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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


A MALDIÇÃO DAS BRUXAS / Thomas Brezina
A MALDIÇÃO DAS BRUXAS / Thomas Brezina

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio "SEBO"

 

 

 

A MALDIÇÃO DAS BRUXAS

 

Você vai participar desta aventura e solucionar o caso junto com a gente. No decorrer da história, vão aparecer muitas perguntas, que irá responder usando sua inteligência e intuição.

As perguntas aparecem sempre assim:

Pergunta para você

Siga as pistas! Muitas vezes elas estão mas ilustrações; outras vezes você deve usar o raciocínio. Depois, é só conferir: o minicomputador de Lu irá mostrar se você acertou ou não. Mas não vale trapacear, o bom detetive é sempre sincero e aceita derrotas também. Depois de dar sua resposta, coloque o decodificador da Turma dos Tigres sobre o desenho do minicomputador e assim conseguirá em sua ficha de detetive. Se não acertar, tudo bem, não marque ponto algum e fique mais esperto para a próxima pergunta.

Você encontra o decodificador e tudo o mais que vai precisar para solucionar este caso na sua pasta da Turma dos Tigres, no fim do livro!

Não esqueça: Marque um ponto para cada resposta certa na sua ficha de detetive! Ela se encontra na página 85.

E agora vamos lá!

 

O vôo assustador

-- O que está acontecendo, Vanessa? - gritou Lu em meio ao barulho ensurdecedor da hélice, enquanto a pilota agarrava o manche com força.

-- Nada...nada mesmo...está tudo bem! - respondeu Vanessa, também gritando.

Patrick e Gigi, cansados e encolhidos nos assentos dos fundos, ainda não tinham percebido nada e olhavam para a noite lá fora através das janelinhas do avião.

A turma dos tigres tinha passado um dia ótimo. A tia de Patrick, Vanessa, tinha convidado os meninos para um vôo sobre o mar. Ele tinha um avião a que chamava, de brincadeira, de cenoura voadora. Realmente, por fora, o avião parecia mesmo uma cenoura com asas.

Eles tinham passado a tarde na praia. Como já era começo de junho, todos só molharam ao pés na água, pois estava muito frio para nadar.

Quando o sol de pôs, entraram no avião para voltar.

No inicio, tudo estava tranqüilo, mas de repente Vanessa, começou a ficar agitada. Lucas achava que ela estava parecendo uma galinha com medo de raposa.

-- Vanessa, o que foi? Tem alguma coisa errada com o avião? - Lu perguntou mais uma vez.

A pilota mordeu os lábios e balançou a cabeça energicamente em negativa. Patrick ouviu o que Lu disse e logo entrou em pânico, segurou a tia pelos ombros e a chacoalhou:

-- O que foi? Nós vamos

cair? Onde estão os

pára-quedas? Eu quero sair daqui!

Gigi enfiou metade da barrinha de cereal que estava comendo na boca de patrick. Para acalmá-lo.

-- Boca fechada e muita calma! - ordenou ela.

Vanessa continuava muda.

-- Diga logo o que está acontecendo! - gritou Lu.

Ele não conseguia entender o que estava deixando a pilota tão apavorada. À sua volta só se via a noite escura como breu, não se via nem a lua nem as estrelas. De repente, Lucas entendeu porque Vanessa estava em pânico.

 

Sobre o pântano das bruxas

-- Mas como...como é possível? - exclamou Lu.

Vanessa abraçou o manche com tanta força que seus braços até tremiam. Ela o puxou em sua direção, mas nem assim o avião ganhou altura.

No início, Lu não tinha percebido o que estava acontecendo naquela escuridão. Apenas quando deu uma olhada para o painel do avião é que entendeu tudo.

-- O que... o que você vai fazer agora? - ele quis saber.

Vanessa na respondeu. Seu rosto estava paralisado como o de uma estátua. Seus olhos estavam arregalados e os lábios apertados.

Será que ele estava em estado de choque? Ou será que estava escondendo alguma coisa dele?

-- Você precisa mandar algum aviso de socorro! - gritou Lucas.

-- Por favor, fique quieto! Eu sei o que tenho de fazer!- exclamou Vanessa, nervosa.

-- E porque você não faz, então? Por que você não tenta entrar em contato com o aeroporto mais próximo?

Você vai ter de fazer um pouso de emergência, não é?

-- Gritou novamente Lucas, que agora também estava em pânico.

-- Eu... eu não consigo - disse Vanessa num ímpeto. -- Meu rádio não está funcionando. Ele tinha uns probleminhas de vez em quando, mas era sempre coisa passageira.

Lucas deu um gemido como se alguém lhe tivesse dado um soco na barriga.

Patrick mordeu a própria mão para não gritar e Gigi agarrou o braço dele desesperada.

-- Água... você tem de pousar sobre um lago! - exclamou Lu para a pilota. -- Isso pode ser nossa salvação.

-- Mas não há nenhum lago nas redondezas.Eu... eu não tenho mais a mínima idéia de onde estamos. Talvez a gente esteja voando sobre uma cidade - disse Vanessa.

“Maldição! Se for assim, um pouso de emergência é impossível!”, pensou Lu. Até então, a cenoura voadora voara atravessando nuvens baixas, mas depois as nuvens tinham ficado para trás e eles deslizavam de novo pela noite escura.

O Tigre deu uma olhada para fora com atenção procurando alguma luz. Mas lá em baixo estava tudo escuro. A terra parecia um enorme buraco negro que ameaçava engoli-los.

-- O pântano das bruxas! - exclamou Vanessa. -- Pode ser que nós estejamos sobrevoando o pântano das bruxas. Ali eu consigo pousar. Rápido, coloquem a cabeça entre os joelhos e a protejam com os braços. Se o pouso de emergência der certo, não pulem logo para fora do avião. Este lugar é cheio de buracos de lama e areia movediça.

O altímetro demonstrava que eles estavam apenas cem metros do chão.

-- Eu estou vendo luzes! - Lucas exclamou agitado.

Alguém tinha colocado tochas no pântano, formando diversos símbolos.

-- Um desses símbolos significa que podemos pousar ali - disse Vanessa. --Mas qual?

Mais uma vez, Lu provou ter nervos de aço. Ele tirou seu minicomputador da mala e começou a digitar nele como um louco.

 

Pergunta para você

Onde Vanessa deve tentar pousar?

Dica:

Sua cartela de truque pode ajudá-lo agora.

 

Pegadas no pântano

A cenoura voadora despencou em direção à terra firme como um passarinho molhado e pousou sobre o solo do pântano.

Os três tigres colocaram o rosto entre os joelhos e protegeram a cabeça com os braços.

Por causa do impacto, Gigi. Lucas e Patrick levaram um forte chacoalhão.

O avião ainda continuou deslizando pelo pântano, numa viagem terrível que parecia não ter fim.

Será que eles tinham pousado num charco?Ou em areia movediça? Ou será que estavam dentro de um buraco profundo onde o avião podia explodir?

Os três amigos nunca haviam sentido tanto medo antes.

Mas de repente tudo ficou quieto em torno deles. O motor parou e as turbinas não giravam mais. O avião estava imóvel sobre terra firme.

Gigi foi a primeira a criar coragem para se levantar.

-- Pra fora...eu quero sair daqui! - disse ela, sem fôlego.

E logo começou a tatear à sua volta, procurando a tranca da porta. Ela esqueceu todos os avisos, soltou seu cinto, abriu a porta com força e saltou para fora. O chão estava frio e lamacento. Ela levantou tremendo e se apoiou na cenoura voadora. Patrick e Lu logo a seguiram.

-- Cara, esta foi por pouco! - disse Patrick, enquanto os Tigres se abraçavam aliviados e felizes.

Vanessa continuava dentro do avião e olhava fixo através do vidro a sua frente, apesar de não haver nada para ser visto lá fora.

-- Eu... eu coloquei...coloquei a vida de vocês em perigo! - ela gaguejava. --eu não mandei consertar o rádio.Como... como a gente vai sair daqui? Ninguém vem até o pântano das bruxas por livre e espontânea vontade.

Lu pegou a garrafa de água que tinha trazido em sua maleta especial e entregou à pilota em estado de choque.

-- Porque ninguém vem ao pântano das bruxas de livre e espontânea vontade? - ele quis saber.

-- Porque ele engole a todos.Como uma garganta faminta! - Disse Vanessa, quase sem voz e com os olhos arregalados.

Gigi respirou fundo algumas vezes e finalmente disse:

-- Bobagem! Deve haver gente aqui. Senão, quem teria colocado as tochas que vimos? Fantasmas? Ou bruxas? Estes seres só existem nos contos de fadas!

Patrick não parava de limpar o suor da testa.Apesar de estar bem frio ali no pântano, ele estava suando de nervoso.

-- Vo... você tem certeza? - perguntou ele irritado com sigo mesmo, pois sua voz tremia.

-- Certeza absoluta! - declarou Gigi com um sorisinho, pois seu amigo era super forte e ao mesmo tempo muito medroso.

Lucas acendeu sua lanterna e iluminou o lugar. Eles estavam em uma planície enorme. Algumas árvores mortas apontavam seus galhos para o céu como se fossem braços estendidos.

Ao longe avistavam algumas montanhas, mas em nenhum lugar havia sinal de gente.

-- Eu não entendo - murmurou ele.

-- Talvez sejam luzes que se acendem sem fogo e mostram onde há um cadáver escondido no pântano! - Disse Patrick em voz baixa.

-- Eu acho é que sua cabeça é que é um pântano! - Rebateu Gigi maldosa.

-- Ei, olhem isto aqui! - exclamou Lu, chamando os dois para onde ele estava.

Ele tinha descoberto pegadas ao lado de um dos tocheiros. Parecia que mais de uma pessoa tinha estado ali.

 

Pergunta para você

Quantas pessoas estiveram ali?

 

Silêncio tenebroso

-- Vem, Vanessa, a gente já sabe como sair do pântano das bruxas - disse Patrick à sua tia. Ele nunca a chamava de tia, já que Vanessa era super nova.

A pilota ainda estava em estado de choque, suas mãos ainda seguravam o manche do avião.Quando ela o girou, o leme lateral se moveu fazendo um barulhão lá no fundo da aeronave.

-- Por favor, saia. Está ficando cada vez mais frio e nós queremos procurar um lugar mais seco - insistiu Patrick.

Vanessa parecia não ouvir o que ele dizia. Quando o sobrinho tentou puxá-la para fora da cabine, ela insistiu e até lhe deu uma mordida na mão. Assustado, ele deu um passo para trás.

-- Deixa... você não pode obrigá-la a sair do avião - exclamou Gigi. -- É melhor um de nós ficar aqui com ela enquanto os outros dois vão atrás das pegadas.

-- Com certeza as pegadas devem levar até uma cabana ou uma casa - disse Lucas.

-- Está bem, então eu fico aqui com minha tia - prontificou-se Patrick, mas logo se arrependeu de sua decisão.

No entanto, se ele voltasse atrás agora, seus amigos Tigres iriam achá-lo ainda mais covarde do que já achavam.

-- Legal, amigão! - Lucas elogiou.

Infelizmente eles não tinham rádios, por isso combinaram de se comunicar por sinais de luz no caso de uma emergência.

Três piscadas curtas, duas longas e uma curta significariam “Atenção! Perigo!”.

Uma piscada curta, duas longas e duas curtas seria o sinal para “Venham até aqui!”.

A turma dos Tigres adotavam sempre novos sinais para que ninguém pudesse decifrá-los.

Depois de decorarem o novo código de luz, Lu e Gigi saíram em marcha.

Patrick caminhava agitado em volta do avião. A cenoura voadora estava bem avariada.Com a batida, as asas tinham se quebrado e o trem de pouso estava danificado.

No pântano reinava um silêncio mortal. A noite estava escura como o breu e muito tenebrosa.

Para criar coragem, Patrick começou a assobiar. Quanto tempo será que Gigi e Lu iriam demorar? Quanto tempo fazia que aquelas pessoas tinham estado lá? - ele se perguntou.Muito ou pouco?

 

Pergunta para você

O que você acha? Faz

quanto tempo?

 

Capuzes vermelhos

Patrick dava uma olhada em seu relógio a cada dois minutos. Por onde será que o Lu e a Gigi andavam? Por que será que eles estavam demorando tanto?

Vanessa continuava sentada na cabine do piloto. Ela se balançava para frente e para trás, e murmurando:

-- Como é que eu pude ser tão irresponsável!

Patrick observava com medo a fina neblina que subia do pântano e ia ficando cada vez mais densa, formando um lençol branco e grosso acima do chão. Patrick começou a ficar com frio e fechou o zíper do moletom.Para esquentar um pouco, ele se balançava de uma perna para outra e esfregava os ombros.

Em algum lugar, um galho se quebrou. O Tigre olhou assustado na direção de onde viera o Barulho. Ele acendeu sua lanterna, mas não conseguiu enxergar nada. Nem mesmo uma árvore.

-- Gente, não me deixem aqui sozinho. Eu não agüento!_ ele gemeu baixinho, sentindo que alguém estava ali perto.

Patrick já começou a imaginar as piores coisas: animais selvagens perigosos, monstros de lama, zumbis do pântano e braços que saíam de repente da terra querendo agarrá-lo.

-- Eu não agüento mais! - gemeu, enfim.

Lu e Gigi já estavam fora havia meia hora.

Ele estava olhando para o rumo que eles tinham tomado quando, de repente, ouviu um sibilo às suas costas.

Patrick deu um rodopio e ficou paralisado de medo.

Á sua frente estavam cinco pequenos seres.Tinham no máximo um metro de altura e vestiam hábitos de monge marrom- avermelhados. Suas cabeças estavam escondidas sob grandes capuzes puxados até a testa. Dois dos pequenos seres traziam tochas na mão. Os outros três caminharam decididos até Patrick e o seguraram com força. O garoto deu um berro quando sentiu as mãos úmidas e geladas dos homenzinhos encapuzados, que o levaram consigo.

Dez minutos mais tarde, Lu e Gigi voltaram para o local da queda do avião.

-- Você entendeu? - Gigi perguntou para Lucas.

O Tigre balançou a cabeça negativamente.As pegadas tinham acabado de repente, ao lado da raiz de uma árvore, com um tronco grosso e cheio de nós. Parecia que as pessoas tinham se desmanchado no ar.

-- Patrick, nós já voltamos! - chamaram Gigi e Lu, depois de não terem encontrado seu amigo em lugar nenhum.

-- Onde será que aquele medroso se escondeu? - resmungou Gigi.

Apenas Vanessa estava no avião. Ela havia dormido, mas mesmo durante o sono murmurava algum som parecido com “culpada”.

Como é que Patrick podia ter desaparecido sem deixar nenhum vestígio? Porque ele não deixara nenhum recado? Pelo menos um sinal? Isso era o que seus amigos Tigres se perguntavam.

 

Pergunta para você

Você tem alguma idéia para a qual direção Patrick foi?

 

A árvore da forca

Gigi e Lu estavam confusos ali ao lado dos destroços do avião e não conseguiam encontrar uma explicação para o desaparecimento de Patrick. Nem lhes passava pela cabeça que alguém pudesse tê-lo escondido, portanto, não procuravam por pegadas e pistas.

-- Olhe, luzes no pântano! - exclamou Lucas, apontando para um ponto de luz que dançava ao longe.

Gigi e Lu nem imaginavam que era lá que seu amigo estava, junto da luz vinda da última tocha, ainda acesa, dos seres encapuzados.

-- Ele... ele com certeza volta logo - disse Gigi. -- Patrick não teria coragem para explorar este pântano assombrado sozinho.

Para não ficarem ali em pé no frio úmido, os dois entraram no avião e se sentaram nos últimos bancos. Vanessa estava dormindo e não demorou muito para que os olhos de Gigi e Lu também se fechassem.

Gigi se acordou primeiro. Seus braços e pernas estavam duros e doíam a qualquer movimento.

Depois de acordar Lu, os dois chacoalharam Vanessa pelos ombros. A tia de Patrick foi recobrando os sentidos devagar. Confusa, ela olhou à sua volta e perguntou:

-- Onde estou?

Gigi lhe contou rapidamente tudo o que havia acontecido. Vanessa não se lembrava de nada, nem mesmo da queda do avião.

Gigi tirou do bolso de sua jaqueta quatro barrinhas de cereais, dois chocolates, uma maça, uma pêra e uma mão cheia de amêndoas.

-- Isto é suficiente para o café da manhã, mas acho que a gente devia guardar algo para mais tarde - ponderou ela.

O pântano ainda continuava coberto por uma camada de névoa.Um pássaro fez um barulho estridente e algumas gralhas voavam por ali. Gigi pôs as mãos diante da boca em forma de um megafone e gritou em todas as direções:

-- Olá! Socorro!

Talvez houvesse alguém ali por perto que pudesse ouvi-los.

Lu tinha tirado Vanessa com cuidado da cabine do piloto e examinava o painel. Talvez fosse possível enviar algum aviso de emergência ou mandar algum sinal que fosse captado a distância.

Meia hora mais tarde, ele desistiu de tentar encontrar alguma coisa e suspirou:

-- Sem chance.

-- Onde será que o Patrick está? - Gigi perguntava o tempo todo.

Vanessa andava como uma sonâmbula em volta do avião.

-- Onde nós estamos, afinal? - ela quis saber.

-- No pântano das bruxas, pelo menos foi o que você disse quando fizemos o pouso de emergência! - respondeu Lucas.

Gigi olhou para ela e perguntou:

-- Por que o pântano tem este nome?

Porque, centenas de anos atrás, as mulheres tidas como bruxas eram expulsas para este pântano. Todas foram engolidas pela lama - contou Vanessa. -- Mas as almas delas nunca descansaram. As pessoas comentam que seres misteriosos andam pelo pântano. Ninguém gosta deles, dizem que os que seguem esses seres vestidos de vermelho nunca mais voltam.

Gigi e Lu se arrepiaram de medo. Quanto tempo eles ainda teriam de ficar naquele lugar?

Neste momento, Lu viu a lanterna enterrada no chão.

-- Gigi, aquelas pegadas estranhas estão aqui também! - exclamou, começando a segui-las.

Gigi correu atrás dele.

As pegadas os levaram a percorrer caminhos secos através do pântano. Aquelas pessoas deviam conhecer bem o lugar e os Tigres podiam seguir as pegadas sem se preocupar. Depois de andar aproximadamente um quilômetro, chegaram a uma árvore frondosa e muito velha. Só a circunferência do tronco devia medir uns sete metros.Os galhos estavam totalmente pelados e no chão não havia nenhuma folha. A árvore já devia estar morta a algum tempo.

Gigi apontou para cima em silêncio. Sobre suas cabeças balançava um laço de corda. Lu deu um passo para trás, assustado. Era um laço de forca. Será que a árvore fora utilizada antigamente como forca?

-- As pegadas acabam aqui. Estranho, parece que esses seres desapareceram no ar! - Disse Lu, balançando a cabeça.

-- E Patrick também! - acrescentou Gigi com uma voz macabra, pois as pegadas de seu amigo também acabava ali.

Eles gritaram o nome dele várias vezes. Lucas tirou de sua maleta especial um apito e uma pistola sinalizadora. Deu três tiros. Para a turma dos Tigres, esse sinal queria dizer:” nós estamos aqui, apareça”.

Mas Patrick não apareceu, nem deu sinal.

De repente, Gigi exclamou olhando para o céu:

-- Mas isso é muito estranho!

 

Pergunta para você

O que Gigi achou estranho?

 

No círculo encantado

-- Você tem alguma explicação para isso? - perguntou Lucas.

Gigi balançou a cabeça negativamente.

Neste momento, um grito sonoro ecoou pelo pântano. Vinha do local onde o avião caíra.

-- Santo Deus! Vanessa! - exclamou Lu.

Os Tigres saíram correndo. Eles chegaram sem fôlego à cenoura voadora.

O avião estava da mesma maneira como eles haviam deixado. Vanessa estava encolhida na cabine e seu corpo inteiro tremia. Ela enfiava os nós dos dedos na boca e gaguejava:

-- Os espíritos das bruxas... elas estavam lá...aqui... elas queriam me levar.Eu os vi...os capuzes vermelhos... elas são pequenas... mas fortes...

Gigi tentou acalmar Vanessa, mas foi impossível.

-- Ela tem razão, agora há mais pegadas no chão! - informou Lucas.

Mas havia mais alguma coisa que não estava lá antes: um pedaço de tecido vermelho meio podre que fedia terrivelmente.

Os lábios de Lu se moviam mudos, enquanto lia o recado que estava escrito no tecido.

 

Está no circulo

encantado o jovem

salvá-lo vocês não podem

só uma palavra errada

e seu amigo

está numa cilada

bico fechado

se não o fim dele

está marcado. Cinco dias vão se

passar até poderem seu

amigo encontrar.

Quando Lucas mostrou a Gigi o recado estranho, ela perguntou espantada:

-- O que quer dizer tudo isso?

Lu consultou seu microcomputador.

A informação que encontrou foi a seguinte: “Um círculo encantado é uma área mágica. Ele não pode ser visto, mas sentido. Apenas bruxos e pessoas com poderes sobrenaturais conseguem criar uma área como essa”.

-- O que será que eles estão fazendo com Patrick? - Perguntou Gigi em voz baixa.

Lu apenas levantou os ombros. Ele também gostaria muito de saber quem eram aqueles seres com capuz.

Ele tirou uma lupa de sua maleta e examinou o trapo de pano fedido. Talvez houvesse alguma marca no tecido que os ajudasse. Marcas esclarecedoras. Patrick não podia ficar nas mãos destes seres misteriosos de jeito nenhum, mas eles não tinham como avisar ninguém de seu desaparecimento. Se não ficassem calados, poderia acontecer alguma coisa com seu amigo!

Depois que Lu examinou o pano, Gigi perguntou curiosa o que ele havia encontrado.

-- Há várias marcas no pano, mas uma é muito estranha - disse o menino.

 

Pergunta para você

De que marca Lu está falando?

 

A volta dos capuzes vermelhos

Já era meio dia. Todas as reservas de comida e de água tinham se esgotado e o estômago dos dois Tigres roncavam.

A névoa estava mais densa e não era mais possível enxergar do alto o avião caído. Como alguém poderia encontrá-los algum dia?

Mesmo assim, Gigi e Lu não se deixavam abater e tentavam desesperadamente entender o significado daqueles sinais de luz e das pegadas.

-- Os sinais de luz estavam mostrando o caminho para algum avião. Eles indicavam aonde era possível pousar no pântano. Portanto, alguém estava sendo esperado - Lu supôs.

Gigi concordou com ele e disse:

-- De acordo com as pegadas, duas pessoas chegaram. Um homem e uma mulher. Eles foram recebidos e levados pelos seres descalços. O mesmo aconteceu com Patrick.

Mas para onde eles foram? Não podem ter desaparecido no ar.

-- Quem são os seres com capuz vermelho? E quem será que veio encontrá-los? - Lu pensou em voz alta.

-- Podem ser extraterrestres - arriscou Gigi. -- Ou seres vivos de quem nunca se ouviu falar!

Lucas nem achou tão absurda a teoria de Gigi.

-- Mas as duas pegadas de sapato são bem reais - disse ele. -- Elas são de humanos, sem dúvida nenhuma.

Mas como será que eles chegaram aqui?As pegadas estão aí, apesar de na haver indícios de um avião ter pousado em lugar nenhum. Fora a gente, ninguém pousou neste lugar, isto é certo.

-- Talvez eles tenham chegado num barco! - cogitou Gigi. -- Costuma haver muitos canais em pântanos.

Lu balançou a cabeça em negativa.

-- Eu não acho!

Neste momento, Vanessa, que continuava encolhida na cabine do avião, soltou um grito estridente. Ela apontou para a parede de névoa à sua volta e disse quase sem voz:

-- Eles estão aqui de novo... eles voltaram... os espíritos de capuz. Eles vieram nos buscar!

Lu e Gigi deram um passo para trás em pânico e se apertaram contra a porta da cabine.

Os seres de capuz realmente tinham voltado. Pela primeira vez, os dois Tigres também viram os seres misteriosos. Eles saíram da névoa num passo gingado e pareciam um bando de zumbis. Das largas mangas dos seus hábitos de monge saíram grossos tacos de madeira que eles balançavam ameaçadoramente. Como Gigi, Lu e Vanessa não se moveram, os seres de capuz começaram a bater no avião enlouquecidos. O barulho era ensurdecedor e os três mal se atreviam a respirar.

Chegavam cada vez mais seres. Eles não emitiam nenhum som e os dois Tigres tinham a sensação de estar diante de um exército de fantasmas.

Os seres de capuz vermelho fechavam cada vez mais o cerco em volta do avião.

Como se tivessem recebido um comando invisível e inaudível, os fantasmas de hábito correram para aquela direção com os tacos de madeira levantados.

-- Saiam daqui! Desapareçam! - berrou Gigi.

Dando chutes em todas as direções, ela arrastou a pilota e agarrou Lu pela manga da jaqueta.Então puxou os amigos para fora do cerco dos seres vermelhos e os três fugiram para dentro do pântano.

-- Eles não estão nos seguindo... só estão nos encarando! - Lu avisou.

Mas depois de poucos metros já não era possível ver mais nada através da névoa.

-- Mais rápido! - Gigi comandou.

-- Não! Parem! - disse Lu entre dentes. -- Agora eu sei como aquelas pessoas chegaram ao pântano...

 

Pergunta para você

Como as pessoas chegaram ao pântano?

 

Levem-nos com vocês!

Gigi olhou para Lu sem acreditar muito.

-- Eu aposto que aqueles anões esquisitos só queriam nos espantar. Talvez alguém venha buscar aquelas pessoas e nós não possamos ver - raciocinou Lu.

-- Mas que bobagem! - resmungou Gigi.

Lu não respondeu nada, mas dez minutos depois todos tiveram certeza de que ele tinha razão. Pois de repente, sobre a cabeça deles, ouviu-se um helicóptero, que se aproximou rapidamente e ficou parado no ar mais ou menos no local onde a cenoura voadora tinha caído.

-- Vamos voltar, isso pode ser a nossa salvação! - exclamou Lucas.

Mas Gigi e Vanessa não conseguiam avançar tão rápido. Um passo em falso e elas afundariam no pântano.

Os seres de capuz tinham acendido tochas no chão, formando de novo um triângulo. O piloto do helicóptero tinha visto as luzes do ar, eles pensaram.

Os dois Tigres e Vanessa se esconderam atrás de um arbusto alto de plantas do pântano. Eles viram baixar de lá de cima do helicóptero uma corda com um quadrado de madeira preso na ponta. O quadrado servia para as pessoas se equilibrarem em pé e serem puxadas para cima.

Com a respiração presa, os tigres viram quando os seres de capuz abriram espaço, e formaram uma espécie de alameda que levava diretamente até a corda. Dois outros seres chegaram pela lateral trazendo um homem com um sobretudo longo e claro, com a gola levantada.

Não se podia ver o rosto dele, já que trazia um boné enfiado até o meio da testa. Sua acompanhante era uma senhora charmosa que também usava um sobretudo longo e claro. Ela trazia uma pasta em baixo do braço e usava um lenço em torno da cabeça. Os dois caminharam rápido e abaixados até a pequena plataforma de madeira, subiram nela e fizeram um sinal para o alto.

Provavelmente havia um mecanismo a bordo do helicóptero que seria acionado para puxar a corda.

Mas nada aconteceu.

O homem puxou a corda impacientemente, mas não teve sucesso.

Os dois conversaram entre si agitados, mas por causa do barulho do helicóptero não se entendia uma palavra.

Neste momento, Lucas saiu de seu esconderijo e correu na direção deles.

Os seres vermelhos mal o notaram no início. Só perceberam sua presença quando ele gritou para as duas pessoas:

-- Esperem, vocês precisam nos levar junto! Precisamos de ajuda!

Nosso avião caiu!

Então, os seres viraram a cabeça na sua direção por um átimo de segundo.

O homem continuava puxando a corda com insistência e finalmente eles foram puxados para cima.

Mesmo assim, Lucas não desistiu. Deu um salto na direção dos dois e no último minuto conseguiu agarrar o sobretudo da mulher. O bolso se rasgou na costura e ele ficou para trás com o pedaço de pano na mão, enquanto eles desapareciam dentro do helicóptero.

-- Ei, esperem! - Berrou Lu dando pulos desesperado, apesar de não adiantar mais.

Ele percebeu que estava cercado pelos seres de capuz. E com certeza iriam pular em cima dele a qualquer momento. Lu olhou à sua volta com medo, mas os seres misteriosos tinham desaparecido de repente.

-- Isso... isso não pode ser... para onde eles foram? - Gaguejou ele.

-- Eles foram embora e desapareceram na névoa - disse Gigi, ofegante.

Lucas sentiu suas forças irem embora. Será que algum dia eles iriam embora daquele pântano assustador?Furioso, jogou longe o bolso do sobretudo. Alguma coisa caiu dele. Era uma moeda. Lu a pegou do chão e a observou curioso. De que país era aquela moeda?

 

Pergunta para você

De que país era a moeda?

 

O próximo susto

As horas seguintes foram as piores que Gigi e Lu já tinham passado em suas vidas. Eles estavam encolhidos dentro do avião e tentavam se manter aquecidos o quanto podiam, pois o frio úmido do pântano penetrava em suas roupas de tal forma que eles estavam quase morrendo congelados.

Lucas tinha disposto as tochas para que elas transmitissem um sinal de avião quebrado.

O símbolo criado palas tochas parecia um “U” meio quebrado. Restava a esperança de que o líquido inflamável das chamas ainda durasse mais um tempinho. Talvez eles recebessem ajuda.

No entanto, a esperança dos dois diminuía a cada minuto. Além daquele homem e daquela mulher, ninguém mais sabia que eles estavam ali, presos. Vanessa não tinha conseguido mandar nenhum sinal de socorro.

Três horas depois de o helicóptero ter levantado vôo, alguém bateu no casco do avião.

Gigi e Lu levaram um tremendo susto. Eles olharam pela janela e puderam reconhecer um daqueles seres de capuz, que logo desapareceu. O que será que ele queria?

Estava escurecendo e a névoa foi ficando cada vez mais aterrorizante e deprimente.

De repente, Gigi cutucou Lu com o cotovelo.

-- Você está ouvindo?

Lucas balançou a cabeça em afirmativa. Um helicóptero se aproximava.

O menino pulou para fora e começou a agitar os braços. A camada de névoa sobre o avião estava mais fina e ele conseguia ver o helicóptero claramente.

Para ter certeza de que o piloto os visse, os Tigres arrancaram as jaquetas e as balançaram no ar.

-- Nós vamos resgatá-los! - veio uma voz de um alto falante lá do alto.

Gigi e Lu ficaram tão felizes que soltaram gritos como índios.

-- O que é isto aqui? - exclamou Gigi, pegando um pano vermelho do chão.

Era mais uma mensagem para eles.

Mantenham a boca fechada

se não preparar uma cilada

nenhuma palavra sobre

o que aqui acontece

se não o menino nunca aparece.

 

Agora os três sabiam porque o ser ce capuz vermelho tinha ido até lá.

Lu enfiou o pedaço de pano no bolso da calça e, junto com Gigi, ajudou Vanessa a sair da cabine.

-- Obrigada, crianças... já estou melhor... - gaguejou a pilota. -- Eu não sei o que aconteceu comigo. Me desculpem. Mas onde está o Patrick?

Rapidamente, Gigi e Lu contaram tudo o que tinha acontecido.

-- Mas por enquanto nós temos de ficar de boca fechada, se não pode acontecer alguma coisa com ele! - Avisaram Vanessa.

O helicóptero se preparou para pousar e só conseguiu na terceira tentativa. Quando a hélice parou de girar, o piloto foi correndo até eles. Ele examinou o avião caído e disse:

-- Vocês tem sorte de ainda estarem vivos. O acidente parece ter sido bem feio!

Meia hora mais tarde, eles pousaram em um pequeno heliporto onde a polícia já estava o esperando. Um telefonema anônimo tinha avisado que eles haviam caído no pântano das bruxas e precisavam de socorro.

Lu se curvou na direção e Gigi e cochichou:

-- Com certeza foram aqueles dois, que ficaram com peso na consciência.

Vanessa e os Tigres não disseram nenhuma palavra sobre os encontros suspeitos no pântano das bruxas e sobre o desaparecimento de Patrick.

Lu, no entanto, aproveitou a oportunidade para saber mais sobre o pântano das bruxas.

-- Por acaso alguém mora lá? - perguntou ele, como quem não quer nada.

Os policiais balançaram a cabeça em negativa.

-- Não, com certeza não. O pântano, inclusive, foi cercado e a entrada nele, proibida, porque muitas pessoas já morreram lá.Dizem que o pântano das bruxas não devolve ninguém que tenha agarrado um dia!

Todo o restante que os policiais ainda contaram sobre as bruxas eles consideraram histórias da carochinha.

Quando os homens se ofereceram para levá-los para casa, eles agradeceram e recusaram.

Alegaram estar muito cansados e estressados.

-- Nós... nós vamos ficar pelo menos esta noite aqui. Deve haver um hotel por perto, não? - informou-se Vanessa.

Os policiais disseram que sim e prometeram levá-los até lá.

Foi muito difícil para os três não contar sobre Patrick, mas aqueles seres de capuz vermelho com certeza não brincando e eles não queriam colocar o amigo em perigo.O hotel se chamava “pousada das bruxas” e era uma espelunca.

Como não havia mais nada num raio de trinta quilômetros, os Tigres e Vanessa tiveram de se contentar com aquele mesmo.

Instalaram-se em três quartos minúsculos no sótão, nos quais só havia espaço para uma cama e uma cadeira.

Apesar de as paredes estarem úmidas, os lençóis mofados e os móveis podres, em cada quarto havia um telefone. A instalação era nova, mas já tinha problemas. Os aparelhos chiavam, estalavam e assobiavam, mesmo quando não se estava telefonando.

Apesar de Vanessa ter ligado para os pais dos Tigres para acalmá-los, Gigi queria ligar ela mesma para casa. Enquanto a menina discava o número, ouviu uma voz na linha. Era só um sussurro, mas mesmo assim Gigi conseguiu entender as palavras exatamente.

-- Seu idiota, porque agora?... Por que você não me falou? Mas a gente queria fazer só depois! A gente tinha combinado.

A voz era de Vanessa.

Infelizmente Gigi não conseguiu ouvir com quem ela estava falando. Mas agora já sabia que Vanessa tinha planejado tudo.

Seria possível que ela estivesse metida com aqueles seres do pântano das bruxas? Será que Vanessa só tinha fingido que estava em estado de choque?

Logo Gigi começou a achar estranho que a tia de Patrick tivesse se recuperado tão rápido quando o helicóptero de resgate chegou. Mas com quem será que ela estivera falando? Quem era o seu cúmplice?

-- Eu preciso ir, as crianças estão esperando! - disse Vanessa antes de desligar.

Gigi ouviu quando saiu do quarto e desceu as escadas. A menina então correu para o corredor em direção ao quarto de Vanessa.

A porta não estava trancada. Ela entrou de fininho e olhou à sua volta procurando alguma coisa. Talvez a tia de Patrick tivesse deixado algum caderninho de anotações uma caderneta telefônica ali. Ou então alguma outra indicação de quem seria seu cúmplice. De repente, Gigi teve uma idéia de como poderia descobrir isso bem rápido.

 

Pergunta para você

O que a Gigi pretende fazer?

 

Velhos conhecidos?

As mãos de Gigi ficaram molhadas de emoção quando o aparelho discou o número e ela ouviu o sinal de quem estava chamando.

-- Alô - uma voz de homem atendeu.

-- Quem fala, por favor? - Perguntou Gigi com a voz disfarçada.

Ela se fez passar por uma velha senhora.

-- Serviços aéreos Lipofski, mas o escritório já está fechado. Ligue amanhã! - Disse o homem num tom grosseiro e desligou.

Gigi tirou um bloquinho e um lápis minúsculo da bolsa e anotou o nome. Então desceu até o salão onde os outros estavam.

Havia uma nuvem de fumaça de cigarro no ar, em um canto uma televisão estava ligada e da outra ponta vinha uma música de rádio em alto volume. As pessoas mal conseguiam entender o que elas mesmas diziam, porém quase todas as mesas estavam ocupadas.

Um homem musculoso entrou no bar quase na mesma hora que Gigi. Ele estava vestindo um sobretudo verde de feltro e se apoiava em uma bengala de madeira.

-- Olá, eu sou o Jogi! - anunciou ele aos hóspedes do hotel.

Alguns se viraram na direção dele espantados, balançaram a cabeça e então continuaram sua conversa. O homem parece não se importar muito.

Ele deu um largo sorriso satisfeito e atravessou o salão com passos estrondosos.

Como ainda havia dois lugares livres na mesa de Lu e Vanessa, ele se sentou ali sem grandes rodeios.

Gigi sentou-se em outra cadeira que estava desocupada e olhou para o homem espantada. Seu rosto era curtido pelo vento e pelo tempo e seus cabelos grisalhos caíam desarrumados na testa.Os olhos permaneciam escondidos sob duas grossas sobrancelhas e um bigode enorme ocupava a boca inteira.

-- Desculpe, mas este lugar está ocupado? - informou Vanessa, irritada.

-- Ah? - disse ele, espantado. Ele mirou os dois Tigres com seus olhinhos cheios d'água e perguntou num tom misterioso:

-- E então? Como foi lá no pântano das bruxas?Encontraram algum fantasma?

Os dois Tigres se olharam em sinal de dúvida. O que deveriam responder?

Gigi respirou fundo duas vezes e respondeu descontraída:

-- Do que o senhor está falando? Aquele é um pântano normal, como qualquer outro. Ali não há nem mesmo animais diferentes.

-- Não, não, aquele pântano não é nem um pouco normal - o homem discordou. -- Ali moram os espíritos maus!E quem os vê uma vez nunca mais se livra deles. Pouco tempo depois, essa pessoa é tomada pelo azar e vive a pior catástrofe que se possa imaginar. Então é o fim!

Foi difícil para os Tigres Não deixá-lo perceber nada.

De repente, o olhar de Gigi pousou sobre uma outra mesa. Ela arregalou os olhos e murmurou para Lucas:

-- Ei... eu... acho que aqueles dois que entraram no helicóptero estão sentados ali.

Lu rodou os dedos ao lado da testa:

-- Acho que você já está vendo fantasmas!

-- Não, eu tenho certeza absoluta - insistiu Gigi, teimosa.

 

Pergunta para você

De quem ela está falando?

 

Descoberta à noite

Lucas não sabia o que pensar sobre a suspeita de Gigi.

-- Você é um bocó - a menina brigou com ele em voz baixa. -- Eu não vou perder os dois de vista.

Então, no mesmo instante, como se tivesse recebido uma ordem, o homem e a mulher se levantaram e saíram do salão.

Gigi grudou no calcanhar dos dois sem ser percebida. Ela era superboa nesse tipo de espionagem. De qualquer modo, a menina não precisou seguir os dois por muito tempo, pois eles só foram até o primeiro andar e desapareceram dentro dos quartos número 1 e número 5.

Logo na entrada da “Pousada das Bruxas” havia um barril antiqüíssimo sobre o qual ficava um caderno todo sujo. Ali, a dona da pousada, mal-humorada, escrevia o nome dos hóspedes. Gigi checou a lista de garranchos até chegar aos nomes registrados nos dois quartos. O casal suspeito eram B. Rogg e Su Mellon. Infelizmente não havia nenhuma outra informação a respeito deles.

Quando Gigi voltou ao salão enfumaçado, o homem chamado Jogi já tinha ido embora. Vanessa bocejou exageradamente e disse que ia dormir. Apesar de Gigi estar exausta, esta propôs a Lucas um passeio. O menino aceitou contrariado, mas seu cansaço foi embora logo que soube do telefonema de Vanessa. Ele também desconfiava de que ela estivesse envolvida com os seres de capuz.

-- Talvez até ela tivesse alguma coisa em comum com aquele senhor Rogg e a senhora Mellon. Será que ela tinha deixado o Patrick ser seqüestrado de propósito? Será que ela tinha “estragado” o Pattrick?

-- Talvez estejam fazendo alguma experiência com ele. Você sabe, testes com novos medicamentos e coisas assim - sugeriu Gigi.

-- Não pinte logo o diabo! - Lu reclamou.

Já estava tudo escuro e um vento gelado soprava nas orelhas dos dois. Atrás da “Pousada das Bruxas” havia um pequeno bairro assustador com no máximo vinte casas. Todas as cortinas estavam fechadas e não se via uma pessoa nas ruas.

De repente, uma porta se abriu no lado deles fazendo um Barulhão. A rua se iluminou.

Uma mulher corcunda saiu da casa e olhou para Lu e Gigi desconfiada.

-- Vocês não são daqui. O que vocês querem? - Ela atacou.

-- Não interessa! - respondeu Gigi, irritada.

Mas, antes que a mulher pudesse responder, Lu se colocou na frente da companheira e inventou uma história:

-- Nós estamos fazendo um trabalho para a escola e precisamos descobrir o máximo que pudermos sobre o pântano das bruxas.

A desconfiança da mulher desapareceu imediatamente.

-- Voltem amanhã, que eu mostro algumas coisas para vocês e conto várias histórias - ele ofereceu, simpática.

-- Quem é ela? Uma bruxa? - Gigi cochichou sem mover os lábios.

Só então ela percebeu a placa ao lado da porta, em que estava escrito museu local. Por isso o Lu tinha inventado aquela história de trabalho escolar!

-- Amanhã nós não estaremos mais aqui. Será que a senhora não teria um tempinho agora? - perguntou Lu educadamente.

A mulher deu um passo para o lado e fez um movimento com a mão, convidando-os para entrar.

-- Meus parabéns, senhor colega! - cochichou Gigi, enquanto eles entravam na velha casa.

O museu consistia em uma única sala abarrotada de quadros e cacarecos do chão até o teto.

A diretora do lugar lhes fez um discurso chatíssimo.

-- Esta mulher devia ser vendida na farmácia como remédio para dormir - Gigi comentou com Lu disfarçadamente.

Eles não ficaram sabendo de nada novo. Tudo o que ouviram eles já sabiam pela Vanessa. Os olhos de Gigi e Lu estavam quase se fechando.

-- As mulheres que foram chamadas de bruxas não morreram no pântano! - segredou a diretoria do museu num tom de mistério.

Os dois Tigres a olharam espantados.

-- A chave do reino para onde elas conseguiram fugir esta escondida naquele quadro. Mas eu nunca consegui descobrir.

Gigi e Lu se entusiasmaram e correram até o grande quadro pendurado na parede que a mulher tinha apontado. Ficaram olhando para aquele monte de traços sem saber o que fazer, mas também não conseguiram descobrir a chave.

-- Talvez a palavra-chave tenha outro significado bem diferente nesse caso - Lu supôs.

Em seguida, os Tigres descobriram quase ao mesmo tempo um animal que estava escondido no quadro.

 

Pergunta para você

Que animal era esse?

 

Pssiuu tem gente escutando!

Quando Gigi e Lucas saíram de volta à rua escura, eles temiam de ansiedade. Os dois sabiam o que significava aquela descoberta. Eles se despediram da simpática diretora do museu e se puseram a caminho do hotel. Para os Tigres, já não havia dúvidas sobre o local onde aqueles estranhos seres de capuz e Patrick tinham desaparecido. Eles deviam estar num lugar secreto debaixo do solo úmido do pântano.As estradas para este esconderijo ficavam com certeza nas raízes de uma árvore. E agora Gigi e Lu também já tinham entendido porque as gralhas não voaram do galho daquela árvore: elas não eram de verdade, deviam ser empalhadas, de madeira ou de metal.

-- Aposto que a gente só tem que puxar as gralhas ou girá-las para abrir a porta secreta. - arriscou Lu.

Mas como é que eles conseguiram chegar à árvore com as gralhas falsas? Um passeio pelo pântano era um risco de vida. Será que haveria que haveria alguém que pudesse guiá-los?

Os dois estavam tão mergulhados em seus pensamentos que nem perceberam alguém que estava em seus calcanhares como uma sombra.

-- Aaaa! - Gigi deu um grito quando uma pessoa segurou seu ombro por trás.

-- Jogi! O que é isso? - perguntou Lu, irritado.

Aquele cara estranho os tinha seguido secretamente.

-- Ri, ri! O velho Jogi não queria assustar vocês, só pregar uma peça! - desculpou-se ele, dando uma risadinha.

Lu aproveitou a oportunidade e perguntou:

-- Ei, você conhece alguém que possa nos guiar por um caminho seguro através do pântano das bruxas?

-- Lá não existe nenhum caminho seguro! - alertou Jogi, fazendo uma cara séria.

-- Mas a gente precisa ir até o pântano e... e... - Gigi parou engasgada.

Ela na podia contar nada. Desesperada, acabou mordendo o lábio.

-- Só existe uma pessoa que conhece um caminho seguro, e esta pessoa sou eu! - informou Jogi. -- Se os quiserem, então eu os guio, mas não podem contar para ninguém.Ninguém, vocês me entenderam?

-- Nós juramos que não conteremos - prometeram Gigi e Lu levantando os dedos da mão direita, mas mantendo os dedos da mão esquerda cruzados atrás das costas, caso precisassem quebrar o juramento.

Eles combinaram um horário com Jogi no dia seguinte. Encontrariam-se às três horas em uma pequena cabana, não muito longe da “Pousada das Bruxas”.

No hotel, os dois levaram seu próximo susto. O quarto de Lu estava completamente alagado. A torneira da pia estava aberta e o ralo entupido. O carpete, encharcado. Como aquilo tinha acontecido era um grande mistério.

-- Onde eu vou dormir agora? - perguntou Lu, um pouco confuso.

-- Se você não roncar, pode dormir no meu quarto, no chão - ofereceu-lhe Gigi - Há um cobertor extra no armário.

Lu aceitou a oferta, apesar de ter certeza absoluta de que não conseguiria pregar um olho diante dessa situação toda.

-- Amanhã nós precisamos falar com a Vanessa urgentemente... - Gigi começou a dizer, mas foi interrompida por Lu:

-- Nós precisamos acima de tudo descansar.Senão vamos enlouquecer. Amanhã é dia de descanso absoluto.

Gigi olhou-o sem entender nada. Então Lu tirou rápido seu microcomputador da mala e escreveu na tela: cuidado, tem gente escutando! Gigi olhou à sua volta procurando alguma coisa. Como Lu havia chegado a essa conclusão?

 

Pergunta para você

O que Lu descobriu?

 

A volta ao pântano

-- Tudo bem, amanhã, só descanso! - Disse Gigi em voz alta e olhando para Lu em dúvida.

O menino escreveu novamente em seu computador que imediatamente converteu sua letra de mão em letra de forma:

Alguém esteve em meu quarto e causou o alagamento para que eu viesse dormir aqui. Essa pessoa quer ouvir o que nós conversamos. Quem está por trás disto são aquelas pessoas do pântano, ou a Vanessa, ou todos juntos.

Portanto, eles estavam rodeados de inimigos, não podiam mais conversar entre si e precisavam estar sempre alertas.Mas agora eles só queriam mesmo era dormir.

No dia seguinte, eles só acordaram por volta das nove horas, mas pularam da cama imediatamente. Afinal, tinham um dia emocionante e com certeza muito cansativo pela frente.

Vanessa parecia estar bastante cansada quando chegou para o café da manhã e mal abriu a boca para falar.

-- Eu... eu preciso resolver uma coisa - disse ela, antes de se levantar e sair do hotel.

Gigi e lu a seguiram disfarçadamente. Logo atrás do hotel, ela atravessou a rua, mas um caminhão passou fazendo os Tigres a perderem de vista. Assim, eles tiveram de desistir de segui-la.

Em vez disso, então, eles foram providenciar algumas coisas. Precisavam de provisões e de uma boa roupa contra o frio para cada um. Além disso, eles se preveniram com pilhas extras para as lanternas. Afinal, nunca se sabe...

Jogi chegou pontualmente. Ele os examinou com seus olhinhos úmidos e perguntou insistentemente:

-- Vocês contaram para alguém sobre o passeio?

Gigi e Lu fizeram que não com a cabeça e ele se acalmou.

Pelo menos dessa vez a névoa não estava tão densa. Eles caminharam pelo escuro pântano em silêncio. Jogi realmente conhecia o local muito bem. Sem hesitar nenhuma só vez, eles os guiou através daquela região desolada. Passaram por pequenos lagos sobre os quais pairava uma fina camada de névoa. Um passo em falso e eles cairiam na água gelada e barrenta.

De repente, Jogi parou e se virou abruptamente para os dois.

-- Para onde vocês querem ir, afinal? - perguntou ele.

-- Até o lugar onde o avião de Vanessa teve que fazer o pouso de emergência - explicou Lucas.

-- Não sei onde é isso! - resmungou Jogi.

-- É perto de uma árvore grande e sem folhas onde duas gralhas estão pousadas - disse Gigi. -- Elas nunca saem de lá. Você conhece essa árvore?

Jogi pensou concentrado e então balançou a cabeça em afirmativa. Os Tigres tinham a esperança de que o homem os levasse até o local onde Patrick tinha desaparecido.Na verdade, havia uma outra árvore com gralhas até a qual as pegadas da senhora Mellon e do senhor Rogg os tinham levado. Como as pegadas tinham acabado ali, naquela árvore devia haver uma entrada secreta.

O caminho parecia não ter fim. Gigi e Lu perceberam espantados que já estavam andando fazia duas horas.

-- Ainda está longe? - perguntou Lucas, gemendo.

Jogi balançou a cabeça e apontou para um tronco seco e escuro de uma árvore.

-- Chegamos! - informou ele.

Gigi viu as duas gralhas, mas não reconheceu a árvore. Tinha a sensação de nunca tela visto antes.

-- Esta... esta não é a árvore certa! - explicou ela a Jogi.

-- Ah, você esta falando da outra! - disse Jogi, com uma cara de quem sabe do que esta falando, e foi em outra direção.

Dez minutos depois, eles estavam de nodo na frente de uma árvore sem folhas. Também nessa árvore estavam pousadas duas gralhas que não se moviam. Lu achou que esta também não era a certa.A árvore onde as pegadas de Patrick acabavam era diferente, não era?

Jogi prometeu levá-los até uma outra árvore.

Uma hora mais tarde, os Tigres estavam tão cansados que mal conseguiam andar. Além disso, agora estavam bem confusos.

Jogi lhes tinha mostrado cinco árvores sem folhas, cada uma com duas gralhas pousadas. E não se via mais nenhum sinal perto delas, pois uma forte chuva durante a madrugada tinha amolecido o solo e apagado as pegadas.

Agora tudo o que ele precisava era de um bom conselho. Gigi e Lu não queriam simplesmente tentar a sorte em qualquer lugar.

 

Pergunta para você

Em que árvore o Patrick desapareceu?

 

Jogi desaparece

Finalmente, Gigi e Lu chegaram a um acordo sobre qual era a árvore certa. Eles pediram a Jogi que os levasse até lá.

Aquele homem esquisito balançou a cabeça, espantado.

-- Por que esta árvore é tão importante para vocês? - Ele quis saber.

Os dois Tigres emudeceram sem graça. Eles estavam pensando mesmo o tempo todo em como se livrarem de Jogi. Ir até lá com ele tinha sido mesmo uma atitude impensada. Envolvê-lo em tudo aquilo seria muito perigoso. Quando chegaram à árvore certa, Gigi e Lu se entreolharam em dúvida. O que fariam agora?

Lucas teve uma idéia de como distrair o homem por um tempo.

-- Olha, Jogi, nós... _ e ele parou de repente, confuso. - Gigi! Cadê o Jogi? Ele estava atrás de nós agorinha mesmo.

Eles o procuraram por toda a parte, mas foi em vão. Jogi tinha desaparecido. Quando gritaram o nome dele bem alto, não tiveram nenhuma resposta.

-- Você entendeu o que aconteceu? - perguntou Lu, com a voz um pouco trêmula.

-- Não - disse Gigi quase sem voz. Ela estava com um nó na garganta.

Durante alguns minutos, os dois ficaram ali parados sem saber o que fazer.

-- Vamos... vamos tentar abrir a passagem - Lu sugeriu finalmente.

Ele fez escadinha com as mãos para Gigi e ela subiu no ombro dele. Os corpos das gralhas eram duros e gelados. Os bichos eram de metal e não dava para movê-los. Mas então Gigi descobriu que as asas tinham dobradiças e que dava para abri-las.

Esse era o truque.

Depois que Gigi abriu a asa, o tronco da árvore começou a girar rangendo alto.

Gigi deu um berro assustada e se agarrou no galho para não cair.

-- Uma abertura... uma passagem no tronco - Lu mostrou, agitado.

Gigi pulou no chão e olhou a abertura.

A entrada se tornava visível depois de o tronco girar era da altura de um homem.

-- Vamos? - perguntou ela em voz baixa.

Lucas balançou a cabeça duas vezes. Ele acendeu sua lanterna e foi na frente.

Quando chegaram ao interior do tronco oco, não acreditaram no que viram: a árvore era falsa. Aquilo era uma construção velhíssima de ferro fundido encapada com casca de árvore.

Eles desceram para as profundezas por uma escadinha estreita e chegaram a um abrigo úmido feito de pedra e que já havia ter algumas centenas de anos.

-- Talvez alguém tenha construído este esconderijo para que as pobres mulheres que eram mandadas para o pântano pudessem se salvar- disse Lu.

-- Por isso nenhuma delas nunca voltou, pois elas encontravam refúgio aqui e não morriam.

Mas quem se escondia ali agora? Com certeza, não eram os espíritos das bruxas daquela época. Elas não receberiam uma visita que vinha de helicóptero.

As paredes do abrigo eram grossas; aliás, bem grossas, senão não teriam agüentado a pressão e a umidade do pântano por tanto tempo.

Os Tigres examinaram o chão à procura de pegadas, mas não encontraram nenhuma. Parece que alguém os tinha varrido muito bem. Eles caminharam mais um pouco em redor na esperança de encontrar algum sinal, mas não havia nenhum. Até que chegaram a um local onde três corredores se encontravam. Qual deles levaria até Patrick?

 

Pergunta para você

Qual corredor você escolheria?

 

O corredor sem fim

Em algum lugar distante, Gigi e Lu ouviram umas risadas e um rangido. Eles estariam sendo esperados?

-- Será que a gente continua? - perguntou Lu, inseguro.

A vontade de Gigi era de dizer que não, mas eles tinham que libertar Patrick. Ela guardou a carteirinha dele no bolso. O amigo Tigre com certeza a deixara ali de propósito para que eles escolhessem o corredor certo.

Curvados, os dois continuaram caminhando pelo corredor que nunca chegava ao fim. Algumas curvas leves os impediam de ver para onde iam, e o lugar esperado, onde Patrick talvez estivesse, nunca chegava.

-- Cuidado! - cochichou Lu e puxou Gigi para um nicho na parede junto dele. -- No final do corredor tem alguma coisa brilhando. Talvez seja o Patrick nos enviando sinal de luz.

-- Como é a mensagem? - perguntou Gigi.

Lu espiou pelo canto da parede.

-- Três piscadas curtas, duas longas e uma curta.

-- É para a gente ir! - exclamou Gigi, animada.

-- Imagine, ele está nos avisando que há perigo! - disse Lu entre dentes.

-- Seu bobão, você nem consegue mais decorar nossos sinais de luz! - Gigi brigou.

-- Bobona é você, que vai cair em uma armadilha! - Respondeu Lu.

 

Pergunta para você

Quem tem razão, Gigi ou Lu?

 

A armadilha se fecha

Gigi soltou a mão de Lu e saiu correndo. Finalmente eles tinham encontrado Patrick.

-- Patrick, oi, nós estamos aqui! - ela já gritou de longe, mas não obteve nenhuma resposta.

Gigi chegou ao lugar de onde os sinais de luz tinham vindo. Era uma espécie de cela onde Patrick estava sentado sobre um monte de palha. Ele estava preso à parede por uma corrente de ferro. Ao lado dela havia uma vela e uma colher com a qual ele tinha enviado o sinal de luz.

-- Mas o que eles fizeram com você! - Gigi disse num ímpeto.

Ela estava tão atordoada que nem percebeu o olhar de patrick avisando haver perigo.

-- É assim que as pessoas se reencontram - sentenciou no momento uma voz que Gigi já tinha ouvido em algum lugar.

Jogi saiu de uma sombra na cela. Ele tinha tirado o sobretudo de feltro surrado e agora vestia uma roupa esportiva chique. Ali ele não parecia nem um pouco estranho e seus olhos tinham um brilho malvado.

-- Eu pensei que vocês iam escutar meu aviso e, desse modo, salvar seu amigo. Mas eu me enganei. Sorte minha por ter conseguido controlá-los e azar de coces por ter confiado exatamente em mim!

Ele deu uma risada maquiavélica e estalou os dedos. No mesmo instante, vários daqueles seres de capuz vermelho saíram dos nichos na parede e vieram rápido na direção de Gigi.

Quando viu que estava por baixo daquela roupa de monge, ela soltou um grito.

Jogi soltou a corrente que prendia Patrick e ordenou a seus ajudantes que ele e Gigi fossem levados dali.

De repente, ele parou e agarrou Gigi pelo braço.

-- Onde está o seu amigo? - perguntou ele.

-- Ele não está aqui... ele ficou com medo e quis voltar para o hotel.Com certeza vai avisar a polícia - Gigi inventou uma história.

Mas não conseguiu intimidar Jogo.

-- Ele nunca conseguirá sair do pântano e vai definhar até a morte - afirmou ele, satisfeito.

Lu ouviu tudo de seu esconderijo e seu corpo inteiro tremia. Quando seus amigos, Jogi e os seres de capuz foram embora, ele quis sair de onde estava, mas então ouviu passos que vinham da mesma direção onde ele e Gigi tinham entrado.

Assustado Lu se encolheu de novo no nicho da parede. Ele pegou sua carteirinha da Turma dos Tigres e segurou o espelhinho de maneira que pudesse ver quem vinha sem ser visto.

 

Pergunta para você

Quem está vindo?

 

O laboratório

Lu prendeu a respiração quando o senhor Rogg passou por ele. O homem parecia não conhecer o lugar, pois caminhava bem devagar e com cuidado, apontando sua lanterna em todas as direções.

O que será que Jogi e Rogg estavam aprontando? E que estaria se escondendo sobre os capuzes vermelhos?

Lucas foi andando colado na parede irregular do corredor enquanto seguia o caminho tomado por Jogi. Ele passou pela cela onde Patrick estivera preso e entrou num outro corredor. No fim dele, havia uma porta grossa de carvalho com fortes trancas de aço. Ela estava fechada, mas Lucas conseguia espiar pelas rachaduras.

-- Oh,não! - ele ficou sem fôlego de tão impressionado.

Por trás da porta havia uma espécie de laboratório. Lucas reconheceu ali alguns aparelhos eletrônicos que só são usados em salas de cirurgia. Viu também uma mesa de operação, bisturis e o próprio Jogi, que trazia na mão uma bolinha prateada, do tamanho de um feijão.

-- Vocês sabem o que é isto? - perguntou ele a Gigi e a Patrick.

Os dois se encolheram na parede e fizeram que não com a cabeça, mudos.

-- Isto é uma invenção. Uma espécie de controle remoto se seres humanos para ser implantado no cérebro.

Infelizmente, eu nunca consegui testar minha invenção em seres humanos, pois não tinha gente para isto.Mas agora tudo mudou. Ah, devo lhes revelar que eu sou o professor Erasmus Jadokus

Lu não conseguiu mais se segurar. Ele queria abrir a porta, mas ela não tinha nenhuma maçaneta, nenhuma fechadura.A madeira era tão grossa que o professor Jadokus nem ouviu como ele a chacoalhava tentando entrar, mas Gigi e patrick perceberam.

-- Eu tenho que pegar algo rapidinho, mas estou avisando: nem pensem em fazer alguma coisa - advertiu o professor e saiu do laboratório por uma outra porta. -- E nada de conversinhas, que eu ouço tudo! - gritou ele da sala ao lado.

Droga! Como é que eles conseguiram explicar ao Lu como se abria a porta?

-- O que você esta fazendo? - Lucas ouviu o professor bravo um pouco depois.

Ele viu pela rachadura quando ele arrancou um papel da mão de Gigi. O homem deu uma olhada no papel e soltou uma gargalhada.

-- Vocês podem desenhar outra hora! Agora não há tempo para isso.

Sem dar atenção, ele deixou o papel cair.

Patrick se aproximou disfarçadamente e empurrou a folha como bico do sapato para baixo da porta. Lu pegou o papel com os dedos trêmulos. Mas que bobagem era aquela? - ele se irritou.

Será que a Gigi estava louca? De repente, ele teve uma idéia e tirou de novo do bolso a sua carteirinha dos Tigres.

 

Pergunta para você

O que está escrito no papel?

Dica: Escrita espelhada

 

Truque do seguro

Lucas olhou a sua volta, mas não conseguia encontrar a alavanca em nenhum lugar. O tempo passava e o professor Jadokus já estava preparando tudo para a operação.

Mais uma vez, passos se aproximaram. E, se Lu não estivesse enganado, eram inclusive duas pessoas. Rápido, ele procurou um esconderijo à sua volta. Só havia uma quina que se projetava da parede e atrás da qual ele poderia se esconder. Ele teve que encolher a barriga e prender a respiração para não ser descoberto.

As duas pessoas cochichavam. Eram duas vozes de mulher e uma delas era a voz de Vanessa. Quer dizer que ela estava metida nessa história do professor!

-- E onde estão as crianças? - Lu ouviu Vanessa perguntar baixinho.

-- Esses corredores sob o pântano formam um labirinto gigante - respondeu a outra voz.

Lucas reconheceu em seu espelhinho que a dona da outra voz era Su Mellon.

-- Eu fui burra e me deixei influenciar pelos meus colegas aviadores - resmungou Vanessa. -- Como o meu avião já é muito velho, eu mal posso pagar os consertos. Ele deu um jeito de fazer um seguro alto do avião e queria simular uma queda. Mas eu nunca pensei que ele colocaria a vida das crianças e a minha em perigo!

Eu não quero mais me envolver nessa história, mas as crianças não podem me delatar. Por que será que elas vieram para cá?

-- Psiu! - fez a senhora Mellon, tentando interromper a falação nervosa de Vanessa.

Tarde demais. A porta do laboratório se abriu e o professor saiu de lá. Ele trazia uma pistola na mão.

-- Mas que visita agradável! - disse ele com um sorrisinho e fez um sinal para que as duas mulheres o seguissem para dentro do laboratório.

Por um momento, Lucas chegou a pensar em sair de seu esconderijo, mas a arma o fez pensar duas vezes.

Quando a porta se fechou de novo, ele foi tateando pelo corredor e pisou em um buraco cheio de água. Ele iluminou o buraco com sua lanterna e viu várias sombras.

Apesar de água deformar um pouco as imagens, Lu teve certeza de que a alavanca sobre a qual seus amigos Tigres o tinham avisado estava ali dentro. Mas qual seria a alavanca certa?

 

Pergunta para você

Qual é a alavanca com a cobra?

 

Pequena fuga

Uma espiada pela fechadura da porta convenceu Lu de que o momento era aquele. O professor estava de novo na sala ao lado.

Lu deu uma batida longa e duas curtas na porta, o sinal de batida dos Tigres que significava “atenção”. Então se ajoelhou ao lado do buraco e enfiou a mão na água. Ele puxou a alavanca com a cobra e a porta se abriu imediatamente.

Aliviados, os dois Tigres e as mulheres saíram e lá correndo. Mais um puxão na alavanca e aporta começou a se fechar.

-- Rápido, corram! - comandou Lucas.

Os cinco saíram correndo pelo corredor sinuoso até chegar à cela de confinamento. Mas, quando iam entrar pelo outro corredor largo, os seres de capuz vermelho surgiram da escuridão e fecharam o seu caminho.

-- Não deixem eles passarem! - berrou o professor atrás deles.

-- Mas a gente tem que passar por eles! - exclamou Gigi.

O olhar de Patrick pousou sobre as marcas de mãos e pés deixados no chão e, num instante, soube quem estava por baixo daquele sobretudo com capuz.

 

Pergunta para você

Quem está escondido por baixo dos capuzes?

 

O jogo acabou

-- Ele... ele com certeza implantou neles aquele seu aparelhinho infernal... - disse Gigi.

Os seres de capuz vermelho se aproximavam devagar e ameaçadores.

-- Agora a senhora pode ver tudo o que é possível com o meu chip de controle remoto cerebral, senhora Mellon - gritou o professor.

-- Este homem é maluco - declarou Su Mellon. - Nós nos infiltramos nos seus negócios para pôr um fim nos seus experimentos terríveis. Somos de uma entidade protetora dos animais e nos apresentamos como compradores de “invenção” dele. Ele quer vender os macacos controlados por controle remoto para que eles escondam bombas ou procure minas.

Jadokus tinha se escondido no velho abrigo do pântano para poder fazer suas experiências sem ser incomodado.

Os macacos estavam só a alguns passos deles. A Turma dos Tigres e as duas mulheres não tinham outra escolha: eles tinham que voltar para o laboratório.

-- Aaaaa! - eles ouviram o professor gritar.

Em seguida, os macacos voltaram a si. Alguns arrancaram o capuz, outros começaram a pular e gritar.

-- Tudo sob controle - uma voz de homem avisou.

-- É o Bert - exclamou Su, felicíssima.

Bert Rogg tinha dominado o professor. Ele estivera escondido o tempo todo em um corredor lateral.

-- O chip no cérebro é uma mentira. Os macacos eram controlados por meio de um aparelho ultra-sonoro - explicou Rogg. -- Com certeza, ele primeiro os ensinou com muita pancada o que tinham que fazer quando ouvissem esse som.

-- Vocês todos vão ganhar um novo lar em um parque onde só vivem chimpanzés. Lá iram se sentir bem - prometeu Su aos macacos.

-- Crianças, eu preciso me desculpar com vocês - gaguejou Vanessa, sem graça.

-- Tudo bem - disse Lu. -- Por causa da sua tentativa de enganar o seguro, nós chegamos a esse laboratório horripilante e esses pobres macacos foram finalmente libertados de seu sofrimento.

Gigi, Lu e Patrick fizeram uma rodinha e exclamaram orgulhosos:

Somos os Tigres,

somos os tais,

vencemos qualquer parada,

o que você quer mais!?  

E este não foi o seu último caso...

 

                                                                                Thomas Brezina  

 

                      

O melhor da literatura para todos os gostos e idades

 

 

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