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Ivan Serguêievitch Turguêniev (1818-83) foi prosador, poeta, dramaturgo, tradutor e ensaísta russo. Nasceu na província de Oriol, na vasta propriedade rural de sua mãe. Mulher autoritária e brutal, Varvara Petrovna exercia um poder tirânico sobre os servos e os filhos. O pai, embora de linhagem aristocrática e de instrução e hábitos refinados, não tinha dinheiro e casou por conveniência. Em 1833, Ivan Turguêniev começou a estudar na Universidade de Moscou e no ano seguinte transferiu-se para a Universidade de São Petersburgo. Após formar-se, em 1837, partiu para a Europa, que ele — a exemplo da elite russa em geral — encarava como sede do conhecimento e fonte de uma cultura superior. Na Europa, travou relações com importantes intelectuais russos, como o crítico Bielínski e Bakúnin, o teórico e militante do anarquismo. Turguêniev nunca se casou, mas na Europa começou um relacionamento, que perdurou até o fim da vida, com a cantora hispano-francesa Pauline García Viardot. Mulher casada, assim continuou, e na velhice Turguêniev chegou a dizer que Pauline e o marido eram sua única família. Desde essa época, Turguêniev costumava passar uma parte do ano na França, outra parte na Rússia. O livro Memórias de um caçador (1852), que reúne seus primeiros contos, consagrou-se de imediato na Rússia como denúncia do regime da servidão. Nesse ano, por causa do livro e também devido a um panfleto que divulgou no enterro do escritor Nikolai Gógol, Turguêniev foi preso e depois confinado em sua propriedade rural por mais de um ano. Em seguida lançou seus romances mais importantes: Rúdin (1856), Ninho de nobres (1859), Na véspera (1860) e Pais e filhos (1862). De índole transigente, moderada, pouco afeito a conflitos, naqueles anos, por conta de seus livros, Turguêniev se viu no centro de polêmicas encarniçadas. Tais debates já eram travados havia bastante tempo na Rússia, mas as obras de Turguêniev souberam dar a eles uma imagem concreta, uma forma viva, e se tornaram o foco das energias em disputa. Além de romances, Turguêniev se destaca pela qualidade de um grande número de contos e novelas, que publicava regularmente. Movimentava-se com desenvoltura pelos círculos artísticos e literários da Europa, onde era respeitado e admirado pelos expoentes de seu tempo. Mais que ninguém, incentivou e promoveu a tradução de obras russas contemporâneas, mesmo quando se tratava de escritores que o acusavam de ocidentalizado e elitista. Extremamente culto, lia em latim e em grego. Dominava várias línguas europeias e era tão competente em francês que seu último texto, um conto sobre um naufrágio (lembrança de um fato vivido por ele) foi ditado nesse idioma para Pauline Viardot, quando o escritor estava de cama, acometido pelo câncer que o levaria à morte pouco depois. Seu corpo foi transportado da França para a Rússia, onde foi enterrado. Seu cortejo fúnebre deu ensejo a manifestações populares.
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