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Sophie parou, extasiada. A boneca, que usava um cintilante vestido prateado, rodopiou graciosamente na estante. A melodia conforme a qual a pequena bailarina executava os movimentos estava agora tão fraca que Sophie precisou inclinar a cabeça em direção à caixinha de música. Dos demais espectadores, a boneca merecia apenas um rápido olhar, talvez um sorriso de alguns, ao lembrarem que tiveram um brinquedo parecido quando crianças. As delicadas sapatilhas de cetim estavam desbotadas, e muitas pequenas lantejoulas prateadas haviam caído do vestido da boneca. Conforme rodopiou em círculo e voltou a ficar de frente para Sophie, a menina notou que apenas parte do lábio superior da boneca conservava a cor vermelha colocada ali muitos anos antes.
“Apesar disso, eu posso consertar você” – pensou Sophie. “Posso deixar você novinha em folha.”
Para ela, a boneca era absolutamente mágica, e ela decidiu naquele exato momento que a bailarina teria que ser sua. Ela não sairia da loja naquele dia se não a levasse junto.
Do canto do olho, ela observou a mãe e o pai. Estavam ambos compenetrados na conversa com o dono da loja – um senhor idoso que Sophie conhecia desde que foi à loja pela primeira vez quando garotinha, levada pelos pais, junto com as duas irmãs. A mais velha, Amy-Beth, estava empoleirada no topo de um monte de caixas de laranjas no canto, olhando fixamente para fora da janela, pensativa, como se a loja de antiguidades não fosse interessante para ela. Sophie arrepiou-se. Talvez existissem aranhas naquelas caixas, aranhas enormes do tamanho do braço – nada que assustasse Amy-Beth – ela realmente deveria ter nascido menino!...
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