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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


A JOGADA PERFEITA / Jaci Burton
A JOGADA PERFEITA / Jaci Burton

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Suor escorriapelo rosto e braços de Mick Riley. O treinamento físico que tinha acabado de aguentar detonou com a sua preciosa bunda. Ele se inclinou na parede do vestiário, o ladrilho frio e a água gelada nas mãos não ajudando em nada a diminuir o calor. Estava quente e suado, e tinha sido jogado no chão tantas vezes, que provavelmente tinha comido metade da sujeira no campo.
Estava exausto e sem clima algum para a festa dessa noite. O que realmente gostaria de fazer é tomar um banho frio, ir para casa e pedir uma pizza. Em vez disso, tinha que colocar o smoking, um sorriso no rosto e socializar num salão de baile com o resto do time, o San Francisco Sabers da National Football League. Haveria fotógrafos, câmeras de televisão e provavelmente uma horda de mulheres querendo agarrá-lo.
Anos atrás, isso teria sido o ponto alto de sua noite.
Não mais.
Quando ficou tão cansado de tudo? Inferno, quando ficou velho?
Ele retirou a jersey e a jogou no chão, tirou os protetores de ombro e suspirou de alívio, depois pegou uma toalha e secou o suor do rosto. Então desamarrou a calça, jogou água da garrafa fora e foi até o bebedouro reabastecê-la.
Foi quando ouviu uma voz do lado de fora do vestiário. Voz de mulher.

 


 


O que uma mulher estava fazendo aqui embaixo? Abriu a porta e viu uma loira deslumbrante a poucos metros, no fim do corredor, girando em círculos e murmurando sozinha. Cara, ela era uma visão e tanto, vestida com uma saia formal na altura dos joelhos, saltos altos mostrando as lindas pernas, blusa social de um branco impecável e um penteado bem elaborado. Toda formal e elegante, ela o fez ter pensamentos obscenos sobre deixar a blusa branquíssima toda suja e desarrumada.

— Deveria ter virado à esquerda. Lembro que era uma esquerda. Sua burra, agora vai ficar perdida nessa caverna pra sempre e será dispensada.

Ele encostou-se ao batente da porta enquanto ela encarava o longo corredor, batendo o salto alto e murmurando um pouco mais.

— Afinal, onde é a porcaria desse escritório? Não pode ser nessa droga de lugar.

— Não, não é aqui embaixo.

Ela girou, aparentemente envergonhada por ser pega falando sozinha. Seus olhos se arregalaram por uma fração de segundo, então ela se dirigiu na direção dele.

— Ah. Graças a Deus. Uma alma viva. Você pode me ajudar? Estou totalmente perdida.

— Claro. Você precisa chegar ao escritório?

— Exato.

Ela parou à sua frente, e o seu cheiro era tão bom – igual a primavera e biscoitos, ou algo parecido –, que ele ficou envergonhado, porque com certeza não cheirava a nada atraente.

— Vire à direita e no primeiro corredor vire à esquerda. Você encontrará os elevadores. Suba até o último andar e quando sair, vire à esquerda novamente e vá até o final do corredor. O escritório principal é lá.

Ela o estudou, então lhe deu um largo sorriso.

— Você é meu herói. Estava com medo de ficar perdida aqui e não conseguir as assinaturas desses contratos. Tenho que me apressar. Obrigada!

Ela se virou e praticamente disparou pelo corredor, embora como ela e outras mulheres conseguiam correr com aqueles saltos, era algo que ele nunca entenderia.

Ela era bonita, isso era certo, mas não como as mulheres pelas quais ele se sentia atraído e com quem geralmente saía. Não estava excessivamente maquiada, então sua beleza era natural. Talvez tenha sido por isso que gostou dela.

E ele nem se preocupou em se apresentar. Ou perguntar o nome dela.

Que pena... Ele poderia jurar que sentiu uma faísca entre eles.

Ou podia jurar ter sido apenas a sua imaginação. Ele precisava mesmo era de um choque da água fria para esfriar o corpo. Estava calor demais hoje.

Ele voltou para dentro, pegou uma toalha e foi para o chuveiro.


Conforme o espetacular evento seguia, Tara Lincoln pensou que esse era o melhor que já havia organizado. E era melhor ser, porque podia abrir portas para mais trabalho, e The Right Touch precisava de todo trabalho que pudesse conseguir.

Planejar o evento da festa de verão do time San Francisco Sabers foi um golpe de sorte. O assistente do proprietário conseguiu seu cartão de visitas com quem o time costumava trabalhar nas organizações de eventos, mas que já estava com a data – que eles queriam realizar a festa – ocupada.

Foram quatro meses de trabalho ininterruptos, mas quando Tara deu outra volta no salão de baile, sentiu-se satisfeita. Eles conseguiram. Da brilhante decoração temática da nfl, à fantástica comida, à organização do bar e banda incrível, tudo estava perfeito e todos pareciam estar se divertindo.

Tara se misturou entre os convidados, o fone de ouvido discretamente posicionado para que pudesse ficar ciente de qualquer desastre ou responder a qualquer pergunta e providenciar ajuda, caso alguém precisasse. Até agora, todos os problemas foram mínimos. Ela monitorou o estoque do bar, verificou com o serviço de Buffet para se certificar de que a comida estava quente e suficiente, e circulou pelos convidados. Ninguém se queixou, e os rostos sorridentes mostravam que todos estavam focados no que deveriam se concentrar – futebol e diversão –, o que significava que ela poderia relaxar e apenas observar.

A banda estava arrasando, a pista de dança estava lotada, a imprensa estava presente e tirando fotos das estrelas do time, os treinadores estavam dando entrevistas e, pela primeira vez naquela noite, Tara relaxou ao se inclinar nas janelas de vidro que iam do chão ao teto e mostravam a bela cidade.

— Por que não está dançando?

Ela ergueu o olhar para um homem estonteante de quase dois metros de altura, vestido de smoking, que parou na frente dela. Cabelo preto, impressionantes olhos azuis: ela sabia exatamente quem ele era – Mick Riley – o famoso quarterback do San Francisco e seu salvador de hoje mais cedo. Estava tão atordoada depois de ter se perdido no subsolo onde ficava o vestiário do time, que só percebeu quem ele era quando o elevador chegou ao último andar. Certo, não só atordoada, mas também um pouco sem fala. Quem não ficaria ao se confrontar com um pedaço de músculo sem camisa, suado e lindo? Um presente de Deus para as mulheres. Minha nossa, ele era sexy. Infelizmente, tudo o que pôde fazer na ocasião foi perguntar o caminho do escritório.

Idiota.

Mas então suas sinapses dispararam e ela percebeu com quem estava falando.

Mick Riley. O Mick Riley. Todo mundo que morava aqui sabia quem ele era. Todo mundo que assistia futebol também o conhecia, mesmo os de fora do Estado. Seus contratos de patrocínios o colocavam em todos os canais de tv americana e, provavelmente, no Exterior também, vendendo uma variedade de produtos, de desodorante às ferramentas elétricas. Ele era um ícone, a própria imagem do sucesso americano. E caramba, também era uma visão deliciosa.

— Nos conhecemos hoje mais cedo — disse ele.

— Sim, é verdade. E, novamente, obrigada por indicar o caminho certo para o escritório.

— De nada. Então, é convidada?

Ela lhe ofereceu um sorriso.

— Não. Não sou.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Penetra, então?

Ela riu.

— Não, sou a organizadora do evento.

— É mesmo? Você fez um bom trabalho.

Caramba, ela estava ficando quente por toda parte.

— Obrigada. Fico feliz que esteja gostando.

— Não que eu saiba qualquer coisa sobre como organizar uma festa chique, mas gosto de comer e a comida estava boa. Tem um monte de bebida sofisticada no bar e a banda é fantástica.

É, suas bochechas doeram de tanto sorrir.

— Obrigada, de novo.

Bom mesmo seria se ele dissesse todas essas coisas ao dono do time, Irvin Stokes. Isso ajudaria muito a solidificar seu futuro.

— Até que horas você tem que trabalhar?

Ela inclinou a cabeça para trás e franziu a testa. Ele estava flertando com ela? Passou o olhar pela multidão, ficando cega por toda beleza feminina deslumbrante no salão, muitas das quais estavam com os olhos focados em Mick. Certamente, Tara estava apenas entendendo errado sua educação, com outra coisa.

— Trabalho até a última pessoa ir embora.

Ele riu, e o tom profundo e atraente percorreu sua espinha.

— Querida, então vai passar a noite toda acordada. Esses caras sabem bem como encerrar uma festa.

Era exatamente isso o que ela esperava, por essa razão tinha alugado o salão do hotel por toda a noite e pago hora extra à banda e à equipe do serviço de Buffet e do bar.

— Eu faço o que precisa ser feito.

— E parece que está indo muito bem. Por que não está vestindo uma dessas roupas de maître ou um avental branco?

— Sou só a organizadora do evento. O resto do pessoal é que faz o trabalho de verdade.

— Então, você se arruma, supervisiona e se certifica de que tudo se desenrole sem deixar a peteca cair.

— Algo parecido.

— E estar apresentável no caso de alguém querer conversar com você sobre agendar uma festa.

— Perceptivo você, não?

— E ainda dizem que jogadores de futebol são burros.

Ela gostou desse homem. Ele era divertido e esperto, mas ainda não entendia porque ele estava falando com a empregada quando a nata da sociedade estava aqui.

— Eu preciso continuar circulando — disse ela.

— Alguém está buzinando no seu fone de ouvido ou pedindo ajuda?

— Bem... não.

Ele olhou para o salão de baile.

— Algo pegando fogo em algum lugar ou algum chef temperamental precisando de um calmante?

Seus lábios se curvaram.

— Não.

Ele se aproximou ainda mais dela, pegou sua mão e passou o braço no dele.

— Então você não precisa circular, não é?

— Acho que não.

— Bom. Meu nome é Mick Riley.

— Tara Lincoln.

— Prazer em conhecê-la, Tara Lincoln. — Ele saiu com ela pelo meio da multidão e caminhou para fora do salão.

— Eu realmente deveria...

— Você tem ponto de comunicação no ouvido. Se algo acontecer, alguém vai avisar. E seu trabalho é garantir que seus convidados estejam felizes, certo?

— Certo.

— Eu sou um convidado e gostaria de sair do salão e conversar com você. O que significa que está fazendo seu trabalho, zelando pela minha felicidade.

É verdade, embora, por algum motivo, ela teve a impressão de que acabou de ser pega de surpresa por um jogador de linha ofensiva.

E agora, quem estava pensando em termos de futebol?

Ele a sentou em um dos bancos acolchoados na área externa do lobby, atrás do salão. Ela tinha que admitir que era um bálsamo estar longe do barulho da festa. E ah, o que ela não daria para poder tirar os sapatos só por alguns minutos. Mas estar elegante era necessário, mesmo que doesse.

— Por que não está lá dentro aproveitando a festa com seus colegas de time?

Ele deu de ombros.

— Precisava de um tempo.

— Você precisava de um tempo daquela festa maravilhosa que eu organizei?

— Sua festa está ótima — disse ele, recostando-se e apoiando o braço na parte de trás do banco. — Só não sou de curtir festas. Ficar por aí, simplesmente batendo papo não é a minha praia.

— E eu ainda vejo você nas revistas e em quase todos os grandes eventos em Nova Iorque, Los Angeles e aqui em São Francisco. O centro das atenções e, geralmente, com uma linda mulher ao lado.

Seus lábios se curvaram em um sorriso devastadoramente sexy que fez sua barriga estremecer.

— Isso é apenas publicidade, querida.

— Uh-huh. Não é o que dizem os tabloides.

Ela sentiu o braço dele roçar suas costas. Um tanto perturbador.

— Não me diga que você acredita nesses jornalecos.

— Não me diga que todas aquelas mulheres com as quais você esteve nos últimos dez anos foram apenas belas acompanhantes e nada mais.

— Tudo bem, você me pegou. Mas nunca tive um relacionamento sério com qualquer uma delas.

— Então está me dizendo que é mulherengo?

Ele deixou escapar uma risada.

— Uau. Você não hesita, não é?

Ela sorriu para ele.

— Sou apenas honesta e direta.

— Não acredite em tudo que vê na tv ou lê nas revistas. Não é quem eu sou.

— É mesmo?! E quem é você?

— Saia comigo depois que terminar aqui e descubra.

Definitivamente, ele estava flertando com ela. Não havia dúvida. E ela não tinha ideia do porquê. Mas tinha que admitir, era bom demais. Quarterback famoso e bonito, e fazia muito tempo que um homem não prestava atenção nela. Além disso, havia algumas mulheres lindíssimas no salão, e por algum motivo ele a escolheu. Seu ego acabara de subir alguns níveis. Bem, talvez tenha subido no topo da escada.

Nada aconteceria, é claro, mas ela ia aproveitar sua atenção por mais alguns instantes.

— Não entendi, Mick. Por que eu?

— Porque você é autêntica.

— E todas aquelas mulheres dentro do salão não são? — Ele sorriu.

— Basicamente, sim. Mas logo voltarei a pegar no pesado com os treinos. E que melhor de maneira passar o resto da minha folga do que com uma mulher honesta e não uma que faz joguinhos?

— Sua última temporada foi ótima. Parabéns. Mas não consigo te imaginar não aproveitando a sua folga se esbaldando com o melhor; uma bela atriz ou modelo para ajudá-lo a relaxar.

— Obrigado. Tivemos uma temporada incrível. E eu tenho uma excelente agente que gosta de jogar essas modelos ou, quem quer que seja a atriz do momento, em cima de mim. É bom para a minha imagem, você sabe.

Ela recostou-se para estudá-lo.

— Sim, eu entendo que isso o coloca em destaque nos noticiários de entretenimento. E, possivelmente, faz com que mais pessoas vão aos seus jogos.

— Exatamente. Mas é cansativo. E quem sabe, pelo menos uma vez, eu só gostaria de estar com alguém que não seja...

— Famosa? Ligada a esse meio? Que não vá arrastá-lo para as manchetes dos tabloides?

Ele riu.

— Bem isso. Alguém com quem eu possa conversar, conversar de verdade. E esteja comigo porque quer estar, não porque seja bom para a carreira dessa pessoa.

Ela sempre invejou pessoas como Mick Riley e as mulheres nos braços dele. Talvez ela nem devesse.

— Parece que você não se diverte muito.

— Ah, no campo eu me divirto muito. Fora dele...

— Ah, qual é. Não pode ser tão sofrido ter todas aquelas mulheres bonitas.

O peito dele subiu ao respirar fundo, e Tara queria que ele não estivesse de smoking. Ela assistia a todos os jogos do Sabers. De uniforme, Mick era algo espetacular. Ele tinha um corpo atlético incrível. E quando ela o encontrou no vestiário, à tarde? Uau. Ela não sabia que existiam corpos esculpidos assim. Tinha que admitir que não se importaria em fazer uma inspeção mais... minuciosa. Isso a tornava fútil?

Provavelmente.

— A maioria das pessoas não entende por que eu me queixo de namorar uma modelo que foi capa da Sports Illustrated, ou uma atriz popular sem um único defeito. Às vezes, até eu me questiono.

— Nem tudo é sobre aparência. É certo que atração física é a porta de entrada, mas tem que haver algo a mais se você quiser manter a relação.

Ele inclinou a cabeça de lado.

— Você entende.

— Mas é claro. Gosto de um homem bonito tanto quanto qualquer mulher. Mas tem que ter conteúdo além da boa aparência. Algo que me faça continuar voltando por mais. Caso contrário, você acaba se sentindo vazio.

— Eu não tenho esse tipo de conversa com as mulheres com quem saio.

— Você já tentou?

— Você quer dizer se tentei conversar com elas além de só fazer sexo?

— É.

— Sim. Já tentei. Não fomos muito adiante. Elas estão mais interessadas em falar sobre si mesmas e suas carreiras. Não demora muito para eu ficar entediado e ir embora.

Ela sorriu para ele.

— Talvez só não tenha conhecido a mulher certa.

— Provavelmente porque nunca a procurei. — Ele ficou de pé, estendeu a mão. — Vamos dançar.

Uma onda de pânico a atingiu.

— Ah, eu não posso.

— Por que não?

— Outra vez, porque estou trabalhando.

— Bobagem. — Ele a puxou e, impotente, ela o acompanhou quando abriu a porta e a levou de volta ao salão, passando por entre as pessoas, até a pista de dança. Então a puxou para mais perto, deslizou o braço pelas costas dela e a segurou firme.

Que oportuno. Uma música lenta. As luzes diminuíram e os casais, imediatamente, se uniram intimamente. Ela se encolheu, certa de que estava sendo o centro das atenções, mas quando deu uma rápida espiada ao redor, ninguém parecia estar olhando para eles. Talvez não fosse incomum Mick pegar mulheres aleatórias para dançar. Ela rezou para que a imprensa estivesse do lado de fora entrevistando outra pessoa ou fotografando Katrina Strauss, a atual queridinha de Hollywood. Pelo menos, provavelmente, ela estava a salvo das câmeras.

Mas Tara tinha certeza de que em algum momento alguém da gerência a arrastaria para fora da pista de dança e a despediria. Ela olhou pelo salão e tentou achar o Sr. Stokes ou o assistente dele ou até outra pessoa qualquer da equipe, mas a pista de dança estava lotada.

— Ei, dá pra relaxar?

Ela dirigiu o olhar a Mick.

— O quê? Oh, me desculpe. Estou me sentindo um pouco culpada.

— Por dançar?

— Você está aqui para comemorar. E eu para trabalhar.

Ele deslizou a mão pelas suas costas e ela desejou não ter colocado um vestido tão revelador. A sensação quente na sua pele nua quase a fez perder o raciocínio.

— Você está trabalhando. Está fazendo a felicidade dos convidados.

— Engraçadinho. Estou fazendo a felicidade de um convidado.

— Os outros convidados não me parecem tristes. Relaxe. — Ele a puxou para mais perto e rodopiou na pista com ela. Ele tinha um excelente ritmo para alguém tão alto e forte. Ela esperava que um jogador de futebol fosse mais desajeitado, mas ele dançava com muito conhecimento.

— Você dança muito bem.

— Fiz aulas de balé.

Ela inclinou a cabeça para sondar o rosto dele, certa de que ele estava brincando.

— Não acredito!

— É sério! A maioria do time fez. É bom para a coordenação.

Resistindo à risada que borbulhava na garganta, ela disse:

— De maneira alguma eu consigo te imaginar usando meia-calça e tutu.

Ele caiu na gargalhada.

— A gente teve o cuidado de que ninguém com câmera ou celular chegasse a quilômetros do estúdio.

Quanto mais tempo passava com ele, mais gostava. Droga. Por que ele não era um filho da puta arrogante e convencido que só falava da carreira e status? Seria muito mais fácil repeli-lo se ele fosse egocêntrico. Mas além de lindo, também era engraçado e estava interessado nela e na carreira dela. De fato, ela estava gostando de ficar com ele.

E quanto tempo fazia que ela não dançava juntinho? Já nem se lembrava mais. O que significava um longo tempo. Era bom sentir a mão quente dele nas costas, unir as mãos, sentir a pressão das coxas dele nas dela enquanto a conduzia com habilidade pela pista de dança. Ele tinha um cheiro bom, igual a pinheiros e ar livre. Ela se inclinou um pouco e inalou, espantada com o tamanho dele.

E quando ele a mergulhou ao final da dança, seus lábios se separaram e ela soltou um pequeno suspiro.

— Aposto que você não aprendeu isso na aula de balé.

Ele a endireitou, um brilho malicioso nos olhos.

— Não conte pra ninguém, mas minha mãe é professora de dança. Devo ter aprendido algumas coisas assistindo as aulas dela.

— Sua mãe é professora de dança? De dança de salão para adultos?

Ele colocou gentilmente sua mão na dobra do braço dele, levando-a de volta para a mesa, puxando uma cadeira para ela sentar.

— Não, ela é “professora-que-ensina-crianças-pequenas-a-dançar”.

Ela viu o orgulho nos olhos dele e seu coração enterneceu um pouco.

— Que profissão maravilhosa. Tenho certeza de que ela adora o que faz.

— Adora. Embora tenha ficado desapontada por ter dois filhos que preferem estar no campo, jogando futebol e beisebol, do que se tornarem o próximo Baryshnikov.

— Que tristeza...

— Ela foi compensada pela nossa irmã caçula, que foi forçada a aguentar todas as aulas de dança. — Tara riu.

— Ela também não queria dançar?

— Ah, quando era criança fazia as aulas sem reclamar, embora preferisse ser derrubada por mim e pelo meu irmão. Ela é bem durona.

Tara inclinou-se para frente e colocou os cotovelos na mesa.

— Você parece ter uma família incrível.

— Tenho. E como é a sua?

Aí estava um assunto que ela não queria discutir.

— Ah, nada igual à sua.

— Fale-me sobre eles.

Claro, isso o faria fugir num piscar de olhos.

— A minha família não é o “lar doce lar” que a sua parece ser.

Ele riu e colocou a mão sobre a dela.

— Nem todas são, querida. O que não significa que eu não queira saber sobre a sua vida.

Sério, ele não ia querer saber da vida dela e a confusão que a sua família era. Felizmente, o serviço de Buffet usou aquele momento para bipar com um problema. Ela colocou a mão no ouvido e levantou.

— Preciso ir.

— Alguma emergência?

— Sim. Obrigada pela dança. Foi uma pausa agradável.

— Volte depois de verificar o problema que precisa resolver.

— Com certeza até lá você já terá encontrado outra mulher para se divertir.

Ele se recostou na cadeira e pegou um copo de água, o olhar que deu a ela, fez seus braços arrepiarem.

— Não, não mesmo. Vou esperar por você.

Ela correu, aquecida até os dedos dos pés, por Mick Riley. Seria perigoso conhecer melhor esse homem. Mas ele a intrigou, e fazia muito tempo desde que outro homem teve tal feito.

Infelizmente, só horas depois é que ela foi liberada novamente. O serviço de Buffet ficou sem uma das carnes, o barman principal teve um colapso sobre uma garçonete que decidiu no último minuto brigar com o namorado por mensagem de texto e foi embora às lágrimas, e Tara teve que fazer algumas ligações desesperadas para conseguir resolver cada um dos problemas e acalmar os ânimos. Quando tudo tinha sido resolvido, ela precisou dar mais uma volta para se certificar de que nenhum outro incêndio havia começado.

Naquele ponto, a festa tinha acalmado. Muitas pessoas tinham ido embora, e apenas alguns festeiros permaneciam. O assistente pessoal do Sr. Stokes a parou para dizer que ele estava muito satisfeito com a festa, e que provavelmente voltaria a trabalhar com a empresa dela de novo. Ela segurou um grito de entusiasmo e agradeceu calmamente, dizendo que ficaria feliz em organizar eventos a qualquer momento. Com sorte, ele a recomendaria para outras pessoas. Ela precisava que seu negócio prosperasse.

Duas horas depois, de fato, a festa tinha acabado. Tara conferiu se a banda tinha guardado tudo e os agradeceu, assim como fez com a equipe do bar e o serviço de Buffet, pelo excelente trabalho.

Assim que saíram, ela olhou pelo salão vazio, incapaz de segurar o sorriso. Tinha conseguido. Seu primeiro grande evento, e ela o conduziu perfeitamente.

Seus pés estavam doendo. Ela caiu sentada na cadeira mais próxima, tirou os sapatos e abriu uma garrafa de água mineral que tinha pegado no bar antes de fecharem. Ela tomou um longo gole e suspirou.

— Pensei que a festa jamais acabaria.

Ela se endireitou abruptamente na cadeira e virou de lado, vendo Mick atravessar pelas fileiras de mesas vazias.

— E eu pensei que você tivesse ido embora há horas.

Ele puxou uma cadeira e se sentou na frente dela, deixando-a estupefata quando pegou suas pernas e colocou os pés no colo dele.

— Eu e alguns dos atacantes ofensivos acabamos ficando no quarto do treinador por algumas horas, relembrando da última temporada.

— Ah. E como foi?

Ele ergueu um de seus pés e começou a massagear o arco. Ela mordeu o lábio para não gemer, de tão bom que era.

— Acabamos culpando a defesa pela perda do campeonato. — Ela riu.

— Que conveniente. — Ele deu de ombros.

— A defesa, provavelmente, estava no quarto do coordenador defensivo nos culpando, então, por que não?

Ela queria dizer que tinha sentido falta dele e que, casualmente, o procurou enquanto andava pelo salão, mas não conseguiu admitir isso em voz alta. Pareceria muito desesperada. Ela mal o conhecia.

Por outro lado, seus pés estavam no colo dele e estavam sendo tão deliciosamente massageados, que fez seus mamilos formigarem e a calcinha umedecer. O que pensariam dela?

Pensariam que a Califórnia não era o único lugar que havia tido seca nos últimos anos. E ela estava sozinha em um enorme salão de baile com um homem muito sexy com mãos incríveis. Ela se questionou sobre o que mais ele poderia fazer com aquelas mãos maravilhosas.

— Você não precisa massagear meus pés.

— Eu vi você estremecer quando tirou os sapatos. E a ouvi suspirar.

— Foi uma longa noite com esses saltos bem altos — disse com uma risada. — Admito que sou mais do tipo que prefere jeans e rasteirinhas.

Ele inclinou a cabeça de lado.

— Definitivamente, consigo te ver dessa maneira. Também sou assim.

— Jeans e rasteirinhas? — Ele riu.

— Ah, não. Mas este smoking está me matando. — Ele afrouxou a gravata, desabotoou os primeiros dois botões e depois tirou o casaco. — Agora melhorou um pouco.

— Se vai começar a tirar a roupa, talvez devesse ir para casa — Ela o provocou.

— Por quê? Nunca viu um homem nu antes?

Ela abafou uma risada.

— Não, não é isso. Mas não acho que este mausoléu enorme, usado para um baile, vai te oferecer privacidade para tirar tudo o que deseja.

— E como sabe o quanto eu quero tirar?

Ela abaixou a cabeça, sem graça, e a sacudiu.

— Estou cavando um buraco cada vez mais fundo, né?

— Você tem que ir em algum lugar agora?

Sua cabeça ergueu-se, e o olhar dela encontrou o dele.

— Não. Por quê?

— Venha comigo. — Ele colocou de volta os pés dela no chão, curvou-se e recolheu os sapatos, então pegou o casaco e o dobrou sobre o braço.

Tara o seguiu, saindo do salão.

— Onde estamos indo? E eu não deveria colocar os sapatos?

— Não. Não vamos sair do hotel. — Ele pressionou o botão do elevador.

— Você reservou um quarto aqui?

— Todo mundo faz isso. O time não queria que os caras dirigissem depois da festa. Sabe, né, no caso de ter excessos por causa de todo o álcool que você forneceu.

Tara entrou enquanto ele segurava a porta aberta para ela.

— Não me lembro de ter visto você beber qualquer coisa além de água.

Ele deu de ombros e pressionou o botão.

— Não sou de beber muito em eventos como este. É uma grande oportunidade de fazer papel de babaca total em público. E a imprensa adora tirar fotos de jogadores festejando um pouco além da conta.

Ela se virou para ele.

— Você prefere fazer isso em privado, então?

— Engraçadinha... — As portas do elevador abriram e ele a conduziu pelo corredor, tirando o cartão-chave do bolso —, prefiro não fazer nada disso. Fiz tudo o que tinha que fazer quando era mais jovem.

Ele abriu a porta e a manteve aberta para ela entrar. O hotel era um dos melhores de São Francisco, o quarto era agradável. Bom mesmo. Uma suíte, na verdade, com sala e corredor que levava ao quarto. Tara caminhou até a janela e, enquanto esfregava os braços, olhou para a vista de matar do horizonte da cidade.

— Com frio? — Ela se virou para encará-lo.

— Um pouco.

Ele colocou o casaco do smoking sobre os ombros dela.

— Vista. Vou ajustar a temperatura.

Ela deslizou os braços no casaco, que era comprido demais para ela, mas a aqueceu instantaneamente. O perfume dele a envolveu e ela puxou mais o casaco, abraçando-o. Ela virou de frente para ele.

— Obrigada.

— De nada. — Os dedos dele pousaram sobre as lapelas do smoking, as juntas descansando nas ondulações de seus seios. Embora o tecido estivesse separando as mãos de sua pele, ela ainda sentiu a pressão delas ali, e isso a aqueceu mais do que o casaco. Seu coração disparou e ela se deu conta de que estava no quarto dele. Sozinhos. Ela não fazia esse tipo de coisa, não seguia homens que não conhecia para seus quartos. E não era facilmente atraída pela fama, portanto, quem ele era não significava nada para ela.

Onde foi parar o bom senso dela?


Mick já tinha ficado com muitas mulheres ao logo da vida. Da faculdade ao futebol profissional, as mulheres o cercavam como se ele fosse um ímã irresistível. E nunca dispensava uma bela mulher que quisesse transar com ele.

Resumindo: ele nunca tinha corrido atrás de mulher. Até hoje à noite, até ver Tara encostada em uma parede no salão, sem participar, apenas observando. O brilho de seu vestido cor champanhe refletia a luz dos lustres, e todas as velas brilhavam ao seu redor como se ela fosse a atração principal do evento.

Ele ficou fascinado por ela desde o primeiro momento em que a viu, horas mais cedo, do lado de fora do vestiário. Odiou ter perdido a oportunidade de conhecê-la, então encontrá-la no salão, à noite, lhe pareceu obra do destino.

Ela foi educada e não ficou em cima dele quando se apresentou. E caramba, ele gostou daquilo. Muito. Surpreendentemente, muito mesmo. Especialmente quando ela se afastou dele. As mulheres tendiam a agarrá-lo como se ele fosse o Santo Graal, e quando conseguiam, nunca o soltavam. Disso, ele não gostava. Mas Tara realmente parecia mais interessada em fazer o trabalho dela do que em estar com ele. Isso foi revigorante.

Então ele se afastou e observou. Ela era boa no trabalho. Eficiente. Notou duas assistentes trabalhando com ela, às quais tratava com igualdade. Sem intimidar e menosprezar como se fossem inferiores. Mas quando dava ordens, as pessoas a obedeciam e bem rápido. Sem dizer que ela parecia mais disposta a colocar a mão na massa do que realmente precisava. Ela abriu garrafas de vinho com eficiência, dobrou guardanapos, orientou uma nova garçonete sobre quais mesas deveria servir e acalmou um barman bem agitado com tranquilidade e mais paciência do que Mick jamais imaginasse ter.

Ele gostou de vê-la andando de saltos altos, o balançar suave da saia dando vislumbres do quão espetacular suas coxas deviam ser. Ela era magra, mas não muito. Tinha jeito de quem comia três refeições de verdade por dia, ao contrário das muitas mulheres com as quais ele foi forçado a passar um tempo. Ela tinha curvas em todos os lugares certos e ele ficou fascinado pelo pescoço, que estava bem visível já que o cabelo loiro estava penteado elegantemente para cima, o que não combinava com ela. Apostava que ela normalmente usava o cabelo solto ou preso em rabo de cavalo ou até mesmo em um daqueles coques bagunçados presos por palitos. Ela não parecia ser o tipo de mulher que ficava remexendo no cabelo para que ficasse perfeito. Tinha lábios carnudos e rosto estreito, e os olhos castanhos mais bonitos que ele já tinha visto.

Mas o que mais gostou sobre a noite, foi conversar com ela. Uma pessoa verdadeira, sem interesse em promover sua carreira ao ser vista em seus braços, uma mulher realmente honesta. Graciosa e entusiasmada com a própria carreira. Nenhuma vez ela procurou pela imprensa para que fotos fossem tiradas dela com Mick. Pelo contrário, fez de tudo para evitar que a mídia os visse juntos.

Era bom estar com ela naquele quarto. Não estava com pressa, nem tinha para onde ir pelo resto do fim de semana. Fazia muito tempo que ele realmente quis ficar com uma mulher – inferno, alguma vez ele quis mesmo estar na companhia de alguma mulher em particular? Não conseguiu pensar em nenhuma. Dar uma aliviada? Sim! Passar o tempo! Com toda certeza. Alguém que Elizabeth enfiava em seu braço para a imagem pública dele – a porcaria do tempo todo. Mas nenhuma mulher o tinha atraído a ponto de querer mesmo estar com ela. Todas tinham entrado e saído de sua vida igual a um “entra e saí” de uma maldita porta giratória. Rostos e nomes se misturavam num borrão e ele não conseguia lembrar-se de ao menos uma, além de ter saído e transado com algumas. Ele as esquecia tão facilmente quanto elas o esqueciam.

Agora, Tara, ele definitivamente se lembraria.

Havia algo sobre ela que o fez querer fazer mais do que apenas transar.

Exceto que nesse exato momento ele queria mesmo era beijá-la, tocá-la e a deixar nua para explorar o resto de pele e ver se era tão macia quanto as partes que já tinha tocado.

Calma, homem. Não seja precipitado.

Ele não queria assustá-la. Ela era diferente de todas as mulheres que ele já tinha conhecido. E pela primeira vez na vida, não queria que o tempo passasse rápido demais. Ele queria que a noite se estendesse.


Mick tinha falado muito nos últimos minutos, ele parecia satisfeito em apenas ficar ao lado dela, olhando pela janela. Tara pensou que fosse se sentir desconfortável, mas não ficou. Havia algo de especial nele, algo que notou desde o início, que não tinha nada a ver com a carreira e, sim, como o homem que ele era. Ela gostou de Mick mais do que qualquer outro homem em um longo tempo. Já que o final de semana era todo dela, por que não desfrutá-lo?

— Gostaria de um pouco de champanhe? — Ele apontou para o balde de gelo. — Foi entregue mais cedo. Acho que todos do time receberam um em agradecimento.

— Adoraria uma taça.

Ele abriu a garrafa e a serviu. Ela tomou um gole, as bolhas fazendo cócegas no nariz.

— É uma delícia. Não vai tomar?

— Não sou muito chegado, gosto mais de cerveja.

Ela soltou uma gargalhada.

— Eu também.

— Ah, é? Você está vestida como uma mulher digna de champanhe. Seu vestido brilha e até combina com a bebida.

Ela olhou para o elegante e sofisticado vestido. Admitia que o adorava. Com alças superfinas, o corpete aprofundava sobre a elevação dos seios, abraçando-os firmemente. Caía bem nela e era o seu favorito.

— Só quando trabalho em eventos como este. Acredite, e nem tenho estoque de champanhe na geladeira. Apenas cerveja e refrigerante.

— Fritas e cachorros-quentes? — Ela riu.

— São meus favoritos. Lamento te dizer que essa elegância só faz parte do meu trabalho. Normalmente, você vai me ver descalça, de jeans e com o cabelo preso em um rabo de cavalo.

Ele analisou o seu penteado quase perfeito.

— Então, você não usa esse penteado elaborado com frequência?

— Raramente. Vai ser um inferno tirar todos esses grampos do cabelo.

— Quer que eu ajude?

Calor a envolveu.

— E acabar com a minha imagem de Cinderela? Acho que não.

— Tudo bem, Cinderela. Seu segredo está seguro comigo.

Ela bebericou o champanhe e tentou não olhá-lo abertamente, mas era difícil, considerando que estavam apenas os dois no quarto e com uma bela vista da cidade. Ela olhou fixamente pela janela, ainda se perguntando que diabos estava fazendo ali com Mick Riley.

Ele veio por trás dela.

— Você é uma bela mulher, Tara.

Ela se virou para ele, querendo muito que ele a conhecesse verdadeiramente. Mas não seria possível, pois a verdadeira Tara estava a anos-luz do mundo dele.

— Eu não costumo seguir homens estranhos até seus quartos de hotel.

Ele sorriu para ela.

— Não? Droga, e eu pensando que tinha a noite garantida com você.

Tudo o que ele dizia a fazia rir ou a excitava. Até agora ela não entendia porque alguma mulher não o tinha agarrado pelos cabelos e o arrastado de volta para a “caverna”? Tinha que haver alguma falha na armadura desse cavaleiro.

— Desculpa. Você devia ter escolhido uma das atrizes ou modelos.

— Não estou interessado nelas. Elas têm planos secretos.

— O que te faz pensar que eu não tenho?

— Porque eu cheguei em você. Não o contrário.

— Talvez isso faça parte do meu plano maligno.

— Querida, acho que não existe um pingo de maldade em você.

— Não sou nem um pouco inocente, Mick.

Ele tirou a taça da mão dela e a colocou na mesa, em seguida agarrou a lapela do smoking e a puxou para mais perto.

— É mesmo?

Calor líquido correu por suas veias, fazendo-a se abrir para desejos e emoções que não sentia há muito tempo. Normalmente ela se fechava para os homens. Ocupada demais. Muitas outras prioridades. Mas nesse exato momento, não havia outra prioridade a não ser a sensação dele, nela. Ela encostou-se ao corpo dele e inclinou a cabeça para trás, dando sinal verde.

— É.

Ele mexeu os dedos e o fogo que provocou começou a queimar ainda mais intensamente. Havia um crepitar mágico entre eles. Ela seria burra se rejeitasse essa sensação, mesmo que por apenas uma noite. E era tudo o que podia ser – apenas uma noite –, então por que não aproveitar a chance? Quem sabia quando algo tão bom assim aconteceria de novo? Do jeito que sua vida era estruturada, provavelmente nunca. E ela teria essa única noite intensa para guardar e lembrar para sempre.

— Eu não a trouxe aqui para te seduzir, Tara. Só queria passar mais tempo com você.

Ela cobriu as mãos dele com as dela.

— Talvez eu esteja te seduzindo. Você não vai querer ferir meus sentimentos, me rejeitando, não é?

Os lábios dele se curvaram.

— Eu jamais faria isso.

— Então me beije.

Ela viu o olhar dele faiscar quando a puxou e pressionou os lábios nos dela.

Ah, o contato. Uma explosão de calor e fogo puro a derreteu de dentro para fora. Oh, uau, era tudo o que ela imaginou, e muito mais. Ternamente os lábios dele roçaram os dela, depois a boca a dominou enquanto aprofundava o beijo. A língua deslizou entre os dentes para capturar, deslizar e lamber enquanto as mãos pressionavam as curvas do corpo suave.

De repente, Tara não conseguiu respirar. Era como ser beijada pela primeira vez quando razão e emoção se misturaram com tudo o que o corpo sentia. Só que nem ela e Mick eram mais crianças. Estas eram mãos de um homem em seu corpo e, os desejos, de uma mulher. E o que estavam fazendo não ia parar com um beijo. Ela já sabia disso, já sabia onde terminaria essa noite.

Cinderela não ia para casa antes de voltar a ser uma criada obstinada, descalça e de jeans.

E ela não se importava.

 

 

2

Mick não mentiu sobre sua intenção em levar Tara para o quarto; ele realmente queria passar um tempo apenas conversando com ela. Mas ela, obviamente, queria mais – ou precisava de mais – e ele estava mais do que feliz em satisfazê-la. Ao deslizar a língua para dentro do calor de sua boca, sentiu o gosto de champanhe e hortelã, o que fez suas bolas comprimirem dolorosamente.

Ela estava tão excitada quanto ele, a boca se movendo sob a dele, o corpo se transformando em uma bola de energia enquanto a mão, ansiosa, desabotoava a camisa dele. Os corações dos dois batiam descompassados. Ele se questionava se ela conseguia sentir o dele, se acabaria rindo por ele estar envolvido. Não era nada tão extraordinário. Mulheres se atiravam nele o tempo todo. Ele já estava cansado desse tipo de coisa. Mas ela era totalmente diferente das outras com as quais tinha saído. Era revigorante, excitante e... natural.

Ela interrompeu o beijo.

— Seu coração está acelerado. — Ela colocou a palma da mão no peito dele. — Pensei que a única ansiosa seria eu.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Você acha que não fiquei afetado pelo seu beijo?

Ela deu de ombros.

— Provavelmente um monte de mulher te beija todos os dias.

Ele riu, e depois a conduziu para o sofá com ele.

— Todo dia, não. E você não é uma mulher qualquer.

Ela colocou as pernas no colo dele.

— Ah, entendi. Eu sou especial.

— Você é.

— Sério? De que forma?

— Você não é famosa.

Ela jogou a cabeça para trás e riu, então subiu o vestido, revelando as coxas, e sentou no colo dele, uma perna de cada lado. Exatamente como imaginou, as coxas dela eram de matar.

— Nossa, com certeza você sabe como elogiar uma mulher.

Ela passou os braços em volta do pescoço dele e se inclinou, os seios roçando no peito forte.

Ele realmente queria passar mais tempo conversando, mostrar que a razão principal de estar ali não era transar.

Mas com o corpo dela colado ao dele, o cheiro do xampu – algo doce que o fez querer lamber a pele –, ele ligou o foda-se. A prioridade agora era, sim, transar com ela. Ele acariciou as suas costas, fazendo o caminho pelo tecido macio do vestido cintilante. Então enfiou a mão por dentro e, definitivamente, preferiu a pele.

Tara gemeu e se aproximou, como se quisesse rastejar para dentro dele.

Ah, sim. Isso o aqueceu. E agora estava pronto para entrar no jogo. Levou a mão até o cabelo dela e começou a tirar os grampos. Ela inclinou a cabeça para trás e abriu um sorriso.

— Você está determinado a destruir a minha imagem de Cinderela, não é?

Ele puxou um grampo dourado e o deixou cair no chão, depois mergulhou na suavidade do cabelo para tirar outro.

— Se você ficar mais bonita, acho que eu morro.

Ela arqueou as sobrancelhas.

— Você é muito bom nisso.

— Minha irmã gostava de arrumar o cabelo.

— Não, não é isso. Você é bom com as palavras.

Ele fez que não com a cabeça.

— Nada de palavras. Juro. Você é linda.

Ele teve a impressão de que ela não acreditou nele. Era óbvio que nos últimos tempos ninguém tinha dito a ela o quanto era impressionante. Uma vergonha, já que a honestidade exposta em seus olhos podia fazer um homem ceder ao que ela quisesse. Tirou o último grampo do cabelo dela, soltando e deixando-o cair sobre o pescoço e rosto.

— Maravilhoso. Macio. — Ele inalou. — Pêssegos.

Ela riu, e o som vibrou em seu peito.

— Não conheço nenhuma mulher que cheira igual a pêssegos.

— Esse xampu vende no Walmart.

É, ele poderia gostar de verdade dessa mulher.


Tara respirava com dificuldade, inspirando e expirando repetidamente. Hiperventilar e desmaiar seriam a coisa mais constrangedora que poderia acontecer agora, mas o rosto de Mick estava enfiado em seu pescoço, o qual era uma de suas zonas mais erógenas. Se ele a lambesse ali, ela o atacaria.

Quando sentiu a língua dele deslizar por sua garganta, estremeceu toda. Mick a apertou em seus braços, em seguida o desgraçado fez aquilo de novo. Arrepios correram por sua pele, o desejo rugindo feito fogo dentro dela. Os mamilos enrijeceram, loucos para que a boca dele fizesse com eles o que estava sendo feito no pescoço. Conseguia até imaginá-lo passando a língua ali enquanto o observava. Então levantaria o vestido, deslizaria a mão para dentro da calcinha e esfregaria o clitóris pulsante até que o orgasmo que tão desesperadamente precisava a fizesse gritar.

Droga, fazia muito tempo que a sua única companhia eram o vibrador e os filmes da madrugada. Mas essa noite ela não se masturbaria. Hoje à noite, Mick a faria gozar e, se seu desejo fosse realizado, não seria apenas uma vez.

Ela quase riu diante do ousado atrevimento. É que ela não era daquele jeito, mas caramba, queria Mick e se recusava a pedir desculpas por ser uma mulher no auge da vida sexual que não fazia sexo há muito tempo. E estava sendo abraçada e beijada por um dos melhores exemplares masculinos da humanidade que já tinha visto – um homem que por algum motivo parecia realmente a querer. De jeito nenhum ia pensar duas vezes ou deixar passar essa oportunidade.

Mick segurou seu cabelo, massageando o couro cabeludo de um jeito nada medicinal. Era sensual, com a intenção de deixá-la quase louca de desejo. E, ah, ela estava sim, sentindo aquele desejo todo.

Sua outra mão repousava na parte baixa das costas, os dedos tocando na parte superior da bunda. Tara sentiu a ereção quando se mexeu em seu colo, e a calcinha umedeceu como se essa fosse a primeira vez que chegava perto de um pênis.

Sentiu como se fosse a primeira vez – a primeira em muito, muito tempo. Ela pensou que se privar daquilo fosse uma boa ideia, considerando a situação. Nesse momento, não parecia sábia de forma alguma. Sentia-se tola por ter se esquecido do quão maravilhoso era estar íntima assim, ser beijada e tocada por um homem.

Ela se segurou nos ombros dele e inclinou para trás, observando seu rosto, querendo memorizar como ele era bonito. Seus olhos eram de um tom azul hipnotizante, igual a um oceano distante que ela provavelmente jamais visitaria. Não era de se admirar que as mulheres se debatessem para chegar perto dele. Ele tinha as feições rudes e lábios carnudos macios, que não pareciam pertencer a um rosto tão masculino. O nariz era um pouco torto, deixando o rosto inacreditavelmente impecável, apenas um pouco menos perfeito. Ela gostava disso. Impecável demais e ela se sentiria inadequada.

— Você está me encarando.

A respiração dele estava pesada. Assim como o pau estava duro. Ela gostava disso também.

— Não consigo evitar. São os olhos. O rosto. O corpo. Caramba, é o pacote completo, Mick. Você é lindo.

Ele inclinou a cabeça de lado, franzindo a testa.

— Homens não são lindos. Mulheres são. Você é.

Ela sabia que não era, mas, e daí, seguiria o fluxo dessa noite dos sonhos. Especialmente quando ele levantou, deslizando as mãos sob a bunda dela para levantá-la. Ela envolveu as pernas nos quadris dele, o vestido subindo mais ainda. A temperatura da sala ficou um pouco mais alta enquanto ele caminhava pelo corredor, sem tirar os olhos dos dela uma única vez.

Ele a fez se sentir especial, e há muito tempo ninguém fazia isso por ela.

Empurrou a porta com o ombro e Tara teve um vislumbre do céu noturno sem nuvens através das amplas janelas antes de Mick colocá-la no meio de uma incrível e macia cama king size. Ele ficou sobre ela, as mãos posicionadas em ambos os lados dos ombros, apoiando-se a meros centímetros, fazendo-a se inclinar para roçar os seios no seu peitoral.

— Provocadora.

— Quem está provocando é você. Venha aqui e me beije — disse ela, precisando sentir o corpo dele pressionando no dela.

— Sou grande demais para ficar por cima de você.

Grande. Por cima. Ora, se essas imagens não a deixaram molhada. Ela espalmou a mão na nuca dele e o puxou para baixo.

— Acho que dou conta.

Mick soltou um rosnado e o peso, o corpo dele pressionado ao dela. Ela se deu conta do tamanho dele quando se deitou totalmente em cima, mas percebeu pela tensão em seu corpo que ele segurou a maior parte do peso. Ainda assim, a pressão do corpo de um homem sobre o dela era algo tão bom que sentiu vontade de chorar. Sentiu a ereção roçar nas coxas e uma onda de calor a envolveu, o que a fez esfregar-se nele, arqueando na direção do que ela queria mais do que qualquer outra coisa.

— Tem certeza disso?

Ela adorou que ele tenha perguntado e emoldurou o rosto dele com as duas mãos.

— Definitivamente, positivamente, certeza absoluta!

Seus lábios cobriram os dela, e toda relutância foi embora quando ele tomou posse, a língua a invadindo. Ele gemeu com um desespero evidente que a surpreendeu. Com certeza ele fazia isso o tempo todo. Quem deveria estar desesperada era ela, porque certamente não fazia isso o tempo todo.

Sua boca era uma incrível obra de arte, carnuda, macia e devastava seus sentidos. Ele deslizou os lábios por todos os lados da boca enquanto a língua transformava o cérebro dela em uma desordem. E as mãos eram os próprios soldados do diabo conforme se moviam sobre ela, pressionando suavemente para navegar em cada uma das curvas, dos lados, até os quadris, deslizando por baixo para segurar sua bunda.

Tara resistiu ao impulso de subir em cima dele e deixá-lo nu para lambê-lo e fazer o que quisesse com ele em questão de segundos. Percebeu que precisa ter uma certa finesse, mas Deus Todo Poderoso, ela queria esse homem pra ontem. E parecia que ele não tinha um pingo de pressa enquanto se deliciava nos lábios dela, as mãos vagando pelo corpo como se pretendessem mapear cuidadosamente cada centímetro com as pontas dos dedos. E, ah, como era bom. Seu corpo estremecia em resposta, pulsando e umedecendo em todos os lugares certos, mas estava com dificuldade para respirar.

— Você está bem? — perguntou ele quando afastou os lábios dos dela.

— Sim. Estou. Por quê?

— Sua respiração está um pouco alterada. — Ele colocou a palma da mão sobre ela, os dedos descansando bem abaixo do seio.

— Você me tocando assim não vai fazer a minha respiração acalmar.

Ele arqueou uma sobrancelha, apoiou-se num cotovelo e cobriu seu seio com a mão.

— Tenho a impressão de que já faz tempo pra você. Quer que eu vá mais devagar?

— Sim, faz tempo. Que gentil você notar. E, meu Deus, não, eu não quero que vá mais devagar. Gostaria que já estivéssemos nus.

Seus lábios se curvaram.

— Então está me dizendo que as coisas estão indo devagar demais?

— Você está me torturando, Mick.

— Deixa eu ver se consigo acelerar um pouco as coisas pra você. — Ele a empurrou mais para cima, na cama, até sua cabeça estar no travesseiro, e depois abriu as pernas e rastejou entre elas.

É exatamente isso o que ela precisava. Talvez eles nem se incomodassem em tirar as roupas. Só precisava dele dentro dela. Agora.

Mas ele não desabotoou a calça ou partiu para cima dela. Em vez disso, deslizou os dedos mágicos, que brincaram com o vestido e deslizaram pelas coxas, levantando-o enquanto os lábios traçavam a trilha deixada para trás.

Santo Deus. Ele realmente estava tentando matá-la, não é? O vestido subiu para o topo das coxas, expondo a calcinha que ela cuidadosamente escolheu para combinar com o vestido, embora tivesse rido ao pensar que ninguém jamais a veria.

Agora estava feliz por tê-la escolhido, porque Mick ergueu a cabeça e sorriu ao ver a minúscula calcinha dourada de renda e seda, a única barreira entre sua boca e a boceta. — Isso sim é bonito. — Ele colocou a mão sobre o sexo dela e esfregou para frente e para trás.

Faíscas pulsantes de prazer propagaram-se do clitóris à boceta e ao longo de cada terminação nervosa do corpo. Ela começou a tremer quando percebeu o quão perto estava. Tara se apoiou nos cotovelos e arqueou a pélvis, pressionando na mão dele.

— Eu poderia gozar com você fazendo apenas isso.

A mão dele parou, mas a palma contra seu sexo a deixou ainda mais molhada.

— Rápido assim? Uau!

Ela o encarou.

— Rápido assim.

— Queria que você gozasse na minha boca, Tara. Tente se segurar. — Ele afastou o tecido de lado e plantou a boca ali. De repente, ela sentiu uma sobrecarga com os lábios e língua dele deslizando em seu sexo, lambendo os fluídos, entrando nela e circulando ao redor do clitóris.

Um prazer esmagador sem sentindo a pegou de surpresa, quase fundindo-a ao colchão. Ela estendeu a mão para enroscar os dedos nos cabelos dele, perdida no tsunami de sensações que não conseguia conter.

— Mick — sussurrou ela, então mordeu o lábio, cumprindo sua promessa. Ondas quentes do orgasmo correram por ela que gritou conforme encharcava o rosto dele com seu gozo. Caiu de volta nos travesseiros, sobrevivendo a um orgasmo entorpecente que a atravessou em ondas implacáveis. Mick segurou seus quadris e continuou lambendo e chupando o clitóris e a boceta até ela não aguentar mais. Então, ele se afastou e beijou suas coxas enquanto ela desfrutava de alguns tremores remanescentes incríveis, recuperando o fôlego.

— Uau — disse ela quando conseguiu falar. — Foi realmente incrível.

— Agora que você resolveu a questão da pressa, vamos com calma para o segundo round.

— O quê?

Mick ignorou a pergunta. Estendeu a mão até as tiras da calcinha, arrastando-as, passando pelo bumbum e depois pelas pernas. Quando a calcinha saiu, ele usou os ombros para afastá-las.

— Você tem uma boceta linda, Tara. Rosada e molhada, e o gosto doce me deixa de pau duro.

E de repente, ela estava excitada e pronta novamente. Só de vê-lo ali, entre as suas pernas, a fez estremecer de ansiedade. Ele estava certo. Ela tinha ido direto ao orgasmo sem tempo de desfrutar completamente do tipo de magia que ele tinha produzido. E gostaria daquela oportunidade, queria observá-lo e sentir a língua dele, nela.

Seu hálito quente correu pela carne dolorida. Uma provocação, uma prova do que estava por vir. Ela ficou tensa à espera da língua dele tocando-a, e quando aconteceu, ela estremeceu. Quente e úmida, ele a deslizou através da carne inchada, atacando o clitóris até tomar o broto na boca e chupá-lo.

A tensão aumentou rapidamente de novo. Fazia tanto tempo, e dar prazer a si mesma não era nada igual a ter um homem entre as pernas, lambendo sua boceta e dando vida a todos os sonhos apimentados. Sério, Mick era um sonho apimentado. Seu vestido subiu acima dos quadris e ficou nua da cintura para baixo e, ah, caramba, aquilo era tão alucinante e erótico que ela não conseguia aguentar.

A língua e os lábios de Mick dançaram sobre ela. Aumentando a tortura, inseriu um dedo na boceta.

Deus, como a sensação era boa. Ela deixou cair a cabeça para trás e apenas se permitiu sentir ser fodida calmamente com os dedos enquanto cobria o clitóris com a boca e rolava a língua sobre ele.

— Sim, desse jeito — sussurrou ela, apertando seu cabelo ao mesmo tempo em que as sensações atingiram o pico, levando-a quase ao limite. — Eu vou gozar.

Ele chupou o clitóris e começou a foder forte com o dedo. Ela se estilhaçou, gritando e arqueando contra ele – esse orgasmo tão forte quanto o primeiro – enquanto onda após onda a devastava.

Quando caiu de volta ao colchão, estava exausta, absolutamente surpresa e profundamente agradecida. Quando Mick arrastou-se para cima dela e sorriu, ela passou os dedos no queixo dele e depois os lambeu.

— Você está com o meu gosto.

As narinas dele dilataram e os olhos escureceram.

— Você sente o próprio gosto com frequência?

Ela deu de ombros e envolveu a nuca dele com os dedos.

— Às vezes, quando me masturbo.

Ela mal acreditava nas coisas que dizia, a maneira ousada de se deixar levar. Mas essa noite era única e uma fantasia, e ia ser como quisesse. E queria que fosse perfeita e sem tabus.

Então quando Mick levantou da cama e começou a desabotoar a camisa, Tara ficou de joelhos para assistir, não querendo perder nem um único momento daquela exibição. Ele tirou a camisa, e não a desapontou. O peitoral era largo e os músculos absurdamente espetaculares. O abdome era plano e esculpido com o famoso tanquinho que ela tinha visto em modelos e na tv, mas não pensou que existisse. Ela estendeu as mãos e as colocou em seu estômago, surpresa com a sensação rígida da musculatura.

— Uau, a coisa toda da barriga tanquinho existe mesmo.

Ele deu uma gargalhada e desabotoou a calça, deixando-a cair no chão. Tara lambeu os lábios diante do contorno da ereção, pressionando insistentemente a cueca boxer.

— Permita-me. — Ela tirou o vestido e o jogou de lado e depois desabotoou o sutiã, nem um pouco tímida, quando o olhar de Mick vagou apreciando o corpo dela. Ela nunca foi de ligar para a própria aparência, mas nesse momento, se sentia uma deusa. Não há nada melhor do que o olhar faminto de um homem para fazer uma mulher se sentir desejada.

Ela deslizou para o lado da cama para alcançar a cueca dele e descê-la pelos quadris, liberando o pênis. A cueca caiu no chão e ele a chutou para longe, dando a Tara livre acesso para tocar naquele abdome magnífico e, também na bunda, de tirar o fôlego. Uau. Isso sim é uma obra de arte... Ela estava louca de vontade de jogá-lo na cama e passar as mãos por todo o corpo dele por horas e horas. E depois saboreá-lo.

Tara ergueu as mãos até o pênis e o envolveu, acariciando-o; ela precisava tocá-lo e prová-lo antes que ele a fodesse. Ele foi tão generoso com ela, que queria lhe dar o mesmo tratamento.

Ela acariciou seu comprimento, deslizando uma das mãos para baixo para apertar suavemente o saco, e foi recompensada com um grunhido áspero. E quando se inclinou para tomar suavemente a cabeça, o som ficou ainda mais pronunciado. Mick deslizou os dedos por entre o cabelo dela e a puxou mais para o seu membro. De bom grado ela o recebeu, enrolando a língua no comprimento quente.

— Isso é bom, Tara. Sua boca é muito gostosa.

Ele tinha o gosto salgado e poderoso. Ela se embeveceu com a imagem dele de pé sobre ela, os mamilos enrijecendo conforme o chupava. Ele passou a mão em seu cabelo num gesto carinhoso e percebeu que Mick estava se contendo quando começou a deslizar o pau lentamente em sua língua. Abriu mais a boca para ele ter uma visão melhor do entra e sai, então enrolou a língua na cabeça e lambeu o líquido salgado que escapou.

— Jesus, mulher, você vai me fazer gozar.

Ela o provocou lambendo lentamente, depois o circulou com os dedos e o acariciou.

— A intenção não é essa?

Ele se afastou e a empurrou para a cama.

— É sim. Quando eu estiver dentro da sua boceta e ela estiver me espremendo.

Procurou sua calça e tirou uma embalagem de alumínio do bolso. Tara suspirou de alívio por ele estar preparado. Mick colocou a camisinha e subiu acima de seu corpo, espalhando as pernas, deslizando as mãos pelas coxas, barriga, até os seios, que encheram as mãos fortes, à medida que ela arqueava o corpo. Inclinou-se sobre ela e colocou um broto dolorido na boca.

Para alguém tão grande, ela presumiu que ele fosse brusco. Ele a surpreendeu com um puxão suave do mamilo entre os lábios, chupando-o para deslizar a língua sobre o bico. Um calor brando começou a esquentar à medida que ele chupava e lambia um mamilo e depois o outro, prolongando o prazer enquanto sarrava o pau entre as pernas dela, sem penetrá-la, fazendo-a esperar por ele.

— Por favor — sussurrou ela, puxando a cabeça dele para cima. — Por favor.

Ele pressionou os lábios nos dela em um suave roçar de boca. Tão delicado e exatamente o que precisava. Estendeu a mão e acariciou-lhe o rosto quando se acomodou entre suas pernas e deslizou o pau dentro dela.

Tara ofegou ao senti-lo entrar. Era tudo o que imaginava e queria. Ele encaixou-se perfeitamente e sabia exatamente o que fazer para lhe dar o tipo de prazer que ela desejava. Deslizou uma mão por baixo dela e a inclinou para cima os aproximando ainda mais e devorou sua boca num beijo áspero e profundo, obliterando a gentileza de alguns momentos antes. Mas nesse momento, gentileza não era o que ela precisava. Agora ela necessitava de paixão, e, ah, foi bem isso o que ele deu. Envolvendo as pernas nos quadris dele, cravou os calcanhares, trazendo-o mais profundamente em seu interior.

Mick encontrou seu olhar e agarrou sua bunda, estocando profundamente.

— Isso — sussurrou ela quando ele rodou os quadris, batendo no clitóris. As mãos aumentando o calor e prazer sensual ao deslizar por seu corpo, acariciando os seios e as afundando no cabelo para prendê-la e segurá-la firme enquanto a beijava, a boca e a língua tomando a dela em um frenesi de paixão e necessidade que a deixava sem conseguir raciocinar.

Ela acariciou as costas dele, memorizando a sensação dos músculos, parecendo aço trabalhado dentro dos limites da carne, o calor e o suor da pele a envolvendo.

Ela não conseguia se lembrar de já ter feito amor antes com um homem assim dessa maneira... intimamente, sentindo essa conexão. Ela já estava alucinando... imaginando ser a falta de prática. Era só sexo, e como já tinha tempo que não fazia, para ela estava sendo monumental. Para ele, provavelmente, apenas uma boa trepada.

Mas o jeito como ele a abraçou, acariciou e beijou, a forma como entrava e saía com calma e sem pressa, aparentemente não querendo gozar rápido demais, fez seu coração dar cambalhotas, mesmo que o corpo estivesse em brasas com o tipo de prazer que, uma mulher sabia, não recebia frequentemente. Ela se deixou seduzir pela magia do momento. Entregou-se a cada tremor e abalo conforme o corpo despertava para o prazer de fazer amor.

Tensão tomou conta dela, apertando em sua barriga quando Mick lambeu seus mamilos ao mesmo tempo em que continuava a se mover dentro dela. A sensação disparou até a boceta, levando-a cada vez mais perto do orgasmo.

— Mais forte — pediu ela, e ele obedeceu, agarrando o joelho e dobrando a perna dela, o olhar travado enquanto empurrava mais profundamente e virava a pélvis contra a sua.

Ela ofegou.

— Isso vai me fazer gozar, Mick.

— Oh, sim. Me aperte com a sua boceta. Goze pra mim.

Erguendo um pouco os quadris, estendeu a mão entre eles, conseguindo assim esfregar o clitóris enquanto a fodia, mantendo sempre o olhar fixo ao dela.

— Quero vê-la gozar — disse ele, usando o polegar para encontrar a parte mais torturada, roçando suavemente a saliência sem parar de se mover.

Focou o olhar no dele quando se entregou ao prazer, o clímax atingindo-a, a intensidade do prazer físico combinando com a ligação emocional enquanto era observada, a forma com que o rosto dele se contorceu quando gozou com ela, fazendo-a perder o controle com o turbilhão de emoções e sensações.

E então ele a beijou e ela o segurou firme enquanto gozavam, sentindo os orgasmos múltiplos que se recusavam a acabar.

Ela não queria que ele parasse, não até que os dois estivessem exaustos. Mick saiu de dentro e de cima e levantou da cama por alguns instantes. Depois voltou e, a puxando para ele, os cobriu.

Tara se sentiu tão pequena embrulhada naquele abraço. Pequena e preciosa conforme a beijava na parte de trás do pescoço, segurando-a firme e acariciando preguiçosamente seu seio, o que ao mesmo tempo a excitou e a fez sorrir.

— Acho que não vou dormir muito esta noite, vou?

— O sono é superestimado. Você pode dormir mais tarde. — Ele deu uma leve mordida na nuca, que a fez estremecer pelo calafrio correndo por suas terminações nervosas. Ela se virou, empurrando-o de costas para montar nele. Sentiu seu pau endurecer debaixo dela.

— Você está certo. Mais tarde eu durmo. — Inclinou-se e o beijou.

 

 

3

Mick rolou de lado xingando a luz do sol que invadia o quarto. Cobriu a cabeça com a coberta, mas a batida não parou.

Não podia ser ressaca. Ele se conhecia muito bem e sabia que não tinha bebido. Abriu um olho e prestou atenção.

Alguém estava batendo à porta.

Ah, sim. Quarto de hotel. Afastou as cobertas, esperando encontrar Tara na cama, ao seu lado.

Mas ela não estava ali. Foi em direção ao banheiro e notou que também não estava lá.

— Camareira. — A batida ficou mais forte.

— Não estou vestido. Volte mais tarde.

— O check-out foi há uma hora, senhor — a pessoa do lado de fora da porta disse com um suspiro frustrado, bastante óbvio, que Mick não teve dificuldade alguma para entender.

Mick passou as mãos pelo cabelo.

— Oh. Desculpa. Vou sair daqui a pouco.

Foi ao banheiro e tomou um banho rápido, então arrumou suas coisas, tentando não pensar na mulher com quem dividiu a cama na noite passada. Não se preocupava com as mulheres com as quais transava já que, geralmente, era ele quem as mandava embora antes de dormir. A última coisa que queria era enfrentar a manhã seguinte e a possibilidade de uma mulher querer passar mais um dia com ele. Ele não saía no dia seguinte, ou outro dia, ou repetia encontros, ou qualquer outra coisa do tipo com as mulheres.

Mas com Tara foi diferente. Ficou extremamente desapontado quando acordou e descobriu que ela tinha ido embora.

Que inferno, onde ela estava? A última coisa que se lembrava era de praticamente desmaiar com ela aconchegada ao seu lado. Tinha que ter sido perto do amanhecer, quando finalmente pegaram no sono, pois lembrava deles rindo sobre o céu estar clareando depois de finalmente estarem completamente saciados.

Não que tivesse chegado perto de se saciar. Por fim, o cansaço o pegou de jeito, mas Mick não chegou nem aos pés de ter tido o suficiente de Tara.

Ele queria passar mais um dia com ela. E não tinha ideia de como encontrá-la, já que não pegou o número do seu telefone. Mas, sabia como descobrir.

Depois de fazer o check-out e entrar no carro, pegou o celular e discou o número de Elizabeth. Se alguém poderia encontrar qualquer pessoa, esse alguém era a sua agente.

— Você não devia estar na academia com o seu treinador ou na cama com uma mulher sexy? E se está na cama com alguma modelo ou atriz do momento, me avise quando e onde, assim eu posso enviar um fotógrafo para tirar algumas fotos, tá bom?

Ele deu uma gargalhada.

— Não. Eu preciso que encontre uma mulher para mim.

— Estou chocada que pense em mim como sua cafetina, Mick. É meio que verdade, mas, ainda assim, estou chocada. Quem é ela?

— Tara Lincoln. Ela foi a organizadora do evento de ontem.

— Por que está procurando por ela?

— Não é da sua conta. Só consiga o contato dela.

— Planejando uma festinha particular?

Mick deu risada.

— Sim, você me conhece. Sabe que eu adoro festas selvagens.

— Menos, por favor. Se gostasse mesmo, meu trabalho seria muito mais fácil. Vou procurar o número dela e te envio.

Mick desligou e foi para sua casa, no condomínio em East Bay. Parou na garagem, fechou a porta e pegou a bolsa. O celular vibrou antes que chegasse à cozinha.

— Nossa, que rápido — disse ele, pegando o suco de laranja e colocando o celular no viva-voz depois de discar.

Sabia que Liz estava sorrindo.

— Sim, eu sou demais, Mick. Tara Lincoln, proprietária do The Right Touch. A empresa fica em Concord. Pega uma caneta que vou te passar o número de telefone e endereço. Ambos são do escritório. Se quiser informações pessoais, talvez demore uma hora para eu conseguir.

— Você me assusta, Liz. — Pegou uma caneta e o bloquinho de cima no balcão da cozinha. — O endereço e telefone do escritório já servem. Não preciso de você desenterrando informações sobre a linhagem dela.

— Talvez eu faça isso, caso esteja pensando em sair com essa mulher. Precisaria saber mais sobre ela.

— Nem mesmo a minha mãe sabe tanto sobre as mulheres com quem eu saio quanto você.

— Sua mãe não investiu na sua carreira como eu. Um passo em falso e você está ferrado.

— E todo esse dinheiro que você ganha comigo vai para o brejo.

— Estou arrasada, Mick. Você sabe o quanto eu te adoro.

Mick balançou a cabeça e sorriu. Onde ele estaria sem Elizabeth Darnell em sua vida? A ruiva sexy que mais se parecia com umas das modelos com quem ele já tinha saído, qualquer um que a visse jamais pensaria que ela era uma agente desportiva com o instinto assassino de um tubarão faminto. Ela era a principal responsável por ele e o irmão serem multimilionários.

— Tá bom, tá bom. Estou comovido pela sua sinceridade. Só me passa o que você conseguiu.

Após encerrar a ligação, ele se trocou e saiu para correr no parque, precisando arejar a cabeça e oxigenar um pouco os pulmões. Eram meados de junho e fazia calor no East Bay, ainda mais porque tinha acordado tarde. Costumava levantar com o nascer do sol e correr cedo. Agora já passava do meio-dia e o sol o assolava enquanto fazia a curva na pista de corrida, ignorando o suor escorrendo pelas costas, concentrando-se apenas na respiração e no tempo.

Trinta anos; estava ficando com idade mais avançada para um atleta da nfl. Mas estava longe de parar com o esporte que amava. Tinha ótima forma física e pretendia continuar desse jeito. Ainda não estava nem perto de se aposentar.

Depois de oito quilômetros passou a caminhar e voltou para o condomínio. Uma hora mais tarde, já tinha tomado banho e estava saindo de carro, desta vez indo para Concord, no endereço da empresa de Tara. Era sábado, então as chances de que ela estivesse lá eram mínimas. Poderia estar fechado. Porém, se estivesse mesmo, pelo menos ele podia ter uma noção de sua vida.

É, e você não tem ideia nenhuma do que está fazendo. Podia ter ligado, sua besta.

Ele não corria atrás de mulheres. Nunca! Não era o ego falando, mas é que Liz jogava mulheres em cima dele o tempo todo. E as que Liz não jogava, se aproximavam por conta própria. Geralmente, tinha que afastá-las, sendo assim, nunca foi atrás de nenhuma. Esse era um território novo para ele.

Encontrou o centro onde a empresa ficava, estacionou, e foi até a grande janela onde estava gravado em letras cursivas brancas: The Right Touch. As luzes estavam acesas e havia algumas pessoas lá dentro. Ele não viu Tara entre elas, então entrou.

O lugar era típico de mulher. Um monte de enfeites de tecido e papel espalhados pelas mesas e colados nas paredes. Alguns pareciam convites. E havia taças de champanhe e livros enormes cheios de... coisas.

— Posso ajudá-lo?

Ele virou e sorriu para a ruiva baixinha de óculos com estampa rajada apoiado na ponta do nariz.

— Estou procurando pela Tara.

Os olhos da ruiva arregalaram e ela deu um passo atrás, obviamente, o reconhecendo.

— Ah... Claro. Ela está lá nos fundos. Vou chamá-la.

A ruiva saiu e Mick decidiu andar pelo lugar, porém com todas aquelas coisas quebráveis e com seu tamanho enorme, o ditado “um elefante numa loja de porcelana” definitivamente se aplicava ali. Talvez fosse melhor só ficar parado.

— Mick.

Ele virou e sorriu para Tara.

— Oi.

Ela vestia uma saia reta preta na altura dos joelhos, uma blusa amarela sem mangas, que tinha a aparência feminina e sedosa. Sentiu vontade de puxá-la para os braços e beijá-la. Mas não estava sorrindo e nem parecia feliz em vê-lo.

— O que está fazendo aqui? Como me achou?

— Minha agente a encontrou. Você saiu sem me acordar hoje cedo.

Tara olhou pela loja, e só então Mick viu três mulheres observando os dois e sussurrando entre si. Ele ouviu seu nome ser mencionado.

Amava as fãs de futebol. Ele arrebatou-as com um grande sorriso.

— Olá, senhoritas.

Tara o arrastou pelo braço.

— Vamos ao meu escritório.

Ele a seguiu, dando uma piscadinha às três mulheres que ficaram boquiabertas enquanto ele passava.

O escritório de Tara era uma pequena sala na parte de trás da loja. Sentia-se como um gigante, no pequeno espaço.

A mesa estava limpa e arrumada, com um laptop no meio e pilhas de papéis organizadas em cada extremidade.

Ela fechou a porta e foi para o outro lado da mesa, claramente usando a mobília como proteção.

— Por que você está aqui?

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Não é óbvio? Queria te ver de novo.

— Oh. — Seus lábios ergueram por um segundo, depois ela franziu o cenho. — Essa não é uma boa ideia.

Ele cruzou os braços.

— E por que não?

— Hum, você e eu... bem, digamos que sou muito ocupada com a minha carreira.

— Então, o sexo foi ruim?

Seus olhos se arregalaram.

— Ah, meu Deus, não. Foi maravilhoso. — Ela saiu de trás da mesa, se aproximou e colocou a mão em seu braço. — Mick, eu me diverti muito ontem à noite. Com certeza você sabe disso.

— Eu também me diverti muito. Quero sair com você outra vez.

Ela negou com a cabeça.

— Não posso.

— Por que não? — Só então ele se ligou. — Ai, merda. Você é casada. — Ele não saía com mulheres casadas. Nunca.

— Não! Claro que não sou casada. Que tipo de mulher você acha que eu sou?

— Não tenho a mínima ideia. E é isso que quero descobrir. Vamos sair para jantar hoje à noite.

— Não posso. Por favor, é melhor pararmos por aqui. Com uma ótima noite juntos.

— Então você se divertiu na noite passada.

— Sim.

— Comigo. Você gostou de ficar comigo.

— Gostei.

— Mas não quer me ver de novo. Nunca mais.

Ela esfregou a cabeça.

— Eu sei, não faz sentido. Mas não posso — ela olhou no relógio —, sinto muito, mas eu tenho um compromisso. Realmente preciso ir.

— Tudo bem. — Ele não precisa ter um sapato enfiado no traseiro para saber que estava levando um pé na bunda. Sentindo-se como um idiota, virou e foi em direção à porta. — Até mais.

Ela parecia tão triste quanto ele. Não dava para entender.

— Tchau, Mick.

Ele ouviu o pesar em sua voz e parou. Virou-se e caminhou até ela, puxou-a em seus braços e a beijou, cobrindo seu ofegar com os lábios. Levou um total de meio segundo para ela reagir, inclinando-se nele, envolvendo os braços ao seu redor, e soltando todos os tipos de gemidos.

Mick deslizou um braço em volta de sua cintura, puxando-a contra ele, aprofundando o beijo, deslizando a língua pela boca, saboreando sua doçura. Foi Tara quem interrompeu o beijo, dando um passo atrás, os olhos vidrados de paixão e os mamilos rijos através da blusa.

Sim, ela sentiu também. O que quer que havia entre eles não era unilateral. E o pé na bunda que estava levando não era porque não queria estar com ele.

— Até logo — disse e foi embora, deixando-a parada ali, arfando profundamente.

Ela se divertiu muito e ele também, mas não queria vê-lo outra vez? Algo estava errado. E descobriria o que era.

Pode ter perdido essa jogada, mas Mick sempre estava pronto para a próxima.


Droga!

Tara precisou de dez minutos para se recompor antes de sair do escritório. A essa altura, sua cliente já tinha chegado, e passou a hora seguinte se esforçando para mostrar tudo sobre sua empresa e os serviços oferecidos.

Bom, pelo menos pensou ter feito. Não se lembrava da reunião com essa cliente. Até onde sabia, podia ter recitado o menu do Burger King para a coitada da mulher. Porém, a cliente fechou o contrato, então deve ter feito a coisa certa.

— Tara, tem ideia de quem era?

— A Sra. Stenson?

Maggie, sua assistente, revirou os olhos.

— Não. Aquele cara gostoso que entrou aqui antes da Sra. Stenson.

— Ah. Você está falando do Mick.

Maggie pareceu atônita.

— Você já está chamando Mick Riley, o quarterback do San Francisco Sabers, pelo primeiro nome. O quê, exatamente, aconteceu na festa ontem?

— Não quero falar sobre isso. — Tara voltou para o escritório, mas os saltos de Maggie clicaram no chão atrás dela, junto com as outras funcionárias de Tara: Ellen e Karie.

Decidindo ignorá-las, Tara sentou-se à mesa e abriu sua agenda no laptop.

— Tara, você tem que contar pra gente — disse Ellen.

— Nada a declarar. Desculpa.

— Quando saiu do escritório, suas bochechas estavam coradas e parecia que tinha acabado de ser beijada. Beijada pra valer, um beijaço. Ele te beijou?

Tara olhou para Maggie.

— Não é da sua conta.

Maggie sorriu.

— Aah, ele te beijou. Ah. Meu. Deus.

Tara soltou um suspiro.

— Não existe nada acontecendo entre mim e o Mick Riley, então podem suspender as chamadas para as revistas de fofocas, tá bom?

— Ele veio ou não aqui pra te convidar para sair?

Maggie ficou batendo o pé, esperando pela resposta.

Tara teve a impressão de que era ré em uma inquisição enquanto três pares de olhos determinadíssimos a encaravam.

— Talvez.

— E você disse sim, né? — perguntou Ellen.

— Eu disse não.

Karie jogou as mãos para o ar.

— Tara, ele é lindo. Talentoso. Rico. Será possível que seus padrões são mais altos do que isso?

Ela olhou para suas funcionárias, na verdade, suas melhores amigas, um trio de mulheres solteiras e lindíssimas: uma loira, uma morena e uma ruiva, que jamais recusariam um cara igual ao Mick. Mas elas não tinham a vida – complicada – que ela tinha. Elas não entendiam.

— Não estou à procura de homem.

— Por que não? — perguntou Maggie. — Você é jovem, linda e solteira. Por que não deveria estar à procura?

— Você sabe como é a minha vida. Sou muito ocupada aqui e em casa. Não sobra espaço para ter um homem.

— Pior desculpa de todos os tempos. — Ellen sacudiu a cabeça, os cachos loiros curtos balançando para frente e para trás. — Sabe, você não está ficando mais jovem.

— Poxa, obrigada.

— E homens como Mick Riley só aparecem uma vez na vida. Se é que aparecem — Karie acrescentou, jogando os cabelos castanhos amarrados, por cima do ombro.

— E ninguém está dizendo que você precisa se casar com o cara. Mas, caramba, Tara. Por que não quer sair com ele? — perguntou Maggie.

Por uma única razão. Uma ótima razão.

 

 

4

Mick não se tornou o melhor quarterback da nfl ficando deitado e se fingindo de morto. Ele ficava no pocket – protegido pela linha ofensiva –, não importando a pressão recebida, e conseguia finalizar o passe, tanto no campo quanto fora. Isso significava que, se ele tivesse que receber algumas pancadas para conseguir finalizar o trabalho, seria exatamente o que faria.

Então, esperou até que Tara saísse do escritório na segunda-feira, e depois entrou, sabendo que, talvez, as mulheres dali pudessem ser a sua melhor linha ofensiva.

A ruiva bonitinha se apressou para cumprimentá-lo:

— Mick Riley.

Ele estendeu a mão.

— Sim, senhora. E você é?

Ela ajeitou os óculos acima da ponta no nariz, enquanto o cumprimentava.

— Meu nome é Maggie, sou assistente da Tara. E estas são Ellen e Karie.

— Oi, senhoritas — cumprimentou ambas, e sua confiança aumentou depois de ver os grandes sorrisos. Ótimo. Isso significava que pelo menos uma delas poderia estar disposta a ajudá-lo.

— Lamento dizer, mas Tara não está — disse Maggie. — Ela acabou de sair para um compromisso.

— Na verdade, gostaria de saber se vocês poderiam me ajudar. Tara acha que não é uma boa ideia sairmos juntos, e eu acho que é.

— Ah... Entendo. — Maggie deu um sorriso vitorioso. — Bem, Tara nem sempre toma as melhores decisões.

— Então, pensei que talvez vocês possam me ajudar.

Os olhos das três praticamente brilharam.

Mulheres davam as melhores casamenteiras, especialmente se uma de suas amigas estivesse envolvida.

— O que precisamos fazer? — perguntou Maggie, parecendo a verdadeira fada-madrinha da Cinderela.

Touchdown!


Tara estava empolgada com a possibilidade de um novo cliente, mesmo que significasse ter que ralar muito num fim de semana inteiro. Graças a Deus, nesse ela estava livre, caso contrário, seria um pesadelo. Se Nathan já não tivesse planos, ela estaria enrascada, no entanto, ultimamente, ele andava sempre ocupado nos fins de semana. Ainda assim, não gostava de deixá-lo.

Parou no estacionamento do restaurante e saiu do carro. Era um belo lugar em Sausalito, no alto de uma colina com vista para a cidade.

Entrou e deu seu nome. A hostess a levou para uma área privada que ficava numa parte isolada do restaurante. A vista era espetacular, quatro janelas mostrando a noite de São Francisco.

A mesa era de canto e estava arrumada com uma toalha de linho branco, um vaso com meia-dúzia de rosas vermelhas no centro, porcelana branca reluzente e talheres perfeitamente organizados. O cristal era caro, e esse era o tipo de lugar que ela escolheria para um cliente se dinheiro não fosse problema.

Afinal, quem era esse possível cliente? Ela esperava que, quem quer que fosse, tivesse dinheiro para gastar em um evento.

E por que esse segredo todo? Ou Maggie não tinha conseguido anotar todas as informações direito, ou este possível cliente era do tipo maluco excêntrico.

Não que tivesse importância. Aceitaria qualquer excentricidade, desde que tivesse dinheiro suficiente para agendar um evento.

Fazer sua empresa prosperar era tudo.

— Sente-se. Ele chegará em breve — disse a hostess.

— Obrigada.

Tara tomou um gole de água, tentando se acalmar. Assim que ouviu a porta abrir, ela levantou e virou, dando seu sorriso mais radiante.

Que se transformou numa carranca quando Mick fechou a porta.

— Mick. O que está fazendo aqui?

Ele se aproximou, pegou a mão dela e, num gesto galanteador, beijou o dorso, então a cobriu com suas mãos gigantes.

— Oi, Tara.

Ela tentou olhar em volta, certa de que seu possível cliente entraria a qualquer momento.

— Você tem que ir embora. Estou esperando alguém.

— Não, não está.

Então a ficha caiu. A esperança por um novo trabalho morreu, e no lugar, a irritação cresceu.

— Você armou isso.

Ele sorriu.

— Armei.

— Mas, Maggie disse... — Então tudo ficou claro. Maggie. Com certeza. Aquela baixinha casamenteira. — Ah, já entendi. Você conversou com a Maggie.

— Suas amigas gostam de mim.

Ela revirou os olhos e puxou a mão das dele.

— Obviamente todas as mulheres o acham irresistível. — E foi pegar sua bolsa.

— Aparentemente, exceto você.

Seu sorriso indicava que não estava nem um pouco ofendido pela saída iminente dela.

— Vou embora. Não gosto de ser enganada.

Ele segurou a porta aberta para ela, o que só a irritou ainda mais, como se fosse simplesmente deixá-la sair. Tara fechou a porta e colocou a bolsa na mesa ao lado da porta, e depois foi para cima dele.

— Olha, Mick. Eu me diverti muito com você. Mas foi só uma vez, tá bom?

— Por quê?

— Como?

— Por que foi só uma vez? A gente não se divertiu juntos?

— É claro que sim. Você estava lá.

— Sim, eu estava. Tivemos uma química ótima, na cama e fora dela.

Ela abriu a boca para argumentar, mas o que podia dizer? Ele estava certo. A química entre eles foi demais. E ela gostou muito daquela noite.

— É só que, nesse momento, não estou numa boa fase para relacionamentos.

— Por causa da sua carreira.

— É.

— Porque ela ocupa cada minuto do seu tempo.

Ela cruzou os braços.

— Quando você está jogando futebol, não precisa de cada minuto do seu tempo?

Aquele sorriso de novo.

— Não. Eu não deixo minha carreira controlar a minha vida. Gosto de ter uma vida de verdade. Devia tentar ter uma também. E, por uma noite, conseguiu ter uma comigo, não foi?

— Isso foi diferente.

— Assim como agora. Você precisa parar para comer, uma hora ou outra, enquanto está ocupada ficando rica e famosa, por isso iremos comer.

— Não gostei de você mentir para conseguir um encontro comigo.

Ele puxou a cadeira para ela.

— Então pare de me dispensar.

Isso era ridículo. Devia simplesmente ir embora. Porém, ela estava com fome. E se ele queria pagar um jantar caro, então tudo bem. Ele certamente estava em débito com ela depois de armar essa arapuca.

Ela sentou.

— Tudo bem. Mas é a última vez.

— Se você está dizendo... — Sentou à sua frente, e o garçom apareceu, trazendo o menu e uma carta de vinhos.

— Gostariam de tomar um vinho?

Tara ergueu os olhos do menu para Mick, que esperava por uma resposta.

— Um Sauvignon Blanc seria ótimo.

O garçom saiu enquanto eles olhavam o cardápio.

Mick tomou um longo gole do seu copo de água.

— Então, os negócios estão indo bem?

— Estariam, se você tivesse sido um cliente de verdade.

Ele sorriu sobre a borda do copo.

— E como sabe que eu não sou? — Ela arqueou uma sobrancelha.

— Planeja fazer algum evento?

— Tudo bem, na verdade, não. Mas estou interessado em saber mais sobre você. O que te fez decidir se tornar organizadora de eventos?

— Eu meio que caí de paraquedas nisso, na verdade. Consegui um emprego em uma empresa de Buffet na época da faculdade, e acabei descobrindo que eu gostava do trabalho.

— Serviço de Buffet é bem diferente de organização de evento, não é?

— É, sim. Mas a mulher para quem eu trabalhava queria ser cerimonialista de casamento. Nós duas ficamos amigas e ela me contou sua ideia. Era tão empolgante. A ideia de organizar um evento assim, estar no comando de tudo, desde o Buffet ao entretenimento e decoração. E, simplesmente aconteceu.

— É muita responsabilidade planejar o casamento de alguém.

— É, especialmente se forem grandes casamentos. Mas pode ser tão gratificante ver os planos saírem do papel e se transformando do nada para algo espetacular. Enfim, eu a ajudei com o pontapé inicial, depois passei a trabalhar para ela quando conseguiu levar o plano adiante. Foi divertido, e sua empresa realmente cresceu. Mas eu sabia, até mesmo naquela época, que queria mais do que só trabalhar com casamentos. Queria planejar outros eventos também, e foi aí que tive a ideia de planejar eventos. Então guardei dinheiro, comecei a fazer contatos no ramo e quando tive condições, abri meu próprio negócio.

— Assustador.

Tara concordou.

— Assustador do tipo com-o-pé-na-beira-do-precipício. Pensei sobre isso durante meses antes de tomar a decisão, mas sabia que era uma situação daquelas “é agora ou nunca”. Se eu não mergulhasse de cabeça, sabia que me arrependeria para sempre. Então... aqui estou.

— O que foi bom pra você. Há quanto tempo trabalha com isso?

— Comecei o The Right Touch há dois anos. No primeiro ano só tinha a mim e outra pessoa. Era tudo que eu podia pagar. Éramos uma empresa bem pequena, mas Maggie e eu trabalhamos absurdamente para construir o negócio. No ano passado, consegui fechar mais eventos e aumentar a equipe. Está indo tão bem que estou assustadoramente otimista.

— Suponho que você consiga muitos trabalhos a partir do boca a boca.

— Suponho que sabe mais do que apenas futebol.

Ele deu risada.

— Não fiquei só jogando bola na faculdade. Consegui me formar com diploma e tudo.

— Em Administração, presumo?

— Sim. Ficou surpresa que não foi algo envolvendo parques e recreação, ou professor de Educação Física?

Ela bufou.

— Eu não disse isso.

— Nem precisou.

— Estou impressionada. Além de ser jogador de futebol americano talentoso, também é inteligente. Não é de se admirar que tenha um bando de mulheres aglomeradas ao seu redor.

— Elas não ficam em cima de mim porque sou inteligente. Elas se aproximam de mim porque minha agente é um gênio das relações públicas. Ela é como uma cafetina quando se trata de belas atrizes e modelos. Se querem ser vistas e fotografadas, Elizabeth as encontra e as coloca ao meu lado.

Tara pegou uma fatia de pão e passou manteiga.

— Que bom pra você.

— Isso me coloca em muitas capas de revistas e vende ingressos dos jogos, o que é bom para o time.

— Você ser um quarterback famoso também ajuda. Suas marcas são surpreendentes.

Ele se recostou na cadeira.

— Você é uma fã.

Ela deu de ombros, e tomou um gole de vinho.

— Gosto de futebol.

— Você é do tipo: “ei, eu sei que domingo, segunda e quinta são dias de jogo”, ou é daquelas que não pode viver sem e sabe tudo sobre futebol?

Ela riu.

— Conheço muito sobre futebol. Por que, vai me interrogar?

— O melhor quarterback de todos os tempos?

— Acho que essa é uma questão subjetiva.

— Me dê sua resposta subjetiva, então.

— Joe Montana.

— Só está dizendo isso porque mora aqui.

— Não, estou falando isso porque ele é o melhor quarterback que já existiu. Quatro títulos do Super Bowl, três vezes escolhido como mpv – jogador mais valioso – da temporada, e eu te desafio a me dizer um quarterback, qualquer um do passado ou presente, que se iguale às estatísticas dele, sem falar na tranquilidade que ele tem nos momentos sob pressão.

— Ele nem mesmo foi uma escolha de primeira rodada no Draft. E o que me diz de Johnny Unitas ou Terry Bradshaw, Tom Brady ou Peyton Manning?

Ela estreitou o olhar. Ele estava falando sério?

— Está me dizendo que acha esses quarterbacks melhores do que Joe Montana?

Ele fez uma pausa.

— Não foi o que eu disse.

— Ahá! Você concorda comigo, não é?

Os lábios de Mick ergueram.

— Na verdade, sim. E não apenas porque ele e eu jogamos na mesma cidade. Ninguém nunca jogou melhor do que o Joe.

Ela assentiu.

— Exatamente. Ele era mestre em vencer de virada. E nada poderia ser comparado com as noventa e duas jardas que ele conseguiu avançar nos minutos finais do Super Bowl XXIII para ganhar contra os Bengals. Melhor. Jogo. De. Todos. Os. Tempos.

Os lábios dele levantaram de novo.

— Então, você sabe algumas coisas de futebol.

— Eu te disse.

Ele abriu um sorriso.

— Fico feliz. A maioria das mulheres jogadas no meu braço não conseguia distinguir a diferença entre uma corrida e um passe, e muito menos uma jogada em busca do empate. Elas sabem te dizer qual ator foi o sucesso de bilheteria no último fim de semana ou quem é o melhor estilista. Mas sobre futebol? Esquece.

— Então, por que sai com elas? — Ela acenou com a mão. — Deixa pra lá, eu já sei. Sua agente.

— Elizabeth sabe o que está fazendo.

— Sua cafetina, você quer dizer.

— É muito boa no trabalho dela e só pensa no que é melhor pra mim.

Tara inclinou-se para trás com a taça de vinho na mão, encarando-o.

— Se você está dizendo... Achei que a sua agente – que pensa no que é melhor para você – permitiria que escolhesse suas próprias mulheres.

O garçom trouxe a comida. Tara não perdeu tempo e começou a comer. Demorou um pouco para perceber que Mick não tinha dito nada, então ela lançou olhares semicerrados, e ele parecia bem contido. Será que ela disse algo que o ofendeu? Não que ela se importasse – muito.

Quando ele terminou, afastou o prato, tomou um longo gole de água e disse:

— Estou tentando escolher uma mulher por conta própria. Mas ela não está facilitando em nada as coisas pra mim.

Tara piscou, depois esvaziou a taça em dois grandes goles.

Nenhum homem jamais foi atrás dela desse jeito. Não um homem famoso, lindo, que “pode-ter-qualquer-mulher-que-quisesse-então-porque-ele-me-queria” estava prestando atenção nela. Não tinha ideia do que fazer com Mick Riley. Ele estava completamente fora de seu alcance, e não podia ter entrado em sua vida num pior momento.

Pensando bem, já houve algum bom momento antes?

Provavelmente, não. Mas desta vez, definitivamente não era um bom momento. Não importava o quanto seus dedos dos pés se curvassem diante do pensamento de um homem como Mick ter interesse nela, precisava pensar em Nathan. Este não era um bom momento.

E ela sabia exatamente como desencorajá-lo e fazer com que ele fugisse do restaurante mais rápido do que era capaz de disparar numa corrida de cem jardas. Ela odiava ter que dizer isso, mas agora não havia escolha.

— Eu tenho um filho de quatorze anos, Mick.


Mick olhou para Tara. Um filho, hein? Isso o pegou de surpresa. Ela não parecia ter idade para ter um filho de quatorze anos.

— Você deve tê-lo tido quando era bem jovem.

— Eu tinha dezesseis anos.

— Então isso explica.

— Explica o quê?

— Você não parece ter idade para ter um filho adolescente.

— Confie em mim, já tenho idade para isso. — Ela colocou o guardanapo na mesa. — Provavelmente você vai querer ir embora agora.

Ah, agora ele entendia.

— Acha mesmo que eu quero cair fora porque você me disse que tem um filho?

— Não sou exatamente o tipo de mulher que você costuma sair.

— Não, você não é.

Ela levantou. E ele também, vindo para o seu lado da mesa.

— Obrigada pelo jantar.

— Sente-se. — Ele colocou as mãos nos ombros dela e gentilmente a fez sentar-se na cadeira de novo, então ajoelhou na frente dela. — Se isso foi a sua versão de passe Hail Mary1 para acabar com o jogo, desculpa, mas acontece que eu gosto de crianças.

Ela o encarou, confusão estampada no rosto.

— As mulheres com quem você sai são jovens e solteiras, e tenho certeza de que não têm filhos adolescentes.

Ele deu de ombros.

— Não faço ideia do que elas têm dentro de casa. A maioria tem aqueles cachorrinhos irritantes e chatos.

Tara deu risada.

— Não tenho cachorro, embora Nathan adoraria ter um. Um bem grande, como Labrador ou o Retriever ou um Pastor Alemão.

— Garoto esperto. Nathan, né?

— É.

Mick voltou para sua cadeira, agora que tinha quase certeza de que Tara não ia fugir.

— Me conte sobre ele.

— Ele tem quatorze anos, quase quinze, na verdade. Faz aniversário mês que vem. Concluiu agora o primeiro ano do colegial, e é convencido pra caramba. Ele... Você quer mesmo ouvir sobre o meu filho?

— Por que não? Eu te disse que gosto de crianças.

— Você tem alguma?

— Não. Gostaria de ter um dia. E caso esteja se perguntando, não, não pago nenhuma pensão alimentícia. Sou muito cuidadoso com as mulheres.

— Eu não perguntei isso.

— Mas pensou.

— Tudo bem, pensei sim. Considerando que é um garanhão com as mulheres e tudo mais.

Ele bufou.

— Tá bom, certo. Não sou do tipo de engravidar uma mulher e abandoná-la. Não é o meu estilo e não foi assim que fui criado.

— Bem, também não é um santo.

Mick olhou sério para ela, querendo que soubesse exatamente o que ele era. E o que não era.

— Nunca disse que era um santo, Tara. Apenas que sou responsável.

Ela olhou em seu colo.

— Desculpa. Estou sendo uma megera.

— Não, não está. Eu que lidei com isso de forma bem ruim. Sou insistente, eu sei. Eu a encurralei.

Ela voltou a olhar para ele.

— Não encurralou, não. Se quer sair comigo, ou seja lá o que quer, então precisava saber sobre o Nathan. Não estou tentando escondê-lo. Não tenho vergonha dele. É que a maioria dos homens não quer esse fardo. E a gente nem sequer saiu de fato, então entendo se quiser ir embora.

Com que tipo de idiotas ela tinha saído?

— Você deve ter escolhidos verdadeiros babacas se eles caíram fora assim que descobriram sobre seu filho.

Seus lábios se curvaram.

— Você ainda nem conheceu Nathan. Ele é... desafiador.

Mick riu.

— É só um garoto. E adolescente. Somos todos desafiadores nessa idade. Eu fui.

Ela o observou atentamente.

— Não quero nem pensar.

— Preciso te manter longe da minha mãe. Ela tem histórias minhas e do meu irmão que vão te fazer sair correndo aos berros. A gente a mantinha ocupada quando era criança.

Havia uma expressão no rosto dela que Mick não compreendeu. Uma espécie de tristeza que não fazia sentido, quando ele mencionou a mãe e o irmão.

— Ei, nós éramos bons filhos. Juro.

— Tenho certeza de que eram. De qualquer forma, obrigada pelo jantar. Eu realmente preciso ir pra casa.

— Qual é o problema?

— Nenhum. — Ela estampou um sorriso no rosto, mas em seus olhos não havia brilho. — Eu me diverti muito essa noite, mas tenho que lidar com alguns relatórios.

Ele reconhecia uma oportunidade de jogada ofensiva quando via uma. Mick fez sinal para o garçom.

— Coloque na minha conta, Tim.

O garçom assentiu, e Mick conduziu Tara enquanto saíam, mas não a levou para o carro dela, e sim para o dele.

— Aonde vamos?

— Dar uma volta. Depois eu te trago até o seu carro. Gostaria de ficar mais um pouco com você.

Ele abriu a porta do passageiro e segurou a mão dela para entrar, admirando a maneira como ergueu a saia para subir. Ela virou para ele.

— Por alguma razão, você me pareceu o tipo de homem que dirigiria um carro esportivo, e não um suv.

— Sou muito grande para carros esportivos e o suv tem espaço suficiente para o meu equipamento todo.

Ele deu a volta e entrou, ligou o carro, e se afastaram do restaurante, pegando o caminho das colinas. Típico do verão, a neblina tinha caído, então não daria para ver muita coisa enquanto subiam. Mick a deixou à vontade e dirigiu para um dos topos favoritos dele, onde o tempo era limpo e ficava acima do nevoeiro.

— Parece um mar branco — disse Tara quando ele estacionou. Os faróis acesos do carro expandiam-se através da neblina.

— É mais bonito durante o dia quando a primeira neblina começa a cair. Mas mesmo assim gosto daqui. É quieto. Um bom lugar para pensar e ficar sozinho.

— E para fazer safadeza dentro do carro? — Ela deu a ele um olhar irônico enviesado.

— Bem, nós estamos aqui dentro do carro, mas não te trouxe aqui pra isso.

Ela soltou o cinto e virou para encará-lo.

— Eu meio que gosto da ideia.

— De quê? Dar uns amassos no meu carro?

— Poderíamos começar assim, e ver onde isso vai dar.

— Acho que você está usando o sexo para evitar uma conversa de verdade.

Ela fez uma pausa.

— Essa não é a fala de uma mulher?

Eles se olharam e riram. Tara tirou os sapatos e engatinhou, passando pelo console. Mick tinha que admitir que gostou de vê-la se movimentar para montar nele com aquela saia justa. Ele apertou um botão e deslizou o banco para trás, o máximo que pôde, para dar espaço a ela. Tara se acomodou no colo dele e colocou as mãos sobre seu peito.

— Então, nós tivemos uma inversão de papéis. Isso significa que tenho que seduzir você?

Ele havia perdido toda a linha de raciocínio, já que todo o sangue de sua cabeça tinha descido rapidamente para o pênis.

— Querida, você está sentada no meu pau. Tenho certeza de que pode fazer o que quiser comigo.

Ela passou suavemente as palmas das mãos em seu peito, depois se inclinou para trás, deixando as mãos vagarem pelo estômago e mais para baixo, até onde seu cérebro atualmente residia. Seu pau se contorceu e ele investiu contra ela.

— Que mesmo fazer isso aqui?

Ela ergueu o olhar com as pálpebras semicerradas.

— Eu quero muito fazer isso aqui. Ah... Desde que você tenha proteção. Nem pensei nisso. Digo, normalmente não saio por aí fazendo sexo dentro de carros.

Ele abriu o console central e pegou um preservativo. Ela sorriu.

— Sempre preparado, né?

— Tento ser.

Ela tirou o preservativo de sua mão e o colocou de lado, então se inclinou e pressionou os lábios nos dele. Qualquer conversa que ele queria ter foi esquecida com o primeiro gosto de sua boca. Sentiu o gosto de vinho, mas era no sabor dela que ele estava interessado. Mais intoxicante do que qualquer bebida, ela invadia seus sentidos, até deixá-lo perdido. Enfiou a mão por dentro da blusa para poder sentir a pele dela.

Ela gemeu em seus lábios quando as mãos dele subiram pelas costas chegando ao sutiã. Com habilidade experiente, ele abriu o fecho, e depois viajou até a frente, deslizando a mão por baixo da taça do sutiã, onde encontrou o mamilo.

Os seios eram pequenos e os mamilos, sensíveis, e Mick percebeu que ela gostava quando eram tocados, porque ficou sem fôlego quando ele deslizou a ponta do polegar sobre um. A ondulação do mamilo contra o seu dedo fez o pau dele pressionar o zíper.

Tara se afastou, os olhos já daquela forma sexy que parecia transformá-los em vidro âmbar.

Ela inclinou para trás e tirou o blazer, depois começou a desabotoar a blusa. Seda parecia combinar com ela. Tara era elegante, desde a base da garganta até o jeito como o cabelo cacheava na nuca. Ela o tinha arrumado para cima outra vez, e ele gostava de soltá-lo, tirando os grampos e agitando os cachos com a mão, transformando-a da empresária impassível à deusa do sexo, bem diante de seus olhos.

Com a blusa aberta e o sutiã solto, ele o puxou sobre seus seios.

— É assim que eu gosto de você — disse Mick, estendendo a mão para eles, deslizando os dedos sobre os mamilos. — Toda desarrumada. Com os mamilos duros, esfregando essa sua boceta no meu pau.

Ela pegou a barra da saia e subiu na altura das coxas, revelando a calcinha sexy cor-de-rosa que combinava com o sutiã de seda. Desceu a mão e espalmou no pênis dele.

— É assim que eu gosto de você — disse com a voz carregada e sem fôlego. — Duro e pronto pra mim.

Ela alcançou o zíper e o abriu, libertando o pau. Eles se remexeram até que ele conseguiu abaixar as calças no quadril. Tara pegou o preservativo, demorando alguns segundos ao acariciá-lo, deslizando o dedo sobre a cabeça, capturando o fluido que vazou dali e depois levou o dedo à boca para lambê-lo.

— Cristo... Se você continuar me provocando, vou acabar gozando antes de estar dentro de você.

— Então vamos parar com a provocação porque eu preciso ser bem fodida.

Ela rasgou o pacote e o revestiu, depois puxou a calcinha de lado e o montou. Observou o seu pau desaparecer dentro dela, segurando os quadris de Tara enquanto ela se acomodava.

Agora sim, essa era uma visão que fazia suas bolas comprimirem.

Quando estava totalmente acomodada, ela cravou as unhas nos ombros fortes e focou em seus olhos, a boceta pulsando ao redor dele. Tara não se moveu, apenas o olhou.

— Sente isso?

Ele assentiu.

— Ah, minha nossa, Mick, isso é tão bom. Poderia ficar aqui assim e sentir você dentro de mim.

Ele a apertou.

— Eu não vou a lugar nenhum, querida.

Ele gostava de ela não ter pressa alguma de mostrar sua maestria no sexo. Cada mulher que ele já levou para a cama parecia querer impressioná-lo com o quão boas eram, mas sempre houve certo distanciamento a respeito delas, como se foder fosse algum tipo de apresentação ou teste.

Com Tara era diferente, ela estava ali, dividindo isso com ele. Gostava do contato visual. Não estava dando prazer só a ele; dava a si mesma, também. Esfregou o clitóris nele e parou, seus olhos se fecharam lentamente e os lábios abriram, soltando um gemido baixinho.

Não havia nada que o excitasse mais do que uma mulher em busca do próprio prazer. Porque ela não estava aqui tentando marcar pontos para conquistá-lo. Na verdade, tinha certeza absoluta de que essa era a última coisa que se passava pela cabeça de Tara.

Ela cravou as unhas em seus braços e levantou, então deslizou sobre ele de novo, a cada centímetro, uma lenta sensação de doce agonia. Ele não sabia onde olhar, para baixo onde eles se conectavam ou em seu rosto, no prazer dela se despedaçando bem diante dele.

Desceu a mão e acariciou seu clitóris, sentindo o quanto estava molhada. Sabia que não estava encenando de forma alguma, sabia disso pelo jeito que a boceta apertava seu pau toda vez que ela se movia, pelo modo como os olhos ficaram turvos e as pálpebras semicerradas, através dos sons que soltava e do cheiro de sexo tomando conta do carro. Não, estava ali porque ela queria ganhar o jogo, e ele fazia parte do time.

Ele se impulsionou dentro dela, acariciando-a tanto com o pau quanto com os dedos, precisando sentir Tara desmoronar ao seu redor. Os mamilos balançaram a centímetros do alcance de sua boca. Corrigiu esse problema puxando-a para si, sacudindo a língua sobre um, depois sobre o outro, antes de colocar um deles entre os lábios e sugar.

Tara pressionou-se ainda mais em sua boca.

— Isso, Mick, Assim. Chupa. Mais forte.

Ele chupou e ela impulsionou contra ele, subindo e descendo, depois balançando para frente e para trás, se esfregando nele e montando-o mais rápido.

— Assim eu vou gozar.

Exatamente onde ele a queria – na redzone, nas jardas finais, indo em direção à última linha do gol. Soltou um mamilo e pegou o outro, sugando-o forte do jeito que ela queria. Tara gritou quando gozou, a boceta apertando seu pau feito um torno. Ele a segurou firme, disparando forte dentro dela, afundando os pés no assoalho e estremecendo com seu orgasmo.

Touchdown, ponto extra, jogo ganho. Descansou a cabeça entre seus seios, sentindo o coração dela disparado.

— Você me fez suar toda na melhor roupa que eu tenho — murmurou ela.

Ele sorriu.

— Uh... desculpa?

Ela deu uma risada e se recostou no volante, sorrindo para ele.

— Você não está nem um pouco arrependido.

— Não, não estou mesmo.

Ele saiu de dentro dela e ela arrumou a roupa, esforçando-se consideravelmente para voltar ao assento de forma decente.

— Este não é um dos meus melhores momentos. Não posso acreditar que transamos no seu carro. Já passei dos dezesseis anos faz tempo.

— E daí? — Ele fechou as calças. — Não há nada de errado em agir assim de vez em quando.

Tara enrugou o nariz.

— Mas devia ter pensado melhor.

— Então deveria bancar a mulher madura e conservadora o tempo todo?

Ela abaixou para pegar os sapatos e deu de ombros.

— Tenho um filho. E, sim, eu devia. Você é uma péssima influência pra mim.

Mick a puxou junto dele e a beijou, assegurando-se de que entendesse exatamente qual o tipo de influência que ele exercia sobre ela. Quando terminou, os lábios dela estavam inchados e os olhos atordoados.

— Gosto de pensar que exerço uma boa influência sobre você.

Eles dirigiram de volta ao restaurante e para o carro de Tara. Ela alcançou a maçaneta da porta e parou.

— Obrigada, de novo, por mais uma... noite interessante, Mick. Mas vou ter que ser honesta e dizer que não podemos ter nenhum tipo de relacionamento.

Ele não estava caindo nessa.

— Porque você não gosta de mim.

Ela olhou na janela em vez de olhar para ele.

— Não é isso.

— Porque está com vergonha de ser vista comigo.

— Também não é isso.

— Porque tem vergonha do seu filho.

Tara virou com tudo e deu a ele um olhar irritado.

— É claro que não.

— Então quero conhecê-lo.

— Nem pensar.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Então, tem algo de errado comigo ou com ele. Qual dos dois?

Ela esfregou as têmporas.

— Nenhum dos dois. Eu não sei. Você me deixa confusa.

Seus lábios se curvaram.

— Uma confusão boa ou uma confusão ruim?

Ela respirou fundo.

— Não sei. Você simplesmente me confunde.

Mick não daria a Tara a oportunidade de se afastar desta vez.

— Eu vou te ligar.

Ela acenou com a mão e abriu a porta do carro.

— Sim, faça isso.

— Boa noite, Tara.

Ela fechou a porta e entrou em seu carro. Mick esperou até que ela saísse, depois a seguiu através da neblina, garantindo que alcançasse a estrada com segurança.

Foi só quando fez o retorno para voltar para casa, que se deu conta de que só tinha o telefone do escritório dela, não o pessoal. E não sabia onde ela morava.

Ele podia resolver facilmente isso.

Tara era alguém que ele queria conhecer melhor. E ela podia armar a linha defensiva que quisesse, mas Mick não era o tipo de cara que recuava diante de uma boa defesa.

Era hora de reforçar o ataque.


1nt: Jogada usada em situações de desespero ou oportunidade.

 

 

5

— Como foi no acampamento de futebol?

— Bom.

— Aprendeu alguma jogada nova?

Ele deu de ombros.

— Fez novos amigos?

— Mãe, eu não tenho mais seis anos. Foi bom, tá legal?

Nathan pegou sua tigela de cereais, foi até a pia e a largou lá dentro.

— Na máquina de lavar louça, por favor. Não sou sua empregada.

— Tá bom. Preciso me aprontar para o treino.

Ele ergueu a tigela e a jogou na máquina, então saiu irritado da cozinha e foi para o quarto, fechando a porta com uma batida.

Encantador.

Tara soltou um longo suspiro. Por que a maternidade não vinha com manual? Não existiam orientações de como lidar com adolescente, e ela não tinha pais ou irmãos para pedir ajuda.

Ela tinha sido assim tão difícil naquela idade?

Provavelmente.

Argh. Pensando bem, ela era muito melhor do que os pais. Ponto a seu favor. Não que isso estivesse ajudando com Nathan. Ela podia ser agradável ou rude, que nenhum dos jeitos parecia afetá-lo. Ele tinha um ar desafiador incrivelmente primoroso. Não importava o que ela fizesse ou dissesse, ele ficava irritado de qualquer jeito.

Em menos de um mês ele faria aniversário. Ela ia planejar algo divertido e deixá-lo convidar os amigos, e...

E o que? Não sabia mais do que ele gostava. Só ficava com os fones enfiados nos ouvidos, ouvindo música ou jogando no computador quando estava em casa. Ou estava jogando futebol e saindo com os amigos. O garoto não era tão sociável assim. Até onde ela sabia, as meninas ainda não tinham entrado em cena.

Até onde sabia. E, evidentemente, não sabia muito, entretanto, estava determinada a não ser como seus pais. Gostasse ou não, participaria da vida de seu filho.

Roeu uma unha lascada e segurou a xícara de café, pensando em como se aproximar do filho rebelde que realmente não era mais uma criança.

Ele já tinha quase quinze anos. Nessa idade, ela já estava na farra com as amigas e os garotos. E ficando grávida, principalmente porque seus pais estavam ocupados demais com os próprios demônios pessoais para prestar atenção no que ela estava fazendo com a vida. E, ah, como ela tinha ferrado com a própria vida...

Senhor. Esfregou as têmporas e fez uma oração silenciosa a Deus para que a história não se repetisse.

Não, isso não aconteceria. Ela estava em cima de Nathan e no que ele estava fazendo. Não seria negligente. Amava o filho, ficava atenta ao seu desempenho escolar e nas atividades extracurriculares. Foi só depois do primeiro ano do colegial que ele passou a ser mais calado e mal-humorado, e ela responsabilizou os hormônios da puberdade por tal comportamento. Tinha que dar um pouco de espaço a ele, odiava aqueles pais que ficavam em cima dos filhos, sem dar um mínimo de liberdade. Até o momento, as notas de Nathan eram boas, e ele não deu nenhuma razão para ela pensar que estava envolvido em qualquer encrenca.

Ele merecia sua confiança, até que lhe desse razão para não confiar nele.

E pediu a Deus que pudesse confiar, porque era verão e tinha que trabalhar e ele já era bem grandinho para precisar de babá.

Pelo menos, ele treinava futebol, que o manteria ocupado durante boa parte do dia, e nesse período, ela não teria que se preocupar com o que ele estava fazendo ou em que tipo de problema estava se metendo.

Esse era outro motivo pelo qual não podia se envolver em qualquer tipo de relacionamento agora. Nathan era sua prioridade. Tinha que manter os pés no chão, e brincar com um gostosão como Mick Riley ia desviar seu foco. O que se recusava a fazer.

Assim que entrou no escritório, conseguiu empurrar a preocupação por Nathan para o canto do cérebro que normalmente era destinado a ele. Sempre ali, mas sem dominar cada pensamento dela. Ele tinha celular e sabia que podia ligar para ela em caso de emergência. O escritório ficava a dez minutos de casa, então conseguiria chegar rapidamente lá, se fosse preciso.

O dia passou em um turbilhão de reuniões com clientes e sobre eventos. Graças a Deus pelo trabalho e clientes, e por Maggie e as outras mulheres que a mantinham sã.

Quando o relógio deu quatro horas, ficou espantada pelo dia já estar acabado. Tomou uma xícara de chá, verificou alguns relatórios e inseriu prazos no computador.

— Você tem visto aquele quarterback gostoso?

Tara olhou para cima e viu Maggie toda à vontade em seu escritório.

Aliás, uma semana tinha se passado desde aquela noite no alto da montanha com Mick. Ele não tinha ligado. E disse que ligaria. No entanto, era homem. Eles transaram. Ele era famoso e já teve uma tonelada de mulheres, nenhuma que tivesse filhos. Tara sabia que assim que soltasse a bomba em cima dele, seria o fim de Mick Riley indo atrás dela.

Era o que ela queria. Ainda assim, doeu. Um pouquinho.

Felizmente, esteve bastante ocupada durante toda a semana para que isso a incomodasse tanto.

— Não. Não o vi mais. Eu te disse que não íamos nos envolver.

— Uh-huh. Ele está lá na frente, na sala de espera.

Tara deu um sobressalto na cadeira e respingou chá nos papéis de cima da mesa.

— Merda.

Maggie deu uma gargalhada.

— Droga, por que não me disse logo?

Maggie sorriu e pegou alguns lenços de papel para limpar as manchas de chá.

— É mais divertido desse jeito.

— Vaca. — Tara alisou a frente da saia xadrez comprida preto e branco, ajustou o largo cinto preto, e sendo só um pouco vaidosa, deu uma rápida verificada no cabelo, no espelho sobre a mesa.

A blusa estava colocada por dentro da saia e com boa aparência. Ela parecia bem.

— O que ele está fazendo aqui? — perguntou a Maggie.

Maggie deu de ombros.

— Não faço a mínima ideia, mas ele parece bom o bastante para comer.

Tara revirou os olhos, dando a volta pela mesa e indo até a porta.

— Você está precisando arrumar um homem.

Maggie suspirou e seguiu Tara quando ela saiu do escritório.

— E eu não sei?!

Estava nervosa enquanto caminhava até a parte da frente da empresa. Mick estava parado perto da janela, cabelo escuro se destacando pelos raios de sol. Ele era tão alto, tão imponente, tão incrivelmente lindo. Ele virou quando a ouviu se aproximar e deu aquele sorriso deslumbrante que a deixava só um pouquinho fraca dos joelhos.

— Oi — disse ela.

— Oi, pra você também.

Maggie apareceu ao lado dela e Tara teve que virar e lhe dar uma boa olhada.

— Ah... Sim. A papelada. Até mais, Mick.

Os lábios de Mick se curvaram.

— Até mais, Maggie.

— O que está fazendo aqui?

— Faz uma semana que não te vejo.

— Percebi. Pensei que tinha partido pra outra. — Ela quase mordeu a língua, arrancando-a fora. Por que tinha que dizer aquilo? Pareceu... mulherzinha deprimida, necessitada e todas aquelas coisas que preferia não parecer.

— Não, é que tive alguns negócios para tratar. Eu teria te ligado à noite ou passado na sua casa, mas você não me deu o número do seu celular ou o endereço.

Ela cruzou os braços.

— Quando foi que isso te impediu? Sua “oh, tão sorrateira” agente não poderia ter descoberto essas informações pra você?

— Na verdade, sim, ela podia. — Ele inclinou a cabeça de lado. — Achei que, talvez desta vez, você mesma quisesse me dar essas informações. Talvez até me convidar para ir à sua casa.

— Por que eu faria isso?

— Porque você gosta de mim.

Dizer não a ele estava na ponta da língua. Ela tinha acabado de chegar à conclusão de que achou que jamais fosse vê-lo outra vez.

E passou a semana inteira sentindo falta dele e sofrendo por não vê-lo. O que era absolutamente patético, principalmente porque não queria começar um relacionamento, para começo de conversa.

— Gostaria muito de conhecer o seu filho. Ele gosta de futebol?

Ela respirou fundo.

— Ele ama futebol.

Mick chegou mais perto dela, pegou uma mecha de seu cabelo, enrolando a ponta cacheada entre os dedos.

— Me chama pra jantar. Vamos pedir pizza.

— Você não me parece o tipo que gosta de pizza.

— Pois é, existe muita coisa que você não sabe a meu respeito.

Sem dúvida.

— Não é uma boa ideia.

Ele chegou mais perto ainda. Meu Deus, o cheiro dele era bom demais. Seus hormônios repararam.

— Me chama para ir comer pizza na sua casa.

— Você gostaria de vir em casa hoje à noite para jantar, Mick? — Malditos hormônios.

Seu sorriso podia fazer uma mulher se derreter toda.

— Adoraria. Me dê seu endereço.

Ela arrancou um pedaço de papel do bloco de notas sobre a mesa e escreveu o endereço.

— Aproveita e anota o número do seu celular, também.

Ela anotou e depois entregou o papel a Mick.

— Seis e meia está bom?

— Perfeito.

Ele se inclinou e roçou os lábios nos dela, e seu estômago deu cambalhotas. Estômago totalmente de mulherzinha. Droga.

— Te vejo mais tarde.

E foi embora. Tara ficou parada feito uma boba na janela, olhando-o atravessar a rua, os passos engolindo o asfalto. Ele estava gostoso demais vestindo calça cargo e camiseta branca que se esticava sobre os músculos vigorosos.

O suspiro de Maggie por cima de seu ombro a trouxe de volta à realidade. Virou para encarar Maggie, Ellen e Karie.

— O que foi?

— Você está saindo com o capitão do time de futebol — disse Karie com um suspiro sonhador.

Tara revirou os olhos.

— Voltem ao trabalho. Todas vocês. Isso aqui não é o colegial.

— Não, mas é o sonho de cada menina do colegial — retrucou Ellen, dando risada.


Faltava meia-hora para Mick chegar conforme o combinado e Tara estava uma bagunça total. Alguém pensaria que a rainha estava chegando em vez de apenas um cara vindo para sentar no sofá e comer pizza.

Sua casa estava um desastre, ter um adolescente desenfreado passando o dia todo sozinho ali era uma calamidade. Latas de refrigerante vazias se acumulavam na mesa da sala, a pia estava cheia de louça suja, e o santo culpado já tinha saído para passar a noite na casa do amigo.

O garoto ia se ferrar. Ela ia fazê-lo limpar a casa pelo resto da semana.

Jogou fora as latas, passou aspirador de pó, colocou a louça suja na máquina de lavar louça, e correu no andar de cima para mudar de roupa, decidindo que Mick teria que aceitar sua vida e o estado de sua casa, ou podia ir embora, se preferisse caviar e o estilo de vida da socialite, empregados e supermodelos.

Tara não tinha caviar, nem era supermodelo e, com certeza, não tinha empregada. Ela comia pizza na sexta à noite, e era simples, do tipo que usava jeans, regata e rasteirinhas, o cabelo amarrado num rabo de cavalo frouxo.

Soltou um grito baixinho quando a campainha tocou, então desceu depressa para atender à porta, dando uma olhada no relógio enquanto descia as escadas, dois degraus de cada vez.

Estava sem fôlego quando abriu a porta e Mick franziu a testa.

— Ataque de asma?

— Mais para um ataque de pânico. Estava dando uma ajeitada na casa e tentando ficar mais apresentável.

Entrou com um buquê de flores na mão.

— Pra mim você parece bem apresentável. São pra você.

Flores silvestres. Não uma dúzia de rosas, mas margaridas, campânulas, lírios, frésias e mosquitinhos.

— São lindas. Obrigada.

Ele a seguiu até a cozinha.

— Você não me parece o tipo de mulher que gosta de rosas.

— Não sou uma mulher de rosas. Adoro estas.

Pegou um vaso e o encheu de água, depois arrumou as flores e o colocou na mesa da sala de jantar.

— Cadê o Nathan?

— Não está em casa.

Ela não ia dizer que Nathan ia passar a noite na casa de um amigo. Ainda não estava pronta para que Mick o conhecesse. Era cedo demais, e não sabia como seriam as coisas entra ela e Mick. Caramba, ela não tinha certeza de nada. Mas não iria envolver o filho, de jeito nenhum.

— Sei. — Ele a agarrou pela cintura e a puxou para ele, então grudou os lábios nos dela, dando-lhe um beijo ardente e que quase fez seus pés derreterem no chão da cozinha. Tara mergulhou no beijo, esquecendo completamente de onde estava, até que Mick se afastou.

— Uau.

Ele sorriu.

— Imaginei que não teríamos tempo a sós hoje, então já quis fazer isso agora.

Ela piscou para clarear as ideias.

— Então, tá.

Mick olhou ao redor.

— Agora, me mostre sua casa.

— É só um apartamento, Mick. Nada chique.

Ele virou-se para ela.

— Também moro em apartamento. E nada extravagante. Então, me mostre o seu, e quando você for à minha casa, te mostro o meu.

Suas palavras, você me mostra o seu e eu vou te mostrar o meu, evocaram imagens que nada tinham a ver com espaço habitacional. Ela tentou conter o arrepio que desceu pela coluna, mas, enquanto o levava de cômodo em cômodo, sentia seus olhos nela e se perguntou se ele estava realmente olhando a casa ou para ela.

— Você tem uma bela casa, Tara.

Ela deu de ombros.

— Tento fazer um lar para o Nathan. E ele é bagunceiro, então se encontrar tênis fedido por aí, a culpa é dele.

Ele riu.

— Esqueceu com quem está falando. Agradeço por não estarmos no meu apartamento agora porque, provavelmente, você encontraria tênis fedido em algum lugar. Então, relaxe. O fato de ter um adolescente e ele morar aqui não vai me fazer sair correndo porta afora. Eu já fui adolescente. Sei como vivem.

— Tá bom. Vou tentar não entrar em pânico. — Ela o levou pela sala de estar e de jantar. — Acho que você não quer ver o andar de cima.

— Mas é claro que eu quero. Quero ver a casa inteira.

Ela respirou fundo.

— Tudo bem.

Eles subiram as escadas e, de novo, ela sentiu seu olhar nela. Não a estava deixando desconfortável, apesar de estar ciente de que estava sozinha em casa com um homem. E quando foi que isso aconteceu?

Uh... Nunca? Nunca levou homens para casa, jamais quis um desfile deles entrando e saindo da vida de Nathan. Imaginou que se alguma vez pensasse em ter uma relação permanente com um homem, o deixaria conhecer o filho.

Então, por que tinha chamado Mick para vir aqui? Eles nem estavam saindo de verdade.

— Aqui em cima tem três quartos. O do Nathan, o meu, e o terceiro eu uso como escritório. Bem, já vou avisando sobre o quarto do Nathan...

— Pode pular esse. É território particular dele e não quero violá-lo.

Ela parou na frente da porta do quarto dela.

— Ah... mas violar o território da minha privacidade, tá tudo bem, né?

Ele se inclinou sobre ela e girou a maçaneta.

— Querida, eu já violei a sua privacidade.

E lá estava aquele tremor de novo, seu sexo e mamilos bastante conscientes de que eles estavam entrando em seu quarto.

Ela deu um passo ao lado e o deixou entrar, imaginando que daria uma olhada por cima e voltariam a descer.

— É a sua cara.

Olhou fixamente pelo quarto, no edredom creme e marrom, nos quadros nas paredes, nas fotos de Nathan. Ela se virou para Mick.

— Sério? De que jeito?

— Colorido. A arte nas paredes não é um monte de tranqueira confusa. As texturas das duas imagens acima da cama destacam as cores do edredom. Gosto da arte de Mondine, aliás. Está na moda, mas ela não pinta aquela merda esquisita que não se consegue identificar que porcaria é. As fotos em preto e branco do seu filho parecem capturar a personalidade dele. Dá a impressão de que está tentando se esforçar muito para parecer sério e adulto, mas é só um moleque e, provavelmente, se sente deslocado na maior parte do tempo. A maldição dos quase quinze anos. Garoto bonito, por sinal.

— Obrigada. — Sua voz ficou embargada porque ele, tão perfeitamente, descreveu os primeiros anos da adolescência complicada do filho.

— Consigo perceber que você pensou cuidadosamente em cada peça. A mesma coisa com os bibelôs que têm espalhados pela casa. Nada é exagerado, apenas toques sutis; simples. Não me sinto como se tivesse que olhar onde piso ou em que lugar eu deveria colocar o copo. E imagino que seu filho vive confortavelmente aqui. Sua casa parece ter vida. É convidativa.

Ela ficou encarando-o por um bom tempo, até que ele deu risada.

— O que foi? — perguntou.

— Quem é você?

— Hã?

— Nenhum jogador de futebol conhece arte e decoração. E você sabe quem é Mondine.

— Ah... Bem, pode culpar a Liz por causa disso.

— Liz?

— Minha agente. Ela me faz ir a inaugurações em galerias, museus e eventos de caridade para as artes – os tipos de coisas que nenhum jogador de futebol deveria ter de aguentar. Você vai nesses lugares tantas vezes que acaba gostando, mesmo sem querer. Como esta escultura aqui — disse ele, pegando os amantes entrelaçados. — Diz algo sobre quem você é, assim como a respeito do artista.

— O que diz sobre mim?

— Que conhece boa arte. Eu vi isso na inauguração de uma galeria há alguns meses. Também diz que você é romântica.

Ela sentou na beira da cama e olhou para ele.

— Há lados seus que me surpreendem, Mick Riley.

Ele sentou ao lado dela.

— E isso é algo bom ou ruim?

Tara esfregou a têmpora.

— Ainda não decidi. — Sabia que a tinha deixado impressionada porque ele era muito mais complexo do que imaginou.

Ele a puxou para o seu colo.

— Quando decidir me avise. Enquanto isso, quero te dizer o quanto senti sua falta essa semana.

Só de estar perto dele, fazia suas terminações nervosas dispararem, acordando todas as partes femininas que sentiram saudades dele, que ansiavam por seu toque. A parte lógica dela, por outro lado, sabia muito bem que era uma péssima ideia, principalmente porque estavam sentados em sua cama. Mas não conseguia fazer a porcaria do próprio corpo ouvir os sinais do cérebro dizendo para se levantar. Em vez disso, ela passou os braços em volta do pescoço e deslizou os dedos na suavidade de seu cabelo espesso.

— Sentiu a minha falta?

— Sim. Se eu tivesse o número do seu celular, teria ligado.

— Fico feliz de agora você já tê-lo.

— Senti falta de conversar com você.

— Eu também gosto de conversar com você. — Essa era a verdade. Ele a fazia rir. Era inteligente e maliciosamente engraçado. Estava interessado nela, em quem era como pessoa, não alguém apenas para transar. Homens iguais a ele eram raridade.

Ele deitou na cama com ela por cima.

— Pensei muito em te beijar.

— Ah, é?

— É, sim. — Ele pressionou os lábios nos dela, a língua mergulhando e tirando o fôlego de Tara, fazendo-a esquecer de tudo, exceto do gosto, do cheiro e da sensação do corpo duro dele ao dela. Ela montou no quadril dele e se aproximou mais, já molhada e excitada, enquanto o beijo ei-eu-senti-saudades-de-você tornava-se mais profundo, mais apaixonado. Puxou a camisa para fora da calça dele e deslizou a mão para dentro, pressionando a palma no abdome sarado, precisando tocar a pele e sentir a pulsação.

Mick a girou de costas e ficou por cima enquanto deslizava os lábios pela boca, queixo e pescoço. Ela estremeceu quando ele chupou ali.

— Meus mamilos ficam duros quando faz isso.

Ele levantou a regata.

— Ah, é? Vamos ver.

E puxou o sutiã para cima dos seios, sorriu para ela e cobriu um mamilo com a boca. Tara arqueou diante do calor úmido e pelo jeito com que, suavemente, chupou os mamilos.

Sim, tinha sentido saudade dele. E agora que estava aqui, estremeceu com uma necessidade repentina de senti-lo dentro dela.

— Mick, por favor. Me come logo.

Em vez de fazer o que pediu, ele abriu o botão da calça jeans dela e desceu o zíper, depois foi beijando até a barriga.

Tara agarrou o edredom com força, o corpo inteiro rígido de tensão e necessidade conforme ele arrastava o jeans e a calcinha para baixo. Então abriu suas pernas, acomodou-se entre elas, colocando-as sobre os ombros e afundou a boca sobre o sexo.

— Você se tocou esta semana? — perguntou, erguendo o olhar para ela.

— Não.

— Por que não?

— Muito ocupada.

— Nunca deveria estar ocupada demais para gozar, Tara.

— Preciso gozar agora. — Ela estendeu a mão e deslizou os dedos pela maciez de seu cabelo.

— Gosto de saber que você não gozou depois que esteve comigo. — Ele beijou sua coxa, e então, colocou a boca sobre ela.

— Ohhhh... — Foi tudo o que conseguiu dizer enquanto ele lambia a extensão de seu sexo, a língua e lábios encontrando o clitóris. Estava tão perto do orgasmo que arqueou contra ele, inclinando-se para tocá-lo, para ver enquanto ele a lambia, chupava e deslizava a língua dentro e fora, fazendo todas as coisas possíveis para levá-la ao limite. Rodou a língua sobre o ponto mais sensível, sem piedade, quase fazendo-a explodir, então abrandou até deixá-la ofegante e implorando para gozar.

E quando ela puxou o cabelo dele, cobriu-a com a boca, enfiando a língua exatamente onde ela precisava, dando-lhe o que precisava.

— Aí. Vou gozar. — Ela empurrou a boceta em seu rosto e ele segurou firme o quadril dela conforme gozava em ondas quentes e doces, uma após a outra, deixando-a sem fôlego. Assim que relaxou no colchão, logo subiu pelo corpo dela para beijá-la, e fazê-la saborear a doçura de seu próprio prazer. Ela o envolveu com os braços e lambeu seus lábios e queixo, descendo uma das mãos pelo corpo dele até espalmar no pênis.

— Agora, me come. Rápido.

Mick pegou um preservativo e a virou de bruços na beira da cama. Entrou nela forte e rápido, e ela arfou, arrepios correndo por sua pele.

Ela ergueu-se e Mick acariciou suas costas, saindo suavemente e empurrando dentro dela de novo. Ele inclinou-se e afastou seu cabelo de lado, pressionando os lábios na nuca.

— Você está molhada. Sabe o quanto está molhada, apertada e quente?

Não achou que sua pergunta exigia uma resposta. Estava ocupada demais ofegando com ele se movendo dentro dela, e não conseguia responder. Sua única resposta foi dar impulso para trás, dando-lhe mais acesso.

Mick agarrou seus quadris para trazê-la contra ele. Inclinou-se para segurar os seios, e agora a estocava com força. Tara apertou o edredom e firmou-se contra a borda da cama enquanto ele empurrava profundamente, depois recuava, e um avanço era mais rápido que o anterior, levando-a mais e mais às alturas, seu comprimento parecia inchar dentro dela, roçando em todos os seus lugares sensíveis.

Queria gozar com ele dentro. Tara moveu a mão entre as pernas e esfregou o clitóris, tão preenchida por ele que só em se tocar chegou perto do orgasmo.

Então, Mick abrandou e a conduziu sem pressa, envolvendo um braço em sua cintura e balançando contra ela num ritmo lento, parecendo saber o que ela precisava. Sentiu sua boceta pulsar e apertá-lo como um torno, enlouquecendo-a. Ele gemeu e enrijeceu enquanto estocava repetidamente. Tara gritou ao gozar até estarem ambos exaustos; ela de bruços na cama e Mick deitado por cima de seu corpo.

Inspirou e exalou, gostando de senti-lo. Sentiu-se zonza – eufórica – e sem pressa começou a se orientar, abrindo os olhos ao mesmo tempo em que o telefone tocou.

— Vai atender?

— Preciso. Pode ser o Nathan.

Então pegou a calça jeans e retirou o celular. Era Nathan. Ela corou quando atendeu, mesmo que o filho não soubesse que Mick estava ali.

— Alô.

— Oi, mãe. Esqueci minha chave, daí, só queria ter certeza de que estava em casa.

Ela levantou com tudo da cama.

— Sua chave? Por quê?

— Preciso pegar um jogo que eu esqueci. Estarei aí daqui dez minutos.

— Uh, tudo bem... Merda! — disse, pegando a calcinha e o jeans logo após desligar o telefone.

— O que foi?

— É o Nathan. Ele está voltando para casa.

Os lábios de Mick ergueram.

— Oh... Voltando mais cedo do que pensou?

— Não. Não era para ele vir pra cá nem mais tarde. Nathan vai dormir na casa de um amigo.

— Ohhh. Então você me chamou aqui com falsos pretextos, hein?

— Ah, cala a boca e coloca a roupa.

Ela correu para o banheiro, abriu a torneira e jogou uma toalha para Mick, que sorria enquanto caminhava até ela. Como ousa parecer tão relaxado e à vontade?

Limpou-se em tempo recorde, amarrou o cabelo – todo desgrenhando do sexo – em um rabo de cavalo, jogou água fria no rosto corado, depois praticamente arrastou Mick para fora do quarto e desceu as escadas.

— Certo, cozinha — disse ela, sem fôlego, entrando na cozinha e começando a fazer chá.

— Se acalme! Ele ainda não está aqui, está?

— Não. Mas, meu Deus, podia ter flagrado a gente. O que estávamos pensando? — Balançou a cabeça, enchendo o pote com água.

Ele veio por trás dela e a envolveu com os braços.

— Não sei, você, mas eu estava pensando no quão bom foi estar dentro de você.

Ela o empurrou com o quadril.

— Pare com isso.

— Mamãe! Cheguei!

Ela virou com tudo e estampou um sorriso no rosto.

— Estou aqui.

Se ao menos o coração dela parasse de bater freneticamente no peito, talvez não acabasse desmaiando.

Nathan entrou na cozinha, deu uma olhada para ela e depois para Mick, e seus olhos se arregalaram.

— Puta merda.

— Nathan, olha a boca.

— Você é Mick Riley.

Mick sorriu e foi cumprimentar Nathan.

— Sou. E você é o Nathan. Prazer em conhecê-lo.

Nathan engoliu em seco, e Tara tinha certeza de que jamais viu o filho tão incrivelmente chocado antes.

— Acredito que sabe quem é o Mick?

Ele nem sequer olhou para ela, apenas manteve o olhar atordoado, focado em Mick.

— Duh, mãe. Não sou imbecil.

Mick puxou uma cadeira e sentou-se. Nathan se sentou na cadeira ao lado dele.

— Sua mãe disse que joga futebol.

— Sim. No time dos juniores já que sou calouro. Bem, vou para o segundo ano no outono.

— Também joguei nele quando era calouro. Não entrei para o time principal até estar no penúltimo ano.

Eles começaram a tagarelar sobre futebol, o que deu a Tara uns minutos para conseguir acalmar sua frequência cardíaca. Tudo bem, desastre evitado. Seu filho não os encontrou em meio a um sexo selvagem e escandaloso. Santo Deus, para onde havia ido seu bom senso? Nunca trouxe um homem para casa, muito menos transou com ele ali.

Mick era uma má influência para ela.

— Então, onde vocês se conheceram?

— Sua mãe organizou um evento para o nosso time há algumas semanas.

Nathan desviou o olhar arregalado para ela.

— Você organizou?

Tara trouxe o chá à mesa.

— Organizei.

— Não sabia disso.

— Acredito que mencionei. Mais de uma vez, para falar a verdade. Talvez seja bom tentar me ouvir quando converso sobre o meu trabalho.

Nathan deu de ombros.

— Seu trabalho geralmente é uma chatice.

— Evidentemente que não — disse Mick — ou não teria perdido a parte sobre ela organizar um evento para o meu time. Podia até mesmo ter surrupiado um convite se tivesse prestado atenção. — Mick acotovelou Nathan. E ele teve a decência de baixar a cabeça e ficar vermelho.

Bela jogada, Mick.

— É, tá bom, então talvez eu devesse ter escutado. Mais alguma coisa boa para acontecer, mãe?

— Infelizmente, não. A menos que queira me acompanhar em um almoço para o Conselho da cidade. Ou talvez a uma festa no jardim para as Filhas da Revolução Americana?

Nathan sacudiu a cabeça.

— Não, obrigado. Prefiro depilar as pernas com cera quente.

Mick deu risada.

— Não posso te criticar, amigo.

Tara pediu pizza, e Nathan conseguiu, de alguma forma, sorrateiramente, convidar “alguns” de seus melhores amigos para vir em casa. Tara não concordou, mas Mick disse que não se importava. Antes que percebesse, cinco adolescentes estavam pendurados em cada palavra de Mick e devorando as dez pizzas que pediram e que Mick tinha insistido em pagar. Assim que a horda de adolescentes famintos e um macho adulto esfomeado ficaram saciados, ele sentou-se na sala de estar com Nathan e os amigos dele aglomerados ao seu redor, e conversaram de futebol sem parar.

Tara encostou-se à parede e escutou. Mick parecia tão à vontade com os meninos, sem se importar em responder a enxurrada de perguntas, e não ouvia seu filho falar tanto assim desde os seis anos. Claro, também não era como se ela conversasse muito com ele sobre futebol.

Afinal, ela era a mãe. E mulher. Tantos pontos contra, já o Mick, era o próprio herói. Era um astro do futebol, e nunca teve que fazer a parte chata como dizer ao seu filho para fazer a lição de casa ou ficar brava por ele não ter chegado em casa no horário.

Tão injusto.

— E quanto ao Gavin? Ele é tão impressionante quanto parece? — perguntou Nathan.

Tara percorreu, mentalmente, a lista de todos os jogadores do San Francisco e não se lembrou desse nome. Achou que conhecia todos.

— Quem é Gavin?

Nathan lançou-lhe um olhar que dizia que ela era uma completa idiota.

— Gavin Riley, mãe.

— Uhhhh...

Tara desviou o olhar de Mick – que parecia se divertir – para Nathan, que parecia chocado.

— Mãe, Gavin Riley não é só o irmão mais novo de Mick, ele também é jogador profissional de beisebol. Primeira base. Joga no Saint Louis que, a propósito, também é a cidade natal de Mick e Gavin. Em que planeta você vive, afinal?

— Marte, aparentemente — respondeu Tara, lançando um olhar impotente a Mick, que riu.

— Não acho que ela seja obrigada a conhecer todos os jogadores de cada esporte, Nathan. E sua mãe e eu só começamos a sair há pouco tempo, então ela não conhece a minha biografia tão bem quanto você.

— Porra, mas se está saindo com você, com certeza deveria saber quem é o seu irmão.

— Olha a boca, Nathan — retrucou Tara.

Nathan apenas deu de ombros.

— A gente tem conversado basicamente sobre nós dois, não abordamos o histórico familiar, Nathan — disse Mick com um sorriso, que era direcionado a Tara.

Os meninos fizeram oohhh e aahhh de um jeito bem adulto. Nathan deu um olhar curioso para Tara, que a fez querer fugir da sala.

— Isso é nojento. Então, sobre aquele jogo com o Green Bay...

Salva pelo futebol. Tara saiu de fininho da sala antes que qualquer outro assunto embaraçoso sobre ela e Mick viesse à tona. Ela deixou Mick desfrutar da adoração dos garotos mais um pouco, até que ele a encontrou na cozinha lavando a louça. Pelo menos, esperava que o homem a abraçando por trás fosse o Mick. Ela se virou quando ele a beijou no pescoço.

— Você não tem que se esconder aqui — disse ele.

Secou as mãos no pano de prato e se afastou.

— Não queria ficar no meio de tanta adoração ao herói.

— Bons meninos. Mas, como todos os adolescentes, eles tendem a querer ser o centro das atenções. Estou saindo com você, não com eles. E você tem o direito de se importar.

— Eu não ligo. Onde eles estão agora?

— Eu mandei o fã clube pra casa. Nathan subiu e está trabalhando com o amigo algumas jogadas para amanhã, e depois irão embora. Ele disse que tem treino, então falei que ele deveria ir dormir às onze.

Tara ouviu passos pesados descendo as escadas. Nathan e Devon entraram na cozinha.

Seu filho estava sorrindo. Sorridente mesmo.

— Estamos indo. Tchau, mãe. Até mais, Mick.

— Até mais, Nathan — disse Mick. — Não se esqueça de dormir cedo.

— Pode deixar — Nathan se despediu todo respeitoso.

Depois que ele saiu, Tara bufou.

— Ir dormir às onze? Tá bom, certo. Até parece que isso vai acontecer.

— Vai sim. Ele me prometeu.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Você falou sério. Ele vai mesmo dormir às onze.

Mick deu de ombros.

— Fiz o meu discurso sobre como adolescentes e atletas precisam dormir e o quanto um treino suga o corpo todos os dias, especialmente no verão. Eu te garanto que às onze horas, ele e o amigo irão dormir.

Tara se inclinou para trás.

— Estou... chocada. Não sei te dizer quantas vezes briguei com ele para que fosse dormir num horário apropriado.

— Já fui adolescente. Sei o quanto somos terríveis e peço desculpas em nome de todos os homens.

Foi inevitável que ela sorrisse.

— Desculpas aceitas.

— Bom. Agora venha se sentar comigo e relaxar.

Ele a levou para a sala, ligou a televisão, e se acomodou no sofá, esperando que se aconchegasse a ele.

Ela hesitou.

— O que foi?

— Não trago homens aqui.

Ele apoiou os pés na mesa de centro.

— Por que não?

Em vez de sentar no sofá ao lado dele, ela sentou na cadeira.

— Não sei. Simplesmente... não sei.

— Então acha que é errado seu filho saber que tem um homem assistindo televisão aqui com você?

Ela olhou para ele.

— Mick. Eu não sei. Não... saio com ninguém.

— Ele tem quatorze anos, Tara.

Ela mordeu o lábio inferior.

— O aniversário dele é mês que vem.

— Está me dizendo que ele vai fazer quinze anos mês que vem e que você nunca trouxe um homem aqui? Há quanto tempo?

— Não entendi a pergunta.

— E o pai dele?

Ela hesitou.

— Ele agora não faz parte da vida de Nathan.

Mick a estudou.

— Há quanto tempo que o pai dele não está mais presente?

— Oh...

Tara olhou para as próprias mãos por alguns segundos.

— Estou sendo intrometido. Peço desculpas.

— Ele jamais esteve presente.

— Nunca?

— Não.

— Canalha.

Ao respirar, estremeceu e ergueu o olhar para ele.

— Longa história.

— Quer conversar sobre isso?

— Não hoje.

— Tudo bem. Mas, ainda assim, você tem o direito de ter uma vida.

Ela deu de ombros.

— Estive ocupada, primeiro quando Nathan era pequeno, e depois com os estudos, e agora tentando fazer minha carreira engrenar.

— Mais uma vez, você precisa ter uma vida. E não tem problema trazer alguém aqui, vez ou outra.

Ele dizendo dessa maneira parecia ridículo e provinciano.

— Nunca quis ser o tipo de mãe solteira que desfila um bando de homens entrando e saindo da vida dele.

— E você não foi, foi?

— Não.

— Então, venha aqui e vamos assistir a um filme. Prometo não abusar de você.

— Ora, mas onde está a diversão nisso?


Puta merda. Mick estava em apuros.

Ele estava gostando dessa mulher. Gostando mesmo. E do filho também. Ela era uma boa mãe; dava para perceber. Não estava à procura da própria satisfação. Tomava conta do filho e das necessidades dele, obviamente, não farreava em detrimento ao bem-estar de Nathan, e era realmente uma daquelas mulheres que colocam o filho em primeiro lugar.

E até agora isto estava tão fora do que ele estava acostumado, que não tinha ideia do que estava fazendo.

Depois de uma hora e meia de filme, ela capotou em seu ombro, roncando baixinho, o que ele achou incrível – verdadeiro. Nenhuma mulher que Liz pudesse arranjar para ele seria pega desmaiada com a boca aberta e roncando em seu ombro e, muito menos, com o cabelo escapulindo do rabo de cavalo.

Ele se ajustou e colocou a cabeça de Tara em seu colo. Deus, ela era bonita. Não linda de morrer do tipo com que ele estava acostumado. Já tinha tido muitas mulheres deslumbrantes nos braços, antes. Mas gostava que Tara fosse... normal e bonita. E ela roncava. Sim, ele realmente gostava disso nela.

Ela bufou uma vez e depois rolou de lado, puxando os joelhos contra o peito. Mick pegou a manta do encosto do sofá e a cobriu.

Tara não acordou, provavelmente, estava esgotada. Ele se perguntou há quanto tempo ela fazia tudo por conta própria. Criar uma criança sozinha? Caramba, não deve ter sido nada fácil, e ela não falou nada sobre a família.

Nathan parecia um bom garoto. Assim como os amigos. O que significava que ela estava fazendo tudo certo. Sozinha.

Como se ele já não gostasse muito dela, agora estava começando a admirá-la.

É, ele estava em sérios apuros com essa mulher.

 

 

6

— Então, há quanto tempo isso vem acontecendo?

Tara quase desmaiou de susto quando a voz de Nathan interrompeu o silêncio de suas atividades corriqueiras de sábado à tarde: de dobrar as roupas lavadas. Ela tinha ido trabalhar naquela manhã, e quando voltou para casa, ele já havia saído. Assim como em várias outras ocasiões, eles eram como dois navios que se cruzavam durante a noite.

Ela colocou a toalha em cima da secadora.

— Você me assustou. Quando chegou?

— Não sei. Faz um tempinho.

— Não te ouvi com o barulho da secadora. Quanto tempo vem acontecendo o quê?

— Você e Mick Riley.

— Ah... Não tem nada acontecendo.

Nathan inclinou a cabeça de lado e a olhou do mesmo jeito que ela o olhava quando a resposta não era tão satisfatória. Ela se segurou para não sorrir.

— Ah, qual é, mãe. Nenhum homem vem para jantar com o filho de uma mulher, se ele realmente não gostar dela.

— Você acha?

— Conta outra. E você está caidinha por ele. — Ele virou e saiu da lavandaria.

Tara o seguiu até a cozinha e levantou a tampa da panela que estava no fogão. Mexeu o molho enquanto Nathan preparava um copo de leite com chocolate.

— Então, isso te incomoda? — perguntou.

— Isso, o quê?

— Que eu esteja saindo com alguém.

— Ele não é simplesmente alguém, mãe. Ele é o quarterback fodão de um time de futebol da nfl.

— Se ele não fosse, te incomodaria?

— Mãe, eu não ligo que esteja saindo com o lixeiro, contanto que ele seja legal com você. — Nathan parou à sua frente e a olhou diretamente nos olhos. — Ele é legal com você?

Sua pergunta a chocou.

— Sim. Ele é.

— Então, vai fundo. Mas é irado demais que esteja saindo com Mick Riley. Não espere que eu mantenha segredo sobre ele. — Nathan beijou seu rosto e saiu com o leite e um punhado de cookies na mão.

Ela ficou bastante emocionada e com lágrimas nos olhos para brigar com ele sobre comer besteiras antes do jantar.


Mick estava fisicamente esgotado, pingando suor e xingando o treinador, o que fez Ben rir dele e dizer que foi um belo de um treino.

Mick limpou o suor dos olhos e esvaziou a garrafa de água.

— Você é um filho da puta — disse ele, ofegante.

Ben sentou ao lado dele, no banco de levantamento de peso.

— Você me paga para ser um filho da puta. Se ao final do treino você me odiar, então cumpri com o meu trabalho.

— Uh-huh. Estou morrendo aqui.

Ben deu um tapa em suas costas, a cabeça careca brilhando sob as luzes do teto.

— Pare de choramingar feito uma mulherzinha e faça esteira por vinte minutos para esfriar o corpo. Depois pode ir tomar banho.

— Você se diverte, né?! — Mick aprumou vagarosamente o corpo dolorido.

— Atende às minhas tendências sádicas. E sou pago por isso. Como não amar?

Mick balançou a cabeça e se arrastou até a esteira, marcou vinte minutos num razoável – ainda que pateticamente lento – ritmo, e começou a caminhar. A essa altura, Ben já tinha ido torturar algum outro pobre coitado. Mick focou na televisão e torceu para que esses vinte minutos passassem bem depressa.

— Cara, você deve estar ficando velho. Os exercícios de Ben estão quase te matando.

Mick sorriu quando Randy Lasalle, o wide receiver – seu melhor receptor – subiu na esteira ao lado e começou a correr num ritmo mais acelerado. Randy tinha vinte e dois anos e estava no segundo ano de seu contrato. Mick estava contente de tê-lo no time. O garoto veio de uma escola estadual de Louisiana, foi escolhido em uma das primeiras rodadas do Draft porque tinha as melhores mãos e o passo mais rápido que Mick já tinha visto.

— Está aqui para treinar com o Ben?

— Sim. Tenho que ficar em forma para as garotas, entende?!

Mick bufou.

— O que você quer dizer é que tem que manter as pernas finas em forma para mim.

Randy deu risada.

— Só não conte isso a elas, tá bom?

Ben se aproximou, debruçou-se sobre esteira de Randy, e bateu em alguns números.

— Não tão rápido, garotão. Se quer continuar fazendo muito dinheiro com as pernas rápidas, então menos conversa e mais corrida.

Depois que Ben se afastou, Randy disse:

— Parece que estou de volta à escola. Estou velho demais pra essa merda.

— Não estou te vendo suar tanto assim, Randy — Ben disse do outro lado da sala.

Randy revirou os olhos, e Mick riu.


Depois de tomar banho e se vestir, Mick seguiu para a frente da academia, quando viu uma ruiva deslumbrante bem vestida num traje que era quase, mas não muito curto, para ser considerado inadequado. O cabelo estava elegantemente arrumado para cima, os olhos verdes bem maquiados e os saltos pecaminosamente altos. Ela parecia a encarnação do sexo – e sorria como se soubesse exatamente disso, quando se inclinou no balcão da frente enquanto conversava ao telefone, o quadril inclinado de lado, aparentemente alheia ao monte de caras suados na academia que estavam babando e que – oh, tão obviamente e sem parar – ficavam passando perto dela para dar uma conferida.

Mas Mick sabia que ela não estava nem um pouco alheia.

A agente de Mick, Elizabeth Darnell, era de parar o trânsito. Usava sua bela aparência estonteante para abrir caminho e fisgar o alvo. E então, ela atacava com tudo enquanto a língua ferina arrastava pelo chão.

Ela finalizou a ligação ao vê-lo caminhando em sua direção, e lhe deu um sorriso deslumbrante.

— Mick, não sabia que estava aqui.

— Liz, duvido que exista alguma coisa que você não saiba.

Ela deslizou o braço pelo dele.

— Verdade. Me leve para almoçar e vamos conversar.

— Claro.

Eles entraram em um restaurante a poucos quarteirões dali. Mick estava morrendo de fome depois do flagelo de Ben, então se encheu de proteínas e carboidratos enquanto Liz mordiscava uma salada com frango grelhado.

— Você precisa de um cheeseburger — disse ele, agitando o garfo para as tentativas lamentáveis dela em comer.

— Querido, se eu ficar gorda, os gerentes não cobiçarão as minhas pernas e seios. Então, quem vai conseguir contratos multimilionários para homens como você?

Mick tomou um longo gole de água.

— Prefiro ver você comer um cheeseburger.

Ela arqueou uma sobrancelha, limpou a – oh, tão linda – boca com o guardanapo, e depois empurrou o prato de lado.

— Tem uma estreia em Hollywood esta semana que eu gostaria que você fosse.

— Não estou interessado.

— Sempre diz isso. Mas sempre acaba indo.

— Ainda não estou interessado.

Liz respirou profundamente, como se fosse uma mãe irritada com um filho difícil. Ele sabia que ela não estava tentando impressioná-lo com o vislumbre do decote à mostra. Mick não fodia pessoas com quem fazia negócios, o que também funcionava muito bem para Liz, porque ela também não misturava trabalho com prazer. Para Mick, Liz era como uma irmã – uma que às vezes era extremamente irritante – que o fez ganhar muito dinheiro.

— Mick, é a temporada dos grandes sucessos do verão. As pessoas estão prestando atenção à televisão e revistas e em quem vai aparecer nas estreias dos grandes filmes. Esta seria uma grande oportunidade para fazer uma aparição em um destes filmes de grande lucratividade. O novo filme da Cynthia Beaudreaux estreia na quarta-feira.

— Que tipo de filme é?

— Comédia romântica.

Mick mordeu um pedaço de pão.

— Gosto de filmes de ação.

— Mas você não ia adorar comparecer à estreia do filme dela?

Preferiria fazer um tratamento de canal. Mas, talvez, Tara podia gostar de comédias românticas.

— Me deixa verificar a minha agenda e te aviso.

Liz arqueou uma sobrancelha.

— Querido, eu sou a sua agenda. Sei de cada movimento seu.

— Não, você não sabe.

— Sim, eu sei.

— Você não é minha dona, Liz. Não cometa o erro de pensar isso. Quer gerenciar minha carreira, tudo bem. Não pense que vai tomar conta da minha vida. Vou verificar na minha agenda e te aviso.

Ela pegou o copo de água com gás, nem um pouco ofendida. Sua vida consistia em lidar com atletas de grandes egos. Ele sabia que seria preciso um rolo compressor para detê-la.

— Não pode fazer isso agora?

— Meu telefone está no carro.

— Não pode ir buscá-lo?

— Não.

E Mick tinha que admitir que gostava de deixar Liz irritada.

Ela suspirou.

— Você testa a minha paciência, Mick.

— Sim, mas você ganha um montão de dinheiro comigo, então está disposta a me aturar. Eu te ligo hoje à noite, Liz. E , caso eu decida ir, te peço para pegar alguns ingressos para essa estreia.

— Estava querendo que você levasse Cynthia Beaudreaux à estreia do filme dela.

— Ela já não tem um acompanhante?

— Não sei. Talvez sim. Eu não me importo. Vou providenciar para que você a acompanhe.

— Lá vem você de novo, organizando a vida das pessoas, por elas.

— Para o benefício delas. Para o seu benefício.

— Se eu for a esta estreia, não será com a Cynthia.

Os olhos de Liz brilharam, irritados.

— Então com quem vai ser?

— Vou levar uma acompanhante.

— Aquela organizadora de eventos?

Ele deu de ombros.

— Talvez.

— Ela é uma Zé Ninguém.

— Mas a questão é que eu vá à estreia para ser visto e fotografado, certo?

Ela bateu as unhas na mesa.

— Sim. Mas...

— Mas, nada. Você me apresentou a essas mulheres por anos, Liz. E para a publicidade tem sido ótimo. De vez em quando, eu gosto de escolher as minhas acompanhantes, tudo bem?

Ela abriu a boca para responder, mas o olhar que Mick lhe deu a fez pensar duas vezes.

Mulher inteligente. Ela sabia quando não discutir.

— Me ligue e avise o que decidiu.

— Pode deixar.


Nathan estava passando a semana em um acampamento com o time de futebol. Ambos os times – juniores e o principal – estavam participando. Ele nunca ficou longe dela por tanto tempo. Alguns dias em excursões escolares, sim, mas não por uma semana inteira. Tara o colocou no ônibus hoje, às cinco da manhã e tentou esconder as lágrimas que ameaçaram cair, sabendo que o envergonharia. Além disso, ela queria que ele crescesse forte e independente e, certamente, já era isso e muito mais. Nathan estava tão entusiasmado com esse acampamento que ela economizou e guardou dinheiro para poder bancar o passeio. Ficou feliz por ser capaz de fazer isso por ele. Ele conquistou com boas notas e fazendo as tarefas domésticas, e se a sua atitude no ano passado não tivesse sido espetacular, ela teria entendido que não era fácil ser adolescente e começar o Ensino Médio. Hoje em dia havia tantas pressões sobre as crianças... Ela tentou não ser tão dura com ele contanto que as coisas não saíssem de controle. E aqueles hormônios irritantes, representaram pelo menos um pouco de seu comportamento à la Jekyll e Hyde.

Mas agora teria uma semana inteira de noites tranquilas em casa. Ela não sabia o que ia fazer. Durante o dia ficava ocupada com o trabalho. Tinha um almoço na quarta-feira, então hoje e terça, ela e as outras mulheres estariam bastante ocupadas se preparando para ele.

Mas o que ia fazer à noite? Ela pensou que seria melhor começar a se preparar para aqueles tempos solitários já que, eventualmente, ele tiraria a carteira de motorista, começaria a namorar e iria à faculdade. Não ia ficar perto por muito mais tempo.

Ela se pegou olhando pela janela da cozinha, voltando à realidade ao som do celular tocando. Ela atendeu.

— Oi, linda.

Mick. Sorriu ao ouvir sua voz.

— Oi, bonitão.

— O que está fazendo?

— Sentindo autopiedade porque meu filho me abandonou por uma semana.

— Ah, é? Para onde ele foi?

— Acampamento com o time de futebol.

— Eu me lembro de já ter ido. Ele vai se divertir.

— Tenho certeza de que vai. Mas é a primeira vez que ficamos separados por muito tempo.

— Jesus, mamãe, está na hora de cortar o cordão umbilical.

Agora era a vez de ela cair na risada.

— Você tem razão. Estou exagerando um pouco, não estou?

— Com certeza. Então, o que vai fazer na quarta-feira à noite?

— Tenho um almoço nesse dia.

— Mas e à noite? Está livre?

— Hum, acho que sim.

— Que horas esse almoço vai terminar?

— Devemos acabar até às duas horas, incluindo a limpeza.

— Gostaria de assistir a um filme comigo na quarta à noite?

Ela sorriu. Essa seria a maneira perfeita de relaxar depois do evento.

— Eu adoraria.

— Ótimo. Se me der o endereço do evento que está fazendo, vou mandar uma limusine te buscar em torno das duas.

— Uma limusine?

— Sim. Ela vai te levar ao aeroporto.

— Aeroporto? Para assistir a um filme?

Ela teve a sensação de que perdeu parte da conversa em algum momento.

— Vamos para L.A. assistir à estreia de “I Dream of You”.

Ela caiu sentada na cadeira.

— Está de brincadeira? Estou morrendo de vontade de ver esse filme.

— Está? Maravilha.

— Você está falando sério? Uma pré-estreia?

— Estou.

— Ah, meu Deus, Mick.

— Isso significa um sim?

— Hum, sim. Mas é claro que sim. Eu adoraria.

— Bom. Vou mandar a limusine às duas horas. Vamos pegar um avião até lá e passaremos a noite em um hotel, se não tiver problema pra você.

— Sim. Perfeito. Ah, minha nossa, tenho que encontrar algo para vestir. Santo Deus, não tenho muito tempo, tenho?

— Vou te levar às compras amanhã.

— Não preciso que me leve às compras. E não tenho tempo para isso. Estarei ocupada o dia todo terminando de organizar as coisas para o almoço de quarta.

— Tudo bem. Vou pedir para Liz te mandar algo.

— Não. Posso comprar as minhas roupas. Vou arrumar tempo.

— Tara, não te convidei para que entrasse em pânico. Vou garantir para tenha algo digno para vestir, para uma pré-estreia de cinema. Essa responsabilidade é minha, então não se preocupe, tá bom? Além disso, minha agente tem pessoas que trabalham pra ela que não têm muito o que fazer.

Ela riu.

— Tudo bem, já que você insiste. E Mick?

— Sim?

— Obrigada por me convidar. Estou muito animada.

— Eu também.


Os próximos dois dias passaram num turbilhão de atividades. Quando contou às garotas sobre o convite para pré-estreia, ela não sabia quem estava mais entusiasmada. Embora tivesse um milhão de coisas de última hora para providenciar para o almoço, Maggie insistiu que Tara fosse na manicure e pedicure, apesar de seus protestos veementes de que estava sem tempo para isso. Mas Ellen e Karie disseram que estava tudo sobre controle a respeito do almoço, e que Tara estava se preocupando desnecessariamente.

Mas esse era o trabalho dela. Se ela não se preocupasse com todos os pequenos detalhes, quem o faria?

Pelo menos, o almoço manteve sua mente afastada da elegante pré-estreia de um filme com Mick. Caso contrário, estaria uma pilha de nervos com o que vestiria, como faria o penteado e as joias que usaria.

Mas, aparentemente, essas coisas estavam fora de seu controle, pelo menos de acordo com uma tal de Lisa Montgomery, que apareceu na terça bem cedinho. Lisa trabalhava para Elizabeth Darnell, agente de Mick. Ela invadiu a loja logo quando abriram, tirou as medidas de Tara, perguntou sobre suas preferências em cores de vestido, sapatos, penteados, maquiagem e até de joias. Maggie, Ellen e Karie riram e entraram no espírito da coisa, enquanto Tara praticamente ficou sentada, chocada até Lisa agradecê-la, dizendo que tudo seria providenciado, e só o que Tara precisava fazer era aparecer em Los Angeles na quarta-feira e pisar no tapete vermelho, graciosa e confiante.

Quando o almoço – que saiu perfeito – terminou, Tara estava física e mentalmente esgotada. No entanto, quando a limusine chegou para buscá-la, não conseguiu evitar a sensação de ânimo renovado, mais até porque veria o Mick de novo, do que com a pré-estreia. Então, Maggie a empurrou porta afora e disse que acabariam de acompanhar a finalização da limpeza.

Entrou no carro preto, sentindo-se muito mais importante do que era, e tentou relaxar enquanto se dirigiam para o aeroporto de São Francisco. Ela ficou surpresa ao descobrir que viajariam em um jatinho particular em vez de uma companhia aérea comercial. Subiu a bordo do avião luxuoso. Mick estava sentado na parte de trás, em uma cadeira bastante confortável. Ele levantou quando ela entrou, aproximou-se dela, embalou-a num abraço e a beijou profundamente.

Ela se derreteu toda, o estresse da semana evaporando ao sentir seus lábios se movendo sobre os dela, a língua deslizando para dentro, lambendo a dela. Suspirou, inclinando-se contra ele, amando a sensação de seus músculos firmes.

Era difícil não querer continuar a beijá-lo, tocá-lo, mas eles não estavam sozinhos. Ela interrompeu o beijo, e ele encostou a testa na dela.

— Senti saudade.

Tara sorriu, amando por ele ter dito as palavras que ela sentia.

— Também senti.

— Como foi o evento do almoço? — Ele a conduziu a um sofá de couro branco. Este jatinho não parecia um avião. Parecia uma suíte de hotel com tapete exuberante e cadeiras giratórias enormes. E o sofá. Ela nunca tinha visto nada igual.

Tara sentou-se e ele sentou ao lado dela.

— Correu tudo muito bem.

— Ótimo. Espero que consiga mais negócios com ele.

— Eu também.

A aeromoça a bordo lhe serviu uma taça de champanhe. Ela sorriu, sentindo-se um pouco decadente, mas aceitou de bom grado e depois virou para Mick, que bebericava um copo do que parecia ser Club Soda.

— Não vai tomar champanhe?

— É verão e estou treinando. Meu personal trainer chutaria a minha bunda se ele descobrisse que estou suando álcool.

Ela riu.

— Ele te tira o couro, não é?

— Às vezes eu choro um pouco depois de um treino. Mas que ninguém me escute dizendo isso. Só vai aumentar o ego dele.

— Não consigo nem imaginar, com a forma que você tem, o que é preciso fazer para ficar desse jeito.

Ele deu de ombros.

— Estou ficando mais velho. É mais difícil manter a forma, então tenho que treinar mais.

— Futebol americano é um esporte brutal. Você tem que ser moldado como uma rocha para aguentar todo o tipo de pancada que recebe.

Ele inclinou para trás e começou a brincar com as pontas dos cabelos dela.

— É mais fácil para mim do que para vários outros jogadores. Eu só fico atrás e lanço a bola.

— Uh-huh. Eu já vi seus jogos. Você tem a sua quota de pancadas.

— Então, você é fã. Quer um autógrafo?

— Ora, mas é claro que eu quero. Você pode autografar sua língua na minha...

— Estaremos prontos para decolar em breve, Sr. Riley.

— Obrigado, Amanda — disse ele, sem tirar os olhos de Tara em momento algum. Assim que Amanda saiu, indo para a frente do avião, Mick se inclinou e roçou os lábios nos dela.

Tara engoliu em seco, seu corpo mergulhado em um inferno de necessidade.

— Tatuagem com a minha língua, né?

Ela devia ter ficado envergonhada por Amanda – a aeromoça – provavelmente ter ouvido o que disse, mas naquele momento, sua única preocupação era Mick.

— Exatamente.

— Não vou me esquecer disso. Está na hora de colocar o cinto de segurança.

Eles se acomodaram nos assentos separados até decolarem, depois Amanda serviu mais bebidas, camarão grelhado como aperitivo e uma salada.

— Achei que precisaríamos comer alguma coisa — disse Mick. — Assim que chegarmos só teremos tempo de comer depois da pré-estreia.

— Qual é a programação?

— Liz disse que providenciou alguém para arrumar seu cabelo e maquiagem, e deixou o vestido e sapatos e todas aquelas joias, preparadas em Los Angeles.

— Mick, você teve bastante trabalho por minha causa. Não precisava fazer isso.

Ele pegou a mão dela e beijou o pulso.

— Quero que seja uma noite divertida pra você.

— Obviamente, este é um evento que a sua agente queria que participasse para se expor?

— Com certeza.

— E ela não esperou, exatamente, que você me trouxesse como acompanhante.

— Eu não faço tudo o que Elizabeth me diz para fazer. — Ele segurou a mão dela e lambeu o interior do pulso. Ela estremeceu.

— Quanto tempo temos antes de pousar?

Mick pegou seu celular para ver a hora.

— Cerca de quarenta minutos. Por quê? Tem algo em mente?

Seu olhar percorreu pelo pequeno espaço do jatinho.

— Não tem muita privacidade aqui.

— Tem mais do que você pensa. — Ele se levantou e a puxou pela mão, conduzindo Tara por uma porta na parte de trás do avião. Ela arfou quando percebeu que era um quarto.

— Puta merda. De quem é essa coisa? Algum sultão?

Mick riu, vindo por trás dela e a envolvendo com os braços.

— O avião é do Irvin Stokes.

— Meu Deus. Não tinha ideia. Ele deve realmente gostar de você.

— Bem, sim. Mas ele também gosta muito da Elizabeth. Ela o bajula, almoça com a esposa dele o tempo todo. Acho que pensa nela como uma filha – oh, tão bem – sucedida.

Ela virou e envolveu os braços ao redor dele.

— Acho que ele realmente gosta de você. Esse avião é inacreditável.

— Já chega de conversar sobre aviões. — Mick virou e trancou a porta, empurrando Tara contra a parede. — Quer se juntar ao mile-high club e fazer sexo nas alturas?

— Pensei que nunca fosse perguntar. — Ela pressionou os lábios nos dele, os mamilos já formigando com o pensamento de transar com Mick no avião. Estava tendo tantas experiências selvagens com ele, mas esta era louca e muito emocionante. Ela estava molhada e pronta e gostaria de estar instantaneamente nua para que ele pudesse fodê-la.

Mas, por que mesmo ela tinha que estar nua? Sua boca estava na dela, o corpo firme pressionando o dele, e ela estava usando um vestido de alça e soltinho. Seu pau estava duro contra seu quadril. Ela ajustou o corpo, deixando a ereção em contato direto com seu sexo, e se esfregou nele.

Mick baixou os olhos para os dela com um olhar ardente que a fez derreter por dentro.

— Quer alguma coisa?

— Quero. Seu pau dentro de mim. Agora.

Com uma mão ele levantou o vestido até os quadris e com a outra deslizou a calcinha pernas abaixo. Ela se contorceu, deixando-a cair no chão. Mick abriu o zíper da calça e tirou o pau, enfiou a mão no bolso para pegar um preservativo, rasgou a embalagem e se revestiu em tempo recorde.

Mick a empurrou contra a parede e levantou sua perna sobre o quadril dele, empurrando dentro dela com um forte impulso que a teria feito gritar se não estivesse ciente de que não estavam a sós no avião. Em vez disso, ofegou quando ele saiu e entrou de novo. Sentiu a boceta pulsar, exigindo mais do prazer pecaminoso que ele estava lhe dando.

Ele deslizou as alças do vestido pelos seus ombros e descobriu os seios, então inclinou-se para abocanhar um dos mamilos e chupou forte. Tara estremeceu, bateu a cabeça contra a parede do avião, o rugido dos motores igualando o rugido de seu sangue, conforme martelava nos ouvidos. Ela puxou a camisa de Mick, e ele levantou os braços, permitindo que ela a tirasse.

Ah, ela gostava daquilo, ter Mick a estocando contra a parede do avião, o vestido nada além de um amontoado nas mãos dele enquanto o segurava, atacando-a com golpes profundos, o frenesi de fazer amor levando sua mente para um lugar onde se sentia louca e livre. Não sabia de mais nada, a não ser este homem e este momento e o centro de seu ser onde o desejo enrolou feito uma cobra, feroz e sem restrições. Enfiou as unhas em seus ombros e exigiu mais.

— Merda — disse ele, balançando a pélvis com mais força contra ela, dando o mais que ela queria, deslizando a mão entre eles para massagear o clitóris, se afastando só um pouco para permitir que vissem enquanto seu pênis entrava e saía dela e usava os dedos no clitóris.

— Vou gozar, Mick. Continua me fodendo desse jeito.

Sentiu a boceta apertar em torno do pau dele, uma espiral selvagem de sensações tomando conta, e gozou soltando um grito selvagem.

Mick fechou a boca sobre a dela, chupando sua língua enquanto enfiava profundamente nela com um rosnado, alcançando o clímax. Então passou os braços ao seu redor, levantando-a do chão enquanto empurrava forte e profundo dentro dela, dessa vez, liberando o próprio gozo.

Sem fôlego e com as pernas formigando, ele a levou para a cama e caiu, ela por cima dele, ambos ofegantes e molhados de suor.

Tara não disse nada por alguns minutos, contente por apenas sentir as batidas do coração de Mick enquanto ele acariciava suas costas.

— Acho que amassei seu vestido — ele finalmente disse.

Ela deu risada.

— Não me importo. Mas acho que estamos molhando a cama do Sr. Stokes, de suor.

— Eu não ligo, e tenho certeza de que ele também não.

Eles se limparam no lindo banheiro e nada típico de uma companhia aérea. Tara passou a mão no cabelo e vestido para ajeitá-los o melhor que pôde, mas era bastante óbvio por suas bochechas rosadas e lábios ligeiramente inchados, que ela aparentava ter acabado de ser fodida.

— Definitivamente, pareço que acabei de transar. Como é que vou conseguir encarar a tripulação agora?

— A tripulação é muito bem paga para não notar nada. Vamos tomar uma bebida antes de pousar. Você me deixou com sede.

Ela riu e segurou sua mão, de repente, também com bastante sede.


Uma coisa que Tara aprendeu bem rápido depois que chegaram em Los Angeles, foi que a agente de Mick era uma tremenda planejadora. A limusine os pegou na saída do avião e os levou para um hotel incrivelmente chique, onde foi levada para longe de Mick por uma grande equipe de maquiadores e cabeleireiros. Foi jogada no chuveiro e depois encerada, perfumada, e polida quase ao ponto de matá-la. A maquiagem foi profissionalmente aplicada, o cabelo arrumado, e até teve uma mulher para vesti-la.

Ela se perguntou se era com esse estilo de vida que os astros de cinema eram acostumados. Claro que era bom ser mimada e tudo mais, embora fosse um pouco esmagador. Quando parou na frente do espelho vestida com um modelo escandalosamente caro de um estilista e adornada com joias que nem sequer queria saber quanto custaram, teve que admitir que tinham feito maravilhas nela, porque nem mesmo se parecia com ela. Retoques faziam coisas mágicas com a aparência de uma pessoa. A cicatriz sobre a sobrancelha que conseguiu quando caiu do balanço, ainda criança, foi habilmente apagada. Seus olhos pareciam enormes e... bonitos, e os cílios – caramba. Nenhuma quantidade de tempo diante do espelho com um pincel de rímel jamais poderia ser capaz de replicar a magia dos cílios postiços.

O vestido – sem alças e cor de cobre – era justo no busto, cintura e quadris, e dali caía em ondas mágicas até o chão, e era a coisa mais linda que Tara já tinha usado. E os sapatos, meu Deus, que sapatos. Sandálias de salto alto fino com um bonito laço acima dos dedos. Combinavam com o vestido, e ela queria dormir com elas até o dia em que morresse.

— Obrigada a todos vocês, muito mesmo. Eu me sinto a própria Cinderela hoje. Todos trabalharam incansavelmente para me deixar bonita, e nem sei como agradecê-los por isso.

A equipe toda de maquiadores, cabeleireiros e vestuário sorriram para ela, a abraçaram e beijaram, e então saíram da suíte. Tara inspirou, soltou o ar, e depois virou mais uma vez para o espelho.

— Puta merda, mulher.

Ela girou ao som da voz de Mick.

Ele estava parado junto à porta do quarto. E, de novo, foi atingida por quão incrível estava o homem vestindo smoking. Seus ombros largos preenchiam o paletó tão bem, e ele era alto na medida certa para portar a elegância da roupa, o cabelo preto penteado perfeitamente, seus olhos azuis ainda mais impressionantes em contraste com o preto profundo do traje. Entrou no quarto e caminhou até Tara, enquanto ela permanecia no centro do cômodo, então levantou sua mão e deu-lhe um beijo nos dedos.

— Você é a mulher mais linda que já vi.

Ela sentiu o corpo aquecer.

— Não sou. Mas, com certeza, essa noite eu me sinto assim. Obrigada por isso.

— Você é a mulher mais linda que eu já vi, porque aprecia isto de uma forma como nenhuma mulher com quem já estive antes, foi capaz de apreciar.

Ela sentiu o ardor das lágrimas.

— Não me faça chorar ou vai ter que chamar de volta toda aquela horda de pessoas para consertar a maquiagem.

Ele estendeu o braço.

— Pronta para se divertir um pouco?

— Sim.

 

 

7

Tara não sabia o que esperar, nunca esteve em uma pré-estreia de cinema antes. Os flashes explodindo no rosto e o que pareciam milhares de perguntas sobre quem ela era e qual era a relação dela com Mick, foram esmagadoras e um pouco surpreendente. Imaginou que quem seria bombardeado pela mídia seriam as estrelas. Mas ela? Ela era uma Zé Ninguém.

Se bem que Mick era famoso. A mídia ia querer saber quem era a acompanhante dele.

Mick parecia bastante confortável, sorrindo e acenando para os fãs e posando para as câmeras. E quando perguntaram sobre Tara, ele pareceu não ter nenhum problema em apresentá-la – incluindo repórteres nacionais, revistas, até mesmo à rede de televisão de entretenimento.

Ah. Meu. Deus.

Tara queria correr de volta à limusine, voltar à suíte, e assistir a outras pessoas na tv. Não queria se ver na televisão, embora estivesse certa de que as câmeras estavam muito mais interessadas nos famosos e modelos presentes do que nela. Ela não era notícia. E, felizmente, a imprensa descobriu isso rapidamente e correu atrás das verdadeiras celebridades, fazendo com que ela conseguisse voltar a respirar.

O que gostava mesmo era de cobiçar a nata de Hollywood que estava só a alguns metros dela, dando entrevistas e sorrindo para as câmeras. Então, quando as câmeras cansaram de sufocá-la, desejou ter trazido sua máquina fotográfica para tirar algumas fotos para que Maggie, Ellen e Karie pudessem ver. Claro, teria sido inapropriado correr atrás dos artistas e ficar à espreita para conseguir uma foto deles com sua minicâmera.

Quando finalmente entraram, Mick os levou a seus assentos, e, ah, que filme maravilhoso. E passar aquele tempo com Mick foi ótimo. Ele segurou a mão dela ou colocou o braço ao seu redor, e os dois riram do filme, que era engraçado e muito romântico. A noite foi perfeita, e Tara se sentiu uma verdadeira Cinderela. Mick até a beijou algumas vezes durante o filme. Ela não podia ter pedido por um encontro melhor, e se lembraria desta noite para sempre.

Quando o filme acabou, todos saíram vagarosamente e seguiram para as limusines.

Tara se apoiou em Mick, com o braço entrelaçado ao dele, entrando no carro.

— Eu tive uma noite maravilhosa, Mick. Obrigada.

Ele sorriu para ela.

— De nada. Mas ainda não acabou.

— Não?

— Não, ainda tem a festa da pré-estreia. A menos que não queira ir.

— Ah, não. Parece divertido.

Foram para outro hotel incrivelmente luxuoso onde estava acontecendo uma festa no – impressionante e enorme – salão de baile. Cheio de balões, cartazes do filme e fontes de champanhe e, felizmente, comida.

— Oh! Graças a Deus. Estou morrendo de fome — ela disse quando encontraram uma mesa.

— Eu também. Fico muito contente que você gosta de comer.

Ela riu.

— Por que eu não gostaria?

Mick a encarou.

— Ficaria espantada com a quantidade de mulheres com que saí que não comem. Você não acreditaria na cara de horror que faziam quando eu sugeria comida de verdade. Não existe nada mais triste do que ver uma mulher mordiscar um pedaço de aipo.

Tara deu risada.

— Não precisa ter receio de mim com relação a isso. Me leve à hamburgueria mais próxima.

Também havia fotógrafos e imprensa presentes, mas não pareciam tão frenéticos como aconteceu no tapete vermelho. Ainda assim, Tara estava consciente de que Mick tinha uma imagem a zelar, então tentou não encher a boca de comida, mesmo que naquele momento, poderia ter comido o braço direito de um fotógrafo.

A imprensa parecia satisfeita em pegar no pé dos artistas presentes e os deixaram em paz.

— Você, provavelmente, se arrepende de não ter trazido alguém mais famosa — disse ela, finalmente capaz de falar depois de encher o estômago.

Mick tomou um gole de refrigerante, e arqueou uma sobrancelha.

— Por que está dizendo isso?

— Porque estamos praticamente sendo ignorados pela mídia. Se tivesse trazido alguma atriz famosa teria conseguido ter mais – como é que se fala? – ah, o rosto estampado nas revistas?

Ele riu.

— Querida, não vim aqui para ser fotografado. Deus sabe que já consegui mais oportunidades disso do que preciso. Quis te trazer para que pudesse se divertir.

— Oh. — Ela olhou para o colo, sentindo-se estúpida pelo que tinha acabado de dizer. — Me desculpe.

Ele ergueu o queixo dela com os dedos.

— Não peça desculpas. Mas não interprete errado o porquê de estarmos aqui. Não estou te usando para conseguir uma boa foto, Tara. Eu a trouxe aqui, esta noite, porque queria que se distraísse um pouco. Sem segundas intenções.

Ela deslizou a mão pela nuca de Mick.

— Obrigada, Mick. Está realmente sendo a melhor noite da minha vida.

Ele roçou os lábios nos dela, um beijo suave e carinhoso, o tipo de beijo que fez seu coração querer fazer coisas perigosas, como se apaixonar.

O flash de uma câmera a fez pular de susto. Tara piscou e olhou para o rosto de um fotógrafo.

— Me mande algumas cópias dessa foto, está bem, Jimmy? — pediu Mick.

O fotógrafo riu.

— Pode deixar, Mick.

Tara levantou uma sobrancelha para Mick depois que o fotógrafo se afastou.

— Tratando paparazzi pelo primeiro nome?

— Eles enfiam a câmera na sua cara tantas vezes que você acaba os conhecendo. Jimmy é um cara legal. Ele é freelance. E eu realmente quero uma cópia daquela fotografia.

— Eu também.

— Então, está preparada para conhecer algumas estrelas do cinema?

Seu coração falhou por um segundo.

— Sério?

— Mas é claro. — Ele se levantou e lhe estendeu a mão. — Não tem porque te trazer a uma dessas coisas extravagantes, se não puder dizer que conheceu alguns dos nomes mais importantes de Hollywood, não é?

Ela poderia ter desmaiado ali mesmo.


Mick tomou uma garrafa de água num gole só e a tampou, observando Tara dormir na limusine, no caminho de volta para o hotel, depois da festa.

Ele amou trazer Tara à pré-estreia, adorou ver o evento através dos olhos dela. Já participou tanto dessas coisas ao longo dos anos que cansou. E as mulheres que o acompanhavam estavam atrás de uma coisa só – expor a carreira e serem fotografadas ou ter oportunidades com a imprensa tanto quanto pudessem conseguir. O que significava câmeras em seu rosto a noite toda e entrevistas ininterruptas, com um sorriso estampado no rosto o tempo todo. Estes eventos se transformaram em uma experiência dolorosa.

Até Tara. Ela ficou com os olhos arregalados e entusiasmada com tudo, quase petrificada por causa das câmeras, e fez o melhor que pôde para evitá-las. E então, pediu desculpas por ele quase não ter ficado à frente dos holofotes.

Surpreendente.

Estar ali com uma mulher que não queria aparecer e se preocupava com ele era revigorante. Realmente não sabia o que pensar em relação a ela.

Mas estava gostando dela. De verdade. E muito. Como não gostar? Ela era linda, divertida e sexy, e a química entre eles era explosiva. Era meiga e carinhosa, e se ele não tomasse cuidado, poderia se apaixonar loucamente por ela.

Se ele já estivesse pronto para se apaixonar.

Estava?

— Você está me encarando.

Ele a olhou nos olhos. Seus olhos estavam sonolentos e semicerrados, e sexy pra caralho.

— Estou. Você é linda quando está dormindo.

Ela se mexeu, sentando e alisando o vestido com a mão.

— Não sou. Sinto muito por ter apagado. Acho que a empolgação de hoje, finalmente, surtiu efeito.

— Está tudo bem. Você teve um longo dia. Tinha o direito de tirar uma soneca.

Quando chegaram ao hotel, Mick segurou a mão de Tara e a conduziu para fora da limusine. Gostava de ser visto com ela, não por ser famosa e chamar atenção da mídia para ele, mas exatamente por sua beleza natural que fazia as pessoas virarem as cabeças quando passava. Outra coisa que realmente gostava a respeito de Tara era que ela não tinha noção de quão bonita era.

No elevador ela deitou a cabeça no ombro dele, com os dedos bem apertados aos seus. Mick engoliu um nó gigante na garganta.

Mantenha as coisas leves e tranquilas e pare de pensar no quão sério isso pode ficar entre vocês dois.

Deslizou o cartão na fechadura e abriu a porta, segurando-a para que ela entrasse, a saia volumosa fazendo todos os tipos de ruídos sensuais conforme caminhava até a sala de estar da suíte.

Ela virou para ele, a saia ondulando em volta. Parecia uma linda princesa, e aquele nó na garganta desceu para o peito.

Ele se aproximou de Tara e pôs as mãos na cintura dela.

— Já te disse o quão incrivelmente bonita você está essa noite?

Mick realmente gostou de como ela ficou vermelha de vergonha. Tara colocou as mãos em seus ombros.

— Já te disse que noite maravilhosa você me proporcionou?

E do nada, ele começou a se mover com ela nos braços, os pés no ritmo perfeito, ouvindo uma música idiota na cabeça. Hoje ela era uma princesa, e eles precisavam dançar.

— Mick.

— Sim.

— Notou que estamos dançando?

— Sim.

— Tenho que te dizer mais uma vez que você dança muito bem.

— Pode agradecer a minha mãe. Ela insistiu que eu fizesse aulas de dança. — Ele levantou a mão, e Tara colocou a dela na dele. E começou a deslizar pelo piso de mármore da sala de estar.

— Adoraria agradecer a sua mãe por isso. Você é incrível.

— Não conte para as pessoas no Dancing with the Stars. Você sabe que eles gostam de colocar jogadores de futebol naquele show.

Ela deu risada.

— Não consigo imaginar você querendo fazer algo assim.

— Não. Então, pelo amor de Deus, também não insinue isso a Elizabeth. Esse tipo de coisa é a cara dela.

— Seu segredo está seguro comigo.

Essa era a questão. Ele podia imaginar muito bem qualquer um de seus segredos sendo guardados por ela. Mas não o maior deles. Era cedo demais para contar tudo a ela.

Ele dançou com ela, indo em direção à varanda, abriu a porta e a levou para fora. A noite estava agradável, as luzes da cidade brilhavam e iluminavam o horizonte. Ela observou a vista e Mick passou os braços em volta dela, inalando o perfume.

— A noite foi perfeita, Mick. Obrigada mais uma vez.

— De nada. Estou feliz que se divertiu.

— Sua vida é fantástica. As oportunidades oferecidas a você por causa da fama são incríveis.

— São. Aproveito muito enquanto as tenho, aprecio pelo que são. A fama é passageira, especialmente para alguém do esporte. Não costumamos ter um prazo de validade longo.

Ela virou de frente para ele.

— Essa é uma perspectiva bastante razoável. Então, o que vai fazer quando sua carreira no futebol acabar?

— Investi muito bem, não gastei mais do que ganhei. Vou ter muito dinheiro quando me aposentar.

— Mas não vai simplesmente ficar sem fazer nada, vai?

— Não. Tomo conta de algumas instituições de caridade, por isso vou supervisioná-las. Talvez começar a trabalhar como treinador. Existem algumas outras opções que estou explorando. Ainda não decidi o que realmente quero fazer. Depende de quanto tempo vou jogar.

Ela ficou encarando-o e não disse nada.

— O que foi? — perguntou.

— É só que você é um pouco bom demais para ser de verdade. É educado, rico, não desperdiça dinheiro com drogas ou festas. Faz caridade e, na verdade, está planejando sua vida para o futuro. Não tem nenhuma história sórdida secreta sobre você, Mick? Não tem um bad boy à espreita aí, algo que te faça menos do que perfeito?

Ah, se ela soubesse.

— Ninguém é perfeito, Tara. Nem mesmo eu.

Ela suspirou.

— Não sei. Você com certeza parece ser.

— Você se sentiria feliz se eu fosse ruim?

Ela franziu o cenho.

— Não, de jeito nenhum. Só tenho medo de que eu não chegue nem aos pés de fazer jus a...

— A...?

Ela balançou a cabeça.

— Nada. Deixa pra lá. Estou sendo ridícula. — Ela ergueu a cabeça e deu um beijo nos lábios dele. — A noite foi maravilhosa, e estou zonza e cansada. Mas não tão exausta que não possa te mostrar o quanto estou feliz por estar na sua companhia. Agora, venha me ajudar a tirar estas joias caras e este vestido pecaminosamente caro. Está na hora da Cinderela voltar a ser uma abóbora.

Mick riu e a deixou que o conduzisse para o quarto. Ele a ajudou a retirar as joias, abriu o zíper do vestido e ficou sem fôlego quando ela saiu dele, revelando o sutiã tomara que caia – sexy pra caralho – combinando com uma calcinha minúscula e o salto alto fino.

— Gosto mais da abóbora do que da Cinderela. Pode continuar com a lingerie? E com os sapatos?

Ela riu, desfez a gravata borboleta dele, desceu o paletó pelos ombros e depois – sem pressa e aproveitando cada precioso segundo – abriu os botões da camisa.

— Parece que não faz muito tempo que estávamos tirando um smoking de você.

— A nossa primeira noite juntos — disse ele, recordando tão claramente como se fosse ontem.

Ela ergueu o olhar para o dele enquanto puxava a camisa para fora da calça.

— Sim. Adorei ver você se despir. Hoje eu vou tirar suas roupas.

Mick se arrepiou quando ela estendeu a mão para o fecho da calça e quase perdeu o maldito controle quando os dedos dela roçaram o zíper. O pênis duro e pulsando pressionou o tecido da calça, pronto para ser tocado. Ela desceu a calça, e depois a boxer. Ele chutou os sapatos de lado, e ela se ajoelhou para retirar as meias, deixando-o nu à sua frente.

Tara sentou sobre os calcanhares, encarando o pau dele.

— Sente-se naquela cadeira, Mick.

Ele ficaria paralisado se ela continuasse a olhá-lo daquele jeito. Ele foi até a cadeira e sentou, abrindo as pernas ao mesmo tempo em que ela se ajoelhou entre elas. Mick estremeceu quando os seios roçaram suas coxas e depois na barriga, quando ela se inclinou para beijá-lo.

Ele segurou seu rosto entre as mãos e a beijou com uma fome que não sabia que sentia. Embora tentasse não se preocupar, ele sentia algo por Tara, e estava ficando cada vez mais difícil fingir que o que existia entre eles era algo casual. E quando ela o beijou com um gemido suave e uma necessidade que combinava com a dele, seu pau se mexeu na suavidade do ventre dela, e tudo o que conseguiu pensar era em estar dentro dela, do quão seguro se sentia, de como parecia certo e, de repente, queria que ela soubesse tudo sobre ele.

Uau. Hora de ir mais devagar... Ele respirou fundo e se concentrou na parte física, na forma como o sabor dela invadiu sua boca quando ela o beijou, e sobre o quão incrivelmente difícil seria se segurar e deixar que ela jogasse aquele jogo de sedução.

Ela interrompeu o beijo e deslizou os lábios pela mandíbula e pescoço, os dedos brincando com os mamilos dele. Mick respirou profundamente, percebendo o quanto gostava do toque dela. Ela beijou seus mamilos e os lambeu. Gostava de ver a boca dela nele, de ver Tara deslizando a língua pelo seu peito e através do abdome, saber o que ela estava fazendo, antecipando cada movimento. Estremeceu quando ela deslizou o corpo suavemente para baixo, descansando o rosto em sua coxa, olhando o pênis dele, e depois voltou a olhá-lo nos olhos.

Ela sorriu para Mick antes de segurar o pau dele. Ele gemeu bruscamente. Sua resistência estava por um fio. Foi difícil deixar Tara fazer aquilo quando tudo o que queria era jogá-la no tapete e se afundar nela. Mas este era o jogo dela, e ia deixar que fizesse do seu jeito.

— Gosto do seu toque, Tara.

Ela lambeu os lábios e levantou-se entre as pernas dele. Ele se aproximou para desabotoar o sutiã, deixando-o cair e assim poder ver os seios macios – as pontas duras rosadas – enquanto ela acariciava seu comprimento, as mãos subindo e descendo. Ela parecia estar hipnotizada pelo pênis enquanto brincava com ele, no tempo dela, apertando com força, e depois diminuindo a pressão.

Poderia ficar horas vendo Tara acariciá-lo, o calor e a suavidade de sua mão eram incomparáveis às dele quando se masturbava. Havia uma delicadeza nos movimentos contraditórios ao seu estilo “rápido, me fode logo”. Ela era toda graciosa e suave, e quando abocanhou a cabeça do pau e girou a língua sobre ele como se fosse um maldito sorvete de casquinha, ele quase perdeu a cabeça, gozando em sua boca como se fosse um adolescente de quinze anos sem controle.

Ela lambeu a extensão, a língua rosada correndo pelo comprimento como se não conseguisse ter o suficiente dele.

— Jesus Cristo, Tara, isso é bom pra caralho. — Estendeu a mão na direção do cabelo de Tara e começou a tirar todos os grampos meticulosamente colocados, precisava dele solto para entrelaçar os dedos nele. Quando finalmente terminou, segurou firme no cabelo e deu um puxão. Seu olhar virou para o dele bruscamente e ela sorriu, então o tomou profundamente, parecendo saber exatamente o que ele precisava.

Tara deixou que ele empurrasse o pau bem fundo, permitindo que a fodesse impiedosamente até deixá-la ofegante, e pôde sentir as bolas comprimirem.

— Isso. Chupa meu pau com força.

Ela o levou profundamente, engolindo a cabeça, apertando-o e fazendo com que o suor escorresse pelas omoplatas. Tensão repuxou em sua espinha, e lutou contra a vontade de se soltar, queria saborear seus lábios suaves por mais alguns minutos. Ela era uma deusa com a boca perfeita e fazendo coisas a ele que o fez cerrar os dentes e cavar os calcanhares no tapete. Podia se segurar um pouco mais.

Tara roçou o polegar naquele lugar entre as bolas e o ânus e – ah, merda – era bom demais, ser provocado ali enquanto o chupava. Ele ansiou por mais. Ela era como uma droga. Empurrou o pau profundamente e soube que este momento acabaria logo, porque queria tanto gozar em sua boca que já podia imaginar como seria sentir o jorro atingir sua língua, sentir Tara engolir tudo até não haver mais nada.

— Vou gozar na sua boca, Tara. Então, se não quiser, é melhor dizer agora.

Mas ela só murmurou ao redor de sua extensão e com o dedo provocou o ânus, e caramba se isso não o fez disparar ali mesmo, forte e rápido e por toda suave garganta dela. Gozou, soltando um grito alto, a bunda contraindo e erguendo da cadeira, o orgasmo vindo de algum lugar profundo de dentro dele. Sentiu-se tonto com a sensação do clímax através da espinha, do cérebro, em cada parte de seu corpo. Deixando Mick trêmulo, suado e completamente exausto.

Ele caiu de volta na cadeira e Tara foi junto, com o pau dele ainda na boca, lambendo até a última gota do que deu a ela e finalmente o soltou e deitou a cabeça em sua coxa.

Mick demorou mais ou menos um minuto para se sentir coerente outra vez. Ele puxou Tara para o colo, e ela estava sexy pra caramba vestindo apenas a calcinha e aqueles sapatos. Ele a beijou profundamente, saboreando o próprio gosto na língua dela, espantado com o que ela tinha feito com ele.

Ela se afastou, lambeu os lábios e sorriu para ele.

— Você tem um gosto bom.

Ele estremeceu.

— Cristo, você quase me fez ter um derrame.

Ela riu.

— Bom.

— Vou te dar o bom. — Ele a ergueu e a colocou de pé, depois tirou sua calcinha, deixando os sapatos que o deixavam meio louco. Então, ele a sentou na cadeira e abriu suas pernas. — Sua vez.

Beijou-a primeiro, queria sentir sua boca, lambeu os lábios, deslizou a língua dentro e chupou a dela. O que fez seu pau ganhar vida novamente, mesmo ela tendo sugado tudo o que ele possuía.

Beijou seu pescoço, e ela estremeceu. Sabia que ali era um ponto fraco dela, então deu atenção especial, arrastando a língua ao lado da garganta antes de deslizar entre os seios, e depois lambeu os mamilos, sugando cada bico duro até ela arquear as costas para oferecê-los a ele. Ele agarrou os seios e rolou os brotos entre os dentes, puxando, ouvindo-a gritar de forma desconexa e isso o encheu de prazer, fazendo seu pau endurecer.

Ele acariciou a barriga, e deu um beijo ali, depois abriu as pernas dela, deslizando as mãos pelas belas pernas e as levantou, beijando os pés.

— Esses sapatos são sexy pra caralho, senhorita Lincoln.

Ela deu risada.

— Talvez eu passe a usá-los todos os dias se conseguir esse tipo de reação.

— Sinta-se à vontade para cravar os saltos nas minhas costas se gostar do que vou fazer com você.

Ela nivelou aqueles lindos olhos castanhos nele e engoliu quando ele colocou as pernas dela sobre os ombros. Ele se posicionou entre elas, inalando o cheiro de seu sexo. Ela estava tão molhada, tão doce e sedutora, que o deixou duro feito pedra.

Mick passou a língua nos lábios da boceta. Ela gemeu e colocou a mão sobre a cabeça dele enquanto a lambia por toda sua extensão, depois colocou a boca no clitóris e chupou.

— Ah, merda, Mick. Isso. Me lambe aí mesmo.

Quando ela falava, dizendo o que gostava, levantando a bunda e esfregando a boceta no rosto dele, fazia o pênis dele pulsar. Gostava dela excitada e sem controle igual agora, gemendo e falando com ele, a boceta tão molhada que a língua deslizava facilmente. E quando Mick chupou o clitóris e deslizou dois dedos para dentro, Tara levantou a bunda da cadeira e gozou, forte, gritando e puxando o cabelo dele, estremecendo contra seu rosto como se estivesse em um rodeio e ele fosse o cavalo que ela montava para conseguir o grande prêmio.

Ele nem sequer esperou que ela descesse das ondas do orgasmo. Pegou um preservativo, revestiu o pau e o empurrou dentro da boceta dela – que ainda se contraía com os espasmos – num forte impulso. Tara soltou um gemido alto e marcou os braços dele com a unha e investiu de contra ele.

— Isso! — gritou. — Me come.

Ele entrou, puxando seus quadris para baixo e conseguindo estocar o pau profundamente. Queria que Tara gozasse de novo. Ele caiu em cima dela, os seios contra o peito dele, então conseguiu se esfregar ao clitóris.

— Mick, tá gostoso demais. — Ela segurou sua cabeça e o beijou firme, os dentes se batendo, a língua deslizando na dele. Tara gemeu, os olhos cheios de lágrimas. Era assim que ele a queria, porque é isso que ele sentia, seu coração misturado com o corpo dela conforme viajava nessa onda incrível com esta mulher maravilhosa.

Ele se segurou, as bolas contraíram quando sua boceta o apertou feito um torno. Os olhos de Tara arregalaram.

— Vou gozar, Mick. Goza comigo. Em mim.

Ele a segurou firme, o limite aos frangalhos de seu controle se desfez.

— Vamos gozar juntos. Goza pra mim.

Ela sustentou seu olhar quando se descontrolou e ele se soltou, gritando quando o orgasmo rugiu através dele. Enfiou os dedos em sua pele, puxou-a com força para ele, e enterrou o rosto no pescoço dela, lambendo-a enquanto ela gozava e estremecia contra ele, clamando o seu nome.

Demorou um pouco para se acalmarem depois da tempestade, ele a abraçou e acariciou, sentindo as batidas desenfreadas do coração dela contra seu peito.

Ele a pegou no colo e foi para o chuveiro, Tara riu, pois levaria uma hora para limpar toda a maquiagem, e então os dois deram risadas quando um dos cílios postiços acabou parando na bochecha dela. Depois que terminaram de se limpar e secar foram se deitar. Tara dormiu em questão de minutos, com a cabeça no ombro de Mick.

Ele a segurou assim por um tempo, satisfeito e só um pouco preocupado com o que tudo isso significava.

E, cacete, não era a mulher que devia ficar toda preocupada com essa questão toda sobre o que “relacionamento” significava? Eles se divertiram juntos. E meu Deus, o sexo entre eles era ótimo. Talvez ele devesse parar de pensar nisso e desfrutar do momento. De qualquer maneira, era cedo demais para começar a pensar sobre coisas importantes.

 

 

8

Tara, entre todas as pessoas, sabia muito bem que não devia pensar que ela e Mick tinham um relacionamento sério. Estavam saindo, com certeza. E estavam se divertindo juntos. Mas – tão certo quanto o fogo no inferno – se ela começasse a pensar que algo bom ia acontecer entre eles, tudo terminaria.

Tudo o que é bom dura pouco. Ela sabia por experiência própria.

Felizmente, após a rápida viagem a Los Angeles, Mick precisou deixar Tara em casa e ir treinar, depois participou de uma reunião com o time, e ela teve muito trabalho nos dias seguintes. De qualquer forma, precisava de um pouco de distância depois de ficar com ele. Ele a afetou um pouco, e não de uma forma ruim, pelo contrário, foi de um jeito muito bom. Precisava de tempo para pensar, para relembrar daquela noite e ter certeza de que não foi um sonho.

E a realidade do trabalho, das contas a pagar e a espera pelo filho no estacionamento da escola na volta do acampamento, certamente deram a ela uma dose de realidade.

Porém, Tara notou duas coisas quando pegou Nathan na saída do ônibus. Primeiro, ele estava feliz ao ver Tara, o que era um pouco surpreendente. E segundo, aparentemente, de repente ela subiu vários níveis no item “legal” com o filho. Não por qualquer coisa que tinha feito, mas por causa do homem com quem estava saindo.

A essa altura, aceitaria qualquer coisa, já que ele estava fazendo mais do que resmungar, ou ter conversas monossilábicas com ela. Ele parecia animado e feliz, e seus amigos a cercaram e fizeram milhares de perguntas sobre Mick e futebol como se ela, de repente, tivesse virado sua agente, em vez de a mulher com a qual estava saindo.

Ela teve que se desculpar e explicar que não sabia nada sobre a próxima temporada ou quais jogadores do São Francisco que não têm agentes poderiam renovar contrato e, não, não faria um grande encontro com todo o time de Nathan e convidaria o do Mick.

Meu Deus, era isso que Mick enfrentava com a mídia? Ela mal conseguia lidar com amigos e companheiros de time de Nathan, quanto mais a perseguição dos jornalistas.

— Então, mãe, quando é que ele vem aqui em casa de novo? — Nathan perguntou pela quinquagésima vez enquanto ela separava a roupa fedorenta dele.

— Não tenho ideia.

— Ele te ligou hoje?

— Não, não ligou.

— Ele te liga todos os dias?

Ela revirou os olhos.

— Não, não liga.

— E, por que não? Você o aborreceu?

Ela ligou a máquina de lavar roupa e empurrou o filho para fora da lavanderia.

— Nathan, dá um tempo.

O celular dela tocou e Nathan gritou “eu atendo”, antes mesmo que ela fechasse a porta da lavanderia.

Ela nem se preocupou em gritar com ele. De que adiantaria? Provavelmente era a Maggie, e ele jogaria o telefone para ela, desgostoso.

— Foi ótimo. Sim, fazíamos exercícios na parte da manhã, e depois treinávamos à tarde. Os treinadores nos ensinaram novas jogadas dos manuais, coisas que nunca fizemos antes, então foi legal. E os treinos foram pra valer, igual da nfl, sabe?

Tinha que ser o Mick. Nathan não falaria assuntos do acampamento com a Maggie. Ela entrou na sala onde ele havia se jogado no sofá, ficando à vontade com o celular dela. E o seu homem.

Não que Mick fosse o homem dela ou qualquer outra coisa.

— Sim, a comida era horrível, mas não ligamos. O lago era demais. Ir para a cama cedo não foi assim tão ruim porque eles fodiam com a gente nos treinos durante o dia, então de qualquer maneira, no final do dia estávamos acabados.

— Nathan, olha a boca.

Ele revirou os olhos, ouvindo algo na ligação, então deu risada.

— Sim, ela pega no meu pé por causa dessa mer... quero dizer, sobre essas coisas o tempo todo. Sim, provavelmente você está certo. Tá bom, claro. Ela está aqui.

Relutantemente entregou o telefone a ela.

— É o Mick.

Ela sorriu para ele.

— Ah, jura? Pensei que fosse a Maggie.

— Que engraçado, mãe. Muito engraçado.

Nathan levantou e a observou. Tara abraçou o telefone contra o peito.

— Poderia me dar licença?

— Você ouviu enquanto eu conversava com ele.

— Você não está saindo com ele.

Nathan revirou os olhos.

— Que saco.

Ele saiu da sala e subiu para o quarto.

— Oi.

Mick riu.

— Oi. Parece que ele se divertiu no acampamento.

— Acho que sim. Eu fui atacada pelos jogadores quando ele desceu do ônibus. Aparentemente, ele contou que estou saindo com você, e agora sou muito legal.

— Que bacana. Então, agora querem sair com você?

Quem riu dessa vez foi ela.

— Ah, não. Agora todos querem vir jantar quando você estiver aqui. Eles não querem nada comigo.

— Vou tentar passar em um dos treinos deles, se você achar que o treinador do Nathan não vai se importar.

— Acho que ele, provavelmente, ficará grato a você.

— O que tem feito nos últimos dias?

— Trabalhado. E você?

— Também. Estava querendo saber se você e Nathan estarão livres neste fim de semana.

— Não tenho nada programado. Posso ver com o Nathan, mas tenho certeza de que ele não tem nada. Por quê?

— Gostaria de levar vocês para Saint Louis.

— Saint Louis. Por quê?

— É a minha cidade natal e onde minha família vive. Não é nada demais, mas é aniversário do meu irmão, Gavin. Vai ter festa. Ele vai jogar na cidade no sábado à tarde, e depois terá a festa no bar dos meus pais à noite. Pensei que talvez vocês gostariam de ir.

Como sempre o estilo de vida de Mick fazia a sua cabeça girar.

— Hum, uau. Me deixe pensar um pouco sobre isso.

— Tudo bem se não puderem ir. Entendo que é de última hora, mas é que eles gostam de fazer essas coisas tudo de uma vez só, num piscar de olhos. Então, se não quiser ir...

— Não, não é nada disso. Vou ver e te ligo, tá?

— Tudo bem.

Ela desligou, o pulso acelerado e o coração batendo a um milhão por hora. Conhecer os pais e irmão? Com o filho dela junto? Tudo isso estava indo rápido demais. E talvez não significasse nada. Bem provável que Mick levasse mulheres para conhecer a família o tempo todo, e não era grande coisa para ele, então Tara só estava exagerando. E era um jogo da Major League Baseball. Nathan ia gostar da oportunidade de voar até Saint Louis e assistir ao jogo e conhecer Gavin. Por que negar essa oportunidade a ele só porque ela pensou que tudo isso tinha ramificações que provavelmente não existiam?

— Nathan? Você pode vir aqui?

Ele abriu a porta e se inclinou sobre o corrimão.

— O que foi?

— Venha aqui. Preciso te perguntar uma coisa.

— O que foi que eu fiz agora?

Ela respirou fundo. Por que é que tudo com os adolescentes tinha que ser tão difícil?

Você sabe o porquê. Já foi uma.

— Você não fez nada.

Ele desceu e ficou parado ao pé da escada.

— Mick perguntou se a gente quer passar o fim de semana em Saint Louis. É aniversário do irmão dele. E a família vai dar uma festa depois do jogo dele no sábado à tarde.

Os olhos de Nathan arregalaram.

— Você está de sacana... Você tá de brincadeira comigo?

— Não, não estou. Gostaria de ir? Iremos para o jogo do Gavin no sábado, também.

— Oh, cara. Isso é tão legal. Você disse sim, né?

— Não. Quis conversar com você primeiro e saber se gostaria de ir.

Os ombros de Nathan cederam, e então revirou os olhos.

— Caraca, mãe. Liga pra ele. Diga sim. Agora, antes que ele mude de ideia.


Mick estava levando uma mulher para conhecer sua família. E não apenas uma mulher, mas uma mulher e o filho dela.

Ele nunca tinha feito esse tipo de coisa antes, e não sabia por que estava fazendo agora, só que quando sua irmã Jenna ligou para falar sobre a festa de Gavin, o primeiro pensamento que teve foi de levar Tara e Nathan junto. Ele nunca quis fazer isso antes. Todas as vezes ia para casa sozinho, porque seus pais estavam sempre pegando no pé dele para sossegar e encontrar uma mulher para dividir a vida. Se trouxesse uma, haveriam perguntas constantemente sobre se ela era a sua “alma gêmea”. Mick nunca quis lidar com isso.

Cristo. O que ele estava pensando? Ia ser um verdadeiro inferno.

E ainda assim, ele gostava da ideia de ter Tara e Nathan com ele.

Ele deve ter pirado, só pode.

— Então, você cresceu aqui? — Nathan perguntou quando Mick pegou a rodovia na saída do aeroporto de Saint Louis, indo na direção sul.

— Sim. Passei minha vida toda aqui antes de ir pra faculdade.

— Então, foi para a Universidade do Texas, onde foi o sexto escolhido na primeira rodada pelo São Francisco.

Mick deu risada.

— Você segue mesmo os jogadores de futebol, não é?

— Conheço muito sobre os jogadores que eu gosto dos esportes que acompanho. O que significa que conheço muito sobre você e o seu irmão.

— Eu me sinto honrado. Gavin também ficará.

— Me conta a respeito do seu irmão — pediu Tara.

— Não tem muito o que dizer. Ele é dois anos mais novo do que eu, e decidiu que gostava mais de beisebol do que de futebol. Ele enche o saco pra caral... caramba.

Nathan bufou.

— Ela vai te fazer colocar dinheiro no pote do palavrão se não tomar cuidado com o linguajar.

Mick deu uma olhada para a Tara.

— Um pote do palavrão, hein?

Tara olhou por cima do ombro para Nathan.

— Vinte e cinco centavos para cada palavrão. O pote está ficando bem cheio.

— Você também colocou algumas moedas lá, não colocou, mãe?

Ela virou para frente e não olhou para Nathan e nem para Mick.

— Acho que sim.

Mick riu.

— Bem, nós precisamos ter um fim de semana isento da taxa do palavrão, porque minha família é de descendência irlandesa, e vocês irão ouvir um monte de palavrões no bar da família. Cubra os ouvidos, Nathan.

— Farei de tudo para não ouvir qualquer coisa que não devo.

Tara bufou.

— Tá bom, sei.

— É bonito aqui. Gostei. Tem verde pra todo lado.

— Tudo fica verde no verão.

— Onde moramos, as colinas são todas marrons.

Nathan estava certo, pensou Tara. Aqui era lindo. Exuberante e verde e com ares de verão. E era quente e úmido, mas ela adorou. Amou o jeito da cidade conforme dirigiam. Tinha um ar aconchegante, parecendo uma cidadezinha dentro de uma grande metrópole.

— É realmente bonito aqui — disse ela quando Mick saiu da rodovia e entrou em um bairro residencial com árvores grossas e casas de tijolinho à vista, gramados bem cuidados e com janelas enormes, o tipo de casa que ela adoraria ter um dia. Mick entrou numa grande entrada de garagem de uma casa de tijolinho clara de dois andares e com uma daquelas janelas grandes na parte da frente que ela tanto amava.

— Aqui é a casa dos seus pais?

— Sim. Eu cresci aqui.

— Como é maravilhoso que seus pais ainda vivem na mesma casa que você morou quando criança. Deve te dar uma sensação incrível de segurança. — Ela queria dar aquilo a Nathan, mas eles já se mudaram três vezes porque o status econômico dela tinha mudado. Pelo menos mudou para melhor, então não podia reclamar.

Ela saiu do carro e olhou para a casa enorme enquanto Mick e Nathan tiravam as malas do porta-malas do carro alugado. Seu coração parou na garganta. E se eles não gostassem dela? Quantas mulheres ele já tinha levado ali antes? Torceu para que Nathan não arrotasse, ou fizesse algo ainda pior, na frente dos pais dele.

Mick passou o braço em volta de sua cintura.

— O que você está fazendo?

— Me preparando mentalmente.

Ele riu e deu um beijo no topo de sua cabeça.

— Isto não é uma inquisição. Minha família é tranquila e muito amigável. Você vai amar todos, e eles irão amar você e o Nathan. Pare de se preocupar.

Seu filho, obviamente, não tinha um osso tímido ou preocupado no corpo, já que estava arrastando as malas na frente de Mick. É o que ela amava em seu filho. Nada de medo e cheio do espírito aventureiro.

Uma vez, ela foi corajosa e aventureira também, e olha o que acabou acontecendo – grávida aos quinze anos.

As portas duplas se abriram e duas pessoas saíram. Uma versão alta e ligeiramente mais encorpada de Mick, com um toque grisalho nos cabelos, e uma mulher – baixa e magra – que não podia ter dado à luz a Mick. Com o cabelo ruivo cortado na altura do queixo, ela era simplesmente deslumbrante.

— Ah, finalmente chegaram! — a mulher, que devia ser a Sra. Riley, exclamou, envolvendo Mick em um abraço. Ele a ergueu e beijou seu rosto.

— Oi, mamãe.

Sr. Riley também o abraçou e deu um beijou no rosto dele.

— Já faz muito tempo que esteve em casa, Michael.

Mick sorriu, totalmente confortável e feliz perto de seus pais. Nathan também sorria, embora, estivesse obviamente um pouco perplexo com todo esse carinho. Tara colocou as mãos nos ombros do filho.

— Vamos, entrem — disse a Sra. Riley. — Está muito quente aqui fora. Faremos as apresentações lá dentro onde está mais fresco.

Eles entraram e deixaram as malas na entrada. A casa, definitivamente, era antiga – contudo bonita – cheia de cores leves; bege e marrom e creme, bem decorada, e os cômodos espaçosos com muitos móveis. Parecia acolhedora e confortável, nada rebuscada ou formal.

— Vamos para a sala, assim ficarão mais à vontade — disse a senhora Riley, abraçando Tara. — Meu nome é Kathleen, e este é o meu marido, James, mas todo mundo o chama de Jimmy.

Mick fez as apresentações.

— Mamãe, papai, esta é Tara Lincoln e o filho dela, Nathan.

Tara foi tomada em um abraço pelos pais de Mick. Jimmy apertou a mão de Nathan, e Kathleen o abraçou.

— Bem-vindos à nossa casa — disse Jimmy.

— Jimmy, pegue o chá gelado que eu coloquei na geladeira. Tenho certeza de que todos estão com sede. Vamos sentar.

Mick pegou a mão de Tara e a levou até uma cadeira gigante de dois lugares. Nathan sentou-se no sofá junto à janela, e Kathleen sentou em uma cadeira coberta por uma colcha.

— Sua casa é encantadora, Sra. Riley — elogiou Tara.

— Me chame de Kathleen, ou muito provavelmente não vou atender — respondeu Kathleen.

— Tudo bem — disse Tara, rindo. — Kathleen.

— Obrigada. Mick e Gavin continuam tentando comprar uma grande casa chique, mas nós amamos esta casa velha e não queremos nos mudar. Tivemos as crianças aqui. É um lar para nós e sempre será.

— Além disso, vai me servir de ocupação quando eu me aposentar — comentou Jimmy que trouxe a bandeja com o chá. Kathleen distribuiu os copos, e Tara tomou um longo gole.

— E quando é que vai ser, papai? Nunca?

Jimmy riu.

— Quem vai tomar conta do bar pra mim? Jenna?

— Ela faz isso agora, não faz? — perguntou Mick.

— Ela é grossa com todos os clientes.

— E eles amam cada um dos insultos que ela joga neles — disse Kathleen.

— Jenna é minha irmã — explicou Mick. — Ela serve no Riley’s, o bar e restaurante da família. Sobretudo um bar, mas também servimos sanduíches. Um grande bar esportivo, na verdade.

— Ah, que legal. Então tem várias tvs passando jogos? — perguntou Nathan.

Jimmy concordou.

— Não posso perder os jogos dos meus meninos enquanto estou trabalhando, posso? E é um grande atrativo para os clientes. Temos uma grande tela na parede acima do balcão do bar, e várias outras menores passando todos os jogos que estão acontecendo. Beisebol, futebol americano, hóquei, basquete, nascar, futebol. Você escolhe e passamos.

— Maneiro. — Nathan virou para Tara. — Será que vou poder entrar?

Tara olhou para Jimmy.

— Não sei. Ele pode?

— Claro, contanto que ele não vá para o bar principal, porque não tem vinte e um ainda. Mas pode ficar no restaurante. Até temos alguns jogos de videogame para a criançada.

— Irado — respondeu Nathan. — Não vejo a hora de ver tudo. Então, você tem guardado os troféus de quando estava no colégio e na faculdade e essas coisas?

— Você quer dizer o hall da fama? Sim, infelizmente, está tudo aqui no santuário.

— Santuário? — perguntou Tara, rindo.

— Não é um santuário — brincou Kathleen. — O que você quer que a gente faça com os troféus e prêmios que você e Gavin ganharam? Empacote e jogue tudo no sótão?

— Na verdade, essa é uma ótima ideia. Posso resolver isso enquanto estou aqui.

Kathleen acenou com a mão.

— Não seja ridículo. — Ela virou para Nathan e Tara. — Gostariam de ver?

— Sim! — respondeu Nathan.

— Eu adoraria. — Tara se levantou.

Mick puxou sua mão.

— Você não precisa ver isso.

— Eu quero.

— Argh.

Ela deu risada e seguiu Kathleen até o andar de cima.

Mick estava certo. Era como um santuário, mas muito bonito. Havia troféus e bandeirolas da época da escola primária. Tudo, desde futebol infantil e beisebol até os prêmios que ambos os irmãos haviam ganhado na faculdade, guardados no que parecia ser um quarto que agora era usado como escritório, já que também tinha uma mesa e computador.

O orgulho no rosto dos pais de Mick era evidente enquanto estavam ali parados e sorrindo, apontando qual era o que cada um dos rapazes tinha ganhado. Mick, entretanto, apenas parecia bem desconfortável, o que Tara também achou incrivelmente charmoso. Havia também troféus da Jenna, conquistados na ginástica artística, dança, hóquei na grama e softball.

Claramente, uma família atlética.

— Uau. Todas as suas coisas são simplesmente o máximo — disse Nathan, cobiçando os prêmios universitários de Mick. — Você trabalhou duro, hein?

— Sim.

— Ele também manteve uma média de quase dez na Universidade do Texas — disse Kathleen. — Ficamos mais orgulhosos de suas notas do que de todos os troféus nesta sala.

Tara agradeceu – gesticulando silenciosamente com a boca – a Kathleen por cima da cabeça de Nathan. Kathleen piscou.

— Sim, mas você realmente não precisa se preocupar com isso depois que começa a ganhar dinheiro jogando futebol.

Mick pendurou o braço sobre os ombros de Nathan.

— Isso não é verdade, meu amigo. Para começar, você tem que ter a inteligência para entrar na faculdade. Eles podem querer escolher um bom jogador, mas não querem alguém que vai ter dificuldade para manter suas notas, porque isso torna o trabalho deles mais difícil. E segundo, sabe quantos jogadores de futebol jogam fora tudo o que ganham na nfl, e depois, quando a carreira encerra, acabam falidos?

Os pais de Mick os acompanharam ao descer as escadas. Tara ouviu atentamente a conversa, determinada a deixar Mick conduzi-la.

— Não.

— Mais do que você pensa. Muito mais. Precisa se esforçar ao máximo em suas notas e em usar a cabeça primeiro, porque vai esgotar o seu corpo rapidamente. E quando isso acontecer, tem que ter algo para fazer depois. Se o seu joelho estourar na segunda temporada, o que vai fazer? Com vinte anos e a vida toda pela frente. Você não quer ser um filho da m... não quer ser um burro e idiota sem educação e sem dinheiro, né?

Nathan olhou para ele.

— Hã. Nunca pensei sobre isso.

Mick deu um tapa nas costas dele.

— Um monte de caras não pensa. Sempre use a cabeça, e não só os músculos. Os caras inteligentes sempre pensam.

Nathan inclinou a cabeça para trás para olhar Mick, e Tara ficou sem fôlego diante da adoração ao herói.

Esperava que ele ouvisse o que Mick disse sobre usar a cabeça. Porque Nathan era um garoto inteligente. E as notas dele eram boas. Ela torceu e rezou para que ficassem assim e ele não contasse com o futebol para se sustentar pelo resto da vida.

— Então, onde está o seu irmão? — perguntou Nathan.

— Ele tem um jogo hoje à noite — respondeu Mick. — Estará aqui mais tarde, acho. Ou no bar. — Mick ergueu o olhar para a sua mãe.

— Falei com ele esta manhã. Ele vem amanhã à noite para a festa. Está ocupado hoje.

— Ele vai sair com alguém? — perguntou Mick.

Kathleen deu risada.

— Não faço ideia. Vocês dois são muito sucintos sobre suas vidas amorosas. Porém, estou muito contente que trouxe Tara e Nathan com você esse fim de semana. Um passo na direção certa.

Kathleen se sentou no sofá ao lado de Tara.

— Então, me conte sobre você, Tara. É de São Francisco?

Ela engoliu em seco, sentindo a inquisição se aproximar.

— Ei, garoto, deixa eu te mostrar a oficina nos fundos — disse Jimmy. — Mick, pode vir junto. Talvez Nathan e eu possamos até acabar com a sua raça jogando basquete.

— Vai sonhando, meu velho. — Ele virou para Tara e piscou.

Tara sabia que era a hora do “conhecendo melhor a mãe do namorado”. Ela voltou o olhar para Kathleen.

— Eu cresci em East Bay, fora de São Francisco. Nunca morei na cidade. É caro demais a vida lá.

— E o seu ex-marido?

— Nunca fui casada. O pai de Nathan não faz parte de nossas vidas.

— Ah, entendi. Bem, eu sinto muito. E você trabalha com o quê?

Era isso? Sem sondar ou desaprovar por ser mãe solteira? Hã... Não é o que ela esperava.

— Sou organizadora de eventos. Foi assim que conheci seu filho. Organizei uma festa para o time dele.

Kathleen bateu palmas.

— Que maravilha. E que carreira divertida você tem. Deve aproveitar muito.

— Aproveito mesmo. Minha empresa só tem dois anos, por isso ainda estamos crescendo, mas está indo muito bem até agora. Tenho grandes expectativas.

— Leva tempo para fazer um negócio crescer. E perseverança.

— Eu tenho os dois. Demorou um pouco para eu chegar ao ponto onde pude me dar ao luxo de abrir uma empresa, mas é algo que eu sempre quis. E vou fazer o que for preciso para transformá-la em um sucesso.

Kathleen pegou sua mão e a apertou.

— Anos atrás as mulheres não podiam realizar o que está fazendo. Eu te admiro, ser mãe solteira, fazer malabarismos para ter o próprio negócio, e criar aquele belo filho que tem. Não é fácil.

— Nathan vale os sacrifícios que tive que enfrentar.

— Posso te fazer uma pergunta pessoal?

— Claro.

— E pode se sentir à vontade para dizer que não é da minha conta. Não vai me magoar de forma alguma. E o pai de Nathan? Ele simplesmente não quis fazer parte da vida dele?

Ela podia dizer a Kathleen que não queria falar sobre aquilo, mas surpreendentemente, não se importou.

— Eu não o quis na vida de Nathan. Eu tinha apenas quinze anos quando fiquei grávida, o que foi burrice, mas sabia que queria ter meu filho. E o homem que me engravidou não era alguém que eu queria na minha vida ou na do meu filho. Drogas, roubos, condenado à prisão... Ele era um fracasso total. Eu fiz com que ele assinasse um termo abrindo mão dos direitos paternos do Nathan antes de ser levado à prisão. Jamais poderá reivindicar qualquer coisa sobre Nathan.

Kathleen assentiu.

— Ainda sim, você fez o que era necessário para proteger seu filho. Foi inteligente.

— Fui burra. Não devia ter engravidado. Mas Nathan não precisava sofrer por causa da minha estupidez. E como eu poderia me arrepender por tê-lo? Nathan é tudo para mim.

Os olhos de Kathleen se encheram de lágrimas.

— Uma boa mãe está disposta a dar a vida pelo filho. Você é uma boa mãe.

Tara piscou para conter as lágrimas.

— Obrigada. Acho que ninguém nunca me disse isso antes.

— Nem a sua mãe?

Tara deu risada.

— Esse é um tópico para um outro dia e uma outra conversa. Penso que já te sobrecarreguei bastante no nosso primeiro encontro. Se despejar mais, você vai dizer ao seu filho para ficar o mais longe possível de mim.

— Ah, sobre isso eu não sei, Tara. Meu filho é igual a mim, é um excelente juiz de caráter. Não preciso dizer a ele o que fazer. Se escolheu você para a vida dele, é porque te acha boa para ele.

— Obrigada, Kathleen. Gosto muito do Mick. De estar com ele. E de como me faz sentir quando estou perto dele.

— É tudo o que eu precisava saber de você. Nunca disse que gosta das coisas que ele te dá. É tudo sobre sentimentos. Estou muito contente que está aqui neste fim de semana.

Ela se emocionou com a sensação de estar numa família, algo que ela não sentira – nunca.

— Eu também, Kathleen.


Mick encostou-se à parede do corredor, sentindo-se culpado por ouvir a conversa de Tara com a sua mãe.

Mas não pôde evitar. Gostou de ouvi-la conversando com a mãe, do quão livremente se abriu e contou sobre o homem que a engravidou. Uma das coisas que admirava em Tara era de como ela fez tudo sozinha desde muito jovem. Ele não sabia tudo sobre seu passado, mas estava conseguindo vislumbres de pouco em pouco. E pelo pouco que ouviu, entendeu que foi uma droga desde o início, com os pais dela e do cara que a engravidou. E ela chegou onde está hoje completamente sozinha.

Estava na hora de sentar com ela e saber da história diretamente por Tara. Ele queria saber mais sobre ela. E havia coisas que precisava falar a respeito dele. Queria que as coisas evoluíssem entre eles, porque estava começando a se importar muito e profundamente por ela.

E se você se importa muito com alguém, conta os seus segredos a essa pessoa. E ela te conta os dela.

Então, talvez, estivesse na hora dessa conversa.

Uh... logo, logo.

 

 

9

— Você trouxe uma mulher pra casa.

— Trouxe, mãe.

— É a primeira vez.

— Sim, é.

— Não pense que vai passar despercebido ou que não tenho perguntas.

Tara estava no andar de cima tomando banho antes de saírem para o bar esta noite. O pai de Mick se deu muito bem com Nathan, e foram para algum lugar na oficina de seu pai fazer só Deus sabia o quê. Construindo... algo juntos. O que acabou deixando Mick na cozinha com sua mãe.

— Então, é sério?

Mick encostou-se ao balcão.

— Não sei. Começamos a sair tem pouco tempo.

— Isso não importa. É sério?

— Talvez.

Sua mãe cruzou os braços, um sorriso erguendo nos lábios.

— Eu gostei dela, Michael. Muito.

Ela sempre usava o nome de batismo dele quando queria chamar sua atenção.

— Também gosto, mamãe. Mas ainda não contei tudo a ela, então não diga nada.

Sua mãe bateu no braço dele.

— Não cabe a mim, contar os seus segredos. Isso é com você. — Ela deu um estalo com a língua. — Como se eu fosse contar.

Ele a puxou para os seus braços e a abraçou.

— Eu sei. Mas estou indo devagar, e não quero estragar tudo. Ela é especial pra mim. Ela é... diferente.

Sua mãe se afastou.

— Diferente das mulheres franzinas que usam um quilo de maquiagem que eu vejo com você nas capas das revistas?

— Eu realmente não namorei nenhuma delas. Não a sério.

— Bem, trate essa com cuidado. Tenho a impressão de que ela está testando as águas com relação ao amor, cuidadosamente.

— Sim, também tenho essa impressão. Serei cuidadoso com ela, mamãe. Prometo.


Mick gostava bastante de beisebol assim como gostava de todos os esportes. Mas hoje foi diferente porque ele pôde ver o jogo através dos olhos de Tara e Nathan.

Nathan ficou extasiado quando ele os levou para os camarotes acima do banco. Graças a Gavin, tinham uma vista excelente do jogo e dos jogadores. Gavin saiu do aquecimento, viu Mick e acenou. Os olhos de Nathan quase saltaram para fora.

Claro que Mick tinha ainda mais surpresas guardadas para Nathan. Tara também adorava beisebol, ele descobriu isso enquanto ela assistia ao jogo. A mulher era uma surpresa constante. Ele achou – de acordo com a maioria das mulheres com quem tinha saído – que teria de explicar as nuances do jogo. Mas não precisou. Ela entendia o que eram: turnos, equipes, bolas ruins e boas, quando eram eliminados e as posições do arremessador ao center fielder, defensor no centro do campo, e shortstop, defensor centro-esquerda, e quais eram suas funções. Na verdade, ela pareceu completamente insultada quando ele começou a explicar o que cada jogador fazia.

Ela o olhou como se tivesse crescido duas cabeças nele.

— Amo esportes, Mick. Sei tudo sobre beisebol, assim como de futebol. Não me faça bater na sua cabeça com o meu cachorro-quente.

Ele prontamente calou a boca e a deixou assistir ao jogo.

Nathan, no entanto, falou sem parar sobre Gavin e o time de Saint Louis. Ele sabia qual era a colocação deles na divisão, quem eram os jogadores mais fracos, qual era a média de Gavin, e sabia que ele se inclinava longe demais da área do batedor e é por isso que dava mais passos com frequência, porque era atingido pela bola mais do que a média dos batedores, o que Mick já havia dito diversas vezes ao irmão, apesar de Gavin mandá-lo se foder e se preocupar com o próprio esporte.

Nathan era muito perspicaz, e eles passaram boa parte do jogo dissecando os jogadores e as jogadas, bem como os pontos fortes e fracos do outro time.

Felizmente, o time da casa ganhou, e como os ingressos esgotaram, o estádio estava uma barulheira, e Tara e Nathan pareciam ter se divertido.

— Obrigada, Mick — Tara agradeceu depois do jogo. — A gente se divertiu bastante.

— Sim, foi demais — disse Nathan observando os times deixarem o campo enquanto eles esperavam a multidão caminhar para a saída.

— Ah, não acabou ainda. Tenho uma surpresa pra você.

— Tem? — Os olhos de Nathan arregalaram. — O que é?

— Vai demorar um pouco, portanto sente-se e seja paciente.

Eles esperaram cerca de uma hora, então Gavin apareceu, saindo do banco.

— Oi.

— Oi. — Ele virou para Tara e Nathan. — Venham. Vamos descer.

— Puta merda.

— Nathan — sussurrou Tara. — Por favor, pela milionésima vez, olha a boca.

Mick colocou o braço em volta de Tara.

— Acho que ele tem uma desculpa por causa da empolgação.

Desceram até o banco, e Mick abraçou o irmão.

— Bom jogo. Até que você não jogou mal.

Gavin riu.

— Vai te catar. — Ele virou para Tara. — Você deve ser a garota tolinha que está namorando o meu irmão.

— Acho que talvez eu tenha acabado de ser insultada, mas, sim, eu sou a Tara. — Ela sorriu e estendeu a mão.

Em vez de cumprimentá-la, Gavin puxou Tara e a abraçou.

— Prazer em conhecê-la, Tara, mas acho que enlouqueceu por estar namorando este fracassado. — Ele se afastou e apertou a mão de Nathan. — E você deve ser o Nathan.

Nathan sorriu.

— Sim. Você jogou muito bem hoje.

— Obrigado. Ganhamos, por isso é um belo presente de aniversário.

— Feliz aniversário, Gavin — parabenizou Tara.

— Obrigado. Então, o que acham de fazer um passeio pelo lugar?

O queixo de Nathan caiu.

— Sério?

— Sério.

Gavin era um bom anfitrião e levou a todos para dar uma volta no estádio, e até no vestiário foram, que estava praticamente vazio. Então, ao menos Mick não precisou proteger os olhos de Tara de quaisquer jogadores pelados. E a maior surpresa para Nathan aconteceu quando Gavin lhe deu uma jersey autografada.

— Caramba, obrigado. E nem é meu aniversário ainda.

— Mick me contou que seu aniversário será em algumas semanas. Quinze, hein?

— Sim.

— Logo estará dirigindo, e sua mãe não vai mais dormir.

Tara riu.

— Nem me lembre.

— Você parece muito jovem para ter um filho que vai fazer quinze anos.

— Obrigada. Você agora é a minha pessoa favorita no mundo todo.

Gavin deu uma piscadinha.

— Preciso ir. Tenho algumas coisas pra fazer antes de hoje à noite. Te vejo no bar mais tarde?

— Sim — respondeu Mick. — Obrigado, Gavin.

— Sempre às ordens. Obrigado por terem vindo ao jogo.


— Quem é a garota? Outra recém-saída da puberdade? Outra estrela de cinema?

Mick deu risada e se inclinou sobre o balcão do bar para dar um beijo no rosto de sua irmã.

— Pelo contrário. Ela é organizadora de eventos, não é atriz e nem modelo.

Jenna arfou.

— Você quer dizer que ela é uma pessoa normal, alguém corriqueira assim como você e eu? Bem, igual a mim. Você é um legítimo garanhão e famoso. Eu sou a Zé Ninguém da família.

Ele revirou os olhos.

— Você é a estrela de Riley’s, estrelinha.

— Sim, e é exatamente isso o que eu sempre sonhei ser quando era garotinha.

— Bem, com essas tatuagens e piercings na orelha, estou pensando numa estrela do rock, mas já que você ainda não entrou na fila do American Idol, não tenho ideia de qual é o seu sonho.

Ela bateu o dedo no nariz dele e deu uma piscadela.

— Só que estou totalmente satisfeita servindo no restaurante da minha família.

Ele bufou.

— Sim, aposto que sim.

Jenna era linda, e ela se parecia mesmo com uma estrela de rock com o cabelo preto curto espetado para todos os lugares e tingido nas pontas com o que imaginou ser roxo. Ela tinha uma série de tatuagens malucas em várias partes do corpo e, provavelmente, em outras partes – que ele como um irmão – simples e descaradamente não quis saber a respeito. Sua orelha esquerda era praticamente inteira perfurada, e tinha um pequeno diamante naquele lado do nariz que até mesmo ele achava bonitinho. Mas realmente não tinha ideia do que Jenna pensava ou o que ela queria da vida, já que parecia bastante contente em tomar conta do Riley’s. Pensando bem, aos vinte e três, talvez ela ainda não tenha descoberto.

— E ela também tem um filho?

O olhar de Mick viajou para onde Tara e Nathan estavam com o pai nos jogos de videogame.

— Sim. Nathan tem quatorze anos. Quase quinze.

— Família feita e tudo mais. Isso é completamente diferente de você, Mick. O que está acontecendo?

Ele encostou-se ao balcão.

— Não faço ideia.

— Então, vou gostar dela?

Ele virou para Jenna.

— Sim. Acho que vai.


Tara já tinha tido um dia maravilhoso, assim como Nathan. O irmão de Mick foi incrível. Eles se pareciam muito, embora Gavin fosse mais magro e os olhos eram de um tom de verde-esmeralda iguais aos de Kathleen.

Nathan esteve no paraíso depois do jogo e de conhecer o estádio, e ganhar a jersey foi para fechar com chave de ouro. E agora, ele estava num bar.

Não sabia o que esperar quando lhe disseram que os Rileys tinham um bar familiar, mas se surpreendeu. Riley’s era um incrível e luxuoso bar de esportes e restaurante.

Tara pensou que a noite ia ser tensa, mas até agora estava indo bem, mesmo tendo perdido Mick de vista. Mas pelo menos, Nathan estava nas nuvens. Ele estava em um bar de verdade, para começo de conversa, e era barulhento e contagiante. Havia jogos clássicos de videogame como “Pac-Man” e “Donkey Kong”, e ele e o pai de Mick tinham se dado realmente bem. Tara sentia remorso por Nathan não ter avós, mas não havia nada que pudesse fazer a respeito. Ela cortou o contato com seus pais há muito tempo, e absolutamente nada havia mudado entre eles depois de todos esses anos, então não havia razão nenhuma em expor Nathan ao estilo de educação deles. Ou a falta dela.

Estar perto de Kathleen e Jimmy era bom para Nathan. Eles eram calorosos e carinhosos, e Nathan naturalmente foi atraído pelo casal que oferecia amor incondicional sem querer nada em troca.

— Vai se esconder atrás deste pilar a noite toda?

Ela ergueu o olhar para Mick.

— Só vendo se Nathan está bem.

— Minha mãe e meu pai tomarão conta dele. E se não forem eles, tenho um monte de tios, tias e primos que você nem sequer conheceu ainda. Assim que Nathan for apresentado a eles, o garoto não terá a menor chance de ficar sozinho por um segundo sequer. Vai ser muito bem vigiado. Minha mãe irá garantir isso, já que ele é menor de idade e está no bar dela.

Ela acreditou nele. E se afastou da coluna de madeira para encará-lo.

— Você tem uma família grande?

— Só meu irmão e irmã, mas sim, a família é grande. Você vai encontrar um monte deles esta noite.

Ela olhou na direção do bar, que já estava cheio de gente acenando e se abraçando. Riley’s era aconchegante e convidativo, com chão de madeira polida e painéis, mesas e cabines perto de todas as tvs – e com certeza havia um monte espalhadas por todo o lugar – assim como uma mesa de sinuca e videogame e um bar bem grande, onde uma deslumbrante jovem estava servindo cerveja.

— Aquela é a Jenna? — perguntou ela.

— Sim.

— Ela é linda.

— Ela é, mas não diga isso a ela. Já tem um ego inflado.

Mick segurou sua mão e a levou para o bar, onde Jenna estava arrumando os copos e servindo as cervejas.

— Jenna, esta é Tara.

Jenna inclinou sobre o balcão e estendeu a mão, com um sorriso genuíno.

— Prazer em conhecê-la, Tara. Bem-vinda à loucura que é o bar Riley’s e à família Riley.

— Prazer em conhecê-la também, Jenna. Tem algo que eu possa fazer para ajudar?

— Não, mas obrigada por oferecer. Você é, obviamente, mais legal que o meu irmão.

— Ei, você não se oferece para jogar futebol por mim.

Jenna bufou.

— Provavelmente jogaria melhor do que você.

Mick arqueou uma sobrancelha.

— É um desafio?

— Talvez. Você sabe que eu tenho um bom braço.

— Vai sonhando, estrelinha.

— Covarde. Só está com medo de que eu mostre ser a celebridade com o passe longo e você está um velho agora.

— Você e eu. No quintal. Amanhã.

Jenna sorriu e acenou com a cabeça.

— Combinado. Agora saia daqui para eu conseguir trabalhar direito. Tara, foi muito bom te conhecer.

— Você também, Jenna. Estarei lá para ver você acabar com a raça dele.

Jenna olhou para Mick.

— Ah, eu gostei desta mulher.

Mick disparou o olhar para Tara.

— Não posso acreditar que vai torcer contra mim.

Tara deu de ombros.

— Girl power, sabe como é, né?

Mick riu e passou o braço em volta dela.

— Então, onde está o aniversariante?

— Vai chegar atrasado, como de costume, assim ele pode fazer uma entrada em grande estilo. Ele gosta de ser o centro das atenções. Síndrome do filho do meio, acho.

Jenna saiu para servir algumas bebidas, e Tara olhou para Mick.

— Você e Gavin parecem se dar bem.

— Rá. Deveria ter visto quando éramos crianças. Não existia “se dar bem” naquela época. A gente competia por tudo, dos esportes aos brinquedos até pela atenção de nossos pais.

— Alguns garotos superam isso.

Ele sorriu para ela.

— Alguns superam.

— E sobre a sua irmã? Deve ter sido difícil para Jenna ter dois irmãos mais velhos. Eram superprotetores com ela?

Ele fez que não com a cabeça.

— Ela nunca nos deu chance. Simplesmente se jogou no meio e se misturou com a gente. Ou tentou, de qualquer maneira. A menina não tem medo.

— Obviamente, se ela pode lidar com vocês, provavelmente pode lidar com qualquer coisa.

— Sim, nunca precisamos nos preocupar com ela.

Durante a hora seguinte, mais ou mesmo, Tara foi apresentada para os tios e primos de Mick, e mais pessoas do que ela jamais poderia se lembrar. O bom foi que havia alguns adolescentes da idade de Nathan, então Mick fez questão de apresentá-lo a eles. Parecia terem se dado bem, e Tara respirou aliviada que ele não seria o único adolescente esta noite aqui.

Agora, ele estava sentado em uma mesa com uma turma de seis crianças, mais ou menos, entre doze e dezessete anos, todos enchendo a boca de comida, bebendo refrigerante e rindo. Deus, ela adorava ver o filho sorrir e dar risadas. Era tão raro ultimamente.

— Ele está bem. Pare de se preocupar.

— Não estou nem um pouco preocupada. Estou... maravilhada, acho que é a palavra certa. — Ela virou para Mick. — Você tem uma família incrível. Obrigada por este fim de semana.

Ele segurou seu rosto e o aproximou do dele.

— De nada. Obrigado por vir comigo.

Ele roçou os lábios nos dela, e Tara respirou seu perfume, desejando poder fazer mais do que dar um leve beijo nele. Enquanto que este fim de semana tem sido divertido e ter adorado conhecer sua família, eles não tiveram mais do que alguns segundos sozinhos. Sentia falta daquilo, ansiava ter tempo para fazer mais do que dar as mãos e roubar alguns breves beijos.

Quando ele se afastou, ela viu o brilho de calor em seus olhos e sabia que ele pensava a mesma coisa.

— Vamos precisar escapar por uma hora em um armário ou no porão ou algum lugar parecido.

Ela riu.

— Concordo.

— E se eu continuar pensando em toda sacanagem que quero fazer com você, vou acabar com uma ereção na frente de toda a minha família.

Ela bateu os cílios para ele.

— Não estou fazendo você ter esses pensamentos.

— Você não tem que fazer nada, só olhar pra mim como se quisesse me comer. Ou me foder.

Tara estremeceu, respirando fundo, pressionando levemente as pontas dos dedos no peito dele e se inclinou para sussurrar:

— Pare de falar assim. Você está me deixando molhada.

Mick olhou ao redor do bar, e depois de volta para ela.

— Eu tenho uma ideia. O que acha de nós...

— Ora, finalmente vou conhecer a mulher misteriosa com quem você está passando todo o seu tempo.

— Elizabeth.

Tara virou e ficou cara a cara com uma mulher deslumbrante. Ela vestia um terninho preto que se encaixava perfeitamente em suas curvas. O cabelo ruivo estava penteado para cima em um coque francês, as unhas feitas, e os sapatos que usava não eram – de forma alguma – uma imitação, mas de grife, com saltos altos arrasadores feitos para exibir suas pernas fantásticas. Tara era mulher, mas era capaz de reconhecer outra mulher bonita, e Elizabeth era o sexo em saltos altos. E ela era agente esportiva? Meu Deus, aqueles coitados donos de times nunca teriam qualquer chance assim que fossem capturados pelos olhos azuis gelo.

— Oi, meu bem — ela disse a Tara, estendendo a mão cheirosa e macia. — Meu nome é Elizabeth Darnell, sou a agente de Mick.

Sinos de alerta dispararam na cabeça de Tara logo de cara. Pelo olhar minuciosamente examinador de Elizabeth, ela pôde dizer que a mulher não gostava dela. Tara estampou um sorriso profissional no rosto e apertou a sua mão.

— Prazer em conhecê-la, Senhorita Darnell.

— Ah, me chame de Liz. Todas as mulheres da vida de Mick me chamam assim.

Hummm. Elizabeth, claramente, queria que Tara soubesse que ela era uma de muitas mulheres que Mick estava transando.

— Que gentil.

— Por que você está aqui, Liz? — perguntou Mick.

Por alguma razão, Tara ficou satisfeita em notar que Mick não parecia feliz. E ela ficou duplamente feliz quando ele deslizou o braço em volta de sua cintura e a puxou junto dele, um movimento que fez Liz estreitar os olhos.

— Tinha alguns papéis que eu precisava que Gavin assinasse, e ele insistiu que eu viesse na festa de aniversário dele.

— Ele insistiu, né? Você e Gavin são tão próximos assim?

Liz jogou a cabeça para trás e deu risada.

— Porque nós somos praticamente casados, não sabia?

— Elizabeth, nenhum homem quer se casar com você. Você o comeria no café da manhã.

— Mick, por que diz isso? Algum dia, espero me casar e criar dois ou três filhos como se espera do meu gênero.

Mick bufou.

— Não. Não consigo imaginar isso, desculpe. Você ama a sua carreira e todo o dinheiro que consegue com todos os seus clientes. Não consigo te ver desistindo disso por nenhum homem. Na verdade, acho que jamais te vi sair com alguém. Você não tem tempo para um amor na sua vida, Liz. Está ocupada demais indo atrás de dinheiro e sucesso e tentando ganhar dos figurões com quem compete.

Liz riu.

— Você provavelmente está certo. O que é que eu faria com um homem a não ser colocar um contrato na mão dele e rezar para que ele pudesse fazer alguma coisa com uma bola ou dirigir um carro de corrida, certo?

Tara pegou um flash de algo nos olhos de Elizabeth, mas tão rápido quanto apareceu, sumiu. Talvez pudesse ser arrependimento ou tristeza, mas ela não conhecia a mulher tão bem, então não podia ter certeza.

Liz virou para Tara.

— Então, ouvi que tem um menino?

— Adolescente, na verdade. Nathan. Ele está com a jersey do Saint Louis naquela mesa ali com os primos de Mick.

— Ah, sei. Bem, você deve ter começado bem nova.

— Para dizer a verdade, sim, comecei. Fiquei grávida aos quinze anos.

Elizabeth arqueou uma sobrancelha perfeita.

— Você é da... zona rural?

— Liz, Jesus. Já chega.

— Não. De uma cidade bem grande, na verdade.

Elizabeth esperou, sem dúvida, pensando que Tara abrisse a boca e desembuchasse seu passado. Errado. Estava na hora de contar a Mick sobre isso, no entanto.

— Olá, linda. Que bom que veio.

Gavin girou Liz, e o queixo de Tara poderia ter despencado ao ver como o rosto de Elizabeth mudou. A dura expressão arrogante de superioridade desapareceu e o ar gelado derreteu. A mulher até mesmo ostentava um sorriso genuíno. Ela parecia ter dezesseis anos, sorrindo para Gavin. Seus olhos simplesmente derreteram.

Minha nossa.

— Oi, bonitão. Feliz aniversário. — Ela manteve distância e deu o que Tara consideraria um abraço profissional, mas Gavin a puxou em seus braços, colocou os lábios nos dela, e lhe deu um beijo nada profissional. Quando se afastou, suas bochechas estavam coradas. Ela lambeu os lábios. E não conseguia tirar os olhos do rosto de Gavin.

Ora, ora, ora. Então, a rainha do gelo era humana, afinal de contas.

— Vem comigo — disse Gavin. — Alguns dos meus amigos estão aqui, e quero que os conheça.

Elizabeth revirou os olhos e disse:

— Coisas que eu tenho que fazer para manter um cliente feliz. Tchauzinho.

Gavin pegou a mão dela e a puxou, levando-a com ele.

— Ah. Meu. Deus — disse Tara, observando Liz desaparecer no mar de gente com Gavin.

Mick coçou a lateral do nariz.

— Sim, eu sei. Liz pode ser uma verdadeira megera às vezes. Nunca pensa antes de falar. Caramba, você devia ouvir como ela me insulta. Mas é muito boa no trabalhado dela e...

— Não, Mick. Não é sobre isso. — Tara acenou com a mão, descartando as preocupações dele pelos comentários desagradáveis de Liz. — Não me incomodou de forma alguma. — Ela ergueu o olhar para Mick. — Mas você viu os dois juntos?

— Os dois jun... — Ele seguiu o olhar dela. — Gavin e Liz? Ah, é, ela também o representa.

Ela fez que não com a cabeça.

— Não foi o que eu quis dizer. Parece que foi só ele aparecer que um interruptor acionou dentro dela. Um transplante de personalidade completo. Ela ficou calorosa. Do tipo, mulher derretida. Sabe o que eu quero dizer?

— O quê? — Mick desviou o olhar para onde Liz sentou-se no bar ao lado de Gavin e os amigos. Ele olhou de volta para ela. — Não. De jeito nenhum. Liz não tem sentimentos.

— Tem sim, Mick. E muito. Pelo Gavin. Bom, eu não a conheço, mas sei ler os sinais de uma mulher com um homem, e os que ela deu soaram altos e claros. Ela está apaixonada por ele.

Mick franziu a testa e balançou a cabeça.

— Liz não ama ninguém. Liz ama o dinheiro. E a carreira como agente esportiva. Acredite em mim, eu sei. Ela tem sido agente do Gavin e minha desde que começamos. Além disso, ela é mais velha do que Gavin acho que... quatro anos. Ela tem o quê... trinta e dois anos, mais ou menos.

Tara riu.

— E daí?

— E daí que ela não tem esses tipos de sentimentos, estou te dizendo. Gavin é um produto para ela. Todos nós somos. E se pensou que todas as histórias sobre eu ser um mulherengo eram verdade? Confie em mim, as do meu irmão são verdadeiras. Ele troca de mulher como troca de camisa. Não vê Liz como nada além de sua agente. É gentil com ela porque Liz ajuda a carreira dele. Não existe nada entre os dois.

Tara deu de ombros.

— Bem, pode ser que não exista nada da parte dele, mas posso garantir que da parte dela, existe.

— Acho que você está errada. Liz é uma grande atriz, e você entendeu errado. Ela usa a fraqueza do Gavin, que é uma mulher linda com belas pernas.

— Se é o que você diz.

Mas Tara não acreditou nisso nem por um segundo. Se havia uma coisa que ela era capaz de detectar era uma mulher toda apaixonada e cheia de desejos por um homem.

E Elizabeth Darnell estava de quatro por Gavin Riley.

 

 

10

Mick cansou de virar e revirar na cama, que era pequena demais para sua estrutura. E saber que Tara dormia no final do corredor, o estava deixando maluco.

Nathan acabou indo para casa de uma das tias de Mick para uma festa do pijama com ela, o marido e seus dois filhos adolescentes. Como tinham praticamente ficados juntos no bar o tempo todo e não pararam de falar de futebol e sobre alguns jogos on-line, eles, provavelmente, passariam a noite toda jogando. Tara estava animada por ele ter feito alguns amigos, então não hesitou em permiti-lo de ir.

Mas Mick tinha passado a noite inteira no bar observando Tara, tocando-a, mas não de verdade, sentindo o cheiro dela e desejando poder fazer o que quisesse. Em vez disso, teve que se contentar em segurar sua mão e com beijos esporádicos, mas não estava sendo suficiente.

Finalmente, vestiu uma bermuda, pegou alguns preservativos, e tão silenciosamente quanto possível, abriu a porta do quarto. A casa estava quieta, sem barulhos de tv ou movimento no andar de baixo, o que significava que todos tinham ido dormir. Mick caminhou sorrateiramente pelo corredor até o quarto de Tara. Não quis bater para não acordar os pais, mas também não queria matar Tara de susto por entrar em seu quarto de repente.

Ele decidiu arriscar, girou a maçaneta e abriu a porta.

— Tara? — sussurrou.

— Estou acordada. Entre.

Graças a Deus. Ele entrou e fechou a porta, trancando-a por precaução.

Ela estava sentada, apoiada nos travesseiros. Tinha deixado as persianas abertas, a luz do luar brilhava sobre ela enquanto o observava se aproximar.

Tara estava com a camiseta dele do time. Ela foi engolida pela roupa, mas porra, estava sexy pra caralho nela. Era velha e surrada, de quando ele tinha entrado no time. Tara arrancou a roupa da mão dele e disse que era macia e confortável e pretendia dormir com ela. Aquilo o deixou excitado só de pensar em seus seios roçando o tecido, a pele dela tocando algo que era dele.

Isso o fez sentir-se possessivo em relação a ela, e uma onda de calor apertou sua virilha.

— Não conseguia dormir — disse ela. — Esperava que encontrasse um jeito de vir aqui.

Ele a pegou nos braços.

— Não aguento ficar mais uma noite sem te tocar.

— Bom, porque estava te dando só mais meia-hora, e então ia até você.

Sua boca devorou a dela com uma fome que ele tinha suportado por muito tempo. Ficou com medo de não ser capaz de se segurar, que pudesse machucá-la, mas ela parecia sentir aquele desejo tanto quanto ele. Ela subiu no colo dele e deslizou os dedos por seu cabelo.

— Tem sido uma longa semana na seca — disse ela, roçando os lábios nos dele.

Mick a beijou, e isso só fez o calor explodir dentro dele.

Ele levantou a camiseta e viu que ela estava sem calcinha. Seu pau se agitou na bermuda, o desejo de transar com Tara o deixando louco.

Ele ergueu o olhar para o dela e viu a explosão de tesão em seus olhos.

— Eu preciso de você, Mick. Sem preliminares. A única coisa que tenho sido capaz de pensar é em te ter dentro de mim. Estou molhada e excitada e preciso de você. Me come logo.

Ele passou a mão pelas costas dela, vindo até a frente da camisa, pressionando o logotipo do time em cima dos seios. Deslizou os polegares sobre os mamilos. Estavam como duas pontas duras, e precisava preencher as mãos com eles. Escorregou-as sob a camisa para acariciá-la, e então, a agarrou pela cintura, jogando-a na cama. Depois tirou a bermuda e pegou um preservativo do bolso, colocando-o em tempo recorde. Ergueu os quadris femininos, curvou Tara e a penetrou.

Ela ofegou, agarrando seus braços, e se segurou enquanto ele a fodia, despejando tudo o que estava segurando em todos esses dias.

— Precisava de você — ele sussurrou. — Só pensava em te foder e te beijar. Senti falta da sua boca. — Ele inclinou para frente e pressionou os lábios nos dela, precisando sentir sua língua na dele, enquanto a boceta o apertava.

Ela lambeu os lábios dele, o olhar tão nítido, tão cheio de emoção, era quase difícil encará-la.

— Também senti sua falta, Mick. É difícil dormir sem o seu corpo junto ao meu, sem suas mãos em mim, sem você dentro de mim. Só consigo pensar nisso.

Saber que ela sentia a mesma necessidade desesperadora que ele, de alguma forma o fez se acalmar e diminuir o ritmo, querendo ter certeza de que ela gozasse, que fosse bom para ela. Estava pronto para gozar no segundo em que deslizou dentro dela. Ela era quente e apertada, e por dias foi só no que conseguia pensar. Parecia que ele não conseguia ter o suficiente dela.

E quando levantou e ela desceu a mão para esfregar o clitóris, aquilo o enlouqueceu.

— Isso. Se toque até gozar. Eu quero ver.

Ele se inclinou para trás, tirou metade do pau, e entrou lentamente, deixando-a estabelecer o ritmo.

— Me diz o que você quer, como quer que eu faça. E vou fazer do jeito que gosta. Porque estou pronto para gozar em você quando estiver pronta.

Ela segurou seu pulso com uma mão, ergueu a bunda, e tocou o clitóris mais rápido. O cabelo dourado espalhado nos lençóis, o corpo nu e exposto enquanto Mick entrava e saía, e ela se tocava para alcançar o limite, o desejo cru deixando suas feições tensas.

— Vamos — gemeu ele, estocando profundamente nela. — Goza pra mim, querida.

— Estou perto, Mick. Oh, minha nossa, vou gozar.

Ele sentiu quando ela disse aquilo, sentiu sua boceta contrair em volta do pau dele. Mick empurrou e tomou sua boca e língua em um beijo longo e ardente conforme esvaziava dentro dela, desejando ser capaz de gritar, porque foi tão bom que ele sentiu o disparo do orgasmo atravessar por seu corpo até sentir os joelhos fraquejarem.

Quando ela parou de tremer, rolaram de lado e Mick puxou Tara contra ele, beijando e acariciando o corpo dela.

Esperou, pensando que ela tinha dormido, mas então, ela virou e olhou para ele, o luar banhando seu rosto. Parecia preocupada com alguma coisa, puxando o lábio inferior com os dentes.

Ele afastou seu cabelo para trás carinhosamente.

— O que foi?

— Quero te dizer quem eu sou, de onde vim.

Ele se sentou, e a puxou, arrumando o travesseiro para que ficassem confortáveis.

— Tudo bem. Quer que eu acenda a luz?

— Não, assim está bom. Provavelmente será mais fácil desse jeito.

Ainda podia vê-la, mas se era assim que queria, ele daria qualquer coisa que ela precisasse.

— Tudo bem. Pode falar.

— Como provavelmente já sabe, não tenho irmãos ou irmãs. Sou filha única e meus pais trabalhavam, então passava muito tempo sozinha quando criança. Ia e voltava a pé da escola, entrava em casa, e era minha responsabilidade garantir que eu comesse alguma coisa. Minha mãe era garçonete e, muitas vezes, trabalhava à noite. Meu pai trabalhava numa construção, então tentava preparar algo para ele comer, caso contrário ele não comia nada.

— Quantos anos você tinha?

— Oito ou nove anos, acho. Realmente não me lembro muito bem.

Jesus. Ela era uma criança. Eles deveriam ter tomado conta dela, e não o contrário.

— Enfim, fazia minha lição de casa, lavava a louça e ia para o meu quarto. Meu pai sentava na sala e assistia tv. A questão, Mick, é que ele bebia. E quando minha mãe saía do trabalho, bebia junto com ele. E tarde da noite, as coisas entre eles ficavam barulhentas. Eles discutiam muito quando estavam bêbados.

Merda. Merda, merda, merda. Uma pedra despencou em seu estômago e parou lá.

Os dedos dela se retorceram tão apertados que os nós começaram a ficar brancos. Ele enfiou a mão entre eles e segurou sua mão.

— Não precisa falar sobre isso. Posso ver que te machuca.

Ela olhou para ele.

— Não, tudo bem. Eu quero. É importante pra mim que você saiba.

— Tá bom.

Mick colocou a mão dela na palma dele, e esfregou o polegar no dorso, tentando acalmar Tara enquanto ela continuava. Estava tremendo, e ele odiou saber que falar do passado a deixava tão apavorada assim. Queria acabar com a sua dor, fazer com que nunca tivesse acontecido, mas era parte dela, e fez de Tara quem ela era, e estava certa – ele precisava ouvir aquilo.

— As brigas ficaram mais intensas no decorrer dos anos, assim como o consumo de bebida aumentou. Chegou ao ponto de eu não querer mais ficar por perto.

— Eles te machucaram?

Ela deu de ombros.

— Gritavam comigo por besteira, mas na maioria das vezes, ficavam irritados um com o outro. Aprendi a ficar fora do caminho, me escondida no meu quarto e ouvia música ou via televisão. Quanto mais alto, menos os ouvia. Quando tive idade suficiente, comecei a sair com meus amigos à noite para não ter que ficar em casa.

Ele assentiu. Não havia nada pior do que ficar perto de um bêbado rabugento. Ele entendia isso melhor do que ninguém.

— Quando tinha quatorze anos e comecei o colegial, fiz novos amigos. Alguns, não muito bons. Uma turma da pesada. Uma galera festeira que bebia demais e usava drogas, e ficavam na rua até tarde, e qualquer coisa que me mantivesse longe dos bêbados da minha casa, estava bom pra mim. Eles me deixavam dormir na casa deles quando eu queria, e isso me serviu. Todos os meus antigos amigos se afastaram porque eram bons filhos, que faziam a lição de casa e dormiam cedo. Mas eu não podia ficar na casa deles, não conseguia encará-los sabendo o quão fodida tinha se tornado a vida da minha família. Os outros adolescentes, “meus novos amigos”, entendiam e não me julgavam.

— Havia um cara, ele abandonou o colégio alguns anos mais cedo e tinha o próprio apartamento. Ele tinha dezenove anos e eu quinze. Todo mundo ia na casa dele pra se divertir. Àquela altura, eu já bebia e também usava algumas drogas, qualquer coisa para aliviar a dor, sabe?

Ele assentiu, engolindo o nó na garganta. Ele sabia. Deus, como sabia.

— De alguma forma, ele gostava de mim. Muito. E eu gostava de qualquer um que me desse atenção. Hoje percebo que foi porque quase não tinha recebido amor e atenção em casa. Começamos a transar direto. Ele usava camisinha, mas não são cem por cento eficazes. E você sabe, quando se está bêbado ou drogado, nem se lembra se usou ou não. Acabei grávida. Aquele foi o fim de ele querer qualquer coisa comigo. Ele surtou, dizendo que o bebê não era dele. Eu não tinha ficado com mais ninguém, então sabia que o filho era dele.

— Que canalha.

Ela sorriu.

— Sim, com certeza ele era, mas sabe, eu tive que reconhecer minha cota de culpa naquilo. Fiz a escolha estúpida de transar com ele.

Ele inclinou o queixo dela com o polegar.

— Você tinha quinze anos, Tara. Uma criança. E ele não era uma. Ele devia ter pensando melhor.

Ela deu de ombros.

— Bem, isso foi o fim da farra pra mim. Assim que descobri que estava grávida entrei na linha. Nada de drogas ou álcool. Parei de sair com aquela turma, fui pra casa e contei aos meus pais.

— O que aconteceu?

Ela deu risada, lágrimas escorrendo dos olhos.

— Eles me chamaram de vagabunda e me expulsaram de casa. Disseram que eu fui irresponsável e devia ter tomado mais cuidado. Falaram que, abre e fecha aspas, me criaram melhor do que isso. — Ela limpou as lágrimas. — Não é a coisa mais engraçada?

As lágrimas caíam pelo seu rosto, e Mick se sentiu destruído por dentro.

— Santo Deus. Como é que eles puderam fazer isso com você?

— Eles não se importavam comigo, Mick. Só se preocupavam com as próprias vidas. Eu era apenas um inconveniente. Eles mal se lembravam de ter uma filha e, com certeza, não queriam ser responsáveis por mim, muito menos pela criança que eu ia trazer ao mundo.

— Então, o que foi que você fez?

— Liguei para a Assistência Social. Eu sabia que aos quinze anos, pelo menos, o Estado tinha que ser responsável por mim. Contei que estava grávida e que meus pais tinham me expulsado de casa, e que eram bêbados e abusivos.

Mick se recostou no travesseiro e olhou para ela.

— Você é incrível, Tara. Estou orgulhoso de você por não levado em consideração o que eles fizeram.

Ela riu, limpando as lágrimas do rosto.

— Estava chateada e com medo pelo meu bebê.

— E o que aconteceu depois?

— Eles me tiraram de casa e me colocaram num lugar bom para mães solteiras, onde fiquei com outras adolescentes grávidas. Fui à escola, o Estado pagou meu pré-natal e eu tive Nathan. Sempre fui bem na escola, então comecei a estudar de novo. Eles me ajudaram a cuidar dele e eu pude me formar. Por fim, encontrei um apartamento e comecei a faculdade. O que me tirou daquele inferno que morava com meus pais porque pedi a emancipação e foi concedida já que eu era autossuficiente, não tinha qualquer parente vivo para cuidar de mim e o Estado pensou que era melhor para mim, não voltar àquele ambiente.

Mick não podia acreditar no que Tara tinha passado enquanto crescia, como deveria ter sido para ela se sentir tão sozinha, e o que fez por causa de Nathan.

— Deve ter sido assustador pra você, apenas uma criança por conta própria.

Seu olhar encontrou o dele, e Mick não viu nada além de amor em seus olhos.

— Eu teria feito qualquer coisa para proteger o Nathan. Foi por isso que encontrei Damon, que estava preso por tráfico de drogas, e me certifiquei de que ele assinasse um termo renunciando o direito à paternidade, mesmo continuando a insistir não ser o pai. Ele não teve problema nenhum em assinar o documento, e eu fiquei aliviada por conseguir tirar Damon de nossas vidas. Quis garantir que nenhum dos meus erros voltaria para assombrar o meu filho.

— Quanto o Nathan sabe disso?

— Tudo. Não guardo segredos dele.

— Ele já quis ver o pai?

— Não. Ele não tem essa curiosidade. Contei sobre os erros que cometi, e disse a ele que, talvez algum dia, eu me casaria com um homem que seria um bom pai para ele, mas Damon foi apenas um doador de esperma e nada mais. E que isso não tinha nada a ver com ele, mas sim com as más escolhas que fiz quando era jovem e estúpida.

— Admiro sua honestidade, tanto com você mesma quanto com seu filho. Ele sabe sobre seus pais?

— Sim. Ele sabe de tudo, Mick. Nunca vou esconder nada dele. Nathan merece a verdade. Precisava saber porque os meus pais não fazem parte da nossa vida.

— Obrigado por me contar tudo isso. O que explica muito sobre quem você é, por que é tão forte, tão obstinada. Eu te admiro demais, Tara.

Ela inclinou a cabeça para trás.

— Não. Não sou uma heroína, Mick. Fui burra e irresponsável, e meu filho teve que pagar pelos meus erros.

Ele ergueu o queixo dela, fazendo com que ela olhasse para ele.

— Está de brincadeira comigo? Você é incrível. Veja o que passou, o que suportou. Chegar onde está hoje, depois do tipo de infância que teve? Como é que poderia ter acabado? Em vez disso, você tem uma ótima carreira, um garoto maravilhoso, e é uma das mulheres mais notáveis que já conheci.

— Não sou perfeita.

— Eu nunca disse que era. Mas é uma das mulheres mais trabalhadoras que já conheci. E você superou mais do que a maioria das mulheres jamais superará. Eu...

Quase disse algo. Uma coisa que não sabia ao certo se estava pronto para dizer.

— O quê?

— Eu te admiro.

Ela deu risada.

— Pare de me admirar. Só fiz o que precisava ser feito. Pelo Nathan. Se não tivesse ficado grávida dele, quem saberia em que tipo de espiral autodestrutiva eu teria continuado. Confie em mim, eu estava fazendo o máximo que podia para arruinar com a minha vida.

— Às vezes nós somos nossos piores inimigos.

— Por favor. Você tem uma família e vida perfeitas. Duvido que já fez qualquer coisa para acabar com a própria vida.

Ele a puxou contra ele e os deitou, a verdade pairando na ponta da língua, pronta para ser revelada. Mas não achou que esta noite seria o momento certo, não depois do que Tara havia contado sobre o passado dela.

E talvez ele fosse apenas um covarde.

Ele tinha algumas reflexões a fazer.


Tara ainda estava dormindo quando Mick desceu na manhã seguinte para tomar café. Seus pais buscariam Nathan depois de resolverem algumas coisas na rua, então não precisou se preocupar com isso. Desse modo, acabou numa bela casa tranquila, tendo um momento sozinho e pôde pensar no que ela contou a ele na noite anterior.

Como é que ele ia dizer a verdade a respeito dele depois que ela tinha sido tão honesta sobre o seu passado? Ontem à noite teria sido demais. Foi a noite dela. E agora...

Bem, agora, não. Ainda não era o momento. Agora ele só ia se sentar e apreciar o seu café, sozinho.

— Hummm, que cara é essa de preocupação e mau humor?

Bem, ele pensou que ficaria sozinho. Mick ergueu o olhar para Jenna, que entrava pela porta dos fundos.

— O que está fazendo aqui? Pensei que fosse vampira e não acordasse antes do meio-dia.

— Sei que vão embora hoje. Pensei em tirar meu pobre corpinho da cama mais cedo para me despedir.

— É verdade.

Ele a ficou observando enquanto ela andava pela cozinha, pegando uma xícara e colocando café, e depois acrescentando tanto leite e açúcar que realmente não era mais café quando terminou de mexer tudo. Jenna sentou numa cadeira ao seu lado.

— Você já não vem mais pra casa com tanta frequência, e nós não tivemos muito tempo para conversar ontem.

Uh-oh. Jenna não era o tipo de irmã calorosa e de conversa fiada. O que significava que algo estava acontecendo.

— Tem alguma coisa que você queira me falar?

Ela segurou a xícara, levou aos lábios, tomou um gole e olhou para ele.

— É sobre a mamãe e o papai.

Seu coração disparou e a cabeça já começou a girar com as possibilidades, nenhuma delas boa.

— O que têm eles?

— O quadragésimo aniversário de casamento deles está chegando.

— Ah. Merda. Nem me lembrava.

— Claro que não. Você é homem, e homens não prestam atenção nesse tipo de coisas. Enfim, acho que devemos dar uma festa para eles.

— Certo. Quando e onde?

Ela pegou o celular, clicou no calendário e navegou por ele.

— O aniversário de casamento é no dia quinze. Gavin estará na cidade outra vez no fim de semana antes dessa data para um jogo da liga. Ele joga dia doze, o que significa que poderíamos fazer alguma nessa noite. Consegui conversar com ele ontem à noite, perguntei se estaria por aqui nesse sábado à noite, e ele respondeu que estaria.

— Eu posso vir, com certeza.

— Ótimo. Agora tudo o que precisamos é de alguém para organizar uma grande festa para eles.

Ela colocou o celular de lado e olhou para ele.

— Como assim? Por que não podemos simplesmente fazer no bar?

Jenna deu um olhar de escárnio para ele.

— Ah, tá. Você já sabe o que vai acontecer. A gente dá uma festa pra eles no bar, e mamãe e papai acabarão trabalhando a noite inteira. É desse jeito mesmo que queremos que comemorem o aniversário de casamento deles?

Ele apoiou a cabeça na mão.

— Você está certa. Não podemos fazer no bar. Então o que iremos fazer?

— Não olhe pra mim. Eu sirvo no bar. Não sou organizadora de festas.

— Mas eu sou.

Mick virou e viu Tara parada na porta da cozinha. Ela entrou na cozinha.

— Oi. Dia — disse Jenna.

— Bom dia — cumprimentou Tara. — Se importa se eu pegar um pouco de café?

— Fique à vontade. — Mick a observou pegar uma xícara e colocar o café. Ela estava linda vestida de calça de moletom e regata.

Puxou uma cadeira e se sentou.

— Não quis escutar a conversa de vocês. Mas acabei ouvindo parte dela quando estava vindo pelo corredor. Estão planejando dar uma festa?

— Sim — respondeu Jenna. — O quadragésimo aniversário de casamento dos nossos pais será em algumas semanas.

— Ah, que lindo. Eu posso ajudar. Trabalho com isso.

— Mas é claro — disse Jenna, colocando a mão por cima da de Tara. — Você ajudaria? Quer dizer, sei que não mora aqui, então talvez só faça eventos por lá, na Califórnia.

— Posso fazer qualquer coisa, em qualquer lugar. Ficarei feliz em organizar essa festa. Eventualmente, quero expandir meu negócio em nível nacional. — Ela virou para Mick. — Não que eu queira me intrometer. Tenho certeza de que poderia te ajudar a encontrar alguém aqui, o que provavelmente ficaria mais fácil pra vocês.

— Está de brincadeira? Não consigo pensar em mais ninguém que eu preferiria que organizasse isso. Está falando sério? Coordenaria tudo?

Seus olhos brilhavam com carinho.

— Eu adoraria, Mick. Toda a sua família tem sido maravilhosa comigo neste fim de semana. Não consigo pensar em qualquer outro evento que adoraria planejar mais do que a festa de aniversário de casamento dos seus pais. Então, quando é?

Jenna mostrou as datas.

— Tudo bem, é na semana de aniversário de Nathan, mas vou dar um jeito.

— Não — rebateu Mick. — Você não vai deixar seu filho pra segundo plano.

Ela colocou a mão sobre a dele e deu um sorriso caloroso.

— Jamais deixo Nathan em segundo lugar. Mas imagino que por ingressos do jogo, ele adoraria passar o aniversário aqui. E ele ama a sua família. A menos que isso seja um problema pra você.

Mick beijou sua testa.

— Passar tempo com você e Nathan não é um problema.

Ele viu o olhar que Jenna deu, mas não se importou com o que ela pensava. Mick já estava tendo bastante dificuldade em entender seus sentimentos por Tara e o que tudo aquilo significava. Com certeza, ele não ia tentar explicá-los a Jenna.

Tara virou para Jenna.

— Jenna pode me ajudar, e vai ser mamão com açúcar.

Jenna assentiu e pegou seu café.

— Combinado, então. Vamos fazer no dia doze. Enviarei uma mensagem, avisando ao Gavin.

Pouco a pouco, sua vida estava se tornando cada vez mais entrelaçada com a de Tara. E o nó em sua garganta estava crescendo.

 

 

11

Mick pingava suor, mas estava no center para receber o snap, e recuou alguns passos, ignorando o ataque, focado em seu alvo. Três, dois, um... agora! Ele fez o passe, e a bola caiu nas mãos de Rodney, que disparou.

Não que esperasse um tackle – ser derrubado. Sua linha ofensiva era a melhor e eles o protegeriam enquanto ele permanecesse no pocket – área de lançamento do passe.

O treinador Lewis apitou e saiu da lateral do campo, vindo em sua direção.

— Continua o sangue frio de sempre, Mick.

Mick pegou a garrafa de água que lhe foi oferecida e deu alguns goles, depois a devolveu.

— Obrigado.

— Os exercícios fora da temporada lhe renderam mais alguns músculos. Seu tempo está bom. Está tudo bem com o braço?

Mick concordou com a cabeça, ignorando a fisgada no ombro e as dores em cada articulação do maldito corpo.

— Está ótimo.

O treinador deu um tapinha nas costas dele.

— Nunca te vi treinar tão duro desse jeito.

— Só tentando manter aqueles jovens quarterbacks sedentos bem longe.

O treinador riu.

— Você sabe que precisamos recrutar jovens talentos. Eles não são ameaça pra você. Por enquanto, não.

Não importava. Mick sempre esteve ciente de que estava a uma lesão de ser substituído no jogo. Ele tinha trinta anos, e seu tempo era limitado. Deu uma olhada na lateral do campo, onde Brad Samuelson e Coy Bowman estavam com pranchetas nas mãos. Eles sabiam cada jogada; treinavam todos os dias. Estavam de prontidão para entrar no jogo e tomar o lugar dele. Jovens, ansiosos para se tornarem o próximo grande quarterback dos times da liga profissional. Eles também eram bons. Um pouco inexperientes, mas bons. O que significava que Mick tinha que manter o seu melhor se quisesse continuar a viver seu sonho por mais alguns anos.

Ainda não, rapazes. Eu ainda tenho mais alguns anos de jogo.

Desde que se mantivesse saudável.

Eles treinaram pesado por mais algumas horas e depois foram para os chuveiros. Quando saiu do vestiário, Liz estava lá fora, vestida com um terno cinza arrasador e saltos altos que pareciam capazes de causar um sério dano às partes íntimas de um homem. Ela se afastou da parede e veio em sua direção.

— Está querendo dar uma espiada em algum homem pelado? — provocou ele.

Ela revirou os olhos.

— Se eu quisesse ver todos vocês pelados, teria entrado aí.

É verdade. Não teria sido a primeira vez que ela entrava no vestiário e conversava com um de seus agenciados enquanto estavam tomando banho. A maioria dos caras já tinha se acostumado com ela, embora os mais jovens geralmente babavam quando ela entrava. Liz, definitivamente, era notável, e sabia usar isso a seu favor. Ela não tinha um osso tímido no corpo.

— Tudo bem? — perguntou.

— Samuelson e Bowman foram bons no treino hoje.

— Uh-huh. — Ele virou e saiu pela porta lateral em direção ao carro. Liz o seguiu. — E?

— Você está com trinta anos, Mick. Está na hora de se concentrar mais no jogo e menos numa mulher com filho.

Ele parou, virou e a olhou sério.

— Meu relacionamento com a Tara não é da sua conta.

— É da minha conta se ela afetar a sua performance no jogo.

— Você viu o treino hoje?

— Vi.

— E o que achou?

Ela ergueu os lábios.

— Eu te achei o melhor quarterback da liga.

Ele apertou o controle do alarme e abriu a porta de seu suv.

— Então fique longe da minha vida pessoal, Liz, e vá encher o saco de outro cliente que não seja o melhor na posição que atua.


A popularidade de Nathan tinha crescido a passos largos, e tudo por causa do Mick, o namorado de Tara. Ela tentou fazer com que ele não ficasse empolgado demais, dizendo que tudo aquilo poderia acabar amanhã se ela e Mick decidissem não ficar mais juntos, mas Nathan não deu muita bola e disse que ele e Mick sempre seriam – qual foi mesmo a palavra que ele usou? Chegados. Era isso.

Sentia medo de que seu filho se apegasse demais a Mick. E não só nele, mas na família dele. Ele conversava pelo Skype frequentemente com Ian e Steve, primos do Mick, bem, seja lá o que fosse que aqueles garotos faziam on-line jogando o tal de “Warcraft”. Não que ela realmente ligasse, já que era algo seguro e mantinha o filho longe das ruas, e Mick lhe garantiu que eram bons garotos.

Mas aos poucos, sua vida, assim como a de Nathan, tinha começado a girar em torno de Mick. E da família dele. Agora estava até organizando uma festa para o aniversário de casamento de seus pais, e isso significava telefonemas quase que diários para Jenna, que decidiu ser um verdadeiro caos em pessoa. Ela tinha um senso de humor malvado, não levava nada a sério, e amava e protegia sua família ferozmente. Tara podia ver o porquê. A família de Mick era perfeita. Se Tara pudesse escolher uma família, os Rileys seriam a que ela desejaria.

Mas eles não eram a família dela e provavelmente nunca seriam. Claro, ela e Mick se davam muito bem, mas ele tinha um estilo de vida totalmente diferente do seu. Estava se divertindo muito com ele, mas era temporário. Assim que a temporada regular começasse, ele ficaria ocupado, Nathan voltaria às aulas e ao futebol, e ela mergulharia de cabeça no trabalho para alcançar o próximo patamar, e então seria o fim. Ela só esperava que Nathan não se magoasse quando Mick não tivesse mais tempo para ele.

Talvez fosse hora de começar a se afastar, sutilmente. Ela já tinha se divertido muito com ele. Tudo bem, esse “se divertido muito” envolvia o coração e suas emoções de uma forma que não esperava. Nem mesmo queria se envolver com ele, mas Mick foi insistente, e Tara não foi exatamente incisiva em afastá-lo. Afinal, o sexo tinha sido fenomenal, e minha nossa, ela realmente precisava de um bom sexo em sua vida depois de anos de seca. Mas agora? Agora as coisas estavam começando a ficar sérias, pelo menos da parte dela.

Então, sim, estava definitivamente na hora de desapegar.

Recostou na cadeira e pegou seu caderno, anotando alguns suprimentos para a festa que precisavam ser comprados. Nathan tinha saído com seu time, então pretendia curtir um pouco do silêncio.

Até que alguém bateu na porta. Ela suspirou, abaixou a xícara de chá e o caderno, foi até lá e espiou pelo olho-mágico, sorrindo quando viu que era Mick.

— Oi. O que está fazendo aqui? — perguntou ao abrir.

— Dei uma carona para um dos caras do time. O carro dele estava na revisão e o outro carro estava com a esposa — respondeu ele. — Ele mora aqui perto, então pensei em dar uma passada por aqui.

— Entre. — Depois que ele entrou, ela fechou a porta. — Um pouco tarde para treinar, não?

— A reunião da equipe ofensiva demorou um pouco mais do que o esperado.

— Entendi. Quer beber alguma coisa?

— Quero, água.

— Tudo bem.

Ela foi na cozinha e pegou uma garrafa de água, voltou até a sala e entregou a ele. Mick estava sentado no sofá, então se sentou ao seu lado enquanto ele acabava com a água em poucos goles.

Ela percebeu que ele estava olhando para o caderno.

— Estou interrompendo alguma coisa?

— Não. Só estava fazendo algumas anotações para a festa dos seus pais.

— Mais uma vez, obrigado por fazer isso.

— Não precisa ficar me agradecendo, Mick. Além do mais, já insistiu em me pagar. O que é totalmente desnecessário.

— Ei, vai tomar seu tempo para organizar a festa. Por que não ser paga por isso?

— Porque é para a sua família, e eu me ofereci para ajudar porque quis, não porque esperava um pagamento.

— Se tivéssemos contratado outra organizadora de eventos, a gente teria pago, não teria?

— Sim.

— Então, já chega de falar sobre isso.

— Tá bom.

Ele olhou as escadas.

— O Nathan está em casa?

— Não, hoje ele saiu com alguns colegas do time.

— Ah. Ele vai demorar?

— Vou buscá-lo mais tarde.

— Uh-huh.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Passou aqui para ver Nathan?

— Sim, estou secretamente saindo com você só para me tornar o melhor amigo de Nathan. — Ele a puxou para o seu colo. — Acho que sabe porque eu vim aqui.

E simples assim, seu coração acelerou, a temperatura do corpo subiu, tomando conta dela. Ficar desse jeito em cima dele, as coxas sobre as dele, os seios roçando o tórax, fez sua libido ir a mil por hora. A química que ela e Mick tinham era inflamável.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Então pensou em passar por aqui para uma rapidinha?

Mick jogou a cabeça para trás e riu.

— Achei que Nathan estava em casa. Portanto, a resposta é não.

Ela fez beicinho.

— Que decepcionante. E eu aqui pensando que tinha vindo só para admirar a minha bunda.

— Mas você tem uma bela bunda, Tara. Não vejo problema em passar o tempo venerando-a.

— Sei.

Os olhos dele escureceram.

— É verdade. Quer que eu te mostre?

Sentiu o calor circular pelo ventre.

— Ah, com certeza.

Ele a virou tão depressa que sua cabeça girou. Ele desceu os shorts dela até os joelhos. A calcinha foi logo atrás, e então seus lábios estavam nos globos de sua bunda, quentes e fazendo a boceta vibrar. Ela segurou forte nas almofadas do sofá, desesperada por aquilo que Mick poderia lhe dar.

Ele enfiou a mão entre as pernas dela, deslizando os dedos pelos lábios da boceta.

— É isso que você quer? — E enfiou dois dedos dentro dela, que já estava molhada e pronta para sua invasão.

Ela arqueou, empurrando contra a mão dele.

— É.

Tempo longe dele significava: tempo pensando nele, em estar com ele, fazendo isso com ele.

— Quer dizer que ficou pensando em mim, beijando a sua bunda, é?

Ela inclinou a cabeça para olhá-lo.

— Entre outras coisas.

Mick apertou os lábios contra suas nádegas enquanto a fodia com o dedo.

— Gostaria de saber quais são as outras coisas que quer que eu faça com você.

Passou os dedos sobre sua vagina, circulando-os sobre o clitóris, e quaisquer pensamentos que estavam em sua cabeça desapareceram.

— Não consigo pensar quando está me tocando desse jeito.

— É mesmo?

— Sim.

— Então, é só fazer ruídos, se gostar do que vou fazer.

E ela fez, deixando escapar um gemido quando ele esfregou sua bunda com uma mão e a boceta com a outra, especialmente quando arrastou o dedo entre as nádegas, provocando o ânus. A sensação era incrível, provocando seu desejo ainda mais.

— Gostou disso?

— Muito.

Ele provocou o ânus e deslizou os dedos na boceta, fodendo-a com golpes implacáveis até que ela empinou a bunda, desejando mais daquilo que ele estava dando.

Então ela sentiu um dedo na entrada de trás, e estava molhado, ou era de saliva ou de seus fluídos, ela não sabia dizer. Mas ele o deslizou, passando os músculos apertados, e meu Deus, foi tão bom que ela gritou, arqueando para cima para poder sentir mais da ardente e prazerosa dor que também parecia fazer a sua boceta pulsar.

Ele a fodeu com os dedos, usando o polegar para girar sobre o clitóris, e ao mesmo tempo deslizava outro dedo, entrando e saindo da bunda. Sua mente tentou processar todas as sensações, e ela foi sobrecarregada pelo prazer mais doce e perverso que já tinha sentido.

— Gostaria de foder essa sua bunda algum dia, Tara. Vai deixar?

Se for tão bom quanto o que ele fez com o dedo, ela não negaria nada a ele.

— Sim. Sim, você pode comer a minha bunda.

Ela nunca sentiu nada igual, esse raio de intenso prazer que a fez enlouquecer. Arqueou as costas, empurrando contra a mão dele enquanto atingia o clímax com um grito enlouquecido.

Mick a segurou, dando a ela mais daquilo que precisava conforme sacudia de prazer, sem parar até ficar exausta e ofegante. Só então ele tirou os dedos dela, girou Tara e a beijou. Ele foi à cozinha enquanto ela recuperava o fôlego, voltando com um copo de água gelada. Entregou o copo para ela tomar, molhando a garganta seca.

Era muito estranho ficar sentada no chão nua da cintura para baixo. Por outro lado, supôs que não tinha porque ser recatada com Mick. Ele já tinha visto tudo.

— Obrigada — disse ela, inclinando-se para dar um beijo nele. — Foi muito bom.

— De nada. — Ele pegou o copo de água e bebeu tudo em dois rápidos goles. Colocou o copo na mesa de centro e entrelaçou os dedos pelos cabelos dela. — Você me deixa com sede.

Ela subiu em seu colo.

— É mesmo? Vamos ver o que podemos fazer a respeito disso.

O pau dele estava duro feito pedra, e ela se esfregou nele, ignorando o fato de ele ainda estar vestido e ela nua. Tara alcançou o zíper da calça, e começou a abri-lo, mas sem pressa, dando uma rápida olhada no rosto Mick que estava olhando fixamente para o movimento de suas mãos.

Ela deslizou por suas coxas e puxou a calça para baixo. Ele se levantou para ajudá-la, e ela soltou seu pau.

— Você tem camisinha?

— No bolso.

Ela enfiou a mão no bolso e tirou uma, depois acenou com ela.

— Gosto que esteja sempre preparado.

— Perto de você? Tem que ser. Eu sempre te quero, Tara. Penso em fazer amor com você o tempo todo.

Ela ergueu o olhar para o dele e viu paixão em seus olhos, feliz por saber que Mick pensava nela. Então envolveu o pênis dele e o acariciou. Ele arfou rispidamente, pegou a camisinha da mão dela e abriu com um rasgo.

— Eu preciso te foder.

Ele estendeu as mãos e a puxou para ele, segurando-a enquanto ela se levantava e se acomodava, deslizando sobre ele.

Toda vez que entrava nela, era como se fosse a primeira vez, um choque de percepção, uma forte sensação de prazer à medida que ele a expandia e preenchia. Completamente sentada sobre ele, ela desceu os dedos levemente sobre o abdome forte e fechou os olhos, simplesmente se permitindo sentir as sensações enquanto sua boceta acomodava o pau dele, sentindo as vibrações e contrações, bem como o puro prazer conforme seus corpos se uniam.

— Bom?

Ela abriu os olhos e encontrou o olhar curioso.

— O paraíso. Adoro como você se encaixa dentro de mim.

Ele arqueou, e ela ofegou.

— Gosto de estar dentro de você, Tara. Gosto de sentir sua boceta me apertando, os sons que faz quando eu te como.

Ela balançou para frente, esfregando o clitóris nele, fazendo suas paredes vaginais apertarem o seu pau em reação. Mick agarrou seus quadris e a puxou para frente e depois para trás, definindo um ritmo.

— Isso — disse ele, vendo onde seus corpos estavam conectados. — Olhe para baixo, Tara. Veja o meu pau afastando os lábios da sua boceta quando entra em você!

Fazendo o que ele disse, ela o viu desaparecer dentro dela, depois sair, coberto por seus fluídos.

— É uma delícia.

— Amo como você me engole.

Seu ventre tensionou, o corpo inteiro explodindo em chamas pelo jeito que ele a tocava, a maneira como falava com ela, o toque, a voz, tudo sobre ele – excitante e sensual – enchendo seus sentidos com fogo. Ela inclinou para frente, pressionando os seios no peito dele, correndo os dedos pela mandíbula e lábios.

Segurou seu rosto e a puxou para um beijo de abalar a alma, então agarrou sua bunda, levantou e a desceu sobre seu pênis enquanto a língua duelava com a dela. Ela ofegou contra a sua boca, agora estava tão perto de gozar que sentiu as vibrações do orgasmo a apertarem por dentro.

— Mick. — Ela se afastou só um pouco para sondar o rosto dele, as unhas cavando em seus ombros.

— Vamos, Tara. Me deixe sentir isso.

Ela resistiu só por mais alguns segundos, esfregando com força o clitóris contra o corpo dele, deixando as sensações a levarem ao limite. Então gritou e deixou o prazer tomar conta, travando a boca à dele quando gozou. Mick enfiou os dedos em seus cabelos e a beijou profundamente, segurando-a conforme ela estremecia contra ele pela intensidade do orgasmo. Ele gemeu em seus lábios, empurrando para cima e gozando, os dedos cravados na pele dela. Era bom demais ser abraçada assim tão forte, saber que o afetava tão intensamente quanto ele a afetava.

Ela soltou um suspiro e encostou a testa à dele.

— Estou muito feliz que passou aqui esta noite.

Ele riu.

— Eu também.

Eles se limparam e colocaram suas roupas, depois ficaram no sofá, assistindo tv enquanto Tara fazia suas anotações. Seu celular tocou por volta das onze horas, e ela franziu a testa ao pegá-lo, pensando ser estranho Nathan ligando mais cedo para ir buscá-lo na festa.

Mas era Maggie, e seus olhos arregalaram enquanto ouvia e tentava acalmá-la. Depois desligou e virou para o Mick.

— O que está acontecendo?

— Maggie está transtornada.

— Por quê?

Ela mordeu o lábio, pensando no quanto devia revelar a Mick sobre a vida particular de Maggie, então decidiu que não tinha muita escolha.

— O irmão dela é um desastre. Arruma um monte de problema, e depois espera que Maggie o ajude. Ela não sabe o que fazer, está aflita, e não tem muita consciência no que diz respeito a ele porque é o caçula e ela praticamente o criou sozinha. Somos amigas há muito tempo e já vimos algumas situações bem pesadas. Gostaria de ajudá-la.

— Precisa ir até lá? Eu entendo.

Mick levantou.

— Mas tem outro problema. Nathan. Tenho que ir buscá-lo na festa à meia-noite.

— Eu o busco. Vá ajudar a Maggie.

— Tem certeza? Posso ir pegar o Nathan agora e depois ir na Maggie.

— E o Nathan odiaria isso. Anote o endereço, e eu o pego, trago pra casa e fico esperando até você voltar.

— Meu Deus, Mick, odeio sobrecarregá-lo com meus problemas pessoais.

Ele colocou as mãos em seus ombros e fez com que ela prestasse atenção nele.

— As coisas entre nós são pessoais, Tara. Então, anote o endereço e deixa que eu o pego na festa, tá bom?

Ela assentiu com a cabeça, escreveu o endereço para ele e abriu porta da garagem, depois o beijou e agradeceu antes de correr porta afora. Enquanto ela entrava no carro, Mick ficou parado na porta, acenando para ela.

Ela acenou de volta e uma súbita pontada de puro medo a atingiu.

Como é que ele acabou se tornando uma pessoa tão importante e fundamental na vida dela?

E o que ia fazer sobre isso?


Não foi difícil encontrar a casa toda acesa onde era a festa. Mick viu todos os carros estacionados de qualquer jeito na garagem. E o nível de barulho estava consideravelmente alto. Por ser tão tarde da noite, ficou surpreso pela polícia não ter sido chamada. Essas pessoas devem ter vizinhos bem compreensivos. Ele foi até a porta e tocou a campainha, logo percebeu que não tinha a mínima chance de ouvirem já que a música era ensurdecedora. Girou a maçaneta e a porta abriu. Que maravilha. Revirou os olhos e entrou.

Desastre: foi seu primeiro pensamento. Pratos descartáveis, copos de plástico, guardanapos, comida, bebidas e móveis estavam jogados por toda parte. Parecia uma cena de crime. Ou uma festa. O cheiro de álcool foi a primeira coisa que Mick sentiu, e era mais forte que o da pizza, o que era surpreendente, considerando que havia cerca de vinte ou mais caixas de pizzas vazias e espalhadas pela sala inteira.

Ele começou a caminhar entre um grupo de jogadores de futebol robustos, várias garotas vestidas inadequadamente – com certeza, chave de cadeia –, e todas deram uma bela conferida nele – sério isso?

— Alguém viu o Nathan? — perguntou Mick a um dos garotos, que o olhou com olhos semicerrados que mostravam que ele estava bêbado ou drogado.

— Nuh-uh.

Mick foi em direção à cozinha. Até agora não tinha visto um adulto. Ainda bem que Tara não veio buscar o Nathan. A essa altura, ela já teria desmaiado.

Ele achou Nathan nos fundos, junto com um grupo de três garotos e duas garotas. E ele estava tão bêbado quanto o resto do pessoal.

Isso não era nada bom.

— Mick! Meu chapa! E aí?!

— Vamos embora.

— Cara, vamos ficar e curtir. — Nathan jogou o braço em volta de Mick. — Vocês sabem quem é este aqui? É o Mick Riley, quarterback do São Francisco.

— A gente sabe, mano. Cara, você é um sortudo filho da mãe. — Um dos garotos sorriu. — Não é maneiro a sua mãe estar com ele?

— Nossa, uau, você é Mick Riley. — Uma das meninas tropeçou, saindo da cadeira de jardim e caiu em cima dele, tentando ao máximo parecer sedutora.

— De quem é esta casa, Nathan? — perguntou Mick.

— Tim O’Banyan.

— E onde estão os pais do Tim?

— Cabo — todos disseram em uníssono, rindo e levantando os copos de plástico para um brinde aos pais de Tim.

Merda.

— Vamos. Vamos embora. Despeça-se.

Mick provavelmente devia ligar para alguém e parar essa farra, mas suas únicas preocupações eram com Nathan e levá-lo para casa. Não podia ser responsável por todo o time e as garotas.

— Tá. Noite, galera.

Mick levou Nathan para o carro e foi embora, achando que era só uma questão de tempo para a polícia aparecer.

— Você se divertiu?

Nathan sorriu, soluçou e depois deu risada.

— Sim.

— Bebeu um pouco?

— Não. Bebi muito.

— Estou vendo. Acha que essa é uma ideia esperta?

— Sim. Muito esperta.

Nem adiantava tentar conversar com ele agora. Mick dirigiu em silêncio, ouvindo Nathan murmurar, depois cantar, arrotar, dar risada e tagarelar nada com nada.

Infelizmente, Nathan começou a oscilar no assento, para frente e para trás. E Mick percebeu que ele estava cada vez mais pálido.

— Nathan, você está bem?

— Na verdade, não. Acho que preciso vomitar. Tipo, agora mesmo.

— Estamos a uma quadra da sua casa. Dá pra aguentar?

Nathan arrotou.

— Não.

Merda. Mick encostou o carro e baixou a janela. Nathan soltou o cinto de segurança e botou a cabeça para fora, vomitando – bem na lateral do carro dele.

Que ótimo. Mick ficou esperando enquanto Nathan vomitava o que tinha bebido. Quando finalmente terminou, ele entregou a Nathan uma das toalhas que guardava na bolsa da academia, depois seguiu para casa e ajudou Nathan a descer da suv, evitando com cuidado o painel da porta enquanto o ajudava.

Nathan não estava com os pés muitos firmes, então Mick teve que jogar o braço de Nathan por cima dos seus ombros para ajudá-lo a continuar.

— Vamos lá, amigão, vamos subir.

— É longe pra caralho até lá — disse Nathan, jogando a cabeça para trás e encarando os degraus.

— Uh-huh. Você consegue. — Deus, o garoto estava fedendo. — Hora de tomar banho.

— Só quero ir pra cama.

— Uma pena. — Mick o levou até o banheiro e abriu a água. — Consegue tomar banho sozinho, ou precisa de ajuda?

Nathan piscou. Balançou. Caiu de joelhos na frente da privada e vomitou outra vez.

Mick se ajoelhou e ajudou para que o garoto não se afogasse, depois jogou Nathan ainda vestido, com exceção dos tênis, no chuveiro. Pareceu que isso o ajudou um pouco.

— Eu me sinto horrível — disse Nathan.

— Tenho certeza disso.

Mick desligou o chuveiro, ajudou Nathan a tirar a roupa e a se secar, depois foi no quarto dele, achou uma calça de pijama para ele vestir e o empurrou para a cama.

Nathan apagou dois segundos depois. Mick balançou a cabeça e apagou a luz, então voltou ao banheiro para limpar a bagunça.

Quando Tara chegou em casa por volta das duas e meia, Mick estava em um conflito interno se deveria ou não contar a ela. Acontece que ela nem bem passou pela porta e já sabia que algo tinha acontecido.

Ela franziu a testa.

— Tem vômito na lateral do seu carro. Nathan passou mal?

— Mais ou menos.

Preocupação estampou no rosto dela.

— Preciso vê-lo.

— Ele está desmaiado lá no quarto. Sente-se aqui e eu vou te contar o que aconteceu.

— Desmaiado?

Ela se sentou no sofá ao lado dele.

— Não tinha adultos na festa, Tara. Tudo era liberado. E o seu filho estava completamente embriagado.

Os olhos de Tara arregalaram.

— Oh. — Então, eles se estreitaram. — Que filho da puta.

— Sim.

Ela se inclinou para frente e juntou as mãos.

— Muito ruim?

— Muito. Eu o joguei no chuveiro e limpei tudo depois. Agora deve dormir para passar a bebedeira.

Ela colocou a mão sobre a dele.

— Não tinha ideia de que isso ia acontecer. Sinto muito que precisou lidar com tudo. E o seu carro. Meu Deus!

— O carro é lavável. E seu filho vai ter uma puta ressaca amanhã.

Ela respirou fundo, depois se levantou e correu os dedos pelos cabelos.

— Não consigo acreditar que Tim daria uma festa assim, sem os pais estarem lá. Onde estavam?

— Cabo, segundo o que me disseram.

Ela envolveu os braços em torno de si.

— Jesus. Espere até o treinador descobrir. E faço questão de falar. Tinha garotas lá também?

— Algumas. Menores de idade. Inferno, todos ali eram menores.

— Ai, Jesus. Graças a Deus que o tirou de lá antes que a polícia aparecesse. Ele está muito encrencado. E eu não estava por perto. — Ela se sentou em uma cadeira, parecendo perdida e devastada.

— É o rito de passagem, Tara. Não tinha como você impedir que acontecesse.

Ela lançou um olhar bravo para ele.

— Rito de passagem, uma ova. Muitos garotos passam pela adolescência sem encher a cara. Preciso prestar mais atenção onde deixo meu filho ir. Se eu não estivesse...

Ela parou, mas ele sabia o que ela estava prestes a dizer.

— Acha que se não estivesse comigo, você seria capaz de manter o controle sobre cada passo que o Nathan dá? Qual é, Tara.

Ela levantou o queixo.

— Não sei. Talvez. Entre ver você e as horas que passo no trabalho e Nathan, está começando a ficar difícil demais. Sabia que isso ia ser um problema. Tenho que colocar Nathan em primeiro lugar.

Tara estava com raiva, magoada e assustada, e ele precisava dar tempo para ela pensar. A última coisa que queria era ficar entre ela e o filho, ou argumentar que não era culpa dele que o garoto tinha tomado uma decisão estúpida.

— Vou embora, assim você pode descansar um pouco.

— Tá bom.

Ela caminhou até a porta e a abriu, mas segurou a mão dele antes que ele saísse.

— Obrigada por cuidar dele.

— Sempre às ordens.

Mick foi até o carro, sentindo como se de alguma forma, quem tivesse feito algo de errado fosse ele.

Mas ele não tinha feito nada. Tinha?

 

 

12

Tara sabia que estava sendo irracional. E, muito possivelmente, uma megera.

Mas o que aconteceu com Nathan – que agora estava de castigo – a assustou demais. Beber e ir a uma festa sem supervisão de adultos, aos quatorze anos, poderia ter acabado de um jeito bem ruim que ela nem queria cogitar. Infelizmente, não tinha conseguido se concentrar em nada, além do que poderia ter acontecido, nos últimos três dias. E ela ouviu falar que o treinador de Nathan – que foi informado sobre a festa, mas não revelou quem contou – pretendia ter uma longa conversa com Tim, e haveria punição. Ela quase sentia pena de Tim porque tinha certeza de que os pais dele ficariam furiosos quando descobrissem que o time inteiro de futebol – mais algumas garotas – tinham acabado com a casa.

E nada do que aconteceu foi culpa do Mick. Na verdade, estava agradecida por ter sido ele quem foi lá e tirou Nathan daquela situação. Se tivesse sido ela, provavelmente teria perdido a cabeça e envergonhado o filho. Pelo que Nathan disse – do que conseguia se lembrar – Mick estava calmo e tirou Nathan dali sem fazer nenhuma cena. Com toda a certeza, Tara teria feito um escândalo. E, provavelmente, teria ligado para os pais de cada adolescente presente, o que teria mortificado Nathan, e bem possivelmente jamais voltaria a conversar com ela. Ela ficou contente pela atitude de Mick que agiu racionalmente em nome de Nathan.

Mas ela o agradeu imensamente? Não. Basicamente, ela o culpou. Não diretamente, é claro, mas de forma indireta, acusou Mick por ter falhado como mãe.

Deus. Ela deitou a cabeça nos braços e simplesmente se desligou de tudo por alguns minutos.

— Pensando em dar cabo de tudo?

Ergueu a cabeça assustada, e ficou pasma com Maggie encostada no batente da porta do escritório.

— Ponderando, principalmente se você estiver me trazendo alguma nova catástrofe. Estou atolada no momento.

— Nenhum desastre a reportar, mas Jenna ligou mais cedo quando você estava no telefone e passou a confirmação de mais alguns convidados para a festa, e já os acrescentei na sua lista, além disso, também queria ver algumas disposições de lugares nas mesas e o serviço de Buffet.

Caramba. A festa de aniversário dos pais de Mick aconteceria neste fim de semana. E o aniversário de Nathan, também. Ela apoiou a cabeça nas mãos e fechou os olhos, querendo estar em qualquer outro lugar, menos ali.

Maggie fechou a porta.

— Quer me dizer o que está acontecendo?

— Tudo.

— Estou com tempo. Pode começar a falar.

Tara contou tudo a Maggie, não deixando nada de fora. Contou sobre Nathan ter bebido e Mick ter ido buscá-lo, e não ela, por ter saído para socorrer a amiga, mesmo que provavelmente Maggie acabasse se sentindo culpada por isso. Mas ela e Maggie eram melhores amigas, e entenderia que não tinha nada a ver com ela.

— Então é tudo culpa do Mick.

Tara se inclinou para frente e cruzou as mãos.

— Claro que não é culpa dele.

— Parece que o culpou por tudo, desde Nathan ficar bêbado a você ter a sensação de que não é assim tão perfeita no trabalho da Supermulher.

Essa doeu.

— Vai se foder, Maggie.

— Não, obrigada. Eu gosto de homens. Olha, Tara, não foi você que me disse, apenas alguns dias atrás, que não posso salvar o meu irmão? Que preciso deixá-lo quebrar a cara e que eu só estou contribuindo quando o ajudo?

— Sim. Eu disse isso porque é verdade.

— Bem, me machucou na hora que disse aquilo. Mas você estava certa. E agora eu vou te machucar dizendo que você está tentando ser tudo para todos e, no final vai perceber, na marra, que não é possível. Não tem problema ter uma carreira incrível que você ama e ser mãe, simultaneamente. É normal tentar sair com alguém ao mesmo tempo em que está fazendo malabarismos com a referida carreira e o dito filho, e está tudo bem em não ser perfeita ao fazer tudo isso. Vai acabar pisando na bola de vez em quando. Você precisa se dar um tempo.

— Mais fácil falar do que fazer. O que aconteceu com Nathan me assustou.

— Porque ele bebeu demais? Ah, qual é. Adolescentes fazem esse tipo de coisa. Eles erram. Assim como eu e você nessa idade.

— Eu sei. Nossa, como eu sei. Não quero que ele cometa os mesmos erros que eu.

— Mas você também não vai conseguir seguir cada passo dele para tentar impedir que isso aconteça. Vai acabar sufocando o menino, se tentar. Deixe-o levar alguns tombos e veja o que acontece.

Ela soltou um suspiro trêmulo.

— Vou tentar. Mas não garanto.

— E nesse meio tempo, vá se desculpar com o seu namorado bonitão por culpá-lo porque o idiota do seu filho encheu a cara.

Ela deu risada.

— Sim, acho que está certa nisso. Eu o magoei.

Maggie assentiu.

— É isso aí, então vai lá e lhe dê um beijinho para sarar o dodói.


Tara quase não chegou a tempo para a festa em Saint Louis. Ela poderia ter lidado com tudo de longe, mas a empresa e reputação dela estavam em jogo e, além disso, tinha prometido levar Nathan a um jogo de beisebol no aniversário dele. Apesar de estar de castigo pela bebedeira do fim de semana anterior, continuava sendo aniversário dele, e ela não lhe tiraria essa alegria.

Tara viajou com Mick que, surpreendentemente ainda estava falando com ela, embora as coisas estivessem tensas entre eles já que não tinham tido a oportunidade de ficarem sozinhos para conversar. Ela precisou trabalhar sem parar antes de embarcarem na sexta-feira, então, claro, Nathan foi junto. E até mesmo Nathan teve dificuldade em conversar com Mick porque estava muito envergonhado pelo ocorrido e, com razão, deveria estar. Ele pediu desculpas a Mick pelo episódio da bebedeira, e, felizmente, Mick não descartou o pedido ou disse que estava tudo bem. Aceitou as desculpas de Nathan, mas também não disse mais nada.

Sentaram juntos no avião e falaram sobre... nada. Ainda bem que Mick se esforçou e conversou com Nathan sobre o treino do time, dos exercícios que fez com o treinador, do encontro com o nutricionista, e que os dois tinham conversado sobre alguns outros rapazes do time. Ele continuou com a conversa, e Tara abriu o notebook e trabalhou para que não precisasse dizer muito, além de entrar no papo com alguns: “ah, que interessante”, “é mesmo?!” e “isso é ótimo”. Foi desconfortável e, bem... ficou agradecida quando chegaram à casa dos pais de Mick.

— Tara, estou muito feliz em te ver novamente. — Kathleen a abraçou.

— Também estou por ter vindo. — Era verdade. Ela gostava da mãe de Mick, e gostaria de poder conversar com ela sobre a tensão entre eles, mas aquilo seria um pouco difícil.

Kathleen abraçou Nathan também, que pareceu não se importar nem um pouco. Ele ainda deu um sorriso enorme quando Jimmy apareceu, vindo de outro cômodo, e deu um abraço de urso em Nathan.

— Senti sua falta, garoto. Fiquei sem ninguém pra jogar basquete.

— Ninguém para acabar com a sua raça, você quer dizer?

— Nathan — advertiu Tara.

— Ei, ele só se acha muito bom — disse Jimmy, atirando o braço em volta dos ombros de Nathan. — Mas, assim como Mick, Gavin e Jenna, eles logo aprendem que são superados pelo mestre.

— Vai sonhando, meu velho — brincou Mick, abraçando o pai.

— Bem, veremos, não é?

A bagagem foi esquecida logo na entrada; Jimmy, Nathan, e Mick foram para os fundos, onde o quicar da bola, gritos e insultos podiam ser ouvidos.

— É sempre assim, dá até medo — disse Kathleen da cozinha enquanto preparava um copo de chá gelado para Tara. — Jimmy os incita, e nenhum jamais é capaz de resistir ao desafio.

Tara riu.

— Tenho certeza de que isso tornou seus filhos tão bons no esporte.

Kathleen assentiu.

— Os Rileys têm esse espírito competitivo, com certeza. Mas Jimmy usa isso para se manter em forma. Na maioria das noites, ele me arrasta lá pra fora para jogarmos um pouco.

Tara colocou a mão sobre a de Kathleen.

— É por isso que está tão em forma.

Ela riu.

— A gente não fica aqui sentado o tempo todo, sem dúvida. E nem você, pela sua aparência, menina.

— Eu me mantenho ocupada.

— E por falar em ficar ocupada, obrigada por organizar essa festa. Jimmy e eu estamos muito honrados.

— Quem está honrada por fazer parte dela sou eu.

— Que besteira. Você é praticamente da família.

Tara riu e segurou o copo com ambas as mãos.

— Está longe disso.

Kathleen a analisou.

— Então está me dizendo que não tem sentimentos por Mick?

Ah, merda. Como ela ia sair dessa?

— Tenho muitos sentimentos por Mick. Só ainda não sei exatamente o que somos.

— Bem, posso te dizer que ele nunca trouxe uma mulher para conhecer a família, por isso, seja o que for que ele sente por você, é bem especial.

— Obrigada. Mas não acho que seja algo estável ou duradouro, Kathleen. Quero dizer, nós temos vidas muito diferentes.

— E o que é que isso tem a ver com o que sentem pelo outro?

— Pode dificultar o relacionamento a dar certo.

— Por quê? Porque ele é jogador de futebol e viaja durante a temporada? Acha que com vocês seria diferente do que é com qualquer um dos outros jogadores que tem namorada ou esposa?

— Não. Não foi isso que eu quis dizer. — Ela estava tratando dessa conversa de forma bem ruim. — Mas eu tenho o Nathan, e ele precisa de alguma estabilidade na vida. Trabalhei muito para construir isso pra ele.

— Então está dizendo que o Mick não seria capaz de dar isso a ele?

Minha nossa. Em que ponto essa conversa degringolou?

— Não sei o que estou dizendo. Não tem nada de errado com o Mick. Absolutamente nada. Ele é maravilhoso, Kathleen. Qualquer mulher teria sorte em tê-lo.

Kathleen se recostou na cadeira.

— Menos você.

— Eu não disse isso.

Kathleen respirou fundo.

— E estou defendendo o Mick, o que fez você ficar na defensiva também. Peço desculpas.

— Também peço.

— Nós somos mães, então você entende o que é proteger os filhos.

Tara concordou.

— Entendo.

— Não quero que ninguém o machuque. E sei que você gosta dele.

— Eu realmente gosto, Kathleen. Mas nos dê tempo para descobrirmos o que somos um para o outro. Ainda é recente.

Kathleen riu.

— Eu forcei a barra, sei disso. Quero que ele seja feliz. Quero que ele tenha o que Jimmy e eu temos. E eu gosto de você. Gosto de você e do Nathan. Gosto de vocês dois com o Mick, então não consigo parar de querer pressionar para formarem uma família. — Ela levantou e colocou seu copo na pia. — Está na hora de parar de me meter e deixar você e Mick decidirem as coisas, sozinhos.

Tara ergueu o olhar para Kathleen.

— Obrigada.

Kathleen deu a volta por trás dela e a abraçou.

— Mas sabe, estou pronta para ter uma nora. E não consigo pensar em ninguém que eu prefira mais ter na vida do meu filho do que você.

Ela se endireitou e foi para a porta dos fundos.

— Agora, acho que vou dar uma olhada naqueles garotos e ver se já se mataram.

Depois que Kathleen saiu, Tara teve que respirar fundo para impedir que as lágrimas caíssem. Quanto tempo ela desejou ter uma mãe presente? Deus sabe que a dela nunca foi o tipo materno que Tara precisou. Ansiava por alguém cujo conselho poderia procurar, e nunca teve, nem mesmo quando era criança. Tinha aprendido a confiar nos próprios instintos, e muitas vezes acabou fazendo as escolhas erradas.

Kathleen era carinhosa e de bom coração, mas também ia direto ao ponto, dizendo as coisas como realmente eram. Ela era exatamente o tipo de mulher que Tara queria e precisava em sua vida. Adoraria ser sua nora. Ou filha. Ou até amiga.

Mas não à custa do bem-estar de Nathan. Não estava prestes a se precipitar em algo que colocaria em perigo a família que tinha nesse momento, que era ela e Nathan. Sacrificou tanto por ele. Se precisasse desistir, ela desistiria. Se ela e Mick estivessem destinados a ficarem juntos, ficariam.

O que ela via agora, porém, era que existia um monte de obstáculos insuperáveis para que isso acontecesse. Como o fato de que nem mesmo tinham conversado sobre o que sentiam.

Ainda era cedo demais. Ela e Mick estavam pisando em ovos, principalmente devido à sua própria idiotice e cegueira.

Então, sim, Tara podia gostar muito da Kathleen, mas não era com ela que tinha um relacionamento a princípio. Talvez estivesse na hora de descobrir se havia algo a mais no relacionamento dela com Mick, além de sexo. Estava começando a se perguntar se era tudo o que tinham. E se fosse... Sim, o sexo era maravilhoso, mas não era suficiente. Havia muito mais em jogo para investir o coração dela – e o de Nathan – em algo que acabaria se queimando no final.


Tara ficou de longe admirando seu trabalho. Na verdade, tinha arrasado. O espaço era perfeito e estava todo decorado em branco com diferentes arranjos florais típicos do verão intercalados em volta das mesas. Flores frescas em vasos de cristal enfeitavam cada mesa, e árvores e arbustos naturais foram trazidos para dar a ilusão de um ambiente externo, mesmo que a festa fosse num lugar fechado. Tara recriou o prado onde Jimmy e Kathleen haviam recitado seus votos de casamento há quarenta anos.

— Ei, mãe.

Ela passou o braço em volta do filho.

— Oi, aniversariante. Qual é a sensação de estar com quinze anos?

Ele sorriu.

— Bem legal.

Ainda se sentia um pouco culpada porque estava trabalhando no aniversário dele.

— Me desculpe por não ter tido a chance de fazer uma festa legal pra você. E por não ter ficado com seus amigos no seu aniversário.

— Está de brincadeira? Fui num jogo hoje e Gavin me deu uma bola autografada por todos os membros do time, depois o Mick me levou para ficar com os caras no vestiário. E eles ganharam. Melhor presente de aniversário de todos os tempos.

Ela o abraçou mais.

— Estou feliz. Estava preocupada.

Nathan deu um leve empurrão nela.

— Você se preocupa demais.

— Provavelmente.

— Vou ficar com os meus amigos. Te vejo depois?

Ela assentiu, percebendo como era fácil agradar a Nathan, e como tinha sorte de ter um filho igual a ele.

— Até mais tarde.

Ela ficou observando-o se afastar, percebendo o quão rápido estava crescendo. O tempo estava voando. Nathan sentou em uma mesa com os primos do Mick, a risada dele ecoando e tão facilmente discernível até mesmo acima daquela multidão barulhenta. Deus, ela amava tanto o filho.

— Está tudo lindo, Tara. De tirar o fôlego. Obrigada. — Kathleen veio até ela e a abraçou, os olhos marejados de lágrimas.

— Fez um ótimo trabalho, menina — disse Jimmy, dando um abraço de urso nela. — Você fez Kathleen chorar lágrimas de felicidade.

Tara deu risada.

— Jenna me ajudou com as fotos do casamento. Que noiva linda você foi, Kathleen. Estava tão bela quanto é hoje.

As bochechas de Kathleen ficaram rosadas.

— Não diga bobagens. Estou um pouco mais velha.

— Mas ainda tão sexy quanto no dia em que me casei com você — comentou Jimmy, abraçando Kathleen e plantando um beijo fervoroso na esposa.

Tara fez uma saída discreta quando Jimmy levou a esposa para a pista de dança. A banda começou a tocar alguns sucessos dos anos setenta, o que fez a maioria dos convidados, euforicamente, irem para a pista de dança.

Tara seguiu para o bar onde – é claro – encontrou Jenna, que parecia deslocada do outro lado do balcão. Mas Kathleen insistiu que a filha não trabalhasse hoje e que se divertisse na festa.

— Não sabe o que fazer?

— Não. E ela me fez usar a porcaria de um vestido.

— Você está incrível. O vestido ficou lindo em você. — Um vestido de seda estampado que se encaixou muito bem no corpo esbelto dela, era frente única o que deixava à mostra algumas das tatuagens. Estava até com um velho salto alto.

Jenna franziu o nariz.

— Imagino que não tenha problema em me vestir igual a uma garota de vez em quando. No entanto, é difícil me defender dos meus irmãos idiotas se eles quiserem jogar futebol americano.

— Duvido que façam isso hoje. Acho que está segura.

Ela riu.

— Pode ser que esteja certa.

— E talvez queira dançar.

Jenna deu de ombros.

— Duvido. Prefiro abrir garrafas de cerveja.

— Então nenhum rapaz chamou sua atenção?

— Já tenho a minha cota desses jogadores babacas e beberrões no bar. Não preciso dançar com qualquer um desses imbecis sem cérebro.

Deu para perceber que Jenna não morria de amores por nenhum dos amigos de Mick e Gavin.

— De qualquer forma — disse Jenna, erguendo a taça de vinho em direção a Tara. — Sucesso. Você conseguiu.

Tara concordou.

— Parece que sim. E você também trabalhou bastante.

Jenna acenou com a mão, dispensando o comentário.

— Não fiz nada além de mandar a lista de convidados, algumas fotos, e sugerir alguns lugares que seriam capazes de comportar essa turma louca. — Jenna virou para ela. — Você é mesmo muito boa nisso.

Tara riu.

— Obrigada, Jenna. Eu amo o meu trabalho.

— Talvez ainda exista esperança para o meu irmão. Estava começando a suspeitar que não, já que ele só saía com mulheres fúteis.

— Acho que a maioria delas eram arranjos para gerar publicidade.

Jenna tomou um gole do vinho.

— Uh-huh. Foi o que ele te disse?

Tara virou para ela.

— Foi.

— Bem — disse Jenna com um sorriso irônico. — Então, tá.

Tara refletiu sobre o comentário de Jenna depois que ela saiu para conversar com a mãe, perguntando-se o que ela quis dizer. Será que os relacionamentos de Mick com algumas das mulheres com quem tinha sido fotografado foram mais do que uma simples encenação para tirar fotos para o marketing dele?

Ela sabia que ele tinha a reputação de bad boy conquistador, mas também presumiu ser tudo publicidade.

Talvez não.

— Bela festa. Seu trabalho é muito bom.

Elizabeth Darnell. A pessoa perfeita para fazer aquela pergunta, já que era a agente dele, mas não podia ou faria. De jeito nenhum.

— Obrigada. Você está bonita. Não está trabalhando hoje?

Elizabeth arqueou uma sobrancelha perfeita.

— Por que está me perguntando isso?

— Você está de vestido, não de terninho.

Elizabeth deu risada.

— Estou sempre trabalhando, querida, não importa a roupa que eu esteja usando. Só tenho que me vestir de acordo com a ocasião.

E Elizabeth estava impecável com vestido social preto tomara que caia bem justo, que abraçava seu corpo incrível, e sapatos de marca com cristais nas tiras, que brilhavam, chamavam a atenção para os dedos perfeitamente pintados e para as pernas excepcionais de Elizabeth.

— Então, vai se encontrar com algum cliente?

— Mick e Gavin são meus clientes, bem como alguns outros homens aqui presentes.

— Porém, Gavin não é realmente só um cliente para você, é?

Tara viu o choque nos olhos de Elizabeth, mas ela disfarçou na mesma hora.

— Não sei o que está insinuando.

— Ah, eu vi como você o olhou na festa de aniversário dele. Você sente alguma coisa por ele.

— Gavin é meu cliente. Eu trato todos os meus clientes como se fossem especiais.

— Tenho certeza disso. Mas o jeito que olha para ele é diferente.

— Não olho para ele de forma diferente. Do que você está falando?

Seu comportamento frio de costume foi abalado, Tara percebeu. Ela queria saber o que seria necessário para acabar com alguns dos pedaços de gelo do coração de Liz. Talvez ela não fosse tão fria quanto Tara pensou.

Tara deu de ombros.

— Sou mulher. Enxergo as coisas.

Elizabeth cruzou os braços.

— Que coisas?

— A paixão em seus olhos quando olha para ele. Um certo anseio. Isso não aparece quando você olha para os outros homens.

Agora medo surgiu em seus olhos. Se Tara não achasse que Elizabeth era uma grande chata, quase sentiria pena dela.

Quase.

— Você está imaginando coisas, Tara. Gavin é um grande cliente que me rende uma tonelada de dinheiro. Sabe o que você vê nos meus olhos quando olho para ele? Cifrões. Faço o que for preciso para fazer meus atletas felizes.

— Entendo. Então, na verdade, você nunca folga, não é?

— Sempre há trabalho a ser feito. — Elizabeth enlaçou o braço de Tara e a levou para a parte de trás do salão. — E por falar em trabalho, vamos conversar sobre o Mick.

Isso ia ser interessante.

Elizabeth a conduziu pela porta, indo para o jardim. A noite estava quente, mas felizmente nada infernal. Elizabeth caminhou em direção à fonte onde uma sequência de luzes destacava seu cabelo ruivo, que estava habilmente arrumado para cima, no que Tara presumiu ser a marca registrada dela – coque francês. Fios foram puxados para baixo para enquadrar o rosto. Elizabeth virou para Tara e sorriu, mas era um sorriso calculista.

— Tudo bem, Elizabeth, você conseguiu me trazer até aqui. O que tem o Mick?

— Gosto que o tempo livre dele seja bem aproveitado.

— Que significa o quê, exatamente?

— Instituições de caridade, eventos públicos, premières, inaugurações de galerias de arte, qualquer oportunidade onde ele possa ser visto e fotografado. É bom para a imagem dele e a do time.

— E você acha que o relacionamento dele comigo está atrapalhando isso.

— Estou feliz que enxerga as coisas do meu jeito.

— Não estou dizendo que concordo com você, Elizabeth. Só estou dizendo que entendo o que quer dizer. Certamente, Mick pode escolher o que quer fazer.

Elizabeth não fechou a cara, mas Tara viu uma centelha de raiva em seus olhos.

— Olha, Tara. Tenho certeza de que ele está se divertindo muito com você e seu filho, mas a atração vai passar e, mais cedo ou mais tarde, ele seguirá adiante. Vai sentir falta do glamour, das festas, da diversão e da excitação da qual era acostumado.

Tara deu de ombros, recusando-se a deixar que Elizabeth a atingisse.

— E se ele sentir falta, pode seguir com a vida dele. A escolha é dele para decidir quando e se isso acontecer. Ou melhor, a escolha é nossa no que se refere ao nosso relacionamento. Ou você espera que eu dê um pé na bunda dele agora para me poupar de uma decepção mais tarde?

— Ele vai te deixar, uma hora ou outra.

Tara se recusou a esfregar o estômago, que doía por causa do buraco que as palavras de Elizabeth criaram.

— Se é o que você diz... E quem sabe, ele pode acabar não fazendo isso. Talvez eu possa oferecer algo a ele, algo que ele não consiga em qualquer outro lugar.

Elizabeth riu.

— Tara, você não tem o que é preciso para mantê-lo, e ele é muito mulherengo para sossegar. Você tem muitos problemas e ele não vai aguentar. É só uma questão de tempo. Deveria pular fora agora, antes que ele te machuque. Afinal de contas, você tem que pensar no seu filho.

Que filha da mãe. Não é de se admirar que era tão boa no trabalho dela. Sabia exatamente onde enfiar a faca.

— Acho que a minha relação com Mick não é da sua conta.

Isso fez seus olhos se estreitarem.

— Você não quer eu faça isso se tornar da minha conta.

— Você já fez isso. Não se meta na nossa vida.

Elizabeth abriu a boca para responder, depois a fechou, a raiva abandonando sua expressão e um sorriso brilhante a substituindo. Tara imaginou o porquê.

— Ei, até que enfim achei você. Estava te caçando e não conseguia descobrir onde diabos tinha se enfiado.

Tara virou, já sabendo que Mick estava ali.

— Oi.

Ele lançou um olhar preocupado entre ela e Elizabeth.

— O que vocês estão fazendo aqui?

Elizabeth deu um passo à frente, um sorriso falso no rosto. E deu um tapinha no braço de Mick.

— Conversa de meninas, meu bem. Estava dando os parabéns a Tara pelo trabalho maravilhoso que fez na festa de aniversário de casamento de seus pais.

Mick relaxou os ombros e olhou carinhosamente para Tara.

— Ela é maravilhosa, não é?

Elizabeth deu um beijo no rosto de Mick.

— Um amor. — Ela piscou para Tara enquanto caminhava em direção à porta. — Conversaremos de novo, mais tarde, Tara.

O olhar de Mick seguiu Liz, então o voltou para Tara.

— O que foi tudo isso?

Tara não precisava de Mick intervindo em seu nome, e a última coisa que queria era causar atrito entre ele e sua agente. Elizabeth não gostava dela. E daí? Tara podia lidar com isso. E se Liz estivesse certa a respeito de Mick, então não havia nada que ela pudesse fazer sobre isso, havia?

— Só conversando sobre festa e futebol. E você, é claro.

— Ela estava implicando com você?

— Nada que eu não consiga lidar. Então, está se divertindo?

— Não.

Tara franziu a testa.

— Por que não?

— Porque não conseguia te encontrar. Onde você esteve?

— Sou a responsável pelo evento, lembra? Estava me certificando de que tudo estivesse no devido lugar, e cuidando para que todos estivessem se divertindo.

Os lábios de Mick se ergueram.

— Meus pais estão se divertindo, e é tudo o que importa. Obrigado.

— De nada.

O silêncio se estendeu entre eles, e ela odiou.

— Mick...

Ele pegou suas mãos.

— Vamos sentar.

— Tudo bem.

Ele a levou para um banco de pedra perto da fonte, e depois sentou ao lado dela. Ela virou um pouco de lado para encará-lo.

— Me diz o que está te incomodando, Tara.

— Não tem nada me incomodando além da minha necessidade de te pedir desculpas.

Ele inclinou a cabeça de lado.

— Desculpas pelo quê?

— Por jogar a culpa dos meus fracassos – e os de Nathan – em você. Eu estava um desastre naquele dia em que ele ficou bêbado. Não estava lá quando aconteceu e, por alguma razão, senti que deveria ter estado.

Ele acariciou a mão dela com a ponta do polegar.

— Então, agora você acha que deveria ser vidente?

Ela suspirou.

— Eu não sei. Essa coisa de ser mãe é difícil. E cuidar sozinha dele todos esses anos tem sido uma barra. Às vezes eu erro. Muitas vezes.

— Adivinha só? Mesmo pai e mãe juntos, também erram. Ninguém é perfeito em criar filhos.

Ela deu uma olhada em direção às portas para os pais de Mick, que dançavam lentamente, e eles se olhavam carinhosamente nos olhos.

— Alguns conseguem fazer direito sem cometer erros.

— Você acha que meus pais criaram filhos perfeitos? — Ele jogou a cabeça para trás e riu, e então voltou a ficar sério. — Acho que existem algumas coisas que você precisa saber a meu respeito, Tara. Não sou perfeito. Nunca fui e nunca serei. Cometi erros quando era jovem. Fiz besteira. E foi grave.

Ela cruzou os braços.

— Difícil de acreditar nisso. Olhe onde está agora.

— Tudo bem. Mas você só está vendo o produto final. Não viu pelo que passei para chegar até aqui. — Ele olhou em volta. — Tem uma coisa que eu preciso conversar com você, mas não aqui. Mais tarde, quando voltarmos pra casa. É importante, e tem a ver com a sua ideia de perfeição. E com Nathan, também.

Ela lançou um olhar inquisitivo para ele.

— Não entendi.

— Eu sei que não, mas não quero falar disso aqui, onde há tantas pessoas. Podemos deixar essa conversa pra mais tarde?

— Claro.

Ele ergueu a mão dela e deu um beijo em seus dedos.

— Vamos entrar e dançar. Me mostre o que você sabe.

Ela soltou uma leve risada.

— Ah, senhor. Talvez eu precise de algumas aulas de dança com a sua mãe antes de tentar encarar uma pista de dança.

Ele deslizou a mão dela na dobra de seu braço.

— Não se preocupe, baby. Vou te ensinar tudo o que precisa saber.

 

 

13

Demorou muito para a festa acabar. Se deixasse, a família e os amigos de Mick festejariam a noite toda, mas desta vez o local tinha sido reservado só até meia-noite. Como presente para os pais de Mick, os filhos tinham reservado uma suíte em um resort luxuoso, e como as malas já estavam prontas, foram direto para a suíte “lua de mel” para passarem a noite. Nathan, novamente, ia dormir com os primos do Mick, o que significava que Tara e Mick tinham a casa só para eles.

Tara correu para o quarto para se trocar, contente por tirar os saltos altos que a estavam torturando e o vestido justo. Ela vestiu um short e uma regata, depois desceu e viu que Mick tinha feito a mesma coisa. Trocado o terno e vestido uma bermuda de algodão na altura do joelho e uma camiseta.

— Melhor? — perguntou ele.

Ela deu um suspiro de alívio.

— Meus pés estavam me matando, então, sim, definitivamente melhor. — Ela se jogou no sofá ao lado dele.

— Quer beber alguma coisa? — perguntou ele.

— Não, obrigada. E você? Quer uma cerveja ou outra coisa?

Havia algo estranho no jeito como ele olhou para ela.

— Obrigado, já estou com uma garrafa de água aqui.

— Tá bom.

Ela apoiou o cotovelo em cima da parte de trás do sofá e descansou a cabeça na mão.

— Cansada?

— Estou bem. E você? Quem ficou pra cima e pra baixo o dia todo levando Nathan para o jogo e o manteve entretido para que eu pudesse deixar tudo pronto foi você. E ainda ajudou na festa depois.

— Não organizei a festa. Esse mérito foi todo seu. E Nathan nunca é problema, então pare de pedir desculpas pelo seu filho.

— Eu não estava...

— Você faz isso. E muito.

Ela se endireitou no sofá.

— Faço?

— Sim. Você faz parecer que Nathan é um inconveniente pra mim, e ele não é. Se fosse, eu não estaria com você. Sabia quase desde o início que ele fazia parte da sua vida, Tara. Sei que ele é parte do pacote, então pare de se desculpar pela existência dele.

Lágrimas caíram de seus olhos. É isso o que ela estava fazendo? Ah, meu Deus, era. Ela sempre pedia desculpas pelo Nathan, por tê-lo, por ele estar em sua vida.

— Você está certo. Sempre fiz isso. Sinto muito.

Mick limpou uma lágrima que escorria pelo rosto dela.

— Não precisa pedir desculpas a nenhum homem por ter um filho. Ele é um ótimo garoto. Você não deve explicações, nem desculpas pela sua vida.

Ela soltou um suspiro trêmulo.

— Acho que está certo. Continuo me agarrando à infância e à vida de outras pessoas como exemplos de perfeição daquilo que nunca tive na minha.

— A vida de ninguém é perfeita, Tara. A sua não é, nem a minha, nem a de ninguém.

— Se está dizendo... Só que, às vezes, é difícil de enxergar as imperfeições através de toda a felicidade.

— Você vê o que as pessoas querem que veja, e não necessariamente o que é.

— Está me dizendo que a sua vida não era perfeita. Difícil acreditar nisso.

Ele recostou no sofá e enfiou os dedos nos cabelos.

— Tem uma coisa que quero te perguntar. E tem a ver com o Nathan.

— Tudo bem.

— Gostaria da sua permissão para levá-lo comigo em uma reunião quando voltarmos pra casa. Acho que seria benéfico para ele.

— Reunião? Que tipo de reunião?

— Uma reunião do aa.

Os olhos de Tara arregalaram.

— Alcoólicos Anônimos? Está falando sério?

— Estou.

— Por que quer que ele vá em uma reunião do aa? Nathan não é alcoólatra. Até onde eu sei, aquela foi a primeira experiência dele com bebida.

— Conversou com ele sobre aquela noite?

— Sim. Claro que conversei. Ele entende que o que fez foi errado. E se sentiu muito mal.

Os lábios de Mick levantaram.

— É claro que ele se sentiu muito mal. Teve uma puta ressaca. Mas é assim que começa, Tara. Uma festa, muitas bebidas. É a socialização. É como conseguem ser aceitos. Muitas vezes, não para por aí. Gostaria que ele tivesse um choque de realidade.

— Acho que isso é um pouco pesado, Mick.

— Sim, é pesado. Mas é real. Não é camuflado, e não é um sermão de sua mãe que ele provavelmente só prestou atenção na metade. Nunca é cedo demais para eles ouvirem o que é que realmente acontece quando beber fica fora de controle.

— O que você sabe sobre o aa?

— Muita coisa.

Ela inclinou a cabeça de lado e franziu a testa. O jeito com que ele a olhou, frio e direto...

Então a ficha caiu.

— Você não bebe álcool.

O olhar dele não desviou do dela.

— Não.

— Não tem nada a ver com os treinos, tem?

— Não.

Sentiu a garganta ficar seca diante da constatação de todas essas semanas juntos, finalmente ficarem nítidas. As palmas das mãos começaram a suar frio, e ela puxou as pernas por baixo dela, endireitou-se, e se preparou para a verdade. E esperou sem perguntar nada, sabendo que tinha que partir de Mick.

— Eu sou alcoólatra, Tara.

Foi como levar um soco na barriga. Ela espalmou o estômago, agradecendo por estar sentada, porque sentiu a sala girar.

— Há quanto tempo?

— Desde a adolescência. Ainda acha que tive uma vida perfeita?

Ela não sabia se estava com raiva ou magoada com, ou por ele. Obrigou a raiva a recuar porque precisava saber, e porque ele teve coragem de enfrentá-la com a verdade. Ela estendeu a mão para segurar a dele.

— Me conta.

— Assim como Nathan, começou nas festas do time de futebol. — Ele olhou para o teto por alguns segundos, aparentemente perdido em pensamentos. — Deus, vê-lo bêbado naquela festa...

Ele voltou a encará-la.

— Foi como me ver. Voltei dezesseis anos no tempo, e lá estava eu, completamente bêbado e vivendo o melhor momento da minha vida. Eu era invencível, o cara, popular pra caralho aos quatorze anos. Todos os veteranos me chamavam pra fazer parte da turma deles, e tudo o que eu precisava fazer para permanecer entre eles era beber. Fácil, né? Beba com os caras e você fica na turma.

“Estava desesperado para permanecer o mais popular, então fazia qualquer coisa. Continuei bebendo. No começo eu odiava. Passava mal e me debilitava. Quando se joga futebol, estar em excelente forma física é tudo. A última coisa que quer ou precisa é um monte de substâncias químicas poluindo o organismo. Estava em guerra entre o que eu sabia que era o melhor para o meu corpo e o que eu mais queria... aceitação daqueles acima de mim no time.”

— Você escolheu o time.

Ele assentiu.

— Sim. Eu não tinha irmãos mais velhos. Sou o mais velho entre os meus. O responsável, sabe? Então quando fui confrontado por alguém mais velho me dizendo o que fazer, foi minha ruína. Eu bebi. Ensinei meu corpo a lidar com aquilo durante o Ensino Médio e a faculdade. Naquela altura, meu corpo tinha aprendido a depender do álcool. Então, dava ao meu corpo só um pouco para que eu ainda pudesse operar com o desempenho máximo, mas podia curtir também. Quando cheguei ao último ano do colegial, caí na farra nos fins de semana, mas eu era o líder do time. Assim podia pegar um pouco mais leve e deixar que os outros bebessem mais, o que significou levar esse último ano com tranquilidade suficiente para conseguir a bolsa de estudos.

“Mas depois, fui para a faculdade e passei a ser o último na hierarquia, então começou tudo outra vez. Tive que beber muito e frequentar várias festas para me encaixar. Naquele ponto, eu já estava acostumado a fazer o que fosse preciso, assim começou o consumo diário de bebida. As disciplinas eram fáceis, o que me fazia passar mais tempo bêbado.”

Mick parou, abriu a garrafa de água e tomou um longo gole. Tara soltou a respiração que estava segurando, mas não disse nada, sofrendo internamente pela pressão que ele tinha passado.

— Enfim — disse ele, fechando a garrafa. — No penúltimo ano da faculdade, o álcool estava começando a surtir efeito nas minhas notas e no meu desempenho no futebol. O treinador começou a notar e os meus pais também. Assim que começaram a olhar mais atentamente, não demorou muito para descobrirem que eu tinha problema com álcool.

— O que eles fizeram? — perguntou ela.

Ele deu de ombros.

— Me disseram para procurar ajuda. Mas alcoólatra tem um problema sério: a negação. Eu tinha certeza de que não tinha problema com bebida. Sabia como lidar com aquilo. Podia parar quando eu quisesse.

— E você parou?

— Eu tentei porque fui obrigado. O treinador até me deixou no banco em um dos jogos, e na faculdade isso é algo bastante sério. Tive que provar a todo mundo que podia parar. O problema foi que eu não consegui. Num fim de semana, vim pra cara e tentei não beber por dois dias, e isso quase me matou.

Tara apertou a mão dele, sentindo sua dor, querendo puxar Mick para os braços e abraçá-lo bem apertado, querendo que ele não tivesse que reviver aquilo, mas sabia que era importante para ele, lhe contar a sua história.

— Nunca tinha passado tão mal antes. Tremia, suava. Não conseguia dormir, ou comer, nem pensar direito. Comecei a ter alucinações. Deus, as coisas que via não eram reais. E me assustou pra cacete. Mas o que mais me assustou foi que eu queria beber mais do que qualquer outra coisa. Fui um cretino com qualquer um que se aproximava. Gritava com eles, dizendo que estavam me matando. E queria matar qualquer um que entrasse na minha frente e me impedisse de conseguir a porcaria de uma bebida.

— Oh, Mick, eu sinto muito.

Ele a olhou diretamente nos olhos.

— Não sinta pena de mim, Tara. Eu fiz isso comigo. Ninguém teve culpa além de mim pela forma que fiquei.

Ela assentiu. Sabia como era ser viciado, tinha enfrentado isso todos os dias em que morou com seus pais.

— Fui atrás do meu pai e bati nele porque eu queria sair para comprar bebida e ele não quis me dar as chaves do meu carro. Eu bati no meu pai.

Os olhos de Mick encheram de lágrimas, e Tara não conseguiu mais suportar. Sentiu a ardência das próprias lágrimas, mas sabia que precisava deixá-lo terminar.

— Meu pai se recusou a me dar as chaves, não revidou meus socos, apenas deixou que eu batesse nele. Felizmente, eu estava bastante fraco naquela altura para fazer muito estrago, e por fim desisti. Não me lembro de chorar e implorar, graças a Deus. Eu só me lembro de acordar na manhã seguinte, mortificado por ter batido no meu pai. Depois disso, sabia que todos estavam certos. Eu era alcoólatra. Admiti meu problema e pedi ajuda.

— Graças a Deus que foi inteligente o suficiente para perceber isso.

Seus olhos estreitaram de raiva.

— Não fui inteligente. Se tivesse sido, não teria me tornado alcoólatra pra começo de conversa. Tive sorte de ter pessoas que me amavam a ponto de quererem me ajudar e me pressionarem para que eu percebesse o quão ferrado estava. Fui para uma clínica de reabilitação, me desintoxiquei e fiz terapia. Não bebo desde então. Fiquei assustado demais. Podia ter perdido tudo, e só porque quis me encaixar e ser popular. Tudo por causa de uma noite, quando tinha quatorze anos. Foi ali que tudo começou. Então, sinto muito se acha que o que aconteceu com Nathan não é grande coisa. Para mim, é sim, e é grande pra caralho.

— Mas você não fala sobre isso. Ninguém sabe que é alcoólatra, né?

— Não. Ninguém sabe, e foi escolha minha. Optei por não levar esse assunto a público. Vou às reuniões e é tudo discreto. Mas estou disposto a levar Nathan comigo em uma reunião, se achar que posso impedi-lo de cometer os mesmos erros que eu.

— Mick, não posso te pedir que faça isso. Não pelo meu filho.

— Ele não vale a pena?

— Droga, não foi o que eu quis dizer. Claro que ele vale a pena. Nathan é tudo pra mim. Eu morreria por ele. — Ela levantou os joelhos até o peito e os abraçou. — Mas não me coloque nessa posição. Não me peça para colocar você em risco pelo meu filho.

— Por que não?

— Você sabe o porquê. E se alguém vir você indo a uma reunião?

Ele deu risada.

— Frequento as reuniões há dez anos, Tara. Por isso que é chamada de anônimos.

— Você faria isso pelo Nathan.

— E por você. Porque não quero que jamais passe pelo que eu fiz a minha mãe passar.

Ela deitou a cabeça no peito dele.

Demorou um minuto, mas ele finalmente a abraçou. Tara sentiu sua tensão, então subiu em seu colo e ergueu a cabeça, vendo a angústia nos olhos dele.

— Nunca contou sobre isso a uma mulher, contou?

— Não acho fácil de confiar nas pessoas a respeito dessa história. Nas mãos erradas, poderia cair no mundo num piscar de olhos.

Ela espalmou a mão em seu rosto.

— Pode confiar em mim.

— Fiquei com medo de que ao te contar isso, as coisas entre nós pudessem acabar.

Seus olhos arregalaram.

— Por quê?

— Depois que me contou sobre os seus pais... Queria ter contado naquela noite, mas eu meio que amarelei. Seus pais eram alcoólatras. Eu sou alcoólatra.

Sua mão cobriu o maxilar dele.

— Ah, Mick. Jamais te julgaria com base no que eles eram. Olha como você mudou a sua vida para melhor. Eles nunca fizeram isso. Olha como você é bom com o meu filho. Não quero te assustar ou que pense que estou te pedindo algo quanto ao futuro, porque não estou. Mas você cuidou melhor do meu filho no pouco tempo em que estamos saindo, do que meus pais já fizeram por mim em todos os anos que fiquei com eles. Então, não, jamais te julgaria ou compararia a eles.

Ele fechou os olhos e respirou fundo. Quando os abriu, foi como se um peso enorme tivesse sido tirado de cima dele. Mas, ainda sim, havia um lampejo de incerteza e dor. Tara ficou surpresa por não ter visto isso antes. Talvez sempre estivessem ali.

A sala estava tão silenciosa – a casa inteira – que ela só ouvia a respiração dos dois. Foi um momento surreal. O que ele tinha compartilhado com ela era de uma sensibilidade tão dolorosa que fez seu coração sofrer por ele, pelo que passou e sobreviveu. Mick não era nada igual ao que as revistas mostravam, nada parecido com a publicidade que Elizabeth propagava. Agora, ela o conhecia como jamais pensou conhecer outra pessoa, e nunca quis estar mais próxima dele do que agora. Queria que ele esquecesse a dor e a tristeza e que conhecesse apenas a felicidade.

Inclinou para frente e roçou os lábios nos dele, enfiando os dedos em seu cabelo.

Mick intensificou o abraço, puxou ainda mais para ele, aprofundando o beijo, a língua deslizando para dentro e tomando posse da dela.

Tara sentiu o anseio dele e se alimentou disso, querendo dar tudo a ele. E quando Mick a pegou e a deitou no chão, deitando em cima dela, Tara enrolou as pernas e os braços ao seu redor, precisando sentir o corpo dele. A excitação dele aumentando cada vez mais no meio das pernas dela, fazendo a dela chegar a um estado febril conforme o beijo aprofundava, tocando sua alma.

Ele puxou os braços dela para o lado e entrelaçaram os dedos enquanto abria as pernas com os joelhos, esfregando o pênis em sua boceta. Mesmo ainda vestidos, ela gemeu e ficou molhada, desejando senti-lo dentro dela. Mick pairou sobre ela, os rostos alinhados, marcados pela necessidade e fome, e ela arqueou contra ele.

— Me fode gostoso — disse ela em um murmúrio ríspido. Tinha planejado levar as coisas devagar e tranquilamente, suaves e românticas, mas não era assim que ia acontecer. Havia uma paixão desesperadora entre eles, uma intensa e frenética atração mútua que precisavam satisfazer. O ar estava carregado de tensão, e se Mick não tivesse dentro dela logo, se ele continuasse a esfregar seu pau nela por cima da roupa, gozaria – simples assim.

— Gosto de tocar em você desse jeito, pensar no quanto é gostoso sentir a sua boceta, saber o quanto está desesperada para que eu te penetre, mas... espera.

Tara ofegou, lambeu os lábios, e arqueou contra ele de novo.

— Vai me fazer gozar se continuar esfregando esse pau gostoso no meu clitóris. Continue fazendo isso pra ver.

Ele sorriu para ela, um sorriso malicioso que a fez formigar por dentro.

— Ah, é? Me mostra.

Ele se esfregou nela, forte e... Ah, minha nossa, isso, aí mesmo. Ela ergueu os quadris e ele atingiu aquele ponto, fazendo-a gritar e gozar, estremecendo enquanto ele continuava a rebolar os quadris no lugar certo, até que ela relaxou no chão. Então ele se apoderou de sua boca em um beijo de tirar o fôlego.

Logo começaram um frenesi para tirar as roupas, e não houve nenhuma delicadeza. Tara ficou extasiada pela pressa de Mick em tirar a bermuda, e ela desceu o short e calcinha, abriu as pernas, e esperou que ele pegasse e colocasse o preservativo. Ele voltou para ela, deslizou a mão sob sua bunda, e entrou nela, de uma só vez. Tara mordeu o lábio enquanto ele bombeava dentro dela com vários golpes fortes e requintados que a fez arquear novamente.

— Você é apertada e está molhada pra caralho. Me deixa com vontade de gozar muito. E no seu corpo todo.

Amava quando ele se descontrolava assim, quando tudo o que podia pensar era em fodê-la, porque era exatamente o que queria – este encontro de corpos, paixão animalesca e nada mais. O desejo deles era primitivo e selvagem. Ela enrolou as pernas em volta dele e o puxou para ela, à procura de profundidade e posse. Mick enterrou o rosto em seu pescoço e lambeu a garganta, fazendo-a estremecer de prazer e arrastar as unhas por seus ombros e braços. Ele rosnou e enterrou os dedos em sua bunda. Mick revirou os quadris, e o movimento esfregou a pélvis dele no clitóris sensível, levando-a ao limite outra vez.

— Sua boceta está me apertando. Vai gozar pra mim de novo?

— Vou — gemeu ela, tão perto que precisou cerrar os dentes. — Goza dentro de mim, Mick.

— Vou gozar muito, Tara. Agora.

Ele a beijou, deixando escapar um gemido, empurrando sucessivamente enquanto gozava. Aquilo a fez explodir, e ela gemeu nos lábios dele conforme a barragem arrebentava por dentro, gozando ondas torrenciais de mais puro prazer selvagem que jamais imaginou ser capaz de sentir. Esperou enquanto ele continuava a bombear dentro dela com golpes furiosos até que finalmente se acalmou, até que as vibrações dentro dela pararem.

— Acho que vou ficar com queimadura por causa do tapete — sussurrou ela em seu ouvido.

Ele beijou seu pescoço.

— Acho que vou ter uma distensão na virilha.

Ela deu risada.

— Oops.

Ele os virou de lado, e Mick afastou carinhosamente os cabelos dela dos olhos.

— Nunca me canso de você, Tara. Você desperta um lado em mim que nunca dei a outra mulher.

Seu coração encheu de emoções, coisas que não ousava dizer em voz alta.

Mesmo que estivesse se apaixonando por ele, não conseguia encontrar coragem para dizer.

Amar alguém significava dar ao outro poder sobre você, e ela ainda não estava pronta para fazer isso.

 

 

14

Tara deixou Nathan passar o dia com Mick. Ele planeja fazer o garoto tomar um choque de realidade, com aval da mãe, claro. Ela tinha fé de que Nathan caísse na real – ou, pelo menos, que se questionasse: “e se...” Ele torceu para não estragar tudo.

Mick começou o dia levando Nathan para o centro de treinamento do time, algo que fez os olhos do garoto brilharem, especialmente porque deveria estar de castigo. Mas Mick fez questão de dizer a Nathan que tinha conversado com a mãe dele e dito que era um evento especial. Era um dia em que a imprensa estaria presente, então, de qualquer maneira, estaria cheio de gente de fora. Ele já tinha verificado com a equipe sobre levá-lo para assistir ao treino e conhecer todos jogadores.

Claro que o treino não foi tão intenso como teria sido em um dia normal, principalmente devido à interrupção da imprensa, mas tudo bem porque isso deu a Mick a oportunidade de andar com Nathan pelo lugar e apresentá-lo a todos, e até o levou para o meio do campo para que ele lançasse alguns passes, o que deixou o garoto nervoso pra caramba. Ele parecia tão pequeno atrás da linha ofensiva de Mick. Mas, merecidamente, Nathan fez tudo certo, não deixou a bola cair e até conseguiu acertar o passe para um ou dois receptores. O garoto tinha um braço muito bom e, provavelmente, ganharia uma boa bolsa de estudos se parasse de idiotice e se concentrasse mais no futebol e menos na socialização, o que era a real intenção de Mick hoje.

Depois que Nathan sentou, Mick concentrou-se no treino, trabalhando com alguns dos novos receptores. Dois deles se destacavam por serem bons, mas precisavam mudar o comportamento e trabalhar muito se quisessem ter alguma esperança de fazer parte do time. Mas isso era um problema para os treinadores, e Mick não invejava tal trabalho de lidar com adolescentes que entravam no jogo se sentindo os “fodões”. Porém, era bom que Nathan visse caras desse tipo – aqueles que usavam a mídia como se fossem os donos do pedaço, recém-saídos da faculdade e muito arrogantes, pensando que estreariam na nfl e sairiam famosos logo no primeiro jogo. É claro que havia alguns que se destacavam logo de cara, mas era raro. E Mick já sabia que um desses garotos não era tão bom quanto pensava ser. Um bom safety pulando na frente dos passes com algumas interceptações decisivas, e este garoto ganharia uma boa dose de humildade rapidamente.

Depois de dar algumas entrevistas sobre sua condição física, planejamento para o ano e se ele achava que o time tinha chances – a típica entrevista para os jornais –, Mick tomou banho, e ele e Nathan foram jantar.

— Então, o que achou de tudo?

Nathan ergueu os olhos do prato de comida que estava devorando.

— Foi demais. Todos aqueles fotógrafos e repórteres, treinar com o time, além dos caras novos escolhidos no draft depois da faculdade. Foi tão legal. Não vejo a hora de contar para todos no meu time.

Mick tinha acabado de comer, então afastou o prato e pegou o copo de água, tomou um gole, depois se recostou na cadeira.

— Então, andar comigo aumentou sua popularidade com os colegas de time?

Nathan sorriu.

— Definitivamente. Como calouro, você é praticamente a sujeira na sola das chuteiras de todos, pelo menos até que prove o seu valor no campo. Você sair com a minha mãe chamou a atenção de todos. — Nathan inclinou a cabeça de lado, um olhar preocupado no rosto. — Não vai terminar com ela ou algo do tipo, vai?

Os lábios de Mick ergueram.

— Uh, não. Eu não vou terminar com a sua mãe.

Nathan respirou aliviado.

— Graças a Deus. Isso realmente prejudicaria a minha popularidade.

Adolescentes. Mick tinha sido assim tão sem noção? Tinha, obviamente, ou não teria ferrado tanto com a sua vida.

— Sim, eu odiaria atrapalhar a sua cota de popularidade.

Nathan abaixou a cabeça e, pelo menos, teve a decência de parecer envergonhado. Talvez ele não fosse assim tão tolo...

Depois da sobremesa, entraram no suv. Mick olhou para o relógio do carro. Bem na hora.

— Então, onde vamos agora? — perguntou Nathan.

— Vamos a uma reunião.

Nathan virou um pouco de lado para ele.

— Sério? Tipo, alguma reunião do time ou algo parecido?

— Não. Essa reunião é pessoal para mim, mas queria que viesse comigo porque acho que você pode aproveitar alguma coisa dela. Espero que não se importe.

— Ei, se tem algo a ver com você, eu não me importo nem um pouco.

Mick entrou no estacionamento de uma Igreja Presbiteriana, um dos lugares que viu que teria uma reunião aberta hoje à noite, onde qualquer pessoa podia participar. Estacionou e saiu do carro. Nathan o acompanhou.

— Oh, cara, nós iremos à igreja?

— Não exatamente.

— Então, o que vamos fazer?

Mick parou e virou para Nathan.

— Nathan, preciso que mantenha a boca fechada e apenas escute quando entrarmos lá, tá bom?

Nathan se sentiu confuso, claramente, não acostumado a ouvir Mick falar com ele daquele jeito.

— Tudo bem. Claro.

Eles entraram e Mick se dirigiu para a sala da reunião que ficava no andar inferior. Mick assinou o livro na entrada, cumprimentou algumas pessoas, pegou uma xícara de café e um refrigerante para Nathan.

— Cara, isso é uma reunião de aa, Mick.

— Sim.

— Por que me trouxe aqui?

— O que foi que eu disse lá fora?

Nathan baixou a cabeça, queixo no peito.

— Tá bom, tudo bem.

Estava bem lotado, o que era bom. Um homem se levantou e explicou sobre a parte administrativa da reunião, depois todos fizeram a Oração da Serenidade, uma que Mick tinha recitado tantas vezes ao longo dos últimos anos, que provavelmente poderia recitar de olhos fechados.

“Senhor, conceda-me serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar. Coragem para modificar as que posso, e sabedoria para distingui-las.”

Recitar a oração sempre trouxe uma onda de paz a Mick, dava a ele a força para continuar sua luta contra o alcoolismo, fazia-o perceber que jamais poderia voltar atrás e mudar o passado, mas que tinha o controle sobre o hoje, o amanhã, e a cada dia depois disso. E sabia que não tinha bebido mais até hoje. Conseguiu passar mais um dia sem a bebida.

As pessoas se levantaram e começaram a compartilhar suas histórias. Havia pessoas ali que eram alcoólatras há muito tempo e que tinham passado por momentos difíceis. Alguns haviam regredido e voltado a beber de novo, só para começar a lutar contra seus demônios e tentar melhorar outra vez. Alguns não tinham mais tocado no álcool depois que pararam. Outros se levantaram e contaram histórias de sucesso e receberam fichas pelo período de sobriedade alcançada, o que sempre fazia Mick sorrir.

Quando houve uma pausa, Mick levantou, e isso fez os olhos de Nathan arregalarem. Mas foi por essa razão que tinha levado Nathan ali. Queria que ele ouvisse a história. Então, ele ficou de pé, na frente de todos aqueles estranhos – embora ele não fosse um estranho para muitos deles – e compartilhou a mesma história que tinha contado a Tara, dias antes. E manteve o olhar focado em Nathan, para ter certeza de que ele ouvisse todos os detalhes. Mick não se preocupou sobre revelar essa informação na frente de todas essas pessoas, porque o aa era anônimo e as pessoas não compartilhavam o que ouviam fora da sala de reunião. Seus segredos sempre estiveram seguros no aa.

Depois que terminou, de ter ficado lá na frente e de ter se apresentado como Michael, quando disse a todos que era alcoólatra, torceu para que a sua mensagem tivesse sido passada. E talvez tenha sido, porque os olhos de Nathan estavam cheios de lágrimas. E ele não disse nada quando a reunião acabou, ou quando Mick conversou com outras pessoas. Ninguém pediu um autógrafo ou falou de futebol, porque ali, Mick era apenas mais um alcoólatra tentando combater o vício dia após dia. É por isso que ele gostava de ir às reuniões, porque podia ser como qualquer outra pessoa que estava lutando contra seus demônios.

Eles entraram no carro, e Nathan não passou o cinto de segurança, apenas ficou ali sentado com o queixo pressionado ao peito.

— Nathan?

Nathan estremeceu, respirando fundo, então voltou o olhar cheio de lágrimas para Mick.

— Você acha que eu poderia ficar igual a você. Por causa do que fiz naquele dia.

— Eu não disse isso. Nunca! Mas, sim, eu me preocupo que poderia acontecer com você. Ou com qualquer um de seus amigos que não pensam nas consequências do consumo de álcool e da curtição. Pense no treino que viu hoje, no quão duro aqueles jogadores dão na nfl. Depois reflita sobre o quanto de esforço precisaram fazer para ir bem na faculdade, tirar notas boas e frequentar as aulas, e ao mesmo tempo jogar futebol.

— Mas eu pensei...

— Você pensou o quê? Que alguém faz o trabalho da faculdade para eles? Que podem fazer o que bem quiserem e que os professores pegarão leve? Faculdade não é igual ao colegial, Nathan. Faculdades não estão nem aí se você está jogando futebol ou não. Eles ainda esperam que você tire notas boas para passar de ano. E tente fazer isso enquanto está drenando uma garrafa de vodca por dia, ou uma caixa de cerveja, ou qualquer que seja sua bebida preferida. A minha era uísque e cerveja.

— Jesus. Eu não sabia. Só queria ser legal como os outros caras.

— Tenho certeza de que os outros caras também não sabem. Não têm ideia porque pensam que podem lidar com isso. Eu pensei que podia. E por um tempo, fiquei bem. Mas depois tudo desandou, e mesmo assim, não escutava as pessoas que sabiam o que era melhor pra mim. Não ouvia os meus pais ou os treinadores ou os médicos do time. Quase perdi a minha chance de jogar na nfl. Podia ter perdido tudo. Podia ter morrido. Tudo porque eu queria beber e curtir. Principalmente porque eu queria beber. E tudo começou quando eu tinha a sua idade, porque queria parecer legal e estava desesperado para me encaixar e ser popular.

Lágrimas começaram a cair pelo rosto de Nathan.

— Então, o que devo fazer? Todos bebem. Tem festa o tempo todo. Sou aceito agora.

— Ainda pode ser aceito. Pode ser legal sem beber. E se eles não gostarem de você porque não bebe, então que espécie de amigos são eles? Você é um excelente jogador de futebol e com grandes chances, Nathan. Deixe que suas habilidades e notas falem por você. Aposto que nem todos os membros do time são de curtir pesado. Encontre esses caras e saia com eles.

Ele relaxou no banco, desanimado.

— Acho que você tem razão.

— Olha, não vou fazer escolhas por você. Já tem idade suficiente para fazer por conta própria. Só quis te mostrar o que poderia acontecer. Sua vida é completamente diferente da minha. Cabe a você escolher.

Ele levou Nathan para casa. O garoto foi direto para o quarto, praticamente sem dizer nada a Tara. Ela lançou um olhar preocupado a Mick.

— Não deu certo?

Mick deu de ombros.

— Não sei. Acho que ele entendeu. Ficou bastante assustado.

Ela cruzou os braços e acenou com a cabeça.

— Isso é bom. É bom que tenha medo.

— Não sei. Não sei nada sobre adolescentes, Tara. Eu tentei.

Ela foi até ele, o abraçou e beijou.

— Obrigada. Você fez mais do que a maioria das pessoas teria feito. Ele sabe que você se importa com ele. E sou grata por isso.

Ele só esperava que fosse suficiente.

 

 

15

Tara estava entusiasmada pela oportunidade de fazer o evento anual beneficente de altíssimo nível, no museu de artes em São Francisco, para angariar fundos para uma instituição de portadores de aids. Traje de gala, tudo muito elegante, ela e sua equipe passaram meses organizando o evento. Além disso, participantes importantes foram convidados. Até o prefeito confirmou presença, entre outras autoridades locais. Também corria um boato de que algumas personalidades de Hollywood pretendiam ir.

Ela não conseguiu comer, dormir e até respirar com calma na semana passada, nem teve tempo de ver o Mick, o que provavelmente foi bom porque ele estava se preparando para os jogos da pré-temporada, e contou que estava exausto já que Elizabeth o manteve ocupado com algumas aparições para a publicidade. Conclusão: ele também estava ocupado. Ela sentia falta dele, muito, mas durante um rápido telefonema no início da semana fizeram planos para o dia seguinte.

Estava ansiosa para vê-lo. Nathan ia passar a noite na casa de um amigo, já que o castigo tinha acabado. Seu comportamento tinha melhorado bastante, e também tinha começado a sair com alguns novos amigos – bons garotos mesmo –, então Tara verificou com os pais desse amigo com quem ele passaria a noite, para ter certeza de que estariam em casa, e o liberou.

O que a deixou livre para entrar no modo pânico total por causa desse evento. Ela chegou à galeria três horas antes do início para verificar se o pessoal do Buffet estava a postos, se o bar estava preparado e se a passagem para todos os itens do leilão silencioso – daqueles sem um leiloeiro, onde os lances eram feitos através de pedaços de papel direto nas mesas dos lances – estava livre.

Com alguns minutos de sobra, ela foi ao banheiro feminino para checar a aparência. Estava com um vestido social preto com alças finas. O corpete era colado ao corpo e tão apertado que ela mal conseguia respirar, o que era perfeito. Seus sapatos tinham saltos pecaminosamente altos que ela adorava e – como de costume – acabavam com seus pés. O cabelo estava penteado em um coque alto com alguns cachos soltos. Ela passou uma nova camada de gloss nos lábios e deu uma conferida no espelho. Nada mal. O estresse tinha acrescentado um pouco de cor em seu rosto, o que lhe deixou com uma boa aparência. Era importante passar uma boa impressão a quaisquer novos clientes que pudesse encontrar hoje.

— Está respirando?

Ela virou e fez cara feia quando Maggie entrou.

— Estou mais para hiperventilando. Você está linda.

Maggie empurrou os óculos na ponta do nariz. Estava com um vestido azul e com o cabelo preso no alto e as pontas encostando-se ao rosto.

— Bem, obrigada. Só quero passar esta noite sem desmaiar. Não consigo acreditar que você me fez vir. Meu trabalho é no escritório, não no pelotão da frente.

Tara guardou o brilho labial na bolsa e foi até Maggie, dando um tapinha no braço dela.

— Deixa de besteira. Preciso da sua ajuda no leilão.

Maggie respirou profundamente.

— Como quiser, chefe.

— Você é a pessoa mais extrovertida que conheço, e precisamos conseguir todos os clientes que pudermos. Então, mãos à obra e bora trabalhar.

Assim que as portas se abriram, não houve tempo para ficar nervosa ou preocupada com pequenos detalhes. Pessoas começaram a circular, provavelmente porque tinham ouvido que havia a chance de alguma estrela do cinema estar presente. Tara não ligava para quem estaria lá, contanto que corresse tudo bem com o evento. Então quando Olivia McCallum, Susan Winters e Layla Taylor chegaram – todas eram as sensações do momento e futuras estrelas de Hollywood – Tara quase desmaiou porque este era o cenário que tinha esperado. E quando os galãs do cinema, Derek Davis e Malcolm Brown entraram, ela sabia que a noite seria perfeita.

A galeria estava lotada com a nata da sociedade de São Francisco, alguns dos solteiros mais cobiçados de Hollywood e meios de comunicação suficientes para garantir o sucesso do evento. Os lances estavam subindo, graças à habilidade de Maggie em fazer as pessoas irem até a mesa do leilão. Pratos foram mantidos cheios com a mais nova alta gastronomia de um dos melhores chefs de São Francisco – e todos adoraram a comida, para a alegria de Tara. As bebidas eram servidas em abundância, as conversas fluíam, e ela não poderia estar mais satisfeita.

— Se é assim que todos os eventos são, posso entender como gosta de estar nas trincheiras — sussurrou Maggie, quando as duas fizeram uma breve pausa para conversar.

— Acredite — respondeu Tara. — Nem sempre é tão bom assim.

Maggie visivelmente vibrou, entusiasmada.

— Esse está magnífico. Você viu Derek Davis?

— Vi.

— E Malcom Brown? Tive que me segurar para não gritar feito uma fã adolescente maluca.

Os lábios de Tara se contraíram.

— Que bom que conseguiu se controlar. Agora, que tal verificar o bar para ver se ainda está bem abastecido? Esse povo bebe muito.

Maggie deu risada.

— É pra já. Verificarei o bar com frequência, vai que Derek Davis decide encostar por lá para uma bebida.

A possibilidade de que aquilo acontecesse era quase nula, mas Tara não queria desiludir Maggie em sua caça às celebridades. E enquanto ela fizesse seu trabalho, Tara não se importava com o quanto as cobiçasse. Estava contente porque tinha um segundo par de olhos monitorando todos os cantos da galeria.

Tara deu mais uma passada por entre as mesas onde o leilão estava acontecendo. Canetas e blocos ainda no lugar, longa lista de lances em andamento, o que deve deixar os curadores em êxtase. Pessoas com dinheiro sempre faziam instituições de caridade felizes, o que significava que toda a divulgação para este evento foi paga.

Flashes surgiam por todos os lados, e Tara fazia o que melhor que podia para desviar os olhos quando via um. Ela se manteve ocupada e circulando pelos bastidores, garantindo que os holofotes focassem nas pessoas que eram para ser o centro das atenções. Ela trouxe os não muito famosos, mas ansiosos, para conhecer as celebridades, até as pessoas certas para que apresentações pudessem ser feitas, feliz por ter os contatos certos para que aquilo acontecesse.

Tudo estava indo bem, e ela estava satisfeita pela escolha que tinha feito da equipe de Buffet e dos garçons para o evento.

Finalmente teve a chance de parar no bar, pegar uma água e fazer uma pausa antes de sair para mais uma ronda pela galeria. Já que as coisas pareciam estar caminhando sem problemas, talvez dessa vez ela poderia parar e babar em todas as artes.

Estava admirando uma grande peça de escultura de metal quando ouviu uma salva de palmas e comoção no salão ao lado. Ela foi naquela direção e parou subitamente quando viu Mick, vestido com um smoking escuro bastante elegante, sorrindo para os fotógrafos.

Estava de costas para ela, mas Tara o reconheceria em qualquer lugar, desde o cabelo preto ligeiramente despenteado, o jeito que estava ali parado com a mão direita no bolso, à postura casual de quem ficava confortável em qualquer situação. Ela viu seu perfil e estava prestes a ir cumprimentá-lo quando ele virou de braços dados com uma mulher, trazendo-a para o centro das atenções.

Uma bonita morena de cabelo curto, usando brincos chandelier impressionantes com diamantes pendurados, e um vestido preto de várias camadas que mostrava uma quantidade considerável de decote e – minha nossa – ela também tinha pernas lindas de morrer.

Tara a reconheceu imediatamente como a atriz fazendo todo o burburinho sobre aquele novo drama na televisão das noites de terça. Ela era jovem, solteira e talentosa. E seus incríveis olhos violeta pareciam focados unicamente em Mick. O corpo grudado ao dele, os braços dados enquanto Mick sorria para ela e dava sua total atenção como se ela fosse a única mulher no salão. Então, os dois viraram a cabeça na direção das câmeras. Eles pareciam o casal perfeito.

Tara ficou sem chão e deu um passo atrás.

— Ah, Tara, aquele não é o Mick?

Ela lutou contra a vontade de chorar enquanto concordava com Maggie.

— É.

— Com a Alicia Brave. Uau. O que ele está fazendo com ela?

Tara virou para sair do salão, os saltos clicando no chão de mármore e falou por cima do ombro:

— Posando para as câmeras.

Maggie correu atrás dela.

— Não vai conversar com ele?

Ela parou, e girou para Maggie.

— Maggie, agora não é hora. Vá verificar os canapés na área do leilão. Parece que estavam acabando e talvez precise ser reabastecido.

Maggie deu um olhar preocupado a Tara, mas assentiu.

— Tudo bem.

Tara se afastou, determinada a esconder a dor e raiva.

Eles tinham um relacionamento exclusivo, caramba. Pelo menos, pensou que tinham. Ela conheceu os pais dele – ela e Nathan. Será que não significou nada para ele? No mundo de Tara, conhecer filhos era um grande passo. Talvez não quis dizer nada para ele, o que apenas mostrou como seus mundos eram diferentes.

Ela queria tanto que os dois dessem certo, tinha começado a pensar que poderiam, de alguma forma, preencher a lacuna entre seus estilos de vida, mas se era assim que ele pretendia levar as coisas, então alguém ia ter que ceder, e não seria ela.

Droga, como doía, e ela não tinha tempo para sofrer.

Estava trabalhando, e era nisso que precisava se concentrar. Ela foi até o bar para verificar se estava tudo em ordem. Maurice disse que estavam bem abastecidos e para não se preocupar, então foi se esconder na cozinha por um tempo até que Stefan começou a olhar feio para ela. A última coisa que precisava era irritar um chef tenso, então saiu bem depressa e foi verificar os lances do leilão outra vez, mas havia muita gente conversando e andando pelo salão, e estava quase na hora do encerramento dos lances. Não podia vacilar agora, o último lance poderia ser crucial.

— Tara. Está acontecendo alguma coisa?

Ela ergueu o queixo e ofereceu um sorriso despreocupado a Evan Jervis, o administrador da angariação de fundos.

— Claro que não, Evan. Está tudo perfeito. Não está achando?

Evan relaxou visivelmente e segurou suas mãos.

— Sim, eu também acho. Você fez um trabalho extraordinário hoje. Não sei como te agradecer.

Seu elogio a ajudou mais do que ela podia dizer.

— Estou muito contente que acha isso. E os licitantes estão enlouquecendo nesse momento, faltando apenas dez minutos para o encerramento. Tenho a sensação de que o evento vai conseguir muito dinheiro esta noite.

— Que os anjos digam amém, querida — disse Evan. — Acho que vou monitorar os lances nesses últimos instantes, e depois me preparar para anunciar os vencedores. Vai me ajudar com os itens leiloados?

— Mas é claro.

Tara fez uma última ronda pela galeria, e depois se posicionou à frente junto com Evan quando ele pegou os lances ao final do leilão silencioso. Evan anunciou no microfone que o leilão estava encerrado, e que todos deveriam se reunir para ouvir o resultado dos vencedores.

— Quero agradecer a todos por estarem aqui esta noite. Espero que tenham se divertido.

Ele continuou agradecendo aos patrocinadores do evento e às pessoas que doaram prêmios. Todos aplaudiram já que alguns dos prêmios eram belíssimos, de maravilhosas obras de arte a ter um chef famoso preparando um prato exclusivamente para o vencedor, a viagens e joias de marca.

— Também quero agradecer à nossa maravilhosa organizadora de eventos, por preparar a festa de hoje, senhorita Tara Lincoln da Right Touch.

Tara não esperou que Evan fosse fazer um agradecimento a ela, mas ficou emocionada. Ela se aproximou e arqueou para frente graciosamente para os aplausos, e foi nesse momento que o olhar de Mick chamou sua atenção. Ele parecia tão surpreso ao ver Tara quanto ela ficou mais cedo quando o tinha visto. Na correria com algumas coisas nos últimos instantes antes do fim do leilão, tinha quase esquecido de que ele estava ali. Quase. Mas quando o olhar dele encontrou o dela e ela viu a bela Alicia Brave agarrada ao seu lado, a dor voltou e ela desviou o olhar, e sorrindo para o público, deu um passo ao lado para que Evan continuasse o discurso, finalmente, anunciando os vencedores do leilão.

Um a um, os maiores lances foram revelados, e os ganhadores se aproximavam para receber e pagar pelo item leiloado. Aplausos e gritos de alegria podiam ser ouvidos conforme os itens eram concedidos.

— E agora para um fim de semana romântico numa ilha particular do Caribe, mordomo exclusivo, comida e bebida à vontade. É a última palavra no que existe de melhor para um casal desfrutar de momentos a dois. O maior lance foi de... Ninguém menos que Mick Riley do São Francisco!

Tara engoliu seco e esperou Mick vir receber o prêmio. Ela segurou o envelope, aguardou enquanto ele preenchia o cheque para o contador da caridade, e então entregou o envelope a ele.

— Obrigado — agradeceu, sorrindo para ela ao receber o envelope.

— De nada. Parabéns e obrigada pela doação. Aproveite o prêmio. — Era seu discurso padrão para todos os vencedores. Com um sorriso estampado no rosto, ela se recusou a tratar Mick de forma diferente dos outros vencedores, não importa o quanto aquilo doesse.

Ilha particular no Caribe, hein? Ela se perguntou qual das muitas atrizes e modelos que estavam em sua agenda que ele levaria.

Você está sendo ridícula e rude. Pare com isso.

Assim que os prêmios foram distribuídos, todos se dispersaram e foram aproveitar do resto da noite. Tara saiu do salão, precisando de ar e de uma bebida gelada. Ela seguiu para o bar e pegou uma, então decidiu encontrar o canto mais próximo e ficar por ali à disposição, caso alguém precisasse, até dar a hora de ir embora. Ela era boa em passar sem ser notada. Conseguia fazer isso, podia se esconder e ninguém a encontraria.

— Tara.

Droga. Havia quinhentas pessoas aqui, e ela se enfiou no meio da multidão. Como diabos ele descobriu onde ela estava tão facilmente? Tara virou de frente para Mick, que estava surpreendentemente sozinho.

— Onde está a sua acompanhante?

— Cercada pelos amigos dela de Hollywood. E ela não é a minha acompanhante.

— Uh-huh. Olha, Mick, estou ocupada, e não tenho tempo para ficar de conversa fiada. Então, se me der licença...

Ela tentou sair, mas ele a agarrou pelo braço.

— Está de brincadeira comigo? Está com raiva de mim porque estou aqui com a Alicia?

Ela inclinou a cabeça para trás e o encarou.

— O que você esperava? Que eu ficaria bem com isso? — Ela soltou um suspiro exasperado. — Não sei, Mick. Eu não deveria achar ruim você sair com outra pessoa?

— Não estou saindo com ninguém.

— Acho que fiquei cega. E estúpida. Deixa pra lá. A gente não é nada um ao outro.

Agora ele teve a audácia de parecer bravo.

— Não somos?

— Não. Não somos. Agora, se me der licença, tenho que trabalhar.

Ele jogou as mãos no ar.

— Ótimo. Vá trabalhar. Assim como eu.

— Faça isso.

Ela saiu com os nervos à flor da pele, pronta para explodir ali mesmo. Ela teve que se concentrar em respirar profunda e continuamente para que não descontasse sua raiva nas pessoas que deveria entreter. Plante um sorriso no rosto e pareça feliz, pelo amor de Deus. Eles são todos possíveis clientes, e dar a eles um olhar cheio de ódio não vai fazer com que qualquer um deles goste de você.

Quando chegou à parte da frente da galeria, estava mais calma, sorrindo, pelo menos por fora – apesar de que, provavelmente, as unhas cravadas nas palmas das mãos, tenham ajudado.

Ela até ficou por perto e observou todas as novas celebridades de Hollywood dando entrevistas para as câmeras de televisão, rangendo os dentes quando foi a vez de Alicia Brave. E lá estava Mick, bem ao lado dela.

Urgh.

Contudo, não pôde deixar de chegar um pouco mais perto para conseguir ouvir o que Alicia tinha a dizer.

— Mick foi meu salvador hoje à noite — disse Alicia, segurando o braço dele. — O meu noivo, Phil, pegou uma forte gripe na última hora e não pôde vir comigo. A agente de Mick e o meu são grandes amigos, eles conversaram por telefone, e Mick concordou em largar tudo para me acompanhar. — Alicia pôs a palma da mão na parte inferior da barriga. — Bem, com o bebê a caminho, eu não quis vir sozinha. Agora, quem melhor para cuidar do meu bem-estar do que um alto e robusto quarterback como Mick Riley. Enfim, Phil e eu estamos planejando nos casar em breve...

Flashes dispararam, Mick beijou a mão de Alicia e se afastou, deixando-a ser o centro das atenções.

— Uau, ela simplesmente soltou uma bomba e tanto, hein?

Chocada, Tara fez que sim com a cabeça.

— Parece que sim. Quem é Phil?

Maggie revirou os olhos.

— Sério, Tara?! Você não lê revistas de entretenimento? Phil Bates está no mesmo seriado que a Alicia. Tem algum tempo que está rolando rumores de que os dois estavam apaixonados. Acho que estão. E noivos. E terão um bebê juntos. Uau. Essa é uma notícia das grandes.

— Com certeza. — Mas não tanto quanto o fato de Liz empurrar Mick para acompanhar Alicia no evento de hoje. E nada mais. Não porque queria ir para a cama com ela.

Meu Deus, ela era uma grandessíssima idiota.

Tara ficou na ponta dos pés e tentou ver Mick, mas não conseguiu encontrá-lo.

E de repente, lá estava ele. Indo em direção à saída com Alicia.

Droga. Ela tentou atravessar o mar de gente, mas com os repórteres e os espectadores, não teve chance. E, de qualquer maneira, agora não era o momento certo.

Ela o viu através do vidro, ajudando Alicia a entrar na limusine, depois entrou atrás dela. O motorista fechou a porta, e então eles se foram.

Tara virou e voltou para a galeria, sentindo-se estúpida, vazia e magoada.

Ela não confiou nele. E acabou dizendo coisas terríveis.

Por que não acreditou no Mick? Por que não conseguia acreditar em si própria?

E por que ele simplesmente não contou o que ia fazer hoje à noite?

Porque você não deu uma chance, sua imbecil. Pare de tentar jogar a culpa nele. Sabe muito bem quem ferrou com tudo.

Ela assentiu com a cabeça e continuou andando.

De alguma forma, ia ter que consertar aquilo.


Em casa, Mick andava de um lado para o outro e passava as mãos pelo cabelo, tudo isso enquanto se xingava e à Liz.

Que estupidez. Deveria ter imaginado quando Liz ligou mais cedo, implorando para que ele socorresse Alicia. Mas Liz parecia sincera, e até Alicia telefonou pedindo sua ajuda. Esse evento de caridade para uma instituição de aids era importante para ela porque seu tio sofria da doença e ela queria comparecer, mas o noivo estava gripado e ela estava grávida e eles queriam muito anunciar a gravidez juntos. Mas Alicia explicou que logo a barriga ia começar a aparecer, e não podiam mais demorar a revelar, então queria fazer isso naquele evento, e Liz tinha oferecido Mick, já que ele era da cidade.

O que ele deveria ter respondido? Que não ia? Imaginou que poderia ter negado, mas foi coisa de última hora, e era algo bem simples de fazer, então aceitou.

Alicia era uma pessoa querida e muito apaixonada pelo noivo. Estavam planejando se casar em um mês, mais ou menos, esperavam que fosse logo e em algum lugar privado e longe dos olhos do público, mas ela queria acabar com rumores sobre ela e Phil. A menina parecia cansada. Ela deu risada e disse que o primeiro trimestre foi terrível, que Phil tinha sido seu apoio, mas a gripe o pegou de jeito e ele se recusava a chegar perto dela enquanto estivesse doente porque não queria contagiá-la ou o bebê. Mick riu e segurou sua mão, dizendo que afastaria qualquer paparazzo chato, o que significava que pretendia ficar grudado ao lado dela a noite toda.

Ele não tinha feito a ligação de que era o mesmo evento que Tara estava organizando. Nunca passou por sua cabeça. Ele sabia que Tara estava trabalhando em algum evento de caridade, mas inferno, nessa cidade sempre tinha algum evento de caridade ou de outro tipo acontecendo. E nem teve tempo de ligar e dizer o que ia fazer à noite. Ele tomou um banho rápido, vestiu seu smoking e a limusine chegou. Além disso, sabia que ela estaria ocupada, e isso era algo tão sem importância para ele, que nem achou um grande problema. Pensou em contar para ela quando a visse no dia seguinte.

E então deu de cara com ela lá e Tara viu que ele tinha acompanhado Alicia no evento que ela tinha organizado. Mas em vez de deixá-lo se explicar, fez suposições e atuou como juiz, júri e executor. Ele ficou puto por ela não ter acreditado nele. Acreditado neles.

Droga.

Mick encheu um copo com gelo, água, e uma fatia de limão e foi para a sala. Ligou a televisão, apoiou os pés na mesa de centro e a encarou por um tempo, passando pelos canais, mas sem de fato ver alguma coisa.

Uma batida na porta o fez pegar o celular para ver a hora. Era uma da manhã. Quem diabos seria a uma hora dessas? Revirou os olhos e torceu para que um dos caras do time não tenha sido expulso de casa pela esposa.

Ele olhou no olho mágico e ficou surpreso em ver Tara do lado de fora. Então abriu a porta e a puxou para dentro.

— Que diabos está fazendo na rua a essa hora?

Os olhos dela arregalaram.

— Vim te ver.

Mick fechou e trancou a porta.

— Devia ter ligado.

— Desculpa. Foi tudo de momento. A hora não é boa?

— Não, não é isso. Só não quero você fora de casa ou andando pela rua tarde da noite, sozinha.

Ela entrou e colocou as mãos nos bolsos da calça jeans, parecendo tão desconfortável quanto ele.

— Ah. Bem, obrigada pela preocupação.

— Quer beber alguma coisa?

— Pode ser o que está tomando.

— Água com limão.

— Está ótimo pra mim.

Ele preparou a bebida e voltou. Tara ainda estava parada no mesmo lugar.

— Pode sentar, Tara.

— Não sei se você quer que eu fique ou não.

Ele entregou o copo a ela.

— Sente-se.

Ela sentou na enorme cadeira, e não no sofá com ele. Tudo bem, se ela queria dessa forma...

Tara olhou para a televisão por um tempo e ele esperou, imaginando que ela veio para dizer alguma coisa. Ele tomou um gole de água, observando-a, sabendo que ela devia estar organizando seus pensamentos. Sempre ficava em silêncio quando seu cérebro estava trabalhando, quando estava matutando sobre o que queria dizer ou formando um plano de ação.

Ele finalmente desistiu de esperar e achou um filme para assistir.

— Mick, quero pedir desculpas.

Ele colocou a tv no mudo e prestou atenção nela.

— Também quero me desculpar. Sobre a Alicia e eu esta noite, foi coisa de última hora. Liz ligou...

Ela levantou a mão.

— Não tem problema. Você não me deve explicações.

Mick levantou e se aproximou dela, caindo de joelhos à sua frente.

— Liz ligou e disse que era algo de última hora — continuou ele, precisando que ela o ouvisse, contando a história de como o noivo de Alicia ficou doente e que ela não queria dizer ao mundo sobre o noivo e a gravidez sem um pouco de apoio. — Não fui nada além de um enaltecido guarda-costas para impedir que a imprensa a atacasse.

Tara puxou os joelhos contra o peito.

— Você foi muito gentil com ela. Eu vi como ficou por perto. Tenho certeza de que está agradecida.

— Ela é uma boa menina. Mas é muito jovem, Tara. Tem vinte e dois.

Os lábios de Tara levantaram.

— Algumas das mulheres com quem já saiu não eram muito mais velhas que isso.

Ela estava certa.

— Eu mudei. Gosto de mulheres mais maduras agora.

Tara bufou.

— Caramba, obrigada.

— Você sabe o que quero dizer. — Ele deslizou as mãos sobre os joelhos dela. — Devia ter ligado e te avisado. Nem cogitei que seria o evento que você organizou. Agi às cegas, supondo que ia fazer uma boa ação e te contaria amanhã. Não quis ligar e incomodar com algo tão banal, quando sabia que estava ocupada com o trabalho.

Tara se inclinou para frente e enredou os dedos no cabelo dele.

— Eu sei. E então você deu de cara comigo e eu reagi de forma extremamente desagradável.

Ele deu um sorriso travesso.

— Vou supor que isso significa que gosta de mim.

— Se não gostasse, não teria me visto agir como uma grande megera.

— Então, estamos bem?

— Estamos. E eu realmente sinto muito. Fui grosseira e ciumenta e não sei porquê. É um lado muito feio meu, e não gosto dele. Já disse que sinto muito?

— Não precisa se desculpar. Da próxima vez, vou te avisar quando a Liz jogar alguma bela e jovem sexy em cima de mim.

Tara imitou uma faca esfaqueando o seu coração, sem parar.

— Você está me matando, Mick.

Ele riu e se levantou, puxando-a em seus braços.

— Só estou brincando.

Ela encostou-se a ele.

— Não, não está. É provável que aconteça de novo. Faz parte do seu trabalho fazer essas coisas promocionais. Tenho que aprender a conviver com isso.

— Não, não vai acontecer outra vez. Ninguém precisa estar de braços dados comigo, além de você.

Tara engoliu em seco. Ela tentou dizer alguma coisa, mas que resposta poderia dar a essa afirmação? Em vez de dizer algo, estendeu a mão e segurou a nuca de Mick, trazendo os lábios dele aos dela. Tinham conversado tudo que era preciso, e já estavam indo na direção de um território perigoso. Beijar era uma ideia muito melhor.

Quando os lábios dele tocaram os dela, o sofrimento da noite se dissolveu e ela se sentiu bem novamente. Toda vez que estava nos braços de Mick se sentia... não sabia como. Ela queria dizer calma, mas não era isso, porque sempre que a tocava, ele a deixava agitada e excitada, então calma não era a palavra certa.

Perfeito. Parecia perfeito e certo estar com ele, e quando a abraçou e aprofundou o beijo, explorando a sua língua com a dele, ela suspirou, porque se sentia nos eixos novamente.

Ele interrompeu o beijo e afastou a cabeça levemente.

— Consegue alguém para ficar com Nathan por um fim de semana?

Sua pergunta chamou sua atenção.

— Como? Por quê?

— Dei um lance e ganhei um fim de semana numa ilha no Caribe. Quero te levar.

Ela ergueu a mão e a colocou sobre o coração.

— Você quer me levar?

— Sim. Por que acha que eu fiz um lance nela? Para levar a minha mãe?

Tara estava maravilhada com esse homem.

— Uau. Bem, uh, acho que posso pedir ao treinador dele.

— Faça isso. Teremos que ir logo porque assim que os jogos da pré-temporada começarem, os meus finais de semana estarão comprometidos.

— Vou pedir para o treinador amanhã.

Ele deslizou as mãos por suas costas e segurou sua bunda.

— Gostaria de ter você só pra mim por alguns dias, onde ninguém possa nos incomodar.

Ela estremeceu em seus braços, já imaginando como seria aquilo.

— Já vou começar a arrumar as malas.

— Então, é melhor fazer esse telefonema amanhã mesmo. Podemos ir no próximo fim de semana se estiver livre.

— De fato, não tenho compromisso agendado.

Os olhos dele enrugaram dando um sorriso diabólico.

— Então, se não tiver problema com o treinador de Nathan, nós iremos. Pode começar a fazer as malas.


16

Bem, ilhas particulares com o próprio mordomo e ficar praticamente sem roupa era surreal à existência cotidiana de Tara.

Ela conseguiria se acostumar com esse tipo de estilo de vida. Pensou que o item do leilão dito “ilha particular” significava uma pequena parte cercada de uma ilha, delimitando um espaço privado.

Hum, não. Eles voaram para as Ilhas Virgens, depois pegaram mais um voo para outro lugar. Tara nem fazia ideia de onde estavam. Talvez esse fosse o objetivo. Eles pegaram um barco até uma pequena ilha que era verdadeiramente inabitada, onde só tinha os dois e o mordomo – que servia as refeições, cuidava de todas as necessidades deles e, além disso, se tornava completamente invisível. Se precisassem de algo, pegavam o telefone e o chamavam. Ele informou que o dormitório dele ficava fora da ilha, para que fosse garantida privacidade total a eles. O que significava que se quisessem andar pelados, podiam.

Tara não conseguia se imaginar fazendo aquilo, mas não demorou nem uma hora para Mick tirar as roupas e tomar sol na areia. Quem era ela para discutir com o desejo primitivo de ser nativo? Logo, ela estava deitada em uma cadeira de praia aconchegante e sem roupa, e nunca tinha se sentindo tão decadente em toda vida.

A ilha – o que ela poderia dizer sobre este lugar? Um trecho de areia que dava para as águas azul-turquesa, sem terra à vista, fazendo Tara se sentir totalmente isolada. Palmeiras lânguidas se curvavam e balançavam com a suave brisa, proporcionando sombra na areia. A casa de dois andares ficava junto à floresta e tinha uma vista espetacular do golfo. Era o paraíso.

A brisa quente viajou por sua pele e ela inalou o ar salgado, levantando os braços para se alongar e virar. Depois de cerca de uma hora ao sol, puxou a cadeira para baixo de uma palmeira para aproveitar um pouco de sombra, tomando cuidado para não se queimar demais. A última coisa que queria era perder qualquer momento nesse glorioso paraíso tropical enquanto cuidava da ardência da pele.

Estava tudo perfeito. Calor, brisa e relaxamento absoluto. Seus olhos se fecharam, mas então sentiu lábios quentes nas costas, e sorriu quando os lábios foram substituídos por uma mão descendo carinhosamente até onde as costas e a bunda se encontravam.

— Mmmmmmmm — foi tudo o que conseguiu proferir.

— Gosto de você assim — disse Mick, provocando com os dedos entre suas nádegas. — Seu corpo quente do sol, cada músculo relaxado.

— Estou completamente à sua mercê neste momento. Pode fazer o que quiser comigo.

— Ah, é?! Qualquer coisa?

Os membros dela pareciam pesados, assim como a cabeça. Não conseguia sequer reunir força para acenar, mas outras partes dela – as de mulher – estavam acendendo feito um motor rugindo.

— Qualquer coisa.

Ele continuou a massagear as costas com toques leves, e era tão bom, especialmente quando fazia na parte inferior das costas, provocando-a, traçando suavemente as pontas dos dedos pelo bumbum. Da forte pressão sobre os músculos das costas às carícias torturantes na bunda, a estava deixando louca, fazendo-a relaxar e ficar tensa ao mesmo tempo. Os mamilos endureceram, e ela queria esfregá-los na toalha, fazer qualquer coisa para conseguir um pouco de atrito. Estar nua significava que seu clitóris também receberia um pouco de contato, e ela sentiu vontade de se masturbar para aplacar a dor pulsante que Mick estava causado.

Mas então, ele abriu as pernas dela. Tara sentiu o roçar do cabelo dele nas coxas e o toque da língua nos lábios da boceta. Ela arqueou, erguendo a bunda, e a língua dele deslizou para o clitóris.

Sim, era isso o que ela queria. Ela ficou de quatro e ele enfiou a cabeça entre as pernas dela, passando a língua pela boceta em longas e deliciosas lambidas.

Tara não podia acreditar que estavam ao ar livre, numa praia particular, nus, com a cabeça de Mick entre suas pernas, levando-a tão perto do orgasmo que estava prestes a gritar, e ninguém ouviria. Ela se sentiu tão livre fazendo aquilo com Mick, tão selvagem e desinibida. Nunca antes tinha dado tanto a um homem.

Sua língua era um escorregar quente por sua pele torturada. Estremeceu quando ele lambeu ao redor do clitóris, passou a língua nele, enfiou o dedo dentro da boceta, e começou a foder em um ritmo lento – e enlouquecedor – que quase a levou ao limite, só para retirar e começar tudo de novo com a língua e os dedos.

Ela deitou a cabeça nas mãos e fechou os olhos, em sintonia com tudo o que ele fazia com ela. E quando a língua dele viajou da boceta até o ânus, sua reação foi empurrar contra ele, então levantou a cabeça e virou para ele com um olhar questionador e incerto.

— Calma, baby. Deixa eu te provar inteira.

Ela voltou a relaxar quando ele a acariciou, lambeu, fazendo-a delirar conforme lambia cada parte dela, usando a língua e os dedos para levá-la à loucura. Imaginou a cabeça dele enterrada entre as pernas. A brisa agradável do oceano não refrescava nem um pouco a sua pele úmida enquanto a deixava à beira do orgasmo, de novo e de novo, lambendo o clitóris, a boceta, e, finalmente, deslizando a língua na entrada enrugada de trás ao mesmo tempo em que usava os dedos na frente.

— Mick. Oh, Deus, Mick. Isso, assim. — Nunca soube que esses tipos de toques juntos pudessem deixá-la tão louca, mas ela ia gozar.

Ele se afastou.

— Ainda não. Não quero que você goze. Não antes de eu te foder.

Ela respirou instavelmente, tão perto do orgasmo que sentiu as pulsações ondulando por dentro.

Mick a manteve de joelhos, com as mãos em seus quadris, pressionando contra ela, o pau deslizando pelas pregas de sua bunda.

— Você está tão molhada aqui — disse ele, os dedos brincando com os lábios da boceta, mergulhando-os para revestir o ânus. — Vou comer a sua boceta, Tara. E depois, a bunda. E vou te fazer gozar, enlouquecedoramente.

— Sim — respondeu ela, a voz rouca de tão ofegante que estava. — Me come.

Ela estremeceu quando ele passou a mão ao longo de suas costas. Então enfiou a mão na bolsa de praia sobre a mesa. Ela ouviu o pacote da camisinha sendo rasgado, e depois sentiu Mick deslizando em sua boceta, segurando firme em seus quadris e balançando para frente e para trás. Ela o apertou, dando boas-vindas, puxando-o para mais perto conforme oscilava à beira de um orgasmo.

— Ainda não, Tara. Espere por mim.

Ela cerrou os dentes e sentiu cada suave centímetro dele expandir dentro dela.

— Droga, Mick. Está muito gostoso.

Ele se inclinou para frente, e a beijou no pescoço encharcado de suor.

— Eu sei. E vai ficar melhor. — Ele se retirou e empurrou, com força, e ela gritou, jogando a cabeça para trás e se movendo de encontro aos seus impulsos.

Os dedos dele cravaram em seus quadris conforme Mick continuava a bombear, desacelerando cada vez que ela chegava perto do clímax. Ele saiu dela e derramou lubrificante sobre o ânus, usando o dedo para espalhá-lo, provocando a abertura e mergulhando um dedo dentro para dilatá-la, preparando-a. A sensação era enlouquecedora. A pressão era intensa, e Tara estava mais do que pronta para gozar. Tinha passado do ponto da razão, não pensava em qualquer coisa a não ser o orgasmo que desejava com tanta voracidade.

Ela sentiu o pênis dele na entrada do ânus.

— Vou foder sua bunda agora, Tara. Está preparada?

— Sim. Ela é toda sua.

Ele deslizou a cabeça pela barreira apertada. Ela sibilou asperamente, respirando fundo com a sensação de ardor.

— Relaxe. Empurre pra fora quando eu empurrar pra dentro. Vai me receber mais fácil desse jeito. E então, vou te fazer gozar.

Ela fez o que Mick pediu, e ele entrou facilmente. Ele ficou parado enquanto ela se acostumava com a intensidade de senti-lo ali. Ele era grande e estava totalmente dentro de um espaço tão pequeno, que doía. Mas através da dor havia uma onda pulsante de prazer. Mick se inclinou e começou a esfregar o clitóris em círculos suaves, e logo a dor foi substituída pela necessidade de gozar novamente. Ela empurrou contra a mão dele.

— Não se contenha. Eu dou conta.

Ele agarrou os quadris dela, saiu só um pouco para empurrar para dentro de novo.

— Oh, merda! Meu Deus, Mick! Isso. Continua assim.

Ela começou a massagear mais forte o clitóris, mais rápido, enquanto ele estocava em sua bunda, e ela perdeu o controle. Ela se projetou para trás, deslizando os dedos dentro da boceta, e continuou esfregando o clitóris com a outra mão. As sensações a atingiram quando ela perdeu a noção de tudo, menos da sensação dele dentro dela.

— Estou sentindo. Assim, com força. Mais rápido.

— Vai gozar pra mim, Tara? — perguntou ele, a voz áspera e perigosa.

— Sim, Mick. Mas rápido... mais forte. Eu vou gozar.

Nada seria capaz de detê-la ao sentir a explosão do orgasmo a atingir. Ela rebolou contra ele, o pênis dele entrando ainda mais em sua bunda enquanto se estilhaçava em mil pedaços com o clímax. Ela gritou, o som ecoando através das copas das árvores. Mick enfiou os dedos em seus quadris e empurrou com força nela, gozando, e o orgasmo dele só intensificou o dela. Soltou outro grito, não conseguia respirar, mas caramba, foi o orgasmo mais intenso que já teve. Ela o sentiu em cada terminação nervosa, explodindo pelo corpo todo, trazendo lágrimas aos olhos conforme as ondas a atingiam, uma após a outra.

Ela caiu sobre a cadeira. Mick desabou sobre suas costas, ambos ofegantes como se tivessem acabado de concluir uma maratona.

— O que acha de um mergulho? — perguntou Mick, correndo a língua ao longo de seu pescoço.

— Uma ótima ideia.

Eles nadaram e brincaram na água a maior parte do dia, depois entraram, tomaram banho, e Mick chamou Simon, o mordomo, que apareceu uma hora depois para preparar um incrível jantar com frutos do mar, o que significou que precisaram se vestir. Na verdade, Tara não se importou, já que trouxe alguns vestidos alegres para usar e não teve muita oportunidade. Mick colocou uma bermuda e uma camisa florida de manga curta para o jantar.

Simon preparou a comida e foi embora depois de avisar que estaria de volta pela manhã para fazer o café, mas que deveriam chamá-lo caso precisassem de alguma coisa.

Seria bom ter um Simon em sua vida.

Eles comeram no terraço com vista para o mar. O sol se pôs e a lua subiu, lançando um brilho prateado na água. E continuava quente do lado de fora. Tara ergueu a taça de vinho e tomou um gole.

— Você se incomoda quando tomo uma bebida?

Mick levantou o copo de água.

— Não. Por que deveria?

— Só queria saber se você sente falta.

— Do álcool? Na verdade, não. Não é bom pra mim e não sei lidar com ele. Mas não me incomoda ver outras pessoas bebendo.

— Posso beber água ou chá.

Ele riu, pegou a mão dela e beijou no dorso.

— Obrigado, amor. Mas não tem porquê de você não poder desfrutar de uma taça de vinho. Para ser honesto, nem estou pensando no que está bebendo. Estou ocupado demais olhando para o seu cabelo, boca e seios, ou pensando no quanto foi maravilhoso comer a sua bunda hoje.

Ela balançou a cabeça.

— Típico de homem.

Mick remexeu as sobrancelhas.

— Gostaria que eu fosse diferente?

— Não.

— Então, pronto. Pare de se preocupar com isso.

E ela parou. Eles terminaram a refeição e Tara parou de se preocupar em lavar a louça. Porém, ainda insistiu em levar tudo para dentro e colocar na pia, mesmo com Mick rindo daquilo.

— Que tal uma caminhada na praia? — sugeriu Mick.

— Boa ideia. Esse jantar foi fabuloso. Preciso mesmo caminhar um pouco.

Mick pegou sua mão e a levou para a praia. Tara respirou o ar salgado e se perguntou como conseguiria voltar à realidade depois de passar um fim de semana neste paraíso idílico, com um homem igual a Mick.

— Amanhã, pensei em jogarmos um pouco de futebol na praia.

Ela bufou e se inclinou nele.

— Tentando me colocar na lista de inválidos para não poder trabalhar?

— O pensamento passou pela minha cabeça. Precisaria te manter aqui na ilha até que estivesse bem o bastante para viajar.

— Ficaria à sua mercê, dia e noite. Meu processo de recuperação é lento, também.

— Mas que conveniente. Então, quanto tempo acha que a gente conseguiria aguentar por aqui? Alguns meses?

Ela assentiu.

— No mínimo.

— Seria difícil.

— Você perderia o início da temporada.

— Alguém teria que fazer o seu trabalho e lidar com todos aqueles problemas.

Ela deu risada.

— É, seria um sofrimento.

Mick colocou o braço ao redor dela e a puxou para mais perto.

— É bom sonhar, né?

— Aqui é o paraíso, Mick. Não sei como as pessoas conseguem ir embora.

— Talvez porque alguns sintam falta de televisão, telefones e da internet.

— Não assisto muito televisão mesmo. Estou sempre no telefone trabalhando, e isso me deixa maluca. E o único momento que uso a internet também é para o trabalho. Estar aqui longe de tudo isso tem sido maravilhoso. — Ela parou e foi na frente dele, as ondas do mar salpicando areia e água em seus pés e tornozelos. — Obrigada por esse fim de semana. Foi a viagem mais incrível que eu já fiz.

Ele inclinou o queixo dela com os dedos.

— Achei que você gostaria. E também é um bom descanso pra mim, antes de começar a loucura que é a temporada. Nunca fiz esse lance de fugir para uma ilha tropical, e quando vi isso na lista do leilão, pensei em nós dois aqui e sabia que tinha que vencer.

— Pensou? — Ela não foi capaz de esconder o sorriso.

— Pensei.

Ele a beijou, um beijo lento e sensual que fez os dedos dos pés afundarem na areia e se apoiar nele porque estava ficando zonza. Com Mick ela perdia os sentidos, o que era bom e ruim.

Ela voltou para o seu lado e continuaram a caminhar, sem conversar. Descobriu que podia ser confortável estar com ele, sem necessidade de dizer nada, no entanto, isso tendia a fazer seu cérebro trabalhar, e Tara refletiu sobre estar com ele neste fim de semana e o que aquilo significava.

Uma completa fantasia. Nada naquilo era real. Tudo com Mick desde o início foi construído com base na fantasia. Encontros dos sonhos, desejos e fantasias inimagináveis se tornando realidade. Ele era tudo o que ela sempre sonhou em um homem, e sonhos não eram reais. Mas o que a assustava sobre os dois, era a possibilidade de que, assim como a fantasia deste fim de semana, não havia nada real entre eles, nada tangível para se segurar quando acabasse a fantasia.

Assim que a temporada de futebol começasse, ele ficaria tão intensamente envolvido em jogar que não teria tempo para ela. E seu negócio estava decolando. Ela estava ficando cada vez mais ocupada, seus eventos estavam aumentando, e ela mal tinha tempo para ver as necessidades de Nathan. Quando o outono chegasse, o filho teria jogos que ela precisaria comparecer, além de fiscalizar as lições da escola.

Onde arrumariam tempo para um relacionamento romântico dentro da agenda dos dois?

Talvez fosse hora de começar a ver a realidade do que ela e Mick tinham. Foi um caso de verão divertido, apenas isso. Quanto antes aceitasse, melhor seria para ela. Antes que algo estúpido acontecesse e ela se apaixonasse loucamente por ele e começasse a pensar que teriam um futuro juntos.

Ela já tinha passado por uma grande decepção, e não deixaria que aquilo se repetisse.

Mick parecia se divertir com ela. Mas isso não queria dizer nada. O modo de pensar dos homens era totalmente diferente das mulheres. E os homens eram inerentemente preguiçosos, o que significava que ela era só uma pessoa tranquila de se passar um tempo no verão.

Uau, Tara, será que não consegue se insultar um pouco mais com este jeito de pensar?

Ela não quis se menosprezar, e sabia que seu pensamento soou bem ruim, mas não era o que queria dizer. Ela e Mick se deram muito bem, eles se divertiram juntos, a química deles era fogo puro, então por que não ficariam juntos? Ela não era uma atriz ou modelo exigente que precisava ser vista e fotografada ou levada a eventos. Ela não ligava de fazer qualquer coisa que ele quisesse, e Nathan o idolatrava, então nem ele era problema.

Bem, quer dizer, teve um enorme problema quando seu filho ficou bêbado. E Mick entrou em cena como um guerreiro. Como pode um cara que não queria nada com ela além de sexo, ficar tão envolvido com Nathan como ele ficou?

Talvez ele fosse só um cara legal. Não tinha porquê enxergar mais dessa relação do que era.

Ela foi uma espécie de melhor aventura de verão que ele pôde ter. E ela deixou bem claro que não estava tentando colocar as garras nele, o que deixaria o momento de partir bastante fácil para ele quando a temporada começasse.

Não havia nada que o segurasse a ela. Nem ela a ele.

Era a relação perfeita.

Então, por que não parecia tão perfeita agora?

— Você está quieta.

Ela ergueu o olhar para ele e deu um sorriso.

— Apenas apreciando essa paisagem extraordinária.

— Você é uma paisagem extraordinária. Que se danem o mar, as palmeiras e a areia.

Ele os afastou da água e caiu na areia, trazendo-a por cima dele.

Tara deu risada.

— Você é bom demais para o meu ego.

— Sim, estão me pagando para te animar um pouco.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Estão? Quem?

Ele colocou os dedos nos lábios.

— Não posso contar. É segredo. Mas confie em mim, só queriam o melhor pra você ao me contratar para te dar um pequeno estímulo.

Ela riu e apoiou no peito dele para sentar. E deslizou os dedos sob a camisa de Mick, amando o calor que sentiu ao encontrar a pele dele.

— Então, vou ter que te torturar muito para conseguir te tirar essa informação?

Ele entrelaçou as mãos por baixo da cabeça.

— Faça o melhor que puder.

Ela desabotoou a camisa, abrindo-a, e estendeu as mãos ao longo de seu peito.

— Vai me prender para me fazer falar? — perguntou.

Ela não respondeu, deixou os dedos vagarem por suas costelas, descer até o estômago e depois mais abaixo, mergulhando dentro da bermuda à procura do pênis. Ele levantou um pouco para ajudá-la a tirar a bermuda, e então a jogou de lado.

— Agora estou à sua mercê.

— Está — disse ela, segurando o pau entre as mãos. Ela o acariciou da base à ponta, num deslizar lento, desfrutando da sensação do membro endurecendo ao tocá-lo.

— Isso é tortura.

Ela sorriu para ele.

— Pronto para desistir e contar seus segredos?

— Não.

Ela passou o polegar sobre o cume, usando o fluido que se acumulou para lubrificar seus movimentos. Os olhos dele estavam travados no que ela estava fazendo, mas Tara olhava seu rosto, as respirações agudas quando o agarrou forte, a maneira como suas narinas dilataram quando o envolveu com ambas as mãos. Manteve o olhar concentrado no rosto dele conforme se curvou e lambeu a cabeça, curvando a língua em torno do comprimento, e a arrastou até embaixo. Ela lambeu as bolas e ele arqueou, gemeu e se sentou, abrindo as pernas.

— Nossa, que gostoso, Tara.

Ela girou a língua sobre o saco, colocando um de cada vez na boca, querendo saborear todas as partes de Mick antes de colocar seu pau na boca e o engolir profundamente. Ela desceu sobre ele, permitindo que ele visse o pau desaparecer entre seus lábios. Sentiu-o estremecer, adorava deixá-lo louco do mesmo jeito que a deixava vulnerável quando fazia amor com ela, queria levá-lo à loucura e mais um pouco. Segurou a base de seu eixo e aumentou a sucção quando o trouxe para o fundo da garganta, então aliviou a pressão, estabelecendo um ritmo que o fez segurar seu cabelo e empurrar em sua boca com golpes rápidos e duros.

Ela colocou a mão em sua coxa e sentiu o suor, sabia que ele estava se segurando, então arrastou a mão ao longo de seu comprimento e sacudiu a língua através da cabeça macia.

— Isso. Oh, sim. Caralho, isso vai me fazer gozar. Vou gozar na sua boca, Tara.

Ela murmurou contra ele, precisando que ele a deixasse ter tudo.

Mick arqueou e gemeu, então apertou forte seus cabelos enquanto se deixava levar, jorrando gozo quente em sua boca. Ela o segurou, engolindo o que ele dava, o corpo inteiro dele tremeu com a força do orgasmo. Ela finalmente o soltou quando ele caiu na areia.

— Caramba — foi tudo o que ele disse.

Tara deitou a cabeça na sua barriga, escutando a batida descontrolada da pulsação dele, a subida e a descida de suas respirações conforme ele acariciava seus cabelos.

Ela levantou a cabeça e olhou para ele.

— Pronto para revelar seus segredos?

Ele riu, erguendo a cabeça.

— Segredos? Que segredos?

— Maldito. — Ela pegou areia e esfregou na barriga dele. Mick partiu para cima dela, que gritou, pulou e correu com ele disparando atrás dela. Sabia que não tinha chance, e ele a alcançou em segundos, jogando-a no chão. Ela berrou dando gargalhadas quando Mick a atacou.

— Não é justo — gritou conforme ele subia nela, a parte de cima do vestido estava agora na cintura. Ela não se importou. — Sua profissão te dá uma vantagem.

— Pare de reclamar. — Ele pegou um punhado de areia e esfregou entre seus seios. Ela também pegou um pouco de areia e passou nos cabelos dele. Depois de rolarem na areia molhada, Tara ficou convencida de que havia mais areia neles do que na praia.

— Tá bom, já chega — disse Mick, cuspindo areia.

Tara deu risada e ele a pegou, jogou sobre o ombro e foi para o bangalô.

Ele abriu o chuveiro enquanto Tara tirava o vestido. Entraram no boxe que era enorme e ela riu quando Mick se virou. Ele tinha areia no rosto, no cabelo, e em várias partes do corpo.

— Estou tão ruim quanto você?

Ele tirou a areia dos ombros dela.

— Provavelmente.

Eles se ensaboaram bastante e se lavaram já que havia areia por toda parte. Tara agradeceu pelos jatos dos dois lados do chuveiro e por ter um removível, pois acabou com areia em lugares bem desconfortáveis no corpo.

— Bem, foi como passar por um tratamento de spa — comentou ela depois que enxaguou a areia de cada fresta possível. — E agora a minha pele está extremamente lisa.

Mick enxaguou o rosto e virou para ela.

— Ah, é? Acho que eu devia verificar novamente para ter certeza de que tirou toda a areia.

Tara arqueou uma sobrancelha, depois abriu os braços.

— Pode conferir.

Ele a virou e desceu as mãos suavemente pelos ombros e braços, depois pelas costas.

— Está tudo certo por aqui. Vire.

Ela virou, e ele travou o olhar com o dela enquanto passava os dedos pelos cabelos molhados, descendo as pontas dos dedos pelo nariz e lábios. Ele se inclinou e roçou os lábios nos dela.

— Sem areia.

Ela suspirou quando ele passou a língua pelos lábios, deslizou entre os dentes para provar a língua antes de se afastar.

— Sem areia na língua.

Ela riu.

Ficou sem fôlego quando ele girou os polegares sobre os seios, depois segurou seus quadris.

— É, está bem macio aqui, mas preciso dar uma olhada mais de perto, lá embaixo.

Ele caiu de joelhos.

— Abra as pernas, querida.

Ela abriu, apoiando-se na lateral do chuveiro quando ele se inclinou para frente, colocando a língua para fora para lamber as dobras da sua boceta. Ela inclinou a cabeça para trás e deixou a água cair no rosto e cabelo, o calor e o vapor só aumentando a pressão que crescia profundamente dentro dela conforme Mick chupava seu clitóris.

Ofegou quando ele deslizou a língua dentro dela. Ele ergueu sua perna e a colocou sobre o ombro, abrindo-a ainda mais.

— Lisa, macia, tão suave aqui. — E enfiou um dedo dentro, fodendo-a com impulsos suaves ao mesmo tempo em que desenhava com a língua preguiçosos círculos no clitóris.

Foram a suavidade e a calma que a levaram direto ao limite – e além, surpreendendo-a por ter sido tão rápido. Ofegou ao gozar, balançando contra ele enquanto Mick a segurava firme para que ela não caísse, experimentando um delicioso orgasmo.

Mick levantou e pegou um preservativo na pia, depois envolveu a perna dela no quadril dele, e entrou nela, empurrando-a contra a parede. Ergueu suas mãos acima da cabeça e se inclinou para lamber seus mamilos.

Agora era uma questão de fome ardente, e ela se deleitou.

— Me beija — exigiu ela. Ele ergueu a cabeça e tomou sua boca num beijo impressionante, aumentando o desejo a níveis insuportáveis, conforme a estocava com impulsos fortes e profundos.

Ele rebolou os quadris, esfregando sem parar até ela gozar de novo, gritando ao explodir com as sensações. Ele soltou seus braços e a levantou, beijando-a com tudo o que possuía enquanto se deixou levar, dando um olhar íntimo que a derreteu. Ela se embeveceu com seus gemidos e segurou firme nele conforme Mick estremecia contra ela, seus dedos apertando com tanta força na bunda, que sabia que deixariam marcas, mas não se importou.

A água começou a esfriar quando ele a soltou, e ela ainda estava tremendo por dentro, pela força de seu orgasmo e do dele.

Mick fechou a água e pegou toalhas para os dois. Eles se secaram e deitaram na cama. Mick a puxou para ele, afastando o cabelo úmido de lado para beijar na nuca.

Tara fechou os olhos e tentou desligar a emoção que sempre sentia por estar com Mick.

Era apenas sexo. Só sexo e nada mais.

Talvez, se ela continuasse se dizendo aquilo, repetidas vezes, deixaria de acreditar que tinha se apaixonado perdidamente por ele há tempos. Porque essa sensação continuava surgindo a todo tempo, e quanto mais tentava se enganar, mais a constatação se concretizava.

Estava com medo de que fosse tarde demais para fazer essa sensação desaparecer, independentemente de suas boas intenções em tentar se convencer a não deixar que aquilo acontecesse.

 

 

17

— Preciso que você vá à pré-estreia de um filme.

Mick tinha acabado de ter um dos treinos mais desgastantes de sua vida. A última coisa que precisava ver quando saísse do campo era Liz, com a aparência perfeita, nenhum fio de cabelo fora do lugar, feito uma tigresa pronta para atacar.

Ele gemeu e soltou uma respiração exasperada, então se sentou no banco e pegou uma das garrafas que os assistentes lhe ofereceram.

— Por quê?

Ela inclinou a cabeça de lado e o olhou séria.

— Você sabe porquê. A temporada logo vai começar. E preciso do seu rosto estampado nas capas de revista.

Ele engoliu metade do que tinha na garrafa, depois levantou o olhar para ela.

— Qual é o filme?

Ela sorriu.

— Um de ação. O novo filme com o Matt Larson.

— Quando?

— Quarta à noite.

Mick concordou com a cabeça e pegou sua toalha.

— Vou verificar com a Tara e ver se ela pode ir.

— Calma lá. Não é assim.

Ele a olhou.

— Como é que é?

— Você vai à pré-estreia com a Valisha Staniskowa, a beldade sexy do momento que está em tudo quanto é capa de biquíni.

Ele se levantou e a encarou.

— Não.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— O que você disse?

— Eu disse, não. Tentarei ir à pré-estreia, se você acha que vai ajudar com a publicidade. Mas vou com a Tara. E quaisquer futuros eventos que pretenda que eu vá, será com ela como minha acompanhante.

Liz soltou uma risada.

— Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. Ela é uma Zé Ninguém.

— Ela não é uma Zé Ninguém pra mim, Elizabeth. Ela é alguém quem eu gosto.

— O que uma coisa tem a ver com a outra? Só estou falando de aparições promocionais que são benéficas para a sua carreira. Você não ganha nenhum benefício aparecendo com a Tara nestes eventos.

Ele não estava com disposição para aquilo, e Liz ou não entendeu ou era muito teimosa para ver as coisas à maneira dele. De qualquer forma, ele não ia ceder.

— Só vou dizer isso mais uma vez, então presta atenção. Não participarei mais destes eventos sem a Tara. Eu gosto dela, e não quero ser visto em público com outras mulheres. Entendeu?

Ela ergueu as mãos em rendição.

— Entendi. Nossa, não precisa brigar comigo por causa disso. Vamos fazer algo diferente então. Você tem um jogo neste fim de semana, e o churrasco do time é logo depois. Convide a Tara. Ela pode conhecer as esposas e namoradas. Dá pra tirar uma boa fotografia. Vamos explorar isso e garantir que as câmeras estejam no lugar certo.

Quando ele a olhou sério, ela acrescentou:

— Com a Tara.

— Tudo bem. Como quiser.

Ele pegou o capacete e foi para o chuveiro, perguntando-se quando é que a vida dele tinha ficado tão complicada assim. Já tinha muito com o que se preocupar em função do primeiro jogo da pré-temporada que aconteceria neste fim de semana. Ele costumava entrar tranquilo nos jogos, com o entusiasmo de uma criança – sem preocupações. Mas desde que fez trinta anos e os jovens e sedentos lobos sanguinários tinham começado a perseguir seus calcanhares, cada passo que dava precisava ser cuidadosamente calculado e, desta vez, quando entrasse no campo, tinha que dar tudo de si. Os dirigentes tinham dito que ele estava seguro e que ainda era jogador da franquia deles, mas sabia que isso não significava nada caso ele se machucasse ou se nesta temporada não alcançasse boas estatísticas.

E então, havia Tara. Como algo que começou tão livre de preocupações, divertido e apenas sexo, tinha se transformado em algo sério?

Mick parou na frente do armário para se vestir e se perguntou o que diabos ia fazer sobre aquilo. Ele não tinha relacionamentos sérios. Inferno, ele não se envolvia com mulher alguma. Só saía com elas. Trepava com elas. E se divertia com elas. E, então, cada um seguia seu rumo. A carreira dele – o amor da vida dele – era o futebol. Sempre foi, e presumiu que sempre seria. Ah, ele imaginou que pudesse sossegar futuramente, depois que a carreira no futebol acabasse e tivesse tempo e atenção para se concentrar em uma mulher.

O que ele não esperou era que Tara entrasse em sua vida e o nocauteasse, virando seu mundo de ponta-cabeça.

Ainda não estava pronto para se comprometer em um relacionamento. Precisa se concentrar na temporada, e isso significava que todo o resto tinha que ficar para trás quando ela começasse.

Ele vestiu a camiseta e sentou no banco para guardar suas coisas na bolsa, depois passou bruscamente os dedos pelo cabelo.

O que ele deveria fazer a respeito de Tara, então? Terminar com ela? Ir embora, dizendo que o verão foi divertido, mas que agora, com o início da temporada, estava tudo acabado? As outras mulheres que tinham entrado e saído de sua vida, já sabiam como seria no final. Viagens legais, sessões de fotografia divertidas, muito sexo, mas quando a temporada começava, estava tudo acabado. Elas sabiam disso e ele também, e estavam bem com aquilo porque queriam a mesma coisa que ele.

Já sabiam do resultado, jogavam o jogo, e ambos os lados saíam vencedores.

No entanto, no campo hoje, ele tinha repreendido Elizabeth por sugerir que fosse a uma pré-estreia com outra mulher. Disse a Liz que não ia sair com mais ninguém, que Tara era a única mulher na vida dele.

Merda.

Ele ao menos sabia que porra queria?

Seria melhor descobrir antes de encorajar Tara.

Ou talvez fosse melhor descobrir o que ela queria. Podia ser que nem queria outra coisa a não ser um verão com ele. Estava ocupada consolidando a carreira. Tinha um filho para cuidar. Ela não era o tipo de mulher que estava por aí tentando arrumar marido. Para começo de conversa, ela era ferozmente independente, protetora com o Nathan, e não queria ter nada a ver com o estilo de vida dele. Ou seja, ela não ia querer se tornar parte permanente na vida dele.

E ele, a queria em sua vida permanentemente?

Ele levantou e voltou a sentar e colocou a cabeça entre as mãos. Jesus, ele não sabia. Conseguiria lidar com isso? Correu atrás dela desde a primeira noite em que a conheceu, nem mesmo pensando aonde aquilo podia dar. Ele agiu por instinto, sem pensar. A caça foi divertida, porque era algo que nunca precisou fazer antes.

Agora que a temporada estava para começar, era hora de tomar algumas decisões, porque parecia que o seu relacionamento com Tara estava caminhando para algum lugar. Seus sentimentos por ela estavam seguindo para alguma direção.

E, porra, ele não tinha ideia de como se sentia a respeito disso ou até se seria capaz de fazer aquilo. Pensar em simplesmente se afastar dela era inaceitável. Ele a queria em sua vida. Mas o que isso significava para ambos?

Cristo. Se alguma vez precisou de uma bebida, era agora. O álcool sempre foi bom em fazê-lo esquecer das coisas que não queria pensar. E este era um excelente tópico para não se pensar.

Agarrou a bolsa e pegou suas chaves, depois atravessou as portas do vestiário, precisando de ar puro para refrescar a cabeça. Chegou ao estacionamento e inalou profundamente, percebendo que estava respirando com muita dificuldade, muito próximo de hiperventilar. Acionou o alarme para abrir a porta, jogou a bolsa no banco traseiro e entrou, esforçando-se para acalmar antes de sair.

Respire. Acalme-se. Meu Deus, o que estava acontecendo com ele? Tinha uma vida ótima, uma carreira incrível e bem-sucedida, uma mulher maravilhosa que parecia gostar muito dele e, pela primeira vez em anos, teve vontade de beber.

Que tipo de cretino filho da puta sem força de vontade era ele?

Ele tinha muito no que pensar. Estava na hora de ir para casa, trocar de roupa e correr por muitos e muitos quilômetros antes que acabasse fazendo algo estúpido como parar no bar mais próximo e beber.


Mick e seu irmão não eram assim tão próximos quanto irmãos costumavam ser, mas Gavin conhecia o passado dele. Precisava de alguém para conversar, e já que ele estava na cidade para um jogo, achou que era uma boa oportunidade chamar o irmão para jantar.

Eles se encontraram em um bar com vista para a cidade. Mick entrou e deu uma boa olhada na vista panorâmica da Bay Bridge e do centro de São Francisco antes de passar o olhar pelo bar. Encontrou seu irmão cercado por três mulheres. Era de se imaginar.

Assim que Gavin viu Mick fez um sinal para que ele se aproximasse.

— Desculpe, senhoritas — disse Gavin. — Tenho assuntos a tratar com meu irmão.

— Ah. Meu. Deus! — exclamou a loira alta. — É o Mick Riley, o jogador de futebol americano.

A morena que estava ao lado da loira mediu Mick dos pés à cabeça, então deu um sorriso sexy, claramente dizendo que era toda sua, caso quisesse. Alguns meses atrás, poderia ter se interessado. Agora... nem tanto.

— Até mais tarde — disse Gavin, pegando sua cerveja e indo para o outro lado do bar, muito para o desapontamento das mulheres, que fizeram beicinho e saíram com cara feia.

— Partindo corações... — comentou Mick.

— Pois é. — Gavin se sentou. — Não imaginei que você fosse do tipo que frequenta o circuito turístico, mas a vista é bacana, tanto fora quanto dentro.

— O quê? Não quer que eu te leve à famosa rua Lombard, conhecida como a mais curvilínea e íngreme do mundo?

Gavin sorriu.

— Vou dispensar.

— Bom jogo o de hoje.

— Podia ter mandado ingressos pra você.

Mick deu risada.

— Já vi vários jogos seus. Assisti um pouco pela tv. Belo homer.

Gavin sorriu e bebeu sua cerveja.

— Obrigado. Parece que os torcedores dessa sua cidade não ligaram muito, já que foi o ponto da vitória.

— São Francisco vai ganhar de vocês no próximo jogo.

— Não apostaria nisso.

A hostess os chamou, avisando que a mesa deles estava pronta, então entraram no restaurante. Mick pediu uma mesa com um pouco de privacidade, desse modo, Casey os colocou numa pequena área privada. Depois que o garçom anotou os pedidos, saiu e fechou a porta.

— Vamos ter uma festa aqui esta noite? E se for isso, por favor me diga que as três belíssimas mulheres que a gente conheceu lá no bar estão, de alguma forma, envolvidas.

Mick balançou a cabeça.

— Não, só não queria ser ouvido.

— Ah, é? — Gavin colocou a cerveja na mesa e se inclinou para frente. — Se é ilegal, imoral, e há mulheres nuas envolvidas, estou dentro.

— É meio sério, Gavin.

Seu sorriso morreu.

— Tudo bem. Sobre o que quer conversar?

— Algumas coisas. Realmente não sabia com quem falar sobre isso.

— Olha, eu entendo que digo um monte de porcaria a maior parte do tempo, Mick, mas você sabe que se precisar de mim, estou aqui pra te ouvir. Sem julgamento.

Era isso o que ele precisava ouvir.

— É um monte de coisa. Tara e eu, Liz, o futebol.

Gavin se inclinou para trás.

— Comece a falar. Sou todo seu pelo resto da noite.

Mick respirou profunda e lentamente.

— Eu contei a Tara que sou alcoólatra.

As sobrancelhas de Gavin subiram.

— Sério?! Confia tanto nela assim?

— Confio. Aconteceu um lance com o Nathan e eu quis mostrar a ela, e a ele, o que poderia acontecer se um garoto se metesse com álcool.

Gavin chegou para frente.

— Espera. O garoto também sabe?

— Sim. Eu o levei comigo em uma reunião.

— Jesus, Mick. Posso até entender você ter contando a Tara. Mas para o garoto? Você sabe o quão instáveis os adolescentes são. E se ele abrir a boca? Teve tanto cuidado para manter seu segredo longe da mídia.

— Eu sei. Não acho que Nathan vá dizer qualquer coisa. Ele entende que é importante pra mim, manter isso em segredo.

Gavin bufou e tomou um longo gole da cerveja.

— Sim. De boas intenções o inferno está cheio. E se você terminar com a mãe dele ou magoá-la de alguma forma? Sabe que a primeira coisa que ele vai fazer é espalhar na internet que você é alcoólatra.

Mick deu de ombros.

— Eu arrisquei. Agora tenho que confiar nos dois.

— Bem, quem está correndo o risco é você. Agora, eu, não confio em ninguém. Todos os meus segredos estão bem guardados onde é o lugar deles.

— Inferno, Gavin, você torna público todos os seus segredos. É o bad boy do beisebol, e ama isso. É por causa disso que as mulheres ficam em cima de você como se o tivessem pulverizado com algum maldito tipo de afrodisíaco.

Gavin remexeu as sobrancelhas.

— O que você quer que eu diga? Eu sou irresistível.

— Não me faça passar mal antes do jantar, tá bom?

— Ora, mas quem virou homem de uma mulher só foi você, então não me culpe se está com ciúmes.

Mick revirou os olhos.

— Não acredito que te chamei pra jantar.

— Pode ler tudo sobre mim nas revistas, irmão. E se lembrar dos bons momentos que costumava ter. — Gavin pegou a garrafa e se recostou na cadeira.

Mick deu risada e balançou a cabeça. Era exatamente disso que ele precisava. As provocações de brincadeira do irmão para ajudar a melhorar seu humor e afastar um pouco da seriedade.

— Tá certo, então me conta mais, além de ter despejado todos os seus segredos para a Tara e o filho dela. Quer dizer que o lance entre vocês dois é sério?

— Não sei. Acho que sim. Talvez eu queira que seja. Pensei que as coisas estavam se encaminhando pra isso.

— Mas ela se afastou?

— Não.

— Você se afastou?

— Não.

Gavin riu.

— Mas que merda, cara? O que está acontecendo, então? Parece que está tudo indo bem. Qual é o problema?

— Não sei. — Ele se inclinou para frente, entrelaçou e apertou as mãos. — Estou com medo, Gavin. E se eu não conseguir fazer isso?

— Está me perguntando sobre amor e relacionamentos? Talvez devesse conversar com a mamãe sobre isso. Nunca tive um relacionamento de verdade na vida. Não tenho namorada. No que diz respeito às mulheres e a essa coisa de compromisso, você está bem mais por dentro do que eu.

Mick recostou-se na cadeira.

— É só que não tenho certeza se sou bom com esse negócio de relacionamento a longo prazo. E com a temporada recomeçando, estou preocupado com a minha carreira.

Gavin ergueu a cerveja.

— Nós todos estamos. Mas pensei que você estava garantido por contrato.

— Estou. Mas só até a temporada atual. Eles escolheram no draft um jovem às com um braço de foguete. E o garoto que trouxeram há um ano está sedento.

— E daí? Isso te mantém com os pés no chão. E um time tem sempre que ter um reserva. Eu enfrento a mesma coisa no beisebol. Os clubes do interior têm jogadores de primeira base do caralho com estatísticas acima da média, só esperando que eu cometa alguma merda ou me machuque. Nos esportes, um dia você está no topo e no seguinte, já era. Sabe que não existe nenhuma garantia de nada e que não vai conseguir ficar por cima para sempre. Pelo menos, é inteligente e tem senso de negócio para se resguardar quando parar de jogar, portanto fez mais do que eu e te respeito disso.

— Se tivesse prestado atenção nos estudos, teria conseguido a mesma coisa.

Gavin tomou um longo gole da cerveja.

— Tá, tá. Agora você está parecendo a mamãe.

— Ainda pode investir, começar algum negócio em paralelo, se preparando para a aposentadoria. Você não está ficando mais jovem, e sabe disso.

— Uh-huh. E não estamos aqui para conversar sobre eu e as minhas falhas, estamos?

Mick suspirou.

— Tá legal.

Gavin apontou com a garrafa para ele.

— Olha, Mick. Você só tem que curtir o jogo enquanto está lá, jogando. Dê o seu melhor, e pare de se preocupar com outras merdas que não têm controle.

— Você está certo. Não sei por que estou tão confuso com essa baboseira toda. É só que isso me atingiu de repente. E aí, tem a Liz me bombardeando ao tentar jogar mulheres pra cima de mim.

— Você diz isso como se fosse algo ruim.

Mick riu.

— Nesse momento, é uma coisa ruim. Ela está brigando comigo por causa da Tara. Quer que eu seja visto com a atriz ou modelo sensação do momento e não está feliz por eu estar com Tara.

— E quem liga para o que a Liz pensa? — Gavin acabou a cerveja e a colocou de lado, depois acenou para o garçom, que trouxe outra cerveja para ele e mais uma água para Mick. Depois que ele saiu, Gavin inclinou-se para frente. — Olha, Liz é ótima para as nossas carreiras e raramente nos guia na direção errada, mas ela é muito chata. Uma chata gostosa pra caralho com as melhores pernas que eu já vi, e ela ganha uma tonelada de dinheiro pra gente. Mas se é a Tara que você quer, então esclarece tudo com a Liz e não permita que ela te pressione a fazer algo que não queira.

“Sei que você jamais se permitiu ser pressionado, então o que está se passando dentro dessa sua cabeça?”

— Não sei. — Mick tirou um pedaço de pão da cesta no meio da mesa e passou manteiga, gesticulando com o pedação na mão. — É como se toda a minha vida tivesse mudado nos últimos dois meses e, de repente, me encontrei numa encruzilhada. Costumava saber exatamente em que direção estava indo, e agora já não sei mais.

Gavin pegou o pão das mãos de Mick e enfiou um pedaço na boca. Ele mastigou por alguns instantes e disse:

— Você está apaixonado, irmão. É óbvio. Só pode ser isso para te deixar tão perturbado desse jeito, porque eu nunca te vi assim.

Mick tomou um gole de água para molhar a garganta seca.

— Você acha?

— Bem, não entendo nada de amor, mas você está todo confuso sobre seus pensamentos e sentimentos. Então, sim, está apaixonado. E se é isso o que o amor faz com um homem? Espero profundamente que nunca aconteça comigo, porque, meu amigo, você é um filho da puta fodido.

— Então, o que eu faço?

— Seja homem, aguente a bronca e lide com isso. Olha tudo que já passou na vida, Mick. Era alcoólatra na época da faculdade, mas ainda assim, foi capaz de lutar contra a doença e conseguiu um contrato na nfl. Ficou sóbrio por todos esses anos, e nem uma vez tocou numa gota de álcool sequer, não é?

— É.

— Tudo bem, então se você ama a Tara, faça algo a respeito. Se decidir que não ama, não a prenda. Diga a Liz para não se meter na sua vida pessoal e explique como quer que ela gerencie a sua carreira. Só porque está se sentindo em uma encruzilhada e algumas coisas em sua vida estão mudando, não significa que precisa beber para enfrentar isso. Não precisou da bebida em todos esses anos, e com toda a certeza, não precisa agora.

“É claro que chegou aos trinta anos. Mas nunca vi um cara se esforçar mais do que você para ficar em forma, então vá e jogue futebol, e continue curtindo o jogo. E não se preocupe em perder o vigor ou o charme ou o que quer que esteja preocupado em perder. Quando chegar a hora de se afastar, vai saber, e vai lidar com isso, assim como sempre lidou com as coisas – de cabeça erguida. A bebida não vai te ajudar a escapar da realidade, e sabe disso. Já fez isso antes, e sabe o quanto deu certo. Ou o que não deu certo. Mas só você pode fazer essa escolha. Não posso fazer por você. A decisão é sua.”

O garçom trouxe a comida, e Mick começou a comer, refletindo sobre tudo o que Gavin disse.

— Você cresceu mesmo enquanto eu não estava olhando.

Gavin ergueu o olhar de seu prato.

— Não, não cresci. Ainda caio na gandaia e saio com uma mulher diferente a cada semana, do mesmo jeito que tenho feito desde os dezesseis anos.

— Você dá conta de fazer isso. Tem a carreira exatamente onde quer e suas prioridades bem definidas. Não acabou igual a mim, um bêbado.

— Tive a vantagem de ter um irmão mais velho que ferrou com tudo em grande escala, então aprendi com os erros dele.

Gavin deu uma piscadela e Mick riu.

— Eu te amo, babaca.

E Gavin riu.

— Eu também te amo, cabeção.

 

 

18

Tara se remexeu no assento, envolvida pela animação da multidão. O estádio estava lotado, mesmo sendo só o primeiro jogo da pré-temporada. Porém, São Francisco chegou muito perto de ganhar o campeonato da divisão na temporada passada, e o time parecia ainda mais forte nesta temporada com alguns novos reforços de última hora que derrubariam a defesa do time adversário.

E se ela estava feliz por estar lá hoje à noite, o entusiasmo de Nathan estava nas alturas, especialmente por Mick tê-lo colocado nos assentos na frente da linha de cinquenta jardas, onde o resto dos familiares dos jogadores sentava. Nathan ficou de olhos arregalados e absorvendo tudo desde o momento em que chegaram algumas horas antes do jogo, e ele não conseguiu parar sentado um minuto, tirando fotos e mandando mensagens aos amigos pelo novo celular que tinha ganhado de aniversário. Mick deu um ingresso a mais para que Nathan pudesse levar seu novo amigo, Bobby, outro calouro jogador de futebol e um bom garoto que também estava animado por assistir ao jogo. Os dois estavam com as cabeças quase grudadas, apontando dedos, conversando das estatísticas dos jogadores e praticamente ignorando a presença de Tara.

Exatamente como deveria ser.

Ela se acomodou, com a sensação de que estava sendo observada, vestida com a Jersey de Mick – Riley, quatorze –, que ele tinha lhe dado, embora um pouco marcando território e... bem, só um pouco entusiasmada por ela estar usando seu nome e número nas costas, especialmente porque estava sentada com todas as esposas e namoradas dos jogadores.

— Então, você é a garota do Mick.

Ela se virou e sorriu para a morena.

— Disso eu não sei, mas sim, estamos saindo.

A mulher estendeu a mão.

— Sou Roseanne Lewis. Meu marido é o Tommy Lewis, número setenta e dois. Ele é right tackle – jogador defensivo da direita –, e vai proteger a bunda do Mick esta noite.

Tara deu risada e apertou a sua mão.

— Então agradeço antecipadamente pelo trabalho de Tommy. — Tara apresentou Roseanne para Nathan e Bobby. Roseanne a apresentou para as outras mulheres sentadas perto delas.

— Há quanto tempo você e Mick estão juntos?

Essa pergunta foi feita por Sue Shore, uma adorável mulher gravidíssima que estava sentada ao lado dela, cujo marido era Derek, o kicker – chutador responsável pelos field goals.

— A gente se conheceu no início deste verão.

— Nós amamos o Mick. Ele é ótimo com todos os nossos filhos. Nunca trouxe uma garota para sentar aqui com a gente. Seus pais já vieram assistir, e o irmão algumas vezes, mas nunca uma namorada, então você é a primeira.

— É mesmo?

— Sim. Você deve ser especial.

Ela se sentiu daquela maneira, e admitia, era bom demais.

— Pra quando é o bebê?

— Daqui um mês. Mas tenho a sensação de que será a qualquer instante pelo jeito que está chutando. Vai ser puxar ao pai.

Tara soltou uma risada curta, lembrando-se de Nathan dentro dela e de todas as noites que não conseguia dormir por causa dos chutes nas costelas.

— Acho que são todos assim mais para o final, não é?

— Nossa filha era mais tranquila do que este rapaz. Ele é um kicker nato.

— Espero que siga os passos de seu marido então.

Sue deu uma risadinha.

— Seria incrível.

— Kickoff! — uma das mulheres gritou.

Tara ficou tão envolvida conversando com as mulheres que nem percebeu que o jogo tinha começado. Focou toda a atenção no jogo, e principalmente porque a linha ofensiva do São Francisco ia jogar primeiro, o que significava que depois do kickoff, Mick entraria em campo.

E minha nossa, que corpo espetacular ele tinha de uniforme, que se encaixava perfeitamente no belo bumbum, as almofadas nos ombros e peito o faziam parecer impossivelmente grande.

Tara ficou tensa quando ele pegou o primeiro snap do center, passando a bola para um de seus receptores, que correu quatro jardas com a bola. Ela soltou um suspiro de alívio quando os tacklers – interceptadores da defesa – passaram correndo por Mick.

Na segunda descida – de quatro tentativas do ataque –, Mick estava grudado no center de novo, e desta vez pegou o snap, recuando vários passos, parou e olhou para os receptores, então fez um rápido lançamento para o running back à sua esquerda, que correu ganhando apenas duas jardas.

Ela sabia o que ia acontecer na terceira descida, precisando de quatro jardas para continuar com a bola. Primeira posse de bola do jogo sempre era muito importante e o Arizona ia querer causar impacto no São Francisco ao garantir que eles não conseguissem um first down – avançar dez jardas para continuar no ataque. Tara podia sentir a pressão quase como se fosse ela a responsável por conseguir colocar a bola nas mãos de um receptor.

Arizona ia formar a blitz – atrapalhar o passe ou mesmo derrubar o quarterback antes que ele lançasse a bola.

Tara apertou os braços do assento depois que Mick terminou de se reunir com os jogadores e se posicionou no shotgun, recebeu o snap e recuou. A blitz veio, e a linha ofensiva aguentou firme. Mick lançou um longo passe para um receptor no fundo do campo.

E ele pegou a bola! Conseguiram um avanço de vinte jardas.

— Respire, querida — disse Roseanne, esfregando os ombros de Tara. — Será um longo jogo.

Tara riu. Então soltou a respiração.

O primeiro quarto foi tenso, com o Sabers marcando sete pontos na primeira posse deles, e o Arizona respondendo com um touchdown na sequência. Mas, então, as coisas se acalmaram um pouco, e quando o intervalo chegou, o jogo estava empatado; 10x10. No segundo tempo, Mick veio e fez lançamentos completos, um após o outro, e o jogo parecia caminhar bem. A defesa aguentou, e o Sabers anotou pontos no placar. O jogo acabou sendo um monólogo, com São Francisco saindo vencedor. Sendo pré-temporada, Mick não jogou a partida inteira, então ao final do terceiro quarto, Tara pôde relaxar, porém continuou torcendo para o time.

Depois que o jogo acabou e o público tinha saído do estádio, o time se reuniu com as esposas e familiares para um churrasco no campo, algo pelo qual Nathan estava bastante animado.

Tara estava feliz porque o nervoso por causa do jogo tinha acabado. Agora ela podia relaxar.

Ou assim pensou, porque nem bem tinham chegado ao campo e viu Elizabeth vindo em sua direção, entretanto algo que Tara não conseguia entender era como a mulher era capaz de andar no gramado com aqueles saltos de dez centímetros. Elizabeth claramente não sabia o significado da palavra casual. Enquanto isso, Tara estava bastante confortável com a jersey do time, jeans e tênis, e seus lábios ergueram quando viu a desaprovação de Elizabeth.

— Na cola do Mick hoje, Tara?

Tara estava tão feliz por Nathan ter conhecido alguns dos filhos dos jogadores da mesma idade, e que Bobby e ele já tinham ido ficar com eles, que não precisava aturar o desdém de Elizabeth.

— Por um acaso, estou. E nesse exato momento. E você parece um pouco arrumada demais para um churrasco. Cuidado para não quebrar o tornozelo afundando o pé na grama.

— Sei muito bem como andar. Estou surpresa de te ver aqui.

— Sério? Por quê?

Elizabeth deu de ombros.

— Só pensei que a essa altura já teria se ligado que aqui não é lugar pra você. Ou que Mick teria se cansado de você. Confie em mim, querida. É só uma questão de tempo. Vou continuar jogando belas mulheres em cima dele, e mais cedo ou mais tarde, ele vai morder a isca.

Tara cruzou os braços.

— Se acha que ele é tão superficial assim, divirta-se na pescaria.

Tara viu Mick vindo para o campo e, agradecidamente, se afastou de Liz, foi até ele, envolvendo-o com os braços.

— Grande jogo hoje.

Ele sorriu.

— Não foi ruim. Temos que trabalhar em alguns pontos, mas é promissor.

— Achei que você foi incrível. Seu braço é forte, e o índice de passes foi o melhor que já teve.

Ele arqueou uma sobrancelha, então beijou a ponta do seu nariz.

— Controlando as minhas estatísticas agora?

— Só na minha cabeça.

— Onde está o Nathan?

— Está com os filhos de D’Juan e do Anthony. Eles também jogam futebol. Acho que Nathan e Bobby fizeram novos amigos.

Mick assentiu.

— Bom. Estou morrendo de fome. Vamos procurar alguma coisa pra comer.

O churrasco estava maravilhoso, assim como as pessoas que a acolheram como se ela e Mick fossem, de fato, um casal permanente. Tara não poderia ter pedido por uma noite melhor para ela ou para Nathan, mesmo que ainda continuasse um pouco preocupada que ele acabasse se apegando a todos.

A essa altura do campeonato, não havia mais nada que ela pudesse fazer a respeito. Seu relacionamento com Mick podia dar certo ou não, e Tara não teria como proteger Nathan das repercussões se tudo acabasse. Nesse momento, ela tinha duas escolhas: poderia se aventurar impetuosamente no que quer que tinha com Mick e torcer para que desse certo, ou acabar com tudo.

Estava com medo da primeira opção porque as chances de ela e Nathan se machucarem eram bem grandes. Mas a segunda, simplesmente não era aceitável. Mick fazia parte de sua vida agora, e se afastar a devastaria.

Então, que raios deveria fazer?

Por essa noite ela jantou e tentou se divertir, o que foi tremendamente difícil porque seu olhar procurava sempre por Elizabeth, que parecia estar engajada em uma conversa importante com o dono do time, Irvin Stokes. E no meio da conversa, Liz continuava apontando para ela e depois sussurrava para o Sr. Stokes.

Ótimo. Perfeito. Tara podia imaginar as mentiras que Elizabeth estava inventando sobre ela. Será que estava dizendo ao Sr. Stokes que ela era uma má influência para o Mick? Ou que tirá-la da vida de Mick seria a melhor coisa que ele podia fazer para o futuro do time?

Ela entrou em pânico quando Elizabeth enlaçou o braço ao do Sr. Stokes e ambos caminharam na direção deles.

— Droga — sussurrou Tara.

— O que foi?

— Liz está trazendo Irvin Stokes pra cá.

— E qual é o problema?

Mick enfiou o último pedaço do cheeseburger na boca, limpou as mãos com o guardanapo e sorriu.

— Oi, Irvin.

Irvin Stokes era um bilionário que ganhara muito dinheiro no mercado financeiro. Era um empresário perspicaz, e mesmo que estivesse se aproximando dos oitenta anos, ainda parecia em forma, mesmo com a cabeça grisalha e um terno que provavelmente custava mais do que Tara ganhava em um ano.

— Excelente começo de temporada, Mick.

Stokes estendeu a mão e Mick o cumprimentou.

— Obrigado. A equipe parece forte. Você conseguiu trazer alguns bons jogadores para a defesa.

Stokes assentiu.

— Os contratos com jogadores sem agentes parecem reforçar nossas únicas fraquezas, então espero grandes coisas este ano. — Ele se virou para Tara. — E esta é a sua nova moça? Elizabeth estava me contando sobre você.

Ela não queria nem saber o que Liz tinha dito. Tara apertou sua mão.

— Tara Lincoln.

— Ah, sim. Você organizou a nossa festa alguns meses atrás. Muito bom. Fiquei muito satisfeito.

— Obrigada, Sr. Stokes.

Elizabeth encostou-se a Stokes como se ele fosse ouro.

— Estava contando ao Irvin que você é organizadora de eventos. As esposas e namoradas dos jogadores sempre organizam um para angariar fundos antes do kickoff da temporada regular, e eu estava pensando, já que é a sua área, que você iria gostar de estar no comando de tudo este ano.

— Oh. — Tara se virou para Irvin. — Claro. Seria um prazer.

Stokes pegou a mão dela entre as dele.

— Maravilha. É uma boa exposição para o time e por uma boa causa. Este ano a arrecadação é para os acampamentos de verão de crianças carentes da região.

— Ficarei feliz em ajudar.

— Seu trabalho seria voluntário, é claro.

— Não tem problema. Estou sempre à disposição para fazer caridade.

— Fico feliz em ouvir isso. Ainda assim, vai promover a sua empresa. Vou pedir para o meu pessoal entrar em contato com você. O evento será realizado no sábado antes do último jogo da pré-temporada.

— Obrigada, Sr. Stokes. — Ela acenou para Elizabeth, que piscou para ela e foi embora com Irvin.

— Isso foi... interessante.

— Por quê? — perguntou Mick.

— Porque Elizabeth não gosta de mim. Por que ela fez isso?

Mick a envolveu com um braço e beijou o topo de sua cabeça.

— Querida, há muito tempo desisti de tentar descobrir que merda motiva Liz a fazer qualquer coisa. Nem perca seu tempo.

Ela deu de ombros e se inclinou contra ele.

— Você está certo. É inútil.

Mas, ainda assim, algo a incomodava. Tara não achou que Liz a sugeriu porque gostava dela ou pensou que Tara era uma excelente organizadora de eventos. Talvez Liz tenha feito isso por Mick, porque finalmente percebeu que Tara poderia trazer algum benefício para a carreira dele.

Porém duvidava, pois Liz deixou claro que tirar Tara da vida de Mick seria a melhor coisa para a carreira dele.

Mas já estava feito, e Tara seria responsável por planejar este evento. Agora só precisava fazer um trabalho de primeira e causar boa impressão em Irvin Stokes de novo. Mais tarde, Mick seguiu Tara de carro até a casa dela. Nathan tinha feito planos para passar a noite na casa de Bobby, então Tara os deixou antes. Mick já estava em sua garagem quando ela chegou.

— Cansado? — perguntou ela ao abrir a porta. Ele entrou, fechou e a trancou, depois a puxou para um abraço.

— Nem um pouco. Jogar sempre me deixa agitado.

Ela desvencilhou-se do abraço.

— Sério? Então o que você faz quando não tem uma mulher disposta nos braços para ajudá-lo com todo esse excesso de energia?

Ele a pegou no colo e a levou para o quarto.

— Bato punheta.

Imaginar a cena a deixou excitada.

— Gostaria de ver isso.

— E vai.

Ele a colocou de pé ao lado da cama.

— Está falando sério?

— Estou. Sente-se.

Ela sentou na beira da cama, as mãos apertando a colcha enquanto Mick tirava a camisa. Olhar o corpo dele sempre a excitava, especialmente hoje, depois de vê-lo jogar. Ela sempre foi fã de futebol, mas agora que conhecia Mick, sua ética de trabalho, e o tinha visto jogar, sabia o que ele passava para cuidar do corpo. Era função dele garantir que permanecesse saudável, e levava isso a sério. E, meu Deus, o resultado era um espetáculo. Ele era musculoso em todos os lugares certos, magro nos lugares que era para ser. Ela teve que se segurar para não ir até ele só para passar as mãos sobre os gominhos do abdome e peitoral que foram – tão perfeitamente – esculpidos por todas as horas que passou correndo e se exercitando na academia.

Ela se inclinou, apoiando as mãos no colchão enquanto ele desabotoava a calça, tirava os sapatos, descendo a cueca e a calça, chutando-as de lado. O pênis já estava duro, e ele o segurou, se acariciando devagar e com calma.

— No que pensa quando faz isso? — perguntou ela.

— Em mulheres.

— Nas que já teve ou nas que gostaria de ter?

— Ambas.

Ele manteve o olhar nela conforme deslizava a mão para cima e para baixo. O quarto esquentou, então ela tirou os sapatos e a blusa.

— E o que imagina sobre essas mulheres? Pensa nelas simplesmente... paradas?

— Na verdade, não.

— Então, pensa em transar com elas.

Ela abriu o botão da calça jeans e, lentamente, desceu o zíper, o olhar focado nos movimentos preguiçosos – do sobe e desce – da mão dele no pênis, a forma como o polegar circulava a cabeça grossa. Sua respiração acelerou quando se livrou da calça, permanecendo apenas de calcinha e sutiã.

— Às vezes, sim. — Ele apertou o pênis. — Outras, as imagino deitada na cama, nua e se tocando.

Tara ficou de joelhos e estendeu a mão para abrir o sutiã, jogando na cama depois de tirá-lo.

— Então pensa nessas mulheres se masturbando.

— Sim. — Ele apertou o pau com mais força.

Ela passou as mãos sobre os seios.

— Ver uma mulher se tocando te excita.

— Caramba, sim, me excita pra caralho.

Ela segurou os mamilos entre os polegares e indicadores, e os puxou, a sensação atingiu sua boceta feito flecha. Acariciando-se desse jeito, vendo Mick se tocando, foi a coisa mais excitante que já tinha experimentado. Ela continuou a tocar os seios com uma das mãos, mas deixou a outra deslizar pelas costelas, barriga, gostando da provocação conforme descia até a calcinha. Escorregou os dedos pela borda quando Mick agarrou o pênis num aperto mortal e aumentou o ritmo, indo um pouco mais rápido.

— Gosto de te observar — sussurrou ela, e então enfiou a mão dentro da calcinha e cobriu seu sexo.

— Como você está?

— Excitada. Bastante excitada. E molhada.

— Me deixa ver.

Ela engoliu em seco para molhar a garganta e tirou a calcinha, ficando com as pernas abertas, penduradas na lateral da cama. Pegou um travesseiro para apoiar a cabeça, ficando confortável e tendo uma melhor visão de Mick, então colocou a mão em seu sexo, tocando os lábios da boceta por fora.

— Sua boceta está molhada — disse ele, chegando perto da cama.

— Está.

— Me conta no que você pensa quando está se masturbando.

— Imagino um homem entrando no quarto inesperadamente e me encontrando fazendo isso.

Ele fechou os dedos ao redor do pau e subiu a mão até a ponta, usando o polegar para deslizar sobre a cabeça.

— É? O que acontece quando ele te encontra?

— Ele fica parado por um tempo, me olhando — brincou com o clitóris, inseriu dois dedos e os retirou revestido de fluídos, então voltou ao clitóris, arqueando ao experimentar uma explosão de sensações —, depois tira a roupa e começa a se masturbar, exatamente como você está fazendo.

— E depois?

— Ele vem para o lado da cama.

Novamente, Tara deslizou dois dedos na boceta e começou a bombear.

Mick se inclinou sobre a cama e esfregou a cabeça do pênis na coxa dela.

— Consegue ouvir isso? — perguntou ela.

— Sim. — Ele estava ofegante.

— Não gostaria que fosse o seu pau dentro de mim, me fodendo?

— Muito. É o que o homem das suas fantasias faz?

Ela levantou o olhar para ele.

— Sim. Ele me puxa até a borda da cama e mergulha o pau em mim, então me fode com força até eu gritar, porque vou gozar tão forte que não consigo me conter. Depois é a vez de ele gritar meu nome, de tão intenso que será o seu orgasmo.

Mick agarrou seus tornozelos e a arrastou até a beirada da cama, pegou um preservativo do bolso de sua calça jogada no chão e o revestiu. Tara apoiou os pés na lateral da cama e arqueou quando Mick empurrou dentro dela com um forte impulso.

Ela soltou um grito com a sensação, mas já esperando por isso, e foi tão bom que cravou as unhas nos braços musculosos. Ele segurou firme nos quadris dela e a fodeu, as bolas golpeando sua bunda em um ritmo forte e rápido que a fez clamar e gritar o seu nome enquanto exigia cada vez mais.

Ele desceu a mão e começou a esfregar o clitóris furiosamente levando-a ao limite, mas desta vez não a deixou nem tomar o fôlego instável. Um segundo depois soltou um grito, cravando as unhas no braço quando gozou.

— Mick! Estou gozando. Oh, minha nossa, Mick, estou gozando.

— Porra, sim. Vou gozar. Tara!

Gritou o nome dela quando soltou suas pernas, puxando seus quadris contra os dele. Gritando seu gozo, bombeando nela repetidamente com o clímax, depois os arrastou para a cama, aconchegando-se por cima dela, enterrando o rosto em seu pescoço.

Tara enroscou os dedos nos cabelos de Mick, e ele levantou a cabeça, dando um beijo profundo e intenso, que a aqueceu e confortou após o fantástico êxtase.

— Estou te esmagando? — perguntou ele.

— Não. Está muito bom.

Ele respirou profundamente, então a abraçou apertado.

— Amo ficar com você, baby. Muito.

— Também amo ficar com você.

— Você é a melhor coisa que entrou na minha vida em um longo tempo, Tara. Obrigado.

Ela acariciou suas costas e sorriu, esperando que pudesse ser sempre bom desse jeito entre eles.

Talvez devesse ser dessa forma que alguém se sentia quando estava apaixonado. Era assustador e excitante ao mesmo tempo.

E talvez, estava tudo bem deixar acontecer.

 

 

19

Tara nunca trabalhou tanto na vida por algo que não estava sendo paga. As poucas semanas da pré-temporada passaram voando, e ficou realmente agradecida pelos jogos que Mick teve fora da cidade. Porque quando Mick estava por perto, ela queria ficar com ele. E ele queria ficar com ela, o que, sem dúvida, Tara gostava um bocado. Isso a fez lembrar-se de como era ser adolescente outra vez, aquela imensa necessidade de estar com alguém ao ponto de doer. Mas esse tipo de desejo não deixava que ela se concentrasse naquele trabalho, então Mick sair da cidade no fim de semana foi oportuno. Assim, ela teve tempo de trabalhar com as esposas, namoradas e os voluntários que a ajudaram a organizar o evento de caridade.

Decidiu-se por um parque de diversões para as crianças, com brinquedos e jogos. O clima estava perfeito para o local selecionado – graças a Deus –, e as doações e os voluntários continuaram entrando. Incrível o que as pessoas estavam dispostas a fazer por uma causa nobre e associada a um time de futebol proeminente e bem-sucedido. Visto que o último jogo da pré-temporada era amanhã, muitos membros do time estariam presentes. Eles iam autografar bolas de futebol para as crianças, o que daria uma bela oportunidade publicitária e – com esperança – chamaria atenção para a finalidade do evento.

As últimas semanas deram a Tara a oportunidade de conhecer melhor as mulheres dos jogadores do time. Rapidamente se tornou amiga da maioria, o que significava que se ela e Mick terminassem, sentiria falta de todas. Mas, pensando bem, quem disse que ela não poderia continuar amiga delas?

Sue Shore entrou em trabalho de parto e teve bebê na semana anterior. Tara e várias outras mulheres do time foram visitá-la em casa alguns dias depois do nascimento do pequeno Timmy, com quatro quilos e trezentos gramas. Com quase sessenta centímetros de comprimento, não era de se admirar que ele a mantinha acordada a noite toda. Mas Sue estava extasiada, apesar de esgotada depois de dezoito horas de trabalho de parto. A criança era adorável. Tara o segurou por alguns instantes, e aqueles torturantes hormônios femininos entraram em ação. Fazia muito tempo que Nathan foi um bebê.

— Pretende ter mais filhos? — perguntou Sue.

Tara ergueu a cabeça de supetão.

— Nunca pensei nisso.

— Bem, sabe, Mick ama crianças. — Marvella, uma das esposas, lhe deu um sorriso de quem sabe das coisas.

Santo Deus. Ela e Mick tendo filhos? Esse pensamento nunca passou por sua cabeça.

— Mick e eu estamos namorando há pouco tempo

— Uh-huh. Parece que ele gosta do seu filho.

— Nathan é adolescente.

— E daí? — Heather Swanson pegou o pequeno Timmy e suspirou. — Mick esteve junto de todos os nossos filhos, desde pequeninos até chegarem à adolescência. Ele é ótimo com crianças de todas as idades. Algum dia, ele vai ser um pai maravilhoso.

— Sim, tenho certeza de que será.

— E como você é a única mulher que ele já trouxe para o nosso convívio...

Tara revirou os olhos.

— Isso não significa que ele pretende se casar comigo e que serei a mãe dos filhos dele.

Mas esse pensamento permaneceu na sua cabeça durante a semana toda. Um pensamento bobo. Casamento, filhos... uma família com ela, Mick, Nathan e uma criança que eles gerariam juntos.

Pensamento realmente estúpido. Mick tinha a vida dele que era o futebol e lindas jovens mulheres. A vida dela era a carreira e o filho, que agora tinha quinze anos. A última coisa que queria era começar de novo. E já tinha trinta anos. Em pouco tempo, Nathan iria para a faculdade e Tara ficaria livre para se concentrar nos negócios, livre de preocupações. Ela sacrificou tanto para criá-lo, terminar os estudos, subir na carreira e expandir os negócios.

Não precisava de um marido e, com certeza, não precisava começar do zero novamente, sobrecarregada com uma criança.

Uma criança com os profundos olhos azuis de Mick e os cabelos escuros. Uma menina, talvez. Ou outro garoto. Alguém para Mick ver crescer, jogar bola...

Meu Deus. Foi só segurar um bebê nos braços que seus hormônios enlouqueceram. Era só isso. Ela e Mick estavam namorando, e de repente, pensando em ter bebês com ele?

Sei, como se isso fosse acontecer. Seus dias com um bebê tinham acabado há muito tempo.

Foco, Tara, foco.

Com esforço, ela se recompôs e voltou toda a atenção para o evento. Todos os brinquedos foram montados, as barracas estavam no lugar, havia muita comida e todos os jogadores tinham chegado. As crianças continuavam entrando, e a mídia estava espalhada por todo o recinto. Fazer o evento em uma das cidades de East Bay permitiu fácil circulação, a chance de ter um grande público, um estacionamento enorme e o clima excelente.

Ela colocou todas as esposas e namoradas trabalhando no evento, vestidas com jerseys do time, na cor rosa, para conseguir identificá-las. Ela tinha dado a Nathan uma jersey vermelha e branca, já que Mick disse que Nathan podia ficar com ele hoje, algo que não foi problema algum para Nathan por razões óbvias. Ele ia ajudar o time a entregar as bebidas, canetas, abrir as caixas de bola de futebol e qualquer coisa que pudessem precisar, e ajudar os funcionários do time. Estava em êxtase só de poder ficar com o time, então ela tinha certeza de que ele seria um faz-tudo para qualquer coisa que quisessem, e Tara estava feliz porque Mick ficaria de olho nele, então não precisaria se preocupar em saber onde ele estava ou o que estava fazendo. Uma coisa a menos na cabeça.

Agora conseguiria focar nas crianças da caridade, que estavam tão animadas com o parque que era notório em seus rostos. Eram todos jovens problemáticos que iam desde a idade escolar primária até o fundamental e início do colegial, então passar um dia livre só para se divertir um pouco, ir na Xícara Maluca ou no Twister ou na montanha-russa, atravessar a Casa Maluca, jogar fliperama ou tentar acertar os patos na barraca de tiro, seria uma ótima maneira para aliviar a tensão do cotidiano de suas vidas. E eles tiveram a vantagem de passar algum tempo só deles com os jogadores do time. As crianças tinham trazido os pais ou pais adotivos e irmãos junto, desse modo, não demorou muito para que o recinto ficasse lotado, além dos organizadores do evento e funcionários. Tara estava passando de uma atração à outra para garantir que todos estivessem se divertindo.

Ela parou na barraca dos jogadores, que tinha uma fila enorme de crianças esperando para tirar fotos e ter suas bolas de futebol autografadas. Mick estava junto com alguns dos caras.

— Oi — disse ela. — Está tudo certo?

Ele a beijou e passou os braços em volta dela.

— Está tudo ótimo por aqui. E quanto a você? Parece que está suada e passando calor.

Ela riu e afastou o cabelo do rosto molhado de suor.

— Ocupada. Vocês precisam de alguma coisa?

— Pare de se preocupar com a gente. Temos funcionários do time aqui para ajudar. E tente relaxar. Dei uma volta pelo evento e tudo parece perfeito.

Ela respirou fundo.

— Vou relaxar quando acabar. — Seu telefone tocou. Ela o tirou do bolso, atendeu a ligação e colocou a mão no peito de Mick. — Tenho que ir e resolver uma coisa.

— Tente não se matar por causa desse evento.

Ela riu e saiu, encontrando Roseanne e algumas das outras esposas, que resolveram alguns problemas com a comida que estava sendo servida. Depois de tudo resolvido, andou pelo parque para garantir que as crianças estavam se divertindo. Todos pareciam felizes.

— Senhorita Lincoln?

Ela se virou, e um microfone foi empurrado em seu rosto.

— Alan Terlin, jornal do Canal 8. Gostaríamos de gravar uma entrevista.

— Ah. Você não quer me entrevistar. Por que não conversa com o time?

Seus lábios ergueram.

— Já fiz isso. Eles falaram para eu conversar com você, disseram que foi a responsável pela organização do evento.

— Sou apenas a organizadora. Deveria mesmo era conversar com o diretor da entidade e com as pessoas que trabalham nela. Eles são o coração e a alma por trás disso, garantindo que essas crianças tenham uma vida equilibrada; educação, socialização e família. — Ela olhou em volta, desesperada para conseguir encontrar alguém da entidade, quase chorou de alívio quando viu Carmen Sanchez. — Espere, vou trazer Carmen pra você entrevistar.

Ela correu até Carmen e levou a repórter até ela. Carmen, sem um fio de cabelo fora do lugar, apesar de estar trabalhando ainda mais do que Tara, gentilmente concordou em dizer algumas palavras sobre a entidade e o que ofereciam às crianças que tinham tido um começo difícil e desfavorecido. Tara se afastou e deixou que Carmen tivesse o momento diante da câmera.

— Escapada sutil.

Tara se virou e encarou Elizabeth, que conseguiu parecer serena e descontraída com uma blusa sem mangas, calça capri e salto baixo.

— O quê? Nada de roupa especial hoje?

— Eu tenho roupas causais, Tara.

— Podia ter me enganado. Pensei que sempre se vestisse como um tubarão pronto para atacar. — Mesmo em trajes ocasionais, que pareciam de marca e caros, Liz ainda estava impecavelmente arrumada.

— Deveria ter dado a entrevista. Seria bom para o time. Para o Mick.

— Você faz a entrevista. Estou com calor, suada e horrível. E alguém da entidade pode passar uma boa impressão do time.

— Alguém da entidade vai passar uma boa impressão da entidade.

Tara fez que não com a cabeça.

— Não é a minha área. Vou deixar que você encontre alguém para fazer isso.

Liz deu de ombros.

— Se você insiste.

— Sim.

Contente por se livrar de Liz, Tara foi para centro do evento onde encontrou um grupo de crianças jogando os dardos nos balões de água e argolas nas garrafas de leite se esforçando ao máximo para ganhar. Observou os vendedores cuidadosamente, parando em cada barraca tempo suficiente para ter certeza de que havia um percentual razoável de crianças vencedoras. Sr. Stokes estava bancando esses comerciantes muito bem e as crianças deveriam ter uma boa chance de ganhar.

E elas estavam ganhando. Satisfeita, seguiu em frente.

Havia comida em abundância na área de refeições, e bastante bebida, bem como em todos os demais pontos de bebidas no parque. Tudo parecia estar sob controle, então Tara pensou em passar alguns instantes na área dos jogadores, que ainda estava lotada de crianças, jogadores e da imprensa.

Liz estava lá, dando algumas entrevistas aos repórteres. Tinha um grupo de crianças junto com Mick perto dela. Tara estava prestes a achar que a mulher tinha um pouco de bondade no corpo, então pensou duas vezes. Ela estava pressionando Mick, garantindo que ele passasse uma boa imagem. Tara revirou os olhos e decidiu voltar mais tarde, mas depois parou quando percebeu que por trás de Liz estavam as crianças de quem ela estava falando enquanto era entrevistada, e que Nathan estava ao lado de Mick.

Nathan estava sendo fotografado junto com várias outras crianças conforme Liz dava a entrevista.

— Essas crianças vêm de origens menos positivas — disse Liz, apontando atrás dela, deliberadamente inclinando a cabeça para o Nathan. — Algumas foram abusadas, outras têm pais que usam drogas. Ou vivem em orfanato, e até mesmo são apenas economicamente desfavorecidas. A entidade e o time criaram este evento para dar a essas crianças algo positivo em suas vidas, quando não tiveram muitas coisas boas para ansiar por um futuro.

Liz virou-se para Nathan e fez um gesto para que ele se aproximasse. Nathan, obviamente, não sabendo o que diabos estava acontecendo, sorriu para Liz e se aproximou. As câmeras focaram nele.

— Está se divertindo bastante hoje? — perguntou Liz.

Nathan, parecendo completamente tímido e pressionado pela câmera, assentiu.

— Uh, sim. Estou me divertindo muito.

E, então, Liz acenou para que Mick se aproximasse, e ele colocou o braço em volta dos ombros de Nathan. A coisa toda fez Nathan parecer ser uma das crianças problemáticas, e que Mick estava oferecendo a mão amiga de herói.

O sangue de Tara ferveu. Mas que desgraçada. Ela ficou parada, com os pés plantados no chão, sem saber o que fazer. Arrancar Nathan dali causaria uma cena e só pioraria a situação, envergonhando Nathan e a si própria no processo. Ela se recusou a dar a Liz essa satisfação. E Mick parecia alheio à coisa toda, atuando com Nathan e com as câmeras como se soubesse exatamente o que estava acontecendo.

Talvez ele soubesse o que estava acontecendo. Ou, simplesmente não ligava.

Certamente, o homem não era assim tão sem noção. Ele estava metido nisso o tempo todo? Ele e Liz trabalhavam estreitamente em conjunto. Sabia toda vez que havia uma manobra publicitária. Certamente Liz tinha falado sobre isso com Mick, então ele tinha que saber.

Começou a sentir náuseas e colocou a mão na barriga. O sol e o conhecimento de que Mick usaria Nathan dessa forma a deixaram tonta. Precisava se sentar, mas se recusava a sair de perto, não quando Nathan estava tão vulnerável.

Felizmente, as câmeras logo se afastaram, e Tara pôde respirar novamente. Ela não queria mais nada além de pegar seu filho e ir embora de uma vez, mas era responsável pelo evento, e não deixaria a entidade na mão. Então engoliu a raiva e manteve o foco pelo resto da tarde, certificando-se de que o evento corresse sem problemas.

Quando a última das crianças subiu no ônibus e tudo estava resolvido, ela pegou Nathan.

— Vamos embora.

Nathan franziu a testa.

— Como? Por quê? Mick disse que vamos sair para comer.

— Não faça perguntas. Nós precisamos ir. Agora.

Mick estava ao lado dela em um segundo.

— O que está acontecendo?

Ela nem sequer conseguia olhar para ele.

— Preciso ir. Precisamos ir.

Ele agarrou seu braço.

— Tara. Qual é o problema?

Ela balançou a cabeça.

— Preciso tirar o Nathan daqui.

— Aconteceu alguma coisa?

Ela ergueu a cabeça, e mal conseguiu encontrar o seu olhar.

— Você sabe o que aconteceu — sussurrou ela. — Como pôde fazer isso?

Seus olhos arregalaram.

— Do que diabos está falando?

Ela balançou a cabeça.

— Não quero falar sobre isso.

Ela se afastou do monte de jogadores, esposas e namoradas, levando Nathan junto.

— Mãe, qual é o seu problema? Por que estamos indo embora?

— A gente já acabou por aqui. — Ela acabou por aqui. Ela e Mick estavam acabados.

Ela passou por Elizabeth e viu o olhar de triunfo em seu rosto.

Sim. Liz ganhou. Finalmente. Tara não queria mais nada com Mick. Com nada daquilo.


Mick jogou as chaves na mesa perto da porta da frente, sentou com tudo na cadeira e pegou o controle remoto. Ligou a tv, precisando de barulho para afugentar os próprios pensamentos, porque tudo o que foi capaz de pensar nas últimas horas tinha sido em Tara.

Ela estava aborrecida. Mais do que aborrecida. Estava furiosa. Com ele. E ele não tinha ideia do porquê. Tentou falar com ela pelo celular. Ela não atendeu, apesar das inúmeras tentativas.

Foi até a casa dela e tocou a campainha, mas também não atendeu, mesmo sabendo muito bem que ela estava lá. Além de derrubar a porta, o que pensou não ser uma boa ideia, não havia muito que pudesse fazer.

Então, agora estava sentado no sofá feito um idiota, passando pelos canais e tentando descobrir o que tinha feito para deixá-la tão brava.

Eles mal tiveram tempo para ficar juntos hoje. Ela esteve ocupada o dia todo com o evento, e fez um trabalho incrível. Ficou tão orgulhoso dela, assim como Irvin Stokes, que veio procurá-la. Mick inventou uma desculpa por ela, dizendo que provavelmente estava resolvendo alguma coisa. No começo do dia, ela estava um pouco estressada, mas sorridente e feliz. E, em seguida, boom – uma catástrofe. Mas ele não disse, nem fez nada para irritá-la. Não a ponto de ir embora tempestuosamente sem uma explicação ou de se recusar a atender suas ligações ou à porta.

Ele não conseguia entender.

Estava passando o noticiário, e estavam mostrando uma reportagem sobre o evento. Mick aumentou o volume para ouvir Liz falando sobre a entidade. Mick se viu, viu Nathan, e algumas outras crianças atrás de Elizabeth enquanto ela falava sobre a entidade. Ele se inclinou para frente quando Liz apontou para Nathan, olhou para ele, em seguida descreveu os problemas que as crianças da entidade enfrentavam, desde o abuso de drogas até todo o resto. E então, Liz trouxe Nathan à frente, depois o Mick.

Que. Porra. É. Essa? Liz usou Nathan como garoto propaganda de crianças prejudicadas. Só faltou pendurar um cartaz no pescoço do garoto. E lá estava Mick, sorrindo e jogando o braço em volta de Nathan, totalmente alheio ao que Elizabeth tinha acabado de fazer.

Filha da puta. Ela usou Nathan. Inferno, ela também o usou. E Mick seria capaz de apostar um ano de seu salário que Tara viu aquilo e achou que eles tinham armado tudo como publicidade e até mesmo planejaram usar Nathan para isso.

Caralho! Ele jogou o controle remoto do outro lado da sala e levantou, esfregando a mão no cabelo. Sabia que Liz era uma mestra na manipulação, mas nunca soube dela indo tão longe assim. Nunca se importou que ela usasse a ele ou uma atriz ou modelo para conseguir uma boa foto promocional, mas uma criança? Cacete, não.

Ele pegou o celular e discou o número de Liz. Mesmo sendo tarde, sabia que ela atenderia.

— O que foi?

— Venha aqui. Agora.

Ela deu risada.

— Estou meio que ocupada, Mick.

— Não estou nem aí se está ocupada. Venha pra cá.

Houve uma pausa.

— Aqui, seria a sua casa?

— Sim.

— Algum problema?

— Você tem menos de uma hora pra chegar aqui.

— Já estou indo.

Ele continuou a andar pela sala, então decidiu preparar algo para beber, percebendo que gostaria mesmo era de uma dose de uísque. Seu estômago revirou, e a necessidade de beber fez suas mãos tremerem.

Ele cerrou os punhos e respirou fundo, depois foi preparar um copo de chá gelado.

Estava no segundo copo quando Elizabeth bateu à porta. Com o copo na mão, foi até a porta e abriu. Ela entrou, cabelo arrumado para cima, brincos reluzindo sob a luz da sala de estar. Usava um vestido chique e saltos altos.

— Você me tirou de um jantar de negócios muito importante, querido. Qual é o problema?

— Que diabos estava fazendo no evento hoje?

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Não tenho ideia do que você está falando. Poderia, por favor, ser mais específico?

Ele deu play na reportagem do jornal local que tinha gravado. Liz assistiu, e então, virou-se para ele.

— Tudo bem. E daí?

— E daí? Está de sacanagem com a minha cara? Você usou o Nathan.

Ela deu de ombros.

— Ele estava lá. Com você. Foi conveniente. Um garoto tão bom quanto qualquer outro.

Mick respirou fundo, nunca esteve tão perto de querer dar um murro no rosto de uma mulher quanto estava agora.

— Elizabeth. Me ouça com bastante atenção. Você prejudicou Tara. E ao fazer isso, você prejudicou Nathan. Colocou o rosto dele erroneamente em rede nacional sem a permissão dela e o usou para promover a mim e ao time. Ela está furiosa. Comigo.

— E daí? Há meses venho te dizendo, e a ela, que esse negócio entre vocês dois nunca vai dar certo. Ela simplesmente não entende. — Ela apontou para a televisão. — Foi uma publicidade maravilhosa. Você com crianças carentes. Grande ângulo emocional. Qual é, Mick. Ótimos pontos extras.

Ele finalmente agarrou os braços dela, querendo sacudi-la tanto, que precisou cerrar os dentes para não fazer isso.

— Não, quem não entende é você. Ela é importante pra mim. O que você pensa, ou quer, não interessa. Eu a amo. E se eu perder a Tara por causa disso, você vai se arrepender. Entendeu, Elizabeth? Tem alguma ideia do quanto eu te odeio pelo que fez? Nesse exato momento, você está a dois segundos de ir parar no olho da rua.

Ele disse as últimas palavras bem alto para chamar a atenção dela, e conseguiu, porque seus olhos arregalaram.

— O quê?

— Resolva essa merda, Elizabeth, ou você já era. Estou de saco cheio de você decidir o que é melhor pra mim e para minha carreira. Você já não sabe o que é melhor pra mim há muito tempo. Se realmente soubesse, teria aberto a porcaria dos olhos nos últimos dois meses e visto o que eu precisava. — Ele a empurrou para longe dele. — Quer saber o que é melhor pra mim? Tara. Ela é melhor pra mim. Nathan é melhor pra mim. Eles me fazem feliz, algo que você, obviamente, não entende, já que não tem um maldito coração.

Ela ficou pálida, sua postura esnobe de sempre pareceu encolher.

Bom. Ele não dava a mínima para o que ela sentia.

— Dê o fora da minha casa agora. Você tem até amanhã para descobrir uma maneira de consertar essa confusão toda, ou vou te demitir. Entendeu?

Ela assentiu, piscando rapidamente para afastar as lágrimas enquanto pegava sua bolsa e se dirigia para a porta.

— Entendi. Vou consertar isso, Mick. Não se preocupe.

Ele segurou a porta aberta, e ela se apressou para sair. Depois a bateu com tanta força que as fotos na parede sacudiram.

Deus, ele nunca quis machucar alguém tanto quanto quis machucar Elizabeth. E nunca na vida pôs a mão em uma mulher. Mas ela o enfureceu e interferiu na vida dele. E ninguém fazia isso e escapava ileso.

Agora, ele tinha que fazer algo para reparar o dano que ela tinha causado.

Danos consideráveis. Talvez irreparáveis.

 

 

20

Tara sentou-se no escuro de sua sala fria com os joelhos puxados até o peito, tentando conter a dor de cabeça que tinha começado na noite passada para não se transformar em uma verdadeira enxaqueca.

Nathan, seu filho – ainda bem – alheio, não fazia ideia do que a tinha feito explodir. E Tara não estava prestes a acabar com a sua alegria a respeito do Mick ao desmascará-lo. Ainda não. Mais tarde, quando estivesse mais forte, quando fortalecesse suas defesas, sentaria com ele e explicaria que as pessoas, às vezes, não eram quem você pensava ser e que, às vezes, não poderiam fazer jus às suas expectativas.

Teria que magoar o filho. Mas seu trabalho como mãe era dar um choque de realidade nele e forçá-lo a sair da bolha de fantasia que ele – eles – tinham vivido nos últimos dois meses. A culpa foi dela por tentar aceitar aquele desafio, de pensar que podia ter tudo – a grande carreira, o filho ótimo, o cara fantástico. Devia saber que não era possível.

Hoje Nathan tinha ido ao último jogo de futebol da pré-temporada. Não tinha porque negar a ele essa alegria, pelo menos uma última vez. Ela cedeu seu lugar para um dos amigos de Nathan, e o pai desse amigo os levou. Ele ia dormir na casa dele, então teve um descanso. Não tinha assistido ao jogo, nem sequer queria pensar sobre futebol.

Só queria se esconder no escuro e não pensar. Infelizmente, tudo o que estava fazendo era pensar, e sua mente estava sobrecarregada. Era pedir muito por algumas horas de sossego?

Uma batida na porta foi a resposta de que, aparentemente, era pedir demais. Levantou da poltrona e foi ver quem era, determinada a não abrir se fosse o Mick.

Não havia ninguém. Estranho... Ela abriu a porta e viu uma caixa que foi deixada ali. Era bem tarde para um serviço de entrega, então alguém deve ter trazido. Não havia nenhum nome na caixa além do dela. Tara fechou e trancou a porta, levou a caixa para a sala, e pegou a tesoura para abri-la.

Dentro havia um dvd com um envelope por cima. Escrito na parte superior, em uma bela caligrafia, estava: Tara, por favor, leia antes de assistir.

Ela abriu o envelope e tirou uma folha de papel de linho, desdobrou e leu a carta escrita à mão.


Tara cerrou os dentes, soltou a carta e empurrou a caixa de lado. Ela se levantou e foi até a cozinha para pegar uma taça de vinho, com o coração batendo duas vezes mais rápido no peito.

Que ousadia daquela mulher em pensar que poderia enviar um pedido de desculpas esfarrapado e esperar que ela aceitasse numa boa. Tara não estava nem aí para o que tinha naquele vídeo. Nada seria capaz de apagar o que Elizabeth tinha feito para Nathan e para ela. Fez aquilo deliberadamente para envergonhar Tara. E ela podia lidar com qualquer coisa que Elizabeth fizesse. Era adulta e podia se defender. Mas trazer seu filho para o meio disso, foi dissimulado, sujo e desnecessário, e totalmente imperdoável.

Outra batida na porta. Tara bateu a taça de vinho no balcão da cozinha com tudo. Apostaria qualquer coisa que era Elizabeth. Cacete, esperava que fosse ela. Adoraria dizer àquela mulher exatamente o que pensava dela.

Ela abriu a porta, e suas palavras ficaram presas na garganta quando viu Mick parado ali.

— O que você quer?

— Cinco minutos.

Droga. Ela ficou na frente da porta, bloqueando a entrada dele.

— Não tem nada que possa dizer que eu queira ouvir.

Ele colocou a mão na parede.

— Cinco minutos. É tudo o que eu quero, Tara.

Ele parecia tão arrasado quanto ela. Meu Deus, queria acreditar que aquela expressão era sincera.

— Cinco minutos.

Tara deu um passo ao lado, ele entrou e ela fechou a porta.

Ela ficou perto da porta, os braços envolvendo a cintura.

— Comece a falar.

Ele se virou.

— Não sabia o que Elizabeth estava fazendo até ver o noticiário ontem à noite.

— Como não sabia o que ela estava fazendo? Estava bem na sua frente. Você puxou Nathan ao seu lado quando ela te apontou.

— Eu sei o que pareceu, mas estava tão barulhento. Nathan e eu estávamos ocupados pegando camisetas e bolas de futebol, jogando conversa fora, e conversando com as crianças e os outros caras, fazendo caretas para as fotos. Não estávamos prestando atenção nas câmeras ou no que a Liz estava fazendo. Pensei que ela estava promovendo a entidade. Não fazia ideia até que assisti ao noticiário. Fiquei horrorizado depois com o que vi na reportagem. E fiquei furioso com a Elizabeth. — Ele caminhou na direção dela. — Nunca, na minha vida, senti vontade de encostar um dedo em uma mulher num momento de raiva até ver aquilo, Tara. Tive que me segurar porque eu queria machucá-la. Eu sinto muito.

Ele estava sofrendo tanto quanto ela.

— Ela me enviou um vídeo.

— O quê?

— Ela me enviou um vídeo e uma carta. Disse que sentia muito. Está na poltrona.

Ele foi até lá, pegou a carta e leu, então olhou fixamente para ela.

— O que tem no vídeo?

Ela deu de ombros.

— Não sei. Ainda não olhei.

— Você quer ver?

— Acho que sim.

Mick colocou o dvd no aparelho. Eram cenas cortadas do evento, com a narração de um importante comentarista esportivo falando sobre como os Sabers – e Mick – doaram-se incansavelmente para a entidade, e o quanto ela se beneficiou com o evento.

Foi como antes, com Nathan e Mick em destaque no vídeo.

Nada havia mudado. Qual era o propósito dela?

Exceto que, a cena seguinte mudou. Com o narrador esportivo falando sobre Mick, a namorada, Tara Lincoln, e o filho de Tara, Nathan, e como eles – de forma altruísta – cederam o tempo deles planejando aquele evento. Ele começou a falar que Tara era uma organizadora de eventos na região e doou seu tempo para a preparação daquele evento. Ele falou sobre Nathan ser um estudante do segundo ano em um colégio local, brevemente descrevendo a escola, e mostrou uma foto de lá e do time. Explicou que Nathan era quarterback, mencionou como havia sido o começo de Mick como quarterback, e passou a fazer comparações entre os dois.

Santo Deus. Nathan ia adorar aquilo.

Tara foi para a sala e sentou-se no sofá, assistindo como Liz tinha transformado algo completamente negativo em positivo e benéfico. Nathan sairia disso parecendo um herói. As lágrimas encheram seus olhos, e ela virou o olhar para Mick.

— Você fez isso?

— Disse a Liz que ela armou essa confusão. De uma forma horrível. Eu a mandei consertar.

— Parece que conseguiu.

— Eu disse que a demitiria, caso não resolvesse.

Tara ergueu a mão à boca.

— Você ameaçou demiti-la?

— Sim.

— Mick, o que ela fez... isso é incrível.

— Ah, mas ela devia isso a você e ao Nathan, que transformasse essa situação toda em algo incrível. Ela não tinha o direito de manipular você e ele dessa forma. Não vou tolerar que qualquer um que trabalhe para mim trate as pessoas que eu amo dessa maneira.

— Pessoas que você... o que foi que disse?

Ele se levantou, foi até ela, e segurou suas mãos, puxando-a para ficar de pé.

— Qual é, Tara. Certamente, a essa altura, já percebeu o que eu sinto por você.

— Não, eu não fazia ideia. Nunca conversamos sobre isso.

— Bem, vamos conversar então. — Seus lábios se levantaram em um sorriso esperançoso.

Meu Deus. Sua mente estava inundada com toda aquela dor, e no que isso poderia significar. No que ela tinha esperança. E no sofrimento que passou hoje. Tudo o que pôde pensar foi na dor e no medo. Ela o empurrou.

— Não, não faça isso. Eu... Não posso, Mick.

Seu sorriso morreu.

— Como? Por quê? Acabei de dizer que te amo.

— Não. — Ela balançou a cabeça. — Não posso fazer isso. Por favor. Você tem que ir embora.

Ele franziu a testa, tentou abraçá-la, mas ela deu um passo para trás, precisando de distância, precisando que ele fosse embora.

— Tara. Vai ficar tudo bem, prometo. Vou garantir que esse vídeo seja transmitido em todos os lugares.

— Não é isso, Mick. Você não entende. Diga a Liz que agradeço o pedido de desculpas, mas você e eu? Não posso mais fazer isso.

Ela se afastou mais ainda, mas ele não permitiria, e continuou se aproximando.

— O que quer dizer com você não pode fazer isso? Eu digo que te amo, e você me afasta? Não consigo entender.

— Nós nos divertimos muito neste verão, Mick. Mas acabou. É só que a sua vida e a minha não combinam. Tenho a minha carreira e Nathan. Você tem a sua carreira. E as duas simplesmente não se encaixam muito bem.

Ela acabou encostada à porta da frente, e ele estava na frente dela agora. Ela não tinha outro lugar para ir. Ele não a tocou, mas seu corpo estava a centímetros do dela.

— A gente se encaixa. Perfeitamente.

Ela negou com a cabeça.

— Não, a gente não se encaixa. Não consigo viver no seu mundo, e nem o meu filho. Sua vida é festas, viagens, capas de revistas e sair no noticiário, e não é isso o que eu quero para o Nathan.

— Não tem que ser assim, Tara. Aquilo foi só a Liz construindo a minha imagem.

— E você precisa disso para a sua carreira. Mas eu preciso de um pouco de sossego. Agradeço tudo o que você fez por mim e pelo Nathan. Agora, só preciso de um pouco de espaço. Nathan vai voltar a estudar em breve, e ele precisa se concentrar nisso, não em seu estilo de vida maluco.

— Pode dar certo.

As lágrimas fizeram seus olhos arderem e ela piscou para afastá-las.

— Por favor, vá embora.

— Você me ama, Tara?

Seu coração se retorceu violentamente quando mentiu para ele.

— Não. Eu me diverti com você neste verão, mas não te amo, Mick.

Ele deu um breve aceno de cabeça.

— Tudo bem.

Tara abriu a porta e ele saiu sem olhar para trás. Ela fechou e trancou, em seguida descansou a cabeça contra ela, ouvindo o som de seu carro ligar e ir embora.

E então, deixou as lágrimas caírem. Estava fazendo a coisa certa. Pelo Nathan e por ela.

Mas por que doía tanto?


Mick sentou-se no vestiário dos visitantes depois do jogo de abertura da temporada. Ele se preparou – mental e fisicamente – e deu tudo de si por seu time. E ganharam, 37x17 sobre o Saint Louis. Deu entrevistas depois do jogo, vestiu a melhor cara de vencedor orgulhoso, relembrou das grandes jogadas, comentou com otimismo a próxima temporada e sobre como achava que seu time ia se sair muito bem. Fez tudo que era exigido da parte dele, e quando os jogadores e mídia saíram, ele deixou tudo desmoronar ao seu redor.

Uma semana depois que Tara o tirou da vida dela, ainda não conseguia deixá-la.

Ele a amava. E, que droga, ela também o amava. Ele sabia disso, e não ia permitir que ela jogasse tudo fora só porque estava com medo.

— O que diabos está fazendo aqui sozinho?

Ele sorriu e se virou, vendo Gavin encostado na parede ao lado da porta.

— Não deveria estar jogando beisebol?

— Meu jogo foi mais cedo hoje, em Kansas City. Então, cheguei tem um tempinho. Ouvi sobre você e a Tara. Sinto muito.

— Mamãe fala demais.

Gavin se afastou da parede e sentou-se no banco ao lado dele.

— Ela se preocupa. Sabe como ela é com a gente. Se estamos sofrendo, ela também sofre.

Mick não disse nada.

— Você a ama?

— Sim.

— Mas ela não te ama.

Mick virou a cabeça para Gavin.

— Ela me ama. Está assustada. Essa coisa toda a deixou apavorada.

— Cara, não sei nada dessa coisa de amor. Ela te ama, por isso te deu um pé na bunda?

— Eu a fiz sofrer.

— A Liz fez.

— Não, foi responsabilidade minha. Devia ter colocado alguns freios em Elizabeth. Ela pensou que qualquer ação publicitária era boa pra mim. Devia ter feito um acompanhamento no que ela estava fazendo. Além disso, sabia que a Liz não gostava da Tara. Não estava concentrado, não prestei atenção. Quando você ama alguém, é seu dever protegê-la. E não cumpri com o meu.

— Não é tudo culpa sua, cara. Você não pode ser tudo para todos.

— É aí que você está errado, Gavin. Devia ter percebido que isso ia acontecer, e não me toquei. Tenho que assumir minha responsabilidade na situação. Só preciso descobrir como endireitar as coisas. E não sei se consigo.

Gavin colocou o braço sobre os ombros de Mick.

— Nunca vi você desistir de nada. E olha que você já fez muita merda na vida.

Mick riu.

— Obrigado.

Gavin deu um sorriso irônico.

— Você sabe o que quero dizer. Saiu do fundo do poço antes, Mick. E se ama Tara, então não desista dela. Se ela está com medo ou magoada, conserte isso.

— Vou tentar. Tenho que tentar. Ela é tudo pra mim.

— Então, pare de ficar sentado aqui feito uma mulherzinha chorona e vá fazer alguma coisa a respeito.

Mick deu risada.

— Obrigado pela conversa encorajadora.

— É por isso que estou aqui.

A porta abriu. Mick e Gavin levantaram as cabeças quando Elizabeth entrou.

— Presumo que está vestido.

Mick cerrou os punhos ao ouvir o som da voz de Elizabeth. Ela não tentou entrar em contato com ele desde aquela noite quando ele ameaçou demiti-la. Sábia decisão.

Gavin virou para Mick e ergueu as sobrancelhas.

— Gavin, não sabia que estaria aqui.

— Só passei para dizer oi para o Mick.

Elizabeth caminhou até eles, parecendo tranquila e bonita como de costume usando um terninho cinza, sapatos de salto alto, o cabelo penteado para trás, e dois brincos de diamante cintilando sob as luzes do vestiário.

— Precisa de carona para o hotel? O ônibus sairá em breve para o aeroporto.

Ele virou para encará-la.

— Não.

— Preciso conversar com você.

— Essa não é uma boa hora.

— É tão boa quanto qualquer outra. — Ela olhou para Gavin. — Posso conversar com seu irmão a sós?

— Qualquer coisa que tem a me dizer pode falar na frente do Gavin.

Gavin levantou, encostou-se aos armários, e cruzou os braços, com cara de quem estava achando aquilo divertido.

Elizabeth olhou de Gavin para Mick. Seu comportamento calmo desapareceu.

— Tá bom, tudo bem. — Ela voltou a atenção para o Mick. — Olha, eu sei que fiz besteira. Desculpa. Você viu o programa? Resolvi as coisas.

— Resolveu. Tara agradeceu.

Ela respirou profundamente.

— Fico feliz. Sinto muito, Mick. Não vai acontecer novamente. Sempre tive interesse de fazer o que é melhor para a sua carreira, de ver você chegar ao topo.

Ele fechou o zíper da bolsa, e depois olhou para ela.

— Você sempre foi interessada em garantir que seus clientes ganhassem muito dinheiro, em troca, também ganharia muito. Quer que seus clientes sejam os melhores porque faz você parecer boa. Francamente, Liz, não tenho certeza se está mais interessada em fazer a gente parecer bom, ou a si mesma.

Ela empalideceu.

— Isso não é verdade. Só quero o que é melhor pra você.

— Se você se preocupasse com o que era melhor pra mim, teria sabido que Tara era bom pra mim. Teria se importado com o que eu sentia por ela. Teria se preocupado com o bem-estar do Nathan. Tudo com o que se importou foi em tirar Tara e Nathan da minha vida para que pudesse empurrar a próxima atriz ou modelo nos meus braços para uma manobra publicitária.

Ela colocou a mão sobre o peito.

— Não. Eu me importo com você, Mick. Sempre me importei. Posso não ter feito isso da maneira certa, mas você é importante pra mim. E Gavin. E todos os meus clientes.

— Mentira. Você ama o dinheiro, o prestígio e o poder. Não dá a mínima para os seus clientes. E com certeza não tá nem aí pra mim, Elizabeth.

Mick pegou a bolsa e olhou para Gavin.

— Me dá uma carona até a casa dos nossos pais? Mais tarde pego um avião para casa. Pensei em passar para uma visita.

Gavin assentiu.

— Claro.

Ele seguiu para a porta, parando na frente de Elizabeth.

— De acordo com o meu contrato, tenho que te notificar trinta dias antes de dispensá-la. Considere-se avisada. Você está demitida, Elizabeth.

Liz arfou.

Mick saiu, deixando Gavin sozinho com Liz.

Ela se sentou no banco, o queixo encostado no peito.

Gavin não sabia o que dizer para fazê-la se sentir melhor. Inferno, ela provavelmente não merecia se sentir melhor. Ela tinha ferrado as coisas para seu irmão, Tara e Nathan. Ela merecia aquilo.

Ela levantou a cabeça e lágrimas brilhavam em seus olhos.

Elizabeth era a mulher mais durona que ele já tinha conhecido. Nada a abalava. Em todos os anos em que a conhecia, ele nunca a tinha visto chorar.

— Não queria que isso tivesse acontecido — disse ela, sua voz quase um sussurro. Gavin não sabia nem dizer se ela estava falando mesmo com ele.

— Não, imagino que não queria. Vai sofrer um baque ao perder Mick como cliente.

Ela fez que não com a cabeça.

— Não quis dizer por isso. Não tive a intenção de fazê-lo sofrer, Gavin. Ele não é só um cliente. É meu amigo e tem sido por muito tempo. Ou... era meu amigo. Agora não é mais. Perdi clientes antes. Perder a amizade dele vai me machucar mais do que qualquer coisa.

Ela levantou o olhar para ele, o brilho das lágrimas fazendo-o sentir um aperto por dentro.

— Não tenho muitos amigos. — Ela soltou uma suave risada. — Acho que estou começando a entender o porquê.

Ela se levantou e chegou perto dele, seus olhos azuis pareciam piscinas cristalinas. O corpo dela chegou tão perto que os seios roçaram o peito dele. Levantou uma mão trêmula até seu rosto e passou os dedos no queixo dele, depois traçou o lábio inferior com a ponta do dedo.

— Por via das dúvidas — sussurrou ela, em seguida, ficou na ponta dos pés e roçou os lábios nos dele. Sua boca era suave, e a ponta da língua tocou a dele. Foi um beijo leve, com a promessa de mais.

Ele teve que resistir ao impulso de puxá-la contra ele e esmagá-la com seu corpo, de aprofundar o beijo. A súbita necessidade de tê-la, de prová-la inteira, o baqueou.

Ah, sim. Ele queria mais. Estendeu a mão para ela, mas ela recuou e os lábios levantaram.

— Sempre quis fazer isso — disse ela, e então virou e saiu pela porta.

Diabos. O que foi aquilo?

E por que é que ele queria ir atrás dela? Por que queria puxá-la em seus braços e ir além daquele beijo?

Por que ele se importava?

Ele soltou um suspiro e saiu para alcançar Mick.


Mick pensou que seus pais estariam dormindo quando ele e Gavin entraram.

A casa estava quieta e escura.

— Vai ficar? — perguntou a Gavin enquanto usava sua chave para abrir a porta da frente.

Gavin deu de ombros.

— Talvez. Para dar apoio moral.

Mick arqueou uma sobrancelha.

— Você nunca fica aqui. Tem a sua casa.

— Nunca disse que ia passar a noite no meu antigo quarto ou algo assim. Sabe como é. Muita conversa sobre coração e família é sufocante. — Gavin passou por ele e seguiu pelo corredor. — Preciso de uma cerveja.

Mick balançou a cabeça e seguiu Gavin até a cozinha.

— O que você quer? Refrigerante ou água?

— Refrigerante.

Gavin jogou uma latinha para ele.

Mick batucou o topo da lata, enquanto Gavin abria a tampa da garrafa de cerveja e tomava longos goles.

— Então dispensou a Elizabeth. É melhor espalhar a notícia de que precisa de um novo agente imediatamente.

Mick abriu seu refrigerante e tomou um gole.

— Sem pressa. Estou tranquilo por algum tempo. Não preciso de abutres derrubando a minha porta enquanto estou ocupado tentando jogar futebol. Além disso, preciso resolver minha vida pessoal primeiro. O agente pode esperar.

— Acho que sim. Liz parecia devastada.

Mick deu de ombros.

— Ela vai superar.

— Quer que eu também a dispense?

— Não, a menos que ela te irrite.

Gavin tomou um longo gole de cerveja, então um sorriso levantou seus lábios.

— Me irritar não é a descrição que eu usaria.

— Achei que tinha ouvido vozes. Ah, e olha, são meus dois garotos.

— Oi, mãe. — Mick levantou-se e deu um abraço de urso em sua mãe.

Ela se aproximou, abraçou e beijou Gavin, depois sentou-se à mesa.

— O que está fazendo aqui? Pensei que teria que voltar a São Francisco logo depois do jogo.

— Problemas com mulheres — comentou Gavin.

Mick deu um olhar mordaz para ele.

— Ora, mas é verdade, não é?

— Nossa. Ainda não se acertou com a Tara?

— E ele demitiu a Liz também.

Mick revirou os olhos.

— Quantos anos você tem... oito?

Gavin deu um sorriso presunçoso. Os olhos da mãe de Mick arregalaram.

— Você demitiu a Elizabeth? Por quê?

Gavin abriu a boca, mas Mick levantou a mão.

— Cala a boca. Deixa eu falar. — Gavin fechou a boca.

— Ela fez uma coisa que eu não gostei. Algo que ofendeu Tara e o Nathan. Foi a gota d´água.

— Entendo. — Sua mãe cruzou os braços. — Quer conversar sobre isso?

Mick olhou para Gavin, que não se mexeu para sair.

— Gavin, me deixa conversar com Michael a sós.

— Ah, tudo bem. Perco a parte boa de todas as coisas. — Ele deu um beijo no rosto de sua mãe. — Vou pra casa.

Ela tirou a garrafa de cerveja de suas mãos.

— Quantas já tomou?

— Jesus, mãe, já tenho vinte e nove anos, não dezesseis. Só tomei alguns goles.

— Então pode ir. Amo você.

— Eu também te amo. — Gavin bateu no braço de Mick quando estava passando. — Me ligue se precisar.

— Obrigado, Gavin.

— Então, o que aconteceu com a Tara?

Mick contou os detalhes do que aconteceu no evento e depois quando foi conversar com ela.

— Acha que ela te ama?

— Sim.

Ela colocou a mão em cima da sua.

— Ela está com medo.

— Eu sei.

— E o que vai fazer a respeito?

— Não posso fazê-la aceitar o meu estilo de vida, mãe. É um compromisso bem pesado. E ela tem a própria carreira. E o Nathan.

— Ela é uma mulher forte. Consegue aguentar. Você precisa dar um tempo pra ela.

— Não sou muito bom em deixar as coisas acontecerem. Sou proativo. Gosto de ir atrás do que eu quero.

Seus lábios se contraíram.

— Eu sei. Sempre foi aquele que fazia as coisas acontecerem. Desta vez, acho que você precisa esperar e deixá-la refletir por um tempo. Se ela te ama como você diz, ela virá até você.

— Mas...

Ela apertou a mão dele.

— Deixa-a vir te procurar, Michael. Não a pressione, ou ela vai se sentir encurralada. Ela sabe que te ama. E sabe que você a ama. Deixe que ela perceba isso.

— Vou tentar.

Sua mãe lhe deu um sorriso de quem sabe das coisas.

— Faça isso.


Tara deu os retoques finais em sua proposta, salvou o arquivo, carregou no e-mail, e apertou enviar, fazendo uma fervorosa oração aos deuses dos negócios para que a proposta fosse aceita.

Era um cliente grande e ia entrar muito dinheiro para a sua empresa se fosse aprovado. Agora, só tinha que torcer para que desse certo.

Pegou a ficha desse cliente em potencial, junto com outras que cobriam a sua mesa, e foi até o arquivo guardar a papelada, o que já estava passando da hora. Trabalhou sem parar nas duas últimas semanas, tentando voltar ao ritmo do trabalho. Não fez nada além de trabalhar. Isso e o começo das aulas de Nathan, o que felizmente o manteve ocupado com os treinos de futebol, reuniões do time e cumprindo horários.

Ele não estava nem um pouco feliz com ela, levou o término do relacionamento com o Mick para o lado pessoal, e voltou à sua antiga atitude mal-humorada, embora ele, o treinador e o time tenham amado a matéria transmitida e impressa nas revistas sobre ele e o time. O treinador foi pessoalmente agradecer a Tara por colocar o time em evidência, mesmo que ela não tivesse tido nada a ver com aquilo. O treinador perguntou se Mick seria capaz de ir a qualquer um dos jogos das sextas à noite, e pareceu desapontado quando contou que ela e Mick já não estavam mais juntos.

Era ela quem estava namorando Mick. Não Nathan, ou seus amigos, e nem o treinador dele ou o time. Portanto, todos teriam que simplesmente lidar com aquilo. Mick estava fora de sua vida. Fora da vida deles. Todos superariam essa situação, mais cedo ou mais tarde.

Até mesmo ela devia superar isso. Um dia.

Depois que terminou de arquivar os papéis, voltou à mesa para pagar algumas contas que vinha ignorando continuamente nos últimos dias.

A porta se abriu e Karie, Ellen e Maggie entraram, com as expressões determinadas.

— Vá embora — disse Maggie.

As sobrancelhas de Tara levantaram.

— Como?

— Você me ouviu. É quinta-feira, seis horas da noite, e o primeiro jogo de Nathan começa em uma hora. Vá pra casa, troque de roupa e vá para o jogo.

Ela ergueu o olhar para o relógio na parede.

— Vou chegar a tempo para o jogo. Só tenho algumas coisas pra fazer aqui.

— O que quer que sejam essas coisas, pode esperar — respondeu Ellen.

— Contas nunca podem esperar, e eu as deixei de lado porque estava ocupada com outras coisas.

Maggie caminhou decidida até a mesa e arrancou as contas de lá.

— Pode deixar que eu pago as malditas contas. Agora vá. Tem trabalhado sem parar desde que terminou com o Mick. Não pode se esconder aqui para sempre.

— Não estou me escondendo. Estou focando minha atenção na empresa. Que, devo acrescentar, paga os seus salários.

Karie foi atrás dela e puxou a cadeira para trás.

— Estamos profundamente agradecidas. Agora, vá pra casa.

— Quem manda aqui sou eu. Poderia demitir todas vocês.

Ellen estendeu a sua bolsa.

— Você não nos demitiria. Nós somos a alma da empresa. Você acabaria em posição fetal e chupando o polegar sem a gente.

Tara bufou.

— Você provavelmente está certa.

Ela saiu do escritório, virou-se, e todas as três funcionárias – amigas – guardavam a porta do escritório.

— Boa noite.

— Tchau — disseram elas.

Tara revirou os olhos e saiu, voltou para casa, e rapidamente trocou de roupa; jeans e camiseta do time de Nathan. Ela pegou um suéter, sabendo que esfriaria com o pôr do sol, então dirigiu para o estádio do colégio, estacionou, e foi em direção ao campo do time de juniores.

Nathan ia começar o jogo esta noite e estava nervoso e empolgado. Apesar de estarem se estranhando nas últimas semanas, ele ainda a procurou nas arquibancadas, deu um pequeno sorriso quando a viu sentada na terceira fileira de frente à linha de quarenta jardas. Ela deu um pequeno aceno, e então ele se afastou para fazer o aquecimento no campo junto com o time.

Foi igual quando assistiu o primeiro jogo de Mick. Seus dedos enrolaram nas palmas das mãos e ela teve que se esforçar para relaxar quando, depois do kickoff, seu filho foi para trás do center e fez a contagem para a jogada. O center passou a bola para as mãos de Nathan e, em vez de passar a bola para um running back ou fazer um passe para um receptor, Nathan viu o buraco que a linha ofensiva tinha deixado aberto no meio e correu por ele.

Minha nossa. Corre, Nathan, corre!

Tara ficou com a respiração presa por nove jardas até que Nathan deslizou e foi soterrado por três tacklers. Ela não respirou até que ele se levantou, sorriu, e foi se reunir com os jogadores para armar a próxima jogada. Só então ela soltou o ar em meio aos gritos enlouquecidos.

Espertinho. Ele se achava superágil, hein? Nunca o tinha visto fazer aquilo antes.

Na metade do último quarto, a pontuação estava apertada. O time com quem estavam jogando chegou aos playoffs – etapa eliminatória para as finais – no ano anterior, portanto, eram bons. Mas o time de Nathan tinha mostrado uma série de melhorias e estavam jogando com afinco, porém estavam seis pontos atrás. Tara teve que desviar a atenção do jogo para o placar, roendo uma unha, arruinando-a e torcendo para que o tempo não acabasse antes que Nathan pudesse avançar com o time e marcar de novo, e que a defesa pudesse impedir que o time adversário marcasse mais pontos.

Ainda restavam dois minutos e meio quando a defesa segurou a bronca e a bola voltou para as mãos de Nathan. Tara podia imaginar a pressão que ele sentia para manter o time no jogo. Era isso que Mick passava em todos os jogos? Devia deixar a mãe dele maluca.

Pare de pensar em Mick. E na família dele.

Ela sentia falta de Kathleen, gostaria de poder manter contato. De poder aproveitar dos conselhos dela sobre a situação toda, mas seria inapropriado demais ligar para Kathleen para conversar sobre o filho dela. O filho que Tara tinha dispensado.

Afastou os pensamentos de Mick e se concentrou em Nathan. A primeira descida foi uma corrida e conseguiram andar cinco jardas. Tara puxou e soltou o ar, tentando acalmar o coração.

A segunda descida foi com um passe curto para o wide receiver – receptor que correu para o first down. Ela pulou para cima e para baixo e abraçou uma das mães. Eles estavam na linha de quarenta jardas do lado deles do campo agora, e a terceira descida com uma corrida de vinte e cinco jardas do running back os colocaria no terreno adversário.

O coração de Tara estava acelerado. Não conseguia imaginar o que Nathan estava sentindo. Ele parecia seguro e calmo quando lançou um longo passe para o seu wide receiver, que correu todo o caminho até a linha de quinze jardas antes de ser derrubado. Seu coração foi parar na garganta quando as próximas segundas descidas não saíram do lugar. Terceira descida e quarenta e cinco segundos no relógio. Nathan estava no shotgun, segurou a bola que o center mandou, recuou à sua esquerda – e nada. Ficou no pocket, virou para a direita, viu seu tight end – jogadores da linha ofensiva no meio do campo –, e lançou um foguete para o tight end, que correu para a endzone para marcar o touchdown.

Meus Deus! Eles marcaram. Gritos irromperam. Tara berrou, gritou o nome de Nathan, e explodiu em lágrimas. Foi o melhor jogo de todos os tempos. O ponto extra os colocou à frente, e embora o outro time tivesse recuperado a bola, o tempo acabou, e o time de Nathan venceu.

Nenhuma vitória poderia ter sido mais doce. Tara não se importou que foi apenas o primeiro jogo da temporada; ainda assim foi o melhor jogo que já tinha visto o filho jogar.

Depois do jogo e todas as celebrações, Tara desceu no campo. Ela esperou enquanto ele conversava com alguns dos estudantes, incluindo uma garota – uma jovem líder de torcida do time de juniores. Muito bonita, com o cabelo escuro puxado em um rabo de cavalo bem alto. Quando Nathan a viu, sorriu, e ela sentiu o coração apertar porque ele parecia um garotinho de novo.

Ele já não era mais o seu garotinho, no entanto. Estava crescendo, e estava na hora de dar um pouco de espaço a ele. Tara foi até Nathan e o abraçou.

— Que jogo incrível você fez.

Ele sorriu.

— Obrigado, mãe. Esta é a Carla.

— Oi, Sra. Lincoln.

— Senhora não, pode me chamar de Tara. Prazer em conhecê-la, Carla.

— Ah. Tudo bem. Nathan jogou muito bem, não jogou?

— Jogou.

— Humm, algumas pessoas do time estão indo para a casa do treinador numa festa depois do jogo, vamos comer pizza — disse Nathan. — Tudo bem se eu for? E queria dormir na casa do Bobby. Os pais dele disseram que não tinha problema.

Tara olhou para os pais de Bobby, que acenaram, assentindo. Ela acenou de volta.

— Por mim, tudo bem. Vou falar com os pais dele. Divirta-se.

— Obrigado, mãe.

Tara teve uma breve conversa com os pais de Bobby, que lhe asseguraram que buscariam Bobby e Nathan na casa de treinador depois da festa. Tara pegaria Nathan amanhã à tarde, então estava tudo resolvido.

Ela se virou para ir embora, mas parou no meio do campo, o coração disparado, quando viu Mick. Ou pelo menos, pensou tê-lo visto. Seria muito difícil não notar sua presença, já que era tão alto, e ela tinha memorizado seu rosto e não esqueceria a fisionomia até o dia em que morresse. E mesmo que estivesse escuro, as luzes do estádio ainda estavam acesas. Ele escapou pelo lado oeste das arquibancadas e desapareceu no meio da multidão, deixando o estádio. Ela o seguiu, acelerando o passo conforme saía do gramado, passando a arquibancada onde o tinha visto levantando e saindo para o estacionamento, junto com um monte de pessoas que também estavam indo embora.

Subiu num canteiro de jardim e examinou a multidão, pensou ter visto o suv preto dele saindo do estacionamento.

Obviamente, estava imaginando coisas. Por que Mick estaria aqui?

Tinha dito a ele que nunca mais queria vê-lo. Ele não entrou em contato com ela nenhuma vez nas últimas duas semanas. Ia jogar no domingo. Este era um jogo de colegial local. Sem cobertura da imprensa. Não tinha razão nenhuma para estar aqui.

Ela era uma idiota. Tinha se esforçado tanto para afastar o Mick da cabeça.

— Mãe?

Olhou para baixo e viu Nathan, Carly, Bobby, e os pais de Bobby boquiabertos enquanto ela estava parada ali feito uma palerma no canteiro.

— Oh. Oi.

— O que está fazendo aí em cima, mãe?

— Uh, é que eu pensei ter visto alguém que conhecia.

Um dos lados da boca de Nathan levantou.

— Não era o Mick?

Ele segurou sua mão para ela pular.

— Não. Por que acha que é ele?

— Dã, mãe. Porque ele estava aqui.

— Estava? E como é que você sabe?

— Porque eu o convidei para o jogo. — Nathan virou-se para Carly e Bobby. — Encontro com você daqui a pouco.

Nathan olhou para o chão depois que os seus amigos saíram. Tinha alguma coisa que ele não estava dizendo.

— Nathan?

Ele finalmente ergueu o olhar para o dela.

— Olha, não queria que ficasse toda maluca... uh... brava comigo por causa disso. Liguei pra ele e perguntei se queria assistir o meu primeiro jogo. E ele disse que adoraria. Deixei um ingresso pra ele. Ele veio no vestiário antes do jogo, conversou com o pessoal. Nada demais, tá bom?

— Você sente falta dele.

Nathan deu de ombros.

— Só pensei que talvez ele fosse querer me ver jogar.

Lágrimas fizeram seus olhos arderem. Meu Deus, esse garoto precisava de um homem em sua vida.

— Sinto muito, Nathan. É por isso que não saio com ninguém.

— Nem vem como esse papo furado. Pare de me usar.

Seus olhos arregalaram.

— Como é que é?

— Você continua colocando a sua vida de lado por minha causa. Não deixa ninguém se aproximar de você por minha causa.

— Não é verdade.

— Você ama o Mick. Não ama?

Ela abriu a boca para negar, mas depois parou.

— Não precisa dizer nada. É óbvio que praticamente chora todas as noites até pegar no sono. Não sei por que está sendo tão infantil sobre isso, mãe. Você o ama. Ele te ama. Simples, não é?

Ela esfregou as têmporas.

— Não, Nathan. Não é simples assim.

— Então, me diz qual é o problema.

— O problema é entre mim e o Mick, e não é da sua conta.

— Por que não para de me tratar como se eu fosse uma criança e começa a me tratar como se, talvez, eu fosse capaz de lidar com alguns problemas de adultos? Estarei sempre aqui por você quando a mer... quando coisas ruins acontecerem. Não tem que deixar a vida perfeita pra mim. Sei que coisas ruins acontecem. Sei que teve uma merda – bem, vou falar assim mesmo – uma merda de vida quando era mais nova. Isso não significa que tem que procurar o ruim em cada coisa e pessoa. Nem todo mundo é assim. Mick não é assim.

Ela levantou a mão.

— Tá bom, espere um pouco.

— Não. Não vou esperar. E acho que você também não deve esperar mais. Colocou sua vida de lado por mim. E eu, realmente, entendo isso. E agradeço. Mas não sou mais um bebê. Deixe rolar, mãe.

Ela ficou parada, sem palavras, olhando para seu garotinho que cresceu e agora estava dando conselhos a ela.

— Acho que você cresceu. Peço desculpas.

— Não peça. Mas pare de me usar como desculpa para não fazer o que realmente quer.

Ela respirou, lenta e profundamente.

— Acha que tenho feito isso?

— Nem sempre. Mas com Mick? Sim. Pare com isso.

Ela assentiu, abismada com o filho, que de alguma forma, tinha crescido quando ela não estava olhando.

— Tudo bem. Vou parar com isso.

— Eu também gosto dele, mãe.

Ela respirou fundo, e percebeu que não era a única a amar o Mick.

— Eu sei que você gosta.

— Ele não é um cara ruim.

— Não, ele não é.

— Mesmo se vocês não voltarem a ficar juntos, eu quero ser amigo dele. Tudo bem pra você?

Ela sentou-se no canteiro do jardim e segurou as mãos de seu filho. Surpreendentemente, ele a deixou segurar.

— Sim, isso seria bom. Não consigo pensar em ninguém que seja melhor para estar em sua vida do que o Mick.

Nathan a puxou para um forte abraço que trouxe uma onda de lágrimas aos olhos.

— Eu te amo. Tenho que ir. Tchau.

— Tchau.

Ela riu através das lágrimas enquanto ele corria até seus amigos.

— Vá procurar o Mick e diga que você o ama — gritou Nathan quando estava no meio do estacionamento.

Tara ficou mortificada, mas os garotos deram risadas, e os pais de Bobby apenas acenaram e abanaram a cabeça.

Ah, sim, claro, seu filho fez um discurso épico sobre a maturidade e o amor em cima dela, e então, fugiu para comer pizza. Ele entendia tudo tão facilmente, quando ela claramente não entendia.

Jovens. Com certeza ela não era assim tão inteligente quando tinha a idade dele.

Entrou no carro e o ligou, em seguida fez o retorno para casa, dirigiu uma quadra e, de repente, pegou a saída para a rodovia.

Nathan estava certo. Estava na hora de parar de ser medrosa e inventar desculpas.

Ela sabia o que queria, e estava na hora de ir atrás disso.

 

 

21

Mick tinha acabado de sair do chuveiro quando ouviu a campainha.

— Merda. — Agarrou uma calça e se enfiou nela, subindo o zíper enquanto descia as escadas, praticamente voando. Ele pediu uma pizza, imaginando que ainda teria pelo menos uma hora antes de ela chegar.

Pegou a carteira e abriu a porta.

Não era o entregador de pizza. Era Tara.

— Oh. Pensei que fosse a pizza que eu pedi.

Ela engoliu, a garganta trabalhando enquanto repetia o movimento.

— Nada de pizza. Desculpa. Posso entrar?

— Claro. — Ele abriu espaço para ela passar e fechou a porta. — Eu estava no banho.

— Percebi. — O olhar dela percorreu o peitoral dele e desceu, e, maldito pênis por ter notado que ela não desgrudou o olhar por ele não ter se preocupado em abotoar a calça.

— Quer beber alguma coisa?

— Pode ser água.

Ele foi até a cozinha e serviu copos para os dois, arrastando os dedos pelo cabelo ainda molhado antes de sair da cozinha.

— Obrigada.

— Sente-se.

Ela sentou, tomou alguns goles e colocou o copo na mesa de centro.

— Você foi ao jogo do Nathan hoje à noite.

— Ele me convidou. Tentei ficar fora do seu campo de visão, achei que não ficaria feliz se soubesse que eu estava lá.

— Sobre isso...

— Olha, eu fiquei escondido. A imprensa não estava lá. Eu mandei a Liz embora, assim ela não vai te incomodar mais.

Ela o olhou surpresa.

— Você despediu a Elizabeth?

— Sim.

— Por quê?

— Você sabe porquê.

— Mick. Espero que não tenha feito isso por minha causa.

Ele sentou-se na poltrona.

— Em parte por sua causa. E outra por mim e pelo o que eu quero da minha carreira. E o que eu não quero mais.

— O que você não quer mais?

— Não quero toda atenção da mídia, todas aquelas modelos e atrizes e pré-estreias e outras coisas.

— E o que você quer?

— Quero jogar futebol enquanto meu corpo aguentar e eu puder fazer um bom trabalho. E eu quero uma esposa. Um filho. E, talvez, mais um.

Ela engoliu em seco.

— Uma família já pronta, hein?

Sua voz tinha ficado rouca. Havia lágrimas em seus olhos. Ele passou para o sofá.

— Sei o que eu quero desde aquela noite, meses atrás, quando conheci uma linda mulher em um salão de festas. Ela era perfeita para mim.

Ela piscou, e seus olhos suavizaram e escureceram.

— É mesmo?

— Sim. Sabia que havia algo especial nela. Naquela época, não sabia exatamente que queria me casar com ela, mas agora eu sei. Eu amo você, Tara.

Tara ergueu o olhar para ele.

— Naquela noite, também sabia que havia algo especial em você. Mas estava com medo. Nunca tive sorte no amor.

Ele inclinou o queixo dela com os dedos.

— Está na hora de mudar a sua sorte.

Ele roçou os lábios nos dela, e ela suspirou. Ele a pegou nos braços, tão feliz por ela ter vindo até ele, que seu coração parecia que ia sair do peito de tanto que estava acelerado.

Ele não estava acostumado a fortes emoções, mas sentiu seus olhos se encherem de lágrimas. Ele os fechou e se concentrou na forma como Tara o fazia se sentir. Feliz. Perfeito.

E quando o corpo dela tocou o dele, tudo o que sentiu foi paixão. O cabelo dela roçou em seu braço, e ele ergueu a mão para acariciá-lo, enredar os dedos através dele, e dar um leve puxão. Ela gemeu contra ele e afastou seus lábios dos dele.

— Eu te amo. Senti saudades de você. Fui tão idiota.

Ele colocou o dedo em seus lábios.

— Isso acabou agora. O passado é sempre o passado. Você só tem que pensar no futuro. — Ele a puxou para o seu colo. — Vou fazer amor com você, então vamos conversar sobre esse futuro. Senti falta de estar dentro de você.

Ela segurou seus braços.

— Meu Deus, senti falta disso também.

Ele tirou o suéter e a camiseta dela, deitou-a no sofá, e lambeu a curva acima dos seios. Sentir o gosto dela o fez incendiar, a necessidade de sentir os mamilos duros na língua aniquilando o desejo de levar as coisas devagar. Ele abriu o sutiã e o tirou, então os colocou na boca, rolando a língua sobre os botões duros até que ela arqueou e os ofereceu a ele. Ele chupou e lambeu, e ela se contorceu; seu pênis estava prestes a estourar o zíper da calça.

Ele tirou o jeans dela, já sentindo o cheiro doce de seu desejo.

— Está molhada pra mim?

Ela o olhou.

— Tudo o que eu venho fazendo é pensar em você, sonhar com você. Tudo o que eu quero é que você me coma intensamente até eu gozar.

Ele a deixou apenas tempo suficiente para pegar um preservativo, jogou-o em cima da mesa, mas primeiro precisava saboreá-la. Desceu a calcinha, sua umidade brilhando sob as luzes da sala. Ele usou o polegar para traçar onde os lábios da boceta se encontravam, amando como ela estremecia ao seu toque. Quando deslizou o dedo dentro e se inclinou para capturar o clitóris entre os lábios, ela gritou, contraindo-se.

— Ah, minha nossa, Mick, não vou aguentar muito.

Não queria que ela esperasse. Queria que ela gozasse, queria saborear seus fluidos. Ele pressionou a língua no clitóris e a arrastou por seus lábios macios, mantendo o dedo bombeando dentro, em seguida levou os lábios sobre o clitóris e chupou.

— Oh, meu Deus, oh, meu Deus, Mick. — Ela rebolou em sua boca conforme ele engolia seu gozo, tirando os dedos para sugar todos os fluidos enquanto ela estremecia. Depois ele se afastou só para abaixar a calça e colocar o preservativo. Abriu as pernas de Tara e avançou em seu interior, precisando fodê-la com força, mas precisando saborear aquele momento, porque ele a amava, e foi como a primeira vez.

Com Tara, sempre seria como a primeira vez.

Era perfeito.


Tara observou as emoções passarem pelo rosto de Mick, da paixão à quase dor quando ele entrou nela. Ela amava tanto esse homem que mal podia conter a alegria. O prazer que ele lhe deu não tinha limites. Ela ergueu-se nele, ainda pulsando com o orgasmo. A boceta apertando o seu pau enquanto crescia dentro dela e lhe tirava sensações impossíveis a cada impulso.

Ela agarrou seus braços enquanto ele se movia devagar e calmo no começo, mas depois acelerou o ritmo, rebolando os quadris no clitóris e esfregando-se nela até que escalou o precipício de novo. Ele a levava ao limite e recuava, dando aquele sorriso perverso – que dizia saber exatamente onde ela estava –, mas que ainda não ia deixá-la gozar.

— Cretino.

— Você me ama.

— Sim, amo. Agora, me deixe gozar.

Ele caiu em cima dela e a beijou, um beijo de fazer os ossos derreterem, a língua deslizando na dela, os dedos dele enterrados em seu cabelo, o corpo conectado ao dela da forma mais íntima. Não havia uma parte dele que não estava tocando a dela, de seu pau à boca e ao coração.

Era perfeito.

E quando ela gozou, gritou contra seus lábios, e ele gemeu em sua boca, e foi o som mais doce do amor que a fez rir e chorar e pensar que a vida era simplesmente maravilhosa, e ela quase tinha jogado tudo fora.

Depois, comeram pizza e se aconchegaram no sofá.

— Quer um casamento grande?

Ela se virou para olhar para ele.

— Não faço ideia. Nunca pensei nisso.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Você é mulher. Todas as mulheres pensam nesse tipo de coisa. E, além disso, você é organizadora de eventos.

Ela deu de ombros.

— Nunca pensei que me casaria um dia.

— Você vai casar. Planeje um grande casamento.

— Não tenho família. Exceto Nathan, é claro.

— Você tem a minha família. Eles são sua família agora. E são muitos. E ainda tem o time. Também são muitos. E vários amigos.

— Acho que devo começar a lista de convidados.

Ele beijou a ponta do nariz dela.

— Acho que deve.

Mick pegou sua bebida e tomou um longo gole.

— Você realmente quer um filho?

Ele virou o olhar para ela.

— Você quer?

Ela sorriu para ele, lembrando-se do que sentiu ao segurar aquele bebê.

— Pensei sobre isso.

— Adoraria outro garoto igual ao Nathan. Ou talvez uma menina como você.

Seu coração aqueceu, e ela se aconchegou nele.

— Não tenho nenhuma ideia do que fiz para merecer alguém como você.

— Apenas sorte, acho.

Ela empurrou o ombro nele, e ele riu.

— Quem tem sorte sou eu, Tara. Tenho você; tenho o Nathan. Tenho uma vida perfeita. Obrigado.

Ela levantou-se e o beijou, um beijo longo e demorado.

— Mmmmm, pepperoni. Perfeito, sem dúvida.


O que vem por aí...

Virando o Jogo

Série Play by Play – livro 02

 

Gavin Riley sabia que Elizabeth Darnell o estava evitando nos últimos meses. E sabia o porquê.

Estava com medo de que ele a dispensaria como fez seu irmão, Mick.

Ah, claro, tirando o fato de Mick ser jogador de futebol americano e Gavin, beisebol, eles se assemelhavam em diversas maneiras. E como Mick era mais velho que Gavin, muitas pessoas achavam que ele seguia os passos do irmão, principalmente em assuntos relativos aos negócios. Afinal, Mick havia contratado Elizabeth primeiro e Gavin seguiu o exemplo.

Mas as pessoas pensavam errado. Gavin tomava as próprias decisões sobre os negócios e não repetia tudo o que o irmão fazia. Mesmo Liz tendo se metido na vida pessoal de Mick, feito mal à namorada dele e ao filho dela, e feito quase tudo humanamente possível para irritar seu irmão. Ela pode até ter se desculpado e resolvido as coisas com Mick, Tara e o filho, Nathan, mas meio que “um pouco tarde demais”.

Havia coisas que um agente esportivo fazia que tinha muito valor para a carreira de um atleta. Mas atrapalhar a vida amorosa podia ser o fim de carreira de um agente.

Liz jamais se envolveu na vida amorosa de Gavin. Na verdade, ela jogava as mulheres em cima dele feito uma cafetina. Mulheres bonitas. Atrizes, modelos, o tipo de mulheres que o faziam ser bem visto. Gavin não tinha do que reclamar. De fato, Liz tinha feito o mesmo por Mick até ele se apaixonar por Tara Lincoln e pôr um fim na história de ela arrumar mulher famosa para ele, alegando publicidade. Mas Liz tentou tirar Tara e o filho dela da vida de Mick, o que resultou em sua demissão.

E era por isso que ela estava evitando o Gavin, sem dúvida, com medo de que ele tenha ficado do lado de Mick, ao ponto de fazer o mesmo – o que Gavin achou bastante divertido. Elizabeth tomava conta de seus clientes com extremo cuidado, e o completo silêncio dela era o mesmo que desistir e deixar que os abutres atacassem e dominassem sua propriedade.

Não que Gavin fosse o melhor jogador, mas ela tinha ficado em cima dele desde que assinou contrato como sua agente, não deixando qualquer outro agente chegar muito perto para conversar – ou correr o risco de perdê-lo como cliente..

Talvez tivesse algo a ver com aquela noite em que Mick a mandou embora.

Mick saiu do vestiário, deixando Elizabeth sozinha com ele.

Liz aproximou-se dele com os olhos cheios de lágrimas e toda vulnerável, duas coisas que eram totalmente atípicas nela.

Então ela o beijou. E se afastou.

Não que ele tivesse pensado sobre aquele beijo nos últimos meses.

Muito.

Exceto que depois disso ela desapareceu, não ligou para ele, mandou e-mail, o viu, ou o perseguiu de qualquer forma – o que também não era característico dela. Então, foi o beijo que a fez se esconder, ou o medo de que ele a visse e a dispensasse?

Será que ela realmente pensou que ele não era capaz de ir atrás dela se quisesse cortar os laços com ela?

Estava na hora de ela sair e encarar a realidade.

Liz não podia evitá-lo para sempre, especialmente neste jantar esportivo, onde estavam presentes vários clientes, incluindo ele, embora estivesse fazendo o melhor que podia para ficar longe.

Ele ficou na dele na maior parte da noite, deixando que ela circulasse pelo evento e se concentrasse em alguns de seus colegas do beisebol. Sempre gostou de vê-la trabalhar num ambiente cheio de grandes atletas. Elizabeth era o centro das atenções. Não importava se o lugar estivesse cheio das mulheres mais fabulosas – um cara teria que ser impotente ou morto para não notá-la. A cor do cabelo dela era igual à cor de seu carro esportivo favorito – vermelho –, os olhos incrivelmente azuis, a pele clara e macia, e as pernas que um homem só podia torcer para que algum dia estivessem em volta da cintura dele. E ela mostrava aquilo tudo com precisão treinada. Ela era uma bomba de sexo ambulante com um cérebro perverso. Uma combinação letal.

Gavin estaria mentindo se não admitisse ter ficado balançado por Liz. Mas nunca misturava negócios com prazer, e curtia seus momentos em outros lugares. Liz tinha sido uma ótima agente, fez um contrato bem amarrado para ele com um time de beisebol – o Saint Louis Rivers da Major League – logo depois da faculdade, e tinha trabalhado arduamente para deixá-lo rico, conseguir patrocínios e mantê-lo na sua posição na primeira base. Jamais quis fazer nada para mudar aquilo.

Além do mais, duvidava que Elizabeth fosse seu tipo.

Gavin era bastante específico sobre as mulheres que escolhia. E mulheres castradoras como Elizabeth? Definitivamente não são o tipo dele.

Mas eles precisavam esclarecer algumas coisas, e ela não conseguiria evitá-lo por muito mais tempo.

O jantar estava acabando e a maioria das pessoas estava indo embora. Liz estava com Radell James e esposa, caminhando em direção às principais portas do salão. Gavin passou depressa por uma porta lateral e aguardou à espreita, enquanto ela se despedia.

Estava bonita esta noite, como sempre, usando um de seus trajes de negócios, sempre feitos sob medida. O preto parecia ser uma de suas cores favoritas. A saia terminava logo acima dos joelhos, e os sapatos de salto alto torneavam as panturrilhas. Ela atravessou as portas do hotel, saindo com o casal.

Gavin saiu sem chamar atenção enquanto Liz conversava com Radell. Ele ficou afastado e observando até que o táxi deles chegou.

Depois que foram embora, Liz encostou-se à parede e fechou os olhos. Parecia cansada. Ou derrotada. Vulnerável.

Estava na hora de Gavin fazer a sua jogada. Ele parou à sua frente.

— Está me evitado, Elizabeth.

Suas pálpebras levantaram e os olhos arregalaram, assustados. Ela começou a se afastar da parede, mas ele a prendeu, colocando a mão por cima de seu ombro. Havia uma planta do outro lado, o que não a permitia escapar.

— Gavin. O que está fazendo aqui?

— É o jantar desportivo. Sabia que eu estava aqui. Na verdade, diria que circulou em torno das mesas fazendo o melhor que pôde para não cruzar comigo hoje à noite.

Ela piscou. Sua boca – docemente coberta pelo batom – abriu, mas não proferiu nada por alguns segundos. Não se lembrava de jamais tê-la visto sem palavras antes. Seus olhos corriam de um lado ao outro como um animal encurralado à procura de uma rota de fuga.

Mas ela finalmente relaxou e a velha Elizabeth estava de volta, preparada para atacar. Então deslizou um dedo pela lapela do paletó dele.

— Não estava te evitando, docinho. Peguei um novo cliente e precisei bancar a babá dele e apresentá-lo a todas as pessoas certas da mídia. Depois, Radell e eu tivemos que falar sobre algumas coisas importantes. Peço desculpas por não termos tido a chance de conversar. Você precisava de mim para alguma coisa?

— Sim. Nós precisamos conversar.

Em um instante, o olhar caloroso sumiu. O semblante dela franziu.

— Sobre o quê?

— Você e eu.

Algo brilhou em seus olhos, um fogo que ele nunca tinha visto antes.

Ou talvez nunca tivesse percebido. E do jeito que apareceu, se foi.

Talvez tivesse só imaginado. Mas Gavin não imaginava coisas, e o que ele viu fez suas bolas comprimirem. Foi como o beijo daquele dia, atirando-o numa espiral e o fazendo duvidar de tudo que pensava a respeito dela. Ele sempre manteve distância de Liz porque tinham uma relação profissional. Além disso, ela não prestava muita atenção nele, a não ser em nível profissional. Nunca o bajulou da mesma forma que fazia com vários outros clientes. E ela também sempre se manteve distante... dele. Imaginou que nunca se interessou por ele intimamente porque sempre lhe arrumava mulher, o que era ótimo.

Mas o que acabou de ver em seus olhos era... interessante.

— Você e eu? O que tem você e eu? — perguntou ela.

— Já terminou tudo por aqui com seus clientes?

Ela assentiu.

— Vamos a um lugar para... — Ele deslizou o olhar por seu corpo, demorando nos seios que estavam cobertos pela blusa de seda. Voltou a olhá-la no rosto em busca de uma reação.

Ela engoliu em seco e os músculos da garganta moveram-se com dificuldade.

Elizabeth estava nervosa. Gavin não se lembrava de tê-la visto nervosa antes.

Isso era perfeito.

— Conversarmos.

— Conversarmos?

— Sim.

Ele se afastou da parede e sinalizou para o manobrista, entregou o ticket, e segurou a mão de Elizabeth, trazendo-a consigo para a calçada enquanto esperava trazerem seu carro.

Ainda bem que o jantar foi na cidade onde ele estava passando a pré-temporada com o Saint Louis Rivers. Bastante conveniente e sem perda de tempo na estrada para atrapalhar seus horários. Ele já viajava demais durante a temporada, e acrescentar mais um evento onde precisaria pegar um avião teria sido uma chatice.

Deu uma gorjeta ao manobrista quando trouxe o carro. Ele e Elizabeth entraram e ele deu partida, pegando a rodovia.

— Onde estamos indo?

— Para a minha casa.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Você tem uma casa? Por que não ficou em um dos hotéis?

— Já fico muito em hotéis durante a temporada. Quero um lugar só pra mim enquanto estamos na pré-temporada.

Eles dirigiram em silêncio. Gavin fez a curva ao norte em direção à praia.

— Uma casa na praia?

— Sim. É isolado e posso correr de manhã.

Ela virou um pouco de lado para encará-lo.

— Mas que droga, Gavin. Você vai me mandar embora? Porque se for, eu prefiro que acabe com isso logo de uma vez. Não me arraste até aqui, na sua casa, para depois eu precisar pegar um táxi de volta para o hotel.

Gavin lutou contra a vontade de rir.

— Vamos conversar quando chegarmos lá.

— Merda — sussurrou ela, em seguida cruzou os braços e apoiou a cabeça na janela pelo resto do caminho.

Ele saiu da rodovia e pegou a rua à beira-mar, entrando e estacionando em uma garagem. Elizabeth desceu do carro e o seguiu para dentro, parecendo um prisioneiro a caminho da execução.

Ele acendeu as luzes e abriu a porta de correr que dava para a varanda dos fundos.

— Lugar legal.

Ele deu de ombros.

— Por ora, serve. Quer uma cerveja ou vinho?

— Por quê? Tentando amenizar o golpe?

Ele enfiou as mãos nos bolsos da calça. Ignorando a pergunta dela, repetiu a sua.

— Vinho, cerveja, outra coisa?

Ela respirou fundo, soltando um suspiro audível.

— Uma taça de vinho seria bom.

Ele abriu uma garrafa de vinho, colocou um pouco em uma taça, depois pegou uma cerveja na geladeira.

— Vamos lá fora.

A casa tinha uma grande varanda nos fundos, embora pensasse que chamavam de alpendre, terraço, ou algo assim. Cacete, não sabia como era chamado, só que tinha vista para o mar e gostava de se sentar ali à noite para ouvir as ondas quebrarem na praia.

Tinha um longo balanço acolchoado para dois e duas poltronas. Liz sentou-se em uma e Gavin na outra.

Ela pegou a taça que ele ofereceu e levou aos lábios, tomando vários longos goles.

— Existe uma razão específica para ter me arrastado até aqui, no seu refúgio particular na praia, em vez de me dizer o que precisava no hotel?

Sim. Ele queria desestruturá-la. Liz estava sempre no controle. Além disso, ele não queria que ela saísse brava ou encontrasse uma desculpa para ir embora.

E... caramba, realmente não sabia por que a levou ali, a não ser saber por que não a tinha visto em meses. Ela estava na sua cola o tempo todo até acontecer aquilo com seu irmão. Desde então, sumiu da face da Terra.

— Você normalmente me liga duas vezes por semana e eu te vejo pelo menos uma vez por mês.

Ela deu de ombros.

— Você estava ocupado com o fim da temporada. Eu também estava ocupada. Depois vieram os feriados.

— Sempre fez questão de estar no mesmo lugar que eu para podermos jantar. E quando foi a última vez que deixou de passar os feriados com a minha família?

Ela bufou.

— Seu irmão me dispensou. A noiva dele me odeia. Não creio que teria sido apropriado passar os feriados com sua família.

— Não teria importância para a minha mãe. Ela te ama e pensa em você como parte da família. Pessoal é diferente dos negócios.

— Pra mim, não é. E tenho certeza de que também não é para o Mick e a Tara. Não gostaria de interferir nas festas da sua família. Sei que já não sou mais bem-vinda.

Ela afastou seu olhar, mas não antes de ele ver a mágoa em seus olhos.

Este era um lado novo dela. Gavin a olhou atentamente, suspeitando que estivesse mentindo já que ele sabia que ela não tinha sentimentos. Estava apenas ressentida por ter perdido Mick como cliente.

— Podia ter marcado para me ver fora dos encontros familiares.

Ela estudou suas unhas.

— Estou com a agenda um pouco cheia.

— Mentira. Você começou a se esconder depois que o Mick te demitiu.

Sua cabeça ergueu com tudo.

— Eu não me escondo. Perder o Mick foi um grande baque financeiro. Tive que correr atrás para assinar com novos clientes e diminuir o impacto.

Gavin riu.

— Você fez uma tonelada de dinheiro com o Mick, comigo e com os outros caras. Não acho que esteja passando apertos.

— Tudo bem. — Ela colocou a taça de vinho ao lado e levantou, indo em direção à grade para olhar o mar. — Pode acreditar no que quiser, visto que já tomou sua decisão. E se vai me despedir, então acabe logo com isso para que eu possa sair daqui.

Gavin levantou e se aproximou dela.

— Acha que eu te trouxe aqui para te demitir?

Ela o encarou.

— Não foi?

Esse lance de “Elizabeth vulnerável” era um novo lado dela que ele nunca tinha visto.

Ele ficou impressionado com a vulnerabilidade em seu rosto. Nunca tinha visto isso antes. Elizabeth sempre teve uma postura dura – intransigente, usava de uma confiança que a fazia se destacar feito uma estrela. Agora mesmo, isso não estava ali. Ela estava vulnerável, magoada e com medo.

Talvez não fosse encenação, afinal. Estava certo de que ela não era capaz de sentir emoções verdadeiras.

Parece que era capaz de sofrer, e ele não sabia o que fazer com isso.

A luz da lua banhava seu cabelo, fazendo-a parecer uma deusa iluminada pelo fogo prateado. Pela segunda vez naquela noite, Gavin percebeu que Elizabeth era uma mulher bonita, atraente. Sempre pensou nela como um tubarão cruel, o que era um ótimo jeito de classificá-la porque ela era o lado empresarial de sua vida. Ah, mas é claro que ela sempre foi fantástica de se olhar, e ele teve que admitir que admirou seu corpo mais de uma vez, mas jamais pensou nela como alguém que tinha... sentimentos ou emoções.

Mas conforme a luz refletia em seus olhos, pensou tê-los visto marejados com lágrimas. E algo mais iluminou seus olhos quando ela olhou para ele, algo que tinha visto no olhar de muitas mulheres antes.

Desejo. Necessidade. Fome.

Não podia ser. Liz era insensível. Ele a viu derrubar um lineman – jogador especialista em bloqueios – de cento e trinta quilos com a sua língua afiada, laçar um dono de time com coração de pedra e arrancar milhões dele sem sequer piscar. Liz era implacável e não tinha alma. Ela arrancaria seu coração antes mesmo de mostrar que estava vulnerável.

Viu o que ela tinha feito a Tara e ao filho dela, Nathan, e que sequer pensou em como isso os afetaria. Queria tirá-los da vida de Mick sem nem se preocupar em como se sentiriam. Eram uma inconveniência e precisavam ser removidos.

Seja lá o que fosse que estivesse encenando agora para ele era apenas isso: uma encenação, uma maneira de ganhar a simpatia dele ou distraí-lo para não ser mandada para o olho da rua. Perder clientes era ruim para os negócios. E Liz só queria saber de negócios, o tempo todo. Tanto quanto sabia, ela não tinha uma vida pessoal. Ela comia, respirava e dormia negócios vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.

Portanto, Elizabeth vulnerável? Era a porcaria de uma piada. Aquelas lágrimas eram falsas e ele não ia cair nessa. E a ideia de ela o querer? De jeito nenhum. Ela geralmente era direta com ele, então não estava entendendo o jogo que ela estava tentando jogar.

— Liz, o que você está fazendo?

Ela franziu a testa.

— Como?

— O que está tentando fazer aqui?

Ela revirou os olhos.

— Não faço ideia do que está falando, Gavin. Você me trouxe aqui, lembra?

Ela bebeu todo o vinho e estendeu a taça para ele.

— Diga logo de uma vez porque me trouxe aqui, ou traga mais vinho. Você está me deixando maluca.

Idem. Ele pegou a taça e foi para a cozinha, acabando com sua cerveja no caminho.

Quando voltou, viu que ela tirou os sapatos e o casaco. Vento soprava alguns fios soltos do cabelo perfeitamente arrumado. Eles balançavam com a brisa, selvagens e indomáveis.

Gostaria de ver Liz selvagem e indomável, mas apostava que ela dava ordens na cama também.

Nunca pensou em Elizabeth e sexo na mesma frase, preferia manter os dois temas separados.

Então, por que agora? Foi por causa do olhar que ela lhe deu antes?

Cacete. Ele não queria pensar nela daquela forma.

Ela estremeceu e esfregou os braços.

— Quer seu casaco?

— Não. Sou fria por natureza.

Poderia dar uma resposta para isso, mas decidiu deixar passar, e entregou a taça para ela e servindo-se de um pouco de uísque da garrafa que tinha trazido. Cerveja não ia dar conta.

Estava na hora de ir direto ao ponto e dizer por que a levou ali.

— Estraguei tudo com o Mick — disse ela, encarando a água, sem olhar para ele. — Pensei que podia controlá-lo, que sabia o que era melhor para ele. Acontece que eu não tinha noção. Não ouvi quando ele me disse que queria a Tara. Pensei que era uma aventura. Mas ele estava apaixonado por ela e eu não queria que ele se apaixonasse.

Isso era novidade. Liz se abrindo com ele? Falavam de negócios e, às vezes, tomavam algumas bebidas e davam boas risadas quando estavam juntos, mas a conversa era quase sempre sobre esportes. Nada pessoal. Nunca.

— Por que não queria que ele se apaixonasse por ela?

— Porque se isso acontecesse, as coisas mudariam.

— Que coisas?

— Mick era tão tranquilo. Podia colocá-lo com uma atriz ou modelo para promover sua imagem e ele concordava com qualquer coisa que eu sugeria. O rosto dele estampava tantas capas de revista, e seu nome estava em toda parte. Eu o fiz ficar famoso.

Ele foi ficar ao lado dela.

— O braço dele é o que o fez, Liz.

Seus lábios se curvaram em um sorriso melancólico.

— Fez parte. Vocês não entendem nada de publicidade. Acham que tudo que precisam fazer é dentro do campo, quando é muito mais do que isso. — Ela esvaziou a taça de novo e a colocou na mesa. — Ser bom no esporte é apenas uma pequena parte para transformá-lo em um ícone. As revistas de fofocas, a mídia, suas fotos e contratos publicitários... todo o resto é o que faz de você o que é.

Ela virou para encará-lo.

— Você pode ser a porcaria do melhor homem de primeira base em toda a liga, mas se eu não conseguir patrocínios de marcas de desodorante ou lâminas de barbear ou de cuecas, se o público não descobrir quem você é, se não vir seu rosto oito vezes por dia em comerciais na mídia impressa e on-line durante a temporada? Ninguém vai ligar, Gavin. Ninguém vai se importar que você teve uma média de trezentas e setenta e oito rebatidas e quarenta e um home runs; que ganhou a Luva de Ouro pela sexta vez consecutiva e que foi o mvp da Liga Nacional. Ninguém vai ligar. Eles ligam porque a mídia dita isso. E a mídia se importa porque eu digo isso a ela.

“Tudo o que vocês querem é jogar seus esportes, farrear com as mulheres, comprar carros caros e ter a certeza de que sejam bem vistos. Querem os contratos publicitários para que fiquem financeiramente seguros, mas não percebem o quão cruel é lá fora, como é difícil conseguir esses acordos. Porque para cada um de vocês, existem quarenta outros caras implorando pela mesma posição. É pra isso que sou paga. Não só para negociar seu contrato, mas para conseguir todos esses acordos para vocês, e colocar seus rostos na capa da Sports Illustrated, e garantir que acabem na revista People. É pra isso que me pagam. É por isso que precisam de mim.”

Ela se afastou da grade e voltou para a cozinha.

Inferno. Ele não fazia ideia do que se tratava tudo aquilo. Sabia muito bem o que ela fazia por ele. Ela teve sucesso, não teve?

Mas gostava da Elizabeth mal-humorada muito mais do que a Elizabeth vulnerável, triste. Ia deixar as coisas rolarem e ver aonde ela levaria isso.


Merda. Liz encostou-se ao balcão e tomou um longo gole de vinho, desejando nunca ter concordado em ir à casa de Gavin.

Contar tudo foi estúpido. Nunca conversou com Gavin assim, tão abertamente. Tudo com ele sempre foi superficial. Elogiava-o, ou armava uma sessão de fotos. E ela renegociou seu contrato, conseguindo o melhor acordo. E foi isso. Era tudo sobre o que conversaram, se resumindo a trabalho.

Sempre se manteve distante dele e, geralmente o encontrava no meio de muitas pessoas e em eventos públicos, onde ela estaria segura.

E tinha um motivo muito bom para ser dessa forma.

Primeiro, era quatro anos mais velha do que ele. Não saía com homens mais novos. Nunca.

Segundo, era apaixonada por ele e há anos.

Terceiro, ele era total, absoluta e completamente alheio a esse fato, e ela tinha a intenção de que assim continuasse.

Ah, com certeza ela flertava com ele, assim como fazia com todos os seus clientes. Superficialidades, nada além de papo furado. Nunca quis que Gavin pensasse que ela o tratava diferente dos outros clientes. E, na maior parte do tempo, ele não tinha noção porque prestava pouca atenção nela, exceto quando se tratava de negócios, ainda bem.

Mas o tratava diferente, porque se sentia diferente em relação a ele. E mantinha distância por causa do que a fazia sentir.

Quando isso aconteceu, ela não sabia dizer. Deus sabe que ela lutou contra. Mas havia alguma coisa diferente nele. Talvez fosse a bela aparência misteriosa, os hipnotizantes olhos verdes, o jeito como o cabelo castanho escuro caía sobre a testa, ou a sensualidade do cavanhaque. Talvez fosse seu corpo esbelto, aperfeiçoado devido a exercícios diários na academia e praticando esportes não competitivos fora do beisebol. Talvez fosse porque ele era carinhoso com as crianças, sempre tendo tempo para dar autógrafos e conversar com elas. Ele era um grande atleta e valia milhões, mas nunca desenvolveu um ego gigante sobre isso como muitos de seus clientes. Ele era um homem genuinamente bom.

Mas o que gostava mesmo nele era o sorriso. Havia algo perversamente diabólico no sorriso de Gavin. Era meio oculto e maduro, do tipo que fazia uma mulher querer saber o que ele estava pensando.

Sua curiosidade foi aguçada quando o conheceu e ele a olhou como um homem olha para uma mulher. Mas assim que se tornou sua agente, aquilo acabou. Ele nunca mais a olhou daquele jeito. Ah, mas ela o viu lançar aquele sorriso para outras mulheres, e de várias maneiras, ela se arrependeu de fazer dele um cliente, mesmo que tenha lhe dado cem por cento de si como agente.

Mas deplorável e melancolicamente, lamentou não ter aquele sorriso perverso direcionado a ela.

Até hoje. Até essa noite, fora do hotel, ele a olhou daquela forma pela primeira vez desde que tinha se tornado seu cliente. Olhou para ela com desejo, com fome. Ficou sem fôlego e por um breve instante ela se perguntou...

— Está se escondendo aqui?

Ela virou de supetão para Gavin, seus dedos grudaram na taça vazia.

— Colocando mais vinho.

O olhar dele foi para a mão dela.

— A taça está vazia.

— Pois é, está. — Ela levantou a garrafa de vinho. — Igual à garrafa.

Gavin foi até a adega climatizada e retirou outra garrafa, pegou o saca-rolha e abriu a garrafa. Os dedos quentes dele cobriram os seus frios enquanto segurava a taça e a enchia. Seu olhar nunca deixando o dela.

— Seus dedos ainda estão frios.

Lá estava aquele olhar de novo e o sorriso que ele deu do lado de fora do hotel mais cedo, aquele que nunca a deixou ver antes. Sentiu um frio na barriga e, santo Deus, seus mamilos endureceram. Gostaria de saber se Gavin conseguia vê-los através do sutiã fino e da blusa de seda.

— Estou bem.

— Tá bom.

Ele segurou sua mão e ela colocou o lábio inferior entre os dentes.

— Vai ter que passar a noite aqui.

Ela engoliu em seco.

— Como?

— Bebi demais essa noite para dirigir. Vai ter que dormir aqui.

— Oh. Uh... Posso chamar um táxi.

Ele sorriu.

— Pode. Mas você não quer, não é?

O quê? Do que diabos ele estava falando? Estava dando em cima dela?

Ah, não. De jeito nenhum.

Ela buscou a bolsa e pegou o celular.

— Vou chamar um táxi.

Ele a segurou pelo pulso e se inclinou na direção dela.

— Nossa conversa não acabou, Liz.

Ele não estava se referindo a uma conversa propriamente dita. Ela sabia, e ele também.

— Por que agora, Gavin? Por que, depois de todos esses anos, está fazendo isso agora?

— Por que temos que resolver isso.

Seu coração batia tão alto que ela achou que Gavin conseguia ouvir.

Ele abaixou o celular no balcão e soltou seus dedos do aparelho.

Chame um táxi. Vá para casa. Saia logo daqui antes que faça algo incrivelmente estúpido, Elizabeth.

— Eu não faço sexo com os meus clientes, Gavin.

Seus lábios se curvaram.

— Você quer que eu te demita para poder te foder?

Seu corpo ia entrar em combustão. Por que ele estava fazendo isso com ela?

— Não exatamente.

— Quer transar comigo?

Ela não conseguia respirar. Como ela deveria responder a isso?

Minta, sua idiota, assim como tem mentido nos últimos cinco anos.

Ele andou como um predador até a ilha central e a prendeu entre no balcão, colocando as mãos em cada lado de seus quadris.

— Você está ofegante, Liz. Eu te assusto?

— Não.

Ele chegou mais perto, o quadril roçando o dela, sentindo sua ereção, então cada gota de bom senso lhe abandonou.

Ele se curvou e pressionou os lábios no pescoço delicado, o cabelo roçando em seu rosto. Ela inalou, sentindo o cheiro dele e percebeu que era o mais próximo dele que já tinha chegado. Tinha cheiro de sabonete e tudo o que sempre sonhou. Ela segurou com tanta força o balcão de granito que os dedos doeram.

Tentou engolir de novo, mas estava seca. Quer dizer, a garganta estava seca. Abaixo da cintura estava molhada, pronta para tê-lo deslizando dentro dela, lhe dando o que ela tinha fantasiado durante os últimos cinco anos. Sua boceta pulsou com a expectativa, os seios esquentaram e incharam. O clitóris formigou, e se ele roçasse nela mais um pouquinho, gozaria só de pensar no quão bom podia ser entre eles.

— Gavin — disse ela entredentes.

— Me toque, Elizabeth — murmurou ele, deslizando a língua pelo pescoço dela. — Coloque as mãos em mim e diga que é isso que você quer.

Maldito seja. Droga, droga, droga. Como podia negar o que ele pedia? Como podia negar o que ela queria?

Mas isso mudaria tudo entre eles. E, sem sombra de dúvida, custaria Gavin como cliente.

Gavin empurrou os quadris em Liz que perdeu as forças. Ela o segurou pelo cabelo, enredando os dedos pelos fios. Ela levantou o rosto e a necessidade desenfreada que viu nos olhos dele combinava com a dela.

Sua boca estava na dela em segundos, acendendo o fogo que tinha guardado por todos esses anos. Que explodiu quando a língua dele deslizou entre os dentes.

Ela sonhou com o sabor daqueles lábios. Tinha gosto de uísque e a promessa de sexo gostoso. Gavin lambeu seu lábio inferior, e mordiscou. Os dedos dela se perderam na grossa suavidade de seus cabelos – a única coisa suave nele – enquanto a boca devastava a dela. Sabia que nada seria calmo em Gavin. Ele era dureza e dor, e ela se afogou naquilo enquanto a língua dele entrava em sua boca e enroscava com a dela, sugando-a forte até que lágrimas brotaram em seus olhos.

Ela soltou um gemido instável. Gavin agarrou seus quadris e a ergueu sobre o balcão, acomodando-se entre as pernas dela, agarrando a bunda para puxá-la de encontro à sua ereção. Puxou a blusa dela para fora do cós da saia, passando pela cabeça com um único puxão.

Gavin passou a mão suavemente ao longo de sua garganta e entre os seios. Elizabeth se inclinou para trás e observou quando ele segurou seus seios por cima do sutiã, com as mãos bronzeadas.

— Sexy, Elizabeth. — Ele ergueu o olhar para o dela, depois voltou para o seio e puxou o bojo do sutiã de lado, revelando o mamilo duro e enrugado. — Um lindo mamilo, também.

Ela prendeu a respiração quando ele se inclinou e fechou os lábios sobre o mamilo. No instante que sentiu a sucção quente, ofegou e seus dedos voltaram para o cabelo dele. Não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Todas as fantasias eróticas que teve dela e Gavin juntos estavam ganhando vida.

Nunca acreditou que seus sonhos pudessem se tornar realidade. Podia estar até um pouco bêbada e sabia que ele também estava, sabia que, provavelmente, isso jamais voltaria a acontecer. Então gravaria cada segundo para nunca mais esquecer. Vê-lo chupando seu mamilo e sentindo seu cheiro a fazia se sentir totalmente consumida por ele.

Cada fantasia dela era ser possuída por ele. Sabia que seria assim.

E nunca, jamais, diria a ele o quanto aquilo significou para ela. Tinha que continuar sob controle, não queria que ele soubesse quanto poder exercia sobre ela.

Jamais dê a um homem poder sobre você, ou ele te destruirá.

Esse era o seu mantra, mas agora, estava num esplendor extenuante.

Retomaria o controle mais tarde. Agora cedia voluntariamente conforme Gavin arrastava para baixo a outra alça do sutiã e dava atenção ao outro mamilo, usando os dedos que tinha molhado com a boca. E quando ele olhou para ela, seus olhos estavam tomados por uma escuridão que a fez se render, deixando-a totalmente submissa.

Ele puxou a saia para cima dos quadris e colocou a palma da mão sobre o sexo dela, sorrindo do jeito que ela sempre quis – aquele sorriso secreto reservado para as outras mulheres, nunca para ela.

— Você tem algumas lingeries bem sexy, Elizabeth. Sempre se veste assim, ou está usando essa com a intenção de seduzir alguém?

Ela se esforçou para encontrar a voz.

— Sempre me visto assim.

— Quando foi a última vez que transou com alguém?

Seus olhos estreitaram.

— Não é da sua conta.

Ele deslizou a mão pelo sexo dela, que ofegou.

— Responda.

— Não.

O prazer a dominou quando os deles dele brincaram com ela e depois pararam.

— Quando foi a última vez que você foi comida por um homem, Elizabeth?

Ela sabia muito bem que não devia dar aquele tipo de controle a ele. Já tinha cedido demais.

— Quando foi a última vez que fodeu uma mulher, Gavin?

Ele deslizou os dedos pela lateral da calcinha e ela imaginou que gozaria se ele tocasse qualquer lugar perto do clitóris.

— Você quer que eu lamba a sua boceta, não é? Quer que eu te faça gozar, não quer?

Seu sexo pulsou e a cabeça foi invadida por imagens da cabeça dele enterrada entre suas pernas, a língua invadindo sua vagina até ela gritar, gozando.

— Quero. Me faça gozar, Gavin.

— Então, responda.

— Por que precisa saber?

Ele deu de ombros, os dedos provocando levemente o material de cetim da calcinha. Foi uma lufada de ar, um toque mínimo em seu sexo, o suficiente para sentir, mas ainda... insuficiente.

— Eu quero saber. Me conta. Tem quanto tempo?

— Dois anos.

Ele franziu a testa.

— Está dizendo a verdade?

— Estou.

— Porra, Liz. Olhe pra mim.

Ela o encarou. Gavin agarrou o minúsculo tecido amontoado em seus quadris, e o rasgou. Liz arfou, ele sorriu, e depois tirou os restos da caríssima calcinha, jogando longe. Sua bunda nua atingiu o balcão de granito e ela estremeceu.

— Frio?

— Um pouco.

Ele passou a mão sob sua bunda e a levantou, então invadiu seu sexo com a boca.

Meu Deus. Meu Deus. Meu Deus. Era tão bom. Ela levantou, observando enquanto ele deslizava a língua em um amplo arco através do clitóris, em seguida a arrastou até os lábios da boceta, empurrando-a dentro dela.

— Gavin — sussurrou ela, estremecendo com as sensações.

Fazia tanto tempo que um homem não a tocava. Ela não permitia, por muitos motivos. Sexo era complicado demais e, muitas vezes, sentia tão pouco prazer com aquilo.

Tais pensamentos desapareceram quando ela cedeu e permitiu-se sentir, experimentar a magia conforme ele chupava o clitóris, passava a língua para cima e para baixo em sua boceta, lambendo até que ela lutava para conseguir ar atrás de cada respiração irregular.

Ele agarrou os pulsos dela e a segurou, os dedos cavando em sua pele, a dor só intensificando as sensações enquanto a levava até o limite do controle.

E, vergonhosamente, ela não ia durar. Queria poder conseguir, pois este era o prazer mais doce que já sentiu. Foi mágico e só teria isso uma vez. Mas a descida da onda do orgasmo não ia parar, e ela arqueou, gritou, e gozou – uma onda de choque de sensações que eletrocutou suas terminações nervosas com prazer insuportável. Gavin reforçou seu domínio sobre ela enquanto engolia tudo o que ela dava.

Seus músculos tremeram e ele a ajudou a sentar, o rosto molhado do seu gozo. Com a mão trêmula, ela usou o polegar para limpar o queixo dele, que o segurou, levou a boca e chupou, o olhar ainda escuro com o desejo inextinguível. Entregou a taça de vinho para ela e Liz tomou alguns longos goles para saciar a bruta sede em sua garganta, mas sem matar sua sede dele.

Ficou com medo de que levasse muito tempo para essa sede ser saciada.

Ele a ergueu nos braços e a colocou de pé. Tudo o que vestia era a saia e o sutiã, que estava desarrumado. Ele ainda estava completamente vestido, o pênis duro e visível na calça escura.

Ele pegou a mão dela.

— Vamos.

Ele a conduziu pelo corredor, os pés descalços acompanhando pelo piso de madeira até o quarto principal que era todo cor-de-vinho e creme, e com janelas amplas com vista para o mar. Desejou que fosse dia para poder ver o lado de fora, embora tivesse portas francesas que estavam abertas e levavam ao terraço. Uma suave brisa entrava no quarto e um ventilador girava preguiçosamente sobre a...

Minha nossa.

Uma cama que cabia pelo menos seis pessoas.

Agora ela entendia a atração de Gavin por essa casa.

Era a cama. Tinha que ser.

Liz se perguntou quantas pessoas ele levou para aquela cama ao mesmo tempo.

— Você alugou esta casa antes?

— Essa casa é minha, Elizabeth.

Sim, com certeza fazia sentido.

— Planeja muitas orgias? — perguntou ela enquanto caminhava pelo quarto e parou ao pé do enorme dossel.

Ele franziu a testa.

— Hã?

— Essa cama não é feita para uma, ou duas pessoas dormirem.

Ele continuou com um olhar confuso, em seguida olhou para a cama e de volta para ela.

— Ah. Eu gosto de me esparramar. Gosto de cama grande.

— Gavin, isso vai além de uma cama grande. Esse é o tipo de cama que um polígamo cobiçaria.

— Eu não faço orgias, Elizabeth.

Ele pegou um controle remoto de uma das mesinhas de cabeceira, apertou um botão, e as cortinas começaram a fechar.

— Ah, por favor, não fecha as portas com uma noite dessas. Gosto aberto e arejado. Não é como se você tivesse vizinhos para espionar.

Ele clicou no botão e as abriu de novo.

— Obrigada.

Gavin jogou o controle remoto na mesa.

— Tire a roupa.

Ela colocou as mãos nos quadris.

— Você gosta de dar ordens.

Ele foi até a frente da cama e casualmente encostou-se à madeira ao pé dela.

— Não me faça repetir.

Ela jogou a cabeça para trás e deu uma risada.

— Ou o quê? Vai me bater? Se quer que eu tire a roupas, Gavin, venha até mim e faça o serviço.

Seus olhos escureceram, e ai, meu Deus. Lá estava. O sorriso que não era exatamente um sorriso, aquele que gritava segredos.

Exceto que o sorriso desapareceu, e ele a encarou, excitação em seus olhos. Então ele avançou na direção dela.

Por um segundo, ela tremeu.

E ela nunca tremia.

Bem, se era excitação ou desejo carnal, ela não sabia, mas ele estava em cima dela em segundos, o sutiã rasgado e jogado no chão. Agarrou a saia e ela sentiu a força de suas mãos no zíper.

— Espera. Tá bom, eu vou tirar.

Ele parou e deu um passo atrás, um sorriso sacana no rosto conforme ela descia o zíper e deixava a saia cair no chão.

— Babaca — criticou, pisando fora da saia. — Esse sutiã custa uma fortuna.

Ele não se desculpou, mas correu o olhar sobre seu corpo nu e qualquer raiva que sentia desapareceu diante do olhar em seu rosto, aquecido e faminto.

Ele desabotoou a camisa, tirou e a jogou por cima da saia, então desfez o botão da calça e desceu o zíper com um puxão. Tirou os sapatos e baixou as calças, depois tirou a cueca boxer, sua ereção balançando e apontando para cima, fazendo-a lamber os lábios e ansiar pela sensação de seu pênis nas mãos e na boca.

Ele era magnífico e tudo o que podia ter imaginado. Magro, o abdome musculoso e bíceps grossos, bronzeado e sexy, e conforme a puxou em seus braços, não conseguia pensar em qualquer outro lugar que preferia estar mesmo sabendo que existiam mil razões pelas quais não deveriam estar fazendo aquilo.

E um milhão de razões pelas quais ela queria fazer isso.

 

 

                                                   Jaci Burton         

 

 

 

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