Biblio VT
Series & Trilogias Literarias
Um noivado é a última coisa que me vem à mente, mas quando Neil segura o anel, eu olho em volta e percebo que está faltando alguém. Maggie. O homem teve a petulância, convidar todos os outros, exceto minha melhor amiga. Onde ela está? Quando procuro saber, eu não gosto do que descubro.
Hallie sai à procura de Maggie e mergulha mais profundamente no negrume de seu interior conturbado.
Bryan acrescenta momentos de esquecimento com sexo violento, mas até ele mesmo está se perdendo para as drogas e sua família cheia vulnerabilidades intrincadas sob o sobrenome Ferro.
Capítulo 1
Caramba. É como um soco imprevisto, direto no estômago. O ar é
forçado para fora dos meus pulmões e eu fiquei de queixo caído. Neil levanta
o anel bem alto fazendo com que a pedra brilhe à luz. O diamante é
extremamente grande, é maior que a vida e muito mais do que Hallie poderia
suportar.
Cecily leva as mãos sobre a boca com um entusiasmo vertiginoso. Ela olha
como se quisesse dar pulinhos.
— Oh! Isso é tão excitante! Basta ver o anel para imaginar como será o
casamento!
Neil sorri para ela, antes de seu olhar se voltar para o meu. Eu ainda não
respondi e está se tornando perceptível. Nossas mãos estão se tocando, mas
com uma sensação desconfortável. Eu não gosto disso. Meu estômago se
torce em nós. Eu não sei o que quero. Ele é um cara bom, na maior parte do
tempo, mas eu já passei por tanta coisa, em tão pouco tempo, que isto me
assusta. Preciso de tempo para pensar, mas com Cecily lá, eu não posso dizer
isso. O que eu digo? Finalmente, eu gaguejo — Neil, eu…
Cecily se engana com minha falta de palavras e empurra o ombro de Neil.
Confirmando, dando-lhe tapinhas nas costas. — Veja! Você a deixou sem
palavras! Olhe para isso! Minha pequena estrela ficou sem palavras. Bem, não
fique aí parado Neil, coloque o anel em seu dedo. — A voz de Cecily sai
áspera pelo entusiasmo e o grande sorriso em seus lábios pintados, parece que
vai quebrar a sua cara de plástica.
Neil faz o que ela diz, e eu tremo quando o aro frio desliza sobre a minha
pele. Parece errado, mas eu não consigo encontrar as palavras. Minha mente
leva o anel para longe. Gentilmente, o anel me provoca: o metal é da cor
errada, a pedra é da forma errada, e este é o cara errado. O pensamento
começa a se formar, mas antes que ele se solidifique, Cecily o explode em
pedaços.
— Vamos, todos estão a espera! — Ela nos segura apertado e puxa nossos
pulsos em direção à parte de trás da pequena casa.
Neil tenta se explicar, enquanto sorri para mim. — Você vai adorar. Basta
esperar, Hallie. — Neil está vestindo suas roupas favoritas, aquela dos
encontros de sábado, sua camisa branca de botão, com abotoaduras francesas,
e uma gravata sem graça. Sobre ela está vestido com um colete de couro
abotoado e intocado. E nem um fio de cabelo está fora de lugar.
Inclinando-me, eu tento sussurrar para Neil, mas Cecily continua falando
acima de mim, tagarelando sobre alguma coisa que ela tem para nós. Eu penso
que é uma surpresa que ela nos preparou, por que está puxando-nos, então eu
continuo tentando. — Neil, eu preciso falar com você. Neil?
Mas ele é todo sorriso, e Cecily está rindo, enquanto somos empurrados
para fora pela porta traseira. Em seguida, uma chuva de luzes piscando cega-
me. A voz de Cecily ressoa atrás de mim em um microfone: — Ela disse sim!
Capítulo 2
Caramba! O pátio está cheio de pessoas. Elas estão por toda a parte. Eu
estou cega pela luz e protejo meus olhos para ver um mar de rostos que eu
não reconheço.
Neil me puxa para o seu lado e mantém a minha mão na dele. Eu mal
tenho tempo para perceber os repórteres e os amigos de Neil, antes que ele
pegue o microfone de Cecily. — Este é o dia mais feliz da minha vida. Aqui
está a Hallie! Eu te amo, baby.
Alguém empurra uma taça de champanhe na minha mão e uma banda
começa a tocar. O pequeno jardim está cheio de pequenas luzes brancas,
música e comida. É uma festa. Eu pisco de novo e percebo o que ele fez. Esta
é uma festa de noivado. Neil bate a taça contra a minha e toma um gole.
Santos fodidos coelhinhos raivosos. Por que ele fez uma coisa desta? Eu
não estou pronta para me casar. Eu teria esperado, mas agora eu não tenho
escolha. Se eu disser algo, eu vou humilhá-lo e vou parecer uma cadela. Eu
baixo a taça de champanhe e rio nervosamente. Sinto as linhas de tensão no
meu pescoço e nos meus ombros quando fixo um sorriso falso no rosto. Vou
falar com ele mais tarde. Vou dizer que não posso, quando todos não
estiverem aqui. Eu posso fingir até então.
Cecily me afasta e me leva para conhecer algumas pessoas da indústria
editorial, mas eu mentalmente já deixei a festa. Minha mente voa de volta para
Bryan. Gostaria que as coisas fossem diferentes. Eu gostaria que ele estivesse
falando sério sobre mim, mas ele não estava. Neil é o único que quer se casar
comigo. Talvez eu devesse manter este anel, afinal, se eu o devolver, ficarei
sozinha. Neil pode não ser perfeito, mas ele é bom o suficiente, não é?
Deus, eu queria que Maggie estivesse aqui. Afinal, onde ela está? Eu paro
o homem que está falando a mil por hora desde que Cecily me aproximou
dele. Eu esperei e esperei que ele parasse para respirar, e se calasse por um
segundo, para que eu pudesse me desculpar.
Eu finalmente coloquei a minha mão em seu antebraço e sorri para seu
enrugado rosto redondo.
— Muito obrigada, eu adoraria discutir isso com você com mais tempo,
mas eu preciso ir verificar uma coisa.
— Cecily parecia mortificada, mas eu vou embora. Mais pessoas tiram
uma foto minha quando tomo o meu caminho através da multidão à procura
de Maggie. Ela tem que estar aqui. Neil não faria uma festa de noivado sem a
minha melhor amiga, mas eu não a vejo.
Neil está em pé, com um grupo de seus colegas de trabalho e quando me
aproximo, eu posso ouvi-lo dizer: — Tudo isso faz parte da psique que se
encontra adormecida. Hallie é racional como podem ver. Foi genial da parte
dela considerar as ramificações em descrever uma vida tão agressiva em seu
romance. Eu acho que é por isso que as pessoas são atraídas, o livro tem esse
aspecto de morbidade que torna as pessoas incapazes de desviar o olhar – é a
natureza humana.
Ele está sorrindo e todos os seus amigos estão acenando com a cabeça
junto com ele. Que bando de pretensiosos, arrogantes, de bundas limitadas.
Enquanto isso, eu tenho certeza que nenhum deles, gostaria de ter a bunda de
uma mulher ou foder seu rosto. Eles são simplesmente muito covardes para
fazê-lo, ou admiti-lo. Neil me faz parecer um monstro, porque meu
personagem gosta dessas coisas, porque eu gosto desses atos de paixão
violentos.
— Neil? — Eu pareço um pouco com um esquilo. Minha voz sai num
guincho. Minha garganta aperta quando ele se vira para olhar para mim.
— Ah! Meu pequeno gênio criativo. — Sua falsa bajulação machuca meus
ouvidos, mas eu continuo a sorrir. Neil me puxa para o lado dele. — Eu estava
apenas dizendo a esses homens que você é tão dócil quanto parece. — Ele
pisca para mim.
Estou com vergonha de olhar para eles. Mesmo depois de tudo o que eu
fiz com Bryan, eu nunca senti vergonha. Mas a forma como Neil fala sobre
como a nossa vida sexual é mansa, me faz sofrer. Eu não gosto dele dizendo-
lhes qualquer coisa. Sinto os seus olhos me avaliando e movendo-se sobre o
meu corpo e eu sei que eles já leram meu livro. Eles estão se perguntando se
eu faria aquelas coisas e estão me imaginando de joelhos, nua.
— Neil, onde está Maggie?
— O quê? Ela ainda não voltou? — Seu tom sai desligado, mas ele olha
em volta.
Meu sorriso se trava. — Neil, onde ela está?
Ele sorri. — Bem, eu sei quanto indisciplinada ela pode ser, por isso, eu
fiz com que ela só chegasse aqui depois que a imprensa fosse embora.
Sentimentos ruins agitam-se dentro de mim. — Onde ela está?
— Eu disse a ela que você deixou sua bolsa em seu apartamento. Ela foi em
casa pegá-la.
Capítulo 3
Meu coração bate forte uma vez, e depois para. Eu não posso respirar. Eu
caminho sem firmeza e quase caio. Neil estende a mão para mim, agarrando o
meu braço pelo cotovelo. — Hallie, você está bem?
De repente, as pessoas estão tentando me puxar. Todos eles repetem as
palavras de Neil, até parece que eu estou em um corredor vazio e não há nada,
além de vozes ecoando. Eu não pisco. Antes que eles possam me sufocar, eu
sigo meu caminho entre eles e corro pela casa, pego o meu casaco e puxando
minhas luvas no caminho da saída. Não é inverno, mas eu as quero. Parte de
mim sabe o que está por vir, a parte escura que diz que isso não pode estar
acontecendo, mas eu vou fazer o que eu preciso fazer para salvá-la.
Neil corre atrás de mim, chamando meu nome, mas eu já estou no
pequeno carro vermelho e fora da vista, antes que ele possa me parar.
Eu corro e sigo em direção ao apartamento de Maggie, tentando lembrar
exatamente onde aquele buraco está localizado. Eu estou tão brava com Neil
que eu não posso suportar isso. Ele enfiou o anel no meu dedo, sem esperar
por uma resposta. Ele sempre faz coisas assim, mas essa foi imperdoável.
Ele não sabia, uma voz me lembra. Você nunca disse a ele o quão ruim
Maggie estava.
No momento, eu não me importo. Maggie está ameaçada e eu não posso
deixá-la.
O pensamento persiste. Eu não quero sequer considerar o resto da
declaração. Eu vi o que seu chefe vai fazer com ela, se ela voltar. Eu não tenho
nenhuma ideia do que vou fazer quando chegar lá. Eu estou esperando ver o
seu pequeno carro batido correndo em direção a mim, mas isso não acontece.
Eu estou dirigindo pela rua, muito rápido, e entro correndo no
estacionamento. O carro esportivo vermelho cereja significa quem eu sou ou
alguém a temer, ou sou incrivelmente estúpida. Eu sou ambos. Maggie é a
única família que me resta. Neil não é a mesma coisa, e ele nunca será. Eu
seria amaldiçoada se deixasse algum traficante de drogas, de vida fodida, jogar
o corpo dela em um beco.
Eu nunca estive em uma luta na minha vida. Eu não tenho nenhuma ideia
de como dar um soco ou o que fazer, mas isso não me impede. Bravura e
estupidez parecem ser as melhores companheiras. Eu me pergunto em qual
parte me encaixo, enquanto corro até a escada e pelo corredor. Se ela estiver
morta, se ele a machucar, eu vou matá-lo. Eu não tenho nenhuma ideia de
como, mas ele é um homem morto.
No momento em que eu chego a sua porta, estou xingando. Eu bato na
porta com a palma da mão e suavemente chamo o nome dela.
— Maggie? Maggie você está aí? — Não há resposta. Eu faço isso de
novo, e de novo, mas ela não responde.
Minha garganta aperta e tenho vontade de chorar, mas eu não choro. Em
vez disso, eu pressiono o ouvido na porta e ouço. O casal do andar de cima
está tranquilo esta noite. Não há gritos, nem brigas, nem nada. Os corredores
silenciosos fazem a minha pele formigar. Eu fecho meus olhos por um
segundo quando eu o ouço falar.
— Procurando por sua amiga, menina bonita?
Quando olho para cima, eu estou cara a cara com Victor Campone.
Capítulo 4
Victor sorri para mim, um sorriso presunçoso de assassino em série. Ele
não fez a barba há dias, então há linhas grossas de pelo escuro em suas
bochechas. Há uma cicatriz ao longo de uma das faces, onde o cabelo não
cresce. É como se alguém o tivesse cortado e nunca se curou corretamente. O
lugar onde a pele cicatrizou possui um grosso queloide, que forma uma linha
branca irregular, ao longo de sua carne como um rio morrendo.
Eu não valorizo a minha vida, não mais. Perdi muito, e a única pessoa que
mais me interessa no mundo, mais do que a mim mesmo, está do outro lado
da porta e eu tenho medo que eu não vá gostar do que verei quando entrar.
Eu me transformo em outra pessoa, alguém que eu não conheço, quando
respondo a minha voz é feroz e meu olhar é cruel.
— Onde ela está? — Eu rosno como um animal pronto para rasgar sua
garganta fora.
Eu penso sobre o que eu vou fazer com ele se Maggie estiver machucada,
se ele fez alguma coisa para ela. Eu não tenho medo da repercussão, nada me
assusta nesse momento. Meu coração dispara mais rápido, mas não tem nada a
ver com esse homem mau ou sua crueldade. É tudo sobre mim. Minhas mãos
estão em meus lados, mas eu já estou imaginando-as segurando um prego
enferrujado que se projeta da parede e batendo-o no outro lado de seu rosto
dele, dando-lhe uma cicatriz correspondente.
Victor sorri. Nossos olhos estão fixos um no outro esse tempo todo, e eu
não recuo ou desvio o olhar.
— Ouça seu filho da puta, eu não vou embora sem Maggie.
Ele parece levemente divertido. Victor cruza os braços grossos e inclina o
ombro contra a parede. — Ou você vai fazer o quê?
Os maus pensamentos atravessam através de meus olhos em detalhes
gráficos, mas eu não revelo nenhum deles. — Você não querer saber. — As
palavras saem em turbilhão.
O olhar do homem desliza sobre mim uma vez, reavaliando, como se ele
me subestimasse totalmente.
— Olhe para você. Bem, quem teria imaginado que seria uma pequena
merda forte? — Ele sorri, como se tivesse encontrado um diamante aos seus
pés, naquele lugar miserável. Ele empurra a parede e enfia a mão no bolso. Eu
vacilo, e coloco a mão em meu bolso, como se eu tivesse uma arma ou algo
assim.
Victor ri e levanta as mãos em direção a mim.
— Acalme-se. Eu só estava pegando as chaves. Você pode entrar e ver por
si mesmo. — Victor repete o movimento, e meus olhos não se afastam de sua
mão. Ele pega uma argola com uma enorme quantidade de chaves juntas.
Argola tão cheia de chaves que parecem estar embaladas hermeticamente,
com pouco espaço entre cada uma. A coisa deve pesar quatro quilos. É
incrível que sua calça não caia.
Ele dá um passo em direção à porta de Maggie e a destranca.
— Vá em frente. Veja por si mesmo.
Meu coração bate mais forte. Eu não gosto disso. Eu não gosto dele
andando atrás de mim ou andando na casa de Maggie assim. Eu empurro de
lado toda a racionalidade e medo, antes de empurrar a porta e abrir. A sala está
vazia, do mesmo modo como a deixamos. Maggie não está deitada em uma
poça de sangue no chão. Seus gritos silenciosos não estão presos nas rachadas
paredes de gesso. Então, vejo algo diferente. O resto da sala está exatamente
como deixamos, exceto uma coisa, há um pequeno buraco na janela. Uma
rachadura em forma de teia de aranha sai para fora daquele buraco. Alguém
atirou pela janela.
Eu olho para o chão. Não há sangue. Olhando para cima de novo, eu
posso ver em frente ao apartamento do outro lado da rua, o local onde a
mulher foi morta na noite anterior. Quando eu me viro, Victor está bem atrás
de mim. Eu bato nele, e ele pega minha camisa, antes de assobiar na minha
cara.
— Eu sei o que você viu, e a única razão pela qual você ainda está
respirando é que eu perdi um pequeno e importante investimento. A última
vez que a vi, ela fugiu com você, então agora, Srta. Raymond...
Suas palavras me abalam e eu não posso deixar de perguntar: — Como
você sabe o meu nome?
Capítulo 5
Quando ele sorri, tento sair do aperto, mas ele não vai me libertar. Eu
arranco com tanta força, que minha blusa rasga. Por isso ele me dá outro
sorriso torto. Eu fico olhando para ele, sem vê-lo, quando os meus olhos
procuram o espaço para uma arma. Eu vou precisar de uma, mas, a única
coisa que eu vejo é a grande e velha argola de molho de chaves ao lado da
porta onde ele colocou. Está um passo atrás dele.
— Eu tenho os meus meios. — Sua voz é arrogante e perigosa. Ele está
mais próximo. — Goste ou não, estamos nesta merda juntos e sua amiga tem
algo que eu preciso.
— Ela deveria lhe trazer uma menina. — Eu profiro o que Maggie disse-
me ontem à noite.
— Sim, algo assim. — Victor relaxa um pouco, mas ele ainda está
tentando transformar meu resmungo, em um choro desesperado.
Eu não desisto, eu não vou desistir. — Então, onde ela está?
— Como porra eu vou saber. A última pessoa que eu vi com ela foi você,
esta manhã, enquanto eu estava cuidando de uma das minhas funcionárias que
saiu da linha. Eu sei que você viu e a única razão pela qual você ainda está
respirando agora é porque Maggie vale mais do que você, e tenho a intenção
de que você me leve até ela. Traga-a para cá garota sexy, ou você vai reviver
todas as partes do seu livro com todos os caras da minha folha de pagamento.
Você entendeu? — Ele está próximo da minha cara, rosnando.
— Eu tenho amigos em lugares altos. Seja cuidadoso com quem você
ameaçar, Sr. Campone, ou você pode encontrar-se no lado errado de um dia
ruim.
Ele ri e se afasta, como se eu fosse histérica. — Não há ninguém que eu
não possa pegar menina.
— Você está errado. Está esquecendo claramente alguém importante.
Victor sorri e se inclina para trás contra o balcão da cozinha. O homem é
estúpido o suficiente para olhar para o chão, como se eu não fosse nenhuma
ameaça. Eu acho que ele está mentindo. Não! Eu sei que ele está mentindo.
Victor sabe onde Maggie está, ele só quer que eu saia. As chaves estão a um
passo de distância. Eu pego a argola e sacudo-as como se estivesse
examinando as formas. — Sim, e quem é esse, meu amor?
— Eu. — Dou um passo, antes que ele possa piscar, bato o seu pesado
chaveiro no lado de sua cabeça. O lance se conecta com sua testa e os olhos
reviram uma vez antes que ele caia. Um fluxo de sangue flui da cabeça como
uma fita vermelha, curvando à medida que percorre seu rosto. Os olhos se
fecham e eu me pergunto se o matei, mas o cara ainda está respirando.
Capítulo 6
Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.
Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.
— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.
— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.
— Hallie, vá, antes que ele volte.
Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.
Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.
Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.
— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.
Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.
Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?
— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.
Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.
Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.
Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.
Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.
Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.
— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.
Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.
Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.
Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.
Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.
Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.
Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.
Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.
Capítulo 7
O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.
Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.
— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.
— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?
Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste
ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.
Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?
— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.
— Então você me agarrou e foi para mudar?
— Exatamente.
Capítulo 8
Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.
Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.
Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.
— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.
O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.
Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.
Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.
— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...
Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!
— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.
Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...
Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...
— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.
Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.
Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?
Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.
Capítulo 9
Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.
Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.
Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela
risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.
Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.
Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.
Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.
Maggie ri.
— Você vai pagar por isso!
— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.
— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.
Eu dou de ombros.
— É o que você merece!
— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.
— O que você está fazendo aqui, Bryan?
Ele olha ao redor da sala.
— Neil está aqui?
Concordo com a cabeça.
— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.
— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?
O queixo de Maggie cai.
— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?
Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.
— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!
Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.
— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.
— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.
— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.
— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!
Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.
— O que há de errado?
Balançando a cabeça, eu respondo:
— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.
— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.
— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.
Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.
— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?
Eu me inclino e sussurro:
— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.
Bryan caminha na minha direção.
— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.
Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.
Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.
— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!
Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca
enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.
O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.
Sem fôlego, ele se afasta.
— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.
Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.
A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.
Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.
Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.
Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.
— Afaste os pés!
Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:
— Mãos atrás das costas!
Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.
Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:
— Venha aqui!
Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.
Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.
— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!
— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.
— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...
— Sim?
— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.
A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.
Capítulo 10
Bryan pega o meu rosto em suas mãos.
— Se você não gostar, diga-me! — Eu aceno, lentamente, com as suas
mãos quentes ainda segurando o meu rosto.
Era como se alguém apertasse um interruptor. Os olhos de Bryan se
tornaram mais escuros, mais carnais. Ele libera o meu rosto e pressiona seu
corpo tonificado contra o meu. Empurrando as minhas costas contra a porta,
certifica-se de que eu possa sentir cada centímetro dele. Tira uma corrente
prateada com um plugue em cada extremidade e o prende nos meus mamilos.
Eu ofego quando ele os aperta. O peso das correntes faz com que eu morda
os meus lábios. Enquanto ele pressiona dentro de mim, as correntes vão se
mexendo e puxando suavemente à medida que ele desliza sobre o meu corpo.
Um pequeno suspiro escapa por entre os meus lábios. Bryan me olha, seus
olhos verdes fixos nos meus. Pega um dedo e o coloca entre os meus lábios
rosados, enquanto a outra mão desliza mais para baixo, passando pela minha
barriga e entre as minhas pernas. Eu ofego. Ele se move rapidamente, tocando
a minha protuberância sensível com o polegar, alisando o dedo sobre a carne
suave, e observando o meu rosto enquanto faz isso.
Meu queixo se ergue enquanto tento não gemer. Luto contra as sensações
que estão em erupção dentro de mim, as sensações que ele está trazendo à
tona. Seus dedos se movem sobre o meu clitóris, enquanto ele puxa a corrente
suavemente. Ele sente que estou ficando mais úmida e, em seguida, sem aviso,
sem uma mudança na expressão, empurra o dedo dentro de mim. Ele ainda
está, por um tempo, vendo meus olhos. Eu pisco devagar, sentindo-o ali, entre
as minhas pernas.
Bryan empurra o dedo mais forte, mais profundo enquanto me observa.
Sua respiração está sobre os meus lábios fazendo com que me sinta tonta.
Quando ele puxa o dedo, ergue-o para a minha boca. Delineando os meus
lábios, ele me observa, espalhando meu calor úmido, como batom. Eu pisco
lentamente, com meu coração disparado, e, excitada além da compreensão.
— Prove! — Ele ofega e empurra o dedo em minha boca. Eu passo a
minha língua contra o seu dedo, mas ele o segura lá e diz: — Chupa até que
saia do meu dedo, Hallie! — Eu hesitei, mas ele diz: — Faça isso! — Minha
língua envolve o dedo, sugando-o, saboreando o gosto. Seus olhos estão
queimando, observando-me.
Enquanto chupo o dedo, ele abaixa a outra mão entre as minhas pernas,
abrindo a minha pele escorregadia. Sensações explodem dentro de mim, mas
antes que eu possa saboreá-las, as sensações mudam. O membro duro de
Bryan entra dentro de mim, fazendo com que eu chupe o dedo mais forte
ainda. Ele puxa o dedo da minha boca, e envolve as mãos em volta da minha
cintura. Fica um pouco imóvel, por um momento, respirando rápido e forte.
Depois, puxa para fora lentamente e enfia novamente, fazendo com que eu
bata contra a porta. Meus joelhos tremem à medida que ele lentamente vai me
deixando mais louca. Eu quero mais. Quero que ele me maltrate e me deixe
tonta pela paixão. Que limpe o meu medo com a luxúria, apague a minha
memória por um momento, e tire toda a dor que tem me invadido.
Eu só quero senti-lo e nada mais. O mundo desaparece até que não sei
quanto tempo se passou. Meus braços doem enquanto ele me usa,
empurrando para dentro de mim sucessivas vezes. Minha cabeça pende para o
lado e, em seguida, levanta de volta. Eu ofego todas às vezes e os meus seios
tremem com a força de seu empurrão.
Algo se desdobra dentro de mim. Quero suas mãos em mim, fazendo
tudo ao mesmo tempo. Vertentes delicadas de paixão irrompem dentro de
mim, enviando arrepios pelas minhas coxas e seios. Todos os lugares que
desejo que ele toque fervem como uma corrente viva. Arqueando minhas
costas, eu pressiono meus quadris contra os dele, só para que batam
novamente.
Seus impulsos mudam para provocar, gentilmente empurrando e puxando
para fora. Ele é tão duro, tão perfeito. Quero colocar as minhas pernas ao
redor de seus quadris, mas não posso. As respirações irregulares me
consomem e o quarto está além de quente. Meu corpo está pingando de suor.
Inclinando a cabeça para trás, olho para o teto. É quando suas mãos
encontram os meus seios. Meus lábios formam um O, mas não digo nada. Ele
sente a maciez, a plenitude das minhas curvas enquanto empurra seu pênis
longo e duro em mim lentamente, torturando-me, sucessivamente.
Tomando meus mamilos entre os dedos, ele os torce suavemente e aperta
os grampos. Eu grito, empurrando os meus seios para ele, mas a porta me
detém. Ofegante, mal posso respirar.
Ele sorri, — Shhh! Nenhum som de você! Eu quero que isso entre nós!
Não estou entendendo. Então por que ele quis fazer aquela cena com Neil
e Maggie? Naquele momento, não me importo. Faço o que ele diz e mordo o
lábio para me manter em silêncio. Ele entra profundamente dentro de mim de
novo, e minha boca se abre. Eu engulo o som antes que ele ouça. O único
barulho é a lufada de ar saindo com força dos meus pulmões.
— Boa menina, — ele ronrona e retira antes de novamente empurrar,
desta vez mais profundamente. O tom de sua voz me faz derreter.
Antes que eu possa pensar noutra coisa, os dedos de Bryan apertam em
torno das correntes nos meus mamilos. Seus quadris se mantêm pressionados
rentes aos meus, seu comprimento perdido dentro de mim. Meu queixo cai, e
eu o vejo me observando, esperando que eu faça qualquer barulho. Meus
olhos se fixam nos seus, enquanto sensações ardentes circulam através do meu
corpo, construindo mais apertado e mais forte. Ele lentamente adiciona mais
pressão, provocando e puxando os meus mamilos mais e mais, fazendo com
que a pinça aperte mais ainda. O calor em meu estômago endurece através do
meu corpo. Eu movo os meus quadris e tento balançar contra ele, mas ele me
acalma.
— Não, não. Ainda não!
Eu suspiro! — Eu gosto de ser espancada!
— Sério? — Eu aceno. Sua mão vem com força na minha bunda. Ambas
as nádegas ardem. Ele faz isso enquanto ele ainda está dentro de mim, o que
me faz apertar mais em torno dele. Ele suspira e faz isso de novo, e de novo.
O impacto de suas mãos é tão bom. A ardência envia arrepios através de mim
em ondas que não acabam. Elas navegam pelo meu estômago e se espalham
por todo o meu corpo. Todos os deliciosos formigamentos me atravessam,
fazendo com que eu deslize a minha língua sobre os dentes. Faço isso sem
pensar. É uma reação a ele, ao que está fazendo comigo.
Sem aviso, Bryan puxa para fora. Isso me deixa louca. Meus quadris
sacodem, mas não posso alcançá-lo. O cinto corta os meus pulsos enquanto
me esforço contra as limitações que me foram impostas. Ofego, observando-o
enquanto ele se move para longe de mim. O desejo arde pelo meu corpo. Não
consigo me controlar. Puxando os meus pulsos mais forte ainda, tento
libertar-me do cinto de novo, mas não consigo. Só fica mais apertado.
Ele sorri, assistindo-me lutar, até que eu paro e olho para ele. A expressão
em seu rosto, a intensidade de seus olhos, fazem com que meu estômago se
contorça. Minha respiração fica presa na minha garganta enquanto Bryan
passa perto o suficiente para me tocar, mas ele não toca. Estou ofegante.
Meus olhos estão implorando para que ele faça algo, para que me faça gozar,
deixar-me fode-lo... Qualquer coisa.
— Diga-me o que você deseja, Hallie! Implore-me por isso! — Ele
sussurra palavras ao lado do meu ouvido. A reação dentro de mim é rápida e
violenta. Seu hálito quente faz meu clitóris pulsar e parecer que vou morrer se
ele não me tocar, se ele não terminar o que começou. Ele está tão perto, quase
me tocando, mas não desliza os dedos pela minha cintura. Ele não toca o meu
peito e não provoca os meus mamilos. Isso me faz desejá-lo ainda mais. Eu
me sinto como um animal acorrentado, incapaz de pensar. — Responda-me
linda mulher! — Ele ordena e eu sinto a batida da sua mão na minha bunda.
Meu corpo está tão bem enrolado que o tapa me faz gemer. Eu não
esperava isso, mas antes que pudesse controlar os meu gemido, ele escapa dos
meus lábios. Eu ofego, chocada por não ter sido capaz de abafar o ruído ou
pará-lo a tempo. A mão de Bryan voa uma segunda vez, com mais força. Ele
observa meu rosto enquanto eu estremeço debaixo da sua mão. O tapa é
rápido, e eu sei que vou ter um problema para andar depois, mas não me
importo. Eu grito, dizendo o seu nome, empurrando os meus seios contra ele.
Um olhar perverso torce seus lábios em um sorriso sexy. — Responda-
me! — Sua voz soa como um grunhido e quando não consigo fazer nada,
senão ofegar incontrolavelmente, sua mão me atinge pela terceira vez. Mas ele
não me libera. Em vez disso, ele pega a minha bochecha na mão e aperta. A
ardência se intensifica pela forma como ele me agarra. O belo corpo de Bryan
está coberto por um brilho fino de suor, enquanto me trata grosseiramente.
— Diga-me o que você deseja!
Minha voz é um suspiro. O desejo correndo desenfreadamente. — Eu
quero suas mãos sobre mim, em mim! Eu quero que você me foda sem
sentido. Foda-me, Bryan!
— Implore por isso, Hallie! Implore mais alto! — Seu punho aperta a
minha bunda fazendo com que o meu corpo pressione contra o seu. Gotas de
suor rolam pela minha espinha.
Minha voz treme enquanto imploro, sem capacidade de manter qualquer
traço de comedimento.
— Por favor, Bryan... Por favor! Foda-me! Foda a minha buceta! Encha-
me com o seu gozo. Por favor, baby! Por favor... — Eu continuo a lhe pedir,
enquanto suas mãos deslizam sobre os meus quadris e para baixo entre as
minhas pernas. Quando ele toca o meu clitóris, eu gemo. Bryan inclina sua
cabeça para trás, olhando para mim. — Foda-me, baby! Por favor! — Meus
quadris se remexem contra a sua mão. Em resposta, ele aperta os dedos no
meu clitóris. Eu grito: — Foda-me! Por favor! Bryan! Eu preciso de você! Por
favor!
Quando eu digo o nome dele, ele quebra. Antes de saber o que está
acontecendo, suas mãos estão segurando os meus pulsos sobre a minha
cabeça enquanto ele bate seu membro rígido dentro de mim sucessivamente.
Ele empurra mais e mais profundamente a cada vez, com as mãos deslizando
pelos meus braços. Batendo-se cada vez mais duro contra mim, ele assiste
meus seios balançando e saltando até que ele toma ambos em suas mãos e
aperta os meus mamilos duramente. Eu berro, mas isso só faz com que ele
aperte com mais força, até que a corrente cai. Cai aos meus pés e ele a deixa
lá.
Bryan se move, empurrando para dentro de mim fodendo-me cada vez
mais rápido. O calor entre as minhas pernas percorre todo o meu corpo.
Parece que não posso ser dominada. Não há o suficiente dele para me
satisfazer, nunca. Quando seus dedos apertam mais duramente contra os meus
mamilos doloridos, meus olhos se arregalam. Ele me olha nos olhos enquanto
ele empurra para dentro de mim uma vez... forte. Minhas costas batem contra
a porta e ele me segura lá, observando-me. Seus lábios entreabertos, ele
respira sem dizer nada. Suas mãos suavemente empurram os cabelos para
longe dos meus olhos. Ele acalma por um momento e não posso suportar
isso. Seu pau está em mim, mas não importa o quanto eu me mexa, não posso
fazer com que ele me foda.
Com todo o peso do seu corpo, ele me achata contra a porta. Seus olhos
ardem com o desejo, sua testa está pingando de suor.
— Goze para mim, baby! — Ele respira e mete em mim rápido e
furiosamente. Ele não para quando eu grito. Ele continua metendo contra
mim até que meu corpo não pode ficar mais retesado.
Cada vez que ele afunda em mim eu me sinto mais excitada. Eu não posso
respirar, mas não quero que ele pare. Seu corpo me esmaga, enquanto me
monta, balançando contra mim furiosamente. Eu gemo, e posso dizer o quão
forte ele está empurrando e o quanto vou estar machucada depois, mas não
me importo. No momento, isso é muito bom. Minha pele formiga e está
pingando de suor. Meus seios saltam mais e mais para cima com cada batida
de seu corpo contra o meu. E sem outro pensamento, eu gozo. Meu grito sai
rasgado através da minha garganta. Não posso gozar silenciosamente, não
quando ele faz assim. Bryan me bate mais forte enquanto as deliciosas
sensações giram, fazendo com que todo o meu corpo entre em erupção. Eu o
sinto meter contra mim duro e profundamente, e ele goza alguns segundos
após.
Esgotada, pendurada e estremecendo contra a porta, estou pronta para
cair no chão. Bryan se afasta e me olha. Com os lábios entreabertos, ele só
olha para mim por um momento antes de desatar o cinto. Quando as minhas
mãos caem ao meu lado, meus braços queimam. Bryan me toma em seus
braços e me leva para a cama. Ele me senta na frente dele e esfrega os
músculos doloridos em meus braços e ombros. Minha cabeça se inclina para o
lado enquanto ele faz isso. Cada centímetro meu está formigando. Não quero
que esse momento termine, mas Bryan para.
Viro-me e olho para ele. Ele está brilhando, coberto por uma fina camada
de suor que cheira tão bem. Eu quero lambê-lo, mas apenas aceno. Ele vira
seus olhos esmeraldas para longe e diz:
— Eu acho que eu deveria ir.
— Você vai embora? — De repente, eu me sinto muito nua. Puxo a
coberta da cama e a enrolo em volta dos meus ombros.
— Sim, a menos que você queira que eu fique e diga a Neil tudo sobre
como eu acabei com a raça da sua noiva. — Ele me olha por um segundo. Sua
testa está coberta de suor e seu rosto está brilhando. — O que há de errado?
— Ele sempre pôde me ler tão bem. Eu quero dizer a ele sobre Victor, mas
não posso.
Eu digo outra coisa.
— Neil fez a proposta e eu disse sim. — Eu ergo o meu anel.
— Sim, eu vi isso. Você realmente aceitou? — Bryan se senta ao meu lado.
— Na verdade não. Ele aceitou por mim. — Nós dois ficamos em silêncio
por algum tempo.
Bryan se veste e diz:
— Eu voltarei para ter você do meu jeito de novo em breve. Da próxima
vez é melhor que o idiota do seu noivo tenha você pronta para mim. E eu
quero que você use isso quando estiver comigo e só comigo. — Ele levanta a
corrente do chão e a joga para mim.
A porta do quarto se abre e Neil está lívido. Ele olha para mim e depois
para Bryan:
— Você acha que isso é engraçado?
— Não, acho que ela precisa de algo que você não pode dar a ela. Estou
dando a você uma única chance de quebrar seu compromisso e foder a sua
noiva. Mas você tem que fazer isso como um animal. Satisfaça-a!
O rosto de Neil contorce desgostoso.
— Eu a satisfaço sem esse comportamento bárbaro. Fazer amor não
precisa de mordaças, amarras ou oprimir mulheres de forma nenhuma. Tenho
certeza de que Hallie só aceitou isso pela equipe, seu pedaço de merda
demente!
Essa foi a coisa mais cruel que já ouvi Neil dizendo e eu quero rir, porque
é pateticamente fraco. O homem que estava me usando, ofereceu para quebrar
o acordo se Neil prometer me pegar e fazer sexo animalesco comigo. O
homem deveria ter dito que sim, mas ele, pela sua moral, disse que não. Estou
cansada demais para pensar no que isso significa. O que aconteceu aqui?
— Ela vai tomar mais do que uma foda pela equipe. — Bryan pisca um
dos olhos. — Vejo você amanhã, escrava sexual! Trarei um colar para você e
vai usá-lo. — Bryan aperta a mão de Neil. — Você é um homem inteligente.
O que são alguns meses de infidelidade comparados com uma vida de
riquezas, certo?
Neil aperta a sua mandíbula.
— Então você planeja que isso continue por alguns meses?
— Provavelmente não por muito tempo. Eu fico entediado fodendo a
mesma mulher todo dia. Não se preocupe Neil! Ela é sua sujeira, não a minha.
— Com isso, Bryan vira as costas e sai.
— Neil, — estou pronta para explodir em lágrimas. O julgamento está
espalhado em seu rosto.
— Hallie, isso não é natural. Você não é um animal selvagem! Será que ele
conseguiu instigá-la para que você fingisse o que você não é?
Eu dou de ombros. Não quero falar sobre isso.
— Não tenho ideia.
— Eu deverei deixá-lo foder e espancar você na minha cama, sempre que
ele quiser?
Eu olho fixamente para frente.
— Até que ele se canse de mim, sim. Lide com isso! Você foi quem me
disse para fazer isso. — Eu destaco a última frase. — E ele lhe deu uma saída.
Você não aceitou. — Eu fico olhando para ele, e puxo a coberta mais forte em
volta dos meus ombros.
Neil revira os olhos.
— Eu pensei que fosse apenas uma noite.
— Eu também. Estávamos errados sobre uma porção de coisas.
Capítulo 11
Eu deveria me sentir envergonhada, mas não sinto. No dia seguinte, me
sento com Maggie no sofá enquanto Neil está fora. Ela tem estado muito
tranquila desde que a busquei em seu antigo apartamento. Maggie olha para o
espaço, e eu sei que a memória está se defrontando com o novo e joga uma e
outra vez em sua mente.
— Você quer falar sobre isso? — Eu pergunto, já sabendo a resposta.
Ela inspira e balança a cabeça, antes de oferecer-me um sorriso forçado.
— Não há nada a dizer. A mesma velha merda. Nada mudou, mas dói mais
agora. — Ela sorri como se algo fosse engraçado. — Eu pensava que doía
mais quando eu era criança. Acho que não.
— O que ele fez?
— A mesma coisa de sempre. Victor gosta de possuir coisas. — Ela muda
em seu assento e, em seguida, levanta, colocando distância entre nós. — Era
para eu arranjar-lhe uma garota. Ele tem um tipo, quadris redondos, cabelos
escuros e pele pálida, como Nicole Kidman, mas morena. Assim, a cada
semana, eu levava alguém. Elas ganham algumas centenas de dólares, e ele faz
o que faz. Na semana que eu não conseguia encontrar ninguém, eu a
substituía, mas desta vez... — Ela para de falar e balança a cabeça. — Eu não
deveria ter ido. Geralmente é apenas sexo violento. Ele dá um tapa e me
arranha. Vou para casa e é isso. Mas desta vez... — Ela balança a cabeça e olha
por cima do ombro para mim. — Eu não quero falar sobre isso. Eu tentei
fugir e, em seguida, desisti quando ele disse o que ele faria comigo, e depois
com você. Ele me deu uns tapas por um tempo, me levando do jeito que ele
quis, e então eu ouvi a sua voz e eu estava morrendo de medo que ele fosse
levá-la também. Sinto muito, Hallie.
— Não é culpa sua. — Eu me sinto horrível por deixar sua vida
desmoronar assim. Nós deveríamos estar lá uma para a outra. — Eu deveria
ter chegado mais cedo. Eu teria... Eu gostaria de poder ter tudo de volta.
Maggie sorri tristemente e envolve os braços em torno de si. — Sim, eu
também. E agora? Sem ofensa, mas eu não suporto Neil.
Concordo com a cabeça. — Eu estava pensando que deveria ter um lugar
só meu antes do casamento. Vai ser eu e você.
O olhar de Maggie desvanece no chão. — Você vai se casar com ele,
sério? — Eu aceno e lhe dou um olhar para que não me pressione agora. Ela
acrescenta: — Eu adoraria, mas você sabe que eu não posso me dar ao luxo.
— Sim, você pode. Eu tenho parte do meu pagamento antecipado.
Podemos ir a procura de uma casa sempre que quiser, oh, e esta parte não é
opcional, você trabalha para mim agora. Eu vou precisar de uma assistente
pessoal para me dizer o que fazer, você sabe, alguém um pouco mandona.
Maggie ri e me empurra, e depois bate as mãos sobre a boca, e repete a
ação. — De jeito nenhum!
— Isso. — É tão bom ver uma explosão de felicidade em seus olhos,
mesmo por um breve momento. Mas assim que ela pisca, ela se foi, perdeu-se
nas profundezas da agonia que enchem sua alma.
Um dia ela vai parar de lutar. Um dia ela vai ceder, desistir.
Ela já teria desistido se eu não tivesse aparecido. Algumas pessoas a
levaram direto para o inferno. É irônico, porque eu tenho sangue em minhas
mãos e não me sinto como se estivesse infeliz. É mais, como eu se estou
puxando Maggie, da vida tortuosa ela conhece, e esconde com esse sorriso.
Não me arrependo de minhas ações. O pensamento faz minha pele
formigar. Na parte profunda da minha mente, eu me pergunto que tipo de
pessoa que sou, mas arrumo minha coluna e me levanto. Isso me faz ser quem
eu sou e não há nada mais a se considerar. Eu fiz o que tinha que fazer. Eu
não teria tocado em Victor se ele a deixasse em paz, se ele não tivesse
ameaçado vir atrás de nós, mas ele ameaçou. Eu vi o medo nos olhos de
Maggie é a verdade. Se Victor Campone tivesse vivido, teríamos morrido.
— Está com fome? — Eu pergunto me dirigindo à geladeira.
— Sim, um pouco. — Maggie está sentada com os pés enrolados em sua
bunda e olhando para as mãos desde que eu a peguei no apartamento do
Victor. Ela raramente faz contato visual. Acho que a luta a nocauteou. Ele
aparece em surtos, mas é como um carro que está ficando sem gasolina. Estou
muito preocupada com ela. Depois de tudo que ela passou...
Isso não pode desfazê-la. Não pode.
Porque é minha culpa desta vez.
Todas as outras vezes, a Maggie revidou. Ela nunca desistiu, nunca cedeu,
e agora a minha melhor amiga está caída no sofá, coberta de hematomas e
cortes, com os olhos que se assemelham a buracos-negros que sugam tudo,
mas não vejo nada ali. Eles não sentem nada, não mais.
Eu sorrio e digo algo estúpido, tentando fazê-la rir, mas nem sequer
obtenho um sorriso de piedade. Depois de abrir a porta da geladeira, eu gemo
em voz alta. Neil está trabalhando hoje e não conseguiu ir às compras.
Maggie pergunta: — O que ele fez?
— Ele pegou todas as sobras da festa e levou para o trabalho. Eu pensei
que era bom porque ele deveria ir às compras, mas não o fez. — Estou
inclinada na geladeira vazia olhando para uma caixa de leite vencido e um
frasco de picles. Não vou comer isso. Eu bato a geladeira e acrescento: — Eu
dar rápida saída. Será que comida chinesa vai bem?
Maggie geralmente protesta e se oferece para pagar as coisas, mas hoje,
apenas balança a cabeça. — Ótimo! — Eu digo, parecendo alegre. Ela irá
voltar. Ela vai. Se eu continuar dizendo a mim mesmo vai acontecer, certo?
De repente, eu percebo que ela não recuperou-se, matar Victor não era uma
vingança suficiente, até mesmo pelo o que ele fez com Maggie.
Capítulo 12
Pego minhas chaves e ligo o motor. O carro vermelho ronrona quando o
tiro da garagem e digito o CEP do local que irei. Quando estou prestes a
desviar para o estacionamento, um policial segue atrás de mim, com as luzes
vermelhas piscando. Eu não estava em alta velocidade. Droga. Deve ser
verdade que os carros vermelhos são parados mais do que qualquer outra cor.
Eu encosto e levo o carro para o acostamento, tomando o cuidado de
manter as mãos no volante. Papai me disse para nunca ir para a minha bolsa
ou porta-luvas até que o policial esteja de pé ao lado do carro. O cara tem que
ver as minhas mãos ou ele pode atirar em mim, bem não é exatamente do jeito
que meu pai disse isso, mas é o que ele quis dizer.
Eu aperto o botão na janela, assim como o policial se aproxima. Ele está
usando o uniforme escuro que me dá vontade de sair correndo e gritando
para o meu quarto e me esconder debaixo da minha cama.
Ele não é esse cara. Pare com isso, Hallie, xingo-me, mas isso não ajuda.
Até agora, minhas mãos estão tremendo.
— A licença e registro, por favor. — O cara tem trinta e tantos anos, e um
tipo de visual assustador. Por assustador, eu quero dizer que parece que ele
poderia tomar o meu pequeno corpo e dobrá-lo estilo acordeão e enfiá-lo em
seu tronco. O cara é massa muscular pura e ele parece chateado. Eu não posso
imaginar o que eu fiz.
Eu me aproximo do porta-luvas para retirar os papéis mencionados, mas
tudo que eu encontro é o manual sobre o carro e o último aviso de mudança
de óleo. Sem documentos. Sem registro. O meu coração dá uma guinada.
Foda-se. Eu começo a pensar que Jon brincou comigo, mas mesmo ele, não
seria tão baixo. E o policial não me pediu para sair do carro ou qualquer coisa.
Minha lanterna traseira está queimada ou algo assim, isso é tudo. Isso não é
nada.
Eu vasculho minha bolsa e tiro a minha pequena carteira. Meu rosto fica
pálido quando vejo o espaço vazio onde minha carteira de motorista deveria
estar. Olho para o policial e digo baixinho: — Ela se foi.
— Você não tem uma licença ou registro desse veículo? — Ele diz algo
em seu ombro depois de ouvir um zumbido em seu fone de ouvido. — Saia
do carro, minha senhora.
Estou tremendo agora. — Eu não fiz nada de errado. Alguém pegou a
minha licença. Eu tenho uma.
Ele me ignora e me apoia no capô. Tira seus óculos de sol. Quando o
guarda, ele pergunta: — Você sabe que você está dirigindo um veículo
roubado?
— Não é roubado.
— Oh?
Eu balanço minha cabeça, pronto para chorar. Jon não faria isso para
mim, ele não iria. — Jonathan Ferro me vendeu este carro uns dias atrás por
dez mil dólares. Eu não tive a chance de renovar a papelada ainda. Eu pensei
que tinha alguns dias?
O policial concorda. Ele vira o meu rosto para o capô e me revista. —
História legal. O carro vale muito mais do que isso. Se você vai mentir pelo
menos faz a história parecer convincente.
— É verdade! Jon me vendeu por dez mil. Pergunte a ele! Eu não estou
mentindo.
Eu sinto frio do metal prender meus pulsos quando as algemas
escorregam em torno dos meus braços. Eu começo a entrar em pânico. Meu
coração dispara muito rápido e o mundo se torna um borrão. Eu não posso
parar de falar, suplicando, e quando o policial me empurra na parte de trás de
seu carro, todos os terríveis eventos em detalhes vívidos se reproduzem em
minha mente.
Eu fecho meus olhos e tento desligá-los, mas as cores iluminam e os sons
de mais de uma década tocam alto em meus ouvidos, enquanto lágrimas caem
pelo meu rosto. O passado e o presente colidem juntos com tanta violência
que eu não posso suportar isso.
Minha mãe jura para mim antes de me enfiar no armário. Pequenas mãos
envolvem em torno de mim, e eu sei que o meu irmão mais novo, Anthony,
está apavorado. Ele cresceu e seus ossos eu sinto nitidamente sob minhas
palmas. Ele chora até que fica em silêncio, até que ele adormece, até que
minha mãe teve seu efeito das drogas e amantes. Eu a ouvi rir. Eu nunca
poderia fazê-la feliz assim. Ouvi os sons de sexo, até que algo muda. A festa
normal não é mais normal.
O policial que me tirou do armário tentou tirar o corpo sem vida do meu
irmão dos meus braços. Eu não entendi. Eu o protegia dela. Eu vigiei por
Anthony, mas depois de tudo que eu fiz, não foi o suficiente. Eles pensaram
que eu o matei em primeiro lugar. Eles me empurraram para o fundo do carro
e gritei para eles até que eu não podia chorar mais. Eu queria meu irmão, mas
eles disseram que ele estava morto.
Eu não acreditei neles.
Agora, eu tenho dificuldade em acreditar em alguém e este policial abriu
uma ferida que é tão profunda que me corta até o osso. Não, não foi o policial
- foi Jon.
Eu não posso evitar o tremor, mas eu não choro. Eles me ficham e fazem
perguntas que eu ouvi antes. A estrutura nunca muda em lugares como este.
As pessoas são as mesmas. O cheiro é idêntico. Eu olho fixamente, tentando
manter minha mente em uma única peça, mas eu sinto as rachaduras pouco a
pouco.
Quem vai salvar Maggie? Se eu me perder, quem estará lá para ela?
Ninguém. Acalme-se, Hallie.
Eu tenho direito a uma ligação, então que eu chamo a pessoa que eles
estão tentando me manter longe, o homem que está me chantageando por
sexo.
Quando ele atende o telefone, Bryan parece cansado. Eu não sei de que
outra forma dizer. Eu teria pensado que ele estava dormindo, mas há algo em
sua voz que me diz que não dorme há muito tempo. — Suffolk County PD.
Deixe-me adivinhar, é Jon ou Trystan?
— Não, — minha voz é tão baixa, tão tímida que mal faz um som.
Eu o ouvi mudar e Bryan soa mais alerta quando ele responde: — Hallie?
— Venha me pegar. Eu vou lhe dever. Qualquer coisa que você quiser,
basta vir me pegar. — Eu entrego o telefone de volta ao oficial na mesa e sou
levada de volta para a minha cela.
Capítulo 13
Estou sentada em frente a uma mulher que não consegue parar de chorar.
Ela fala sobre os tíquetes de estacionamento não pagos, sobre como ela vai
perder o emprego por causa disto e como ela não trabalhou o suficiente para
pagar os tíquetes. Depois começa a hiperventilar e menciona algo sobre
remédios. Essa é a única vez que o policial no exterior da cela olha para ela.
Eles a removem da nossa cela, dizendo que vai ter seus remédios.
Alguém entra e se senta ao meu lado. Seu rosto está machucado em um
lado.
— Olá.
Eu olho para ela e não digo nada. Meus braços estão cruzados sobre o
meu peito e estou encostada à parede, pensando em maneiras de castrar Jon
Ferro. Ele sabia sobre o meu passado e o que isto faria comigo.
A mulher não é mais que uma menina, deve de ter uns dezoito anos, com
grandes olhos redondos, mas ainda tem bochechas gordinhas, infantis. Pelo
seu rosto angular não parece ter mais de vinte e dois anos. O seu cabelo
escuro é longo e está em um rabo de cavalo bagunçado.
Ela suspira e descansa as costas contra a parede de cimento frio. — Você
passará a noite aqui? Eu espero que sim. Ele precisa de tempo para esfriar. A
única parte ruim é não ter o sabão bacteriano, mas o resto está bem. Além
disso, ele vai dar-me tempo. Eu não posso estar perto dele quando ele está
assim. Ele é geralmente é bom, mas em noites como está, eu acho melhor
ficar aqui. Eu não vou fazer a minha ligação. Ei, você parece familiar. — Ela
fala sem respirar e olha para mim o tempo todo.
— Nós nunca nos conhecemos, — é tudo o que eu digo.
Ela acena com a cabeça e continua, liberando uma onda de palavras.
Sentada, escuto sua vida, a sua história, não sinto nada, apenas piedade. Ela é
como Maggie e eu. Ela não tem ninguém que se preocupe com ela, ninguém
para ouvir a sua voz e em quem encontrar consolo através de seu toque.
Eu não sei quanto tempo estive lá, mas um tempo depois eles chamam o
meu nome, a jovem foi levada para um banho e passará a noite na cela.
Imagino o por que desejar uma cela em vez de ir para casa. Isso me faz querer
chorar, e não há porra nenhuma que eu possa fazer sobre isso. Eu não posso
nem tomar conta de mim.
A porta da cela desliza aberta e faz um som mais horrível. — Hallie
Raymond, recolha as suas coisas na recepção e vá para casa com o seu amigo
que pagou sua fiança. Se você estragar tudo, ele será o único que pagará por
isso, o melhor é se comportar.
Concordo com a cabeça e percorro o caminho para a recepção. Parece
que eu não prestei atenção por um tempo, mas o faço quando vejo Bryan.
Enquanto eu ando atrás dele eu observo a maneira como ele respira, o modo
como os seus ombros estão dobrados para frente como se ele estivesse sendo
vigiado ou com dor. Eu paro atrás dele e o assisto por um momento. Seus
quadris são estreitos, como sempre, ele não perdeu muito peso, mas seu
cabelo não brilha da maneira como ele costumava brilhar. Sua respiração é
superficial e curta, como se tivesse estado correndo. Uma sensação horrível
corre pela minha espinha quando eu olho para ele.
Naquele momento, Bryan sente os olhos sobre ele e vira. Ele tem aquele
sorriso brincalhão no rosto. — Se você queria usar algemas, eu tenho algumas.
Eu ficaria feliz... poff! — Eu bato nele com toda a força do meu corpo e o
seguro apertado.
Bryan fica chocado no início. Seus braços levam um tempo até fecharem-
se em torno de mim, e depois ele me segura. Eu sinto a sua voz, a agitação
quente de ar, quando ele sussurra em meu ouvido: — Vamos sair daqui. —
Ele me solta e eu aceno. Foi quando ele me disse a última coisa que eu queria
ouvir. — Há repórteres na frente.
— O quê? — O meu queixo cai em horror.
— Eu fiz arranjos para sair pela parte de trás, mas haverá alguém. Sempre
há. Todo mundo vai saber o que aconteceu pela manhã. — Bryan pega a
minha mão e me leva, seguindo um oficial, que nos conduz através de uma
sala com armários e na parte de trás da delegacia de polícia, para um Hummer
preto. Sou empurrada para dentro, mas não antes de um flash disparar e eu
olhei diretamente para a câmera.
Bryan empurra-o de volta, mas a foto já foi tirada. Ele sobe atrás de mim
e diz: — Dirija.
— Eu não sou a porra do seu motorista, Bryan. Diga por favor. — Um
cara da minha idade, com cabelo escuro que paira em seu rosto, está no
assento do motorista. Com óculos grandes demais para obscurecer os olhos.
— Foda-se, Trystan.
Trystan revira os olhos e se afasta com sua enorme, máquina
ambientalmente irresponsável, com o objetivo de atingir os repórteres da rua,
quando sai do estacionamento. — As pessoas seriam melhores para você, se
você fosse mais agradável para elas. Isso é tudo o que estou dizendo. —
Trystan é tranquilo, mas eu sinto seus olhos em mim. Quando eu olho para
cima, ele responde ao que eu estava pensando. — Jon não fez isso com você.
Aos poucos, meu queixo inclina-se para cima e os nossos olhos se
encontram no espelho retrovisor. — Jon Ferro é um homem morto. Ele sabe
o que isto me faria. Foi a pior coisa que ele poderia ter feito.
Bryan pega a minha mão e tece os nossos dedos juntos. — Não foi Jon.
Por favor, aguarde para matá-lo até amanhã.
— Eu poderia matá-lo agora. Bryan, eu cuidei de Campone e posso cuidar
de qualquer um que mexer com Maggie ou comigo. Eu não sou mais uma
criança. — Eu soluço e tremo quando o passado e o presente eclodem juntos
novamente. Meu irmão morreu de fome. Ele morreu em meus braços e eu era
muito boba e pequena para saber o que fazer. Eu digo que eu era apenas uma
criança, porque é mais fácil do que dizer às pessoas a minha história, mas os
Ferros sabem de tudo. Eles são como baratas que conseguem encontrar cada
mentira em cada canto escuro de sua alma. — Eu não vou ser dizimada por
Jon. Foda-se ele.
Trystan e Bryan trocam um olhar, mas ninguém diz nada. Bryan me puxa
em seus braços e me segura até pararmos em frente de um antigo motel.
Bruto é a melhor maneira de descrevê-lo. Aposto que eles alugam quartos por
hora. Trystan joga para Bryan a chave do quarto. — Fique aí até eu descobrir
o que aconteceu. Eu acho que já sei, embora os detalhes sejam vagos.
Eu balanço a minha cabeça: — Não, eu não posso. Maggie está de volta e
ela precisa de mim. E Neil...
Bryan suspira, passando as mãos pelos cabelos. Depois que ele fez isso, ele
balança a mão para o seu lado. — Maggie estará bem. E Neil é um idiota.
Além disso, ele sabe que eu a levei esta noite. Aparentemente, você disse a
Maggie que eu estava chantageando você, porque ela tentou me pregar seu
calcanhar na cabeça. — Isso me faz sorrir. — Oh, você acha que é engraçado?
— Bryan me agarra e se inclina para perto. Aqueles olhos verdes brilham por
um momento antes de embaçarem. — Vamos Raymond. Estou pensando em
usá-la até que você se esqueça de quem você é.
Capítulo 14
Estou sem fôlego na hora que o sinto tremer dentro de mim. Bryan está
nu e coberto por uma camada brilhante de suor. As minhas pernas estão
segurando firmemente seus quadris quando ele bate em mim uma e outra vez.
Ele repete o movimento de balanço até eu gritar o seu nome, e, em seguida,
ele cai em cima de mim. Respirando com dificuldade, ele rola para o lado com
um sorriso no rosto. Ele empurra o cabelo úmido e escuro do rosto, e me
olha. — Eu nunca me diverti tanto infringindo a lei em toda a minha vida.
— Oh? E quantas mulheres você chantageou, Sr. Ferro? — Eu me apoio
do meu lado e tento puxar o cobertor, então eu opto pelo lençol, mas Bryan
me para.
Sua mão está sobre a minha, e continua lá até que eu solto os lençóis. —
Sem roupas, sem lençóis, cobertores, nada. Você é minha esta noite, minha
escrava nua. Eu quero ver você. — Seus olhos mergulham para os meus seios
e lentamente escorregam para o meu pescoço e voltam para os meus olhos.
— Bela maneira de esquivar-se.
— Você realmente não quer que eu responda a isso, não é? — Ele sorri e
coloca as mãos atrás da cabeça. Deus, seu corpo é lindo, tonificado e perfeito.
Eu me pergunto quantos comprimidos ele tomou esta noite, o quão alto ele
está agora e o que ele se lembrará de amanhã. Eu quero que ele se lembre de
mim, todos os bocadinhos de cada momento. —Se eu tiver feito isso antes,
então eu sou um idiota total, mas se eu não tiver, então você vai saber que eu
estou na sua. Desde que você está noiva de outra pessoa, no entanto, eu não
vejo como isso vai acabar bem, de qualquer forma. Vamos fingir que você não
perguntou.
Ele tem um bom ponto. Lambendo os meus lábios, eu pergunto: — Você
não se importa com o Neil? E a coisa de noivado?
Ele balança a cabeça. — Não, isso é temporário.
O meu coração afunda um pouco. Faço a pergunta que tem estado
flutuando na minha cabeça desde que isto começou. — Então, quando isso
vai acabar? Antes do meu casamento ou depois? Antes do meu chá de panela?
Antes ou depois de eu ter o bebê de Neil? Ou será esta noite? Ou foi ontem à
noite a última noite. Eu tive problemas e te chamei. Quando será isso, Bryan?
Porque isso vai acabar, né?
Ele não olha para mim. Em vez disso, ele se levanta, vai até o bar
improvisado que ele trouxe e serve uma bebida. Ele abaixa-se e olha para
mim. — Isso vai acabar quando eu cansar com você.
Ele é frio e o jeito que ele agarra o copo me faz pensar que ele está com
raiva. Depois de um momento, ele se vira e pega alguma coisa do bolso da
calça antes de ir para o banheiro. Quando a porta se fecha, eu salto da cama e
corro através do quarto para ver o que era. Eu pego a calça e vasculho o seu
bolso. Os meus dedos escovam contra comprimidos soltos, alguns longos,
alguns pequenos. Eu retiro-os e olho para a palma da mão, pronta para chorar.
Ele está drogado.
Capítulo 15
— Você sempre revista as roupas das pessoas quando estão no banheiro
ou eu sou especial? — Bryan parece chateado, mas ele ainda tinha aquele
sorriso arrogante no rosto. Eu pego as pílulas e as jogo para ele.
— Muito drogado? — Eu pego minhas roupas e começo a puxa-las.
— Oh, não, você não vai. — Bryan corre até mim e lutamos por um
momento, antes de ele arrancar minha camisa fora das minhas mãos e joga-la
pela sala. — Nós tínhamos um acordo.
— Foda-se! Foda-se sua família! Foda-se o nosso negócio! Eu odeio você!
Eu queria que você nunca mais aparecesse! Eu não aguento mais isso! Eu não
posso! — Eu estou gritando na cara dele e consigo fechar meu sutiã. — Fique
com a camisa, mas eu não vou ficar e você não pode me obrigar. Diga a quem
você quiser. Eu cansei.
Ele sorri tristemente para o chão e depois para a camisa na mão. —
Depois de tudo que nós passamos, tudo o que eu recebo é esta camisa?
— Eu não estou brincando Bryan. — Eu estou na porta.
— Nem eu. Eu faria qualquer coisa por você. — Ele sussurra as últimas
palavras. — Mas eu não posso. A vida não é justa, Hallie. Eu estou fazendo o
melhor que posso e isso é tudo que posso dizer. Há uma razão pela qual eu
não estou em reabilitação e por isso que eu posso andar por aí com toda essa
merda no meu bolso. Há uma razão por que, e eu jurei por Deus que eu não
diria a você. Assim, você pode ir embora e estar ofendida que eu sou um
viciado, que eu preciso de drogas, mas você tem que saber que eu jogaria tudo
fora para mantê-la aqui mais um dia.
Eu não entendo o que ele está dizendo. O olhar de Bryan diminui à
medida que ele encontra o meu. Eu o desafio, porque eu acho que ele está
blefando. — Então faça isso. Compre-me por um dia e jogue fora toda essa
merda.
— Feito. — Ele esvazia seus bolsos, pega as pílulas espalhadas sobre o
tapete, e joga cada um para fora para o estacionamento. Quando ele bate à
porta, ele se vira para mim. — Eu fiz a minha parte, agora você faz a sua. Tire
a roupa.
Por que sinto como se tivesse acabado de fazer algo horrível? Eu faço o
que ele diz até que eu não estou vestindo nada. Ele me olha com aqueles
olhos verdes gananciosos, como se ele nunca pudesse ter o suficiente. Quando
ele começa a caminhar em minha direção, ele sorri: — É tempo de segredo.
— Eu não tenho segredos.
— Nós dois sabemos que isso é uma mentira. — Ele ata os braços dele
em volta da minha cintura nua e pressiona seu longo pênis duro contra mim.
Quero as coisas que eu não deveria querer, mas eu tento ficar calma e serena.
No interior, estou muito feliz que ele contou das pílulas por mim. Ele é um
drogado e isso vai ajudar. Irá. Eu sei que vai.
Meu olhar difunde para longe e eu sorrio. — Há coisas que você não deve
saber.
— Campone?
Eu olho para ele. — Talvez.
Começamos a dançar a música que está apenas em nossas mentes. É algo
a partir do ensino médio, de muito tempo atrás, e eu juro que eu ainda posso
ouvi-la. Bryan pressiona seu rosto ao meu. — Eu preciso prestar atenção
nele?
— Ninguém precisa ficar de olho nele.
Bryan engole duro e faz uma pausa. Ele sabe o que eu quero dizer, não há
dúvida em minha mente que ele sabe. Um momento depois, ele pergunta: —
Você se arrepende?
— Não, — a minha voz não sai porque ele pega na minha garganta.
— Parece que você pode.
Eu me perco. Todas as emoções que eu venho reprimindo borbulham. As
palavras escapam antes que eu possa para-las. — Bryan, eu lamento a minha
vida inteira.
— Não diga isso. — Ele aperta meu rosto para o dele e me abraça.
Nossos pés param de se mover e ele beija o lado do meu rosto uma vez,
depois duas vezes. — Você é a melhor coisa que já me aconteceu.
— Não. — Eu me afasto dele e caminho para longe. Eu estou olhando
para o tapete gasto e suas manchas antigas e não identificadas. — Eu não
posso. Eu simplesmente não posso. — Quando eu caminho para ir embora,
ele agarra meu pulso.
Um sorriso sincero cruza os lábios. — Você não tem ideia do quanto você
significa para mim, não é?
— Eu não significava tanto assim no passado.
Ele ri, mas eu não olho para ele. Sento-me no canto da cama e olho para a
pintura feia na parede. Deve ter sido uma cena feliz, mas o tempo e a luz do
sol a apagaram um pouco, uma vez foi brilhante. O papel está amarelado e o
quadro está arranhado. Os parafusos que a prendem à parede não ajudam
também. — Você sempre foi tão boa em mentir, Hallie. Especialmente
quando se trata de mentir para si mesmo.
— Você não sabe o que você está falando.
— Besteira! Hallie, olhe para mim! — Bryan está em pé perto do meu
ombro e eu o ouço soltar uma rajada de ar. Presumo que ele está chateado
comigo até que vejo o seu reflexo no vidro na estrutura. Seu rosto se contorce
e ele está segurando a cabeça com tanta força que eu posso ver todos os
músculos do seu corpo.
Eu giro ao redor e salto para os meus pés. Minhas mãos pairam acima
dele, como se eu não deveria tocá-lo. — O que há de errado? Bryan? — Estou
quase chorando quando eu o vejo tremer e tentar respirar, mas suas costelas
mal se movem. Ele estende a mão para a cama e senta-se duro, apertando a
cabeça entre as mãos.
Ele fica assim, se esforçando para apenas respirar, isso me mata. Eu puxo
sua camisa e corro descalça para o estacionamento quando eu tenho certeza
que ele não vai morrer e procuro as pílulas, mas o pavimento está molhado e
elas derreteram. Lágrimas escorrem dos meus olhos. Eu não tinha ideia. Algo
está errado com ele e eu não sabia. Eu pensei que ele estava em uma festa, e
agindo como um maldito viciado por isso o fiz jogar fora o seu medicamento.
E ele o fez.
Por mim.
Sua voz é fraca, atrás de mim, quando eu tento pegar uma pílula que está
derretendo em nada. — Deixe-a.
— Eu não sabia! — Eu estou chorando. A pílula transforma em pasta em
meus dedos. Antes que eu possa ir para outra, ele agarra meus ombros e me
vira-se para ele.
— Eu sabia. — Sua voz está trêmula e apertada. Ele mal consegue
respirar. — Eu preciso sentar. Vem para dentro.
Bryan lança seu braço sobre meu ombro e caminhamos de volta para a
cama. Ele ri e, em seguida, faz uma careta rapidamente. — Eu não deveria ter
montado você assim, mas valeu a pena. Você sempre valeu a pena, Hallie.
Capítulo 16
Bryan está se contorcendo na cama e com tanta dor que lagrimas
escorrem pelo seu rosto. Ele não vai me deixar levá-lo ao hospital. Ele
continua dizendo que eles não podem fazer nada, mas eu não posso vê-lo
assim. — Quem mais sabe?
— Ninguém. — Ele controla as palavras em respiração curtas, entre os
dentes cerrados, enquanto as costas sobem para fora do colchão novo. Suas
mãos estão fechadas em punhos ao seu lado quando outro gemido lhe escapa.
— Eu preciso obter o seu medicamento, diga-me onde consegui-lo. —
Estou frenética. Ele está ficando muito pior, tão rápido. O movimento, o
tempo que ele estava comigo deve ter feito pior, porque ele está tão perto de
gritar de pura agonia que eu não posso suportar isso.
— Jon. — Isso é tudo o que ele diz.
Foda-se. Eu odeio Jon. Por que ele não poderia dizer Trystan? Concordo
com a cabeça e pego seu telefone, vou através de seus contatos e encontro Jon
Ferro. Eu seleciono e espero para sempre para ele atender. — Ei seu merda,
você ainda está perseguindo aquela coisa que você acertou na escola?
— Eu sou aquela coisa que ele acertou na escola. Ouça, Bryan está com
muita dor. Seu remédio se foi e ele precisa de algum agora — tipo exatamente
agora.
Por um segundo, eu acho que ele desligou, mas, em seguida, ele pergunta:
— Onde está você? — Eu digo a ele. — Foda-se. Pensei que estivesse na
cadeia. Merda, Hallie, merda! Deixe-o bêbado até eu chegar ai, e não o leve
para o hospital. — Isso é tudo que Jon diz antes dele desligar.
Eu coloco o telefone de volta na mesa de cabeceira e atravesso a sala. A
maior parte da bebida que Bryan trouxe se foi, mas há um pouco de vodca
sobrando. Eu despejo-a em um copo de plástico e levo para ele. — Aqui, beba
isso. Vai ajudar um pouco.
Bryan pega o copo e bebe a coisa toda. Seu estômago está vazio e eram
pelo menos três doses. Eu levo o copo para longe e coloco-o sobre a cômoda
antes de me sentar ao lado dele. Em questão de segundos, eu vejo seus
músculos começarem a relaxar. Seus olhos foram fechados e apertados por
tanto tempo que quando eles vibram e abrem, eu quase choro. — Você ficou.
— Eu sou uma babaca, arrogante e presunçosa. Eu nunca deveria ter feito
você jogar as pílulas fora. Eu sinto muito. — Eu dobro na cintura, querendo
deitar sobre seu peito, mas vai machucá-lo, então eu me contento com um
beijo sobre seu coração.
Ele toca no fundo da minha cabeça, alisando meu cabelo, me acalmando.
— Você não sabia.
— Por que você não me contou?
— É mais fácil deixar que as pessoas presumam outras coisas. — Ele me
olha e sabe muito bem o perto que essa afirmação atingiu o alvo. É mais fácil.
Ele me salvou de muitas maneiras. Sim, eu o entendo, muito bem. Eu desejaria
não entender. O corpo de Bryan continua a relaxar nos próximos poucos
minutos, até que Jon chega.
Jon rosna para mim quando ele faz o seu caminho pela sala e segue para
Bryan. — Seu fodido perdedor. Você transou com ela sem seus remédios?
Você é louco, você sabe disso? — Jon empurra um monte de pílulas para seu
primo e um copo de água.
Bryan as toma e ri. Assim que ele o faz, suas mãos voam para suas
costelas doloridas. — Ela vale a pena.
— Você é um idiota.
— Eu também amo você, cara.
Jon bufa enquanto isso, antes de se virar para mim. — Quanto que você
lhe deu de beber?
— Isso, — eu aponto para o copo. — Foi cerca da metade, então o que,
três doses?
Jon tenta não sorrir. — Você não é muito de beber, não é? Isso é mais
parecido com cinco. Não é de admirar que ele não está gritando.
Enquanto falamos, os olhos de Bryan fecham e seu corpo relaxa. Eu não
posso evitar. Pergunto a Jon, — O que há de errado com ele?
— Não é minha função dizer. — Jon olha para seu primo sob os lençóis.
Bryan está deitado de costas, o peito subindo e descendo lentamente. Seus
dedos finalmente desenrolaram e eu sei que ele está dormindo.
— Sim, ele não disse a você também.
— Não. Eu não tenho a menor ideia. — Jon esfrega a parte de trás do seu
pescoço e olha para a cama. Depois de um longo tempo, ele diz: — Nós
vamos perdê-lo. Isso está ficando pior. Isso é tudo que eu sei, e por Deus, eu
desejaria não saber. O cara age como se não tivesse nada a perder, porque ele
não tem.
Capítulo 17
Nós dois estamos em pé, eu vestindo a camisa de Bryan, e Jon em sua
jaqueta de couro e calças pretas. Forjamos uma trégua temporária, quando
vemos alguém que amamos desaparecendo diante de nossos olhos. Eu
gostaria que ele dissesse a Jon. Bryan tem que confiar em alguém, e eu sei que
ele tinha a intenção de nunca me dizer. É por isso que ele me chantageou —
então eu nunca saberia. Eu sorrio e digo isso a Jon.
— Sim, ele é um pouco louco assim. Ele provavelmente queria estar com
você e pensou que chantagear era mais rápido. Nunca sequer ocorreu ao cara
pegar um telefone. — Jon cruza os braços sobre o peito e acrescenta: — A
coisa com o carro, não fui eu. Minha mãe registrou como roubo. No
momento que eu descobri, eles já a tinham pego.
— Eu não me importo. — Eu me cansei de falar com ele. — Leve o seu
carro de merda e toda sua falsa sinceridade e vá vomitá-la no estacionamento.
Eu sei que você me odeia. O sentimento é mútuo. — Sento-me ao lado de
Bryan e corro um dedo ao longo de sua testa, empurrando o cabelo para trás.
Eu gostaria de poder tirar isso. Eu gostaria de saber como ajudá-lo.
Jon explode: — Eu deveria bater muito em você por machucá-lo assim.
— Você bate nas mulheres? Legal. — Eu não olho para cima. Estou
muito irritada com ele e sua mãe. Ela sempre me odiou e eu nunca soube porque.
— Eu bato em prostitutas, e é isso que você é, Hallie, então pare de fingir.
A última coisa que Bryan precisa agora é outra mentirosa. Foda com ele e saia.
Não o faça pensar que você se importa. Mesmo você não é tão cruel.
Suas palavras me cortam. Eu me levanto para gritar com Jon para sair,
mas ele já está na porta. Sento-me com força no lado da cama e choro em
minhas mãos. Eu pensei que já tinha perdido tudo, mas eu não tinha. Bryan
ainda estava lá, ainda ao redor para ser encontrado, e a esperança de que
pudéssemos estar juntos novamente nunca foi totalmente extinta da minha
mente.
É por isso que eu disse que sim.
É por isso que eu deixei que ele me chantageasse.
Para começar, eu nunca quis romper com Bryan, e agora é tarde demais.
H. M. Ward
O melhor da literatura para todos os gostos e idades