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O encontro dos maiores autores da "Literatura Mundial"
A LAGOA DE ÁGUAS PRATEADAS DO CENTRO DO ARCO ÍRIS
Coaxando baixinho enquanto tomava um delicioso banho de sol, numa tarde quente de verão, sobre uma Vitoria Regia enorme que flutuava nas águas paradas do centro da lagoa o sapinho amarelo...
- Qua... Qua... Quaaaa...
Eu lia em voz alta, para mim mesmo, as primeiras palavras do conto infantil que tinha acabado de iniciar e procurava por idéias para que pudesse continuá-lo, quando ouvi uma sonora gargalhada. Era o meu filhinho rindo desregradamente do que eu tinha dito.
- Nossa quanta alegria! Do que você está rindo tanto?
- Do que você falou sozinho ai pai. A mãe sempre diz que o senhor é meio biruta, por causa das histórias que inventa. Eu não acho não, só que só tem sapo verde pai. Amarelo não existe!
- E quem te disse que não? Eu já não te falei que quando alguém escreve uma história os personagens dela criam vida na cabeça dos que a lêem? Se isso acontece, quando as crianças lerem o que estou escrevendo vão dar vida ao sapinho amarelo e ele vai existir.
- É mesmo pai! O senhor falou, mas eu tinha esquecido. Que legal! Quando a história tiver pronta conta ela pra mim?
- Conto sim filho, só que agora me deixa trabalhar pra eu poder terminar a história.
- Ta pai. Eu vou jogar game e ficar bem quietinho pra não te atrapalhar.
“... pensava na vida e às vezes esticava a sua língua comprida pra caçar uma mosca gorda. Ele se chamava Loirinho e era diferente dos outros sapos que viviam sempre conversando, um com os outros, ou namorando. Gostava da solidão do centro da lagoa e era ali que se sentia feliz.
Os sapos mais velhos sempre lhe diziam:
- Você precisa arrumar uma namorada Loirinho. A vida é muito triste pra quem vive sozinho.
- É que estou à espera de um grande amor.
- Mas tem um monte de sapinhas lindas e sozinhas por aqui que podiam ser sua namorada! Tem aquela que usa vestidinhos rodados cheios de florzinhas que está sempre sorrindo, a que gosta de brincos e pulseirinhas de prata, a que escreve poesia e é romântica como você e muitas outras, todas bonitinhas e loucas pra te namorar.
- Eu sou um sapo romântico e só vou namorar quando gostar de verdade de alguém, ele sempre respondia. O que eu quero é conhecer um grande amor e vou esperar até ele chegar.
Todos os dias pela manhã o sapinho amarelo subia em uma Vitoria Regia e usando um pequeno galho seco como remo ia para o centro da lagoa. Só voltava de lá, para a margem esquerda onde morava, no fim da tarde. Havia muitas vilas de sapo por toda a margem da lagoa, mas o Loirinho nunca tinha ido até nenhuma delas e só conhecia aquela em que tinha nascido e em que vivia.
Na margem direita, a oposta daquela em que vivia o sapinho amarelo, tinha também uma grande vila de sapos e era nela que morava a Rosinha. Ela era também uma sapinha muito romântica, que gostava da solidão, e como o sapinho amarelo passava horas na grossa areia da beira da lagoa, ao invés de no centro dela, sonhando com a chegada de um grande amor. Era também diferente dos outros sapos da vila em que nasceu, pois nela todos eram verdes e ela tinha a pele cor de rosa. Foi por isso que recebeu o nome de Rosinha... (continua)
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