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Poesia & Contos Infantis

 

 

 


VOCÊ E A ETERNIDADE / Lobsang Rampa
VOCÊ E A ETERNIDADE / Lobsang Rampa

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

VOCÊ E A ETERNIDADE

 

Eu sou Terça-Feira Lobsang Rampa. É meu único nome, tornou-se meu nome legal, e não tenho outro. Muitas cartas me chegam, trazendo um conglomerado exótico de nomes que não são o meu e vão diretamente para O cesto de papéis, pois, como já disse, meu único nome é Terça-Feira Lobsang Rampa.

Todos os meus livros contem a verdade, todas as minhas informações são inteiramente verídicas. Há anos, os jornais na Inglaterra e Alemanha deram início a uma campanha contra mim, numa época em que eu não podia defender-me, pois estava quase morrendo, com trombose coronária. Fui perseguido sem misericórdia, de modo insano.

Na verdade, algumas pessoas tinham inveja de mim, de modo que reuniram “provas”, mas é significativo que os “colectores de provas” não procuraram, em um só momento, vir falar COMIGO!

É espantoso que não se dê a “uma pessoa acusada” a possibilidade de narrar sua própria história. Uma pessoa é inocente enquanto não ficar provada sua culpa. E NUNCA provaram minha “culpa”, e jamais me permitiram provar minha AUTENTICIDADE!

Quero reiterar que tudo quanto escrevi é verdade. Todas as minhas afirmações são verdadeiras. O motivo específico pelo qual insisto em que tudo isto é verdadeiro está em que, em futuro próximo, outras pessoas como eu aparecerão, e não desejo que elas tenham de passar pelo mesmo sofrimento pelo qual passei, devido ao despeito e ao ódio rancoroso.

Grande número de pessoas já viu meus documentos inteiramente autênticos, comprovando que fui um alto Lama da Potala, em Lhasa, no Tibete, e que sou formado em Medicina, tendo estudado na China. Embora as pessoas tenham visto esses documentos, “esqueceram-se” do fato, quando a imprensa se intrometeu.

Peço ao leitor, portanto, que leia meus livros, tendo presente minha afirmação positiva de que tudo isto é VERDADE. Eu sou o que afirmo ser. E o que sou? Leia meus livros, para descobrir!

Aqui temos um Curso de Instrução muito especial, para quem se ache sinceramente interessado no conhecimento de coisas que precisam ser conhecidas.

Foi planeado que isto se efetuaria sobre a forma de um Curso por Correspondência, mas depois se percebeu que, com toda a organização necessária, cada estudante teria de pagar uma taxa por volta de trinta e cinco libras pelo Curso! Assim é que ficou decidido apresentá-lo em forma de livro.

O leitor compreenderá que, em um Curso por Correspondência, haveria perguntas que um estudante gostaria de fazer, mas não posso pretender responder às perguntas surgidas deste livro, porque...

Um autor pobre e em péssima situação não ganha grande coisa com os livros, como o leitor sabe, e na verdade ganha pouquíssimo, sendo frequente receber cartas de todas as partes do mundo, cartas cujos signatários “se esquecem” de enviar com selos para que ele as possa responder. Assim é que o autor se vê diante da escolha de pagar essa resposta ou deixar a carta de lado, sem resposta.

No meu caso, levado por impulso bastante tolo, paguei o custo do papel, a datilografia das respostas, os selos da mesma, etc., etc., mas a coisa toda se torna muito cara, de modo que não estou absolutamente em condições de responder a qualquer pergunta, ou carta, a menos que as pessoas que tenham duvidas não se esqueçam desse detalhe.

Estou dizendo, do modo mais enfático, que se o leitor ler este livro extrairá grande benefício do mesmo; se estudar este livro, extrairá ainda mais benefício. A fim de ajudá-lo, acham-se incluídas as Instruções que teriam sido dadas no Curso por Correspondência.

Após este livro virá outro, com monografias sobre diversos assuntos do ocultismo e de interesse quotidiano, e contendo uma forma muito especial de dicionário, um dicionário explicativo. Depois de ter procurado obter um livro assim em diversos países do mundo, decidi eu próprio escrevê-lo. Encaro esse segundo livro como parte essencial para a compreensão completa e mais benéfica deste, que é o primeiro dos dois.

Lobsang Rampa

 

 

Instruções

Nós — você e nós — vamos ter de trabalhar juntos, de modo que o seu desenvolvimento psíquico possa efetuar-se em ritmo igual.

Algumas destas Lições serão mais longas e possivelmente mais difíceis do que outras, mas acontece que elas não têm enchimento inútil; contêm, na medida de nossa capacidade, “substância” verdadeira, sem qualquer enfeite.

Escolha uma noite de cada semana para estudar estas Lições. Forme o hábito de estudar a uma certa hora, em certo lugar, em certo dia. A tarefa que temos vai além de simplesmente ler palavras, porque será preciso absorver ideias que poderão parecer-lhe muito estranhas, e a disciplina mental dos hábitos regulares virá ajudá-lo muitíssimo.

Escolha algum lugar — algum aposento de sua casa, destinado a isso — onde fique à vontade. Você aprenderá com mais facilidade se estiver a cômodo. Deite-se, se preferir, mas em qualquer caso, adote uma atitude na qual não haja qualquer esforço dos músculos, na qual possa descansar de modo que toda a sua atenção possa ser dada às palavras impressas e aos pensamentos que as mesmas contem. Se estiver tenso, boa parte de sua atenção estará dedicada a sentir essa tensão! Tome providências para que durante uma hora, ou duas horas, ou por qualquer que seja o tempo necessário para ler cada lição; ninguém se intrometa, nem desvie o seu fio de pensamentos.

Nesse aposento — o seu estúdio — feche a porta. Feche-a à chave, de preferência, e cerre as cortinas de modo que as flutuações da luz do dia não distraiam sua atenção. Mantenha apenas uma luz acesa no aposento, lâmpada essa que deve servir para ler, colocada ligeiramente por trás de você. Isso proporcionará a iluminação adequada, ao mesmo tempo em que deixa o resto do aposento em sombra propícia.

Deite-se, ou adote qualquer posição que seja inteiramente cômoda e repousante. Descanse por alguns momentos, respire profundamente, isto é, inale talvez três vezes, com bastante profundidade, uma após outra. Prenda a respiração, por três ou quatro segundos, e depois solte-a por período idêntico. Descanse em imobilidade por alguns segundos mais e depois apanhe sua lição, começando a lê-la. De início, leia-a despreocupadamente — como se estivesse lendo um jornal. Tendo feito isso, faça uma pausa por momentos, a fim de deixar o que leu de leve chegar a seu subconsciente. Depois, faça-o outra vez. Percorra o teor da Lição meticulosamente, parágrafo por parágrafo. Se alguma coisa o intrigar, tome nota, escrevendo-a em um bloco de papel colocado em lugar conveniente. Não procure guardar coisa alguma de memória, pois de nada adianta ser escravo da palavra impressa uma vez que todo o fito da Lição é o de ir ter a seu subconsciente. Uma tentativa consciente de memorizar serve muitas vezes para cegar a pessoa quanto ao significado completo das palavras. Você não vai fazer um exame, aonde repetir como um papagaio certas frases é o suficiente. Ao invés disso, você está armazenando conhecimentos que poderão libertá-lo das amarrações da carne, capacitando-o a ver que espécie de coisa este corpo humano é, e descobrir o fito da Vida sobre a Terra.

Quando houver percorrido o teor da Lição outra vez, consulte as suas anotações e pense nos pontos que o intrigaram, os pontos que não ficaram esclarecidos. É fácil em demasia escrever apenas para nós, respondendo assim a uma pergunta; isso, porém, não fará com que o assunto chegue ao subconsciente. Há mais valor e benefício para você em que você próprio PENSE na resposta, encontrando-a sozinho.

É preciso que você faça sua parte. Tudo quanto vale a pena ter, merece o trabalho para consegui-lo. As coisas dadas, gratuitamente, em geral o são porque nem sequer valem a cobrança! Você precisa abrir sua mente, deve estar pronto a adquirir conhecimentos novos.

Você deve “imaginar” que o conhecimento está fluindo, chegando a você. Lembre-se de que “do modo como pensa, o homem é”.

 

Antes de procurarmos compreender a natureza do Eu Maior, ou lidar com qualquer questão “oculta”, precisamos ter certeza de que compreendemos a natureza do Homem. Nesse Curso, utilizaremos o termo “Homem” a fim de indicar “homem e mulher”. Desde o início digamos, de modo definido, que a mulher é pelo menos igual ao homem, em todas as questões referentes às coisas ocultas e às percepções extra-sensoriais. A mulher, na verdade, apresenta em geral uma aura mais brilhante e uma capacidade maior para apreciar as diversas facetas da metafísica.

 

Que é a vida?

Na verdade, tudo que existe é “vida”. Até mesmo uma criatura à qual normalmente chamamos “morta” está viva. A forma normal de sua vida pode ter cessado — caso em que a chamamos morta —, mas com a cessação dessa “vida” uma forma nova de vida entrou em cena. O processo da dissolução cria vida própria!

Tudo que existe vibra. Tudo consiste de moléculas em movimento constante. Utilizaremos “moléculas” ao invés de átomos, nêutrons, prótons, etc., porque este é um Curso de Metafísica, e não um Curso de Química ou de Física. Estamos procurando “pintar um quadro geral”, ao invés de entrarmos em detalhes microscópicos de questões que não vêm ao caso.

Talvez devêssemos dizer algumas palavras a respeito das moléculas e átomos, inicialmente, a fim de acalmarmos os puritanos que, de outra forma, nos escreveriam cartas e enviariam conhecimentos que já possuímos! As moléculas são pequenas, MUITO pequenas, mas podem ser vistas com o microscópio eletrônico e por aqueles que têm preparo nas ciências metafísicas. De acordo com o dicionário, a molécula é a porção menor possível de uma substância capaz de existência independente, ao mesmo tempo em que retém as propriedades dessa substância. Por pequenas que sejam, as moléculas se compõem de partículas ainda menores, conhecidas como “átomos”.

Um átomo é como um sistema solar em miniatura. O núcleo do átomo representa o Sol em nosso próprio sistema solar. Ao redor desse “sol” giram elétrons, de modo bem parecido com aquele pelo qual os planetas em nosso sistema solar rodopiam ao redor de nosso Sol. Como no sistema solar, a unidade do átomo é quase inteiramente espaço vazio! Aqui, na Figura Um, vemos como o átomo de carbono — o “tijolo” de nosso Universo — se apresenta, quando bastante aumentado. A Figura Dois mostra nosso sistema solar.

Toda a substância tem um número diferente de elétrons ao redor de seu “sol” do núcleo. O urânio, por exemplo, tem noventa e dois elétrons. O carbono possui apenas seis. Dois próximos ao núcleo e quatro orbitando em distância maior. Mas vamo-nos esquecer dos átomos e fazer referência apenas às moléculas...

O homem é uma massa de moléculas em rotação rápida. Parece ser sólido; não é fácil enfiar um dedo pela carne e ossos. Ainda assim, essa solidez é uma ilusão forçada a nós, porque também somos parte da Humanidade. Pensemos em uma criatura de pequenez infinita, que se possa colocar a uma certa distância de um corpo humano, olhando para o mesmo. Essa criatura veria sóis em rodopio, nebulosas espirais, e faixas parecidas com a via-láctea. Nas partes macias do corpo — a carne — as moléculas estariam amplamente dispersas. Nas substâncias duras, os ossos, as moléculas seriam densas, agrupadas, e dando a aparência de um grande conglomerado de estrelas.

Imaginemo-nos de pé sobre o cume de uma montanha, em alguma noite clara. Estamos a sós, muito distantes das luzes de qualquer cidade que, refletindo-se no céu noturno, causa refração das gotas de umidade suspensas, fazendo com que os céus pareçam turvos. (É este o motivo pelo qual os observatórios astronômico sempre são construídos em lugares distantes de cidades.) Estamos em nosso próprio cume de montanha... acima de nós, as estrelas brilham com clareza. Nós as fitamos enquanto seguem em procissão infinita diante de nossos olhos espantados. Grandes galáxias se estendem diante de nós. Conglomerados de estrelas adornam o negrume do céu da noite. No firmamento, a faixa conhecida como via-láctea se apresenta como uma esteira vasta e fumacenta. Estrelas, mundos, planetas. Moléculas. Pois é assim que essa criatura microscópica nos veria, a nós!

As estrelas nos céus acima apresentam-se como pontos de luz com espaços inacreditáveis entre si. Bilhões, trilhões de estrelas é o que são, mas ainda assim, comparadas ao grande espaço vazio, parecem poucas. Se nos dessem uma nave espacial, poderíamos mover-nos entre as estrelas, sem tocar em qualquer uma delas. Suponhamos que fosse possível fechar os espaços entre as estrelas, as moléculas. QUE VERÍAMOS? Aquela criatura microscópica que nos vê de longe estará também pensando nisso? NÓS sabemos que essas moléculas vistas pela criatura somos NÓS. Qual, então, é a forma final das formações estelares nos céus? Cada Homem é um Universo, um Universo no qual os planetas — as moléculas — rodopiam ao redor de um sol central. Cada rocha, graveto ou gota de água é composta por moléculas em movimento constante, incessante.

O homem se compõe de moléculas em movimento. Esse movimento gera uma forma de eletricidade que, unindo-se à “eletricidade” proporcionada pelo Eu Maior, forma a Vida senciente (capacidade de experienciar o sofrimento, seja a nível físico, seja a nível psíquico). Ao redor dos polos da Terra, tempestades magnéticas irrompem e brilham, dando origem à Aurora Boreal, com todas as suas luzes coloridas. Ao redor de TODOS os planetas — e moléculas! — as radiações magnéticas entrosam e interagem com outras radiações emanadas dos mundos e moléculas vizinhas. “Nenhum Homem é um mundo em si mesmo!” Nenhum mundo, ou molécula, pode existir sem outros mundos ou moléculas. Todas as criaturas, mundos ou moléculas dependem da existência de outras criaturas, mundos ou moléculas, para que sua própria existência possa continuar.

Também devemos levar em conta o fato de que os grupos moleculares são de densidades diferentes e, na verdade, como conglomerados de estrelas girando no espaço. Em algumas partes do Universo existem regiões povoadas por um número bastante pequeno de estrelas ou planetas ou mundos — qualquer que seja o nome dado por nós —, mas por todas as outras partes apresenta-se uma densidade considerável de planetas, como acontece, por exemplo, na via láctea. De modo bastante parecido, a rocha pode representar uma constelação muito densa, ou galáxia. O ar é povoado por um número mais raro de moléculas. Na verdade, o ar passa por nós e passa pelos capilares dos nossos pulmões, indo ter à nossa corrente sanguínea. Além do ar, existe espaço onde há conglomerados de moléculas de hidrogênio amplamente dispersas.

O espaço não é o vazio, como as pessoas costumavam imaginar, porém uma coleção de moléculas de hidrogênio em oscilação turbulenta e, naturalmente, as estrelas, planetas e mundos formados pelas moléculas de hidrogênio.

É claro que se um deles apresentar coleção substancial de grupos moleculares torna-se muito difícil para qualquer outra criatura passar pelos grupos, mas um chamado “fantasma”, que tem suas moléculas amplamente espaçadas, pode com facilidade atravessar uma parede de tijolos.

Pensemos na parede de tijolos como a mesma é: uma coleção de moléculas um tanto parecida com uma nuvem de poeira suspensa no ar. Por improvável que pareça, existe espaço entre cada molécula, assim como existe espaço entre as estrelas diferentes, e se algumas outras criaturas fossem suficientemente pequenas, ou se suas moléculas estivessem bastante dispersas, nesse caso poderiam passar entre as moléculas de, digamos, uma parede de tijolos, sem tocar qualquer uma delas. Isto nos capacita a examinar como um “fantasma” pode aparecer dentro de uma sala fechada e como pode atravessar o que se nos afigura uma parede sólida. Tudo é relativo, e uma parede que a nós parece sólida pode não sê-lo para um fantasma ou uma criatura do mundo astral. Mas examinaremos essas coisas mais adiante.

 

O corpo humano, naturalmente, é uma coleção de moléculas, como acabamos de ver, e embora uma criatura muito diminuta, assim como um vírus, nos visse como coleção de moléculas, temos de encarar o ser humano, agora, como uma coleção de substâncias químicas, também.

Um ser humano consiste de muitas substâncias químicas. O corpo humano também consiste de água, principalmente. Se você julgar que isso contradiz qualquer coisa na Lição anterior, lembre-se de que a própria água consiste de moléculas, e é fato sabido que se pudéssemos ensinar um vírus a falar (!) ele certamente nos diria que estava vendo moléculas de água em movimento uma ao redor da outra, como pedrinhas em uma praia! Uma criatura ainda menor diria que as moléculas do ar fazem-na pensar na orla marítima. Mas estamos mais interessados, agora, na química do corpo.

Quem for a uma loja e comprar uma pilha elétrica para a lanterna, receberá na prática, um recipiente com estojo de zinco e um eletrodo de carbono no centro — um pedaço de carbono com a grossura de um lápis, aproximadamente — e uma coleção de substâncias químicas acondicionadas sobre pressão entre o estojo externo de zinco e o bastão central de carbono. Tudo aquilo encontra-se bastante úmido por dentro; por fora, naturalmente, está seco.

Colocamos essa pilha na nossa lanterna, e quando accionamos o botão, obtemos luz. Você sabe por quê? Sobre certas condições, os metais, o carbono e as substâncias químicas reagem juntos, quimicamente, a fim de produzirem algo a que chamamos eletricidade. Esse recipiente de zinco, com suas substâncias químicas e bastão de carbono, gera eletricidade, mas não existe eletricidade dentro da pilha da lanterna — ela é, ao invés disso, uma coleção de substâncias químicas pronta a executar o seu trabalho, sobre certas condições.

Muitas pessoas já ouviram dizer que as embarcações e navios de todos os tipos geram eletricidade, pelo simples fato de estarem na água salgada! Como exemplo, sobre certas condições, uma embarcação que esteja até mesmo parada e ociosa no mar pode gerar uma corrente eléctrica entre chapas adjacentes de metais diferentes. Infelizmente, se um navio tiver, por exemplo, um fundo de cobre ligado a uma estrutura superior de ferro, a menos que se tomem providências especiais, a “eletrólise” (geração de corrente eléctrica) corroeria toda a junção entre as duas chapas de metal diferente, isto é, o cobre e o ferro. Isso nunca acontece, como é natural, pois pode ser evitado mediante o emprego do que se chama um “ânodo sacrificial”. É uma peça de metal, como o zinco, alumínio, ou magnésio que são positivos, comparado a outros metais comuns, como o cobre ou bronze. Este último, como veremos, é utilizado com frequência na fabricação das hélices de navios. Pois bem, se o “ânodo sacrificial” for adaptado ao navio ou embarcação, em algum local abaixo da linha de flutuação, e ligado a outras partes submersas de metal, será corroído e desaparecerá e impedirá que o casco do navio ou a hélice se corroam. Quando esse pedaço de metal é corroído, é substituído por um novo.

Trata-se apenas de um serviço comum de manutenção dos navios, e menciono o fato para dar ao leitor uma ideia de como a eletricidade pode ser gerada, e o é, dos modos mais incomuns.

O cérebro gera eletricidade própria! Dentro do corpo humano existem, vestígios de metais, até mesmo de metais como o zinco, e naturalmente devemos lembrar-nos de que o corpo humano tem por base a molécula de carbono. Existe muita água em um corpo e vestígios de substâncias químicas tais como magnésio, potássio, etc. Estes se combinam para formar uma corrente eléctrica, diminuta, mas que pode ser percebida, medida e registada.

Uma pessoa mentalmente doente pode, mediante o uso de certo instrumento, ter registradas suas ondas cerebrais. Diversos eletrodos são colocados na sua cabeça, e pequenas canetas passam a funcionar sobre uma tira de papel. Quando o paciente pensa em certas coisas, as canetas traçam quatro linhas saltitantes que podem ser interpretadas como indicações do tipo de doença de que o paciente padece.

Instrumentos assim estão em uso comum em todos os hospitais para doentes mentais. O cérebro, naturalmente, é uma forma de estação receptora das mensagens transmitidas pelo Eu Maior, e o cérebro humano, por sua vez, pode transmitir mensagens, tais como as lições que aprendemos, as experiências pelas quais passamos, etc., ao Eu Maior. Essas mensagens são levadas por meio do “Cordão de Prata”, uma massa de moléculas em alta velocidade que vibram e giram em faixa extremamente divergente de frequência e que liga o corpo humano ao Eu Maior humano.

O corpo, aqui na Terra, é algo como um veículo funcionando por controle remoto. O controlador é o Eu Maior. O leitor já poderá ter visto algum veículo de brinquedo, ligado à criança por um fio comprido e flexível. A criança aperta um botão e faz com que o pequeno veículo ande para frente, ou o faz parar, ou recuar, girando uma roda nesse cabo flexível, e assim o pequeno veículo poderá ser guiado. O corpo humano assemelha-se a isso, a muito grosso modo, pois o Eu Maior, que não pode descer à Terra para adquirir experiência diretamente, envia o seu corpo, corpo esse que somos NÓS. Tudo pelo que passamos, tudo que fazemos ou pensamos, ou ouvimos, viaja e sobe para ser armazenado na memória do Eu Maior.

Os homens muitíssimo inteligentes que obtêm “inspirações” recebem com frequência uma mensagem diretamente — conscientemente — do Eu Maior, mediante o Cordão de Prata. Leonardo da Vinci foi um desses casos que se encontrava em contacto constante com seu Eu Maior, de modo que chegou à categoria de gênio em quase tudo o que fazia. Os grandes artistas ou grandes músicos são aqueles que estão em contacto com o seu Eu Maior, contato esse talvez por uma ou duas “linhas” particulares, de modo que voltam e compõem “por inspiração” música ou pintura que lhes foram mais ou menos ditadas pelos Poderes Maiores, que nos controlam.

Esse Cordão de Prata efetua ligação com nosso Eu Maior de modo bem parecido com aquele pelo qual o cordão umbilical liga a criancinha à mãe. O cordão umbilical é um dispositivo bastante intricado, coisa bastante complexa, na verdade, mas é como um pedaço de cordão comum, comparado à complexidade do Cordão de Prata.

Esse Cordão é uma massa de moléculas girando ao redor de uma faixa extremamente ampla de frequências, mas se mostra ser uma coisa intangível, no que diz respeito ao corpo humano sobre a Terra. As moléculas encontram-se dispersas com amplitude demasiado grande para que a visão humana comum o possa ver. Muitos animais o veem, porque enxergam em faixas de diferentes frequências, e ouvem em faixa de diferentes frequências, comparada à dos seres humanos. Os cães, como o leitor sabe, podem ser chamados por um apito “silencioso” para cachorros. Silencioso porque o ser humano não o consegue ouvir, embora o cachorro escute com facilidade seu chamamento. Do mesmo modo, os animais podem ver o Cordão de Prata e a aura, porque ambos vibram em frequências que se encontram exatamente dentro da receptividade da visão animal. Com alguma prática, torna-se facilmente possível ao ser humano ampliar a capacidade e receptividade da sua visão, de modo bastante semelhante àquele pelo qual um homem fraco, pela prática e exercício, consegue erguer um peso que, em condições normais, estaria muito além de suas capacidades físicas.

O Cordão de Prata é uma massa de moléculas, uma massa de vibrações. Podemos equipará-lo ao feixe estreito de ondas de rádio que os cientistas despacham para a Lua. Os cientistas que procuram medir a distancia em que a Lua se encontra, irradiam em feixe muito estreito, uma forma ondulatória à superfície da mesma. Isso é bastante parecido com o Cordão de Prata, entre o corpo humano e o Eu Maior humano; é o método pelo qual o Eu Maior se comunica com o corpo aqui em baixo na Terra.

Tudo que fazemos é sabido e conhecido pelo Eu Maior. As pessoas se esforçam por tornar-se espirituais, se estiverem a percorrer o “Caminho certo”. De um modo básico, ao se esforçarem pela espiritualidade, elas se esforçam por aumentar sua própria cadencia de vibrações na Terra, e por meio do Cordão de Prata, fazem também aumentar a cadencia de vibrações do Eu Maior. Este manda uma parte de si próprio a um corpo humano, a fim de que as lições possam ser aprendidas e adquiridas através das experiências. Toda boa ação que façamos aumenta nossa cadencia de vibração na Terra e no astral, mas se fizermos algo mau a alguma pessoa, isso diminui a cadencia de vibração espiritual. Assim, quando fazemos algo de errado a outrem, colocamo-nos pelo menos um degrau PARA BAIXO, na escada da evolução, e a cada boa ação, aumentamos nossa vibração pessoal por soma idêntica.

Por esse motivo é que é tão essencial adotar a antiga fórmula budista, na qual se exorta a criatura a que “retribua o mal com o bem, sem recear homem algum, e sem recear qualquer ação humana, pois ao pagar o mal com o bem, e por fazer o bem em todos os momentos, progredimos para cima, e nunca para baixo”.

Todos nós conhecemos alguém que tem um “mau gênio”. Algum de nosso conhecimento metafísico vem ter ao uso comum, de modo bastante parecido àquele pelo qual dizemos que uma criatura está num “estado de Atitude Negativa”. É tudo uma questão de vibração, e tudo é enviado pelo corpo através do Cordão de Prata, ao Eu Maior, e este volta a comunicar de volta, pelo mesmo Cordão de Prata, ao corpo as vibrações

Muitas pessoas não conseguem compreender sua incapacidade de entrar conscientemente em contato com o Eu Maior. Trata-se de uma coisa bastante difícil para quem não esteja preparado o suficiente. Suponhamos que estamos na América do Sul, e queiramos falar pelo telefone com alguém na Rússia, talvez na Sibéria. Em primeiro lugar, temos de verificar se existe uma linha telefônica para lá, depois temos de levar em consideração a diferença horária entre os dois países. Em seguida, será preciso verificar se a pessoa com quem queremos falar pode ser chamada e conseguirá falar a nossa língua, e, depois de tudo isso, teremos de ver se as autoridades permitirão essa conversa telefônica! É muito melhor, nesta etapa da evolução, não darmos atenção demasiada às tentativas de entrar em contato consciente com o nosso Eu Maior, porque nenhum Curso, nenhuma informação, conseguirá transmitir em poucas páginas escritas o que requereria, talvez, dez anos de prática. A maioria das pessoas espera coisas em demasia; espera que, tendo lido um Livro, possa imediatamente fazer tudo o que os Mestres fazem, e os Mestres podem ter estudado toda a vida, e por muitas vidas antes dessa! Leia este Curso, estude, pense nele, e se abrir o seu espírito o esclarecimento poderá ser-lhe concedido.

Soubemos de muitos casos nos quais as pessoas (na maioria mulheres) receberam certas informações e passaram a poder realmente ver o etérico ou a aura, ou o Cordão de Prata. Temos um número grande de casos assim, que fortalecem a nossa convicção de que também você poderá o fazer — se se permitir a si próprio acreditar!

 

Já vimos como o cérebro humano gera eletricidade mediante a ação de certas substâncias químicas, a água, e os minerais metálicos que o permeiam, e de que se compõe. Exatamente como o cérebro humano gera eletricidade, também o corpo o faz, pois o sangue percorre as veias e artérias do corpo, transportando também essas substancias químicas, esses traços de metais e a água. O sangue, como o leitor sabe, é principalmente água. Todo o corpo se acha permeado de eletricidade. Não é o tipo de eletricidade que serve para iluminar a nossa casa ou aquecer o fogão eléctrico no qual cozinhamos. Vamos encará-lo como de origem magnética.

Se tomarmos uma barra magnetizada e a colocarmos sobre a mesa, colocando sobre a mesma uma folha de papel liso, e depois espalharmos sobre esse papel, acima do ímã, uma quantidade de limalha de ferro, veremos que essa limalha se irá dispor numa configuração especial.

Vale a pena fazer tal experiência. Obtenha um ímã comum e barato, em qualquer loja de ferragens ou fornecedor de materiais científicos, pois seu preço é barato (talvez seja até possível conseguir um emprestado). Ponha um pedaço de papel sobre a parte de cima, de modo que por baixo o ímã fique situado mais ou menos no centro dessa folha de papel. Na sua loja de artigos químicos ou científicos você pode conseguir limalha fina de ferro. Trata-se, igualmente, de um material muito barato. Derramemo-la sobre o papel, assim como quem lança sal ou pimenta na comida. Deixemo-la cair sobre o papel, de uma altura de talvez trinta centímetros, e veremos que essa limalha se dispõe de modo incomum, acompanhando com precisão, as linhas de força magnética vindas do ímã. Veremos que ficará esboçada a barra central do ímã, e então teremos curvas que irão de uma extremidade à outra do mesmo.

O meio melhor e mais proveitoso é tentar fazer esta experiência, porquanto ela o ajudará em seus estudos posteriores. A força magnética é o mesmo que o etérico do corpo humano, o mesmo que a aura do corpo humano.

Provavelmente todos sabem que um fio pelo qual passe corrente eléctrica, possui um campo magnético ao redor de si. Se a corrente variar, isto é, se for conhecida como “alternada” (ao invés de “contínua”), então o campo pulsará e flutuará de acordo com as mudanças da polaridade, isto é, parecerá pulsar com a corrente alternada.

O corpo humano, que é uma fonte de eletricidade e tem um campo magnético ao redor de si. Trata-se de campo altamente flutuante. O etérico, como o chamamos, flutua ou vibra com tamanha rapidez que se torna difícil discernir o movimento. De modo bastante parecido, podemos instalar uma lâmpada eléctrica em nossa casa, e embora a corrente flutue cinquenta ou sessenta vezes por segundo, não o perceberemos, enquanto que em alguns distritos rurais, ou talvez a bordo de algum navio, essas flutuações se mostram tão lentas que nossos olhos percebem o tremelicar das luzes.

Se uma pessoa se aproxima demasiadamente de outra, é frequente surgir a sensação de arrepio da pele. Muitas pessoas — a maioria delas — tem percepção completa da proximidade de outra. Experimente com alguma pessoa amiga, ficando por trás da mesma e levando um dedo bem próximo à nuca da mesma, tocando-a então de leve. Muitas vezes essa pessoa não conseguirá distinguir entre a proximidade e o toque. Isso se deve a que também o etérico é susceptível ao toque. Esse etérico é o campo magnético que circunda o corpo humano (Figura 3). Temos, nele, o precursor da aura, o “núcleo” da aura, como poderíamos dizer. Em algumas pessoas, a cobertura etérica se estende por mais ou menos três milímetros ao redor de cada parte do corpo, até mesmo ao redor de cada fio de cabelo. Em outras, pode estender-se alguns bons centímetros, mas não é comum que atinja mais de quinze centímetros. O etérico pode ser utilizado para medir a vitalidade de uma pessoa. Ele muda consideravelmente em intensidade, de acordo com a saúde. Se a pessoa trabalhou bastante durante o dia, nesse caso o etérico estará bem próximo à sua pele, mas após um bom descanso estender-se-á por, talvez, alguns bons centímetros. Ele segue o contorno exato do corpo. Segue inclusive até os contornos de uma verruga ou borbulha. Com relação ao etérico, pode haver interesse em dizermos que, se formos submetidos a uma tensão muitíssimo elevada de eletricidade, com amperagem negligenciável, em tal circunstância o etérico poderá ser visto a brilhar, às vezes em tom roxo, outras em azul. Existe uma situação meteorológica que também faz aumentar a visibilidade do etérico, encontrada no mar, e conhecida como Fogo de Santelmo. Em certas condições meteorológicas todas as partes dos mastros e massame de um navio ficam iluminados com um fogo frio, inteiramente inofensivo porém bastante assustador para aqueles que o veem pela primeira vez. Podemos equiparar isso ao etérico de um navio.

Muitas pessoas, no interior, já estiveram no campo, em noite escura ou brumosa, olhando então para os fios de alta tensão das linhas de transmissão de energia. Em condições adequadas, terão notado um brilho nebuloso, azul-esbranquiçado, bastante fantasmagórico, que tem proporcionado a muitos bons homens do interior um susto e tanto! Os engenheiros eletricistas chamam a esse brilho a corona dos fios de alta tensão, e vem a ser uma das dificuldades com que defrontam, porque uma corona que desça, passando sobre os isoladores, pode ionizar o ar de tal maneira que cria um curto-circuito, e isso accionará os relês nas estações de conversão, levando toda uma área do campo a ficar sem eletricidade. Nos nossos dias, os engenheiros tomam precauções especiais e dispendiosas, a fim de reduzirem ao mínimo, ou mesmo eliminarem, a corona. A corona de um corpo humano, naturalmente, é o etérico, e é um tanto semelhante a uma descarga de fios de alta tensão.

A maioria das pessoas consegue ver o etérico do corpo, se praticar por algum tempo, se tiverem paciência. Infelizmente, as pessoas julgam que existe algum meio rápido e barato de conseguirem o conhecimento e os poderes que os Mestres levaram anos a adquirir. Nada pode ser feito sem prática; os grandes músicos praticam horas seguidas, todos os dias, nunca deixam de praticar. E assim é que você, se quiser ser capaz de ver o etérico e a aura, deve praticar também. Um dos meios para isso é conseguir um voluntário, e fazer com que o mesmo estenda o braço nu. Tendo os dedos bem abertos, o braço e dedos devem ficar a alguns bons centímetros de distância contra um fundo neutro ou negro. Olhe para o braço e os dedos, não diretamente, mas na direção deles em direção ao infinito. Vai descobrir um posição ideal para olhar para o lugar certo, que é a maneira correta. Ao olhar, você verá bem próximo à carne algo que parece uma neblina azul-acinzentada ou somente uma desfocagem.

Como dissemos, ela se estende talvez por uns três milímetros, até aos quinze centímetros, em relação ao corpo. É frequente que uma pessoa olhe para o braço e nada veja senão o mesmo; isso pode ser devido a que esteja a esforçar-se demais, a que “não possa ver a floresta, por causa das árvores”. Procure ficar relaxado, não se esforce em demasia por ver e com a prática perceberá que realmente existe algo.

Outro modo é praticarmos em nós mesmos. Sente-se, pondo-se inteiramente à vontade. Coloque-se de modo que esteja a pelo menos seis palmos de qualquer outro objecto, quer seja cadeira, mesa ou parede. Respire com firmeza, profundamente e devagar, estenda os braços o mais que puder, pondo as pontas dos dedos juntas, com os polegares para cima, de modo que apenas as pontas dos dedos estejam em contacto. E então, se separar os dedos até que tenham entre si mais ou menos uns três milímetros — uns 7 milímetros —, perceberá “algo”. Pode parecer um nevoeiro cinzento ou uma desfocagem, pode parecer quase luminoso, mas, quando vir isso, com muita lentidão afaste mais os dedos, uns 7 milímetros de cada vez, e logo verá que existe “algo” ali. Esse “algo” é o etérico. Se perder o contacto, isto é, se esse “algo” débil desaparecer, junte novamente as pontas dos dedos e recomece. É uma simples questão de prática. Mais uma vez, os grandes músicos deste mundo praticam, praticam e praticam; produzem boa música, depois dessa prática; VOCÊ pode conseguir bons resultados nas ciências metafísicas!

Mas volte a olhar seus dedos. Observe cuidadosamente o nevoeiro débil que passa de um para outro. Com a prática, observará que ele passa, quer da mão esquerda para a direita ou da direita para a esquerda, dependendo não apenas do seu sexo, mas do seu estado de saúde e do que estiver pensando no momento. Se conseguir convencer uma pessoa interessada para ajudá-lo, nesse caso, pratique com a palma de sua mão. Você deve fazer com que essa pessoa, se possível membro do sexo oposto, fique sentada em uma cadeira de frente para você. Deve estender suas mãos, os braços, o mais que puder. Depois, ponha a palma da mão, baixando-a, bem perto da de seu auxiliar, que estará sentado de palma para cima. Quando estiver a umas duas polegadas de distância sentirá ou uma brisa fresca ou uma brisa quente a correr de uma para a outra mão, e essa sensação tem início no meio da palma. Depende de que mão seja, do seu sexo, para sentir uma brisa fresca ou quente. Se sentir uma brisa quente, mova sua mão ligeiramente, de modo que a mesma não fique em alinhamento direto, dos dedos com os dedos da outra pessoa, mas em ângulo, e verificará que a sensação de calor aumenta. Esse calor aumenta à medida que você praticar. Quando chegar a esse ponto, se olhar cuidadosamente entre sua palma e a da outra pessoa, verá de modo bastante distinto o etérico. É como a fumo do cigarro que não foi inalada, isto é, ao invés do cinzento do fumo do cigarro inalada, apresentará uma leve coloração azulada.

Temos de continuar repetindo que o etérico é apenas a manifestação externa das forças magnéticas do corpo, e que o chamamos “fantasma” porque, quando uma pessoa morre com saúde, essa carga etérica continua por algum tempo, pode desligar-se do corpo, e vaguear como um fantasma sem mente, coisa que é completa e inteiramente diferente da entidade astral. Examinaremos tudo isso mais á frente, mas é possível que o leitor já tenha ouvido falar de velhos cemitérios no campo, onde não existem lâmpadas de rua etc., e dos quais muitos afirmam poder ver uma luz azulada e débil, nas noites escuras, erguendo-se do chão de uma sepultura cavada naquele dia.

Na verdade, trata-se da carga etérica que se dissipa de um cadáver recente. Podemos dizer que é semelhante ao calor emanado de uma chaleira que esteve fervendo sobre um fogão que foi apagado. Assim como a chaleira esfria, a sensação de calor da parte externa se torna, obviamente, menor. Do mesmo modo, quando um corpo morre (existem etapas relativas de morte, lembremo-nos!), a força etérica baixa cada vez mais. Pode-se ver um etérico ao redor de um corpo por alguns dias após a vida clínica ter cessado, mas isso constituirá o tema de uma lição em separado.

Pratique, pratique e pratique. Olhe para suas mãos, olhe para seu corpo, faça essas experiências com uma pessoa amiga e prestativa, porque apenas mediante a prática você poderá ver o etérico, e enquanto não o puder ver, não poderá progredir para ver a aura, que é uma coisa muito mais fina.

 

Como vimos na lição anterior, o corpo é cercado pelo etérico, que envolve todas as partes do mesmo. Estendendo-se além do etérico, entretanto, existe a aura, de alguns modos semelhantes ao etérico, por ser de origem eletromagnética, mas nisso termina a semelhança.

Podemos afirmar que a aura mostra as cores do Eu Maior, ou se uma pessoa é espiritual ou carnal. Mostra, igualmente, se uma pessoa está de boa saúde, com pouca saúde ou realmente doente. Tudo se reflete na aura, indicador do Eu Maior ou, se assim o preferirmos, do Espírito e da alma. O Eu Maior e o espírito praticamente, são a mesma coisa pois um é uma extensão outro.

Nessa aura, podemos ver a doença e a saúde, o abatimento e o êxito, o amor e o ódio. Talvez seja ótimo que poucas pessoas possam ver as auras atualmente, pois em nossos dias é tão comum haver pessoas sempre prontas a tirar vantagem de outras, a procurar ficar por cima, e a aura indica todos os pensamentos como eles são, já que reflete as cores e as vibrações do Eu Maior. É um fato que, quando uma pessoa se acha desesperadamente doente, a aura começa a desaparecer e, em certos casos, realmente desaparece de todo antes que a pessoa faleça. No caso da criatura que sofreu enfermidade prolongada, a aura realmente desaparece antes do falecimento, deixando apenas o etérico. Por outro lado, alguém que morra acidentalmente, quando desfrutava saúde, possui aura até ao instante da morte clínica, e por alguns momentos após a mesma.

Caberia bem, aqui, apresentarmos certas observações sobre a morte, porque esta não é como o desligar de uma corrente, ou o esvaziar de um balde. A morte é questão bastante prolongada. Qualquer que seja o modo pelo qual uma pessoa faleça, ainda que decapitada, a morte não ocorre por alguns momentos após isso. O cérebro, como vimos, é uma bateria de acumuladores gerando corrente eléctrica. O sangue proporciona as substâncias químicas, a umidade e os minerais metálicos e, de modo inevitável, esses ingredientes armazenam-se nos tecidos do cérebro. Assim é que o cérebro pode continuar a funcionar, de três a cinco minutos, após a morte clínica!

Dizem algumas pessoas que esta ou aquela forma de execução é instantânea, mas isso, naturalmente, é ridículo. Como já afirmamos, ainda que a cabeça seja completamente separada do corpo, o cérebro ainda consegue funcionar de três a cinco minutos. Existe um caso que foi testemunhado e cuidadosamente narrado nos dias da Revolução Francesa.

Alguém chamado “traidor” fora decapitado e o carrasco baixou-se, erguendo a cabeça pelos cabelos e dizendo, enquanto o fazia:

— Esta é a cabeça de um traidor.

As pessoas que assistiam — naqueles dias as execuções eram realizadas publicamente e constituíam feriado! — ficaram alarmadas, quando os lábios formaram as palavras, embora sem as pronunciarem, em som audível, dizendo:

— Isso é mentira.

Tal acontecimento pode ser constatado nos arquivos do Governo francês. Qualquer médico ou cirurgião poderá dizer que, se o suprimento sanguíneo for interrompido, o cérebro fica prejudicado após três minutos, sendo esse o motivo pelo qual, quando um coração para, fazem-se esforços tão frenéticos para que o fluxo do sangue recomece. Fizemos esta digressão para mostrar que a morte não é instantânea, o que também se aplica ao caso do desaparecimento da aura. Constitui facto médico, por falar nisso, e conhecido dos legistas e juízes encarregados das investigações nos casos de mortes suspeitas, que o corpo morre em cadências diferentes; o cérebro morre, e depois os órgãos, um por um. Os últimos a morrer são os cabelos e unhas.

Como o corpo não morre instantaneamente, vestígios da aura podem permanecer no mesmo. Assim é que uma pessoa dotada de clarividência pode ver na aura de uma criatura falecida e o motivo pelo qual ela faleceu. O etérico é de natureza diferente da aura e pode continuar por algum tempo, como um fantasma desligado, principalmente se a criatura morreu de modo violento e repentino.

Alguém com saúde e que tenha um fim violento está com as suas “baterias inteiramente carregadas”, de modo que o etérico se desliga e flutua, distanciando-se. Mediante a atração magnética, irá, indubitavelmente, visitar seus locais preferidos de antes, e, se alguma pessoa clarividente estiver por perto, ou alguém que se ache altamente agitado (isto é, com as vibrações aumentadas), poderá ver o etérico e exclamar:

— Oh! O fantasma de fulano!

A aura é feita de material muito mais fino do que o etérico, uma coisa relativamente bruta. Na verdade, a aura é muito mais fina em relação ao etérico do que este em relação ao corpo físico. O etérico “flui” sobre o corpo como uma cobertura completa, acompanhando os contornos do mesmo, mas a aura se estende e forma uma espécie de concha, com o formato de um ovo, ao redor do corpo (Figura 4). Pode, por exemplo, ter oito palmos ou mais em altura, e cerca de quatro palmos na largura maior. Ela se afina, para baixo, de modo que a extremidade estreita do “ovo” fica ao fundo, isto é, onde se acham os pés. A aura consiste em radiações de cor brilhante, vindas dos diversos centros do corpo, dirigindo-se aos outros centros do mesmo.

Os antigos chineses costumavam dizer que “um quadro vale mil palavras”. Assim, para economizarmos alguns milhares de palavras, vamos inserir nesta lição um esboço de alguém em pé, visto de lado, e sobre sua figura indicaremos as linhas de força da aura que vão para, e vêm dos diversos centros energéticos, e com o esboço geral do formato de um ovo.

Devemos igualmente tornar claro que a aura, na realidade, existe até mesmo se não a pudermos ver no momento. Como o leitor perceberá, não consegue ver o ar que respira, e duvidamos que um peixe consiga ver a água em que nada! A aura, portanto, é uma força vital verdadeira. Ela existe, ainda que as criaturas mais despreparadas não a consigam ver. É possível ver uma aura, utilizando-se equipamentos diversos e existem, por exemplo, diversos tipos de óculos que podem ser utilizados sobre os olhos, mas todas as informações que podemos recolher sobre o assunto indicam que os referidos óculos causam malefícios extremos à visão; eles forçam os olhos, forçam a vista prejudicando a visão, e como tal não podemos recomendar por um só instante, esses óculos que nos permitiriam a ver a aura, e tão pouco aquelas diversas telas, formadas por duas lâminas de vidro, com espaço impermeável entre si, que se preenche com um químico especial e geralmente dispendioso. Podemos apenas sugerir ao leitor que pratique, mais e mais, e depois disso, com alguma Fé (acreditar sem duvidas) e ajuda, conseguirá ver. A maior dificuldade para ver a aura é que a maioria das pessoas não acredita que o consiga!

A aura, como afirmamos, é de cores diversas, mas gostaríamos de frisar que aquilo a que nos referimos, quando dizemos “cores”, é apenas uma parte especial do espectro. Em outras palavras, embora utilizemos a palavra “cor”, poderíamos muito bem citar a frequência daquela onda à qual chamamos “vermelho” ou “azul”. O vermelho, por falar nisso, é uma das cores mais fáceis de ver. Já o azul não se mostra tão fácil assim. Existem pessoas que não conseguem enxergar o azul, outras que não veem o vermelho. Se estivermos na presença de uma pessoa que pode ver a aura, é bom que se diga, convém termos cuidado para não dizer algo que seja inverídico, porque quem se sair com uma inverdade será percebido por aquele que vê a aura! De modo normal, uma pessoa apresenta um “halo” que se mostra quer azulado ou amarelado. Se for dita uma mentira, nesse caso um esverdeado-amarelo irrompe pelo halo.

Trata-se de uma cor difícil de explicar, mas uma vez vista a mesma não será mais esquecida. Assim sendo, ao dizer uma mentira, ir-se-á trair de imediatamente pelo lampejo amarelo-esverdeado que irrompe pelo halo que se encontra por cima da aura. Pode-se dizer que a aura se estende, basicamente, até os olhos, e depois tem-se uma camada radiante de amarelo ou azul, que é o halo, o nimbo (nuvem), ou auréola. E então, na parte mais superior da aura, tem-se uma espécie de fonte de luz que, no Oriente, é conhecida como O Lótus Em Flor, porque realmente tem essa semelhança. Trata-se de um intercâmbio de cores e às criaturas dotadas de imaginação, faz pensar irresistivelmente na abertura do lótus de sete pétalas.

Quanto maior a espiritualidade da pessoa, tanto mais açafrão-amarelo será o nimbo ou halo. Se uma pessoa tiver pensamentos duvidosos, nesse caso essa parte da aura adquire uma desagradável cor castanho-enlameada, orlada por aquele verde-amarelado cor de bílis que assinala as falsidades.

Nós acreditamos ser maior o número de pessoas que veem as auras do que parece. Acreditamos que muitas pessoas veem ou percebem a aura e não sabem o que estão a ver. É bastante comum ouvirmos alguém dizer que precisa estar nesta ou naquela cor, que não pode usar tal cor, porque instintivamente acha que a mesma entraria em conflito com sua aura. O leitor poderá ter notado alguém que usa roupa inteiramente inaceitável, de acordo com sua própria avaliação. O leitor pode não “ver” a aura, mas saberá — sendo possivelmente mais perceptivo do que seu amigo ou amiga inadequadamente vestido — que tais cores colidem completamente com a aura dessa criatura. Muitas pessoas, portanto, sentem, experimentam ou têm percepção da aura humana, mas como desde a primeira infância aprenderam que é ilusão poder se ver isso, ou uma estupidez conseguir ver aquilo, hipnotizaram-se, levando-se a crer que ELAS não pode riam ver uma coisa assim.

Também é um facto que podemos influenciar a saúde, usando roupas de certas cores. Se usarmos uma cor que colida com nossa aura, certamente ficaremos pouco à vontade, encavacados e até mesmo indispostos, até tirarmos essa cor inadequada. É possível notarmos que uma determinada cor, em algum aposento, causa-nos irritação ou nos tranquiliza. As cores, afinal de contas, são apenas nomes diferentes para as vibrações. O vermelho é uma vibração, o verde outra, o negro uma outra. Assim como a vibração a que chamamos “som” pode colidir e formar desarmonia, também as vibrações “sem som” a que chamamos cores colidem e criam uma desarmonia espiritual.

 

As Cores Da Aura

Cada nota musical é uma combinação de vibrações harmônicas que depende de sua compatibilidade com as vizinhas. Qualquer FALTA de compatibilidade causa uma nota “áspera”, nota essa que não se mostra agradável de se ouvir. Os músicos esforçam-se por produzir apenas notas que agradam.

Como na música, assim acontece nas cores, pois estas também são vibrações, embora se encontrem em uma parte ligeiramente diferente do “Espectro de Percepção Humana”. Podemos ter cores puras, que agradam e nos animam. Podemos, também, ter cores que perturbam, que atacam os nervos. Na aura humana existem muitíssimas cores e tonalidades diferentes de cores. Algumas delas se encontram além do alcance da visão do observador DESPREPARADO e assim é que, para as mesmas, não temos um nome de aceitação geral.

Existe, como se sabe, um apito “silencioso” (de ultra sons) para os cães. Isto é, ele, ressoa numa faixa de vibrações que os ouvidos humanos não conseguem perceber, mas que os cães ouvem. Na outra extremidade da escala, o ser humano pode ouvir sons mais profundos do que aqueles dentro da audição de um cão; os sons baixos são inaudíveis para esses animais. Suponhamos que pudéssemos subir a faixa da audição humana — caso em que ouviríamos, do mesmo modo o que um cão ouve, e com isso perceberíamos as altas notas do apito para cães. Assim é que, se erguermos ou modificarmos nossa faixa de visão, subindo com a mesma, conseguiremos ver a aura humana. A menos que o façamos com cuidado, porém, perderemos a capacidade de ver o negro ou o roxo-escuro!

Seria despropositado relacionar uma quantidade inumerável de cores. Vamos examinar apenas as mais comuns, as mais fortes. As cores básicas modificam-se de acordo com o progresso da pessoa em cuja aura elas forem vistas. À medida que um indivíduo aumenta a sua espiritualidade, também a cor melhora. Se a pessoa tiver a infelicidade de deslizar e retroceder na escala do progresso, nesse caso as suas cores básicas poderão alterar-se completamente ou sofrer modificação de tonalidade. As cores básicas (que mencionamos mais à frente) mostram a pessoa “básica”. As inúmeras tonalidades de pastel indicam os pensamentos e intenções, bem como o grau de espiritualidade. A aura rodopia e flui como um arco-íris de coloração particularmente intrincada. As cores seguem com rapidez ao redor do corpo, em espirais crescentes e também se derramam da cabeça aos pés, porém são muito mais numerosas do que as surgidas num arco-íris; um arco-íris é apenas a refracção provinda dos cristais de água — coisa simples — enquanto a aura é a própria vida.

Eis algumas anotações sobre um número bem pequeno de cores, “bem pequeno” porque de nada adianta examinar as outras, a menos que se possam ver as aqui relacionadas!

VERMELHO. Em sua forma boa, o vermelho indica uma força impulsionadora sadia. Os bons generais e dirigentes possuem muito vermelho-claro na sua aura.

Uma forma particularmente clara de vermelho, com orlas amarelas claras, indica aquela pessoa à qual podemos chamar de “cruzado” — que está sempre a realizar esforços para ajudar as demais. NÃO confundamos isto com o intrometido comum; o “vermelho” deste último seria “marrom”!

Faixas vermelhas claras, ou lampejos emanados do local de um órgão, indicam que o mesmo está em excelente estado de saúde.

Alguns dos dirigentes mundiais apresentam uma boa quantidade de vermelho-claro na sua composição. Infelizmente, como acontece em número avultado de exemplos, o mesmo se acha contaminado por tonalidades degradantes.

Um vermelho mau, que se mostra enlameado ou escuro demais, indica temperamento ruim ou perverso. A criatura em questão não é digna de confiança, mostra-se briguenta, traiçoeira, sendo um egoísta que vive à custa dos outros. Os vermelhos opacos invariavelmente demonstram agitação nervosa. A pessoa com o vermelho “mau” pode ser fisicamente forte.

Infelizmente, será forte também nos erros. Os homicidas sempre apresentam o vermelho degradado na suas auras. Quanto mais leve o vermelho (LEVE, e não “mais claro”) tanto mais nervosa e instável a pessoa. A criatura assim é muito ativa — até mesmo sobressaltada — e não consegue ficar parada por mais de alguns segundos. Tal criatura, naturalmente, mostra-se muito egocêntrica. Os vermelhos ao redor dos órgãos indicam o estado dos mesmos. Um vermelho opaco, até mesmo acastanhado, pulsando devagar sobre o local de um órgão, indica cancro. Pode-se distinguir se o cancro está lá, OU SE É INCIPIENTE! A aura indica quais as doenças que irão afligir mais tarde o corpo, a menos que se tomem medidas curativas. Vai ser este um dos usos principais da “Terapia da Aura”, nos anos vindouros.

Um vermelho sarapintado e flamejante, vindo das mandíbulas, indica dor de dentes; um castanho opaco, pulsando no tempo e vindo do nimbo, indica o medo diante do pensamento de uma visita ao dentista. O escarlate é geralmente “usado” por aqueles que não têm grande certeza de si mesmos; indica que a pessoa gosta demasiadamente de si própria. É a cor do falso orgulho — orgulho sem motivo. Mas o escarlate também aparece com a maior clareza ao redor dos quadris daquelas senhoras que vendem “amor” por moedas do mundo! Elas realmente são “Mulheres Escarlates !*”(*) Essas mulheres, de modo geral, não se acham absolutamente interessadas no ato sexual que, para elas, constitui apenas um meio de ganhar a vida. Assim sendo, a pessoa demasiadamente vaidosa e a prostituta exibem as mesmas cores na aura. Vale a pena relembrar que os ditos antigos, tais como “mulher escarlate**”, “disposição azul” (**1), “raiva rubra”, “humor negro” e “verde de inveja” realmente indicam com precisão a aura de uma pessoa atingida por tal estado de alma! As pessoas que deram origem a tais expressões viam, quer consciente ou inconscientemente, como é obvio, a aura das demais.

Ainda no grupo do “vermelho” — temos o rosado (que, na realidade, é mais um coral) a demonstrar a imaturidade. Os adolescentes exibem o rosado, ao invés de qualquer outro vermelho.

No caso de um adulto, o rosado indica infantilidade e insegurança. Um vermelho-marrom, algo semelhante ao fígado cru, indica uma pessoa muito asquerosa, na realidade, criatura a ser evitada, pois criará dificuldades. Quando é vista sobre um órgão, indica que o mesmo se acha muito doente e que a pessoa com tal cor sobre um dos seus órgãos vitais logo falecerá.

Todas as pessoas com o VERMELHO apresentando-se na extremidade do osso esterno (o do centro do peito, em vertical) tem problemas nervosos. Deviam aprender a controlar suas atividades e levar uma vida mais calma, se quisessem viver por bastante tempo e felizes.

ALARANJADO. O alaranjado, na realidade, é uma ramificação do vermelho, mas estamos a demonstrar consideração desadequada ao lhe conferir uma classificação própria devido ao fato, de que algumas religiões no Extremo Oriente, costumavam encarar essa como a cor do Sol, rendendo-lhe tributo. É o motivo que explica a presença de tanta cor alaranjada no Extremo Oriente. Por outro lado, apenas serve para mostrar as duas faces da mesma moeda, porque outras religiões sustentam a crença de que o azul era a cor do Sol. Não importa que opinião adotemos, pois o alaranjado é basicamente uma cor boa e as pessoas com uma tonalidade adequada do mesmo na sua aura, são as que demonstram grande consideração pelas ademais, sendo pessoas humanitárias, que fazem o que podem para ajudar quem não seja tão bem dotado. Um amarelo-laranja deve ser desejado, porque demonstra autocontrole e apresenta muitas virtudes.

O laranja-acastanhado indica uma pessoa preguiçosa e reprimida, dessas que “não se importam!” A mesma cor indica também problemas renais. Se estiver sobre os rins e apresentar um borrão cinzento recortado, está a indicar a presença de cálculos renais.

O laranja matizado de verde indica a pessoa que gosta de brigar, pelo simples prazer de fazê-lo, e quando você chegar ao ponto em que possa ver as tonalidades dentro das tonalidades, e estas dentro das cores, procure ser sábio e evitar a discussão com aqueles que apresentem um verde no meio do laranja, porque essas criaturas somente conseguem ver “preto e branco”, não são dotadas de imaginação, falta-lhes a percepção e o discernimento para compreender que existem tonalidades de conhecimento, de opinião e de cor. A pessoa atacada pelo laranja-esverdeado discute sem cessar, apenas por discutir, sem se importar realmente por saber se essa argumentação está certa ou errada; para gente assim, a vida é levada a discutir.

AMARELO. Um amarelo-dourado indica que o seu possuidor é uma pessoa com uma natureza muito espiritual. Todos os grandes santos tinham halos dourados em volta das cabeças. Quanto maior a espiritualidade, tanto mais brilhava o amarelo-dourado. Fazendo uma digressão, digamos aqui que as pessoas de maior espiritualidade possível também possuem o índigo, mas estamos a falar do amarelo! Os que apresentem o amarelo na aura sempre se encontram em boa saúde espiritual e moral. Acham-se na Trilha e, de acordo com a tonalidade exata do amarelo, pouco têm a recear. A criatura com o amarelo brilhante na aura merece confiança completa.

A pessoa com amarelo degradado (a cor do queijo Cheddar!) é de natureza covarde, sendo esse o motivo pelo qual as pessoas dizem: “Oh, ele é amarelo!” Já foi muito mais comum que as pessoas vissem a aura, sendo de presumir que a maior parte dessas expressões foi introduzida nas diversas culturas do mundo. Mas um mau amarelo revela a pessoa má, que se acha realmente com medo de tudo. Um amarelo-avermelhado não é absolutamente favorável, porque indica timidez mental, moral e física, e com ela a fraqueza absoluta de visão espiritual e convicção. As pessoas com amarelo-avermelhado mudam de uma religião para outra, sempre procurando algo que se obtenha em cinco minutos. Falta-lhes poder de permanência, não conseguem ficar com alguma coisa por mais do que uns momentos. A pessoa que tenha um amarelo-vermelho e amarelo-castanho na aura está sempre a perseguir o sexo oposto — sem obter resultado algum! Vale a pena notar que se a pessoa tiver cabelos vermelhos (ou avermelhados) e amarelo-avermelhado na aura, será muito combativa, muito ofensiva e sempre pronta a transformar qualquer observação ouvida em menosprezo pessoal. Isso é particularmente verdadeiro com relação aos que têm cabelos vermelhos e pele avermelhada, talvez sardenta. Alguns dos amarelos mais vermelhos indicam que a pessoa tem um grande complexo de inferioridade.

Quanto mais vermelho for o vermelho no amarelo, maior o grau de inferioridade. O amarelo-acastanhado demonstra pensamentos muito impuros, na verdade, pouco desenvolvimento espiritual.

Presumivelmente a maioria de meus leitores em inglês sabem algo sobre a Skid Row, o vale para qual todos os bêbados, fracassados e traidores são impelidos, nesta Terra. Muitas pessoas dessa classe ou situação apresentam esse amarelo-castanho-vermelho, e quando são particularmente ruins têm uma forma desagradável de verde-lima sarapintando a aura. Raramente essas pessoas podem ser salvas da sua própria loucura.

Um amarelo-acastanhado indica pensamentos impuros, e a pessoa em tal caso nem sempre se mantém num caminho recto e estreito.

No campo da saúde, um amarelo-verde indica padecimentos hepáticos. Quando o amarelo-esverdeado se transforma em amarelo-avermelhado-acastanhado, demonstra que os padecimentos são mais de natureza social. A criatura com problemas sociais invariavelmente apresenta uma faixa castanho-escuro, amarelo-escuro, ao redor dos quadris. Muitas vezes é sarapintada com aquilo que parece ser poeira vermelha. Quando o castanho se torna cada vez mais pronunciado no amarelo, e talvez mostre faixas desiguais, acham-se indicadas as doenças mentais. A pessoa com personalidade dupla (no sentido psiquiátrico) muitas vezes exibirá uma metade da aura como amarelo-azulado e a outra metade como amarelo-esverdeado ou acastanhado. Trata-se de combinação totalmente desagradável.

O amarelo-dourado e puro com o qual demos início a estes comentários sobre o “amarelo” deve ser sempre cultivado. Pode ser alcançado mantendo-se em pureza os pensamentos e intenções. Todos nós temos de passar pelo amarelo mais brilhante, antes de podermos caminhar mais na trilha da evolução.

VERDE. O verde é a cor da cura, a cor do ensinamento, e a cor do crescimento físico. Grandes médicos e cirurgiões têm muito verde na sua aura; também exibem muito vermelho e, por curioso que pareça, as duas cores se combinam do modo mais harmonioso, não havendo discórdia entre as mesmas. O vermelho e o verde, quando vistos juntos em materiais, muitas vezes colidem e se ofendem, mas quando vistos na aura agradam. O verde, com um vermelho adequado, indica um cirurgião brilhante, homem competentíssimo. O verde sozinho, sem o vermelho, indica um médico dos mais eminentes, que conhece sua profissão, ou pode indicar uma enfermeira cuja vocação seja ao mesmo tempo a sua carreira e a sua preferência. O verde misturado com um azul adequado indica o êxito no ensino. Alguns dos maiores mestres tiveram o verde nas suas auras e faixas, ou estrias de azul em rodopio — uma forma de azul-elétrico — sendo frequente que entre o azul e o verde surgissem faixas estreitas de amarelo-dourado, indicando que o professor era a pessoa que tinha o bem-estar dos seus estudantes como objectivo, bem como as elevadas percepções espirituais necessárias que o capacitavam a leccionar as melhores matérias.

Todos os que se interessam pela saúde das pessoas e animais exibem muito verde em sua composição áurica. Podem não ser cirurgiões ou médicos de grande patente, mas todas as pessoas, sejam quem forem, se estiverem lidando com a saúde, quer dos animais, dos seres humanos ou das plantas, terão uma certa quantidade de verde na sua aura. Isso quase parece constituir seu emblema de cargo! O verde não é uma cor dominante, porém quase sempre é subordinado a outra cor. Temos, nele, uma cor prestimosa, indicando que quem a possuir em grande quantidade em sua aura é de natureza amável, compassiva e atenciosa. Se a pessoa apresenta um verde-amarelado, entretanto, nesse caso não merecerá confiança, e quanto maior for a mistura de amarelo desagradável com verde desagradável, tanto menos fidedigna, tanto menos idônea a pessoa. As criaturas que iludem a confiança apresentam um verde-amarelo — o tipo de pessoas que sabem falar muito bem com alguém, e depois arrancar-lhe o dinheiro — com uma espécie de verde-lima ao qual o seu amarelo é adicionado. Quando o verde se dirige para o azul — geralmente um agradável azul-celeste ou azul-elétrico — a pessoa é mais digna de confiança.

AZUL. É frequente vermos referência a essa cor como sendo a do mundo do espírito. Ela também demonstra uma capacidade intelectual, à parte da espiritualidade mas, naturalmente, tem de ser a tonalidade certa; com a tonalidade certa, trata-se realmente de uma cor muito favorável. O etérico é de tonalidade azulada, um azul um tanto semelhante ao fumo do cigarro que não foi inalado, ou o azul de uma fogueira de lenha. Quanto mais brilhante o azul, tanto mais sadia e vigorosa a pessoa. O azul-pálido é a cor da pessoa que vacila muito, criatura que não consegue decidir-se, pessoa que tem de ser empurrada para que dela se obtenha qualquer decisão de valor. Um azul mais escuro é o da pessoa que está a fazer progressos, esforçando-se. Se o azul for ainda mais escuro, mostra alguém que está afincadamente dedicado a tarefas da vida e que encontrou alguma satisfação nisso. Os azuis mais escuros são encontrados com frequência nos missionários, missionários que escolheram essa atividade e que receberam, de modo definido, “Um Chamamento”. Não se encontra nos missionários que estavam simplesmente à procura de emprego, talvez viajando pelo mundo a fora com as despesas pagas. Sempre podemos avaliar uma pessoa pelo vigor do amarelo e pela intensidade do azul.

ÍNDIGO. Vamos classificar o índigo e o violeta como cores sobre o mesmo título porque um passa imperceptivelmente para o outro, sendo no caso inteiramente dependentes um em relação ao outro. As pessoas com índigo acentuado na aura são criaturas de convicções religiosas profundas, não apenas as que professam religiosidade. Existe muita diferença; há quem diga ser religioso, algumas pessoas creem-se religiosas, mas até que se possa realmente ver a aura, não será possível ter certeza; o índigo vem prová-lo, de modo concludente. A criatura que tenha uma tonalidade arroxeada no índigo será irritadiça e desagradável, de modo especial para as que se encontrem sobre o controle deste tipo de pessoa. A tonalidade arroxeada no índigo é sinal degradante, pois rouba a pureza da aura. Digamos, de passagem, que as pessoas com o índigo, ou o violeta, ou o purpúreo nas suas auras sofrem de males cardíacos e estomacais. São o tipo de gente que não deveria ingerir alimentos fritos ou com gordura.

CINZENTO. O cinzento é um modificador das cores da aura. Não significa coisa alguma por si só, a menos no caso das pessoas pouquíssimo evoluídas. Se a criatura que estivermos olhando for carente de evolução, nesse caso veremos grandes faixas e salpicos de cinzento, mas normalmente não estaríamos olhando o corpo nu de uma pessoa não-evoluída. O cinzento na cor demonstra uma debilidade de carácter e mau estado geral de saúde. No caso das pessoas que têm faixas cinzentas sobre um determinado órgão, fica demonstrado que o mesmo se acha em perigo de colapso, ESTÁ entrando em colapso, e cuidados médicos devem ser imediatamente procurados. A pessoa com dor de cabeça latejante terá uma nuvem fumacenta e cinzenta atravessando o halo ou nimbo e, qualquer que seja a cor do halo, as faixas cinzentas que o atravessem pulsarão na mesma cadência da pulsação da dor de cabeça.

 

 

Lição 6

 

Já está claro por certo, a esta altura para o Leitor, que tudo quanto existe é uma vibração. Assim, observando a totalidade das vibrações, poderemos visualizar a existência de um teclado gigantesco, constituído por todas as vibrações que podem existir. Imaginamos que se trate do teclado de um piano imenso, estendendo-se por quilômetros sem fim. Imaginemos, se assim o quisermos, que somos formigas, e que podemos ver apenas algumas poucas notas. As vibrações corresponderão às diferentes teclas do piano. Uma nota, ou tecla, cobriria as vibrações às quais correspondem ao sentido do “tacto”, que é uma vibração que se mostra tão lenta, tão “sólida” que a sentimos, ao invés de ouvirmos ou vermos (Figura 5). A nota seguinte será o som, isto é, a nota que cobrirá aquelas vibrações que accionam o aparelho auditivo dentro dos nossos ouvidos. Podemos não sentir essas vibrações com os dedos, mas os ouvidos nos dizem que há “som”. Não podemos ouvir uma coisa que nos é possível apalpar, e tampouco podemos sentir uma coisa que pode ser ouvida. Assim podemos dizer que percorreremos duas teclas do nosso vasto piano.

A seguinte será a visão. Também nesse caso temos uma vibração de frequência tal (isto é, vibra com tanta rapidez) que não a conseguimos apalpar ou ouvir, porém ela atinge nossos olhos, e a chamamos: “visão”.

Interpenetrando essas três “notas” existem poucas outras, tais como aquela frequência, ou faixa de frequências, a que chamamos “rádio”. Basta subir mais uma nota, e chegaremos à telepatia, clarividência e manifestações ou poderes correlatos. O que importa, porém, é a faixa realmente imensa de frequências ou vibrações. O homem consegue perceber apenas uma faixa muitíssimo limitada.

A visão e o som acham-se intimamente relacionados, entretanto. Podemos estar com uma cor e dizer que ela representa uma nota musical, porque existem certos instrumentos eletrônicos que executarão uma determinada nota, se uma cor for exposta a um sensor. Se você achar isso difícil de compreender, pense no seguinte: as ondas de rádio, isto é, a música, a fala e até mesmo os quadros, estão ao nosso redor todo o tempo; encontram-se connosco a atravessar a casa, e aonde quer que vamos, estejamos fazendo o que for. Mas nós — sem ajuda — não conseguimos ouvir essas ondas de rádio, mas se tivermos um aparelho especial ao qual chamamos receptor de rádio, que reduz a velocidade das ondas ou, se o preferirmos, converte as frequências de rádio em frequências sonoras, nesse caso ouviremos o programa que estará a ser emitido, ou veremos os quadros de televisão. De modo bastante parecido, podemos indicar um som e dizer que existe uma cor que se ajusta ao mesmo, ou podemos indicar uma cor e dizer que a mesma tem uma determinada nota musical. Isto, naturalmente, é bastante conhecido no Oriente, e achamos que aumenta a apreciação artística da pessoa, por exemplo, se a mesma olhar um quadro e imaginar o acorde que seria o resultado dessas cores, caso se exprimissem em música.

Todos, é claro, sabem que Marte também é conhecido como o Planeta Vermelho. Marte é o planeta do vermelho, e o vermelho de certa tonalidade — o vermelho básico — tem uma nota musical que corresponde a “dó”.

O alaranjado, que faz parte do vermelho, corresponde à nota “ré”. Algumas crenças religiosas afirmam que o alaranjado é a cor do Sol, enquanto outras religiões sustentam a opinião de que o azul devia ser a cor do Sol. Nós preferimos afirmar que o alaranjado é a cor do Sol.

O amarelo corresponde ao “mi”, e o Planeta Mercúrio é o “Soberano” do amarelo. Tudo isto, naturalmente, remonta à antiga mitologia oriental; assim como os gregos tinham os seus Deuses e Deusas, que percorriam os céus em carruagens flamejantes, também os povos do Oriente possuíam seus mitos e lendas, mas conferiram cores aos planetas, dizendo que tal ou qual cor era governada por tal ou qual planeta.

O verde possui nota musical correspondente ao “fá”. É uma cor de crescimento, sendo dito por algumas pessoas que as plantas podem ser estimuladas por notas musicais adequadas. Embora não tenhamos qualquer experiência pessoal com relação a isso, obtivemos informações sobre o assunto, vindas de uma fonte inteiramente idônea. Saturno é o planeta que controla a cor verde. Talvez haja interesse em saber que os Antigos derivavam essas cores das sensações que recebiam quando fitavam certo planeta, ao se encontrarem em meditação. Muitos dos Antigos meditaram nas partes mais elevadas da Terra, nos altos picos do Himalaia, por exemplo, e quando se está a mais ou menos 4.500 metros acima da superfície da terra, uma boa quantidade do ar ficou para baixo, e os planetas podem ser vistos com mais clareza, as percepções mostram-se mais aguçadas. Assim é que os Sábios de Antigamente enunciaram as leis quanto às cores dos planetas.

O azul tem a nota “sol”. Como mencionamos anteriormente, algumas religiões encaram o azul como sendo a cor do Sol, mas estamos seguindo a tradição oriental, e vamos fazer a suposição de que o azul seja regido pelo Planeta Júpiter.

O índigo é o “lá” na escala musical, dizendo-se no Oriente que o mesmo é governado por Vénus. Vénus quando em configuração favorável, isto é, quando confere benefícios a uma pessoa, dá-lhe capacidade artística e pureza de pensamento. É o que proporciona o melhor tipo de carácter. Somente quando ligado às pessoas de vibrações mais baixas é que Vênus conduz a diversos excessos.

O violeta corresponde à nota musical “si”, sendo governado pela Lua. Também aqui, se tivermos uma pessoa em boa configuração, a Lua ou violeta, confere clareza de pensamento, espiritualidade e imaginação controlada. Se as influências forem más, entretanto, é claro que teremos distúrbios mentais ou mesmo “lunáticos”.

Fora da aura existe um envoltório que circunda completamente o corpo humano, o etérico, e a própria aura. É como se todo o conjunto da entidade humana, tendo o corpo ao centro, e depois o etérico seguido pela aura, estivesse dentro de uma bolsa! Imaginemo-lo da seguinte maneira: um ovo comum, de galinha, e dentro do mesmo a gema correspondente ao corpo humano, isto é, o corpo físico. Além da gema, temos a clara do ovo, da qual dizemos que representa o etérico e a aura.

Mas, em seguida, por fora da clara do ovo, entre ela e a casca, existe uma pele muito fina, e bastante dura, também. Quando cozinhamos um ovo e lhe retiramos a casca, podemos retirar essa pele; o conjunto humano é assim. Acha-se todo envolto nessa cobertura parecida com uma película. Esta é completamente transparente, e sobre o impacto de rodopios ou tremores na aura ela ondula um tanto, mas sempre procura recuperar sua forma ovular, algo semelhante a um balão que sempre procura reconquistar a sua forma, porque a pressão interna é maior do que a externa. Você conseguirá imaginá-la mais se imaginar o corpo, o etérico e a aura contidos, dentro de uma bolsa de celofane extremamente fina e de formato ovoide (Figura 6).

Quando se pensa, projeta-se do cérebro, passando-se pelo etérico, pela aura, e chegando-se à pele áurica. Ali, sobre a superfície externa dessa cobertura, obtêm-se quadros dos pensamentos. Como acontece em muitos outros exemplos, este corresponde ao do rádio ou televisão. No gargalo de uma válvula de televisão existe o que se chama um “canhão de elétrons”, que dispara elétrons de movimentos rápidos sobre uma tela fluorescente, que é a tela de visão — a parte para a qual olhamos. Quando os elétrons atingem uma camada especial no interior da tela da televisão, essa camada fluoresce, isto é, existe um ponto de luz que persiste por algum tempo, de modo que os olhos possam transportar, por “memória residual”, a imagem de onde o ponto de luz se encontrava. Assim é que, com o tempo, o olho humano vê todo o quadro na tela da televisão.

Assim como a imagem no transmissor varia, também a imagem que se vê na tela do aparelho receptor de televisão varia. De modo bastante parecido, os pensamentos partem do nosso transmissor, isto é, o cérebro, e atingem aquele envoltório da aura. Ali, os pensamentos parecem marcar e formar quadros que um clarividente consegue ver. Mas não vemos apenas os quadros dos pensamentos atuais, podemos ver também o que já se passou!

O adepto consegue facilmente olhar uma pessoa e ver sobre o envoltório externo da aura algumas das coisas que a mesma tenha feito durante as duas ou três últimas vidas. Isso pode parecer fantástico ao não-iniciado, mas ainda assim é inteiramente correto.

A matéria não pode ser destruída. Tudo que é ainda existe. Se você produzir um som, a vibração dele — a energia por ele causada — prossegue eternamente. Se, por exemplo, você pudesse partir desta Terra, de repente, para um planeta muito distante, veria (desde que dispusesse de instrumentos adequados) imagens do que aconteceu há muitos milhares de anos antes. A luz apresenta uma velocidade definida, e não esmorece, de modo que se você fosse a uma distância suficientemente grande da Terra (de modo instantâneo) conseguiria ver a criação da Terra! Mas isto é uma digressão quanto à matéria que estamos a examinar.

Queremos tornar claro que o subconsciente, não sendo controlado pelo consciente, pode projetar quadros de coisas além do alcance presente do consciente. E assim é que uma pessoa com bons poderes de clarividência pode ver com facilidade o tipo de pessoa que tem à sua frente. Trata-se de uma forma adiantada de psicometria, aquilo a que poderíamos chamar “psicometria visual”. Mais adiante trataremos do assunto.

Qualquer um que seja dotado de certa percepção ou sensibilidade pode perceber uma aura, ainda que não a esteja a ver realmente. Quantas vezes aconteceu que você foi instantaneamente atraído, ou instantaneamente repelido por uma pessoa, quando nem sequer lhe tivesse alguma vez lhe falado antes? A percepção inconsciente da aura explica os nossos agrados e desagrados. Todos os povos costumavam ver a aura humana, mas, devido a abusos de diversas espécies, perderam esse poder. No curso dos próximos séculos, as pessoas voltarão a ser capazes de utilizar a telepatia, a clarividência, etc.

Aprofundemo-nos mais na questão dos agrados, e desagrados: toda a aura é composta de muitas cores e muitas estrias de cores. É necessário que as cores e estrias combinem, uma com a outra, para que duas pessoas sejam compatíveis. Acontece com frequência que marido e mulher se mostrem muito compatíveis em uma ou duas direções, e inteiramente incompatíveis em outras. Isso se deve a que a forma ondular particular de uma aura apenas toca a forma ondular da aura do cônjuge, em certos pontos definidos, e nesses pontos existem acordo completo e compatibilidade completa. Dizemos, por exemplo, que duas pessoas estão situadas em polos diferentes, e é exatamente o que acontece quando elas se mostram incompatíveis. Se assim o preferirmos, podemos dizer que as pessoas compatíveis têm cores áuricas que se combinam e harmonizam, enquanto as incompatíveis possuem cores que colidem e que seriam realmente penosos os seus relacionamentos.

As pessoas encaixam-se em estereótipos, em grupos de afinidade porque tem frequências comuns. Observam-se grupos de moças andando sempre juntas, ou grupos de rapazes parados nas esquinas ou saindo juntos.

Isso é porque todos eles apresentam uma frequência comum ou são comuns as suas auras, e dependem uns dos outros, porque têm uma atração magnética uns pelos outros e a pessoa mais forte no grupo dominará o conjunto, influenciando-o para o bem ou o mal. Os jovens devem ser treinados pela disciplina e pela autodisciplina, a fim de controlarem seus impulsos mais elementares, para que a evolução humana, no seu conjunto, possa ser aperfeiçoada.

Como já ficou dito, o ser humano acha-se no centro de um envoltório com a forma ovoide — centralizado dentro da aura, sendo essa a posição normal da maioria das pessoas, ou das pessoas médias e sadias. Quando alguém apresenta uma enfermidade mental, isso se deve ao facto de que não esteja devidamente centralizado. Muitas pessoas dizem: “Estou fora de mim, hoje”. Pode muito bem acontecer exatamente isso, e a pessoa estará a se projetar num ângulo, dentro do ovoide. As pessoas que têm personalidade dupla são inteiramente diferentes das comuns, pois apresentam metade da aura em uma cor, e a outra metade com um padrão de cor inteiramente diferente. Podem — se sua personalidade dupla for acentuada — possuir uma aura com a forma não de apenas um ovo, mas de dois ovos juntos, com um ângulo oposto um em relação ao outro. A doença mental não deve ser tratada de um modo tão superficial. O tratamento por choques pode ser muitíssimo perigoso, porquanto pode expulsar o astral (examinaremos isso mais adiante) do corpo. Embora num aspecto geral, o tratamento por choques destina-se (consciente ou inconscientemente!) a levar os dois “ovos”, mediante um choque, a formar um só. Muitas vezes ele se resume a “queimar” padrões neurais no cérebro.

Nascemos com certas potencialidades, certos limites quanto à coloração das nossas auras, a frequência das nossas vibrações e outras coisas, sendo assim possível a uma pessoa decidida e bem-intencionada alterar a sua aura, tornando-a melhor. Lamentavelmente, é muito mais fácil alterá-la para pior! Sócrates, para citarmos um exemplo, sabia que poderia ser um bom homicida, mas não quis ceder aos golpes do destino, de modo que tomou medidas para alterar o seu caminho pela vida. Ao invés de tornar-se um homicida, Sócrates passou a ser o homem mais sábio da sua época. Todos nós podemos, se o quisermos, erguer os pensamentos a um nível mais elevado e com isso melhorar as nossas auras. Uma pessoa com vermelho turvo e acastanhado na aura, exibindo sexualidade excessiva, pode aumentar a cadência de vibrações do vermelho, sublimando os desejos sexuais, com o que se tornará mais uma criatura com um impulso muito construtivo, que abre o seu caminho pela vida.

A aura desaparece logo após a morte, mas o etérico pode continuar por bastante tempo, dependendo do estado de saúde de seu possuidor. O etérico pode tornar-se o fantasma destituído de mente, que executa incursões destituídas de sentido. Muitas pessoas dos locais rurais, já viram uma forma de brilho azulado sobre as sepulturas daqueles que acabaram de ser enterrados. Esse brilho é notado de modo particular à noite. Trata-se, naturalmente e apenas, do etérico que se dissipa do corpo em decomposição.

Na aura, as vibrações baixas proporcionam cores opacas e turvas, que causam mais náusea do que atração. Quanto mais elevadas as vibrações de alguém, tanto mais puras e brilhantes se fazem as cores da aura, brilhantes não de modo fantasmagórico e assustador, mas de modo melhor e mais espiritual. Podemos dizer, apenas, que as cores puras são “maravilhosas”, enquanto as turvas se apresentam desagradáveis. Uma boa ação dá brilho ao aspecto da pessoa, conferindo brilho às suas cores áuricas. Um mau ato faz-nos sentir “azuis” ou nos põe em um estado de alma “negro”. As boas ações — a ajuda prestada aos outros — fazem-nos ver o mundo através de “óculos cor-de-rosa”.

É necessário termos sempre presente que a cor constitui o indicador principal das potencialidades de uma pessoa. As cores mudam, naturalmente, com os estados de alma da pessoa, mas as cores básicas não se alteram, a menos que a pessoa melhore (ou piore) seu carácter. Pode-se aceitar que as cores básicas continuam as mesmas, mas as cores transitórias flutuam e variam, de acordo com o estado de espírito. Quando se está a observar as cores na aura de uma pessoa, deve-se perguntar:

  1. Qual é a cor?
  2. É clara ou turva, e com que nitidez posso ver através dela?
  3. Ela gira sobre certas áreas, ou se localiza quase permanentemente sobre um só ponto?
  4. É uma faixa contínua de cor, mantendo a sua forma, ou flutua e apresenta cumes agudos e vales profundos?
  5. Devemos também verificar se não estamos pré julgando uma pessoa, porque é muito simples olhar uma aura e imaginar que estamos vendo uma cor turva quando, na verdade, ela não o é de modo algum. Pode ser que os nossos próprios pensamentos errados façam com que uma cor pareça turva, pois é preciso lembrar: ao contemplarmos a aura de outra pessoa, que estamos a fazê-lo, olhando através da nossa própria Aura (com os nossos defeitos)!

Existe uma relação entre os ritmos musicais e mentais. O cérebro humano é uma massa de vibrações com impulsos elétricos que se irradiam de todas as partes do mesmo. Um ser humano emite uma nota musical dependendo da cadência de vibrações do mesmo.

Exatamente como se pode chegar perto de um cortiço e ouvir o zumbido de todo um bando de abelhas, também é possível que alguma outra criatura escute os seres humanos. Todo o ser humano tem a sua própria nota básica, constantemente emitida de modo bem semelhante àquele pelo qual um fio telefônico emite vibração, ao vento. Além disso, a música popular é de tal natureza que se acha em acordo simpático com a formação da onda cerebral, e está em simpatia com a harmonia da vibração corporal. Podemos obter uma “melodia de sucesso”, que põe todos a cantarolá-la e assobiá-la. As pessoas dizem que tem “tal ou qual melodia” percorrendo constantemente seu cérebro. As melodias de sucesso são aquelas que se combinam com as ondas cerebrais humanas por algum tempo, antes que sua energia básica se dissipe.

A música clássica apresenta uma natureza mais permanente. Trata-se de música que faz com que a nossa forma ondular auditiva vibre de maneira agradável, em simpatia com a música clássica. Se os dirigentes de uma nação querem influenciar, os seus seguidores têm de compor, ou mandar compor, uma forma especial de música, a que chamamos “hino nacional”.

Ouve-se o hino nacional e sentem-se todos os tipos de emoções, após o que nos pomos em pé, pensamos coisas boas do nosso país, ou más e até ferozes quanto aos outros países.

Isso é devido simplesmente ao fato de que as vibrações a que chamamos som levaram as nossas vibrações mentais a reagirem de um certo modo. Assim é que se torna possível “pré encomendar” certas reações num ser humano, executando determinados tipos de música para o mesmo efeito. Uma pessoa de pensamentos profundos, que apresenta picos altos e pontos de grande profundidade na sua forma ondular cerebral, gosta de música do mesmo tipo, isto é, música que tenha passagens elevadas e momentos profundos. Mas uma criatura desmiolada prefere a música desmiolada, que é mais ou menos um tilintar, o que num gráfico ficaria representada de modo mais ou menos preciso por um simples salutar.

Muitos dos maiores músicos são aqueles que consciente ou subconscientemente executam a viagem astral e chegam aos reinos além da morte. Eles ouvem “a música das esferas”. Sendo músicos, essa música celestial causa uma vasta impressão sobre eles, prende-se à sua memória, de modo que quando voltam à Terra encontram-se imediatamente num “estado de espírito disposto à composição”. Vão correndo para um instrumento musical, ou ao pentagrama, e imediatamente escrevem, tanto quanto se recordam, as anotações da música que ouviram no astral. Em seguida, dizem — sem se lembrarem bem — que compuseram esta ou aquela obra musical!

O sistema diabólico de publicidade subliminar, no qual a mensagem publicitária é posta de relance a passar na tela da televisão, com uma rapidez demasiada para que os olhos conscientes a vejam, valem-se da semi percepção da pessoa, ao mesmo tempo em que não chega às percepções conscientes. O subconsciente é posto em alerta, por solavanco, pelo fluxo de padrões ondulares que lhe chegam, e o subconsciente, formando nove décimos do todo, vem mais tarde a levar o consciente a sair e comprar o artigo assim anunciado, embora — conscientemente — a pessoa saiba que nem sequer deseja tal objecto.

Um grupo inescrupuloso de pessoas, como os dirigentes de um país que não tenha o bem-estar de seu povo como meta maior, poderia, na verdade, levar esse povo a reagir a qualquer ordem subliminar, utilizando tal forma de publicidade.

 

Esta será uma lição curta, porém muito importante. Sugiro que você a reveja com muito, muitíssimo cuidado, mesmo.

Muitas pessoas, ao tentarem ver a aura, mostram-se impacientes, esperam ler algumas instruções escritas, erguer o olhar da página impressa e ver auras diante dos seus olhos espantados. A coisa não é tão simples assim! Muitos dos Grandes Mestres levam uma vida toda, antes de conseguirem ver a aura, mas nós asseveramos que, desde que a criatura seja sincera e pratique de modo consciencioso, a aura poderá ser discernida pela maioria das pessoas.

Afirma-se que a maioria das pessoas pode ser hipnotizada; de modo exatamente igual, a maioria das pessoas, com prática, e essa “prática” realmente quer dizer “perseverança”, pode ver a aura.

Temos de frisar repetidas vezes que quem quiser ver a aura com o maior pormenor tem de fitar um corpo nu, pois a aura é consideravelmente influenciada pela roupa. Como exemplo, suponhamos que uma pessoa diga: “Oh! Eu vestirei tudo inteiramente limpo, que acabou de chegar da lavanderia, de modo que isso não interfira com minha aura!” Bem, com toda a probabilidade, algumas partes da roupa foram manuseadas por alguém na lavanderia. O trabalho de lavanderia é monótono, e as pessoas que se dedicam a trabalhos assim passam o tempo a refletir, de um modo normal, sobre o estado das suas próprias vidas. Em outras palavras, estão um pouco “fora de si”, e enquanto dobram já de uma forma mecânica as roupas, ou as tocam, seus pensamentos não estão no que fazem, mas nas suas próprias questões particulares. As impressões vindas da sua aura entram na roupa, e então, quando você a enverga e olha para si vai verificar que está com as impressões dos outros. Difícil de crer? Pois examinemos a questão da seguinte maneira: você tem um ímã, e toca esse ímã de modo inteiramente ocioso com o canivete. Em seguida, descobre que o canivete recolheu a influencia áurica do ímã. Acontece a mesma coisa, em grande parte, com os seres humanos, pois um deles pode recolher a influência áurica de outro. Uma mulher pode ir a algum teatro, sentar-se ao lado de alguém que lhe é desconhecido, e dizer depois: “Oh, preciso tomar um banho! Sinto-me contaminada por ter estado ao lado daquela pessoa!”

Se você quiser ver a aura verdadeira, com todas as suas cores, terá de olhar para um corpo nu. Se olhar para um corpo feminino, verificará que as cores são mais distintas. Francamente, detestamos dizê-lo, mas muitas vezes, com o corpo feminino, as cores mostram-se mais fortes — mais brutas, se assim o preferirem — mas, qualquer que seja o modo de designá-lo, continuam sendo mais fortes e mais fáceis de ver. Alguns de nós poderíamos encontrar dificuldade em sair e descobrir uma mulher que dispa as roupas sem fazer qualquer objeção, e assim sendo, por que não usa o seu próprio corpo para fazê-lo? Você deve estar a sós para isso, deve estar a sós no retiro de, por exemplo, uma casa de banho. Assegure-se de que o mesmo tem uma luz ambiente fraca. Se a luz for brilhante demais — decididamente tem que ser fraca! — pendure uma toalha próxima a essa fonte de luz, de modo que embora HAJA iluminação, esta seja bem diminuta. Aqui, cabe uma palavra de advertência: assegure-se de que a toalha não esteja demasiadamente próxima à lâmpada, para que não se incendeie; você não está procurando incendiar sua casa, mas reduzir a luz.

Se conseguir uma dessas lâmpadas Osglim, que não usam corrente assinalada no medidor, verificará que a mesma é muito adequada. Uma lâmpada Osglim consiste de um globo de vidro claro. No suporte de vidro dentro do globo existe um bastão curto, ao qual está afixada uma chapa redonda. Outro bastão vem do suporte de vidro e se estende quase à parede superior do globo, e dele pende uma espiral bruta de fio bastante pesado. Quando essa lâmpada é inserida num bocal e acesa, apresenta um brilho avermelhado. Vamos incluir uma ilustração do tipo de lâmpada, porque, naturalmente, “Osglim” é uma marca comercial, e esse nome pode variar, conforme o lugar (Figura 7).

Com a “Osglim” acesa, e sua iluminação bastante fraca, tire todas as roupas e olhe para si próprio, num espelho de um tamanho que dê para ver todo o corpo. Não tente ver coisa alguma por momentos, e basta ficar à vontade. Tenha a certeza de estar com uma cortina escura por trás de si, quer negra (de preferência) ou cinzento-escura, de modo que fique com o que se chama um pano de fundo neutro, isto é, um pano de fundo que não apresenta qualquer cor a influenciar a aura. Espere alguns momentos enquanto estiver fitando a si próprio no espelho, de modo inteiramente ocioso. Olhe para sua cabeça; dá para ver uma cor azulada ao redor das têmporas? Olhe para o corpo, dos braços aos quadris, por exemplo. Vê uma chama azulada, muito parecida com a do álcool?

Todos já viram o tipo de lâmpada que os joalheiros utilizam, e que queima álcool metílico, ou álcool etílico, ou qualquer líquido espirituoso. A chama é de coloração azulada, muitas vezes cintila com uma cor amarela nas suas extremidades.

A chama etérica é assim. Quando vir isso, estará fazendo progresso. Poderá não ver na primeira, segunda ou terceira vez em que experimentar. Do mesmo modo, também um músico nem sempre tem os resultados que deseja na primeira, segunda ou terceira vez em que executa uma peça difícil de música. O músico perseverou, e você deverá fazer o mesmo. Com a prática, conseguirá ver o etérico. Com mais prática, conseguirá ver a aura. Mas, é preciso que o repitamos incessantemente, é muito mais fácil e muito mais claro com um corpo nu.

Não pense que haja qualquer coisa errada no corpo nu. Dizem que “O homem é feito à imagem de Deus”. Assim sendo, o que há de errado em ver “a imagem de Deus” sem roupa? Lembre-se de que, “para o puro, todas as coisas são puras”. Você está olhando para si próprio, ou para outra pessoa, por motivo puro. Se tiver pensamentos impuros, não conseguirá ver o etérico ou a aura, e apenas aquilo que estiver procurando!

Continue olhando para si, olhando para ver esse etérico. Você verificará, com o tempo, que poderá vê-lo. Às vezes, uma pessoa estará procurando a aura, sem ver coisa alguma, mas ao invés disso sentirá comichão nas palmas das mãos, ou nos pés, ou mesmo em alguma parte do corpo. Trata-se de uma sensação peculiar, essa comichão, sendo inteiramente inconfundível.

Quando sentir isso, será sinal de que está a caminho de ver, significando que você está impedindo a si mesmo de ver, por tensão demasiada; terá de descansar, terá de “acalmar-se”. Se descansar, “descarregando-se”, ao invés de ficar com comichão, e talvez contrações, verá o etérico, ou a aura, ou ambos. A comichão, na verdade, é uma concentração da sua própria força áurica, dentro de suas palmas (ou qualquer que seja o centro).

Muitas pessoas, quando assustadas ou tensas, suam nas palmas das mãos, ou nas axilas, ou em outras partes do corpo. Nesta experiência psíquica, ao invés de transpirar, você sente comichão. É, repetimos, bom sinal. Significa — e queremos repetir também isto — que está fazendo demasiado esforço, e quando você estiver pronto a descansar, o etérico e talvez a aura também se apresentarão diante do seu olhar bastante espantado.

Muitas pessoas não conseguem ver sua própria aura com precisão completa, porque olham através dela ao fitar um espelho. O espelho destorce as cores, de certo modo, e reflete (também passando pela aura) essa faixa destorcida de cores, de modo que o pobre observador imagina que tem cores mais turvas do que realmente acontece. Pense num peixe nadando na profundeza de um tanque de água, olhando para alguma flor suspensa a poucos palmos acima da superfície. O peixe não perceberia as cores do mesmo modo como nós, e teria a visão da flor destorcida pelas ondulações na água e pela limpidez ou turvação da água. Do mesmo modo, se você estiver a olhar as profundidades da sua própria aura, vendo a imagem reflectida nas profundidades da mesma, poderá enganar-se um pouco.

Por esse motivo é melhor, quando isso se mostra conveniente, fitar outra pessoa. O seu auxiliar deve estar realmente disposto a isso, inteiramente colaborador(a). Se você estiver olhando a forma nua de alguma pessoa, é frequente que a mesma assim fitada se mostre nervosa ou embaraçada. Nesse caso, o etérico se encolhe, ficando quase todo no corpo, e a própria aura se fecha bastante, falsificando as cores. É necessária a prática para conseguir fazer um bom diagnóstico, mas o principal é ver, inicialmente, qualquer cor, não importa se verdadeira ou falsa.

O melhor é conversar com o ou a voluntária, e faça uma conversa sem qualquer importância, até mesmo ociosa, a fim de pô-la à vontade e mostrar que nada vai acontecer. Assim que a sua auxiliar se puser à vontade, o seu etérico recuperará as proporções normais e a própria aura fluirá para fora, a fim de preencher completamente o saco áurico.

Isto, de muitos modos, pode ser comparado ao hipnotismo: o hipnotizador não sai por aí, simplesmente atacando uma pessoa, e que a hipnotize nesse mesmo lugar. Em geral, há uma série de sessões; o hipnotizador inicialmente vê o paciente, e eles formam uma espécie de rapport. ou base comum — uma compreensão mútua, se assim o desejarem — e o hipnotizador poderá até mesmo experimentar um ou dois truques de menor importância, tais como ver se o paciente responde ao hipnotismo elementar. Após duas ou três sessões, o hipnotizador põe o paciente inteiramente em transe.

De modo bastante parecido, você fará o mesmo com a sua voluntária, e em primeiro lugar, não lhe fitaria o corpo, quase não o olharia, mostrando-se natural, como se a outra pessoa estivesse inteiramente vestida. E então, talvez na segunda ocasião, a auxiliar estivesse mais confiante em si, mais descansada. Na terceira sessão, você poderia olhar realmente para o corpo, ou para o contorno do corpo e ver — por exemplo — aquela débil névoa azul? Aquelas faixas de cores rodopiando ao redor do corpo e aquele halo amarelo? Aquele jogo de luzes, do cimo da cabeça, desdobrando-se como um lótus que se desdobra, ou — em fala ocidental — coisa semelhante a um fogo de artificio, cintilando em cores diversas.

Esta é uma lição curta; mas é uma lição importante. Agora, sugiro que espere até estar cômodo, sem qualquer preocupação no espírito, sem sentir fome, sem ter comido demais, e vá então para a sua casa de banho, tome um banho se quiser livrar-se de qualquer influência advinda da sua roupa, e depois pratique de modo a que possa ver sua própria aura.

É tudo uma questão de prática!

 

Nas lições anteriores, examinamos o corpo como centro do etérico e da aura; passamos do corpo para fora, examinando o etérico e, depois, fizemos uma descrição da aura, com suas estrias de cor, indo ter à pele áurica externa. Tudo isso é de extrema importância, e eu o aconselho a voltar e reler as lições anteriores, pois nesta, e na lição número nove, vamos preparar o terreno para deixar o corpo.

A menos que você tenha conhecimentos claros sobre o etérico, a aura, e a estrutura molecular do corpo, poderá encontrar algumas dificuldades.

O corpo humano consiste, como vimos, de uma massa de protoplasma. É uma massa de moléculas espalhadas por um certo volume de espaço, de modo muito semelhante àquele pelo qual um universo ocupa um volume de espaço. Agora, vamos caminhar para dentro, afastando-nos da aura, afastando-nos do etérico, entrar no corpo, pois esse corpo de carne é apenas um veículo, apenas “um conjunto de roupas — a indumentária de um ator que vive o papel que lhe destinaram, no palco do mundo”.

Já expusemos que dois objetos não podem ocupar o mesmo espaço. Isso é razoavelmente correto, quando pensamos em tijolos, ou madeira, ou pedaços de metal, mas se dois objetos tiverem uma vibração diferente, ou se os espaços entre os seus átomos e nêutrons e prótons tiverem amplidão suficiente, nessas condições um outro objecto pode ocupar o mesmo espaço. Você poderá achar esse facto difícil de compreender, de modo que vamos apresentá-lo de um modo diferente, dando talvez dois exemplos. Eis o primeiro:

Se você apanhar dois copos e os encher até a borda com água, verificará que, se colocar um pouquinho de areia — digamos, uma colher de chá — em um dos copos cheios, a água transbordará e escorrerá pelo lado, demonstrando que nesse caso a água e a areia não podem ocupar o mesmo espaço, de modo que uma tem de ceder. Sendo mais pesada, a areia vai para o fundo e com isso faz erguer o nível do copo, até ao ponto em que a água transborda.

Voltemos ao outro copo que também foi enchido com água até à borda — enchido ao mesmo nível que o primeiro. Se, agora, colocarmos vagarosamente açúcar no copo, verificaremos que será possível colocar até seis colheres de chá, cheias de açúcar, no copo, antes que a água transborde! Se o fizermos devagar, veremos o açúcar desaparecer; em outras palavras, ele se dissolveu.

Ao dissolver-se, as suas próprias moléculas ocupam o espaço entre as moléculas da água, e assim não ocupam mais espaço. Apenas quando todo o espaço entre as moléculas da água for preenchido com moléculas de açúcar é que o açúcar em excesso se acumula no fundo e acaba por fazer com que a água transborde. Neste caso, temos a prova clara de que dois objetos podem ocupar o mesmo espaço.

Passemos a outro exemplo. Examinemos o sistema solar. Trata-se de um objecto, uma entidade, um “algo”. Existem moléculas, ou átomos, aos quais chamamos mundos, andando pelo espaço. Se é verdade que dois objetos não podem ocupar o mesmo espaço, então não poderíamos enviar um foguete da Terra ao espaço! Tampouco poderiam pessoas de outro universo entrar no nosso, porque se o fizessem estariam ocupando o NOSSO espaço. — Assim — sobre condições adequadas — é possível que dois objetos ocupem o mesmo espaço.

O corpo humano, consistindo de moléculas com certa quantidade de espaço entre os átomos, também acomoda outros corpos, corpos tênues, corpos espirituais, ou aquilo a que chamamos corpos astrais. Esses corpos tênues são precisamente o mesmo, em composição, que o corpo humano, isto é, consistem de moléculas. Mas exatamente como a terra, o chumbo, a madeira, consistem em um certo arranjo molecular — moléculas de certa densidade — os corpos espirituais possuem moléculas em número menor, e mais distantes entre si. Desse modo, é inteiramente possível que um corpo espiritual se ajuste a um corpo carnal, no contato mais íntimo, sem que nenhum dos dois ocupe espaço necessário ao outro.

O corpo astral e o corpo físico estão ligados pelo Cordão de Prata. Este é uma massa de moléculas vibrando em velocidade tremenda, e de certo modo se apresenta semelhante ao cordão umbilical que liga a mãe ao filho; na mãe, impulsos, impressões e nutrição vão dela à criança por nascer. Quando a criança nasce e o cordão umbilical é cortado, a criança morre para a vida que conheceu antes, isto é, torna-se uma entidade separada, uma vida separada, já não faz parte da mãe, de modo que “morre” como parte desta, e adquire a sua própria existência.

O Cordão de Prata liga o Eu Maior e o corpo humano e as impressões vão de um para o outro, durante cada minuto da existência do corpo carnal. Impressões, ordens, lições e, às vezes, até mesmo alimentação espiritual descem do Eu Maior para o corpo humano. Quando a morte ocorre, o Cordão de Prata é rompido e o corpo humano fica como um traje abandonado, enquanto o espírito prossegue.

Não é aqui o lugar para examinar a questão, mas devemos afirmar que existe um certo número de “corpos espirituais”. Estamos abordando o corpo de carne e o corpo astral, neste momento. Em toda a nossa forma atual de evolução, existem nove corpos separados, cada qual ligado ao outro por um Cordão de Prata, mas estamos a tratar agora mais da viagem astral e de questões intimamente relacionadas com o plano astral.

O homem, portanto, é um espírito encerrado por um período breve num corpo de carne e osso, encerrado a fim de que possa aprender lições e adquirir experiências, experiências essas que não poderiam ser adquiridas pelo espírito sem o uso de um corpo. O homem, ou o corpo carnal do homem, é um veículo que se vê impulsionado, ou manipulado, pelo Eu Maior.

Alguns preferem utilizar o termo “Alma” mas nós usamos “Eu Maior”, por ser mais conveniente (sendo a Alma uma questão diferente, na verdade). O Eu Maior é o controlador, o dirigente do corpo que está num plano ainda mais elevado. O cérebro do ser humano representa uma estação de relês, um centro telefônico, uma fábrica completamente automatizada, se assim o preferirem. Recebe mensagens do Eu Maior e converte as ordens do mesmo em atividade química ou atividade física, que mantém o veículo vivo, faz com que os músculos trabalhem, e causa certos processos mentais. Ele também retransmite ao Eu Maior as mensagens e impressões das experiências adquiridas.

Fugindo às limitações do corpo, como um motorista que de vez em quando abandona o automóvel, o Homem pode ver o mundo Maior do Espírito e avaliar as lições aprendidas enquanto se acha encerrado na carne, mas aqui estamos a falar do físico e do astral com, talvez, menções curtas ao Eu Maior. Mencionamos o astral, de modo particular, porque, enquanto se acha nesse corpo, o Homem pode viajar a lugares distantes em um piscar de olhos, pode ir a qualquer lugar, em qualquer momento, e pode até mesmo ver o que velhos amigos ou parentes estão fazendo. Com prática, o Homem — ou a Mulher! — pode visitar as cidades do mundo e as grandes bibliotecas do mundo. Torna-se fácil, mediante a prática, visitar qualquer biblioteca e consultar qualquer livro, ou qualquer página de um livro. A maioria das pessoas julga que não pode abandonar o corpo e pensa assim porque no mundo ocidental foi muitíssimo condicionado, durante toda a vida, a desacreditar em coisas que não possam ser apalpadas, desmanteladas ou retalhadas e, depois, debatidas em termos que nada significam.

As crianças acreditam em fadas e duendes; essas coisas existem, naturalmente, só que nós, que as podemos ver e conversar com elas, chamamo-las Espírito da Natureza. Muitas crianças de pouca idade têm companheiros invisíveis como se fossem brinquedos. Para os adultos, as crianças vivem em um mundo a fingir, conversando animadamente com amigos que não podem ser vistos pelo adulto cético. A criança sabe que esses amigos são verdadeiros.

À medida que a criança cresce os mais velhos riem-se, ou zangam-se por causa das suas imaginações. Os mais velhos, que já esqueceram sua própria infância e o modo como os seus pais agiram, chegam ao ponto de bater na criança por ser “mentirosa” ou por mostrar-se “excessivamente imaginativa”. Com o tempo, a criança é hipnotizada passando a crer que não existem tais coisas como Espíritos da Natureza (ou fadas) e, a seu turno, essas crianças crescem — formam famílias próprias — e não estimulam os seus próprios filhos a ver ou brincar com os Espíritos da Natureza!

Vamos afirmar, de modo inteiramente afirmativo, que os povos do Oriente e o povo da Irlanda sabem que não é assim; existem Espíritos da Natureza, quer se chamem “fadas”, ou duendes — qualquer que seja o nome que lhes demos —, são verdadeiros; fazem boas obras, e o Homem, em sua ignorância e arrogância ao negar a existência destas entidades, nega a si próprio uma situação fabulosa e um repositório maravilhoso de informações, pois os Espíritos da Natureza ajudam aqueles de quem gostam, e ajudam aqueles que acreditam neles.

Não existem limites ao conhecimento do Eu Maior. Existem limites muito verdadeiros às capacidades do corpo — o corpo físico.

Quase todos na Terra deixam o corpo, quando encontram-se adormecidos. Ao despertar dizem que tiveram um sonho, porque, também neste caso, os seres humanos aprenderam a acreditar que esta vida sobre a Terra é a única que importa, é-lhes ensinado que não realizam viagens quando se encontram adormecidos. Assim é que experiências maravilhosas são racionadas e transformadas em “sonhos”.

Muitas pessoas creem poder deixar o corpo à vontade e viajar a distâncias bem grandes, com rapidez, regressando ao corpo horas após, com conhecimento completo de tudo que fizeram, do que viram e pelo o que passaram. Quase qualquer pessoa pode deixar o corpo e efetuar uma viagem astral, mas é preciso acreditar que o pode fazer, sendo inteiramente inútil para quem emite pensamentos contrários, de descrença, ou pensamentos de que não possa fazer isso. Na verdade, é notavelmente fácil viajar no astral, quando se passa pelo primeiro obstáculo, o medo.

O medo é o grande travão. A maioria das pessoas tem de suprimir o medo instintivo de que abandonar o corpo significará morrer.

Algumas pessoas têm um receio mortal de que, se deixarem o corpo, talvez não consigam voltar a ele, ou de que alguma outra entidade entrará no mesmo. Trata-se de coisas inteiramente impossíveis, a menos que a criatura “abra o portão” através do medo. Quem não receia não pode sofrer nenhum malefício. O Cordão de Prata não pode ser rompido quando estamos a fazer uma viagem astral, e ninguém pode invadir o corpo, a menos que alguém faça um convite definido, ao ficar apavorado.

Sempre pode-se — SEMPRE — regressar ao corpo, exatamente como sempre acordamos, após noite após noite de sono. A coisa única a recear é o ter medo; o medo é a única coisa que ocasiona o perigo. Todos sabemos que as coisas por nós receadas raramente acontecem!

O pensamento é o nosso maior obstáculo, após o medo, porque ele, ou a razão, apresenta um problema verdadeiro. Esses dois, o pensamento e a razão, podem impedir que escalemos montanhas altas; a razão nos diz que um escorregão far-nos-á cair, estraçalhando-nos. Assim o é que devemos reprimir o pensamento e a razão. Infelizmente, eles possuem má fama. O “pensamento”! Você já pensou sobre o “pensamento”? Que é o “pensamento”? Onde você pensa? Você está pensando com a parte superior da cabeça? Ou com a parte de trás da mesma? Está pensando sobre as suas sobrancelhas? Ou nos ouvidos? Você para de pensar, quando fecha os olhos? Não! O seu pensamento está onde quer que você se concentre; você pensa sempre onde quer que se concentre. Este facto simples e elementar pode ajudá-lo a sair do corpo e entrar no astral, pode ajudar seu corpo astral a vagar tão livre quanto a brisa. Pense nisso, releia esta lição, até estas palavras, e pense sobre o pensamento; pense como o pensamento muitas vezes o deteve, porque você pensou em obstáculos, pensou em medos que não conhecia. Você pode, por exemplo, ter estado sozinho(a) na casa, à meia-noite, enquanto a ventania uivava lá fora, e pode ter pensado em ladrões, ter imaginado alguém oculto por trás de uma cortina, pronto a saltar sobre você. O pensamento, em tais casos, pode causar muitos malefícios! Pense, reflita um pouco mais sobre o “pensamento”.

Você está com dor de dentes e, com relutância, vai ver o dentista. Ele diz que você precisa extrair um dente, e você tem medo de que isso doa; senta-se na cadeira do dentista, tomado pelo medo, cheio de medo a imaginar a dor.

Assim que o dentista apanha a seringa para dar uma injeção, você automaticamente se contrai, até mesmo empalidece. Tem a certeza de que vai doer, tem a certeza de que vai sentir aquela agulha entrando, e depois virá aquele safanão horrível, aquando o seu dente estiver a sair, ensanguentado. Talvez você receie que vai desmaiar com o choque, de modo que assim é que está alimentando o medo, e faz com que o seu dente doa cada vez mais, pensando e concentrando todo seu poder de focos, de pensamento naquele lugar, antes ocupado pelo dente! Toda a sua energia se acha dedicada a fazer com que esse dente doa ainda mais.

Agora, quando você pensa despreocupadamente, onde está o pensamento, então? Na cabeça? E como você sabe disso? Você o sente ali? O pensamento encontra-se no lugar no qual nos concentramos, nos focamos. O pensamento está dentro de você apenas porque você pensa em si mesmo, e porque você julga que o pensamento deva estar dentro de si. O pensamento acha-se onde você quiser que ele esteja; o pensamento está no lugar aonde você ordena que ele vá.

Examinemos mais uma vez essa afirmação, a de que “o pensamento está onde você se concentra (se focaliza)”. No calor da batalha, homens levaram tiros ou golpes e não sentiram nenhuma dor. Por algum tempo, talvez nem sequer tenham tomado conhecimento de que se encontravam feridos, e somente quando dispuseram de tempo para pensar nisso é que sentiram a dor, e talvez tenham entrado em colapso com o choque daí decorrente! Mas o pensamento, a razão, o medo são os freios que reduzem a marcha da nossa evolução espiritual, são apenas o ruído fatigado da máquina que se desacelera, distorcendo as ordens do Eu Maior.

O homem, quando se desembaraça dos seus próprios medos e restrições estúpidas, poderia ser quase um super-homem, com poderes muito aumentados, tanto musculares quanto mentais.

Aqui temos um exemplo: um homem franzino e tímido com desenvolvimento muscular inteiramente insignificante desce da calçada e vai atravessar uma rua com um intenso tráfego. Os seus pensamentos estão distantes, muito distantes, talvez nos seus negócios, ou talvez no tipo de estado de alma em que sua esposa vai ficar, quando ele chegar a casa, à noite. Pode até mesmo estar a pensar nas contas que tem por pagar! Uma buzinadela repentina de algum veículo que se aproxima, e o homem — sem pensar — dá um salto, voltando à calçada, numa pirueta prodigiosa que, normalmente, seria inteiramente impossível até mesmo para o atleta mais bem treinado! Se esse homem tivesse ficado embaraçado pelos processos do pensamento, teria agido tardiamente e o carro o teria atropelado. A falta do pensamento permitiu ao Eu Maior, sempre vigilante, galvanizar os músculos com uma descarga de substâncias químicas (tais como a adrenalina), que fizeram o cidadão saltar muito além de sua capacidade normal, permitindo naqueles momentos um surto de atividade para além da velocidade do pensamento consciente.

No mundo ocidental, ensinaram à humanidade que o pensamento, a razão “distingue o homem dos animais”. O pensamento incontrolado faz com que o homem se situe abaixo de muitos animais, mesmo para a viagem astral! Quase qualquer um concordaria em que os gatos, para darmos apenas um exemplo, podem ver as coisas que o ser humano não enxerga.

A maioria das pessoas já teve alguma experiência com animais que olham para um fantasma e têm percepção de incidentes muito antes que o ser humano comece a percebê-los. Os animais usam um sistema diferente da “razão” e “pensamento”. Agora vos digo: Nós podemos fazer o mesmo!

Em primeiro lugar, porém, temos de controlar nossos pensamentos, temos de controlar todas essas pontas soltas e cansativas de pensamento ocioso, que constantemente passam pelas nossas mentes. Sente-se em algum lugar, onde fique cômodo(a), onde possa descansar completamente, e aonde ninguém o/a venha perturbar. Se quiser, apague a luz, pois esta é um obstáculo para estes casos.

Mantenha-se sentado, ociosamente, por alguns momentos, pensando apenas nos seus pensamentos; observando os seus pensamentos, vendo como eles continuam a se apresentar sub-repticiamente na sua consciência, cada qual berrando a pedir atenção, aquela briga com o camarada no escritório, as contas por pagar, o custo de vida, a situação mundial, aquilo que você gostaria de dizer a seu empregador — ponha tudo isso de lado!

Imagine-se visualizando-se em estar sentado num quarto completamente escuro, no topo de um arranha-céu; e à sua frente há uma grande janela, coberta por uma cortina negra, cortina essa sem feitio ou padrão, com nada que possa representar uma distração. Concentre-se nessa cortina (continue a imaginar e a visualizar).

Agora, antes de continuar, assegure-se de que não ocorrem pensamentos alguns na sua consciência (que é essa cortina negra) e se algum quiser intrometer-se, empurre-o de volta, mande-o embora, que se retire imediatamente.

Você pode fazê-lo, trata-se apenas de uma simples questão de prática. Por alguns momentos, os pensamentos tentarão tremelicar à volta dessa cortina negra, pelo que você os fará sempre recuar, fazendo-os ir à força. De seguida, volte a concentrar-se sobre a sua cortina e visualize-se a levantá-la, de modo a que possa espiar tudo que esteja para além dela.

Mais uma vez, quando fitar essa cortina negra e imaginária, descobrirá que toda espécie de pensamentos estranhos tende a intrometer-se, procurando abrir caminho à força, chegando ao foco de sua atenção. Faça-os recuar, empurre-os de volta com esforço consciente, recuse-se a permitir que tais pensamentos se intrometam (sim, sabemos que já dissemos isso antes, mas estamos procurando fazer-nos entender bem). Quando você conseguir sustentar uma ausência de pensamentos completa (meditação) por um curto período de tempo, notará que há um “estalo”, como se um pedaço de pergaminho fosse rasgado, e conseguirá ver, bem distante deste mundo comum (aquele em que diariamente percepcionamos), chegamos a um mundo de dimensão diferente, onde o tempo e a distância apresentam um significado inteiramente novo.

Praticando desta forma, você descobrirá que consegue controlar os seus pensamentos, como acontece nos casos dos Adeptos e dos Mestres.

Experimente, pratique, porque se você quer progredir, precisa praticar, mais e mais, até subjugar, erradicar os pensamentos ociosos.

 

Na lição anterior, examinamos as etapas finais com o pensamento.

Dissemos que o “pensamento está onde quisermos que esteja”. Essa é uma fórmula que realmente nos poderá ajudar a sair do corpo e efetuar a viagem astral. Vamos repeti-la. O pensamento está onde quisermos que ele esteja. Fora de você, se você o quiser assim. Vamos praticar um pouco. Aqui, mais uma vez, você necessitará de estar onde se encontre inteiramente a sós, onde não haja distrações. Você vai tentar retirar-se de seu corpo. Você deve estar a sós, ficar à vontade, e sugerimos que, para isso, você se deite numa cama.

Verifique e tome providências para que ninguém o importune e estrague sua experiência. Quando estiver instalado, respirando lentamente, pensando nesta experiência, concentre-se num ponto a uns seis palmos à sua frente, feche os olhos, concentre-se, ORDENE a si mesmo pensar que você mesmo — seu Eu verdadeiro, seu Eu astral — está a observar o seu corpo, à distância de seis palmos. Pense! Pratique! Faça-se concentrar. E então, com a prática, você sentirá repentinamente um choque ligeiro, quase eléctrico, e verá seu corpo deitado, os olhos fechados, a uns seis palmos de distância (este é o Grande poder da Visualização).

De início, será um grande esforço conseguir este resultado. Você poderá sentir-se como se estivesse dentro de uma grande bola de borracha, empurrando, empurrando. Você empurra e se esforça, e nada parece acontecer. Quase parece acontecer. E então, finalmente, e de repente, você rompe o balão, e há uma leve sensação de estalo, quase como se, na verdade, estivesse a furar um balão de brinquedo infantil. Não se alarme, não dê lugar ao susto, porque se continuar livre do susto ou medo, prosseguirá e não terá qualquer problema no futuro, mas se ficar com medo, voltará ao corpo físico e terá de recomeçar tudo em alguma outra data. Se você voltar ao corpo, de nada adianta tentar mais por aquele dia, pois será raro obter êxito. Você estará a precisar de dormir — descanse — antes de voltar a tentar.

Vamos mais além, imaginando que você já tenha saído do corpo, mediante este método simples, imaginando que está de pé, ali, olhando para seu organismo físico, e sem saber o que fazer de seguida.

Não se dê ao trabalho de olhar para seu corpo físico por algum tempo, pois voltará a vê-lo com muita frequência! Ao invés disso, experimente o seguinte: Deixe-se flutuar no aposento, como uma bolha de sabão num voo lento, pois agora você não estará sequer com o peso da bolha de sabão! Não pode cair, não pode magoar-se. Deixe que o seu corpo físico permaneça à vontade. Você, naturalmente, terá providenciado isso, antes de libertar seu corpo astral do envoltório carnal. Ter-se-á certificado de que seu corpo carnal está inteiramente à vontade. Se não adotar essa precaução, poderá descobrir, ao regressar, que está com um braço rígido, dormente, ou o pescoço a doer.

Tenha a certeza de que não haja beiras duras que estejam a comprimir algum nervo, pois, por exemplo, se você houver deixado o corpo físico de modo que um braço esteja estendido sobre a orla do colchão, poderá haver alguma pressão sobre um nervo, o que mais tarde ir-lhe-á dar a sensação de “alfinetadas e agulhadas” ou dormência. Mais uma vez, portanto, certifique-se de que seu corpo físico esteja inteiramente à vontade, antes de empreender qualquer tentativa de deixá-lo e trocar a sua consciência para o corpo astral.

Agora, deixe-se flutuar, levar, deixe-se flutuar pelo aposento, mova-se ociosamente, como se fosse uma bolha de sabão flutuando na corrente de ar. Examine o teto e os lugares que, em condições normais, não conseguiria ver. Acostume-se a essa viagem astral elementar, porque enquanto não estiver acostumado a vagar ociosamente por um aposento não poderá aventurar-se com segurança no exterior.

Vamos explicar de outra maneira. Na verdade, essa viagem astral é fácil e não apresenta problema algum enquanto você acreditar que a consegue efetuar. Sobre nenhuma circunstância, em estado nenhum, você deve sentir o medo, pois não é esse o lugar para o medo; na viagem astral você está seguindo para a liberdade. Somente quando regressa ao corpo é que você irá sentir-se aprisionado, envolto em argila, sobrecarregado por um corpo pesado que não corresponde muito às ordens espirituais. Não, não há lugar para o medo na viagem astral, e o medo no Astral é uma coisa inteiramente estranha.

Vamos repetir as instruções para a viagem astral, com um palavreado ligeiramente diferente. Você está deitado de costas numa agradável cama. Já se assegurou de que todas as partes de seu corpo estejam cômodas, não havendo projeções que atinjam os nervos, as suas pernas nem sequer estão cruzadas, porque se assim se achassem, no ponto em que se cruzam você poderia ficar com entorpecimento mais tarde, porque teria interferido com a circulação do sangue. Repouse calmamente, com satisfação, porque não existem influências perturbadoras e tampouco você está preocupado. Pense apenas em fazer com que seu corpo astral saia do corpo físico.

Ponha-se cada vez mais à vontade. Imagine uma forma fantasmagórica, correspondendo a seu corpo físico, a grosso modo, desligando-se suavemente do corpo carnal, flutuando, subindo, como uma leve pena solta à brisa suave de verão. Deixe que suba, mantenha os olhos fechados pois, de outra forma, nas duas ou três vezes iniciais você poderá ser sobressaltado a tal ponto que estremecerá, e esse estremecimento será violento o bastante para o “puxar” do astral para o seu lugar normal (dentro do corpo).

É frequente as pessoas terem um sobressalto, de modo peculiar, exatamente quando estão adormecendo. Com frequência enorme, esse sobressalto é tão violento que faz com que voltem à consciência completa. Tal sobressalto é causado por uma separação demasiadamente brusca do corpo astral e do físico, pois, como já dissemos, quase todos efetuam viagens astrais à noite, ainda que seja elevado o número de pessoas que não se lembra conscientemente dessas jornadas. Mas voltemos ao nosso corpo astral.

Pense nele gradualmente, separando-se com facilidade do corpo físico, e ascendendo a uma distância de três ou talvez quatro palmos acima do corpo físico. Ali, ele repousa sobre você, oscilando suavemente. Você pode ter tido uma sensação de oscilação, exatamente quando estava para adormecer, era a oscilação astral. Como dissemos, o corpo está a flutuar acima de você, talvez oscilando um pouco, e ligado a você pelo Cordão de Prata, que vai do seu umbigo ao umbigo do corpo astral (Figura 8).

Não olhe com demasiada atenção, porque já o advertimos de que se ficar sobressaltado e se se contorcer subitamente, fará com que o corpo volte, e terá de recomeçar tudo, numa outra ocasião. Suponhamos que você tenha dado ouvidos à nossa advertência, e não se contorça; nesse caso, o seu corpo astral permanecerá flutuando no ar por alguns momentos, sem que você tome alguma providência, quase sem pensar, respirando levemente, pois é sua primeira saída. Lembre-se de que é a sua primeira saída CONSCIENTE, e que precisa ter cuidado.

Se não tiver medo, se não se contorcer, o corpo astral ir-se-á afastar devagar, flutuando, e irá até a extremidade ao lado do leito, onde, com suavidade completa, sem qualquer choque, baixará gradualmente, de modo que os pés toquem o chão, ou quase o toquem.

E então, tendo terminado o processo de efetuar “uma aterragem macia”, o seu corpo astral poderá olhar o físico, e retransmitir o que veja.

Você terá uma sensação bastante incômoda por estar a olhar o seu próprio corpo físico, e queremos advertir que muitas vezes isso constitui uma experiência humilhante. Muitos de nós fazemos uma ideia inteiramente errônea da aparência que temos. Você se lembra da primeira vez em que ouviu sua voz? Já ouviu sua voz gravada? Na primeira vez em que isso ocorreu, você pode ter duvidado francamente de que fosse realmente a sua voz. Algumas pessoas ficam com uma voz tão diferente que julgam que alguém fez algum truque, ou que o gravador estivesse com defeito.

A primeira vez em que ouvimos nossa voz não acreditamos nela, ficamos espantados e mortificados. Mas espere, até ver o seu corpo pela primeira vez! Você ficará lá, no seu corpo astral, com a consciência inteiramente transferida para o corpo astral, e olhará aquele corpo físico deitado. Ficará horrorizado; não lhe agradará a forma do corpo nem a tez, e terá o choque de ver as linhas do rosto e dos traços fisionômicos; e se você se adiantar um pouco e fitar sua mente, verá certos maus pensamentos e fobias, que poderão fazê-lo dar um pulo para trás, voltando ao corpo, tal o susto! Mas suponhamos que você supera esse primeiro encontro assustador consigo próprio — e então? Terá de decidir para onde vai, o que quer fazer, o que deseja ver. O ideia mais usual é ir visitar alguma pessoa que você conheça bem, talvez um parente próximo, que more numa cidade vizinha. Em primeiro lugar, deve ser sempre uma pessoa que você visite com frequência, porque terá de visualizar a pessoa com detalhes consideráveis, e terá de visualizar onde ele ou ela reside, e o modo preciso para chegar lá.

Lembre-se de que isto é novidade para você — novidade por fazê-lo conscientemente, é o que pretendo dizer — e quer seguir o itinerário exato que seguiria se estivesse a ir corporalmente, fisicamente.

Deixe o seu aposento, vá para a rua (no astral, naturalmente, mas não se preocupe com isso, pois as pessoas não o conseguirão ver), siga o caminho que tomaria normalmente, antes de fixar diante de você a imagem da pessoa que deseja visitar, e como deve chegar lá. E então, com muitíssima rapidez, muito mais rapidamente do que o veículo mais rápido conseguiria ir, estará na casa do seu amigo ou parente.

Com a prática, conseguirá ir a qualquer parte, e os mares, oceanos e montanhas não constituirão obstáculo ou barreira à sua trajetória. As terras do mundo e as cidades do mundo serão suas, para que as visite.

Algumas pessoas pensam: “Oh! Suponhamos que eu vá e não possa voltar. E o que acontece, então?” A resposta é: você não conseguirá perder-se. É inteiramente impossível perder-se, é de todo impossível prejudicar-se ou descobrir que alguém se apoderou do seu corpo. Se alguém se aproximar do seu corpo, enquanto estiver a fazer uma viagem no astral, este retransmite um aviso, e você é puxado, com a velocidade do pensamento. Nenhum mal poderá acontecer-lhe, e o único mal é o medo. Assim sendo, não tenha medo e experimente, e com a experiência virá a realização de todas as suas ambições nos reinos acedidos pela viagem astral.

Quando estiver conscientemente no astral, você verá as cores com mais brilho do que acontece quando as vê com os olhos físicos. Tudo tremeluzirá com vida, e você poderá ver até mesmo partículas de “vida” ao redor de si, como pintas no ar. Essa é a vitalidade da terra, e ao passar por ela você adquirirá vigor e coragem.

Existe uma dificuldade: Você não pode levar coisa alguma consigo, e não pode trazer coisa alguma de volta! É possível, naturalmente, sobre certas condições — e isso somente vem com muita prática — que você se materialize diante de um clarividente.

Mas não é fácil ir a uma pessoa e levar-lhe um diagnóstico do seu estado de saúde, porque você precisa ter a capacidade para falar de coisas que só se veem, compreendem-se somente no astral. Você pode ir por exemplo a uma loja, examinar as mercadorias e decidir que voltará lá para comprar algo no dia seguinte, pois isso é inteiramente permissível pelas leis astrais.

Muitas vezes, quando visita uma loja no astral, você verá os defeitos e o mau estado de alguma mercadoria posta à venda por preços elevados! Quando estiver no astral e quiser regressar ao físico, deve manter-se calmo, deve pensar no corpo carnal, pensar que vai voltar e que vai entrar nele. Ao fazê-lo, haverá uma sensação de velocidade, ou talvez uma transferência instantânea de qualquer ponto onde esteja, para um lugar a três ou quatro palmos acima de seu corpo deitado. Verá, então, que está presente, oscilando, ondulando de leve, exatamente como aconteceu quando deixou o corpo. Deixe-se baixar muitíssimo devagar, e deve ser devagar porque os dois corpos precisam estar absolutamente sincronizados.

Se você o fizer certo, entrará no corpo sem qualquer sobressalto, tremor, sem qualquer sensação senão a de que o corpo é uma massa fria e pesada.

Se você for desajeitado e não alinhar com exatidão os dois corpos, ou se alguém o vier interromper, que fará você voltar com um solavanco, verificará que terá alguma dor de cabeça, do tipo focalizado. Nesse caso, deve procurar dormir, ou retornar novamente ao plano astral, porque somente quando os seus dois corpos estiverem juntos em alinhamento exato conseguirá livrar-se da dor de cabeça. Não é uma coisa para se preocupar, porque a cura está em dormir, ainda que seja só por alguns momentos, ou sair conscientemente de novo para o astral e calmamente retornar.

Ao voltar a seu corpo carnal, você poderá notar que o mesmo está endurecido. Poderá descobrir que a sensação é bem semelhante à que temos quando vestimos uma roupa pesada, que ficou molhada na véspera, e que ainda se acha úmida e pesada. Até nos acostumarmos com isso, regressar ao corpo, não é uma sensação muito agradável e você verá que as cores gloriosas que viu no mundo astral se apresentam diminuídas. Muitas das cores você não conseguirá ver, de modo algum, no corpo carnal, e muitos dos sons que ouviu no astral são inteiramente inaudíveis quando nos encontramos no corpo físico. Mas, não importa, você está na Terra para aprender algo, e quando houver aprendido aquilo que foram os objetivos da sua vinda à Terra, estará livre dos laços, livre dos elos da Terra, e quando deixar o seu corpo carnal de modo permanente, tendo rompido o Cordão de Prata, irá para reinos muito além do mundo astral.

Pratique essa viagem astral, pratique mais e mais. Afaste de si todo o medo, porque se você não tiver medo, então nada há a recear, nenhum mal lhe poderá acontecer, e terá apenas prazer.

 

Nós dissemos: “Nada há a recear senão o medo”. Temos de frisar de novo que, se a pessoa se mantiver sem medo, não há perigo de espécie alguma na viagem astral, por mais longe ou mais rapidamente que se vá. Mas, alguém pode perguntar: o que há a temer lá. Dediquemos esta Lição à questão do medo e ao que não se deve temer!

O medo é uma atitude muito negativa, atitude essa que corrói as nossas melhores percepções. Seja lá o que for que temamos, qualquer forma de medo causa malefício.

As pessoas podem temer que, entrando no estado astral, talvez não consigam regressar ao corpo. Sempre é possível regressar ao corpo, a menos que a pessoa esteja realmente a morrer, que tenha chegado ao fim do tempo que lhe foi concedido sobre a Terra e isso, como o leitor concordará, nada tem a ver com a viagem astral. Devemos reconhecer que é possível alguém ficar com tanto medo que fique paralisado, e nesse caso não consegue fazer coisa alguma. Em tal situação, uma pessoa pode estar no corpo astral e chegar a uma intensidade tão grande de terror que mesmo esse corpo astral não se consiga mover. Isso, naturalmente, retarda o regresso ao corpo físico por algum tempo, até que o impacto maior do medo desapareça. O medo se desgasta e desaparece, como o leitor sabe, uma sensação só pode ser mantida por certo período de tempo. Desse modo, uma pessoa que tenha medo simplesmente retarda o regresso inteiramente a salvo ao corpo físico.

Não somos a única forma de vida no plano astral, assim como os humanos não são a única forma de vida sobre a Terra. Neste nosso mundo, temos criaturas agradáveis, como gatos, cachorros, cavalos e pássaros, para falar apenas de alguns; mas também existem criaturas desagradáveis, como aranhas que mordem ou serpentes peçonhentas. Existem coisas desagradáveis como germes, micróbios e outros seres daninhos e maléficos. Quem olhou germes ao microscópio com grande ampliação, terá visto criaturas tão fantásticas que será levado a imaginar a estar a viver nos dias dos dragões e das histórias de fadas.

Também no astral, existem muitas coisas e mais estranhas do que qualquer outra que possamos encontrar na Terra. No plano astral, conheceremos criaturas notáveis, ou pessoas e entidades notáveis. Veremos os Espíritos da Natureza; estes, por falar nisso, são quase invariavelmente bons e agradáveis.

Mas existem criaturas horríveis, que devem ter sido vistas por alguns dos autores da mitologia e das lendas, porque são criaturas como os demônios, os sátiros e outros diversos adversários de que falam os mitos, e com vários aspectos. Algumas dessas criaturas são elementais, de baixo nível, que posteriormente poderão tornar-se seres humanos, ou talvez ingressar no reino animal. Seja lá o que forem, nesta etapa de desenvolvimento elas se apresentam inteiramente desagradáveis.

Vale a pena fazer uma pausa momentânea para indicar que os bêbedos, aqueles que veem “elefantes rosa” e diversas outras aparições notáveis, estão realmente vendo o tipo de criatura de que falam! Os bêbedos são criaturas que expulsaram o seu corpo astral do corpo físico, mandando-o para os planos mais baixos do mundo astral. Ali, veem criaturas verdadeiramente espantosas, e quando o beberrão recupera os sentidos, mais tarde — na medida em que o consegue! — fica com uma recordação muito vívida das coisas que viu. Embora embriagar-se inteiramente seja um dos métodos de entrar no mundo astral e lembrar-se dele, não é método que recomendemos, porque nos leva apenas aos planos mais baixos e degradados do mesmo.

Existem agora diversas drogas, utilizadas pela profissão médica principalmente nos hospitais, destinadas aos enfermos, mentais e que apresentam efeito semelhante. A mescalina, por exemplo, pode alterar de tal maneira as vibrações da pessoa que a mesma se vê literalmente projetada do corpo físico e catapultada ao mundo astral. Também nesse caso não se trata de método a ser recomendado. As drogas e outras formas de sair do corpo físico são realmente perniciosas, e causam mal ao Eu Maior.

Mas voltemos a nossos “elementais”. O que queremos dizer, com essa palavra? Bem, os elementais são uma forma primária de vida espiritual. Encontram-se numa etapa acima das formas de pensamento. E as formas de pensamento são apenas projeções da mente consciente ou inconsciente do ser humano (as pragas rogadas são um exemplo), e possuem apenas pseudo vida própria. Um exemplo de formas de pensamento são aquelas que foram criadas pelos antigos sacerdotes egípcios, para que os corpos mumificados dos grandes faraós e rainhas famosas, pudessem ficar protegidos contra aqueles tentassem profanar os seus túmulos. As formas de pensamento são construídas com a intenção de repelir os invasores, e de os atacar. Vão agir na consciência daqueles que se intrometam e, ao fazê-lo, causam um pavor tão grande que o candidato a ladrão irá fugir do lugar. Mas em muitos casos, estamos a falar de elementais e não de formas de pensamento, pois as mesmas são entidades sem mente, que simplesmente foram encarregadas pelas sacerdotes de cuidarem dos mortos, ou também postas a executar certas tarefas, como a guarda de túmulos contra os invasores.

Estamos tratando no momento, dos elementais. Esses, como já afirmamos, são entidades espirituais que se encontram nas primeiras etapas de desenvolvimento. No mundo astral, eles correspondem a grosso modo à posição ocupada pelos macacos no mundo humano. Os macacos são criaturas irresponsáveis, traquinas, frequentemente malvadas e perversas, e não dispõem de grande poder de raciocínio próprio.

São, ao que poderíamos dizer, apenas amontoados animados de protoplasma. Os elementais, ocupando mais ou menos a mesma posição no mundo astral, como a dos macacos no humano, são formas que se movem mais ou menos sem objetivo, tagarelam e adotam expressões horripilantes e estranhas, fazendo gestos ameaçadores ao ser humano empenhado na viagem astral mas, naturalmente, não podem fazer-lhe coisa alguma. Tenha isso sempre presente: eles não lhe podem fazer mal.

Se você já teve o infortúnio de ir a um hospital de doentes mentais e ver casos realmente graves de desarranjo mental, terá recebido um choque pelo modo como alguns dos piores casos se aproximam de si e fazem gestos ameaçadores, ou possivelmente destituídos de sentido. Eles babam, mas se encontrarem decisão e frontalidade, por serem criaturas com mentalidade muito inferior, sempre recuam. Quando você segue pelos planos astrais inferiores, poderá encontrar algumas dessas entidades, algumas dessas criaturas estranhas e exóticas. Às vezes, se o viajante for tímido, essas criaturas se aglomeram ao redor e tentam amedrontá-lo. Não existe mal nisso, pois são inteiramente inofensivas, na verdade, a menos que se tenha medo delas. Quando estiver iniciando a viagem astral, você terá duas ou três dessas entidades inferiores a aproximar-se, para ver como você se sai, de modo bem semelhante a um certo tipo de pessoa que gosta de olhar para aquele que está aprendendo a dirigir e que sai sozinho com um automóvel pela primeira vez. Os espectadores sempre esperam que algo fantasmagórico ou animado aconteça, e às vezes, se o aprendiz estiver embaraçado, ele (ou como é mais comum, ela) colidirá com um poste da rua, ou com alguma outra coisa, para o grande deleite dos espectadores. Estes, como espectadores, não desejam o mal, são simplesmente sensacionalistas procurando uma emoção. O mesmo acontece com os elementais, seres que estão à cata de divertimento fácil. Gostam de ver o desconforto dos seres humanos e, portanto, se você demonstrar algum medo, sentirão deleite e continuarão com sua gesticulação, suas atitudes ferozes e ameaçadoras. Na verdade, nada podem fazer a qualquer ser humano, pois se assemelham mais a cachorros que só sabem latir, e latidos não fazem mal. Além disso, só conseguirão incomodá-lo enquanto você, por causa do seu medo, permitir que o façam.

Não tenha medo, pois nada lhe poderá acontecer. Você deixa o corpo, entra no plano astral, e em noventa ou noventa e nove vezes, em cada cem, não verá qualquer dessas entidades baixas. Só as verá, se tiver medo delas. De modo normal, você se erguerá muito acima de seu reino, pois elas se conglomeram ao fundo do plano astral, de modo bastante parecido com aquele pelo qual os vermes se reúnem no fundo de um rio ou mar.

Quando você se ergue nos planos astrais, assiste a muitas ocorrências notáveis. À distância, poderá ver faixas grandes e brilhantes de luz. Elas vêm de planos de existência que se acham além do seu alcance, por enquanto. Lembra-se do nosso teclado? A entidade humana, enquanto se encontra na carne, consegue perceber apenas três ou quatro “notas”, mas ao sair do corpo e entrar no mundo astral você estendeu o seu alcance de “notas” um pouco para cima, estendeu esse alcance o bastante para perceber que existem coisas maiores à sua frente. Algumas dessas “coisas” são representadas pelas luzes brilhantes, tão brilhantes que você realmente não consegue ver o que sejam.

Mas vamos contentar-nos, por enquanto, com o astral médio. Ali, você poderá visitar os amigos ou parentes, as cidades do mundo e ver os grandes edifícios públicos, poderá ler livros em línguas estrangeiras pois, lembre-se, no plano astral médio todas as linguagens serão suas conhecidas. Você precisará praticar a viagem astral. Aqui temos uma descrição do que ela é, descrição que poderá transformar-se numa experiência também sua, mediante a prática.

O dia terminara e as sombras da noite haviam caído, deixando o crepúsculo purpúreo, que gradualmente se tornava mais e mais escuro, até que o céu, afinal, adquiriu a cor índigo e então — ficou negro. Pequenas luzes haviam surgido ao derredor, as luzes azul-esbranquiçadas iluminavam as ruas, as luzes amareladas que eram as do interior das casas, talvez mudando de coloração por causa das persianas ou cortinas pelas quais passavam.

O corpo estava repousando na cama, inteiramente consciente, inteiramente à vontade. De modo gradual, veio uma leve sensação de desconjuntamento, uma sensação como se algo estivesse flutuando, movendo-se. Veio a mais leve das comichões pelo corpo, e gradualmente se fez a separação. Acima do corpo inclinado, formou-se uma nuvem na extremidade de um Cordão de Prata luzidio, a nuvem se movimentou, como uma massa indistinta, parecida com um borrão de tinta a flutuar no ar. Devagar, ela adotou a forma de um corpo humano, ergueu-se a uma distância de três a quatro palmos, onde oscilava e balançava. Por alguns segundos, o corpo do astral se ergueu mais, e depois os pés baixaram. Devagar foram ter ao chão, de modo que a figura se encontrava em pé, ao pé da cama, olhando para o corpo físico que acabara de deixar e ao qual ainda se achava presa.

No aposento, as sombras se apresentavam nos cantos, como animais estranhos e acuados. O Cordão de Prata vibrava e brilhava, com luz azul-prateada opaca, e o próprio corpo astral estava retratado com luz azul. A figura no astral olhou ao redor, e depois para o corpo físico que descansava comodamente no leito. Os olhos estavam fechados, agora, mas a respiração era tranquila e leve, não havia movimento, nenhuma contorção; o corpo parecia repousar comodamente. O Cordão de Prata não vibrava, de modo que não havia qualquer indicação de inquietude.

Satisfeita, a forma astral ergueu-se silenciosa e vagarosamente no ar, passou pelo tecto do aposento, e pelo telhado fino, indo ter ao ar da noite. O Cordão de Prata alongou-se, mas não diminuiu em grossura. Era como se a figura astral fosse um balão cheio de gás, amarrado à casa, que fosse o corpo físico. A figura astral ergueu-se até estar a vinte, cinquenta, cem metros acima dos telhados. Ali, ela se deteve, flutuando ociosamente, olhando ao redor.

Das casas de toda a rua, e das ruas além, vinham as luzes azuis e débeis que eram os Cordões de Prata de outras pessoas. Elas se estendiam para cima, desaparecendo a uma distância imensurável.

As pessoas sempre viajam à noite, quer saibam disso ou não, mas apenas as favorecidas, as que praticam, voltam com pleno conhecimento do que fizeram.

Essa forma astral flutuava acima dos telhados, olhando ao redor, decidindo aonde ir. Finalmente, resolveu visitar uma terra distante, muito distante. No mesmo momento em que essa decisão foi tomada, ela partiu em velocidade fantástica, seguindo quase com a rapidez do pensamento pelo país, atravessando os mares, e ao atravessar o mar, as grandes ondas do mesmo pareciam subir, tendo as cristas brancas na parte superior. Em certo ponto de sua jornada, ela espiou para um grande transatlântico que atravessava o mar turbulento, todas as luzes acesas e com som de música vindo dos tombadilhos. A forma astral prosseguiu, sobrepujando o tempo. A noite deu lugar ao anoitecer anterior; a forma astral estava-se emparelhando com o tempo, a noite deu lugar ao anoitecer e este, a seu turno, foi ultrapassado e tornou-se a parte inicial da manhã. Essa parte final da manhã foi deixada para trás, e logo se tomou meio-dia. Finalmente, à luz brilhante do sol, a figura astral viu aquilo que tinha vindo ver, a terra tão distante, uma terra tão amada, com pessoas a quem tanto amava. Com suavidade, a figura astral baixou à terra e se misturou, sem ser vista, ou sem ser ouvida, entre aqueles que se encontravam no corpo físico.

Por fim, veio um puxamento insistente, um retorcimento do Cordão de Prata. A grande distância, numa terra diferente, o corpo físico que fora deixado para trás, percebia estar a amanhecer, e estava chamando seu corpo astral. Por alguns momentos, este permaneceu por ali, mas, afinal, o aviso não podia ser mais ignorado. A forma de sombra subiu ao ar, pairou imóvel por momentos como um pombo que regressa ao pombal, e depois seguiu pelos céus, reluzindo sobre a terra, sobre a água, de volta ao lugar atravessando o teto. Outros cordões também tremiam, outras pessoas regressavam aos corpos físicos, mas essa forma astral de que falamos desceu, passando pelo telhado e pelo teto, indo ter sobre a figura adormecida do seu corpo físico. Devagar, com leveza, baixou e se colocou precisamente sobre aquele corpo.

Devagar, com suavidade, com cuidado infinito, desceu e entrou nesse corpo físico. Por momentos, houve uma sensação de frio intenso, uma sensação de entorpecimento, de peso imenso a comprimir o corpo. Desaparecera a leveza, a sensação de liberdade, as cores vistas no astral; ao invés disso, reinava o frio. Era como se um corpo quente estivesse envergando roupas molhadas e frias.

O corpo físico se agitou, os olhos abriram-se. E lá fora, surgiam as primeiras faixas leves do amanhecer, acima do horizonte. O corpo se agitou e disse:

— Lembro-me de tudo a que assisti, durante a noite.

Você também pode fazê-lo, você também pode viajar no astral, pode ver aqueles a quem ama, e quanto mais fortes os laços entre você e aqueles a quem ama, maior a facilidade com que poderá viajar. Para isso, necessita de prática e mais prática. De acordo com as antigas histórias orientais, nos dias da remota antiguidade, toda a humanidade podia viajar no astral, mas devido ao facto de que tantas pessoas houvessem abusado desse privilégio, o mesmo foi retirado. Para aqueles que são puros em pensamento, para aqueles que são puros na mente, a prática trará a libertação quanto ao peso embaraçoso e enjoativo do corpo, e permitirá ir aonde quiser.

Você não o conseguirá em cinco minutos, nem em cinco dias. Terá de “imaginar” que o poderá fazer. Você é aquilo que acredita ser. Você pode fazer aquilo que acredita poder fazer. Se acreditar realmente, se acreditar sinceramente que pode fazer uma coisa, nesse caso poderá fazê-la. Creia, e com a prática você viajará no astral.

Volto a dizer que não deve ter medo enquanto estiver no astral, pois ali ninguém poderá prejudicá-lo, por mais terrível ou horripilante que seja o aspecto das entidades inferiores que possa ver, embora talvez não as veja. Elas nada poderão fazer-lhe, a menos que você tenha medo. A ausência do medo garante sua proteção absoluta.

Assim sendo, você quer praticar, quer decidir aonde vai? Deite-se na sua cama; deverá estar sozinho nela, naturalmente, e dizer a si próprio que, esta noite, vai a tal ou qual lugar, ver fulano ou beltrano, e, quando despertar de manhã, lembrar-se-á de tudo o que fez. A prática é o que faz com que isso se realize.

 

A questão da viagem astral apresenta, naturalmente, importância vital, e por esse motivo pode haver vantagem em dedicarmos esta Lição a uma soma maior de observações a esse passatempo fascinante.

Sugerimos que você leia com cuidado esta Lição percorrendo-a pelo menos tão meticulosamente como fez com as Lições anteriores, e decida então escolher um anoitecer, com alguns dias de antecedência, para a sua Experiência. Prepare-se, pensando que nesse anoitecer escolhido, você vai sair do corpo e continuar inteiramente consciente, inteiramente cônscio de tudo quanto acontece.

Como sabe, há muita coisa a preparar e há que decidir com antecedência o que se pretende fazer. Os Antigos utilizavam “encantamentos”, ou seja, em outras palavras, repetiam um mantra (isto é, uma forma de oração) que tinha como objetivo a subjugação do subconsciente. Repetindo esse mantra, o consciente — que constitui apenas uma décima parte de nós — conseguia emitir uma ordem imperativa ao subconsciente. Você poderia utilizar um mantra como o seguinte:

“No dia tal e qual, vou viajar no mundo astral, e vou permanecer inteiramente consciente de tudo que fizer, inteiramente consciente de tudo quanto vir. Lembrar-me-ei de tudo, quando estiver novamente no corpo. Farei isso, sem fracassar”.

Você deve repetir esse mantra em grupo de três, isto é, deve dizê-lo, repeti-lo, e então repeti-lo mais uma vez. O mecanismo da coisa é mais ou menos o seguinte: afirma-se algo, e isso não basta para alertar o subconsciente, porque estamos sempre a dizer coisas, e temos a certeza de que o subconsciente julga que a parte consciente de nós é muito faladora! Tendo enunciado nosso mantra uma vez, o subconsciente não fica em alerta, de modo algum. Na segunda vez, as mesmas palavras são pronunciadas, e devem sê-lo de modo inteiramente idêntico, sendo quando o subconsciente começa a dar atenção. À terceira afirmação, o subconsciente — poderíamos dizer — fica a analisar do que se tratará, colocando-se então inteiramente receptivo ao nosso mantra, que é recebido e armazenado. Suponhamos que você faça suas três afirmações pela manhã, repetindo-as (quando estiver a sós, naturalmente) ao meio-dia, outra vez à tarde, e mais uma vez antes de deitar-se para dormir. É como bater num prego; lá está o prego, e enfiamos a ponta do mesmo na madeira, mas um golpe não basta, é preciso continuar a desferir-lhe golpes, até que se ache devidamente cravado na madeira. De modo bastante parecido, as afirmações ministram golpes que enfiam a afirmação desejada na percepção do subconsciente.

Não se trata de um novo método, de modo algum, pois é tão antigo quanto a própria humanidade; os povos muitíssimos antigos, de dias muito distantes, sabiam muitas coisas sobre os mantras e as afirmações (principalmente positivas). Somos nós, na idade moderna, que nos esquecemos, ou talvez nos tenhamos tornado cépticos quanto a tudo isso. Por esse motivo, é importante que você faça as suas afirmações para si próprio, e não permita que mais ninguém tome conhecimento delas, pois se outras pessoas cépticas tiverem conhecimento das mesmas, irão troçar de si e talvez provoquem o surgimento de duvidas. Foram os risos e as dúvidas das pessoas que impediram os adultos de ver os Espíritos da Natureza (elementais) e de poder conversar telepaticamente com os animais. Lembre-se disso.

Você terá decidido qual o anoitecer de um dia adequado, e no dia em questão, quando chegar, deve fazer todos os esforços para permanecer tranquilo, em paz consigo próprio e com todos os demais. Isso tem importância vital. Não deve haver qualquer conflito interno em você, conflito esse que o leve a ficar agitado. Como exemplo, suponhamos que você haja tido uma discussão acalorada com alguém nesse dia, ficará pensando no que teria dito se dispusesse de mais tempo para pensar, e pensará em coisas que lhe foram ditas, e toda a sua atenção não estará focalizada na viagem pelo astral. Se você estiver perturbado ou agitado durante o dia proposto, transfira sua experiência em tentar realizar a viagem astral para outro dia em que esteja mais sossegado.

Mas supondo que tudo tenha corrido tranquilamente e que no decurso do dia, você esteve a pensar seriamente na viagem astral, assim como aconteceria no caso de uma viagem para ver alguma pessoa amada, residindo tão longe de você que seria um acontecimento especial viajar até lá; vá para seu quarto, dispa-se devagar, mantendo-se calmo e respirando com firmeza e descontraidamente. Quando estiver pronto para se deitar, certifique-se de que sua roupa de dormir esteja inteiramente cômoda, isto é, não deve estar apertada ao redor do pescoço, nem ao redor da cintura, pois a roupa apertada incomodam o corpo físico e podem causar um sobressalto em algum momento mais crítico. Assegure-se de que o seu quarto esteja com uma temperatura agradável, isto é, não se encontre muito quente ou demasiado frio. Se tiver pouca roupa na cama tanto melhor, porque você não quererá sentir-se oprimido pelo peso excessivo de qualquer material a cobrir o seu corpo.

Apague a luz do quarto, após ter verificado, naturalmente, que as cortinas foram fechadas, de modo que nenhum raio de luz possa vir ter aos seus olhos em qualquer momento. Com tudo isso satisfatoriamente realizado, deite-se de modo cômodo.

Refastele-se, deixe-se amolecer, relaxe-se completa e inteiramente. Não adormeça (se o conseguir evitar), embora o sono, se você houver repetido o seu mantra corretamente, não se preocupe, porque ainda assim irá lembrar-se. Aconselhamo-lo a permanecer bem desperto (se puder), porque essa primeira viagem fora do corpo é realmente muito interessante.

Deitado de modo confortável — de preferência de costas — imagine que está a forçar a saída de um outro corpo do seu, imaginando que a forma fantasmagórica do astral está sendo expulsa.

Você consegue senti-la erguendo-se, como uma rolha a subir no meio da água, e a sente retirando-se das próprias moléculas do seu corpo carnal. O formigueiro é muito leve, e virá então o momento em que ele quase cessará. Tenha cuidado, nesta altura, porque o movimento seguinte será uma sacudidela, se você não tiver cuidado, e se você se sacudir com violência o corpo astral voltará ao físico com impacto.

A maioria das pessoas, na verdade quase poderíamos dizer todas, já passou pela sensação de cair, exatamente no momento do sono. Estudiosos afirmaram que isso se trata de um vestígio dos dias em que os homens foram macacos. Na verdade, essa sensação de queda é causada por uma contorção que faz com que o corpo astral, que começou a flutuar, CAIA de volta ao corpo físico. Com frequência, ele fará com que a pessoa volte a acordar-se com sobressalto, mas em qualquer caso há geralmente uma sacudidela ou sobressalto violento, e o corpo astral volta, sem ter saído pouco mais do que alguns quantos centímetros do físico.

Se você perceber que há a possibilidade de uma sacudidela, você não se sacudirá, de modo que você deve saber da existência das dificuldades, para poder superá-las. Após a cessação do formigamento leve, não faça movimento algum, e virá uma friagem repentina, uma sensação como a de que algo o abandonou. Você pode ter uma impressão de que existia alguma coisa logo por cima e (para dizer às claras) como se alguém estivesse deixando cair um travesseiro em cima de você. Não se perturbe, e, se não se deixar perturbar, logo verá que está olhando para si próprio, talvez da extremidade da cama, ou mesmo do teto. olhando para baixo.

Examine-se com tanta calma quanto conseguir, nessa primeira ocasião, porque você jamais se viu tão claramente como acontece nessa primeira excursão. Olhe para si próprio, e certamente terá uma exclamação de espanto, quando descobrir que seu aspecto é muito diferente daquele que imaginava. Nós sabemos que você se observa ao espelho, mas a pessoa não vê um reflexo verdadeiro de si, mesmo no melhor dos espelhos. As direitas e esquerdas se invertem, por exemplo, e há outras distorções. Não há nada como colocar-se frente a frente consigo próprio!

Tendo-se examinado, você deve praticar o movimento pelo aposento, examinando um armário, ou uma cômoda, observando a facilidade com que você pode ir a qualquer parte.

Examine o tecto, aqueles lugares que normalmente não alcança. Por certo encontrará muita poeira nos lugares inacessíveis, e isso lhe será uma experiência útil: procure deixar impressões digitais na poeira, e verificará que não consegue. Os seus dedos, a sua mão e o seu braço afundam-se pela parede, sem qualquer sensação.

Quando estiver satisfeito, vendo que pode mover-se à vontade, olhe entre o seu corpo astral e o físico. Está vendo como cintila o seu Cordão de Prata? Se já esteve em alguma ferraria antiga, recordar-se-á do modo pelo qual o metal vermelho e quente cintilava, soltando fagulhas, quando era batido pelo malho do ferreiro, mas neste caso, ao invés das fagulhas vermelho-cereja, estas fagulhas serão azuis, ou mesmo amarelas.

Afaste-se do seu corpo físico, e verificará que o Cordão de Prata se estende sem qualquer esforço, sem qualquer diminuição de diâmetro. Volte a olhar o seu corpo físico, e então vá para onde planejara, pense na pessoa ou no lugar e não faça nenhuma esforço para isso; limite-se a pensar na pessoa e no lugar.

Você se erguerá pelo teto, verá sua casa e a rua por baixo. E então, se for a sua primeira viagem consciente, seguirá com bastante vagareza até o destino. Você estará indo devagar o suficiente para reconhecer o terreno por baixo. Quando estiver acostumado a viajar conscientemente no astral, marchará com a velocidade do pensamento, e, quando o fizer, não encontrará limites às suas andanças no astral.

Quando tiver muita prática na viagem astral, você poderá ir a qualquer parte, não apenas nesta Terra. O corpo astral não respira ar, de modo que você pode ir ao espaço exterior, pode ir a outros mundos ou outros planos, coisas que muitas pessoas fazem. Infelizmente, devido às condições atuais, elas não se lembram dos lugares onde estiveram. Com a prática, você o fará conscientemente e recordando-se depois.

Se achar difícil concentrar-se na pessoa que pretendeu visitar, sugerimos que tenha uma fotografia da mesma, não fotografia emoldurada, porque se estiver com uma no leito você poderá rebolar e quebrar o vidro, cortando-se. Que seja uma fotografia comum e sem moldura; segure-a nas suas mãos. Antes de apagar a luz, olhe prolongadamente para o retrato, e depois apague a luz e procure reter uma impressão visual da pessoa cujos traços fisionômicos se acham na mesma. Isso facilitará as coisas.

Algumas pessoas não conseguem fazer viagens astrais se estiverem demasiado cômodas, bem alimentadas ou aquecidas. Há quem somente consiga efetuar viagens astrais conscientemente quando não se sente cômoda, quando tem frio ou fome, é verídico. Por exemplo, há pessoas que comem deliberadamente algo que lhes cria indisposição! E é quando conseguem fazer a viagem astral sem qualquer dificuldade. Supomos que o motivo para isso está em que o corpo astral fica inteiramente farto do desconforto causado no corpo físico.

No Tibete e na Índia, existem eremitas que são encerrados entre quatro paredes, que nunca veem a luz do dia. Esses eremitas recebem alimentação talvez de três em três dias, e apenas o suficiente para que a vida se mantenha no corpo, para que a chama débil e tremelicante da vida não se extinga. Esses homens conseguem fazer a viagem astral continuamente, e viajam na formal astral a qualquer lugar onde existe algo a aprender. Viajam de tal modo que podem conversar com telepatas, viajam de modo que talvez possam influenciar as coisas no bom sentido. É possível que você, nas suas próprias viagens astrais, encontre homens assim, e se isso acontecer será realmente uma bênção, pois eles pararão, dando-lhe conselhos, dizendo-lhe como fazer mais progressos.

Leia e releia esta Lição. Voltamos a repetir que somente a prática e a fé são necessárias para que também você possa viajar no astral, libertando-se por algum tempo dos problemas deste mundo.

 

É tão mais fácil empenhar-se na viagem astral, clarividência e atividades metafísicas semelhantes, se um alicerce adequado for preparado com antecedência! O preparo metafísico requer uma prática considerável, prática constante. Não é possível ler algumas instruções impressas e depois passar imediatamente, sem prática, a uma viagem muito longa, no plano astral. É preciso praticar constantemente.

Pessoa nenhuma deve contar que um jardim floresça, a menos que as sementes tenham sido plantadas em terreno adequado. Seria invulgaríssimo que uma bela flor nascesse de uma rocha granítica.

Da mesma forma, parece que não podemos esperar que a clarividência, ou qualquer outra arte oculta, desabroche onde a mente se mostra fechada e selada, onde a mente está em tumulto constante de pensamentos irregulares e sem importância. Mais adiante, vamos examinar de modo mais completo a quietude, porque o atravancamento atual de pensamentos sem importância e o ruído constante do rádio e da televisão realmente estão a abafar os talentos metafísicos.

Os Sábios de Antigamente exortavam: “Fica quieto, e saberás que estou dentro”. Os sábios antigos dedicavam quase toda a vida à pesquisa metafísica, antes de registrarem uma só palavra no papel.

Também eles se retiravam para regiões desertas, indo para onde não houvesse ruído da chamada civilização, onde estivessem livres de distrações, onde ninguém deixasse cair um balde, ou uma garrafa!

Você tem a vantagem de que pode beneficiar-se muito das experiências de todas as vidas dos homens na antiguidade, e pode valer-se de tudo isso sem ter de passar a maior parte da vida no estudo! Se for sério, e se não o fosse não estaria lendo isto, quererá preparar-se, aprontar-se para o desdobramento rápido do espírito, e o melhor meio de consegui-lo é estar à vontade, antes demais.

A maioria das pessoas não faz ideias do que queremos dizer com a expressão “pôr-se à vontade”. Acham que se se afundarem em uma cadeira, já basta, mas não acontece assim.

Para ficar à vontade, você deve deixar todo o seu corpo tornar-se mole, deve ter a certeza de que todos os músculos estão sem tensão. Não pode haver coisa melhor para entendê-lo do que examinar um gato, ver como o mesmo “se espreguiça”, completamente. O gato virá, dará algumas voltas, e depois ir-se-á arrumar num monte mais ou menos informe. O gato não se preocupa em absoluto se alguns centímetros da perna estiverem de fora, ou se o aspecto que tenha é desgracioso; o gato vai descansar, afrouxar-se, pôr-se à vontade, e tal intuito é o pensamento único em sua mente. O gato sabe colocar-se no chão e adormecer instantaneamente.

É provável que todos saibam que um gato pode ver coisas que os seres humanos não enxergam. Isso se deve a que as percepções do gato encontram-se mais altas, em relação ao nosso “teclado”, e assim ele pode ver o astral a todo o momento, e uma viagem no astral, para um gato, não é mais do que, para nós, a travessia do aposento.

Vamos, portanto, simular um gato, de forma a podermos construir a nossa estrutura de conhecimento metafísico sobre base sólida e duradoura.

Você sabe como pôr-se à vontade? Você consegue, sem outra instruções, tomar-se flexível, capaz de recolher impressões? Eis como o faríamos: deitamo-nos numa posição qualquer desde que seja cômoda. Se você quiser deixar as pernas abertas, ou os braços abertos, deixe-os, então. Toda a arte de pôr-se à vontade está em ficar completa e inteiramente cômodo(a). Será muito melhor se você o fizer no retiro do seu próprio quarto, porque a maioria das pessoas, principalmente as mulheres, não gosta de pessoa alguma a observá-las.

Então para ficar à vontade você tem de esquecer-se de tudo quanto é considerado desgracioso e, na verdade, de quaisquer convenções, simplesmente esqueça e ignore. Imagine que seu corpo é uma ilha povoada por pessoas muitíssimo pequenas, sempre obedientes às suas ordens. Você pode, se quiser, pensar que o seu corpo é alguma vasta instalação industrial, com técnicos altamente preparados e obedientes cuidando dos diversos controles e “centros nervosos” que formam seu corpo. E então, quando quiser pôr-se à vontade, diga a essa gente que a fábrica está a ser fechada; diga-lhes que seu desejo atual é o de que o deixem, de que “parem tudo”, as suas máquinas e seus “centros nervosos”, e que se retirem por algum tempo.

Deitado confortavelmente, imagine de modo deliberado toda uma série numerosa de pequenos seres nos seus dedos do pé, nos pés, nos joelhos — em toda a parte do corpo. Imagine-se olhando para baixo, vendo seu corpo, e todas as pequenas criaturas que estão criando tensão nos seus músculos e fazendo com que os nervos estremeçam e se movimentem. Olhe para elas, como se você fosse uma figura imensa, alta no céu, fitando essa gente, e depois diga-lhes o que pensa. Diga-lhes que saiam dos seus pés, abandonem suas pernas, ordene-lhes que se afastem de suas mãos e braços, diga-lhes que se juntem no espaço entre seu umbigo e a extremidade de seu osso esterno. O esterno, será bom que o repitamos, é a extremidade do osso central do peito. Se você passar os dedos pelo meio do corpo, entre as costelas, descobrirá que há uma extremidade de material duro, e esse é o esterno. Desça mais um pouco os dedos, e ele termina. Assim, entre esse ponto e o umbigo, temos o lugar designado. Ordene a todas essas pessoas minúsculas que se reúnam ali, imagine que as vê descendo dos seus membros, subindo o corpo, em fileiras cerradas, como operários deixando uma fábrica movimentada ao final do dia.

Chegando ao ponto designado, eles terão abandonado as suas pernas e braços, pelo que tais membros estarão destituídos de tensão, até mesmo de sensibilidade, pois essas pequeninas criaturas são as que fazem o seu maquinismo funcionar, as que alimentam as estações de retransmissão e os centros nervosos. Os seus braços e pernas, a essa altura, não estarão precisamente entorpecidos, mas sem qualquer sensação de tensão, sem qualquer sensação de cansaço. Poderíamos dizer que eles quase “não estão lá”.

Agora, faça com que toda essa gente miúda se reúna no lugar determinado, como uma turma de operários presente num comício político! Olhe para eles, na sua imaginação, por alguns momentos, deixando que o seu olhar os englobe a todos e então, com firmeza e confiança, diga-lhes que se vão, diga-lhes que abandonem o seu corpo, até que você os chame de volta. Diga-lhes que subam pelo Cordão de Prata, distanciando-se de você. Eles o devem deixar em paz, enquanto você medita, enquanto você descansa, enquanto está à vontade.

Imagine para si mesmo que o Cordão de Prata se estende, distanciando-se do seu corpo físico e indo ter aos grandes reinos do Além. Visualize que o Cordão de Prata é como um túnel, como um Metrô, e imagine os viajantes na hora de ponta, numa cidade como Londres, Nova York ou Moscou — imagine que eles estejam todos deixando a cidade ao mesmo tempo, seguindo para os subúrbios, pense que os transportes os estão a levar a todos para longe de si. E a (sua) cidade fica em relativa tranquilidade. FAÇA com que esses pequenos seres atendam — com prática, é muito fácil! — e então ficará totalmente sem tensões; os seus nervos já não estremecerão, os músculos já não estarão tensos. Continue deitado e sossegado, deixe a sua mente “tiquetaquear”. Não importa em que esteja pensando, não importa até mesmo que esteja pensando. Deixe que isso seja assim por alguns momentos, enquanto respira devagar, com firmeza, e depois arrede esses pensamentos de modo bem semelhante àquele pelo qual despediu os seus “operários da fábrica”.

Os seres humanos ocupam-se de tal maneira com seus pensamentozinhos, que não têm tempo para as coisas maiores da Vida Maior. As pessoas acham-se tão ocupadas com a vida, com o futebol, com as compras, ou com o que acontece na televisão, que não dispõem de tempo para tratar das coisas realmente importantes. Todas essas coisas quotidianas e mundanas são inteiramente triviais. Terá alguma importância, daqui a cinquenta anos, que Fulano de Tal estivesse vendendo vestidos por menos do que eles custam hoje? Mas para você, daqui a cinquenta anos, terá importância o modo pelo qual progredir agora, pois nenhum homem ou mulher jamais conseguiu levar um só vintém desta vida, mas todos os homens e todas as mulheres levam o conhecimento que adquiriram nesta, para a vida seguinte. É esse o motivo pelo qual as pessoas estão, aqui, e se você pretende levar conhecimentos de valor para o outro lado, ou apenas um amontoado inútil de pensamentos sem relação uns com os outros, aí temos uma questão que deve merecer sua maior atenção. Assim sendo, este Curso terá utilidade para você, e poderá afetar todo o seu futuro!

É o pensamento — a razão — o que mantém os seres humanos na sua situação atual, muito inferior. Os homens falam de sua razão, e dizem que ela os distingue dos animais; distingue, realmente distingue! Que outras criaturas, senão os seres humanos, atiram bombas atômicas sobre as outras? Que outras criaturas estripam publicamente os prisioneiros de guerra, ou os privam de seus pertences úteis? Você consegue imaginar alguma outra criatura, senão um ser humano, que mutile homens e mulheres, de modo tão espetacular? Os seres humanos, a despeito de sua decantada superioridade, encontram-se em muitos aspectos abaixo das mais inferiores feras da selva. Isso se dá porque os seres humanos têm valores errados, os seres humanos anseiam apenas pelo dinheiro, anseiam pelas coisas materiais desta vida mundana, enquanto as coisas que têm importância após esta vida são as imateriais, e é isso que estamos procurando ensinar a você!

Desligue-se dos seus pensamentos, agora que você está a ficar à vontade, torne a sua mente receptiva. Se você praticar e insistir na prática, descobrirá que pode desligar os pensamentos vazios e infinitos que o atravancam, e ao invés disso perceber realidades verdadeiras, perceber coisas de planos diferentes de existência, mas coisas tão completamente estranhas à vida na Terra — tão agradavelmente estranhas, é bom que se diga — que não existem termos concretos com os quais descrever o abstrato. Somente a prática é necessária para que também você possa ver coisas do futuro.

Existem certos grandes homens que conseguem entregar-se ao sono por alguns momentos e, em questão de minutos, voltarem a despertar revigorados, e com a inspiração rebrilhando nos olhos. São gente que sabe desligar os pensamentos à vontade, sintonizando e recolhendo o conhecimento das Esferas. Você também o poderá fazer, com prática!

É muitíssimo prejudicial, na verdade, para aqueles que desejam o desenvolvimento espiritual, empenhar-se na roda ordinária, inútil e vazia da vida social. As festas sociais, eis algo que dificilmente pode ser superado como passatempo pior, para quem procure desenvolver-se.

A bebida, o álcool prejudicam o juízo psíquico da pessoa, podem até levá-la ao astral inferior, onde será torturada pelas entidades que se deleitam em apanhar os seres humanos que estejam numa etapa na qual os mesmos nem sequer conseguem pensar com clareza. Acham isso divertidíssimo. Mas as festas e as atividades sociais comuns, como a tagarelice destituída de sentido a que se entregam mentes vazias, procurando ocultar o facto de que nada têm na cabeça, constituem uma visão penosa para quem está a tentar progredir. Você somente poderá fazer progresso se afastar-se dessa gente de mentalidade rasa, cujo pensamento maior é o de quantas bebidas consegue beber em qualquer reunião desse tipo, e que prefere tagarelar imbecilmente acerca das dificuldades das outras pessoas.

Acreditamos na comunhão das almas, acreditamos que duas pessoas possam estar fisicamente juntas, em silêncio, sem a necessidade de qualquer palavra pronunciada, já que elas comungam telepaticamente por afinidade. O pensamento de uma delas evoca uma resposta na outra. Já foi notado que, em certos momentos, duas pessoas muito idosas e que tenham vivido juntas por muitos anos, como marido e mulher, antecipam-se aos pensamentos um do outro.

Essa gente idosa, realmente apaixonada, não se empenha em tagarelice tola ou em conversa fiada; eles se sentam juntos, recolhendo em silêncio a mensagem que vai de um cérebro ao outro. Aprenderam, tardiamente, quais os benefícios que advêm da comunhão silenciosa, aprenderam “tarde demais” porque as pessoas idosas se acham, literalmente, ao final da jornada da vida. Você o poderá fazer, enquanto é jovem.

É possível, a um grupo pequeno de pessoas, pensando de modo construtivo, alterar todo o curso dos acontecimentos mundiais. Infelizmente, é difícil demais obter um pequeno grupo de pessoas que se mostre tão altruísta, tão pouco centralizadas em si mesmas, que consiga desligar os seus próprios pensamentos egoístas e concentrar-se apenas no bem do mundo.

Estamos dizendo, agora, que se você e os seus amigos se reunirem e formarem um círculo, cada qual sentado confortavelmente e à vontade, e um de frente para o outro, poderão causar grande bem a si próprios e a outras pessoas.

Cada pessoa deve ter os dedos do pé a se tocarem. Cada pessoa deve ter as mãos entrelaçadas. Nenhuma delas deve tocar a outra, naturalmente, cada uma deve ser como uma unidade física separada.

Lembre-se dos antigos judeus, os judeus muitíssimo antigos; ele sabiam bem que, se estivessem regateando, deviam permanecer de pé, com os pés juntos, as mãos entrelaçadas, porque nesse caso as forças vitais do corpo eram conservadas. Um judeu antigo, ao tentar fazer um negócio difícil, sempre conseguia sair-se melhor se permanecesse de pé, e o oponente sentado. Ele não se punha em tal posição devido a qualquer subserviência aduladora, como muitas pessoas imaginam, mas por saber como conservar e utilizar suas forças corporais. Tendo alcançado o seu objectivo, podia separar e abrir as mãos, ficar em pé com as pernas afastadas, pois não precisava mais de conservar as forças para o “ataque”, já era vencedor. Tendo alcançado seu objectivo, podia ficar à vontade.

Se cada um de vocês, no seu grupo, mantiver os pés e mãos juntos, cada qual conservará a energia do corpo, é uma coisa semelhante a fazer um circuito eléctrico. O seu grupo deve sentar-se em círculo, todos mais ou menos olhando para o espaço ao centro desse círculo, de preferência algum lugar no soalho, porque as cabeças estarão ligeiramente baixas, e isso é mais repousante e natural. Não falem — basta ficarem sentados.

Assegurem-se de que NÃO FALARÃO. Vocês já terão escolhido o tema dos pensamentos, de modo que nenhuma conversa é mais necessária. Sentem-se assim por alguns minutos. Gradualmente, cada qual sentirá uma grande paz a invadi-lo, cada qual se sentirá como se fosse invadido por uma luz interna. E alcançará o esclarecimento espiritual verdadeiro, sentindo-se “Unido com o Universo”.

Os cultos de igreja são realizados com esse intuito. Lembre-se de que os primeiros sacerdotes de todas as igrejas eram psicólogos bastante bons, sabiam como formular as coisas a fim de obterem os resultados desejados. É sabido que não se pode conter uma multidão humana em sossego, sem lhes dar direções constantes, de modo que existe a música e o pensamento dirigido, na forma de orações.

Se um sacerdote de qualquer tipo ao estar em pé, onde todos os olhos possam focalizar-se nele, enquanto diz certas coisas, terá conquistado a atenção de todas as pessoas na plateia ou congregação, e os pensamentos das mesmas estarão dirigidos a um intuito comum. Trata-se de um modo inferior de fazê-lo, destinado a um controle de massas mantendo-as sintonizadas numa mensagem, e assim as pessoas não dedicam o tempo ou energia necessários a um desenvolvimento pessoal e maior em outras direções.

Você e os seus amigos podem, se assim o quiserem em grupo, obter resultados muito maiores espiritualmente, sentando-se em circulo, e permanecendo sentados, em silêncio. Fiquem sentados, em silêncio, cada qual procurando pôr-se à vontade, cada qual pensando em coisas puras ou pensando no tema que foi designado. Não deem importância às contas do armazém, que ainda não foram pagas, não cogitem de quais vão ser as modas da estação seguinte; pensem, ao invés disso, em erguer suas vibrações, de modo que possam perceber a natureza boa e a grandeza que estão na vida por vir.

Nós falamos em demasia, todos nós deixamos que os cérebros tagarelem como máquinas destituídas de real e útil pensamento. Se nos pusermos à vontade, se permanecermos sozinhos mais tempo e falarmos menos, quando em companhia dos outros, nestas ocasiões, começam a surgir os pensamentos de uma pureza maior. Poderão vir em torrente, erguendo as nossas almas. Algumas das pessoas idosas do interior, que passavam o dia sozinhas, apresentavam uma pureza muito maior de pensamentos do que qualquer pessoa vinda das cidades do mundo. Os pastores, embora não sejam de modo algum criaturas educadas, apresentavam um grau de pureza espiritual que seria invejado por muitos sacerdotes de elevado grau. Isto se deve ao fato de que tenham tido tempo para estarem a sós, tempo para pensar, meditar, e quando se cansavam de meditar, suas mentes esvaziavam-se, e os pensamentos maiores, vindos do “além”, iam ter às mesmas.

Por que não praticar meia hora, todos os dias? Pratique, sentado ou reclinado, e lembre-se de que você deve estar sempre inteiramente à vontade. Deixe que sua mente pare. Lembre-se: “Fica quieto, e saberás que estou cá dentro”.

Outro dito é: “Fica quieto, e conhecerás o Eu interior”. Pratique desse modo. Liberte-se de qualquer pensamento, liberte-se de preocupações e dúvidas, e descobrirá que em questão de um mês, você terá melhor posição corporal, sentir-se-á erguido, será uma pessoa inteiramente diferente.

Não podemos encerrar esta Lição sem voltar a nos referir às festas e à conversa ociosa. Em algumas escolas ensina-se que devemos dedicar-nos à “conversa fiada”, a fim de sermos bons anfitriões. A ideia em que tal suposição repousa parece, a grosso modo, ser a de que os convidados jamais devem ser deixados em silêncio por um só momento, para evitar que os seus próprios pensamentos pessoais se turvem a tal ponto que tenham a visão tumultuada. Nós estamos a dizer, ao contrário disso, que ao proporcionar silêncio estaríamos proporcionando uma das coisas mais preciosas nesta Terra, pois no mundo moderno já não existe silêncio, temos o rugido constante do tráfego, os uivos constantes das aeronaves em sobrevoo, e todo aquele clamor insensato do rádio e televisão. Isto pode, mais uma vez, levar à Queda do Homem. Você, proporcionando um oásis de sossego, paz e tranquilidade, pode fazer muito mais por si próprio e pelos seus semelhantes.

Quer experimentar por um dia, e ver até que ponto ou medida você consegue evitar o ruído? Veja se consegue falar o menos possível. Diga apenas o que for necessário, evitando tudo quanto se mostre irrelevante, tudo que seja apenas mexerico e tagarelice sem sentido. Se o fizer consciente e deliberadamente, terá um choque enorme ao fim do dia, percebendo o quanto fala, em condições normais, e que na verdade não tem a mínima importância.

Discorremos bastante sobre a tagarelice e o ruído, e se você quiser praticar o silêncio descobrirá também que temos razão. Muitas das Ordens Religiosas têm Ordens de silêncio, muitos dos monges e monjas recebem ordem de manter silêncio, e as autoridades não o fazem como punição, mas por saberem que somente no silêncio é que se podem ouvir as vozes do Grande Além.

 

Quem, numa ou em outra oportunidade, já não imaginou qual será o objectivo da vida sobre a Terra? “É realmente necessário ter tanto sofrimento, tanta dificuldade?” Na verdade, como é claro, torna-se necessário que haja sofrimento, dificuldades e guerras. Nós depositamos confiança demasiada nas coisas desta Terra, inclinamo-nos a pensar que não exista coisa tão importante quanto a vida sobre a mesma. Na verdade, sobre a Terra, somos apenas atores em um palco, mudando de roupagem a fim de nos adequarmos ao papel que temos a desempenhar, e ao final de cada ato, nos retiramos por algum tempo regressando para o ato seguinte, talvez em indumentária diferente.

As guerras são necessárias. Sem elas o mundo logo estaria superpovoado. As guerras são necessárias, para que haja oportunidades de auto-sacrifício e para que o Homem se erga acima dos limites da carne, prestando serviço aos demais. Encaramos a vida como é vivida neste mundo, julgando-a a única coisa importante. Na verdade, é o que menos importa.

Quando nos encontramos no espírito, somos indestrutíveis. Somos imunes às vicissitudes e doenças. Assim, o espírito que tem de adquirir experiência, motiva um corpo de carne e ossos — o que não passa de um amontoado de protoplasma animado — para que as lições possam ser aprendidas. Sobre a Terra, o corpo é um fantoche, abanando-se e contorcendo-se de acordo com as ordens do Eu Maior que, por intermédio do Cordão de Prata, dá as ordens e recebe as mensagens.

Examinemos as coisas de um modo bastante diferente, por momentos. Uma pessoa que vem à Terra, talvez pela primeira vez, é uma criatura indecisa, parecida com uma criança pequena, e não consegue fazer qualquer plano por si própria. Assim, é preciso que os planos sejam feitos para ela, por outras pessoas. Nós não nos preocupamos com aqueles que não tenham atingido a evolução, pois se você está estudando este Curso, isso demonstra que atingiu uma etapa de evolução na qual consegue planejar mais ou menos o que tem de aprender. Examinemos o cenário, antes de se chegar à Terra.

Uma pessoa — uma entidade — morreu e regressou para mais perto do seu Eu Maior, aos planos astrais, regressou de uma vida sobre a Terra. A entidade terá visto todos os erros, todas as faltas e defeitos dessa vida, e terá decidido, talvez sozinha, talvez em companhia de outras, que certas lições não foram aprendidas e que terão de ser empreendidas novamente. Assim é que os planos são feitos, de acordo com os quais a entidade descerá mais uma vez encarnando num corpo. Primeiro é realizada uma procura lá em cima, atrás de uma família que possa ter as condições necessárias e um tipo de ambiente necessário às lições e missões a serem realizadas. Isto é, se uma pessoa tem que se acostumar-se a lidar com dinheiro, nascerá de pais ricos, ou se uma pessoa tem de levantar-se da “sarjeta” nascerá em circunstâncias realmente muito pobres. Poderá, até mesmo, ter de nascer aleijado ou cego, dependendo do que esteja para ser aprendido, mas tudo é previamente escolhido e aceite, portanto não reclame, pois as provações e felicidades foram todas previamente escolhidas por si e estão escondidas pelo véu que esconde as memórias anteriores.

Um ser humano, na Terra, é como uma criança num sala de aula. Pensemos nisso, em termos de salas de aula. A criança encontra-se numa sala assim, em companhia de muitas outras. Por algum motivo, essa criança não se sai tão bem, não aprende as lições, de modo que ao final do ano obtém resultados muito fracos nos exames.

Os professores resolvem que, com base na sua atitude geral e notas obtidas durante o ano, e o fracasso geral no próprio exame, ela não está à altura, não se encontra pronta para uma promoção passando a um grau superior. Assim, a criança sai da escola durante as férias (morte), ao encerramento do ano letivo (está no astral a preparar-se para uma nova vida e vinda), com o conhecimento de que, quando a escola recomeçar, terá de voltar para a mesma classe de antes! Para passar por tudo o que não superou!

Com a retomada das atividades escolares, porque a criança não foi promovida (nós), volta a aprender as mesmas lições, para ter outra oportunidade.

Mas todos aquelas que estudaram de modo mais assíduo, prosseguem e chegam a uma turma mais adiantada, e talvez sejam tratadas com mais consideração pelos professores, porque essas crianças são as que se esforçaram, e que aprenderam as lições e fizeram progresso. A que ficou para trás sente-se envergonhada com os membros novos da turma, tende a adotar ares de superioridade por algum tempo, demonstrando que, embora não haja passado para a turma mais adiantada, isso foi porque não o quis fazer. Se, ao final desse ano de estudo (final da vida), o menino não demonstrar qualquer sinal de progresso, pode acontecer que os professores realizem uma reunião, e na mesma chegam à conclusão que o menino é de mentalidade inferior, recomendando então que seja transferido para um tipo diferente de escola (outro plano, outro lugar no universo).

Se as crianças na escola se estiverem saindo-se bem e progredindo de modo satisfatório nos estudos, chegará o momento em que terão de decidir o que vão ser, na vida de adultos.

Pretenderão ser médicos, advogados, carpinteiros ou motoristas? Qualquer que seja a escolha, terão de passar pelos estudos necessários. Um candidato a médico terá de estudar coisas diferentes das que um motorista tem de aprender, e em consulta com os professores, os estudos necessários são providenciados.

O mesmo acontece no mundo espiritual; antes que um ser humano nasça, diversos meses antes que isso ocorra, na verdade, em alguma parte do mundo espiritual realiza-se uma reunião. Aquele que vai entrar num corpo humano é examinado, com assessores, os modos pelos quais certas lições possam ser aprendidas, de maneira bastante aproximada àquela como um estudante, na Terra, examinará a maneira como estudar para obter sua capacitação desejada. Os assessores espirituais poderão dizer que o estudante a ponto de entrar na escola do mundo, da vida e se tornará o filho ou a filha de um certo casal, ou mesmo de um casal solteiro! Haverá um debate para saber-se o que deve ser aprendido e que dificuldades terão de ser atravessadas, pois é um facto triste o de que a dificuldade ensina à pessoa mais depressa e de modo mais permanente do que a bondade. Deve-se também notar que o fato de uma pessoa se achar atualmente em uma condição social mais baixa, não significa que ela seja inferior no mundo espiritual.

Muitas vezes a pessoa estará em atividades braçais em certa vida, a fim de que possa aprender certas lições específicas, mas na vida futura, ela será uma entidade bastante elevada. É lamentável que sobre a Terra uma pessoa seja julgada pela quantidade de dinheiro que possua, ou o que os seus pais tenham sido, e isto, naturalmente, constitui um absurdo trágico.

Equivale a julgarmos um aluno, ou o progresso que este faz, pela quantia em dinheiro que o pai possua, ao invés de avaliar o garoto pelo progresso que o mesmo de facto realiza. Estamos repetindo que ninguém, até agora, conseguiu levar um só vintém além da barreira da morte, mas todo o conhecimento é levado, todas as experiências adquiridas ficam armazenadas e são levadas para a vida do além. Assim, aqueles em cuja opinião o facto de possuírem um milhão de dólares ou mais vai levá-los a um lugar na primeira fila do céu e estão a caminho de uma decepção triste e desagradável. O dinheiro, a posição, a raça e a cor não têm qualquer importância; a coisa única que importa é o grau de espiritualidade alcançado pela pessoa!

E regressemos ao nosso espírito que está a ponto de entrar noutra encarnação; quando os pais adequados forem encontrados é quando, no momento apropriado, o espírito entrará no corpo em formação, da criança por nascer, e com essa entrada no corpo haverá o apagamento instantâneo das memórias conscientes da vida anterior a essa entrada (chama-se a isso o véu).

Seria naturalmente terrível se a criancinha possuísse recordação de quando era, talvez, muito intimamente relacionada à sua mãe ou pai! Seria trágico e doloroso, se a criança conseguisse lembrar-se de que, na vida anterior, tinha sido um grande rei, e era agora a mais pobre das criaturas pobres. Por esse motivo, juntamente com muitos outros, é um ato de misericórdia que a pessoa média não consiga lembrar-se de sua vida passada, mas quando passa novamente por esta vida e regressa ao mundo espiritual, tudo — TUDO — é recordado.

Muitas pessoas se prendem do modo mais rígido ao antigo preceito: “Honra teu pai e tua mãe”. Embora isso seja realmente um sentimento dos mais louváveis, devemos esclarecer que um grande número de pessoas sobre a Terra jamais voltará a ver pai ou mãe, quando entrarem no mundo espiritual. Nos dias antigos, era muito necessário que os sacerdotes fizessem todo o possível para conquistar a colaboração dos pais, a fim de que os jovens de ambos os sexos não abandonassem as tribos, porque a riqueza das mesmas, naqueles dias, estava assentada nos jovens. Quanto mais numerosa fosse a tribo, tanto maior era a facilidade para subjugar as tribos menores. Assim é que os sacerdotes exortavam as crianças a obedecerem aos pais, e estes, de modo particular, obedeciam aos sacerdotes.

Vamos declarar, de modo bem claro, que realmente concordamos em que os pais devam ser “honrados”, desde que o mereçam. Desejamos declarar, igualmente, que se um pai for prepotente, ou sem bondade, ou tirânico, nesse caso esse pai rejeitou e desdenhou todos os direitos a ser “honrado”. Não há necessidade alguma de obter obediência servil, aquela que algumas “crianças” dedicam aos pais. Algumas “crianças” já são criaturas adultas e casadas, e talvez tenham vivido meio século por conta própria, mas ainda assim tremem de medo ou apreensão, quando o nome de um pai é mencionado. Com frequência, isso leva a uma neurose, e ao invés de acarretar o amor, talvez traga o medo e um ódio mal disfarçado. Ainda assim, essas “crianças” — com meio século ou mais de idade, talvez — sentem-se culpadas, porque foram criadas na crença de honrar pai e mãe.

Para os que assim se vejam aflitos gostaríamos de voltar a dizer, e de modo bastante claro, enfático, que se não se sente feliz com os pais, você jamais voltará a vê-los no mundo espiritual. Neste, existe a Lei da Harmonia, sendo inteiramente impossível que você conheça alguém com quem seja incompatível. Desse modo, se estiver casado e o seu matrimônio houver sido efetuado na base de conveniência, casamento que você teme desfazer com medo do que os vizinhos venham a dizer, jamais voltará a ver seu cônjuge no mundo espiritual, a menos que ele ou ela se modifique de maneira tão radical (ou você se modifique!) que se tornem ambos compatíveis.

Temos de repetir mais uma vez, de modo que não haja possibilidade de incompreensão: se você e seus pais forem incompatíveis, e não se derem, se não forem felizes juntos, se não se adaptarem uns aos outros, nesse caso não se encontrarão em qualquer outro plano de existência. O mesmo se aplica aos parentes, ou marido e mulher.

Eles devem, e do modo mais definido, ser compatíveis e estar em harmonia completa, antes que possam encontrar-se outra vez. É esse um dos motivos pelos quais se torna necessário aos espíritos possuir um corpo físico, para aprender lições, porque somente no corpo físico duas entidades antagônicas podem ser levadas a um contato, de modo que procurem “aparar as arestas” e chegar à compreensão mútua.

Mais adiante, em outra lição, examinaremos os problemas de Deus ou Deuses, e das diferentes formas de crença religiosa. Os seres humanos pensam, erroneamente, que são a mais alta forma de existência. Isso é de todo incorreto, sendo também ideia fomentada pelas religiões organizadas. O pensamento religioso nos ensina que o Homem é feito à imagem de Deus; assim sendo, se o Homem é feito à imagem de Deus, não pode haver coisa mais elevada que o Homem! Na verdade, em outros mundos existem formas altíssimas de vida.

Deus não é uma cavalheiro idoso e benevolente, que nos fita bondosamente pelas páginas de algum livro. Deus é uma coisa muito verdadeira, um Espírito vivo, que nos guia a todos, mas não necessariamente do mundo que nos ensinaram.

Nesta lição, finalmente, pense em sua própria relação com os seus pais, ou com seu cônjuge, ou com os parentes. Você é feliz com eles? Realmente feliz? Ou está vivendo à parte? Você aceitaria viver com qualquer uma dessas pessoas de modo permanente, por todo o resto da existência? Lembre-se de que quando esteve na escola havia um bom número de pessoas na mesma turma, e havia professores. Você tinha de respeitar os professores, mas eles não se acham permanentemente associados à sua vida, eles foram meio temporários, gente nomeada para supervisionar sua educação. Também os seus pais são criaturas a quem você escolheu — com permissão deles, num mundo espiritual — para patrocinarem e supervisarem o seu desenvolvimento. Se as pessoas amam sinceramente os pais, e não porque algum ensinamento religioso lhes diz que devam fazer isso, nesse caso terão por certo a maior de todas as alegrias ao saberem que se encontrarão com os mesmos no “outro lado”. As condições, nesse outro lado, serão feitas por você, aqui na Terra.

 

Todos gostamos de que façam as coisas por nós, de que nos deem as coisas. Provavelmente todos nós reconheceríamos que já oramos, pedindo ajuda! Trata-se, é claro, de uma coisa natural nas questões humanas querer a assistência de outrem. O homem sente-se inseguro quando sozinho e quer a imagem do “Deus-Pai”, ou a imagem da “Mãe”, a fim de poder sentir-se protegido, poder sentir que pertence a uma grande Família. Mas, para que se possa receber, é preciso dar, antes. Não se pode receber sem dar, pois o ato de dar — a atitude de abrir a mente — possibilita a você tornar-se receptivo àqueles que estão prontos a dar-lhe o que deseja receber!

Quando dizemos “dar”, não estamos obrigatoriamente a falar de dinheiro, embora seja comum dar dinheiro, uma vez que para a maioria das pessoas isso é o que mais desejam receber. O dinheiro, na nossa época atual, significa segurança quanto às privações, alívio quanto ao medo de passar fome, libertação quanto ao pagamento de impostos! O dinheiro pode ser dado, e deve ser dado sobre certas condições, mas “dar” significa também dar de si, estar pronto a servir aos demais. Podemos e devemos dar dinheiro, bens, assistência ou consolo espiritual àqueles que disso necessitam. É preciso ver, mais uma vez, que, se não dermos, não poderemos receber.

Existem muitas concepções errôneas a respeito de “dar”, “esmola”, “pedir”, e questões semelhantes referentes à chamada “caridade” no mundo ocidental. Parece que as pessoas imaginavam haver algo vergonhoso, algo degradante em terem de solicitar ajuda de outrem.

Mas isso não é assim, de modo nenhum. O dinheiro não passa de uma mercadoria que nos é emprestada enquanto nos achamos sobre a Terra, uma mercadoria com a qual podemos comprar felicidade e auto-aperfeiçoamento, ajudando os outros com esse dinheiro, ao invés de guardá-lo ou entesourá-lo inutilmente, em algum cofre.

É esse, infelizmente, o mundo do comércio, onde a medida do homem se determina pelo dinheiro que tenha no banco e pelo espetáculo de ostentação que ele promova, com esse dinheiro. O homem muito bem vestido, ou a mulher em iguais condições, que dão para a sua própria satisfação — a fim de construírem uma fachada falsa — não são criaturas espirituais ou generosas, mas pessoas que gastam sem qualquer pensamento em dar, gastando egoistamente para que seu próprio ego se fortaleça. No mundo ocidental, um homem é julgado na medida em que sua esposa se vista bem, pelo tipo de carro que possua e dirija, pelo tipo de casa onde resida; ele pertence a este ou àquele clube? Nesse caso, deve ser um homem de recurso, porque somente as pessoas milionárias podem pertencer ÀQUELE CLUBE!

Dizemos mais uma vez que se trata de um mundo de valores falsos, pois — e repitamo-lo sem cessar, de modo que vá ter ao seu subconsciente — nenhum homem ou mulher jamais conseguiu levar um só alfinete ou vintém, ou mesmo um palito de fósforo queimado para a outra margem do Rio da Morte; tudo o que podemos levar é o que se ache dentro do nosso conhecimento, tudo que podemos levar é a soma total das nossas experiências, boas e más, generosas e mesquinhas, que será destilado a tal ponto que apenas a essência dessas experiências permanecerá. E o homem que tenha vivido para si próprio, sozinho sobre a Terra, embora sobre a Terra talvez fosse um milionário, quando vai para “o outro lado” encontrar-se-á em bancarrota espiritual.

No Oriente é comum, é muitíssimo comum a visão da dona de casa que vai ter à porta ao final do dia, e ali encontra o monge de manto, com sua humilde tigela de esmola. Isso faz parte da vida no Oriente, a tal ponto que todas as donas de casa — por mais pobres que sejam providenciam ter alguma sobra de comida para ser dada ao monge-mendigo que depende de sua generosidade. Considera-se realmente uma honra para a casa o fato de que um monge venha pedir-lhe sustento. Contrariamente à crença comum no Ocidente, entretanto, um monge não é apenas um parasita ou mendigo, não é um homem deambulante com medo de trabalhar, e que vive do que os outros possuem. Você sabe como são realmente essas situações que acontecem ao anoitecer no Oriente?

Suponhamos, no Oriente, um país tal como a Índia, onde esse processo de dar aos monges é realmente comum: como o foi na China e no Tibete, antes que os comunistas se apoderassem do poder. Vamos então, examinar uma aldeia na Índia. As sombras da noite já caem e se estendem pelo chão. A luz adquire uma tonalidade azulado-purpúrea, as folhas dos baobás farfalham de leve, quando os ventos da noite descem dos Himalaias. Sem ruído, pela estrada empoeirada, vem um monge envergando roupas esfarrapadas, trazendo consigo tudo quanto possui no mundo. Tem o manto, as sandálias nos pés, e na mão traz seu rosário. A bandoleira, passada pelo ombro, tem o cobertor, que lhe serve de cama. Mais outros pequenos pertences que se encontram guardados no seu manto. Na mão direita tem um cajado, não para defender-se de animais ou de seres humanos, mas para que possa afastar os espinhos e ramos que, de outra forma, impediriam a sua marcha; ele também o utiliza para sondar a profundidade de um rio, antes de procurar atravessá-lo.

O monge se aproxima de uma casa, e enquanto o faz procura no peito do manto, e retira a sua tigela bastante usada, luzidia, uma tigela de metal que tem as marcas do tempo e já se tornou lisa, de tanto uso. Ao se aproximar da casa, a porta é repentinamente aberta e uma mulher se apresenta em atitude respeitosa, tendo nas mãos um prato de comida. Com modéstia, ela olha — sem encarar o monge — pois isso seria uma impertinência, e olha para baixo, a fim de mostrar que é modesta, recatada e de bom nome. O monge vai ter com ela, e estende a tigela, segurando-a com as duas mãos.

No Oriente, naturalmente, sempre se segura uma tigela ou copo com as duas mãos, porque segurá-los com apenas uma seria “demonstrar desrespeito” à comida, artigo precioso, pelo que vale a atenção das duas mãos. Assim sendo — o monge segura a tigela firmemente com as duas mãos. A mulher põe ali uma quantidade generosa de alimento, e depois se volta e afasta-se, sem trocar uma só palavra, sem trocar um só olhar, pois dar de comer a um monge é uma honra, e não um encargo, alimentar um monge é pagar em pequena medida, a dívida que todas as pessoas sentem ter contraído para com aqueles que se acham nas Ordens Santas.

A mulher da casa acha que ela e a sua moradia foram honradas pelo fato de que aquele Homem Sagrado tenha batido à sua porta, e acha que foi rendido tributo à sua culinária, fica pensando se algum outro monge talvez tenha dito palavras bondosas a respeito da alimentação que ela tenha proporcionado, e que mandou outro monge àquele lugar. Nas outras casas, as mulheres podem estar olhando com uma expressão de bastante inveja, pelas janelas, através cortinas, imaginando o motivo pelo qual não foram escolhidas para a visita do monge.

Tendo a tigela cheia, o monge vagarosamente se afasta, segurando ainda o receptáculo com as duas mãos, e atravessa novamente a estrada, indo ter ao abrigo de alguma árvore. Ali ele se senta, como se sentou durante a maior parte do dia, e faz a refeição noturna, a única do dia.

Os monges não comem além do necessário, vivem de modo frugal e comem apenas o suficiente para manter o vigor e a saúde, mas não têm o bastante para se tornarem glutões. Uma quantidade demasiada de comida impede o desenvolvimento espiritual, e a comida demasiadamente rica ou os alimentos fritos prejudicam a saúde física. Se alguém se desenvolver espiritualmente, deve viver como o fazem os monges, comendo o suficiente, porém só isso, comendo com simplicidade para que o corpo fique alimentado, mas não alimentos ricos, de modo que a mente seja saciada e o espírito trancado no receptáculo de argila que é o corpo.

Devemos explicar que o monge, tendo recebido a comida, não precisa sentir-se tomado de gratidão. Desde tempos imemoriais um Modo de Vida surgiu no Oriente; o monge é alimentado como direito, não é um mendigo, não é um encargo público, não é um homem irrequieto ou um parasita.

Durante o dia, antes da refeição noturna, o monge terá permanecido sentado, por horas seguidas, sobre uma árvore, à disposição de todos que o procuram, à disposição de todos os que necessitam dos seus serviços. Aqueles que estão a precisar do consolo espiritual, terão vindo procurá-lo, querendo auxílio, bem como os que tenham parentes doentes, ou mesmo aqueles que desejam escrever urgentemente uma carta. Há, igualmente, alguns que vêm ver o monge para saberem se ele tem alguma notícia de seres amados, em algum lugar muito distante, pois o monge está sempre seguindo a pé de uma cidade para outra, de uma para outra aldeia, atravessando os campos, atravessando o país de uma fronteira à outra. E o monge presta os seus serviços gratuitamente, seja o que for que lhe peçam, por mais tempo que tal serviço exija. É um Homem Santo e homem educado; sabe que muitos dos aldeões que necessitam dele e da ajuda que oferece prazerosamente não lhe podem pagar, pois são pobres demais, sendo certo e justo que, como foi preciso estudar para adquirir o seu conhecimento, e como traz consolo espiritual às pessoas, não teve o tempo ou o direito de trabalhar manualmente e ganhar a vida. Assim é que se torna um dever, um privilégio e uma honra para as pessoas a quem ele haja ajudado que venham, a seu turno, ajudá-lo e paguem em medida pequena, com a comida da qual o monge necessita para manter juntos o corpo e a alma.

Após a refeição, o monge descansará por algum tempo e depois, pondo-se em pé e limpando a tigela com areia fina, apanhará o seu cajado e seguirá pela noite adentro, muitas vezes viajando sobre a luz de uma lua tropical brilhante. O monge viaja e vai longe, e depressa, dormindo pouco. É um homem respeitado em todos os países budistas.

Também nós devíamos estar prontos a dar, para podermos receber. Nos dias da antiguidade havia uma lei divina segundo a qual todos os homens deviam dar um décimo dos seus bens, para que o bem assim se operasse. Esse “décimo” tornou-se conhecido como “dízimo”, tornando-se logo uma parte integral da vida. Na Inglaterra, por exemplo, as igrejas podiam taxar um dízimo sobre todas as propriedades, sobre tudo que uma pessoa possuísse. Tal dinheiro era dedicado ao sustento da igreja e proporcionava a remuneração dos titulares, para que assim vivessem. É interessante observar que há uns dez anos [escrito em 1965], na Inglaterra, surgiu uma série de processos nos tribunais, nos quais os proprietários hereditários fizeram grande agitação, a fim de que os dízimos impostos pela Igreja da Inglaterra fossem postos de lado. Os proprietários hereditários queixavam-se de que a obrigação de pagarem um décimo de sua renda os estava a arruinar. Na verdade, estavam sendo arruinados porque não davam prazerosamente, uma vez que, se não se der de boa vontade, é melhor não dar, em absoluto.

Hoje em dia os padrões mostram-se bastante diferentes do que foram, em anos idos. As pessoas não mais vivem de dízimos, e tampouco pagam dízimos, o que é uma pena. É essencial, para quem quiser progredir espiritualmente, que pague o “dízimo” para o bem dos outros — e especialmente porque “para o bem dos outros” traz muito benefício a quem o faz.

Em suma, somente podemos progredir e ser ajudados, se ajudarmos os outros. Temos conhecimento de muitos homens de negócio, muito sagazes, e sem grande inclinação espiritual, que prazerosamente dão uma décima parte da sua renda pelo bem dos outros — e, de modo ainda mais especial, para o seu próprio bem. Eles não o fazem por serem religiosos, mas porque a experiência comercial concreta e os seus livros de contabilidade lhes ensinaram que, agindo assim, “jogando o pão sobre as águas”, ele volta multiplicado mil vezes!

Os que emprestam dinheiro — e que, em algumas partes do mundo são conhecidos como “companhias financeiras” — nem sempre são notados por sua espiritualidade, ou generosidade. No entanto, se um só desses cavalheiros, emprestadores de dinheiro financiadores tem fé suficiente no “dízimo”, deve haver algo muito proveitoso no esquema, e sabemos que muitíssimos homens de negócio, gente bem sucedida nesse setor, agem dessa maneira.

As leis ocultas se aplicam tanto ao não-espiritual quanto ao espiritual. Não importa se uma pessoa estuda muito e lê muitos livros espirituais, isso não a torna espiritual! Pode estar apenas lendo e enganando-se, levando-se a pensar que o é. O assunto que esteja lendo pode passar diretamente por seus olhos e desaparecer no ar, sem ter por um só instante ficado nas células de memória do seu cérebro, mas ainda assim tal criatura fará referência a si própria, chamando-se de “uma grande alma” e acredita realmente que esteja progredindo. Na verdade, é em geral uma criatura cheia de si, e de todo indisposta a ajudar o próximo, ainda que, se o fizesse, estaria a ajudar-se muitíssimo a si própria.

Voltamos a repetir que é correto, adequado e proveitoso à pessoa dar ajuda a outras. Diga-se de passagem que isso traz grande ajuda à pessoa que dá! O dízimo significa, como dissemos, uma décima parte. Significa também um Modo de Vida, porque quem dá também recebe. Enquanto escrevemos isso, estamos pensando em uma pessoa que recebeu muita ajuda, muita assistência; ajuda e assistência que custavam dinheiro, tempo e conhecimento especializado. Assim que um problema era solucionado para essa pessoa, outros surgiam como um largo bando de estorninhos num campo recém-semeado. Nós dissemos: “Para receber, você deve dar, antes”. A pessoa ficou muitíssimo ofendida e nos fez compreender que era generosíssima e fazia todo o possível para ajudar as outras, como os jornais do lugar poderiam atestar. O nosso argumento é de que se uma pessoa precisa ter as suas “boas ações” registradas nos jornais locais, nesse caso, tal criatura não está dando do modo correto.

Existem muitos meios pelos quais podemos dar. Podemos, além de dedicar uma décima parte da renda às boas obras, ajudar os demais nas suas necessidades espirituais, ou ajudá-los com o consolo necessário, quando lhes advêm os maus tempos. Ao dar aos outros, damos a nós mesmos. Assim como um negócio deve ter bom movimento, para poder prosperar, precisamos ter um bom movimento nas dádivas, em ambos os sentidos.

Devemos dar para ajudar aos outros, devemos dar para que possamos ser ajudados. É inútil orar para que alguma coisa nos seja dada, a menos que demonstremos ser dignos, dando àqueles que necessitam. Pratique isso, pratique o dar, decida o quanto pode dar, o que pode dar e como, e tendo determinado o modo, o motivo e a ocasião, ponha-o em prática, experimente isso por três meses. Você verá que ao final de três meses estará compensado, quer espiritual, quer financeiramente, ou em ambos os sentidos.

Pedimos que estude isso, e volte a estudar e lembre: “Dá, para poderes receber”, “Joga teu pão sobre as águas”.

 

Existe um costume antigo em todo o mundo, o de guardar os “tesouros amados” da pessoa no sótão da casa — “tesouros” aos quais as pessoas se prendem, por serem “recordações dos velhos tempos”.

Muitas vezes, ficam semi-esquecidos no sótão até que — provavelmente quando você estiver procurando alguma outra coisa — você suba as escadas, e comece a remexer em tudo, no meio da semi-escuridão empoeirada, bolorenta e cheia de teias de aranha.

Aqui está um velho manequim de costureira, fazendo com que a pessoa se recorde irresistivelmente da passagem dos anos, pois um vestido feito por essas medidas já não mais lhe serviria! Eis uma caixa, ou mais do que uma caixa, com cartas antigas. O que são elas — atadas com fita azul? Ou rósea? Quando se olha ao redor, descobrem-se coisas das quais a pessoa quase já se esquecera, coisas que fazem reviver recordações afetuosas e lembranças de tempos tristes, também.

E você? Também examina o seu sótão? Ele vale uma visita de vez em quando, pois algumas coisas úteis são guardadas no sótão, coisas que fazem voltar as recordações; coisas que aumentam o conhecimento geral da pessoa. Foram problemas com que nos defrontamos em dias idos, e que se viram postos de lado sem qualquer esforço, mediante novos conhecimentos; por experiência que se adquiriu — lições aprendidas — através dos anos.

Nesta Lição, porém, e de modo particular, não vamos pedir-lhe que você suba ao seu sótão; vamos, isto sim, sugerir que venha connosco. acompanhando-nos pelas escadas de madeira com um velho corrimão, subindo aqueles degraus rangentes que dão a impressão de que se vão partir a qualquer momento. Venha connosco ao NOSSO SÓTÃO examinar as coisas, pois esta Lição e a subsequente estarão nos compartimentos de nosso “sótão”. Nele, temos todos os tipos de informações que talvez não se ajustem em uma lição separada, mas apresentarão interesse indubitável para você, bem como valor.

Assim sendo, pense no nosso sótão, continue a ler e veja que parte disto se aplica a você, que parte disto esclarece pequenas dúvidas, pequenas incertezas que poderão ter preocupado a sua mente ou perseguido você por algum tempo.

Realizamos uma longa procura quando estávamos preparando esta Lição, fomos investigar em diversos cantos, contrariando um bom número de teorias e levantando muita poeira! Concentremo-nos nas pessoas que se concentram em demasia. Você pode trabalhar com afinco demasiado, como sabe. Temos perfeita noção do dito antigo: “Ninguém morreu por trabalhar demais”, mas estamos afirmando que se alguém trabalha demais na concentração anda para trás.

No nosso trabalho, é frequente recebermos cartas de estudantes afirmando: “Mas eu me esforço tanto, concentro-me muito, e tudo que consigo é uma dor de cabeça. Não obtenho qualquer dos fenômenos que o senhor mencionou!”

Sim, aí temos um pequeno “tesouro”, e podemos parar um pouco para examiná-lo: — Pode-se frequentemente fazer demasiado esforço. Trata-se de uma singularidade da humanidade ou, o que talvez seja mais preciso, um defeito do cérebro humano, no sentido de que quem se esforça demais não faz progresso algum; na verdade, ao nos esforçarmos em demasia, criamos o que somente pode ser chamado como “uma retro-alimentação negativa”.

Todos conhecemos pessoas que se matam a trabalhar, que realmente seguem a vida sempre a esforçar-se, e esforçam-se muito mais do que qualquer outra pessoa, mas que não chega à parte alguma, encontrando-se sempre num estado de confusão e incerteza. Também quando sobrecarregamos os nossos cérebros, geramos uma carga excessiva de eletricidade que impede o pensamento para além desse ponto!

Você pode não ser engenheiro de eletrônica, mas se a eletrônica e a eletricidade fossem utilizadas no estudo dos cérebros humanos, nesse caso tais estudos seriam grandemente facilitados. O cérebro humano tem muita coisa em comum com a eletrônica. Você sabe, por exemplo, como funciona a válvula comum usada nos rádios? Existe um filamento aquecido por uma bateria ou pela corrente eléctrica instalada. Esse filamento, ao ser aquecido, emite elétrons de um modo inteiramente descontrolado. Os elétrons se desprendem, seguem em torrente, como uma multidão enlouquecida que vai assistir a alguma partida de futebol. E se deixarmos que esses elétrons sigam o seu impulso, sem os controlarmos de modo algum, eles se mostrarão inteiramente inúteis no rádio ou na eletrônica. E na válvula temos um envoltório de vidro. O filamento acha-se dentro do envoltório e, ao se aquecer, os elétrons irradiam-se para toda a parte, mas isso de nada adianta; queremos que eles sejam colhidos no que é conhecido por “placa”, que se encontra bem próxima do filamento. Do modo como as coisas são, se houvesse apenas o filamento e a placa, o processo de colher os elétrons seria incontrolável, haveria distorção no programa de rádio ou em qualquer coisa que quiséssemos recepcionar. Os engenheiros descobriram que se interpusessem o que chamam “uma grade” entre o filamento e a placa, e pusessem na grade uma corrente negativa, conseguiriam controlar o fluxo de elétrons entre filamento e placa.

Assim é que essa grade, que realmente é uma grade — muitas vezes é um entrançado de fios — age como o que é conhecido como “influência de grade”. Se aplicarmos polarização demasiada na grade, nenhum elétron virá do filamento para a placa, sendo todos repelidos por esta. Mas, alterando a influência da grade, levando-a a um valor apropriado, o controle pode ser o desejado.

Voltemos ao nosso cérebro, antes que você se canse do rádio! Quando nós nos concentramos em demasia, quando realmente forçamos o cérebro por causa de um problema, é frequente aplicarmos uma “polarização negativa de grade”, que tem o efeito de inibir inteiramente o pensamento. Por isso, não nos devemos esforçar em demasia, precisamos ser sensatos nesse caso e lembrar, em todos os momentos, o antigo provérbio chinês, “devagarzinho, devagarzinho, é que se apanha macaquinho”.

Devemos executar nossa concentração de tal maneira que o cérebro não se fatigue. Faça apenas o que estiver dentro de sua capacidade, siga “o caminho do meio”. O Caminho do Meio é um Modo de Vida oriental. Significa que você não precisa ser mau demais, porém, por outro lado, não precisa ser bom demais, deve ficar mais ou menos no meio. Se você for mau demais, a polícia o apanhará; se for bom demais, tornar-se-á um presunçoso, ou não poderá ficar nesta Terra, porque é um fato que até mesmo as Grandes Entidades que vêm a este mundo triste — o nosso— têm de adotar alguma forma de incapacidade, algum capricho de carácter, de modo que enquanto estiverem sobre a Terra não serão perfeitas, porque nada perfeito pode existir neste mundo imperfeito.

Vamos dizer mais uma vez que você não se deve esforçar em demasia, mas fazer as coisas naturalmente, dentro da razão, dentro da sua capacidade. Não precisa andar por aí oferecendo-se servilmente a qualquer coisa dita pelos outros. Use o seu senso comum, adapte uma coisa ou afirmação até acomodar-se a ele. Podemos dizer que “isto é um pano vermelho”, mas você poderá vê-lo de modo diferente, pode julgá-lo róseo, laranja, ou até mesmo púrpura-claro, dependendo das condições em que você viu esse pano; a sua iluminação pode ser diferente da nossa. Por esse motivo não se esforce em demasia, nem adira com servilismo demasiado a coisa alguma. Use o senso comum, use o caminho do meio, porque este é um método muitíssimo útil!

Experimente esse caminho do meio, a trilha da tolerância, a trilha do respeito aos direitos alheios e pela qual terá os seus próprios direitos serão respeitados. No Oriente, sacerdotes e muitos outros estudam o judô e outras formas de luta, não porque tais sacerdotes sejam pessoas violentas, mas porque ao aprenderem o judô e formas semelhantes de luta, aprendemos a controlar-nos, adquirimos autocontrole, e acima de tudo aprendemos a ceder caminho, para que possamos vencer. Veja o judô: nele, não se utiliza a força própria para vencer uma batalha, mas a força do próprio adversário, para que ele seja derrotado. Até uma pequenina mulher, que tenha praticado judô, pode derrotar uma massa bruta enorme masculino ou feminino que a ataque.

Quanto mais forte o homem, tanto mais feroz o seu ataque, tanto mais fácil será derrotá-lo, porque sua própria força faz com que ele caia pesadamente.

Vamos utilizar o judô, ou a força da oposição, a fim de desvalorizarmos os nossos problemas. Não se canse, nem se esgote, considere maduramente um problema que o esteja incomodando, não fuja à questão, como tanta gente faz. Muitos receiam encarar um problema, dão a volta pelas orlas do problema, sondando-o de modo experimental, mas sem jamais chegarem a solução alguma. Por mais desagradável que a questão seja, por mais culpado que você se sinta com relação a alguma coisa, chegue à raiz de seu problema, descubra o que o perturba, o que o assusta. E depois, quando houver examinado consigo próprio todos os aspectos do problema, DURMA COM ELE! Se você “dormir sobre uma coisa”, ela será passada a seu Eu Maior, que tem uma compreensão muito mais ampla do que a sua, pois o Eu Maior é uma grande entidade, na verdade, comparada ao ser humano. Quando o seu Eu Maior, ou mesmo o seu subconsciente, puder examinar o problema e obter uma solução, é frequente que passe essa solução para o seu consciente, indo ter à sua memória, de modo que quando você desperta pode exclamar, com espanto e satisfeitíssimo, que agora tem a resposta para aquilo que o estava perturbando e que, a partir de então, não o perturbará mais.

Você gosta do nosso sótão? Vamos passar a um outro pequeno “tesouro”, que está largado por ali, apanhando muita poeira. Já é hora de o olharmos, arejá-lo e deixá-lo ver mais uma vez a luz do dia. Que está neste embrulho? Vamos abrir e ver!

Um número demasiado de pessoas julga, hoje em dia, que ser verdadeiramente bom é ser realmente infeliz. Pensam, redondamente enganados, que é preciso andar por aí com o semblante triste e sombrio, de quando se é “religioso”. Tais criaturas receiam sorrir, não por que isso lhes desmanchasse a expressão patibular ou sofredora, mas porque poderia — o que é muito pior! — desmanchar a fachada do seu fino verniz de crença religiosa! Todos nós conhecemos o velho ou velha de cara sombria, que tem medo de sorrir, ou medo de tirar o menor prazer que seja, da vida, para que não se desgrace todo, assando no inferno, por ter deslizado um só instante!

A religião, a verdadeira religião, é uma coisa alegre. Promete-nos vida além desta Terra, promete-nos recompensa para tudo pelo que nos esforçamos, promete-nos que não existe morte, nada com que preocupar-nos, nada a recear. Na maioria dos seres humanos existe o medo à morte, guardado bem fundo, e isso ocorre porque, se alguém se lembrasse das alegrias da vida posterior, seria tentado pôr fim a esta, passando à felicidade. Seria o mesmo como o menino que foge à aula, fazendo gazeta, o que não conduz ao progresso!

A religião, se realmente acreditamos nela, promete-nos que quando formos para além dos confins deste mundo já não estaremos em companhia daqueles que realmente nos afligem, não mais encontraremos aqueles que nos irritam os nervos, que a azedam nossa alma!

Rejubilemo-nos na religião, pois, se tivermos a verdadeira religião, isso realmente será motivo de alegria, e uma coisa pela qual devemos rejubilar-nos.

Temos de reconhecer, com grande tristeza, que muitas pessoas estudantes do ocultismo ou da metafísica se encontram entre os piores pecadores. Existe um culto — oh, não vamos dar nomes! — que tem a certeza íntegra de que eles, e apenas eles, são os Eleitos; eles, e apenas eles, serão salvos para povoar o seu ceuzinho próprio. Os demais — pobres mortais pecadores, sem dúvida — serão destruídos por diversos métodos inteiramente desagradáveis.

Nós não endossamos esta teoria, em absoluto, acreditamos que, enquanto alguém CRER, é tudo que importa. Não faz diferença se alguém acredita na religião, ou no ocultismo; deve-se, isto sim, CRER.

O ocultismo não é mais misterioso ou complicado do que tábuas de multiplicação ou uma excursão na história. Consiste apenas em aprender coisas diferentes, aprender coisas que não pertencem ao mundo físico. Não devemos entrar em êxtase se descobrirmos repentinamente como um nervo faz funcionar um músculo, ou como podemos sacudir o dedo grande do pé, pois isso seriam questões comuns. Assim sendo, por que motivo deveríamos entrar em êxtase e julgar que os espíritos estão todos sentados ao redor de nós, se sabemos como passar a energia etérica de uma pessoa a outra?

Peço o favor de observar que dissemos “energia etérica”, o que é uma expressão traduzida do inglês, ao invés de utilizarmos “prana” ou qualquer outro termo oriental; preferimos, quando escrevemos um Curso em determinada linguagem, abster-nos a essa linguagem!

Rejubile-se! Quanto mais você aprender sobre o ocultismo e sobre a religião, tanto mais ficará convencido da verdade da Vida Maior que está à frente de todos nós, além do túmulo. Quando passamos ao túmulo, simplesmente deixamos o corpo para trás, do mesmo modo como podemos deixar um fato antigo, que será apanhado pelo homem do lixo. Nada existe a recear no conhecimento metafísico, e tampouco existe algo a recear na religião, pois se você tiver a religião certa, quanto mais aprender sobre ela tanto mais convencido ficará de que se trata da religião. As religiões que prometem o fogo do inferno e a condenação, se você sair do caminho para eles estreito, não estarão prestando bons serviços aos seus adeptos. Nos dias de antigamente, quando as pessoas eram mais ou menos selvagens, talvez fosse permissível empunhar um cacete e procurar assustar alguns, fazendo-os ver as coisas direito, mas agora tal processo pode ser outro.

Qualquer pai concordará em que é muito mais fácil controlar os filhos pela bondade do que mediante ameaças constantes. Os pais que sempre ameaçam chamar um policia ou o bicho-papão, ou vender os filhos, são aqueles que causam uma neurose nos mesmos, e mais tarde, à sua descendência. Mas os pais que podem controlar mediante firmeza e bondade, e fazem com que os filhos vivam na alegria, são aqueles que produzem bons cidadãos. Nós endossamos inteiramente a opinião de que é preciso utilizar a bondade e a disciplina; a disciplina jamais deve representar severidade ou sadismo.

Voltemos a rejubilar-nos na religião, sejamos os “filhos” dos “pais” que ensinam com amor, com paixão, e com compreensão. Afastemos todas as falsidades, toda a degradação do terror, castigo e condenação eterna. Não existe coisa tal como “condenação eterna”, ninguém é jamais abandonado, não existe coisa tal como uma pessoa ser banida do Mundo Espiritual! Todas as pessoas podem ser salvas, por piores que tenham sido; ninguém precisa ser rejeitado.

O Registro Akáshico, que estudaremos depois, diz-nos que se uma pessoa for tão horrivelmente má que nada possa ser feito por ela, por enquanto, é simplesmente retardada na sua evolução, e mais tarde recebe uma nova oportunidade de seguir por “outra rodada de existências”, de modo muito parecido àquele pelo qual uma criança, que brincou na aula e não passou nos exames finais, não é promovida a uma turma mais adiantada, com os companheiros, mas fica para estudar as matérias outra vez.

Ninguém diria que uma criança vai ser assada sobre fogo lento, ou atirada a demônios famintos que a mastiguem, apenas porque perdeu parte dos seus estudos ou gazeteou algumas vezes. Os professores que lhe são destinados podem falar-lhe com muito mais firmeza do que talvez agrade a essa criança, mas a não ser por isso, nenhum mal lhe acontecerá, e se for expulsa dessa escola, logo estará a entrar em noutra, ou encontrará problemas com um policia! O mesmo acontece com os seres humanos na Terra. Se você perder esta oportunidade, não fique demasiadamente desalentado, pois terá outra. Deus não é sádico, Deus não está à procura de destruir-nos, mas de ajudar-nos. Realizamos um grande mal ao invocar Deus, quando pensamos que Ele esteja sempre de alerta, para nos reduzir a fanicos ou atirar-nos aos demônios, caso erremos. Se acreditamos em Deus, acreditemos na misericórdia, porque crendo na misericórdia nós a teremos, e devemos demonstrar também misericórdia pelo próximo!

Enquanto estamos neste tema, vamos examinar outra caixa, na qual muita poeira caiu, porque no passado parece que ninguém se interessou por ela. Reviremo-la, para ver o que diz.

De acordo com o Registro Akáshico, o povo judeu é uma raça que, em existência anterior, não conseguiu fazer nenhum progresso. Eles faziam tudo que não deviam ter feito e deixaram por fazer as coisas que deviam ter sido realizadas. Dedicaram-se a todos os prazeres da carne, tornaram-se excessivamente amantes da comida, comida gordurosa e oleosa, de modo que seus corpos se tornaram saturados e empanturrados, os seus espíritos não puderam mais entrar no astral à noite, ficando presos aos seus envoltórios carnais grosseiros. Essa gente, a quem hoje chamamos “judeus”, não foi destruída, nem submetida à condenação eterna. Ao invés disso, foi posta num novo ciclo de existência, de modo bem semelhante àquele pelo qual as crianças que brincam na aula podem até mesmo ser expulsas dessa escola, por comportamento insubordinado, partindo para uma nova escola e recomeçando numa turma diferente. O mesmo aconteceu com os judeus. No ciclo atual da existência. E existe gente que está nesse ciclo pela primeira vez, e quando entra em contacto com os judeus fica perplexa, confusa e receosa. Não compreendem o que há de diferente no judeu; percebem que existe algo de diferente; percebem que um judeu tem mais conhecimento, e parece que não pertence à Terra, de modo que o homem ou a mulher que está a entrar neste primeiro ciclo pensa e receia.

E aquilo que uma pessoa receia, tende automaticamente a perseguir. Assim é que os judeus, sendo uma raça antiga, se veem perseguidos porque têm de abrir caminho neste novo ciclo de vida. Algumas pessoas invejam os judeus os seus conhecimento, resistência, e acontece igualmente que as pessoas tendem a destruir aquilo que invejam. Mas não estamos a tratar de judeus ou gentios, e sim da alegria na religião; alegria e prazer fazem-nos aprender algo que não aprenderíamos mediante o terror. Não há — e jamais será ocioso repeti-lo! — coisas tais como tormentos eternos, não existem coisas tais como fogos que vão queimar nossa pele e fazer-nos arder diabolicamente. Examine o seu pensamento, examine aquilo que lhe foi ensinado, e veja como é muito mais razoável que você tenha alegria e amor na sua crença religiosa. Você não é responsável por ter um pai sádico, que o vai espancar ou lhe ensina que o vai mandar para as trevas perpétuas. Ao invés disso, está lidando com Grandes Espíritos, que passaram por tudo isso muitíssimo antes de os seres humanos serem imaginados; eles passaram por tudo, conhecem as respostas, conhecem os problemas e têm compaixão. Assim sendo — do nosso tesouro no sótão, dizemos: “Rejubile-se na religião”, sorria para sua religião, acalente um sentimento eterno quanto ao seu Deus, qualquer que seja o nome que Lhe dê, pois Ele está sempre pronto a mandar ondas curativas a você, se você conseguir expulsar esse terror e medo do seu sistema.

Agora, porém, é chegado o momento de deixarmos este nosso sótão e descermos novamente a escada, a escada dos degraus que rangem. Mas logo — na Lição seguinte — o convidaremos a ir ter connosco mais uma vez ao “sótão” pois, olhando ao redor, vemos que há um bom número de pequenas coisas lançadas ao chão, ou nas prateleiras em volta, e que serão de interesse e proveito. Vamos encontrar-nos no sótão, na próxima Lição?

 

Assim é que voltamos a encontrar-nos em nosso sótão! Limpamos o lugar um pouco e descobrimos novos objetos. Alguns deles talvez façam um pouco de luz para alguma dúvida que você teve por algum tempo. Olhe isto, para começar. Aqui está uma carta que recebemos há algum tempo. Ela diz... quer que a leia para você?

“O senhor escreve muito sobre o medo. Diz que nada há a recear, senão o medo. Em sua resposta à minha pergunta, disse ser o medo o que me mantinha atrasado, o que me impedia de progredir. Eu não tenho consciência do medo, não me sinto temeroso, e assim sendo, o que pode ser?”

Sim, aí temos um problema bastante interessante. O medo — o medo é a única coisa que pode impedir a marcha de alguém. Vamos então observá-lo? Sente-se por momentos, vamos examinar este problema do medo.

Todos nós temos certos medos. Algumas pessoas sentem receio da escuridão, outras de aranhas e de cobras, e alguns de nós podemos ter consciência dos nossos medos, isto é, temos medos que se encontram em nossas consciências. Mas — espere um momento! — nossa consciência é apenas uma décima parte do que somos, nove décimos de nós são subconscientes, e nesse caso o que acontece se o medo estiver no nosso subconsciente?

Muitas vezes fazemos coisas levados por alguma compulsão oculta ou nos abstemos de fazer algo, devido também a uma compulsão oculta. Não sabemos o motivo pelo qual uma certa reação, não sabemos o motivo pelo qual não conseguimos fazer outra. Nada existe, à superfície, nada que possamos “identificar”. Agimos irracionalmente, e se formos a um psicólogo e nos deitarmos no seu sofá por bastante tempo, muitas horas, isso finalmente poderá sair do nosso subconsciente, o conhecimento de que temos um medo devido a algo que nos aconteceu quando éramos criancinhas. O medo estaria oculto, oculto à nossa percepção, funcionando em nós, perturbando-nos, enquanto se acha instalado em nosso subconsciente, como o térmita a atacar uma estrutura de madeira. Essa estrutura, diante de qualquer inspeção superficial, pareceria boa, impecável, e então, quase da noite para o dia, ruiria sobre a influência desses insectos. O mesmo acontece na questão do medo. Ele não precisa de ser consciente para mostrar-se ativo e na verdade age mais quando é subconsciente porque não sabemos da sua presença por lá e, sem sabermos disso, nada há que possamos fazer para impedir sua ação.

Durante todo o tempo da nossa vida temos estado sujeitos a certas influências condicionadoras. Uma pessoa que foi criada como cristã terá aprendido que certas coisas “não se fazem”, outras são claramente proibidas. No entanto, as pessoas de uma religião diferente, criadas de modo diverso, podem fazê-lo. Assim é que, examinando a questão do medo, temos de verificar quais foram nossos antecedentes raciais e familiares.

Você tem medo de ver um fantasma? Por quê? Se a Tia Matilde foi criatura bondosa e generosa, e o amou muito, enquanto viveu, não há motivo algum para supor que ela vá amá-lo menos, agora que deixou esta vida e passou a uma etapa melhor de existência. Assim sendo, por que recear o fantasma da Tia Matilde?

Temos medo do fantasma, porque é algo estranho para muitos de nós, receamos o fantasma porque aprendemos na nossa religião que não existem tais coisas e que não se pode ver um fantasma, a menos que se seja santo, ou companheiro dos santos, ou coisa parecida. Nós receamos aquilo que não compreendemos, e vale a pena pensar que, se não houvesse passaportes ou dificuldades linguísticas, seria menor o número de guerras, porque temos medo dos russos, ou dos turcos, ou dos afegãos, ou de alguma outra coisa, porque não os compreendemos, não sabemos o que os impulsiona, ou o que pretendem fazer contra nós.

O medo é uma coisa terrível, uma doença, um flagelo, algo que corrói nosso intelecto. Se tivermos certas reservas com relação a alguma coisa, então devemos empreender a procura da explicação para isso. Como exemplo, por que motivo certas religiões ensinam que não existe coisa tal como a reencarnação? Um exemplo óbvio é o seguinte: Antigamente, os sacerdotes dispunham de um poder completo e governavam o povo pelo terror, pelo pensamento da condenação eterna. Todos aprendiam que tinham de fazer desta vida a melhor possível, porque não haveria outra oportunidade. Sabia-se que, se as pessoas tivessem conhecimento da reencarnação, poderiam tender a afrouxar, nesta vida, e pagar por isso na seguinte. Por exemplo em relação a isto, costumava ser inteiramente permissível, na China, há muito tempo atrás, contrair uma dívida nesta vida para, ser paga na seguinte! Também vale a pena observar que a China entrou em decadência porque o povo acreditava a tal ponto na reencarnação que não se importava muito com esta vida, passando a sentar-se em qualquer lugar, levando seus canários em gaiolas para debaixo das árvores, à noite, achando que compensariam isso na vida seguinte, porquanto a de vida de então seria algo semelhante a uma estancia de férias! Bem, obviamente não deu certo, de modo que toda a cultura chinesa entrou em decadência.

Mais uma vez, examine-se a si próprio, examine seu intelecto, a sua imaginação. Faça consigo mesmo uma “análise profunda” e descubra o que o seu subconsciente está procurando engarrafar, prender, o que o torna tão receoso, tão preocupado, tão “assustado” em relação a certas coisas. Quando você descobrir isso, descobrirá também que não existe mais o receio. É o medo que impede as pessoas de fazerem a viagem astral. Na verdade, como bem o sabemos, a viagem astral é uma coisa notavelmente simples, não requer esforço algum, é tão simples quanto a respiração, mas, ainda assim, a maioria das pessoas tem medo dela. O sono é quase a morte, um lembrete da morte, um lembrete de que com o tempo passaremos a um sono profundo, e ficamos em longos pensamentos, querendo saber o que nos acontecerá quando a morte, ao invés do sono, nos chamar. Imaginamos se, durante o nosso sono, alguém virá cortar o Cordão de Prata, e que ficaremos perdidos. Tal não pode acontecer, não há perigo na viagem astral, o único perigo está no medo, no medo que você conhece e mais perigo ainda no medo que não conhece. Voltamos a sugerir, e o repetimos, que é preciso aprofundar esse problema do medo. Aquilo que você conhece e compreende não é temível, de modo que convém passar a compreender o que você está a recear.

Já dedicamos muito tempo àquele pequeno incidente. Não foi assim? Devemos prosseguir, pois existe muito ainda com que ocuparmos a nossa atenção, existe muito ainda a examinar, antes que possamos fechar as cortinas desta lição, e passar à seguinte. Olhe ao redor, olhe ao redor do nosso sótão. Há alguma coisa que, de modo particular, atraia sua atenção? Você vê aquele ornamento, ali adiante? COISA DO OUTRO MUNDO, não é? Oh! Talvez tenhamos dado início a algo, dizendo isso!

“Do outro mundo!” Existem muitas expressões corriqueiras que são realmente descritivos do que acontece. Alguém pode dizer que viu algo tão belo que era “do outro mundo”. Como é verdadeira essa afirmação! Quando passamos além dos confins desta existência fundamentada em moléculas de carbono, com todas as suas dores, vicissitudes e tribulações, ouvimos sons, vemos cores, e passamos por experiências que, de um modo inteiramente literal, são “de outro mundo”. Aqui, estamos confinados na caverna da nossa própria ignorância, estamos confinados pelos elos e correntes dos nossos próprios apetites e desejos, dos nossos próprios pensamentos errados. São numerosos os que vivem ocupados “procurando estar em igualdade com os vizinhos”, ficando assim sem tempo para olharem realmente ao seu redor. Temos o redemoinho mundano da existência, em que temos de ganhar a vida, existem as obrigações sociais. Depois de tudo isso, precisamos de uma certa quantidade de sono, de modo que, de acordo com as aparências, a nossa vida é planeada num redemoinho, numa corrida louca, e nunca existe tempo para coisa alguma. Mas — espere um pouco — existe qualquer necessidade para toda essa correria? Não podemos, de algum modo, conseguir ao menos meia hora por dia, dedicando-a à meditação? Se meditarmos, conseguiremos sair deste mundo.

Poderemos, com alguma prática, entrar no astral e no mundo seguinte. A experiência é animadora, eleva as pessoas. Quando erguemos o nosso pensamento espiritual, aumentamos a nossa cadência de vibrações, e quanto mais alto percebemos, na nossa “escala de piano” — lembra-se dela? — tanto mais bela será a experiência pela qual passaremos.

“Do outro mundo” devia ser nosso objectivo, naturalmente. Queremos sair deste mundo, quando houvermos aprendido nossas lições, mas não antes. Volte a olhar para as nossas experiências na sala de aula. Muitos de nós ficamos saturados ao estarmos numa sala de aula abafada, num dia quente de verão, ouvindo a voz monótona de um professor, falando de matérias que realmente não nos interessavam. Quem queria saber a respeito da ascensão e queda de determinado Império? Achávamos que estaríamos muito melhor lá fora, desejávamos acima de tudo sair daquela sala de aula, daquele aposento quente e abafado, onde a voz monótona que não parava. Mas não o podíamos fazer. Se houvéssemos saído dali a correr, teríamos sofrido um castigo, vindo dos professores; e se houvéssemos deixado de lado os nossos estudos, não teríamos passado nos exames e, ao invés de sermos promovidos à série seguinte, teríamos ficado para trás naquela mesma sala de aula monótona, com outra batelada de alunos que nos encarariam como curiosidades e imbecis, porque havíamos “sido reprovados”. Não vamos, portanto, “sair deste mundo” de modo permanente, enquanto não tivermos aprendido aquilo que viemos aprender.

Podemos confiantemente sentir alegrias, bem-estar e perfeição espiritual, quando deixarmos este mundo por aquele que é muito mais esplêndido. Devemos ter sempre presente que estamos aqui como quem cumpre uma sentença penal, sobre condições particularmente melancólicas. Não podemos ver quanto esta Terra é horrível enquanto nos achamos aqui, mas se pudermos sair e olhá-la, teremos um choque, e não desejaremos regressar. É esse o motivo pelo qual um número tão grande de nós não consegue realizar a viagem astral, porque, a menos que se esteja preparado, o regresso é realmente uma experiência desagradável, pois toda a alegria se acha no outro lado. Aqueles de nós que fazem a viagem astral anseiam pelos dias da nossa libertação, mas também providenciamos para que, enquanto nos acharmos na nossa “cela de prisão”, tenhamos o melhor comportamento possível, pois se não nos comportarmos bem, perderemos nosso “dia de remissão”.

Assim sendo, vamos fazer o melhor que pudermos na Terra, de modo a que, quando passarmos desta vida, estejamos preparados e prontos para as coisas maiores da vida no além. Isso vale o pequeno esforço necessário, o de vivermos aqui.

Parecemos estar ainda muito ocupados no nosso sótão, remexendo as coisas, tirando a poeira de algumas que estiveram separadas muito tempo, mas prossigamos para a outra extremidade do aposento e examinemos outro pequeno artigo...

Muitas pessoas julgam que os “videntes” estão sempre a olhar para a aura dos outros, sempre a ler os pensamentos alheios. Que engano! A criatura dotada de capacidade telepática, ou do poder de clarividência, não está sempre a ler os pensamentos ou examinando a aura dos amigos ou inimigos. Algumas das coisas que poderíamos ver seriam desagradáveis demais, incômodas demais.

Algumas delas, na verdade, fariam explodir o balão da importância que imaginamos ter! Existe muito mais a fazer. Estamos pensando, neste momento, em certa pessoa que às vezes nos visita; ela dá início a uma frase, pronuncia três ou quatro palavras, e depois se desvia, dizendo: “Mas não preciso dizer-lhe coisa alguma, preciso? Você sabe tudo, bastando-lhe olhar para mim, não é assim?” Pois não é assim! Podíamos “saber tudo”, mas isso seria moralmente errado. Não tenha receio dos videntes, ocultistas, clarividentes e outros, pois, se forem gente de boa moral, não estarão examinando os seus casos particulares, mesmo que sejam convidados a isso. Se não forem gente de boa moral, não o poderão fazer, também! Queremos dizer-lhe, a esta altura, que o “vidente” de alguma ruela, que lê sua sorte por uma ninharia, não tem qualquer capacidade verdadeira de “ver”.

É geralmente uma mulher velha e pobre, que não consegue ganhar dinheiro de outra maneira. É provável que, em alguma época da sua vida, tivesse a capacidade de clarividência, mas não se pode fazer dessas coisas uma base comercial, não se pode contar coisas a uma pessoa, usando a clarividência, em troca de dinheiro, porque o simples facto da transferência de dinheiro faz com que a capacidade telepática se debilite. E a vidente da ruela não pode “ver” sempre; ainda assim, se receber dinheiro, precisa apresentar alguma espécie de espetáculo.

Sendo uma psicóloga bastante boa, embora não diplomada, deixará que você fale, e depois lhe dirá as coisas que você próprio contou, e você, deixando-se enganar pelo título de “vidente”, exclamará com espanto que ela lhe disse precisamente o que você queria saber! Não receie de que os clarividentes possam estar a examinar as suas coisas íntimas; imagine você, por acaso, haveria de sentir-se bem estando na sua própria casa, talvez a escrever uma carta, e alguém entrasse no aposento, espiasse por cima do seu ombro, e lesse o que estava a escrever? Você gostaria de que essa pessoa examinasse os seus pertences, apanhando isto e lendo aquilo, e passando a saber tudo a seu respeito, passando a saber de tudo quanto você tem, tudo em que já pensou? Você gostaria de pensar que uma pessoa estivesse todo o tempo ouvindo todas as suas conversas telefônicas? Claro que não! Vamos dizer mais uma vez que uma pessoa de bom carácter não lê seus pensamentos por todo o tempo, e a criatura de mau carácter, digamo-lo de modo mais positivo, não tem essa capacidade! Aí se acha uma lei do oculto; a criatura de mau carácter não é clarividente. Você pode ouvir contar muita coisa a respeito de uma pessoa que vê isto, aquilo, e o que mais seja. Dê um desconto de novecentos e noventa e nove por cento a tudo isso!

Um clarividente sempre aguarda que você lhe diga sobre o que deseja falar. O clarividente não se intrometerá no retiro dos seus pensamentos ou da sua aura, nem mesmo que seja convidado a fazê-lo. Existem certas leis do ocultismo que têm de ser obedecidas de um modo muito rigoroso, pois se alguém as violar, poderá ser punido de um modo bastante parecido com aquele pelo qual alguém será punido se transgredir uma lei humana, na Terra.

Diga ao clarividente o que quer dizer — e ele ou ela saberá se você está a dizer a verdade. E nós vamos até esse ponto, reconhecendo isso! Diga ao clarividente o que bem desejar, mas tenha a certeza de que está a falar a verdade, pois de outra forma não estará fazendo mais do que enganar a si próprio, já que de modo algum enganará o clarividente! Assim sendo — lembre-se mais uma vez de que um bom “vidente” não “lerá os seus pensamentos” e o mau NÃO O PODE FAZER!

Temos, agora, outro pequeno artigo que poderíamos examinar. É o seguinte: você não se dá com seu cônjuge? Pois pode ser esse o “obstáculo” que tem de superar na Terra. Afirmemos isso da seguinte maneira: os cavalos são inscritos para as corridas, e se um deles ganha repetidamente, e parece não fazer esforço para obter tais vitórias, impõem-lhe uma desvantagem (“handicap”). Você pode encarar-se como um cavalo!

Talvez tenha andado com demasiada rapidez e demasiada facilidade nas suas últimas “lições”, caso em que pode ser-lhe imposta a desvantagem de um cônjuge inapropriado. Faça o melhor que puder, enquanto puder, lembrando-se de que, se seu cônjuge é realmente incompatível, nessas condições e você jamais, jamais entrará em contato com ele ou ela, na vida além desta Terra. Se um homem apanha uma chave de parafuso, ou um martelo, isso é apenas a ferramenta que se adapta à necessidade do trabalho a ter de se executar. O cônjuge pode ser encarado como uma ferramenta que nos capacita a executar determinada tarefa, aprender uma certa lição. Um homem pode apanhar uma chave de parafusos ou um martelo, porque essa ferramenta o capacita a efetuar um trabalho que tem a fazer. Mas você pode ter a certeza de que um homem não se ligará ao martelo ou à chave de parafuso a tal ponto que o deseje levá-lo para “o outro lado”.

Muita coisa foi dita e escrita a respeito da “glória da humanidade”, mas nós vamos dizer que os seres humanos não são a mais elevada forma de vida. Os seres humanos sobre a Terra, por exemplo, são na verdade uma multidão bem miserável, sádica, egoísta e interesseira. Se assim não fossem, não estariam na Terra, porque as pessoas vêm à mesma para aprenderem a ultrapassar exatamente essas coisas. Os seres humanos são maiores, na verdade, quando passam à vida do além. Mas voltemos a verificar que compreendemos o seguinte: se temos um cônjuge inadequado ali, ou pais inadequados, pode ser que isso tenha acontecido porque NÓS o planejamos, como algo que teríamos de ultrapassar, superar. Uma pessoa pode receber uma vacina ou inoculação e pode, por exemplo, tomar deliberadamente uma dose de varíola (mediante inoculação) a fim de proteger-se de uma dose mais severa, e talvez fatal, vinda depois.

Assim é que nosso cônjuge, ou os nossos pais podem ter sido escolhidos para que aprendêssemos certas lições, ligando-nos a eles. Mas — não teremos de encontrá-los outra vez, depois de terminarmos esta vida; na verdade, não os poderemos encontrar se forem incompatíveis connosco, pois, é preciso repetir, quando nos encontramos no outro lado da morte, vivemos em harmonia, e se as pessoas não se acharem em harmonia connosco, não poderão associar-se a nós. Muitos de nós podemos, na verdade, consolar-nos com esse pensamento!

As sombras da noite estão-se aproximando, entretanto; o dia está chegando ao fim. Achamos que não devemos ocupá-lo por mais tempo, pois você terá muito a fazer, antes que a noite caia. Vamos deixar o sótão e fechar a porta com suavidade, fechá-la com todos os “tesouros” ali contidos. Desçamos aqueles degraus rangentes e velhos, mais uma vez, e tomemos os nossos caminhos separados em paz.

 

Você já viu alguma pessoa achegar-se a você, transbordando de agitação, e então, quase agarrar-lhe o casaco e explodir: “Oh! Meu CARO! Passei por uma coisa TERRÍVEL, ontem à noite! Sonhei que estava andando na rua sem roupa. Fiquei embaraçadíssimo!” Isso já aconteceu em diversas formas e versões a diversas pessoas. Pode-se ter um “sonho”, no qual nos vemos repentinamente transportados a uma sala de estar, cheia de gente elegantemente vestida, descobrindo então que nos esquecemos de vestir qualquer coisa. Ou podemos ter um sonho, no qual nos encontramos em pé em alguma esquina, quer envergando uma indumentária estrambótica, ou sem indumentária alguma. Isto é possível, pode ter sido uma experiência astral verdadeira. Aqueles de nós que veem as pessoas fazendo viagens astrais passam por alguns encontros espantosos e divertidos. Mas este Curso não é um discurso sobre coisas espirituosas e, ao invés disso, destina-se a ajudá-lo no que, afinal de contas, é uma ocorrência puramente normal.

Dediquemos esta Lição aos sonhos, pois estes, de uma forma ou de outra, acontecem com todos, a todos. Desde tempos imemoriais os sonhos têm sido encarados como presságios, sinais, ou prodígios, e existem até aqueles que pretendem ler a sorte de acordo com os sonhos da pessoa! Outros acham que os sonhos são apenas invenções da imaginação, quando a mente se acha temporariamente divorciada do controle do corpo, durante o processo do sono. Isso é uma suposição inteiramente errônea, mas vamos tratar dos sonhos..

Como dissemos nas lições anteriores, consistimos de, pelo menos, dois corpos. Vamos lidar apenas com dois corpos, agora: o físico e o astral imediato, mas, naturalmente, existem muitos outros corpos. Quando vamos dormir, o nosso corpo astral gradualmente se separa do físico, flutuando acima do que se acha deitado. Com a separação dos dois corpos, a mente realmente se separa. No corpo físico fica todo o mecanismo, de modo muito semelhante àquele pelo qual se pode ter uma estação radiofônica transmissora, mas quando o locutor sai do ar, não há quem emita mensagens. O corpo astral, flutuando agora acima do físico, rumina por alguns momentos, decidindo aonde ir e o que fazer. Assim que tenha tomado a decisão, o corpo astral se inclina, os pés para a frente, e se instala, geralmente aos pés da cama. E então, como um pássaro que abandona o ramo onde se acha pousado, o corpo dá um pequeno salto para cima e desaparece, distanciando-se na outra extremidade do Cordão de Prata.

A maioria das pessoas, principalmente no Ocidente, não percebem as verdadeiras ocorrências da sua viagem astral, não têm lembranças de qualquer incidente particular, mas ao regressarem podem estar tomadas de uma sensação cálida de amizade, ou podem dizer: “Oh, sonhei com fulano ou beltrano ontem à noite. Ele estava com aspecto tão bom!” Com toda a probabilidade, a pessoa realmente visitou “fulano ou beltrano” ou quem quer que tenha sido, porque essa viagem é uma das mais simples empreendidas, e realizada com mais frequência; por algum motivo peculiar, parecemos sempre gravitar para lugares conhecidos, parecemos gostar de ir a lugares que já tenhamos visitado antes, e a polícia, na verdade, costuma afirmar que os criminosos sempre regressam à cena de seus crimes!

Nada há de notável no facto de que visitemos os amigos porque todos nós deixamos o corpo físico, todos nós fazemos viagens astrais, e precisamos ir a alguma parte. Até que estejamos “educados” no assunto, não percorremos os reinos astrais, mas nos prendemos tenazmente aos lugares conhecidos sobre a superfície da Terra. As pessoas que não adquiriram conhecimentos sobre a viagem astral podem visitar amigos no exterior, ou uma pessoa com grande desejo de ver determinada loja ou localidade irá e a verá, mas ao regressar à carne, e acordadas, pensarão — se pensarem! — que foi tudo um sonho.

Você sabe por que sonha? Todos nós temos experiências que são excursões pela realidade. Os nossos “sonhos” são tão verdadeiros quanto uma viagem da Inglaterra a Nova York, por avião ou navio, ou de Aden a Acra, por meios semelhantes, mas ainda assim os chamamos “sonhos”. Antes de nos adentrarmos mais na questão dos sonhos, relembremos que desde o Concílio de Constantinopla, no ano 60, quando os dirigentes da Igreja Cristã resolveram o que seria incorporado na “cristandade”, grande parte dos ensinamentos dos Grandes Mestres foram destorcidos ou suprimidos. Podíamos fazer alguns comentários bastante mordazes sobre tudo isso, com base em informações obtidas no Registro Akáshico, mas nosso objectivo ao preparar este Curso é o de ajudar as pessoas a se conhecerem, e não pisar nos calos de outrem, por mais falsos que esses “calos” de crenças possam ser! Contentemo-nos em dizer que no Hemisfério Ocidental, por diversos séculos, as pessoas, do modo mais definido, não aprenderam coisa alguma sobre a viagem astral, porque a mesma não se acha em qualquer parte da religião organizada. E por falar nisso, permitam-nos dizer que estamos a falar aqui de “religião organizada”!

Da mesma forma, no Hemisfério Ocidental a maioria das pessoas não acredita nas fadas, nem nos Espíritos da Natureza, e as crianças que veem fadas e Espíritos da Natureza, e que indubitavelmente brincam com tais entidades, são ridicularizadas ou repreendidas pelos adultos, que não o deviam fazer, pois nisto, como em muitos outros casos, a criança é muito mais esperta e está muito mais desperta do que o adulto. A própria Bíblia Cristã declara que “a menos que sejas como uma criancinha, não conseguirás entrar no Reino do Céu”.

Podíamos dizer o mesmo, de forma diferente, afirmando: “Se tiveres a crença de uma criança, não contaminada pela descrença adulta, poderás ir a qualquer parte, em qualquer momento”. As crianças, sendo ridicularizadas, aprendem a disfarçar o que realmente veem. Infelizmente, perdem logo a capacidade de ver outras entidades, devido a essa necessidade de ocultarem as suas capacidades reais. Acontece uma coisa bem parecida, no caso dos sonhos. As pessoas passam por acontecimentos quando o seu corpo físico se encontra adormecido, pois naturalmente o corpo astral jamais dorme, e quando este regressa ao primeiro pode haver um conflito entre os dois; o astral conhece a verdade e o físico acha-se contaminado e exacerbado por noções preconcebidas, incutidas desde a infância até à idade adulta. Mediante o condicionamento, os adultos não se põem frente à verdade, de modo que surge um conflito; o corpo astral saiu e fez coisas, sentiu coisas, viu coisas, mas o físico não deve acreditar nisso, porque todo o ensinamento do povo ocidental está em descrer em tudo o que não possa ser seguro nas mãos, reduzido a pedaços, a fim de que se compreenda como funciona. Os ocidentais querem provas, provas e mais provas, e por todo o tempo procuram provar que a prova está errada. Assim é que temos um conflito entre o físico e o astral, o que resulta e leva à necessidade de racionalização.

Neste caso, os sonhos — assim chamados — são racionalizados em alguma espécie de experiência, frequentemente com os resultados mais estrambólicos que se possam imaginar!

Vamos voltar ao assunto: poderíamos passar por todas as espécies de experiências incomuns, quando em viagem astral. O nosso corpo astral gostaria que despertássemos com recordação clara de todas essas experiências, porém, mais uma vez, o corpo físico não o pode permitir, de modo que se forma um conflito entre os dois corpos, e algumas imagens notavelmente distorcidas vêm das nossas memórias, coisas que não poderiam acontecer. Sempre que algo sucede no astral, e que seja contrário às leis físicas da Terra física, forma-se um conflito, e assim a fantasia se instala, temos pesadelos, ou veem os acontecimentos mais incomuns que se possa imaginar. No estado astral, podemos levitar, flutuar e subir, viajar a qualquer parte e ver qualquer pessoa, ir visitar qualquer uma das cidades do mundo. No físico, não é possível atravessar o mundo em um piscar de olhos, ou mesmo erguer-nos acima de nosso trabalho, e assim é, como repetimos, que no conflito entre o corpo físico e o astral surgem apresentações tão extremamente distorcidas das nossas experiências na viagem astral, que na verdade nulificam qualquer benefício que o astral nos esteja a pretender proporcionar. Obtemos os chamados sonhos, que não fazem sentido, sonhamos com toda a espécie de tolices, ou é o que dizemos quando nos encontramos no plano físico, mas as coisas consideradas tolice nesse plano são comuns no astral.

Voltemos às nossas considerações iniciais a respeito de andar pela rua sem qualquer roupa no corpo. Um bom número de pessoas já passou por essa experiência altamente embaraçosa, em sonho, mas, naturalmente, não se trata de sonho algum! Isso advém do facto de que quando alguém faz a viagem astral pode esquecer, por completo, de usar roupas astrais! Se uma pessoa não “imagina” a indumentária necessária, teremos o espetáculo de alguém viajando no astral, inteiramente nu. Muitas vezes a pessoa deixa o corpo físico e se ergue no espaço numa grande pressa, muito animada por ter-se libertado do enorme peso da carne. Sair do corpo foi a realização principal que não deixou oportunidade para pensar em outras coisas.

O corpo natural, ao que devemos recordar, é um corpo sem roupa, pois a roupa constitui uma convenção inteiramente humana que na realidade não faz sentido. Podemos fazer uma digressão momentânea, aqui, para dizer-lhe outra coisa que talvez o deixe intrigado.

Nos dias da antiguidade remota, o homem e a mulher podiam ver o astral um do outro. Nessa época, os pensamentos eram evidentes a todos, a motivação das pessoas apresentava-se inteiramente aberta e, vamos dizê-lo mais uma vez, as cores da aura brilhavam de um modo mais vívido e forte ao redor dessas partes que as pessoas hoje mantêm cobertas! A humanidade, e especialmente as mulheres, mantém certas áreas do corpo cobertas, porque não querem que outros leiam os seus pensamentos e tomem conhecimento das suas motivações, o que talvez não seja sempre desejável. Mas isto, como dissemos, é uma digressão, e tem pouco a ver com os sonhos; serve, entretanto, para dar-lhe motivo de pensar sobre o porquê da roupagem.

Quando se está em viagem astral, “imagina-se” geralmente o tipo de roupa que se usaria de modo normal durante o dia. Se essa “imaginação” for omitida, um clarividente que receba o visitante astral pode acolhê-lo e verificar que o mesmo não tem nada a cobrir o corpo. Já recebemos pessoas que nos visitaram no astral, e não estavam a usar nada, ou talvez uma camisa de pijama, ou peça “do outro mundo”, que desafia qualquer descrição e possivelmente não se encontraria em qualquer catálogo de lingerie dos nossos dias. É também um fato que as pessoas demasiadamente conscientes quanto à roupa muitas vezes se imaginam — sonham — envergando aquilo que não usariam de modo algum, quando no corpo físico. Mas nada disso importa, pois estamos mais uma vez afirmando que a indumentária é apenas uma convenção da humanidade, e não supomos que, chegados ao céu, estejamos usando roupas como acontece aqui na Terra, ou nos apresentemos assim.

Os sonhos, portanto, são uma racionalização de acontecimentos vivos, verdadeiros, ocorridos no mundo astral, e como dissemos antes, quem estiver no astral vê com uma profusão muito maior de cores com uma clareza muitíssimo maior. Tudo é mais vivo, tudo é maior do que já tenhamos visto em vida, e até dá para ver os ínfimos detalhes. E as cores são de uma gama que muito ultrapassa qualquer coisa existente nesta Terra. Vamos dar um exemplo.

Seguimos na nossa forma astral, atravessando a terra e o mar, indo ter a um país distante. O dia era brilhante, com um céu azul vívido, e o mar por baixo apresentava suaves ondas, de cristas brancas, mas não nos atingia, naturalmente. Descemos sobre uma areia dourada e nos detivemos para examinar a maravilhosa estrutura em formato de diamante. Cada ponto da areia rebrilhava como uma joia à luz do sol. Seguimos com suavidade, sobre folhas ondulantes das algas marinhas, espantando-nos diante dos marrons e verdes delicados, e dos pneumatocistos, que pareciam tornar-se roxo-dourados.

À nossa direita havia uma rocha de coloração esverdeada, e por momentos pareceu feita do jade mais puro. Podíamos ver parte dela, além da superfície externa, e ver também as veias e estrias, bem como algumas criaturas diminutas e semelhantes a fósseis, que haviam ficado presas nessa rocha, milhões de anos antes. Ao andarmos por ali, olhamos ao redor com olhos que pareciam ser novos, olhos que viam como nunca antes. Podíamos ver o que pareciam ser globos transparentes de cor, flutuando na atmosfera, globos esses que eram realmente a força viva do ar. As cores eram maravilhosas, fortes, variando, e a nossa visão mais aguçada podia ver até onde a curvatura da Terra o permitia, sem que perdêssemos qualquer detalhe.

Nesta velha e pobre Terra nossa, enquanto envoltos pela carne, somos relativamente cegos, temos uma gama limitada de cores e uma percepção pobre das tonalidades das mesmas. Sofremos de miopia, estigmatismo, e outros defeitos que nos impedem de ver as coisas como realmente são. Aqui estamos, quase destituídos de sentidos e percepções, e somos coisas pobres, muito pobres nesta Terra, envoltos como nos encontramos em uma capa de argila, sobrecarregados de desejos, ressentimentos, empanturrados com o tipo errado de alimentação, mas quando saímos para o mundo livre do astral, podemos ver — e ver com a maior clareza — as cores, como jamais as vimos na própria Terra.

Se você tem um “sonho” no qual pôde ver com clareza surpreendente, e no qual ficou deliciado pela variedade notável de cores, nesse caso sabe que não teve um sonho comum, mas está racionalizando uma verdadeira viagem astral que efetuou. Existe outra questão que impede muita gente de recordar os prazeres auferidos no astral. É o seguinte: quando se está no astral, vibra-se com uma cadência, uma frequência muitíssimo mais alta do que quando se está no corpo. É uma coisa simples quando deixamos o corpo, porque a diferença entre vibrações não importa, em absoluto (porque está tudo em sintonia), quando se vai “sair”. Mas os obstáculos ocorrem quando regressamos ao nosso corpo, e se soubermos o que esses obstáculos são a partir de agora, poderemos conscientemente examiná-los e ajudar o veículos astral e físico a que cheguem a algum tipo de acordo.

Imaginemos que estamos no astral, o nosso corpo carnal ficou lá embaixo. Ele está vibrando em certa velocidade, quase “tiquetaqueando”, enquanto o astral estremece com vida, com vitalidade porque não estamos mais presos à doença, ao sofrimento, nesse outro plano! Talvez seja mais fácil, se pusermos as coisas em termos terrestres.

Vamos imaginar que estamos lidando com os problemas de uma pessoa, dentro de um transporte publico. Esse veículo viaja, talvez, a trinta ou quarenta quilômetros por hora, e o passageiro deseja urgentemente saltar, mas o transporte, infelizmente, não pode ser parado.

Assim é um problema para o passageiro, que terá de saltar do veículo de modo a que chegue à estrada sem se magoar ou ferir de maneira alguma. Se for descuidado, magoa-se seriamente, mas se souber como, poderá fazê-lo com facilidade, pois é comum vermos pessoas a fazê-lo.

Temos de aprender, pela experiência, a saltar do transporte quando o mesmo se encontra em movimento e também temos de aprender a entrar no corpo, quando as velocidades dos dois veículos são diferentes!

Quando regressamos das viagens astrais, nosso problema é entrar no corpo. Estamos novamente vibrando no astral, em uma frequência muito mais alta do que no físico, e como não podemos desacelerar um, ou acelerar quase nada, temos de esperar até que possamos “sincronizar uma harmonia” entre os dois.

Com a prática, poderemos fazê-lo, poderemos acelerar de leve o corpo físico e desacelerar levemente o corpo astral, de modo que, embora eles continuem em vibrações amplamente diversas, surja uma harmonia fundamental — uma compatibilidade de vibrações — entre os dois, o que nos permite “entrar” seguramente. Aí temos uma questão de prática, instintiva, prática de memória racial, e quando o conseguimos fazer, conseguimos também conservar todas as nossas recordações.

Você acha isso difícil de realizar? Nesse caso, imaginemos que o seu corpo astral é uma agulha de fonógrafo, de gira discos. O seu corpo físico é um disco de vinil que gira a — digamos — 48 r.p.m.(rotações por minuto). O nosso problema está em colocar a agulha no disco que já está a rodar, de modo que atinjamos uma determinada palavra ou uma determinada nota musical ali gravada num ponto concreto numa faixa especifica. Se você pensar nas dificuldades de colocar essa agulha em contacto com o disco, de modo que a palavra ou nota musical anteriormente determinada seja alcançada, poderá avaliar a dificuldade com que (sem prática) voltamos do astral, com as recordações intactas (estamos a falar das memórias dos sonhos).

Se formos desajeitados ou não tivermos prática, e regressarmos sem estarmos “em sincronia”, despertamos sentindo-nos inteiramente “descadeirados”, contrariamo-nos com tudo, temos dores de cabeça, talvez nos sintamos doentes e enjoados. E isso é devido a que os dois conjuntos de vibração foram unidos com um violento impacto, assim como se consegue o ruído e uma sacudidela, se mudarmos as mudanças de um automóvel sem nenhum cuidado.

Se voltarmos com a cadência errada de vibrações, talvez verifiquemos que o corpo astral não se ajusta com exatidão ao físico, ficando inclinado para um ou para o outro lado, e o resultado é totalmente deprimente. Se tivermos o infortúnio de passar por esta situação, a única cura consiste em voltar a dormir ou descansar, tão tranquilamente quanto possível, sem nos movermos, sem pensar se o conseguiremos, mantendo-nos completamente imóveis e procurando fazer com que o corpo astral se liberte mais uma vez do físico. O corpo astral ascenderá, pairando poucos palmos acima do físico e, então, permitimos que ele volte ao corpo físico realizando um alinhamento perfeito. E assim não nos sentimos doentes ou deprimidos. Tente sempre descansar, mesmo que seja por dez minutos. É melhor usar esses dez minutos para voltar a sentir-se bem do que saltar do sitio aonde estava o seu corpo e ficar indisposto porque não conseguirá sentir-se melhor enquanto não tenha dormido outra vez e permitido a seus dois veículos entrarem em alinhamento completo.

Às vezes, alguém desperta pela manhã com recordações de um sonho muitíssimo peculiar. Talvez seja sobre algumas ocorrências históricas, ou pode ser, de modo inteiramente literal, algo “do outro mundo”. Pode muito bem ter ocorrido que, por algum motivo específico ligado a seu treinamento, você tenha entrado em contacto com o Registro Akásico (do qual trataremos numa Lição posterior), e que tenha visto o que aconteceu no passado, ou, o que é mais raro, o que provavelmente acontecerá no futuro. Grandes videntes que fazem profecias podem, com frequência, viajar para o futuro e ver as probabilidades, não realidades, pois estas ainda não aconteceram, mas as probabilidades podem ser conhecidas e previstas. Você verá, com base nisto, que quanto mais se cultive a recordação do que ocorre no astral, tanto maior a quantidade de benefícios que podemos obter, porque de nada adianta aprender alguma coisa com grande esforço e dificuldade se as vamos esquecer de todo, nos minutos seguintes.

Acontece, com frequência, que alguém desperta de manhã com um péssimo mau gênio, odiando o mundo e tudo quanto o mesmo contém. São necessárias muitas e muitas horas para sair desse estado de alma realmente negro e sombrio. Existem uma série de motivos para surgirem estas atitudes; um deles é que no estado astral podemos fazer coisas agradáveis, ir a lugares agradáveis e ver gente feliz. Normalmente, entra-se no astral como forma de divertimento para o corpo astral, enquanto o físico dorme e se recupera. No corpo astral, têm-se uma sensação de liberdade, uma falta completa de restrições e impedimentos, uma sensação realmente maravilhosa.

E vem, então, o chamamento de volta à carne para começar um outro dia de — de quê? Sofrimento? Trabalho difícil? Seja o que for, geralmente é algo desagradável. E assim é que regressar, ser retirado dos prazeres do astral, que representa verdadeira infelicidade, e daí surge o mau gênio ao despertar.

Outro motivo, e não tão agradável, é que quando estamos na Terra, somos como crianças que estão numa sala de aula, aprendendo ou tentando aprender as lições que nós mesmos planejamos aprender, antes de virmos à Terra. Quando vamos dormir, chega a oportunidade do corpo astral poder “deixar a escola” e voltar para casa, ao fim do dia, do mesmo modo como as crianças regressam às suas casa ao fim do dia. Muitas vezes, porém, uma pessoa satisfeita consigo própria e tomada de complacência na Terra, pensando ser alguém muito importante, vai dormir e desperta de manhã com um estado de alma o pior possível. Isso geralmente acontece porque a pessoa viu no astral o que realmente está a fazer da sua vida na Terra, e que é um revoltante disparate; que o seu ar empertigado e a complacência não o estão a levar a lado nenhum. O fato de que alguém tenha muito dinheiro e enormes propriedades não quer dizer obrigatoriamente, em absoluto, que esteja a fazer bom trabalho. Nós vimos à Terra para aprender coisas específicas, assim como quem vai à escola ou à faculdade para aprender coisas específicas. Seria de todo inútil, para dar-lhe um exemplo, que um estudante se matriculasse num curso para a obtenção de um diploma em teologia, e então, sem qualquer motivo explicável, viesse a descobrir que ia ser destinado a recolher todo o lixo nalguma cidade desse país. É enorme o número de pessoas a julgar que se estão saindo extraordinariamente bem na vida porque acumulam dinheiro e bens a enganar e a passar por cima dos outros, cobrando preços excessivos, explorando as pessoas e fazendo “maus negócios”, para os semelhantes. Essa gente que tem “consciência de classe”, ou os “novos ricos”, não está a ter sucesso algum, mas sim realizarem um fracasso retumbante com as suas vidas a serem vividas na Terra. Existe o momento em que todos irão enfrentar a realidade, e a realidade não se acha nesta Terra, pois este é o Mundo de Ilusão, onde todos os valores estão errados, e onde, para fins de ensino, acredita-se que o dinheiro e o poder temporal, a posição, quero dizer, seja tudo quanto se julga que importa. Nada pode estar mais longe da verdade do que isso, pois os monges mendigos da Índia e de todas as outras partes possuem mais valor espiritual para a vida futura do que o rico cheio de poder que empresta dinheiro a juros exorbitantes a pessoas pobres, que atravessam dificuldades e estão realmente a sofrer. Esses homens sem escrúpulos (que são na realidade emprestadores de dinheiro!) arruínam os lares e o futuro dos que tenham a infelicidade de se atrasar nos pagamentos extorsivos.

Sucede que um desses ricos de muito poder e outros de sua laia vão dormir, e suponhamos que, por algum motivo particular, consigam libertar-se da carne e chegar ao ponto de poderem ver o tipo de desastre em que estão a incorrer. É ENTÃO que eles voltam, com uma recordação inteiramente chocante, e voltam com a percepção do que realmente são, e a decisão de que vão “virar outra página”.

Infelizmente, quando voltam ao plano físico, sendo pessoas sem moral ou consciência, não conseguem lembrar-se de nada pelo que dizem terem passado numa noite agitada, gritam com os subordinados, e de modo geral, abusam de todos. É assim que cedem à “tristeza das manhãs de segunda-feira”, sendo triste reconhecer que isto não ocorre apenas nas manhãs de segunda-feira, mas em todos os dias!

“A tristeza das manhãs de segunda-feira”. Sim, aí temos uma expressão que descreve algo verídico, e por motivos especiais. A maioria das pessoas tem o de trabalhar de um modo regular, ou pelo menos ocupar-se com um número regular de horas de trabalho durante uns tantos ou quantos dias da semana; ao final da semana, há um período de descanso, uma modificação formativa e, com frequência, também de posição.

As pessoas dormem mais tranquilamente ao fim da semana, de modo que o corpo astral sai e viaja, mais longe, chega aonde talvez possa ver o tipo de trabalho que o corpo físico efetua na Terra, e quando regressa, para que o corpo físico possa trabalhar na manhã de segunda-feira, geralmente predomina o abatimento que é a causa da “tristeza da manhã de segunda-feira”.

Há outra classe de pessoas que deve merecer nossa atenção, ainda que por alguns momentos apenas; são os que dormem pouco. Essa gente já se mostra infortunada o bastante por ter tanta coisa na sua consciência astral e então o corpo astral não deseja, em absoluto, deixar o físico e ir enfrentar as coisas. Muitas vezes um alcoólico terá medo de adormecer devido às entidades muitíssimo interessante que se reúnem à volta do seu corpo astral. Já falamos sobre os “elefantes rosas” e outros componentes da fauna que circundam este tipo de pessoas.

O corpo físico, em tais casos, permanecerá acordado, e que causará muito sofrimento nos planos físico e astral da pessoa. Provavelmente você já conheceu alguma pessoa que está irritada o tempo todo, sempre em movimentando e irrequieta, sobressaltada e sem conseguir descansar por um só momento. Com demasiada frequência, essas pessoas são aquelas que têm tanto na mente — na sua consciência — que não se atrevem a descansar, pois começariam a pensar e a compreender o que realmente são, e o que estão realmente a fazer e o que não estão a realizar. Assim é que se cria o hábito — a pessoa não dorme, não descansa, pois impede ao seu Eu Maior a oportunidade de este entrar realmente em contacto com o físico.

Essa gente é como um cavalo que tomou o freio nos dentes e está saltando selvaticamente, sendo um perigo para todos. Se as pessoas não conseguem dormir, não podem aproveitar a vida na Terra, e por não aproveitá-la, como consequência, terão de retornar outras vezes para superarem as reais missões das suas vidas.

Você gostaria de saber se um sonho é uma invenção da imaginação ou uma recordação destorcida, provinda de uma jornada astral? O meio mais fácil é perguntar a si próprio se vê as coisas com mais nitidez nesse sonho. Se isso acontece, existe então uma recordação real da viagem astral.

As cores eram mais vivas do que qualquer coisa que se lembre de ter visto na Terra? Também nesse caso se trata de uma viagem astral. Com frequência você verá a figura de uma pessoa amada, ou receberá uma forte impressão da mesma; isso é porque pode ter visitado essa pessoa durante a viagem astral, e se for dormir tendo diante de si uma fotografia de uma pessoa amada, poderá ter a certeza de que vai viajar para lá quando fechar os olhos e se puser à vontade. Examinemos o outro lado da moeda. Você pode ter despertado de manhã, está contrariado e bastante enervado, pensando em determinada pessoa com que está em desarmonia acentuada. Talvez tenha ido dormir pensando nela, pensando em alguma disputa, alguma questão na qual você e ela estiveram discutindo. E pode tê-la visitado no astral e ela, também no astral, debateu com você uma solução para os problemas. Vocês podem ter chegado a um acordo sobre a matéria, e decidido, nos seus corpos astrais, que na Terra se lembrariam da solução e chegariam a um acordo amistoso. Ou, por outro lado, a batalha pode ter sido de uma intensidade ainda maior, de modo que quando voltaram à Terra estavam com antipatia ainda maior entre si. Mas à parte de terem ou não chegado a um acordo amistoso, se ao voltar ao plano físico, você sentiu um solavanco forte ou não se sincronizou bem com o corpo físico, nesse caso todas as boas intenções, todos os bons acordos ficariam arruinados e destorcidos, e ao despertar, a sua recordação seria a de desarmonia, desagrado e uma frustrada fúria e amargura.

Os chamados sonhos são janelas que dão para o outro mundo, os outros Planos não físicos. Cultive os seus sonhos, examine-os, e quando for dormir à noite decida que vai “sonhar “realidades”, isto é, decida que quando despertar pela manhã, terá uma recordação clara e nítida de tudo o que aconteceu durante a noite. Isso pode ser feito, é feito, mas infelizmente apenas no mundo ocidental, onde existe tanta dúvida, onde se ouvem tantos gritos exigindo provas, é que as pessoas consideram ser difícil. Algumas pessoas no Oriente entram em transe que, afinal de contas, é apenas outro método de sair do plano físico. Outras adormecem, e ao despertarem estão com a resposta para os problemas que as deixavam perplexas. Também você pode fazer isso, também você, com a prática e com o desejo sincero de fazê-lo visando apenas o Bem, pode “sonhar verdade” e escancarar essa janela, que dá acesso a uma fase mais esplêndida da existência.

 

Já faz algum tempo que nos conhecemos mutuamente, por intermédio deste Curso. Talvez devamos fazer uma pausa, para avaliar a nossa posição e olhar ao nosso redor, pensar no que lemos e presumivelmente no que aprendemos. É essencial parar, de vez em quando, para uma recreação. Você já pensou que “recreação” é, na verdade, “recriação”?

Mencionamos este ponto porque está todo ligado ao cansaço; porque quem se cansa não consegue executar melhor o seu trabalho. Você sabe o que acontece, quando se cansa? Não precisamos de ter um grande conhecimento sobre fisiologia para compreender o motivo pelo qual ficamos entorpecidos e doridos, pois sobrecarregamos os músculos.

Vamos imaginar que temos repetido um certo movimento, talvez o de erguer um peso grande, com o braço direito. Bem, após algum tempo os músculos do braço direito começam a doer, e temos uma sensação das mais peculiares nos músculos, e se continuarmos por demasiado tempo, surgirá a dor, em vez de apenas só o cansaço. Vamos então examinar isso com mais detalhes.

Durante este Curso, temos frisado que toda a vida é de origem eléctrica. Sempre que pensamos, geramos uma corrente elétrica; sempre que movemos um dedo, mesmo um dedo, enviamos uma corrente elétrica na forma de impulsos nervosos que “galvanizam” o músculo, colocando-o em ação. Mas examinemos o nosso braço, do qual abusamos com o excesso de trabalho; estivemos levantando alguma coisa com demasiada frequência ou por demasiado tempo, e os nervos que transportam a corrente elétrica do cérebro ficaram sobrecarregados.

De um modo bastante parecido, se tivermos um fusível comum e o sobrecarregarmos, ele poderá não se queimar imediatamente mas em vez disso, dará indicações da sobrecarga, ao tornar-se descorado. Assim acontece com os nossos nervos que dão ordens aos músculos: eles se tornam sobrecarregados com a passagem da corrente constante, e os próprios músculos ficam cansados de se expandirem e contraírem-se sem cessar.

Por que motivo nos cansamos? É fácil responder! Quando movemos um membro, os nossos músculos são estimulados pelo cérebro. A corrente eléctrica provoca secreções, que passam a fluir na estrutura muscular, e que leva os feixes musculares a se afastarem, de modo que o resultado desse afastamento é o de diminuir do comprimento total, sendo esse o meio pelo qual o membro se dobra. Está tudo certo — sem continuar com a fisiologia — mas um resultado secundário é que as substâncias químicas em ação, levando as estrias dos músculos a se separarem, ficam cristalizadas e se implantam no tecido muscular.

Assim é que, se enviarmos tais secreções, essas substâncias químicas, para a musculatura mais depressa do que o tecido as possa absorver, o resultado serão cristais, e os mesmos terão pontas muito agudas, que provocam uma dor considerável, e se continuarmos as nossas tentativas para movimentar os músculos. Temos de esperar talvez um dia ou dois até que os cristais tenham sido novamente absorvidos e as fibras dos músculos se encontrem novamente livres para deslizarem suavemente e sem esforço umas sobre as outras. Vale a pena notar, de passagem, que quando se tem reumatismo, é porque existem cristais em diversas partes susceptíveis do corpo, e estes prendem o tecido. Na verdade, qualquer pessoa com reumatismo pode mover o membro atingido, mas ao fazê-lo, causaria uma dor intensa, devido aos cristais alojados no tecido. Se descobríssemos algum meio de dissolver os cristais, poderíamos curar o reumatismo, mas isso ainda não é possível.

Toda esta questão nos afasta, entretanto, da nossa intenção inicial de examinarmos as coisas que aprendemos ou, pensando melhor, talvez não! Se você estiver fazendo demasiado esforço, não chegará a parte alguma, porque o seu cérebro irá ficar demasiado cansado. Muitas pessoas não conseguem adotar o Caminho do Meio, porque foram educadas na crença de que apenas o trabalho mais esforçado merece resultados. As pessoas esforçam-se e escravizam-se e não chegam a parte alguma porque estão a esforçar-se demasiado. Às vezes, quem se esforça muito torna-se permanentemente cansado, e depois diz coisas horríveis porque, de um modo bastante literal, não se encontra em gozo dos seus sentidos completos!

Quando nos cansamos, a corrente elétrica produzida no cérebro esmaece, reduz-se, e assim a eletricidade “negativa” sobrepõe-se aos impulsos positivos, e nós ficamos irritadiços. A irritação ou mau gênio é oposta ao bom gênio, é o aspecto negativo do bom gênio e, se nos deixarmos ficar em mau gênio devido ao cansaço, ou por qualquer outra causa, isto quer dizer que estamos, na verdade, corroendo as nossas células que produzem os sinais nervosos.

Você conduz um automóvel? Já observou a bateria do mesmo? Se o fez, terá às vezes visto um depósito esverdeado com aspecto desagradável ao redor de um dos terminais da bateria. Com o tempo, esse depósito irá corroer os fios que vão da bateria ao automóvel. De um modo bastante parecido, se nos negligenciarmos, assim como negligenciamos o estado dessa bateria, descobriremos que as nossas próprias capacidades começam a sofrer muito, e ficaremos com um mau gênio permanente. Às vezes será a esposa que deu início à sua vida matrimonial cheia das melhores intenções, e que cede a uma pequena dúvida perturbadora quando ao marido; ela vocaliza essas dúvidas, repetindo isso algumas vezes, estabelece um hábito, e assim é que, possivelmente sem saber alguma coisa do que se passa, transformar-se-á numa megera, uma das criaturas mais desagradáveis deste mundo!

Mantenha-se com um bom gênio, cultive uma atitude positiva, pois irá ter uma melhor saúde, e não se entregue a essas modas que falam em emagrecimentos, porque a pessoa bem acolchoada é invariavelmente dona de um melhor temperamento do que a criatura magricela que, quando anda, parece estar chocalhando os ossos!

Vejamos essa questão do “Caminho do Meio”; é claro que devemos fazer o melhor que nos é possível em todas as circunstâncias. É igualmente claro que não se pode fazer mais do que o melhor que nos é possível e esforçar-nos para além da nossa capacidade o que é apenas um esforço perdido, e que nos cansa desnecessariamente. Encaremos a coisa como examinaríamos uma central geradora de energia; temos uma estação geradora de eletricidade, que proporciona luz a um certo número de lâmpadas.

Se o gerador trabalhar a uma determinada velocidade ou proporcionar uma produção que supra facilmente as necessidades das lâmpadas, estará a trabalhar bem, dentro da sua capacidade. Se, porém, por algum motivo, o gerador for acelerado e a produção for muito maior do que aquela a que possa ser consumida pelas lâmpadas, todo o excesso de energia terá de ser desviado para alguma parte — desperdiçado — e também desperdiça a vida do gerador, o qual estará a girar desnecessariamente com uma velocidade excessiva.

Outro meio de apresentar a questão é a seguinte: você tem um automóvel, e quer ir pela estrada a, talvez, quarenta quilômetros por hora (a maioria segue muito mais depressa do que isso, mas quarenta quilômetros por hora serve, para o nosso exemplo!). Se for um condutor sensato, você seguirá em terceira, porque a essa velocidade de quarenta quilômetros por hora, terá o motor a girar muito lentamente. E a essa velocidade, o desgaste será muito pouco, e não haverá nenhuma tensão no motor, que está trabalhando dentro da sua capacidade. Mas suponhamos que você não seja tão bom condutor e segue pela estrada em primeira, a quarenta quilômetros por hora! Nesse caso, o motor estará a girar cinco ou seis vezes mais depressa, devido à engrenagem, e produzirá talvez tanta energia, tanto esforço, quanto seria necessário para chegar aos duzentos quilômetros por hora, em primeira. E você também obtém muito ruído, um terrível consumo de gasolina e cinco ou seis vezes mais desgaste para atingir o mesmo objectivo que seria alcançado em terceira.

O Caminho do Meio, portanto, significa seguir o rumo sensato, trabalhar com o afinco apenas o necessário para realizar uma determinada tarefa, e não desperdiçar a sua vida e energia com trabalho em excesso!

É enorme o número de pessoas a julgar que precisam trabalhar, sempre trabalhar, e quanto mais se esforçam para atingir os seus objetivos, tanto mais mérito terão por isso. Nada poderia estar mais distante da verdade, e devemos sempre — nunca será demasiado repeti-lo — trabalhar com o afinco apenas o suficiente para executar a tarefa à nossa frente.

Mas voltemos à recreação. A recreação, como ficou dito, é a recriação. Se nos cansamos, isso quer dizer que apenas certos músculos, certas partes do corpo se cansaram. Por exemplo, se estivermos a erguer o nosso braço direito em demasia, talvez transportando tijolos, talvez carregando livros, nesse caso o braço começará a cansar-se, começará a doer, mas as nossas pernas ainda se encontram em condições, funcionamento bem tal como os ouvidos e os olhos.

Assim sendo, vamos “recrear-nos”, saindo para um passeio, ouvir uma boa música ou ler um livro. Ao fazê-lo, estaremos a usar os nervos e os músculos, e na verdade estaremos a retirar qualquer carga excedente de eletricidade neural dos músculos os quais foram sobrecarregados e requerem descanso. Assim, na recreação, você se recria, bem como as suas habilidades.

Esteve a trabalhar em demasia, procurando observar a sua aura? Procurando ver o etérico? Talvez tenha andado a fazer demasiados esforços. Se não teve o êxito que deseja, não fique desmotivado, pois é necessário tempo, é necessária paciência e muita fé, mas é uma coisa perfeitamente realizável. Você está a procurar fazer algo que não fez antes, e não esperaria tornar-se médico, advogado ou um grande artista da noite para o dia; e se quisesse tornar-se advogado, teria de frequentar a escola primária, depois as escolas seguintes, indo em seguida para alguma universidade ou faculdade. Isso requereria tempo, poderia levar anos, você estaria estudando conscienciosamente muitíssimas horas por dia, e talvez muitíssimas horas à noite, para atingir seu objectivo, o de ser — o quê? — Um médico? Um advogado? Um corretor?

Tudo se resume ao seguinte: você não pode obter resultados da noite para o dia. Muitas das filosofias da Índia contam que em nenhuma circunstância, alguém deve procurar conseguir ver pela clarividência, em pelo menos dez anos! Nós não endossamos essa opinião, de modo algum, acreditando que quando uma pessoa está pronta para ver pela clarividência, ela o verá, mas acreditamos que não se pode atingir resultados da noite para o dia, sendo preciso trabalhar para o que se vai obter, sendo preciso praticar, ter fé. Se você está a estudar para ser médico, terá fé nos seus professores, terá fé em si próprio, fará durante as aulas o seu trabalho escolar, fará os seus deveres de casa quando sair da aula, e ainda assim o treinamento para tornar-se médico requer anos. Quando está a estudar connosco, e procurando ver a aura, quanto tempo estuda? Duas horas semanais? Quatro horas? Bem, por mais tempo que seja, você não estará estudando oito horas diárias e fazendo deveres de casa, além disso. Assim sendo — tenha paciência, porque a aura pode ser vista, do modo mais definido, e o será, se você tiver essa paciência e fé.

Com o correr dos anos, temos recebido uma quantidade tremenda de correspondência de pessoas de todo o mundo, até mesmo de gente por detrás da Cortina de Ferro. Há uma jovem na Austrália, com poderes acentuados de clarividência, e que teve de ocultar as suas capacidades porque os parentes acham que há alguma coisa “singular” nela, se disser que sabe o que estão a pensar, ou sequer falar sobre o estado de saúde dos seus parentes.

Há uma outra senhora em Toronto, Canadá, que, durante um período de apenas algumas semanas, pôde ver o etérico, pôde ver a força etérica emanando das pontas dos dedos, e pôde ver a “flor de lótus” oscilando por cima de uma cabeça. O seu progresso foi acentuado, e ela pode ver o etérico quase na sua inteireza; e estamos informados de que ela começa, agora, a ver a aura. É uma das pessoas afortunadas, que podem ver os Espíritos da Natureza, e a aura das flores. Como pintora, conseguiu pintar as flores tendo a aura ao redor das mesmas.

A fim de demonstrar ao leitor que os poderes de clarividência não se limitam a qualquer localidade, mas são universais, vamos por isso citar uma carta que recebemos de uma certa dama muito talentosa, na Jugoslávia. Escrevemos a essa senhora dizendo que gostaríamos de incorporar a este Curso parte da sua experiência, e ela nos escreveu uma carta, dando permissão para que a citássemos. Eis o que afirma (modificamos a sua linguagem muito ao de leve, para torná-la mais fácil):

“Queridos Amigos em outras partes do mundo! Nós vivemos realmente numa época que nos pergunta diariamente: Ser ou não ser? Passaram-se os tempos de ficarmos sentados como o gato, por detrás do fogão. A vida, bem como a eternidade, apresenta-nos a pergunta: Sim ou Não? Que Sim ou Não queremos dizer? A pergunta significa se devemos privar de alimento a nossa alma e tornar doente o nosso corpo ou alimentar a alma e fazer o corpo sadio, belo e em harmonia. Porque é que falo sempre acerca da alma, coisa que não podemos ver, que os cirurgiões não podem extrair e nos apresentar sobre uma travessa? Queridos Amigos, quer acreditem ou não na existência da alma, ela existe! Vocês dispõem de um momento, por favor? Não vão agora para o cinema, ou assistir a alguma partida de futebol, ou fazer compras, ou ir passear de automóvel; escutem por uns momentos, porque este é um assunto muitíssimo importante.”

“Na parte ocidental da nossa Terra, não temos muitas pessoas que possam ver o chamado mundo invisível, que possam ver as auras das ademais. Isso significa a luz ou a sombra, se houver uma luz, ou uma alma muito presa à terra, ao redor do corpo, e de um modo especial ao redor da cabeça. É que a alma é a parte eterna e imperturbável de nós, é o nosso Corpo Maior, e sem ela não poderíamos existir. Eu tenho o dom de ver as auras, desde os meus primeiros dias de vida.”

“Quando era pequenina, julgava que todas as pessoas podiam ver o que eu via. Mais tarde, quando passaram a chamar-me de mentirosa, ou afirmavam que eu era louca, compreendi que as outras pessoas não viam o que eu enxergava. Permitam-me indicar o caminho que prossegui.”

“Vocês já observaram as linhas ao redor da madeira, na parte interna de uma árvore? Elas indicam os anos durante os quais a árvore já viveu, e podemos assinalar os anos difíceis e os frutíferos. Nada fica sem sinais. Nada. Já estive diante de uma velha igreja, e vi o que as outras pessoas não poderiam ver sobre a Terra. Ao redor do edifício havia uma luz maravilhosa, e ao redor dessa luz, acompanhando a forma do edifício, haviam umas finas linhas, como na madeira da árvore. Eu olhava para as linhas, e falei com as pessoas a seu respeito. Havia uma linha por cada século, exatamente, e isso aconteceu na velha igreja de Remete, perto de Zagreb, a Capital da Croácia. A partir de então, pude distinguir as linhas ao redor dos edifícios antigos e dizer qual a idade dos mesmos. Certa vez uma amiga perguntou-me: Qual é a idade desta capela?” Não vejo coisa alguma, respondi, não há uma só linha ao redor dela ainda, há apenas uma luz. Está bem, disse ela, esta capela ainda não tem cem anos de idade.”

“Como vê, se uma construção tem sua “alma”, o quanto mais terá algo que vive? Eu consigo ver a aura do bosque, das árvores e dos prados, das flores e principalmente após o por do sol. Essa luz suave, porém intensa, está ao redor de todas as criaturas vivas, ao redor do cão, e também como ao redor do gato.”

“Você vê o passarinho, entoando o seu canto ao entardecer? A alma vibrando de felicidade apresenta como borrifos de luz que se apresentam ao redor da avezinha,! Mas, aquele passarinho, bem, veio um menino e o derrubou-o a tiro. A pequena aura vibrou ainda por momentos, e depois desapareceu. Foi como um grito dado pela Natureza. Eu o vi, senti, e falei sobre ele, e chamaram-me de imbecil.”

“Quando eu tinha dezoito anos de idade, um certo dia estava diante de um espelho. Anoitecia, e eu preparava-me para deitar. O quarto já estava quase escuro, eu vestia um camisolão comprido e branco. De repente, vi uma luz no espelho. Ela me atraiu, eu olhei e vi ao redor de mim uma chama azul, e depois dourada. Não tendo conhecimento da aura, fiquei assustada e desci a correr para o perto dos meus pais, gritando: “Estou a pegar fogo!” A coisa não me doeu, de modo algum, mas o que era? Ficaram boquiabertos, e depois apagaram a luz, e foi quando me viram como envolta em chamas douradas e vivas. A nossa empregada entrou, e gritou de pavor. Saiu a correr dali. Lembro-me, então, do que eu vira em outros seres, mas era muito diferente, quando o via em mim própria. Agora, estava realmente assustada. O meu pai acendeu e apagou a luz, acendeu e apagou, e era sempre o mesmo quando a luz era apagada, eu brilhava com uma luz dourada, quando a lâmpada do quarto estava acesa, o meu brilho não podia ser visto com tanta clareza.”

“Achei isso tudo muito interessante, e quando tive a certeza em absoluto de que não estava a ser prejudicada, , comecei a passar a ter um grande interesse em observar a aura das outras pessoas.”

“Vocês sabem o que o medo significa? Durante a guerra fiquei muitas vezes assustada, vendo a aura dos meus semelhantes, quando os bombardeiros passavam sobre nós e as bombas caíam. Certa vez, quando eu estava numa prisão, sobre o regime nazi, estive numa cela, condenada à morte. Fui levada à câmara de torturas, porque dispunha de certas informações que meus adversários queriam. Eu via a aura das outras pessoas que estavam a ser torturadas; era terrível, tão estreita ao redor do corpo e tão pobre e sem luz verdadeira, quase desaparecendo, quase sumindo e, pior ainda, quando ouvia os gritos de agonia, de quem morria na tortura, a própria aura tremia. Algo surgiu em mim, entretanto, uma coisa como sendo uma força santa. Não estava escrito nas Santas Escrituras — Receia apenas aqueles que matam a alma, mas não os que matam o corpo? Comecei a concentrar-me e tentar animar os outros, senti que a minha aura se estendia outra vez, via que a aura dos outros se tornava mais sadia. Outra mulher ajudou-me nessa tarefa, e, finalmente, a cela contendo aqueles condenados à morte começou a mostrar-se mais animada, e todos iniciamos um canto. Passei por todos os interrogatórios e todas as longas horas, e mais a dor, ilesa, porque me concentrei na eternidade, concentrei-me na Vida Real, após este sonho terrível. Os torturadores nada puderam fazer comigo e, finalmente, enfurecidos, atiraram-me para fora da prisão, porque eu os estava a desmoralizá-los!”

“Se eu houvesse cedido ao medo, ao terror, teria sido morta, na companhia de meus dezesseis camaradas — vítimas da perseguição.”

“Nós, do Ocidente, nós europeus, temos muito a aprender com o Extremo Oriente. Temos de aprender a subjugar as nossas imaginações e subjugar o medo.”

“Do modo como vejo, a aura das pessoas ocidental é bastante tremula porque nunca estão tranquilos, raramente se encontram em harmonia, e a nossa aura desordenada infecta as outras auras, tornando-se como uma epidemia. Hitler não teria obtido o êxito com as suas intrigas se a aura das pessoas não estivesse contaminada e se deixado influenciar pela aura de Hitler. Hitler só conseguia ter êxito porque os seus ouvintes não podiam controlar a sua própria imaginação.”

“Estão cansados? Podem ler mais um pouco? Vamos ter aos mais pobre dos homens, aos malucos, vamos a um hospital de doentes mentais em Zagreb. Há muitos dias, fiz estudos através da cerca de arame de lá, olhando as auras. Mas não eram os casos piores: um amigo meu apresentou-me ao médico-chefe, uma criatura muito cética. Eu lhe disse que desejava observar a aura dos seus paciente, ele me fitou como se eu fosse digna de ser também encarcerada como maluca, e finalmente resolveu lá deixar que eu visse alguns doentes. Os ajudantes, finalmente, trouxeram uma mulher que se encontrava muitíssimo doente. Não havia dúvidas; era uma mulher com um aspecto terrível, os seus olhos reviravam enquanto cerrava os dentes. Tinha o cabelo em pé, como chamas diabólicas ao redor da cabeça. Tratava-se realmente de uma visão temível, mas não foi nada comparado ao que vi no mundo invisível. Vi a alma da mulher bem fora do seu corpo, numa luta selvagem com uma sombra escura que procurava apoderar-se do corpo. Ao seu redor, tudo era redemoinhos, desarmonia. Depois, a mulher foi levada, e eu disse ao médico que ela não poderia ser curada, porque era realmente um vítima de possessão demoníaca!.”

Assim é que vamos encerrar esta Lição, com observações de que aquilo que foi visto por essa senhora muito talentosa da Jugoslávia e que também pode ser visto por você, com prática, perseverança e muita fé.

Lembre-se — Roma não foi construída em um só dia, e um médico ou advogado não se forma da noite para o dia; tem de estudar para consegui-lo, e o mesmo acontece com você. Não há soluções fáceis e sem dor!

 

De vez em quando, mencionamos o Registro Akáshico. Vamos, agora, examinar esse assunto que é dos mais fascinantes, pois o Registro Akáshico é algo que diz respeito a todas as pessoas e criaturas que já tenham vivido. Mediante o Registro Akáshico, podemos viajar de volta pela história, podemos ver tudo quanto já aconteceu, não apenas neste mundo, mas também em outros mundos, pois o cientista está a começar agora a compreender o que os ocultistas sempre souberam, que outros mundos são ocupados por outras pessoas, não obrigatoriamente humanas, mas ainda assim seres sencientes (conscientes e com sentimentos). Antes de podermos falar sobre o Registro Akáshico, temos de saber algo quanto à natureza da energia ou matéria. A matéria, ao que nos dizem, é indestrutível, existe para sempre. As ondas, ondas elétricas, são indestrutíveis. Recentemente os cientistas descobriram que se uma corrente for induzida numa bobina de fio de cobre cuja temperatura tenha sido reduzida tanto quanto possível para que se aproxime ao zero absoluto, essa corrente induzida prossegue sempre, e nunca diminui. Todos sabemos que em temperaturas normais, a corrente logo diminuiria e desapareceria, devido a diversas resistências. Assim é que a ciência descobriu um novo médium; a ciência descobriu que, se reduzir-se suficientemente a temperatura de um condutor de cobre, continua a fluir uma corrente, que permanece a mesma sem qualquer fonte externa de energia. Com o tempo, os cientistas descobrirão que o Homem tem outros sentidos, outras capacidades, mas isso não será descoberto ainda, pois o cientista anda devagar e nem sempre com certezas!

Dissemos que as ondas são indestrutíveis. Vamos examinar o comportamentos das ondas luminosas. A luz vem de planetas muitíssimo distantes, em universos distantes em relação ao nosso. Grandes telescópios, nesta Terra, estão sondando o espaço e, em outras palavras, estão recolhendo a luz vinda de lugares vastamente distantes. Alguns dos planetas dos quais recebemos luz, emitiram a mesma muito antes que este mundo, até mesmo este universo (não cosmos), começasse a existir. A luz é uma coisa muito rápida, não há dúvida; a sua velocidade é tremenda que mal o conseguimos imaginar, mas isso é porque estamos em corpos humanos, muitíssimo limitados por todos os tipos de limitações físicas. O que consideramos aqui “rápido”, tem um significado muito diferente num plano de existência diferente. Como exemplo, digamos que um ciclo de existência para o ser humano seja de setenta e dois mil anos. Durante esse ciclo, uma pessoa vem repetidamente a mundos diferentes, a diversos tipos de corpos. Os setenta e dois mil anos, portanto, são a duração de nosso “ano escolar”.

Quando nos referimos à “luz”, ao invés de ondas de rádio, ou eléctricas, ou outras ondas, fazemo-lo simplesmente porque a luz pode ser observada sem qualquer equipamento, enquanto o mesmo já não acontece com a onda de rádio. Podemos ver a luz do sol, da lua, e se possuímos um bom telescópio ou um excelente par de binóculos, conseguiríamos ver a luz das estrelas muito longínquas, que tiveram início antes que a Terra fosse uma nuvem de moléculas de hidrogênio flutuando no espaço.

A luz também é utilizada como medida de tempo ou de distância. Os astrônomos referem-se a “anos-luz”, e nós vamos voltar a dizer-lhe que a luz vinda de um mundo muito distante pode estar ainda a viajar, mesmo que esse mundo já tenha deixado de existir, o que quer dizer que podemos estar a receber a imagem de algo que já não exista, algo há muito tempo extinto. Se você achar o assunto de difícil de compreensão, encare-o da seguinte maneira: temos uma estrela nas distâncias remotas do espaço. Por muitos anos, por séculos seguidos, essa estrela tem emitido ondas luminosas para a Terra. As ondas de luz podem levar mil, dez mil ou um milhão de anos para chegar à Terra, porque a estrela, fonte da luz, encontra-se muito longe. Um dia, a estrela entra em colisão com outra, pode haver um grande clarão de luz, ou pode ocorrer a sua extinção. Para os objetivos que pretendemos demonstrar, digamos que houve uma extinção total. E com isso, a luz acabou, mas por mil, ou dez mil ou um milhão de anos após ter desaparecido, a luz continua a chegar-nos, porque ela precisa de todo esse tempo para cobrir a distância entre a fonte e nós. Assim sendo, estaríamos a ver a luz muito após sua origem ter deixado de existir.

Vamos supor algo inteiramente impossível enquanto estivermos no corpo físico, mas que é de todo fácil e comum, quando fora deste corpo. Suponhamos que possamos viajar mais depressa do que o pensamento. Precisamos viajar mais depressa do que o pensamento porque este tem uma velocidade muito definida, como qualquer médico poderá dizer. Já se sabe com que rapidez uma pessoa reage a uma qualquer situação, com que rapidez ou lentidão um condutor leva a travar um automóvel, ou faz o volante girar para se desviar. Já se sabe com que rapidez os impulsos do pensamento viajam da cabeça aos dedos do pé. Nós, para os fins a que visamos neste estudo, queremos viajar instantaneamente. Imaginemos que possamos ir instantaneamente a um planeta que está a receber luz emitida da Terra, digamos há três mil anos.

Assim é que, nesse distante planeta, estaremos a receber a luz enviada da Terra há três mil anos. Suponhamos que temos um telescópio de um tipo inteiramente inimaginável, com o qual poderíamos ver a superfície da Terra, ou interpretar os raios de luz que nos alcançam, e essa luz enviada à três mil anos atrás iria nos revelaria cenas do mundo, mostrando os acontecimentos daquele momento. Nós veríamos a vida como foi no Antigo Egito, veríamos o mundo ocidental habitado ainda pelos bárbaros que corriam de um lado para outro, coberto de folhas ou ainda menos, e na China encontraríamos uma civilização bastante adiantada — muitíssimo diferente do que ali existe na nossa época!

Se pudéssemos viajar instantaneamente para mais perto, tudo seria diferente. Passemos a um planeta tão distante da Terra que a luz leve mil anos a viajar entre ele e a Terra. Nesse caso, veríamos acontecimentos como os mesmas foram representadas há mil anos atrás, com alta civilização na Índia, e assistiríamos a disseminação da cristandade pelo mundo ocidental, e talvez algumas das invasões da América do Sul. O mundo também pareceria um pouco diferente do que tem atualmente.

A linha litoral estaria a modificar-se, a terra parecia estar a erguer-se do mar e as praias encontram-se constantemente a sofrer erosão. Durante o período de uma vida não se nota tanto a diferença, mas a paisagem em mil anos proporcionar-nos-ia a possibilidade de ver e calcular as diferenças.

Na atualidade, encontramo-nos num mundo que apresenta as limitações mais notáveis, conseguimos perceber e receber impressões apenas numa faixa muito limitada de frequências. Se pudéssemos ver algumas das nossas capacidades “fora do corpo”, em sua plena medida, como o podemos fazer no mundo astral, veríamos as coisas com uma luz muito diferente, e perceberíamos que toda a matéria é realmente indestrutível, tudo quanto já aconteceu no mundo ainda se está irradiar algures lá fora, sobre a forma de ondas. Com capacidades especiais, poderíamos interceptar essas ondas de uma maneira muito semelhante àquele como interceptamos as ondas luminosas. Por exemplo, um comum projetor de “slides”; ligamos o projetor em uma sala escurecida, e pomos um “slides” no lugar adequado.

Se usarmos uma tela — uma tela branca de preferência — diante da lente do projetor, a uma certa distância do mesmo, e se focalizarmos a luz sobre a tela, veremos um quadro. Mas se você fizer o projetor lançar o seu quadro através de uma janela aberta, indo ter à escuridão exterior, vê apenas um débil feixe de luz, sem imagem. Daí a necessidade que a luz deve ser interceptada, tem de refletir-se contra alguma coisa, antes que possa ser inteiramente percebida e apreciada. Outro exemplo, um holofote durante uma noite clara e sem nuvens; podemos ver um leve traço de luz, mas apenas quando o holofote atinge uma nuvem, ou algum avião, e só assim realmente o vemos como é.

Há muito que tem sido um sonho da Humanidade ter algo chamado “viagem no tempo”. Trata-se, obviamente, de um conceito fantástico para quem ainda estiver na carne e nesta Terra, porque aqui, na carne, somos tristemente limitados, os nossos corpos não passam dos mais imperfeitos instrumentos, e como estamos para aprender, temos implantada em nós muitas dúvidas, muitas indecisões.

E sempre antes de nos podermos convencer de algo, queremos “provas” — que é a capacidade de reduzir uma coisa a bocados, para ver como funciona, e asseguramo-nos de que ela não volte a funcionar. Quando chegamos além da Terra, ao astral, ou mesmo além do astral, a viagem no tempo é uma coisa tão simples quanto, na Terra, uma ida ao cinema ou ao teatro.

O Registro Akáshico, portanto, é uma forma de vibração, não necessariamente vibrações luminosas, porquanto também engloba o som. É uma forma de vibração que na Terra, não encontramos termo algum para descrever. O mais próximo a que podemos chegar é comparar a uma onda de rádio. E ao nosso redor temos constantemente, ondas de rádio que provêm de todas as partes do mundo; cada uma delas traz um programa diferente, línguas diferentes, música diferente, tempos diferentes. É possível que hajam ondas vindas de uma parte do mundo, contendo um programa que, para nós, será irradiado amanhã! Todas estas ondas vêm ter constantemente a nós, mas não as percebemos, e somente quando dispomos de algum dispositivo mecânico ao qual chamamos receptor de rádio, é que podemos recebê-las, desacelerando-as, de modo que se tornem audíveis e compreensíveis.

É através então de um dispositivo mecânico ou elétrico que desaceleramos a frequência das ondas de rádio e as convertemos em ondas de frequência audível. De um modo bastante parecido, se, na Terra, pudéssemos desacelerar as ondas do Registro Akáshico, conseguiríamos sem qualquer dúvida projetar autênticas cenas históricas na tela da televisão, e haveriam casos em que os historiadores ficariam chocados ao verem que a história impressa nos livros está completamente, inteiramente errada!

O Registro Akáshico compõe-se das vibrações indestrutíveis, formando a soma total do conhecimento humano que emana do mundo de um modo muito semelhante àquele pelo qual um programa radiofônico é irradiado, e prossegue em movimento sem parar. Tudo quanto aconteceu nesta Terra existe ainda, em forma de vibrações. Quando saímos do corpo não utilizamos um dispositivo especial para compreender essas ondas; não utilizamos nada para desacelerá-las; ao invés disso, ao sairmos do corpo, os nossos próprios “receptores de ondas” são acelerados, de modo que, com alguma prática, com algum treino, podemos receber aquilo a que chamamos o Registro Akáshico.

Vamos voltar ao problema de ultrapassar a velocidade da luz. Será mais fácil se esquecermos a luz por um momento, e ao invés disso exemplificarmos com o som, porque este é mais vagaroso, e não precisamos de distância tão vastas para obtermos resultados. Suponhamos que você está em pé, ao ar livre, e de repente ouve um avião a jato, muito rápido. Você ouve o som, mas de nada adianta olhar para cima, para aquele ponto do qual o som parece estar vindo, porque o jato viaja mais depressa do que o som, e estará à frente do mesmo. Na Segunda Guerra Mundial, grandes foguetes foram lançados da Europa escravizada para causarem destruição em Inglaterra. Os foguetes caíam sobre as casas, destroçando-as e matando pessoas. A primeira advertência que os londrinos recebiam de que tais foguetes se encontram muito perto era o ruído da explosão e a queda de pedras, e os gritos dos feridos. Mais tarde, quando a poeira já havia diminuído um pouco, é que chegava o som produzido pelo foguete!

Essa experiência inteiramente fantasmagórica era causada pelo facto de que o foguete viajava muito mais depressa do que o som por ele causado. Daí o fato de provocar toda essa destruição antes do seu som chegar!

Podemos colocar-nos no cume de um monte e olhar para um canhão, situado talvez sobre outro cume de outro monte. Não ouviremos o projétil disparado pelo canhão mesmo quando este já se encontra sobre nós, mas o som virá um pouco depois, quando esse projétil já se encontrará a uma boa distância. Ninguém jamais foi morto por um projétil que tivesse ouvido, pois este chega primeiro e o som depois. Por esse motivo é que era tão divertido, quando as pessoas nas guerras costumavam abaixar-se devido ao som de uma bala que havia passado por cima. Na verdade, se podiam ouvir o som, isso queria dizer que o obus já tinha passado. O som é lento, comparado à visão ou à luz. Mais uma vez nesse cume de um monte, podemos olhar para o canhão que é disparado, vemos o clarão sair do seu cano, e muito depois — o tempo depende da distância entre nós e o canhão — ouvimos então o som do obus passando por cima. Você talvez já tenha observado um homem derrubando uma árvore; ele estaria a alguma distância, e você veria o machado a bater no tronco, e pouco tempo depois ouviria as batidas. Trata-se de algo que a maioria das pessoas já assistiu.

O Registro Akáshico contém o conhecimento de tudo o que aconteceu neste mundo. Os outros mundos têm os seus próprios Registros Akáshicos, e de um modo bastante parecido com aquele pelo qual outros países, que não o nosso, têm seus próprios programas de rádio. Aqueles que sabem podem sintonizar o Registro Akáshico de qualquer mundo, não apenas o seu próprio, podem ver os acontecimentos da história, podem ver como os fatos narrados nos livros de história têm sido falseados. Mas existe mais no Registro Akáshico do que a simples satisfação de uma curiosidade ociosa — podemos examiná-lo e ver o que havia de errado nos nossos próprios planos. É assim quando morremos para a Terra, vamos a outro plano de existência, onde cada um de nós tem de prestar contas do que realizou, ou do que não fez; e vemos toda a nossa vida passada, com a velocidade do pensamento, vemo-la mediante o Registro Akáshico, não vemos apenas desde o momento em que nascemos, mas desde quando o planeamos como e onde nasceríamos. E então, dispondo desse conhecimento, tendo visto os nossos erros, planeamos outra vez e tentamos mais uma vez, exatamente como uma criança na escola descobre que estava errada nas respostas que escreveu nos papéis de exame, e então, tem de se submeter a novos exames outra vez.

É necessária uma longa, longa preparação, naturalmente, antes que possamos ver o Registro Akáshico, mas com treinamento, prática e fé, podemos consegui-lo e na verdade isso ocorre constantemente.

Talvez, você considere que devemos fazer uma pausa momentânea para examinar essa coisa chamada “Fé”? A fé é algo muito definido, que pode e deve ser cultivada de um modo muito semelhante àquele pelo qual um hábito ou uma planta de estufa devem ser cultivados. A fé não é tão resistente quanto uma erva daninha; na verdade, parece-se mais com uma planta de estufa. Precisa de ser cuidada, alimentada e protegida.

Para obter a fé, devemos repetir, e repetir, e repetir mais e mais as nossas afirmações de fé, para que o conhecimento da mesma seja levado ao nosso subconsciente. Esse subconsciente são nove décimos de nós, isto é, a parte majoritária de nós. Com frequência o comparamos a um velho preguiçoso, que não quer ser chateado. Este velho estará a ler os seus jornais, talvez com um cachimbo à boca, e tem uns chinelos confortáveis calçados. E está muito farto de toda a bagunça, ruído e distração que ocorrem constantemente ao seu redor. Através dos anos de experiência, aprendeu a esquivar-se de todos, a não ser das interrupções e distrações mais insistentes. Sendo um velho parcialmente surdo, não escuta quando é chamado pela primeira vez. Na segunda vez em que o chamam, não escuta porque não quer escutar, ou porque acha que pode ser mais trabalho para ele, ou uma desagradável interrupção do seu lazer preguiçoso.

À terceira vez, começa a ficar irritado, porque quem o chama está a perturbar o seu fio de pensamentos, enquanto talvez ele esteja mais interessado em ler os resultados das corridas do que fazer qualquer outra coisa que requeira esforço. Prossigamos, repetindo a nossa fé, e então, o “velho” virá à vida com um solavanco, e quando o conhecimento estiver implantado no seu “Velho” subconsciente, você terá uma fé automática.

Devemos aqui tornar bem claro, que a fé não é crença; você pode dizer: “Acredito que amanhã seja segunda-feira”, e isso significa uma coisa certa. Você não diz: “Tenho fé em que amanhã seja segunda-feira”, porque significaria algo inteiramente diferente. A fé é algo que, em geral, cresce connosco.

Nós nos tornamos cristãos, ou budistas, ou judeus, porque por regra, os nossos pais foram cristãos, budistas ou judeus. Temos fé em nos nossos pais — acreditamos ser um legado aquilo em que eles acreditavam — e assim é que nossa “fé” se torna a mesma dos nossos pais.

Certas coisas que não podem ser provadas, enquanto estamos na Terra, requerem fé, outras coisas que podem ser provadas podem também ser acreditadas, ou desacreditadas. Existe uma distinção e você deve compreendê-la.

Mas, antes demais, o que você quer acreditar, o que é que requer a sua fé? Resolva o que necessita de fé, pense nisso por todos os lados. É a fé numa religião, fé numa capacidade? Examine o assunto por tantas perspectivas, quanto puder, e então, tendo a certeza de que pensa nisso de uma forma positiva, afirme — enuncie — a si próprio que você pode fazer isso ou aquilo, ou que fará isto ou aquilo, ou que acredita firmemente nisto ou naquilo. Você deve continuar a afirmá-lo. A menos que o afirme assim, jamais terá “fé”. As grandes religiões possuem fiéis seguidores. Esses fiéis seguidores são aqueles que estiveram na igreja, capela, sinagoga ou templo, e mediante orações repetidas, não apenas em seu próprio favor, mas também pelos outros, fizeram com que o seu subconsciente tomasse conhecimento de que existem algumas coisas que devem ser “uma fé”. No Extremo Oriente existe algo como os mantras. Uma pessoa afirma uma certa coisa — um mantra — e a repete muitas vezes, insistindo nela constantemente. Possivelmente a pessoa nem sequer sabe do que trata o mantra! Mas isso não importa, porque os fundadores da religião que compuseram o mantra asseguraram-se de que o prepararam de tal modo que as vibrações engendradas ao repetir o mantra gravam no subconsciente o que é desejado. E logo, mesmo que a pessoa não compreenda inteiramente o mantra, ele ir-se-á tornar parte do seu subconsciente, e a fé neste caso manifesta-se puramente de uma forma automática. De uma maneira muito parecido, se você repetir as orações muitas vezes, começará a acreditar nelas. É tudo uma questão de fazer com que seu subconsciente compreenda e colabore, e uma vez que você tenha a fé, não precisa mais de se importar, porque o seu subconsciente o fará recordar de que tem essa fé, e que pode fazer essas certas coisas.

Repita para si próprio, muitas vezes, que vai ver uma aura, que vai ser telepata, que vai fazer isto ou aquilo, seja lá o que for que deseje de um modo especial. E então, com o tempo, você o fará. Todos os homens bem sucedidos e vitoriosos, todos aqueles que se tornam milionários ou inventores são pessoas que tem fé em si próprias, tem fé em que possam fazer o que empreendam, porque acreditando primeiramente em si próprios, acreditando nos seus próprios poderes e capacidades, eles geram então a fé que faz essa crença realizar-se. Se você continuar a dizer a si próprio que vai vencer, vencerá, mas vencerá apenas se continuar com a sua afirmação de êxito, e a não permitir que a dúvida (negadora da fé) se intrometa. Experimente essa e outras afirmações de êxito, e os resultados irão deixá-lo atônito.

Você pode ter ouvido coisas sobre pessoas que podem dizer a outras o que as mesmas foram numa vida passada, ou o que andaram por aí a fazer. Isso provém do Registro Akáshico, pois muita gente, durante o seu “sono”, viaja para o astral e vê o Registro Akáshico. E quando regressa de manhã, como já descrevemos, pode trazer consigo uma recordação distorcida, de modo que, embora algumas coisas que diga sejam verdadeiras, outras são distorções. Você verificará que a maioria das coisas que lhe contam relacionam-se com o sofrimento. As pessoas parecem ter sido torturadores, parecem ter sido todos os tipos de coisas, na sua maioria más. E é por isso que vimos a esta Terra como se vai a uma escola, temos de nos lembrar por todo o tempo de que as pessoas necessitam da vicissitude para se purgarem das suas faltas, de uma maneira muito semelhantes àquela pelo qual o minério é colocado numa fornalha e submetido ao calor intenso para que a escória ou ganga suba à superfície onde possa ser recolhida e retirada. Os seres humanos têm de atravessar momentos difíceis que os levam quase, porém, não de todo, a um ponto de rompimento, de modo a que a sua espiritualidade possa ser posta à prova, e as suas faltas assim possam ser erradicadas. As pessoas vêm a esta Terra para aprenderem coisas, e aprendem muito mais depressa, de uma forma mais permanente, pela vicissitude — dificuldades — do que mediante a bondade.

Este é um mundo de vicissitudes, de sofrimentos, uma escola de preparação que é quase um reformatório, e embora hajam raras benignidades, que rebrilham como o feixe de uma luz de um farol numa noite escura, grande parte do mundo é luta e esforço. Olhe para a história das nações; se não concordar com isto, olhe para todas as incipientes guerras. Trata-se, realmente, de um mundo de impureza, e isso dificulta às Entidades Maiores virem até aqui, mesmo que o tenham de o fazer, para vir supervisionar o que se passa. E um fato que uma Entidade Maior, vindo a esta Terra, tem de receber alguma impureza, que servirá quase como uma âncora, para a manter em contato com a Terra. A Entidade Maior que vem aqui, não pode fazê-lo na sua própria forma pura e imaculada, porque não suportaria as tristezas e as provocações da Terra.

Assim sendo — tenha cuidado, quando pensar que tal pessoa possa não ser tão elevada quanto dizem de outras, porque gosta demasiado disto, ou demasiado daquilo. Desde que ela não beba, poderá na realidade ser muito elevada. A bebida, no entanto, cancela todas as capacidades elevadas.

Muitos dos maiores clarividentes e telepatas apresentam alguma deficiência física, porquanto o sofrimento pode muitas vezes aumentar a cadência de vibrações e conferir o poder de telepatia ou clarividência ao sofredor. Você não pode conhecer a espiritualidade de alguém simplesmente ao olhar para ele. Não julgue uma pessoa como má, por ser doente; a doença pode ter sido adotada deliberadamente, para que a pessoa aumente a sua cadência de vibrações, para uma tarefa especial. Não julgue ninguém com dureza, porque ele pragueja, ou não atue, em absoluto, como você supõe que uma Grande Pessoa deva proceder.

Pode realmente tratar-se de uma Grande Pessoa, que está a proferir palavrões ou algum outro “vício”, a fim de dispor de uma âncora que lhe permita continuar sobre a Terra. Desde que essa pessoa não se entregue à bebida, poderá muitíssimo bem ser a Entidade Maior que você julgou que ela fosse. Existe muita impureza na Terra, e tudo quanto é impuro degenera, apenas o puro e o incorruptível continuam a viver. É esse um dos motivos pelos quais vimos à Terra; num mundo espiritual, para além do astral, não pode existir corrupção, não pode existir o mal nos Planos Maiores. E deste modo as pessoas vêm à Terra para aprender pelo processo mais difícil. E, repetidas vezes, uma Grande Entidade tem vindo à Terra e adotará um vício ou deficiência, sabendo que veio para uma tarefa especial, embora neste caso tal deficiência não será mantida como carma (que examinaremos mais adiante) mas, ao invés disso, será encarado como um instrumento, uma âncora, que não será algo como a corrupção ou outro aspecto maligno.

Existe mais um ponto a ser esclarecido, que é o seguinte: grandes reformadores, nesta vida, são às vezes aqueles que numa vida anterior, foram grandes transgressores no sentido em que ele hoje se propõe “reformar”. Hitler, sem a menor dúvida, voltará como um grande reformador. Muitas das pessoas pertencentes à Inquisição Espanhola já voltaram como grandes reformadores. Aí temos um pensamento digno de exame. Lembre-se — o caminho do meio é o melhor. Não seja tão mau que tenha de sofrer por isso mais tarde, e se você for tão puro e santo que todos estiverem por baixo, nesse caso não poderá ficar nesta Terra.

Felizmente, porém, ninguém é TÃO puro.

 

Esperamos poder abordar, sem mais delongas, a telepatia, a clarividência e a psicometria, mas antes disso o leitor terá de permitir-nos uma digressão — permitir-nos que examinemos outro assunto. Temos plena consciência de que você está a pensar, a esta altura, que nos desviamos do assunto, mas isso é deliberado; sabemos o que pretendemos, e muitas vezes serve para VOCÊ que chamemos a sua atenção para um tema e depois prossigamos para outra coisa, que seja muitíssimo necessária como alicerce.

Vamos tornar claro, agora, que as pessoas desejosas de se tornarem clarividentes, que querem ser telepatas e possuir capacidade psicométricas terão de caminhar devagar. Você não pode forçar o desenvolvimento além de um certo limite. Se levar em conta o mundo da natureza, descobrirá que as orquídeas exóticas são realmente plantas de estufa, e se o seu desenvolvimento for forçado, nesse caso, apresentarão flores fragilíssimas. O mesmo se aplica a todas as coisas cujo crescimento tenha de ser estimulado artificialmente, ou que tenham o seu crescimento forçado. As “plantas de estufa” não são resistentes, e caem vítimas de todas as espécies de enfermidades mais fortes.

Queremos que você tenha uma dose muito sadia de telepatia, queremos que consiga ver no passado pela clarividência e queremos que esteja em tal posição que possa apanhar uma pedra, por exemplo, na praia, e dizer o que aconteceu à mesma no decorrer dos anos. É possível a um psicometrista ser realmente bom, e como sabe, apanhar um artigo ou objecto na praia, que não tenha sido tocado pelo homem e ver mentalmente com completa clareza o momento em que aquele fragmento de pedra talvez se encontrasse sendo parte de uma montanha. Isto não é um exagero, mas um coisa comum e muito fácil — quando se sabe como!

Vamos, então, lançar um bom alicerce, porque não se pode construir uma casa sobre as areias movediças e contar que ela dure muito tempo. Ao falar dos nossos “alicerces”, digamos de início que a serenidade e a tranquilidade internas são duas das pedras fundamentais do nosso alicerce, pois quem não tiver tranquilidade interna não poderá obter grande êxito na telepatia ou na clarividência. A tranquilidade interior é uma necessidade das mais definidas para quem vai progredir para além das etapas primárias mais elementares.

Os seres humanos são, sem dúvida, uma massa de emoções em conflito. Olhamos ao redor e vemos gente apressada na rua, seguindo aceleradamente nos seus automóveis, ou em fila para apanharem algum transporte. E vem, então, a corrida de último instante às lojas, para obter artigos antes que as mesmas se fechem para o fim-de-semana. Estamos sempre destemperados; fervemos e fervilhamos, e os nossos cérebros emitem fagulhas de raiva e frustração. Com frequência encontramo-nos irritados, e podemos verificar que nos encontramos sobre tensão, e surgiram singulares pressões dentro de nós. Nessas ocasiões, achamo-nos capazes de explodir. Sim, isso seria quase possível! Mas de nada ajudará, no terreno da pesquisa esotérica, se alguém tiver ondas cerebrais tão descontroladas que impeçam a recepção dos sinais que chegam — e os sinais chegam o tempo todo, vindos de toda a parte e de todas as pessoas, e se abrirmos as nossas mentes, recolheremos e compreenderemos tais sinais.

Você já procurou ouvir o rádio, durante uma tempestade de relâmpagos? Já tentou observar algum programa de televisão, enquanto algum idiota estacionava logo à frente da sua janela, e você recebia a ignição daquele automóvel como clarões em ziguezague, na tela do televisor? Talvez já tenha tentado ouvir uma estação distante, sobre o grasnido e estalido da estática gerada por uma tempestade elétrica. Não é fácil! Alguns de nós achamo-nos interessados na recepção de ondas curtas, e ouvimos todo o mundo, recebemos as notícias de países diferentes, escutamos música de diversos continentes.

Se você já tem experiências no trabalho de ondas curtas, e ouviu lugares distantes, saberá como é difícil, às vezes, entender a conversa, devido a todas as interferências causada pela estática, tanto a feita pelo homem quanto a natural. Os ruídos de ignição dos automóveis (ou motas), os estalidos do termostato no frigorifico, ou talvez alguém brincando com a campainha da porta, exatamente quando queremos ouvir. Ficamos cada vez mais “irritados”, quando procuramos nos concentrar e receber a mensagem do rádio. A menos que consigamos nos livrar dessa “estática” na nossa própria mente, vamos ter dificuldades com a telepatia, pois o ruído que um cérebro humano emite é muito pior do que o produzido até mesmo pelo automóvel mais enguiçado. Você pode achar que isto é um exagero, mas à medida que os seus poderes aumentem nessa direção, perceberá que até fomos moderados nesta afirmação.

Vamos desenvolver este tema um pouco mais porque queremos ter a completa certeza do que estamos a fazer antes de o fazermos; precisamos de ter a completa certeza dos obstáculos à nossa frente, porque enquanto não os conhecermos não os conseguiremos ultrapassar.

Examinemos a questão por um ângulo diferente: é bastante fácil telefonar de um continente para outro, desde que haja um cabo submarino adequado, estendido por baixo do oceano. A linha telefônica transatlântica que vai, digamos, da Inglaterra a Nova York, ou de Adelaide à Inglaterra, serve para exemplificar. Utilizando essas linhas telefônicas que passam sobre a água, ainda assim recebemos interferências de linhas. Às vezes haverá também um enfraquecimento, mas de um modo geral dá para percebermos muito bem o que esteja a ser dito. Infelizmente, grande parte do mundo não se encontra ligado por cabos telefônicos! Em certas regiões, como entre Montreal e Buenos Aires, não existem cabos telefônicos, mas há umas coisas abomináveis, chamadas “elos de rádio”. Essas engenhocas, horríveis jamais deveriam ser distinguidas pelo nome de “telefones”, porque utilizá-las parece constituir uma façanha, um autêntico feito de resistência. A fala é frequentemente baralhada, tornando-se irreconhecível, cortada, as altas frequências são cortadas e as baixas frequências cortadas também, e assim é que, ao invés de se obter um tom de voz humano, que possamos compreender, recebemos é um som monótono que dá a impressão de ter sido vomitado, sem qualquer inflexão, por algum robô. Esforçamo-nos o mais o que podemos para compreender o que é dito, mas durante todo o tempo se apresenta uma desvantagem ainda mais séria: é preciso continuar a falar sem parar (ainda que não tenha mais anda a dizer!) para “manter aberto o circuito”. A isso, adiciona-se o fato de que há a estática, já mencionada por nós, bem como diversas refracções e reflexos, vindos das diversas camadas ionizadas em volta da Terra. Mencionamos tudo isto para mostrar que mesmo com o melhor equipamento da Terra, a fala pelo radiotelefone é uma questão de sorte (escrito em 1965), e na experiência do autor tem sido mais de falta de sorte. Pessoalmente, achamos que a telepatia é muito mais fácil do que um radiotelefone!

Você pode imaginar o motivo pelo qual continuamos a escrever sobre rádio, eletrônica e eletricidade. A resposta está em que o cérebro e o corpo geram eletricidade. O cérebro e todos os músculos emitem elétrons pulsantes que são, na verdade, o programa de rádio do corpo humano. Grande parte do comportamento do corpo humano, e grande parte dos fenômenos da clarividência, telepatia, psicometria e tudo o mais, pode ser muito facilmente compreendida, usando-se referências à ciência do rádio e eletrônica. Estamos tentando facilitar desta forma para você, e vamos pedir-lhe que leve em conta, com muito cuidado, toda esta questão a respeito da eletrônica e rádio; porque ela significa muito para você, principalmente se estudar eletrônica.

Quanto mais estudar rádio e eletrônica, tanto mais facilmente progredirá no seu desenvolvimento. Os instrumentos delicados precisam ser protegidos contra choques. Você não poderia compreender que um receptor de televisão, de elevado preço, fosse atirado de um lado para outro, nem compreenderia que um relógio caro fosse atirado contra a parede. Nós temos os receptores mais caros de todos — os nossos cérebros — e se vamos utilizar o “receptor” com o melhor efeito, temos de protegê-lo contra o choque. Se vamos deixar ficarmos agitados ou frustrados, nesse caso vamos criar um tipo de onda, dentro de nós, que inibirá a recepção de ondas externas. Na telepatia, temos de nos manter tão calmos o quanto possível, pois de outra forma estaremos a perder o nosso tempo ao tentar fazer qualquer tentativa de receber os pensamentos de outros. Nas primeiras vezes, não obteremos grandes resultados na telepatia. Assim sendo, vamos nos concentrar na tranquilidade.

Sempre que pensamos, geramos eletricidade. Se pensarmos com calma e sem qualquer emoção forte, a nossa eletricidade cerebral seguirá uma frequência bastante suave, sem picos altos, e sem vales profundos. Se tivermos um pico alto, isto quererá dizer que algo está a interromper o suave teor dos nossos pensamentos. Precisamos estar certos de que não sejam geradas voltagens excessivas, e nada que possa causar “alarme ou desânimo” deve ser permitido nos nossos processos de pensamento.

A todos os momentos, devemos cultivar a tranquilidade interior, cultivar formas de estar tranquilas. Não há dúvida de que seja irritante, se alguém está a pendurar a roupa para secar e o telefone toca, quando se tem as mãos cheias de roupas úmidas. Não há dúvida de que a irritação é terrível, quando se perde a compra especial da semana, na loja local, mas todas essas coisas são muito terrenas, elas não nos ajudam, em absoluto, quando deixamos este mundo.

Quando terminarmos a nossa estadia na Terra, não terão grande importância, e mesmo se alguma tiver, de que servirá saber se comprávamos nos grandes supermercados ou no homem pequenino da loja da esquina. Vamos repetir mais uma vez (caso você não tenha lido antes!) que não podemos levar um só vintém connosco, para a vida futura, mas podemos levar e levamos todo o conhecimento que tenhamos adquirido, pois a essência deste lado e de tudo quanto aprendemos na Terra é o que faz de nós aquilo que vamos ser na vida seguinte. Assim sendo, concentremo-nos no conhecimento, nas coisas que poderemos levar.

Atualmente, o mundo está tomado pela loucura do dinheiro, pelo desejo de posse. Países tais como o Canadá e os Estados Unidos da América estão vivendo sobre um falso padrão de prosperidade, todos parecem endividados, todos apanham dinheiro emprestado às companhias de financiamento (outro nome para o antigo emprestador de dinheiro, agora cheio de cromados). As pessoas querem automóveis novos, cada qual mais vistoso do que o do ano anterior. Elas correm de um lado para o outro, e não têm tempo para as coisas sérias da vida, estão a afugentar todas as coisas que não lhes interessam.

As únicas coisas que interessam são as que aprendemos; levamos connosco todo o conhecimento adquirido durante nossa estadia aqui na Terra, e deixamos para trás — se tivermos algum — o dinheiro e as posses, para que outros os esbanjem. Assim sendo, temos que nos concentrar nas coisas que serão realmente nossas — no conhecimento.

Uma das maneiras mais fáceis de adquirir tranquilidade é o de respirar de acordo com um padrão regular. A maioria das pessoas, infelizmente, respira de um modo que pode ser chamado “suga-sopra, suga-sopra”, e sempre por aí anda cansado, praticamente matando o cérebro mediante a fome de oxigênio. Parecem pensar que o ar foi racionado, e que precisam engoli-lo e expulsá-lo à força. Parecem julgar que o ar inalado está quente ou qualquer coisa parecida, pois mal acabou de entrar e já se mostram aflitas por livrar-se dele; e receber a dose seguinte.

Devemos aprender a respirar devagar e profundamente. Devemos assegurar-nos de que todo o ar estagnado seja retirado dos nossos pulmões. Se respirarmos apenas com a parte superior dos pulmões, o ar que se acha no fundo torna-se cada vez mais estagnado.

Quanto melhor for nosso suprimento de ar, tanto melhor será a nossa força cerebral, pois não podemos viver sem oxigênio, e o cérebro é a primeira coisa a sentir falta do oxigênio. Se o nosso cérebro for privado da quantidade mínima de oxigênio, sentimo-nos cansados — sonolentos — tornamo-nos lentos nos movimentos e achamos ser difícil raciocinar. Às vezes, também, descobrimos que estamos com fortes dores de cabeça, mas se formos para o ar puro, este cura a dor de cabeça o que também prova que necessitamos de muito oxigênio.

Um padrão de respiração regular abranda as emoções perturbadas. Se você estiver a se sentir com um mau gênio — “fora de esquadria” — e realmente sente o desejo de cometer uma violência contra alguém, ao invés disso inale fundo, tão fundo quanto puder, e prenda essa inalação por alguns segundos. Depois, deixe-a sair calmamente e pare alguns segundos antes de voltar a inspirar. Faça isso algumas vezes, e descobrirá que pode se acalmar mais depressa do que alguma vez julgou ser possível.

Não sugue o ar, tão depressa quanto puder, e depois o expulse com idêntica rapidez. Aspire lentamente, com firmeza e pense — como realmente acontece — que está inalando vida e a própria vitalidade. Vamos dar-lhe um exemplo: comprima o peito e procure expelir tanto ar quanto for possível, forçando os pulmões de um modo a que — se o desejar — a sua língua fique para fora, de tanta falta de ar.

E então, por uns dez segundos, encha inteiramente os pulmões, expanda o peito, dê entrada a tanto ar quanto puder, e depois mais um pouquinho. Quando tiver dado entrada a tanto ar quanto lhe for possível, segure-o por cinco segundos, e após esses cinco segundos deixe-o sair devagar, tão devagar que leve pelo menos sete segundos para livrar-se de todo o ar que tem no peito. Expire completamente, force os músculos para dentro para expulsar tanto ar quanto puder. Depois, recomece o processo. Será uma boa ideia se o fizer meia dúzia de vezes, e depois você descobrirá que as suas frustrações e mau gênio terão desaparecido, e ir-se-á sentir muito melhor por dentro, além disso, você descobrirá que está a começar a obter tranquilidade interior.

Se você vai a uma entrevista ou a um encontro com uma verdadeira importância, antes de chegar ao local onde ela se efetuará respire fundo algumas vezes. Descobrirá que a sua pulsação que está disparada diminuirá, e descobrirá que estará com mais confiança, tem menos com que se preocupar, e com isso a pessoa que o vai entrevistar, ficará com uma boa impressão da sua aparência e a sua óbvia autoconfiança. Experimente!

Há um chocante número de frustrações e irritações na vida quotidiana, e essas coisas revelam-se realmente muito daninhas. A “civilização” é o oposto a isso. Quanto mais a pessoa se envolve com os entraves da civilização, tanto mais dificuldade encontra em obter a paz.

O homem ou mulher que viva no centro de uma grande cidade está muitas mais vezes mais irritado do que o homem ou mulher que viva no interior. Por isso, cada vez mais é mais importante algum controle sobre as emoções. As pessoas que se encontram frustradas e irritadas descobrem que os seus sucos gástricos tornam-se cada vez mais concentrados. Esses sucos, naturalmente, são ácidos, e à medida que se tornam mais concentrados, eles “fervem” dentro de nós, chegando mais tarde a um tal grau de concentração que o revestimento interno do nosso estômago, ou de outros órgãos, não conseguirá mais resistir aos ataques do ácido forte. Pode acontecer que algum sector do nosso revestimento interno seja mais fino do que o resto. Talvez tenhamos alguma falha interna, ou algum bocado mais duro de um alimento que engolimos, poderá ter causado uma leve irritação no estômago. É quando o ácido encontra lugar para trabalhar. Trabalha sem cessar nesse lugar mais fino, ou ponto irritado, e com o tempo penetra na camada protetora e dentro de nós. O resultado é uma úlcera gástrica que nos leva a um considerável desalento e dor.

Como você provavelmente já ouviu dizer, as úlceras gástricas são conhecidas como o padecimento das pessoas irritáveis e nervosas! Vamos meditar sobre todas essas irritações; você pode estar a imaginar aonde poderá conseguir o dinheiro para pagar a conta do gás, ou o motivo pelo qual o funcionário que faz a medição da luz vem à sua porta, quando você está ocupado com outra coisa. Poderá imaginar o motivo pelo qual tantas pessoas tolas lhe enviam circulares idiotas pelo correio. Por que lançá-las fora? Por que não deixar que o remetente as destrua, poupando-lhe esse trabalho? Bem — calma — pense para si mesmo, faça a si próprio uma pergunta:

“Isto terá importância, dentro de cinquenta ou cem anos?” Sempre que ficar frustrado, sempre que se achar quase subjugado pela pressão da vida comum e quotidiana, quando julgar que vai submergir nos seus próprios problemas e dificuldades, pense nisso outra vez, pense: “Será que alguma destas coisas, qualquer uma destas preocupações, será importante daqui a cinquenta ou cem anos?” Esta era de civilização, como a chamam, é realmente muito penosa. Tudo conspira para nos levar a formar ondas cerebrais inaturais, tudo conspira para fazer com que estranhas voltagens sejam geradas dentro das nossas células cerebrais. Normalmente, quando alguém pensa, há um padrão bastante rítmico de ondas cerebrais, que os médicos podem gravar com instrumentos especiais. Se as ondas cerebrais seguirem um determinado padrão, afirmam que estamos com alguma doença mental, de modo que quando uma pessoa apresenta uma doença mental, provavelmente a primeira coisa a ser feita é registrar as ondas cerebrais, para ver quanto divergem do normal. É um facto conhecido dos orientais, que, se uma pessoa conseguir subjugar as ondas cerebrais, anormais, a lucidez regressa. No Extremo Oriente existem diversos métodos que são utilizados pelos sacerdotes médicos, pelos quais as pessoas atingidas — as pessoas que tenham alguma doença mental — podem ser ajudadas a restaurar as suas ondas cerebrais, levando-as de volta à normalidade.

As mulheres, particularmente durante a menopausa, encontram-se sujeitas à geração de uma forma ondular diferente dentro do cérebro. Isso, naturalmente, é devido ao fato de que, durante a menopausa, diversas secreções são eliminadas ou desviadas para outros canais e, em geral, a mulher deu ouvidos a um bom número de histórias, “coisas de velhas esposas”, de modo que a leva realmente a chegar a maus momentos e, por crer com firmeza que irá encontrar dificuldades, encontra-as. Não há necessidade de transtorno algum durante a menopausa, se a mulher estiver devidamente preparada. Os casos mais infelizes são os de mulheres que efetuaram uma operação chamada histerectomia. A histerectomia é uma operação pela qual a menopausa é trazida à força, por meios cirúrgicos. Reconhece-se que este é o motivo secundário, pois a operação efetua-se geralmente com algum propósito específico, como a doença, mas o resultado final vai dar ao mesmo: a mulher faz a operação — a histerectomia — e é o término repentino do modo de vida anterior, bem como o desvio repentino de hormônios essenciais, etc. causa uma tempestade elétrica muito forte no cérebro, o qual, por algum tempo, pode torná-la mentalmente instável. Um tratamento adequado e compreensão solidária, podem realmente ajudar a curar a pobre sofredora. Mencionamos este fato apenas para indicar que o corpo é um gerador eléctrico, e é muitíssimo especial manter este gerador em constante produção, porque se conservarmos constante esta produção pode-se dizer que dispomos de tranquilidade, mas se a produção for perturbada e variar, por causa de preocupações ou certas operações, nesse caso a tranquilidade é temporariamente perdida. É certíssimo, porém, também seja recuperável!

Voltemos, entretanto, ao nosso “período de cinquenta ou cem anos”. Se fizermos o bem a alguém, isso será algo que terá importância dentro de cinquenta ou cem anos, porque se fizermos o bem, melhoramos a visão de alguém, exatamente como, se fizermos o mal a alguém, reduziremos a visão. Quanto mais bem fizermos aos outros, tanto mais ganharemos para nós próprios. Aí temos uma lei oculta, a de que não se pode receber, a menos que esteja pronto a dar antes. Se você, der, quer em serviço prestado, dinheiro ou amor, receberá em retorno o serviço prestado, seja dinheiro ou amor, e não importa o que se dê, não importa o que se receba, tudo tem de ser pago com o tempo. Se você receber um ato de bondade, tem de praticar uma ação de bondade, mas isso não será examinado nesta Lição, pois voltaremos a tratar deste assunto com mais pormenores, ao examinarmos o Carma.

Assegure-se de que se mantém calmo, tome o cuidado de DEIXAR-SE ficar tranquilo, compreenda que todas essas pequenas restrições, todas essas interrupções chatas quando estiver a tenta raciocinar ou a tentar fazer algo não terá nenhuma importância, dentro de alguns anos; são alfinetadas, irritações minúsculas, e devem ser relegadas à sua correta posição, como sendo meros incômodos e nada mais. A tranquilidade interior, a paz e a serenidade, estão à sua espera, se você as aceitar. Tudo o que tem a fazer é respirar, de modo a que o cérebro receba a quantidade máxima de oxigênio, e pensar que todas essas pequenas e tolas irritações não terão nenhuma importância dentro de meio século.

Você verá, então, qual é a ausência de importância que elas realmente tem. Compreendeu a qual é o ponto que pretendemos chegar? Estamos a procurar mostrar-lhe que a maior parte das grandes preocupações simplesmente não tem sentido. Se temos algo a ameaçar-nos, iremos recear que alguma coisa desagradável possa vir a ocorrer, entramos num frenesi, de medo, e andamos por aí em tal estado que mal sabemos se estamos de cabeça para baixo, ou andando sobre os pés. Mas logo descobrimos que os nossos medos eram injustificados, que nada aconteceu! Todo o medo foi por nada. Ficamos com uma mistura de adrenalina dentro de nós, toda pronta a nos galvanizar para a ação, e então, quando o medo passa, a adrenalina tem de ser dissipada, o que nos faz sentir muito enfraquecidos, podemos até tremer com a reação!

Muitos dos homens mais famosos do mundo já disseram que as suas principais preocupações jamais se materializaram, mas que continuaram escravizados por elas, para descobrirem depois que haviam perdido o seu preciso tempo com isso. Se você estiver preocupado, não estará tranquilo. Se estiver agitado, não poderá ter a serenidade interior e, ao invés de se encontrar capacitado a receber uma mensagem telepática, estará irradiando — transmitindo — uma mensagem inteiramente caótica de frustração, que não apenas impede a sua própria recepção de mensagens telepáticas, mas também impede as recepções a uma boa distância ao seu redor.

Assim sendo, para o seu próprio bem, e para o bem dos outros, pratique o comedimento, mantenha-se calmo, lembre-se outra vez de que todas essas irritações de menor importância são realmente irritações de menor importância, somente isso. Elas são enviadas para experimentá-lo, e certamente conseguem!

Pratique a serenidade, pratique a visão das suas dificuldades pela perspectiva correta. Pode ser irritante descobrir que você não conseguirá ir ao cinema esta noite, principalmente porque é esta última vez que determinado filme estará a ser exibido, mas afinal de contas isso não tem assim tanta importância. É importante, isso sim, que você aprenda, que você progrida, porque quanto mais aprender agora, tanto mais levará consigo, para a vida seguinte, e quanto mais conhecimento levar para a vida seguinte, tanto menor o número de vezes que terá de voltar a este velho e melancólico mundo, que é este.

Sugerimos que você se deite, e coloque-se à vontade. Deite-se e remexa-se um pouco, de modo a que nenhum músculo ou parte do corpo fiquem em tensão. Entrelace ao de leve as mãos, respire fundo e de uma maneira regular.

Enquanto respirar, pense em ritmo coordenado com a respiração: “Paz... paz... paz”. Se praticar isto, descobrirá que uma sensação realmente divina de paz e tranquilidade apoderar-se-á de você. Mais uma vez, expulse todos e quaisquer pensamentos que se intrometam a criar discórdia, concentrando-se sim somente na paz, na tranquilidade e em calma.

Se você pensar na paz, terá a paz. Se pensar em calma, terá a calma. Vamos dizer-lhe, para concluir esta Lição, que se as pessoas dedicassem dez minutos em cada vinte e quatro horas a isto, os médicos não teriam tantas doenças para tratar!

 

Chegamos agora a esta Lição, a assuntos que nos interessam a todos: a telepatia. Você talvez tenha ficado a imaginar por que motivo temos frisado tanto a semelhança entre as ondas cerebrais humanas e as ondas de rádio. Nesta Lição você poderá obter mais esclarecimentos sobre esse tema! Eis a Figura Nove. Como verá, nós a chamamos “Cabeça Tranquila”.

Chama-se “tranquila” porque devemos nos encontrar neste estado, antes de podermos empreender a telepatia, a clarividência ou a psicometria, sendo essa a explicação para o facto de que na Lição anterior abordamos todas estas questões. Temos de estar tranquilos interiormente, se quisermos progredir. Vejamos a coisa da seguinte maneira: você esperaria para assistir a um bom concerto sinfônico, se estivesse nas proximidades a laborar uma fábrica de caldeiras? Você conseguirá apreciar a música clássica ou qualquer forma de música da sua predilecção, se houver gente aos pulos à sua volta, gritando com toda a força dos pulmões? Não, você ou desligaria o rádio e sairia a correr, dando também gritos, ou ordenaria a todos que se calassem! Na Figura da “Cabeça Tranquila”, você verá que existem diferentes áreas receptoras no cérebro A área correspondente a grosso modo ao halo, recolhe as ondas telepáticas. Examinaremos as outras ondas mais tarde, pois antes vamos tratar da telepatia. Quando estamos tranquilos, podemos recolher todas as espécies de impressões. Elas são apenas as ondas de rádios de outras pessoas, que vêm e são absorvidas pelo nosso próprio cérebro receptor. Você concordará que a maioria das pessoas tem “palpites”. A maioria das pessoas, numa ocasião ou outra, já sentiu estranhas impressões, de que algo iria acontecer, ou que devia adotar determinada ação. Quem não sabe o que é isso, chama-lhe “um palpite”. Na verdade, é apenas telepatia inconsciente, ou subconsciente, isto é, a pessoa com o “palpite” estava a recolher uma mensagem telepática enviada do consciente ou inconscientemente por outra pessoa. A intuição é a mesma coisa; afirma-se — correntemente — que as mulheres possuem mais intuição do que os homens. As mulheres poderiam ser telepatas maiores do que o homem médio, se não falassem tanto! O cérebro feminino, ao que se afirma, é menor do que o masculino, mas é claro que isso não faz a menor diferença.

Muita asneira já foi escrita acerca da dimensão dos cérebros, como se isso afetasse a medida de inteligência. Na mesma base, é o que devemos supor, um elefante devia ser genial comparado aos padrões humanos! O cérebro feminino pode “ressoar” em harmonia com as mensagens que chegam e, para falar mais uma vez em termos de rádio, ele é um receptor que pode ser sintonizado para uma estação com mais facilidade do que um cérebro masculino.

Trata-se de uma questão de simplicidade, se você preferir esta explicação. Lembra-se do antiquíssimo receptor de rádio que foi do seu pai, ou do seu avô? Havia botões e mostradores em quantidade, e constituía quase uma façanha de engenharia sintonizar uma estação local. Era preciso ajustar os controles dos filamentos, para ter a certeza de que as válvulas estariam na voltagem correta. Era preciso sintonizar com um par de botões em movimentos lentos, muitas vezes sendo preciso mover também as bobines, depois do que vinha o controle de volume. O seu avô poderá dizer-lhe muitas coisas sobre os primeiros receptores de rádio. Agora — bem, agora obtém-se um receptor de bolso, liga-se, move-se um botão, talvez com um dos dedos, e lá está o programa que talvez venha do outro lado do mundo. O cérebro feminino é assim, é lhe mais fácil de sintonizar do que o masculino.

Gostaríamos de relembrar-lhe o caso dos gêmeos idênticos. É um facto comprovado que os gêmeos idênticos estão quase sempre em contato um com o outro, por mais distanciados que eles fisicamente se encontrem. Um deles pode estar na América do Norte, e o outro na América do Sul, obtendo simultaneamente relatos dos acontecimentos ocorridos aos dois, e relatos pelos quais um sabe o que o outro estará a fazer. Isso resulta de os dois terem vindo de uma só célula, de um só ovo, de modo que os seus cérebros são como um par de rádios receptores ou transmissores cuidadosamente afinados. Eles estão “sintonizados”, sem qualquer esforço por parte dos seus donos.

Você agora há de querer saber, como pode realizar telepatia, já que o conseguirá com a prática e fé, mas por mais que pratique, por mais fé que tenha, não o conseguirá, se não dispuser da nossa velha amiga, a serenidade interior.

O melhor meio de praticar é: Diga a si próprio, por um dia ou dois, que em tal, ou em tal hora, vai tornar o seu cérebro receptivo, de modo que poderá recolher, de início, impressões gerais, e depois mensagens telepáticas claras. Continue repetindo para si, e afirmando para si, que vai obter êxito nisso. No dia predeterminado, preferivelmente ao anoitecer, vá para um aposento particular. Não se esqueça de reduzir a iluminação e certifique-se de que a temperatura seja agradável. Depois disso, recline-se na posição que achar mais confortável. Tenha na mão uma fotografia da pessoa a quem se acha estar mais ligado.

Qualquer luz deve ficar por detrás, de maneira a que brilhe na fotografia ou a ilumine. Respire profundamente por alguns minutos, e depois limpe a mente, expulsando todos os pensamentos de outras naturezas, pense na pessoa cuja fotografia está na sua mão, olhe para ela, visualize a pessoa de pé, à sua frente. O que essa pessoa lhe haveria de dizer? Qual seria sua resposta?

Estruture os seus pensamentos. Você pode, se quiser, dizer: “Fale comigo... fale comigo”. Em seguida espere uma resposta. Se estiver calmo, se tiver fé, sentirá alguma coisa a agitar-se no cérebro. De início inclinar-se-á a atribuir isso à imaginação, mas não se trata de imaginação, e sim de realidade. Se você o desdenhar como ociosa imaginação, desdenhará a telepatia. O meio mais fácil de adquirir faculdades telepáticas é trabalhar com uma pessoa a quem você conheça muito bem, e com quem mantenha relações de amizade bastante íntimas. Ambos devem examinar o que vão fazer e devem combinar que, em tal, em tal, vão entrar em contato um com o outro telepaticamente. Ambos devem retirar-se para aposentos isolados, não importa a distancia entre eles, distancia essa que pode ser maior do que um continente, pois ela não constitui nenhum obstáculo. Mas você precisa de ter a certeza de que dá o devido desconto à diferença horária. Como exemplo, Buenos Aires pode estar duas horas à frente de Nova York, em termos de horas. É preciso dar este desconto, ou de outra forma a sua experiência fracassará. Também é preciso concordarem em quem vai transmitir e quem vai receber. Isso é fácil, se sincronizarem os seus relógios e se guiarem pela hora de Greenwich, o que eliminará qualquer possibilidade ou confusão. Pode-se conseguir a hora de Greenwich quase em qualquer ponto do mundo, e se você resolver transmitir primeiro, e fazê-lo de novo após dez minutos, nem mais nem menos, mas com intervalos fixos de tempo, o amigo transmitirá de volta. Nas duas ou três primeiras vezes, você não tem a garantia de êxito, mas a prática traz a perfeição. Lembre-se de que uma criancinha não consegue andar na sua primeira tentativa, tem de praticar, cair e arrastar-se. Vocês não terão obrigatoriamente êxito logo à primeira tentativa em realizar telepatia, mas a prática trará a perfeição.

Quando puder mandar uma mensagem telepática a um amigo, ou recebê-la, nesse caso já está a caminho de perceber os pensamentos alheios, mas somente o poderá fazer se não tiver qualquer intenção maligna para com eles. Vamos fazer, aqui, uma das nossas famosas digressões!

Você não pode, nunca, nunca, utilizar a telepatia, clarividência ou psicometria para fazer o mal a outra pessoa, e tão pouco por estes meios qualquer outra pessoa poderia fazê-lo para o prejudicar.

Já foi dito um bom número de vezes que, se uma pessoa má fosse telepata ou clarividente, conseguiria chantagear os que tivessem cometido algum erro, mesmo que leve, mas é preciso que se diga, de um modo enfático, que isso não acontece, que isso é impossível. Não se pode ter a luz e a treva ao mesmo tempo, no mesmo lugar, e não se pode utilizar a telepatia para o mal, pois aí temos uma lei absolutamente inexorável da metafísica. Assim sendo — não se alarme, pois as pessoas não leem seus pensamentos para lhe fazer mal. Sem dúvida, muitos gostariam de fazê-lo, mas não o conseguirão. Mencionamos isto por causa do medo que tantas pessoas tem de que alguém, por telepatia, possa conhecer todos os seus medos e fobias mais secretos.

É verdade que as pessoas de mente mais pura poderiam recolher os seus pensamentos, ver na sua aura quais são os seus pontos fracos, mas a pessoa pura nem por um só momento imaginaria fazer uma coisa assim e, à impura, permanente falta tal capacidade.

Sugerimos que você pratique a telepatia com um amigo, ou se não conseguir uma pessoa amiga para colaborar, ponha-se à vontade, como dissemos, e deixe que os pensamentos lhe venham. Descobrirá, em primeiro lugar, que na sua cabeça ocorre o zumbido dos pensamentos em constante conflito, algo parecido com o que acontece quando você está no meio de muitas pessoas em convívio. Há a confusão da conversa, um horrível ruído, todos parecem estar a falar ao mesmo tempo, no tom mais alto de voz que conseguem. Mas se você tentar, conseguirá isolar uma das vozes. Também é possível fazê-lo na telepatia. Pratique.

Você deve praticar e ter fé. e então, desde que permaneça calmo e não tenha a intenção de prejudicar ou ferir qualquer pessoa, poderá realizar a telepatia.

Na nossa Figura Nove, você poderá ver que os raios da visão clarividente vêm da localização do terceiro olho, e observará que eles são de uma frequência inteiramente da telepatia.

De uma certa maneira é o mesmo tipo de coisa, mas que dá resultados diferentes. Podemos dizer que quando recebemos mensagens telepáticas estamos a ouvir rádio. E quando recebemos mensagens clarividentes, estamos a ver imagens de televisão, e muitas vezes isso vem numa definição esplêndida!

Se você quiser ser clarividentemente, necessitará de um cristal ou algo que brilhe. Mas se tiver um anel de diamante, com uma pedra (ou outro cristal do gênero que seja usado exclusivamente por você), servirá tão bem quanto o cristal, mas por certo é mais dispendioso de adquirir! Também neste caso deverá reclinar-se comodamente, e não se esquecer de reduzir bastante a iluminação. Suponhamos, porém, que você tenha feito algum investimento, adquirindo um cristal...

Você está descansando, inteiramente à vontade, no seu quarto, ao anoitecer. As cortinas e persianas foram fechadas, para eliminar qualquer raio direto de luz. O aposento está tão escuro que você mal consegue ver o esboço do cristal. Está tão escuro que você, por certo, não pode ver qualquer pontinho de luz no cristal. Ao invés disso, todo ele encontra-se em bruma, quase “não está lá”, você sabe que o segura, sabe que pode ver “algo”. Continue fixando o olhar no cristal, sem procurar querer ver coisa alguma, olhando somente para ele como se estivesse a olhar para uma distância muito grande. Esse cristal estará a alguns quantos centímetros de distância de você, mas você deverá olhar para ele como se encontrá-se a quilômetros. É quando verá o cristal gradualmente começar a nublar-se, verá as nuvens brancas a formarem-se, e o cristal, ao invés de ter a aparência de vidro claro, parecerá estar cheio de leite. Chegou o momento crítico, não se sobressalte, não fique alarmado, como acontece com muitas pessoas, porque aí vem a etapa seguinte...

A brancura se afasta, como cortinas que se abrem para revelarem um palco. O seu cristal sumiu — desapareceu — e você está a ver o mundo, ao invés dele. Está olhando para baixo, como um Deus no Olimpo observaria o mundo, e talvez veja as nuvens com um continente por baixo, terá uma sensação de queda, poderá involuntariamente inclinar-se para à frente um pouco. Procure controlar isso, porque se tiver um sobressalto perderá “o quadro” e terá de recomeçar tudo em alguma outra noite. Mas suponhamos que você não se agitou, caso em que terá a impressão de que está a ir rapidamente para baixo, e o mundo torna-se cada vez maior; você verá os continentes desfilarem por baixo, e depois fará uma paragem em algum determinado lugar. Poderá ver uma cena histórica, poderá até mesmo pousar no meio de uma guerra, e descobrir que um tanque o ataca. Não existe nada que o deva alarmar, porque o tanque não o poderá ferir, passará através de você, que não sentirá absolutamente nada. Talvez descubra o que está a ver, ao que parece, pelos olhos de outra pessoa, cujo rosto não conseguirá ver, porém verá tudo que ele ou ela terá visto. Mais uma vez advertimos para que não se alarme, não se deixe dar pulos de susto, pois verá com inteira clareza, e embora não escute um só som, saberá de tudo que estiver a ser dito. E é assim que vemos, na clarividência. Trata-se de algo muito fácil, desde que — voltamos a dizê-lo — você tenha fé.

Algumas pessoas não chegam a ver um quadro, e recebem todas as impressões sem chegarem a VER. Isto acontece com frequência a quem estiver empenhado em negócios. A pessoa pode ser muito clarividente, sem dúvida, mas se encontrar-se empenhada em negócios, ou no comércio, nesse caso terá uma atitude de cepticismo que tornará difícil ver realmente os quadros e imagens, uma vez que a pessoa, subconscientemente, julgará que tal coisa não pode ser, e como a clarividência não será inteiramente negada, ela recebe impressões “em algum lugar da cabeça” que são, não obstante, tão verdadeiras quanto as imagens.

Com a prática, você poderá ver de um modo clarividente. Com a prática, poderá visitar qualquer período da história mundial, e ver como realmente as coisas aconteceram. Vai divertir-se, e espantar-se, quando descobrir com muita frequência que a história não foi como se encontra escrita nos livros, pois a história escrita reflete a política da sua época. Poderemos ver como isso acontece no caso da Alemanha de Hitler e da Rússia soviética!

Agora, tratemos da psicometria. A psicometria pode ser descrita como “ver por meio dos dedos”. Todos já tiveram alguma forma desta experiência; como exemplo, agarre num punhado de moedas e faça com que outra pessoa segure apenas numa delas, por alguns minutos. Depois disso, se essa moeda for posta junta com as demais, você conseguirá apanhá-la porque estará mais quente do que as outras.

Isto, como é claro, não passa de algo elementar, que não convence em nenhum lugar, senão nos palcos. Por psicometria, queremos dizer a capacidade de apanhar um objeto e conhecer sua origem, o que lhe aconteceu, quem o teve, e o estado de espírito dessa pessoa. Pode-se muitas vezes obter uma espécie de psicometria quando sentimos que algum objeto tenha estado num ambiente feliz, ou num ambiente desagradável.

Podemos praticar a psicometria, solicitando a ajuda de uma pessoa amiga e solidária. Eis como fazê-lo.

Suponho que essa pessoa amiga seja solidária com você, e queira vê-lo progredir, sugerimos que você o faça lavar as mãos e depois apanhar uma pedra ou pedrinha. Também esta deve ser lavada com água e sabão, e enxaguada. Em seguida, o seu amigo deve enxugar cuidadosamente as mãos e a pedra, e então, segurando-a na mão esquerda, deve pensar com intensidade, durante um minuto mais ou menos, e pensar em uma só coisa — pode ser na cor preta, ou branca, ou no bom ou no mau gênio, não importa o que pense, desde que pense com intensidade sobre um assunto, durante mais ou menos um minuto. Tendo feito isso, ele deve envolver a pedra num lenço limpo, ou lenço de papel, entregando-a a você. Você não a deve desembrulhar, mas esperar até que esteja a sós, no seu “quarto de meditação”. E vamos fazer uma nova digressão!

Dissemos “com a mão esquerda”, e vamos explicar-lhe o motivo. De acordo com a tradição esotérica, a mão direita é a mão prática, a mão dedicada às coisas do mundo. A esquerda é a mão espiritual, aquela que se dedica às coisas metafísicas. Desde que você seja normalmente destro, obterá maiores resultados usando sua mão esquerda “esotérica” para a psicometria. Se você for canhoto, deverá usar a direita, no sentido metafísico. Devemos observar que você muitas vezes pode obter resultados com a mão esquerda, quando não os conseguiria com a direita.

Quando estiver no seu quarto de meditação, precisará lavar as mãos com muito cuidado, e depois enxugá-las, antes de secarem, porque se não o fizer ficará com outras impressões nas suas mãos, e queremos apenas uma impressão para essa experiência.

Deite-se e ponha-se a cômodo, e nesse caso não importa a quantidade de luz que exista, pode ter todas as lâmpadas acesas, ou estar em completa escuridão. Em seguida, desembrulhe a pedra ou o que quer que seja, apanhando-a com a mão esquerda e fazendo com que role para o centro da sua palma, na mão esquerda. Não pense nela, não se preocupe com ela, procure apenas deixar a mente esvaziar-se sem pensar em coisa alguma. Em seguida, sentirá um formigamento muito leve na mão esquerda, e receberá uma impressão provavelmente a que seu amigo procurava transmitir-lhe. Também poderá recolher a impressão de que ele, na verdade, supõe que você está dedicar-se a alguma maluquice! Se praticar isto, verificará que, estando tranquilo, poderá recolher impressões interessantíssimas. Quando o seu amigo estiver cansado de ajudá-lo, faça-o por conta própria, saia para algum lugar, apanhe uma pedrinha que não tenha sido tocada por nenhuma pessoa, tanto quanto você saiba. Isso é fácil, se estiver numa praia, ou poderá escavar atrás de uma pedra, retirando-a da terra.

Praticando, obterá resultados verdadeiramente notáveis, e poderá, por exemplo, apanhar uma pedrinha e ter conhecimento da época em que a mesma fazia parte de uma montanha, como foi trazida por um rio, e levada ao mar. A informação que se pode obter pela psicometria é realmente espantosa, mas também necessitamos de muita prática, e você deve manter a mente tranquila.

É possível apanhar uma carta que ainda se encontre dentro do envelope, e ter a noção geral do seu conteúdo. É igualmente possível apanhar uma carta escrita numa língua estrangeira, e passando as pontas dos dedos da mão esquerda, ao de leve sobre a superfície, compreender o significado da mesma, ainda que você não perceba as palavras isoladamente. Isto se torna de todo infalível, com a prática, mas jamais o faça para provar apenas que o sabe fazer, mas sim para o benefício de outrem.

Você pode estar curioso para saber o motivo pelo qual as pessoas não se prestam a provar que são telepatas, clarividentes, etc.

A resposta está em que quando você é telepata, precisa de dispor condições favoráveis, e não pode fazer a telepatia quando há pessoas que só querem provar que você está errado, e isso acontece porque está recolher ondas irradiadas por outras pessoas, e se houver alguém gerando uma atitude derrotista, querendo afirmar por exemplo que você é um impostor, então descobrirá que as irradiações de tal criatura, talvez de desagrado, duvida e desconfiança são tão negativamente fortes que apagam as ondas mais fracas, vindas de longe. Recomendamos que, se alguém lhe pedir para dar provas, responda que não está interessado; você sabe, e o que você sabe não precisa provar aos outros.

Gostaríamos também de dizer algo a respeito dos clarividentes que residem nas ruelas de pouco movimento e ali ganham dinheiro. É um fato que muitas mulheres possuem grandes capacidades de clarividência, capacidades intermitentes, isto é, não são constantes, não podem ser utilizadas à vontade. É o que ocorre, com frequência, no caso da mulher dotada de grande talento de clarividência, em rápidos lampejos, e espanta os amigos com verdadeiras profecias.

Estes poderão sugerir que ela deva passar a fazê-lo profissionalmente. A pobre mulher iludida o fará, cobrará somas variadas de dinheiro pelos seus serviços. Não pode dizer ao cliente que, no dia em que o recebe, a sua capacidade de clarividência não esteja a funcionar, e assim, em um de seus momentos que está em falta, inventa alguma coisa.

Na generalidade são boas psicólogas e, adquirindo o hábito de observar e fazerem comentários, você irá descobrir que capacidade de clarividência terá diminuído.

Você jamais deve receber dinheiro por “ler o cristal” ou por “ler as cartas”. Se o fizer, perderá a capacidade de ver pela clarividência. Jamais deve procurar provar que pode fazer isto ou aquilo, porque se o tentar será praticamente arrasado pelas ondas cerebrais dos que não acreditam.

Muitas vezes é melhor não reconhecer o quanto sabemos. Quanto mais normal e natural você pareça, tanto mais conseguirá recolher. Insistimos para que nunca dê provas, porque se você tentar provar alguma coisa, será realmente inundado por ondas de dúvidas, emanadas de outros, que lhe podem fazer energeticamente muito mal.

Pedimos-lhe que pratique e pratique, e cultive a serenidade interior, a paz interior, sem a qual não conseguirá fazer qualquer uma destas coisas.

Com a serenidade interior e a fé, você pode fazer TUDO!

 

Antes de entrarmos na nossa lição propriamente dita, gostaríamos de chamar a sua atenção para um ponto de enorme interesse que acabou de ser trazido à NOSSA atenção. É de particular interesse, porque ao longo deste Curso estivemos a falar acerca das correntes elétricas do corpo, e dizendo como elas viajam pelos nervos, ativando os músculos. Ora, “Electronics Illustrated”, edição de Janeiro de 1963, página 62, publicou um artigo fascinante com o título de “A Espantosa Mão Eletrônica da Rússia”. O Professor Aron E. Kobrinsky que é Doutor em Engenharia na Academia de Ciências da URSS, e parece que, com ajuda dos seus assistentes, esteve realizando pesquisas na área das próteses — membros artificiais.

Até ao presente, o esforço necessário para fazer com que um braço artificial se movimente, tem sido algo muito cansativo para quem o usa; agora, porém, na Rússia, aperfeiçoaram um braço artificial operado eletricamente.

Por ocasião da amputação, dois eletrodos especiais são colocados nas extremidades de certos nervos, os nervos que normalmente moveriam os músculos do braço, e quando o coto cicatriza, de maneira a que um braço artificial possa ser adaptado ao mesmo, as correntes vindas do cérebro chegam aos nervos que normalmente fariam mover, digamos, os dedos e o polegar, neste caso são passadas ao braço artificial, onde as diminutas correntes corporais recebem uma enorme ampliação, de modo que relês possam ser operados, e os dedos e o polegar do conjunto protético possam funcionar como dedos e polegar naturais. Afirma-se que com esses braços artificiais é possível escrever uma carta. Uma ilustração na “Electronics Ilustrated” mostra alguém com um braço artificial a segurar um lápis entre os dedos e o polegar, e a escrever.

Você pode ter ficado um bocado cansado com nossa preleção sobre as correntes eléctricas, ondas cerebrais, etc. sendo esse o motivo pelo qual mencionamos este incidente que, na verdade, é altamente inspirador. Podemos visualizar um futuro no qual todos os artefatos artificiais serão controlados pelas “correntes bioquímicas”.

Posto isto, queremos agora falar sobre as emoções porque somos aquilo que pensamos. Se pensamos demasiado em tristezas, damos início a um processo que resulta em que certas células corporais se corroem. Demasiada tristeza, demasiado abatimento, podem causar males hepáticos ou da vesícula. Consideremos o seguinte: um homem e uma mulher, casados há muito tempo, estão muito, muito presos um ao outro. Ele de repente falece, e a mulher, agora viúva, fica esmagada pela desolação da sua perda. Deixa-se prostrar pela tristeza, empalidece, e pode até definhar. Muitas vezes, haverá de fato alguma doença física que é agravada. Pior ainda, pode haver uma desordem mental. A causa de tudo disto deve-se ao violento estímulo do sentimento perda, e o cérebro gera uma enorme corrente de eletricidade que flui pelo corpo, penetrando em todos os órgãos e glândulas, criando uma considerável “contrapressão”.

Isso vem inibir as atividades normais do corpo e o paciente pode ficar entorpecido, quase incapaz de pensar, quase incapaz de se mover. Com frequência, o estímulo excessivo das glândulas lacrimais irão causar torrentes de choro, porque essas glândulas agem como válvulas de segurança.

Obtemos algo semelhante, com a voltagem errada, quando colocamos, por exemplo, uma lâmpada de 3,5V numa lanterna de 6 volts. Há um brilho muito intenso por uns momentos, e depois a lâmpada queima-se. O corpo humano também pode “queimar-se”, mas isso resultará num estado de transe, coma, ou mesmo insanidade mental.

Indubitavelmente todos nós já vimos algum animal muito assustado. Talvez o animal tenha sido perseguido por outro, maior e mais feroz. O fugitivo não comerá enquanto estiver assustado, e se conseguíssemos obrigá-lo a comer, essa alimentação não seria digerida.

Todas as secreções gástricas que normalmente reduzem o alimento cessam quando o animal se encontra em tal estado. Na verdade, as secreções secam. Assim — qualquer ingestão de alimentos é completa e inteiramente contrária à natureza do animal.

As pessoas muitíssimo excitadas, ou a criatura muitíssimo deprimida, também não deviam ser persuadidas ou obrigadas a comer, pois embora a persuasão seja bem intencionada, não viria no interesse do sofredor. A tristeza, pesar, ou qualquer emoção profunda, ocasionam uma transformação muito profunda nos processos químicos do corpo. A incerteza ou pesar podem colorir de um modo completo a visão de alguém, tornar a pessoa insuportável, fazer dela uma criatura “de trato difícil”. Quando dizemos “colorir a visão de uma pessoa” queremos dizer exatamente isso, pois as secreções químicas modificam as cores, ou a tendência geral das cores que alguém vê. Todos sabemos que quem se encontra apaixonado, vê o mundo por “óculos-cor-de-rosa”, enquanto os deprimidos e os fatigados veem o mundo através de uma coloração decididamente acinzentada!

Se quisermos fazer progressos, devemos cultivar a serenidade do temperamento; devemos alcançar um tal equilíbrio de emoções que não nos coloquemos inadvertidamente loucamente excitados, nem indevidamente deprimidos.

É preciso que as ondas cerebrais sobre as quais falamos não apresentem picos altos e vales profundos. O corpo humano é feito para funcionar de um certo modo. Todos os acessos e sobressaltos aos quais estamos sujeitos no que chamamos de “civilização”, causam malefícios patentes. A prova disto pode ser vista no número de homens de negócios que tem úlceras gástricas ou ataques cardíacos, ou que se tornam apreensivos. Também isto é o resultado de altas flutuações da eletricidade, criando aquela contrapressão de que falamos antes. A contrapressão difunde-se por diversos órgãos e vem a interferir com o seu funcionamento normal. Como exemplo, uma pessoa com úlceras — não ingere alimento, de modo que os ácidos gástricos se tornam cada vez mais fortes, até que no fim. abrem um buraco algures.

Segue-se daí, portanto, que quem quiser progredir e chegar à telepatia, clarividência, psicometria e tudo mais, tem de estar realmente seguro de que cultiva o equilíbrio do temperamento. Isso pode ser cultivado!

É comum a pessoa tornar-se taciturna, deprimida e incerta. Tornar-se-á uma criatura de difícil convivência. Qualquer incidente que outra pessoa não notaria ou que, notando, o encararia jovialmente, irritará a criatura que já está nervosa, e com modos insuportáveis, e até provocar um ataque de histeria ou suicídio simulado. Estas coisas acontecem!

Você sabe o que é a histeria? É algo ativamente ligado ao desenvolvimento sexual de uma pessoa. A histeria está relacionada com um dos mais importantes órgãos e funções femininas, e é comum as mulheres sofrerem uma histerectomia, que às vezes a afeta muitíssimo, modificando todo o funcionamento do organismo. Há muitos anos, as pessoas acreditavam que somente as mulheres podiam ter histeria, mas hoje já se sabe mais a este respeito, porque todos os homens têm um pouco de mulher, e as mulheres têm um pouco de homem, mostrando-se os dois notavelmente semelhantes. E é sabido, agora, que cada sexo tem todos os órgãos do outro, em grau mais ou menos acentuado. Como tal a histeria, é hoje também um padecimento masculino, tanto quanto o é feminino; a histeria é um grande inibidor de coisas que tem a ver com o ocultismo. Se uma pessoa cede a abatimentos, e apresenta flutuações amplas de produção eléctrica no seu cérebro, certamente se absterá das viagens astrais, telepatia, clarividência, bem como de outros fenômenos metafísicos. Temos que possuir um temperamento calmo; precisamos estar equilibrados, antes de podermos lidar com as ciências ocultas. É notável o facto de que muitas pessoas encaram os clarividentes e telepatas como seres neuróticos ou imaginativos, ou algo parecido. Encaram o telepata e o clarividente como sendo umas criaturas muito desequilibradas. Nada podia estar mais longe da verdade! Apenas um clarividente impostor, apenas o telepata fraudulento é que pode ser neurótico ou desequilibrado porque, como já são impostores, o eu estado de saúde mental nada tem a ver com o assunto! Dizemos, do modo mais positivo, que só se pode ser telepata ou clarividente, quando a mente está a funcionar de um modo normal, e as ondas cerebrais mostram-se bastante calmas e imperturbadas. As ondas vindas do cérebro devem ser “suaves”, isto é, não devem formar picos ou depressões repentinos, que perturbem a recepção. Nós, que somos telepatas, temos de receber as mensagens; assim sendo, precisamos estar em repouso, precisamos ser receptivos, e isso significa que precisamos de estar com as mentes abertas. Se nossas mentes se encontrarem agitadas a todo o tempo — se estivermos tão ocupados, pensando nos nossos próprios sofrimentos e que nos coloquemos predispostos em relação aos pensamentos alheios, nessas condições, não receberemos telepatia ou clarividência. Retornamos a dizer que a pessoa neurótica não pode ser GENUINAMENTE clarividente. O psicopata não é um telepata!

Mantenha sua mente livre de perturbações. Quando se sentir irritado, ou quando achar que as ansiedades e inquietações do mundo estão amontoadas sobre os seus ombros cansados e doloridos, inspire fundo, uma, duas, três vezes. Pense se todas essas questões o estarão preocupando somente dentro de cem anos. Ou indague se elas causarão preocupação a qualquer outra pessoa, dentro de cem anos. Se não o vão preocupar em cem anos, por que haveriam de preocupá-lo agora?

Esta coisa de se manter sempre calmo é de uma importância vital para a nossa saúde, tanto a física quanto a mental; assim, sugerimos que, quando você começar a se tornar irritável, faça uma paragem e pergunte a si próprio qual o real motivo pelo qual se sente irritado. Porque é que está tão triste, tão abatido? Porque é que perturba a vida das pessoas ao seu redor?

Lembre-se, também, que ao ficar sombrio, irritável, de mau gênio, abatido, estará prejudicando apenas a si próprio, e não a outra pessoa. Esta poderá estar um pouco cansada dos acessos de raiva, mas você estará a envenenar-se, com tanta certeza quanto se estive-se a tomar arsênico ou veneno para os ratos, ou cianeto de potássio! Algumas das pessoas ao seu redor provavelmente terão problemas muito maiores, mas ainda assim não demonstram o efeito da tensão. Se VOCÊ estiver a mostrar os efeitos da tensão, isto quer dizer que você não tem a correta perspectiva, significa que possivelmente — mas não inevitavelmente — não esteja na mesma situação mental e espiritual da outra pessoa.

Estamos na Terra para aprender, e nenhum ser humano normal recebe de cada vez, para aprender, uma quantidade demasiada. Podemos achar que somos perseguidos, que nos maltratam, podemos sentir que somos o alvo de um destino maligno ou sem bondade, mas se refletirmos realmente sobre a questão, veremos que não estamos a ser demasiado forçados, apenas achamos isso.

Voltemos às crianças; uma criança traz da escola trabalhos para fazer em casa. Ela talvez julgue que seja uma quantidade chocante, ainda mais se pretende sair para ir brincar, pescar ou andar atrás de um membro do sexo oposto. Fica tão ocupado, pensando em brincar e pescar, que nem sequer dedica o décimo normal da mente ao trabalho, o que assim dá aparência de ser difícil. Devido a não estar a fazer um verdadeiro esforço para realizar o seu trabalho, descobre que leva muito mais tempo do que seria necessário a uma pessoa pratica que o faria de imediato e com afinco.

Cansa-se do estudo, não dedica uma vigésima parte da sua consciência ao mesmo, e se torna cada vez mais frustrado. Com o tempo, queixa-se aos pais de que lhe dão deveres de casa em demasia, que toda essa tensão e esforço o estão a colocar doente. Os pais queixam-se ao professor, dizendo que o filho tem trabalhos a mais. E ninguém pensa em enfiar algum bom senso na cabeça do filho que, afinal de contas, é quem deve receber o ensino!

Assim como sucede com a criança, ocorre também com você. Quer progredir? Então, terá de seguir certas regras, terá de manter-se calmo, terá de tomar o Caminho do Meio. Se você trabalhar demais, estará tão preocupado com o trabalho que realiza, que não terá tempo de pensar nos resultados que espera obter. Assim... o Caminho do Meio é um método muito simples de lhe dizer que não deve trabalhar tanto, que não pode “ver o bosque por causa das árvores”. Você também não deve ficar ocioso a tal ponto que não realize coisa alguma; adote uma posição entre os dois extremos e descobrirá que seu progresso será notável. É demasiado o número de pessoas que realmente se escravizam a uma coisa, na esperança de realizá-la, esforçam-se tanto que toda a sua energia, todo o seu poder cerebral são dedicados a “tentar” e nada resta para “alcançar”. Se você esforçar-se demasiado, estará como o automóvel que vai com a mudança errada, fazendo muito barulho e tendo um grande desgaste, sem conseguir obter qualquer progresso.

 

O Poder Da Mente

Infelizmente, é possível a qualquer um ter tudo o que deseje.

Existem certas leis da natureza ou, se assim o preferimos, do mundo oculto, que possibilitam a qualquer pessoa obter o êxito ou dinheiro, se seguir regras simples. Procuramos demonstrar neste Curso que o ocultismo, cujo significado verdadeiro está em “aquilo que é desconhecido”, segue leis e regras inteiramente sensatas, e que nada existe de místico nestas coisas. Vamos então dizer-lhe como pode obter o que quer!

Esclareça-se, porém, que quando dizemos “obter o que quer”, frisamos e voltamos a frisar que devemos esforçar-nos pelos valores espirituais, e devemos em todos os momentos trabalhar com decisão e afinco para aumentar o valor que isso terá na vida seguinte. Um milhão ou dois milhões de dólares podem ser uma coisa muito útil, alguns concordarão imediatamente com isso, mas constituiriam uma armadilha e uma ilusão. E se tivéssemos “um ou dois milhões de dólares”, quanto é que isso nos irá custar na nossa real vida futura?

A estada que temos na Terra é temporária, e voltamos a afirmar que todos os nossos esforços na Terra devem ser dedicados a aprender e a nos aperfeiçoarmos, de modo que valhamos mais quando passarmos à vida seguinte. Vamos, portanto, esforçar-nos pela espiritualidade, vamos envidar esforços para podermos demonstrar benignidade para com os outros, bem como aquela humildade verdadeira que não deve ser confundida com a falsa modéstia, mas a humildade que nos ajuda na nossa escalada. Tudo se encontra em movimento, toda a vida é movimento, até mesmo a morte é movimento, porque as células estão-se desfazendo e transformando-se em outros compostos. Lembremo-nos, em todos os momentos que não se pode ficar parado numa corda bamba; é preciso caminhar para a frente ou para trás. As nossas tentativas devem ser no sentido de andar para a frente, isto é, devemos seguir em frente para a espiritualidade, bondade, compreensão dos outros, e não para trás, onde estaríamos entre os sequiosos de dinheiro, que se prendem às posses temporais, ao invés de se esforçarem por atingir as riquezas do espírito. Mas permita que lhe mostremos como você pode conquistar tudo quanto deseja.

A mente pode dar-nos tudo o que pedirmos, se lhe permitirmos que assim aconteça. Existem imensos poderes, latentes, dentro do subconsciente. Por infortúnio, muitas pessoas não têm quem lhes ensinem como entrar em contacto com o subconsciente. Funcionamos com um décimo de consciência e — quando muito — um décimo da nossa capacidade. Trazendo o subconsciente para o nosso lado, podemos fazer milagres, como o faziam os Profetas de antigamente.

De nada adianta orarmos ociosamente, sem sermos específicos. De nada adianta orarmos com a mente vazia, pois se o fizermos as palavras que pronunciarmos ecoarão ocas. Use o seu cérebro, use a sua mente, use as grandes possibilidades do subconsciente. Existem alguns passos invioláveis que têm sempre de ser seguidos. Em primeiro lugar, decida com precisão o que quer, seja absolutamente claro; você precisa de saber o que quer, precisa dizer o que quer, e precisa vê-lo mentalmente.

O QUE É QUE VOCÊ QUER, EXATAMENTE? Não adianta dizer que você quer muito dinheiro, nada adianta afirmar que você quer um automóvel novo, uma outra mulher, ou um novo marido. Você precisa enunciar COM EXATIDÃO o que deseja. Deve visualizá-lo — figurá-lo na sua mente — e reter essa figura com firmeza. Se quer dinheiro, diga de um modo claríssimo o quanto quer. Deve ser uma soma definida. “Mais ou menos um milhão, não serve, porque a soma deve ser exata.

Se você for inteligente, entretanto, não se importará tanto com o dinheiro, tanto com as coisas mundanas, você QUERERÁ ser como Gandhi, Buda, Cristo, São Pedro, São Qualquer. Você se esforçará por adquirir virtudes que lhe sejam de valia, para quando deixar esta vida. Quando tiver decidido o que quer, chega à segunda etapa.

Já lhe dissemos que você deve DAR a fim de poder receber. O que VOCÊ vai dar? Se está a pedir uma certa soma de dinheiro (essa soma deve ser especificada com exatidão), estará pronto a dar um dízimo que, naturalmente, corresponde a uma décima parte desse dinheiro? Estará pronto a dar ajuda a outras pessoas, que não se encontrem em posição tão afortunada quanto a sua?

De nada adianta dizer: “Sim, quando receber esse dinheiro, darei uma décima parte dele”. Você deve começar a ajudar os outros antes disso, deve começar a ajudar os que necessitam. Se fizer isso, estará vivendo o espírito de “dá, para que possa receber”. Repitamos que mais uma vez você tem de ser claro, absolutamente preciso. O terceiro passo é: quando quer esse dinheiro, ou automóvel, ou marido, ou mulher nova?

Não basta dizer o que quer em alguma ocasião do futuro indefinido e, naturalmente, é absurdo dizer que o quer imediatamente, porque existem leis físicas que não podem ser transgredidas. Não é possível a um Deus atirar um tijolo de ouro nas suas mãos e, de qualquer forma, se esse tijolo fosse assim atirado, haveria de provavelmente esmagar-lhe alguns dedos do pé! O seu limite de tempo deve ser fisicamente exequível. Você pode, por exemplo, dizer que quer o dinheiro em tal mês, de tal ano, mas não poderia querer uma fortuna nos próximos cinco minutos, pois isso iria contra as leis da natureza e cancelaria o seu poder de pensamento.

O que vai fazer, para realizar a sua ambição? Suponhamos — a mero título de exemplo — que queira um automóvel novo. Bem, antes do mais, você sabe conduzir? De nada adiantaria desejar um automóvel novo, a menos que você saiba conduzir, de modo que se estiver decidido a fazer tal pedido, é bom ter aulas de condução primeiro. Depois disso, pode escolher o tipo de automóvel que quiser, e coisas parecidas. Se estiver à procura de um marido ou mulher, tenha a certeza de que você, por sua vez, está à altura de ser um cônjuge adequado, tenha a certeza de que compreende a lei de dar e receber, e está preparado a fazer a sua parte para que o casamento seja um êxito, porquanto ele não é uma simples questão de receber tudo e não dar nada. Quando você recebe alguém, tem também de dar um cônjuge a essa pessoa. Quando se casa, deixa de ser uma pessoa, e recebe os problemas, preocupações e prazeres de duas pessoas; antes que possa esperar encontrar-se satisfatoriamente casado, precisará ter a certeza de que está à altura, física, mental e espiritualmente, para ser um cônjuge satisfatório.

Como quinto requisito, vamos dizer que a palavra escrita é mais forte do que a pronunciada, e que as duas, juntas, formam uma combinação insuperável. Escreva o que quer, escreva-o com tanta simplicidade e clareza quanto puder. Você sabe o que quer, e assim sendo, escreva-o.

Quer ser espiritual? Quem é seu ideal, no mundo da espiritualidade? Enumere as capacidades, talentos e pontos fortes no carácter dessa pessoa. Escreva tudo. Se está a querer dinheiro, escreva a soma precisa que deseja, escreva também quando a quer receber, e torne claro, por escrito, que você vai ajudar outras pessoas, torne claro que vai pagar o “dízimo”.

Quando tiver escrito isso tudo, com tanta clareza e simplicidade quanto for possível, escreva no fim: “Eu darei, para poder receber”. Deve também fazer uma anotação, dizendo como vai trabalhar para obter o resultado desejado, pois tenha presente, mais uma vez, que você não pode obter algo por nada, tudo tem de ser pago de uma forma ou de outra, não existe tal coisa como “receber algo de graça”. Se receber cem dólares inesperadamente, tem de pagar o valor de cem dólares em serviços. Se contar que outras pessoas o ajudem, é preciso que as ajude primeiro.

Supondo que você tenha escrito isto tudo, leia tal afirmação em voz alta, para si próprio, três vezes por dia. Você receberá força, se o ler em voz alta, no sossego e retiro do seu próprio quarto. Leia-o de manhã, antes de sair da cama, leia-a à hora do almoço, e mais uma vez, antes de se deitar à noite, de modo que pelo menos três vezes ao dia você tenha lido a sua afirmação, que assim passou a assemelhar-se a um mantra. Ao ler, SINTA que o dinheiro, automóvel, ou o que quiser, está a vir para você, seja positivo a esse respeito, imagine que tem a coisa desejada, imagine que ela se encontra realmente ao seu alcance. Quanto mais vigorosamente pensar nisso, imaginar tudo isto, tanto mais positiva será a reação.

É um desperdício de esforços pensar: “Bem, eu apenas espero que dê certo... apenas espero que o consiga, mas tenho as minhas dúvidas”. Isso invalidará imediatamente o seu mantra; você deve ser de todo positivo, e absolutamente construtivo a todo o tempo, e não deve permitir que qualquer dúvida se intrometa. Se adotar estes passos, implantará o pensamento no seu subconsciente, e este é nove vezes mais esperto que você! Se puder interessar o seu subconsciente, então receberá ajuda, mais ajuda do que você julgava possível.

Por repetidas vezes, é um facto comprovado que, quando alguém ganha dinheiro, passa a receber mais dinheiro com mais facilidade. O milionário, naturalmente, dir-lhe-ia que após ter ganho um milhão de dólares, os seguintes dois, três, ou quatro milhões vêm com muito mais facilidades e pouco trabalho a mais. Quanto mais dinheiro se tenha, tanto mais dinheiro se atrai, e isso funciona de acordo com uma lei semelhante àquela do magnetismo.

Voltemos a adverti-lo de que existem coisas de maior valor do que o dinheiro. Digamos, mais uma vez, que ninguém jamais levou uma só moeda para a vida futura, e que quanto mais dinheiro tiver, tanto mais deixará para outras pessoas; quanto mais se esforçar pelo dinheiro, tanto mais se contaminará, dificultando somente a si mesmo o desejar e vir a atingir os valores espirituais. Quanto maior o bem que fizer aos outros, tanto mais o bem que levará consigo. A vida na terra é dura, e uma das coisas mais duras de todas é a deturpação de valores. Na atual época, as pessoas julgam que o dinheiro é tudo quanto importa. Enquanto tivermos o suficiente para comer, vestir e abrigar-nos, isso bastará. Mas jamais poderemos ter espiritualidade em demasia, jamais poderemos ter demasiada pureza de pensamentos, jamais poderemos ajudar os outros excessivamente, pois ao ajudá-los, ajudamos a nós mesmos.

Sugerimos que você leia e releia esta Lição. Talvez seja a mais importante, até agora. Se seguir as instruções, verificará que pode ter praticamente qualquer coisa que deseje. O que é que você quer? A escolha deve ser sua, porque você PODE ter o que bem desejar.

Um lembrete — dinheiro, êxito nesta Terra? E depois o eclipse, e será ter que recomeçar tudo, noutra vida, outro ciclo. Ou você preferirá a espiritualidade, a pureza, o serviço prestado ao próximo? Pode representar a pobreza ou semi pobreza na Terra que, afinal de contas, é apenas um grão de poeira flutuando no vazio. Mas após esta curtíssima vida vem o mundo maior, onde a pureza e espiritualidade são a “Moeda do Reino”, onde o dinheiro, o dinheiro do mundo da Terra não tem valor algum.

A escolha é sua!

 

É lamentabilíssimo que estas palavras tenham adquirido conotações tão repugnantes. Há uma série de palavras que são boas, palavras descritivas, em todas as línguas, mas que mediante o mau emprego, com o correr talvez dos séculos, sofreram uma transformação completa no seu significado.

Podemos referir-nos à palavra “mistress” (“amante”) como exemplo. Faz poucos anos — e isso ainda pode ser recordado pelos nossos avós — este era um termo honrado, sem a menor dúvida, indicando uma dama que devia ser respeitada como senhora da casa, a dama da casa, o cônjuge do homem da casa. Mas pelo mau uso, adquiriu agora um significado totalmente diferente daquele que possuía no principio.

Não vamos falar sobre as velhas mistresses, nem de antigos senhores, mas parece uma forma apropriada como exemplo, porque vamos falar nesta Lição a respeito de outra palavra, cujo significado foi distorcido com o correr dos tempos.

Idiota — eis a palavra que se encontra em grande desgraça. Há anos, um homem dotado de ideias criativas era um homem com uma imaginação sensível, que podia escrever, compor música ou poesia. Era inteiramente essencial, na verdade, que um cavalheiro fosse dotado de imaginação. Hoje, parece que “idiota” indica alguma pobre mulher frustrada que sofre de histeria, ou se encontra à beira de um colapso mental. As pessoas deixam de lado experiências — que fariam melhor em estudar! — com a exclamação: “Oh, isso é tudo uma idiotice sua! Não seja tão tolo!”.

Idiota é, portanto, uma palavra que se encontra em desgraça, nos nossos dias, mas a idiotice, a imaginação controlada é uma chave que pode abrir muitas experiências, atualmente enterradas num véu de mistério que a maioria das pessoas adotam quando se referem às questões ocultas. Será bom recordar repetidas vezes que em qualquer batalha entre a imaginação de ideias e a vontade, a primeira sairá sempre vencedora. As pessoas orgulham-se da sua força de vontade, da sua coragem indômita, do fato de que nada as assusta.

Asseguram, a ouvintes entediados, que sua força de vontade podem fazer qualquer coisa. A verdade completa da questão é que, com a sua força de vontade, nada poderão fazer, a menos que a imaginação o permita.

Essas pessoas de decantada força de vontade são, na verdade, aqueles que conseguiram de modo (via de regra, por acidente) deixar que a imaginação acreditasse que uma boa dose de “força de vontade” seria útil, nesse determinado exemplo. Repitamos, e qualquer autoridade competente concordará connosco, que na questão da imaginação e a força de vontade é a primeira que invariavelmente vence. Não existe força maior.

Você ainda acha que possa, pelo esforço da vontade, fazer coisas quando a sua imaginação não o deseja? Pois considere o seguinte: apresentemos um problema hipotético, porque isso parece ser a maneira moderna de fazer as coisas!

Temos diante de nós uma rua sem tráfego. Não há tráfego, não há transeuntes curiosos, de modo que temos toda a rua para nós. Vamos pintar uma faixa com cerca de dois palmos de largura — ou três palmos, se assim o preferirem — de uma calçada à outra. Obviamente sem nos preocuparmos com o pensamento de evitar o tráfego, ou sem a preocupação causada pelos olhares curiosos de possíveis espectadores,. Então não teríamos a menor dificuldade ou hesitação em sairmos de uma calçada, sobre a faixa de dois ou três palmos de largura, e caminharmos calmamente, atravessando a rua, para a calçada do outro lado. Isto, de modo nenhum, faria com que o nosso ritmo de respiração aumentasse, nem levaria o coração a palpitar, pois seria uma das coisas mais simples que nos pedissem para fazer. Você concorda connosco, até aqui?

Você pode andar pela faixa pintada, sem qualquer pensamento de medo porque sabe que o chão não vai ceder sobre seus pés, sabe que, a não ser no caso de um terremoto ou de um edifício que caia por cima, está inteiramente seguro, e se, por algum infortúnio singular, tropeçasse e caísse ao chão, não haveria grande mal, porque você não pode cair de um altura maior do que a da sua estatura.

Vamos, agora, modificar um pouco essas imagens. Digamos que ainda estamos na rua, a caminho de um edifício que tem cerca de vinte andares de altura. Entramos no elevador e subimos, indo ter a um belo terraço. Quando ali nos encontramos, e olhamos para a rua, observamos que estamos ao mesmo nível em relação a outro edifício de vinte andares, logo em frente. Se olharmos pela amurada, olhando a rua lá embaixo, conseguiremos ver a linha pintada que fizemos.

Agora — agora, vamos colocar uma tábua com dois ou três palmos de largura ou, em outras palavras, uma tábua que apresente precisamente a mesma largura da nossa linha pintada. Nós a estenderemos sobre a rua, a vinte andares de altura da mesma, e a prenderemos com tanta firmeza que não se poderá mover; nós a prenderemos de um modo tão seguro, que não poderá balançar ou vergar e examinaremos com o máximo cuidado para ver que não existe nada que nos possa fazer tropeçar ou tornar inseguras as passadas.

Temos, então, um caminho da mesma largura que a faixa pintada no chão. Você consegue andar por essa prancha, que se acha seguramente fixa a vinte andares acima da rua, e chegar ao outro lado da mesma — chegar ao terraço do outro edifício?

Se a sua imaginação disser que sim, nesse caso você realmente o pode fazer, e sem qualquer problema. Mas se sua imaginação não for tão condescendente, nesse caso, a sua pulsação subirá à simples ideia de o ir fazer, e você sentirá “borboletas no estômago”, poderá sentir-se até pior do que isso! Mas, por quê? Você já atravessou a rua, andando, e assim sendo qual é o motivo pelo qual não pode caminhar por aquela tábua muitíssimo firme? A resposta, naturalmente, é que a sua imaginação começa a funcionar, ela lhe diz que ali existe perigo, que se você escorregar, se cambalear, sairá pela beira da tábua e cairá vinte andares, destruindo-se. É inútil alguém procurar animá-lo, pois se a sua imaginação não puder ser tranquilizada, não há força de vontade alguma que o faça mover.

E se você tentar forçar-se com a sua força de vontade, poderá ter um colapso nervoso, começará a tremer, empalidecerá e a respiração virá em convulsões. Temos certos mecanismos dentro de nós, que nos protegem do perigo. Existem no mecanismo humano certas salvaguardas automáticas, de maneira a que um ser humano não consegue, de modo normal, meter-se num perigo fútil. A imaginação quase impossibilita a pessoa caminhar por essa prancha, e todo o palavreado que se diga, não conseguirá fazê-la compreender de que se trata de algo perfeitamente seguro; você tem de imaginar que o pode fazer. Enquanto não conseguir realmente “imaginar-se” caminhando para a prancha, subindo nela e andando com firmeza e confiança para o outro lado, você não o fará.

Se alguém ORDENA a si própria, pela força de vontade, que faça algo, quando a imaginação diz “não”, nesse caso a pessoa encontra-se verdadeiramente em risco de ter um colapso nervoso, pois vamos repetir mais uma vez que em qualquer batalha entre a imaginação e a força de vontade, a primeira vence sempre. Forçar-nos a fazer algo, quando todos os sinais de alarme estão ressoando dentro de nós, isso pode arruinar os nossos nervos e a saúde.

Algumas pessoas sentem um desesperado medo de passar por um cemitério, ou numa estrada solitária, à meia-noite. Se surgir a ocasião em que tenham de passar por um cemitério à noite, sentem o couro cabeludo a formigar, os cabelos põem-se em pé, as palmas das mãos começam a transpirar e todas as percepções são aguçadas, todas as impressões exageradas. Tais pessoas estão realmente prontas a darem um salto prodigioso, procurando a segurança, caso o aparecimento de um fantasma que lhes provocaria essa fuga.

As pessoas que não gostam do seu trabalho e têm de se obrigar a fazê-lo, muitas vezes põem em funcionamento um mecanismo de fuga. Alguns desses “mecanismos de fuga” conduzem a resultados bastantes estrambólicos, e podem ser bênçãos disfarçadas, porque se os avisos não forem atendidos, podem ocorrer colapsos mentais. Vamos contar um caso verdadeiro, bem nosso conhecido, pois soubemos o que ocorreu, pois conhecemos o homem, e já esperávamos o resultado. Ei-lo:

Este nosso conhecido ficava muito tempo em pé pois o seu trabalho era o de estar atrás de uma dessas mesas altas, fazendo escrituração mercantil. A natureza do trabalho obrigava-o a permanecer de pé, pois não podia ser realizado com facilidade se a pessoa estivesse sentada.

O homem era competente, bom em números, mas tinha uma fobia, receava desesperadamente que algum dia, de algum modo, cometesse um erro e talvez fosse acusado de apropriar-se de uma soma de dinheiro dos empregadores. Na verdade, ele era terrivelmente honesto, um desses raros indivíduos que trabalham com afinco e honestidade, um desses indivíduos que nem sequer tirariam uma caixa de fósforo de qualquer hotel, nem mesmo ficariam com um jornal encontrado em algum banco de um transporte publico. Ainda assim, receava que os patrões não reconhecessem a sua honestidade, o que o faria sentir-se muito mal em relação ao trabalho por ele executado.

Durante um bom número de anos continuou trabalhando, cada vez mais infeliz, cada vez mais preocupado. Falou com a esposa sobre uma mudança de emprego, mas a mesma não lhe deu qualquer apoio, pelo que ele permaneceu onde estava. A sua imaginação, entretanto, passou a trabalhar também; em primeiro lugar, ele adquiriu úlceras gástricas. Mediante cuidados e dieta, essas úlceras foram curadas, e ele regressou ao trabalho — tornou a ficar de novo de pé a uma mesa. Ocorreu-lhe, certo dia, que se não pudesse mais ficar em pé, não conseguiria manter o emprego.

Algumas semanas depois, uma úlcera surgiu num dos seus pés. Por alguns dias, ele coxeou, indo à mesma trabalhar e suportava um grande dor, mas a úlcera também piorou, e ele por algum tempo teve de ficar acamado. Acamado — longe do escritório, a sua recuperação foi bastante rápida, e ele regressou ao trabalho. Mas a todo o tempo, a sua mente subconsciente o importunava. Ela raciocinava, ao que se supõe, de uma forma semelhante à seguinte maneira: “Bem, eu saí daquele trabalho horrível porque fiquei com o meu pé doente; fui curado demasiadamente rápido, de modo que estou a precisar de outro padecimento no pé, e que seja bem pior”.

Alguns meses após o regresso do homem, presumivelmente curado, adquiriu um nova úlcera, desta vez no tornozelo. Era uma coisa tão feia que ele não conseguia mover o tornozelo. Mais tarde, foi levado ao hospital, e como a úlcera piorava constantemente, foi necessário realizar uma operação. Depois ele teve alta, foi dado como curado, e retornou ao trabalho.

A essa altura, o ódio ao trabalho se avolumava dentro dele. Logo surgiu outra úlcera, desta vez entre o tornozelo e o joelho, e tão feia — resistindo a todos os esforços para curá-la — que foi preciso amputar a perna à altura do joelho. E então para sua grande alegria, o empregador não o recebeu de volta, dizendo que não queria um aleijado por lá, um aleijado que estava sempre a adoecer!

Os médicos no hospital sabiam muita coisa sobre este caso, de modo que providenciaram para que o homem fosse executar algum outro trabalho, para o qual tivesse demonstrado consideráveis aptidões enquanto se encontrava hospitalizado. Era uma forma de ofício manual. Ao homem, o trabalho agradava, e obteve um grande êxito no mesmo. Já não havia o medo de ir para a prisão por algum erro contabilístico, que levasse alguém a acusá-lo de furto, de modo que sua saúde melhorou e, ao que se sabe até ao dia de hoje, continua a ter muito êxito no novo trabalho.

Aqui temos um caso muito extremado, é verdade, mas todos os dias vemos homens de negócios, hipertensos, com receio de perderem os lugares, com receio do patrão, ou com medo de “perder prestígio”, trabalhando com elevadas pressões internas e, depois, procurando uma fuga mediante úlceras gástricas, que na verdade são conhecidas como o padecimento das pessoas com cargos de chefia.

A imaginação pode derrubar um império, e também pode construir um império, é bom lembrarmo-nos disso. Se você cultivar a sua imaginação e a controlar, poderá ter o que bem quiser. Não é possível dar ordens à sua imaginação não é possível dizer-lhe o que deve fazer, porque a Amiga Imaginação é semelhante à Amiga Mula; você pode orientar uma mula, mas não o pode impedir, e também pode orientar a sua imaginação, mas não impedi-la. Isso requer prática, mas pode ser feito.

Bem, como é que vai fazer para controlar a sua imaginação? Trata-se somente de uma questão de fé, de prática. Pense em numa situação que desencadeie o seu medo ou desagrado, e depois vença pela fé, persuadindo a sua imaginação de que VOCÊ consegue fazer algo, não importa se outros possam fazê-lo ou não. Convença-se de que você é algum tipo especial de ser, se assim quiser, não importa o método que adote consigo mesmo, desde que ponha a imaginação a trabalhar a seu favor.

Voltemos ao nosso exemplo inicial, o de atravessar a rua, e vamos decidir que podemos o fazer com facilidade, sobre uma prancha com dois palmos de largura, atravessada de um lado ao outro. E então, pela fé, julgando que não somos os outros, conseguiremos persuadir a nossa imaginação de que é possível atravessar a prancha, ainda que a mesma se encontre a uma altura de vinte andares.

Pense nisso: diga a si próprio que até mesmo um macaco mal servido de cérebro pode atravessar esta prancha, sem qualquer receio. Quem é melhor, você ou um macaco sem miolos?

Se um macaco sem miolos, ou uma pessoa quase idiotizada pode atravessar essa prancha, certamente você, criatura muito melhor, também o pode fazer. Trata-se apenas de uma questão de prática, de ter fé. No passado, houve famosos equilibristas, que andavam na corda bamba, tais como Blondin, que atravessou numa corda, muitas vezes, as Cataratas de Niágara. Blondin era apenas um homem comum, que tinha muita fé nas suas capacidades, fé em que podia atravessar onde outros não conseguiam. Sabia que a única coisa a recear era o medo, sabia que se tivesse confiança em fazer a travessia, poderia fazê-la, ainda que estivesse também a empurrar um carrinho de mão sobre a corda, ou ainda que estivesse com os olhos vendados.

Todos nós temos o mesmo tipo de experiência. Subimos uma escada alta, e enquanto olharmos para cima, não sentimos medo. Mas assim que olharmos para baixo, ocorre-nos o pensamento de que faríamos uma trapalhada dos infernos, se caíssemos da escada e fôssemos bater no chão. A nossa imaginação vem, então, formar imagens nas quais caímos, imagens do nosso esborrachamento aquela grande profundidade, lá no fundo, e também, a nossa imaginação pode nos imaginar presos com tanta firmeza àquela escada, que não nos consigamos libertar. Os operários que fazem consertos e reparações em torres de igreja já passaram por este tipo de experiência!

Se você controlar a imaginação, aumentando a sua fé, aumentará a sua própria capacidade, conseguirá fazer qualquer coisa. Você nunca subjugará a sua imaginação pela força, e o exercício da sua força de vontade não vencerá a imaginação e sim, ao invés disso, formará uma neurose.

Lembre-se, mais uma vez, de que é preciso em todos os momentos, conduzir a sua imaginação, controlá-la. Se tentar forçá-la, fracassará. Se você orientar a sua imaginação, conseguirá fazer todas as coisas que julgam serem impossíveis.

Antes do mais entretanto, acredite que não existe coisa tal como o: “impossível”.

 

Muita gente já terá ouvido falar da Lei do Carma.

Infelizmente, um bom número dessas questões metafísicas receberam nomes em sânscrito, ou brâmane. E de um modo bastante parecido, os termos médicos, os anatômicos e, na verdade, muitos termos científicos têm nomes latinos, que podem indicar um tipo de flor, ou um bulbo, ou a ação de um determinado músculo ou artéria. Tal prática teve início nos dias da Antiguidade. Há muitos anos, os médicos procuravam manter o conhecimento para si próprios, e os médicos daqueles dias eram os únicos que dispunham de alguma instrução digna do nome. Estudar latim era um “imperativo”, e assim tornou-se necessário que os médicos utilizassem o latim como meio de ocultarem os termos técnicos quanto àqueles que não tinham instrução, isto é, todos os que não fossem médicos. Esse hábito continuou até aos nossos dias.

Existem certas vantagens, é claro, em dispor de termos técnicos que se encontrem numa só língua, porque não importa qual seja o idioma nativo de um cientista, uma vez que consegue comunicar muito bem, abordando os seus assuntos profissionais com um cientista estrangeiro através do latim. Os operadores de rádio a bordo de navios ou aeronaves têm algo muito parecido, quando usam o código Morse, ou o que é chamado como código “Q”. Muitas vezes você verá que os radioamadores que mantêm contacto com outros colegas em todo o mundo utilizam este código, de modo que se possam comunicar de uma maneira comum, ainda que, não compreendam uma só palavra da língua tanto de um como do outro.

O sânscrito é uma língua conhecida dos ocultistas mais avançados em todo o mundo, e desta forma, quando alguém fizer referência ao “Carma”, todos obtém uma imagem idêntica sobre o que poderíamos chamar “a lei da causa e efeito”.

Como vê, o carma não tem de misterioso, nada tem de assustador. Neste Curso, queremos colocar a metafísica sobre o que consideramos ser uma base racional, não pretendemos utilizar termos abstratos, porque, pelo nosso modo de pensar, nada na metafísica é tão difícil que autorize o emprego de termos que, com frequência, realmente ocultam o significado de quem fala.

Comecemos então pela “Lei do Carma”, tirando-a da sua conotação metafísica, esqueçamos a metafísica e, ao invés disso, vamos examinar a lei da terra. Eis o que queremos descrever: — O pequenino Johnny acabou de receber como prenda uma mota.

Sente uma grande emoção ao se sentar naquela poderosa máquina e deixar o motor rugir e fazer o que, para ele, é um maravilhoso ruído; mas sentar-se sobre a máquina não chega. O pequenino Johnny engrena a marcha e sai, talvez indo calmamente no início, mas depois a alegria do movimento o empolga e ele passa a ir cada vez mais depressa, esquecendo os sinais de advertência. De repente, há uma buzinadela estridente atrás dele, e um carro da polícia encosta ao seu lado, fazendo-lhe sinal para que pare também. O pequenino Johnny reduz a velocidade e cheio de tristeza, sai da estrada, e com uma tristeza ainda maior, aguarda com grande apreensão que o policia uma multa por seguir na estrada a uma velocidade muito acima à permitida em zonas residenciais!

Neste pequenino e simples exemplo, vimos que existem certas leis. Neste caso, a lei era a de que ninguém pode conduzir a uma velocidade superior ao que está definido. Johnny desprezou-a e assim é que a retribuição, na forma de um policia, surgiu e passou-lhe uma multa, e deste modo Johnny terá de pagar e apresentar-se ao tribunal para receber um castigo por ter transgredido a lei.

Outro exemplo? Está bem! Bill James é uma pessoa preguiçosa que não gosta absolutamente de trabalhar, mas tem uma namorada que custa muito dinheiro. Ele só consegue manter o interesse da namorada enquanto lhe puder dar as coisas que ela deseja. A ela não importa — ao que ela pensa — o modo pelo qual Bill James obtém as coisas que ela deseja, desde que as receba. Assim...

Certa noite, Bill James parte com a intenção de assaltar alguma loja, na esperança de obter dinheiro suficiente, a fim de poder comprar para a namorada o que ela bem desejar. Um casaco de arminho? Um relógio de platina, cravejado de diamantes? Bem, não importa o que ela queria, pois Bill James, com pleno conhecimento e aprovação da namorada, parte para esse roubo.

Em silêncio, aproxima-se do edifício e ronda por ali, procurando algum modo de entrar. Resolve que vai entrar no que parece ser uma janela bastante convidativa. Ela está a uma altura conveniente para ele e assim, com a habilidade de muita prática, ele introduz um canivete por uma fenda no caixilho da janela, abrindo o fecho. Com facilidade, ergue a janela e depois detém-se por um momento colocando-se à escuta. Terá feito algum ruído? Haverá alguém por perto? Satisfeito, finalmente, ergue-se do chão e passa pela janela aberta. Não há um só ruído, nenhum sinal. Em silêncio, calçando apenas meias, ele segue pela loja, tirando as coisas que quer, joias de estojos, enche os bolsos com relógios e de uma gaveta na sala do gerente tira dinheiro, retira um bom maço de notas. Satisfeito com o saque, volta à janela e espia primeiro lá fora. Não há ninguém por ali, ele volta a calçar os sapatos e segue para uma porta, julgando que será muito mais fácil sair por uma porta do que passar por uma janela e, quem sabe, danificar alguns dos artigos roubados. Em silêncio, ele afasta os trincos e sai. Dá alguns passos na escuridão da noite e uma voz áspera se faz ouvir de repente: “Pare! Mãos ao alto!” Bill James fica paralisado com o susto, sabe que o policia está armado, sabe que o policia não hesitará em disparar. Um foco de luz na escuridão vem iluminar-lhe o rosto.

Sombriamente, ele ergue as mãos acima da cabeça, figuras surgem na escuridão e ele vê que está cercado por policias. Estes o rapidamente revistam, procurando armas, e retiram todos os objetos muito valiosos que ele roubara na loja. Dali é levado para um carro da polícia e não tarda em encontrar-se numa cela.

Algumas horas depois, a namorada de Bill James é acordada por um policia masculino e uma policia feminina. Ela mostra-se muitíssimo indignada e não pouco histérica, ao saber que vai ser presa.

Presa? Sim, naturalmente, pois a namorada de Bill James foi um elemento acessório antes do fato e ela, incitou o Bill a fazer o que sabia ser errado, e assim tem tanta culpa quanto tem o Bill James.

As leis da vida são assim. Por momentos, afastemo-nos agora do mundo físico, para lhe dizer que o carma é um ato mental ou físico, que edifica o bem ou o mal. Existe um dito antigo: “o que semeares, colherás”.

Ele significa exatamente isso. Se você vai semear más ações, colherá um mau futuro, que pode acontecer na próxima vida, ou na outra, ou na seguinte. Se, nesta vida, você semear o bem, se demonstrar bondade e compadecimento para com os que se acham necessitados, nesse caso, quando chegar a sua própria vez de sofrer um infortúnio, alguém — em alguma parte — demonstrará bondade e consideração e compaixão por você.

Não se iluda com isto: se alguém estiver a passar por vicissitude, sofrimentos agora, talvez não seja devido ao facto de que esta pessoa agora seja má, pode ter a haver como ela reage em face à vicissitude, ao sofrimento, pode ser um processo de refinamento, para expulsar pelo sofrimento algumas impurezas, parte do egoísmo da humanidade. Todos, quer sejam príncipes ou mendigos, viajam pelo que nós chamamos a Roda da Vida, o círculo de existência sem fim. Um homem pode ser rei numa vida mas na seguinte talvez seja um mendigo, viajando a pé de uma cidade para outra, talvez a procurar trabalho sem o conseguir, ou talvez simplesmente vagueando, como uma folha tocada pela ventania.

Existem algumas pessoas que se acham isentas da lei do carma, de modo que é inútil você dizer: “Oh, que vida terrível aquela pessoa teve, deve ter sido um pecador tremendo numa vida anterior!” As entidades superiores (as quais chamamos “Avatares”) vêm à Terra para que certas tarefas sejam realizadas. Os hindus, por exemplo, acreditam que o Deus Vixnu desça à Terra em diversas ocasiões, a fim de trazer novamente à humanidade as verdades da religião, que a humanidade tanto se inclina a esquecer. Esse Avatar, ou Ser Adiantado, virá frequentemente viver, talvez, como exemplo de pobreza, mas para mostrar o que pode ser feito por compaixão, no que parece ser uma imunidade ao sofrimento. Nada podia estar mais longe da verdade acerca dessa “imunidade ao sofrimento”, pois o Avatar, sendo de material mais fino, sofre ainda mais agudamente.

O Avatar não nasce porque tenha de nascer, não nasce para que possa pagar o seu carma. Ao invés disso, ele vem à Terra como alma incorporada, o seu nascimento é o resultado da livre escolha, ou sobre certas circunstâncias, ele talvez nem chegue a nascer, poderá apoderar-se do corpo de outra pessoa.

Não queremos pisar os “calos” de ninguém, na questão das crenças religiosas, mas se alguém ler atentamente a Bíblia cristã, compreenderá que Jesus, o homem que nasceu de José e de Maria, na plenitude do tempo quando Jesus já era adulto, dirigiu-se para o Deserto e o Espírito de Cristo — o Espírito de Deus — desceu e preencheu o seu corpo. Em outras palavras foi um caso em que outra alma veio e se apoderou do corpo, pois Jesus estava favoravelmente disposto, o que originalmente era o filho de José e de Maria.

Mencionamos este fato, para que compreenda que algumas pessoas não estarão a saldar carma sofrendo os infortúnios da pobreza, quando na realidade vieram sim ajudar outros, demonstrando o que pode ser feito através do infortúnio e da pobreza.

Tudo o que fazemos resulta em alguma ação. O pensamento é uma força muito verdadeira, não há dúvida. Assim como você pensa, assim você é. Desse modo, se pensar em coisas puras, torna-se puro, se pensar em sensualidade, torna-se sensual e contaminado, e terá de voltar a Terra repetidas vezes, até que o “desejo” murche em você, sobre o peso da pureza e dos bons pensamentos.

Nenhuma pessoa jamais é destruída, nenhuma pessoa jamais é tão má que seja condenada a um castigo eterno. O “Castigo Eterno” foi um recurso criado pelos sacerdotes de antigamente, que queriam manter a disciplina sobre o rebanho um tanto desobediente. Cristo jamais ensinou o sofrimento eterno, a condenação eterna. Cristo ensinou que se uma pessoa se arrependesse e disso desse provas, seria “salva” da sua própria loucura, recebendo repetidas oportunidades.

O carma, portanto, é o processo pelo qual contraímos dívidas e as saldamos. Se você for a uma loja e pedir certos artigos, estará contraindo certas dívidas, que deverão ser pagas com a moeda do reino. Enquanto não tiver pago esses artigos, será devedor, e se não os pagar poderá, em alguns países, ser preso e levado à falência. Tudo tem de ser pago pelo homem mulher e criança, nesta Terra, apenas o Avatar se encontra imune às leis do carma. Por isso, aqueles que não são Avatares fariam melhor em procurar levar uma vida boa, a fim de que possam abreviar a sua estadia nesta Terra, pois existem coisas muito melhores em outros planetas e em outros planos de existência.

Devemos perdoar aqueles que nos ofenderam, e devemos procurar o perdão daqueles a quem ofendemos. Devíamos sempre nos lembrar de que o meio mais correto para alcançar um bom carma é fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem a nós.

O carma é algo a que poucos podem escapar. Contraímos uma dívida, temos de pagá-la, e se fazemos o bem aos outros, eles deverão pagar-nos, fazendo-nos o bem. É muito melhor recebermos o bem, e assim sendo vamos demonstrar bondade e compaixão para com todas as criaturas, quaisquer que sejam elas, lembrando-nos de que aos olhos de Deus todos os homens são iguais, e aos olhos do Grande Deus todas as criaturas são iguais, quer sejam gatos, cavalos — ou que nome lhe demos.

Deus opera de um modo misterioso na realização das suas maravilhas. Não nos cabe a nós questionar os modos de Deus, mas cabe, sim, trabalharmos nos problemas que nos são dados, pois apenas solucionando-os e levando-os a uma conclusão satisfatória poderemos saldar o carma. Algumas pessoas têm um parente doente, com o qual precisam viver, outras precisam que esse parente doente resida com elas, e pensam: “Oh, que maçada! Por que é que ele não morre a acaba com o sofrimento de todos?”

A resposta, naturalmente, é que ambos estão a viver um período de vida anteriormente planeado, levando uma forma de existência planeada. A pessoa que cuida do doente pode ter planeado vir exatamente para isso.

Devemos, em todos os momentos, demonstrar grande cuidado; atenção e compreensão para com aqueles que se encontram doentes, sofrendo ou atormentados, pois é bem possível que a nossa tarefa seja a de demonstrar esses cuidados e compreensão.

É demasiado fácil repelir uma pessoa chata, com um gesto impaciente, mas aqueles que se encontram doentes, com grande frequência, têm uma alta sensibilidade, sentem a sua incapacidade, sentem de um modo bastante agudo que estão a atrapalhar, que não são desejados.

Gostaríamos de lembrar-lhe mais uma vez que na atualidade, todos os verdadeiros ocultistas, todas as pessoas que podem exercer as principais artes ocultas apresentam alguma incapacidade física. Assim, ao desdenhar, ao repelir rudemente um apelo de ajuda, feito por alguma pessoa enferma, você está repelindo uma pessoa que é muito, muito mais dotada do que você poderá imaginar.

Não temos qualquer interesse em futebol ou em qualquer um desses desportes fatigantes, mas queremos fazer-lhe uma pergunta: já ouviu falar de um desportista forte, rijo, que fosse clarividente ou que sequer soubesse soletrar essa palavra?

A existência de alguma incapacidade física é muitas vezes um processo de refinamento do grosseiro corpo humano, de modo a que possa receber vibrações de uma frequência muita mais elevada à do ser humano médio. Assim, demonstre sempre consideração por aqueles que estejam doentes, sim?

Não seja impaciente com uma pessoa doente, pois esta tem muitos problemas com os quais você não está familiarizado. Existe também um lado egoísta nesse comportamento! O enfermo pode estar muito mais evoluído do que você, que se acha com saúde e, ao ajudá-lo, você poderá, na verdade, ajudar-se a si mesmo consideravelmente.

 

Você já repentinamente foi devastadora, chocantemente privada de um ser a quem muito amava? Já sentiu alguma vez que o sol se retirara, escondendo-se atrás das nuvens para nunca, para nunca mais brilhar, para você? A perda de alguém a quem amamos é realmente uma trágica tragédia, tanto para você como para aquele que “antes se foi”, e, se você continuar com os seus desnecessários lamentos...

Bem, vamos falar, nesta Lição, sobre assuntos que geralmente são encarados como tristes, sombrios. Mas se encarássemos as coisas como deveríamos fazê-lo, perceberíamos também que a morte não é realmente um momento para lamentos, não é realmente uma ocasião para tristezas. Examinemos primeiro o que sucede quando tomamos conhecimento de que uma pessoa passou para aquele estágio que as gentes da Terra chamam “morte”.

Íamos seguindo pelo nosso caminho normal, possivelmente sem qualquer preocupação ou inconveniência e então, de repente, como um raio vindo do céu azul, somos informados de que essa pessoa a quem muito amamos já não se encontra connosco. No mesmo instante, sentimos que o pulso que dispara, sentimos que os canais lacrimais dos olhos se preparam para derramar um líquido que alivie a tensão interna. Descobrimos que já não mais veremos as cores alegres, brilhantes e rosadas, e que ao invés disso tudo parece sombrio, tudo parece triste, como se repentinamente um dia brilhante de verão houvesse sido substituído por outro de pleno inverno, com o céu encoberto por nuvens cor de chumbo.

Retornemos mais uma vez aos nossos velhos amigos, os elétrons, pois quando somos repentinamente, atingidos pela tristeza, pelo pesar, a voltagem gerada nos nossos cérebros modifica-se, e pode até mudar a direção do seu fluxo, de modo que se antes estávamos a ver o mundo “através de uns óculos cor-de-rosa”, depois de recebermos essa triste notícia, passamos a ver o mundo por óculos que fazem tudo escuro e triste, tudo deprimente. Trata-se apenas no plano mundano de uma natural função fisiológica, mas no astral também ficamos deprimidos, devido à horrível inércia que o nosso veículo físico nos imprime, quando tentamos cumprimentar aquele que acabou de chegar ao que afinal de contas, é a Vida Maior, a vida mais feliz. É realmente triste ver um amigo a quem amamos partir para uma terra distante, mas na Terra nós nos consolamos com o pensamento de que sempre podemos escrever-lhe uma carta, mandar-lhe um telegrama, ou mesmo falar com ele pelo telefone. Mas a chamada “morte”, por outro lado, não parece deixar quaisquer possibilidades de comunicação. Mas VOCÊ acha mesmo que os “mortos” estão além do nosso alcance?

Você poderá estar muito, muito enganado! Estamos a dizer-lhe que existem diversos cientistas, em idôneos centros científicos do mundo, que, na verdade, estão a trabalhar com um instrumento que poderá comunicar-se com aqueles aos quais nos referimos pela denominação de “espíritos desencarnados”. Isto não é um devaneio, não é um pensamento fantástico, mas algo de que se vem cogitando há um bom número de anos e, de acordo com o últimos relatórios científicos, surgiram finalmente algumas esperanças de que tal progresso logo chegue ao conhecimento público, tornando-se propriedade pública. Antes, porém, de podermos entrar em contato com aqueles que passaram para o além do nosso alcance imediato, há muito que podemos fazer para os ajudar.

Quando uma pessoa morre, as funções biológicas, isto é, o verdadeiro funcionamento do corpo físico, se desaceleram e, com o tempo, param. Vimos nas etapas preliminares deste Curso que um cérebro humano pode viver apenas dois minutos, quando privado de oxigênio.

O cérebro humano, portanto, é uma das primeiras porções do corpo a “morrer”. Obviamente, quando o cérebro está morto, a morte torna-se inteiramente inevitável. Temos então aqui um motivo especial para nos alongarmos sobre este assunto.

Após a morte do cérebro, outros órgãos privados das ordens e orientação do mesmo, ficam inertes, isto é, assemelham-se a um automóvel que foi abandonado pelo motorista. Este desligou a ignição e deixou o veículo. O motor pode dar alguns solavancos, impelido pelos últimos movimentos, e então, gradualmente, o carro vai esfriando. À medida que o faz, percebem-se pequenos estalidos e ruídos de metal que se contrai. O mesmo acontece com o corpo humano — quando um órgão segue o outro, surgem diversos rangidos, grunhidos e retrocedimentos dos músculos. Durante uns três dias, o corpo astral se separa de um modo completo e permanente do físico. O Cordão de Prata, que prende o corpo astral ao físico, murcha gradualmente, de uma forma bastante parecida com aquele pelo qual quando é cortado o cordão umbilical de um bebe mirra, depois de separado da mãe.

Durante três dias, o corpo astral permanece em contato mais ou menos íntimo com o corpo físico em decomposição. A pessoa que morreu passa por uma experiência semelhante à seguinte: ela está na cama, possivelmente cercada por parentes ou amigos pesarosos. Ocorre, então uma ultima respiração rouca que precede a morte, e então o último alento é exalado entre os dentes. O coração dispara por momentos, bate mais devagar, bate irregularmente e para — permanentemente.

Notam-se diversos tremores no corpo e, gradualmente, ele começa a ficar mais frio, mas no instante da própria morte um clarividente pode ver uma forma de sombra a sair do veículo físico e flutuar, subindo, como uma bruma prateada, flutuando e pondo-se diretamente acima do cadáver. Por um período de três dias o Cordão de Prata escurece, acaba por tornar-se negro onde entra no corpo. É quando se tem a impressão de uma poeira negra voando e saindo daquela parte do cordão que ainda se encontra ligada ao corpo. Finalmente, o cordão se solta e a forma astral está livre para erguer-se corretamente e passar para a vida acima do astral.

Em primeiro lugar, porém, tem de olhar para baixo e ver o seu corpo morto, aquele em que habitara. Muitas vezes a forma astral acompanhará o carro funerário até ao cemitério, e assistirá ao sepultamento. Não há dor, não há perturbação que seja causada por isso, porque no astral, caso se uma pessoa não foi preparada com conhecimentos semelhantes aos contidos neste Curso, encontrar-se-á num estado de semi choque.

Ele acompanha o corpo no caixão, de uma maneira muito parecida com aquele pelo qual um papagaio de papel seguirá um menino, na outra extremidade de um cordel, ou de um modo muito semelhante ao balão que acompanha o reboque, que o impede de se escapar. Logo, porém, esse cordão de prata — que já não é de prata — deixará então o corpo astral livre para subir sempre e preparar-se para a sua segunda morte. Esta segunda morte é completa e inteiramente sem dor.

Antes da segunda morte, a pessoa tem de ir ao Salão das Memórias, e ver tudo o que aconteceu durante a sua vida. Você não é julgado por ninguém senão por si próprio, e não há juiz maior e mais severo do que você mesmo. Quando se vê despido de todos os orgulhos mesquinhos, todas as virtudes falsas que lhe eram caras na Terra, pode descobrir que, a despeito de todo o dinheiro que tenha deixado para trás, a despeito de todas as posições que tenha ocupado, todos os cargos, você não é tão grande assim, afinal de contas. Com uma enorme frequência, os mais humildes, os mais modestos e os mais pobres em dinheiro recebem o julgamento mais satisfatório e elevado. Depois de se ter visto no Salão das Memórias, você passa àquela parte do “Outro Mundo” que julga mais adequada para si. Você não vai para o Inferno, e pode crer em nós, quando afirmamos que o Inferno está na Terra — na nossa escola de formação!

Você provavelmente terá ouvido que os povos do Oriente, grandes místicos, grandes professores, nunca deixam o seu verdadeiro nome ser conhecido, porque há grande poder nos nomes, e se todas ou algumas pessoas puderem chamar-nos pela vibração correta do nosso nome, seremos nesse caso irresistivelmente puxados para que encaremos outra vez a Terra.

Em algumas partes do Oriente, e também em algumas do Ocidente, Deus é conhecido como “Aquele cujo nome não pode ser pronunciado”. Isto é porque se todos continuassem a chamar por Deus, nesse caso os dirigentes deste mundo passariam maus momentos. Muitos professores adotam um nome que não é o seu, um nome que difere acentuadamente da pronúncia do seu verdadeiro nome, pois os nomes, lembremo-nos, consistem de vibrações, de acordes e harmonias, e se alguém for chamado pelo que é a sua própria combinação harmônica de vibrações, nesse caso é também grandemente distraído de qualquer trabalho que possa estar a realizar no momento. Lamentar indevidamente aqueles que “passaram” causa-lhes dor, faz com que se sintam arrastados para a Terra. Eles são muito parecidos com o homem que foi atirado à água e se sente puxado para o fundo, pelas roupas molhadas e botas pesadas. Examinemos mais uma vez esta questão da vibração, pois a vibração é a essência da vida nesta Terra e, na verdade, em todos os mundos. Conhecemos um exemplo muito simples do poder da vibração; os soldados que estejam marchando sincronizados, interromperão esse passo para atravessar uma grande ponte em qualquer combinação desorganizada de passos. A ponte poderá suportar o tráfego mecanizado mais pesado, pode ser capaz de suportar uma procissão de tanques blindados que a atravessem, ou poderá suportar toda a carga de locomotivas, não se desviando, por isso, mais do que o calculado. No entanto, se uma coluna de soldados marchar com passos sincronizados por essa ponte, isso criará um impulso que fará a ponte oscilar e balançar e com a continuação, irá cair. Outro exemplo que poderíamos citar na questão das vibrações é o do violinista: que ao tocar o violino poderá, tocando uma só nota por alguns segundos, fazer com que as vibrações se façam um copo de vinho se estilhaçar com uma surpreendentemente explosão. Os soldados são uma das extremidades do nosso exemplo sobre a vibração; qual é a outra extremidade?

Examinemos o “Om”. Se alguém conseguir pronunciar as palavras “Om Mani Padmi Um” de certo modo, e continuar dizendo isso por alguns minutos, poderá também formar uma vibração com um vigor verdadeiramente fantástico. Assim sendo — lembre-se de que os nomes são coisas poderosas, e aqueles que passaram não devem ser indevidamente chamados, e tampouco devem ser chamados com pesar, pois o nosso pesar não deve causar-lhes pena e fazê-los sofrer. Já não sofreram o suficiente?

Talvez queiramos saber o motivo pelo qual vimos a esta Terra e sofremos a morte, mas a resposta é que a morte refina a criatura, o sofrimento refina a criatura, desde que não seja demasiado, e mais uma vez temos de lembrar-lhe que em quase todos os casos (há certas excepções especiais!), nenhum homem ou mulher jamais é chamado a suportar um sofrimento ou pesar maior do que a sua necessidade particular para ter nesse momento de se refinar. Você compreenderá isso quando pensar numa mulher que desmaia de pesar. O desmaio é apenas uma válvula de segurança, de modo que ela não fique sobrecarregada de pesar, de modo que nada aconteça que lhe pudesse fazer mal. Muitas vezes uma pessoa que sofreu um grande sofrimento, ficará entorpecida pelo mesmo. Também neste caso o entorpecimento é um ato de misericórdia para quem ficou e para aquele que se foi. O entorpecimento pode levar uma pessoa aflita a ter consciência da perda, e assim passar pelo processo de refinamento, mas ao perceber a perda, essa pessoa não se vê insuportavelmente atormentada. A pessoa que faleceu é protegida através do entorpecimento do aflito, porque se não houvesse o entorpecimento talvez a pessoa afligida, dominada pelo choro e lamentação, causasse uma grande tensão e impedimento a quem acabara de fazer a passagem para o outro lado. Na plenitude do tempo, pode ser que todos nós consigamos nos comunicar com aqueles que passaram, de um modo muito semelhante àquele contacto com quem se encontra em alguma cidade distante do mundo. Estudando conscienciosamente este Curso, tendo fé em si próprio e nos Poderes Maiores desta vida e da seguinte, também você deve poder entrar em contacto com aqueles que já passaram. É possível fazê-lo pela telepatia, é possível fazê-lo pela clarividência e pela chamada “escrita automática”. Nesta última, entretanto, é preciso que a pessoa se mantenha bem longe da sua própria imaginação destorcida, é preciso controlar a imaginação, de modo a que a mensagem escrita, aparentemente subconsciente, não emane da sua consciência ou do seu subconsciente, mas ao invés disso venha diretamente de alguém que tenha passado, e que nos pode ver, embora a maioria de nós não o possamos ver, por enquanto. Seja alegre, tenha fé, pois crendo você poderá realizar milagres. Não está escrito que a fé move montanhas? Ela certamente as move!

 

Vamos enunciar agora aquilo a que chamamos “Regras do Bom Viver”. São regras inteiramente básicas, regras positivamente “obrigatórias”. Você deve adicionar a elas as suas próprias regras. Em primeiro lugar, enunciemo-las e em seguida examinemo-las, com mais cuidado, a fim de que possamos talvez perceber algumas das razões em que se apoiam. Ei-las:

  1. Aja como desejaria que agissem com você;
  2. Não julgue os outros;
  3. Seja pontual em tudo;
  4. Não discuta sobre religião, nem critique as crenças alheias;
  5. Cinja-se à sua própria religião, e demonstre total tolerância para com os adeptos de outras;
  6. Abstenha-se da prática da “magia”;
  7. Abstenha-se de ingerir bebidas e drogas inebriantes.

Vamos, agora, examinar estas regras com mais detalhes?

Nós dissemos: “Aja como desejaria que agissem com você”. Bem, essa é muito boa, porque se você se achar na posse das suas faculdades normais, não se apunhalará pelas costas, nem se enganará nem cobrará a si próprio mais dinheiro do que o justo. Se for uma pessoa normal, gostará de cuidar de si tanto quanto possível. Você viverá de acordo com “A Regra de Ouro”, irá cuidar do seu vizinho como cuidaria de si próprio. Em outras palavras, faça com os outros o que desejaria que eles fizessem por você. Isso ajuda, e dá resultados. Essa coisa de oferecer a outra face, dá certo com pessoas normais, mas se alguém não conseguir aceitar a sua pureza, os seus bons pensamento e motivação, acontecerá que depois você sofrerá um pouco em silêncio umas duas ou, quanto muito, três vezes, então fará melhor em evitar a presença dessa pessoa.

E no mundo para além desta vida, não podemos encontrar aqueles que estejam contra nós, aqueles com quem não nos encontramos em harmonia. Infelizmente, temos de conhecer algumas pessoas bem horríveis enquanto nos encontramos na Terra, mas não precisamos fazê-lo por escolha, somente devido à necessidade. Assim sendo, aja como gostaria que agissem com você, e o seu carácter o sustentará e servirá de luz fulgurante para todos os homens e mulheres. Você será conhecido como uma pessoa que faz o bem, como alguém que cumpre as promessas, de modo que se for vigarizado, quem o vigarizar jamais receberá qualquer solidariedade. Em relação a isto, é bom lembrar que nem mesmo os maiores vigaristas conseguem levar um só vintém desta vida!

Também dizemos: “Não julgue os outros”. Você ainda poderá encontrar-se numa situação semelhante à da pessoa a quem tenha julgado ou condenado. Você conhece as circunstâncias relacionadas às suas próprias questões, mas ninguém mais as conhece, e nem mesmo a pessoa mais próxima e querida pode partilhar os pensamentos da sua alma. Ninguém, nesta Terra pelo menos, pode estar em completa harmonia com outra pessoa. Talvez você seja casado, talvez seja muito feliz com o seu cônjuge, mas ainda assim, mesmo no mais feliz dos casamentos, um cônjuge às vezes fará algo que seja inteiramente incompreensível para o outro. E é frequente não ser sequer possível explicar as reais motivações da pessoa.

“Que o inocente entre vocês seja o primeiro a lançar uma pedra”. “Quem tem telhado de vidro não deve atirar pedras”. Aqui temos ensinamentos excepcionais, porque ninguém é inteiramente inocente. Se alguma pessoa fosse completamente pura, completamente inocente. não conseguiria permanecer nesta nossa má e velha Terra, de modo que, se apenas o inocente pudesse atirar pedras, elas não seriam sequer atiradas.

Para dizê-lo claramente, encontramo-nos todos metidos aqui na Terra numa grande trapalhada. As pessoas vem para aprender coisas, pois se não tivessem algo a aprender não viriam aqui, passariam a um lugar melhor, muito melhor. Todos nós cometemos erros, muitos de nós somos incriminados por coisas que não fizemos, muitos não recebemos o reconhecimento pelo bem que tenhamos realizado. E isso realmente importa?

Mais tarde, ao deixarmos esta terra, ao deixarmos a nossa escola, verificamos que os padrões são muitíssimos diferentes, os padrões não serão em libras esterlinas, nem em dólares, nem em pesos ou em rupias. Quais os padrões? Nós seremos, então, avaliados por nosso verdadeiro valor. Assim sendo — não julgue os outros.

A nossa terceira regra: “Seja pontual em tudo” pode parecer-lhe uma grande surpresa, mas é uma regra lógica. As pessoas pretendem fazer as coisas, traçam planos, e existe um momento e lugar para tudo. Ao ser impontual, podemos contrariar os planos e ideias da outra pessoa, e ao sermos impontuais podemos causar algum ressentimento na pessoa a quem deixamos à espera por tanto tempo, e se criarmos o ressentimento e a frustração, essa pessoa poderá adotar um rumo diferente daquele inicialmente planeado. Isto quer dizer que ao sermos impontuais, levamos alguém a seguir um rumo de ação que não estava de início planeado, e a responsabilidade recai sobre nós.

A pontualidade pode ser um hábito, tanto quanto a impontualidade, mas a primeira é asseada, é o disciplinamento do corpo, do espírito e da alma também. A pontualidade demonstra respeito a si próprio porque significa que alguém consegue manter a palavra e demonstra respeito pelos outros, porque nesse caso somos pontuais, por respeitarmos os outros. Pontualidade, portanto, é uma virtude que vale a pena cultivar. Trata-se de um virtude que aumenta a nossa própria posição mental e espiritual.

Falemos, agora, da religião. É errado, não há dúvida, criticar a religião dos outros. Você acreditará NISTO, e outra pessoa acreditará NAQUILO. Realmente importa o que chamamos Deus? Deus é Deus, qualquer que seja o nome pelo qual O invoquemos. Você pode discutir sobre os dois lados de uma moeda?

Infelizmente, ao longo de toda a história da humanidade, tem acontecido uma grande quantidade de maus pensamentos acerca da religião — acerca da mesma religião que só devia gerar bons pensamentos.

Repetimos esta regra sobre a religião, até um certo ponto, na regra número 5, quando dizemos que devemos nos cingir somente à nossa própria religião. Raramente é aconselhável mudar. Enquanto estivermos na Terra, encontrar-nos-emos no meio da corrente, a corrente da vida, e não é aconselhável trocar de cavalos quando aí nos encontramos! A maioria de nós veio a esta Terra com um certo plano em mente. Para a maioria de nós, isso acarretava acreditar numa certa religião, ou numa determinada forma ou ramo de uma religião, e se não houver o mais forte dos fortes motivos, não é aconselhável mudar de religião.

Assimilamos a religião assim como assimilamos a língua falada na nossa infância. Da mesmo maneira como é sempre mais difícil aprender uma outra língua quando temos mais idade, também é mais difícil conseguir absorver as características de uma religião diferente.

Também é errado tentar influenciar outra pessoa para que passe para uma religião diferente. O que pode ser adequado a você pode não servir a outra pessoa. Lembremo-nos da Regra 2, e não julguemos os outros. Você não pode julgar que a religião se adaptará aquela pessoa, a menos que consiga entrar nela, entrar na sua mente, e entrar também na sua alma. Como não tem a capacidade de fazê-lo, é de todo desaconselhável interferir com a crença religiosa dos outros, ou mesmo enfraquecê-la, ou desdenhar acerca dela. Do mesmo modo como devemos fazer aquilo que gostaríamos que fizessem connosco, devíamos conceder plena tolerância e liberdade aos outros para que estes creiam e adorem como julgarem ser certo. Nós mesmos não gostamos de interferências, e assim sendo compreendamos que a outra pessoa também não as receberá bem.

A Regra número 6 é: “Abstenha-se da prática de magia”. Isto se deve a que muitas formas de “magia” são perniciosas, negativas. Existem muitas, muitíssimas coisas no ocultismo que podem fazer um tremendo mal a quem estuda sem orientação. Um astrônomo jamais olharia para o Sol através de um poderoso telescópio, sem adotar precauções adequadas e sem, na verdade, colocar alguns filtros adequados diante da lente. Até mesmo o astrônomo mais incapaz saberia que, olhando para o Sol por um telescópio de grande poder, ficaria cego. De uma maneira parecida, envolver-se nas coisas ocultas sem preparação adequada, sem orientação adequada, pode levar a um colapso nervoso, a toda uma série de sintomas inteiramente desagradáveis. Nós nos opomos veemente que recorra à prática de exercícios orientais de ioga que irá torturar um pobre corpo ocidental, ao se colocar em algumas daquelas posições. Esses exercícios destinam-se ao corpo oriental, que foi preparado para essas posições desde os primeiros dias, e podem fazer muito mal a quem ir-se-á tornar num amontoado contorcido de músculos magoados, só porque o exercício tenha o título ioga.

Estudemos o ocultismo, digamo-lo com ênfase, mas estudemo-lo de um modo sensato e com orientação. Não aconselhamos ninguém que “faça comunhão com os mortos” ou se entregue a quaisquer outras notáveis práticas deste tipo. Isso pode ser feito, naturalmente, e é feito todos os dias, mas trata-se de um assunto que pode revelar-se inteiramente penoso e prejudicial para ambas as partes, a menos que se faça sobre uma supervisão competente de uma pessoa preparada.

Algumas pessoas estudam o jornal diário para ver qual é o seu horóscopo do dia. Muitas pessoas, infelizmente, levam tais previsões a sério e condicionam as suas vidas pelos mesmos. O horóscopo é uma coisa inútil e perigosa, a menos que preparado de acordo com os dados precisos do nascimento, por um astrólogo competente, e o custo dos serviços desse astrólogo seria demasiado dispendioso, devido ao conhecimento considerável que seria necessário, e ao tempo prolongadíssimo que os cálculos iriam requerer. Não basta usar o símbolo do Sol ou da Lua, ou a cor dos cabelos de alguém, ou saber se os dedos do pé de alguém se voltam para cima ou não; só é possível fazê-lo com exatidão quando se tem a devida preparação e os dados necessários. Assim, a menos que você conheça um astrólogo dotado dessa formação e da paciência e tempo necessários, e a menos que disponha de uma boa quantidade de dinheiro com que pagar todo esse tempo e conhecimento, sugerimos que não se imiscua na astrologia. Ela pode fazer-lhe muito mal. Ao invés disso, estude apenas o que for puro e inocente como — ao que nos aventuramos a dizer, com a devida modéstia — este Curso que é, afinal de contas, apenas uma exposição de leis naturais, leis que se relacionam até mesmo com a respiração e o modo como se anda.

A nossa última regra foi: “Abstenha-se de bebidas ou drogas inebriantes”. Bem, acreditamos ter dito o suficiente neste Curso para fazê-lo compreender os perigos que farão expulsar o corpo astral, por bem ou por mal, do corpo físico, e — por assim dizer — atordoando-o.

As bebidas inebriantes prejudicam a alma, deformam as impressões transmitidas pelo Cordão de Prata, prejudicam o mecanismo do cérebro que, como devemos lembrar, não passa de uma estação receptora e transmissora ocupada com a manipulação do corpo na Terra e o recebimento de conhecimentos provindo do além. As drogas tem um pior efeito, pois são ainda mais formadoras. Se alguém começa a tomar drogas, estará na verdade abandonando tudo a que se aspira nesta vida, e dando passagem às falsas sensações das bebidas e drogas inebriantes. Vai estar a abrir caminho para vidas consecutivas sobre a Terra, até que se tenha eliminado completamente o Carma que os hábitos estúpidos provocaram em nós.

Toda a vida deve ser organizada, toda a vida deve ter disciplina. Uma crença religiosa, se nos mantivermo-nos à nossa, é uma forma útil de disciplina espiritual. Hoje em dia vemos quadrilhas de adolescentes em todas as cidades do mundo. Durante toda a Segunda Guerra Mundial, os laços do lar foram enfraquecidos; talvez o pai tenha ido para a guerra e a mãe trabalhasse nalguma fábrica, resultando em que as crianças impressionáveis brincavam nas ruas, sem qualquer supervisão de adultos, e essas criaturas novas e impressionáveis reuniam-se em quadrilha e bandos, escolhiam a sua forma própria de disciplina, a disciplina de bandidos. Acreditamos que enquanto a disciplina do amor dos pais e a disciplina da religião não entrarem em cena, a delinquência dos adolescentes continuará e aumentará. Se todos nós tivermos disciplina mental, poderemos dar algum tipo de exemplo àqueles que não a tem pois, é bom lembrarmo-nos, a disciplina é essencial. É ela que distingue um exército altamente treinado de uma turba desorganizada.

 

Vamos trazer à frente o nosso velho amigo, o subconsciente, porquanto a relação entre a mente consciente e a mente subconsciente oferece uma explicação do funcionamento do hipnotismo.

Nós, na realidade, somos duas pessoas em uma só. Uma, é uma criaturinha nove vezes menor do que a outra. É uma coisinha hiperativa que gosta de interferir, gosta de dar ordens e de controlar. A outra pessoa, o subconsciente, pode ser comparada a um gigante afável, sem poder de raciocínio, pois a mente consciente tem a razão e a lógica, mas não tem memória. E o subconsciente não pode utilizar a razão, nem a lógica, mas é a base da memória. Tudo quanto já aconteceu a alguém, até mesmo as coisas ocorridas antes do nascimento encontram-se guardadas no subconsciente, e mediante tipos adequados de hipnose, essa memória pode ser libertada para exame, por parte dos outros.

Poderíamos dizer — para os fins deste, exemplo — que o corpo, no seu conjunto, representa uma biblioteca muito grande. Na sala da frente, ou na mesa da frente, temos uma bibliotecária. A virtude principal da mesma é que, embora não saiba tanta coisa sobre os diversos assuntos, indicará instantaneamente os livros que contêm a informação desejada.

Possui a habilidade de consultar as fichas e logo dar o nome do livro com o conhecimento desejado. As pessoas são assim. A mente consciente tem essa capacidade de raciocinar (e, muitas vezes, de raciocinar incorretamente!) e pode exercer uma forma de lógica, mas não dispõe de memória. A sua virtude está em que, quando preparada, pode despertar o subconsciente, de modo a que este último proporcione as informações armazenadas nas células da memória. Entre a mente subconsciente e a consciente existe o que podemos chamar de tela, que bloqueia de um modo efetivo todas as informações à mente consciente. Isto quer dizer que a última não pode simplesmente sondar a subconsciente a qualquer momento. Mas este procedimento é inteiramente necessário, porque de outra forma viria com o tempo a contaminar a outra parte. Afirmamos que o subconsciente tem memória, mas não raciocínio.

Estará claro que, se a memória pudesse combinar-se ao raciocínio, algumas facetas da informação seriam distorcidas porque o subconsciente, dotado do poder de raciocinar, poderia dizer, na verdade: “Oh, isso é ridículo! Isso não pode ser! Devo ter lido mal, deixe-me modificar os meus depósitos de memória”. Assim é que o subconsciente encontra-se destituído de razão, e o consciente de memória.

Temos duas regras a recordar:

  1. A mente subconsciente não é dotada de raciocínio e assim sendo, só pode agir de acordo com a sugestão que lhe seja dada. Ela só consegue reter na memória qualquer afirmação, verídica ou inverídica, que lhe seja dada, e não tem a capacidade de avaliar se essa informação corresponde ou não à verdade.
  2. A mente consciente pode apenas concentrar-se numa ideia de cada vez. Você logo compreenderá que estamos constantemente a receber impressões, formando opiniões, vendo coisas, ouvindo outras, tocando em objetos, e que se a mente subconsciente não fosse protegida, tudo entraria e ficaríamos com a memória congestionada, abarrotada de informações inúteis, muitas vezes incorretas.

Entre as mentes subconsciente e consciente há uma tela que pode impedir a entrada dessas coisas que tenham de ser primeiramente examinadas pelo consciente, antes de serem transmitidas ao subconsciente para arquivamento. A mente consciente, portanto, limitada a examinar um pensamento de cada vez, escolhe o que pareça ser mais importante. Examina-o, e o aceita ou rejeita, à luz da razão ou lógica.

Você pode queixar-se, dizendo que tal não é possível, porque pessoalmente consegue pensar em duas ou três coisas ao mesmo tempo. Mas isso não acontece; o pensamento é muito rápido, na verdade, e é fora de dúvida que o pensamento se muda com a velocidade ainda maior do que a de um relâmpago; assim, embora você possa conscientemente julga que está com dois ou três pensamentos ao mesmo tempo, mas a investigação cuidadosa, feita pelos cientistas, prova que apenas um pensamento pode ocupar a atenção de cada vez.

Gostaríamos de tornar claro que, como já afirmamos, os depósitos de memória da mente subconsciente contêm o conhecimento de tudo quanto aconteceu a esse corpo. Esse limiar ou tela consciente não impede a entrada de informações, e tudo vai ter à memória subconsciente, mas as informações que precisam ser examinadas pelo cérebro de raciocínio lógico são detidas, até o momento em que tenham sido avaliadas e pesadas.

Observemos então, como o hipnotismo funciona. A mente subconsciente não tem poder de discernimento, não tem o poder de raciocínio, nem o de lógica, de modo que se pudermos forçar uma sugestão, fazendo-a passar pela tela que existe normalmente entre o consciente e o subconsciente, podemos levar o último a comportar-se como nós o desejarmos! Se concentrarmos a atenção consciente em um só pensamento, estaremos aumentando a sugestionabilidade. Se pusermos numa pessoa o pensamento de que ela será hipnotizada, e ela acreditar que isso ocorrerá, ocorre mesmo, porque aquela tela é baixada, então.

Muitos afirmam de que não podem ser hipnotizados, mas estão a afirmar com muita abertura à mesma. Ao negarem a sua susceptibilidade à hipnose, estão apenas a aumentar a mesma porque, mais uma vez o dizemos, em qualquer batalha entre a imaginação e a vontade, a primeira vence sempre. As pessoas podem não querer serem hipnotizadas. É como se a imaginação erguesse, irada, dizendo: “Você VAI SER hipnotizado!” e a pessoa “adormece” quase antes de saber se aconteceu alguma coisa.

Você já sabe então como é que alguém fica hipnotizado, mas não há mal em examinarmos a questão outra vez. A primeira coisa a fazer é ter algum método de atrair a atenção da pessoa, de modo que a sua mente consciente, que só pode reter um pensamento de cada vez, fique presa, e então as sugestões possam invadir o subconsciente.

Em geral, o hipnotizador tem um botão ou bocado de vidro brilhante, ou algum outro dispositivo, e pede ao paciente que focalize a atenção nesse objeto brilhante, e focalize a atenção com determinação.

O objetivo disso, ao que vamos repetir, está em empenhar a mente consciente de tal maneira que ela não perceba o que esteja ocorrendo nas suas costas!

O hipnotizador segurará um objeto pouco acima do nível dos olhos do paciente, porque ao olhar acima desse nível os olhos da pessoa são postos numa posição inatural de tensão. Isso força os músculos dos olhos e também das pálpebras. E estes últimos são os músculos mais fracos do corpo humano, cansando-se com mais rapidez do que qualquer outro.

Passam-se alguns segundos, os olhos cansam-se, começam a lacrimejar. E torna-se então simples para o hipnotizador, começar a dizer que os olhos estão cansados e que a pessoa quer dormir. Ela, naturalmente, quer fechar os olhos, porque o hipnotizador acabou de deixar aqueles músculos fatigadíssimos! A monotonia mortífera, repetindo que os olhos estão cansados entedia o paciente, e afasta a guarda — a percepção — do paciente. Ele, falando francamente, está entediadíssimo com aquilo tudo, e acha que seria bom dormir para ter algo diferente a fazer!

Quando isso foi feito algumas vezes, a sugestionabilidade do paciente ficou aumentada, isto é, ele está formando o hábito de se tomar hipnoticamente influenciado. Assim, quando alguém — o hipnotizador — diz que seus olhos estão-se cansando, o paciente o aceita sem a menor hesitação, porque as experiências anteriores ensinaram que os olhos em tais condições realmente se cansaram.

Deste modo, o paciente passa a depositar cada vez mais fé nas afirmações do hipnotizador. A mente subconsciente é inteiramente destituída de crítica, não consegue discernir, de modo que se a mente consciente pode aceitar a afirmação de que os olhos se cansam quando o hipnotizador o afirma, também o subconsciente concordará em que não haverá dor, quando o hipnotizador o disser. Nesse caso, o hipnotizador que sabe o que faz pode fazer por exemplo com que uma mulher dê à luz inteiramente sem dor, ou conseguir que um paciente faça uma extração de um dente sem qualquer dor ou incômodo. É uma questão muito simples, e requer apenas uma leve prática.

Portanto, a pessoa passa a estar em condições de ser hipnotizada e passa a aceitar as afirmações do hipnotizador. Em outras palavras, foi dito ao paciente que os seus olhos ficavam cansados. E a sua própria experiência vinha provar-lhe que isso de facto acontecia. O hipnotizador lhe disse que ia sentir-se muito à vontade, se fechasse os olhos, e quando o fez isso realmente aconteceu.

O hipnotizador precisa sempre ter o cuidado de fazer afirmações que sejam inteiramente aceitas pela pessoa hipnotizada. De nada adianta dizer a alguém que está em pé, quando é óbvio que a pessoa sabe que está deitada. A maioria dos hipnotizadores só falará com o paciente sobre alguma coisa, depois que a mesma tenha sido provada. Eis um exemplo:

O hipnotizador poderá dizer ao paciente que estenda o braço o mais que pode. Repetirá isso em voz monótona, por algum tempo, e quando vê que o braço do paciente está-se cansando, dirá: “O seu braço está a ficar cansado, o seu braço está a ficar pesado, o seu braço está a ficar cansado”. O paciente prontamente concordará com isso, porque é evidente que ele se cansa, mas no estado de leve transe não se encontra em posição de retorquir ao hipnotizador: “Ora, seu idiota! Naturalmente que está cansado, de tanto ficar assim estendido!” Ao invés disso, ele se limita a acreditar que o hipnotizador tenha um certo poder, uma certa capacidade que o pode obrigar a fazer o que for ordenado. No futuro, acontecerá que os médicos e cirurgiões recorrerão cada vez mais aos métodos hipnóticos, porquanto o hipnotismo não apresenta efeitos secundários, nada que seja doloroso, nada que perturbe. O hipnotismo é natural, e quase todas as pessoas são susceptíveis às suas ordens.

Quanto mais uma pessoa afirme que não pode ser hipnotizada, tanto mais fácil é hipnotizá-la. Nós, entretanto, não estamos interessados em hipnotizar os outros, porque a menos que se encontre em mãos altamente preparadas, pode ser uma coisa muito perigosa e má. Estamos apenas interessados em ajudar o leitor a hipnotizar-se a si próprio, porque, se o conseguir, conseguirá afastar-se dos maus hábitos, curar-se das suas debilidades, elevar a sua temperatura no tempo frio e fazer muitas outras coisas úteis.

Nós não vamos ensinar a hipnotizar os outros, porque consideramos isso muito perigoso, a menos que alguém tenha largos anos de experiência. Existem certos fatores sobre o hipnotismo que vamos mencionar, entretanto, e na Lição seguinte, iremos analisar o auto-hipnotismo. É dito, no Ocidente, que nenhuma pessoa pode ser hipnotizada instantaneamente. Isso é incorreto. Qualquer pessoa pode ser instantaneamente hipnotizada por alguém que tenha sido preparado com certos métodos orientais. Felizmente, poucos ocidentais receberam essa formação. Afirma-se, também, que nenhuma pessoa pode ser hipnotizada e obrigada a fazer uma coisa que colida com seu código moral. Também isso é falso, inteiramente falso. Não se pode ir a um homem integro e que viva bem, hipnotizá-lo e dizer: “Agora, vá roubar um banco!” O paciente não o faria, e ao invés disso despertaria. Mas um hipnotizador habilidoso pode enunciar as suas ordens e palavras de tal modo que o paciente hipnotizado acredite que estará a participar numa brincadeira ou um jogo.

É possível a um hipnotizador, por exemplo, fazer muitas coisas erradas a outra pessoa. Tudo de que necessita, mediante palavras e sugestões escolhidas, é persuadir o paciente de que ele ou ela se encontra em companhia de alguém a quem ame, ou alguém em quem confie ou, então, esteja brincando. Nós não vamos examinar mais este aspecto particular da questão, porque o hipnotismo é na realidade uma coisa chocantemente perigosa, em mãos inescrupulosas e despreparadas. Sugerimos de modo algum que você não utilize o hipnotismo, a menos que seja no tratamento com a supervisão de um médico idôneo, com grande experiência e muita preparação.

Ao lidar com o auto-hipnotismo, se seguir as nossas instruções, você não poderá se prejudicar, nem a pessoa alguma. Ao contrário, poderá fazer muito bem a si próprio e talvez também aos outros.

 

Na última lição e, na verdade, em todo este Curso, vimos como somos realmente duas pessoas em uma só; uma delas o subconsciente e a outra, o consciente. É possível fazer com que uma trabalhe para a outra, ao invés de permanecerem como entidades separadas, quase inteiramente fechadas em si e isoladas. O subconsciente é o armazenador de todo o conhecimento, e poderíamos chamá-lo de guardião dos registros ou o chefe da biblioteca. A entidade subconsciente pode ser comparada a uma pessoa que nunca sai, nunca faz coisa alguma senão armazenar conhecimentos e pôr as coisas em movimento mediante ordens que dá aos outros.

A mente consciente, por outro lado, pode comparar-se a uma pessoa sem memória, ou com pouquíssima memória, com fraca formação. Essa pessoa é ativa, sobressaltada, saltando de uma coisa para outra e utilizando o subconsciente apenas como meio de obter informações.

Por infortúnio, ou não, o subconsciente normalmente não é tão acessível quanto a todos os tipos de conhecimento. A maioria das pessoas, por exemplo, não consegue lembrar-se do momento em que nasceu, embora tudo isso se encontre guardado no subconsciente. É até mesmo possível, mediante os meios adequados, hipnotizar uma pessoa a fazê-lo voltar a momentos anteriores ao do seu nascimento, e embora isso constitua uma experiência interessantíssima, não é coisa de que aqui pretendamos tratar profundamente.

Vamos dizer-lhe, por ser de interesse, que é possível hipnotizar uma pessoa ao longo de uma série de entrevistas, e fazê-la percorrer todos os anos da sua vida, de modo que chegamos ao momento do nascimento, e ao tempo anterior ao nascimento. Podemos até levar a pessoa de volta quando estava planeando descer novamente à Terra.

O nosso intuito nesta Lição, entretanto, é ver como podemos hipnotizar-nos a nós mesmos. É do conhecimento comum que uma pessoa pode ser hipnotizada por outra, mas neste caso queremos fazê-lo connosco, pois muitas pessoas demonstram uma acentuada aversão a se colocarem literalmente à mercê de outra porque, embora, em teoria, uma pessoa pura e de mente elevada não possa prejudicar a que está sendo hipnotizada, podemos afirmar que, a não ser em circunstâncias excepcionais, efetua-se sempre uma certa transferência.

Alguém que tenha sido hipnotizado por outra pessoa é sempre mais susceptível às ordens hipnóticas dessa pessoa. É o motivo pelo qual, pessoalmente, não recomendamos a hipnose. Achamos que antes de ser aperfeiçoada para uso médico, é preciso que haja salvaguardas adicionais como, por exemplo — nenhum médico devia ter licença de hipnotizar alguém, e devia haver sempre dois médicos presentes.

Também gostaríamos de que fosse adotada uma lei de acordo com a qual uma pessoa que hipnotize outra já por seu turno tenha sido hipnotizada, recebendo a implantação de uma instrução de modo que não possa fazer coisa alguma que prejudique quem vai hipnotizar. E gostaríamos de ver o médico submeter-se à hipnose, de três em três anos, para que essa segurança sobre os pacientes seja renovada, pois de outra forma estes últimos estarão realmente à mercê do médico. Embora possamos concordar em que a imensa maioria dos médicos são pessoas muito honradas e dotadas de ética, ainda assim encontramos de vez em quando a ovelha negra que, neste caso particular, será realmente muitíssimo negra.

Mas passemos, agora, à questão de nos hipnotizarmos a nós mesmos. Se você estudar esta Lição adequadamente, sairá dela com uma chave que lhe permitirá liberar poderes e capacidades insuspeitados dentro de si. Se não estudar corretamente, tudo isto não passará de um amontoado ininteligível de palavras, e, terá perdido o seu tempo.

Sugerimos que você vá para o seu quarto e feche as cortinas para impedir a luz, mas acima dos olhos, coloque uma luz muito pequenina, do tipo da que fica acesa à noite. Apague todas as luzes, a não ser esta, que pode ser disposta de tal modo que os seus olhos a fitem ligeiramente para cima — um pouco mais alto do que ao olhar diretamente para a frente.

Apague todas as luzes, a não ser aquela pequena lâmpada de néon e estenda-se o mais comodamente possível no leito. Por alguns momentos não faça outra coisa além de respirar com a maior regularidade possível, e deixe os pensamentos desvanecerem. E, então, após uns dois minutos de devaneios ociosos, concentre-se e decida com toda a firmeza que vai ficar à vontade. Diga a si próprio que você vai afrouxar todos os músculos do corpo. Pense nos seus dedos do pé, fique pensando neles, sendo mais conveniente fazê-lo primeiramente com o dedo maior do pé direito. Imagine que todo o seu corpo é uma grande cidade, que tem pequeninos seres ocupando todas as células de seu corpo. São essas pessoazinhas que fazem funcionar os seus músculos e tendões, e que tratam das necessidades das células, que o fazem formigar com a sensação de vida. Agora, porém, você quer afrouxar-se, não quer mais essa gente miúda a se movimentar e a distraí-lo, com uma contração leve aqui, um estremecimento ali.

Concentre-se primeiramente nos dedos maiores dos pés, dizendo aos pequeninos seres ali estão que comecem a marchar, e deixe que marchem dali para fora, passando depois ao peito do pé, passando pelo tornozelo. Deixe que eles subam pela barriga da perna, chegando ao joelho. Abandonados por eles, os dedos do seu pé direito ficarão frouxos, sem vida, inteiramente à vontade, porque não há ninguém por lá, nem coisa alguma a provocar sensação; todas essas criaturinhas estão a marchar, a afastar-se dali, subindo pela sua perna. A barriga da perna direita já está inteiramente afrouxada, não há sensações nela. A sua perna direita, na verdade, está muito pesada, sem vida, entorpecida, insensível e inteiramente descansada. Faça as criaturinhas marcharem até ao seu olho direito, providenciando para que os policias ali em serviço ponham barreiras na estrada, de modo a que nenhuma delas possa retornar. A sua perna direita, então, dos dedos à coxa, estará totalmente frouxa. Espere um momento, certifique-se de que é assim, e depois passe à perna esquerda. Imagine, se quiser, que um apito de fábrica foi ouvido, e que todas as criaturinhas estão apressadamente, saindo, deixando as máquinas, indo para casa e para o seu lazer. Imagine que elas tem um bom jantar à sua espera. Faça-as apressar-se, saindo dos dedos do seu pé esquerdo, apressando-se pelo peito do pé, tornozelo, pela barriga da perna, até o joelho. Lá embaixo, os dedos do pé esquerdo, e mais o pé, e a parte inferior da perna, estarão completamente frouxos, pesados, como se não mais lhe pertencessem.

Faça com que essa gente se mova, faça-a passar para além do joelho, indo para a coxa. Agora, como aconteceu antes no caso da perna direita, na esquerda ordene aos seus policias imaginários que ponham barreiras, de modo que ninguém possa retornar.

A sua perna esquerda está inteiramente descansada? Verifique. Se não estiver totalmente frouxa, ordene às criaturinhas que saiam do caminho, outra vez, de modo que você fique com as duas pernas como se fossem uma fábrica vazia, da qual todos já saíram e foram para casa, e nem mesmo os encarregados da manutenção ali permaneceram para causar qualquer perturbação ou ruído. As suas pernas estão em repouso.

Agora, faça o mesmo com a mão e braço direitos e a mão e braço esquerdos. Mande embora todos os trabalhadores, despeça-os — ponha-os em movimento, faça com que se movam como um rebanho de ovelhas que caminha, depressa, quando tem um bom cão pastor no seu encalço. O seu objectivo é afastar essas criaturinhas dos seus dedos, da palma da sua mão, do seu punho, do antebraço, passando pelo cotovelo — fazê-las andar, mandá-las embora, porque se você puder afrouxar-se e continuar livre de todas as distrações, livre de todos os zumbidos, movimentos e ruídos internos, poderá abrir o subconsciente e será, então, possuidor de poderes e conhecimentos que normalmente não são dados ao Homem. Você tem o seu papel a desempenhar, tem de fazer com que essas criaturinhas saiam dos seus membros, que se ponham em movimento, afastem-se do seu corpo.

Tendo ficado com os braços e pernas completamente em total repouso, deixados como uma zona residencial de onde todos saíram para algum divertimento local fora, faça o mesmo com o corpo. Os seus quadris, as costas, o estômago, o peito — tudo.

Essas criaturinhas são uma chatice para você. Reconhecemos que sejam necessárias para manter a vida em você, mas nesta ocasião você deseja que elas tirem umas férias, afastem-se de você. Bem, ponha-as em movimento, faça-as marchar pelo Cordão de Prata, afaste-as do seu corpo, liberte-se da sua influência irritante, para que você possa ficar completamente relaxado, descansado, e conhecerá mais a paz interna do que alguma vez julgou ser possível em qualquer ocasião.

Com todas essas criaturinhas reunidas no seu Cordão de Prata, e tendo então o corpo vazio — sem a presença delas — providencie imaginando convictamente para que hajam guardiães na extremidade do Cordão de Prata, de maneira a que nenhuma delas possa retornar para provocar agitação.

Respire fundo, numa inalação lenta, profunda e satisfatória. Prenda-a por alguns segundos e depois solte o ar devagar, gastando nisso alguns segundos mais. Essa operação não deve provocar nenhuma tensão pois deve ser feita facilmente, de uma forma cômoda e natural.

Volte a repeti-lo. Inspire fundo, num alento vagaroso, satisfatório. Prenda-o por alguns segundos e ouvirá o seu coração a começar a causar ruídos nos seus ouvidos. Solte então a respiração — solte-a devagar, muito devagar. Diga a si próprio que o seu corpo está inteiramente relaxado, que você se sente agradavelmente descansado e à vontade. Diga a si mesmo que todos os músculos do corpo estão relaxados, e os do pescoço também, que não há tensão dentro de você, apenas calma, comodidade, e descanso.

A sua cabeça começa a pesar. Os músculos do seu rosto já não o preocupam mais, não existe tensão, você está repousado e a cômodo. Contemple ociosamente os dedos do pé, os joelhos, os quadris.

Diga a si próprio como é agradável sentir-se tão descansado ao sentir que não há tensão, que não há nada a puxar ou contorcer-se no seu corpo, em parte alguma, nenhuma tensão dentro dos seus braços, o seu peito, ou dentro da cabeça.

Você está repousando calmamente, à vontade, e todas as partes, todos os músculos e nervos, todos os tecidos do corpo se encontram completamente relaxados.

Você precisa de estar convicto de estar inteiramente relaxado, antes de fazer qualquer outra coisa na área da auto-hipnose, porque é apenas na primeira ou segunda vez que você experimentará possíveis dificuldades. Após ter feito isso uma ou duas vezes, irá parecer uma coisa tão natural e fácil que você ficará espantado por nunca o ter antes realizado.

Então tenha um cuidado especial nesta primeira ou segunda vez, vá devagar, não há necessidade de pressa, você viveu toda a sua vida até agora sem isto, de modo que algumas horas a mais não terão qualquer importância. Vá com calma, não se force, não se esforce demais, porque se o fizer facilitará a intromissão das dúvidas, hesitações e a fadiga muscular.

Se descobrir que alguma parte do corpo não está relaxada, dedique uma atenção especial à mesma. Imagine ter alguns operários especialmente trabalhadores nessa parte do corpo, e que eles querem acabar algum trabalho específico que estavam a fazer, antes de saírem ao final do dia. Bem — mande-os embora, nenhum trabalho é tão importante quanto aquele em que você agora se empenhou. O essencial é que você se relaxe, pelo seu próprio bem, como pelo bem dos seus “operários”.

Agora, se estiver mesmo totalmente relaxado em todas as partes do corpo, erga os olhos de modo a que possa ver a pequenina luz, tremelicando em algum lugar, logo acima da sua cabeça. Erga os olhos, de modo que haja uma leve tensão nos mesmos e nas pálpebras, enquanto fixa a luz. Passe, então, a focar essa luz noturna, com o seu agradável brilho, avermelhado e pequeno, e que o deve fazer sentir-se sonolento. Diga a si próprio que você quer que as pálpebras se fechem quando já tiver contado até dez, e conte: “Um... dois... três... Os meus olhos estão-se cansando... quatro... Sim, estou a ficar com sono... cinco... Quase não consigo manter os olhos abertos...” e assim, até chegar a nove. “Nove... Os meus olhos estão-se fechando... dez... Meus olhos não se abrirão mais, estão fechados”.

O objectivo é que você pretende criar um reflexo condicionado definido por si, de modo a que em sessões futuras de auto-hipnose, não encontre dificuldades e não tenha de perder tempo com todo o relaxamento do corpo. E tudo que terá de fazer será contar, e entrará num sono, num estado hipnótico quase imediato, e este é o objectivo que você deve ter em vista.

Há certas pessoas que podem abrigar algumas dúvidas, e os seus olhos ao contarem até dez não se fecharão na primeira vez. Não é preciso preocupar-se com isso, pois se os seus olhos não se fecharem prazerosamente, você os poderá fechar de deliberadamente, como se estivesse realmente em estado hipnótico.

Se fizer isso deliberadamente, você estará lançando um alicerce para aquele reflexo condicionado, e isso é fulcral. Voltamos a repetir — você quer dizer algo parecido com o que se segue, e as palavras que usar não importam, pois isto serve apenas para dar-lhes alguma ideia com a qual você possa estabelecer a sua própria fórmula:

“Quando eu tiver contado até dez, as minhas pálpebras tornar-se-ão muito, muito pesadas, e os meus olhos ficarão cansados. Terei de fechar os meus olhos e nada os fará abrir, após eu tiver chegado a contar “dez”. No momento em que eu deixar que os meus olhos se fechem, entrarei num estado completo de auto-hipnose. Terei plena consciência, ouvirei e saberei de tudo o que acontece, e conseguirei dar ordens à minha mente subconsciente, como quero fazer”.

Em seguida, conte como lhe dissemos antes:

“Um... dois... As minhas pálpebras estão a ficar muito pesadas, os meus olhos estão a ficar cansados... três... É difícil manter os olhos abertos... nove... Não consigo manter os olhos abertos... dez... Os meus olhos estão fechados, e eu estou em estado auto-hipnótico”.

Consideramos que você deve encerrar esta Lição por aqui, por ser uma Lição tão importante. Queremos encerrá-la aqui, de modo a que você tenha bastante tempo para praticar. Se apresentássemos mais, nesta Lição, você poderia inclinar-se a ler demasiado de uma só vez, e a absorver relativamente pouco.

Assim — quer estudar isto, diversas vezes? Asseguramos e reafirmamos que, se o estudar, assimilar e praticar, você obterá resultados verdadeiramente maravilhosos.

 

Na nossa lição anterior, examinamos o método de nos colocarmos em estado de transe. Agora, temos de praticá-lo diversas vezes. Podemos facilitá-lo muito para nós mesmos, se o praticarmos realmente, de uma maneira a que possamos entrar no estado de transe com a maior das facilidades, sem maiores esforços, porque o objectivo principal em tudo isto é evitar trabalho em demasia.

Vejamos também o motivo pelo qual você quer hipnotizar-se, de forma a poder eliminar certos defeitos, ou a poder fortalecer certas virtudes, certas capacidades. Pois bem, quais são esses defeitos ou faltas? Quais são essas capacidades?

Você deve ser capaz de focalizar as faltas e virtudes com clareza; é preciso conseguir formar realmente uma imagem de si próprio como deseja ser. Tem uma vontade, uma determinação fraca? Nesse caso, imagine-se exatamente como quer ser, dotado de uma vontade forte, determinada com uma personalidade dominante, capaz de fazer ver aos outros o seu ponto de vista, capaz de influenciar homens e mulheres da maneira como os deseja influenciar.

Continue pensando nesse “eu novo”. Mantenha a imagem desse “eu” com firmeza diante de si, de uma forma bastante parecida como a que um ator — ou estrela — realmente vive o papel que vai desempenhar. É preciso que utilize todos os seus poderes de visualização; quanto maior a firmeza com que se visualiza como se deseja ser, tanto mais depressa atingirá o seu objectivo. Continue praticando, pondo-se em transe, mas tenha sempre o cuidado de praticar num aposento tranquilo e escurecido.

Não há nenhum perigo nisto. Queremos frisar que você deve “assegurar-se de que não será interrompido”, porque qualquer interrupção, ou qualquer corrente de ar frio, por exemplo, fará com que você desperte, levá-lo-á a sair do transe apressadamente. Não há perigo, voltamos repetir, e não é possível que você se hipnotize e não consiga sair do transe. A fim de tranquilizá-lo, observemos um caso típico; O paciente dispõe de muita prática. Vai para o seu aposento escurecido, acende a pequena luz de néon logo acima do nível das sobrancelhas, e se coloca confortavelmente no leito ou no sofá. Por alguns momentos, ocupa-se em relaxar o corpo, libertar-se das tensões.

Logo uma maravilhosa sensação se apodera dele, como se todo o peso do corpo, todos os cuidados do corpo estejam a se retirar dele, e ele esteja a pronto para entrar numa nova vida. Ele coloca-se cada vez mais à vontade, procurando lentamente algum músculo que esteja sobre tensão, procurando sentir se há alguma contração, alguma dor, algum esforço em algum lugar. Satisfeito por encontrar-se inteiramente à vontade, fixa com firmeza a pequenina luz fraca. Os seus olhos não fitam diretamente para à frente, mas estão um pouco inclinados para cima, na direção das suas sobrancelhas.

Logo as pálpebras começam a pesar, tremulam um pouco e se fecham, mas apenas por um ou dois segundos. Voltam a tremular, abertas, há alguma água nos olhos, que marejam. Eles tremulam e estremecem, e fecham-se de novo. Mais uma vez se abrem, desta feita com dificuldades, pois os olhos estão cansados, as pálpebras pesam, e a pessoa se encontra quase em transe profundo. E por um segundo, mais ou menos as pálpebras se fecham, desta feita permanecendo cerradas. O corpo se relaxa ainda mais, a respiração torna-se espaçada, o paciente — ou qualquer nome que lhe possamos dar — encontra-se no estágio de transe.

Deixemo-lo por momentos, agora. O que ele faz durante o transe não é da nossa conta, porque também podemos entrar em transe e passar pelas nossas próprias experiências. Deixemo-lo no estado de transe até que tenha completado aquilo que ele se propôs a fazer. Ele estava fazendo uma experiência, ao que parece, para ver até que ponto conseguiria hipnotizar-se, para ver o quanto poderia ir profundamente e poderia permanecer adormecido.

E procurou deliberadamente deixar de lado uma das determinações da natureza, que é dizer a si próprio que não iria despertar! Minutos — dez minutos, vinte minutos? — passam. A respiração se altera, e o paciente já não se encontra em transe, mas a dormir. Após meia hora, mais ou menos, desperta, sentindo-se maravilhosamente revigorado, com mais vigor, na verdade, do que após uma noite completa de sono.

Você desperta sempre de um transe, pois a natureza não o permitirá que lá fique. O subconsciente é como um gigante bastante obtuso — um gigante com intelecto obtuso — e por algum tempo você poderá persuadi-lo de tudo quanto quiser, mas após um certo período, esse gigante obtuso entende que “estão a brincar com ele”. É quando ele sai do estado hipnótico.

Voltamos a repetir que você não consegue pôr-se a dormir de formas que lhe possam provocar malefícios ou mesmo desconfortos. Você está inteiramente seguro, porque estará a hipnotizar-se a si próprio e não estará à mercê das sugestões de outros.

Dissemos antes que uma corrente de ar frio despertaria a pessoa; é o que acontece. Por mais profundo que seja o transe, se houver uma modificação de temperatura ou qualquer coisa que possa de algum modo prejudicar o corpo, o transe acaba. Assim é que, se você estiver em transe e alguém na casa abrir uma porta ou uma janela de forma a que uma corrente de ar chegue aonde você está, talvez por baixo da porta ou pelo buraco da fechadura, você será seguramente despertado, sem dor, e terá o problema de ter de recomeçar tudo. É esse o motivo pelo qual se deve evitar as correntes de ar e ademais perturbações.

Durante todo o tempo você terá de frisar as virtudes que quer adquirir. Terá de frisar que se está a livrar das coisas que não admira, e ao fim de alguns dias, enquanto estiver passeando, terá de visualizar de modo ativo as capacidades que deseja adquirir. Dirá a si próprio, repetidas vezes, durante todo o dia, que em tal ou qual momento — preferivelmente naquela noite — irá hipnotizar-se, e cada vez em que entrar em transe, as virtudes desejadas aparecerão com mais força. Ao entrar no seu transe, repita dentro da sua mente aquilo que deseja.

Aqui vamos dar um exemplo pequenino e simples, talvez tolo: digamos que um homem tem o corpo curvado talvez porque seja demasiado preguiçoso para endireitá-lo. Que diga repetidas vezes: “Andarei ereto... Andarei ereto... Andarei ereto”. O importante, mais uma vez, é que repita isso depressa e continuadamente, sem intervalos, porque se permitir algum intervalo o Amigo Subconsciente poderia apresentar-se e dizer: “Oh, você nunca diz a verdade, eu sou realmente torto!” Se você o repetir sem dar uma brecha ao Amigo Subconsciente, este é avassalado pelo peso das palavras e logo acredita que você anda ereto.

Se ele acreditar nisso, os seus músculos se enrijecerão e você andará ereto como deseja. Você fuma em demasia? Bebe em demasia? Se for levado a um excesso, isso é mau para a saúde, como sabe! Por que não usa o hipnotismo para curar-se, poupar o seu dinheiro quanto ao desperdício constante de que, afinal de contas, são hábitos tão infantis?

Basta convencer o seu subconsciente de que não gosta de fumar, e parará de fazê-lo, sem sofrimento algum, sem um só pensamento mais ou sequer sentir o desejo de fumar. Não se pode abandonar o tabagismo, que é um hábito extremamente difícil de dominar. Você, por certo, ouviu dizer isso repetidas vezes; um fumador não pode abandonar o cachimbo ou o cigarro, ao que todos afirmam, os anúncios nos jornais chamam a nossa atenção para diversos remédios destinados a acabar com o vício de fumar, a acabar com isso, ou acabar com aquilo.

Não lhe ocorre que tudo isso é, em si, uma forma de hipnose? Você não consegue parar de fumar porque acredita no que as outras pessoas lhe disseram, bem como nos anúncios, no sentido de que parar de fumar é quase impossível.

Utilize esse hipnotismo em seu próprio benefício: VOCÊ é diferente do rebanho comum. VOCÊ tem um carácter forte, é dominante, pode curar-se do tabagismo, da bebida, ou do que bem desejar.

Assim como o hipnotismo — o hipnotismo inconsciente — o levou a crer que não conseguiria acabar com o hábito de fumar, quando tiver a percepção disso, o seu hipnotismo consciente poderá fazer com que você nunca mais toque num cigarro.

Aqui cabe uma palavra de advertência, entretanto, e talvez a pudéssemos chamar de advertência amiga. Você tem a certeza de que quer parar de fumar? Tem a certeza de que quer parar de beber ou deixar de chegar sempre atrasado aos encontros? Você não conseguirá fazer coisa alguma enquanto não tiver essa certeza, e precisa de estar certo de que quer parar de fumar, de que não quer fazer isto ou aquilo.

Não basta ser muito fraco e dizer: “Oh, eu bem queria parar de fumar, vou dizer a mim mesmo que o farei”. Repita e repita, até que a ideia chegue ao seu subconsciente — você somente pode fazer aquilo que realmente deseja. Assim sendo, se você se atrever mais ou menos a não parar de fumar, nesse caso não o deixará de fazer, poderá passar até a fumar mais!

Pare. Examine-se. O que realmente quer? Não há pessoa alguma ao seu redor, ninguém está a olhar por cima do seu ombro, ninguém está a espionar a sua mente. Você realmente quer parar de fumar? Ou prefere continuar a fazê-lo, e se a sua afirmação de que deseja parar constitui um amontoado de palavras ao vento?

Uma vez que se encontre inteiramente convencido de que quer realmente uma coisa, poderá tê-la. Não culpe o hipnotismo, ou qualquer outra coisa senão a si próprio, por deixar de conseguir o que quer, porque se fracassar no desejo, isso quer dizer apenas e unicamente o seguinte: o fracasso significa que sua decisão de fazer isto ou não fazer aquilo não era realmente tão forte!

Mediante a auto-hipnose, você pode curar-se destas coisas às quais as pessoas se referem como “maus hábitos”. Não importa se poderíamos conseguir descobrir o que esses “maus hábitos” eram na verdade, pois depois de passarem, bem, já não podemos esclarecer mais esse assunto!

Concluiremos que os maus hábitos poderiam ser uma forma de chatear a sua mulher, ou querer mandar o ferro de engomar ao marido, ou dar pontapés no chato do cão, agredir as pessoas sem motivo, ou embebedar-se. Todas estas coisas podem ser curadas com grande facilidade, desde que a pessoa realmente o deseje.

Deixe-se descansar, relaxe por algumas vezes. Aproveite-se deste método para libertar-se da tensão interna, para reformular a sua própria energia nervosa. Você pode fazer muito para melhorar a sua saúde, bastando ler e reler esta Lição e a anterior, e praticar, praticar, praticar!

Até mesmo os maiores músicos praticam as escalas e toda o tipo de músicas, horas seguidas, dias seguidos. É esse o motivo pelo qual são grandes músicos.

Você poderá ser um grande auto-hipnotizador se fizer o que dissemos. Pratique, pois.

 

Muitas pessoas têm a ideia — errônea — de que existe alguma coisa errada em trabalhar. Muitas civilizações se dividem em “trabalhadores de escritórios” e aqueles que “têm de sujar as mãos”. Trata-se de uma forma de classes, que devia ser eliminada, porque faz com que um irmão se volte contra outro, uma raça contra a outra.

O trabalho, quer seja cerebral ou manual, é sempre nobre para todos aqueles que o fazem com clara consciência e sem alguma sensação errada de vergonha.

Em alguns países, é considerado vergonhoso se a Dama da Casa ergue a mão para fazer qualquer forma de trabalho; julga-se que ela deve ficar sentada, bonitinha, e talvez dê algumas ordens, de vez em quando, para mostrar que é a Senhora!

Na antiga China, aquela de dias já muito distantes, as classes superiores — assim chamadas — deixavam ridiculamente as unhas dos dedos crescerem tanto, tanto, tornando-se tão compridas, na verdade, que as pessoas chegavam a usar invólucros especiais para protegê-las de acidentalmente se romperem. O objectivo dessas unhas compridas era demonstrar que o seu possuidor dispunha de uma tal fortuna que não precisava fazer coisa alguma, mesmo por si próprio; as unhas compridas constituíam uma prova da sua incapacidade de trabalhar, porque a Dama ou o Senhor da Casa — que usava as unhas compridas, não podia sequer tratar das suas próprias necessidades corporais, e necessitava de criados para fazer tudo!

No Tibete, antes da invasão comunista, alguns dos nobres (que deviam achar-se mais bem informados!) usavam luvas tão compridas que encobriam inteiramente as mãos e pendiam sobre as pontas dos dedos talvez por uns quinze ou trinta centímetros. Isto servia para mostrar que esses homens eram tão importantes e ricos que não precisavam de trabalhar. As mangas compridíssimas serviam como um lembrete constante de que eles não podiam trabalhar. Isto, naturalmente, era uma degradação do verdadeiro objetivo do trabalho. O trabalho era uma forma de disciplina, uma forma de preparação. A disciplina é inteiramente necessária, é ela que faz a diferença entre um regimento treinado de soldados e uma turba desorganizada; é a disciplina no lar que torna possível aos jovens — adolescentes — tornarem-se cidadãos decentes, quando forem adultos; e a falta de disciplina cria essas hordas de jovens imbecis, com blusões de couro, que nada procuram senão a destruição.

Mencionamos o Tibete como um dos lugares aonde predominavam ideias erradas acerca do trabalho, mas isto ocorre, apenas entre os leigos. Nas lamaserias, imperava a regra de que todos, por mais elevados que fossem, tinham de fazer em determinadas ocasiões trabalho braçal. Era (antes da invasão comunista) normal ver um Alto Abade limpando o chão — limpando os detritos ou o lixo depositado no chão pelos monges de menor categoria. O objetivo disso era ensinar ao Abade que as coisas na Terra eram coisas com uma natureza temporal e que o mendigo de hoje poderia ser o príncipe de amanhã, e o príncipe de hoje o mendigo de amanhã. Talvez uma compreensão de muitos querem assegurar o seu futuro pudesse ser extraída do facto de que muitas das cabeças coroadas da Europa e de outras partes do mundo, um dia deixaram de ser reis, rainhas e príncipes e deixaram de governar os seus países. Mas constatamos que muitas dessas antigas cabeças coroadas e também os presidentes, providenciaram, enquanto se encontravam no poder, de disporem de amplos fundos no sentido para quando não mais ocupassem tais cargos, estarem assegurados.

Isto, no entanto, é uma digressão; voltemos a dizer que o trabalho, qualquer que seja a sua espécie, quer braçal ou mental, é sempre nobre e jamais degradante, quando executado com motivos puros, e com a ideia de se prestar “serviço aos outros”. Ao invés de aplaudir aquelas damas refulgentes que ficam sentadas e autocraticamente ditam ordens a criados mal pagos, enquanto não levantam um só dedo, devíamos aplaudir os criados, encarar com desdém tais damas, pois os servidores estão a fazer algo meritório, e as damas não.

Recentemente ouvimos um debate — um tanto acalorado — a respeito de comer-se carne. O nosso ponto de vista é o de que se uma pessoa quiser comer carne, que o faça, se uma pessoa quiser ser vegetariana, e subir às árvores para procurar nozes, que seja vegetariana e trepe às árvores. Não importa o que se coma, ou o que não se coma, desde que as criaturas não imponham suas opiniões muitas vezes erradas aos outros, que poderão também ser educados para objetarem com veemência.

O homem é um animal, por mais que disfarcemos esse fato com belas roupas, belos penteados e besunturas nos cabelos, etc. O Homem e a Mulher são animais, e animais comedores de carne. Na verdade, a carne humana, a julgar por todas as informações, terá um sabor parecido com a carne de porco! Muitas pessoas se comportam de uma forma bastante suína, de modo que talvez esse seja o motivo. Os canibais quando interrogados sobre a carne humana, dizem que a do homem negro é bastante doce, e se parece com a carne de porco assada. A do homem branco, ao que parece, é bastante rançosa e azeda.

Sugerimos, portanto, que se você quiser comer carne, faça-o. Se quiser comer legumes ou erva, faça-o também. Mas, nem por um só momento, imponha as suas opiniões aos outros. Temos um fato triste em que os que são vegetarianos ou seguidores da comida sadia muitas vezes tornam-se extremados nos pontos de vistas, como se pela própria veemência dos seus argumentos quisessem convencer-se.

A nós, parece bem claro que muitas pessoas, às quais encaramos pessoalmente como maníacas, não têm a certeza do que estão a fazer estará correto. Umas não querem perder nada, outras não querem ser vegetarianas e as outras acham que as outras pessoas adoram saborear carne.

É o que ocorre muitas vezes com os não fumadores; estes, muitas vezes, ressentem-se muito com o fato de que outra pessoa fume, e pensam ser uma virtude não fumar. Na verdade, trata-se de uma simples questão de escolha. O fumo, moderadamente, talvez nunca tenha prejudicado alguma pessoa, mas a bebida — as bebidas inebriantes — fazem mal às pessoas, porque interferem com o seu astral. Em relação a isto dizemos, mais uma vez, que se uma pessoa quiser beber e prejudicar o seu corpo astral, bem, isto é uma escolha dela. Está errado, negativamente errado, tentar usar qualquer persuasão vigorosa para mudar a vontade os outros.

Agora, se estamos a falar que comer carne, etc., acarreta matança. Mencionemos este outro ponto porque talvez você ache interessante. Há quem diga que nunca se deve matar, nem mesmo um inseto. Afirmam essas pessoas que jamais deveríamos matar uma vaca ou um cavalo, ou qualquer outra coisa que tenha vida. Ficamos pensativos, sem saber se estamos a cometer um grande mal quando matamos um mosquito que ameace infectar-nos com malária; ficamos pensativos, sem saber se estamos cometendo um crime contra o mundo vivo, se por exemplo tomarmos uma injeção contra qualquer vírus - afinal de contas, um micróbio ou um vírus é uma organização viva.

Deveríamos, então, ter o nosso sentimento do que é correto, parar de matar os germes de tuberculose, ou parar de matar os germes e o cancro? Será que seremos uns grandes pecadores se procuramos encontrar uma cura para a constipação?

Ao procurarmos curar qualquer doença estamos, por certo, eliminando vidas. Bem, temos de facto que ser sensatos quanto a isto tudo. Os vegetarianos dizem que não devemos tirar a vida. Pois bem, um repolho tem vida, de modo que se o arrancarmos do chão para comê-lo, estaremos destruindo uma vida que não podemos recriar.

Se tirarmos uma batata ou uma folha de aipo, ou qualquer coisa, estaremos destruindo vidas, e como o vegetariano destrói tanta vida quanto o comedor de carne, por que não sermos sensatos e comemos o que necessitamos, ou, sentimos porque o corpo pode necessitar de carne?

Afirma-se muitas vezes que o bom budista não come carne, e devemos apressar-nos a concordar em que muitos budistas não o fazem, e muitas vezes o motivo é que não a podem comprar!

O budismo floresceu de uma forma inexcedível em países muitíssimo pobres. No Tibete, por exemplo, a carne era um luxo inédito, que só podia ser desfrutado pelos mais ricos dos ricos. As pessoas comuns comiam legumes e tsampa, e também os legumes eram um luxo!

O monge, que não se habituara ao luxo, vivia de tsampa e nada mais, mas para dar-lhe melhor gosto, os dirigentes da religião decretaram que era errado comer carne. Assim, as pessoas que não conseguiam obter carne de modo algum, achavam que estavam a ser mais virtuosas com a abstinência!

Na nossa opinião, existe muita estupidez escrita sobre essas coisas todas. O comedor de carne gosta de carne — pois que a coma. Se o vegetariano quiser mastigar uma folha de aipo, que o faça, enquanto não pretender impor as suas opiniões aos demais.

Do mesma maneira, se uma pessoa não quer matar um inseto, e prefere também ficar com o seu vírus, o cancro ou o germe da tuberculose, ao invés de procurar curar-se — será sempre uma escolha unicamente dela.

Muitas vezes recebemos cartas de pessoas muito aflitas, afirmando que tal pessoa se encontra desesperadamente necessitada de ajuda, conselhos, e perguntando como podem hipnotizar alguém, ou obrigar alguém a seguir um determinado modo de vida.

Jamais prestamos ajuda em casos assim, pois cremos que é errado, erradíssimo, procurar influenciar o destino dos outros. Neste Curso, por exemplo, o conhecimento é posto à disposição. Declaramos as nossas opiniões e dizemos o que sabemos, mas não procuramos forçar o leitor a acreditar. Se você estiver a estudar este Curso, é de presumir que esteja preparado para ouvir o que temos a dizer; se não quer ouvir-nos, será facílimo fechar o livro.

Se você for consultado para dar uma opinião, dê-a, mas não procure forçá-la a uma pessoa e, tendo dado a opinião, deixe de lado todo o assunto, porque você não sabe o que a outra pessoa escolheu para ser o seu caminho na vida. Se você vai forçar alguém a fazer algo que não quer, poderá receber o seu Carma. E esse Carma talvez seja desagradável, será bom notar!

Queremos, aqui, dizer algo sobre os animais. Muitos encaram os animais apenas como criaturas que andam sobre quatro pernas, ao invés de duas. Há quem encare os animais como criaturas estúpidas, porque não falam inglês, francês, alemão ou espanhol mas acontece que os animais também encaram os seres humanos como criaturas estúpidas!

Se você fosse realmente telepata, descobriria que os animais falam e falam de uma forma muito mais inteligente do que numerosos seres humanos!

Alguns cientistas, como foi informado numa edição recente de “The Scientific American”, descobriram que as abelhas possuem uma forma de linguagem. As abelhas podem transmitir instruções muito detalhadas umas às outras, e chegam a efetuar conferências! Alguns cientistas interessaram-se por golfinhos, por causa da sua fala singular, ou como o entenderam, dos sons singulares que esses animais emitem. Tais sons foram gravados em fita, e depois reproduzidos a diferentes velocidades. E numa das velocidades, a fala assemelhou-se muitíssimo à humana.

Os animais são entidades que vieram a esta Terra numa forma especial, a fim de poderem cumprir sua própria tarefa do modo mais adequado também para a sua evolução. Estamos na posição afortunada de termos tido a companhia de duas gatas siamesas que foram fenômenos em matéria de telepatia, e com estas — depois de muita experiência — é possível travar conversa, de uma forma muito semelhante àquela existente entre os seres humanos inteligentes. Às vezes, não é lisonjeiro, em absoluto, receber os pensamentos com que um gato siamês brinda um ser humano!

Se encararmos os animais como nossos iguais, que se encontram numa forma física diferente, aproximamo-nos bastante deles, e podemos debater com eles coisas que, de outra forma, seriam impossíveis. O cão, por exemplo, gosta da amizade do Homem. O cão gosta de ser subserviente, porque assim recebe louvor e lisonja.

Um gato siamês, por outro lado, muitas vezes sente desdém pelos seres humanos, porque comparado a um gato siamês, o ser humano é uma criatura muitíssimo inferior. O gato siamês tem notáveis poderes ocultos, e também poderes telepáticos notáveis. Assim sendo — por que não travar boas relações com o seu próprio gato, o seu cão, o seu cavalo? Se você o quiser, se acreditar sinceramente, poderá com a prática, conversar telepaticamente com esse animal.

Assim chegamos ao fim deste Curso, mas esperamos, não ao fim da nossa comunicação. Este Curso é um Curso prático que, ao que confiamos, demonstrou que todos os chamados “Fenômenos Metafísicos” são inteiramente simples e comuns.

Temos outro Curso, que trata as matérias no sentido mais tradicional, dando-lhe nomes em sânscrito etc. Sugerimos que será uma grande vantagem para você examiná-lo, porque, tendo estudado até este ponto connosco, você certamente quererá ir mais além.

Não vamos dizer “adeus”, portanto, porque contamos que você volte a ter conosco, por mais algum tempo. Digamos, ao invés disso, em espanhol: “Hasta La vista”.

 

                                                                                            Lobsang Rampa  

 

                      

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