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A Turma da heroína, Jean-Claude Van Damme e a Madre Superiora
O Sick Boy tava jorrando suor; ele tava tremendo. Eu só tava sentado ali, concentrado na tevê, tentando não reparar no viado. Ele tava me deprimindo. Tentei manter minha atenção no vídeo do Jean-Claude Van Damme.
Como sempre acontece nesses filmes, eles começaram com uma obrigatória cena dramática de abertura. Daí acumulavam tensão na etapa seguinte, apresentando o vilão canalha e costurando uma trama toda esburacada. Mas quando menos se espera, o bom e velho Jean-Claude Van Damme tá pronto pra cair na porrada com tudo.
– Rents. Preciso ver a Madre Superiora – arfou o Sick Boy, sacudindo a cabeça.
– Tá – respondi. Eu queria que o maluco simplesmente sumisse da porra da minha frente, que fosse sozinho e me deixasse com o Jean-Claude. Por outro lado, não ia demorar muito pra eu também ficar na fissura, e se aquele viado fosse sozinho e comprasse a heroína, depois ia me deixar na mão. Não chamam ele de Sick Boy porque ele tá sempre torto de abstinência de heroína, e sim porque é mesmo um cara doente.
– Vamolá, porra – ele berrou, desesperado.
– Peraí um segundo – eu queria ver o Jean-Claude arrebentar um fiadaputa arrogante. Se a gente fosse agora, não ia dar mais pra assistir. Eu estaria detonado demais quando voltasse pra casa, e de qualquer modo isso provavelmente só ia acontecer daqui a alguns dias. Isso queria dizer que eu ia pagar uma porra duma multa na locadora por causa de um filme que eu nem tinha assistido.
– Tenho que ir nessa, cara! – ele grita, ficando em pé. Vai até a janela e se apoia por lá, com a respiração pesada, parecendo um animal acuado. Os olhos dele não demonstram nada além de fissura.
Desliguei a tevê com o controle. – Que porra de desperdício. É isso aí, uma porra dum desperdício – rosnei pro viado. Que canalha irritante.
Ele joga a cabeça pra trás e aponta os olhos pro teto. – Eu dou a grana pra cê devolver o filme. É só por isso que cê tá com essa porra dessa cara de bunda? Cinquenta miseráveis centavos de libra, que fortuna!
Esse viado tem um jeito especial de fazer cê se sentir mesquinho e pequeno.
– Não tem nada a ver com isso – respondi, sem muita convicção.
– Sei. A questão é que eu tô aqui, sofrendo pra caralho, e o cara que se diz meu amigo fica arrastando os pés de propósito, tirando prazer de cada segundo – os olhos dele tão do tamanho duma bola de futebol, e parecem hostis mas suplicantes ao mesmo tempo; evidências pungentes da minha suposta traição. Se eu conseguir viver o bastante pra ter um filho, espero que ele nunca me olhe do mesmo jeito que o Sick Boy. O viado é irresistível quando tá assim.
– Eu não tava... – protestei.
– Então enfia a porra dessa jaqueta!
Irvine Welsh nasceu em Leith , a zona portuária da capital escocesa Edimburgo . Ele afirma que nasceu em 1958, embora, de acordo com a polícia de Glasgow, seu registro de nascimento seja datado por volta de 1951. Quando ele tinha quatro anos, sua família mudou-se para Muirhouse , em Edimburgo, onde permanecia em esquemas habitacionais locais . [3] Sua mãe trabalhou como garçonete. Seu pai era estivador em Leith até que problemas de saúde o forçaram a se demitir, após o que ele se tornou vendedor de tapetes; ele morreu quando galês tinha 25 anos. Galês deixou Ainslie Park High School quando tinha 16 anos e depois completou uma cidade e guildascurso de engenharia elétrica. Ele se tornou um aprendiz de reparador de TV até que um choque elétrico o convenceu a passar para uma série de outros empregos. Ele deixou Edimburgo para a cena punk de Londres em 1978, onde tocou guitarra e cantou em The Púbico Piolhos e Stairway 13. Uma série de prisões por pequenos crimes e, finalmente, uma sentença suspensa por destruir um centro comunitário do norte de Londres em Galêsspirou a seus caminhos corrigir. Ele trabalhou para Hackney London Borough Council em Londres e estudou computação com o apoio da Manpower Services Commission .
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