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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


A PROPOSIÇÃO
A PROPOSIÇÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

Capítulo Doze

Mata-me que eu não sei as horas, dias ou semanas com Bryan. Quando chego em
casa Neil age como se nada estivesse acontecendo. —Hey, baby. — Ele me dá um beijinho
na bochecha que arde como o ácido.
—Hey. — Eu caminho longe antes que ele possa me abraçar. Lembro-me que esta
coisa que eu tenho com Neil é uma aliança. Eu preciso disso. As pessoas se casam por todos
os tipos de razões, e infelizmente o amor não é geralmente um deles. Há aqueles que
sentem a pressão de suas famílias, outros cujos estão passando tempo e aceitam o Sr. Bom
o Suficiente. Eu pensei que eu ia casar por amor, mas não é assim que as coisas acabaram.
—Onde está Maggie?
Ele suspira e volta ao seu lugar à mesa com a sua xícara de café. —Procurando
apartamento. Ela me disse que vocês duas estavam se mudando até o casamento. Eu disse
que não, mas ela não quis ouvir. Você sabe o quanto ela me irrita. Ela meio que quer nos
separar, mas Maggie tem que fazer isso sozinha, Hallie. Você não é sua guardiã.
Caralho. Foda-se. Ele não disse isso. É como se o homem pisasse na cauda do dragão
adormecido que está dentro de mim. O animal está pronto para rasgar-lhe de novo quando
o telefone toca. Neil não tem ideia que suas palavras me incomodaram. Estou furiosa, então
vou em direção a porta da frente e me sento na varanda. Nenhum carro novamente. Isso é
uma merda. Eu preciso incomodar Cecily sobre meu pagamento antecipado. Eu preciso de
um jeito de conseguir espaço e ficar sozinha quando Neil está assim.
Talvez eu não deva me casar com alguém com quem não posso estar na mesma sala.
O pensamento atravessa na minha cabeça como um tambor, mas estou muito desgastada
emocionalmente para lidar com ele agora.
A porta de tela da frente se abre e fecha quando um telefone é empurrado no meu
ouvido. —É Cecily.
Eu o pego e pressiono no meu ouvido. —Ei, como você está?

—Ignore tudo isso querida, eu tenho notícias. — Ignore todas as gentilezas que nos
fazem humanos? Claro, porque não?
—Diga.
—Os contratos estão prontos. A seleção dos atores começou e há grandes nomes
interessados. O roteiro do filme está sendo escrito pelos melhores. Tudo que você tem a
fazer é sentar e relaxar. Mas primeiro, oh bem, é melhor eu deixá-lo dizer. — Cecily tosse ao
telefone.
Eu faço uma careta. —Dizer o quê?
—Não, eu não devia ter mencionado isso. Falei demais. Vá perguntar a ele, querida.
— A linha fica muda. Eu reviro os olhos, em seguida fico em pé e entro na casa.
Neil está lá com um sorriso enorme no rosto e alguma coisa por trás das costas. —O
que foi? Cecily disse que tinha algo para me dizer. — O meu estômago faz uma queda livre e
os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé. Não há nenhuma maneira disso
ser bom. A última vez que vi essa expressão em seu rosto o homem propôs para mim.
— Surpresas. — A forma que ele diz soa como se nada fosse sério, talvez uma barra
de chocolate ou algo que eu goste. É bom que ele esteja pensativo novamente, porque
recentemente tem sido um idiota. Isso me faz pensar qual é o verdadeiro homem, aquele
que pagou o túmulo do meu pai ou o homem que me vendeu ao Ferro para o sexo.
Eu deixo cair a minha guarda e a tensão flui para fora de mim. —Oh.
—Venha aqui. — Ele estende uma de suas mãos e eu a pego sem suspeitar de nada e
o sigo até a sala onde nos sentamos no sofá. Ele pega o maço de papéis de trás das costas e
os coloca na minha frente. Na capa é uma foto de uma casa tão grande que pode ser
qualificada como uma mansão. —O que você acha?
Eu olho para ele. —É bonita. — O gramado está bem cuidado. Parece uma casa
modelo. Eu levanto os papéis e aponto para as margaridas. —Eu sempre amei essas.
—Eu sei. — Ele ainda está sorrindo. Eu inclino a cabeça para ele, esperando que me
diga o que está acontecendo.
—Você quer refazer o quintal ou algo assim?
Neil balança a cabeça. A boca do estômago mergulha quando o sorriso desaparece
do meu rosto. —Abra a pasta.
Pego a coisa e a abro. No interior estão plantas, opções de cores e toneladas de
papelada. — Neil? — Eu mal consigo falar. Isso não é o que eu acho que é. Não há nenhuma
maneira que ele iria comprar uma casa sem mim.
—Você gostou Hallie? Ela é nossa.

Oh, meu Deus. Ele o fez. Ele comprou uma casa sem mim. Minhas mãos estão
tremendo tanto que não consigo segurar a pasta. —O que quer dizer “é nossa”? Você vai
construí-la após nos casarmos?
—Não. — Ele ainda está sorrindo.
—Neil. — Eu não estou usando mais a minha voz interior. Eu não gosto desta
surpresa. —O que você fez?
—Já está feita. Podemos nos mudar assim que quisermos e é por isso que é ridículo
que Maggie procure apartamento para vocês duas. Este é o seu novo lar. Não é lindo? Eu
não poupei nenhuma despesa. Ela tem telhado de 30 anos, a pedra na fachada foi
importada da Itália, e esta porta é de um antigo castelo na Europa, eu não pensei que
chegaria aqui a tempo, o construtor e eu tivemos que discutir sobre isso.
Minha boca fica aberta. O portão é maior do que este apartamento. Meus olhos
pulam para fora, caem do meu crânio e rolam pelo chão. Há muitas perguntas, mas faço a
mais gritante primeiro. — Como você pagou por isso?
—Isso já é nosso. Eu paguei em dinheiro.
—Como? — Meu queixo está pendurado aberto quando olho para ele.
—Com o negócio do livro. Eu achei que você sempre quis ter uma casa, então
consegui uma para você.
Eu vou gritar chorar e bater a merda fora dele simultaneamente. —Você gastou o
meu dinheiro? — Ele não fez. Não há nenhuma maneira que ele fez isso. Ele está brincando
comigo. Ele tem que estar. Nenhum homem vivo é tão estúpido.
—Nosso dinheiro. — Ele corrige, apontando o dedo para mim antes de tocá-lo com
a ponta do meu nariz. —Nós vamos nos casar.
—Espere um segundo. Você quer me dizer que Cecily lhe deu o meu dinheiro?
Neil está ficando irritado. —Nosso Hallie, tudo é nosso. Há um anel em seu dedo.
Isso significa que fazemos as coisas juntos. — Ele está gesticulando entre nós como se isso
fosse notícia velha e algo que combinamos há muito tempo.
Eu explodo em raiva. —Isso não foi juntos Neil! Isto foi você pegando o que era meu
e comprando uma merda de casa enorme sem eu saber! E se eu quisesse uma casa
diferente? E se eu tivesse planos para esse dinheiro?
O homem é idiota o suficiente para rir, como se isso fosse bonito. —Eu tentei
comprar a sua antiga casa. Alguém já comprou. Isso foi uma coisa melhor, certo?
Eu quero chorar. Eu não consigo suportar isso. —Quanto sobrou?

—O bastante. Nada para se preocupar. Nós ainda temos uma tonelada de
pagamentos de royalties vindos. — Ele sorri como tivesse tomado a melhor decisão
financeira da vida.
—Então todos os adiantamentos já se foram? Você os gastou na casa? Esta casa
custou vários milhões! — Meus dedos flexionam e depois relaxam enquanto eu tento para
não matá-lo, uma e outra vez dentro da minha mente. Eu não consigo falar.
—Não, eu disse que há surpresas, plural. Venha ver. — Ele pega a minha mão,
embora ele esteja irritado e me puxa para a porta da frente. À medida que caminhamos
para o lado de fora, ele pega as chaves do bolso e aperta o botão de desbloqueio. Um carro
na rua silva. É um carro Z branco e ele está carregado. — De uma olhada, Hallie! É perfeito,
certo?
Para alguém. Eu quero dizer para ele, mas eu apenas aceno. —E, eles combinam!
—Eles? — Estou em estado de choque. Eu só fico lá e olho.
Ele pega outro conjunto de chaves e o carro do outro lado da rua soa. É preto e
exatamente igual. Minha cabeça parece leve. Eu pego alguma coisa, mas só encontra ar. Os
braços de Neil aparecem quando me vejo desmaiando em sua grandiosidade. —Hallie, foi
muito, muito rápido, certo? Droga. Eu sabia que isso iria acontecer. Vamos entrar. Vamos
tomar uma bebida e, em seguida vou levá-la para nossa casa. — Ele ainda está feliz,
radiante, feliz como porco na lama. Maluco do caralho.
Pressiono minhas têmporas e consigo me afastar. —Pare! Neil, isso é demais! Você
não tinha o direito de fazer nada disso!
Ele ri nervosamente porque isso está prestes a tornar-se um desabafo público, o
que lhe horroriza. —Vamos voltar para a casa e nós vamos falar sobre isso. Tenho certeza
de que podemos mudar a cor se você não gostar desta.
Eu rosno e arrebato um conjunto de chaves de suas mãos. É o carro preto. Eu ando
rapidamente em direção a ele e salto para dentro. Antes que ele possa dar outra palavra,
vou embora.

Capítulo Treze

Eu conduzo como uma pessoa louca direto para a casa de Bryan. Eu não me importo
com quem esteja lá ou o quanto eles me odeiam. Eu tenho que vê-lo. Estaciono junto a
calçada e piso no freio. O carro grita a um impasse. Eu salto para fora e no momento que
estou na porta da frente, o mordomo já a abriu.
—Senhora?
Eu empurro, passando por ele e dizendo que vou para o quarto de Bryan. Ele tenta
me parar, mas eu corro. O velho não pode me acompanhar. Quando chego à porta de Bryan,
passei por metade dos funcionários da casa e todos eles me notam. Também chama a
atenção de alguém que eu deveria ter evitado.
Eu bato em sua porta, mas não há nenhuma resposta. —Bryan? — Eu chamo o seu
nome e entro.
O velho está finalmente atrás de mim novamente. —Sr. Ferro não está aqui,
senhorita
—Mas eu estou. — Uma voz feminina diz fria atrás de nós dois. — Charles, por
favor, deixe-nos. Temos alguns negócios para discutir. — Eu giro e vejo Constance Ferro, tia
de Bryan, ali de pé em seu traje perfeito de seda cor de sangue. Ela me odeia e eu sei disso.
Eu endureço, não percebendo que ela estava mesmo em casa. Eu prefiro pegar uma praga a
ficar cara a cara com ela.
Charles sai rapidamente e fecha a porta atrás de si. Ele pisca um olhar na minha
direção que me deixa desconfortável. Ele nunca iria querer ficar com o lado ruim de
Constance Ferro, todo mundo sabe disso. Mas eu estou.
Ela coloca as palmas das mãos e sorri timidamente para mim. —Eu pensei que eu
fui perfeitamente clara, mas você voltou. Então aqui estamos nós de volta onde começamos.
Quantas vezes você precisa ser presa senhorita Raymond? Porque, acredite em mim, posso
fazer isso acontecer de novo. — Ela me olha para baixo como se soubesse o que eu fiz.

Não vou perder Bryan novamente, não por causa desta cadela louca. É ruim o
suficiente que ele esteja doente, não vou perder o pouco tempo que poderia ter por causa
dela. Eu sorrio para ela e dou um passo à frente. É um movimento corajoso. Constance
Ferro tem castrado mais homens do que posso contar.
Fazer qualquer coisa como isto é suicídio, mas não vou desistir. Eu tenho que saber.
—Por que você me odeia? O que é que eu tenho que você acha tão terrível que não posso
ser amiga do seu sobrinho? É a minha família? Minha mãe? O fato de que sou pobre? Bem,
não sou mais pobre. Eu não estou aqui pelo seu dinheiro e não vou embora desta vez. —
Meu corpo está tenso, meu maxilar apertado.
Constance é serenamente assustadora. Ela dá um passo em minha direção, então
estamos de igual para igual. —Você vai ser sempre pobre querida. Sua fortuna recém-
adquirida será desperdiçada porque é isso que faz o novo rico. Você não sabe como
gerenciar uma propriedade e logo tudo vai embora, se não foi.
Eu odeio que ela esteja certa. Eu odeio que Neil já fez sua previsão se tornar
realidade. Eu digo: — O que você quer?
—Eu quero que você saia.
—Por quê? Eu nunca fiz nada para você. — Minha voz está no mesmo nível
assustador que o dela. —Você me mandou prender depois que seu filho me vendeu o carro.
As sobrancelhas finas levantam como se ela estivesse chocada, mas não realmente.
Com uma completa falsa sinceridade, ela diz: — Eu não sabia que ele tinha vendido. Coisas
triviais acontecem às vezes, mas no final isso não importa. Vocês são todos iguais —
parasitas e vou lidar com você do jeito que lido com o resto. Este é o seu último aviso. Sai
antes que eu faça algo.
—Você está me ameaçando?
Ela fica na minha cara. —Eu vou destruí-la.
Eu rio, porque quero dizer isso. Quero dizer cada palavra que digo: — Vá em frente
e tente. Não há mais nada para destruir. — Eu vou para dar a volta por ela e sair, mas ela
não me deixa.
Constance para na minha frente e fala no meu ouvido. — Eu sei que você nos viu.
Por que você não vai admitir isso está além de mim, mas não vou ser espancada por um
sem nome, bastarda. — Ela está lívida. Seus olhos brilham como se pudessem realmente
pegar fogo. Ela pensa que sei algo sujo sobre ela e que vou manipulá-la.
Ignoro esta nova informação, e rosno: — Eu nunca disse uma palavra contra você,
apesar de tudo que você fez para mim. Bryan acha que o trai. Isso foi coisa sua e não negue.

—Sim, foi. Eu disse a Jon e Jocelyn que Bryan estava com problemas e isso me
ajudou a ter certeza de que você fosse embora e não voltasse mais, mas você está aqui de
novo, me ameaçando. Como você se atreve!
Ela é insana ou pensa que eu vi algo que não deveria. Eu não posso falar nada se não
tenho nenhuma ideia do que ela está falando. Eu não a vi fazer nada condenável. Eu sou
evasiva novamente, cutucando o passado. —Então, como você fez isso? Fotos falsificadas e
fez Jos se vestir como eu?
Ela revira os olhos. —Uma atriz bem parecida. Não seja estúpida. Eu não iria
sujeitar a minha própria família para uma coisa dessas. Mas você vagueia de volta para cá
como se pudesse soltar a bomba sempre que quisesse. Eu vou matar você se disser uma
palavra sobre isso. — Ela está muito séria.
Mas eu também. —O mesmo para você.
Nossos olhos apertados permanecem bloqueados. Ela sabe que eu matei Victor, eu
posso dizer. Eu não sei como ela sabe, mas sabe. Meu coração está batendo em minhas
costelas com tanta força que mal posso respirar. A única razão pela qual ela não me
entregou ainda é porque ela acha que eu sei alguma coisa que realmente não sei. O que ela
pensa que eu vi naquela época?
Eu mantenho a minha expressão neutra. —Então, vamos concordar em nos odiar e
permanecer em silêncio sobre os assuntos em questão. Deixe Bryan e eu sozinhos. Eu vou
embora logo, de qualquer maneira. — Pelo olhar no rosto dela, sei que ela não consegue
entender por que vou embora.
Em seguida isso me atinge — ele não contou a nenhum deles. Ninguém sabe o que
está errado ou o quão doente ele está. Meu coração dói por ele. Ele não pode continuar a
fazer isso sozinho, não importa o quanto ele queira — vou forçá-lo a confiar em Jon se seu
precisar, mas Bryan precisa de alguém, mesmo que não seja eu.
Seus olhos mergulham para o chão antes de voltarem a encontrar os meus. Ela está
contente, mas tentando não mostrar isso. —E essa separação, deixando meu sobrinho será
para sempre?
A morte é permanente, então sim, é para sempre. Concordo com a cabeça. O nó na
garganta é grande demais para falar. Constance me dá as costas e sai antes que algo seja
dito.

Capítulo Quatorze

Embora eu me sinta como um indivíduo desprezível por fazê-lo, mas estou muito
curiosa. Eu vasculho o banheiro de Bryan procurando as pílulas e pesquisando os rótulos. O
problema é que muitos são usados para muitas coisas. O outro problema é que não sei
quais pílulas ele está realmente tomando. Alguns desses frascos parecem intocados. Eu me
pergunto por que, mas não tenho ideia.
Eu não tenho certeza do que estou procurando, mas tem que haver alguma coisa
aqui que pode me dizer qual é o problema com ele. Talvez haja um atestado médico ou
alguns resultados de laboratório perto, mas mesmo assim eu saberia como lê-los. Eu franzo
a testa e olho ao redor novamente. Ninguém me incomodou desde o meu confronto com
Constance algumas horas atrás. Eu pensei que Bryan estaria em casa agora, mas não está.
Depois de olhar ao redor pelo quarto eu vou até a cômoda. Agora estou sendo além
de intrometida. Isso está errado. É uma invasão total de privacidade. Eu nunca faria isso
para ninguém, mas eu não agüento mais. Eu tenho que saber o que está acontecendo com
ele. Uma pequena parte minha se pergunta o que Constance Ferro pensa que eu vi todos
aqueles anos atrás. Os pensamentos pulam em minha mente como uma bola de pingue-
pongue, mas desaparece quando encontro a sua gaveta de meias.
Eu paro de bisbilhotar. O que eu acho quase me quebra em pedaços.
Bryan manteve uma antiga carta de amor que eu lhe dera. Abro-a sem perceber o
que era. Eu reconheci a minha letra e que eu tinha escrito, mas não lembro o conteúdo da
nota até que eu a abro e aí já era tarde demais. Vendo as palavras rabiscadas em toda a
página foi como um soco no estômago. Isso me tirou o ar.
O que você acha do casamento? Eu lhe perguntei.
A conversa que se seguiu brota na minha memória quando formam lágrimas nos
meus olhos. Meu peito dói tanto que fico de lado e aconchego meu rosto em seu travesseiro.

Recuso-me a chorar e cair no sono em seu lugar. Quando alguém aperta meu ombro, eu me
assusto e sento rapidamente, braços estendidos e atinjo meu agressor.
Bryan.
—Então, você ainda gosta de matar pessoas quando acorda? — Ele engasga e
esfrega seu pescoço. —Eu espero que Neil a assuste pra caralho todos os dias. — Ele ri e
senta-se ao meu lado. Como ele pode dizer coisas assim, como se nada estivesse errado.
—Eu sinto muito! Eu não queria.
—Eu sei. Isso é o que faz de você divertida. Sua aleatoriedade. — Ele sorri. —O que
você está fazendo aqui? É este um booty call 1?
Eu ri e dei um soco no braço levemente. —Não, eu só... — Eu olho para ele e vejo
como sua pele se tornou pálida. É como se um vampiro sugador de cor o pegasse e
chupasse os tons quentes do seu corpo. Há uma aparência acinzentada que cobre o seu
corpo da cabeça aos pés. —Você está bem? Você parece um pouco mais, uh, cansado do que
o habitual.
Bryan olha para longe. Ele não responde. Durante algum tempo nenhum de nós
falamos e, em seguida ele diz. Finalmente depois de todo esse tempo ele me diz. —Hallie, eu
estive com os médicos durante toda à tarde. — Ele toca com os dedos a testa e empurra o
cabelo para trás quando exala. —Estou doente. Você já sabe disso, mas eu não disse a
ninguém o que está acontecendo. Minha família é muito idiota para perceber, e eu não
queria falar sobre isso, mas gostaria de falar agora, se você for capaz de escutar. Eu não
queria despejar isso em você, eu juro por Deus, eu prometi a mim mesmo que não faria,
mas agora que está aqui e hoje foi bem... Eu tenho que dizer isso para alguém.
Sua voz soa quebrada. Ele tem esse tom tenso como se estivesse prestes a gritar ou
chorar. Se ele chorar vou morrer por dentro. Eu não posso fazer isso. Eu não sou forte o
suficiente. Eu não sou, mas aceno e digo sim.
Então Bryan me diz tudo, e no momento em que ele termina me sinto como uma
concha vazia. Ele não deixa nada de fora e me diz sobre essas dores de cabeça e as tonturas.
Ele me diz que estava ocorrendo há muito tempo, mas ele ignorou. Ele e Jon costumavam ir
a festas muito pesadas, então ele assumiu que era por isso. Havia sempre alguma desculpa
mas, eventualmente a dor se tornou tão ruim que não havia desculpa lógica mais, então ele
finalmente foi ao seu médico.
Foi assim que ele descobriu sobre o tumor.

1 A convocação tarde da noite - muitas vezes feitas via telefone - para organizar relações sexuais clandestinas.

Bryan dorme ao meu lado naquela noite, e eu permaneço em sua cama envolta em
seus braços. Eu não volto para casa. Eu não ligo para Maggie. Eu só quero estar com Bryan e
nunca deixá-lo ir. Há um tumor crescendo em seu crânio que está causando dor. Isso cria
dores de cabeça ofuscantes, distorções de visão, fraqueza e que acabará por matá-lo. Para
piorar a situação é inoperável. A situação toda é uma daquelas coisas arrepiantes que
acontece a uma em um milhão de pessoas, e não há nada a fazer sobre isso. Se o tumor
estivesse em qualquer outro lugar eles seriam capazes de ajudá-lo.
Bryan explicou como tentaram controlá-lo com medicamentos e retardar o
crescimento, mas hoje ele descobriu que seus esforços foram em vão. O tumor cresceu,
explicando o notável aumento na dor. Se eles operam isso vai matá-lo. Não é em um local
onde a quimioterapia vai ajudar e outras opções são sombrias. Hoje ele descobriu que seus
dias estão contados e ele sabe exatamente quantos dias tem.
Eu vou perdê-lo. Bryan Ferro está morrendo e não há uma maldita coisa que eu
possa fazer para salvá-lo.

 

 

 

                                       

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