Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


JEITO WESTMORELANDE / Brenda Jackson
JEITO WESTMORELANDE / Brenda Jackson

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio VT

 

 

 

—Eu sei o quanto significa para você descobrir tudo a respeito do passado do seu avô, e te desejo o melhor nessa cruzada. Se precisar de qualquer coisa, você, seus irmãos e seus primos devem saber que os Westmorelands de Atlanta estão aqui. Nos chame a qualquer hora que precisar.

Dillon Westmoreland bebeu toda a taça de vinho antes de seus olhos se encontrarem com os olhos do homem mais velho. Ele conheceu James Westmoreland apenas onze meses atrás. Ele chegou de Denver, Colorado, com seus filhos e sobrinhos, informando serem da família e eles tinham toda a documentação para provar.

—Obrigado, senhor, Dillon disse. Sua chegada inesperada ao Rancho Shady Tree havia respondido a muitas perguntas, mas tinha criado outras tantas. Depois de anos pensando que não tinham nenhum parente vivo fora os de Denver, era bom saber que havia outros, que em nenhum momento hesitaram em considerá-los como sendo um deles.

Dillon deu uma olhada rápida ao redor da festa de casamento do primo Reggie e sua esposa Olivia. Dillon e todos os outros Westmorelands do clã de Denver, conheceram oficialmente Reggie e todos os outros Westmorelands do clã de Atlanta em uma grande reunião familiar a alguns meses atrás.

Só foi necessário um olhar para saber que eles eram realmente parentes. As feições, a aparência e o corpo eram praticamente os mesmos. Ninguém ficou surpreso uma vez que seus bisavôs, Reginald e Raphael eram gêmeos idênticos.

Dillon agora conhecia a história de como o seu bisavô, Raphael Westmoreland, se separou da família aos vinte e dois anos de idade. Ele deixou Atlanta, Geórgia, com a esposa do pastor da cidade. Foi considerado um ato desprezível e Raphael imediatamente ficou conhecido como a ovelha negra da família Westmoreland, e nunca mais eles ouviram falar dele novamente.

Muitos apostavam que ele tinha morrido antes de completar vinte e cinco anos, devido aos anúncios de recompensa por ter roubado a esposa de outro homem. Poucos sabiam que Raphael chegou a Denver, casou e teve um filho que lhe deu dois netos, que por sua vez o abençoaram com quinze bisnetos.

Dillon se orgulhava em dizer, aos trinta e seis anos, que era o bisneto mais velho de Raphael. Isso deixava o legado dos Westmoreland do clã de Denver diretamente sobre os seus ombros.

Não foi fácil, mas ele fez o melhor para guiar a sua família. E ele não se deu mal. Todos os quinze eram muito bem sucedidos nos seus destinos, até mesmo os três que ainda estavam na faculdade. Mas era realmente difícil dizer o mesmo a respeito de Bane, seu irmão mais novo, ele teve vários problemas ocasionais com a justiça, levando Dillon à delegacia de polícia muito mais do que ele gostaria.

—Você ainda está determinado a descobrir a verdade sobre o que realmente aconteceu com o seu bisavô e com suas outras esposas, se é que houve mesmo outras esposas? James Westmoreland perguntou a ele.

—Sim, senhor. Eu pretendo fazer isso ainda esse ano, talvez em Novembro, vou tirar uns dias de férias na empresa e viajarei pra Wyoming, disse Dillon.

Através das pesquisas da genealogia de James Westmoreland, ele conseguiu descobrir e encontrar a família de Dillon. Agora estava nas mãos dos Westmorelands do clã de Denver encontrar as respostas para todas as perguntas que ainda assombravam a sua linhagem. Essa era uma das razões pela qual a viagem para Wyoming era tão importante para ele.

—Certo, Dillon, tio James já abusou muito da sua paciência.

Dillon não conseguiu evitar e riu quando o primo Dare Westmoreland falou e saiu andando. Se havia alguma dúvida de que os Westmorelands do clã de Atlanta e os do clã de Denver eram realmente parentes, tudo o que tinham que fazer era compará-lo a Dare. Suas feições eram tão parecidas que eles podiam muito bem passar por irmãos ao invés de primos.

—Eu não me importo, disse sinceramente. —Eu estou me divertindo muito.

—Bem, não se divirta demais, Dare respondeu com um grande sorriso.

—Assim que Reggie e Olivia saírem para a lua de mel, iremos para a casa do Chase para uma partida de pôquer. Dillon ergueu uma sobrancelha.

— A última vez que joguei pôquer com vocês, quase perdi as calças, disse incapaz de esconder o sorriso.

Dare deu-lhe um belo tapa nas costas.

—Tudo o que eu posso dizer a você Dillon, é: seja bem-vindo à família.

 

 

 

 

                                                   Capítulo 1

—Você perdeu o juízo Pam? Não importa o que você diga, nós não iremos deixar você fazer isso. Você já desistiu de tanto por nós. Nós apenas não podemos.

Pamela Novak sorriu enquanto dava uma rápida olhada por sobre os ombros e via os três rostos familiares com o cenho franzido para ela e depressa decidiu que seria melhor dar toda a sua atenção à elas. Secando as mãos em uma toalha, ela se afastou da pia para enfrentá-las.

Se perguntou o que precisava fazer para que suas irmãs entendessem que ela tinha que fazer o que tinha que fazer. Não apenas para o benefício próprio mais principalmente pelo delas. Fletcher a estava pressionando a casar-se com ele no Natal e eles já estavam na primeira semana de novembro. Até agora eles não tinham marcado uma data, mas ele falava sobre isso todas as vezes que a via. Ele já tinha deixado bem claro que não queria um compromisso longo e, considerando tudo, um compromisso longo também não seria do interesse dela.

Ela mordiscou o lábio inferior, tentando pensar em uma rápida estratégia que fosse efetiva. Se ela pudesse convencer sua irmã Jillian da importância do que estava por fazer, então Paige e Nadia acabariam aceitando. Mas convencer Jillian era o problema, ela não gostava de Fletcher.

—E o que a faz pensar que eu estou sendo forçada a fazer a fazer algo contra a minha vontade, em vez de algo que eu queira fazer? Pamela finalmente decidiu perguntar às três.

Claro, foi Jillian quem primeiro começou a falar. Jill, como era chamada pela maioria das pessoas em Gamble, Wyoming, aos dezessete anos era sênior no segundo grau e era bem esquentadinha. Também era rápida como um chicote. O maior sonho de Pam era que Jill partisse de Gamble, no próximo outono, para frequentar a Universidade de Wyoming em Laramie, e seguir o sonho de um dia se tornar uma neurocirurgiã.

E Paige com quinze e Nadia treze logo estariam prontas a seguir seus passos. Pam queria ter certeza de ter os fundos necessários para a faculdade quando essa hora chegasse. Ela também queria ter a certeza de que se suas irmãs algum dia ainda quisessem voltar para Gamble, de que elas tivessem uma casa aqui esperando por elas. Ao aceitar a proposta de casamento de Fletcher, Pam estava certa de que todas essas coisas se tornariam possíveis.

—Você está sacrificando a sua felicidade, Pam. Nós não somos estúpidas. Que mulher em seu juízo perfeito gostaria de se casar com um imbecil como Fletcher Mallard? Jill disse corajosamente.

Pam teve que lutar para manter o rosto impassível quando disse:

—Ele não é um imbecil, na verdade Fletcher é um homem bastante agradável.

—Só quando ele não está sendo obtuso e arrogante, o que acontece na maior parte do tempo. Ele já acha que pode mandar nas coisas por aqui. Nós estamos indo muito bem sem ele, foi à resposta amarga de Jill. E após um respiro fundo continuou a dizer:

—Nós não nos importamos de perder essa casa e não daremos a mínima se não pudermos ir para a faculdade. Nós nos recusamos a deixar você se casar com aquele homem pra proteger o que você vê como um futuro brilhante pra nós. Falando de futuro, você deveria voltar para a Califórnia e trabalhar em um filme de verdade em vez de passar seu tempo dando aulas na escola de teatro. Você é formada em teatro, Pam. Seu sonho sempre foi ser uma atriz. É sua paixão. Você não deveria ter que desistir disso por nós.

Pam inalou profundamente. Ela já tinha passado por isso antes com as suas irmãs. O problema era que elas sabiam demais sobre a situação, algo que ela desejava que não tivesse acontecido. Infelizmente para ela, elas estavam em casa no dia em que Lester Gadling, o advogado do pai delas, a visitou para dar as más notícias e elas escutaram tudo.

—Mas eu não estou na Califórnia. E estou feliz por estar aqui em Gamble e trabalhar como professora em uma escola de atores, dando a outros a mesma oportunidade que eu recebi, ela disse o oposto do que sentia. Ela parou por um segundo e então disse:

—Escutem mocinhas, eu tomei essa decisão porque amo vocês.

—E nós amamos você também Pammie. Nadia respondeu.

—Mas nós não podemos deixar que você desista de sua chance de um dia encontrar um cara legal e...

—Fletcher é um cara legal, ela disse. Porém, tudo o que ela recebeu como resposta por seus esforços foram três pares de olhos se revirando.

—Não, ele não é, Paige falou mais alto.

—Eu estava no banco um dia quando ele deu uma bronca em um dos caixas por fazê-lo esperar na fila por tanto tempo. Ele pensa que é muita coisa só porque possui uma rede de supermercados.

—Está certo, você viu o seu lado ruim apenas uma vez, Pam disse.

—No fundo ele é uma pessoa amável e está disposto a nos ajudar, não é?

—Sim, mas olhe o que ele vai conseguir: a nossa casa e a mulher solteira mais bonita de Gamble. Jill assinalou.

—Uma mulher solteira que já não é tão jovem assim e que fará trinta em apenas alguns meses. Você não acha que já na hora de eu me casar?

—Sim, mas não com ele, Jill implorou.

—Qualquer um, menos ele.

Pam deu uma olhada rápida no relógio da cozinha. Fletcher vinha para jantar e chegaria a qualquer momento, ela precisava ter certeza de que as irmãs deixariam esse assunto para trás. Elas agora tinham que aceitar que ela era uma mulher comprometida e que seguiria em frente.

Ela, entre todas as pessoas, sabia que Fletcher tinha suas falhas e que às vezes podia ser arrogante, mas ela podia lidar com isso. O que ela se recusava a lidar era deixar suas irmãs perderem a única casa que conheceram e uma chance de realizar seus sonhos de frequentarem a faculdade que sempre desejaram.

Ela não pôde evitar de se perguntou o que o pai dela tinha pensado ao fazer uma segunda hipoteca na casa, uma hipoteca cujo pagamento completo era esperado dentro de um ano após sua morte. Não tinha nenhuma maneira de que ela pudesse encontrar um milhão de dólares.

E Fletcher, no papel de amigo, fez uma oferta que ela não podia recusar. Não seria um casamento de amor, ele estava completamente ciente disso. Ela porém concordou em cumprir suas obrigações de esposa. Um dia ele ia querer filhos e ela também. E Pam estava determinada a tirar o maior proveito do casamento e ser uma boa esposa para ele.

—Quero que as três me façam uma promessa, ela finalmente disse às irmãs.

—Que tipo de promessa? Jill perguntou, erguendo uma sobrancelha com suspeita.

—Quero que vocês me prometam que farão tudo o que eu pedir em relação ao meu compromisso com Fletcher. Que vocês me farão feliz ao apoiar o meu casamento com ele.

—Mas você será realmente feliz, Pammie? Paige perguntou com uma expressão que disse que ela realmente queria saber a resposta.

Não, ela não estaria realmente feliz, mas as irmãs não precisavam saber isso, Pam pensou. Elas nunca deveriam saber a extensão do sacrifício dela. Com essa decisão em mente, Pam ergueu o queixo olhando as três nos olhos e disse uma mentira que sabia que valeria a pena no final.

—Sim, ela disse com um sorriso falso congelando os seus lábios.

—Eu serei muito feliz e quero me casar com Fletcher. Agora me prometam.

Jill, Paige e Nadia hesitaram apenas por um minuto e então simultaneamente disseram:

— Nós prometemos.

—Que bom.

Quando Pam voltou-se para a pia, as três meninas trocaram olhares e sorriram. Seus dedos estavam cruzados as costas enquanto elas faziam a promessa.

 

Era provavelmente falta de consideração da parte dele aparecer sem ligar antes, Dillon pensou, enquanto entrava na longa rua que marcava como Domicílio Novak.

Ele chegou cedo naquela mesma manhã a Gamble, Wyoming, tendo um único objetivo em mente. O que teria acontecido às outras quatro esposas do bisavô, aquelas que ele teve antes de se casar com a bisavó de Dillon, Gemma?

De acordo com a pesquisa genealógica que James Westmoreland fez, Gamble foi o primeiro lugar que Raphael ficou depois de deixar Atlanta, e um homem com o nome de Jay Novak foi seu sócio em uma empresa de laticínios.

Dillon teria ligado, mas não conseguiu sinal no celular. Roy Davis, o homem que possuía o único hotel em Gamble explicou que era porque Gamble estava em uma área tão rural que conseguir um bom sinal era quase impossível. Dillon agitou a cabeça. Era absurdo que nos dias de hoje existisse uma cidade em que não se podia conseguir um sinal de celular decente quando se precisava dele.

Finalmente ele conseguiu o sinal e chamou ao seu secretário pra verificar as pendências no escritório. Nada que o surpreendesse uma vez que tudo estava sob controle, ele contratou as pessoas certas para ter certeza de que sua empresa imobiliária de um bilhão de dólares continuasse a ser um sucesso estando ele lá ou não.

Dillon estacionou o carro atrás de outro carro, do outro lado da calçada e deu uma rápida olhada para a enorme casa vitoriana com telhado de telha. O projeto era bem parecido com a casa dele em Denver e se perguntou se isso era uma coincidência.

De acordo com o que ouviu, quatro irmãs ocupavam a casa e a mais velha se chamava Pamela Novak. Ele entendia que a Sra. Novak teve uma carreira de atriz com altos e baixos na Califórnia e tinha voltado para Gamble com a morte do pai. Ela agora dava aulas de teatro na escola onde uma antiga professora deixou o cargo recentemente ocupado por ela.

Quando Dillon saiu do carro alugado, alongou as pernas. Como a maioria dos Westmorelands ele era alto, e por causa de sua altura ele sempre gostou de jogar basquete. E já estava pronto para começar uma carreira na NBA[1] quando soube da queda do avião que levou para sempre as vidas de seus pais, de sua tia e do seu tio, deixando quatorze jovens Westmorelands aos seus cuidados.

Não foi fácil e Tammi, sua namorada da faculdade, declarou que ficaria ao seu lado não importando o que acontecesse. Menos de seis meses depois do casamento ela fugiu e voltou para sua casa, bradando aos quatro ventos que não poderia viver no rancho com um bando de pagãos.

Isso aconteceu logo depois que ela falhou ao tentar convencê-lo a colocar seu irmão mais novo Bane, que tinha oito anos na época; seus primos de dez anos os gêmeos Adrian e Aiden e Bailey com sete, pra adoção porque eles sempre estavam aprontando algo de errado.

Ele entendia que a maior parte das travessuras deles eram mais para chamar sua atenção, por eles terem perdido aos pais. Tammi, porém não conseguiu ver por esse lado e quis acabar com o casamento. O lado bom do divórcio é que ele percebeu que deveria permanecer solteiro e, já que ele era o cabeça da família, deveria permanecer assim.

Outro lado bom em decorrência do divórcio era que os Westmorelands mais novos, todos com exceção de Bane, se sentiram culpados por Tammi partir e melhoraram o comportamento. Agora os gêmeos e Bailey estavam na faculdade. Quanto a Bane… ainda era Bane.

—O Senhor está perdido?

Dillon deu meia volta e examinou dois pares de olhos castanhos escuros a alguns metros de distância. Gêmeas? Não, mas elas poderiam muito bem passar por tal. Mas, agora ele podia ver que uma das adolescentes era mais ou menos uma cabeça mais alta do que a outra.

—Então, está ou não?

Ele sorriu. Evidentemente ele não falou rápido o suficiente para se adaptar a elas.

—Não, eu não estou perdido se aqui for à casa dos Novaks. A mais alta das duas disse:

—Eu sou uma Novak. Nós duas somos. Dillon riu.

—Então acho que estou no lugar certo.

—Quem você quer ver?

—Quero ver Pamela Novak.

A mais nova das duas concordou com a cabeça.

—Ela é nossa irmã. Está em casa conversando com ele.

Dillon ergueu uma sobrancelha. Ele não tinha nenhuma ideia de quem era ‘ele’ e pelo modo desagradável como foi dito, ele realmente não estava certo de que queria descobrir.

—Se ela estiver ocupada, posso voltar mais tarde, ele disse, recuando em direção ao carro.

—Sim, porque ele poderia ficar com raiva se pensasse que você veio para ver Pammie, a mais velha disse.

Um olhar de travesso brilhou em seus olhos enquanto as duas meninas trocavam olhares e sorriam. E então, gritaram o mais alto possível

—Pammie tem um homem aqui procurando por você!

Dillon se debruçou contra o carro com os braços cruzados sobre o tórax, sabendo que tinha sido pego em uma armadilha, e as duas adolescentes estavam se divertindo às suas custas. Ele não estava certo do que pensar até que a porta da casa se abriu.

Naquele momento ele literalmente se esqueceu de respirar. Uma mulher extremamente bonita saiu. Não importava o fato de que ela esta de cenho franzindo. A única coisa que importava era que ela era uma mulher magnífica, definitivamente a espécime mais bonita que ele já viu respirar.

Ela não tinha mais do que um metro e setenta, era esbelta e as curvas nos lugares certos, usava uma calça jeans. O cabelo preto comprido fluía ao redor dos seus ombros, tinha uma pele marrom médio que combinava com o resto de suas feições. A cor dos olhos era o mesmo marrom escuro das duas pirralhas, e ela tinha um nariz erguido que ficava perfeito no rosto. Ela era definitivamente uma beleza. Uma beleza com cabelo da cor de corvo que o deixou ofegante.

—Aqui é propriedade particular. Em que posso ajudá-lo?

Ele olhou para o homem grande que estava logo atrás dela na entrada e que fez a pergunta em um tom alto e nervoso. Ele encarava Dillon como se sua presença o aborrecesse muito.

Dillon depressa percebeu que esse deveria ser o ‘ele’ a que as meninas tinham se referido, e estava para abrir a boca para falar quando a mais velha das duas meninas disse:

—Não, você não pode ajudar porque ele não veio te ver, Fletcher. Ele veio ver a Pammie.

Uma cara feia toldou o rosto do homem ao mesmo tempo em que um sorriso aparecia nos lábios da adolescente. Não era difícil ver que ela estava deliberadamente tentando irritá-lo.

—Paige e Nadia, vocês não deveriam estar lá em cima fazendo suas lições? A magnífica mulher perguntou as duas antes de dar um olhar curioso para Dillon. Diferente de seu amigo, ela tinha um sorriso brilhante e o rosto alegre.

—Pamela Novak? Ele se ouviu perguntando, tentando levar ar aos pulmões. Ele já viu mulheres bonitas antes, mas essa tinha algo que mexia com o lado macho que havia dentro dele.

—Sim, ela disse ainda sorrindo enquanto descia os degraus na direção dele. Ele se afastou do carro e começou a se mover em direção a ela também.

—Espere um minuto, Pamela, o homem grande gritou.

—Você não conhece este homem, não deveria ser tão gentil e agradável com estranhos.

—Talvez você devesse seguir o exemplo dela, Fletcher.

Uma voz que Dillon não tinha ouvido antes falou mais alto entrando na briga. Ele deu uma olhada rápida para trás do homem enorme e viu uma jovem mulher, provavelmente com uns dezessete ou dezoito anos saindo na porta. Outra irmã ele imaginou devido às semelhanças em suas feições.

Pamela Novak continuou a caminhar e quando parou na frente de Dillon, estendeu a mão.

—Sim, sou Pamela Novak, e você é…?

Ele aceitou a sua mão e imediatamente sentiu um calor que começou a fluir por todo o seu corpo. Sentiu então um frio no fundo do estômago que começou a descer. Até mesmo a visão de seu anel de compromisso não foram suficientes para parar as sensações que o estavam engolfando.

Ele observou o movimento de sua boca, fascinado com seus lábios e pensando que eles tinham um bonito formato. Ele sentiu o estômago apertar quando ergueu o olhar dos lábios e encontrou os seus olhos.

—Sou Dillon Westmoreland.

Ele viu sua sobrancelha se erguer rapidamente, embora ela mantivesse o mesmo sorriso. Ele podia dizer que ela estava procurando em sua memória como, quando e onde ela se recordava do sobrenome. Ele decidiu ajudá-la.

—Soube que o meu bisavô, Raphael Westmoreland, foi sócio nos negócios do seu bisavô, Jay Winston Novak.

O sorriso nos lábios se transformou em um riso total.

—Oh, sim, Raphael Westmoreland. O ladrão de esposas.

Ele não pôde parar o espasmo dos lábios e sorriu.

—Sim, eu já ouvi a respeito. De fato, essa é a razão pela qual eu estou aqui. Eu...

—O que ele quer Pamela?

Dillon podia dizer pelo endurecer dos ombros de Pamela Novak que ela desejou que o homem enorme ficasse quieto pelo menos uma vez.

—Ele é seu noivo? Ele não pôde evitar e perguntou.

Ela encontrou o seu olhar e o estudou por um momento antes de dizer:

—Sim.

Ela então inclinou a cabeça e a girou por sobre o ombro.

—Esse é Dillon Westmoreland. Nossos bisavôs foram sócios então eu o considero um amigo da família.

Ela depressa se voltou para Dillon, presentou-o com outro sorriso e sussurrou:

—Você sabe que eu digo isso livremente considerando a reputação do seu bisavô.

Agora era a vez de Dillon rir.

—A razão de eu estar aqui é para descobrir tudo o que puder sobre essa reputação já que só recentemente descobri que ele tinha uma e...

—O que ele quer Pamela?

Antes que ela pudesse responder a mais nova das adolescentes abusadas disse:

—Nós já te falamos. Ele quer Pammie.

A carranca do homem enorme se aprofundou e Dillon soube que a jovem não queria dizer isso no modo como soou, mas basicamente falou a verdade. Ele estava atraído por Pamela Novak. Invadir o território de outro homem era o estilo de Raphael Westmoreland, mas não o dele. Porém, naquele momento Dillon não sentiu nenhuma culpa pelos pensamentos que passavam por sua cabeça, especialmente porque aparentemente a mulher estava comprometida com um imbecil. Mas isso era da conta dela, não dele.

O homem desceu os degraus e foi em direção a eles e Dillon conseguiu julgá-lo rapidamente. Ele usava terno e sapatos de couro preto caros. A camisa e a gravata também não pareciam baratas, o que significava que ele, de algum modo, era um bem sucedido homem de negócios.

Quando ele parou na sua frente, Dillon estendeu sua mão ao homem.

—Sou Dillon Westmoreland, e como a Sra. Novak disse, um amigo da família. A razão por eu estar aqui, ele decidiu adicionar, é que estou pesquisando a história da minha família.

O homem balançou a mão dele.

—Sou Fletcher Mallard, noivo de Pamela, ele falou como se precisasse mostrar que ela pertencia a ele.

Dillon deu um passo largo e pensou que muita coisa pode ser dito sobre um homem apenas pela maneira do seu aperto de mão, e este homem tinha todos os seus sinais falando. Ele deu um aperto de mão que frequentemente costumava mostrar força e poder. Um homem confiante não precisaria de tal tática. Este homem era inseguro.

Mallard olhou para Dillon ceticamente.

—E o que você quer saber?

O sorriso saiu dos lábios de Pamela Novak e ela realmente encarou o noivo.

—Não há nenhuma razão para você perguntar isso a ele, Fletcher. O Sr. Westmoreland é um amigo da família e isso é tudo que importa agora.

Como se as palavras dela determinassem tudo, ela voltou-se para Dillon com um sorriso.

—Por favor Sr. Westmoreland, junte-se a nós no jantar e então você poderá nos dizer como poderemos ajudá-lo com as informações sobre a história da sua família.

Teria sido tão fácil e menos complicado se ele tivesse recusado, mas havia algo em Fletcher Mallard que deixou Dillon sinceramente irritado e o forçou a aceitar o convite.

—Obrigado, Sra. Novak, eu adoraria ficar para o jantar.

 

                                                     Capítulo 2

Pam soube que foi um erro convidar Dillon Westmoreland para jantar no momento em que ele se acomodou à mesa. Ela queria poder dizer que Fletcher estava agindo de forma incomum, mas ela já tinha visto ele se comportar desta maneira antes, quando outro homem demonstrou estar interesse por ela.

Mas o mais estranho era que Dillon não tinha realmente demonstrado nenhum interesse por ela, ela não conseguia entender o por que de Fletcher estar sendo tão territorial. A menos que ele tivesse percebido o interesse dela em Dillon.

Ela descartou de sua mente tal absurdo. Ela não estava interessada em Dillon, estava meramente curiosa. Que mulher não ficaria interessada em um homem como Dillon Westmoreland. Ele tinha pelo menos um metro e noventa, suas feições eram da cor do café, com um rosto angular que ostentava uma mandíbula firme, um par de covinhas atraente, lábios cheios e os olhos mais escuros que ela já viu em um homem. Ela estava comprometida, mas não estava cega. E quando ele se sentou à mesa para se juntar a eles para o jantar, sua presença era tão poderosamente masculina de um jeito que a distraía. Ela deu uma rápida olhada ao redor da mesa e não pôde evitar de notar o fascínio de suas irmãs por ele, também.

—Então Westmoreland, de onde você é?

Sentiu sua espinha se enrijeceu ao ouvir a pergunta de Fletcher. Ela não tinha convidado Dillon para jantar para ele ser interrogado, mas ela sabia que Fletcher não ficaria satisfeito até que conseguisse algumas respostas. Ela também sabia que assim que as conseguisse, ele também não ficaria contente.

—Eu sou de Denver, respondeu Dillon.

Fletcher estava pronto pra fazer outra pergunta quando Dillon rebateu com um soco.

—E você é de onde Mallard?

A pergunta claramente pegou Fletcher de surpresa. Ele tinha um modo de tentar intimidar as pessoas, mas ela tinha a sensação de que Dillon Westmoreland era um homem que não poderia ser intimidado.

—Sou de Laramie, Fletcher disse brincalhão.

—E me mudei para a cidade mais ou menos a cinco anos atrás para abrir um supermercado. Foi o meu primeiro. Desde então eu abri mais de vinte em outras cidades desde Wyoming até Montana. Minha meta é ter um Supermercado Mallard em cada estado da união nos próximos cinco anos.

Pam não pôde evitar e sorriu interiormente. Se Fletcher pensava que aquele anúncio conseguiria uma reação de Dillon, então ele estava completamente enganado. Dillon não mostrou qualquer sinal de que estava ao menos impressionado.

—Onde você ficará enquanto está na cidade? Fletcher perguntou, se servindo de purê de batatas.

—No Hotel River’s Edge.

—Ótimo lugar para ficar mais sem televisão a cabo, Jill disse, sorrindo.

Pam viu quando Dillon facilmente devolveu o sorriso a Jill.

—Eu posso passar sem ela. Não assisto muita televisão.

—E o que é que você faz? Fletcher perguntou com uma voz que Pam achava tão fria quanto o chá gelado que ela estava bebendo.

Ela viu Dillon dar a Fletcher um sorriso que não alcançou aos seus olhos quando ele disse:

—Estou no ramo imobiliário.

—Oh, então você vende casas, Fletcher disse como se essa ocupação fosse abaixo da dele.

—Não exatamente, Dillon disse agradavelmente.

—Eu possuo uma Empresa Imobiliária. Você já pode ter ouvido falar dela, Blue Ridge Gestão de Terrenos.

Pam viu a surpresa iluminar os olhos de Fletcher antes dele dizer.

— Sim, já ouvi falar.

Ela teve que conter uma risada porque ela tinha certeza de que ele já tinha ouvido falar. Quem não tinha? A Companhia Blue Ridge Gestão de Terrenos era uma corporação de um bilhão de dólares mais conhecida nos Mountain States[2], ela ocupava um lugar mais alto na lista das 500 Fortunas do que os Supermercados Mallard.

Vendo que Fletcher ficou momentaneamente sem fala, ela começou a dizer:

—Sr. Westmoreland, você disse...

—Só Dillon.

Seu olhar se encontrou com o dela e ela viu um sorriso amigável espreitando nas profundidades escuras dos seus olhos. Seu coração começou a bater acelerado no peito.

—Sim, claro, ela disse depressa.

—E eu sou Pam.

Depois de tomar um gole do chá, ela continuou.

—Dillon, você disse que veio até aqui para pesquisar a história da sua família?

—Sim, ele disse ainda a encarando.

—Meus pais e meus avôs sempre contavam a mim e aos meus irmãos e primos que não tínhamos nenhum parente vivo, e que o meu bisavô Raphael Westmoreland era filho único. Você deve imaginar minha surpresa quando um dia do nada, um homem com seus dois filhos e três sobrinhos apareceram na minha casa dizendo serem da minha família.

Intrigada com a história, Pam colocou o garfo no prato e deu a ele sua total atenção.

—Como eles te encontraram?

—Através de uma busca genealógica. O homem mais velho, James Westmoreland, sabia que seu avô Reginald Westmoreland tinha um irmão gêmeo idêntico. Descobriu que seu irmão gêmeo era o meu bisavô Raphael que saiu de casa aos vinte e dois anos, e que eles nunca mais eles tinham ouviram falar dele novamente.

A família de fato tinha presumido que ele havia morrido. Eles não tinham ideia de que ele casou e se estabeleceu em Denver, e que teve um filho que lhe deu dois netos e um batalhão de bisnetos, na realidade somos quinze e eu sou o mais velho dos quinze bisnetos.

—Uau, deve ter sido um choque para você descobrir que tinha outros parentes quando achava que não tinha nenhum, Jill se agarrava a cada a palavra de Dillon, e perguntou:

—O que a sua esposa o que acha disso tudo?

Pam viu Dillon sorrir e soube que ele não desconhecia o propósito da pergunta. Jill queria saber se ele era casado. Pam odiava admitir que também estava curiosa. Ele não usava uma aliança, mas isso não queria dizer nada.

—Ela não tem nada a dizer por que eu não sou casado, Dillon respondeu suavemente.

—Pelo menos não sou mais. Estou divorciado há quase dez anos.

Pam deu uma olhada rápida para Jill e rezou para a irmã ter a decência de não perguntar o que foi que aconteceu para o final do casamento dele.

Fletcher, odiando o fato de não ser mais o centro das atenções, falou alto com voz negativa e autoritária.

—Para mim isso parece loucura. Por que você se importaria com um bando de gente que aparece na sua casa do nada dizendo ser seus parentes ou, melhor ainda, por que você gostaria de descobrir toda a história de sua família? Você deveria viver no presente e não no passado.

Pam podia dizer que Dillon estava lutando para segurar o seu temperamento, e o tom foi notavelmente contido quando respondeu finalmente.

—Você tem família, Fletcher?

Novamente, pela expressão de Fletcher, era óbvio perceber que ele não gostava de ser a pessoa que fosse o alvo das perguntas.

—Não, sou filho único. Meus pais são falecidos e também não tinham irmãos. No momento sou o único Mallard vivo. Ele deu uma olhada rápida para Pam e sorriu.

—Claro que isso mudará assim que Pamela e eu nos casarmos.

Dillon balançou a cabeça devagar.

—Mas até que isso mude não espero que você entenda o que significa ter uma família. Eu já sei. Os Westmorelands adoram sua família e, depois de encontrar meus outros parentes, meu único arrependimento é não os ter conhecido antes.

Ele lhe deu uma olhada rápida e, por um segundo, ela segurou seu olhar firme. Ela sentiu algo. Havia entre eles uma conexão que eles estavam tentando ignorar. Ela olhou para o prato e continuou a comer.

Nadia perguntou a ele sobre os seus irmãos, e de um jeito fácil e confortável de quem tem confiança em si mesmo e de quem sabe quem é, ele começou a dizer a ela tudo o que ela queria saber. Mesmo sem querer, Dillon estava cativando a todos… com exceção de Fletcher.

—Quanto tempo você planeja ficar na cidade? Fletcher rudemente cortou a conversa entre Dillon e suas irmãs. Dillon olhou para Fletcher.

—Até que eu tenha respostas a todas as perguntas sobre Raphael Westmoreland.

—Isso pode levar muito, disse Fletcher.

Dillon sorriu, mas Pam sabia que era apenas por causa de Fletcher e que ele não era sincero.

—Eu tenho muito tempo.

Ela viu Fletcher abrir a boca para fazer outra declaração e ela o cortou.

—Dillon, eu acho que sou capaz de te ajudar com isso. Tenho todos os registros dos antigos negócios do meu bisavô assim como seu diário pessoal, tudo está no sótão. Se você quiser nos visitar amanhã, subir e procurar por lá será bem-vindo para fazer isso.

—Obrigado, ele disse, sorrindo.

—Terei muito prazer em aceitar a sua oferta.

 

—Não quero você se encontrando sozinha com esse homem Pamela, convidá-lo a vir aqui amanhã enquanto as suas irmãs estão na escola não foi uma boa ideia. E amanhã eu viajarei para visitar as minhas lojas em Laramie.

Pam deu uma olhada rápida para Fletcher enquanto caminhava para a porta. Ele estava chateado e ela sabia disso. Na realidade ela não tinha nenhuma dúvida sobre isso, uma vez que todos na mesa de jantar perceberam já que ele não escondia suas emoções.

—Então, ele continuou, amanhã falarei com ele e direi que você retirou o convite.

As palavras de Fletcher a fizeram parar no meio do caminho a apenas alguns passos da porta da sala de estar. Ela olhou fixamente para ele, certa de que havia perdido algo, como um pedaço vital da conversa em algum lugar no meio do caminho.

—Desculpe, o que foi que você disse?

—Eu disse que você deve concordar que não deve ficar sozinha com o Westmoreland, falarei a ele que você retirou o convite para amanhã.

Ela fez uma carranca.

—Eu não concordaria com tal tolice. O convite que fiz a Dillon Westmoreland continua de pé, Fletcher. Você está sendo controlador e territorial e não há nenhuma razão para isso.

Ela viu um músculo cerrar na mandíbula dele, indicando que ele estava bravo.

—Você é uma mulher atraente, Pamela e o Westmoreland já percebeu isso, disse.

—E o que isso quer dizer? Eu concordei em me casar com você, mas isso não quer dizer que você é meu dono. Se você tem outra ideia a respeito desse compromisso, então...

—Claro que eu não estou pensando nada. Estou apenas tentando cuidar de você, isso é tudo. Você confia demais nas pessoas.

O olhar dele percorreu o corpo dela antes de retornar ao rosto.

—Acho que é você que está pensando, ele disse.

Ela ergueu o queixo.

—Claro que eu estou pensando. Concordei em me casar com você para poder salvar o minha propriedade. Agradeço por você ter vindo em meu auxilio, mas você merece mais do que isso. E por essa razão que eu vou fazer uma nova visita a Lester Gadling esta semana. Quero que ele volte a olhar aqueles documentos. É difícil de acreditar que papai não fez acordos para saldar a hipoteca caso alguma coisa viesse a acontecer a ele.

Fletcher esperou por um momento, então disse.

—Se isso é o que você realmente quer, então eu concordo que você deva voltar a procurar Gadling já que ele era o advogado do seu pai, e pergunte a ele sobre isso. Mas não se preocupe com o que eu mereço. Eu quero você como minha esposa e isso me tornará um homem feliz.

Pamela não disse nada. Ela e Fletcher não estavam entrando no casamento sob falsas suposições. Ele sabia que ela não era apaixonada por ele.

Ela refletiu por alguns momentos. Ela saiu de casa, depois de se formar no segundo grau, pois ganhou uma bolsa de estudos integral na Universidade de Teatro da Califórnia do Sul. E foi durante o seu segundo ano de estudos que sua madrasta Alma morreu. O pai se casou com ela quando Pam tinha dez anos, e Alma foi maravilhosa com ela, pois preencheu todo o vazio que ficou depois que ela perdeu a mãe.

Ela cogitou em sair da faculdade e voltar para casa, mas o pai não queria nem ouvir falar disso. Ele estava inflexível sobre ela ficar na escola e insistiu que ele poderia sozinho cuidar de suas irmãs, embora Nadia tivesse apenas três anos na época, a mesma idade que ela tinha quando havia perdido a própria mãe.

—Pamela?

Pam piscou ao perceber que Fletcher estava chamado o seu nome.

—Desculpe Fletcher. Estava lembrando os bons momentos quando Papai e Alma ainda eram vivos.

—Você terá muitos momentos felizes assim que nos casarmos, Pamela, ele disse, ao esticar e pegar a sua mão.

—Sei que você não me ama agora, mas estou certo que você acabará me amando. Apenas pense em todas as coisas que eu posso te dar.

Ela ergueu o queixo.

—Eu não estou pedindo que você me dê todas essas coisas, Fletcher. As únicas coisas que eu quero é o que você me prometeu, é ter a certeza de que minhas irmãs ficarão com a propriedade e com a nossa casa, e que todas elas irão para a faculdade.

—Eu te prometi tudo isso. E prometo muito mais se você me deixar, ele disse em um tom baixo e frustrado.

Ela não disse nada por um longo momento e soube que o silêncio estava provavelmente dando nos nervos dele, mas ela não pode evitar.

—Eu não quero mais nada Fletcher então, por favor, apenas deixe como está.

Pam conheceu Fletcher há quatro anos atrás em uma de suas viagens para visitar a família em Gamble. Depois disso sempre que ela vinha à cidade, ele perguntava se ela queria sair com ele.

Depois que o seu pai morreu e ela voltou para casa, ele começou a telefonar para ela regularmente, ela sempre falou para ele que a amizade era a única coisa que poderia existir entre eles. No momento, ele parecia satisfeito com isso.

Então Lester Gadling a visitou e soltou a notícia bombástica que mudou toda a sua vida para sempre. Fletcher foi a casa dela naquela noite e ela acabou contando a ele o que havia acontecido. Ele a escutou atentamente e apresentou a ela o que achava ser uma boa solução. Ela se casava com ele e todos os seus problemas financeiros acabariam.

No início, ela achou que ele tinha enlouquecido, certa que ele tinha perdido a noção dos sentidos. Mas quanto mais ela pensava nisso, mais aceitável ficava a sua ideia. Tudo o que ela teria que fazer era se casar com ele e ele cuidaria que seu rancho fosse salvo e faria uma poupança para as suas irmãs para quando chegasse a hora de irem a faculdade, assim tudo já estaria organizado.

A princípio ela não aceitou a oferta, determinada a resolver seus problemas sem a ajuda de Fletcher. Ela foi a muitos bancos para tentar conseguir um empréstimo, mas em todos eles ela levou um sonoro não. Ela apenas aceitou a proposta de Fletcher quando viu que não tinha outra alternativa.

Olhando rápido para o relógio, ela disse: —Está ficando tarde.

—Certo. Tenha cuidado com o Westmoreland. Ele tem algo que eu não confio.

—Como já te disse Fletcher, ficarei bem.

Ele concordou com a cabeça antes de se inclinar para mais perto e dar um beijo rápido nos lábios dela. Como sempre, ela esperou o sangue correr rápido e furiosamente em suas veias e o fogo se derramar em seu interior, mas como sempre, nada aconteceu. Nenhuma sensação, nem uma única faísca.

Por meses ela ignorou o fato de que não estava fisicamente atraída pelo homem com o qual iria se casar. Ela não se preocupou com isso até esta noite quando descobriu que estava fisicamente atraída por outro homem. E o nome desse homem era Dillon Westmoreland.

 

Dillon descansou o corpo na enorme banheira cheia com água morna. O hotel não tinha muitos luxos à oferecer, mas ele tinha que admitir que essa banheira o fazia esquecer de todos os outros. Não existiam por aí muitas banheiras que pudessem acomodar confortavelmente um homem da sua altura.

Ele fechou os olhos e se esticou, pensando que nunca tinha realmente relaxado em uma banheira antes. Fazia tempo desde que ele conseguiu se sentar em uma sem se preocupar em ser incomodado por algum membro da família precisando de sua ajuda ou conselho.

Família.

Maldição, ele já sentia falta deles. Ele não estava preocupado com a família que deixou em Denver, já que os deixou sob os comandos de Ramsey. Ele e Ramsey eram separados por sete meses de idade e eram mais como irmãos do que como primos. Para falar a verdade, Ramsey era seu melhor amigo. Sempre foi e sempre será.

Ele mal podia esperar pra começar a fuçar nas informações sobre Raphael. Ele poderia ter contratado uma agência para fazer essa busca para ele, mas isso era algo que ele realmente queria fazer. Ele sentia que devia isso à sua família. Se havia algo no passado do bisavô, ele se sentia no dever de descobrir. Fosse bom ou ruim.

Dillon moveu o corpo, mas manteve os olhos fechados enquanto pensava que hoje à noite ele tinha conhecido a mulher mais bonita que já tinha visto em sua vida. Uma mulher que parecia totalmente fora de lugar em Gamble, Wyoming. Uma mulher que apenas com a voz podia mexer em algo bem fundo dentro dele.

Uma mulher que já estava comprometida.

Não havia como negar que ele se sentia atraído por ela, mas desejá-la era um tabu. Então por que ele estava pensando nela agora? E por que diabo ele estava tão ávido para vê-la novamente amanhã?

Ele inalou profundamente se perguntando como Fletcher Mallard podia ter tanta sorte. Era fácil ver que o homem era um imbecil, um chato de galocha. Mas Fletcher não era da conta dele, assim como o compromisso que ela tinha com ele também não. Dillon estava em Gamble apenas por uma razão. Ele estava lá para descobrir tudo o que pudesse sobre Raphael, e não para invadir a propriedade de outro homem.

Ele tinha que se lembrar disso.

 

                                         Capítulo 3

Olhando para fora da janela Pam viu o carro de Dillon no momento em que ele parou em frente a sua casa. Ela tomou um gole do seu café enquanto o via, agradecendo ao fato da janela ser projetada de modo que desse a ela a visão de alguém estava chegando. Ela sabia que seu bisavô deliberadamente construiu a casa desse jeito para ter vantagens sobre qualquer pessoa que chegasse sem seu conhecimento.

Hoje ela estava fazendo uso total dessa vantagem.

Depois que ele parou o carro, ela viu quanto ele abriu a porta e saiu. Ele ficou parado por um momento estudando a casa, dando a ela uma ótima oportunidade de estudá-lo.

Ele era alto, ela já tinha notado isso na noite anterior. Mas ontem à noite ela não teve tempo para analisá-lo completamente. Ela não pôde evitar e apreciou tudo o que via agora. Ombros largos. Abdômen firme. Tórax musculoso. Coxas firmes. Ele estava usando uma calça jeans e uma camisa azul que mostrava braços fortes, e um chapéu Stetson[3] preto na cabeça.

Ela suspirou profundamente pensando que convidá-lo para voltar hoje poderia não ter sido uma boa ideia afinal de contas, exatamente como Fletcher disse. Ela deu uma rápida olhada para abaixo na mão que segurava a xícara de café e não pôde evitar de notar o anel de diamante no dedo que Fletcher tinha colocou a uma semana atrás.

Certo, ela era uma mulher comprometida e se casaria com um sujeito agradável em alguns meses. Mas comprometida ou casada, não significava que ela não pudesse reparar em um belo homem quando visse um. Além disso, sua melhor amiga de faculdade Iris Michaels, a mandaria pro inferno se ela não verificasse pessoalmente e depois lhe contasse todos os detalhes sórdidos.

Ela piscou quanto quase queimou a língua com um gole de café quente quando Dillon olhou diretamente para ela, no que ela sempre tinha considerado como sendo sua janela secreta. Como ele sabia sobre a visão lateral? Para qualquer outro parecia ser uma parede plana na sombra de uma enorme árvore de carvalho.

Só tinha uma maneira de descobrir. Ela empurrou a cadeira para longe da mesa e ficou de pé. Enquanto saia da cozinha em direção à sala de estar, decidiu que talvez fosse melhor ele não saber que ela estava sentada ali assistindo ele chegar.

Ela abriu lentamente a porta e aproveitou a oportunidade de continuar a vê-lo um pouco mais sem ser vista, quando ele teve a atenção desviada para um rebanho de gansos no céu. Enquanto ele estudava os gansos, ela o estudou novamente, analisando o ângulo do seu rosto enquanto a cabeça estava ligeiramente jogada para trás. Ele estava de pé com suas pernas abertas e as mãos nos bolsos. Havia algo naquela posição, aquela pose em particular especialmente nele, que fazia com que ela quisesse apenas ficar lá olhando ele.

Durante cinco anos ela morou em Los Angeles, lá era cheio de homens de caírem o queixo e de virarem o estômago, muitos dos quais de algumas das mais famosas agências de modelo do mundo. Mas nenhum se comparava ao homem que estava em pé no meio do seu jardim. As feições eram distintas, ossos faciais afilados, mandíbula firme e lábios cheios. O cabelo sob o Stetson estava cortado rente a cabeça.

Um minuto depois, possivelmente dois quando de repente ele voltou sua cabeça e olhou na direção dela, ela foi pega de surpresa e em flagrante, ela se sentiu imediatamente envolvida por seu intenso olhar. Ela era incapaz de fazer qualquer coisa exceto corresponder fixamente a esse olhar enquanto se perguntava o porquê de estar correspondendo. Por que seus sentidos e seu corpo inteiro correspondiam dessa maneira a ele? Isso não era nada bom, ela pensou.

Pelo menos era isso o que sua mente dizia a ela, mas o seu bom senso ainda não tinha chegado nesse estágio. Estava presa e cativa pelo par de olhos mais escuros que ela já viu.

E em algum lugar, não muito longe, ela ouviu o barulho do escapamento de um carro, e o barulho foi na hora exata. Só assim ela pôde desviar o olhar para longe dele e examinar através do extenso jardim.

Depois de respirar fundo ela voltou-se e olhou para ele, lutando contra os mesmo sentimentos que a fizeram perder o controle antes, e colocando um sorriso no rosto disse.

—Bom dia, Dillon.

Ela não estava apenas sem ar, e soube durante naquele breve momento quando o olhar dele a segurou que algo tinha acontecido. Do mesmo jeito que tinha acontecido na noite anterior. Ela não sabia exatamente o que mais sabia que tinha acontecido. Ela também sabia que deveria fingir que não tinha acontecido nada.

—Bonito dia, não é? Ela acrescentou.

—Sim, é, ele disse, se voltando para andar na direção dela. Virgem Maria! Ela pensou, engolindo em seco. Os passos largos do homem eram precisos, confiantes e deliberadamente masculinos. Ele tinha um jeito muito sensual de andar, e o que era muito perturbador nele era que parecia tão natural quanto o sol nascer pela manhã.

Ele parou na frente dela e encontrou o seu olhar fugazmente antes de olhar rapidamente para o sol. O olhar então retornou a ela.

—Mas pode chover mais tarde.

Ela balançou a cabeça concordando.

—Sim, pode. Ela sabia que eles estavam tentando voltar a ter sincronia e diminuir a intensidade do que acontecia entre eles.

—Espero que não ter vindo muito cedo, ele disse com uma voz grossa e rouca, interrompendo os pensamentos dela.

—Não, tudo bem. Eu estava tomando café. Você gostaria de se juntar a mim?

Com um encolher ultra-sexy nos seus ombros fortes, ele sorriu enquanto tirava o chapéu.

—Hmm, não sei. Sinto que já estou tomando muito do seu tempo.

—Não tem problema. Além disso, você quer saber sobre Raphael, não é?

—Sim. Há algo que você possa me falar além do fato dele ter sido companheiro do seu bisavô e ter fugido com a sua bisavó, Portia Novak?

Pam riu enquanto o levava pela casa em direção à cozinha.

—Portia não era minha bisavó, ela corrigiu.

—Alguns anos depois que ela fugiu, ele encontrou a minha bisavó e eles se casaram.

Quando ele se sentou à mesa, ela disse:

—Estou certo de que você já ouviu algumas histórias sobre Raphael e Portia. Ela prosseguiu enquanto colocava café na xícara.

—Não, na realidade, não ouvi. Eu sempre soube que a minha bisavó Gemma era a única esposa do meu bisavô. Foi só depois que os meus parentes Westmoreland do clã de Atlanta apareceram e explicaram como nós éramos parentes que eu descobri sobre Portia Novak e as outras.

Pam ergueu uma sobrancelha. —Há outras?

Ele movimentou a cabeça. —Sim, Gemma foi a sua quinta esposa.

Dillon estava mais do que curioso sobre o que tinha acontecido com a esposa do pastor, uma mulher com o nome de Lila Elms. Embora ela já fosse legalmente casada com o pastor, ela e Raphael fingiram serem casados antes dele trocá-la por Portia, a esposa de Jay Novak?

E então o que aconteceu a Clarice, a esposa número três? E Isabelle, a esposa número quatro? Os nomes de todas as quatro mulheres estavam conectados a Raphael de alguma maneira. Se o que eles descobriram até agora era verdade, Raphael tinha se envolvido com as quatro mulheres antes de completar trinta e dois anos, e todas ou tinham sido casadas antes ou eram noivas de outro homem. Parecia que a reputação de Raphael como ladrão de esposas era lendária.

Dillon tomou um gole de café, decidindo não informá-la no momento que todas as outras, assim como Portia, eram mulheres que pertenceram legalmente ou não a outros homens. Mas ele diria o nome de uma que ele já tinha ouvido falar.

—Minha meta é descobrir o que aconteceu a Lila Elms.

—A esposa do pastor?

Então, ela tinha ouvido falar sobre Lila.

—Sim. Ele tomou outro gole e então perguntou:

—Como você sabe tanto sobre isso?

Ela riu enquanto se sentava à mesa com ele depois de encher a própria xícara de café.

—Minha avó. Quando garotinha, eu passava horas e horas na varanda debulhando ervilhas, e a vovó vivia me contando as histórias da família. Mas o assunto não esclarecia muito respeito de a luz à Portia. Por alguma razão, qualquer conversa sobre ela era tabu. Era Jay que queria dessa maneira e minha bisavó apenas respeitou os seus desejos.

Dillon concordou com a cabeça, tentando se concentrar no que estava dizendo e não no movimento dos seus lábios se separando suavemente cada vez que ela tomava um gole de café. Como o seu lábio inferior abria e como o superior se ajustava perfeitamente em torno da borda da xícara.

Ele sentiu as entranhas se apertarem e tomou um gole do seu café. Quando ele se voltou no jardim e percebeu que ela olhando fixamente para ele, ele não tentou especular o que estava se passando na mente dela. Ele não queria nem cogitar a possibilidade de que fosse próximo do que se passava na cabeça dele.

O olhar dela o tocou profundamente, de um jeito que ele duvidou de que ela tivesse consciência. Ele sentia que algo dentro de Pamela Novak gritava por ele de um modo primitivo, e isso não era nada bom. Desde o seu divórcio, ele saiu várias vezes. Mas, para falar a verdade, ele chegou ao ponto de sair apenas com mulheres que, assim como ele, não estavam interessadas em qualquer relacionamento a longo prazo. Todas essas mulheres eram livres, leves e soltas.

—Você está pronto para subir para ao sótão?

Sua pergunta parou o rumo dos seus pensamentos e ele deu uma rápida olhada nela e imediatamente se arrependeu e desejou não ter feito isso. Cada músculo do seu corpo se enfraqueceu, ao mesmo tempo em que a intensidade do momento o fez reter a respiração por longos minutos. Estava na hora de admitir. Isso era química sexual.

Ele ouviu falar sobre isso mais nunca tinha realmente experimentado. Ele já se sentiu atraído por outras mulheres antes, mas nunca foi além da atração. O que ele estava começando a sentir era algo maior do que uma mera atração.

Havia vibrações primitivas que ele não estava apenas emitindo mais também recebendo. Isso significava que Pamela Novak estava afinada com o que estava acontecendo entre eles, embora ela pudesse escolher fingir o contrário. Claro, ele entendia a relutância dela em reconhecer tal coisa. Afinal, ela era uma mulher comprometida. E não parecia o tipo de pessoa que deliberadamente seria infiel ao noivo.

Mas ainda assim…

—Sim, estou pronto, ele disse finalmente.

—Mas primeiro quero esclarecer uma coisa. Ele assistiu aos lábios dela tremerem nervosamente antes dela colocar a xícara na mesa e encontrar o seu olhar. Ele ficou tenso, tentando ignorar as sensações que reviravam seu ser todas as vezes que seus olhos se encontravam.

—Esclarecer sobre o quê?

Ele estava muito ocupado olhando seus lábios para dar qualquer atenção às palavras que saiam deles. Ele lutou contra o desejo de contornar seus lábios com a ponta dos seus dedos.

Ele limpou a garganta.

—Sobre ontem à noite. Eu apareci aqui sem ligar. Acho que posso ter confundido o seu noivo, lamento ter feito isso. Não era minha intenção causar qualquer problema entre vocês.

Ele olhou quanto ela dava um feminino encolher de ombros.

—Você não causou problema algum. Não se preocupe com isso. Ela então ficou de pé.

—Acho que nós devíamos subir ao sótão e ver o que temos por lá. Há um baú que contém muitos registros dos negócios do meu bisavô.

Dillon concordou com a cabeça. Ela respondeu à pergunta dele, e na mesma respiração, sabiamente mudou de assunto, deixando-o ciente de que sua relação com Fletcher Mallard não era para ser discutida.

Ele empurrou a cadeira para trás e então ficou de pé.

—Estou pronto, apenas me mostre o caminho.

Ela fez e ele não pôde evitar de apreciar ao belo traseiro que ia a sua frente enquanto ele a seguia.

 

Com suas pernas longas, Dillon não levou muito tempo para alcançá-la, Pamela pensou. Não que ela estivesse tentando deixá-lo para trás. Mas por alguns momentos ela precisou se segurar. O homem tinha um jeito que a fazia não conseguir pensar direito.

Ele permaneceu mudo enquanto ela o levava para cima, ela não pôde evitar e olhou o seu rosto de perfil. O que ele tinha que a afetava de um jeito que Fletcher não conseguia? A batida do seu coração acelerou quando ela notou que ele subia os degraus com uma sensualidade inerente que fazia com que os seus nervos gritassem.

Quando eles alcançaram o piso superior ele se moveu ligeiramente à frente dela, como se soubesse para onde estava indo.

—Se eu não soubesse, juraria que você já esteve aqui antes, ela disse enquanto eles continuavam a caminhar em direção ao final do corredor que os levaria a escada do sótão.

Ele deu uma rápida olhada para ela e sorriu.

—Isso pode soar loucura mais essa casa é bem parecida com a minha em Denver. Foi construída pelo seu bisavô?

—Sim.

—Então isso explica tudo, já que a casa em que eu moro foi construída por Raphael. Acho que ele gostou do projeto, e quando decidiu construir a própria casa, a fez parecida com esta.

—Isso explica como você sabe a respeito da nossa janela secreta.

Ela se arrependeu de falar no mesmo momento em que as palavras saíram dos seus lábios. Ela tinha acabado de admitir que o estava espionando pela janela quando ele chegou.

—Sim, foi assim que eu soube. Eu tenho a minha janela no mesmo lugar.

—Entendo.

Mas, de um certa maneira ela não entendia, o que a fazia ficar tão ávida quanto Dillon para descobrir tudo sobre Raphael.

Ela continuou caminhou e ele se juntou a ela. Quando eles alcançaram a porta que levava ao sótão, ela a abriu. Julgando pela expressão do seu rosto, era como se ele já tivesse vivido a mesma cena antes, e isso a deixou determinada a descobrir por que a casa dele era uma réplica da sua.

Diferente dos outros degraus da casa, os do sótão eram estreitos e Dillon se moveu de lado para que ela subisse à frente dele. Ela podia sentir o calor do olhar dele em suas costas. Ela ficou tentada a olhar por cima do ombro mais sabia que não seria a coisa certa a fazer. Então fez outra coisa e começou a conversar com ele.

Ela acabou com o silêncio dizendo

— No jantar você mencionou que era o mais velho dos quinze bisnetos de Raphael. Ela deu uma breve olhada por sobre o ombro.

—Sim, e por vários anos eu fui o tutor legal de dez deles.

Pamela voltou-se tão rapidamente que se estivesse em uma escada provavelmente teria perdido o equilíbrio.

—Tutor de dez deles?

Quando ele concordou com a cabeça, ela piscou assombrada.

—Como isso aconteceu?

Ela andou para o lado quando ele a alcançou, notando que ainda assim não havia muito espaço entre eles, mas ela estava tão ávida para ouvir sua resposta que não fez mais nenhum movimento para retroceder.

—Num final de semana meus pais, minha tia e meu tio decidiram sair juntos e foram visitar uns amigos da minha mãe na Louisiana. No caminho de volta para Denver, o avião teve um problema no motor e caiu, matando todo mundo a bordo.

—Oh, que terrível.

—Sim, foi. Meus pais tinham sete filhos e meus tios oito. Eu era o mais velho com vinte e um. Meu irmão Micah tinha dezenove e Jason tinha dezoito. Meus outros irmãos, Riley, Stern, Canyon e Brisbane, tinham todos menos de dezesseis anos.

Ele apoiou o quadril contra a grade dos degraus e continuou.

—Meu primo Ramsey tinha vinte, seu irmão Zane dezenove e Derringer dezoito. Meus outros primos Megan, Gemma, os gêmeos Adrian e Aiden, e o mais jovem, Bailey, também estavam todos com menos de dezesseis anos.

Ela também se debruçou contra a grade para encará-lo, ainda cheia de perguntas.

—E o conselho tutelar não criou nenhum problema por você ser responsável por tantos menores?

—Não, todo mundo sabia que os Westmorelands queriam ficar juntos. Além disso, ele disse rindo, ninguém por perto queria ser o responsável por Bane.

—Bane?

—Sim. É diminutivo para Brisbane. Ele é o meu irmão mais novo e adora aprontar. Ele tinha apenas oito anos quando os meus pais morreram e ele sentiu muito a morte deles.

—Que idade ele tem agora?

—Vinte e dois e ainda é bem irritadinho. Queria que houvesse outra coisa que atraísse a sua atenção e o seu interesse além de certa mulher em Denver.

Pam concordou com a cabeça. Ela não pôde evitar se perguntar também se havia alguma mulher em Denver que tinha o interesse de Dillon.

—Todos vocês ainda moram perto uns dos outros? Ela perguntou.

—Sim, vovô Raphael comprou muita terra nos anos trinta. Quando cada Westmoreland alcança a idade de vinte e cinco anos, recebe uma área de quarenta hectares de terra, e é por isso que todos nós vivemos próximos um dos outros. Sendo o primo mais velho, herdei a casa da família onde todo mundo se reúne na maior parte do tempo. Ele então perguntou a ela.

—Que idade você tinha quando seu bisavô morreu?

—Ele morreu antes que eu nascesse, mas sempre ouvi muito coisa sobre ele. E quanto a Raphael? Que idade você tinha quando ele morreu?

—Ele morreu antes que eu nascesse também. Minha bisavó viveu até meus dois anos, então eu também não me lembro muito bem dela. Mas lembro dos meus avôs, vovô Stern e vovó Paula.

Vovô Stern é quem realmente costumava contar histórias sobre Raphael, mas ele nunca mencionava qualquer coisa sobre antigas esposas ou outros irmãos. De fato, ele pensava que Raphael era filho único. E eu me pergunto o quanto ele realmente sabia a respeito do próprio pai.

Pam pausou por um momento e então disse:

—A maioria das famílias guardam segredos.

—Sim, como Raphael fugir com a esposa de um pastor, ele disse.

—E você acha que Raphael eventualmente se casou com ela?

—Também não tenho certeza sobre isso, Dillon respondeu.

—Já que ela estava legalmente casada com o pastor, não vejo como um casamento entre eles possa ter acontecido, e é por isso que estou curioso sobre o que aconteceu depois que eles fugiram da Geórgia.

—Mas o nome dela assim como o de Portia, são mostrados como antigas esposas nos documentos que você encontrou?

Ela perguntou, tentando compreender o tipo de vida que o seu bisavô poderia ter levado.

—Dois dos meus primos de Atlanta, Quade e Cole, possuem uma empresa de segurança e fizeram uma investigação profunda desde o começo do século XX. Descobriram que as ações das antigas terras de Raphael listam quatro diferentes mulheres como sendo suas esposas. Até agora nós conhecemos apenas duas delas: a esposa do pastor e Portia Novak, que já era legalmente casada. Podemos presumir que Raphael vivia com elas simulando serem casados.

Ele ficou em silêncio por um momento e então com uma rápida olhada ao redor perguntou:

—Você vem aqui com que frequência?

A pergunta fez com que ela percebesse que eles estavam a muito tempo em pé e muito próximos um do outro, ela então se moveu em direção à porta do sótão.

—Não tão frequentemente quanto eu costumava vir antes. Eu voltei a Gamble no ano passado quando o meu pai morreu. Como você, eu sou a filha mais velha e queria tomar conta das minhas irmãs. Sou a tutora legal delas.

Dillon concordou, ela andou e abriu a porta do sótão. Ele notou o modo como ela havia interagido com as irmãs no jantar da noite anterior. Era óbvio que elas eram próximas.

—O baú do meu bisavô está ali. Sei que ele e o seu bisavô eram sócios em negócios muito lucrativos para a época. Sei que aí também tem registros dessas transações, assim como alguns dos pertences de Raphael. Parece que ele fez uma saída relâmpago quando partiu de Gamble.

Dillon deu uma olhada nela.

—Você tem alguma coisa que pertenceu a Raphael?

—Sim, ela disse se movendo em direção ao baú.

—Eu me esqueci de mencionar no jantar de ontem à noite.

Ele entendeu a razão dela não ter dito antes. Seu noivo provavelmente diria alguma coisa sobre isso. Era óbvio que o homem podia criar confusão por nada.

Em vez de segui-la imediatamente para o baú, Dillon parou por um momento e ficou vendo ela caminhar. Seu olhar estava fixo nela. A possibilidade de que uns poucos pertences do seu bisavô pudessem estar dentro daquele baú o intrigou. Mas ela o intrigava ainda mais.

Ela usando uma calça jeans e uma bonita blusa rosa que lhe acrescentava um toque super feminino. Ele não pôde evitar de notar suas curvas sedutoras que se vislumbrava na calça jeans. Caminhar atrás dela para subir os degraus até o sótão tinha sido um inferno. Ele estava certo que o suor tinha brotado em na testa a cada passo que ela dava.

Quando ela viu que ele não a estava seguindo, ela se voltou e deu-lhe um olhar intrigado.

—Você está bem?

Não, ele não estava nada bem. Uma parte do seu cérebro estava tentando convencê-lo disso, embora ela fosse uma mulher comprometida ela ainda não era casada então ela ainda estava disponível. Mas outra parte dele, a que olhava para o anel em seu dedo, sabia que fazer qualquer movimento seria passar do limite. Mas inferno, ele estava tentado.

Ela segurou o seu olhar, e ele percebeu naquele momento que ele ainda não havia dado uma resposta a ela.

—Sim, eu estou bem. Apenas me sinto oprimido. Se ela suspeitasse ser a razão disso.

—Entendo como você se sente. Concordo com o que você disse ontem à noite no jantar. A minha família também é muito importante para mim. Embora você nunca o tenha conhecido quer saber tudo o quanto puder sobre o seu bisavô. Acho admirável isso de sua parte.

Ela deu uma olhada rápida para o baú e então se voltou para ele.

—Eu só espero que você não pense que vai descobrir tudo que há para saber sobre o seu bisavô em apenas um dia, Dillon. Depois que você abrir aquele baú poderá surgir mais e mais perguntas, e você terá que buscar mais respostas.

—E se eu precisar voltar aqui?

Ele perguntou, sabendo que ela sabia onde ele estava querendo chegar.

—Você é bem-vindo pra voltar a hora que quiser.

O olhar dele segurou o dela intensamente ao perguntar:

—Fletcher concordará com isso? Como disse antes, não quero causar nenhum problema entre vocês.

—Não haverá problema algum. Agora, você não vai abrir o baú? Há anos tenho curiosidade e vontade de fazer isso, mas era proibida de fazê-lo e por isso ele estava fora dos meus limites. Os lábios dele se franziram nos cantos.

—Mas uma vez admito ter descumprido as ordens e bisbilhotei por aqui. Naquela época, eu não vi nada que mantivesse o meu interesse.

Dillon sorriu enquanto cruzava em direção a ela. Como na casa dele, o sótão era enorme. Quando menino, o sótão tinha sido um de seus lugares favoritos para se esconder quando ele queria ficar algum tempo sozinho.

Este quarto estava cheio de caixas e baús, mas eles estavam organizados, não se parecia em nada com o sótão da sua casa. E ainda tinha aquela única e pequena janela retangular que permitia que apenas que entrasse luz do sol suficiente para iluminar o local.

Ajoelhando, ele tirou uma chave que estava ao lado do baú e começou a colocá-la na fechadura. Momentos mais tarde ele ergueu a tampa. Havia muitos documentos, livros de contabilidade, algumas camisas de trabalho que haviam envelhecido com o tempo, uma garrafa de vinho, uma bússola e um diário de aparência esfarrapada.

Ele deu uma rápida olhada para Pam.

—Se importa se eu der uma olhada nisso?

—Não, não me importo. De fato, há uma carta dentro.

Ele ergueu uma sobrancelha enquanto abria o diário e, viu que uma carta cujo envelope estava amarelado, logo na frente. O nome no envelope ainda estava legível. Dizia simplesmente Westmoreland. Ele deu uma olhada rápida de volta para ela.

—Como eu disse antes, apesar do baú estar fora dos meus limites, eu não pude evitar e bisbilhotei uma vez. Foi assim que eu soube da carta.

Dillon não pôde esconder um sorriso enquanto abria a carta selada que dizia:

—Quem quer que fique com os pertences de Raphael só precisa saber que ele era um homem bom e decente e eu não o culpo por partir levando Portia com ele.

Tinha sido assinada pelo bisavô de Pam, Jay. Dillon pôs a carta de volta no envelope e deu uma olhada rápida para Pam.

—Isso tudo é muito confuso pra mim. Você acha que pode me dar alguma luz?

Ela agitou a cabeça.

—Não, me desculpe. Mas um homem que não tem qualquer hostilidade contra o homem que roubou a sua esposa é realmente estranho. Talvez Raphael tenha feito um favor a Jay caso ele não quisesse mais se manter casado com ela. Mas esta teoria está realmente se enfraquecendo a cada dia. A esposa de um homem pertence a ele, e Portia tinha sido a esposa de Jay.

—E quanto a Lila Elms?

Ela encolheu os ombros.

—Não sei dizer nada sobre ela, exceto que eles devem ter se separado entre Atlanta e aqui, eu sempre ouvi dizer que quando Raphael chegou a Gamble, que ele era que um homem solteiro.

Ela deu uma rápida olhada no relógio.

—Preciso fazer algumas ligações, então vou deixá-lo sozinho por algum tempo. Fique por aqui o tempo que quiser, e se você precisar de mim, estarei no andar de baixo na cozinha.

—Certo. Ela foi em direção à porta do sótão.

—Pamela? Ela deu uma olhada rápida para trás.

—Sim?Ele sorriu.

—Obrigado. Ela sorriu de volta.

—Não precisa agradecer.

 

Dillon soltou uma profunda respiração no momento em que Pam partiu, fechando a porta do sótão atrás de si. Pamela Novak era uma tentação que era melhor ele deixar para lá. O tempo todo que ela esteve no sótão, ele tentou manter uma conversa, qualquer coisa que acalmasse o desejo excessivo que corria por suas veias.

O que ela tinha que arrepiava os seus sentidos todas as vezes que ela estava a três metros dele? E que fazia um sem número de sensações não mencionadas e indefinidas correrem por ele? Tinha difícil manter a compostura e controle quando estava ao lado dela.

Talvez o seu dilema tivesse a ver com a compreensão dela por ele precisar descobrir a estória da própria família, seu desejo de saber tanto quanto pudesse sobre Raphael Westmoreland. Apesar de alguns de seus irmãos e primos não entenderam o que o movia, ainda assim o apoiavam. Ele apreciava isso, mas suporte e compreensão eram duas coisas diferentes.

Porém, ele tinha a sensação de que Pamela o entendia. Ela não só entendia como estava disposta a ajudá-lo da maneira que pudesse, ainda que isso significasse deixar o seu noivo furioso.

Decidindo que ele precisava fazer o que tinha se decidido a fazer quando veio a Gamble, ele puxou uma cadeira de um canto e a colocou na frente do baú. Pegou o diário de Jay Novak, e começou a ler.

 

                                          Capítulo 4

Pam deu uma rápida olhada para o relógio na parede da cozinha. Dillon já estava no sótão a mais de uma hora e ela não podia evitar e se perguntar como as coisas estavam indo. Mais de uma vez ela pensou em subir e descobrir, mas decidiu não fazer isso. Em vez disso, ela se ocupou examinando os scripts para as novas peças que os alunos tinham escrito.

O toque do telefone interrompeu seus pensamentos e ela teve a sensação de saber quem era sem nem ao menos precisar olhar ao identificador de chamadas. Suspirando profundamente, ela atendeu ao telefone.

— Alô?

—Como você está, Pamela? É o Fletcher.

—Estou bem, Fletcher. Como estão as coisas em Laramie?

—Tudo bem, mas recebi um telefonema e vou ter que ir até Montana para checar uma loja. Uma grande nevasca causou o corte de energia que durou alguns dias, e muitos dos produtos que estavam sendo refrigerados estragaram.

—Sinto muito ouvir isso.

—Eu também. Isso significa que voarei para Montana para me encontrar com o representante da companhia de seguro. Isso pode levar alguns dias, por isso não poderei voltar até o fim da semana.

Ela podia mentir e dizer que sentia muito em ouvir isso, mas ela realmente não sentia. Ela sabia que os dois precisavam de espaço e esse era o modo dela conseguir isso. Desde o dia em que ela havia concordado em se casar com ele que ele a visitava praticamente todos os dias.

—Você poderia me deixar feliz e vir até aqui passar um tempo comigo. —

As palavras dele se intrometeram em seus pensamentos. Os dois ainda não tinham dormido juntos. Embora ele tivesse tocado no assunto várias vezes, ela procurava evitava o assunto.

—Obrigada pelo convite, mas tenho muito a fazer. Além disso, preciso ficar por aqui por causa das minhas irmãs.

Ela não tinha que vê-lo para saber que sua mandíbula estava agora mesmo provavelmente apertada com raiva. Essa não era a primeira vez que ele tentava levá-la para uma viagem com ele desde que eles se comprometeram. Por um momento ele não disse nada e quando falou ela não ficou surpresa pela mudança de assunto.

— O Westmoreland apareceu hoje por ai? Onde ele está?

Ela não tinha nenhuma razão para mentir.

—Sim, apareceu. De fato, ele ainda está aqui no sótão mexendo em algumas coisas.

—Por que ele não pode pegar as coisas e levar para o hotel?

O tom de Fletcher, assim como suas palavras, a aborreceram.

—Não vi nenhuma razão para ele levar coisa alguma para o hotel. Lamento que você tenha evidentemente um problema com isso.

—Estou apenas cuidando de você, Pamela, ele disse depois de uma breve pausa.

—É que eu sinto que você ainda não o conhece o suficiente para ficar sozinha com ele.

—Acho que você deve encarar como mau julgamento da minha parte Fletcher. Adeus.

Sem esperar que ele falasse mais alguma coisa, ela desligou o telefone. Ele bufaria por algumas horas e mais tarde ligaria de volta e se desculparia assim que percebesse como ele havia agido de forma controladora.

Pam foi para a mesa e pegou os documentos mais uma vez, determinada a dobrar Fletcher e sua atitude mais tarde. Ela concordou em se casar com ele e ela se casaria, não perder a casa da família e o futuro de suas irmãs eram tudo para ela.

 

Dillon fechou o diário e ficou em pé para esticar as pernas. Ele estava acostumado a se vestir de terno todos os dias, em vez da calça jeans e uma camisa casual. Aquela manhã ele verificou com Ted Boston, seu gerente de negócios, como as coisas estavam na empresa Imobiliária, sem surpresas Ted tinha tudo sob controle.

Dillon tinha transformado a empresa em uma companhia de um bilhão de dólares com trabalho duro e contratando as pessoas certas para trabalhar para ele.

Ele deu uma olhada no relógio, achando difícil acreditar que já tinham se passado duas horas. Ele olhou para o diário. Pelo menos parte de sua curiosidade tinha sido saciada sobre o que tinha acontecido a Lila a esposa do pastor da Geórgia.

De acordo com o que Raphael tinha confidenciado a Jay, o velho pastor abusou de sua jovem esposa. Os membros da igreja fingiam não ver o que acontecia por trás das portas do casal, e que era apenas da conta deles, especialmente quando envolvia um pastor.

Evidentemente, Raphael não via isso dessa maneira. Ele arquitetou um plano para salvar Lila das garras do pastor abusivo, um plano que a família dele não apoiou. Depois de levar Lila do Texas, Raphael foi seu protetor na pequena cidade de Copperhead, Texas, próxima a Austin.

Raphael sempre foi somente o seu protetor, nunca foi o seu amante, e antes de partir comprou um pequeno pedaço de terra e a presenteou para que ela pudesse ter um novo começo.

Dillon sorriu, pensando que, pelo menos no caso de Lila, Raphael foi um salvador de esposas e não um ladrão. Dada a situação da mulher, Dillon acreditou que teria feito a mesma coisa. Ele descobriu que quando a questão era o sexo oposto, os homens Westmoreland tinham esta sensação inveterada de proteção. Ele apenas lamentava que Raphael tivesse cortado os laços com toda a família.

No momento o estômago de Dillon começou a roncar, lembrando que ele não tinha comido nada desde o café da manhã e já era tarde. Estava na hora de voltar para o hotel.

 

Pam ficou estava concentrada lendo um dos scripts de seus alunos quando de repente sentiu sensações enrolarem dentro do seu estômago ao mesmo tempo em que arrepios começavam a correr por seus braços.

Ela deu uma olhada rápida para cima e encontrou o olhar de Dillon enquanto ele entrava na cozinha. Ela se perguntou como o próprio corpo conhecia a presença dele antes da própria mente. E por que agora as sensações que contorciam seu estômago agora se intensificaram.

Ela decidiu falar antes que ele tivesse a chance de fazer isso, sem estar certa das sensações combinadas com a voz terrivelmente rouca e sensual brincando com os sentidos dela.

—Como foram as coisas? Descobriu qualquer coisa sobre o seu bisavô que você não sabia?

Ela perguntou, desejando que ele não tivesse percebido a tensão em sua voz.

Ele sorriu, e o efeito daquele sorriso foi tão ruim quanto se ele tivesse falado. Ele tinha um sorriso com covinhas que mostrava lindos dentes brancos.

—Sim. Pelo menos, graças ao diário do seu bisavô, eu pude resolver o mistério de Lila, a mulher número um.

—Eles se casaram eventualmente? Ela perguntou curiosa.

—Não, pelo o que eu li, o pastor, marido de Lila, era um homem violento e Lila buscou a ajuda de Raphael para escapar da situação. Ele a levou até Copperhead, Texas, ficando por perto para ajudá-la a se estabelecer com uma nova identidade e então partiu.

Pam assentiu com a cabeça.

—Isso explica por que ele não era casado quando chegou aqui em Gamble.

—Sim, mas não explica por que fugiu com a esposa do seu bisavô. E até agora nada do que eu li explica isso, mas eu ainda não consegui ler o diário inteiro. Nem mesmo a metade. Jay divagava e falava sobre os negócios de laticínios e como estava indo. Mas do que eu já li até agora, parece que ele e Raphael eram próximos, o que não explica como meu bisavô poderia tê-lo traído do modo que o fez.

Pam não disse nada por um momento e então ela perguntou.

— Então, você vai dar uma pausa antes de continuar?

—Não, está ficando tarde e acho que não será uma boa ideia estar por aqui quando o seu noivo chegar à noite. Eu já fiquei aqui hoje, e agradeço por você me dar a chance de ler o diário.

—Você será sempre bem-vindo. E antes que ela pudesse pensar melhor disse

—Gostaria de te convidar para o jantar. Estou certa de que minhas irmãs adorariam ouvir o que você descobriu hoje. Acho que você atraiu o interesse delas no jantar de ontem à noite e elas veem a história como um pequeno mistério de família que precisa ser desvendado. De um jeito ou de outro, todo mundo já ouviu falar de Raphael Westmoreland e como ele fugiu com a primeira esposa do meu bisavô. Dillon se debruçou no gabinete da cozinha.

—Fico surpreso que por ninguém na sua família teve curiosidade suficiente para descobrir o que realmente aconteceu. Pam encolheu os ombros.

—Acho que você precisa entender que algumas mulheres pensam como a minha bisavó. Tenho certeza que ela não se importou que sua parente tenha fugido com outro homem, quanto menos a família falasse sobre Portia, melhor.

Ela balançou a cabeça e olhou para ele.

—Então você aceitará o convite e ficará para jantar?

As palavras de Pam se intrometeram nos pensamentos dele e ele olhou para ela, segurando o olhar dela por um momento.

—E quanto a Fletcher? Como ele vai lidar comigo sentando na sua mesa de jantar por duas noites seguidas?

Ele assistiu enquanto ela mordia nervosamente o lábio inferior e então erguia o queixo.

—Não há nada de errado eu convidar alguém que considero um amigo da família para o jantar. Além disso, Fletcher estará viajando por alguns dias.

Ele movimentou a cabeça, considerando as palavras dela e decidiu não ler qualquer coisa nelas. Era um convite para jantar, nada mais. Contanto que ele se lembrasse de que ela era uma mulher comprometida, tudo ia ficar bem.

O único problema era que quanto mais ele a via, mais ele queria estar ao seu lado, e mais ele se sentia atraído por ela. E quanto mais ele se sentia atraído por ela, isso ele podia admitir, sendo honrado ou não, ele a queria.

Ele engoliu em seco e intencionalmente olhou para fora da janela, precisava quebrar o contato com o olhar da Pam. O que ele tinha admitido interiormente não era bom, mas ele estava sendo honrado consigo mesmo. Isso significava que assim que ele pudesse descobrir todas as respostas que queria sobre Raphael, ele esperava que nos próximos dias, ele retornaria para casa.

Ele deu uma rápida olhada ao redor dela, encontrando seu olhar, e sentiu o puxão da atração, e se embora ela nunca admitisse isso para ninguém, nem para si mesma, ele sabia que era mútuo. Ele sabia que devia perguntar se podia levar o diário para o hotel e passar os próximos dias lendo-o, fora de tal proximidade íntima com ela e esta química sexual incomum que ele sentia sempre que eles estavam próximos um do outro. Mas por alguma razão ele não podia.

—Se você está certa do convite, então, sim, eu adoraria me juntar a você e as suas irmãs para jantar.

 

—E você está certa de que ele vai voltar para o jantar, Pammie? Perguntou Nadia com a voz excitada enquanto ajudava a irmã mais velha a colocar a mesa.

Pam ergueu uma sobrancelha. Ela não se lembrava da última vez que Nadia ou Paige tinham ficado tão excitadas por alguém ir jantar com elas, menos ainda um homem. A primeira vez que ela convidou Fletcher, elas quase haviam boicotado o jantar até que ela teve uma dura e longa conversa sobre os modos dos Novak.

—Sim, ele disse que voltaria para o hotel para trocar de roupa e depois voltaria.

—Você não acha que ele é muito bonito, Pam? Paige perguntou cantando.

Pam se voltou, depois de colocar o último prato na mesa, e enfrentou as três irmãs. Embora Jill não tivesse dado voz a sua excitação, Pam sabia que ela estava lá, ela podia ver claramente em seu rosto.

A única coisa que ela não queria era que as irmãs pensassem que a presença de Dillon no jantar tinha alguma coisa a ver com o compromisso dela com Fletcher. Ela sabia o que elas estavam tentando fazer, e estava na hora dela ter certeza de que elas entendiam que isso não estava dando certo.

—Sim, ele é bonito, Paige, assim como Fletcher. Mas eu não vou me casar com um homem por causa de sua aparência. Eu não sou tão vaidosa e espero que as três também não sejam. Para ser muito clara, o que as três estão fazendo não está dando certo, eu me casarei com o Fletcher. Jill sorriu.

—Nós não temos nenhuma ideia do que você está falando, Pam.

Pam revirou os olhos e estava para repreendê-las quando o som da campainha a impediu.

—Chegou nosso convidado, eu espero quero que vocês se comportem, e, por favor, mantenham em mente que eu estou comprometida com o Fletcher.

Jill fez uma careta e então disse:

— Por favor, não nos lembre.

 

—Nós estamos contentes por você ter descoberto algo sobre o seu bisavô hoje, Dillon. Nadia disse, sorrindo.

Dillon não pôde evitar e retribuiu o sorriso, pensando que ela o lembrava muito sua prima Bailey quando ela tinha a mesma idade de Nadia. Ela possuía uma inocência, mas ao mesmo tempo se você examinasse os olhos por tempo suficiente, veria a travessura lá também. A mesma coisa podia ser dita sobre Paige, mas Jill era outra história.

Havia algo em sua atitude hoje à noite que o fazia lembrar-se de Bane. O pensamento de um Bane versão feminina fez com que ele se encolhesse um pouco. Os olhos cintilavam quando ela o encorajou a falar sobre sua família.

Ele não pôde evitar e se perguntou se ela estava verdadeiramente interessada, ou se a sua inquisição era uma trama. E ele era esperto o suficiente para compreender que tudo estava do mesmo jeito que na noite anterior. Por alguma razão as irmãs de Pam não estavam felizes com o homem que ela tinha escolhido para casar. Não era necessário ser um gênio para ver isso.

—Você gostaria de comer algo mais Dillon?

Ele deu uma olhada rápida para Pam. Seus olhares se encontraram através da mesa e ele sorriu enquanto ao mesmo tempo lutava contra o aperto de suas entranhas. Ele nunca foi um homem de ficar facilmente distraído com um rosto bonito, mas nas últimas quarenta e oito horas ele conheceu a experiência real de sentir os joelhos fracos e o coração batendo impiedosamente no peito.

—Não, eu apreciei o seu convite para o jantar.

—Conte-nos um pouco mais sobre Bane. Ele soa como alguém que eu gostaria de encontrar um dia— Jill disse.

—Não, ele não é.

Dillon e Pam disseram simultaneamente, e então não puderam evitar e se olharam através da mesa e riram. Eles concordavam um com o outro nessa questão.

Pam pediu licença e saiu da mesa para pegar a sobremesa, um bolo de chocolate que ela tinha assado mais cedo. Dillon sorriu para as três mulheres que o olhavam e, assim que Pam deixou o cômodo, ele ficou surpreso quando elas o encheram com perguntas que não se atreveram a perguntar enquanto a irmã mais velha ainda estava no cômodo.

Nadia foi à primeira. Os olhos escuros, tão bonitos quantos os da irmã mais velha, olhando fixamente para ele.

—Você acha que a Pammie é bonita?

Ele sorriu. Isso era fácil demais de responder, e diretamente.

—Sim, ela é bonita.

—Você tem namorada? Paige perguntou depressa. Ele riu.

—Não, eu não tenho namorada.

—Você ficaria interessado na Pam se ela não estivesse comprometida?

A pergunta de Jill o teria chocado se ele já não estivesse acostumado às suas táticas. Ela era direta e ele tinha a intenção de respondê-la da mesma forma.

—O ponto chave para se lembrar disso é que a sua irmã está comprometida, então se eu ficaria interessado é um ponto discutível agora, não? Mas, para responder a sua pergunta, minha resposta seria sim, eu ficaria interessado.

—Interessado no quê?

Pam perguntou, retornando carregando um prato com um bolo de chocolate enorme.

—Nada, três vozes responderam juntas.

Pam ergueu uma sobrancelha enquanto dava uma rápida olhada para as irmãs. Ela então examinou Dillon e ele não pôde evitar de sorriu enquanto encolhia os ombros. Juntar-se a Pam e suas irmãs para jantar fizeram com que ele se sentisse em casa e ele não estava certo se isso era uma coisa boa.

 

—Acho que eu preciso me desculpar por qualquer coisa que as minhas irmãs possam ter dito e que possa ter te irritado hoje à noite.

Pam disse, caminhando com Dillon até o carro dele. Ela estava certa de que esse era a única maneira de ter alguma privacidade com ele sem que as irmãs bisbilhotassem cada palavra. Ele riu.

—Ei, não é tão ruim assim, e eu aprecio a companhia delas e a sua também. Aliás o jantar foi maravilhoso.

—Obrigada.

Eles não disseram nada por alguns minutos e então ela perguntou

— Você voltará amanhã? Para continuar lendo o diário do Jay?

Quando eles chegaram ao carro, ele se debruçou contra ele e a encarou.

—Só se você disser que não irei incomodar. Eu não quero abusar. Ela riu.

—Você não fará isso. Além disso, descobrir mais sobre Raphael e Portia é como um quebra-cabeça que está esperando pra ser montado.

Pam sabia que deveria sugerir que ele levasse o diário com ele - desse modo ele não teria que voltar - mas por alguma razão ela não podia fazer isso.

—Bem, acho que seria melhor eu te deixar você ir agora. Te você amanhã, disse indo para trás, colocando uma distância segura entre eles.

—Boa noite, disse ele.

Dillon abriu a porta e entrou no carro, mas ficou sentado lá até Pam ter subido os degraus, entrado e trancado a porta. Ele viu três pares de cortinas abrirem uma fresta simultaneamente, não pôde evitar sorrir com a ideia de que ele e Pam foram espionados. E para ser honesto, ele não ficou surpreso.

Enquanto ele ia embora, balançou a cabeça ao se lembrou da reação dos irmãos e primos quando levou Tammi para casa, um ano antes deles se casarem. Embora os pais, a tia e o tio terem tentado fazer o clã Westmoreland se comportar, tinha sido óbvio que Tammi não foi bem recebida. Mas isso não o impediu de se casar no ano seguinte e trazê-la para casa como sua esposa. Agora ele desejava ter sido impedido de fazê-lo.

Ele se ajeitou no banco e tirou o celular do bolso da calça jeans, desejando ter sinal hoje à noite. Sorriu quando viu o sinal e imediatamente ligou para casa.

Ramsey atendeu no segundo toque.

—Residência dos Westmoreland.

—Ei, Ram, é Dillon. Como estão as coisas?

—Tão bem quanto o esperado. Bane tem se comportando, de forma que é bom.

Sim, isso era bom, Dillon pensou.

—Fui até a casa grande e peguei todo a sua correspondência — Ramsey disse.

—Obrigado.

—Você já descobriu qualquer coisa sobre Raphael? Ramsey perguntou.

—Sim.

Dillon então passou a próxima meia hora contando ao primo sobre o seu dia e o que descobriu no diário de Jay.

—E a bisneta de Jay Novak foi realmente atenciosa com você? Depois que Raphael fugiu com a esposa do bisavô dela? Dillon riu.

—Sim, o fato de ela estar ajudando é um alívio. Se Portia não tivesse partido, então Jay nunca teria se encontrado e casado com a bisavó dela. Desnecessário dizer que Pam não tem nenhum problema com Raphael ter fugindo com a mulher.

—Pam?

Dillon ouviu a curiosidade na voz de Ramsey e soube o porquê. Ramsey, de todas as pessoas, sabia o quão duro foi fazer a empresa Imobiliária que ele tinha herdado do pai e do tio, a companhia de um bilhão de dólares que era hoje, cuidando de assegurar o futuro dos Westmoreland e sendo responsável por todos aqueles Westmorelands que ainda eram menores de idade e enquanto estavam fora na faculdade.

—Sim, Pam é o nome dela, e antes que você pergunte a resposta novamente é sim, ela é bonita. É a mulher mais bonita em quem eu já coloquei os olhos.

E antes que Ramsey pudesse dizer qualquer coisa, ele acrescentou depressa

—E ela está comprometida.

—Hmm, você encontrou o noivo dela? Ramsey quis saber.

—Sim, e ele é um imbecil. Ramsey riu.

—Como uma mulher bonita pode ter um noivo imbecil?

—Quer apostar comigo que não é da sua conta?

—Essa é a diferença entre nós dois. Eu faria com que fosse da minha conta, especialmente se ela fosse à mulher mais bonita que eu já vi. Você sabe o que dizem sobre não contar com o ovo da galinha, não é? Bem, neste caso, ela não está fora dos limites até que o casamento seja realizado.

—Esse não é o meu estilo, Ram.

—Tipicamente, não é o meu também, sendo o solitário que sou, mas aprendi com algumas coisas que você precisa saber quando e como ajustar o seu modo de pensar ao ser flexível e reestruturar seu processo de pensamento. Especialmente se for uma mulher que você quer.

Dillon piscou, espantado com a declaração de Ramsey.

—O que te faz achar que ela é uma mulher que eu quero?

—Posso sentir na sua voz. Você vai negar?

Dillon abriu a boca para fazer exatamente isso e então a fechou. Não, ele não podia negar, porque seu primo que o conhecia tão bem tinha acabado de falar a verdade. E a questão era se ele tinha ou não a intenção de fazer alguma coisa a respeito disso.

 

                                                   Capítulo 5

Pam estava tentando, desesperadamente, se convencer de que a única razão pela qual ela estava sentada à mesa da cozinha e olhando constantemente para a janela era para estudar todas as Indian paintbrushes[i] que floresciam tardiamente este ano.

Mas não estava dando certo.

Assim como não estava dando certo tentar se convencer de que a única razão pela qual ela tinha ido para a cama pensando em Dillon em vez do homem com o qual estava comprometida era porque eles jantaram juntos nas últimas duas noites.

A voz da razão dizia sem cessar que embora Fletcher tivesse aparecido para jantar frequentemente, ela ainda não se imaginava na cama com ele, e ela tinha que se esforçar muito para lembrar os detalhes, o que ele vestiu na última vez em que ela o viu ou ouviu a sua voz nas primeiras horas da manhã.

Então por que Dillon Westmoreland estava causando tanto arrebatamento em sua vida quando ela deveria estar se concentrando em marcar a melhor data para se casar com Fletcher? O que mais a incomodava em Dillon era o fato de que ele podia despertar nela sensações que Fletcher não conseguia. Isso era algo com que ela devia se preocupar, ela pensou.

Depressa ela decidiu que realmente não importava se deveria estar preocupada, já que Fletcher era o único capaz de tirá-la dessa situação tão sombria. Seu casamento não seria por amor e, o modo como as coisas estavam, tão pouco seria de paixão. Mas ela o faria, pois realmente não tinha outra escolha.

O toque do telefone interrompeu os seus pensamentos. Levantando-se da mesa ela cruzou o cômodo depressa para atendê-lo, mas voltou-se para ter certeza de que ainda tinha uma boa visão do lado de fora da janela.

—Oi.

—Liguei para saber se você ouviu a voz do bom senso e desfez o seu noivado.

Pam não podia fazer mais nada além de sacudir a cabeça e sorrir. Ela não estava certa do que era pior, se as irmãs ou Iris Michaels, sua melhor amiga da faculdade. No início Iris não se deu bem com Fletcher, e ela não havia se recuperado disso ainda.

—Não desculpe, o casamento ainda está de pé, então espero que você não se esqueça da promessa que fez de ser a minha dama de honra.

Pam imaginou Iris, sentada atrás da mesa em Los Angeles na sua empresa de Relações Públicas, com uma linda vista para o Oceano Pacífico. Iris estaria batendo uma caneta na mesa ou no rosto, tentando pensar num jeito de conseguir se safar da promessa que fez no seu segundo ano na faculdade sobre um sanduíche de pasta de amendoim com geleia. Os dias na faculdade foram difíceis. O dinheiro era curto e elas sobreviveram compartilhando praticamente tudo, tornaram-se melhores amigas pelo resto da vida.

Imediatamente ao sair da faculdade, Iris conheceu e se apaixonou por Garlan Knight. Garlan, um dublê, que morreu enquanto trabalhava em um filme importante menos de um ano após o seu casamento. Isso tinha sido à quatro anos atrás e, embora Iris saísse de vez em quando há muito declarou que nunca mais daria o seu coração para outro homem porque a dor de perder a pessoa que se ama não valia a pena.

—Estou tentando me esquecer que lhe fiz uma promessa. Então o que você tem feito de bom ultimamente?

A princípio Pam não conseguiu decidir se deveria contar qualquer coisa a respeito de Dillon, e então pensou: por que não? Se não contasse quando Iris viesse visitá-la suas irmãs, com certeza, contariam de qualquer jeito tudo para ela e Iris então a acusaria de ter mantido segredo. — Bem, há algo que eu preciso te dizer. Tive uma visita esta semana.

Enquanto olhava periodicamente para fora da janela, Pam disse a Iris como Dillon apareceu a duas noites. Surpreendentemente, Iris não fez muitas perguntas; ela escutou atentamente dando a Pam a chance de terminar.

—Então, é isso.

Pam finalmente disse contente por ter falado, e tentou mudar rapidamente de assunto, contando sobre como iam as coisas na escola de teatro, quando Iris a interrompeu.

—Ei, não tão rápido, Pam. O que você não está me dizendo? Pam revirou os olhos.

—Eu já te disse tudo.

—Então por que você omitiu deliberadamente alguns detalhes sobre a aparência dele? Você sabe como eu sou uma pessoa visual. Pam respirou profundamente.

—Ele é bonito.

—Quanto?

—Muito bonito, Iris. Ela disse, desejando ser o fim do assunto.

—Em de um a dez sendo dez o mais sensual, qual nota você daria a ele? Iris perguntou.

—Por que você quer saber?

—Apenas responda a pergunta, por favor. Iris exigiu.

Quando Pam não disse nada por um momento, decidindo manter os lábios selados, Iris disse:

—Estou esperando. Pam revirou os olhos novamente e então disse:

— Certo, ele vale um dez.

—Um dez?

—Sim, Iris, um dez. Ele é tão agradável para os olhos que é uma vergonha, ela disse, interiormente culpando Iris por fazê-la dizer tudo isso.

—Que tal a sua personalidade?

Pam pensou sobre o jantar da noite anterior e o quão agradável ele foi com suas irmãs fazendo-as se sentirem incluídas nas conversas do jantar. Dillon manteve o foco porque prestava atenção nelas, como se o que elas dissessem fosse realmente importante, não banal como Fletcher frequentemente fazia. Sim, ela tinha que dizer que ele tinha uma boa personalidade.

—Ele é bom, Iris, e sua personalidade o acompanha.

—Ele seria alguém que te interessaria se você não estivesse comprometida com Fletcher?

Pam fez cara feia.

—Por que você me pergunta isso sabendo que estou comprometido com Fletcher?

—Corte todo o teatro, Pam, e responda a pergunta.

A cara feia de Pam se aprofundou porque sabia que respondeu à pergunta de Iris sem pensar.

—Sim, ele seria. Num piscar de olhos.

E ela podia dizer a Íris, sua melhor amiga que gostaria de ser a provável candidata, disse.

—Estou atraída por ele. Isso não é terrível?

—Por que isso é terrível? Você e eu sabemos o porquê de você se casar com o Fletcher, o que ainda acho que é um engano. Recuso-me a acreditar que não exista um banco sequer em algum lugar que não te empreste o dinheiro que você precisa para saldar aquela segunda hipoteca.

—Nós estamos falando em mais ou menos um milhão de dólares, Iris. Você viu como são os bancos quando você quis pegar emprestado o capital necessário para começar o seu negócio de Relações Públicas. Tenho muito pouco na poupança, e o pouco que tenho será para pagar a faculdade de Jill no próximo ano. Paige e Nadia precisam de uma casa. Não posso esperar que elas se mudem da única casa que conhecem, e que está na família Novak por mais de cem anos. Pam suspirou em frustração.

—Ainda não posso acreditar que papai não levou isso em consideração quando fez aquela segunda hipoteca.

—Se Fletcher fosse realmente um bom sujeito, te emprestaria o dinheiro sem qualquer imposição. Iris disse.

—O fato dele colocar imposições em ajudá-la e te pedir para casar com ele o torna completamente dissimulado, se você quer saber.

Pam não disse nada, pois já tinha ouvido isso várias vezes de Iris. Quando Iris finalmente terminou, Pam disse:

—Casar com Fletcher não será tão ruim assim, Iris.

—Sabe que você está se condenando a uma vida sem amor e paixão, e nós duas sabemos que você está. Eu amei Garlan e a paixão que nós compartilhamos foi maravilhosa. Não consigo me imaginar casando com um homem que não amo ou que não me faz sentir nada sexualmente.

Pam ficou muda por um momento e então disse tranquilamente.

— Bem, eu posso. Não tenho escolha, Iris.

Por um momento Iris não disse nada, também.

—Então talvez esteja na agora de você apreciar a paixão enquanto ainda pode. Pam piscou.

—O que você está sugerindo?

—Admita que você está atraída por Dillon Westmoreland e deixe-se levar por essa atração, pense um pouco em você mesma para variar, não na casa, na terra ou nas suas irmãs. Pense na Pamela.

—Eu não posso fazer isso, disse Pam.

—Claro que você pode. Você vai negar que tem pensado em Dillon Westmoreland na calada da noite? Pam quase soltou o telefone.

—Como você sabe? Iris riu.

—Ei, você disse que o homem é dez. E com esse tipo de homem não podemos evitar que eles acabem abrindo caminho nos nossos sonhos de mulher, não importa se ela é solteira, casada ou comprometida. Simplesmente acontece. Meu conselho é que você o leve dos seus sonhos para a realidade. Você estará casada com Fletcher até que a morte os separe. Você quer passar pelos próximos cinquenta, sessenta ou setenta anos sem sentir nenhuma paixão novamente?

—Eu te disse sobre as minhas experiências passadas com a paixão, Iris.

Disse se lembrando das vezes que dormiu com alguns namorados e a decepção que sentiu depois. Ela não ouviu sinos ou fogos, nem sentiu qualquer abalo de terremoto como Iris tinha dito que sentiria.

—É por isso que você deve a si mesma experimentar todas essas coisas. Aposto que o Senhor Nota Dez vai conseguir.

Naquele momento Pam viu o carro de Dillon estacionar em frente a sua casa. Minutos depois ela o viu sair. Hoje ele usava uma calça amarelo-bronze e uma camisa verde escura. E como ontem e anteontem, ele parecia bonito e totalmente sexy.

O olhar dela enquadrou todo o corpo dele e, como se ele sentisse que ela estava olhando da janela, ele se voltou e olhou diretamente na direção dela. Ela imediatamente sentiu um calor percorrer todo o seu corpo ao mesmo tempo em que o sangue pulsava em suas veias. Sim, não havia nenhuma dúvida que se ela se dessa essa oportunidade ele corresponderia.

—Pam?

—Sim?

—Quando você o verá novamente?

Pam lambeu os lábios enquanto continuava a encará-lo. Dillon não se moveu. Ele ainda estava de pé naquele mesmo lugar olhando-a pela janela. Ele não podia vê-la, embora ela pudesse vê-lo. Ainda assim era como se ele soubesse que ela estava lá e soubesse que estava atraindo sua atenção. Ela se perguntou se ele tinha qualquer pista dos sobre os pensamentos que atravessam a sua mente naquele momento em particular. Se ele soubesse, provavelmente pularia de volta no carro e sairia correndo da propriedade dela.

—Pam?

—Eu o estou vendo agora, Iris. Pela janela da cozinha. Ele acabou de chegar e saiu do carro.

—Então a bola está em campo, Pam. E você deve a si mesmo o direito de brincar com ela.

            

Dillon se debruçou contra o carro olhando fixamente para o local que sabia estar à janela secreta de Pam. Alguma coisa lhe dizia que ela estava lá na janela olhando para ele com a mesma intensidade com que ele estava olhando para ela.

As palavras que Ramsey lhe disse na noite anterior haviam tocado fundo ao seu coração, e o pensamento de querê-la fez com que sua respiração se acelerasse e as entranhas se apertassem. Se ela soubesse o que ele estava pensando ela provavelmente não o deixaria chegar perto dela, e definitivamente não entraria na sua casa.

Na noite anterior ele ficou na banheira da suíte do hotel com os olhos fechados pensando nela. Ele foi para a cama pensando nela e acordou na manhã pensando nela. Uma mulher que pertencia a outro homem.

Ela ainda não pertencia, como Ramsey bem ressaltou para.

Ele não podia dar em cima dela, então ele não iria. Mas ele tinha a intenção de fazer de tudo para incitá-la a dar em cima dele… se ela estivesse interessada. Se ela não estivesse, então ele sabia que teria que controlar seus impulsos. Mas se ela estivesse interessada, então aqueles impulsos seriam libertados.

Havia uma chance de que ele estivesse lendo demais nos olhares que eles trocaram através da mesa de jantar ontem à noite, ou o calor que ele havia sentido. Mas havia apenas uma maneira de descobrir. Se ela decidisse favorecer esta coisa que ele sentia entre eles, então isso significava que a relação dela com Fletcher não era tão firme quanto precisava ser.

Ele percebeu que não podia ficar do lado de fora olhando para a janela dela o dia todo, ele respirou forte antes de desviar os olhos e se encaminhar para a porta da frente. Subiu os degraus lentamente e quando ergueu a mão para bater, a porta se abriu e ela estava lá.

Suas entranhas se apertaram com força enquanto abaixava a mão para junto a lateral do corpo. Ela estava linda como sempre, mas hoje estava usando o cabelo de uma maneira diferente. Parecia afofado em cima e ondulado ao redor dos ombros como se ela tivesse usado algo para enrolá-los.

O olhar dele se moveu da cabeça até os olhos dela e viu que ela o estava analisando tão atentamente como ele estava fazendo com ela. Ele baixou o olhar mais para baixo e fixou o olhar em seus lábios. Eram os mesmos lábios que ele havia sonhado na noite anterior. Muitas vezes.

Seus olhos seguiram a mão que dela que parou nervosamente na garganta, no V da camisa de tricô. Ele não pôde evitar de notar como seus seios incharam em uma forma perfeita contra a blusa.

—Eu estava te esperando.

Ela disse trazendo de volta toda a sua atenção, assim como o seu olhar de volta para o seu rosto. Ele se sentiu capturado nos olhos dela.

—Eu sei. Sua voz soou rouca até mesmo para os seus próprios ouvidos.

Ele não precisava explicar. Por alguma razão ele sentia que ela compreendia completamente. —Tenho permissão de entrar hoje?— Ele perguntou enquanto um sorriso surgia em seus lábios. Ela ainda estava parada na frente da porta. Ela piscou como se só então tivesse percebido.

—Ops. Desculpe. Sim, por favor, entre, ela disse antes de se afastar para o lado.

Ele passou por ela, tomou uma brisa do seu odor e sentiu o corpo inteiro responder imediatamente. Por que a química sexual entre eles estava mais forte hoje do que ontem? Mais potente. Hoje, eles pareciam estar com os nervos à flor da pele sem controle algum.

Quando ela fechou a porta atrás de si e se debruçou contra ele, olhou-o cautelosamente. Ele não disse nada durante algum tempo.

—E como você está hoje Pam?

—Estou indo bem, ela disse com voz tensa.

—E quanto a você?

—Estou bem, ele disse.

Não precisava contar a ela sobre sua noite inquieta, em que sonhou a noite toda com ela e com todas as coisas que ele gostaria de fazer com ela.

—Acho que você está ansioso para voltar a ler aquele diário.

Ele riu. Ele estava mesmo ansioso, mas aquele diário não era o que estava dirigindo sua ânsia.

—Algo assim.

Novamente ele não estava certo sobre o que estava acontecendo com eles. O que será que aconteceu com eles desde ontem para fazê-los tão carregados sexualmente que até o ar ao redor deles chiava. Ele prendeu o fôlego, ambos sentiam e ambos lutavam.

—Vou subir ao sótão agora. Ele disse com voz baixa, apenas o suficiente para que ela o ouvisse.

—Você provavelmente tem muito a fazer, então esqueça que eu estou aqui.

Ela sorriu de um modo que fez o sangue dele correr mais rápido.

—Duvido que eu consiga fazer isso.

—O quê? Ele perguntou.

Ela segurou o olhar dele.

—Esquecer que você está aqui.

Ele queria perguntar o porquê, mas decidiu não fazer isso. Ela era uma mulher comprometida. Se quaisquer limites forem cruzados, ela teria que assumir o comando e dar o primeiro passo.

—Você pode tentar, ele sugeriu.

—E se eu não puder? Ela perguntou com um tom um pouco trêmulo.

Segurando o olhar dela, ele respirou fundo e encheu o pulmão com o ar sexualmente carregado. Ele sentiu um frio correr pelo seu peito e ir até os seus membros, fazendo sua parte inferior endurecer. Pulsando. Ele sentiu um pouco do suor formar-se em sua testa, o que o compeliu a dizer:

—Então você sabe onde me encontrar.

Sem dizer mais nada, ele se voltou e subiu devagar os degraus que levavam até o sótão.

 

Pam se debruçou contra a porta vendo enquanto Dillon desaparecia nos degraus que o levavam para acima antes de soltar sua respiração. Ela estava muito agitada para pensar, e muito tentada a segui-lo por aqueles degraus para se afastar da porta.

Ela deu uma rápida olhada para o anel em seu dedo, o anel que Fletcher tinha colocado lá. Em vez de sentir culpa, ela sentiu desespero enquanto as palavras de Iris soavam em seus ouvidos.

— Então a bola está no seu campo, Pam. E você deve a si mesma o direito de brincar com ela.

Se Iris imaginasse o quanto ela queria brincar... Talvez sua melhor amiga soubesse, e talvez fosse exatamente por isso que ela disse isso. Iris conhecia o amor e entendia a paixão. Ela foi muito feliz com Garlan e quando ele foi levado tão inesperadamente, a vida de Iris quase que tinha se acabado também.

Ela estava lá com Iris, a encorajado a continuar a viver, e agora Iris estava lá com ela, a encorajando a fazer algo por si mesma antes que fosse tarde demais. Antes que ela legalmente se tornasse a Sra. Fletcher Mallard.

Mas ainda assim, ela precisava parar e pensar se ela deveria considerar e seguir seus impulsos com um homem que conheceu há apenas três dias. O que havia em Dillon que a atraía e fazia com que ela sentisse coisas que nunca sentiu antes? Que fizesse com que ela desejasse coisas que nunca antes tinha desejado?

Algo pelo qual ela tentou por duas vezes e se decepcionou.

Por que ela sentia que com ele seria diferente? Por que será que lá no fundo uma parte dela sabia que seria? Poderia ser o modo como ele olhava para ela, a intensidade aquecida que ela sentia no seu olhar, o desejo que ela via mesmo que nenhuma palavra fosse dita.

Aquelas eram as coisas que a estavam persuadindo a se encaminhar a porta, a empurrando a subir os degraus um passo de cada vez.

 

Dillon olhou fixamente para as palavras escritas no diário, os olhos sentindo a tensão de ver as palavras, mas não as compreendendo. Ele tinha lido a mesma frase três vezes, mas a mente não estava no que Jay Novak escreveu a quase um século atrás. Ao invés disso, sua mente estava na mulher que estava no andar de baixo.

Por que algumas coisas tinham que ser tão complicadas? Por que a casa dos Novaks tinha sido o primeiro lugar na sua lista de pesquisas para achar a chave de sua herança como o primogênito dos Westmorelands do clã de Denver? E por que ele estava cobiçando uma mulher que outro homem já havia reivindicado?

Dillon fechou o diário e passou a mão de cima a baixo no rosto. Fletcher Mallard era um bem sucedido homem de negócios, e provavelmente um bom partido para qualquer mulher desta região. Evidentemente havia algo no homem que havia atraído Pam.

E evidentemente havia algo sobre ele que ela também achava atraente.

Não importava como as coisas parecessem, e não importava o fato de que ele apenas a conhecia há três dias, ele se recusava a acreditar ou até considerar a possibilidade de que Pamela Novak era o tipo de mulher que podia amar um homem e se envolver com outro. Ele só podia chegar à conclusão que ela não estava apaixonada por Fletcher. Então por que ela iria se casar com ele? - Dillon se perguntou.

Riqueza? Prestígio? Segurança?

Foi duro compreender que Tammi estava apenas interessada nele porque ele tinha chegado a Liga dos profissionais, e o pensamento de ser a esposa de um jogador de basquete profissional tinha massageado o ego dela. Quando ele não fez o que ela esperava, e além de sair do basquete ainda voltou para administrar os negócios da família, ele sabia que ela pensou que seria apenas por um curto espaço de tempo, embora ele sempre dissesse a ela o contrário. E quando ela não conseguiu afastá-lo de suas obrigações familiares, ela partiu.

Os pensamentos de Dillon foram interrompidos pelo som suave de passos se aproximando. Ele sentiu uma tensão no estômago. Seu corpo inteiro ficou tenso de antecipação, sabendo que poderia ser apenas uma pessoa. Ele não podia mais ficar sentado, então ficou de pé e colocou o diário de lado quando Pam cruzou o limiar da porta.

O coração dele começou a bater rapidamente em seu peito e seu corpo se enrijeceu ao vê-la em pé. Ela veio para ele. Ele não estava certo de que ela viria, mas ela veio.

O olhar dele enquadrou o corpo dela. Mais cedo ele gostaria de ter dito a ela como ela estava bonita vestindo a blusa branca e a saia azul escura. Foi a primeira vez que ele viu suas pernas e eram definitivamente um belo par de pernas.

—Parece que vai chover mais tarde, ela disse.

Ela olhou para fora da janela. Enquanto ela olhava, ele olhava para ela. O sol ainda estava brilhando e ele se perguntou como ela imaginou que poderia chover mais tarde. Se caísse qualquer coisa, ele achou que poderia ser neve. Como Denver, Gamble tinha seus dias ensolarados e noites frias, especialmente nesta época do ano. Mas no momento ele não se importava com isso também. A única coisa em sua mente agora mesmo era Pam.

Ela deu uma rápida olhada nele e ele percebeu que não havia respondido ao comentário dela sobre o tempo.

—Sim, realmente pode chover, ele disse tranquilamente.

Ela balançou a cabeça concordando e se voltou para a janela. A garganta dele secou a secar, enquanto um fogo líquido corria por suas veias. Naquele momento ele percebeu que ela deu o primeiro passo, agora era à hora dele fazer o mesmo.

Sem conseguir evitar sentiu um arrepio percorrê-lo da cabeça aos pés, e ele lentamente cruzou o cômodo, sabendo que cada passo o estava levando para mais perto da mulher que desejava. Quando ele parou atrás dela, ela se voltou e o olhou.

Ele olhou para baixo e ao ver o seu rosto pensou que ela parecia incerta e indecisa.

—Você dá. Eu tomo. Sem remorso, ele disse com a voz rouca.

Dillon esperou que ela entendesse porque ele falava sério cada palavra. Ela olhou para baixo para seu anel de noivado e o olhar dele a seguiu, ela retirou o anel do dedo e o colocou no peitoril da janela.

Só então ela olhou para cima encontrando o olhar dele e disse com uma voz suave, apenas audível, as exatas palavras que ele havia falado a ela.

—Você dá. Eu tomo. Sem remorso.

As palavras dela acenderam um fogo dentro dele e fez o desejo correr por todo o seu corpo fazendo-o respirar profundamente.

Ele deu outro passo em sua direção e ouviu o próprio gemido soar baixo em sua garganta ao mesmo tempo em que ele a alcançou e a puxou para os seus braços. E com uma fome voraz que fez com que ele sentisse até os dedos dos pés, ele abaixou a boca enquanto ela separava os lábios. A conexão foi explosiva, e as sensações correram por todo o seu corpo enquanto sua boca tomava sofregamente a dela, inundando de desejo todos os seus sentidos, atingindo diretamente a parte abaixo do cinto.

As mãos agarraram ao redor de sua cintura quando ela começou a tremer em seus braços, e ela o beijou de volta de um modo que fez tudo dentro dele, cada célula, se sentir nova, revitalizada e energizada. Ele não se recordava da última vez em que houvesse se banqueteado com a boca de uma mulher do modo como estava fazendo com a dela.

Ele não quis perder tempo em parar para respirar. Ele apenas queria continuar beijando, continuar pressionando-a contra seu membro para deixá-la sentir a evidência dura e sólida do que ela estava fazendo com ele, como ela o fazia responder.

O beijo continuou, parecia interminável até que o celular no bolso da sua calça tocou. Justo agora que ele foi conseguiu uma droga de sinal, ele pensou, e por um momento se recusou a soltá-la, precisando dela inúmeras vezes com os golpes de sua língua, embora cada estalido dentro da boca fizesse com que os músculos dele se contraíssem de um modo que ele nunca sentiu.

Ele esperou que o telefone parasse de tocar, mas quando não o fez, ele relutantemente tirou a boca da dela, depois correu a língua sobre os seus lábios ainda úmidos.

O toque cessou quando ele pegou o telefone do bolso e viu que o toque era uma mensagem de Ramsey. Ele verificou a mensagem que dizia uma palavra. Bane. Dillon friccionou os dentes, perguntando-se que diabo o irmão caçula tinha aprontado dessa vez.

Ele olhou rapidamente para Pam e naquele momento pensou que realmente não se importava, já que a mensagem de Ramsey tinha interrompido o beijo mais apaixonado de toda a sua vida. Nunca um beijo o tinha deixado com os sentidos descontrolados e fora de controle, seu corpo inteiro se sentia como se tivesse em chamas.

Ele sabia que Pam foi afetada pelo beijo tanto quanto ele. Ela parecia estar tentando se recompor. Eles fizeram muito mais do que pegar o momento, eles perderam o controle de um modo que ambos ainda lutavam para voltar a respirar normalmente.

Ele observava enquanto ela lentamente saía de perto da janela. Ela olhou para fora e ele não pôde evitar e se perguntou se ela tinha se arrependido e estava sentindo remorsos. Ele ficou tenso, recusando-se a deixá-la fugir dele tão facilmente.

—Venha ao meu quarto no hotel hoje à noite, Pam.

Ela se voltou e encontrou o seu olhar, mas antes que ela pudesse abrir a boca para dizer uma única palavra, ele a alcançou e a puxou de volta para os seus braços e tomou novamente o controle sobre a sua boca, mais uma vez.

Antes ele a beijou com necessidade. Agora era com desespero. Ele se recusou a deixá-la se incriminar de alguma forma, e se beijá-la era um jeito de impedir que isso acontecesse, então que assim o fosse. Ele estaria aqui e manipularia sua boca com beijos, para sempre se fosse isso o que ele tinha que fazer.

Um pouco depois, quando ele finalmente soltou sua boca, ela parecia um pouco ofuscada e seus lábios pareciam ligeiramente inchados. Ele ergueu a mão e empurrou o cabelo dela do rosto, tentado além da razão em afundar a boca na dela novamente. Apenas o pensamento de fazer isso fazia a mão dele tremer. Ele esperou que ela soubesse que isso não era o fim. Apenas o início.

E para se certificar disso, ele repetiu as palavras que tinha dito antes.

—Venha ao meu quarto no hotel hoje à noite, Pam.

Novamente ela olhou para cima e encontrou o seu olhar. Seus cílios tremeram por alguns segundos antes de ela responder.

—Não.

Mas antes que o coração dele pulasse ao chão, ela acrescentou.

—O Sr. Davis o dono do hotel me conhece, portanto não será uma boa ideia. Mas a minha escola de teatro fica a apenas alguns quarteirões da Rua Durand. Você irá lá?

Ele concordou rapidamente com a cabeça.

—A que horas?

—As oito, ela disse quase num sussurro.

—Hoje à noite eu tenho uma aula e nesse horário todo mundo já terá ido embora.

Houve um minuto de silêncio entre eles, ela então o procurou com os olhos.

—Então, você irá?

Seus lábios sorriram e ele ergueu a mão e acariciou sua face com os nós dos dedos, se debruçou para ficar mais perto dela e respondeu em uma voz baixa e rouca.

— Amor, somente a morte me manterá afastado de você hoje à noite.

 

                                                          Capítulo 6

Pam deu uma olhada rápida nos rostos excitados de seus alunos. Suas atuações tinham sido perfeita, todos sabiam as suas falas. Ela não tinha nenhuma dúvida de que Shauna Barne, de nove anos, tinha uma brilhante carreira de atuação no futuro.

Todo mundo estava se preparando para a peça que a Academia de Teatro Fábricas de Sonhos apresentaria no próximo mês, um Clássico de Charles Dickens, Um Cântico de Natal[4].

—Você precisa que eu fique pra te ajudar a arrumar as coisas?— Cindy Ruffin perguntou um pouco mais tarde, logo depois os alunos foram se despedidos e saindo apressados pela porta. Não choveu como Pam predisse, mas uma camada leve de neve estava descendo do céu.

—Não, tudo bem pode ir— ela disse sorridente.

Cindy era uma dádiva dos céus. Seu marido Todd foi colega de Pam e, como ela, Todd saiu de Gamble para ingressar na faculdade. Ele jogou futebol profissional até que um acidente deu fim a sua carreira. Há alguns anos atrás, depois do Furacão Katrina, Todd decidiu mudar-se de Nova Orleans e voltar com toda a família para a sua cidade natal. Todos na cidade ficaram contente com o seu retorno e após um ano Todd iniciou sua campanha para prefeito.

—Hoje a noite as crianças fizeram um ótimo trabalho, você não acha? — Cindy perguntou com um sorriso feliz nos lábios.

—Sim, e eu tenho que agradecer a Marsha por isso. São vocês que estão trabalhando incansavelmente com eles enquanto eu mexo com a papelada— ela disse.

—Sim, mas ter você por aqui é uma inspiração para eles e já mostra o quão bem sucedido se pode ser quando se trabalho duro. Você formou-se no segundo grau e logo em seguida foi para a Califórnia para realizar o seu sonho de atuar. Você sente falta de toda a ostentação e o deslumbramento de Hollywood?

Pam pensou na pergunta de Cindy. Uma parte dela sentia falta, mas como ela não fazia parte da “multidão de Hollywood” não havia muito com o que ela tivesse que desistir. Ela conseguiu participar de alguns filmes de baixo orçamento, e os seus encontros eram planejados, principalmente por seu agente com o propósito de fazer publicidade. Ela ficou a maior parte do tempo livre estudando suas falas para as audições.

—Não, eu realmente não sinto falta, ela disse honestamente.

—Pelo menos não tanto quanto pensei que sentiria. Aqui eu tenho muita coisa.

—Eu percebi. Cindy disse, olhando rapidamente para o anel de noivado de Pam.

—Você não fez um anúncio oficial do seu compromisso, mas acho que é pra logo. Vocês já marcaram a data?

Pam respirou profundamente enquanto olhava para a própria mão. Ela havia colocado o anel de volta depois que Dillon partiu. Sempre que ela pensava no beijo que eles trocaram, ela podia sentir seus olhos brilharem e as bochechas se queimarem. Ela nunca tinha sido beijada daquele maneira. Nunca.

Limpando a garganta ela disse — Não, ainda não.

Depois de alguns minutos mais de conversa, Cindy partiu, deixando Pam sozinha na espaçosa casa que agora alojava a escola de atuação. Tinha vários quartos no andar de baixo que tinham sido convertidos em escritório e salas de aula, e as paredes do segundo andar foram removidas para transformá-lo em um imenso estúdio.

O enorme porão foi transformado em um mini-set de filmagens onde as cenas podiam ser gravadas. Era aqui no Fábrica de Sonhos que ela estreou o seu primeiro filme de baixo orçamento para o grupo de teatro de Gamble. Ela sempre lembraria com carinho que começou por aqui.

Ela deu uma rápida olhada no relógio. Passava um pouco das sete. Ela teria uma chance de ficar sozinha por algum tempo antes de Dillon chegar, ela pensou.

Dillon.

Ela não podia pensar nele sem se lembrar do beijo que eles tinham trocado mais cedo naquele dia. E todas às vezes que se lembrava sentia inúmeras excitantes sensações percorrerem o seu corpo. Ela já tinha ouvido falar sobre homens que sabiam com excitar uma mulher, mas no caso de Dillon, ele não apenas a excitava mais a deixava ensandecida. Ele a levou a um caminho sem volta e ela ainda se sentia excitada.

Depois disso ele saiu da casa rapidamente, dizendo que era melhor ela fazer assim, pois temia não ser capaz de se controlar. Logo em seguida ela o viu sair com o diário de Jay embaixo do braço, enquanto tremores de desejo tomavam conta do seu corpo.

Fletcher ligou pela manhã antes dela sair de casa e disse que já tinha chegado de Montana mais não retornaria a Gamble no fim da semana como tinha planejado. Estava sendo difícil lidar com a companhia de seguro, e já seria o começo da semana que vem quando ele voltasse.

Ele perguntou sobre Dillon, querendo saber se ele ainda a procurava na cidade e ela foi franca com ele. Pam informou a ele que convidou Dillon novamente para jantar e que ele tinha ido a casa dela para terminar de olhar os artigos do sótão. Ela podia sentir por seu tom de voz que Fletcher não ficou contente.

Antes de ir a faculdade ela deu uma passado no escritório de Lester Gadling e pediu a ele para dar olhar novamente os documentos do seu pai para ter certeza de que não deixou passar nada na primeira vez. O advogado parecia agitado com a visita dela, e disse que iria fazer como ela pedia, mas ele estava confiante de que nada mudaria. Ela desejou que, de alguma maneira, ele tivesse cometido um erro.

Depois de ligar para as irmãs para ter certeza de que tudo ia bem e se tinham feito toda a lição, ela começou a caminhar por todos os cômodos, arrumando enquanto passava. Quando estava perto das oito horas, começou a sentir o nervosismo se alastrar dentro dela. O desejo pulsou dentro dela e sentiu o mesmo frio na barriga que sentiu pela manhã, um arrepio que ia desde os dedões dos pés até o fio de cabelo.

Ela não tinha nenhuma dúvida de que hoje à noite ela e Dillon fariam muito mais do que apenas se beijar. Ela sabia que eles teriam a paixão mais intensa. Ambos dariam e tomariam e ela estava contando que nenhum dos dois viessem a sentir qualquer tipo de remorso. Agora que ela já tinha pensado em estava certa de sua decisão e admitia que precisava dele hoje à noite. Ela o queria e tinha a intenção de tê-lo.

 

Depois de parar o carro no estacionamento vazio, Dillon desligou o carro e verificou o relógio. Notando que ainda não eram nem oito horas e decidiu esperar um pouco mais.

Ajustando melhor o banco do carro para poder acomodar as pernas longas, ele as esticou na frente do corpo enquanto soltava um suspiro fundo. Parecia que o tempo não fazia nada além de reavivar as lembranças do que aconteceu pela manhã com Pam.

A espera quase o enlouqueceu então ele tentou ler um pouco mais do diário. Até agora tudo o que Jay Novak tinha escrito eram informações sobre os negócios de laticínio e o quão bem ele e Raphael trabalhavam juntos. Aparentemente, Jay não tinha suspeitado da relação entre Raphael e Portia.

Os pensamentos de Dillon se voltaram para Pam. No passeio para o hotel ele conversou seriamente consigo mesmo. Exagerar por causa de uma mulher não era típico dele, mas descobriu que nada do que acontecia com ele era normal quando se referia a Pamela Novak. Do momento em que ele colocou os olhos nela, ela o tocou de um modo que nenhuma outra mulher já havia feito antes, e isso incluía Tammi.

Ele verificou novamente o relógio, cada minuto parecia se arrastar tanto era a necessidade que ele sentia por estar com ela e segurá-la nos seus braços mais uma vez. Ele queria correr as mãos por todas as partes do corpo dela e saboreá-la com seus lábios e língua. Ele se moveu no banco enquanto sentia o corpo ficar duro. Estava frio, mas dentro do carro estava ficando muito quente.

Dillon tentou concentrar-se em qualquer outra coisa enquanto esperava. Seus pensamentos se voltaram para a conversa que ele teve com Ramsey algumas horas antes em relação à mensagem de texto que ele havia enviado. Ramsey recebeu um telefonema bravo de Carl Newsome. Parecia que Bane estava saindo com a filha do homem novamente e fazendo o pai dela completamente infeliz ao ponto dele ameaçar fisicamente ao mais jovem dos Westmoreland de Denver caso ele não deixasse Crystal Newsome em paz.

Dillon agitou a cabeça. Desde que ele podia se lembrar, seu irmão caçula sempre quis pegar Crystal Newsome. Se Bane não ficasse esperto e deixasse Crystal em paz, acabaria entrando em encrencas.

Dillon verificou o relógio mais uma vez e soltou uma longa respiração, abriu a porta do carro e saiu. Ele não podia se lembrar da última vez em que havia se movido furtivamente para se encontrar com uma mulher sob o véu da noite, mas enquanto caminhava em direção à entrada da Faculdade de Teatro Fábrica de Sonhos, hoje à noite ele teve o pressentimento de que tal gesto valeria muito a pena.

 

Foi quando os pés de Pam tocaram o último degrau que ela ouviu uma batida na porta. Sem perder tempo, ela foi em sua direção. Eram exatamente oito horas.

Enquanto se aproximava ela podia ver Dillon através da porta de vidro. Ele estava em pé olhando fixamente para ela com uma expressão intensa no rosto. Seu olhar enviou arrepios por todo o seu corpo, embora a temperatura estivesse agradável. Ela molhou os lábios nervosamente enquanto abria a porta e estremeceu ainda mais quando sentiu um golpe de ar frio.

Ela deu um passo atrás para Dillon entrar, ele fechou a porta e deu a ela seu melhor sorriso com covinhas, e ela sentiu o calor crescer dentro dela. Como sempre, ele estava bonito. Ele tinha trocado de roupa e agora usava uma calça comprida escura e uma camisa azul abotoada até a gola. Ao invés do longo casaco ele agora usava uma jaqueta de couro preto.

Ela se sentiu ridiculamente feliz por vê-lo e por falta de qualquer outra coisa por fazer, ela disse — Hoje não choveu como eu tinha dito.

—Não, não choveu. — O tom de sua resposta combinou com o calor do seu olhar. Ao olhar fixamente para ele viu uma chama intensa nas profundezas dos seus olhos.

Ele olhou rapidamente ao redor e ao sentir a sua curiosidade disse:

—Vamos, me deixe mostrar o lugar à você. Ela estendeu a mão a procura da dele e então pensou melhor. Se ela o tocasse agora, em qualquer parte, ela provavelmente perderia o pouco autocontrole que ainda tinha. Pelos próximos cinco minutos ela o levou por um tour pela faculdade e ela podia dizer que ele ficou impressionado com tudo o que viu.

—A mulher que morou aqui foi sua professora?— Ele perguntou após ela terminar a excursão na parte de cima e estava pronta para mostrar o porão.

—Sim. Louise Shelton era minha professora de teatro e me ajudou a conseguir uma bolsa de estudos para cursar a faculdade na Califórnia. Ela morreu alguns meses depois que eu voltei pra casa depois que o meu pai morreu. Quando ela morreu, deixou este lugar para mim com algumas condições.

Ele ergueu uma sobrancelha. —Que tipo de condições?

—Que eu nunca poderia vendê-la e que o local sempre seria usado para o que tinha sido planejado, ou seja, uma faculdade de teatro. Eu não tenho que permanecer aqui e manter a escola indefinidamente, mas tenho que me certificar de ela seja administrada do modo que eu sei que Louise gostaria.

Ele balançou a cabeça concordando enquanto continuava caminhando ao lado dela. Uma parte dela estava ciente de que eles estavam desperdiçando tempo quando os dois sabiam exatamente o que queriam fazer e por que tinham marcado de se encontrar aqui às oito horas.

Ela estava disposta a seguir adiante se ele também o quisesse, porém ela duvidou que ele tivesse ideia do que sua presença fazia com ela, só de caminhar ao seu lado dava um nó em seus sentidos e punha a prova o pouco de autocontrole que ainda lhe restava.

Quando eles chegaram os degraus do porão ele diminuiu o passo para deixá-la ir a primeiro, e ela podia sentir a intensidade do seu olhar novamente. Foi necessário todo o seu esforço para conseguir por um pé à frente do outro, tomando cuidado para não tropeçar, sentia ele muito próximo à dela analisando cada passo que ela dava. Quando ela chegou ao último degrau ela se voltou e esperou que ele se juntasse a ela.

E que a beijasse.

Ela teve o pressentimento que ele já sabia disso. Ele sabia provavelmente ao perceber o modo como ela respirava ou pelo modo como ela agora o olhando enquanto ele descia os degraus em sua direção. Sem dúvida não era apenas essa mais a soma de todas essas coisas. E realmente, não importava. O importante era que ele era intuitivo o suficiente para entender o que ela queria e precisava, e assim que ele se juntou a ela no piso inferior, colocou suas mãos na cintura dela e a puxou para os seus braços. Antes que ela pudesse puxar a respiração, ele se debruçou e conectou sua boca a dela.

 

Dillon percebeu que podia ficar a noite toda em pé e se embebedar dela.

Ou talvez não.

Mergulhando em sua boca, saboreando-a com tal intensidade, cobiça e fome, que fazia todo o seu corpo pulsar. O desejo que se espalhava por seu corpo era tão intenso que ele mal podia se controlar.

Ele mudou de posição, pois precisava fazê-la sentir o quanto ela o estava excitando, o que mostrava o quanto ele a queria, e o quanto ele precisava dela. Ele percebeu que ela tinha entendido o recado perfeitamente quando sentiu ela colocar os braços ao redor do seu pescoço e movimentou seu corpo de modo a descansar a junção de suas coxas sobre a sua ereção. Maldição era como se ela sempre pertencesse a esse lugar, ele pensou.

Bem, não exatamente.

O lugar a que ele realmente pertencia era dentro dela, bem no fundo. Inferno, ele era um homem, um Westmoreland. Ele conhecia os irmãos e primos que haviam crescido com ele, e ele conheceu os primos de Atlanta. Ele não tinha nenhuma dúvida que todos tinham algo em comum quando o assunto se referia a seus instintos básicos e primitivos. Todos apreciavam fazer amor com suas mulheres.

Ele se imaginava tomando-a em todos os lugares, queria fazer amor com Pam em todos os cômodos e em todas as posições que pudesse sonhar e mais outras tantas. Ele poderia ficar bastante criativo. Mas primeiro, começaria pela boca, a beijando com um desejo tão intenso que o fez pensar onde diabo estava a maldita cama quando se precisa de uma.

Como se ela sentisse sua agitação e o motivo da mesma, ela afastou sua boca para longe, pegou a mão dele e o levou por um lugar que parecia com um set de filmagem de novela.

Eles atravessaram uma sala de estar e de jantar, e ele teve um vislumbre de uma cozinha antes de ir ao encontro de uma parede falsa que levava a um quarto decorado com cortinas brancas em uma janela falsa.

Com um suspiro trêmulo ela parou na cama, e Dillon olhou no fundo dos seus olhos. Ele podia sentir que ela estava ficando nervosa e ele decidiu dizer as mesmas palavras que tinha dito mais cedo naquela manhã. Palavras que ela parecia ter entendido e aceitar.

—Você dá. Eu tomo. Sem remorso.

Por um momento ela olhou fixamente para ele, foi quando ele viu seus lábios se curvavam em um sorriso fácil. Eles seguiriam com os planos hoje à noite. Nenhuma pergunta, não era necessária nenhuma discussão. O principal para ele era conseguir estar dentro dela sentindo sua umidade cercando, apertando e sugando, o que o fez decidir que tinham ainda um assunto pra discutir. Controle de natalidade.

—Eu trouxe preservativo, ele disse, batendo de leve no bolso da calça comprida. Não havia necessidade de dizer quantos ele tinha para não assustá-la.

—Eu estou tomando pílula. E mordendo nervosamente o lábio inferior acrescentou.

—Não estou dormindo com Fletcher. Nunca dormi, caso você esteja se perguntando a respeito da minha saúde.

Fletcher.

Foi só então que ele se lembrou do outro homem, e isso o fez olhar sua mão. Ela tinha tirado o anel novamente. Ele se perguntou por que ela e o noivo nunca tinham sido íntimos. Não que ele estivesse reclamando.

Ele não acreditava que ela pudesse ser o tipo de mulher que estivesse apaixonada por um homem e dormia com outro. Isso mostrava que algo no seu compromisso com Mallard não estava bem. Mais cedo ou mais tarde ele tinha a intenção de ter obter algumas respostas. Mas não agora.

A única coisa que ele queria agora mesmo era um pouco mais dela.

De repente ele percebeu que o cheiro dela mudou e, como um homem intensamente focado na mulher que deseja, ele o respirou uma mistura potente de perfume e química corporal. Era um aroma que podia deixar um homem selvagem e fazia com que ele quisesse estar dentro dela o mais rápido possível e explodir em todos os lados. Mas somente depois de ter certeza de que ela estava pronta para explodir com ele.

Durante muito tempo depois de Tammi ter partido, ele ainda mantinha a guarda quando o assunto era mulheres, e apenas saía quando sentia que o desejo físico de transar o faria relaxar, aliviar o estresse e manter a abundância de hormônios em equilíbrio. Mas Pam tinha algo diferente, algo que ele tinha percebido logo no primeiro momento em que a viu.

Ela dava vida a algo dentro dele e ele sabia que fazer amor com ela era mais do que apenas liberar a raiva ou a frustração. Mais do que um ótimo sexo. Era uma conexão que ele nunca sentiu antes com outra mulher. A conexão era em um plano tão elevado que fazia com que suas entranhas pulsassem.

Com uma respiração funda e trêmula, ele alcançou e balançou o queixo dela, precisava mergulhar em sua boca mais uma vez e intensificar a conexão que ele já sentia. E quando ela automaticamente se apertou mais contra ele, ele aprofundou o beijo e deslizou os braços ao redor dela, num abraço apertado como se ele nunca fosse deixá-la partir.

Ele se concentrou na boca da mesma maneira que tinha feito mais cedo naquele dia. Um dia ele ouviu uma mulher dizer que nunca tinha sido realmente beijada, depois de ter beijado a um Westmoreland. Depois dessa noite Dillon queria ter certeza que Pam pensasse da mesma coisa.

Então com exímia precisão e meticulosidade de um mestre, Dillon vagarosamente começou a movimentar a língua. Ele penetrou em áreas de sua boca que a fez gemer, e mexeu com seus sentidos de tal maneira que os sons que ela estava emitindo eram uma prova disso. Ele gostava de beijar, mas minutos depois percebeu que queria muito mais. Puxando a boca da dela ele deu um passo para trás e tirou a jaqueta.

Depois de jogá-la em uma cadeira ele sussurrou

—Tire a minha roupa, depois eu tirarei a sua. Ele tinha a intenção de deixar o melhor por último.

Um par de olhos incertos olhava fixamente para ele de um modo que ele acabou perguntando — Você já fez isso antes, não é?

Ele viu um bolo se formar na garganta dela à medida que ela engolia, e então ela disse com uma voz apertada — Qual parte?

Qual parte? Ele ergueu uma sobrancelha curiosa antes de responder.

—Qualquer uma.

Ela encolheu os ombros femininos.

—Eu já transei antes, se é isso o que você quer saber. Na faculdade. Duas vezes. Mas não foi bom. Ambas às vezes terminou antes de começar. E eu nunca despi a um homem.

Ela então abaixou os olhos por um segundo antes de retornar aos olhos dele com um rubor no rosto.

—Eu disse demais, não é? Ela perguntou suavemente. —Dei informações demais?

Até onde preocupava Dillon, definitivamente não eram informações demais. O que ela acabou de dizer era algo que ele precisava saber. Agora ele estava ciente do que ela precisava e de como precisava. Se uma mulher merecia que fizessem amor do jeito Westmoreland esse alguém era ela. E ele tinha a intenção de fazer por horas. Orgulhoso e alegremente. Hoje seria uma noite que ela não se esqueceria facilmente. De fato, ele tinha planejado agir lentamente se certificando de que cada aspecto da noite ficasse gravado na memória dela para sempre.

—Não, você me disse o que eu precisava saber, ele disse. De fato, ele estava certo de que havia mais, como o porquê do homem com o qual ela tinha a intenção de se casar ainda não ter feito esse trabalho. Mas eles conversariam sobre Fletcher mais tarde.

—Vou fazer com que me despir valha à pena, disse sorrindo para ela e já imaginando suas mãos em todo o seu corpo.

—Vá em frente bebê, e faça a sua parte.

Ela lhe deu um sorriso hesitante, estender a mão e seus dedos começaram a soltar os botões da camisa dele, seu estômago deu um nó. Ele tinha a intenção de tornar a sua primeira vez especial se dedicando somente em satisfazê-la, o que o fazia lembrar que ele deveria seguir lentamente e se conter para que não perder o controle, ainda que isso o matasse.

 

Pam empurrou a camisa para fora dos ombros e ficou maravilhada como os ombros de Dillon eram largos. Ela não podia resistir à tentação de tocá-los, pasma com a força que sentia neles. Então suas mãos deslizaram pelos pelos escuros do seu tórax e ela deu uma olhada rápida para baixo e viu o seu abdômen duro e reto. Dillon tinha um corpo poderoso, ela pensou.

Decidindo verificar outras partes daquele corpo, ela arrastou os dedos para baixo. No momento em que fez isso, ouviu o influxo afiado da respiração dele e deu uma rápida olhada para o seu rosto. Seus cílios escuros estavam abaixados enquanto seus olhos nublados e sensuais a estudavam.

Sabendo que eles não tinham a noite toda, ela desafivelou o cinto e o puxou antes de jogá-lo para que ele se juntasse à jaqueta e à camisa na cadeira. Ela o olhou rapidamente.

—Antes de continuar preciso tirar suas botas e meias, ela disse suavemente.

Ele sorriu antes de se sentar na cama para que assim ela pudesse remover as botas e meias. Quando ela acabou, ela andou para trás e ele ficou de pé novamente. Instintivamente suas mãos foram para a cintura e ela desceu o zíper. Arrastá-lo para baixo não foi tão fácil quanto ela pensou que seria, principalmente por causa do tamanho da ereção. Era difícil de acreditar que ele a queria tanto assim.

—Precisa de ajuda?

Ela deu uma olhada rápida para ele.

—Tudo ficará bem assim que eu conseguir descer este zíper aqui.

Ele riu. —Aqui onde?

Ela não pôde evitar e riu antes de responder.

—Você sabe onde. E por que você tem que ser tão grande? Muito tarde. Ela não podia acreditar que realmente tinha perguntado isso.

Completamente envergonhada, ela o observou e viu o enorme sorriso em seu rosto.

—Isso não é engraçado, Dillon Westmoreland.

—Não, amor, essa é a coisa mais bonita que alguém já me disse.

Ela sabia que ele a estava provocando, claro, e depois de mais alguns momentos mexendo no zíper, ele finalmente cooperou. Ela pôde descer a calça dele pelas pernas e ele saiu dela. Satisfeita, ela deu um passo para trás. Havia apenas uma peça sobrando, o calção dele. Ela fez uma carranca perguntando-se por que ela não tinha pensado em removê-lo com as calças.

—Não é assim tão difícil— ele disse com uma voz profunda e rouca.

—Talvez não seja para você, mas é para mim, ela disse fazendo um beicinho brincalhão. —Essa é minha primeira vez e tenho que pegar o jeito.

Um sorriso curvou os lábios dele.

—Não, você não precisa. Você pode fazer tudo errado e ainda assim eu farei amor com você hoje à noite.

As palavras assim como o olhar determinado, fizeram com que algo dentro dela ficasse ávido por remover a última peça de roupa. Ela estava curiosa para desnudar aquela parte do corpo dele que ela tinha tido mais dificuldade. Pelo modo como o calção se ajustava, ela teve uma boa ideia de como ele era bem dotado. O resto dele era muito bem definido, definitivamente viril e oh muito macho.

Ela inseriu os dedos no cós do calção e suavemente o arrastou pelos quadris com certa dificuldade pela perna comprida. Mas quando terminou o corpo dele foi totalmente exposto aos seus olhos, e tinha valido a pena, e muito, a dificuldade. Seu corpo era perfeito com roupa, ela esta apreciando e muito a visão dele fora das roupas. Ela já tinha visto um homem nu antes, mas não um tão bem feito assim. Não um tão grande e duro.

—Algum problema?

Ela deu uma olhada rápida para cima e encontrou o olhar dele, parecendo de repente tímida, desajeitada e insegura de suas capacidades quando a questão era ele.

—Espero que não, ela disse suavemente.

—Não há, ele a contradisse.

—Vá em frente, faça do seu jeito. Toque. E então com uma voz mais baixa ele disse.

—Conheça-o.

Conhecer? Ela nunca havia afagado um homem antes na vida, mas fazendo como ele sugeriu, ela esticou a mão e correu os dedos na ponta, fascinada por sentir a cabeça lisa. Então ela correu as pontas dos dedos ao longo dos lados, maravilhada com as veias inchadas. E quando ela finalmente conseguiu fechar a mão ao redor dele, ele gemeu alto.

Ela depressa soltou a mão. —Desculpe, eu não queria te machucar.

—Não machucou. De fato, foi o oposto. Seu toque é bom.

Ela sorriu. —Sério?

—Sim.

—Hmm, nesse caso… Ela começou a acariciar de cima a baixo o comprimento da ereção espessa. Ela segurou o olhar dele e assistiu enquanto os olhos ficavam vítreos e os lábios pareciam tremer. Ela sorriu, satisfeita com os próprios esforços e o que eles estavam fazendo com ele.

—Não é tão ruim para uma amadora, não é? Ela provocou, sentindo como se tivesse realizado algo monumental e estivesse orgulhosa de si mesma por fazer isso. Ela permitiu que suas mãos ficassem mais dinâmicas enquanto via sua ereção ficar cada vez mais dura e espessa em suas mãos.

—Eu não tenho nenhuma reclamação, ele disse com o que soou como um gemido torturado. Sua reação física a fascinava e lhe dava um nível de feminilidade orgulhosa que aumentava a sua coragem.

—Quando você tiver se divertido o bastante, será a minha vez, ele disse com uma voz que aos ouvidos dela soava como um ronronar intoxicado.

Ela considerou se seria sábio continuar o que estava fazendo por muito tempo e deu uma olhada nele por debaixo dos cílios. Os olhos dele estavam fechados e a cabeça estava jogada para trás em um ângulo que mostrava as veias do pescoço. Elas pareciam que estavam repuxadas. Quase prontas para estourar.

—Ei, eu estou apenas fazendo exatamente o que me mandaram. Você disse que eu deveria fazer, ela disse defensivamente sem conseguir esconder o riso.

Decidindo que ela já tinha conseguido conhecê-lo muito bem, ela o soltou e andou para trás e assistiu enquanto ele lentamente recuperava o controle. Então ele olhou fixamente para ela e murmurou com a voz baixa e gutural.

—Agora é a minha vez de te despir.

 

Tirar a roupa dela seria apenas o começo, Dillon pensou, olhando para ela e imaginando como ela seria sem a calça jeans e o suéter. Até agora ela parecia sensual com o cabelo preto cor de corvo caindo ao redor dos ombros, algumas mechas soltas cascateando ao redor do rosto. Ele pensava em fazer amor com ela desde que ele havia saído de casa, e agora que ele estava aqui, e ele totalmente nu na frente dela sabendo que logo, muito logo, ele estaria dentro dela fazia o seu corpo inteiro pulsar intensamente.

—Venha aqui, Pam, ele murmurou com um tom ofegante, e assistiu enquanto ela não hesitou em diminuir a pequena distância entre eles.

Quando ela estava dentro do seu alcance, ele a alcançou e a puxou pela cintura a trazendo para mais perto para se ajustar a ele, sem dúvida ele estava certo de que ela podia sentir sua dureza e calor através da calça jeans.

Mas ele queria mais. Ele queria dar mais a ela. Queria deixá-la sentir mais. E com o que pensou estar firmemente plantado em sua mente, ele esticou a mão e tirou o suéter dela por cima da cabeça. Logo em seguida ele o atirou por sobre a cadeira. O sutiã preto rendado era sensual, mas também precisava sair e ele não demorou a fazê-lo. Como o suéter, ele seguiu o mesmo caminho voando para a cadeira.

—Boa pontaria, ela falou se debruçou para mais perto dele, a respiração morna contra a garganta dele.

—Obrigado, ele falou roucamente, o olhar preso nos seios cheios. Os seios eram montículos cheios, firmes e gêmeos sustentados por ombros delicados e femininos. Como se um imã atraísse o seu olhar os olhos foram atraídos pelos mamilos e, incapaz de resistir à tentação, ele o tomou com os dedos ele apertou ambas as pontas endurecidas.

Mas ele queria fazer mais do que apenas olhar e tocar. Ele queria saboreá-los e, com esse pensamento em mente, ele se debruçou e abaixou a boca para fechá-la sobre um cume de aparência deliciosa que estremecia.

—Dillon.

No momento em que ela disse o nome dele, ele esticou a língua para corrê-la através de um mamilo antes de puxá-lo para a boca e chupar com toda seriedade. Ele nem mesmo tentou mudar a posição quando ela ergueu a mão para envolver a cabeça dele e mantê-lo exatamente onde ele estava, para que ele continuasse o que estava fazendo. Não que ele tivesse a intenção de parar. O gosto dos seios dela o estava excitando, com um movimento fácil, ele trocou sua boca para o outro mamilo sofregamente para manipulá-lo com a mesma atenção.

Quando ele ergueu a cabeça e encontrou o olhar dela, ele mal pôde impedir o corpo inteiro de tremer. A necessidade dela, de fazer amor com ela, surgiu por ele e ele ficou de joelhos para remover seus sapatos e meias. Para se manter equilibrada, ela colocou a mão no ombro dele e o toque fez os seus músculos ondularam enquanto sensações rugiam dentro dele, fazendo com que ele apertasse os dentes.

Depois de remover os sapatos e as meias, ele ficou de pé e endireitou o corpo ficando totalmente ereto e sem dizer uma única palavra agarrou o cós de sua calça jeans. De alguma maneira ele conseguiu segurá-la até que ela ficou diante dele com nada além da sensual calcinha preta de renda. Era a calcinha que ele tiraria dela e ele lutava contra o desejo de rasgá-la.

Ficando de joelhos, ele começou a abaixar a calcinha pelas longas e magníficas pernas e deu uma respiração funda quando o odor dela o envolveu. Ele olhou para cima e viu o desejo aquecer os olhos dela.

Se agarrou a toda a sua força de vontade para ficar de pé, e sem desperdiçar mais tempo, ele a alcançou e a pegou nos braços. Segurando-a suavemente ele se encaminhou para a cama e juntos eles caíram sobre as cobertas.

 

                                                       Capítulo 7

Pam sentiu o estômago virar quando olhou para cima nos olhos de Dillon. Ela tinha acabado com as costas na cama, entre as coxas firmes dele, com ele sobre ela. Naquele exato momento ela sentiu várias coisas. Capturada. Presa em uma teia. A dele.

Ela imediatamente tirou isso da mente. Como uma mulher podia estar comprometida com um homem e ser possuída por outro? Ela não queria que nada a confundisse nesse momento, e com certeza ela não queria pensar em Fletcher. Esse era o seu momento, o seu interlúdio sensual, o momento de se ocupar com algo que ela nunca mais poderia ter novamente.

Você dá. Eu tomo. Sem remorso.

E pelos olhos que a encaravam e os braços presos ao seu redor, ela tinha o pressentimento de que Dillon Westmoreland estava mais do que pronto para tomar tudo o que ela tinha pra dar. E não era hora para remorsos.

Ele começou a abaixar a cabeça e ela ergueu a dela para encontrar a boca dele. No momento em que eles se tocaram, ele começou a devorá-la com uma fome e necessidade que ela sentiu até os dedos dos pés. Ele a havia beijado sofregamente antes, mas desta vez era um tipo diferente de fome, uma que se aproximava da insaciabilidade. Como se, não importasse quantas vezes ele a beijasse ou o quão fundo e completo os beijos fossem, ele nunca poderia ter o suficiente. Porém, isso não significava que ele não tentaria. E neste caso, tentar significava usar a língua para o prazer dela de um modo que ela nunca tinha imaginado antes. Nenhum homem tinha se dedicado a ir tão lentamente antes e se concentrando em tantos detalhes durante um beijo. Era uma prática que ele havia aperfeiçoado e ela recebia satisfeita.

Ele dava tudo e não continha nada. Provocando-a, tentando-a, quase exigindo que ela devolvesse a mesma coisa. E ela o fez corajosamente, retornando o beijo com a mesma voracidade. Ela envolveu os braços ao redor do pescoço dele enquanto ele afundava a boca muito mais funda dentro da dela. A resposta era atrevida, os desejos agudos e os sentidos no momento foram atirados ao inferno.

Ele cessou bruscamente o beijo ao mesmo tempo em que as mãos começavam a se mover por todo o seu corpo enquanto ele segurava o seu olhar. Começando no centro da garganta, ele lentamente foi descendo pelo caminho em direção ao peito. Quando ele alcançou os seios e correu o polegar através das pontas salientes, o prazer que ela sentiu foi tão afiado que ela quase se esqueceu de respirar. E quando ele se debruçou mais perto para substituir os dedos pela boca, ela sentiu o calor crescer por entre suas pernas.

Quando ele colocou a língua no mamilo, ela ofegou. De repente ela se sentia cheia como se precisasse gritar, mas não podia. O máximo que ela podia fazer era reunir energia suficiente para gemer. Então a boca dele soltou os seios e ele começou a traçar um caminho quente até o umbigo com a língua. Ele parecia fascinado por seu umbigo e ela sentiu sua língua molhada ao redor dele. Ela estremeceu quanto o estômago apertou e então relaxava, inúmeras vezes.

E quando ela pensou que ele retornaria à boca, ele moveu o corpo, ergueu os seus quadris e afundou a cabeça. No momento em que a ponta fervente de sua língua foi dentro do caroço da sua feminilidade, ela emitiu um gemido alto ao mesmo tempo em que ela ouviu o grunhido dele de satisfação.

Era evidente pelo modo como ele estava usando a língua dentro dela que ele apreciava este modo de fazer amor. Ele fazia isso com tal dedicação ardente que ela estava quase em lágrimas. Ela estava entre a boca dele e o colchão. Ela percebeu que ele não pretendia deixá-la ir a qualquer lugar até que ele conseguisse ter a parte dele.

E ele não pretendia se apressar.

Ele era meticuloso no modo de fazer amor, empurrando-a até o cume e levando-a novamente perto da extremidade. Ela não podia esconder sua resposta e gemia descaradamente segurando firmemente os seus ombros enquanto ela era o prazer dele.

E momentos mais tarde ela deu um grito quanto uma maré de prazer a golfou desde baixo, a boca permaneceu presa na dela, como se ele estivesse determinado a saborear até a última gota dela.

Foi só mais tarde, quando ela se sentia fraca demais, mais mole do que manteiga e ansiando por respirar que ele se ergueu e retirou a boca de dentro dela. Ele se debruçou novamente em suas coxas, lambeu os lábios e deu um sorriso que a fez gozar tudo de novo.

 

Não havia nada mais bonito do que ver uma mulher embreada na agonia do êxtase, Dillon pensou, enquanto estudava as feições de Pam. E apenas saber que ele tinha sido a causa dele enviou chamas de desejo clamando por todo o seu corpo e fez com que seu corpo duro parecesse mais duro ainda.

Com os olhos vidrados nele, ela viu ele saiu da cama e agarrar a calça. No bolso ele retirou vários pacotes de preservativos e jogou todos, menos um, na mesinha de cabeceira. Ele então colocou um, sabendo que Pam assistia cada um de seus movimentos.

Ele era um homem que nunca teve problema com sua nudez e pensar que ele estava em exibição, exposto e sendo verificado da cabeça aos pés, não o preocupou em nada. A única coisa em sua mente era fazer amor na cama com essa mulher. E que retrato ela fazia. Sensual. Nua. Exposta. Parecia que ela não tinha problemas com sua nudez também, e ele estava contente por isso.

Ele voltou à cama e a trouxe para junto dele, precisa segurá-la, tocá-la, beijá-la. A boca encontrou a dela novamente e ele desceu a mão em direção às coxas separadas. Inserindo um dedo dentro dela, ele capturou a arfada dela diretamente com um beijo.

Ele até tragou o gemido dela quando o dedo dele começou a se mover dentro dela, lentamente com golpes determinados e bem definidos, gloriosos com sua umidade, respirando o odor excitado. Durante todo o tempo as bocas e línguas estavam acasalando sofregamente, e com uma necessidade que ele sentia em todas as partes do seu corpo, especialmente no membro que pulsava.

Ele não estava certo de conseguir aguentar muito mais, ele a puxou ligeiramente para encostar as costas dela no fundo do colchão enquanto ele se movia de posição, simultaneamente abrindo as coxas dela e prendendo as mãos dela sobre a cabeça dele.

Ele mudou de posição novamente para conseguir a parte mais baixa do corpo dele em forma perfeita, com a cabeça da ereção na entrada dela. E então, enquanto ela o assistia, ele começou a abaixar o corpo, surgindo dentro dela. No momento em que a cabeça entrou em contato com o calor, ele quis empurrar para o lado de dentro, mas ele se sentiu como se fosse algo que ele tinha que saborear, ainda que isso o matasse.

E com cada centímetro que ele empurrou para dentro dela, sentiu como se estivesse literalmente morrendo. Ela era apertada e os músculos do corpo estavam empapados embaixo dele, agarrando-o com tudo, e em resposta ele soltou as mãos para agarrar os quadris dela, determinado a ir tão fundo quanto pudesse.

Um mundo de prazer absoluto começou a se aproximar dele, engolfando-o com o desejo de se mover. Ele envolveu a parte inferior dela, então pôde cavar mais fundo, e com golpes lentos, fixos, ele começou a apostar sua reivindicação nela. Cada vez que ele deslizava dentro dela, e todas as vezes que ele deslizava para fora dela, ele sentia um puxão afiado de sanidade, uma dose de prazer que aumentava e uma fortaleza que o dirigia para o mesmo calor, uma força sedosa que o estava comandando.

Deu certo. Ela começou a se mover com ele, juntou-se a ele, cerrou em torno dele, sugou-o ao ponto dele sentir que tudo estava sendo retirado dele. Ele juntou as pernas com as dela e então, enquanto enterrava bem no fundo dela, ele começou a dobrar o corpo mais baixo de modo a conseguir ficar tão perto quando podia, indo bem fundo, acasalando de forma dura, empurrando nela rapidamente. E quando ela gritou o nome dele, ele jogou a cabeça para trás quando o prazer que rasgava por ela o rasgou também.

E o nome que ele gemeu dos lábios foi o dela. O corpo dele estava explodindo dentro do dela. E os lábios que ele sabia que tinha que saborear naquele exato momento eram os dela.

Tudo era sobre ela, assim como a habilidade dela de fazê-lo sentir coisas que nenhuma outra mulher podia estavam ardilosa e atraentemente sendo transmitidas de um modo satisfatório. Emoções que ele não podia definir, e não apenas em um plano físico, músculos energizados o faziam ansiar mais intensamente. Fazer amor com ela não era apenas bom, era brutalmente bom. Tão bom que ele realmente se sentia chicoteado. Os sentidos estavam quebrando em mil pedaços e, enquanto as sensações continuavam a correr por ela e se estender nele, ele sentiu uma sensação de realização que sabia que só podia achar com ela.

 

Pam se perguntou se ela teria a habilidade de se mover novamente, e não estava certa de que quisesse. Ainda agora ela estava envolta nos braços de Dillon, as pernas emaranhadas, os braços entrelaçados e os corpos ainda intimamente conectados. Ela se sentia drenada, deliciosamente exausta, de um modo que fazia com que ela quase ronronasse.

O modo como ele estava drapejado através dela, ela não tinha que mover a cabeça para examinar os seus olhos, já que ele estava lá olhando fixamente para ela com o mesmo assombro e realização sexual nos olhos que ela sentia no corpo. Isso era o que Iris queria que ela experimentasse pelo menos uma vez na vida e agora ela estava contente por ter feito isso. Essa foi a última satisfação sexual e a mais agradável, uma paixão de acabar com os sentidos.

Ela usou músculos que não tinha usado antes, e ela achou cada parte dele, tanto as que estavam trabalhando quanto as que não estavam, tendo um propósito definido. Ela podia apenas ficar na cama até tarde espantada, enquanto tentava diminuir a velocidade do coração que batia tão rápido no peito.

Ela se sentia estimada, protegida e desejada. Não só pelo modo como ele a estava olhando, mas a carícia gentil da mão na coxa, como se ele ainda tivesse que tocá-la de alguma forma, mesmo depois do resultado da felicidade sexual compartilhada.

Pam moveu os lábios para dizer alguma coisa, mas nenhuma palavra saiu. E isso foi bom, porque ele se debruçou e capturou sua boca de novo. Ela ergueu a mão para a bochecha dele, precisava tocá-lo, e sentiu o movimento da boca sob a palma.

Quando ele finalmente quebrou o beijo, ela se sentia perfeitamente contente e quando ele finalmente a soltou e se retirou lentamente para o banheiro, ela sentiu uma sensação profunda de perda. Ela esperou ele retornar e quando ele apareceu na porta andando nuas, as pernas longas e musculosas separadas, ela pensou que sua postura tinha uma sexualidade masculina que quase fazia com que ela babasse. O olhar dela se moveu por todo o seu corpo e o principal, que ela não podia deixar de perceber, era que ele estava novamente completamente excitado.

Vendo-o naquele estado fazia com algo acontecesse ao seu próprio corpo, a fazia se sentir viva, atrevida, desejada. Seu olhar a abrasava, e ele lentamente esquadrinhava seu corpo inteiro se demorando em suas pernas antes de se mover para cima para a junção das coxas. E lá o olhar dele se fixou como que enfeitiçado, e ela se sentia como se o calor dele fosse até o centro de sua feminilidade. Ela forçou uma respiração profunda e estremeceu quando ele começou a se mover em sua direção e ela não pôde evitar de notar os músculos poderosos nos ombros largos e a largura do seu tórax forte e sólido.

Ele parou na cama dando a ela um sorriso total enquanto ele prosseguia colocando outro preservativo. Ela assistiu a todo o processo, incapaz de tirar os olhas. Um silêncio pesado perdurou no quarto.

E então ela se sentou na cama e abriu os braços para ele. Ele se moveu, colocou um joelho na cama, entrou nos braços dela e grudou a boca na dela. E enquanto ele ajustava as posições deles sobre a cama, o pensamento que continuou a correr na mente dela era que hoje à noite era a única noite deles juntos. Ela desesperadamente desejou que pudesse durar mais.

 

Algumas horas mais tarde, eles estavam juntos no hall de entrada da faculdade completamente vestidos. Passava um pouco da meia-noite e era a hora deles se separarem. Juntos eles tinham trocado os lençóis. Então ela fez para os dois uma xícara de chocolate quente e eles se sentaram à mesa da cozinha. Não disseram muita coisa, como se não houvesse nada remanescente a dizer. Ambos estavam presos nos próprios pensamentos.

O diário de Jay Novak já estava com ele no hotel, ele nem podia mais usar essa desculpa pra ir até a casa dela para lê-lo. Mas ele queria ver e estar com ela novamente. De fato, ele tinha a intenção de ser uma parte de sua vida.

Mentalmente tentou fazer com que essa decisão tivesse algum sentido e soltou um longo suspiro. Ela conseguia mexer com ele de uma maneira que era impossível fugir. Ela poderia ter assumido que era apenas por uma noite, mas nisso ele estava despreocupado, pois até onde ele sabia esse não era o caso.

Ele não tinha nenhum peso na consciência, e sabia que não era muito melhor do que Raphael que invadiu o território de outro homem. Ele já sabia que ela não pertencia a Fletcher mesmo antes de beijá-la, pelo menos não da maneira que uma mulher deve pertencer a um homem com quem irá se casar: pertencer total e completamente com o coração, com o corpo e com a alma .

Agora ainda não era uma boa hora para trazer o fato à tona e perguntar por que ela até mesmo tinha considerado se casar com um homem que não a amava, um homem que não havia lhe apresentado à paixão. A princípio ele pensou que poderia passar sem saber, e decidiu que isso era somente da conta dela. Mas esse não era mais o caso. Agora era da conta dele também, principalmente porque até onde ele sabia Fletcher Mallard não era o homem certo para ela.

Ele era.

Alguns poderiam considerá-lo arrogante, possivelmente até um pouco egoísta, e essas pessoas provavelmente estavam certas em sua suposição, ele pensou. Mas algo tinha acontecido hoje à noite naquela cama, algo que ele não podia ignorar. Todas as vezes que ele ia fundo dentro dela, sentia muito mais do que apenas o prazer sexual. Ele sentia uma sensação de pertencer. Ele sentia uma conexão que não podia explicar e uma necessidade profunda de reivindicá-la.

Até onde ele estava preocupado não era como se ele a estivesse tomando de Mallard, porque era óbvio que o homem não tinha uma reivindicação sobre ela de qualquer jeito. O único sinal de Mallard nela era o anel que ela havia colocado no dedo. E, embora ele particularmente não gostasse da visão dele lá, ele o toleraria no momento.

O olhar dele se moveu da mão dela para o rosto. Ela estava olhando a noite. Era hora de partir, mas ela não estava fazendo o mínimo esforço para fazer isso. Ele sabia que não podia mencionar para ela o que ele estava pensando. Por alguma razão ela havia se decidido a casar com Mallard. Ele tinha novidades para ela, mas não as diria hoje à noite. Ele daria tempo para ela tomar sua própria decisão sobre as coisas - em favor dele. E se ela não o fizesse, então ele interviria. Ele era a pessoa que a havia apresentado à paixão e ele seria a pessoa que continuaria com as lições.

Enquanto isso, ele descobriria o que Mallard fez para ela concordar com um casamento sem amor e desapaixonado.

Naquele momento ela olhou para cima e encontrou o seu olhar e ele soube, ela percebendo ou não, que agora ela era dele. Aquela conclusão lhe enviou um choque direto ao seu sistema nervoso, estimulado seu cérebro e fazendo cada músculo do corpo reagir com uma força de resolução que ele não sentia há muito tempo. Ele precisava de tempo para pensar, mas no momento, ele apenas aceitaria as coisas do modo como elas eram.

Calado, ele esticou a mão e começou a abotoar o casaco dela. Surpresa, ela piscou, então sorriu para ele enquanto estudava seu rosto. —Obrigada. Você cuida muito bem de mim.

Ele sorriu de volta, decidindo não dizer a ela a razão que ele fazia isso era porque ela pertencia a ele. Em vez disso, ele disse

— Você estava muito quente para de repente sair no frio.

Ela riu e ergueu os braços envolveu o pescoço dele.

—Sim, eu estava muito quente hoje à noite e por sua causa. Você é especial, Dillon. Eu te conheço há pouco tempo, mas parece que nos conhecemos a vida toda.

Ele entendeu o que ela estava dizendo, porque ele se sentia da mesma maneira que ela. Ele nunca foi o tipo de homem de reivindicar uma mulher depois de dormir com ela apenas uma vez. Mas com Pam as coisas eram diferentes. Ele não sabia como, ele apenas sabia que eram.

Ele sentiu seus próprios lábios se curvarem em um sorriso à medida que ele perguntava.

—Nunca acreditei nessas coisas paranormais, mas você acha que já estivemos juntos em outra vida?

Ele viu formar-se um sulco na sobrancelha dela, momentos depois seus olhos responderam.

—Não— ela disse.

—Nada teria apagado da minha mente o tipo de paixão que senti hoje à noite se eu a tivesse compartilhado antes com você— ela disse e sorriu.

—O que eu compartilhei com você hoje à noite é algo que eu nunca senti com outro homem antes. Então deve ter outro motivo para eu me sentir tão livre e descontrolada com você.

Ele se sentia do mesmo modo. Tinha que haver uma razão pela qual ele se sentia tão livre e descontrolado com ela também. Mas ele não podia considerar o que eles haviam compartilhado hoje à noite com algo casual. Se ela achava que poderia apenas ir embora, deixar Gamble e voltar para Denver sem pensar, então ela estava enganada. Totalmente.

E pra mostrar o quão errada ela estava, ele ergueu a mão até ser rosto e acariciou sua face.

—Hoje à noite para mim foi muito especial, Pam. Eu nunca encontrei uma mulher como você antes.

Ele podia dizer pelo seu olhar que ela não sabia o que fazer diante das palavras dele. Isso era bom porque logo ela saberia. Ele abaixou a cabeça e capturou os lábios dela de uma maneira gananciosa e lenta. Ele a sentiu tremer sob o seu beijo, ela apertou os braços ao redor do seu pescoço e ele então aprofundou o beijo.

Ele a queria. E ele a teria. Até onde ele estava preocupado, ela já era dele. Esse era o jeito Westmoreland. A habilidade de reconhecer o companheiro ou a companheira verdadeira quando a encontrava, embora eles inicialmente pudessem tentar negar isso. Ele seria o primeiro a admitir que alguns Westmorelands eram teimosos, e ele havia descoberto que essa característica não era limitada apenas ao clã de Denver. Haviam lhe informado que os Westmorelands de Atlanta também eram assim.

Agora mesmo ele podia admitir que tinha cometido um erro com Tammi ao pensar que ela fosse a pessoa certa. Ele estava certo de que não havia nenhum engano com Pam. E o fato dele estar tão certo disso tão cedo era um mistério para alguns, mas não para ele.

Ele lenta e relutantemente retirou a boca da dela, mas por um momento ele se recusou a soltá-la de seus braços.

—Vou te acompanhar até o carro e então te seguir até a sua casa para ter a certeza de que você chegará em segurança— ele sussurrou em seu ouvido.

Com uma expressão cautelosa no rosto ela deu um passo atrás foi para trás.

—Você não precisa fazer isso.

—Sim, eu tenho. — Por razões que você possivelmente não pode imaginar, ele pensou. Mas ele perguntou simplesmente — Pronta para ir?

—Sim, mas… — Ela estudou o rosto dele. —Hoje à noite…

Ela não continuou, e umedeceu nervosamente o lábio superior com a língua, uma ação que o fez segurar um comichão de desejo.

—O que tem hoje à noite?

—Hoje à noite foi hoje à noite. Amanhã permanecerá do mesmo jeito. Estou comprometida com Fletcher.

Ele olhou para ela. Um feixe de luz vinha do poste do estacionamento, passava pela porta de vidro e se inclinava através do rosto dela, fazendo com que ela parecesse tão bonita que ele sentiu a batida do coração aumentar. Ele silenciou a resposta que realmente queria dar - uma que declarava claramente que o compromisso dela estava evidentemente apenas no nome e indiferentemente disso, ela era dele, assinada, selada e tão deliciosamente entregue. O estômago dele se apertou com o pensamento no ato de fazer amor com ela.

A expressão dela indicava que ela esperava que ele entendesse e aceitasse as suas palavras. Não havia como dizer a ela o que ele iria fazer. Em vez disso, ele sabia que faria o que tinha que fazer. A primeira coisa era descobrir por que ela estava noiva de um homem como Mallard em primeiro lugar.

Ele esperaria a hora certa, ele ajeitou uma mecha de seu cabelo para trás do seu rosto.

—Eu sei— ele disse.

Aquelas eram as duas únicas palavras que ele era capaz de dizer à ela nesse momento.

—Deixe-me te acompanhar até o carro.

Ela se conteve, recusando a se mover um centímetro enquanto estudava o rosto dele por um momento. —Você não precisa ir até a minha casa amanhã, não é?

Ele respirou profundamente. Agora ela estava tentando cortar os laços. Ela não sentia remorsos por hoje a noite, mas sabia que não podiam continuar.

—Não, nos próximos dias eu ficarei no hotel, relaxarei e lerei o diário. Se você precisar de mim para qualquer coisa, sabe onde me encontrar.

Ela assentiu com a cabeça e então se moveu em direção à porta. Ele caminhou para o lado. Ele daria a ela dois dias e se ela não viesse até ele, comprometida ou não, ele iria atrás dela.

 

                                                           Capítulo 8

— Pammie nós não entendemos. Por que Dillon não veio mais jantar conosco?

Pam deu uma olhada rápida por sobre a mesa do jantar para Nadia, já sabendo como a irmã caçula pensava. Nadia a manipularia com a mesma pergunta até que conseguisse o que considerava uma resposta satisfatória. Pam não estava certa de que sua resposta seria satisfatória, mas julgando pelos três pares de olhos que a encaravam, Nadia não era a única que estava esperando para ouvir o que ela tinha a dizer.

Pam podia facilmente colocar a culpa nas três e dizer que elas o haviam assustado, e que Dillon estava perfeitamente ciente dos esquemas casamenteiros durante o jantar e tinha preferido não fazer parte nisso. Mas dizer isso às suas irmãs não seria a verdade. Dillon disse mais de uma vez que gostava da companhia de suas irmãs e que elas o lembravam suas primas em Denver. Ele tinha aceitado suas brincadeiras numa boa e não parecia ter se aborrecido nem um pouco.

—Pammie?

A voz suave de Nadia a trouxe de volta a realidade e ela deu uma olhada rápida através da mesa. Antes que Pam pudesse abrir a boca para responder Paige falou mais alto em um tom desanimado.

—Ele não gosta da gente mais do que o Fletcher, não é?

Pam ficou surpresa com a suposição da irmã.

—Isso não é verdade. Dillon realmente gosta das três e adorou jantar com a gente, mas ele está com o diário do nosso bisavô e começou a ler desde o início e precisa terminar nos próximos dias. Vocês não devem se esquecer o motivo principal que o fez vir a esta cidade.

Ela deu respirou fundo antes de continuar.

—E quanto a Fletcher, vocês estão erradas sobre ele. Ele gosta de vocês.

—Então por que ele está planejando nos mandar embora depois que vocês dois se casarem? Nadia perguntou com um olhar agressivo.

Pam ficou surpresa com a pergunta da irmã.

—De onde você tirou essa ideia totalmente absurda? Fletcher não está planejando mandar vocês embora depois que nós nos casarmos.

Nadia fez cara feia e um olhar preocupado toldou os seus olhos.

—Ele está. Ele disse ao pai da Gwyneth Robards que irá fazer, o pai contou pra mãe dela, e Gwyneth escutou os dois conversando e veio me dizer.

Pam fez cara feia. Gwyneth Robards era a melhor amiga de Nadia. Seu pai Warren Robards possuía uma cadeia de lojas de produtos esportivos em todo o estado. Ele e Fletcher eram amigos. Pam não era de acreditar em fofocas. E desejava que Nadia também não acreditasse.

—Nadia não acredito que Fletcher teria dito algo assim.

—Então, você está dizendo que o pai da Gwyneth mentiu?

Pam fez uma carranca.

—O que eu estou dizendo é que Gwyneth aparentemente confundiu o que ouviu da conversa dos pais. Fletcher nunca poderia ter dito isso.

O que ela não acrescentou era que ele sabia por que ela estava se casando com ele, para salvar a casa da família, assegurar o futuro de suas irmãs e ainda manter a família unida. Ainda que elas perdessem a casa, as irmãs retornariam à Califórnia com ela ou todas permaneceriam em Gamble e ganhariam a vida.

—Voltando a Dillon, Pam— Jill disse.

—Eu não me importo com o quanto ele lê, mas alguma hora ele tem que parar pra comer alguma hora. Você o convidou para o jantar nas últimas três noites?

Pam mordeu nervosamente o lábio inferior. Ela não tinha convidado Dillon para o jantar na primeira noite porque eles tinham planejado se encontrar secretamente naquela noite na faculdade. E ela não o convidou mais nas duas noites seguintes porque precisava de um tempo para se recompor depois daquela noite de paixão.

—Não— ela disse finalmente.

—Como falei antes, Dillon tem muito que ler, ele já tinha informado isso da última vez em que esteve aqui.

—Então você o convidará de novo?

O estômago de Pam deu um nó. Novamente, três pares de olhos estavam focados nela.

—Sim, eu o convidaria novamente mais ele é que decidiria se viria ou não. Como eu disse, existe uma razão pela qual ele veio para Gamble e não é para nos entreter.

Satisfeitas com a resposta dela, as irmãs voltaram a jantar e as conversas se voltaram ao redor do que havia acontecido na escola durante o dia. Ela ficou contente que o interesses delas tivesse se voltado para outras coisas, embora sua mente permanecesse em Dillon.

Todas as vezes que ela lembrava aquela noite e todas as coisas que eles tinham feito e compartilhado, ela se sentia excitada novamente e o corpo doía desejando uma segunda vez. Ela não tinha dúvidas de que se visse Dillon agora, seu corpo enfraqueceria. Se ele fizesse uma única tentativa para beijá-la ou mesmo se insinuasse que queria levá-la para a cama novamente, ela não conseguiria resistir.

Ela não conversou ou falou com ele desde aquela noite. Ontem ele deixou uma mensagem para ela na secretária eletrônica informando que tinha decidido mudar de hotel e agora estava hospedado Rosebud.

A cidade vizinha de Rosebud, diferente de Gamble, tinha várias torres de celular nas proximidades e sempre havia sinal. Ela entendeu que ele queria ficar conectado ao mundo já que era um homem de negócios.

Ele informou o nome do hotel, que era a apenas quarenta e oito quilômetros de Gamble. Ela pensou em retornar a ligação para informá-lo que tinha ouvido a mensagem, mas ela acabou desistindo. Ela sabia que o veria novamente, porque ele eventualmente teria que devolver o diário. Ela só desejava que até lá ela não ficasse pensando tanto em como eram os seus beijos e a sensação dele entrando em seu corpo, ou como se sentiu ao tê-lo totalmente dentro de si. A simples lembrança a fez apertar as coxas.

Ela lambeu os lábios e pegou o copo para tomar um gole de seu chá frio, precisando aliviar a garganta que de repente ficou seca. Ela se forçou a voltar a pensar no que Gwyneth disse sobre o plano de Fletcher em mandá-las embora. Ela perguntaria a Fletcher sobre o rumor quando ele ligasse mais tarde naquela noite. Ela percebeu que ele ligaria antes que ela saísse a noite para a aula na faculdade.

Quase próximo ao jantar o telefone tocou e ela levantou-se da mesa e cruzou o cômodo para atendê-lo. —Sim?

—Como estão as coisas, Pamela?

Uma parte de si desejava poder sentir alguma excitação ao ouvi-lo, alguma sensação que fizesse com que alguma parte do seu corpo tremesse com o som da voz de Fletcher, mas isso não acontecia. Seu coração bateu dolorosamente no peito com a realidade.

—Tudo bem, Fletcher. Como estão as coisas por aí? O problema em Bozeman foi resolvido?

—Sim, de fato, tenho boas notícias. Poderei voltar a Gamble neste fim de semana em vez da próxima terça-feira.

Ela respirou profundamente e tentou colocar um sorriso na voz. —Essa é uma boa notícia.

—E você sabe o que me faria extremamente feliz, Pamela?

Ela não ousou tentar adivinhar. —Não, o quê?

—Se você decidisse a data do nosso casamento quando eu voltasse. Sei que você prefere esperar até fevereiro, mas eu quero me casar este ano, um casamento no Natal é o que eu prefiro.

De repente ela sentiu o estômago cair. O Natal é no mês que vem.

—Eu não posso ajeitar tudo até lá.

—O que você precisa fazer além de ir a igreja? Além disso, detesto lembrar, mas gostaria de acabar com aquela hipoteca da sua casa assim que possível. Esse é um dos meus presentes de casamento para você.

Olhos de Pam se estreitaram. Do seu modo passivo-agressivo, Fletcher a estava lembrando da verdadeira razão pela qual ela havia concordado em se casar com ele.

—Estou certo que você quer esse assunto resolvido o mais rápido possível, certo? — Ele acrescentou.

—Sim, claro.

—Então você terá uma data para mim assim que eu voltar de Gamble?— Ele perguntou.

Ela deu uma olhada na mesa de jantar onde as irmãs estavam longe conversando. Elas tinham uma expressão feliz em seus rostos e ela estava determinada a mantê-las desse modo. Elas eram espertas, toda as três, e ela fez uma promessa a si mesma no enterro do pai de fazer o que fosse necessário para garantir que elas conseguissem o melhor que a vida tivesse a lhes oferecer.

—Pamela?

Ela respirou profundamente.

—Sim. Eu terei uma data para você, mas não prometo que será este ano.

Ele não disse nada por um momento e ela então ouviu a frustração no tom de sua voz.

—Vamos começar com a data e espero que seja uma que nós dois concordaremos.

Sabendo que ele estava provavelmente para perguntar a ela sobre Dillon, ela disse depressa.

— Nadia está preocupada com algo, Fletcher, e estou certa de que é um mal-entendido, mas pensei em mencionar de qualquer maneira.

—O quê?

—Ela acha que você irá enviá-la para longe quando nós nos casarmos. Eu a assegurei a ela de que não é esse o caso.

—Isso passou por minha mente.

Pamela parou de falar no meio da frase. A mão apertou o telefone.

—Desculpe, como disse?

Ele devia ter ouvido a raiva cortante no tom dela.

—Acalme-se, Pamela. Não é o que você está pensando. Suas irmãs são espertas e eu acho que elas não estão tendo uma boa educação na escola pública em Gamble. Como você sabe, eu fui para uma escola particular e recebi uma educação top de linha. A melhor. E eu sei que você quer que Nadia e Paige sejam aceitas em uma boa faculdade. Ir para um segundo grau particular não apenas assegurará a elas uma boa educação, mas também aumentarão suas chances nas melhores faculdades. É isso o que você quer, certo?

—Sim, mas...

—E apenas pensei que elas estariam se associando com pessoas que as beneficiarão no final das contas.

—Sim, mas eu não vou mandá-las para longe de casa, ela sussurrou, para que a voz não chegasse às meninas. Ela havia acabado de assegurar a Nadia de que ela não iria deixar que isso acontecesse.

—Eu sei, e é por isso que estou examinando escolas em Cheyenne. Não é muito longe, ele disse, como se ela fosse ficar contente ao ouvir essa notícia.

Ela saiu da cozinha e foi pra sala de estar para ter mais privacidade.

—Até onde eu saiba, qualquer lugar que elas estejam que não seja Gamble será muito longe.

—Mas nós estamos garantindo o futuro delas. Há uma escola particular maravilhosa lá que tem instalações excelentes e tem muita segurança.

Pam tentou impedir que a raiva a consumisse.

—Você deveria ter conversado comigo antes, Fletcher.

—Esse é um dos meus presentes de casamento. Sei o quanto o futuro das suas irmãs significa para você.

Pam fechou os olhos. —Nós iremos discutir isso quando você retornar.

—Não entendo por que você está tão chateada. Pensei que era o que você queria. Pelo menos creio que é o que você me disse que queria naquele dia em que aceitou o meu pedido de casamento.

Pam não podia dizer nada. Não era realmente justo ficar chateada com ele quando ela mesma havia dito aquelas coisas?

—Se isso não é o que você quer, Pamela, então sem crise. Eu apenas quero te fazer feliz— ele disse com uma voz gutural, baixa que apenas a frustrou ainda mais.

—Eu sei, Fletcher, e agradeço tudo o que você está fazendo, mas nós precisamos conversar sobre isso quando você voltar.

—Certo, bebê. Tenha uma boa noite. E a propósito, Dillon Westmoreland ainda está na cidade?

Ela podia sentir a frieza em sua voz.

—Não, de fato Dillon deixou a cidade, ela falou. De fato ela realmente não mentiu porque Dillon não estava mais em Gamble. Fletcher não precisava saber que ele meramente tinha se hospedado para o hotel vizinho em Rosebud.

—Acho que agora que ele conseguiu o que queria ele decidiu ir embora. Isso é ótimo. Talvez nós não o veremos aqui tão cedo— Fletcher disse arrogante.

Ela fez uma careta não gostando da atitude de Fletcher.

—Suspeito que ele vá retornar já que ainda tem o diário do meu bisavô. Ela achou melhor prepará-lo para que ele não tivesse um ataque cardíaco quando ele visse Dillon novamente.

—Ele pode até ficar com esse maldito diário que eu não me importo. Eu só não gosto desse homem.

Pam fumegou interiormente. O diário não era dele para ele decidir se Dillon poderia ou não ficar com ele. —Adeus, Fletcher.

—Adeus, Pamela, espero te ver no domingo.

 

Dillon falava com o seu irmão Micah e sorriu ao ouvir o som de inúmeras vozes ao fundo do telefone. Micah era graduado da Escola Médica de Harvard era apenas alguns anos mais jovem que Dillon, um epidemiologista do governo federal. Todo mundo frequentemente brincava sobre Micah ser o cientista louco da família.

—Você ainda vai ficar muito tempo longe de casa ou pretende aparecer no baile de caridade deste fim de semana?— Dillon perguntou a Micah. O irmão dele era conhecido por viajar o mundo trabalhando para o governo. Ele já morou na China durante um ano durante a epidemia da gripe asiática.

O baile de caridade que ele se referia era o que a família Westmoreland fazia todos os anos para angariar fundos para a Fundação Westmoreland que eles tinham estabelecido para ajudar a várias causas da comunidade.

—Estou aqui por conta do baile e ficarei em casa pelo menos até o Ano Novo. Depois irei para a Austrália e ficarei lá por alguns meses.

—Bom ouvir isso. Estou planejando viajar para o baile neste final de semana, disse Dillon. Uma parte dele realmente não estava disposto a separar-se de Pam, mesmo que fosse por pouco tempo.

—Ouvi dizer que o Xerife Harper pediu a você para você levar a irmã dele, Belinda, como sua companhia. Micah disse em tom de provocação.

Dillon revirou os olhos. —Era isso ou ter Bane passando a noite na prisão por ter invadido a propriedade dos Newsomes no meio da noite.

—Ele não estava gostando do irmão achar que seus problemas com Belinda fossem divertidos. Seus irmãos e primos sabiam que Belinda estava de olho nele como marido número um por mais de um ano.

—Então como está a investigação sobre a vida de Raphael?

—Todos os dias eu descubro novas informações a respeito do nosso bisavô. Disse Dillon.

Micah riu. —Contanto que nada venha a me assombrar no Departamento de Estado. Consigo apenas lidar com o fato dele ter fugido com todas aquelas esposas de outros homens.

Dillon sorriu. —Eu te disse a verdade sobre Raphael e Lila. Ele fez isso para protegê-la.

—Sim, mas nós ainda não sabemos o que aconteceu com a segunda, Portia Novak. Será uma discussão bastante interessante durante o jantar de Ação de Graças[5] este ano e será a primeira vez em muito tempo que todo mundo estará em casa.

Depois de mais alguns minutos de conversa com Micah, o telefone foi passado para o resto dos irmãos e primos. Todo mundo queria saber quais foram as informações sobre o bisavô que ele tinha descoberto até agora. Ele não disse a eles tudo o que tinha descoberto, mas ele sentia que havia dito a eles o suficiente no momento.

Eram quase seis horas da noite quando ele finalmente se despediu de todo mundo e desligou o telefone. Ele deu uma rápida olhada no diário que estava lendo nos últimos dois dias. Ele ficou surpreso por ninguém da família Novak o ter lido. Caso o fizessem teriam descoberto por que Raphael tinha levado Portia, e por que Jay tinha dado sua benção a ele por fazer isso.

Ele deu uma rápido olhada no quarto de hotel. Era totalmente diferente do que ele tinha em Gamble. Era muito mais espaçoso e os móveis eram americano ao invés de vitoriano. Embora a televisão tivesse uma tela grande e pegasse a CNN e a conexão do celular fosse perfeita, ele seria o primeiro a admitir que sentisse falta da enorme banheira do hotel de Gamble.

Mas ele precisava ficar em um hotel que tivesse serviço de fax e internet. Sua empresa estava trabalhando em um negócio de milhares de dólares e ele precisava estar disponível se acontecesse algum problema de última hora. E ele ainda precisava estar em um lugar onde Pam pudesse visitá-lo sem que isso se tornasse a fofoca da hora.

Ele andou até a janela e olhou. Lá fora estava frio, mas não se comparava a noite em que ele havia se encontrado com Pam em sua escola de teatro. Ele respirou fundo quando se lembrou daquela noite e como ela tinha mudado a sua vida. Ele esperava que ela tivesse recebido a mensagem da mudança de hotel. O hotel em Gamble era mais perto da casa dela, mas este aqui ficava a apenas quarenta e oito quilômetros de distância.

Ela não tinha retornado o telefonema dele e várias coisas estavam se passando em sua mente naquele momento. Ela teria quebrado a regra de não sentir remorsos? Fletcher já estava de volta à cidade? Ele não tinha respostas para essas perguntas, mas uma coisa ele sabia com certeza, se ele não tivesse notícias dela hoje à noite, ele faria uma viagem a Gamble para vê-la. Ele ainda tinha o diário e amanhã teria uma boa desculpa para devolvê-lo.

 

Após sair da Fábrica de Sonhos e no caminho de volta para casa, Pam estava tentando, realmente tentando, não recordar a conversa que teve com Fletcher mais cedo naquele dia. Ela tentava dar a ele algum crédito e acreditar que ele tinha a melhor das intenções a respeito das irmãs quando tomou a decisão delas estudarem em Cheyenne e não em Gamble. Mas o fato de ele não ter conversado com ela sobre isso era totalmente inaceitável.

Ele, de todas as pessoas, sabia como ela era próxima as irmãs. Ele honestamente pensou que ela deixaria que elas saíssem e fossem viver em alguma escola particular deixando a família e os amigos para trás? E até onde ela sabia, não havia nado de errado com as escolas públicas. Ela mesma tinha estudado em uma e tinha se saído muito bem.

Ela esticou a mão para aumentar um pouco o calor. Estava frio, embora não tão frio quanto na noite em que ela havia dirigido da faculdade pra casa. Foi à noite em que ela passou quase três horas nos braços de Dillon. Ela não pôde evitar de sorriu apenas por pensar nisso.

Ela tinha conversado com Iris, mas não disse nada a sua melhor amiga. Ela não tinha essa intenção. De acordo com Iris, havia algo em sua voz que soava relaxada. Soava como se ela tivesse tomado um calmante. Pam riu ao se lembrar da conversa.

Ela passou por uma placa na estrada que indicava a saída para Rosebud. Ela imediatamente sentiu um puxão na parte inferior do seu corpo e não foi um puxão gentil. Foi um puxão voraz. Ela tentou continuar olhando fixamente além do para-brisa, determinada a manter os olhos na estrada e dirigir para casa. Ela então começou a sentir um aperto no estômago e seus mamilos sensíveis se apertando contra a camisa.

As reações físicas pelas quais o corpo dela estava passando sabendo que estava a apenas uma saída de Rosebud fez com que ela soltasse um gemido baixo. O hotel onde Dillon estava agora ficava a menos de oito quilômetros da interestadual.

Dillon tinha lhe informado o número do quarto de hotel quando havia deixado a mensagem, mas parecia que ele tida dado o número apenas por dar. Como se ele quisesse assegurá-la de que seu diário ainda estava seguro e em boas mãos. Ela não podia evitar se perguntar se talvez ele não tivesse outro motivo qualquer. Ele estaria desejando vê-la novamente, embora ela tivesse deixado bem claro que aquela noite que eles tinha compartilhado era um encontro sem compromisso?

Mas a maior pergunta de todas era por que ela estava pensando em tomar a próxima saída. E ela sabia a resposta sem precisar pensar muito. Ela estava pensando em fazer isso porque ela precisava vê-lo.

Ela precisava estar com ele.

Ela suspirou profundamente e enquanto tomava a saída para Rosebud, ela se recusou a questionar a própria sanidade. Ela estava meramente querendo aproveitar um prazer que seria negado para sempre assim que ela se casasse com Fletcher.

 

Dillon estava deitado no escuro no quarto de hotel. Depois que cochilou, ele comeu uma refeição que o serviço de quarto trouxe e tomou banho. A televisão estava ligada, mas ele não estava assistindo nada. Em vez disso, seus pensamentos estavam na mulher que ele desejava.

Ele se perguntou o que ela estaria fazendo. Será que pensava na noite que eles ficaram juntos tão frequentemente quanto ele fazia, ou ela tinha se esquecido disso? Ele tinha acabado de mudar de posição na cama quando ouviu uma batida na porta. Pensando tratar-se do serviço de quarto querendo trocar as cobertas e se certificar que ele não precisava de nada antes deles terminarem naquela noite, ele saiu da cama e colocou a calça jeans que estava pendurada na cadeira.

Ele abriu a porta ligeiramente, apenas o suficiente para ver quem era, e foi tomado por sensações que lhe tiraram o ar pra fora dos pulmões. Ele depressa abriu completamente a porta.

Ele se recusava a perguntar a Pam o que ela foi fazer lá. Por um segundo ele chegou a duvidar que pudesse dizer uma palavra sequer, eles ficaram se olhando fixamente por um longo tempo, mudos. Ele olhou para o seu dedo, novamente ela tinha retirado o anel. Ele olhou para cima a procura dos seus olhos e sentiu a pulsação aumentar.

Sorrindo ela quebrou o silêncio e perguntou. —Não vai me convidar à entrar?

—Bebê, eu planejo fazer muito mais do que isso— ele murmurou densamente, o olhar não deixando o dela.

Ele deu um passo para trás e ela entrou na suíte. Ele fechou a porta atrás dela.

 

—Imagino que deva estar se perguntando por que eu estou aqui, ela disse baixinho.

Ele agitou a cabeça.

—Nós conversaremos sobre o porquê mais tarde. Agora mesmo eu só quero te abraçar e fazer amor com você. Senti a sua falta.

—Senti a sua falta, também, ela disse honestamente, perguntando-se como ela podia sentir tanta falta dele depois de dois dias, quando ela não sentia falta de Fletcher depois dele se ausentar por muito mais tempo, quase duas vez mais tempo.

Sabendo que eles não tinham muito tempo hoje à noite, ela olhou o tórax nu e musculoso e o caminho que a calça jeans seguia pelos quadris. Ela estava aberta e o zíper estava apenas erguido, o que significava que ele a colocou as pressas e ela desejava que ele sentisse a mesma pressa pra sair delas.

Sentindo as batidas do coração quase fora de controle, ela deixou o olhar dele para olhar em volta do quarto. O diário do bisavô dela estava no meio de uma poltrona.

Ela voltou a olhar para ele, consciente de que ele a observava atentamente e estava, provavelmente, esperando que ela desse o primeiro passo. E ela decidiu fazer isso. Saindo de perto da porta ela caminhou pelo quarto até ele e, no minuto em que ela estava em frente à ele seus braços rapidamente deslizaram ao redor dela.

—Espero que não esteja interrompendo nada, ela disse colocando os braços ao redor do seu pescoço.

Ele deu seu sorriso cheio de covinhas que era tão sensual que ela sentiu suas pernas se enfraquecerem. —Não interrompeu nada. Na realidade eu estava exatamente pensando em você.

—Estava mesmo?

—Sim.

E como que para provar o que dizia, ele a puxou para mais perto dele e ela sentiu a ereção que ele não tentava esconder. Era quente a magnitude da dureza que descansa contra a junção das suas coxas.

—E sobre o que você estava pensando?

—Nisso. E então ele a puxou para os braços e beijou a arfada surpresa dos lábios dela.

Ele tomou sua boca com uma cobiça que a fez gemer nos braços dele enquanto ele a colocava na enorme cama. E ele então continuou a beijá-la enquanto ela sentia o calor do corpo dele sobre o dela. Sempre que ele a beijava, ele tinha a habilidade de fazê-la se esquecer de tudo que não fosse ele ou como ele fazia com que ela se sentisse. Suas coxas estavam entre as dele, e embora eles estivessem completamente vestidos, ela podia sentir cada centímetro duro e sólido dele.

Lentamente ele se retirou dos lábios dela, e enquanto ela olhava fixamente no fundo dos olhos dele, ela pegou a luz da luminária que brilhava em seus olhos enquanto ele a olhava. E ela soube naquele momento que ela podia ver um reflexo de si mesma nos seu. O que ela viu foi uma mulher ferozmente atraída pelo homem com quem estava e pensou que não queria estar em qualquer outro lugar.

—Eu quero te mostrar o quanto senti a sua falta— ele disse roucamente, ajoelhando diante dela enquanto corria a ponta de um dedo ao longo do lado do rosto dela.

Ela encontrou a intensidade do seu olhar, e se lembrou de tudo o que eles haviam feito antes e sentiu o aperto dos seus músculos internos ao pensar que ele faria isso de novo. Apenas isso foi o suficiente para fazer com que ela se erguesse e o desafiasse num sussurro.

—Então me mostre.

—Com prazer, ele sussurrou perto dos lábios dela antes de tomá-los começando um acasalamento lento e sensual enquanto sentia um pulsar gentil entre as coxas. Este beijo tinha uma intensidade imensa, provocando as mesmas sensações que seus beijos já tinham provocado antes nessa noite, mas ela podia sentir algo diferente desta vez.

Estava presente no modo como ele esgrimia sua língua em sua boca. Ele a beijava com uma possessividade que fazia cada célula de seu corpo ficar hipersensível. E quando ele soltou sua boca ela apenas pôde olhar fixamente para ele, com uma total e completa perda da realidade, exceto o homem que continuava olhando de volta para ela. O olhar dizia claramente que ele a estava reivindicando. Aqui e agora.

Sinos de advertência soaram em sua cabeça. Ela sabia como tinha que ser o futuro dela. Ele não. Ela tinha que se casar com Fletcher, ela não tinha outra opção. Era algo que ele não entenderia e algo que ela não podia deixar que ele ou qualquer outra pessoa interferisse. Não importava o sacrifício que ela sabia que tinha que fazer, o mais importava pra ela eram suas irmãs.

Ela desejou que os sinais que começava a perceber, e que vinham dele estivessem errados e ele não estivesse considerando ter qualquer outra coisa além do que eles já estavam compartilhando esta semana. Talvez ela tivesse cometido um erro ao vir aqui hoje à noite. Ter tirado o anel de noivado tinha feito com que ele pensasse que ela estava disposta a colocar de lado o seu futuro com Fletcher? Ela tinha que ter certeza de que ele havia entendido que esse não era o caso.

—Dillon?

Ele ergueu um dedo e o colocou sobre os seus lábios e, como se compreendesse o que estava passando por sua mente, disse suavemente em um tom rouco.

—Embora eu não saiba de tudo, eu sei amor mais do que você pensa e acho que já é hora de você saber também. Não importa com quem você esteja comprometida, você é minha.

Antes que ela pudesse compreender as palavras dele, ele abaixou a boca e lhe deu um beijo tão potente e poderoso quanto qualquer droga intoxicante. E era destrutivo do mesmo jeito. Sua mente e seu corpo viraram manteiga em uma miríade de sensações tão fortes que ela desistiu de qualquer desejo de convencê-lo de qualquer outro pensamento.

Ela se lembrava vagamente dele retirar as suas roupas, e dos beijos que se seguiram por todo o seu corpo nu logo após ele ter terminado de retirá-las.

Lembrava-se de tê-lo visto retirar as próprias roupas, cada uma delas, e então ele colocou um preservativo, uma tarefa extremamente difícil dado ao tamanho de sua excitação antes de retornar a ela.

Um desejo intenso a consumiu no momento em que ele se ergueu sobre ela enquanto tomava novamente sua boca, do mesmo modo como um caçador segue a sua presa. Momentos mais tarde ele desceu a boca, passando pelos mamilos, chupando suavemente e fazendo-a tremer por dentro, ao ponto de ficar ofegante.

E então ele estava lá, perto do rosto dela, erguendo os quadris, separando as coxas, erguendo as pernas dela para os ombros dele, e então a penetrou com uma estocada lisa que fez com que ela gemesse o nome dele. Mas ele não parou por aí. Ele continuou a golpear, dentro e fora, marcando sua mente enquanto também marcava o seu corpo.

E a cada golpe parecia às palavras que ele ainda não tinha falado ganhavam vida, palavras que ela sentia cada vez que seus olhos escuros encontravam com os dela, cada vez que eles respiravam dentro e fora como um.

As lágrimas súbitas brotaram nos seus olhos e ela percebeu até os ossos a profundidade, a intensidade e a inutilidade do amor que sentia por ele, a distância, o ar que ela estava respirando. Sim, ela havia se apaixonado por ele. Uma vez ela ouviu dizer que o corpo de uma mulher podia reconhecer o corpo do seu companheiro, e o simples pensamento de que este homem era dela quase a subjugou, e a tocou até a alma.

Ele viu o fluxo de lágrimas descerem pelo seu rosto e se debruçou para beijá-las, como se ele tivesse a habilidade de fazer qualquer coisa que houvesse de errado na vida dela dar certo. Ela desejou que fosse assim tão simples, mas ela sabia que não era.

Ela colocou os braços ao redor do seu pescoço enquanto a boca se movia das bochechas até a boca, e ela então o beijou da maneira que tinha sonhado em beijá-lo nas últimas duas noites.

Ele cedeu, permitindo que ela o guiasse, deixando-a levá-lo onde quer que ela queira que ele fosse ou o grau de intensidade que ela quisesse dar. E quando ela sentiu a explosão rasgar seu corpo e ricochetear no dele, ela não pôde conter o grito de prazer. E quando ela o sentiu ir mais fundo dentro dela, tomado pela própria liberação massiva, ela o apertou mais contra si, fechando as pernas ao redor das costas dele, sabendo que, não importando o que ele pensasse e não importando o fato de ela saber agora que o amava, isso era tudo o que eles teriam juntos.

 

                                                       Capítulo 9

—Quero saber por que você está se casando com um homem que não ama. Dillon perguntou rouco próximo da sua orelha.

Eles estavam presos nos braços um do outro, os corpos entrelaçados, encharcados de suor devido a intensidade do ato de fazerem amor. O prazer que sentiram foi tão profundo que eles ainda lutavam para fazer as batidas do coração voltar ao normal, enquanto eles saboreavam a paixão mais explosiva que já sentiram.

Dillon viu enquanto o olhar dela se alargava com a pergunta tão deliberada e corajosa, e então o coração começou a bater na garganta enquanto ele esperava que ela respondesse. Quando ela lambeu os lábios nervosamente, ele ficou tentado a lambê-los sem parar, mas sabia que tinha que se conter e escutar o que ela tinha a dizer. Hoje à noite ele queria respostas e não ficaria satisfeito até consegui-las.

E então surpreendentemente uma chama surgiu nos olhos dela, e ela balançou o queixo ligeiramente. —Você não tem nenhum direito de me perguntar isso— ela disse.

Um sorriso surgiu nos lábios dele. A mulher era decidida quando precisava ser e ele gostava disso. Ele gostava ainda mais do pensamento dela como sua mulher.

—Eu tenho todo o direito Pam. Lembre-se eu sou um Westmoreland, bisneto de Raphael. Eu pego o que acredito que seja meu não importando a quem possa pertencer no momento. E você é minha. Eu te disse isso. E se você tem alguma dúvida, olhe a posição que você está. Eu ainda estou dentro de você porque é onde quero estar, onde eu sei que você quer que eu esteja.

Ela fez uma carranca. —Meu anel de noivado não significa nada?

Ele ficou tentado a rir da pergunta. —Não, nem mesmo quando você está usando ele. E eu notei que você não hesitou em tirá-lo e quanto é bom para você fazer isso— ele disse, sabendo que as palavras mexeriam ainda mais com a raiva dela.

No momento ele não se importava. Ele estava apaixonado por ela. Se ele não estivesse certo sobre isso antes, ele saberia no momento em que ela tomou a iniciativa e o manipulou com o beijo. Foi quando o extasiou com sua boca, com sua língua, com emoções que ele nunca tinha sentido antes, foi mais fundo do que ele pensaria que eles poderiam ir, o consumiu quebrando e tomando o seu coração.

—Lembra o que eu lhe disse? Eu dou e você toma sem remorso? Eu posso ter me esquecido de mencionar que em raras ocasiões eu reivindico. E essa é uma delas.

Ela se mexeu para se erguer da cama, mas tinha as pernas presas embaixo das dele. Ela ficou com cara feia e então disse:

— É complicado, não fará diferença qualquer coisa que eu venha a te dizer.

—Alegre-me. Me diga de qualquer jeito.

Ela desviou seu olhar do dele mais ele ouviu suas palavras.

—O que te faz pensar que há algo a dizer?— Ela perguntou.

—Porque você está aqui nesta cama comigo, e pela confissão feita a algumas noites atrás, você admitiu que nunca dormiu com Mallard, o homem com quem está comprometida. E— ele disse, alcançando e balançando o queixo dela para cima, voltando seu rosto dela de volta para o dele para que assim seus olhares pudesse se encontrar.

—Você não é o tipo de mulher que dorme com outro homem quando está apaixonada.

—Você não sabe disso— ela retrucou.

Ele continuou a segurar o seu olhar enquanto pegava a sua mão, levando-a para os seus lábios e então colocou um beijo nos nós. —Sim, eu sei.

Por alguma razão profunda ela realmente sentiu que sabia. Não, ela não era uma mulher que podia amar um homem e dormir com outro. Na realidade, ele era o homem que ela amava, mas seria necessário mais do que amor para ajudá-la agora.

—Pam?

Ela respirou profundamente e disse — eu tenho que me casar com Fletcher.

Ele ergueu uma sobrancelha divertida. —Por quê?

Ela hesitou por um momento antes de dizer:

—Meu pai morreu e deixou uma segunda hipoteca em nossa casa. Embora eu tenha descoberto que há no momento, um acordo de pagamento mensal que está sendo analisado pelo advogado do meu pai, o banco em Laramie quer que o empréstimo seja pago por completo dentro de noventa dias. Eu tentei pedir um empréstimo em um banco aqui na cidade, mas eles não me deram. Fletcher ofereceu se casar comigo para cuidar disso. E ele me prometeu que minhas irmãs terão o dinheiro suficiente quando precisarem ir à faculdade.

Dillon apenas olhava para ela. A princípio ele não estava certo de que havia ouvido corretamente. Então para se certificar, ele perguntou em um tom incrédulo.

—Você está entrando em um casamento de conveniência?

Ela lambeu nervosamente o lábio inferior.

—Não, não exatamente. Ele quer ter filhos um dia, então para ele não será um casamento apenas no nome.

—Se o Mallard quer te impressionar com generosidade então por que ele apenas não saldou o empréstimo para você?— Ele perguntou, as palavras saindo por entre os dentes cerrados.

Ela pareceu surpresa por ele sugerir tal coisa.

—Eu não podia pedir a ele para fazer isso. Estou falando de mais de um milhão de dólares. O meu pai comprou a terra com a intenção de reabrir a indústria de laticínios.

—Ainda assim Mallard podia te emprestar o dinheiro, ele podia ter pedido um fiador para você pegá-lo, ele disse não aceitando quaisquer desculpas para o homem. Ele podia se lembrar do número de vezes que sua própria assinatura esteve nesse mesmo tipo de documento para os membros de sua família.

—E a maioria dos bancos exige que os empréstimos desse montante sejam segurados no caso de haver morte do devedor, ele acrescentou.

—Qual banco possui a hipoteca?

—O Banco Gloversville de Laramie. Acho que de alguma maneira papai arrumou isso, o que eu ainda acho bastante estranho. Mas conferi com o advogado dele e ele verificou os documentos mais de uma vez. Papai não tinha o tipo de seguro que satisfizesse o empréstimo. O Sr. Gadling tem sido muito útil, trabalhando junto ao banco para me ajudar, fazendo os acordos de pagamento mensais onde recebe o meu dinheiro e os paga.

Dillon ouvia o que ela estava dizendo, mas não fazia sentido. Na profissão dele, ele nunca tinha ouvido falar de qualquer banco que emprestasse tanto dinheiro sem exigir que algum tipo de seguro de vida fosse comprado junto.

—Então— Pam pronunciou.

Ela disse como se tivesse terminado, mas ele tinha novidades para ela. Não tinha terminado ainda. Seu olhar estava preso no rosto dela. Uma parte dele via além do que ela estava dizendo. Via além do que ela pensava que precisava. Ela assumiu que precisava de Fletcher Mallard. Até onde ele estava preocupado, ela precisava dele. E diferentemente de Mallard, ele lhe entregaria o dinheiro sem quaisquer exigências. Podia se contentar com isso, depois que o assunto com Mallard estivesse resolvido, e ele pediria para ela se casar com ele pelas razões certas pelas quais duas pessoas devem se casar.

Mas ainda assim, alguma coisa sobre o modo como o pai dela fez o empréstimo ainda o intrigava e ele tinha a intenção de verificar algumas coisas na segunda-feira. Decidiu que seria melhor não dizer nada a ela do que ele planejava fazer, ele abaixou a cabeça e saboreou seus lábios, ativando novamente as brasas entre os amantes, fazendo a chama voltar a rugir.

E momentos mais tarde, quando ele entrou novamente em seu corpo, soube que era lá o lugar ao qual ele pertencia.

 

—De onde você tira tanta energia?— Pam perguntou num sussurro, enquanto via Dillon se erguer da cama e ir em direção ao banheiro. Ele deu uma olhada rápida para ela por sobre o ombro e sorriu. —Você, Pamela Novak, é que me dá força.

Ele partiu para seu destino dando a ela uma boa visão das pernas fortes, longas e um bom e duro traseiro. Ele dava forças a ela também, ela pensou e fechou os olhos se aconchegou sob as cobertas. Ela inalou o odor masculino que ele havia deixado para trás e soube naquele exato momento, por mais louco que pudesse parecer e mais impossível ainda de ser, que a cada vez que eles faziam amor ela ficava mais e mais apaixonada por ele.

Agora ele conhecia toda a história sobre sua relação com Fletcher, e embora ela tivesse o pressentimento de que ele não tinha gostado pelo menos ela esperava que ele entendesse por que ela tinha que se casar com Fletcher. Se movendo na cama, ela deu uma rápida olhada no diário que estava sobre a cadeira e ouviu Dillon retornando do banheiro.

—Você descobriu mais alguma coisa do por que seu bisavô ter fugido com a esposa do meu bisavô?— Ela perguntou, tentando manter o foco na pergunta e não em seu corpo nu.

—Sim, descobri— ele disse, indo pegar o diário na cadeira retornando à cama para dá-lo a ela. —Eu marquei o lugar com uma nota. Alguns membros da sua família deveriam ter conhecido a história toda, mas acho que esse era um segredo de família.

Pam ergueu uma sobrancelha antes de abrir o diário e começar a ler. Alguns minutos mais tarde ela estava erguendo os olhos surpresos para ele.

—Portia foi pega na cama com outra mulher?

Dillon assentiu com a cabeça devagar. —Sim. E para protegê-la do escândalo que isso teria causado, o marido da outra mulher e o seu bisavô decidiram que seria melhor manter o assunto entre eles. Os maridos decidiram que ambos, futuramente, pediriam o divórcio o que por si só naquele tempo já seria um escândalo.

Pam concordou com a cabeça. —Então, uma vez que Raphael estava planejando partir de Gamble seguindo para a Califórnia, de qualquer maneira, ele e Jay planejaram esse levar Portia para que assim ela pudesse começar uma nova vida em outro lugar.

—Você acha que a outra mulher se juntou a ela mais tarde?

Dillon encolheu os ombros.

—Quem sabe? Nós estamos falando dos anos trinta. Não há como dizer o que aconteceu com Portia. Mas o seu bisavô se divorciou legalmente dela antes de se casar com a sua bisavó. Estou contente por finalmente ter descoberto por que Raphael fugiu pela segunda vez com a esposa de outro homem.

Pam fechou o diário. Com o mistério esclarecido, Dillon partiria de Gamble. Ele não tinha nenhuma razão para ficar. —Raphael salvou, em ambas às vezes, as mulheres que precisaram de sua ajuda. Soa como um homem de alto calibre, um verdadeiro cavalheiro e protetor das mulheres— ela disse.

Os lábios dele se curvaram em um sorriso. —Sim, assim como Jay. Ele podia ter agido de forma mais dura com Portia, mas estava disposto a deixar isso de lado e dar a ela uma segunda chance de viver a sua vida do modo que ela queria. Partir com Raphael seria um escândalo, mas teria sido muito pior se a verdade tivesse sido revelada.

Ele retirou o livro de suas mãos e o colocou na mesinha de cabeceira antes de voltar pra cama. —Volto amanhã pra casa de avião pra cuidar de alguns assuntos de família, mas voltarei no final de semana, ele disse.

Ela ficou com uma expressão confusa no rosto.

—Mas você vai voltar por quê? Você conseguiu o veio fazer aqui. Agora você sabe a verdadeira razão pela qual Raphael fugiu com Portia. Ele e Jay armaram tudo para proteger a reputação de Portia.

—Sim, ele disse rouco, ficando de joelhos na frente dela e avançando para ela como um caçador perseguindo a presa.

—Essa era a razão pela qual eu vim inicialmente, mas você é a razão pela qual eu voltarei.

—M-mas nada mudou. Eu ainda preciso me casar com Fletcher.

Um sorriso com covinhas tocou os lábios dele.

—Não, você não precisa. Eu sou um homem que sabe como fazer as coisas acontecerem em vez de me aproveitar de uma situação, como Mallard está fazendo, então eu planejo te dar uma outra alternativa.

Ela ergueu uma sobrancelha. —Uma alternativa?

—Sim. Eu não posso deixar que você se case com outro homem quando sei que eu sou o homem para você.

Ela agitou a cabeça e deu um suspiro resignado. Ela achou que ele houvesse compreendido, mas ele realmente não havia entendido nada.

—Dillon, por favor, escute, eu...

—Não, estou te pedindo para confiar em mim, ele disse olhando fundo nos seus olhos com um apelo que fez com que ela sentisse um frio percorrer toda a sua barriga.

—Eu sei que é pedir muito quando nós nos conhecemos por apenas um curto período, mas creio que há outra saída pra essa situação. Um jeito que você não se sinta forçada ou obrigada a se casar com Mallard ou qualquer outro homem. Quero que você confie em mim e me dê tempo para achar outra solução. Faça por mim o que Jay fez por Raphael. Confie em mim para que eu possa fazer a sua situação ficar melhor.

Ela olhou fixamente no fundo dos seus olhos e disse suavemente.

—Fletcher espera que eu marque a data do nosso casamento quando ele voltar.

Dillon assentiu com a cabeça. —Quando ele volta?

—No fim desta semana, provavelmente no domingo.

—Então protele. Preciso de tempo para verificar algumas coisas— ele disse rouco.

—Diga que você vai confiar em mim.

Ela continuou a olhar nos seus olhos, procurando em seu rosto um sinal que indicasse que ela não deveria confiar nele e soube que não veria nenhum.

—Eu confiarei em você.

Um sorriso satisfeito tocou os seus lábios. Erguendo as mãos, ele envolveu o seu rosto e se curvou sobre a sua boca, assim como todo o seu o corpo, para fazerem amor mais uma vez.

 

                                                   Capítulo 10

—Pamela, eu pensei que tínhamos concordado que você marcaria uma data para o nosso casamento quando eu voltasse. Disse Fletcher sentando à mesa do jantar com ela e suas irmãs.

Ele ligou domingo pela manhã para dizer que estaria de volta a Gamble por volta do meio-dia e que estava ansioso para vê-la. Ela o convidou para o jantar e a primeira coisa que ele fez, depois de dar a ela um abraço e dizer o quanto havia sentido sua falta, foi perguntar o dia que ela tinha escolhido para o casamento.

—Talvez ela esteja decidida a não se casar com você, Fletch— Jill disse, dando a ele um sorriso doce e um lampejo deliberado nos olhos.

—Já chega, Jillian, Pam disse à irmã. Jill não sabia o quão verdadeiras eram suas palavras.

—Eu estava ocupada, Fletcher.

Ele fez cara feia.

—Muito ocupada para planejar um casamento que nós dois sabemos que precisa acontecer?

Ela fez cara feia desejando que ele não discutisse tais assuntos na frente de suas irmãs.

—Nós podemos conversar sobre isso mais tarde, Fletcher.

Ela sabia que ele não gostava de adiar a discussão. Nem ela na verdade.

Graças às suas irmãs, o jantar não foi agradável. Elas praticamente ignoraram Fletcher. Ele esteve fora por quase uma semana, e queria ser o centro das atenções e não gostava de ser ignorado. Embora ela deixar a conversa girar em torno dele, Nadia, Paige e Jill não colaboravam.

Ele não ficou atrás, zombava frequentemente do que elas diziam. No final do jantar, ela estava com nervos em frangalhos, e estava disposta a mandar suas irmãs se despedirem de Fletcher e irem direto pra a cama.

—Oh, eu quase me esqueci, Fletcher disse interrompendo seus pensamento enquanto ela o levava até a porta.

—Meu avião particular fez uma parada no aeroporto de Denver, fui pegar uma revista e vi um exemplar do jornal Denver Post, de hoje. O seu amigo estava na capa com uma mulher muito bonita ao seu lado, eles estavam juntos em um baile de caridade neste fim de semana. De acordo com o jornal, logo devem soar os sinos anunciando o casamento do casal, ele disse com um sorriso brilhante.

—Achei que você gostaria de ler, por isso trouxe uma cópia do artigo para você.

Ela ergueu uma sobrancelha, confusa. —Sobre o que você está falando?

—Isso. — Ele retirou o artigo dobrado do bolso interno de sua jaqueta e deu a ela.

Ela desdobrou o artigo que tinha sido nitidamente cortado de um jornal, e teve que se conter com toda a força pra esconder o arfar em surpresa. Diante de seus olhos estava o homem pelo qual ela havia se apaixonado, usando um terno extremamente elegante com uma mulher muito bonita ao seu lado. Os dois estavam sorrindo para a câmera. Embora o artigo não fosse associado com a fotografia, a legenda dizia:

—Será que o romance está florescendo entre estes dois?

Ela engoliu em seco e deu uma olhada rápida em Fletcher que a observava atentamente.

—Você parece aborrecida com a foto, Pamela. Há alguma razão para isso?

Ela ergueu o queixo e encontrou o olhar dele.

—Você está enganado, ela mentiu.

—Eu não estou aborrecida. Na verdade ela estava. Ela e Dillon passaram muito tempo juntos a algumas noites atrás e ele comunicou que tinha que voltar a Denver. Agora ela sabia o porquê.

Fletcher sorriu. —Agora eu sei que é a hora de fazer pé firme quanto aos nossos planos de casamento, ele disse ao alcançá-la pegando pela cintura e puxando para mais perto dele. Seu gesto a surpreendeu, porque ele nunca foi tão direto assim com ela antes.

Estar próximo a ele não fazia ela sentir nada, ele não tinha sobre ela o mesmo efeito que Dillon. Porque ela amava Dillon, e não queria dizer nada ele, o simples pensamento de que todas as suas palavras fossem mentiras, era demais para ela.

—Fazer pé firme como?— Ela de alguma maneira conseguiu perguntar.

—Eu tenho sido paciente, mas mais do que qualquer coisa eu quero tê-la como minha esposa, Pamela. Estou ciente de que você não é apaixonada por mim, mas creio que com o passar do tempo você virá a me amar. Eu te propus casamento para te ajudar em uma situação ruim, mas evidentemente você não o vê mais dessa forma. E talvez pensar em perder sua casa e assegurar o futuro de suas irmãs não seja um negócio tão bom quanto foi um dia.

—Isso não é verdade.

—Então prove. Eu não quero mais uma data de casamento. Agora eu quero um casamento de verdade nesta semana. Algo privado. Marque ele para essa sexta-feira ou no sábado o nosso compromisso estará acabado.

Os olhos dela estreitaram.

—Você está me forçando a casar com você?

O sorriso dele se alargou.

—Não, amor, a escolha é sua. Boa noite, Pamela. Ele abriu a porta e saiu.

Pam permaneceu no mesmo lugar e olhou fixamente a fotografia que tinha na mão. Ela angulou a cabeça para estudar a foto. Dillon estava sorrindo. A mulher estava sorrindo. Eles tinham sorrido meramente para a câmera ou um para o outro? - ela se perguntou.

Ao pensar nisso, pensou que Dillon nunca comentou se havia ou não uma mulher especial em sua vida. Ela nunca tinha perguntado e ele nunca tinha dado quaisquer informações. Tudo o que ela sabia era que ele era divorciado, nada mais.

Mas ele a pediu pra ela confiar nele enquanto ele verificava algumas coisas pra poder apresentar uma alternativa.

Ela fechou os olhos por um momento e se debruçou contra a porta fechada. Será que ela tinha interpretado errado o seu pedido? Decidindo que a única pessoa que poderia responder àquela pergunta era o próprio Dillon, ela foi pegar o telefone, mas percebeu que não tinha o número dele. Ele nunca tinha dado o número a ela. Haveria alguma razão para ele ter feito isso?

Ela deu uma olhada rápida no relógio. Não eram nove horas e Roy Davis no Hotel River’s Edge provavelmente teria alguma informação sobre Dillon em seus arquivo. Ela teria que pensar num bom motivo pra que ele desse o número dele pra ela.

Ela soltou um suspiro longo quando o Sr. Davis atendeu ao telefone.

—Hotel River’s Edge.

—Sr. Davis, aqui é Pamela Novak. Como você vai?

—Estou muito bem, Pamela, e quanto a você?

—Estou bem, mas estava me perguntando se você poderia me ajudar.

—Certo. O que o que você precisa?

—O número do telefone da casa do Dillon Westmoreland. Sei que ele ficou no seu hotel por alguns dias na semana passada e preciso falar com ele. Ele esqueceu uma coisa aqui quando me visitou— ela disse.

—Espere. Deixe-me verificar os registros dele.

Não demorou mais do que alguns minutos e o Sr. Davis voltou com o telefone dele para ela.

—Obrigada, Sr. Davis.

—Sempre às ordens, Pamela.

Assim que ela desligou o telefonema, ela depressa discou o número de Dillon. O telefone foi atendido no terceiro toque. —Alô?

A respiração de Pam prendeu na garganta e as mãos tremeram enquanto ela desligava o telefone. Uma mulher havia atendido.

 

—Então quando é que você vai voltar para casa?— Dillon perguntou à mulher que estava espreguiçada no chão na frente de sua televisão assistindo um filme.

Ele tinha acabado de tomar banho quando a encontrou a alguns momentos atrás. Ramsey o tinha advertiu que ele lamentaria o dia em que tinha dado a Megan uma chave de sua casa. Megan era sua prima de vinte e seis anos, uma anestesista de um dos hospitais locais. Ela gostava de ficar à toa. Como estava agora.

—E por que você não está na sua casa assistindo a sua própria televisão?— Ele caminhou pela sala de estar a caminho da cozinha.

—É um filme assustador e eu não gosto de assistir a este tipo de filme sozinha.

Ele revirou os olhos. —Eu ouvi o telefone tocar alguns momentos atrás?

—Sim, acho que foi engano, ela disse sem tirar os olhos da televisão.

—Você se importa se eu ficar aqui hoje à noite?

—Não. Eu provavelmente já terei saído quando você acordar mesmo, ele disse abrindo a geladeira.

Isso chamou sua atenção e ela tirou os olhos da televisão e deu uma rápida olhada para ele.

—Antes do café da manhã? Mas você acabou de chegar.

—E sairei novamente. Desta vez para Laramie. Tenho alguns negócios pra resolver por lá.

Dillon bebeu o suco de laranja direto da caixa de papelão enquanto pensava em seus negócios em Laramie. Ele não podia evitar e pensou em Pam. Ele sentia muita falta dela. Ele ficou tentado a ligar pra ela, mas como Fletcher estava provavelmente de volta, ele decidiu não fazê-lo.

Ele não queria fazer nada por enquanto. Ele esperava que ela confiasse nele o suficiente para que ela pudesse dizer a Mallard que não iria se casar com ele. Dillon rinha prometido dar uma alternativa a ela.

Uma opção que não fizesse ela a se sentir compelida a se casar por qualquer outra razão, exceto o amor. Ele desejava não ter partido de Gamble, melhor ainda gostaria de ter pedido a ela que voltasse pra casa com ele e fosse sua companhia no baile. Mas ele tinha prometido ao xerife que levaria a sua irmã. Ele se sentia obrigado a manter sua promessa. Ele fingiu que se divertiu, mas sentiu a falta de Pam o tempo todo, e isso não foi justo com Belinda.

Ele se sentia aborrecido por achar, esta manhã, sua foto na primeira página do jornal com uma nota que sugeria que existia algo mais entre eles. A última coisa que ele precisava era que Belinda colocasse ideias em sua cabeça, principalmente porque ele estava apaixonado por Pam.

É por isso que ele estava determinado a poder oferecer uma solução alternativa para a proposta de casamento de Mallard, de forma que ele pudesse capturar o coração dela da mesma maneira que ela capturou o dele.

 

Pam acordou cedo na manhã seguinte e, antes de qualquer coisa, discou o número de Dillon novamente. E como na noite anterior, uma mulher atendeu. Desta vez com a voz sonolenta.

E novamente Pam desligou depressa o telefone.

Ela sentiu um aperto no coração e soube que não podia mais depender de Dillon pra uma alternativa que fosse bem sucedida. Ele estava em casa de volta aos braços da mulher que indubitavelmente significava algo para ele. Ela tinha que se lembrar que ele não tinha prometido nada a ela. Ele deu. Ela tomou. Sem remorso. Mas isso não impedia que cada osso do corpo dela doesse com a dor do seu coração partido.

Pelo menos ela tinha conseguido sentir o gosto rico e delicioso da paixão, ela saborearia essas memórias por anos e elas sempre estariam lá para ajudá-la a passar pelos anos seguintes.

Ela retraiu uma respiração funda. A decisão estava tomada. Ela pegou o telefone para fazer outra ligação. Desta vez para Fletcher. A voz dele, também sonolenta, saudou-a no segundo toque.

—Alô.

—Fletcher, aqui é Pamela. Me certificarei que esteja tudo certo para que o nosso casamento seja na sexta-feira à noite.

 

Dillon pegou o avião logo cedo na segunda-feira em Laramie e saindo do aeroporto foi direto ao Banco de Gloversville. Lá ele se encontrou com o presidente do banco.

—Sr. Westmoreland, reconheci o seu nome imediatamente, disse o homem sorrindo de orelha a orelha.

—O senhor pretende fazer negócios em Gloversville? Perguntou, oferecendo uma cadeira a Dillon no momento em que ele entrou no escritório do homem.

Dillon estava contente por reconhecer Roland Byers, eles pois há alguns anos atrás eles já tinham feito negócios antes há alguns anos atrás quando o homem trabalhava em um banco em Denver.

—Não, mas eu gostaria de algumas informações sobre um de seus clientes.

Byers ergueu uma sobrancelha enquanto tomava a cadeira atrás de sua escrivaninha.

—Quem?

—Sam Novak. Ele faleceu no ano passado e eu estou ajudando a sua filha a liquidar seus negócios. Nós estávamos nos perguntando por que o empréstimo dele não foi saldado quando ele morreu. A hipoteca era de mais de um milhão de dólares.

O homem demonstrou surpresa.

—Hmm, não vejo como isso pode ser possível. Nós exigimos seguro de vida em todos os empréstimos para essa quantia. Espere um momento enquanto eu verifico. Não posso te dar quaisquer detalhes do empréstimo devido às leis, mas posso te dizer se ele ainda está ativo.

Dillon viu enquanto Byers chamava sua secretária pelo ramal e dava a ela as informações necessárias para verificar os dados no arquivo. Em menos de cinco minutos a mulher entrou no escritório carregando uma pasta de papéis, que deu a Byers.

Byers levou menos de um minuto para olhar os documentos, olhou para Dillon e disse:

—Deve haver algum engano porque os nossos registros mostram que o empréstimo foi pago por completo. Essas informações, junto com os documentos apropriados, foram recebiam pelo advogado do Sr. Novak, Lester Gadling, há quase um ano atrás.

 

—Não posso acreditar que você vai realmente ir em frente e se casar com o sujeito— Iris disse com a voz desapontada. —E quanto a Dillon?

Só de ouvir o nome dele quase trouxe lágrimas aos olhos de Pam.

—Não há nada com Dillon. Foi apenas um caso, nada mais.

—Mas eu pensei que ele disse que iria...

—Eu não quero falar sobre isso agora Iris. Você poderá estar aqui na sexta-feira?

—Claro que eu posso, embora preferisse não fazer. Mas se você está tão determinada a cometer um enorme engano, o mínimo que eu posso fazer é estar aí ao seu lado.

 

No momento em que Dillon saiu do banco e entrou no carro alugado, o celular tocou. Ele respondeu imediatamente. —Alô?

—Bane está em apuros. Precisamos de você em casa.

Dillon reteve fundo a respiração, soltou-a enquanto agitava a cabeça e colocou o cinto de segurança.

—Certo, Ramsey. O que Bane fez agora?

—Fugiu.

—Que diabo!— Dillon quase explodiu.

—E, por favor, o que quer que você me diga, não me diga que tem o nome da Crystal Newsome no meio.

—Certo, eu não irei. Mas te digo que Carl Newsome com toda a certeza vai mandá-lo para a prisão desta vez.

 

Nada como uma ameaça de morte para conseguir reunir os Westmorelands sob o mesmo teto para algo diferente além de comer ou festejar. Dillon deu uma olhada rápida através do cômodo e olhou fixamente para o seu irmão caçula e se perguntou se Bane algum dia superaria sua mentalidade de garoto mimado. Não podia se evitar amá-lo mesmo quando se queria quebrar a cabeça dele por não ter um mínimo de bom senso.

Afortunadamente, eles o acharam antes de Carl, embora isso tivesse levado quase dois dias, e incluísse viajar para cinco estados diferentes. Ficou óbvio que ele e Crystal não queriam ser encontrados, e que tinham se divertiram tanto que não quiseram nem perder tempo passando em Vegas para um casamento rápido.

Isso deixou Carl Newsome um pouco mais feliz. Ele não precisaria pagar a conta de um divórcio rápido. Alguns anos atrás algo aconteceu aos dos Newsomes e Westmorelands os transformando nos modernos Hatfields e McCoys[6]. Algo a respeito de disputa de terras, e como resultado, Newsome nunca permitiria que sua filha se casasse com um Westmoreland.

Agora todos eles estavam na delegacia de polícia onde Bane tinha sido acusado de sequestro, embora Carl soubesse muito bem que Crystal tinha ido de muito boa vontade. Crystal tinha até confirmado isso. Ela foi longe o suficiente para admitir que tinha sido ela que tinha planejado a coisa toda. Ela pensou estar apaixonada por Bane, mas aos dezessete anos os pais dela pensavam que ela não sabia o significado do amor, e Bane também pensava estar apaixonado por Crystal.

—O juiz já tomou uma decisão, disse o Xerife Harper quando voltou da sala de conferência chamando a atenção de todos.

—Carl Newsome está disposto a tirar as acusações sobre Bane se ele concordar em nunca mais ver Crystal.

Bane, que tinha se encostado contra a parede, se endireitou e gritou furiosamente:

—Eu não concordarei com nada disso!

Dillon revirou os olhos, agitou a cabeça e perguntou ao xerife — E se ele não concordar?

—Então eu terei que prendê-lo e, já que ele violou a última ordem do juiz em que prometeu não colocar os pés na propriedade de Carl, nós o transferiremos para o serviço social por um ano.

Dillon assentiu com a cabeça enquanto olhava através da sala para o irmão caçula, Bane segurou o olhar dele por um momento e então disse para o xerife.

— Ele concordará.

—Dil!

—Não, Bane, agora você me escute, disse Dillon com uma voz firme que conseguiu a atenção de todos no local. Ele tinha perdido muito tempo e queria retornar a Gamble, ele não estava feliz com isso, especialmente agora que sabia que o advogado do pai de Pam havia mentido para ela.

—Crystal é jovem. Você é jovem. Os dois precisam crescer. Carl mencionou que ele planeja mandar Crystal embora para morar com uma tia de qualquer maneira. Use esse tempo para terminar a faculdade, consiga um trabalho na Blue Ridge. Então em três ou quatro anos ela será velha e amadurecida o suficiente para tomar suas próprias decisões. Espero que até lá os dois tenham acabado a faculdade e poderão decidir o que querem fazer da vida.

Ele viu a miséria nas feições do irmão. —Mas eu a amo, Dil.

Dillon sentiu a dor de Bane porque ele sabia, graças a Pamela Novak, a intensidade do amor.

—Eu sei, Bane. Todos nós sabemos que você a ama. Diabo, até o xerife sabe, e é por isso que nós fizemos vista grossa nas suas travessuras com Crystal ao longo dos anos.

Não era necessário ser um cientista para saber que Crystal e Bane eram sexualmente ativos. Inferno, Dillon não queria se lembrar das inúmeras vezes que tinha voltado do trabalho pra casa e inesperadamente tinha pego os dois matando aula, ou como ele recebia telefonemas no meio da noite do xerife depois de achar Bane e Crystal estacionados em algum lugar quando Dillon ou Carl não estavam sequer cientes de que eles estavam fora de casa.

—Mas está na hora de você finalmente crescer e aceitar as responsabilidades das suas ações. Vá para a faculdade, faça algo por si mesmo e então esteja pronto para reclamar sua garota.

Bane não disse nada por um momento enquanto olhava Dillon e olhou fixamente para o chão. Todo mundo estava quieto. E então ele olhou de volta no xerife.

—Eu posso vê-la primeiro?

O xerife Harper agitou a cabeça tristemente.

—Temo que não. Carl, Crystal e a mãe dela saíram já faz algum tempo. Eles a estão levando para o aeroporto para colocá-la no próximo voo com destino ao Sul para casa de uma tia.

Bane, com ombros curvados em derrota, não disse nada por um longo momento e então girou e saiu do lugar.

 

Ramsey se recostou contra a porta com uma xícara de café quente entre as mãos enquanto Dillon fazia as malas.

—Você está de saída novamente?

Dillon concordou com a cabeça enquanto continuava a colocar as coisas na mala.

—Sim, eu já deveria estar em Gamble há muito tempo, e não consigo falar com a Pamela para explicar a minha demora.

Isso o aborrecia. Ele tinha tentado mais de uma vez telefonar para ela, mas ou ela estava fora ou não estava atendendo aos seus telefonemas e ele não podia entender o por quê. Ele mal podia esperar de encontrar-se com o advogado do pai dela e descobrir por que ele tinha mentido para Pam, fazendo com que ela pensasse que a casa ainda tinha uma hipoteca. Por alguma razão que Dillon não podia explicar, ele tinha a sensação de que Mallard estava por trás de todos os problemas financeiros fictícios de Pam.

—Bem, boa sorte. Espero que o seu voo saia na hora certa. Uma nevasca está vindo para cá.

—Eu também ouvi, Dillon disse fechando a mala.

—É por isso que estou saindo agora. Espero que o meu avião decole antes que ela chegue.

Ramsey tomou um gole de café.

—Acho que Pam Novak e coisa séria pra você.

Dillon sorriu enquanto pegava o casaco do armário.

—Sim, pretendo me casar com ela.

 

Dillon ficou preso no aeroporto de Denver devido à nevasca, e foi somente ao meio-dia do dia seguinte que ele chegou a Gamble. Ele estava chateado por ainda não ter conseguido falar com Pam. Ele não falava com ela desde a última sexta-feira e já era sexta-feira de novo.

Assim que chegou a Gamble ele foi diretamente ao escritório de Lester Gadling, decidido a deixar que o homem explicasse os fatos antes de ir ver Pam e informar o que ele tinha descoberto. Ele chegou ao escritório de Gadling apenas para descobrir que ele estava na hora do almoço, Dillon então resolveu esperar.

Eram quase três horas da tarde quando Gadling retornou do almoço, e quando soube pela secretária que Dillon o estava esperando, ele olhou nervosamente pra ele e perguntar se ele tinha marcado hora.

—Não, não marquei, mas preciso conversar com você sobre Sam Novak.

—O que tem Sam Novak?

Dillon não gostou do fato da secretária estar sentada lá e estar toda ouvidos.

—Prefiro conversar com você sobre isso reservadamente— ele disse.

Gadling pareceu hesitar por um momento e então perguntou:

—Qual é a sua relação com a família Novak?

—Sou um amigo.

Momentos mais tarde, Dillon Gadling o seguiu para o escritório e assim que a porta se fechou atrás deles, o advogado perguntou nervosamente.

—O que exatamente você quer saber?

Dillon não hesitou.

—Quero saber por que você levou Pam a acreditar que tinha uma dívida de hipoteca. Sei que ela não tem, então é melhor que você tenha uma boa resposta para mim, Sr. Gadling. E quero saber para onde está indo aqueles pagamentos que ela está fazendo todos os meses.

—Não tenho que te dizer nada— o homem disse.

Dillon deu a ele o sorriso que todos os membros de sua família sabiam o que significava.

—Não, você não tem que me dizer nada. Eu posso ligar para o escritório do promotor estadual e deixá-lo à par das suas falcatruas como advogado.

Isso conseguiu a atenção de Gadling. Ele foi ao redor da escrivaninha e para a surpresa de Dillon tirou uma garrafinha de uísque, encheu um copo e engoliu o líquido.

—Eu não queria mentir. Foi ideia de Fletcher Mallard. Estou sendo chantageado.

Dillon olhou fixamente para o homem por um longo tempo e então sentou-se na cadeira em frente à escrivaninha de Gadling.

—Acho bom você começar a contar a estória do início.

O homem começou a falar e Dillon escutou. As mãos de Dillon de vez em quando apertavam os punhos pela forma como Mallard havia manipulado Gadling e Pam para conseguir o que queria. Pam realmente pensava que Fletcher Mallard tinha vindo em seu salvamento, sem saber que ele havia orquestrado toda a situação.

—Então, é isso. Mallard estava tão obcecado em se casar com Pamela Novak que teria feito qualquer coisa para tê-la à mercê dele.

A mandíbula de Dillon cerrou.

—Estou indo para a casa dos Novaks e trarei Pam aqui. Quero que você diga a ela tudo o que me disse.

O homem pareceu surpreso com o pedido.

—Isso talvez seja difícil de conseguir.

Dillon se debruçou sobre ele, se recusava a aceitar qualquer tipo de desculpas do homem.

—E por que seria difícil, Gadling?

—Porque ela e Mallard estão se casando hoje. Na realidade, o casamento está acontecendo exatamente nesse momento enquanto estamos falamos.

 

                                                       Capítulo 11

—Por favor Pammie, você não tem que se casar com ele, Paige disse com lágrimas nos olhos.

—Por que você não quis conversar com Dillon quando ele ligou essa semana? Nadia perguntou.

—Por que nós não podíamos atender ao telefone quando a ligação fosse dele?

Pam fechou os olhos e olhou através do quarto para Jill que não disse nada, mas cujos olhos estavam estreitados. Ela olhou então para Iris que parecia da mesma maneira chateada.

—Escutem aqui, hoje é o dia do meu casamento.

Ela então voltou a atenção para Paige.

—E eu tenho que me casar com ele. Você não entende agora, mas um dia irá.

—A razão pela qual eu não quis conversar com Dillon esta semana é bastante complicada, mas eu tive minhas razões, ela disse para Nadia.

Ela ignorou o bufar sem dignidade de Jill.

—Vamos, o Reverendo Atwater acabou de chegar e nós precisamos ir andando.

Pam deu uma olhada rápida para Iris, contente pela amiga ter mantido a boca fechada dessa vez. Iris tinha falado a manhã toda.

—Bem, como eu estou?— Pam deu uma volta no meio do quarto com o vestido novo que tinha comprado durante a semana.

—Muito bonita para aquele imbecil, disse Iris entre dentes; porém suas irmãs ouviram o comentário. A carranca de Pam aumentou ainda mais quando suas irmãs lutavam pra conter as risadinhas.

—Certo mocinhas vamos lá, ela disse para todas. —O ministro está esperando.

 

Dillon nem se deu ao trabalho de olhar o limite de velocidade enquanto corria com o carro alugado para a casa dos Novaks. A notícia de Gadling de que um casamento estava acontecendo e que Pam era a noiva, fez com que ele saísse correndo para o carro e partisse a toda velocidade. Era um milagre o xerife ainda não estar atrás dele.

Ele tentou ligar para Pam antes de deixar o escritório de Gadling, mas evidentemente alguém tinha tirado o telefone do gancho.

Ele soltou um longo suspiro quando finalmente parou na calçada e viu três carros estacionados em frente da casa. Ele reconheceu o que pertencia a Mallard, mas não aos outros dois.

Ele apenas desligou a ignição antes de abrir a porta e sair do carro. Nesse momento ele não se importava se estava atrasado e se ela já tinha se casado com Mallard. Se esse fosse o caso ela então se tornaria uma esposa sequestrada, uma arte que um Westmoreland conhecia tão bem.

 

As palavras do ministro flutuavam sobre Pam, mas seus pensamentos estavam em Paige. Naquela manhã, Pam achou sua irmã caçula sentada do lado de fora da casa chorando. Paige estava infeliz porque Pam hoje se casaria com Fletcher Mallard. E Pam sabia que suas duas outras irmãs se sentiam da mesma maneira.

Com a morte do pai todas as três irmãs ficaram aos seus cuidados e naquele minuto Pam percebeu que a felicidade delas significava mais para ela do que qualquer outra coisa. E se casar com Fletcher estava causava essa angústia a elas, então de jeito nenhum ela poderia continuar seguindo com isso.

As palavras do reverendo Atwater então ecoaram.

—Se alguém sabe de algo que possa impedir esta união, que fale agora ou que se cale para sempre.

Ela abriu a boca para pôr fim à formalidade, sabendo que não podia deixá-la continuar, quando a voz alta de um homem soou da entrada de sua casa, alta e clara.

—Eu sei de algo que pode!

Pam girou e o coração literalmente saltou do seu peito quando viu Dillon de pé com uma carranca feroz no rosto. Ele andava depressa em sua direção.

—O que ele está fazendo aqui?— Fletcher perguntou por entre os dentes cerrados.

—Parece que ele veio pela Pammie, Paige disse esperta com um sorriso enorme no rosto, batendo palmas com alegria.

Pam apenas podia olhar para Dillon, de tão chocada que estava para se mover ou dizer qualquer outra coisa.

—Que diabos você pensa que está fazendo aqui? Fletcher pergunto indo para frente de Pam, bloqueando assim a passagem de Dillon.

Um sorriso curvou os lábios de Dillon quando ele abaixou o olhar e encarou Fletcher.

—O que te parece? Estou parando o casamento. Então saia do caminho que eu preciso conversar com Pam.

—Eu não vou sair, Fletcher retrucou.

A curva nos lábios de Dillon alargou.

—Eu não tenho nenhum problema em te tirar daí, confie em mim.

—Cavalheiros, por favor, disse o ministro.

Só então Pam conseguiu falar. Ela deu a volta ao redor de Fletcher para frente a frente de Dillon. Ela encontrou o seu olhar.

—Dillon, o que você está fazendo aqui?

Ela viu a intensidade do seu olhar.

—Eu te pedi para confiar em mim que eu te apresentaria uma alternativa.

Os olhos de Pam estreitaram.

—Eu acreditei até te ligar no domingo à noite e ela atender ao telefone.

Ele ergueu uma sobrancelha confusa.

—Ela quem?

—Me diga você.

—Olhe Westmoreland, eu não sei por que você está aqui mais está interrompendo ao nosso casamento, Fletcher disse com tom irritado.

Dillon moveu o olhar de Pam para Fletcher e encarou o homem.

—Não haverá casamento. Ele deu uma rápida olhada ao redor de Pam e disse:

—Nós precisamos ter uma conversa em particular.

Pam olhou fixamente para ele por um momento e então deu um passo para trás.

—Não, nós não precisamos.

—Se ela não quer falar com você, eu quero, Iris disse. Quando Dillon deu uma olhada rápida nela Iris sorriu.

—Eu sou Iris, a melhora amiga de Pam.

Quando Pam lançou um olhar feio pra amiga, Iris encolheu os ombros.

—Ei, o que eu posso fazer se ele é uma graça.

Dillon voltou o seu olhar para Pam.

—Nós precisamos conversar, Pam, ele disse cruzando os braços sobre o tórax.

—Se você não quiser conversar em particular então eu posso muito bem dizer tudo o que eu quero aqui mesmo. Fletcher e Lester Gadling mentiram para você. Não há nenhuma hipoteca na sua casa ou no terreno. Seu pai fez o seguro necessário para pagá-la. Fletcher estava chantageando Gadling para dizer o contrário. E os pagamentos mensais que você fazia para pagar ao empréstimo estavam indo direto para Mallard.

—Isso é mentira! Fletcher disse ruidosamente.

—Como ousa vir aqui e dizer tantas mentiras!

—Não é mentira Pam, você pode verificar tudo o que eu disse com Gadling. Você não estava contando que ela descobrisse a verdade até que os dois estivessem casados, até lá você esperava que ela estivesse tão em dívida com você que não se importaria mais.

Pam voltou-se para Fletcher, chocada com as alegações de Dillon.

—Isso é verdade, Fletcher?

Fletcher alcançou e agarrou sua mão.

—Pamela, amor. Por favor, entenda. Eu fiz isso para dar a todas vocês tudo o que vocês merecem. Eu tinha que fazer você se casar comigo de qualquer jeito.

Ela agitou furiosamente a mão para fora da dele e deu um passo para trás. Seu rosto tinha uma expressão de ira.

—Você deliberadamente mentiu para mim, só para me fazer casar com você?

—Sim, mas...

—Por favor Fletcher, saia e não volte mais.

Ele olhou para ela e seu olhar se voltou para Dillon antes de recuar para Pam.

—Não adianta desistir do casamento pra que o Westmoreland se case com você, se é isso o que você está pensando, ele rosnou.

—Lembra daquele artigo que eu te mostrei? Do Denver Post. Ele já tem uma mulher em Denver, então eu sou o melhor partido por aqui. Quando você quiser renovar a nossa relação, ligue para mim. Ele se voltou e saiu marchando furiosamente para fora da casa.

—Pam, nós precisamos conversar, Dillon disse assim que a porta se fechou atrás de Fletcher.

Ela deu uma rápida olhada para ele e estreitou o sei olhar. Cruzando os braços sobre os seios, ela disse: —Não.

Os lábios dele se curvaram em um sorriso cheio de covinhas e ainda assim predatório e Pam teve o bom senso de andar para trás. Mas ela não foi rápida o suficiente. Dillon a alcançou e a ergueu nos braços.

—Me solte Dillon!

Ele olhou para o rosto bravo dela.

—Não. Você vai escutar tudo o que eu tenho a dizer.

Ele então deu uma olhada rápida para a expressão chocada do ministro antes de sorrir para as irmãs de Pam e Iris.

—Nos dê licença por um momento, pois precisamos conversar em particular.

Ignorando as lutas de Pam, ele foi em direção à cozinha e trancou a porta atrás deles.

—Me solte Dillon!

—Certamente, ele disse sentando em uma cadeira e a mantendo em seu colo. Ele olhou pra ela e disse:

—Parece que eu preciso te dizer algumas coisas. Primeiro, aquela foto no Denver Post que Fletcher estava se referindo era de uma acompanhante que eu concordei meses atrás. A mulher, Belinda Harper, é a irmã do xerife. Eu o devia um favor a ele por todas as vezes que ele me ajudou a manter Bane fora da prisão.

Quando ela não disse nada ele e apenas continuou a olhá-lo, ele continuou.

—Quanto à mulher que atendeu ao meu telefone no domingo à noite era a minha prima Megan. Ela ficou na minha casa até segunda-feira. De fato, eu a deixei lá para pegar o meu voo para Laramie e poder verificar como estavam as coisas no Banco de Gloversville.

Agora, isso sim conseguiu chamar a atenção dela. Ele assistiu enquanto ela erguia uma sobrancelha.

—Ela é sua prima?

—Sim, eu te disse que tenho três primas mais nova. Megan, Gemma e Bailey. Ele pausou e adicionou.

—Eu teria voltado antes para Gamble, mas tivemos novamente um problema com Bane, e tive que retornar a Denver para cuidar disso. E então houve aquela maldita nevasca em Denver. E acabei ficando preso no aeroporto.

Pam segurou o olhar dele.

—Você estava tentando voltar? Ela perguntou como se estivesse ainda incerta.

—Tão logo eu pudesse. Eu te fiz uma promessa e tinha a intenção de mantê-la. E logo que descobri que o empréstimo já estava liquidado, tentei te ligar várias vezes.

Ela deu uma olhada rápida para longe, através da janela secreta, antes de retornar o olhar para o dele.

—Eu não tinha nada para te dizer. Não deixei que as minhas irmãs atendessem ao telefone.

—Porque você pensou que eu estava envolvido com outra pessoa. Ele afirmou ao invés de perguntar.

—Sim.

—E por que pensar em outra mulher te aborrece, Pam?

Ela encolheu os ombros femininos que ele amava tanto.

—Apenas aborrece.

Ele se debruçou para mais perto.

—Você sabe o que eu acho? E antes que ela pudesse responder, ele disse.

—Acho que te aborreceu porque você percebeu algo. Aquelas vezes em que fizemos amor, eu te fiz minha. E sabe outra coisa que você deve aceitar?

—Não, o quê?— Ela perguntou laconicamente.

—Que eu amo você.

Ela piscou. —Você me ama?

—Muito. Eu me apaixonei por você no momento em que coloquei meus olhos em você. E eu quero me casar com você por todas as razões certas. Quero que nós, os Westmorelands e os Novaks, sejam uma família.

Ela hesitou, procurado ver a verdade de suas palavras no olhar dele. Ele podia dizer pela expressão do rosto dela o momento exato em que ela a achou. Um sorriso tocou os lábios dela.

—Acho que Jay e Raphael teriam gostado disso.

—Então você se casará comigo? Mas eu também preciso te advertir, casar comigo significa levar mais outros quatorze.

Ela sorriu amplamente.

—Eu não me importo porque casar comigo também significa levar mais outras quatro. Oh, e há a Iris. Ela é como uma irmã pra mim.

Um sorriso fundo tocou os lábios dele.

—Quanto mais, melhor. E eu poderia também te advertir sobre os meus quinze primos Westmorelands de Atlanta.

—Como você disse, quanto mais, melhor, ela disse, movendo o braço para envolver o pescoço dele.

—Eu te amo, também.

Ele se debruçou para mais perto enquanto seu olhar estava preso aos lábios dela. Então ele a beijou lentamente a princípio, depois um pouco mais faminto. E quando a língua começou a duelar com a dela, ele quase se esqueceu de onde os dois estavam. Ele tirou a boca da dela e continuou a abraçando. Ele então a colocou de pé.

—Acho que precisamos deixar todos saberem que haverá um casamento afinal, mas não hoje. Marcaremos uma data quando pudermos reunir todos os Westmorelands em um só lugar.

Ele então se debruçou para mais perto dela para sussurrar.

—Vou ficar no hotel em Rosebud hoje à noite. Você quer se encontrar comigo mais tarde?

Um sorriso satisfeito tocou os lábios dela.

—Hmm, eu adoraria. Você dá. Eu tomo. Sem remorso.

Ele riu enquanto a puxava para os seus braços.

—Sim. Nenhum remorso.

 

                                         Epílogo

Pam deu uma olhada rápida para a aliança. Parecia perfeita em sua mão. Ela então olhou para aquele que, há apenas dez minutos, era o seu marido e sorriu antes de olhar ao redor do enorme salão de baile, graciosamente decorado no hotel de Denver. Ela e Dillon decidiram que o casamento seria no Natal e tudo saiu perfeito.

As irmãs estavam conversando com alguns irmãos e primos de Dillon e pareciam estar muito felizes e festivas. Ela ainda não podia distinguir quem eram os irmãos de Dillon e quem eram seus primos, já que todos eram muito parecidos. Até mesmo os que tinham vindo de longe, lá de Atlanta. Ele apresentou todo mundo, mas ela ainda estava um pouco confusa com nomes e rostos.

Imediatamente ela se tornou amiga de Megan, Gemma e Bailey. Elas simplesmente adoravam o primo mais velho e fizeram com que ela soubesse que elas estavam mais do que contentes com a mulher que ele tinha escolhido como esposa. E tinha ainda esposas dos Westmorelands de Atlanta, com quem ela esperava ter uma amizade duradoura. Ontem à noite durante o jantar de ensaio ela havia segurado nos braços o mais novo membro do clã Westmoreland, Jaren de quatro meses de idade.

Ninguém tinha dúvidas de que o primo de Dillon, Jared Westmoreland e sua esposa Dana, orgulhavam-se de seu lindo bebê. Enquanto Pam segurava o bebê, deu uma rápida olhada para cima e encontrou ao olhar de Dillon, e pelo olhar que ele deu a ela, ela teve a sensação de que ele não iria perder tempo em dar a ela um filho para embalar.

—Pronta para a nossa primeira dança, Sra. Westmoreland? Dillon perguntou, fazendo ela girar para olhá-lo, e trazendo seus pensamentos de volta para o presente.

Ela riu. —Tão pronta quanto jamais estarei, Sr. Westmoreland.

Ele então a puxou para os seus braços enquanto eles deslizavam pela pista de dança. As irmãs estavam radiantes de felicidade e isso fez ela se sentir bem. Elas tinham ficado extasiadas ao ouvirem sobre os planos do casamento. Ela e Dillon queriam algo pequeno, mas com todos aqueles Westmorelands isso era impossível.

Eles viveriam em Gamble até o final do ano letivo, e assim que Jill voltasse para a faculdade, Pam e as irmãs se mudariam para a casa de Dillon em Denver. Paige e Nadia não tinham nenhum problema com as mudanças, e estavam ansiosas para fazerem novos amigos. A casa em Gamble seria uma segunda casa para eles. Pam passaria todo o trabalho do dia a dia da faculdade de teatro para as mãos capazes de Cindy Ruffin.

Depois de alguns momentos uma profunda voz masculina disse:

—Posso dançar com a noiva?

Pam deu uma rápida olhada para o rosto do primo que ela se lembrava bem, porque ele era um motociclista nacionalmente conhecido, Thorn Westmoreland.

—Só por um momento, Disse Dillon jocosamente, dando-a para o primo. Depois de Thorn, ela permaneceu na pista de dança por muitas outras músicas, para que cada primo de Dillon tivesse a chance de dançar com ela.

Finalmente, ela se achou de volta aos braços do marido para uma dança lenta. Eles pegariam um avião mais tarde e iriam para Miami, onde sairiam em um cruzeiro para Bahamas.

Ele a apertou nos braços e sussurrou —finalmente— antes de abaixar a cabeça e encontrar os seus lábios, sem se importar de estarem em um salão de baile cheio de convidados. Quando ele finalmente soltou sua boca, ela não pôde evitar e riu alto.

—Isso foi bem atrevido.

—Não, amor, ele disse, passando os nós dos seus dedos suavemente contra sua face.

—Este é o jeito Westmoreland. Acostume-se a ele.

—Eu irei. Ela continuou a andar nas pontas dos pés e capturou sua boca na dela, decidida a mostrar para ele que os Novaks também tinham um jeito todo próprio, todo especial também.

 

 

[1] NBA (National Basketball Association) - uma das principais liga de basquetebol do mundo, localizada na América do Norte. Foi criada em 1946 sob o nome de BAA (Basketball Association of America). Em 1949, se fundiu com a NBL (National Basketball League) e foi renomeada NBA.

[2] A região de Mountain States se localiza ao Oeste dos Estados Unidos, abrange os estados do Colorado, Idaho, Montana, Nevada, Utah e Wyoming.

[3] Stetson - marca de chapéu com aba larga e coroa alta, parte do equipamento de um caubói.

[4] Um Cântico de Natal foi escrito em menos de um mês originalmente para pagar dívidas, mas tornou-se um dos maiores clássicos natalinos de todos os tempos. Charles Dickens o descreveu como seu "livrinho de Natal", e foi primeiramente publicado em 19 de dezembro de 1843, com ilustrações de John Leech. A história transformou-se instantaneamente num sucesso, vendendo mais de seis mil cópias em uma semana.

[5] Ação de Graças - em inglês: Thanksgiving Day - comemorado na 4ª quinta-feira de Novembro, é feriado nos Estados Unidos e Canadá, como um dia de gratidão, geralmente a Deus, pelos bons acontecimentos ocorridos durante o ano. Neste dia, pessoas dão as graças com festas e orações. O prato tradicional é o peru.

[6] Hatfields e McCoys – famílias rivais. Os envolvidos na contenda eram descendentes de Efraim Hatfield (nascido em 1765) e William McCoy (nascido em 1750).

[7] Esta espécie de Indian Paintbrush, Castilleja integra, cresce no Sul e Centro do Texas. Planta verdadeiramente selvagem - muito difícil de cultivar porque é uma hemiparasita em gramíneas.

 

                                                                  Brenda Jackson

 

 

              Voltar à “Página do Autor"

 

 

 

                      

O melhor da literatura para todos os gostos e idades