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Series & Trilogias Literarias
A luz do amanhecer brilha através das pesadas cortinas que revestem as paredes formando uma fina fenda de branco puro no tapete escuro. Eu fico olhando para ele, perdida em seus pensamentos. Perto de mim, Bryan está dormindo. Eu envolvo meus braços ao redor dele e seu corpo se parece tão forte. É por isso que isto é tão difícil. Não faz nenhum sentido. Para além da dor, eu não posso ver o que está acontecendo com ele. É interno. Seu corpo o está matando segundo a segundo. Eventualmente, ele irá respirar e não haverá outro. Eu não posso suportar a ideia.
Minha vida tem sido moldada por morte. Todo mundo que me importa, todos, exceto Maggie, partem. Eu escorrego para fora da cama, agarrando o meutelefone antes de ir para fundo do corredor. Eu envio uma mensagem de texto para ela, embora eu duvide que ela esteja acordada.
Eu digito: Estou com Bryan. Apenas verificando para ter certeza que está tudo bem.
Para minha surpresa ela envia uma mensagem de volta: Eu estou, mas tenho uma coisa horrível para lhe dizer.
Nada poderia ser pior do que perder Bryan. Eu digito de volta: Eu também.
Volto logo para casa e podemos conversar.
Ela responde: Ok.
Eu enfio meu celular no bolso antes de pegar a camiseta de Bryan e a puxo
sobre minha cabeça. Eu enfio minhas mãos sob as mangas e vagueio pela mansão
até encontrar a cozinha. Sinto o cheiro do café e preciso desesperadamente de uma
xícara. Infelizmente, a besta “a tia” de Bryan está sentada à mesa com outra
mulher. Ambas estão vestidas em robe. Eu pisco conforme o choque lava seus
rostos. Eu não posso imaginar por que ela está aqui tão cedo, não vestida. Quão
estranho é isso?
Dentro de um batimento cardíaco, Constance está fora de seu assento e no
meu rosto. — Como você ousa desfilar na casa da minha irmã usando coisas do
meu sobrinho? Saia agora mesmo, sua puta! — Ela tenta bater no meu rosto, mas
eu agarro seu pulso.
As coisas finalmente clicam no lugar. A forma como as mulheres estavam
olhando uma para a outra, o toque de suas mãos, a forma como os seus olhos
permanecem naquele olhar fixo familiar, o fato de que ela está aqui, quando sua
irmã e cunhado já se foram e a forma como Constance se transforma em um tigre
quando ela me vê - faz sentido. Ela está escondendo um segredo há anos que
poderia arruiná-la para sempre. É por isso que ela suporta as infidelidades do Sr.
Ferro e porque permite que suas mulheres valsem pela sua casa.
Constance é gay - e esta mulher é sua amante. Ela pensou que eu soubesse,
mas eu nunca percebi antes.
Ela puxa sua mão do meu aperto e se prepara para começar a gritar
novamente. Eu a interrompo, cansada. — Eu não me importo com sua vida ou
suas preferências. Eu entendo que seja um tabu para você ser vista com ela. Eu
entendo isso, Constance, eu realmente entendo. Eu não a julgo por isso, então pare
de me julgar. A única coisa de que eu quero vocês é o café. — Eu caminho,
passando por ela.
O queixo de Constance está no chão. Sua namorada, uma mulher pelo menos
dez anos mais nova que ela, fica rígida, olhando-me com medo. Relações do mesmo
sexo podem ser ultramodernas e estarem na moda em Nova York, mas não entre
antigas famílias endinheiradas como esta. Isso a arruinaria. É por isso que ela me
odeia. Ela acha que eu tenho andado por aí esperando para soltar uma bomba em
sua vida.
Quando Constance fala, seu tom é cético: — Você sabe há muito tempo e não
disse nada. Por quê?
— Porque eu não me importo com você. — Eu mantenho minhas costas
para ela enquanto despejo o líquido escuro em uma xícara pesada. É muito cedo. As
pessoas normais não estão acordadas às cinco da manhã. Elas provavelmente
estavam tomando café da manhã antes de se separarem para o dia. Quando me viro
para falar, as duas mulheres estão me olhando mortificadas. — Eu me preocupo
com Bryan. Você não percebeu nada sobre ele que lhe diz respeito?
Seu olhar se estreita. — Não brinque comigo. Eu conheço minha família,
cada um deles.
— Sim, bem, você pode querer falar com ele. — Ela bloqueia seu maxilar,
preparando-se para ordenar que eu saia, mas eu acrescento: — O tempo é uma
coisa engraçada. Todos nós pensamos que temos uma tonelada dele até que seja
tirado de nós, então nos damos conta de que nunca foi o suficiente, para começar.
Use o tempo que você tem, Constance. Ame as pessoas que queira e se certifique de
que eles saibam disso. Chegará o dia em que você lamentará que não o fez e a
chance passou por você.
Ela endurece quando eu falo. — Você está me ameaçando?
Eu rio alto com o ridículo de sua declaração. Ela não tem nenhuma pista. Eu
estava me referindo a mim e Bryan, para a piscina constante de arrependimento
que enche meu estômago. Poderíamos ter estado juntos, mas essa oportunidade
está perdida agora, o tempo que nunca teremos.
— Você está tão errada sobre tudo, lacrada em sua pequena bolha, fora de
contato com o mundo real. Isso não é sobre você, então você acha que está segura,
mas você nunca está, não do tempo - não da morte. Seu sobrinho... — Eu engulo
em seco, mas não quebro o contato visual. — Certifique-se que sua mãe descubra.
Isso é tudo que eu quero.
A suposição de que eu estou fazendo é enorme - aquela que Elizabeth Ferro
se importará se seu filho vive ou morre. Bryan não contou a ninguém sobre sua
doença, exceto eu. Jon pode ver isso, mas os outros não têm ideia. Eu não sei
quanto tempo resta à Bryan, mas não quero que ele o gaste se preocupando ou
brigando. Eu quero estar lá para protegê-lo e, por alertar o Ferro de seu estado, eu
provavelmente só fiz isso mais difícil de acontecer - mas que é a coisa certa a fazer.
Se eu tivesse um segundo extra para gastar com o meu pai... O pensamento se
esconde em minha mente, sol a sol. Quando a noite lava o céu com tons roxos de
tinta e manchas de âmbar cintilante, eu gostaria de ter mais uma oportunidade de
dizer todas as coisas que nunca tive a chance de expressar. Agora, esses
pensamentos estão presos dentro da minha alma, me segurando cativa. Eu nunca
vou ser livre. Eu nunca tive a chance de dizer adeus. Eu estou dando aos Ferro essa
oportunidade e esperando além da esperança de que eles não me joguem para fora
na minha bunda em recompensa.
Empurrando de lado meus pensamentos, eu coloco meu copo vazio para
baixo e saio, deixando Constance e sua amante, boquiabertas, no meu despertar. As
duas mulheres atrás de mim são crianças brincando de casinha. Eu posso ser mais
jovem do que elas em anos, mas minha alma parece velha. É imaturo pensar que a
sua vida seja apenas sobre você. A vida é sobre as pessoas ao seu redor. Como eu
gostaria de nunca crescer, mas desejar é desperdício de tempo e eu me recuso a
desperdiçar mais um segundo.
Capítulo 2
Maggie e eu planejamos, através de mensagens de texto, nos encontrar em
algum lugar que tenha um bagel logo após o amanhecer. Os únicos carros no
estacionamento são da loja. O resto do centro de compras ainda está fechado. Eu
não espero muito tempo, quando ela se junta a mim no final da fila.
— Hey. — Diz Maggie, me envolvendo em um abraço.
Eu a abraço de volta, segurando-a um segundo muito longo. Ela vai fugir
novamente. Eu sei disso. Ela não lida bem com a morte também. Acho que
ninguém faz, mas Maggie viu muito dela. Quando eu a solto, me forço a perdoá-la
com antecedência. Uma alma só pode tomar tanto abuso antes que não possa
evitar, exceto reagir. É como o cão de Pavlov. A campainha da morte soa e Maggie
corre.
Eu enfio um pedaço de cabelo atrás da minha orelha e encosto contra a
vitrine de vidro, antes de enfiar as mãos nos bolsos. — Hey. Como tem passado?
A fila faz a volta para fora da porta e para baixo da frente do centro
comercial com pessoas que já pararam para um bagel e café em seu caminho para
o trabalho. A fila se aproxima alguns centímetros mais próxima da comida e nos
movemos com ela, antes de retornar nossas posições contra o vidro. Meu estômago
ronca com o cheiro de fermento e eu mal posso esperar para provar o pão macio,
quente e mordê-lo, saboreando o cream cheese espesso. Eu aprendi a não dar por
certo pequenas coisas. Bagels me ajudam a encontrar meu lugar feliz.
Eu pretendo pegar um para Bryan também - sementes de papoula com
manteiga, exatamente como ele pedia na escola. Viemos aqui tantas vezes. Eu fico
olhando para fora, no estacionamento, minha mente vagando em uma memória de
Bryan me levantando em um carrinho de compras e empurrando-me como um
louco pelo mercado, rindo o tempo todo.
Outro cliente perguntou: — Que corredor você a encontrou? Eu quero uma!
Bryan apenas sorriu, os olhos deslizando sobre mim no carrinho. —
Desculpe, cara. Esta era a única e é toda minha. Eu nunca a deixarei ir. — A
memória ecoa fortemente em meus ouvidos. Parece que poderia ter acontecido
ontem.
A voz de Maggie me encaixa de volta ao presente. Ela encolhe os ombros e
puxa a alça da bolsa para cima de seu ombro. — Eu estou bem. Acho que encontrei
um apartamento para nós, mas eu ouvi que Neil comprou para vocês uma casa. —
Ela faz uma cara de, bem, tenta não fazer uma cara, que faz sua expressão de dor
ainda pior. A fila se move de novo e, com um passo à frente, ela deixa escapar: —
Você realmente vai se casar com ele? Achei que você amasse Bryan? Parecia que
estava totalmente encantada com o gatinho do sexo. Bem, você é a gatinha.
Rapazes são o quê, tigres? Tigre sexual soa mal. — Ela ri, mas sua risada leve
desaparece quando ela vê o meu sorriso falso. — O que há de errado, Hallie?
Eu tento manter minha voz firme, mas treme sem minha permissão. Não há
nenhum ponto em protelar por mais tempo, e além disso, eu preciso dela. Mesmo
que ela vá correr, eu tenho que falar com alguém enquanto eu tiver a chance. —
Maggie, ele está morrendo.
— Mas, ele não pode estar! Ele... — Maggie deixa escapar muitas palavras de
uma só vez e quase começa a chorar. Ela é a pessoa mais empática que eu já
conheci. A minha dor está representada em seu rosto quando ela para, aperta
minha mão e me puxa para um abraço de urso que poderia explodir minha cabeça.
— Eu sinto muito, Hallie. — Ela enxuga as lágrimas com as costas da mão e olha
para o meu ombro, não querendo perguntar. Cada palavra é como se enfiasse uma
faca no meu lado. — O que há de errado com ele?
Eu a atualizo com o que sei que aconteceu até agora. Minha voz continua
difícil quando eu chego ao fim da história. — Nós terminamos por causa de sua tia
Constance. Ela achou que eu iria arruiná-la com informações que eu não deveria
saber, então ela descobriu uma maneira de nos separar. — A raiva eu não tinha
notado até agora borbulha sob a superfície da minha mente. Eu não vou ficar com
raiva, eu não posso ficar. Eu me recuso a perder meu tempo com ela ou o que ela
fez. — Maggie, eu não poderia me importar menos com ela, mas eu quis Bryan
todo esse tempo e não o tive por causa dela.
— E, no entanto, você não soa como louca. Você parece mais
assustadoramente tranquila sobre isso. — Uma sobrancelha vermelha levanta
levemente em sua testa sardenta.
Eu olho para ela conforme nos movemos com a fila para dentro da pequena
loja, e nos aproximamos da bandeja do pão assado. Maggie pede em primeiro lugar,
então eu peço e pago por nossos itens. Pegamos o nosso café da manhã, cortamos
de volta através da fila, para fora da porta, em direção ao estacionamento. Fico ali
na frente dela querendo falar, mas incapaz de encontrar palavras, em seguida,
entrego para ela o pão e suco de laranja.
Minha boca se abre duas vezes, mas as palavras não saem. Eu finalmente
olho nos olhos dela e explico. — Eu não estou louca. Bem, eu estou - mas não quero
estar. É um desperdício de tempo e eu não tenho tempo de sobra. Eu estou
pensando em ficar com ele, Maggie. Seja qual for o tempo que lhe resta, eu quero
estar lá.
— Eu entendo, e eu estou aqui para você. — Ela pega a minha mão, mas eu
não posso olhar para ela.
— Não faça promessas que não pode cumprir, Maggie.
— Eu estou as mantendo desta vez.
— Eu prefiro saber agora que você vai desaparecer. Eu posso lidar com isso
sozinha. Eu estou bem, realmente. Eu sei o que isso faz para você e... — Eu arranjo
desculpas para ela até que ela me corta.
— Não. A última vez eu não estava lá para você, porque Victor era um idiota.
Eu não tive escolha. Isso fazia parte da maneira como ele estava me controlando,
mas ele já se foi, Hallie. Eu não vou fugir. Eu estarei lá para você. Você não terá que
lidar com isso sozinha. Eu prometo. Podemos passar por qualquer coisa, você e
eu. Eu não vou deixar você Hallie. Nós somos irmãs. Eu vou estar lá neste
momento. — Ela sorri sem jeito e olha para o chão sob suas botas.
Ela muda o seu peso para o outro pé e olha para mim debaixo de muito
rímel. Sua boca fica aberta por um segundo e seus lábios enrolam, como se ela não
quisesse dizer o que está prestes a cair de sua boca. — Há algo que você precisa
saber, e eu não sei se você vai gostar ou não com tudo o que aconteceu, mas precisa
saber. Você precisa. E eu odeio dizer isso agora, mas talvez seja melhor assim. Eu
esperaria se eu achasse que ajudaria.
— Maggie, diga-me. O que é?
Ela puxa um monte de ar e cospe para fora. — Ontem à noite, enquanto você
não estava em casa, entrei e vi o que parecia ser Neil e Cecily fazendo coisas que
estava muito além da zona do amigo. — Seus lábios são esmagados em conjunto,
enquanto ela tenta permanecer inexpressiva. Eu posso dizer que ela quer castrar
Neil conforme ela luta para manter seus lábios em uma linha reta.
Eu pisco, e isso é tudo. A raiva não vomita da minha boca e minhas mãos
não estão cerradas em punhos. Eu não me sinto quebrada ou até mesmo chocada.
Eu não sinto nada.
Se eu amasse Neil, eu estaria irada, mas eu não estou. Concordo com a
cabeça.
O rosto preocupado de Maggie franze enquanto ela empurra seu brilhante
cabelo atrás da orelha. — Eu não sei se eu deveria dizer. Eu o odeio, mas pensei
que você gostava do cara. — Ela me olha com tal preocupação que eu não posso
deixar de sorrir para ela.
Meu olhar abaixa para o chão e eu tomo uma respiração profunda, antes de
dar-lhe um abraço de lado. Quando eu a deixo ir, murmuro: — Eu estou feliz que
você me disse. Desgraça pouca é bobagem, certo? — Eu ofereço um sorriso de
novo, mas é falso neste momento. Há muitas lembranças correndo pela minha
mente, e o movimento faz minha pele parecer como se fosse rachar.
— Yeah. — Ela ri. — Pelo menos não temos que nos preocupar com Victor.
Devo-lhe muito por isso. Os jornais disseram que um dos seus homens o matou no
meu apartamento. Se você não tivesse me arrastado para fora, naquela noite eu
teria levado um tiro, também.
Eu sou insensível ao que eu fiz, pelo menos no momento. Às vezes, quando
eu não consigo dormir, o pensamento de que fiz desliza em minha mente, não
desejado. Victor é um pesadelo que não vai morrer, mas não posso perder o meu
tempo.
— Somos eu e você, agora. — Eu digo a ela com firmeza. Ela sorri
tristemente para mim e assente. — Maggie, você pode ir a casa de Neil e pegar
minhas coisas? Há apenas algumas caixas. Eu nunca desembalei, não
realmente. Neil queria que eu fizesse, mas eu empurrei a maioria delas na parte de
trás de um armário. — Eu retiro minha bolsa e escrevo-lhe um cheque. — Isso
deve cobrir o aluguel do nosso novo apartamento e tudo o mais que
precisamos. Deixe-o bonito, ok? Vai ser bom ter um novo lugar bonito para ir para
casa quando isso acabar.
Maggie pega o cheque e olha para todos os zeros, antes de olhar para mim.
Uma mecha de cabelo vermelho cai na frente de seus olhos. — Hallie, eu não posso
aceitar isso.
— Sim, você pode. Vai fazê-lo. Precisamos de um lugar para viver. Eu
gostaria de ter mais a oferecer, mas essa discussão é para outro dia. Entretanto,
isso vai nos colocar em uma boa vizinhança e nós estaremos confortáveis.
— Você vai processar Neil e Cecily? Eles praticamente gastaram todo o seu
dinheiro.
Concordo com a cabeça. — Provavelmente, mas não agora. Eu preciso fazer
um telefonema. — Maggie balança a cabeça e eu disco para o meu banco enquanto
seguimos para o meu carro. Eu explico a um funcionário do banco muito prestativo
que o nome de Neil deve ser retirado da minha conta imediatamente e todas as
transações em andamento com a sua assinatura, devem ser transferidas para a sua
conta. Verificação conjunta foi ideia dele. Eu esfrego minhas mãos sobre meu rosto
e sento com força no capô do meu carro. A coisa está suja, mas eu não me
importo. O funcionário do banco me pede para ir em breve para assinar os papéis,
e fazer as alterações em minha conta oficial. Quando eu insisto que eles precisam
ser assinados agora, ela diz para vir quando for mais conveniente.
Eu desligo e olho fixamente para as portas fechadas da mercearia. — Eu não
posso fazer isso de novo, não tão cedo. — A perda do meu pai ainda paira pesado
em meu coração, ameaçando me puxar para baixo. Minha dor não diminuiu e a
fama não ajudou. A única coisa que me faz sentir melhor é Bryan e agora vou
perdê-lo também.
Eu não posso respirar. Inclinando minha cabeça para trás com os olhos
cheios de lágrimas, eu olho para o céu e as nuvens brancas onduladas. O céu estava
aqui muito antes de eu nascer e vai estar aqui muito tempo depois. Faz-me sentir
pequena, como se a minha vida não importasse em tudo.
Maggie me bate com sua bota. — Bagel?
— Eu não estou com fome. — Eu estava com fome apenas um momento
atrás, mas agora não sinto nada parecido com isso.
— Merda resistente. Eu estou cuidando de você, o que significa que você
come isso ou vou enfiar na sua cara. — Ela está sorrindo para mim. — Eu vou fazer
isso.
Eu roubo a minha comida de sua mão. — Eu sei que você vai. —
Desempacotando a coisa, dou uma mordida e percebo que eu estou morrendo de
fome.
— A vida não é sobre a morte, você sabe. — Diz Maggie de repente. Ela está
sentada ao meu lado no capô, olhando para uma nuvem, pegando arrancando
pedaços de seu bagel, e os jogando em sua boca um de cada vez.
— Então o que se trata? — Eu pensei que eu sabia em um ponto, mas não
tenho ideia, não mais. A vida parece uma piada cruel.
— É sobre as relações que você faz, a bondade que oferece e você mostrar
compaixão. É a sua chance de mostrar ao mundo quem você é e o que faz você.
Hallie, você é a pessoa mais forte que conheço. Em vez de sentar aqui chorando
comigo, você deve estar com Bryan. Aqui. — Ela me dá o bagel extra. — Cheque de
vez em quando e quando você precisar de mim, eu vou. Nesse meio tempo, vou
deixar nossa casa pronta, eu prometo. Nada me manterá longe desta vez. Quando
você precisar de mim, eu estarei lá - se estiver no hospital, a funerária ou apenas
quando você precisar de uma pausa.
Eu sinto uma vibe nervosa vindo dela. — Você não é fraca, Maggie. Somos
sobreviventes, eu e você. — Quando eu digo isso, quero dizer para confortá-la, mas
uma bola dá um nó na minha garganta.
Ela pega a minha mão e se inclina, descansando a cabeça no meu ombro. —
Nós vamos sobreviver a isto também “juntas”.
Capítulo 3
Eu não quero pensar em Neil, então eu volto para a mansão Ferro e me
esgueiro para dentro. Ainda é cedo. As únicas pessoas que vejo são os empregados.
Eles me veem e não dizem nada. Deve ser estranho viver como uma estátua dia
após dia, sem ninguém, mas outros funcionários, na verdade, reconhecem que você
é humano. Eu não posso evitar isso. Eu sorrio para o mordomo que está sempre
ocupado, correndo para algum lugar. Ele inclina a cabeça em saudação, mas não
abranda.
Depois que ele passa, se vira para trás. — Você precisa de alguma coisa, Sra.
Raymond?
Eu sorrio e balanço a cabeça. — Não, é apenas bom vê-lo. — Eu olho para
ele. Este homem tem sido constante na vida de Bryan por anos. Eu me pergunto se
ele sabe que Bryan tem um segredo, porque nada lhe escapa, pelo menos não
quando éramos mais jovens. Eu me lembro de receber olhares severos dele quando
éramos muito jovens e fazíamos coisas muito loucas, enquanto a mãe de Bryan não
estava por perto. Mas o cara nunca nos entregou.
— Da mesma forma, Sra. Raymond. Diga ao Sr. Ferro que se ele precisar de
ajuda pode pedir qualquer coisa para mim. — Seus olhos perfuraram os meus por
um momento antes que ele olhe para o lado.
Ele sabe.
Concordo com a cabeça e vou para o modo de super mocinha. Antes que eu
possa me parar, lanço o meu corpo para ele e meus braços em volta do velho,
abraçando-o em um abraço de urso em estilo desleixado. Ele endurece com choque
e, em seguida, dá um tapinha minhas costas. — As pessoas vão dizer-lhe que ele
vai ficar bem. Ao longo dos próximos meses, você vai ouvir isso de novo e de novo,
mas a perda não é assim que funciona. As coisas não vão voltar ao normal, mas a
vida continua. Converse com ele sobre isso, enquanto você tem a chance.
Meu queixo cai. — O quê? Isso seria tão mau. Eu não posso...
— Isso não é o problema meu, mas se você fosse minha filha, era o que eu
diria a você. Tempos sombrios estão chegando, se este homem é o seu raio de luz,
mergulhe no sol tanto quanto puder e quando puder.
Acho que entendo o que ele quer dizer, então balanço minha cabeça para
cima e para baixo lentamente. Falar sobre a morte com alguém que está morrendo
é o que ele quer dizer. Vamos acabar discutindo todas as coisas que queríamos
fazer, mas nunca teremos a chance. Minha garganta aperta com o pensamento e os
meus olhos lacrimejam. — Obrigada.
— Qualquer hora, Sra. Raymond. — Ele inclina a cabeça para mim como se
eu fosse uma rainha e se vira para correr para longe.
Eu não gosto da sua sugestão, mas parte dela me chama. E se a gente falar
sobre isso? Eu balanço minha cabeça e aperto as mãos. Não! Eu não quero! Isso não
é justo e não posso simplesmente aceitar que vou perdê-lo - não depois que
finalmente nos encontramos novamente. Não depois de todo esse tempo.
No momento que estou dentro da mansão de Bryan, paro na porta. Minha
intenção era ir à ponta dos pés para o quarto de Bryan, mas sou presa pelo Ferro
que eu mais temo - Sean. Ele está encostado na parede, os braços cruzados sobre o
peito. Ele se parece com sua mãe, toda acusação não dita claramente visível em
seus olhos. Suas roupas escuras - casaco de couro, calça jeans, camisa preta e botas
shitkicker. — Você e eu temos algo a discutir.
Minha intenção é passar por ele. — Não tenho nada para lhe dizer.
Sean libera seus braços e caminha em minha frente. Ele é silencioso e letal,
com vibes malucas irradiando dele como micro ondas. Ding! — Bem, eu tenho algo
que você precisa ouvir - sobre um homem chamado Victor. — Minha respiração
para na minha garganta enquanto minhas mãos vão para o meu coração. Sean me
puxa pela curva do meu cotovelo para longe da porta de Bryan. — Sim, eu achei
que você soubesse alguma coisa sobre isso. Os jornais estão dizendo que um dos
seus homens o matou, mas os policiais estão bisbilhotando, me fazendo perguntas
sobre um traficante de merda. Eu não gosto de policiais e não gosto ainda menos
de perguntas. Então, me diga, como é que eles rastrearam até aqui? O que você
deixou para trás?
Eu rio, mas ele ignora. — Você acha que eu o matei? — Estou pressionando
meus dedos em meu peito, piscando, com meu queixo caído. Embora seja um
excelente desempenho, algo que me afasta. Sean pode ver isso.
Ele dá um passo no meu espaço de uma maneira ameaçadora. Sua voz
ressoa: — Eu sei que você o matou.
— Não, você não sabe. — Eu agarro, tentando me empurrar por ele
novamente, mas Sean não me deixa passar. Ele bloqueia o lugar com seu corpo
maciço.
Inclinando-se perto do meu rosto, ele sussurra baixinho: — Se eu sei, a
minha mãe sabe e você não quer pegadas sujas que levam direto para a porta da
frente. Você precisa se separar de Bryan e sair daqui antes que descubram isso.
Eu balanço minha cabeça e mordo meu lábio inferior. Eu provavelmente
pareci como um moleque teimoso, mas não vou deixar Bryan.
Os olhos de Sean travam com os meus e sua voz cai para um sussurro letal.
— Eu posso fazê-la desaparecer.
Algo desperta dentro de mim, essa mesma característica de proteção que
me fez cortar a garganta de Victor, em primeiro lugar. Minha coluna se endireita e
eu fico na frente do seu rosto. — Da mesma forma.
Depois de um momento de reflexão, o homem na verdade ri. Sean esfrega o
queixo com a mão. Eu não posso dizer se ele está se divertindo ou pensa que sou
louca. Ele finalmente pergunta: — Por que você fez isso?
— Por que você acha? O homem era um estuprador assassino. Vamos
apenas dizer que eu estava no lugar errado na hora errada. Acidentes acontecem e
eu não ia deixar que qualquer outra coisa acontecesse com a minha amiga. Ela é a
única família que me resta. — Eu sugo o ar, tentando inchar, então não sou tão
pequena, mas em comparação com Sean Ferro, sou um palito.
Seus olhos azuis mudam para o lado antes que ele passe as mãos pelo
cabelo. — Então, você protegeu sua família, deixe-me proteger a minha. Vá
embora. Não puxe Bryan para isso.
— Para quê? Os mortos não puxam qualquer um para qualquer coisa.
— Victor Campone está vivo.
Capítulo 4
Um pequeno grito escapa dos meus lábios e eu quase caio no chão. Meus
joelhos cedem, mas antes de eu ir para baixo, Sean agarra meus braços. Ele me
mantém de pé e continua suavemente. — Os policiais suspeitam que ele esteja
vivo. No momento em que chegaram lá, o corpo tinha desaparecido. Devido à
quantidade de sangue que encontraram, sua suposição natural era que um de seus
homens o matou e jogou o corpo. Os policiais ainda estavam indo por esse caminho
até recentemente, quando pegaram Campone bisbilhotando meu hotel. Então, a
menos que viram um fantasma, o homem ainda está vivo.
— Ele não pode estar. — Eu balanço minha cabeça e meus olhos vidrados
quando me lembro daquela noite. A quantidade de sangue, a forma que sua cabeça
pendia para trás e a ferida era tão profunda. — Não é possível.
Sean suspira e olha para mim com uma expressão que está perdida em
algum lugar entre pena e admiração. Inclinando-se perto, ele diz: — O corte foi
muito superficial. É como apontar para o coração e não acertar. O cara foi
subestimado, os que estavam dispostos e aceitaram fazer isso uma vez, mas ele não
vai ser subestimado novamente. E eu aposto qualquer coisa que ele vai
permanecer morto por um tempo, deixar que os outros façam o trabalho sujo, até
que lhe convenha encenar uma ressurreição.
— Como você sabe tudo isso?
Ele engole em seco, seu olhar se afastando e depois de volta para os meus
olhos. — Periodicamente nossos empreendimentos comerciais se sobrepõem. Eu
ouço coisas. E posso dizer-lhe que se eu ouvi, minha mãe ouviu e você com certeza
não quer irritá-la. Se Campone acabar aqui, você está morta. Se ele não te matar,
minha mãe vai.
Ele agarra meus ombros e me pede: — Hallie, pega a sua amiga e dá o fora
daqui antes que Campone a encontre. — Sean me libera. — Este foi um aviso de
cortesia. Se você ficar por perto e Bryan for morto por sua causa, bem, é melhor
esperar que Victor a encontre antes de mim. — Seus olhos firmam em mim uma
vez com as suas intenções claras.
Eu fico lá por um segundo mal respirando. Nossos olhos estão bloqueados,
nós dois estamos desafiando, mas será que ele não sabe, Sean não sabe sobre seu
primo? Talvez eu devesse pegar Bryan e correr, mas não posso. Não enquanto ele
está doente. Ele vai precisar de ajuda e cuidados paliativos. Eu não posso dar-lhe
essas coisas se eu corro. Minha voz racha quando eu falo. — Eu não posso.
— Não é opcional.
— Não, você não entende. Eu não posso ir embora. Eu não posso correr
mais de Victor e não vou. Eu vou cuidar disso. Eu vou terminar o que comecei. —
Eu não tenho ideia de como, mas vou. Se eu não fizer isso, ele virá atrás de mim e
Maggie. O homem é cruel, ele nunca vai parar de nos caçar. Eu sei disso com
certeza.
Sean levanta a sobrancelha escura. — Você está louca? Você nunca vai ter
outra chance de matá-lo. Ele pensou que era insignificante antes, mas agora ele a
conhece melhor.
Eu me empurro passando por ele. — Eu vou cuidar disso. Ele não virá aqui,
e desta vez, quando eu matá-lo, ele vai morrer.
— Hallie. — Sean quase implora meu nome, quase, mas eu não paro.
Eu entro no quarto de Bryan e fecho a porta. Eu fico lá por um segundo e
derrubo minha cabeça para trás, respirando com dificuldade. Eu nunca soquei uma
pessoa antes. Agora eu simplesmente confessei ao mais assustador de todos os
Ferro que vou dar um fim no senhor das drogas mais notório da cidade. Super foda.
Eu ainda estou segurando o saco com café da manhã de Bryan. Quando
aperto o meu punho, o jornal faz um ruído de crepitação e ele se senta. Um belo
sorriso ilumina seu rosto pálido. — Hey, Menina Bonita. Para onde você correu?
— Para pegar o café da manhã e conseguir alguma sujeira em sua tia. Foi
uma manhã interessante. — Eu sorrio, preocupada com ele e entrego o saco.
— Sujeira na minha tia?
Balanço a cabeça e me sento ao lado dele na cama. — Sim, eu descobri
porque ela me odeia. Ela pensa que eu sei de algo todos esses anos, mas eu não
descobri o que eu sabia até esta manhã.
Bryan desembrulha o seu bagel enquanto estou falando e morde. Seus
firmes olhos verdes encontram os meus. Com a boca cheia, ele me pergunta. — E
então?
Eu penso em manter seu segredo, mas não sinto nenhuma lealdade para
com ela. Além disso, Bryan não vai contar a ninguém. — Ela é gay. Eu a peguei com
sua amante na cozinha de sua mãe esta manhã.
Seu queixo cai e o pedaço de bagel rola para fora da boca, indo para a
colcha. — De jeito nenhum.
Concordo com a cabeça e olho para o pedaço de comida. — Um choque e
tanto, hein?
— Claro que sim. Ela é tão recatada e adequada. — Seu nariz franze com o
pensamento da sua tia ser sexualmente algo.
— E, aparentemente, ela gosta de garotas.
Bryan pisca e sorri. — Bem, isso explica um monte de coisas.
— Sim, como por que ela ainda é casada e permite que prostitutas meio
vestidas andem pela sua casa.
Bryan sorri. — Claro, todo mundo gosta de um pouco de colírio para os
olhos.
Eu bato em seu ombro. — Bryan!
— Vamos lá, pense nisso. Houve uma garota naquela casa desde que Jon era
um bebê. É a família mais estranha que eu já vi. Minha mãe não teria tolerado. Eu
sempre me perguntei por que a tia Constance tolerava.
— Seu pai não tem uma puta coabitante?
Ele inclina a cabeça para mim. — Meu pai não tem tempo para isso. Ele está
muito ocupado ganhando dinheiro para ser incomodado com relacionamentos ou
senhoras de compra. Mas, ainda assim, a tia Connie gosta das garotas. Quem teria
pensado? — Ele balança a cabeça. — Então o que diabos eu vi no dia que
terminamos?
Boa pergunta. Eu suspiro e tenho uma boa ideia de para quem perguntar. Eu
sorrio grande. — Qual é o quarto que Constance usa quando está aqui?
Bryan parece confuso e então seus olhos se arregalam. — Você está louca?
— Só um pouco. — Eu rio e quase aperto meus dedos juntos.
Capítulo 5
Alguns minutos mais tarde estou batendo na porta do quarto de hóspedes.
Uma voz arrogante grita: — Quantas vezes eu lhe disse para... — Quando a amante
de Constance abre a porta, ela parece chocada. — Oh, é você.
Bryan está de pé ao meu lado. — Esta é a mesma mulher que você viu
quando estávamos juntos?
— Sim, tenho certeza que é ela. Eu não sabia que elas eram um casal na
época.
Constance magicamente aparece por trás e nos empurra para dentro do
quarto, estalando: — Como se atreve a entrar aqui e agir assim! — Ela está
lívida. Eu posso praticamente ver o vapor saindo de suas orelhas. Ela dá a sua
amante uma olhada e a outra mulher desaparece em outra sala dentro da suíte.
— Tia Connie. — Bryan começa, mas ela o interrompe.
— Constance, Bryan. Pelo amor de Deus, use o nome certo. — Ela aperta a
testa e se senta em um banquinho dura e absolutamente linda.
— Tia Constance, eu não a olho diferente por isso. Por que você não disse a
ninguém? E por que diabos você nos separou? Hallie nem sabia.
Os olhos de Constance deslizam para cima e seu olhar se alarga. — É claro
que ela sabia. Ela me viu com meus braços em volta de outra mulher. Como ela
poderia não saber?
— Eu não sabia. Eu achava que você era carinhosa com suas amigas. Eu
estava interessada em Bryan, não em você.
Bryan pisca lentamente e eu posso dizer que ele está com dor. — Apenas me
diga o que eu vi.
Constance sorri e cruza as mãos sobre o colo como se estivesse posando
para uma foto. Socialite em um robe. É muito dramática e ela se parece como se
quisesse a paz mundial. Ela é mais falsa do que uma planta de plástico. — Eu não
sei o que você quer dizer.
— Corta essa, tia Connie. Eu vi uma garota no parque anos atrás. Jon disse
que era Hallie, mas eu nunca vi o rosto dela, porque ela estava beijando alguém.
Nós terminamos porque Hallie me traiu, mas Hallie nunca me enganou e não tem
ideia do que estou falando. Algumas pessoas parecem saber sobre isso, no entanto,
e eu estou supondo que você tem todos os detalhes.
Ela se senta ali, confiante. — Receio que não.
— Então, eu tenho medo que poderia esquecer o seu pequeno segredo aqui
e deixar escapar na próxima vez que eu ver mamãe e papai. — Bryan pega a minha
mão e nos viramos para sair, mas Constance salta para cima, bloqueando a porta.
— Não se atreva!
— Então, me diga! — Bryan grita. — Diga-me o que você fez! Eu mereço
isso. Você roubou a minha felicidade por tirar a única mulher que amei. Tenho a
sorte de tê-la agora. Eu preciso dela e você me fez perder anos. — Ele diz a última
palavra como se doesse nele. Bryan segura na cômoda e inala devagar,
profundamente. Seu rosto aperta e, embora pareça ser a raiva, eu sei que é a dor.
— Diga-me.
Constance suspira dramaticamente e levanta as mãos. — Tudo bem. Era a
sua irmã com um rapaz, Jon sabia. Eles arrumaram isso. Joselyn foi a essa pequena
loja de Mandee e comprou um vestido que parecia o favorito de Hallie. Nós a
tínhamos visto com um desses várias vezes. Então Jon ligou para você.
Bryan balança a cabeça. — Mas o seu cabelo?
— Peruca. — Ela encolhe os ombros como se não fosse grande coisa. — O
cabeleireiro foi incrível. Jos parecia uma réplica à distância. Se você chegasse muito
perto teria notado, mas você não chegou, então deu tudo certo.
Bryan ri amargamente e dá passos em direção à sua tia. — Eu não disse a
ninguém sobre isso ainda, mas quero que você seja a primeira a saber. Eu estou
morrendo, tia Connie. Não há porra nenhuma que possam fazer para me ajudar, e
você levou a única mulher que já amei para longe de mim para esconder seu
próprio segredo egoísta. Eu não me importo com quem você foda e nem Hallie. Eu
nunca mais quero falar com você de novo. Eu nunca mais quero ver seu rosto
novamente. Eu só tenho um punhado de dias restantes e não vou perder um único
segundo a mais com você. Adeus tia Connie. — Ele se vira e estende o cotovelo para
mim. Parece galante, mas não é por isso que ele faz. É porque a sua força foi sugada
de seu corpo. O confronto roubou isso, canalizando-o para longe dele rapidamente.
Pela primeira vez, sua tia está em silêncio. A porta se fecha atrás de nós e
Bryan não olha para trás.
Capítulo 6
Quando Bryan retorna ao seu quarto, ele pega alguns comprimidos e toma
algumas doses. Seu estômago está vazio então sente com força. Eu tiro a roupa e
pressiono o meu corpo ao dele. Quero segurá-lo por um tempo. Quando ele envolve
seus braços em volta de mim, me puxando para perto de seu corpo, posso dizer
que ele emagreceu alguns quilos esta semana. Logo após Bryan resolver voltar
para a cama, Sean entra.
Bryan está usando apenas uma calça jeans. Não estou usando nada, então
puxo o lençol, pronta para bater em Sean se ele escolher uma luta agora. — Você.
— Ele diz, levantando a mão e apontando o dedo para Bryan.
Bryan apenas ri e ignora. — Saia, você é louco filho da puta.
Sean mexe seu maxilar enquanto cruza os braços sobre o peito. — Como
você sabe sobre Victor Campone?
O sorriso de Bryan se desvanece. — O que importa para você? Além disso,
ele está morto. — Ele olha para mim e dou uma olhada em Sean que diz cala a
boca, mas ele não o faz.
— Que porra é essa? Não são nem nove horas da manhã e você já está
alto? Quem te deu essa merda? — Sean está segurando um frasco de comprimidos.
Bryan se levanta para brigar, mas pulo na frente dele, segurando o lençol
em volta de mim. — Eles são meus. Devolva.
Sean olha pra mim. — Sim, por que você está aparecendo com isto? Vida
muito difícil, princesa?
— Foda-se, Sean. — Bryan tem um tom de aviso que diz para deixar isso e
sair.
— Vocês dois vão acabar mortos! Vocês são o casal mais idiota dos idiotas
que já conheci. — Sean pega o frasco e começa a despejá-la no ralo. Grito não, e
lanço-me para ele batendo a outra metade do frasco no chão. Comprimidos
brancos saem voando por toda parte.
— Você não sabe de nada! — Grito na cara dele. — Então sai pra lá! Aquelas
não eram de Victor. Não sou idiota e nem Bryan. — Encaro Sean. Bryan não sabe
sobre Victor e este idiota está soletrando o tipo de problema que tenho. Dê uma
dica e cala a boca!
O olhar de Bryan está queimando buracos no peito de Sean. — Saia. — Sua
voz é baixa e mortal.
Sean sibila. — Bryan, juro por Deus, se você puxar Jon para baixo com você...
— Ele não vai. — A voz de Constance é calma e uniforme. Ela está no limiar
e abre caminho para o quarto. Ela olha para o seu sobrinho e diz a seu filho: —
Venha. Nós temos coisas para discutir.
Olhos largos de safira de Sean piscam de mim para Constance e para trás. —
Que porra é essa?
Constance parece sombria. Ela estala os dedos e aponta para o chão ao lado
dela. — Venha, agora. Não é uma opção.
Sean, irritado além das palavras, rosna, empurra passando sua mãe e vai
embora sem dizer uma palavra. É quando ela olha para Bryan. — Uma equipe de
especialistas vai chegar mais tarde hoje. Eles foram pagos para manter o seu
silêncio.
— É desnecessário. — Bryan responde e senta-se duro na beira de sua
cama.
— Talvez, mas deixe-os olhar, apenas no caso que algo tenha escapado. Não
perca a esperança até que você dê seu último suspiro. Você entendeu? — Ela olha
para ele, e tem seu comportamento típico de matriarca, é severa, mas suave.
Quando Bryan não responde, ela acrescenta. — Câncer corre solto em nossa
família. Esta equipe de médicos são os melhores do mundo. Se você não quer me
agradar, pelo menos, deixe-os examiná-lo pela Hallie.
Bryan endireita e olha pra ela. — Não se atreva.
Constance sorri e parece perfeitamente maliciosa. — Nunca iria tentar levá-
lo para longe dela. Devo-lhe alguma coisa pelo meu erro todos aqueles anos atrás.
Ela pode ficar.
— Escreva isso.
— O quê? — Constance pisca, parecendo atordoada.
— Escreva isso e assine. Quero o tabelião aqui também. Depois de feito isso,
você pode dizer a quem quiser.
— Apenas deixe os médicos examiná-lo. Então, essa necessidade tola para
assinaturas e um tabelião não são necessários.
Bryan levanta uma sobrancelha para ela. — Faça isso. Há mais uma coisa
que você vai querer saber e não estou dizendo absolutamente nada até que o
tabelião esteja aqui.
Constance parece irritada em seguida movimenta seu olhar para o meu. —
Mantenho minhas promessas.
— Não sei. — Responde friamente.
Bryan olha para Sean, que está por trás de sua mãe. Ele tem tudo reunido,
posso ver isso em seu rosto. Sean interrompe. — Vou fazer isso. Quem mais você
quer aqui?
— Jon e Jos.
Sean acena uma vez. — Feito. — Ele sai do quarto rapidamente, e embora
ele não reagisse, sei que a compreensão de que seu primo em breve terá ido
golpeou-o duramente. Foi a maneira que seus ombros esticaram e seu maxilar
travou. Os movimentos eram menores, mas vi-os mesmo assim.
Capítulo 7
— Você não pode estar falando sério? — Jos pisca e cruza os braços
delgados sobre o peito. — Não pode fazer isso. Vamos contestar. Você sabe que nós
vamos.
Jon olha para Sean, mas não diz nada. Bryan está sentado na cama e estou
ao lado dele usando seu moletom.
Seu braço está ao meu redor, possessivo, protetor. — Sei, e é por isso que
tinha elaborado. Assine isso. — Bryan está segurando um envelope. Ele levanta,
entregando-o a Jon. Seu primo abre a carta e pega uma caneta, risca seu nome na
parte inferior antes de passá-lo para sua mãe.
Os olhos de Constance agitam sobre a carta e ela balança a cabeça. — Não,
isto não é como as coisas funcionam. Você não pode entregar a sua parte da
propriedade a uma estranha. Mesmo se você se casar com ela e morrer, ainda não
seria dada dessa quantia de dinheiro para ela. Você perdeu o juízo, Bryan. Não
posso assinar isso. Não posso prometer que não vou contestar essa decisão.
Jon fala com firmeza. — Ela não é uma estranha e seria sua esposa se não
tivéssemos interferido.
Sua mãe lhe dá um olhar que poderia matar um urso. — Não, não vou
assinar isso. Você tem estado doente há algum tempo e suas faculdades mentais
foram comprometidas. Nenhum juiz em sã consciência permitirá que essa vontade
permaneça. Este é o dinheiro Ferro, não dela.
Sean foi ao lado de Joselyn. Ela está encostada na parede, em silêncio. A
irmã de Bryan continua a alternar entre a negação e piscando rápido, como se ela
estivesse tentando não chorar. — Ele não está tão doente. Já o vi todos os dias. Ele
está rindo! — Como se isso explicasse tudo. Ela cobre a boca com a mão e sai
correndo do quarto.
Bryan suspira alto e acena para Sean. — Vá buscá-la.
Sean corre atrás de Jos, fechando a porta atrás de si.
Eu não tinha ideia do que Bryan queria, mas agora que estou olhando para
ele, tenho medo de falar. Ele quer que eu seja sua herdeira. Alguns de seus bens são
partes da propriedade Ferro e essa quantidade de dinheiro é mais do que tenho
para os direitos de venda de livros e de filmes combinados. Quero dizer a ele que
não pode tirar isso, mas ele vê em meus olhos. Bryan acaricia meu rosto e diz
baixinho. — Eu quero cuidar de você, mesmo depois que partir. Hallie deixe-me.
Por favor.
— Eu amo você, e você não tem que provar nada para mim. Além disso,
tenho dinheiro suficiente, mesmo com Neil comprando a casa e gastando a maior
parte do meu adiantamento. — Opa. Não tinha dito a ele que parte, ainda.
Bryan parece furioso. Ele está pronto para pular da cama. — Esse maldito
filho de uma...
Puxando seu braço, imploro com ele. — Pare! Bryan, você não pode
consertar tudo e não quero que você faça. O tempo com você é muito mais precioso
do que tentar obter o dinheiro de volta. Além disso, tenho uma casa enorme. Sei
que posso tirar isso dele se for ao tribunal.
Constance revira os olhos. — A ingenuidade é imprópria, querida. Como
você permitiu que ele gastasse toda a sua fortuna? Envolver os tribunais criará um
escândalo público, para não falar que é um desperdício de tempo e dinheiro. — Ela
olha para Bryan, como se eu provasse seu ponto. — Veja, Bryan? É por isso que
você não deve fazer isso. Dinheiro novo sempre comete erros como este, e não vou
ver a fortuna Ferro desperdiçada com tal irresponsabilidade. Minha resposta final
é não, e nenhum juiz vai respeitar essa vontade. — Ela vira-lhe as costas para ir
embora.
Mas Bryan empurra para fora da cama e caminha pelo quarto com aquele
sorriso que usa sempre, o que esconde a sua dor. — Tia Connie, você obviamente
não leu.
Ela para e se vira, olhando-o como se ela não acreditasse que ele está tão
doente. — Não há nenhum ponto. Isso não vai ficar.
Seu sorriso amplia quando Jon pede os papéis. Entregando a vontade de sua
tia, Bryan diz simplesmente: — Leia a data.
Ela olha para ele e, em seguida, para os papéis que foram colocados em suas
mãos. Alguma coisa muda nesse segundo e sua tia endurece. Ela olha a vontade em
descrença enquanto seus lábios em uma linha fina. Quando ela olha para Bryan, há
fogo queimando em seus olhos. — Você foi pelas minhas costas e fez isso, mesmo
depois que você viu?
O sorriso falso de Bryan desaparece. Sua voz cai para um sussurro mortal.
— Depois que vi minha irmã dando uns amassos com um cara, sabia Jon? É isso o
que estamos falando? — Jon fica branco. É como se alguém virasse um interruptor.
Seu queixo cai quando seus olhos se arregalam. Ele tenta interromper, dizer algo
para sua mãe, mas Bryan não deixa. — Vou lidar com você mais tarde. — Bryan
agarra em Jon antes de voltar seu olhar para Constance.
— Pode contestar tudo que quiser, mas tenho um forte pressentimento de
que você não vai. Se o resto da família me apoiar, o tribunal vai também e então
você terá o escândalo por nada. Imaginem o que diriam os jornais quando eles
descobrirem que o homem erótico do livro de Hallie é um Ferro. Imagine o que
faria com a família, tia Connie. Imagine o seu nome adicionado ao lixo que será
impresso quando descobrirem sobre o seu segredo.
Os olhos de Constance se estreitam quando ela passa em direção a seu
sobrinho. — Ela não ousaria.
Bryan ri uma vez. — Não, ela não iria, mas eu faria. Vou ter alcance além da
minha sepultura, prometo. Se você machucá-la, seu segredinho vai se espalhar
mais rápido do que os caranguejos em um puteiro.
Constance torce o nariz em desgosto. — Você me desafiou.
— Você não pode me controlar mais. Ninguém pode. — Bryan pisca
rapidamente e suga o ar. Seus olhos se fecham, e ele agarra na cômoda perto da
parede, mas ela está muito longe.
Jon pula para ele, agarrando seu primo pelo ombro debaixo do braço para
manter Bryan de cair no chão, enquanto sua mãe não faz nada para ajudar. —
Vamos Bryan. — Jon tenta afastar Bryan, mas ele não se move. Em vez disso, ele
dispensa a ajuda e olha sua tia nos olhos. — Sei o que você está pensando e está
errada. Mais uma vez. Confie em mim, pela primeira vez, chame isso de presente
de despedida.
Constance olha firme, olhos irritados estudando os papéis. — Ela pode ter o
que está em suas contas e as coisas que você deu a ela, mais nada, nem um centavo,
está saindo de sua herança.
— Tudo bem. Assine isso.
— Mas você não tem esse tipo de dinheiro, então de onde está vindo? —
Enquanto ela fala, Sean desliza de volta para o quarto com uma Jos coberta de
lágrimas a tiracolo.
Bryan está fraco e irritado. Eu sei que sua cabeça está latejando e do jeito
que ele está piscando, duvido que possa ver por mais tempo. Entregando-me seu
telefone, ele diz para abrir um aplicativo. — Vá para o aplicativo bancário e mostre
a todos.
Faço o que ele pede, e meu queixo cai quando abro suas contas. — Puta
merda!
Meu desabafo choca Joselyn. Ela corre para olhar para a tela do telefone, em
seguida, olha para o irmão dela, como se ela não soubesse. — Onde você conseguiu
isso?
Jon pega o telefone e pisca uma vez, tentando conter um sorriso antes de
passá-lo para Sean. Seu irmão olha para isso uma vez, impressionado, e depois
entrega para sua mãe. Constance inala devagar, inchando. — Responda. É este o
dinheiro da droga?
— Você está falando sério? Não, não é o dinheiro da droga. Estive alto nos
últimos meses por causa de remédios prescritos para a dor, não drogas ilegais. O
que diabos está errado com vocês? Um cara não pode ganhar a vida honestamente?
Jos fala primeiro. — Sim, mas você não trabalha.
Bryan suspira e resolve voltar para o travesseiro. — Eu fiz e faço. Sou um
comerciante do dia. Pintura de tela, isso levantou os negócios recentemente. — Sua
irmã gêmea faz o que ele pede e seus olhos ficam maiores. — Tomo grandes somas
de dinheiro e coloco em ações de alto risco. Quando acontece, recebo uma pequena
fortuna de cada vez.
— Mas quando isso não acontece você perde uma pequena fortuna. — Jos
olha para seu irmão, enquanto Jon estuda os números de cima do ombro.
Digo baixinho. — Não sabia que você fazia isso.
Ele sorri para mim. — Não contei a ninguém. É arriscado e não é
exatamente uma forma ortodoxa de ganhar a vida, tanto quanto a minha família
está preocupada. Prefiro trabalhar mais esperto, mais difícil. Além disso, esta é a
única maneira que poderia trabalhar alguns dias, especialmente nos últimos
tempos. — Um silêncio chocado cai sobre o quarto. Bryan não é só charmoso e rico
de nascimento, mas ele mais do que triplicou sua fortuna e ninguém sabia sobre
isso. Para eles, parecia que o homem sentado ao meu lado não fazia nada além de
brincar e se divertir.
Bryan me puxa para ele até que minha cabeça repousa contra seu peito. Ele
segura firme e olha para baixo. — Assine o testamento. É claramente o meu
dinheiro e não há dúvida quanto ao meu estado mental quando isso foi elaborado.
Olho para ele. — Quando você decidiu deixar tudo para mim? — Eu sei que
tinha que ser antes da doença.
— O dia em que terminamos. Queria que esse dinheiro chegasse até você
como um tijolo na cabeça. Eu queria estragar qualquer felicidade que tinha, para
forçá-la a dizer ao seu marido quem eu era e o que fizemos. Minhas intenções não
eram nobres, Hallie, portanto, não aja como se fossem. Queria machucá-la tanto
quanto você me machucou. Nunca sonhei que tinha sido enganado pelo meu
melhor amigo. — Ele dá a Jon um olhar severo. — Então, quando descobri que
estava doente, não mudei. Eu tinha planejado ficar longe de você, mas quando você
apareceu na TV com aquele livro, não poderia ficar longe.
— Estou feliz que você não pode.
— Então, você não está com raiva?
Eu rio e o abraço apertado. Quando solto, olho em seus olhos. — Perder
você foi o meu maior arrependimento. Fico feliz que você não me deixou de fora.
Tudo que quero é você, Bryan. Você pode fazer o que quiser com esse dinheiro.
Não preciso disso.
— Talvez não, mas preciso de você para tê-lo. Preciso ter paz de espírito
quando der meu último suspiro, sabendo que não importa o problema que surgir
em seu caminho, você tem meios para escapar. Além disso, é um presente, então
você não pode devolvê-lo. — Ele sorri para mim, e beija minha bochecha.
Eu me sinto tão estranha. Sua família está tão triste, mas não há nenhum
balanço de Bryan. Não quero brigar com todos quando ele for para longe. Não
quero passar raiva, tento dizer não novamente, mas antes que possa falar, sua irmã
toma a vontade de sua tia e assina.
— Eu não vou contestar. É seu. — Ela solta um suspiro e acrescenta. —
Sinto muito. Ambos precisam saber. Não tinha ideia do quanto ela o amava. Não
parecia dessa forma para nós. Não deveria ter feito isso. Deus, Bryan, entendo se
você não puder me perdoar. Não consigo me perdoar. — Sua voz está tremendo e
seus olhos estão vidrados. Lágrimas vão cair em um momento. Jos se vira para
mim. — Hallie, você é bem vinda aqui. Vou ter certeza durante o tempo que quiser.
Sinto muito. — Ela engasga e a última palavra não faz todo o caminho, antes que
ela se vire e corra para fora do quarto novamente. Ouvimos os soluços quando ela
se retira no final do corredor.
Sean pega os papéis da sua mãe e assina. — E pensei que você era um
preguiçoso. — Sean balança a cabeça sorrindo enquanto sai do quarto.
Jon limpa a garganta, mas Bryan não olha para ele. — Não posso compensar
o que eu fiz.
— Não, você não pode. — Bryan responde amargamente.
— Não era para machucar você. Juro por Deus, Bryan. Pensei que ela estava
atrás de seu dinheiro.
— Nós pensamos isso de todos, Jon. Poderia facilmente ter dito a mesma
coisa sobre Cassie naquela época. Mesmo agora. Dinheiro lhe daria uma liberdade
que ela não tem. Dito isto, você prefere que fosse melhor esconder de você?
— Não, diga. — Jon sacode a cabeça e dá passos mais perto.
— Você pensou que algo de ruim sobre a mulher que eu amava e não se
importou em me dizer suas suspeitas. Em vez disso, você agiu sem me consultar
primeiro. Deveria ter sido a minha escolha, a minha decisão - e não a sua. Nem
mesmo pensou que ela se importava comigo?
Jon parece que comeu uma cabra e seus chifres estão presos em sua
garganta. — Bryan, não acho que vale a pena repetir, não agora.
— Eu acho. Diga-me.
Jon olha para mim, mas não tenho ideia do que ele vai dizer. — Vi os livros
dela. Eles estavam cobertos com o seu nome e “Sra. Hallie Ferro.” Isso me
preocupou, mas depois que a ouvi falando com alguém, dizendo que estava
namorando um cara rico que lhe daria dinheiro sempre que ela pedisse.
Minha testa franze. — Eu nunca disse isso.
— Ela nunca pediu dinheiro e nunca teve. — Bryan encara Jon, perplexo.
— Eu a vi entrar no vestiário e ouvi sua voz. Pensei que era ela, mas deve ter
sido errado. Não teria feito isso por um capricho, Bryan. Estava certo. E agora a
única coisa que posso dizer é que sinto muito.
De repente, me sinto mal por dentro. Sei o que ele está falando. Eu e Maggie
costumávamos brincar sobre casar com homens ricos e fazê-los comprar todos os
tipos de coisas caras. Com o maxilar tremendo, eu digo: — Eu disse isso. — Todo
mundo olha para mim. — Não se tratava de Bryan, no entanto. Uma das maneiras
que Maggie e eu conversávamos com nosso passado era sonhar com um futuro
onde tivemos maridos lindos com toneladas de dinheiro para cuidar de nós. Nós
brincávamos sobre a compra de iates e mansões. Ela acrescenta uma nova ala para
sua mansão e acrescentaria outro jato à minha frota privada. Era uma piada.
Maggie nem sabia que estávamos namorando. O livro que você viu foi o meu diário,
e não tenho nenhuma ideia de como você viu, pois estava no meu armário e não
para fora aberto.
Jon sorri sem jeito. — Prefiro não dizer.
Viro-me e olho para Bryan. — Nunca quis seu dinheiro. Só queria você.
Ele beija minha testa e me puxa para mais perto. — Eu sei, querida. Eu sei.
— Depois de um momento, ele segura a mão de Jon. — Eu a tenho agora. Prometa
que você vai cuidar dela quando eu me for.
Jon engole seco e acena com a cabeça antes de pegar a mão do seu primo.
Jon sacode e então diz: — Foda-se. — Ele se inclina para nós e nos abraça,
esmagando juntos em um abraço de urso. Quando Jon se endireita, corre para fora
do quarto sem dizer uma palavra.
Sua tia fica ali, apertando suas mãos. Nós a vimos por um momento. Sua
costa está rígida em sua roupa perfeitamente ajustada. Quando ela fala parece que
vai assinar. — Bryan, não consigo imaginar o que você está passando, o que
passou. Sei que sou responsável por um pouco da dor que é concedido a você e por
isso peço desculpas, mas um passo em falso não corrige outro. Não posso permitir
isso. Sinto muito. — Ela deixa cair o papel em cima da cama e caminha até a porta.
Antes de sair, diz sobre o ombro. — Hallie, certifique-se que ele permita que os
médicos o examinem de novo. Agora não é o momento para discutir.
— Agora é o único momento que você tem. — Pressiono meus lábios e olho
para ela, implorando mentalmente para não discutir com ele, agora não. O tempo
para a discussão acabou.
Os olhos frios de Constance encontram os meus, mas ela não entende. Em
vez disso, a mulher mais velha empurra a porta e não olha para trás.
Capítulo 8
Bryan não quer os médicos para vê-lo mais, por isso convidei-os a acampar
em seu quarto até que ele relutantemente dê permissão. Eu sei que ele não quer
colocar suas esperanças, e fazer isso é o suficiente para mexer com a sua cabeça
horrivelmente. O menor vislumbre de esperança falsa vai esmagá-lo.
A equipe médica está vestindo roupa informal, sem uniforme ou jalecos de
laboratórios. O primeiro homem é jovem, talvez trinta, com um cavanhaque e uma
cabeça raspada. Há uma mulher mais velha, uma oncologista, com uma prancheta.
Enquanto os outros falam fazendo perguntas e conversando com o outro, ela
rabisca constantemente, sem dizer nada. Quando ela chegou, eu pensei que era sua
secretária. Ela quase arrancou minha cabeça por esse erro, mas no que diz respeito
ao seu trabalho, a mulher não fala. Ela só circula Bryan e anota as coisas. O terceiro
médico é mais velho, de cabelos brancos crespos espetados na cabeça e uma
camisa xadrez peculiar combinando com a calça. Parece que ele escapou do
hospício. Eles estão olhando-o por uma hora agora, mas sinto que é mais. Por que o
tempo parece rastejar quando as coisas são mais importantes? Sob a sua inspeção,
meu amor está agindo como um menino mal. Eu quero envolver meus braços em
torno dele e mandá-los irem embora, mas esta é sua última chance, nossa última
chance.
— Mas se há algo que eles possam fazer...
O maxilar de Bryan está bloqueado. Ele está sentado na beira da cama sem
camisa e me olhando. — Ninguém sabe o que eu passei para chegar a este
diagnóstico em primeiro lugar. Sentando aqui, repetindo o processo é
desnecessário e cruel. Eu pensei que você entenderia isso.
— Diferentes olhos podem ver coisas diferentes.
— Diferentes olhos não vão retirar o tumor enorme na minha cabeça, Hallie.
— Suas palavras são tão aguçadas que meu olhar cai para o chão. Ele suavizou. —
Sinto muito. É só que eu estou cansado, tão cansado, e quero gastar o tempo que
me resta com você - não com eles. — Ele golpeia seu polegar para o Dr. Plaid.
O velho sorri. — Estamos todos meio mortos, criança. É uma questão de
estender a vida para torná-lo mais agradável possível. Mesmo que não possa curá-
lo, podemos garantir que o final seja tão bom quanto pode ser.
O olhar afiado de Bryan corta para o homem. — Não seja condescendente
comigo. É fácil dizer quando não há nada de errado com você.
O velho ri e aponta uma espátula de língua para Bryan. — É aí que você está
errado, garoto. Nós não vamos todos para reuniões de grupo ou orgulhosamente
usamos o nosso cartão de câncer em nossos peitos - embora eu ache que deveria.
— Você tem câncer? — Bryan pergunta, chocado.
O velho concorda. — Sim senhor, e é chegado ao ponto que eu não veja
pacientes mais, mas eu devia um favor a sua tia, por isso aqui estou. O melhor
médico de câncer por perto e eu estou morrendo da mesma doença maldita que eu
passei a minha vida curando. Permiti ao meu colega dar uma olhada em você, então
vamos comparar e ver se há algo que podemos fazer para tornar a sua vida melhor
- você pode apostar dinheiro nisso. — Ele aperta o ombro de Bryan e sai do
quarto. Os outros médicos do sexo masculino seguem, deixando-nos com a Dra.
Rabiscos.
Ela é mais velha do que o Dr. Cavanhaque e muito mais silenciosa quando
finalmente fala. — Quando você começou a ter dores de cabeça, onde estão
elas? Você pode me mostrar? — Bryan aponta, explicando o melhor que pode. Ela
acena com a cabeça. — Elas sempre estiveram lá?
Ele está em silêncio por um momento, pensando e depois balança a cabeça.
— Não, elas se mudaram. Originalmente parecia uma sinusite que estava por trás
de meus olhos e ouvidos.
Ela acena com a cabeça, enquanto pega as informação por escrito, com os
olhos digitalizando suas notas rapidamente enquanto faz isso. Ela faz mais algumas
perguntas, principalmente sobre o tempo - quando isso aconteceu, o que aconteceu
- seguido de um exame. Ela faz perguntas cutucando, até que Bryan esteja exausto
demais para responder. Ele despenca de volta para sua cama.
Ela suspira e olha para seus papéis, e em seguida, olha para Bryan antes
segurar os papéis em seu peito. — Deixe-me falar com os outros. — Ela sorri para
nós e sai.
Quando a porta clica fechada, eu olho para Bryan. Eu estive sentada em uma
cadeira em frente a ele. — Isso foi enigmático.
Seu braço está caído sobre os olhos. — Sim, eu pensei que ela ia sacar uma
fita métrica e sugerir um tamanho de caixão.
— Bryan!
— Ela tomou notas durante duas horas seguidas!
Eu sorrio um pouco. — Ela provavelmente estava escrevendo mensagens de
ódio para sua tia. É um hobby. Estou pensando em me juntar a ela em breve. —
Bryan ri tanto que estremece. Eu corro e deslizo na cama ao lado dele. — Me
desculpe, eu não queria fazer doer mais.
Ele levanta a mão. Eu a pego, e beijo-a. — O riso é uma das únicas coisas que
me mantem são. — Ele sorri para mim, e em seguida coloca a cabeça em meu colo.
— Eu também. — Nós ficamos lá por um longo tempo, acariciando seus
cabelos enquanto cantarolava uma canção de ninar. Eu não me lembro de aprendê-
la. Eu canto as notas suavemente, continuando mesmo depois que ele está
dormindo.
Eu não ouço a porta abrir, então me assusto quando vejo Joselyn parada lá.
Ela levanta as mãos e, em seguida, pressiona um dedo sobre os lábios. Ela
estuda seu irmão como se estivesse tentando ver o câncer através de sua pele.
Finalmente, ela olha para mim e sussurra: — Eles disseram alguma coisa?
— Ainda não. — Eu sussurro de volta.
— Se precisar de mim para alguma coisa, estou aqui. — Ela está tão
nervosa. Seus braços estão envolvidos ao redor da sua cintura e ela mal está
respirando. Ela acha que Bryan vai morrer antes que ele a perdoe por nos separar.
Jos olha para todos os lugares, exceto para Bryan. Colocando um pedaço de cabelo
atrás da orelha, ela se aproxima de mim. — Eu lhe daria um rim se isso ajudasse.
Sério Hallie. Certifique-se de que ele saiba disso. — Ela está torcendo as mãos,
prestes a explodir em lágrimas novamente. A blusa azul marinho é feita de tecido
que flui. Está acoplada com um par de jeans rasgado que custa uma fortuna. Jos
olha direto nos meus olhos. — Qualquer coisa que ele precisar, ok. Não se esqueça
de dizer a ele. Sei que ele está com raiva de mim e eu gostaria de poder desfazer
tudo. Sinto muito, Hallie.
Bryan fala, surpreendendo a nós dois. — Eu não estou bravo com você, Jos.
Eu adoraria se você estivesse aqui quando eles voltarem. Sente-se. Fique. — Nós
duas pensamos que ele estava dormindo.
Os lábios de Jos tremem violentamente, mas ela consegue dominar isso e
toma seu lugar. — Eu te amo, Bry.
Ele sorri fracamente. — O mesmo para você, Mini gêmea.
Capítulo 9
A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.
Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.
Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.
Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.
A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.
A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.
Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?
— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.
Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?
— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.
Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.
— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.
Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.
Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.
Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.
Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.
Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...
— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.
— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.
— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.
Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.
A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.
— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.
Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?
— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.
Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.
A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?
Eles assentem.
Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.
Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.
Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.
— Era para eu cuidar de você.
Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.
Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.
— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.
Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.
— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?
Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.
— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.
Capítulo 10
Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.
Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.
Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!
— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.
Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.
Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?
— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.
Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.
— Como você pode dizer isso?
— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.
— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.
— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.
— Você?
— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.
Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.
— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.
Capítulo 11
— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.
Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.
Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.
Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?
Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.
Neil.
Sangue.
Cecily.
Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.
— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.
A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.
Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.
— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu
grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.
Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.
— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.
— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.
O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.
— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.
— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.
Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?
Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.
Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.
Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.
Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.
Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?
Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.
— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.
— Deixe-me ir. — Eu peço.
— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.
Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.
Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece
estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.
Ele corre em direção a mim. — Hallie!
— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.
O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.
— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.
— Não vale a pena morrer por essa boceta.
— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.
Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.
— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.
Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.
— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.
— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.
Tudo vai ficar bem.
Capítulo 12
Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.
— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.
Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.
Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.
As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.
— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.
Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.
Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.
Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.
Capítulo 13
Consumida por choque e sobrecarga emocional, eu não consigo processar o
que ele está me dizendo. Eu pisco para ele. — O quê?
— Eles não conseguiram encontrar a arma durante o julgamento, mas todos
pensavam que Sean Ferro a matou. — Sean se afasta com os ombros endurecendo
com cada palavra e eu sei que ele pode ouvir. O luto me rasga, mas algo parece
errado.
— Eu não entendo. — Eu enxugo as lágrimas do meu rosto e sujo a na
minha bochecha. — O que você está dizendo?
— Eu estou dizendo o que parece, senhorita Raymond. Embora não pode
ser inteiramente conclusivo neste momento, isso aponta a culpa do assassinato em
outra direção. Parece que Bryan Ferro atirou em Amanda, e por qualquer motivo
Sean voluntariamente assumiu a culpa. — O policial tem idade suficiente para
lembrar o julgamento. Ele olha depois para Sean com respeito em seus olhos. Não é
a animosidade típica que as pessoas oferecem quando veem esse homem. Eles
pensam que ele é um monstro sem coração e Sean se torna essa pessoa. No quarto
de Bryan eu tinha visto fotos antigas dos meninos quando eles eram jovens. Sean
sorria e seus olhos não tinha essa coisa oca assustadora que têm agora. É como se
ele está carregando um enorme segredo e eu não posso suportar a ideia de que
este policial está me dizendo à verdade. Bryan está morto por minha causa. Ele
caminhou direto para a linha de fogo para me proteger, então por que diabos ele
iria matar a esposa de Sean? Eu endireito e me viro para olhar para Sean.
Ele está rígido e tremendo, tentando se afastar, mas continua olhando por
cima do ombro até que ele para e se vira. Cruza os braços firmes sobre o peito e
olha para o corpo sem vida do seu primo com um olhar que anda na linha entre o
desprezo e admiração.
Eu não posso suportar isso. Algo dentro de mim quebra. Num acesso de
raiva de lágrimas e fúria, eu salto para cima e corro em direção a ele, gritando
descontroladamente. Quando colido em seu peito, ele mal se move, mas isso não
me impede de dar socos. Eu conecto meu punho com sua lateral firme uma vez,
antes que ele agarre meu pulso. Ele me puxa para perto, ele sussurra em meu
rosto: — Você não é a única sofrendo agora.
Eu puxo meu braço e quase tropeço para trás. Os policiais nos veem, mas
ninguém intercede desde que Sean parece calmo. Ele pode estar firme, mas eu não
estou. Eu sabia que Bryan não estaria comigo por muito mais tempo, mas Sean
roubou alguns minutos extras que tínhamos, e então isso – essa humilhação. Em
sua morte, Bryan é caluniado e acusado de um assassinato que não há nenhuma
maneira que ele tenha cometido. Eu grito para Sean. — É uma mentira. Ele não a
matou.
— Como você sabe? — A voz de Sean é fria e distante, embora seu olhar
esteja grudado em Bryan enquanto movem o seu corpo para um saco preto.
Olho para ele e caio de joelhos soluçando. — Ele não estaria aqui esta noite
se você não me fizesse terminar as coisas com Neil! Isso é culpa sua! Você disse a
ele! Ele não teria vindo se você não contasse a ele sobre Victor! — Eu soco o
pavimento com as mãos até que elas estão machucadas e sangrando. E Sean não
me responde, o que me deixa furiosa. — Admita isso! — Eu estou em seu rosto
novamente, falando em um sussurro morte. — Bryan não teria morrido hoje se não
fosse por você.
Três palavras. Isso é tudo o que ele diz. — Você está certa.
Eu começo a soluçar de novo e solto um grito. No momento há uma fila de
policiais e paramédicos. Os paramédicos tentam olhar para mim, mas eu não
posso deixar Bryan. Quando eles fecham o zíper do saco, peço-lhes para parar. —
Ele vai ficar bem. — Eu agarro o braço do cara quando ele fecha o saco. — Por
favor, pare! Eu não posso fazer isso de novo! Eu não posso! Ele vai ficar bem! Ele
tem que ficar!
Sean me afasta e me esmaga em seu peito. Seus olhos estão vidrados, mas
não há uma única lágrima. Eu o odeio. Eu me solto do seu abraço e cuspo em seu
rosto. Sean não se move para limpar isso. As pessoas que nos observam estão
segurando câmeras. Isso é quando eu sinto uma mão em meu ombro.
Eu me viro, esperando que ele seja um policial, mas não é. Uma parede de
cabelo vermelho me cumprimenta com um sorriso triste. — Eu disse que estaria
aqui para você. Por que você não me ligou?
Capítulo 14
Maggie me segura e abraça forte, me deixando desmoronar em seus braços.
Ela sussurra tolices e tira o cabelo do meu rosto.
Ela ajuda os paramédicos a me levar para uma ambulância para me
examinarem. Quando me sento, eu estremeço. O cara é jovem, mas ele percebe o
que isso significa. Ele chama por um funcionário do sexo feminino e uma policial se
aproxima. Ela é baixinha e seu olhar é simpático. — Querida, eu preciso falar com
você. — Ela sobe na ambulância e fecha uma das portas para que ninguém mais
possa ouvir. — Será que Victor Campone a estuprou?
Eu não sei o que dizer. Balançando a cabeça, eu digo a ela o que aconteceu.
É uma sensação como se fosse muito tempo atrás, mesmo que as queimaduras na
minha pele são frescas. Eu não as sentia até agora. — Minha pele arde.
— Deixe-me arranjar alguém para avaliá-la, então. Precisamos ver como as
queimaduras são para que possamos tratá-las. Ok, querida? Você já passou por
muita coisa hoje à noite. Deixe-os ajudá-la. — A policial está me olhando com pena
em seus olhos. Ela vê o anel em minha mão. Eu o coloco ali sem pensar. Eles
assumiram que eu estava noiva de Bryan. Eles não sabem sobre Neil e Cecily ainda,
então eu lhes digo. Seus olhos se arregalam e ela fala rapidamente em seu ombro.
Eu acrescento: — Eu acho que ele foi para as casas vizinhas também. Por favor,
verifique com eles. Sr. Thom sempre foi bom para mim. — Eu começo a balançar
novamente quando percebo que Victor pode tê-lo matado também.
Um médico vem até mim, mas eu não consigo me acalmar. — Quem é seu
parente mais próximo? — O médico fica perguntando, o que me faz chorar mais.
Ninguém. Sou sozinha.
Maggie diz palavras suaves e tenta me acalmar. Eu seguro a mão dela como
uma criança assustada e olho para ela. Ela sorri para mim. — Eu não vou a lugar
nenhum. Estamos nisso juntas. Eu lhe disse.
— Maggie é a minha família mais próxima. — Eu aponto para ela e assino
algo. Eles começam a perguntar-lhe como me tratar quando não estou coerente.
Eu divago e choro quando eu deveria dizer alguma coisa. A polícia tenta me fazer
perguntas, mas quanto mais eles perguntam, mais rápido que eu desmorono. É
Sean, que coloca um fim a isso.
Sua voz retumba alto do outro lado da porta. — Eu vi o tiroteio. Perguntem
a mim. Senhorita Raymond já teve o suficiente por esta noite.
— Precisamos de mais informações.
A voz de Sean cai. Ele diz algo que eu não consigo entender, mas ele
termina com: — O advogado dela está aqui e se você quiser jogar limpo, eu sugiro
que mostre alguma compaixão agora. Ela não vai esquecer esta noite. Nenhum
detalhe vai desaparecer de sua mente. Deixe-a em paz por agora.
Maggie está me observando na maca. Eu me deitando por que ficar sentada
está doendo. Gostaria de saber quanto de pele que me resta e que isso vai fazer
para mim. Eu vou estar marcada para sempre em um dos lugares mais íntimos no
meu corpo, mas não consigo me importar. Eu fico pensando em Bryan naquele saco
frio. O choro histérico começa novamente e Maggie pede-lhes para me dar alguma
coisa.
Uma agulha é empurrada no meu braço. Maggie canta suavemente,
enquanto acaricia minha testa. De repente minhas pálpebras parecem como
chumbo. Elas vibram quando eu as tento mantê-las abertas. Sean aparece entre as
piscadas e pergunta sobre mim. Com o consentimento de Maggie, eles lhe dizem o
que Victor fez comigo. Ele não diz uma palavra. O homem só olha para mim como
se eu fosse um pedaço de lixo, como se a vida do seu primo não valesse por isso.
— Ele me amou. — As palavras soam fortes e orgulhosas em minha mente,
mas elas caem dos meus lábios como um sussurro.
— Sem dúvida. — Sean responde e fica ali, observando-me adormecer.
Epílogo
O vento atravessa meu casaco quando eu ando para a sepultura, meu
embrulho perto do meu peito. Eu não deveria estar aqui, mas eu tinha que vir. Eu
sou atraída para aqui todos os meses. Eu tenho que falar com ele e esse parece ser
o lugar para fazer isso. Bryan prometeu que estaria sempre comigo, e embora eu
saiba que ele esteja, ainda é difícil. O bebê está dormindo em meus braços,
indiferente ao frio no ar. Eu o seguro da cabeça aos pés e aperto com força.
Desde a noite em que Bryan morreu, tantas coisas aconteceram. Eu me senti
tão sozinha sem ele, ou assim eu pensava até algumas semanas após a morte de
Bryan. Um teste de gravidez afirmou a minha suspeita e eu carregava um bebê
dele. Ele tem olhos verdes brilhantes, assim como seu pai. Ele é minha vida agora.
Maggie, o bebê e eu vivemos juntos, uma família improvável, mas contentes. Eu
ainda escrevo - um coração sangrando nunca cicatriza e as páginas me chamam.
Escrever me dá paz quando as coisas ficam insuportáveis.
Eu paro na frente do túmulo do meu pai antes de falar com ele sobre o seu
neto. — Eu dei-lhe o meu nome, pai. Bem, o seu nome. Eu não quero que eles
saibam sobre ele. Se descobrirem... — Esse é o meu maior medo. E se os Ferros
descobrirem sobre o pequeno Bryan Raymond? E se eles descobrirem que ele é o
único filho de Bryan, o herdeiro mais jovem dessa maldita fortuna? Eles vão levá-lo
de mim. Eu sei que vão. Então, dei-lhe o meu nome e quando os repórteres
perguntaram, eu disse que era de Neil. Que iriamos nos casar. Os jornais correram
selvagemente com artigos sobre Neil e eu, retratando-nos como um moderno
Romeu e Julieta. Eles não poderiam estar mais longe da verdade. Enquanto isso,
Bryan era ligado ao assassinato de Amanda Ferro e outro homem que encontraram
na floresta. A arma foi utilizada várias vezes. Bryan não era um assassino. A única
pessoa que ele matou foi Victor, e fez isso para me salvar. Eu não ligo para o que
dizem os investigadores. Eventualmente, eu parei de ler artigos sobre ele. E da
forma que tinham escrito sobre Sean era horrível, mas a maneira como caluniaram
Bryan era muito pior. Eu evito jornais e fico fora do Huffington Post. Eu vivo em
uma bolha com Maggie e meu bebê.
Depois de falar com o papai, eu dou isso como feito. O cemitério não está
exatamente repleto de visitantes hoje. Está muito frio. Vou até o túmulo de Bryan,
um enorme mausoléu com FERRO marcado na parte externa. Originalmente, a
família não ia permitir que ele fosse enterrado com eles, mas Sean brigou com eles
sobre isso, então aqui está ele - meu amor perdido. Eu me inclino contra a pesada
porta, empurrando-a na maior parte fechada. Eu não quero que ninguém saiba que
eu estive aqui, então eu mantenho aqui dentro escuro, iluminado apenas pela luz
do sol que faz o seu caminho através da porta. Está nublado hoje, por isso é mais
escuro do que o habitual. Eu mudo o bebê Bryan em meus braços quando ele
acorda. Ele sorri para mim com o mesmo sorriso que seu pai usou tantas vezes
antes.
— Estamos visitando papai. — Eu digo a ele e solto seus cobertores. — Ele
foi um grande homem e te ama muito. Agora, papai pode nos ver. Ele vai cuidar de
você, Bryan. — Estou em pé na frente do túmulo de Bryan, de costas para a porta.
Nem o ouvi entrar.
Quando ele fala, sua voz é mais suave do que as vozes dos seus irmãos. —
Hallie?
Assustada, eu me viro. Peter Ferro está de pé na porta, cercado de luz. Ele se
parece com um anjo quando caminha na grande sala. Ele está vestindo um casaco
de tweed e calça. Ele é diretor em algum lugar em Jersey. Eu já o vi por aí, mas nós
nunca conversamos muito. Eu não pensei que ele fosse próximo de Bryan, mas
devo ter suposto errado, caso contrário ele não estaria aqui.
— Sinto muito. Estou indo embora. — Eu vou a passar por ele, mas Peter
não me deixa. Ele dá um passo na minha frente e sorri.
— Você não tem que ir. Eu nunca vou manda-la sair, e eu nunca vou dizer-
lhes, mas eles vão perceber.
Eu fico calada porque não tenho outra opção. O medo está me sufocando e
eu mal posso cuspir as palavras. — Perceber o quê? Que eu vim aqui para dizer
adeus a alguém que eu amava? Eles já sabem disso. E Constance nunca contestou
a vontade de Bryan, então acho que estou bem.
— Você sabe o que quero dizer. — Ele olha para o bebê.
Bryan contempla Peter como o seu pai, grandes olhos verdes e cabelo
escuro brilhante. — Eu não estou com medo. — Eu seguro o bebê, e passo ao redor
de Peter, prestes a sair quando ele me para no caminho.
— Esse é o bebê de Bryan. Eles poderiam forçar um teste de paternidade
para provar isso, Hallie. Se a minha mãe já não sabe, logo o fará. Ela não vai
deixar um Ferro crescer fora da mansão.
Eu não nego isso. — Você cresceu lá. Diga-me, você quer que seu filho tenha
essa vida?
— Eu não posso mudar o passado, Hallie, e nem você pode.
— Eu sei disso. Você não acha que eu sei que isso é minha culpa, que o pai
dele está aqui por minha causa? Eu culpava Sean e Constance. Eu até culpei Jon,
mas a única razão que Bryan apareceu naquela noite foi por minha causa. E tudo o
que aconteceu depois. — Eu não posso nem mesmo dizer isso.
Peter diz com certeza absoluta. — A mídia estava errada. Olhe o que eles
fizeram com você e Neil. Você está me dizendo que toda essa merda é verdade?
Eu ri amargamente. — Longe disso.
— Então, não deixe que eles arruínem suas memórias dele. Bryan não
matou Amanda. — Ele parece tão certo.
— Como você pode saber disso?
— Porque eu estava com ele naquela noite e isso não faz sentido. Ele
gostava de Amanda. Nós todos gostávamos.
Algo da noite do assassinato de Bryan volta com a memória de Sean ali
parecendo horrorizado. — Ele não sabia que Bryan tinha essa arma, não é?
Peter ri uma vez suavemente, e balança a cabeça. — Sean nunca fala sobre
Amanda ou aquela noite, mas eu concordo com você nesse ponto.
Olho para Peter. — Enquanto Bryan estava morrendo, Sean o chamou de
idiota. Ele estava tão louco. Eu pensei que era porque levou um tiro.
— Eu acho que foi porque Bryan não deveria ter essa arma. Hallie, ele
salvou você e seu bebê, mas também salvou algumas outras pessoas no processo.
Ele deu a Sean sua vida de volta. Bryan foi altruísta. Ele faria qualquer coisa que
pudesse para ajudar alguém. Se o pegar com a arma ajudava, se assumir a culpa
ajudava, ele teria feito isso num piscar de olhos. Você não acha?
Concordo com a cabeça. Há silêncio quando nós dois olhamos para o lugar
de descanso final de Bryan. — É por isso que Sean brigou para ele estar aqui.
Bryan não matou aquelas pessoas.
— Eu suspeito que seja o caso.
— Assim como Sean.
Peter dá um sorriso torto. — O mais provável. — Depois de um momento,
ele acrescenta: — Você não deve vir mais aqui se não quer que criança cresça como
o resto da família. Na verdade, seria bom se você, Bryan e Maggie se mudassem.
Vá para algum lugar que não vão encontrá-los, por um tempo, pelo menos.
Dificulte para que eles não vejam o bebê ou tire fotos dele. Isso vai fazer você
ganhar tempo - tempo que não terá que se ficar aqui. — Ele desliza seus dedos
contra a bochecha do bebê. — Ele se parece com o pai.
— Eu sei. — Eu seguro meu pequeno bebê quando ele murmura para Peter.
— Aqui. — Ele me entrega seu cartão. — Se você precisar de alguma coisa é
só pedir. Eu nunca vi você e nunca vi o bebê de Bryan. — Ele pisca para mim, em
seguida, desliza pela porta, com as mãos nos bolsos e a cabeça caída entre os
ombros.
Eu o chamo de costas. — Peter, espere. — Corro para o ar fresco. — Estou
fazendo a coisa certa? Ele tem família. É a única coisa que eu nunca tive e sempre
quis. Eu me perguntei se mantê-los longe dele é a coisa certa a fazer.
— Ele tem família, Hallie. Ele tem você e Maggie. Não está faltando nada
para ele. Eu ouvi que dizer que alguma parte de Montana é lindo. Vá dar uma
olhada. — Peter nos sorri e vai embora.
Depois que Bryan morreu, eu nunca pensei que amaria novamente. Senti
meu coração quebrar e um pedaço de mim morreu junto com ele. A escuridão me
consumiu até que aquele pequeno bastão de plástico me disse que eu estava
grávida. O bebê de Bryan era forte e curou meu coração partido enquanto crescia
dentro de mim. Agora que ele está aqui, nos meus braços, eu vejo o rosto do seu pai
todos os dias e sei que sou abençoada.
Depois de colocar Bryan em seu assento de carro, eu entro e fecho a porta.
Depois de ligar o motor, pressiono um botão e ligo para Maggie. — Ei, o que você
acha de ir para Montana?
— Posso ter um cavalo?
— Para que você quer um cavalo se não sabe montar em um? — Eu sorrio e
olho para o túmulo de Bryan, sabendo que eu nunca o verei novamente. Maggie
está tagarelando sobre cavalos e eu finalmente a interrompo: — Sim, você pode ter
um cavalo.
— Estou dentro, quando partimos?
— Hoje à noite. Eles não podem encontrá-lo, Maggie, e um dos Ferros já
sabe a verdade. Tem certeza de que quer vir? Você não precisa. — Isso não é uma
coisa pequena para perguntar, e eu sei disso. Eu não quero ser egoísta e levá-la
comigo para o meio do nada.
— Porra, sim. Não há nada melhor que o meio do nada. Vou usar perneiras
de cowboy, um enorme chapéu ridículo e comprar um pônei. Sim, eu estou
chegando! — Ela ri. — Você é tão idiota, sabe disso? Eu sou sua irmã, talvez não
por nascimento, mas por escolha. Esse é o melhor tipo, sabe. Vou ligar e arrumar
um voo. Vamos sair daqui a poucas horas, Hallie. Vai ser bom para você e para o
pequeno bebê lindo Bryan. Nós podemos viver em uma fazenda!
Eu rio, surpresa com o quão fácil foi para convencê-la disso. Em seguida, eu
digo a ela: — Você sabia que teríamos que ir embora, não é?
— Algum dia, sim, especialmente se você quisesse esconder Bryan do Ferro.
Mas eu pensei que estaria indo para um lugar horrível como um pântano. Eu sou
totalmente a favor de Montana. Ouvi dizer que eles têm cowboys sensuais. Eu
nunca montei um cowboy.
— Maggie!
Ela ri. — Venha para casa. Vou arrumar nossas coisas. Você está pronta para
isso Hallie. É uma boa jogada. Vemo-nos daqui a pouco. — Ela desliga o telefone.
Eu jogo a minha cabeça contra o assento quando olho para o túmulo de
Bryan, e ouço seu filho fazer sons felizes no banco de trás querendo saber se estou
tomando a decisão certa.
— Queria que você estivesse aqui. Eu gostaria que você pudesse me dizer o
que fazer. — Eu digo as palavras para o ar, falando com o meu amor perdido.
Eu não sou boa em ficar desejando tudo. Como uma órfã, eu aprendi que é
um desperdício de tempo, mas logo que eu digo essas palavras, um raio de luz
corta através do céu cinzento. Um único raio de sol brilha para baixo e toca o topo
do mausoléu do Ferro. A cúpula de cobre cintila e todo o meu corpo se cobre de
formigamentos. O vento suaviza e eu juro que Bryan está aqui, me dizendo para ir
embora.
Eu fecho os olhos, faço uma oração, e quando olhar para cima a luz dourada
desapareceu. Pela primeira vez desde a sua morte, a paz flui em mim e congratulo-
me com isso. Coloco o carro na estrada e eu falo sobre o meu ombro para o meu
homenzinho. — Bryan, vamos a um lugar divertido, e eu tenho certeza que a tia Maggie conseguirá um pônei para você.
H. M. Ward
O melhor da literatura para todos os gostos e idades