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Nicoletta foi toda sua vida “diferente”. Em seus 17 anos é a curandeira do vilarejo no qual vive e a alegria de seus vizinhos, que a protegem, ela e seu segredo.
Por isso, quando é convocada ao Palazzo da Morte, onde vive o poderoso Dom Scarletti, sobre cuja família pesa uma terrível maldição que acaba com as mulheres que pisam no palazzo, todos temem por ela.
Uma vez no palazzo, a jovem atrai a atenção do senhor, sobre o qual correm estranhos rumores e que decide fazê-la sua.
Nicoletta enfrenta a morte no palazzo, mas acode decidida a descobrir o que esteve matando durante as gerações as esposas dos Scarletti e a tantas outras mulheres que trabalharam no palazzo, incluindo a sua própria mãe.
O corvo voava com o passar do bordo dos escarpados. Abaixo, as ondas se estrelavam e formavam espuma contra as rochas, cada uma ascendendo mais e mais alto, estendendo-se quase airadamente para o pássaro negro. O corvo trocou de curso, girando terra adentro através de campos de flores silvestres, sobre colinas nuas, voando até alcançar a refloresta. Parecia dirigir-se a algum lado, planejando devagar pelo céu, os raios quentes do sol brilhavam a suas costas. Emplastros de nuvens cinzas começavam a vagar no horizonte, quase a sua esteira, como se o pássaro estivesse desenhando uma sombra cinza na terra de abaixo. Uma vez ao casaco das árvores, o pássaro trocou de velocidade, reduzindo-a rapidamente, manobrando através dos frondosos ramos e rodeando troncos de árvores como competindo com o pôr-do-sol. Voou tão reto como era possível sobre a ladeira até a arvoredo do longínquo pendente da montanha. abriu-se aconteço infalibremente até um ramo grosa e retorcida. posou-se ali, pregou as asas bastante majestuosamente, com seus olhos redondos e brilhantes atentos à pequena mulher de abaixo.
Nicoletta amontoava cuidadosamente terra fértil ao redor da pequena samambaia que recentemente tinha transplantado. A terra ali era mais fértil que a próxima a sua casa e faria florescer seus muito necessárias e incomuns forma de flora. Utilizava extratos das novelo como medicamentos para a gente dos arredores da villagi e as granjas. O que tinha começado como um pequeno jardim no flanco da colina tinha crescido até ser uma enorme porção de terreno transplantado com todas as ervas e flores que requeria para vários remédios. Suas mãos nuas estavam enterradas na terra, as ricas fragrâncias das ervas a envolviam, um tumulto de cor procedente da vegetação se pulverizava por toda parte a seu redor.
De repente se estremeceu quando uma sombra cinza obscureceu os últimos quentes raios de sol, deixando um ameaçador presságio de desastre em sua mente. Muito lentamente Nicoletta ficou em pé, limpando-a terra úmida das mãos e depois da larga e ampla saia antes de inclinar a cabeça para cima para olhar ao pássaro sentado ainda sobre ela na árvore.
-Assim vieste a me convocar -disse em voz alta, sua voz resultou suave e rouca no silêncio da arvoredo-. Nunca me traz boas notícias, mas te perdôo.
O pássaro a olhava fixamente, seus pequenos olhos redondos brilhavam. Um último raio de luz golpeou as plumas de suas costas, as fazendo quase irridiscentes, antes de que as nuvens cinzas obscurecessem o sol completamente.
Nicoletta suspirou e empurrou para trás a selvagem massa de comprimento e enredado cabelo que flutuava como uma cascata por suas costas até sua pequena cintura, com algumas pequenos ramos apanhados entre as sedosas mechas. Parecia uma criatura tão misteriosa e mística como o silencioso corvo, selvagem e indomável com seus pés descalços, olhos escuros, e delicados rasgos tintos de dourado pelo sol. Uma jovem e formosa bruxa, possivelmente, tecendo feitiços em meio de seu frondoso e exótico jardim.
O pássaro abriu o pico e emitiu um forte grasnido, a nota resultou irritante no silêncio da arvoredo. Por um momento os insetos cessaram seu incessante zumbido, e a mesma terra pareceu conter o fôlego.
-Já vou, já vou -disse Nicolleta, agarrando um embornal de couro fino. Elevou a cabeça ao céu sobre ela, depois girou em um lento círculo, deteriéndose com os braços estendidos, enquanto se enfrentava a cada uma das quatro direções, norte, sul, este e oeste. O vento atirava de sua roupa e fustigava o cabelo a seu redor como uma capa. Apressadamente começou a recolher folhas e sementes de várias novelo, as acrescentando às ervas secas e esmagadas e os bagos para medicamentos que já havia em seu embornal.
Nicoletta começou a correr com o passar do caminho bem trilhado que baixava a colina. Os arbustos lhe enganchavam a falta, o vento atirava de seu cabelo, mas se abriu aconteço facilmente através das sarças e a espessa vegetação. Nem uma vez seus pequenos pés tropeçaram com uma rocha ou ramo que jazesse à espera no chão. Quando se aproximou do arroio, simplesmente se recolheu a larga falta sobre suas pernas nuas e correu sobre as pedras lisas e expostas, salpicando ocasionalmente um jorro de água, como uma ducha de brilhantes diamantes.
O bosque dou passo a pradarias e depois a rocha estéril quando se aproximou do oceano. Podia oir o mar troando contra os escarpados, procurando continuamente erodir os enormes picos. deteve-se antes de completar sua descida para contemplar o enorme palazzo que se elevava severamente sobre o escarpado mais próximo sobre o violento mar. O castelo era grande e formoso, embora escuro e ameaçador, surgindo de entre as sombras. Cochichava a respeito de grandes salões que continham muitos secretos e passadiços ocultos que podiam conduzir diretamente ao mar se fosse necessário.
O palazzo tinha muitos pisos, com alerones, torres, altas terraços, e a infame torre, que se rumoreaba era uma espécie da prisão. A fachada que dava ao escarpado tinha sido esculpida em segmentos de pedra que formavam intrincados e incomuns patrões, que pareciam ter algum significado em vez de ser simplesmente divisões de paredes de pedra com grandes janelas. Esses portais e seus incomuns patrões sempre captavam sua atenção... e também a faziam sentir como se estivesse sendo observava. Esculpidos nos beirais do castelo, aguilones, torrecillas, e inclusive na torre havia sentinelas silenciosos, aterradoras gárgulas que observavam a paisagem circundante com olhos vazios e penetrantes e asas estendidas.
Nicoletta sacudiu a cabeça, sem atrever-se a atrasar-se mais. Sentia uma urgência; a necessidade de manter-se em movimento devia ser grande. Voltou as costas ao palazzo e começou a caminhar rapidamente pelo atalho que conduzia longe do mar de volta ao interior. As primeiras casas apareceram à vista, pequenas e pulcras granjas e moradas dispersas pelas colinas. Amava a visão dessas casas. Amava às pessoas.
Uma mulher maior se encontrou com ela quando entrava no quadrado da praça principal.
-Nicoletta! te olhe! Onde estão seus sapatos? Às pressas, piccola, deve te apressar! -A mulher que a chamava "pequena" soava zangada, como ocorria com freqüência, mas em realidade estava tirando gentilmente os ramos e folhas do comprido cabelo da Nicoletta-. Rápido, piccola, seus sapatos. Deve te arrumar o cabelo enquanto caminhamos.
Nicoletta sorriu e se inclinou para a mulher para deixar um beijo em sua bochecha enrugada.
-Maria Pia, é a luz de minha vida. Mas não tenho nem idéia de onde deixei minhas sandálias. -E era certo, além disso. Em algum lugar do caminho, possivelmente junto ao arroio.
A Signora Maria Pia suspirou brandamente.
-Bambina, embora seja nossa curadora, será a morte para todos nós.
Nicoletta era a alegria do villagio, sua alma, seu segredo. Era impossível de domesticar, como tentar sujeitar a água ou o vientro entre as mãos. A mulher maior elevou um braço e o ondeou para a cabana mais próxima. Imediatamente ouviram o som de uma risada, e uma menina pequena saiu correndo levando um par de sandálias de couro fino, arrastando as tiras pelo chão.
Rendo, a pequena de cabelo escuro empurrou os sapatos para a Nicoletta.
-Sabíamos que os perderia -disse.
Nicoletta riu, o som foi tão suave e melodioso como o da água clara correndo pelos arroios próximos.
-Ketsia, pequeno fantasia de diabo, sal de minha vista e deixa de me atormentar.
Maria Pia já estava olhando para o estreito caminho que conduzia de volta aos escarpados.
-Vamos rápido, Nicolleta, e te tranque o cabelo. Um cachecol, bambina... deve te cobrir a cabeça. E agarra meu xale. Não pode atrair a atenção sobre ti mesma -Estava cacarejando as ordens sobre seu ombro enquanto caminhava energicamente. Era velha, mas se movia como se ainda fora jovem, bem acostumada como estava a viajar pelas ladeiras levantadas.
Nicoletta lhe manteve facilmente o passo, com as sandálias penduradas ao redor do pescoço pelas tiras enquanto recolhia seu cabelo habilmente em uma larga e grosa tranca. Depois a retorceu cuidadosamente e se cobriu a cabeça com um cachecol fino.
-Vamos ao Palazzo Della Morte? -sugeriu.
Maria Pia se deu a volta, franzindo o cenho ferozmente, emitindo um lento vaio de desaprovación.
-Não diga tal coisa, piccola. Dá má sorte.
Nicoletta riu brandamente.
-Você crie que tudo dá má sorte. -envolveu-se o maltratado xale negro ao redor dos ombros para cobri-los braços nus.
- Tudo dá má sorte -arreganhou María Pia-. Não pode dizer tais coisas. Se ele te ouvisse...
-Isso não dá má sorte -insistiu Nicoletta-. E quem vai contar lhe o que pinjente? Não é a má sorte o que mata às mulheres que vão trabalhar a esse lugar. É alguma outra coisa.
Maria Pia-se presignó enquanto olhava ao redor cuidadosamente.
-Tome cuidado, Nicoletta. As colinas tem ouvidos. Tudo chega a ele, e sem sua boa vontade nossa gente estaria sem lar e desprotegido.
-Assim devemos tratar com o IL Demônio e rogar porque o preço não seja muito alto -Pela primeira vez Nicoletta soava amargurada.
Maria Pia se deteve por um momento, estendendo a mão para agarrar o braço da jovem.
-Não dê refúgio a tais idéias, piccolla, diz-se que pode ler a mente -advertiu gentilmente, amorosamente, com pena e compaixão em seus olhos.
-Quantas mais de nossas mulheres e filhas se tragará esse lugar antes de que se faça algo? -exigiu Nicoletta, seus olhos escuros brilhavam como chamas por causa da fúria- Devemos pagar nossas dívidas com nossas vidas?
-te cale -insistó Maria Pia-. Volta para villaggio. Com esta atitude, não deveria me acompanhar.
Nicoletta partiu passando à anciã, com as costas tensa, os magros ombros quadrados e indignação em cada passo.
-Como se fora a te deixar enfrentar ao Signore Morte sozinha. Não poderia superar isto sem mim. Pressinto-o, Maria Pia devo ir se ela vai viver -Nicoletta ignorou o ofego indignado da Maria Pia ante sua aberta admissão de saber algo que ainda não lhes tinha sido revelado. Tentou não sonreir quando solenemente Maria Pia fez o sinal da cruz, primeiro sobre se mesma e depois sobre a Nicoletta.
A neblina se elevava do espumoso mar, fina, levando gotas de água salgada que se enroscavam alrededos de seus tornozelos e se aferravam a sua roupa. O vento era selvagem agora, levantando as ondas do oceano que se chocavam contra suas pequenas formas como se tentassem as fazer retroceder. esforçaram-se por ralentizar seu passo e escolher seu caminho cuidadosamente sobre o atalho pouco utilizado para o volumoso palazzo. Quando rodearam o estreito e íngreme escarpado que me sobressaía sobre o mar, e o palazzo apareceu à vista, o sol ficou finalmente caindo sob o horizonte de água, empurrando uma mancha vermelho sangre pelo céu de acima.
Maria Pia gritou, detendo-se quando a vívida cor se estendeu pelos céus, um portento de desastre e morte. Gemeu brandamente, tremendo enquanto se balançava adiante e atrás, aferrando a cruz que levava ao redor do pescoço.
-Vamos para nosso julgamento final.
Nicoletta pôs um braço protetor ao redor dos ombros da anciã, sua jovem cara era apaixonada e feroz.
-Não, não é certo. Não lhe perderemos, Maria Pia. Não te perderei. Ele não pode te tragar como tem feito com as outras! provei ser muito forte para ele e suas terríveis maldições.
O vento uivou e rasgou suas roupas, rabiando contra seu desafio.
-Não diga essas coisas, bambina. É perigoso dizer essas palavras em voz alta. -Maria Pia quadrou os ombros-. Eu sou uma velha, melhor que vá sozinha. vivi minha vida, Nicoletta, enquanto a teu solo está começando.
-O Palazzo Della Morte se levou a minha mãe e a minha zia. Não tragará a ti também. Não o permitirei! -jurou Nicoletta ferozmente, lançando as palavras de volta ao selvagem vento, negando-se a inclinar-se ante sua desumana intensidade-. Vou contigo como sempre e ele pode ir-se ao inferno!
Maria Pia ofegou de surpresa e benzeu a Nicoletta três vezes antes de proceder com o passar do atalho. O vento chiava seu ultraje ante o desafio da Nicolleta, rugindo através do passo, e arrancando calhaus que caíam sobre elas, golpeando às duas mulheres enquanto se apressavam a passar entre os dois escarpados. Nicoletta rodeou a cabeça da mulher maior protectoramente com um braço, tentando proteger a da chuva de pedras que caía em cascata ao redor dela enquanto corriam.
-É que comanda às mesmas montanhas ? -lamentou-se Maria Pia. Suas palavras foram fustigadas desde elas e levados mar dentro pela fúria do vento.
-Está ferida? -exigiu Nicoletta, passando as mãos sobre a anciã, procurando feridas, sua fúria e desafia se formavam redemoinhos juntas como a nebrina. Foi amável, entretanto, seu tato ligeiro e consolador apesar das furiosas emoções de seu interior.
-Não, não estou ferida absolutamente -tranqüilizou-a Maria Pia- O que tem que ti?
Nicoletta se encolheu de ombros. Sentia o braço intumescido, mas a rocha que a tinha golpeado não tinha sido particularmente grande, sentia-se afortunada de ter escapado sozinho com uma magulladora. Agora estavam nas terras do palazzo, e no alto as nuvens se obscureciam e giravam como o caldeirão de uma bruxa. Largas e escuras sombras se estendiam por toda parte, sombreando cada arbusto, árvore e estátua quando a mansão surgiu ante elas. elevava-se do escarpado, um castelo deslumbrante com sua enorme torre alcançando os céus. Enormes e pesadas esculturas e outras mais pequenas e delicadas dedilhavam os terrenos, que também tinha em seu haver grandes pedras esculpidas colocadas em impressionantes barricadas ao redor do labirinto e os jardins. Duas enormes fontes de mármore com borde dourados e pesadamente decoradas com deidades pagãs aladas se elevavam no centro dos círculos.
Nicoletta e Maria Pia avançaram pelo atalho imaculado para a porta do castelo, as estaturas as olhavam fixamente e o vento as golpeava continuamente. A porta era enorme e intrincadamente esculpida. Nicoletta estudou as talhas por um momento enquanto Maria Pia a preparava, assegurando-se de que estava apropiadamente coberta.
-Seus sapatos, bambina -vaiou a anciã.
Estavam ambas tremendo no vento constante. Estava escuro e sombrio ante a grande aldrava da porta que parecia as olhar fixamente de forma desagradável. Nicoletta pensou que as talhas eram almas perdidas chiando entre as chamas, mas claro, sua imaginação sempre a assaltava quando estava perto deste lugar. Maria Pia tomou a pesado aldrava e o deixou cair. Este ressonou cavernosamente, o som uivou e reberberó na crescente névoa e a escuridão.
Nicolleta ficou apresudamente as ofensivas sandálias, atando as tiras ao redor de seus tornozelos enquanto a porta se abria silenciosamente. Filas de velas ardiam em candelabros no vestíbulo alto de entrada, titilando e dançando ao longo das altas paredes, envolvendo o comprido corredor e os tetos abovedados em sombras grotescas. O homem que estava de pé na soleira era alta e magra com bochechas gastas e cabelo salpicado de prata. Seus olhos escuros se moveram sobre as duas mulheres com um pingo de desdém, mas sua cara permaneceu inexpressiva. -por aqui.
Durante um momento nenhuma das mulheres se moveu. Então Nicoletta entrou em palazzo. Ao momento a terra se moveu. O movimento pareceu tão suave como o mais liguero dos tremores, logo que sentido, mas as velas do vestíbulo se balançaram, as chamas saltaram um pouco como advertência e a cera salpicou o chão. Maria Pia e Nicoletta se olharam a uma à outra. A mais anciã fez rapidamente o signo da cruz para o interior da casa e depois atrás delas para a escuridão e o vento uivador.
O servente se girou sem olhar às mulheres. Imediatamente, Maria Pia lhe seguiu, mas não antes de modificar seu comportamento inteiro. ergueu-se mais alta, aparentemente confiada, uma calada dignidade se aferrava a ela. Nicoletta assumiu a postura oposta. Agachou os ombros e se arrastou com o passar do grande salão, lançando olhadas nervosas a um lado e ao outro, esperando fundir-se com as sombras, suas finas sandálias eram silenciosas no chão de mármore, sem atrair a atenção sobre si mesmo em seu intento de mascarada como a humilde aprendiz da "curadora".
O homem abria o caminho que tomou voltas e curvas ao longo de vários corredores e salões e através de várias grandes habitações, movendo-se tão rapidamente que uma pessoa corrente não teria tido tempo de tomar nota de nenhuma marca. Maria Pia parecia serena apesar das circunstâncias, confiando na Nicoletta, como tinha feito tantas vezes no passado, para conhecer o caminho de volta. O interior do palazzo era um incrível exemplo de imaginação de um professor escultor e de sua arte. As paredes enormemente grosas eram de liso mármore rosa e branco. Os tetos eram altos, abovedados, com impressionantes cúpulas e arcos. O chão era de mármore, entretanto, com grandes blocos impossivelmente lisos sob seus pés.
Esculturas e outras obras de arte abundavam, com freqüência enormes criaturas aladas guardando o esconderijo do demônio. Ocos e portais alojavam intrincadas talhas de anjos e demônios. Cavalos e criaturas míticas saltavam das passagens abobadadas e ao longo das paredes. Grandes colunas e arcos se elevavam; e cada sala era maior e mais ornamentada que a anterior. As tochas proporcionavam uma certa animação às silenciosas esculturas, que olhavam para baixo com olhos frios às mulheres que se apressavam ao longo dos corredores cavernosos.
O som de um uivo ressoou através dos salões. Quando viraram uma esquina, duas mulheres apareceram à vista. Aferravam-se a uma à outra, a mais jovem soluçando histericamente, a mais velha chorando suavemente. Um jovem estava em pé, impotente, junto a elas, obviamente pesaroso, cobrindo o rosto com uma mão. Uma olhada rápida disse a Nicoletta que eram personagens de alta linhagem, sua roupa luxuosa, seu cabelo perfeito apesar das circunstâncias. Por alguma razão esse detalhe causou efeito em sua mente. Conhecia as duas mulheres de vista, é obvio; vinham com freqüência com seus serventes à vila, demandando novos tecidos para seus modistas. A mais belha era bonita, fria, e distante, não mais de trinta e cinco anos ou talvez menos. Portia Scarletti e sua filha, Margerita. Portia era viúva, uma parente Scarletti longínqua que tinha vivido no [i]palazzo[/i] a maior parte da vida. Sua filha tinha perto de quinze ou dezesseis anos e era extremamente arrogante com as moças da vila. Nicoletta sabia que o jovem era Vincente Scarletti, o irmão mais jovem do senhor. Apartou os olhos rapidamente e os mergulhou além da escuridão do corredor.
O servente que as escoltava parou diante de uma porta.
- A bambina está aqui dentro. Está muito doente. - O tom sombrio e fatalista de sua voz indicava que tinham demorado muito em chegar. Abriu a porta e retrocedeu, não para entrar, mas para afastar-se rapidamente do caminho, cobrindo discretamente a boca e o nariz com uma mão. Uma rajada de ar quente e aroma pestilento saiu da antecâmara. O fedor era entristecedor.
A menina havia vomitado repetidamente. A colcha estava úmida e manchada pelos esforços de seu corpo de livrar-se dos venenos. Nicoletta teve que esmagar a rápida onda de fúria que lhe provocava o fato de os adultos terem deixado uma criança sofrer sozinha, por temor de um possível contágio. Reprimiu a necessidade de vomitar ante o infame fedor e se aproximou da cama. Depois dela a porta se fechou com um forte ruído surdo, mas apesar de sua grossura, não afogou o inútil e molesto gemido que chegava do salão. O fogo estava crepitando, gerando tremendo calor e fazendo que o aposento brilhasse de uma inquietante cor laranja por causa das chamas.
A menina parecia diminuta na pesado armação de madeira da cama. Era muito jovem, possivelmente sete anos, seu cabelo escuro caía em mechas, suas roupas estavam encharcadas de suor e manchadas. Seu rosto estava perolado pela transpiração e retorcido pela agonia.
Nicoletta se aproximou dela sem duvidar, seus olhos escuros refletiam compaixão. Deslizou uma mão ao redor da mãozinha da menina, com o coração na garganta.
- Por que esperaram tanto para nos chamar? - sussurrou brandamente.
Algo grande e ameaçador se moveu entre as sombras mais afastadas de um oco embutido perto das grandes janelas. Maria Pia gritou e saltou para trás da porta, persignando-se. Nicoletta se interpôs protetoramente entre as sombras e a menina, preparada para defendê-la do espectro da morte. A grande forma de um homem emergiu lentamente da escuridão. Era alto, de constituição poderosa, com o cabelo comprido e negro encharcado pelo suor. Cambaleou precariamente por um momento, com uma mão pressionada contra o estômago. Havia dor esculpida profundamente nas linhas de seu rosto.
Nicoletta avançou rapidamente para ele, mas ele sacudiu a cabeça, e seus agudos olhos negros se estreitaram em advertência.
-Não se aproxime de mim. -Sua voz era fraco mas continha uma ordem inconfundível. Assinalou à menina com um gesto- É a Morte Negra? -Seu olhar estava fixo na cara murcha da Maria Pia.
Ambas as mulheres ficaram congeladas por um momento. Este era o dom... o muito mesmo Dom Scarletti. Inclusive doente como estava, atormentado pela febre e a dor, parecia poderoso e absolutamente capaz de dispor facilmente de duas mulheres camponesas. Para grande desgosto da Nicoletta, Maria Pia-se presignó uma segunda vez.
-Deu! Por Deus, mulher, me responda! -exigiu ele, seus dentes brancos estavam apertados como os de um lobo faminto.
-Signorina Sigmora, é a praga?
Maria Pia olhou muito brevemente a Nicoletta, que sacudiu a cabeça ligeiramente e se aproximou uma vez mais à menina, reassumindo rapidamente o comportamento de uma jovem servente assustada. Estava bem versada no rol, utilizava-o com freqüência quando o necessitava. Não voltou a olhar ao homem, concentrando sua atenção em vez disso na pequena.
Salvá-la seria toda uma luta, a menina estava quase acabamenta. Nicoletta tirou a colcha e a roupa de cama, tomando grande prazer um abrir a porta e jogar os artigos ao salão onde o arrogante servente e os gimientes aristocratas se amontoavam.
-Necessitamos água quente -disse, sem levantar os olhos para encontrar os do homem-. Montões de água quente, trapos limpos e roupa de cama fresca imediatamente. E envie a dois serventes para ajudar a limpar esta habitação imediatamente. A curadora deve ter estas coisas já se quiserem que a bambina sobreviva. -Sua voz era débil e gritã, uma qualidade também bem praticada. Apressando-se a voltar dentro, ignorou ao homem que se inclinava contra a parede e abriu a janela de um puxão. O vento entrou uivando na habitação, fazendo que as cortinas dançassem macabramente e o foro saltasse e rugisse. O frio ar do mar entrou imediatamente, e a temperatura da habitação caiu quase imediatamente enquanto a neblina empurrava fora o terrível fedor.
A menina estava tremendo, o suor corria por seu corpo. Nicoletta lhe tirou a roupa suja, lhe alisando o cabelo. Maria Pia se inclinou aproximando-se para que pudessem conferenciar.
-Está segura de que não é a Morte Negra? Ele está doente também. -A anciã sussurrou as palavras no ouvido da Nicoletta.
-Preciso saber que comida compartilharam -Os lábios da Nicoletta a penas se moveram. Suas mãos eram gentis sobre o abdômen duro da menina.
-Bom senhor -perguntou Maria Pia- você e a menina compartilharam uma comida? Devo saber se os dois compartilharam algo de comer ou beber.
O homem estava tremendo quase incontrolablemente. Apertou os dentes para evitar que tocassem castanholas.
-Está segura do que está fazendo, deixando entrar o frio desta forma?
-Devemos baixar a febre rapidamente. Os dois estão muito quentes. E a habitação cheira a enfermidade. Isso não é bom. Vamos, vamos, garota, te apresse já -A Maria Pia não gostava da forma em que os olhos negros e penetrantes do dom se detinham sobre as grácis e consoladoras mãos da Nicoletta enquanto estas se movian sobre a menina. Deliberamente se colocou diante da jovem, fingindo examinar ao paciente.- E bem, Dom Scarletti? compartilharam algo comestível?
-Compartilhamos uma ração de sopa. Sophie não podia terminar-lhe Eu a ajudei. -As palavras revelaram muito mais do homem do ele podia pensar.
Nicoletta lhe olhou fixamente, não pôde evitá-lo. Era IL demônio, o demônio, sua família estava sob uma terrível maldição. Era arrogante e distante, frio e persistente, seus vizinhos temiam cruzar-se com ele, mas tinha compartilhado uma terrina de sopa com uma menina, possivelmente para evitar que fora castigada por não terminar sua comida. Era a primeira coisa agradável que tinha ouvido sobre ele, seu ditador, seu dom, o homem que tinha o poder da vida ou a morte sobre sua gente.
Maria Pia tossiu para chamar sua atenção. Nicoletta reassumiu rapidamente sua charada de tímida e insignificante aprendiz da curadora Signora Sigmora, encurvando-se enquanto fechava a janela e endireitava as cortinas. Dois serventes apareceram timidamente com cubos de água quente e carregadas de trapos.
Depois deles um servente mais alto carregava lençóis limpa dobradas em seus braços. Nenhum deles entrou na habitação mas sim se atrasou fora no salão. Nicoleta teve pouca paciência com eles e tomou a água e os trapos bastante bruscamente, deixando-o tudo antes de arrancar os lençóis das mãos do terceiro servente. Com o pé lhes fechou a porta de repente, esperando que lhes desse justo nos narizes.
Maria Pia vaiou brandamente para ela, franzindo o cenho ferozmente para lhe recordar que o dom estava observando. Nicoletta e Maria Pia seguiram trabjando. Enquanto Maria Pia banhava à menina para lhe baixar a febre e limpá-la, Nicoletta limpava a habitação e a cama. Maria Pia consultava a seu "ajudante" em sussurros com bastante freqüência.
Aparentemente sob o olhar vigilante da anciã, Nicoletta combinou várias poções, assegurando-se de que os medicamentes fossem mesclados apropiadamente. Foi Nicoletta a que assistiu à menina, apertando o cuerpecito entre seus braços, balançando-a gentilmente enquanto a alimentava a pequenos sorvos, persuadindo-a e consolando-a com sussurros de ânimo enquanto o demônio na esquina as observava com olhar negro firme e desumano.
Só quando a menina fez um débil intento de beber por si mesmo ele finalmente se moveu, rescostándose contra a parede como se suas pernas já não pudessem suportar seu peso. Maria Pia foi ao momento até ele, ajudando a sua forma grande e musculosa a sentar-se.
-Está ardendo -disse com um olhar nervoso a Nicoletta.
Nicoletta tendeu à menina cuidadosamente na cama, colocando a colcha. A manta captou sua atenção. Pequenos pontos pulcros, um formoso trabalho, o patrão lhe era muito querido e familiar. Por um momento logo que pôde respirar, sua garganta estava entupida por dolorosas lembranças. Trocou de lugar com a Maria Pia, como se a anciã precisasse examinar à menina enquanto seu ajudante se ocupava das necessidades básicas do segundo paciente.
Nicoleta utilizou a desculpa para passar as mãos sobre a pele quente do dom, para examiná-la e "sentir" sua enfermidade. Dom Scarletti era todo músculo, duro como o tronco de uma árvore sob seus dedos gentis e exploradores. Roçou-lhe ligeiramente, lhe consolando com seu tato.
De repente os dedos de lhe rodearam a boneca como um ferrolho, mateniéndola imóvel enquanto lhe examinava a mão. Examinou-a curiosamente.
Esses olhos cheios de dor viam muito. Nicoletta atirou para recuperar sua mão, o coração lhe palpitava incómodamente no peito. separou-se dele, colocando-se fora de seu alcance, de volta às sombras, atraindo o xale mais firmemente a seu redor. Havia perigo nesse agudo escrutínio. Maria Pia e Nicoletta tinham aperfeiçoado suas ilusões, o intercâmbio de róis que assegurava a segurança da Nicoletta, ocultando suas "diferenças" exitosamente dos olhos daqueles que pudessem pensar que era uma bruxa e chamar à a Santa Igreja... ou ao próprio Dom Scarletti... para que fora investigada... ou algo pior.
Maria Pia cacarejou sua simpatia enquanto transportava parecendo ocupada. Conferenciou com seu ajudante, observando atentamente para garantir que a jovem mesclava suas ervas e pós corretamente e insistiu em ajudar ao dom a tragar o líquido por si mesmo.
-Agora deve descansar -ordenou Maria Pia-. Nos ocuparemos esta noite da menina. Rezemos porque não tenhamos chegado muito tarde.
Nicoletta fez um gesto discretamente com a mão enquanto outra vez voltava a persuadir à menina para que bebesse pequenos sorvos da medicina.
-Devo saber se outros se hão posto doentes. Outros compartilharam a sopa? -perguntou Maria Pia ante a sugestão da Nicoletta.
O homem sacudiu a cabeça murmurando. -Ninguém mais -e ignorou ao ofego nervoso da anciã enquanto se levantava e se cambaleava através da habitação para uma grande cadeira. -Ficarei com a menina -disse firmemente, fechando os olhos e apartando a cara delas.
Maria Pia olhou impotentemente a Nicoletta, quem se encolheu de ombros. A habitação estava tão limpa como poderia está-lo em tão curto tempo. A febre da menina tinha baixado ligeiramente, embora ainda estava bastante doente. Mas o fato é que estava retendo o alimento que Nicoletta tinha conseguido lhe dar, que seu estômago não o estava rechaçando, era bom sinal. O dom provavelmente não estava tão doente como a menina. Ele era muito maior e forte, e seu corpo mais capaz de lutar contra os efeitos da enfermidade da sopa que ambos tinham ingerido.
Maria Pia agarrou várias velas da bolsa de couro da Nicoletta e as colocou pela habitação. Nicoletta as fazia ela mesma de cera de abelha e várias ervas aromáticas. Sua fragrância encheu imediatamente a habitação, dissipando os últimos restos do pestilento fedor a enfermidade. A fragrância era também tranqüilizadora e consoladora, para acalmar ainda mais à pequena.
-O mio fratello espera notícias de seu bambina . -Foi outra ordem, emitida por um homem acostumado a ser obedecido.
Nicoletta estava enfurecida com o irmão desse homem... o pai da menina... estava fora da habitação, deixando a sua filha aos cuidados de seu tio doente e duas desconhecidas. mordeu-se o lábio com força para evitar emitir um som. Nunca entenderia a aristocrazia. Nunca.
Maria Pia abriu a porta e comunicou a notícia de que o dom se recuperaria e elas continuariam batalhando pela vida da menina ao longo da noite. Não era a enfermidade mortal que a família tinha pensado, e o dom queria que soubessem.
Nicoletta desejou que todos partissem e acabassem com seu incansável gemer. Que bem fazia semelhante estrépito? Nenhum deles se aproximou da menina, temendo poder agarrar sua enfermidade. Pobre bambina, sem importar quão pequena era seu próprio pai se negava a vê-la! O coração da Nicoletta estava com a menina.
Quando finalmente um silêncio caiu sobre a família, Nicoletta se colocou na cama perto da pequena Sophie. A menina necessitava desesperadamente mais medicina para rebater os efeitos do veneno. Tinha sido acidental? Ou deliberado? Nicoletta tentava não pensar nisso enquanto silenciosamente se tirava as sandálias, as colocando contra a cabeceira extrañamente esculpida, recolhendo os joelhos, e encolhendo pernas nuas sob a larga saia. Com o brilho do fogo atiçado e as velas piscando, tinha luz suficiente para observar a habitação.
Nicoletta não poderia compreender por que alguém poria a um menino pequeno em semelhante antecâmara. Era muito grande, e as talhas das paredes eram demoníacas.
Largas serpentes enrrolladas e estranhos répteis com presas e garras retorcendo-se entre as enormes janelas. Os relevos de mármore e uma gárgula de aspecto particularmente perverso pareciam quase vivos, como se pudessem saltar das paredes e te atacar. As cortinas eram pesadas e escuras, e o teto era muito alto e esculpido com uma pletora de animais alados com picos e garras afiados. Nicoletta não podia imaginar a uma menina de sete anos tentando dormir com essas criaturas rodeando-a na escuridão.
Finalmente, Maria Pia caiu desabada em uma pequena cadeira junto ao fogo. Nicoletta a cobriu com uma colcha de reposto e reluctantemente comprovou ao dom. Estava muito calado, sua respiração era superficial e podia dizer que continuava sofrendo mas se negava a reconhecê-lo. Embora quase temia tocar ao homem, posou uma mão fresca sobre sua frente. Uma estranha corrente passou de repente entre os dois. Pôde senti-la arqueando-se e rangendo sob sua pele, baixo a dele, e a pôs inconfundiblemente incômoda. A febre tinha baixado mas não tinha desaparecido. Com um pequeno suspiro, Nicoletta lhe levou uma taça de líquido à boca. Não queria despertar, mas ele também necessitava os medicamentos para assegurar sua recuperação.
A mão dele se elevou bruscamente para apanhar as dela ao redor da taça enquanto bebia, lhe fazendo impossível apartar-se. Era enormemente forte para ser um homem tão doente. Quando teve acabado com o conteúdo, ele baixou a taça mas permaneceu em posse de sua mão.
-Pergunto-me como sabe a curadora que remédio utilizar. ouvi falar de suas habilidades; com freqüência se fala da curadora de seu villagio com grande respeito.
Nicoletta se esticou, o coração lhe troava nos ouvidos. Atirou, um não-tão-sutil aviso de que a soltasse, mas esta vez ele apertou sua garra, sem deixá-la escapar de volta às sombras. Havia perigo ali; sentia uma ameaça para ela.
_ Eu não sei, Don Scarletti. Seus segredos são só seus. – Baixou a cabeça, como uma humildes serva.
O dom continuou sujeitando-a, avaliando-a através dos olhos entrecerrados. À luz do fogo parecia um demônio escuro e perigoso, muito sensual e poderoso para lhe enganar. Nicoletta não vacilou sob seu escrutínio, embora desejou liberar sua mão e correr por sua vida. Ele era muito mais perigoso para ela do que havia pensando em um princípio. Pressentia-o, como fazia contudo. Resolutamente olhou ao chão.
O dom permaneceu em posse de seu emano uns poucos momentos mais, depois bruscamente a deixou partir, fechando os olhos, evidentemente despedindo-a. Nicoletta evitou que lhe escapasse um suspiro de alívio e se moveu rapidamente para pôr uma distância segura entre eles, enroscando-se sobre a cama junto à menina uma vez mais. Respirou lentamente, acalmando-se, observando a ascensão e caía do peito dele até que esteve segura de que dormia uma vez mais.
Várias vezes atendeu à menina, banhando-a para lhe baixar a febre, animando-a a beber lhes flua e sólidos. A menina parecia estar respirando mais facilmente e cada vez que Nicoletta descansava a mão sobre o pequeno abdômen tenso, parecia estar menos duro, a dor decrescia.
Finalmente ela mesma se estava ficando dormida quando um movimento no lado mais afastado da câmara captou sua atenção. Um sino pareceu mover-se, embora não havia brisa. Trocou de posição para olhar fixamente a parede depois do sino, observando atentamente. O painel liso e sem costuras pareceu ondear, como se seus olhos estivessem desfocados.
sentou-se, olhando intensamente. A parede era de mármore, de um formoso rosa e branco, mas parecia mover-se à luz do fogo. As sombras dançavam e se estendiam, e as chamas e cortinas saltavam como se uma rajada de ar tivesse entrado na habitação. estremeceu-se quando duas das velas se apagaram de repente.
Por um terrível momento acreditou ver o brilho de uns olhos olhando-a malévolamente das sombras, mas então a menina a seu lado se moveu intranqüila, rompendo o feitiço. Instantaneamente Nicoletta a abraçou protectoramente, passando o olhar uma vez mais pela parede. Estava tão imaculada como uma pedra polida pelo mar. A pequena começou a chorar entre sonhos, um som suave e patético.
Nicoletta a balançou gentilmente e começou a tatarear, depois cantou baixinho uma tranqüilizadora canção de ninar, um melodia sussurrada para a menina. A pequena começou a relaxar-se entre os braços da Nicoletta, aferrando-se a ela firmemente como se nunca fora a deixá-la partir. As palavras, embora comprido tempo esquecidas, emergiam naturalmente, uma balada que a mãe da Nicoletta com freqüência lhe tinha cantado quando era pequena. O coração da Nicoletta estava com a solitária menina, que não tinha a ninguém que se preocupasse o bastante por ela para abraçá-la na escuridão quando apareciam os pesadelos.
Nicoletta examinou a cavernosa habitação, reparando nas pesadas cortinas e horrorosas esculturas, suficiente para provocar pesadelos a qualquer. Enquanto a balançava, a pequena se acurrucó contra ela, e caíram dormidas juntas, sem notar nenhuma ao homem que sentado na cadeira observava a Nicoletta com olhos entreabiertos.
Foi um sussurro de movimento o que despertou a Nicoletta. Sentiu a perturbação no ar, a mudança de correntes. ficou tendida apertando à menina entre seus braços enquanto o coração lhe palpitava e tentava orientar-se. O fogo tinha morrido até um suave brilho laranja. A última das velas chispava em sua própria cera com um vaio, sua fragrância aromática vagava pelo ar com um fino rastro de fumaça negra .
La antecâmara estava situada na cara do palazzo que dava ao oceano, e apesar das grosas paredes, podia oir o te custem choque e rugido das ondas quando se estrelavam contra as rochas dentadas. Em certa forma o ritmo constante e firme era um consolo.
Nicoleta olhou para a cadeira onde Dom Scarletti tinha estado dormindo. O assento estava vazio. Maria Pia ainda estava derrubada em sua cadeira, seu pequeno e frágil corpo resultava a penas visível sob a colcha.
A menina se moveu entre os braços da Nicoletta, e uma manita se arrastou pelo braço da Nicoletta até que apertou sua mão firmemente. O casulo de rosa da boca infantil se pressionou contra o ouvido da Nicoletta.
-Algumas vezes se sussurram os uns aos outros toda a noite -Sua voz era um fio tremente, seu diminuto corpo tremia.
Nicoletta apertou os braços ao redor da menina, oferecendo consolo enquanto jaziam juntas na imensa cama. As esculturas ornamentadas pareciam estar sussurrando, podia oir o suave murmúrio, que parecia as rodear, fazendo impossível discernir sua fonte exata. As sombras se moviam e aprofundavam fazendo que as asas das criaturas esculpidas parecessem estender-se preparando-se para voar. As garras curvadas da gárgula de aspecto malévolo se alargaram e cresceram, estendendo-se para a cabeceira, lançando um cinza mais escuro sobre as figuras cuspidas no teto. Uma garra se alargou pelos beirais e paredes, uma forma escura como uma mão de morte. Parecia estar procurando algo, e Nicoletta quase deixou de respirar quando a sombra grotesca se abateu no teto sobre a cama.
Sophie soluçou silenciosamente, o som ficou amortecido contra o pescoço da Nicoletta.
-Shh, bambina, não permitirei que lhe nada te faça mal -prometeu Nicoletta com sua voz mais suave e tranqüilizadora. Mas estava assustada, observando às sombras levar a cabo jogos macabros, ouvindo os horrendos murmúrios. A garra sombria passou por acima e alcançou a aranha de luzes com suas pesadas capas de filas da Candelas. A garra se fechou ao redor da base, uma garra afiada que se cravou no abajur embutido.
Inesperadamente viu a aranha balançar-se. Sentiu um ondeio de movimento muito parecido ao tremor que tinha percorrido o chão a sua chegada ao palazzo. O coração lhe saltou à garganta. Horrorizada, levantou o olhar ao grande e pesado círculo de velas. Definitivamente tremia, não era sua imaginação. Esta vez o movimento foi mais pronunciado, um estremecimento que enviou a metade das velas acesas a esparramar-se pelo chão. Os mísseis de cera não conseguiram tocar a cama, mas golpearam a cadeira onde dormia Maria Pia. O candelabro rangeu e se balançou alarmantemente, enviando mais vela girando grosseiramente em espiral em todas direções através do ar.
Nicoletta ofegou e tentou empurrar à menina à segurança de debaixo da enorme e intocável cama. viu-se obrigada a utilizar preciosos segundo em arrancá-los dedos da pequena do pescoço, e depois se lançou a procurar a Maria Pia, arrastando-a fora da cadeira até o chão, cobrindo à anciã com seu próprio corpo.
Ouviu um terrível chiado, e o enorme abajur se soltou do teto e golpeou a cadeira onde Maria Pia tinha estado dormindo. A cadeira ficou feita pedaços, e a aranha se rompeu. Nicoletta não pôde evitar gritar de dor quando lascas de metal atravessaram sua pantorrilha e alguns pedaços a golpearam.
Sophie gritou, um fraco gemido de terror. Nicoletta ignorou as perguntas amortecidas da Mara Pia e se levantou, tirando-se de cima grandes partes da aranha para ficar a quatro patas e arrastar à pequena para ela. Sophie estalou em lágrimas, enterrando a cara no pescoço da Nicoletta e aferrando-se com força a ela. Nicoletta podia sentir um líquido quente e pegajoso correndo por sua perna, e pulsava e ardia. Balançou à menina gentil e consoladoramente, olhando ao teto. A estranha sombra tinha retrocedido, deixando às esculturas como nada mais que obras de arte e sua própria imaginação.
A porta do dormitório se abriu de repente, e um ancião, um desconhecido, ficou ali emoldurado.
-O que passa aqui? -Sua forma era alta e magra pela idade, seu cabelo espesso prateado, selvagem e indomável, crispado em todas direções. Olhou-as fixamente por debaixo de umas sobrancelhas entupidas, resultava lhe intimide depois do susto recente. Seu olhar feroz se posou na Nicoletta, a menina obstinada a ela, e Maria Pia no chão em meio dos restos do que uma vez tinham sido a cadeira e a aranha.- Que demônios está acontecendo aqui? -Era uma clara acusação.
Sophie se encolheu ante seu tom de voz, e tentou enterrar-se mais contra Nicoletta, negando-se a levantar o olhar. Seus soluços aumentaram de volume, raiando a histeria.
O ancião entrou na habitação, como uma corrente de fúria.
-Basta desse incessante gemido, pequena desgraçada! -ergueu-se sobre elas, com os punhos apertados, sacudindo um sólido fortificação para as mulheres. Seus olhos brilhavam cone obsidiana, sua cara se retorcia em um nubarrón.-Furto é o que ocorre aqui! Nada menos que um roubo em meio da noite!
Nicoletta era incómodamente consciente dos olhos fixos das variadas esculturas e talhas que as rodeavam... caras silenciosas e burlonas desfrutando de seu infortúnio.
Maria Pia gemeu e se sentou. Nicoletta manteve sua atenção na pequena. Resultava óbvio que Sophie estava tão aterrada pelo ancião como pelos espectros sombrios que enfeitiçavam sua habitação de noite. Nicoletta começou instantaneamente a sussurrar palavras consoladoras à menina, sabendo que era melhor deixar ao ancião a Maria Pia, que não chutaria seu tornozelo como tão ricamente se merecia. Nicoletta tinha estado assustada pelos estranhos murmúrios e sombras e a aranha estrelada, mas este ancião grosseiro de carne e osso agora a estava zangando. Não seria sábio dizer ou fazer nada que provocasse uma inspeção mais estreita sobre si mesmo, não se atreveu a dizer o que pensava.
Nicoletta fez o que pôde para reassumir seu rol de jovem faxineira lenta e assustada. A última coisa que queria era que o dom se fixasse nela. Não queria que os camponeses sofressem castigo por seu comportamento. Poderiam ir aos povos circundantes e viver modestamente, mas o duvidava. Tinham vivido nas colinas toda sua vida, dependendo da tolerância e boa vontade do dom.
Maria Pia respondeu ao ancião respeitosamente mas mantendo-se firme na posição que lhe proporcionava seu rol de curadora. O contrário que Nicoletta, tinha muita prática em tratar com a aristocratici e suas maneiras tirânicos ao longo dos anos, e obviamente se encontrou com este ancião horrível antes.
-Signore Scarletti, sofremos um terrível acidente. Quase morremos! -disse indignadamente.
-Estúpida mulher, posso ver o que está acontecendo aqui! -exclamou o velho Scarletti, claramente furioso porque alguém pudesse lhe contradizer, e uma mulher humilde do povo, nada menos.
Uma sombra mais escura caiu sobre todos eles, bloqueando a luz das velas do salão, reduzindo instantánemante ao silêncio o intercâmbio entre a curadora e o ancião. Inclusive Sophie deixou de chorar para soluçar penosamente. Giraram as cabeças simultaneamente para ver o dom de pé na soleira.
-Nonno, que faz? Abandonei esta antecâmara faz algum momento para voltar para minha própria habitação, quando a curadora o tinha tudo sob controle.
O homem mayór estalou em uma inundação de latim, italiano e outro dialeto, mas Nicoletta tinha o claro pressentimento de que o avô do dom não estava rezando. Com suas mãos nodosas ondeava o fortificação grosseiramente, e sua cara se tornou quase púrpura, parecia estar ameaçando a todos os que estavam à vista. Uma vez se inclinou e cuspiu no chão perto da porta, seu olhar feroz estava fixo maliciosamente na pequena.
Ante seu inyectiva Sophie se pendurou mais forte da Nicoletta, sem atrever-se a levantar o olhar para o ancião. Este acusava à menina de tudo, desde dar má sorte a ser uma bruxa. Nicoletta olhou rapidamente a Maria Pia. A anciã estava presignándose fervientemente e beijava o crucifixo que pendurava de seu pescoço.
O dom parecia completamente exasperado, tanto que Nicoletta quase sentiu pena por ele. Estava ainda sentindo os efeitos do envenenamento, podia vê-lo em seus olhos e na ligeira forma em que encurvava seu corpo para dar alívio aos dolorosos nós que se retorciam em seu abdômen. Fez gestos com a mão a seu avô para que saísse da habitação, com voz tranqüila mas severo, enquanto lhe seguia ao corredor. Os dois homens falaram brevemente antes de que o dom voltasse com as mulheres, examinando o desastre da habitação.
-O que aconteceu aqui? -perguntou tranqüilamente.
Sophie apareceu para lhe olhar da segurança dos braços da Nicolleta.
-Eles o fizeram -Assinalou para as silenciosas e espectantes criaturas do teto.
O olhar de Dom Scarletti se posou na pequena.
-Não comece com essas estupidezes de novo, Sophie -Sua voz era temperada mas repartia uma reprimenda.
A menina se estremeceu enterrando a cara uma vez mais contra o pescoço da Nicoletta. Os olhos escuros da Nicoletta, com uma faísca de fogo em suas profundidades, saltaram à cara do dom. Maria Pia chutou deliberadamente uma parte da aranha queda para afastar a atenção da jovem.
-Claramente esta coisa caiu -assinalou Maria Pia-. Foi sozinha graças à boa Madonna que não nos matou.
O dom se aproximou para inspecionar os restos.
-Há sangre na colcha. Sophie está ferida?
Nicoletta apartou rapidamente os olhos do dom, e isso deixou a Maria Pia sacudindo a cabeça e respondendo.
-Está ilesa. A febre baixou, além disso. Nossa vigília valeu a pena -declarou, tocando seu crucifixo em busca de perdão pela pequena mentira, já que ela se ficou dormida incluso antes de que o dom abandonasse a habitação.
O penetrante olhar de Dom Scarletti se posou pensativamente sobre a cara da Nicoletta.
-Assim é você a ferida. me deixe ver. -Cruzou o chão com suas largas e fluídas pernadas e se inclinou para examiná-la.
Surpreendida, Nicoletta atraiu as pernas sob a saia e sacudiu silenciosamente a cabeça, sentindo-se como uma menina assustada e caprichosa, com mariposas revoando em seu estômago.
-Deu! Piccola, estou perdendo a paciência! -Rodeou-lhe o tornozelo nu com seus largos dedos e lhe estirou a perna para sua inspeção. Foi um gesto curiosamente íntimo. Nicoletta nunca antes tinha sido tocada por um homem, e certamente não em sua pele nua. A cor se estendeu por seu pescoço e alagou seus delicados rasgos. Ele era enormemente forte, e não tinha forma de combater sua força ou sua dura autoridade.
Nicoletta deixou escapar um suave som de angústia e olhou desesperadamente a Maria Pia em busca de ajuda. Dom Scarletti lhe estava girando a perna para inspecionar a pantorrila. Suas mãos eram surpreendentemente gentis.
-Este corte é profundo -Olhou brevemente à anciã-. Me alcance um trapo -Havia autoridade em sua voz.
-Eu a atenderei, signore -disse Maria Pia firmemente, aferrando o trapo, sua surpresa se refletia na cara. Não era decente que o dom tocasse assim a Nicoletta, pior ainda, era perigoso.
O dom estendeu a mão, tomando o trapo das mãos da Maria Pia, e gentilmente limpou o sangue da perna da Nicoletta para poder ver a extensão da ferida. Nicoletta fez uma careta quando a laceração ardeu, pulsando de dor. Tentou não notar a forma em que o cabelo do dom se curvava ao redor de suas orelhas e se frisava em ondas indisciplinadas em sua nuca.
-Acende uma vela, mulher. Esta ferida é profunda e deve ser atendida, ou poderia infectar-se.
Uma vez mais Maria Pia fez um desesperado tento de proteger a Nicoletta do dom.
-Eu sou a curadora, dom Scarletti. Não deveria incomodar-se com estas coisas.
-atendi muitas feridas de batalha -respondeu o dom ausentemente, inspecionando concienzudamente a perna torneada que sustentava entre suas mãos.
Nicoletta estava mortificada por ter ao dom ajoelhado a seus pés, lhe sustentando o tornozelo entre as mãos. Era agudamente consciente do calor que emanava de seu corpo. Entre seus braços, Sophie começou a retorcer-se, iniciando um gemido.
O dom agarrou à pequena, tirando a dos braços da Nicoletta, e a empurrou para a Maria Pie com um único movimento fluído.
-Ocupe-se de suas necessidades -ordenou bruscamente, com a voz tão temperada como sempre. Estava claramente distraído pelas feridas da Nicoletta, sem olhar realmente à menina ou à anciã. As gemas de seus dedos se moviam sobre a pele dela, deixando uma estranha sensação lhe formiguem detrás. Nicoletta ficou muito quieta, temendo mover-se.
Seus dentes atiraram nervosamente do lábio inferior, atraindo a atenção indeseada dele a sua cara. Ele estendeu a mão procurando um trapo limpo da mesita de noite para usá-lo como vendagem.
-Está te preparando como aprendiz da curadora? -perguntou casualmente enquanto envolvia a vendagem ao redor de sua perna. Com uma mão ainda lhe rodeava o tornozelo, assim que lhe era bastante fácil senti-la tremer.
Nicoletta olhou desesperadamente a Maria Pia procurando ajuda, mas sua mentora estava atendendo à menina, que precisava utilizar a bacinilla em um oco no extremo mais afastado da habitação. Nicoletta retrocedeu afastando do dom, esperando que a luz das velas não alcançasse sua cara. treinou-se para ser extremamente cuidadosa em seu contato com outros, mas estava em uma posição impossível. Ninguém incorria na ira do dom Giovanni Scarletti. Era perigoso e arriscado. Nervosamente se passou a mão pelo espesso cabelo, horrorizada ao descobrir que o lenço de sua cabeça tinha escorregado. Estava muito longe para que ela o agarrasse e se cobrisse sua abundante juba, mas ao menos as mechas estavam ainda recolhidos em um severo coque.
-Pode falar... ouvi-te -assinalou Dom Scarletti-. O que era a melodia que cantou ao Sophie? De algum modo me resultava familiar -Perguntou-o casualmente, ociosamente, como se não lhe importasse absolutamente e simplesmente lhe estivesse dando conversação. Mas Nicoletta não se deixava enganar. Os olhos negros estavam sobre sua cara, agudos como os de um falcão.
Sentiu o fôlego abandoná-la em uma explosão como se ele a tivesse golpeado com seu punho. Inesperadamente estava lutando por não chorar. A penha fluía chegada de nenhuma parte, tão profunda que lhe fechou a garganta, e ardiam lágrimas atrás de seus olhos. Essa tinha sido a canção favorita de sua mãe. Nicoletta ainda conservava lembranças preciosa, da voz suave e formosa de sua mãe, da calidez de seus braços. Sua mãe tinha trabalhado no palazzo, e doze anos antes tinham levado seu corpo a casa do lugar de sua morte. Nicoletta apartou inadvertidamente a cara, tentando uma vez mais afastar a perna do dom.
Os dedos dele se apertaram como um grilhão ao redor do tornozelo.
-Fica aquieta.
Nicoletta se estava se desesperando. Fez o que pôde por parecer atordoada. Baixo as pressente circunstâncias, não era difícil. sentia-se completamente desequilibrada. Resmungou algo ininteligível, sabendo instintivamente que ele não teria paciência para evasivas, e se cobriu a cara o melhor que pôde. Ainda assim, o dom tinha olhos agudos e provavelmente não se perdeu nada absolutamente. Algo em sua voz, algo inominável, algo indefinido, deu a Nicoletta a inquietante impressão de que já não a contemplava como a uma faxineira sem nome, nem idade nem descrição. Falava como se estivesse falando com uma jovem donzela ou a uma menina assustada. Inclusive a tinha chamado piccola... pequena.
-Envia em busca dos serventes -ordenou a Maria Pia, confirmando a suspeita da Nicoletta de que já não pensava nela como uma servente. A anciã havia tornado silenciosamente, mas ele foi consciente de sua presença imediatamente.- Seu aprendiz não pode ficar nesta habitação esta noite.
Sophie estava lutando por ganhar sua liberdade, retorceu sua mão para liberar-se da Maria Pia e correr para a Nicoletta e engatinhar até seu regaço. Nicoletta envolveu os braços agradecidamente ao redor da menina, ocultando-se desvergonzadamente depois da pequena.
Maria Pia atirou apressadamente do sino e se ergueu ansiosamente perto da Nicoletta.
-Ela é para mim de um valor incalculável, dom - O amor e a preocupação se mostravam nas profundas rugas de sua cara, nua, transparente, e clara para alguém tão agudo como Dom Scarletti em lê-la.
-A ferida é profunda, mas a limpei e enfaixou. Onde estão seus sapatos? -ficou de pé bruscamente, correntemente, poder e coordenação fluído combinados, elevando a Nicoletta e Sophie entre seus braços com um só movimento.-. Não quero mais feridas causadas por pés descalços sobre os restos. Recolhe suas coisas, iremos ao quarto dos meninos.
Onde a menina deveria ter estado desde o começo! por que tinha estado Sophie nessa monstruosa habitação? Nicoleta mordeu a pergunta que clamava em suas vísceras. Parecia que ninguém emprestava muita atenção ao Sophie. Se acaso, a menina parecia estorvar. A sopa tinha sido envenenada intencionadamente? Ou tinha ido, em realidade, dirigida ao dom? Ele tinha numerosos inimigos. Embora sua gente lhe era leal... estavam bem alimentados, protegidos, e cuidados... também lhe temiam, e o medo com freqüência era uma emoção perigosa. Era também sabido que o Rei da Espanha fazia um tratado incômodo com o dom. O rei tinha conquistado outras cidades e imóveis mas não tinha tido êxito tomando as terras de Dom Scarletti. Poderia haver um traidor no palazzo? Poucos se atreveriam a desafiar o direito do dom, mas possivelmente tinham encontrado outras formas de lhe derrotar.
Não podia acreditar que o infame dom a estivesse sujeitando tão perto dele, quase protectoramente, embalando-a em seus braços, contra seu amplo peito. Como um coelho assustado, não se atrevia a mover-se ou falar. Em qualquer caso, sabia com segurança que lutar não lhe faria nenhum bem. Dom Scarletti era um homem que seguia seu próprio caminho.
O servente que lhes tinha mostrado o caminho antes chegou um pouco sem fôlego. Sua roupa estava um pouco desalinhada, como se se tivesse vestido à carreira. Seus olhos se abriram de par em par ante a visão da Nicoletta e Sophie nos braços do amo, mas era o suficientemente discreto como para não fazer comentários.
-te ocupe dos escombros, Gostanz -ordenou Dom Scarletti, passando junto ao homem sem lhe olhar muito mais.
Nicoletta conteve o fôlego, ainda sem atrever-se a morverse ou falar. O corpo do dom era duro, quente e inexplicavelmente masculino. Enquanto as levava a ela e ao Sophie através dos imensos salões, notou passagens abovedados reforçadas, tentando automaticamente recordar o caminho, mas ele se movia muito rapidamente. Maria Pia quase corria para manter o passo. A escada em espiral pela que ascenderam era ampla e ornamentada, a barrandilla tinha forma serpente dourada enrolada ao longo de um ramo dourado larga e tortuosa. Maria Pia estava temendo tocá-la, murmurando uma multidão de preces enquanto subiam. Normalmente Nicoletta teria encontrado as superstições da Maria Pia divertidas, mas estar entre os braços do dom, apertada contra seu peito, punha-a nervosa.
O quarto dos meninos estava ao final de outro comprido corredor abovedado, mas a habitação tinha um interior mais pequeno e menos intrincado. Nem esculturas de criaturas míticas, nem gárgulas sinistras preparadas para a batalha esperavam ali. Entretanto, escuros e pesados toalhas de mesa cobriam a parede do teto ao chão depois do armação da cama, e a habitação estava fria, sem lenhos no lar. O dom colocou a Nicoletta e sua diminuta carga cuidadosamente sobre a cama. Aplaudiu a cabeça do Sophie bastante ausentemente, com sua atenção ainda centrada na Nicoletta.
-me olhe -Ël pronunciou as palavras muito suavemente.Su voz era uma arma, sedutora, tentadora, um convite a algo além de sua compreensão. Era incómodamente consciente de seu próprio corpo, o suave e curvado que o sentia contra a dura força do dele. E depois estava essa estranha corrente que corria entre eles, arqueando-se e rangendo com uma vida que ela não entendia. Solo sabia que a voz dele era suave e podia mover-se sobre sua pele como o tato de seus dedos, e que se se atrevia a lhe olhar aos olhos, poderia ficar apanhada ali para sempre.
Nicoletta sacudiu a cabeça tercamente, apartando os olhos, olhando resultamente abaixo. O dom, claramente exasperado por seu desafio, agarrou-lhe o queixo com dedos firmes e a obrigou a levantar a cabeça até que os olhos escuros se encontraram com seu olhar. Durante um momento se olharam o um ao outro. Os olhos dele eram formosos, negros como a obsidiana, brilhando como gemas. Hipnóticos. Fantasmales. Sentiu uma curiosa sensação, como se estivesse caindo. A sensação era tão real, que seus dedos se fecharam ao redor da colcha para ancorar-se à segurança.
Sentiu um revôo em sua mente, uma calidez. Estava perdendo sua resistência, caindo impotentemente na sedução dos olhos dele. Em seu regaço, Sophie se retorceu, já cansada pela breve atividade. Em alguma parte salão abaixo, Nicoletta ouviu fechar uma porta com um som surdo. Por alguma razão o som lhe pareceu sinistro na tristeza da habitação dos meninos. Foi suficiente para romper o feitiço. Com um esforço supremo arrancou seu olhar da dele e olhou ao redor da antecâmara, piscando rapidamente para enfocar a habitação. sentia-se como se estivesse despertando de um sonho. A chama de uma pequena vela dava muito pouca luz, cada esquina parecia cheia de sombras.
Nicoletta suspirou brandamente. Por muito altos que fossem os tetos, por muito grande e espaçoso que fora o palazzo, tão ornamentado e lujuso, ela preferia o exterior, o mar e as montanhas, as pequenas cabanas. Havia algo muito mal nesta casa, podia senti-lo. E o dom era muito mais perigoso do que ninguém pensava. Voltou sua atenção à menina, deslizando-a na cama a seu lado, agasalhando-a enquanto colocava a colcha a seu redor. Era consciente de Dom Scarletti erguido sobre ela com frustração, mas se negou categoricamente a levantar de novo o olhar. Conteve o fôlego quando o girou sobre seus talões sem outra palavra e saiu a pernadas da habitação.
No momento em que o dom as deixou sozinhas, Maria Pia se derrubou sobre a cama com alívio, conversando sobre sussurros.
-Nunca vi algo tão descarado -admitiu-. A forma em que te tocou, tomando-se tantas liberdades contigo. Esse homem deve ser pagão. Tinha ouvido rumores, mas não acreditava.
-Vi um santuário à a Madonna no grande salão -discutiu Nicoletta, sentindo por alguma razão a necessidade de lhe defender-. Se fosse realmente ateu não teria algo assim em sua cara. E com freqüência se reúne com o sacerdote do povo e os anciões..
-O ancião, seu avô... é um pagão, isso é seguro. Possa a boa Virgem nos proteger de semelhante homem -Maria Pia foi solene-. Olhe esta casa. Viu as criaturas em cada quarto? Os antigos dons veneravam a muitos deuses e construíram este palazzo como desafio à a Santa Igreja. Continham aos exércitos invasores, alguns dizem que com o poder de muitos demônios atrás deles, mas este palazzo está efetivamente maldito. Durante anos houveram rumores de mortes, assassinatos. Uma vez, um exército invasor apanhou a famiglia Scarletti aqui no palazzo. Quando os soldados traspararon os muros do castelo, a família simplesmente tinha desaparecido, e a maior parte dos invasores morreram de mortes horríveis. Uns dias depois, a famiglia voltou como se a invasão nunca tivesse tido lugar. -Estremecendo-se, sustentou seu crucifixo com ambas as mãos e o beijou várias vezes-. Abandonaremos este lugar com as primeiras luzes. A bambina está muito melhor e certamente viverá. Alguém aqui deve ser capaz de lhe dar seus medicamentos.
Nicoletta colocou ao Sophie sob a colcha que a menina tinha chutado tirando-lhe de cima. Persuadiu à menina para que bebesse a medicina mesclada com água, sonriendo quando a pequena agarrou sua mão.
-Possivelmente seria melhor continuar esta conversação quando estivermos a sós -aconselhou quedamente. recostou-se e fechou os olhos cansada. Sua pantorrilha estava dolorida, ardia e palpitava, já inchando-se. Se não tivesse estado tão cansada, teria misturado uma poção para si mesmo. Mas primeiro queria dormir; e depois queria sair do palazzo e voltar para seu próprio mundo, onde poderia respirar mais facilmente.
-Nicoletta, o dom é perigoso -anunciou Maria Pia brandamente-. É muito compassiva. É muito jovem. Há algo mal nesta casa. Eu não gosto da forma em que ele lhe olhe.
Nicoletta sorriu sem abrir os olhos.
-Ti voglio bene. -disse afetuosamente à anciã que a amava. - Não se preocupe por mim. Tem-no feito toda minha vida. Não voltarei a ver o dom. eu adoro viver, Maria Pia. Não quero ser queimada por bruxa.- Estava sonriendo, tranqüilizando à mulher, mas por dentro tremia. O dom a aterrava como ninguém tinha feito nunca, de uma forma que não podia explicar nem a Maria Pia nem a si mesmo.
A mulher mais velha vaiou, olhando rapidamente em cada esquina da habitação, assustada pela audácia da Nicoletta.
-Hush, bambina, não pode dizer essas coisas. Nunca. A boa Virgem não te protegerá se invocar semelhante mau inominável sobre ti mesma.
-A pequena está dormida, não há ninguém que me ouça -Nicoletta não estava arrependida.
-Há olhos e ouvidos por toda parte. Esta casa não está bem -recordou-lhe Maria Pia bruscamente, olhando nervosamente ao redor do silencioso quarto dos meninos. Uma brusca chamada à porta rompeu o silêncio. Maria Pia soltou um grito apavorado quando a porta se abriu para dentro.
O servente se escabulló dentro levando uma carga de madeira para o fogo. Não olhou às mulheres, seus rasgos estavam rígidos e decididos. Construiu um ninho de cachos de madeira recortada, acrescentou lenhos, e o acendeu tudo. Quando as chamas rangeram saltando à vida, o homem se girou e avaliou à "curadora" e seu "ajudante" com um frio olhar.
-Seu fogo, como se ordenou, -disse a contra gosto. Por muito que evidentemente desejasse que as mulheres se fossem, a curadora era respeitada e necessitada na comunidade, e não se atrevia a desdenhá-la completamente. Girou sobre seus talões e saiu decididamente, com as costas reta.
-Não estamos fazendo muitos amigos aqui -observou Nicoletta com uma sonrisita-. Crie que esperaram tanto para enviar em nossa busca com a esperança de que fora muito tarde para a bambina?
-Nicoletta! -Maria Pia estava surpreendida, seu olhar percorreu salvajamente a habitação como se esperasse ver o dom ali de pé escutando-. Proíbo mais deste bate-papo.
Nicoletata esteve mais que feliz de ir-se dormir. A menina estava quente entre seus braços, e com o fogo rangendo agradamente, a habitação parecia muito mais prazenteira. Se acurrucó na cama e se tendeu silenciosamente. Em questão de minutos, María Pia estava respirando uniformemente, o que indicava que tinha cansado dormida imediatamente. Nicoletta estava muito cansada, mas não podia seguir seu exemplo. Muitas perguntas sem responder rondando por sua cabeça.
Ela era "diferente". Tinha nascido com habilidades únicas. Maria Pia as chamava dons, mas os tinha oculto por medo a ser chamada bruxa. Podia tocar a um indivíduo e "sentir" sua enfermidade. Sabia instintivamente que ervas ou poções necessitava a gente doente para aliviar seu sofrimento e ajudar a seu cura. Podia inclusive ajudar a curar ao doente com suas mãos consoladoras e sua voz. Profundamente de seu interior emanava uma calidez curadora que fluía de seu corpo ao de seu paciente. María Pia, devota como era, de fato nunca a tinha chamado bruxa. Nunca tinha insinuado de nenhuma forma que Nicoletta fora capaz de fazer magia. Nunca assinalava que Nicoletta provinha de um comprido linhagem de mulheres "únicas" e que mais de uma de seus ancestros tinha sido queimada na fogueira, lapidada, ou afogada deliberadamente. María Pia a protegia cuidadosamente e mantinha o rol da "curadora", atraindo a atenção sobre si mesmo em vez de sobre a Nicoletta.
A gente do povo também sabia que Nicoletta era diferente, e ajudavam a Maria Pia a enganar a aristocrazia, mantendo a Nicoletta longe do palazzo e de todos os que o ocupavam. Guardavam-na como um tesouro, e ela o agradecia muito. Mas agora...
Nicoletta suspirou. Repassou cuidadosamente tudo o que tinha ocorrido desde sua chegada ao palazzo. Certamente tinha captado a atenção do dom. Um estremecimento correu por seu espinho dorsal. Era de medo? Ou de algo mais? Nicoletta era o suficientemente honesta para admitir que Dom Scarletti era um homem incrivelmente bonito. E o poder parecia aferrar-se a ele. Não podia imaginar tentar desafiar a semelhante homem. Seus olhos escuros eram penetrantes e pareciam ver através da carne e o osso até sua alma. estremeceu-se de novo e decidiu que o que sentia era medo.
Ele a tinha cuidadoso com interesse removendo-se nas profundidades de seus olhos. Ninguém nunca a tinha cuidadoso como o fazia Dom Giovanni Scarletti. Não era nenhum jovencito imaturo a não ser um homem adulto, um nobre que se rumoreaba tinha uma sociedade secreta de assassinos. Os que estavam no poder lhe deixavam estritamente em paz ou competiam por sua atenção. Mas sobre tudo, sua família estava maldita. Nenhuma mulher do povo, nem sequer as muitas esposas dos Scarletti, tinha sobrevivido muito no Palazzo Della Morte... o Palácio da Morte. E ele a tinha cuidadoso, marcando-a como sua presa. A idéia se arrastou indeseada até sua mente extravagante. Um lenho ardeu no lar e se paralisou com uma chuva de faíscas, as chamas saltaram momentaneamente lançando uma imagem demoníaca sobre a parede. O fôlego da Nicoletta ficou apanhado em sua garganta quando a pesada porta se abriu lentamente para dentro. Um homem duvidou na entrada.
Nicoletta não acreditava em acovardar-se sob as mantas.
-Signore? -As arrumou para manter a voz firme, apesar de que tremia incontrolablemente.- O que acontece?
-Scusa, signorina, não pretendia incomodá-la. Queria ver minha filha -Apesar da arrogância natural de seu tom, era extremamente cortês para um aristocrata. Era lhe Vença, o menor dos três irmãos Scarletti. Tinha a mesma constituição musculosa e confiada de seus irmãos maiores, como correspondia a alguém nascido na nobreza, mas as similitudes terminavam aí. Onde Dom Giovanni Scarletti tinha um aura evidente de poder, perigo e autoridade sobre ele, este homem parecia devastado pela pena, quase como se não pudesse manter-se direito sob o peso de sua carga. Seu jovem algema, por isso Nicoletta podia recordar, tinha sido uma das baixas da maldição Scarletti, lhe deixando viúvo sem mãe para sua filha.
Imediatamente o coração da Nicoletta se compadeceu dele, sua natureza compassiva compartilhava sua pena. Normalmente nunca teria falado diretamente com um membro da família Scarletti... era tão natural para ela como respirar o evitar o contato com a nobreza e os desconhecidos.. mas não pôde evitar lhe responder.
-Não há necessidade de preocupar-se, signore, a bambina viverá. A sopa que compartilhou com Dom Scarletti estava poluída. Lhe deu medicina para ajudá-la a sanar. -Sua voz foi suave e consoladora, procurando "lhe sanar" inconscientemente também, como com freqüência fazia com sua gente.
Ele fez uma reverência, um gesto cortês de respeito.
-Sou lhe Vença Scarletti. A bambina é tudo o que fica neste mundo. Quando vi a antecâmara de abaixo vazia, eu... -interrompeu-se.-. Não sei como me ocorreu olhar no quarto dos meninos. Estava atordoado e caminhei até aqui cegamente, sem pensar.
Não era de sentir saudades que a pena estivesse gravada tão profundamente em sua cara. Nicoletta lhe tranqüilizou.
-Um pequeno incidente, não mais, Signore Scarletti.
-Obrigado por salvar ao dom e a minha filha. Não sei que teria feito nossa famiglia sem o mijo fratello, o dom. E a bambina o é tudo para mim.
-A Signora Maria Pia é uma curadora sem igual -mentiu Nicoletta, com cara séria. Agradecia as sombras da habitacion que evitavam que o homem a examinasse muito atentamente. O escrutínio de seu irmão já tinha sido suficiente aventura para uma noite.
-lhe vençam! O que está passando? Sophie piorou? -A mulher, Porta Scarletti, que tinha estado chorando antes no corredor, apareceu a cabeça à habitação, envolvendo sua mão familiarmente ao redor do braço de lhe Vençam. Sua cara refletia sua profunda preocupação.
Nicoletta a estudou atentamente. Porta parecia muito mais jovem do que devia ser com trinta anos ou assim. Margerita, sua filha, aparentava ao menos quinze. Porta levava um comprido vestido ajustado que revelava mais do que cobria, e inclusive em meio da noite, seu cabelo estava perfeitamente arrumado.
Porta dedicou às mulheres e a menina que estavam na habitação um olhar rápido.
-Ah -se presignó devotamente -graças à a Madonna, a bambina está bem. Vamos, Lhe vençam, sofreste muito, deve descansar.
-Ambos lhes tornastes loucos? -A voz que chegou da soleira era baixa mas carregava um látigazo, uma dura autoridade que ninguém se atreveria a desafiar. -Sophie quase morre esta noite, estas mulheres estão exaustas pelo trabalho que têm feito e vós nem sequer lhes concedem a cortesia de deixar dormir em paz? -Dom Scarletti entrou na habitação, sua presença dominou imediatamente o quarto dos meninos e a aqueles que o ocupavam. -Porta, você e Marguerita tinham muito medo para lhes ocupar das necessidades da bambina quando lhes necessitava, mas agora, em meio da noite, entra na habitação para despertar a seus cuidadoras?
A mulher se sobressaltou ante a reprimenda.
-Como pode me acusar de semelhante costure? Olhava primeiro pela segurança da Marguerita, como deve fazer uma mãe. Os serventes tinham que ocupar-se da bambina. Ordenei-lhes o que deviam fazer, mas se negaram, pensando que poderiam contrair a praga. Não posso controlar as crenças supersticiosas da gente da villaggi. Não escutam quando temem ao desconhecido. Certamente não me culpará de sua incompetência!
-Encontrei a pobre piccola abandonada, coberta de desperdícios e vômito por toda parte -Os olhos de obsidiana eram letais. Não elevou a voz, mas estava cortando à mulher em pedaços, e Nicoletta quase sentiu pena por ela.
-Dava ordens aos serventes -Porta elevou o queixo. -Como te atreve a me recriminar diante destas? -Ondeou a mão para abranger a Nicoletta e a dormida María Pia-. Lhe vençam, por favor, me escolte a minha habitação.
Vençam tomou obedientemente a mão da mulher e a colocou no oco de seu braço.
-Grazie, pela vida de meu bambina -disse ele sinceramente, inclinando-se cortesmente ante a Nicoletta.
-Agradeço que ao menos um de vós saiba a quem devemos agradecer-lhe disse Dom Scarletti brandamente. Sua voz logo que supurava ameaça, um látego de tercipelo que mascarava uma vontade de ferro. Nicoletta se encontrou tremendo sem nenhuma razão absolutamente.
De repente não queria que os outros abandonassem a habitação. Pior ainda, sabia pela respiração da Maria Pia que esta não estava fingindo mas sim estava verdadeiramente dormida.
Nicoletta não encontraria salvador se Dom Scarletti voltava todo o poder de seus olhos penetrantes nela outra vez.
Porta permaneceu agora em silencio contra a acusação do dom, e isso disse muito a Nicoletta sobre a família. Seus membros lhe temiam quase tanto como ela. Havia algo frio e distante no dom. Algo em lhe separava de outros, estava aparentemente depravado embora a espectativa e preparado para golpear como uma serpente. Sua família lhe tratava com tremenda deferência, como se eles também intuiram que era perigoso.
Nicoletta permitiu que suas largas pestanas baixassem enquanto te Vençam tirava porta Scarletti da habitação. ficou muito quieta, sem atrever-se a mover um músculo. O silêncio se estendeu tanto, que desejou gritar. Não havia nem um som, nem um roce de roupas ou um indício de movimento. Não saber o que estava fazendo o dom era pior que enfrentar-se a ele. Jazeu ali com o coração palpitando, logo que respirando. Esperando. Escutando. Não havia nenhum som.
Nicoletta começou a relaxar-se. Ninguém podia estar tão calado. Suspirou de alívio. Ele devia ter seguido a outros fora da habitação. Se acurrucó mais profundamente sob as mantas, aproveitou uma oportunidade e apareceu. Ele estava de pé sobre ela, tão imóvel como as montanhas, esperando, com esses olhos escuros fixos em sua cara. Tinha sabido todo o tempo que não estava dormida e que cedo ou tarde olharia. Por um instante não pôde respirar, apanhada pela intensidade de seu negro olhar. As chamas do lar pareciam refletir-se ali, ou possivelmente era o vulcão hirviente em seu interior, profundo, ardente e perigoso.
-Não me engana tão facilmente como você e a anciã podem pensar -disse-o silenciosamente, uma suave e ameaçadora declaração. De fato, as palavras foram tão suaves que de fato não estava segura de que ele há tivesse murmurado. Viu-lhe girar-se com sua graça peculiar e fluída e abandonar a habitação, fechando a porta atrás dele taxativamente.
-Nicoletta! Voltou a deixar seus sapatos junto ao arroio -A voz infantil era risonha, borbulhando de risada.- Maria Pia disse que te vigiasse. Deixou suas sandálias no palazzo. Ela disse...
-Alguma vez vais deixar me esquecê-lo, verdade, Ketsia? -interrompeu Nicoletta, rendo. Colocou uma grinalda de flores na cabeça da pequena-. Não posso acreditar que o contasse a todo mundo. Não é justo! -Mas seus olhos escuros dançavam de júbilo compartilhado.
Ketsia riu de novo.
-É tão divertida, Nicoletta -A pequena dançou ao redor, girando em círculos, com os braços estendidos de par em par abraçando o te vigorizem ire da montanha. Flores silvestres exploravam em um tumulto de cor, e no alto, os pássaros cantavam, cada um tentando superar a outros com suas melodias.
Nicoletta girou e se cambaleou junto à Ketsia, com as saias acampanadas, o comprido corto voando em todas direções, e seus pés nus marcando um ritmo sobre a erva. Começou a cantar brandamente, sua voz era melodiosa enquanto dançava, coxeando sozinho um pouco. Sua perna estava ainda dolorida, mas o inchaço tinha desaparecido. Lavava-a diariamente no frio arroio, aplicando emplastros para assegurar a cura.
Tinham passado vários dias desde que tinha sido chamada ao palazzo. A lembrança do dom não tinha empalidecido absolutamente. Em vez disso, encontrava-se intranqüila, pensando com freqüência nele. De noite sonhava com ele. Um homem alto e solitário com escuros e hipnóticos olhos. Sussurrava-lhe, chamava-a, com voz suave e insistente, dolorida. Tinha sonhos eróticos, coisas das que nada sabia, sonhava com amor e morte. Ultimamente o único momento no que se sentia em paz era quando estava longe do povo, rodeada pela paz das montanhas. A jovem Ketseia a acompanhava com freqüência às colinas enquanto a mãe da menina trabalhava em tear. As mulheres do villagio tinha reputação de tecer formosas roupas, muito demandadas pela aristrocrazia e os imóveis circundantes.
Quando a selvagem dança teve terminado, o casal se derrubou junta, rendo de suas tolices, Ketsia pôs um braço ao redor da Nicoletta.
-eu adoro estar contigo -admitiu à maneira cândida dos meninos.
-Me alegro muito, Ketsia, porque eu adoro acontecer o tempo contigo -Nicoletta tinha estado mesclando pétalas de flores em um intento de dar com um novo tintura para a roupa do povo. Os bicho-tesouras dependiam de seus experimentos para produzir coisas o bastante únicas para agradar aos do palazzo e intercambiar com os povos próximos. Ketsia lhe proporcionava ajuda recolhendo flores para ela. À menina gostava de ser seu ajudante, recondando onde tinha deixado Nicoletta seus sapatos e ocupando-se de que se lembrasse de comer o pão e o queijo que tinha levado mas sempre esquecia.
-Cristão te estava olhando de novo, Nicoletta -assinalou Ketsia disimuladamente.
Nicoletta encolheu seus esbeltos ombros.
-Embora jura que se casará comigo algum dia, eu não sou o que anda procurando. Disse-me que minha cintura era muito pequena, como meus quadris. Não teria buoni bambini.
Ketsia estava indignada.
-Isso te disse?
Nicoletta assentiu, ocultando seu sorriso ante a indignação da menina.
-Se, disse-o, e também disse que era muito selvagem e que insistiria em me domar e me fazer cobrir o cabelo e levar sapatos todo o tempo. Seriamente, Ketsia, deveria considerar sequer me casar com um homem espera que recorde onde estão meus sapatos?
Ketsia pensou nisso solenemente.
-Cristano é muito bonito, Nicoletta. E acredito que gosta de muito. Sempre te está olhando quando acredita que não lhe vê.
-É bonito -concedeu Nicoletta- mas é mais importante que um homem goste a uma mulher como pessoa, Ketsia. E ele deveria me gostar da mim como pessoa, não só por sua aparência. Cristano será um bom marido para alguma garota, mas não para mim. Quereria-me cozinhando e limpando para ele e ficando todo o dia em casa. Murcharia-me e morreria. Meu lugar está aqui. -Nicoletta estendeu os braços de par em par abrangendo as montanhas-. Não deveria me casar a não ser permanecer livre para fazer aquilo para o que nasci.
A pequena a olhou, desconcertada.
-Não quer ter bambini e um marido, uma famiglia? -perguntou- Ficará totalmente sozinha.
-Não estarei sozinha, Ketsia. Não pareça tão triste -tranqüilizou-a Nicoletta, lhe alvoroçando afetuosamente o cabelo-. Sempre terei a ti e a seus filhos, e a Maria Pia, e a sua mãe, e todos outros do villaggio. Todos vós são meu famiglia. Tenho-lhes a todos e a meu novelo e o exterior. Não poderia pedir nada mais para ser feliz.
O vento soprou, um simples sussurro, mas Nicoletta se girou instantaneamente.
-Onde disse que estavam meus sapatos? -Olhou ao redor ao terreno coberto de flores de todo tipo, passando uma mão pelo cabelo com agitação- Subito, Ketsia, devemos encontrá-los em seguida.
Ketsia riu de novo, com diversão juvenil.
-Maria Pia está chegando pelo atalho -supôs sabiamente. Ninguém mais podia fazer que Nicoletta se preocupasse com sua falta de calçado. Seus sapatos atuais nem sequer foram bem. A mãe da Ketsia lhe tinha agradável um par velho e gasto quando Nicoletta havia tornado descalça do palazzo. Ketsia não questionou o que Nicoletta estivesse pressentindo a Maria Pia aproximando-se; Nicoletta sabia coisas que outros não, embora ninguém falava disso. Quando tinha tentado falar com sua mãe das coisas maravilhosas que Nicoletta podia fazer, sua mãe a tinha feito calar severamente.
-Se, pequeno fantasia de diabo, Maria Pia se aproxima. Agora em que parte do arroio estão esses sapatos? -Nicoletta se sentia rasgada entre o desespero e a risada. Se Maria Piar a agarrava descalça outra vez depois do incidente do palazzo, que todo mundo acreditava terrivelmente divertido, Nicoletta estava segura de que ganharia um comprido sermão sobre maturar e converter-se em uma dama.
Ketsia correu rapidamente corrente abaixo várias passos e agarrou o calçado justo quando Maria Pia aparecia à vista pelo atalho. A anciã se deteve para agarrar fôlego, esperando a que elas se aproximassem, claramente falta de fôlego, como se tivesse deslocado para as alcançar.
Nicoletta agarrou os sapatos a Ketsia quase ausentemente, com a cara elevada para o vento. Abriu os braços para a terra, e se girou nas quatro direções... norte, sul, este e oeste.. procurando informação. Jogou uma olhada ao céu, procurando o corvo, estudando aos pássaros, escutando aos insetos. Desconcertada, girou-se uma vez mais para a Maria Pia.
-Não fique aí boquiaberta, piccola. Dom Scarletti convocou de novo à curadora. Você não vinha. Esperei, mas não respondeu à chamada -Maria Pia soava impaciente.
Nicoletta começou a caminhar lenta e pensativamente para ela, balançando os sapatos ausentemente.
-Não houve chamada, Maria Pia. Não há ninguém doente no palazzo.
-Deve estar equivocada. Ele enviou palavra de que queria de volta à curadora e seu ajudante. -Maria Pia ficou as mãos nos quadris, franzindo o cenho ferozmente para a Nicoletta. Por que está carregando esses sapatos em vez de levá-los postos?
Nicoletta não pareceu escutá-la.
-Não há enfermidade, Maria Pia, e nenhum ferido. Não sei por que o dom convocou à curadora, mas não é para atender a um doente.
A cor desapareceu da cara da Maria Pia.
-Está segura? Sabe?
-Sei. Não há perturbações. Não sinto nenhuma conseqüência. Saberia. Nunca me equivoquei, nem sequer quando era bambina, e cresci muito nos últimos anos.
Maria Pia se esclareceu garganta ruidosamente e fez vários gestos nada sutis com o queixo para a Ketsia para recordar a Nicoletta que não estavam sozinhas.
-Eu estava ali quando chegou seu servente. Disse que fueramos à primeira oportunidade.
Nicoletta assobiou, um som que fez que María Pia ofegasse ante os maneiras selvagens e desenfreados da jovem.
-Não o vê? -perguntou Nicoletta-. Olhe sua ordem. "À primeira oportunidade". Não ordena a presença da curadora como faria se um membro de sua casa estivesse doente. Seu modo de chamar a curadora indica que ela poderia completar seu trabalho se tivesse que ajudar a algum outro que esteja doente. Não convocou à curadora porque suas habilidades sejam necessárias. Tem outro motivo.
Maria Pia-se presignó devotamente repetidas vezes.
-Tem-nos descoberto! -gemeu-. Sabe que lhe enganamos. Nossas vidas estão perdidas.
-Não pode sabê-lo -assinalou Nicoletta tranqüilamente-. Pode suspeitar, mas não pode sabê-lo. É possível que isto seja uma prova.
-Seu disfarce não funcionou -Maria Pia soava assustada, e pela primeira vez aparentava cada uma de suas décadas.
-Não com Dom Scarletti -esteve de acordo Nicoletta, sem perder a calma- Mas não fizemos nenhuma falsa declaração. Não pode nos condenar. Não houve perigo no engano. Alterei minha aparência, isso é certo, e te elogiei como curadora mas como pode ele provar perigo ou malícia em tais coisas?
-Dom Scarletti não necessita provas, Nicoletta -disse Maria Pia desesperadaemnte-. Recorda quem é.
-Não acredito que tenha chamado à curadora pelas condenar a ela e a seu jovem ajudante a morte. O que importa a ele se utilizarmos a ilusão de servidão para me proteger?
-Seu é a que sã, Nicoletta. Inclusive quando foi uma simples bambina, tinha o dom. Eu posso te ajudar, e tenho um pouco de experiência, mas não sou capaz de curar como você. Nem sequer entendo o que faz ou como o faz.
-O dom não sabe que eu sou a curadora, Maria Pia -disse Nicoletta firmemente-. Não pode sabê-lo. Possivelmente isto seja uma prova. Pode que suspeite e espere que façamos algo que revele nosso segredo.
-Tendeu-nos uma armadilha -Maria Pia deixou escapar o fôlego lentamente. A idéia dela e sua preciosa Nicoletta sob o atento escrutínio de um homem tão capitalista como Dom Scarletti era aterradora-. Possivelmente seja hora de te enviar longe daqui -aventurou Maria Pia reluctantemente-. Sabíamos que isto poderia ocorrer.
Nicoletta ficou muito quieta, reconhecendo o débil indício de resolução na voz da Maria Pia. Raramente utilizava essa inflexão, mas quando o fazia, o fazia a sério.
-Não sabemos ainda, e não lhe deixarei me afastar de minha casa sem sabê-lo. Possivelmente deveríamos voltar a prova contra ele -disse pensativamente.
-Nicoletta! -Maria Pia estava acostumada a que Nicoletta desafiasse as convenções, mas desafiar a um homem tão capitalista como Dom Scarletti era um suicídio.
-Sabemos que não há ninguém no palazzo o bastante doente como para que você não possa te ocupar dele. Leva a nossa vizinha, a velha Mirella, contigo. Desfrutará sendo assustada e depois fofocando da experiência. Por outro lado, acompanhou-te muitas vezes no passado a trazer para o mundo bambini no villaggi. Pode reclamar facilmente que tem mais de uma ajudante. O dom não há dito a qual de seus ajudantes devia levar. Deverá perguntar por mim e por que não te acompanhei, lhe diga que queria que descansasse a perna um ou dois dias mais. -De repente Nicoletta começou a reir-. Dom Scarletti nos deixou uma forma de escapar ante seus narizes. Acreditou que umas simples mulheres seriam fáceis de apanhar.
Maria Pia se tomou seu tempo para pensar no plano da Nicoletta. Os ramos no alto se balançavam gentilmente, fazendo que as folhas cintilassem de prata à luz do sol. Podiam cheirar o oceano, fresco e salgado. A brisa estava começando a sopro, trazendo as finas salpicaduras de névoa com ela.
Ketsia permanecia muito calada, mas seus dedos se enredeban com força na saia da Nicoletta. Seus olhos estavam totalmente abertos, e seu lábio inferior estava tremendo.
-Nicoletta não pode afastar-se de nós, Maria Pia -disse-. O que faríamos sem ela?
-Funcionará, Maria Pia. Sossegará suas suspeitas -disse Nicoletta- Um homem como o dom não seguirá perdendo o tempo com um pouco tão insignificante. Aceitará que você é a curadora, acreditará que tem várias ajudantes, e logo sua ocupada vida continuará, e ... poof!... desapareceremos de seus pensamentos -Os olhos escuros da Nicoletta tilintavam de espera-. Sei que funcionará. Tem curiosidade, isso é tudo, mas é passageira, logo estará perdido em questões de estado mais importantes.
Ketsia estava assentindo em acordo.
-Não faça que Nicoletta se vá, Maria Pia. Não quero que se vá.
-Nem eu tampouco, piccola. Irei ao palazzo com a Mirella enquanto Nicoletta descansa a perna. Você a vigiará e te assegurará de que não vai dançando por aí. Não quero pronunciar uma mentira, possa a boa Madonna cuidar de mim.-Fez o signo da cruz- Nicoletta deve descansar a perna -decidiu hipócritamente-. Em realidade não sanou como eu gostaria. -Olhou a Nicoletta com olho severo-. Não te permitirei nenhuma tolice, bambina. Deve descansar enquanto eu vou. Não quero tentar ao lado mau da boa Madonna.
Nicoletta arqueou uma sobrancelha, com expressão inocente.
-Não sei se a boa Madonna tem um lado mau, Maria Pia.
Ultrajada, Maria Pia irrompeu em uma corrente de repreensões, indo inclusive tão longe para dar uma liguera palmada ao traseiro da jovem. Ketsia retrocedeu, assustada pelo inesperado desdobramento da Maria Pia, mas Nicoletta se manteve em seu sítio, sonriendo e deslizando os braços ao redor da anciã.
-Scusa, Maria Pia. Sou uma ignorante, não queria te causar desgosto. -Seus olhos escuros estavam iluminados pela travessura.
Maria Pia a empurrou firmemente para trás, benzendo-a várias vezes no processo.
-Se não te visse piedosa em suas preces, Nicoletta, temeria por sua alma. Tem mais conhecimentos do que convém a uma mulher. Vete à cama e fique ali enquanto eu atendo ao dom.
-Posso descansar aqui acima, Maria Pia -assinalou Nicoletta-. O ar fresco ajudará a meu cura, e posso continuar fazendo meu trabalho.
Maria Pia tomou nota de sua aparência desalinhada e suspirou.
-Não estava trabalhando, Nicoletta, a não ser tonteando outra vez. Nada bom pode suceder de continuar com semelhante comportamento. Tenho intenção de que te case logo. notei que Cristano lhe olhe com freqüência.
Ketsia riu bobamente mas manteve o olhar resolutamente no chão, sem atraverse a olhar a Nicoletta, que se tinha esticado e estava de pé muito quieta.
Os olhos escuros da Nicoletta flamejaram com fúria repentina.
-Não me casarei com o Cristano nem com nenhum outro. -Pronunciou cada palavra cuidadosamente-. Não o farei, Maria Pia. Não acredito que possa trocar de opinião. Semelhante emparelhamento seria uma sentença de morte para mim.
Maria Pia ficou em silêncio enquanto o vento atirava gentilmente de sua roupa. Suspirou brandamente.
-Piccola, cometi contigo uma injustiça. Quando perdeu a sua mãe, estava tão inconsolável, passava todo o tempo nas regiões selvagens. Foi tão pequena e triste, todos temíamos te perder. Recorda aqueles dias escuros? Sentava-me sob as árvores contigo e sobre os escarpados, muitas vezes toda a noite. Não falou durante semanas uma vez. Não parecia sentir o frio ou a chuva. Tive que te obrigar a comer. Arriscava sua vida, escalando escarpados instáveis e explorando cavernas justo antes de que subisse a maré. Os lobos uivavam, e você não te sobressaltava. Eu via seus olhos brilhantes e te persuadia para voltar para villaggio, mas nada te assustava, e nada podia acalmar seu pesar. Permitimos que chorasse a seu próprio modo, mas não estou segura de que fora o melhor. Tinha sozinho cinco verões, mas estava se separada de nós inclusive então.
-Sempre estive apartada -assinalou Nicoletta gentilmente-. Sempre sou consciente de que poderia trazer a morte a todo o villagio. É uma carga terrível que pende sobre minha cabeça. Sei que aos pequenos ensina a não falar de mim aos desconhecidos ou se se aproximar um estranho. É uma carga para eles também. Não pôde trocar o ser diferente. Não quero ser diferente, mas aceito o que o sou. Intento utilizar meus dons para o bem de outros, e acendo velas à a Madonna para que isso seja o correto.
-É um tesouro para nós, Nicoletta -Maria Pia posou uma mão sobre o braço da jovem- Para mim é uma boa garota, e a Madonna sabe.
Ketsia aferrou a saia da Nicoletta mais forte ainda. Nicoletta trazia risada e amor ao villagio. Os meninos a adoravam e a seguiam a todas partes.
-por que tem medo, Nicoletta? -Ela não entendia a conversação, mas podia sentir a intensidade das emoções que passavam entre as duas mulheres.
Imediatamente Nicoletta sorriu à menina, seus olhos escuros dançaram peraltas.
-Tenho uma idéia, Ketsia. Você deveria te casar com o Cristano. Pode esperar até que tenha dezessete. São sozinho uns poucos anos mais, e para então poderia ter feito sua fortuna.
Ketsia pensou nisso.
-É bonito, mas realmente velho. Provavelmente é em realidade muito velho incluso para ti, Nicoletta.
Maria Pia tossiu delicadamente depois da mão.
-Agora devo ir ao palazzo. Não farei esperar muito ao dom. Mirella virá comigo, mas você fique fora da vista. As colinas têm olhos, Nicoletta. O dom é um homem poderoso e muitos desejam seu favor. Se tiver interesse em ti, alguém responderá a suas perguntas.
- Tem razão -esteve de acordo Nicoletta. Os que viviam no diminuto villagio dependiam dos estranhos dons da Nicoletta para boa parte de seu meio de vida. Mas viviam em terras propriedade de Dom Scarletti, e ele era um protetor bom, generoso e atento, embora eles esperavam trabalhar duro em suas granjas e grêmios e ser quase auto-suficientes. Ao contrário que outros dom, Dom Scarletti não tomava uma parte de seus lucros, assim que a gente lhe era leal, mas amavam a Nicoletta. Ela curava suas enfermidades, determinava a riqueza da terra para os cultipos, e inventava as cores únicas que faziam que a aristocrazia seguisse vivendo uma e outra vez em busca de finos tecidos.
Esparciadas pelos grosseiros imóveis de Dom Scarletti havia muitas outras villaggi e granjas, mas poucas delas tinham para o dom a importância da sua.
O villaggio da Nicoletta era diminuto em comparação com muitos outros, mas tinha certo renome e era o mais próspero de todos.
Eram um grupo fechado, cuidadosos com os desconhecidos. Todos sabiam que outras crianças como Nicoletta haviam nascido em diferentes famílias, através da história. Cada um deles tivera ancestrais que haviam sido queimadas como bruxas, em um não tão distante passado, então tratavam de manter sua imagem de gente piedosa e devota, completamente leal a seu senhor.
-Tome cuidado, Maria Pia. O dom é... -Nicoletta se interrompeu, insegura de como pôr seus sentimentos em palavras. Suspeitava que o dom era "diferente" como ela... não do mesmo modo mas sim de formas muito mais perigosas do que a anciã podia concevir.
-ouvi rumores e conheci a seu famiglia. Não falo com menos que me pergunte, e Mirella estará muito assustada para abrir a boca. Ela é muito mais velha e recorda os dias passados.
-O que recorda? -perguntou Nicoletta, curiosa. Com a gente do povo era muito difícil separar realidade de ficção, rumores de verdade. A história da família Scarletti estava playaga de maldições e escuros mistérios dos que se falava sozinho em sussurros.
-diz-se que o avô de Dom Scarletti estrangulou a sua esposa com suas mãos nuas. -Maria Pia sussurrou as palavras brandamente para que o vento não pudesse as levar a outros ouvidos-. Mirella sabia bem, serve-a fielmente. Está convencida de que o crime foi cometido e o pai do dom se desfez das provas. Três assassinatos em menos de dois anos, todas mulheres, e ninguém fez nada.
Nicoletta tinha ouvido os escuros sussurros de que o avô do dom tinha estrangulado a sua esposa mas nunca tinha sido castigado. A mulher tinha morrido mais ou menos ao mesmo tempo que a mãe e a tia da Nicoletta, e muitos acreditavam que o major dos Scarletti tinha cometido mais de um crime. Mas a família do dom tinha fechado filas, e ninguém era o bastante capitalista para as cruzar. Nicoletta quase podia acreditar tais coisas do velho Scarletti, certamente parecia desprezar às mulheres. Não podia imaginar a nenhuma mulher sendo encadeada a um homem tão terrível.
-A boa Madonna cuidará de nós, Nicoletta, e você te manterá fora de problemas e fora da vista -Maria Pia expressou um decreto.
Nicoletta permitiu que o sorriso alcançasse seus olhos escuros, iluminando sua cara.
-Ketsia me vigiará enquanto descanso.
Ketsia assentiu solenemente, agradada com a responsabilidade. Quadrou os ombros e pareceu muito orgulhosa. Nicoletta e a pequena observaram a Maria Pia começar a caminhada montanha abaixo.
Nicoletta pôs um braço ao redor dos ombros da Ketsia.
-Quero jogar uma olhada a um grupo de novelo que transplantei no lado mais afastado da montanha. Algumas vezes se as levar de uma zona mais baixa, lutam contra novos elementos ao princípio, e devo as instruir sobre como crescer.
A pequena boca da Ketsia formou uma O.
-Fala com as novelo? -Olhou ao redor para assegurar-se de que estavam sozinhas. Falar com as novelo não soava como algo que Maria Pia passaria.
-É obvio. A algumas gosta que os canto -Nicoletta piscou os olhos um olho a Ketsia-. Assim-. Tatareó brandamente, depois tentou cantar.
Ketsia se desfez em um ataque de risada tola.
-Sabia que não falava com as novelo de verdade. -Saltou para manter o passo da Nicoletta. Teve que deter-se uma vez para recolher os sapatos que tinham escorregado das mãos da Nicoletta até o atalho que subia a colina.
O oceano apareceu à vista longe baixo elas. O profundo mar azul estava rompendo sobre as rochas em plumas de branca espuma. Nicoletta se deteve admirar o panorama incrivelmente formoso.
-Vê isto, Ketsia? Disto vai a vida. Nada de estar encerrada dentro, a não ser ser livre como os pássaros que nos rodeiam.
-Nicoletta, não te aproxime tanto ao bordo -arreganhou Ketsia, imitando a Maria Pia quase perfeitamente- Cairá-te -Atirou da ampla saia até que Nicoletta se afastou a contra gosto do bordo do escarpado, sonriendo à pequena que se tomava seu trabalho tão seriamente.
Nicoletta amava a vida e amava aos meninos que com freqüência a seguia quando vagava pelas montanhas e vales em busca das estranhas e preciosas novelo que necessitava. Tinha uma paciência interminável, e opinava que os meninos eram uma grande companhia em suas excursões. E sua tutela dos pequenos ajudava às mulheres do povo enquanto atendiam às ovelhas e o tear.
Ketsia e Nicoletta passaram o seguinte par de horas com as mãos enterradas profundamente na rica terra. Nicoletta falou com as novelo, cantarolou e lhes murmurou como fazia freqüentemente.
Ketsia ria incansavelmente. Nicoletta enrolava e animava aos caules murchos. Para algumas acrescentou mesclas à terra, a outras as deixou em paz. Ketsia a observou atentamente, incapaz de distinguir exatamente o que estava fazendo. Embora ambas riam disso, Ketsia era o suficientemente inteligente para saber que algo que ela não podia ver ou entender estava acontecendo. As novelo realmente pareciam responder à voz e os cuidados da Nicoletta. E algumas vezes ela lhes cantava, e sua formosa voz era levada pelo vento.
No alto um escuro pássaro alado se abateu sobre o casal. Nicoletta elevou a cabeça para olhar ao corvo, com um débil cenho na cara. ficou de pé lentamente, afastando-se das novelo para voltar sua atenção ao vento. Este sussurrava continuamente para aqueles que podiam interpretar seus murmúrios. esticou-se ligeiramente e agarrou o ombro da Ketsia. Muito tranqüilamente ficou um dedo sobre os lábios para assinalar à menina que estivesse calada.
-Fique aqui, piccola. Não te mova até que eu volte para por ti.
Os olhos da Ketsia se abriram, mas assentiu com a cabeça diligentemente. Nunca ninguém queria desafiar realmente a Nicoletta. Podia sanar aos doentes, podia fazer coisas das que ninguém falava abertamente. Obedientemente, Ketsia se sentou entre os arbustos e permaneceu tão quieta como uma pedra.
Nicoletta voltou para os escarpados, movendo-se rapidamente, com todos os sentidos em alerta. Abaixo ao longe podia ver a figura de um homem movendo-se de forma furtiva, rondando dos arbustos à rocha, com o corpo inclinado procurando ocultar-se, Explorou a enseada, não podia ver nenhum outro movimento, mas sabia que algo não ia bem. Seu coração começou a pulsar rápido. O sol estava começando a ficar, manchando o céu de um laranja rosáceo. O mar crescia furioso, a água era escura, as ondas subiam mais alto enquanto se apressavam até a borda e golpeavam as rochas.
levou-se a mão à garganta protectoramente. Algo terrível ia ocorrer. Ela estava muito longe para evitá-lo, solo poderia ficar no escarpado observando impotente como o drama se desdobrava sobre a praia longínqua.
O vento soprava desde mar, um gemino baixo e agudo que pareceu elevar-se a um gemido de advertência. Não podia apartar os olhos da cena enquanto o mar se encrespava, golpeando as rochas incansavelmente com espera.
Viu-lhe então, Dom Giovanni Scarletti. movia-se veloz e fluídamente, como um poderoso caçador, com os ombros retos, e a cabeça alta. Seu corpo ondeava com músculos tersos sob sua roupa elegante. O vento atirava de seu cabelo negro ondulado, deixando-o despenteado como o de um muchachito. Mesmo assim parecia em cada um de seus centímetros um homem, desumano e perigoso, muito mais capitalista que nenhum outro que tivesse conhecido.
Nicoletta voltou sua atenção ao tipo que agora se agachava depois de uma rocha. Não se tinha movido absolutamente. Dom Scarletti passou sem saber junto ao esconderijo, com a atenção fixa em algo que ela não podia ver. Da direita, onde ela sabia que estavam as cavernas, outro homem emergiu, exclamando uma saudação, com um sorriso na cara. Nicoletta não pôde oirle, mas os dois homens pareciam ser amigos. Era óbvio que Dom Scarletti confiava nele.
Logo que podia respirar, e seu coração pulsava tão forte que podia ouvir seu frenético ritmo. O vento lhe fustigou o cabelo nos olhos, e em um momento o apanhou e o recolheu firmemente à costas, os dois homens estavam estreitando-as mãos. Foi então quando o que estava oculto depois das rochas se moveu. Lentamente. Furtivamente. abriu-se aconteço centímetro a centímetro até que esteve diretamente detrás de Dom Scarletti. Ela viu os últimos raios de sol cintilar no estilete que tinha entre suas mãos. O sol se afundou no mar, e o céu passou a ser vermelho sangue pela segunda vez, o terrível presságio de morte.
Nicoletta gritou uma advertência ao dom, mas o vento lhe arrancou a voz, levando a de volta às montanhas e longe do rugiente mar. Mas inclusive embora era impossível que ele pudesse oirla, alto alertou ao dom, e se deu a volta agarrando a boneca de seu assaltante. moveu-se tão rápido, que pareceu um borrão, rodeando de algum modo ao homem que tinha em frente, enquanto o que tinha estado falando com ele afundou sua faca profundamente, este se enterrou no assaltante do dom em vez de no próprio dom.
Dom Scarletti permitiu ao homem desabar-se impotentemente sobre a praia. Nicoletta pôde ver a boca do assaltante aberto pela surpresa, como se estivesse gritanto, mas ela não pôde oir nada. O corpo se retorceu por um momento, se contorsionó, depois ficou imóvel. O dom olhou do homem morto desabado em um montão a seus pés até o traidor. O coração da Nicoletta estava com o dom. Quase sentia sua pena, vendo-a na inclinação de seus ombros. Por um terrível momento pensou que ele ia abrir os braços e permitir que o outro homem lhe matasse. Dom Scarletti parecia estar falando brandamente, sacudindo a cabeça.
-Não -disse ela brandamente para o vento- Não.
No preciso momento em que ela negava sua morte, os ombros do dom se endireitaram, e seu traidor atacou. O dom estava girando uma vez mais em um borrão de movimento enquanto saltava a um lado para evitar a adaga, apanhando a boneca de seu oponente e retorcendo-a enquanto avançava para o homem de forma que a folha se enterrou no peito do traidor. ficaram de pé, nariz com nariz, olhando-se aos olhos, e depois lentamente o traidor se paralisou, e o dom lhe baixou reluctantemente à areia. ficou em pé por um momento, com a cabeça inclinada com evidente pena, e ela viu como se cobria os olhos com as mãos.
O coração da Nicoletta deu um tombo, e brilharam lágrimas em seus olhos por um instante, empanando a cena de abaixo. As limpou e baixou o olhar de novo. O dom de repente olhou para cima. Ofegando, ela se afundou para trás entre a folhagem. Inclusive embora era impossível pensar que Dom Scarletti a visse através das espessas folhas e ramos, sentia o peso de seu olhar. Não podia havê-la visto, não desde esse ângulo; teria sido impossível. Nem sequer tinha sabido que ela estava ali. Seus dentes morderam o lábio inferior nervosamente. Sempre tinha sido muito cuidadosa, mas em curto tempo tinha tido dois estranhos encontros com Dom Giovanni Scarletti, o último aristocratico ao que deveria conhecer.
-Nicoletta! -a voz sentida da Ketsia captou sua atenção, e se girou para ver a menina apressar-se para ela. Estava obviamente alarmada porque não tinha podido ver a Nicoletta, e se tinha deixado levar pelo pânico. Corriam lágrimas por seu carita.
Nicoletta imediatamente agarrou à menina, arrastando-a longe do escarpado para que não pudesse ver dom Scarletti e a seus assaltantes mortos sobre a praia de abaixo.
-Teve medo, piccola? -Nicoletta lhe acariciou o cabelo para trás e se inclinou para beijar a cara volta para cima-. Acreditava ter ouvido algo, mas... -encolheu-se de ombros casualmente-. O que te assustou?
-Pensei... Viu a cor do céu? Pensei... -Ketsia se interrompeu-. Maria Pia me disse que devia te vigiar. Não quero que te meta em problemas.
Nicoletta a abraçou.
-O céu era efetivamente de uma cor maravilhosa, mas Maria Pia... bom, ela pode assustar aos homens do villaggio, pode assustar às ovelhas das colinas, possivelmente inclusive possa assustar aos peixes do mar, mas certamente não a ti, Ketsia. Porque te vi empurrar a seu irmão maior quando se burla de ti. Certamente ele é muito mais aterrdor que Maria Pia. -Deliberadamente brincou com a pequena enquanto continuava caminhando com ela para o atalho.
-Espera! -gritou Ketsia girando-se e correndo de volta aonde tinham estado trabalhando nas novelo-. Seus sapatos! Deixei seus sapatos! María Pia me arreganhará!
Nicoletta estalou em gargalhadas.
-Não podemos permitir isso.
Ketsia riu, seu mundo estava bem de novo. Saltou detrás da Nicoletta, conversando feliz, completamente inconsciente do silêncio da Nicoletta. Tinha escurecido para quando chegaram ao povo. Quando Ketsia viu a Maria Pia, atirou da saia da Nicoletta.
-Está-te franzindo o cenho -sussurrou às escondidas golpeando os sapatos contra a perna da Nicoletta-. Disposto, ponha os antes de que os veja.
Nicoletta alvoroçou o cabelo da menina enquanto tomava os sapatos.
-Ela o vê tudo, Ketsia. Não se preocupe. Franzido o cenho, mas não remói.
A mãe da Ketsia agarrou à menina depois de intercambiar tudas as intermináveis fofocas do dia com a Nicoletta, que os deixou passar com um sorriso apropriado.
Maria Pia evidentemente sentia a mesma impaciência. Aferrou o braço da Nicoletta atirando dele.
-Devemos comer. Deprimo-me sem comida.
Nicoletta a seguiu rapidamente até a pequena cabana que compartilhavam.
-Parece cansada. me deixe te preparar algo de comer enquanto descansa -Gentilmente ajudou à anciã a colocar-se em uma boa cadeira que tinham junto ao fogo. Controlando sua curiosidade, acendeu o fogo e esquentou a sopa. Maria Pia parecia cansada e esgotada. Geralmente era tão ativa, que Nicoletta esquecia com freqüência sua avançada idade.
-Deixa de me jogar esses olhares preocupados, piccola. Solo estou cansada. Sou muito velha para subir até o palazzo com a Mirella. É uma velha tola, essa.
Nicoletta ocultou seu sorriso. Todo o villagio mostrava deferência a Maria Pia, com exceção da Mirella. Mirella era mais velha que Maria Pia, e, segundo ela, tinha sido a mais formosa e cobiçada de todas as mulheres em sua juventude. As histórias de suas conquistas românticas pareciam crescer cada vez que as contava, e Maria Pia se exasperava com tais contos.
-Velha tola -repetiu Maria Pia-. Realmente flertou com o dom.
Surpreendida, Nicoletta quase deixou reduzida a miolos a barra de pão..
-Que fez o que?
-Ja! Velha tola. Disse-te que ia a cabeça. Mas, não, você sempre te renda, como se fora muito entretida. E o que está fazendo com esse pão? lhe retorcer o pescoço? Temos que comer isso.
-Mirella detesta a toda a famiglia Scarletti. Lembrança que faz algum tempo disse que tiveram que evitar que falasse com Porta Scarletti por seu próprio bem-. O que ocorreu? O que pode havê-la poseído?
María se presignó solenemente.
-É o palazzo. Não está bem. O mal espreita ali. Acredito que estava... -baixou a voz, olhou ao redor, e finalmente deixou escapar a palavra- ... poseída -Apressadamente se levantou e foi ao altar da Madonna na esquina da cabana e acendeu três velas contra qualquer mal que pudesse ter invocado com suas palavras-. Nicoletta, possivelmente conheça oferendas poderosas que, com o consentimento da Madonna, poderia fazer por nosso bem contra o que eu possa ter feito.
Nicoletta ofegou para ela. Maria Pia era uma devota praticante de sua fé. Nunca consideraria fazer nada impróprio a menos que sentisse que estavam em perigo mortal.
-Maria Pia? -disse brandamente-. Vêem te sentar, e me conte exatamente o que aconteceu. Certamente não é tão mau que não possamos melhorar as coisas -Recolheu-se o cabelo para trás em um coque antes de servir pão e queijo no prato da anciã, a ação tranqüilizou suas mãos trementes. Não podia obrigar-se a si mesmo a contar ainda a Maria Pia o que tinha ocorrido na enseada. Precisava saber primeiro que tinha passado no palazzo.
-Tentei te proteger, Nicoletta, mas acredito que Mirella contou ao dom costure de ti. Ele estava fazendo muitas perguntas -Maria Pia deixou o altar para aproximar-se muito lenta e pesadamente à tosca mesa.
Nicoletta verteu água quente em uma taça e acrescentou uma mescla de ervas para preparar uma beberagem consoladora.
-Começa pelo princípio. por que convocou o dom à curadora ao palazzo?
-Disse que queria me pagar por meus serviços. E nos pagou generosamente. -disse Maria Pia com pena-. Esteve mal aceitar seu pagamento.- Sacudiu a cabeça enquanto Nicoletta colocava um bol de sopa fumegante diante dela-. Sabia que ele te estava procurando. Olhou a Mirella como se fora uma aparição. Acredito que a velha tola pensou que ele estava intrigado por ela. Perguntou por ti, e lhe disse que estava descansando -Olhou fixamente a Nicoletta-. Estava descansando -Era de uma vez uma declaração e uma pergunta.
-A minha maneira -Nicoletta ondeou as mãos airadamente e se sentou diante da Maria Pia à pequena mesa-. Por favor contínua.
-Perguntou se sabia muito de sanación. Estava falando tão casualmente, tão tranqüilamente, eu estava distraída ao princípio, ele era tão amável. Mas então um homem entrou e lhe falou em um sussurro, e durante a pausa compreendi que estava contando ao dom costure que não tinha querido dizer -Se presignó de novo e beijou o crucifixo que rodeava seu pescoço-. Sinto muito, Nicoletta. Levantei-me para sair e não lhe voltei a olhar, mas Mirella sorriu bobamente e lhe adulou em um terrível desdobramento-. Os olhos desvanecidos da Maria Pia ficaram aquosos e não podia olhar a seu jovem amiga.
Nicoletta colocou sua mão sobre a da anciã sientiendo a pele enrugada sob a palma. María Pia sacudiu a cabeça e apartou a mão.
-Eu sou tão culpado como Mirella. Traí-te também. Ele sabe que você é a autêntica curadora.
Nicoletta tomou um profundo fôlego e o deixou escapar lentamente.
-Devemos comer enquanto a comida está quente -Inclinou a cabeça sobre a comida para dar-se tempo a pensar.
Maria Pia rezou devotamente algum momento antes de indicar que era tempo de comer. Nicoletta tomou vários sorvos cautelosos de ensopa antes de falar.
-O que lhe disse exatamente Mirella?
-Disse-lhe que foi mágica. Realmente utilizou a palavra mágica. Eu a interrompi e tentei dizer que queria dizer que estava tão cheia de alegria e risada que podia iluminar uma habitação, mas Mirella solo lhe olhou completamente encantada e continuou tão alegremente como uma menina.
-O dom teve que sair para encontrar-se com alguém... Ouvi-lhe dizer a seu servente, Gostanz, que tinha uma reunião muito importante e voltaria tarde. Apressei-me a tirar a Mirella dali, isso posso dizê-lo, e a arreganhei de caminho a casa. Ela estava muito arrependida, como deveria ser, mas me temo que isso não te salvará. Solo me pensá-lo rompe o coração, devemos te enviar longe, muito longe, onde estará mais à frente do alcance do dom.
Nicoletta continuou comendo tranqüilamente, sua mente corria. Agora não se atrevia a dizer a Maria Pia o que tinha visto no escarpado. Enviariam-na longe seguro. O dom obviamente tinha ido encontrar se com alguém de importância na enseada, mas tinha sido uma emboscada que terminou com dois mortos a suas mãos. Se ele soubesse que tinha presenciado o evento, bem poderia querer dispor dela acusando a de bruxa. Dom Giovanni Scarlett podia viver em uma casa pagã, mas tinha laços com a Igreja. Tinha estreitos laços com todos os que estavam no poder.
-Ficarei aqui, Maria Pia. Não tenho intenção de me ocultar dele. Por outro lado, ninguém se oculta exitosamente do dom. Você mesma o há dito em muitas ocasiões. Ninguém veio a me capturar. depois do jantar irei ver a Donna Mirella e a tranqüilizarei. Não quero que se preocupe de se me colocou em uma posição terrível.
-Mas provavelmente o fez, Nicoletta. Não te está tomando esta questão tão seriamente como deveria.
-Me estou tomando isso muito seriamente -disse ela brandamente-, mais seriamente do que possa pensar, mas não acredito que seja justo que Mirella se culpe quando eu acredito que o dom é capaz.... de influenciar às pessoas de algum modo. Você mesma disse que te influenciou. Disse que se rumoreaba que podia ler a mente também. Não é culpa da Mirella.
Maria Pia a olhou comprido momento e sorriu lentamente.
-Fiz bem ao lhe contar isso bambina. Tem razão, é obvio. Não podemos permitir que a velha tola se avergüenze ou chore. É lerda... essa é sua desculpa. Eu, entretanto, não tenho nenhuma. Se o dom te ameaçar, viajarei longe daqui contigo.
Nicoletta sorriu docemente.
-Ficará aqui onde sei que está a salvo, e confiará em que me oculte até que o dom perca interesse.
-Disse que perderia o interesse imediatamente, e não o fez. Também esteve de acordo em que ninguém se oculta para sempre do dom -A faísca estava começando a voltar para os olhos da anciã, não obstante, com o consolo da Nicoletta.
-Acreditava que me havia dito que estava esquecida -burlou-se Nicoletta em resposta, agradada de que Maria Pia já não estivesse irritável.
Nicoletta jazia sob a colcha, incapaz de dormir, movendo-se e girando daqui para lá. Fora, o vento soprava contra as finas paredes da cabana como se assaltasse uma fortaleza. Leva consigo a voz dele. A voz do dom. Podia oir a voz lhe murmurando continuamente, implacável, um incansável assalto que temia não fora a terminar nunca. Suave. Compeledor. Ofegante. Exigente. Seguia e seguia, o som roçava o interior de sua mente e fazia arder seu corpo de forma pouco familiar. Havia algo oscuramente sensual nessa voz, um sussurro pecaminoso, erótico e sedutor, que a deixava desejando, necessitando e ardendo em sua cama. Nicoletta se retorceu e ficou as mãos sobre as orelhas tentando afogar o som. Este solo aumentou de volume. Sentia a pele úmida e sensível, os peitos lhe doíam de desejo. Furiosa, sentou-se, o comprido corto lhe caiu em cascata sobre os ombros. Trancou-o impacientemente com rapidez, caminhando silenciosamente sobre os pés descalços até a janela, para olhar fixamente à escuridão.
Desejava desesperadamente sair em meio da noite e inspecionar a enseada. O que lhe tinha ocorrido a Dom Scarletti? Estava a salvo? Estava simplesmente sonhando que a chamava? Tinha havido outros jazendo à espera para lhe emboscar? Podia estar ali fora, ferido e necessitado de ajuda? Mas a voz soava suave e obsessiva, não débil e ferida. A voz soava sedutora, como a arma de um feiticeiro que se filtrava através de carne e osso, e sob sua pele fazendo para arder com um calor perverso em seus peitos, em seu estômago, entre suas pernas. A cor subiu por seu cuerllo, seu corpo inteiro parecia quente e pouco familiar. Era o dom capaz de realizar magia negra, como se rumoreaba? Tinha-a marcado de algum modo ao ter visto suas diferenças? ficou uma mão à defensiva na garganta. Poucas coisas a assustavam na natureza , mas Dom Scarletti e seu maligno palazzo as tinham arrumado para fazê-lo.
Passeou impacientemente pela habitação para arrumar a colcha mais firmemente ao redor da Maria Pia. O coração lhe esquentou ante sua visão, dormindo tão sonoramente. A mulher sempre tinha estado ali para ela desde que podia recordar. Nicoletta sabia que compartilhavam um longínquo laço de sangue... quase todas as famílias no villaggio estavam aparentadas de algum modo... mas Maria Pia era para ela mais parte de sua família que nenhum outro que tivesse conhecido. Muito antes de que sua mãe e sua tia tivessem morrido, ali tinha estado Maria Pia. Recordava o sob murmúrio de vozes femininas conversando enquanto ela dormitava. Sua mãe. Seu zia. Maria Pia. Tranqüilizador, seguro. Tinha sido aceita e amada pela Maria Pia toda sua vida. Agora não tinha a ninguém mais, e provavelmente nunca o teria.
Estavam vindo a por ela, os ajudantes do dom? Caminhou com os pés nus de volta à janela para espiar ansiosamente em direção ao palazzo. Agora mesmo estavam reunindo tochas e partindo ante a ordem do dom de declará-la bruxa? Podia ouvir seu coração pulsando muito ruidoso e rápido.
Antes as tinha arrumado para parecer tranqüila, mas a verdade era que estava aterrada. Este era seu lar, não conhecia outro. Esta gente era sua família, não queria outra. Não queria tentar fugir, e ninguém queria ser queimada por bruxa. E o que ocorreria com sua gente? Sofreriam por ter dada proteção a semelhante abominação entre eles? Era a voz que estava ouvindo um sinal de Deus? tornou-se louca?
O vento sacudiu a pequena cabana e se abriu passo através de suas gretas, fazendo-a estremecer. Uivou dolorido através das árvores, um som estranho e fantasmal que se elevou como um fraco gemido e morreu, solo para voltar uma e outra vez. Ouvia os gritos de caça de lobos na distância, primeiro o líder da manada e depois os outros respondendo, assinalando a presença da presa. Os gritos provocaram outro estremecimento em seu espinho dorsal. A neblina procedente do oceano se tornou uma pesada névoa, rodeando as colinas circundantes. O vento fazia girar a pesada névoa viscosa até que pareceu ferver furiosamente, e se moveram sombras dentro do véu cinzento como se avançassem mais e mais perto. Tudo enquanto a voz lhe murmurava, uma ordem baixa e insistente que Nicoletta tentava não oir.
ficou olhando pela janela a maior parte da noite até que o vento amainou e se levou o murmúrio implacável com ele. derrubou-se contra a parede ao amanhecer, caindo dormida, quando o jovem Ricardo, filho de seu amiga Laurena entrou de repente na cabana detrás solo uma chamada superficial.
-Tem que vir agora. A minha mãe diz que tem que vir à granja de sua irmã. Zia Lissandra está muito doente. Seu bebe está chegando, mas algo vai mau. Mãe diz que não deixe que mora sua irmã, Donna Nicoletta. -Sua cara estava branca, e entregou sua mensagem sem tomar fôlego-. Está gritando, Nicoletta. Zia Lissandra está gritando. Corri tão rápido como pude.
Nicoletta despertou imediatamente, apressando-se a consolar ao menino.
-Fez bem, Ricardo. Sua mãe estará orgulhosa de ti. Irei em seguida. Acende uma vela à boa Madonna para que meu trabalho desta manhã vá bem.
Ante o som da voz aguda e assustada do Ricardo, Maria Pia se sentou em sua cama e olhou ansiosamente ao redor, temendo que os homens do dom tivessem vindo a lhe tirar a Nicoletta.
Nicoletta lhe soprou um beijo.
-Devo ir já. Com a Lissandra, está dando a luz. me siga tão rapidamente como pode. Não posso esperar, sonha muito urgente. -envolveu-se um xale ao redor dos ombros, agarrou seu embornal de medicamentos, e saiu da cabana, seus pés descalços golpeavam o chão.
Pensamentos e medos sobre bruxaria e o dom foram empurrados a um lado enquanto rezava todo o caminho até a granja. Lissandra era muito jovem para ser mãe. Não tinha dieciseis ainda, casou-se com um homem muito mais maior que ela. Nicoletta e Lissandra eram amigas, e Nicoletta tinha medo de perdê-la. Já tinha visto muitas mulheres perder a vida no processo do parto.
A granja estava a certa distância, e Nicoletta perdeu a conta das vezes que suplicou à a Madonna que desse asas a seus pés. A Maria Pia lhe levaria mais de uma hora fazer a caminhada. O que fora que devesse fazer-se teria que fazê-lo Nicoletta a sós. Quase desejou ter magia em seus dedos para ajudá-la. Cada passo era árduo e íngreme. Sua pantorrilha ferida ardia para quando viu as tochas acesas ao redor da granja onde Lissandra residia com seu marido, Aljandro.
Ele abriu a porta ao vôo, obviamente tinha estado atento a sua chegada, seu grande corpachón enchia a soleira, tinha a cara retorcida de culpa.
-Às pressas, Nicoletta. Temo que chega muito tarde.
Nicoletta apartou a um lado o terror dele junto com o seu próprio e procurou calma profundamente em seu interior. Estava ali, a reserva com a que sempre podia contar, a que podia recorrer, e entrou na morada como uma curadora confiada e tranqüila. A irmã da Lissandra, Laurena, ficou em pé de um salto com um grito de aliviada saudação.
A casa já estava cheia de mulheres enlutadas, e todas gemeram ante sua evidente moléstia. Imediatamente cessaram com seu incessante gemido. Ninguém se atreveu a desafiá-la ou assinalar que ela mesma a penas tinha deixado de ser uma menina. Nicoletta era uma poderosa curadora, e elas eram muito supersticiosas. Se Nicoletta podia curar, também podia ser capaz de lhes fazer danifico.
-Laurena, te leve a estas mulheres à outra habitação, onde possam rezar à boa Madonna em paz -ordenou Nicoletta prudentemente-. Necessitarei água quente e roupa limpa. -aproximou-se da Lissandra com mais confiança da que sentia. A garota estava gemendo, com o estômago inchado e duro, seu corpo esgotado pelo trabalho.
Nicoletta saltou passando junto à Laurena até o Aljandro, lhe olhando diretamente aos olhos.
-por que não me chamou no instante em que começou o parto? -Seu olhar brilhava com ardente acusação.
Ele apartou o olhar imediatamente. Ambos sabiam porque Aljandro não tinha querido chamá-la. Ainda estava zangado porque Nicoletta tinha rechaçado suas cuidados para depois voltar seus olhos para a Lissandra. Ele tinha querido filhos, trabalhadores para sua granja, e, tinha eleito a uma esposa jovem para que os proporcionasse. Não tinha chamado à curadora porque tinha tido intenção de guardar-se seus lucros para si mesmo, com a esperança de fazer-se mais rico. Não tinha pensado nas conseqüências para uma "égua de cria" tão jovem e pequena, e nesse momento estava mortificado ante seu próprio comportamento.
Nicoletta apertou os lábios e para evitar arremetar contra esse homem ignorante e imediatamente começou a inspecionar a Lissandra. Seu jovem amiga estava bem avançada no parto, o bebê era muito grande. Nicoletta tinha visto isto muitas vezes. Lissandra era pequena, o bebê grande, tudo ia mau. O resultado era geralmente horroroso: ambos, mãe e filho, morriam. Olhou a Laurena, e por um momento seus olhos o disseram tudo, um conhecimento intercambiado entre mulheres sobre uma situação sem esperança que não devesse ter ocorrido.
-Lissandra -disse tranqüilamente-. vou tentar ajudar. O bebê está ainda vivo. Deve fazer o que digo e confiar em mim-. Nicoletta se tirou o xale e se enrrolló as mangas, afundando as mãos na água hirviente. Essa era uma das estranhas diferenças da Nicoletta, comentada freqüentemente como essa obsessão com a água quente quando atendia aos doentes.
Afortunamente, tinha mãos pequenas, e dependia de seu guia interna, que sempre parecia saber exactamene o que estava mau e como arrumá-lo. Tinham que havê-la chamado antes, estava bastante segura de que poderia havê-los salvado a ambos, mãe e filho, mas Lissandra estava exausta, seu corpo delicado esmigalhado. Nicoletta a guiava através de cada quebra de onda de dor, enquanto todo o momento manobrava pacientemente até poder agarrar ao bebê para lhe ajudar a sair.
Laurena empurrou uma bara fina e arredondada entre os dentes de sua irmã, temendo que gritando grosseiramente pudesse tragá-la língua. Nicoletta trabalhava firme e pacientemente, com o suor correndo por sua cara tão profusamente que às vezes não podia ver.
O bebê estava entupido. Morreria, e também Lissandra. Nada podia fazer passar ao bebê através da pequena abertura dos ossos pélvicos. Uma idéia do que fazer em tais ocasiões tinha estado rondando sua mente desde fazia algum tempo, mas Nicoletta temia tentá-lo sozinha, desejando o consolo da presença da Maria Pia antes de tentar algo tão terrível. Mas não dispunha do luxo de poder esperar a Maria Pia. A Lissandra lhe acabava o tempo. Tinha que ser agora ou nunca.
Olhou aos olhos se desesperados e suplicantes de seu amiga e tomou sua decisão. Com o estômago revolto, levou a cabo a tarefa rapidamente, rompendo rapidamente o ombro do bebê, depois girando-o entre as mãos e tirando-o. Tirou-o o ar, azul, sem vida e imóvel. Rapidamente limpou a mucosidade da garganta e esfregou o peito do bebê para estimulá-lo a tomar uma baforada de ar. No momento em que começou um débil guemido, passou o bebê a Laurena, voltando sua atenção rapidamente a cortar o cordão e atender a Lissandra.
Agora será questão de controlar a hemorragia. Todo o momento enquanto trabalhava, sentia nauseia pelo que tinha feito a um bebê indefeso. Tinha claro que inclusive se salvava a Lissandra esta vez, seu marido insistiria em ter outro bebê imediatamente, e, menina como era, Lissandra não tomaria a poção que Nicoletta lhe tinha dado secretamente para lhe dar mais tempo a crescer antes de ficar grávida. Obedeceria a seu marido, e certamente morreria.
Nicoletta estava doente, seu estômago se revolvia ante a vasta quantidade de sangue de seu amiga que a cobria, ainda com a idéia do que se viu obrigada a fazer ao bebê. por cima de todo a adoecia a morte o desperdício de uma moça e vibrante cuja vida estava a penas começando.
Nicoletta lutou por deter o inevitável. Apelou a seu dom especial, suas mãos se moveram sobre a Lissandra, deixando que a calidez curadora emanasse dela e ao interior de seu amiga, tentando dirigir a energia aonde mais a necessitava. O esforço era exaustivo, tão mental como fisicamente. Ninguém que estivesse observando poderia dizer precisamente que fazia, mas não poderia negar que funcionava.
Finalmente Maria Pia entrou na casa e imediatamente ficou a trabalhar a seu lado. Ambas estavam exaustas para quando Lissandra caiu dormida, ainda viva mas terrivelmente débil.
Nicoletta deixou a Maria Pia insistir ao marido da Lissandra sobre a necessidade de lhes fluam e repouso em cama até que tivesse sanado apropiadamente. Maria Pia não pronunciaria as palavras cortantes e furiosas que ardiam dentro da Nicoletta. Tudo o que Nicoletta queria era fugir de volta à segurança de sua montanha, longe das debilidades, as tristezas e a culpa que a afligiam. Mas voltou sua atenção ao recien nascido, suas mãos encontraram a terrível ara no osso e a alinharam perfeitamente, enfaixando-a firmemente para evitar que se movesse. De novo utilizou seu dom especial, o tato de suas mãos estendeu calor e sanación para o bebê como tinha feito com a Lissandra. O esforço foi exaustivo, algum elemento que não podia definir emanava dela até seus pacientes para ajudar à recuperação, mas o utilizava não obstante.
Finalmente se lavou o sangue dos braços e lenta e cansadamente se limpou a camisa empapada de sangue. Laurena a abraçou chorando, depois rapidamente envolveu um pouco de pão e queijo em um xale e o empurrou para ela, uma amostra de gratidão. Muito cansada para protestar, Nicoletta empurrou a escassa comida no bolso de sua saia. Exausta por sua noite sem dormir e a ordalía com a Lissandra, explicou brandamente a Laurena que o bebê necessitaria um cuidado especial enquanto sanava seu ombro, acendeu uma vela à a Madonna como ação de obrigado, e abandonou a casa sem dizer uma só palavra ao marido da Lissandra. Não queria voltar a lhe olhar nunca.
-Nicoletta! -Aljandro se apressou atrás dela, tentando agarrá-la do ombro com uma mão como um presunto. Quase lhe esmagou os ossos ali na escuridão. Podia sentir sua fúria para ela, logo que piscava, e seus olhos estavam ainda ardendo de cobiça pelo corpo dela inclusive com sua esposa jazendo moribunda depois de dar a luz a seu filho. Enojava-a.
Manteve categoricamente o olhar no chão, temendo arremeter contra ele. Não se atrevia a causar mais hostilidade entre eles quando queria seguir sendo amiga da Lissandra e estar em bons términos com todo o villagio.
-Estou muito cansada -Retorceu o ombro sob seus dedos avaros. Seu tato fazia que lhe revolvesse o estômago.
Aljandro deixou cair a mão como se lhe tivesse queimado, seu olhar era uma mescla de fúria e vergonha. Ofereceu-lhe seu pagamento mas vaiou algo cru para ela
Sem um olhar atrás, ela caminhou lentamente até o arroio mais próximo, sentindo-se como se tivesse cem anos. ficou em pé com os pés descalços metidos na água geada e olhou acima às folhas das árvores que voavam de um lado a outro sobre sua cabeça. Chorou então, pela Lissandra e todas as jovens como ela, enquanto a água cristalina corria a seu redor e baixava o arroio com seu suave som limpo. Caminhou cegamente de volta a terreno seco, onde se deixou cair sobre o colchão de espessa erva, recolhendo os joelhos, e soluçando como se seu coração se estivesse rompendo.
A voz chegou a ela então, sua voz, suave e cálida, uma pergunta gentil... ou era sua própria necessidade de conjurar essa voz cálida e reconfortante, um suave murmúrio de protesto por seu estalo de lágrimas? Nicoletta não sabia como podia fazê-lo ele, ou sequer se estava aliado com o demônio, mas pela primeira vez deu a bem-vinda à voz que lhe sussurrava. Não havia palavras reais, mas sim mas bem uma sensação, imagens de calidez e segurança, como fortes braços envolvendo-a.
Uma mão sobre seu ombro a sobressaltou, sossegando efetivamente a voz. Ou dissipando o encantamento? A rede mágica de um feiticeiro de magia negra? Maria Pia lhe acariciou o cabelo para trás.
-Salvou suas vidas, Nicoletta.
-Puo darsi -Não levantou o olhar, com a cara enterrada entre os joelhos-. Para que? Para que o criança possa ser o escravo do Aljandro toda sua vida, e Lissandra passe por isso de novo e mora? Odeio-lhe, Maria Pia. Seriamente lhe odeio. Aljandro fez isto por mim, porque rechacei suas cuidados. Inclusive para lhe evitar sofrer, não mandou para me buscar. Odeio-lhe.
-Não pode demonstrá-lo, Nicoletta -aconselhou a mulher maior-. Ele não esquece os insultos, e você está em uma posição muito vulnerável.
-Não me importa se souber como me sinto. Espero que saiba. Não se merece a Lissandra, e não fiz nenhum favor a ela esta manhã -Nicoletta chorou inclusive mais.
-A sua maneira se preocupa com ela -explicou amavelmente Maria Pia-. Mas não entende. Pensa principalmente em sua granja.
-Tão difícil é entender que uma menina não pode ter um menino sem medo a morrer, Maria Pia? Sua "preocupação" a matará. Para ele não é mais que uma égua de cria, e quando mora, conseguirá outra. Pensa sozinho em si mesmo -ficou em pé e começou a correr, suas pernas nuas cintilavam sob sua larga saia enquanto se afastava da granja à carreira. Do Aljandro e o que representava. Do sangue e a morte. Mas se encontrou dirigindo-se à enseada.
Desejava comprovar por si mesmo que não tinha havido ninguém escondo entre as rochas para atacar o dom, embora por que isto era tão importante nesse momento, não sabia. Tinha que fazê-lo, entretanto. Não importava que pudesse descobrir dois cadáveres, tinha que vê-lo por si mesmo. Nicoletta se sentia atraída para a enseada, apanhada impotentemente em um feitiço ao que não se podia resistir. Hipnotizada, mesmerizada, possivelmente, apanhada em uma rede de crescente maldade... não importava. Nesse momento, o mais importante para ela era assegurar-se de que Dom Scarletti seguia a salvo.
Correu até que sua pantorrilha ferida protestou muito, obrigando-a a um passo mais tranqüilo, e então caminhou rapidamente, detendo-se solo para sorver algo de água fresca das diminutas cascatas pulverizadas pelas colinas. Chegou aos escarpados e olhou abaixo, querendo estar preparada para algo que pudesse encontrar antes de descender. A enseada estava vazia. Nem cadáveres, nem sangue manchando a areia, nada que indicasse a violência que tinha presenciado no dia anterior. Nenhuma prova do incidente ficava além de sua lembrança.
Nicoletta baixou à enseada, escolhendo seus passos cuidadosamente no estreito e íngreme atalho. A neblina do oceano lhe lavava as lágrimas da cara enquanto passeava cautelosamente com o passar do bordo para escolher sua rota sobre as rochas até a areia. Procurou cuidadosamente, mas não havia sinal de morte na formosa praia semicircular. Retrocedendo para a sombra dos escarpados, sentou-se e olhou ao oceano sempre em movimento. A maré banhava a costa interminavelmente, balançando-se adiante e atrás com um ritmo firme. Deveria ter encontrado paz, mas o lugar parecia mais sinistro que nunca. Podia sentir os restos de violência que ficavam ali.
O cansaço combinado com o rimo do mar finalmente se tomou seu tributo. Dormitou um momento, extenuada pela briga por salvar a seu amiga. As ondas continuavam carregando adiante e atrás, uma canção de ninar enquanto ela dormia.
Foi o pássaro o que despertou. Sua sombra lhe passou sobre a cabeça enquanto voava perezosamente em círculos. O corvo baixou, seus círculos se fizeram mais e mais fechados, até que aterrissou na areia e saltou para a Nicoletta.
Ela abriu os olhos de par em par e suspirou brandamente.
-Encontraste-me uma vez mais -disse, com resignação na voz.
O pássaro a olhou fixamente, seus olhos redondos estavam fixos nela. Ela sorriu.
-Crie que deveria te encontrar algo de comer e te recompensar por me alertar? Não estou tão afeiçoada contigo e suas advertências. -ficou em pé lentamente, fazendo uma careta quando seus músculos protestaram e a pantorrilha lhe pulsou e ardeu. estirou-se, um comprido e lento estiramento, antes de procurar no bolso de sua falta o pão envolto tão cuidadosamente no xale da Laurena.
-Não lhe merece isso, mas de todas formas... -Nicoletta atirou várias partes à criatura. O pássaro agarrou os pedaços um a um com seu afiado pico e os devorou. O pássaro continuou olhando-a fixamente, soltou um grasnido, e depois saltou vários passos praia abaixo antes de tomar o ar.
Os ombros da Nicoletta se afundaram, e se tomou seu tempo para voltar para villaggio. Fora qual fora o problema que se aproximasse provavelmente iria encontrar a ali.
Pôde sentir a excitação no ar no momento em que se aproximou do assentamento. A gente estava lavando, quando não era dia de limpeza, estavam ocupados em limpar as estreitas ruas, arrumando as casas. Saudou sem entusiasmo a Ketsia mas sacudiu a cabeça quando a menina lhe assinalou ansiosamente que se aproximasse de conversar.
antes de poder entrar na segurança da cabana, Cristano a enfrentou, sujeitando a porta, cortando sua escapada. Seu cabelo negro estava desalinhado, e parecia um pouco selvagem, respirando com força como um touro furioso. Seus olhos negros a brocaram.
-te olhe, Nicoletta, correndo descalça pelas colinas! Já tive suficiente disto. tive muita paciência, mas não posso suportá-lo mais. Proíbo este vagar despreocupado pelas colinas como uma selvagem. Não é seguro, e é mais que impróprio. Está-me convertendo no hazmereir do villagio. É hora de que cresça e faça o que ordena seu prometido. Insistirei ao sacerdote em que nos case imediatamente. Informarei à a Signorina Sigmora de que estamos prometidos.
-perdeste a cabeça, Cristano? -Nicoletta lhe empurrou-. Tira peito ante alguma das outras garotas. Não vou ter te me dando ordens de semelhante maneira. -Era pequena em comparação com a alta e musculosa forma dele, mas não obstante lhe desafiou. Em realidade, Cristano era arrumado e audaz. Conhecia-lhe de toda a vida e sentia algum afeto por ele, mas seu carinho era o de uma irmã, uma amiga, não o de uma esposa. Ele sabia que era bonito, sabia que as garotas lhe olhavam... todas exceto Nicoletta. Algó o queixo arrogantemente para ele.-Sempre correrei descalça e livre pelas colinas, e nenhum homem me dará ordens, Cristano. Certamente você não!
Ele atirou dela aproximando-a.
-Veremo-lo, Nicoletta. Os anciões sabem que necessita a alguém que tome em sua mão. Pedirei sua permissão como deveria ter feito faz tempo. -Deixou cair seu braço e partiu com passo irado.
Indignada, Nicoletta entrou, fechando a porta de repente com uma força desnecessária.
-Cristano perdeu a cabeça e necessita ajuda imediatamente. É inteiramente possível que sofra de febre cerebral. Não estou brincando.
Maria Pia ignorou seu cáustico comentário e a agarrou do braço.
-Onde estiveste, Nicoletta? estiveste fora toda a noite! Estava preocupada com sua segurança!
Nicoletta colocou seu embornal cuidadosamente na esquina.
-Atendeu à criança da Lissandra?
-Está bem, forte e são, graças à boa Madonna e a que pensou com rapidez. Aljandro, é obvio, diz que foi brusca a posta para romper o ombro do bebê. Diz que também causou muita dor a Lissandra. Deve tomar cuidado, piccola. Quando um homem se sente envergonhado e culpado, com freqüência procura passar a outro a culpa.
Nicoletta elevou o queixo.
-Não me importa o que diga.- Ondeou uma mão lhe subtraindo importância-. Me conte que acontece. por que tanta excitação? -Cruzou até a janela e olhou para a alvoroçada atividade do povo.
Em vez de responder imediatamente, Maria Pia começou a esquentar sopa para a Nicoletta.
-Deve comer, bambina. Sei que não comeste da sopa de ontem à noite. Sente-se, e me deixe te alimentar.
-O que é o que não quer me dizer, Maria Pia? Melhor tirá-lo fora. -Mecanicamente, Nicoletta tirou roupa limpa-. Solo me conte. Não me faça perguntar. -Seus dedos se fecharam ao redor do arena de sua blusa. Já sabia. Era o dom; não podia ser outra coisa. Ele era a razão de que seu coração palpitasse e sua boca se estivesse ficando seca e estivesse de repente muito, muito assustada.
Maria Pia permaneceu teimosamente em silêncio enquanto preparava a sopa e a colocava na mesa com pão e queijo.
-Sente-se, piccola.
Teceu o mesmo fio de autoridade em sua voz que Nicoletta tinha obedecido desde que era menina. Nicoletta inmobilizó suas mãos trementes, sentando-se tranqüilamente na cadeira como uma menina obediente, e levantou o olhar para a Maria Pia.
-Ele vem a por mim então?
María Pia toqueteó nervosamente um quadrado de tecido, cada ruga de idade era claramente visível em sua cara.
-É consciente das leis de acordo com as que vivemos. Nosso villagio está dentro do domínio do dom. Devemo-lhe fidelidade e estamos sob seu amparo. A terra pertence a famiglia Scarletti. Sem ele, nossa gente estaria sem lar, indefesa, sem nada com o que viver ou que nos protegesse dos invasores. Faz dois séculos ou mais, muito antes da maldição imposta a famiglia Scarletti, nossos ancestros chegaram a um acordo, que sempre respeitamos -Maria Pia tomou um profundo fôlego, suas mãos retorciam de repente o tecido em um apertado nó-. O dom invocou seu direito ao Acordo Nupcial.
Nicoletta a olhou fixamente, com os olhos enormes na cara, sem compreender, incapaz de captar completamente o que a anciã lhe dizia. O Acordo Nupcial. Tinha ouvido falar disso, é obvio, como todas as mulheres do povo. Como muchachitas tolas tinham discutido as histórias do grandioso e arrumado aristocrazia emergindo de seu ornamentado palazzo e levando-se a uma das donzelas a uma vida de conto de fadas de luxa e facilidades. É obvio a afortunada escolhida logo casaria a seus amigas com outros nobres jovens e ricos. Todos os das granjas e villaggi circundantes que deviam fidelidade ao dom participavam alegremente no Acordo Nupcial, era causa de grande festividade. Todas as mulheres em idade casadera se banharam e vestido seus melhores ornamentos, competindo por conseguir as cuidados do dom do palazzo.
Mas isso tinha sido antes de que todos chegassem a acreditar na maldição. antes de que as mulheres Scarletti, e inclusive suas donzelas, começassem a morrer em estranhos acidentes... ou fossem tão obviamente assassinadas. antes de que o palazzo fora chamado, em sussurros, Palazzo della Morte, Palácio da Morte.
-Não pode fazer isso -sussurrou Nicoletta, sua mão subiu à garganta defensivamente-. Não pode.
-Está indo a todas os villagi, como procurando uma noiva.
Nicoletta descansou o queixo em uma mão pensativamente.
-Isso deve fazer; não tem outra eleição. Não pode mostrar preferência premeditada. Mas é outra armadilha para me buscar e me capturar. -Tomou um profundo fôlego, depois o deixou escapar lentamente-. Devemos lhe burlar outra vez, Maria Pia. Sei que podemos fazê-lo. Se não ser assim, se não me está procurando, então não importa o que façamos.
-Não pode pensar em te ausentar -Maria Pia parecia surpreendida. Ninguém podia desafiar uma ordem dada pelo dom. A honra do povo estava em jogo. depois de muitas gerações de tradição, não podiam falhar ao compromisso de apresentar a suas donzelas ao dom.
Nicoletta disse as preces necessárias sobre sua comida muito ausentemente para o gosto da Maria Pia. A anciã golpeou a Nicoleta nos nódulos quando ia partir rapidamente o pão. Maria Pia recitou preces muito largas sobre a comida, e muito devotamente. Nicoletta a penas as arrumou para evitar reir bobamente como Ketsia.
-Isto não é coisa de risada, Nicoletta. Acredito que o atual dom não tem intenção de cumprir o Acordo Nupcial. passaram duas gerações desde que uma de nossas moças foi exigida. Dom Giovanni Scarletti não deu indício de semelhante costure, e sua decisão é tão rápdia, ninguém teve tempo de preparar-se adequadamente para isso.
-Estou de acordo -disse tranqüilamente Nicoletta. Sabia sem as observações da Maria Pia. O corvo a tinha advertido de um perigo vindouro. Sentia o perigo.- Está-me procurando . -Partiu uma pequena parte de queijo e o meteu na boca, mastigando pensativamente-. Não está ainda seguro. Por isso utiliza a demanda de noivas. Todas as mulheres elegíveis estão obrigadas a mostrar-se, mas ele não tem porque escolher. Pode voltar o ano que vem e não fazer nunca uma eleição em realidade.
-Possivelmente é como um pescador sem anzol -Maria Pia começou a relaxar-se-. Possivelmente não possamos lhe esquivar depois de tudo.
-Tem um anzol -admitiu Nicoletta ao fim. Olhou fixamente a Maria Pia, depois apartou os olhos, envergonhada por não havê-lo confessado imediatamente-. Há sangue do villagio correndo por suas veias. Ele também é diferente. Sei que o és.
María Pia ofegou e se presignó, apressando-se ao altar da grande Madonna para acender várias velas. depois de ter rezado avidamente, deu-se a volta.
-Como é diferente? -Desafiava a Nicoletta a lhe ocultar mais informação.
-Não lhe posso explicar isso se nem sequer souber como eu sou diferente. Simplesmente sei coisas que não deveria, sinto a enfermidade quando toco às pessoas, e uma calidez se eleva em mim para lhes curar. Sei como mesclar ervas para fazer medicamentos, e sei que mescla ajudará ao que sofre, mas não posso explicar como. É igual com ele. Não é como eu, mas é "diferente" apesar de tudo.
-Se rumorea que está aliado com... -Maria Pia não podia obrigar-se sequer a sussurrar o nome do demônio. Foi a por água bendita e a salpicou para as portas e janelas, depués sacudiu uma dose generosa sobre a Nicoletta-. Sua casa está dedicada a deidades pagãs. O mal espreita nesse palazzo.
Nicoletta se estremeceu. Estava de acordo com a María Pia sobre o mal; ela também o havia sentido. Quem não? Mas não estava necessariamente de acordo em que o dom estivesse aliado com o demônio. A lembrança dele de pé com os braços abertos, vulnerável ao estilete, e depois, agachando a cabeça com as mãos sobre os olhos, rasgava-lhe o coração.
-Que tenha o "dom" não significa que venere a falsos deuses. É estranho para os homens enfrentar-se ao desconhecido, Maria Pia. Você mesma me disse isso quando eu não era mais que um bebê.
-Não pode desafiar essa lei, Nicoletta -repetiu Maria Pia.
-Nem me ocorreria desafiar as leis de nosso povo -Nicoletta cometeu o engano de sonreir, seus olhos escuros estavam de repente iluminados de malícia.
Maira Pia vaiou para ela, lhe golpeando a mão.
-Cuidado, piccola. É mais do que meu velho coração pode suportar. O dom tem nossa lealdade e fidelidade. Vivemos uma boa vida em suas terras, nossas barrigas estão enchem, e estamos protegidos de todo invasor. Inclusive a boa e Santa Igreja, benditos sejam os Santos, deixa-nos à margem de suas caças de bruxas ou onerosos dízimos tão excessivos.
-A lei estabelece que toda mulher elegível deve apresentar-se. Possivelmente possa parecer mais jovem. Muito jovem para o matrimônio. Possivelmente sua memória e a da Mirella tenha decaído um pouco sobre o ano exato de meu nascimento. Estou segura de ser um ano muito jovem para ser incluída. Se não ser para mim a quem está procurando, a charada não causará dano. E se o sou, é um engano inofensivo. -encolheu-se de ombros-. Muitas das garotas aproveitarão gostosamente a oportunidade de converter-se na noiva de um homem tão poderoso. Possivelmente encontre a uma delas de seu gosto.
Maria Pia a avaliou firmemente com uma sobrancelha elevada. Observou os peitos generosos e quadris arredondados com as que Nicoletta tinha sido dotada a uma idade temprana.
-Não acredito que se trague semelhante historia, Nicoletta.
Nicoletta fez uma careta.
-Esconderei-me com a roupa. E me manterei fora de seu caminho. Podemos difundir o rumor de que a gente me crie meio tola e que sou um ano muito jovem para o matrimônio se por acaso alguém pergunta.
-Nicoletta1 -Maria Pia estava surpreendida e o demonstrou.- A gente do povo permanecerá em silencio por seu bem, mas ninguém deve mentir. A boa Madonna não pode nos proteger de semelhante loucura. Que idéia!
Nicoletta seguia sem arrepender-se.
-E deve falar com o Cristano, Maria Pia. está-se convertendo em uma moléstia. A muitas das garotas adorariam captar sua atenção, mas ele me olhe solo a mim.
Maria Pia estalou a língua.
-Cristano se converteu em um bom homem. Tem sorte de que se fixe em ti. Não é bom saber que é tão formosa, Nicoletta. A beleza não dura para sempre e pode ficar apanhada em um podría-haber-sido como a velha Mirella.
-Mas Cristano seria um desses maridos presunçosos e arrumados que sempre exigem muito a sua esposa enquanto procura alguma pradaria mais verde, Maria Pia. Eu não seria uma esposa que pudesse sorrir, perdoar e lhe agradar quando voltasse para minha cama -A idéia de compartilhar cama com ele a repugnava tanto que se estremeceu e esfregou os braços-. Sei que Cristano terá boas intenções, mas golpeará a sua esposa se olhe a outro homem e a culpará se algum outro lhe dedica um sorriso. Tem um alto conceito de si mesmo, espera que sua esposa se ocupe dos meninos e a casa completamente só mientra ele passa o tempo bebendo e jogando com os homens. Esse não é matrimônio para mim -Nicoletta partiu outra parte de queijo e sorriu a Maria Pia-. Terei que ficar contigo.
Maria Pia fez gesto de pôr os olhos em branco e pedir paciência aos céus, mas, ao mesmo tempo, parecia agradada.
-Provavelmente tenha razão sobre o Cristano -Com um suspiro relutante renunciou ao sonho de ver a Nicoletta assentada por meio do matrimônio com um jovem arrumado-. Sendo um pavão e tendo um temperamento rápido, deveria casar-se com uma mulher que não destaque muito para os outros homens.
Nicoletta elevou as sobrancelhas mas se absteve de fazer comentários. Tênia problemas para compreender como outras mulheres aceitavam o destino de converter-se em esposa e sirva tão ansiosamente, quando ela sentia que a perda de liberdade seria intolerável. Casada, nunca poderia viver como esperava. Sempre tinha vagado livre. Por causa de suas diferenças, não tinha tido que aderir-se às muitas regras tácitas que atavam às demais mulheres. Doía ver como amigas da infância como Lissandra faziam desastrosos matrimônios, mas em realidade não tinham eleição. Não muitas delas pareciam compreender que seus matrimônios podiam ir mau. Pareciam albergar a ilusão de que a bênção do matrimônio se instalaria instantameamente sobre suas uniões de conveniência, inclusive quando os homens eram indiferentes ou cruéis. Lissandra seria uma égua de cria e um burro de carga para seu marido, e morreria a idade temprana sem sequer conhecer o verdadeiro amor.
Nicoletta se pressionou dois dedos sobre a frente, ante a súbita dor palpitante provocada por seus pensamentos. Olhou pela janela para as acolhedoras colinas. Em momentos como este, desejava desaparecer no abraço da natureza e ver-se livre do contínuo golpear de suas emoções.
Maria Pia sacudiu a cabeça bruscamente.
-OH, não, não pode sair aí. Se o fizer, não te verei durante dias. Já não é uma bambina para correr e te esconder quando não quer te enfrentar a algo. -Ondeou uma mão para a janela e as montanhas de mais à frente.-. Uma vez te encontre de caminho às colinas, nem sequer eu poderei te chamar de volta.
-Você ainda me chama bambina. -assinalou Nicoletta com um sorriso zombador, forçando uma ligeireza que não sentia.
-Não deveria agüentar suas tolices -repreendeu-a a anciã, mas em realidade, não podia suportar ver a Nicoletta infeliz. Ninguém no villaggio podia, não por muito tempo. Quando Nicoletta sorria, trazia-lhes a luz do sol. O olhar da Maria Pia percorreu amorosamente a jovem. Nem sequer a roupa gasta e descolorida podia escurecer sua beleza natural-. Não vejo como podemos disfarçar sua aparência feminina, Nicoletta-. Seu olhar caiu sobre os pequenos pés nus-. Onde estão seus sapatos? -perguntou como com tanta freqüência fazia.
Nicoletta se encolheu de ombros, despreocupada.
-Em realidade, não sei. Não os necessitarei. Acredito que os pé nus ajudarão a reforçar a iluisón de infância -riu brandamente-. Ketsia tem bastante trabalho ocupando-se dessas coisas. Mas isso a mantém ocupada e fora de problemas... e possivelmente alive suas preocupações ao mesmo tempo.
-Donna Maria Pia! -a voz ressonante do Cristano quase sacudiu a choça-. Devo falar com você.
Maria Pia se envolveu o xale ao redor dos ombros e se aproximou da porta.
Nicoletta fez uma careta.
-Não deixe que esse pavão vaidoso entre em nossa casa -vaiou.
-te comporte -exigiu Maria Pia, e abriu a porta.
Cristano entrou correndo, quase derrubando a Maria Pia. Tirou-lhe o fôlego de um golpe e teve que agarrá-la para evitar que caísse. Maria Pisa lhe golpeou nas mãos e franziu os lábios, cacarejando com desaprovación como uma galinha velha.
-O que passa contigo, Cristano? -exigiu.
Nicoletta rompeu a reir enquanto Cristano, mortificado, ficava vermelho. Maria Pia silenciou a Nicoletta com um olhar eloqüente. Cristano lançou a Nicoletta um olhar furioso e recuperou a dignidade suficiente para enfrentar à anciã.
-vim a pedir a mão da Nicoletta em matrimônio. Ela não pode estar entre as mulheres elegíveis para o Acordo Nupcial.
Maria Pia sorriu docemente e aplaudiu o braço do Cristano.
-Que menino tão considerado, por pensar nisso, mas parece ter esquecido que ela é um ano demasido jovem para o matrimônio ainda. Não será incluída no Acordo Nupcial do dom. -Conduziu-lhe para a porta-. foi muito amável por sua parte te oferecer a te sacrificar você mesmo -acrescentou ironicamente- mas não há necessidade. Nicoletta permanecerá solteira ao menos outro ano. -Enquanto lhe dirigia e aplaudia, empurrou-lhe através da porta e a fechou firmemente. Então, tendo pronunciado uma falsidade, quando tinha jurado que não poderia fazê-lo, apressou-se ao altar da Madonna em busca de perdão e misericórdia.
O ar do povo vibrava de energia de noite seguinte. Nicoletta sacudiu a cabeça meintras observava as festividades desde detrás de uma grande árvore. pressionou-se fermente contra o tronco, esperando parecer uma das caras infantis anônimas nas que a aristocrazia nunca parecia reparar. Tinha enfaixado seus generosos peitos e levava um vestido folgado e disforme, um pouco feio para levar mas limpo. Seus pés estavam indevidamente nus, mas sua saia ocultava as pernas torneadas. Seu cabelo estava recolhido e firmemente talher com um lenço. Ainda assim não ia arriscar se, estava decidida a ficar tão longe como pudesse do dom.
Durante as largas horas do dia os adultos tinham contínuo limpando e polindo o villaggio com a esperança de fazê-lo mais aceitável para o dom. Todas as casas e entradas estavam agora pulcras e nenhuma penetrada pendurava dos arbustos. Os meninos pequenos tinham sido enviados como avanzadilla, apostados no villaggi vizinho para informar do avanço do dom. Este avançava lentamente entre pequenos povos e granjas, inspecionando às jovens e evidentemente sem encontrar a nenhuma de seu agrado. Avançava firmemente para eles.
Nicoletta via ansiosa como as garotas, seus amigas, todas em idade casadera, sorriam bobamente com sua roupa mais fina, podas e empoeiradas, esquecendo cada trágica morte, cada sinistro rumor. Estavam de pé em grupos, conversando em sussurros, estalando de vez em quando em ataques de risitas nervosas. Pensavam sozinho na riqueza, o prestígio, e no que o matrimônio poderia ser. Os dedos da Nicoletta se retorciam com força entre o tecido de sua saia, e o coração lhe palpitava com força no peito. Ele se aproximava. Não tinha encontrado noiva ainda, e no mais profundo de seu coração sabia que não o faria. Vinha a por ela.
Estava tremendo, um pequeno estremecimento que não podia controlar de tudo. Suas mãos estavam geladas, e seu estômago se sobressaltava curiosamente. A névoa tinha cansado uma vez mais, estranhas bandas que serpenteavam ao redor das árvores e casas. Havia um terrível retumbar em sua cabeça, como o som do trovão anunciando a tormenta. Ele vinha a por ela. Era uma cancioncilla em sua cabeça. Um horrendo estribilho. A autoconservación estava em guerra com seu sentido do dever. O dom não podia ser derrotado. Homens fortes o tinham tentado, e tinham morrido no esforço. Ele vinha a por ela.
Nicoletta sentia outra vez a pele de galinha. Perto. Já estava perto. Sentia as pernas de borracha, e os joelhos débeis. Requereu toda sua força de vontade o ficar onde estava, como uma violeta pacata apoiada em uma árvore.
Ele apareceu à vista montando um enorme cavalo negro com a crina e a cauda ao vento. O cavalo estava nervoso, fazia cambalhotas de lado, atirando da cabeça, mas a poderosa figura a lombos do animal parecia tranqüila e absolutamente controlada. Muitos cavaleiros lhe acompanhava, homens fortes cada um deles, com óbvio orgulho e completa lealdade a seu senhor. Nicoletta podia ver as emoções em suas caras, e isso a assustou ainda mais. Estes seriam os homens que a queimariam na fogueira se ele o ordenava. Fariam algo que ele mandasse.
Dom Giovanni Scarletti, com seu grande esculpe, amplos ombros e grosso peito terminado em quadris estreitos, tinha o duro selo de autoridade estampado em sua cara aposta e angulosa. Já não era um jovem a não ser um homem completo. Sua boca tinha um toque implacável, seus olhos eram francamente sensuais, brilhando como negra obsidiana, pesadamente rodeados por espessas pestanas negras. Parecia lhe intimide, um homem nascido para mandar.
Tirava-lhe o fôlego. Era bonito e aterrador e de aspecto tão poderoso, parecia completamente invencível. Não lhe olhou diretamente, temendo atrair seu olhar. Um de seus homens tomou as rédeas de seu cavalo, e Dom Scarletti desmontou com um movimento fluído. Parecia paciente e gentil enquanto os anciões do villaggio lhe saudavam com vários discursos prólijos e lhe davam de presente obséquios. Os músicos do povo faziam o que podiam por entreter, ruidosos e entusiastas ao menos. O som crispava os nervos já de ponta da Nicoletta.
Estava hipnotizada pelo dom, por seus grácis movimentos, o jogo de seus músculos sob o fino tecido de sua camisa, a forma em que o poder se aferrava a ele. Parecia forte e capaz, absolutamente crédulo, invencível. Um escuro feiticeiro lançando um feitiço. Nicoletta desejou apartar o olhar, temerosa de atrair sua atenção mas incapaz de arrancar-se da rede que ele parecia tecer a seu redor.
-É muito bonito -confiou Ketsia, atirando da saia da Nicoletta.
-Você crie que todos os homens são bonitos -respondeu Nicoletta, mantendo a voz baixa, embora estavam longe das festividades principais.
Ketsia riu.
-Mas é velho, Nicoletta. Me alegro de que não esteja com as outras garotas, ou certamente te escolheria.
Nicoletta se esticou, mas não se atreveu a deixar que o dom se separasse de sua vista nem sequer por um instante. Já não confiava na situação. Seu coração estava palpitando mais forte que nunca.
-por que diz isso, Ketsia? -Sua boca estava tão seca que logo que podia falar.
-Só sei que o faria. Qualquer te escolheria, Nicoleta -disse Ketsia com confiança-. É tão formosa e boa -Estudou ao dom-. Acredito que ele não está acontecendo um bom momento. Parece aborrecido. Crie que deveria parecer aborrecido quando está escolhendo a sua noiva? -Enrugou o nariz-. Nem sequer está olhando muito às garotas. Acaba de passar junto à Rosia, e ela leva seu melhor vestido.
O estranho estremecimento estava piorando. Os dentes da Nicoletta tocavam castanholas tanto, que os apertou firmemente, temendo que o som pudesse atrair a atenção do dom. Ketsia tinha razão, Dom Scarletti estava dedicando às jovens solo a mais cortês das inspeções. Estava logo que evitando ser grosseiro, mas se podia ver que não lhe importava o mais mínimo o que ninguém pensasse. Sua cara estava obscurecida como uma nuvem tormentosa. Viu-lhe girar a cabeça para examinar à multidão, seu olhar brilhante era agudo como a de um falcão. Procurava a sua presa, e Nicoletta soube instintivamente que ela era a presa a que estava procurando. levou-se a mão protectoramente à garganta, e tentou me fazer mais pequena. Ele examinou as caras da multidão com olhos pensativos e de repente ficou muito quieto.
Nicoletta seguiu a direção de seus olhos e ofegou quando viu que seu olhar se posou sobre a Maria Pia. inclinou-se e falou brandamente com o homem que tinha mais perto. Ao momento o homem se abriu passo através da multidão e foi diretamente para a anciã. Cabisbaixa, esta lhe seguiu obedientemente de volta para o dom.
Nicoletta fechou os olhos apertando-os com força, desejando negar o inevitável. Não podia permitir que Maria Pia enfrentasse o estalo de cólera do dom. Ketsia pareceu pressentir que algo ia mau, porque se aproximou mais e aferrou a saia da Nicoletta.
-por que está fazendo perguntas a Maria Pia? -perguntou Ketsia lastimeramente- Dá medo.
-Cala, bambina -suplicou Nicoletta, desejando oir. De novo Ketsia tinha razão, o dom parecia lhe intimidem.
Sua voz era mais suave que nunca, mas indubitavelmente tinha toda a intenção de sair-se com a sua.
-Onde está a jovem que te acompanhou ao palazzo? Não te equivoque, mulher, trato com dureza a quem tenta desafiar minhas ordens. O Acordo Nupcial foi invocado, e todas as mulheres devem apresentar-se.
Maria Pia assentiu várias vezes.
-Entendemos, Dom Scarletti, que queria ver sozinho às jovens elegíveis para o matrimônio.
O dom se esticou visivelmente.
-Seu ajudante não está casada, verdade? -Declarou.
-Assim é, Dom Scarletti, mas é bastante jovem... a sua maneira -As mãos da Maria Pia se retorciam pelo esforço de evitar fazer os sinal da cruz e aferrar o crucifixo enquanto tentava lhe enganar deliberadamente.
Os rasgos escuros de Dom Scarletti ficaram muito quietos, seus olhos brilhantes estavam pensativos quando descansaram na cara da anciã. inclinou-se ligeiramente.
-Desejo ver a moça. Faz que me tragam isso imediatamente.
Involuntariamente, várias das jovens se giraram para olhar a Nicoletta com uma mescla de medo e decepção em suas caras. Imediatamente o dom seguiu seus reveladores gestos, seu olhar inquieto se posou instantaneamente, infalivelmente na cara dela, como a ponta de um estoque.
O fôlego a abandonou e por um momento ficou congelada no lugar, incapaz de pensar ou mover-se. Todos seus instintos lhe diziam que corresse, mas não podia, seu olhar estava apanhado na dele. Seu pulso palpitava ruidosamente, como um tambor golpeando em suas têmporas. Não podia apartar o olhar dele sem importar quanto o tentasse. sentia-se como se estivesse caindo para frente nas negras profundidades insondáveis desses olhos.
O dom não ordenou que lhe levasse a Nicoletta, em vez disso, começou a mover-se para ela. A multidão se separou imediatamente, lhe limpando o caminho, e ele avançou resolutamente, sem olhar nem a direita nem a esquerda, solo a ela. Seu prisioneira. Sua presa. A idéia lhe golpeava a cabeça ao ritmo do furioso batimento do coração de seu coração.
Ele se deteve diretamente diante, erguendo-se sobre ela fazendo que tivesse que inclinar a cabeça para trás, seu olhar encontrou a dele. Nesse momento seus sentidos estavam tão agudizados, que resultava quase insuportável. Era consciente de tudo, o vento que atirava dela, movendo-se sobre sua saia com seu fresco toque; Ketsia obstinada a suas saias, o terrível tremor ao que parecia não poder sobrepor-se; a negrume dos olhos do dom, seus lábios perfeitamente esculpidos, a forma em que os látegos de névoa pareciam fechar-se ao redor das pernas dele como se fora de outro mundo.
Seu escuro e penetrante olhar a percorreu lentamente, tomando nota de cada detalhe de sua monótona e pouco favorável aparência. Uma fraca e zombadora diversão apareceu em seus olhos, dissipando o sorvete distanciamento que era tão parte dele. girou-se sobre os talões de umas brilhantes expulsa de montar e voltou para seu cavalo, seus movimentos eram um lhe hipnotizem desdobramento de grácil e planejada coordenação.
Como o provernial coelho encurralado, Nicoletta lhe observou, aterrada do que pudesse fazer. Era muito esperar que voltasse a montar seu cavalo, afastasse-se cavalgando, e a deixasse em paz. Pura posse tinha marcado seu olhar quando a tinha visto, e Nicoletta era suficiente mulher para reconhecê-lo. Solo podia esperar impotente, sentindo-se estúpida vestida com roupa de menina.
Ele voltou e se deteve diretamente ante ela pela segunda vez. Mais perto agora. Tão perto que podia sentir o calor de seu corpo filtrando-se em sua própria pele geada. Não podia apartar a vista de sua negra, negro olhar para ver o que estava sustentando pendurado de seus dedos. Ele elevou a mão ao nível de seus olhos para que suas finas sandálias quederan à vista, balançando-se ao final das largas tiras.
-Possivelmente se ficasse as sandálias, acrescentaria um centímetro a sua altura e um ano ou duas a sua jovem idade, signorina. -sugeriu ele brandamente.
Nicoletta olhou os sapatos com horror. Suas mãos tremiam tanto, que não se atrevia a soltar sua saia. Foi Ketsia quem estendeu o braço e lhe tirou as sandálias das mãos enquanto ele olhava diretamente aos olhos da Nicoletta com uma fraca e zombador sorriso.
O dom nem sequer olhou à menina, seu olhar estava fixo na da Nicoletta.
-Você é a escolhida -disse suave e pensativamente. Sua voz se voltou ligeiramente zombadora-. Tua é a honra de ser escolhida para o Acordo Nupcial.
Nicoletta lhe olhou fixamente, ainda hipnotizada. Ambos sabiam que não era nenhuma honra, era o equivalente a uma sentença de muerte.El conhecimento passou entre eles, tácito. Involuntariamente ela assentiu com a cabeça, com os olhos abertos e suplicantes.
Bruscamente Dom Scarletti arrancou seu olhar da dela e se voltou para os anciões do povo.
-O Acordo Nupcial se cumpriu. Ela é a escolhida.
Por um momento houve um silêncio absoluto. Inclusive o vento se deteve. Depois explorou o caos. Um som de puro terror escapou da garganta da Nicoletta. Cristano, com a cara convertida em uma máscara de fúria, estalou em um feroz protesto. Várias das possíveis noiva perderam os nervos e começaram a chorar ruidosamente. Os anciões protestaram ao uníssono, e Maria Pia começou a rezar à boa Madonna. Os homens do dom se olhavam os uns aos outros, surpreendidos pela rección dos camponeses ante a alta honra, mas, tendo proibido falar, permaneceram estóicamente silenciosos.
Mas Cristano tinha captado a atenção do dom. Dom Giovanni Scarletti olhou da cara branca da Nicoletta à expressão indignada do jovem. Uma sombra escura cruzou os sensuais rasgos do dom. girou-se para a Nicoletta, aproximando-o suficiente como para que ficasse apanhada entre seu duro corpo e o sólido tronco da árvore. Sua mão lhe moldou a garganta, seus dedos se fecharam ao redor do pescoço como se fora a estrangulá-la, enquanto seu olhar negro percorria a cara elevada para posar-se na boca suave e tremente.
-escolhi. Seu jovem deve encontrar a outra. -Havia uma suave ameaça em sua voz. Dura finalidade.
Mas essa mesma voz as arrumou para tocar o centro de força e fogo na Nicoletta. Seus dentes se apertaram com um golpe. Seus olhos escuros lançaram fogo para ele.
-Escoje a outra. Há muitas noivas bem dispostas para ti -vaiou, sem preocupar-se de que ele pensasse que era desrespeitosa e desafiante. - escolhi, e minha eleição se mantém.
-Não irei.
ao redor deles havia um clamor de bate-papo e discussão, mas bem poderiam ter estado os dois sós no mundo. Nicoletta era profundamente consciente da palma dele dando forma a sua garganta, dos dedos sobre sua pele nua. Havia tanto calor nele, estava lhe gravando a fogo sua marca na alma. Olhando diretamente a seus olhos desafiantes, ele sorriu, curvando lentamente e sem humor sua boca perfeita.
-O matrimônio terá lugar logo que a Santa Igreja esteja satisfeita.
Apartou as mãos lenta e reluctantemente da pele dela, girou-se e caminhou tranqüilamente de volta ao grupo de anciões. O calor permaneceu na pele da Nicoletta onde a palma dele tinha estado. Maria Pia se apressou a seu lado, deslizando um xale ao redor da cabeça e os ombros da jovem para lhe dar uma biografia de privacidade enquanto a escoltava através da multidão até sua cabana. Nicoletta podia oir aos anciões protestando, mas sabia que cederiam. O dom não discutiu com eles, simplesmente esperou até que se desafogaram. Então lhes advertiu de seus planos com voz suave e exigente.
Uma vez depois da porta fechada, Nicoletta se lançou ao outro lado da habitação.
-Não me converterei em sua noiva. Não o hare!... não me importa o que digam os anciões. Não me importa se me ameaça me queimando na fogueira. Não o farei! Não pode me apartar simplesmente de meu lar para me levar a esse horrível, horrível palazzo e destroçar meu mundo!
Maria Pia permaneceu em silêncio, permitindo que Nicoletta desafogasse sua fúria na segurança de sua casa. Observou a jovem passear daqui para lá pela habitação, muito zangada para estar-se quieta.
-Qualquer das outras garotas se teria alegrado de casar-se com ele. Ele sabé que poderia ter eleito a qualquer delas! Bem, não o farei. Não pode me obrigar -Nicoletta se retorceu as mãos- Crie que os anciões lhe dissuadirão? Possivelmente lhe convençam de que sou medeio-tonta. Solo uma parva se vestiria como eu hoje. Certamente não queira casar-se com uma panaca!
-Nicoletta, viu sua cara quando Cristano protestou por sua decisão? -perguntou Maria Pia tranqüilamente-. Dom Scarletti não é homem que se deixe convencer.
-Bom, terá que sê-lo -Nicoletta lançou o xale e o lenço sobre a cama, tirando o vestido relatório pela cabeça, e atirando-o a um lado. arrancou-se o tecido que lhe sujeitava os doloridos peitos. O disfarce tinha sido uma idéia estúpida desde o começo. Atirou o tecido depois do xale como sinal de protesto.
-Não sou um objeto, Maria Pia. Ninguém me possui! Irei ao pai e protestarei imediatamente. O dom não pode fazer isto. -Nicoletta se tirou a saia e a blusa com movimentos rápidos e furiosos. Estava respirando rápido para evitar chorar como um bebê.
Maria Pia inclinou a cabeça, lutando por conter as lágrimas. Ela habóa sabido que este dia chegaria. A Igreja não ajudaria a Nicoletta; o sacerdote insistiria em que se casasse com o dom. Scarletti era muito capitalista para que o sacerdote se inimizasse com ele. Tinha laços com todos os grandes líderes políticos, e seu exército era forte. Se Dom Giovanni Scarletti desejava a Nicoletta, ninguém se oporia. Os anciões do povo não podiam arriscar-se a provocar sua ira; necessitavam sua terra e sua boa vontade e amparo. Com uma noiva escolhida em seu villaggio, seu status aumentaria grandemente. Ninguém salvaria a Nicoletta de seu destino. Ninguém poderia salvar a Nicoletta, nem sequer Maria Pia.
Nicoletta estava de pé em meio da habitação atirando do coque de seu cabelo, deixando que a espessa juba caísse em ondas por suas costas. que ainda estivesse tremendo acrescentava combustível a sua cólera. Enfurecia-a que um homem tivesse poder para tomar o controle de sua vida. Maria Pia não tinha famoso que estava indefesa contra o dom; sabia que estava vociferando e amaldiçoando contra um destino inevitável.
obrigou-se a respirar lenta e profundamente, dentro e fora. Ninguém podia salvar a desta situação.
-O anciões pedirão ao sacerdote que leve a cabo a cerimônia logo que deseje o dom -disse Nicoletta sombríamente. Olhou através da janela para a multidão de fora. A névoa se estava espessando, e o ar era frio, mas era tão densa como sempre. Nicoletta sabia que o dom estava ainda no villaggio. Negociando. O eloqüente e arrogante Dom Scarletti finalmente se asseguraria de que os anciões estivessem mais que satisfeitos com o emparelhamento, embora era mais provável que não tivesse esperado nenhuma oposição absolutamente.
-Estão-me vendendo a ele! -estalou chorando, incapaz de conter seu medo. Teria que deixar seu amado lar, sua montanha, tudo e a todos os que conhecia e amava. Teria que deixá-lo tudo atrás.
-Piccola -Maria Pia tentou consolá-la- a tradição existiu há muitas, muitas gerações. A maior parte das garotas se alegrariam de casar-se com um aristocratico. Não deve culpar aos anciões. Tentaram lhe desanimar. Ouvi-lhes.
Nicoletta estava assentindo, mas corriam lágrimas por sua cara. A névoa era uma grosa manta agora, e os fofoqueiros finalmente se viram obrigados a entrar dentro. A noite tinha cansado rapidamente como ocorria nas colinas, as sombras se estendiam, o vento uivava com dor entre as árvores. Seu mundo. Esse era seu lugar, livre e selvagem, como os ursos e os lobos. Não teria que estar prisioneira em um maligno e horrendo palazzo com gente que nunca a entenderia ou amaria.
-Os anciões estarão aqui logo -advertiu brandamente Maria Pia-. Deve te acalmar, bambina. Não podem saber de seu desafio.
Nicoletta assentiu, extrañamente agradecida de que Maria Pia não tivesse mencionado que se teria que partir logo. Não acreditava que tivesse podido suportá-lo. Recolheu seu penoso disfarce e o apartou cuidadosamente da vista. Refugiéndose no trabalho, fez a um lado todo pensamento de escapar até depois da ordalía que a esperava. Acendeu um fogo e preparou um chá quente de ervas. Encendio várias velas procurando uma fragrância consoladora e acrescentou umas poucas mais ao altar da Madonna ante a sugestão da Maria Pia., abstendo-se de assinalar que a Madonna devia ter estado fazendo boas obras em algum outro sítio enquanto o dom a escolhia.
Embora se esticou quando chegou o golpe na porta, ficou de pé tranqüilamente com a cabeça inclinada enquanto Maria Pia deixava entrar nos dignatarios na cabana. Os anciões evitaram olhar a Nicoletta, incapazes de enfrentá-la sem vergonha, mas ela sentiu o peso do olhar de Dom Scarletti. Animava-a a lhe olhar, mas ela continuou olhando teimosamente ao chão.
Giovanni fez uma reverência a Maria Pia.
-Naturalmente, Signorina Sigmora, dotarei generosamente à noiva. Já enviei em busca de costureiras que se ocupem de seu vestido de noiva e do traje apropriado que necessitará como minha esposa. Estarão aqui rapidamente. Casaremo-nos na catedral logo que se possa arrumar.
Maria Pie o agradeceu. Que mais podia fazer?
Nicoletta ardia de fúria. Como se atrevia a entrar em sua casa e lhe dar ordens? Já tinha enviado a procurar as costureiras! Enervava-a! O dom se passeou pela habitação e se deteve ante ela, fazendo-a chiar os dentes. Podia dizer por seu ar de zombadora diversão que era consciente de sua irritação. Sua só presença enchia a pequena cabana, eliminando o ar e fazendo que se sentisse como se não pudesse respirar, como se nunca fora a poder respirar outra vez. Pôs as mãos à costas, retorcendo-os dedos para não fazer nenhuma loucura, como lhe apagar esse olhar arrogante da cara de uma bofetada.
-Acredito que voltou a te deixar isto atrás -O dom soava divertido enquanto fazia oscilar as sandálias diante dela.
Nicoletta as tirou, evitando cuidadosamente lhe tocar.
-Obrigado, signore. -Deliberadamente lhe deu o trato mais respeitoso do título, sua voz foi apenas audível, uma menina obediente agradecendo a contra gosto a um adulto bem-intencionado.
-Vamos, bambina -Uns dos anciões lhe ofereceu a mão-. Me deixe te apresentar formalmente a nosso dom. Ele se encarregará de todo o necessário para as festividades. Dom Scarletti, esta é nossa amada Nicoletta.
Cometeu o engano de olhar ao Giovanni Scarletti então, elevando suas pestanas de forma que seus olhos escuros se encontraram com os dele brevemente. Ele vislumbrou a chama feroz que ardia em suas profundidades, traindo seu desafio e ardente fúria. Uma sobrancelha negra se arqueou, e uma débil careta zombadora curvou sua boca e tocou seus olhos, fazendo-os cintilar perversamente.
-Não quero que se preocupe -Dirigia-se a María Pia, embora seu olhar seguia estalagem na Nicoletta-. Sei que sempre existe o perigo de algum inimigo que possa tentar raptar a minha futura noiva até que a tenha na segurança de meu palazzo. Para assegurar sua segurança todo o tempo, meus homens ficarão aqui dia e noite -.O mais breve indício de humor se enlaçava com sua voz.
Nicoletta tinha tido que apartar os olhos apressadamente quando ele a tinha avaliado, mas agora seu queixo se elevou, seus olhos lhe fulminaram. Não estava protegendo-a, era seu prisioneira! Que deixasse que outros acreditassem seu pretexto... ela sabia a verdade! Deseñi atirar algo a sua aposta e sorridente cara.
Maria Pia ofegou, levando-as mãos ao peito.
-Certamente isso não seja necessário, Dom Scarletti -Um pequeno villaggio não podia permitir-se alimentar e alojar a suas tropas.E o que passava com as outras jovens, com os arrumados soldados? Era uma situação perigosa. Ninguém tinha esperado que o dom deixasse atrás um regimento de guardas.
-Não se preocupem. Ocuparei-me de todas suas rações e fornecimentos, e meus homens terão ordens estritas. Ainda assim, poderia ser prudente manter às jovens perto de seus lares -sugeriu Giovanni astutamente, uma advertência clara de que ninguém frustrariam seus planos.
Nicoletta se afastou dele, retirando-se desvergonzadamente detrás a Maria Pia. Escutava a voz de Dom Scarletti, essa nota de autoridade que abanicaba os rescaldos de resistência de seu interior convertendo-os em um raivoso fogo. Seus guardas não a conteriam. Não iria ao terrível Palazzo della Morte. Os anciões podiam ignorar a larga linha de mortes misteriosas, mas ela não o faria. Nunca esqueceria esse terrível dia em que haviam devolvido o corpo de sua mãe. ficou muito quieta na esquina da habitação, enquanto todo o tempo planejava sua escapada.
Muito depois de que os oficiais e Dom Scarletti se foram, Nicoletta permanecia de pé junto à janela, espiando para a manta de névoa. María Pia empurrou uma fumegante taça de chá quente a suas mãos.
-Parece como se fosses deprimir te -disse-lhe gentilmente-. Deveria ir à cama e descansar. As coisas pareceran melhor quando não estiver tão cansada.
-De verdade? -perguntou Nicoletta amargamente-. Ele trocou minha vida para sempre.
María Pia lhe aplaudiu o ombro amavelmente.
-Não é nenhum pagão. vai casar se contigo na Santa Igreja -tentou tranqüilizar a jovem a seu cargo.
-Não lhe vejo como um homem bom ou santo, Maria Pia. Está seguindo os ditados da Igreja, mas por diplomacia, não por nenhuma outra razão. Mas tem razão... estou muito cansada, e preciso descansar. -Deixou a taça cuidadosamente e começou a rebuscar nas despensas.
Maria Pia a observou em silêncio colocar um xale gasto e uma manta em seu embornal de remédios, acrescentando pão e queijo como se se preparasse para um comprido viaje. Nicoletta beijou amavelmente à anciã e a rodeou com seus braços, aferrando um comprido momento em silêncio. Apagaram juntas as velas e se deitaram em suas camas. Maria Pia caiu dormida com lágrimas correndo por sua cara, sabia que quando despertasse, Nicoletta se teria ido. Não tentou falar com a jovem... sabia que seus conselhos seria inúteis... mas a pena por semelhante desafio seria a morte. Se Nicoletta escapava com êxito, Maria Pia nunca voltaria a vê-la. E se era capturada... De qualquer modo, nunca voltaria a ver sua amada Nicoletta.
Nicoletta se tendeu calada, com a cabeça ocupada em seus planos. Se dava muitas volta, seguiriam-na facilmente. Seria melhor procurar um lugar escondido e ficar quieta uns poucos dias até que o furor oficial por sua partida se acalmou. Ao princípio, todo mundo estaria procurando, e dificilmente se deixaria de notar se estava em movimento. Melhor esconder-se e esperar um tempo. Tinha fé absoluta em poder deslizar-se por entre os guardas. Nunca esperariam que fugisse, e certamente não de noite, quando os animais selvagens procuravam seu jantar. Não quando os superticiosos temiam as escuras sombras e legendários monstros que vagavam pelas colinas. Solo poderia rezar à boa Madonna porque seu ato de desespero não provocasse nenhum machuco a fiel e inocente Maria Pia.
Nicoletta esperou tendida na calidez da cabana enquanto o vento uivava e gemia fora e a névoa se espessava até converter-se em uma pesada sopa. Esperou até que Maria Pia esteve profundamente dormida. Os guardas estariam esquentando-se em seus fogos de acampamento, possivelmente olhando diretamente às chamas, o que reduziria temporalmente sua visão. Tomou cuidado de vestir-se de cinza. Nem tão escuro como para que a névoa a revelasse, não tão luminoso como para que a escuridão não a tragasse. trancou-se o cabelo habilmente e se envolveu firmemente no xale de viagem. Agarrando sua bolsa, deslizou-se pela porta, uma sombra magra que se fundiu rapidamente com a noite. Imediatamente se transformou em névoa.
Nicoletta se moveu veloz e silenciosamente através do povo, evitando com cuidado os grupos de soldados que se reuniam junto aos fogos. Seus pés descalços encontraram infalivelmente o atalho angostro que conduzia para cima entre as montanhas. Seguiria a costa antes de dirigir-se para as longínquas colinas, longe do palazzo. Ali conhecia uma rede de covas que se internavam profundamente na terra. Pouca gente era consciente de sua existência, e menos ainda tinham o valor de entrar nelas.
Uma coruja uivou, o som ficou distorcido na espessa névoa. Ouviu um roce de asas perto. Os ramos se balançavam e dançavam, golpeando-se em uma dança macabra de fantoches, o som resultava forte na escuridão. Viu os olhos brilhantes de um depredador noturno vigiando-a entre as árvores. Havia uma estranha sensação no ar, este era espesso, como as areias movediças, e suas pernas estavam muito cansadas, seus músculos tinham cãibras. Nada em suas amadas montanhas parecia igual. Inclusive as ovelhas pareciam hostis, estranhas aparições brancas emergindo da névoa.
O vento se deteve repentinamente. As folhas cessaram de ranger. A noite parecia inusualmente tranqüila. Nicoletta ficou congelada, simplesmente esperando, sem atrever-se a mover-se no meio do inesperado silêncio. Uma brisa gentil se elevou de novo, um suave puxão de suas faltas, um alvoroço em seu cabelo. Mas o vento trazia consigo essa voz que murmurava, roçando sua mente como asas de gaze fina de mariposas. A voz parecia clara agora, quase podia distinguir as palavras. Era a voz do dom, não havia dúvida de que a reconheceria em qualquer parte. Suave mas exigente, seu tom firme e persistente fazia difícil concentrar-se.
Nicoletta se pressionou as mãos contra os ouvidos, tentando lhe sossegar e seguir caminhando. Mas a voz em sua mente estava sussurrando, incitando, mordiscando sua confiança, fazendo que se sentisse como se se estivesse movendo em um sonho, incapaz de distinguir realidade de fantasia. Estava parcialmente montanha acima quando compreendeu que o dom era bem consciente de que estava fugindo, e estava utilizando sua voz hipnótica para entorpecer seu progresso. Esta voz que sussurrava em sua cabeça não era coincidência, a não ser um intento deliberado de atá-la a ele. aferrou-se a uma árvore para reafirmar-se.
-Alto -sussurrou para a noite. Ele tinha que deter-se, ou se voltaria louca. Tinha sido isto o que lhe tinha ocorrido a tatarabuela dele, a mulher que se atirou da gárgula das asas estendidas escondida no alto da torre que dava ao violento mar? Um guardião do palazzo, reclamavam, embora uma horrível criatura para ela. A pobre garota se viu forçada a casar-se com um Scarletti? Tinha sido também vítima do Acordo Nupcial? Arranco de seu lar e sua família e entregue a um matrimônio sem amor com um homem desumano e pagão? Seu marido a tinha conduzido à loucura lhe dando ordens, murmurando em sua mente? -Alto -sussurrou de novo, sua voz resultou inaudível entre a manta de névoa.
Nicoletta girou ao longo da magra cinta que era o atalho que conduría aos escarpados mais dentados. O bordo rochoso era escorregadio entre a névoa e o limo que cobria as paredes lisas provocava que suas mãos se deslizassem quando procuravam cabo. aferrou-se ali, com os pés descalços, arranhados e sangrando pelas rochas afiadas. A voz nunca fraquejou, nem por um momento. Podia distinguir algumas palavras agora. Não te permitirei que me abandone. Vou a por ti. Não pode escapar de mim.
Nicoletta sacudiu a cabeça em um intento de tirar a voz de dentro de sua cabeça. Não havia nela súplica ou busca de favor. Era tão arrogante como sempre, exigindo seu retorno, exigindo que obedecesse seus desejos, suas ordens. Não havia gentiliza nele, a não ser uma dura e desumana autoridade. Encontraria-a. Não podia escapar dele. Como seria possível quando compartilhava sua mente? E se a agarrava agora? Não queria pensar nas conseqüências que poderia sofrer a suas mãos.
Fecharia esses fortes dedos ao redor de seu pescoço e a estrangularia? Apertaria até lhe tirar o fôlego lentemente, levantando-a no ar com sua força e peso superior? Era isso o que seu avô tinha feito a sua avó? Havia um legado de ódio e loucura que tinha passado de geração em geração? Era essa a terrível maldição que se abatia sobre a família Scarletti? Era esse o destino que esperava a ela? Era fácil imaginar-lhe ali em meio da estranha e pesada névoa com a voz dele lhe sussurrando continuamente. tocou-se a garganta com dedos trementes. Ainda podia sentir a marca de sua mão quente contra a pele nua.
Já não me divirto, cara. A noite é amarga. Volta antes de que perca a paciência com suas tolices.
Agora suas palavras eram muito claras. Como podia ser que falasse com ela em sua mente? Certamente, como Maria Pia tinha sugerido uma vez, estava aliado com o diabo. Possuía grande magia, e muito provavelmente isto não era um dom da boa Madonna como o dela. mordeu-se as unhas nervosamente, incapaz de avançar pelo bordo escorregadio com as pernas tremendo tanto.
-Vete -sussurrou-lhe-. Vete!
Estava-a espreitando, muito perto, um depredador silencioso caçando sob a cobertura da escuridão, tão letal como qualquer lobo. Nicoletta mediu com o passar do bordo do escarpado em busca de um agarre firme. Sem advertência, uns dedos fortes rodearam sua esbelta boneca como um grilhão. Dom Giovanni Scarletti simplesmente a levantou, fazendo que por um terrorífico momento suas pernas pendurassem sobre o escarpado, todo seu peso suportado por uma das mãos dele. Gritou, lhe aferrando o braço, seus pés afundando-se em busca de terreno sólido de qualquer classe.
Ele a posou no chão a seu lado. Nicoletta arremeteu cegamente, furiosa com ele por assustá-la. Furiosa com ele por dar com ela. Furiosa com ele por escolhê-la. Ele apanhou seu punho no meio do ar e simplesmente ficou ali olhando-a. olharam-se o um ao outro, os olhos negros dele sem piscar, como os de um grande leão de montanha.
Tinha todo o direito a atirá-la pelo escarpado se assim o desejava. Ninguém questionaria ao dom. Nicoletta não podia acreditar que isto estivesse ocorrendo. Elevou a cabeça desafiante.
-por que insiste em ter uma noiva? E por que eu? -Com a repentina perspicácia que com freqüência a alagava em momentos de muita emoção, acrescentou-. Nem sequer quer uma esposa -Estudou sua cara-. Nunca tiveste intenção de tomar uma esposa, nem sequer para que te proporcione um herdeiro.
Ele tirou os braços de seu casaco.
-Está tremendo de novo, piccola. É de medo, ou de frio?
Envolveu a pequena forma em seu grande casaco, unindo os borde e fazendo que se sentisse como se estivesse entre a calidez de seus braços, rodeada pelo calor de seu corpo. Olhou ao redor.
-Onde estão outros? Seus soldados?
Ele elevou uma sobrancelha elegante.
-Esquentando suas mãos junto aos fogos de acampamento, sem dúvida. Não queria que nenhum deles soubesse que minha noiva me teme tanto que foge em meio da noite à primeira oportunidade.-Soava mais sardônico que perturbado. Encolheu seus amplos ombros casualmente-. Melhor te recolher eu mesmo. Não desejaria que meus homens soubessem que minha noiva prefere a companhia dos lobos à minha -Sua mão lhe apartou uma mecha de cabelo negro renegrido da cara, lhe tocando a pele.-. Não deveria te haver deixado aberta a possibilidade. Sabia o que tinha em mente.
-Lendo minha mente? -Desafiou-lhe a admiti-lo e condenar-se a si mesmo como servo do demônio.
-Sua cara é transparente, piccola. Não te encontro díficil de ler no mais mínimo. Escapou-lhe isso -concedeu, inclinando-se ligeiramente em saudação-. mas acredito que nossas aventuras terminaram por esta noite.
Nicoletta caminhou a contra gosto junto a ele.
-por que de repente deseja uma noiva?
Giovanni ficou tanto tempo silencioso que estava segura de que não lhe responderia.
-Tenho descoberto recentemente minha grande necessidade de uma... casal. -Sua voz foi deliberadamente sedutora, sugestiva e tão íntima que ela se ruborizou grosseiramente. Nicoletta descobriu que estava tremendo de novo apesar da calidez do casaco.
-Só quero ir a casa -Em vez de absolutamente resolvida, soou como uma menina triste.
-Aí é aonde te estou levando... e onde nos casaremos imediatamente. A alguns homens pode lhes resultar divertido perseguir jovencitas pelas colinas de noite, mas depois de tudo é um assunto bastante frio.
-Dom Scarletti, há muitas mulheres que se sentiriam honradas de ser sua noiva. Qualquer delas seria uma esposa maravilhosa para você, encaixaria muito mais com sua posição que eu -Nicoletta tentou lhe fazer entrar em razão.
-Mas eu não estou procurando uma esposa que "encaixe com minha posição". As necessidades que tenho sozinho você pode as satisfazer-. Estendeu a mão ausentemente e lhe jogou para trás outra mecha de cabelo que lhe enroscava na frente. Seus dedos se atrasaram, como se não pudesse conter-se, como se não pudesse evitar tocar a suavidade de sua pele. Foi quase uma carícia, que enviou um estremecimento de consciencia que a atravessou com o calor de uma chama. Viu o brilhou do anel dele com seu escudo familiar.
-Escolheu-me pelo que vi no escarpado -acusou ela, assustada pela reação de seu próprio corpo para ele-. Não o contei a ninguém. Sabia que matou sozinho em defesa própria.
-Não voltaremos a falar disso -Sua voz foi um látego de mando.
Ela caminhou certa distância em silêncio, dando voltas às palavras dele em sua mente, sem lhe entender absolutamente. Temendo lhe entender.
-Vai pelo caminho equivocado -notou de repente-. Passaremos de comprimento o villaggio se continuarmos nesta direção.
-Estou-te escoltando a minha casa, onde permaneceras sob amparo até que estejamos casados. Não tenho nem o tempo nem a inclinação para ir de caça noturna em busca de minha noiva errante -Uma nota de zombadora diversão se deslizou em sua voz.
Nicoletta deixou de andar, lhe olhando surpreendida.
-Isso é impróprio. Não posso ir a seu palazzo sem a Maria Pia como chaperona. Dom Scarletti, não pode me levar ali.
Ele estendeu o braço e a agarrou firmemente do cotovelo.
-Mas isso é exatamente o que tenho intenção de fazer, Nicoletta.
Nicoletta olhou do topo da colina para o palazzo que estava no próximo pico, agora imerso na névoa. O Palazo della Morte parecia surgir de entre a névoa como um grande castelo nas nuvens. Sabia que criaturas aladas guardavam as torres, grandes gárgulas e estranhos demônios com presas e garras, posadas no alto das muralhas e a torre. Seus muitos portais e grandes janelas de cristais tintos descreviam várias cenas de serpentes levando a vítimas indefesas a um inferno aquoso. O castelo era estranho e sinistro, elevando-se na névoa como se estivesse separado da terra. Deixou de caminhar bruscamente, olhando ao palazzo com uma espécie de horror fascinado.
-Palazzo della Morte -Giovanni Scarletti sussurrou a suave burla-. Assim é como chamaste a meu lar.
Em qualquer outro momento, Nicoletta se teria ruborizado de vergonha. Agora, em meio da noite, com as criaturas aladas enfrentando-se a ela com olhos fixos e em branco, estendendo suas garras para ela, não podia encontrar em seu coração preocupação se por acaso o terrível nome tinha ferido ou não os sentimentos do dom. Em qualquer caso, nem sequer estava segura de que ele tivesse sentimentos. Parecia ser feito de pedra, uma escultura cinzelada em mármore de um formoso deus grego, arrumado mas frio. Seus dedos lhe apertavam o braço como um grilhão, conduzindo-a a sua guarida. O Palazzo della Morte.
-Não posso ir a esse lugar -disse Nicoletta em voz baixa-. Quero voltar para minha casa. Além disso, é impróprio que esteja a sós com você.
-Foi impróprio por sua parte fugir como um coelhinho, mas o fez -assinalou o dom brandamente-. Sugiro que continue caminhando, piccola. Seria muito mais impróprio que tivesse que te levar em braços ao palazzo.- Era uma clara ameaça, embora expressa com sua acostumada voz tranqüila.
Nicoletta arrancou seu olhar do grotesco castelo flutuante para lhe olhar com horror.
-Não se atreveria!
Dom Scarletti baixou o olhar para sua cara volta para cima. Estava extremamente palida, seus formosos olhos escuros estavam enormes pela surpresa. Parecia jovem, etérea, ali na névoa, uma intocável e misteriosa beleza. A pele era suave e tentadora, tão tentadora que sua mão, por própria vontade, emoldurou-lhe os delicados maçãs do rosto. Ante seu tato ela se imobilizou, um grande temor se arrastou até a inocência desses olhos. Roçou o luxurioso lábio inferior com o polegar, enviando um estranho calor que a atravessou, começando um fino tremor profundamente em seu interior. Olhou-lhe impotentemente, hipnotizada por seu olhar escuro e hipnótico. Estava afogando-se de novo, incapaz de apartar o olhar.
Viu como se inclinava para ela, e abriu os olhos quando observou a boca perfeitamente cuspida descender lenta e implacavelmente para a sua. ficou sem fôlego, e escapou um pequeno gemido de terror de sua vulnerável garganta. Ele continuou baixando a cabeça até que seus lábios lhe roçaram a comissura da boca, depois riscou um rastro para baixo pela pele acetinada até o ouvido.
-Atrevo a algo -Sussurrou maliciosamente, seu quente fôlego lhe revolveu mechas de cabelo contra o pescoço. Seus dentes lhe capturaram o lóbulo da orelha, uma pequena e dolorosa dentada rapidamente aliviada com uma pecaminosa passada da língua.
Nicoletta ofegou, seu corpo inteiro saltou à vida, o sangue a percorreu ardente e inesperadamente... e de forma completamente inaceitável. Estava tremendo muito para apartar-se dele, e, em qualquer caso, seus dedos ainda lhe apertavam o braço.
-Insisto em que devolva a minha casa. Isto está muito mal.
Os dentes brancos dele reluziram para ela.
-O que está mau? Estaria mal que um possível noivo não encontrasse a sua noiva atrativa no mais mínimo -Sua voz ronronava como a de um leão satisfeito, um ronrono selvagem e resmungão que fez que seu coração palpitasse alarmado.
Captou a nota de escuro regozijo em sua voz, e lhe fulminou com o olhar.
-Não me diverte sua perversidade, Dom Scarletti -Elevou o queixo para ele-. Tem reputação de ser um cavalheiro. Exijo-lhe que me devolva com a Sigmora Maria Pia.
Uma sobrancelha negra se arqueou arrogantemente.
-Não recordo ter sido etiquetado de cavalheiro nenhuma só vez em tudas as fofocas dos que me informam. Um descarado, um assassino, mas nunca um cavalheiro. Caminha comigo, Nicoletta, ou terei que te chegar em braços e despertar a toda a casa quando entrarmos - Seu olhar brilhante dançava sobre ela traviesamente-. Isso faria que as más línguas se meneassem. Então exigiriam que mostrasse os lençóis de nossa noite de bodas pela janela do palazzo para que todos as vissem.
Nicoletta deixou escapar um som muito parecido ao chiado de um camundongo aterrorizado, tão indignada por sua sugestão que se separou dele de um puxão e partiu para o palazzo. Melhor enfrentar uma morte segura que sua ardente sedução sexual. Caminhava com as costas rígida, e sabia que ele ria secretamente de sua inocência. Elevou o nariz no ar e assumiu sua expressão mais arrogante. Dom Scarletti podia estar acostumado à libertinagem, mas Nicoletta certamente não. Adotando a atitude piedosa da Maria Pia, se presignó e continuou para o palazzo.
O dom lhe manteve facilmente o passo devido a suas pernadas muito mais curtas.
-Tenho entendido que recentemente ajudou a vir ao mundo a um bebê particularmente difícil -disse ele.
Nicoletta se mordeu o lábio. Os homens não discutiam coisas como uma iluminação. Era impróprio. Tudo o que ele dizia e fazia era escandaloso. Verdadeiramente era um pagão. E claramente tinha espiões que lhe informavam. Cúando sabia dela? Sem dúvida tinha pouco sentido tentar mais subterfúgios, insistindo em tentar lhe enganar para que pensasse que Maria Pia era a autêntica curadora. María Pia tinha sido a matrona do povo e uma mulher sábia durante muitos anos antes do nascimento da Nicoleta, mas Dom Scarletti indubitavelmente sabia que Nicoletta era a única curadora, a única capaz de coisas das que não deveria ter sido capaz. Espiou-lhe de reojo por debaixo das largas pestanas, tentando julgar seu humor. Se decidisse condená-la como bruxa, não seria capaz de defender-se. Acusar em troca ao dom de ler mentes e estar aliado com o demônio seria ridículo.
-Foi difícil. Acreditava que perderia à mãe. É meu amiga. -A voz da Nicoletta era um magro fio na névoa, e seu tom não convidou a mais discussão do tema.
Ele estendeu para ela ambas as mãos e lhe acomodou melhor seu casaco, em um gesto extrañamente reconfortante.
-É muito valente, piccola -disse brandamente, pressionou-lhe os lábios contra o sedoso cocuruto-. Sabe que é perigoso vagar por essas colinas como faz. Além do perigo dos animais selvagens, há muitos foragidos que se escondem pelos arredores. Neste momento o Rei da Espanha decidiu que não vale a pena arriscar-se a tentar conquistar estas terras, mas ainda assim são tempos perigosos. Esta trégua temporária pode trocar com qualquer indício de debilidade por minha parte. Quero que permaneça no palazzo por sua própria segurança. Ao te converter em minha prometida, pode passar a ser um objetivo para meus inimigos.
-Sou uma curadora -Fez a declaração muito tranqüilamente, não desafiante, a não ser com grande dignidade-. Isso é quem sou. O que sou. Devo ir aonde me necessite.
-É minha prometida. Será minha esposa. Isso é o que é -contrarrestró ele-. Minha esposa fará o que eu lhe diga.
Lhe devolveu o olhar, com um débil sorriso curvando sua suave boca.
-É possível que tenha escolhido por engano à noiva equivocada. Nem sequer olhou a Rosia, e levava seu melhor vestido. Ela sempre obedece as regras, e recorda levar sapatos. Eu não obedeço bem absolutamente. Pergunta aos anciões. Pergunta a Maria Pia.
-E que diria disso esse jovem irado? Cristano? Diria que não obedece?- Agora havia um fio escuro em sua voz que a fez estremecer, como se toda sua diversão masculina se evaporou de repente. Isso lhe recordou que estava absolutamente só em meio da noite com ele, e que estava a sua mercê.
-Ninguém diria que obedeço. Seus espiões devem te haver proporcionado um relatório completo quando escolheram a sua noiva. -Tão sensível como era às vibrações emocionais, seu coração começou a palpitar de medo.
-Está te apoiando em sua perna mais e mais. Sua ferida não pude ter curado complemente ainda. Possivelmente deveria te levar em braços -refletiu ele-. Deveria ter sido mais atento. Vamos, piccola, me deixe te agarrar em braços.
Seu olhar escuro foi eloqüente quando lhe lançou um olhar veloz e ardente. A boca esculpida dele se curvava sensualmente, e os olhos negros brilhavam para ela, mas não ria. Tentou não notar quão arrumado era, como seu cabelo caía em acetinadas funda por sua nuca e se curvava ligeiramente sobre suas orelhas. Como uma delas caía insistentemente sobre sua frente, fazendo-a desejar empurrá-la a um lado com dedos trementes. A mesma idéia era tão surpreendente como a caprichosa reação de seu corpo ante ele.
aproximavam-se do palazzo já, o enorme castelo se estendia como uma enorme prisão. Pulverizadas pelos terrenos tinha gigantescas fontes de mármore, grandes esculturas de deidades e demônios alados. As gárgulas a olhavam maliciosamente dos beirais e torreões. Podia as sentir observando-a com guloso silêncio, ansiosas porque ficasse a seu alcance. Horríveis garras pareciam estender-se para ela, estoques afiados atravessando a grosa névoa. As janelas olhavam fixamente, uma estranha cor negra azeviche na tristeza da noite. Como olhos cegos. Olhos frios e cegos que a vigiavam.
A boca da Nicoletta ficou seca. Quando antes tinha ido ao palazzo, a sensação de maldade e fatalidade habia sido impessoal. Agora a malevolência parecia dirigida a ela. Se acurrucó profundamente entre as grossas dobras do casaco do dom como procurando amparo. Havia um crescente terror nela. Cada passo que dava a aproximava desse maldade vindoura.
-Não deixaria a eleição de minha noiva a meus homens -Informou-a Dom Scarletti brandamente, recolhendo o fio de sua anterior conversação como se esta não tivesse sido interrompida-. Nenhum outro te tivesse reconhecido -Deslizou a mão por seu braço para entrelaçar os dedos firmemente com os dela - E, Nicoletta, obedecerá minhas ordens.
Ela apertou os lábios para refrear firmemente sua réplica furiosa. inclinou-se contra seu ombro, extrañamente agradecida por sua força e poder enquanto subiam os degraus de mármore até uma das muitas entradas do palazzo. Ele estendeu a mão para empurrar a pesada e ornamentada porta. Como as outras entradas, esta estava coberta de talhas, aladas criaturas que guardavam a escura guarida. A porta se abriu para dentro lentamente, irritando seus nervos já tensos com um chiado ameaçador.
Nicoletta plantou seus pés fora, mas Giovanni atirou de sua mão, levando-a com ele enquanto entrava em sua casa com a mesma fácil confiança com o que fazia todo o resto. Passeou pelos salões obscurecidos, sem incomodar-se em acender as velas, movendo-se rapidamente apesar de tudo através dos amplos corredores e subindo as escadas de caracol de cor. Ela reconheceu a direção geral da habitação dos meninos.
-Está-me levando a torre? -Nicoletta tentava fazer uma brincadeira, mas a aterrava de que realmente pudesse encerrá-la.
-Não tenho intenção de deixar que escape de mim saltando a sua morte -Seu tom não continha diversão, a não ser uma sombria autoridade-. Não estou disposto a que a história se repita. Não permitirei tal coisa.
Ela elevou suas largas pestanas para lhe olhar.
-Não sou do tipo de mulher que se atira de uma torre. Se semelhante queda ocorresse, pode estar seguro de que seria assassinato. -Simplesmente queria constatar um ponto sobre seu caráter, mas a palavra assassinato conjurou a recente sensação dos dedos dele ao redor de sua suave garganta e os velhos rumores de seu avô estrangulando a sua avó. De seu tatarabuela precipitando-se a sua morte. Das outras mulheres que tinham morrido no palazzo. Sua voz tremeu apesar de suas melhores intenções.
-Fará exatamente o que te diga, Nicoletta. Não permitirá a ninguém te matar a menos que eu dita me conceder a mim mesmo tal prazer -Era um decreto, uma ameaça.
Nicoletta se tragou sua réplica, decidida a não participar de uma confrontação direta com o dom na escuridão de sua guarida. Assim era como pensava nela... sua guarida, um lugar que encaixava com um caçador como Dom Scarletti. deteve-se diante de uma porta a poucos passos da habitação dos meninos. Em vez de abri-la, chamou brandamente, com uma mão no ombro dela, mantendo-a imóvel, como se temesse que pudesse tentar fugir.
Imediatamente a porta se abriu de repente, e Maria Pia estava ali de pé. Nicoletta soltou um grito feliz e estalou em lágrimas, lançando-se aos braços abertos da anciã. Mortificada porque Dom Scarletti estivesse presenciando seu desmoronamento, aferrou-se a Maria Pia e se negou a lhe olhar.
-Pediu ser levada com a Signorina Sigmora, e assim o tenho feito -assinalou ele com um sorriso amargo-. Deixarei dois guardas apostados fora desta porta sempre. Se desejas explorar a casa ou os terrenos, eles lhe acompanharão. Nicoletta... -Havia ferro em sua voz-. Se tentará fugir de novo, esses homens sofreriam por permitir que escapasse. Farei-os responsável se te ocorresse algo, ou se lhe arrumasse isso para encontrar a forma de voltar para as colinas.
A fúria a percorreu, e elevou a cabeça para lhe olhar através das lágrimas que alagavam seus olhos.
Os rasgos duros dele eram uma máscara implacável.
-Posso te encontrar em qualquer parte, em qualquer momento. Não há forma de escapar de mim. Sabe que é assim.
Ela se limpou as lágrimas.
-Não há necessidade de ameaçar a outros -Seu queixo estava elevado em desafio-. Isso te rebaixa.
As sobrancelhas dele se elevaram.
-Um completo ao fim? Um comentário favorável sobre meu caráter?
Maria Pia aferrou o braço da Nicoletta para evitar que replicasse.
-Signoria Sigmora, confio em que recorde proporcionar sapatos a Nicoletta. Parece que não pode mantê-los postos. feriu-se os pés esta noite. É obvio, ocupará-se você dos cortes e magulladoras. A perna também lhe dói ainda, assim deve atender essa ferida também -ordenou Dom Giovanni Scarletti.
-É obvio, Dom Scarletti, não se você preocupe -tranqüilizou-lhe apressadamente a anciã.
-As feridas da Nicoletta não são minúcias, Signorina. Esperarei um relatório de sua condição pela manhã. As costureiras chegarão a meio-dia. Sugiro que ambas durmam algo, já que a noite acaba. -inclinou-se, com esse sorriso ligeiramente zombadora na cara enquanto fechava a porta.
Nicoletta voltou a abraçar a Maria Pia, despues a examinou apressadamente em busca de feridas.
-Seus soldados não lhe feriram, verdade? Devem te haver dado um bom susto quando despertaram. Sinto muito, Maria Pia. Deveria ter considerado as possíveis conseqüências de minha fuga para ti, mas egoístamente pensei sozinho em que poderia me liberar dele. Agora ambas somos prisioneiras.
-Seus homens despertaram e insistiram em que recolhesse suas coisas e as minhas, e me trouxeram aqui sem demora. Compreendi então que o dom tinha ido detrás de ti, e naturalmente, não ia permitir que estivesse a sós com ele. Seria impróprio.
-Naturalmente -repetiu Nicoletta brandamente, lutando por conter as lágrimas. O comentário da Maria Pia sobre a decência do dom parecia quase uma traição.
Nicoletta se fechou a seu redor o casaco do dom, tentando absorver um pouco de calidez, embora dançavam chamas na chaminé, proporcionando calor e ajudando a iluminar a habitação. Observou cuidadosamente o que a rodeava. A habitação era grande e ornamentada. Os beirais estavam talheres de esculturas, e havia cenas das Escrituras pintadas nas paredes, mas também viu algumas representações de mares afogando a pobres almas, escamosas serpentes marinhas, abanavam o rabo ao redor dos corpos enquanto estes se afundavam sob a água. Em um oco da parede havia uma pequena réplica de um bote com amplas velas, detalhada e muito formosa. A peça não se parecia com nada que ela tivesse visto antes. Não parecia pertencer à habitação com sua pletora de almas atormentadas e demônios apressando-se a arrastá-los à morte.
-Assim, aqui estamos de volta ao palazzo -disse Nicoletta brandamente-. Sinto muito, Maria Pia, arrumei-me isso para nos converter a ambas em prisioneiras. -Passeou inquietamente pela habitação-. Mas não pude lhe fazer trocar de opinião. O dom está decidido a casar-se comigo. Não há engano nem é uma terrível brincadeira. Insiste em que sou a adequada para suas necessidades -suspirou pesadamente-. Não sou apropriada no mais mínimo, e ele sabe.
-Não deve voltar a lhe desafiar, bambina -advertiu Maria Pia-. Golpeou-te ou castigou de algum modo? -Sua voz tremia de medo. Nicoletta a ajudou imediatamente a sentar-se em uma cadeira.
-Não, não, Maria Pia, foi amável comigo -Passeou-se de novo pela habitação, daqui para lá como um tigre enjaulado-. Não acredito que possa escapar dele. Tem... uma forma de me encontre -. Ainda não podia animar-se a lhe contar a Maria Pia a verdade absoluta sobre o dom e sua habilidade única-. Acredito que poderia me encontrar em qualquer parte -girou em círculos, examinando as aparições que cobriam as paredes e o teto-. Estamos apanhadas nesta odiosa casa onde algum mal terrível e inominável jaz à espera para me devorar.
Maria Pia ficou em pé e revoou sobre a jovem e a empurrou a ela gentilmente a uma cadeira.
-Deve ter sofrido um shock. Sente-se tranqüila, bambina, e me deixe me ocupar de seus pés.
-A casa me estava observando quando nos aproximávamos. Todas essas criaturas estavam posadas no alto -Nicoletta se esfregou a frente cansada- Como pode viver ele aqui com todos esses olhos terríveis lhe olhando, observando tudo o que faz e diz... -interrompeu-se, súbitamente pensativa.
Maria Pia verteu água do cântaro do lavabo em uma terrina e o levou a Nicoletta. Entusiasmava-a pouco estar perto do lar.
-Esta casa é um monumento a muitos deuses -observou a anciã-. Em algum momento ao menos, os Scarletti devem ter emprestado tributo à a Santa Igreja, embora a casa não parece apoiar tais oferendas -Se presignó devotamente para guardar do mal enquanto se ajoelhava para examinar os pés da Nicoletta.
-Eu atenderei meus cortes -protestou Nicoleta, envergonhada de ter a Maria Pia a seus pés.
-me deixe fazê-lo, Nicoletta -disse Maria Pia, toqueteando as lacerações para lhe jogar uma olhada melhor-. Sua perna está um pouco torcida outra vez. abusaste que ela. Deve ser mais cuidadosa.
Nicoletta tomou um profundo fôlego.
-Quando Dom Scarletti me toca, sinto-me estranha por dentro -anunciou bruscamente.
Maria Pia quase deixou cair a terrina de água.
-Tocou-te? O que significa que te tocou? Como te tocou? -A anciã estava escandalizada-. Tocou-te! A uma jovencita como você! Não deveria ter estado a sós com ele. Nicoletta, deve mostrar mais sentido comum -arreganhou, estalando a língua brandamente com agitação.
Apesar de si mesmo, Nicoletta começou a sonreir.
-Se me casar com Dom Scarletti, Maria Pia, espero que sejam muitas as vezes nas que esteja a sós com ele.
Maria Pia a olhou fixamente.
-Isso é diferente, e bem sabe, senhorita. Isto não é coisa de risada. Os homens podem aproveitar-se das jovencitas.
-Disso te estou falando -replicou Nicoletta, com os olhos totalmente abertos-. Como é? por que é diferente quando ele me toca? Não sinto o mesmo ao redor do Cristano ou de nenhum outro homem-. Certamente conhecia os mecanismos do emparelhamento, tinha crescido rodeada de animais de granja e tinha atendido a mais de uma garota da que tinham abusado. Mas não sabia o que se esperava dela, e ninguém parecia disposto a contar-lhe
Maria Pia trabalhava firmemente nos cortes da Nicoletta, negando-se a levantar o olhar.
-Não sou uma mulher casada, Nicoletta. Não sei muito dessas coisas além de que deve fazer o que desejar seu marido. Ele te instruirá em tais questões.
-E se eu não gosto? -insistiu Nicoletta-. E se for horrível?
-É horrível se um homem te tocar quando não deveria -grunhiu Maria Pia- mas quando é seu marido, não é mau e deve ser tolerado.
Nicoletta o considerou.
-Como pode ser isso, se for o mesmo ato? -perguntou curiosa, sua mão se moveu para sua garganta onde a calidez dos dedos de Dom Scarletti ainda se atrasava. tocou-se o lóbulo da orelha, roçando uma pequena carícia onde os dentes dele a tinham mordiscado. As estranhas sensações não eram sozinha lembranças em sua mente mas também em seu corpo. Podia sentir a quebra de onda de calor atravessando-a, uma ofegante necessidade que não entendia.
-Nicoletta! -Maria Pia atirou o pano na terrina com suficiente força como para que a água salpicasse em todas direções-. É suficiente! Não falaremos mais disto. Este lugar pagão confundiu seu bom julgamento. Tais coisas é melhor que fiquem entre marido e mulher.
Nicoletta elevou uma pequena sobrancelha negra para ela mas se absteve de falar. Maria Pia certamente não tinha respondido a nenhuma de suas perguntas, e não ia perguntar ao dom. A só idéia a fez ruborizar. Quando estivessem casados, ele teria certos direitos sobre ela. Era um homem grande; ela era pequena. Suporia isso uma diferença? Ninguém ia dizer se o Suspirou em voz alta.
-Não estava para nada tão zangado como acreditava que estaria.
-Arriscou-te muito, Nicoletta. Poderia te haver manchado ou algo pior.
-Como não me preocupa muito me casar com ninguém, ser "arruinada" não me importa.
Maria Pia chiou de indignação, o ruído se parecia muito a uma galinha. Aplaudiu sonoramente o joelho da Nicoletta, tão surpreendida que por um momento não pôde falar.
-É suficiente. Vete à cama, e não pronuncie de novo palavras tão escandalosas! Já ouvi suficiente!
Nicoletta suprimiu o súbito desejo de reir, temendo parecer um pouco histérica. Estava ao bordo da histeria de qualquer modo. O dia inteiro parecia um pesadelo. Em alguma parte profundamente em seu interior Nicoletta tinha sabido do momento em que Dom Giovanni Scarletti tinha emerso de entre as sombras da habitação de doente do Sophie que sua vida estava entrelaçada com a dele.
Lentamente, com infinito cansaço, preparou-se para ir à cama. Estava dolorida e machucada, tinha a pantorrilha tenra por ter abusado dela. Doíam-lhe os pés. Tudo parecia lhe doer. tendeu-se na cama muito grande. Estava sobre um estrado, uma peça enorme e pesada que não fazia nada por dissipar o caracter sombrio em geral da habitação. No teto sobre a cama haviam mais talhas de serpentes de mar. Estudou-as enquanto a luz do fogo dançava e jogava na habitação com as correntes de ar.
-por que crie que puseram todas estas estranhas talhas nas paredes e os tetos, Maria Pia? -perguntou, estudando uma criatura particularmente escamosa e escorregadia com presas.- Quem quereria semelhantes costure em uma habitação onde dorme a gente?
-Parece-te com a Ketsia, com todas suas perguntas -respondeu Maria Pia malhumoradamente-. Durma, Nicoletta. Neste lugar são pagãos, e suas habitações estão desenhadas para pagãos. Reza suas orações, e agradece à boa Madonna que cuide de ti.
Nicoletta suspirou e continuou estudando as estranhas talhas. Desejou poder as tocar.
-Crie que ela estava cuidando de mim? Eu acredito que possivelmente a boa Madonna estava respondendo preces em uma terra longínqua, já que não respondeu às minhas. Ou possivelmente respondeu às do dom. Possivelmente ele acendeu mais vela que eu -disse sarcásticamente.
-Nicoletta! -Esta vez Maria Pia falava a sério, sua indignação se derrubou em sua voz fazendo que Nicoletta contivera a risada e se desculpasse instantaneamente.
-Não quis dizer que a Madonna aceitaria um suborno, como poderia ter feito um dos anciões, -tentou explicar. As criaturas sobre sua cabeça eram fascinantes, abanavam o rabo na água. Se olhava una o suficiente, parecia mover-se, deslizando-se através das ondas, descendo pelas paredes até o horrendo mural do mar fechando-se ao redor das desafortunadas almas que se afogavam. A obra de arte tinha sido inteligentemente realizada, criando uma ilusão óptica que as sombras das chamas ajudavam a realçar.
-Maria Pia, isto é realmente uma obra de arte -anunciou uns poucos momentos depois no silêncio da habitação- se não te deixa levar por sua imaginação. -Sua imaginação era vívida e muito capaz de aterrá-la, queria o consolo da voz da Maria Pia arreganhando-a.
Só o rangido das chamas lhe respondeu. Nicoletta suspirou brandamente. A parede diretamente na cabeceira estava coberta de talhas também. girou-se para estudá-la. Todo o tema da habitação parecia ser de almas condenadas afogando-se ou sendo devoradas pelo mar que fervia com serpentes e outros monstros das profundidades. Ali, na cabeceira, havia estranhos painéis com criaturas serpenteantes e escamosas esculpidas em mármore, pareciam ondear de vida. Estudou as pinturas e esculturas da habitação, tentando ser objetiva, tentando ver como o artista tinha entrelaçado o mural pintado e as talhas de mármore.
fez-se um novelo sob a colcha, escutando os sons da casa. O palazzo era enorme, de vários pisos de alto com tetos altos e abovedados. O som ressonava de forma inquietante embora fora amortecido pela grossura das paredes. Poderia uma fonte exterior ter criado os estranhos sussurros na habitação de doente do Sophie? Era o dom capaz de fazer que toda a gente da casa ouvisse o estranho murmúrio de sua voz a vontade? Essa idéia chegou a Nicoletta espontaneamente.
Golpeou o colchão duro, médio desejando ter feito o mesmo com o dom. Não tinha desejos de encontrar-se de novo com outros membros da casa, e certamente não em qualidade de futura noiva capturada e relutante. Isso era intolerável! Atirou da colcha. Dom Scarletti se assegurou de que estivesse no segundo piso, muito alto para escapar pela janela. Estava apanhada, e a costureira chegaria a meio-dia. Decidida a dormir, respirou profunda e uniformemente. Estava caindo dormida quando uma voz estridente no corredor de fora de sua habitação a avivou. A voz da mulher exigia claramente entrar no dormitório da Nicoletta.
Nicoletta se sentou rapidamente, atraindo o que tinha mais perto... o casaco do dom... para cobrir sua camisola enquanto se apressava até a porta. Tirou o ferrolho rapidamente e abriu uma pequena fresta para espiar fora.
Porta Scarletti se estava enfurecendo com os guardas.
-Como lhes atrevem a me desafiar! Exijo que me deixam quem está nessa habitação. Abram a porta em seguida! -Sua voz se estremecia e tremia de fúria-. Que classe de prisioneiro traz Dom Scarletti a nossa casa que faz que seu guarda pessoal de élite deva vigiá-lo dia e noite? vamos ser assassinados em nossas próprias camas? -Estava respirando rápida e profundamente, seu peito subia e baixava, marcando o decote na moda de seu traje.
Nicoletta podia ver que um dos guardas estava passando um mau momento tentando arrancar o olhar da extensão de carne cremosa que transbordava do decote.
-Sinto muito, Donna Scarletti, mas temos ordens, e ninguém pode as trocar exceto o dom. Vai nisso a vida se não obedecermos. -Havia deferência na voz do guarda, mas não cedeu.
-Isso o veremos. Chamarei a lhe Vençam. Ele chegará ao fundo desta tolice, e me ocuparei de que nunca volte para palazzo!
-Muito bem, Donna -esteve de acordo o guarda, sua cara era uma máscara de tranqüilidade.
-Crie que não o farei? -exigiu Porta. Elevou a voz-. Lhe vençam! lhe vençam!
O menor dos irmãos Scarletti se apressou a percorrer o salão, obviamente chegando da habitação dos meninos.
-O que acontece, Porta, querida? Algo vai mau? -Passou um braço ao redor da mulher para consolá-la.
-Este homem horrível se nega a me deixar entrar nesta habitação. Afirma que Giovanni lhe deu ordens de que não entremos. Logo que posso acreditar que haja trazido para um prisioneiro tão perigoso sob nosso mesmo teto. -A voz lhe tremia de raiva-. Este homem se negou rudamente a abrir a porta.
te vençam atravessou ao homem com um olhar severo.
-Certamente não causará dano agradar a Donna Scarletti. Por favor abre a porta imediatamente.
-Sinto-o Signore Scarletti, mas tenho ordens, e não posso as desobedecer. Terá que falar com Dom Scarletti -O guarda estava resolvido.
A cara de lhe Vençam se obscureceu de desaprovación.
-Indubitavelmente pode nos dizer quem está nesta antecâmara.
Nicoletta se esclareceu garganta para anunciar sua presença, embora estava segura de que os guardas tinham sido conscientes dela do momento em que abriu a fresta da porta. afundou-se mais profundamente na comodidade do casaco do dom quando Porta e lhe Vençam se giraram para o som. Os três se olharam uns aos outros durante um comprido momento de silêncio.
-Conheço-te -disse Porta, deixando escapar o fôlego lentamente, seu olhar se estreitou ligeiramente quando tomou nota do elegante casaco apertado tão firmemente ao redor da visitante-. É a aprendiz da curadora do povo. Que demônios está fazendo aqui? -Havia grande desprezo em sua voz. Seus dedos se aferraram com tanta força ao braço de lhe Vençam que os nódulos lhe puseram brancos.
Nicoletta elevou o queixo, seus olhos escuros flamejaram.
-Acredito que o dom pode responder a isso melhor que eu, Donna Scarletti -Manteve a voz baixa e plaina, mas não servil-. Possivelmente deveria lhe dirigir a pergunta.- Evitou olhar aos guardas ou ao irmão do dom.
A cara da mulher maior se endureceu perceptivelmente.
-Como te atreve? -vaiou. -O dom ouvirá falar de sua insubordinação e será açoitada! Jogarão a patadas do palazzo junto com este guarda toco! -Olhou a lhe Vençam-. Obviamente estes dois são amantes. Este guarda não tem tais ordens. Está ocultando e protegendo à moça porque não quer ser descoberto -Voltou-se a girar para a Nicoletta-. É assim? Vós dois são amantes? Não acredito que Dom Scarletti permita semelhante comportamento em sua casa. lhe vençam, faz que digam a verdade.
-Estou muito cansada, Donna Scarletti. Se tiver terminado seu interrogatório, eu gostaria de voltar para minha cama -anunciou Nicoletta, com a esperança de que o dom a jogasse do palazzo. Isso seria a resposta a suas preces.
Porta se voltou escarlate ao ser despachada por uma plebéia diante dos guardas.
-Açoitarei-te eu mesma! -anunciou, procurando o braço da Nicoletta com toda a intenção de tirar a da habitação.
O segundo guarda se colocou rapidamente entre as duas mulheres.
-Sinto muito, Donna Scarletti, mas devo lhe pedir que não toque a signorina. Não posso permitir que lhe faça mal. Nossas ordens são bastante claras -Falou brandamente, sua postura era firme e protetora, sua cara uma máscara de determinação.
-Porta, tome cuidado -advertiu lhe Vença-. Devo muito a esta mulher por ajudar à pequena Sophie. E, obviamente Giovanni a trouxe aqui. Possivelmente esteja doente de novo.
-Se o estivesse saberíamos -Porta deixou cair o braço a um lado, depois retrocedeu com um pequeno grito de consternação. Olhou a Nicoletta incrédulamente, caindo na conta rapidamente. Retrocedeu ainda mais, seu grito se fez mais alto.
-Tem que me dizer que Giovanni não levou a cabo sua ridícula ameaça de tomar uma noiva do villaggi. Foi sozinho uma brincadeira, um desafio se gostar. Não pode levar a aposta tão longe. -O último se converteu em um dramático gemido de desespero-. OH, isto é tão próprio dele, nos castigar por indiscrições imaginárias.
Elevou o queixo, e seus olhos se voltaram duros e frios.
-Não permitirei tal perversão, signorina. O dom tão rebaixado! Oooh! Bem pode empacotar suas coisas e voltar para seu villaggio imediatamente, já, esta noite. Proíbo esta união impura. lhe vençam! Você deve proibi-lo também.
Nicoletta sorriu serenamente. Olhava sobre o ombro de Porta embora se dirigia a ela.
-Estaria mais que feliz de agradá-la, Donna Scarletti. Se apresentar suas objeções a Dom Scarletti e lhe faz entrar em razão, estarei sempre em dívida com você.
Porta se girou para ver quem estava olhando Nicoletta tão desafiantemente. Ofegou quando viu a elegante figura do dom apoiada perezosamente contra a parede. Uma sobrancelha negra estava arqueada para a Nicoletta, e sua boca se curvava em um sorriso zombador.
-Giovanni, não é possível que esta garota diga a verdade! -exclamou Porta.
-O que afirmou, Porta, além de que partiria se me convence de meu engano? O que é essa aposta sobre a que está tagarelando? Não sei nada de nenhuma aposta, nenhum desafio, nenhuma brincadeira. Não fale de minha intenção de me casar porque meu matrimônio não é assunto de ninguém exceto minha e de minha esposa.
Porta deixou escapar outro grito dramático, com ambas as mãos se aferrou o coração como se estivesse sofrendo enormemente.
-Não pode falar a sério, Giovanni. Não pode!
-Vete à cama, Porta -Giovanni parecia exasperado-. Despertará à pequena Sophie, e não a separarão da Nicoletta se ouça que seu amiga tornou conosco.
-Assim é, Porta. Levou-me algum tempo conseguir que minha filha durma esta noite. Solo falava da aprendiz da curadora. Não quero que desperte -Vencem respaldou a seu irmão-. Seria melhor que esperasse até a manhã para tratar isto.
-E o que tem que minha filha, Margerita? -exigiu Porta-. Esta notícia a matará. -Olhou fixamente a Nicoletta como se fora culpa dela-. Isto a matará! Que esperas que faça, Giovanni? -Brilhavam lágrimas nos olhos de Porta.
-Espero que Margerita da bem-vinda a Nicoletta a nossa casa e seja seu amiga, como espero que você faça -O ferro em sua voz advertia de que sua paciência se esgotou-. Vete à cama, Porta, e não ameace a meus guardas pessoais. Aceitam ordens de mim, não das mulheres da casa. -Olhou fixamente a seu irmão -Nem de nenhum outro já que estamos.
-Como pode me falar assim diante desta moça camponesa? -chorou Porta-. Lhe vençam, ouviste-lhe? depois de tudo o que tenho feito!
Vencem sorriu a Nicoletta, encolhendo-se de ombros impotentemente, e rodeando a cintura de Porta Scarletti com seu braço.
-Vamos, Porta, escoltarei a sua antecâmara.
Giovanni os observou descer pelo salão iluminado pelas velas antes de voltar-se para a Nicoletta. deteve-se perto dela, seu corpo aproximando-se dela, fazendo-a sentir pequena e vulnerável. Sua mão lhe embalou o queixo, inclinando-a para que se visse forçada a lhe olhar.
-Porta te feriu com suas palavras desconsideradas? -Sua voz lhe roçou a pele como uma amável carícia-. Está acostumada a ser a senhora do palazzo e protege sua posição celosamente. Mas não importa o que ela pense.
Os olhos da Nicoletta estavam vivos de orgulho.
-Todos seus amigos, parentes e próximos pensam igual. Não vê que isto está mau e não pode ser?
O polegar dele encontrou seu lábio inferior, acariciando adiante e atrás, enviando um calor em espiral através de seu corpo. Olhava intensamente sua boca, e estava tão perto, que não podia respirar. Ainda assim, não tivesse podido mover-se nem que sua vida dependesse disso, hipnotizada como estava por seus olhos escuros e sua voz compeledora, por seu tato.
-Eu não tenho amigos, piccola, e nunca me importou a opinião de outros.
Detrás da Nicoletta, Maria Pia se esclareceu garganta ruidosamente. tomava seu rol de chaperona muito seriamente. Estendeu o braço em busca da Nicoletta, atirando lentamente dela para a habitação.
Os dentes brancos do Giovanni relampejaram para ela, um sorriso arrependido e quase juvenil enquanto Maria Pia lhe fechava firmemente a porta na cara.
Nicoletta teve sonhos escuros e eróticos com o dom que fizeram palpitar seu coração e fazer correr o sangue por seu corpo como lava derretida lenta e feroz. Os sonhos foram surpreendentes, cheios de imagens e sensações nas que nunca tinha pensado, mãos tocando sua pele nua, a boca dele movendo-se sobre a sua. Seu corpo e o dele, retorcendo-se ardentemente entre os lençóis, entrelaçados em suor e um terrível desejo. Para o amanhecer seus sonhos foram invadidos por estranhas criaturas de garras que arranhavam sua pele nua, rasgando-a, arrastando-a ao mar para afogá-la. Gritou chamando o dom, estendendo a mão para ele, lhe suplicando que a salvasse, mas ele a observava com olhos fixos e impassíveis e um pequeno sorriso zombador em seus lábios perfeitamente esculpidos. Depois dele estava o palazzo, com sua volumosa graça e amplas janelas que olhavam fixamente como olhos terríveis e vazios, observando enquanto ela era arrastada pela água turva. Despertou estrangulando-se, tossindo, ofegando em busca de fôlego, com o coração palpitando alarmado.
ficou tendida no cinza muito triste, olhando ao redor em uma espécie de estado de shock. O fogo se apagou, e havia frio e corrente na grande antecâmara. Este terrível lugar seria sua casa. Sua prisão. Logo que podia respirar ante a idéia de estar encerrada dentro. Já suas montanhas a estavam chamando, seu novelo e os pássaros. Necessitava-os como necessitava o ar que respirava.
Um ruído ligeiro captou sua atenção, um pouco parecido ao arranhar de um rato em uma parede. Rodou para olhar as talha na cabeceira de sua cama. Os arranhões se detiveram por um momento, depois começaram de novo, um pouco mais altos e muito mais persistentes. Quando mais examinava o mármore, mais parecia como se as serpentes e criaturas marinhas estivessem ondulando-se e movendo-se.
Franziu o cenho e ficou em pé em camisola, esfregando-os braços enquanto estudava as talhas e o mural atentamente. estavam-se movendo! Isto não era uma ilusão óptica. A parede se estava separando, uma seção se deslizava para ela! Nicoletta retrocedeu afastando-se da cama até o outro lado da habitação. Saltando nervosamente de lado, olhou atrás dela para assegurar-se de que essa parede permanecia intacta. Quando voltou a olhar, uma cabecita aparecia pelo grosso mármore para ela.
-Sophie! -Nicoletta suspirou com alívio. De repente sentia as pernas muito fracos, sentou-se bruscamente-. Assustaste-me. O que faz?
A menina ficou um dedo nos lábios e examinou a antecâmara cautelosamente antes de sair de tudo, fechando a porta oculta. Ao momento foi uma parede de mármore imaculado de novo. Nicoletta cruzou a habitação para examiná-la.
-Deveria ter sabido que havia uma razão para estas estranhas talhas- Passou a mão sobre as serpentes marinhas. A abertura estava tão astutamente entrelaçada com as talhas que era impossível encontrá-la, inclusive quando se sabia o que se estava procurando. A parede era incrivelmente grosa, era bastante fácil ocultar os rumoreados passadiços que percorria o palazzo.
Nicoletta olhou à menina e sorriu.
-Sou Nicoletta. Recorda-me?
Sophie assentiu com a cabeça tão firmemente que seu cabelo ondeou.
-Você me salvou. Fez que meu estômago deixasse de doer, e me ajudou quando vieram as vozes más.
-Estava muito doente -admitiu Nicoletta-. Já se sente bem?
Sophie assentiu de novo, lançando vários olhares nervosos a Maria Pia.
-Aonde conduz este passadiço? -perguntou Nicoletta curiosa.
Sophie pressionou seu cuerpecido contra a parede.
-supõe-se que não deveria estar nesta habitação -confessou-. E Papai me disse que não usasse nunca o passadiço. supõe-se que nem sequer o conheço. Disse que não o contasse nunca a ninguém e que não entrasse -Seus grandes olhos tocaram de novo a Maria Pia, que ainda dormia. Baixou a voz incluso mais-. Disse que havia i fantasmi no passadiço. Disse que era perigoso entrar.
Nicoleta arqueou uma sobrancelha. Fantasmas? Monstros?
-Seu pai te disse isso?
Sophie assentiu solenemente.
-Não me tem feito voltar ainda para a outra habitação. Zio Gino deixo que podia ficar na habitação dos meninos, inclusive embora Zia Porta acredita que já sou muito major. -Seus grandes olhos escuros estavam totalmente abertos.- Ouvi-lhes discutir. Zia Porta acredita que quero chamar a atenção de papai. Ouvi-a dizer que necessitava disciplina -Estremeceu-se-. Mas eu não minto. Você também oiste as vozes. Sei que se. I fantasmi, o fantasma. Tentei lhe contar ao Zio Gino que você as oiste também, mas sei que não me acreditou. Ninguém mais pode oirlas. Uma vez fiz que Papai e Zio Gino escutassem comigo, mas as vozes não vieram. Você pode lhe contar que não minto. Zia Porta diz que sou uma mentirosa. Eu não conto historia, mas Papai crie a ela. -Encongió seus magros ombros.- A Zia Porta não gosta de muito, sabe, porque me pareço com a minha mãe. -Tentou parecer forte, mas Nicoletta pôde ver a dor em seus olhos. As mãos do Sophie se retorceram, e pareceu muito triste.
-Sua mãe deve ter sido muito formosa, Sophie, porque certamente você o é -disse Nicoletta brandamente. sentou-se na cama e aplaudiu o lugar a seu lado. -Vêem te sentar comigo. -Era óbvio que a menina desejava atenção, estava faminta de qualquer afeto, e o coração compassivo da Nicoletta estava com ela-. Como sabia que estava aqui? E como foste tão valente para passar o guarda de i fantasmi? -soou conspiradora e admirada.
Sophie sorriu imediatamente, com aspecto presunçoso enquanto bordeaba o cama de armar onde Maria Pia dormia junto ao fogo e se pendurava do bordo da cama-. O passadiço está escuro, mas encendi uma vela e a levei. I fantasmi não vem de dia. Solo de noite. Nunca vou por aí de noite.
Nicoletta sentiu.
-Entendo. Aonde vai o passadiço? Conduz fora? -soou mais esperançada do que pretendia, e a menina sacudiu a cabeça, com os olhos abertos e alarmados.
-Não pode ir pelo passadiço. Há aranhas, ratos e coisas terríveis. Os tecidos de aranha são grosas e pegajosas. Eu sozinho vou entre o quarto dos meninos e esta habitação Y.... -interrompeu-se, com aspecto desconcertado-. É um lugar mau.
-Obrigado por me contar isso disse Nicoletta solenemente-. Nem que dizer tem que não quero me encontrar com i fantasmi ou com aranhas e ratos. Todos outros dormem ainda?
-Zia Porta e Margerita dormem até muito tarde -Sophie parecia de novo extraordinariamente presunçosa enquanto repartia informação sobre a casa-. Ninguém se atreve às incomode. Não fale alto nem te ria, ou se zangarão muito. Mas Bernardo está cedo na cozinha, e te preparará comidas especiais se o pede. Ele é agradável -confiou-lhe.
-E como é Dom Giovanni Scarletti? -animou Nicoletta desvergonzadamente.
A menina suspirou.
-Todo mundo faz o que diz Zio Gino. Inclusive Papai. Margerita atua bobamente a seu redor e sempre se rie quando ele se aproxima. -Sophie pôs os olhos em branco-. Ela diz que sou uma pequena plebéia feia.
As sobrancelhas da Nicoletta se dispararam para cima.
-Não diz isso diante de seu papai ou de Dom Scarletti, verdade? -suspuso astutamente.
Os olhos da menina se aumentaram, e sacudiu a cabeça.
-E depois etá Zio Antonello, o irmão médio de Papai e Zio Gino. Não fala muito, mas Margerita se rie a seu redor também. Também atua muito bobamente ao redor de meu papai.
O elusivo Antonello Scarletti. Nicoletta lhe tinha visto no bosque. Uns poucos meses antes, feito-se uma ferida terrível enquanto caçava. Uma flecha lhe tinha alcançado na coxa, e sangrava profusamente. Seu cavalo, nervoso pelo aroma do sangue, tinha-lhe atirado. Antonello se havia acurrucado nos arbustos e jazia inconsciente. O corvo tinha conduzido a Nicoletta a seu esconderijo. Imediatamente se tinha ocupado de lhe salvar a vida. Tinha sido toda uma luta, e não tinha tido mais eleição que esquentar uma folha nas chamas e pressioná-la contra a ferida para deter o fluxo de sangue, um processo doloroso. Ele não tinha pronunciado uma palavra ou nenhum outro som além de um gemido rouco arrancado quando a faca queimou sua coxa.
Não tinha querido que ninguém soubesse onde estava, sacudindo a cabeça repetidamente quando ela se ofereceu a enviar uma mensagem ao dom. Ao final ela e Maria Pia tinham enfaixado suas feridas, arrumado um lugar onde domir, e lhe tinham levado comida e água, e permaneceram em silencio apesar de quão soldados penteavam as colinas lhe buscando. Tinha desaparecido à terceira manhã, e Nicoletta nunca tinha ouvido mais que rumores sussurrados de que o irmão do dom tinha resultado ferido. Ainda assim duas vezes, no inverno, alguém tinha deixado um veado esfolado em sua soleira. Nicoletta suspeitava do Antonello.
Scarletti os tinha deixado para elas, para as recompensar por sua ajuda, mas nunca teve a certeza.
Nicoletta tamborilou as unhas sobre a colcha. Antonello Scarletti tinha temido por sua vida, estava segura. Devia ter suspeitado que alguém do palazzo tinha tentado lhe assassinar. por que a não ser se negou a permitir que Nicoletta fosse a seu famiglia em busca de ajuda? Era uma idéia aterradora.
-Sophie, Bernardo te fez sopa antes de que adoecesse? Recorda-o? Foi para seu jantar?
Obviamente incômoda, Sophie olhou rapidamente para a Maria Pia, que continuava dormindo profundamente. A garotinha se olhou as mãos. Nicoletta lhe sorriu.
-Não se preocupe, bambina. Estamos sozinhas. É seguro falar.
Sophie parecia de repente assustada e sacudiu a cabeça.
-Tenho que ir antes de que me encontrem aqui. Não diga a ninguém que estive nesta antecâmara. Não o conte a Papai. -desceu-se da cama e correu para a parede-. Vêem a cozinha, e Bernardo nos preparará algo. Às pressas, Nicoletta.
Nicoletta observou cuidadosamente como a menina passava a mão pelo chão antes de encontrar algum mecanismo oculto. Fora o que fora abriu a parede de forma inquietantemente silenciosa enquanto o pesado mármore se abria. Nicoletta apareceu ao escuro interior. Sophie tinha razão sobre o grosso véu de tecidos de aranha. Os fios de gaze cobriam as paredes e penduravam do teto. O passadiço era estreito e escuro. A pequena vela do Sophie era logo que adequada para lhe iluminar o caminho. Nicoletta ficou na abertura, observando para cuidar que a menina voltasse a salvo ao quarto dos meninos.
Maria Pia estava rendo brandamente entre dentes.
-Acreditava que essa bribonzuela não partiria nunca. Sou muito velha para estar deitada tanto momento na cama sem me mover.- sentou-se com um débil sorriso na cara-. Passadiços secretos. Deveria ter sabido que este ímpio palazzo teria seriamente essas coisas.
Nicoletta permitiu que a parede se fechasse, estremecendo-se de repente.
-Possivelmente necessitam tais coisas para guardar todos os corpos das mulheres às que mataram aqui.
-Nicoletta! -Maria Pia a repreendeu automaticamente enquanto começava a vestir-se.
-me conte o que lhe ocorreu à minha mãe e a minha zia. Quero saber. me conte que lhes ocorreu realmente. -Nicoletta se apoiou contra o frio mármore e avaliou à anciã melancolicamente.
Uma sombra percorreu a chaminé fria e entrou na habitação, esfriando a ambas as ocupantes e fazendo tremer incontrolablemente a Nicoletta. Sem pensá-lo conscientemente procurou o pesado casaco do dom, envolvendo-se em seus quentes pliegues.Se fez um estranho silêncio, como se todo movimento tivesse cessado de súbito no palazzo. Nesse vazio nem um camundongo ou rato arranhou, nenhum servente se escorreu pelos salões.
Maria Pia suspirou brandamente e sacudiu a cabeça.
-Foi faz muitos anos, mas não é bom falar disso, não agora que estabamos no palazzo -Olhou ao redor cuidadosamente, para os olhos fixos das muitas serpentes marinhas demoníacas-. Não é bom falar dos mortos, Nicoletta.
Nicoletta elevou o queixo, seus olhos escuros foram eloqüentes.
-Preciso saber o que ocorreu. Recordo-lhes trazendo o corpo de Mamãe de volta pelas colinas. Esse dia foi muito escuro e triste. Eu estava esperando-a na pradaria, e chegou o corvo. Sabia que ela se foi. De outro modo o pássaro nunca haveria estava voando entre a chuva que tinha cansado tão pesadamente essa manhã. Sabia que algo terrível lhe tinha ocorrido a minha mãe, mas ninguém disse nada, ninguém me contou isso. Depois ouvi os rumores. A gente insinuava que tinha sido assassinava, mas em realidade ninguém veio e me disse o que tinha ocorrido. Era a minha mãe, e mereço saber-. Afundou-se no colchão, sua mão rodeou o alto e grosso poste da cama até que os nódulos ficaram brancos-. Tenho que viver aqui, Maria Pia... aqui, onde minha mãe e minha tia morreram. Preciso saber.
-disse-se que sua mãe estava trabalhando nas muralhas, limpando o corredor. Era jovem e formosa, já viúva tão jovem, seu pai tinha desaparecido muito em breve por uma enfermidade incurável. Todo mundo amava a sua mãe e ela cantava como um anjo. -Havia lágrimas na voz da Maria Pia-. Disseram que tinha escorregado sobre a superfície úmida, o corredor de mármore estava escorregadio pela chuva.
O olhar escuro da Nicoletta permaneceu firmamente sobre a cara da anciã.
-Mas você não lhes acreditou.
-por que estaria limpando o corredor em meio da chuva? Era perigoso estando tão alto. Sua mãe era muito lista, não teria ido limpar os corredores de ao redor das torres com semelhante tempo- Maria Pia estendeu os dedos-. Examinei seu corpo quando a trouxeram para casa. Tinha cansado uma grande distancia e tinha muitos golpes e ossos quebrados, mas suas unhas estavam rotas e ensangüentadas, como seu tivesse arranhado para salvar a vida. Os ossos de seus dedos estavam quebrados, e havia arranhões e magulladoras ao redor de sua garganta. Y... -Maria Pia se girou apartando-se da Nicoletta, com lágrimas nos olhos.
-Termina -disse Nicoletta-. Tenho que saber a que me enfrento.
-Tinha sido imperfeitamente usada. Acredito que lutou com seu atacante, e quando ele terminou com seu escuro ato, lançou-a pela muralha. Deveu agarrar-se ao suporte, e o martilleó as mãos até que lhe rompeu os dedos e caiu. -Maria Pia agachou a cabeça-. Meu formoso anjo. Contei-lhe ao dom, o pai do Giovanni, minhas conclusões, e ele levou a cabo uma investigação, mas não se averiguou nada. Não pude provar nada.
Maria Pia suspirou pesadamente.
-Essa mesma manhã a avó de Dom Scarletti foi encontrada morta em sua própria cama com marcas de dedos ao redor do pescoço, o ancião estava dormindo a seu lado. O palazzo, a terra inteira, estava causar pena pela morte da Donna Scarletti. Era muito querida e com razão. Mas ninguém recordou a morte de uma camponesa, uma pobre domestica viúva.
Uma quebra de onda de fúria fez erupção na Nicoletta, fazendo tremer tanto seu corpo que por um momento só pôde aferrar-se ao poste da cama e lutar por acalmar as vulcânicas emoções que com tanta força se formavam redemoinhos em seu interior. Levou-lhe uns minutos notar que Maria Pia estava chorando silenciosamente. Imediatamente fez a um lado seus próprios sentimentos e se apressou junto à anciã. Abraçou-a com força.
-Sinto te haver feito revivê-lo tudo de novo. Não me surpreende que não queira falar de tais coisas doentias.
-Deveu estar tão assustada. E tinha ido ao Palazzo della Morte segura de que os rumores não eram certos. Devi lhe haver impedido de procurar trabalho em semelhante lugar, mas necesitabamos passar o inverno, e não tínhamos homem que ajudasse. Eu sabia que era perigoso, tinha visto o corpo de sua irmã, seu zia, quando a devolveram a casa do palazzo.
Maria Pia enterrou a cara entre as mãos, seus ombros tremeram.
-Só uns poucos meses antes, seu zia, também tinha sofrido um "acidente" enquanto servia ali. Uma pesada estátua de pedra caiu e a esmagou, disseram.
Nicoletta abraçou à anciã. O ar na habitação parecia opressivo, e no momento Nicoletta não queria que Maria Pia dissesse mais. A premonição de perigo era aguda, lhe roubando o fôlego, a capacidade de pensar corretamente.
-Não pode ficar aqui, Maria Pia -disse decidida-. Não quero que esteja em perigo. Se quem matou às mulheres ainda residem aqui, devem saber que é consciente de que essas mortes não foram acidentes.
Maria Pia aplaudiu o ombro da Nicoletta consoladoramente.
-Sua mãe e seu zia morreram faz doze anos, piccola. A aristrocrazia não recordaria a morte de dois domestique. E não podem saber que examinei ambos os corpos e averigüei a verdade. O pai de Dom Scarletti está morto há oito anos. Não o contei a ninguém mais.
-Enquanto isso outras duas mulheres das villagi circundantes morreram aqui em estranhos acidentes. E a jovem algema de lhe Vençam Scarletti. Este é realmente o Palazzo della Morte -Nicoletta permitiu que o casaco do dom caísse de seus ombros até a colcha-. Não posso me arriscar com sua vida, Maria Pia. Deve abandonar este lugar.
-Até que te case, devo ficar contigo -assinalou Maria Pia-. Vístete, Nicoletta. Temos muito que fazer hoje. Nos permite sair da habitação?
-O dom não disse que estivesse confinada em minha masmorra -disse Nicoletta ressentida-. Solo que os guardas devem me acompanhar a todas partes. Ao menos tenho a chave da habitação e posso fechar a deste lado. -riu lamentando-se. -Não é que importância muito quando qualquer pode entrar pela parede. Deveríamos pôr um pouco pesado contra ela esta noite -Enquanto falava levava a cabo suas abluções matutinas. A água estava fria, mas se lavou concienzudamente, tomando-se seu tempo para preparar-se para conhecer os da casa.
-Possivelmente deveria apelar outra vez ao dom-. Maria Pia aconteceu uma mão nodosa sobre o fino tecido do formoso casaco- Lhe perguntar se tiver trocado de opinião e escolheria outra noiva, embora parecia muito empenhado em ti.
-Não te incomode, Maria Pia. Fui bastante eloqüente em minhas apelações. Esse homem não tem nenhum sentido comum, e não escuta a ninguém -Nicoletta se apartou para ocultar sua expressão. Os sonhos resultavam ainda vívidos em sua mente, uma cor ardente corria sob sua pele ante as lembranças. esclareceu-se garganta-. Sinto-me como se houvesse olhos me observando a cada momento. Não sei como vou poder suportá-lo.
-Deve tomar cuidado -aconselhou Maria Pia-. Acredito que sempre será observada. Não deve esquecê-lo nunca. Se cometer um engano, o dom compreenderá que é... diferente, e te condenará por bruxa.
-Eu também acreditava assim, mas agora acredito que não. Não compreendo por que teria invocado o Acordo Nupcial se sabia que eu era diferente. Se fosse condenar me a morte, tinha-o feito ontem à noite -Nicoletta se estremeceu-. Alguém no palazzo sabe quem assassinou a meu famiglia, e tenho intenção de averiguar quem é.
Maria Pia ofegou alarmada.
-Não pode. Morreram faz muitos anos, e é perigoso remover velhas feridas. Pode te pôr em um terrível perigo.
Nicoleta inseriu a chave na fechadura e a girou. Olhou sobre o ombro a Maria Pia, seus olhos escuros estavam sérios.
-Já estou em grande perigo. Sei que o estou. Sinto muito. Não serei o coelho que se acovarda à espera do lobo para que me agarre -elevou o queixo com determinação-. Há maldade aqui, mas irei a seu encontro, não esperarei, tremendo como um bebê, em minha habitação -Abriu a porta de um puxão.
O guarda que estava ali, era outro homem diferente ao da noite antes, assentiu cortesmente para ela e se fez a um lado para lhe deixar o passo livre ao amplo salão. A luz do sol estava começando a atravessar uma série de janelas de cristais vidrados altas e arqueadas, que lançavam raios coloridos pelo espaçoso corredor. O segundo guarda estava colocado uns poucos passos mais abaixo, de pé em uma janela, mas sua atenção estava centrada claramente na Nicoletta enquanto se aproximava. Ela manteve alta o queixo e a mão firmemente agarrada a da Maria Pia.
-Seria alguém tão amável de me indicar onde está a cozinha ? -Sentiu-se orgulhosa do fato de que sua voz não tremesse absolutamente.
-me siga, Signorina -disse o homem que estava junto à janela, e se girou para abrir o caminho.
Nicoletta era agudamente consciente do outro guarda que ia detrás e de que os serventes deixavam de trabalhar para olhar curiosamente para a pequena procissão que apresentavam percorrendo as retorcidas escadas e através dos muitos corredores do palazzo para a cozinha. Olhou a seu redor, inspecionando-o tudo, decidida, à luz do dia, a desvelar alguns dos segredos do palazzo. Sem a vacilante luz das velas, os tetos abovedados davam uma sensação de catedral, um efeito bastante muito triste. As filas de janelas proporcionavam luz solar e vistas espetaculares. Os serventes eram aplicados, o palazzo estava impoluto.
Quando se aproximaram dos domínios da cozinha, Nicoletta esperava uma habitação escura com paredes úmidas, sinistras talhas de facas, e cabeças sobre pratos, mas, em realidade, a enorme e arejada cozinha estava poda e pulcra como o resto das habitações que tinha visto. O cozinheiro de aspecto afável, Bernardo, trabalhava diligentemente junto a uma anciã. Sophie estava sentada na mais pequena das três mesas e deixou escapar um alegre grito de bem-vinda.
Nicoletta agarrou à menina quando esta saltou a seus braços.
-Sabia que viria! Disse ao Bernardo que viria. Disse-lhe que te preparasse algo especial -Envolveu os braços ao redor do pescoço da Nicoletta e apertou com força.
Nicoletta riu enquanto se tirava a menina de cima.
-Obrigado por seu convite, Sophie. Bernardo, sou Nicoletta. invadi seu domínio ante o convite da jovem Sophie. Importa-te?
Bernardo já era consciente dos rumores que voavam pelo palazzo. O dom tinha eleito uma noiva do villaggio vizinho, e sabia que esta jovem protegida por seus soldados pessoais de élite chegaria a ser a esposa. Fez uma reverência e assinalou uma cadeira.
-Sempre é um prazer entreter a mulheres tão formosas, signorinas.
Maria Pia lhe sorriu abertamente, agradecendo que alguém fora amável com a jovem a seu cargo. Bernardo e Celeste, seu ajudante, prepararam suficiente comida para os guardas também, e estava bastante boa. Nicoletta felicitou ao Bernardo e com uns poucos sorrisos e brincadeiras logo o pequeno grupo sorria e ria. Sophie se sentou perto, e depois da comida, Nicoletta se apoiou contra o mostrador e conversou com o Bernardo, jogando ausentemente com o cabelo da menina.
Dom Scarletti ouviu o coro de risadas esparramando-se através dos cavernosos corredores enquanto se dirigia a seu estudo. Isso lhe deteve no ato. Não podia recordar a última vez que tinha ouvido reir no palazzo. Risada autêntica e honesta, não a estúpida e afetada tolice da filha de Porta, Margerita, que acostumava a paquerar com todo homem aristocratico que tivesse perto. O som era como a luz do sol, dissipando a tristeza dos salões, e se encontrou girando-se e seguindo as melodiosas notas que lhe chamavam.
deteve-se na soleira da cozinha, com um quadril apoiado perezosamente contra a parede enquanto a observava. Nicoletta estava vestida com uma falta e uma blusa simples, levava o cabelo recolhido no alto da cabeça com algum intrincado nó. Umas poucas mechas se escaparam, caindo em ondas sedosas ao redor de sua cara. Seus olhos eram grandes e escuros e cheios de travessura enquanto brincava com o cozinheiro e um dos guardas. Seus pequenos pés estavam nus, e sua boca era luxuriosa e invitadora.
Assim que lhe viram, um silêncio caiu sobre o grupo, e Bernardo voltou rapidamente para seu trabalho. Sophie se escondeu um pouco detrás da Nicoletta como em busca de amparo, e os soldados ficaram imediatamente em guarda. Nicoletta sorriu ao dom com a inocência de uma menina.
-Realmente tem um tesouro aqui na cozinha -saudou-lhe alegremente.
-Se, tenho-o -esteve enigmáticamente de acordo Dom Scarletti, seus olhos estavam posados sobre a pequena e delicada cara dela. Algo em sua voz e a forma intensa em que a olhava fez que Nicoletta se ruborizasse. Seu sorriso se ampliou fazendo que seus fortes dentes brancos fossem muito mais evidentes-. Vejo que esqueceste de novo seus sapatos. Devo recordar pôr um par em cada habitação, assim quando lhe aquietar isso, não haverá conseqüências. -Sua voz foi baixa e amável, um roce de quente tercipelo sobre a pele dela.
-Parece estar muito preocupado pelos sapatos -observou Nicoletta, seus olhos escuros riam abertamente dele.
Lhe tendeu a mão.
-Vêem passear comigo, piccola. Estou seguro de que a Signora Sigmora e outros se assegurarão de que não te remoa, embora pareça muito tentadora esta manhã.
Uma débil cor lhe subiu pelo pescoço sob a pele moréia. Olhou sua mão por um momento como se ele fora realmente capaz de mordê-la. Muito lentamente, quase a contra gosto, estendeu a sua própria. Imediatamente os dedos dele envolveram os seus, fechando-se firmemente. Atraiu-a a seu flanco de forma que encaixasse sob seu amplo ombro. Depois deles, Sophie riu nervosamente.
Giovanni não se deu a volta mas sim caminhou com a Nicoletta para a entrada do pátio.
-dormiste bem? -Seu corpo roçava o dela, duro e musculoso, muito diferente do seu próprio, fazendo-a muito consciente de seus próprios contornos suaves e femininos.
-Quer dizer depois de toda a comoção? -Nicoletta lhe olhou de esguelha. Era alto e poderoso, e cada vez que lhe olhava seu coração parecia deixar de pulsar e começar a palpitar. Não podia lhe olhar sem recordar seus malvados e eróticos sonhos, ainda muito vívidos em sua memória-. por aqui sempre são assim as noites?
O lhe roçou o polegar ao longo da parte interior da boneca. Uma vez. Dois. Seu coração deu um curioso tombo. A cor se arrastava de novo lentamente sob sua pele. Imediatamente o salão com correntes não estava o suficientemente frio. A gema do polegar se atrasou sobre o pulso que lhe pulsava freneticamente.
-Confesso que parece causar bastante comoção -respondeu, tinha a mente claramente em outras questões. Seus dedos se estavam movendo sobre a pele dela como por própria vontade, deixando carícias ao longo de seu antebraço, enviando quebras de onda de calor através de seu corpo.
Nicoletta sabia que tinha que apartar-se, mas seu tato era hipnotizador. Lhe soltou a mão, detendo-se bruscamente, fazendo que ficasse apanhada contra a parede, seu corpo lhe bloqueava a vista do pátio. Ela sentiu o calor de seu corpo através da fina barreira da roupa. Os dedos dele lhe fecharam ao redor da garganta. Seus olhos escuros a olharam fixamente.
-Quando te ri, ilumina o mundo. Isso é algo muito perigoso.
Deveria ter sido um completo, mas o disse com uma voz pensativa e quase desaprovadora. Não havia risada nele, nem rastro de amabilidade. Seu olhar negro era intenso enquanto vagava sobre a cara da Nicoletta. Seus dedos apertaram os dela, fazendo-a ofegar.
Separou os lábios, um tentador convite. Com o que soou como um juramento, o baixou a cabeça e tomou sua boca. Imediatamente o mundo da Nicoletta trocou. A terra se moveu, um sutil e ondeante movimento sob seus pés, fazendo que parecesse natural aproximar-se do amparo de seu coração. Ele era enormemente forte, seus braços empurraram o suave corpo contra o sua duro e musculoso enquanto sua boca tomava posse da dela. Estava ferozmente faminto, uma escura e perigosa necessidade que não se incomodava em ocultar. Ela se derreteu, seu corpo ficou flácido, flexível, com chamas dançando ao longo de sua pele com uma necessidade que não podia definir. Uma selvageria começou a elevar-se em alguma parte profundamente em seu interior, necessitando, exigindo.
-Dom Scarletti! Nicoletta! -A voz horrorizada da Maria Pia os golpeou a ambos-. Este é um comportamento escandaloso!
O dom se tomou seu tempo, sua boca se movia gentilmente sobre a da Nicoletta. Onde antes tinha havido um desejo feroz, agora era gentil, atrasando um momento, beijando-a concienzudamente até que suas pernas ameaçaram cedendo e se aferrou a ele. Solo então elevou lentamente a cabeça, seu olhar negro e hipnótico fez que lhe olhasse impotentemente, apanhando-a em seu feitiço de escuro feiticeiro. As gemas de seus dedos lhe riscaram as delicadas curvas da cara como as guardando na memória para sempre.
-Dom Scarletti, devo protestar por este comportamento! -Maria Pia foi insistente, atirando do braço da Nicoletta para liberar a de entre o corpo duro do dom e a parede do palazzo.
Giovanni não renunciou à posse imediatamente, mas sim continuou olhando intensamente à cara inclinada para cima da Nicoletta como se estivesse sob um feitiço, totalmente absorto nela.
-Então será melhor que nos casemos imediatamente -disse ele, completamente impenitente, sua voz era tão firme e suave como sempre. Estava falando com a Maria Pia, mas sua boca estava perto do ouvido da Nicoletta, seu quente fôlego lhe removia ali mechas de cabelo e vertia calor em sua rega sangüínea. Inclinou a cabeça ainda mais, tanto que seus lábios se moveram contra o ouvido dela-. Não posso esperar -Sussurrou as palavras contra sua pele nua, e ela as sentiu todo o caminho até os dedos dos pés.
Maria Pia deixou escapar um grasnido indignado. O dom se endireitou lentamente, inclinando-se ligeiramente para as mulheres, e passeando lentamente de volta ao palazzo. Nicoletta lhe viu partir, incapaz de mover-se, incapaz de pensar, com uma mão pressionada contra sua boca com surpresa. Parecia tão tranqüilo e impassível, seu corpo se movia com o mesmo ondeio casual de poder, enquanto Nicoletta desejava derrubar-se parede abaixo em um pequeno montão.
Sophie rompeu o feitiço, envolvendo seus braços ao redor da pernas da Nicoletta e abraçando-a firmemente.
-Zio Ginno realmente vai casar se contigo?
Nicoletta olhou aos dois guardas, que faziam o que podiam por ocultar seus sorrisos. A cor flujó a sua cara, e passou apressadamente junto a eles até o enorme pátio. Este era um estalo de cor, as novelo estavam bem atendidas por vários jardineiros. Uma enorme fonte dominava a zona, uma estrutura de mármore de vários pisos de alto. Uma cuádriga de seis cavalos enviavam jorros de água espumosa das pezuñas ao ar do centro. Era enorme, uma escultura ornamentada e incrivelmente formosa.
-Nicoletta -Sophie lhe atirava da saia-. De verdade vais casar te com o Zio Ginno? -Sua jovem voz era insistente, não continha nada da dúvida que freqüentemente parecia exibir.
Nicoletta lhe agarrou a mão.
-Bom, seu Zio Ginno há dito que o farei, assim suponho que devo fazê-lo. A ti que te parece?
Sophie pareceu imediatamente impressionada porque lhe estivesse pedindo sua opinião.
-Acredito que se Zio Gino se casar contigo, então poderá ficar aqui para sempre. -Sorriu a Nicoletta.
Nicoletta levantou a menina e a fez girar em círculos até que a pequena chiou de deleite. Correram juntas pelo pátio, suas risadas flutuavam provocando sorrisos nas caras dos guardas e inclusive da Maria Pia.
Nicoletta se deteve no lado mais afastado do pátio, ajoelhando-se para examinar uma estranha flor que se abria sozinho nas horas mais tempranas da manhã. As pétalas estavam talheres de rocio, e exclamou por isso, fazendo gestos ao Sophie. Em realidade, estava tremendo por dentro, surpreendida por esse lado selvagem e arrebatado de sua natureza que não tinha sabido que existisse. Não podia negar-se a si mesmo que era tão culpado desse beijo escandaloso como Dom Giovanni Scarletti. Ele poderia havê-la seduzido ali mesmo e nesse momento, e lhe teria deixado, tão hipnotizada estava por ele que não podia ver com claridade.
Não queria pensar em estar a sós com ele na antecâmara. Era um escuro feiticeiro que tecia um feitiço de magia negra, e Nicoletta se aproximava mais e mais ao desastre, atraída inexoravelmente para sua ardente chama. Ao parecer não podia resistir a ele, à intensidade de seu negro olhar, um desejo escuro que não podia ignorar. Nicoletta se apartou o cabelo com uma mão tremente, agradecendo que Maria Pia estivesse ao outro lado do pátio e não pudesse exortá-la sobre ser uma "boa" garota.
-Assim que você é a noiva escolhida -Te vençam apareceu saindo do labirinto de sebes, sua alta e aposta figura imaculada com seu traje na moda. Seus olhos escuros estavam risonhos quando tomaram nota da saia e a blusa camponesa da Nicoletta e seus pequenos pés nus.
Nicoletta se apressou a ficar em pé. Sopie olhava a seu pai com uma espécie de doloroso e esperançado silêncio, sua mão estava agarrada à saia da Nicoletta procurando apoio. Nicoleta baixou a mão e acariciou o cabelo da menina para consolá-la.
-bom dia você tenha, senhor -disse alegremente-. Sophie foi maravilhosa, me mostrando os arredores. Não sei que teria feito sem ela.
te vençam elevou uma sobrancelha excéptica.
-Não te está incomodando?
Os dedos da Nicoletta se deslizaram pelo braço da pequena tomando a mão.
-Absolutamente. Estou-lhe fazendo tantas perguntas que provavelmente deseje afastar-se de mim.
Sophie riu nervosamente.
-É divertida, Papai.
-Divertida, né? Me acredito. -O homem estendeu a mão e revolveu o cabelo de sua filha-. Devo me desculpar pelo comportamento da prima Porta ontem à noite. Espero que não cria que estou de acordo com suas afirmações. Está um pouco mimada e acostumada a sair-se com a sua. A ida de uma nova senhora aqui a aterra. Em realidade, ninguém pensava que Giovanni fora a tomar esposa. Meu irmão, Antonello, e eu pensávamos que era nosso dever proporcionar herdeiros já que Giovanni tinha declarado não estar interessado no tema. Antonello não se casou ainda, e estando eu viúvo -disse tristemente- Porta ficava como senhora da casa. Mas agora Giovanni a escolhido... a ti.- Havia uma débil nota inquisitiva na voz de lhe Vençam, como se médio esperasse que Nicoletta admitisse que tinha arrojado um feitiço sobre seu irmão maior.
-E foi sua eleição. Eu não tinha pensamento de tomar um marido -respondeu Nicoletta.
te vençam jogou a cabeça para trás e riu em voz alta.
-Boa resposta. Sou lhe Vença Scarletti. Vimo-nos, é obvio, em mais de uma ocasião, embora não fomos apresentados formalmente. -Agarrou a ponta de seus dedos e os levou a boca para beijá-los enquanto seus olhos escuros paqueravam escandolosamente. Fez uma reverência-. Embora não nos tínhamos visto antes, parece-me muito familiar. Possivelmente conheça seu famiglia?
-Possivelmente -respondeu Nicoletta vagamente. Estava tendo dificuldades para pensar com claridade. Sentia uma sensação curiosa na cabeça, uma sensação escura e opressiva que nunca antes tinha experiente. Um pesado temor parecia estar florescendo no fundo de seu estômago. Sentiu a necessidade de apartar-se de lhe Vençam, de sua boa aparência e encanto. A necessidade de apartar a mão dele era tão aguda e forte que realmente o fez.
Foi então quando olhou para as amplas janelas do palazzo. Do comprido balcão sobre as colossais colunas que rodeavam a estrutura, Giovanni os estava observando. Estava tão imóvel como as montanhas que os rodeavam, como se estivesse esculpido no próprio mármore. Uma figura imóvel e lhe intimidem. Ao momento compreendeu que ele estava em sua cabeça, com uma escura fúria que lhe conduzia duramente. Podia sentir quebras de onda de advertência golpeando em sua mente. Lhe estava exigindo que se separasse de seu coquete irmão. Este não era nenhum suave sussurro a não ser um fluxo escuro de fúria e negro ciúmes.
Elevou o queixo em desafio uma fração enquanto lhe devolvia o olhar. Através da ampla extensão do palazzo seus olhos se encontraram em um estranho combate, sua vontade contra a dele. Lentamente a malevolência se desvaneceu, sendo substituída por uma débil diversão zombadora. Não pode esperar ganhar uma batalha contra mim, cara. É muito jovem e inocente.
As palavras foram claras esta vez, não só uma impressão mas sim estavam em seus ouvidos, como se tivesse falado em voz alta! Surpreendida por seu poder... a prova de um autêntico feiticeiro, possivelmente do próprio demônio... Nicoletta deu um passo atrás.
Prefiro seus sonhos a seus medos, piccola. Sussurrou-lhe maliciosamente, lhe recordando vividamente os sonhos eróticos que tinham dançado em sua cabeça a noite antes. Ele ficou um pé um momento no balcão de mármore, com aspecto totalmente aristocratico, um homem acostumado a impor a outros a autoridade que tinha estampada em seus duros rasgos. Os dentes brancos do Giovanni Scarletti cintilaram brevemente antes de girar-se e voltar a entrar em seu estudo. Pôde ver sua figura alta e musculosa através da janela enquanto fazia gestos a alguém que ela não podír ver claramente para que entrasse na habitação.
te vençam girou a cabeça para seguir seu olhar.
-O mijo fratello trabalha duro. Muitas reuniões com gente poderosa, já sabe. Não há tempo para a diversão. -encolheu-se de ombros casualmente-. Não se preocupe, signorina, eu me ocuparei de que seu tempo aqui não seja triste-. Sorriu a sua filha-. Espero que Sophie não seja muita moléstia. Se o for, enviaremo-la a aprender a costurar essas preciosas colchas que todas as mulheres parecem saber fazer -Sua cabeça se aproximou de repente, e olhou a Nicoletta quase como se ela fora um fantasma. ficou pálido sob sua pele bronzeada.
-O que acontece? -perguntou Nicoletta, curiosa.
-Só por um momento recordou a alquien que conheci faz muito tempo. Fazia umas colchas preciosas. -Se voz soava pensativa-. Seria muito mais velha que você. Então tinha aproximadamente sua idade.
Nicoletta se voltou a girar para as flores do jardim, notando-se no orvalho das pétalas para ocultar sua expressão. Sua mãe! lhe vençam Scarletti tinha conhecido a sua mãe, e a recordava! Quem não o faria? As lembranças estavam vivos na mente da Nicoletta. Nesse instante desejou chorar. Tinha reconhecido a colcha da habitação do Sophie como um trabalho de sua mãe.
Nicoletta? A voz era gentil, não maliciosa ou zombadora, nem ferozmente furiosa, a não ser uma pergunta tenra e preocupada. Experimentou uma estranha calidez que fluiu nela. Era apaziguadora, esse feitiço hipnótico a envolveu de forma que não pôde evitar lhe buscar com o coração e a alma.
Como empurrada por uma fonte externa a ela mesma, olhou sobre o ombro, seu olhar vagou pelas janelas que davam ao pátio. Ele estava ali, olhando-a intensamente. Podia ver uma figura sombria que paaeaba atrás dele como se estivesse agitada. A atenção do dom estava fixa nela em vez de em seu importante convidado. Isso fez que Nicoletta se sentisse cuidada. Sabia que ele sentia sua pena, e era importante que a houvesse meio doido na distância.
Provavelmente Maria Pia haveria dito que era pecaminoso, um dom do demônio, e que estava mau, mas nesse momento Nicoletta se sentia agradecida, e sorriu para a escura e solitária figura. Lhe dirigiu uma pequena saudação e se voltou resolutamente para seu visitante.
Nicoletta estava voltando sua atenção a lhe Vençam e sua filha quando pela extremidade do olho captou uma olhada de algo brilhando nas muralhas altas sobre o estudo de Dom Scarletti. Era Porta e sua filha, Margerita, seus vestidos se inchavam com o vento, observavam-na com faziam as enormes gárgulas aladas.
Um pequeno estremecimento a percorreu. Estava sendo observada todo o tempo, e já se permitiu esquecê-lo. O dom parecia capaz de lhe arrancar todo pensamento cordato, algo que não se atrevia a permitir que continuasse. Com tantos olhos observando cada um de seus movimentos teria que aparentar ser "normal" todo o tempo. Seria possível?
Nicoletta manteve os braços obedientemente afastados dos flancos e fez uma careta a Maria Pia.
-Está-me cravando os alfinetes -queixou-se-. Tenho algumas costure que dizer ao dom respeito a esta forma de tortura em particular.- Tinha passado boa parte do dia tentando explorar o palazzo, mas agora levava horas encerrada com as costureiras. Sua paciência se estava esgotando.
-Se te queixar outra vez, Nicoletta -arreganhou Maria Pia-, cravarei-te um alfinete eu mesma. Qualquer outra moça estaria encantada de receber objetos tão elegantes. A extravagância é quase pecaminosa. Embora, em realidade, muitos destes vestidos lhe cobrem tão pouco que é quase indecente -contradisse-se ligeiramente a si mesmo.
Nicoletta Rio, o som era tão contagioso que inclusive as duas costureiras se encontraram sonriendo.
-Quererá dizer que é pecado que alguém como eu fique roupa tão fina.
-Trajes de baile com decotes muito baixos -queixou-se Maria Pia-. Você é uma boa garota. A Madonna está chorando... chorando, ouça o que te digo. Não deveria te pôr tais vestidos. Não está bem -disse decididamente.
-Está formosa, querida -disse sinceramente a costureira-. É um prazer vestir a uma garota tão bonita. Quase terminamos.
Porta apareceu a cabeça na habitação.
-Sonha como se alguém se estivesse divertindo por aqui -disse, tinha um sorriso plasmado decididamente na cara. Não fez nenhuma referência à cena que tinha provocado a noite antes-. Posso entrar? -Não esperou uma resposta mas sim entrou na habitação, seu elaborado vestido rangeu quando o fez. Vestia uma criação à última moda, seu cabelo estava perfeitamente arrumado-. Vê-te muito bonita, Nicoletta. Posso te chamar Nicoletta? começaram seu vestido de bodas? Planejarei o acontecimento pessoalmente, é obvio. Giovanni me disse que lhes casarão quase imediatamente -Seus olhos percorreram especulativamente a figura magra da Nicoletta.
Maria Pia elevo o queixo, seus olhos pálidos ardiam de cólera silenciosa.
-Não sei por que Dom Scarletti insiste tanto em que Nicoletta se case com ele sem um cortejo apropriado. Como calma una os medos naturais de uma jovencita quando nem sequer conhece seu prometido? -Lançou as mãos ao ar dramaticamente.
Porta assentiu.
-É impróprio dele, mas Giovanni sempre foi uma lei em si mesmo -Encolheu seus ombros leitosos fazendo que seu vestido decotado parecesse de repente precariamente sujeito, a ponto de falhar sua habilidade de conter o suficiente o peito. Porta sabia que era uma mulher formosa, e seus vestidos mostravam sua figura à perfeição. moveu-se com grácil confiança em si mesmo, com o aprumo perfeito que sua posição lhe tinha legado-. Giovanni faz o que quer, e não há quem lhe detenha -As implicações eram ameaçadoras, quase sinistras, mas Porta riu brandamente, desprezando suas próprias palavras-. Deve deixá-lo tudo em minhas capazes mãos. Desde que a esposa de lhe Vençam, Anjinha, a última senhora do palazzo... morreu, eu planejei todas as festividades para o Giovanni, e devo dizer, que recebi muitos elogios por meus esforços.
-Seu ajudasse seria apreciada, grazie -respondeu Maria Pia pela Nicoletta.
-Então decidido -Porta sorriu docemente à futura algema-. Devemos conocermos melhor a uma à outra, querida, se for te converter em membro de nossa casa. Giovanni pensará que seria muito perverso por minha parte não te ajudar a aprender seus deveres como sua esposa. Terá convidados freqüentemente e terá que te assegurar de que sua casa vá como a seda -Seu sorriso era tão falsa como sua oferta de amizade-. É dever da famiglia Scarletti celebrar numerosos festejos. O rei envia a muitos cortesãos aqui para suas negociações.
Nicoletta deixou cair os braços, chiou quando os alfinetes a golpearam desde todas direções, e fulminou às costureiras com o olhar.
-terminei com isto -anunciou-. Maria Pia tem razão, é pecaminoso ter tantos vestidos. Há suficientes aqui para vestir a todas as mulheres de meu povo. Não é possível que me possa pôr isso todos.
-Necessitará cada um deles -advertiu Porta-. Mas, efetivamente, querida, parece afligida. Deve parar por hoje -añadio solícitamente.
Um golpe tentativo na porta anunciou ao mordomo, Gostanz. esclareceu-se garganta cuidadosamente quando viu porta mas entregou sua mensagem com seu acostumado tom monótono.
-Tem você visita, signorina. Estão esperando no pátio -Seu desdém acostumado era muito mais evidente, e havia algo mais, algo indefinido, como se o homem estivesse secretamente divertido.
-Obrigado -anunciou Nicoletta cortesmente, sonriéndole com determinação. apressou-se atrás do biombo e agarrou sua saia e sua blusa acostumada, agradecida pela comodidade do tecido gasto. Depois atravessou correndo o salão, lançando uma saudação distraída a Porta. Maria Pia estava muito melhor preparada para tratar com essa mulher de todos os modos. Afligida, é obvio!
Nicoletta fez um intento por alisar o cabelo enquanto se apressava a baixar as escadas. As arrumou para encontrar o caminho até a entrada do pátio com só dois giros equivocados, uma façanha incrível no enorme palazzo. Correu ligeira sobre os azulejos de mármore, seus pés nus não faziam nenhum ruído enquanto corria através dos corredores para a porta, uma repentina alegria emanava dela. Sabia quem era seus visitantes, seus queridos e familiares amigos, e os necessitava desesperadamente.
Os dois guardas corriam atrás dela, com as espadas golpeando secamente e as botas ressonando contra os azulejos. Nicoletta deixou que a porta se fechasse em suas caras e já tinha atravessado pela metade o pátio para seus visitantes antes de que eles a abrissem de um puxão e a seguissem.
Ketsia estava sentada na frondosa alfrombra de erva verde, com a cara enterrada entre as mãos, chorando como se seu coração se estivesse rompendo. Cristano se passeava furiosamente, suas botas salpicavam um jorro de calhaus brancos sobre o atalho.
-Bambina! O que te passa! -exigiu Nicoletta, agarrando à menina entre seus braços-. por que está chorando? Cristano! me conte por que está chorando assim. -Com a menina nos braços, Nicoletta se girou para abraçar ao Cristano também. Quando Cristano as abraçou a ambas, cambalearam-se e todos se calleron na suave erva.
As lágrimas da Ketsia se converteram em risada, e lançou os braços ao redor do pescoço da Nicoletta.
-Sabia que seria a mesma. E olhe, sem sapatos! Olhe, Cristano, nem sequer ele pode fazer que leve sapatos. -Ketsia parecia orgulhosa e feliz pela falta de calçado da Nicoletta.
Os dois guardas revoavam perto, mas estava claro que seu treinamento não lhes tinha preparado para tratar com jovencitas descalças abraçando a uma menina lhe solucem e a um jovem furioso. Os três estavam enredados no chão, rendo e obviamente não supunham uma ameaça para a Nicoletta. Os guardas se olharam o um ao outro bastante impotentemente e permaneceram em seu sítio.
-por que estava chorando assim, Ketsia? -perguntou Nicoletta, beijando à menina no cocuruto. Apartou sua mão da do Cristano, já que ele não parecia inclinado a soltá-la.
-Acreditava que ele dom podia te haver feito mal -respondeu Ketia-. Desapareceu. E Mirella disse que os soldados se levaram a Maria Pia de sua cabana de madrugada. E disse que parecia como se tivesse fugido e que o dom teria que te golpear e te matar e a desgraça cairia sobre tudo o villagio para sempre.
Nicoletta estalou em gargalhadas, o som foi feliz e despreocupado, elevando-se para flutuar longe com a amigável brisa.
-Tola e velha Mirella. adora inventar histórias de terror -Sorriu para o Cristano-. Certamente você não acreditaria suas histórias de medo.
Cristano olhou aos guardas e baixou a voz até um sussurro conspirador.
-O dom não tinha direito a te reclamar. Se tivesse aceito minha oferta em vez de ser tão teimosa, Nicoletta, não teria tido poder para te tocar. Agora solo me ocorre uma única coisa que fazer para te liberar.
As sobrancelhas da Nicoletta se dispararam para cima.
-Seja o que seja o que está pensando, Cristano, deve esquecê-lo. O dom e eu esclareceremos coisas.
-Quer dizer que tentará outra escapada? Já te fujais uma vez, e ele te apanhou. Sei que é por isso que desapareceu de sua casa. Mas me ocorreu uma forma de lhe obrigar a deixar ir.
Ketsia se apoiou nela, desejando acurrucarse.
-Eu acreditava que o dom era bonito, mas não quero que te leve. O villagio está triste sem ti. Deve voltar, Nicoletta.
-Tenho um plano, -continuou Cristano-. Confessaremos ao dom que jazemos juntos. Não te quererá então, e te ordenará que te case comigo. -Cristano a olhou fixamente-. Funcionará, Nicoletta. Deve te deixar guiar nisto por um homem maior e mais sábio.
Nicoletta enterrou a cara no pescoço da Ketsia para amortecer sua risada. Cristano era quatro verões maior que ela mas uns bons dez ou doze anos mais jovem que Dom Scarletti.
-Minha reputação ficaria arruinada, Cristano -recordou-lhe.
-Estaria comigo, onde pertence, e de volta no villagio. Há muito perigo aqui. Todo mundo sabe que não viverá muito se ficar neste lugar. -Cristano tirou peito e ficou em pé, estendendo a mão para levá-la com ele.
Uma escura e ardente fúria se arrastou até sua mente estalando em uma labareda de tal intensidade que Nicoletta se aferrou a cabeça com as mãos e pressionou com força em um intento por aliviar suas palpitantes têmporas. Seu olhar, quase por própria vontade, voou à fila de janelas. Dom Scarletti estava fora no amplo pórtico do primeiro piso, seu olhar negro brilhava ameaçadora, coisa que ela reconheceu inclusive na distância. Observando-a com implacável intensidade, saltou facilmente o muro do pórtico e começou a mover-se para eles. Todo ondulação de poder, recordava a Nicoletta a um puma à espreita.
O fôlego ficou entupido na garganta. Enquanto se aproximava deles, pôde ver a sombra escura em sua aposta cara. Planejou até eles e arrastou firmemente a Nicoletta sob seu ombro.
-Onde está seu chaperona, a Signora Sigmora? Deveria te acompanhar todo o tempo, cara. Seus jovens amigos são bem-vindos a te visitar, mas deve recordar que suas ações são esquadrinhadas sempre. -Falou amavelmente, seu tom era tão suave como o veludo, seus braços lhe rodearam a cintura gentilmente sujeitando-a a ele, mas havia algo muito ameaçador a ele, algo que não podia definir.
-Sou Giovanni Scarletti -disse cortês mas innecesariamente para o Cristano, seu olhar era duro e brilhante quando tocou ao jovem-. Acredito que nos conhecemos antes.
Cristano resmungou algo ininteligível em resposta.
Ketsia fez uma reverência perfeita.
-Eu sou Ketsia -anunciou- a amiga da Nicoletta.
-Ah, se, é obvio, recordo-te -Giovanni lhe sorriu com tanto encanto que a menina lhe devolveu o sorriso, tão suscetível a suas artimanhas como qualquer mulher.
-Acreditava que estava ocupado com seu visitante -aventurou Nicoletta cautelosamente. De repente temia o que Cristano pudesse fazer ou dizer. Podia ser insensato e brusco no melhor dos casos, apaixonado e mal-humorado se não se saía com a sua.
-Nunca estarei muito ocupado para conhecer seus amigos -respondeu Giovanni com sua voz mais amável. Fez uma reverência a Ketsia, que imediatamente estalou em um ataque de risitas. De costas ao grupo indicou aos guardas da Nicoletta que avançassem para o palazzo e fora do campo de audição.
Cristano se ergueu em toda sua altura.
-Dom Scarletti, devo lhe falar, Nicoletta é minha prometida.
Nicoletta ofegou surpreendida. Atirou do jovem, aterrada de que o dom pudesse ordenar que lhe levassem a masmorra ou, pior, lhe desafiar a duelo. As sobrancelhas negras do Giovanni se elevaram. Atirou da mão da Nicoletta contra os pesados músculos de seu peito e a sustentou contra seu batimento do coração firme. Seu polegar lhe percorreu a mão em uma pequena carícia.
-Não acredito que Nicoletta possa estar prometida com os dois, e eu a reclamei primeiro. Sinto muito. Compreendo que qualquer homem desejaria fazer da Nicoletta sua esposa, mas não renunciarei a ela.
Cristano tomou um profundo fôlego.
-Há circunstâncias especiais que deveria conhecer.
-Não, Cristano. -Nicoletta sacudiu a cabeça vigorosamente, seu cabelo voou como uma capa. Sedosas mechas se enredaram na mandíbula sombreada de azul do dom, criando uma intimidade foto instantânea entre eles. Ele não tentou apartar as mechas, mas sim atirou da Nicoletta incluso mais perto dele.
Giovanni inclinou a cabeça para ela fazendo que sua boca estivesse pecaminosamente perto.
-Não te angustie, piccola. Você não é responsável pelo que outros decidem dizer ou fazer -sussurrou-lhe contra a pele, com fôlego quente e reconfortante. Por um momento o coração da Nicoletta voltou para seu ritmo normal, mas então Giovanni voltou toda a força de seus olhos negros para o Cristano. Seu olhar brilhava com algo perigoso, um pouco muito ameaçador.
Nicoletta começou a tremer. Sacudiu a cabeça silenciosamente, seus olhos enormes se posaram sobre o Cristano, com eloqüente medo. A mão do dom se deslizou para cima por seu braço, esfregando perezosamente para esquentá-la.
-antes de falar, Signore Cristano, recorde que a mulher da que está falando é minha prometida e está sob meu amparo -Uma vez mais Giovanni falou tranqüilamente, mas havia um brilho de ameaça em seu tom que os fez congelar-se a todos.
Cristano fixou os olhos na Nicoletta, reunindo coragem, e resmungou sua mentira.
-Nicoletta e eu jazemos juntos.
Os olhos escuros da Ketsia se aumentaram e arredondaram. pressionou-se uma mão sobre a boca para evitar emitir um chiado de surpresa. O silêncio foi detestável, alargando-se tanto que Nicoletta desejou gritar ante sua pura pressão. Inclusive os insetos pareciam silenciosos sob o peso da escura desaprovación do dom. Giovanni agarrou o queixo da Nicoletta em sua mão e a forçou a lhe olhar. Olhou-a aos olhos um bom momento. Depois um lento sorriso suavizou os bordos duros de sua boca. É tão inocente. Não tiveste nada que ver com este caipira, nem lhe ama.
Nicoletta sacudiu a cabeça, incapaz de apartar o olhar do dom e incapaz de liberar do feitiço hipnótico que ele sempre parecia lançar sobre ela. Não podia lhe haver mentido nem que se vida dependesse disso, e bem poderia ser assim. Ele poderia havê-la deixado partir se pensasse que se deitou com o Cristano.
Nunca te deixaria partir, assim não cria que este estúpido moço é sua saída. Lentamente, quase a contra gosto, Giovanni liberou o olhar da Nicoletta e se girou para avaliar ao Cristano com seu olhar intenso e implacável.
-Deveria ter suficiente julgamento como para não tentar arruinar a reputação de uma mulher. Caminha comigo, menino. Tem necessidade de aprender maneiras. -Gesticulou para o labirinto.
Nicoletta rodeou os ombros da Ketsia com um braço e, com um cenho na cara, observou aos dois homens aproximar-se da enorme massa de imensos arbustos recortados que formavam o labirinto.
Ketsia lhe atirou da saia.
-Crie que atravessará ao Cristano com uma espada por mentir sobre ti?
A pequena falou o suficientemente alto como para que Crisnao a ouvisse. Cristano afundou os ombros, e as pontas de suas orelhas ficaram vermelhas. Nicoletta sentiu pena por ele.
-Cala, bambina. Dom Scarletti sabe que Cristano só está sendo tolo. Não recorreria a um pouco tão cruel. -Nicoletta não soou tão convencida como lhe tivesse gostado.
Maria Pia e Sophie se uniram a elas no pátio. Sophie olhava a Ketsia com uma mescla de apreensão e interesse. Partiu diretamente para a Nicoletta e a tirou da mão, lançando a Ketsia um olhar arrogante.
-Nicoletta é minha famiglia agora. É a minha zia.
Ketsia fez uma careta à menina.
-Não será seu zia até que esteja casada com o dom. Nicoletta é meu melhor amiga.
-Todas vamos ser boas amigas -interveio apressadamente Nicoletta-. Sophie, esta é Ketsia. Todas nos divertiremos muito juntas.
Sophie se relaxou um pouco quando Nicoletta continuou agarrando-a-a mão e lhe sorriu dulscemente. Inclusive as arrumou para dirigir um pequeno assentimento para a Ketsia. Nicoletta tentou não reir pela forma em que as duas pequenas se estavam comportando e em vez disso sugeriu, -Sophie, mostraria a Ketsia a cozinha e apresentaria ao Bernado? Ketsia, Bernado é o melhor cozinheiro do mundo e um bom amigo do Sophie. Sophie te conseguirá uma maravilhosa comida na cozinha -Lhe piscou os olhos um olho à tímida Sophie.- Não esqueça me conseguir algo também. Confio em que te ocupe bem de meu amiga por mim.
Sentindo-se de novo importante pelo recado, Sophie tomou a mão da Ketsia, e partiram juntas para o palazzo.
Nicoletta se deixou cair no tapete verde de ferva, seus joelhos lhe falharam.
-É possível que o cabelo me volte cinza antes de que se leve a cabo estas bodas -disse a Maria Pia-. Cristano, o muito tolo, disse a Dom Scarletti que me tinha manchado.
Maria Pia chiou sua indignação tão ruidosamente que os pássaros se elevaram no ar das taças das árvores, dispersando-se pelo céu. Riscou o signo da cruz em todas direções, incluindo sobre a Nicoletta três vezes.
-Esse menino mereceria uma boa surra! O dom te ordenou voltar para villagio? -Havia uma nota esperançada em sua voz.
-Não acreditou no Cristano. Estão tendo um bate-papo -Nicoletta inclinou a cabeça, franzindo o cenho-. Maria Pia, recorda a esse menino do villagio, o do outro lado da colina? O do aspecto estranho cuja mente não cresceu? Podia ser tão doce, sorria a todo mundo, mas algumas vezes quando alguém lhe contrariava, podia voltar-se louco. Era primeiro um anjo, depois um demônio, como se estivesse dividido. Não o tivesse acreditado se não o tivesse visto com meus próprios olhos. -Nicoletta se retorceu as mãos-. Alguém poderia parecer perfeitamente normal e ainda assim ocultar a loucura em seu interior? Poderia estar sempre muito acalmado e tranqüilo mas ser capaz de lançar a uma mulher por uma torre? -perguntou preocupada.
Maria Pia olhou para os soldados para assegurar-se de que não podiam oir a conversação.
-Crie que o dom poderia sofrer uma afecção semelhante?
-Não sei se tal coisa é possível. -Nicoletta observava o labirinto em busca de sinais de uma confrontação violenta. como sempre, do momento em que tinha chegado ao palazzo se sentia como se estivesse sendo observada. Levantou o olhar às muralhas superiores, e, com bastante segurança, entre as gárgulas com seus olhos duros e frios divisou à filha de Porta. Margerita pensava que estava protegida por uma criatura de pedra rechoncha e volumosa, mas seu vestido carmesim se inchava com as rajadas de vento. Parecia estar sempre espreitando, observando com olhos cheios de ódio.
-Eu não serei a esposa que o dom necessita, Maria Pia. Não posso entreter a aristrocrazia como diz Porta que devo fazer -Nicoletta se tornou nervosamente o cabelo para trás-. Não posso viver esta vida com tantos olhos observando cada um de meus movimentos. Quero ir a casa, onde pertenço. Quase desejaria que o dom tivesse acreditado no Cristano. Acredito que poderia dirigir ao Cristano, mas não há quem pode dirigir ao dom. Ele me aterra de muitos modos. Não confio em minha própria reação para ele.
Maria Pia murmurou vagos consolos, aplaudindo impotentemente o ombro da Nicoletta. Nem sequer ela poderia salvar a Nicoletta do dom.
Nicoletta lhe sorriu um pouco gravemente.
-Estou rodeada de inimigos, mas não sei se forem meus ou do dom. Há muitos secretos aqui, coisas que não entendo. Alquien está sempre observando -Olhou a quão soldados estava a certa distância-. E estes guardas se tomam a sério o de me seguir -Um sorriso travesso substituiu seu humor melancólico, seu incontenible bom coração se negava a ser frustrado-. Ao menos não entraram na habitação com as costureiras.
Maria Pia sorriu apesar de si mesmo.
-É escandalosa, bambina.
Nicoletta ficou em pé quando Giovanni saiu do labirinto. Imediatamente o coração lhe pulsou veloz ante sua visão. Era tão alto, poderoso e arrumado que lhe tirava o fôlego. Mas estava sozinho, e parecia desumano, implacável. Nicoletta olhou além dele em um intento de ver o Cristano, mas este não seguiu ao Giovanni fora do labirinto. ficou de pé muito quieta, esperando a que o dom a alcançasse.
Giovanni estendeu o braço para envolver-se parte do cabelo escuro dela na mão.
-Não pareça tão assustada, cara. Não te encerrarei na torre, ao menos não ainda. Mas meu coração não pode sobreviver a todos estes homens que parecem estar caindo a seus pés. Devemos nos casar logo, ou me verei liberando duelos diariamente. -Atirou do cabelo da Nicoletta até que se viu forçada a aproximar-se dele. Seus dentes cintilaram para ela-. É formosa, piccola. Mais formosa do que posso expressar. Suponho que não posso culpar aos jovens.
Nicoletta lhe olhou a mão. Seus nódulos estavam arranhados, e uma mancha de sangue manchava sua camisa imaculada. Abriu os olhos com horror, e se girou ansiosamente para o labirinto com a esperança de ver o Cristano.
-O moço está bem -tranqüilizou-a Giovanni-. Tentou insistir em seu embuste, mas não podia permitir que continuasse manchando sua boa reputação. Pensará em sua loucura nos próximos dias.
-Possivelmente deveria lhe atender -disse Nicoletta temerosa.
-Eu não acredito, Nicoletta -disse o dom com uma dura nota de autoridade na voz e um olhar duro em seus escuros rasgos.
-Maria Pia deve lhe ver então -insistiu ela.
-Ao moço não gostará que uma mulher presencie seu estado accutal.
-Giovanni, abandonaste a seu convidado -saludió lhe Vençam, atravessando o pátio com um sorriso secreto e zombador na cara. Tinha emerso pelo lado mais afastado do labirinto, rodeando os arbustos quadrados... cortando pelo tapete verde de erva-. Parece incapaz de te apartar de sua noiva, embora deva dizer que não posso te culpar -Olhou além de seu irmão maior, e um sorriso de bem-vinda apareceu em sua cara-. Antonello! tornaste em um momento do mais oportuno. A famiglia reunida para celebrar as bodas!
Nicoletta se girou com o Giovanni para observar ao Antonello Scarletti emergir do lado oposto do labirinto. Sua roupa estava rasgada e rota, manchada em alguns lugares pela que parecia ser sangue e terra. Parecia cansado, um homem alto e bonito, mas muito sozinho.
Antonello se deteve certa distância, seu olhar escuro percorreu a Nicoletta, o reconhecimento brilhou por um momento em seus olhos. Nicoletta encontrou de repente seus pés nus muito interesntes. Giovanni suspirou brandamente enquanto baixava o olhar para sua cabeça inclinada. Há algum homem que não te cobice?
Nicoletta se ruborizou furiosamente, a cor subiu por sua cara tão rápido que não tinha esperança de detê-lo. Fulminou ao dom com o olhar. Indubitavelmente Antonello não a cobiçava. Ela e Maria Pia simplesmente lhe tinham ajudado uma vez, e ele as habia ajudado em troca. Giovanni não parecia arrependido. Como é que conhece meu irmão então? Uma sobrancelha se arqueou interrogativamente, um indício de diversão se arrastou até seus olhos ardentes.
-Que bodas? -perguntou Antonello brandamente, sua voz era rouca por falta de uso-. Quem vai casar se?
-Giovanni -Anunciou lhe Vença alegremente, com um amplo sorriso na cara enquanto entregava as que eram obviamente surpreendentes notícias.
Antonello ficou congelado no lugar, todo seu corpo ficou rígido. Seu olhar escuro saltou à cara de seu irmão maior
-Te vais casar?
Nicoletta sentia trasfondos escuros formando redemoinhos-se a seu redor que não podia entender de tudo, mas estava temendo que se afogaria neles. Algo escuro e ameaçador se vislumbrava entre os irmãos, uma sombra sinistra que nublava todo intento de felicidade.
Giovanni esticou seu braço ao redor dela, quase protectoramente.
-Nicoletta consentiu em ser minha esposa.
Ela se Rio. Não pôde evitá-lo, apesar da severidade que os três irmãos pareciam compartilhar. Encontrou a eleição de palavras do dom divertida baixo as pressente circunstâncias. Sua risada foi baixa e contagiosa quando levantou o olhar para seu prometido. Um sorriso em resposta suavizou a boca dura dele e dissipou as sombras de seus olhos. Por um momento se olharam o um ao outro, perdidos em sua diversão compartilhada.
Giovanni examinou a seu irmão cuidadosamente.
-Está ferido? Houve problemas?
Antonello se encolheu de ombros despreocupadamente.
-Nada que não pudesse dirigir.
-Bem -anunciou lhe Vença em voz alta- toda a família reunida. Solo necessitamos ao Damian para completar o círculo familiar-. Inclinou-se ligeiramente para a Nicoletta-. Damian é nossa primo e um bom amigo. Todos crescemos juntos.
Ellla foi consciente da súbita mudança no Giovanni. Foi sutil, muito sutil, mas seu corpo estava junto ao dele, e sentiu uma nervura de ferro lhe percorrer, seu sangue correu de repente. Nicoletta lhe olhou à cara. Esta era uma máscara inexpressiva, um sorriso débil e sem humor estava fixa nela. Parecia despreocupado, quase preguiçoso, mas estava tenso e preparado para atacar.
-Viu-lhe em suas viagens, Antonello? -continuou lhe Vença-. Enviou mensagem de que chegaria faz um par de dias. Tínhamos planejado caçar juntos. Mas não apareceu e não é próprio dele.
-Normalmente chega em navio -disse Antonello-. comprovaste a enseada?
Nicoletta ficou rígida, o coração lhe deteve no peito. Soube. Soube a verdade imediatamente, quase como se Giovanni tivesse compartilhado a informação com seu estranho vínculo mental. Sua primo estava morto, era um dos homens a quem Giovanni tinha dado morte na praia. Sua cara ficou pálida e lhe secou a boca. Não se atrevia a lhe olhar, mas a mão que lhe sujeitava a sua própria contra o coração dele foi suficiente. Ele sabia que compartilhava seu conhecimento.
Sua próprio primo. Um homem com o que tinha crescido, um homem ao que chamava famiglia. De repente estava assustada. Mais que nunca queria ir-se a casa, de volta à simplicidade do villaggio. Nem rastro de conspiração espreitava ali, a gente era trabalhadora e temerosa de Deus. Podia contar com sua estabilidade. Aqui, neste lugar de loucura, no Palazzo della Morte, as areias eram sempre movediças, e não podia chamar a ninguém amigo.
-Quando teve suas notícias por última vez -perguntou Giovanni a seu irmão menor.
lhe vençam se encolheu de ombros.
-Enviou mensagem faz algumas semanas de que estaria aqui para a caça. Acredito que deveríamos perguntar a sua gente. Possivelmente veio por terra e se deteve em alguma estalagem -Sorriu-. Damian tem olho para as damas.
-Enviarei mensageiros -disse Giovanni, sua mão se apertou ao redor da da Nicoletta, lhe advertindo que permanecesse em silêncio-. Devemos nos ocupar das bodas.
Nicoletta olhou fixamente a seus pés nus . Sabia que o dom sentia como seu corpo tremia jutno ao dele, a forma em que seu pulso pulsava tão freneticamente sobre a gema de seu polegar. Uma mão subiu a sua nuca em uma lenta massagem. Para consolá-la? Ou para adverti-la? Ela permaneceu muito quierta e escutou conversar aos três irmãos, suas vozes eram curiosamente parecidas, embora seus caráteres eram muito diferentes.
-Nicoletta! -Ketsia e Sophie corriam para ela, inconscientes das perigosas correntes ocultas, com as caras felizes e manchadas de nata branca-. Trazemos algo para ti! -As meninas estavam agarradas da mão quando se aproximaram dos adultos.
Nicoletta e Maria Pia sorriram em bem-vinda quando se detiveram, inseguras de repente sob a atenção dos três homens. Nicoletta estendeu sua mão livre para elas as animando, e ambas as meninas se apressaram imediatamente a abraçá-la.
-Sophie, quem é seu amiguita? -perguntou lhe Vença a sua filha.
Sophie se aproximou mais a Nicoletta, um fino estremecimento a percorreu.
-Ketsia -respondeu, quase dolorosamente tímida de novo. Nicoletta notou que Giovanni deixava cair sua mão livre sobra a cabeça da menina, um pequeno gesto de afeto e ânimo.
Vincento fez uma reverência e fingiu beijar os dedos da Ketsia.
-veio você sem escolta? Isso foi muito valente por sua parte -Ketia estalou em risitas nervosas.
-Cristano veio também -explicou ela sem vergonha-. Ele queria ver a Nicoletta também. Nicoletta é meu melhor amiga.
-Bom, então deve vir de visita com freqüência -animou lhe Vença. Olhou ao redor-. Então onde está Cristano? -Sorriu para a Ketsia.- Sua escolta não deveria estar tão carente de maneiras para te deixar reveste tanto momento. Temo-me que se não corrigir seu errante comportamento, outro homem te raptará.
Ela riu de novo, esta vez ruborizando-se, já, a tão curta idade, completamente suscetível ao encanto Scarletti.
Sophie aferrava a perna da Nicoletta com tanta força que seus dedos verdadeiramente lhe mordiam a carne através da saia. A menina estava tremendo.
Instintivamente, Nicoletta rodeou os ombros do Sophie e a abraçou.
-Muito obrigado por entreter a Ketsia por mim. Dom Scarletti, Sophie foi muito boa comigo, acredito que deveria assistir à festa das bodas junto com a Ketsia.. Necessitarei a alguém que se assegure de que o recordo tudo.
Giovanni sorriu às pequenas.
-Como os sapatos. Parece esquecê-los sempre. Estaria-te mais que agradecido, Sophie.
Ketsia assentiu vigorosamente.
-É certo, Sophie. Devemos ajudar a Nicoletta a recordar seus sapatos enquanto esteja aqui.
-Nicoletta vive aqui agora, Ketsia -recordou-lhe Giovanni amablemene-. Era esse seu trabalho antes, ajudar a Nicoletta a recordar?
Ketsia assentiu fazendo-a importante.
-Ela tem muito que fazer. A gente de todas partes procura a Nicoletta porque.... -interrompeu-se, horrorizada, ficando uma mão sobre a boca e olhando a Maria Pia como esperando uma dura reprimenda. Ao momento lágrimas de remorso alagaram seus olhos.
Giovanni lhe sorriu com seu abundante encanto masculino.
-Deve contar ao Sophie todas suas responsabilidades, assim quando você não esteja, ela pode ocupar-se da Nicoletta apropiadamente. É obvio Sophie terá que estar na festa nupcial e te atender junto com a Ketsia, cara. Não poderíamos fazê-lo sem elas.
Nicoletta intercambiou um sorriso genuíno com ele, agradecendo que, com todas suas tarefas, o dom tivesse reconhecido as inseguranças das pequenas e ajudasse às combater. A pobre Sophie necessitava atenção de sua família desesperadamente.
-faz-se tarde, Ketsia. Onde está Cristano? -Olhou ao dom, seus olhos escuros foram eloqüentes, lhe suplicando que lhe permitisse ir ver.
-Estava carrancudo no labirinto quando lhe vi por última vez, e se negava a voltar com as damas -disse Giovanni, denegando a responsabilidade.
-Eu não vi ninguém -disse Antonello-, mas agarrei o atalho.
-Eu nunca encontrei esse atalho -queixou-se lhe Vençam-. Caminhei sozinho uma pequena distância pelos bordos exteriores e não vi ninguém além da Porta em seu passeio diário.
-Possivelmente se fora a casa -aventurou Maria Pia, conhecendo bem a natureza acesa do Cristano. Se estava zangado e humilhado depois de seu bate-papo com o dom poderia haver partido violentamente, esquecendo-se de que tinha escoltado a Ketsia. Embora dificilmente poderia esperar-se que a menina fizesse o caminho de volta a casa sem acompanhante.
-Possivelmente alguém deveria lhe buscar no labirinto -Nicoletta olhou ao dom.
Giovanni a avaliou silenciosamente um momento, depois chamou um dos guardas. Falaram brevemente, e o guarda levou a cabo uma busca rápida pelo exterior do labirinto.
Maria Pia sacudiu a cabeça.
-Provavelmente se foi, Nicoletta. Estará furioso e carrancudo durante dias.
A névoa estava começando a surgir do oceano, e o ar se sentia muito mais fresco. Bandas de branco se moviam empurradas pela corrente para o palazzo, dando às esculturas uma estranha aparência extraterrenal. Nicoletta se estava acostumando às extradas imagens, mas podia ver que tanto a tímida Sophie como a geralmente audaz Ketsia se estavam pondo nervosas.
-Eu acompanharei a Ketsia a casa -disse Nicoletta. Possivelmente Maria Pia tinha razão. Cristano tinha um temperamento aceso e era mais orgulho que a maioria. Depois de ser humilhado pelo imperioso dom, sentiria-se muito humilhado para enfrentar-se a nenhum deles-. Com freqüência passeio pelas colinas e conheço bem os caminhos. Por outro lado, preciso comprovar meu jardim no flanco da colina.
Giovanni Rio brandamente, se zombadora diversão masculina crispou os nervos de ponta dela.
-Dificilmente te permitirei vagar pelas colinas, Nicoletta. Seus dias de vagabundagem terminaram.
-Eu escoltarei a jovem Ketsia, e a Nicoletta também -ofereceu-se lhe Vençam, fazendo uma reverência.
Os olhos escuros do dom se voltaram imediatamente duros e brilhantes. Nicoletta pôde sentir o poder lhe percorrendo, o fio de escuridão, a sombra de violência.
-Nicoletta não abandonará o palazzo. Enviarei a jovem Ketsia a salvo com sua mãe com dois de meus guardas pessoais. Se desejas acompanhá-los, Lhe vençam, você mesmo -Olhou a Nicoletta-. Está tremendo, piccola. Deveria entrar, está-se mais quente-. Tendo dado uma órden, fez gestos aos soldados.
lhe vençam se encolheu de ombros, mantendo gravemente seu sorriso.
-Não há necessidade de uma procissão por uma garotinha. Deixarei que os guardas se ocupem da tarefa. Se me perdoar, Nicoletta, tenho deveres que atender.
-E eu devo ir banhar me -acrescentou Antonello, inclinando-se ligeiramente para ela.
Giovanni não renunciou ao controle da Nicoletta, seu braço a sujeitava.
-Vamos, Ketsia, dá a Nicoletta um beijo de despedida, por agora. Informarei aos serventes de que pode nos visitar sempre que querer ver a Nicoletta ou ao Sophie. Meus guardas escoltarão a casa e dirão a sua mãe que é sempre bem-vinda aqui e que se ocuparão de sua segurança nas viagens de volta. Agora nada de lágrimas. Não quererá que Nicoletta fique triste.
-Diz-o a sério? -exigiu Ketsia.
-Eu nunca digo coisas que não vão a sério -disse o dom brandamente.
Ketsia abraçou a Maria Pia, Sophie, e Nicoletta, à última tão forte e tanto momento que o dom se viu obrigado a soltar os deditos da Nicoletta e pô-la amavelmente em caminho com dois de seus guardas pessoais. Finalmente a menina partiu, alta, erguida e sentindo-se importante entre seus próprios soldados.
-Obrigado -disse Nicoletta, apesar de si mesmo. Giovanni Scarletti era uma paradoxo. Por um lado, sentia que era um homem perigoso e violento, embora também podia ser amável e atento. Era difícil não sentir-se intrigada por ele. Nem atraída por ele.
Olhou-lhe e imediatamente fico perdida nas profundidades de seus olhos. Via muita necessidade ali. Uma fome intensa. Um desejo flagrante. Cálidas chama que ameaçavam consumindo-a se se atrevia a aproximar-se muito a elas. Seus dedos se fecharam contra o peito dele.
Giovanni a levou de volta ao palazzo sob o olho atento da Maria Pia. Sophie caminhava com eles, olhando curiosamente de um ao outro.
Ketsia teria feito um milhão de perguntas, mas Sophie era mais reservada e sempre se continha até que estava a sós com a Nicoletta.
-Tenho muito trabalho, Nicoletta, mas confio em que lhe arrume isso para te manter fora de problemas e longe de outros pretendentes até que possa voltar contigo -brincou Giovanni. Sustentou a porta para que as mulheres lhe precedessem dentro.
A risada surigió de um nada.
-Eu nunca me meto em problemas, Dom Scarletti. Não sei de onde tirou semelhante ideia. -Nicoletta piscou os olhos deliberadamente um olho ao Sophie para inclui-la na brincadeira.
Sophie se cobriu apressadamente a boca para não mostar seu sorriso. Nunca tinha ouvido seu tio Gino burlar-se ou brincar. Era o cabeça de família, e todo mundo lhe temia. Nunca antes lhe tinha ouvido utilizar essas voz baixa e acariciadora tampouco.
-Possivelmente tenha algo que ver olhando por minha janela e te encontrar feita uma confusão no chão com um jovem ardente. -Careça-a arrastada voltou para sua voz, roçando a pele da Nicoletta como o tato de dedos-. Fica com o Sophie, cara, assim poderei voltar a respirar.
-Respira bastante bem -disse Nicoleta, sua risada suave fez girar as cabeças dos serventes e os guardas.
Giovanni tinha notado recentemente um estranho fenômeno em sua casa. Era como se os sorrisos da Nicoletta fossem contagiosas. Muitos dos serventes e soldados mostravam agora sorrisos de resposta em suas caras. Na tristeza que envolvia o palazzo, Nicoletta era um raio de sol. Sua mão se fechou ao redor da nuca dela, sua cabeça se inclinou até que pressionou sua frente contra a dela.
-Não acredito que nossas bodas possa ser o bastante rápida para me agradar.
Maria Pia estalou a língua para recordar a Dom Scarletti que não estava casado ainda e que seu comportamento bordeaba o impróprio. Giovanni deixou escapar o fôlego lentamente, sacudindo a cabeça com pesar.
-Tem a seu chaperona bem treinada.
-Foi você quem decretou que não estivesse nunca sozinha -assinalo ela.- Poderia ter vindo a nossa colina e me haver cortejado apropiadamente.
Ele riu brandamente, esfregando ligeiramente a ponta de um dedos sobre sua boca tentadora.
-Apropiadametne? Não acredito que tivesse havido nada apropriado na forma em que te teria cortejado nas coclinas -disse ele perversamente.
Só sua voz já resultava escandalosa, susurando sobre sua pele até que o corpo lhe ardia de desejo. Dançavam chamas que a atravessavam, e sacudiu a cabeça, hipnotizada por seu sorriso. Como poderia resistir à escura intensidade de seus olhos, a sua boca perfeita e sensual?
Maria Pia se esclareceu garganta ruidosamente. O dom cedeu à pressão com um sorriso desgostado, tomando o braço da Nicoletta e a mão do Sophie e caminhando pelo corredor.
-Acredito que me deram uma reprimenda, Sophie -confiou em um sussurro à menina, as conduzindo para seu estudo.
Sophie Rio em voz alta, o som resultou despreocupado e inesperado. Sempre era uma menina muito solene, mas agora mesmo estava soltando risitas junto com a Nicoletta.
-Me alegro de que fosse você o castigado, Zio Gino, e não eu. Ela franze o cenho assim. -Sophie olhou para trás para assegurar-se de que a anciã estava ainda a alguma distancia atrás deles, depois pôs uma cara que se parecia muito a da Maria Pia.
-Zio Giovanni! -A estridente voz atravessou o comprido salão e pareceu ressonar até o teto. Margerita emergiu da escada que conduzia às muralhas e se apressou para eles do extremo mais afastado do corredor. Os últimos raios do sol que ficava atravessavam a espessa névoa e as janelas de cristais tintos. Irradiavam cores sobre as paredes e dançavam sobre os tetos. Então, de repente, uma sombra escura passou rapidamente sobre o palazzo quando o sol se afundou no mar.
O coração da Nicoletta de repente palpitava alarmado. Margerita quase tinha alcançado ao pequeno grupo, trazendo com ela um ameaçador presságio de perigo. A impressão era tão forte que Nicoletta apartou seu braço do Giovanni.
O corredor parecia cinza e sinistro, escuro e escurecido pela violência.
-Zio Griovanni -Margerita empurrou rudamente a Nicoletta ao passar, seu nariz se enrugou delicadamente-. Quem esta gente? Sophie, deixa de parecer uma camponesa idiota te aferrando como uma bambina a esta mulher.
Nicoletta não podia olhar a Margerita, com seus olhos venenosos e seu orgulhoso desdém. A escuridão se estava estendendo como uma terrível mancha sobre sua alma.
-Sentem-no? Algo vai mau -murmurou. pressionou-se uma mão contra o estômago, a advertência era tão forte que quase a paralisou de medo-. Alguém está em perigo... -afastou-se dos outros para estender os braços, procurando sentir. Procurando abraçar a advertência. Sem olhar a nenhum deles, elevou a cara para o teto abovedado. Precisava sair, sentir o vento em sua cara, cheirar e saborear a salpicadura salgada do mar. Precisava ler as histórias que lhe trazia o vento.
Margerita a olhava com horrorizada fascinação.
-Que demônios lhe passa? -exigiu-. Está louca? Zio Giovanni, trouxeste para uma louca entre nós. -Havia uma flagrante acusação em sua voz gemebunda.
-Nicoletta! -Maria Pia pronunciou o nome com voz aguda para sacudir a jovem e tirar a do que sospechosamente parecia um transe. Temendo que alguém pudesse notar as "diferenças" da Nicoletta e a chamasse bruxa, Maria Pia pronunciou seu nome em voz alta uma segunda vez.
A cor desapareceu da cara da Nicoletta.
-Perto -disse brandamente para si mesmo, seu corpo começou a tremer-. Está muito perto de nós.
Quando Maria Pia ia agarrar a Nicoletta para tirar a de seu transe, Giovanni apartou amavelmente a mão da anciã.
-Deixa-a -ordenou-. O que acontece, cara? -Sua voz era incrivelmente tranqüila mas carregava uma inconfundível autoridade e penetrou no estado de pânico da Nicoletta-. O que vai mau, Nicoletta? me conte, e ajudarei. O que se aproxima de nós?
Nicoletta lhe olhou fixamente, seus olhos estavam abertos de medo.
-A morte -sussurrou brandamente. Justo fora da janela um pássaro grande e escuro voava perto, sua sombra passou sobre eles, suas grandes asas roçaram-lhe janela. Suas garras arranharam o cristal, e seu pico o golpeou duas vezes. Nicoletta ofegou em voz alta, olhando com horror fascinado para a escura criatura.
Margerita gritou ruidosamente e se lançou aos braços do Giovanni, ocultando a cara em seu peito e chorando sonoramente.
-vai entra e a me agarrar. Tenho medo! Tenho tanto medo!
-ocorreu algo terrível -disse Nicoletta, empurrando ao Giovanni a um lado em um intento de sair do palazzo-. Devo ir.
O mordomo, Gostanz, apareceu saído de nenhuma parte.
-Há um moço na entrada da cozinha. Parece muito perturbado. Pede ver a Signorina Nicoletta. Chama-a a curadora.
-Devo ir -disse de novo Nicoletta, tentando passar ao dom.
Pondo a Margerita firmemente a um lado, Giovanni agarrou o braço da Nicoletta, fazendo-a desacelerar o passo mas sem detê-la. Foi com ela, igualando facilmente sua pernada curta. Maria Pia se dirigiu em direção oposta, correndo em busca do embornal de remédios, chamando o Sophie para que a ajudasse a encontrar o caminho. Margerita simplesmente deixou de gemer e ficou quieta, surpreendida de que ninguém lhe emprestasse atenção. Furiosa por ser abandonada em meio de seu dramático momento, olhou venenosamente a Nicoletta enquanto esta partia, estampando o pé no chão.
Era o jovem Ricardo, o filho da Laurena, que esperava a Nicoletta, sua cara estava manchada de lágrimas.
-Tem que vir, Nicoletta. É Zia Lissandra... está muito doente. Mãe diz que venha já mesmo. Aljandro tentou me deter -girou a cabeça para lhe mostrar um moratón escurecido no flanco da cara-. mas me escapei e corri tão rápido como pude. Por favor, Nicoletta, vêem comigo.
-É obvio que irei. Mas necessito meus medicamenteos -Estava procurando na lhe formem redemoinhos névoa, seu coração palpitava de terror-. Tenho que ir, Dom Scarletti. Tenho que ir.
lhe vençam apareción depois do menino. Sua roupa estava um pouco desarrumada, evidência de que o vento se levantou fora.
-Indubitavelmente o palazzo reviveu com sua chegada, Nicoletta -Não parecia preocupado porque ela estivesse atuando de forma estranha-. Eu a levarei a povo, Giovanni, se quiser. Tem intenção de ir. Eu não estou fazendo nada, e posso ajudar um momento. Já estou empapado pela névoa, e não é problema.
O dom fez gestos aos guardas para que trouxessem para os cavalos.
-Necessitará à a Signorina Sigmora? -perguntou tranqüilamente a Nicoletta.
Nicoletta assentiu silenciosamente, sua cara estava tão pálida que Giovanni lhe aconteceu os braços ao redor.
-Pode senti-lo? -sussurrou. Sua voz ficou amortecida contra o peito dele-. É mau. Alguém está em um terrível perigo. -Era mais que isso. Sentia a presença do mal como se fora uma entidade viva.
-O que está dizendo? -exigiu lhe Vença.
-Grazie, Lhe vençam, por sua oferta. Iremos os dois e veremos qual é o perigo. Monta conosco -disse Giovanni a seu irmão.
-Não posso esperar -insistiu Nicoletta, tentando escapar dos braços do dom.
Os braços dele mantiveram sua posse, negando-se a lhe permitir escapar.
-Estão trazendo os cavalos, cara. A Signorina Sigmora está aqui com seu embornal. Grazie, Sophie, por levá-la tão rapidamente através do palazzo. teria se perdido sem ti.
-O que acontece, Zio Gino? -perguntou Sophie corajosamente-. Trará-me de volta a Nicoletta? -Estava-lhe olhando com confiança infantil.
Ao Giovanni surpreendeu notar que nunca lhe tinha cuidadoso a ele nem a ninguém desse modo até que Nicoletta tinha entrado em sua família.
-Se, é obvio -tranqüilizou-a enquanto agarrava a bolsa e conduzia a Nicoletta até seu cavalo. Montou com um movimento fluído, depois estendeu o braço para baixo procurando a mão dela. Era enormemente forte, atirou dela facilmente colocando-a diante dele.
-Atrai o menino, Lhe vençam. A Signorina Sigmora montará com os guardas.
Nicoletta se agarrou ao Giovanni, agradecendo sua presença tranqüilizadora, com lágrimas ardendo atrás de seus olhos. Sentia o perigo, sabia que fora o que fora o que ia enfrentar seria mau. Muito mau. Aljandro não tinha enviado em sua busca apesar da situação, e possivelmente fora culpa dela, porque lhe tinha permitido ver sua profunda animadversión, seu desprezo para ele. E agora Lissandra poderia pagar a descuidada amostra de temperamento da Nicoletta com sua vida.
Os cascos do cavalo golpeavam a terra com um ritmo parecido ao batimento do coração de um coração. Trovejava em seus ouvidos, um conjuro. Às pressas. Às pressas. Às pressas. As colinas estavam escuras, os ramos das árvores siniestramente imóveis. A névoa era espessa, saindo do mar, um véu branco que os envolvia em um mundo estranho e imaterial. Olhou para trás mas não pôde ver outros cavaleiros. O ruído dos cascos ficava amortecido pela névoa e o constante rugido das ondas golpeando as rochas baixo eles. Nicoletta enterrou a cara no pescoço do Giovanni, sem preocupar-se do que ele pensasse, sem preocupar-se de se se tinha desmascarado ante ele e sua família e foram acusar a de bruxaria.
A urgência era forte nela, e em alguma parte, na distância, ouvia o terrível uivo de uma coruja. Uma vez. Dois. Três. Um presságio de morte. Quando o som morreu, um lobo soltou um uivo triste, o som se elevou e caiu na madrugada. Um segundo lobo respondeu. Um terceiro. O silêncio reinou uma vez mais. Suas mãos aferraram a camisa do dom. Estava tremendo mas não pela fria neblina ou de noite. Em realidade, profundamente em seu interior, um sorvete golpe de graça a estava congelando, e sentia que nunca poderia voltar a esquentar-se.
Como pressentindo a terrível urgência, o medo que brotava de seu interior, o dom se inclinou para frente para urgir a suas arreios a ganhar velocidade, algo perigoso já que montavam quase às cegas entre a espessa névoa. Um passo em falso e o cavalo poderia romper uma pata. Nicoletta rezou à boa Madonna, mas a sensação de morte era tão forte, que não podia encontrar nenhuma faísca de esperança em seu interior.
No momento em que chegaram à granja do Aljandro, Nicoletta desceu do cavalo para abrir a porta de repente. A cara branca e empapada de lágrimas da Laurenna foi o primeiro que viu.
-O que passou? -exigiu Nicoletta, passando apressadamente junto à Laurena e entrando no dormitório onde jazia Lissandra. ficou plantada quando viu o atoleiro de brilhante sangre vermelha no chão junto à porta e o rastro de gotas que conduziam à armação da cama. A colcha também estava empapada de sangue.
-Lissandra -sussurrou brandamente, obrigando-se a aproximar-se da cabeceira.
Lissandra estava tão pálida, parecia transparente, como se já tivesse abandonado este mundo. Seus olhos estavam abertos de par e par e fixos na cara da Nicoletta com desespero, suplicando impotente. Nicoleta tomou sua mão frouxa, lhe acariciando o cabelo para trás consoladoramente. Os olhos da Lissandra estavam afundados, e havia um moratón azulado ao redor de sua boca. Moratones escuros marcavam sua cara e pescoço, seus braços nus.
-zangou-se porque o bebê estava chorando -disse ela-. Chamou-me preguiçosa porque não conseguia me levantar. Queria me levantar, Nicoletta, mas estava tão débil. Laurena se foi sozinho um ratito para atender a seu famiglia. Já estava de volta, mas Aljandro não atendia à criança. ficou furioso e me tirou arrastas da cama. Golpeou-me e chutou enquanto eu embalava ao bebê, mas ele ainda estava furioso comigo -Seus olhos expressivos refletiam sua dor-. Tenho tão frio, parece que não posso me esquentar, Nicoletta. Não consigo me esquentar.
-Sei -murmurou Nicoletta, sua pena era tão profunda que pensou que seu coração se partiria em dois. Atirou das mantas para rodear a seu amiga. Lissandra era tão jovem, solo uns anos maior que Ketsia. Mas não havia nada que Nicoletta pudesse fazer por ela, Lissandra estava pedindo um milagre.
-Não quero morrer. Não quero que nenhuma outra acredita em minha criança. Não deixe que mora, Nicoletta.
Laurena, estava de pé na soleira da porta, soluçando ruidosamente e se girou apressadamente para enterrar a cara entre as mãos. Nicoletta permaneceu junto à Lissandra, falando brandamente, lhe acariciando o cabelo com dedos gentis, utilizando seu calor curador para consolar a Lissandra, para fazer que acontecesse a próxima vida tão facilmente como fora possível.
-Ele disse que eu era má, que não merecia a seu bebê -As lágrimas alagavam seus olhos escuros, e não já não ficava força nos dedos-. Estava aborrecido comigo e me deixou no chão. foi se atender aos animais.
-Foi estúpido em sua fúria, Lissandra. Sabe que não poderia haver outra mãe como você -tranqüilizou-a Nicoletta amavelmente. inclinou-se para beijar a frente da moça. A pele da Lissandra estava já fria e úmida. -Queremo-lhe muito... já sabe.
-Não posso sentir sua mão -disse Lissandra lastimeramente-. Não me deixe sozinha.
-Não está sozinha. Estou aqui contigo -disse Nicoletta. Mas já era muito tarde. Lissandra se tinha esfumado com a grande quantidade de sangue, e tudo o que ficava era a casca maltratada de seu corpo. Sua cara estava volta para a Nicoletta, seus olhos estavam abertos com medo, desespero e súplica. Nicoletta fechou gentilmente as pálpebras da Lissandra e se sentou com a cabeça inclinada, tentando rezar.
Pena e fúria se formaram redemoinhos juntas dentro dela até que se sentiu quase intumescida. Foi uma lhe solucem Laurena quem levou a cabo os rituais de morte, cobrindo a cara de sua irmã menor com um xale e tampando o espelho com um véu negro. Nicoletta não podia mover-se, sua pena era tão profunda que nem sequer podia chorar. Ardia nela como uma terrível marca, sua garganta se convulsionou, deixando-a falta de fôlego.
Aljandro irrompeu na habitação, com a cara retorcida em uma máscara de repugnância.
-Proibi-lhes que mandassem para te buscar. Não te pagarei. Sal de minha casa. Essa preguiçosa vaca pode levantar-se e me preparar o jantar.
lançou-se ao ar, voando para sua monstruosa cara, uma raiva vulcânica estalou nela. Aljandro a lançou fora de seu caminho, e ela aterrissou pesadamente contra a parede. Depois ele rugiu como um animal ferido, arremetendo contra ela, agitando os punhos. Fechou os olhos, fazendo uma careta ante o feio som de carne contra carne, mas Aljandro não a tinha golpeado. Nicoletta abriu os olhos cautelosamente.
Giovanni Scarletti estava de pé entre ela e a volumosa figura do Aljandro, o punho do Aljandro estava apanhado na palma do Giovanni.
Os dois homens estavam nariz com nariz, seus olhares se encetaram em um combate mortal.
-Nunca voltará a tentar golpear a esta mulher -disse o dom tranqüilamente, a extrema suavidade de sua voz traía sua fúria-. Se alguma vez te agarro fazendo tal coisa, não viverá para ver o seguinte amanhecer. fui claro? Estou perdoando este incidente por seu óbvio pesar ante a morte de sua esposa.
detrás do Aljandro havia dois guardas, suas espadas estavam desenvainadas e listas para proteger a seu dom e a Nicoletta. te vençam estava de pé na porta, cortando a retirada do Aljandro e mantendo a raia a Maria Pia que pretendia correr junto à Nicoletta.
Aljandro assentiu repetidamente, sua cara refletia seu terror. Então as útlimas palavras do dom penetraram além de sua fúria e seu medo.
-Minha esposa... morta? -Olhou para a cama-. Lissandra estava bem quando a deixei. -Seu olhar voou para a Nicoletta-. Ela me traz má sorte. Rompeu o braço de meu filho, e agora matou a minha esposa. É uma bruxa, Y...
O dom deu um reverso ao Aljandro, sua força era enorme, a bofetada quase fez cair ao homem muito maior.
-Esse é um insulto que não deixarei passar -O Dom se agachou para oferecer sua mão a Nicoletta, levantando-a sem esforço do chão. Amavelmente a fez rodear ao Aljandro e passar junto a seu irmão até os braços espectantes da Maria Pia-. Signorina Signora, se fosse tão amável de levar-se a Nicoletta desta granja, estarei em dívida com você. -Sua mão desceu pelo cabelo sedoso da Nicoletta, um pequeno gesto tranqüilizador.
Nicoletta não podia lhe olhar a ele, ou ao Aljandro. Estava tremendo, tantas emoções a afligiam fazendo-a desejar fugir aos escarpados mais altos e gritar sua fúria aos deuses. Abraçou a Maria Pia, mais para consolar à anciã que a si mesmo, mas não pôde suprimir a raiva que crescia nela até que pensou que ia estalar se não levava a cabo uma ação física. arrancou-se dos braços da Maria Pia e correu como tinha deslocado a noite em que haviam trazido para sua mãe morta a casa.
Não havia nenhum som na pesada névoa, nem visão quando correu cegamente ao longo dos atalhos que conduziam aos escarpados. Conhecia o atalho tão bem como qualquer animal selvagem. Tinha vagado pelas colinas toda sua vida, noite e dia, conhecia todos os atalhos, cada caminho. Depois dela, os dois soldados faziam o que podiam para mantê-la à vista, mas não tinham seu conhecimento do terreno, e a névoa lhes impedia o progresso. Perderam-na entre os arbustos e arvoredos. Escutaram, tentando localizá-la através do som, mas a névoa amortecia qualquer som. Não tinham possibilidade de oir seus pés descalços no caminho de terra. Mas no caminho de volta à casa do Aljandro para informar de seu fracasso, ouviram um cavalo aproximando-se deles, lançando vapor pelas fossas nasais quando arreios e cavaleiro passaram como um raio junto a ela entre a névoa cegadora.
Nicoletta correu ao longo do topo dos escarpados até quase o mesmo limite, desentendendo-se dos borde que se desintegravam. Lançou sua fúria e desafio por volta do rugiente mar enquanto baixo ela as ondas golpeavam as rochas e a espuma branca salpicava alto no ar. O vento riu dela, atirando de sua roupa, fazendo que sua saia se inchasse e o cabelo lhe voasse em todas direções. Seus dedos se fecharam em punhos, suas unhas se afundaram em sua Palmas. Elevou a cara ao vento veloz, e seu uivo se mesclou com seu próprio pesar selvagem, afastando dela todo perigo.
Baixo ela o mar rabiou como rabiava seu coração. Grosseiramente. Apaixonadamente. Inconsolablemente. Não podia conter sua fúria e sua angústia. Explorou saindo dela como as turbulentas ondas que se estrelavam como brancas e altas plumas. Gritou seu ódio para o Aljandro e todos os homens como ele. Gritou seu desafio às deidades que permitiam que uma jovencita tão delicada e solitária morrera sem um marido amoroso. Gritou até que a garganta ficou rouca e descarnada e rasgada como seu coração.
Giovanni desmontou a certa distância da pequena figura que rabiava nos topos. Tinha o coração na garganta. Ela estavam tão perto do bordo do escarpado, sua pena era tão profunda que não podia suportá-lo, e temia por ela. Não se atreveu a aproximar de seu cavalo ao bordo instável do topo, assim atou o animal a uma árvore e se aproximou a pé, temendo sobressaltá-la. Parecia selvagem e indomável, uma criatura misteriosa e elusiva da noite.
Nicoletta não era, de fato, o tipo de mulher que se lançava ao mar, mas sua pena era profunda, sua natureza era tão apaixonada como o rugiente mar de abaixo. Não parecia consciente do perigo em que se colocou. Inconsciente. Imprudente. Seu coração estava com ela. Fixou nela seu olhar negro, como se pudesse sujeitá-la solo com sua vontade, mantê-la a salvo da ferocidade das vorazes cheire que subiam mais e mais alto para ela.
Giovanni se aproximou lentamente a ela, espreitando-a silenciosamente, preparado para saltar para frente se houvesse necessidade. Parecia tão apaixonada, estava ao bordo do desastre com o mar espumoso ante ela, o vento lhe atirando do sedoso cabelo e a névoa rodeando-a como um véu gasoso. Agarrou-a então, seus braços a embalaram, afastando-a do precipício.
Ela se girou para ele, lutando como uma gata selvagem, cegamente, instintivamente, como se temesse que sua intenção fora empurrá-la pelo bordo em vez de protegê-la. Não pronunciou nenhum som, e não houve reconhecimento em seus olhos escuros e aterrados. Sujeitou-lhe as bonecas juntas com uma mão e a arrastou até o casaco de seu corpo. Estava geada, tremendo incontrolablemente embora parecesse inconsciente disso.
-Nicoletta -Giovanni acabou com a luta com sua força superior-. Está muito fria. me permita te esquentar. Ninguém pode te fazer danifico agora. Ninguém. Está a salvo comigo -murmurou as palavras com sua voz mais amável, quase tenra, mantendo-a imóvel para tentar esquentá-la com o calor de seu próprio corpo.
desabou-se contra ele, a luta a tinha esgotado, o cansaço tinha ganho a batalha. Finalmente levantou a cara para ele. Corriam lágrimas por sua pele, alagando seus olhos, fazendo que parecessem luminosos na escuridão.
-Você está aqui -disse brandamente, uma acusação-. Você pode me fazer danifico. Nunca voltarei a estar a salvo. Preferiria que me atirasse agora pelo escarpado em vez de fazer que me queimem por bruxa.
O murmurou algo pelo baixo, suas mãos lhe emolduraram a cara.
-Ninguém te queimará por bruxa -Fez o juramento fervientemente, seus olhos negros eram expressivos a respeito de sua necessidade de protegê-la. Giovanni inclinou a cabeça saboreou suas lágrimas. Gentilmente. Meigamente. Beijou sua pele úmida, seguiu o rastro de lágrimas até a comissura da boca-. Não pode chorar assim, Nicoletta. Não pode.
Entre seus braços ela estava ainda geada, tremendo tão forte que seus dente tagarelavam.
-Não acredito que sequer possa parar -respondeu tristemente.
Giovanni agarrou a esbelta figura facilmente entre seus braços, levando-a a seu cavalo. Envolveu-a em seu próprio casaco elegante, colocando-a diante dele de forma que o calor de seu corpo proporcionar tanto calor como fora possível na cavalgada a casa. Montou velozmente pelo terreno acidentado, urgindo a seu cavalo a tomar maior velocidade.
A moço de quadra do palazzo se apressou a agarrar a arreios do Giovanni quando este desmontou com a Nicoletta embalada entre seus braços. Pouco lhe importou que suas arreios favorita estivesse suando profusamente no frio da noite, normalmente se tivesse assegurado de que à besta lhe proporcionasse um cuidado excelente. Agora solo pensava em tirar a Nicoletta do frio.
Antonello chegava à porta do palazzo nesse mesmo momento, seu cabelo comprido estava revolto, sua roupa mostrava manchas negras e úmidas.
-Giovanni? -Parecia cansado, mas havia uma nota de acusação em sua voz-. O que lhe passou?
Giovanni, com a Nicoletta entre seus braços, logo que olhou ao Antonello quando atravessou a porta que seu irmão tinha aberto. Seus olhos se abriram ante as condições da roupa do Antonello, mas se absteve de fazer comentários.
-sofreu um shock -replicou tensamente. Gritou chamando a seu mordomo enquanto percorria o comprido corredor a pernadas, com a Nicoletta firmemente apertada contra ele-. Fez que acendam um fogo em sua habitação? -exigiu quando o mordomo se escorreu lhe adiantando-. Está esquentando a água?
Antonello duvidou como indeciso sobre se lhes seguir ou não, depois se girou e atravessou o salão para a asa mais afastada onde estavam suas habitações.
-te vençam tornou com a Signorina Sigmora? -Giovanni continuava caminhando muito rápido, o mordomo quase corria para lhe manter o passo
-Os guardas devolveram à a Signorina Sigmora ao palazzo junto com suas instruções, senhor. Seu irmão se ficou na granja para ocupar-se de que suas ordens se levem a cabo ali.
Giovanni nem sequer esbanjou um olhar no homem.
-Grazie, Gostanz -As palavras foram cortantes e bruscas, mas o ancião piscou rapidamente como se lhe tivesse outorgado uma grande recompensa.
apressou-se rapidamente para adiantar ao dom e abrir a porta da habitação da Nicoletta. Maria Pia estava ante as crepitantes chama, retorcendo-as mãos. Lançou um grito alegre quando viu a Nicoletta embalada entre os braços de Dom Scarletti.
-Disposto Signorina. Sua roupa está empapada, e está em estado de shock -disse Giovanni, colocou a Nicoletta em uma cadeira profusamente acolchoada junto ao rugiente fogo. Começou a lhe tirar a blusa pela cabeça em sua pressa por esquentá-la.
Maria Pia, surpreendeu-se ante seu total desprezo às convenções, apressando-se a intervir.
-Scusa, Dom Scarletti, ainda não está casado com ela. Eu a despirei. -Tentou soar firme apesar de estar desafiando a dura autoridade do dom.
A impaciência percorreu a cara dele. Atirou da blusa úmida tirando-lhe a Nicoletta e a atirou a um lado com fúria controlada. Os peitos cheios e a pele acetinada brilharam dourados à dançante luz do fogo, e o fôlego ficou bruscamente entupido na garganta enquanto seu pulso palpitava incómodamente. Sentiu o fogo elevar-se em resposta em seu sangue, chamas saltando quando solo desejava consolá-la. Agarrou a colcha da cama e envolveu apressadamente a Nicoletta entre suas dobras.
-Deu, Donna, acredita que isso importa? Nicoletta se está congelando e a deve esquentar. Gostanz está justo fora. Faça que traga a tina e a encha de água quente para banhá-la. Não pode deixar de chorar -Por um momento, com toda sua autoridade e fila, o dom pareceu um menino impotente e perdido-. Não pode parar.
Maria Pia, rígida pela indignação ante o escandaloso comportamento do dom, abriu obedientemente a porta e entregou as ordens ao mordomo.
-Possivelmente se lhe desse uma boa bofetada, isso a sobressaltaria e tiraria da histeria-. ofereceu enquanto voltava a girar-se desaprovadoramente para o dom. Seus olhos agudos tinham tomado nota dos olhos ardentes que se moviam sobre o corpo extremamente feminino da Nicoletta.
O olhar negro flamejou para ela com fúria controlada.
-Não faremos semelhante coisa! - Seus braços se esticaram ao redor da Nicoletta, suas mãos lhe esfregaram vigorosamente os braços através da colcha. Para horror da Maria Pia, colocou a Nicoletta em seu regaço e começou a balançá-la gentilmente, murmurando brandamente.
Finalmente, quando Gostanz fez que trouxessem a tina e fora cheia, o dom deixou de falar e posou sua cabeça sobre a da Nicoletta em um gesto extrañamente tenro e protetor. Continuava balançando-a, mas a habitação estava em silêncio exceto pelos soluços da Nicoletta.
Giovanni trocou de tática em seu intento de consolá-la. Buscou-a com sua mente. Shss, piccola. Está-me rompendo o coração, e não posso suportar isto muito mais. Não é responsável pela morte de seu amiga. Não fez nada mal. Não pode salvar a todo mundo. Volta para nós. Está assustando a Maria Pia. Deve parar.
Com a tina enche e os serventes desaparecidos, Maria Pia se ergueu em toda sua estatura.
-Eu atenderei seu banho, signore. Não há necessidade de que fique.
Dom Scarletti elevou a cabeça então, com uma careta arruda e quase cruel em seus duros rasgos.
-Não a deixarei sozinha neste estado. Você não a golpeará.
Maria Pia se estremeceu sob o látego de ameaça de seu tom. Nicoletta se revolveu entre os braços do Giovanni, o primeiro movimento que fazia desde que tinha deixado de lutar com ele. Inclinou a cabeça para cima para lhe olhar. Seus olhos grandes e escuros lhe estudaram a cara um comprido momento. Então um pálido sorriso tocou sua boca tremente.
-Em realidade Maria Pia nunca me golpearia, Dom Scarletti. Ela é meu famiglia. Gosta de nos assustar para nos inculcar decência com suas ameaças, mas não acreditava que um homem adulto fora a acreditá-la.- Inclusive quando tentava brincar, sua voz tremia de forma alarmante, e seus olhos se encheram de mais lágrimas. Ele pôde sentir nela a luta se desesperada por recuperar o autocontrol.
Imediatamente inclinou a cabeça para lhe tirar as lágrimas dos olhos com a boca, seus lábios se atrasaram contra a pele em um gesto intensamente íntimo.
-Ela acredita que é impróprio que eu me encarregue de seu banho. Não compreende que a gente já murmura de mim todo o tempo. Não importa o que faça, inventam-se histórias para assustar a seus filhos. É sozinho sua reputação o que me preocupa.
Nicoletta ouviu o que ninguém mais tinha podido oir nunca. Ou possivelmente o sentiu... a nota de dor em sua voz, como se, com toda sua dura autoridade e maneiras rudes, importasse-lhe que outros lhe temessem. Ele estava acariciando seu cabelo comprido e úmido apartando o da cara, e fazendo que caísse em ondeia ao redor de seu corpo. Sua mão seguiu as mechas para baixo por suas costas roçando seu traseiro arredondado, e seus olhos negros de repente eram tão ardentemente intensos que Nicoletta pôde sentir a chama em resposta que ardeu profunamente em seu interior. Foi consciente de onde estava seu traseiro, acurrucado em seu regaço, de que o corpo do dom estava quente, duro e inchado de desejo. Podia oir o coração dele pulsando sob seu ouvido. Não levava nada de cintura para acima além de uma colcha que parecia ter escorregado precariamente para mostrar uma visão generosa de seus peitos. A camisa dele jazia no chão junto à dela em uma pilha empapada.
Seus olhos se abriram de par em par quando notou os nós de músculo ao longo dos braços e o peito dele, claramente visíveis sob o fino objeto interior. Podia sentir o movimento dos músculos contra sua própria pele. Ligeiramente surpreendida, aferrou a colcha mais firmemente a seu redor.
-Eu... acredito que será melhor que Maria Pia atenda meu banho -disse.
Ele esfregou o queixo em seu cocuruto.
-Não sei, piccola. Um incidente mais, e meu coração será incapaz de agüentar sob a pressão. -Estava começando a relaxar-se, sentindo que a intensidade da tormenta que rabiava dentro dela tinha amainado. Muito gentilmente, quase a contra gosto, afrouxou seu abraço.
-Posso confiar em que me chame no momento em que esteja vestida? -Deslizou-lhe a mão pelo pescoço sob a colcha para lhe acariciar a pele nua.
Nicoletta se levantou rapidamente e quase perdeu a manta enquanto se afastava dele, seu coração palpitava de repente alarmado. Sua pele se estava congelando, mas por dentro, algo quente e líquido se estava convertendo em uma dolorosa necessidade.
-Chamaremo-lhe imediatamente -anunciou Maria Pia, caminhando deliberadamente para a porta.
Dom Scarletti não parecia arrependido absolutamente. levantou-se com sua acostumada graça fluída, estendeu o braço casualmente em busca de sua camisa, e dedicou uma ligeira inclinação a ambas as mulheres antes de sair. Maria Pia fechou firmemente a porta atrás dele e girou a chave na fechadura.
Nicoletta e Maria Pia se olharam a uma à outra através da habitação. Os olhos da Nicoletta se encheram de lágrimas outra vez. Ao momento a anciã foi para ela, abraçando-a.
-Sinto muito não ter estado ali -murmurou Maria Pia-. Não chore em voz alta, bambina. O dom derrubará a porta se te ouça. Esse homem é uma lei em si mesmo -Aplaudiu a Nicoletta, aproximando-a-a fumegante tina.- Deve entrar antes de que a água se esfrie -acrescentou.
Nicoletta deixou que a colcha caísse ao chão, jogou a saia a um lado, e se meteu na água quente. Esta parecia escaldar contra o frio sorvete de sua pele, mas se sentou grácilmente na tina. Parecia um luxo pecaminoso banhar-se assim, em uma antecâmara elegante com outros lhe levando a água. Colocou a cabeça sob a água para que seu cabelo flutuasse como algas marinhas.
Maria Pia esperou até que Nicoletta voltou a subir, a água corria por sua cara junto com as lágrimas.
-Dom Scarletti jogou ao Aljandro, despojou-lhe de sua granja. Disse-lhe que abandonasse suas terras ou seus soldados lhe dariam caça. Laurena se levou a babé para criá-lo. O dom não ia entregar ao Aljandro à criança da Lissandra.
Nicoletta se estremeceu violentamente.
-Aljandro matou a Lissandra -disse em voz baixa-. Sabia que tinha que ficar na cama, que podia sangrar-se até morrer, mas isso não lhe importou. Não agarrou ao bebê quando Laurena foi casa a atender a seu famiglia. Era muito problema para ele. Arrastou a Lissandra fora da cama e a golpeou porque estava muito fraco para atender à criança -Jogou-se o cabelo para trás, olhando a Maria Pia com olhos angustiados.
-Sinto muito, bambina -murmurou de novo Maria Pia, suas mãos eram consoladoras enquanto lavava o cabelo negro azulado da Nicoletta.
-Odiava-me tanto, que a deixou morrer. Não ia deixar que me chamassem. partiu e a deixou tendida no chão sozinha. Simplesmente a deixou.
-Laurena me contou isso -admitiu a anciã-. Ela a encontrou e enviou ao Ricardo para te buscar. Aljandro tentou lhe deter e inclusive golpeou ao menino, mas ele conseguiu escapar e chegar até aqui. Nicoletta, não tinha possibilidade de salvá-la. Já era muito tarde quando Laurena a encontrou. Sabe -disse amavelmente.
-Ela tinha tanto medo. Solo me sentei ali, sem lhe oferecer nada. Simplesmente me sentei com ela e a observei morrer. -Nicoletta se passou uma mão pela frente, a dor pulsava ali tão ferozmente que logo que podia respirar.
minha cara, deveria ir contigo e te abraçar até que a pena amaine. Respira por mim, piccola, assim também eu poderei respirar.
As palavras se revolveram em sua mente, aprazíveis e cálidas, uma presença reconfortante. Nicoletta apoiou a cabeça contra o respaldo da tina e fechou os olhos esgotada. Giovanni Scarletti. Não se parecia com nenhum homem que tivesse conhecido nunca. Parecia não ter consideração pelas convenções. Podia fazer coisas que Maria Pia chamaria impuras. Como podia enviar suas palavras para ela com sua mente? Tinha estado temendo perguntar-lhe temendo saber a verdade.
E se era um adorador do diabo? Um feiticeiro? E se era capaz de fazer magia negra? Nicoletta se sentia atraída por ele como nunca se sentou por outro ser humano. sussurravam-se escuras e feias histórias sobre ele. Era capaz de liderar uma sociedade secreta de assassinos como se rumoreaba? Certamente tinha suficientes visitantes com o passar do dia, que se encontravam com ele a sós em seu estudo sem que se permitisse a ninguém oirles. Sabia que era capaz de matar. Muitas vezes tinha partido com seu exército para derrotar a ordas de invasores. Tinha-lhe visto tomar a vida de sua próprio primo. Era capaz de lançar a uma mulher pela torre do castelo? Possivelmente inclusive ter assassinado a sua mãe?
Nicoletta sacudiu a cabeça decididamente. Não acreditava, nem por um momento. Não se enganava a si mesmo pensando que Giovanni era um homem amável. Era capaz de muitas coisas, mas não de matar sem mais. E certamente não de assassinar a uma mulher ou um menino. Podia ser rude, pouco convencional, e desumano... por isso ela sabia, bem poderia estar aliado com o demônio... mas não mataria a uma mulher.
tocou-se a boca, a garganta. Podia ser incrivelmente atrativo. A fazia sentir como se fora especial. Como se a necessitasse. Como se a desejasse. Inclusive como se tivesse que tê-la. Estava na escura intensidade de seus olhos. A posse de seu tato. No desejo que flamejava fantasmalmente em seu ardente olhar. E ainda assim a tinha consolado meigamente. enfrentou-se ao Aljandro por ela, inclusive tinha jogado ao homem de suas terras e lhe tinha enviado longe.
-Foi bom comigo -Nicoletta levantou o olhar para a Maria Pia-. Foi muito bom comigo. Voltei-me um pouco louca, acredito -Sentia a garganta descarnada por rabiar aos mares. -Nunca antes me havia sentido assim. Não tinha nenhum controle absolutamente. Inclusive tentei atacar ao Aljandro, mas ele me lançou contra a parede.
Maria Pia ofegou em voz alta.
-Que fez o que? Fez-te mal? -Imediatamente acendeu as velas ao longo da parede para inspecionar cuidadosamente a Nicoletta. Havia ligeiras magulladoras que danificavam sua coxa e seu quadril esquerda-. Devemos pôr um cataplasma nisso. Não acredito que a ferida seja grave, mas Dom Scarletti não estará contente com magulladoras em sua pele.
Nicoletta abandonou a contra gosto a cálida tina. O terrível tremor tinha cessado, e a água quente tinha restaurado o brilho de sua pele. Recolheu seu comprido cabelo e o retorceu recolhendo-o em um coque folgado com o que trabalhar depois. Sentia que tinha recuperado uma biografia de autocontrol, mas este era tênue no melhor dos casos. Muito lentamente secou sua pele. Estava exausta e desejava ir-se à cama e dormir.
-Esta noite não me importa se os malvados monstros que espreitam o palazzo decidem nos visitar. Eu dormirei. Não me incomodarão.
-Deve comer, Nicoletta -insistiu Maria Pia.
Nicoletta ficou roupa fresca e se acurrucó na cadeira junto ao fogo enquanto Maria Pia abria a porta e indicava a quão serventes esperavam que se levassem a tina. Nicoletta observou as chamas saltarinas e pensou em seu amiga desaparecida.
Foi sozinho quando o mordomo trouxe o jantar que se moveu. Quando já partia chamou brandamente.
-Signore Gostanz, scusa.
Gostanz se girou para ela, com os rasgos cuidadosamente em branco.
-Signorina?
-Grazie. Por sua amabilidade e todos os problemas extra que teve, grazie -disse sinceramente-. Não serei de novo uma moléstia.
Gostanz a olhou fixamente, claramente sobressaltado. Fez uma reverência, um gesto torpe, mas por alguma razão provocou um novo fluxo de lágrimas nos olhos da Nicoletta. Uma sombra caiu sobre eles, a grande figura do dom estava na soleira. Seus olhos brilhantes atravessaram ao mordomo.
-Piccola, por que está chorando? -Foi uma acusação direta ao pobre e indefeso Gostanz. O homem ficou congelado, com a cabeça inclinada, esperando uma reprimenda.
Nicoletta forçou um pálido sorriso.
-O signore Gostanz foi realmente maravilhoso comigo, Dom Scarletti. teve muitos problemas, quando se levanta muito cedo por suas muitas tarefas. Tem você uma casa enorme que funciona à perfeição, deve ser um trabalhador milagroso. Ele é outro de seus tesouros, verdade?
Giovanni estudou ao ancião um comprido momento.
-É certo, Nicoletta. Gostanz, possivelmente seria tão amável de te reunir comigo pela manhã para discutir as rotinas diárias do palazzo. Trabalha muitas horas, e poderia ser necessário mais pessoal para aliviar sua carga.
Gostanz se inclinou várias vezes mais enquanto retrocedia saindo da habitação, sua cara angulosa estava bastante pálida, como se pensasse que seu amo pudesse estar lhe pondo a prova.
Giovanni ficou de pé um momento observando o jogo da luz do fogo sobre os rasgos delicados da Nicoletta. Ela se ruborizou e baixou o olhar para a bandeja que tinha entre as amnos.
-vais olhar me toda a noite? -Muito consciente de si mesmo se retirou as mechas de cabelo úmido que lhe caíam ao redor da cara.
Ele pôde ver que estava tremendo ligeiramente. Assentiu lentamente.
-Se, acredito que poderia fazê-lo.
Maria Pia se situou ao outro lado da habitação, mantendo um olho cauteloso sobre o dom. Sabia que não faria nenhum bem mencionar quão impróprio era ter ao noivo na antecâmara da noiva antes do matrimônio, e estava começando a se sentir-se desesperada. Decidiu que o matrimônio tinha que levar-se a cabo imediatamente ou o escândalo seria enorme. Não havia forma de controlar ao dom. Era uma anciã, solteira, mas inclusive ela podia ver a tensão sexual que bulia entre Dom Scarletti e a jovem a seu cargo.
Nicoletta voltou sua atenção à comida. Bernado se tinha esforçado lhe preparando uma comida que parecia bastante saborosa, mas em realidade, não tinha nenhum apetite. Com um suspiro, deixou-a.
-Não quero ferir os sentimentos do Bernado. Possivelmente poderia te comer isto? -perguntou esperançada ao dom.
-Parece cansada, minha cara -disse Giovanni brandamente, e a levantou da cadeira para acurrucarla contra seu corpo. Estava começando a sentir-se como se esse fora seu lugar.
Nicoletta lhe aconteceu o braço ao redor do pescoço e apoiou a cabeça contra seu ombro.
-Sinto te haver golpeado antes. Foi horrível por minha parte.
Ele enterrou a cara contra seu pescoço e inalou sua fragrância.
-Não recordo semelhante falta de maneiras. Solo me alegra ter estado a seu serviço -Levou-a a cama, muito gentilmente a colocou sob a colcha-. Sente-se uns minutos mais, cara -. Suas mãos lhe soltaram o coque do cabelo no alto da cabeça. Tomou a escova do vestidor e começou a alisar os enredos.
Nicoletta fechou os olhos, tão exausta que se cambaleava de cansaço. Tinha havido tanto sangue. Os olhos da Lissandra tinham estado abertos, olhando desesperadaemnte, lhe suplicando. Imediatamente a visão alagou sua mente, e seu estômago se revolveu. estremeceu-se.
Giovanni se inclinou para ela, suas mãos eram acariciantes enquanto lhe recolhia habilmente o cabelo em uma trança larga e grosa. Dormirá, cara, sem pesadelos, insisto nisso, e aprenderá que sempre me saio com a minha.
As palavras lhe roçaram intimamente a mente. Nicoletta podia dizer que a conexão entre ela e o dom se estava fortalecendo; suas palavras eram muito mais claras, e agora lhe requeria pouco esforço alcançá-la. Se acurrucó sob a colcha, a voz dele era um suave murmúrio, não em voz alta a não ser em sua mente, onde ninguém mais podia oirla, onde nenhum outro podia entremeter-se. Falava-lhe brandamente, consoladoramente, tecendo histórias de aventuras, de arrojo, de formosas terras estrangeiras, levando-as imagens de pesadelo. Todo o tempo a abraçava, suas mãos se moviam em uma carícia sobre o cabelo sedoso. Havia tanta gentileza em suas mãos, tanta ternura em sua voz, que Nicoletta se relaxou e vagou empurrada pela corrente do sonho.
A luz do sol entrava em torrentes através dos grossos cristais tintos, e dançavam cores sobre o mural. Vermelhos e azuis tingiam as estranhas talhas. Nicoletta despertou com um pequeno corpo acurrucado a seu lado. Cautelosamente girou a cabeça, suas pestanas se abriram revoando. Sophie jazia apertada contra ela, o cabelo escuro lhe derramava ao redor da cara. Uma vela derretida estava no chão junto à parede de mármore onde a menina a tinha deixado, um testemunho de sua coragem ao enfrentar ao temido fantasmi em seu esforço por chegar a Nicoletta. Seu manita aferrava a fina camisola branca da Nicoletta.
Nicoletta soltou gentilmente o apertão que mantinha Sophie sobre sua camisola e se incorporou. Maria Pia já não estava na habitação, indicativo de que provavelmente era bastante tarde. Nicoletta não estava acostumada dormir acontecido o amanhecer. Havia um silêncio apagado no palazzo. Nicoletta se estirou perezosamente atravessando a antecâmara para levar a cabo suas abluções matinais. Seu cabelo ainda estava úmido quando se soltou a grosa tranca que o dom tinha feito por ela a noite antes.
Fechou os olhos contra as lembranças que se aglomeravam em sua mente: o sangue da Lissandra e sua cara jovem e se desesperada olhando-a em busca de um milagre que Nicoletta não podia proporcionar. Então olhou à menina inocente que dormia tão pacificamente na grande cama. A esta menina podia ajudá-la e o faria, jurou.
Nicoletta não queria pensar muito atentamente em seu próprio comportamento com o dom a noite passada. Lhe tinha tirado a blusa, lhe expondo o corpo a seu ardente olhar. Nesse momento tinha estado em estado de shock, mas agora a lembrança era vívida, muito mais vívido do que gostaria. O olhar nos olhos do dom tinha sido intensamente possessiva. Em sua mente, havia sentido seus honestos intentos por consolá-la, mas seu olhar tinha contido puro e cru desejo. Começou a sentir o corpo quente e incômodo ante a lembrança.
Suspirou e voltou sua atenção deliberadamente de volta ao mural e às talhas da parede de mármore. Com os raios do sol atravessando os cristais tintos, prismas de cor banhavam e iluminavam a cena. Sobre a colcha, tons vermelhos, verdes, amarelos e azuis formavam um formoso arcoiris. Nicoletta se girou para examirar os painéis das janelas. Estas captaram seu interesse, era tão inusualmente altas, virtualmente uma tapeçaria de imagens entretecidas nos vários painéis circulares. Cenas da vida da aristocracia. Guardiães alados cuidando da famiglia aristrocratico. Entretecidos entre os painéis haviam trepadeiras que uniam as cenas. Era uma autêntica obra de arte, e a filigrana de metal exercia um estranho efeito sobre o mural da parede. As serpentes pareciam completamente diferentes, quase como escadas em espiral que conduziam ao fundo do mar.
Sophie se moveu, seu manita percorreu a cama, obviamente procurando a Nicoletta. Quando descobriu que estava sozinha, soltou um ofego sobressaltado e se incorporou, com os olhos totalmente abertos de medo. Nicoletta se apressou instantaneamente a seu lado.
-Estou aqui mesmo, bambina. Certamente não tem medo. Enfrentou IL fantasmi ontem à noite para compartilhar minha habitação. À luz do dia, nada pode te assustar.
Sophie rodeou o pescoço da Nicoletta com seus magros braços.
-Temia que não voltasse. Margerita disse que foi uma bruxa malvada e Zio Gino nunca se casaria contigo. Insistirá em que te parta longe ou seja lapidada ou afogada. Não gosta e não te quer aqui. -Estalou em lágrimas e abraçou a Nicoletta com força.- Eu te quero aqui, Nicoletta, e não acredito que seja uma bruxa.
Nicoletta acariciou consoladoramente o cabelo revolto do Sophie.
-Margerita só estava tentando te assustar com suas estúpidas histórias. Seu zio é um grande homem. Nem sequer o poderoso rei espanhol se atreveu a invadir suas terras. O rei se tragou a nossos vizinhos, mas não pôde derrotar a seu zio. Uma simples bambina como Margerita não lhe fará trocar de opinião. Beijou a cabeça da menina e procurou sua escova para começar a domar o cabelo do Sophie.- Margerita tem uma imaginação selvagem -Nicoletta foi muito amável enquanto desenrredaba os nós do cabelo da menina.
-Não quero que vá nunca, Nicoletta -confiou Sophie-. Poderia te casar com o mijo pai e então seria a minha mãe.
-vou casar me com seu zio, Sophie, assim serei seu zia e viverei aqui no palazzo. Sempre estaremos juntas, e se alguma vez tenho uma bambina, seu será a zia, e me ajudará muito-. Abraçou à menina-. Não se supõe que teríamos que ir à cozinha e pedir ao Bernado que nos prepare algo de comer? Acredito que nos ficamos dormidas.
Um sorriso se arrastou até os olhos do Sophie, dissipando sua expressão preocupada.
-Devo me vestir -Então sua cara se nublou-. Eles oiste ontem à noite? -Rodeou a Nicoletta a toda pressa para chegar ao oco onde estava a bacinilla.
-ouvi-los? -repetiu Nicoletta. Por alguma razão seu coração deu um salto ante a frase. Suas mãos se fecharam ao redor do poste da cama-. Que oiste ontem à noite, Sophie?
A pequena voltou até a Nicoletta, seus olhos grandes e escuros eram solenes.
-Ouvi-lhes sussurrar de novo. Encontraram-me no quarto dos meninos. Eu acreditava que estava a salvo ali, mas vieram a por mim. Por isso vim e me escondi em sua habitação.
Nicoletta sentiu o coração palpitar como um tambor nos ouvidos. Ela acreditava no Sophie. Tinha ouvidos os estranhos seus murmúrios primeira noite no palazzo. E Giovanni Scarletti podia projetar a voz diretamente em sua mente. Poderia ser que estivesse levando a cabo algum estranho experimento com sua habilidade, e a pobre pequena Sophie estivesse sentindo os efeitos do mesmo?
-Vêem aqui, bambina -convidou brandamente, estendendo uma mão para a pequena. Era consciente de que Sophie esperava ansiosamente ser condenada por mentir como lhe tinha passado no passado-. Quero que me conte isso sempre que ouvir essas vozes. Foi muito valente vindo até mim pelo passadiço. Estou orgulhosa de ti.
-Acredito que me agarrarão logo -confiou Sophie, seu lábio inferior tremia. Agarrou a mão da Nicoletta-. Agarraram à minha mãe, e Margerita diz que me levarão também, aonde nunca voltarei a me cruzar em seu caminho.
-Margerita parece uma jovem muito desagradável -assinalou Nicoletta- e não muito lista. Seu zio há dito que deve me atender nas bodas. Ninguém desobedece a seu zio -Mas os dentes da Nicoletta mordiscavam nervosamente seu lábio inferior. Tinha tido uma estranha premonição de perigo quando Sophie tinha mencionado os sussurros na noite. Nicoletta tinha a sensação de que a menina realmente estava em perigo, mas por que? Que perigo podia representar para ninguém? Não estavam na linha hereditária do palazzo, não com o Giovanni a ponto de casar-se e lhe Vençam e Antonello tão jovens e viris. Indubitavelmente um dos três irmãos cedo ou tarde teria um herdeiro varão.
-Não quero voltar para quarto dos meninos -disse Sophie-. Só os ouço de noite, mas nunca os tinha ouvido ali antes.- Seus olhos escuros eram confiados enquanto levantava o olhar para a Nicoletta-. E se agora estão ali?
-Irei contigo ao quarto dos meninos e te ajudarei a te vestir -ofereceu-se instantaneamente Nicoletta-. Me deve contar isso imediatamente cada vez que ouça as vozes, Sophie. Vamos, já chegamos tarde, e Maria Pia certamente nos franzirá o cenho quando chegarmos à cozinha.
Saíram juntas ao amplo corredor, Nicoletta assentiu por volta dos dois guardas. Enquanto levava ao Sophie salão abaixo, Nicoletta não pôde evitar maravilhar-se ante a beleza do edifício. Produzia uma sensação estranha e fantasmal, uma maldade oleosa que parecia pendurar dos beirais e aferrar-se às estranhas talhas. Possivelmente emanava das horrendas e demoníacas esculturas que as olhavam tão solenemente. Pareciam haver muitos olhos as observando todo o tempo, e Nicoletta temia que alguns deles não fossem humano.
De repente Sophie ofegou e reafirmou seu apertão.
-Nicoletta! -Levada pelo pânico, a menina se deteve no meio do corredor, olhando com puro terror ao homem que vinha para elas em direção oposta. Era alto e magro com cabelo prateado íngreme em todas direções. Teria sido bonito se sua cara não tivesse estado retorcida por um cenho permanente.
Nicoletta viu como os sirivientes se escorriam saindo do caminho do major dos Scarletti, presignándose, obstinado crucifixos como talismãs. Quando o avô do dom se aproximou de vários trabalhadores, estes se afastaram apressadamente dele, como se pensassem que era um demônio e não se atrevessem a lhe olhar. Ela estudou a cara do ancião. Era orgulhosa, arrogante, e estava retorcida por uma espécie de fúria feroz. Sua cabeça estava alta, e golpeou a um par de sirivientes atrasados com o fortificação que utilizava mais como arma que para ajudar-se a caminhar.
-Corre, Nicoletta -sussurrou Sophie-. Devemos fugir.-Atirou e empurrou a Nicoletta para fazer que a seguisse mas não soltou sua mão. Sophie não fugiria abandonando a sua única amiga. Quando Nicoletta se negou a mover-se, Sophie se escabulló atrás dela em busca de amparo, tentando ocultar-se nas dobras de sua ampla saia.
Nicoletta apertou a mão da menina para tranqüilizá-la. Esperou tranqüilamente enquanto o ancião se aproximava delas, seu cenho se obscurecia a cada passo, seus rodeie povoadas se encontravam em uma linha reta e feroz. Nicoletta lhe sorriu quando esteve quase sobre elas, caindo em uma grácil reverencia e atirando do Sophie para que fizesse o mesmo.
-bom dia, Signore Scarletti -disse decididamente-. Vamos à cozinha a ver se podemos persuadir ao Bernado para que nos prepare alto de comer, embora cheguemos muito tarde. Gostaria de unir-se a nós?
Os passados do ancião se cambalearam. Balbuciou uma resposta ininteligível, parecendo de repente vulnerável. ficou de pé um momento com aparente indecisão, depois recorreu a sacudir sua fortificação para ela. Pareceu um intento desinteressado de atentar contra Nicoletta, mas Sophie escondeu a cabecita detrás a Nicoletta, assustada, e os guardas se adiantaram protectoramente.
Nicoletta riu brandamente, o som resultou feliz e invitador nos amplos salões.
-Se tivesse um fortificação, bom senhor, poderia você me ensinar a me bater em duelo. Poderíamos nos divertir muito aqui no grande palazzo, embora esteja segura de que seríamos severamente repreendidos pelo dom -Inclinou-se aproximando-se dele-. Pode ser um pouco feroz com suas reprimendas, mas eu estou disposta a me arriscar se o estiver você.
fez-se um pequeno silêncio. Nicoletta sentia aos guardas preparados para entrar em ação se houvesse necessidade de proteger a de sua própria loucura. Vários dos serventes se tornou e estavam observando o intercâmbio com horrorizado silêncio.
O ancião a olhava fixamente. Por um momento sua boca pareceu tremer como se estivesse lutando por sonreir, mas parecia ter esquecido como fazê-lo. Murmurando algo pelo baixo, passou junto a ela sem falar e se apressou a descer pelo corredor. Uma vez olhou atras, e a Nicoletta pareceu quando lhe viu, que seus anciões olhos estavam aquosos.
-Nicoletta -disse Sophie brandamente-. o nonno do dom não gosta a ninguém, e ninguém gosta a ele. Zia Porta diz que me matará um dia enquanto durmo se não que mantenho fora de seu caminho. Matou a sua própria esposa. Inclusive Margerita lhe tem medo. Não pode falar com ele, Nicoletta. É possível que nem sequer Zio Gino possa te proteger de seu nonno.
-É possível que tenhamos que ser seus amigas -assinalou Nicoletta amavelmente-. Não é bom estar sempre sozinho, Sophie. E não acredito que seu Zio Gino permita nunca que seu avô lhe mate enquanto dorme. Seu Zio Gino te quer muito, e quem mais recordaria meus sapatos por mim se não o fizer você?
Sophie riu.
-Nunca te vi levar sapatos, Nicoletta. Tem sapatos?
-Pequeno fantasia de diabo -Nicoletta franziu o cenho burlonamente. Sophie era exatamente o que necessitava depois do trauma da noite anterior. A menina era cativante, doce e estava ansiosa por agradar. Não tinha a autoconfianza da Ketsia, mas estava ganhando rapidamente segurança. Quando mais permanecia Nicoletta a seu lado, mais parecia Sophie uma menina normal, feliz e curiosa e disposta a agradar e jogar. Fez uma piscada à pequena-. Adivinha o que vamos fazer hoje!
-O que? -perguntou Sophie ansiosamente, saltando em sua euforia. Abriu de repente a porta do quarto dos meninos e se deteve para permitir que Nicoletta passasse primeiro.
Nicoletta entrou sem duvidar.
-vamos explorar -Riu brandamente ante a expressão horrorizada do Sophie-. Faremo-lo. vamos limpar o passadiço entre o quarto dos meninos e minha habitação. Não quero todas essas terríveis arranha pendurando das paredes.
Sophie sacudiu a cabeça tão vigorosamente que seu cabelo voou em todas direções.
-Não podemos ir ali. E se Papai nos apanha?
Nicoletta ajudou à menina a vestir-se.
-Nisso consiste a diversão, tola piccola. Temos que fazê-lo às escondidas. Você será o vigia.
-Isso que é? -perguntou Sophie. Parecia um trabalho importante, e um pouco emocionante.
-depois de que convençamos ao Bernado para que nos prepara uma comida, voltaremos para minha habitação e fecharemos a porta. Enquanto eu estou no passadiço, você ficará em minha habitação e vigiará que ninguém nos descubra. Idearemos um sinal, como cantar ou cantarolar, para me advertir se vier alguém-. Nicoletta riu alegremente-. E depois de nos ocupar do passadiço, ocuparemo-nos de fazer algo para fazer estava habitação muito mais agradável para ti.
Sophie sacudiu a cabeça rapidamente.
-As vozes me encontraram aqui. Não me querem aqui. Tenho que dormir contigo. -Seus olhos eram grandes e melancólicos-. Não me invento isso. Zia Porta diz que sou uma menina malvada por contar semelhantes historia, mas lhes ouvi. Escondi-me sob as mantas, mas não se detiveram.
Nicoletta acariciou o cabelo do Sophie uma vez mais depois de que a menina se trocasse de roupa, mais para dar-se tempo a pensar e consolar a quão pequena para outra coisa.
-Sophie, pôde entender as palavras? Alguma vez as vozes lhe dizem coisas?
-Querem que vá. São como o nonno do Zio Gino. Querem que vá longe e não volte nunca.-Sophie estendeu a mão para tomar a da Nicoletta, abrindo a boca para falar, mas não saiu nenhuma palavra. Em vez disso, seus olhos se encheram de lágrimas.
Nicoletta se ajoelhou instantaneamente e agarrou à menina entre seus braços.
-me conte, bambina. Não tenha medo a me contar isso
-Zia Porta disse a Margerita que estou perdendo a cabeça como a minha mãe. Disse que a minha mãe ouvia vozes de noite, e que ambas estamos loucas. Não quero estar louca -Seus olhos escuros estavam cheios de pena-. Crie que o estou?
Nicoletta abraçou ao Sophie fortemente.
-Bom, eu ouvi as vozes também, Sophie. Assim se estiver louca, e sua mãe estava louca, então eu devo estar louca também.- Sorriu à menina, sacudindo a cabeça-. Não te passa nada mau, bambina, me acredite. Nada absolutamente. Averiguaremos o que está passando com essas vozes. Possivelmente seja sozinho uma estúpida brincadeira. Há muitas explicações possíveis.
Secretamente, Nicoletta pensava que passava passando algo sinistro.
Inesperadamente, pensou na atrativa voz do dom arrastando-se até o interior de sua mente, sem dúvida era capaz de enviá-la a outros. Mas por que a pequena Sophie? Qual seria o propósito de conduzir a uma menina à loucura? Nicoletta se esfregou as têmporas e percorreu o quarto dos meninos com o olhar. À luz do dia, a habitação tinha autêntico potencial para ser realmente formosa. Uma jovem mãe poderia arrumar-lhe para fazer bastante com semelhante habitação. Tirar as pesadas cortinas escuras fariam muito por dissipar a tristeza. Sacudiu a cabeça, tentando livrar-se da voz do Giovanni roçando seductoramente sua mente. Criava uma incrível intimidade entre eles. Mas podia ver o perigo do mau uso de um dom semelhante.
Sophie não pareceu notar que Nicoletta se ficou muito calada quando abandonaram o quarto dos meninos. Estava bastante feliz depois do consolo da Nicoletta, e saltou pelo corredor até a escada. Nicoletta a seguiu a um passo mais tranqüilo, com o ameaçador significado do murmúrio de vozes dando voltas em sua cabeça. As vozes tinham que significar algo. Possivelmente eram inclusive um presságio de morte. Nicoletta acreditava que era possível que houvesse espíritos vivendo na casa, malvados ou bons. Às vezes a impressão de maldade era muito forte no palazzo. Nicoletta sacudiu a cabeça. Não queria que a noção do mal persistisse. Queria desprezar as possibilidades, não assustar-se a si mesmo com tolices supersticiosas. O mais provável era que houvesse uma pessoa viva depois do mal do palazzo, não um espírito.
Sophie tinha entrado na cozinha antes da Nicoletta, e um dos guardas tinha ido diante também. Entrou atrás deles e levantou a vista a tempo para ver o guarda beber de uma taça e colocá-la cuidadosamente de volta em seu lugar na mesa. Depois se afastou, sem olhá-la, para ficar contra a parede.
Nicoletta saudou o Bernado. Ele também atuava de forma estranha, quase culpado. Por um momento, quando se sentou frente a Sophie na pequena mesa, teve medo de comer, medo de que a comida estivesse envenenada Tocou a taça que da que o guarda tinha bebido e voltado a colocar. Olhou-lhe, depois outra vez à taça.
A compreensão emergiu. Olhou fixamente ao Bernado, que estava de repente muito ocupado com seus preparativos. Celeste, seu ajudante, estava removendo bastante vigorosamente algo em uma grande terrina. Solo Sophie parecia normal, tagarelando com todo mundo enquanto comia rapidamente, agradecendo a comida do Bernado e a ausência da rezongona Maria Pia.
Nicoletta empurrou a comida por seu prato. Olhou ao guarda de novo.
-O dom te deu órden de provar tudo o que vírgula ou bebê.-Fueuna declaração, mas seus olhos escuros foram firmes sobre a cara do guarda, lhe animando a responder.
Ele tentou apartar o olhar, depois olhou impotentemente ao outro guarda, claramente procurando ajuda. esclareceu-se garganta.
-Se, signorina. É um de meus deveres.
Ela tamborilou com os dedos sobre a mesa.
-Se a comida estivesse envenenada, adoeceria -Exasperada, olhou para o Bernado em busca de ajuda, mas o cozinheiro se negava teimosamente a olhá-la. Estava ocupado fiscalizando o trabalho de Celeste-. Duvido que a comida envenenada atue tão rapidamente. Em qualquer caso, não quero que adoeça porque alguém queira me fazer danifico.
O soldado se encolheu de ombros.
-É uma prática comum, signorina. faz-se com todo os membros da familgia.
-O dom faz que se prove sua comida? -Não parecia próprio de Dom Scarletti permitir que outro se arriscasse por ele. A imagem dele com os braços estendidos, afastados dos flancos, enquanto o assassino tentava lhe matar perto das covas se arrastou inesperadamente até sua mente.
O guarda intercambiou outro olhar bastante envergonhado com seu companheiro e depois com o cozinheiro. Um lento sorriso curvou a boca suave da Nicoletta.
-Não tem que responder. Acredito que o entendo.- Não podiam falar de sua "conspiração" a costas do dom. Obviamente estavam tentando proteger ao dom a pesar do fato de que ele nunca lhes permitiria ficar em perigo provando sua comida-. Mas, é obvio, não quero que ninguém se arrisque de novo por mim. Digo-o a sério. Falarei com o dom e farei que rescinda a ordem. Não há necessidade, nem quero a responsabilidade de que algum de vós fique doente. Entendo que precisem lhe proteger... a ele-. Olhou de novo à menina de olhos abertos como pratos, que foi distraída com o último oferecimento do Bernado-. Bom, já sabem o que quero dizer. Mas eu não estou na mesma posição que ele. -Disse isto último um pouco fracamente.
Os dois guardas se sorriram o um ao outro e olharam significativamente seus pés descalços. Não foram escutar suas ordens por cima das de seu dom. Nicoletta se rendeu, decidida a ter um bate-papo com Dom Scarletti à primeira oportunidade. Enquanto os guardas estavam ocupados comendo seu próprio café da manhã a certa distância, Nicoletta brincou com o Sophie, distraindo-a rapidamente da conversação anterior. Moveu deliberadamente as sobrancelhas e fez escandalosas referências sussurradas sobre o passadiço e a grande aventura que certamente correriam juntas. Nenhum dos guardas tinha estado de serviço a noite antes, assim não tinham notado que Sophie não tinha passado toda a noite na antecâmara da Nicoletta. Nicoletta agradeceu não ter que dar explicações sobre como a menina tinha chegado ali.
Sophie se aproximou dela quando terminaram sua comida.
-E a Signorina Sigmora? Possivelmente nos agarre e nos olhe assim. -A menina trocou a cara a um cenho severo. Resultou tão fiel representação da feroz desaprovación da Maria Pia que Nicoletta, os dois guardas, Bernado e Celestes romperam a reir.
Nicoletta agarrou a mão da menina para tirar a da cozinha e deu as obrigado apressadamente ao cozinheiro e seu ajudante.
-Está conseguindo ser muito boa nisso, Sophie. Uma destas vezes, Maria Pia te agarrará, e então as duas teremos problemas. Sabe o nome dessa donzela? -Assinalou a uma jovem que limpava afanosamente o nicho do altar da Madonna.
Sophie sacudiu a cabeça, mas Nicoletta foi impertérrita em sua busca. Em questão de momentos a donzela se estava rendo com ela, e a vassoura ficava em posse da Nicoletta. Os guardas sacudiram as cabeças antes seu comportamento imprevisível mas a seguiram escada acima de volta a sua habitação. Os olhos da Nicoletta dançaram para eles.
-lhes assegure de vigiar bem aí, e nos advertir se ao dom ou Maria Pie lhes ocorre aparecer.
Os guardas se olharam o um ao outro suspicazmente.
-A Signorina Sigmora? -perguntou-lhe um.
Sophie assentiu vigorosamente.
-Vamos A... -ficou uma mão sobre a boca e olhou a Nicoletta.
-Limpar -acrescentou Nicoletta apressadamente-. Uma surpresa para a Maria Pia. lhe repugna o pó, e a habitação está realmente poeirenta.
-O dom quereria que alguém domestica fizesse a limpeza, indubitavelmente não sua noiva- assinalou o guarda. Elevou a sobrancelha para seu companheiro, que solo se encolheu de ombros e sorriu ante as estranhas condições de seu cargo.
-À a Signorina Sigmora gosta das coisas de uma certa forma -corrigiu Nicoletta, empurrando ao Sophie ao interior da habitação, onde ambas romperam a reir-. Eu estou bastante acostumada a fazer as coisas como lhe gosta-. Nicoletta fechou apressadamente a porta ante as expressões surpreendidas dos guardas-. Não podia contar uma mentira, ou Maria Pia me faria acender quantidade de velas à boa Madonna e me ajoelhar para rezar durante muito, muito tempo.
-Está segura de que não te encontrará com o IL fantasmi? -perguntou Sophie. O que antes tinha parecido uma grande aventura era um pouco mais aterrador quando realmente estavam a ponto de fazê-lo.
-Se realmente existir tal coisa -disse Nicoletta enquanto examinava o bordo liso da parede procurando o mecanismo oculto- solo sairia de noite.
Sophie suspirou e colocou seu corpo entre a Nicoletta e a parede para poder guiar a mão da Nicoletta até o lugar correto.
-Aí dentro está escuro -advertiu Sophie-. Possivelmente IL fantasmi não pode ver a diferença.
Retrocederam quando a parede pareceu cobrar vida. O sol tinha trocado de posição, e Nicoletta notou que as estranhas diferenças provocadas pelas janelas tintas já não eram evidentes. Tinham convertido o mural em imagens de perversidade e julgamento final. Ou não? Olhou com mais atenção. As criaturas aladas arraigadas no mármore estavam tentando liberar as desafortunadas vítimas das serpentes marinhas?
-Nicoletta! -Sophie atirava de sua saia-. Vê o escuro que está?
Nicoletta olhou para o interior e ficou surpreendida de quão escuro estava em realidade. Ali não havia janelas, o passadiço parecia negro por dentro. Quando acendeu uma vela e a sustentou em alto, esta iluminou os brilhantes tecidos de aranha, brancos toalhas de mesa de sedosos fios que cobriam as paredes e penduravam dos tetos. Levantou o olhar às paredes com a esperança de encontrar um suporte para sua vela, mas não encontrou nenhum. viu-se forçada a colocar a vela precariamente no chão.
Nicoletta estudou o passadiço. Era estreito em comparação com os cavernosos corredores do palazzo, mas um homem de larguras ombros, como Giovanni Scarletti, poderia passar ainda assim sem arranhá-la pele. Por muito que desejasse explorar, ver aonde conduzia o passadiço, Sophie estava assustada, respirando com rapidez, quase saltando em seu terror. Nicoletta se contentou tirando os tecidos de aranha entre o quarto dos meninos e sua habitação. As paredes do passadiço pareciam lisas, as portas secretas obviamente estavam ocultas a ambos os lados. O chão inmeditamente fora da habitação era feito de marmol mas dentro logo dava passo a pedra mais desigual e granulada.
Recuperou a vela e avançou mais no escuro interior, sujeitando em alto a luz para poder ver mais à frente do quarto dos meninos. Estendeu a mão tentativamente com a vassoura nela, limpando as paredes lisas com a esperança de descobrir outra porta. Em vez disso, algo caiu do alto da parede, um objeto pesado, plano e bicudo que cortou limpamente a manga da vassoura, fazendo que o extremo de cerdas estralasse no chão. O coração quase lhe parou quando a enorme folha desapareceu com um silêncio ameaçador de volta ao teto, como se nunca tivesse existido. Ofegando, Nicoletta, deixou cair a vela, que caiu ao chão de pedra e rodou, extinguindo a chama. Imediatamente o passadiço pareceu um lugar escuro e sinistro, uma armadilha mortal, e se estremeceu ao pensar no Sophie atravessando-o. ficou congelada, temendo mover-se, olhando ao redor agora com olhos abertos e assustados.
Depois dela, Sophie mantinha a porta aberta, levando a cabo corajosamente sua parte da aventura, completamente inconsciente do perigo muito real para qualquer que entrasse no passadiço. A menina era a única possibilidade de escapamento da Nicoletta. Se a parede de mármore se fechava de algum modo, seria incapaz de encontrar a saída. Não tinha nem idéia de onde estavam localizadas as portas ou sequer como as abrir. Não tinha nem idéia do que outras armadilhas ocultas jaziam à espera de uma vitima confiada mas estava segura de que as havia, cada uma delas tão letal como a que tinha disparado acidentalmente. Agora, na escuridão, depois de presenciar o súbito descida dessa horrenda folha, sentia as vibrações de violência. Muito cautelosamente, Nicoletta se deu a volta, cuidando de não tocar as paredes e colocando os pés com cuidado, um diretamente diante do outro, para minimizar o risco de pisar na pedra equivocada.
Cara! Podia oir claramente a ansiedade na voz do dom. O que acontece? Seu medo me está afligindo.
O som da voz dele roçou tão gentilmente sua mente que resultou instantaneamente reconfortable. Nicoletta as arrumou para tomar um profundo fôlego, exalando antes de caminhar lenta e cuidadosamente para o ponto de luz que era a porta aberta ainda a vários passos dela. Desejou ter o talento particular de Dom Scarletti para poder lhe responder. Era aterrador mover-se na escuridão, temendo inclusive às paredes e ao teto. Utilizou o que ficava da vassoura para tocar as pedras que tinha diretamente diante antes de colocar o pé.
Ouviu chiar ao Sophie, ouviu-a gritar seu nome, e para horror da Nicoletta, a cabeça da menina se retirou ao interior da habitação. Ao momento, a grosa parede de mármore se fechou de repente, o débil ponto de luz se extinguiu, deixando o passadiço em absoluta escuridão. ficou congelada, o coração lhe pulsava tão forte que quase o ouvia ressonar no estranho silêncio.
Nicoletta tentou obrigar a sua mente a afastar o medo e o pânico. Não importava a luz diurna de fora; ali no passadiço sempre era de noite. Podia oir os arranhões de ratos, pequenos sons que faziam que lhe gelasse o sangue. O ar era rançoso e espesso, pesado e imóvel, opressivo com seu silêncio. Gotas de suor começaram a correr por sua pele. Ao contrário que o palazzo que tinha tanta ventilação, o passadiço era sufocante. O teto baixo e as paredes pareciam esmagá-la, sem deixar nenhum espaço para o ar.
Quadrou os ombros e se disse que simplesmente era um ambiente pouco familiar. Com freqüência ficava sozinha nas colinas, por onde rondavam ursos e lobos. Isto não era diferente. Ambos os lugares eram potencialmente perigosos mas não necessariamente letais. Apesar de sua firme instrução, Nicoletta não podia obrigar a seus pés a avançar. Essa folha oculta tinha saído de nenhuma parte e tinha desaparecido tão silenciosa como facilmente. A evidência... em forma de manga de vassoura... estava entre suas mãos.
O que ocultava o passadiço? Aonde conduzia? O que era tão secreto que alguém tinha preparado armadilhas letais para protegê-lo? Um roedor curioso tocou seu tornozelo com um diminuto nariz úmido, e ela gritou, avançando em linha reta, temendo tocar as paredes. O retumbar em sua cabeça parecia mais forte, e por um momento ficou literalmente afogada de medo.
Justo diante apareceu uma débil greta de luz. Ao princípio uma simples fenda, mas depois a luz iluminou o passadiço. A figura grande de um homem encheu a soleira aberta. Nicoletta se lançou para frente, sem preocupar do decoro, sem preocupar do estado dele. Correu aos braços de Dom Scarletti, quase lhe empalando com os restos da manga da vassoura que tinha firmemente obstinado na mão.
Giovanni envolveu os braços a seu redor e a sustentou firmemente, enterrando a cara em seu cabelo. Tomou a precaução de lhe tirar a manga da vassoura e atirá-lo ao interior da antecâmara. Seu corpo estava tremendo ligeiramente, e esperou ali, ainda parcialmente no passadiço, dando tempo a seu coração para acalmar-se. Depois arrastou a Nicoletta de volta ao dormitório e a sacudiu ligeiramente, furioso porque as tivesse arrumado para lhe assustar quando nenhum homem tinha podido fazê-lo antes.
Bruscamente, seus braços voltaram a aproximá-la e envolvê-la protectoramente.
-considerei o te encerrar na torre, piccola, mas suspeito que inclusive aí lhe arrumaria isso para te colocar em problemas. -Sussurrou as palavras com exasperação contra seu ouvido. Nicoletta se permitiu o luxo de acurrucarse contra ele, para poder oir o tranquilizardor pulsado de seu coração. Era sólido e forte. Ele inclinou a cabeça para a dela, sua mão lhe elevou o queixo de forma que sua boca encontrasse a dela com total desespero. Saboreou seu medo por ela, sua fome. Uma necessidade tão elementar como o tempo. Era ferozmente protetor. E seu beijo foi a coisa mais pecaminosamente íntima que tinha experiente nunca.
Sentiu a forma em que o corpo dele se endurecia, os braços eram como bandas de ferro a seu redor, a virilha quente e agressiva. Mas sua boca... movia-se sobre a dela como ardente seda. Brincava e insistia. Acariciando e tentando. No momento em que se relaxou e rendeu, abrindo sua própria boca, ele tomou o controle absoluto, lançando-a a um mundo onde solo havia sensações. Solo Giovanni e Nicoletta e pura sensação. Por própria vontade, seus braços se arrastaram para cima para lhe rodear o pescoço, e seu corpo se derreteu, brando e flexível, contra o dele. Encaixavam perfeitamente apesar das diferenças de seus tamanhos. Como se fosse as metades do mesmo tudo.
Giovanni aprofundou seu beijo, exigindo, dominando, banhando-a sem piedade com a crescente onda de sua própria selvagem compaixão. E lhe seguiu aonde a conduzia. Deslizou-lhe as mãos pelas costas, moldando sua pequena cintura para deslizar-se sobre a curva de seu arredondado traseiro, arrastando-a ainda mais perto até que esteve pressionada firmemente contra ele.
-O que está acontecendo aqui! -A voz da Maria Pia soava indignada-. Dom Scarletti, exijo que deixe a essa menina imediatamente!
A boca do Giovanni ardia de desejo, movendo-se sobre a da Nicoletta, sua língua dançava e lutava e banhava seu corpo de ardentes chama até que se afogou em seu próprio desejo. Deixou escapar um som. Um suave gemido de frustração e desejo. Lentamente, com infinito cuidado, beijou a contra gosto a comissura da boca, depois descansou a frente contra a dela como se não tivesse forças para levantar a cabeça.
-Nicoletta! -A voz da Maria Pia foi mais aguda que nunca, e esta vez penetrou o suficiente como para que Nicoletta ouvisse a nota de medo.
Desconcertada, olhou ao Giovanni, seus olhos escuros lhe examinaram atentamente a cara. Lhe sorriu, a expressão de seus olhos era tão tenra que lhe roubou o fôlego. Cuidadosamente lhe tirou um tecido de aranha das sedosas mechas de cabelo.
-Tiraste-me dez anos de vida -confiou-lhe muito brandamente.
-Obrigado por me resgatar -Sua voz não parecia a sua. Era rouca e suave, um sedutor convite, e se encontrou a si mesmo ruborizando-se grosseiramente.
O dom girou a cabeça para olhar a Maria Pia. inclinou-se ligeiramente, um gesto custem e elegante.
-Acredito que vou ter que insistir em que seu fique com sua protegida todo o tempo, Signorina Sigmora. É isso ou que os guardas estejam apostados dentro de sua habitação-. Um escuro cenho escureceu sua cara ante a idéia de dois homens na antecâmara da Nicoletta.
-Esse passadiço é perigoso, Dom Scarletti -anunciou Nicoletta, assinalando a manga seccionado da vassoura como prova-. Sophie o esteve utilizando para chegar do quarto dos meninos a minha habitação. Seu pai sabia. -Sua voz continha acusação embora tentou com todas suas forças manter-se neutro.
As sobrancelhas dele se dispararam para cima.
-me chame Giovanni -assinalou ele, seus lábios estavam tão escandalosamente perto de seu ouvido que sentiu a calidez de seu fôlego lhe esquentando de novo o sangue-. Está totalmente proibido utilizar o passadiço. Sophie sabe, e indubitavelmente lhe Vençam sabe. trocou-se ao Sophie do quarto dos meninos quando tirou o chapéu que conhecia o passadiço. Lhe advertiu várias vezes do perigo. lhe vençam e eu lhe proibimos utilizá-lo. Há numerosas armadilhas aí, e mais de uma pessoa morreu tentando encontrar o tesouro ou escapar por volta do mar.
Nicoletta elevou uma sobrancelha.
-ouvi falar dos Scarlettis sob assédio que escaparam sem ser vistos até o mar, mas nunca tinha ouvido rumores de um tesouro oculto.
Giovanni encolheu seus amplos ombros com despreocupada facilidade.
-diz-se que nosso antepassado, Francisco Scarletti, que fez construir este palazzo, incluiu o passadiço oculto para permitir que os membros da família escapassem até os navios enclados à espera se houvesse necessidade. Poucos sabem como manobrar no passadiço ou nas rochas da baía, mas Francisco desenhou cuidadosamente um mapa para futuras gerações. mais de uma vez, durante uma invasão, o passadiço e a baía se utilizaram para escapar. Nos dias nos que o palazzo foi construído, as fortalezas ocultavam com freqüência armadilhas elaboradas para os invasores. Francisco tinha reputação de ter um tesouro sem igual. Sólidas esculturas de ouro. -Cruzou a habitação com sua graça natural, e elevando o bote dourado de sua prateleira, o ofereceu a Nicoletta-. Estas peças foram protegidas de todo invasor, incluindo à a Santa Igreja.
Ela ofegou ante a admissão aberta da necessidade de proteger as riquezas da Igreja e olhou a Maria Pia, que se presignaba devotamente. Nicoleta era também relutante a agarrar a escultura. Era uma peça deliciosa, ricamente detalhada e altamente ornamentada. Admirou o engenhoso trabalho, a atenção ao detalhe e o devolveu imediatamente.
-por que o tem nesta habitação? Deve valer uma fortuna. Alguém poderia roubá-lo.
Por um momento os olhos do dom brilharam perigosamente.
-Acredito que isso é do mais improvável. -Sua voz foi um ronrono ameaçador.
-E há mais destas esculturas? -animou ela.
Giovanni assentiu.
-O rei da Espanha se anexou a maior parte das cidades e estados desta região. Eu me arrumei isso para repelir seus exércitos em nossas terras, e ele não quer suportar mais pesadas perdas. Ainda assim, meus "antepassados" com seus mapas e passadiços ocultos, guardavam seus segredos no caso de eu falhasse em detectar uma ameaça a tempo para evitar que os invasores nos invadam. No momento temos um tratado incômodo com a Espanha, mas a cobiça pode inclinar a balança. Há um rumor de guerra com a Austria. A Espanha gostaria de pôr as mãos em nossos cofres. Isto não é algo do que falar com nenhum outro, assim confio em que você e a Signorina Sigmora permanezcais em silencio sobre o assunto. O passadiço é um mal necessário, e agradeço que tenha atraído minha atenção sobre que a bambina o tenha estado utilizando. Ninguém pode chegar ao mar sem o mapa. Cada seção tem numerosas armadilhas para atrasar o anemigo e permitir que a famiglia escape. Solo o dom em funções sabe onde está o mapa e como lê-lo.
-Deveu me haver advertido -repreendeu-lhe Nicoletta.
Um lento sorriso eliminou a linha implacável da boca dele e iluminou seus olhos escuros.
-Não me ocorreu que uma mulher entrasse em semelhante lugar. Em realidade, não acreditei que nem sequer ouvisse falar dele. No futuro, não explore até que consulte comigo.
Ela elevou o queixo uma fração.
-Sempre está ocupado, e não quero te incomodar. Normalmente não me meto em dificuldades.
Ele soltou um som afogado.
Nicoletta lhe fulminou com o olhar.
-Não me meto em dificuldades. E tomei precauções. Sophie estava me vigiando. Estava sujeitando aberta a porta.- ficou as mãos nos quadris-. Onde está esse pequeno fantasia de diabo?
-Eu sabia que estava em perigo, e me corri abandonando do modo mais impróprio a meu importante visitante e subi a esta habitação. A porta estava fechada por dentro -disse-o como uma acusacion- assim ameacei jogando-a abaixo. Sophie, indubitavelmente tremendo ante minhas ameaças, correu a abrir a porta. Deixou cair a chave fora da fechadura ao menos três vezes, de medo. Estou seguro de que será severamente castigada por sua parte nesta escapada. A parede deve haver-se fechado quando se apressou a me abrir a porta. Foi uma experiência desoladora, esperar a que a menina me deixasse entrar.
-Porque provavelmente a assustou a morte -disse Nicoletta com exasperação, sem simpatizar absolutamente com seus queixa-. Não compreende que se não a tivesse assustado, a parede alguma vez se teria fechado, e eu teria saído do passadiço sem nenhum problema? Pobre pequena, provavelmente esteja chorando.
-Sem dúvida -admitiu ele secamente. Deslizou-lhe a mão ao redor da garganta, quente, forte e muito intimamente-. Pedirei ao santo pai que nos permita nos casar imediatamente. Estará de acordo.
-Possivelmente isso não seja tão boa idéia -apressou-se a intervir Maria Pia, agarrando a mão da Nicoletta e atraindo a jovem firmemente a seu flanco. longe de Dom Scarletti. Nicoletta pôde sentir tremer à anciã.
-O que acontece, Maria Pia? -perguntou amavelmente.
-Cristano não voltou para villaggio -anunciou, seus olhos pálidos estava fixos no dom com acusação.
Fez-se um silêncio absoluto na habitação. Uma corrente fria pareceu sair das mesmas paredes e rodear a Nicoletta. Esta se estremeceu, e profundamente em seu coração, ouviu seu próprio grito de protesto silencioso. Havia maldade passeando-se pelo palazzo. Olhou a Dom Scarletti, seu olhar se cruzou com a dele. Feroz. Intensa. Alma a alma. Nem sequer podia sentir a mão da Maria Pia na sua. Ela e o dom eram as duas únicas pessoas que existiam. Estava-a observando atentamente, sua mente estava na dela. Sentia-lhe ali. Estava esperando em silêncio a que lhe condenasse.
Inesperadamente chegou a imagem de seus nódulos arranhados, a gota de sangue incriminadora em seu, por outra parte, imaculada roupa. Nicoletta sentiu seu coração palpitar incómodamente. O olhar dele continuava fixa na sua, e não podia apartar-se. Sabia o que estava esperando, sabia que esperava que lhe recriminasse. Dom Scarletti, IL Demônio do palazzo. A maldição. Os sussurros. Os rumores.
Giovanni permaneceu alto e erguido, seus olhos negros insondáveis, seus rasgos cuidadosamente inexpressivos. Nicoletta tomou fôlego e o deixou escapar lentamente.
-Enviará a seus homens a registrar o labirinto inteiro lhe buscando? Possivelmente Cristano não pôde encontrar a saída.
Ele se inclinou ligeiramente.
-Imediatamente, piccola. E enviarei às colinas para ver se o menino resultou ferido em seu caminho a casa -acrescentou deliberadamente para lhe recordar os numerosos viajantes que tinha cansado vítima de animais selvagens, o terreno, ou inclusive ladrões. Sua voz foi incrivelmente amável. Uma calidez roçou as paredes de sua mente fazendo que se sentisse em certo modo reconfortada.
Nicoletta tragou o nó de sua garganta. Era difícil pensar com claridade com o dom observando-a tão intensamente. Agora podia sentir nela os olhos da Maria Pia, tão acusadores como quando se posaram em Dom Scarletti.
-Você foi a última pessoa que viu o Cristano com vida, Dom Scarletti -Maria Pia disse o que Nicoletta não ia dizer. Seu mesmo tom era uma declaração de culpabilidade.
-Não sabemos se estiver morto, Signorina Sigmora -assinalou Giovanni brandamente. Sua voz continha um fio de ameaça, como se sua paciência se estivesse esgotando rapidamente-. Se o jovem encontrou seu final no labirinto, os carroñeros seriam os primeiros suspeitos.
O alívio atravessou a Nicoletta.
-Isso é certo, Maria Pia -disse. Mas um terrível temor se arrastava até sua mente, coração e alma como uma sombra escura. Ela saberia se alguém tivesse resultado ferido, verdade? Sempre sabia.
Maria Pia enfrentou ao dom com valentia.
-As bodas deve pospor-se até que o jovem seja encontrado -desafiou. Se resultar você exhonerado. As palavras ficaram sem dizer, mas brilharam ali na habitação, tão vividamente como se Maria Pia as tivesse pronunciado em alto como condenação.
Os olhos negros brilharam amenazadoramente
-Nada deterá as bodas, Signorina Sigmora. Nem você, se este jovem errante. Por isso eu sei, desapareceu com toda a inteción de deter os planos de bodas. Estaremos casados na manhã. -Era um decreto, os escuros ragos do Giovanni se mostravam implacáveis.
Por um momento Maria Pia pareceu ir revelar se, mas as palavras do dom pareceram impregnar. Ela conhecia bem ao Cristano. Tinha um temperamento infantil e, se lhe tinham humilhado, podia zangar-se durante dias. Era bastante capaz de desaparecer para assustar à compassiva Nicoletta e assim castjgarla por não casar-se com ele como tinha exigido. Ainda assim, tinha a sensação de que Nicoletta estava em terrível perigo, e desejava desesperadamente tirá-la do palazzo. Maria Pia olhou a jovem a seu cargo.
-Possivelmente me preocupo com nada -disse brandamente, olhando ao estou acostumado a derrotada. Dom Scarletti não há a entregar a sua amada Nicoletta, podia vê-lo em sua agressividade masculina, em sua postura possessiva cada ver que se aproximava da jovem. Possivelmente era seu medo pela Nicoletta, vivendo em um ambiente semelhante, o que tinha provocado que condenasse ao dom tão apressadamente.
Giovanni estendeu o braço para capturar a mão da Nicoleta, apartando-a do apertão de Minha Pia. Foi um gesto claro, reclamava-a, marcando a Nicoletta como dela. levou-se os dedos dela a calidez de sua boca. Seu olhar negro estava fixo na dela, e Nicoletta sentiu essa estranha sensação de estar caindo para frente, de estar apanhada para sempre na profundidade de seus olhos. O tempo se deteve. Seu coração pulsava por ele. Sentiu o pressa de sangue, de calor, de fogo líquido.
Dom Scarletti a soltou a contra gosto, seu tato se atrasou por um momento antes de afastar-se.
-deixei esperando muito a meu visitante, e devo me ocupar de que os homens comecem a procurar a seu jovem amigo.
Nicoletta ficou de pé um pouco aturdida, como em transe, olhando fixamente à porta que se fechou quando o dom abandonou a habitação.
Maria Pia suspirou pesadamente.
-Crie-lhe, Nicoletta? Realmente lhe crie? Porque eu não estou segura de fazê-lo. É possível que Cristano se oculte nas colinas. Quando era pequeno e se zangava com sua mãe, fazia costure assim, ou possivelmente esteja ferido e necessite ajuda. -Estava observando atentamente a Nicoletta enquanto falava. Os dentes da Nicoletta mordiscavam nervosamente seu lábio inferior. Ela saberia se alguém tinha necessidade dela, e Maria Pia era bem consciente disso. Nicoletta sempre sabia. E o pássaro teria ido a ela. Olhou à anciã com olhos afligidos.
-Devo sair fora onde possa sentir o vento em minha cara. Quero olhar ao céu.
-O que tem no cabelo? -María Pia a rodeou e agarrou fios de um tecido de aranha do comprido corto-. O que estiveste fazendo? -Pela primeira vez tomou nota do pau de vassoura que o dom tinha retirado cuidadosamente das mãos da Nicoletta quando esta tinha estado a ponto de lhe ferir com ele. Este tinha sido talhado limpamente com uma folha de algum tipo. Maria Pia o levantou, girando o de um lado a outro para examiná-lo antes de olhar a Nicoletta com um cenho.
-Não pergunte -disse Nicoletta, passando uma mão por seu comprido corto-. Chegou depois do desastre no passadiço oculto. O que importa agora que já não queira que me case com o dom? Faz não muito não estava tão em contra.
-Algo vai mal aqui, piccola. Quando estou nesta casa, sinto o eco dos gritos de sua mãe quando foi lançada sobre as muralhas. Posso sentir os espíritos das demais mortas. Estão rondando este palazzo. -Fez o sinal da cruz e beijou seu crucifixo-. Possa a boa Madonna te salvar de seus inimigos.
Nicoletta não protestou. Sabia que tinha inimigos no palazzo; solo que não sabia por que. Sentia olhos olhando-a fixamente com desaprovación cada vez que abandonava sua antecâmara.
-Devo sair -disse de novo. Sentia o coração pesado no peito. Abriu a porta, voltando-se para a Maria Pia enquanto o fazia. -Como começou tudo isto, faz quanto? Quando se ouviu o primeiro rumor de que a famiglia Scarletti estava maldita? É possível que haja uma nervura de loucura em seu sangue?
Maria Pia olhou além da Nicoletta para os guardas que esperavam.
-Não é boa coisa falar disso neste lugar quando as paredes têm olhos e ouvidos. -Elevou o queixo-. Vamos, saiamos ao pátio. Veremos se o dom mantém sua palavra e envia a seus homens a procurar o Cristano.
Por alguma razão a Nicoletta irritou que Maria Pia considerasse a possibilidade de que o dom pudesse trair sua confiança.
-Posso imaginar muitos costure sobre Dom Scarletti, mas vive para sua palavra. Não me diria uma coisa e faria outra -defendeu-lhe.
Maria Pia a olhou fixamente
-Possivelmente esteja já caindo sob seu feitiço. Disse-te que tomasse cuidado. Pode ler a mente, fazer que alguém diga o que não quer revelar. Deve ser forte, Nicoletta. Até que saiba mais do dom...
-O homem que vai ser meu marido -corrigiu Nicoletta-. Estaremos casados na manhã. Viverei com ele, e este palazzo será meu lar. Não tenho nenhuma eleição na questão. Disse que nem sequer o santo pai desafiaria ao dom.
Maria Pia murmurou ininteligiblemente enquanto desciam pelo comprido corredor para as escadas. Olhou para o corrimão e uma vez mais se presignó devotamente.
-Olhe isto, Nicoletta. Uma serpente enroscada ao redor do tronco de uma árvore! Esse é o artesonado de sua escada. Que classe de homem é ele?
-Herdou o palazzo e o título de seu pai e seu pai de seu avô antes que ele, e assim sucessivamente. Que teria que ter feito? Negar-se a viver aqui porque não gosta do artesonado da escada? Em realidade é bastante formoso, Maria Pia. Se miras alguns dos trabalhos, são realmente extraordinários.
Maria Pia recorreu a cacarejar como fazia com freqüência quando estava agitada.
-Temo que lançou um feitiço sobre ti, bambina.
Nicoletta olhou sobre seu ombro para os guardas silenciosos que as seguiam a uma distância circunspeta.
-Onde está a pequena Sophie? -A menina estaria ainda desgostada porque Nicoletta tivesse sido apanhada no passadiço secreto.
-A enviou a sua habitação, signorina -replicou o guarda, elevando uma sobrancelha para seu companheiro.
O outro guarda se encolheu de ombros com um sorriso seca e colocou algo na palma aberta do primeiro guarda.
Nicoletta ignorou o jueguecito entre os dois homens.
-Devo ir com ela; ainda estará assustada. Já pensará que IL fantasmi me agarrou.
Quando começou a subir de novo as escadas, o guarda sacudiu a cabeça.
-A transladou do quarto dos meninos e agora está no primeiro piso.
Nicoletta lhe sorriu.
-Obrigado. -Sabia exatamente em que horrenda habitação tinha sido encerrada a menina. Correu com o passar do corredor, saudando a donzela a que antes lhe tinha pego emprestada a vassoura. A mulher deixou de trabalhar o bastante para levantar a mão em resposta, ruborizando-se quando se fixou nos dois guardas que seguiam a Nicoletta.
Sophie estava bocabajo na grande cama, tão pequena que apenas a podia ver entre as mantas. Nicoletta se apressou até ela e a arrastou a seus braços, balançando-a enquanto a menina soluçava como se lhe estivesse rompendo o coração.
-Acreditava te haver matado! -Soluçou as palavras, suas lágrimas empaparam o pescoço e a cara da Nicoletta-. Sinto muito, Nicoletta.
-Bambina. -Nicoletta a abraçou inclusive mais forte-. Não fez nada mau. Fez exatamente o que devia. Dom Scarletti te ordenou que abrisse a porta, e é obvio devia fazer o que te dizia.
Sophie elevou a cabeça, com aspecto triste.
-Nunca poderei voltar a sair desta habitação. Zio Gino e Batata me disseram que nunca entrasse no passadiço secreto. Disseram que era perigoso. Agora tenho que ficar aqui para sempre. Tenho que ser castigada. -Uivou o último dramaticamente.
A boca suave da Nicoletta se curvou.
-Quem te disse que ficasse em sua habitação?
-Zio Gino. -Sophie parecia tão patética como era possível.
Nicoletta Rio brandamente.
-Maria Pia ficará contigo, e eu irei falar com seu zio. Possivelmente cria que já foste castigada o suficiente. Mas deve emprestar atenção a suas advertências. Não acredito que IL fantasmi guarde o passadiço, mas certamente há armadilhas ali que podem pôr em perigo sua vida. Deve me prometer que nunca voltará a entrar aí.
Sophie assentiu vigorosamente, disposta a prometer algo a Nicoletta.
-Seca suas lágrimas, bambina. Conseguirei te tirar de sua prisão. -Alvoroçou o cabelo da menina e assinalou a Maria Pia que entrasse na habitação para consolar ao Sophie enquanto ela se ia.
Nicoletta voltou a percorrer o vestíbulo, fazendo uma pequena careta aos dois guardas que pareciam muito divertidos por suas palhaçadas.
-Apostar é pecado -recordou-lhes arrogantemente, mas nenhum dos dois pareceu arrependido no mais mínimo ao saber que ela sabia o que tinha passado. Em vez disso, ambos lhe sorriram abertamente.
Fora do estudo do dom, duvidou, sua coragem fraquejou de repente. ia interromper seu trabalho, a entremeter-se em seu tempo. Imediatamente se sentiu insegura de si mesmo. Dom Scarletti tinha sido mais que amável com ela, mas tinha uma certa reputação, e Nicoletta não estava cega ao feito de que era um homem poderoso. Provavelmente se tinha ganho essa reputação muitas vezes ao longo dos anos. mordeu-se o lábio em uma agonia de indecisão. Não podia animar ao Sophie a desafiar a seu tio e abandonar a habitação sem permissão. Seus pés nus tamborilavam um ritmo nervoso sobre o estou acostumado a lajeado. Já lhe tinham interrompido uma vez, lhe obrigando a deixar a seu importante visitante para resgatá-la no passadiço.
Olhou sobre seu ombro para os guardas. Estavam sussurrando o um ao outro, sem dúvida fazendo outra aposta sobre qual seria sua reação. Chamou rapidamente à porta antes de perder completamente os nervos, olhando fixamente aos guardas enquanto o faziam. O mesmo soldado teve que oferecer suas perdas. Ela elevou uma sobrancelha para ele.
-Qualquer pensaria que teria aprendido a primeira vez.
Ele se tornou a reir. Giovanni abriu a porta para encontrar a Nicoletta compartilhando o júbilo com seus dois guardas. Suspirou pesadamente e lhe envolveu a palma ao redor da nuca enquanto saía ao corredor, fechando a porta de seu estudo atrás dele, obviamente para oferecer a sua visitante privacidade e anonimato. Seu polegar lhe inclinou a cara para cima.
-Uma vez mais te encontro sem sua carabina, minha cara. tornaste a fugir da Signorina Sigmora? Como lhe as acertas para evitá-la? me parece bastante capaz.
Esse ligeiro estremecimento traiçoeiro começou de novo, profundamente em seu interior. Olhou para os guardas. Estes não foram de ajuda, afastaram-se para proporcionar ao dom privacidade em seu trato com sua errante noiva. Giovanni a urgiu a aproximar-se da dura força de seu corpo.
-tornaste a perder seus sapatos, por isso vejo. O que é tão urgente, piccola, como para que desafie ao IL Demônio em sua guarida? -Seu polegar lhe roçou a delicada linha da mandíbula para atrasar-se sobre o pulso que pulsava freneticamente.
Seus olhos escuros estavam enormes quando levantou o olhar para ele.
-Eu não penso em ti como IL Demônio -negou
Ele elevou uma sobrancelha elegante para ela.
-Seriamente?
-Pode que antes de te conhecer -reconheceu a contra gosto, indefectiblemente sincera.
Seus olhos brilharam para ela, uma maliciosa diversão dançava nas escuras profundidades.
-Pode que me faça convertido em um desde que te conheci -respondeu-lhe ele sugerentemente.
Lhe franziu o cenho.
-Acredito que você gosta de me assustar com sua perversidade, Dom Scarletti, mas em realidade, não sou tão fácil de assustar. -Era a verdade. Ninguém mais parecia assustá-la como ele o fazia-. Eu... tinha necessidade de falar contigo... sobre sua ordem de fazer que seus homens provem minha comida e bebida. Não desejaria que ninguém ficasse doente por meu -aventurou, duvidando sobre como aplacar seu aborrecimento com a pequena Sophie, prefeririendo que se fixasse nela primeiro.
Giovanni sacudiu a cabeça gravemente.
-Não rescindirei minha ordem, minha cara, nem sequer por te agradar. Mas já sabia isso. Suspeito que tinha outra razão para me buscar.
Lhe avaliou firmemente com o olhar por um momento, tamborilando nervosamente com o pé sobre o chão, considerando a melhor maneira de discuti-lo com ele. Parecia muito implacável. Suspirou pesadamente. Não queria reduzir as oportunidades do Sophie de conseguir a liberdad. Mas em qualquer caso, ele a estava observando com tão incrível intensidade que não estava segura de ser capaz de pensar muito mais tempo com claridade.
-Eu gostaria de levar a pequena Sophie comigo ao pátio. Lamenta muito sua desobediência, e a lecionei sobre os perigos do passadiço, embora acredite que poderia lhe vir bem uma demonstração de seu Zio Gino, já que lhe respeita tanto. Em qualquer caso, eu a animei a me ajudar. Não deveria ser castigada.
Olhou-a durante tanto momento, que pensou que se derreteria. Nicoletta estava hipnotizada pela ardente intensidade de seu olhar. Era muito consciente de seu corpo, tão perto, tão perto do dela que podia sentir o calor de sua pele. De novo uma corrente pareceu arquear-se entre eles como um relâmpago, rangendo e dançando até que sua pele esteve sensível e dolorida de desejo. O olhar dele caiu a sua boca, e seu corpo se debilitou. Asas de mariposa revoavam em seu estômago; seu corpo se esticou, e o calor se acumulou dentro dela. Honestamente não soube quem se moveu primeiro. A boca dele devorou a sua, ardente e excitante, varrendo-a com ele. Foi uma escura promessa, erótica, sensual, sua língua o exiguía que respondesse em vez de pedi-lo. derreteu-se, suave e flexível, seu corpo moldando-se contra o dele, fazendo que sentisse sua feroz ereção. Em vez de apartar-se como deveria ter feito, Nicoletta celebrou seu poder, desejando mais, desejando de repente seus segredos escuros, dolorida por um desejo tão forte que ardeu com ele. Fogo líquido. Calor fundido.
Seus peitos se incharam de desejo, empurrando contra os pesados músculos de seu corpo, lutando por seu tato. O fino tecido de sua blusa parecia de repente muita barreira entre eles. Sua mente estava de repente cheia de imagens: suas mãos sobre a pele dele, a palma dele lhe embalando o peito, sua boca queimando ao longo de sua garganta, mais abaixo, pela pele nua para aproximar-se, quente e úmida, a seu dolorido mamilo. Desejava-lhe mais do que tinha desejado nada em sua vida.
Giovanni elevou a cabeça, com a mão ainda lhe rodeando a nuca, o corpo dela descansando contra o seu.
-Necessito-te, Nicoletta. -Sua voz era rouca e sensual-. Deu! Não acredito que possa esperar uma noite mais. te leve a menina ao pátio, e não te meta em nenhum outro problema. Mantén à a Signorina Sigmora contigo todo o tempo; ela é seu único amparo.
Podia sentir seu corpo forte tremendo pelo esforço de deixá-la partir. Uma boa garota teria estado agradecida por sua conduta, surpreendida e horrorizada ante a sua própria, mas Nicoletta suspeitava que não era tão boa como lhe tivesse gostado a Maria Pia. Desejava as mãos do dom sobre seu corpo. Sabia que ele a desejava a ela. Nicoletta. A nenhuma outra. Deixava-lhe tão fraco de desejo como ele a ela. Sorriu para ele, tentado desesperadamente encontrar a forma de respirar. Ele gemeu brandamente.
-Não pode fazer isso, piccola. Não pode me olhar com tanta confiança e desejo em seus olhos. - Beijou-lhe o cocuruto. -Não sou de confiança a seu redor. vá procurar a sua inútil carabina e insiste em que fique pega a seu flanco. -Giovanni a afastou cuidadosamente dele-. Prometo que impressionarei ao Sophie o suficiente como para que se mantenha fora do passadiço. Agora vete enquanto ainda fica algo de respeito por mim mesmo.
Nicoletta não se atreveu a olhar aos dois guardas. Sabia que teriam sorrisos socarronas nas caras, e no momento não lhe importava. Olhou ao dom, e pela primeira vez tocou sua mandíbula sombreada com a ponta dos dedos, uma pequena carícia quase tenra. Seu olhar lhe percorreu a cara como se bebesse dele.
Giovanni sacudiu a cabeça e inclinou a cabeça colocando a boca contra seu ouvido.
-Acredito que poderia ser uma bruxa como diz Margerita, lançando seus feitiços para hipnotizar a um simples mortal. -Seu fôlego lhe esquentou a pele e enviou diminutos calafrios de fogo por seu sangue.
Pela primeira vez, não a assustou a brincadeira. Girou a cara fazendo que seus lábios se movessem tentadoramente contra os dele.
-Eu não te chamaria um "simples mortal", Dom Scarletti, nunca.-Foi um roce pecaminoso, calor sedoso, suas bocas se tocaram enquanto lhe sussurrava. Seu corpo se moveu contra o dele com desejo intranqüilo. Um ardente desejo flamejou nos olhos dele, uma tormenta de fogo de tal intensidade que roubou a ambos a capacidade de respirar.
Esta vez foi Nicoletta quem se apartou. girou-se e afastou lentamente pelo corredor, balançando os quadris com feminino convite. Dom Scarletti não podia ser malvado. Não podia ser. Não importava quantos rumores corressem sobre o palazzo e seu dom, não podia encontrar em seu coração a forma de acreditar que fora um assassino. Baixou a cabeça, não estava olhando por onde ia, assim quase saltou quando alguém a agarrou do braço e atirou dela até uma pequena quarto.
Aterrissou contra a parede e se encontrou olhando ao avô do dom. Parecia mais selvagem que nunca, com a cara retorcida em um cenho feroz, suas sobrancelhas entupidas se uniam em uma linha aterradora. Sobre seu ombro viu os dois guardas aproximar-se da carreira. Apressadamente sacudiu a cabeça para eles, uma advertência para que retrocedessem. Fizeram-no a contra gosto, ficando-o bastante perto para alcançá-la se houvesse necessidade. Sua presença lhe permitiu relaxar-se no apertão surpreendentemente forte do ancião.
-Signore Scarletti -deixou escapar lentamente o fôlego-. Algo vai mau? Por favor, me conte. Posso ver que está molesto.
Ele a olhou fixamente. Podia sentir como seu corpo tremia por uma terrível tensão.
-Deve abandonar este lugar imediatamente. Não te aproxime de nenhum deles. A nenhum de nós. Vete enquanto ainda esteja viva! -Seus dedos lhe morderam o braço. Inclusive a sacudiu ligeiramente-. Está em perigo. Se ficar aqui, certamente morrerá! -Empurrou-a longe dele e se afastou, apartando aos guardas com sua fortificação e fazendo que se apressassem a sair fora de seu alcance.
Nicoletta se derrubou contra a parede, vendo como o ancião se lejaba à carreira. Sua voz tinha resultado áspera pelo medo. Estava-lhe advertindo que se afastasse de todos os homens Scarletti, inclusive de si mesmo. O que queria dizer isso? Podia estar equivocada sobre o dom? Havia uma nervura de loucura na família? Dois lados nos homens?Anjo e demônio? esfregou-se ausentemente as marcas de dedos do braço. De onde tinha tirado o homem tanta força? Tinha notado que o dom parecia anormalmente forte. Era isso coisa de família como a loucura?
Um dos guardas se aproximou solícitamente a ela.
-Fez-lhe mal?
Ela sacudiu a cabeça.
-Não pretendia me fazer nenhum dano. Ao contrário, estava tentando ser agradável. -Sabia que o ancião tinha machucado sua pele com seu tremendo apertão, mas parecia desesperado por fazer que lhe acreditasse.
-Devo informar disto ao dom, signorina -O guarda falou silenciosamente, sabendo que ela protestaria-. É meu dever.
Ela se retorceu as mãos.
-Seriamente? Em realidade não me fez mal. Não quero que lhe repreendam, e o dom parece muito... -interrompeu-se, procurando as palavras corretas.
-Protetor para você -ajudou o guarda-. Porei cuidado em como formulo meu relatório.
-Grazie -respondeu Nicoletta, e se afastou da parede. Mais sacudida pelo encontro do que desejava admitir, apressou-se pelo corredor até que esteve a salvo na habitação do Sophie.
O antecâmara estava como a recordava mas sem a aranha de luzes. À luz do dia a habitação não parecia tão alarmante. Nicoletta sorriu à menina impaciente.
-Seu zio Gino há dito que pode vir ao pátio comigo, bambina.
A cara do Sophie se iluminou.
-Sabia que conseguiria que dissesse que podia ir!
Nicoletta ofereceu uma mão à menina, cuidando de evitar olhar a Maria Pia. A anciã a conhecia muito bem e saberia que algo a tinha incomodado.
-Eu tampouco posso esperar a estar fora. -Tentou mostrar-se entusiasta, mas de repente tinha medo.
O major dos Scarletti tinha conseguido aterrá-la. Nicoletta tentou manter a sua mente errante sob controle, mas parecia impossível. Sua imaginação corria selvagem enquanto saíam fora. O palazzo parecia uma entidade viva e que respirava, completamente contra ela. Não queria sentir-se assim; queria considerá-lo um lar.
-Está muito calada, piccola. -disse Maria Pia pensativamente enquanto saíam.
Nicoletta inalou profundamente, olhando para o redemoinho de nuvens que sulcavam o céu azul. Nenhum pássaro agoureiro sobrevoava em círculos o laberindo. O vento não lhe trazia nenhuma mensagem de uma ferida ou enfermidade. A pressão de seu peito começou lentamente a aliviar-se. Cristano não podia estar morto ou morrendo no labirinto, e, em honra a sua palavra, Dom Scarletti tinha soldados movendo-se através dos altos sebes. Podia oir suas vozes chamando-os uns aos outros. Acima nas muralhas, vários homens mais estavam utilizando prismáticos em um intento de examinar o interior do labirinto do alto.
-Mas bom, se for minha nova cunhada -Lhe vençam, junto com o Antonello, chegou pelo corredor de verdes arbustos abrindo-se passo para a Nicoletta. Ambos se inclinaram cortesmente, Lhe vençam com elegância, Antonello rapidamente, como se estivesse pouco em companhia de senhoras.
Nicoletta lhes sorriu.
-Os dois estivestes procurando o Cristano?
Antonello se removeu intranqüilo. Ela viu as sombras que cruzaram sua cara. Ele assentiu, evitando seus olhos. lhe vençam se encolheu casualmente de ombros.
-Não acredito que esteja no labirinto. Lhe teríamos encontrado já. Os homens do Gino são muito conscienciosos.
Nicoletta esteve de acordo com ele. Assentiu para os soldados do balcão alto sobre eles.
-Alguém disse a Margerita que Cristano tinha desaparecido? Ela estava no balcão ontem; vi-a. Possivelmente divisou algo de acima. Pode ter visto sair ao Cristano. -Olhou a lhe Vençam-. Lhe podia contar isso se lhe perguntar. -Formulou seu comentário cuidadosamente para não ofender. Margerita se mostraria maliciosa se lhe pedia informação. Nicoletta tinha conhecido a outras nobres como Margerita. Sentia que era pouco digno dizer ou fazer algo pelos que tinham nascido em um escalão mais baixo.
Os ragos arrumados de lhe Vençam se obscureceram visivelmente. Seus olhos brilharam, pela primeira vez recordou a Nicoletta a seu irmão maior.
-Se viu algo e está retendo informação para te afligir, o tirarei -prometeu.
Antonello parecia mais incômodo que nunca.
-Eu falarei com ela, Lhe vençam -disse, com voz tão baixa que foi apenas um fio-. A filha de Porta pode ser tão teimosa como sua mãe.
-Fará-o se eu o ordeno, e certamente Porta insistirá em que coopere, -respondeu lhe Vença-. Essa jovencita está muito mimada.
-É possível que não visse nada fora do habitual, e possivelmente nem sequer ouviu falar da ausência do Cristano -ofereceu Nicoletta, temendo ter metido à garota em problemas.
-Ouviu-o -disse lhe Vença, franzindo o cenho para ela. Parecia inclusive mais bonito com o cenho franzido-. Não esbanje sua lástima com ela, Nicoletta. Margerita vive para aporrinhar a outros. Eu tratarei com ela.
Antonello suspirou.
-Não te aflija pela Margerita, Nicoletta. Devo estar de acordo com meu irmão. É bastante capaz de reter informação só por raiva. Não te quer aqui. É jovem e consentida e acostumada a ser o centro de atenção. -esfregou-se o nariz pensativamente, deixando escapar o fôlego em um comprido suspiro como se conversar fora uma questão angustiosa.
te vençam suspirou em acordo.
-Todos a consentimos abominablemente. Tenho muito cuidado com minha filha para que não se volte como Margerita. Às vezes temo ter ido muito longe no sentido contrário. -Olhou amorosamente a sua pequena, que estava dançando com deleite perto de uma explosão de flores-. Desejo que seja tão boa como formosa, como sua mãe. -afogou-se com a palavra, e apartou o olhar rapidamente, mas Nicoletta captou o brilho de lágrimas em seus ojos,y seu coração se compadeceu dele.
Antonello descansou a mão brevemente sobre o ombro de seu irmão menor. te vençam suspirou e sacudiu a cabeça.
-Confio no conselho de Porta, mas é mais difícil resistir às lágrimas do Sophie quando quer algo muitíssimo.
Nicoletta se mordeu o lábio inferior para evitar assinalar que Porta não tinha feito muito bom trabalho criando a sua própria filha.
-O que lhe passou ao pai da Margerita? -perguntou para trocar de tema.
Antonello pareceu pesaroso pela pergunta. Foi lhe Vença quem respondeu.
-Porta se criou conosco aqui no palazzo sob a tutela do mijo pai. É uma prima longínqua. Outro primo, o filho do irmão do mijo pai, com freqüência vivia aqui também. Ele se casou com Porta, e tiveram a Margerita. Estava muito unido a nós, mas ficou doente e lentamente se consumiu. Porta nunca abandonou seu lado, nem por um momento. Atendeu-lhe ela mesma, inclusive lhe alimentava, mas apesar de todos seus cuidados, não pôde lhe salvar... -A voz de lhe Vençam se desvaneceu.
Um calafrio se apoderou da Nicoletta, e se estremeceu violentamente. Tanta morte no palazzo. por que não se chamou à curadora do povo quando um homem se estava consumindo lentamente? Sentiu o coração pesado, e se afastou dos irmãos Scarletti. Ambos pareciam muito abertos e simpáticos, mas não confiava em nenhum deles. Em nenhum. Uma sensação de perigo a esmagava, a história não soava de tudo certa. Cada vez que olhava diretamente ao Antonello, ele apartava o olhar. te vençam parecia fazer justo o oposto, encontrando seu olhar quase muito audazmente.
Nicoletta estudou ao Antonello. Tinha a mesma constituição que os outros dois irmãos Scarletti, alto e elegante, com músculos tensos e elocuentos olhos negros. Parecia um pouco mais duro, embora esta vez sua roupa estava imaculada. mordeu-se o lábio, e seus olhos se abriram recordando de repente. A roupa do Antonello também tinha estado manchada de sangue quando saiu do labirinto no dia anterior! Recordava-o claramente. Levava roupa de caça coberta de manchas escuras, justo como quando lhe tinha encontrado meses atrás. Retrocedeu afastando-se dos dois irmãos, dando pequenos passos apenas perceptíveis, mas sua pele se havia posto pálida sob seu tom dourado.
lhe vençam se girou para avaliar a seu irmão firmemente, obviamente lendo a cara transparente da Nicoletta.
-Parecia ter sofrido algum infortúnio ontem quando chegou a casa, Anton. O que ocorreu?
Antonello pareceu mais incômodo que nunca. encolheu-se de ombros, de novo evitando o olhar da Nicoletta.
-Gino me enviou fora a um assunto, que me levou mais do que esperava. No caminho a casa perseguiram.
te vençam arqueou uma sobrancelha para seu irmão.
-Seu acostumado disparate, fazendo doações secretamente às viúvas e órfãos do povo. Antonello se vá a se mesmo como o grande salvador dos oprimidos. -Sua voz era cordial em vez de desdenhosa, mas Nicoletta se encontrou ruborizando-se intensamente.
Nicoletta tinha sido a receptora de carne fresca por parte de um doador anônimo. Indubitavelmente Antonello tinha sido quem a proporcionasse para ela e Maria Pia.
Ele franziu o cenho a seu irmão.
-Às vezes é um pagamento por serviços emprestados, Lhe vençam. A gente nos dá muito. Você não aprecia tudo o que fazem.
te vençam elevou as mãos rendo em rendição.
-ouvimos esse discurso em mais de uma ocasião. Passarei de outro sermão. -inclinou-se para a Nicoletta, com um sorriso zombador na cara-. Vejo que Gino foi mordido pela famosa maldição Scarletti. O ciúmes correm profundamente em nosso sangue. -Assentiu para o estudo e o homem que olhava pela janela para o pátio.
Giovanni estava muito quieto, com as mãos à costas, observando-o tudo com seu escuro olhar de águia. Permanecia imóvel, embora ela podia ver além dele entre as sombras da habitação que não estava sozinho. Seu visitante gesticulava enquanto falava, gesticulava inutilmente, já que Giovanni não lhe estava olhando. Sem dúvida estava escutando atentamente; Nicoletta não podia imaginar nada mais.
-É uma terrível maldição a que sofremos -explicou lhe Vença-. Não pode lhe culpar; nosso sangue se esquenta quando se trata de nossas mulheres. Não é pouca coisa capturar e manter a atenção de um Scarletti, mas amamos sozinho uma vez e não permitimos a nenhum outro homem perto da amada. -A forma em que pronunciou as palavras, quase como uma ameaça, fez-a estremecer. Nicoletta se esfregou os braços nus. Antonello exclamou brandamente e estendeu a mão para lhe tocar a parte superior do braço.
-Está machucada! -Levantou o olhar para seu irmão maior de pé imóvel na janela. Houve um vislumbre de algo espantosa nos olhos do Antonello, algo que recordava ao próprio Giovanni.
lhe vençam se girou deixando de observar a sua filha rodear a fonte maior do pátio, saltando e cantando alegremente.
-Machucada? Quem marcou sua pele? -Ele também levantou o olhar para seu irmão maior-. Deu! Não acredito dele. Não acreditarei dele, não importa o que digam os rumores. Ele não maltrataria a um mulher. Mas não pode jogar com seus sentimentos -advertiu a Nicoletta severamente-. Deve permanecer longe de outros homens. Marcas como essas traem paixão. Boa ou má, mas paixão ao fim e ao cabo.
Nicoletta se voltou de um vívido vermelho, a cor subiu por seu pescoço até a cara. Seus olhos flamejaram para ele.
-Como te atreve a me acusar de comportamento impróprio! -gesticulou para os guardas-. Não teria oportunidade nem sequer se me sentisse inclinada a isso. -Seu queixo se elevou arrogantemente-. Será melhor que lhes deixe, senhores-. Fez uma reverência cortês por volta dos dois irmãos e se afastou partindo, com as costas reta. A fúria fervia profundamente em seu interior. Que lhe Vençam a acusasse de tal coisa e supor simplesmente, como a maioria dos homens, que qualquer flerte era culpa dela! Marcas de paixão! Quem chamaria moratones marca de paixão?
apressou-se para a Maria Pia, a fúria se elevava a cada passo. Não estava satisfeita com a explicação do Antonello sobre o sangue de sua roupa; tinha parecido muito evasivo para seu gosto. E lhe Vençam! Era arrogante e um autêntico aristocratico em sua atitude para a gente que vivia nas terras Scarletti. Mais ainda, não lhe perdoava o fato de que tivesse tirado colação um tema no que não queria pensar. O medo que estava rondando o bordo de seu consciencia. A maldição da família Scarletti. Tinha crescido ouvindo os rumores sussurrados de loucura e ciúmes. Era ampliamente aceito que o avô do Giovanni tinha estrangulado a sua esposa em um ataque de raivoso ciúmes. te vençam tinha divulgado muito ameaçador, quase como se estivesse advertindo-a, como tinha feito seu avô. Uma adivinhação que tinha que resolver. E precisava resolvê-lo. Se não o fazia, muito bem poderia lhe custar a vida.
-Hermanita. -te vençam saltou atrás dela-. Peço-te perdão se creíste que estava te acusando de mau comportamento. Não foi tal minha intenção. Queria te aconselhar sobre seu comportamento simplesmente você não conhece o estranho calor que se forma redemoinhos em nosso sangue Scarletti. Solo me preocupo com ti e por meu irmão.
Nicoletta olhou sobre seu ombro ao Antonello, que tinha permanecido muito quieto. Estava olhando a seu irmão maior, que ainda lhes observava tão solenemente.
-Dom Scarletti não me fez mal nem em um ataque de fúria nem em nenhum outro caso. Acredito que o que pense que pudesse fazê-lo é um insulto para ele, como me insulta que pensasse que outro homem havia postos essas marcas sobre mim pela razão que insinuou. Foi pouco galante e do mais impróprio por sua parte, signore.
sup-revisto pretendia te servir -replicou lhe Vença, seus olhos escuros estavam constrictos quando se inclinou de novo-. Não briguemos, irmã.
Supôs que não era culpa de lhe Vençam o ter contribuído ao autêntico medo que tinha de casar-se com o dom. Tinha visto brilhos de ciúmes no Giovanni, sentido a escura fúria em sua mente quando a tinha visto com outros homens, inclusive com seus próprios irmãos. Era absolutamente possível que a loucura corresse profundamente no sangue dos Scarletti, como lhe tinham advertido lhe Vença e o velho Signore Scarletti. Uma advertência podia ignorá-la, mas dois seria estúpido. Elevou o queixo e se girou para levantar o olhar para a janela onde estava de pé Giovanni.
Através da distância seus olhos se encontraram, os dela preocupados e cheios de medo, os dele insondáveis, impossíveis de ler. Pela manhã sua vida estaria unida a dele para sempre. Viveria no palazzo entre seu sinistro artesonado e os olhos vigilantes, rodeados por inimigos e sem saber nunca quem era ou por que a odiavam.
Nicoleta se girou e olhou para o enorme labirinto com seus giros e voltas. Recordava-lhe ao caminho que estava começando, com becos sem saída em cada esquina e nenhuma forma segura de sair. Necessitava o consolo da Maria Pia e Sophie. Caminhou a distância que faltava até a anciã e a rodeou com os braços.
Maria Pia soube imediatamente o que necessitava e a abraçou firmemente sem dizer uma palavra. Sophie também sentiu sua necessidade de consolo e deixou de jogar e correr e envolveu os braços apertadamente ao redor das pernas da Nicoletta.
Nicoletta retornou a seu villagio cedo na manhã de suas bodas. Vários guardas, homem robustos de caras duras, escoltaram-na, decididos a fazer o que seu dom tinha ordenado. Sophie tinha chorado muito, dando rédea solta às lágrimas ao ser separada da Nicoletta, embora fora temporalmente mas lhe tinha negado a permissão para acompanhar a Nicoletta ao povo. A menina tinha dormido a salvo na habitação da Nicoletta, sem ser perturbada pelas vozes susurrantes que pudessem ter estado murmurando em sua antiga antecâmara.
Nicoletta inalou o vento, o ar fresco chegava das montanhas. A sensação de liberdade foi tremenda.
-Sinto-me como se pudesse voltar a respirar -confiou a Maria Pia.
-Sei o que quer dizer -esteve de acordo a anciã. Sua expressão era grave-. Uma vez te tenha casado com o dom, não poderei ficar no palazzo. Esta noite será minha última noite te atendendo como carabina, mas depois serei inútil e me verei obrigada a partir.
Nicoletta pôs seus braços ao redor da anciã.
-Seu é meu famiglia. Não quero que esteja em perigo. Eu também quero estar contigo, mas não te quero onde o mal espreite nos salões e ronde os dormitórios. Algo não vai bem no palazzo, e até que pode averiguar o que está passando, não quero que viva em perigo. -Foi muito firme.
Maria Pia encolheu seus magros ombros.
-Há segurança no número. Preferiria ficar no palazzo. -Agachou a cabeça para ocultar o súbito brilho de lágrimas em seus olhos-. Estarei muito só sem ti.
-estive tentando pensar em uma solução para os medos do Sophie, -respondeu Nicoletta pensativamente. Saudou as garotas do villagio que estavam esperando sua chegada-. Eu terei minha própria antecâmara, é obvio, e espero que Sophie penetre nela com freqüência, mas preferiria que alguém dormisse em sua habitação com ela habitualmente. ouviu sussurros ameaçadores em sua habitação...
-Isso são tolices -tentou sossegá-la Maria Pia-. Diz-se entre quão serventes a menina está ouvindo vozes como fazia sua mãe antes que ela. Está em seu sangue. -Duvidou por um momento-. Alguns dizem que é a maldição Scarletti que as mulheres se voltem loucas e depois as encerre na torre, ou que os homens Scarletti fiquem furiosamente ciumentos e matem a suas algemas. -Repetiu os ruores com voz sinistra.
-Eu não estou louca, Maria Pia, e ouvi os sussurros na habitação da pequena Sophie a noite em que caiu a aranha de luzes. Você estava dormida, mas eu os ouvi com ela. Essas vozes eram reais, não imaginações delas. Acredito que a menina está em perigo, mas não sei por que. Ninguém acreditará. -Nicoletta voltou todo o poder de seus olhos solenes sobre a anciã-. Tem grande necessidade de nós, se estiver disposta a confrontar o perigo.
Maria Dente só teve bastante tempo para assentir em acordo antes de que fossem engolidas pelas jovens risonhas que as levaram a banho comunitário. Os homens tinham o outro lado da casa de banhos, separada por um comprido salão comum onde com freqüência se celebravam as festividades locais. Pedras grosas formavam a grande tina comunitária cheia de água recolhimento da chuva. Estava fria e resultava lhe vigorize, e as mulheres riam e chismoreaban, burlando-se implacavelmente da Nicoletta.
O céu era de um azul brilhante, a brisa chegava do mar firme e fresca. Nuvens escuras chegavam da baía, mas os amontoados fluíam lentamente, como se se sentissem preguiçosas e não estivessem seguras de querer mover-se terra adentro. Os pássaros se cantavam os uns aos outros alegremente, e as árvores se balançavam gentilmente com a sintonia.
Nicoletta tentou seriamente unir-se ao júbilo, sabendo que era tudo em sua honra, mas um terrível temor se estava dando procuração dela, escurecendo a que deveria ter sido a ocasião mais memorável de sua vida. Seu medo natual ao que ocorria entre um marido e sua mulher não se via aliviado pelas brincadeiras, as insinuações sexuais que solo aumentavam seu medo ao que estava por vir.
Enquanto lhe arrumavam o cabelo e o corpo, Nicoletta olhava para as invitadoras colinas, desejando desesperadamente correr para ficar a salvo. As colinas estavam tão perto. Não lhe levaria muito visitar seu formoso jardim, atender seu novelo só uma hora ou dois para escapar dos olhares, as risadas e os sussurros que as mulheres chismoreaban a suas costas. Pôde oir a duas das garotas discutir maliciosamente a maldição Scarletti e inclusive especular sobre se Nicoletta viveria todo um ano. Furiosas por não ter sido escolhidas como noiva do dom, asseguraram-se de que Nicoletta ouvisse casualmente seus comentários.
Sabia que elas não acreditavam realmente que estivesse em perigo. Giovanni Scarletti era bonito, rico e poderoso. O dinheiro e a posição eram tudo no que pensavam e o que preocupava às mulheres. Mas Nicoletta sabia que havia perigo no palazzo, um mal que a tragaria como tinha feito com tantas antes que ela se não descobria sua identidade.
Estendeu os braços obedientemente enquanto a embutiam no delicioso vestido branco que as costureiras do dom tinham criado. As garotas ofegaram de admiração. Nenhuma delas tinha visto um vestido tão magnífico. Nicoletta manteve sua mente nas colinas. Na liberdade. No vento e o mar.
Minha noiva não pode fugir o dia de nossas bodas. A voz chegou de nenhuma parte. Suave, como uma carícia. O som da voz do Giovanni roçou seductoramente as paredes de sua mente, dando um tombo a seu coração. Era aterrador ver como podia fazer isso. Não era simplesmente sua voz perturbando-a em sua própria mente, embora resultava íntimo e reconfortante de uma vez. Também era a forma em que podia lhe derreter tão facilmente os ossos e esquentar seu sangue e fazê-la sentir coisas que dava medo sentir.
A fazia vulnerável e a deixava fora de controle. Nicoletta se retorceu os dedos nervosamente. Sua voz chegou de novo, convidando à risada esta vez. estão-se burlando de ti por nossa noite de bodas? Tentam te assustar deliberadamente com os detalhes? Está a salvo comigo, cara, completamente a salvo.
Estava a salvo com ele? Voltaria a estar alguma vez a salvo uma vez atada a ele? Nicoletta não sabia. Solo podia sentir o terrível medo em seu coração, o pressentimento, a sensação de que algo malevolente espreitava à espera, como as gárgulas posadas no alto do palazzo. Aguardando. Observando. Esperando seu momento.
-Nicoletta, há-te posto pálida -disse Maria Pia-. Está doente, bambina?
antes de que Nicoletta pudesse dar voz a seus medos, Ketsia se lançou sobre ela, com os braços cheios de coroas de flores para as jovens de parte do dom.
-Está muito bonita, Nicoletta, a noiva mais formosa do mundo!
Nicoletta as arrumou para forçar um pequeno sorriso enquanto olhava à menina. A cara da Ketsia estava cheia de júbilo e excitação, seus olhos faiscavam de espera. As mulheres levavam todas seus mais finos vestidos, imaculadas e com flores frescas no cabelo. Ketsia estendeu os braços em sua euforia.
-Todo mundo está muito bonito hoje.
O sorriso da Nicoletta alcançou seus olhos. Quem podia resistir à genuína alegria da Ketsia?
Ketsia tocou timidamente o vestido de noiva. Nunca tinha visto nada igual.
-Parece uma princesa, Nicoletta. -disse com admiração.
Nicoleta manteve em alto a larga saia do vestido para revelar seus pés nus.
-esqueci algo importante. -Sua delicada sobrancelha se arqueou, e suas largas pestanas revoaram-. Crie que poderia me ajudar a encontrar minhas sandálias?
Ketsia riu, sua jovem voz levantou grandemente o espírito da Nicoletta.
-Agora tem sapatos formosos, Nicoletta. Deve levá-los quando te casar com o dom.
-Estava pensando que meu vestido é tão comprido que ninguém saberá que estou descalça, Ketsia.
Ketsia sacudiu a cabeça decididamente.
-Dom Scarletti saberá. Disse ao Sophie e a mim que nos assegurássemos de que recordava seus sapatos. Acredito que inspecionará para assegurar-se de que estão em seus pés.
Nicoletta fez o que pôde por parecer séria.
-Assim crie que é de grande importância para ele?
-OH, se, Nicoletta. O dom disposta atenção a cada detalhe. Certamente o notaria.
Nicoletta desejava o consolo da voz do Giovanni. A fazia sentir intranqüilidade necessitar oirle, sentir seu toque roçar as paredes de sua mente.
Maria Pia a estava observando atentamente. Nicoletta fez um esforço por sonreirle, por ocultar a intranqüilidade que sentia que a aferrava uma vez mais. Levantou o olhar ao céu, às nuvens escuras que chegavam desde mar, às árvores que se balançavam gentilmente na brisa.
De repente ficou congelada, seu coração quase se deteve quando divisou ao corvo sentado no alto dos ramos a certa distância, seus olhos redonda e pequenos a observavam. A luz do sol se refletia nas plumas brilhantes de seu lombo, e quando viu que tinha sua atenção, abriu o pico e soltou um só grasnido de advertência.
O coração da Nicoletta começou a pulsar rápido e forte. Tinha sabido, sem a presença do pássaro, que os problemas se abatiam sobre ela, uma escura e sinistra premonição a que não podia sobrepor-se. Não importava quanto tentasse unir-se ao júbilo que a rodeava, essa sombra profundamente em seu interior pressagiava perigo.
-Já chega, já chega! -O anúncio ressonou desde cada esquina do villaggio-. Já chega Dom Scarletti!
Risadas e vozes se elevaram ao redor da Nicoletta, o pânico da excitação. Os aldeãos corriam em todas direções para unir-se à procissão de bodas enquanto esta começava a avançar para a catedral.
Maria Pia ofegou e atirou do braço da Nicoletta.
-Disposto bambina! Ele não pode verte. Dá má sorte.- Se presignó rapidamente e benzeu a Nicoletta antes de arrastá-la para a carruagem coberta que as levaria a catedral.
Ketsia corria junto a elas.
-Seus sapatos, Signorina Sigmora! Deve levar seus sapatos!
-Tenho-os, Ketsia -tranqüilizou Maria Pia à menina-. Não ia arriscar me esta vez. Vê-te maravilhosa hoje com seu novo vestido.
Nicoletta olhou realmente à menina e se sentiu instantaneamente envergonhada por sua preocupação por si mesmo. Ketsia levava um formoso vestido, a gente feito obviamente por ordem do dom. Devia ter sido emocionante para a jovem Ketsia ter sido recompensada com um tratamento tão especial.
-Está preciosa, Ketsia -disse sinceramente. Nicoletta estendeu o braço e ajustou a coroa de flores na cabeça da menina-. Sinto-me honrada de que me atira neste dia. Grazie.
Ketsia sorriu radiante ante o completo.
-Deve levar o véu para que ele não possa lhe ver a cara antes da cerimônia -disse muito solenemente com sua voz mais adulta-. Ocupará-se disso, Signora Sigmora?
Maria Pia assentiu em acordo enquanto Ketsia se adiantava e Nicoletta se sacudia cuidadosamente os pés antes de deslizá-los nos sapatos. Arrumou o véu sobre a cara da Nicoletta e deixou cair pesadas cortinas para fechar o interior da carruagem a olhos curiosos.
Nicoletta entrelaçou os dedos firmemente em seu regaço enquanto o condutor fechava a porta, deixando-a a sós com a Maria Pia. O coração parecia lhe pulsar ruidosamente nos ouvidos, como o ritmo de advertência de um tambor. sentou-se tranqüilamente com a cabeça agachada, tentando desesperadamente rezar, chegar à boa Madonna como lhe indicava tão freqüentemente Maria Pia que fizesse em momentos de crise. O ar na carruagem parecia ter sido tragado, deixando-a sem nada que respirar.
Não lhe dirijes a seu julgamento final, piccola, solo a seu marido. Tão terrível sou que seu medo deve nos afogar a ambos? A voz masculina foi rouca, sensual em sua mente. Pôde sentir uma calidez peculiar filtrando-se no frio do fundo de seu estômago. moveu-se através dela como uma nuvem vagabunda, esquentando-a pouco a pouco.
Está contendo o fôlego outra vez. Crie que seu marido está tão maldito como de dizem seus amigas? minha cara... uma nota de brincadeira se arrastou até o sensual timbre de sua voz... se tivesse intenção de te estrangular, o teria feito quando me obrigou a te perseguir pelas colinas no frio da noite. Estava claramente convidando-a a compartilhar sua diversão ante os rumores que outros lançavam sobre ele. Sobre sua família.
O movimento da carruagem sacudiu seus pensamentos, que se cravaram em sua mente como uma adaga. Sua família. Alguém tinha estrangulado a sua avó. A mulher tinha morrido à mãos de um homem, e ninguém tinha pego ao responsável. A própria mãe da Nicoletta e sua tia tinham morrido brutalmente no Palazzo della Morte. E que tinha que a jovem algema de lhe Vençam, Anjinha? Quase ninguém falava de sua morte. O marido de Porta tinha morrido de uma enfermidade degenerativa, embora a curadora não tinha sido chamada ao palazzo. O vento pareceu incrementar um pouco sua veemência como se refletisse seus pensamentos, açoitando a carruagem e assobiando insistentemente.
por que Giovanni Scarletti não sentia o mal espreitando em seu lar? Inclusive Maria Pia podia senti-lo, e ela não tinha nenhuma onça de sangue "diferente" correndo por suas veias.
por que crie que não o sinto? Esta vez não havia risada a voz, nem pecaminosa tentação. Soava mais sério que nunca. ! p
Suportar? Nicoletta quase saiu despedida de seu assento quando a carruagem se deteve repentinamente. Imediatamente o coração começou a lhe palpitar outra vez. Ela teria que suportar tudo o que seu marido ordenasse. Uma vez estivesse atada a ele, ele a possuiria em corpo e alma. Sua mão voou para o cabo da porta da carruagem, quase por própria vontade.
Uma risada suave ressonou em sua mente. Estou justo junto à carruagem sobre meu corcel, piccola. Está pensando em fugir em seus melhores ornamentos? Terei que te trazer de volta da forma mais "imprópria". Uma vez mais sua voz era sensual, um zombador convite a unir-se a ele na deliberada intimidade de sua mente fundida.
Nicoletta se acalmou contra o assento. Não seria tão parva para fugir como um coelho e proporcionar diversão a seus soldados. Podia imaginar aos membros do guarda de élite apostados se por acaso tentava escapar a seu destino. Fechou os olhos e centrou seus pensamentos no Giovanni, apoiando-se em suas lembranças dele como um bote a uma âncora. Tinha sido gentil com ela. Era amável com o Sophie e Ketsia. Reteve esses pensamentos, manteve-os perto dela.
Quando a porta da carruagem se abriu finalmente, foi ajudada a descer por um guarda ao que reconheceu imediatamente como um de suas acostumados escoltas. Tinha ouvido que lhe chamavam Francesco. Nicoletta sorriu lánguidamente quando este lhe fez uma reverência cortês. Sentiu-a tremer quando fechou os dedos ao redor dos dela.
-É um bom dia para fazê-lo -sussurrou-lhe com ânimo.
Tinha estado esperando durante algum tempo encerrada nos limites da carruagem, e sentava bem ficar de pé e estirar as pernas. Quando levantou a cara coberta pelo véu, através do encaixe pôde ver as nuvens escuras diretamente no alto. Embora tinham estado vagando lentamente, agora se acumulavam sobre a igreja, detendo-se ali como se o vento de repente tivesse cessado. Os dedos da Nicoletta se apertaram ao redor dos do guarda, uma pequeno som de desgosto escapou de sua garganta. Posado sobre o mesmo pico do teto abovedado da catedral estava o corvo.
O guarda olhou para as nuvens, depois se inclinou aproximando-se da Nicoletta.
-apostei meu pagamento a sua coragem. -Sua voz resultava apenas audível sobre o suave ruído dos cascos dos inquietos cavalos-. Alguns dizem que não tem você guelra para caminhar junto a nosso dom, mas eu sei que o fará. -Muito cuidadosamente a ajudou pelo terreno acidentado e através da fila de aldeãos para os degraus de mármore da igreja.
Nicoletta agradeceu seu apoio. Era difícil pensar, inclusive respirar com os olhos de tanta gente sobre ela, embora a maior parte eram amigos e gente que desejava seu bem. Quadrou os ombros e elevou o queixo. O villaggio inteiro estava alinhado no atalho à catedral, as garotas são seus ornamentos mais flamejantes, os homens saudando-a e lhe oferecendo seus bons desejos. A alguns não reconheceu, suas caras se mesclaram em um borrão, e temeu sucumbir ao desmaio.
Uma vez mais Francesco a salvou.
-Se não conseguir agüentar toda a cerimônia minha família não comerá em muito tempo. Valor.
Nicoletta desejou reir ante suas tolices, mas muita gente lhes rodeava, e o temor a afogava. Ainda assim, suas palavras a endureceram o suficiente para alcançar a suas ansiosas assistentes.
-Não podemos deixar morrer de fome a sua família por suas dívidas de jogo -murmurou sem lhe olhar. Estava olhando fixamente à caverna da Santa Igreja, o coração lhe palpitava tão forte que temeu que pudesse sair-se o do corpo. Ketsia estava esperando, agarrada da mão do Sophie, para segui-la quando subisse pelas amplas escadas.
Ante ela, com as portas dobre da catedral totalmente abertas e o interior tão profundamente escurecido, a multidão parecia enorme, indistinguíveis como indivíduos. Eram a aristocrazia, enchendo os bancos enquanto sua gente estava de pé fora. Nicoletta caminhava como em um sonho, um pé diante do outro subindo as escadas para um destino do que não tinha esperanças de escapar.
Já estava no quadris, embora não podia ver as ornamentadas esculturas, os tetos abovedados, os altos ventanales de vidraças de cores. Via-lhe ele. Dom Scarletti. De pé esperando no altar, enchendo a enorme igreja com sua presença. Estava voltado para ela, e através do véu de encaixe, seus olhares se encontraram. Estava alto e bonito vestido com suas roupas elegantes. Seus ombros eram mais amplos do que recordava, seus braços e seu peito mais grossos. O aura de poder que se aferrava a ele parecia encher a enorme catedral fazendo que solo existisse o dom.
Seu implacável olhar a compelia a avançar. Não tinha eleição. Estava hipnotizando-a assegurando sua obediência. Caminhou para ele ao passado do retoble de seu apavorado coração. Havia um ambiente estranho na catedral, como se um véu de silêncio tivesse descendido, não com reverência a não ser com horrorizada espera. O som do vento penetrou, com uma súbita sacudida às janelas. Logo um gemido se elevou da multidão quando o vento lhes golpeou, um assalto inesperado, penetrante e frio. O vento se elevou em um uivo triste e atravessou apressadamente a igreja, um sorvete e lhe formem redemoinhos augurido de desastre.
Os guardas fecharam às pressas as portas para manter fora a violência da tormenta que já vinha do oceano, deixando fora também aos aldeãos da Nicoletta. Não puderam sossegar o som, entretanto, quando as janelas traquetaron e o edifício pareceu sacudir-se sob o ataque. Giovanni permaneceu imóvel, seu olhar fixo na da Nicoletta de forma que pudesse solo seguir lhe olhando fixamente aos olhos, apanhada ali, prisioneira. Inclusive enquanto a natureza protestava ante sua união, via-se compelida a continuar avançando.
A terra se ondeló então, uma onda sob seus pés, um estremecimento de protesto sentido em toda a igreja. levantou-se um ofego coletivo, e várias mulheres começaram a chorar. Nicoletta sentiu encontes como se a terra estivesse lutando por romper o ímpio feitiço do dom sobre ela. cambaleou-se, mas não pôde apartar o olhar da negra e brilhante dele. Parecia um depredador, atento a sua presa, olhando-a fixamente, com uma demanda tão velha como o tempo.
Giovanni se moveu então, deslizando-se a sua acostumada maneira casual para a Nicoletta. Esse simples ondeio de seu poder atravessou a catedral, controlando à multidão, e acabando com a histeria, uma amostra de sua absoluta dominação. Seu olhar nunca abandonou a cara da Nicoletta, em vez disso se intensificou. Percorreu a curta distância até seu lado e tomou sua mão geada. Ainda lhe sustentando o olhar, levou-se os dedos a calidez de seus lábios, depois lhe levou a mão ao oco de seu cotovelo e a conduziu até o altar e o sacerdote que esperava.
A cerimônia foi larga, a fragrância do precioso incenso e o cântico do antigo latim tranqüilizavam. Nicoletta, ajoelhava junto ao dom, agachou a cabeça enquanto o ritual continuava. Todo o momento o vento rabiava para a catedral em seu frenesi por conseguir entrar. Estava em um lugar santo, mas algo ou alguém estava tramando um mal indescritível para castigá-la por atrever-se a unir-se em matrimônio com o dom.
Os céus se abriram e verteram uma selvagem fúria de chuva açoitada pelo vento sobre a catedral e o santo pai que pronunciava os votos que a uniriam ao Giovanni Scarletti. O vento uivava e fazia chiar as janelas, e um dilúvio bombardeava o teto e os flancos do edifício. A terra tinha deixado de tremer, mas um relâmpago zigzageaba pelo céu, arqueando-se de uma nuvem negra a outra, e o trovão reververó tão ruidosamente que a igreja se sacudiu.
Quando a catedral vibrou sob a selvagem fúria da tormenta, o sacerdote gaguejou, sua voz empalideceu, incapaz de proclamar ao casal casado. Suas mãos tremiam visivelmente, e olhava com terror às janelas tintineantes. A chuva estava golpeando os cristais de cores em um fluxo martilleante. A grande multidão sussurrou sobre práticas ímpias, presignándose e beijando os crucifixos que penduravam de seus pescoços. Ninguém se atreveu a utilizar o término IL Demônio, mas este sussurro não expresso em palavras era o mais ruidoso. Giovanni Scarletti se moveu então... um ligeiro movimento, nada mais... mas foi claramente um movimento de agressão, de pura ameaça. Os sussurros cessaram instantaneamente, e o sacerdote fez o signo da cruz várias vezes, orvalhando generosamente água bendita sobre o casal.
Nicoletta manteve a cabeça agachava, obrigando a seu fôlego a entrar e sair. Ninguém podia salvá-la, nem a boa Madonna nem o santo pai. Nem sequer o vento e a chuva que protestavam por seu matrimônio, esfaqueando a igreja com raiva. Nicoletta era agudamente consciente do homem que estava a seu lado. Sua força. seu poder. O calor de seu corpo. A forma em que sua mente estavam tão intimamente ligada a dela. Seus dedos estavam entrelaçados com os dele, o polegar lhe acariciava o interior da boneca, um ânimo silencioso ante a fúria da natureza rechaçando sua união. Tentou rezar, tentou pedir ajuda para derrotar o feitiço lhe hipnotizem do dom sobre ela, mas, em realidade, não estava segura de querer livrar-se dele.
O sacerdote benzeu o pequeno anel de ouro posado em meio de seu livro de salmos aberto. O ofereceu ao dom. Pressente-os viram como a mão do santo pai tremia tanto que Dom Scarletti teve que estabilizá-la quando tomou o diminuto círculo dourado. Nicoletta fechou os olhos quando a banda de propriedade rodeou seu dedo. O relâmpago golpeou, ricocheteando na torre de forma que por um terrível momento do céu pareceu chover fogo. De novo o sacerdote ficou congelado, indeciso, sua voz vacilou. O olhar negro do dom brilhava quase fantasmalmente em meio dos brilhos do relâmpago.
Olhando cautelosamente à chuva que golpeava as janelas e depois aos guardas de élite de pé ombro com ombro na parte traseira da igreja, o santo pai os declarou casados e elevou a mão para benzer seu matrimônio. Um relâmpago destroçou o céu, iluminando a catedral, lançando estranhas e coloridas sombras que dançaram grotescamente pela parede. Um trovão estalou, afogando algo que o sacerdote pudesse estar dizendo. Giovanni nunca vacilou, elevou o véu da Nicoletta e inclinou sua cabeça para a dela.
-É muito valente, piccola -sussurrou-lhe contra os lábios. Depois beijou gentilmente sua boca volta para cima, um simples roce de seus lábios contra os dela. Apanhou-a firmemente, empurrando-a sob o amparo de seu ombro-. Ao fim é minha esposa, Nicoletta Scarletti -pronunciou, a satisfação alagava sua voz.
Nicoletta permaneceu em silêncio, temendo a sua própria voz, temendo ficar como uma parva se tentava falar. Parecia um sonho, um pesadelo em que estava apanhada. Foi com o Giovanni, percorrendo o corredor enquanto os guardas abriam as portas e erigiam apressadamente um dossel para proteger ao casal da fúria da tormenta. Empapado-los e aterrados aldeãos fazia muito que haviam huído, solo uns poucos atrasados olharam sobre o ombro quando Giovanni a levantou em braços, avançando com passos largos e seguros para a carruagem. Colocou-a gentilmente no assento e subiu para sentar-se junto a ela. A porta se fechou, e ficaram sozinhos.
-Nicoletta -sua voz era baixa, uma carícia arrastada-. vais olhar me alguma vez?
Podia sentir sua voz lhe sussurrando sob a pele. Nicoletta lhe lançou um rápido olhar furtivo, apartando-a rapidamente ante sua atitude. A tormenta estava agora afastando-se da catedral, avançando terra adentro para pulverizar-se pelas montanhas.
-Nicoletta, me olhe. -Sua voz era tranqüila, inclusive gentil, mas foi uma órden não obstante.
Girou a cabeça, suas largas pestanas se elevaram, seus olhos escuros pareceram enormes em sua cara.
-O dia de hoje foi muito mais difícil do que esperava. -Sua voz foi sozinho um fio, tão baixa que ele logo que pôde captar as palavras-. Não sei se tiver valor para a celebração no palazzo.
-É uma tormenta, minha cara, uma tormenta violenta como todas as demais que chegam do mar. A terra escolheu esse momento para tremer, como tem feito no passado. Estas coisas ocorrem com freqüência. São naturais, não as superticiones sem sentido de monstros elevando-se dos mares para caminhar pela terra que alguns ensinam a acreditar nos meninos. Ou pior, que os céus estão protestando por nossa união porque ou você é uma bruxa ou eu IL diavolo. Sei que não é uma bruxa, Nicoletta, embora haja arrojado seu feitiço sobre mim como ninguém poderia ter feito. E certamente não você não crie que eu esteja aliado com o IL diavolo. Como poderia ter entrado na catedral ileso? Como poderia ter tomado o crucifixo em minha mão, beber o vinho sacramental, ou ser orvalhado com água bendita? -Sua voz era extremamente gentil mas havia um fio de zombadora diversão nela.
Nicoletta levantou o olhar de novo, uma rápida reprimenda por sua irreverência, enquanto retorcia a banda de ouro pouco familiar que rodeava seu dedo.
-Como é que pode me falar em minha mente?
-É tão terrível pecado? -rebateu ele.
-Não sei se for um pecado. Todo o resto parece sê-lo. -As palavras escaparam, e se mordeu apressadamente o lábio inferior para evitar alguma outra declaração blasfema.
Giovanni estalou em gargalhadas.
-Tem razão, segundo Maria Pia Sigmora. Mas eu não penso assim de minha habilidade. Simplesmente nasci com ela. A minha mãe estava um pouco assustada por isso e me advertiu que nunca a revelasse a outros. Como é que pode curar como faz? Senti a calidez curativa em seu tato, esse não é um talento ordinário tampouco.
-Também nasci com isso -disse ela. Um pequeno sorriso se abriu passo até sua boca.
-Não tema a celebração, Nicoletta -disse ele brandamente, tomando a mão em um intento de que esta deixasse de tremer-. Não me separarei de seu lado.
-Você me assusta muito, bom senhor -admitiu ela, sua risada incontenible borbulhou até a superfície.
Lhe agarrou o queixo com a mão e a obrigou a levantar o olhar para ele.
-É tão inocente, piccola, e posso me haver condenado por te impor minha vontade, mas, em realidade, não tive eleição. -Esta vez o fio de sua voz a fez estremecer. Seus olhos negros estavam cheios de uma faminta intensidade que não tentava lhe ocultar.
retorceu-se para liberar o queixo de sua palma, seus próprios olhos escuros ardiam a fogo lento.
-Não lhe acredito, Dom Scarletti. A gente sempre tem eleição. Você é a lei, vida ou morte para aqueles que vivem no povo. Você me tirou minha eleição.
-Melhor eu que algum rude moço camponês -vingou-se ele.
Chamas de batalha saltaram aos olhos da Nicoletta.
-Poderia haver te ocorrido que não queria a nenhum homem. Estava perfeitamente bem sem um.
A risada dele foi baixa e zombadora.
-Não pode ser tão ingênua para pensar que algum homem não teria vindo cedo ou tarde a levar-se lhe
-aprendi a me ocultar. Minha gente não fala de mim aos estranhos.
-Eu ouvi falar de sua beleza muito antes de posar meus olhos em ti. -Estirou suas largas pernas, extrañamente ocioso-. Estas carruagens são incômodos meios de transporte.
-Oiste dizer que eu era... diferente? -perguntou.
Ele olhou a sua cara tensa, a sua boca tremente. Com um suave suspiro, tomou a mão.
-Se for "diferente", minha cara, então também o sou eu. Sei que nos pertencemos o um ao outro. Já dei a bem-vinda às mudanças em meu lar. Sua estadia foi curta, mas sua influência teve muito alcance. Diz que eu tive eleição. Eu digo, que se me gente ia sobreviver, não a tinha.
-Fez muito feliz às pequenas Sophie e Ketsia hoje -disse Nicoletta, decidindo trocar de tema-. Obrigado por pensar em fazer um vestido especial para a Ketsia. -Sabia que Porta não se ocupou desse detalhe em particular.
-Só te vi ti na igreja - admitiu ele- mas me assegurarei de fazer um completo às meninas nas festividades.
-Sabe se algum outro tem a habilidade de enviar suas vozes às mentes da gente? -perguntou Nicoletta, curiosa.
-Meu irmão Antonello é bom nisso. Meu nonno também, tem este lhe destruam, está em nosso sangue. Ainda assim, meu pai não podia haver tal coisa, em realidade, enfurecia-lhe que seus filhos pudessem e pensava que era do mais blasfemo.
-E o que tem que lhe Vençam?
Giovanni assentiu.
-É obvio. Mas não é tão hábil como Antonello, e raramente utiliza a habilidade. Antonello é meu emissário mais valioso em terras estrangeiras, e é de grande utilidade para nós falar silenciosamente quando ninguéma mais pude oir. E inclusive a grande distancia, posso sentir se estiver em perigo. lhe vençam, por outro lado, raramente está em perigo, a menos que seja pelas cuidados excessivamente ávidas de alguma jovem dama. Da morte de sua esposa, há muitas que esperam ser sua nova esposa. Eu acredito que poderia decidir-se por Porta... estão muito unidos... mas ainda está de duelo.
-Seu irmão me disse uma vez que os homens Scarletti amam uma só vez -disse Nicoletta, tremendo enquanto evocava a ameaçadora sensação que tinha acompanhado a essa declaração. Depois pensou em acrescentar-, a pequena Sophie ouça vozes de noite, e tem muito medo. Não o está imaginando, embora lhe Vençam, Porta e Margerita assim o afirmam, nem se está voltando louca. Eu também ouvi as vozes. Acredito que está em perigo. Diz que sua mãe ouvia vozes, e alguns a chamavam louca.
Giovanni sacudiu a cabeça.
-É uma história triste, Nicoletta. Anjinha estava muito apaixonada por lhe Vençam, olhavam-se amorosamente o um ao outro durante horas ao princípio de seu matrimônio. Mas ela trocou muito rapidamente. ficava em sua habitação durante horas sem fim, sem permitir entrar em ninguém exceto a lhe Vençam. Ele se ocupava dela, lhe levando a comida e entretendo-a. Solo queria a ele. Ele se preocupava com ela, a levou de viagem, tentou muitas coisas, mas se converteu quase em uma reclusa. Em seu desespero ele decidiu que deviam ter um menino. -ficou em silêncio, e a carruagem se balançou e saltou pelo estreito atalho para o palazzo.
-Isso não ajudou, -suposo ela.
Giovanni suspirou brandamente.
-Não, não ajudou. lhe vençam se dedicava devotamente a Anjinha, quase nunca abandonava seu lado, mas ela se negava a sair de sua habitação e ao final nem sequer via o Sophie, sua filha. Temi por meu irmão. A risada lhe abandonou. Raramente olhava a sua filha, como se a culpasse da condição de sua mãe. Enviei a um recado, um pequeno. Esteve fora uma noite, não mais, mas na mente enlouquecida da Angelina, ela acreditou que a tinha abandonado.
Nicoletta lhe olhava fixamente, horrorizada pela história.
-A encontrou morta pela manhã quando a donzela foi recolher seu jantar. enforcou-se. Te confia esta informação como membro da famiglia. lhe vençam não o perdoaria se isto saísse à luz. Uma vez mais a maldição Scarletti se cumpria. -Seu negro olhar lhe percorreu pensativamente a cara-. É por isso que terá contigo aos guardas todo o tempo. Não encontrarei seu cadáver em algum lugar como passou a quase todos os homens de muito famiglia. -Pronunciou as palavras severamente, uma ordem que ela não se atreveu a desafiar-. Provarão sua comida e sua bebida, e lhe vigiarão quando eu não possa. Não terá uma antecâmara separada mas sim compartilhará a minha.
Nicoletta ofegou.
-Devo ter minha própria antecâmara a que me retirar em ocasiões.
-Não.
-E Sophie? ia deixar a compartilhar minha cama.
Os dentes brancos dele cintilaram, e por um momento a diversão iluminou a escura obsidiana de seus olhos fazendo que brilhassem maliciosamente como os de um moço.
-Estará muito ocupada compartilhando sua cama com seu marido, não com uma menina.
Sua voz foi baixa e rouca, e seu olhar lhe percorreu ardentemente o corpo.
-Parece um lobo faminto -repreendeu ela. Em realidade, seu olhar audaz lhe provocava chamas que lamberam sua pele até que ardío por ele. Nicoletta apartou o olhar para ocultar sua reação-. O que tem que a menina? Possivelmente Maria Pia poderia viver no palazzo e ficar com o Sophie de noite.
-É isso o que desejas, minha cara?
A nota sensual de sua voz a derreteu, e se apoiou nele, flexível e suave. Assentiu impotentemente com a cabeça, lhe olhando com olhos enormes.
Os dedos de lhe abrangeram a garganta, sua palma se deslizou para baixo tão ligeira como uma pluma sobre os peitos através do tecido do vestido. Sentiu um salto profundamente em seu interior, e um líquido ardente e fundido lhe atravessou o corpo com uma inesperada dor.
-Recorda o que te hei dito, piccola. Não perderei a minha esposa pela maldição Scarletti.
A carruagem saltou detendo-se bruscamente, lançando duramente a Nicoletta contra ele.
-Não morrerei por minha própria mão, se isso for o que tanto teme Crie que tantas desgraças em uma só famiglia é o destino, ou crie que mãos humanas estão envoltas em tais coisas?
O guarda abriu a porta da carruagem, deixando entrar luz e chuva. O dom não se moveu, sua cara estava esculpida em pedra. Imediatamente pareceu ameaçador, invencível, implacável.
-Não sei, Nicoletta, mas juro pelo mais sagrado, que seja o que seja, não te separará de mim. -Saiu da carruagem com sua graça casual e estendeu a mão para ela, sem deixar que seu vestido tocasse o caminho úmido pela chuva. Sem preocupar-se com as aparências, embalou-a contra seu peito enquanto subia rapidamente os degraus e entrava no grande vestíbulo para unir-se aos que já celebravam.
Nicoletta passou as horas seguintes como em um sonho. Foi consciente de que o dom mantinha sua palavra e enviava a procurar a Maria Pia. inclinou-se sobre a mão do Sophie e murmurou magníficos cumpridos a Ketsia. Permaneceu sempre perto que da Nicoletta, com sua mão posesivamente sobre ela pareceram lhe deixar sua marca na pele justo através do vestido.
Em algum ponto foi consciente das brincadeiras entre o Antonello e seu novo marido, algum trasfondo político sobre a habitação cheia de bailarinos que ela não entendeu. Sabia pouco sobre os assistentes à celebração. A maioria eram membros das grandes casa e representantes da corte. Mas algo mais se estava tramando, algo do que Giovanni conversava mente a memore com seu irmão. Ela sabia que estavam falando, o dom estava dando ordens a seu irmão.
Giovanni a levou a pista de baile e girou aproximando-a a ele, inclusive enquanto seus corpos se tocavam, sabia que sua mente estava com a do Antonello. Algo ia mau. Algo sobre o que ambos se mostravam precavidos. Por muito que o tentou, não pôde tocar a mente do Giovanni e averiguar a verdade.
te vençam dançou com ela brevemente, evidentemente foi um momento comovedor para ele, que recordava a suas próprias bodas, a sua amada Anjinha, enquanto se movia rigidamente com ela sob o olhar atento de seu irmão. Essa foi a primeira vez desde sua chegada ao palazzo na pareceu dispor da atenção absoluta do Giovanni, e inmediatamene foi incómodamente consciente das mãos de lhe Vençam sobre seu corpo, de sua dura forma roçando ocasionalmente a dela. Isso a fez sentir tensa e torpe, mas quando levantou o olhar para ele, Te vençam estava olhando fixamente sobre seu ombro, com a mente longe e lágrimas visíveis em seus olhos escuros e atormentados.
Giovanni resgatou a seu irmão menor, deslizando-se para seu lado e apartando gentilmente a Nicoletta de seu apertão. Pôs um braço sobre cada um deles e os fez retroceder para as sombras, onde te Vençam pôde pôr suas emoções sob controle
Giovanni se inclinou para a Nicoletta, pressionando a boca contra seu ouvido.
-Acredito que me arrumei isso para cumprir com meus convidados. Agora quero estar a sós com minha esposa. nos retiremos à antecâmara, já que eles continúran aqui toda a noite, e eu tenho em mente outras ocupações muito mais agradáveis para nós.
Nicoletta estava de pé em meio da imensa antecâmara insegura e sem saber o que fazer exatamente. Seus assistentes a tinham deixado para que enfrentasse a seu marido por si mesmo. Seu cabelo comprido estava solto e lhe derramava pelas costas em ondas de seda negroazulada. Sua camisola se aferrava a cada curva. ficou de pé, descalça sobre o frio azulejo e examinando com admiração a enorme habitação. Nunca tinha visto nada tão assombroso. A antecâmara do dom era maior que a cabana inteira que ela compartilhava com a Maria Pia.
Seus pertences, incluindo seus novos vestidos, estavam no enorme armário dele, junto com vários pares de sapatos que solo podiam ter sido feitos para ela. Viu um bom número de pesadas portas junto à que conduzia ao corredor, mas estava muito nervosa para explorar. Nicoletta passeou descalça até a janela que dava ao mar. A habitação estava esquentada pelas chamas que rugiam no lar, embora ela tremia. Fora, o sol fazia muito que se rendeu em sua luta por iluminar o céu, sucumbindo às nuvens escuras e à chuva feroz. O trovão e o relâmpago tinham avançado terra adentro mas deixando detrás de si o firme tamborilo de gotitas de chuva sobre o palazzo.
A porta atrás dela se fechou brandamente, e Nicoletta se girou, a mão lhe voou protectoramente à garganta.
Giovanni estava de pé observando-a através dos olhos entrecerrados, apoiando um quadril perezosamente contra a parede mais afastada.
-notaste que esta habitação carece mais que nenhuma outra dessas esculturas tão pouco atrativas? -perguntou ele. estirou-se lentamente, passando uma mão pelo cabelo negro e ondulado, despenteando-o inclusive mais do normal. tirou-se as botas e as médias, depois as fez a um lado com a perna. Parecia do mais íntimo lhe ver com os pés nus na habitação de ambos.
Parecia quase cansado, como se a fachada que apresentava ao resto do mundo não se mantivera na privacidade de seu santuário exclusivo. Sua cara parecia sombria, com linhas esculpidas ao redor da boca. Nicoletta sentiu o súbito e inexplicável desejo de alisar essas linhas diminutas. Em vez disso, assentiu, agradecendo que ele estivesse disposto a esperar uns minutos antes de lançar-se sobre ela.
-Não tinha notado. É um alívio. -Temendo ter ferido inadvertidamente seus sentimentos, sorriu-lhe para aliviar o aguilhão de suas palavras-. Mas há algumas maravilhosas obras de arte no palazzo-. Afastou-se das janelas e da vista do espumoso mar para afundar-se nas sombras.
Ele se internou mais na habitação, deslizando-se a sua maneira silenciosa para o lado oposto do armação da cama. Nicoletta se relaxou visivelmente com o enorme largo da cama com dossel entre eles, tão grande que era como uma habitação separada.
Giovanni se tirou a jaqueta de seus amplos ombros e a lançou descuidadamente a uma cadeira. Seu olhar negro se deslizou outra vez sobre ela. Acreditou ver uma fome crua brilhando profundamente em seus olhos antes de que voltasse sua atenção à camisa. Nicoletta tragou com força e tentou apartar a vista dele, mas seus movimentos eram mesmerizantes. Observou como se encolhia de ombros para tirá-la camisa e deixá-la cair depois da jaqueta sobre a cadeira.
O medo sabia curiosamente a excitação em sua boca. Seu coração estava pulsando com força, e revoavam mariposas violentamente em seu estômago.
-Devo te perguntar algo. -Elevou o queixo ligeiramente para proporcionar-se a si mesmo o valor necessário.- Conheceu a minha mãe? -Conteve o fôlego então, pressionando-se ambas as mãos sobre o sobressaltado estômago, temendo qualquer resposta que ele pudesse dar. Temendo que se negasse a responder. Temendo ter destruído qualquer possibilidade de entendimento entre eles.
Giovanni olhou do outro lado da habitação para sua cara pálida, suas mãos ainda sustentavam a camisa.
-Quem não recordaria a sua mãe, piccola? parecia-se muito a ti. Um raio de sol que iluminava cada habitação em que entrava. Tinha a voz de um anjo, e enchia o palazzo de risada, como faz você. Se, conheci-a.
-Crie que estava limpando e caiu das muralhas a sua morte? -As palavras soaram estranguladas ao de sua garganta.
Giovanni rodeou a cama, parecia um lobo à espreita. Seus olhos brilhavam ameaçadores, ela retrocedeu até que a parede a deteve. Ele plantou sua figura sólida frente a ela, lhe cortando toda possibilidade de escapamento, seus dedos lhe agarraram o braço como grilhões. Sua outra mão lhe rodeou a suave e vulnerável garganta, e seu polegar lhe inclinou para cima o queixo para que seus olhares se encontrassem.
-Não estará pensando em te colocar a ti mesma em perigo procurando a resposta à morte de sua mãe, porque prohíbo absolutamente semelhante tolice. O prohíbo absolutamente. -Repetiu as palavras, pronunciando cuidadosamente cada uma delas, como se ela fora tola.
-Obedecerá a seu marido nesta questão, Nicoletta.
Pôde sentir um fino tremor propagando-se por seu corpo duro, como se se sacudisse pela força de sua própria ordem.
-Então crie que não morreu acidentalmente. -Tentou permanecer acalmada ante sua absoluta autoridade. Dom Scarletti era mais que lhe intimidem, e aqui, a sós na antecâmara com ele, médio nua, com o cabelo solto, Nicoletta se sentia espantosamente vulnerável.
-Não, Nicoletta, não morreu como se disse. Não teria estado limpando ali com a chuva. -Gesticulou para a janela e a chuva muito que caía contra ela-. Quem faria tal coisa? Não, atiraram-na pelas muralhas, assassinada. -Pronunciou a palavra deliberadamente, seus olhos brilharam ameaçadores, dirigidos para ela-. Isso não ocorrerá a ti. Não o permitirei. Deu! Ainda lembrança seu corpo quebrado. Não te verei assim. Não fará perguntas nem tentará não averiguar mais sobre sua morte. Se eu não pude fazê-lo, e os que o investigaram tampouco, então aceita que você tampouco pode.
-Realmente não sabe quem a matou? -Desejava lhe acreditar, estava desesperada por lhe acreditar. Ele era seu marido, e esperava intimar com ele. Parecia tão intenso e sincero. Seus olhos procuraram nos dele a verdade.
-Se soubesse quem a matou, Nicoletta, já estariam mortos, não espreitando nas sombras, uma ameaça contra minha esposa. -Seu polegar começou a roçar adiante e atrás sua suave pele como se não pudesse conter-se.
-Teme por mim -declarou ela, quando solo desejava derreter-se sob o calor de seu faminto olhar-. Não há necessidade.
Sua cabeça estava baixando lentamente para a dela.
-Há muita necessidade, piccola. -Sussurrou as palavras como um encantamento mágico contra seus lábios-. Você é de suprema importância para mim. Não posso seguir sem ti.
Sua boca se posou sobre a dela. Gentilmente. Persuadindo. Sua mão lhe emoldurou a cara, depois se deslizou à nuca, urgindo a seu corpo mais completamente contra ele. Nicoletta se encontrou tremendo, um calafrio começou em seu centro para abrangê-la lentamente. A terra pareceu mover-se sob seus pés, e o mundo girou para deixá-la obstinada a este homem, seu marido, tão sólido e real. Sua boca, ardente de desejo, voltou-se mais urgente, mais exigente.
Nicoletta sentiu o curioso derretimento de seus ossos que fez que encaixasse no corpo dele, cálida e flexível, pressionando-se escandalosamente contra ele. O corpo do Giovanni se endureceu inclusive mais, quente e grosso, súbitamente agressivo. Moveu as mãos sobre sua pele, uma exploração gentil que provocou uma quebra de onda de prazer erótico que a estremeceu. Sua boca brincou com a dela animando-a a responder, a lhe igualar. Desejava o calor úmido e a excitação de suas exigências. Desejava que suas mãos embalassem o peso de seus peitos.
Quando sua boca abandonou a dela, deixou cair a cabeça para trás, expondo a linha de sua garganta. Ele abriu uma brecha feroz de beijos ao longo da suave pele, sobre a cremosa protuberância de seus peitos até que desejou mais. Necessitava mais. Nesse momento só existia Giovanni, com seu corpo duro, sua boca perfeita, e o fogo que estava criando nela.
Ele murmurou algo com voz rouca, um som dolorido de desejo.
Nicoletta lhe embalou a cabeça entra os braços quando baixou a boca a seus peitos, atravessando o fino tecido de sua camisola. sentia-se pecaminoso, escandaloso, e mais erótico que nada que houvesse nunca imaginado. Sua boca era quente e úmida, atirando fortemente de sua cremosa carne, a língua dançava sobre o duro pico do mamilo, seus dentes rasparam gentilmente até que gritou pelo puro prazer disso.
Giovanni lhe baixou a camisola, expondo a perfeição de seus peitos cheios a seu faminto olhar. A inesperada frescura do ar depois do assalto de sua boca ardente solo se acrescentou à erótica sensação. Sua mão lhe embalou um peito posesivamente, o polegar brincou com o mamilo sensível até que seu corpo gritou por mais.
-Quero verte -sussurrou ele brandamente contra sua pele acetinada-. Preciso verte.-Empurrou-lhe a camisola mais abaixo até que caiu em dobras fluídas até acumular-se ao redor de seus tornozelos.
Nicoletta ofegou quando ficou em pé ante ele, com o corpo completamente exposto ao raivoso desejo de seus olhos negros. Nunca se havia sentido tão lasciva em toda sua vida. A luz do dançava sobre sua pele fazendo que parecesse brilhar dourada, as sombras marcavam amorosamente lugares secretos, chamando a atenção sobre sua pequena cintura e seus quadris arredondados. Agachou a cabeça fazendo que ondas de cabelos largos roçaram seu corpo como uma capa sedosa. Olhou firmemente ao centro do peito dele, incapaz de pensar ou mover-se.
minha cara. Ele o respirou em sua mente. Intimamente. Meigamente.
-Não pode temer a esta noite comigo -disse em voz alta. me deseje como eu desejo a ti.
Observou como suas mãos tiravam a camisa interior. Mãos fortes. Mãos que se moveram sobre sua pele posesivamente, uma carícia sedutora através de seu corpo. Seu peito era amplo e de pesados músculos, com várias cicatrizes profundas, dois bastante recentes. Alguém parecia perigosamente perto do coração. Nicoletta sentiu o fôlego abandonar seu corpo antes sua visão, ante a vívida imagem de uma espada lhe atravessando o coração. Involuntariamente se encontrou lhe buscando, seus dedos riscaram a fina e sobressalente linha. Sentiu seu corpo poderoso esticar-se e tremer sob seu toque tentativo. Uma rajada de calor lhe deu a coragem para lhe olhar. Seus olhos eram tão famintos, chamejantes de cru e puro desejo. Não importava que ele fora enormemente forte e ela era sua para fazer com ela o que desejasse. Nesse momento Nicoletta compreendeu que era quase tão vulnerável como ela.
Sob seus dedos exploradores, sentiu a pele quente e firme, seus músculos definidos e duros. Não havia nada suave em seu corpo, solo uma dura perfeição que a fazia desejar pressionar-se contra ele. Seu próprio corpo se sentia diferente, pesado, dolorido, desejoso de algo... algo que ainda não compreendia... quase desesperadamente. Desejou ter a coragem de lhe rodear o pescoço com os braços e pendurar-se firmemente, moldando seu corpo unidos.
-Tem medo de mim? -perguntou ele brandamente, suas mãos lhe moldavam as curvas quase reverentemente. A nota rouca de sua voz fez que lhe desse um tombo o coração.
Ela assentiu, seus olhos totalmente abertos traíam sua inocência. Isso solo lhe fez desejá-la mais, fez-lhe desejar protegê-la e possui-la, mantê-la sempre a seu cuidado. Suas mãos lhe encontraram as costas e a arrastou mais perto, agarrando que o calor que irradiava de seu corpo se fundisse com o dela. Seu olhar escuro a manteve hipnotizada, fazendo que não pudesse apartar a vista dele.
Giovanni inclinou a cabeça mais perto.
-te entregue a mim, Nicoletta, e juro que nunca te arrependerá. -Sua voz lhe sussurrou sobre a pele como cálida seda, hipnótica, sedutora. Seus lábios se moveram lentamente, gentilmente sobre os dela, animando-a a abrir a boca a ele. E então a levou a seu mundo de úmido calor e fogo, de pura sensação.
Seguiu-lhe disposta, mais seduzida pelo puro desejo dele que pelas cores arremolinantes e cambiantes que exploravam em sua cabeça. Ele estava em todas partes, em tudo, suas mãos se moviam sobre seu corpo, sua boca soldada a dela, seu cabelo lhe roçando a pele, sensibilizando-a inclusive mais. Não podia pensar do que lhe desejava. Não tinha nem idéia de que o fogo de seu interior pudesse arder tão brilhantemente, rabiar tão fora de controle. As arrumou para posá-la na cama sem que ela nem sequer soubesse como tinha chegado ali, e sua boca abandonou a dela para encontrar os peitos doloridos, inclusive enquanto sua palma se deslizava sobre o estômago para descansar sobre os apertados cachos escuros onde seu úmido calor lhe chamava.
Nicoletta sentiu a frescura da colcha sob sua pele ardente, o peso da palma da mão dele enquanto empurrava entre suas pernas.
Ela ofegou com surpresa quando seu corpo inteiro se esticou e pulsou em resposta a seu toque. Seus dentes arranharam a pele tenra, sua língua gentil seguiu para aliviar qualquer dor. Suas mãos encontraram a curva dos quadris, mantendo-a imóvel enquanto a boca ardia pelo estômago até lamber o interior da coxa. Os dedos dela se retorceram convulsivamente entre seu cabelo.
-O que está fazendo? -As arrumou para lhe ofegar as palavras em voz alta, repentinamente aterrada pelo desejo entristecedor de algo que estava além de seu alcance.
Confia em mim, minha cara. Quero que me necessite do mesmo modo que te necessito eu a ti. Ardo por ti noite e dia. Não posso dormir nem comer nem me concentrar. risquei este caminho tantas vezes em minha mente. Suas palavras eram calor e fogo, as sensações que alagavam sua mente eram mais dele que delas. Lhe era tão necessária como respirar. E desejava que ela sentisse o mesmo com respeito a ele. Sinos de alarme estavam tentando lhe soar na cabeça, a auto conservação se elevavam no despertar de suas talentosas mãos lhe acariciando o corpo exatamente onde desejava... não, onde necessitava... que a tocasse. E então não houve mais que uma tormenta de fogo rabiando através dela quando os dedos a acariciaram provando sua resposta.
Seu corpo se arqueou mais completamente contra a mão, e lhe escapou um pequeno gemido. Seus dedos se apertaram entre o cabelo dele, uma âncora quando quebras de onda de fogo a banhavam.
-Para -Pronunciou a palavra em voz alta, aterrada de que pudesse perder-se para sempre. Seu sangue corria ardentemente, seus peitos lhe desejavam, seu corpo desejava o dele. Não podia pensar de tanto te desejar.
Ainda assim, não era suficiente para ele. Não ia arriscar se com sua inocência. Queria-a escorregadia, quente e além de todo raciocínio. moveu-se mais abaixo para saboreá-la. Mel quente, sua essência chamava. Seu corpo se arqueava de desejo. Giovanni se tirou a roupa que ficava inclusive enquanto se movia sobre ela, lhe cobrindo o corpo com o seu próprio.
Observou-lhe a cara, o olhar de desejo e confusão em seus olhos. Havia medo dele, de sua força, de seu poder, de sua dominação sobre ela. Estava dolorido e cheio, seu próprio desejo estava além de nada que tivesse experiente nunca. pressionou-se contra ela, duro e grosso, pulsando com uma urgente demando. Moveu seu corpo gentilmente para deter-se na entrada. Estava quente e apertada, suas dobras eram um ardente veludo rodeando sua ponta. Lhe agarrou os braços, com os olhos aberto pela surpresa.
me sinta em ti, minha cara. Somos um como deve ser. Empurrou mais adiante até que encontrou a fina barreira de sua castidade. Os dedos dela se afundavam em sua pele, e de repente ficou rígida pelo pânico. Ao momento retrocedeu, mantendo seu autocontrol com esforço supremo.
-A dor dura solo um momento, piccola. É inevitável. -Linhas de tensão marcavam sua cara esculpida.
Nicoletta levantou o olhar para ele, seus olhos procuraram nos rasgos dele pelo que pareceu uma eternidade. Ele não fez nenhum esforço por ocultar sua terrível necessidade dela, o esforço que fazia por controlar-se a si mesmo. Ao fim ela se relaxou confidencialmente baixo ele.
Giovanni inclinou a cabeça para tomar posse de seus suaves e trementes lábios enquanto empurrava para frente, tomando sua inocência. Nicoletta ofegou quando ele a encheu. Foi uma dor inesperada em meio de semelhante prazer. O se, minha cara. Sei que duelo. Mas date um momento, e será muito melhor. Havia tanta intimidade na forma em que sua voz lhe roçava seductoramente as paredes da mente. Sua boca estava devorando a dela, quente pela excitação, com as respostas ao mistério que transpirava entre marido e mulher.
Ele começou a mover-se, lentamente ao princípio, com largas e seguras estocadas, observando sua cara cuidadosamente em busca de signos de desconforto. Parecia acalorada, sexy, com seu olhar inocente na dele. Estava quente e escorregadia, uma vagem feroz que lhe aferrava firmemente. Era cuidadoso com ela quando precisava enterrar-se profunda e duramente, desejando acurrucarse dentro dela e soldá-los juntos para sempre.
Suas mãos embalaram as nádegas arredondadas, empurrando-a para ele enquanto aprofundava suas estocadas. Ela se moveu com ele, lhe buscando agora, procurando mais de tudo o que ele estava disposto a lhe dar. A pequena dor foi esquecido quando a pressão cresceu além de nada que houvesse nunca imaginado. aferrou-se a ele, com os olhos abertos, observando-o atentamente, observando as sombras que jogavam sobre sua cara, as linhas esculpidas tão profundamente. Estava empurrando nela com estocadas mais fortes e profundas. Seu corpo parecia ondear com uma vida própria, inclusive quando as mãos dele se apertaram sobre ela e lhe sentiu inchar-se, duro e cheio, afundando-se inclusive mais profundamente fazendo que por um momento se sentisse ao bordo de um grande precipício, tão perto ao êxtase perfeito. estendeu-se para isso, desejava-o, inclusive enquanto o pronunciava seu nome brandamente, sua semente se vertia ardentemente nela. Fora o que fora a evitou, deixando-a frustrada e ligeiramente envergonhada.
Giovanni estava respirando com força, suas mãos eram bandas duras ao redor dela enquanto a abraçava a ele. Nicoletta se sentiu inesperadamente perto das lágrimas. Seu corpo ainda ardia de desejo, ligeiramente machucada mas muito excitada. As mãos de lhe emolduraram a cara.
-É sozinho nossa primeira vez, minha cara. Foi minha falha... por te desejar tanto... não teu. Estamos longe de terminar aqui.
mordeu-se nervosamente o lábio inferior.
-Não sei o que fazer.
-Será um prazer te ensinar -disse ele brandamente, inclinando a cabeça para lhe deixar um beijo na comissura da boca. Seu coração se sobressaltou ante a ternura de sua voz.
-Como é que sabe tanto? -atreveu-se a perguntar. Tinha-a deixado ao bordo de perder-se a si mesmo, de converter-se em uma pulseira voluntária entre seus braços. Mas isso não importava. Não podia pensar em nada mais exceto no Giovanni e seu corpo duro, na forma em que a fazia sentir.
Ele apartou a cara.
-Isso não é algo que queira saber, Nicoletta. -Ainda estava profundamente enterrado nela, extrañamente íntimo, lhe dando a coragem que necessitava para ser insistente.
-Perguntei-te -tinha a sensação que estava a ponto de saber saio certo sobre ele, um pedaço de si mesmo que não compartilhava com outros.
Giovanni suspirou brandamente, separando a contra gosto seu corpo enquanto rodava para liberar a de seu peso, seus braços ainda a envolviam fortemente.
-Sou um Scarletti, piccola. Nos exige muito. espera-se de nós muitos herdeiros. Nossa educação em tais questões se atende a muito curta idade. O mijo pai nos enviava mulheres para que nos ensinassem essas coisas. As mulheres lhe informavam de nossos progressos. Se não tínhamos tanto êxito como o pensava que devíamos ter, fomos severamente castigados. -Amargura e asco eram como cinza em sua boca.
Nicoletta franziu o cenho, girando a cabeça para lhe olhar.
-Que terrível. Nunca tinha ouvido algo assim. Toda a aristocrazia atua assim?
-Só era o desejo do mijo pai. Suas demandas eram sempre excessivas. Depois nos enviava moças, para assegurar-se de que sabíamos o que fazer com uma inocente. Insistia em que seus filhos fossem excelentes em todas as áreas. As coisas que queria que fizéssemos às mulheres e moças com freqüência me adoeciam, e me negava. Ele me golpeava, mas me negava a lhe dar a satisfação de acessar a seus desejos ou chorar por seus golpes. Algumas costure feitas sob a aparência do sexo são anormais e doentias, piccola, e não são para seus ouvidos.
Nicoletta ouvia o asco em sua voz. Não tinha nem idéia de que estava insinuado, mas algo em seu tom fez que lhe retorcesse o estômago. Posou uma mãos sobre seu braço.
-Acredito que é curiosa a forma em que temos falsas idéias sobre como vivem outros. Me alegro não ser aristocrática. -As mãos dele se moviam sobre seu corpo, procurando sombras, suaves curva, e ocos ocultos. Observou o jogo da luz do fogo sobre a cara dele enquanto desfrutava de sua capacidade de memorizar cada centímetro de seu corpo. Parecia depravado, inclusive feliz, e lhe ocorreu que nunca lhe tinha visto assim antes. Sempre estava ou distante ou sério.
Ele inclinou a cabeça para lhe encontrar a garganta, e seu cabelo lhe roçou a pele sensível como cócegas acesas.
-Tenho uma surpresa para ti -murmurou ele, sua boca baixava mais abaixo fazendo que a sombra escura de sua mandíbula se esfregasse ao longo do inchaço de seus peitos, enviando um fogo através de seu sangue-. Algo para te manter fora das colinas.
-Nasci correndo pelas colinas -advertiu ela, com o queixo elevado em um sutil desafio.
Ele sorriu, seu fôlego brincava sobre o mamilo ereto.
-Ah, mas seus dias de correr pelas colinas terminaram, piccola. -Sua boca se fechou sobre o peito, e ela gritou pelo delicioso prazer dela, arqueando-se para ele, procurando alívio para o ardor de seu corpo. Ainda pulsava de desejo. A mão dele riscou lhe riscou a linha da cintura, depois se deslizou para baixo sobre o estômago para encontrar o ninho de cachos úmidos. Sua boca era quente e exigente enquanto seus dedos se moviam dentro dela.
Por um momento Nicoletta pensou em apartar-se dele, consciente de que era um perito em excitar a uma mulher, qualquer mulher, mas o fogo já ardia fora de controle. moveu-se contra ele freneticamente, a pressão crescia quase até o ponto da dor. E então gritou, aferrando-se a ele em busca de apoio quando seu corpo inteiro pareceu fragmentar-se e feitas ondas de agrada a banharam, passando sobre ela, dentro dela.
Giovanni encontrou sua boca com a dele, saboreando sua paixão. Não é igual com outras mulheres. Nunca foi como isto. E não podia explicar-lhe Como poderia alguma vez? O palazzo era seu lar, e ele era o guardião de sua gente. O dever era dele; descansava diretamente sobre seus ombros, e nunca a evitava. Mas a maldição sobre a família Scarletti era muito real. O palazzo tinha sido acertadamente renomado por aqueles que mexericavam... Palazzo delta Morte. Palácio da Morte. Era um lugar escuro e monstruoso no que viver, no que crescer. Um véu de mal o recubría, um que ele não podia esperar levantar. Não havia risada ou amor ali, solo vazio, medo e inveja. Algo malvado espreitava ali, envenenando todo o bom.
As mulheres que tinham vindo e desaparecido de sua vida nunca tinham sido mais que dever, algo que lhe envergonhava. Era bem consciente da maldição, bem consciente da besta selvagem que espreitava em seu corpo, do sangue quente que corria por suas veias. Tinha visto os resultados observando a seu pai. Giovanni beijou de novo a Nicoletta, gentilmente, meigamente. Como podia lhe dizer que nuca teria devido ser tão egoísta para obrigar-se a lhe aceitar? Que sua vida estava em constante perigo, que a morte a espreitava em cada momento que estava no palazzo.
Beijou-a de novo porque tinha que fazê-lo, porque não podia fazer nada mais nesse momento. Ela jazia em sua cama, seu corpo era suave e invitador, seus olhos luminosos, enormes, tímidos, um anjo apanhado no reino do diabo.
-Queria encontrar o presente de bodas perfeita para ti -disse ele brandamente, lhe beijando a comissura da boca, descendo pelo queixo-. Disseram-me que tinha um interesse pouco comum pela limpeza, em água quente.
Ao momento os olhos dela se escureceram, fantasmales, sua jovem cara refletia seu medo. Giovanni se inclinou mais para beijar a boca luxuriosa.
-Tem estranhos hábitos, piccola. Não pode negá-lo. -Soava divertido.
Nicoletta se removeu em um intento de ganhar a liberdade. Era isto alguma crueldade? Uma ameaça velada de que, se não lhe agradava, declararia-a bruxa? A palavra há tinha saído a colação duas vezes, algo aterrador se o dom desejava livrar-se dela. Sabia que era diferente, e era o suficientemente inteligente para conhecer o pagamento que tinha sido exigido a seu villaggio por essas diferenças. Um Scarletti tinha negociado com os ancestros dos anciões da aldeia querendo introduzir essas estranhas habilidades em sua linhagem. Tinha-lhes permitido estabelecer seu villaggio sob o amparo do dom em troca do Acordo Nupcial.
minha cara. Sua voz foi uma carícia arrastada, uma reprimenda gentil.
-Olha-me com tanto medo em seus formosos olhos. -Era muito mais fácil conectar com ela, quando suas emoções eram intensas, podia alcançá-la, sua voz era forte na mente dela. Giovanni se moveu então, um veloz e fluido movimento de seus músculos. O coração quase lhe deteve quando ele a levantou como se não pesasse mais que uma menina. Podia resultar muito enganoso nisso, quando estava quieto, mantinha-se completamente imóvel, e quando se movia o fazia de forma rápida e inesperada. Soube por que tinha reputação de ser um perigoso adversário.
-O que planeja fazer comigo? -Estava completamente nua, a evidência de sua inocência lhe gotejava pela perna-. É impróprio, Dom Scarletti. -Era humilhante estar tão indefesa, sem entender as demandas do corpo de uma e saber que estava completamente a mercê de seu marido.
Giovanni se moveu diretamente para uma das portas fechados, abrindo a de um empurrou com um rápido movimento e levando-a a uma enorme e elaborada antecâmara de mármore. Nicoletta ofegou, lhe aferrando o pescoço com seus esbeltos braços. Nunca tinha visto nada nem remotamente parecido. Tinha ouvido falar de tais luxos pecaminosos, é obvio; os imperadores romanos tinham reputação de ter tais coisas.
lhe observando a cara atentamente, Giovanni a deixou sobre seus pés sobre os azulejos de mármore.
Nicoletta estava tão assombrada que esqueceu que estava nua. O banho era quase tão grande como os banhos comunitários e profundo, com degraus que conduziam ao interior. A água quente lambia os borde, chamando, o vapor nublava a habitação, proporcionando a ilusão de nuvens. Sob a água profunda os mosaicos de azulejos teciam cores como uma tapeçaria. Grandes colunas no perímetro sustentavam esculturas naturais de temíveis leões. As bestas estavam de costas ao banho, como se montassem guarda.
-Meus antepassados acreditavam nas comodidades.
Nicoletta recordou de repente que Giovannni estava ali e imediatamente se ocultou detrás um dos leões.
-Crie na Santa Igreja? -perguntou, suspicaz. Em sua pequena aldeia, se rumoreaba que no mundo exterior costure como beijar e banhar-se podia conduzir a coisas pecaminosas e perversas, inclusive entre marido e mulher, que somente deviam aparearse para ter meninos. Nicoletta já temia algo que o que ela e Giovanni faziam já estivesse sob o titular de pecaminoso e perverso. Tinham-lhe gostado de muito suas cuidados para considerar-se a si mesmo uma mulher decente. A idéia era aterradora, embora excitante ao mesmo tempo.
Ele arqueou uma sobrancelha negra para ela, de pé alto e nu, parecendo em cada centímetro um deus grego. Nem sequer começamos a ser pecaminosos e perversos. As palavras roçaram o interior de sua mente, pulverizando calor por seu corpo até que seu mesmo centro ardeu.
-Há muito mais que isto entre um homem e uma mulher -disse ele em voz alta, observando a respiração acelerada de seus pulmões, observando a forma em que seus peitos lhe chamavam, inchando-se com dolorido desejo.
Nicoletta se apressou a baixar os degraus da piscina até inundar seu corpo na água, esperando que ele já não pudesse vê-la. Os azulejos do mosaico de cores criavam um efeito estranho e brilhante na água. sentia-se como uma ninfa aquática, seu cabelo comprido flutuava como sedosas algas marinhas negroazuladas sobre a superfície.
A água quente lambia sua pele, aliviando suas zonas doloridas. Fechou os olhos, saboreando a sensação, saboreando o calor e inclusive a possível indecência de todo isso.
-Não respondeu a minha pergunta, Dom Scarletti -disse brandamente, levantando o olhar para ele, mais confiada com a água cobrindo sua pele nua, as nuvens de vapor jogavam sobre seu corpo, e as sombras escuras lançadas por várias velas roçavam sua carne.
-Acredito em minha maneira. Sou o dom, responsável pelas vidas de muitos. Não tenho o luxo de acreditar cegamente. Cada decisão que tomo dever ser política. Nosso país está dividido, e enquanto assim seja, podemos cair ante os grandes poderes, ser controlados pela Santa Igreja, França, Espanha, ou Austria.-Baixou os degraus lentamente-. Mantenho estas terras porque sou forte. Golpeio forte e rápido, e meu alcance é largo. Se houver um rumor de traição, se houver um bate-papo sobre me atacar e tomar minhas terras, conquistando a minha gente, elimino a ameaça na mesma garganta de meu inimigo, muito antes de que alcance minhas fronteiras.
Os dentes da Nicoletta morderam o lábio inferior com agitação.
-Há rumores de que lidera uma sociedade de assassinos. -Estava retrocedendo afastando-se dele, longe do efeito mesmerizante que parecia ter sobre ela. Quase podia acreditar que liderava uma sociedade de assassinos. Já quase acreditava que era um feiticeiro lançando um feitiço sobre ela. Mas era tão hábil nisso, que em realidade não tinha desejos de escapar.
-ouvi esse rumor -disse ele com um encolhimento de ombros casual.
Nicoletta era muito consciente das gotas de suor que correu pelos músculos definidos do peito e os braços dele. Queria lhe tocar, saborear essas diminutas gotas de umidade. A idéia era aterradora, uma corrupção de sua modéstia inata. Desejava que a tocasse de novo, que levasse seu corpo a uma feroz conflagração.
-Inclusive com tudo o que me contaste, como é que lhe arrumaste isso para manter suas terras quando tantos outros têm cansado? -Estava lutando por controlar o terrível desejo que rabiava em seu corpo.
-Está pensando que IL diavolo me ajudou. Não sei se o tem feito, Nicoletta. São muitas coisas que devo fazer para manter nossas terras que uma pequena inocente como você não poderia conceber. -estendeu-se em sua busca, suas mãos lhe encontraram o torso, empurrando-a para ele através da água que os lambia. Seus peitos empurraram contra o peito dele em um flagrante convite. Imediatamente suas mãos subiram para cavar o suave peso em suas mãos.
-Necessito que me explique algo, Dom Scarletti -disse, inclinando-se mais perto, quase hipnotizada pelas pequenas gotas de água que corriam por sua pele-. Isto está mau? O que me faz sentir... está mau?
-Giovanni -corrigiu-a ele-. E o que poderia estar mal entre um marido e sua mulher? Você é minha outra metade, minha cara.-estendeu-se em busca de sua mão.-Isto é como deve ser. Sente quanto te necessito, Nicoletta. Quanto te desejo. -Envolveu os dedos dela ao redor de sua grosa e dura longitude, depois fechou os olhos, saboreando seu tato.
Podia senti-la tremer apesar da calidez da água. Sua mão se moveu em uma carícia sobre o cabelo, uma carícia de ternura incluso quando sua outra mão dava forma a seus dedos para massagear e explorar.
-Quando um homem conhece uma mulher deseja que lhe toque assim, quando ela procura lhe agradar como ele a agradou a ela, volta-se mais faminto dela. -O vapor da água estava flutuando ao redor deles, entre seu corpo, lambendo suas peles, como mil línguas-. Me olhe, minha cara, quão grande já se tornou minha necessidade de ti. -Sussurrou as palavras enquanto a aproximava, enquanto lhe agarrava a cabeça entre as mãos e se inclinava para lhe beijar a nuca. Uma sedução. Uma tentação.
Nicoletta pôde sentir o curioso derreter de seu interior, o calor em seu sangue surgindo através das veias, acumulando-se em uma dor baixo e constante de desejo quase desesperado. Desejou inclinar-se para frente e saborear as gotas de umidade em sua pele. E já não foi capaz de conter-se. Quase em transe, inclinou-se para seu peito e riscou a linha de seus músculos com os lábios. Enquanto sua boca vagava sobre a pele, sentiu-lhe tremer, sentiu-lhe crescer mais duro em sua mão, pulsando com urgente necessidade. Atrevidamente, tentando além do suportável, sua língua lambeu para capturar uma pequena gota de umidade em seu peito. Tinha sabor de sal, a terra, sua masculina fragrância a envolvia. E desejava mais.
A sensação de poder crescia nela, substituindo a terrível vulnerabilidade. Podia lhe fazer desejá-la do mesmo modo que ele a fazia arder por ele. Sua língua capturou outra gota, formando redemoinhos-se perezosamente, um movimento sensual e natural que arrancou um ofego das profundidades de sua garganta. Sua mão se movia agora por vontade própria, deslizando-se sobre a dura longitude dele, roçando e acariciando, encontrando a ponta sensível onde parecia mais vulnerável a suas cuidados. Ele a deixou explorar, apertando os dentes contra as quebras de onda de ardente desejo que fluíam nele como lava fundida que logo que podia conter.
Quando ficou em pé lentamente a língua dela se formou redemoinhos ao longo de seu peito, depois mais abaixo, para encontrar as diminutas gotas que corriam pelas ondas dos músculos de seu estômago. Lhe escapou outro som, um grunhido rouco arrancado de seu interior. Era erótico, faminto, tão sensual que não pôde evitar lhe saborear. estremeceu-se visivelmente quando se boca passou roçando a ponta, ardente e lista por seu grande desejo. O quente fôlego lhe voltou médio louco.
Giovanni tinha experiente tais prazeres muitas vezes em sua vida com mulheres experimentadas em sua arte, mas nenhuma lhe tinha comovido como fazia Nicoletta. Era tão naturalmente sensual, apaixonada, cada gesto era inocentemente erótico, inclusive a forma em que girava a cabeça ou movia os quadris quando caminhava. E a forma em que sua boca se deslizava tão timidamente sobre ele, ardente, apertada e perfeita. Suas mãos lhe agarraram a cabeça enquanto se recordava a si mesmo ser gentil, não empurrar grosseiramente nela como tão desesperadamente precisava fazer. Muito cuidadosamente começou a guiá-la, com a cabeça para trás, seu corpo tenso pelo autocontrol.
Uma chamada na porta exterior da antecâmara fez endireitar de repente a Nicoletta. Olhou ao Giovanni com uma espécie de horror. Retrocedeu afastando-se dele, com os olhos abertos pela surpresa de seu próprio comportamento desenfreado. pressionou-se uma mão sobre a boca.
Giovanni estendeu a mão para ela, mas a chamada se voltou mais ruidosa, mais insistente. Ninguém se atreveria a interromper sua noite de bodas a menos que fora uma questão grave.
-Nicoletta, devo responder à citação -disse brandamente, mantendo a mão estendida para ela.
Ela olhou ao redor procurando algo para cobrir sua nudez, envergonhada e humilhada por sua atuação. Dom Scarletti não a tinha forçado. Nem sequer lhe tinha perguntado. comportou-se como não teria feito nenhuma mulher decente. Seus pecados tinham que ser grandes. E não ajudava a sua consciência que seu corpo ainda ardesse com um fogo que não podia extinguir, que lhe desejasse profundamente enterrado nela, que ele fora agora uma fome em seu sangue, impossível de ignorar. Nicoletta se fez o sinal da cruz e elevou várias preces rápidas com a esperança de que a boa Madonna estivesse escutando esta noite.
Giovanni se movia agora com pressa. Os golpes eram como um tambor, a chamada era urgente. Lançou uma bata a Nicoletta enquanto ficava as meias. Lançando um breve olhar sobre o ombro para assegurar-se de que estava fora da vista, cruzou a antecâmara e abriu a porta de um puxão.
-O que acontece? -Seu tom foi baixo e furioso, uma ameaça ao grupo de homens que esperavam por ele.
Nicoletta apareceu pelo bordo a da quarto onde se estava ocultando e divisou ao Antonello em meio de vários dos guardas de élite do Giovanni. Pôde ver que estavam agitados, mas suas vozes permaneceram baixas, assim não teve possibilidade de ouvir o que diziam.
Por fim, Giovanni se voltou para ela, fechando a porta. Começou a vestir-se, com seus olhos negros fixos na cara pálida dela.
-Lamento ter que te deixar, piccola. vá dormir, e eu voltarei logo que seja possível.
Ela se apertou a bata mais firmemente a seu redor, seus olhos estavam vivos pelo orgulho ferido, sua cara estava quase escarlate.
-vais deixar me, em nossa noite de bodas? -depois da humilhação do que havia esta fazendo ao corpo dele? Não podia pensar nisso.
-Devo fazê-lo. Assuntos de estado me reclamam. Voltarei, e aliviaremos todos seus medos.
Ela elevou o queixo.
-Não acredito que queira que meus medos sejam aliviados. Enfeitiçaste-me para fazer tais coisas. Vá a seu trabalho, Dom Scarletti. Eu voltarei para minha própria antecâmara.
Soou bastante arrogante, mas ele ouviu as lágrimas que afogavam sua garganta. Sua cara se obscureceu.
-Hei-te dito que permanecerá nesta habitação. Esta é agora sua antecâmara, Nicoletta. Não tenho tempo de te ensinar tudo o que deve saber.
Os olhos da Nicoletta arderam para ele.
-Não desejo vocês "ensinos", signore, se assim for como as chamas. E não permanecerei aqui como uma menina desobediente enviada a sua habitação.
Ele resmungou algo pelo baixo e sacudiu a cabeça.
-Voltarei tarde. Vá à cama e dorme em minha ausência.
Ela estava de pé no centro da habitação, observando como a abandonava para acompanhar aos guardas e a seu irmão. Cruzou para a porta e observou enquanto atravessava o salão. Quando ia sair desafiantemente ao corredor, dois soldados se colocaram diante dela, seus corpos foram tão efetivos como a porta de qualquer prisão. Foi uma humilhação adicional. O palazzo inteiro estaria alvoroçado pelo rumor de que o dom tinha deixado a sua noiva na noite de bodas.
Giovanni olhou atrás uma vez, seu negro olhar encontrou a escura e mortificada dela. minha cara. A voz era suave veludo, mas Nicoletta rechaçou sua sedução e consolo, fechando a porta de repente e correndo para a cama. Estava exausta e envergonhada, incapaz de explicar seu próprio comportamento indecente. Golpeou a colcha com força, jurando que nunca voltaria a permitir-se semelhante comportamento carnal. Confusa e extremamente cansada pelos acontecimentos do dia, caiu dormida com lágrimas correndo por sua cara. Mas Nicoletta sonhou, e sonhou eróticamente com o dom.
Ele voltou para a antecâmara com as primeiras luzes. A habitação estava cinzenta, ainda entre a manhã e a noite. Estava cansado, havia linhas profundamente esculpidas em sua cara. despiu-se, com vos olhos posados sobre a figura dormida de sua noiva, que tinha ainda manchas de lágrimas na cara. Seus duros rasgos se suavizaram ante da visão dela, uma ternura se arrastou para dentro até derreter o gelo das profundidades de sua alma. Tinha um arranhão no ombro que não tinha estado ali antes, uma fina linha de sangue apenas discernible.
Giovanni se estirou junto à Nicoletta, com seu corpo duro curvado quase protectoramente ao redor do dela. Seu braço a rodeou, empurrando-a mais perto dele. Ao princípio ficou quieto, simplesmente escutando-a respirar. Inalando sua essência.
Nicoletta começou lentamente a ser consciente da presença de seu marido, sentindo tomar sua fragrância profundamente nos pulmões, respirá-la em seu corpo. Seus lábios eram suave veludo quando passaram junto à boca para baixar ao longo da garganta. Esfregou com o nariz até que a calidez de seu fôlego esquentou o mamilo que aparecia para ele pela bata que se aberto. Sentiu sua língua ao princípio, depois o arranhão de seus dentes. Depois sugou, sua boca faminta dela. Cada puxão fazia que um úmido calor pulsasse entre suas coxas. Ela gemeu brandamente, um convite, suas pernas se separaram com impaciência.
Giovanni parecia indiferente à a dolorida necessidade dela. tomou seu tempo, emprestando cuidadosa atenção a cada peito, riscando cada costela, formando redemoinhos a língua em seu umbigo, ao longo de seu estômago. Finalmente suas mãos lhe separaram as pernas, lhe acariciando as coxas até que arqueou os quadris com exigência. Pressionou a palma contra ela, encontrando-a quente e úmida.
-Isto me está esperando, bambina -disse ele brandamente, inserindo dois dedos em seu apertado canal. moveu-se então enquanto se corpo se movia, dentro e fora, até que ela elevou os quadris voluntariamente para lhe encontrar-. Isso é o que deve fazer -disse brandamente.
Seu corpo se moveu sobre o dela, grande e musculoso, sujeitando-a baixo ele, seu joelho lhe separou as coxas. Estava duro e quente, podia lhe sentir grosso e comprido, pressionando para entrar. Agarrou-lhe as nádegas em suas mãos, elevando-a para encontrar-se com ele para poder entrar nela profundamente.
O movimento quase lhe tirou o fôlego. Era largo, e a enchia, estirando-a até que ofegou com a deliciosa dor disso. Ele foi além de seus sonhos, derrubando-os na realidade, fazendo que se aferrasse a ele, empurrando para frente para lhe encontrar, e sua língua começou a igualar o movimento de seus quadris, duro e rápido, fazendo que sua vagem se voltasse mais ardente e apertada. A fricção cresceu até que quis gritar. Seu corpo ondeou com vida, aferrando-se ao dele, lhe arrastando mais profundamente a seu interior, lhe deixando seco enquanto ela se fragmentava em um milhão de cintilantes peças antes de posar-se lentamente em terra.
-Isto é sozinho o princípio -sussurrou-lhe o brandamente enquanto a aliviava a contra gosto de seu peso. Uma perna estava cruzada descuidadamente sobre suas coxas para sujeitá-la a ele. Um braço se curvava posesivamente ao redor de sua cintura. Sua cabeça estava junto à calidez de seus peitos-. Volta a dormir, meu Angelo -sussurrou brandamente contra sua cremosa pele. Seu corpo estava satisfeito mas sensível, e ficou dormida com sua boca úmida e ardente, esfregando o nariz contra seu peito.
-Não compreendo por que ainda não há notícias do Cristano -saudou Maria Pia a Nicoletta quando esta entrou na cozinha. A anciã se cambaleou quando viu que Giovanni tinha entrado detrás a Nicoletta, com a mão descansando posesivamente sobre suas costas. Então Maria Pia elevou o queixo beligerantemente, olhando ao dom diretamente-. Tenho entendido que abandonou a busca do jovem Cristano. -Foi dito como um desafio, embora não pôde obrigar-se a manter firmemente o negro olhar do dom.
-É isso certo? -perguntou Nicoletta, girando para enfrentar a seu marido. À luz da manhã tinha uma aparência incrivelmente poderosa, sem rastro de ternura em seus rasgos cinzelados. Parecia distante, longínquo; parecia o homem que tinha abandonado a sua noiva na noite de bodas para ir a algum recado secreto e clandestino que se negava a discutir.
-Se, minha cara -disse ele com um sotaque de divertida exasperação em seu tom miserável. Sempre lista para pensar o pior de mim. As palavras foram muito claras em sua mente, e um débil rubor cobriu suas bochechas. Teria preferido acreditar que estava ainda sonhando quando ele voltou para sua antecâmara, mas tinham estado muito intimamente enredados para negar que estava acordada, devolvendo o olhar a seus cintilantes olhos negros.
Seu olhar saltou para encontrar a dele ante a amostra casual de como falava em sua mente em meio de tantos outros. Ele se inclinou para lhe roçar a têmpora com sua boca.
-Recebi notícias de que seu Cristano está vivo e a salvo, oculto em um villaggio a um dia de caminho do seu. Necessitava a meu soldado e pensei que era indigno para o ego de um jovem ver-se obrigado a retornar a casa. -inclinou-se para a Maria Pia-. Signorina Sigmora, confio em que tenha dormido bem. -Seus dentes brancos mostraram o sorriso de um lobo, antes de girar-se para as deixar sozinhas.
Maria Pia se fez o sinal da cruz, alarmada pelo olhar do dom.
-Acredito que me estava ameaçando -sussurrou brandamente a Nicoletta, agudamente consciente dos guardas que havia perto-. E por que ainda tem a estes homens te seguindo? Acreditei que estavam aí solo para evitar que fugisse antes das bodas. Agora é seu marido.
O tema era doloroso, assim Nicoletta decidiu não responder.
-Onde está Sophie? -perguntou em troca-. Esperava vê-la aqui. - Não podia olhar a Maria Pia, não podia encontrar seu firme olhar, temendo que sua mentora soubesse todas as coisas pecaminosas que tinha estado fazendo. Por um horrível momento arderam lágrimas em seus olhos, que ameaçaram vencendo-a.
-A pequena diablilla está indubitavelmente metida em algo. Temo que necessite que tome entre minhas mãos. -A voz da Maria Pia era resmungona mas já continha genuíno afeto-. Deveria persegui-la e insistir em que aprenda maneiras. Isso acredito. Como outra muchachita a que conheci uma vez, corre livre, sem ninguém que se ocupe de sua educação ou refinamento.
-Eu penso exatamente o mesmo -esteve de acordo Nicoletta. Sorriu ao Bernado e aceitou o pão fresco do forno, tentando atuar tão naturalmente como era possível, evitando seu olhar. O pão estava quente e delicioso. Ignorou o fato de que um de seus guardas tinha comido uma parte dele antes que o fora devotado. Estava intranqüila, seu corpo estava ligeira mas deliciosamente dolorido, sua mente saltava nervosamente de uma coisa a outra das que tinha feito na privacidade da antecâmara com o dom. Não tinha sentido perguntar a Maria Pia sobre a propriedade das coisas que passavam entre um marido e sua mulher; indubitavelmente faria que Nicoletta fora a confessar-se e acenderia uma dúzia de velas.
Muito depois da comida da manhã, Nicoletta ainda sentia as sombras em sua mente, uma crescente intranqüilidade que foi apagando sua felicidade natural. Passou pela emoção de conhecer alguns dos trabalhadores do palazzo, as arrumou para rir e brincar com eles embora Gostanz obviamente não aprovava semelhante intimidade com seu pessoal. Tentou não pensar nas intrigas e especulações. Que a nova noiva do dom era uma inocente e não sabia como agradar a um homem semelhante. Que por isso a tinha deixado na muito mesmo primeira noite juntos. Ou pior, que todos soubessem que tinha desejado fazer as coisas pecaminosas e proibidas que tinha feito. Pela tarde as sombras de seu interior começaram a alargar-se e crescer tanto que procurou refúgio na quarto do altar à a Madonna.
A pequena quarto estava fracamente iluminada, e Nicoletta assinalou aos guardas que se apartassem para lhe dar algo da privacidade que tanto necessitava. Ajoelhando-se, acendeu várias velas, rezando silenciosamente à a Madonna e a sua própria mãe em busca de guia com seu novo marido. A personalidade dele curvava a sua. Podia fazê-la lhe desejar tão facilmente, eliminando suas inibições e todo pensamento cordato até que solo pôde sentir, pensar sozinho nele, em lhe agradar. A fazia sentir coisas com as que nunca tinha sonhado, que nunca tinha imaginado, fazendo-a desejar fazer coisas que nunca tinha considerado. Nicoletta desejava o conselho e consolo de sua mãe.
Em alguma parte atrás dela ouviu a voz de Porta elevar-se com fúria. Uma voz mais suave respondeu com um murmúrio indistinguível mas com uma nota o suficientemente irritada como para que Nicoletta fora tirada de seu sonho. Girou a cabeça e viu que uma porta a curta distância dela estava entreabierta. As duas mulheres que discutiam deviam ter procurado refúgio de olhos curiosos atrás dela. Nicoletta se ajoelhou com ar vacilante na quarto com a cabeça agachada reverentemente. As velas que tinha aceso em memória de sua mãe estavam titilando, lançando uma luz dançarina sobre as paredes. Não pensou em ouvir às escondidas, mas se sentia abandonada, temendo que se se afastava agora sua presença podia humilhar às duas mulheres.
Podia ouvir a voz de Porta, aguda e zangada, muito mais clara agora.
-Não importa o que cria. É uma menina imatura e egoísta e muito jovem e tola para manter a atenção de um homem como ele! No que está pensando, Margerita? Criei-te para que te casasse bem, não para te arruinar tentado apanhar a um homem como ele. -O desprezo e desgosto enchia a voz de Porta, tanto que Nicoletta se encontrou fazendo uma careta sob o cortante látego-. Deita-se com vacas tolas como você, pequenas inocentes que não têm possibilidade de lhe manter contento, mas você é um mero esporte para ele. Não compreende que riria de alguém como você com a figura de um homem e a cara de uma ovelha atordoada? Como esperas te casar bem se for tão estúpida para te manchar por ele? -Houve um ruidoso crack quando Porta obviamente golpeou a sua filha com força.
Nicoletta se encurvou, tentando fazer-se mais pequena. Felizmente, nunca tinha conhecido palavras duras e castigo físico. Sua mãe e Maria Pia sempre tinham sido gentis, amáveis e pormenorizadas. Seu pai, conhecido também como um bom homem, estava morto e se foi antes inclusive de que ela tivesse idade para lhe recordar. Maria Pia lhe tinha golpeado a mão uma e outra vez, mas sempre em gentil reprimenda, não com um golpe real. O coração da Nicoletta se compadeceu da Margerita.
-O me ama! -gritou Margerita, sua voz jovem estava cheia de dor-. Você não sabe. lhe pergunte. lhe pergunte. Quer estar comigo. Casará-se comigo.
-Nunca se casará contigo. -Porta cuspiu as palavras a sua filha, cheias de uma fúria venenosa. ouviu-se o som de outro golpe-. Deitaste-te com ele? -A voz se elevou mais, venenosa e furiosa-. Me diga, pequena puta ingrata! -Obviamente Porta estava sacudindo a sua filha em sua fúria-. Deveria te repudiar, contar ao mundo o que é. estiveste com ele... vejo-o em sua cara. -Sua voz se elevou em um grito estrangulado.
-Ele me desejava! -Margerita gritou em resposta, uma menina defendendo-se tentando convencer a um adulto de algo que não acreditava ela mesma-. Casará-se comigo! Fará-o!
-Estúpida, estúpida menina. -Porta soava como se estivesse chorando agora, sua voz estava rota e rouca, com um tom amargurado e triste que logo se converteu em pranto-. Te afaste de mim. Vete aonde já não possa verte. Fora!
-Mãe -tentou de novo Margerita- ele se ocupará de mim, e Zio Giovanni me dará uma generosa dote e permitirá o matrimônio. Tudo irá bem.
-Fora! -exclamou Porta.
Nicoletta ficou totalmente quieta quando ouviu uns passos pesados apressar-se para a habitação onde discutiam as duas mulheres.
-O que está acontecendo aqui? -Era a voz de lhe Vençam esta vez.
Houve um roce de tecido quando Margerita evidentemente se lançou para ele, estalando em pranto.
-Agora vete, Margerita -instruiu ele brandamente-. Eu falarei com Porta.
A garota fugiu da habitação, passando correndo junto à Nicoletta, seus soluços de vergonha enchiam o corredor. Porta uivou com angústia, sua fúria e pena eram tão grandes que não podia falar. te vençam agarrou sua figura ao vôo quando ela arremeteu contra ele, incapaz de conter sua fúria. Estava chorando com força.
Nicoletta se levantou em silêncio, girando-se para sair silenciosamente da quarto. Viu lhe Vençam e Porta lutando ferozmente, e depois a te Vençam envolvendo seus braços ao redor de Porta, sujeitando-a, sua boca descendendo sobre a dela quase como um assalto.
Surpreendida e envergonhada, Nicoletta retrocedeu às sombras. Deveria ter suposto que entre eles havia mais que uma relação de primos. Porta sempre se apoiava em lhe Vençam, e ele parecia confiar em seu conselho. Porta era sozinho cinco ou seis anos maior que lhe Vençam. A Nicoletta nunca a tinha ocorrido que a fria e confiada Porta fora tão apaixonada por alguém, embora parecia estar devorando a lhe Vençam. te vençam fechou a porta de uma patada enquanto suas mãos percorriam rudamente o corpo de Porta com um apertão brutal e frenético.
Nicoletta olhou fixamente a porta fechada por um momento, congelada no lugar, muito surpreendida para mover-se. O inconfundível som de roupa rasgada a pôs em ação. retirou-se rapidamente corredor abaixo, passando silenciosamente a porta, desejando saber por que tinha tão mau sabor de boca. lhe vençam e Porta pareciam mais furiosos e duros que duas pessoas fazendo o amor. Estava ligeiramente doente pelo desdobramento e súbitamente aterrada pelo poder que Dom Scarletti esgrimia sobre seu próprio corpo.
Maria Pia estava esperando por ela no grande pátio, lista para seu passeio diário.
-O que acontece, piccola? Parecer como se tivesse visto um fantasma.
Nicoletta olhou fixamente aos dois soldados que eram suas sombras constantes. Suas caras estavam cuidadosamente em branco. Pela primeira vez se perguntou quanto sabiam das intrigas do palazzo. Eram leais ao dom. Contavam-lhe o que viam, quando a aristocrazia e inclusive os serventes os tratavam como parte do mobiliário? Provavelmente o faziam. sentiu-se deslocada e extrañamente perto das lágrimas. Agora mais que nunca desejava fugir. Estava desconjurado neste sítio.
Maria Pia se estendeu em busca de sua mão.
-O que acontece, bambina? É impróprio de ti estar infeliz. O dom te tem feito mal? É por causa desse olhar? Ah, é que não te preparei adequadamente para sua noite de bodas? -Falou tranqüilamente, apartando-se deliberadamente dos guardas até que ela e Nicoletta estiveram de cara aos arbustos.
-Eu não pertenço a este lugar -sussurrou Nicoletta-. Não entendo às pessoas daqui, e não me preocupa entendê-los. Quero ir a casa, voltar para as colinas, onde sei que esperar e em quem confiar.
Maria Pia ficou em silêncio um momento. Depois pôs seus braços ao redor da Nicoletta e a abraçou como se ainda fora uma menina.
-São sozinho gente -recordou-lhe gentilmente-. Só gente.
Nicoletta sacudiu a cabeça.
-São diferentes. Não se valoram os uns aos outros como fazemos nós. Porta golpeou a sua própria filha, Margerita. Foi algo horrível.
-Com freqüência eu desejo golpear a essa jovencita -admitiu Maria Pia-. Se tivesse a oportunidade, Nicoletta, poderia ser para ela uma boa influência. É uma garota vaidosa e perversa que não pensa em ninguém mais que em si mesmo. Certamente não está tão molesta por que lhe desse uma bofetada que faz muito tempo necessitava. Olhe as coisas que diz a pobre Sophie. -A lealdade da Maria Pia já se inclinava solidamente para a menina solitária.
Lágrimas repentinas alagaram os olhos da Nicoletta.
-Porta disse coisas terríveis a Margerita. Não me surpreende que Margerite passe a baixeza ao Sophie. Sua mãe a chamou coisas e a condenou quando Margerite declarou amar a alguém. -Nicoletta olhou impotentemente a Maria Pia-. Em realidade, simplesmente é jovem, imatura, um ano mais jovem inclusive que eu.
-Porta Scarletti vive da generosidade de sua primo, o dom. A menos que Margerita se case bem, poderiam terminar sem nada. Porta Scarletti deve estar contando com um bom matrimônio para sua filha -explicou diplomáticamente Maria Pia-. Se esse jovem for um soldado ou um plebeu, naturalmente Dom Scarletti se oporia ao matrimônio.
-E então lhe Vençam as ouviu brigar e deveu ajudar -disse Nicoletta em voz baixa, evitando a cara-. Margerita saiu correndo, mas ele e Porta...
Houve um pequeno silêncio.
-Já vejo -disse Maria Pia brandamente-. Suspeitava que havia algo entre esses dois, embora o mantêm bem oculto. O olhe com uma espécie de ávida posesividad.
-Senti-o como se estivesse mau -admitiu Nicoletta reluctantemente-. Não senti felicidade por eles, como se estivessem apaixonados. Em vez disso senti como... -interrompeu-se- Desespero? Luxúria? Uma batalha incluso. Não posso dizê-lo seguro. Mas foi desagradável. -Foi mais que desagradável, tinham parecido estar em guerra, aferrando e arranhando o corpo um do outro. Era assim como se viu ela com o Giovanni? Em fraco escarlate se arrastou por seu pescoço até sua cara.
Maria Pia lhe apertou gentilmente a mão.
-Quando seu marido lhe olhe, é com ternura em seu olhar. Essa é a única razão pela que posso suportar sua união com um homem semelhante. Ainda acredito que é um pagão, e que este castelo se ganhou o nome do Palazzo della Morte, mas, Nicoletta, a necessidade que o dom tem de ti não é simplesmente luxúria.
Nicoletta se inclinou para beijar a bochecha da Maria Pia.
-Grazie, sei que não foi fácil para ti dizê-lo. Não sei exatamente o que sinto pelo Giovanni. Quando estou com ele é de um modo, e depois quando nos separamos, não estou segura de nada. Miro às colinas e elas me chamam, mas se tentasse seguir a meu coração, em realidade, não saberia que caminho escolher. -Envergonhada, estudou o pátio, sem desejar olhar diretamente à mulher que a conhecia tão bem.
-Poderia haver-se negado a me permitir voltar para palazzo e nos manter separadas, mas não o fez -concedeu Maria Pia-. Sabe que não confio nele, mas lhe preocupa que você seja feliz, piccola.
-Mas é evasivo. -Nicoletta deu voz a suas preocupações, sentindo uma traidora.
Estremecendo-se, Maria e olhou para a larga fila de janelas que cobriam o lateral do palazzo. Pareciam ser grandes, abertos, vazios e malévolos olhos que as olhavam fixamente com ódio frágil.
-Sente-o, Nicoletta, como sempre nos olham fixamente? nos observando todo o tempo? O palazzo tem secretos, segredos maléficos, e não quer que os averigüemos.
Mari Pia não tinha um sexto sentido, não era "diferente" em nenhum sentido, mas a sensação de estar sendo observada era tão forte, que também ela o sentia. Nicoletta não necessitava nenhuma outra advertência para compreender que o perigo era muito real. sentiu-se compelida a levantar o olhar para essas janelas também. Podia imaginar-se ao dom passeando daqui para lá em seu estudo. Podia ver as sombrias figuras agrupadas ao redor de seu escritório, baixando o olhar para algo, estudando-o. No que estava envolto que deixava seu leito matrimonial em meio da noite?
-Eu acredito que estão todos loucos -aventurou Maria Pia-. Antonello se deslizo por aí em silêncio, reservado e estranho, sua roupa está com freqüência rasgada e suja. lhe vençam não disposta nenhuma atenção a sua própria filha, e Giovanni poderia ser IL...
-Não lhe chame assim! -disse Nicoletta bruscamente. deu-se a volta e partiu de volta ao palazzo-. Devo começar a aprender os quehaceres desta casa, ou não serei de nenhuma utilidade a meu marido. Acredito que é hora de que a jovem Sophie comece sua educação também. Não tem nenhum conhecimento de arte nem leitura nem nada do que necessitará depois na vida. Ninguém lhe empresta nenhuma atenção, Maria Pia, e lhe faz falta urgentemente.
-Não quer passear comigo? -Maria Pia elevou as sobrancelhas especulativamente.
-Hoje não tenho tempo. Possivelmente amanhã. -Nicoletta se apressou a voltar para palazzo. sentiu-se culpado por deixar a Maria Pia tão bruscamente, em realidade, já tinha dúvidas sobre seu marido, e não queria que a anciã o presenciasse ou as aumentasse. moveu-se lentamente através dos grandes salões, tomando-se seu tempo para examinar a deliciosa arquitetura, o mobiliário, os toalhas de mesa e as estranhas talhas. Depois dela, em silêncio, os dois guardas imitavam cada um de seus movimentos.
Foi Francesco quem a alertou da presença do ancião. O major dos Scarletti observava da soleira de uma pequena habitação enquanto ela se aproximava. Olhou fixamente a seus guardas.
-lhe diga ao Giovanni que seus guardas são inúteis. O roubo é endêmico no palazzo. Alguém tornou a pinçar em meus mapas. Nem sequer podem proteger uma pequena habitação.
Nicoletta lhe ofereceu um sorriso tentativa enquanto se aproximava.
-Algo te incomodou, Nonno? Falarei-o com Dom Giovanni imediatamente.
Ele fez a um lado sua preocupação.
-Não disposta atenção. O direi eu mesmo. Devemos falar de ti. Acredito que não é uma noiva feliz -observou. A voz era baixa, quase oxidada, como se, sem estar chiando, não estivesse seguro de como falar.
Ela deixou de avançar e olhou para trás a seus guardas. Estavam claramente intranqüilos por sua proximidade com o ancião.
-Há muito aqui que não entendo, signore, muito que me assusta. Miro para as colinas em busca de consolo. Alguma vez passeou pelas colinas? -Nicoletta se afastou da porta para gesticular para as janelas.
-Não desde que era um jovencito. -Seus olhos decaídos adquiriram um olhar longínquo-. Não me aventuro longe do amparo do Giovanni. Há muito ódio para mim. -O olhar cansado se posou em sua cara-. Me diga, por que você não tem medo de mim? Não crie que envolverei as mãos ao redor de sua garganta e te estrangule como estrangulei a minha esposa? -Estava firmemente rígido, com um feroz orgulho na cara.
-Acredito, signore, que é muito mais provável que Maria Pia Sigmora faça algo assim, ou possivelmente o dom, se não recordar logo me pôr os sapatos que ele crie tão importante. -Nicoletta riu brandamente e elevou o arena de sua saia para lhe mostrar seus ofensivos pés nus. Tomou então o braço do ancião-. Se deseja passear pelas colinas, Nonno, eu adorarei a companhia. plantei muitas maravilhosas ervas curadoras que precisam ser atendidas. Devo ir ver as muito em breve-. Desejava as colinas e sua distração com cada fibra de seu ser.
O ancião lhe aplaudiu a mão gentilmente.
-Fique perto de seus guardas, Nicoletta... se tiver sua permissão para me dirigir a ti de semelhante maneira.
Lhe sorriu.
-Eu não pedi sua permissão para te chamar Nonno. Espero que nos convertamos em bons amigos. Agora é parte de minha família.
-Giovanni poderia desejar outra coisa -disse tensamente o avô do dom.
-me conte sua história, Nonno. Não quero ouvir rumores daqueles que solo podem inventar histórias -animou-. Não temo à verdade...
Voltou o olhar para os guardas, depois à cara volta para cima dela.
-Ou é uma moça muito valente ou muito tola. Não sei a verdade-. Envergonhado, deixou cair seu braço e se afastou dela-. Eles acreditam que a matei. Minha amada Entesada. Que pude fazer algo tão malvado. Penso nela a cada momento, um tortura do que nunca posso me liberar. Não posso falar de um pouco tão vil. -Sacudiu a cabeça de novo, caminhando pesadamente de volta à habitação, com os ombros encurvados por um terrível peso.
Nicoletta lhe seguiu ao interior do que parecia um pequeno estudo. Os móveis eram pesados, as cores escuras, sem janelas que iluminassem a habitação fazendo que parecesse arejada. Não havia talhas, nem esculturas de monstros ali.
Pergaminhos e vários mapas desgastados jaziam sobre o escritório. Olhou-os enquanto seguia ao ancião à ampla fila de janelas. Parecia como se o Signore Scarletti estivesse riscando novos mapas das terras do dom e as áreas circundantes. As linhas eram pulcras e precisas. Podia ver que alguns dos mapas mais velhos estavam finos e gastos pelo uso.
-Possivelmente deveria falar disso -disse Nicoletta corajosamente. Era muito consciente da porta aberta, dos dois guardas colocados intranquilamente justo fora, preparados para entrar na carreira se houvesse necessidade.
-Não posso -Corriam lágrimas por sua cara gasta-. Me deixe agora-. Foi uma feroz chicotada, uma súplica de puro tomento.
Nicoletta foi a ele, lhe rodeando com seus braços em um intento de lhe consolar.
-Não posso te deixar assim. É uma loucura manter algo tão terrível dentro. Crie-me tão fraco para te condenar? Para fugir de ti?
Ele a pôs ante ele, seu corpo tremia com alguma terrível verdade. Seus punhos se fecharam aos flancos.
-Ela era como você. Era tão formosa. Como uma estranha gema. -Olhou-a-. Como você. parecia-se muito a ti. Giovanni esta louco te trazendo para este lugar. -Sua voz escapou bruscamente de controle, vociferando em latim, condenado a seu neto aos fogos do inferno.
Nicoletta se fez o sinal da cruz inclusive enquanto sacudia a cabeça ante a clara agitação de seus guardiães. Consultaram o um com o outro brevemente, e um se afastou rapidamente. Ela posou apressadamente uma mão tranqüilizadora sobre o braço do major dos Scarletti.
-Crie na maldição Scarletti? É por isso pelo que crie que estou em perigo? Sou muito forte, Nonno, e não tenho medo de enfrentar ao perigo. -Chamou-lhe deliberadamente avô para lhe ajudar a recuperar o controle.
Ele baixou a vista para ela com olhos cheios de pena.
-Minha Entesada tampouco tinha medo. Giovanni se parece muito a como era eu. Vejo a forma em que lhe olhe. Com o coração. A alma. Mas vê muito. A luz do sol te segue, e também os olhos de outros homens. -Tragou o nó que tinha na garganta-. Você não entende o que é ser consumido por outro ser? Viver sozinho por esse propósito, esse sorriso, esses olhos, necessitá-lo tanto que não pode respirar se ela não está contigo? É um fogo no sangue que não pode ser extinto. Observa cada um de seus movimentos, o mais ligeiro gesto. -Fechou os olhos firmemente contra as lembranças que lhe perseguiam.
Nicoletta ficou muito quieta, embora se agarrou ao braço dele enquanto confirmava o pior de seus medos sobre a maldição Scarletti. Ciúmes negros. Corriam profundamente por suas veias. Criava monstros onde uma vez tinha havido cavalheiros.
O major dos Scarletti tocou seu cabelo sedoso.
-Giovanni é assim contigo. Não pode apartar os olhos de ti. Viu a outros te observando. IL demônio está no Giovanni, justo como morava em meu próprio moço. Justo como morava em mim. Havia muitos homens que desejavam a Entesada; não podiam ocultá-lo. Não podia lhes culpar pelo que eu mesmo não podia controlar. Mas havia um, um visitante que veio com freqüência com o passo dos anos. Lhe sorriu. Eu estava louco de ódio, sentia a raiva ardente e o mal em mim. estendeu-se até que não pude ver outra coisa que a ela sonriéndole. Arrastei-a a nossa antecâmara. Fui rude com ela. Vi que o fazia danifico, mas não podia me deter mim mesmo. Tinha bebido, muito, muito mais que nunca antes, tentando afogar ao IL demônio.
O ancião se afundou em uma cadeira e enterrou a cara entre suas mãos trementes.
-Não pude afogá-lo. Golpeei-a enquanto ela me suplicava que acreditasse em sua inocência. Eu sabia que era inocente. Sabia. Tinha-a tomado com ela, mas estava zangado por necessitá-la tanto, por que um de seus sorrisos a outro homem pudesse produzir semelhante mau -Olhou a Nicoletta-. Sou um monstro. Empurrei-a longe de mim. Lembrança como seu corpo delicado caiu contra a parede, com força. Deixei-a no chão enquanto ia atender ao visitante. -Seu soluço sacudiu sua voz-. Despertei em minha cama à manhã seguinte. Minha cabeça pulsava como se fora a partir-se. Entesada jazia a meu lado, muito quieta. Eu estava tão envergonhado, não queria me enfrentar a ela, mas girou a cabeça para olhá-la. Sabia que não me condenaria; não era sua forma de ser. Mas seus olhos estavam totalmente abertos, olhando com horror. Havia marcas de dedos, grandes machucados negros em seu pescoço. Jazia morta junto a mim, estrangulada pelo monstro que vive em mim. -interrompeu-se quando os soluços rasgaram sua garganta.
Nicoletta acariciou para trás seu cabelo despenteado e prateado, lhe murmurando palavras de consolo. Fora qual fosse o crime que tinha cometido contra sua esposa, pagava por ele a cada momento de sua existência.
-Não pode recordar? De verdade não o recorda?
Ele sacudiu a cabeça.
-Tento-o. Cada noite repasso uma e outra vez a discussão em minha mente, mas há um vazio. Não recordo se despedir do visitante. Não recordo nada depois de deixar a antecâmara.
-Alguém te viu?
-Meu filho me disse que entrei rugindo em seu estudo e repreendi a nosso visitante, mas ele me escoltou de volta a nossa habitação e me pôs na cama. Não viu sua mãe. Devia ter subido às muralhas. Gostava de caminhar por ali acima quando estava preocupada, estar fora, onde podia pensar.
Nicoletta ficou rígida. As muralhas. Sua mãe também tinha encontrado sua morte ali, essa mesma noite. Alguém a tinha usado brutalmente e atirado seu corpo ao vazio. Não podia ser uma coincidência. Não podia ser. Duas mulheres mortas. Assassinadas. Ambas tinham estado nas muralhas. Olhou fixamente ao ancião. Tinha ido procurar a sua esposa e, em sua raiva, violado e assassinado à mãe da Nicoletta? pressionou-se uma mão com força contra a boca para evitar que lhe escapasse nenhum som.
O ancião se elevou de repente e caminhou para ela agressivamente.
-Eu não poderia ter feito tal coisa! Recordaria-o se tivesse matado a minha amada algema! Não posso ser semelhante monstro. Vê-o, Nicoletta? Vê o perigo para ti? me empreste atenção nisto. Deve abandonar este lugar. Deve ir enquanto possa! -Soava selvagem, uma vez mais fora de controle.
-Nicoletta! -Giovanni irrompeu na habitação, seus rasgos eram uma dura máscara, seus olhos escuros brilhavam. Aproximou-a dele protectoramente, arrastando-a longe dos dedos ossudos de seu avô e defendendo o pequeno corpo com sua figura maior-. O que está acontecendo aqui? -Havia uma ameaça no tom baixo, seu olhar negro estava fixo na cara de seu avô com condenação.
-Estávamos discutindo a idéia de passear pelas colinas, -disse Nicoletta, aplaudindo o braço do ancião Scarletti-. Bom, entre outras coisas. Acredito que um passeio seria maravilhoso. -Lutou por manter a cara séria, temendo trair ao ancião quando tinha sido ela a que lhe forçasse a contar sua história de horror, a condenar-se a si mesmo a seus olhos para adverti-la. Tinha sido um gesto nobre.
Giovanni podia senti-la tremer. Sua cara estava volta para ele, mas os olhos escuros e eloqüentes se negavam a encontrar seu olhar. Enfrentou a seu avô com fúria controlada, mas o ancião parecia frágil e se cambaleava de cansaço. Giovanni nunca lhe tinha visto em semelhante estado. Obrigou a um fôlego tranqüilizador a entrar em seu corpo, embora seu coração ainda corria pela advertência que o guarda lhe tinha entregue, temendo pela segurança da Nicoletta. Ela era tão jovem, tão inocente, tinha que recordar-lhe continuamente a si mesmo. Ela não sabia nada da maldição, da realidade do monstro nos homens.
-Está doente, Nonno? -Fez a pergunta amavelmente, quando tudo o que queria fazer era empurrar a Nicoletta a seus braços e levá-la tão longe como fora possível do perigo.
Seu avô levantou uma mão e sacudiu a cabeça agachada. Giovanni aumentou seu apertão sobre sua esposa quando ela pretendeu ir reconfortar ao ancião.
-Devemos lhe deixar descansar, Nicoletta -ordenou brandamente. Estava urgindo-a a sair da habitação, aproximou seu corpo até que se viu obrigada a sair ao salão.
-Traidores -sussurrou aos guardas ao passar junto a eles. Ambos sorriram timidamente embora sem mostrar-se arrependidos.
-Agora já sei por que meus antepassados construíram essa torre -informou-a Giovanni-. Estou pensando que o melhor para mim seria te encerrar nela logo que ponha em pé. Meu coração não pode suportar a tensão em que continuamente lhe põe.
Lhe olhou, os olhos escuros encontraram seu olhar. Foi um engano. Sabia que era um engano antes de fazê-lo, mas não pôde conter-se. Seus olhos a apanharam em um mundo de desejo erótico, tentação, excitação. Nicoletta não queria sentir nenhuma dessas coisas, não depois de seus votos recente de bom comportamento. Não com a advertência de seu avô ressonando em sua mente.
Ciúmes. Uma loucura que destruía a homens bons. Já tinha observado sinais deles no Giovanni, embora a ameaça não era suficiente para evitar que os rescaldos que ardiam a fogo lento em seu interior se convertessem em chamas com um olhar de seus olhos famintos. Deixava-a fraca de desejo, seu corpo voltava para a vida quando ele nem sequer a havia meio doido.
Conduziu-a com o passar do salão, seu grande figura a urgia na direção que queria que tomasse, seu corpo duro e ardente, uma tentação que desejava desesperadamente resistir, um prazer que desejava saborear uma e outra vez
-Giovanni -sussurrou seu nome, uma súplica de que a deixasse partir.
Ele sabia, a confusão de seu pensamento, de algum modo estava compartilhando sua mente. Nunca, minha cara. Nunca te deixarei partir. Ela podia sentir sua feroz determinação, seu juramento. Arrastou-a ao interior de uma habitação em que nunca tinha estado, fechando firmemente a porta e girando a chave. Era mais pequena que a maioria das do palazzo, com janelas de cristais tintos e escuros relevos cobrindo as paredes. Sua boca encontrou a dela, tomando sua resposta, dura e dominante, seu terror a perdê-la foi evidente em meio da tormenta de desejo que atravessava suas veias.
Foi sozinho quando sentiu as lágrimas correr por sua cara que elevou a cabeça, lhe emoldurando o rosto com as mãos para poder lhe beijar os olhos, a comissura de sua tremente boca, saborear suas lágrimas.
-O que acontece, piccola? Tão monstruoso sou que não pode suportar viver neste escuro palazzo com semelhante bruto?
Nunca poderia deixá-la partir; era-lhe tão essencial como o ar que entrava em seus pulmões. Não tinha esperanças de explicar-se, nem de que ela não reconhecesse o perigo para sua vida e o absolutamente egoísta que era.
Sua voz foi tão tenra, que lhe deu um tombo o coração. Soava tão solitário, dolorido por sua necessidade dela. Nicoletta elevou a vista para ele com sua inocente honestidade.
-Não entendo este lugar nem às pessoas que há nele. Aqui não distingo o correto do incorreto. É muito poderoso, e me varre tanto que não me reconheço mesma quando estou em seus braços. Nem sequer te conheço, mas eu... -interrompeu-se, sua cara se voltou escarlate, mas encontrou corajosamente seu olhar.
-Nicoletta -Pareceu respirar seu nome, quase com alívio-. O que marido e mulher fazem para expressar seus sentimentos o um pelo outro nunca está mau. Como pode estar mal algo assim? -Suas mãos lhe moldaram o corpo, roçando seus peitos, livres sob o tecido fino de sua blusa-. Pode isto estar mau, que um marido deseje tocar a sua mulher, lhe mostrar a força de seus sentimentos? Desejas viver durante anos sem desejar o que é natural entre um homem e uma mulher? -Suas mãos lhe atiraram da blusa e inclinou a cabeça para os peitos invitadores.
Nicoletta fechou os olhos quando látegos de relâmpago pareceram dançar através de seu corpo. Seus braços esbeltos lhe embalaram a cabeça para ela. Não podia resistir a ele, a sua fome escura e intensa necessidade. Não podia resistir à forma em que seu corpo desejava o dele.
-Não -sussurrou derrotada. E era certo. Melhor viver assim, desejando e ferozmente viva, que indeseada, atuando sozinho para obter um herdeiro e detestando o ato como faziam algumas outras mulheres.
Lhe levantou a larga saia, suas mãos subiram pela carne nua da coxa até que encontrou o quente e úmido tesouro que estava procurando.
-Você elimina a escuridão de minha alma, Nicoletta -disse brandamente, sua voz era rouca e dolorida quando empurrou a um lado sua roupa interior para empurrar dois dedos e encontrá-la ardente e apertada, esperando por ele- Tanto me teme? O que crie que farei? te ensinar a me agradar e depois te declarar bruxa ante o mundo? Realmente me agrada. -Giovanni fechou os olhos, saboreando a seda ardente de seu canal, a forma em que seu corpo banhava os dedos exploradores com fogo líquido-. Nunca te condenaria sem me condenar a mim mesmo. Você é meu coração e minha alma.
Ela temia sua posse, que pudesse fazê-la sua pulseira, que deixasse de ser Nicoletta para ser sozinho o que ele fizesse dela. Seu corpo se estava movendo contra a mão, lhe desejando, lhe desejando. Ele se liberou a si mesmo da roupa constrictora e a elevou em braços.
-Ponha os braços ao redor de meu pescoço, piccola, e envolve as pernas ao redor de minha cintura. -Nunca a deixaria partir, nunca. Queria que lhe necessitasse, que lhe desejasse, que a amasse tanto que nunca pudesse pensar em tentar escapar dele. Ataria-a a ele de qualquer modo que pudesse.
-É a ti a quem desejo, a nenhuma outra mulher -Apertou os dentes enquanto colocava sua vagem feminina diretamente sobre a grosa e avultada evidência de seu desejo.
Nicoletta podia lhe sentir empurrar contra ela, quente e necessitado. O corpo dele tremia, duro como uma rocha, cada músculo definido. Moveu deliberadamente os quadris, um pequeno movimento circular, incitante, lhe desejando com cada fibra de seu ser. Centímetro a centímetro tomou em seu corpo.
Estava apertada, úmida e incrivelmente excitante.
-É certo que tido outras mulheres. Ainda poderia as ter se o desejasse. Mas para mim existe sozinho você -sussurrou, com as mãos em sua cintura.
O fôlego lhe escapou em uma pequena rajada quando ele a encheu, a posição permitia que lhe espremesse firmemente. deteve-se várias vezes para deixar que o corpo dela se ajustasse e acomodasse à invasão do dele. Começou a mover-se, lenta e facilmente, cuidadoso com sua juventude e inexperiência. Manteve a fúria selvagem de seu interior firmemente sob controle. enterrou-se mais profundamente, um pouco mais duro, procurando afogar-se para sempre em seu fogo. Ela consumia a escuridão interior que se arrastava como um monstro escurecendo por sua vida. Sua chama era brilhante e pura, uma luz branca e ardente que lhe mantinha cordato.
Perdeu um pouco mais o controle quando os dedos de lhe aferraram, quando seus seios lhe empurraram contra o peito e o cabelo lhe derramou ao redor da cara em uma cortina negro azulada. Ela gemeu brandamente quando lhe pressionou as costas contra a parede para conduzir-se mais profundamente ainda nela. Seus quadris empurraram uma e outra vez, enterrando-se mais profundamente na feroz vagem. Levou-a com ele, suas mãos a ajudavam a lhe montar, lhe ensinando como mover-se até fazer que apertasse os dentes pela necessidade de manter o controle e pôde sentir como os pequenos músculos se fechavam ao redor dele em preparação para seu próprio alívio. Sentiu seu corpo começar a mover-se em espiral, frisar-se e corcovear, provocando sua própria resposta, uma explosão violenta de êxtase, e por um momento pensou que realmente tinha aceso fogo a seu corpo e dançavam chamas a seu redor, ao redor dela, através de ambos.
Atraiu-a a seus braços, lutando por recuperar o fôlego, mantendo-a perto com a cabeça apoiada em seu ombro enquanto seus corações palpitava a um ritmo frenético. Ambos estavam empapados por seu feroz dança.
-Não pretendia ser tão selvagem, piccola. Desculpo-me por minha falta de controle. Rouba-me a prudência. Temo que todo meu treinamento foi em vão.
Nicoletta descansou contra ele, incapaz de acreditar que podia haver semelhante prazer na vida como o que tinha encontrado nos braços deste homem. Era poderoso, um aristocrata, em realidade não mais que um estranho e um ao que temia, embora o encontrava muito atrativo.
-Sempre é assim entre um homem e uma mulher? Como podem dizer tantas mulheres que jazem como uma pedra sob seus maridos enquanto eles "procriam"?
Giovanni ficou rígido, uma quebra de onda de sangue ardente lhe atravessou. Apertou os braços ao redor dela até o ponto da dor.
-É impróprio por sua parte pensar em outros homens, Nicoletta -repreendeu-. Nunca seja tão parva para procurar a resposta a essa pergunta. -Havia ameaça em sua voz. Permitiu que as pernas delas caíssem ao estou acostumado a fazendo que a saia caísse em suaves dobras ao redor de seus tornozelos nus.
Nicoletta era agudamente consciente de que sua blusa expor seus peitos nus ao olhar dele, de seu sêmen lhe gotejando pela perna. Envergonhada, atirou do tecido de volta a seu lugar, afundando os dentes em seu lábio inferior enquanto olhava fixamente ao chão. Giovanni lhe agarrou o queixo com a mão e a obrigou a levantar a cabeça.
-Nicoletta -disse brandamente com um pequeno suspiro de resignação-. Deve aprender que agora é uma mulher casada e sujeita solo a seu marido.
-Fiz uma pergunta para conhecer a resposta -disse em voz baixa-. Crescia que alguém podia perguntar essas coisas a seu marido. Maria Pia me disse que solo você deveria responder a minhas perguntas. Temos simplesmente esta... relação... e nenhuma outra? -Nicoletta parecia triste-. Tinha acreditado que seríamos amigos também, que podia te perguntar algo que não soubesse. Não é isso o que haverá entre nós?
A cólera se acalmou, lhe deixando sentindo-se envergonhado e culpado.
-Em realidade, bambina, o interpretei mal. A Signorina Sigmora tem razão. Seu marido deveria te instruir nestas questões. Não sei por que te falei bruscamente. Foi um engano por minha parte. -inclinou-se para roçar sua boca gentilmente sobre os lábios dela ainda inchados pela paixão-. Sei que seremos amigos. E pode me perguntar algo. Não, não sempre é assim entre um homem e uma mulher. Nicoletta... -Duvidou, como se procurasse as palavras corretas-. Não esteja sozinha em presença de outros homens. Não é seguro para ti.
-Quer dizer de seu Nonno? Ele não tem razão para me fazer danifico.
-Atende a minhas palavras, minha cara -reiterou-. Não é seguro.
-Ketsia já está aqui, Nicoletta -disse Sophie petulantemente-. Te apure. Queremos que venha conosco.
Nicoletta sorriu ao Bernardo e María Pia enquanto tomava outro sorvo do chá quente que a tinha estado esperando.
-Sempre pareço me perder o café da manhã, Bernardo. Grazie por todos os problemas extra que tem por minha culpa. aprecia-se muito -Sorriu ao Sophie, que lhe estava atirando da saia-. Quanto a ti, pequeno fantasia de diabo, deve aprender a ter paciência. Se não como o que Bernardo tão habilmente preparou para mim, não voltará a me fazer isso
Sophie riu.
-É obvio que o fará. Sempre o faz.
-Então deveria lhe ter em alta estima e lhe tratar com grande respeito. Recorda isto sempre, bambina. Aqueles que cuidam de ti e trabalham duro por ti sempre dever ser tratados com o apropriado respeito. São mais que serventes, deveriam ser da família. Entende? -Nicoletta repartiu o conselho gentilmente, inclinando para cima a cara da menina para poder deixar um beijo rápido em sua bochecha- Ocupará-te da María Pia por mim? Preocupava-me com ela até que recordei que estava contigo. Sabia que seria boa com ela.
Sophie sorriu, radiante com o elogio.
-Prometeu me contar histórias de ti quando foi bambina.
Nicoletta riu brandamente.
-Essas histórias poderiam não ser apropriadas para seus ouvidos. Sempre estava metida em problemas. Vêem me dar um beijo de bom dia e te leve a Ketsia ao pátio para seu pulo matutino. A chuva nos trouxe um dia fresco e limpo.
Esperou até que as duas meninas a tiveram beijado e abraçado e partiram para jogar antes de voltar sua atenção para a María Pia.
-por que me está olhando como se me tivessem crescido duas cabeças?
María Pia golpeou ligeiramente a mão da Nicoletta.
-Não há necessidade dessa língua afiada, piccola. Não estou te olhando não. Possivelmente se sinta culpado por dormir a maior parte do dia.
Nicoletta se encontrou a si mesmo ruborizando-se. Seu sonho tinha sido interrompido prazenteiramente por seu muito ruborizado marido. Nicoletta estava insegura de si mesmo, insegura de se as coisas que estava fazendo em sua cama estavam bem como seu marido lhe assegurava.
-Tenho intenção de dar um passeio esta manhã -respondeu tranqüilamente-. Como foi tudo ontem à noite, María Pia? Nada foi mal nessa habitação, verdade? A jovem Sophie não tentou entrar de novo no passadiço, não?
-Dom Scarletti se assegurou de que não o fizesse. Levou-a a passadiço e lhe mostrou que havia armadilhas ocultas. -Maria Pia franziu o cenho- Fui com eles para me assegurar de que a menina não pensasse que era um castigo- Tinha ido manter ao Sophie a salvo. Não confiava no dom nem nos que estavam a suas ordens- Deveria recordar, Nicoletta, que foi um antepassado do dom quem acredito essa coisa perversa. Inclusive então havia assassinato e loucura na família. Que homem normal pensaria em coisas tão malvadas? -Sua voz era sombria.
Nicoletta riu brandamente.
-Viu a masmorra? Quando ele tenha intenção de convertê-la em meu lar, direi-lhe isso.
-Não lhe tome à ligeira, Nicoletta -repreendeu María Pia.
Nicoletta se inclinou para lhe beijar a bochecha.
-Sinto muito. Solo queria verte sorrir. É um formoso dia. Prometo me encontrar contigo no pátio e te tirar a esses fantasias de diabo das mãos logo que possa.
María Pia sorriu apesar de si mesmo.
-Sempre encontra uma forma de te liberar de mim. -aproximou-se, olhando para os guardas para assegurar-se de que não estavam emprestando muita atenção- Sinto muito, piccola, mas devo confessar, algo não foi de tudo bem. Pus uma cadeira diante do passadiço ontem à noite como me indicou, para me assegurar de que ninguém pudesse entrar na habitação enquanto dormíamos. Também fechei a porta e tirei a chave. Dormi, mas depois despertei para ouvir ruído na porta. -Baixou a voz incluso mais- Acredito que alguém estava tentando entrar na habitação.
O sorriso decaiu na cara da Nicoletta. Seu coração pareceu deter-se. A cor desapareceu de sua cara.
-me deveria haver isso dito imediatamente. Sabia que nunca deveria te haver pedido que ficasse aqui. Sabia -De repente parecia feroz- Ninguém vai tentar fazer machuco a ti ou ao Sophie. Pedirei ao Giovanni que coloque guardas em sua porta de noite.
María Pia a avaliou com olhos sérios.
-Poderia ser o dom quem procurasse nos fazer danifico. Não sabemos, bambina. -Tentou suavizar a suspeita com carinho.
-Não é Giovanni. -negou Nicoletta- Sei que não.- Inclusive a seus próprios ouvidos soava desafiante em vez de segura. Estava perdida na rede erótica que ele tinha tecido a seu redor, um feitiço tão forte que não podia escapar dele.
-Espero que tenha razão -disse María Pia brandamente enquanto se levantava.
Nicoletta não a olhou, golpeando os dedos sobre o tabuleiro da mesa enquanto considerava sua relação com o Giovanni. Era muito gentil e tenro com ela, mas podia sentir o fogo que rabiava em seu sangue, fazendo dele um homem oscuramente apaixonado. Era evasivo, reunindo-se a todas as horas do dia e da noite com visitantes que entravam e saíam às escondidas do palazzo antes de que nenhum outro pudesse lhes ver. Protegia a esses convidados de olhos curiosos. Duas vezes tinha observado Nicoletta ao Antonello rondando perto mas fora da vista, como se se estivesse ocultando de seus irmãos ao igual a do fluxo constante de visitantes.
Eram assassinos pagos? Giovanni tinha admitido ante ela que eliminava as ameaças para sua gente e terras logo que ouvia falar delas. Repentinamente consciente do silêncio da cozinha, Nicoletta ficou em pé, sonriendo ao Bernardo.
-Uma comida excelente, como sempre. Não sei o que faria Dom Scarletti sem você, signore. Há algo que necessite? Ocuparei-me de que o consiga. -Fez o oferecimento com a esperança de que fora certo. Giovanni parecia satisfazer seus caprichos. Com freqüência lhe sorria com grande diversão, mas era indulgente com ela.
Bernardo fez uma reverência.
-Dom Giovanni já me falou esta manhã, Donna Nicoletta. Grazie! Grazie! Farei-lhe uma lista, e há dito que se fará. É você realmente um anjo.
Nicoletta sorriu brandamente e sacudiu a cabeça.
-Não pediste a opinião de meus guardas, Bernardo. Temo-me que eles não estariam de acordo contigo.
Os dois homens sacudiram as cabeças ante suas tolices e a seguiram fora da habitação, tão silenciosos como sempre. Suas sombras. Nicoletta sorriu enquanto percorria o corredor para a antecâmara da María Pia. Queria examiná-la e depois a habitação onde Sophie tinha estado tão doente. O que havia nas duas habitações que a punham em guarda? Estava acostumada aos espaços abertos, acostumada à liberdade, a não a ser observada a cada minuto do dia e da noite. Algo profundamente em seu interior se elevava em rebeldia, e sua força era aterradora.
Uma sombra escura a atravessou quando se aproximou de uma habitação no piso inferior, uma que nunca tinha explorado. Diminuiu o passo, seus pés se giraram quase automaticamente, e a sombra se alargou e cresceu em seu interior. A porta estava entreabierta, e apareceu dentro. A habitação era um estudo de algum tipo, com livros e pinturas do chão ao teto. Nunca tinha visto tal riqueza. Nicoletta abriu mais a porta e viu a mulher que a tinha atraído ali.
A mesmo donzela que lhe tinha emprestado a vassoura estava tentando limpar o pó, mas não podia alcançar o ponto que tentava limpar. Nicoletta podia ouvir os gemidos de dor amortecidas enquanto trabalhava por elevar o braço. Muito brandamente, Nicoletta fechou a porta aos dois guardas e foi para a mulher.
-Está ferida. -disse- Sou uma curadora. Possivelmente possa te ajudar.
A mulher se deu a volta, com a cara manchada de lágrimas, e os olhos de um vermelho brilhante. Quando viu a Nicoletta, pareceu aterrada, a cor abandonou sua cara.
-Eu... não estou ferida, Donna Scarletti. Está equivocada. Estou fazendo meu trabalho. -Seus olhos saltavam de um lado a outro, percorrendo a habitação e depois a porta temerosamente, recordando a Nicoletta a um animal selvagem apanhado em uma esquina.
A sombra nela cresceu mais forte. Olhou pela ampla janela. Do atalho uma gárgula grande e grotesca a observava em silêncio, com olhos fixos.
-me diga seu nome. -Era sua primeira ordem como nova senhora do palazzo.
A mulher empalideceu inclusive mais.
-Por favor, Donna Scarletti, necessito o trabalho aqui. Tenho três bambini. Não posso alimentá-los sem trabalhar. -Quando Nicoletta continuou olhando-a, a mulher olhou fixamente ao estou acostumado a lajeado- Meu nome é Beatrice. Meu marido era o capitão do guarda pessoal de Dom Scarletti. -Disse o último com orgulho- Mataram-lhe na última batalha. O dom foi o bastante amável para me permitir trabalhar aqui após.
Algo se retorceu no estômago da Nicoletta. Havia débeis machucados no pescoço e os ombros do Beatrice. Quando viu que Nicoletta a inspecionava, a donzela atirou de suas mangas por debaixo das bonecas, mas não antes de que Nicoletta pudesse ver os estranhos círculos negroazulados ao redor da pele como uns braceletes.
-Quero ver -disse Nicoletta. Utilizou a voz hipnótica da curadora.
-Por favor, não -disse Beatrice brandamente inclusive enquanto lentamente atirava do cordão de sua blusa. O tecido caiu para rebelar sua pele, manchada por moratones e várias estranhas marcas de queimaduras. Nicoletta se aproximou, tentando não parecer tão surpreendida como se sentia. Beatrice parecia ter sido torturada.
Nicoletta estendeu seus dedos gentis e tocou a pior dos machucados ao longo das costelas da mulher, sentiu os golpes de violência. Alguém tinha atacado ao Beatrice, utilizando-a imperfeitamente, lhe fazendo danifico deliberadamente. A donzela se negava a olhá-la, tremendo por medo a ser descoberta.
-Quem te fez semelhante coisa? -perguntou Nicoletta, tão ultrajada que logo que podia agarrar fôlego- Não deveria estar trabalhando nestas condições. Precisa descansar para te recuperar.
A mulher retrocedeu afastando-se dela, um novo fluxo de lágrimas corria por sua cara.
-Por favor, o suplico, Donna Scarletti, por favor não o conte a ninguém. Por favor não deixe que ninguém saiba o que viu.
Nicoletta subiu de um puxão a manga da donzela
-Atou-te. -Adoecia-a por dentro. Quem seria tão malvado e depravado para fazer algo assim a um mulher?
A mulher começou a rezar ruidosamente à a Madonna, seus soluços eram mais fortes que nunca.
-Vai a vida se ele averiguar que sabe, que me viu. Minha vida! Posso trabalhar. Trabalharei. Por favor signora, não sou uma puta. Solo faço o que devo para sobreviver e cuidar de meu bambini.
-me diga quem te tem feito isto. Devemos ir a meu marido -disse Nicoletta.
Beatrice se lançou de joelhos, envolvendo os braços ao redor das pernas da Nicoletta, chorando grosseiramente.
-Não! Por amor de Deus, não o faça! É minha mesma vida. Tenho ao bambini. Não pode contar-lhe a ele.
Nicoletta se pressionou uma mão sobre o estômago repentinamente revolto. O que queria dizer Beatrice? Certamente não temia que Giovanni pudesse castigá-la pelo que lhe tinha feito algum rude soldado. Baixou o olhar para a cabeça inclinada da donzela, para seu corpo machucado, e de repente ficou muito quieta por dentro. Seu coração começou a palpitar alarmado. Não tinha sido nenhum soldado. Claro que não. Como viúva do capitão do guarda, certamente Beatrice teria ido ao dom e pedido que o soldado fora castigado. Quem fora que tivesse utilizado ao Beatrice de forma tão depravada era membro da aristocracia. Quem mais estaria tão doente para utilizar a outro ser humano, pensando que estava em seu direito. Mas Beatrice sentia terror ante a idéia de acudir ao Giovanni. O que significava isso? De repente, a lembrança da noite de bodas voltou a atormentá-la. O dom a tinha deixado, e quando havia volto, tinha arranhões frescos no peito.
A lembrança era vivida em sua mente. Ela não sabia nada, era uma inocente, não tinha sabido como lhe agradar. Mas certamente ele não era capaz de um ato semelhante. Nicoletta olhou de novo os machucados. O pai do Giovanni tinha enviado mulheres a seus filhos para que fossem utilizadas, sem preocupar-se com os sentimentos ou desejos das mulheres. Não! Nicoletta não acreditaria algo assim do Giovanni. Não era homem que torturasse a uma mulher por prazer. Podia ser feroz fazendo o amor, podia ser apaixonado e exigente, mas nunca faria mal a uma mulher.
-Cala, Beatrice -advertiu Nicoletta amavelmente -os guardas estão fora. Sei que posso te ajudar. me diga quem te fez isto e será castigado.
-Nunca. -Beatrice se separou dela- Senhora, por minha vida, se disser algo, ele me matará. Matará a meu bambini. Sustentou uma faca na garganta de meu menino dormido e me disse o que faria se você ou algum outro o averiguava.
As sobrancelhas da Nicoletta se elevaram.
-Eu? referiu-se especificamente a mim? -A donzela se estava girando afastando-se dela, obviamente muito assustada para ir ao dom ou a sua esposa em busca de ajuda. Nicoletta a agarrou do braço- Disse se eu o averiguasse?
Beatrice a olhou com olhos aterrados. Lentamente, assentiu.
O coração da Nicoletta estava a ponto de fazer-se pedacinhos.
-Não direi nada, Beatrice, mas acredito que posso encontrar uma forma de te proteger. E deve me deixar tentar te sanar.
Beatrice agachou a cabeça, envergonhada.
-por que ia ajudar me?
Nicoletta sorriu amavelmente.
-Ambas somos mulheres, Beatrice, ambas as aldeãs. Nossa única esperança é permanecer unidas. Encontrarei uma forma de te proteger. Quando sentir que pode confiar em mim, apreciarei que me conte quem te fez isto. Se pode te utilizar tão enfermizamente, fará o mesmo com outras.
Ambas ficaram em silêncio enquanto Nicoletta posava as mãos sobre as costelas machucadas do Beatrice. Podia sentir o calor curador elevando-se em seu interior, saindo de seu corpo e entrando no do Beatrice. A donzela ofegou e a olhou fixamente, quase temendo o poder que fluía da Nicoletta até ela. Nicoletta normalmente utilizava elaborados rituais para cobrir sua habilidade especial, mas sentia que mostrar-se confidencialmente vulnerável era necessário para ganhá-la confiança da mulher. Beatrice podia chamá-la bruxa, elevar um grito do que nem sequer Dom Scarletti pudesse salvá-la. As duas mulheres se olharam fixamente a uma à outra durante um comprido tempo, a donzela obviamente lutando por esclarecer mente. Nicoletta suspirou brandamente quando Beatrice apartou o olhar.
-Não posso contá-lo, Donna Scarletti. É minha vida, e tenho que proteger a meu bambini. Estou em dívida com você, e sei. Se tiver necessidade de mim, farei o que possa por protegê-la e servi-la sempre.
Proteger e servir. Uma estranha forma de pô-lo. O que sabia Beatrice que Nicoletta não? Havia perigo aí, Nicoletta podia vê-lo na advertência dos olhos da donzela.
-Verei o que posso fazer para te proteger, Beatrice.
Nicoletta a tranqüilizou brandamente e se deslizou pela porta, assegurando-se de que os guardas não captavam uma olhada do ocupante da habitação. Sabia que informavam diariamente de suas atividades ao dom. estava-se irritando mais e mais pelas restrições, pelos olhos vigilantes.
Quando Nicoletta entrou na habitação que Sophie tinha ocupado quando estava tão doente, deixou a propósito a porta aberta para que os guardas pudessem permanecer muito perto. sorriu-se a si mesmo, pensando que os soldados eram uma arma de dobro fio. Necessitava-os às vezes e se resentía com eles em outras. Algo nesta habitação a punha claramente nervosa. Era como se o mal tivesse ficado apanhado dentro das mesmas paredes. Ainda espreitava ali, horrendo e desumano em sua fome, gotejando inesperadamente para te agarrar despreparado. As janelas de cores evitavam que a luz do sol entrasse completamente, assim que a habitação parecia escura e sombria, as talhas subiam pelas paredes para o teto, estendendo-se como uma insidiosa praga. A cena mostrava à aristocracia com seus melhores ornamentos sendo arrastado ao mar. As rochas dentadas destroçavam os botes, e legiões de soldados caíam às espumosas e rugientes cheire.
A aranha de luzes já tinha sido reparada, uma vez mais pendurava do teto com novas colgaduras. Se a terra tivesse tremido como quando tinha pronunciado seus votos, isso explicaria em parte o estranho fenômeno que tinha tido lugar essa noite, as estranhas sombras cruzando a habitação como resultado da forma em que as chamas tinha titilado e dançado sobre as talhas enquanto as paredes tremiam. Viu na parede mais afastada um oco como o que havia na habitação de acima. Um bote dourado idêntico, ornamentado e formoso, estava no oco. Olhou-o com assombro.
Nicoletta se aproximou mais à parede para estudar as talhas. A maioria eram serpentes de algum tipo com perversas presas e garras. Franziu o cenho enquanto passava o dedo pelas formas profundas da talha. Havia algo justo diante dela, algo que a evitava. Estava tão perto, estava arranhando seu cérebro mas se negava a apresentar-se.
Os guardas sacudiram as cabeças quando subiu acima, direta à antecâmara que compartilhavam María Pia e Sophie. De novo tinha o mesmo estranho pressentimento de maldade. Olhou à parede com alívio. Era muito similar a de abaixo.
-Olhe isto. -disse ao guarda mais próximo- Obviamente o artista era um homem muito violento. -Tocou a ponta do que parecia uma garra afiada.
Nicoletta se sentou na cama e olhou ao mural, desejando ver as obras de arte de ambas as habitações lado a lado. Algo se moveu sob a colcha, lhe roçando os dedos. Saltou fora da cama, tão surpreendida que deixou escapar um grito de surpresa. Imediatamente o guarda mais próximo atirou dela para pô-la a suas costas.
-O que acontece, Donna Scarletti?
O segundo guarda, Francesco, colocou-a ainda mais atrás, quase empurrando-a fora da habitação. Nicoletta tentou aparecer a seu redor quando o primeiro guarda agarrou o bordo da colcha e a arrancou da cama. Imediatamente uma bola de escorpiões caiu ao chão, uma massa negra e marrom que se retorcia e bulia pulverizando-se imediatamente em diferentes direções através do estou acostumado a azulejado.
Nicoletta olhou com horror às horrendas criaturas enquanto os guardas davam caça. Os venenosos insetos eram rápidos. Era uma idéia espantosa o que alguém tivesse deixado cair um enxame deles na cama em que María Pia e Sophie dormiam.
-por que? -Fez a pergunta em alto.
-Cuidado! -chiou Francesco, empurrando um nada brandamente até o corredor, estampando o salto de sua bota com força sobre um escorpião que se arrastou muito perto do pé nu da Nicoletta.
Nicoletta se cambaleou para trás, tentado desesperadamente recuperar o equilíbrio. O guarda saltou para estabilizá-la. Outra mão saltou para arrastar a à segurança. Foi levantada contra o corpo duro de seu marido.
-A torre me está parecendo cada vez melhor -murmurou ele, seus olhos escuros atravessaram ao guarda e às criaturas venenosas que se estendiam pelo chão de mármore. Dom Scarletti tomou em braços, mantendo-a bem longe do perigo enquanto ajudasse a seus guardas a livrar-se dos escorpiões.
Seus dois irmãos estiveram logo ali também, esmagando às criaturas, Te vençam percorrendo cada centímetro da habitação.
-Sophie não pode ficar aqui. -anunciou, seu corpo tremia- Deve fazer-se algo, Giovanni! Isto não pode continuar. -Seu tom era acusador, sua expressão escura e perigosa.
O coração da Nicoletta se compadeceu dele, sabendo que devia estar temendo por sua filha e estaria furioso porque alguém tivesse feito semelhante coisa. Não podia lhe culpar por sua fúria. Sua filha tinha estado em perigo em mais de uma ocasião.
-por que ia querer alguém fazer mal ao Sophie? É sozinho uma menina -Deu voz ao que outros não foram dizer.
-A maldição. -disse Antonello brandamente- Estamos amaldiçoados a perder a todas nossas mulheres. -Era uma ameaçadora advertência, e seus olhos estavam posados na Nicoletta quando a pronunciou. Os braços do Giovanni se apertaram a seu redor como bandas as gema, ameaçando deixando-a sem ar.
-A maldição é nossa, Antonello, não de nossas mulheres, e me nego a permitir que controle minha vida. Isso não foi nenhuma "maldição". -Gesticulou para os escorpiões mortos ou moribundos- Um humano reuniu e trouxe essas coisas a esta habitação. -Nicoletta podia sentir a fúria correndo pelo corpo de seu marido, uma raiva que se negava a ceder à superstição que dominava suas vidas- Quero que todos os serventes sejam interrogados. Cada um deles. Chegaremos ao fundo disto. -Seus olhos negros atravessaram ao Antonello.
Antonello assentiu silenciosamente.
-Estavam sob a colcha, Dom Scarletti -anunciou Francesco- Donna Nicoletta quase colocou a mão sobre eles.
Giovanni lhe deu uma pequena sacudida, como se ela fora a responsável pela tragédia que tinha estado a ponto de ocorrer.
-Estou considerando seriamente o te encadear a minha cama.
-Não podemos nos arriscar a que nenhum escape, Lhe vençam. Devemos transladar à a Signorina Sigmora e ao Sophie a outra habitação imediatamente. A pobre menina logo sentirá que não tem lar.
-Melhor estar a salvo -disse lhe Vença. Procurarei a antecâmara eu mesmo. Não quero que nenhuma de suas coisas sejam levadas a nova habitação quando uma dessas criaturas venenosas poderia ser levada junto com elas.
Giovanni assentiu e se girou com a Nicoletta entre seus braços para levá-la vestíbulo abaixo para sua antecâmara. Uma rajada de excitação esquentou seu sangue, e se relaxou em seus braços.
-Não encontrei os escorpiões a propósito para te provocar -informou-lhe.
-Como lhe as acertas para te colocar nestes incidentes? -perguntou ele, empurrando-a ao interior de sua antecâmara enquanto a porta se fechava de repente atrás deles.
-María Pia diz que tenho um dom -admitiu Nicoletta, impenitente. retorceu-se para lhe recordar que a baixasse mas descobriu, quando seus seios se moveram contra o peito dele através do tecido de sua blusa, que sua pele estava de repente quente e seu corpo agressivo.
-Onde estão todos esses vestidos novos que lhe fizeram as costureiras? -exigiu Giovanni, deixando que seus pés nus tocassem os azulejos.
Os olhos da Nicoletta se obscureceram, o sorriso decaiu em sua boca.
-O que tem de mau minha própria roupa? -Soava ferida.
O coração do Giovanni deu um tombo ante essa nota triste.
-Não pode pensar que me envergonho de ti, piccola -disse brandamente, sua voz baixou um oitavo até que ronronou ao longo de sua pele como o toque de seus dedos- Não me teria casado com uma mulher de quem me envergonhasse.
-Eu gosto de minha própria roupa. Estou cômoda com ela. -Retrocedeu defensivamente- Tenho planejado me pôr os novos vestidos quando tiver que entreter a alguém. -Inclusive a seus próprios ouvidos soava jovem e insegura. Deu outro passo longe dele- Eu não pertenço a este lugar, Dom Scarletti. Aqui não posso respirar. Não entendo o que passa aqui. Não posso ser uma esposa apropriada para alguém como você.
-O que levou a isto, Nicoletta? -perguntou ele brandamente, seguindo-a pela habitação- Você é minha esposa. Não terei outra. Está fazendo o necessário para te converter na senhora do palazzo. Os guardas, os criados... todos eles lhe aceitam com facilidade. Porta e Margerita sabem que devem fazê-lo também. Vivem em nossa casa por nossa generosidade.
-Não quero essa classe de poder. Provenho do villaggio. Sei que dá muito trabalho levar uma casa deste tamanho, mas eu não gosto da forma em que se trata aqui aos serventes, e não posso ser parte disso. -Elevou o queixo para ele inclusive quando lhe cortava a escapada plantando seu corpo firmemente diante dela.
Giovanni estendeu a mão e lhe recolheu o cabelo gentilmente depois da orelha. O gesto foi tenro, e sua palma lhe roçou a pele fazendo que se estremecesse.
-Sou consciente de que não tinha notado que Gostanz tinha muito trabalho. Proporcionei-lhe mais ajuda e feito as mudanças que ele sugeriu. Bernardo também me informou que certas necessidades ante sua sugestão. Agradeço-te me haver chamado a atenção sobre esses assuntos. Esteve mal por minha parte contar com que outros levassem minha casa sem solicitar seu conselho.
Nicoletta suspirou, parecendo tão confusa como se sentia. Tinha prometido ao Beatrice que não revelaria seu segredo, e não se retrataria de sua palavra, mas era mais que do Gostanz do que estava falando.
-Você não o vê, não pode agarrar uma planta de onde pertence e esperar que prospere. Murchará-se e morrerá.
-Você transplantaste novelo, minha cara. -assinalou ele gentilmente- estive em seu jardim nas colinas. Arrumaste-lhe isso para mover muitas novelo, prosperam, crescem e parecem sões.
Nicoletta tragou com força, seus olhos eram grandes e escuros.
-Desde quando estiveste me observando? -Estava tremendo, pressionando uma mão sobre o estômago de repente revolto.
O olhar negro dele não vacilou enquanto a olhava. Era alto, arrogante, impenitente.
-E isso o que importa?
-Importa-me -respondeu ela, o coração lhe palpitava com força. Tinha acreditado ter liberdade, tinha pensado que o villaggio a protegia. E todo o tempo ele tinha sabido dela. Todo o tempo tinha planejado apartar a de seu lar.
-Isso não é certo. -negou ele, embora ela não tinha posto seus pensamentos em palavras, prova de que seu laço se fortalecia- Não tinha intenção de te reclamar para mim, solo de te proteger. Não queria que a maldição Scarletti te reclamasse como a todas as demais. Vivo cada dia com o conhecimento do assassinato nos corações dos homens e de que te pus em perigo.
-por que o fez?
Houve um golpe insistente na porta. Giovanni fechou os olhos e sacudiu a cabeça como se tentasse resistir à interrupção.
-por que o fez? -insistiu Nicoletta- Isto é importante para mim.
-Sei, piccola, mas estão acontecendo coisas das que devo me ocupar. Tenha paciência, e não me condene pelo que devo fazer para proteger a nossa gente. -passou-se uma mão pelo cabelo, com aspecto de carregar com o mundo.
Imediatamente o coração da Nicoletta deu um tombo, e se encontrou desejando lhe abraçar. Inclusive deu um passo para ele. Giovanni a encontrou a meio caminho, embalando-a, com os lábios em seu cabelo.
-eu adoro como veste, piccola, mas te encontro muito atrativa à vista. Os homens lhe olham, e vêem algo que você, em sua inocência, não pode conceber. Sei que leva pouco sob sua roupa, e os vestidos lhe cobrirão mais adequadamente.
Ela elevou uma sobrancelha.
-Você não os viu. E quando vago pelas colinas, devo levar algo cômodo.
Giovanni gemeu quando os golpes na porta se voltaram mais insistentes. Seus braços se esticaram por um momento, depois lhe elevou o queixo de forma que seus olhares se encontrassem.
-Sei que necessita o consolo de seu marido, e há muitas coisas que não entende, mas confia em mim, Nicoletta, um pouco mais. Tenha fé em mim. -E desapareceu tão bruscamente como a tinha deixado em sua noite de bodas, partindo para outra de suas reuniões secretas.
Nicoletta estava de pé em meio da antecâmara sentindo-se desolada. Necessitava consolo, urgentemente. Doía-lhe a cabeça de tentar unir todas as peças do quebra-cabeças. As respostas estavam ali, justo fora de seu alcance.
Os guardas estavam esperando fora da antecâmara quando saiu. Giovanni já tinha desaparecido da vista. Não queria pensar mais na maldição. Queria sair ao ar frio e crispado e respirar o mar. Queria olhar a suas colinas e estar com as meninas.
Nicoletta se apressou pelo corredor, consciente de si mesmo pela primeira vez em sua vida. As coisas não eram como Giovanni havia descrito. Sua roupa era útil, simples, não atraía os olhares dos homens.
Sophie e Ketsia correram para ela quando entrou no pátio. Suas caras estavam rosadas de correr, seus olhos brilhavam de alegria infantil
-Íamos te buscar! -saudou Sophie alegremente- Demorava muito.
Nicoletta estava agradada ao ver que foram da mão, já boas amigas. Beijou-as a ambas, rendo enquanto dançam a sua redor em sua exuberância. A brisa era fresca na cara da Nicoletta, trazendo para o mar com ela. Olhava das meninas risonhas ao jardim de flores, arbustos e árvores e se sentiu viva de novo.
María Pia sorriu gentilmente para ela.
-Há sombras em seus olhos.
Nicoletta levantou o olhar à fila de janelas. Pareciam maliciosas, olhando-a com gravidade.
-fui olhar o mural de sua antecâmara e quase coloquei a mão em um ninho de escorpiões que alguém tinha colocado sob a colcha de sua cama. -Disse-o brandamente, assegurando-se de que as meninas gritonas não a ouviam.
María Pia ofegou, empalidecendo visivelmente.
-Escorpiões? Quem faria tal coisa?
-Tenho muito medo pelo Sophie, por não te mencionar a ti, María Pia, acredito que a sopa que tomou Sophie e que a pôs doente estava envenenada a propósito. As vozes que ouça são muito reais. Não sei por que sua vida estaria em perigo, mas assim acredito. Devemos vigiá-la todo o tempo. Já pedi ao dom que coloque guardas em sua porta de noite. Está-lhes transladando a ti e a bambina a outra habitação.
-Nicoletta! -chiou Ketsia- Vamos! nos encontre.
Nicoletta observou às meninas desaparecer no labirinto.
-Será melhor que as siga. Se não as cansar antes da noite, manterão às duas levantadas até tarde.
-Ketsia faz mais pergunta que dez meninos, -disse María Pia com um sorriso- e Sophie está começando a seguir seu exemplo. Se esta parecendo mais e mais a uma menina normal. Ketsia é uma boa influência para ela. Vigiarei-a todo o tempo, Nicoletta.
-Bom, vou perseguir a esses fantasias de diabo e te dar um bem merecido descanso. -Nicoletta jogou uma olhada aos guardas despreparados e jogou uma carreira, um relâmpago de pés nus e cabelo comprido voando, sua risada se burlava dos soldados quando o labirinto a tragou.
María Pia saltou fora do caminho quando os dois guardas saltaram atrás de sua protegida. Nicoletta estava já bem fora da vista, correndo ao longo das voltas e giros, seguindo o som da risada das meninas. Havia florcillas pulverizadas pelos atalhos, e sob seus pés nus a exuberante atapeta de erva se sentia suave e natural. Correu rápido, elevando a cara para o vento, sentindo-se livre. Quando Nicoletta soube que estava a certa distância do centro do pátio, freio para poder desfrutar da beleza do labirinto. Os arbustos eram altos, por cima da cabeça, e muito espessos, formando uma parede sólida que não poderia atravessar.
-Nicoletta! -Ketsia se estava rendo, sua voz jovem despreocupada e feliz- Onde está?
-Onde está? -repetiu Sophie- Não pode nos encontrar- Houve mais risitas justo adiante, assim Nicoletta freou mais para não as agarrar muito rapidamente.
-Estou justo detrás de vocês -gritou, tentando bloquear todo o sinistro e espantoso do palazzo para desfrutar deste momento com as meninas.
As duas pequenas chiavam de deleite. Podia ouvir seus sapatos no chão enquanto corria entrando mais ainda no retorcido labirinto.
-Fica juntas -aconselhou, incapaz de evitar que lhe escapasse a admoestação.
Com freqüência o passadiço que atravessava o labirinto era estreito e conduzia a um beco sem saída ou uma volta em círculos largos e concêntricos. Nicoletta estava agora profundamente dentro do labirinto, seguindo às meninas pelo som de suas vozes. Às vezes podia as ouvir bastante perto, embora não teria podido as tocar se tivesse estendido o braço através dos grossos sebes. Outras vezes pareciam estar a alguma distância. As botas dos soldados golpeavam com força o caminho enquanto estes corriam para agarrá-la.
Surpreendidos por tanta atividade pouco habitual, os pássaros tomaram o ar, movendo as asas e chiando protestos, abrindo os picos. Ao princípio Nicoletta riu deles, mas depois começou a encontrar aterradoras às precipitadas criaturas. Elevou o olhar ao céu. Uma sombra estava passando sobre o labirinto. Um bosquejo se elevou do chão para envolvê-la. Imediatamente sentiu frio.
Nicoletta deixou de mover-se bruscamente e ficou muito quieta. Houve aleteos sobre sua cabeça. Tomando um profundo fôlego, levantou o olhar a contra gosto. O corvo negro estava posado nos ramos de um arbusto espesso ao final do corredor onde uma curva aguda escondia o resto do caminho. Parecia estar crescendo a escuridão no labirinto. Tragou o súbito nó de medo que bloqueava sua garganta.
-Outra vez não. Onde estão as meninas? -Elevou a voz, muito assustada- Ketsia! Sophie! -Sua voz soava tremente- Têm que me encontrar agora. Venham para mim!
O medo em sua voz alarmou aos guardas.
-Donna Nicoletta, fique onde está. Iremos até você -ofereceu Francesco- Tem problemas?
Se, tinha problemas. O pássaro lhe dizia que havia problemas. Embora não sentia feridas nem enfermidade. O vento levava histórias de acidentes. As meninas ainda riam jovialmente. Assim por que estava ali o corvo, advertindo a de algum infortúnio próximo? Nicolette não podia lhes dizer isso aos guardas. Começou a contra gosto a caminhar para o pássaro. Este a observou aproximar-se com seus olhos pequenos e redondos. Nicoletta esperava que voasse em uma direção ou outra, mas em vez disso, quando se aproximou, este girou pelo chão, pregando as asas e saltando para o arbusto que formava a curva do labirinto.
Nicoletta podia sentir como o coração lhe pulsava com força, e a boca ficou seca em temerosa antecipação. As sombras se arrastavam do palazzo até o labirinto. Demônios grotescos estendiam os braços, os guardiães do palazo maldito procurando manter a salvo seus segredos. Observou ao pássaro enquanto este saltava resolutamente pelo chão.
Relutantemente o seguiu pela curva. O labirinto oferecia uma eleição à esquerda ou direita, ambos os giros abruptos, um ligeiramente mais estreito do outro. O pássaro escolheu o estreito e mais silvestre. Os arbustos não estavam ali bem atendidos, e pequenos ramos roçaram sua pele quando o percorreu lentamente. Ouvia as risitas das meninas como se estivessem a grande distancia. O ruído teria devido ser tranqüilizador, mas soava zombador, como se o labirinto tivesse tomado as notas alegres e as tivesse retorcido até uma risada malvada. Os soldados a chamavam, ambos. Estavam correndo, e podia dizer que se dividiu para procurá-la. Quis lhes responder, mas o medo que a estrangulava o evitava. Tinha frio, inclusive se estremecia, mas sua pele estava úmida pela transpiração. O pássaro girou a cabeça para ela, olhando-a com um toque de malevolência que ela associava com as janelas e gárgulas do palazzo.
-mostre-me isso simplesmente -exclamou, seus punhos se apertavam nos bolsos da saia. Não queria saber de mais problemas; estava lutando por encontrar um lugar em sua nova casa com um homem ao que a penas conhecia. Um homem que a hipnotizava. Que a tentava. passou-se pelo cabelo uma mão tremente com agitação, os olhos lhe encheram de lágrimas. Não queria saber de mais problemas. Já não queria ter medo.
O pássaro grasnou para ela, com um tom feio e acusador. limpou-se as lágrimas de um tapa, elevando o queixo em desafio. Quase a seus pés, o pássaro estava inclinado para os arbustos e atirava de um pouco de cor clara. ajoelhou-se para estender o braço além da criatura, para agarrar a parte de tecido e atirar. Estava profundamente enganchado nos ramos espinhosos. Seu coração começou a palpitar. Reconheceu o tecido. Tinha-a visto dúzias de vezes. Normalmente era de um azul desbotado, mas agora parecia suja e danificada, coberta de uma grande quantidade de manchas parduscas.
Nicoletta se deixou cair sentada no chão, aferrando a camisa do Cristano. Sentiu-o então, a terrível vibração, os golpes de violência. Cristano estava morto, assassinado ali no labirinto, morto todo este tempo. Enquanto ela se casava e fazia o amor com o dom e ria com as meninas, ele estava morto, sua vida arrebatada para sempre, seu único crime tinha sido querer casar-se com a Nicoletta. Seu marido lhe tinha levado a labirinto. Seu marido tinha saído sozinho do labirinto, com os nódulos arranhados e sangue em sua camisa imaculada. Seu marido havia dito que Cristano tinha sido visto no villaggio, e tinha interrompido a busca.
Pressionando a camisa contra ela, sentou-se ali no chão, balançando-se adiante e atrás, com lágrimas caindo sobre a erva, enquanto os ramos dos arbustos começavam a balançar-se com o vento que chegava do mar. Bandas de névoa se aproximavam também, e o pássaro voava perezosamente em círculos no céu, seus olhos agudos percorriam a cena de abaixo e à mulher triste que chorava.
O que acontece? Posso sentir sua dor e pena, mas está tentando me fechar sua mente. As palavras brilharam tenuemente em seus pensamentos como asas de gaze, a voz era formosa, reconfortante, mas mortal apesar de tudo. Nicoletta sabia que o dom já se estava movendo para ela. A conexão entre eles parecia fortalecer-se mais e mais. Se uma esposa sentia algo por outro, e seu marido tinha os tremendos dons do dom e seu escuro ciúmes, seria isso motivo suficiente para o assassinato?
-O que acontece? -Foi Francesco quem a encontrou, levantando-a do chão, com roupa manchada de sangue e tudo- Donna Nicoletta, sofreu uma ferida?
Não podia lhe olhar com as lágrimas que corriam por sua cara e a evidência da culpabilidade de seu marido nas mãos.
-Onde estão as pequenas? -afogou-se, não queria que as meninas a vissem tão perturbada.
O guarda chamou a seu companheiro Dominic para que recolhesse às duas pequenas.
-Deve voltar para palazzo, Donna Nicoletta -disse-lhe brandamente com os olhos no tecido que sustentava entre as mãos.
Assentiu e foi com ele. Do que servia tentar explicar-se? Francesco era absolutamente leal ao dom. Como todos outros, o guarda não se preocuparia com a morte de um aldeão, especialmente pela de um que tinha sido o bastante parvo para desafiar a seu dom.
Giovanni se estava passeando na entrada do labirinto, Lhe vençam e Antonello estavam com ele, sugiriendo que tinham estado juntos quando o dom tinha sido consciente de que algo ia mal com sua esposa. precipitou-se a seu lado, atirando do corpo rígido dela até seus braços, inclinando a cabeça para lhe pressionar um breve beijo na têmpora.
Nicoletta lutou por permanecer imóvel, não queria fazer uma cena e lhe empurrar longe dela. envergonhava-se de si mesmo por desejar seu consolo incluso quando o condenava. Sentiu como o corpo dele ficou rígido, evidência de que estava lhe lendo o pensamento.
-O que encontraste que te perturbou, piccola? -perguntou gentilmente.
Elevou a cabeça para lhe olhar, seus olhos escuros eram uma eloqüente acusação.
-A camisa do Cristano. Vi-a muitas vezes. É a sua, e está coberta de sangue. -Seus olhos permaneceram fixos nos dele- Sei que está morto. Quando sustento esta roupa, sei -admitiu silenciosamente, seriamente, lhe desafiando a chamá-la mentirosa, a tentar discutir com ela, ou condená-la chamando-a bruxa. Que a chamasse assim. Melhor morrer de uma morte honesta que dormir com um homem, suportar semelhante intimidade durante todos os anos de sua vida, quando era um assassino.
Isso é o que crie? Isso é realmente o que crie? Pode me tocar e não sentir a verdade em seu coração? Havia profunda dor em seu tom, nas palavras que roçaram sua mente, uma acusação. Giovanni se girou para olhar ao Antonello sobre a cabeça dela.
-Não me disse que Cristano estava no villaggio pelo que tinha passado em seu caminho de volta a casa?
Antonello se encolheu de ombros, sua cara era inexpressiva.
-Só tinha visto esse homem uma vez, Gino. Pude ter cometido um engano. Não falei com ele, simplesmente lhe observei beber em um botequim. Outro homem lhe chamou Cristano. -Antonello voltou sua atenção para a Nicoletta. inclinou-se ligeiramente com a mesma cortesia que com freqüência mostrava Giovanni- Sinto muito, irmã. Ao parecer sou responsável por este mal-entendido. Informei do visto imediatamente, já que necessitávamos aos soldados para procurar a nossa primo desaparecido, Damian, e protege nossas fronteiras do Rei da Espanha, que tão freqüentemente parece espreitar nossas terras.
Parecia haver uma simples sinceridade em sua voz e sua atitude, mas Nicoletta já não confiava em nenhum deles. Não acreditava nenhuma palavra do que Antonello estava dizendo. Sustentou a camisa do Cristano, a prova de seu falecimento. Quando, exatamente, tinha morrido? Estava conectada com o Cristano, mas o pássaro não tinha vindo a ela quando ele estava moribundo. Deveria haver sentido as vibrações de violência no momento em que o assassinato tivesse ocorrido. Não tinha sentido. por que não havia sentido a perturbação se seu marido tinha apunhalado ao Cristano no labirinto? Tinha estado perto dos dois homens, separada sozinho pelas paredes de arbustos. O dom era capaz de bloquear sua estranha habilidade para sentir o ameaçaram presságio de uma ferida mortal ou de uma morte?
Dom Scarletti deu ordens a seus homens de procurar no labirinto centímetro a centímetro em busca de mais prova. te vençam parecia furioso.
-Gino, está passando algo que todos deveríamos saber? -exigiu furiosamente- Se Damian estivesse vivo, teria encontrado uma forma de contatar conosco. O que tem que todos esses encontros secretos que você e Antonello estivestes celebrando ultimamente, e seus visitantes aos que alguma vez nos permite ver? A gente não desaparece simplesmente ou consegue que a matem em nosso próprio pátio!
-Este não é o momento nem o lugar de discutir tais coisas, Lhe vençam -A voz do Giovanni foi como um látego- Devemos averiguar que ocorreu a este menino.
-Homem -corrigiu lhe Vença- Era um homem que tinha posto seus olhos em sua mulher. Se dispôs dele por algum ato ou traição, solo tem que dizê-lo. Não tinha direito a vir aqui e tentar te roubar a sua noiva.
Nicoletta ofegou, ambas as mãos empurraram com força a parede do peito do Giovanni. Ele apertou seu abraço ao redor dela, negando-se a deixá-la escapar.
-Usa o cérebro, Lhe vençam. -Sua voz era pura ameaça, baixa, arrogante e cheia de desprezo, uma chicotada que fez que seu irmão menor fizesse uma careta- O menino não pode ter sido assassinado no labirinto e morto ali, ou os abutres o teriam estado sobrevoando. E o que tem que quão soldados procuraram no labirinto esse dia? Quando tive tempo de dispor de um corpo? Um soldado poderia ter sido tão leal para me ajudar, mas um regimento inteiro? Duvido que esgrima a classe de poder que requer tamaña conspiração. Não houve rumores de um corpo encontrado. O moço estava vivo quando lhe deixei.
-Quero ajudar na busca -disse Nicoletta. A seus próprios ouvidos soou desafiante. Se havia alguma outra pista, possivelmente o pássaro as revelaria. E poderia pensar mais claramente sem o dom tão perto.
Um pequeno silêncio seguiu a suas palavras. Giovanni deixou cair os braços a contra gosto e a deixou escapar.
-Se for isso o que crie que deve fazer, cara, então deve faz-o -Falou tranqüilamente, com o olhar nos dedos dela que alisavam a roupa ensangüentada.
Nicoletta se deu a volta e imediatamente voltou a entrar no labirinto. Não queria lhe dar a possibilidade de trocar de opinião. mordia-se nervosamente o lábio inferior enquanto tentava raciocinar o assunto. O que Giovanni havia dito a seu irmão tinha sentido para ela. Ele não tinha tido tempo de matar ao Cristano e dispor do corpo. E tinha voltado para palazzo quase imediatamente.
Quando tinha morrido Cristano? por que não havia "sentido" sua morte? Pergunta-a a golpeava como o ritmo de um tambor, como seu próprio coração. Percorreu o labirinto lentamente, mantendo o olhar fixo no chão, registrando os arbustos em busca de signos de violência. Várias vezes se tropeçou com soldados enquanto estes percorriam os caminhos cuidadosamente por ordem de seu dom. por que não havia sentido a morte do Cristano? Embora não tinha sido mais que uma menina, tinha sabido quando morreu sua mãe.
As palavras do Giovanni não só tinham sentido, mas sim soavam sinceras. Nicoletta suspirou e se passou uma mão pelo comprido corto, tornando-lhe para trás para recolhê-lo em um nó ao azar a fim de mantê-lo afastado de sua cara. Queria acreditar no Giovanni. A resposta estava ali, tão perto, persistente no fundo de sua mente, se solo pudesse alcançá-la.
Nicoletta dobrou outra curva e quase caiu aos braços de um soldado. Na distância ouviu o som do corvo, um ruidoso grasnido de advertência. Profundamente em seu interior, a sombra se alargou e cresceu. O soldado a agarrou pelos ombros para estabilizá-la, seu apertão foi tão forte que levantou o olhar rapidamente. Por um momento o tempo pareceu congelar-se. Um solo pulsado de coração. Um terrível momento de reconhecimento. As mãos firmes instantaneamente se envolveram ao redor de sua garganta e apertaram com força, quase elevando-a sobre seus pés, lhe cortando o fôlego e toda capacidade de pedir ajuda. Alejandro, vestido de soldado, esperando seu momento de vingança. Quase imediatamente o pânico fluiu, e todo se voltou negro, com diminutas estrelas brancas disparando-se para ela.
Nicoletta! A voz estava gritando em sua cabeça, angustiada, aterrada, furiosa. Giovanni exigia que lutasse com seu atacante, exigia que não lhe abandonasse. Isso lhe deu forças. Estendendo as mãos para cima cegamente, tentou afundar as unhas nos olhos do Alejandro. Chutou-lhe e tentou colocar um joelho entre suas pernas. Ouviu gritos débeis perto. A voz do Giovanni se elevava dando a ordem de encontrá-la, indicando que tinha problemas. Os guaridas se apressavam a cumprir a vontade do dom. Giovanni corria para encontrá-la. Embora a realidade ia e vinha, Nicoletta podia ouvir o som de pegadas e vozes altas como trovões em seus ouvidos.
Alejandro cedeu ao pânico e a deixou cair. ficou de pé sobre ela um momento enquanto ela se afogava e tinha arcadas.
-Não sou o único que te quer morta. -Cuspiu-lhe, depois se girou e fugiu entre as altas paredes do labirinto.
Giovanni e Francesco a alcançaram ao mesmo tempo. É dom era como um homem poseído. Empurrou ao guarda longe dela, levantando-a entre seus braços, sua cara era uma máscara de fúria quando notou as escuras marcas de dedos ao redor de seu pescoço e garganta.
-Onde estava? -girou-se para o guarda, o outro soldado chegava correndo- Encarreguei-lhes uma só tarefa... mantê-la a salvo. Uma tarefa! Encontrem ao homem que lhe fez isto. Encontrem e me tragam isso Que nenhum se atreva a voltar sem ele!
lhe vençam e Antonello tinha seguido a seu irmão quando este tinha empreendido a carreira mortal, seguindo infalivelmente o caminho da Nicoletta através do labirinto.
-Quem tem feito isto? -perguntou-lhe gentilmente Antonello.
Levou-lhe vários intentos fazer que sua voz funcionasse, torcida como tinha a garganta.
-Alejandro. Vestido de soldado. -Grasnou as palavras, e cada uma fez mal. Nicoletta se pendurou do Giovanni, seu corpo tremia em reação, tanto por ser o objetivo de semelhante ódio como pelo ataque quase mortal do Alejandro.
-lhe encontrem! -repetiu Giovanni, soava, em cada palavra ao dom- Não voltem sem ele. -O tom de sua voz expressava uma autêntica ameaça- Quero a cada homem lhe buscando. Antonello, já sabe o que fazer. Não me decepcione. Temo-me que não lhes perdoarei facilmente a nenhum pelo êxito deste ataque a minha esposa.
deu-se a volta e a levou através dos estreitos caminhos, as voltas e curvas do labirinto. A cada passo que dava crescia sua fúria.
-Isto não voltará a ocorrer, Nicoletta. Nunca mais! -vaiou pelo baixo, mais para si mesmo que para ela. Enquanto atravessava o pátio a pernadas, elevou a voz e chamou o Gostanz e a María Pia. Havia rabia em sua voz, em seu caminhar, em cada gesto que fazia. A fúria lhe dominava tanto que Nicoletta quase temia mover-se.
Tossiu várias vezes em um intento por recuperar a voz. O batimento do coração de seu coração estava voltando para a normalidade. Era muito consciente da crescente agitação de dom Scarletti. Não podia estar fingindo o tremor de seu corpo, a raiva que lhe percorria tão ardente e perigosa como qualquer vulcão. Se acurrucó contra seu corpo, lhe rodeando o pescoço com os braços fazendo que a camisa manchada de sangue ondeasse por um momento contra ele.
-Lamento ter duvidado de ti -grasnou roncamente.
-Não fale -ordenou ele, seu negro olhar era pensativo- De que servem guardas e soldados se não poderem proteger a um mujercita? Não peço muito aos que estão a meu serviço, aos que entrego generosamente toda minha vida. Cavalgo com esses homens, ensino-lhes, protejo-lhes, alimento-lhes e dou alojamento. Como pôde ocorrer isto? Se o marido de seu difunta amiga se infiltrou nas filas de meus homens, dever ter tido a alguém que lhe ajudasse, alguém de alta fila.
Nicoletta permaneceu em silêncio, consciente de que seu marido estava de um humor muito explosivo para ser consolado, e porque sua garganta estava muito torcida. Posou a cabeça contra seu ombro e agradeceu sua dura força. María Pia e Gostanz os seguiam, quase correndo para manter o passo das largas pernadas do Giovanni. Nicoletta colocou gentilmente a mão contra a mandíbula sombreada de azul do dom. Levou-lhe um momento enquanto a levava através do palazzo notar o gesto tenro. Quase imediatamente pôde respirar mais facilmente. Ela o sentiu. Ele o sentiu. Para quando tiveram alcançado a antecâmara, ele havia tornado a recuperar uma biografia de controle.
-Signorina Sigmora, não a mantive tão a salvo como esperava. -cuspiu dom Scarletti entre dentes, cada palavra foi afiada e precisa. Seus olhos eram muito negros, gelados, sua expressão conjurava a sensação de uma tumba- Quero que se ocupe de suas feridas enquanto eu vou unir me aos que dão caça a esta serpente. Gostanz lhe trará algo que necessite. -Colocou a Nicoletta em meio da cama e se inclinou para lhe roçar um beijo na têmpora- Temo-me que te colocarei nessa torre, ou não terei paz mental. -Por um momento sua mão tocou as terríveis marca da garganta e se atraso ali, a dor se refletiu nas profundidades de seus olhos escuros.
María Pia lhe observou sair antes de tocar a pele torcida e machucada da garganta da Nicoletta.
-Não acredito que estivesse brincando, bambina. -Os olhos da anciã estavam cheios de lágrimas- estive a ponto de te perder.
-Foi Alejandro. Não senti a advertência até que foi muito tarde, até que teve suas mãos sobre mim -sussurrou Nicoletta roncamente- Não senti a morte do Cristano. Como pôde ser, María Pia? O que está acontecendo que já não posso confiar no que sempre foi parte de mim?
María Pia lhe aplaudiu a mão consoladoramente.
-Cala, bambina. -Alguém tinha que manter a mente clara- Necessitarei água fresca, Gostanz -Queria que o homem se fora, que deixasse de ouvir. Esperou até que teve desaparecido antes de deixar cair na cama junto à Nicoletta- Não sei por que seu dom te está falhando, Nicoletta, mas deve ser algo aterrador perdê-lo quando mais o necessita.
Nicoletta a olhou com os olhos totalmente abertos, de repente lhe ocorria uma idéia.
-Suponho que não o perdi, María Pia. É possível que Alejandro não tivesse nem idéia de que eu estava no labirinto. Acredito que estava tão surpreso como eu de cruzar-se comigo. -tocou-se a garganta e se umedeceu os lábios com a língua. -O pássaro e a sombra chegaram justo antes de que me agarrasse. -sentou-se e apartou uma mecha de cabelo que se escapou do recolhido- É possível que Alejandro não viesse aqui a me matar a mim, mas sim o dom fora seu autêntico objetivo. Não houve advertência prévia porque Alejandro não estava preparado para golpear ainda.
-Isso não sabe, Nicoletta -advertiu-lhe Maria- E o que tem que o Cristano? Como explica seu desaparecimento? Certamente não acreditará que esteja vivo.
Agarrou a camisa empapada de sangue da cama onde Nicoletta a tinha deixado cair.
-Em realidade, María Pia, não sei o que ocorreu ao Cristano. Não, não está vivo. Sinto sua morte nessa parte de tecido. -Sua voz estava cheia de pena- Mas algo está mau. Algo quase a meu alcance, mas me escapa. Chamaria o Sophie por mim?
-Não pode expor à menina a esta vil conspiração -Como tinha feito toda a vida, María Pia ainda protegia a jovem a seu cargo.
-Ela é parte disto. Não sei por que, mas já está exposta ao perigo. Se for resolver esta adivinhação, devo ter mais peças. Acredito que Sophie me pode proporcionar isso Envolverei-me um cachecol ao redor do pescoço para ocultar as marcas. Minha voz é quase normal de novo. -A garganta da Nicoletta doía abominablemente, e sua voz era rouca, mas tinha medo de esperar muito mais. Algo ia muito mal no palazzo, e temia que de não encontrar a resposta logo, haveria mais mortes.
Enquanto María Pia ia em busca da menina, Nicoletta aplicou ervas consoladoras nos moratones da garganta e o pescoço. Gostanz voltou com a água, obviamente perturbado pelo evento, seus olhos estavam preocupados e graves. A Nicoletta lhe ocorreu que tinha feito uns poucos amigos no pallazzo depois de tudo. estava-se colocando o cachecol ao redor da garganta quando chegou Sophie, seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar.
Nicoletta imediatamente estendeu os braços.
-O que acontece, Sophie? E Ketsia está preocupada também? Não podemos permitir isso. María Pia, procura a Ketsia? lhe diga que unirei a ela na cozinha em uns minutos.
A anciã franziu o cenho.
-Não acredito que o dom deseje que abandone a antecâmara, Nicoletta. diz-se que ninguém lhe viu nunca tão zangado. Estão assustados no palazzo. Há muito silêncio. Centenas de soldados estão penteando o pátio e o labirinto. Acredito que é melhor que não ponha mais a prova sua paciência.
Nicoletta pensou que María Pia tinha razão sobre o dom, mas tinha intenção de aliviar a preocupação da Ketsia à primeira oportunidade. Esperou até que todo mundo se foi, deixando-a só com o Sophie.
-Vê, bambina? Estou bem. Um pequeno incidente. Todo o resto é bate-papo absurdo. Necessito sua ajuda, entretanto, piccola. Para um pouco mais importante.
Os olhos do Sophie estava abertos de orgulho ante a oportunidade de ajudar a Nicoletta.
-O que posso fazer eu?
-Recorda quando ficou doente e eu vim pela primeira vez ao palazzo a te ajudar? -Nicoletta alvoroçou meigamente o cabelo da menina- Algumas costure que acreditam são muitos malotes podem ser boas, não? Assim é como te conheci.
Sophie escalou até a cama e se removeu no regaço da Nicoletta.
-Me alegro de me haver posto doente então -disse solenemente.
Nicoletta a beijou no cocuruto.
-Quero que me conte como chegou a comer a sopa que ficou doente. Ninguém pode te ouvir exceto eu, assim sabe que não te meterá em problemas. -Fez o que pôde por soar tranqüilizadora.
Sophie apartou o olhar, estava claro que não queria responder.
-Papai estava muito zangado comigo -admitiu a contra gosto- Pedi ao Bernardo que me fizesse um jantar especial, mas ao final eu não gostei, e me neguei a comê-la. -Enrugou o nariz- Papai disse que não fora assim, que o cozinheiro se tomou muitos problemas por mim. -Baixou o olhar a suas mãos- Atirei o prato ao chão e fui muito má. -A admissão chegou com uma vocecilla.
-por que fez isso, piccola? Não é próprio de ti ferir os sentimentos do Bernardo.
Sophie agachou a cabeça.
-Papai sempre escuta a Zia Porta. Ela disse que se o tinha pedido, tinha que comê-lo, e Margerita riu de mim. Mas elas não o comeram. Disseram coisas e fizeram caretas, e Papai as escutou. Pensei que se atuava como elas, ele me escutaria também. Eu só queria que me escutasse.
Nicoletta abraçou à menina.
-Entendo, bambina. Mas agora sabe que essa não é boa forma de conseguir a atenção de papai. O pobre Bernardo estava muito ferido, não? me conte o da sopa -animou.
Sophie se acurrucó contra Nicoletta, tomando a mão confidencialmente.
-Papai me enviou à cama e disse que não podia comer até manhã, mas eu esperei até que foi muito tarde, e fui à cozinha e encontrei a sopa. Bernardo a fez para o Zio Gino. É seu favorita, embora com freqüência não deixa de trabalhar para comer conosco. Bernardo sempre lhe deixa a sopa em uma panela pendurando no lar da cozinha. Agarrei a sopa do Zio Gino.
-Porque tinha muita fome -disse Nicoletta compasivamente.
Sophie assentiu, pressionando-as mãos sobre o estômago como se recordasse o vazio.
-Zio Gino chegou e me viu. Mas não gritou. riu e começou a comer comigo da mesma terrina. Papai entrou e estava zangado comigo.
-Porque lhe tinha desobedecido e saído de sua cama quando te tinha castigado -recordou-lhe Nicoletta.
A voz do Sophie foi indignada.
-Disse que era muito malote por me comer a comida de meu zio quando ele trabalhava duro e certamente tinha fome. -Grandes lágrimas alagavam os olhos da menina- Zio Gino disse que estava bem porque havia bastante ensopa para compartilhar, mas Papai seguia zangado e disse que Zio Gino me consentia e eu estava mimada.
Nicoletta a abraçou para tranqüilizá-la.
-Não está mimada, meu doce bambina, absolutamente. Seu zio teve razão em compartilhar sua sopa, mas não deve voltar a desobedecer assim. -Beijou-a- Obrigado por me contar isso Agora deveríamos procurar a Ketsia, ou chorará até que María Pia se zangue conosco.
Assim que a sopa tinha sido envenenada para matar ao Giovanni, não ao Sophie, justo como Nicoletta suspeitava. Alejandro provavelmente tinha vindo a matar ao dom, não a Nicoletta.
Em algum lugar no palazzo, um assassino jazia à espera, esperando seu momento. Nicoletta não sabia se era por razões políticas ou pessoais, mas ela sabia, sem dúvida nenhuma, que dom Giovanni Scarletti estava em um terrível perigo.
Enquanto caminhava com o Sophie com o passar do corredor de acima com seus vastos espaços e tetos abovedados, ouvia os murmúrios baixos de vozes femininas vaiando brandamente daqui para lá. Porta e Margerita estavam discutindo de novo, os sons eram amargos e furiosos. Nicoletta se tocou a garganta torcida através do fino cachecol, perguntando-se, não pela primeira vez, se o mal estavam tão encerrado nas paredes do palazzo que nunca seria exorcizado. Seguiu ao Sophie pelo corredor até a cozinha, agradecendo que em sua pressa por capturar a seu atacante, dom Scarletti tivesse esquecido lhe atribuir guardas.
Ketsia se lançou aos braços da Nicoletta, estalando em soluços, seu carita já banhada em lágrimas.
-Acreditei que estava morta! Ouvi uma das donzelas dizer que seu novo marido te tinha matado porque te encontrou com outro homem.
A cara da Nicoletta ficou branca. Seu queixo se elevou, seus olhos escuros flamejaram com temperamento.
-Bernardo, é isso o que está dizendo o pessoal? Estão acusando a dom Scarletti de me estrangular?
Ele agachou a cabeça, envergonhado. Nicoletta se deu a volta quando uma sombra cruzou a soleira. O avô do Giovanni rondava por ali com ar vacilante. Sua cara estava enrugada pela preocupação, seus olhos estavam vermelhos e imprecisos. Pôde ver que estava muito agitado. Ainda abraçando a Ketsia, foi imediatamente para o ancião para lhe tranqüilizar.
-Estou bem... uma refrega, nada mais, com um homem que estava furioso porque perdeu sua granja quando deixou que sua esposa morrera desatendida. Não foi nada, Nonno. Rechacei ao homem quando me pediu que me casasse com ele, e me guardou rancor após. Giovanni lhe está procurando agora. Não deixarei que ninguém em nossa casa pulverize rumores a costas do Giovanni. -deu-se a volta, arrumando-lhe para parecer régia inclusive com suas roupas de camponesa- Onde está Gostanz? Quero que todos os que servem no palazzo se reúnan no vestíbulo dianteiro imediatamente. -Nicoletta utilizou sua voz mais severo, decidida a ser tomada a sério.
O velho Scarletti abraçou a Nicoletta torpemente, com a Ketsia e tudo. Sophie lhe olhou com os olhos como pratos e tentou um sorriso tentativa quando ele a olhou. O ancião se encontrou lhe devolvendo o sorriso antes de afastar-se depressa, não querendo ser observado por tantos olhos condenatórios.
Gostanz reuniu aos criados sem demora. Nicoletta ficou bastante surpreendida de que tão pouca gente atendesse uma propriedade tão vasta. A maioria pareciam trabalhadores externos. Reunindo coragem, Nicoletta se colocou ante eles, com a Ketsia ainda obstinada a ela. A menina lhe dava valor para enfrentar aos serventes.
-Sou Donna Scarletti, para aqueles que não me conhecem. Gostanz me comunicará qualquer queixa ou sugestão que possam ter para fazer mais fácil e suave sua vida no palácio. Entretanto, quero abordar um assunto imediatamente. esteve-se falando do recente ataque sobre minha pessoa. Se rumorea que meu marido tentou me estrangular.
Imediatamente na habitação se fez um inquietante silêncio, isento inclusive do rumor de passos. Nicoletta foi consciente imediatamente de que cada olho da habitação se fixava nela. Lentamente desenredou o cachecol para que pudessem ver as marcas de seu corpo. Surgiu um ofego coletivo.
-Fui atacada, mas certamente não por meu marido. Acredito que meu atacante estava aqui para fazer mal a dom Scarletti, não a mim. Eu estava simplesmente no caminho deste homem. Quero que se saiba que não tolerarei deslealdade ao dom daqueles que trabalham em nossa casa. Não quero ouvir rumores sobre ele ou nós. Se tiverem preocupações, eu adorarei as atender, mas não servirá de nada tentar dividir nosso lar.
Nicoletta aferrou firmemente a mão da Ketsia na sua e estendeu a outra ao Sophie, que estava com os olhos aberto, olhando com temor à garganta da Nicoletta. María Pia tinha os braços ao redor da menina. Imediatamente se uniram como uma família unida, apresentando sua lealdade as umas para as outras ante os serventes. María Pia estava sonriendo a Nicoletta com orgulho.
Nos minutos seguintes Nicoletta fez todo o apropriado, tentando levar a cabo uma conversação com as meninas tagarelando, lhes assegurando constantemente que em efeito ia viver. Mas sua mente estava em outro lugar, ocupada com o corvo. Se tinha razão em suas hipóteses de que Alejandro não tinha tido intenção de lhe fazer danifico, nem sequer ao Giovanni nesse preciso momento, mas sim simplesmente tinha aproveitado a oportunidade quando se tropeçou com ela, então isso queria dizer que sua estranha habilidade não tinha desaparecido necessariamente. Solo significava que o pássaro não tinha tido tempo de avisá-la. Ainda assim, por que não tinha sido advertida da morte do Cristano? Se Giovanni tinha apunhalado ao Cristano no labirinto, tão perto dela, haveria-o sentido. E o pássaro teria ido a ela.
-Nicoletta! -Ketsia estampou contra o chão seu piececito- Hei-te dito o mesmo três vezes, e não me respondeste. Está olhando fixamente pela janela. Todos os soldados estão fora, mas María Pia diz que não é seguro e que devemos ficar dentro. Não quero ficar dentro, e tampouco Sophie.
Nicoletta olhou ao pátio baixo ela. Podia ver os soldados pulverizados pelos terrenos como formigas, procurando em cada possível rota de escapamento. Mas Alejandro já tinha desaparecido. escapou-se. Sabia em seu coração, um medo escuro que permanecia como uma sombra em sua alma. Ele procurava a segurança de seu esconderijo, alguém em quem dom Scarletti confiava lhe tinha ajudado a ocultar-se.
-Sinto muito, Ketsia, mas em realidade María Pia tem razão. Não é seguro ainda. O homem que tentou me fazer danifico ainda não foi capturado. E é um homem que te conhece, Ketsia. É Alejandro, vestido de soldado, e não quererá que lhe identifique se lhe vê a cara. Quando voltar ao villaggio, farei que vários dos guardas do dom vão contigo.
por que o pássaro não tinha ido a ela? por que não havia sentido a morte do Cristano? Não tinha sentido. Como podia ter morrido e ela permanecer tão inconsciente disso?
-Queremos sair -insistiu Sophie, atirando da saia da Nicoletta.
Nicoletta se inclinou para deixar um beijo na cabeça da menina.
-Sinto muito, piccola, mas não podem. Se miras pela janela, verá que uma espessa névoa avança terra adentro desde mar. É perigoso quando está assim. María Pia inventará um jogo para vocês aqui no palazzo. A névoa pode ser tão espessa que Ketsia terá que passar a noite aqui. Não seria isso uma grande aventura? -Aplaudiu a ambas as meninas ausentemente, girando-se para ir-se- Agora tenho coisas que atender.
-Nicoletta! - María Pia vaiou seu nome, fazendo o sinal da cruz-se enquanto o fazia-. Se esquece de ti mesma. Não tem amparo enquanto seus guardas estão fora. Não vais vagar pelo palazzo por sua conta.
Nicoletta elevou o queixo.
-Esta é minha casa, e me moverei livremente dentro dela, ou não terei vida absolutamente. -apressou-se a voltar escada acima, decidida a jogar uma olhada uma vez mais à habitação onde María Pia e Sophie tinham estado dormindo. por que tinham sido colocados os escorpiões nessa habitação? Se a sopa tinha estado destinada ao dom, havia outra razão para os escorpiões, outra além de ameaçar a jovem Sophie Alguém queria ao Sophie fora da habitação por outro motivo? Havia uma entrada ao passadiço secreto na habitação dos meninos e nessa habitação em particular. Sophie já tinha sido deslocada de ambas as habitações. Como tinha sido transladada da habitação de abaixo, a habitação onde tinha estado tão doente. Havia também uma entrada ao passadiço nessa habitação? Nicoletta queria sabê-lo.
Quando passava pela habitação da Margerita, ouviu a voz da jovem elevar-se em um tom agudo e desagradável.
-Farei-te açoitar por isso. Sei que agarrou minhas jóias! É uma benjamima e uma puta. Rasgou deliberadamente meu vestido!
Para surpresa da Nicoletta, reconheceu a outra voz.
-O disse, não agarrei nada desta habitação. Não toque o vestido. -Era a donzela, Beatrice, sua voz era baixa e tremia de medo- Nunca lhe roubaria ou destruiria sua roupa.
A posta estava entreabierta, e Nicoletta a empurrou para abri-la mais.
-O que está passando, Margerita? -Tomou nota da cena: a donzela acovardada contra a parede, Margerita sacudindo-a com fúria. Havia coisas esparramadas por toda a habitação como se tivessem pirado em todas direções. Nicoletta bem podia imaginar a Margerita as lançando com raiva.
-Não é teu assunto -espetou a filha de Porta-. É minha donzela, e a tratarei como merece a gente como ela. Fora de minha antecâmara privada.
-É uma trabalhadora de minha casa -corrigiu firmemente Nicoletta- Se houver um problema, eu deveria ser informada imediatamente. -Entrou na habitação para ficar junto à donzela- Diz que te roubou? -Por muito que o tentou Nicoletta não pôde evitar a incredulidade em sua voz.
O tom da Nicoletta só inflamou mais a Margerita.
-Fora! -grunhiu- Você mesma não é mais que uma camponesa. Como poderia saber como tratar a esta gente ignorante? Não sabem nada sobre servir. Olhe meu vestido! Rasgou meu vestido!
Beatrice sacudiu a cabeça.
-Não o fiz, Donna Scarletti, e não lhe roubei. Vim a ajudá-la a vestir-se, e me atirou coisas porque não pôde encontrar uma jóia. Eu não a agarrei. O vestido se rasgou quando ela pisou na prega.
Margerita chiou e se apressou para a mulher, sua cara era uma máscara de fúria. Elevou um braço, balançando-o grosseiramente. Nicoletta se colocou diante da donzela acovardada, aceitando o golpe, uma dura bofetada que encheu o ar com um som grotesco, de cheio na cara. A Nicoletta pareceu por um momento como se tudo tivesse ocorrido a câmara lenta, Margerita adiantando-se, a mão elevada, marcas débeis em sua boneca, lembrança de algo, algo que disparou uma lembrança fugaz.
Um terrível rugido fez girar às três mulheres para olhar à soleira. Todas ficaram congeladas ao enfrentar ao Giovanni Scarletti. Seus olhos negros brilhavam ameaçadores, sua cara aposta estava marcada com escura crueldade. Depois dele, Lhe vençam e Antonello ofegaram para a Margerita como se esta tivesse perdido a cabeça. Giovanni sentia tal raiva, que a habitação bulia com ela. Cobriu a curta distância até a Margerita com passos grácis, como um lince à espreita.
Agarrou-a do braço e a lançou longe da Nicoletta.
-Abandonará esta casa imediatamente. -Cuspiu as palavras entre os dentes apertados- Não me importa aonde vá ou que faça, mas nunca voltará a entrar nesta casa.
Margerita ficou tão branca, que parecia um fantasma. Pela primeira vez parecia jovem e vulnerável, uma menina que tinha superestimado sua mão e agora tinha perdido sem remédio.
Nicoletta tocou o braço do Giovanni com dedos gentis.
-Estamos muito perturbados para tomar decisões apressadas. Você, mais que ninguém, deveria sabê-lo. Margerita não pretendia me golpear. Não é mais que uma menina, Giovanni.
Quando o dom continuou olhando fixamente a Margerita com olhos penetrantes, a mão da Nicoletta se deslizou para cima até sua mandíbula, uma tenra e suave carícia, girando-a-a cara para ela.
-Por favor, Giovanni, não a envie longe. Ela e eu não teremos oportunidade de nos fazer amigas. Seria um começo terrível para nosso matrimônio. -Sussurrou-lhe as palavras brandamente, seus olhos escuros foram eloqüentes, suplicando.
Dom Scarletti ficou imóvel, seu corpo rígido. Nenhum dos irmãos falou. Nenhum se atrevia a respirar. Ao fim ele assentiu bruscamente.
Nicoletta se relaxou ligeiramente, cuidando de não tocá-la bochecha sensível.
-Obrigado, Margerita, por me ilustrar com o fato de que preferiria não ter uma donzela pessoal. Como estamos curtos de pessoal no momento, isso liberará o Beatrice para ajudar a María Pia e Sophie. Beatrice, por favor lhe diga ao Gostanz que desejo que tome uns dias livre... com pagamento, é obvio... e quando voltar, atenderá a María Pia e à pequena Sophie pessoalmente.
Beatrice fez uma reverência várias vezes, rodeando cuidadosamente ao dom, escabulléndose junto aos dois irmãos sem olhar a nenhum deles, e afastando-se à carreira.
Giovanni tomou a mão da Nicoletta na sua, seus olhos negros eram tão frios como o gelo quando olharam a Margerita.
-Se tivesse sido um homem, agora mesmo estaria morta. -Atirou da Nicoletta sob o amparo de seu ombro e passou junto a seus irmãos.
-Não doeu -disse Nicoletta brandamente enquanto caminhava com ele pelo salão.
-Não deveria dizer que quis estrangulá-la com minhas mãos nuas, já que essa parece ser o costume Scarletti -admitiu ele-. Queria lhe tirar a vida por te golpear. Deu, Nicoletta, por que não pode te manter fora de problemas?
Nicoletta lhe lançou um sorriso rápido.
-Disse-te que é um dom que tenho. Encontrou ao Alejandro? Porque estou seguro de que veio a te matar a ti, não a mim.
Uma sobrancelha escura se elevou.
-Como chegou a essa conclusão? Falou contigo? -Seu corpo roçava contra o dela, quente, duro e sólido. Um consolo para ela.
Nicoletta se sobressaltou ante a pergunta. Deveria ter sabido que ia perguntar. Suspirou quando ele continuou olhando-a, exigindo silenciosamente uma resposta.
-Disse que ele não era o único que me queria morta.
Um músculo saltou na mandíbula do Giovanni, seus olhos flamejaram com ameaça.
Nicoletta apertou rapidamente sua garra sobre sua mão.
-Mas essa não é a questão. Sei coisas... sabe que é assim. Acredito que alguém está tentando te matar. Acredito que seja quem é está ajudando ao Alejandro a escapar de todos esses homens que lhe estão procurando. Alguém envenenou a sopa que devia ser para ti a noite que a pequena Sophie a comeu. E você e eu sabemos que sua primo, Damian, estava envolto em uma conspiração contra ti. E agora Alejandro.
-Não é seguro mesclar-se nisto, Nicoletta -disse ele severamente- Esquece que alguma vez viu o Damian. Não faça mais perguntas. Sei que outros conspiram contra mim, mas não sei quem. Já está em perigo.
-Quero subir às muralhas. Recorda quando Margerita correu por volta de nós pelo corredor o dia em que o pequeno Ricardo me convocou ao leito de morte da Lissandra? -Margerita lançando-se para a donzela tinha disparado uma lembrança na mente da Nicoletta. Mais que isso, havia algo mais, algo sobre a Margerita que evitava a Nicoletta, mas sabia que era importante.
Profundamente em seu interior, a sombra entrava em seu coração, em sua alma. Algo ia mau, e seu medo crescia. Olhou pela janela e viu o corvo voando em círculos entre os largos fios de névoa branca. Parecia aparentemente ocioso, sereno, como se voasse por acaso fora da janela. Mas Nicoletta o viu, e soube. Havia problemas em alguma parte. Instintivamente inalou profundamente em um intento de atrair ar fresco a seus pulmões e ler os sinais.
-Não vais aproximar te desse corredor superior. O prohíbo -disse Giovanni severamente- Os guardas têm suas ordens, e as seguirão ao pé da letra.
-Você pode subir comigo -assinalou Nicoletta, distraída de sua absoluta autoridade pelas sombras que aprofundavam em seu interior- É importante. Quero ver o aspecto do labirinto de acima, quanto pode ver uma pessoa quando olhe para ele.
-Uma boa parte está talher por arbustos colocados para formar uma canopia -disse Giovanni tensamente- Não subirá ali por nenhuma razão, comigo ou sem mim. te conhecendo, escorregaria e cairia, e te encontraria pendurada de uma unha. Obedecerá-me nisto, Nicoletta. -Deixou de caminhar para agarrar a dos braços, interrompendo-a para examinar sua cara em busca de moratones.
Sem nenhuma razão absolutamente, além do ardente olhar de seus olhos, Nicoletta se encontrou ruborizando-se.
-Deixa de me olhar. Disse-lhe isso, não me fez mal. E realmente preciso subir a essa muralha. -Ali poderia sentir o problema.
-Bom, pois não vai -disse ele-. Não vai a nenhuma parte nos próximos vinte anos. Estou em meio de algo que não posso compartilhar contigo. Não me atrevo. Terá que confiar em mim e fazer o que digo.
Gostanz apareceu atrás dele, esclarecendo-a garganta para atrair a atenção.
Giovanni se deu a volta, seus olhos negros brilhavam com desgosto.
-Que? -exclamou impacientemente.
-Scusa, signore, requer-se à curadora.
Dom Scarletti articulou um som profundamente em sua garganta que se pareceu muito ao de um homem afogando-se.
-Não, Nicoletta. -Sacudiu a cabeça em alguma parte entre a risada amarga e a absoluta frustração- Pareço ter perdido toda biografia de controle em minha própria casa.
-lhes diga que irei imediatamente, Gostanz, grazie -disse Nicoletta firmemente.
-Não. -O dom sacudiu a cabeça de novo- Não vais passar por nada mais hoje, e ainda está o perigo desse louco solto. Não o fará, Nicoletta.
-São nossa gente. Não posso imaginar evitando suas responsabilidades e te ocultando em sua antecâmara porque haja perigo. Sou curadora, e se nossa gente me necessita, não tenho mais eleição que acudir. -ficou nas pontas dos pés e lhe colocou os lábios contra o ouvido- Sabe que é inevitável que vá, Giovanni, assim não esbanje discutindo um tempo que estaria melhor utilizado procurando uma forma de me manter a salvo.
Giovanni soltou um suspiro exasperado e olhou a seu espectador mordomo.
-Gostanz, não está casado, verdade?
Um sotaque de sorriso se arrastou até os olhos do Gostanz.
-Assim é, Dom Scarletti. E por uma boa razão. Direi aos que esperam que a curadora estará com eles imediatamente.
-Dava à moço de quadra que prepare meu cavalo. Eu mesmo levarei a Donna Nicoletta. -A mão do Giovanni lhe atirou do coque- Deveríamos reunir o que for que vás necessitar.
-Grazie, Giovanni -disse Nicoletta brandamente, com o coração nos olhos, lhe dando sem sabê-lo major recompensa do que podia imaginar.
Nicoletta recolheu seu embornal e sua capa apressadamente, tomando-se tempo só para assegurar-se de levar com ela todos suas ervas.
-Sei que está ocupado, Giovanni. Em realidade não tem que vir comigo. -aventurou cautelosamente enquanto se apressavam pelo palazzo para a entrada mais próxima aos estábulos- Em realidade, Francesco e Dominic me protegem muito atentamente. Sei que estava assustado antes quando lhes arreganhou, mas não o fez a sério.
-Não vou permitir que saia de minha vista. E não me fale do Francesco e Dominic agora mesmo. supõe-se que tinham que ficar contigo todo o tempo, não te deixar fugir deles à primeira oportunidade. -Giovanni lhe manteve a porta aberta cortesmente- Não podem te proteger se não saberem onde está.
Algo pequeno, Giovanni abrindo a porta para ela, mas esse gesto cortês a fez sentir querida. Ninguém tinha levado a cabo essas pequenas cortesias por ela antes, e Giovanni o fazia como se ela tivesse direito a semelhante respeito. Sorriu-lhe, abstendo-se de discutir mais. Já era suficiente que a deixasse ir contra seu bom julgamento.
Uma vez fora inalou profundamente para deixar que o vento e o rocio do mar lhe levassem suas histórias. No alto o corvo voou em círculos uma vez, dois, enquanto Nicoletta se colocava diante do dom sobre seu cavalo. Depois o pássaro virou terra adentro, longe do mar, voando reto como uma flecha.
-Às pressas, Giovanni. Ferida-las são severas, mas não é muito tarde -disse ela. Era a primeira vez que tinha pronunciado tais palavras ante ele sem medo. O dom podia levar a loucura no sangue, mas se ocupava de sua mulher com um feroz desejo por protegê-la.
Os braços lhe apertaram ao redor quando ele sustentou as rédeas, a parede de seu peito era um apoio para as costas de forma que podia descansar a cabeça sobre seu ombro.
-Tenho fé absoluta em ti, minha cara. -As palavras foram suaves em seu ouvido, em sua mente, instalando-se em seu coração.
Nicoletta sorria enquanto o cavalo se tragava as milhas em largas pernadas.
Giovanni tinha seguido a direção do correio, e quando a noite começou a cair, pressionou ao cavalo a ganhar maior velocidade. O acampamento era pequeno, levantado entre as rochas que se sobressaíam sobre a linha de árvores, uma zona que Nicoletta nunca tinha visto. Estava seguro de que estavam ao bordo das terras do Giovanni e quando ele atirou das rédeas do cavalo e chamou a alguém que não estava à vista, esteve mais segura que nunca.
-Estamos em guerra? -perguntou em voz baixa, olhando a seu redor a acampamento apressadamente ereto. Havia um secretismo ao redor do acampamento que não podia explicar-se de outro modo.
Quando Giovanni anunciou sua presença, vários homens emergiram lentamente das sombras a plena vista. Muitos tinham várias feridas, e todos pareciam exaustos. Nicoletta escorregou do cavalo até o chão, cambaleando-se ligeiramente enquanto tentava afiançar suas pernas depois do largo rodeio. Esqueceu suas perguntas quando Miro ao redor aos homens com a roupa manchada de sangue. Giovanni lançou as rédeas a um dos soldados, soltando seu embornal, e tomando-a do braço para ajudá-la no terreno acidentado. Seus dedos apertavam como uma banda a parte superior do braço e se inclinou para ela.
-Deu! Nicoletta, tornaste a esquecer seus sapatos.
Nicoletta apenas o notava. Tinha deslocado descalça durante tantos anos, lhe parecia natural, mas se marido soava exasperado, lançou-lhe um rápido sorriso. Durante um momento interminável seus olhares se encontraram. Havia orgulho ali, respeito, e algo muito mais profundo e rico que fez que lhe desse um tombo o coração. Tiveram tempo para um sorriso compartilhado, um momento de absoluto entendimento, e depois ela se inclinou sobre o paciente mais grave.
Giovanni a observou levar a cabo sua tarefa, sem apartar nunca os olhos de sua pequena e esbelta figura enquanto trabalhava rápida e eficientemente com mais experiência da que deveria ter alguém de sua idade. Estava totalmente concentrada em seu paciente, um jovem soldado com várias punhaladas no ombro, peito e perna. O dom estava assombrado por seu poder. Sua só presença exigia respeito. Outros saltavam para obedecer suas ordens tranqüilamente expressas, sem lhe olhar para as verificar todas. Ele também se encontrou a si mesmo saltando para lhe conseguir as coisas que necessitava, assombrado pela quantidade de água quente que insistia em utilizar. Mas logo se converteu em um crente total. Giovanni teria jurado que ninguém salvaria ao jovem, mas ela inspirava tal confiança, exigia tal obediência, que ninguém no acampamento acreditava que falharia. Estava começando a pensar que Nicoletta ordenava às feridas sanar.
Trabalhou até que a escuridão caiu e o vento uivou atravessando o acampamento, fazendo que os homens se estremecessem. Colocando mantas ao redor do homem ferido, Nicoletta se ergueu, olhando ao redor às caras de outros.
-Quem mais está ferido? Este homem viverão com bons cuidados. Devem lhes ocupar de que seja levada a um refúgio logo que seja possível e que se o de abundante líquido. Possivelmente possa ser levado a palazzo, onde poderia lhe atender diariamente. -Olhou ao Giovanni, que assentiu em aprovação. Ela estava cambaleando-se de cansaço.
Giovanni a rodeou com um braço, aproximando-a. Sua mente procurou a dela. Seu incrível dom de sanación requeria uma tremenda quantidade de energia, drenando sua força. Sentiu-o nela, mas ainda estava examinando aos soldados, decidida a proporcionar ajuda a qualquer que o necessitasse.
-Descansa um momento -sugeriu-lhe brandamente.
Lhe sorriu.
-Estes homens sofreram muito em sua batalha. Farei o que possa por lhes deixar mais confortáveis. -Tinha havido combate, mas não o tipo de batalha que ela tinha acreditado no princípio. Quão feridas tinham suportado eram de facas, não de espadas ou flechas. Estes homens tinham estado muito perto de seus agressores.
Giovanni se afastou a certa distância, ainda mantendo um olho nela enquanto consultava com seu capitão em voz baixa. Ela se moveu entre os homens, atendendo feridas, sonriendo, inclusive rendo brandamente com eles, muito a gosto, embora as arrumou para parecer régia com os pés descalços e a roupa camponesa, arrumando-lhe para parecer formosa e uma dama em cada centímetro de sua pessoa. Giovanni tentou não notar a forma em que os homens a olhavam, a forma em que seus olhos a seguiam. Tentou ignorar a tensão em seu peito e a rajada de sangue quente formando redemoinhos-se sob a fina superfície de sua fachada civilizada.
Nicoletta sabia que se supunha que não devia ver muito. Estes homens eram membros do guarda de élite do dom. Soldados de confiança, cada um deles. Homens que tinham entregue sua lealdade ao dom muitas outras vezes. Dom Scarletti parecia conhecer cada um deles pessoalmente. O capitão e o dom falavam em tom rouco, repassando um mapa parecido aos que tinha visto no estudo privado do velho Scarletti. Por um breve momento lhe ocorreu que Giovanni tinha pinçado entre os mapas de seu nonno e roubado os que necessitava. Mas isso não tinha nenhum sentido. Giovanni era o dom, e possuía tudo o que havia no palazzo e nas terras circundantes. Provavelmente seu nonno tinha feito sem protestar mapas novos a seu neto para lhe ajudar.
Quando Nicoletta teve terminado de atender a seu último paciente, Giovanni reuniu aos soldados.
-Há uma contínua necessidade de secretismo. Vós, homens solteiros, são voluntários e nenhum tem família que pudesse insistir em saber onde estão. Devem continuar em silêncio, descansar, e estar preparado para a próxima chamada. Transportem ao jovem Goeboli ao palazzo.
A cabeça da Nicoletta se elevou, e imediatamente se girou para olhar ao jovem soldado cujas feridas eram tão severas. Conhecia bem o nome, a história da casa dos Goeboli. O velho signore Goeboli havia poseído a basta fazenda ao norte da dos Scarletti. Tinha reputação de ser um bom dom. Muito antes do nascimento da Nicoletta, quando o Rei da Espanha tinha cobiçado a zona avidamente, seu familiar tinha agasalhado e escondido a membros de alta fila da Santa Igreja. Ao mesmo tempo tinha tentado fazer um tratado de paz com a Espanha. Mas tinha sido assassinado, suas terras arrasadas, sua gente dispersada, e se rumoreaba que seus filhos tinham morrido junto com seu pai. Este jovem tinha que ser um neto. Não todo se perdeu.
-O que está acontecendo aqui? -perguntou ao Giovanni quando o subiu a seu cavalo e atirou dela para pô-la diante com sua força casual.
Giovanni guardou silêncio até que estiveram a certa distância do acampamento.
-Perguntou se estávamos em guerra. Não temos mais eleição que estar em guerra. Rodeiam-nos grandes lobos, poderosos e ávidos. Cobiçam nossas terras e nossas riquezas. Por isso guardei os tesouros e a riqueza da família Scarletti profundamente no interior dos passadiços, protegidos pelas armadilhas de nossos ancestros. A riqueza de nosso país foi saqueada uma e outra vez. Um bom líder pressente quando troca o vento, e deve atuar imediatamente. As guerras não se livram necessariamente em um campo de batalha, mas podem ser igual de mortais e ferozes. Austria procura controlar nossas terras, e logo, se estiver no certo, estará no poder. Acredito que é o momento de aliar-se com ela. Permitirá que as famiglie mais capitalistas continuem mandando aqui enquanto eles se ocupam de suas próprias fronteiras. Teremos uma oportunidade de nos fortalecer e prosperar. Para organizar isto, quando alguns evidentemente não estão a favor de minha decisão, precisamos nos encontrar em segredo, em pequenos grupos, de forma que solo poucos possam identificar a outros. Já que há um traidor no palazzo, o jovem Goeboli deve permanecer oculto. Os homens lhe trarão para a baía, e eu lhe levarei a palazzo através do passadiço. Meus próprios guardas se ocuparão de sua segurança, e só você entrará em sua habitação para lhe atender.
-Como te fez o arranhão no peito a outra noite? -Perguntou bruscamente tentando controlar a voz e manter a mente em branco, como se sua resposta não fora de grande importância para ela. Mas ele urgiu a suas arreios a entrar em uma espessa arvoredo, deteve-se, e desmontou com ela.
Estavam de volta em território familiar, não longe do jardim de ervas da Nicoletta. Ela se estirou, elevou os braços sobre a cabeça para o céu noturno. A brisa do mar era frio e crispado, formando redemoinhos fios de névoa branca ao redor de sua saia fazendo que parecessem elevar-se como uma sereia das nuvens.
Giovanni suspirou brandamente.
-Disse que acreditava que minha próprio primo tinha estado comprometido em uma conspiração contra mim. Sei que minha vida está em perigo. Ultimamente houve quatro atentados contra mim. Damian na praia, a sopa envenenada, uma vez quando estava caçando com o Antonello, e em nossa noite de bodas.
Nicoletta lhe olhou fixamente, com os olhos abertos à luz chapeada da lua.
-Quanto faz de sua saída de caça com o Antonello? -Podia ler a sinceridade em sua voz, em seus olhos. Não tinha ido a outra mulher em sua noite de bodas, nem tinha abusado dela ou a tinha maltratado. Nicoletta tinha estado segura de que não, mas ainda assim era reconfortante lhe ouvir confirmar que não tinha sido ele quem fizesse mal ao Beatrice. A lembrança da boneca do Beatrice, a terrível contusão e as queimaduras, de repente estiveram vívidas em sua mente. E Margerita tinha tido exatamente o mesmo círculo de moretones na boneca. O fôlego da Nicoletta ficou entupido na garganta. Ambas as mulheres tinham estado com o mesmo homem. mordeu-se com força o lábio inferior, tentando concentrar-se no que lhe estava dizendo seu marido, manter a revelação firmemente para si mesmo.
Giovanni se encolheu de ombros.
-Faz uns meses. O assalto repentino foi sozinho uma advertência. Soube que alguém devia ter ouvido falar de nossos planos. Movi-me imediatamente para proteger nossos tesouros e a meu famiglia.
Nicoletta se afastou do Giovanni, não estava disposta a que lhe lesse sua expressão transparente. Antonello tinha estado caçando com o Giovanni. Se, Antonello tinha resultado ferido, mas isso poderia ter sido um acidente. Damian tinha sido o melhor amigo do Antonello além de sua primo. Todo mundo no palazzo, incluído Antonello, sabia que Bernardo sempre deixava sopa esquentando-se para o Giovanni. Antonello tinha estado com os guardas a noite antes. E Antonello tinha saído do labirinto o dia que Cristano se desvaneceu em seu interior, com a roupa manchada de sangue. movia-se livremente por toda parte, não como lhe Vençam, que nunca estava disposto a aventurar-se entre os aldeãos do villaggio.
-O que aconteceu nossa noite de bodas? -perguntou brandamente. Antonello tinha estado no corredor, chamando a seu marido para que a deixasse.
-É necessário silenciar aos que se opõem a nós, aos que nos trairiam e poriam em perigo a nossas famiglie. Me pediu que falasse com dois emissários enviados por um aliado que necessitava ajuda. Mas o "visitante" era em realidade um assassino enviado a me matar. Não tiveram êxito. -Falou brandamente, um fato certo.
Depois se colocou atrás dela, defendendo-a do vento com seu corpo.
-Necessitamos unidade, e Austria não deseja realmente controlar este país, tem muitos outros problemas. Acredito que podemos fortalecer nossa posição e colocar a nossa gente e estar preparados para aproveitar a vantagem quando a proposta de aliança tenha lugar. Em minha opinião, Austria deixará o controle às famiglie mais fortes. Não vejo outra opção além de me unir a ela para proteger a minha gente.
Muito gentilmente lhe rodeou o corpo esbelto com os braços e a atraiu para trás contra seu peito.
-Hei-te dito quão orgulhoso estou de ti? Sabia que estava mal por minha parte te colocar em um perigoso mundo de intrigas, mas não pude me conter. Fiz o que pude por me manter longe de ti, mas aí estava, justo diante de mim, já não rondando meus sonhos, já não em informe sussurrados de meus homens, a não ser de carne e osso e tão formosa que não podia respirar quando te olhava.
Ela jogou a cabeça para trás, descansando-a contra seu amplo ombro, seus olhos escuros riam dele.
-Estava respirando. Recordo meu primeiro encontro com você, signore, bastante vividamente. Estava definitivamente respirando. Até doente como estava, ainda foi o homem mais capitalista que tinha visto nunca. E me olhou...
-Tinha que te olhar. Não podia apartar os olhos de ti -admitiu ele brandamente. Ela sorriu enquanto olhava a crescente escuridão e as árvores cambaleantes com suas folhas chapeadas.
-Em realidade, não posso dizer que lamente que me tenha eleito como sua esposa. Sonho com um tempo em que nossa gente seja feliz e não tenha medo no palazzo, um tempo no que possamos nos conhecer o um ao outro sem interferências do mundo exterior.
A boca dele vagava perezosamente sobre seu cabelo sedoso, encontrando sua orelha, e saboreando sua pele um momento enquanto as mãos se moviam para cima por suas estreitas costelas para posar-se justo sob o suave peso de seus peitos.
-O mundo exterior conspira par me manter longe de ti -sussurrou brandamente, seu fôlego era uma cálida tentação- Mas sabe, piccola, não há ninguém aqui fora que possa interferir agora.
Podia sentir o calor de seu corpo, a forma em que se inchava e endurecia, pressionando firmemente contra ela. Nicoletta sorriu ante sua reação e se pressionou inclusive mais perto. Inclinou a cabeça para trás e se moveu inquietamente, um convite para suas mãos vagabundas. Assim era com ele. Tocava-a, e seu corpo parecia arder em chamas. Não era simplesmente questão de desejar que a tocasse, necessitava que a tocasse. Parecia incendiar-se, derreter-se cada vez que a olhava com desejo flamejando em seus olhos negros.
Osadamente, estendeu a mão para trás para lhe rodear o pescoço com um braço, lhe baixando a cabeça para ela. A boca dele encontrou o pulso que palpitava freneticamente no pescoço. Encontrou cada moretón de sua garganta, a boca era cálida e consoladora, ardente e excitante. Giovanni inalou a poda fragrância dela. Parecia indomável e livre, elusiva, parte do mistério da noite, mas ardeu pelo quando seu dente lhe arranharam a suave pele e suas mãos lhe embalaram os peitos, quando seus polegares lhe acariciaram os mamilos até convertê-los em duros picos através do fino tecido da blusa.
O ar era lhe vigorize, os látegos de névoa teciam uma tela de encaixe branco ao redor deles. As sombras das árvores se alargaram e crescido até que foi quase impossível ver no interior do bosque. Podiam ouvir o estrépito distante das ondas contra os escarpados. As criaturas noturnas se removiam, os insetos cantavam. Na distância um lobo uivou, um som estranho e solitário. Outro lobo respondeu, algo extrañamente íntimo na crescente escuridão. Uma selvageria se estendeu pelo bosque para envolvê-los em um feitiço.
Giovanni sussurrou algo que ela não pôde entender, suas mãos lhe encontraram a blusa e a arrancaram de seu corpo, deixando que o tecido ondeasse até os arbustos. Suas mãos embalaram a carne luxuriosa enquanto inclinava a cabeça para o oco do ombro da Nicoletta. Havia algo muito erótico em estar de pé quase nua na noite, com seu corpo apoiado no dele, seus peitos sustentados posesivamente justo sob as estrelas. Nicoletta ficou sem fôlego. Era assombroso o erótica que se sentia, tão pecaminosamente excitada. Estava bastante segura de que esta era uma dessas coisas que as boas garotas não faziam.
Mas não importava. Nada importava exceto a forma em que seus peitos se inchavam doloridos ante seu tato. Desejava mais. Desejava conhecer todas as formas de lhe agradar, lhe fazer necessitá-la como necessitava a ele. A dor começou profundamente em seu interior, estendendo-se, florescendo como uma tormenta de fogo enquanto esta corria através de seu sangue. A boca dele era ardente, línguas de fogo se moviam por sua pele nua.
Nicoletta lhe sustentou contra ela, fechando os olhos para entregar-se ao puro prazer que criavam sua boca e suas mãos. Seus dentes lhe atiraram gentilmente da orelha.
-Quero que te tire a saia, cara -sussurrou. Suas mãos desceram dos peitos para poder lhe dar a volta pondo a de cara a ele e bebendo de sua beleza.
Seu olhar era ardente enquanto viajava sobre ela. Nicoletta ficou de pé lhe olhando, seus olhos escuros estavam totalmente abertos à luz da lua. Ele podia ler o acanhamento e o desejo de uma vez.
-Quero ver quão formosa é -animou-a.
Ela se estirou lentamente e soltou o nó de seu cabelo comprido, deixando que as sedosas mechas caíssem em cascata até sua cintura. A ação elevou seus peitos, e a chapeada luz da lua lançou encantadoras sombras sobre seu corpo, fazendo que Giovanni a penas pudesse respirar ante sua visão. Ela sorriu então, observando sua reação.
Nicoletta se afastou uns passos dele, justo fora do alcance de seu braço, e, ainda lhe observando, soltou-se a saia. Ouviu seu ofego, uma explosão de fôlego quando este abandonou seus pulmões. Elevou os braços para a lua em uma espécie de comemoração, o que fez que sua pele brilhasse invitadoramente na luz apagada, e seu cabelo lhe acariciasse o corpo como dedos.
-É isto o que desejas, marido? Quero aprender a te agradar.
O silêncio se estendeu tirante enquanto ele a observava com seu olhar ardente. Giovanni se tirou as botas lentamente enquanto ela ficava nua, esperando ante ele.
-Vêem mim -ordenou com voz rouca-. Quero que me tire a roupa. Isso me agradaria, Nicoletta. Quero te observar, verte tremer, saber que me deseja como eu desejo a ti.
Estava tremendo, surpreendida por seu próprio atrevimento, surpreendida pela escura intensidade de seus olhos. Olhava-a com uma feroz posesividad que nunca antes tinha visto. Era aterrador embora excitante. adiantou-se obedientemente, a brisa lhe atirava do cabelo fazendo que por um momento lhe cobrisse os peitos, deixando sozinho seus mamilos aparecendo, revelando seu corpo ante a inspeção dele.
Seus dedos tremiam enquanto lhe tirava a camisa. Ele não a ajudou, o ardente olhar nunca abandonou seu corpo. Sentiu-lhe tremer quando começou a lhe desabotoar as calças, e seus dedos roçaram a carne torcida. Nicoletta encontrou fôlego em sua reação. Estava grosso e duro, absolutamente diferente a uma mulher. Levantou o olhar para ele, sem saber o que fazer a seguir.
-me toque, Nicoletta. me mostre que você também me deseja. -Sua voz era mais rouca do que nunca a tinha ouvido, seu corpo era tão quente que podia sentir o calor atravessá-la- Tem que conhecer meu corpo como eu conheço o teu.
Ela deslizou a mão para baixo pelo peito com deliberada lentidão, desfrutando da sensação de seus duros músculos. Inclinando-se para frente, beijou esses músculos, seu cabelo se derramou ao redor dele, lhe roçando a pele e lhe fazendo ofegar de novo. Suas mãos a agarraram pela parte superior dos braços. Nicoletta sorriu ante a força de seu apertão, ante o conhecimento de que poderia fazer que um homem tão forte e poderoso tremia de desejo como ela. Seu corpo estava ardendo, úmido, ardente e dolorido. Desejava as mãos dele explorando-a, sua boca movendo-se sobre a dela.
Exatamente o que desejava ele. Acariciou sua longitude, explorando, moldando, utilizando sua mão como uma vagem e observando a reação dele. endureceu-se mais, inchando-se, os quadris empurraram contra sua palma. Seus dedos dançaram e brincaram, e lhe observou atentamente enquanto seu próprio corpo se acendia e esticava mais e mais.
-me diga - sussurrou lentamente, a tentação de uma sereia- é isto o que você gosta?
Ela parecia selvagem em meio da escuridão, e ele sentia a mesma selvageria crescendo nele.
-Utiliza a boca. Quero sentir de novo sua boca sobre mim, ardente e úmida como o interior de seu corpo -instruiu brandamente.
Suas mãos se moveram sobre os quadris dele, e inclinou a cabeça para lhe beijar o estômago plano, encontrar o osso de seu quadril e posar um beijo ali. Imediatamente sentiu a diferença nele, como se esticava com espera. Sua língua lhe saboreou tentativamente. Ouviu o fôlego abandonar seu corpo, sentiu-lhe estremecer. Sua reação a fez mais audaz. Levou-lhe uns momentos fazê-lo bem, mas Giovanni a deixou experimentar por si mesmo. Soube que o fazia bem quando a ele lhe escapou um grunhido profundamente da garganta, quando as mãos se apertaram até converter-se em bandas, quando os quadris empurraram para frente. Os dedos abandonaram seus braços e se afundaram em seu cabelo.
-Nicoletta! -gritou seu nome entre dentes, um gemido de prazer, de puro desejo. Suas mãos a agarraram, quase atirando para levantá-la, depois a urgiram a levantar a cabeça de forma que pudesse encontrar sua boca cegamente, instintivamente.
fundiram-se juntos, as mãos a arrastaram tão perto que pôde sentir a impressão de cada um dos músculos dele em sua suave pele.
Nicoletta se entregou a sua ardente e exigente boca. Suas mãos eram possessivas enquanto lhe moviam sobre o corpo, por toda parte, encontrando suas curvas, os ocos, a sombras secretas. inundou-se nele disposta, experimentando seu desejo como algo vivo. Ansiava-a, ansiava-a, e Nicoletta se perdeu a si mesmo em seu corpo forte. As chamas lambiam para ela. Profundamente em seu interior como um vulcão de ardente e fundida lava estendendo-se fora de controle. Sussurrou-lhe, desejando seu corpo enterrado profundamente no dela.
-Giovanni. -Um suave sussurro de tentação. Uma súplica. Uma dor. Agarrou-lhe as mãos e as colocou sobre um lenho cansado, inclinando seu corpo de forma que ficasse estendida ante ele, sua pele brilhando à chapeada luz da lua, seu traseiro arredondado um flagrante convite. pressionou-se contra ela, suas mãos lhe morderam os quadris. Nicoletta ofegou ante o grosso e comprido que o sentiu.
Giovanni lhe sussurrou, suas mãos lhe acariciaram os quadris, as nádegas. Pressionou a palma entre as coxas para senti-la ardente, úmida e lista. Inseriu um dedo nela, pondo a prova sua reação, e a sensação de seus músculos esticando-se ao redor dele.
-Está lista para mim, cara -disse brandamente, pressionando-se em sua entrada feminina.
Nicoletta gritou ante a invasão. moveu-se lentamente, centímetro a centímetro, saboreando-a sensação de seus apertados músculos, suave veludo, calor feroz, esticando-se ao redor dele. Observou a beleza de seus corpos unindo-se. Suas mãos uma vez mais lhe encontraram os quadris fazendo que empurrasse tensamente nela enquanto empurrava para frente, enterrando-se profundamente, deslizando-se dentro e fora com o vento que soprava o cabelo dela contra o corpo de forma que parecia seda.
-Deu, Nicoletta, é ardente e perfeita -ofegou, montando-a com força, empurrando com força nela de forma que ela teve que devolver o impulso para evitar ser derrubada.
Enquanto a tormenta de fogo atravessava seu corpo, o vento lhes tocava a pele com dedos frios, brincando e incitando, fazendo que Nicoletta desejasse que o momento nunca terminasse. Estava fazendo-a sobrevoar o céu, lhes unindo em tal paixão, com tal força, que sentiu lágrimas de alegria nos olhos. Sentiu seu próprio corpo esticar-se, como uma espiral que se fechava mais e mais, a fricção fazia que dançassem chamas em seu sangue. Seu corpo estava fundido com o dele pelo fogo, dolorido.
Nicoletta fechou os olhos, entregou-se completamente, e explorou, lhe ouvindo ele rugir seu próprio alívio, fazendo que se rompessem juntos, voando alto. Seu corpo continuou lhe apertando, e ele se estremeceu de paixão, abraçando-a firmemente contra ele durante comprido tempo enquanto seus corações palpitavam freneticamente e suas pernas se voltavam de gelatina. Os braços do Giovanni se deslizaram lentamente ao redor da cintura dela para sujeitá-la, seu corpo lentamente e a contra gosto se afastou do dela. Girou-a para abraçá-la contra seu peito, seu corpo era agora um refúgio para ela. Nicoletta lhe envolveu os braços ao redor do pescoço, pendurando-se dele, incapaz de compreender a magnificência da forma em que se uniu. As mãos de lhe moldaram as costas, movendo-se lentamente sobre a larga curva de seu espinho dorsal para enterrar finalmente a cara no comprido corto.
-eu adoro a forma em que me responde -disse ele-. A forma em que seu corpo arde, me fazendo saber que me necessita tanto como eu te necessito. -Beijou-lhe o cocuruto- eu adoro a forma em que confia em mim quando não me ganhei isso. Quando te coloquei diretamente no perigo. Quando não te dava eleição, mesmo assim está disposta a me dar isso Obrigado, Nicoletta, por estar disposta a me dar uma oportunidade. -Soou muito humilde.
Pôde sentir essa curiosa sensação de derretimento na região de seu coração. Seu cabelo voou ao redor deles como uma capa sedosa, envolvendo-os a ambos.
-Sabe, Nicoletta -murmurou brandamente- que com freqüência sonhava contigo inclusive antes de te conhecer? Tendia-me noite detrás noite e nem uma vez concebi que pudesse ser real. -Agarrou-lhe o queixo entre as mãos, lhe inclinando a cara para a dele, suas mãos foram gentis- Angela into, minha amore.
A lua tentava brilhar corajosamente através das capas de névoa, lançando um brilho estranho entre as árvores cambaleantes. Nicoletta sorriu para ele, ante a escura intensidade de seu olhar enquanto a estudava.
-Tem um moretón na cara -observou ele meigamente- e mais no pescoço. -inclinou-se para frente para lhe roçar a pele com a língua brincalhona e úmida para aliviar o mal-estar- Dói-me verte ferida.
Seu coração saltou, e o calor se acumulou em seu interior, assim de rápido.
-Pareço real quando me toca? -perguntou Nicoletta brandamente, lhe inclinando a cabeça para trás para lhe permitir alcançar as piores marca de sua garganta- Porque algumas vezes, quando me toca, sinto-me perdida em um sonho de prazer e paixão, e não estou segura de que seja real.
-Sou muito real, piccola, e me estou apaixonando por ti. Lançou um feitiço sobre mim, um maravilhoso encantamento, fazendo que o sol brilhe para mim solo quando está perto. -Beijou-lhe a garganta, as manchas escuras, a evidência do perigo. Sua boca vagou mais abaixo, sobre a pele acetinada como se nunca pudesse ter suficiente dela. Encontrou o peito, brincou com o mamilo, seus dentes foram gentis, sua língua se formou redemoinhos perezosamente.
Nicoletta lhe embalou a cabeça, deixando que o delicioso calor se estendesse lentamente através de seu corpo, saboreando a forma em que se apertava mais e mais.
-me fale de seu famiglia, Giovanni, seus pais, seus avós, todos vivem na sombra de tão horrível maldição.
Giovanni suspirou, elevando a contra gosto a cabeça longe da tentação de seu corpo. Sua voz foi uma mescla suave de pena e pesar.
-O que posso te contar de meu famiglia? Meu nonno amava a sua esposa como a nenhuma outra. Sempre estavam juntos, sempre sonriéndose o um ao outro através da habitação. Ela era uma mulher amável e carinhosa. Todo mundo a queria... como podiam não fazê-lo? Ela nos criou para mim e ao Antonello. Tentou criar a lhe Vençam, mas o mijo pai manteve a lhe Vençam perto dele.
-Nunca menciona a sua mãe, Giovanni. por que? -Uma corrente súbita a fez estremecer. Uma sombra cruzou diante da lua.
Imediatamente Giovanni a abraçou, encerrando-a entre seus braços, seu corpo protegendo-a do vento.
-A maior parte de minhas lembranças dela são de vê-la percorrer o palazzo, sonriendo. Assentia-nos ocasionalmente, mas nunca nos falava. Não recordo que abraçasse a nenhum de nós, nem sequer a lhe Vençam. O mijo pai estava sempre com ela. Nunca apartava os olhos dela. Era muito ciumento com qualquer que se aproximasse dela, inclusive conosco. -Enterrou a cara em seu cabelo sedoso como se as lembranças que estava conjurando fossem muito dolorosos para suportá-lo.
Havia tanto desespero em sua voz, Nicoletta lhe rodeou o pescoço com um braço, pressionando os peitos contra seu peito, desejando lhe consolar.
-O que lhe passou? -Não estava segura de querer sabê-lo realmente. Havia uma imobilidade, uma sombra calada nela que pressagiava problemas.
-Ela.... desapareceu. Nós eramos meninos. Nunca esquecerei esse dia, não enquanto viva. -Giovanni se afastou caminhando dela, deixando cair os braços aos flancos. O coração da Nicoletta se compadeceu dele. Parecia absolutamente vulnerável. afastou-se dela, olhando fixamente para a névoa lhe formem redemoinhos, sem preocupar-se de sua nudez. Nicoletta compreendeu que ninguém falava nunca dos pais do Giovanni. Seu pai tinha sido o dom só durante três curtos anos, e ninguém falava dele. Nem sequer María Pia falava nunca do homem. Nicoletta nem sequer sabia como tinha morrido, deixando o legado Scarletti a seu filho maior, Giovanni.
-Vi-a com um dos soldados. Não era a primeira vez. encontravam-se na torre. Solo que esta vez o mijo pai a seguiu. Eu estava nas muralhas. Vi pai subir as escadas da torre. Chamei-lhe, tentando advertir a minha mãe de sua presença, mas o vento era forte e se levou minha voz longe do palazzo. Foi a primeira vez em minha vida que tive realmente medo. Havia algo na forma em que meu pai estava subindo essas escadas. Não posso explicá-lo, mas não parecia bem. Lembrança me estender a nossa maneira especial para o Antonello, pensando puerilmente que entre os dois poderíamos evitar o inevitável.
Uma terrível tristeza lhe afligiu, e Nicoletta sentiu o peso da carga do menino, um menino incapaz de salvar a sua mãe da ira de seu pai. Imediatamente foi a ele, lhe rodeando com seus braços, pressionando a cara contra suas amplas costas.
Giovanni respondeu imediatamente, lhe sujeitando as mãos contra seu estômago plano.
-O mijo pai tinha muitas outras mulheres. Todos sabíamos. Ela sabia. Mas isso não evitou sua raiva. O vento não pôde nos levar seus gritos o bastante rápido. Vi o corpo do soldado depois, e nunca entendi como um homem podia odiar tanto a outro para fazer as coisas que ele tinha feito. -Inalou profundamente e se deu a volta para enfrentá-la, seus olhos eram muitos negros em sua intensidade, ela sentiu um profundo terror alojar-se em seu coração- Fez essas coisas diante dela. Fez-a olhar. Não sei que fez a ela, mas a manteve viva muito tempo, muitos meses. Mas nunca voltamos a vê-la, e um dia ele simplesmente anunciou que estava morta.Entende agora o terrível legado de violência e ciúmes que passou a nós três? Antonello e eu juramos que nunca tomaríamos esposa. -Afundou-lhe os dedos nos braços- Sei que não tinha direito a me arriscar assim com sua vida, te envolver na rede de violência e morte que é meu legado. Quero que saiba que tentei lutar contra isso, mas a primeira vez que me tocou e senti seu calidez curadora, pela primeira vez em minha vida senti que estava em casa. Que pertencia a um lugar. -Suas mãos lhe emolduraram a cara- Não tive forças para te deixar. Quando um homem deseja algo, necessita algo, pode racionalizá-lo tudo.- Parecia escuro e intenso ali em meio da noite- E eu te desejava, muitíssimo. Olhava-te e sabia que teria paz contigo. Você me proporcionaria paz.
O vento noturno sussurrava ao redor d eles. A névoa amortecia outros sons da noite, seu véu branco se abria passo entre as árvores. Os olhos escuros da Nicoletta estudaram a cara dele cuidadosamente.
-Tenho-o feito? Proporcionei-te paz, Giovanni?
Lhe aconteceu os dedos pela suave pele, sobre o cremoso inchaço de seus peitos.
-Mais que bastante para toda uma vida. Acreditei que seu corpo me daria distração... um pensamento egoísta, em realidade... mas também ilumina minha casa, agora minha gente sorri. ouvi cantos e risadas onde solo havia silêncio. -inclinou-se para lhe beijar os lábios gentilmente, meigamente- trocaste minha vida, piccola, e desejo sentir ao mijo criança crescendo em seu estômago- Seus dedos se abriram como se já sujeitassem ao menino sob sua palma- O dia não pode acontecer o bastante rápido para que possa chegar a nossa antecâmara onde você está esperando por mim- Sua mão se deslizou mais abaixo para enredar-se nos escuros e úmidos cachos, pressionando para sentir a ardente umidade. O fôlego do Giovanni escapou em um comprido suspiro de satisfação- Miro aos anos vindouros e sei que sempre será assim. No instante em que te vejo, em que sinto seu corpo, em que te toco, desejo-te uma e outra vez. Nunca importará que acabemos de fazer o amor. Porei-me duro, inchado e pesado de desejo.
Deslizou dois dedos em seu apertado canal e sentiu a rajada foto instantânea de calor úmido lhe dando a bem-vinda. Inclinou a cabeça a espectadora ponta do peito, sua boca sugou, seus dedos se deslizaram dentro e fora dela até que lhe esticaram os músculos com fera necessidade. Agarrando sua camisa, colocou-a sobre o lenho cansado e depois a levantou facilmente, levantando-a até que seu traseiro descansou sobre a camisa. Agarrou-lhe os pés, colocando-os cuidadosamente perto do lenho deixando-a aberta e vulnerável a sua invasão.
-Outra vez? -O fôlego da Nicoletta chegava em ofegos- Deseja-me outra vez? -teve que abraçar-se a si mesmo com os braços.
-Tanto que vou arder em chamas, cara. -Abraçou-a, apanhando seus quadris para poder empurrar para frente, enterrando-se profundamente.
Esta vez podia lhe ver a cara, as linhas profundamente esculpidas, ao ardente intensidade de seus olhos, seus corpos se uniram em uma dança de paixão e calor. moveu-se com ele, igualando seu ritmo, lhe urgindo a estocadas mais largas e profundas, desejando tomar tão profundamente que se encontrasse refugiado em sua alma. Envolveu-lhe as pernas ao redor da cintura, pressionando firmemente contra ele, lhe apertando até que foram um.
Nicoletta observava sua cara, cada expressão, as sombras, a alegria, cada matiz. Desejava que o prazer dele fora tão intenso como o seu próprio. Ele se estava entregando, assegurando o prazer dela antes do seu próprio, pondo cuidado, sem importar o energicamente que entrasse nela, sem importar o violento de sua paixão, suas mãos eram gentis e ela não sofreu nenhum desconforto além da corrente do fogo que crescia em seu interior. Do calor lhe abanem o rabo que se apertava mais e mais até que explorou, lhe levando com ela.
Nicoletta lhe olhou, atônita pela magnitude de sua união. Era um homem de grande poder, de enorme força, e mesmo assim era sempre muito tenro com ela. Sua experiência nunca a fazia sentir inadequada. encontrou-se sonriendo para ele.
-Acredito que preciso dormir, Giovanni. Aqui mesmo, agora mesmo. Esgotaste-me.
Ele a levantou e seus pés tocaram terra, algo real e sólido. Seu corpo forte estava tremendo ainda, seu coração pulsava forte e ruidoso sob o ouvido da Nicoletta.
-Quer dormir aqui? Sob as estrelas? Não quereria que ficasse doente. -A névoa trazia com ela o sal do oceano.
Se acurrucó contra ele.
-Estou contigo. Nada pode me fazer danifico.
Nicoletta olhou ao redor, procurando sua roupa. O fino rocio de mar se aferrava a seu cabelo, frisando-o em largas espirais ao redor de seus ombros.
-Alguma vez te cansa de ser o dom? -perguntou-. Tantos peticionários indo a ti com seus problemas, esperando que resolva tudo a sua satisfação? - Inclinou a cabeça a um lado, o cabelo lhe deslizou sobre os peitos-. E como é que te converteu no dom a tão curta idade? O que ocorreu a seu pai? -Preferia que o contasse tudo aqui a campo aberto, com o som das ondas rompendo contra a costa e o vento levando suas palavras mar dentro.
Giovanni se passou uma mão pelo cabelo negro, com um olhar precavido.
-Nonno ficou bastante doente, uma febre terrível. Não esperávamos que se recuperasse. O manto da liderança recaiu sobre o mijo pai. Embora Nonno estava doente e ao bordo da morte, havia coisas que se negava a contar ao mijo pai sobre o manejo de nossas terras. Acredito que sabia que pai era... -Procurou as palavras corretas-.Que não estava à altura de semelhante posição. Nonno teve uma difícil e larga recuperação, e lhe recordo bastante débil. Mas logo esteve claro que meu pai continuaria liderando a nossa gente. Houve... incidentes. fez-se inimigos e foi negligente com seus deveres em sua constante perseguição de mulheres. Nossa gente e nossos imóveis, as terras, estavam-se arruinando a uma velocidade vergonhosa. Isso não podia continuar. Também se falou de que se estava vendendo a nossos aliados. -Baixou o olhar a suas mãos-. O mijo pai foi assassinado. Nunca averigüei quem o ordenou, embora o tentei. Sei que outros dons estavam preocupados se por acaso meu pai estava ajudando a nossos inimigos, e sei que Nonno temia que tal coisa pudesse estar ocorrendo. Lhe enterrou tranqüilamente, e como Nonno nunca se recuperou de tudo, eu assumi a liderança. -calou-se que a maior parte de sua gente acreditava que seu avô tinha assassinado a sua própria esposa.
Nicoletta encontrou sua blusa e a sustentou por um momento, agradecendo ter crescido no villaggio, livre de tanta intriga mortal.
-Me alegro muitíssimo de que me escolhesse por esposa, Giovanni. Espero apagar sempre as sombras de seus olhos.
Ele foi a ela imediatamente, seus braços a aproximaram, sua boca encontrou a dela. Suas mãos se moveram sobre as costas nua, moldando seu estreito torso, depois se deslizaram para cima para lhe embalar os peitos, seus polegares brincaram com os mamilos, já duros picos pelo frio ar noturno.
-Mais me alegro eu de te haver visto e te reconhecer imediatamente. Significava muito para mim. Soube que foi você. Senti-o em meu coração.
Nicoletta quase deixou cair a blusa ao lhe abraçar, lhe embalando a cabeça, com os dedos entre seu cabelo.
-Eu o senti também. -aproximou-se, oferecendo consolo até que ele a beijou gentilmente até deixá-la ir a contra gosto.
Ela se meteu a blusa pela cabeça, deslizando os braços em suas mangas, decidida a trazer o sorriso de volta na cara dele.
-Olhe o perfeito que é isto, tranqüilidade, um montão de espaço para correr. -meteu-se na saia, inclinando a cabeça para trás, parecendo uma sereia selvagem-. eu adoro isto.
Giovanni se vestiu lentamente, observando-a dançar ao redor das árvores, sua suave risada era um sussurro tentador.
Nicoletta lhe olhou sobre o ombro, provocadora, sexy. Viu que estava sonriendo. Parecia mais jovem, mais despreocupado do que lhe tinha visto nunca.
-Minha esposa descalça -disse ele brandamente, e foi a seu cavalo para esfregá-lo um molho de erva pelo lombo-. Se quer acontecer um momento mais só aqui comigo, quem sou eu para te dizer que não? Podemos descansar um ratito. Não estamos longe do palazzo.
-Aqui não, Giovanni -disse Nicoletta-. Vamos, nos escarpados sobre o mar. É tão formoso de noite. Podemos observar as ondas e olhar as luzes do mar que às vezes brilham nas profundidades sob a água. Parecem como redes de prata sob a superfície. Alguma vez as viu?
Dom Scarletti assentiu enquanto a seguia subindo pelo estreito atalho para quão escarpados davam à enseada arenosa onde sua primo e aliado lhe tinha atacado. Tinha passado muito tempo desde que se evitou suas obrigações e se tomou umas poucas horas para si mesmo. Tinha uma nova esposa, parecia pouco o que lhe pedisse que se sentasse com ela, solo eles dois, observando o mar. Estendeu a colcha sobre o chão e tomou a mão, ajudando-a a colocar-se. Ele se sentou perto, empurrando-a até seus braços.
Nicoletta se acurrucó contra ele, apoiando a cabeça contra seu peito. Estava sonolenta, seu corpo satisfeito e deliciosamente dolorido. Fechou os dedos entre os dele.
-Eu tive uma infância feliz, Giovanni. Perdi ao mijo pai antes de lhe conhecer, assim não me entristeci. O tempo que passei com a minha mãe foi maravilhoso. Ela fazia da vida uma aventura. Sempre estava rendo e cantando, e outros meninos iam a ela em turba. Fiquei devastada quando ela e minha tia, sua irmã, morreram, mas Maria Pia estava ali, e me deixou minha liberdade, e me amou com todo seu coração. Nunca me fez sentir diferente. Fez-me sentir especial. Dizia que eu tinha dons de Deus.
A mão de lhe encontrou o cabelo e se enredou ali.
-Agora você faz que as pequenas Sophie e Ketsia se sintam especiais, como fará que nossos filhos se sintam especiais. -Seu braço se apertou posesivamente ao redor dela-. por que me tem tanto medo, Nicoletta? -As palavras lhe escaparam antes de poder as deter. Nicoletta sentiu como o coração dele saltava. ficou em silêncio. Não estava em sua natureza dizer uma mentira. girou-se para que seu olhar pudesse encontrar a escura intensidade da dele.
-Porque você teme a ti mesmo. Está em tudo o que diz e faz. Esta escura maldição sob a que você e seus irmãos vivem. Crie nela, e isso lhe dá vida.
-Você não crie nela? -perguntou ele silenciosamente, suas palavras apenas audíveis. Apartou a vista dela para olhar ao espumoso mar-. Não pode vê-lo?
-Vejo que você lhe dá poder. Enquanto cria nela, insufla-lhe vida, Giovanni. Dá-lhe poder. Jaz à espera, te observando em busca de um momento de debilidade. E todo os temos, sabe. Cada um de nós. Se crie que está maldito com o assassinato e o ciúmes incontroláveis, chegará um momento no que sorrirei em direção de algum soldado jovem e bonito, e você me verá. A maldição estará ali, escondida como uma besta selvagem, jazendo à espera de tomar o controle de ti. Eu não lhe darei vida; você já o terá feito. -Soava triste.
Giovanni inclinou a cabeça para ela imediatamente, lhe beijando os olhos, a comissura da boca.
-me diga como romper a maldição, Angelo mijo. me diga o que fazer. Sinto-a me arranhar quando Miro pela janela e te vejo rir no pátio com o Francesco ou Dominic ou inclusive com o mijo fratello. É tão formosa, tira-me o fôlego. Sei que sem ti estaria vazio. suportei o vazio, e não quero voltar ali. Preferiria morrer agora, feliz por uma vez em minha vida, que me arriscar a te fazer danifico de algum modo como o mijo nonno a sua esposa. Ele adorava à minha nonna, mas está morta, e ele está oco. Melhor seria que nunca te tivesse tomado como esposa que deixar que o destino de meu famiglia nos afetasse.
-Então deve acreditar em mim, Giovanni -sussurrou Nicoletta brandamente. Emoldurou-lhe a cara com as mãos-. Acredita no que vê em meus olhos quando lhe Miro. Acredita em meu corpo quando me toca. Acredita em ti mesmo, em sua força e poder, mas por cima de tudo, acredita em nós. Se pode fazer isso, a maldição se romperá, inútil. Eu poderia sorrir a centenas de homens bonitos e jovens, e você sempre saberia que solo vejo sua cara, só desejo seu corpo. É sua eleição. -Deixou que suas mãos se separassem dele, mas seus olhos lhe mantiveram o olhar.
-Crie que os homem Scarletti moldaram sua própria maldição? -passou-se uma mão pelo cabelo escuro, despenteando-o inclusive mais o que o tinha feito o vento-. Crie que nossas mulheres se tornaram loucas ou foram assassinados por uma maldição sem poder? -Enredou-lhe os dedos no cabelo, os compridos e sedosas mechas se deslizavam ao redor de sua palma.
A Nicoletta uma sombra percorreu a cara. A voz dele estava temperada, mas a fazia sentir jovem e tola. Seu olhar se separou dele. Quem era ela para tentar explicar algo com o que sua família tinha vivido durante gerações? Giovanni lhe agarrou o queixo na palma da mão, obrigando-a a lhe olhar.
-Crie o que está dizendo, Nicoletta? -insistiu-. Crie-o realmente?
Ela tomou um profundo fôlego, seu coração palpitava. Acreditava o que estava diciente mas confiava nele o suficiente para admiti-lo? Era muito mais jovem e inexperiente que ele, uma mulher e de um status muito mais baixo.
-Nicoletta -Ele sussurrou seu nome ao vento. Seu talismã. Seu mundo. Seus braços a envolveram de novo, abraçando-a firmemente contra seu corpo.
Decidiu falar e arriscar-se a que se burlasse.
-Todo mundo tem defeitos, Giovanni. Inclusive os Scarletti. O ciúmes são tão maus como dizer uma mentira. Comem a um por dentro, destrói a homens e mulheres. É uma debilidade, não uma maldição. Pode detê-la como poderia havê-lo feito seu nonno. Não deveria lhe dar crédito, não deveria fortalecê-la nem alimentá-la ou lhe permitir nenhum poder absolutamente sobre ti. Em realidade não é uma maldição, Giovanni. Nenhum legado de amor se torce. Em realidade, é algo contra o que deve lutar, como um inimigo ou uma enfermidade. Estar vigilante sempre, não baixar nunca o guarda, e conquistará a "maldição".
-Crie que é tão fácil? -Havia tristeza um sua voz.
Nicoletta sacudiu a cabeça.
-Fácil não, e contudo não tão difícil. É questão de confiar em ti mesmo e aquele ao que amas. Não pode simplesmente possuir a alguém e esperar que ela te corresponda -assinalou corajosamente.
Ele baixou o olhar à água espumosa e palpitante, às ondas que rompiam contra a costa e se estrelavam contra as rochas. Seus dedos encontraram a nuca dela, massageando gentilmente para aliviar seus medos.
-É isso o que fazem os homens Scarletti? Possuir a suas mulheres?
-diga-me isso você. É você o temente à maldição, Giovanni. Eu já não lhe tenho medo, solo aos que acreditam tanto em seu poder que nos destruirá.
Giovanni ficou em silencio comprido momento, dando a suas palavras o respeito que mereciam.
-Como conseguiste ser tão sábia a tão curta idade?
-Cada um de nós tem forças para equilibrar nossas debilidades. Eu tenho muitas debilidades, Giovanni. Os homens não são uma delas. Sou leal e de confiança, e serei sua fiel companheira se você o permitir. -Agachou a cabeça-. Entre minhas debilidades estão o fazer coisas sem pensar, e necessito a liberdade das colinas. -Sua voz se voltava sonolenta.
Ele riu brandamente.
-Nunca o teria suposto, piccola. Mas está esgotada, dormindo. Devemos ir a casa esta noite. Terá um paciente esperando. Eu gostaria de lhe ter ali logo para assegurar que sua identidade não seja descoberta.
Nicoletta gemeu brandamente em protesto mas ficou de pé obedientemente e se estirou para aliviar a rigidez de seu corpo. Esfregou-lhe a bochecha contra o amplo ombro dele.
-Não me importa onde durmamos, enquanto seja logo.
Giovanni a levantou entre seus braços, embalando-a contra seu peito.
-Parece uma bambina com seus grandes olhos sonolentos, lista para dormir. -Inclinou a cabeça para a dela, sua boca lhe vagou perezosamente sobre a cara-. Obrigado por ser minha esposa.
Lhe sorriu, suas largas pestanas baixaram.
-De nada. -Estava flutuando, médio acordada, meio dormida, enquanto ele a levava de volta aonde tinha deixado o cavalo. Deu a bem-vinda ao sonho, mas sobre tudo deu a bem-vinda à comodidade de seus braços. atreveu-se a lhe contar seus pensamentos, e não se zangou com ela, nem tinha descartado suas idéias por tolas ou infantis. Tinha-a tratado como a seu igual. Isso significa mais que qualquer presente que pudesse lhe haver dado.
Longe, em alguma parte para bordo do um sonho, ouviu o uivo de uma coruja. Pareceu ressonar através da névoa, uma nota estranha e discordante que atraiu uma sombra a seu sonho. Nicoletta franziu o cenho e girou a cara para o casaco do peito do Giovanni, pressionando-se contra o firme batimento do coração de seu coração. A coruja estava respondendo a outra, esta estava muito mais perto e foi mais ruidosa. A sombra interior cresceu e se alargou.
-Nicoletta. -Havia uma clara advertência no sussurro do Giovanni. Pô-lhe os pés sobre o chão, a boca contra seu ouvido.
-Há problemas, alguém nos espreita. O cavalo desapareceu. -Colocou-a protectóramente atrás de sua sólida figura.
-Sinto muito, estava muito dormida -murmurou brandamente. Era uma desculpa pobre, deveria ter notado o perigo imediatamente. A coruja a tinha advertido duas vezes, a sombra tinha crescido profundamente em seu interior, mas tinha estado cansada, vagando dentro e fora do sonho. Agora estavam em perigo.
Ouviram um som débil a sua esquerda, algo se movia furtivamente entre os arbustos. Na lonjura, a coruja uivou de novo. A certa distância, puderam ouvir o som de cascos martilleando a terra. A névoa era muito espessa, entretecendo-se com as árvores, formando redemoinhos-se locamente. Giovanni estendeu o braço para trás para lhe agarrar a mão enquanto se moviam juntos com o passar do estreito atalho em direção ao palazzo.
Nicoletta conhecia as colinas, inclusive de noite, mas Giovanni não podia deixá-la ir diante. moveu-se silenciosamente, tanto que ela a aferrava a mão para assegurar-se de que ainda estava ali. A névoa branca se estendia como uma manta, movendo-se através de árvores e arbustos. A visibilidade era pobre, mas a sombra em seu interior cresceu até que seu coração esteve palpitando e a boca ficou seca. Havia algo atrás deles, homem ou besta, lhes espreitando na escuridão.
Homens, sussurrou-lhe Giovanni na mente, obviamente lendo suas intensas emoções. Apertou-lhe a mão para tranqüilizá-la. abriram-se passo em silêncio, com solo suas respirações e o ruidoso batimento do coração de seus corações para trair sua presença. O atalho serpenteava entre as colinas começando um descida pronunciado. Logo entrariam no estreito passo de montanha. Os escarpados se elevavam levantados a ambos os lados, e o atalho era rochoso.
Giovanni se deteve tão bruscamente que tropeçou com ele antes de poder deter-se.
-Este é o lugar perfeito para uma emboscada -sussurrou.
Aqui o vento atirava de sua roupa, mordendo com seu frio, tão feroz que assobiava através do passo de montanha como o uivo de fantasmas reunindo-se em uma esteira.
Nicoletta aferrou o braço do Giovanni.
-Devemos ir pelo caminho comprido -advertiu, lhe atirando da boneca-. Isto dá mau espinho. Sei que você o sente também. Não devemos entrar neste passo.
Ele a aproximou, lhe pondo os lábios no ouvido para que pudesse lhe ouvir.
-Tem a natureza de uma menina, piccola. O vento sempre assobia aqui desde mar. Não é uma advertência para nós.
Mas ela sabia que o era. Sempre sabia. Mas Giovanni já estava em movimento, desafiando aos furiosos deuses do mar, um mortal que não se deixava impressionar por seu aterrador desdobramento de poder. Um Scarletti que tinha reclamado audazmente a sua esposa apesar de viver uma vida de mortais intriga políticas sem descanso enquanto mantinha unida a sua gente. Nicoletta aumentou o apertão sobre sua mão, desejando atirar dele, lhe manter a salvo, mas sabia que nada lhe deteria. Estava em sua natureza enfrentar o perigo e conquistá-lo. E lhe amava. A compreensão chegou nesse momento horrível, com o cabelo açoitado a seu redor em um frenesi e o corpo lhe tremendo de frio. Com o vento chiando furiosamente ante seu desafio e com ladrões ou algo pior lhes perseguindo. Amava a Dom Giovanni Scarletti, com ou sem maldição. E seguiria a onde quer que a conduzisse.
O atalho estava talher de rochas, e a Nicoletta doíam os pés enquanto corria cegamente sobre elas. Ouviu um som rugiente, baixo ao princípio, depois mais alto, chegando de em cima deles. Giovanni lhe chiou algo, mas o vento o lançou longe. Lançou-a diante dele, empurrando-a com força. Então o sentiu, a chuva de rochas chegando dos escarpados que se erguiam sobre eles. Um deslizamento de rochas. Com o coração na garganta, começou a correr, sua mão escorregou da do Giovanni. Uma figura surgiu diante dela enquanto a chuva de calhaus e rochas troava a seu redor.
Nicoletta ouviu fracamente seu próprio grito involuntário quando o vento o lançou de volta à cara. Esquivou à figura e quase caiu contra a cara do escarpado quando Giovanni a empurrou literalmente a um lado. Viu os dois homens fundir-se entre a chuva de rochas e a lhe formem redemoinhos névoa. Sem equilíbrio, caiu contra o escarpado, arranhando o braço mas felizmente salvando-se de ser esmagada por uma rocha que caiu a solo uns centímetros a sua esquerda. Ouviu o gemido de dor do Giovanni e viu o braço de seu atacante elevar-se para lhe apunhalar de novo. O homem gritou seu triunfo.
Nicoletta reconheceu a voz, Alejandro. Tinha saído da noite para exigir sua vingança, esperando, estilete em mão, a que alguém começasse o deslizamento de acima para lhe ajudar. lançou-se para ele do flanco, saltando com força suficiente para lhe golpear e fazer que falhasse sua pontaria. O afiado estilette tinha encontrado ao Giovanni uma vez mas não dois.
Alejandro a lançou longe dele, e aterrissou pesadamente sobre as rochas, o fôlego abandonou seus pulmões. Por um momento não pôde mover-se, não pôde respirar. Giovanni estava de novo sobre ele, dois combatentes lutando ferozmente a morte. Podia ouvir os golpes, mas suas figuras estavam obscurecidas pela névoa e uma nova chuva de rochas. Os mísseis caíam de acima, ricocheteando nos despenhadeiros para golpear o atalho e rodar em todas direções. Um dos homens foi golpeado, ouviu seu grunhido de dor. E depois ressonou outro som, rivalizando com o uivo do vento. Um estrondo profundo e cavernoso, um terrível ruído cansativo que pressagiava um perigo sem precedentes.
Corre! A ordem do Giovanni estava em sua mente, aguda e veemente.
-Corre! -gritou ele em voz alta, o vento levou sua voz longe dela.
Enormes rochas estavam estrelando-se contra a terra, muitas delas, estavam fechando o estreito atalho. Alejandro e Giovanni ainda lutavam. Corre! ordenou de novo.
Finalmente, girou-se e correu para o palazzo, e para a ajuda, com o som do mundo derrubando-se em seus ouvidos. O passo estava agora bloqueado atrás dela pelas rochas quedas, e Giovanni, ao outro lado da barricada, estava em grave perigo. enfrentava-se ao Alejandro e a outro assassino, vamos, que tinha disparado a armadilha.
O deslizamento terminou tão bruscamente como tinha começado, enchendo a noite com um estranho silêncio. Finos grãos de pó se mesclavam com a névoa, voltando a névoa branca de um cinza apagado. Nicoletta se deteve e deu a volta, agora a campo aberto, olhando a grande pilha de rochas que bloqueavam o passo. Não podia fazer que Giovanni estivesse deste lado. pressionou-se uma mão sobre a boca para evitar chorar inutilmente. Tinha que conseguir ajuda, convocar aos soldados para ir em ajuda de seu dom. Não acreditaria que estivesse morto. Não acreditaria. Havia uma sombra que obscurecia sua alma, mas não acreditaria que a tinha abandonado.
Nicoletta se girou e correu. Conhecia o caminho, tinha-o utilizada centenas de vezes, vagando pelas colinas dia e noite em sua infância. Com freqüência tinha contemplado o palazzo, impressionada pelas grandes estatua e gárgulas que guardavam seus beirais e torres, as largas muralhas onde tinham nascido lendas e rumores. Correu até que os pulmões lhe arderam e esteve ofegando em busca de fôlego. Correu até que já não pôde sentir a dor de seus pés nus.
O vento que chegava do mar se voltou mais feroz que nunca. Quase a derrubava, empurrando-a pelos escarpados para o atalho que conduzia para baixo até as terras do palazzo. Elevou as mãos para a mole voadora e cegadora de seu cabelo, retorcendo-o enquanto se apressava pelo pendente levantado e escorregadia. Levou-lhe dois intentos recolher o cabelo em seu lugar. Estava exausta, assustada, quase esgotada por sua carreira ao longo dos escarpados. Sentia o coração e os pulmões como se fossem explorar, e sua cara estava empapada de lágrimas. Tropeçou várias vezes enquanto corria, coxeando já, para os terrenos imaculados do palazzo, chamando os guardas.
Dos arbustos que davam forma ao labirinto saiu uma coruja voando baixo, lançando-se justo para sua cara. Nicoletta gritou, levantando as mãos para protegê-los olhos. Sentiu o forte bater das asas quando o pássaro virou, a ponta da pluma de uma asa lhe roçou a bochecha. O terrível nó de seu estômago cresceu, e deixou de mover-se e ficou muito quieta, tomando uma funda respiração de ar claro e fria em um intento de acalmar-se e ler tudo os sinais necessários.
-Nicoletta! Nicoletta! -A voz de Porta saía inquietantemente do labirinto, um gemido de terror, uma súplica de ajuda-. Ajuda! Tem que nos ajudar! Pode me ouvir? Nicoletta! Necessitamo-lhe já. Marguerita se está morrendo, não posso parar a hemorragia. Per I'amore dava Deu, nos ajude antes de que seja muito tarde.
A sombra escura nela se alargou e cresceu até que Nicoletta esteve consumida por ela. Duvidou, empurrada em duas direções, a necessidade de conseguir ajuda para o Giovanni era entristecedora, mas o terror e o desespero na voz de Porta a arrastavam a contra gosto para a mulher. A coruja planejou frente a ela, silenciosa agora que tinha sua atenção. Apertou o passo, correndo pelo labirinto, chamando os guardas pedindo ajuda, a qualquer que pudesse oirla. O vento lhe açoitava o som de sua voz de volta à cara.
-Porta, o que acontece? Giovanni necessita ajuda. me conte rapidamente. -Chiou as palavras a todo pulmão, esperando que alguém pudesse ouvi-la.
-OH, Nicoletta, graças a Deus, por favor ajuda a meu anjo, minha filha. Ajuda-a, está morrendo. -A voz soava fina e débil, cheia de lágrimas, de pena.
Com o coração palpitante, Nicoletta seguiu ao pássaro, sentindo a premonição de perigo, de problemas, crescendo mais força a cada passo. Quando rodeou uma esquina encontrou a Porta jazendo em seu caminho, seu corpo cobria o de sua filha. Havia sangre sobre a têmpora de Porta lhe gotejando pela cara como lágrimas vermelhas. Sangre em seu vestido e em suas mãos onde as tinha pressionado sobre o corpo da Marguerita.
-Não posso pará-lo. Lhe fez isto. Fez-lhe isto a minha filha! -soluçou Porta.
Nicoletta se deixou cair em terra junto às duas mulheres, levantando as mãos de Porta para ver a ferida de sua filha.
-Quem fez isto? -perguntou, horrorizada pela visão. Marguerita parecia sozinho uma menina, pálida e indefesa, com os olhos totalmente abertos e olhando com terror e dor. Sua respiração chegava em ofegos dolorosos e entrecortados-. Porta, vê em busca de ajuda. Eu farei o que possa por ajudá-la, mas necessito a Maria Pia e meu embornal, e deve enviar aos soldados a pelo Giovanni. Está ferido e baixo ataque no passo. -As ordens da Nicoletta foram firmes e crispadas.
Porta tentou levantar-se, assentindo, depois caiu bocabajo no atalho, seus olhos olhavam fixamente aos de sua filha. Nicoletta baixou a vista para ver as punhaladas nas costas de Porta.
-Porta -sussurrou brandamente-. Quem te fez isto? -Tentou rapidamente pressionar as mãos sobre as feridas, para conter o fluxo de sangue.
-Salva a minha filha. Que Deus me perdoe, eu lhe deixei fazer isto. Deixei-lhe pôr suas sujas mãos sobre ela e utilizá-la como me utilizava . Mas ela não é como eu. Não como ele. Acreditou suas palavras bonitas. Salva-a por mim, Nicoletta. Salva a minha menina, embora eu não salvasse a sua mãe. -Sua voz era muito fina, solo uma fio de voz.
Nicoletta se esticou ante a menção de sua mãe, mas voltou obedientemente a atender a Marguerita. Não havia nada que pudesse fazer por Porta; tinha sofrido muitas feridas, perdido muita sangue. Tinha uma possibilidade de salvar a Marguerita se a adaga não tinha penetrado muito. Convocou cada onça de poder que possuía, levantou o olhar para o dossel de folhas que ondeava desenfrenadamente sobre sua cabeça, e gritou com toda a capacidade de seus pulmões chamando o Francesco, ao Dominic, a qualquer que pudesse ouvi-la e vir em sua ajuda.
Inclinando-se, pôs sua boca junto ao ouvido de Porta.
-Não te falharei, Porta. Ouve-me? Salvarei a sua menina.
O olhar se desesperada para Porta se fixou em sua cara, embora não elevou a cabeça. Brotaram lágrimas e estas caíram para mesclar-se com o sangue que se acumulava no chão. Seus lábios tremeram por um momento como se fora a dizer algo. Jazeu ali olhando fixamente a Nicoletta enquanto a morta tomava.
Nicoletta bloqueou a visão de Porta jazendo imóvel em sua morte, a idéia do Giovanni necessitando desesperadamente sua ajuda, e fixou toda sua atenção em deter o fluxo de sangue da ferida da Margerita. Trabalhou firmemente, fazendo o que podia, por não fazer mais machuco à garota com seus cuidados.
-Mãe me salvou a vida -disse Marguerita brandamente com assombro-. Realmente me amava depois de tudo.
-Tem que ficar aquieta, fecha os olhos, e não te mova absolutamente -advertiu Nicoletta-. Fiz o que pude, mas agora preciso conseguir ajuda. Devo te deixar solo por uns minutos, mas o que tenho feito agüentará se fica muito quieta. Prometo que voltarei para por ti.
Tinha dado sozinho uns passos quando ouviu vozes. a do Antonello. a de lhe Vençam. a do Francesco. Estavam gritando seu nome. Alguém tinha ouvido seus gritos. Imediatamente Marguerita pareceu agitar-se, seus olhos se abriram de par em par com terror.
Nicoletta ficou um dedos sobre os lábios e se afastou apressadamente da moça.
-Francesco! -chamou a seu guarda pessoal, o homem ao que Giovanni tinha crédulo a segurança de sua esposa-. Alguém assassinou a Porta aqui no labirinto, e Marguerita está gravemente ferido. Giovanni está no passo, ferido. Fomos atacados, e lhe apunhalaram. Envia soldados a lhe ajudar. Envia soldados também a pela Marguerita, e não confie em ninguém exceto no Giovanni. Ouviste-me? Em ninguém mais. Nem sequer em seus irmãos.
Ouviu sua resposta foto instantânea, como rugia ordens aos soldados.
-Donna Nicoletta, me chame. Seguirei o som de sua voz.
-Às pressas, Francesco. Marguerita necessita ajuda rapidamente -Nicoletta se apressou a rodear outra esquina, temendo atrair à pessoa equivocada com o som de sua voz. Não confiava em nenhum deles. O rude e misterioso Antonello era indubitavelmente suspeitos, e Porta tinha estado envolta em uma relação violentamente apaixonada por lhe Vençam.
Nicoletta pensou na Marguerita esbofeteando-a, vendo as estranhas marcas de sua boneca, o escuro moratón como o que Beatrice, a donzela, tinha na sua. Nicoletta rodeou a seguinte esquina, tentando unir todas as peças. Podia ser Antonello? Mas algo não encaixava. As bonecas da Margerita. As bonecas do Beatrice. Deixei-lhe pôr suas sujas mãos sobre ela e utilizá-la como me utilizava .
Mãos duras e cruéis lhe agarraram o coque do cabelo e atiraram dela para trás fazendo que seus olhos se enchessem de lágrimas e seus pés lhe falhassem. Caiu a terra, olhando à cara escura e aposta. lhe vençam. Não podia ser. Tinha uma filha, uma formosa garotinha a que Nicoletta já amava. Lhe sorriu e ficou um dedo sobre os lábios, lhe ordenando permanecer em silêncio. Deixei-lhe pôr suas sujas mãos sobre ela e utilizá-la como me utilizava . É obvio que era lhe Vença.
Nicoletta olhou à afiada ponta da adaga que ele aferrava firmemente no punho. Estava coberta de sangue fresca. O coração quase lhe deteve, depois começou a pulsar muito rápido. Agarrou-a pelos ombros, elevando-a facilmente sobre seus pés.
-Agora vais contar me como ler os mapas -disse brandamente, com a boca perto de seu ouvido-. Levou-se os tesouros e os ocultou no passadiço, mas com a chave dos mapas , poderei me aliar com o rei da Espanha.-lhe vençam se inclinou de forma que seus lábios lhe tocaram a mandíbula-. Sua pele é suave mas fria. Como gelo. -Sua língua lhe roçou uma monstruosa carícia ao longo da bochecha.
-Que mapas? -Corriam lágrimas por sua cara, doía-lhe o crânio pelo puxão a seu cabelo-. Lhe vençam, não sei nada de nenhum mapa a parte dos do estudo de seu nonno.
Começou a arrastá-la através do labirinto, encontrando o caminho rapidamente, com eficiência mortífera, longe do som de quão soldados procuravam. longe do Antonello e Francesco. longe da Marguerita.
-Eu sei dos mapas -vaiou-lhe ele-. Procurei-os a muito tempo, mas os encontrei ao fim. Estavam nas paredes da habitação de acima onde estão os botes, e em que é exatamente igual abaixo. Estão nas talhas. Sei que tenho razão. Sou muito preparado para ser enganado. Os mapas estão a plena vista, mas ninguém o tinha notado até agora. Até que eu resolvi o quebra-cabeças. -estava-se gabando enquanto corriam, sem preocupar-se com os ramos que a golpeavam na cara enquanto corriam juntos.
-Foi você quem projetava sua voz para que pudéssemos ouvi-la. Estavam tratando de voltar louca a pobre Sophie? -Nicoletta fez o que pôde por ficar atrás, por lhe atrasar-. Com que propósito? Giovanni já estava fazendo-se carrego da responsabilidade que supunha.
-Giovanni! -Cuspiu-lhe o nome, enfurecido pela simples menção de seu irmão maior-. Porta, essa imbecil, tinha que transladá-la escada abaixo, justo na habitação em que eu queria procurar. Estava cansada dos pesadelos. Sophie despertava gritando, e Porta não queria atendê-la, assim que a enviei aonde não pudesse ser ouvida. Não podia tê-la nessa habitação. Sabia que estava aponto de encontrar os mapas. Sabia que a chave devia estar nos botes, os botes dourados. Giovanni os deixava fora, enquanto o resto de nossas riquezas, minhas riquezas, estavam ocultas,
Estavam no bordo do labirinto, perto do atalho que conduzia ao mar. te vençam duvidou, voltando a olhar para o palazzo que se vislumbrava saindo da névoa como um gigante. As janelas escuras os olhavam sem entendimento.
-Assim utilizou sua voz para assustá-la e que pudesse ter uma desculpa para transladá-la? por que não insistiu simplesmente em que ficasse na habitação dos meninos?
lhe vençam lhe sorriu, seus dentes eram brancos na escuridão.
-Não queria atrair a atenção sobre mim mesmo. Melhor fazer de pai aflito que de ogro. Transladaram-na exatamente aonde sabia que a transladariam. Havia uma entrada ao passadiço em ambas as habitações e também uma na habitação dos meninos.
-Assim colocou os escorpiões para persuadir os de que a trocassem de habitação de novo quando quis inspecionar as paredes. -Nicoletta se estava afastando pouco a pouco dele, muito consciente da adaga que sustentava no flanco.
Ele tinha a atenção posta no palazo, suas luzes se faziam mais brilhantes enquanto os rastreadores acendiam tochas. O vento soprava faíscas pelo pátio até que pareceu como se estivesse chovendo fogo. te vençam amaldiçoou, furioso por não poder voltar sem ser vistos ao palazzo. Seus dedos lhe morderam o braço.
-Você sabe como ler os mapas. Sei que sabe. Por isso sempre estava indo a essa habitação.
Soube então, soube a resposta. Tinha-a visto uma manhã ensolarada quando a luz se derramou através do estranho cristal colorido para banhar as paredes de cor. A chave dos mapas estava no sol da manhã. Não se podiam ler de noite. Sacudiu a cabeça.
-Estava procurando pistas das vozes, Lhe vençam. Não sei nada de mapas nas paredes. -Trocou de tática, sonriéndole-. Isto está muito mal. Deveríamos ir ao palazzo, encontrar juntos ao Giovanni, falar com ele. É seu fratello.
-Você o trocou tudo -cuspiu-lhe lhe Vença, uma som baixo e cruel cheio de ódio-. No momento em que ele posou seus olhos em ti, tudo trocou. Giovanni começou a preocupar-se de viver, voltou-se mais cauteloso. Não houve possibilidade de um... acidente. E uma vez se casou contigo, logo produziria a seus herdeiros.
Nicoletta podia sentir o coração lhe palpitando alarmado, pulsando ao ritmo do medo. Sua boca estava muito seca para tentar falar. O apertão dele sobre seu braço era muito forte, este estava começando a intumescer-se. Também era muito consciente da adaga que sustentava no punho, agora perto de sua garganta. te vençam começou a arrastá-la para os escarpados. Estava tremendo de raiva, para ela, para o Giovanni.
Giovanni. Não podia pensar nele, não podia deixar que sua mente se entretivera na possibilidade de que estivesse seriamente ferido ou algo pior. Solo podia rezar porque Francesco não estivesse ao serviço de lhe Vençam, que fora leal a seu dom e cumprisse suas ordens.
-Sabe o que é realmente a maldição Scarletti? Tem suposto já a verdade? diz-se que nenhum de nós pode escapar dela, sem importar quanto o tentemos. -A voz de te Vençam era suave, quase amável. Isso fez que lhe gelasse o sangue. O mijo pai fez o que pôde por nos proteger, mas logo compreendeu que Antonello e Giovanni não eram o bastante fortes. Solo eu o era. Noite detrás noite vinha a minha habitação e me sussurrava que eu era o único Scarletti o bastante forte para conquistar a maldição.
Sacudiu-a violentamente, como se fora uma boneca, embora bastante ausentemente, como se possivelmente tivesse esquecido que ela estava ao final de sua mão. A ação a empurrou perigosamente perto do bordo dos instáveis escarpados.
-Vê-o? Eu sabia que era o destinado a mandar. Sou o mais forte. Os homens Scarletti estão malditos a amar uma só vez, com o coração, a mente e a alma. Essa única mulher nos consome, converte-se em nossa vida, até que já não somos autênticos homens. Mas foi para mim a quem pai treinou para conquistar a maldição. Posso atrair às mulheres, as converter em minhas pulseiras. Mintam por mim. Suplicam-me que lhes faça mal, que faça com elas algo que me de prazer. Estão dispostas a vender suas almas por mim! Eu sou o forte, e mereço mandar, não Giovanni. Ele nunca deveu ser o dom.
Suas palavras a adoeceram. Sua libertinagem lhe tinha levado a umas terríveis depravações. Estava-a olhando com sua evidente enfermidade nos olhos.
-Tantas mulheres... não são nada para mim, sabe, Nada absolutamente. As que me olham como você, com essa mescla de desprezo e pena, são as que mais eu gosto. Têm espírito, lutam antes de desintegrar-se como pó entre minhas mãos. Sua mãe era como você. -Sua voz se voltou ardilosa-. Nenhum deles soube o que fiz. Pensaram que tinha sido Nonno. Inclusive Nonno pensou que poderia havê-lo feito. Fiz-o eu! -desfrutou-se-. Igual a estrangulei à minha nonna.
Nicoletta ficou rígida, seu estômago se revolveu e protestou pela proximidade com um homem tão doente.
-Matou a sua própria nonna? -Sua voz foi um sussurro, um ofego surpreso. Podia acreditar suas baixezas com as mulheres, mas assassinar a sua própria avó, e deixar que seu avô e todos outros acreditassem que o ancião Scarletti era culpado, era a pior classe de pecado.
Agüenta, bambina, chegarei até ti. Faz que siga falando. A voz do Giovanni chegou a ela. Gentil. Alentadora. Muito tranqüila.
Nicoletta não se atreveu a suspirar de alívio. Giovanni! Estava vivo, então. E a tinha ouvido como sempre quando estava agitada, em problemas, quando lhe necessitava desesperadamente. Seu coração cantou e o terrível peso que lhe esmagava o peito se aliviou.
-por que fez algo assim? -Nicoletta sentiu reavivar sua determinação. aferrou-se ao conhecimento, protectoramente, de que Giovanni estava vivo.
-A minha nonna me viu essa noite. Sua mãe não ia vir a minha cama, e ameaçou indo ao meu fratello. Giovanni a teria protegido. O meu pai me teria entregue isso, e acredito que ela sabia, mas o teria contado ao Giovanni, não ao meu pai. Atraí-a às muralhas. -Empurrou a Nicoletta para os degraus médio derrubados que baixavam à enseada. Sem o amparo das montanhas ou as árvores, o vento os golpeava, o frio lhes intumescia.
-Como? -Nicoletta saboreou o medo e a fúria em sua boca-. Como conseguiu que saísse aí em um dia tão terrível? -Lhe escorregou o pé, e quase caiu a sua morte. Como sua mãe. te vençam atirou dela aproximando-a mais.
-Em realidade não foi difícil. Enviei a uma donzela a lhe dizer que a minha nonna a necessitava na torre. A meu pai sempre funcionava quando enviava a procurar mulheres. Eu estava acostumado a me esconder e lhe observar. Algumas vezes unia a ele, ou ele a mim. Sua mãe não foi a primeira mulher a que conduzi à torre. Ali acima podíamos tomar nosso tempo, fazer o que quiséssemos sem temor a interferências. Esse dia, todo mundo sabia que Nonno e Nonna estavam brigados, e sabiam que Nonna passeava com freqüência pelas muralhas ou se retirava à torre quando estava desgostada. É obvio sua mãe acudiu. Todo mundo queria a meu nonna. Sua mãe acreditou ter sido chamada, e nunca decepcionaria a Nonna. Eu sabia não haveria ninguém ali em um dia tão chuvoso. O vento estava uivando, duvido que ninguém pudesse ter ouvido os gritos. Lutou comigo. Em realidade não tive eleição; ela o teria contado ao Giovanni. Tive que matá-la. Foi sozinho má sorte que Porta e Nonna saíssem em meio da chuva. Viram-me lutar com ela. Nonna tentou me deter. Já pode ver que não tive eleição.
Parecia como se esperasse sua aprovação, como se estivesse estabelecendo os fatos sem nenhum remorso absolutamente.
-Porta o entendeu -Parecia muito razoável.
Nicoletta sentiu arrepiar o cabelo da nuca. te vençam inclinou a cabeça a um lado, avaliando-a com gravidade.
-Porta sabia que eu estava destinado a mandar. Atuou imediatamente. -Seu sorriso não alcanço os olhos duros e mortos-. Ajudou que eu soubesse que tinha matado a seu marido. Envenenou-lhe, sabe. Disse-lhe que sabia. -O arrepiante sorriso estava desprovido de toda emoção. Começou a arrastá-la para baixo pelos velhos degraus, que estavam escorregadios pelo sal salpicado e a neblina do mar-. Disse-lhe que sabia, e foi boa coisa, porque queria que fora minha. Queria que provasse a ser minha. As mulheres são tão fáceis de controlar. Acreditam ter poder, mas em realidade não têm nada.
Abaixo ao longe podia ver as ondas chocando ao longo dos escarpados.
-Estava apaixonada por ti -disse Nicoletta brandamente, alimentando seu ego, procurando algo que lhe mantivera falando. Seu fôlego chegava em ofegos entrecortados. Porta feito um mau negócio, acreditando que podia controlar a lhe Vençam, mas ele a tinha utilizado, como tinha utilizado a tantas outras mulheres, de formas asquerosas.
-Faria algo por mim. -te vençam reforçou seu apertão, atirando dela para aproximá-la e que pudesse cheirar sua perversa excitação. Estava suando, excitado, com a cara ruborizada e os olhos grandes. Necessitou cada onça de auto-disciplina que possuía para não lutar contra ele-. Trazia-lhe putas. -encolheu-se de ombros casualmente-. Disse-lhe que podia unir-se a mim e me divertiria com elas a sós. -Havia desprezo em sua voz-. Observava-me com outras mulheres, eu a fazia observar. E se deitava com os homens com os que eu lhe dizia que se deitasse. Deitei-me com sua própria filha, e ainda assim vinha para mim, me suplicando que a deixasse me agradar, como se alguma vez tivesse podido. -Sua risada foi baixa e desagradável-. Porta tinha sua utilidade, entretanto. Manteve ao jovem Cristano ocupado com seus encantos enquanto eu conversava contigo e com meus irmãos no pátio.
Nicoletta empalideceu. Tropeçou várias vezes enquanto fingia tentar lhe manter o passo. Sentia o corpo rígido e torpe pelo frio mordente. A névoa se formava redemoinhos ao redor deles, o vento lhes atirava da roupa, tão frio e penetrante que Nicoletta podia senti-lo todo o caminho até sua alma. Utilizou o frio entumecedor como vantagem, estremecendo-se, escorregando, lhe atirando do braço para lhe atrasar.
-Porta te ajudou com o Cristano? por que? por que lhe matou? teria se partido, e nunca houvesse lhe tornado a ver. -Inclusive sua voz tremeu, embora não de frio. lhe vençam a aterrava com seu tranqüilo raciocínio. Estava completamente louco. Seu pai lhe tinha pervertido, lhe ensinando a odiar absolutamente às mulheres.
-Ouviu-nos falar, planejando nosso movimento contra Giovanni. Porta e eu estávamos passeando juntos, não sabíamos que o menino estava ainda no labirinto, depois de que Giovanni se enfrentasse a ele. Ele não nos viu, mas se tivesse acudido ao Giovanni, meu irmão o teria figurado. Não sou um assassino sem coração, Nicoletta. -Pressionou-lhe os frios lábios contra a pele-. Solo faço o necessário para proteger meus planos, minha herança. Não o vê? Porta seduziu ao Cristano, lhe atraindo com seus consideráveis encantos. Sabia que lhe manteria ocupado. Eu voltei depois para dispor dele. me acredite, estava tão ocupado com Porta, que não sentiu nada.
Nicoletta não pôde evitar o estremecimento que a percorreu ante a implicação. Porta tinha sido indubitavelmente capaz de seduzir ao Cristano. A masculinidade do Cristano tinha sofrido uma afronta. Teria saltado ante a oportunidade de seduzir a uma aristocrata. Agora compreendia como se perdeu sua morte; tinha sido assassinado no labirinto, mas Nicoletta tinha atribuído o terrível pressentimento à repentino alarme do pequeno Ricardo pelo da Lissandra. Lissandra não tinha morrido até depois de que Nicoletta chegasse à granja. Das muralhas, Margerita devia ter visto sua mãe com o Cristano no labirinto e se apressou escada abaixo e pelo corredor molesta por que sua mãe estivesse freqüentando a um camponês. tropeçou-se com a Nicoletta e Giovanni mas em realidade não tinha tido oportunidade de pensar por que estava tão molesta. Nesse mesmo momento, Nicoletta estava sentindo a violência que tinha lugar no labirinto com tanta força, sem compreender a autêntica fonte.
lhe vençam lhe aconteceu um dedo pela bochecha, trazendo a de volta ao perigo que corria ela mesma.
-Sua pele é inclusive mais suave do que parece -Encolheu-se de ombros-. Não tenho nem idéia de por que o corpo não estava no labirinto. Deixei-o ali para que o encontrará, assim acreditaria que Gino tinha matado a seu amigo e não teria cuidadoso com tanto ardor ao meu fratello. -Seu sorriso era uma doentia paródia de espera-. Não sentirá falta da o Giovanni. Eu me ocuparei disso.
O estômago da Nicoletta se revolveu e esticou. te vençam parecia perfeitamente racional quando falava. Qualquer que lhe visse pensaria que estavam tendo uma conversação normal. Isso assustava a Nicoletta mais que suas ameaças sobre o que faria. Acreditava ter direito a qualquer mulher que desejasse. Acreditava que tinha direito a matar a qualquer que se interpor em seu caminho. Giovanni, mais que ninguém, interpunha-se em seu caminho. Seu olhar escuro saltou longe dele. Aterrava-a com sua calculadora sangue-frio. Assentiu como se encontrasse razoável o que estava dizendo.
-E Margerita? por que lhe fez mal?
O arrumado rosto se retorceu em um cenho de desprezo.
-Era como Anjinha, minha esposa. Choramingando e adulando. Solo o som de sua voz me punha doente! Você assinalou ao Antonello e a mim que poderia ter visto o que tinha ocorrido de acima. Estava parcialmente no certo. Fui a ela imediatamente, e, como todas as mulheres, queria ser levada a cama. Foi bastante fácil lhe tirar a informação. Tinha visto porta seduzindo ao Cristano, e me viu entrar no labirinto. Contou-me isso tudo, e ficou calada quando lhe disse que o fizesse. -De novo o desprezo que sentia foi evidente em sua voz e comportamento. A jovem Margerita tinha sido presa fácil para um homem como lhe Vençam.
Agora estavam na praia, o oceano lambia a costa, obscurecendo a areia branca fazendo que parecesse quase negra e escorregadia como o sangue. te vençam continuou arrastando a Nicoletta para o bordo da água. A salpicadura salgada lhe molhou a cara e os braços, a areia se aferro a seus pés descalços e sangrantes. O vento lhe atirava do espesso cabelo, lhe soprando as mechas ao redor da cara. Nicoletta estava se desesperada. Procurava algo para lhe manter falando.
-E sua esposa? Anjinha? por que te casou com ela, e como conseguiu que Porta estivesse de acordo permanecendo em silêncio?
Os dentes de lhe Vençam brilharam para ela.
-Eu não tinha dinheiro. As terras e o título pertenciam ao Giovanni. Aceitando me casar com essa vaca aborrecida mas enriquecida, pensei que seria rico. Porta também queria o dinheiro. Mas não pôde ser. Cansei-me das choramingações de Anjinha. Era divertida ao princípio, uma cosita virginal, mas bastante fastidiosa, me suplicando que não lhe fizesse mal na cama. Era divertido assustá-la, mas lhe tirava a graça com seu interminável pranto. depois de um tempo não podia deixá-la sair da habitação. -De novo lhe aconteceu os dedos pela pele, fazendo que Nicoletta se estremecesse de repulsão. Pô-lhe sua mão ao redor da garganta fazendo que se visse obrigada a olhar a seus olhos loucos. -Era difícil ocultar os moratones, e não podia deixar que Giovanni os visse. Ajudei-a a terminar com isso. A observé.Tardo muito tempo morrer. -Seus dentes brilharam de novo-. Se não me contar o que quero saber, também te levará muito tempo morrer.
A água corria para eles, uma parede sólida e espumosa. Olhou para ela impotente. Queria dizer que se afogariam ambos? A água rompia contra as rochas e subia pela costa para explorar no ar e borbulhar com o passar do banco de areia até que seus tornozelos e o arena de sua saia estiveram empapados. As mãos dele se fecharam ao redor de sua garganta, apertando lentamente-. Suponho que já sabe o que quero dizer, não como Giovanni. Não espera que venha à carga em seu resgate, verdade? Está morto. Seu bom amigo Aljandro foi bastante fácil de persuadir para unir-se a mim, e uns poucos mais foram comprados. ocuparam-se de seu marido. depois de tudo, se quero aliviar o sofrimento da afligida viúva por um tempo antes de que mora por sua própria mão, primeiro deve ser viúva. -Sua mão se deslizou deliberadamente desde sua garganta até lhe espremer energicamente o peito. Ouvia sua risada doente enquanto lhe retorcia a carne delicada.
A força das ondas quase a derrubou, fazendo que se soltasse da garra de lhe Vençam. Empurrou-lhe com força e isso combinado com a força da água lhe tombou. Ele amaldiçoou furiosamente. Nicoletta se deu a volta e correu por sua vida, dirigindo-se para o escuro interior da enorme cova. A água avançava lentamente, depois se retirava igual de rápido, deixando atrás um tapete de algas marinhas. Se solo tivesse o dom do Giovanni, ser capaz de lhe chamar, lhe tocar, assegurar-se de que ainda estava vivo.
A cova se ampliava, dividindo-se em duas direções distintas. À esquerda. A voz lhe roçou as paredes da mente. Tranqüila. Amorosa.
Nicoletta ouviu o ruído das botas de lhe Vençam sobre a areia, urgindo-a a entrar em ação. precipitou-se para o túnel da esquerda tão rápido como pôde. quanto mais se afastava do mar, mais escuro se voltava o interior. viu-se forçada a afrouxar o passo, caminhando cuidadosamente na areia úmida, incapaz de julgar onde pôr os pés. O coração lhe palpitava, os pulmões lhe exploravam. Estava exausta, inclusive com a fresca rajada de inspiração do Giovanni.
Depois dela, Nicoletta ouvia lhe Vençam. Já não corria, mas sim se tomava seu tempo enquanto a espreitava, assegurando-se de que não pudesse escapar dele. Podia lhe ouvir cantarolar brandamente para si mesmo, e isso fez que lhe gelasse o sangue. Estava louco. Total, completamente, louco. E ela estava apanhada em uma cova escura e úmida sem nenhuma saída, nenhum sitio aonde ir.
obrigou-se a pressionar-se contra a parede da cova. Sentiu-a úmida e escorregadia ao tato, mas lhe deu uma sensação de estabilidade enquanto avançava na escuridão. Quase cedeu ao pânico quando chegou a um beco sem saída. teria se dado de bruces com ela se não tivesse estendido as mãos para frente cega e instintivamente. Parecia rocha sólida. Seu coração se deteve. Tinha sido a voz do Giovanni a que soasse em sua cabeça? Ou a de lhe Vençam? Tentou reproduzir as palavras, aterrada na escuridão com o coração lhe palpitando tão ruidosamente que soava como um tambor em seus ouvidos.
Estende a mão para baixo, e passa o dedo ao longo da superfície da rocha lentamente até que sinta uma ligeira depressão. Está muito baixa e a sua direita. As instruções foram um sussurro esta vez, a voz rouca e estranha.
Nicoletta duvidou por um momento, mas o que podia fazer? Estava apanhada, e te Vençam chegava atrás dela, podia oir seu horrível cantarolo. Não queria voltar a sentir nunca suas mãos sobre ela. Passou obedientemente os dedos ao longo da superfície da rocha, lentamente, atrás e adiante, para cobri-la centímetro a centímetro. Pareceu passar uma eternidade antes de que sentisse a débil depressão. Sua palma inteira encaixava no oco e pressionou ali
Como na habitação do palazzo, uma greta começou a abrir-se na parede da cova, crescendo mais e mais até que houve uma abertura o bastante grande como para que ela entrasse. O passadiço secreto conduzia a uma rota de escapamento até o mar, justo como Giovanni lhe tinha explicado. Quando, estando sob ataque precisava retirar-se, a família Scarletti desaparecia dentro do palazzo com a fortuna familiar. Entravam no passadiço que conduzia à enseada, onde lhes esperavam botes para levá-los a salvo. Nicoletta entendeu agora as talhas nos dois "mapas" das habitações, as janelas de cristais de cores, e os botes dourados. Nos relevos e pinturas parecia que as serpentes estivessem levando aos indefesos aristocratici ao mar, mas quando a luz da manhã brilhava sobre o mural, as criaturas aladas os levavam a salvo mar dentro e aos botes que esperaban.Los soldados... seus atacantes... afogavam-se quando seus navios se estrelavam contra as rochas. Tudo estava ali para que o vissem, mas ninguém exceto o dom em funções entenderia seu significado.
O pai de lhe Vençam nunca lhe tinha dado a lhe Vençam a "chave" dos "mapas" porque Nonno nunca lhe tinha revelado o significado das talhas a seu filho. te vençam tinha descoberto os "mapas" mas não a chave.
Nicoletta olhou fixamente ao negro buraco que era o passadiço. Já tinha estado nele uma vez. Cobria armadilhas, ratos, e estava muito, muito escuro. O teto era baixo e as paredes estavam tão perto que eram sufocantes. O passadiço albergava os gritos de outras mulheres confiadas? Mulheres que tinham confiados em homens Scarletti? O terrível cantarolo se estava aproximando. O que era pior? Morrer à mãos de lhe Vençam, ou morrer por uma folha invisível lhe cortando a garganta rapidamente no passadiço? Mordendo o lábio com força, Nicoletta escolheu o escuro e úmido passadiço. Entrou cautelosamente, e as duas metades da rocha começaram lentamente a unir-se atrás dela. O tamborilar do mar tinha sido ruidoso, ressonando através da cova, um assalto a seus ouvidos, mas agora a porta fechada a sepultava em um silêncio repentino dentro das estreitas paredes. Nicoletta fechou os olhos com força como uma garotinha. Parecia mais fácil enfrentar assim a negrume da câmara subterrânea. Podia dizer que o passadiço se curvava para cima da enseada até o palazzo. Era uma distância muito larga, encerrada clandestinamente, com moles de rocha sobre a cabeça.
Às pressas, piccola. A voz foi suave, persuasiva, como se soubesse que estava congelada no lugar, incapaz de obrigar a seus pés a mover-se. Tinha-a chamado pequena. Foi tranqüilizador, esse pequeno apodo. A lhe Vençam nunca lhe teria ocorrido chamá-la assim. Fez-a entrar em ação como nada mais poderia havê-lo feito. Não há perigo até que sinta uma diferença de textura no chão. Por uma vez agradeço seus pés descalços.
O coração lhe elevou imediatamente. Era Giovanni! Não havia duvida em sua mente. Ainda estava vivo, e a estava guiando, levando-a através do complexo túnel. Tinha centenas de perguntas mas não sabia como as responder, assim que se concentrou na única coisa que ele precisava saber. Se não o obtinha, se cometia um engano e morria no passadiço, queria lhe advertir, queria que soubesse quem era seu mortal inimigo. Seu próprio irmão. lhe vençam. Pensou o nome uma e outra vez em sua cabeça, reproduzindo as horrendas lembranças recentes do homem, esperando que Giovanni o entendesse.
O estreito caminho conduzia firmemente para frente, uma costa levantada que era escorregadia embora arenosa sob seus pés. Havia musgo sobre as paredes de rocha como tinha havido na cova. Era duro escalar, e foi incapaz de encontrar nas paredes escorregadias apoios que a ajudasse a avançar. Doíam-lhe as pernas, doía-lhe todo o corpo. Era consciente de seu próprio cansaço. E sempre estava aí a terrível escuridão.
Então ouviu o murmúrio. Vozes zumbindo a seu redor, tão reais que se deteve bruscamente, medindo cegamente ao redor, freneticamente, com as mãos estendidas, tão assustada que literalmente não podia mover-se. Ele estava no passadiço! te vençam conhecia a forma de abrir a porta, e a tinha seguido! Sabia que estava apanhado na escuridão com ela, longe clandestinamente. Mantendo a mão sobre a escorregadia parede para não girar-se, olhou para trás, forçando os olhos para ver no negro corredor. Havia uma estranha piscada de luz brilhando atrás dela. Compreendeu que te Vençam tinha aceso uma tocha, e portanto podia mover-se muito mais rápido que ela.
Está bem, minha cara. Segue avançando até que sinta a diferença sob seus pés. Quando sentir mármore liso, deve afrouxar o passo. Dá cinco passos ao longo da parede esquerda. Só cinco. Conta-os.
Nicoletta se afastou resolutamente da luz. Giovanni estava em algum lugar diante dela, possivelmente avançando para ela através do passadiço. Tinha que pôr sua fé nele. Tremendo tanto que logo que podia mover-se, forçou a seus pés a ascender o íngreme despenhadeiro e alcançar o chão sob o palazzo. Seus pés nus de repente encontraram frio e liso mármore.
-À esquerda -recordou-se a si mesmo brandamente. Os terríveis sussurros eram mais altos agora, mas não podia distinguir as palavras. Soavam como o zumbido de um enxame de abelhas. Cautelosamente, Nicoletta se moveu para o lado esquerdo do túnel até que seu ombro roçou contra a parede. Deu cinco passos, recordando cuidadosamente que Giovanni era mais alto que ela e sua pernada mais larga.
Detenha o quinto passo, e dá um passo diretamente à direita. te assegure de fazê-lo lateralmente, piccola.
Captou a ansiedade em sua voz. Agora estava mais perto... não era sua imaginação! Giovanni estava também no passadiço, aproximando-se dela de dentro do palazzo. Deixou de mover-se, ficando muito quieta, o coração lhe pulsava na garganta. Queria ficar ali mesmo, esperar a que ele a alcançasse, embora a escuridão a estava esmagando. Um ruído atrás dela anunciou a aproximação de lhe Vençam.
-Sei que está aí, Nicoletta -chamou-a brandamente, com diversão na voz-. Deve saber que o túnel tem muitas armadilhas. E há ratos aqui, ratos famintos. Não tem nenhuma possibilidade de atravessá-lo sozinha. Eu tenho uma tocha.
Ela sabia que havia ratos; ouvia-as mover-se, sentia-as roçar seus pés descalços. Perto do pânico, deu um passo a sua direita. Sentia as pernas débeis.
Dá três pernadas adiante, e depois outra diretamente a sua esquerda. Saboreou o medo em sua boca. Onde antes se esteve estremecendo de frio, com as mãos quase intumescidas, agora gotas de suor corriam por sua pele. Deu os três passos e logo diretamente a sua esquerda. Não lhe ocorreu nada; nenhuma folha saiu silenciosamente da parede ou o teto para terminar com sua vida.
Nicoletta notou que corriam lágrimas por sua cara. meteu-se o punho na boca para evitar soluçar. Umas mãos a agarraram na escuridão, arrastando-a contra um corpo forte e quente. Giovanni! Estava ali, alto e enormemente forte, seu corpo era um refúgio para ela. O coração dele palpitava sob seu ouvido, seus braços eram apertadas bandas a seu redor. Reconheceria-lhe em qualquer parte, inclusive nesse poço de escuridão longe clandestinamente. O alívio a atravessou, quase curvando-a, e se pendurou dele, sujeita solo pela força de seus braços. Então lhe sentiu sobressaltar-se de dor.
-Está ferido!
Na escuridão as mãos de lhe emolduraram a cara, sua boca encontrou a dela infalivelmente. Beijou-a gentilmente, amorosamente, um pouco desesperado em seu alívio.
-Não é nada. O estilete do Aljandro me roçou. Guiarei-te através do passadiço. Deve seguir meus passos exatamente.
-Não posso ver nada.
-Fará-o.
E o fez. Nicoletta compreendeu quão extraordinário era seu talento, sua habilidade para comunicar-se em silêncio. Com a mão firmemente na dele, seguiu seus passos, diretamente do mapa que lhe projetava na mente. ficaram em silêncio enquanto ele se concentrava nos intrincados patrões que os levaram a salvo através do passadiço e à antecâmara que compartilhava com seu marido. Parecia familiar, reconfortante, um refúgio, quando uma vez a havia sentido tão estranha.
Seu alívio foi tremendo. Nicoletta se cambaleou para a luz que iluminava a habitação, piscando rapidamente enquanto seus olhos tentavam ajustar-se ao brilho de tantas velas acesas esperando seu retorno. Havia um fogo ardendo no lar, e Giovanni a apressou para seu calor. Estava lhe passando as mãos por cima, assegurando-se de que estava bem, procurando sinais de dano. Ela estalou em lágrimas e se lançou a seus braços.
Giovanni a abraçou como se nunca fora a deixá-la partir, enterrando a cara em seu cabelo, seus fortes braços rodeando-a, pressionando-a contra ele.
-Acreditei que te tinha perdido, piccola. Sabia que um monstro se passeava entre nós, sabia que se cevava nas mulheres, mas não acreditei que fora lhe Vençam. Parecia amar a sua esposa, preocupar-se com Porta. Acreditava que era um dos soldados, não um de meus irmãos. -Havia profundo pesar em sua voz, ao igual a raiva.
-Margerita está ferida, Giovanni. Devemos ir com ela.
-Está a salvo no palazzo. Maria Pia a atende, e meus guardas de maior confiança estão apostados fora da habitação. Sophie está a salvo aos cuidados da Signorina Sigmora também. Voltei com soldados do regimento ao que tinha atendido na fronteira. Estavam trazendo para o jovem Goeboli ao palazzo como lhes tínhamos indicado. O passo estava bloqueado, mas me encontraram e atenderam minhas feridas. -Giovanni lhe estava jogando o cabelo para trás, lhe tocando a cara, o pescoço, lhe limpando a sujeira da pele. -Francesco se tomou suas palavras ao pé da letra. O pobre Antonello não pôde convencer ao Francesco de que lhe permitisse me buscar. Foi posto baixo estrito arresto. lhe vençam já tinha escapado através do labirinto.
-Não sabia qual deles era até que foi muito tarde. Não havia nada que eu pudesse fazer por Porta -confessou Nicoletta tristemente-. Suas feridas eram muito graves, e tinha perdido muita sangue para quando ouvi seus gritos pedindo ajuda. Ela tinha ajudado a lhe Vençam em sua conspiração, mas ao final, não pôde deixar que matasse a sua menina.
-Sei, minha cara. Falei brevemente com a Margerita. Contou-me como se encontrou com lhe Vençam no labirinto e ele a atacou. Porta lhes tinha seguido, e atacou a lhe Vençam, mas a reduziu facilmente e a apunhalou várias vezes. -Giovanni suspirou-. Agora me culpo mesmo. Tinha havido informe de mulheres em vários villaggi que tinham sido violadas e inclusive assassinadas. Ordenei investigações, mas com freqüência era lhe Vença o que se oferecia a investigar, apesar de seu presunta repugnância pelos camponeses, quando não podia prescindir de meus homens. E Antonello admitiu que foi ele quem moveu o corpo do Cristano do labirinto porque acreditou que eu tinha matado ao menino em um ataque de ciúmes, e quis me proteger.
-te vençam está ainda no passadiço, Giovanni. -Os dedos da Nicoletta se fecharam em sua camisa. Olhou para o mármore liso da parede, médio esperando que esta se abrisse e o irmão menor dele a atravessasse de repente.
-Sou consciente disso -disse ele gentilmente-. Mas não posso atravessar o túnel sem o mapa. Verá-se obrigado a voltar atrás, e meus guardas lhe estarão esperando.
-Sabia o do mapa, mas não conhecia a chave.
-O meu pai não conhecia a chave para dar-lhe confirmou Giovanni.- Nonno suspeitava que algo ia mal em seu filho, meu pai, depois da morte de nossa mãe. Pai só reteve o título de dom três anos, e Nonno nunca lhe revelou a chave, assim Pai não pôde entregar-lhe a lhe Vençam, embora era seu filho favorito.
-Vencem matou a seu nonna. Estrangulou-a. -Nicoletta começou a chorar de novo, tremendo violentamente como conseqüência do terror-. E a minha mãe. E a minha tia e a todas as demais mulheres; fez-lhes mal a propósito. Foi lhe Vença. Matou a seu nonna também.
Giovanni a voltou a atrair a seus braços, sujeitando-a, sua boca tomando a dela em um intento desesperado por tentar consolá-la, consolá-los a ambos.
- Vamos, piccola, vêem o banho. Esquentará-te. Eu irei ver o final disto e volto logo que possa.
aferrou-se a ele, temendo lhe deixar sair de sua vista.
-E suas feridas? me deixe ao menos as ver.
-Não há necessidade. Devo ir. Quer que envie a procurar a Maria Pia?
Mais que nada Nicoletta desejava o consolo da anciã, mas Margerita estava gravemente ferida e acabava de perder a sua mãe.
-Eu irei me banhar -disse Nicoletta.
-Seus guardas estarão na porta. Não saia sem eles. Tenho sua palavra sobre isto? -Seu negro olhar sustentou a dela.
Nicoletta encontrou um pequeno sorriso em algum lugar profundo de seu interior. Já tinha tido suficientes aventura para toda uma vida.
-Tem minha palavra, Dom Giovanni.
Ele se inclinou e a beijou concienzudamente, completamente, sua boca foi ardente, dominante e imperiosa. Profundamente em seu interior, o sorriso floresceu entre a calidez.
Nicoletta entrou agradecida na habitação com a tina profunda e afundada. elevava-se vapor da superfície da água. Acendeu tantas velas como pôde, deixando que sua fragrância consoladora enchesse a habitação. A água reluzia invitadoramente, oferecendo paz quando seu corpo inteiro estava sofrendo pelo cansaço e o terror. Atirou sua roupa a um lado e baixou os degraus descalça, deixando que a água quente lhe acariciasse a pele, esquentasse-a. A umidade lambeu o moratón que se formava em seu peito, fazendo desaparecer a terrível ardência mas não a lembrança de como tinha sido posto ali. Ainda se estremecia violentamente, embora essas pequenas ondas irradiavam saindo dela, lhe recordando a violência do mar, a violência oculta sob a superfície de um homem.
Então choro. Por sua mãe, por sua tia, pela mãe do Giovanni e por sua avó, por seu avô, por Porta e Margerita, e inclusive por Anjinha e a pequena Sophie, que algum dia saberia o monstro que tinha sido seu pai. Chorou por si mesmo e pelo Giovanni. Seu pai tinha sido um homem doente que tinha convertido seu ciúmes em ódio corrupto, e tinha alimentado a seu filho menor com a mesma dieta, criando uma abominação. ficou sentada no banheiro, com a água lhe lambendo o queixo, e deixou que as lágrimas caíssem até que acreditou que nunca voltaria a chorar.
Finalmente se lavou o cabelo, enxaguando-a sal, o aroma do mar, tentando aceitar que estava a salvo ao fim. Mas nem sequer o comprido banho pôde eliminar o terror do fundo de seu estômago, o horrível temor que enchia seu corpo, e o sabor do medo de sua boca. Necessitava a Maria Pia. E à pequena Sophie. por cima de tudo necessitava ao Giovanni. Suspirando, abandonou o banho e se vestiu com uma das suaves camisolas que Giovanni tinha ordenado fazer para ela. Agarrou uma bata e foi para a porta do dormitório.
Para seu alívio, reconheceu ao Dominic, embora o outro guarda lhe era desconhecido.
-Onde está Francesco?
-Ele protege a Margerita, Donna Nicoletta -respondeu Dominic.
-Por favor me leve até eles -disse brandamente.
-É obvio. -Sorriu-lhe, seu olhar era cálida. Mas de repente seus olhos se abriram de par em par, com uma espécie de horror. Um fio de sangue gotejava de sua boca até o queixo. Seus joelhos se dobraram, e se derrubou para frente para cair bocabajo a seus pés. As costas de sua camisa estava empapada de sangue.
Nicoletta se encontrou olhando a cara sorridente de lhe Vençam. A visão de seu sorriso malvado fez que lhe gelasse o sangue. Seus dedos se fecharam ao redor da garganta, e a fez retroceder ao interior do dormitório principal, aproximou-a de seu corpo.
-Tenho seguidores leais, já vê. Acreditam em mim; compreendem que eu devo mandar. Sei que Giovanni acredita que Austria receberá a nosso país graciosamente no novo acordo com a Espanha... um matrimônio de conveniência por assim dizê-lo... e esteve trabalhando com esse fim. Mas eu estou em desacordo com as idéias do Gino, e descida dar procuração não só das terras Scarletti mas sim de todo o país. -Seus dedos se apertaram na garganta dela, tentando lhe cortar o ar-. Meus guardas esperam fora a seu marido, assim que nós... descansaremos aqui juntos.
Os olhos escuros da Nicoletta lhe percorreram a cara com desprezo.
-Você nunca poderia ocupar o lugar do Giovanni. Não como líder, e indubitavelmente não comigo.
As sobrancelhas dele se dispararam para cima.
-Seriamente? Conheço mais forma de agradar a uma mulher... ou de lhe fazer danifico... das que sonhaste nunca. Já veremos. -Mas a soltou bruscamente, apartando as mãos de sua pele machucada.
Ela deu dois passos afastando-se dele, retrocedendo para a parede de mármore, para a entrada do passadiço.
-esqueceste o mais importante de tudo, Lhe vençam. esqueceste a maldição de seu famiglia. -Sorriu-lhe docemente, com confiança. Profundamente em seu interior surgia uma nova confiança. Este monstro já não a assustava. Estava no palazzo. Seu lar. E se tinha familiarizado com o tremendo dom que compartilhava com seu marido. Solo tinha que pensar no que ia mau, solo um grito de advertência em sua mente, e o forte vínculo entre ela e seu marido se ocuparia do resto. Giovanni sempre estaria ali, solo a um pensamento de distância, rodeando-a com seu amor e amparo.
-Do que está falando? -A voz de te Vençam era um látego de desprezo.
-Foi você quem me falou da maldição. A queda dos homens Scarletti é sempre uma mulher. Eu sou a mulher do Giovanni Scarletti, não a tua. Se for uma maldição para alguém, quer que o seja para ti? Porque nunca serei uma maldição para ele. -fez-se a um lado, bem longe da entrada do passadiço enquanto a greta da parede se ampliava e seu marido se lançava sobre seu irmão menor.
Vincento não teve tempo de reagir. Caiu para trás pela força do golpe. Giovanni, ferido como estava, dominou ao monstro enquanto, fora da habitação, os soldados do Giovanni venciam a aqueles que estavam a salário de lhe Vençam.
Giovanni se levou a seu irmão ao corredor, e quando seus soldados escoltavam ao prisioneiro à torre, Vencem golpeou a um guarda com seu corpo, tentado empurrá-lo pelo corrimão. Em vez disso, o guarda se cambaleou para um lado, e lhe Vençam se lançou pela mesma muralha onde tinha destruído a tantos outros.
Giovanni caminhava pelo comprido e amplo corredor. Estava absolutamente farto, cansado até os ossos. Doía-lhe o flanco onde o estilete do Aljandro lhe tinha atravessado o músculo, mas mais que a carne, doía-lhe a alma. Aprofundar-se nos assuntos de seu irmão uma vez amado se pareceu muito a inundar-se no mal. Seu irmão tinha levado um jornal de seus atos, acreditando de algum modo, em sua depravação, que estava cumprindo com seu dever para com os futuros herdeiros Scarletti. Ao fim o sol se pôs, e podia percorrer seu triste caminho até sua antecâmara. Até sua esposa.
Nicoletta. Ela era um sopro de ar fresco no palazzo, obrando milagres com seu sorriso ensolarado, solo com sua personalidade. ria com a Maria Pia e Beatrice e sua pequena carga, Sophie, oferecendo consolo e amor. Atraía ao Nonno ao círculo de luz até que inclusive os serventes lhe sorriam. Estava com freqüência na habitação da Margerita, falando com ela, animando-a, oferecendo distração e amizade. ocupava-se da família do Dominic, proporcionando ajuda e consolo quando podia. Era a curadora, ocupava-se do jovem soldado ferido, Goeboli, oculto no palazzo, e, é obvio, de seu marido. Nicoletta atendia suas feridas muito, muito cuidadosamente.
Giovanni não recordava já que tinha feito sem ela. Era uma influência tranqüilizadora, embora sua esposa descalça também trazia risadas ao palazzo. Necessitava-a esta noite depois dos horrendos descobrimentos que tinha feito. Necessitava seu amor pela vida, sua energia. Necessitava o distração de seu corpo.
Abriu a porta de sua habitação. Estava vazia, como esperava que estivesse. Provavelmente estaria acalmando os pesadelos do Sophie ou fazendo a última inspeção ao jovem Goeboli antes de ir-se à cama. Suspirando brandamente com pesar, Giovanni estava a meio caminho para o enorme leito, tirando-a camisa, quando notou que a porta do banho estava parcialmente aberta. ficou quieto por um momento, seu massageou o pescoço com os dedos em um intento de aliviar seus músculos tensos. Livrando-se das botas, deixou-as cair ao chão antes de percorrer descalço a habitação para o banho, com os pés nus sobre os lisos azulejos.
Nicoletta jazia sobre o estômago sobre o mármore junto à piscina, passando os dedos pela água. A luz das velas dançava sobre sua pele nua, sua largas perna atraíam a atenção sobre a curva de seu traseiro. Seu cabelo caía em uma cascata de seda negroazulada sobre um ombro nu. Roubava-lhe o fôlego com sua beleza.
Fez um som com a garganta, seus olhos negros se fixaram nela como os de um depredador em sua presa. Ela olhou sobre o ombro, viu o desejo em seus olhos e sorriu um convite.
-Estava esperando que você unisse para mim. estive aqui tendida pensando em ti. -girou-se ligeiramente, solo seu bastante para que ele captasse uma olhada de seus peitos cheios que lhe chamavam.
-O que estava pensando? -Seu corpo estava já reagindo ante a visão de sua pele brilhante, suas curvas arredondadas, os invitadores covinhas de suas costas. Estava duro e inchado de desejo, uma dor constante ante o sensual convite de seu corpo nu. As calças eram de repente extremamente apertadas.
O olhar dela percorreu a figura masculina para posar-se pensativamente em sua rígida ereção.
-Estava pensando no muito que eu gosto da forma em que me toca. -Sua mão percorreu para baixo seu próprio corpo, chamando a atenção sobre o inchaço de seus peitos, sua estreita cintura, a curva de seus quadris-. O bom que se sente sua boca sobre minha pele. o muito que eu gosto de minha boca em sua pele. -voltou-se a jogar, seus dedos jogaram ausentemente na água, seus olhos se fechavam. -está-se tão bem nesta habitação, Giovanni, os dois se separados do resto do mundo.
Giovanni murmurou seu acordo enquanto para a um lado suas calças de uma patada. Baixou os degraus no interior da água quente, que lambeu sua pele como mil línguas, lhe limpando, e ficou em pé junto a ela, suas mãos lhe encontraram o tornozelo, a formosa pantorrilha. Ela já se banhou, e cheirava poda e fresca. Inclinou a cabeça para saborear as pequenas gotas da parte de atrás de seus joelhos. Seus dentes rasparam gentilmente, movendo-se firmemente coxa acima. Suas mãos deixaram carícias nas pernas, avançando centímetro a centímetro.
Nicoletta se removeu, suspirando com satisfação
-Me sente falta de como eu te feito de menos quando vai? -A voz foi suave, filtrando-se o nos poucos, penetrando em seu coração.
A língua dele se formou redemoinhos detrás do joelho.
-Feito-te tanto de menos, que dói. -Seu fôlego quente lhe brincou sobre a pele-. Penso em ti quando deveria estar trabalhando. -Seus dedos se aprofundaram nas escuras sombras. Seus dentes mordiscaram gentilmente a pele. Suas mãos moldaram a curva dos quadris. empurrou-se fora da água para cobri-la com seu corpo, sua boca encontrou essas pequenas covinhas intrigantes na região lombar das costas. pressionou-se contra ela, tomando-se seu tempo enquanto explorava a firmeza do traseiro, deixando beijos, formando redemoinhos perezosamente a língua em cada oco e entalhe feminino.
-Seriamente? -Nicoletta riu brandamente, elevando os quadris para empurrar para trás contra ele, desfrutando da sensação dele tão grosso, duro e desejoso dela.- No que está pensando agora mesmo?
Girou-a, com o olhar ardente e faminto.
-Estou pensando que reclamar meus direitos a seu villaggio foi a melhor decisão que podia ter tomado. -Inclinou a cabeça para os peitos, suas mãos se moveram posesivamente sobre ela. Sua língua banhou os débeis moretones, gentil e consoladora.
-Eu estou pensando que tem razão, Giovanni. -Nicoletta fechou os olhos, arqueando-se para o calor de sua boca, enterrando os punhos em seu cabelo para lhe sujeitar-. Desejo-te. Esperei-te todo o dia.
Ele elevou a cabeça para lhe estudar a cara.
-Todo o dia?
Ela assentiu silenciosamente, lhe observando. Baixo ele, suas pernas se moveram inquietamente, seus quadris empurraram para cima.
-Levo todo o dia pensando sozinho em ti.
-Faz-me feliz como ninguém mais poderia, dizendo algo tão simples a seu marido -disse ele brandamente, voltando a entrar na água e empurrando-a até o bordo da piscina para que pudesse pôr as perna sobre seus ombros-. Faz desaparecer todas minhas cargas, Nicoletta. -Suas mãos lhe acariciaram as coxas e a empurraram inclusive mais perto.
O corpo inteiro da Nicoletta se esticou com espera. O fôlego dele era quente sobre sua pele. O cabelo a roçava como seda úmida no interior das coxas. Beijou seus cachos úmidos e apertados, a língua fez uma lenta passada para saboreá-la antes de inserir dois dedos em seu apertado centro, empurrando profundamente solo pelo prazer de fazê-la responder.
-Se, bambina, isto é o que necessito. A ti, quente e lista para mim. -Empurrou-a para sua ofegante boca, deleitando-se em um selvagem assalto de puro prazer.
Nicoletta gritou, jogando a cabeça para trás, movendo os quadris fora de controle, tão lista para ele que quase estava chorando. Apertou os punhos entre seu cabelo, lhe sujeitando enquanto a intensidade crescia até alturas às que não estava segura de sobreviver. Tinha tido tanto medo de não voltar a poder deitar-se nunca com o Giovanni sem as asquerosas perversões de lhe Vençam em sua mente, mas deveria ter crédulo mais em seu marido. Indubitavelmente tinha acabado com cada demônio, cada medo, até que solo ficou ele, suas mãos e sua boca e suas suaves palavras sussurradas.
-Ti amo -disse-lhe brandamente, sentindo-o seriamente. As palavras estavam arraigadas em sua alma para sempre.
Ele se afundou sob as cálidas água, depois saiu à superfície, com água gotejando de seu cabelo negro empapado, a água corria por sua pele enquanto saía facilmente da piscina. Seus olhos eram ferozmente possessivos, ardentes de desejo. Levantou-a em braços e a levou diretamente a sua enorme cama.
-Estamos muito molhados -recordou-lhe, rendo brandamente ante seu comportamento agora impulsivo e brincalhão-. Empaparemos as colchas.
Giovanni a seguiu diretamente a essas colchas.
-Temos muitas camas e muitas colchas no palazzo -recordou-lhe ele, pressionando contra ela agressivamente-. Em qualquer caso, não importará. Não necessitaremos mantas, eu que tenho intenção de te manter ocupada... possivelmente fazendo um criança... toda a noite. -Empurrou em seu interior, observando-a enquanto os unia-. Quando sei bela. Ti amo.
Sussurrou as palavras... Que formosa é. Amo-te... e as disse a sério. Amava-a com cada fôlego de seu corpo, com todo seu coração e sua alma. Ela sabia como romper a maldição, e ele era o suficientemente homem e a amava o suficiente para seguir seu conselho e confiar em que assim seria. Desejava a alma dela voando com a sua, e desejava sentir como lhe inchava a barriga com seu filho. Um filho que conheceria o amor e a risada, não de perdas intermináveis, conspirações, nem malignos rumores. A maldição Scarletti, jurou, nunca mais viveria.
Nicoletta observou a cara de seu marido, viu desaparecer as sombras, observou como o júbilo substituía à fadiga. moveu-se com ele, arqueando-se para ele, de forma que se uniram em uma feroz fricção, fazendo que pudesse lhe sentir crescer inclusive mais profundamente em seu interior. adorava a forma em que a amava.
E ele tinha razão. Ela nenhuma só vez notou a água que empapava a colcha, e o dom e sua esposa conceberam, essa noite, a seu primeiro, feliz e são criança.
Christine Feehan
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