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Poesia & Contos Infantis

 

 

 


Pardal Mallet
Pardal Mallet

Pardal Mallet

 

 

Pardal Mallet (João Carlos de Medeiros P. M.), jornalista e romancista, nasceu em Bagé, RS, em 9 de dezembro de 1864, e faleceu em Caxambu, MG, em 24 de novembro de 1894. É o patrono da Cadeira n. 30, por escolha do fundador Pedro Rabelo.

Neto e filho de grandes marechais, de sangue nobre e bravo, reuniu em si misturas de raças díspares, de países e continentes diversos, irlandês, francês, português e brasileiro. Veio ao mundo na época da Guerra do Paraguai, e em toda a sua breve vida viveu na atmosfera de uma família tradicional, cercado do carinho dos pais e das irmãs, mas povoada de reminiscências de guerras. Aprendeu na infância três línguas, francês, inglês e português.

Após os estudos preparatórios na terra natal, veio para o Rio de Janeiro para estudar Medicina. Deixou o curso no 4o ano porque o visconde de Sabóia o ameaçava de reprová-lo se não abandonasse as idéias republicanas que expressava em artigos na imprensa carioca. Ele mantém seus pontos de vista e decide estudar Direito. Inicia o curso em São Paulo e vai concluí-lo em Recife, em plena efervescência da Escola do Recife. Em Pernambuco, manteve-se no jornalismo e publicou um livro de contos, Meu álbum, e um romance, O hóspede. O dia da colação de grau foi um ponto alto em sua vida: republicano arraigado, recusou-se a fazer o juramento legal. Não se sujeitaria às palavras que garantiam o respeito ao regime monárquico. Perante a Congregação declarou que não desejaria ser perjuro no primeiro passo da mocidade. Só com a intervenção de Joaquim Nabuco o diretor da Faculdade concedeu-lhe o grau a que tinha direito.

Voltando ao Rio, em 1888, não exerceu a advocacia. Participou dos movimentos abolicionista e republicano. O jornalismo foi a sua grande paixão espiritual. Foi periodista na Gazeta da Tarde, colaborou em quase todas as folhas cariocas, na Gazeta de Notícias, no Diário de Notícias, escrevendo muitas vezes sob pseudônimos: Armand de Saint Victor, Vítor Leal e Souvarine. Secretariou a Cidade do Rio, de José do Patrocínio. Rompendo com o grande abolicionista, que era anti-republicano, fundou o jornal A Rua, dirigindo-o ao lado de Luís Murat, Olavo Bilac e Raul Pompéia. Temperamento exaltado, tentou restabelecer, no Brasil, o costume do duelo. Chegou a ter um com o seu maior amigo, Olavo Bilac, que se realizou, sem testemunhas, com floretes. Ficou ferido, mas logo a seguir os dois se reconciliaram no local.

Com Paula Ney, a princípio, e depois com Coelho Neto, Pardal Mallet teve grande êxito no panfleto O Meio, publicação periódica de preocupação social, política, literária e artística. A ele se deve a expressão popular "na ponta", registrada no n. 12 do panfleto: "O Meio cada vez mais... na ponta." Fundou o jornal O Combate, saindo o primeiro número em 12 de janeiro de 1892. No artigo de fundo, que lhe serve de programa, Pardal Mallet se declara socialista moderno, científico e construtor. Ali defendeu suas idéias e combateu o governo de Floriano Peixoto, até ser agredido por florianistas exaltados. O governo mandou fechar O Combate e Pardal Mallet foi desterrado para Tabatinga (AM). A agressão que sofreu dos florianistas contribuiu para a debilitação de sua saúde. Voltou para o Rio, onde passou breve temporada no palacete da família, seguindo depois para a casa de veraneio em Caxambu (MG), onde ele esperava curar-se da tuberculose, mas lá veio a falecer, antes de completar 30 anos.

A coragem com que enfrentava os fatos, a sua oposição ao governo de Floriano Peixoto, tido como um dos mais enérgicos presidentes brasileiros, demonstram a força da presença de Pardal Mallet no seu tempo. Três anos após sua morte, ao fundar-se a Academia Brasileira de Letras, o poeta e jornalista Pedro Rabelo escolheu-o como patrono da cadeira por ele fundada. Foi, portanto, a acolhida pela Academia de um escritor que fora contemporâneo dos fundadores e bem mais jovem que a maioria deles.

O escritor panfletista revelou-se também no opúsculo Pelo divórcio!, publicado em 1894, quando as idéias conservadoras no meio brasileiro repeliam qualquer inovação neste sentido. A significação de sua obra na literatura brasileira é modesta, inclinando-se para um misto de realismo e romantismo. Ele próprio não dava valia aos seus romances, que eram, para seu juízo, secundários. Não apresentam faces criadoras, nem páginas excepcionais. Hóspede e Lar descrevem cenas e costumes da vida carioca e A Pandilha apresenta costumes gaúchos e evocações da sua terra natal.

 

 

O HÓSPEDE

 

Carlos Cunha  Arte & Produção Visual