenção de afastar-la de sua vista. Brice terminou com seu dilema indo a sua própria loja e retornando com uma cadeira de praia dobradiça. Colocou-a na sombra e Jacobs sentou ali Beth com. Beth imediatamente começou a levantar-se mas Jacobs a retornou com uma de suas grandes mãos colocada no centro do peito.

   — Fique aí.

   Major ou não Major, ela não estava para receber ordens.

   — Não o farei.

   Levantando-se, Beth inclinou sua cabeça para trás com obstinado desafio. Mas em vez de ver os olhos do Jacobs, a escuridão encheu sua visão. Tomando fôlego, tratou de vencer a onda de vertigem que a assaltou. Sua visão retornou, mas não era mais que um caleidoscópio de cores.

   — Sente-se, doçura.

   Sua segunda ordem flutuou por seus ouvidos com tom gentil. Beth realmente não tinha opção, seu corpo se paralisou na cadeira e lutou por manter abertos os olhos.

 

   O sol se escondia com um brilhante espetáculo de ouro e carmesim. Pela primeira vez, Grace ficou de pé esquecendo completamente o esplendor natural que a rodeava.

   Tinham-na estado esperando.

   Paige Heeley não era nada mais que a isca. Puseram uma esmerada armadilha que Grace entrou diretamente. Alguns pedaços começavam a encaixar. Outros ainda não. Onde entrava a segunda menina? Essa manta tinha sido colocada naquela cabana para que Grace a encontrasse. Podia ser que fora pela única razão de interessá-la em ficar no Condado do Benton?.

   Então, por que alguém lhe disparou o mês passado? Poderia ter sido para lhe impedir de descobrir à menina durante aquela batalha final. Isso parecia muito simples depois de tudo, Grace poderia ter encontrado à menina durante o resto do acontecimento. A não ser que a menina estivesse atada ao campo inferior e quem quer que tinha preparado este espetáculo sabia que os domingos na tarde era a única ocasião em que todas as mulheres se reuniam.

   Quem quer que fossem, tinham um ódio pessoal para ela. Uma raiva que era o bastante forte para que ela a detectasse inclusive depois de que a pessoa que a sentia se foi. Só quando sua mente estava completamente aberta interpretava aquele tipo de emoção. Era um efeito lateral. Um que custava muito controlar. Quaisquer pessoas que fossem, odiavam-na absolutamente.

Deteve suas observações. Aqui havia muita evidência, mas não muitos feitos. Agora tinha a uma segunda criança, embora nenhuma razão clara para o seqüestro. Uma vez que Jacobs considerasse esses fatos eles partiriam daquele condato.

   A certeza dessa separação era tão clara como o alvorada. As últimas horas de seu tempo no Condado do Benton estavam transcorrendo. Uma vez que Turvel ouvisse aquilo, duvidava que visse um caso civil na próxima década.

   A certeza se fechou ao redor dela como uma jaula. Grace quase podia ver as barras de aço em frente de seus olhos. Balançando-se, olhou através do campo onde Brice estava de pé. Jacobs não estava em lugar nenhum, mas era simplesmente porque o delegado estava de volta.

Vigiando-a. como sempre, havia alguém vigiando-a. Mas esta noite era Brice. Não um impessoal soldado que completaria seu dever antes de lhe dar a tarefa a outro com gratidão. Brice estava aqui porque a esperava.

   A só idéia dele entrando em sua rotina a zangou. Não gostava da insistência de Brice, quanto mais longe. Muitas pessoas lhe diziam o que fazer, o que sentir, o que ser. Sempre lhe dizendo para reprimir seus sentimentos. Contivera seus desejos. Seguindo as especificações.

   Bom, não esta noite! Girando sobre seus pés para encontrar seu objetivo. A brisa levou seu aroma e ela encheu seus pulmões dele. Cheirava como um homem. Forte, determinado e muito agressivo, seu sangue se apressou por suas veias.

   Ela ia para ele. Brice podia senti-la. O claro objetivo se comunicava em seu caminhar. Seus ombros se esticaram enquanto a vitória corria por sua pele. Tê-la em sua cama tinha sido intenso. Olhá-la vir a ele era assombroso. Sua mão já se levantava para ele, aproximando-se o suficiente para tocá-lo. Brice capturou sua mão.

   Seu aperto era sólido como o aço. Seus dedos se fecharam ao redor de sua mão. Seus pés se apressaram para continuar, o volante de sua anágua deslizando-se por seus tornozelos no esforço. Tudo o que viu eram seus ombros. Ele dobrou seu passo e ela subiu para continuar. Seus pés se enredaram em uma das muitas camadas de sua saia e tropeçou.

   Brice quase não se moveu. O forte puxão sobre suas mãos tinha possibilidades de ser a evidencia de uma mudança de idéia. Em vez de um olhar de confusão, tudo o que Brice viu foi o topo de sua cabeça enquanto ela usava sua mão livre para retirar a saia de seus pés. Deixando cair sua mão, Brice a levantou do chão.

   Colocou seu corpo contra seu peito e ela suspirou. Havia algo tão completo ao estar em contato com seu corpo. Brice caminhou para sua loja. Sua boca se chocou contra a dela no mesmo instante. A fome o conduziu e deixou que suas pernas se deslizassem para baixo enquanto suas mãos tomaram posse de seus quadris.

   As capas de vestimenta histórica eram quase infinitas. Sua pele gritava por liberdade de seu confinamento. Os dedos do Brice atiraram e atiraram até que o vestido ficou enredado ao redor de seus joelhos. Levantando-a do chão de novo, tirou-a daquele desastre. Mas a lã de sua jaqueta a frustrou. Os dedos de Grace atacaram a roupa não desejada.

   As cordas que sustentavam o colchão em seu marco rangeram quando ele caiu na cama. Atirando-se Grace, Brice gemeu de prazer. Seus corpos combinados em completa liberdade. Grace deslizou suas mãos pelo cabelo que cobria seu peito e levantou sua boca para prová-lo.

   — Espera.

   — Grace… — seu tom era perigoso.

   Grace pôs sua mão através de sua firme boca.— Esqueceu que me prometeu algo.

   Apoiou um cotovelo debaixo dele enquanto seu corpo formava uma barreira entre ela e a porta da loja. Grace quase riu, sua mão transformou-se numa garra e atirou do lençol. A crua força liberada sobre sua cara fez que seu ventre se contraísse. A onda de paixão rapidamente se elevou, inflamando cada polegada de sua carne. Elevando-se em seus joelhos, Grace tirou os broches de seu cabelo. Mas não se apressou. Em troca Grace olhou sua cara e se rendeu a seus caprichos. Levaria aquele recordo durante uma vida, talvez até mais à frente.

   Seus peitos se elevaram enquanto suas mãos trabalhavam. Brice olhou fixamente os atrativos mamilos antes de fixar seu olhar em suas firmes coxas. Seu corpo era esculpido à perfeição. A espessa corda de sua trança caiu sobre seu ombro e ele olhou como ela passava seus dedos pelos cachos para liberá-los.

   — Fez-me uma promessa —Suas palavras foram um suave sussurro enquanto balançava a cortina de cabelo detrás dela. Recostou-se sobre seus joelhos e nivelou seus olhos cor esmeralda em sua cara.— Isto é o que queria?.

   A maneira em que se levantou da cama a fez cautelosa. Um leve tremor sacudiu seu corpo. Havia uma infinita quantidade de força contida dentro do homem. Seu corpo era frágil em comparação. Sua mão buscou sua cabeça antes de tirar com cuidado a longitude de seu cabelo. Seus olhos se fecharam, enquanto a sensação renovou seu apertão sobre ela.

   — Sim — Sua voz era áspera com um tom de arrogante.

   Movendo sua cabeça para trás, Brice tocou a seda que era seu pulso antes de devorá-la totalmente. Capturando seus quadris a fez ficar completamente debaixo dele e gemeu de pura satisfação. Suas coxas se separaram ante sua demanda e suas mãos se aderiram a ele com confiança.

   Brice separou sua boca da sua para ver aqueles olhos outra vez. Com cuidado esmagou seu peito causando que o fogo cintilasse em seus olhos. Ela o desejava. Não. Exigia-lhe. Brice quase explodiu com esse conhecimento. Baixou sua cabeça para colocar um mamilo em sua boca. Sua carne era doce e ele chupou mais forte no sensível ponto. Ela arqueou suas costas oferecendo-se a ele.

   Era incrível como se sentia incrivelmente bem. Grace estava explodindo de paixão enquanto a boca de Brice chupava seu outro seios. A mão dele deslizou para seu abdômen e devagar fez seu caminho na junta de suas coxas. O prazer atravessou seu corpo outra vez enquanto ele procurava a sensível carne que estava oculta aí.

   O peso de seu corpo retornou apanhando-a debaixo dele com um objetivo claro. Seus dedos atravessaram as dobras de seu sexo e roçaram ao longo de seu centro até que encontrarem de novo seus clitóris. Desta vez, ela relaxou enquanto ondas de prazer atravessaram seu corpo. Seus dedos se moveram e ele os empurrou dentro de seu corpo com firme pressão. Grace ofegou enquanto se sujeitava as sensações.

   Brice empurrou esse dedo de novo e se esfregou contra seus doloridos seios. Seus olhos se fecharam enquanto ele seguia o movimento e introduzia um mamilo dentro de sua boca.

   — Brice, não suporto isto.

   — Sim, sim suporta —Brice olhou sua cara enquanto o desejo se desenhava tenso.— goze para mim.

   Seus quadris se moveram para cima enquanto Brice empurrava dois de seus dedos em sua vagina. O gemido que soltou era baixo e profundo.

   Ele era cuidadoso o tempo todo. Grace estudou seus olhos e o prazer arrogante refletido neles. Aquela emoção a fez valente. Seu pênis ereto palpitava contra sua coxa e ela simplesmente levantou a perna. Desta vez sua cara se esticou e ela baixou sua perna para ver sua mandíbula esticar-se.

   Com um empurrão sólido em seu ombro colocou o homem de costas, mas Grace sabia que ele o permitiria. Possivelmente isso o fazia mais excitante. Balançou a cortina de seu cabelo através de seu corpo em um gesto lento que fez sua respiração áspera.

   — Acredito que é meu turno —Seus olhos se fecharam e Grace sorrio. Pondo a mão em sua coxa deslizou seus dedos ao longo de sua perna interior e viu seu sexo saltar. Envolveu-o com sua mão e sentiu o palpitar viajar através de seu braço. Seus olhos permaneceram fechados e Grace sorriu de pura travessuras.

   Brice abriu seus olhos enquanto ela fechava seus lábios ao redor de seu pênis. Sua língua imediatamente acariciou sua longitude enquanto colocava mais dele em sua boca.

   — Jesus cristo, Grace! —Brice lhe tirou o cabelo e a fixou à cama. Uma risada travessa se formou em sua boca e a beijou fortemente. Esta noite a queria completa.

   Ela tomou seu peso e o sustentou com suas coxas. Nenhuma vacilação cruzou por seus olhos; em troca, levantou seus quadris para facilitar a penetração.Rendeu-se de forma tão natural, que o conquistou.

   Seu membro separou seu sexo e Grace encontrou-se confiando na única coisa que tinha para sustentar-se. Não queria que ele se controlasse. Levantando seus quadris o empurrou mais para dentro dela. Ele ofegou e se retirou antes de ceder ao impulso de enterrar-se dentro dela. Grace o absorveu enquanto Brice a inundava com seu corpo.

   Brice juntou-se a ela na tempestade de sensações. Ambos abandonaram suas identidades para formar um só ser, enquanto a maré de emoção os atravessava. A emoção rapidamente cresceu e Grace se encontrou aderindo a ele intimamente. Não queria que os sentimentos terminassem. Queria este sentimento de integridade, de exatidão. Grace encarou os fortes olhos marrons que a observavam.

   Olhar como aquelas ardentes esmeraldas se enchiam de paixão era a coisa mais erótica que viu. Ela o estava olhando e lhe deixou ver sua própria satisfação.

  

— Tem frio?

   — Ainda não. — O corpo do Brice estava extremamente morno.

   — Então por que treme?

   — É normal.

   A mulher era tão normal como um furacão golpeando o Condado do Benton. Os tremores aumentaram em força ao mover-se mais perto de seu corpo em busca de calor.

   — Grace, me explique o que está acontecendo aqui.

   Forçando suas pálpebras a abrir-se, Grace olhou Brice. Inclusive na escuridão, podia assegurar que estava franzindo o sobrecenho profundamente.

— Quando trabalho, canso-me. Receber a visão requer concentração completa. Isso me cansa.

   — Quer dizer que te provoca um choque.

   — Hmm. Não é tão mau esta noite. Nenhum rastreamento esta vez, então… Estarei bem… amanhã. Mas não posso pagar.

   — O que quer dizer?

   Grace levantou sua cabeça e forçou seus olhos a enfocar-se.

— Você aceitou minha aposta, mas não tenho dinheiro. Nunca tive dinheiro.

   Sua cabeça descansou em seu peito. Um diminuto suspiro lhe escapou antes de que sua respiração se voltasse mais lenta. Mas seu corpo se sacudiu por crescentes tremores. A pele de suas costas perdeu seu calor rapidamente no ar da noite. Empurrando ambos os corpos na cama Brice a colocou sob as mantas.

   Empurrando-a de novo contra a curva de seu corpo, Brice utilizou seu próprio calor para acalmar seus tremores. Desapareceram lentamente até que ficou felizmente dormida contra ele.

   Sua essência era espessa na loja e Brice se encontrou respirando-a profundamente dentro de seu corpo. Resignou-se deixá-la descansar. Os fatos de sua vida estavam assentados pesadamente em sua mente. Se seu enfoque retornava, duvidava que permanecesse muito mais tempo no Condado de Benton. O tipo de unidade que Jacobs dirigia estava especialmente treinado na arte de desaparecer.

   Brice não tinha idéia de como evitar que ocorresse.

 

   Jacobs levantou uma mão para esfregar sua mandíbula. Passava da meia-noite e não tinha pregado o olho. Beth estava metade coberta sobre seu corpo com nada mais que pedaços de roupa vitoriana. Jacobs sorriu, via-se muito bem nela. A mulher levava um par de calções reais e gostava. Tinha tirado seu espartilho sobre a cama de armar de Grace antes de tomar vantagem da transparente camisa de seda. O coral escuro de seu mamilo se mostrava através da roupa frouxa.

   Franziu o cenho. Tinha estado tão fria quando a despiu. Deu-lhe um sustou de morte. Tinha visto aquela cena em Grace varias vezes. Interessou-se. Possivelmente ficou um pouco preocupado uma ou duas vezes. Nada como esta noite com Beth. Um temor gelado tinha percorrido sua tripa.

   A razão era clara. Grace era forte como um prego. Fazia muito tempo que aprendeu a respeitar o fato que ela sobreviveria custasse o que custasse. Beth era outro assunto. Seus olhos avelã percorreram sua cara por um momento. Era uma mulher, suave, curvilínea e cheia de vida. Não era débil, mas não era um soldado treinado como Grace.

   Devagar, percorreu sua cabeça com a mão, e sorriu. Esquentou-se. Estava profundamente adormecida com sua cabeça apoiada no centro de seu peito. Seu corpo reagia muito forte a ela e sabia que não ia dormir aquela noite. Entretanto isso não lhe importava. Nunca antes tinha passado toda uma noite com uma mulher. Bom, com outra além do Grace e isso era muito diferente. Grace não mexia com suas emoções da maneira que Beth o fazia naquele momento.

   Beth se mexeu, suspirou e aproximou mais seu corpo. Jacobs não pôde controlar um baixo grunhido quando seu joelho tocou sua ereção. Uma de suas mãos vagava devagar por seu peito enquanto fazia uns sons do mais excitante. Manteve seu olhar em sua cara. Se cometia o engano de abrir esses formosos olhos azuis, não ia dar a oportunidade de sair de sua cama.

   Beth suspirou de novo e moveu sua mão sobre o braço de Jacobs. Não estava adormecida. Não tinha estado durante os 15 minutos. Senhor, que corpo tinha o homem!. Não estava segura de como terminou na cama com ele, mas não tinha intenção de perder a oportunidade. Beth nunca tinha sido tão valente em sua vida. Parecia que Jacobs a fazia sentir assim.

   Simplesmente parecia que não se cansava deste homem. Possivelmente era porque era tão grande. Não era freqüentemente que se sentia pequena ao lado de um homem. Beth sabia que era mais que isso. Amava esse sorriso inclinado que tinha. Também gostava da maneira que percorria seu corpo com seus olhos. A fazia sentir formosa.

   Beth não era tola. Sabia que Jacobs e Grace tinham uma vida incerta. Também sabia que era aventuroso de sua parte, mas não podia agüentar, queria abraçar a cada segundo este homem. Se essa decisão significava que manhã teria o coração quebrado, bom, tentaria desfrutar agora todo o possível.

   Devagar Beth moveu seu corpo outra vez. Esta vez esfregou seus peitos brandamente contra o dele. Sua mão se moveu através de seu peito e se enterrou no grosso músculo que encontrou. Sua mão de repente lhe deu um aperto agarrando firmemente a carne. Beth riu brandamente e abriu seus olhos para olhar aos de cor avelã. Ele soltou a nádega e a voltou a agarrar outra vez.

   — Quanto acordasse? —perguntou brandamente Jacobs.

   Um pequeno sorriso travesso foi a única resposta que obteve. Beth moveu sua mão para seu apertado abdômen. Começou a mover de novo sua perna, mas a mão que sustentava firmemente seu traseiro aproximou seus quadris a sua coxa. Sentia-se positivamente decadente. Sim, Jacobs tirava um nível de audácia que não sabia que tinha. Naquele momento era tudo muito excitante.

   Beth ainda tinha sua cabeça apoiada naquele peito musculoso. Seu coração começou a acelerar-se. Ela não era a única que estava achando aquela situação excitante. Sua mão seguiu vagando. Sentiu a ligeira tensão de seu corpo antes que se levantasse e a fizesse ficar de costas. Obteve-o com uma facilidade assombrosa, Beth se encontrou completamente apanhada sob seu corpo. Inclusive sua mão atrevida foi assegurada à superfície da cama de armar.

   Jacobs se controlou. Ela era a coisa mais excitante que tinha visto. Tinha-a de costas com esse seu cabelo estendido sobre o travesseiro. Seus dedos se moveram devagar ao redor de sua mão. Não lhe tinha medo, a maioria das mulheres o teria. Levantando seu joelho, brandamente a pressionou na suave carne entre suas coxas. Conteve o fôlego, antes de encontrar-se com seu olhar.

   — Se quer ir, esta é sua oportunidade Beth.

   Sussurrou-o em um profundo tom que fez que Beth tremesse enquanto a paixão começava a queimar ao longo de seu corpo. Beth não confiava em sua voz para falar, assim simplesmente negou com a cabeça enquanto lhe dava outro sorriso.

   Jacobs observou o pequeno sorriso cruzar por sua cara e o devolveu antes de soltar o controle que mantinha. O desejo encheu seu corpo golpeando seu cérebro com força. Beth deve ter visto a ferocidade do desejo refletida em sua cara porque seu sorriso desapareceu e vacilou um momento. Tratou de liberar sua mão e ele a soltou. Beth agarrou sua cabeça e o empurrou para ela enquanto levantava sua cabeça do travesseiro para juntar suas bocas, exigindo posse completa.

   Beth se encontrou pressionada contra o travesseiro enquanto Jacobs abria sua boca exigindo completa posse

   Como num passe de mágicas, Beth compreendeu como ele se controlou quando ela a beijou na noite passada. Ele não era bruto, mas era feroz. Procurava dominá-la completamente. Beth respondeu ferozmente. Nunca havia se sentido assim e se lançou à maré das sensações.

   O manhã estava era uma eternidade.

 

   Grace despertou antes da alvorada. Sua mente estava clara. Sua memória também. Brice estava colado em suas costas. A emoção mais assombrosa a golpeou ao senti-lo tão perto depois de que ele tinha conseguido alcançar seu objetivo. A emoção era quase adorável.

   A sensível emoção a perturbou. De fato, Grace estava descobrindo uma forte sensação de união naquela manhã. Sabia que passaria, mas não imaginou o quão forte seria e ela não se lamentava por isso.

   Não, não lhe tinha dado prazer, tinha-o compartilhado com ela. Possivelmente era fisicamente nova nesta emoção, mas a idéia de afeto era muito familiar para ela. Havia-o sentido procurando gente durante anos. Era, entretanto, a primeira vez que o havia sentido por dentro

   O inquietante pensamento de ser separada de Brice recordou a Grace as conclusões às que tinha chegado na tarde anterior. Tinha que informar a Jacobs dos fatos. Era muito provável que ele decidisse tirá-la do condado. Embora fosse doloroso, Grace tinha que ser lógica. Se alguém se tomou tantas moléstias para a ter ocupada, então não duvidariam em ferir quem se interpor em seu caminho.

   Grace sentiu um pingo de medo. Brice era o delegado do Condado do Benton. Qualquer classe de perturbação o envolveria. Ela não estava disposta a arriscar sua vida. Essa admissão trouxe um leve sentido de pânico. Brice não estava necessitado. De fato, era um dos homens mais capazes que tinha conhecido. Grace simplesmente encontrava a idéia de que o ferissem inquietante.

   — Grace, alguém há dito que pensa muito?

   Grace se encontrou de costas a um homem nu que a fixava na cama debaixo dele. Esses olhos marrons a enfeitiçavam não a deixando pensar. Os primeiros débeis raios de sol começavam a cair em frente da loja enquanto via o rosto do homem sobre ela. Sim, importava-lhe aquele homem. Nunca o saberia-o. Grace se moveu para que evitasse lê-lo em seus olhos.

   — Muito tarde, doçura.

   Brice a sustentou enquanto ela tentava liberar-se. Seus olhos o olharam, mas simplesmente lhe devolveu o olhar. Ela se torceu de novo e Brice a sujeitou entre suas pernas. Empurrando seu pênis nela, Brice olhou seus olhos registrar sua posse. Suas mãos agarraram sua cabeça rechaçando perder o contato visual. Brice queria que o dissesse. Tinha-o visto em seus olhos, agora queria suas palavras.

   — Você veio para mim, Grace, não há porta traseira.

   Brice não se moveu e a sustentou enrolada dentro do seu corpo. Torturou-a com a prolongada sensação de que não seria satisfeita. Em troca, tudo o que Grace sentiu era a palpitação de seu pênis, duro e profundo dentro de seu corpo.

   — Terminemos de brigar, Grace —seus quadris se moveram e empurraram dentro dela. Grace gemeu com êxtase e subiu seus quadris para sua posse. Mas ele se deteve de novo e ela gemeu de frustração.

   — me diga que encerramos a briga.

   Era uma ordem arrogante. Grace olhou seus duros olhos e lutou contra seu orgulho. Ele empurrou outra vez e a sustentou enquanto a ordem flutuava entre eles. Mas ele tinha razão; não havia lugar para uma briga entre eles. Então obrigou a seu corpo a relaxar-se e deixou que sua cara se suavizasse enquanto a sensação de seu pênis lhe capturava por completo sua atenção.

   — Desejo-te, Brice —E o desejava

   Qualquer concessão era suficiente. Brice empurrou seus quadris com crescente velocidade e ela manteve seu ritmo.

   — Devagar, Brice, se puder. — Suas coxas o sujeitaram enquanto sua voz soava brandamente zombadora. Suaves gotas de suor se formaram em seu rosto, enquanto ela virava o corpo para monta-lo. Impôs o ritmo e o manteve devagar enquanto via que sua mandíbula se esticava mais e mais.

   — Se quer jogar de amante, vou bater seu traseiro.

   Grace se moveu para baixo e tomou seu pênis até o fundo. Seu corpo se estirou enquanto ela chegava ao clímax e aquele pênis explorou em suas profundidades.

   Grace estava sobre o bordo da prudência quando o vórtice os tragou a ambos. Aquilo queimava e esgotava e agüentou a maré de sentimento.

   Quando terminou, Brice gentilmente levantou sua cara para estudar seus olhos verdes. Ela o olhou e lhe deixou ver a incerteza que sentia. Bom, ele também tinha dúvidas. Mas o que compartilharam estava mais à frente do sexo e da paixão. Entrava dentro de um mundo onde as almas as gêmeas se encontravam e se fundiam por toda a vida. Havendo-se encontrado, o vazio nunca seria cheio se não por eles dois.

   — Não quero ir. —era a verdade, nua e crua. Preciosos minutos passaram, e Grace girou para Brice querendo que durassem o suficiente para encher uma vida.

 

   O sol tinha saído fazia já uma hora antes de que Beth se forçasse a levantar-se. Ficou de pé gemendo ligeiramente.

   — Dolorida?

   Beth não podia encontrar seus olhos. Pela sensação, sua cara teria que estar vermelha. Não tinha idéia do que lhe tinha passado ontem à noite, mas nunca tinha sido uma vadia descarada antes em sua vida. Jacobs devia pensar que era insaciável. Beth tinha perdido a conta do numero de vezes que tinham feito amor.

   Uma mão grande agarrou a sua e lhe deu a volta. Seus olhos percorreram o leve sorriso que estava na cara do Jacobs e Beth soube exatamente o que lhe tinha passado. Amor. Pegou-lhe forte esta vez. Beth levantou seu queixo e deu a Jacobs um sorriso. Tinha vinte e oito anos. Se queria passar a noite com um homem, bom, supunha que tinha idade suficiente para tomar a decisão. Embora a brilhante luz do dia pudesse estar fazendo-a ruborizar, não podia dizer que lamentava sua decisão.

   Beth deu a Jacobs outro sorriso antes de começar a procurar sua roupa. Encontrou sua camisa, mas nada mais. A memória retornava e tinha uma vaga lembrança de Jacobs despindo-a. esteve-se congelando por alguma razão.

   Jacobs desfrutava olhar Beth procurar suas roupas. Até encontrá-as e vesti-las , o sol já estaria acima deles. Além disso precisava revisar Grace. Simplesmente era difícil terminar seu tempo com o Beth. Levantou-se e estirou, sorriu e seus olhos retornaram a seu corpo.

   — Seguro que quer te levantar?

   — Quer tomar o café da manhã? —respondeu.

   — Sim, senhorita.

   Beth tinha recuperado sua roupa e começou a ir-se, mas se deteve. Tinha que lhe agradecer por haver-se encarregado dela ontem. Não tinha sido a mais agradável das pacientes. Beth se deu conta de que se Jacobs a tivesse deixado, teria paralisado e teria terminado no hospital, ou pior, podia ter estado sozinha quando lhe ocorreu. Sabia que ele não falaria do que realmente tinha passado entre ela e Grace, mas não trocava o fato de que ele se encarregou dela quando tinha podido deixá-la aos cuidados de alguém mais.

   Dando-a volta, Beth deu ao Jacobs um sorriso. Ele ainda estava sentado sobre o cama de armar olhando-a com seu sorriso inclinado.

   — Sinto ter sido uma carga.

   Jacobs o considerou por um momento. Sabia exatamente ao que se referia. Sua acostumada resposta de encobrimento saiu de sua boca antes de que realmente o pensasse.

   — Somente foi uma pequena insolação. Deveria tomá-lo com calma hoje.

   A cólera começou a ferver no interior do Beth. Ela sabia o que tinha ocorrido. Tinha crescido em uma base do exército e sabia o suficiente para manter sua boca fechada. Começava a ver vermelho ao dar-se conta que Jacobs pensava que era tão parva para aceitar essa desculpa da insolação. Realmente o homem pensava que era uma simples montanhesa. Seu temperamento tirou o melhor dela e o demonstrou porque estava segura que estavam sozinhos.

   — Não me deprimi pelo calor. Não estou perguntando o que foi o que aconteceu, mas não aprecio que assuma que sou o suficientemente estúpida para aceitar essa justificativa, Major.

   Beth tentou ir-se da loja com essas palavras, mas Jacobs saltou e a apanhou contra seu corpo. Ela empurrou e se revolveu um momento, mas onde a maioria dos homens teriam encontrado difícil sustentá-la, Jacobs não se moveu nenhuma polegada. Beth finalmente se resignou a derrota.

   Devagar, movendo seus olhos por sua cara, Jacobs o olhou por um momento. Foi um engano haver dito isso e sabia. Vendo seus olhos por um momento, também compreendeu que muito provavelmente ela sentia que não era mais que um caso de uma noite. Afastou-se de qualquer outra mulher antes, mas Beth lhe importava. Importava-lhe muito.

   — Sinto muito, carinho. É só uma resposta condicionada. Eu sei que você não se parece como qualquer que eu tenha conhecido, mas não sei o que fazer agora.

   Beth olhou aqueles olhos cor avelã por um momento. Era mais do que esperava. O calor que refletiam era para lhe parar o coração. Estava contente esperando. Estirando-se, pressionou sua boca com a sua. Jacobs a deixou por um tempo, mas então tomou o controle e passou uma hora antes que pensasse em revisar ao Grace.

 

   Penetre saudou Grace quando ela subiu perto do curral. O sol estava totalmente alto, possivelmente eram nove horas. Um leve sorriso cruzou seus lábios. Parecia que era a primeira pessoa a despertar naquela manhã.

   Trazendo seu cabelo para frente, Grace começou a escová-lo. Estava muito enredado. Devagar lhe tirou os nós. Grace começou a trançá-lo e o colocou por cima de sua cabeça. Era o suficientemente perita para fazê-lo sem um espelho.

   Uma vez que seu cabelo esteve enrolado e sujeito, Grace simplesmente esperou. Penetre deu uma batida para que lhe emprestasse atenção e ela passou a mão pelo pescoço do cavalo. Se ficassem em Benton, Grace iria pedir a Brice que lhe desse outro passeio sobre a criatura. Penetre perdeu o interesse, deixando-a com seus pensamentos. Estava-se ficando tarde, mas não ia incomodar ao Jacobs. Não faria falta, ia haver uma batalha às onze da manhã. O som das explosões teria a ambos os homens de pé rapidamente.

   Jacobs finalmente saiu. Sentou-se na cadeira em frente de sua loja para colocar as botas. Só trazia suas calças e enquanto caminhava para Grace colocou a camisa. Dirigiu-lhe um sorriso envergonhado ao dar-se conta que o tinha estado esperando.

   Grace olhou seus olhos avelã durante um momento. Também estava cansado, mas muito conforme. Ela não o julgou. Nunca o tinha feito. Sua relação estava apoiada em confiança e verdade. Jacobs era um homem e Grace simplesmente aceitava que tivesse necessidades sexuais. Aqueles olhos avelã a avaliavam desta vez.

   — me faça um favor e deixa de me inspecionar como se fosse algum experimento. Já tive muito disso de seus superiores.

   — Brice esta expondo sua opinião ao seu respeito.

   E Jacobs não estava seguro sim gostava ou não. Grace podia ver escrito claramente em sua cara.— Não parece que estivesse preocupasse que eu fizesse as coisas do meu jeito. Te decida, Jacobs.

   — Bingo.

   — As coisas se estão esclarecendo.

   — O que encontrou ontem?

   — A menina da manta.

   A cara de. Jacobs se endureceu com sua resposta. Tinha suspeitado que essa era a causa, mas sabia que era melhor esperar que Grace falasse. Ele fez perguntas exatas e ela lentamente descreveu a imagem que viu. Como ela tinha suspeitado, não estava feliz. De fato, estava enfurecido. Jacobs quase não perdia o temperamento muito freqüentemente, mas não havia nada que detestasse mais que a idéia de traição. Se tinham sido enganados, então tinham um informante em seu grupo para apanhar. Um traidor.

   — O que quer fazer?

   Grace considerou um tempo. Jacobs não lhe perguntava freqüentemente sua opinião sobre assuntos concernentes à operação da Unidade.

   — Quero que termine aqui — Grace observou como os olhos do Jacobs se acendiam. Ele queria o mesmo. Grace não pensou que os riscos tivessem impactado em sua cólera ainda. Era possível que tivesse considerado os riscos e tivesse um plano em mente para minimizar o perigo. — Seria arriscado, a não ser que... já pensaste essa parte?

   Jacobs franziu o cenho enquanto considerava seu comentário. Não queria sair do Condado. De fato queria pôr uma pequena isca ele mesmo. Não pensou que ela falava de arriscar-se ela mesma. Não era o estilo do Grace. Ele mesmo duvidava-o. Se não tivesse estado tão ocupado em descobrir aonde levava a informação o teria visto antes. Beth. Não havia segredos neste condado e o não tinha tentado manter em segredo seu interesse.

   Enquanto sua mente identificava o problema, Jacobs imediatamente começou a entender que ia ser muito mais difícil pôr Beth em custódia. Beth tinha família na área. Seu pai seria mais simples de dirigir. Era um militar retirado e poderia entender a necessidade de precauções. Ao Beth não agradaria a idéia, mas Jacobs sabia que ele poderia falar com ela para que entendesse. Mas tinham amigos e família na área e isso representava problemas.

   Brice também era um problema. Jacobs tinha um grande respeito pelas habilidades do homem para proteger-se a si mesmo. Mas a família era a preocupação. Brice tinha muita família, família próxima. Estavam dispersados por todo o Condado do Benton e limitavam no Condado do Preston. Em realidade, Jacobs também tinha família nessas montanhas. Sua irmã Sarah, assim como um de seus irmãos, viviam no Preston. Jacobs se assombrou ao ver quão efetiva era esta armadilha.

   Uma ou duas pessoas poderiam desaparecer e Jacobs ainda podia armar uma armadilha eficaz . Ele percebeu agora que eles tinham se familiarizaram demais com as pessoas de Benton para vê-las comos objetos de trabalho.

   — Vejo sua intenção.

   — A respeito de que? —A pergunta vinho de Brice, que silenciosamente tinha se aproximado, fixando seu olhar.

   Brice escutou a explicação de Jacobs. Ficou colérico mais de uma vez ao escutá-la. O fato de que havia um imprudente traidor perdido no condado era a raiz de tudo. Isso explicaria por que tinha utilizado o seqüestro. Crianças não eram seqüestrados em Benton.

   A armadilha se apertava com cada frase que Jacobs pronunciava. Brice estava mais que preparado para ir às montanhas e acabar com isto, mas Jacobs tinha razão a respeito de sua família. Não podia proteger a todos. Seria, de fato, muito fácil para quem quer que estivesse aí, chegar a Brice através de um membro da família. A probabilidade mais alta era sua primo Grant. Grant poderia sustentar-se sozinho, Brice estava seguro disso. Sua esposa Sarah era um assunto diferente. Ao Brice agradava Sarah, mas a mulher tinha uma assombrosa habilidade para atrair problemas sem sequer tentá-lo.

   — Acredito que lhe vou falar com o Grant e lhe dizer que lhe ponha uma corda a sua esposa.

   Jacobs franziu mais o cenho. A complexidade desta armadilha aumentava por segundos. Quem quer que tenha feito isto sabia absolutamente tudo a respeito dele e Grace. Justo o tipo de atribuições que tinha estado aceitando para tirar Grace de sua depressão. A única coisa boa de tudo isto era que a lista dos possíveis suspeitos era muito curta.

   Grace sintonizou a conversação dos homens por um tempo. Algo a chateava. A batalha da manhã continuava. De fato tinha começado 20 minutos atrás. O ruído das explosões era muito forte ali. A gente tinha estado movendo-se ao redor durante os anteriores quarenta e cinco minutos. Grace olhou a loja do Jacobs. Tinha uma vista clara de frente e estava segura que Beth não se foi depois de que saísse Jacobs. O sol iluminava agora. Embora alí houvesse sombras dos móveis da loja, Grace estava quase segura que não havia ninguém na loja.

   Jacobs e Brice estavam ainda discutindo possíveis cursos de ação e as explosões continuavam no fundo. O temor começou a esmurrar a cabeça do Grace. Tinha encontrado à menina ontem. Era a primeira vez, desde que tinha passado, que Beth tinha estado sozinha. Grace verdadeiramente rezou por estar equivocada.

   — Jacobs, não crie que é estranho que Beth siga dormindo com tudo este ruído?

   Ambos os homens inspecionaram a loja. Só tomou segundos chegar à mesma conclusão que Grace. Pistola em mão, aproximaram-se da loja, Jacobs entrou pelo fronte e Brice por atrás. A maldição que escapou do Jacobs não lhe deixou dúvida do que encontrou. O temor tinha começado a torcer seu estomago atando-o com puro terror.

   Beth não estava.

  

Grace estava de pé diante a loja de campanha aberta e olhava aos dois homens procurar. Não havia muito que encontrar. O lado da lona da loja junto à cama de armar do Grace havia um grande rasgão. Obviamente feito com uma faca de caça ou de sobrevivência. A maior parte da roupa do Beth estava ali. Suas botas estavam perdidas. O leve aroma do clorofórmio ainda permanecia ligeiramente na loja.

   Dando a volta ao redor da loja, Grace entrou nela de fronte e atirou sua mochila de equipamento sobre sua cama de armar. Jacobs sempre tinha suas ferramentas com eles. Jacobs a tirou do braço para detê-la. Grace lhe devolveu o olhar. O homem estava absolutamente furioso, e ela estava sinceramente agradecida que não ser o objeto de sua raiva.

   — Temos que terminar isto agora — Grace deu sua opinião diretamente nos olhos de seu companheiro.

   — O Coronel Turvel nunca estará de acordo com isso.

   — Então o chame depois que eu parti.

   — Isso é uma péssima idéia. —Brice parou com o braço dobrado sobre o peito.— Meus homens os apanharão.

   —A questão agora é o tempo.

   — Você constatou que Paige estava bem. Desta vez vamos nos organizar.

   Grace observou a ambos os homens. Seus olhos estavam ocupados calculando os fatores de risco e os ângulos da mão de obra. A ligeira essência da raiva dava voltas pela loja de campanha. Tinha que ir atrás Beth agora.

   — Não posso esperar. —A urgência estava aumentando dentro de sua cabeça. A vida de Beth pendia a um fio. Grace podia senti-lo.— Isto é pessoal. Há muita raiva que assinala diretamente para mim.

   Brice a fez avançar lhe dando um puxão nos braços. Queria sacudi-la e romper o elo psíquico que a separava de qualquer amparo que ele pudesse lhe proporcionar.

   — Não te deixarei ir aí sozinha.

   — Só sou eficaz encontrando corpos. O único problema é que nunca noto exatamente quando morrem. Às vezes toma dias. Poderiam matar ao Beth esta noite e eu ainda recolheria um rastro sólido do mesmo modo quando você e seus homens chegassem ao lugar — Afastando-se de seu abraço, Grace levantou o queixo.— Terminemos com isto agora.

   Uma maldição baixa saiu da boca do Brice. Jacobs ecoou do pensamento antes de que Brice assentira para ela. O risco era muito grande para ser tomado.

   — vou procurar meu jeans. Não movam-se sem mim.

   O tempo estava essencial. A batalha terminaria logo e a área se veria alagada de gente. Tinham que mover-se agora. Jacobs estendeu a Grace uma pequena pistola. Normalmente não lhe ofereceria uma arma, mas estas eram circunstâncias insólitas e outra pessoa armada podia marcar uma grande diferencia. Ao menos aquilo podia impedir que Grace se transformasse em uma carga para a Unidade do Jacobs e Brice. Seu companheiro tirou o bracelete de prata depois. Grace não vacilou enquanto tomava e a colocava em seu pulso.

   Agora vinha a parte difícil. Grace necessitava algo pessoal para poder conseguir uma conexão com Beth. Não havia tempo para aproximar-se de sua loja ou à área onde cozinhava. Tinha talvez dez minutos antes de que a área se enchesse de gente. E iria ser tarde demais. Jacobs deu um passo fora da loja com sua mochila de equipamento sobre seu ombro. A privacidade foi bem recebida. Grace pôs sua mente em um total controle.

   Grace enfocou a cama de armar que Jacobs e Beth tinham compartilhado. A impressão estava ali, mas aquela não era o bastante forte. Ajoelhando-se sobre a terra, pôs sua cabeça na cama de armar para tentá-lo outra vez. Havia muito de Jacobs ali. Era incapaz de separar as duas imagens.

   Grace se levantou e procurou algo mais. As partes do traje da Guerra civil de Beth estavam ainda debaixo da cama de armar. Tirando o espartilho, tentou trabalhar com isso. Nada provinha dele. Enquanto Grace examinava a roupa mais próxima a ela pôde ver que esta era nova. Jesus! Só um pouco de ajuda!

   As probabilidades se acumulavam cada vez mais alto contra eles. Nenhuma das roupas servia, e Grace sentia o tempo passar. Tinha uma última possibilidade. Jacobs tinha passado a noite com o Beth. Era muito possível que ela pudesse extrair o vínculo desde ele. Entretanto aquilo esgotaria ao homem durante as próximas oito horas. Seu companheiro não receberia aquela informação amavelmente. Simplesmente não havia nenhuma outra opção.

   Jacobs observava a entrada Grace de na loja. Conhecia sua linguagem corporal muito bem para confundi-lo. Ela girou aqueles olhos verdes para ele e ele sentiu o peso de seu fixo olhar. Ela deixou claro a Jacobs exatamente o que tinha em mente. Firmemente rechaçou a idéia. Tinha um dever que realizar. Não podia permitir que Grace continuasse no caso sem seu amparo.

   Grace se levantou e enfrentou Jacobs. Ele se negou e ela insistiu.

   — Não posso fazê-lo, Grace.

   — Temos que fazê-lo, porque não acredito que possamos seguir vivendo conosco mesmos se não o fizermos.

   Jacobs seguia resistindo à idéia, mas Grace simplesmente não o deixaria ir. Muitos anos de confiança os atavam a ambos. Era um deles ou nenhum deles.

   — Confia em mim, Jacobs.

   Suas palavras entraram nele como agulhas de cristal. Sempre pedia a ela que confiasse nele. A contra gosto Jacobs assentiu com sua cabeça. Grace tinha confiado nele para lhe proteger as costas durante muitos anos. Tinha lhe permitido ver a debilidade que invadia seu corpo depois de cada caso. Agora lhe estava pedindo a devolução do favor. Cada fibra em seu corpo se rebelava, mas realmente havia só uma resposta que ele podia dar.

   Uma maldição particularmente asquerosa saiu da boca de Jacobs e Grace soube que ia consentir.

   Brice estava de pé atrás do homem e colocou uma mão sólida sobre seu ombro para detê-lo.

   — O que vais fazer?

   Grace sentiu como seu foco de atenção se voltava para Brice. Ela não acostumava explicar suas táticas, mas teve que ajustar esse pensamento. Brice necessitava uma introdução rápida a seu trabalho. Classificado não queria dizer agora nas circunstâncias atuais.

   — Necessito um pouco do Beth para conseguir uma conexão, mas nada daqui serve.

   — De modo que quer me usar — A voz do Jacobs anunciava sua cólera.

   As sobrancelhas do Brice formaram um arco.

   — Pode obter o laço da outra pessoa?

   Grace sentiu uma diminuta risada curvar seus lábios. Ela era a melhor porque extrair uma conexão desde outro humano não era simples.

   — Às vezes. Quando é alguém com o qual meu objetivo intimou, as probabilidades são excelentes.

   Jacobs se sentou sobre o cama de armar. Deixou que outra maldição saísse de sua boca, enquanto parecia reforçar-se.

   Brice deu um passo mais perto e olhou sua cara. Jacobs lhe dirigiu uma meia sorriso zombador.

   — Isto vai deixar-me fora de circulação durante horas.

Brice entendeu em um instante.

   — Manterei-o sob vigilância, Major.

   Jacobs lhe deu um último olhar antes de que Grace se ajoelhasse sobre a terra entre seus joelhos. Grace precisava meter-se sob a cólera que fervia dentro dele nesse preciso instante. Brice se moveu na loja também, mas Grace não podia ocupar-se dele agora mesmo. Tinha fé em que ele pudesse controlá-la. Isso teria que ser o bastante. Voltando sua mente para enfocá-la em Jacobs, Grace levantou suas mãos, mas se deteve quando o viu tenso.

   — Jacobs, eu apreciaria se tentasse não me golpear.

   Brice olhou como o outro homem agarrava o bordo da cama. O contato entre Beth e Grace ontem tinha eletrizado Beth fazendo-a elevar-se do chão, e Beth era mais pesada que Grace por uma boa quantidade. Ele imaginou se Jacobs ficaria no chão. Brice se moveu para mais perto. Se Jacobs realmente se lançasse contra ela, ele queria ser capaz de bloqueá-lo.

   Grace fechou seus olhos enfocando-se. O vínculo estava ali. Tinha que esquecer-se de Jacobs completamente. Ia lhe causar dor. Grace fechou firmemente a porta de suas emoções. Era hora de trabalhar.

   Seus olhos cor de esmeralda se abriram enquanto suas mãos se posavam no peito de Jacobs. O homem tentou se separar do contato, mas Grace não lhe deu nenhuma oportunidade. Brice olhou fascinado enquanto suas mãos vagavam devagar sobre o peito de Jacobs. A forma que ela o tocava parecia de uma amante. Devagar, suas mãos viajaram através de seus ombros para descansar sobre seus bíceps. Seus olhos fixos e dilatados. Tinha encontrado o que procurava. Brice saltou quando o corpo do Jacobs se estremeceu e uma enorme mão se balançou em cima da cabeça do Grace. Ele o agarrou e atirou para trás. Infelizmente, tal como Beth tinha descoberto no dia anterior, ele agora estava unido com a corrente. Brice não podia fazer que Jacobs a deixasse. A dor era intenso e sua mente estava nublada. Grace liberou a conexão com Jacobs e ambos os homens caíram no esquecimento. Ela não lhes emprestou absolutamente nenhuma atenção.

   A imagem se focava segundo a segundo. Como uma filmagem de uma câmara filmadora, Grace buscou aumentar a nitidez da imagem. Sim, tinha-o agora. Cada detalhe. Estavam caminhando. O bosque e o rastro eram claros. Ficou com a visão do caminho exato que seguiram logo depois de abandonar a loja. Moviam-se rapidamente, por isso ela precisava mover-se mais rápido. Nada cruzou por sua mente, exceto a visão e ela mesma dentro dela. As milhas percorridas enquanto a escuridão caía. Nada interferia. Seu corpo não podia conseguir sua atenção. Nada mais que a visão a reclamava. Ela estava perto, muito perto. Deteria-se só quando encontrasse seu objetivo. Só então o vínculo se dissiparia e se permitiria pensar mais à frente do foco que precisava rastrear. Seu corpo estava esgotado e ela estava de pé sobre suas pernas trementes enquanto enfrentava a Beth.

   Seu corpo se derrubou sobre o chão do bosque enquanto as nuvens escuras pressionavam sobre ela. O frio glacial a golpeou brutalmente tentando fazê-la retroceder. A pura força de vontade, conseguiu abrir os olhos. O homem que se inclinava sobre ela havia trazido o horror a sua mente. O sorriso sobre sua cara era torcida devido à maldade enquanto desfrutava vendo sua luta. Sua identidade conseguiu penetrar em seu segundos cérebro antes de que a escuridão a reclamasse. O Coronel Stephen Fredricks.

 

   As nuvens tormentosas foram à deriva e Grace viu o olho da tormenta. Brutalmente se lançou para ela. Tinha algo importante que fazer. Obrigou a sua mente nublada a recordar. Beth. Tinha estado procurando Beth. Obrigando a seus olhos a permanecer abertos, voltou para seu débil entorno.

   Jazia sobre um duro chão. Não feito de barro, a não ser um áspero piso de madeira de madeira. Era uma espécie de cabana, talvez de vinte a trinta pés. Estava congelava. Uma única manta de lã cobria seu corpo, mas a cabana estava fria e escura. Era a classe de luz débil que podia aparecer entre nuvens escuras de chuva cobrindo o céu. O som leve da chuva alcançou seus ouvidos.

   Doce Jesus. Fredricks estava detrás daquilo. De repente tudo tinha sentido. Ele a conhecia muito bem e tinha jogado com ela e Jacobs como se tratassem de um par de marionetes. Agora Grace entendia a raiva. Ele tinha visado ela. O temor lhe provocava enjôo nas tripas porque não tinha conseguido ver Beth. Agora que Fredricks tinha ao Grace, era possível que ele já tivesse dado um tiro à outra mulher. Fredricks e Jacobs se detestavam mutuamentetro. Grace sabia que lhe encantaria causar a morte de alguém que ele acreditasse que Jacobs se importava.

   A questão agora era, o que era que aquele homem queria com Grace? Tinha que ser mais que vingança. Necessitava de recursos para pôr algo como isto em movimento. Fredricks deve ter tido outros que o ajudassem. Mais que soldados comuns, provavelmente aposentados. Aquela classe de ajuda não poderia ser cedida sem uma alta recompensa. Sempre havia homens dispostos a trair a seu país, mas não de graça.

   A resposta a aquela pergunta era bastante clara. Fredricks tinha vendido Grace. O governo federal tinha treinado Grace para que fosse útil para eles e seus interesses. A única que ela ganhou foi a proteção por uma escolta arma, altamente preparada. Havia muita gente desumana que pagaria muito dinheiro para ter um psíquico treinado sob seu controle. Tinha recebido muitas ofertas. As primeiras realmente a tinham preocupado. Grace finalmente tinha compreendido que era de muito mais valor para o governo estando em suas mãos. Isto não queria dizer que uma parte privada se sentisse do mesmo modo.

   Grace olhou a única porta na cabana. Fredricks tinha planejado até o último detalhe. Se era assim, então, por que ela ainda se encontrava no Condado do Benton. Mover-se contra Grace enquanto estivesse necessitada tivesse sido o plano ideal. Os trovões retumbaram na distância e Grace pensou nisso. Se o transporte fora por avião, era possível que a tormenta interferisse com o sinal. Era mais que a quebra de conexão que Grace poderia ter esperado.

   A porta abriu com uma batida forte e muitos pés se arrastaram sobre o áspero piso quando várias pessoas entraram na estrutura. Grace fechou seus olhos rapidamente. O melhor seria que pensassem que seguia deprimida. Informação era a única coisa que podia ajudá-la neste momento. Seu tempo era limitado antes de que a fadiga a obrigasse a dormir outra vez. Fredricks realmente nunca tinha tido uma relação completa com seus hábitos para saber que ela podia despertar em meio da tormenta. Era a única carta que tinha para jogar naquele momento.

   — Te mova cadela. Quero o jantar!

   Cadela? Grace não podia arriscar um olhar, mas esperou que isso significasse que Beth estava na cabana e viva. O estalo continuado de uma cozinha de gás chegou aos ouvidos do Grace. Leves sons de caçarolas e pratos lhe seguiram.

   Os passos se aproximaram dela e Grace se obrigou a permanecer ali ainda um pouco mais. Uma mão agarrou sua cara tão rudemente que a levantou. Uma asquerosa palavra escapou da boca de Fredricks antes de que a cabeça dela golpeasse contra o piso. A dor explorou quando seu crânio impactou contra o duro piso de madeira, mas Grace manteve sua expressão tranqüila.

   Grace esperou. Se Fredricks partisse então talvez ela poderiasse falar com Beth. Tinha que advertir à outra mulher. O tempo avançava lentamente e Grace sabia que sua janela se estava fechando rapidamente. Um murro soou sobre a porta e Fredricks bramou para saber quem queria entrar.

   — Lamento-o, senhor, mas o cliente se está impacientando.

   — Está bem. Agora irei.

   Grace abriu de repente seus olhos no segundo em que a porta se fechou. Não se tinha dado conta de que estava algemada, mas se impulsionou a uma posição sentada apesar dos impedimentos. Beth se voltou para ela quando notou o movimento. Seus olhos azuis eram grandes e redondos. Ela começou a falar, mas Grace sacudiu firmemente sua cabeça. Beth manteve sua boca fechada e apagou o gás no apuro de ajoelhar-se ao lado do Grace.

   — Graças a Deus! estive tão preocupada…

   — Shh… Escuta, Beth. Só escuta. Seja o que seja que esteja fazendo, escuta cada uma das palavras que digam. Necessitamos essa informação para sair disto. Vou dormir outra vez, não se preocupe. Quando despertar, tirarei-te disto. Só sobrevive. Algo que eles queiram, faz-o! Os nomes são importantes. Recorda todo que possa. Mas não fale. Não faça perguntas. Só escuta.

   Grace estendeu a mão apertando as mãos da outra mulher. Via-se melhor que Grace podia ter esperado. Tinha uma contusão sobre a bochecha direita e uma coleção de arranhões e raspões. Seus olhos estavam aumentados, mas não cheios de pânico. Mantinha-se firme dadas as circunstâncias. Grace lhe deu um empurrão na cabeça para fazê-la voltar para a estufa. Beth obedeceu e Grace se estendeu sobre o duro piso. Agora, se Deus pudesse lhes dar só um pouco mais de ajuda. Talvez Grace poderia tirar o Beth disto viva.

   A seguinte vez Grace despertou quando a cabana estava mais escura. O sol estava baixo. Abrangendo tudo com os olhos, Grace viu que Beth dormia ao longo da parede ao lado dela. A mulher tinha unicamente sua roupa interior Vitoriana e suas botas.

   A frieza no ar sugeria que a tormenta ainda estava na área. Grace tentou mover-se, mas ainda estava atada pelas algemas. Seus tornozelos estavam assegurados também. Seu corpo doía pelas largas horas passadas sobre o duro chão. Grace se opôs à dor. Imaginou o que poderia acontecer para que aquele situação piorasse. Estava escuro, o que significava que não se moveriam até manhã. Grace se obrigou a voltar a dormir. As habilidades básicas de sobrevivência lhe diziam que deveria aproveitar e descansar enquanto pudesse. Necessitaria a força mais tarde.

   Grace abriu seus olhos outra vez quando o alvorada rompia. Era difícil de dizer devido às nuvens tormentosas, mas seu relógio interno lhe disse que estava perto das cinco. Não estava muito longe. A porta se abriu uns minutos mais tarde e ela viu como Fredricks e outro homem entravam no quarto. Não havia nenhuma remota razão para tentar manter seu papel de adormecido. Talvez Fredricks começasse a falar se acreditasse que tinha toda sua atenção.

   Os olhos azuis do Fredricks brocaram seus olhos abertos. Uma risada torceu seus rasgos e Grace lhe mostrou sua expressão mais suave. Ele intercambiou um olhar de soslaio com outro soldado.

   — Disse-lhe isso. Conheço esta bruxa.

   — E em relação à outra?

   Grace conteve seu fôlego enquanto olhava Fredricks considerar a pergunta do homem. Sua cara permaneceu lisa e tranqüila. Empurrando-se para cima, dirigiu ao Fredricks um olhar enojado desde seu apoio contra a parede. O objetivo de Grace era distrair ao homem e funcionou. Ele se agachou e a agarrou pela mandíbula para obrigá-la a olhá-lo.

   — vou desfrutar vendo como esse olhar sai de sua cara! Fará exatamente o que te diga que faça ou poderá ver a pequena amiga de Jacobs levar chumbo no corpo.

   Fredricks abriu as correntes que atavam os tornozelos do Grace antes de arrastá-la a seus pés.

   — Consegue com que a outra se mova. Ela me ajudará a manter no caminho.

   Suas pernas estavam rígidas devido à falta de movimento, mas Grace as obrigou a sustentá-la. O tempo fora da cabine era triste. Nuvens espessas e cinzas se aproximavam ameaçadores à terra. A chuva imediatamente começou a empapar seu corpo já frio. Seus olhos avaliaram a linha de talvez doze homens que estavam de pé preparados entre as árvores. Eram assassinos treinados. Sua roupa camuflada servia para mantê-los ocultos no bosque. Grace lentamente se fixou em cada um deles. O Ranger Clark sorriu com satisfação para ela, enquanto acariciava seu rifle.

   Grace fechou seus olhos até deixar só uma linha entreaberta e os conduziu até as genitálias do homem. Clark tropeçou enquanto perdia terreno dado que o medo o entorpeceu. É obvio, Grace sabia como ser uma cadela porque de vez em quando essa era a única arma que possuía.

   Fredricks soltou o aperto de seu braço e foi a algum lugar. Grace seguiu olhando o grupo de homens. Vários dos soldados deram a volta para estudá-la. Uns quantos até tinham levantado suas armas. Bom. Alguns deles evidentemente lhe tinham medo. A intriga poderia ser prático às vezes, e Grace poderia assegurar que aqueles homens tinham estado escutando muito a respeito dela. Aquilo podia lhe ajudar a derrotá-los mais tarde. Grace lhes dirigiu seu melhor olhar agudo. Deixando-os pensar que tentava ler suas mentes. Aquilo funcionou maravilhosamente. A maior parte deles encontrou uma razão para afastar-se dela.

   Fredricks voltou e empurrou alguma roupa para Beth. Eram roupas padrão.

   — Ponha os. Ordenou à moça.

   Beth não vacilou. As palavras do Grace estavam aderidas a sua mente e se trocou de roupa sem uma queixa. Beth já não estava assustada. Tinha-o estado ao princípio, mas seu caráter estava sob controle agora. Iria sobreviver, só para demonstrar que podia. Se Grace podia fazê-lo, então ela também.

   A roupa era volumosa, mas de todos os modos eram melhores que o calção e a camiseta. Estava agradecida a contra gosto de que estes animais tivessem pensado em trazer suas botas. Suas botas da Guerra Civil eram o melhor par de sapatos que Beth possuía. Com a caminhada que tinha feito, podia estar agradecida para sempre de ter esbanjado o dinheiro quando comprou esse calçado tão caro. Agora se via como um dos soldados. Beth franziu o cenho devido à idéia. Esperou que aquilo não fizesse que Jacobs lhe disparasse quando os alcançasse. Jacobs as encontraria. Beth acreditava. Este era o único pensamento que a tinha mantido sã nas primeiras horas daquele pesadelo.

   Agora que Grace estava acordada, Beth sentiu uma de onda de confiança surgindo nela. Grace era a mulher mais resistente que tinha encontrado. Se alguém podia tirá-las daquilo, Beth sabia que Grace era essa pessoa. A última peça de roupa que lhe deram era um goro grande que a abrigava da chuva. Beth o pôs sobre sua cabeça e o capuz cobriu seu cabelo completamente. Não era tão estúpida para pensar que aquilo tinha sido pensado para sua comodidade. Aquele tipo, Fredricks, queria que ela e Grace se vissem idênticas ao resto dos homens. Suas suspeitas se confirmaram quando ele se voltou para colocar outro goro sobre a cabeça do Grace. Grace já levava a mesma classe de roupa que os soldados tinham, mas ela era de constituição muito mais pequena e ligeira, por isso de todas maneiras chamava a atenção. O goro disfarçava um pouco este fato, mas não por completo. Grace se impediu a si mesma olhar através de Beth. Era o único amparo que podia proporcionar à outra mulher por agora.

   Grace não podia permitir que alguém visse que se preocupava com Beth. Beth sabia o quanto o seu bem estar influenciava Grace, se alguém descobrisse esse detalhe, estariam com grandes problemas. Começaram a mover segundos mais tarde. Caminharam para o norte, logo se encaminharam para a cordilheira Cascade. O terreno era áspero e Grace sabia que aquilo ia fazer se cada vez mais duro. A tormenta rugia em torno deles, lhes fazendo difícil o saber a hora de dia.

   Grace se repreendia por ter permitido que Fredricks dominasse-a tão completamente. De fato, tinha sido quase uma armadilha perfeita. Grace tinha conseguido evitar de ser capturada duas vezes. Uma vez com Paige e a segunda vez tinha sido fora da cabana de Brice. Aquilo era exatamente o por que tinha sido vencida, tinha ficado debilitada o suficiente até que fora possível a aquele seqüestro.Tinha estado muito perto de funcionar. Fredricks devia ter estado observando-a, simplesmente esperando que fosse deixada sozinha. Ele tinha se aproximado e a tinha perturbado o bastante até que sua resistência tinha sido quebrada.

   Realmente revoltou Grace pensar que tinha sido manipulada tão completamente. Tinha suspeitado que aquilo estava acontecendo, mas não o suficiente para lhe impedir de reagir. Tinha sido simples para Fredricks tira - lá da casa de Brice. Os dois homens tinham sido ultrapassados em número e armamento.

   O grande negócio deles tinha sido o de tomar trabalho para assegurar-se de que parecesse como se Grace acabasse de sair. Era um fato interessante, porque ela sabia que ele não abrigava nenhum bom sentimento por Jacobs. De fato, Grace conjeturou que Fredricks estaria mais que agradado com o final da vida de Jacobs. Alguém queria que Grace fosse acusada de abandoná-lo.

   Aquilo significava que alguém mais ajudava a organizar as partes deste negócio. Quem quer que fosse, queria permanecer desapercebido. E ainda assim, tinha que ser alguém que Fredricks obedeceria. A opção mais lógica seria Turvel. Sua participação nisto envolveria muitas coisas, sendo a informação fundamental para que esse plano ocorresse. Fredricks tinha muita informação atualizada sobre a unidade, sendo a depressão recente de Grace a mais importante. Fredricks tinha tentado aparentar um possível surto dela. Aquilo significava que o homem sabia que ela tinha passado por uma certa instabilidade emocional. O Coronel Turvel era a única pessoa além do Jacobs que realmente sabia. Outros membros da unidade não tinham estado perto dela o tempo suficiente para tirar limpo o modelo de comportamento do Grace. Jacobs não teria falado disso com seus homens, mas ele o teria informado a seu superio.

   Grace realmente esperava que Jacobs não contasse ao Coronel Turvel. Se o homem estava comprometido, então aquilo poderia custar a vida de Jacobs. Grace compreendeu que esperava um milagre. Jacobs era um oficial do exército, e a esperança de que ele não falasse nada a seu oficial de mando era pequena. A única espera era que Turvel não aparecesse naquele condado, ele não queria seu nome envolvido. Se todos os que estavam naquilo desaparecessem, não haveria ninguém comprovar a existência da participação do Coronel Turvel. Jacobs poderia suspeitar, mas não tinha nenhuma prova.

   Em realidade, Grace mesma não tinha muitas provas. Ela tinha muitos feitos questionáveis para assinalar com um grande dedo. Mais que suficientes para aproximar-se da cabeça do Coronel Turvel e conseguir que o General Slynn ouvisse o caso. Se saísse viva disto, Grace tinha toda a intenção de lutar por ser ouvida. Além disso tinha umas outras coisas das teria que conversar com o general.

   O Exército estava ocasionando muitos problemas em sua vida durante muitos anos. Grace queria uma revisão das condições. Ela sabia que não poderia pedir dispensa. Entretanto, tendo provado uma verdadeira vida o mês passado, Grace queria mais.

   Grace era bastante prática para entender que o sexo não era amor. Que Brice a tinha feito sentir mais do que prazer físico. Mas aquilo estava longe de ser uma declaração de amor de sua parte.

   Fredricks sustentou sua mão em alto para os homens. Estava procurando um refúgio para a noite. Nunca tinha sido bom para forçar seu próprio corpo. Grace se girou ligeiramente para ver como estava Beth. Ela se mantinha bem. Seu tamanho a ajudava a sobreviver. Com aquela sua altura, suas compridas pernas facilitavam o passo rápido imposto. Ninguém lhes tinha dado explicações e Grace esperava que Beth tivesse estado bebendo a água de chuva. Beth lhe dirigiu um leve sorriso zombador e logo a tirou de sua cara. Grace lhe dirigiu um em troca antes de fazer que a sua cara voltasse para sua inexpressividade. Parecia que Beth entendia o que Grace fazia.

   Começaram a mover-se de novo. Não foram longe. Seu objetivo era o grupo de rochas de granito na montanha em frente deles. Os enormes e ásperos pedaços de granito se elevavam da terra como filas de dentes. Formavam covas naturais que lhes proporcionariam refúgio dos elementos. Empurraram Grace e Beth para uma das covas mais altas. Não havia nenhuma possibilidade de escapatória para cima porque a rocha era lisa e alcançava quase os trinta pés por cima deles. Fredricks e outro homem ocuparam a cova justo debaixo delas.

   Grace apoiou suas costas contra a pedra fria. Beth seguiu seu exemplo. Fredricks eventualmente as alimentaria. Necessitava que Grace caminhasse ou teriam que arrastar seu peso morto com eles. Ele simplesmente se dava o gosto de desfrutar fazendo que as mulheres esperassem um momento. Já o tinha feito quando tinha controlado a Unidade. Pequenas coisas repugnantes, que eram mais molestas que a afronta direta.

   Embora a fuga fosse inadmissível, Grace estava encantada pelas atuais disposições. O som viajava por cima dela. De modo que poderia ouvir cada palavra que saísse da boca de Fredricks. Aquilo poderia trabalhar em benefício da prova que necessitava. Ninguém poderia vê-la a ela ou Beth. A terra sobre a que se sentaram era suave. Grace colocou suas mãos na terra e começou a arranhar palavras na areia. Beth compreendeu rápido. Embora a conversação fora lenta, era privada.

   Pela manhã Grace se encontrava mais frustrada, Fredricks as tinha alimentado, mas tinha mantido sua boca fechada durante a maior parte da noite. Passaram mais de dois dias de caminhada antes de que conseguisse a informação que necessitava. Detiveram-se um momento por volta do meio-dia. O dia se limpou, mas ainda eram abrigados a permanecer com os goros para ocultar-se.

   Durante a maior parte daqueles dois dias, Grace tinha estado trabalhando sobre como aproveitar um pouco o medo que os soldados lhe tinham. Aquilo funcionava mais que bem. Clark ajudava amavelmente. Dois dos homens começaram a fazer o signo da cruz sobre eles cada vez que se encontravam com o olhar dela. Realmente algumas pessoas eram intrinsecamente estúpidas.

   Alguns homens estavam cansados. Aquele era um signo de que talvez a operação de terra não tinha sido parte do plano. Fiel ao seu estilo, Fredricks não tomava nota da atitude crescentemente hostil de seus subordinados. Aquela pequena carência de atenção de seu Ex-C.O. Poderia lhe dar uma vantagem. Um motim poderia proporcionar uma oportunidade de fuga para ela e Beth.

   Enquanto permaneciam sentados comendo suas rações, Fredricks tinha respondido uma chamada em seu telefone celular da rede global de comunicações. Tirou muito pouca informação em limpo disso salvo que tinham outras sessenta milhas para caminhar antes do final da viagem. O primeiro enfrentamento do grupo se desenvolveu como um guia bem planejado.

   — Isto é o mais longe que vou. —Um homem ficou de pé e confrontou ao Fredricks.

   — Calesse e sente-se de novo.

   — Não, estive de acordo em te ajudar a capturar à mulher. Completei o trabalho.

   A expressão zangada de Fredricks não fez que o soldado em questão duvidasse. Um pouco de sua confiança o abandonou visivelmente antes de que outros três ficassem de pé para opor-se também.

   — Isto é só uma mudança de planos, compensarei-lhes pelo tempo extra —lhes tentou convencer.

   — Não. Não ficarei perto dessa bruxa —declarou outro homem. Era um desses que se haviam aficionado a fazer o signo da cruz sempre que olhava ao Grace.

   — Bem, simplesmente não deixem que os apanhem —respondeu Fredricks.

   Agora que os primeiros quatro tinham tido êxito, outros dois homens se levantaram e se uniram. Fredricks ficou perceptivelmente nervoso quando a conta cresceu a seis homens.

   — Qual é seu problema?

   Um dos dois olhou para Beth antes de responder a Fredricks.

   — Não disparo a mulheres.

   — Conheciam os riscos quando aceitaram este trabalho —insistiu Fredricks.

   —Disparar em alguém em um fogo cruzado é uma coisa. Em mulher desarmada é outra.

   — Então vão embora! Se tiverem vontades de ir, mais se o for , que vão agora! —explorou Fredricks.

   Grace olhou como outro homem se unia ao grupo. Era o segundo homem que tinha estado fazendo o signo da cruz. Aquela era uma rebelião maior que a que tinha estado esperando. Os sete homens não lhe moveram um único olhar quando se moveram. Dois deles dirigiram um olhar de soslaio a Beth. Os homens se dividiram em dois grupos e desapareceram no bosque.

   Naquele terreno, tomaria ao menos quatro longos dias para voltar a percorrer aquela distância. Bem, talvez alguns dos homens restantes ficassem nervosos e abandonassem o percurso. Também era possível que algum dos homens que partissem fossem capturado. Ela não estava muito segura de quanta informação tinham, mas isso daria a Jacobs uma melhor ideia de onde as buscar.

   Seis homens partiram. Melhores probabilidades, mas ainda era difícil tentar algum movimento. Infelizmente tinha confirmado que Fredricks tinha a intenção de matar ao Beth para calá-la. Grace realmente não tinha esperado outra coisa, mas aquilo fazia a organização de uma fuga muito mais importante. Beth tinha que fugir ou alguém a mataria. Havia dois motivos pelos quais estava viva ainda. Primeiro, não queriam que Grace se convertesse em uma carga. O segundo fato era de que não queriam que Jacobs achasse o corpo, facilitando a localização do grupo.

 

   Brice voltou a si antes de Jacobs. Era o ruído da batalha final do fim de semana o que o tinha despertado. Tentou ficar de pé, mas sua mente estava ainda nublada e suas pernas instáveis. Brice esfregou seus olhos e o tentou outra vez. Esta vez conseguiu ficar de pé. Não precisava olhar, sabia que Grace fazia muito tempo que não estava. Jacobs estava ainda gelado.

   Depois da tentativa de despertá-lo não sortisse efeito, Brice o deixou. Ele tinha que organizar uma busca imediatamente. Tomou uma hora conseguir pôr tudo em marcha. Cada recurso que o condado tinha se mobilizou. Rezou para que aquilo fora bastante. Lamentou o modo em que tudo tinha ido tão mal, mas Brice não teria trocado suas ações. Se Jacobs tivesse golpeado Grace então certamente ela não teria podido conseguir o vínculo. Brice preferiria acreditar que as duas mulheres estavam juntas aí fora, que Beth sozinha. Grace tinha mais capacidade para proteger-se que a maioria de homens que tinha conhecido.

   Tomou um pouco de trabalho, mas Brice conseguiu fazer com que Jacobs voltasse a si. O homem se levantou balançando-se. A mente de Jacobs se limpou e franziu o cenho quando notou que Brice estava de pé ali. Murmurou uma maldição.

   — Esqueci de dizer que não me tocasse.

   Brice deu ao homem sua arma e simplesmente assentiu.

   — Vamos, meu helicóptero está esperando.

 

   Jacobs preso em seus pensamentos enquanto foram no ar. As suspeitas de Grace a respeito da existência de um escapamento de informação estavam bem fundadas. Sua própria conjetura seria Turvel. Ele era o único com bastante informação atualizada para ter organizado toda esta operação. O problema era que o homem era seu C.O. Ele também necessitava uma unidade de apoio. Se Turvel estivesse comprometido, poderia ser um contrato de morte para qualquer homem que fosse chamado a aquela missão. Jacobs precisava encontrar um bom grupo de testemunhos para ajudar elucidar o caso no tribunal do exercito.

   Realmente havia só uma opção. Havia só três unidades que operavam sob o mandato de Coronel Turvel que também possuíam a mesma composição que a de Jacobs. O agente do Major Gennaro era homem, mas a unidade do Major Lorance trabalhava com outra psíquica mulher. Suas capacidades eram muito diferentes das do Grace. A psíquica de Lorance era apelidada a buscadora da verdade. Ela podia cheirar a um traidor em uma fração de segundo.

   O Major Lorance tinha entrado em contato com Jacobs logo depois dele assumir o controle da Unidade com Grace como seu agente psíquico. Essa foi a única vez em que tinha estado perto de desobedecer um ordem recebida. O comandante Lorance tinha quinze anos a mais de experiência e Jacobs se sentiu inclinado a escutar o homem até o final. Nenhuma daquelas Unidades com psíquicos existia oficialmente e ambos se dirigiam ao Coronel Turvel. O comandante Lorance tinha tido uma excelente relação com o Jacobs. Eles se ajudariam mutuamente se algo acontece com um dos dois.

 

   Mais de dois dias de caminhada, e Grace sabia que seu tempo se esgotava. Tinha que encontrar um modo de tirar Beth daquilo ou logo estariam ambas tão felizes como mortas. Ela não cooperaria com um terrorista para sobreviver. Podiam tentar drogá-la, mas as drogas destruíam suas capacidades. A dor, bom, Grace podia sustenta-la se assim o quisesse. Sabia que seria capaz de ir tão longe para escapar.

   Grace tinha programado seu relógio interno para que despertasse cada hora. Jacobs lhe tinha ensinado aquele truque. Aquilo estava sendo muito prático para aquela viagem. O sentinela trocava a cada quatro horas. Ela e Beth tinham sido deixadas juntas no meio do grupo durante as duas noites passadas. Esta noite era ligeiramente diferente.

   Tinham acampado ao bordo de um rio pequeno. Aquela não era a estação de chuvas, de modo que o rio alcançava a estar oito pés por debaixo de sua altura normal. Grace e Beth se sentaram apertadas junto às grandes rochas que se sobressaíam ao redor delas. Os homens restantes estavam estendidos para evitar dormir sobre as rochas. Não era grande a distancia, mas podia ser suficiente. Grace sentia que tinham que arriscar-se.

   Ela e Beth estavam a três pés da baixada do rio. Por acaso, havia uma suave e quase cilíndrica rocha ao lado do Beth que estava só a um par de polegadas longe de Grace. De fato, Beth se inclinava sobre ela em seu sonho. Ainda tinham seus goros e Grace olhou a rocha outra vez. O goro de Beth encaixaria sobre aquela rocha mais ou menos bem. Se Grace se enroscasse ao lado dela, o sentinela que estava a vinte pés de distância nunca notaria que era uma rocha.

   O homem em questão olhava o bosque. Ele poderia olhar com seus olhos ao redor às vezes, mas principalmente confiava em que elas estavam dormidas. Grace deu a Beth uma cotovelada para despertá-la. Mantendo seus movimentos lentos e comedidos, Grace trabalhou nos cordões das botas de Beth. A moça despertou, mas se manteve absolutamente quieta. Tirou seus pés das botas devido à insistência do Grace.

   Vigiando ao sentinela Grace deu instruções a seu amiga com as mãos. Beth devagar tirou seu poncho e o fez escorregar sobre a rocha. Tudo pareceu tomar muito tempo. Cada ruído leve parecia ser muito ruidoso. O sentinela se levantou fazendo que ambas as mulheres se congelassem de terror. Seus olhos as percorreram, recolhendo detalhes antes de que ficasse em pé para caminhar até a linha de árvores. O som metálico de uma cremalheira abrindo-se deu a oportunidade que esperavam.

   Grace girou sua cabeça e empurrou Beth para o rio. Beth ficou atrás.— Vamos!

   Grace vaiou sua ordem; não havia momento para argumentos ilógicos. Beth lhe dirigiu um olhar ferido, mas posicionou e deslizou de cabeça na água. O rio era o bastante profundo, de modo que nada se escutou. Grace se aproximou da rocha que estava coberta por um pano e se apoiou contra ela como se fosse Beth.

   A cremalheira voltou para seu local. O rangido leve dos pés do homem se ouviu quando ele voltou para seu lugar. Sentiu os olhos de seu carcereiro movendo-se sobre ela antes de que o aroma de fumaça na brisa da noite lhe dissesse que o homem se descuidou para prender um cigarro.

   Grace silenciosamente rezou para que Beth fizesse um bom emprego das quatro horas de escuridão que tinha diante. Beth era forte e conhecia a área. Poderia sair viva das montanhas, enquanto não fizesse algo burro como tentar resgatar ao Grace.

   A cabeça do Beth rompeu a superfície da água e ofegou. A água estava tão fria! Cravava seu corpo como mil agulhas, mas se obrigou a afundar-se sob a superfície outra vez, para nadar com a corrente. Finalmente se deteve porque sabia que se arriscava a uma hipotermia permanecendo na água. Beth se lançou sobre a linha de árvores. Suas mãos estavam intumescidas, mas conseguiu desatar suas botas e começou a correr.

   As lágrimas escorregavam por sua cara, mas seguiu correndo. Beth manteve o rio à vista porque aquele a conduziria de volta a Benton. Seu pai a tinha levado a excursão quando era uma menina e sempre lhe dizia que terei que seguir a água. Esta sempre a conduziria à civilização. Lágrimas frescas caíram enquanto o alvorada se aproximava. Ela era livre, mas Grace não, e Beth não queria abandonar a seu amiga. Sua consciência lhe exigia que fizesse algo para ajudar ao Grace, mas Beth tinha que ser prática. Havia seis homens armados ali atrás. Ela não era útil para eles e sabia que seu líder tinha ordenado sua morte. Tinha que encontrar ajuda. Obrigou a seu corpo a mover-se mais rápido. Aquele era o único modo no que poderia ajudar a seu amiga.

   Beth continuou seguindo o rio. Agora que havia luz do dia, teve que reduzir a velocidade e tentar manter-se sob a coberta do bosque. Se caminhasse pela ribeira do rio, poderia ser liquidada como um coelho. A fome a roia, mas se obrigou a caminhar. Tinha que encontrar Jacobs. Jacobs saberia o que fazer.

   Já era o pôr-do-sol bem passado aquela noite quando Beth finalmente se afundou sobre seus joelhos. Não podia mover-se. Nunca tinha sabido que um corpo pudesse doer tanto. Tinha que descansar. Não tinha visto uma alma viva em todo o dia. Aproximou-se contra uma árvore enquanto tentava aquietar os tremores que percorriam seu corpo. Aquelas montanhas sempre pareciam tão formosas, agora só pareciam ter crescido em tamanho até fazer que Beth não estivesse segura se poderia sair delas. Os caçadores constantemente encontravam restos das vítimas nessas montanhas.

   Não tinha a menor idéia de quanto tempo tinha dormido quando algo despertou. Beth ficou absolutamente quieta, porque estava segura de ter ouvido algo. O vento soou mais forte e o som veio com ele. Soava como um avião. Não fazia sentido. O som se fez mais forte e com ele veio a rajada de ar, vinda da hélice de um helicóptero.

   Era um helicóptero negro e não sabia se era amigo ou inimigo. Talvez era o Departamento do Xerife ou talvez eram as pessoas que a tinham seqüestrado. Não havia nenhum modo de estar segura. Beth ficou contra a árvore. Era um risco muito grande.

   A parte do rio em que estava era muito ampla e só de um pé de profundidade. Continha milhares de rochas suaves, lisas e redondas. O helicóptero lentamente fazia sua baixada no leito do rio. Beth começou a tremer. A máquina soava tão demoniacamente e era tão negra no marco da noite. Projetores flamejaram sobre ela enquanto descendiam na ribeira do rio.

   Beth só permitiu que seu fôlego escapasse quando o helicóptero se deteve e se moveu para trás em frente dela. O projetor se apagou, mas voltou sobre ela mais brilhante que antes. Estava vários pés longe deles pela água de modo que não acreditou que pudessem vê-la.

   — Saia com as mãos acima!

   O terror estalou dentro do Beth. Sabiam que estava ali. Deviam possuir radares recipiente térmico,dirigidos ou algo assim. Beth não sabia o que fazer. Levantou-se mas suas pernas tremiam e sabia que não poderia correr muito longe. O alto-falante interrompeu seus frenéticos pensamentos.

   — Saia agora, ou dispararemos!

   O único problema com aquilo era sim estes eram os tipos maus, então foram disparar lhe de todos os modos. Beth não tinha nenhuma opção. Lentamente caminhou para o rio. Ainda levava a roupa de camuflagem. Seu medo de ser confundida com um soldado voltou com total força. Suas pernas se sacudiam enquanto ela deixava a coberta das árvores. Estirou seus braços por cima de sua cabeça. Beth parou na luz brilhante enquanto o vento das hélices do propulsor a impregnava até os ossos.

   Permaneceu de pé durante um tempo que parecia infinito. Beth estava assustada e só desejava que eles fossem embora. Outros helicópteros chegaram. A noite de repente esteve cheia de máquinas negras. Dois dele aterrissaram diretamente na borda do rio, o som de suas portas metálicas abrindo-se fizeram que seu coração se acelerasse outra vez. Inclusive com a luz do projetor sobre sua cara, Beth podia ver os largos rifles que a apontavam.

   Os homens se detiveram justo fora da mancha de luz do projetor. Beth simplesmente não podia manter suas mãos no ar por mais tempo. Seus braços caíram aos lados e caiu sobre seus joelhos. A água que impregnava até o osso rapidamente a empapou até os joelhos. Se eles foram pegar lhe um tiro, poderiam fazê-lo com bastante exatidão agora.

   — Mãos para cima. Agora! —ordenaram-lhe.

   — Vão para o inferno! —Beth teve a intenção de gritar, mas só lhe saiu um suspiro apenas compreensível. As largas horas na água congelada estavam surgindo efeito na conta de sua voz, assim como a seu corpo. De fato, em um minuto mais, Beth temia que iria cair de cara naquela maldita água outra vez.

   O círculo começou a aproximar-se dela. Beth se obrigou a levantar a cabeça para olhá-los. Era sua imaginação ou a sua direita vinha um homem realmente grande. Talvez era o bastante grande para ser Jacobs? Seria muito bom para ser certo. Ele sustentou uma grande pistola contra sua cabeça. Beth manteve sua cara volta para ele enquanto ele dava um passo mais perto. Deteve-se só uns pés dela e a pistola baixou.

   — Beth?

   O tremor de alívio mais doce que pudesse imaginar golpeou em Beth. Ela conhecia aquela voz! Era Jacobs! Realmente tentou ficar de pé, mas suas pernas não lhe respondiam. Não foi necessário. Jacobs guardou sua pistola e a tirou da água quase no mesmo movimento. É obvio! Este era Jacobs. Ninguém levantava o Beth como ele o fazia.

   Jacobs apertou seu corpo em um abraço tão forte que mais tarde pensou que tinha sido uma maravilha que não lhe tivesse lhe feito mal. Seu próprio corpo se sacudia enquanto sentia os tremores que a percorriam acima e abaixo. Ela estava viva. A Deus obrigado! Ela estava viva! Levantou-a e a distanciou de seu corpo um momento para olhar sua cara. Aqueles formosos olhos azuis lhe devolveram o olhar e esse doce sorriso dela resplandecia sobre sua cara.

   Jacobs se tinha preparado para encontrar seu corpo. Ter sido recompensado com sua vida era quase mais do que ele podia assimilar. Beth teria sorte de não a encerrava em um quarto pelo resto de sua vida. Lentamente voltou para a mulher que tinha entre mãos. Os olhos cor avelã do Jacobs a avaliaram. Estava sofrendo pela exposição. Tinha que tirá-la da água e esquentá-la.

Sobre tudo, tinha que averiguar onde tinha fugido. Havia poucas dúvidas em sua mente respeito que tinha sido Grace a responsável pela liberdade do Beth. Infelizmente, sabia que seus captores não cometeriam o mesmo engano outra vez.

   — Jacobs — sua voz não era mais que um sussurro.

   Jacobs levou seu rádio a sua cara para ordenar que o último helicóptero detivesse seu motor para que podesse ouvi-la. Ele também girou caminhando fora do rio para sair dos sons que se precipitavam da corrente.

   O médico da Unidade já estendia uma manta sobre o piso do bosque e Jacobs a colocou sobre ela. Vacilou só um momento antes de lhe tirar a roupa molhada de seu corpo. Os olhos dela se alargaram, mas não protestou além disso. Não estava segura de em que momento o médico começou a tirar uma amostra de sangue de seu braço.

   Jacobs apertou uma mão no braço dela para assegurá-la e usou sua outra mão para levantar seu rosto.

   —Relaxe, Beth. nos deixe te ajudar.

   Beth olhou sua formosa cara e tentou relaxar-se. Não era fácil quando se jazia nua diante de um montão de homens. Alguém mais subiu e tendeu uma bolsa negra a Jacobs. Ele extraiu alguma roupa dali e Beth com gratidão tentou ajudá-lo a lhe pôr a roupa no corpo. Jacobs com cuidado lhe pressionou as costas, rechaçando a ajuda.

   Jacobs olhou ao médico enquanto comprovava o nível de açúcar do sangue do Beth. Era um médico do exercito, mesmo assim ele queria ser o único que a vestisse. Jacobs lhe pôs a roupa em cima. Era muito grande, mas lhe ajudaria a esquentá-la. Seu nível de açúcar no sangue estava tão baixo que se assombrou de que ainda estivesse consciente. Tinha que falar com ela agora. Não podia esperar. O médico lhe dirigiu um olhar interrogante e Jacobs assentiu para ele para que lhe administrasse a glicose e a adrenalina.

   — Beth, carinho. Sinto tanto isto.

   Beth não esteve segura a respeito de que queria dizer Jacobs com aquilo. Pensou que ele se desculpava pelas injeções. Beth não temia a uma agulha. Ele a olhava atentamente e lhe enviou um ligeiro olhar interrogante. Algo a golpeou como um vendaval. Seu cérebro explorou como se sua corrente sanguínea inteira se prendesse fogo. Seu corpo saltou em cima da manta e Jacobs firmemente a conteve. Se ela tivesse tido voz, o grito que soltou teria sido ouvido em milhas. Tinha-a ferido muito. As lágrimas se derramaram por suas bochechas tentando liberar-se dos braços que a capturavam.

   — Respira, carinho, só respira —animou a Jacobs.

   Respirar? Tinha vontades de golpear ao homem e estava segura de que era por isso que ele a mantinha abraçada.

   — Onde está Grace?

   Beth deslizou seus olhos através de sua cara. Como podia ter esquecido ao Grace?

   Lhe disse exatamente como se escapou de seus captores. As perguntas dele eram exatas. Beth estava entrando em calor. Infelizmente, também ficava muito sonolenta. Seus olhos começavam a fechar-se, mas sua mente lhe dizia que havia algo que tinha que contar ao Jacobs. O que era? Grace lhe havia dito que era muito importante. Ela tinha que dizer-lhe ao Jacobs ou poderia ser assassinado.

   — Dorme, Beth —Uma mão morna acariciou lentamente o flanco de sua cara. Não! Ela tinha que lhe dizer algo.

   — Turvel! —Isso era!

   — Beth, o que tem Turvel? —Ela tinha fechado seus olhos. Jacobs apertou os dentes antes de lhe pegar com a mão na bochecha.— Beth. Vamos. me fale.

   — Eu o vi —sussurrou Beth. Ela abriu seus olhos para olhar ao Jacobs.— Ele estava ali um dia antes de que Grace chegasse. Ele se dirigia ao Fredricks e eu o vi. Disse ao Fredricks que me disparasse um segundo depois de que tivesse Grace, mas acredito que Fredricks teve medo de que Grace se voltasse um problema se não me mantinha com vida para ameaçá-la —Beth estava agradada consigo mesma. Levantou sua cara com um sorriso.

   — Grace ainda assim era uma moléstia. A metade dos homens foram embora porque ela os olhava como se fosse uma espécie de bruxa.

   — Quando partiram esses homens? —Jacobs tentou manter sua voz tranqüila. Beth se escapulia devido ao cansaço, mas ele necessitava a informação agora.

   — Ontem… Acredito…Talvez… Que dia é hoje?

   Jacobs ficou em pé no segundo em que os olhos do Beth se fecharam. Permitiu que a cólera se mostrasse então em sua cara. Tinha sido uma batalha esconder a do Beth. Jogou um olhar para o Major Lorance. O homem estava mortalmente furioso também. Jacobs tirou seu telefone, e fez uma chamada ao General Slynn. Agora tinha uma prova. Também necessitava da ajuda do General para proteger ao Beth. Ela era sua única testemunha. Agora tinha que ir atrás de Grace.

   O General esteve longe de ficar contente. A idéia de que um de seus melhores psíquicos tinha sido vendido a um dos maiores terrorista, fazia com que o homem se voltasse mais louco a cada segundo. Jacobs devia recuperá-la custasse o que custasse. Quanto à testemunha, teria a sua própria gente ali dentro de uma hora e se asseguraria que ela estivesse ali para assinalar com o dedo no conselho de guerra. O fato de que Beth fora um civil era ainda melhor. Aquilo significava que nunca tinha visto o Turvel antes. Se ela pudesse reconhecesse-o, isso emprestaria mais credibilidade a seu testemunho.

   Jacobs fechou a linha Telefônica e olhou ao Beth um momento. O médico a tinha abrigado a entrar dentro de um saco de dormir térmico. Parecia como se estivesse encaixotada em um casulo negro, mas aquilo conseguiria que a temperatura de seu corpo alcançasse um nível normal. Ele tinha que mover-se. Fredricks tinha uma vantagem de dois dias e ele não podia perder outra hora. O problema era com quem deixar Beth. Se o Coronel Turvel tinha a alguém infiltrado na unidade, seria muito fácil para eles eliminá-la esta noite antes de que lhe falasse com General. Existia ainda a pergunta flutuando em sua mente a respeito de quem tinha disparado ao Grace.

   — me permita —disse o Major Lorance.— Assegurarei-me que chegue à base.

   Jacobs olhou enquanto o homem repartia ordens por seu microfone. Jacobs considerou que sua gente poderia ser uma melhor solução. Era improvável que o Coronel Turvel tivesse pensado fiscalizar aquela unidade também.

   Quatro pessoas se aproximaram deles e esperaram as ordens de seu oficial ao mando. Lorance foi conciso. Jacobs avaliou aos homens antes de que dar sua aprovação. A última pessoa era uma mulher. Dando lhe um olhar mais de perto, reconheceu a psíquico da unidade. Media talvez cinco pés com seis polegadas e tinha olhos verdes claros.

   — Ela pode rastrear ao Grace?

   — Não, a não ser que esteja morta.

   A mulher em questão se sentou sobre a terra ao lado do Beth. Outros homens tomaram posições ao redor da área.

   — Mas pode descobrir mentiras ate de uma santa.

   Agora sabia por que Turvel fazia o possível para que Grace nunca se apresentasse em alguma de suas reuniões. Tinha medo de que ela tivesse a mesma capacidade. Convencido de que Beth estava tão segura como era possível, Jacobs se deu a volta e moveu sua unidade. Só esperava que com Beth fora de perigo, Grace tivesse sido capaz de atrazar a marcha de Fredricks o suficiente para dar ao Jacobs a possibilidade de apanhá-los.

  

Brice permaneceu na escuridão esperando que algum som lhe desse uma pista sobre que direção seguir. Tinha ouvido a chamada que avisava que tinham encontrado Beth. Também conhecia o lugar. Estava a três dias de distância desse lugar. Jacobs podia ter a tecnologia, mas Brice conhecia seu distrito.

   Brice tinha a outros três homens mais com ele. Eram os melhores rastreadores que a zona podia oferecer. A gente era seu primo Grant Campbell. Os dois homens ficaram de acordo em que só havia um lugar possível ao que seus seqüestradores poderiam haver-se dirigido. Mirror Lake. De fato, era um dos lagos mais altos do estado. Só se podia acessar a pé. Exceto pelo lago em si. Helicópteros equipados adequadamente poderiam aterrissar na superfície do lago. As rochas circundantes evitariam que a aeronave se visse no radar.

   Brice tinha a gente esperando ali, mas queria apanhá-los pessoalmente. Assim que Grant e ele tinham levado com consigo um par de agentes e estavam rastreando o grupo da zona sul do lago. Os cães tinham encontrado um leve rastro de sangue essa tarde. Brice havia começando a esperar poder rodear com suas mãos a garganta do homem que tinha sequestrado Grace. Agora que Beth estava segura, Brice sentia como seus instintos primitivos estavam retornando a ação.

   Brice tinha sempre fez juiz em sua profissão que qualquer pessoa tinha direito a defender-se no tribunal, mas não os homens que tinham sequestrado Grace. Esses homens tinham cruzado mais de uma linha em sua vida, e a conta que tinha que cobrar-se com eles era muito pessoal.

   Ele era a lei no Condado do Benton. Parecia que tinham escolhido essa zona porque acreditavam que seu departamento não lhes causaria nenhum problema. Esse era o ponto número um. Brice não era nenhum xerife acomodado ou bobo, e estes homens tinham cometido um grande engano ao subestimá-lo.

   O ponto número dois era o fato de que tinham usado a uma criança para começar todo este assunto. Uma menina pequena. Podia ser que Benton não fosse uma grande cidade, mas nesta zona os homens não usavam a crianças. Não as assustavam, não as seqüestravam, não as usavam como isca. A família era algo sagrado, e eles tinham transpassado essa linha. Brice só tinha pego voluntários para este trabalho. Tinha mais dos que necessitava. A raiva em toda a comunidade se difundia a uma velocidade sem precedentes. Brice seria afortunado se não se formava um linchamento quando ele retornasse à cidade.

   Um dos cachorros choramingou pelo baixo. Brice foi direto depois do animal. Brice tinha pego um dos espartilhos de Grace do varal e o tinha dado aos cães para que seguissem seu rastro. Agora que a chuva tinha parado, os cães rastreavam de forma constante levando diretos ao Mirror Lake. Estavam aproximadamente a um dia de caminho do lago e Brice estava começando a sentir como lhe abandonava a civilização. Um primitivo ardor se estava queimando lentamente em sua tripa. Brice queria sangue. De uma maneira totalmente básica, tinha a sensação de que ia consegui-la. Agüenta, Grace, já chego.

 

   Grace despertou ao amanhecer como de costume. Seu corpo estava dolorido de apoiar as costas em uma árvore durante toda a noite. Fredricks se havia posto furioso quando descobriu que Beth não estava. Entretanto, não havia nada que ele pudesse fazer. Grace se preocupou com o brilho de pânico que tinha aparecido em seus olhos desde que aconteceu. Fredricks estava perdendo o controle da situação e isso poderia significar o desastre para ela. Não sentiria duvidaria que o homem a matasse e logo se tirasse a vida. Se a situação chegasse a esses extremos, ela sabia que Fredricks nunca se renderia.

   Grace jogou uma olhada ao cilindro de corda que tinha suas costas atada à árvore. O amanhecer eliminava as sombras da noite rapidamente. Ela tinha sido capaz de atrasar seus progressos de uma forma considerável no último par de dias. Agora que Beth não estava ali para ser usada contra ela, Grace fazia tudo o que estava a seu alcance para danificar a operação.

   Grace flexionou a mandíbula, fazendo uma careta de dor. Tinha recebido mais de um golpe em sua cara durante os últimos dois dias. Fredricks se havia aficionado ao castigo físico para tratar com sua determinação de sabotar seus projetos. Em realidade, parou antes de lhe romper algum osso já que ainda a necessitava para caminhar.

   Grace fazia lentos progressos. Ele tinha tentado ameaçá-la lhe disparando, mas Grace pensou que era uma ameaça sem respaldo. Fredricks não ia disparar contra ela. Havia muito risco de que ela sangrasse até morrer. Os terroristas não pagavam por psíquicos mortos. Ele a tinha golpeado várias vezes com sua pistola, mas tinha deixado de fazê-lo quando a arma se disparou e a bala produziu um sulco profundo no ombro do Grace. Ele recorreu a seus punhos depois disto. Isso não a tinha dissuadido.

   A ferida do ombro era útil. Grace seguiu flexionando o músculo para mantê-la aberta. Era extremamente doloroso. Grace estava contando com que Brice trouxesse para o Allen e seu cachorro Rudy. O tempo tinha estado espaçoso durante vários dias, assim que os cães deveriam ser capazes de seguir o rastro do sangue. Inclusive só um pouquinho. Assim que ela flexionou os músculos de seu ombro e os esfregou contra todas as árvores e rochas que pôde, em um esforço por deixar uma prova.

   Grace voltou sua atenção ao presente. Fredricks estava atrás da árvore para soltar a corda. Não daria nenhuma oportunidade para escapar. A corda rodeava seu pescoço, apertando-a. Fredricks era preparado, Grace lhe concedeu isso. Assegurou-se que a corda estava segura, mas que não a estrangulava. Se Grace pudesse utilizá-la para cortar seu oxigênio, o teria feito só para atrasá-los. Estar sendo levada como um animal poderia não ser muito digno, mas era uma luta por sobreviver, e Grace lutaria tão sujo como soubesse.

   Com suas mãos ainda atadas pelas algemas, a corda era eficaz até certo ponto. O pescoço do Grace estava em carne viva pela corda que a roçava, mas ela continuou lutando. Obrigar Fredricks a vigiá-la tinha feito que a velocidade se reduzisse mais da metade. Grace só esperava que fosse suficiente. Ela podia manter-se nessa situação, mas a dor do laço se converteu em insuportável em um ponto e tropeçou para diante. Era uma luta que continuaria até vencer.

 

   Brice se inclinou para olhar mais de perto do sangue que estava manchando uma áspera rocha de granito. Rudy atirou de suas patas traseiras e soltou uma choramingação. Ele meneou sua cabeça e empurrou ao Allen para diante.

   —Ele a tem agora, Xerife —Allen saltou para diante com seu cão enquanto Rudy aproximava seu nariz ao rastro.

   Brice assentiu. Chegariam ao Mirror Lake ao entardecer. Só esperava que não fora muito tarde. Necessitava que Jacobs lhe animasse.

 

   A cólera fervia dentro dos olhos de Jacobs enquanto fechava de repente o telefone. Não tinha encontrado nenhuma outra pista sobre Grace. O tempo corria e ele sabia. Girou o helicóptero em direção ao Mirror Lake. O rastro de sangue que Brice tinha encontrado era a única carta que tinham para jogar. Se chegassem ao Mirror Lake e Grace não estivesse, então eles poderiam voltar para casa. A classe de gente que podia comprar de alguém como Grace, era capaz de desaparecer no ar, sem deixar rastros.

   E Grace também sabia. Era muito possível que fizesse um último intento que a levasse a morte.

 

   Mirror Lake estava a uma altura de quase dez mil pé. Os desmoronamentos de rochas de granito prepararam o declive que permitiu que se formasse o lago, elevando-se cem pés da superfície da água em todos os lados. Só havia uma maneira de descer do lago.

   Deste lado havia um atalho estreito, mas utilizável, que descia até o bordo da água. Para alcançar o alto do atalho eles teriam que escalar por um escarpado grupo de rochas de granito cujo tamanho oscilava entre grandes e pequenas. Apenas os fortes podiam passar por esse caminho. Requeria que a pessoa escalasse as rochas maiores, se equilibrando nas menores, essa operação exigia muito cuidado, já que facilmente qualquer um poderia perder o equilíbrio.

   Grace poderia ter feito a ascensão em uma hora se não fora pela mochila. Era uma ascensão de quase duzentos pés com uma grande altitude. Grace fez que durasse um dia inteiro. Para quando tinham conseguido chegar ao alto daquele aterro, ela quase tinha chegado a seu limite.

   Seus olhos observaram a beleza do lago. Realmente estava quebrado pela presença de três helicópteros que descansavam na suave superfície. Não eram tão modernos como os que usava sua Unidade mas Grace reconheceu os modelos como se fossem. Eram aeronaves de combate, fortemente armadas e muito boas evitando os radares. As três aeronaves estavam balançando-se na lisa superfície da água como um grupo de crocodilos esperando só que as presas se aproximassem.

   — Bom, chegamos. Dê olá a sua nova Unidade, cadela —susurrou Fredricks em seu ouvido.

   Havia muitos lugares para esconder-se ao redor do lago. As grandes rochas que compunham o vale proporcionavam essas coberturas. Dois homens vestidos de negro se adiantaram enquanto se davam conta de sua presença no alto do penhasco. Eles lhes fizeram gestos para que baixassem, mas Fredricks deu um passo atrás e tirou seu telefone do bolso. Esperou.

   Um dos homens dali abaixo tirou algo de seu quadril. Desde sua distância, Grace não podia observar os detalhes, mas supôs que o artefato era outro telefone via satélite. O telefone de Fredricks tocou. Umas breves palavras codificadas foram trocadas antes de desligar o telefone e voltá-lo para colocar no bolso dianteiro de sua camisa. Ele dirigiu um sorriso maldoso para Grace.

   — Já é hora de que conheça seu futuro. — Uma mão agarrou seu braço e a empurrou para diante para começar o descida ao vale.

   — Espera! —Isso tinha vindo de um dos cinco homens restantes. Seus olhos estavam explorando as rochas que cortavam a superfície do lago.

   —Eu fico aqui. Já terminei o trabalho. Não vou me colocar em uma armadilha mortal. Uma vez que a tenham poderiam nos dirigir suas armas no ar e nos fazer picadinho.

   — Já transferiram o dinheiro. Não teriam feito isso se pretendessem nos matar. —insistiu Fredricks.

   — Bem, pode nos entregar nossa parte aqui e agora.

   Fredricks tentou apartar a vista do homem, mas o sol começava a desaparecer e queria deixar o assunto terminado antes de que fora de noite. Se Grace conseguia escapar na escuridão, seria muito difícil capturá-la de novo nesta zona. Abriu de novo o telefone e fez o que o homem lhe pedia.

   Grace olhou aos homens a seu redor. Estava feliz de descobrir que cada um deles estava luzindo uma contusão ou alguma outra marca devida a ela. Ela mesma devia ser grotesca, mas tinha mantido a seis homens ao passo de um menino durante três dias. Também tinha liberado ao Beth. Grace sinceramente esperava que sua amiga estivesse a salvo e recordado o que lhe tinha que dizer ao Jacobs. Se Grace não saía disto com vida ao menos poderia consolar-se pensando que os dois poderiam estar juntos.

   A hora tinha chegado. Era fazê-lo ou morrer. As forquilhas poderiam ser práticas. Com a que tinha assegurada na palma de sua mão deslizou um dos extremos da fechadura de suas algemas. Seus olhos rastrearam o atalho. Deixaria que Fredricks a levasse um quarto do que tinham que baixar. Precisava distanciar-se dos cinco homens que acabavam de girar e que tinham começado a descer pelo atalho que tinham demorado um dia em subir. Ao mesmo tempo, não queria aproximar-se muito aos homens que estavam ao bordo da água.

   A luz estava desaparecendo, o que significava que sua maior oportunidade de escapar estava aproximando rapidamente. Grace se inclinou para trás fazendo que Fredricks a arrastasse de novo para a costa. Queria-o desequilibrar. O equilíbrio não era seguro, e seu maior medo era que ela pudesse perder seu próprio equilíbrio e cair costa abaixo. Isso poderia ter mortais resultados. Era exatamente o destino que Grace estava planejando para o Fredricks.

   — Sabe? Acredito que nunca te hei dito a patética imitação de oficial que acredito que é.

   Fredricks parou por um momento e cerrou seus olhos com raiva. Grace observou como apertava de novo o nó da corda e se inclinou para trás para utilizar toda sua força no seguinte puxão. Seus músculos se esticaram e feriram Grace. Ela levantou suas mãos aferrando a corda, usando-a para dar um salto e dar uma patada à frente. Seu ataque deu totalmente em Fredricks, enviando seu corpo atalho abaixo.

   O tiroteio estalou detrás dela, e uma bala passou justamente por cima de sua cabeça. Fredricks atiraria antes de vê-la livre. Apoiando suas costas contra uma enorme rocha Grace observou com horror como vários dos soldados despedidos recentemente escalavam até o alto das rochas para somar suas armas à caça. Os sons de disparos encheram o ar, mas Grace não esperou a descobrir quem estava lhe disparando contra ela. Obrigando seu corpo a ir para diante procurou um refúgio dos homens que estavam subindo.

Fredricks aproveitou a vantagem de ter apoio e se lançou contra seu corpo. Lutaram durante um momento, de repente o chão tremeu e começou a afundar. Grace tinha sido jogada para longe. A força do impacto os lançou sobre a instável vertente de pedras que se deslizava até o lago. As pedras bastante. Ambos tiveram suas costas machucas pela as irregularidades das rochas, estas estavam caindo por todos os lados.

   Fredricks agarrou com suas mãos os braços do Grace e os apertou com uma força brutal, enquanto se deslizavam para baixo por um lado da rocha. A velocidade de sua queda aumentou enquanto a ladeira da rocha se fazia mais escarpada. A fricção causada por seu deslizamento rasgou e arranhou suas roupas e inclusive a pele que estava debaixo. Apesar de sua própria angústia, Grace podia ouvir o som dos disparos soando em qualquer ponto do vale. Brevemente se perguntou pela causa antes de ser jogada nas profundidades do Mirror Lake.

   A água devia estar muito perto de congelá-la. Isto tirou o ar de seus pulmões. A água fria era como adagas e estava deixando-a completamente embotada. Os dois alcançaram a superfície da água dando baforadas de ar. Grace se sentiu brutalmente empurrada para baixo da água outra vez. Lutou com o Fredricks, mas era forte e o pânico lhe estava dando mais força.

   Se desmaiasse estaria morta. Desesperadamente, utilizou a única arma que tinha, suas habilidades psíquicas. Grace nunca as tinha usado como uma arma, mas rechaçou o deixar que sua vida se acabasse sem fazer nenhum esforço. Deteve a luta de seu corpo e agarrou com suas mãos a carne nua dos braços do Fredricks. Obrigando-se a concentrar-se até o último ponto de seu conhecimento Grace tentou tirar uma imagem da mente do Fredricks.

   O corpo do Fredricks se convulsionou com a dor. Tentava afastar-se do Grace. A força com que atirava a levou de novo à superfície do lago permitindo que seus pulmões abrasados respirassem o ar. Seus dedos intumescidos perderam sua força enquanto Fredricks punha vários pés de distância entre eles. Seus olhos estavam cheios de raiva e Grace viu o brilho de sua pistola enquanto ele a dirigia para ela. Imediatamente se viu obrigada a mergulhar-se sob a água para tentar escapar.

 

   Brice e Grant alcançaram o topo justo quando a primeira ronda de disparos estalou. De fato, estavam só a trinta pés, debaixo de Grace e seus captores há três horas. Tinha necessitado de todo seu controle para não interferir em sua ascensão. Brice sabia que não estavam desarmados. Não podia esquecer a possibilidade de que Grace se visse envolta no tiroteio.

   Os minutos tinham passado como horas. Jacobs e seus homens estavam justo no outro lado da colina. Tudo o que tinham que fazer era lhes cobrir. Grace tinha facilitado muito as coisas, estando ali por perto. Estava distraindo eficazmente a seus seqüestradores com sua briga por permanecer nesse lado do penhasco.

   Apesar da raiva que sentia em seu corpo pelo tratamento que tinha recebido, Brice também se sentia orgulhoso dela. Grace era uma dura adversária e não ia ceder nenhuma polegada. Estava desviando de forma efetiva a seis homens treinados. Não era uma façanha pequena. Quando o resto dos homens se separou, tinham obrigado a Brice e ao Grant a afastar-se de seu caminho rapidamente.

   Os primeiros disparos lhes tinham obrigado a disparar. Os soldados tinham alcançado rapidamente o topo e Brice tinha saltado depois deles.

   — Departamento do Xerife! Quietos!

   A ordem do Brice semeou o pânico entre o grupo de homens. Dois se voltaram para encarar a ameaça e Brice disparou antes de que conseguissem dirigir seus rifles de grande potencializa para ele. Grant lhe cobriu desde atrás. Os outros homens se precipitaram a cobrir-se, enquanto no vale estalava em um tiroteio.

   Os três homens que estavam justo debaixo da colina disparavam a algo que se movesse. Brice e Grant se aproximaram lentamente para tentar realizar um tiro limpo. Alguém lhes disparou. Um curto silêncio foi seguido do som do fogo automático. A identidade dos atiradores foi revelada pelo "Espaçoso!" que foi gritado depois. Parecia que Jacobs chegava bem a tempo com sua unidade do Rangers.

   O fim do alarme foi efêmero. O fogo das armas se repetia através do vale em múltiplos sítios. Os Rangers procuravam refúgio incluso enquanto devolviam os disparos. Brice se encontrou bem a tempo de ver como Grace e Fredricks se mergulhavam na água. A essa altura o lago estaria a ponto de congelar-se e a hipotermia apareceria em dez minutos ou menos.

   O tiroteio continuou enquanto eles se encarregavam dos ocupantes dos helicópteros. Um dos pilotos ainda estava a bordo de um deles e a máquina levantou rapidamente o vôo sobre a superfície do lago. O piloto parecia não ter nenhum tipo de lealdade para os homens que se dirigiam desesperadamente para o helicóptero. Elevou-se diretamente por cima do vale e se perdeu na noite. Ao expor a si mesmos enquanto tratavam de chegar ao helicóptero, foi mais singelo para o pessoal do Xerife apanhar a esses imbecis enquanto saíam de seu refúgio. Alguns se renderam, os Rangers dispararam ao resto.

Entre os Rangers e os delegados, um "Espaçoso" foi anunciado pela segunda vez. Esta vez era a boa. Brice atravessou o atalho que lhe levava a borda do lago em um tempo record. O corpo do Fredricks estava flutuando na superfície do lago. Jacobs tinha o homem coberto, mas não respondia a nenhuma ordem. As luzes chegaram e iluminaram a zona.

   Jacobs relaxou sua postura lentamente. Fredricks estava morto. O corpo de seu Ex-C.O. flutuava com os olhos fixos e dilatados olhando fixamente na noite. O homem sempre tinha sido um imbecil mas agora também era um traidor.

   Brice esquadrinhou a superfície do lago procurando algum signo do Grace. A água estava lisa como um espelho. Nenhuma simples onda o alterava.

   — Grace!

   — Procurem na borda —Jacobs rugiu a ordem em seu rádio.

   Trinta homens desceram até a borda e seguiram sistematicamente o bordo da água procurando Grace. Nenhuma simples rocha foi passado por cima. Nem sequer encontraram um rastro.

   Tinha passado quase meia hora e Brice sabia que não poderia sobreviver à temperatura da água do lago todo esse tempo. Não podia acreditar que tivesse chegado tão longe para terminar sendo uma vítima das profundidades geladas. Passeou pela borda desejando que ela aparecesse na superfície incluso embora a lógica lhe dissesse que era impossível.

 

   Grace ouviu como gritavam seu nome. Soava bastante longe, lhe fazendo simplesmente ignorá-lo. Havia muito dor nesse lugar. Estava-se tão bem ali. Ela podia dormir e descansar. Grace queria descansar por cima de tudo.

   Alguém gritou seu nome de novo. Grace se aproximou um pouquinho mais ao som. Quem era esse? Alguém familiar, Brice? Um leve sorriso apareceu em sua cara. O movimento lhe causou dor e então se aproximou mais ao som devido à dor. Seu corpo inteiro começou a queixar-se enquanto começava a estar completamente acordada. Grace não podia recordar nada que lhe tivesse doído tanto. Parecia como se sua pele tivesse sido tirada a tiras.

   A intensa dor tirou sua mente do sonho, e apertou seus dentes para evitar chorar. Fazia tão frio! A classe de frio que rasgava a carne de uma pessoa e inclusive seus ossos. Olhou à borda do lago. Agora havia luz e podia ver os homens enquanto procuravam. O que estavam procurando? Não podia recordar a missão, e não lhe importava. Fazia muito frio e seu corpo estava cheio de dor.

   Levantando sua cabeça, Grace olhou à parte inferior do helicóptero sob o que estava tiragem. Estava coberta pelo trem de aterrissagem, na parte traseira da nave. As luzes da borda não chegavam tão longe. Seus olhos caíram sobre Brice enquanto ele caminhava pela borda do lago. Algo estava mal, mas não podia recordar o que. Sua mente estava muito imprecisa.

   — Brice! —Sua voz não queria cooperar com sua ordem. A palavra saiu entre o tagarelo dos dentes e não o suficiente alto para ser ouvida uns cinqüenta pés de distância dela.

   — Grace!

   Esta vez foi mais forte, porque Brice e Jacobs tinham gritado seu nome juntos. Em um momento de claridade Grace se deu conta que estava congelando-se lentamente até morrer. A hipotermia tinha aparecido. Essa era a razão pela que não podia pensar. Tinha que chamar sua atenção antes de que escorregasse na água e se afogasse.

   Seu cérebro começou a turvar-se de novo, mas ela lutou contra isso, dando boa-vinda à dor que a mantinha consciente. Tinha que despertar. Seu corpo estava tremendo como fazia um cão quando estava molhado. Grace utilizou até a última ponta de força que tinha para tira a escuridão de sua mente.

   Ao sair da água tinha conseguido mais tempo. Entretanto, sua posição estava convertendo-se rapidamente em uma armadilha perigosa para ela. Cada segundo que passava flutuando sobre a superfície da água, seu corpo perdia mais calor.

   O helicóptero sob o que estava era o que estava mais longe da borda. Justo diante dela, as luzes tinham sido instaladas e estavam iluminando a zona onde os sobreviventes tinham ficado. Não estava segura se seu corpo poderia atravessar essa distancia na fria água.

   Realmente, o tempo era agora seu pior inimigo. Não havia nenhuma possibilidade de discutir as probabilidades. Podia morrer justo aí ou jogar-lhe na água.

   Respirando profundamente por última vez, Grace se mergulhou no lago. A fria temperatura contribuiu enormemente a aliviar sua dor. A água estava limpa, mas sem a luz do sol se transformou em farpas de gelo. Enquanto saía à superfície para respirar, Grace se obrigou a si mesmo a encontrar a borda. Seu cérebro tentava envolver-se em névoa, mas ela seguia pensando no fato de que a borda estava perto. Forçou a seu corpo a seguir adiante, porque a alternativa era afundar-se no lago.

 

   Os homens se sentaram em pequenos grupos. A conversação era murmurada além de estranha. Embora o resultado da missão fosse positivo, cada um dos ali presente sabia que tinham falhado em seu objetivo primitivo.

   Jacobs e Brice permaneciam em lugares separados enquanto ambos contemplavam o lago. Nenhum tentou aproximar-se do outro. Jacobs conseguiu abstrair-se de seus pensamentos o suficiente para chamar pedindo suporte aéreo. Preferia transladar a seus prisioneiros antes de ceder ao impulso de matá-los. Nesse momento não haveria nada que lhe tivesse gostado mais fazer.

   Olhando através do espaço que lhe separava de Brice, Jacobs pensou durante um momento. Queria saber como era de profundo o lago, mas podia esperar. Amanhã seria o bastante logo. Teria que recuperar o corpo do Grace, mas por agora lhe deixaria descansar aonde ela pertencia, na natureza.

   Brice permaneceu no lado oposta aos prisioneiros de Jacobs. Seguiu olhando a superfície do lago. Como podia ela ter lutado com tanta força para terminar na água? Tinha estado o dia todo a poucas quadras atrás dela, ele tinha ficado impressionado como a forma que ela lutou para sobreviver. Depois de todo esse esforço ela se afogou. Tinha passado mais de uma hora. Brice era muito prático para manter uma falsa esperança.

   Não, amanhã, quando saísse o sol, mandariam mergulhadores para que recuperassem seu corpo. Seria muito fácil de achar. Jacobs o levaria de volta à base e Brice imaginava que o exército apagaria qualquer evidência de que ela tivesse existido. Brice ainda não podia absorver o fato de que ela estava morta. Ainda podia sentir o peso de seus olhos verdes. Grace tinha sido tão tenaz na vida que Brice não se surpreenderia de ver seu fantasma vagando pelo lago.

   O ar estava cheio dos sons das aeronaves que se estavam aproximando. Brice olhou como rodeavam a cratera de granito para começar a descender sobre a superfície do lago. As luzes do avião iluminaram a zona brevemente. Brice viu como aterrissava o helicóptero, posando-se a umas poucas jardas da borda.

   Jacobs endireitou suas costas e se aproximou do piloto. Tinha oito prisioneiros que queria fora de sua vista nesse mesmo momento. Controlando apenas a fúria, os homens foram atados e arrastados sobre seus pés. Observando com olho perito a seus homens, Jacobs se deu conta que não era o único homem presente que queria mais sangue.

   Tinham que conter-se a si mesmos e assim seria. Jacobs dirigiu o olhar para o Brice, o pessoal do departamento do xerife era sua responsabilidade essa noite.

   O olhar que Brice viu na cara do Jacobs foi bastante claro. Brice abandonou a borda para dirigir um agudo olhar sobre sua gente. Jacobs estava certo. Era melhor que aqueles prisioneiros fossem retirados o quanto antes.

 

   Levantando sua cabeça da água, Grace ofegou. Obrigou a suas pernas a mover-se e suas botas se tropeçaram com a lama que cobria o fundo do lago. Seu corpo tremeu violentamente em seu esforço por esquentar-se. Ela olhou fixamente de forma estúpida ao helicóptero que estava diante dela. Não recordava que estivesse aí.

   A quem lhe importava? Queria sair da água, se isso significava nadar sob outra máquina, faria-o. Grace não tinha achava possível esfriar-se mais, mas estava equivocada. O rotor do avião ainda estava em marcha. Enquanto permanecia meio fora da água, o ar que o rotor produzia golpeava suas roupas molhadas. O vento glacial diminuiu sua temperatura incluso mais.

   Deixando cair para trás na água, avançou lentamente com o passar do fundo do lago. Grace manteve seus olhos fixos na borda que estava quase ao alcance da mão. Em seu cérebro só havia sitio para um pensamento, e era seguir movendo-se. Graças a Deus, o helicóptero começou a elevar-se.

   Seu cérebro estava abandonando-se ao frio. Grace deu a bem-vinda à escuridão que a rodeava por todos lados. Ela se afundaria nessa bem-vinda, livre de dor, logo que se arrastasse na rocha dessa borda. As duas jardas restantes eram quase insuperáveis.

   Não, ela sairia da água! Grace obrigou a seu corpo a chegar à borda. Seus pés se afundaram no barro, e ela se endireitou agradecida de sentir o chão sólido da borda sob suas mãos. Utilizando-as e a seus joelhos conseguiu tirar seu corpo completamente da água. Grace se sentou sobre seus joelhos com suas mãos apoiadas no chão como apoio. Ao ter alcançado seu destino sua mente embotada era incapaz de formar nenhum outro pensamento. Seus olhos permaneceram fixos na pedra que tinha parecido tão importante de alcançar, embora não podia recordar por que.

 

   Enquanto o avião desaparecia na distância, a zona ficou em silêncio uma vez mais. Os homens começaram a procurar um lugar para acampar durante o resto da noite em um ânimo vencido. Os latidos dos três sabujos eram surpreendentemente altos nessas circunstâncias. Rudy deu um uivo que foi surpreendente por sua intensidade. Deu um puxão que fez que sua corda saísse limpamente das mãos do Allen.

   Todos os olhos seguiram os tombos loucos que dava o animal para a borda às escuras.

   — Xerife! —O delegado Allen desceu para contar a novidade para seu companheiro. Rudy tinha encontrado seu objetivo.

   Brice se girou para seguir a seu delegado. O cão se deteve menos de vinte pés de onde ele estava. Agora estava negro como a boca do lobo. Brice olhou fixamente à pequena figura que se ajoelhava na borda com incredulidade. De onde vinha essa pessoa? Tinha estado observando como o helicóptero se elevava desde aquele ponto menos de três minutos antes.

   Rudy ainda estava ladrando. O cachorro aproximou seu nariz à pessoa antes de continuar ladrando. Aproximando-se mais a pessoa, Brice conseguiu apontar com sua lanterna a sua cara.

   — Grace?

   De algum jeito tinha sobrevivido. Brice se ajoelhou diante dela. Seus olhos estavam fixos na pedra em que ela se ajoelhou e sua cara estava branca. Sua roupa estava pegava no seu corpo enquanto o excesso de água caía onde ela estava ajoelhada. Estendendo a mão absorveu em sua respiração a frieza que provinha de seu corpo. Brice levou uma mão a sua garganta para tomar o pulso. Ela não se movia nem piscava sequer. Seus olhos simplesmente estavam centrados na pedra de granito em que se apoiava.

   — Grace? Fale comigo—Nem sequer pestanejava em modo de resposta.— Jacobs!

   Brice não esperou a que o homem lhe encontrasse. Deslizou sua mão sob seus joelhos e a levantou de sua posição. Seu corpo estava tão flácido como um trapo, mas seus olhos permaneciam fixos e dilatados.

   Jacobs não sabia o que Brice tinha encontrado, mas estava seguro que não era Grace. Sua mão tremeu ligeiramente enquanto a aproximava da garganta do Grace.

   — Por Deus! —jurou comprovar a temperatura de seu corpo.— Um médico!

   As luzes se formaram em redemoinhos ante os olhos de Grace e ela imaginou que eles tinham que estar em uma árvore de Natal devido à quantidade de cores que havia. Estranho, mas não podia recordar se era Natal ou não. Possivelmente era Natal, porque fazia muito frio. Devia haver neve no chão. Adorava a neve, Papai a levaria e jogariam. Primeiro teria que lhe pedir a sua mãe que a ajudasse a ficar seu traje de esquiar. Ali estava, sua mamãe sempre tinha o sorriso mais bonito para ela e estava tendendo uma mão em Grace. Levantando seu braço Grace agarrou a mão de sua mãe. Estava Lhe dizendo que esperasse, mas, por que? Grace queria ir agora. Não, sua mãe era firme, devia esperar.

   As luzes de cores desapareceram e seu corpo começou a ter calor. Lentamente Grace tentou perceber tudo o que a rodeava. As estrelas brilhavam. Benton, estava no Condado do Benton. Uns olhos fortes e seguros a olhavam. Era Brice? Teria que perguntar mais tarde. Justo agora queria voltar com seus pais. Fazia tanto tempo, ela retornaria…

 

   — Grace? Abre os olhos! —Jacobs esbofeteou sua bochecha, mas ela nem sequer moveu suas pálpebras. Seus olhos tinham estado abertos e fixos enquanto seu coração estava parando. Agora ela os fechou, mas tinha um pulso estável. Precisava levá-la a um hospital rapidamente. Se ela se bloqueava assim de novo poderia perdê-la.

   O helicóptero estava a três minutos mas estariam preparados quando chegasse ali. O médico e Brice terminaram de atar Grace com uma correia a maca e os três homens subiram a seus pés e se arrastaram para o bordo da água.

   Levou-lhes menos de trinta segundos para chegar à aeronave. Tanto Jacobs como Brice sustentaram com mão dura a maca enquanto não perdiam de vista o monitor cardíaco colocado sobre o peito do Grace. Foi o vôo mais comprido de suas vidas.

 

   O olho do furacão estava começando a aparecer. Grace o esperou impacientemente. Queria despertar. Havia algo muito importante por fazer. Não podia recordar o que. Foi à deriva enquanto esperava. O tempo se parou. Sua mente começou a dissipar-se.

   Não, ela despertaria. Não deixaria que esse olho passasse. Estava sobre ela agora. Podia despertar se queria. Parecia ter que esforçar-se mais do normal. Grace não se abrandou. Prometeu a seu corpo que dormiria de novo logo. Agora despertaria e recordaria o que era o que precisava saber.

   Grace se obrigou a abrir-se caminho entre as últimas camadas de sonho. Obrigou-se a recuperar o conhecimento. Abrindo suas pálpebras olhou ao seu redor. O quarto estava muito escuro. Esse tipo de escuridão que vinha de pesadas persianas que bloqueavam a luz do sol. Foi o único pensamento que cruzou seu cérebro antes de que a dor a golpeasse. Era intenso e foi a pior do que ela havia sentido fazia tempo. Grace nem sequer podia identificar de onde provinha. Parecia que seu corpo inteiro estivesse gritando ao uníssono.

   Seu corpo lhe doía como se a tivessem apunhalado ao tentar evitar que lhe doesse mais. O resultado desse movimento foi uma dor mais profunda. Obrigou-a a respirar fundo enquanto lágrimas caíam de seus olhos. Grace tinha sua mandíbula muito apertada; era quase um milagre que não tivesse quebrado seus dentes. Seu corpo a estava distraindo tão completamente que podiam estar vinte pessoas na habitação e Grace duvidava que pudesse dar-se conta.

   — Grace, te recoste —O estalo de sua cabeça fez que seu cérebro funcionasse o bastante para reconhecer ao homem que estava tentando obrigá-la a recostar-se na cama. Estava insistindo e era muito doloroso o resistir. Grace fechou seus olhos enquanto outra onda de dor chegava com o movimento de deitar-se.

   — Brice?

   — Que bom que você voltou para nós.

   Sua mente ainda estava muito imprecisa, mas pequenas peças começaram a flutuar através de rede de acontecimentos interligados: Fredricks, o lago gelado, Brice caminhando pela borda. Ele estava gritando com ela. Por que? Por muito que quisesse, não podia recordar.

   — Por que você gritou comigo —perguntou ela.

   Brice a olhou durante um momento. Estava claro que ainda estava desorientada. Também estava claro que tinha dores intensas. Possivelmente esta mulher odiasse as drogas, mas por seu olhar, Brice estava disposto a injetar-lhe ele mesmo. Olhou ao outro lado da cama e olhou aos olhos ao Jacobs.

   — Vou procurar uma enfermeira.

   — Tenho-o pensado, Brice —Jacobs tirou seu próprio kit médico de um lado da mesa e tirou uma seringa de injeção esterilizada dele. Tirou a tampa e usou a via que ainda estava em seu braço.

   A força com a que apertou seu pulso fez com que recuperasse um pouco o conhecimento. Grace observou a seringa de injeção um momento antes de levantar seus olhos para ver quem o estava administrando.

   — Se isso for adrenalina te matarei! —Não podia suportar mais dor nesse momento.

   Jacobs só lhe dedicou um suave sorriso. Grace girou sua cabeça para olhar Brice. Ele também tinha o mesmo sorriso. O que significava isso? Grace sentiu como se houvesse algo muito suave em sua cabeça. A dor começou a remeter e ela suspirou com alívio. Aquilo estava muito melhor. Entretanto, com o alívio da dor, seu corpo se relaxou até voltar a ficar dormida. Grace lutou contra isso. Queria pensar. Queria perguntar… sobre… Beth.

   Brice a observou enquanto dormia. Pela primeira vez desde que a tinham levado a hospital estava verdadeiramente descansando. Deveria ter insistido no dos calmantes para a dor antes.

   Sua breve recuperação assegurou Brice que, pelo menos, estava no bom caminho. Considerando as condições nas que a tinha encontrado no Mirror Lake, Brice dava obrigado pela recuperação. Ainda não tinha nem idéia de como tinha conseguido chegar à borda, mas não lhe importava. Estava viva. Brice pretendia agradecer apropriadamente o milagre.

   As primeiras doze horas que ela tinha estado no centro médico tinham passado ao ritmo de um caracol. O doutor Fenton tinha sido incapaz de conseguir que a temperatura de seu corpo alcançasse a normalidade. Seu coração não se parou outra vez e Brice e Jacobs tinham acampado na unidade de cuidados intensivos a esperar.

   Doze horas mais tarde, justo quando Jacobs havia predito, sua temperatura se elevou até a febre. A ferida de seu ombro se infectou, e seu corpo estava tentando lutar contra isso. O doutor Fenton se surpreendeu por seus progressos e a tinha transladado a uma sala normal. Se o pessoal do hospital encontrava estranho que Brice e Jacobs permanecessem constantemente à cabeceira do Grace, ninguém o disse.

   Brice olhou Jacobs um momento. O homem não tinha pedido uma enfermeira para pôr a injeção. Tinha sentido que fora médico. Era responsável por Grace em todas as situações. Brice pensou nisso durante um instante. Por que estavam sentados no centro médico então? Grace odiava estar ali. iria ser muito difícil mantê-la em cama. Ao menos em sua casa estaria mais cômoda.

   Além disso, Brice não ia correr mais riscos com sua segurança. Mantendo-a fora do alcance conseguiria evitar que acontecesse isto de novo. Sua casa era segura, Brice estava impaciente por vê-la bem longe de olhos curiosos. Tão inocentes como os residentes locais pudessem ser, a informação que podiam difundir não o era.

   — Há alguma razão pela que devamos estar aqui? —perguntou Brice para assegurar-se.

   Jacobs apertou sua mandíbula durante um instante. Ele podia ocupar-se do Grace. A verdade era que ele também estava desejando ir-se desse local. Só havia um problema com a casa do Brice.

   — Não posso fazer aterrissagem do helicóptero o bastante perto de sua casa.

   — Quanto necessita?

   — Como planeja levar isto a cabo?

   Deslizando seu olhar sobre Grace de novo, Brice obscureceu sua expressão.

   — Acredito que cheguei a entender sua posição de mantê-la fora da vista.

   Um rápido assentimento foi à resposta do Jacobs.

   — Esta é uma cidade pequena que se lembra de tudo. Conheço um par de rapazes que ficariam contentes em ser descuidados com determinados equipamentos de sua Unidade.

   — Brice, isto será algo temporal.

   Os muros da realidade se estavam fechando sobre ele. Não precisava ver o olhar de Jacobs. Só olhando Grace e ver quão feridas estava era suficiente. Ela não poderia sobreviver em seu mundo. O muro secreto que o exército tinha construído em torno dela a mantinha a salvo de malfeitores em geral.

   Levar-lhe a sua montanha daria tempo, nada mais. Inclusive embora ele sabia que ia ser muito mais duro deixá-la ir, Brice o faria de todas formas. Por agora, ele podia agasalhá-la com o suficiente amparo para lhe permitir recuperar-se. Seu amparo.

   — Sei. Mas farei o que possa.

 

   A pesar da dor que se formava no peito de Brice, Jacobs não podia conter um sorriso zombador. Parecia que Grace conseguiu um campeão. O Xerife ia causar problemas, isso era certo. As ordens de Jacobs diziam claramente que devia tirar-lo de no meio assim que isso acontecesse.

   Turvel tinha dado essas ordens. Entretanto, o Traidor Turvel tinha sido relegado de mando e provavelmente muito em breve também seria eliminado da vida. Um sorriso bastante desagradável apareceu na cara de Jacobs. O homem era um traidor. Em sua opinião, Turvel não ia conseguir nem a metade do que merecia.

   Olhando de novo à mulher que estava dormindo, Jacobs deixou que sua fúria se mostrasse em sua cara. Sim, desfrutaria vendo como Turvel recebia o seu castigo. Grace estava cheia de contusões. Só o fato de estar viva mantinha Turvel com vida. Ela iria levá-lo para seu destino, enquanto se recuperava, decidiu Jacobs. Por agora, ele a levava para a casa de Brice, o bom xerife podia tentar ganhar a partida domesticando-a.

   Ele era agora completamente responsável por sua equipe. O general Slynn tinha notado que poderia ser melhor estar em contato direto com o homem que estava em plena linha de fogo. Essa atitude também se estava fazendo extensiva a Grace. Slynn queria conhecê-la logo que estivesse preparada. Ele mesmo tinha estado com o general um bocado de vezes. O resultado dessa entrevista poderia trocar as vistas dos dois.

   Mas essa entrevista teria que esperar. Grace precisava ter sua mente limpa quando enfrentasse ao Slynn. Por agora, ele dormiria muito melhor com ela convenientemente fora de cena, só no caso de Turvel tinha algum irmão por aí.

  

Grace não recordava os seguintes dias. Ela despertava e dormia outra vez. Nada era claro. Em algum momento durante esses dias visto movimentos. Gostava muita mais de onde estava, mas não tinha uma pista de onde estava, somente que era diferente da última vez que tinha estado acordada.

   Abrindo seus olhos um dia depois Grace inspecionou seu entorno. Ela estava tomando medicação contra a dor. Soube imediatamente. Em Grace isso fazia que sentisse que um de seus sentidos estivesse completamente bloqueado. Isto era tão alarmante como se encontrar de repente surda ou cega. A dose da medicação tinha que ser alta ou não teria um bloqueio tão completo.

   Grace levantou suas mãos. Não havia nenhum I.V, o que significava que a estavam injetando. Grace olhou seu entorno outra vez. O aroma do quarto provocou uma conexão. Brice. Ela estava na casa do Brice outra vez. O quarto de convidados era familiar e de uma estranha maneira consolador. Julgando pela luz que se filtrava pelas persianas, era o princípio da tarde.

   Grace se levantou. Havia dor, mas não bastante para contê-la. Ela balançou suas pernas da cama para levantar-se. Não estava exatamente segura para onde iria já que seu cérebro não funcionava direito. Estar de pé não era nada mais que uma habilidade de sobrevivência básica. A mudança repentina de posição fez com que sua cabeça desse voltas vertiginosamente. Ela se apoiou com suas mãos sobre a penteadeira para manter-se de pé.

   O som do golpe trouxe uma resposta imediata. Grace já se sustentava sobre seus pés quando uns pés com botas chegaram à porta do dormitório.

   Jacobs parou e lhe dirigiu um lento sorriso. Essa era sua moça, uma vez mais sobre seus pés. Na verdade, ela estava mais ou menos perto de cair, mas tinha conseguido levantar-se através da força de vontade.

   Grace olhou o sorriso na cara de Jacobs. Devagar lhe deu as costas. Sua memória estava voltando. Ela queria saber de uma coisa, imediatamente.

   — Beth?

   A risada de Jacobs se fez mais ampla enquanto ele dava um passo na habitação. Com cuidado a colocou no braço e a sentou novamente na cama.

   — Está bem.

   Grace o olhou enquanto ele a colocava de volta dentro da cama. Jacobs se sentou sobre o bordo da cama por um momento e ela viu aqueles olhos cor avelã avaliá-la. Tirando seus braços de debaixo da manta que ele tinha colocado ao redor dela, levantou suas mãos com cuidado para esfregar-lhe ao longo de sua mandíbula durante um segundo. Sentia-se bem estar segura outra vez.

   — Dorme, Grace, temos algumas decisões a tomar quando estiver preparada.

   Essa foi, com muito, uma das declarações mais estranhas que ela podia recordar que Jacobs tinha feito.

 

Aquela declaração manteve sua mente ocupada pelas seguintes semanas. Jacobs rechaçou falar disso até que ele a considerasse pronta. Brice era cordial quase por culpa. Grace rechaçou rotundamente ficar na cama durante o dia.

   Depois de duas semanas Grace decidiu que suficiente era suficiente. Rechaçou a medicação para a dor. Seu corpo lhe doía, mas precisava pensar, inclusive se estava desfocada. Isso não era o que realmente incomodava ao Grace. Era Brice.

   Talvez sua compreensão das relações emocionais era débil, mas não necessitava um psicólogo para notar a mudança na atitude do Brice. Ele agora a deixava deixando em paz. Fazia um mês que ela estaria encantada de vê-lo parar sua perseguição, agora isto a incomodava enormemente. Talvez ele se retirou porque descobriu que não podia dirigir os perigos que sua vida implicava.

   Grace considerou isto. Não, esse não era o problema. Se esse fosse o caso, então ele o teria feito depois de que lhe tinham atirado. Ela seguiu considerando a pergunta. A última vez que tinham feito amor tinha parecido que se fundiram em uma só pessoa. Tratando-a como uma estranha a fazia sentir muito vulnerável. Esse sentimento desestabilizava ainda mais sua mente.

   O desespero de sentir-se exposta, a fez sair ao alpendre tratando de escapar de sua angústia. Tudo pareceu derrubar-se dentro dela. A dor cortava ao longo de suas emoções e ela não tinha nenhuma idéia como pará-la. Ser rasgada por uma força exterior era quase mais do que ela podia suportar. Ter ao Brice rechaçando-a era insuportável.

   Bruscamente, Grace deu a volta, abandonando o alpendre enquanto voltava para a mais velha fonte de estabilidade que ela conhecia. O bosque lhe deu a bem-vinda com seu silêncio eterno. A casa em si mesmo tinha tanto de seu dono que ela procurou escapar dali e do desespero que a envolvia.

   Seu aumento repentino de emoções lhe emprestou forças e ela subiu a colina e encontrou a si mesmo ao bordo do lago. Olhando fixamente a água recordou da primeira vez que a tinha visto. Tantas coisas tinham mudado. Só fazia três meses?

   Por que ela não entendia? Suas emoções estalavam como um vulcão e nada tinha sentido. Exceto algo estava mau. Aqueles sentimentos estavam devorando-a. O que era isto? Tudo se centrava em Brice, mas a definição a evitava.

   Brice parou e olhou sua angústia. Ele apenas a tinha alcançado. Ele tinha dito a Jacobs que iria passear e os deixasse sozinhos. Tinha tomado todas as suas forças para dar-lhe tempo. Ele ainda não estava nada perto de encontrar uma solução para o problema, mas não podia manter a distância mais tempo.

   Algo a transtornava enormemente. Sua respiração estava rápida. Seus olhos lhe diriam qual era problema. Aquelas esmeraldas nunca mentiam. Tudo o que precisava fazer era girá-la e conseguir um olhar dela. Grace normalmente era tão composta que isto agravou o impacto ao ver tanta emoção atuando nela.

   Brice deu um passo para ela. Fez seus passos pesados para que ela os ouvisse. Não quis entrar em uma luta com ela assustando-a. Ela o ouviu e se afastou.

   Grace quase grita de frustração! Ela não tinha nem idéia do que estava sentindo. Tudo o que sabia era que Brice era o centro de tudo. Ela precisava estar sozinha para se estrutar. Seus olhos se fixaram nesses estáveis olhos marrons e tudo dentro dela pareceu romper-se em diminutos fragmentos. O interior feminino dela surgiu de repente, tratando de não perder a oportunidade de unir-se ao que considerava seu companheiro.

   A onda de emoção era tão espessa que se afogava nela. Aqueles olhos malditos dele a empurraram exigindo uma explicação que ela mesma não tinha. Ele estendeu sua mão e ela se moveu bruscamente fora de seu alcance.

   — Vêem aqui, Grace.

   Seu corpo se encheu de cólera quando violentamente sacudiu sua cabeça. Ela o desejava. Isso era evidente em seus olhos de esmeralda. Por que lutava contra isso? Brice não sabia, mas estava seguro como o inferno que ia averiguá-lo. Ele olhou com cuidado seus olhos esperando uma oportunidade. Devolveu-lhe o olhar tomando um segundo para tentar avaliá-lo. Aquele segundo de fragilidade era a oportunidade que Brice necessitava. Ele se equilibrou sujeitando-a com seus braços ao redor de seu corpo. Ela se retorceu e lutou como uma gatinha assustada. Grace sabia muito sobre lutar e Brice se encontrou em um apuro, ao tratar de contê-la. Bem, ele também sabia uma coisa ou dois.

   Mantendo seus braços fechados ao redor de seu corpo, Brice empurrou suas costas sobre sua perna e seguiu seu corpo ao piso do bosque. Ela conhecia a estratégia, mas ainda assim ele era duas vezes seu tamanho. Brice a teve sujeita à terra em pouco tempo.

   Grace estava como louca. Por que ele fazia isto? Mostrou-lhe sua cólera com seus olhos, mas rechaçou lhe dar a vantagem de suplicar para ser liberada. O besta sabia que ela queria levantar-se. Não havia nenhuma necessidade de vocalizar a demanda.

   — Grace, por que sempre terminamos assim?

   — Afaste-se de mim!

   — De quem quer fugir, Grace? De mim ou de você mesma?

   — Eu… eu não… você não.

   Brice procurou em seus olhos a resposta que ela parecia incapaz de dar. Ele viu a confusa, mas não entendia a causa. Brice tentou pensar, mas ter seu corpo apertado ao seu tinha um efeito enorme sobre seu próprio desejo. Algo a transtornava enormemente, mas seu corpo enviava sinais claros que o animal dentro do Brice lia forte e claro.

   Grace o viu se aproximar. Seus olhos se voltaram repletos de desejo e ela soube quando ele deixou de lutar por ignorá-lo. Brice baixou sua cabeça até que seus lábios se encontraram. Ele exigiu e ela não parecia poder encontrar a vontade de resistir. Seus lábios se separaram, enquanto sua posse se fazia completa. A maré estava sobre ela outra vez e Grace simplesmente não se preocupou mais. Este era Brice. Ele era a outra metade dela e ela não podia negá-lo. Seu corpo exigiu o dele. Seus próprios lábios se fizeram ferozes quando lhe devolveu o beijo. Ela o desejava tanto e ele era o único que poderia preencher aquele o vazio.

   Brice sentiu a mudança de seu corpo imediatamente. Ele não tinha uma pista do por que, mas o averiguaria mais tarde. Agora mesmo ele desejava a esta mulher. Justo ali. Agora mesmo. Eram como duas criaturas primitivas. Ambos se tinham rastreado um ao outro através do bosque. Sua roupa era uma barreira que ele não podia tolerar.

   Com uma mão firme detrás de seu pescoço, Brice levantou sua cara para ela.

   — Não me deixasse fora, Grace — Sua voz estava cheia de zanga. Este homem não iria tolerar algo tão baixo como a cópula. Ele a queria desde sua carne até o centro de sua mente. Não lhe deixaria esquecer aquela rendição, a que lhe tinha cedido em sua loja.

   Sua boca tomou a sua com a fome não dissimulada. Sua língua separou seus lábios e exigiu posse. A mão sobre seu pescoço girou sua cabeça para satisfazê-lo.

   Pondo-os a ambos de pé, Brice grunhiu.— Tire a roupa —Lhe deu apenas um pé de distância com sua ordem. Deixá-lo fora o havia posto furioso. Agora, o homem diante dela queria sua obediência como penitência.

   Seus duros olhos observaram seus dedos enquanto abriam cada botão de sua camisa. O calor espalhava-se sobre seu peito enquanto ele continuava olhando-a tirar a camisa e alcançando o gancho de seu sutiã. Despir seus peitos parecia bem revelador e ela vacilou.

   — me deixe verte, Grace — Sua voz rouca lhe deu a confiança que ela precisava e Grace deixou cair sua roupa deixando seus peitos a amostra. Ela não se precipitou com o processo, seus olhos pareciam desfrutar de sua obediência e o calor dentro de seu corpo se duplicou.

   Ela deixou cair sua ultima peça no chão e esperou. Seus olhos cafés a percorreram e brilharam com aprovação. Brice não perdeu tempo com sua própria roupa. Ele arrancou sua camisa e em seguida seu jeans. A única atenção que ele deu à tarefa foi pôr suas coisas sobre as dela para fazer uma cama.

   — Agora, vêem aqui — Brice estendeu sua mão. O gesto era um aviso da confiança que ela abrigava por ele. Era também um símbolo de seu orgulho. Ele queria que ela viesse a ele. Grace não tinha intenções de lhe decepcionar.

   Colocando sua mão na dele, Grace se encontrou envolta em seu abraço. Seus corpos se chocaram com uma força que só poderia ter sido criada da natureza. A mescla do macho e da fêmea era completamente perfeita em cada detalhe. Grace passou suas mãos ao longo dos músculos de seu corpo deleitando-se de suas formas.

   Brice, devagar, explorou as suaves curvas femininas maravilhando-se em sua capacidade de aceitar sua dureza.

   Baixando seus corpos à terra, Brice se assegurou que ela estivesse sobre suas roupas. Ela estava coberta de arranhões e profundas contusões daquela terrível experiência. Ele não veria as agulhas de pinheiro somar-se ao seu corpo.

   — Adoro sua pele. É tremendamente delicada.

   Ela riu enquanto as mãos do Brice subiam por seus lados.

— Não sou delicada.

   — Comparada comigo, é sim. — Brice beliscou seu pescoço com seus dentes e chupando-o logo depois, fazendo-a ofegar de surpresa.

   Grace estremeceu com aquelas palavras. Ela de repente se sentiu completamente indefesa frente a seu poder. Sua mão agarrava seu pescoço outra vez ao mesmo tempo que gentilmente seu polegar esfregava sua nuca. Mas era a insinuação de captura que a fez tremer. Ela estava sobre suas costas enquanto que ele meio rodava sobre ela em uma gentil sujeição que não lhe dava a possibilidade de mover-se sem sua permissão.

   Sua cara era desumana enquanto uma mão rodeava primeiro um mamilo, depois o outro e seus olhos olharam sua cara procurando uma resposta. Ele ia fazer a render-se.

   — Adverti-te que deixasse de fugir, Grace —Sua mão deixou seus peitos e se moveu sobre seu ventre para seu sexo. As dobras começaram a palpitar em antecipação de seu toque.— Agora, vou te recordar por que me pertence.

   Seu dedo a separou e se posou sobre seus clitóris. Ela se arqueou ao toque, mas aquela mão sobre sua nuca de repente a agarrou e manteve sua cara alinhada com ele.— Mantém seus olhos abertos.

   Grace o fez porque seu dedo a tinha deixado completamente imóvel. Ela faria algo contanto que ele somente movesse aquela mão e lhe desse algum alívio. Suas coxas caíram abertos em convite e ele começou a acariciar sua carne palpitante. Mas em vez de lhe dar alivio, ele brincou com seu corpo, com provocadoras carícias que intensificaram o desejo. Seus olhos a estudavam, embora em realidade e deixou de tocar seu clitóris.

   — Brice … —Ele riu de triunfo e separou sua mão.

   Ele se moveu e o ar fresco golpeou seu corpo quente. Um segundo mais tarde, seu corpo convulsionou enquanto sua boca substituía aquele dedo. Grace se levantou, mas ele a empurrou outra vez sobre suas costas enquanto aplicava seus lábios a seu sexo.

   Ela caiu para trás e tremeu. Grace nunca tinha sonhado que pudesse sentir assim. Sua boca estava insuportavelmente quente quando ele chupou seus clitóris com sua boca e o moveu rapidamente com a ponta de sua língua. O clímax se aproximava dela, mas ele parou e sorriu abertamente em troca.— Ainda não, amor.

   Mas ela ofegou enquanto ele usava suas mãos para separar as dobras de seu corpo. A ponta de sua língua se moveu rapidamente ao redor de seu centro e subia para seus clitóris exposto e logo abaixo outra vez.

   Brice a olhou esticar-se sobre o montão de roupa e seguiu atormentando-a. Seu corpo foi arrojado para trás quando arqueou seus quadris para sua boca. Seu membro palpitava com a necessidade de tê-la e ele esperou somente um pouco mais, até que ela estivesse totalmente pronta. Bruscamente, Brice parou e a penetrou. Seus olhos se abriram imediatamente e buscaram sua cara. Mas as esmeraldas verdes não ficaram ali. Seus olhos caíram sobre seu erguido membro e ela o olhou com fome.

   Ela se pôs em cima dele, em menos de um segundo Brice sorriu abertamente. Gostava quando ela tomava a iniciativa. Sentando sobre seus joelhos, esperou e olhou sua cara enquanto ela o considerava.

   Então ele queria jogar? Bem, Grace lhe daria a provar de seu próprio veneno. Tomando seu pênis em suas mãos, abocanhou com sua própria boca e escutou sua respiração voltar-se áspera. Sua mão se enredou em seu cabelo e ela tomou sua carne mais profundamente em sua boca. Ela sentiu o saltar e o pulsar daquele pênis justamente enquanto ele dava um puxão e afastava sua cabeça.

   — Aprende muito rapidamente, Grace.

   —Estas se queixando? —Grace alcançou seu sexo e o apertou solidamente enquanto ele ofegava outra vez. Ele a empurrou para baixo e a seguiu com seu corpo. Seu pênis sondou em seu sexo e empurrou para possuí-la.

   — Não me queixo. — Brice a empalou com seu sexo e seu corpo se estirou para admiti-lo. Ele se retirou e empurrou outra vez porque ambos estavam além de qualquer suavidade. Foi um duro passeio enquanto ele amassava seu corpo e ela chegava ao orgasmo com ele. Seu ofego de prazer rompeu seu controle e Brice se enterrou em sua suavidade.

   Rodando sobre si mesmo, Brice a levou com ele cobrindo-a com seu corpo. Seu desejo estava momentaneamente satisfeito.

   — Grace, podemos ficar aqui fora a noite toda se quer seguir passeando.

   Grace levantou sua cabeça, escutando atentamente por um momento. Brice começou a lhe perguntar se ouvia, mas sua mão cobriu seus lábios para parar a pergunta. Um leve chiado começou a encher o ar. Brice conhecia o som agora. Brice não podia acreditar sua boa sorte. O helicóptero entrou na vista enquanto se levantava, afastando-se da montanha e desaparecia na noite. A expressão do Grace foi quase graciosa. Brice se levantou e encontrou suas botas. Ele olhou para trás ao Grace.

   — Disse a Jacobs que desse uma volta e encontrasse sua própria noiva. Você está ocupada esta noite.

   Grace simplesmente lhe olhou fixamente. Ela não estava segura que pudesse encontrar um comentário para isso. Não podia recordar a última vez que Jacobs a tinha abandonado. Em realidade ela podia, fazia mais de dois anos, a última vez que ele se foi de licença. Grace não teve mais tempo para pensar nisso. Brice tirou suas calças e recolheu suas roupas enquanto ele a fazia levantar. Ele a cobriu com sua camisa enquanto ela colocava suas velhas botas. Ele não soltou sua mão e apenas a puxou para cobrir seu corpo junto ao dele. Curiosamente o contato não a incomodou. Simplesmente lhe pareceu bem.

   Brice a conduziu à tranqüila casa e ele a assegurou antes de agarrar sua mão outra vez e conduzi-la a seu dormitório. Grace estava muito ocupada tratando de decidir o que tinha provocado a mudança de atitude do Brice. Ela recuperou o julgamento quando esteve de pé ao lado da enorme cama que ocupava a habitação.

   Apesar da meia luz da habitação Brice notou a vacilação na cara do Grace. Ele se deteve por um momento para inspecioná-la. Algo certamente se revolvia dentro dela. Não era sua reação física. Ela o desejava tanto como ele o fazia. Seu cérebro procurou a resposta e ele silenciosamente se amaldiçoou quando a encontrou.

   Havendo destruído suas barreiras emocionais, ele deveria ter lembrado que ela era muito inexperiente em tratar com elas. Se Brice pudesse haver-se dado uma boa surra, faria-o. Ele tinha feito o amor com ela no acampamento e logo na segunda vez que ele a viu, durante as duas semanas que a evitou. Suas intenções tinham sido boas, mas não mudava o fato da barreira que se construiu entre eles.

   Grace esperou e observou ao Brice. Ele estava ocupado contemplando-a. Grace realmente gostaria de saber o que ele tinha em mente. Isto era estranho, mas estar naquela habitação com ele, parecia-se muitíssimo a uma forma de compromisso. Sim, ela fisicamente tinha compartilhado seu corpo. Mas o compartilhar sua cama, pareceu-lhe que quase os definia como um casal.

   — Grace, está pensando muito outra vez. — Brice caminhou em sua direção e levantou sua cabeça. Ela o olhou com aquelas esmeraldas.

   — A conversação excessiva é uma distração.

   — Deixar o mundo inteiro fora tampouco é bom.

   Um lento sorriso zombador cruzou seus lábios.— Conheço uns oficiais que discrepariam contigo. Além disso, aos homens não gosta das mulheres que falam.

   Derrubando-a na cama com ele, Brice considerou sua declaração. Ela passou sua vida vivendo com um grupo de soldados das Forças Especiais, ele podia imaginá-la classe de conversações das que ela estava tirando informação sobre relações.

   — Grace, os Rangers não falam sobre mulheres. Eles falam sobre …

   — O método mais eficaz de transar sem se comprometer.

   O tom de firme crença que tinha na voz fez Brice levantar-se frustrado. Muitas pessoas tinham convencido a esta mulher que ela deveria apenas cumprir com suas obrigações sem esperar nada em troca.

   Talvez não houvesse solução, mas só ele poderia possivelmente lhe ensinar que havia algo pelo qual valia a pena viver.

   — Isto não é transar. Isto se chama fazer amor, e acredite, há uma diferença enorme nisso grande nisso.

   Olhando seus olhos voltar-se cheio de paixão, Grace lhe deixou ver sua própria fome. Em algum local existia entre eles um companheirismo que ela ainda encontrava incompreensível. Alcançando seu amarrador de cabelo, tirou-lhe.

   — Me mostre.

 

   Outro formoso por do sol, havia as três semanas que ela estava ali, Beth estava sentada sobre um banco olhando como as primeiras estrelas começaram a encher o céu escurecido. Eram fracos comparadas às que ela estava acostumada. Aqui na base havia muita luz artificial.

   — Senhorita Stewart?

   Beth se levantou para seguir a sua escolta. Ela tinha estado ali fora um por algum tempo, mas tinha algo melhor para fazer. A escolta a tinha posto naquela base. Beth tinha estado ali um pouco mais de três semanas. Embora a primeira semana a tivesse ficado de cama.

   Uma vez mais dentro do edifício seu bracelete de segurança foi comprovada no sistema principal. Beth tinha a liberdade dentro do edifício. Isso não era exatamente muito. Neste momento ela era a única pessoa ali. Com guardas em cada saída e até uns quantos que simplesmente patrulhava os locais. Ah, sim. Tinham-lhe explicado que era para sua segurança. Cada esforço era feito para fazê-la sentir cômoda, mas uma jaula era uma jaula

Beth se instalou em uma das áreas comuns e tentou ler. Ela somente desejava que alguém a chamasse e lhe dissesse o que estava acontecendo. Não alguém, Jacobs. Beth realmente tentava ser paciente, mas ela estava tão preocupada com Grace. Deus, esperava que seu amiga não estivesse ainda em alguma parte do bosque com aquele louco. A outra alternativa era tão perturbadora que Beth evitava de pensar nisso absolutamente. Ela tentava ter esperança no fato que não tinha tido notícias do Jacobs, o que significava que ele estava ocupado com o Grace. Certo. Beth esperava de todos os modos.

   Não é que não soubesse nada. Beth entendia a seriedade de sua posição. Sorriu ligeiramente. Bem, se ela não tinha conseguido impressionar ao General Slynn, seu pai certamente o tinha feito. A única chamada Telefônica que lhe tinham permitido era com seu pai. Seu pai tinha sido amável, mas firme. Ela sabia bem que era melhor não desonrar o nome da família mesmo sendo difícil. Então ele se converteu em um pai e tinha exigido saber por que não tinha conhecido a este jovem. A metade o condado sabia todo sobre o assunto antes de que ele soubesse.

   Beth franziu o cenho. Seu pai queria conhecer o Jacobs. Bom, gostaria de ver o homem ela mesma. A última lembrança que tinha dele era quando lutava para conseguir chamar sua atenção. A seguinte vez que despertou, tinha estado aqui. Agora tinham acontecido três semanas.

   A única coisa notória que tinha feito havia reconhecer Turvel em uma ronda de reconhecimento. Deu-lhe uma satisfação imensa assinalar com seu dedo ao homem. O General seguiu lhe perguntando se estava segura. Beth finalmente tinha informado ao General que quando alguém dava a ordem de lhe disparar, a gente tende a recordar a cara. Ela em realidade de fato entendeu o que significou assinalar ao homem. Podia ser uma civil, mas se tinha criado em uma base, e entendia completamente o que a palavra traição significava.

   O general Slynn finalmente tinha assentido. Beth tinha estado atrás de uma janela protegida para a fila. Tinha escolhido ao homem de três filas diferentes. Houve quatro no total mas Turvel tinha sido excluído da terceira para ver se ela assinalava a alguém mais. Beth não o tinha feito. Sabia que ele era seu homem. Eles podiam trocar sua roupa, mas ela conhecia sua cara e sem dúvida, recordaria-a pelo resto de sua vida.

   Compreendendo que tinha estado lendo a mesma página durante meia hora, Beth fechou o livro. Essa noite estava muito agitada. Beth andou ao redor da área comum durante um momento. Não era muito grande. Consistia em um par de sofás e uma televisão. Havia um corredor que conduzia a seu quarto de dormir e na outra direção conduzia à cozinha. Isso era tudo. As únicas janelas estavam imediatamente ao lado das portas. Havia quatro entradas em edifício. Não permitiam ao Beth estar a mais de vinte pés delas.

   Beth girou seu pulso para examinar o bracelete de prata que estava atada com correia. Tinha uma tela de cristal líquido vermelho que lhe devolvia sua imagem. O dispositivo era usado para rastreá-la e tinha um alarme que se soava se ela se aproximava de dez pés de qualquer das portas. Esta instalação estava somente a um passo de distância do calabouço, tanto criminosos como testemunhas igualmente eram mantidas aqui. Qualquer um, que considerassem que não merecia as duras condições de uma cela, era colocado aqui. Beth supôs que ela devia estar agradecida que aquela base tivesse uma instalação como esta. Muitas bases do exército não as tinham. Realmente não quis refletir onde posaria sua cabeça nesse caso.

   — Senhorita Stewart? —Beth deu volta para encontrar a um jovem olhando-a.

   — Sim?

   — Por favor, venha comigo.

   Beth endireitou seus ombros. Não era como se tivesse mais o que fazer. O homem a conduzia para a entrada principal do edifício. Talvez seu pai tinha chamado. Beth daria a boa-vinda a uma amistosa voz essa noite. Beth não foi conduzida a um dos telefones, em troca, havia quatro pessoas da segurança esperando frente ao escritório. Beth notou que sua jaqueta e bolsa de lona já eram sustentadas por um dos homens.

   O bracelete de prata foi tirado de seu braço por um dos ocupantes do escritório. Logo depois foi posto outro tipo de objeto em seu pulso. Assim que o soldado terminou de assegurar o monitor, seu casaco foi devotado e ela abandonou o edifício com sua escolta. Parecia que ia ser um dia movido. Ninguém parecia pensar que ela precisava saber algo.

   A porta de um simples Sedan, pintado de cinza foi aberta para ela. Beth se deslizou no assento traseiro. Tinha querido algo que fazer. Parecia que tinha conseguido seu desejo. Inclusive olhar pela janela do carro enquanto estivesse sendo transportada era algo mais interessante que o que tinha estado fazendo. Só tinham permitido ao Beth passeios curtos ao redor do edifício no dia que ela tinha estado custodiada. Eles pareceram estar dirigindo-se ao outro lado da base. Beth se fixou na equipe e na nave enquanto passavam.

   O carro fez uma parada e todas as janelas foram baixadas. O carro foi completamente inspecionado e examinada a identificação antes que lhe permitissem entrar por uma porta pesadamente assegurada. Beth olhou ao redor com muita curiosidade. Aquela era uma área de alta segurança; extremamente proibido a civis como ela. Beth tinha estado em locais similares com seu pai algumas vezes. Havia menos para ver aqui porque a maior parte estava armazenado em hangares fora de vista do ar.

   O carro passou por outra porta antes de que parasse. Beth saiu quando lhe abriram a porta. Estavam sobre uma plataforma de aterrissagem enorme desenhada para helicópteros. Havia, de fato, um número deles ao redor. Vários modelos diferentes e cores. Beth foi entregue a dois Rangers. Um deles tomou sua bolsa antes que começasse a conduzi-la pelo labirinto da maquinaria. Passaram por uma outra porta e Beth se encontrou olhando algumas das máquinas mais estranhas que conheceu. Inclusive seu pai nunca lhe tinha mostrado esta classe de coisas. Havia quatro helicópteros negros perto dela. Eram ultramodernos, negro como carvão. Realmente luziam mortais.

   Sua escolta parou. Beth viu como um dos Rangers a deixava seguir seu caminho a um grupo de homens que estavam de pé entre as duas máquinas. Estavam todos vestidos com trajes de vôo negros. Quando o Ranger atraiu sua atenção, cada um deles girou para fixar seus olhos sobre ela. Beth sentiu como se tivesse sido arremessada em uma guarida de lobos selvagens. Avançaram em manada. Beth manteve sua posição por pura força de vontade. Não tinha nem idéia do que tinha feito para ganhar a atenção deste grupo, mas se recordou não fazê-lo nunca mais.

   Beth endireitou as costas e lutou contra o impulso de correr. O grupo inteiro parou justo a uns passos dela e com audácia a avaliaram. Beth começou a perguntar-se se não deveria girar-se para assegurar-se que não omitissem nada. Um segundo depois todos ficaram firmes e saudaram. Beth girou para ver que tinha causado essa reação. Talvez era o General Slynn.

   O general Slynn estava ao princípio dos sessenta anos. Os dois homens que vinham caminhando, definitivamente, não tinham a mesma idade. Inclusive em um traje de vôo negro e cristais refletidos, Beth reconheceu aos homens.

   Jacobs levantou sua mão para devolver sua saudação às pessoas. Posou seus olhos sobre o Beth. Ela ainda era a moça mais bonita que tinha conhecido. Podia dizer que estava só pouco nervosa, ali, com seus homens lhe dando uma olhada. Jacobs endureceu o rosto e notou que de fato alguns de seus homens agora observavam a parte traseira do corpo dela.

   Beth viu o olhar e girou para encontrar a causa. Dois dos homens tinham a cara de culpados, o resto somente lhe sorriu abertamente. Beth apoiou suas mãos em seus quadris.

   — Suponho que ninguém gostaria de inspecionar meus dentes?

   Beth estreitou seus olhos quando obteve uma mescla de respostas afirmativas.

   — Afirmativo.

   — Definitivamente.

   — Eu adoraria.

   — Absolutamente.

   Beth sacudiu sua cabeça. Nunca dê a um grupo uma oportunidade como esta. Ela alcançou e separou sua bolsa do homem que a sustentava. E virou para enfrentar Jacobs.      

   Ele lentamente tirou seus óculos e os colocou no bolso dianteiro de seu traje de vôo. Ali estava sua intrépida moça. Estendendo a mão, ele tomou-lhe a bolsa e a tirou em um dos seus homens. Depois, estirou-se e a pegou pelo braço. Beth olhou como Jacobs pegava um controle negro e o colocava ao lado do equipamento que atava o seu pulso. Um ruído agudo saiu da máquina antes de liberar seu braço.

   — Lamento-o, Senhorita Stewart, são ordens do General.

   Ela brevemente pensou em discutir. Talvez deveria economizar para uma batalha que tivesse mais possibilidades de ganhar. O pai do Beth tinha ensinado-a de só se envolver em uma lutar se houvesse possibilidades de ganhar. O bracelete de segurança tinha estado em seu braço quando saiu dali. Talvez, sua missão houvesse acabado, em todo caso pelo menos estava fora do edifício.

   Jacobs caminhou em direção de um dos helicópteros negros. Beth começou a segui-lo, mas logo se deteve. Esse era o melhor exemplo de equipe restringida que conhecera. Beth não tinha nenhuma intenção de aproximar-se até que lhe dissessem que o fazer. Estava nesta confusão porque tinha visto muito. Não havia nenhuma necessidade de fazer armadilhas contra ela.

   Abrindo a porta lateral de passageiros, Jacobs se surpreendeu ao notar que Beth não o tinha seguido. Ele estava muito acostumado que Grace soubesse seu lugar na Unidade. Beth estava de pé quase exatamente onde ele a tinha deixado. Tinha seus braços cruzados através de seu peito e o olhava com aqueles olhos azuis dela.

   — Se pensar que vou me mover antes que o diga, não conhece meu pai muito bem.

   Jacobs permitiu um lento sorriso através de sua cara. Ele realmente tendia a esquecer que ela era uma conhecedora das leis do exército. Ela tinha identificado aquilo como uma área restringida, e não faria um movimento até que fosse dirigida a fazê-lo. Essa era uma atitude muito sã que sua mulher devia ter.

   — Espero que você goste de voar.

   Beth relaxou e começou a andar para a porta aberta do helicóptero. Jacobs mostrava seu sorriso zombador. Isso o fazia muito mais acessível. Beth vacilou antes de subir no aparelho. Ela tinha que saber sobre o Grace… A cara do Jacobs não lhe dava nenhuma pista, mas ele claramente esperava que ela entrasse na nave sem nenhuma informação. Um duro fio entrou em seus olhos cor avelã quando sua vacilação aumentou. Beth sacudiu a cabeça antes de subir no assento. A porta da nave foi firmemente fechada um segundo mais tarde. O interior estava silencioso exceto um leve zumbido eletrônico. Beth passou seus olhos curiosos sobre vários controles da cabine. A porta do piloto se abriu e Beth esteve encantada ao ver Jacobs subir no assento.

   — Agora —Jacobs disse enquanto fechava a porta. Ele puxou-a por cima para tirar-lhe de seu assento e pô-la em seu colo. Capturando um lado de sua cabeça em sua palma, firmemente colocou sua boca sobre a dela.

   Beth estava um pouco surpresa de se encontrar em seu colo, mas nada importou quando ele começou a mover seus lábios através dos seus. Ela somente se derreteu e passou seus braços ao redor de seu pescoço. Esse era o homem que ela tinha sentido falta de.

   Jacobs a colocou de volta em seu assento. A decepção que viu em sua cara o fez chiar os dentes de frustração. Aquele ia ser um vôo longo.

   — Ponha o sinto de segurança.

   Beth pôs o sinto. A nave saiu da plataforma. Beth olhou como a deixavam para atrás. Escutou como Jacobs falava com outra nave de seu grupo. Desfrutou dos tons ricos de sua voz. A verdade era que adorava o fato que ele tinha retornado. Cem perguntas lotaram sua mente. Ela firmemente as guardou para ela. Sabia que o começo de uma relação com este homem significava incerteza. Jacobs falaria com ela quando estivesse preparado.

   Uma mão grande capturou a sua, com grande afeto. Beth girou sua cabeça e uniu seus olhos ao de Jacobs. Ele sorriu. Beth se sentiu devolvendo o sorriso. Ele estava feliz de vê-la também.

   — Voar te incomoda?

   Beth inclinou sua cabeça um pouco. Eles estavam voando suave como um sussurro. Ela conjeturou que ele mantinha o vôo lento e fácil por ela. De fato, Jacobs nem sequer emprestava muita atenção ao controle do aparelho. Era incomodo descobrir que ele a achava tão frágil. Ela era um pouco mais resistente que isso.

   — Avisarei-te quando começarmos a voar.

   Jacobs lhe lançou um olhar surpreso. Então ela não se preocupava com o suave trato. O desejo serpenteou por seu espinho dorsal. Ele tinha esquecido o fato que Beth era toda mulher. Tinha tido um rude passeio por aí com o Fredricks. Uma parte do Jacobs esperava que ela tivesse dificuldade para dirigir o assunto. Ele deliberadamente a tinha abandonado em uma locação segura para lhe dar tempo de recuperar-se emocionalmente. Pareceria que ela tomava tudo com calma.

   Inclusive o psicólogo que tinha interrogado Beth mencionava que estava muito bem adaptada. Nenhuma queixa. Beth fazia muito poucas perguntas. Ele podia ver a curiosidade dar voltas dentro de sua cabeça. Ela tinha perguntas. Por alguma razão as guardava para ela.

   Beth queria vê-lo voar?

   — Te segure.

 

   Grace devagar moveu sua mão para acariciar peito de Brice. Eles tinham estado fazendo amor durante horas. Ela ainda se deleitava tocando o músculo quente que cobria o homem. Seus dedos viajaram de cima para baixo na pelugem que cobria seu peito. Ele não estava dormido. Queria respostas. Seus processos racionais de pensamento podiam ter estado sobre longitudes de onda diferentes, mas seus corpos estavam em perfeita harmonia.

   Assombrava-se sentir desta maneira. Seu corpo simplesmente se encaixava com o dele e Grace nem sequer podia pensar na separação. Eles tinham se satisfeito um ao outro várias vezes, e sempre voltavam para este companheirismo. Brice poderia ter saído, mas não fez. Grace podia ser principiante em relações sexuais, mas ela sabia que o casal nem sempre terminava em meio a cama depois de que o sexo tinha terminado.

   Tinha sido o mesmo em sua loja. Grace tinha acordado com ele abraçado ao redor dela. Tinha pensado a princípio que talvez isto fosse devido ao frio. Agora ela sabia que isto era algo a mais. A pergunta era, o que era isto? A lógica lhe dizia que simplesmente perguntasse a Brice. Por alguma razão desconhecida, ela se conteve.

   Tinha medo da resposta?

   Grace considerou essa possibilidade. Ela não podia mentir a si mesma. Estava muito emocionalmente ligada a Brice. Entre a confiança e a atração, algo crescia em sua mente que rechaçava definir. A única coisa suficientemente clara era o fato de que Grace queria ficar justo ali. Sentia-se completamente em direito de estar em sua cama com ele. É mais, Grace não queria ninguém mais na cama de Brice.

   O conceito de ciúmes abriu uma caixa da Pandora sem fim que Grace tinha estado evitando. Ela tinha chegado à conclusão, naquelas montanhas, de que queria algo mais da vida. Enquanto Grace não estivesse segura do que era isso, sabia que realmente teria que lutar por isso. Turvel se foi. Assim que Jacobs decidisse que estava recuperada, haveria um julgamento tranqüilo e o homem simplesmente desapareceria. No mundo onde Grace vivia, havia muito pouco uso do processo legal correspondente. Turvel sabia. Grace não tinha nenhuma compaixão pelo homem. Ele merecia o que lhe vinha pela frente.

   Isso significava que o General Slynn ia pôr os parâmetros a sua vida. Grace nunca tinha estado na posição para fazer demandas antes. Não estava segura de que o estivesse agora. Simplesmente não podia voltar para o jeito que vivia antes. Tinha que haver algum lugar intermédio onde pudesse resolver tudo isso. Isto realmente dependia se o General estava sequer disposto ou não, a discuti-lo com ela.

   Grace apertou sua cara. Ele discutiria aquilo com ela! Grace não tinha muitas cartas neste jogo, mas tinha umas quantas. Uma das suas melhores cartadas era que não podia ser obrigada a trabalhar. Tanto a dor como as drogas destruíram suas capacidades, mas ela necessitava do Exército também. Ela não podia simplesmente afastar-se. Isso a deixaria muito vulnerável a um ataque.

   Brice se moveu e a fez rodar sobre suas costas. Grace notou o brilho de seus olhos quando ele a olhou na escuridão. Ela podia sentir o desejo que devagar começava a abrochar dentro de seu corpo outra vez. Desta vez aumentou em toque, cada fôlego que ela respirou.

   — Converse comigo, Grace —Sua voz era áspera devido a onda de paixão. Grace se levantou e fez Brice girar sobre suas costas. Ele permitiu fazê-lo e ela se sentou sobre seus quadris. Devagar, ela cobriu o seu cabelo sobre o peito nu dele. Ela foi recompensada com uma brusca inspiração de fôlego.

   Brice tentou pensar. Ela o fazia impossível. Sentava-se sobre ele como uma criatura do bosque. Seus seios nus empinados brilhavam à luz da lua que enchia a habitação. Brice moveu suas mãos até capturar ambos. Ela se inclinou sobre suas mãos e levantou seus quadris para devagar fundir em sua carne.

   — Estive falando toda a noite, sei que você me entende. — Grace se levantou e caiu sobre ele. Ele agarrava seus quadris agora, e ela estava atônita pela glória primitiva do ato sexual. Ela manteve seu passo lento porque sabia que isso o deixava no limite.

   Brice tentou movê-la mais rápido, mas ela rechaçou sua demanda. Seus olhos concentrados nos seus, ele realmente a entendeu. Aquele era seu turno para tomá-lo de algum modo novo. Seus quadris continuaram seu baile, e Brice sentiu a sensação apertar-se em um afeto quase insuportável.

   Movendo-se ligeiramente mais rápido, Grace olhou com fascinação como Brice se levantava até encontrar seu corpo. Ele subia e empurrava vigorosamente nela. Ela apertou suas coxas ao redor de seus quadris e o sustentou dentro dela. Ela sentiu o puxão e o pulso de sua carne quando ele começou a esvaziar-se em seu corpo. Seu próprio corpo reagiu com instinto primitivo e ela gemeu de prazer.

   Brice somente abriu seus olhos quando ela começou a gozar. Ele olhou enquanto seu rosto emanava prazer. Sim, ele realmente a entendeu. Sentando em cima dele capturou sua cabeça entre suas mãos e devagar a beijou. Fazendo-a rodar sob seu corpo, começou a mover-se dentro dela outra vez.

   — Permanece comigo, Grace.

   Seu corpo se moveu devagar com o dele. Ela o tentaria.

  

O sol estava completamente alto. Brice acordou e estirou seus braços. Abriu os olhos, mas já sabia que a cama estava vazia exceto por ele mesmo. Revisando o piso notou que sua roupa também faltava. Aquela mulher podia mover-se mais silenciosamente que um gato.

   Forçando seu corpo a se levantar, dirigiu-se para a ducha. Desejou falar com Grace. Ela era realmente maravilhosa. Pela primeira vez em sua vida tinha encontrado uma mulher que não falava até matá-lo. Em troca ficou desejoso de lhe falar. Refletindo sobre isso, compreendeu que de fato quase não conversavam. Isso não significava que não se comunicaram.

   Comunicaram-se durante a noite toda. Desligou a água e saiu da ducha. Sentia-se hoje aproximadamente o rei do mundo. Num piscar de olhos, tinha encontrado a uma das mulheres mais fascinantes das que o planeta tinha que oferecer. Ela era tão selvagem como uma criatura do bosque, e Brice não tinha nenhuma intenção de lhe pedir que mudasse. Ele a encontrou pelo jeito em que ela procurava a terra. Ele também a encontrou pelo modo em que ela o buscava.

   Parando diante da janela do dormitório, explorou devagar o bosque. Ela estava ali. Sentia-se muito surpreso de descobrir que ela ainda estava dentro da casa. Olhando a pista de aterrissagem que danificava o bosque, ele franziu o cenho. Isto servia de aviso para mostrar a insegurança do momento.

   Nunca havia sentido o impulso de atar-se a uma mulher antes. Agora, este era poderoso. Seu aroma permaneceu em seu quarto. A pesar do fato de ter satisfeito seu corpo várias vezes durante a noite, queria-a outra vez. Era mais que desejo sexual o que o conduzia. Queria atá-la tão completamente, que nunca o deixasse. Nada exceto aquele compromisso o satisfaria.

   Caminhando para a cozinha, sentiu o aroma bem-vindo do café que arejava a manhã. Servindo uma de uma xícara, notou que a porta de atrás estava aberta. Apertando o passo para o pórtico notou que Jacobs olhava bosque atentamente. Havia muita tensão vindo do homem. Levantando sua xícara até ocultar seu sorriso, Brice o olhou com ar de interesse.

   — Ela realmente ama suas caminhadas matutinas. —Um grunhido baixo veio de Jacobs enquanto lançava a Brice um olhar acalorado.

   — vou romper o pescoço de alguém —Ele tinha oito homens de volta ao redor do perímetro. Ninguém tinha visto Grace. Esperava algo melhor de seus homens. Grace brincava de gato e rato. Vendo se podia escapar. O fato de que tivesse tido êxito era insultante.

   Normalmente ela levava uma unidade. A unidade era um aparelho que tinha introduzido em trabalho. Grace resolveu ignorá-lo para ter liberdade de andar como quisesse. Não havia devolvido a unidade ainda.

   Ele tinha esperado adiar esta confrontação durante outra semana. Grace parecia discrepar. Jacobs levou o café a seus lábios. Bem, talvez era hora de ter essa conversação com ela. Poderia ser isto o que ela queria. Teve que admitir tinha direito a uma pequena informação. Agora somente tinha que encontrá-la.

 

   Às vezes era maravilhosamente fácil observar a algumas pessoas. Se o gente tinha bastante controle de seu corpo e paciência. Grace olhou ao Ranger diante dela. Estava a quatro pés do homem e o tinha estado durante as duas horas passadas. Agora tinha que ser cuidadosa. Não quis assustá-lo. Grace preferiria que não lhe atirasse.

   Tinha que fazer um sinal. Mais tarde o faria. Estava quase segura de que Jacobs a buscava, mas como Beth lhe tinha advertido, os homens eram uns bobos. Grace ficaria fora o máximo possível para assegurar-se que ele entendesse a mensagem. Jacobs ia expor sua estranha declaração hoje. Grace ia tomar decisões em sua vida e tinha a intenção de que Jacobs fosse o primeiro em entender as novas regras. A informação ia ser compartilhada sobre uma base muito mais aberta. Tão difícil como fora, Jacobs e ela foram começar a ter conversações.

   O Ranger seguiu adiante devagar. Controlava um modelo de busca. Estavam todos unidos pela rádio. O pequeno dispositivo estava em seu ouvido com um microfone magro que se posava ligeiramente ao redor de sua mandíbula, para sua boca. Jacobs tinha que estar procurando-a. Agora a luz do sol começava a incidir bem forte. Ela se filtrava entre as árvores. Grace tinha que se mover devagar. Seria fácil descobri-la.

   Ela o tinha feito até onde quis fazê-lo. O helicóptero estava diretamente diante dele. Não poderia cruzá-lo sem ser vista. Entretanto, não era sua intenção ir mais à frente sem passar desapercebida. Jacobs entenderia sua declaração claramente.

   Afastando-se da árvore, Grace caminhou diretamente para o aparelho. Não fez caso à ordem de parar completamente. Alcançou o cabo da porta lateral do lado do passageiro. Isto identificou suas impressões digitais permitindo abrir a porta encerrando-se a si mesmo dentro antes de que o sentinela estivesse o bastante perto para detê-la. Pressionou o botão da fechadura e o olhou enquanto ele tentava abrir a porta. Ele falharia igual ao outro sentinela.

   Grace se recostou no assento de espera. Tinha passado muitas horas neste assento. De algum jeito havia uma comodidade familiar nele. Isto não era nada em comparação com o calor que tinha encontrado com o xerife do Condado do Benton. Tinha-lhe pedido ficar. Grace não tinha nenhuma idéia de quanto tempo, mas tinha a intenção de estar ali para averiguá-lo.

   Suas emoções estavam confusas. Elas tinham se convertido em uma massa de vida e de respiração que se sentia incapaz de separar. Quando partisse, lamberia suas próprias feridas.

   A porta se abriu, fazendo que Grace retornasse a seu objetivo. Jacobs se colocou na cabine. Ela se virou para olhar-lo. Ele a contemplou por um momento.

   — Uma pessoa poderia desejar que aprendesse somente a perguntar.

   Aqueles olhos esmeralda simplesmente o contemplaram divertidos. Jacobs moveu devagar sua cabeça. Ela o tinha perguntado a seu próprio modo. Às vezes recordava a um animal enjaulado. Não importava quão domesticada acreditasse ser, seu espírito era ainda selvagem. Grace simplesmente seria inútil para as complexidades da sociedade.

   — Eu gostaria de saber o que aconteceu, não recordo muito depois que cai na água.

   Jacobs devagar moveu sua cabeça em acordo.

   Grace escutava a informação sobre o resultado de seu seqüestro. Fredricks tinha sofrido uma hemorragia cerebral de alguma classe. Beth positivamente tinha identificado Turvel. Três dos outros homens implicados também tinham incriminado o homem. Tinham sido detidos no lago Mirror e agora jogavam com as provas para tentar ajudar-se. Seus supostos captores estavam sobre tudo mortos e os poucos que tinham sido capturados eram herméticos. O general Slynn estava exigindo um julgamento logo. Para Grace parecia perfeito.

   — Está pronta para passar por isso agora?

   Grace considerou a pergunta de Jacobs. Não, as coisas não estavam claras. Talvez ele tinha um propósito. Ela só ia ter uma possibilidade disto. Deveria enfocar-se em fazê-lo.

   — Já vejo seu propósito —respondeu ela quando outro pensamento cruzou sua mente.— Beth está aqui?

   — Pensava que você e Brice foram os únicos a terem toda a diversão?

   Grace endureceu o olhar durante um momento.— Não há nenhuma necessidade de ser ordinário, Jacobs.

   — Obrigado por tirá-la dali. — A cara do Jacobs estava séria por seus sentimentos.

   — Beth é mais forte do que pensa.

   — Começo a notá-lo.

   — Obrigado por me libertar também. —Grace tirou sua mão entre os dois assentos. Jacobs a agarrou com sua própria mão e lhe deu um apertão afetuoso.

   — Onde quer ir depois daqui, Gracie?

   Grace moveu seus olhos pelo emprego daquele nome.

   — Não sei, suponho que depende se Brice realmente quiser um grupo de convidados em sua casa ou não.

   — O homem construiu uma pista de aterrissagem em seu pátio traseiro —Jacobs disse isto com seco humor.

   — Bem, talvez ele quer que eu fique, por agora.

 

Grace olhou as chamas laranjas e vermelhas dançar. Brice tinha acendido um fogo na chaminé do quarto principal. Um leve sorriso cruzou sua cara. Brice estava agora apoiado sobre um cotovelo detrás dela, passando ociosamente uma mão sobre seus seios nus. Quando ele havia voltado da cidade essa noite, Brice saudou Beth muito cortesmente com seu chapéu antes de colocar Grace sobre do quarto antecâmara principal.

   Isso tinha acontecido fazia um momento. A madeira tinha estado empilhada na chaminé. Tinha começado a fazer frio no quarto. Grace não pensava que Brice tivesse frio. O calor que vinha de seu corpo lhe dizia isso. Ele tinha aceso o fogo de todos os modos. Grace tinha tirado o edredom da cama e ali estavam eles.

   — O que é que Jacobs e você decidiram hoje?

   Brice sentiu a tensão que sua pergunta causava em seu corpo. Muito mau. Isso havia o tornado louco durante a maior parte do dia. Tinha poucas esperanças de não encontrá-los quando chegasse em casa. Não tinha nenhuma intenção de passar por isso novamente.

   — É realmente tão difícil falar comigo?

   Grace sentiu uma pontada de culpa. Estava acostumada à incerteza em sua vida. Isso não significava que Brice o estivesse. Sentando-se, deu-se volta para enfrentá-lo. Os olhos negros dele a olhavam fixamente.

   — Sinto muito, a conversação não é exatamente um dos meus pontes fortes.

   — Notei-o.

   O humor seco em sua declaração lhe fez rir.— Tenho que me ocupar de tudo isto logo.

   Brice levantou para escutá-la. Pensou na pergunta seguinte.

   — vais lutar por alguns direitos?

   Os olhos dela se afiaram. Brice não mudou de expressão.

   — Realmente pensou que não o tinha notado?

   — Seria mais fácil se não o tivesse feito. — Informou Grace. Ela o olhou como uma cólera que começava a inundar seus olhos. Ele começou a falar, mas ela levantou uma mão para que se calasse.

   — Há certas coisas que tenho a intenção de perguntar. Há pontos na petição que podem ser impossíveis. Sempre trabalharei com esta unidade. Sei que quer respostas, mas deveria considerar com muito cuidado o que vai perguntas.

   Brice olhou-a com olhos duros. Ela tentava deixá-lo fora. Mostrando claramente onde estava a linha que separava seu mundo e o seu. Ele achava isso totalmente inaceitável.

   — Está disposta a seguir como antes?

   Grace não podia simplesmente dizer o que Brice estava procurando. Era algo que infringia seu código moral.

   — Não … —disse ela devagar.

   — Bom. Então não deixe que passe. —Disse Brice. Ele tinha passado a maior parte do dia pensando como mantê-la no Condado do Benton, em sua vida.— Case comigo.

   —Como?

   Brice riu devagar. Ela quase se desmaiou. Era uma coisa boa que ele tivesse um ego estável. Não era exatamente a classe de resposta que um homem gostaria de receber a um pedido desse. Entretanto, considerando que se tratava de Grace, o fato mesmo de que não se dirigisse à porta pareceu quase prometedor.

   Aqueles malditos olhos negros eram duros como uma rocha. Como a desafiava a estar tranqüila depois de lhe colocar em uma armadilha assim? Casar-se com ele? Era completamente inadmissível. De todos os modos um desejo imprudente de dizer "Sim" invadiu seus pensamentos. Seus olhos se alargaram quando a emoção varreu seu corpo. Esta florescia dentro dela como uma papoula na primavera.

   Grace nunca tinha considerado o casamento em sua vida. Que homem neste planeta poderia aceitar estar em segundo plano, suportando o que viria junto com ela? Brice tinha que ser um dos piores candidatos possíveis. Ele era a lei neste condado. Entretanto ela estava fora de sua jurisdição. Essa era a razão pela que ele o tinha proposto, para lhe fazer mais difícil de desaparecer? Isto tinha muito mais sentido que a idéia de que ele em realidade queria casar-se com ela.

   Aqueles olhos formosos de esmeralda se aumentaram e arredondaram. Brice podia ver seu cérebro trabalhar desesperadamente classificando seus pensamentos. Realmente pensava muito. Não queria que ela pensasse nesse momento. A luz da lua girava sobre sua pele como um rubi profundo. Sua carência de modéstia o assombrava. Sempre que estava fora deste quarto, estava coberta da cabeça aos pés. Mas quando eles estavam ali, nunca fazia um movimento por ocultar seu corpo dele.

   Estendendo a mão, Brice pôs seu braço ao redor de sua cintura para atrair seu corpo para o seu. Seus corpos se encontraram e o desejo inundou seu corpo. Brice olhou como seus olhos refletiam seu desejo crescente. Sim, realmente queria atá-la a ele, de qualquer modo possível nesta vida. Ela era sua companheira, sua colega, e ele faria qualquer coisa para que ela o aceitasse. Seu corpo o reconhecia, Brice tinha fazer que ela deixasse de racionalizar tudo. Suas curvas se derreteram e se fundiram com seu corpo em uma sinfonia que ia além da satisfação sexual. Mais à frente do amor.

   — Case comigo, Grace. Seja minha esposa. Mãe de meus filhos. —Sua boca se posou em cima da dela e deixou fora seu rechaço. Ela tentou mover sua cabeça, mas ele a seguiu. Exigia sua rendição.

   A tentação de aceitá-lo era forte, e seu corpo era débil. Grace lutou para permanecer no controle, mas sua paixão e suas palavras minaram sua vontade. Ela não se renderia! Mas ela o conhecia, de algum lugar. Seus lábios se moveram sobre ela e ela se moveu para frente para lhe dar a bem-vinda. Este era Brice. Grace se sentia completa quando eles estavam juntos. Seus corpos se moveram juntos em sua intimidade enquanto o mundo exterior era esquecido.

 

   O sol logo que começaria a esquentar. Grace gostava de estar ali. O bosque. A gente. Em três meses, sua vida de algum modo tinha tomado uma volta inesperada e agora se sentia serena diante de uma possibilidade que a conduzia à felicidade. Como poderia ser? Parecia tão fácil. Grace sabia que tinha que haver algo que passava por cima.

Grace se ergueu e olhou as luzes solares que se refletiam na água. Ela evitava a questão principal que estava em seus pensamentos.

   A proposta de casamento de Brice.

   Era assombroso como uma só pergunta podia transtornar sua vida. Era uma pergunta que deveria responder? Talvez somente quando fosse ao escritório do General Slynn e lhe informar que iria se casava. Isso certamente o poria de um humor interessante. Só conseguiria ser lançada a um calabouço. Ou ao menos, embarcada ao Oriente Médio.

   Como seus pensamentos se moviam, seu corpo também. Grace subiu as colinas próximas quando tentou clarificar-se. Realmente sentia que não sabia por que Brice lhe tinha pedido casar-se com ele. Ele tentava ser seu Cavalheiro Protetor? Se era assim, sentiria-se diminuída. Os votos do matrimônio eram sagrados para ela.

   Mas aceitando Brice em seu corpo, já tinha formado uma obrigação muito forte. Aquela obrigação se fazia mais forte cada vez que eles se uniam. Isto a golpeou com uma claridade repentina, o que a pôs completamente fora de controle. Grace se obrigou a mover-se mais rápido. Inclusive quando assim o fez, soube que não podia evitar suas emoções.

   — Há alguma razão pela qual está cansando?

   Grace moveu sua cabeça. Sabia que alguém estava ali. Acabava de assumir que era um dos Rangers. Eles tendiam a meter-se em seu caminho enquanto a rastreavam. Nunca a deixavam realmente sozinha. Brice estava uns passos atrás dela. Ainda estava usando seu uniforme. Seus olhos se fixaram no símbolo de seu escritório que estava fixo em seu peito.

   Brice se perguntou por que sua insígnia de xerife lhe chamava tanta atenção. Ela já o tinha visto com uniforme. Esta noite ele lhe chamava a atenção. Neste momento ele se lembrava da primeira vez que a tinha visto. Ela estava completamente disfarçada e seu corpo estava desenhado apertado e inflexível. Ele cruzou seus braços sobre seu peito enquanto a olhava. Ela estava se afastando dele.

   — Vamos. Penso que é hora de seguir nosso caminho.

   Lentamente, seu significado se fez claro. Grace simplesmente riu. Sim, era a hora! Ocorresse o que ocorresse, seguro que não seria pior que aquela espera. Brice moveu sua mão e ela colocou a sua firmemente nela.

   — Vamos.

 

   As luzes da pista da base eram excessivamente brilhante essa noite. Grace tinha esquecido o quanto a base lhe recordava uma prisão de pedra. O concreto cobria a terra, e as poucas novelo permitidas, estavam contidas e limitadas. Um estremecimento delicado varreu seu corpo. Uma grande mão quente se posou em seu ombro. Grace levantou seu olhar aos quentes olhos do Brice.

   — Frio?

   Grace sacudiu sua cabeça e começou a deixá-lo assim. A frustração que se refletia em seus olhos lhe chamou a atenção.

   — Eu gosto mais de Benton. Há muito concreto aqui.

   Brice não tinha esperado que lhe desse uma explicação. O fato de que fizesse um esforço o agradou enormemente. Ele passou sua mão sobre seu pescoço para roçar ligeiramente a tensão que havia ali. Era tarde, talvez dez e trinta. Jacobs tinha assegurado quartos para eles. Durante o curto prazo, Brice tinha levado ambas as mulheres dentro de um hangar, e a ele e quatro dos homens que tinham viajado com eles. Grace parecia sentir-se segura com a escolta armada. Beth, entretanto, estava notavelmente nervosa.

   Algo sobre Beth atraía a atenção do Grace. Brice pareceu notá-lo também. Grace estudou à moça um momento. Ela tentava relaxar , mas a proximidade dos homens armados a daixava nervosa. Estendendo sua mão, Grace agarrou a mão da outra mulher. Beth fazia Grace sentir-se cômoda em seu mundo, agora era tempo de lhe devolver o favor. Este era seu mundo. Embora Beth estava se adaptando extremamente bem, era muito lhe pedir que fizesse caso omisso a todas as armas automáticas que estavam pressentem nesse momento.

   Grace levou Beth com ela quando devagar começou a rodear o hangar. Era grande e ajudaria a passar o tempo.

   Beth deu um suspiro de alívio quando notou que os Rangers as observavam, mas não foram detrás delas. O passeio lhe deu algo para impedir que sua mente corresse. Agora entendia o porque Grace adorava passear. Beth tinha pensado muito sobre a quantidade de tempo que Grace tinha passado caminhando. Brice preferia não ir à cidade quando Grace fazia sua saída pela porta traseira de sua casa. Ela nunca levava nada com ela e muito freqüentemente não voltava até pôr-do-sol.

   — Penso que começo a entender seu gosto pelas caminhadas —disse Beth a Grace.

   — Ajuda.

   — É sempre assim? —perguntou Beth antes de pensá-lo melhor.

   — Sim, é sempre assim. Às vezes há mais. Às vezes menos, de todos os modos eles estão sempre ao redor.

   — Por que respondeu minha pergunta? —perguntou Beth em um tom tranqüilo.

   Elas tinham alcançado o lado longínquo do hangar e Grace deixou de olhar a sua amiga. Aqui não seriam ouvidas nem por acaso.

   — Porque temos que perder tempo, enquanto eles nos fazem de bobas.

   — Nossa, você é cruelmente direta! —respondeu-lhe Beth a sua companheira— Desculpe, eu falei alto, não foi?

   Grace não conteu o riso. Beth tinha um senso de humor que simplesmente maravilhosos.

   — Agora, poderia ser um pouco mais difícil de tirar esse fato a Jacobs. Como me advertiste, os homens são bestas.

   Beth sorriu lentamente.

   — Penso que deixarei a sua imaginação — disse Grace a Beth.— Seja cuidadosa, Beth. Antes de que faça perguntas, pense com muito cuidado. Jacobs não deixará esta unidade. Isso significa que terá que te acostumar à carência de isolamento. Penso que só conseguirá uma oportunidade de escapar —Grace fixou seus olhos verdes em Beth um momento— Considere esta opção com muito cuidado Beth. Só terá uma chance.

   Quando rodearam o hangar outra vez, Beth continuou pensando no que Grace havia dito. Beth entendeu que conhecia muito sobre o jeito de Grace. Entre Jacobs e a influência de seu pai, ainda era possível para ela trilhar seu próprio caminho. De fato, ela estava trilhando dois caminhos. Beth não tinha idéia do que poderia lhe acontecer se não tivesse gente procurando-a. As pessoas a quem conhecia geralmente desapareciam. Beth não pensava que eles a danificariam fisicamente, mas de fato sempre existe outras alternativas. Algo lhe dizia que era muito melhor não saber quais podiam ser essas opções.

 

   Um par de olhos cor avelã olhavam às duas mulheres enquanto caminhavam. Jacobs realmente desejava saber o que Grace estava dizendo. A linguagem corporal de Beth tinha mudado. Isso tinha estado incomodando-o durante a semana passada sobre o que fazer com Beth.

   Ela o conhecia muito.

   — Põe-me bastante nervoso ver aquelas duas cabeças juntas —lhe disse Brice.

   — Amém!

   — Eles vão liberar Beth?

   Os olhos do Jacobs se endureceram. Brice lhe devolveu o olhar.

   — Este é o momento para algumas respostas. Beth é minha responsabilidade, também. Ela é uma residente do Condado de Benton. Vejo seu interesse por ela. Estou interessado só em saber o que tem em mente.

   Brice resistiu o duro olhar de Jacobs. Talvez deveria retornar a pergunta de Brice e saber suas intenções sobre o futuro.

   — Suponho que depende muito do que planeja fazer com Grace.

   — Decidi me casar com ela, olhar sua barriga cresce com meu bebê passar as poucas próximas décadas tentando entender como trabalha sua mente.

   Jacobs sentiu como se alguém tivesse socado no estômago. A expressão na cara do Brice lhe disse que o homem estava mortalmente sério.— E o que pensa Grace disto?.

   — Ainda se está acostumando com à idéia —informou Brice.

   Jacobs apostaria que de fato ela estava fazendo. Brice era o melhores estrategistas que ele conheceu. O homem cortava as vias de escapamento do Grace. Quando Grace não queria falar de alguma questão, ela não o fazia. Brice tinha a intenção de assegurar-se que o tema se espalhasse.

   — Brice, o chefe nunca vai deixar que aconteça.

   — Perguntava-me quando conseguiria ter esta conversação comigo.

   Brice notou a aversão nos olhos de Jacobs enquanto procurava as palavras precisas.

   — Deixe para lá. Eu nunca poderei esquecê-la. Se minha única opção é deixar o uniforme, então me adaptarei a isto.

   — Isso não te assegura um posto em minha unidade.

   Brice sorriu abertamente quando notou a frustração detrás da voz de Jacobs. A ação de ser oficial menor do homem seria abrasiva ao menos.

   — Bem, ainda tenho uns amigos por aí. Mas há uma coisa que poderia considerar antes de encerrar o assunto.

   — E isso o que seria?

   — Não há ninguém mais que tome sua segurança tão seriamente.

 

   Jacobs conduziu o grupo a quartos residenciais. O acesso era restringido, assim não havia nenhuma razão para permanecer com um guarda. Jacobs agarrou Grace quando passava e pôs o bracelete de prata sobre seu pulso. Ela levantou o olhar e encontrou que Jacobs esperava sua reação. Grace simplesmente se encolheu os ombros e seguiu Beth ao quarto.

   Beth se sentou sobre a cama de matrimônio e devagar começou a tirar-se suas botas. Estava cansada, mas tinha esperado ter uns últimos momentos com Jacobs. Mas eles não estavam casados e a base tinha regras estritas para o alojamento dos oficiais solteiro. Olhou e notou que Grace ainda estava de pé. Nem sequer tinha deixado sua bolsa.

   O quarto a sufocava na opinião de Grace. Tinha esquecido quanta aversão tinha aos alojamentos subterrâneos. Especialmente num alojamento assegurado. Com um gemido de frustração, colocou sua bolsa no chão ao lado da cama. Era perto da meia-noite. O sonho se imaginou que a evitaria, mas faria o intento pelo bem de Beth.

   O som agudo que emitiu o bracelete de Beth interrompeu o silêncio do quarto. Beth olhou o dispositivo que estava em seu braço como se fosse um bracelete em forma de aranha.

   — Jacobs ajusta a distância —explicou Grace— minha conjetura é que eles dormem do outro lado do edifício.

   Beth olhou o bracelete de prata que adornava o pulso de Grace.

   — Já, estamos etiquetadas e encerradas sob guarda. O que é nos espera? Uma câmara dentro do quarto?

   — Não. Jacobs se teria deitado aqui conosco em troca —informou Grace a sua companheira.

   — Não vai isso contra a política da base? —perguntou Beth quando se estirou sobre a cama.

   — Em caso de que não te tenha se dado conta, não seguimos as regras tradicionais.

   — Ao menos não a gente publicado —declarou Beth.

   Grace se deitou ao lado de Beth, com sua mente voltada a reunião de amanhã e sua importância para seu futuro.

   Ela tinha a intenção de não lhe dar nenhuma outra opção ao General Slynn, só aceitar suas condições.

 

   Os frios olhos azuis se posaram sobre Grace pela centésima vez. Ela se negou a estremecer. O general Slynn tinha estado fazendo seu melhor esforço por conseguir essa reação nela. Até agora, a tinha negado. Perguntou-lhe repetidamente sobre sua participação com o Coronel Stephen Fredricks. Tanto durante seu seqüestro como durante o ano que ele controlou a Unidade. O interrogatório seguiu para incluir sua participação com o Turvel.

   Grace tinha esperado um interrogatório. O tom desta sessão parecia indicar que ela era responsável pela cadeia de acontecimentos. Ela estava perdendo a paciência. Grace sabia que não deveria deixar que a opinião do homem a incomodasse, mas o fazia. Isto alterava seus nervos. Grace finalmente deixou de responder as perguntas do General. Ele não merecia o esforço.

   — Você responderá a pergunta! —Slynn fixou seu olhar nela.

   A decepção rapidamente subia ao longo de sua espinha. Grace considerou o por que daquilo. Que mais tinha esperado? Que um oficial de alto nível fosse lhe dar algum conselho sobre sua vida? Isso teria sido muito.

   Mas na realmente tinha esperanças. Com sonhos e desejos assentados dentro de seu coração que se derrubavam pela indiferença insensível deste homem que a tinha como objetivo.

   — Não, penso que terminamos.

   — Terminará quando eu o diga, senhora.

   Uma risada lenta se arrastou através de sua cara. Uma coisa ia mudar hoje; ela não era uma dama. Grace ia ter a satisfação de lhe dizer a este homem que se fosse para o inferno.

   — Tome suas ordens e vá para o demônio!

   — Eu a verei comer-se essas palavras.

   Grace passou seus olhos sobre a cara do homem cheia de fúria. Muito mal. Terminou contendo sua língua. Rechaçou fazer-se seu instrumento, se a única outra opção era colocar um pau na sua bunda, então o faria.

   — Sério? E o que é o que tem em mente? Uma vida de servidão sem um só benefício?

   — Você consegue amparo de primeira classe em troca, sua besta!

   — Você parece andar bem escasso de psíquicos. Se quiser que minha tarifa de eficácia permaneça como está, sugiro-lhe que ajuste sua atitude.

   — Você está paquerando com a insubordinação.

   — Isso é melhor que estar sendo controlada por uma correia.

   Uma risada lenta começou a subir pelo corpo do General. Bem, agora. Ela era um maldita bruxa! Era muito mau, realmente, ele não pudesse levar o crédito de havê-la treinado. O General nunca tinha visto uma mulher Ranger antes.

   Grace viu como o corpo do General era sacudido pela risada. Não ruidosa, mas baixa e profunda. Sua cara transformada em um olhar leve de admiração. Por ela? Isso seria novo. Grace seguiu observando ao homem. Ela não sabia com certeza o que fazer com ele em seu presente humor. O homem tinha estado tentando fazê-la pó durante as três horas passadas. Agora se sentava ali divertido? E a gente dizia que ela se comportava de uma maneira estranha!

   — foi um prazer conhecê-la. — O General estendeu sua mão através do escritório.

   Grace observou sua mão um momento. Nenhum oficial ao mando, além de Jacobs, havia-a a tratado com cortesia. Ele manteve sua mão estendida enquanto ela a olhava. Grace estendeu sua mão e a apertou. O homem não se estremeceu, mas devolveu o apertão com sua própria mão firme.

   — Bem agora, parece que temos algumas coisas a falar.

   Grace não podia ter estado mais de acordo.

 

   Passava das quatro da tarde quando Grace finalmente terminou sua reunião com o General Slynn. Em realidade estava começando a gostar do homem. Somente um pouco. O dia começava a acabar e Grace não queria nada mais que sair das paredes que a envolviam nesse momento.

   O entardecer se aproximava rapidamente. Continuava a brisa da tarde. Grace decidiu que devia ter sido um dia formoso no Benton. O asfalto estava diante dela e o inspecionou entendia. Desejava caminhar, mas não ali. Tinha passado horas sem fim andando pelos limites da base no passado. Nesse momento, a área bloqueada recordava uma casinha de cachorro.

   Um passo leve detrás dela chamou sua atenção. Grace girou para encontrar Jacobs parado a seu lado. Ele ainda levava sua cara desconfiada. Uma rocha dura. Grace simplesmente a devolveu. Seus olhos começaram a brilhar quando lhe ofereceu um sorriso sincero. Grace sentiu que uma risada cruzava seus lábios. Jacobs se inclinou para levantá-la em um abraço.

   — Tem que aprender como abraçar, Gracie.

   — Vá brincar com alguém de seu próprio tamanho.

   — Sim, madame.

   Seu radar soou quando Jacobs se afastou. Agarrando a unidade, colocou-a em seu cinturão sem esforço pelas incontáveis repetições.

   — Vai a algum lugar?

   Não deveria ficar tão surpreso quando Brice a encontrou. Ele o averiguaria, sem importar sua posição. O elo que os atava era mais forte que qualquer barreira que a vida pudesse construir para separá-los.

   Grace olhou aos olhos do xerife do Condado de Benton. Todo que necessitava estava aí, detrás dela, estável, forte e completamente honesto. Nunca o entenderia completamente, mas nunca se entenderia a si mesmo tampouco.

   — Poderia ser.

   Ele cruzou os braços e manteve seu rosto inexpressivo. Saber que sua separação era iminente não impedia que o golpe fosse menos forte.

   — Se pode dirigir toda minha bagagem, minha resposta é sim.

   Seu rosto estava enrugado por pensar. Elevando-se, Grace alisou a pele enquanto procurava seus olhos.

   — Sim, casarei-me contigo. — Colocou as pontas de seus dedos sobre seus lábios para mantê-los fechados.

   — Mas a pista de aterrissagem vai fazer se maior e tenho esse C.O. bastante irritável que insistirá em me fazer perder tempo. Ele provavelmente quererá invadir pessoalmente sua propriedade com um montão de outras moléstias.

   Brice tirou aquelas mãos de sua cara e sustentou um aperto que quase lhe esmagou os ossos. Grace conseguiu um vislumbre rápido de alegria antes de que ele girasse e usasse seu aperto de mão para levá-la com ele. O passo que a levava obrigou a aproximar-se mais dele. Então ele parou, recuperou o fôlego para lhe fazer perguntas sobre seu comportamento.

   — Brice, que foi …

   — Posso lhe ajudar?

   Grace olhou fixamente à enfermeira que emitiu aquela pergunta. Brice tinha lhes trazido miseravelmente ao hospital da base.

   — Necessitamos provas de sangue para nossa licença de matrimônio.

   Esta era uma petição tão comum que a enfermeira simplesmente fez gestos a seus dois pacientes para segui-la. Estes moços alistados eram sempre tão impaciente para casar-se.

   — Brice, não é tão simples.

   Tomando-a pela cintura, Brice a sentou sobre a mesa que a enfermeira indicou. Seus dedos trabalharam nos botões que mantinham sua camisa fechada em seu punho. Enrolando sua manga ele posou seus olhos nos sua esmeralda.

   — Grace, levo-te para casa. Resolveremos o resto mais tarde.

   — Para casa?

   Sua voz traiu a confusão que suas emoções causavam no interior de sua cabeça. Brice simplesmente sorriu abertamente, ia desfrutar transtornando seu mundo.

   — Sim, para casa!

  

A primavera estava no ar outra vez. Grace sentiu a mudança no tempo. Havia ainda uns rastros de neve sobre o piso do bosque. Devagar, andando pelo pátio traseiro, Grace observou a casa que estava sendo construída a uns quase duzentos metros acima da colina. Os sons de construção vagavam no ar de amanhã.

   A casa tinha sido começada na estação anterior. A construção foi forçada a parar quando a neve começou a amontoar-se. Jacobs e Beth tinham passado seu segundo inverno na habitação de convidados. Este ano, entretanto, mudariam se para sua própria casa. Brice e Jacobs atualmente estavam ambos trabalhando no terraço da casa. Grace olhou como seguravam as filas de telhas à estrutura da casa.

   Brice a arrastou a capela logo depois que a enfermeira terminou de tirar sangue. As vinte e quatro horas necessárias para completar as provas não o tinham agradado. Tendo ganho a oportunidade de estar legalmente maços, Brice tinha atravessado todas as barreiras com uma força assombrosa.

   De algum modo ele tinha persuadido o capelão de casá-los apesar da falta dos papéis necessários. De fato, foram declarados marido e mulher antes de que o sol se posse.

   Grace riu. Isso importava? Ela tinha estado atada a este homem desde o momento que o encontrou. Houve uns momentos interessantes justo antes de que seus casamentos tivesse começado. O capelão pediu o sobrenome de solteira do Grace. O general Slynn tinha dado a Grace uma ampla liberdade. Ela tinha uma casa. Até tinha uma conta bancária agora, completa, com pagamento mensal. Entretanto, ainda não tinha um passado público. Seu sobrenome de nascimento não seguiria com ela em seu futuro. O homem nunca tinha conhecido uma noiva sem um sobrenome de solteira e os momentos se prolongaram embaraçosamente. Jacobs tinha dado um passo adiante para informar ao homem que ela era sua irmã. Se o homem tivesse dúvidas sobre a verdade daquela declaração, guardou-as para ele, anotando devidamente Jacobs em sua licença de matrimônio.

   Esta era sua casa agora. Grace realmente estava assombrada ao descobrir que tinha uma casa. Ela e Jacobs ainda trabalhavam na unidade e um hangar tinha sido agregado à pista de aterrissagem. Bom, pensou Grace, eles não tinham estado trabalhando durante os cinco meses passados. Grace passou uma mão sobre sua dilatada barriga. Tinha ocultado sua gravidez a Jacobs durante quase cinco meses. Eles tinham estado rastreando a um par de excursionistas perdidos em Califórnia quando ele notou que seu traje de vôo já não mais servia. Esse não tinha sido um ponto alto em sua relação.

   Grace sentia que sua gravidez era uma coisa muito pessoal. O menino que crescia dentro fazia-se muito consciente. Grace podia sentir sua presença cada minuto do dia. Sabia quando dormia e quando estava acordado. Se algo realmente fosse mal, então pediria ajuda. Isso não tinha passado. Era uma coisa privada entre ela e Brice. Ele passava horas na frente da chaminé em sua habitação. Brice a sustentava diante dele e simplesmente acariciava seu ventre.

   Outra dor atravessou seu corpo. Grace lançou um último olhar para assegurar-se que não teria companhia logo. Seu filho estava preparado para nascer e Grace queria privacidade para o nascimento. Brice teria um ataque, mas este era um momento pessoal para ela. Seu marido teria que entendê-lo.

   Grace tentava parir o menino onde tinha sido concebido. Um hospital era completamente inadmissível. Se ela necessitasse ajuda, seu beeper estaria ao alcance de sua mão. Grace nunca tinha temido à dor e agora não era a exceção.

   Não era ainda o meio-dia quando Grace voltou para pátio. O sol tinha afugentado a frieza do ar. Grace contemplou a seu filho à luz brilhante de dia. Banhou-se e tinha vestido o menino preparando-o para saudar seu pai. O bebê elevou a vista para ela com seus próprios olhos verde esmeralda. Grace sabia que o menino teria seus olhos. Ela o tinha sentido antes de seu nascimento, e agora enquanto Grace sustentava seu filho sabia que havia trazido para outro menino dotado ao mundo. Seria interessante ver que capacidades teria.

   O bebê assombrou Grace. Como era possível amar tanto em algo? Esta pequena criatura que ela sentia que já conhecia, era uma vida, a prova de seu amor por Brice. Era quase como se seu amor se separa-se em um pequeno pedaço que agora ela sustentava em seus braços. Este menino levaria o amor que seus pais tinham compartilhado muito depois de que eles se fossem.

   Começando a subir a colina, Grace levou seu filho para conhecer seu pai. Estando perto da casa, Grace procurou os dois homens que ainda trabalhavam no terraço. Teria sido mais simples ter uma casa construída, mas Jacobs desfrutava fazendo o trabalho ele mesmo. Brice parecia desfrutar disso também.

   Beth deu volta a esquina e riu dela. Enquanto se aproximava, sua cara refletiu um ligeiro choque quando notou o menino. Aproximou-se para olhar fixamente ao menino recém-nascido.

   — Você faz, nós, o restantes das mulheres, nos sentir pequenas e imprestáveis. —lhe disse Beth.

   — O que há dito? —Isso tinha vindo do Jacobs. Apareceu sua cabeça sobre o bordo do terraço em busca de sua esposa. Sorriu abertamente quando viu as duas mulheres juntas. Grace esperou calmamente que notasse ao bebê. Jacobs tinha a vista penetrante, e não tomou muito tempo. Retirou sua cabeça da vista e Grace escutou o assobio que ele soltou para conseguir a atenção de Brice.

   Grace viu como seu marido baixava a escada com velocidade suicida. Ele tinha descartado sua camisa em algum ponto e ela jogou uma olhada a seu peito. Já tinha começado a bronzear-se por trabalhar no terraço. Enquanto a estação progredisse, Grace sabia que ele tomaria uma cor marrom. Olhou-a com uma mescla de maravilha e frustração. Sua esposa simplesmente devolveu seu olhar com aquela confiança estável dela. Brice sacudiu sua cabeça. Decidiu que deveria estar agradecido de que não tivesse saído ao bosque para ter a seu bebê. Ela era uma criatura tão selvagem hoje como o tinha sido quando a tinha conhecido.

   Brice, lentamente, olhou a seu filho. O bebê levantou suas pálpebras para mostrar seus olhos esmeralda. Brice tomou ao menino e o sustentou. Um filho. Brice elevou a vista para o Grace e riu nos olhos de sua esposa. Lhe tinha dado tanto e agora lhe tinha dado um filho. A pesar do fato que parecesse inadequado, Brice o disse de todos os modos.

   — Amo-te.

   Grace sabia. Ela levantou seus olhos esmeralda para olhar os confiáveis olhos marrons de seu marido. O vínculo entre eles nunca deixava de aumentar. Era sua maior fonte de segurança agora. Eles estavam atados pelos laços de família.

   Isto era verdadeiro.

   Isto era tudo.

   Isto era amor.

                                                                                Mary Wine  

 

                      

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