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A SUA ESPERA - Parte III
Adoraria se ele voltasse para aquela cama e ficasse ali comigo. Fazendo o que eu estava pensando. Mas eu não queria ter que pedir. Não sabia como faria isso. Eu sabia por que ele queria que fosse eu a pedir, mas, ainda assim... a ideia era embaraçosa demais.
Como pedir a um homem que toque sua vagina?
Agarrando-me àquele pensamento, eu me levantei e abri um sorriso para ele.
– Vou fazer waffles para você. Vista a calça para eu não me distrair.
Mase riu enquanto eu corria para o banheiro e escovava os dentes e penteava o cabelo.
Então fui preparar o café da manhã do meu gato enquanto ele ficava do outro lado do balcão, me observando.
Mase
Se ela se abaixasse mais uma vez e me mostrasse aquela pinta, eu ia perder a cabeça. Eu já tinha comido os waffles e resistido enquanto ela batia a massa sem sutiã sob a camiseta. Aquela já fora uma visão extasiante. Mas agora ela estava limpando a cozinha e ficava se abaixando a todo momento.
Eu havia me oferecido para limpar, mas Reese me empurrara daquele cantinho e disse que seria mais rápida, pois sabia onde tudo ficava. Então agora eu estava sendo premiado com uma vista de sua bunda e daquela pinta. A minha pinta.
Eu adorava aquela manchinha.
Merda, eu estava com tesão. Eu estava me esforçando tanto para ser bonzinho, mas ela me deixava louco. Eu conhecia a sensação de ter aquela bunda nas mãos e aqueles mamilos doces se retesando em minha língua.
Gemendo, dei as costas à visão mais bela que eu já tivera na vida e fui me sentar no sofá.
Afundei ali e tive que ajeitar meu maldito pau. De repente o jeans estava apertado demais e o zíper ia deixar uma marca nele se eu não me controlasse. Precisava pensar em algo que não fosse o corpo de Reese.
Primeiro exterminador de tesão que eu pude imaginar: minha mãe. Ela ia querer saber aonde eu tinha ido. Precisava ligar para ela e explicar. Eu só havia avisado ao meu padrasto. Não tinha me explicado para ela. O que significava que ela ia me fazer um monte de perguntas. Estava pronto para contar a ela sobre Reese. Queria falar sobre ela. Minha mãe provavelmente era a pessoa que gostaria de me ouvir falar dela.
– Você está bem?
A voz de Reese interrompeu meus pensamentos e me virei para vê-la vindo em minha direção. Aquelas pernas longas e... cacete, aqueles peitos estavam balançando. Ela precisava de um sutiã. Eu precisava que ela vestisse um sutiã. A ereção que eu conseguira inibir estava de volta... e com toda força. Caralho.
– Estou bem – afirmei, e ela veio e se sentou ao meu lado, recolhendo as pernas e enroscando-se em mim.
A carne macia pressionou meu corpo e eu comecei a latejar. O cheiro doce de canela chegou ao meu nariz e eu estiquei as pernas na esperança de me dar um pouco mais de espaço naquele jeans.
– Você não parece bem. Você está fazendo caretas – disse ela, esticando a mão e segurando meu rosto. Tão doce.
– Estou tentando ser um bom rapaz, gata. Mas olhando para você fica difícil – admiti.
– Ah – disse ela baixinho, quase num sussurro.
Então seus olhos pousaram no meu colo e ela arquejou. Não havia como esconder o fato de que eu estava duro feito uma pedra. Não lidava com uma situação dessas desde a adolescência. Não tinha ereções assim exceto quando estava na hora certa. No entanto, um olhar para Reese e meu pau ficava em posição de sentido.
– Parece que está apertado aí dentro – disse ela, sussurrando, como se outra pessoa, além de mim, pudesse escutá-la.
– Está mesmo.
Ela arfou novamente e então tocou minha perna. Eu estava quase implorando para que ela me tocasse. Todo o sangue do meu cérebro estava fluindo para baixo.
– Você pode tirá-lo e me deixar... quer dizer, posso tocar nele?
Claro que sim!
Minhas mãos voaram para o zíper e o abriram em tempo recorde, então baixei o jeans o suficiente para que meu pau pudesse saltar, livre. Ela me observava com tanta intensidade que, juro, estava prestes a explodir só com o olhar dela.
As pontas dos dedos dela traçaram o volume rígido sob a cueca, que eu não baixara. Não tinha certeza se ela estava pronta para vê-lo ao vivo.
– Você pode tirá-lo? – perguntou ela, erguendo os olhos para mim e depois voltando-os novamente para o meu colo.
Essa garota estava me perguntando como se eu pudesse dizer não para ela. Meu pau já tinha decidido mais de um mês atrás que só queria se excitar com ela. Ela era dona dele tanto quanto era dona de mim.
Parei e observei o rosto dela para ter certeza de que ela estava pronta para isso antes de tirar a cueca e deixá-la ver o que estava pedindo. Não queria de jeito nenhum vê-la levantando num pulo e ir correndo jogar água no rosto por ter visto meu pau. A ideia de assustá-la assim acabaria comigo.
A mão dela se moveu quase em câmera lenta até que uma ponta de dedo desceu pela cabeça dura e inchada, seguindo pelas veias ao longo do corpo. Eu não estava conseguindo respirar. O oxigênio se recusava a entrar nos meus pulmões.
– Me diga como tocá-lo – pediu ela, correndo um dedo para cima, em direção à cabeça.
Ela queria que eu falasse... agora?
– Feche... – disse, e arquejei em busca de um pouco de ar. – Feche a mão em torno dele, depois deslize para cima e para baixo.
Ela fez exatamente o que eu disse, e estrelas tomaram toda a minha visão. Precisei piscar várias vezes para enxergar alguma coisa. Olhei para sua mãozinha em torno do meu pau, e vi que ele estava vertendo um pouco de fluido. Ela fez uma pausa. Seus olhos se ergueram para mim.
– Você gosta assim? – perguntou, a respiração pesada.
Isso a estava deixando excitada. Cacete, os mamilos dela estavam duros e se projetando sob a camiseta fininha.
– Você nem imagina – respondi, tenso.
Ela apertou a mão ao subir e seus olhos se arregalaram quando o líquido incolor surgiu na ponta.
– Caraaaalho – gemi, e deitei a cabeça para trás no sofá.
Eu estava em alguma forma de nirvana e não queria sair de lá.
– Apertei demais? – perguntou, inocentemente.
– Ahh, gata, não. Está muito bom – garanti, ofegante.
Sua mão manteve a pressão, e ela começou a deslizar para cima e para baixo com mais vigor. Minha boca se abriu e agarrei o braço do sofá.
– Isso foi um gozo ou você vai... gozar mais? – perguntou ela, enquanto o líquido cristalino cobria meu pau sob sua mão.
Ela não se intimidou; em vez disso, passou a usá-lo como lubrificante.
– Se continuar assim, eu vou... explodir.
A safadinha sorriu. Ela estava se divertindo. Caralho, eu não estava aguentando. Eu queria me segurar para aproveitar mais. Não ia assustá-la e gozar na sua mão. Mas fazê-la soltar para que eu terminasse o serviço não era nada convidativo.
Virei a cabeça para olhá-la, e esse foi o erro. Ela mordia o lábio inferior, e, a cada movimento de sua mão, seus peitos balançavam. Pronto.
– Vou gozar – avisei, tirando a mão dela.
– Espere, não – disse ela, me pegando outra vez.
– Gata, eu vou...
A puxada para cima e o cheiro dela me pegaram de uma vez só. Gritei o nome dela quando aconteceu exatamente o que eu tinha avisado. Ela continuou movendo a mão no meu pau e eu continuei gozando feito louco. Desabando de volta no sofá, achei que talvez até tivesse gemido. Não tinha mais certeza. Meu cérebro estava nebuloso e meu corpo zumbia com um prazer tão intenso que eu não sabia se conseguiria caminhar outra vez.
Então a mão dela parou de se mexer, e eu respirei fundo.
– Puta merda, isso foi... incrível – falei, fitando sua mãozinha coberta com meu gozo.
Só de ver isso, meu pau acordou novamente. Caramba, ela estava me transformando num animal. Eu tinha acabado de ter o melhor orgasmo da minha vida na mão dela.
– Deixe-me limpar você – falei, puxando minha cueca e me levantando para tornar a vestir o jeans. – Vou pegar uma toalha.
Mas ela se levantou, sorrindo.
– Vou lavar as mãos – afirmou. E então me fez sentar de novo. – Parece que você está precisando respirar.
Minha garota era uma gaiata. Eu ri, e ela olhou para trás e piscou para mim. Puta que pariu, ela piscou para mim.
Reese
Lavei as mãos na água morna e olhei pelo espelho o sorriso bobo em meu rosto. Eu tinha conseguido. Fizera Mase gemer e gritar e inclusive se agarrar no sofá – como se sua vida dependesse disso – até gozar. Eu. Eu fiz isso. E sem ir nenhuma vez àquele lugar sombrio da minha mente. Eu ficara completamente absorta observando Mase, sabendo que era eu quem estava dando prazer a ele. Entrei num transe maluco com aquilo.
E teve a maneira como ele olhava para mim, em êxtase, como se eu fosse algum presente divino. Ele sempre fazia com que me sentisse especial, mas naquele momento me senti como uma deusa. A deusa dele.
– Você está se sentindo totalmente realizada – disse a voz grave dele, e eu o vi pelo espelho se aproximar de mim por trás.
Ele tinha um sorriso preguiçoso e satisfeito, e fora eu quem colocara aquele sorriso ali. Eu estava satisfeita comigo mesma.
– Estou – admiti.
Ele afastou meu cabelo e deu um beijo em meu pescoço.
– Hummm, isso é fofo e sexy – disse ele num sussurro. – Mas também me dá muito tesão.
Senti minha pele se arrepiar quando ele lambeu meu pescoço.
– Só tenho um probleminha com isso – falou, mordiscando minha orelha.
– É?
A mão dele fez pressão em minha barriga, puxando-me ao encontro do seu corpo.
– É. Tenho. Você me viu gozar na sua mão. Agora eu quero ver você gozar na minha – disse ele, enquanto seus dedos brincavam na cintura do meu short.
Já tínhamos tentado isso antes. E eu entrara em pânico. Não queria estragar a manhã.
– E se eu não estiver pronta? – perguntei, incapaz de negar que o modo como os dedos dele deslizavam para dentro do short me fazia tremer de excitação.
Ele parou para pensar só por um momento e então sua boca começou a deixar um rastro de beijos pelo meu corpo, descendo por meu pescoço e percorrendo o ombro.
– Pensei nisso. Tenho pensado nisso. Preciso manter você comigo enquanto a toco. Quero tentar outra vez, mas não vou parar de falar com você. Vou assegurá-la o tempo todo de que sou eu quem está aqui com você. Podemos tentar?
Meus seios estavam doendo, mas a área entre as minhas pernas estava pegando fogo. Eu queria. Meu corpo queria. E eu amava Mase. E era o que ele queria.
– Está bem – respondi.
– Obrigado – gemeu ele.
Então me pegou no colo e me levou para a cama, deitando-se ao meu lado.
– Seu cheiro é tão bom. Quando estou em casa, me deito à noite na cama e posso sentir vestígios do seu cheiro. Fico excitado. Quero você lá. Comigo – disse ele no meu ouvido, começando a deslizar a mão lentamente para dentro do meu short.
Eu não tinha vestido calcinha, e em breve ele ia descobrir isso.
Quando ele avançou a mão o suficiente para se dar conta, parou.
– Gata, você está sem calcinha – disse numa voz grave.
Virei a cabeça para vê-lo.
Seus olhos tinham a mesma expressão de quando eu o estava acariciando. De tanto que isso o excitava. A umidade entre as minhas pernas aumentou, e fiquei constrangida porque ele descobriria como eu estava excitada.
– Abra as pernas. Por favor, para mim. Deixe-me tocar você. Quero ver você gozar para mim. E sentir sua umidade na minha mão. Pode me dar isso, Reese? Eu quero tanto, tanto.
Engoli em seco, nervosa.
– Já estou molhada – confessei, me sentindo mortificada só de dizer aquilo.
Os olhos dele brilharam com tanta intensidade que meu coração quase parou. Seus dedos deslizaram pelo meu monte de vênus e então penetraram nas dobras abaixo. A sensação que eu experimentara ali por toda a manhã agora latejava e eu precisei me agarrar no braço dele para não cair da cama.
– Ah, meu Deus – gemeu ele, enterrando a cabeça no meu pescoço. – A bocetinha mais doce do mundo está encharcada por mim.
Ele estava feliz com isso. Eu teria soltado um suspiro de alívio, mas seus dedos começaram a se mover e eu só consegui emitir uns ruídos e agarrar o braço dele e os lençóis.
– Sou eu aqui. Minha mão no meio das suas pernas. Meus dedos tocando sua bocetinha. Eu, gata. Eu. Tudo isso é meu. Eu sempre vou cuidar de você. Nada nem ninguém vai machucá-la. – Sua voz era baixa e ele falava no meu ouvido.
Eu estava tremendo e me agarrava nele.
Ele queria me manter ali, junto dele, naquele momento, e estava fazendo um trabalho maravilhoso. Dificilmente minha cabeça conseguiria estar em algum outro lugar.
– Quando você estiver pronta, vou pôr minha boca bem aqui – disse ele, correndo o dedo sobre meu ponto mais sensível. – Vou lamber esse botão até você gritar e cravar as unhas nas minhas costas enquanto goza na minha cara. Você vai adorar. Juro que vai. Você vai segurar minha cabeça ali e implorar para que eu não pare. Porque serei eu.
A sensação crescente dentro de mim estava acelerando, e eu sabia o que era. Eu havia me masturbado antes de acontecerem... aquelas coisas. Em minha cabeça eu criava fantasias com os garotos da escola quando estava na cama, à noite. Mas isso agora era algo mais forte. Parecido, porém maior. E eu queria que acontecesse. Com Mase, eu queria.
– Isso, gata. Me deixe dar prazer a você. Faça isso por mim. Quero ver você gozar para mim. Quero ver minha garota extasiada nos meus braços. Você é tão linda...
Com aquelas palavras, eu me entreguei, gritando o nome dele enquanto meu corpo estremecia e ele me apertava em seus braços. Sua mão permaneceu em mim, me cobrindo e navegando as ondas do êxtase comigo. Eu entoava o nome dele. E o ouvia a distância.
Ele me chamava de gata e dizia que eu era incrível.
Eu não queria voltar. Poderia viver essa viagem para sempre.
Mas por fim ela se dissipou e lentamente eu desci de volta à terra. Os braços de Mase ainda estavam à minha volta, me apertando de encontro a ele, e sua mão continuava no ponto em que me dera prazer. Ele respirava pesadamente, e seus olhos estavam escuros e quentes enquanto ele me olhava de cima.
– Meu Deus, você é deslumbrante – sussurrou ele, enquanto eu piscava e finalmente conseguia focar em seu rosto.
Eu não podia falar ainda. Aquilo não fora nada parecido com o que eu tinha experimentado na cama quando era mais jovem. Meus dedos não conseguiam fazer isso comigo mesma. Será que aquilo era saudável? Era tão bom que tinha que ser perigoso. E eu queria repetir. Imediatamente.
– Não quero tirar a mão daqui. Ela está coberta de você, quero que continue assim – disse ele, movendo a cabeça para dar um beijo no meu nariz. – Foi a coisa mais erótica que eu já vi. Juro por Deus, você me deixou tão enfeitiçado que eu nem consigo enxergar direito. Se você me deixasse, ficaria aqui nesta cama e faria você gozar sem parar.
Eu deixaria. Estava gostando da ideia. Muito.
Mase
Eu poderia morrer feliz. Senti pena dos outros homens, porque eles nunca saberiam como era Reese quando gozava. Eu sabia. Ela era minha. A vontade de bater no peito era enorme. Tive que me segurar. Mas, por Deus, era o que eu queria fazer.
Reese saiu do quarto vestindo short jeans e uma blusa amarelo-clara com um nó na cintura. Ela parecia jovem e pura. Queria levá-la de volta para a cama e começar tudo de novo. Vê-la toda sexy, cavalgando minha mão como se sua vida dependesse daquilo.
Mas ela já havia me dado o suficiente por hoje. Não ia forçá-la outra vez. Não quando tínhamos ido tão bem pela manhã. Falar com ela e mantê-la comigo o tempo todo não apenas tinha funcionado, como também a excitara ainda mais. Quanto mais eu falava, com mais tesão ela ficava.
Era o suficiente por enquanto.
– Quando você tem que ir embora? – perguntou ela, interrompendo os meus pensamentos e me lembrando de que eu teria que deixá-la.
– Queria conversar com você sobre isso – falei, imaginando como pedir que ela se mudasse para a minha casa, que ficava em outro estado, tão distante dali.
Pareceria maluquice, mas, sinceramente, eu não ligava. Ela era a mulher da minha vida.
Suas sobrancelhas se ergueram, e ela inclinou a cabeça, como se esperasse por mim.
– Quero que você se mude para o... Texas... comigo... para... a minha casa.
Isso não fora nada sutil.
A maneira como seu queixo caiu e seus olhos se arregalaram provava que eu tinha feito tudo errado. Merda.
– Co... como? – balbuciou.
Passei as mãos no rosto e reprimi um grunhido de frustração. Ela me fazia dizer besteiras. Eu ficava tão atrapalhado perto dela que não conseguia pensar direito. Falava sem pensar. Eu nunca quis tanto uma coisa quanto que essa mulher estivesse na minha cama, todas as noites, pelo resto da minha vida.
– Você não tem emprego, exceto pelo arranjo com Harlow, e não tem família aqui. Não há razão para ficar. Posso conseguir outro professor para você em Fort Worth. Essa é a única coisa que prende você aqui. Quero você comigo, Reese. Detesto não ter você perto de mim.
Aqueles olhos expressivos a entregaram. Ela gostou da ideia, mas também se assustou. Estávamos juntos havia pouco tempo. Nossa amizade tinha quase dois meses, mas nosso relacionamento era muito recente.
– Você me quer lá... com você – falou, como se estivesse perdida numa confusão.
– Sim – respondi com firmeza.
Ela agarrou uma mecha de cabelos e olhou em torno da sala, cheia de nervosismo. Então começou a andar de um lado para outro.
Esperei. Ela estava pensando, e eu queria que ela pensasse seriamente naquilo. Então queria que ela dissesse sim e fizesse as malas.
– Você não... Há tanta coisa. Preciso de tempo. Nós precisamos de tempo. Estou bem instalada aqui e tenho amigos. Tenho Jimmy. Tenho um lugar meu. Você não... Não podemos simplesmente ir morar juntos assim. Também detesto quando você vai embora, mas... Mase...
Ela parou de andar e pôs as mãos na cintura, como se estivesse carregando o mundo nos ombros.
– Tem tanta coisa que você não sabe. E não estou pronta para contar. Tanta coisa dentro de mim. É tenebroso e... não é um lugar para onde eu queira levar você. Mas preciso de tempo. Nós precisamos de tempo. Assim. Quando você vier aqui, podemos ficar juntos. E temos nossas conversas noturnas e minhas leituras para você. E eu gosto do Dr. Munroe. Ele está me ajudando e me sinto bem com ele. Não posso simplesmente ir porque quero estar perto de você.
Argumentar com ela era minha reação automática. Eu era bom em convencer as pessoas. Poderia apresentar uma razão que lhe mostrasse que tudo aquilo não importava.
O que me deteve foi seu olhar suplicante. Ela não queria que eu argumentasse. Ela queria que eu deixasse o assunto de lado.
Eu deixaria. Por ela. Por enquanto.
– Está bem. Mas saiba que, quando você estiver pronta, eu também estarei – garanti, por fim.
Ela soltou um suspiro profundo, então sorriu debilmente para mim.
– Obrigada por me querer.
Palavras que eu levaria comigo para o Texas, que eu guardaria no peito e me machucariam toda vez que eu as tocasse.
Minha garota não deveria jamais ter que agradecer alguém por desejá-la. Em algum lugar de sua mente, ela acreditava que não era digna. Isso era o que mais me doía.
Parado na porta do apartamento, depois de levá-la para almoçar e beijá-la por mais de uma hora, eu sabia que tinha que deixá-la. Outra vez. Meu mundo lá no Texas estava chamando. Eu tinha que ir cuidar do rancho e da vida que eu construíra para mim.
Abracei-a apertado mais uma vez e sussurrei em seu ouvido:
– Cuide-se bem. E sinta saudades enquanto eu estiver longe.
Reese
Peguei a colher que Jimmy me estendeu e mergulhei fundo no sorvete de caramelo. Precisava de comida antidepressiva. Estava arrasada desde que Mase fora embora naquela manhã. Eu poderia ter ido com ele. Ele me convidara.
Se tivesse dito sim, eu o perderia muito mais cedo. Ele não estava comigo tempo suficiente para me conhecer de verdade. Ele só tivera pequenas doses de mim. Como seria quando as lembranças vazassem e eu me enfiasse embaixo da ducha quente gritando e me esfregando? Ele não tinha visto isso. Pensaria que eu era louca. Porque eu tinha certeza de que era.
De vez em quando, o passado irrompia e, quando acontecia, eu ficava meio maluca.
Não contei nada disso para ele. Ele conhecia o que estava na superfície, e mesmo assim nem tudo. Sabia apenas o suficiente. Meu passado me marcara.
Esse passado havia destruído a minha habilidade de ter intimidade com qualquer pessoa.
Exceto com Mase. Eu o estava deixando entrar. O dia de hoje era a prova disso.
– Quer falar sobre esse assunto? Ou só comer? – perguntou Jimmy, com um olhar preocupado.
– Não quero falar nada agora, só comer essa delícia – respondi, e enchi a boca de sorvete.
– O homem veio do Texas numa noite de terça-feira para pegar seu dinheiro de volta com a bruxa malvada, devolvê-lo e ter certeza de que você estava bem antes de voltar para o trabalho no dia seguinte. Eu acho que você deveria ser só sorrisos. E não estar aí pê da vida e decidida a comer meio quilo de sorvete.
Eu não ia contar para Jimmy. Se contasse, teria que revelar mais, e eu não ia deixar meu passado entrar. Não nesta noite.
– É que detesto quando ele vai embora. Só isso. – Foi o que eu disse.
– Aham, garota, você e o resto do mundo. Ele é um colírio para os olhos – concordou Jimmy.
Aquilo arrancou de mim uma risada que morreu quase instantaneamente. As garotas em Fort Worth não tinham que vê-lo partir. Ele estava lá. Com elas. Elas podiam vê-lo e falar com ele. Ele não precisava atravessar fronteiras estaduais de avião para resolver os problemas delas.
– Para onde quer que sua cabeça tenha voado, traga-a de volta, por favor – disse Jimmy, apontando sua colher para mim. – O homem veio do Texas até aqui por sua causa ontem à noite. Ele não está fazendo mais nada com ninguém. Caramba, duvido que ele sequer sorria no Texas. Ele está sorrindo demais para você. Ele precisa descansar aquela boca sexy um pouco.
Dei uma risada. Alta.
Jimmy se recostou e deu um sorrisinho maroto. Estava satisfeito consigo mesmo.
O som do meu telefone tocando o fez se levantar e se despedir.
– Olha aí seu gato texano ligando. Falo com você amanhã.
Olhei para o telefone, esperando ver as botas de caubói, mas era um número desconhecido. Não contei para Jimmy.
– Tchau, Jimmy. E obrigada – gritei.
Ele me mandou um beijo e fechou a porta ao sair.
Esperei um momento até ele estar mais longe da porta antes de atender.
– Alô?
– Você acha que ele é seu, mas não é. Ele estava transando comigo antes de você e vai voltar a transar depois de você.
Fiquei segurando o telefone por muito tempo depois de a mulher ter desligado.
Uma hora depois, Mase ligou para me dizer que tinha chegado bem, mas que estava exausto. Ele me telefonaria amanhã.
Na manhã seguinte, me recusei a pensar naquela estranha ligação. Poderia ter sido um engano. Ela não mencionou o nome de Mase. Tirei aquilo da cabeça e finalmente liguei para Blaire Finlay para marcar um encontro com ela na semana seguinte e combinar a faxina. Então fui ao mercado e paguei minhas contas daquela semana.
Voltei para o apartamento e o limpei de cima a baixo. Na hora da consulta com o Dr. Munroe, já estava melhor. Tinha conseguido me controlar e sabia que, quando ligasse para Mase naquela noite, tudo estaria certo.
Eu só estava com saudades dele.
Isso era tudo.
Mase
Tirei a roupa e fiquei deitado na cama escutando Reese ler para mim seu novo livro. Ela parecia desligada naquela noite, ou nervosa. Eu não sabia exatamente o que era. Tive que ajudá-la algumas vezes. Assim que ela chegasse ao fim do capítulo dois, eu ia deixá-la parar. O livro era mais difícil, e ela parecia cansada.
– Quer que eu continue? – perguntou ela.
– Está bem assim. Você está se saindo muito melhor, gata. Estou orgulhoso.
E estava. Seu nível de leitura já era o do quarto ano. O Dr. Munroe atribuía o fato ao grande esforço dela para aprender na escola – tanto é que havia aprendido. Ela só não foi treinada para lidar com sua dificuldade. Agora que estava trabalhando isso, recuperava terreno rapidamente e utilizava o aprendizado do passado.
– Minha redação ainda não é boa, mas escrevi uma carta hoje. Não era uma carta de verdade. Como exercício, eu deveria escrever uma carta para alguém, agradecendo um presente. Só errei duas palavras. O Dr. Munroe ficou satisfeito.
O orgulho em sua voz fez meu peito se inflar. Adorava saber que ela sentia orgulho de suas realizações. Tinha que sentir mesmo.
– Estou esperando você me escrever uma carta – disse a ela.
Poderia guardá-la no bolso durante o dia e tirar quando precisasse de um pouco de Reese no meu dia.
Ela riu baixinho.
– Não estou pronta ainda. Espere eu melhorar um pouco. Não quero que o Dr. Munroe corrija uma carta que eu tenha escrito para você. Então ela terá que seguir para você sem revisão.
Nada que ela me desse seria menos que perfeito. Porque seria dela. Escrito por ela. Se misturasse todas as letras e palavras, então era assim que deveria ser. Porque ela teria escrito aquilo para mim.
– Não se preocupe com quantos erros estarão na carta, Reese. Seria uma carta sua. Isso é tudo que importa para mim.
Ela deixou escapar um leve suspiro.
– Você diz as coisas mais doces do mundo.
Eu poderia dizer coisas ainda mais doces se ela me deixasse. Estava tentado a fazer isso. Eu ainda podia sentir seu cheiro em minha mão. Eu havia levado aqueles dedos ao nariz e inalado o dia todo.
– O que você está vestindo, Reese? – perguntei.
– A sua camiseta, exatamente como combinamos.
Pude perceber o tom divertido em sua voz.
– Deite-se na cama para mim.
Eu a estava testando. Pararia se ela hesitasse.
– Está bem – respondeu ela. – Estou na cama.
Porra. Sim. Ela estava entrando na brincadeira.
– Você está deitada de costas?
Eu a queria deitada de costas, com as pernas abertas para mim.
– Sim. – Sua resposta foi rápida e ansiosa. Ela sabia o que eu queria.
– Você vai abrir essas pernas lindas para mim, gata?
Esperei, sem saber se ela iria assim tão longe.
Depois de apenas uns poucos segundos, ela respondeu:
– Sim.
Tirei meu pau, que já começava a ficar duro na cueca, e o envolvi com a mão. A imagem de Reese deitada de costas na cama dela com minha camiseta e as pernas abertas para mim era o bastante para me fazer voltar para aquele maldito avião.
– Você sabe o que eu quero que você faça, não sabe?
– Sei – murmurou ela.
– Você pode fazer isso? Posso ouvir você se dando prazer?
Ela estava respirando pesadamente.
– Você também?
– Eu também o quê, gata?
– Você vai fazer isso também?
Sorrindo, acariciei a extensão do meu pau.
– Já estou fazendo. O fato de você estar na cama, com as pernas abertas e vestindo minha camiseta já me deixou com tanto tesão que chega a doer.
– Ahhh – disse ela, soltando um gemido.
Caralho... ela estava... se masturbando.
– Onde estão seus dedos?
– Na minha... lá embaixo.
Ah. Fechei os olhos e deixei a voz dela e a imagem do que estava fazendo dominar meus pensamentos.
– Está molhadinha por mim?
– Siiiiim – disse ela, com a respiração entrecortada.
– Brinca gostoso com ela para mim. Dê prazer a essa doce bocetinha. Não estou aí para cuidar dela. Preciso que você faça e me deixe ouvir. Quero ouvir aqueles sons que você faz.
– Ahhhhh! – gritou.
Ela estava adorando.
– Esfregue forte esse botão duro e inchado. Quero beijá-lo. Muito... Lamber todos os pontos sensíveis e então sugar esse botão quente até você puxar meu cabelo e gritar meu nome.
– Ahhhh, meu Deus – gemeu.
– Isso. Pense na minha cabeça entre as suas pernas. Bem abertas para mim. Eu posso lamber essa doçura toda. Só eu. Com você. Só nós, gata. Suas mãos agarrando meu cabelo e as minhas... as minhas mãos nas suas coxas macias, mantendo você aberta. Respirando você.
– Mase! Ah... aaaaah!
O gozo dela desencadeou o meu. Fiquei ouvindo enquanto ela gemia em sua viagem e desejei profundamente estar lá para ver aquilo.
Reese
Na semana seguinte, não me limitei a ler para Mase à noite. Terminávamos nossas noites fazendo outras coisas...
Sorrindo ao pensar no meu segredo, passei mais tempo escovando o cabelo. Eu tinha limpado a casa de Harlow duas vezes e encontrado Blaire Finlay. Ela ia precisar de alguém três dias por semana. Eu precisava conversar com Harlow sobre trabalhar na casa dela dois dias e três na de Blaire, para assim atender as necessidades das duas. A faxineira atual de Blaire ainda não tinha se aposentado, então havia tempo para acertar isso. Ela ficaria mais duas semanas.
Jimmy descobrira no início da semana que hoje era meu aniversário. E decidira que ia sair comigo. Eu tinha comemorado essa data sozinha a maior parte da minha vida. Lembrei-me de que, aos sete anos, ganhei um bolo. Minha mãe o fizera e convidara as crianças da vizinhança. Eu havia pensado que ela tinha feito aquilo para mim e, por pouco tempo, me sentira muito especial.
Então, mais tarde naquele dia, eu a encontrara no banheiro de joelhos diante de um pai que levara os filhos à festa. Ele dizia coisas que eu fazia questão de não lembrar enquanto ela se agarrava às coxas dele e chupava seu pau. O homem morava do outro lado da rua com a mulher e dois filhos.
Naquele momento eu percebera não só que havia algo errado no que minha mãe estava fazendo, como também que ela tinha dado a festa apenas para se aproximar daquele homem. Não por minha causa. Aquele foi meu primeiro e último bolo de aniversário.
Hoje eu ia construir novas memórias. Jimmy queria que fôssemos dançar e comer bolo. Então era o que iríamos fazer. Eu celebraria meus 23 anos com alguém que se importava comigo.
Dando um passo para trás e olhando no espelho, achei que estava bonita. O vestido que eu usava era laranja-claro e me lembrava do pôr do sol. Era um tomara que caia marcado na cintura por um cinto marrom trançado que ía até a metade da coxa. Coloquei as botas de caubói que tinha comprado para agradar Mase. Ele não as tinha visto ainda, mas usei um pouco do dinheiro da minha poupança para comprá-las. Estavam em promoção pela metade do preço.
A batida na porta foi seguida de um:
– Abra, aniversariante!
Sorri e fui abrir para Jimmy.
Ele assoviou e girou o dedo no ar para que eu desse uma voltinha para ele ver.
– Vou ter de bancar o hétero para manter os homens longe de você. Caramba, mulher, você está um arraso.
Rindo, peguei uma bolsinha que havia comprado no ano passado numa liquidação, mas ainda não tinha tido a chance de usar. Era dourada, mas simples, com uma alça de mão.
– Vamos dançar – falei quando ele pegou a minha mão e a pôs em seu braço.
– Eu sou bom nisso, garota. Espere só para ver.
Eu não tinha dúvida.
Seguimos para a cidade, a direção oposta da que eu esperava, pois eu sabia que não havia nenhum lugar para dançar em Rosemary Beach. Franzindo a testa, olhei para Jimmy, que cantava “Born in the USA” batucando no volante.
– Onde vamos dançar? – perguntei.
– Ah, num lugar chamado FloraBama – respondeu ele, me dirigindo um sorriso grande demais.
Algo não estava fazendo sentido.
– Mas não estamos saindo da cidade – observei.
Ele confirmou com a cabeça.
– Sim. Antes, preciso entregar um negócio no clube.
Bem, isso fazia sentido. Me recostei e observei a cidadezinha passar por nós até virarmos na entrada dos fundos do clube, onde os empregados estacionavam. Jimmy seguiu até um caminho coberto de conchas que parecia levar ao mar.
Ele ia entregar alguma coisa na praia?
– Aqui estamos – disse ele, sorrindo ao abrir a porta para mim.
Tínhamos ido de carro até onde dava.
– Siga por essa passarela de madeira na direção daquela luz adiante – recomendou Jimmy, apontando o que dali parecia ser o topo de uma pequena tenda, encoberta pelas palmeiras no caminho.
– Você precisa que eu entregue algo lá? – perguntei, tentando entender o que ele queria de mim.
– Isso. Só você pode entregar. Feliz aniversário, Reese. Você está maravilhosa. Agora siga esse caminho – falou ele, com uma piscadela, então subiu de novo no carro e partiu.
Fiquei ali olhando do caminho para o ponto onde Jimmy tinha sumido.
Foi então que a ficha começou a cair. Jimmy havia me entregado ali. A mim. Virei-me e segui o caminho de madeira. Na metade, não aguentei mais e comecei a correr. Já sabia quem estaria no fim. Já sabia para quem ele tinha vindo me entregar. E eu queria chegar lá.
Assim que deixei para trás o caminho das palmeiras, eu o vi.
Estava usando uma camisa branca de botões, com mangas arregaçadas e bermuda cáqui. Estava de pé, dentro de uma tenda branca, iluminada com velas, ao lado de um bolo de aniversário de três andares. Era de um rosa-claro bonito e cintilava sob a luz suave. Balões prateados completavam o ambiente.
– Feliz aniversário, Reese – disse Mase, sorrindo.
Soltei uma risada surpresa e então caí no choro ao correr para ele.
Ele me encontrou na metade do caminho, me pegou nos braços e afundou o rosto no meu pescoço.
– Surpresa.
Inclinei-me para trás e o beijei com força. Não sabia de que outra forma expressar a emoção que se concentrava dentro de mim. Era tão avassaladora que eu tinha a sensação de que poderia me consumir de tanta felicidade. Ele havia feito tudo aquilo para mim. Bolo e balões. E, mais importante, ele.
– Como você sabia que era meu aniversário? – perguntei, embora a resposta fosse óbvia: Jimmy.
Eu havia pensado em comentar, mas tive receio de que Mase pensasse que eu estava pedindo para ele voltar. Não queria isso, então não toquei no assunto.
– Era você quem deveria ter me contado, não Jimmy. Não quero nunca perder o seu aniversário. Jamais.
Enxuguei as lágrimas e sorri para esse homem maravilhoso que, por alguma razão, queria estar comigo.
– Você e as suas palavras – falei, beijando-o outra vez.
Suas mãos grandes e fortes enlaçaram minha cintura e me mantiveram ali, enquanto nos alimentávamos um do outro. Ter ele comigo era o melhor presente de aniversário do mundo. Mesmo sem bolo e balões. Ele era perfeito.
– Venha, você tem que apagar as velinhas, e então vou servir o bolo para você – murmurou ele, entre beijos.
– É um bolo grande demais só para nós dois – disse a ele, nem mesmo tentando fingir que não havia adorado que ele tivesse me dado um bolo tão imenso.
Ele riu.
– Comeremos o que pudermos, você pode levar um pouco para casa e depois mandamos o restante para os amigos.
Gostei da ideia.
– Talvez eu coma muito – comentei, olhando o glacê cremoso e já lambendo os lábios.
Teria que caminhar por dias sem parar para queimar todas aquelas calorias.
Mase piscou para mim.
– Ótimo. Gosto da ideia dessa bunda gostosa aumentando e rebolando um pouco mais.
Eu realmente estava precisando me abanar.
Ele colocou uma velinha no andar mais alto do bolo e então deu de ombros.
– Eu ia trazer 23 velas, mas Harlow comentou que aqui ventava muito. Não conseguiria mantê-las todas acesas. Então trouxe uma só.
Ele riscou um fósforo e protegeu a chama com a mão.
– Faça um pedido, gata.
Não podia imaginar nada que eu já não possuísse agora... exceto uma coisa. Mas eu sabia que desejos não mudam o passado. Não podiam mudar o que já tinha acontecido. Então mentalizei um pequeno agradecimento pelo que recebi e soprei a vela.
Mase começou a cortar uma fatia muito grande de bolo, pegou um garfo e olhou para mim.
– Venha se sentar comigo.
Ele apontou para a espreguiçadeira branca que dava para o golfo.
Sentou-se e abriu os braços para que eu afundasse neles. Quando cheguei perto, me senti envolvida.
– Esta fatia é grande demais – falei, olhando o recheio vermelho.
– Vamos dividir – disse ele. – Abra a boca.
Fiz o que Mase disse e ele levou o pedaço até minha boca. O glacê e o recheio de framboesa eram deliciosos.
– Hummm – murmurei, em tom de aprovação.
– Gosto de ver você comer. E de alimentar você – disse Mase, dando mais uma garfada no bolo.
Ele fez menção de levar o garfo à minha boca, mas fiz que não com a cabeça.
– Sua vez – falei.
– Ver sua língua se projetar para lamber os lábios e ouvir você gemer é muito melhor que comer o bolo – disse ele, esfregando um pouco glacê nos meus lábios.
Abri a boca, tentando não rir enquanto ele me dava outro pedaço.
– Isso, lá vem a língua – disse ele, parecendo fascinado em me ver comendo o bolo.
Terminei de mastigar, engoli e então sacudi a cabeça de novo.
– Preciso de uma pausa entre as garfadas – disse, rindo, enquanto ele levava mais um pedaço até minha boca.
– Gostei das botas – disse ele, sem discutir comigo. – Quero ver você com elas e mais nada.
Minha compra tinha valido a pena.
– Por favor, coma mais para mim. É tão sexy – implorou ele, passando o nariz no meu pescoço.
Rindo, virei-me para fitá-lo.
– Como posso ser sexy comendo?
Mase sorriu, passou a mão por minhas costas e depois apertou minha bunda.
– Por muitas razões.
– Agora é a sua vez – anunciei, pegando o garfo e levando-o à boca dele.
Obediente, ele comeu, e eu beijei o glacê nos lábios dele.
– Agora estou vendo a vantagem em comer também – disse ele, quando afastei a cabeça.
Sorrindo, recostei-me em seu peito e desfrutei a vista das ondas quebrando na minha frente. Minhas pernas se enroscaram às dele, e ele continuou me dando bolo. Eu deixei.
Porque eu amava esse homem.
Mase
Reese recusou mais um pedaço de bolo, e finalmente eu o deixei de lado. Tinha que admitir que só de olhar para ela aproveitando um bolo de aniversário que eu escolhera e dera para ela, eu já ficava satisfeito.
Mudei de posição para que ela pudesse se acomodar entre as minhas pernas. Então a puxei para mim antes de lhe dar o primeiro presente.
– Feliz aniversário – falei, pegando a maior caixa ao meu lado.
Ela arfou ao pegar a caixa. E olhou para mim antes de se voltar para o presente outra vez.
– Você me trouxe um presente?! – exclamou, encantada. – Quer dizer, pensei que você já era o meu presente, mas isso...
Sorrindo, beijei sua têmpora.
– Não, esta é a sua festa de aniversário e eu sou seu único convidado, porque sou egoísta e queria você todinha para mim. E este é seu primeiro presente.
– Primeiro?
Assenti. Então ela me surpreendeu. Rasgou ansiosamente o papel, como uma criança empolgada. Vê-la abrindo aquele presente foi mais legal do que lhe dar o bolo, e olha que aquilo já tinha sido o máximo.
Quando levantou a tampa da caixa, ela pegou a bolsa azul-bebê Michael Kors que eu pedira a Blaire para escolher.
– Dentro tem uma carteira que faz par com ela.
Ela tocou a bolsa com reverência, como se fosse feita de ouro em vez de couro.
– Isso é caro, não é?
Não tanto. Podia ter sido pior. Mas eu dissera a Blaire que fosse prática. Reese precisava de uma bolsa para o dia a dia, não algo que a deixasse nervosa demais para usar.
– É uma bela bolsa para você usar no lugar da mochila – expliquei.
Ela riu e colocou tudo de volta na caixa, virou-se para mim e me beijou levemente nos lábios.
– Obrigada. É o presente mais bonito que eu já ganhei.
Mas eu não havia terminado. Então me estiquei e peguei o próximo presente.
– Tem mais? Pensei que você estivesse brincando.
– Veja você mesma.
De novo, ela rasgou o pacote como se fosse uma criança, e eu desejei ter gravado aquilo para assistir várias vezes.
Ela abriu a caixa e encontrou três pijamas de seda franceses. Pegou um dos shorts, examinou-o e então o levou ao rosto. Devolvendo-o à caixa, pegou a camisola. Escolheu a peça rosa-clara com acabamento de renda branca.
– São tão macios – disse ela, extasiada.
Tinham que ser. Eram os melhores.
– Gosto da ideia de você com a minha camiseta. Mas também sei que você gosta do seu short e da camiseta porque são macios. Então pensei em outras coisas macias para você usar quando for dormir. Porque, quando estiver comigo, você não vai precisar da minha camiseta para abraçá-la.
Ela guardou a peça no pacote sofisticado e soltou um suspiro feliz.
– Eles vão me deixar mal-acostumada em matéria de pijamas pelo resto da vida.
Por mim tudo bem. Eu a manteria vestida com seda francesa se ela quisesse, pelo tempo que quisesse.
Mais uma vez ela me beijou e sussurrou um obrigada junto aos meus lábios.
Então peguei a terceira caixa. A menor de todas. Era mais um presente para mim do que para ela.
– O último – anunciei, entregando-lhe a caixinha retangular.
Essa ela abriu com mais cuidado, como se tivesse medo de perder o que estava ali dentro.
O conteúdo era uma única chave, aninhada em veludo.
– É a chave da minha casa. Quando estiver pronta, pode se mudar.
Ela a pegou e ficou segurando por algum tempo sem dizer nada. Finalmente, levantou os olhos para me encarar.
– Um dia, quando souber tudo de mim, você pode me dar isso de novo. Mas, neste momento, você não sabe tudo. Não posso ficar com isso.
Ela pensava que seu passado sombrio mudaria o que eu sentia. Nada do que ela pudesse me dizer mudaria aquilo. Eu a amava.
Mas eu não usaria aquelas palavras para convencê-la. Reese teria que decidir isso no tempo dela. Eu não ia pressioná-la. Eu a queria na minha cama, na minha casa. Queria que fosse a nossa casa. Mas não antes de ela estar pronta. Não antes que ela quisesse.
Que quisesse que fosse para sempre.
Reese
Ele agia como se o fato de eu recusar a chave não fosse grande coisa. Mas não era o que eu sentia. Meu peito não havia parado de doer desde que eu a devolvera. Mase, porém, não voltou a tocar no assunto nem pareceu aborrecido.
Ele me pegara pela mão e caminhamos pela praia. Ele havia me convencido a comer mais um pouco do bolo, e então tínhamos nos aninhado na espreguiçadeira, olhando o luar refletido no mar.
A única coisa errada foi ele não ter me beijado outra vez. Ele não me olhou mais com aqueles olhos misteriosos e cheios de desejo. Era como se ele me mantivesse a distância, mesmo estando ali, ao meu lado. Antes, ele estava sedutor e brincalhão.
Depois da chave, tudo mudou. Ele mudou.
Quando voltamos para casa, ele disse para eu usar o banheiro primeiro. Ele se prepararia para dormir depois de mim. Não se mostrara dominado pelo desejo nem me tomara em seus braços assim que chegamos à privacidade do meu apartamento. Ele havia sido gentil e educado, mas só isso. Nada mais.
Vesti um dos novos pijamas que ele havia me dado. Era branco com debrum prata. Também achei que fosse o mais sexy. Naquele momento, queria ver a fagulha nos olhos dele e saber que não o havia perdido por não ter aceitado a chave.
Por que eu não aceitei? Pegar a chave não significava que ia usá-la. Ele não me deu pensando que eu ia me mudar no momento seguinte. Ele tinha dito isso. Aquele fora seu jeito de me mostrar que a oferta continuava de pé para quando eu estivesse pronta.
Eu precisava conversar com ele.
Eu havia agido mal.
Abri a porta do banheiro e me encaminhei para o quarto.
– Não, Cordelia. Não estou aí. Estou fora da cidade. Voltarei no domingo, provavelmente. Talvez antes. Não sei ainda.
Fiquei parada diante da porta. Quem era Cordelia? Meu estômago deu um nó e meu coração se apertou ao ouvi-lo dizer que poderia voltar para casa antes. Eu tinha mesmo estragado tudo.
– Não é minha culpa se você a deixou. E, não, você não pode entrar na minha casa sem mim lá. Eu a deixei trancada... Cord, pare com isso. Pare de fazer esse jogo comigo. Não seja assim.
Ele estava aborrecido. E a chamara de Cord.
– Como já disse, estarei em casa no domingo.
Ele desligou e enfiou o telefone no bolso com um suspiro.
Afastei-me da porta e respirei fundo várias vezes para me acalmar. Aquilo não significava nada. Cordelia podia ser alguém que trabalhava com ele ou uma parente. Ou só uma amiga.
– Quem era? – perguntei ao abrir a porta.
Eu não queria ter perguntado, mas precisava saber.
Mase voltou seu olhar do chão para mim. E seus olhos me devoraram ao examinar meu pijama novo. Quando finalmente chegaram ao meu rosto, seus olhos estavam iluminados pelo calor do qual eu sentira falta antes.
– Eu gosto muuuito de seda francesa – disse ele, vindo até mim.
Quase chorei de alívio.
Sua mão pousou em meu quadril e então deslizou para cobrir minha bunda.
– Você não gosta de dormir de calcinha, não é, gata?
– Não.
Vi seus olhos ficarem escuros e ardentes.
– Seda cobrindo essa bundinha é mais do que qualquer homem pode suportar. Quero beijar minha pinta. E vê-la escapar por baixo da renda. – Ele me fez dar uma voltinha. – Bote as mãos no encosto do sofá e mostre essa bundinha linda para mim, só um pouquinho. Por favor, Reese. – Ele sussurrou meu nome tão perto da minha orelha que sua respiração fez cócegas na minha pele.
Fiz exatamente o que ele pediu, e seu grunhido de prazer fez com que valesse a pena.
Suas mãos escorregaram pelas minhas coxas quando ele ficou de joelhos atrás de mim. Seus lábios macios e a barba áspera crescendo roçaram a parte posterior de minhas coxas. Ele deixou uma trilha de beijos em cada uma até chegar à pinta que eu nunca tinha visto, mas que ele parecia amar.
O som de prazer em sua garganta ao beijar aquele ponto fez meus joelhos fraquejarem. Agarrei-me no sofá enquanto sua língua lambia o ponto embaixo da minha bunda.
– Ah, Deus.
Inclinei-me para me segurar melhor, caso contrário ia acabar no chão.
– Posso sentir seu cheiro. Quero abrir essas pernas e beijar você lá. Só eu, Reese. Somos só eu e você, gata. – Sua voz estava tensa, e eu sabia que ele estava me dando a escolha.
Era por isso que eu confiava tanto nele. Mase sempre tomava cuidado para não ir longe demais nem me levar a fazer algo para que eu não estivesse pronta.
– Está bem. – Foi a única coisa que consegui dizer na hora.
Estava esperando que ele abrisse minhas pernas ali onde eu estava, mas Mase se levantou e me tomou em seus braços. Meu arquejo de surpresa o fez sorrir enquanto ele me levava para o quarto.
– Minha garota merece uma cama – disse ele suavemente, e me colocou com delicadeza na cama desfeita. – Continue olhando para mim. O tempo todo quero esses olhos aqui – instruiu ele, apontando para os próprios olhos.
Concordei com a cabeça.
Ele acariciou minhas panturrilhas com cuidado extra.
Eu estava tendo dificuldade para respirar, e ele só estava brincando com minhas pernas. O que aconteceria quando ele realmente colocasse sua cabeça lá?
Eu já havia gozado ouvindo-o dizer ao telefone que queria fazer isso. Mas a realidade era aterrorizante. Agarrei os lençóis e observei a mão de Mase passar por meus joelhos, persuadindo minhas pernas a se abrirem e dando atenção especial às minhas coxas.
– Olhe para mim, Reese.
O tom de voz era rouco e profundo. Aquilo o excitava.
Voltei meu olhar para ele, que piscou para mim.
– Assim está melhor. Quero esses olhos azuis lindos nos meus. Quando eu beijar você, não os feche, está bem? Mantenha-os em mim, ok?
– Sim – concordei, ofegante.
Os cantos dos lábios dele se levantaram quando ele baixou a cabeça, mantendo o olhar fixo no meu.
– Abra bem para mim – sussurrou, beijando meu joelho.
Abrir mais. Ah, meu Deus.
Comecei a fechar os olhos, e uma mordiscada dele na parte interna da minha coxa fez meus olhos se abrirem num átimo.
Ele estava sorrindo para mim.
– Olhos em mim – repetiu. – Se fechá-los outra vez, vou virar você e morder sua bunda. Uma coisa que estou com muita vontade de fazer. Então não me tente.
Ele ia me morder se eu fechasse os olhos? Ah, meu Deus.
Mase deixou outra trilha de beijos na parte interna das minhas coxas. Suas pálpebras baixaram até ele ficar com aquele olhar misterioso e sexy que me fazia estremecer. Eu estava emitindo ruídos que nem eu mesma reconhecia. Mas ver a cabeça de Mase baixar estava despertando uma profusão de sensações no meu corpo.
Ele gemeu quando sua boca alcançou o destino, e seus olhos faiscaram com uma expressão faminta um segundo antes de eu sentir sua língua roçar exatamente onde mais latejava.
Quando ele fechou os lábios em torno daquele ponto e sugou, empinei os quadris, incapaz de me controlar, e gritei seu nome.
– Os olhos, Reese. Me mostre seus olhos agora, gata.
– Não posso... não pare... – implorei.
A língua dele me tocou de novo, e então contornou meu clitóris.
– Eu não quero parar. Vou chupar para sempre se você quiser, mas preciso que olhe para mim. Me observe. Veja quem está lhe dando prazer. Fique aqui comigo.
Fiz esforço para manter os olhos abertos, e seu olhar imediatamente se fixou no meu. Eu amava os olhos dele.
– Ah, esses olhos lindos com que eu sonho... – murmurou ele e então continuou a usar a língua para me dar uma forma de prazer que eu nunca havia imaginado que existisse.
A cada toque de sua língua, eu sentia a pressão crescer dentro de mim. A explosão estava a caminho. Minhas pernas tremiam e minha visão começou a nublar. O nome de Mase saía da minha boca repetidamente; eu não conseguia parar.
– Isso – encorajou-me.
Seu sussurro sexy só intensificou o que eu sentia, quando o calor da sua respiração tocou o lugar em que sua língua estivera.
– Goze. Goze para mim. Dê isso para mim. Goze na minha cara.
Com essas palavras, eu desmoronei.
Mase
Eu tinha certeza de que nada jamais seria tão belo assim na minha vida.
Erguendo a cabeça, beijei a parte interna da coxa dela. Antes que Reese voltasse totalmente da sua viagem, eu me deitei ao lado dela para poder puxá-la para mim e abraçá-la. Ela não me deixara nem um momento sequer. Seus olhos estiveram cheios de desejo. Nem uma só vez eu vira medo neles, e eu tinha observado atentamente. Quando pedi que me deixasse fazer sexo oral nela, sabia que estava pedindo muito. Pararia no momento em que ela entrasse em pânico.
Mas ela continuara comigo. Nenhuma sombra do passado veio para tirar aquilo de nós. Quando ela gritou meu nome e estremeceu embaixo de mim, eu me senti o dono do mundo.
Seus olhos tremularam sobre as maçãs do rosto quando ela tornou a abri-los. Eu não tinha insistido para que ela os mantivesse abertos quando o orgasmo chegou. Ela se perdera no próprio prazer naquela hora, e era lá que eu a queria. Curti como as ondas de êxtase percorreram o corpo dela e a levaram de mim por um momento.
Abraçando-a com força, beijei suas pálpebras. Ela emitiu um ruído suave que me lembrou um gatinho. Era quase um ronronar.
– O que você fez comigo, Reese Ellis?
Ela inclinou a cabeça para trás e olhou para mim.
– Acho que era você que estava fazendo alguma coisa comigo – respondeu ela, com um sorriso tímido, mas satisfeito, nos lábios.
Rindo, mergulhei o rosto no cabelo dela e inspirei.
– Meu Deus, gata, você não faz ideia. Estou tão alucinado por você... E nem me importo.
Reese se virou para mim e passou a mão na minha cabeça, enfiando os dedos no cordão de couro que eu usava para prender o cabelo. Com um puxão, ela soltou meu cabelo e então enrolou os cachos nos dedos, ainda sorrindo como se tivesse descoberto o segredo da felicidade.
– Adoro seu cabelo – sussurrou ela.
– Da próxima vez que eu beijar essa bocetinha doce, quero suas mãos no meu cabelo – falei, fechando os olhos enquanto ela massageava meu couro cabeludo.
– Tenho medo de me deixar levar e puxá-lo.
– Seria muuuuito excitante se você fizesse isso.
Uma risadinha leve de Reese me fez sorrir.
Ficamos aninhados em silêncio por um bom tempo. Suas mãos continuaram em meu cabelo, brincando com os cachos e massageando minha cabeça. Eu nunca havia me sentido tão contente.
– Obrigada por esta noite. Só me lembro de ter tido bolo de aniversário e festa uma vez na vida. E foi um dia que eu gostaria de esquecer. Mas você acabou de me dar uma festa de aniversário de conto de fadas. Estou me sentindo especial.
Aquela confissão fez com que uma dor dilacerante atravessasse meu corpo. Merda. Eu odiava saber quanto essa linda mulher havia sido abusada e negligenciada. Ela merecia uma vida de conto de fadas, mas em vez disso vivera em um inferno. Eu passaria o resto da nossa vida garantindo que ela tivesse festas de aniversário dignas de uma rainha. Quando estivéssemos velhos e grisalhos, ela teria tantas lembranças boas que não haveria lugar para as más. Passaria minha vida apagando aquela merda.
– Meu melhor presente foi você – disse ela, beijando meu rosto.
Toda a minha raiva com as injustiças de sua vida desapareceu. Ela estava a salvo e nos meus braços. Ela era minha.
Reese
O toque de um celular me acordou. Sentando-me, olhei ao redor e pisquei contra a luz do sol que entrava pela janela. O telefone parou e ouvi água correndo no banheiro. Mase deixara a porta bem aberta. Era um convite para espiar? Porque eu queria muito vê-lo pelado e molhado.
Sorrindo, joguei as cobertas para o lado e já ia me levantar quando o telefone tocou e vibrou na cama. Olhando à minha volta, vi o celular fino e prateado de Mase embaixo do travesseiro dele. Peguei-o. Podia usá-lo como desculpa para ir ao banheiro enquanto ele tomava banho. Não que ele esperasse uma desculpa.
Conhecendo Mase, ele certamente estava torcendo para que eu fosse lá.
Cobri a boca para reprimir um risinho, e seu telefone tocou e vibrou outra vez. Alguém estava mesmo tentando falar com ele. Parei de sorrir, e me ocorreu a ideia de que pudesse ser uma emergência.
Olhei o telefone e vi uma mensagem de texto de alguém chamado Major. Não era minha intenção ler, mas meus olhos focaram as palavras calcinha dela e não pude me conter.
Deslizando o dedo sobre a tela, abri a mensagem.
Major: Cord veio aqui insistindo que deixou a calcinha dela embaixo da sua cama numa noite dessas. Estava determinada a pegá-la de volta. Deixei que ela entrasse. Mas, cara, ela parecia puta com você. Não está mais trepando com ela?
Reli o texto várias vezes. Não era uma mensagem para mim. Eu estava invadindo a privacidade de Mase, mas não pude me conter. Cord. Cordelia. Ele tinha falado ao celular com ela antes. Ele estava... ele estava trepando com ela?
A calcinha dela...
Numa noite dessas...
Ah, meu Deus. Eu ia vomitar.
O ímpeto de atirar o telefone dele na parede e berrar até a dor dentro do meu peito passar era forte. Como ele pôde fazer isso? Meu Mase era tão bom para mim. Era doce e atencioso. Era paciente comigo e cuidava de mim.
E era... um mentiroso.
Eu tinha confiado nele.
Meu corpo todo ficou dormente. Exceto meu coração, que estava dilacerado.
A ducha foi fechada, e eu finalmente saí de onde tinha ficado paralisada. Deslizei o dedo sobre a mensagem de texto e me detive por apenas um breve momento para pensar antes de excluí-la. Então pus o telefone de volta onde ele tinha deixado. Sem olhar na direção do banheiro, saí do quarto, fui para o ponto mais distante do apartamento e esperei.
Ele viria procurar por mim. Eu não queria que ele se aproximasse.
Não podia pensar nos lugares em que ele havia me tocado. Quando estava longe, ele a tocava. Ela estava fazendo sexo com ele.
Agora tudo fazia sentido. O fato de ele ser tão paciente comigo. Não precisava fazer sexo comigo. Ele tinha sua dose garantida lá no Texas. Coloquei a mão na boca para não gritar de agonia.
Isso era demais. Não sabia que podia doer assim. O final súbito e brutal do amor.
Eu nunca tinha amado antes, mas, agora que havia acabado, a dor era excruciante.
Nunca mais faria isso. Amar. A felicidade que dava era passageira. Não valia essa dor.
Seu corpo preencheu o vão da porta. Uma toalha estava enrolada nos quadris, o cabelo ainda pingava e a água escorria pelo peito nu.
– Reese?
Havia preocupação em sua voz.
Ele vivia preocupado comigo. A garota problemática que precisava de ajuda. Eu não sabia ler, escrever nem transar. Ele ia me recuperar. Será que é isso que eu sou para ele? Um projeto?
– O que foi, gata? – perguntou, vindo em minha direção.
Eu não podia deixar que ele me tocasse. Não mais.
– Não! – gritei, erguendo as mãos para mantê-lo longe. – Não chegue perto de mim – avisei.
Ele parou, mas a expressão em seus olhos era algo que antes eu teria julgado que fosse medo. Agora eu não pensava mais assim. Ele não sabia o que era medo. Ou dor.
– Reese, qual é o problema? – perguntou cuidadosamente, me estudando.
– Vá embora. Eu quero que você vá embora. E não volte. Não quero você aqui.
Mantive as mãos erguidas, mas olhei para o chão. Não podia olhar para ele, porque meu coração estava confuso, acreditando ter visto dor nos olhos de Mase. Mas não viu. Pensei que tinha visto um monte de coisas quando ele me olhava que na verdade não vi.
– Gata, o que aconteceu? Não faça assim. Não me mande embora. Me deixe chegar perto de você.
Ele pensava que minha reação era por causa do meu passado. Podia perceber isso na voz dele. Ele estava falando com a garota problemática. Aquela de quem ele sentia pena.
– Eu quero que você vá. Vista-se e saia! – berrei a última parte.
Ele não estava me escutando. Eu queria que ele fosse embora. Eu não aguentaria ficar ali dessa forma por muito mais tempo. Os estilhaços no meu peito me faziam querer me enroscar e ficar encolhida.
– Eu não vou deixar você, Reese. Você tem que me dizer qual é o problema. Eu posso ajudar você...
– Não! Eu não sou seu caso de caridade pessoal. Eu estava bem antes de você e vou ficar bem depois. Mas você tem que sair! Vou chamar a polícia se você não sair daqui em cinco minutos.
Ele começou a vir na minha direção outra vez, e eu gritei com todas as minhas forças.
– Por Deus, Reese! O que há de errado?
Ele também estava gritando agora. Fixei meu olhar nele.
– Você. Você é que está errado. Você é errado para mim. Não quero você aqui. Quero que me deixe em paz. Você me forçou a fazer coisas que eu não queria. Você me tocou em lugares em que não gosto de ser tocada. Não quero ver você nunca mais. Nunca. Vá embora!
Dizer aquilo doeu. Eram mentiras. Ele sabia que eram mentiras, mas eu estava desesperada. Ele não ia embora. Ele não ouvia.
Quando o vi se virar e voltar para o quarto, quase desabei. Ele ia me deixar. A compreensão de que Mase iria sair por aquela porta e nunca mais voltaria destruiu o que havia sobrado de mim.
Eu jamais deveria ter amado. Não fui destinada ao amor ou a ser amada. Era a lição que a essa altura eu já devia ter aprendido.
Eu quis que a dormência se espalhasse, mas estava desaparecendo. O sentimento de perda me envolveu. Se pelo menos eu nunca tivesse sabido como era acreditar ser especial para outra pessoa.
Mase reapareceu com a bolsa na mão. Seguiu para a porta sem olhar para mim, mas parou pouco antes de chegar lá. Seus olhos se fecharam com força e sua respiração saiu entrecortada.
– Me desculpe. – Foi tudo o que ele disse.
Então foi até a porta e a abriu. Em mais uma longa pausa, ficou ali parado. Esperei que fosse embora e me deixasse sozinha. Outra vez.
– Quando você se der conta do que disse e do que fez, ligue para mim. Estarei esperando. Quero abraçar você mais do que qualquer coisa neste momento e ajudar você a passar por isso, mas você não me deixa chegar perto. Então vou fazer o que quer, porque não posso resolver tudo por você. Desta vez tem que resolver sozinha. Mas, quando perceber que estava errada, me ligue, Reese. Estarei esperando. Vou esperar para sempre, se necessário.
Então Mase Manning saiu do meu apartamento e da minha vida.
Mase
Quando a porta se fechou atrás de mim, larguei a bolsa e me dobrei, me apoiando nos joelhos com as mãos para tomar ar. Lembrar a mim mesmo que ela precisava resolver aquilo era duro. Deixá-la... Ah, Deus, eu não podia simplesmente deixá-la. Ela estava num canto, parecendo completamente destruída, e eu não sabia por quê.
Cada vez que eu respirava doía. A pressão no meu peito era como um torno apertando meus pulmões. Meu coração estava naquele apartamento. Ir embora sem ele parecia impossível. Mas, se quisesse ter a chance de um futuro com Reese, ela precisava me deixar entrar. O passado a assombrava. E a controlava. Aquele maldito verme fizera isso com ela. Eu tinha acreditado que podia protegê-la disso tudo e lhe dar tanto amor que ela superaria aquilo. Mas os demônios estavam lá nos olhos dela.
Tudo o que eu tinha feito era ajudá-la a fingir que eles não estavam lá. Eu não a estava ajudando a destruí-los e a vencê-los. Meu amor não bastava. Eu queria que bastasse. Deus, como eu queria que bastasse. No entanto, ela precisava encontrar forças dentro de si mesma.
Quando as encontrasse, ela poderia aceitar que eu a amava. Que a adorava. Que a queria por inteiro, com tudo de bom ou de ruim que houvesse em seu passado. Eu queria tudo.
Empertigando-me, estremeci de dor.
Não fui direto para minha caminhonete. Em vez disso, segui para o apartamento de Jimmy. Não podia deixá-la sem que eu soubesse que alguém estaria cuidando dela. Quando ela precisasse que eu a resgatasse, alguém teria que me chamar. Eu sabia que ela nunca faria isso.
Ela podia não me querer, mas ai de mim se não a acudisse quando ela precisasse de mim.
Batendo na porta de Jimmy, tentei respirar fundo. Mas não conseguia.
A porta se abriu e o sorriso dele imediatamente se transformou numa expressão de desagrado.
– Mase?
Ele estava esperando outra pessoa. Eu não queria mesmo pensar nisso, considerando que ele estava vestindo uma calça de pijama de seda vermelha e seu peito estava nu e besuntado de óleo.
– Ela quer que eu vá embora. Não, ela me mandou embora – corrigi. – Mas você tem que me ligar se ela precisar de qualquer coisa. Não a deixe sofrer. Ela pode até não me querer, mas largarei qualquer coisa para vir até ela.
Jimmy se apoiou no batente. Parecia decepcionado.
– Caramba. O que se passa na cabeça dessa garota? Ela é louca por você.
Era o passado dela. Aqueles malditos demônios em sua memória. Mas eu não podia contar isso a ele.
– Se ela precisar de mim, é só me ligar. Virei imediatamente.
Ele assentiu com a cabeça.
Agarrei a alça da bolsa e lutei contra a emoção. Era isso. Eu ia mesmo deixá-la.
– Tome conta dela. Cuide para que esteja segura em casa à noite. Não a deixe ir a pé para o trabalho. Nem voltar. Mantenha-a em segurança por mim. Por favor.
Eu estava implorando. Naquele momento, eu imploraria a qualquer pessoa.
Os olhos dele se encheram de lágrimas.
– Merda. Aquela garota... – Ele balançou a cabeça. – Tem alguma coisa no passado que ela esconde, mas é algo tenebroso. Vi isso nos olhos dela. Ela vai ligar. Ela ama você.
Pedi a Deus para que ele estivesse certo.
– Quando eu não estiver aqui, ela vai precisar de alguém. Seja esse alguém.
Ele secou as próprias lágrimas e assentiu.
– Serei.
– Obrigado.
Segui para a escada e para minha caminhonete.
Joguei a bolsa no banco de trás, mas parei antes de entrar. Eu não podia ir embora sem avisá-la.
Voltei à porta dela determinado e bati. Ela não abriu, mas esperei.
– Reese. Eu sei que você está me escutando – falei através da porta.
Bati outra vez, mas ela não atendeu.
– Estou indo. Você quer que eu vá, então eu vou. Mas saiba que amo você. Vou amá-la pelo resto da vida. Se você nunca mais me procurar, ainda assim estarei lá no Texas amando você.
Esperei, mas ela não foi até a porta.
Depois de muito tempo, percebi que ela não iria. Ela ia me deixar ir.
Incapaz de me conter, soquei a porta e gritei o mais alto que pude:
– Eu te amo, Reese Ellis! Eu te amo demais!
Ouvi a porta ao lado se abrir, mas não olhei para ver quem era. Esperei do lado de fora, torcendo para que ela abrisse.
Mas ela não abriu.
Reese
Nove semanas depois
Abri a porta para Jimmy. Ele tinha um cappuccino em cada mão. Antes, essa visão era reconfortante. Agora, nada mais me confortava. Os pesadelos do passado estavam de volta, com força total. Eu raramente dormia. Tomar um cappuccino de manhã e uma caneca de café à tarde era a única maneira de eu conseguir me manter acordada enquanto trabalhava.
– Pronta, raio de sol? – perguntou ele.
Concordei com a cabeça e peguei minha mochila.
– Sim – respondi, pegando o copo que ele me oferecia.
– Eu odeio você. Quero a sua pele. Não é justo que você fique tão bronzeada – queixou-se ele.
– Eu trabalho no sol. É óbvio que vou ficar bronzeada – lembrei a ele, revirando os olhos.
Ele se queixava do meu bronzeado pelo menos duas vezes por semana.
– Tomando sol e observando homens gostosos dando tacadas. Estou trabalhando no setor errado – disse ele, bufando.
Ambos sabíamos que Darla não o deixaria trabalhar no campo de golfe do Kerrington Club. Jimmy tinha um rosto que as mulheres amavam. Ele trabalhava como garçom, e as mulheres vinham em hordas para flertar com ele e lhe dar boas gorjetas. No campo ele não seria tão popular. Havia mulheres que jogavam, mas não muitas. A maioria jogava tênis. Os homens heterossexuais dominavam o campo de golfe.
– É quente do lado de fora, e os homens todos usam shorts e camisas polo. Não é exatamente um traje sexy. Você não está perdendo nada.
Jimmy abriu a porta do carro e revirou os olhos para mim.
– Garota, eu já vi a bunda gostosa de Rush Finlay de short e foi suficiente para eu despejar água gelada dentro das calças.
– Meu Deus, Jimmy!
Não pude evitar a risada, mas, francamente, ele precisava ser tão detalhista?
Afundei no banco do carona, botei a mochila no chão e o café no porta-copos para colocar o cinto. Ir de carro com Jimmy para o trabalho e para casa era muito mais fácil agora que trabalhávamos no mesmo lugar. Jimmy cuidava para que nossos horários coincidissem.
– Só estou sendo sincero, gata – respondeu ele, entrando no carro.
Às vezes ser sincero para Jimmy era só um modo de me fazer rir. Apenas recentemente ele vinha conseguindo isso – e, mesmo assim, não era muito frequente. Mas uma coisa eu tinha que admitir: desde o momento em que Mase Manning saíra da minha vida, Jimmy passara a ser minha sombra.
Eu não podia ir a lugar nenhum sem informá-lo. Ele entrava em pânico se não soubesse onde eu estava, e sempre ficava até tarde comigo. Por um tempo, ele se sentava e segurava minha mão enquanto eu tentava dormir à noite. Ele nunca mencionou isso, mas eu sabia que estava tentando substituir meus telefonemas noturnos. Aqueles que eu não tinha mais.
Eu havia desistido da faxina na casa dos Carters simplesmente porque não podia ver ninguém que me lembrasse Mase, e ainda havia a chance de a qualquer momento ele aparecer para uma visita. Eu não sabia como lidaria com isso. Também disse a Blaire Finlay que não poderia aceitar o trabalho na casa dela. Os Finlays também me lembravam Mase.
Quando fiquei sem emprego, Jimmy me ofereceu o trabalho de vendedora de bebidas no campo de golfe do clube. Então eu contara a ele sobre minha dislexia e ele me ajudou a preencher o formulário de inscrição. Quando me perguntou se eu queria ler para ele de noite, desmoronei e me fechei no quarto. Ele não precisou perguntar para entender o porquê. Ele era um cara inteligente.
– Thad ainda vai muito lá durante os seus turnos? – perguntou ele.
Suspirei e recostei a cabeça no banco.
– Thad joga golfe com frequência, só isso. Ele não vai apenas durante os meus turnos.
Jimmy soltou uma risada divertida.
– Continue se enganando, garota. Mas o loirinho só joga golfe quando está com Woods ou Grant. Não é algo que eu já o tenha visto fazer sozinho. Até você colocar aquele uniformezinho e começar a entregar cervejas.
Eu não queria pensar em Thad indo até lá para me ver. Não queria que ninguém fosse me ver. Não desse jeito.
Eu te amo, Reese Ellis!
Aquele grito desesperado, tão alto que meus vizinhos escutaram, era tudo que sobrava no meu peito. Todo o resto havia ido embora. Encontrar alguma emoção era difícil para mim. Apenas à noite, quando estava dormindo e o passado voltava para me atormentar, eu gritava e chorava.
Nas últimas nove semanas, eu tinha enfrentado momentos de fraqueza. Uma vez, quase me convenci de que havia imaginado aquela mensagem. Não consegui me fazer acreditar naquilo, então tentei me convencer de que podia viver com ele transando com outras pessoas. Se o tivesse em minha vida, isso bastaria. Eu o perdoaria por precisar tanto de sexo que tinha que buscá-lo em outros lugares.
Então, nos meus piores momentos, eu me culpava por ter a cabeça tão problemática. Por não ter sido capaz de dar a ele o que seu corpo precisava. Eu o havia empurrado para os braços dela.
Mas ele me amava. Tinha berrado isso com todas as forças.
Depois de semanas sem notícias dele, tive que aceitar que ele seguira em frente. Eu o mandara embora, e ele tinha ido. Não facilmente, mas fora. Agora outra pessoa, provavelmente Cordelia, estava cuidando das necessidades dele. Ela o estava amando e o fazendo sorrir. Ela era tudo que eu não fui para ele.
Então eu apenas sobrevivia. Eu acordava, me levantava e sobrevivia àquele dia. A cada noite, eu sobrevivia aos pesadelos. E sobrevivia novamente. De novo e de novo.
E sozinha.
Porque eu o mandara embora.
– Terra para Reese... Aonde você foi, mulher? Eu fiz uma pergunta.
Afastei os pensamentos sobre Mase. Eles voltariam para preencher o vazio mais tarde.
– Desculpe, o que você perguntou?
– Perguntei se você quer fazer o exame escrito para a carteira de motorista, já que amanhã não trabalhamos.
O Dr. Munroe tinha me ajudado a estudar nas duas últimas semanas. Eu estava preparada.
– Sim. Seria bom – repliquei.
A empolgação não veio. No passado eu acreditara que jamais dirigiria. Agora eu estava perto de conseguir isso e não sentia nenhuma alegria. Porque a pessoa que eu queria que estivesse comigo, com quem eu queria dividir isso, não estava aqui.
Eu o tinha afastado. Eu havia amado demais. Com a cabeça e o corpo deficientes, eu tinha amado completamente. E ele precisava de mais do que essa cabeça e esse corpo deficientes.
Imagens de Mase tocando uma mulher sem rosto e fazendo com ela coisas que ele fizera comigo me machucavam toda vez que eu me permitia pensar nisso. Eu queria ser inteira. Queria ser suficiente para ele.
– Não fique tão animada assim. Senão vou ter que parar o carro para você se acalmar – disse Jimmy, com sarcasmo.
Forcei um sorriso por ele.
– Não engulo esse sorriso falso, Reese – declarou.
Era tudo o que eu tinha. Um sorriso falso.
Mase
Golpeando com o machado, cortei a peça de madeira de que precisava para consertar a cerca. Mas não consegui parar. Levantando o machado, tornei a baixá-lo, arruinando a peça perfeita que eu tinha cortado. Então golpeei outra vez. E outra vez. E outra vez.
Não sei quando comecei a gritar, mas quando ergui os olhos e vi minha mãe de pé na minha frente, com as mãos nos quadris, franzindo a testa em clara desaprovação, soube que devia ter feito muito barulho.
Merda.
Ela estava esperando que eu fosse perder o controle. Eu vinha tomando cuidado para não demonstrar nenhuma emoção enquanto sua atenção estivesse em mim. Tirar Maryann Colt do seu pé quando ela achava que você precisava conversar era quase impossível.
Larguei o machado no chão e olhei para as lascas de madeira, que agora só serviam para lenha. Eu havia destruído aquela peça de madeira. Agora, precisaria ir buscar outra para poder consertar a porcaria da cerca.
– Não acho que essa madeira tenha feito algo a você – disse minha mãe, levantando uma sobrancelha.
Não respondi. Apenas me acocorei e comecei a limpar a sujeira que eu acabara de fazer.
– Já aguentei tudo que podia, Mase Colt Manning. Você tem sido uma sombra do meu menino por meses e agora perde a cabeça e começa a gritar e esquartejar esse tronco com um machado? Você precisa falar comigo. Estou tendo ataques de ansiedade por sua causa. Estou preocupada com você.
Durante nove semanas eu conseguira viver sem o meu coração. Isso não era vida. Minha vida era uma mulher que não me queria. Isso era uma existência. Uma existência vazia, rasa.
Eu não havia falado sobre Reese com minha mãe, mas Harlow tinha. Mamãe me perguntara sobre ela uma semana depois que Reese me mandou embora. Eu estava tão subjugado pela dor que o nome dela provocava em mim que me levantara e fugira da mesa. Mamãe não voltou a mencioná-la.
Mas agora eu precisava que ela fizesse isso. Precisava falar sobre Reese. Queria contar a alguém sobre ela. Preencher meu vazio com as lembranças dela.
– Eu a amo – falei simplesmente.
Dessa vez ela levantou as duas sobrancelhas.
– Isso eu já entendi, meu amor. Quando você correu como se as chamas do inferno estivessem no seu encalço no dia em que perguntei sobre ela, você se entregou.
– Ela é a minha vida, mãe. Reese. É ela. A mulher da minha vida. Mas ela não me quer.
Só de falar isso, um raio de agonia me atravessou. Eu me encolhi, incapaz de esconder isso da minha mãe.
– Então ela é uma tola – disse mamãe, com toda a convicção de uma mãe que ama o filho.
– Não. Ela é brilhante. É linda. É como um raio de sol. Ela é... A infância dela...
Parei e engoli a bile que subiu à minha garganta só de pensar no que ela havia passado. Como minha garota havia sofrido.
– Foi difícil, mãe. Tenebrosa. O mais tenebrosa e perversa que a infância de uma menina pode ser. Mas ela não é tola.
O rosto de minha mãe se anuviou. Pude vê-la lutar para conter as lágrimas.
– Ah, meu amor. Devia ter imaginado que quando meu menino lindo e seu coração imenso se apaixonassem, seria perdidamente. Você nunca fez nada pela metade. Você não deu os primeiros passos, já saiu correndo. Não disse uma primeira palavra, cantou o verso inteiro de uma música. E você não só defendia os oprimidos na escola, como foi expulso por amarrar um valentão no mastro da bandeira. Meu menino jamais deixou nada pela metade. Você faz as coisas com tanta determinação que destrói as tentativas dos outros.
Ela contornou a bagunça que fiz e abaixou-se ao meu lado. Senti as lágrimas queimarem meus olhos quando ela pegou meu rosto entre as mãos com tanto amor e dor no coração, porque ela era assim. Minha mãe sofria comigo. Sempre fora assim.
– Você é um homem bom. O melhor. Eu amo o seu padrasto, mas mesmo o coração dele não se compara ao seu. Você foi a melhor coisa que fiz ou farei nesta vida. Não conseguirei fazer nada melhor. Ser sua mãe é uma dádiva que alegra cada dia da minha vida. Vou morrer sabendo que deixei nesta terra um homem que produzirá uma trilha de bondade por onde passar.
Ela parou, e eu sabia que lá vinha um “mas”.
– Mas, pela primeira vez na sua vida, estou vendo você deixar alguém destruí-lo. Sinto saudade do seu sorriso e da sua risada. Eu os quero de volta. Você nunca deixou de superar nenhum obstáculo em sua vida. Por que está fazendo isso agora? Se você a ama, então vá buscá-la. Nenhuma mulher em seu juízo perfeito rejeitaria esse rosto.
Estendi a mão e sequei as lágrimas do rosto determinado de minha mãe.
– Preciso que ela venha até mim. Se tivermos a chance de um futuro, preciso fazer que ela venha por vontade própria. Sempre conquistei o que quis, mas nada nem ninguém jamais significou o que ela significa. Não posso conquistá-la, mamãe. Eu a amo. Não quero jamais forçá-la a fazer qualquer coisa. Nem mesmo me amar. Ela tem que me amar por si mesma.
Mamãe deixou escapar um soluço, me abraçou e me manteve assim. Fechei os olhos e lutei contra a emoção que ameaçava transbordar. A última vez que minha mãe me vira chorar foi quando eu tinha três anos e quebrei o braço ao cair de um trampolim. Mesmo quando Harlow estava em coma, eu tinha chorado sozinho.
Eu nunca me recuperaria da perda de Reese. Se ela nunca mais voltasse para mim, eu permaneceria destroçado pelo resto da vida.
Reese
Outra semana se passou e consegui sobreviver. Era só o que eu fazia. A cada dia, eu tinha a sensação de que estava me perdendo um pouco mais. O horror do meu passado estava lentamente assumindo o controle. O progresso que eu fizera nesses dois anos desde que havia saído de casa tinha desaparecido. Não conseguia mais me livrar das lembranças do meu padrasto.
Logo eu teria que me consultar com um terapeuta. Não conseguia dormir quase nada ultimamente, e, quando conseguia, não era um sono tranquilo. Estava perdendo peso e os círculos escuros sob os olhos já não podiam mais ser escondidos. Eu precisava de ajuda.
A única coisa que me impedia de procurar um especialista era saber que eu teria que falar sobre Mase.
Não podia falar sobre ele. Doía muito.
– Reese Ellis? – perguntou uma voz feminina.
Deixei de lado as cervejas que estava colocando no refrigerador do carrinho e me virei.
Uma senhora bonita, de cabelos escuros que formavam cachos na altura dos ombros, me olhava como se estivesse me estudando. Eu sabia que ela não era sócia do clube. O jeans surrado e as botas que ela usava não pareciam com nada do que as senhoras dali escolheriam. E havia o chapéu de caubói. Aquele era um claro indício de que ela não era daqui.
– Sim? – respondi.
Ela não sorriu nem disse nada de imediato. Continuou me observando. Embora não estivesse me olhando de cara feia, sua expressão era a de alguém que quisesse me dar uma sacudida.
Olhei em volta para saber se tinha mais alguém por ali ou apenas nós duas.
– Imaginei que você seria bonita, mas, como sempre, quando meu menino se mete em alguma coisa, ele não deixa por menos – disse ela, e um sorriso triste surgiu em seus lábios.
Eu não sabia do que ela estava falando ou com quem ela achava que estava falando. Agradecer não parecia a coisa certa a fazer.
– Essas olheiras e esse olhar vazio me dizem tudo o que preciso saber. Então, deixe-me dizer o que você precisa saber – falou ela, dando alguns passos na minha direção. – Já vi meu filho travar batalhas por todos que ele amou e vencer. Quando tinha 7 anos, o primo foi alvo de bullying. Meu menino descobriu e o que aconteceu em seguida foi que tive que ir à escola buscá-lo, porque ele foi suspenso por amarrar um garoto no mastro da bandeira com fita adesiva. Fiquei horrorizada. Até saber que o garoto era aquele que vinha fazendo bullying com o primo dele, xingando-o e derrubando-o nos corredores. Naquele dia específico, o valentão tinha enfiado a cabeça do primo num vaso sanitário com urina e puxado a descarga. Depois do caso da fita adesiva, ninguém mais mexeu com o primo dele.
Eu só observava enquanto ela prosseguia:
– Aos 10 anos, a bibliotecária da escola, que lhe levava biscoitos todos os dias e sempre reservava para ele os melhores livros, ia ser dispensada porque a diretoria alegou que não tinham mais orçamento para manter uma bibliotecária em tempo integral. A Sra. Hawks já tinha passado dos 70 anos e adorava aquelas crianças, e meu menino era o seu predileto. Então ele organizou um abaixo-assinado e procurou empresários da cidade a fim de recolher fundos para essa causa. A Sra. Hawks não perdeu o emprego. Na verdade, ele recolheu tanto dinheiro que ela teve um aumento. Quando ele estava com 19 anos, descobriu que a irmã mais nova estava sofrendo por causa de um rapaz da escola que tinha se aproximado só por interesse na fama do pai dela. Ele me perguntou se podia ir visitá-la, e eu o deixei ir. Dias depois, o tal rapaz encontrou sua caminhonete fora da cidade, submersa em um rio.
Ela parou e riu.
– Mase Colt Manning luta por aqueles que ama. Ele é assim. E eu sei que ele tentou lutar por você. Ele queria vencer suas batalhas. E, pela pouca pesquisa que fiz, descobri que ele manda todo mês um cheque para um tal Dr. Astor Munroe que custa mais do que eu me permitiria comentar. Ele recebe relatórios semanais desse professor sobre os progressos de uma Reese Ellis. Ele está lutando por você. O que também significa que ele ama você. O problema é que meu menino vai com tudo em qualquer coisa que faz. E, quando decidiu se apaixonar, ele se apaixonou completamente.
Ela parou e apontou o dedo para mim. Pude ver o filho dela no olhar determinado que me dirigiu. Como eu não percebera antes?
– Ele agora precisa de alguém que lute por ele. Porque se perdeu de si mesmo. Ele é uma sombra do homem que criei. Está vivendo sem alegria, porque diz que deixou o coração aqui, com você. Portanto, se você o ama, ainda que seja uma minúscula parte do amor dele por você, lute por ele. Ele merece isso mais do que qualquer um. Está na hora de alguém travar a batalha dele.
Uma gota caiu em meu braço, e, ao levar a mão até meu rosto, eu o encontrei molhado pelas lágrimas. Meu coração estava de volta e se contorcia de dor ao ouvir a mãe de Mase me contar quanto ele precisava de mim. Ele estava sofrendo por minha causa.
Eu não me importava mais com a mensagem. Ou com a outra mulher. Se Mase precisava que eu lutasse por ele, eu lutaria. E quem quer que fosse Cordelia, eu lutaria contra ela. Lutaria até não poder mais.
– Onde ele está? – perguntei.
– Está em casa. Ele acha que fui visitar minha irmã em San Antonio.
– Como chego até ele? Onde é a casa dele?
Um sorriso se abriu no rosto da mulher.
– Posso levá-la.
Fechei a tampa do carrinho.
– Deixe-me avisar meu chefe que estou indo embora. Então estarei pronta para ir.
– A propósito, eu sou Maryann Colt – disse ela, estendendo a mão para me cumprimentar. – E é um prazer conhecer a mulher que meu filho ama. Eu estava preocupada, mas posso ver que ele escolheu bem.
A aprovação dela aqueceu meu coração pela primeira vez em dez semanas, dois dias e cinco horas.
Mase
– Tudo bem, eu sou desprezível. Tenho que confessar, porque esta merda está me devorando vivo – disse Major ao entrar no celeiro com uma sela apoiada no ombro.
Continuei esfregando Criptonita, meu cavalo da raça appaloosa, e ignorei o comentário dele. Precisava limpar o estábulo do garanhão em seguida e não tinha tempo para lidar com Major e seus dramas.
– Estou trepando com Cordelia há uns dois meses. Ela é muito boa chupando pau. Desculpe, não pude evitar. Ela deu em cima de mim, e eu deixei ela me chupar. Então a virei sobre o cavalete e a comi. Foi um momento de fraqueza. Eu estava com tesão, ela veio se exibindo com um short jeans cortado que mostrava parte da bunda e uma blusinha que mal cobria os peitos. Cara, ela é gostosa. Perguntei a você se ainda estava transando com ela, e você não respondeu. Deduzi que significava que não se importava.
Por isso Cordelia havia finalmente me deixado em paz. Eu deveria dar uma grana a Major por essa.
– Que bom que ela está fazendo bem o serviço.
Dei uns tapinhas em Criptonita, então me virei para levá-lo ao estábulo que eu já tinha limpado.
– Então você não se importa que eu esteja trepando com ela? – perguntou ele.
– Você me fez um favor. Ela não estava aceitando “não” como resposta.
Major soltou um suspiro de alívio.
– Graças a Deus. Estava preocupado que você estivesse nesse humor azedo por eu ter roubado sua amiga de transa.
Nem me dignei a responder a essa. Não fazia sentido.
– O dia em que ela veio pegar a calcinha, eu já estava quase trepando com ela. Ela apareceu com uma saia minúscula, tipo estrela pornô. Liguei e mandei uma mensagem para você, mas você não respondeu. Aí deixei que ela fosse embora. Mas, no dia seguinte, quando ela apareceu no celeiro, transei com ela. Você não saiu de casa naquela semana. Foi a semana em que você estava com um humor do cão.
Na hora certa. Ele começou com ela quando eu realmente precisava de distância de todo mundo. Nem sei o que teria dito a Cordelia se ela tivesse começado com aquela história toda de novo. Eu não a queria, mas não via sentido em dizer qualquer coisa que a magoasse. Ela não merecia isso.
– Mas, afinal, onde você estava naquele fim de semana, quando mandei a mensagem? Você chegou aqui furioso com o mundo. E ficou desse jeito desde então. Foi em Rosemary Beach? Aquela garota que você ia ver?
Eu não ia falar sobre isso com ele.
Espere. Que mensagem?
O mundo à minha volta parou, e meu peito vazio de repente pareceu feito de chumbo. Por favor, Deus, não. Não permita que seja o que estou pensando.
– Major – falei, quase com medo de perguntar.
Será que eu queria saber a resposta? Poderia viver com isso?
– O que foi?
– Que mensagem? – perguntei, antes que pudesse me conter.
– A que eu mandei sobre Cord querer pegar a calcinha dela embaixo da sua cama e perguntando se você ainda estava trepando com ela.
Não... não... não...
– Major, eu nunca recebi essa mensagem. Quando você mandou isso?
– Eu já disse...
– Não. Preciso saber a data e a hora que você me mandou essa maldita mensagem! – gritei.
Os cavalos relincharam, mas minha cabeça latejava e um peso ia tomando conta dos meus pulmões.
– Que merda, cara. Vou ver. Calma – resmungou ele, pegando o celular e verificando as mensagens.
– Ah... 29 de junho, nove da manhã. Liguei duas vezes também. Sem resposta nem retorno.
Larguei os suprimentos que tinha na mão e saí pela porta. Continuei caminhando. E caminhei mais. Caminhei até estar o mais longe possível de Major, até minha casa sumir de vista.
Então inclinei a cabeça para trás e pus tudo para fora num rugido furioso.
Reese tinha visto a mensagem. Foi isso que a colocara naquele canto, olhando para mim como se estivesse destroçada. Uma maldita mensagem a havia tirado de mim.
Reese
Maryann Colt havia falado durante todo o caminho desde o aeroporto. Ela dormira o voo inteiro. Eu não conseguira fazer nada além de olhar pela janela. Meus pensamentos estavam em Mase e no menino que ela havia descrito. Ele parecia exatamente o homem por quem eu tinha me apaixonado. Uma mensagem de celular me fez duvidar de tudo. Tudo o que ele tinha feito para me mostrar quanto me amava, e eu nem sequer o deixara explicar.
Eu não havia sido um projeto de caridade. Ele não estava tentando me recuperar. Ele estava lutando por mim porque me amava.
Ele nem sequer sabia da mensagem. Eu a apagara antes de pôr seu celular no lugar. Ele não fazia ideia do que havia mudado naquela manhã. E agora eu ia aparecer na casa dele sem aviso. Eu sabia que eu teria que lutar por ele não só porque sua mãe disse que ele me queria.
Ele podia ter dado prosseguimento à sua vida por outros caminhos. Cordelia talvez o estivesse mantendo aquecido à noite. Eu não queria pensar nessa hipótese.
Em vez disso, fiquei escutando Maryann. Tinha que me concentrar em suas palavras, não no que eu poderia enfrentar em seguida. Mas, independentemente do que fosse, eu lutaria. Ele havia lutado por mim uma vez. Eu lutaria por ele agora.
– A casa dele fica um pouco mais à frente nesta estrada. Talvez ele esteja na cama agora. É tarde e ele tem ido dormir logo depois do jantar. Mas bata na janela à esquerda, caso ele não abra a porta. Vou deixar você ir andando daqui em diante. Não quero que ele veja minha caminhonete. Agora é com você. Vá lá e mostre ao meu menino que vale a pena lutar por ele.
Abri a porta da caminhonete e saltei.
Maryann apontou a estrada de terra, iluminada pelo luar, logo atrás da casa dela.
– Siga aquela trilha. Levará até a porta dele.
Comecei a caminhar naquela direção, então parei, e olhei de volta para ela. E a flagrei secando os olhos.
– Obrigada – falei. – Sei que fez isso por ele. Mas você me salvou também.
Não esperei pela resposta dela. Segui colina acima em direção ao telhado que eu mal enxergava a distância. O telhado metálico capturava os raios de luar e eu os segui. Meu coração estava acelerado pela primeira vez em meses. Eu ia vê-lo. Ia ver Mase.
Se Cordelia estivesse lá, eu teria que manter a calma e não arrancar os olhos dela. Mas, quanto mais perto eu chegava de sua casa, mais eu percebia que não podia atacá-la se ela o estivesse tocando. Se ele a tivesse tocado.
Eu ia acabar ficando enjoada. Não podia pensar naquilo.
Havia uma caminhonete preta, semelhante à prateada que sua mãe dirigia, estacionada diante da casa. Era o único veículo ali, e quase suspirei de alívio. Poderia travar a batalha contra Cordelia mais tarde. Agora eu ia me concentrar em fazê-lo me perdoar.
Subi até a varanda na frente da casa e parei. Agora que estava ali, sem Maryann me guiando, fiquei paralisada de medo. Mas chegara até aqui. Tinha voado pela primeira vez na vida e deixado o único lugar seguro que já conhecera para vir até aqui. Para encarar um homem que eu expulsara de minha vida.
Da última vez que ouvi sua voz, ele estava gritando que me amava atrás da minha porta.
Será que ele ainda sentia a mesma coisa? Será que eu havia esperado demais?
A porta se abriu antes mesmo que eu chegasse perto o suficiente para bater, revelando um Mase sem camisa. As sombras cobriam seu rosto, mas eu conhecia aquele peito. Também conhecia aquela cueca boxer. Precisava dizer alguma coisa. Meu corpo inteiro parecia congelado.
– Vim lutar por você – falei abruptamente, e então comecei a chorar.
Mase
Reese estava aqui. Na minha casa. Na minha varanda. E estava chorando.
Saí na escuridão, ainda me perguntando se aquilo era um sonho e se eu finalmente tinha conseguido dormir um pouco naquela noite.
– Reese? – perguntei, temendo acordar, se a tocasse.
– Sinto muito. Eu... Vendo você... Eu ia ser forte e dizer que te amo e que estraguei tudo e que te amo e...
Que se dane o sonho. Estendi os braços e a puxei para mim.
Ela estava aqui. Ela estava aqui. Ela estava aqui.
Seus braços me enlaçaram e me apertaram. Exatamente como eu lembrava. O cheiro doce de canela alcançou o meu nariz, e eu sabia que minha imaginação não era assim tão boa. Tinha tentado evocar o cheiro dela mais de uma vez e não conseguira. Essa era a minha Reese.
– Eu te amo. Não vou mais embora. Estou aqui para fazer você me receber de volta. Minha vida é vazia sem você.
Ela soluçava nos meus braços.
Por acaso ela estava tentando me convencer a deixá-la ficar comigo? Será que ela realmente pensava que tinha que implorar para que eu ficasse com ela?
– Reese, eu...
Ela se afastou e me encarou com os olhos arregalados, em pânico.
– Não, não diga nada. Apenas me escute. Eu estava errada. Você é alguém por quem vale a pena lutar. Eu estava... Eu sou uma complicação. Tenho muito a superar, mas vou fazer valer a pena. Vou amar você mais do que ela jamais conseguiria. Mais do que qualquer pessoa jamais poderia. Vou passar o resto da vida provando para você que valho essa complicação toda. Não deixarei passar um dia sem mostrar a você quanto eu te amo. Vou me mudar para cá. Vou arranjar um lugar para morar e um emprego. Vou cozinhar para você e vou...
Cobri sua boca com a minha e interrompi seus adoráveis e confusos argumentos. Seu grito surpreso foi seguido de um gemido, e ela me beijou como se precisasse do gosto da minha boca para viver. Sua doçura infiltrou-se em mim enquanto aqueles lábios carnudos tocavam os meus. Tomei o rosto dela entre as mãos e a afastei um pouco para que pudesse fitar seus olhos.
Ainda estavam úmidos do colapso inicial quando tinha me visto. Ainda assim, estavam lindos. Meus lindos olhos azul-bebê. Olhos com os quais eu sonhava, que sempre me deixariam fascinado.
– Vale a pena lutar por mim? – perguntei, querendo ouvi-la dizer aquilo mais uma vez.
Ela tinha parecido muito determinada ao dizer aquelas palavras da primeira vez.
– Sim! – disse ela, a veemência retornando.
– E contra quem você acha que precisa lutar por mim?
Uma dor brilhou em seus olhos. Eu não queria isso. Comecei a assegurá-la de que não havia ninguém, mas ela falou primeiro.
– Qualquer uma... Lutarei contra qualquer uma – disse ela por fim.
Ela estava falando de Cordelia. Aquela maldita mensagem.
– Gata, no momento em que esses seus lábios tocaram os meus, eu fui seu. Não. Apague isso. No momento em que saí do quarto e vi sua bundinha para cima e a ouvi cantando desafinada, eu fui seu. E de mais ninguém. Jamais. Antes de você, sim, houve outras. E houve uma garota com quem eu tive uma “amizade colorida”. Nada mais. Mas, no momento em que você entrou na minha vida, aquilo acabou. Ela não aceitou bem o término e tentou me fazer mudar de ideia. Mas tudo que eu via, tudo que meu coração via, era você. E mais ninguém.
– Cordelia – disse ela baixinho.
– Sim. Mas a mensagem que você viu de Major foi porque um dia, ao chegar em casa vindo do trabalho, eu a encontrei na minha cama. Eu a mandei embora e ameacei chamar minha mãe se ela não saísse. Até lavei meus lençóis para me livrar do cheiro dela. Caramba, até comprei um colchão novo depois daquilo. E lençóis novos. Eu não queria dormir em nada em que tivesse estado outra pessoa que não fosse você. Nunca mais.
– Ela deixou a calcinha nesse dia – concluiu ela baixinho, os olhos brilhando com novas lágrimas. – Era disso que falava a mensagem.
Assenti com a cabeça. Ajeitei um cacho de seu cabelo, prendendo-o atrás da orelha.
– Se eu soubesse que era essa a razão que a fazia me olhar como se eu fosse um monstro, teria ficado e lutado por você. Mas pensei que era o passado, os demônios que a assombram. Pensei que eu tivesse pressionado demais e que você precisasse de espaço.
Parei e respirei fundo.
– Pensei que você fosse ligar. Esperei. Estava esperando. Ia esperar para sempre.
Ela fez biquinho outra vez e comecei a beijar seu rosto. Não queria que ela chorasse. Eu a tinha aqui. Comigo.
– Não vou deixar você voltar. Você vai ficar comigo. Não posso deixar você me abandonar. Vou ficar maluco – confessei, beijando suas bochechas e seu nariz, e então dando um selinho em sua boca.
– Eu não quero ir embora – disse ela.
Deus, como eu a amava.
– Entre – pedi, pegando as mãos dela e guiando-a para dentro de casa. – Venha se deitar comigo. Quero abraçar você.
Reese parou, e eu me virei para olhá-la.
– Não. Esta noite eu quero abraçar você – disse ela, o rosto outra vez determinado.
– Se é isso que você quer – concordei.
Tirei as botas dela e depois o jeans. Ela me deixou despi-la sem questionar. Quando abri seu sutiã, não a toquei ou olhei, apenas peguei a camiseta que eu tinha tirado e a passei por sua cabeça.
Ela enterrou o nariz no tecido e inalou, apertando os braços com força em torno de si mesma. Adorava quando ela se aconchegava com minha roupa como se fosse comigo.
Então ela subiu em minha nova cama king-size, se recostou na cabeceira e estendeu os braços para mim.
Com a emoção lutando com a alegria, consegui conter as lágrimas que queimavam em meus olhos. Deslizei até ela e deitei a cabeça em seu peito, para escutar as batidas de seu coração.
Ela correu os dedos pelo meu cabelo, e ficamos ali deitados. Passei os braços pela cintura dela e me deleitei com seu cheiro. O som de seu coração se acelerava cada vez que eu deslizava minha mão em direção ao seu traseiro e depois voltava.
– Cada passo que dei na vida me levou até você – disse ela, num sussurro. – E porque estou aqui agora não lamento nada. Para cada coisa ruim que aconteceu, fui recompensada com algo ainda mais belo, capaz de compensar todo aquele mal. Você fez tudo valer a pena. Você é meu presente na vida. Passei pelo mal e sobrevivi. Minha recompensa foi Deus me dar você.
Eu já nem me preocupava em reprimir as lágrimas.
Chorei nos braços dela.
Reese
Hoje íamos voltar a Rosemary Beach para pegar as minhas coisas. Mase não queria que eu fosse a lugar nenhum sem ele, assim, por dois dias usei roupas de Harlow, do tempo em que ela ficara em sua casa, uns dois anos atrás. Eram todas muito curtas e apertadas, mas consegui me virar com elas.
No entanto, Mase não me deixava sair de casa vestida com as roupas dela. Estava preocupado com a possibilidade de alguém me ver. Major me vira na primeira manhã com um short e uma camiseta de Harlow e ofereceu a Mase sua “bola esquerda” por mim. Mase lhe deu um soco na cara. Que horror.
Maryann foi até a casa do filho, aborrecida, perguntar a Mase por que ele tinha quebrado o nariz de Major. Ele contou. Maryann começou a rir e voltou para casa.
Acordei em uma cama vazia naquela manhã, o que, considerando que Mase me mantivera num abraço apertado nas duas últimas noites, me surpreendeu. Levantei-me e fui até o banheiro, escutando a ducha aberta e Mase cantando. Ao contrário de mim, ele cantava muito bem. Sua voz tinha um toque áspero, mas fluía de um modo que me deixava arrepiada. Eu nunca tinha escutado Mase cantar. Mas, com um pai como Kiro, fazia todo sentido que ele tivesse uma voz que correspondesse ao seu patrimônio genético.
Não reconheci a letra, mas ela me atraiu. Abri a porta e entrei no vapor. Ele não percebeu a minha chegada, mas sua cabeça estava inclinada para trás, sob a água, e ele continuava cantando.
Aceitarei seus demônios se você me deixar entrar. Não se esconda, gata, porque tudo que eu quero é oferecer mais.
Ele virou a cabeça e parou de cantar assim que seus olhos se fixaram nos meus.
Não era daquelas coisas que eu precisasse pensar a respeito e planejar. Esse homem me amava, e eu sabia que nunca amaria alguém do jeito que o amava. Ele estava disposto a enfrentar qualquer coisa que eu jogasse para ele, desde que no fim pudesse me abraçar.
Agarrando a barra da camiseta, eu a levantei e a tirei, então a joguei no chão. Tirei rapidamente a calcinha e fui abrir a porta do boxe. Mase ficou paralisado enquanto seu olhar descia pelo meu corpo nu.
Entrando no jato de água quente, olhei para suas coxas grossas e musculosas e, subindo o olhar, vi que estava rijo e pronto. Sentindo-me confiante e em segurança, peguei o sabonete e comecei a ensaboar minhas mãos enquanto Mase continuava parado. Ele não se moveu nem recuou. Somente seus olhos acompanhavam cada movimento meu. Cheguei mais perto e deslizei ambas as mãos por seu pau duro e liso.
Um grunhido baixo veio de seu peito, e ergui os olhos para ele, vendo que suas pálpebras tinham baixado, deixando-o com aquela expressão misteriosa que eu amava. Deslizando minhas mãos molhadas e ensaboadas sobre ele, com gestos longos, vi sua mandíbula relaxar e ele recuar e se encostar na parede. Deslizei a mão por baixo para agarrar seu saco e comecei a ensaboá-lo também ali.
– Reese – gemeu ele, fazendo menção de segurar a minha mão.
– Deixa... – pedi, apertando meus seios contra seu peito.
– Ahhh... caralho.
Mantive a pegada firme e lenta, e logo a cabeça de seu pau foi ficando vermelha. Um líquido incolor começou a verter, e fiquei ansiosa para ouvi-lo gozar. Acelerei o ritmo, e sua respiração ficou entrecortada.
– Eu vou... gozar. Caralho, gata, eu vou gozar – falou ele.
Então um grito grave saiu dos lábios dele quando seu gozo jorrou em minha barriga e minhas mãos.
– Não se mexa – pediu, num arquejo, então ergui o olhar, notando seus olhos fixos na minha barriga, coberta com ele. – Ah, por favor... não se mexa. Deixe-me só olhar para você. Assim.
Sentindo-me ousada, corri a ponta dos dedos pelos veios brancos de gozo que haviam caído em mim. Então olhei nos olhos dele. Seus olhos estavam excitados novamente. Um brilho possessivo surgira neles.
– Esfregue – disse ele num sussurro rouco.
Fiz o que ele pediu. Com as duas mãos massageei até o líquido desaparecer em minha pele.
Ele pegou o sabonete e começou a ensaboar as mãos. Afastando-se da parede, ele se aproximou e envolveu meus seios com as mãos. Então ele começou a me lavar. Ou a lavá-los. Completamente. Pegou meus mamilos e apertou com carinho antes de descer para minha barriga. Quando chegou ao ponto onde eu havia esfregado seu gozo em minha pele, ele lavou com um toque reverente que fez o formigamento entre minhas pernas se transformar em um latejamento.
Quando deslizou a mão para o espaço entre minhas pernas, precisei apoiar as duas mãos na parede, uma de cada lado. Minhas pernas começaram a fraquejar, e Mase sussurrou em meu ouvido que eu era linda. Que eu era dele. Que ele amava cada parte de mim. Que ver seu gozo em mim o fez ficar louco de desejo.
Agarrando-me aos ombros dele, senti a tensão crescendo e sabia que estava prestes a ser atingida por um orgasmo que provavelmente me deixaria de joelhos.
Mase passou um braço pela minha cintura e me segurou enquanto pressionava meu clitóris mais uma vez. E continuou me segurando quando o prazer desabou sobre mim, e meus joelhos finalmente cederam e se dobraram.
Eu estava voltando à terra, mas ele já havia me lavado e estava me carregando para o quarto. Ele não me secou até me colocar no pé da cama. Depois que passou a toalha por meu corpo, secou-se rapidamente e então me deitou na cama.
Sua boca cobriu a minha enquanto seu corpo rijo e nu roçava no meu. Arqueei as costas, tentando senti-lo ainda mais, enquanto ele continuava a pairar sobre mim, apoiado nas mãos e nas pernas. Essa seria outra razão para eu me sentir grata por ter pernas longas. Envolvi sua cintura com as pernas e o forcei a descer sobre mim.
– Isso, ah! Assim, isso é muito gostoso – gemi, minha boca de encontro à dele, meus seios finalmente esmagados contra o peito dele e a fenda entre as minhas pernas se esfregando na rigidez de sua ereção.
Ele afastou a boca da minha e a enterrou em meu pescoço. Ele respirava com dificuldade. Percebi que cerrara os punhos ao lado da minha cabeça.
– Mase? – perguntei, correndo os dedos pelas costas dele, desfrutando do prazer de sentir seus músculos se flexionarem sob meu toque.
– Eu quero... Não posso... Por Deus, gata – gemeu ele, e seus punhos se apertaram ainda mais, como se ele lutasse contra algo muito forte.
Senti sua ereção forçando meu corpo, e então entendi. Ele queria me penetrar. Estava tão absorta em senti-lo perto de mim que nem uma única vez tivera medo.
A dor do meu passado. A dor que antes acompanhava qualquer contato, sexual ou não, não estava mais em minha vida. Esse homem era o meu mundo. Ele me amava. Era gentil e cuidadoso comigo. E eu queria estar o mais perto dele possível. Queria saber como era ser um só corpo com ele. Isso não era sujo nem errado. Era belo e puro.
Erguendo meus quadris, levei minha mão até seu pau e o guiei até que a cabeça estivesse posicionada bem na minha entrada. Com um movimento, estaríamos ligados. Era esse o objetivo do sexo, uma conexão mágica entre duas pessoas que se amavam tanto que formavam um só corpo, ainda que apenas por um momento. Assim como os corações que elas já haviam unido.
– Faça amor comigo, Mase. Me mostre como é o amor. Por favor.
Acrescentei as últimas palavras para lembrá-lo de todas as vezes que ele me perguntou se podia me tocar e havia terminado a frase com “por favor”. Eu queria isso tanto quanto ele queria o que me pedira.
– Você é minha vida – murmurou ele em meu ouvido, enquanto mergulhava em mim, me preenchendo toda.
Lágrimas encheram meus olhos, e eu o enlacei, abraçando-o muito apertado. Com uma gentileza que eu só vira nele, Mase começou a entrar e sair de mim enquanto beijava meu rosto e meu pescoço, dizendo que eu era linda. Que éramos lindos juntos.
Nunca imaginei que algo pudesse me fazer sentir tão completa.
Deslizando as pernas para cima e para baixo em suas costas e sua bunda perfeitamente definida, mergulhei na luxúria de ser amada por Mase.
– Eu te amo – arfou ele em meu ouvido.
– Eu também te amo – respondi num gritinho.
– Quero gozar dentro de você. Mas não vou fazer isso antes de você estar pronta – falou, beijando meu pescoço.
Eu o queria dentro de mim. Mas não estava usando nenhum método anticoncepcional. Eu precisava de um. Nunca tinha usado antes.
– Deus, Reese, você é tão apertadinha. Juro, não quero nunca mais sair de você – arfou.
Erguendo minhas pernas para que sua estocada fosse mais fundo, senti que ele massageava algo dentro de mim e instantaneamente tive a explosão mais brilhante que já havia sentido. Seu nome jorrou da minha boca e apertei as pernas em torno dele, mantendo-me assim para não descolar dele.
Seu corpo tremeu enquanto ele gritava meu nome. Quando seu corpo começou a ter espasmos em cima de mim, abri os olhos e vi os dele bem fechados e sua cabeça jogada para trás. O suor descia de sua testa e uma gotinha rolou pelo seu rosto e caiu em mim.
Quando finalmente abriu os olhos, ele me fitou.
– Não posso me desculpar por essa, porque, meu Deus, Reese, juro que os anjos acabaram de cantar e essa casa tremeu nas bases.
Sorrindo, corri as mãos pelo cabelo úmido de Mase e puxei sua boca para a minha.
– Pelo que você se desculparia? – perguntei junto aos lábios dele.
– Por gozar dentro de você – disse ele num sussurro.
Ele ainda estava dentro de mim. Eu ficara tão perdida nos jardins do paraíso que nem tinha me dado conta.
– Ah. – Foi tudo que eu disse.
– Quando você fechou as pernas, tentei segurar até você terminar, mas você é tão apertada. E você é tão linda quando goza. E você me agarrou como uma luva, gata. Quando percebi, já estava gozando.
Eu não ia arruinar esse momento porque tínhamos nos esquecido de tudo.
– Mase, isso foi... isso foi mais... mais do que eu podia imaginar.
Ele se virou de costas, ainda enterrado em mim. Gostei de ver que ele não tinha pressa de sair. Queria ele o mais perto possível. Agora eu estava por cima dele.
– Eu amo você. Você é o meu mundo. Mas tem duas coisas que vêm logo atrás, muito perto – disse ele num tom sério. – Essas suas pernas compridas e essa bocetinha apertada vão me ganhar se você não tomar cuidado – acrescentou ele com um sorriso provocador.
Rindo, eu o beijei. Porque ele era meu.
Mase
Escrevi meu endereço em cada uma das caixas, empilhadas junto à porta da frente do apartamento de Reese. Ela estava ocupada limpando o refrigerador agora vazio. Jimmy havia acabado de sair, depois de se despedir dela com um abraço choroso.
Ele fizera tudo tal como eu pedira. Tinha ficado ao lado dela. Ele a mantivera em segurança. Eu devia muito a ele. Não sabia como pagaria, mas eu pagaria. De algum jeito.
Reese se curvou, me distraindo quando seu short subiu um pouco, revelando minha pinta favorita.
– A pinta, gata. Se você quiser terminar isso sem minha boca na sua bunda, então não se curve assim – adverti, fechando a porta e espreitando por trás das caixas na direção dela.
Reese se levantou e se virou para mim, rindo.
– Foi mal. Tive que limpar o fundo da geladeira.
– Não se desculpe. Decidi que quero beijar essa bunda. Curve-se de novo – pedi, com um sorriso travesso.
Reese recuou, colocando as mãos à frente do corpo, para me deter.
– Não. Nunca sairemos daqui se você não parar com isso. Já fizemos sexo no sofá, na cama, em cima do bar e da cômoda. E faz apenas um dia e meio que chegamos aqui. Assim, não vamos terminar nunca.
Agarrei suas mãos e a puxei para mim, com cuidado para não machucá-la.
– Gata, de quem é essa bocetinha? – perguntei, deslizando minha mão pela frente de seu short.
– Sua – falou com um suspiro.
Meu monstro possessivo rugiu, despertando.
– Isso mesmo. E eu quero brincar com a minha bocetinha. E escutar minha garota gritar o meu nome.
Os olhos de Reese ficaram vidrados e sua respiração, entrecortada. Eu sabia que agora ela estava vencida. Era fácil convencê-la. Nas primeiras vezes, eu fora cuidadoso e não apressara nada. Eu me certificava de que ela estivesse comigo o tempo todo e que soubesse que eu a adorava e jamais a machucaria.
Mas não precisava mais disso. Tudo o que eu tinha que fazer era falar sacanagem e ela se derretia, pronta para eu fazer o que quisesse. Essa mulher fazia com que eu me sentisse o rei do mundo.
Uma batida na porta me impediu de tirar a blusa dela e chupar seus seios. Lutei para não soltar um palavrão, porque provavelmente era outra pessoa vindo se despedir dela. Reese precisava saber que sentiriam falta dela. Que mais pessoas aqui se importavam com ela, não só Jimmy. E só por essa razão eu me contive e não reclamei.
– Eu atendo. A Srta. Popular está recebendo muitas visitas hoje, hein – provoquei.
Sua risada musical me acompanhou.
Abri a porta de supetão, esperando ver alguém conhecido, mas, em vez disso, me vi diante de um homem alto, de aparência distinta, vestido em um terno Armani. Eu tinha um para eventos especiais, então sabia. Seu cabelo negro e sua pele morena me fizeram pensar que fosse italiano. Havia algo no formato de seus olhos. Eram castanhos, mas familiares.
– Reese Ellis mora aqui? – perguntou ele, o sotaque mais leve do que eu esperava.
Ele me lembrava uma versão cinematográfica de um chefe da Máfia.
– Ela morou – respondi, não gostando nada do fato de o homem saber o nome dela e a estar procurando.
– Eu sou Reese Ellis – disse ela, surgindo atrás de mim.
Merda. Não queria que ela viesse até a porta. Algo nesse homem me preocupava.
– Posso ajudá-lo? – perguntou ela, estudando o homem com muita curiosidade.
– Gata, pode deixar que cuido disso – murmurei, colocando-a atrás de mim com um braço e cuidando para que meu corpo a cobrisse.
O canto da boca do homem formou um sorriso, como se ele estivesse se divertindo.
– Fico feliz de saber que Reese tem alguém para protegê-la. No entanto, esperei 23 anos para conhecê-la. – Ele estendeu a mão para mim. – Sou Benedetto DeCarlo, pai de Reese.
Adoraria se ele voltasse para aquela cama e ficasse ali comigo. Fazendo o que eu estava pensando. Mas eu não queria ter que pedir. Não sabia como faria isso. Eu sabia por que ele queria que fosse eu a pedir, mas, ainda assim... a ideia era embaraçosa demais.
Como pedir a um homem que toque sua vagina?
Agarrando-me àquele pensamento, eu me levantei e abri um sorriso para ele.
– Vou fazer waffles para você. Vista a calça para eu não me distrair.
Mase riu enquanto eu corria para o banheiro e escovava os dentes e penteava o cabelo.
Então fui preparar o café da manhã do meu gato enquanto ele ficava do outro lado do balcão, me observando.
Mase
Se ela se abaixasse mais uma vez e me mostrasse aquela pinta, eu ia perder a cabeça. Eu já tinha comido os waffles e resistido enquanto ela batia a massa sem sutiã sob a camiseta. Aquela já fora uma visão extasiante. Mas agora ela estava limpando a cozinha e ficava se abaixando a todo momento.
Eu havia me oferecido para limpar, mas Reese me empurrara daquele cantinho e disse que seria mais rápida, pois sabia onde tudo ficava. Então agora eu estava sendo premiado com uma vista de sua bunda e daquela pinta. A minha pinta.
Eu adorava aquela manchinha.
Merda, eu estava com tesão. Eu estava me esforçando tanto para ser bonzinho, mas ela me deixava louco. Eu conhecia a sensação de ter aquela bunda nas mãos e aqueles mamilos doces se retesando em minha língua.
Gemendo, dei as costas à visão mais bela que eu já tivera na vida e fui me sentar no sofá.
Afundei ali e tive que ajeitar meu maldito pau. De repente o jeans estava apertado demais e o zíper ia deixar uma marca nele se eu não me controlasse. Precisava pensar em algo que não fosse o corpo de Reese.
Primeiro exterminador de tesão que eu pude imaginar: minha mãe. Ela ia querer saber aonde eu tinha ido. Precisava ligar para ela e explicar. Eu só havia avisado ao meu padrasto. Não tinha me explicado para ela. O que significava que ela ia me fazer um monte de perguntas. Estava pronto para contar a ela sobre Reese. Queria falar sobre ela. Minha mãe provavelmente era a pessoa que gostaria de me ouvir falar dela.
– Você está bem?
A voz de Reese interrompeu meus pensamentos e me virei para vê-la vindo em minha direção. Aquelas pernas longas e... cacete, aqueles peitos estavam balançando. Ela precisava de um sutiã. Eu precisava que ela vestisse um sutiã. A ereção que eu conseguira inibir estava de volta... e com toda força. Caralho.
– Estou bem – afirmei, e ela veio e se sentou ao meu lado, recolhendo as pernas e enroscando-se em mim.
A carne macia pressionou meu corpo e eu comecei a latejar. O cheiro doce de canela chegou ao meu nariz e eu estiquei as pernas na esperança de me dar um pouco mais de espaço naquele jeans.
– Você não parece bem. Você está fazendo caretas – disse ela, esticando a mão e segurando meu rosto. Tão doce.
– Estou tentando ser um bom rapaz, gata. Mas olhando para você fica difícil – admiti.
– Ah – disse ela baixinho, quase num sussurro.
Então seus olhos pousaram no meu colo e ela arquejou. Não havia como esconder o fato de que eu estava duro feito uma pedra. Não lidava com uma situação dessas desde a adolescência. Não tinha ereções assim exceto quando estava na hora certa. No entanto, um olhar para Reese e meu pau ficava em posição de sentido.
– Parece que está apertado aí dentro – disse ela, sussurrando, como se outra pessoa, além de mim, pudesse escutá-la.
– Está mesmo.
Ela arfou novamente e então tocou minha perna. Eu estava quase implorando para que ela me tocasse. Todo o sangue do meu cérebro estava fluindo para baixo.
– Você pode tirá-lo e me deixar... quer dizer, posso tocar nele?
Claro que sim!
Minhas mãos voaram para o zíper e o abriram em tempo recorde, então baixei o jeans o suficiente para que meu pau pudesse saltar, livre. Ela me observava com tanta intensidade que, juro, estava prestes a explodir só com o olhar dela.
As pontas dos dedos dela traçaram o volume rígido sob a cueca, que eu não baixara. Não tinha certeza se ela estava pronta para vê-lo ao vivo.
– Você pode tirá-lo? – perguntou ela, erguendo os olhos para mim e depois voltando-os novamente para o meu colo.
Essa garota estava me perguntando como se eu pudesse dizer não para ela. Meu pau já tinha decidido mais de um mês atrás que só queria se excitar com ela. Ela era dona dele tanto quanto era dona de mim.
Parei e observei o rosto dela para ter certeza de que ela estava pronta para isso antes de tirar a cueca e deixá-la ver o que estava pedindo. Não queria de jeito nenhum vê-la levantando num pulo e ir correndo jogar água no rosto por ter visto meu pau. A ideia de assustá-la assim acabaria comigo.
A mão dela se moveu quase em câmera lenta até que uma ponta de dedo desceu pela cabeça dura e inchada, seguindo pelas veias ao longo do corpo. Eu não estava conseguindo respirar. O oxigênio se recusava a entrar nos meus pulmões.
– Me diga como tocá-lo – pediu ela, correndo um dedo para cima, em direção à cabeça.
Ela queria que eu falasse... agora?
– Feche... – disse, e arquejei em busca de um pouco de ar. – Feche a mão em torno dele, depois deslize para cima e para baixo.
Ela fez exatamente o que eu disse, e estrelas tomaram toda a minha visão. Precisei piscar várias vezes para enxergar alguma coisa. Olhei para sua mãozinha em torno do meu pau, e vi que ele estava vertendo um pouco de fluido. Ela fez uma pausa. Seus olhos se ergueram para mim.
– Você gosta assim? – perguntou, a respiração pesada.
Isso a estava deixando excitada. Cacete, os mamilos dela estavam duros e se projetando sob a camiseta fininha.
– Você nem imagina – respondi, tenso.
Ela apertou a mão ao subir e seus olhos se arregalaram quando o líquido incolor surgiu na ponta.
– Caraaaalho – gemi, e deitei a cabeça para trás no sofá.
Eu estava em alguma forma de nirvana e não queria sair de lá.
– Apertei demais? – perguntou, inocentemente.
– Ahh, gata, não. Está muito bom – garanti, ofegante.
Sua mão manteve a pressão, e ela começou a deslizar para cima e para baixo com mais vigor. Minha boca se abriu e agarrei o braço do sofá.
– Isso foi um gozo ou você vai... gozar mais? – perguntou ela, enquanto o líquido cristalino cobria meu pau sob sua mão.
Ela não se intimidou; em vez disso, passou a usá-lo como lubrificante.
– Se continuar assim, eu vou... explodir.
A safadinha sorriu. Ela estava se divertindo. Caralho, eu não estava aguentando. Eu queria me segurar para aproveitar mais. Não ia assustá-la e gozar na sua mão. Mas fazê-la soltar para que eu terminasse o serviço não era nada convidativo.
Virei a cabeça para olhá-la, e esse foi o erro. Ela mordia o lábio inferior, e, a cada movimento de sua mão, seus peitos balançavam. Pronto.
– Vou gozar – avisei, tirando a mão dela.
– Espere, não – disse ela, me pegando outra vez.
– Gata, eu vou...
A puxada para cima e o cheiro dela me pegaram de uma vez só. Gritei o nome dela quando aconteceu exatamente o que eu tinha avisado. Ela continuou movendo a mão no meu pau e eu continuei gozando feito louco. Desabando de volta no sofá, achei que talvez até tivesse gemido. Não tinha mais certeza. Meu cérebro estava nebuloso e meu corpo zumbia com um prazer tão intenso que eu não sabia se conseguiria caminhar outra vez.
Então a mão dela parou de se mexer, e eu respirei fundo.
– Puta merda, isso foi... incrível – falei, fitando sua mãozinha coberta com meu gozo.
Só de ver isso, meu pau acordou novamente. Caramba, ela estava me transformando num animal. Eu tinha acabado de ter o melhor orgasmo da minha vida na mão dela.
– Deixe-me limpar você – falei, puxando minha cueca e me levantando para tornar a vestir o jeans. – Vou pegar uma toalha.
Mas ela se levantou, sorrindo.
– Vou lavar as mãos – afirmou. E então me fez sentar de novo. – Parece que você está precisando respirar.
Minha garota era uma gaiata. Eu ri, e ela olhou para trás e piscou para mim. Puta que pariu, ela piscou para mim.
Reese
Lavei as mãos na água morna e olhei pelo espelho o sorriso bobo em meu rosto. Eu tinha conseguido. Fizera Mase gemer e gritar e inclusive se agarrar no sofá – como se sua vida dependesse disso – até gozar. Eu. Eu fiz isso. E sem ir nenhuma vez àquele lugar sombrio da minha mente. Eu ficara completamente absorta observando Mase, sabendo que era eu quem estava dando prazer a ele. Entrei num transe maluco com aquilo.
E teve a maneira como ele olhava para mim, em êxtase, como se eu fosse algum presente divino. Ele sempre fazia com que me sentisse especial, mas naquele momento me senti como uma deusa. A deusa dele.
– Você está se sentindo totalmente realizada – disse a voz grave dele, e eu o vi pelo espelho se aproximar de mim por trás.
Ele tinha um sorriso preguiçoso e satisfeito, e fora eu quem colocara aquele sorriso ali. Eu estava satisfeita comigo mesma.
– Estou – admiti.
Ele afastou meu cabelo e deu um beijo em meu pescoço.
– Hummm, isso é fofo e sexy – disse ele num sussurro. – Mas também me dá muito tesão.
Senti minha pele se arrepiar quando ele lambeu meu pescoço.
– Só tenho um probleminha com isso – falou, mordiscando minha orelha.
– É?
A mão dele fez pressão em minha barriga, puxando-me ao encontro do seu corpo.
– É. Tenho. Você me viu gozar na sua mão. Agora eu quero ver você gozar na minha – disse ele, enquanto seus dedos brincavam na cintura do meu short.
Já tínhamos tentado isso antes. E eu entrara em pânico. Não queria estragar a manhã.
– E se eu não estiver pronta? – perguntei, incapaz de negar que o modo como os dedos dele deslizavam para dentro do short me fazia tremer de excitação.
Ele parou para pensar só por um momento e então sua boca começou a deixar um rastro de beijos pelo meu corpo, descendo por meu pescoço e percorrendo o ombro.
– Pensei nisso. Tenho pensado nisso. Preciso manter você comigo enquanto a toco. Quero tentar outra vez, mas não vou parar de falar com você. Vou assegurá-la o tempo todo de que sou eu quem está aqui com você. Podemos tentar?
Meus seios estavam doendo, mas a área entre as minhas pernas estava pegando fogo. Eu queria. Meu corpo queria. E eu amava Mase. E era o que ele queria.
– Está bem – respondi.
– Obrigado – gemeu ele.
Então me pegou no colo e me levou para a cama, deitando-se ao meu lado.
– Seu cheiro é tão bom. Quando estou em casa, me deito à noite na cama e posso sentir vestígios do seu cheiro. Fico excitado. Quero você lá. Comigo – disse ele no meu ouvido, começando a deslizar a mão lentamente para dentro do meu short.
Eu não tinha vestido calcinha, e em breve ele ia descobrir isso.
Quando ele avançou a mão o suficiente para se dar conta, parou.
– Gata, você está sem calcinha – disse numa voz grave.
Virei a cabeça para vê-lo.
Seus olhos tinham a mesma expressão de quando eu o estava acariciando. De tanto que isso o excitava. A umidade entre as minhas pernas aumentou, e fiquei constrangida porque ele descobriria como eu estava excitada.
– Abra as pernas. Por favor, para mim. Deixe-me tocar você. Quero ver você gozar para mim. E sentir sua umidade na minha mão. Pode me dar isso, Reese? Eu quero tanto, tanto.
Engoli em seco, nervosa.
– Já estou molhada – confessei, me sentindo mortificada só de dizer aquilo.
Os olhos dele brilharam com tanta intensidade que meu coração quase parou. Seus dedos deslizaram pelo meu monte de vênus e então penetraram nas dobras abaixo. A sensação que eu experimentara ali por toda a manhã agora latejava e eu precisei me agarrar no braço dele para não cair da cama.
– Ah, meu Deus – gemeu ele, enterrando a cabeça no meu pescoço. – A bocetinha mais doce do mundo está encharcada por mim.
Ele estava feliz com isso. Eu teria soltado um suspiro de alívio, mas seus dedos começaram a se mover e eu só consegui emitir uns ruídos e agarrar o braço dele e os lençóis.
– Sou eu aqui. Minha mão no meio das suas pernas. Meus dedos tocando sua bocetinha. Eu, gata. Eu. Tudo isso é meu. Eu sempre vou cuidar de você. Nada nem ninguém vai machucá-la. – Sua voz era baixa e ele falava no meu ouvido.
Eu estava tremendo e me agarrava nele.
Ele queria me manter ali, junto dele, naquele momento, e estava fazendo um trabalho maravilhoso. Dificilmente minha cabeça conseguiria estar em algum outro lugar.
– Quando você estiver pronta, vou pôr minha boca bem aqui – disse ele, correndo o dedo sobre meu ponto mais sensível. – Vou lamber esse botão até você gritar e cravar as unhas nas minhas costas enquanto goza na minha cara. Você vai adorar. Juro que vai. Você vai segurar minha cabeça ali e implorar para que eu não pare. Porque serei eu.
A sensação crescente dentro de mim estava acelerando, e eu sabia o que era. Eu havia me masturbado antes de acontecerem... aquelas coisas. Em minha cabeça eu criava fantasias com os garotos da escola quando estava na cama, à noite. Mas isso agora era algo mais forte. Parecido, porém maior. E eu queria que acontecesse. Com Mase, eu queria.
– Isso, gata. Me deixe dar prazer a você. Faça isso por mim. Quero ver você gozar para mim. Quero ver minha garota extasiada nos meus braços. Você é tão linda...
Com aquelas palavras, eu me entreguei, gritando o nome dele enquanto meu corpo estremecia e ele me apertava em seus braços. Sua mão permaneceu em mim, me cobrindo e navegando as ondas do êxtase comigo. Eu entoava o nome dele. E o ouvia a distância.
Ele me chamava de gata e dizia que eu era incrível.
Eu não queria voltar. Poderia viver essa viagem para sempre.
Mas por fim ela se dissipou e lentamente eu desci de volta à terra. Os braços de Mase ainda estavam à minha volta, me apertando de encontro a ele, e sua mão continuava no ponto em que me dera prazer. Ele respirava pesadamente, e seus olhos estavam escuros e quentes enquanto ele me olhava de cima.
– Meu Deus, você é deslumbrante – sussurrou ele, enquanto eu piscava e finalmente conseguia focar em seu rosto.
Eu não podia falar ainda. Aquilo não fora nada parecido com o que eu tinha experimentado na cama quando era mais jovem. Meus dedos não conseguiam fazer isso comigo mesma. Será que aquilo era saudável? Era tão bom que tinha que ser perigoso. E eu queria repetir. Imediatamente.
– Não quero tirar a mão daqui. Ela está coberta de você, quero que continue assim – disse ele, movendo a cabeça para dar um beijo no meu nariz. – Foi a coisa mais erótica que eu já vi. Juro por Deus, você me deixou tão enfeitiçado que eu nem consigo enxergar direito. Se você me deixasse, ficaria aqui nesta cama e faria você gozar sem parar.
Eu deixaria. Estava gostando da ideia. Muito.
Mase
Eu poderia morrer feliz. Senti pena dos outros homens, porque eles nunca saberiam como era Reese quando gozava. Eu sabia. Ela era minha. A vontade de bater no peito era enorme. Tive que me segurar. Mas, por Deus, era o que eu queria fazer.
Reese saiu do quarto vestindo short jeans e uma blusa amarelo-clara com um nó na cintura. Ela parecia jovem e pura. Queria levá-la de volta para a cama e começar tudo de novo. Vê-la toda sexy, cavalgando minha mão como se sua vida dependesse daquilo.
Mas ela já havia me dado o suficiente por hoje. Não ia forçá-la outra vez. Não quando tínhamos ido tão bem pela manhã. Falar com ela e mantê-la comigo o tempo todo não apenas tinha funcionado, como também a excitara ainda mais. Quanto mais eu falava, com mais tesão ela ficava.
Era o suficiente por enquanto.
– Quando você tem que ir embora? – perguntou ela, interrompendo os meus pensamentos e me lembrando de que eu teria que deixá-la.
– Queria conversar com você sobre isso – falei, imaginando como pedir que ela se mudasse para a minha casa, que ficava em outro estado, tão distante dali.
Pareceria maluquice, mas, sinceramente, eu não ligava. Ela era a mulher da minha vida.
Suas sobrancelhas se ergueram, e ela inclinou a cabeça, como se esperasse por mim.
– Quero que você se mude para o... Texas... comigo... para... a minha casa.
Isso não fora nada sutil.
A maneira como seu queixo caiu e seus olhos se arregalaram provava que eu tinha feito tudo errado. Merda.
– Co... como? – balbuciou.
Passei as mãos no rosto e reprimi um grunhido de frustração. Ela me fazia dizer besteiras. Eu ficava tão atrapalhado perto dela que não conseguia pensar direito. Falava sem pensar. Eu nunca quis tanto uma coisa quanto que essa mulher estivesse na minha cama, todas as noites, pelo resto da minha vida.
– Você não tem emprego, exceto pelo arranjo com Harlow, e não tem família aqui. Não há razão para ficar. Posso conseguir outro professor para você em Fort Worth. Essa é a única coisa que prende você aqui. Quero você comigo, Reese. Detesto não ter você perto de mim.
Aqueles olhos expressivos a entregaram. Ela gostou da ideia, mas também se assustou. Estávamos juntos havia pouco tempo. Nossa amizade tinha quase dois meses, mas nosso relacionamento era muito recente.
– Você me quer lá... com você – falou, como se estivesse perdida numa confusão.
– Sim – respondi com firmeza.
Ela agarrou uma mecha de cabelos e olhou em torno da sala, cheia de nervosismo. Então começou a andar de um lado para outro.
Esperei. Ela estava pensando, e eu queria que ela pensasse seriamente naquilo. Então queria que ela dissesse sim e fizesse as malas.
– Você não... Há tanta coisa. Preciso de tempo. Nós precisamos de tempo. Estou bem instalada aqui e tenho amigos. Tenho Jimmy. Tenho um lugar meu. Você não... Não podemos simplesmente ir morar juntos assim. Também detesto quando você vai embora, mas... Mase...
Ela parou de andar e pôs as mãos na cintura, como se estivesse carregando o mundo nos ombros.
– Tem tanta coisa que você não sabe. E não estou pronta para contar. Tanta coisa dentro de mim. É tenebroso e... não é um lugar para onde eu queira levar você. Mas preciso de tempo. Nós precisamos de tempo. Assim. Quando você vier aqui, podemos ficar juntos. E temos nossas conversas noturnas e minhas leituras para você. E eu gosto do Dr. Munroe. Ele está me ajudando e me sinto bem com ele. Não posso simplesmente ir porque quero estar perto de você.
Argumentar com ela era minha reação automática. Eu era bom em convencer as pessoas. Poderia apresentar uma razão que lhe mostrasse que tudo aquilo não importava.
O que me deteve foi seu olhar suplicante. Ela não queria que eu argumentasse. Ela queria que eu deixasse o assunto de lado.
Eu deixaria. Por ela. Por enquanto.
– Está bem. Mas saiba que, quando você estiver pronta, eu também estarei – garanti, por fim.
Ela soltou um suspiro profundo, então sorriu debilmente para mim.
– Obrigada por me querer.
Palavras que eu levaria comigo para o Texas, que eu guardaria no peito e me machucariam toda vez que eu as tocasse.
Minha garota não deveria jamais ter que agradecer alguém por desejá-la. Em algum lugar de sua mente, ela acreditava que não era digna. Isso era o que mais me doía.
Parado na porta do apartamento, depois de levá-la para almoçar e beijá-la por mais de uma hora, eu sabia que tinha que deixá-la. Outra vez. Meu mundo lá no Texas estava chamando. Eu tinha que ir cuidar do rancho e da vida que eu construíra para mim.
Abracei-a apertado mais uma vez e sussurrei em seu ouvido:
– Cuide-se bem. E sinta saudades enquanto eu estiver longe.
Reese
Peguei a colher que Jimmy me estendeu e mergulhei fundo no sorvete de caramelo. Precisava de comida antidepressiva. Estava arrasada desde que Mase fora embora naquela manhã. Eu poderia ter ido com ele. Ele me convidara.
Se tivesse dito sim, eu o perderia muito mais cedo. Ele não estava comigo tempo suficiente para me conhecer de verdade. Ele só tivera pequenas doses de mim. Como seria quando as lembranças vazassem e eu me enfiasse embaixo da ducha quente gritando e me esfregando? Ele não tinha visto isso. Pensaria que eu era louca. Porque eu tinha certeza de que era.
De vez em quando, o passado irrompia e, quando acontecia, eu ficava meio maluca.
Não contei nada disso para ele. Ele conhecia o que estava na superfície, e mesmo assim nem tudo. Sabia apenas o suficiente. Meu passado me marcara.
Esse passado havia destruído a minha habilidade de ter intimidade com qualquer pessoa.
Exceto com Mase. Eu o estava deixando entrar. O dia de hoje era a prova disso.
– Quer falar sobre esse assunto? Ou só comer? – perguntou Jimmy, com um olhar preocupado.
– Não quero falar nada agora, só comer essa delícia – respondi, e enchi a boca de sorvete.
– O homem veio do Texas numa noite de terça-feira para pegar seu dinheiro de volta com a bruxa malvada, devolvê-lo e ter certeza de que você estava bem antes de voltar para o trabalho no dia seguinte. Eu acho que você deveria ser só sorrisos. E não estar aí pê da vida e decidida a comer meio quilo de sorvete.
Eu não ia contar para Jimmy. Se contasse, teria que revelar mais, e eu não ia deixar meu passado entrar. Não nesta noite.
– É que detesto quando ele vai embora. Só isso. – Foi o que eu disse.
– Aham, garota, você e o resto do mundo. Ele é um colírio para os olhos – concordou Jimmy.
Aquilo arrancou de mim uma risada que morreu quase instantaneamente. As garotas em Fort Worth não tinham que vê-lo partir. Ele estava lá. Com elas. Elas podiam vê-lo e falar com ele. Ele não precisava atravessar fronteiras estaduais de avião para resolver os problemas delas.
– Para onde quer que sua cabeça tenha voado, traga-a de volta, por favor – disse Jimmy, apontando sua colher para mim. – O homem veio do Texas até aqui por sua causa ontem à noite. Ele não está fazendo mais nada com ninguém. Caramba, duvido que ele sequer sorria no Texas. Ele está sorrindo demais para você. Ele precisa descansar aquela boca sexy um pouco.
Dei uma risada. Alta.
Jimmy se recostou e deu um sorrisinho maroto. Estava satisfeito consigo mesmo.
O som do meu telefone tocando o fez se levantar e se despedir.
– Olha aí seu gato texano ligando. Falo com você amanhã.
Olhei para o telefone, esperando ver as botas de caubói, mas era um número desconhecido. Não contei para Jimmy.
– Tchau, Jimmy. E obrigada – gritei.
Ele me mandou um beijo e fechou a porta ao sair.
Esperei um momento até ele estar mais longe da porta antes de atender.
– Alô?
– Você acha que ele é seu, mas não é. Ele estava transando comigo antes de você e vai voltar a transar depois de você.
Fiquei segurando o telefone por muito tempo depois de a mulher ter desligado.
Uma hora depois, Mase ligou para me dizer que tinha chegado bem, mas que estava exausto. Ele me telefonaria amanhã.
Na manhã seguinte, me recusei a pensar naquela estranha ligação. Poderia ter sido um engano. Ela não mencionou o nome de Mase. Tirei aquilo da cabeça e finalmente liguei para Blaire Finlay para marcar um encontro com ela na semana seguinte e combinar a faxina. Então fui ao mercado e paguei minhas contas daquela semana.
Voltei para o apartamento e o limpei de cima a baixo. Na hora da consulta com o Dr. Munroe, já estava melhor. Tinha conseguido me controlar e sabia que, quando ligasse para Mase naquela noite, tudo estaria certo.
Eu só estava com saudades dele.
Isso era tudo.
Mase
Tirei a roupa e fiquei deitado na cama escutando Reese ler para mim seu novo livro. Ela parecia desligada naquela noite, ou nervosa. Eu não sabia exatamente o que era. Tive que ajudá-la algumas vezes. Assim que ela chegasse ao fim do capítulo dois, eu ia deixá-la parar. O livro era mais difícil, e ela parecia cansada.
– Quer que eu continue? – perguntou ela.
– Está bem assim. Você está se saindo muito melhor, gata. Estou orgulhoso.
E estava. Seu nível de leitura já era o do quarto ano. O Dr. Munroe atribuía o fato ao grande esforço dela para aprender na escola – tanto é que havia aprendido. Ela só não foi treinada para lidar com sua dificuldade. Agora que estava trabalhando isso, recuperava terreno rapidamente e utilizava o aprendizado do passado.
– Minha redação ainda não é boa, mas escrevi uma carta hoje. Não era uma carta de verdade. Como exercício, eu deveria escrever uma carta para alguém, agradecendo um presente. Só errei duas palavras. O Dr. Munroe ficou satisfeito.
O orgulho em sua voz fez meu peito se inflar. Adorava saber que ela sentia orgulho de suas realizações. Tinha que sentir mesmo.
– Estou esperando você me escrever uma carta – disse a ela.
Poderia guardá-la no bolso durante o dia e tirar quando precisasse de um pouco de Reese no meu dia.
Ela riu baixinho.
– Não estou pronta ainda. Espere eu melhorar um pouco. Não quero que o Dr. Munroe corrija uma carta que eu tenha escrito para você. Então ela terá que seguir para você sem revisão.
Nada que ela me desse seria menos que perfeito. Porque seria dela. Escrito por ela. Se misturasse todas as letras e palavras, então era assim que deveria ser. Porque ela teria escrito aquilo para mim.
– Não se preocupe com quantos erros estarão na carta, Reese. Seria uma carta sua. Isso é tudo que importa para mim.
Ela deixou escapar um leve suspiro.
– Você diz as coisas mais doces do mundo.
Eu poderia dizer coisas ainda mais doces se ela me deixasse. Estava tentado a fazer isso. Eu ainda podia sentir seu cheiro em minha mão. Eu havia levado aqueles dedos ao nariz e inalado o dia todo.
– O que você está vestindo, Reese? – perguntei.
– A sua camiseta, exatamente como combinamos.
Pude perceber o tom divertido em sua voz.
– Deite-se na cama para mim.
Eu a estava testando. Pararia se ela hesitasse.
– Está bem – respondeu ela. – Estou na cama.
Porra. Sim. Ela estava entrando na brincadeira.
– Você está deitada de costas?
Eu a queria deitada de costas, com as pernas abertas para mim.
– Sim. – Sua resposta foi rápida e ansiosa. Ela sabia o que eu queria.
– Você vai abrir essas pernas lindas para mim, gata?
Esperei, sem saber se ela iria assim tão longe.
Depois de apenas uns poucos segundos, ela respondeu:
– Sim.
Tirei meu pau, que já começava a ficar duro na cueca, e o envolvi com a mão. A imagem de Reese deitada de costas na cama dela com minha camiseta e as pernas abertas para mim era o bastante para me fazer voltar para aquele maldito avião.
– Você sabe o que eu quero que você faça, não sabe?
– Sei – murmurou ela.
– Você pode fazer isso? Posso ouvir você se dando prazer?
Ela estava respirando pesadamente.
– Você também?
– Eu também o quê, gata?
– Você vai fazer isso também?
Sorrindo, acariciei a extensão do meu pau.
– Já estou fazendo. O fato de você estar na cama, com as pernas abertas e vestindo minha camiseta já me deixou com tanto tesão que chega a doer.
– Ahhh – disse ela, soltando um gemido.
Caralho... ela estava... se masturbando.
– Onde estão seus dedos?
– Na minha... lá embaixo.
Ah. Fechei os olhos e deixei a voz dela e a imagem do que estava fazendo dominar meus pensamentos.
– Está molhadinha por mim?
– Siiiiim – disse ela, com a respiração entrecortada.
– Brinca gostoso com ela para mim. Dê prazer a essa doce bocetinha. Não estou aí para cuidar dela. Preciso que você faça e me deixe ouvir. Quero ouvir aqueles sons que você faz.
– Ahhhhh! – gritou.
Ela estava adorando.
– Esfregue forte esse botão duro e inchado. Quero beijá-lo. Muito... Lamber todos os pontos sensíveis e então sugar esse botão quente até você puxar meu cabelo e gritar meu nome.
– Ahhhh, meu Deus – gemeu.
– Isso. Pense na minha cabeça entre as suas pernas. Bem abertas para mim. Eu posso lamber essa doçura toda. Só eu. Com você. Só nós, gata. Suas mãos agarrando meu cabelo e as minhas... as minhas mãos nas suas coxas macias, mantendo você aberta. Respirando você.
– Mase! Ah... aaaaah!
O gozo dela desencadeou o meu. Fiquei ouvindo enquanto ela gemia em sua viagem e desejei profundamente estar lá para ver aquilo.
Reese
Na semana seguinte, não me limitei a ler para Mase à noite. Terminávamos nossas noites fazendo outras coisas...
Sorrindo ao pensar no meu segredo, passei mais tempo escovando o cabelo. Eu tinha limpado a casa de Harlow duas vezes e encontrado Blaire Finlay. Ela ia precisar de alguém três dias por semana. Eu precisava conversar com Harlow sobre trabalhar na casa dela dois dias e três na de Blaire, para assim atender as necessidades das duas. A faxineira atual de Blaire ainda não tinha se aposentado, então havia tempo para acertar isso. Ela ficaria mais duas semanas.
Jimmy descobrira no início da semana que hoje era meu aniversário. E decidira que ia sair comigo. Eu tinha comemorado essa data sozinha a maior parte da minha vida. Lembrei-me de que, aos sete anos, ganhei um bolo. Minha mãe o fizera e convidara as crianças da vizinhança. Eu havia pensado que ela tinha feito aquilo para mim e, por pouco tempo, me sentira muito especial.
Então, mais tarde naquele dia, eu a encontrara no banheiro de joelhos diante de um pai que levara os filhos à festa. Ele dizia coisas que eu fazia questão de não lembrar enquanto ela se agarrava às coxas dele e chupava seu pau. O homem morava do outro lado da rua com a mulher e dois filhos.
Naquele momento eu percebera não só que havia algo errado no que minha mãe estava fazendo, como também que ela tinha dado a festa apenas para se aproximar daquele homem. Não por minha causa. Aquele foi meu primeiro e último bolo de aniversário.
Hoje eu ia construir novas memórias. Jimmy queria que fôssemos dançar e comer bolo. Então era o que iríamos fazer. Eu celebraria meus 23 anos com alguém que se importava comigo.
Dando um passo para trás e olhando no espelho, achei que estava bonita. O vestido que eu usava era laranja-claro e me lembrava do pôr do sol. Era um tomara que caia marcado na cintura por um cinto marrom trançado que ía até a metade da coxa. Coloquei as botas de caubói que tinha comprado para agradar Mase. Ele não as tinha visto ainda, mas usei um pouco do dinheiro da minha poupança para comprá-las. Estavam em promoção pela metade do preço.
A batida na porta foi seguida de um:
– Abra, aniversariante!
Sorri e fui abrir para Jimmy.
Ele assoviou e girou o dedo no ar para que eu desse uma voltinha para ele ver.
– Vou ter de bancar o hétero para manter os homens longe de você. Caramba, mulher, você está um arraso.
Rindo, peguei uma bolsinha que havia comprado no ano passado numa liquidação, mas ainda não tinha tido a chance de usar. Era dourada, mas simples, com uma alça de mão.
– Vamos dançar – falei quando ele pegou a minha mão e a pôs em seu braço.
– Eu sou bom nisso, garota. Espere só para ver.
Eu não tinha dúvida.
Seguimos para a cidade, a direção oposta da que eu esperava, pois eu sabia que não havia nenhum lugar para dançar em Rosemary Beach. Franzindo a testa, olhei para Jimmy, que cantava “Born in the USA” batucando no volante.
– Onde vamos dançar? – perguntei.
– Ah, num lugar chamado FloraBama – respondeu ele, me dirigindo um sorriso grande demais.
Algo não estava fazendo sentido.
– Mas não estamos saindo da cidade – observei.
Ele confirmou com a cabeça.
– Sim. Antes, preciso entregar um negócio no clube.
Bem, isso fazia sentido. Me recostei e observei a cidadezinha passar por nós até virarmos na entrada dos fundos do clube, onde os empregados estacionavam. Jimmy seguiu até um caminho coberto de conchas que parecia levar ao mar.
Ele ia entregar alguma coisa na praia?
– Aqui estamos – disse ele, sorrindo ao abrir a porta para mim.
Tínhamos ido de carro até onde dava.
– Siga por essa passarela de madeira na direção daquela luz adiante – recomendou Jimmy, apontando o que dali parecia ser o topo de uma pequena tenda, encoberta pelas palmeiras no caminho.
– Você precisa que eu entregue algo lá? – perguntei, tentando entender o que ele queria de mim.
– Isso. Só você pode entregar. Feliz aniversário, Reese. Você está maravilhosa. Agora siga esse caminho – falou ele, com uma piscadela, então subiu de novo no carro e partiu.
Fiquei ali olhando do caminho para o ponto onde Jimmy tinha sumido.
Foi então que a ficha começou a cair. Jimmy havia me entregado ali. A mim. Virei-me e segui o caminho de madeira. Na metade, não aguentei mais e comecei a correr. Já sabia quem estaria no fim. Já sabia para quem ele tinha vindo me entregar. E eu queria chegar lá.
Assim que deixei para trás o caminho das palmeiras, eu o vi.
Estava usando uma camisa branca de botões, com mangas arregaçadas e bermuda cáqui. Estava de pé, dentro de uma tenda branca, iluminada com velas, ao lado de um bolo de aniversário de três andares. Era de um rosa-claro bonito e cintilava sob a luz suave. Balões prateados completavam o ambiente.
– Feliz aniversário, Reese – disse Mase, sorrindo.
Soltei uma risada surpresa e então caí no choro ao correr para ele.
Ele me encontrou na metade do caminho, me pegou nos braços e afundou o rosto no meu pescoço.
– Surpresa.
Inclinei-me para trás e o beijei com força. Não sabia de que outra forma expressar a emoção que se concentrava dentro de mim. Era tão avassaladora que eu tinha a sensação de que poderia me consumir de tanta felicidade. Ele havia feito tudo aquilo para mim. Bolo e balões. E, mais importante, ele.
– Como você sabia que era meu aniversário? – perguntei, embora a resposta fosse óbvia: Jimmy.
Eu havia pensado em comentar, mas tive receio de que Mase pensasse que eu estava pedindo para ele voltar. Não queria isso, então não toquei no assunto.
– Era você quem deveria ter me contado, não Jimmy. Não quero nunca perder o seu aniversário. Jamais.
Enxuguei as lágrimas e sorri para esse homem maravilhoso que, por alguma razão, queria estar comigo.
– Você e as suas palavras – falei, beijando-o outra vez.
Suas mãos grandes e fortes enlaçaram minha cintura e me mantiveram ali, enquanto nos alimentávamos um do outro. Ter ele comigo era o melhor presente de aniversário do mundo. Mesmo sem bolo e balões. Ele era perfeito.
– Venha, você tem que apagar as velinhas, e então vou servir o bolo para você – murmurou ele, entre beijos.
– É um bolo grande demais só para nós dois – disse a ele, nem mesmo tentando fingir que não havia adorado que ele tivesse me dado um bolo tão imenso.
Ele riu.
– Comeremos o que pudermos, você pode levar um pouco para casa e depois mandamos o restante para os amigos.
Gostei da ideia.
– Talvez eu coma muito – comentei, olhando o glacê cremoso e já lambendo os lábios.
Teria que caminhar por dias sem parar para queimar todas aquelas calorias.
Mase piscou para mim.
– Ótimo. Gosto da ideia dessa bunda gostosa aumentando e rebolando um pouco mais.
Eu realmente estava precisando me abanar.
Ele colocou uma velinha no andar mais alto do bolo e então deu de ombros.
– Eu ia trazer 23 velas, mas Harlow comentou que aqui ventava muito. Não conseguiria mantê-las todas acesas. Então trouxe uma só.
Ele riscou um fósforo e protegeu a chama com a mão.
– Faça um pedido, gata.
Não podia imaginar nada que eu já não possuísse agora... exceto uma coisa. Mas eu sabia que desejos não mudam o passado. Não podiam mudar o que já tinha acontecido. Então mentalizei um pequeno agradecimento pelo que recebi e soprei a vela.
Mase começou a cortar uma fatia muito grande de bolo, pegou um garfo e olhou para mim.
– Venha se sentar comigo.
Ele apontou para a espreguiçadeira branca que dava para o golfo.
Sentou-se e abriu os braços para que eu afundasse neles. Quando cheguei perto, me senti envolvida.
– Esta fatia é grande demais – falei, olhando o recheio vermelho.
– Vamos dividir – disse ele. – Abra a boca.
Fiz o que Mase disse e ele levou o pedaço até minha boca. O glacê e o recheio de framboesa eram deliciosos.
– Hummm – murmurei, em tom de aprovação.
– Gosto de ver você comer. E de alimentar você – disse Mase, dando mais uma garfada no bolo.
Ele fez menção de levar o garfo à minha boca, mas fiz que não com a cabeça.
– Sua vez – falei.
– Ver sua língua se projetar para lamber os lábios e ouvir você gemer é muito melhor que comer o bolo – disse ele, esfregando um pouco glacê nos meus lábios.
Abri a boca, tentando não rir enquanto ele me dava outro pedaço.
– Isso, lá vem a língua – disse ele, parecendo fascinado em me ver comendo o bolo.
Terminei de mastigar, engoli e então sacudi a cabeça de novo.
– Preciso de uma pausa entre as garfadas – disse, rindo, enquanto ele levava mais um pedaço até minha boca.
– Gostei das botas – disse ele, sem discutir comigo. – Quero ver você com elas e mais nada.
Minha compra tinha valido a pena.
– Por favor, coma mais para mim. É tão sexy – implorou ele, passando o nariz no meu pescoço.
Rindo, virei-me para fitá-lo.
– Como posso ser sexy comendo?
Mase sorriu, passou a mão por minhas costas e depois apertou minha bunda.
– Por muitas razões.
– Agora é a sua vez – anunciei, pegando o garfo e levando-o à boca dele.
Obediente, ele comeu, e eu beijei o glacê nos lábios dele.
– Agora estou vendo a vantagem em comer também – disse ele, quando afastei a cabeça.
Sorrindo, recostei-me em seu peito e desfrutei a vista das ondas quebrando na minha frente. Minhas pernas se enroscaram às dele, e ele continuou me dando bolo. Eu deixei.
Porque eu amava esse homem.
Mase
Reese recusou mais um pedaço de bolo, e finalmente eu o deixei de lado. Tinha que admitir que só de olhar para ela aproveitando um bolo de aniversário que eu escolhera e dera para ela, eu já ficava satisfeito.
Mudei de posição para que ela pudesse se acomodar entre as minhas pernas. Então a puxei para mim antes de lhe dar o primeiro presente.
– Feliz aniversário – falei, pegando a maior caixa ao meu lado.
Ela arfou ao pegar a caixa. E olhou para mim antes de se voltar para o presente outra vez.
– Você me trouxe um presente?! – exclamou, encantada. – Quer dizer, pensei que você já era o meu presente, mas isso...
Sorrindo, beijei sua têmpora.
– Não, esta é a sua festa de aniversário e eu sou seu único convidado, porque sou egoísta e queria você todinha para mim. E este é seu primeiro presente.
– Primeiro?
Assenti. Então ela me surpreendeu. Rasgou ansiosamente o papel, como uma criança empolgada. Vê-la abrindo aquele presente foi mais legal do que lhe dar o bolo, e olha que aquilo já tinha sido o máximo.
Quando levantou a tampa da caixa, ela pegou a bolsa azul-bebê Michael Kors que eu pedira a Blaire para escolher.
– Dentro tem uma carteira que faz par com ela.
Ela tocou a bolsa com reverência, como se fosse feita de ouro em vez de couro.
– Isso é caro, não é?
Não tanto. Podia ter sido pior. Mas eu dissera a Blaire que fosse prática. Reese precisava de uma bolsa para o dia a dia, não algo que a deixasse nervosa demais para usar.
– É uma bela bolsa para você usar no lugar da mochila – expliquei.
Ela riu e colocou tudo de volta na caixa, virou-se para mim e me beijou levemente nos lábios.
– Obrigada. É o presente mais bonito que eu já ganhei.
Mas eu não havia terminado. Então me estiquei e peguei o próximo presente.
– Tem mais? Pensei que você estivesse brincando.
– Veja você mesma.
De novo, ela rasgou o pacote como se fosse uma criança, e eu desejei ter gravado aquilo para assistir várias vezes.
Ela abriu a caixa e encontrou três pijamas de seda franceses. Pegou um dos shorts, examinou-o e então o levou ao rosto. Devolvendo-o à caixa, pegou a camisola. Escolheu a peça rosa-clara com acabamento de renda branca.
– São tão macios – disse ela, extasiada.
Tinham que ser. Eram os melhores.
– Gosto da ideia de você com a minha camiseta. Mas também sei que você gosta do seu short e da camiseta porque são macios. Então pensei em outras coisas macias para você usar quando for dormir. Porque, quando estiver comigo, você não vai precisar da minha camiseta para abraçá-la.
Ela guardou a peça no pacote sofisticado e soltou um suspiro feliz.
– Eles vão me deixar mal-acostumada em matéria de pijamas pelo resto da vida.
Por mim tudo bem. Eu a manteria vestida com seda francesa se ela quisesse, pelo tempo que quisesse.
Mais uma vez ela me beijou e sussurrou um obrigada junto aos meus lábios.
Então peguei a terceira caixa. A menor de todas. Era mais um presente para mim do que para ela.
– O último – anunciei, entregando-lhe a caixinha retangular.
Essa ela abriu com mais cuidado, como se tivesse medo de perder o que estava ali dentro.
O conteúdo era uma única chave, aninhada em veludo.
– É a chave da minha casa. Quando estiver pronta, pode se mudar.
Ela a pegou e ficou segurando por algum tempo sem dizer nada. Finalmente, levantou os olhos para me encarar.
– Um dia, quando souber tudo de mim, você pode me dar isso de novo. Mas, neste momento, você não sabe tudo. Não posso ficar com isso.
Ela pensava que seu passado sombrio mudaria o que eu sentia. Nada do que ela pudesse me dizer mudaria aquilo. Eu a amava.
Mas eu não usaria aquelas palavras para convencê-la. Reese teria que decidir isso no tempo dela. Eu não ia pressioná-la. Eu a queria na minha cama, na minha casa. Queria que fosse a nossa casa. Mas não antes de ela estar pronta. Não antes que ela quisesse.
Que quisesse que fosse para sempre.
Reese
Ele agia como se o fato de eu recusar a chave não fosse grande coisa. Mas não era o que eu sentia. Meu peito não havia parado de doer desde que eu a devolvera. Mase, porém, não voltou a tocar no assunto nem pareceu aborrecido.
Ele me pegara pela mão e caminhamos pela praia. Ele havia me convencido a comer mais um pouco do bolo, e então tínhamos nos aninhado na espreguiçadeira, olhando o luar refletido no mar.
A única coisa errada foi ele não ter me beijado outra vez. Ele não me olhou mais com aqueles olhos misteriosos e cheios de desejo. Era como se ele me mantivesse a distância, mesmo estando ali, ao meu lado. Antes, ele estava sedutor e brincalhão.
Depois da chave, tudo mudou. Ele mudou.
Quando voltamos para casa, ele disse para eu usar o banheiro primeiro. Ele se prepararia para dormir depois de mim. Não se mostrara dominado pelo desejo nem me tomara em seus braços assim que chegamos à privacidade do meu apartamento. Ele havia sido gentil e educado, mas só isso. Nada mais.
Vesti um dos novos pijamas que ele havia me dado. Era branco com debrum prata. Também achei que fosse o mais sexy. Naquele momento, queria ver a fagulha nos olhos dele e saber que não o havia perdido por não ter aceitado a chave.
Por que eu não aceitei? Pegar a chave não significava que ia usá-la. Ele não me deu pensando que eu ia me mudar no momento seguinte. Ele tinha dito isso. Aquele fora seu jeito de me mostrar que a oferta continuava de pé para quando eu estivesse pronta.
Eu precisava conversar com ele.
Eu havia agido mal.
Abri a porta do banheiro e me encaminhei para o quarto.
– Não, Cordelia. Não estou aí. Estou fora da cidade. Voltarei no domingo, provavelmente. Talvez antes. Não sei ainda.
Fiquei parada diante da porta. Quem era Cordelia? Meu estômago deu um nó e meu coração se apertou ao ouvi-lo dizer que poderia voltar para casa antes. Eu tinha mesmo estragado tudo.
– Não é minha culpa se você a deixou. E, não, você não pode entrar na minha casa sem mim lá. Eu a deixei trancada... Cord, pare com isso. Pare de fazer esse jogo comigo. Não seja assim.
Ele estava aborrecido. E a chamara de Cord.
– Como já disse, estarei em casa no domingo.
Ele desligou e enfiou o telefone no bolso com um suspiro.
Afastei-me da porta e respirei fundo várias vezes para me acalmar. Aquilo não significava nada. Cordelia podia ser alguém que trabalhava com ele ou uma parente. Ou só uma amiga.
– Quem era? – perguntei ao abrir a porta.
Eu não queria ter perguntado, mas precisava saber.
Mase voltou seu olhar do chão para mim. E seus olhos me devoraram ao examinar meu pijama novo. Quando finalmente chegaram ao meu rosto, seus olhos estavam iluminados pelo calor do qual eu sentira falta antes.
– Eu gosto muuuito de seda francesa – disse ele, vindo até mim.
Quase chorei de alívio.
Sua mão pousou em meu quadril e então deslizou para cobrir minha bunda.
– Você não gosta de dormir de calcinha, não é, gata?
– Não.
Vi seus olhos ficarem escuros e ardentes.
– Seda cobrindo essa bundinha é mais do que qualquer homem pode suportar. Quero beijar minha pinta. E vê-la escapar por baixo da renda. – Ele me fez dar uma voltinha. – Bote as mãos no encosto do sofá e mostre essa bundinha linda para mim, só um pouquinho. Por favor, Reese. – Ele sussurrou meu nome tão perto da minha orelha que sua respiração fez cócegas na minha pele.
Fiz exatamente o que ele pediu, e seu grunhido de prazer fez com que valesse a pena.
Suas mãos escorregaram pelas minhas coxas quando ele ficou de joelhos atrás de mim. Seus lábios macios e a barba áspera crescendo roçaram a parte posterior de minhas coxas. Ele deixou uma trilha de beijos em cada uma até chegar à pinta que eu nunca tinha visto, mas que ele parecia amar.
O som de prazer em sua garganta ao beijar aquele ponto fez meus joelhos fraquejarem. Agarrei-me no sofá enquanto sua língua lambia o ponto embaixo da minha bunda.
– Ah, Deus.
Inclinei-me para me segurar melhor, caso contrário ia acabar no chão.
– Posso sentir seu cheiro. Quero abrir essas pernas e beijar você lá. Só eu, Reese. Somos só eu e você, gata. – Sua voz estava tensa, e eu sabia que ele estava me dando a escolha.
Era por isso que eu confiava tanto nele. Mase sempre tomava cuidado para não ir longe demais nem me levar a fazer algo para que eu não estivesse pronta.
– Está bem. – Foi a única coisa que consegui dizer na hora.
Estava esperando que ele abrisse minhas pernas ali onde eu estava, mas Mase se levantou e me tomou em seus braços. Meu arquejo de surpresa o fez sorrir enquanto ele me levava para o quarto.
– Minha garota merece uma cama – disse ele suavemente, e me colocou com delicadeza na cama desfeita. – Continue olhando para mim. O tempo todo quero esses olhos aqui – instruiu ele, apontando para os próprios olhos.
Concordei com a cabeça.
Ele acariciou minhas panturrilhas com cuidado extra.
Eu estava tendo dificuldade para respirar, e ele só estava brincando com minhas pernas. O que aconteceria quando ele realmente colocasse sua cabeça lá?
Eu já havia gozado ouvindo-o dizer ao telefone que queria fazer isso. Mas a realidade era aterrorizante. Agarrei os lençóis e observei a mão de Mase passar por meus joelhos, persuadindo minhas pernas a se abrirem e dando atenção especial às minhas coxas.
– Olhe para mim, Reese.
O tom de voz era rouco e profundo. Aquilo o excitava.
Voltei meu olhar para ele, que piscou para mim.
– Assim está melhor. Quero esses olhos azuis lindos nos meus. Quando eu beijar você, não os feche, está bem? Mantenha-os em mim, ok?
– Sim – concordei, ofegante.
Os cantos dos lábios dele se levantaram quando ele baixou a cabeça, mantendo o olhar fixo no meu.
– Abra bem para mim – sussurrou, beijando meu joelho.
Abrir mais. Ah, meu Deus.
Comecei a fechar os olhos, e uma mordiscada dele na parte interna da minha coxa fez meus olhos se abrirem num átimo.
Ele estava sorrindo para mim.
– Olhos em mim – repetiu. – Se fechá-los outra vez, vou virar você e morder sua bunda. Uma coisa que estou com muita vontade de fazer. Então não me tente.
Ele ia me morder se eu fechasse os olhos? Ah, meu Deus.
Mase deixou outra trilha de beijos na parte interna das minhas coxas. Suas pálpebras baixaram até ele ficar com aquele olhar misterioso e sexy que me fazia estremecer. Eu estava emitindo ruídos que nem eu mesma reconhecia. Mas ver a cabeça de Mase baixar estava despertando uma profusão de sensações no meu corpo.
Ele gemeu quando sua boca alcançou o destino, e seus olhos faiscaram com uma expressão faminta um segundo antes de eu sentir sua língua roçar exatamente onde mais latejava.
Quando ele fechou os lábios em torno daquele ponto e sugou, empinei os quadris, incapaz de me controlar, e gritei seu nome.
– Os olhos, Reese. Me mostre seus olhos agora, gata.
– Não posso... não pare... – implorei.
A língua dele me tocou de novo, e então contornou meu clitóris.
– Eu não quero parar. Vou chupar para sempre se você quiser, mas preciso que olhe para mim. Me observe. Veja quem está lhe dando prazer. Fique aqui comigo.
Fiz esforço para manter os olhos abertos, e seu olhar imediatamente se fixou no meu. Eu amava os olhos dele.
– Ah, esses olhos lindos com que eu sonho... – murmurou ele e então continuou a usar a língua para me dar uma forma de prazer que eu nunca havia imaginado que existisse.
A cada toque de sua língua, eu sentia a pressão crescer dentro de mim. A explosão estava a caminho. Minhas pernas tremiam e minha visão começou a nublar. O nome de Mase saía da minha boca repetidamente; eu não conseguia parar.
– Isso – encorajou-me.
Seu sussurro sexy só intensificou o que eu sentia, quando o calor da sua respiração tocou o lugar em que sua língua estivera.
– Goze. Goze para mim. Dê isso para mim. Goze na minha cara.
Com essas palavras, eu desmoronei.
Mase
Eu tinha certeza de que nada jamais seria tão belo assim na minha vida.
Erguendo a cabeça, beijei a parte interna da coxa dela. Antes que Reese voltasse totalmente da sua viagem, eu me deitei ao lado dela para poder puxá-la para mim e abraçá-la. Ela não me deixara nem um momento sequer. Seus olhos estiveram cheios de desejo. Nem uma só vez eu vira medo neles, e eu tinha observado atentamente. Quando pedi que me deixasse fazer sexo oral nela, sabia que estava pedindo muito. Pararia no momento em que ela entrasse em pânico.
Mas ela continuara comigo. Nenhuma sombra do passado veio para tirar aquilo de nós. Quando ela gritou meu nome e estremeceu embaixo de mim, eu me senti o dono do mundo.
Seus olhos tremularam sobre as maçãs do rosto quando ela tornou a abri-los. Eu não tinha insistido para que ela os mantivesse abertos quando o orgasmo chegou. Ela se perdera no próprio prazer naquela hora, e era lá que eu a queria. Curti como as ondas de êxtase percorreram o corpo dela e a levaram de mim por um momento.
Abraçando-a com força, beijei suas pálpebras. Ela emitiu um ruído suave que me lembrou um gatinho. Era quase um ronronar.
– O que você fez comigo, Reese Ellis?
Ela inclinou a cabeça para trás e olhou para mim.
– Acho que era você que estava fazendo alguma coisa comigo – respondeu ela, com um sorriso tímido, mas satisfeito, nos lábios.
Rindo, mergulhei o rosto no cabelo dela e inspirei.
– Meu Deus, gata, você não faz ideia. Estou tão alucinado por você... E nem me importo.
Reese se virou para mim e passou a mão na minha cabeça, enfiando os dedos no cordão de couro que eu usava para prender o cabelo. Com um puxão, ela soltou meu cabelo e então enrolou os cachos nos dedos, ainda sorrindo como se tivesse descoberto o segredo da felicidade.
– Adoro seu cabelo – sussurrou ela.
– Da próxima vez que eu beijar essa bocetinha doce, quero suas mãos no meu cabelo – falei, fechando os olhos enquanto ela massageava meu couro cabeludo.
– Tenho medo de me deixar levar e puxá-lo.
– Seria muuuuito excitante se você fizesse isso.
Uma risadinha leve de Reese me fez sorrir.
Ficamos aninhados em silêncio por um bom tempo. Suas mãos continuaram em meu cabelo, brincando com os cachos e massageando minha cabeça. Eu nunca havia me sentido tão contente.
– Obrigada por esta noite. Só me lembro de ter tido bolo de aniversário e festa uma vez na vida. E foi um dia que eu gostaria de esquecer. Mas você acabou de me dar uma festa de aniversário de conto de fadas. Estou me sentindo especial.
Aquela confissão fez com que uma dor dilacerante atravessasse meu corpo. Merda. Eu odiava saber quanto essa linda mulher havia sido abusada e negligenciada. Ela merecia uma vida de conto de fadas, mas em vez disso vivera em um inferno. Eu passaria o resto da nossa vida garantindo que ela tivesse festas de aniversário dignas de uma rainha. Quando estivéssemos velhos e grisalhos, ela teria tantas lembranças boas que não haveria lugar para as más. Passaria minha vida apagando aquela merda.
– Meu melhor presente foi você – disse ela, beijando meu rosto.
Toda a minha raiva com as injustiças de sua vida desapareceu. Ela estava a salvo e nos meus braços. Ela era minha.
Reese
O toque de um celular me acordou. Sentando-me, olhei ao redor e pisquei contra a luz do sol que entrava pela janela. O telefone parou e ouvi água correndo no banheiro. Mase deixara a porta bem aberta. Era um convite para espiar? Porque eu queria muito vê-lo pelado e molhado.
Sorrindo, joguei as cobertas para o lado e já ia me levantar quando o telefone tocou e vibrou na cama. Olhando à minha volta, vi o celular fino e prateado de Mase embaixo do travesseiro dele. Peguei-o. Podia usá-lo como desculpa para ir ao banheiro enquanto ele tomava banho. Não que ele esperasse uma desculpa.
Conhecendo Mase, ele certamente estava torcendo para que eu fosse lá.
Cobri a boca para reprimir um risinho, e seu telefone tocou e vibrou outra vez. Alguém estava mesmo tentando falar com ele. Parei de sorrir, e me ocorreu a ideia de que pudesse ser uma emergência.
Olhei o telefone e vi uma mensagem de texto de alguém chamado Major. Não era minha intenção ler, mas meus olhos focaram as palavras calcinha dela e não pude me conter.
Deslizando o dedo sobre a tela, abri a mensagem.
Major: Cord veio aqui insistindo que deixou a calcinha dela embaixo da sua cama numa noite dessas. Estava determinada a pegá-la de volta. Deixei que ela entrasse. Mas, cara, ela parecia puta com você. Não está mais trepando com ela?
Reli o texto várias vezes. Não era uma mensagem para mim. Eu estava invadindo a privacidade de Mase, mas não pude me conter. Cord. Cordelia. Ele tinha falado ao celular com ela antes. Ele estava... ele estava trepando com ela?
A calcinha dela...
Numa noite dessas...
Ah, meu Deus. Eu ia vomitar.
O ímpeto de atirar o telefone dele na parede e berrar até a dor dentro do meu peito passar era forte. Como ele pôde fazer isso? Meu Mase era tão bom para mim. Era doce e atencioso. Era paciente comigo e cuidava de mim.
E era... um mentiroso.
Eu tinha confiado nele.
Meu corpo todo ficou dormente. Exceto meu coração, que estava dilacerado.
A ducha foi fechada, e eu finalmente saí de onde tinha ficado paralisada. Deslizei o dedo sobre a mensagem de texto e me detive por apenas um breve momento para pensar antes de excluí-la. Então pus o telefone de volta onde ele tinha deixado. Sem olhar na direção do banheiro, saí do quarto, fui para o ponto mais distante do apartamento e esperei.
Ele viria procurar por mim. Eu não queria que ele se aproximasse.
Não podia pensar nos lugares em que ele havia me tocado. Quando estava longe, ele a tocava. Ela estava fazendo sexo com ele.
Agora tudo fazia sentido. O fato de ele ser tão paciente comigo. Não precisava fazer sexo comigo. Ele tinha sua dose garantida lá no Texas. Coloquei a mão na boca para não gritar de agonia.
Isso era demais. Não sabia que podia doer assim. O final súbito e brutal do amor.
Eu nunca tinha amado antes, mas, agora que havia acabado, a dor era excruciante.
Nunca mais faria isso. Amar. A felicidade que dava era passageira. Não valia essa dor.
Seu corpo preencheu o vão da porta. Uma toalha estava enrolada nos quadris, o cabelo ainda pingava e a água escorria pelo peito nu.
– Reese?
Havia preocupação em sua voz.
Ele vivia preocupado comigo. A garota problemática que precisava de ajuda. Eu não sabia ler, escrever nem transar. Ele ia me recuperar. Será que é isso que eu sou para ele? Um projeto?
– O que foi, gata? – perguntou, vindo em minha direção.
Eu não podia deixar que ele me tocasse. Não mais.
– Não! – gritei, erguendo as mãos para mantê-lo longe. – Não chegue perto de mim – avisei.
Ele parou, mas a expressão em seus olhos era algo que antes eu teria julgado que fosse medo. Agora eu não pensava mais assim. Ele não sabia o que era medo. Ou dor.
– Reese, qual é o problema? – perguntou cuidadosamente, me estudando.
– Vá embora. Eu quero que você vá embora. E não volte. Não quero você aqui.
Mantive as mãos erguidas, mas olhei para o chão. Não podia olhar para ele, porque meu coração estava confuso, acreditando ter visto dor nos olhos de Mase. Mas não viu. Pensei que tinha visto um monte de coisas quando ele me olhava que na verdade não vi.
– Gata, o que aconteceu? Não faça assim. Não me mande embora. Me deixe chegar perto de você.
Ele pensava que minha reação era por causa do meu passado. Podia perceber isso na voz dele. Ele estava falando com a garota problemática. Aquela de quem ele sentia pena.
– Eu quero que você vá. Vista-se e saia! – berrei a última parte.
Ele não estava me escutando. Eu queria que ele fosse embora. Eu não aguentaria ficar ali dessa forma por muito mais tempo. Os estilhaços no meu peito me faziam querer me enroscar e ficar encolhida.
– Eu não vou deixar você, Reese. Você tem que me dizer qual é o problema. Eu posso ajudar você...
– Não! Eu não sou seu caso de caridade pessoal. Eu estava bem antes de você e vou ficar bem depois. Mas você tem que sair! Vou chamar a polícia se você não sair daqui em cinco minutos.
Ele começou a vir na minha direção outra vez, e eu gritei com todas as minhas forças.
– Por Deus, Reese! O que há de errado?
Ele também estava gritando agora. Fixei meu olhar nele.
– Você. Você é que está errado. Você é errado para mim. Não quero você aqui. Quero que me deixe em paz. Você me forçou a fazer coisas que eu não queria. Você me tocou em lugares em que não gosto de ser tocada. Não quero ver você nunca mais. Nunca. Vá embora!
Dizer aquilo doeu. Eram mentiras. Ele sabia que eram mentiras, mas eu estava desesperada. Ele não ia embora. Ele não ouvia.
Quando o vi se virar e voltar para o quarto, quase desabei. Ele ia me deixar. A compreensão de que Mase iria sair por aquela porta e nunca mais voltaria destruiu o que havia sobrado de mim.
Eu jamais deveria ter amado. Não fui destinada ao amor ou a ser amada. Era a lição que a essa altura eu já devia ter aprendido.
Eu quis que a dormência se espalhasse, mas estava desaparecendo. O sentimento de perda me envolveu. Se pelo menos eu nunca tivesse sabido como era acreditar ser especial para outra pessoa.
Mase reapareceu com a bolsa na mão. Seguiu para a porta sem olhar para mim, mas parou pouco antes de chegar lá. Seus olhos se fecharam com força e sua respiração saiu entrecortada.
– Me desculpe. – Foi tudo o que ele disse.
Então foi até a porta e a abriu. Em mais uma longa pausa, ficou ali parado. Esperei que fosse embora e me deixasse sozinha. Outra vez.
– Quando você se der conta do que disse e do que fez, ligue para mim. Estarei esperando. Quero abraçar você mais do que qualquer coisa neste momento e ajudar você a passar por isso, mas você não me deixa chegar perto. Então vou fazer o que quer, porque não posso resolver tudo por você. Desta vez tem que resolver sozinha. Mas, quando perceber que estava errada, me ligue, Reese. Estarei esperando. Vou esperar para sempre, se necessário.
Então Mase Manning saiu do meu apartamento e da minha vida.
Mase
Quando a porta se fechou atrás de mim, larguei a bolsa e me dobrei, me apoiando nos joelhos com as mãos para tomar ar. Lembrar a mim mesmo que ela precisava resolver aquilo era duro. Deixá-la... Ah, Deus, eu não podia simplesmente deixá-la. Ela estava num canto, parecendo completamente destruída, e eu não sabia por quê.
Cada vez que eu respirava doía. A pressão no meu peito era como um torno apertando meus pulmões. Meu coração estava naquele apartamento. Ir embora sem ele parecia impossível. Mas, se quisesse ter a chance de um futuro com Reese, ela precisava me deixar entrar. O passado a assombrava. E a controlava. Aquele maldito verme fizera isso com ela. Eu tinha acreditado que podia protegê-la disso tudo e lhe dar tanto amor que ela superaria aquilo. Mas os demônios estavam lá nos olhos dela.
Tudo o que eu tinha feito era ajudá-la a fingir que eles não estavam lá. Eu não a estava ajudando a destruí-los e a vencê-los. Meu amor não bastava. Eu queria que bastasse. Deus, como eu queria que bastasse. No entanto, ela precisava encontrar forças dentro de si mesma.
Quando as encontrasse, ela poderia aceitar que eu a amava. Que a adorava. Que a queria por inteiro, com tudo de bom ou de ruim que houvesse em seu passado. Eu queria tudo.
Empertigando-me, estremeci de dor.
Não fui direto para minha caminhonete. Em vez disso, segui para o apartamento de Jimmy. Não podia deixá-la sem que eu soubesse que alguém estaria cuidando dela. Quando ela precisasse que eu a resgatasse, alguém teria que me chamar. Eu sabia que ela nunca faria isso.
Ela podia não me querer, mas ai de mim se não a acudisse quando ela precisasse de mim.
Batendo na porta de Jimmy, tentei respirar fundo. Mas não conseguia.
A porta se abriu e o sorriso dele imediatamente se transformou numa expressão de desagrado.
– Mase?
Ele estava esperando outra pessoa. Eu não queria mesmo pensar nisso, considerando que ele estava vestindo uma calça de pijama de seda vermelha e seu peito estava nu e besuntado de óleo.
– Ela quer que eu vá embora. Não, ela me mandou embora – corrigi. – Mas você tem que me ligar se ela precisar de qualquer coisa. Não a deixe sofrer. Ela pode até não me querer, mas largarei qualquer coisa para vir até ela.
Jimmy se apoiou no batente. Parecia decepcionado.
– Caramba. O que se passa na cabeça dessa garota? Ela é louca por você.
Era o passado dela. Aqueles malditos demônios em sua memória. Mas eu não podia contar isso a ele.
– Se ela precisar de mim, é só me ligar. Virei imediatamente.
Ele assentiu com a cabeça.
Agarrei a alça da bolsa e lutei contra a emoção. Era isso. Eu ia mesmo deixá-la.
– Tome conta dela. Cuide para que esteja segura em casa à noite. Não a deixe ir a pé para o trabalho. Nem voltar. Mantenha-a em segurança por mim. Por favor.
Eu estava implorando. Naquele momento, eu imploraria a qualquer pessoa.
Os olhos dele se encheram de lágrimas.
– Merda. Aquela garota... – Ele balançou a cabeça. – Tem alguma coisa no passado que ela esconde, mas é algo tenebroso. Vi isso nos olhos dela. Ela vai ligar. Ela ama você.
Pedi a Deus para que ele estivesse certo.
– Quando eu não estiver aqui, ela vai precisar de alguém. Seja esse alguém.
Ele secou as próprias lágrimas e assentiu.
– Serei.
– Obrigado.
Segui para a escada e para minha caminhonete.
Joguei a bolsa no banco de trás, mas parei antes de entrar. Eu não podia ir embora sem avisá-la.
Voltei à porta dela determinado e bati. Ela não abriu, mas esperei.
– Reese. Eu sei que você está me escutando – falei através da porta.
Bati outra vez, mas ela não atendeu.
– Estou indo. Você quer que eu vá, então eu vou. Mas saiba que amo você. Vou amá-la pelo resto da vida. Se você nunca mais me procurar, ainda assim estarei lá no Texas amando você.
Esperei, mas ela não foi até a porta.
Depois de muito tempo, percebi que ela não iria. Ela ia me deixar ir.
Incapaz de me conter, soquei a porta e gritei o mais alto que pude:
– Eu te amo, Reese Ellis! Eu te amo demais!
Ouvi a porta ao lado se abrir, mas não olhei para ver quem era. Esperei do lado de fora, torcendo para que ela abrisse.
Mas ela não abriu.
Reese
Nove semanas depois
Abri a porta para Jimmy. Ele tinha um cappuccino em cada mão. Antes, essa visão era reconfortante. Agora, nada mais me confortava. Os pesadelos do passado estavam de volta, com força total. Eu raramente dormia. Tomar um cappuccino de manhã e uma caneca de café à tarde era a única maneira de eu conseguir me manter acordada enquanto trabalhava.
– Pronta, raio de sol? – perguntou ele.
Concordei com a cabeça e peguei minha mochila.
– Sim – respondi, pegando o copo que ele me oferecia.
– Eu odeio você. Quero a sua pele. Não é justo que você fique tão bronzeada – queixou-se ele.
– Eu trabalho no sol. É óbvio que vou ficar bronzeada – lembrei a ele, revirando os olhos.
Ele se queixava do meu bronzeado pelo menos duas vezes por semana.
– Tomando sol e observando homens gostosos dando tacadas. Estou trabalhando no setor errado – disse ele, bufando.
Ambos sabíamos que Darla não o deixaria trabalhar no campo de golfe do Kerrington Club. Jimmy tinha um rosto que as mulheres amavam. Ele trabalhava como garçom, e as mulheres vinham em hordas para flertar com ele e lhe dar boas gorjetas. No campo ele não seria tão popular. Havia mulheres que jogavam, mas não muitas. A maioria jogava tênis. Os homens heterossexuais dominavam o campo de golfe.
– É quente do lado de fora, e os homens todos usam shorts e camisas polo. Não é exatamente um traje sexy. Você não está perdendo nada.
Jimmy abriu a porta do carro e revirou os olhos para mim.
– Garota, eu já vi a bunda gostosa de Rush Finlay de short e foi suficiente para eu despejar água gelada dentro das calças.
– Meu Deus, Jimmy!
Não pude evitar a risada, mas, francamente, ele precisava ser tão detalhista?
Afundei no banco do carona, botei a mochila no chão e o café no porta-copos para colocar o cinto. Ir de carro com Jimmy para o trabalho e para casa era muito mais fácil agora que trabalhávamos no mesmo lugar. Jimmy cuidava para que nossos horários coincidissem.
– Só estou sendo sincero, gata – respondeu ele, entrando no carro.
Às vezes ser sincero para Jimmy era só um modo de me fazer rir. Apenas recentemente ele vinha conseguindo isso – e, mesmo assim, não era muito frequente. Mas uma coisa eu tinha que admitir: desde o momento em que Mase Manning saíra da minha vida, Jimmy passara a ser minha sombra.
Eu não podia ir a lugar nenhum sem informá-lo. Ele entrava em pânico se não soubesse onde eu estava, e sempre ficava até tarde comigo. Por um tempo, ele se sentava e segurava minha mão enquanto eu tentava dormir à noite. Ele nunca mencionou isso, mas eu sabia que estava tentando substituir meus telefonemas noturnos. Aqueles que eu não tinha mais.
Eu havia desistido da faxina na casa dos Carters simplesmente porque não podia ver ninguém que me lembrasse Mase, e ainda havia a chance de a qualquer momento ele aparecer para uma visita. Eu não sabia como lidaria com isso. Também disse a Blaire Finlay que não poderia aceitar o trabalho na casa dela. Os Finlays também me lembravam Mase.
Quando fiquei sem emprego, Jimmy me ofereceu o trabalho de vendedora de bebidas no campo de golfe do clube. Então eu contara a ele sobre minha dislexia e ele me ajudou a preencher o formulário de inscrição. Quando me perguntou se eu queria ler para ele de noite, desmoronei e me fechei no quarto. Ele não precisou perguntar para entender o porquê. Ele era um cara inteligente.
– Thad ainda vai muito lá durante os seus turnos? – perguntou ele.
Suspirei e recostei a cabeça no banco.
– Thad joga golfe com frequência, só isso. Ele não vai apenas durante os meus turnos.
Jimmy soltou uma risada divertida.
– Continue se enganando, garota. Mas o loirinho só joga golfe quando está com Woods ou Grant. Não é algo que eu já o tenha visto fazer sozinho. Até você colocar aquele uniformezinho e começar a entregar cervejas.
Eu não queria pensar em Thad indo até lá para me ver. Não queria que ninguém fosse me ver. Não desse jeito.
Eu te amo, Reese Ellis!
Aquele grito desesperado, tão alto que meus vizinhos escutaram, era tudo que sobrava no meu peito. Todo o resto havia ido embora. Encontrar alguma emoção era difícil para mim. Apenas à noite, quando estava dormindo e o passado voltava para me atormentar, eu gritava e chorava.
Nas últimas nove semanas, eu tinha enfrentado momentos de fraqueza. Uma vez, quase me convenci de que havia imaginado aquela mensagem. Não consegui me fazer acreditar naquilo, então tentei me convencer de que podia viver com ele transando com outras pessoas. Se o tivesse em minha vida, isso bastaria. Eu o perdoaria por precisar tanto de sexo que tinha que buscá-lo em outros lugares.
Então, nos meus piores momentos, eu me culpava por ter a cabeça tão problemática. Por não ter sido capaz de dar a ele o que seu corpo precisava. Eu o havia empurrado para os braços dela.
Mas ele me amava. Tinha berrado isso com todas as forças.
Depois de semanas sem notícias dele, tive que aceitar que ele seguira em frente. Eu o mandara embora, e ele tinha ido. Não facilmente, mas fora. Agora outra pessoa, provavelmente Cordelia, estava cuidando das necessidades dele. Ela o estava amando e o fazendo sorrir. Ela era tudo que eu não fui para ele.
Então eu apenas sobrevivia. Eu acordava, me levantava e sobrevivia àquele dia. A cada noite, eu sobrevivia aos pesadelos. E sobrevivia novamente. De novo e de novo.
E sozinha.
Porque eu o mandara embora.
– Terra para Reese... Aonde você foi, mulher? Eu fiz uma pergunta.
Afastei os pensamentos sobre Mase. Eles voltariam para preencher o vazio mais tarde.
– Desculpe, o que você perguntou?
– Perguntei se você quer fazer o exame escrito para a carteira de motorista, já que amanhã não trabalhamos.
O Dr. Munroe tinha me ajudado a estudar nas duas últimas semanas. Eu estava preparada.
– Sim. Seria bom – repliquei.
A empolgação não veio. No passado eu acreditara que jamais dirigiria. Agora eu estava perto de conseguir isso e não sentia nenhuma alegria. Porque a pessoa que eu queria que estivesse comigo, com quem eu queria dividir isso, não estava aqui.
Eu o tinha afastado. Eu havia amado demais. Com a cabeça e o corpo deficientes, eu tinha amado completamente. E ele precisava de mais do que essa cabeça e esse corpo deficientes.
Imagens de Mase tocando uma mulher sem rosto e fazendo com ela coisas que ele fizera comigo me machucavam toda vez que eu me permitia pensar nisso. Eu queria ser inteira. Queria ser suficiente para ele.
– Não fique tão animada assim. Senão vou ter que parar o carro para você se acalmar – disse Jimmy, com sarcasmo.
Forcei um sorriso por ele.
– Não engulo esse sorriso falso, Reese – declarou.
Era tudo o que eu tinha. Um sorriso falso.
Mase
Golpeando com o machado, cortei a peça de madeira de que precisava para consertar a cerca. Mas não consegui parar. Levantando o machado, tornei a baixá-lo, arruinando a peça perfeita que eu tinha cortado. Então golpeei outra vez. E outra vez. E outra vez.
Não sei quando comecei a gritar, mas quando ergui os olhos e vi minha mãe de pé na minha frente, com as mãos nos quadris, franzindo a testa em clara desaprovação, soube que devia ter feito muito barulho.
Merda.
Ela estava esperando que eu fosse perder o controle. Eu vinha tomando cuidado para não demonstrar nenhuma emoção enquanto sua atenção estivesse em mim. Tirar Maryann Colt do seu pé quando ela achava que você precisava conversar era quase impossível.
Larguei o machado no chão e olhei para as lascas de madeira, que agora só serviam para lenha. Eu havia destruído aquela peça de madeira. Agora, precisaria ir buscar outra para poder consertar a porcaria da cerca.
– Não acho que essa madeira tenha feito algo a você – disse minha mãe, levantando uma sobrancelha.
Não respondi. Apenas me acocorei e comecei a limpar a sujeira que eu acabara de fazer.
– Já aguentei tudo que podia, Mase Colt Manning. Você tem sido uma sombra do meu menino por meses e agora perde a cabeça e começa a gritar e esquartejar esse tronco com um machado? Você precisa falar comigo. Estou tendo ataques de ansiedade por sua causa. Estou preocupada com você.
Durante nove semanas eu conseguira viver sem o meu coração. Isso não era vida. Minha vida era uma mulher que não me queria. Isso era uma existência. Uma existência vazia, rasa.
Eu não havia falado sobre Reese com minha mãe, mas Harlow tinha. Mamãe me perguntara sobre ela uma semana depois que Reese me mandou embora. Eu estava tão subjugado pela dor que o nome dela provocava em mim que me levantara e fugira da mesa. Mamãe não voltou a mencioná-la.
Mas agora eu precisava que ela fizesse isso. Precisava falar sobre Reese. Queria contar a alguém sobre ela. Preencher meu vazio com as lembranças dela.
– Eu a amo – falei simplesmente.
Dessa vez ela levantou as duas sobrancelhas.
– Isso eu já entendi, meu amor. Quando você correu como se as chamas do inferno estivessem no seu encalço no dia em que perguntei sobre ela, você se entregou.
– Ela é a minha vida, mãe. Reese. É ela. A mulher da minha vida. Mas ela não me quer.
Só de falar isso, um raio de agonia me atravessou. Eu me encolhi, incapaz de esconder isso da minha mãe.
– Então ela é uma tola – disse mamãe, com toda a convicção de uma mãe que ama o filho.
– Não. Ela é brilhante. É linda. É como um raio de sol. Ela é... A infância dela...
Parei e engoli a bile que subiu à minha garganta só de pensar no que ela havia passado. Como minha garota havia sofrido.
– Foi difícil, mãe. Tenebrosa. O mais tenebrosa e perversa que a infância de uma menina pode ser. Mas ela não é tola.
O rosto de minha mãe se anuviou. Pude vê-la lutar para conter as lágrimas.
– Ah, meu amor. Devia ter imaginado que quando meu menino lindo e seu coração imenso se apaixonassem, seria perdidamente. Você nunca fez nada pela metade. Você não deu os primeiros passos, já saiu correndo. Não disse uma primeira palavra, cantou o verso inteiro de uma música. E você não só defendia os oprimidos na escola, como foi expulso por amarrar um valentão no mastro da bandeira. Meu menino jamais deixou nada pela metade. Você faz as coisas com tanta determinação que destrói as tentativas dos outros.
Ela contornou a bagunça que fiz e abaixou-se ao meu lado. Senti as lágrimas queimarem meus olhos quando ela pegou meu rosto entre as mãos com tanto amor e dor no coração, porque ela era assim. Minha mãe sofria comigo. Sempre fora assim.
– Você é um homem bom. O melhor. Eu amo o seu padrasto, mas mesmo o coração dele não se compara ao seu. Você foi a melhor coisa que fiz ou farei nesta vida. Não conseguirei fazer nada melhor. Ser sua mãe é uma dádiva que alegra cada dia da minha vida. Vou morrer sabendo que deixei nesta terra um homem que produzirá uma trilha de bondade por onde passar.
Ela parou, e eu sabia que lá vinha um “mas”.
– Mas, pela primeira vez na sua vida, estou vendo você deixar alguém destruí-lo. Sinto saudade do seu sorriso e da sua risada. Eu os quero de volta. Você nunca deixou de superar nenhum obstáculo em sua vida. Por que está fazendo isso agora? Se você a ama, então vá buscá-la. Nenhuma mulher em seu juízo perfeito rejeitaria esse rosto.
Estendi a mão e sequei as lágrimas do rosto determinado de minha mãe.
– Preciso que ela venha até mim. Se tivermos a chance de um futuro, preciso fazer que ela venha por vontade própria. Sempre conquistei o que quis, mas nada nem ninguém jamais significou o que ela significa. Não posso conquistá-la, mamãe. Eu a amo. Não quero jamais forçá-la a fazer qualquer coisa. Nem mesmo me amar. Ela tem que me amar por si mesma.
Mamãe deixou escapar um soluço, me abraçou e me manteve assim. Fechei os olhos e lutei contra a emoção que ameaçava transbordar. A última vez que minha mãe me vira chorar foi quando eu tinha três anos e quebrei o braço ao cair de um trampolim. Mesmo quando Harlow estava em coma, eu tinha chorado sozinho.
Eu nunca me recuperaria da perda de Reese. Se ela nunca mais voltasse para mim, eu permaneceria destroçado pelo resto da vida.
Reese
Outra semana se passou e consegui sobreviver. Era só o que eu fazia. A cada dia, eu tinha a sensação de que estava me perdendo um pouco mais. O horror do meu passado estava lentamente assumindo o controle. O progresso que eu fizera nesses dois anos desde que havia saído de casa tinha desaparecido. Não conseguia mais me livrar das lembranças do meu padrasto.
Logo eu teria que me consultar com um terapeuta. Não conseguia dormir quase nada ultimamente, e, quando conseguia, não era um sono tranquilo. Estava perdendo peso e os círculos escuros sob os olhos já não podiam mais ser escondidos. Eu precisava de ajuda.
A única coisa que me impedia de procurar um especialista era saber que eu teria que falar sobre Mase.
Não podia falar sobre ele. Doía muito.
– Reese Ellis? – perguntou uma voz feminina.
Deixei de lado as cervejas que estava colocando no refrigerador do carrinho e me virei.
Uma senhora bonita, de cabelos escuros que formavam cachos na altura dos ombros, me olhava como se estivesse me estudando. Eu sabia que ela não era sócia do clube. O jeans surrado e as botas que ela usava não pareciam com nada do que as senhoras dali escolheriam. E havia o chapéu de caubói. Aquele era um claro indício de que ela não era daqui.
– Sim? – respondi.
Ela não sorriu nem disse nada de imediato. Continuou me observando. Embora não estivesse me olhando de cara feia, sua expressão era a de alguém que quisesse me dar uma sacudida.
Olhei em volta para saber se tinha mais alguém por ali ou apenas nós duas.
– Imaginei que você seria bonita, mas, como sempre, quando meu menino se mete em alguma coisa, ele não deixa por menos – disse ela, e um sorriso triste surgiu em seus lábios.
Eu não sabia do que ela estava falando ou com quem ela achava que estava falando. Agradecer não parecia a coisa certa a fazer.
– Essas olheiras e esse olhar vazio me dizem tudo o que preciso saber. Então, deixe-me dizer o que você precisa saber – falou ela, dando alguns passos na minha direção. – Já vi meu filho travar batalhas por todos que ele amou e vencer. Quando tinha 7 anos, o primo foi alvo de bullying. Meu menino descobriu e o que aconteceu em seguida foi que tive que ir à escola buscá-lo, porque ele foi suspenso por amarrar um garoto no mastro da bandeira com fita adesiva. Fiquei horrorizada. Até saber que o garoto era aquele que vinha fazendo bullying com o primo dele, xingando-o e derrubando-o nos corredores. Naquele dia específico, o valentão tinha enfiado a cabeça do primo num vaso sanitário com urina e puxado a descarga. Depois do caso da fita adesiva, ninguém mais mexeu com o primo dele.
Eu só observava enquanto ela prosseguia:
– Aos 10 anos, a bibliotecária da escola, que lhe levava biscoitos todos os dias e sempre reservava para ele os melhores livros, ia ser dispensada porque a diretoria alegou que não tinham mais orçamento para manter uma bibliotecária em tempo integral. A Sra. Hawks já tinha passado dos 70 anos e adorava aquelas crianças, e meu menino era o seu predileto. Então ele organizou um abaixo-assinado e procurou empresários da cidade a fim de recolher fundos para essa causa. A Sra. Hawks não perdeu o emprego. Na verdade, ele recolheu tanto dinheiro que ela teve um aumento. Quando ele estava com 19 anos, descobriu que a irmã mais nova estava sofrendo por causa de um rapaz da escola que tinha se aproximado só por interesse na fama do pai dela. Ele me perguntou se podia ir visitá-la, e eu o deixei ir. Dias depois, o tal rapaz encontrou sua caminhonete fora da cidade, submersa em um rio.
Ela parou e riu.
– Mase Colt Manning luta por aqueles que ama. Ele é assim. E eu sei que ele tentou lutar por você. Ele queria vencer suas batalhas. E, pela pouca pesquisa que fiz, descobri que ele manda todo mês um cheque para um tal Dr. Astor Munroe que custa mais do que eu me permitiria comentar. Ele recebe relatórios semanais desse professor sobre os progressos de uma Reese Ellis. Ele está lutando por você. O que também significa que ele ama você. O problema é que meu menino vai com tudo em qualquer coisa que faz. E, quando decidiu se apaixonar, ele se apaixonou completamente.
Ela parou e apontou o dedo para mim. Pude ver o filho dela no olhar determinado que me dirigiu. Como eu não percebera antes?
– Ele agora precisa de alguém que lute por ele. Porque se perdeu de si mesmo. Ele é uma sombra do homem que criei. Está vivendo sem alegria, porque diz que deixou o coração aqui, com você. Portanto, se você o ama, ainda que seja uma minúscula parte do amor dele por você, lute por ele. Ele merece isso mais do que qualquer um. Está na hora de alguém travar a batalha dele.
Uma gota caiu em meu braço, e, ao levar a mão até meu rosto, eu o encontrei molhado pelas lágrimas. Meu coração estava de volta e se contorcia de dor ao ouvir a mãe de Mase me contar quanto ele precisava de mim. Ele estava sofrendo por minha causa.
Eu não me importava mais com a mensagem. Ou com a outra mulher. Se Mase precisava que eu lutasse por ele, eu lutaria. E quem quer que fosse Cordelia, eu lutaria contra ela. Lutaria até não poder mais.
– Onde ele está? – perguntei.
– Está em casa. Ele acha que fui visitar minha irmã em San Antonio.
– Como chego até ele? Onde é a casa dele?
Um sorriso se abriu no rosto da mulher.
– Posso levá-la.
Fechei a tampa do carrinho.
– Deixe-me avisar meu chefe que estou indo embora. Então estarei pronta para ir.
– A propósito, eu sou Maryann Colt – disse ela, estendendo a mão para me cumprimentar. – E é um prazer conhecer a mulher que meu filho ama. Eu estava preocupada, mas posso ver que ele escolheu bem.
A aprovação dela aqueceu meu coração pela primeira vez em dez semanas, dois dias e cinco horas.
Mase
– Tudo bem, eu sou desprezível. Tenho que confessar, porque esta merda está me devorando vivo – disse Major ao entrar no celeiro com uma sela apoiada no ombro.
Continuei esfregando Criptonita, meu cavalo da raça appaloosa, e ignorei o comentário dele. Precisava limpar o estábulo do garanhão em seguida e não tinha tempo para lidar com Major e seus dramas.
– Estou trepando com Cordelia há uns dois meses. Ela é muito boa chupando pau. Desculpe, não pude evitar. Ela deu em cima de mim, e eu deixei ela me chupar. Então a virei sobre o cavalete e a comi. Foi um momento de fraqueza. Eu estava com tesão, ela veio se exibindo com um short jeans cortado que mostrava parte da bunda e uma blusinha que mal cobria os peitos. Cara, ela é gostosa. Perguntei a você se ainda estava transando com ela, e você não respondeu. Deduzi que significava que não se importava.
Por isso Cordelia havia finalmente me deixado em paz. Eu deveria dar uma grana a Major por essa.
– Que bom que ela está fazendo bem o serviço.
Dei uns tapinhas em Criptonita, então me virei para levá-lo ao estábulo que eu já tinha limpado.
– Então você não se importa que eu esteja trepando com ela? – perguntou ele.
– Você me fez um favor. Ela não estava aceitando “não” como resposta.
Major soltou um suspiro de alívio.
– Graças a Deus. Estava preocupado que você estivesse nesse humor azedo por eu ter roubado sua amiga de transa.
Nem me dignei a responder a essa. Não fazia sentido.
– O dia em que ela veio pegar a calcinha, eu já estava quase trepando com ela. Ela apareceu com uma saia minúscula, tipo estrela pornô. Liguei e mandei uma mensagem para você, mas você não respondeu. Aí deixei que ela fosse embora. Mas, no dia seguinte, quando ela apareceu no celeiro, transei com ela. Você não saiu de casa naquela semana. Foi a semana em que você estava com um humor do cão.
Na hora certa. Ele começou com ela quando eu realmente precisava de distância de todo mundo. Nem sei o que teria dito a Cordelia se ela tivesse começado com aquela história toda de novo. Eu não a queria, mas não via sentido em dizer qualquer coisa que a magoasse. Ela não merecia isso.
– Mas, afinal, onde você estava naquele fim de semana, quando mandei a mensagem? Você chegou aqui furioso com o mundo. E ficou desse jeito desde então. Foi em Rosemary Beach? Aquela garota que você ia ver?
Eu não ia falar sobre isso com ele.
Espere. Que mensagem?
O mundo à minha volta parou, e meu peito vazio de repente pareceu feito de chumbo. Por favor, Deus, não. Não permita que seja o que estou pensando.
– Major – falei, quase com medo de perguntar.
Será que eu queria saber a resposta? Poderia viver com isso?
– O que foi?
– Que mensagem? – perguntei, antes que pudesse me conter.
– A que eu mandei sobre Cord querer pegar a calcinha dela embaixo da sua cama e perguntando se você ainda estava trepando com ela.
Não... não... não...
– Major, eu nunca recebi essa mensagem. Quando você mandou isso?
– Eu já disse...
– Não. Preciso saber a data e a hora que você me mandou essa maldita mensagem! – gritei.
Os cavalos relincharam, mas minha cabeça latejava e um peso ia tomando conta dos meus pulmões.
– Que merda, cara. Vou ver. Calma – resmungou ele, pegando o celular e verificando as mensagens.
– Ah... 29 de junho, nove da manhã. Liguei duas vezes também. Sem resposta nem retorno.
Larguei os suprimentos que tinha na mão e saí pela porta. Continuei caminhando. E caminhei mais. Caminhei até estar o mais longe possível de Major, até minha casa sumir de vista.
Então inclinei a cabeça para trás e pus tudo para fora num rugido furioso.
Reese tinha visto a mensagem. Foi isso que a colocara naquele canto, olhando para mim como se estivesse destroçada. Uma maldita mensagem a havia tirado de mim.
Reese
Maryann Colt havia falado durante todo o caminho desde o aeroporto. Ela dormira o voo inteiro. Eu não conseguira fazer nada além de olhar pela janela. Meus pensamentos estavam em Mase e no menino que ela havia descrito. Ele parecia exatamente o homem por quem eu tinha me apaixonado. Uma mensagem de celular me fez duvidar de tudo. Tudo o que ele tinha feito para me mostrar quanto me amava, e eu nem sequer o deixara explicar.
Eu não havia sido um projeto de caridade. Ele não estava tentando me recuperar. Ele estava lutando por mim porque me amava.
Ele nem sequer sabia da mensagem. Eu a apagara antes de pôr seu celular no lugar. Ele não fazia ideia do que havia mudado naquela manhã. E agora eu ia aparecer na casa dele sem aviso. Eu sabia que eu teria que lutar por ele não só porque sua mãe disse que ele me queria.
Ele podia ter dado prosseguimento à sua vida por outros caminhos. Cordelia talvez o estivesse mantendo aquecido à noite. Eu não queria pensar nessa hipótese.
Em vez disso, fiquei escutando Maryann. Tinha que me concentrar em suas palavras, não no que eu poderia enfrentar em seguida. Mas, independentemente do que fosse, eu lutaria. Ele havia lutado por mim uma vez. Eu lutaria por ele agora.
– A casa dele fica um pouco mais à frente nesta estrada. Talvez ele esteja na cama agora. É tarde e ele tem ido dormir logo depois do jantar. Mas bata na janela à esquerda, caso ele não abra a porta. Vou deixar você ir andando daqui em diante. Não quero que ele veja minha caminhonete. Agora é com você. Vá lá e mostre ao meu menino que vale a pena lutar por ele.
Abri a porta da caminhonete e saltei.
Maryann apontou a estrada de terra, iluminada pelo luar, logo atrás da casa dela.
– Siga aquela trilha. Levará até a porta dele.
Comecei a caminhar naquela direção, então parei, e olhei de volta para ela. E a flagrei secando os olhos.
– Obrigada – falei. – Sei que fez isso por ele. Mas você me salvou também.
Não esperei pela resposta dela. Segui colina acima em direção ao telhado que eu mal enxergava a distância. O telhado metálico capturava os raios de luar e eu os segui. Meu coração estava acelerado pela primeira vez em meses. Eu ia vê-lo. Ia ver Mase.
Se Cordelia estivesse lá, eu teria que manter a calma e não arrancar os olhos dela. Mas, quanto mais perto eu chegava de sua casa, mais eu percebia que não podia atacá-la se ela o estivesse tocando. Se ele a tivesse tocado.
Eu ia acabar ficando enjoada. Não podia pensar naquilo.
Havia uma caminhonete preta, semelhante à prateada que sua mãe dirigia, estacionada diante da casa. Era o único veículo ali, e quase suspirei de alívio. Poderia travar a batalha contra Cordelia mais tarde. Agora eu ia me concentrar em fazê-lo me perdoar.
Subi até a varanda na frente da casa e parei. Agora que estava ali, sem Maryann me guiando, fiquei paralisada de medo. Mas chegara até aqui. Tinha voado pela primeira vez na vida e deixado o único lugar seguro que já conhecera para vir até aqui. Para encarar um homem que eu expulsara de minha vida.
Da última vez que ouvi sua voz, ele estava gritando que me amava atrás da minha porta.
Será que ele ainda sentia a mesma coisa? Será que eu havia esperado demais?
A porta se abriu antes mesmo que eu chegasse perto o suficiente para bater, revelando um Mase sem camisa. As sombras cobriam seu rosto, mas eu conhecia aquele peito. Também conhecia aquela cueca boxer. Precisava dizer alguma coisa. Meu corpo inteiro parecia congelado.
– Vim lutar por você – falei abruptamente, e então comecei a chorar.
Mase
Reese estava aqui. Na minha casa. Na minha varanda. E estava chorando.
Saí na escuridão, ainda me perguntando se aquilo era um sonho e se eu finalmente tinha conseguido dormir um pouco naquela noite.
– Reese? – perguntei, temendo acordar, se a tocasse.
– Sinto muito. Eu... Vendo você... Eu ia ser forte e dizer que te amo e que estraguei tudo e que te amo e...
Que se dane o sonho. Estendi os braços e a puxei para mim.
Ela estava aqui. Ela estava aqui. Ela estava aqui.
Seus braços me enlaçaram e me apertaram. Exatamente como eu lembrava. O cheiro doce de canela alcançou o meu nariz, e eu sabia que minha imaginação não era assim tão boa. Tinha tentado evocar o cheiro dela mais de uma vez e não conseguira. Essa era a minha Reese.
– Eu te amo. Não vou mais embora. Estou aqui para fazer você me receber de volta. Minha vida é vazia sem você.
Ela soluçava nos meus braços.
Por acaso ela estava tentando me convencer a deixá-la ficar comigo? Será que ela realmente pensava que tinha que implorar para que eu ficasse com ela?
– Reese, eu...
Ela se afastou e me encarou com os olhos arregalados, em pânico.
– Não, não diga nada. Apenas me escute. Eu estava errada. Você é alguém por quem vale a pena lutar. Eu estava... Eu sou uma complicação. Tenho muito a superar, mas vou fazer valer a pena. Vou amar você mais do que ela jamais conseguiria. Mais do que qualquer pessoa jamais poderia. Vou passar o resto da vida provando para você que valho essa complicação toda. Não deixarei passar um dia sem mostrar a você quanto eu te amo. Vou me mudar para cá. Vou arranjar um lugar para morar e um emprego. Vou cozinhar para você e vou...
Cobri sua boca com a minha e interrompi seus adoráveis e confusos argumentos. Seu grito surpreso foi seguido de um gemido, e ela me beijou como se precisasse do gosto da minha boca para viver. Sua doçura infiltrou-se em mim enquanto aqueles lábios carnudos tocavam os meus. Tomei o rosto dela entre as mãos e a afastei um pouco para que pudesse fitar seus olhos.
Ainda estavam úmidos do colapso inicial quando tinha me visto. Ainda assim, estavam lindos. Meus lindos olhos azul-bebê. Olhos com os quais eu sonhava, que sempre me deixariam fascinado.
– Vale a pena lutar por mim? – perguntei, querendo ouvi-la dizer aquilo mais uma vez.
Ela tinha parecido muito determinada ao dizer aquelas palavras da primeira vez.
– Sim! – disse ela, a veemência retornando.
– E contra quem você acha que precisa lutar por mim?
Uma dor brilhou em seus olhos. Eu não queria isso. Comecei a assegurá-la de que não havia ninguém, mas ela falou primeiro.
– Qualquer uma... Lutarei contra qualquer uma – disse ela por fim.
Ela estava falando de Cordelia. Aquela maldita mensagem.
– Gata, no momento em que esses seus lábios tocaram os meus, eu fui seu. Não. Apague isso. No momento em que saí do quarto e vi sua bundinha para cima e a ouvi cantando desafinada, eu fui seu. E de mais ninguém. Jamais. Antes de você, sim, houve outras. E houve uma garota com quem eu tive uma “amizade colorida”. Nada mais. Mas, no momento em que você entrou na minha vida, aquilo acabou. Ela não aceitou bem o término e tentou me fazer mudar de ideia. Mas tudo que eu via, tudo que meu coração via, era você. E mais ninguém.
– Cordelia – disse ela baixinho.
– Sim. Mas a mensagem que você viu de Major foi porque um dia, ao chegar em casa vindo do trabalho, eu a encontrei na minha cama. Eu a mandei embora e ameacei chamar minha mãe se ela não saísse. Até lavei meus lençóis para me livrar do cheiro dela. Caramba, até comprei um colchão novo depois daquilo. E lençóis novos. Eu não queria dormir em nada em que tivesse estado outra pessoa que não fosse você. Nunca mais.
– Ela deixou a calcinha nesse dia – concluiu ela baixinho, os olhos brilhando com novas lágrimas. – Era disso que falava a mensagem.
Assenti com a cabeça. Ajeitei um cacho de seu cabelo, prendendo-o atrás da orelha.
– Se eu soubesse que era essa a razão que a fazia me olhar como se eu fosse um monstro, teria ficado e lutado por você. Mas pensei que era o passado, os demônios que a assombram. Pensei que eu tivesse pressionado demais e que você precisasse de espaço.
Parei e respirei fundo.
– Pensei que você fosse ligar. Esperei. Estava esperando. Ia esperar para sempre.
Ela fez biquinho outra vez e comecei a beijar seu rosto. Não queria que ela chorasse. Eu a tinha aqui. Comigo.
– Não vou deixar você voltar. Você vai ficar comigo. Não posso deixar você me abandonar. Vou ficar maluco – confessei, beijando suas bochechas e seu nariz, e então dando um selinho em sua boca.
– Eu não quero ir embora – disse ela.
Deus, como eu a amava.
– Entre – pedi, pegando as mãos dela e guiando-a para dentro de casa. – Venha se deitar comigo. Quero abraçar você.
Reese parou, e eu me virei para olhá-la.
– Não. Esta noite eu quero abraçar você – disse ela, o rosto outra vez determinado.
– Se é isso que você quer – concordei.
Tirei as botas dela e depois o jeans. Ela me deixou despi-la sem questionar. Quando abri seu sutiã, não a toquei ou olhei, apenas peguei a camiseta que eu tinha tirado e a passei por sua cabeça.
Ela enterrou o nariz no tecido e inalou, apertando os braços com força em torno de si mesma. Adorava quando ela se aconchegava com minha roupa como se fosse comigo.
Então ela subiu em minha nova cama king-size, se recostou na cabeceira e estendeu os braços para mim.
Com a emoção lutando com a alegria, consegui conter as lágrimas que queimavam em meus olhos. Deslizei até ela e deitei a cabeça em seu peito, para escutar as batidas de seu coração.
Ela correu os dedos pelo meu cabelo, e ficamos ali deitados. Passei os braços pela cintura dela e me deleitei com seu cheiro. O som de seu coração se acelerava cada vez que eu deslizava minha mão em direção ao seu traseiro e depois voltava.
– Cada passo que dei na vida me levou até você – disse ela, num sussurro. – E porque estou aqui agora não lamento nada. Para cada coisa ruim que aconteceu, fui recompensada com algo ainda mais belo, capaz de compensar todo aquele mal. Você fez tudo valer a pena. Você é meu presente na vida. Passei pelo mal e sobrevivi. Minha recompensa foi Deus me dar você.
Eu já nem me preocupava em reprimir as lágrimas.
Chorei nos braços dela.
Reese
Hoje íamos voltar a Rosemary Beach para pegar as minhas coisas. Mase não queria que eu fosse a lugar nenhum sem ele, assim, por dois dias usei roupas de Harlow, do tempo em que ela ficara em sua casa, uns dois anos atrás. Eram todas muito curtas e apertadas, mas consegui me virar com elas.
No entanto, Mase não me deixava sair de casa vestida com as roupas dela. Estava preocupado com a possibilidade de alguém me ver. Major me vira na primeira manhã com um short e uma camiseta de Harlow e ofereceu a Mase sua “bola esquerda” por mim. Mase lhe deu um soco na cara. Que horror.
Maryann foi até a casa do filho, aborrecida, perguntar a Mase por que ele tinha quebrado o nariz de Major. Ele contou. Maryann começou a rir e voltou para casa.
Acordei em uma cama vazia naquela manhã, o que, considerando que Mase me mantivera num abraço apertado nas duas últimas noites, me surpreendeu. Levantei-me e fui até o banheiro, escutando a ducha aberta e Mase cantando. Ao contrário de mim, ele cantava muito bem. Sua voz tinha um toque áspero, mas fluía de um modo que me deixava arrepiada. Eu nunca tinha escutado Mase cantar. Mas, com um pai como Kiro, fazia todo sentido que ele tivesse uma voz que correspondesse ao seu patrimônio genético.
Não reconheci a letra, mas ela me atraiu. Abri a porta e entrei no vapor. Ele não percebeu a minha chegada, mas sua cabeça estava inclinada para trás, sob a água, e ele continuava cantando.
Aceitarei seus demônios se você me deixar entrar. Não se esconda, gata, porque tudo que eu quero é oferecer mais.
Ele virou a cabeça e parou de cantar assim que seus olhos se fixaram nos meus.
Não era daquelas coisas que eu precisasse pensar a respeito e planejar. Esse homem me amava, e eu sabia que nunca amaria alguém do jeito que o amava. Ele estava disposto a enfrentar qualquer coisa que eu jogasse para ele, desde que no fim pudesse me abraçar.
Agarrando a barra da camiseta, eu a levantei e a tirei, então a joguei no chão. Tirei rapidamente a calcinha e fui abrir a porta do boxe. Mase ficou paralisado enquanto seu olhar descia pelo meu corpo nu.
Entrando no jato de água quente, olhei para suas coxas grossas e musculosas e, subindo o olhar, vi que estava rijo e pronto. Sentindo-me confiante e em segurança, peguei o sabonete e comecei a ensaboar minhas mãos enquanto Mase continuava parado. Ele não se moveu nem recuou. Somente seus olhos acompanhavam cada movimento meu. Cheguei mais perto e deslizei ambas as mãos por seu pau duro e liso.
Um grunhido baixo veio de seu peito, e ergui os olhos para ele, vendo que suas pálpebras tinham baixado, deixando-o com aquela expressão misteriosa que eu amava. Deslizando minhas mãos molhadas e ensaboadas sobre ele, com gestos longos, vi sua mandíbula relaxar e ele recuar e se encostar na parede. Deslizei a mão por baixo para agarrar seu saco e comecei a ensaboá-lo também ali.
– Reese – gemeu ele, fazendo menção de segurar a minha mão.
– Deixa... – pedi, apertando meus seios contra seu peito.
– Ahhh... caralho.
Mantive a pegada firme e lenta, e logo a cabeça de seu pau foi ficando vermelha. Um líquido incolor começou a verter, e fiquei ansiosa para ouvi-lo gozar. Acelerei o ritmo, e sua respiração ficou entrecortada.
– Eu vou... gozar. Caralho, gata, eu vou gozar – falou ele.
Então um grito grave saiu dos lábios dele quando seu gozo jorrou em minha barriga e minhas mãos.
– Não se mexa – pediu, num arquejo, então ergui o olhar, notando seus olhos fixos na minha barriga, coberta com ele. – Ah, por favor... não se mexa. Deixe-me só olhar para você. Assim.
Sentindo-me ousada, corri a ponta dos dedos pelos veios brancos de gozo que haviam caído em mim. Então olhei nos olhos dele. Seus olhos estavam excitados novamente. Um brilho possessivo surgira neles.
– Esfregue – disse ele num sussurro rouco.
Fiz o que ele pediu. Com as duas mãos massageei até o líquido desaparecer em minha pele.
Ele pegou o sabonete e começou a ensaboar as mãos. Afastando-se da parede, ele se aproximou e envolveu meus seios com as mãos. Então ele começou a me lavar. Ou a lavá-los. Completamente. Pegou meus mamilos e apertou com carinho antes de descer para minha barriga. Quando chegou ao ponto onde eu havia esfregado seu gozo em minha pele, ele lavou com um toque reverente que fez o formigamento entre minhas pernas se transformar em um latejamento.
Quando deslizou a mão para o espaço entre minhas pernas, precisei apoiar as duas mãos na parede, uma de cada lado. Minhas pernas começaram a fraquejar, e Mase sussurrou em meu ouvido que eu era linda. Que eu era dele. Que ele amava cada parte de mim. Que ver seu gozo em mim o fez ficar louco de desejo.
Agarrando-me aos ombros dele, senti a tensão crescendo e sabia que estava prestes a ser atingida por um orgasmo que provavelmente me deixaria de joelhos.
Mase passou um braço pela minha cintura e me segurou enquanto pressionava meu clitóris mais uma vez. E continuou me segurando quando o prazer desabou sobre mim, e meus joelhos finalmente cederam e se dobraram.
Eu estava voltando à terra, mas ele já havia me lavado e estava me carregando para o quarto. Ele não me secou até me colocar no pé da cama. Depois que passou a toalha por meu corpo, secou-se rapidamente e então me deitou na cama.
Sua boca cobriu a minha enquanto seu corpo rijo e nu roçava no meu. Arqueei as costas, tentando senti-lo ainda mais, enquanto ele continuava a pairar sobre mim, apoiado nas mãos e nas pernas. Essa seria outra razão para eu me sentir grata por ter pernas longas. Envolvi sua cintura com as pernas e o forcei a descer sobre mim.
– Isso, ah! Assim, isso é muito gostoso – gemi, minha boca de encontro à dele, meus seios finalmente esmagados contra o peito dele e a fenda entre as minhas pernas se esfregando na rigidez de sua ereção.
Ele afastou a boca da minha e a enterrou em meu pescoço. Ele respirava com dificuldade. Percebi que cerrara os punhos ao lado da minha cabeça.
– Mase? – perguntei, correndo os dedos pelas costas dele, desfrutando do prazer de sentir seus músculos se flexionarem sob meu toque.
– Eu quero... Não posso... Por Deus, gata – gemeu ele, e seus punhos se apertaram ainda mais, como se ele lutasse contra algo muito forte.
Senti sua ereção forçando meu corpo, e então entendi. Ele queria me penetrar. Estava tão absorta em senti-lo perto de mim que nem uma única vez tivera medo.
A dor do meu passado. A dor que antes acompanhava qualquer contato, sexual ou não, não estava mais em minha vida. Esse homem era o meu mundo. Ele me amava. Era gentil e cuidadoso comigo. E eu queria estar o mais perto dele possível. Queria saber como era ser um só corpo com ele. Isso não era sujo nem errado. Era belo e puro.
Erguendo meus quadris, levei minha mão até seu pau e o guiei até que a cabeça estivesse posicionada bem na minha entrada. Com um movimento, estaríamos ligados. Era esse o objetivo do sexo, uma conexão mágica entre duas pessoas que se amavam tanto que formavam um só corpo, ainda que apenas por um momento. Assim como os corações que elas já haviam unido.
– Faça amor comigo, Mase. Me mostre como é o amor. Por favor.
Acrescentei as últimas palavras para lembrá-lo de todas as vezes que ele me perguntou se podia me tocar e havia terminado a frase com “por favor”. Eu queria isso tanto quanto ele queria o que me pedira.
– Você é minha vida – murmurou ele em meu ouvido, enquanto mergulhava em mim, me preenchendo toda.
Lágrimas encheram meus olhos, e eu o enlacei, abraçando-o muito apertado. Com uma gentileza que eu só vira nele, Mase começou a entrar e sair de mim enquanto beijava meu rosto e meu pescoço, dizendo que eu era linda. Que éramos lindos juntos.
Nunca imaginei que algo pudesse me fazer sentir tão completa.
Deslizando as pernas para cima e para baixo em suas costas e sua bunda perfeitamente definida, mergulhei na luxúria de ser amada por Mase.
– Eu te amo – arfou ele em meu ouvido.
– Eu também te amo – respondi num gritinho.
– Quero gozar dentro de você. Mas não vou fazer isso antes de você estar pronta – falou, beijando meu pescoço.
Eu o queria dentro de mim. Mas não estava usando nenhum método anticoncepcional. Eu precisava de um. Nunca tinha usado antes.
– Deus, Reese, você é tão apertadinha. Juro, não quero nunca mais sair de você – arfou.
Erguendo minhas pernas para que sua estocada fosse mais fundo, senti que ele massageava algo dentro de mim e instantaneamente tive a explosão mais brilhante que já havia sentido. Seu nome jorrou da minha boca e apertei as pernas em torno dele, mantendo-me assim para não descolar dele.
Seu corpo tremeu enquanto ele gritava meu nome. Quando seu corpo começou a ter espasmos em cima de mim, abri os olhos e vi os dele bem fechados e sua cabeça jogada para trás. O suor descia de sua testa e uma gotinha rolou pelo seu rosto e caiu em mim.
Quando finalmente abriu os olhos, ele me fitou.
– Não posso me desculpar por essa, porque, meu Deus, Reese, juro que os anjos acabaram de cantar e essa casa tremeu nas bases.
Sorrindo, corri as mãos pelo cabelo úmido de Mase e puxei sua boca para a minha.
– Pelo que você se desculparia? – perguntei junto aos lábios dele.
– Por gozar dentro de você – disse ele num sussurro.
Ele ainda estava dentro de mim. Eu ficara tão perdida nos jardins do paraíso que nem tinha me dado conta.
– Ah. – Foi tudo que eu disse.
– Quando você fechou as pernas, tentei segurar até você terminar, mas você é tão apertada. E você é tão linda quando goza. E você me agarrou como uma luva, gata. Quando percebi, já estava gozando.
Eu não ia arruinar esse momento porque tínhamos nos esquecido de tudo.
– Mase, isso foi... isso foi mais... mais do que eu podia imaginar.
Ele se virou de costas, ainda enterrado em mim. Gostei de ver que ele não tinha pressa de sair. Queria ele o mais perto possível. Agora eu estava por cima dele.
– Eu amo você. Você é o meu mundo. Mas tem duas coisas que vêm logo atrás, muito perto – disse ele num tom sério. – Essas suas pernas compridas e essa bocetinha apertada vão me ganhar se você não tomar cuidado – acrescentou ele com um sorriso provocador.
Rindo, eu o beijei. Porque ele era meu.
Mase
Escrevi meu endereço em cada uma das caixas, empilhadas junto à porta da frente do apartamento de Reese. Ela estava ocupada limpando o refrigerador agora vazio. Jimmy havia acabado de sair, depois de se despedir dela com um abraço choroso.
Ele fizera tudo tal como eu pedira. Tinha ficado ao lado dela. Ele a mantivera em segurança. Eu devia muito a ele. Não sabia como pagaria, mas eu pagaria. De algum jeito.
Reese se curvou, me distraindo quando seu short subiu um pouco, revelando minha pinta favorita.
– A pinta, gata. Se você quiser terminar isso sem minha boca na sua bunda, então não se curve assim – adverti, fechando a porta e espreitando por trás das caixas na direção dela.
Reese se levantou e se virou para mim, rindo.
– Foi mal. Tive que limpar o fundo da geladeira.
– Não se desculpe. Decidi que quero beijar essa bunda. Curve-se de novo – pedi, com um sorriso travesso.
Reese recuou, colocando as mãos à frente do corpo, para me deter.
– Não. Nunca sairemos daqui se você não parar com isso. Já fizemos sexo no sofá, na cama, em cima do bar e da cômoda. E faz apenas um dia e meio que chegamos aqui. Assim, não vamos terminar nunca.
Agarrei suas mãos e a puxei para mim, com cuidado para não machucá-la.
– Gata, de quem é essa bocetinha? – perguntei, deslizando minha mão pela frente de seu short.
– Sua – falou com um suspiro.
Meu monstro possessivo rugiu, despertando.
– Isso mesmo. E eu quero brincar com a minha bocetinha. E escutar minha garota gritar o meu nome.
Os olhos de Reese ficaram vidrados e sua respiração, entrecortada. Eu sabia que agora ela estava vencida. Era fácil convencê-la. Nas primeiras vezes, eu fora cuidadoso e não apressara nada. Eu me certificava de que ela estivesse comigo o tempo todo e que soubesse que eu a adorava e jamais a machucaria.
Mas não precisava mais disso. Tudo o que eu tinha que fazer era falar sacanagem e ela se derretia, pronta para eu fazer o que quisesse. Essa mulher fazia com que eu me sentisse o rei do mundo.
Uma batida na porta me impediu de tirar a blusa dela e chupar seus seios. Lutei para não soltar um palavrão, porque provavelmente era outra pessoa vindo se despedir dela. Reese precisava saber que sentiriam falta dela. Que mais pessoas aqui se importavam com ela, não só Jimmy. E só por essa razão eu me contive e não reclamei.
– Eu atendo. A Srta. Popular está recebendo muitas visitas hoje, hein – provoquei.
Sua risada musical me acompanhou.
Abri a porta de supetão, esperando ver alguém conhecido, mas, em vez disso, me vi diante de um homem alto, de aparência distinta, vestido em um terno Armani. Eu tinha um para eventos especiais, então sabia. Seu cabelo negro e sua pele morena me fizeram pensar que fosse italiano. Havia algo no formato de seus olhos. Eram castanhos, mas familiares.
– Reese Ellis mora aqui? – perguntou ele, o sotaque mais leve do que eu esperava.
Ele me lembrava uma versão cinematográfica de um chefe da Máfia.
– Ela morou – respondi, não gostando nada do fato de o homem saber o nome dela e a estar procurando.
– Eu sou Reese Ellis – disse ela, surgindo atrás de mim.
Merda. Não queria que ela viesse até a porta. Algo nesse homem me preocupava.
– Posso ajudá-lo? – perguntou ela, estudando o homem com muita curiosidade.
– Gata, pode deixar que cuido disso – murmurei, colocando-a atrás de mim com um braço e cuidando para que meu corpo a cobrisse.
O canto da boca do homem formou um sorriso, como se ele estivesse se divertindo.
– Fico feliz de saber que Reese tem alguém para protegê-la. No entanto, esperei 23 anos para conhecê-la. – Ele estendeu a mão para mim. – Sou Benedetto DeCarlo, pai de Reese.
Adoraria se ele voltasse para aquela cama e ficasse ali comigo. Fazendo o que eu estava pensando. Mas eu não queria ter que pedir. Não sabia como faria isso. Eu sabia por que ele queria que fosse eu a pedir, mas, ainda assim... a ideia era embaraçosa demais.
Como pedir a um homem que toque sua vagina?
Agarrando-me àquele pensamento, eu me levantei e abri um sorriso para ele.
– Vou fazer waffles para você. Vista a calça para eu não me distrair.
Mase riu enquanto eu corria para o banheiro e escovava os dentes e penteava o cabelo.
Então fui preparar o café da manhã do meu gato enquanto ele ficava do outro lado do balcão, me observando.
Mase
Se ela se abaixasse mais uma vez e me mostrasse aquela pinta, eu ia perder a cabeça. Eu já tinha comido os waffles e resistido enquanto ela batia a massa sem sutiã sob a camiseta. Aquela já fora uma visão extasiante. Mas agora ela estava limpando a cozinha e ficava se abaixando a todo momento.
Eu havia me oferecido para limpar, mas Reese me empurrara daquele cantinho e disse que seria mais rápida, pois sabia onde tudo ficava. Então agora eu estava sendo premiado com uma vista de sua bunda e daquela pinta. A minha pinta.
Eu adorava aquela manchinha.
Merda, eu estava com tesão. Eu estava me esforçando tanto para ser bonzinho, mas ela me deixava louco. Eu conhecia a sensação de ter aquela bunda nas mãos e aqueles mamilos doces se retesando em minha língua.
Gemendo, dei as costas à visão mais bela que eu já tivera na vida e fui me sentar no sofá.
Afundei ali e tive que ajeitar meu maldito pau. De repente o jeans estava apertado demais e o zíper ia deixar uma marca nele se eu não me controlasse. Precisava pensar em algo que não fosse o corpo de Reese.
Primeiro exterminador de tesão que eu pude imaginar: minha mãe. Ela ia querer saber aonde eu tinha ido. Precisava ligar para ela e explicar. Eu só havia avisado ao meu padrasto. Não tinha me explicado para ela. O que significava que ela ia me fazer um monte de perguntas. Estava pronto para contar a ela sobre Reese. Queria falar sobre ela. Minha mãe provavelmente era a pessoa que gostaria de me ouvir falar dela.
– Você está bem?
A voz de Reese interrompeu meus pensamentos e me virei para vê-la vindo em minha direção. Aquelas pernas longas e... cacete, aqueles peitos estavam balançando. Ela precisava de um sutiã. Eu precisava que ela vestisse um sutiã. A ereção que eu conseguira inibir estava de volta... e com toda força. Caralho.
– Estou bem – afirmei, e ela veio e se sentou ao meu lado, recolhendo as pernas e enroscando-se em mim.
A carne macia pressionou meu corpo e eu comecei a latejar. O cheiro doce de canela chegou ao meu nariz e eu estiquei as pernas na esperança de me dar um pouco mais de espaço naquele jeans.
– Você não parece bem. Você está fazendo caretas – disse ela, esticando a mão e segurando meu rosto. Tão doce.
– Estou tentando ser um bom rapaz, gata. Mas olhando para você fica difícil – admiti.
– Ah – disse ela baixinho, quase num sussurro.
Então seus olhos pousaram no meu colo e ela arquejou. Não havia como esconder o fato de que eu estava duro feito uma pedra. Não lidava com uma situação dessas desde a adolescência. Não tinha ereções assim exceto quando estava na hora certa. No entanto, um olhar para Reese e meu pau ficava em posição de sentido.
– Parece que está apertado aí dentro – disse ela, sussurrando, como se outra pessoa, além de mim, pudesse escutá-la.
– Está mesmo.
Ela arfou novamente e então tocou minha perna. Eu estava quase implorando para que ela me tocasse. Todo o sangue do meu cérebro estava fluindo para baixo.
– Você pode tirá-lo e me deixar... quer dizer, posso tocar nele?
Claro que sim!
Minhas mãos voaram para o zíper e o abriram em tempo recorde, então baixei o jeans o suficiente para que meu pau pudesse saltar, livre. Ela me observava com tanta intensidade que, juro, estava prestes a explodir só com o olhar dela.
As pontas dos dedos dela traçaram o volume rígido sob a cueca, que eu não baixara. Não tinha certeza se ela estava pronta para vê-lo ao vivo.
– Você pode tirá-lo? – perguntou ela, erguendo os olhos para mim e depois voltando-os novamente para o meu colo.
Essa garota estava me perguntando como se eu pudesse dizer não para ela. Meu pau já tinha decidido mais de um mês atrás que só queria se excitar com ela. Ela era dona dele tanto quanto era dona de mim.
Parei e observei o rosto dela para ter certeza de que ela estava pronta para isso antes de tirar a cueca e deixá-la ver o que estava pedindo. Não queria de jeito nenhum vê-la levantando num pulo e ir correndo jogar água no rosto por ter visto meu pau. A ideia de assustá-la assim acabaria comigo.
A mão dela se moveu quase em câmera lenta até que uma ponta de dedo desceu pela cabeça dura e inchada, seguindo pelas veias ao longo do corpo. Eu não estava conseguindo respirar. O oxigênio se recusava a entrar nos meus pulmões.
– Me diga como tocá-lo – pediu ela, correndo um dedo para cima, em direção à cabeça.
Ela queria que eu falasse... agora?
– Feche... – disse, e arquejei em busca de um pouco de ar. – Feche a mão em torno dele, depois deslize para cima e para baixo.
Ela fez exatamente o que eu disse, e estrelas tomaram toda a minha visão. Precisei piscar várias vezes para enxergar alguma coisa. Olhei para sua mãozinha em torno do meu pau, e vi que ele estava vertendo um pouco de fluido. Ela fez uma pausa. Seus olhos se ergueram para mim.
– Você gosta assim? – perguntou, a respiração pesada.
Isso a estava deixando excitada. Cacete, os mamilos dela estavam duros e se projetando sob a camiseta fininha.
– Você nem imagina – respondi, tenso.
Ela apertou a mão ao subir e seus olhos se arregalaram quando o líquido incolor surgiu na ponta.
– Caraaaalho – gemi, e deitei a cabeça para trás no sofá.
Eu estava em alguma forma de nirvana e não queria sair de lá.
– Apertei demais? – perguntou, inocentemente.
– Ahh, gata, não. Está muito bom – garanti, ofegante.
Sua mão manteve a pressão, e ela começou a deslizar para cima e para baixo com mais vigor. Minha boca se abriu e agarrei o braço do sofá.
– Isso foi um gozo ou você vai... gozar mais? – perguntou ela, enquanto o líquido cristalino cobria meu pau sob sua mão.
Ela não se intimidou; em vez disso, passou a usá-lo como lubrificante.
– Se continuar assim, eu vou... explodir.
A safadinha sorriu. Ela estava se divertindo. Caralho, eu não estava aguentando. Eu queria me segurar para aproveitar mais. Não ia assustá-la e gozar na sua mão. Mas fazê-la soltar para que eu terminasse o serviço não era nada convidativo.
Virei a cabeça para olhá-la, e esse foi o erro. Ela mordia o lábio inferior, e, a cada movimento de sua mão, seus peitos balançavam. Pronto.
– Vou gozar – avisei, tirando a mão dela.
– Espere, não – disse ela, me pegando outra vez.
– Gata, eu vou...
A puxada para cima e o cheiro dela me pegaram de uma vez só. Gritei o nome dela quando aconteceu exatamente o que eu tinha avisado. Ela continuou movendo a mão no meu pau e eu continuei gozando feito louco. Desabando de volta no sofá, achei que talvez até tivesse gemido. Não tinha mais certeza. Meu cérebro estava nebuloso e meu corpo zumbia com um prazer tão intenso que eu não sabia se conseguiria caminhar outra vez.
Então a mão dela parou de se mexer, e eu respirei fundo.
– Puta merda, isso foi... incrível – falei, fitando sua mãozinha coberta com meu gozo.
Só de ver isso, meu pau acordou novamente. Caramba, ela estava me transformando num animal. Eu tinha acabado de ter o melhor orgasmo da minha vida na mão dela.
– Deixe-me limpar você – falei, puxando minha cueca e me levantando para tornar a vestir o jeans. – Vou pegar uma toalha.
Mas ela se levantou, sorrindo.
– Vou lavar as mãos – afirmou. E então me fez sentar de novo. – Parece que você está precisando respirar.
Minha garota era uma gaiata. Eu ri, e ela olhou para trás e piscou para mim. Puta que pariu, ela piscou para mim.
Reese
Lavei as mãos na água morna e olhei pelo espelho o sorriso bobo em meu rosto. Eu tinha conseguido. Fizera Mase gemer e gritar e inclusive se agarrar no sofá – como se sua vida dependesse disso – até gozar. Eu. Eu fiz isso. E sem ir nenhuma vez àquele lugar sombrio da minha mente. Eu ficara completamente absorta observando Mase, sabendo que era eu quem estava dando prazer a ele. Entrei num transe maluco com aquilo.
E teve a maneira como ele olhava para mim, em êxtase, como se eu fosse algum presente divino. Ele sempre fazia com que me sentisse especial, mas naquele momento me senti como uma deusa. A deusa dele.
– Você está se sentindo totalmente realizada – disse a voz grave dele, e eu o vi pelo espelho se aproximar de mim por trás.
Ele tinha um sorriso preguiçoso e satisfeito, e fora eu quem colocara aquele sorriso ali. Eu estava satisfeita comigo mesma.
– Estou – admiti.
Ele afastou meu cabelo e deu um beijo em meu pescoço.
– Hummm, isso é fofo e sexy – disse ele num sussurro. – Mas também me dá muito tesão.
Senti minha pele se arrepiar quando ele lambeu meu pescoço.
– Só tenho um probleminha com isso – falou, mordiscando minha orelha.
– É?
A mão dele fez pressão em minha barriga, puxando-me ao encontro do seu corpo.
– É. Tenho. Você me viu gozar na sua mão. Agora eu quero ver você gozar na minha – disse ele, enquanto seus dedos brincavam na cintura do meu short.
Já tínhamos tentado isso antes. E eu entrara em pânico. Não queria estragar a manhã.
– E se eu não estiver pronta? – perguntei, incapaz de negar que o modo como os dedos dele deslizavam para dentro do short me fazia tremer de excitação.
Ele parou para pensar só por um momento e então sua boca começou a deixar um rastro de beijos pelo meu corpo, descendo por meu pescoço e percorrendo o ombro.
– Pensei nisso. Tenho pensado nisso. Preciso manter você comigo enquanto a toco. Quero tentar outra vez, mas não vou parar de falar com você. Vou assegurá-la o tempo todo de que sou eu quem está aqui com você. Podemos tentar?
Meus seios estavam doendo, mas a área entre as minhas pernas estava pegando fogo. Eu queria. Meu corpo queria. E eu amava Mase. E era o que ele queria.
– Está bem – respondi.
– Obrigado – gemeu ele.
Então me pegou no colo e me levou para a cama, deitando-se ao meu lado.
– Seu cheiro é tão bom. Quando estou em casa, me deito à noite na cama e posso sentir vestígios do seu cheiro. Fico excitado. Quero você lá. Comigo – disse ele no meu ouvido, começando a deslizar a mão lentamente para dentro do meu short.
Eu não tinha vestido calcinha, e em breve ele ia descobrir isso.
Quando ele avançou a mão o suficiente para se dar conta, parou.
– Gata, você está sem calcinha – disse numa voz grave.
Virei a cabeça para vê-lo.
Seus olhos tinham a mesma expressão de quando eu o estava acariciando. De tanto que isso o excitava. A umidade entre as minhas pernas aumentou, e fiquei constrangida porque ele descobriria como eu estava excitada.
– Abra as pernas. Por favor, para mim. Deixe-me tocar você. Quero ver você gozar para mim. E sentir sua umidade na minha mão. Pode me dar isso, Reese? Eu quero tanto, tanto.
Engoli em seco, nervosa.
– Já estou molhada – confessei, me sentindo mortificada só de dizer aquilo.
Os olhos dele brilharam com tanta intensidade que meu coração quase parou. Seus dedos deslizaram pelo meu monte de vênus e então penetraram nas dobras abaixo. A sensação que eu experimentara ali por toda a manhã agora latejava e eu precisei me agarrar no braço dele para não cair da cama.
– Ah, meu Deus – gemeu ele, enterrando a cabeça no meu pescoço. – A bocetinha mais doce do mundo está encharcada por mim.
Ele estava feliz com isso. Eu teria soltado um suspiro de alívio, mas seus dedos começaram a se mover e eu só consegui emitir uns ruídos e agarrar o braço dele e os lençóis.
– Sou eu aqui. Minha mão no meio das suas pernas. Meus dedos tocando sua bocetinha. Eu, gata. Eu. Tudo isso é meu. Eu sempre vou cuidar de você. Nada nem ninguém vai machucá-la. – Sua voz era baixa e ele falava no meu ouvido.
Eu estava tremendo e me agarrava nele.
Ele queria me manter ali, junto dele, naquele momento, e estava fazendo um trabalho maravilhoso. Dificilmente minha cabeça conseguiria estar em algum outro lugar.
– Quando você estiver pronta, vou pôr minha boca bem aqui – disse ele, correndo o dedo sobre meu ponto mais sensível. – Vou lamber esse botão até você gritar e cravar as unhas nas minhas costas enquanto goza na minha cara. Você vai adorar. Juro que vai. Você vai segurar minha cabeça ali e implorar para que eu não pare. Porque serei eu.
A sensação crescente dentro de mim estava acelerando, e eu sabia o que era. Eu havia me masturbado antes de acontecerem... aquelas coisas. Em minha cabeça eu criava fantasias com os garotos da escola quando estava na cama, à noite. Mas isso agora era algo mais forte. Parecido, porém maior. E eu queria que acontecesse. Com Mase, eu queria.
– Isso, gata. Me deixe dar prazer a você. Faça isso por mim. Quero ver você gozar para mim. Quero ver minha garota extasiada nos meus braços. Você é tão linda...
Com aquelas palavras, eu me entreguei, gritando o nome dele enquanto meu corpo estremecia e ele me apertava em seus braços. Sua mão permaneceu em mim, me cobrindo e navegando as ondas do êxtase comigo. Eu entoava o nome dele. E o ouvia a distância.
Ele me chamava de gata e dizia que eu era incrível.
Eu não queria voltar. Poderia viver essa viagem para sempre.
Mas por fim ela se dissipou e lentamente eu desci de volta à terra. Os braços de Mase ainda estavam à minha volta, me apertando de encontro a ele, e sua mão continuava no ponto em que me dera prazer. Ele respirava pesadamente, e seus olhos estavam escuros e quentes enquanto ele me olhava de cima.
– Meu Deus, você é deslumbrante – sussurrou ele, enquanto eu piscava e finalmente conseguia focar em seu rosto.
Eu não podia falar ainda. Aquilo não fora nada parecido com o que eu tinha experimentado na cama quando era mais jovem. Meus dedos não conseguiam fazer isso comigo mesma. Será que aquilo era saudável? Era tão bom que tinha que ser perigoso. E eu queria repetir. Imediatamente.
– Não quero tirar a mão daqui. Ela está coberta de você, quero que continue assim – disse ele, movendo a cabeça para dar um beijo no meu nariz. – Foi a coisa mais erótica que eu já vi. Juro por Deus, você me deixou tão enfeitiçado que eu nem consigo enxergar direito. Se você me deixasse, ficaria aqui nesta cama e faria você gozar sem parar.
Eu deixaria. Estava gostando da ideia. Muito.
Mase
Eu poderia morrer feliz. Senti pena dos outros homens, porque eles nunca saberiam como era Reese quando gozava. Eu sabia. Ela era minha. A vontade de bater no peito era enorme. Tive que me segurar. Mas, por Deus, era o que eu queria fazer.
Reese saiu do quarto vestindo short jeans e uma blusa amarelo-clara com um nó na cintura. Ela parecia jovem e pura. Queria levá-la de volta para a cama e começar tudo de novo. Vê-la toda sexy, cavalgando minha mão como se sua vida dependesse daquilo.
Mas ela já havia me dado o suficiente por hoje. Não ia forçá-la outra vez. Não quando tínhamos ido tão bem pela manhã. Falar com ela e mantê-la comigo o tempo todo não apenas tinha funcionado, como também a excitara ainda mais. Quanto mais eu falava, com mais tesão ela ficava.
Era o suficiente por enquanto.
– Quando você tem que ir embora? – perguntou ela, interrompendo os meus pensamentos e me lembrando de que eu teria que deixá-la.
– Queria conversar com você sobre isso – falei, imaginando como pedir que ela se mudasse para a minha casa, que ficava em outro estado, tão distante dali.
Pareceria maluquice, mas, sinceramente, eu não ligava. Ela era a mulher da minha vida.
Suas sobrancelhas se ergueram, e ela inclinou a cabeça, como se esperasse por mim.
– Quero que você se mude para o... Texas... comigo... para... a minha casa.
Isso não fora nada sutil.
A maneira como seu queixo caiu e seus olhos se arregalaram provava que eu tinha feito tudo errado. Merda.
– Co... como? – balbuciou.
Passei as mãos no rosto e reprimi um grunhido de frustração. Ela me fazia dizer besteiras. Eu ficava tão atrapalhado perto dela que não conseguia pensar direito. Falava sem pensar. Eu nunca quis tanto uma coisa quanto que essa mulher estivesse na minha cama, todas as noites, pelo resto da minha vida.
– Você não tem emprego, exceto pelo arranjo com Harlow, e não tem família aqui. Não há razão para ficar. Posso conseguir outro professor para você em Fort Worth. Essa é a única coisa que prende você aqui. Quero você comigo, Reese. Detesto não ter você perto de mim.
Aqueles olhos expressivos a entregaram. Ela gostou da ideia, mas também se assustou. Estávamos juntos havia pouco tempo. Nossa amizade tinha quase dois meses, mas nosso relacionamento era muito recente.
– Você me quer lá... com você – falou, como se estivesse perdida numa confusão.
– Sim – respondi com firmeza.
Ela agarrou uma mecha de cabelos e olhou em torno da sala, cheia de nervosismo. Então começou a andar de um lado para outro.
Esperei. Ela estava pensando, e eu queria que ela pensasse seriamente naquilo. Então queria que ela dissesse sim e fizesse as malas.
– Você não... Há tanta coisa. Preciso de tempo. Nós precisamos de tempo. Estou bem instalada aqui e tenho amigos. Tenho Jimmy. Tenho um lugar meu. Você não... Não podemos simplesmente ir morar juntos assim. Também detesto quando você vai embora, mas... Mase...
Ela parou de andar e pôs as mãos na cintura, como se estivesse carregando o mundo nos ombros.
– Tem tanta coisa que você não sabe. E não estou pronta para contar. Tanta coisa dentro de mim. É tenebroso e... não é um lugar para onde eu queira levar você. Mas preciso de tempo. Nós precisamos de tempo. Assim. Quando você vier aqui, podemos ficar juntos. E temos nossas conversas noturnas e minhas leituras para você. E eu gosto do Dr. Munroe. Ele está me ajudando e me sinto bem com ele. Não posso simplesmente ir porque quero estar perto de você.
Argumentar com ela era minha reação automática. Eu era bom em convencer as pessoas. Poderia apresentar uma razão que lhe mostrasse que tudo aquilo não importava.
O que me deteve foi seu olhar suplicante. Ela não queria que eu argumentasse. Ela queria que eu deixasse o assunto de lado.
Eu deixaria. Por ela. Por enquanto.
– Está bem. Mas saiba que, quando você estiver pronta, eu também estarei – garanti, por fim.
Ela soltou um suspiro profundo, então sorriu debilmente para mim.
– Obrigada por me querer.
Palavras que eu levaria comigo para o Texas, que eu guardaria no peito e me machucariam toda vez que eu as tocasse.
Minha garota não deveria jamais ter que agradecer alguém por desejá-la. Em algum lugar de sua mente, ela acreditava que não era digna. Isso era o que mais me doía.
Parado na porta do apartamento, depois de levá-la para almoçar e beijá-la por mais de uma hora, eu sabia que tinha que deixá-la. Outra vez. Meu mundo lá no Texas estava chamando. Eu tinha que ir cuidar do rancho e da vida que eu construíra para mim.
Abracei-a apertado mais uma vez e sussurrei em seu ouvido:
– Cuide-se bem. E sinta saudades enquanto eu estiver longe.
Reese
Peguei a colher que Jimmy me estendeu e mergulhei fundo no sorvete de caramelo. Precisava de comida antidepressiva. Estava arrasada desde que Mase fora embora naquela manhã. Eu poderia ter ido com ele. Ele me convidara.
Se tivesse dito sim, eu o perderia muito mais cedo. Ele não estava comigo tempo suficiente para me conhecer de verdade. Ele só tivera pequenas doses de mim. Como seria quando as lembranças vazassem e eu me enfiasse embaixo da ducha quente gritando e me esfregando? Ele não tinha visto isso. Pensaria que eu era louca. Porque eu tinha certeza de que era.
De vez em quando, o passado irrompia e, quando acontecia, eu ficava meio maluca.
Não contei nada disso para ele. Ele conhecia o que estava na superfície, e mesmo assim nem tudo. Sabia apenas o suficiente. Meu passado me marcara.
Esse passado havia destruído a minha habilidade de ter intimidade com qualquer pessoa.
Exceto com Mase. Eu o estava deixando entrar. O dia de hoje era a prova disso.
– Quer falar sobre esse assunto? Ou só comer? – perguntou Jimmy, com um olhar preocupado.
– Não quero falar nada agora, só comer essa delícia – respondi, e enchi a boca de sorvete.
– O homem veio do Texas numa noite de terça-feira para pegar seu dinheiro de volta com a bruxa malvada, devolvê-lo e ter certeza de que você estava bem antes de voltar para o trabalho no dia seguinte. Eu acho que você deveria ser só sorrisos. E não estar aí pê da vida e decidida a comer meio quilo de sorvete.
Eu não ia contar para Jimmy. Se contasse, teria que revelar mais, e eu não ia deixar meu passado entrar. Não nesta noite.
– É que detesto quando ele vai embora. Só isso. – Foi o que eu disse.
– Aham, garota, você e o resto do mundo. Ele é um colírio para os olhos – concordou Jimmy.
Aquilo arrancou de mim uma risada que morreu quase instantaneamente. As garotas em Fort Worth não tinham que vê-lo partir. Ele estava lá. Com elas. Elas podiam vê-lo e falar com ele. Ele não precisava atravessar fronteiras estaduais de avião para resolver os problemas delas.
– Para onde quer que sua cabeça tenha voado, traga-a de volta, por favor – disse Jimmy, apontando sua colher para mim. – O homem veio do Texas até aqui por sua causa ontem à noite. Ele não está fazendo mais nada com ninguém. Caramba, duvido que ele sequer sorria no Texas. Ele está sorrindo demais para você. Ele precisa descansar aquela boca sexy um pouco.
Dei uma risada. Alta.
Jimmy se recostou e deu um sorrisinho maroto. Estava satisfeito consigo mesmo.
O som do meu telefone tocando o fez se levantar e se despedir.
– Olha aí seu gato texano ligando. Falo com você amanhã.
Olhei para o telefone, esperando ver as botas de caubói, mas era um número desconhecido. Não contei para Jimmy.
– Tchau, Jimmy. E obrigada – gritei.
Ele me mandou um beijo e fechou a porta ao sair.
Esperei um momento até ele estar mais longe da porta antes de atender.
– Alô?
– Você acha que ele é seu, mas não é. Ele estava transando comigo antes de você e vai voltar a transar depois de você.
Fiquei segurando o telefone por muito tempo depois de a mulher ter desligado.
Uma hora depois, Mase ligou para me dizer que tinha chegado bem, mas que estava exausto. Ele me telefonaria amanhã.
Na manhã seguinte, me recusei a pensar naquela estranha ligação. Poderia ter sido um engano. Ela não mencionou o nome de Mase. Tirei aquilo da cabeça e finalmente liguei para Blaire Finlay para marcar um encontro com ela na semana seguinte e combinar a faxina. Então fui ao mercado e paguei minhas contas daquela semana.
Voltei para o apartamento e o limpei de cima a baixo. Na hora da consulta com o Dr. Munroe, já estava melhor. Tinha conseguido me controlar e sabia que, quando ligasse para Mase naquela noite, tudo estaria certo.
Eu só estava com saudades dele.
Isso era tudo.
Mase
Tirei a roupa e fiquei deitado na cama escutando Reese ler para mim seu novo livro. Ela parecia desligada naquela noite, ou nervosa. Eu não sabia exatamente o que era. Tive que ajudá-la algumas vezes. Assim que ela chegasse ao fim do capítulo dois, eu ia deixá-la parar. O livro era mais difícil, e ela parecia cansada.
– Quer que eu continue? – perguntou ela.
– Está bem assim. Você está se saindo muito melhor, gata. Estou orgulhoso.
E estava. Seu nível de leitura já era o do quarto ano. O Dr. Munroe atribuía o fato ao grande esforço dela para aprender na escola – tanto é que havia aprendido. Ela só não foi treinada para lidar com sua dificuldade. Agora que estava trabalhando isso, recuperava terreno rapidamente e utilizava o aprendizado do passado.
– Minha redação ainda não é boa, mas escrevi uma carta hoje. Não era uma carta de verdade. Como exercício, eu deveria escrever uma carta para alguém, agradecendo um presente. Só errei duas palavras. O Dr. Munroe ficou satisfeito.
O orgulho em sua voz fez meu peito se inflar. Adorava saber que ela sentia orgulho de suas realizações. Tinha que sentir mesmo.
– Estou esperando você me escrever uma carta – disse a ela.
Poderia guardá-la no bolso durante o dia e tirar quando precisasse de um pouco de Reese no meu dia.
Ela riu baixinho.
– Não estou pronta ainda. Espere eu melhorar um pouco. Não quero que o Dr. Munroe corrija uma carta que eu tenha escrito para você. Então ela terá que seguir para você sem revisão.
Nada que ela me desse seria menos que perfeito. Porque seria dela. Escrito por ela. Se misturasse todas as letras e palavras, então era assim que deveria ser. Porque ela teria escrito aquilo para mim.
– Não se preocupe com quantos erros estarão na carta, Reese. Seria uma carta sua. Isso é tudo que importa para mim.
Ela deixou escapar um leve suspiro.
– Você diz as coisas mais doces do mundo.
Eu poderia dizer coisas ainda mais doces se ela me deixasse. Estava tentado a fazer isso. Eu ainda podia sentir seu cheiro em minha mão. Eu havia levado aqueles dedos ao nariz e inalado o dia todo.
– O que você está vestindo, Reese? – perguntei.
– A sua camiseta, exatamente como combinamos.
Pude perceber o tom divertido em sua voz.
– Deite-se na cama para mim.
Eu a estava testando. Pararia se ela hesitasse.
– Está bem – respondeu ela. – Estou na cama.
Porra. Sim. Ela estava entrando na brincadeira.
– Você está deitada de costas?
Eu a queria deitada de costas, com as pernas abertas para mim.
– Sim. – Sua resposta foi rápida e ansiosa. Ela sabia o que eu queria.
– Você vai abrir essas pernas lindas para mim, gata?
Esperei, sem saber se ela iria assim tão longe.
Depois de apenas uns poucos segundos, ela respondeu:
– Sim.
Tirei meu pau, que já começava a ficar duro na cueca, e o envolvi com a mão. A imagem de Reese deitada de costas na cama dela com minha camiseta e as pernas abertas para mim era o bastante para me fazer voltar para aquele maldito avião.
– Você sabe o que eu quero que você faça, não sabe?
– Sei – murmurou ela.
– Você pode fazer isso? Posso ouvir você se dando prazer?
Ela estava respirando pesadamente.
– Você também?
– Eu também o quê, gata?
– Você vai fazer isso também?
Sorrindo, acariciei a extensão do meu pau.
– Já estou fazendo. O fato de você estar na cama, com as pernas abertas e vestindo minha camiseta já me deixou com tanto tesão que chega a doer.
– Ahhh – disse ela, soltando um gemido.
Caralho... ela estava... se masturbando.
– Onde estão seus dedos?
– Na minha... lá embaixo.
Ah. Fechei os olhos e deixei a voz dela e a imagem do que estava fazendo dominar meus pensamentos.
– Está molhadinha por mim?
– Siiiiim – disse ela, com a respiração entrecortada.
– Brinca gostoso com ela para mim. Dê prazer a essa doce bocetinha. Não estou aí para cuidar dela. Preciso que você faça e me deixe ouvir. Quero ouvir aqueles sons que você faz.
– Ahhhhh! – gritou.
Ela estava adorando.
– Esfregue forte esse botão duro e inchado. Quero beijá-lo. Muito... Lamber todos os pontos sensíveis e então sugar esse botão quente até você puxar meu cabelo e gritar meu nome.
– Ahhhh, meu Deus – gemeu.
– Isso. Pense na minha cabeça entre as suas pernas. Bem abertas para mim. Eu posso lamber essa doçura toda. Só eu. Com você. Só nós, gata. Suas mãos agarrando meu cabelo e as minhas... as minhas mãos nas suas coxas macias, mantendo você aberta. Respirando você.
– Mase! Ah... aaaaah!
O gozo dela desencadeou o meu. Fiquei ouvindo enquanto ela gemia em sua viagem e desejei profundamente estar lá para ver aquilo.
Reese
Na semana seguinte, não me limitei a ler para Mase à noite. Terminávamos nossas noites fazendo outras coisas...
Sorrindo ao pensar no meu segredo, passei mais tempo escovando o cabelo. Eu tinha limpado a casa de Harlow duas vezes e encontrado Blaire Finlay. Ela ia precisar de alguém três dias por semana. Eu precisava conversar com Harlow sobre trabalhar na casa dela dois dias e três na de Blaire, para assim atender as necessidades das duas. A faxineira atual de Blaire ainda não tinha se aposentado, então havia tempo para acertar isso. Ela ficaria mais duas semanas.
Jimmy descobrira no início da semana que hoje era meu aniversário. E decidira que ia sair comigo. Eu tinha comemorado essa data sozinha a maior parte da minha vida. Lembrei-me de que, aos sete anos, ganhei um bolo. Minha mãe o fizera e convidara as crianças da vizinhança. Eu havia pensado que ela tinha feito aquilo para mim e, por pouco tempo, me sentira muito especial.
Então, mais tarde naquele dia, eu a encontrara no banheiro de joelhos diante de um pai que levara os filhos à festa. Ele dizia coisas que eu fazia questão de não lembrar enquanto ela se agarrava às coxas dele e chupava seu pau. O homem morava do outro lado da rua com a mulher e dois filhos.
Naquele momento eu percebera não só que havia algo errado no que minha mãe estava fazendo, como também que ela tinha dado a festa apenas para se aproximar daquele homem. Não por minha causa. Aquele foi meu primeiro e último bolo de aniversário.
Hoje eu ia construir novas memórias. Jimmy queria que fôssemos dançar e comer bolo. Então era o que iríamos fazer. Eu celebraria meus 23 anos com alguém que se importava comigo.
Dando um passo para trás e olhando no espelho, achei que estava bonita. O vestido que eu usava era laranja-claro e me lembrava do pôr do sol. Era um tomara que caia marcado na cintura por um cinto marrom trançado que ía até a metade da coxa. Coloquei as botas de caubói que tinha comprado para agradar Mase. Ele não as tinha visto ainda, mas usei um pouco do dinheiro da minha poupança para comprá-las. Estavam em promoção pela metade do preço.
A batida na porta foi seguida de um:
– Abra, aniversariante!
Sorri e fui abrir para Jimmy.
Ele assoviou e girou o dedo no ar para que eu desse uma voltinha para ele ver.
– Vou ter de bancar o hétero para manter os homens longe de você. Caramba, mulher, você está um arraso.
Rindo, peguei uma bolsinha que havia comprado no ano passado numa liquidação, mas ainda não tinha tido a chance de usar. Era dourada, mas simples, com uma alça de mão.
– Vamos dançar – falei quando ele pegou a minha mão e a pôs em seu braço.
– Eu sou bom nisso, garota. Espere só para ver.
Eu não tinha dúvida.
Seguimos para a cidade, a direção oposta da que eu esperava, pois eu sabia que não havia nenhum lugar para dançar em Rosemary Beach. Franzindo a testa, olhei para Jimmy, que cantava “Born in the USA” batucando no volante.
– Onde vamos dançar? – perguntei.
– Ah, num lugar chamado FloraBama – respondeu ele, me dirigindo um sorriso grande demais.
Algo não estava fazendo sentido.
– Mas não estamos saindo da cidade – observei.
Ele confirmou com a cabeça.
– Sim. Antes, preciso entregar um negócio no clube.
Bem, isso fazia sentido. Me recostei e observei a cidadezinha passar por nós até virarmos na entrada dos fundos do clube, onde os empregados estacionavam. Jimmy seguiu até um caminho coberto de conchas que parecia levar ao mar.
Ele ia entregar alguma coisa na praia?
– Aqui estamos – disse ele, sorrindo ao abrir a porta para mim.
Tínhamos ido de carro até onde dava.
– Siga por essa passarela de madeira na direção daquela luz adiante – recomendou Jimmy, apontando o que dali parecia ser o topo de uma pequena tenda, encoberta pelas palmeiras no caminho.
– Você precisa que eu entregue algo lá? – perguntei, tentando entender o que ele queria de mim.
– Isso. Só você pode entregar. Feliz aniversário, Reese. Você está maravilhosa. Agora siga esse caminho – falou ele, com uma piscadela, então subiu de novo no carro e partiu.
Fiquei ali olhando do caminho para o ponto onde Jimmy tinha sumido.
Foi então que a ficha começou a cair. Jimmy havia me entregado ali. A mim. Virei-me e segui o caminho de madeira. Na metade, não aguentei mais e comecei a correr. Já sabia quem estaria no fim. Já sabia para quem ele tinha vindo me entregar. E eu queria chegar lá.
Assim que deixei para trás o caminho das palmeiras, eu o vi.
Estava usando uma camisa branca de botões, com mangas arregaçadas e bermuda cáqui. Estava de pé, dentro de uma tenda branca, iluminada com velas, ao lado de um bolo de aniversário de três andares. Era de um rosa-claro bonito e cintilava sob a luz suave. Balões prateados completavam o ambiente.
– Feliz aniversário, Reese – disse Mase, sorrindo.
Soltei uma risada surpresa e então caí no choro ao correr para ele.
Ele me encontrou na metade do caminho, me pegou nos braços e afundou o rosto no meu pescoço.
– Surpresa.
Inclinei-me para trás e o beijei com força. Não sabia de que outra forma expressar a emoção que se concentrava dentro de mim. Era tão avassaladora que eu tinha a sensação de que poderia me consumir de tanta felicidade. Ele havia feito tudo aquilo para mim. Bolo e balões. E, mais importante, ele.
– Como você sabia que era meu aniversário? – perguntei, embora a resposta fosse óbvia: Jimmy.
Eu havia pensado em comentar, mas tive receio de que Mase pensasse que eu estava pedindo para ele voltar. Não queria isso, então não toquei no assunto.
– Era você quem deveria ter me contado, não Jimmy. Não quero nunca perder o seu aniversário. Jamais.
Enxuguei as lágrimas e sorri para esse homem maravilhoso que, por alguma razão, queria estar comigo.
– Você e as suas palavras – falei, beijando-o outra vez.
Suas mãos grandes e fortes enlaçaram minha cintura e me mantiveram ali, enquanto nos alimentávamos um do outro. Ter ele comigo era o melhor presente de aniversário do mundo. Mesmo sem bolo e balões. Ele era perfeito.
– Venha, você tem que apagar as velinhas, e então vou servir o bolo para você – murmurou ele, entre beijos.
– É um bolo grande demais só para nós dois – disse a ele, nem mesmo tentando fingir que não havia adorado que ele tivesse me dado um bolo tão imenso.
Ele riu.
– Comeremos o que pudermos, você pode levar um pouco para casa e depois mandamos o restante para os amigos.
Gostei da ideia.
– Talvez eu coma muito – comentei, olhando o glacê cremoso e já lambendo os lábios.
Teria que caminhar por dias sem parar para queimar todas aquelas calorias.
Mase piscou para mim.
– Ótimo. Gosto da ideia dessa bunda gostosa aumentando e rebolando um pouco mais.
Eu realmente estava precisando me abanar.
Ele colocou uma velinha no andar mais alto do bolo e então deu de ombros.
– Eu ia trazer 23 velas, mas Harlow comentou que aqui ventava muito. Não conseguiria mantê-las todas acesas. Então trouxe uma só.
Ele riscou um fósforo e protegeu a chama com a mão.
– Faça um pedido, gata.
Não podia imaginar nada que eu já não possuísse agora... exceto uma coisa. Mas eu sabia que desejos não mudam o passado. Não podiam mudar o que já tinha acontecido. Então mentalizei um pequeno agradecimento pelo que recebi e soprei a vela.
Mase começou a cortar uma fatia muito grande de bolo, pegou um garfo e olhou para mim.
– Venha se sentar comigo.
Ele apontou para a espreguiçadeira branca que dava para o golfo.
Sentou-se e abriu os braços para que eu afundasse neles. Quando cheguei perto, me senti envolvida.
– Esta fatia é grande demais – falei, olhando o recheio vermelho.
– Vamos dividir – disse ele. – Abra a boca.
Fiz o que Mase disse e ele levou o pedaço até minha boca. O glacê e o recheio de framboesa eram deliciosos.
– Hummm – murmurei, em tom de aprovação.
– Gosto de ver você comer. E de alimentar você – disse Mase, dando mais uma garfada no bolo.
Ele fez menção de levar o garfo à minha boca, mas fiz que não com a cabeça.
– Sua vez – falei.
– Ver sua língua se projetar para lamber os lábios e ouvir você gemer é muito melhor que comer o bolo – disse ele, esfregando um pouco glacê nos meus lábios.
Abri a boca, tentando não rir enquanto ele me dava outro pedaço.
– Isso, lá vem a língua – disse ele, parecendo fascinado em me ver comendo o bolo.
Terminei de mastigar, engoli e então sacudi a cabeça de novo.
– Preciso de uma pausa entre as garfadas – disse, rindo, enquanto ele levava mais um pedaço até minha boca.
– Gostei das botas – disse ele, sem discutir comigo. – Quero ver você com elas e mais nada.
Minha compra tinha valido a pena.
– Por favor, coma mais para mim. É tão sexy – implorou ele, passando o nariz no meu pescoço.
Rindo, virei-me para fitá-lo.
– Como posso ser sexy comendo?
Mase sorriu, passou a mão por minhas costas e depois apertou minha bunda.
– Por muitas razões.
– Agora é a sua vez – anunciei, pegando o garfo e levando-o à boca dele.
Obediente, ele comeu, e eu beijei o glacê nos lábios dele.
– Agora estou vendo a vantagem em comer também – disse ele, quando afastei a cabeça.
Sorrindo, recostei-me em seu peito e desfrutei a vista das ondas quebrando na minha frente. Minhas pernas se enroscaram às dele, e ele continuou me dando bolo. Eu deixei.
Porque eu amava esse homem.
Mase
Reese recusou mais um pedaço de bolo, e finalmente eu o deixei de lado. Tinha que admitir que só de olhar para ela aproveitando um bolo de aniversário que eu escolhera e dera para ela, eu já ficava satisfeito.
Mudei de posição para que ela pudesse se acomodar entre as minhas pernas. Então a puxei para mim antes de lhe dar o primeiro presente.
– Feliz aniversário – falei, pegando a maior caixa ao meu lado.
Ela arfou ao pegar a caixa. E olhou para mim antes de se voltar para o presente outra vez.
– Você me trouxe um presente?! – exclamou, encantada. – Quer dizer, pensei que você já era o meu presente, mas isso...
Sorrindo, beijei sua têmpora.
– Não, esta é a sua festa de aniversário e eu sou seu único convidado, porque sou egoísta e queria você todinha para mim. E este é seu primeiro presente.
– Primeiro?
Assenti. Então ela me surpreendeu. Rasgou ansiosamente o papel, como uma criança empolgada. Vê-la abrindo aquele presente foi mais legal do que lhe dar o bolo, e olha que aquilo já tinha sido o máximo.
Quando levantou a tampa da caixa, ela pegou a bolsa azul-bebê Michael Kors que eu pedira a Blaire para escolher.
– Dentro tem uma carteira que faz par com ela.
Ela tocou a bolsa com reverência, como se fosse feita de ouro em vez de couro.
– Isso é caro, não é?
Não tanto. Podia ter sido pior. Mas eu dissera a Blaire que fosse prática. Reese precisava de uma bolsa para o dia a dia, não algo que a deixasse nervosa demais para usar.
– É uma bela bolsa para você usar no lugar da mochila – expliquei.
Ela riu e colocou tudo de volta na caixa, virou-se para mim e me beijou levemente nos lábios.
– Obrigada. É o presente mais bonito que eu já ganhei.
Mas eu não havia terminado. Então me estiquei e peguei o próximo presente.
– Tem mais? Pensei que você estivesse brincando.
– Veja você mesma.
De novo, ela rasgou o pacote como se fosse uma criança, e eu desejei ter gravado aquilo para assistir várias vezes.
Ela abriu a caixa e encontrou três pijamas de seda franceses. Pegou um dos shorts, examinou-o e então o levou ao rosto. Devolvendo-o à caixa, pegou a camisola. Escolheu a peça rosa-clara com acabamento de renda branca.
– São tão macios – disse ela, extasiada.
Tinham que ser. Eram os melhores.
– Gosto da ideia de você com a minha camiseta. Mas também sei que você gosta do seu short e da camiseta porque são macios. Então pensei em outras coisas macias para você usar quando for dormir. Porque, quando estiver comigo, você não vai precisar da minha camiseta para abraçá-la.
Ela guardou a peça no pacote sofisticado e soltou um suspiro feliz.
– Eles vão me deixar mal-acostumada em matéria de pijamas pelo resto da vida.
Por mim tudo bem. Eu a manteria vestida com seda francesa se ela quisesse, pelo tempo que quisesse.
Mais uma vez ela me beijou e sussurrou um obrigada junto aos meus lábios.
Então peguei a terceira caixa. A menor de todas. Era mais um presente para mim do que para ela.
– O último – anunciei, entregando-lhe a caixinha retangular.
Essa ela abriu com mais cuidado, como se tivesse medo de perder o que estava ali dentro.
O conteúdo era uma única chave, aninhada em veludo.
– É a chave da minha casa. Quando estiver pronta, pode se mudar.
Ela a pegou e ficou segurando por algum tempo sem dizer nada. Finalmente, levantou os olhos para me encarar.
– Um dia, quando souber tudo de mim, você pode me dar isso de novo. Mas, neste momento, você não sabe tudo. Não posso ficar com isso.
Ela pensava que seu passado sombrio mudaria o que eu sentia. Nada do que ela pudesse me dizer mudaria aquilo. Eu a amava.
Mas eu não usaria aquelas palavras para convencê-la. Reese teria que decidir isso no tempo dela. Eu não ia pressioná-la. Eu a queria na minha cama, na minha casa. Queria que fosse a nossa casa. Mas não antes de ela estar pronta. Não antes que ela quisesse.
Que quisesse que fosse para sempre.
Reese
Ele agia como se o fato de eu recusar a chave não fosse grande coisa. Mas não era o que eu sentia. Meu peito não havia parado de doer desde que eu a devolvera. Mase, porém, não voltou a tocar no assunto nem pareceu aborrecido.
Ele me pegara pela mão e caminhamos pela praia. Ele havia me convencido a comer mais um pouco do bolo, e então tínhamos nos aninhado na espreguiçadeira, olhando o luar refletido no mar.
A única coisa errada foi ele não ter me beijado outra vez. Ele não me olhou mais com aqueles olhos misteriosos e cheios de desejo. Era como se ele me mantivesse a distância, mesmo estando ali, ao meu lado. Antes, ele estava sedutor e brincalhão.
Depois da chave, tudo mudou. Ele mudou.
Quando voltamos para casa, ele disse para eu usar o banheiro primeiro. Ele se prepararia para dormir depois de mim. Não se mostrara dominado pelo desejo nem me tomara em seus braços assim que chegamos à privacidade do meu apartamento. Ele havia sido gentil e educado, mas só isso. Nada mais.
Vesti um dos novos pijamas que ele havia me dado. Era branco com debrum prata. Também achei que fosse o mais sexy. Naquele momento, queria ver a fagulha nos olhos dele e saber que não o havia perdido por não ter aceitado a chave.
Por que eu não aceitei? Pegar a chave não significava que ia usá-la. Ele não me deu pensando que eu ia me mudar no momento seguinte. Ele tinha dito isso. Aquele fora seu jeito de me mostrar que a oferta continuava de pé para quando eu estivesse pronta.
Eu precisava conversar com ele.
Eu havia agido mal.
Abri a porta do banheiro e me encaminhei para o quarto.
– Não, Cordelia. Não estou aí. Estou fora da cidade. Voltarei no domingo, provavelmente. Talvez antes. Não sei ainda.
Fiquei parada diante da porta. Quem era Cordelia? Meu estômago deu um nó e meu coração se apertou ao ouvi-lo dizer que poderia voltar para casa antes. Eu tinha mesmo estragado tudo.
– Não é minha culpa se você a deixou. E, não, você não pode entrar na minha casa sem mim lá. Eu a deixei trancada... Cord, pare com isso. Pare de fazer esse jogo comigo. Não seja assim.
Ele estava aborrecido. E a chamara de Cord.
– Como já disse, estarei em casa no domingo.
Ele desligou e enfiou o telefone no bolso com um suspiro.
Afastei-me da porta e respirei fundo várias vezes para me acalmar. Aquilo não significava nada. Cordelia podia ser alguém que trabalhava com ele ou uma parente. Ou só uma amiga.
– Quem era? – perguntei ao abrir a porta.
Eu não queria ter perguntado, mas precisava saber.
Mase voltou seu olhar do chão para mim. E seus olhos me devoraram ao examinar meu pijama novo. Quando finalmente chegaram ao meu rosto, seus olhos estavam iluminados pelo calor do qual eu sentira falta antes.
– Eu gosto muuuito de seda francesa – disse ele, vindo até mim.
Quase chorei de alívio.
Sua mão pousou em meu quadril e então deslizou para cobrir minha bunda.
– Você não gosta de dormir de calcinha, não é, gata?
– Não.
Vi seus olhos ficarem escuros e ardentes.
– Seda cobrindo essa bundinha é mais do que qualquer homem pode suportar. Quero beijar minha pinta. E vê-la escapar por baixo da renda. – Ele me fez dar uma voltinha. – Bote as mãos no encosto do sofá e mostre essa bundinha linda para mim, só um pouquinho. Por favor, Reese. – Ele sussurrou meu nome tão perto da minha orelha que sua respiração fez cócegas na minha pele.
Fiz exatamente o que ele pediu, e seu grunhido de prazer fez com que valesse a pena.
Suas mãos escorregaram pelas minhas coxas quando ele ficou de joelhos atrás de mim. Seus lábios macios e a barba áspera crescendo roçaram a parte posterior de minhas coxas. Ele deixou uma trilha de beijos em cada uma até chegar à pinta que eu nunca tinha visto, mas que ele parecia amar.
O som de prazer em sua garganta ao beijar aquele ponto fez meus joelhos fraquejarem. Agarrei-me no sofá enquanto sua língua lambia o ponto embaixo da minha bunda.
– Ah, Deus.
Inclinei-me para me segurar melhor, caso contrário ia acabar no chão.
– Posso sentir seu cheiro. Quero abrir essas pernas e beijar você lá. Só eu, Reese. Somos só eu e você, gata. – Sua voz estava tensa, e eu sabia que ele estava me dando a escolha.
Era por isso que eu confiava tanto nele. Mase sempre tomava cuidado para não ir longe demais nem me levar a fazer algo para que eu não estivesse pronta.
– Está bem. – Foi a única coisa que consegui dizer na hora.
Estava esperando que ele abrisse minhas pernas ali onde eu estava, mas Mase se levantou e me tomou em seus braços. Meu arquejo de surpresa o fez sorrir enquanto ele me levava para o quarto.
– Minha garota merece uma cama – disse ele suavemente, e me colocou com delicadeza na cama desfeita. – Continue olhando para mim. O tempo todo quero esses olhos aqui – instruiu ele, apontando para os próprios olhos.
Concordei com a cabeça.
Ele acariciou minhas panturrilhas com cuidado extra.
Eu estava tendo dificuldade para respirar, e ele só estava brincando com minhas pernas. O que aconteceria quando ele realmente colocasse sua cabeça lá?
Eu já havia gozado ouvindo-o dizer ao telefone que queria fazer isso. Mas a realidade era aterrorizante. Agarrei os lençóis e observei a mão de Mase passar por meus joelhos, persuadindo minhas pernas a se abrirem e dando atenção especial às minhas coxas.
– Olhe para mim, Reese.
O tom de voz era rouco e profundo. Aquilo o excitava.
Voltei meu olhar para ele, que piscou para mim.
– Assim está melhor. Quero esses olhos azuis lindos nos meus. Quando eu beijar você, não os feche, está bem? Mantenha-os em mim, ok?
– Sim – concordei, ofegante.
Os cantos dos lábios dele se levantaram quando ele baixou a cabeça, mantendo o olhar fixo no meu.
– Abra bem para mim – sussurrou, beijando meu joelho.
Abrir mais. Ah, meu Deus.
Comecei a fechar os olhos, e uma mordiscada dele na parte interna da minha coxa fez meus olhos se abrirem num átimo.
Ele estava sorrindo para mim.
– Olhos em mim – repetiu. – Se fechá-los outra vez, vou virar você e morder sua bunda. Uma coisa que estou com muita vontade de fazer. Então não me tente.
Ele ia me morder se eu fechasse os olhos? Ah, meu Deus.
Mase deixou outra trilha de beijos na parte interna das minhas coxas. Suas pálpebras baixaram até ele ficar com aquele olhar misterioso e sexy que me fazia estremecer. Eu estava emitindo ruídos que nem eu mesma reconhecia. Mas ver a cabeça de Mase baixar estava despertando uma profusão de sensações no meu corpo.
Ele gemeu quando sua boca alcançou o destino, e seus olhos faiscaram com uma expressão faminta um segundo antes de eu sentir sua língua roçar exatamente onde mais latejava.
Quando ele fechou os lábios em torno daquele ponto e sugou, empinei os quadris, incapaz de me controlar, e gritei seu nome.
– Os olhos, Reese. Me mostre seus olhos agora, gata.
– Não posso... não pare... – implorei.
A língua dele me tocou de novo, e então contornou meu clitóris.
– Eu não quero parar. Vou chupar para sempre se você quiser, mas preciso que olhe para mim. Me observe. Veja quem está lhe dando prazer. Fique aqui comigo.
Fiz esforço para manter os olhos abertos, e seu olhar imediatamente se fixou no meu. Eu amava os olhos dele.
– Ah, esses olhos lindos com que eu sonho... – murmurou ele e então continuou a usar a língua para me dar uma forma de prazer que eu nunca havia imaginado que existisse.
A cada toque de sua língua, eu sentia a pressão crescer dentro de mim. A explosão estava a caminho. Minhas pernas tremiam e minha visão começou a nublar. O nome de Mase saía da minha boca repetidamente; eu não conseguia parar.
– Isso – encorajou-me.
Seu sussurro sexy só intensificou o que eu sentia, quando o calor da sua respiração tocou o lugar em que sua língua estivera.
– Goze. Goze para mim. Dê isso para mim. Goze na minha cara.
Com essas palavras, eu desmoronei.
Mase
Eu tinha certeza de que nada jamais seria tão belo assim na minha vida.
Erguendo a cabeça, beijei a parte interna da coxa dela. Antes que Reese voltasse totalmente da sua viagem, eu me deitei ao lado dela para poder puxá-la para mim e abraçá-la. Ela não me deixara nem um momento sequer. Seus olhos estiveram cheios de desejo. Nem uma só vez eu vira medo neles, e eu tinha observado atentamente. Quando pedi que me deixasse fazer sexo oral nela, sabia que estava pedindo muito. Pararia no momento em que ela entrasse em pânico.
Mas ela continuara comigo. Nenhuma sombra do passado veio para tirar aquilo de nós. Quando ela gritou meu nome e estremeceu embaixo de mim, eu me senti o dono do mundo.
Seus olhos tremularam sobre as maçãs do rosto quando ela tornou a abri-los. Eu não tinha insistido para que ela os mantivesse abertos quando o orgasmo chegou. Ela se perdera no próprio prazer naquela hora, e era lá que eu a queria. Curti como as ondas de êxtase percorreram o corpo dela e a levaram de mim por um momento.
Abraçando-a com força, beijei suas pálpebras. Ela emitiu um ruído suave que me lembrou um gatinho. Era quase um ronronar.
– O que você fez comigo, Reese Ellis?
Ela inclinou a cabeça para trás e olhou para mim.
– Acho que era você que estava fazendo alguma coisa comigo – respondeu ela, com um sorriso tímido, mas satisfeito, nos lábios.
Rindo, mergulhei o rosto no cabelo dela e inspirei.
– Meu Deus, gata, você não faz ideia. Estou tão alucinado por você... E nem me importo.
Reese se virou para mim e passou a mão na minha cabeça, enfiando os dedos no cordão de couro que eu usava para prender o cabelo. Com um puxão, ela soltou meu cabelo e então enrolou os cachos nos dedos, ainda sorrindo como se tivesse descoberto o segredo da felicidade.
– Adoro seu cabelo – sussurrou ela.
– Da próxima vez que eu beijar essa bocetinha doce, quero suas mãos no meu cabelo – falei, fechando os olhos enquanto ela massageava meu couro cabeludo.
– Tenho medo de me deixar levar e puxá-lo.
– Seria muuuuito excitante se você fizesse isso.
Uma risadinha leve de Reese me fez sorrir.
Ficamos aninhados em silêncio por um bom tempo. Suas mãos continuaram em meu cabelo, brincando com os cachos e massageando minha cabeça. Eu nunca havia me sentido tão contente.
– Obrigada por esta noite. Só me lembro de ter tido bolo de aniversário e festa uma vez na vida. E foi um dia que eu gostaria de esquecer. Mas você acabou de me dar uma festa de aniversário de conto de fadas. Estou me sentindo especial.
Aquela confissão fez com que uma dor dilacerante atravessasse meu corpo. Merda. Eu odiava saber quanto essa linda mulher havia sido abusada e negligenciada. Ela merecia uma vida de conto de fadas, mas em vez disso vivera em um inferno. Eu passaria o resto da nossa vida garantindo que ela tivesse festas de aniversário dignas de uma rainha. Quando estivéssemos velhos e grisalhos, ela teria tantas lembranças boas que não haveria lugar para as más. Passaria minha vida apagando aquela merda.
– Meu melhor presente foi você – disse ela, beijando meu rosto.
Toda a minha raiva com as injustiças de sua vida desapareceu. Ela estava a salvo e nos meus braços. Ela era minha.
Reese
O toque de um celular me acordou. Sentando-me, olhei ao redor e pisquei contra a luz do sol que entrava pela janela. O telefone parou e ouvi água correndo no banheiro. Mase deixara a porta bem aberta. Era um convite para espiar? Porque eu queria muito vê-lo pelado e molhado.
Sorrindo, joguei as cobertas para o lado e já ia me levantar quando o telefone tocou e vibrou na cama. Olhando à minha volta, vi o celular fino e prateado de Mase embaixo do travesseiro dele. Peguei-o. Podia usá-lo como desculpa para ir ao banheiro enquanto ele tomava banho. Não que ele esperasse uma desculpa.
Conhecendo Mase, ele certamente estava torcendo para que eu fosse lá.
Cobri a boca para reprimir um risinho, e seu telefone tocou e vibrou outra vez. Alguém estava mesmo tentando falar com ele. Parei de sorrir, e me ocorreu a ideia de que pudesse ser uma emergência.
Olhei o telefone e vi uma mensagem de texto de alguém chamado Major. Não era minha intenção ler, mas meus olhos focaram as palavras calcinha dela e não pude me conter.
Deslizando o dedo sobre a tela, abri a mensagem.
Major: Cord veio aqui insistindo que deixou a calcinha dela embaixo da sua cama numa noite dessas. Estava determinada a pegá-la de volta. Deixei que ela entrasse. Mas, cara, ela parecia puta com você. Não está mais trepando com ela?
Reli o texto várias vezes. Não era uma mensagem para mim. Eu estava invadindo a privacidade de Mase, mas não pude me conter. Cord. Cordelia. Ele tinha falado ao celular com ela antes. Ele estava... ele estava trepando com ela?
A calcinha dela...
Numa noite dessas...
Ah, meu Deus. Eu ia vomitar.
O ímpeto de atirar o telefone dele na parede e berrar até a dor dentro do meu peito passar era forte. Como ele pôde fazer isso? Meu Mase era tão bom para mim. Era doce e atencioso. Era paciente comigo e cuidava de mim.
E era... um mentiroso.
Eu tinha confiado nele.
Meu corpo todo ficou dormente. Exceto meu coração, que estava dilacerado.
A ducha foi fechada, e eu finalmente saí de onde tinha ficado paralisada. Deslizei o dedo sobre a mensagem de texto e me detive por apenas um breve momento para pensar antes de excluí-la. Então pus o telefone de volta onde ele tinha deixado. Sem olhar na direção do banheiro, saí do quarto, fui para o ponto mais distante do apartamento e esperei.
Ele viria procurar por mim. Eu não queria que ele se aproximasse.
Não podia pensar nos lugares em que ele havia me tocado. Quando estava longe, ele a tocava. Ela estava fazendo sexo com ele.
Agora tudo fazia sentido. O fato de ele ser tão paciente comigo. Não precisava fazer sexo comigo. Ele tinha sua dose garantida lá no Texas. Coloquei a mão na boca para não gritar de agonia.
Isso era demais. Não sabia que podia doer assim. O final súbito e brutal do amor.
Eu nunca tinha amado antes, mas, agora que havia acabado, a dor era excruciante.
Nunca mais faria isso. Amar. A felicidade que dava era passageira. Não valia essa dor.
Seu corpo preencheu o vão da porta. Uma toalha estava enrolada nos quadris, o cabelo ainda pingava e a água escorria pelo peito nu.
– Reese?
Havia preocupação em sua voz.
Ele vivia preocupado comigo. A garota problemática que precisava de ajuda. Eu não sabia ler, escrever nem transar. Ele ia me recuperar. Será que é isso que eu sou para ele? Um projeto?
– O que foi, gata? – perguntou, vindo em minha direção.
Eu não podia deixar que ele me tocasse. Não mais.
– Não! – gritei, erguendo as mãos para mantê-lo longe. – Não chegue perto de mim – avisei.
Ele parou, mas a expressão em seus olhos era algo que antes eu teria julgado que fosse medo. Agora eu não pensava mais assim. Ele não sabia o que era medo. Ou dor.
– Reese, qual é o problema? – perguntou cuidadosamente, me estudando.
– Vá embora. Eu quero que você vá embora. E não volte. Não quero você aqui.
Mantive as mãos erguidas, mas olhei para o chão. Não podia olhar para ele, porque meu coração estava confuso, acreditando ter visto dor nos olhos de Mase. Mas não viu. Pensei que tinha visto um monte de coisas quando ele me olhava que na verdade não vi.
– Gata, o que aconteceu? Não faça assim. Não me mande embora. Me deixe chegar perto de você.
Ele pensava que minha reação era por causa do meu passado. Podia perceber isso na voz dele. Ele estava falando com a garota problemática. Aquela de quem ele sentia pena.
– Eu quero que você vá. Vista-se e saia! – berrei a última parte.
Ele não estava me escutando. Eu queria que ele fosse embora. Eu não aguentaria ficar ali dessa forma por muito mais tempo. Os estilhaços no meu peito me faziam querer me enroscar e ficar encolhida.
– Eu não vou deixar você, Reese. Você tem que me dizer qual é o problema. Eu posso ajudar você...
– Não! Eu não sou seu caso de caridade pessoal. Eu estava bem antes de você e vou ficar bem depois. Mas você tem que sair! Vou chamar a polícia se você não sair daqui em cinco minutos.
Ele começou a vir na minha direção outra vez, e eu gritei com todas as minhas forças.
– Por Deus, Reese! O que há de errado?
Ele também estava gritando agora. Fixei meu olhar nele.
– Você. Você é que está errado. Você é errado para mim. Não quero você aqui. Quero que me deixe em paz. Você me forçou a fazer coisas que eu não queria. Você me tocou em lugares em que não gosto de ser tocada. Não quero ver você nunca mais. Nunca. Vá embora!
Dizer aquilo doeu. Eram mentiras. Ele sabia que eram mentiras, mas eu estava desesperada. Ele não ia embora. Ele não ouvia.
Quando o vi se virar e voltar para o quarto, quase desabei. Ele ia me deixar. A compreensão de que Mase iria sair por aquela porta e nunca mais voltaria destruiu o que havia sobrado de mim.
Eu jamais deveria ter amado. Não fui destinada ao amor ou a ser amada. Era a lição que a essa altura eu já devia ter aprendido.
Eu quis que a dormência se espalhasse, mas estava desaparecendo. O sentimento de perda me envolveu. Se pelo menos eu nunca tivesse sabido como era acreditar ser especial para outra pessoa.
Mase reapareceu com a bolsa na mão. Seguiu para a porta sem olhar para mim, mas parou pouco antes de chegar lá. Seus olhos se fecharam com força e sua respiração saiu entrecortada.
– Me desculpe. – Foi tudo o que ele disse.
Então foi até a porta e a abriu. Em mais uma longa pausa, ficou ali parado. Esperei que fosse embora e me deixasse sozinha. Outra vez.
– Quando você se der conta do que disse e do que fez, ligue para mim. Estarei esperando. Quero abraçar você mais do que qualquer coisa neste momento e ajudar você a passar por isso, mas você não me deixa chegar perto. Então vou fazer o que quer, porque não posso resolver tudo por você. Desta vez tem que resolver sozinha. Mas, quando perceber que estava errada, me ligue, Reese. Estarei esperando. Vou esperar para sempre, se necessário.
Então Mase Manning saiu do meu apartamento e da minha vida.
Mase
Quando a porta se fechou atrás de mim, larguei a bolsa e me dobrei, me apoiando nos joelhos com as mãos para tomar ar. Lembrar a mim mesmo que ela precisava resolver aquilo era duro. Deixá-la... Ah, Deus, eu não podia simplesmente deixá-la. Ela estava num canto, parecendo completamente destruída, e eu não sabia por quê.
Cada vez que eu respirava doía. A pressão no meu peito era como um torno apertando meus pulmões. Meu coração estava naquele apartamento. Ir embora sem ele parecia impossível. Mas, se quisesse ter a chance de um futuro com Reese, ela precisava me deixar entrar. O passado a assombrava. E a controlava. Aquele maldito verme fizera isso com ela. Eu tinha acreditado que podia protegê-la disso tudo e lhe dar tanto amor que ela superaria aquilo. Mas os demônios estavam lá nos olhos dela.
Tudo o que eu tinha feito era ajudá-la a fingir que eles não estavam lá. Eu não a estava ajudando a destruí-los e a vencê-los. Meu amor não bastava. Eu queria que bastasse. Deus, como eu queria que bastasse. No entanto, ela precisava encontrar forças dentro de si mesma.
Quando as encontrasse, ela poderia aceitar que eu a amava. Que a adorava. Que a queria por inteiro, com tudo de bom ou de ruim que houvesse em seu passado. Eu queria tudo.
Empertigando-me, estremeci de dor.
Não fui direto para minha caminhonete. Em vez disso, segui para o apartamento de Jimmy. Não podia deixá-la sem que eu soubesse que alguém estaria cuidando dela. Quando ela precisasse que eu a resgatasse, alguém teria que me chamar. Eu sabia que ela nunca faria isso.
Ela podia não me querer, mas ai de mim se não a acudisse quando ela precisasse de mim.
Batendo na porta de Jimmy, tentei respirar fundo. Mas não conseguia.
A porta se abriu e o sorriso dele imediatamente se transformou numa expressão de desagrado.
– Mase?
Ele estava esperando outra pessoa. Eu não queria mesmo pensar nisso, considerando que ele estava vestindo uma calça de pijama de seda vermelha e seu peito estava nu e besuntado de óleo.
– Ela quer que eu vá embora. Não, ela me mandou embora – corrigi. – Mas você tem que me ligar se ela precisar de qualquer coisa. Não a deixe sofrer. Ela pode até não me querer, mas largarei qualquer coisa para vir até ela.
Jimmy se apoiou no batente. Parecia decepcionado.
– Caramba. O que se passa na cabeça dessa garota? Ela é louca por você.
Era o passado dela. Aqueles malditos demônios em sua memória. Mas eu não podia contar isso a ele.
– Se ela precisar de mim, é só me ligar. Virei imediatamente.
Ele assentiu com a cabeça.
Agarrei a alça da bolsa e lutei contra a emoção. Era isso. Eu ia mesmo deixá-la.
– Tome conta dela. Cuide para que esteja segura em casa à noite. Não a deixe ir a pé para o trabalho. Nem voltar. Mantenha-a em segurança por mim. Por favor.
Eu estava implorando. Naquele momento, eu imploraria a qualquer pessoa.
Os olhos dele se encheram de lágrimas.
– Merda. Aquela garota... – Ele balançou a cabeça. – Tem alguma coisa no passado que ela esconde, mas é algo tenebroso. Vi isso nos olhos dela. Ela vai ligar. Ela ama você.
Pedi a Deus para que ele estivesse certo.
– Quando eu não estiver aqui, ela vai precisar de alguém. Seja esse alguém.
Ele secou as próprias lágrimas e assentiu.
– Serei.
– Obrigado.
Segui para a escada e para minha caminhonete.
Joguei a bolsa no banco de trás, mas parei antes de entrar. Eu não podia ir embora sem avisá-la.
Voltei à porta dela determinado e bati. Ela não abriu, mas esperei.
– Reese. Eu sei que você está me escutando – falei através da porta.
Bati outra vez, mas ela não atendeu.
– Estou indo. Você quer que eu vá, então eu vou. Mas saiba que amo você. Vou amá-la pelo resto da vida. Se você nunca mais me procurar, ainda assim estarei lá no Texas amando você.
Esperei, mas ela não foi até a porta.
Depois de muito tempo, percebi que ela não iria. Ela ia me deixar ir.
Incapaz de me conter, soquei a porta e gritei o mais alto que pude:
– Eu te amo, Reese Ellis! Eu te amo demais!
Ouvi a porta ao lado se abrir, mas não olhei para ver quem era. Esperei do lado de fora, torcendo para que ela abrisse.
Mas ela não abriu.
Reese
Nove semanas depois
Abri a porta para Jimmy. Ele tinha um cappuccino em cada mão. Antes, essa visão era reconfortante. Agora, nada mais me confortava. Os pesadelos do passado estavam de volta, com força total. Eu raramente dormia. Tomar um cappuccino de manhã e uma caneca de café à tarde era a única maneira de eu conseguir me manter acordada enquanto trabalhava.
– Pronta, raio de sol? – perguntou ele.
Concordei com a cabeça e peguei minha mochila.
– Sim – respondi, pegando o copo que ele me oferecia.
– Eu odeio você. Quero a sua pele. Não é justo que você fique tão bronzeada – queixou-se ele.
– Eu trabalho no sol. É óbvio que vou ficar bronzeada – lembrei a ele, revirando os olhos.
Ele se queixava do meu bronzeado pelo menos duas vezes por semana.
– Tomando sol e observando homens gostosos dando tacadas. Estou trabalhando no setor errado – disse ele, bufando.
Ambos sabíamos que Darla não o deixaria trabalhar no campo de golfe do Kerrington Club. Jimmy tinha um rosto que as mulheres amavam. Ele trabalhava como garçom, e as mulheres vinham em hordas para flertar com ele e lhe dar boas gorjetas. No campo ele não seria tão popular. Havia mulheres que jogavam, mas não muitas. A maioria jogava tênis. Os homens heterossexuais dominavam o campo de golfe.
– É quente do lado de fora, e os homens todos usam shorts e camisas polo. Não é exatamente um traje sexy. Você não está perdendo nada.
Jimmy abriu a porta do carro e revirou os olhos para mim.
– Garota, eu já vi a bunda gostosa de Rush Finlay de short e foi suficiente para eu despejar água gelada dentro das calças.
– Meu Deus, Jimmy!
Não pude evitar a risada, mas, francamente, ele precisava ser tão detalhista?
Afundei no banco do carona, botei a mochila no chão e o café no porta-copos para colocar o cinto. Ir de carro com Jimmy para o trabalho e para casa era muito mais fácil agora que trabalhávamos no mesmo lugar. Jimmy cuidava para que nossos horários coincidissem.
– Só estou sendo sincero, gata – respondeu ele, entrando no carro.
Às vezes ser sincero para Jimmy era só um modo de me fazer rir. Apenas recentemente ele vinha conseguindo isso – e, mesmo assim, não era muito frequente. Mas uma coisa eu tinha que admitir: desde o momento em que Mase Manning saíra da minha vida, Jimmy passara a ser minha sombra.
Eu não podia ir a lugar nenhum sem informá-lo. Ele entrava em pânico se não soubesse onde eu estava, e sempre ficava até tarde comigo. Por um tempo, ele se sentava e segurava minha mão enquanto eu tentava dormir à noite. Ele nunca mencionou isso, mas eu sabia que estava tentando substituir meus telefonemas noturnos. Aqueles que eu não tinha mais.
Eu havia desistido da faxina na casa dos Carters simplesmente porque não podia ver ninguém que me lembrasse Mase, e ainda havia a chance de a qualquer momento ele aparecer para uma visita. Eu não sabia como lidaria com isso. Também disse a Blaire Finlay que não poderia aceitar o trabalho na casa dela. Os Finlays também me lembravam Mase.
Quando fiquei sem emprego, Jimmy me ofereceu o trabalho de vendedora de bebidas no campo de golfe do clube. Então eu contara a ele sobre minha dislexia e ele me ajudou a preencher o formulário de inscrição. Quando me perguntou se eu queria ler para ele de noite, desmoronei e me fechei no quarto. Ele não precisou perguntar para entender o porquê. Ele era um cara inteligente.
– Thad ainda vai muito lá durante os seus turnos? – perguntou ele.
Suspirei e recostei a cabeça no banco.
– Thad joga golfe com frequência, só isso. Ele não vai apenas durante os meus turnos.
Jimmy soltou uma risada divertida.
– Continue se enganando, garota. Mas o loirinho só joga golfe quando está com Woods ou Grant. Não é algo que eu já o tenha visto fazer sozinho. Até você colocar aquele uniformezinho e começar a entregar cervejas.
Eu não queria pensar em Thad indo até lá para me ver. Não queria que ninguém fosse me ver. Não desse jeito.
Eu te amo, Reese Ellis!
Aquele grito desesperado, tão alto que meus vizinhos escutaram, era tudo que sobrava no meu peito. Todo o resto havia ido embora. Encontrar alguma emoção era difícil para mim. Apenas à noite, quando estava dormindo e o passado voltava para me atormentar, eu gritava e chorava.
Nas últimas nove semanas, eu tinha enfrentado momentos de fraqueza. Uma vez, quase me convenci de que havia imaginado aquela mensagem. Não consegui me fazer acreditar naquilo, então tentei me convencer de que podia viver com ele transando com outras pessoas. Se o tivesse em minha vida, isso bastaria. Eu o perdoaria por precisar tanto de sexo que tinha que buscá-lo em outros lugares.
Então, nos meus piores momentos, eu me culpava por ter a cabeça tão problemática. Por não ter sido capaz de dar a ele o que seu corpo precisava. Eu o havia empurrado para os braços dela.
Mas ele me amava. Tinha berrado isso com todas as forças.
Depois de semanas sem notícias dele, tive que aceitar que ele seguira em frente. Eu o mandara embora, e ele tinha ido. Não facilmente, mas fora. Agora outra pessoa, provavelmente Cordelia, estava cuidando das necessidades dele. Ela o estava amando e o fazendo sorrir. Ela era tudo que eu não fui para ele.
Então eu apenas sobrevivia. Eu acordava, me levantava e sobrevivia àquele dia. A cada noite, eu sobrevivia aos pesadelos. E sobrevivia novamente. De novo e de novo.
E sozinha.
Porque eu o mandara embora.
– Terra para Reese... Aonde você foi, mulher? Eu fiz uma pergunta.
Afastei os pensamentos sobre Mase. Eles voltariam para preencher o vazio mais tarde.
– Desculpe, o que você perguntou?
– Perguntei se você quer fazer o exame escrito para a carteira de motorista, já que amanhã não trabalhamos.
O Dr. Munroe tinha me ajudado a estudar nas duas últimas semanas. Eu estava preparada.
– Sim. Seria bom – repliquei.
A empolgação não veio. No passado eu acreditara que jamais dirigiria. Agora eu estava perto de conseguir isso e não sentia nenhuma alegria. Porque a pessoa que eu queria que estivesse comigo, com quem eu queria dividir isso, não estava aqui.
Eu o tinha afastado. Eu havia amado demais. Com a cabeça e o corpo deficientes, eu tinha amado completamente. E ele precisava de mais do que essa cabeça e esse corpo deficientes.
Imagens de Mase tocando uma mulher sem rosto e fazendo com ela coisas que ele fizera comigo me machucavam toda vez que eu me permitia pensar nisso. Eu queria ser inteira. Queria ser suficiente para ele.
– Não fique tão animada assim. Senão vou ter que parar o carro para você se acalmar – disse Jimmy, com sarcasmo.
Forcei um sorriso por ele.
– Não engulo esse sorriso falso, Reese – declarou.
Era tudo o que eu tinha. Um sorriso falso.
Mase
Golpeando com o machado, cortei a peça de madeira de que precisava para consertar a cerca. Mas não consegui parar. Levantando o machado, tornei a baixá-lo, arruinando a peça perfeita que eu tinha cortado. Então golpeei outra vez. E outra vez. E outra vez.
Não sei quando comecei a gritar, mas quando ergui os olhos e vi minha mãe de pé na minha frente, com as mãos nos quadris, franzindo a testa em clara desaprovação, soube que devia ter feito muito barulho.
Merda.
Ela estava esperando que eu fosse perder o controle. Eu vinha tomando cuidado para não demonstrar nenhuma emoção enquanto sua atenção estivesse em mim. Tirar Maryann Colt do seu pé quando ela achava que você precisava conversar era quase impossível.
Larguei o machado no chão e olhei para as lascas de madeira, que agora só serviam para lenha. Eu havia destruído aquela peça de madeira. Agora, precisaria ir buscar outra para poder consertar a porcaria da cerca.
– Não acho que essa madeira tenha feito algo a você – disse minha mãe, levantando uma sobrancelha.
Não respondi. Apenas me acocorei e comecei a limpar a sujeira que eu acabara de fazer.
– Já aguentei tudo que podia, Mase Colt Manning. Você tem sido uma sombra do meu menino por meses e agora perde a cabeça e começa a gritar e esquartejar esse tronco com um machado? Você precisa falar comigo. Estou tendo ataques de ansiedade por sua causa. Estou preocupada com você.
Durante nove semanas eu conseguira viver sem o meu coração. Isso não era vida. Minha vida era uma mulher que não me queria. Isso era uma existência. Uma existência vazia, rasa.
Eu não havia falado sobre Reese com minha mãe, mas Harlow tinha. Mamãe me perguntara sobre ela uma semana depois que Reese me mandou embora. Eu estava tão subjugado pela dor que o nome dela provocava em mim que me levantara e fugira da mesa. Mamãe não voltou a mencioná-la.
Mas agora eu precisava que ela fizesse isso. Precisava falar sobre Reese. Queria contar a alguém sobre ela. Preencher meu vazio com as lembranças dela.
– Eu a amo – falei simplesmente.
Dessa vez ela levantou as duas sobrancelhas.
– Isso eu já entendi, meu amor. Quando você correu como se as chamas do inferno estivessem no seu encalço no dia em que perguntei sobre ela, você se entregou.
– Ela é a minha vida, mãe. Reese. É ela. A mulher da minha vida. Mas ela não me quer.
Só de falar isso, um raio de agonia me atravessou. Eu me encolhi, incapaz de esconder isso da minha mãe.
– Então ela é uma tola – disse mamãe, com toda a convicção de uma mãe que ama o filho.
– Não. Ela é brilhante. É linda. É como um raio de sol. Ela é... A infância dela...
Parei e engoli a bile que subiu à minha garganta só de pensar no que ela havia passado. Como minha garota havia sofrido.
– Foi difícil, mãe. Tenebrosa. O mais tenebrosa e perversa que a infância de uma menina pode ser. Mas ela não é tola.
O rosto de minha mãe se anuviou. Pude vê-la lutar para conter as lágrimas.
– Ah, meu amor. Devia ter imaginado que quando meu menino lindo e seu coração imenso se apaixonassem, seria perdidamente. Você nunca fez nada pela metade. Você não deu os primeiros passos, já saiu correndo. Não disse uma primeira palavra, cantou o verso inteiro de uma música. E você não só defendia os oprimidos na escola, como foi expulso por amarrar um valentão no mastro da bandeira. Meu menino jamais deixou nada pela metade. Você faz as coisas com tanta determinação que destrói as tentativas dos outros.
Ela contornou a bagunça que fiz e abaixou-se ao meu lado. Senti as lágrimas queimarem meus olhos quando ela pegou meu rosto entre as mãos com tanto amor e dor no coração, porque ela era assim. Minha mãe sofria comigo. Sempre fora assim.
– Você é um homem bom. O melhor. Eu amo o seu padrasto, mas mesmo o coração dele não se compara ao seu. Você foi a melhor coisa que fiz ou farei nesta vida. Não conseguirei fazer nada melhor. Ser sua mãe é uma dádiva que alegra cada dia da minha vida. Vou morrer sabendo que deixei nesta terra um homem que produzirá uma trilha de bondade por onde passar.
Ela parou, e eu sabia que lá vinha um “mas”.
– Mas, pela primeira vez na sua vida, estou vendo você deixar alguém destruí-lo. Sinto saudade do seu sorriso e da sua risada. Eu os quero de volta. Você nunca deixou de superar nenhum obstáculo em sua vida. Por que está fazendo isso agora? Se você a ama, então vá buscá-la. Nenhuma mulher em seu juízo perfeito rejeitaria esse rosto.
Estendi a mão e sequei as lágrimas do rosto determinado de minha mãe.
– Preciso que ela venha até mim. Se tivermos a chance de um futuro, preciso fazer que ela venha por vontade própria. Sempre conquistei o que quis, mas nada nem ninguém jamais significou o que ela significa. Não posso conquistá-la, mamãe. Eu a amo. Não quero jamais forçá-la a fazer qualquer coisa. Nem mesmo me amar. Ela tem que me amar por si mesma.
Mamãe deixou escapar um soluço, me abraçou e me manteve assim. Fechei os olhos e lutei contra a emoção que ameaçava transbordar. A última vez que minha mãe me vira chorar foi quando eu tinha três anos e quebrei o braço ao cair de um trampolim. Mesmo quando Harlow estava em coma, eu tinha chorado sozinho.
Eu nunca me recuperaria da perda de Reese. Se ela nunca mais voltasse para mim, eu permaneceria destroçado pelo resto da vida.
Reese
Outra semana se passou e consegui sobreviver. Era só o que eu fazia. A cada dia, eu tinha a sensação de que estava me perdendo um pouco mais. O horror do meu passado estava lentamente assumindo o controle. O progresso que eu fizera nesses dois anos desde que havia saído de casa tinha desaparecido. Não conseguia mais me livrar das lembranças do meu padrasto.
Logo eu teria que me consultar com um terapeuta. Não conseguia dormir quase nada ultimamente, e, quando conseguia, não era um sono tranquilo. Estava perdendo peso e os círculos escuros sob os olhos já não podiam mais ser escondidos. Eu precisava de ajuda.
A única coisa que me impedia de procurar um especialista era saber que eu teria que falar sobre Mase.
Não podia falar sobre ele. Doía muito.
– Reese Ellis? – perguntou uma voz feminina.
Deixei de lado as cervejas que estava colocando no refrigerador do carrinho e me virei.
Uma senhora bonita, de cabelos escuros que formavam cachos na altura dos ombros, me olhava como se estivesse me estudando. Eu sabia que ela não era sócia do clube. O jeans surrado e as botas que ela usava não pareciam com nada do que as senhoras dali escolheriam. E havia o chapéu de caubói. Aquele era um claro indício de que ela não era daqui.
– Sim? – respondi.
Ela não sorriu nem disse nada de imediato. Continuou me observando. Embora não estivesse me olhando de cara feia, sua expressão era a de alguém que quisesse me dar uma sacudida.
Olhei em volta para saber se tinha mais alguém por ali ou apenas nós duas.
– Imaginei que você seria bonita, mas, como sempre, quando meu menino se mete em alguma coisa, ele não deixa por menos – disse ela, e um sorriso triste surgiu em seus lábios.
Eu não sabia do que ela estava falando ou com quem ela achava que estava falando. Agradecer não parecia a coisa certa a fazer.
– Essas olheiras e esse olhar vazio me dizem tudo o que preciso saber. Então, deixe-me dizer o que você precisa saber – falou ela, dando alguns passos na minha direção. – Já vi meu filho travar batalhas por todos que ele amou e vencer. Quando tinha 7 anos, o primo foi alvo de bullying. Meu menino descobriu e o que aconteceu em seguida foi que tive que ir à escola buscá-lo, porque ele foi suspenso por amarrar um garoto no mastro da bandeira com fita adesiva. Fiquei horrorizada. Até saber que o garoto era aquele que vinha fazendo bullying com o primo dele, xingando-o e derrubando-o nos corredores. Naquele dia específico, o valentão tinha enfiado a cabeça do primo num vaso sanitário com urina e puxado a descarga. Depois do caso da fita adesiva, ninguém mais mexeu com o primo dele.
Eu só observava enquanto ela prosseguia:
– Aos 10 anos, a bibliotecária da escola, que lhe levava biscoitos todos os dias e sempre reservava para ele os melhores livros, ia ser dispensada porque a diretoria alegou que não tinham mais orçamento para manter uma bibliotecária em tempo integral. A Sra. Hawks já tinha passado dos 70 anos e adorava aquelas crianças, e meu menino era o seu predileto. Então ele organizou um abaixo-assinado e procurou empresários da cidade a fim de recolher fundos para essa causa. A Sra. Hawks não perdeu o emprego. Na verdade, ele recolheu tanto dinheiro que ela teve um aumento. Quando ele estava com 19 anos, descobriu que a irmã mais nova estava sofrendo por causa de um rapaz da escola que tinha se aproximado só por interesse na fama do pai dela. Ele me perguntou se podia ir visitá-la, e eu o deixei ir. Dias depois, o tal rapaz encontrou sua caminhonete fora da cidade, submersa em um rio.
Ela parou e riu.
– Mase Colt Manning luta por aqueles que ama. Ele é assim. E eu sei que ele tentou lutar por você. Ele queria vencer suas batalhas. E, pela pouca pesquisa que fiz, descobri que ele manda todo mês um cheque para um tal Dr. Astor Munroe que custa mais do que eu me permitiria comentar. Ele recebe relatórios semanais desse professor sobre os progressos de uma Reese Ellis. Ele está lutando por você. O que também significa que ele ama você. O problema é que meu menino vai com tudo em qualquer coisa que faz. E, quando decidiu se apaixonar, ele se apaixonou completamente.
Ela parou e apontou o dedo para mim. Pude ver o filho dela no olhar determinado que me dirigiu. Como eu não percebera antes?
– Ele agora precisa de alguém que lute por ele. Porque se perdeu de si mesmo. Ele é uma sombra do homem que criei. Está vivendo sem alegria, porque diz que deixou o coração aqui, com você. Portanto, se você o ama, ainda que seja uma minúscula parte do amor dele por você, lute por ele. Ele merece isso mais do que qualquer um. Está na hora de alguém travar a batalha dele.
Uma gota caiu em meu braço, e, ao levar a mão até meu rosto, eu o encontrei molhado pelas lágrimas. Meu coração estava de volta e se contorcia de dor ao ouvir a mãe de Mase me contar quanto ele precisava de mim. Ele estava sofrendo por minha causa.
Eu não me importava mais com a mensagem. Ou com a outra mulher. Se Mase precisava que eu lutasse por ele, eu lutaria. E quem quer que fosse Cordelia, eu lutaria contra ela. Lutaria até não poder mais.
– Onde ele está? – perguntei.
– Está em casa. Ele acha que fui visitar minha irmã em San Antonio.
– Como chego até ele? Onde é a casa dele?
Um sorriso se abriu no rosto da mulher.
– Posso levá-la.
Fechei a tampa do carrinho.
– Deixe-me avisar meu chefe que estou indo embora. Então estarei pronta para ir.
– A propósito, eu sou Maryann Colt – disse ela, estendendo a mão para me cumprimentar. – E é um prazer conhecer a mulher que meu filho ama. Eu estava preocupada, mas posso ver que ele escolheu bem.
A aprovação dela aqueceu meu coração pela primeira vez em dez semanas, dois dias e cinco horas.
Mase
– Tudo bem, eu sou desprezível. Tenho que confessar, porque esta merda está me devorando vivo – disse Major ao entrar no celeiro com uma sela apoiada no ombro.
Continuei esfregando Criptonita, meu cavalo da raça appaloosa, e ignorei o comentário dele. Precisava limpar o estábulo do garanhão em seguida e não tinha tempo para lidar com Major e seus dramas.
– Estou trepando com Cordelia há uns dois meses. Ela é muito boa chupando pau. Desculpe, não pude evitar. Ela deu em cima de mim, e eu deixei ela me chupar. Então a virei sobre o cavalete e a comi. Foi um momento de fraqueza. Eu estava com tesão, ela veio se exibindo com um short jeans cortado que mostrava parte da bunda e uma blusinha que mal cobria os peitos. Cara, ela é gostosa. Perguntei a você se ainda estava transando com ela, e você não respondeu. Deduzi que significava que não se importava.
Por isso Cordelia havia finalmente me deixado em paz. Eu deveria dar uma grana a Major por essa.
– Que bom que ela está fazendo bem o serviço.
Dei uns tapinhas em Criptonita, então me virei para levá-lo ao estábulo que eu já tinha limpado.
– Então você não se importa que eu esteja trepando com ela? – perguntou ele.
– Você me fez um favor. Ela não estava aceitando “não” como resposta.
Major soltou um suspiro de alívio.
– Graças a Deus. Estava preocupado que você estivesse nesse humor azedo por eu ter roubado sua amiga de transa.
Nem me dignei a responder a essa. Não fazia sentido.
– O dia em que ela veio pegar a calcinha, eu já estava quase trepando com ela. Ela apareceu com uma saia minúscula, tipo estrela pornô. Liguei e mandei uma mensagem para você, mas você não respondeu. Aí deixei que ela fosse embora. Mas, no dia seguinte, quando ela apareceu no celeiro, transei com ela. Você não saiu de casa naquela semana. Foi a semana em que você estava com um humor do cão.
Na hora certa. Ele começou com ela quando eu realmente precisava de distância de todo mundo. Nem sei o que teria dito a Cordelia se ela tivesse começado com aquela história toda de novo. Eu não a queria, mas não via sentido em dizer qualquer coisa que a magoasse. Ela não merecia isso.
– Mas, afinal, onde você estava naquele fim de semana, quando mandei a mensagem? Você chegou aqui furioso com o mundo. E ficou desse jeito desde então. Foi em Rosemary Beach? Aquela garota que você ia ver?
Eu não ia falar sobre isso com ele.
Espere. Que mensagem?
O mundo à minha volta parou, e meu peito vazio de repente pareceu feito de chumbo. Por favor, Deus, não. Não permita que seja o que estou pensando.
– Major – falei, quase com medo de perguntar.
Será que eu queria saber a resposta? Poderia viver com isso?
– O que foi?
– Que mensagem? – perguntei, antes que pudesse me conter.
– A que eu mandei sobre Cord querer pegar a calcinha dela embaixo da sua cama e perguntando se você ainda estava trepando com ela.
Não... não... não...
– Major, eu nunca recebi essa mensagem. Quando você mandou isso?
– Eu já disse...
– Não. Preciso saber a data e a hora que você me mandou essa maldita mensagem! – gritei.
Os cavalos relincharam, mas minha cabeça latejava e um peso ia tomando conta dos meus pulmões.
– Que merda, cara. Vou ver. Calma – resmungou ele, pegando o celular e verificando as mensagens.
– Ah... 29 de junho, nove da manhã. Liguei duas vezes também. Sem resposta nem retorno.
Larguei os suprimentos que tinha na mão e saí pela porta. Continuei caminhando. E caminhei mais. Caminhei até estar o mais longe possível de Major, até minha casa sumir de vista.
Então inclinei a cabeça para trás e pus tudo para fora num rugido furioso.
Reese tinha visto a mensagem. Foi isso que a colocara naquele canto, olhando para mim como se estivesse destroçada. Uma maldita mensagem a havia tirado de mim.
Reese
Maryann Colt havia falado durante todo o caminho desde o aeroporto. Ela dormira o voo inteiro. Eu não conseguira fazer nada além de olhar pela janela. Meus pensamentos estavam em Mase e no menino que ela havia descrito. Ele parecia exatamente o homem por quem eu tinha me apaixonado. Uma mensagem de celular me fez duvidar de tudo. Tudo o que ele tinha feito para me mostrar quanto me amava, e eu nem sequer o deixara explicar.
Eu não havia sido um projeto de caridade. Ele não estava tentando me recuperar. Ele estava lutando por mim porque me amava.
Ele nem sequer sabia da mensagem. Eu a apagara antes de pôr seu celular no lugar. Ele não fazia ideia do que havia mudado naquela manhã. E agora eu ia aparecer na casa dele sem aviso. Eu sabia que eu teria que lutar por ele não só porque sua mãe disse que ele me queria.
Ele podia ter dado prosseguimento à sua vida por outros caminhos. Cordelia talvez o estivesse mantendo aquecido à noite. Eu não queria pensar nessa hipótese.
Em vez disso, fiquei escutando Maryann. Tinha que me concentrar em suas palavras, não no que eu poderia enfrentar em seguida. Mas, independentemente do que fosse, eu lutaria. Ele havia lutado por mim uma vez. Eu lutaria por ele agora.
– A casa dele fica um pouco mais à frente nesta estrada. Talvez ele esteja na cama agora. É tarde e ele tem ido dormir logo depois do jantar. Mas bata na janela à esquerda, caso ele não abra a porta. Vou deixar você ir andando daqui em diante. Não quero que ele veja minha caminhonete. Agora é com você. Vá lá e mostre ao meu menino que vale a pena lutar por ele.
Abri a porta da caminhonete e saltei.
Maryann apontou a estrada de terra, iluminada pelo luar, logo atrás da casa dela.
– Siga aquela trilha. Levará até a porta dele.
Comecei a caminhar naquela direção, então parei, e olhei de volta para ela. E a flagrei secando os olhos.
– Obrigada – falei. – Sei que fez isso por ele. Mas você me salvou também.
Não esperei pela resposta dela. Segui colina acima em direção ao telhado que eu mal enxergava a distância. O telhado metálico capturava os raios de luar e eu os segui. Meu coração estava acelerado pela primeira vez em meses. Eu ia vê-lo. Ia ver Mase.
Se Cordelia estivesse lá, eu teria que manter a calma e não arrancar os olhos dela. Mas, quanto mais perto eu chegava de sua casa, mais eu percebia que não podia atacá-la se ela o estivesse tocando. Se ele a tivesse tocado.
Eu ia acabar ficando enjoada. Não podia pensar naquilo.
Havia uma caminhonete preta, semelhante à prateada que sua mãe dirigia, estacionada diante da casa. Era o único veículo ali, e quase suspirei de alívio. Poderia travar a batalha contra Cordelia mais tarde. Agora eu ia me concentrar em fazê-lo me perdoar.
Subi até a varanda na frente da casa e parei. Agora que estava ali, sem Maryann me guiando, fiquei paralisada de medo. Mas chegara até aqui. Tinha voado pela primeira vez na vida e deixado o único lugar seguro que já conhecera para vir até aqui. Para encarar um homem que eu expulsara de minha vida.
Da última vez que ouvi sua voz, ele estava gritando que me amava atrás da minha porta.
Será que ele ainda sentia a mesma coisa? Será que eu havia esperado demais?
A porta se abriu antes mesmo que eu chegasse perto o suficiente para bater, revelando um Mase sem camisa. As sombras cobriam seu rosto, mas eu conhecia aquele peito. Também conhecia aquela cueca boxer. Precisava dizer alguma coisa. Meu corpo inteiro parecia congelado.
– Vim lutar por você – falei abruptamente, e então comecei a chorar.
Mase
Reese estava aqui. Na minha casa. Na minha varanda. E estava chorando.
Saí na escuridão, ainda me perguntando se aquilo era um sonho e se eu finalmente tinha conseguido dormir um pouco naquela noite.
– Reese? – perguntei, temendo acordar, se a tocasse.
– Sinto muito. Eu... Vendo você... Eu ia ser forte e dizer que te amo e que estraguei tudo e que te amo e...
Que se dane o sonho. Estendi os braços e a puxei para mim.
Ela estava aqui. Ela estava aqui. Ela estava aqui.
Seus braços me enlaçaram e me apertaram. Exatamente como eu lembrava. O cheiro doce de canela alcançou o meu nariz, e eu sabia que minha imaginação não era assim tão boa. Tinha tentado evocar o cheiro dela mais de uma vez e não conseguira. Essa era a minha Reese.
– Eu te amo. Não vou mais embora. Estou aqui para fazer você me receber de volta. Minha vida é vazia sem você.
Ela soluçava nos meus braços.
Por acaso ela estava tentando me convencer a deixá-la ficar comigo? Será que ela realmente pensava que tinha que implorar para que eu ficasse com ela?
– Reese, eu...
Ela se afastou e me encarou com os olhos arregalados, em pânico.
– Não, não diga nada. Apenas me escute. Eu estava errada. Você é alguém por quem vale a pena lutar. Eu estava... Eu sou uma complicação. Tenho muito a superar, mas vou fazer valer a pena. Vou amar você mais do que ela jamais conseguiria. Mais do que qualquer pessoa jamais poderia. Vou passar o resto da vida provando para você que valho essa complicação toda. Não deixarei passar um dia sem mostrar a você quanto eu te amo. Vou me mudar para cá. Vou arranjar um lugar para morar e um emprego. Vou cozinhar para você e vou...
Cobri sua boca com a minha e interrompi seus adoráveis e confusos argumentos. Seu grito surpreso foi seguido de um gemido, e ela me beijou como se precisasse do gosto da minha boca para viver. Sua doçura infiltrou-se em mim enquanto aqueles lábios carnudos tocavam os meus. Tomei o rosto dela entre as mãos e a afastei um pouco para que pudesse fitar seus olhos.
Ainda estavam úmidos do colapso inicial quando tinha me visto. Ainda assim, estavam lindos. Meus lindos olhos azul-bebê. Olhos com os quais eu sonhava, que sempre me deixariam fascinado.
– Vale a pena lutar por mim? – perguntei, querendo ouvi-la dizer aquilo mais uma vez.
Ela tinha parecido muito determinada ao dizer aquelas palavras da primeira vez.
– Sim! – disse ela, a veemência retornando.
– E contra quem você acha que precisa lutar por mim?
Uma dor brilhou em seus olhos. Eu não queria isso. Comecei a assegurá-la de que não havia ninguém, mas ela falou primeiro.
– Qualquer uma... Lutarei contra qualquer uma – disse ela por fim.
Ela estava falando de Cordelia. Aquela maldita mensagem.
– Gata, no momento em que esses seus lábios tocaram os meus, eu fui seu. Não. Apague isso. No momento em que saí do quarto e vi sua bundinha para cima e a ouvi cantando desafinada, eu fui seu. E de mais ninguém. Jamais. Antes de você, sim, houve outras. E houve uma garota com quem eu tive uma “amizade colorida”. Nada mais. Mas, no momento em que você entrou na minha vida, aquilo acabou. Ela não aceitou bem o término e tentou me fazer mudar de ideia. Mas tudo que eu via, tudo que meu coração via, era você. E mais ninguém.
– Cordelia – disse ela baixinho.
– Sim. Mas a mensagem que você viu de Major foi porque um dia, ao chegar em casa vindo do trabalho, eu a encontrei na minha cama. Eu a mandei embora e ameacei chamar minha mãe se ela não saísse. Até lavei meus lençóis para me livrar do cheiro dela. Caramba, até comprei um colchão novo depois daquilo. E lençóis novos. Eu não queria dormir em nada em que tivesse estado outra pessoa que não fosse você. Nunca mais.
– Ela deixou a calcinha nesse dia – concluiu ela baixinho, os olhos brilhando com novas lágrimas. – Era disso que falava a mensagem.
Assenti com a cabeça. Ajeitei um cacho de seu cabelo, prendendo-o atrás da orelha.
– Se eu soubesse que era essa a razão que a fazia me olhar como se eu fosse um monstro, teria ficado e lutado por você. Mas pensei que era o passado, os demônios que a assombram. Pensei que eu tivesse pressionado demais e que você precisasse de espaço.
Parei e respirei fundo.
– Pensei que você fosse ligar. Esperei. Estava esperando. Ia esperar para sempre.
Ela fez biquinho outra vez e comecei a beijar seu rosto. Não queria que ela chorasse. Eu a tinha aqui. Comigo.
– Não vou deixar você voltar. Você vai ficar comigo. Não posso deixar você me abandonar. Vou ficar maluco – confessei, beijando suas bochechas e seu nariz, e então dando um selinho em sua boca.
– Eu não quero ir embora – disse ela.
Deus, como eu a amava.
– Entre – pedi, pegando as mãos dela e guiando-a para dentro de casa. – Venha se deitar comigo. Quero abraçar você.
Reese parou, e eu me virei para olhá-la.
– Não. Esta noite eu quero abraçar você – disse ela, o rosto outra vez determinado.
– Se é isso que você quer – concordei.
Tirei as botas dela e depois o jeans. Ela me deixou despi-la sem questionar. Quando abri seu sutiã, não a toquei ou olhei, apenas peguei a camiseta que eu tinha tirado e a passei por sua cabeça.
Ela enterrou o nariz no tecido e inalou, apertando os braços com força em torno de si mesma. Adorava quando ela se aconchegava com minha roupa como se fosse comigo.
Então ela subiu em minha nova cama king-size, se recostou na cabeceira e estendeu os braços para mim.
Com a emoção lutando com a alegria, consegui conter as lágrimas que queimavam em meus olhos. Deslizei até ela e deitei a cabeça em seu peito, para escutar as batidas de seu coração.
Ela correu os dedos pelo meu cabelo, e ficamos ali deitados. Passei os braços pela cintura dela e me deleitei com seu cheiro. O som de seu coração se acelerava cada vez que eu deslizava minha mão em direção ao seu traseiro e depois voltava.
– Cada passo que dei na vida me levou até você – disse ela, num sussurro. – E porque estou aqui agora não lamento nada. Para cada coisa ruim que aconteceu, fui recompensada com algo ainda mais belo, capaz de compensar todo aquele mal. Você fez tudo valer a pena. Você é meu presente na vida. Passei pelo mal e sobrevivi. Minha recompensa foi Deus me dar você.
Eu já nem me preocupava em reprimir as lágrimas.
Chorei nos braços dela.
Reese
Hoje íamos voltar a Rosemary Beach para pegar as minhas coisas. Mase não queria que eu fosse a lugar nenhum sem ele, assim, por dois dias usei roupas de Harlow, do tempo em que ela ficara em sua casa, uns dois anos atrás. Eram todas muito curtas e apertadas, mas consegui me virar com elas.
No entanto, Mase não me deixava sair de casa vestida com as roupas dela. Estava preocupado com a possibilidade de alguém me ver. Major me vira na primeira manhã com um short e uma camiseta de Harlow e ofereceu a Mase sua “bola esquerda” por mim. Mase lhe deu um soco na cara. Que horror.
Maryann foi até a casa do filho, aborrecida, perguntar a Mase por que ele tinha quebrado o nariz de Major. Ele contou. Maryann começou a rir e voltou para casa.
Acordei em uma cama vazia naquela manhã, o que, considerando que Mase me mantivera num abraço apertado nas duas últimas noites, me surpreendeu. Levantei-me e fui até o banheiro, escutando a ducha aberta e Mase cantando. Ao contrário de mim, ele cantava muito bem. Sua voz tinha um toque áspero, mas fluía de um modo que me deixava arrepiada. Eu nunca tinha escutado Mase cantar. Mas, com um pai como Kiro, fazia todo sentido que ele tivesse uma voz que correspondesse ao seu patrimônio genético.
Não reconheci a letra, mas ela me atraiu. Abri a porta e entrei no vapor. Ele não percebeu a minha chegada, mas sua cabeça estava inclinada para trás, sob a água, e ele continuava cantando.
Aceitarei seus demônios se você me deixar entrar. Não se esconda, gata, porque tudo que eu quero é oferecer mais.
Ele virou a cabeça e parou de cantar assim que seus olhos se fixaram nos meus.
Não era daquelas coisas que eu precisasse pensar a respeito e planejar. Esse homem me amava, e eu sabia que nunca amaria alguém do jeito que o amava. Ele estava disposto a enfrentar qualquer coisa que eu jogasse para ele, desde que no fim pudesse me abraçar.
Agarrando a barra da camiseta, eu a levantei e a tirei, então a joguei no chão. Tirei rapidamente a calcinha e fui abrir a porta do boxe. Mase ficou paralisado enquanto seu olhar descia pelo meu corpo nu.
Entrando no jato de água quente, olhei para suas coxas grossas e musculosas e, subindo o olhar, vi que estava rijo e pronto. Sentindo-me confiante e em segurança, peguei o sabonete e comecei a ensaboar minhas mãos enquanto Mase continuava parado. Ele não se moveu nem recuou. Somente seus olhos acompanhavam cada movimento meu. Cheguei mais perto e deslizei ambas as mãos por seu pau duro e liso.
Um grunhido baixo veio de seu peito, e ergui os olhos para ele, vendo que suas pálpebras tinham baixado, deixando-o com aquela expressão misteriosa que eu amava. Deslizando minhas mãos molhadas e ensaboadas sobre ele, com gestos longos, vi sua mandíbula relaxar e ele recuar e se encostar na parede. Deslizei a mão por baixo para agarrar seu saco e comecei a ensaboá-lo também ali.
– Reese – gemeu ele, fazendo menção de segurar a minha mão.
– Deixa... – pedi, apertando meus seios contra seu peito.
– Ahhh... caralho.
Mantive a pegada firme e lenta, e logo a cabeça de seu pau foi ficando vermelha. Um líquido incolor começou a verter, e fiquei ansiosa para ouvi-lo gozar. Acelerei o ritmo, e sua respiração ficou entrecortada.
– Eu vou... gozar. Caralho, gata, eu vou gozar – falou ele.
Então um grito grave saiu dos lábios dele quando seu gozo jorrou em minha barriga e minhas mãos.
– Não se mexa – pediu, num arquejo, então ergui o olhar, notando seus olhos fixos na minha barriga, coberta com ele. – Ah, por favor... não se mexa. Deixe-me só olhar para você. Assim.
Sentindo-me ousada, corri a ponta dos dedos pelos veios brancos de gozo que haviam caído em mim. Então olhei nos olhos dele. Seus olhos estavam excitados novamente. Um brilho possessivo surgira neles.
– Esfregue – disse ele num sussurro rouco.
Fiz o que ele pediu. Com as duas mãos massageei até o líquido desaparecer em minha pele.
Ele pegou o sabonete e começou a ensaboar as mãos. Afastando-se da parede, ele se aproximou e envolveu meus seios com as mãos. Então ele começou a me lavar. Ou a lavá-los. Completamente. Pegou meus mamilos e apertou com carinho antes de descer para minha barriga. Quando chegou ao ponto onde eu havia esfregado seu gozo em minha pele, ele lavou com um toque reverente que fez o formigamento entre minhas pernas se transformar em um latejamento.
Quando deslizou a mão para o espaço entre minhas pernas, precisei apoiar as duas mãos na parede, uma de cada lado. Minhas pernas começaram a fraquejar, e Mase sussurrou em meu ouvido que eu era linda. Que eu era dele. Que ele amava cada parte de mim. Que ver seu gozo em mim o fez ficar louco de desejo.
Agarrando-me aos ombros dele, senti a tensão crescendo e sabia que estava prestes a ser atingida por um orgasmo que provavelmente me deixaria de joelhos.
Mase passou um braço pela minha cintura e me segurou enquanto pressionava meu clitóris mais uma vez. E continuou me segurando quando o prazer desabou sobre mim, e meus joelhos finalmente cederam e se dobraram.
Eu estava voltando à terra, mas ele já havia me lavado e estava me carregando para o quarto. Ele não me secou até me colocar no pé da cama. Depois que passou a toalha por meu corpo, secou-se rapidamente e então me deitou na cama.
Sua boca cobriu a minha enquanto seu corpo rijo e nu roçava no meu. Arqueei as costas, tentando senti-lo ainda mais, enquanto ele continuava a pairar sobre mim, apoiado nas mãos e nas pernas. Essa seria outra razão para eu me sentir grata por ter pernas longas. Envolvi sua cintura com as pernas e o forcei a descer sobre mim.
– Isso, ah! Assim, isso é muito gostoso – gemi, minha boca de encontro à dele, meus seios finalmente esmagados contra o peito dele e a fenda entre as minhas pernas se esfregando na rigidez de sua ereção.
Ele afastou a boca da minha e a enterrou em meu pescoço. Ele respirava com dificuldade. Percebi que cerrara os punhos ao lado da minha cabeça.
– Mase? – perguntei, correndo os dedos pelas costas dele, desfrutando do prazer de sentir seus músculos se flexionarem sob meu toque.
– Eu quero... Não posso... Por Deus, gata – gemeu ele, e seus punhos se apertaram ainda mais, como se ele lutasse contra algo muito forte.
Senti sua ereção forçando meu corpo, e então entendi. Ele queria me penetrar. Estava tão absorta em senti-lo perto de mim que nem uma única vez tivera medo.
A dor do meu passado. A dor que antes acompanhava qualquer contato, sexual ou não, não estava mais em minha vida. Esse homem era o meu mundo. Ele me amava. Era gentil e cuidadoso comigo. E eu queria estar o mais perto dele possível. Queria saber como era ser um só corpo com ele. Isso não era sujo nem errado. Era belo e puro.
Erguendo meus quadris, levei minha mão até seu pau e o guiei até que a cabeça estivesse posicionada bem na minha entrada. Com um movimento, estaríamos ligados. Era esse o objetivo do sexo, uma conexão mágica entre duas pessoas que se amavam tanto que formavam um só corpo, ainda que apenas por um momento. Assim como os corações que elas já haviam unido.
– Faça amor comigo, Mase. Me mostre como é o amor. Por favor.
Acrescentei as últimas palavras para lembrá-lo de todas as vezes que ele me perguntou se podia me tocar e havia terminado a frase com “por favor”. Eu queria isso tanto quanto ele queria o que me pedira.
– Você é minha vida – murmurou ele em meu ouvido, enquanto mergulhava em mim, me preenchendo toda.
Lágrimas encheram meus olhos, e eu o enlacei, abraçando-o muito apertado. Com uma gentileza que eu só vira nele, Mase começou a entrar e sair de mim enquanto beijava meu rosto e meu pescoço, dizendo que eu era linda. Que éramos lindos juntos.
Nunca imaginei que algo pudesse me fazer sentir tão completa.
Deslizando as pernas para cima e para baixo em suas costas e sua bunda perfeitamente definida, mergulhei na luxúria de ser amada por Mase.
– Eu te amo – arfou ele em meu ouvido.
– Eu também te amo – respondi num gritinho.
– Quero gozar dentro de você. Mas não vou fazer isso antes de você estar pronta – falou, beijando meu pescoço.
Eu o queria dentro de mim. Mas não estava usando nenhum método anticoncepcional. Eu precisava de um. Nunca tinha usado antes.
– Deus, Reese, você é tão apertadinha. Juro, não quero nunca mais sair de você – arfou.
Erguendo minhas pernas para que sua estocada fosse mais fundo, senti que ele massageava algo dentro de mim e instantaneamente tive a explosão mais brilhante que já havia sentido. Seu nome jorrou da minha boca e apertei as pernas em torno dele, mantendo-me assim para não descolar dele.
Seu corpo tremeu enquanto ele gritava meu nome. Quando seu corpo começou a ter espasmos em cima de mim, abri os olhos e vi os dele bem fechados e sua cabeça jogada para trás. O suor descia de sua testa e uma gotinha rolou pelo seu rosto e caiu em mim.
Quando finalmente abriu os olhos, ele me fitou.
– Não posso me desculpar por essa, porque, meu Deus, Reese, juro que os anjos acabaram de cantar e essa casa tremeu nas bases.
Sorrindo, corri as mãos pelo cabelo úmido de Mase e puxei sua boca para a minha.
– Pelo que você se desculparia? – perguntei junto aos lábios dele.
– Por gozar dentro de você – disse ele num sussurro.
Ele ainda estava dentro de mim. Eu ficara tão perdida nos jardins do paraíso que nem tinha me dado conta.
– Ah. – Foi tudo que eu disse.
– Quando você fechou as pernas, tentei segurar até você terminar, mas você é tão apertada. E você é tão linda quando goza. E você me agarrou como uma luva, gata. Quando percebi, já estava gozando.
Eu não ia arruinar esse momento porque tínhamos nos esquecido de tudo.
– Mase, isso foi... isso foi mais... mais do que eu podia imaginar.
Ele se virou de costas, ainda enterrado em mim. Gostei de ver que ele não tinha pressa de sair. Queria ele o mais perto possível. Agora eu estava por cima dele.
– Eu amo você. Você é o meu mundo. Mas tem duas coisas que vêm logo atrás, muito perto – disse ele num tom sério. – Essas suas pernas compridas e essa bocetinha apertada vão me ganhar se você não tomar cuidado – acrescentou ele com um sorriso provocador.
Rindo, eu o beijei. Porque ele era meu.
Mase
Escrevi meu endereço em cada uma das caixas, empilhadas junto à porta da frente do apartamento de Reese. Ela estava ocupada limpando o refrigerador agora vazio. Jimmy havia acabado de sair, depois de se despedir dela com um abraço choroso.
Ele fizera tudo tal como eu pedira. Tinha ficado ao lado dela. Ele a mantivera em segurança. Eu devia muito a ele. Não sabia como pagaria, mas eu pagaria. De algum jeito.
Reese se curvou, me distraindo quando seu short subiu um pouco, revelando minha pinta favorita.
– A pinta, gata. Se você quiser terminar isso sem minha boca na sua bunda, então não se curve assim – adverti, fechando a porta e espreitando por trás das caixas na direção dela.
Reese se levantou e se virou para mim, rindo.
– Foi mal. Tive que limpar o fundo da geladeira.
– Não se desculpe. Decidi que quero beijar essa bunda. Curve-se de novo – pedi, com um sorriso travesso.
Reese recuou, colocando as mãos à frente do corpo, para me deter.
– Não. Nunca sairemos daqui se você não parar com isso. Já fizemos sexo no sofá, na cama, em cima do bar e da cômoda. E faz apenas um dia e meio que chegamos aqui. Assim, não vamos terminar nunca.
Agarrei suas mãos e a puxei para mim, com cuidado para não machucá-la.
– Gata, de quem é essa bocetinha? – perguntei, deslizando minha mão pela frente de seu short.
– Sua – falou com um suspiro.
Meu monstro possessivo rugiu, despertando.
– Isso mesmo. E eu quero brincar com a minha bocetinha. E escutar minha garota gritar o meu nome.
Os olhos de Reese ficaram vidrados e sua respiração, entrecortada. Eu sabia que agora ela estava vencida. Era fácil convencê-la. Nas primeiras vezes, eu fora cuidadoso e não apressara nada. Eu me certificava de que ela estivesse comigo o tempo todo e que soubesse que eu a adorava e jamais a machucaria.
Mas não precisava mais disso. Tudo o que eu tinha que fazer era falar sacanagem e ela se derretia, pronta para eu fazer o que quisesse. Essa mulher fazia com que eu me sentisse o rei do mundo.
Uma batida na porta me impediu de tirar a blusa dela e chupar seus seios. Lutei para não soltar um palavrão, porque provavelmente era outra pessoa vindo se despedir dela. Reese precisava saber que sentiriam falta dela. Que mais pessoas aqui se importavam com ela, não só Jimmy. E só por essa razão eu me contive e não reclamei.
– Eu atendo. A Srta. Popular está recebendo muitas visitas hoje, hein – provoquei.
Sua risada musical me acompanhou.
Abri a porta de supetão, esperando ver alguém conhecido, mas, em vez disso, me vi diante de um homem alto, de aparência distinta, vestido em um terno Armani. Eu tinha um para eventos especiais, então sabia. Seu cabelo negro e sua pele morena me fizeram pensar que fosse italiano. Havia algo no formato de seus olhos. Eram castanhos, mas familiares.
– Reese Ellis mora aqui? – perguntou ele, o sotaque mais leve do que eu esperava.
Ele me lembrava uma versão cinematográfica de um chefe da Máfia.
– Ela morou – respondi, não gostando nada do fato de o homem saber o nome dela e a estar procurando.
– Eu sou Reese Ellis – disse ela, surgindo atrás de mim.
Merda. Não queria que ela viesse até a porta. Algo nesse homem me preocupava.
– Posso ajudá-lo? – perguntou ela, estudando o homem com muita curiosidade.
– Gata, pode deixar que cuido disso – murmurei, colocando-a atrás de mim com um braço e cuidando para que meu corpo a cobrisse.
O canto da boca do homem formou um sorriso, como se ele estivesse se divertindo.
– Fico feliz de saber que Reese tem alguém para protegê-la. No entanto, esperei 23 anos para conhecê-la. – Ele estendeu a mão para mim. – Sou Benedetto DeCarlo, pai de Reese.
Adoraria se ele voltasse para aquela cama e ficasse ali comigo. Fazendo o que eu estava pensando. Mas eu não queria ter que pedir. Não sabia como faria isso. Eu sabia por que ele queria que fosse eu a pedir, mas, ainda assim... a ideia era embaraçosa demais.
Como pedir a um homem que toque sua vagina?
Agarrando-me àquele pensamento, eu me levantei e abri um sorriso para ele.
– Vou fazer waffles para você. Vista a calça para eu não me distrair.
Mase riu enquanto eu corria para o banheiro e escovava os dentes e penteava o cabelo.
Então fui preparar o café da manhã do meu gato enquanto ele ficava do outro lado do balcão, me observando.
Mase
Se ela se abaixasse mais uma vez e me mostrasse aquela pinta, eu ia perder a cabeça. Eu já tinha comido os waffles e resistido enquanto ela batia a massa sem sutiã sob a camiseta. Aquela já fora uma visão extasiante. Mas agora ela estava limpando a cozinha e ficava se abaixando a todo momento.
Eu havia me oferecido para limpar, mas Reese me empurrara daquele cantinho e disse que seria mais rápida, pois sabia onde tudo ficava. Então agora eu estava sendo premiado com uma vista de sua bunda e daquela pinta. A minha pinta.
Eu adorava aquela manchinha.
Merda, eu estava com tesão. Eu estava me esforçando tanto para ser bonzinho, mas ela me deixava louco. Eu conhecia a sensação de ter aquela bunda nas mãos e aqueles mamilos doces se retesando em minha língua.
Gemendo, dei as costas à visão mais bela que eu já tivera na vida e fui me sentar no sofá.
Afundei ali e tive que ajeitar meu maldito pau. De repente o jeans estava apertado demais e o zíper ia deixar uma marca nele se eu não me controlasse. Precisava pensar em algo que não fosse o corpo de Reese.
Primeiro exterminador de tesão que eu pude imaginar: minha mãe. Ela ia querer saber aonde eu tinha ido. Precisava ligar para ela e explicar. Eu só havia avisado ao meu padrasto. Não tinha me explicado para ela. O que significava que ela ia me fazer um monte de perguntas. Estava pronto para contar a ela sobre Reese. Queria falar sobre ela. Minha mãe provavelmente era a pessoa que gostaria de me ouvir falar dela.
– Você está bem?
A voz de Reese interrompeu meus pensamentos e me virei para vê-la vindo em minha direção. Aquelas pernas longas e... cacete, aqueles peitos estavam balançando. Ela precisava de um sutiã. Eu precisava que ela vestisse um sutiã. A ereção que eu conseguira inibir estava de volta... e com toda força. Caralho.
– Estou bem – afirmei, e ela veio e se sentou ao meu lado, recolhendo as pernas e enroscando-se em mim.
A carne macia pressionou meu corpo e eu comecei a latejar. O cheiro doce de canela chegou ao meu nariz e eu estiquei as pernas na esperança de me dar um pouco mais de espaço naquele jeans.
– Você não parece bem. Você está fazendo caretas – disse ela, esticando a mão e segurando meu rosto. Tão doce.
– Estou tentando ser um bom rapaz, gata. Mas olhando para você fica difícil – admiti.
– Ah – disse ela baixinho, quase num sussurro.
Então seus olhos pousaram no meu colo e ela arquejou. Não havia como esconder o fato de que eu estava duro feito uma pedra. Não lidava com uma situação dessas desde a adolescência. Não tinha ereções assim exceto quando estava na hora certa. No entanto, um olhar para Reese e meu pau ficava em posição de sentido.
– Parece que está apertado aí dentro – disse ela, sussurrando, como se outra pessoa, além de mim, pudesse escutá-la.
– Está mesmo.
Ela arfou novamente e então tocou minha perna. Eu estava quase implorando para que ela me tocasse. Todo o sangue do meu cérebro estava fluindo para baixo.
– Você pode tirá-lo e me deixar... quer dizer, posso tocar nele?
Claro que sim!
Minhas mãos voaram para o zíper e o abriram em tempo recorde, então baixei o jeans o suficiente para que meu pau pudesse saltar, livre. Ela me observava com tanta intensidade que, juro, estava prestes a explodir só com o olhar dela.
As pontas dos dedos dela traçaram o volume rígido sob a cueca, que eu não baixara. Não tinha certeza se ela estava pronta para vê-lo ao vivo.
– Você pode tirá-lo? – perguntou ela, erguendo os olhos para mim e depois voltando-os novamente para o meu colo.
Essa garota estava me perguntando como se eu pudesse dizer não para ela. Meu pau já tinha decidido mais de um mês atrás que só queria se excitar com ela. Ela era dona dele tanto quanto era dona de mim.
Parei e observei o rosto dela para ter certeza de que ela estava pronta para isso antes de tirar a cueca e deixá-la ver o que estava pedindo. Não queria de jeito nenhum vê-la levantando num pulo e ir correndo jogar água no rosto por ter visto meu pau. A ideia de assustá-la assim acabaria comigo.
A mão dela se moveu quase em câmera lenta até que uma ponta de dedo desceu pela cabeça dura e inchada, seguindo pelas veias ao longo do corpo. Eu não estava conseguindo respirar. O oxigênio se recusava a entrar nos meus pulmões.
– Me diga como tocá-lo – pediu ela, correndo um dedo para cima, em direção à cabeça.
Ela queria que eu falasse... agora?
– Feche... – disse, e arquejei em busca de um pouco de ar. – Feche a mão em torno dele, depois deslize para cima e para baixo.
Ela fez exatamente o que eu disse, e estrelas tomaram toda a minha visão. Precisei piscar várias vezes para enxergar alguma coisa. Olhei para sua mãozinha em torno do meu pau, e vi que ele estava vertendo um pouco de fluido. Ela fez uma pausa. Seus olhos se ergueram para mim.
– Você gosta assim? – perguntou, a respiração pesada.
Isso a estava deixando excitada. Cacete, os mamilos dela estavam duros e se projetando sob a camiseta fininha.
– Você nem imagina – respondi, tenso.
Ela apertou a mão ao subir e seus olhos se arregalaram quando o líquido incolor surgiu na ponta.
– Caraaaalho – gemi, e deitei a cabeça para trás no sofá.
Eu estava em alguma forma de nirvana e não queria sair de lá.
– Apertei demais? – perguntou, inocentemente.
– Ahh, gata, não. Está muito bom – garanti, ofegante.
Sua mão manteve a pressão, e ela começou a deslizar para cima e para baixo com mais vigor. Minha boca se abriu e agarrei o braço do sofá.
– Isso foi um gozo ou você vai... gozar mais? – perguntou ela, enquanto o líquido cristalino cobria meu pau sob sua mão.
Ela não se intimidou; em vez disso, passou a usá-lo como lubrificante.
– Se continuar assim, eu vou... explodir.
A safadinha sorriu. Ela estava se divertindo. Caralho, eu não estava aguentando. Eu queria me segurar para aproveitar mais. Não ia assustá-la e gozar na sua mão. Mas fazê-la soltar para que eu terminasse o serviço não era nada convidativo.
Virei a cabeça para olhá-la, e esse foi o erro. Ela mordia o lábio inferior, e, a cada movimento de sua mão, seus peitos balançavam. Pronto.
– Vou gozar – avisei, tirando a mão dela.
– Espere, não – disse ela, me pegando outra vez.
– Gata, eu vou...
A puxada para cima e o cheiro dela me pegaram de uma vez só. Gritei o nome dela quando aconteceu exatamente o que eu tinha avisado. Ela continuou movendo a mão no meu pau e eu continuei gozando feito louco. Desabando de volta no sofá, achei que talvez até tivesse gemido. Não tinha mais certeza. Meu cérebro estava nebuloso e meu corpo zumbia com um prazer tão intenso que eu não sabia se conseguiria caminhar outra vez.
Então a mão dela parou de se mexer, e eu respirei fundo.
– Puta merda, isso foi... incrível – falei, fitando sua mãozinha coberta com meu gozo.
Só de ver isso, meu pau acordou novamente. Caramba, ela estava me transformando num animal. Eu tinha acabado de ter o melhor orgasmo da minha vida na mão dela.
– Deixe-me limpar você – falei, puxando minha cueca e me levantando para tornar a vestir o jeans. – Vou pegar uma toalha.
Mas ela se levantou, sorrindo.
– Vou lavar as mãos – afirmou. E então me fez sentar de novo. – Parece que você está precisando respirar.
Minha garota era uma gaiata. Eu ri, e ela olhou para trás e piscou para mim. Puta que pariu, ela piscou para mim.
Reese
Lavei as mãos na água morna e olhei pelo espelho o sorriso bobo em meu rosto. Eu tinha conseguido. Fizera Mase gemer e gritar e inclusive se agarrar no sofá – como se sua vida dependesse disso – até gozar. Eu. Eu fiz isso. E sem ir nenhuma vez àquele lugar sombrio da minha mente. Eu ficara completamente absorta observando Mase, sabendo que era eu quem estava dando prazer a ele. Entrei num transe maluco com aquilo.
E teve a maneira como ele olhava para mim, em êxtase, como se eu fosse algum presente divino. Ele sempre fazia com que me sentisse especial, mas naquele momento me senti como uma deusa. A deusa dele.
– Você está se sentindo totalmente realizada – disse a voz grave dele, e eu o vi pelo espelho se aproximar de mim por trás.
Ele tinha um sorriso preguiçoso e satisfeito, e fora eu quem colocara aquele sorriso ali. Eu estava satisfeita comigo mesma.
– Estou – admiti.
Ele afastou meu cabelo e deu um beijo em meu pescoço.
– Hummm, isso é fofo e sexy – disse ele num sussurro. – Mas também me dá muito tesão.
Senti minha pele se arrepiar quando ele lambeu meu pescoço.
– Só tenho um probleminha com isso – falou, mordiscando minha orelha.
– É?
A mão dele fez pressão em minha barriga, puxando-me ao encontro do seu corpo.
– É. Tenho. Você me viu gozar na sua mão. Agora eu quero ver você gozar na minha – disse ele, enquanto seus dedos brincavam na cintura do meu short.
Já tínhamos tentado isso antes. E eu entrara em pânico. Não queria estragar a manhã.
– E se eu não estiver pronta? – perguntei, incapaz de negar que o modo como os dedos dele deslizavam para dentro do short me fazia tremer de excitação.
Ele parou para pensar só por um momento e então sua boca começou a deixar um rastro de beijos pelo meu corpo, descendo por meu pescoço e percorrendo o ombro.
– Pensei nisso. Tenho pensado nisso. Preciso manter você comigo enquanto a toco. Quero tentar outra vez, mas não vou parar de falar com você. Vou assegurá-la o tempo todo de que sou eu quem está aqui com você. Podemos tentar?
Meus seios estavam doendo, mas a área entre as minhas pernas estava pegando fogo. Eu queria. Meu corpo queria. E eu amava Mase. E era o que ele queria.
– Está bem – respondi.
– Obrigado – gemeu ele.
Então me pegou no colo e me levou para a cama, deitando-se ao meu lado.
– Seu cheiro é tão bom. Quando estou em casa, me deito à noite na cama e posso sentir vestígios do seu cheiro. Fico excitado. Quero você lá. Comigo – disse ele no meu ouvido, começando a deslizar a mão lentamente para dentro do meu short.
Eu não tinha vestido calcinha, e em breve ele ia descobrir isso.
Quando ele avançou a mão o suficiente para se dar conta, parou.
– Gata, você está sem calcinha – disse numa voz grave.
Virei a cabeça para vê-lo.
Seus olhos tinham a mesma expressão de quando eu o estava acariciando. De tanto que isso o excitava. A umidade entre as minhas pernas aumentou, e fiquei constrangida porque ele descobriria como eu estava excitada.
– Abra as pernas. Por favor, para mim. Deixe-me tocar você. Quero ver você gozar para mim. E sentir sua umidade na minha mão. Pode me dar isso, Reese? Eu quero tanto, tanto.
Engoli em seco, nervosa.
– Já estou molhada – confessei, me sentindo mortificada só de dizer aquilo.
Os olhos dele brilharam com tanta intensidade que meu coração quase parou. Seus dedos deslizaram pelo meu monte de vênus e então penetraram nas dobras abaixo. A sensação que eu experimentara ali por toda a manhã agora latejava e eu precisei me agarrar no braço dele para não cair da cama.
– Ah, meu Deus – gemeu ele, enterrando a cabeça no meu pescoço. – A bocetinha mais doce do mundo está encharcada por mim.
Ele estava feliz com isso. Eu teria soltado um suspiro de alívio, mas seus dedos começaram a se mover e eu só consegui emitir uns ruídos e agarrar o braço dele e os lençóis.
– Sou eu aqui. Minha mão no meio das suas pernas. Meus dedos tocando sua bocetinha. Eu, gata. Eu. Tudo isso é meu. Eu sempre vou cuidar de você. Nada nem ninguém vai machucá-la. – Sua voz era baixa e ele falava no meu ouvido.
Eu estava tremendo e me agarrava nele.
Ele queria me manter ali, junto dele, naquele momento, e estava fazendo um trabalho maravilhoso. Dificilmente minha cabeça conseguiria estar em algum outro lugar.
– Quando você estiver pronta, vou pôr minha boca bem aqui – disse ele, correndo o dedo sobre meu ponto mais sensível. – Vou lamber esse botão até você gritar e cravar as unhas nas minhas costas enquanto goza na minha cara. Você vai adorar. Juro que vai. Você vai segurar minha cabeça ali e implorar para que eu não pare. Porque serei eu.
A sensação crescente dentro de mim estava acelerando, e eu sabia o que era. Eu havia me masturbado antes de acontecerem... aquelas coisas. Em minha cabeça eu criava fantasias com os garotos da escola quando estava na cama, à noite. Mas isso agora era algo mais forte. Parecido, porém maior. E eu queria que acontecesse. Com Mase, eu queria.
– Isso, gata. Me deixe dar prazer a você. Faça isso por mim. Quero ver você gozar para mim. Quero ver minha garota extasiada nos meus braços. Você é tão linda...
Com aquelas palavras, eu me entreguei, gritando o nome dele enquanto meu corpo estremecia e ele me apertava em seus braços. Sua mão permaneceu em mim, me cobrindo e navegando as ondas do êxtase comigo. Eu entoava o nome dele. E o ouvia a distância.
Ele me chamava de gata e dizia que eu era incrível.
Eu não queria voltar. Poderia viver essa viagem para sempre.
Mas por fim ela se dissipou e lentamente eu desci de volta à terra. Os braços de Mase ainda estavam à minha volta, me apertando de encontro a ele, e sua mão continuava no ponto em que me dera prazer. Ele respirava pesadamente, e seus olhos estavam escuros e quentes enquanto ele me olhava de cima.
– Meu Deus, você é deslumbrante – sussurrou ele, enquanto eu piscava e finalmente conseguia focar em seu rosto.
Eu não podia falar ainda. Aquilo não fora nada parecido com o que eu tinha experimentado na cama quando era mais jovem. Meus dedos não conseguiam fazer isso comigo mesma. Será que aquilo era saudável? Era tão bom que tinha que ser perigoso. E eu queria repetir. Imediatamente.
– Não quero tirar a mão daqui. Ela está coberta de você, quero que continue assim – disse ele, movendo a cabeça para dar um beijo no meu nariz. – Foi a coisa mais erótica que eu já vi. Juro por Deus, você me deixou tão enfeitiçado que eu nem consigo enxergar direito. Se você me deixasse, ficaria aqui nesta cama e faria você gozar sem parar.
Eu deixaria. Estava gostando da ideia. Muito.
Mase
Eu poderia morrer feliz. Senti pena dos outros homens, porque eles nunca saberiam como era Reese quando gozava. Eu sabia. Ela era minha. A vontade de bater no peito era enorme. Tive que me segurar. Mas, por Deus, era o que eu queria fazer.
Reese saiu do quarto vestindo short jeans e uma blusa amarelo-clara com um nó na cintura. Ela parecia jovem e pura. Queria levá-la de volta para a cama e começar tudo de novo. Vê-la toda sexy, cavalgando minha mão como se sua vida dependesse daquilo.
Mas ela já havia me dado o suficiente por hoje. Não ia forçá-la outra vez. Não quando tínhamos ido tão bem pela manhã. Falar com ela e mantê-la comigo o tempo todo não apenas tinha funcionado, como também a excitara ainda mais. Quanto mais eu falava, com mais tesão ela ficava.
Era o suficiente por enquanto.
– Quando você tem que ir embora? – perguntou ela, interrompendo os meus pensamentos e me lembrando de que eu teria que deixá-la.
– Queria conversar com você sobre isso – falei, imaginando como pedir que ela se mudasse para a minha casa, que ficava em outro estado, tão distante dali.
Pareceria maluquice, mas, sinceramente, eu não ligava. Ela era a mulher da minha vida.
Suas sobrancelhas se ergueram, e ela inclinou a cabeça, como se esperasse por mim.
– Quero que você se mude para o... Texas... comigo... para... a minha casa.
Isso não fora nada sutil.
A maneira como seu queixo caiu e seus olhos se arregalaram provava que eu tinha feito tudo errado. Merda.
– Co... como? – balbuciou.
Passei as mãos no rosto e reprimi um grunhido de frustração. Ela me fazia dizer besteiras. Eu ficava tão atrapalhado perto dela que não conseguia pensar direito. Falava sem pensar. Eu nunca quis tanto uma coisa quanto que essa mulher estivesse na minha cama, todas as noites, pelo resto da minha vida.
– Você não tem emprego, exceto pelo arranjo com Harlow, e não tem família aqui. Não há razão para ficar. Posso conseguir outro professor para você em Fort Worth. Essa é a única coisa que prende você aqui. Quero você comigo, Reese. Detesto não ter você perto de mim.
Aqueles olhos expressivos a entregaram. Ela gostou da ideia, mas também se assustou. Estávamos juntos havia pouco tempo. Nossa amizade tinha quase dois meses, mas nosso relacionamento era muito recente.
– Você me quer lá... com você – falou, como se estivesse perdida numa confusão.
– Sim – respondi com firmeza.
Ela agarrou uma mecha de cabelos e olhou em torno da sala, cheia de nervosismo. Então começou a andar de um lado para outro.
Esperei. Ela estava pensando, e eu queria que ela pensasse seriamente naquilo. Então queria que ela dissesse sim e fizesse as malas.
– Você não... Há tanta coisa. Preciso de tempo. Nós precisamos de tempo. Estou bem instalada aqui e tenho amigos. Tenho Jimmy. Tenho um lugar meu. Você não... Não podemos simplesmente ir morar juntos assim. Também detesto quando você vai embora, mas... Mase...
Ela parou de andar e pôs as mãos na cintura, como se estivesse carregando o mundo nos ombros.
– Tem tanta coisa que você não sabe. E não estou pronta para contar. Tanta coisa dentro de mim. É tenebroso e... não é um lugar para onde eu queira levar você. Mas preciso de tempo. Nós precisamos de tempo. Assim. Quando você vier aqui, podemos ficar juntos. E temos nossas conversas noturnas e minhas leituras para você. E eu gosto do Dr. Munroe. Ele está me ajudando e me sinto bem com ele. Não posso simplesmente ir porque quero estar perto de você.
Argumentar com ela era minha reação automática. Eu era bom em convencer as pessoas. Poderia apresentar uma razão que lhe mostrasse que tudo aquilo não importava.
O que me deteve foi seu olhar suplicante. Ela não queria que eu argumentasse. Ela queria que eu deixasse o assunto de lado.
Eu deixaria. Por ela. Por enquanto.
– Está bem. Mas saiba que, quando você estiver pronta, eu também estarei – garanti, por fim.
Ela soltou um suspiro profundo, então sorriu debilmente para mim.
– Obrigada por me querer.
Palavras que eu levaria comigo para o Texas, que eu guardaria no peito e me machucariam toda vez que eu as tocasse.
Minha garota não deveria jamais ter que agradecer alguém por desejá-la. Em algum lugar de sua mente, ela acreditava que não era digna. Isso era o que mais me doía.
Parado na porta do apartamento, depois de levá-la para almoçar e beijá-la por mais de uma hora, eu sabia que tinha que deixá-la. Outra vez. Meu mundo lá no Texas estava chamando. Eu tinha que ir cuidar do rancho e da vida que eu construíra para mim.
Abracei-a apertado mais uma vez e sussurrei em seu ouvido:
– Cuide-se bem. E sinta saudades enquanto eu estiver longe.
Reese
Peguei a colher que Jimmy me estendeu e mergulhei fundo no sorvete de caramelo. Precisava de comida antidepressiva. Estava arrasada desde que Mase fora embora naquela manhã. Eu poderia ter ido com ele. Ele me convidara.
Se tivesse dito sim, eu o perderia muito mais cedo. Ele não estava comigo tempo suficiente para me conhecer de verdade. Ele só tivera pequenas doses de mim. Como seria quando as lembranças vazassem e eu me enfiasse embaixo da ducha quente gritando e me esfregando? Ele não tinha visto isso. Pensaria que eu era louca. Porque eu tinha certeza de que era.
De vez em quando, o passado irrompia e, quando acontecia, eu ficava meio maluca.
Não contei nada disso para ele. Ele conhecia o que estava na superfície, e mesmo assim nem tudo. Sabia apenas o suficiente. Meu passado me marcara.
Esse passado havia destruído a minha habilidade de ter intimidade com qualquer pessoa.
Exceto com Mase. Eu o estava deixando entrar. O dia de hoje era a prova disso.
– Quer falar sobre esse assunto? Ou só comer? – perguntou Jimmy, com um olhar preocupado.
– Não quero falar nada agora, só comer essa delícia – respondi, e enchi a boca de sorvete.
– O homem veio do Texas numa noite de terça-feira para pegar seu dinheiro de volta com a bruxa malvada, devolvê-lo e ter certeza de que você estava bem antes de voltar para o trabalho no dia seguinte. Eu acho que você deveria ser só sorrisos. E não estar aí pê da vida e decidida a comer meio quilo de sorvete.
Eu não ia contar para Jimmy. Se contasse, teria que revelar mais, e eu não ia deixar meu passado entrar. Não nesta noite.
– É que detesto quando ele vai embora. Só isso. – Foi o que eu disse.
– Aham, garota, você e o resto do mundo. Ele é um colírio para os olhos – concordou Jimmy.
Aquilo arrancou de mim uma risada que morreu quase instantaneamente. As garotas em Fort Worth não tinham que vê-lo partir. Ele estava lá. Com elas. Elas podiam vê-lo e falar com ele. Ele não precisava atravessar fronteiras estaduais de avião para resolver os problemas delas.
– Para onde quer que sua cabeça tenha voado, traga-a de volta, por favor – disse Jimmy, apontando sua colher para mim. – O homem veio do Texas até aqui por sua causa ontem à noite. Ele não está fazendo mais nada com ninguém. Caramba, duvido que ele sequer sorria no Texas. Ele está sorrindo demais para você. Ele precisa descansar aquela boca sexy um pouco.
Dei uma risada. Alta.
Jimmy se recostou e deu um sorrisinho maroto. Estava satisfeito consigo mesmo.
O som do meu telefone tocando o fez se levantar e se despedir.
– Olha aí seu gato texano ligando. Falo com você amanhã.
Olhei para o telefone, esperando ver as botas de caubói, mas era um número desconhecido. Não contei para Jimmy.
– Tchau, Jimmy. E obrigada – gritei.
Ele me mandou um beijo e fechou a porta ao sair.
Esperei um momento até ele estar mais longe da porta antes de atender.
– Alô?
– Você acha que ele é seu, mas não é. Ele estava transando comigo antes de você e vai voltar a transar depois de você.
Fiquei segurando o telefone por muito tempo depois de a mulher ter desligado.
Uma hora depois, Mase ligou para me dizer que tinha chegado bem, mas que estava exausto. Ele me telefonaria amanhã.
Na manhã seguinte, me recusei a pensar naquela estranha ligação. Poderia ter sido um engano. Ela não mencionou o nome de Mase. Tirei aquilo da cabeça e finalmente liguei para Blaire Finlay para marcar um encontro com ela na semana seguinte e combinar a faxina. Então fui ao mercado e paguei minhas contas daquela semana.
Voltei para o apartamento e o limpei de cima a baixo. Na hora da consulta com o Dr. Munroe, já estava melhor. Tinha conseguido me controlar e sabia que, quando ligasse para Mase naquela noite, tudo estaria certo.
Eu só estava com saudades dele.
Isso era tudo.
Mase
Tirei a roupa e fiquei deitado na cama escutando Reese ler para mim seu novo livro. Ela parecia desligada naquela noite, ou nervosa. Eu não sabia exatamente o que era. Tive que ajudá-la algumas vezes. Assim que ela chegasse ao fim do capítulo dois, eu ia deixá-la parar. O livro era mais difícil, e ela parecia cansada.
– Quer que eu continue? – perguntou ela.
– Está bem assim. Você está se saindo muito melhor, gata. Estou orgulhoso.
E estava. Seu nível de leitura já era o do quarto ano. O Dr. Munroe atribuía o fato ao grande esforço dela para aprender na escola – tanto é que havia aprendido. Ela só não foi treinada para lidar com sua dificuldade. Agora que estava trabalhando isso, recuperava terreno rapidamente e utilizava o aprendizado do passado.
– Minha redação ainda não é boa, mas escrevi uma carta hoje. Não era uma carta de verdade. Como exercício, eu deveria escrever uma carta para alguém, agradecendo um presente. Só errei duas palavras. O Dr. Munroe ficou satisfeito.
O orgulho em sua voz fez meu peito se inflar. Adorava saber que ela sentia orgulho de suas realizações. Tinha que sentir mesmo.
– Estou esperando você me escrever uma carta – disse a ela.
Poderia guardá-la no bolso durante o dia e tirar quando precisasse de um pouco de Reese no meu dia.
Ela riu baixinho.
– Não estou pronta ainda. Espere eu melhorar um pouco. Não quero que o Dr. Munroe corrija uma carta que eu tenha escrito para você. Então ela terá que seguir para você sem revisão.
Nada que ela me desse seria menos que perfeito. Porque seria dela. Escrito por ela. Se misturasse todas as letras e palavras, então era assim que deveria ser. Porque ela teria escrito aquilo para mim.
– Não se preocupe com quantos erros estarão na carta, Reese. Seria uma carta sua. Isso é tudo que importa para mim.
Ela deixou escapar um leve suspiro.
– Você diz as coisas mais doces do mundo.
Eu poderia dizer coisas ainda mais doces se ela me deixasse. Estava tentado a fazer isso. Eu ainda podia sentir seu cheiro em minha mão. Eu havia levado aqueles dedos ao nariz e inalado o dia todo.
– O que você está vestindo, Reese? – perguntei.
– A sua camiseta, exatamente como combinamos.
Pude perceber o tom divertido em sua voz.
– Deite-se na cama para mim.
Eu a estava testando. Pararia se ela hesitasse.
– Está bem – respondeu ela. – Estou na cama.
Porra. Sim. Ela estava entrando na brincadeira.
– Você está deitada de costas?
Eu a queria deitada de costas, com as pernas abertas para mim.
– Sim. – Sua resposta foi rápida e ansiosa. Ela sabia o que eu queria.
– Você vai abrir essas pernas lindas para mim, gata?
Esperei, sem saber se ela iria assim tão longe.
Depois de apenas uns poucos segundos, ela respondeu:
– Sim.
Tirei meu pau, que já começava a ficar duro na cueca, e o envolvi com a mão. A imagem de Reese deitada de costas na cama dela com minha camiseta e as pernas abertas para mim era o bastante para me fazer voltar para aquele maldito avião.
– Você sabe o que eu quero que você faça, não sabe?
– Sei – murmurou ela.
– Você pode fazer isso? Posso ouvir você se dando prazer?
Ela estava respirando pesadamente.
– Você também?
– Eu também o quê, gata?
– Você vai fazer isso também?
Sorrindo, acariciei a extensão do meu pau.
– Já estou fazendo. O fato de você estar na cama, com as pernas abertas e vestindo minha camiseta já me deixou com tanto tesão que chega a doer.
– Ahhh – disse ela, soltando um gemido.
Caralho... ela estava... se masturbando.
– Onde estão seus dedos?
– Na minha... lá embaixo.
Ah. Fechei os olhos e deixei a voz dela e a imagem do que estava fazendo dominar meus pensamentos.
– Está molhadinha por mim?
– Siiiiim – disse ela, com a respiração entrecortada.
– Brinca gostoso com ela para mim. Dê prazer a essa doce bocetinha. Não estou aí para cuidar dela. Preciso que você faça e me deixe ouvir. Quero ouvir aqueles sons que você faz.
– Ahhhhh! – gritou.
Ela estava adorando.
– Esfregue forte esse botão duro e inchado. Quero beijá-lo. Muito... Lamber todos os pontos sensíveis e então sugar esse botão quente até você puxar meu cabelo e gritar meu nome.
– Ahhhh, meu Deus – gemeu.
– Isso. Pense na minha cabeça entre as suas pernas. Bem abertas para mim. Eu posso lamber essa doçura toda. Só eu. Com você. Só nós, gata. Suas mãos agarrando meu cabelo e as minhas... as minhas mãos nas suas coxas macias, mantendo você aberta. Respirando você.
– Mase! Ah... aaaaah!
O gozo dela desencadeou o meu. Fiquei ouvindo enquanto ela gemia em sua viagem e desejei profundamente estar lá para ver aquilo.
Reese
Na semana seguinte, não me limitei a ler para Mase à noite. Terminávamos nossas noites fazendo outras coisas...
Sorrindo ao pensar no meu segredo, passei mais tempo escovando o cabelo. Eu tinha limpado a casa de Harlow duas vezes e encontrado Blaire Finlay. Ela ia precisar de alguém três dias por semana. Eu precisava conversar com Harlow sobre trabalhar na casa dela dois dias e três na de Blaire, para assim atender as necessidades das duas. A faxineira atual de Blaire ainda não tinha se aposentado, então havia tempo para acertar isso. Ela ficaria mais duas semanas.
Jimmy descobrira no início da semana que hoje era meu aniversário. E decidira que ia sair comigo. Eu tinha comemorado essa data sozinha a maior parte da minha vida. Lembrei-me de que, aos sete anos, ganhei um bolo. Minha mãe o fizera e convidara as crianças da vizinhança. Eu havia pensado que ela tinha feito aquilo para mim e, por pouco tempo, me sentira muito especial.
Então, mais tarde naquele dia, eu a encontrara no banheiro de joelhos diante de um pai que levara os filhos à festa. Ele dizia coisas que eu fazia questão de não lembrar enquanto ela se agarrava às coxas dele e chupava seu pau. O homem morava do outro lado da rua com a mulher e dois filhos.
Naquele momento eu percebera não só que havia algo errado no que minha mãe estava fazendo, como também que ela tinha dado a festa apenas para se aproximar daquele homem. Não por minha causa. Aquele foi meu primeiro e último bolo de aniversário.
Hoje eu ia construir novas memórias. Jimmy queria que fôssemos dançar e comer bolo. Então era o que iríamos fazer. Eu celebraria meus 23 anos com alguém que se importava comigo.
Dando um passo para trás e olhando no espelho, achei que estava bonita. O vestido que eu usava era laranja-claro e me lembrava do pôr do sol. Era um tomara que caia marcado na cintura por um cinto marrom trançado que ía até a metade da coxa. Coloquei as botas de caubói que tinha comprado para agradar Mase. Ele não as tinha visto ainda, mas usei um pouco do dinheiro da minha poupança para comprá-las. Estavam em promoção pela metade do preço.
A batida na porta foi seguida de um:
– Abra, aniversariante!
Sorri e fui abrir para Jimmy.
Ele assoviou e girou o dedo no ar para que eu desse uma voltinha para ele ver.
– Vou ter de bancar o hétero para manter os homens longe de você. Caramba, mulher, você está um arraso.
Rindo, peguei uma bolsinha que havia comprado no ano passado numa liquidação, mas ainda não tinha tido a chance de usar. Era dourada, mas simples, com uma alça de mão.
– Vamos dançar – falei quando ele pegou a minha mão e a pôs em seu braço.
– Eu sou bom nisso, garota. Espere só para ver.
Eu não tinha dúvida.
Seguimos para a cidade, a direção oposta da que eu esperava, pois eu sabia que não havia nenhum lugar para dançar em Rosemary Beach. Franzindo a testa, olhei para Jimmy, que cantava “Born in the USA” batucando no volante.
– Onde vamos dançar? – perguntei.
– Ah, num lugar chamado FloraBama – respondeu ele, me dirigindo um sorriso grande demais.
Algo não estava fazendo sentido.
– Mas não estamos saindo da cidade – observei.
Ele confirmou com a cabeça.
– Sim. Antes, preciso entregar um negócio no clube.
Bem, isso fazia sentido. Me recostei e observei a cidadezinha passar por nós até virarmos na entrada dos fundos do clube, onde os empregados estacionavam. Jimmy seguiu até um caminho coberto de conchas que parecia levar ao mar.
Ele ia entregar alguma coisa na praia?
– Aqui estamos – disse ele, sorrindo ao abrir a porta para mim.
Tínhamos ido de carro até onde dava.
– Siga por essa passarela de madeira na direção daquela luz adiante – recomendou Jimmy, apontando o que dali parecia ser o topo de uma pequena tenda, encoberta pelas palmeiras no caminho.
– Você precisa que eu entregue algo lá? – perguntei, tentando entender o que ele queria de mim.
– Isso. Só você pode entregar. Feliz aniversário, Reese. Você está maravilhosa. Agora siga esse caminho – falou ele, com uma piscadela, então subiu de novo no carro e partiu.
Fiquei ali olhando do caminho para o ponto onde Jimmy tinha sumido.
Foi então que a ficha começou a cair. Jimmy havia me entregado ali. A mim. Virei-me e segui o caminho de madeira. Na metade, não aguentei mais e comecei a correr. Já sabia quem estaria no fim. Já sabia para quem ele tinha vindo me entregar. E eu queria chegar lá.
Assim que deixei para trás o caminho das palmeiras, eu o vi.
Estava usando uma camisa branca de botões, com mangas arregaçadas e bermuda cáqui. Estava de pé, dentro de uma tenda branca, iluminada com velas, ao lado de um bolo de aniversário de três andares. Era de um rosa-claro bonito e cintilava sob a luz suave. Balões prateados completavam o ambiente.
– Feliz aniversário, Reese – disse Mase, sorrindo.
Soltei uma risada surpresa e então caí no choro ao correr para ele.
Ele me encontrou na metade do caminho, me pegou nos braços e afundou o rosto no meu pescoço.
– Surpresa.
Inclinei-me para trás e o beijei com força. Não sabia de que outra forma expressar a emoção que se concentrava dentro de mim. Era tão avassaladora que eu tinha a sensação de que poderia me consumir de tanta felicidade. Ele havia feito tudo aquilo para mim. Bolo e balões. E, mais importante, ele.
– Como você sabia que era meu aniversário? – perguntei, embora a resposta fosse óbvia: Jimmy.
Eu havia pensado em comentar, mas tive receio de que Mase pensasse que eu estava pedindo para ele voltar. Não queria isso, então não toquei no assunto.
– Era você quem deveria ter me contado, não Jimmy. Não quero nunca perder o seu aniversário. Jamais.
Enxuguei as lágrimas e sorri para esse homem maravilhoso que, por alguma razão, queria estar comigo.
– Você e as suas palavras – falei, beijando-o outra vez.
Suas mãos grandes e fortes enlaçaram minha cintura e me mantiveram ali, enquanto nos alimentávamos um do outro. Ter ele comigo era o melhor presente de aniversário do mundo. Mesmo sem bolo e balões. Ele era perfeito.
– Venha, você tem que apagar as velinhas, e então vou servir o bolo para você – murmurou ele, entre beijos.
– É um bolo grande demais só para nós dois – disse a ele, nem mesmo tentando fingir que não havia adorado que ele tivesse me dado um bolo tão imenso.
Ele riu.
– Comeremos o que pudermos, você pode levar um pouco para casa e depois mandamos o restante para os amigos.
Gostei da ideia.
– Talvez eu coma muito – comentei, olhando o glacê cremoso e já lambendo os lábios.
Teria que caminhar por dias sem parar para queimar todas aquelas calorias.
Mase piscou para mim.
– Ótimo. Gosto da ideia dessa bunda gostosa aumentando e rebolando um pouco mais.
Eu realmente estava precisando me abanar.
Ele colocou uma velinha no andar mais alto do bolo e então deu de ombros.
– Eu ia trazer 23 velas, mas Harlow comentou que aqui ventava muito. Não conseguiria mantê-las todas acesas. Então trouxe uma só.
Ele riscou um fósforo e protegeu a chama com a mão.
– Faça um pedido, gata.
Não podia imaginar nada que eu já não possuísse agora... exceto uma coisa. Mas eu sabia que desejos não mudam o passado. Não podiam mudar o que já tinha acontecido. Então mentalizei um pequeno agradecimento pelo que recebi e soprei a vela.
Mase começou a cortar uma fatia muito grande de bolo, pegou um garfo e olhou para mim.
– Venha se sentar comigo.
Ele apontou para a espreguiçadeira branca que dava para o golfo.
Sentou-se e abriu os braços para que eu afundasse neles. Quando cheguei perto, me senti envolvida.
– Esta fatia é grande demais – falei, olhando o recheio vermelho.
– Vamos dividir – disse ele. – Abra a boca.
Fiz o que Mase disse e ele levou o pedaço até minha boca. O glacê e o recheio de framboesa eram deliciosos.
– Hummm – murmurei, em tom de aprovação.
– Gosto de ver você comer. E de alimentar você – disse Mase, dando mais uma garfada no bolo.
Ele fez menção de levar o garfo à minha boca, mas fiz que não com a cabeça.
– Sua vez – falei.
– Ver sua língua se projetar para lamber os lábios e ouvir você gemer é muito melhor que comer o bolo – disse ele, esfregando um pouco glacê nos meus lábios.
Abri a boca, tentando não rir enquanto ele me dava outro pedaço.
– Isso, lá vem a língua – disse ele, parecendo fascinado em me ver comendo o bolo.
Terminei de mastigar, engoli e então sacudi a cabeça de novo.
– Preciso de uma pausa entre as garfadas – disse, rindo, enquanto ele levava mais um pedaço até minha boca.
– Gostei das botas – disse ele, sem discutir comigo. – Quero ver você com elas e mais nada.
Minha compra tinha valido a pena.
– Por favor, coma mais para mim. É tão sexy – implorou ele, passando o nariz no meu pescoço.
Rindo, virei-me para fitá-lo.
– Como posso ser sexy comendo?
Mase sorriu, passou a mão por minhas costas e depois apertou minha bunda.
– Por muitas razões.
– Agora é a sua vez – anunciei, pegando o garfo e levando-o à boca dele.
Obediente, ele comeu, e eu beijei o glacê nos lábios dele.
– Agora estou vendo a vantagem em comer também – disse ele, quando afastei a cabeça.
Sorrindo, recostei-me em seu peito e desfrutei a vista das ondas quebrando na minha frente. Minhas pernas se enroscaram às dele, e ele continuou me dando bolo. Eu deixei.
Porque eu amava esse homem.
Mase
Reese recusou mais um pedaço de bolo, e finalmente eu o deixei de lado. Tinha que admitir que só de olhar para ela aproveitando um bolo de aniversário que eu escolhera e dera para ela, eu já ficava satisfeito.
Mudei de posição para que ela pudesse se acomodar entre as minhas pernas. Então a puxei para mim antes de lhe dar o primeiro presente.
– Feliz aniversário – falei, pegando a maior caixa ao meu lado.
Ela arfou ao pegar a caixa. E olhou para mim antes de se voltar para o presente outra vez.
– Você me trouxe um presente?! – exclamou, encantada. – Quer dizer, pensei que você já era o meu presente, mas isso...
Sorrindo, beijei sua têmpora.
– Não, esta é a sua festa de aniversário e eu sou seu único convidado, porque sou egoísta e queria você todinha para mim. E este é seu primeiro presente.
– Primeiro?
Assenti. Então ela me surpreendeu. Rasgou ansiosamente o papel, como uma criança empolgada. Vê-la abrindo aquele presente foi mais legal do que lhe dar o bolo, e olha que aquilo já tinha sido o máximo.
Quando levantou a tampa da caixa, ela pegou a bolsa azul-bebê Michael Kors que eu pedira a Blaire para escolher.
– Dentro tem uma carteira que faz par com ela.
Ela tocou a bolsa com reverência, como se fosse feita de ouro em vez de couro.
– Isso é caro, não é?
Não tanto. Podia ter sido pior. Mas eu dissera a Blaire que fosse prática. Reese precisava de uma bolsa para o dia a dia, não algo que a deixasse nervosa demais para usar.
– É uma bela bolsa para você usar no lugar da mochila – expliquei.
Ela riu e colocou tudo de volta na caixa, virou-se para mim e me beijou levemente nos lábios.
– Obrigada. É o presente mais bonito que eu já ganhei.
Mas eu não havia terminado. Então me estiquei e peguei o próximo presente.
– Tem mais? Pensei que você estivesse brincando.
– Veja você mesma.
De novo, ela rasgou o pacote como se fosse uma criança, e eu desejei ter gravado aquilo para assistir várias vezes.
Ela abriu a caixa e encontrou três pijamas de seda franceses. Pegou um dos shorts, examinou-o e então o levou ao rosto. Devolvendo-o à caixa, pegou a camisola. Escolheu a peça rosa-clara com acabamento de renda branca.
– São tão macios – disse ela, extasiada.
Tinham que ser. Eram os melhores.
– Gosto da ideia de você com a minha camiseta. Mas também sei que você gosta do seu short e da camiseta porque são macios. Então pensei em outras coisas macias para você usar quando for dormir. Porque, quando estiver comigo, você não vai precisar da minha camiseta para abraçá-la.
Ela guardou a peça no pacote sofisticado e soltou um suspiro feliz.
– Eles vão me deixar mal-acostumada em matéria de pijamas pelo resto da vida.
Por mim tudo bem. Eu a manteria vestida com seda francesa se ela quisesse, pelo tempo que quisesse.
Mais uma vez ela me beijou e sussurrou um obrigada junto aos meus lábios.
Então peguei a terceira caixa. A menor de todas. Era mais um presente para mim do que para ela.
– O último – anunciei, entregando-lhe a caixinha retangular.
Essa ela abriu com mais cuidado, como se tivesse medo de perder o que estava ali dentro.
O conteúdo era uma única chave, aninhada em veludo.
– É a chave da minha casa. Quando estiver pronta, pode se mudar.
Ela a pegou e ficou segurando por algum tempo sem dizer nada. Finalmente, levantou os olhos para me encarar.
– Um dia, quando souber tudo de mim, você pode me dar isso de novo. Mas, neste momento, você não sabe tudo. Não posso ficar com isso.
Ela pensava que seu passado sombrio mudaria o que eu sentia. Nada do que ela pudesse me dizer mudaria aquilo. Eu a amava.
Mas eu não usaria aquelas palavras para convencê-la. Reese teria que decidir isso no tempo dela. Eu não ia pressioná-la. Eu a queria na minha cama, na minha casa. Queria que fosse a nossa casa. Mas não antes de ela estar pronta. Não antes que ela quisesse.
Que quisesse que fosse para sempre.
Reese
Ele agia como se o fato de eu recusar a chave não fosse grande coisa. Mas não era o que eu sentia. Meu peito não havia parado de doer desde que eu a devolvera. Mase, porém, não voltou a tocar no assunto nem pareceu aborrecido.
Ele me pegara pela mão e caminhamos pela praia. Ele havia me convencido a comer mais um pouco do bolo, e então tínhamos nos aninhado na espreguiçadeira, olhando o luar refletido no mar.
A única coisa errada foi ele não ter me beijado outra vez. Ele não me olhou mais com aqueles olhos misteriosos e cheios de desejo. Era como se ele me mantivesse a distância, mesmo estando ali, ao meu lado. Antes, ele estava sedutor e brincalhão.
Depois da chave, tudo mudou. Ele mudou.
Quando voltamos para casa, ele disse para eu usar o banheiro primeiro. Ele se prepararia para dormir depois de mim. Não se mostrara dominado pelo desejo nem me tomara em seus braços assim que chegamos à privacidade do meu apartamento. Ele havia sido gentil e educado, mas só isso. Nada mais.
Vesti um dos novos pijamas que ele havia me dado. Era branco com debrum prata. Também achei que fosse o mais sexy. Naquele momento, queria ver a fagulha nos olhos dele e saber que não o havia perdido por não ter aceitado a chave.
Por que eu não aceitei? Pegar a chave não significava que ia usá-la. Ele não me deu pensando que eu ia me mudar no momento seguinte. Ele tinha dito isso. Aquele fora seu jeito de me mostrar que a oferta continuava de pé para quando eu estivesse pronta.
Eu precisava conversar com ele.
Eu havia agido mal.
Abri a porta do banheiro e me encaminhei para o quarto.
– Não, Cordelia. Não estou aí. Estou fora da cidade. Voltarei no domingo, provavelmente. Talvez antes. Não sei ainda.
Fiquei parada diante da porta. Quem era Cordelia? Meu estômago deu um nó e meu coração se apertou ao ouvi-lo dizer que poderia voltar para casa antes. Eu tinha mesmo estragado tudo.
– Não é minha culpa se você a deixou. E, não, você não pode entrar na minha casa sem mim lá. Eu a deixei trancada... Cord, pare com isso. Pare de fazer esse jogo comigo. Não seja assim.
Ele estava aborrecido. E a chamara de Cord.
– Como já disse, estarei em casa no domingo.
Ele desligou e enfiou o telefone no bolso com um suspiro.
Afastei-me da porta e respirei fundo várias vezes para me acalmar. Aquilo não significava nada. Cordelia podia ser alguém que trabalhava com ele ou uma parente. Ou só uma amiga.
– Quem era? – perguntei ao abrir a porta.
Eu não queria ter perguntado, mas precisava saber.
Mase voltou seu olhar do chão para mim. E seus olhos me devoraram ao examinar meu pijama novo. Quando finalmente chegaram ao meu rosto, seus olhos estavam iluminados pelo calor do qual eu sentira falta antes.
– Eu gosto muuuito de seda francesa – disse ele, vindo até mim.
Quase chorei de alívio.
Sua mão pousou em meu quadril e então deslizou para cobrir minha bunda.
– Você não gosta de dormir de calcinha, não é, gata?
– Não.
Vi seus olhos ficarem escuros e ardentes.
– Seda cobrindo essa bundinha é mais do que qualquer homem pode suportar. Quero beijar minha pinta. E vê-la escapar por baixo da renda. – Ele me fez dar uma voltinha. – Bote as mãos no encosto do sofá e mostre essa bundinha linda para mim, só um pouquinho. Por favor, Reese. – Ele sussurrou meu nome tão perto da minha orelha que sua respiração fez cócegas na minha pele.
Fiz exatamente o que ele pediu, e seu grunhido de prazer fez com que valesse a pena.
Suas mãos escorregaram pelas minhas coxas quando ele ficou de joelhos atrás de mim. Seus lábios macios e a barba áspera crescendo roçaram a parte posterior de minhas coxas. Ele deixou uma trilha de beijos em cada uma até chegar à pinta que eu nunca tinha visto, mas que ele parecia amar.
O som de prazer em sua garganta ao beijar aquele ponto fez meus joelhos fraquejarem. Agarrei-me no sofá enquanto sua língua lambia o ponto embaixo da minha bunda.
– Ah, Deus.
Inclinei-me para me segurar melhor, caso contrário ia acabar no chão.
– Posso sentir seu cheiro. Quero abrir essas pernas e beijar você lá. Só eu, Reese. Somos só eu e você, gata. – Sua voz estava tensa, e eu sabia que ele estava me dando a escolha.
Era por isso que eu confiava tanto nele. Mase sempre tomava cuidado para não ir longe demais nem me levar a fazer algo para que eu não estivesse pronta.
– Está bem. – Foi a única coisa que consegui dizer na hora.
Estava esperando que ele abrisse minhas pernas ali onde eu estava, mas Mase se levantou e me tomou em seus braços. Meu arquejo de surpresa o fez sorrir enquanto ele me levava para o quarto.
– Minha garota merece uma cama – disse ele suavemente, e me colocou com delicadeza na cama desfeita. – Continue olhando para mim. O tempo todo quero esses olhos aqui – instruiu ele, apontando para os próprios olhos.
Concordei com a cabeça.
Ele acariciou minhas panturrilhas com cuidado extra.
Eu estava tendo dificuldade para respirar, e ele só estava brincando com minhas pernas. O que aconteceria quando ele realmente colocasse sua cabeça lá?
Eu já havia gozado ouvindo-o dizer ao telefone que queria fazer isso. Mas a realidade era aterrorizante. Agarrei os lençóis e observei a mão de Mase passar por meus joelhos, persuadindo minhas pernas a se abrirem e dando atenção especial às minhas coxas.
– Olhe para mim, Reese.
O tom de voz era rouco e profundo. Aquilo o excitava.
Voltei meu olhar para ele, que piscou para mim.
– Assim está melhor. Quero esses olhos azuis lindos nos meus. Quando eu beijar você, não os feche, está bem? Mantenha-os em mim, ok?
– Sim – concordei, ofegante.
Os cantos dos lábios dele se levantaram quando ele baixou a cabeça, mantendo o olhar fixo no meu.
– Abra bem para mim – sussurrou, beijando meu joelho.
Abrir mais. Ah, meu Deus.
Comecei a fechar os olhos, e uma mordiscada dele na parte interna da minha coxa fez meus olhos se abrirem num átimo.
Ele estava sorrindo para mim.
– Olhos em mim – repetiu. – Se fechá-los outra vez, vou virar você e morder sua bunda. Uma coisa que estou com muita vontade de fazer. Então não me tente.
Ele ia me morder se eu fechasse os olhos? Ah, meu Deus.
Mase deixou outra trilha de beijos na parte interna das minhas coxas. Suas pálpebras baixaram até ele ficar com aquele olhar misterioso e sexy que me fazia estremecer. Eu estava emitindo ruídos que nem eu mesma reconhecia. Mas ver a cabeça de Mase baixar estava despertando uma profusão de sensações no meu corpo.
Ele gemeu quando sua boca alcançou o destino, e seus olhos faiscaram com uma expressão faminta um segundo antes de eu sentir sua língua roçar exatamente onde mais latejava.
Quando ele fechou os lábios em torno daquele ponto e sugou, empinei os quadris, incapaz de me controlar, e gritei seu nome.
– Os olhos, Reese. Me mostre seus olhos agora, gata.
– Não posso... não pare... – implorei.
A língua dele me tocou de novo, e então contornou meu clitóris.
– Eu não quero parar. Vou chupar para sempre se você quiser, mas preciso que olhe para mim. Me observe. Veja quem está lhe dando prazer. Fique aqui comigo.
Fiz esforço para manter os olhos abertos, e seu olhar imediatamente se fixou no meu. Eu amava os olhos dele.
– Ah, esses olhos lindos com que eu sonho... – murmurou ele e então continuou a usar a língua para me dar uma forma de prazer que eu nunca havia imaginado que existisse.
A cada toque de sua língua, eu sentia a pressão crescer dentro de mim. A explosão estava a caminho. Minhas pernas tremiam e minha visão começou a nublar. O nome de Mase saía da minha boca repetidamente; eu não conseguia parar.
– Isso – encorajou-me.
Seu sussurro sexy só intensificou o que eu sentia, quando o calor da sua respiração tocou o lugar em que sua língua estivera.
– Goze. Goze para mim. Dê isso para mim. Goze na minha cara.
Com essas palavras, eu desmoronei.
Mase
Eu tinha certeza de que nada jamais seria tão belo assim na minha vida.
Erguendo a cabeça, beijei a parte interna da coxa dela. Antes que Reese voltasse totalmente da sua viagem, eu me deitei ao lado dela para poder puxá-la para mim e abraçá-la. Ela não me deixara nem um momento sequer. Seus olhos estiveram cheios de desejo. Nem uma só vez eu vira medo neles, e eu tinha observado atentamente. Quando pedi que me deixasse fazer sexo oral nela, sabia que estava pedindo muito. Pararia no momento em que ela entrasse em pânico.
Mas ela continuara comigo. Nenhuma sombra do passado veio para tirar aquilo de nós. Quando ela gritou meu nome e estremeceu embaixo de mim, eu me senti o dono do mundo.
Seus olhos tremularam sobre as maçãs do rosto quando ela tornou a abri-los. Eu não tinha insistido para que ela os mantivesse abertos quando o orgasmo chegou. Ela se perdera no próprio prazer naquela hora, e era lá que eu a queria. Curti como as ondas de êxtase percorreram o corpo dela e a levaram de mim por um momento.
Abraçando-a com força, beijei suas pálpebras. Ela emitiu um ruído suave que me lembrou um gatinho. Era quase um ronronar.
– O que você fez comigo, Reese Ellis?
Ela inclinou a cabeça para trás e olhou para mim.
– Acho que era você que estava fazendo alguma coisa comigo – respondeu ela, com um sorriso tímido, mas satisfeito, nos lábios.
Rindo, mergulhei o rosto no cabelo dela e inspirei.
– Meu Deus, gata, você não faz ideia. Estou tão alucinado por você... E nem me importo.
Reese se virou para mim e passou a mão na minha cabeça, enfiando os dedos no cordão de couro que eu usava para prender o cabelo. Com um puxão, ela soltou meu cabelo e então enrolou os cachos nos dedos, ainda sorrindo como se tivesse descoberto o segredo da felicidade.
– Adoro seu cabelo – sussurrou ela.
– Da próxima vez que eu beijar essa bocetinha doce, quero suas mãos no meu cabelo – falei, fechando os olhos enquanto ela massageava meu couro cabeludo.
– Tenho medo de me deixar levar e puxá-lo.
– Seria muuuuito excitante se você fizesse isso.
Uma risadinha leve de Reese me fez sorrir.
Ficamos aninhados em silêncio por um bom tempo. Suas mãos continuaram em meu cabelo, brincando com os cachos e massageando minha cabeça. Eu nunca havia me sentido tão contente.
– Obrigada por esta noite. Só me lembro de ter tido bolo de aniversário e festa uma vez na vida. E foi um dia que eu gostaria de esquecer. Mas você acabou de me dar uma festa de aniversário de conto de fadas. Estou me sentindo especial.
Aquela confissão fez com que uma dor dilacerante atravessasse meu corpo. Merda. Eu odiava saber quanto essa linda mulher havia sido abusada e negligenciada. Ela merecia uma vida de conto de fadas, mas em vez disso vivera em um inferno. Eu passaria o resto da nossa vida garantindo que ela tivesse festas de aniversário dignas de uma rainha. Quando estivéssemos velhos e grisalhos, ela teria tantas lembranças boas que não haveria lugar para as más. Passaria minha vida apagando aquela merda.
– Meu melhor presente foi você – disse ela, beijando meu rosto.
Toda a minha raiva com as injustiças de sua vida desapareceu. Ela estava a salvo e nos meus braços. Ela era minha.
Reese
O toque de um celular me acordou. Sentando-me, olhei ao redor e pisquei contra a luz do sol que entrava pela janela. O telefone parou e ouvi água correndo no banheiro. Mase deixara a porta bem aberta. Era um convite para espiar? Porque eu queria muito vê-lo pelado e molhado.
Sorrindo, joguei as cobertas para o lado e já ia me levantar quando o telefone tocou e vibrou na cama. Olhando à minha volta, vi o celular fino e prateado de Mase embaixo do travesseiro dele. Peguei-o. Podia usá-lo como desculpa para ir ao banheiro enquanto ele tomava banho. Não que ele esperasse uma desculpa.
Conhecendo Mase, ele certamente estava torcendo para que eu fosse lá.
Cobri a boca para reprimir um risinho, e seu telefone tocou e vibrou outra vez. Alguém estava mesmo tentando falar com ele. Parei de sorrir, e me ocorreu a ideia de que pudesse ser uma emergência.
Olhei o telefone e vi uma mensagem de texto de alguém chamado Major. Não era minha intenção ler, mas meus olhos focaram as palavras calcinha dela e não pude me conter.
Deslizando o dedo sobre a tela, abri a mensagem.
Major: Cord veio aqui insistindo que deixou a calcinha dela embaixo da sua cama numa noite dessas. Estava determinada a pegá-la de volta. Deixei que ela entrasse. Mas, cara, ela parecia puta com você. Não está mais trepando com ela?
Reli o texto várias vezes. Não era uma mensagem para mim. Eu estava invadindo a privacidade de Mase, mas não pude me conter. Cord. Cordelia. Ele tinha falado ao celular com ela antes. Ele estava... ele estava trepando com ela?
A calcinha dela...
Numa noite dessas...
Ah, meu Deus. Eu ia vomitar.
O ímpeto de atirar o telefone dele na parede e berrar até a dor dentro do meu peito passar era forte. Como ele pôde fazer isso? Meu Mase era tão bom para mim. Era doce e atencioso. Era paciente comigo e cuidava de mim.
E era... um mentiroso.
Eu tinha confiado nele.
Meu corpo todo ficou dormente. Exceto meu coração, que estava dilacerado.
A ducha foi fechada, e eu finalmente saí de onde tinha ficado paralisada. Deslizei o dedo sobre a mensagem de texto e me detive por apenas um breve momento para pensar antes de excluí-la. Então pus o telefone de volta onde ele tinha deixado. Sem olhar na direção do banheiro, saí do quarto, fui para o ponto mais distante do apartamento e esperei.
Ele viria procurar por mim. Eu não queria que ele se aproximasse.
Não podia pensar nos lugares em que ele havia me tocado. Quando estava longe, ele a tocava. Ela estava fazendo sexo com ele.
Agora tudo fazia sentido. O fato de ele ser tão paciente comigo. Não precisava fazer sexo comigo. Ele tinha sua dose garantida lá no Texas. Coloquei a mão na boca para não gritar de agonia.
Isso era demais. Não sabia que podia doer assim. O final súbito e brutal do amor.
Eu nunca tinha amado antes, mas, agora que havia acabado, a dor era excruciante.
Nunca mais faria isso. Amar. A felicidade que dava era passageira. Não valia essa dor.
Seu corpo preencheu o vão da porta. Uma toalha estava enrolada nos quadris, o cabelo ainda pingava e a água escorria pelo peito nu.
– Reese?
Havia preocupação em sua voz.
Ele vivia preocupado comigo. A garota problemática que precisava de ajuda. Eu não sabia ler, escrever nem transar. Ele ia me recuperar. Será que é isso que eu sou para ele? Um projeto?
– O que foi, gata? – perguntou, vindo em minha direção.
Eu não podia deixar que ele me tocasse. Não mais.
– Não! – gritei, erguendo as mãos para mantê-lo longe. – Não chegue perto de mim – avisei.
Ele parou, mas a expressão em seus olhos era algo que antes eu teria julgado que fosse medo. Agora eu não pensava mais assim. Ele não sabia o que era medo. Ou dor.
– Reese, qual é o problema? – perguntou cuidadosamente, me estudando.
– Vá embora. Eu quero que você vá embora. E não volte. Não quero você aqui.
Mantive as mãos erguidas, mas olhei para o chão. Não podia olhar para ele, porque meu coração estava confuso, acreditando ter visto dor nos olhos de Mase. Mas não viu. Pensei que tinha visto um monte de coisas quando ele me olhava que na verdade não vi.
– Gata, o que aconteceu? Não faça assim. Não me mande embora. Me deixe chegar perto de você.
Ele pensava que minha reação era por causa do meu passado. Podia perceber isso na voz dele. Ele estava falando com a garota problemática. Aquela de quem ele sentia pena.
– Eu quero que você vá. Vista-se e saia! – berrei a última parte.
Ele não estava me escutando. Eu queria que ele fosse embora. Eu não aguentaria ficar ali dessa forma por muito mais tempo. Os estilhaços no meu peito me faziam querer me enroscar e ficar encolhida.
– Eu não vou deixar você, Reese. Você tem que me dizer qual é o problema. Eu posso ajudar você...
– Não! Eu não sou seu caso de caridade pessoal. Eu estava bem antes de você e vou ficar bem depois. Mas você tem que sair! Vou chamar a polícia se você não sair daqui em cinco minutos.
Ele começou a vir na minha direção outra vez, e eu gritei com todas as minhas forças.
– Por Deus, Reese! O que há de errado?
Ele também estava gritando agora. Fixei meu olhar nele.
– Você. Você é que está errado. Você é errado para mim. Não quero você aqui. Quero que me deixe em paz. Você me forçou a fazer coisas que eu não queria. Você me tocou em lugares em que não gosto de ser tocada. Não quero ver você nunca mais. Nunca. Vá embora!
Dizer aquilo doeu. Eram mentiras. Ele sabia que eram mentiras, mas eu estava desesperada. Ele não ia embora. Ele não ouvia.
Quando o vi se virar e voltar para o quarto, quase desabei. Ele ia me deixar. A compreensão de que Mase iria sair por aquela porta e nunca mais voltaria destruiu o que havia sobrado de mim.
Eu jamais deveria ter amado. Não fui destinada ao amor ou a ser amada. Era a lição que a essa altura eu já devia ter aprendido.
Eu quis que a dormência se espalhasse, mas estava desaparecendo. O sentimento de perda me envolveu. Se pelo menos eu nunca tivesse sabido como era acreditar ser especial para outra pessoa.
Mase reapareceu com a bolsa na mão. Seguiu para a porta sem olhar para mim, mas parou pouco antes de chegar lá. Seus olhos se fecharam com força e sua respiração saiu entrecortada.
– Me desculpe. – Foi tudo o que ele disse.
Então foi até a porta e a abriu. Em mais uma longa pausa, ficou ali parado. Esperei que fosse embora e me deixasse sozinha. Outra vez.
– Quando você se der conta do que disse e do que fez, ligue para mim. Estarei esperando. Quero abraçar você mais do que qualquer coisa neste momento e ajudar você a passar por isso, mas você não me deixa chegar perto. Então vou fazer o que quer, porque não posso resolver tudo por você. Desta vez tem que resolver sozinha. Mas, quando perceber que estava errada, me ligue, Reese. Estarei esperando. Vou esperar para sempre, se necessário.
Então Mase Manning saiu do meu apartamento e da minha vida.
Mase
Quando a porta se fechou atrás de mim, larguei a bolsa e me dobrei, me apoiando nos joelhos com as mãos para tomar ar. Lembrar a mim mesmo que ela precisava resolver aquilo era duro. Deixá-la... Ah, Deus, eu não podia simplesmente deixá-la. Ela estava num canto, parecendo completamente destruída, e eu não sabia por quê.
Cada vez que eu respirava doía. A pressão no meu peito era como um torno apertando meus pulmões. Meu coração estava naquele apartamento. Ir embora sem ele parecia impossível. Mas, se quisesse ter a chance de um futuro com Reese, ela precisava me deixar entrar. O passado a assombrava. E a controlava. Aquele maldito verme fizera isso com ela. Eu tinha acreditado que podia protegê-la disso tudo e lhe dar tanto amor que ela superaria aquilo. Mas os demônios estavam lá nos olhos dela.
Tudo o que eu tinha feito era ajudá-la a fingir que eles não estavam lá. Eu não a estava ajudando a destruí-los e a vencê-los. Meu amor não bastava. Eu queria que bastasse. Deus, como eu queria que bastasse. No entanto, ela precisava encontrar forças dentro de si mesma.
Quando as encontrasse, ela poderia aceitar que eu a amava. Que a adorava. Que a queria por inteiro, com tudo de bom ou de ruim que houvesse em seu passado. Eu queria tudo.
Empertigando-me, estremeci de dor.
Não fui direto para minha caminhonete. Em vez disso, segui para o apartamento de Jimmy. Não podia deixá-la sem que eu soubesse que alguém estaria cuidando dela. Quando ela precisasse que eu a resgatasse, alguém teria que me chamar. Eu sabia que ela nunca faria isso.
Ela podia não me querer, mas ai de mim se não a acudisse quando ela precisasse de mim.
Batendo na porta de Jimmy, tentei respirar fundo. Mas não conseguia.
A porta se abriu e o sorriso dele imediatamente se transformou numa expressão de desagrado.
– Mase?
Ele estava esperando outra pessoa. Eu não queria mesmo pensar nisso, considerando que ele estava vestindo uma calça de pijama de seda vermelha e seu peito estava nu e besuntado de óleo.
– Ela quer que eu vá embora. Não, ela me mandou embora – corrigi. – Mas você tem que me ligar se ela precisar de qualquer coisa. Não a deixe sofrer. Ela pode até não me querer, mas largarei qualquer coisa para vir até ela.
Jimmy se apoiou no batente. Parecia decepcionado.
– Caramba. O que se passa na cabeça dessa garota? Ela é louca por você.
Era o passado dela. Aqueles malditos demônios em sua memória. Mas eu não podia contar isso a ele.
– Se ela precisar de mim, é só me ligar. Virei imediatamente.
Ele assentiu com a cabeça.
Agarrei a alça da bolsa e lutei contra a emoção. Era isso. Eu ia mesmo deixá-la.
– Tome conta dela. Cuide para que esteja segura em casa à noite. Não a deixe ir a pé para o trabalho. Nem voltar. Mantenha-a em segurança por mim. Por favor.
Eu estava implorando. Naquele momento, eu imploraria a qualquer pessoa.
Os olhos dele se encheram de lágrimas.
– Merda. Aquela garota... – Ele balançou a cabeça. – Tem alguma coisa no passado que ela esconde, mas é algo tenebroso. Vi isso nos olhos dela. Ela vai ligar. Ela ama você.
Pedi a Deus para que ele estivesse certo.
– Quando eu não estiver aqui, ela vai precisar de alguém. Seja esse alguém.
Ele secou as próprias lágrimas e assentiu.
– Serei.
– Obrigado.
Segui para a escada e para minha caminhonete.
Joguei a bolsa no banco de trás, mas parei antes de entrar. Eu não podia ir embora sem avisá-la.
Voltei à porta dela determinado e bati. Ela não abriu, mas esperei.
– Reese. Eu sei que você está me escutando – falei através da porta.
Bati outra vez, mas ela não atendeu.
– Estou indo. Você quer que eu vá, então eu vou. Mas saiba que amo você. Vou amá-la pelo resto da vida. Se você nunca mais me procurar, ainda assim estarei lá no Texas amando você.
Esperei, mas ela não foi até a porta.
Depois de muito tempo, percebi que ela não iria. Ela ia me deixar ir.
Incapaz de me conter, soquei a porta e gritei o mais alto que pude:
– Eu te amo, Reese Ellis! Eu te amo demais!
Ouvi a porta ao lado se abrir, mas não olhei para ver quem era. Esperei do lado de fora, torcendo para que ela abrisse.
Mas ela não abriu.
Reese
Nove semanas depois
Abri a porta para Jimmy. Ele tinha um cappuccino em cada mão. Antes, essa visão era reconfortante. Agora, nada mais me confortava. Os pesadelos do passado estavam de volta, com força total. Eu raramente dormia. Tomar um cappuccino de manhã e uma caneca de café à tarde era a única maneira de eu conseguir me manter acordada enquanto trabalhava.
– Pronta, raio de sol? – perguntou ele.
Concordei com a cabeça e peguei minha mochila.
– Sim – respondi, pegando o copo que ele me oferecia.
– Eu odeio você. Quero a sua pele. Não é justo que você fique tão bronzeada – queixou-se ele.
– Eu trabalho no sol. É óbvio que vou ficar bronzeada – lembrei a ele, revirando os olhos.
Ele se queixava do meu bronzeado pelo menos duas vezes por semana.
– Tomando sol e observando homens gostosos dando tacadas. Estou trabalhando no setor errado – disse ele, bufando.
Ambos sabíamos que Darla não o deixaria trabalhar no campo de golfe do Kerrington Club. Jimmy tinha um rosto que as mulheres amavam. Ele trabalhava como garçom, e as mulheres vinham em hordas para flertar com ele e lhe dar boas gorjetas. No campo ele não seria tão popular. Havia mulheres que jogavam, mas não muitas. A maioria jogava tênis. Os homens heterossexuais dominavam o campo de golfe.
– É quente do lado de fora, e os homens todos usam shorts e camisas polo. Não é exatamente um traje sexy. Você não está perdendo nada.
Jimmy abriu a porta do carro e revirou os olhos para mim.
– Garota, eu já vi a bunda gostosa de Rush Finlay de short e foi suficiente para eu despejar água gelada dentro das calças.
– Meu Deus, Jimmy!
Não pude evitar a risada, mas, francamente, ele precisava ser tão detalhista?
Afundei no banco do carona, botei a mochila no chão e o café no porta-copos para colocar o cinto. Ir de carro com Jimmy para o trabalho e para casa era muito mais fácil agora que trabalhávamos no mesmo lugar. Jimmy cuidava para que nossos horários coincidissem.
– Só estou sendo sincero, gata – respondeu ele, entrando no carro.
Às vezes ser sincero para Jimmy era só um modo de me fazer rir. Apenas recentemente ele vinha conseguindo isso – e, mesmo assim, não era muito frequente. Mas uma coisa eu tinha que admitir: desde o momento em que Mase Manning saíra da minha vida, Jimmy passara a ser minha sombra.
Eu não podia ir a lugar nenhum sem informá-lo. Ele entrava em pânico se não soubesse onde eu estava, e sempre ficava até tarde comigo. Por um tempo, ele se sentava e segurava minha mão enquanto eu tentava dormir à noite. Ele nunca mencionou isso, mas eu sabia que estava tentando substituir meus telefonemas noturnos. Aqueles que eu não tinha mais.
Eu havia desistido da faxina na casa dos Carters simplesmente porque não podia ver ninguém que me lembrasse Mase, e ainda havia a chance de a qualquer momento ele aparecer para uma visita. Eu não sabia como lidaria com isso. Também disse a Blaire Finlay que não poderia aceitar o trabalho na casa dela. Os Finlays também me lembravam Mase.
Quando fiquei sem emprego, Jimmy me ofereceu o trabalho de vendedora de bebidas no campo de golfe do clube. Então eu contara a ele sobre minha dislexia e ele me ajudou a preencher o formulário de inscrição. Quando me perguntou se eu queria ler para ele de noite, desmoronei e me fechei no quarto. Ele não precisou perguntar para entender o porquê. Ele era um cara inteligente.
– Thad ainda vai muito lá durante os seus turnos? – perguntou ele.
Suspirei e recostei a cabeça no banco.
– Thad joga golfe com frequência, só isso. Ele não vai apenas durante os meus turnos.
Jimmy soltou uma risada divertida.
– Continue se enganando, garota. Mas o loirinho só joga golfe quando está com Woods ou Grant. Não é algo que eu já o tenha visto fazer sozinho. Até você colocar aquele uniformezinho e começar a entregar cervejas.
Eu não queria pensar em Thad indo até lá para me ver. Não queria que ninguém fosse me ver. Não desse jeito.
Eu te amo, Reese Ellis!
Aquele grito desesperado, tão alto que meus vizinhos escutaram, era tudo que sobrava no meu peito. Todo o resto havia ido embora. Encontrar alguma emoção era difícil para mim. Apenas à noite, quando estava dormindo e o passado voltava para me atormentar, eu gritava e chorava.
Nas últimas nove semanas, eu tinha enfrentado momentos de fraqueza. Uma vez, quase me convenci de que havia imaginado aquela mensagem. Não consegui me fazer acreditar naquilo, então tentei me convencer de que podia viver com ele transando com outras pessoas. Se o tivesse em minha vida, isso bastaria. Eu o perdoaria por precisar tanto de sexo que tinha que buscá-lo em outros lugares.
Então, nos meus piores momentos, eu me culpava por ter a cabeça tão problemática. Por não ter sido capaz de dar a ele o que seu corpo precisava. Eu o havia empurrado para os braços dela.
Mas ele me amava. Tinha berrado isso com todas as forças.
Depois de semanas sem notícias dele, tive que aceitar que ele seguira em frente. Eu o mandara embora, e ele tinha ido. Não facilmente, mas fora. Agora outra pessoa, provavelmente Cordelia, estava cuidando das necessidades dele. Ela o estava amando e o fazendo sorrir. Ela era tudo que eu não fui para ele.
Então eu apenas sobrevivia. Eu acordava, me levantava e sobrevivia àquele dia. A cada noite, eu sobrevivia aos pesadelos. E sobrevivia novamente. De novo e de novo.
E sozinha.
Porque eu o mandara embora.
– Terra para Reese... Aonde você foi, mulher? Eu fiz uma pergunta.
Afastei os pensamentos sobre Mase. Eles voltariam para preencher o vazio mais tarde.
– Desculpe, o que você perguntou?
– Perguntei se você quer fazer o exame escrito para a carteira de motorista, já que amanhã não trabalhamos.
O Dr. Munroe tinha me ajudado a estudar nas duas últimas semanas. Eu estava preparada.
– Sim. Seria bom – repliquei.
A empolgação não veio. No passado eu acreditara que jamais dirigiria. Agora eu estava perto de conseguir isso e não sentia nenhuma alegria. Porque a pessoa que eu queria que estivesse comigo, com quem eu queria dividir isso, não estava aqui.
Eu o tinha afastado. Eu havia amado demais. Com a cabeça e o corpo deficientes, eu tinha amado completamente. E ele precisava de mais do que essa cabeça e esse corpo deficientes.
Imagens de Mase tocando uma mulher sem rosto e fazendo com ela coisas que ele fizera comigo me machucavam toda vez que eu me permitia pensar nisso. Eu queria ser inteira. Queria ser suficiente para ele.
– Não fique tão animada assim. Senão vou ter que parar o carro para você se acalmar – disse Jimmy, com sarcasmo.
Forcei um sorriso por ele.
– Não engulo esse sorriso falso, Reese – declarou.
Era tudo o que eu tinha. Um sorriso falso.
Mase
Golpeando com o machado, cortei a peça de madeira de que precisava para consertar a cerca. Mas não consegui parar. Levantando o machado, tornei a baixá-lo, arruinando a peça perfeita que eu tinha cortado. Então golpeei outra vez. E outra vez. E outra vez.
Não sei quando comecei a gritar, mas quando ergui os olhos e vi minha mãe de pé na minha frente, com as mãos nos quadris, franzindo a testa em clara desaprovação, soube que devia ter feito muito barulho.
Merda.
Ela estava esperando que eu fosse perder o controle. Eu vinha tomando cuidado para não demonstrar nenhuma emoção enquanto sua atenção estivesse em mim. Tirar Maryann Colt do seu pé quando ela achava que você precisava conversar era quase impossível.
Larguei o machado no chão e olhei para as lascas de madeira, que agora só serviam para lenha. Eu havia destruído aquela peça de madeira. Agora, precisaria ir buscar outra para poder consertar a porcaria da cerca.
– Não acho que essa madeira tenha feito algo a você – disse minha mãe, levantando uma sobrancelha.
Não respondi. Apenas me acocorei e comecei a limpar a sujeira que eu acabara de fazer.
– Já aguentei tudo que podia, Mase Colt Manning. Você tem sido uma sombra do meu menino por meses e agora perde a cabeça e começa a gritar e esquartejar esse tronco com um machado? Você precisa falar comigo. Estou tendo ataques de ansiedade por sua causa. Estou preocupada com você.
Durante nove semanas eu conseguira viver sem o meu coração. Isso não era vida. Minha vida era uma mulher que não me queria. Isso era uma existência. Uma existência vazia, rasa.
Eu não havia falado sobre Reese com minha mãe, mas Harlow tinha. Mamãe me perguntara sobre ela uma semana depois que Reese me mandou embora. Eu estava tão subjugado pela dor que o nome dela provocava em mim que me levantara e fugira da mesa. Mamãe não voltou a mencioná-la.
Mas agora eu precisava que ela fizesse isso. Precisava falar sobre Reese. Queria contar a alguém sobre ela. Preencher meu vazio com as lembranças dela.
– Eu a amo – falei simplesmente.
Dessa vez ela levantou as duas sobrancelhas.
– Isso eu já entendi, meu amor. Quando você correu como se as chamas do inferno estivessem no seu encalço no dia em que perguntei sobre ela, você se entregou.
– Ela é a minha vida, mãe. Reese. É ela. A mulher da minha vida. Mas ela não me quer.
Só de falar isso, um raio de agonia me atravessou. Eu me encolhi, incapaz de esconder isso da minha mãe.
– Então ela é uma tola – disse mamãe, com toda a convicção de uma mãe que ama o filho.
– Não. Ela é brilhante. É linda. É como um raio de sol. Ela é... A infância dela...
Parei e engoli a bile que subiu à minha garganta só de pensar no que ela havia passado. Como minha garota havia sofrido.
– Foi difícil, mãe. Tenebrosa. O mais tenebrosa e perversa que a infância de uma menina pode ser. Mas ela não é tola.
O rosto de minha mãe se anuviou. Pude vê-la lutar para conter as lágrimas.
– Ah, meu amor. Devia ter imaginado que quando meu menino lindo e seu coração imenso se apaixonassem, seria perdidamente. Você nunca fez nada pela metade. Você não deu os primeiros passos, já saiu correndo. Não disse uma primeira palavra, cantou o verso inteiro de uma música. E você não só defendia os oprimidos na escola, como foi expulso por amarrar um valentão no mastro da bandeira. Meu menino jamais deixou nada pela metade. Você faz as coisas com tanta determinação que destrói as tentativas dos outros.
Ela contornou a bagunça que fiz e abaixou-se ao meu lado. Senti as lágrimas queimarem meus olhos quando ela pegou meu rosto entre as mãos com tanto amor e dor no coração, porque ela era assim. Minha mãe sofria comigo. Sempre fora assim.
– Você é um homem bom. O melhor. Eu amo o seu padrasto, mas mesmo o coração dele não se compara ao seu. Você foi a melhor coisa que fiz ou farei nesta vida. Não conseguirei fazer nada melhor. Ser sua mãe é uma dádiva que alegra cada dia da minha vida. Vou morrer sabendo que deixei nesta terra um homem que produzirá uma trilha de bondade por onde passar.
Ela parou, e eu sabia que lá vinha um “mas”.
– Mas, pela primeira vez na sua vida, estou vendo você deixar alguém destruí-lo. Sinto saudade do seu sorriso e da sua risada. Eu os quero de volta. Você nunca deixou de superar nenhum obstáculo em sua vida. Por que está fazendo isso agora? Se você a ama, então vá buscá-la. Nenhuma mulher em seu juízo perfeito rejeitaria esse rosto.
Estendi a mão e sequei as lágrimas do rosto determinado de minha mãe.
– Preciso que ela venha até mim. Se tivermos a chance de um futuro, preciso fazer que ela venha por vontade própria. Sempre conquistei o que quis, mas nada nem ninguém jamais significou o que ela significa. Não posso conquistá-la, mamãe. Eu a amo. Não quero jamais forçá-la a fazer qualquer coisa. Nem mesmo me amar. Ela tem que me amar por si mesma.
Mamãe deixou escapar um soluço, me abraçou e me manteve assim. Fechei os olhos e lutei contra a emoção que ameaçava transbordar. A última vez que minha mãe me vira chorar foi quando eu tinha três anos e quebrei o braço ao cair de um trampolim. Mesmo quando Harlow estava em coma, eu tinha chorado sozinho.
Eu nunca me recuperaria da perda de Reese. Se ela nunca mais voltasse para mim, eu permaneceria destroçado pelo resto da vida.
Reese
Outra semana se passou e consegui sobreviver. Era só o que eu fazia. A cada dia, eu tinha a sensação de que estava me perdendo um pouco mais. O horror do meu passado estava lentamente assumindo o controle. O progresso que eu fizera nesses dois anos desde que havia saído de casa tinha desaparecido. Não conseguia mais me livrar das lembranças do meu padrasto.
Logo eu teria que me consultar com um terapeuta. Não conseguia dormir quase nada ultimamente, e, quando conseguia, não era um sono tranquilo. Estava perdendo peso e os círculos escuros sob os olhos já não podiam mais ser escondidos. Eu precisava de ajuda.
A única coisa que me impedia de procurar um especialista era saber que eu teria que falar sobre Mase.
Não podia falar sobre ele. Doía muito.
– Reese Ellis? – perguntou uma voz feminina.
Deixei de lado as cervejas que estava colocando no refrigerador do carrinho e me virei.
Uma senhora bonita, de cabelos escuros que formavam cachos na altura dos ombros, me olhava como se estivesse me estudando. Eu sabia que ela não era sócia do clube. O jeans surrado e as botas que ela usava não pareciam com nada do que as senhoras dali escolheriam. E havia o chapéu de caubói. Aquele era um claro indício de que ela não era daqui.
– Sim? – respondi.
Ela não sorriu nem disse nada de imediato. Continuou me observando. Embora não estivesse me olhando de cara feia, sua expressão era a de alguém que quisesse me dar uma sacudida.
Olhei em volta para saber se tinha mais alguém por ali ou apenas nós duas.
– Imaginei que você seria bonita, mas, como sempre, quando meu menino se mete em alguma coisa, ele não deixa por menos – disse ela, e um sorriso triste surgiu em seus lábios.
Eu não sabia do que ela estava falando ou com quem ela achava que estava falando. Agradecer não parecia a coisa certa a fazer.
– Essas olheiras e esse olhar vazio me dizem tudo o que preciso saber. Então, deixe-me dizer o que você precisa saber – falou ela, dando alguns passos na minha direção. – Já vi meu filho travar batalhas por todos que ele amou e vencer. Quando tinha 7 anos, o primo foi alvo de bullying. Meu menino descobriu e o que aconteceu em seguida foi que tive que ir à escola buscá-lo, porque ele foi suspenso por amarrar um garoto no mastro da bandeira com fita adesiva. Fiquei horrorizada. Até saber que o garoto era aquele que vinha fazendo bullying com o primo dele, xingando-o e derrubando-o nos corredores. Naquele dia específico, o valentão tinha enfiado a cabeça do primo num vaso sanitário com urina e puxado a descarga. Depois do caso da fita adesiva, ninguém mais mexeu com o primo dele.
Eu só observava enquanto ela prosseguia:
– Aos 10 anos, a bibliotecária da escola, que lhe levava biscoitos todos os dias e sempre reservava para ele os melhores livros, ia ser dispensada porque a diretoria alegou que não tinham mais orçamento para manter uma bibliotecária em tempo integral. A Sra. Hawks já tinha passado dos 70 anos e adorava aquelas crianças, e meu menino era o seu predileto. Então ele organizou um abaixo-assinado e procurou empresários da cidade a fim de recolher fundos para essa causa. A Sra. Hawks não perdeu o emprego. Na verdade, ele recolheu tanto dinheiro que ela teve um aumento. Quando ele estava com 19 anos, descobriu que a irmã mais nova estava sofrendo por causa de um rapaz da escola que tinha se aproximado só por interesse na fama do pai dela. Ele me perguntou se podia ir visitá-la, e eu o deixei ir. Dias depois, o tal rapaz encontrou sua caminhonete fora da cidade, submersa em um rio.
Ela parou e riu.
– Mase Colt Manning luta por aqueles que ama. Ele é assim. E eu sei que ele tentou lutar por você. Ele queria vencer suas batalhas. E, pela pouca pesquisa que fiz, descobri que ele manda todo mês um cheque para um tal Dr. Astor Munroe que custa mais do que eu me permitiria comentar. Ele recebe relatórios semanais desse professor sobre os progressos de uma Reese Ellis. Ele está lutando por você. O que também significa que ele ama você. O problema é que meu menino vai com tudo em qualquer coisa que faz. E, quando decidiu se apaixonar, ele se apaixonou completamente.
Ela parou e apontou o dedo para mim. Pude ver o filho dela no olhar determinado que me dirigiu. Como eu não percebera antes?
– Ele agora precisa de alguém que lute por ele. Porque se perdeu de si mesmo. Ele é uma sombra do homem que criei. Está vivendo sem alegria, porque diz que deixou o coração aqui, com você. Portanto, se você o ama, ainda que seja uma minúscula parte do amor dele por você, lute por ele. Ele merece isso mais do que qualquer um. Está na hora de alguém travar a batalha dele.
Uma gota caiu em meu braço, e, ao levar a mão até meu rosto, eu o encontrei molhado pelas lágrimas. Meu coração estava de volta e se contorcia de dor ao ouvir a mãe de Mase me contar quanto ele precisava de mim. Ele estava sofrendo por minha causa.
Eu não me importava mais com a mensagem. Ou com a outra mulher. Se Mase precisava que eu lutasse por ele, eu lutaria. E quem quer que fosse Cordelia, eu lutaria contra ela. Lutaria até não poder mais.
– Onde ele está? – perguntei.
– Está em casa. Ele acha que fui visitar minha irmã em San Antonio.
– Como chego até ele? Onde é a casa dele?
Um sorriso se abriu no rosto da mulher.
– Posso levá-la.
Fechei a tampa do carrinho.
– Deixe-me avisar meu chefe que estou indo embora. Então estarei pronta para ir.
– A propósito, eu sou Maryann Colt – disse ela, estendendo a mão para me cumprimentar. – E é um prazer conhecer a mulher que meu filho ama. Eu estava preocupada, mas posso ver que ele escolheu bem.
A aprovação dela aqueceu meu coração pela primeira vez em dez semanas, dois dias e cinco horas.
Mase
– Tudo bem, eu sou desprezível. Tenho que confessar, porque esta merda está me devorando vivo – disse Major ao entrar no celeiro com uma sela apoiada no ombro.
Continuei esfregando Criptonita, meu cavalo da raça appaloosa, e ignorei o comentário dele. Precisava limpar o estábulo do garanhão em seguida e não tinha tempo para lidar com Major e seus dramas.
– Estou trepando com Cordelia há uns dois meses. Ela é muito boa chupando pau. Desculpe, não pude evitar. Ela deu em cima de mim, e eu deixei ela me chupar. Então a virei sobre o cavalete e a comi. Foi um momento de fraqueza. Eu estava com tesão, ela veio se exibindo com um short jeans cortado que mostrava parte da bunda e uma blusinha que mal cobria os peitos. Cara, ela é gostosa. Perguntei a você se ainda estava transando com ela, e você não respondeu. Deduzi que significava que não se importava.
Por isso Cordelia havia finalmente me deixado em paz. Eu deveria dar uma grana a Major por essa.
– Que bom que ela está fazendo bem o serviço.
Dei uns tapinhas em Criptonita, então me virei para levá-lo ao estábulo que eu já tinha limpado.
– Então você não se importa que eu esteja trepando com ela? – perguntou ele.
– Você me fez um favor. Ela não estava aceitando “não” como resposta.
Major soltou um suspiro de alívio.
– Graças a Deus. Estava preocupado que você estivesse nesse humor azedo por eu ter roubado sua amiga de transa.
Nem me dignei a responder a essa. Não fazia sentido.
– O dia em que ela veio pegar a calcinha, eu já estava quase trepando com ela. Ela apareceu com uma saia minúscula, tipo estrela pornô. Liguei e mandei uma mensagem para você, mas você não respondeu. Aí deixei que ela fosse embora. Mas, no dia seguinte, quando ela apareceu no celeiro, transei com ela. Você não saiu de casa naquela semana. Foi a semana em que você estava com um humor do cão.
Na hora certa. Ele começou com ela quando eu realmente precisava de distância de todo mundo. Nem sei o que teria dito a Cordelia se ela tivesse começado com aquela história toda de novo. Eu não a queria, mas não via sentido em dizer qualquer coisa que a magoasse. Ela não merecia isso.
– Mas, afinal, onde você estava naquele fim de semana, quando mandei a mensagem? Você chegou aqui furioso com o mundo. E ficou desse jeito desde então. Foi em Rosemary Beach? Aquela garota que você ia ver?
Eu não ia falar sobre isso com ele.
Espere. Que mensagem?
O mundo à minha volta parou, e meu peito vazio de repente pareceu feito de chumbo. Por favor, Deus, não. Não permita que seja o que estou pensando.
– Major – falei, quase com medo de perguntar.
Será que eu queria saber a resposta? Poderia viver com isso?
– O que foi?
– Que mensagem? – perguntei, antes que pudesse me conter.
– A que eu mandei sobre Cord querer pegar a calcinha dela embaixo da sua cama e perguntando se você ainda estava trepando com ela.
Não... não... não...
– Major, eu nunca recebi essa mensagem. Quando você mandou isso?
– Eu já disse...
– Não. Preciso saber a data e a hora que você me mandou essa maldita mensagem! – gritei.
Os cavalos relincharam, mas minha cabeça latejava e um peso ia tomando conta dos meus pulmões.
– Que merda, cara. Vou ver. Calma – resmungou ele, pegando o celular e verificando as mensagens.
– Ah... 29 de junho, nove da manhã. Liguei duas vezes também. Sem resposta nem retorno.
Larguei os suprimentos que tinha na mão e saí pela porta. Continuei caminhando. E caminhei mais. Caminhei até estar o mais longe possível de Major, até minha casa sumir de vista.
Então inclinei a cabeça para trás e pus tudo para fora num rugido furioso.
Reese tinha visto a mensagem. Foi isso que a colocara naquele canto, olhando para mim como se estivesse destroçada. Uma maldita mensagem a havia tirado de mim.
Reese
Maryann Colt havia falado durante todo o caminho desde o aeroporto. Ela dormira o voo inteiro. Eu não conseguira fazer nada além de olhar pela janela. Meus pensamentos estavam em Mase e no menino que ela havia descrito. Ele parecia exatamente o homem por quem eu tinha me apaixonado. Uma mensagem de celular me fez duvidar de tudo. Tudo o que ele tinha feito para me mostrar quanto me amava, e eu nem sequer o deixara explicar.
Eu não havia sido um projeto de caridade. Ele não estava tentando me recuperar. Ele estava lutando por mim porque me amava.
Ele nem sequer sabia da mensagem. Eu a apagara antes de pôr seu celular no lugar. Ele não fazia ideia do que havia mudado naquela manhã. E agora eu ia aparecer na casa dele sem aviso. Eu sabia que eu teria que lutar por ele não só porque sua mãe disse que ele me queria.
Ele podia ter dado prosseguimento à sua vida por outros caminhos. Cordelia talvez o estivesse mantendo aquecido à noite. Eu não queria pensar nessa hipótese.
Em vez disso, fiquei escutando Maryann. Tinha que me concentrar em suas palavras, não no que eu poderia enfrentar em seguida. Mas, independentemente do que fosse, eu lutaria. Ele havia lutado por mim uma vez. Eu lutaria por ele agora.
– A casa dele fica um pouco mais à frente nesta estrada. Talvez ele esteja na cama agora. É tarde e ele tem ido dormir logo depois do jantar. Mas bata na janela à esquerda, caso ele não abra a porta. Vou deixar você ir andando daqui em diante. Não quero que ele veja minha caminhonete. Agora é com você. Vá lá e mostre ao meu menino que vale a pena lutar por ele.
Abri a porta da caminhonete e saltei.
Maryann apontou a estrada de terra, iluminada pelo luar, logo atrás da casa dela.
– Siga aquela trilha. Levará até a porta dele.
Comecei a caminhar naquela direção, então parei, e olhei de volta para ela. E a flagrei secando os olhos.
– Obrigada – falei. – Sei que fez isso por ele. Mas você me salvou também.
Não esperei pela resposta dela. Segui colina acima em direção ao telhado que eu mal enxergava a distância. O telhado metálico capturava os raios de luar e eu os segui. Meu coração estava acelerado pela primeira vez em meses. Eu ia vê-lo. Ia ver Mase.
Se Cordelia estivesse lá, eu teria que manter a calma e não arrancar os olhos dela. Mas, quanto mais perto eu chegava de sua casa, mais eu percebia que não podia atacá-la se ela o estivesse tocando. Se ele a tivesse tocado.
Eu ia acabar ficando enjoada. Não podia pensar naquilo.
Havia uma caminhonete preta, semelhante à prateada que sua mãe dirigia, estacionada diante da casa. Era o único veículo ali, e quase suspirei de alívio. Poderia travar a batalha contra Cordelia mais tarde. Agora eu ia me concentrar em fazê-lo me perdoar.
Subi até a varanda na frente da casa e parei. Agora que estava ali, sem Maryann me guiando, fiquei paralisada de medo. Mas chegara até aqui. Tinha voado pela primeira vez na vida e deixado o único lugar seguro que já conhecera para vir até aqui. Para encarar um homem que eu expulsara de minha vida.
Da última vez que ouvi sua voz, ele estava gritando que me amava atrás da minha porta.
Será que ele ainda sentia a mesma coisa? Será que eu havia esperado demais?
A porta se abriu antes mesmo que eu chegasse perto o suficiente para bater, revelando um Mase sem camisa. As sombras cobriam seu rosto, mas eu conhecia aquele peito. Também conhecia aquela cueca boxer. Precisava dizer alguma coisa. Meu corpo inteiro parecia congelado.
– Vim lutar por você – falei abruptamente, e então comecei a chorar.
Mase
Reese estava aqui. Na minha casa. Na minha varanda. E estava chorando.
Saí na escuridão, ainda me perguntando se aquilo era um sonho e se eu finalmente tinha conseguido dormir um pouco naquela noite.
– Reese? – perguntei, temendo acordar, se a tocasse.
– Sinto muito. Eu... Vendo você... Eu ia ser forte e dizer que te amo e que estraguei tudo e que te amo e...
Que se dane o sonho. Estendi os braços e a puxei para mim.
Ela estava aqui. Ela estava aqui. Ela estava aqui.
Seus braços me enlaçaram e me apertaram. Exatamente como eu lembrava. O cheiro doce de canela alcançou o meu nariz, e eu sabia que minha imaginação não era assim tão boa. Tinha tentado evocar o cheiro dela mais de uma vez e não conseguira. Essa era a minha Reese.
– Eu te amo. Não vou mais embora. Estou aqui para fazer você me receber de volta. Minha vida é vazia sem você.
Ela soluçava nos meus braços.
Por acaso ela estava tentando me convencer a deixá-la ficar comigo? Será que ela realmente pensava que tinha que implorar para que eu ficasse com ela?
– Reese, eu...
Ela se afastou e me encarou com os olhos arregalados, em pânico.
– Não, não diga nada. Apenas me escute. Eu estava errada. Você é alguém por quem vale a pena lutar. Eu estava... Eu sou uma complicação. Tenho muito a superar, mas vou fazer valer a pena. Vou amar você mais do que ela jamais conseguiria. Mais do que qualquer pessoa jamais poderia. Vou passar o resto da vida provando para você que valho essa complicação toda. Não deixarei passar um dia sem mostrar a você quanto eu te amo. Vou me mudar para cá. Vou arranjar um lugar para morar e um emprego. Vou cozinhar para você e vou...
Cobri sua boca com a minha e interrompi seus adoráveis e confusos argumentos. Seu grito surpreso foi seguido de um gemido, e ela me beijou como se precisasse do gosto da minha boca para viver. Sua doçura infiltrou-se em mim enquanto aqueles lábios carnudos tocavam os meus. Tomei o rosto dela entre as mãos e a afastei um pouco para que pudesse fitar seus olhos.
Ainda estavam úmidos do colapso inicial quando tinha me visto. Ainda assim, estavam lindos. Meus lindos olhos azul-bebê. Olhos com os quais eu sonhava, que sempre me deixariam fascinado.
– Vale a pena lutar por mim? – perguntei, querendo ouvi-la dizer aquilo mais uma vez.
Ela tinha parecido muito determinada ao dizer aquelas palavras da primeira vez.
– Sim! – disse ela, a veemência retornando.
– E contra quem você acha que precisa lutar por mim?
Uma dor brilhou em seus olhos. Eu não queria isso. Comecei a assegurá-la de que não havia ninguém, mas ela falou primeiro.
– Qualquer uma... Lutarei contra qualquer uma – disse ela por fim.
Ela estava falando de Cordelia. Aquela maldita mensagem.
– Gata, no momento em que esses seus lábios tocaram os meus, eu fui seu. Não. Apague isso. No momento em que saí do quarto e vi sua bundinha para cima e a ouvi cantando desafinada, eu fui seu. E de mais ninguém. Jamais. Antes de você, sim, houve outras. E houve uma garota com quem eu tive uma “amizade colorida”. Nada mais. Mas, no momento em que você entrou na minha vida, aquilo acabou. Ela não aceitou bem o término e tentou me fazer mudar de ideia. Mas tudo que eu via, tudo que meu coração via, era você. E mais ninguém.
– Cordelia – disse ela baixinho.
– Sim. Mas a mensagem que você viu de Major foi porque um dia, ao chegar em casa vindo do trabalho, eu a encontrei na minha cama. Eu a mandei embora e ameacei chamar minha mãe se ela não saísse. Até lavei meus lençóis para me livrar do cheiro dela. Caramba, até comprei um colchão novo depois daquilo. E lençóis novos. Eu não queria dormir em nada em que tivesse estado outra pessoa que não fosse você. Nunca mais.
– Ela deixou a calcinha nesse dia – concluiu ela baixinho, os olhos brilhando com novas lágrimas. – Era disso que falava a mensagem.
Assenti com a cabeça. Ajeitei um cacho de seu cabelo, prendendo-o atrás da orelha.
– Se eu soubesse que era essa a razão que a fazia me olhar como se eu fosse um monstro, teria ficado e lutado por você. Mas pensei que era o passado, os demônios que a assombram. Pensei que eu tivesse pressionado demais e que você precisasse de espaço.
Parei e respirei fundo.
– Pensei que você fosse ligar. Esperei. Estava esperando. Ia esperar para sempre.
Ela fez biquinho outra vez e comecei a beijar seu rosto. Não queria que ela chorasse. Eu a tinha aqui. Comigo.
– Não vou deixar você voltar. Você vai ficar comigo. Não posso deixar você me abandonar. Vou ficar maluco – confessei, beijando suas bochechas e seu nariz, e então dando um selinho em sua boca.
– Eu não quero ir embora – disse ela.
Deus, como eu a amava.
– Entre – pedi, pegando as mãos dela e guiando-a para dentro de casa. – Venha se deitar comigo. Quero abraçar você.
Reese parou, e eu me virei para olhá-la.
– Não. Esta noite eu quero abraçar você – disse ela, o rosto outra vez determinado.
– Se é isso que você quer – concordei.
Tirei as botas dela e depois o jeans. Ela me deixou despi-la sem questionar. Quando abri seu sutiã, não a toquei ou olhei, apenas peguei a camiseta que eu tinha tirado e a passei por sua cabeça.
Ela enterrou o nariz no tecido e inalou, apertando os braços com força em torno de si mesma. Adorava quando ela se aconchegava com minha roupa como se fosse comigo.
Então ela subiu em minha nova cama king-size, se recostou na cabeceira e estendeu os braços para mim.
Com a emoção lutando com a alegria, consegui conter as lágrimas que queimavam em meus olhos. Deslizei até ela e deitei a cabeça em seu peito, para escutar as batidas de seu coração.
Ela correu os dedos pelo meu cabelo, e ficamos ali deitados. Passei os braços pela cintura dela e me deleitei com seu cheiro. O som de seu coração se acelerava cada vez que eu deslizava minha mão em direção ao seu traseiro e depois voltava.
– Cada passo que dei na vida me levou até você – disse ela, num sussurro. – E porque estou aqui agora não lamento nada. Para cada coisa ruim que aconteceu, fui recompensada com algo ainda mais belo, capaz de compensar todo aquele mal. Você fez tudo valer a pena. Você é meu presente na vida. Passei pelo mal e sobrevivi. Minha recompensa foi Deus me dar você.
Eu já nem me preocupava em reprimir as lágrimas.
Chorei nos braços dela.
Reese
Hoje íamos voltar a Rosemary Beach para pegar as minhas coisas. Mase não queria que eu fosse a lugar nenhum sem ele, assim, por dois dias usei roupas de Harlow, do tempo em que ela ficara em sua casa, uns dois anos atrás. Eram todas muito curtas e apertadas, mas consegui me virar com elas.
No entanto, Mase não me deixava sair de casa vestida com as roupas dela. Estava preocupado com a possibilidade de alguém me ver. Major me vira na primeira manhã com um short e uma camiseta de Harlow e ofereceu a Mase sua “bola esquerda” por mim. Mase lhe deu um soco na cara. Que horror.
Maryann foi até a casa do filho, aborrecida, perguntar a Mase por que ele tinha quebrado o nariz de Major. Ele contou. Maryann começou a rir e voltou para casa.
Acordei em uma cama vazia naquela manhã, o que, considerando que Mase me mantivera num abraço apertado nas duas últimas noites, me surpreendeu. Levantei-me e fui até o banheiro, escutando a ducha aberta e Mase cantando. Ao contrário de mim, ele cantava muito bem. Sua voz tinha um toque áspero, mas fluía de um modo que me deixava arrepiada. Eu nunca tinha escutado Mase cantar. Mas, com um pai como Kiro, fazia todo sentido que ele tivesse uma voz que correspondesse ao seu patrimônio genético.
Não reconheci a letra, mas ela me atraiu. Abri a porta e entrei no vapor. Ele não percebeu a minha chegada, mas sua cabeça estava inclinada para trás, sob a água, e ele continuava cantando.
Aceitarei seus demônios se você me deixar entrar. Não se esconda, gata, porque tudo que eu quero é oferecer mais.
Ele virou a cabeça e parou de cantar assim que seus olhos se fixaram nos meus.
Não era daquelas coisas que eu precisasse pensar a respeito e planejar. Esse homem me amava, e eu sabia que nunca amaria alguém do jeito que o amava. Ele estava disposto a enfrentar qualquer coisa que eu jogasse para ele, desde que no fim pudesse me abraçar.
Agarrando a barra da camiseta, eu a levantei e a tirei, então a joguei no chão. Tirei rapidamente a calcinha e fui abrir a porta do boxe. Mase ficou paralisado enquanto seu olhar descia pelo meu corpo nu.
Entrando no jato de água quente, olhei para suas coxas grossas e musculosas e, subindo o olhar, vi que estava rijo e pronto. Sentindo-me confiante e em segurança, peguei o sabonete e comecei a ensaboar minhas mãos enquanto Mase continuava parado. Ele não se moveu nem recuou. Somente seus olhos acompanhavam cada movimento meu. Cheguei mais perto e deslizei ambas as mãos por seu pau duro e liso.
Um grunhido baixo veio de seu peito, e ergui os olhos para ele, vendo que suas pálpebras tinham baixado, deixando-o com aquela expressão misteriosa que eu amava. Deslizando minhas mãos molhadas e ensaboadas sobre ele, com gestos longos, vi sua mandíbula relaxar e ele recuar e se encostar na parede. Deslizei a mão por baixo para agarrar seu saco e comecei a ensaboá-lo também ali.
– Reese – gemeu ele, fazendo menção de segurar a minha mão.
– Deixa... – pedi, apertando meus seios contra seu peito.
– Ahhh... caralho.
Mantive a pegada firme e lenta, e logo a cabeça de seu pau foi ficando vermelha. Um líquido incolor começou a verter, e fiquei ansiosa para ouvi-lo gozar. Acelerei o ritmo, e sua respiração ficou entrecortada.
– Eu vou... gozar. Caralho, gata, eu vou gozar – falou ele.
Então um grito grave saiu dos lábios dele quando seu gozo jorrou em minha barriga e minhas mãos.
– Não se mexa – pediu, num arquejo, então ergui o olhar, notando seus olhos fixos na minha barriga, coberta com ele. – Ah, por favor... não se mexa. Deixe-me só olhar para você. Assim.
Sentindo-me ousada, corri a ponta dos dedos pelos veios brancos de gozo que haviam caído em mim. Então olhei nos olhos dele. Seus olhos estavam excitados novamente. Um brilho possessivo surgira neles.
– Esfregue – disse ele num sussurro rouco.
Fiz o que ele pediu. Com as duas mãos massageei até o líquido desaparecer em minha pele.
Ele pegou o sabonete e começou a ensaboar as mãos. Afastando-se da parede, ele se aproximou e envolveu meus seios com as mãos. Então ele começou a me lavar. Ou a lavá-los. Completamente. Pegou meus mamilos e apertou com carinho antes de descer para minha barriga. Quando chegou ao ponto onde eu havia esfregado seu gozo em minha pele, ele lavou com um toque reverente que fez o formigamento entre minhas pernas se transformar em um latejamento.
Quando deslizou a mão para o espaço entre minhas pernas, precisei apoiar as duas mãos na parede, uma de cada lado. Minhas pernas começaram a fraquejar, e Mase sussurrou em meu ouvido que eu era linda. Que eu era dele. Que ele amava cada parte de mim. Que ver seu gozo em mim o fez ficar louco de desejo.
Agarrando-me aos ombros dele, senti a tensão crescendo e sabia que estava prestes a ser atingida por um orgasmo que provavelmente me deixaria de joelhos.
Mase passou um braço pela minha cintura e me segurou enquanto pressionava meu clitóris mais uma vez. E continuou me segurando quando o prazer desabou sobre mim, e meus joelhos finalmente cederam e se dobraram.
Eu estava voltando à terra, mas ele já havia me lavado e estava me carregando para o quarto. Ele não me secou até me colocar no pé da cama. Depois que passou a toalha por meu corpo, secou-se rapidamente e então me deitou na cama.
Sua boca cobriu a minha enquanto seu corpo rijo e nu roçava no meu. Arqueei as costas, tentando senti-lo ainda mais, enquanto ele continuava a pairar sobre mim, apoiado nas mãos e nas pernas. Essa seria outra razão para eu me sentir grata por ter pernas longas. Envolvi sua cintura com as pernas e o forcei a descer sobre mim.
– Isso, ah! Assim, isso é muito gostoso – gemi, minha boca de encontro à dele, meus seios finalmente esmagados contra o peito dele e a fenda entre as minhas pernas se esfregando na rigidez de sua ereção.
Ele afastou a boca da minha e a enterrou em meu pescoço. Ele respirava com dificuldade. Percebi que cerrara os punhos ao lado da minha cabeça.
– Mase? – perguntei, correndo os dedos pelas costas dele, desfrutando do prazer de sentir seus músculos se flexionarem sob meu toque.
– Eu quero... Não posso... Por Deus, gata – gemeu ele, e seus punhos se apertaram ainda mais, como se ele lutasse contra algo muito forte.
Senti sua ereção forçando meu corpo, e então entendi. Ele queria me penetrar. Estava tão absorta em senti-lo perto de mim que nem uma única vez tivera medo.
A dor do meu passado. A dor que antes acompanhava qualquer contato, sexual ou não, não estava mais em minha vida. Esse homem era o meu mundo. Ele me amava. Era gentil e cuidadoso comigo. E eu queria estar o mais perto dele possível. Queria saber como era ser um só corpo com ele. Isso não era sujo nem errado. Era belo e puro.
Erguendo meus quadris, levei minha mão até seu pau e o guiei até que a cabeça estivesse posicionada bem na minha entrada. Com um movimento, estaríamos ligados. Era esse o objetivo do sexo, uma conexão mágica entre duas pessoas que se amavam tanto que formavam um só corpo, ainda que apenas por um momento. Assim como os corações que elas já haviam unido.
– Faça amor comigo, Mase. Me mostre como é o amor. Por favor.
Acrescentei as últimas palavras para lembrá-lo de todas as vezes que ele me perguntou se podia me tocar e havia terminado a frase com “por favor”. Eu queria isso tanto quanto ele queria o que me pedira.
– Você é minha vida – murmurou ele em meu ouvido, enquanto mergulhava em mim, me preenchendo toda.
Lágrimas encheram meus olhos, e eu o enlacei, abraçando-o muito apertado. Com uma gentileza que eu só vira nele, Mase começou a entrar e sair de mim enquanto beijava meu rosto e meu pescoço, dizendo que eu era linda. Que éramos lindos juntos.
Nunca imaginei que algo pudesse me fazer sentir tão completa.
Deslizando as pernas para cima e para baixo em suas costas e sua bunda perfeitamente definida, mergulhei na luxúria de ser amada por Mase.
– Eu te amo – arfou ele em meu ouvido.
– Eu também te amo – respondi num gritinho.
– Quero gozar dentro de você. Mas não vou fazer isso antes de você estar pronta – falou, beijando meu pescoço.
Eu o queria dentro de mim. Mas não estava usando nenhum método anticoncepcional. Eu precisava de um. Nunca tinha usado antes.
– Deus, Reese, você é tão apertadinha. Juro, não quero nunca mais sair de você – arfou.
Erguendo minhas pernas para que sua estocada fosse mais fundo, senti que ele massageava algo dentro de mim e instantaneamente tive a explosão mais brilhante que já havia sentido. Seu nome jorrou da minha boca e apertei as pernas em torno dele, mantendo-me assim para não descolar dele.
Seu corpo tremeu enquanto ele gritava meu nome. Quando seu corpo começou a ter espasmos em cima de mim, abri os olhos e vi os dele bem fechados e sua cabeça jogada para trás. O suor descia de sua testa e uma gotinha rolou pelo seu rosto e caiu em mim.
Quando finalmente abriu os olhos, ele me fitou.
– Não posso me desculpar por essa, porque, meu Deus, Reese, juro que os anjos acabaram de cantar e essa casa tremeu nas bases.
Sorrindo, corri as mãos pelo cabelo úmido de Mase e puxei sua boca para a minha.
– Pelo que você se desculparia? – perguntei junto aos lábios dele.
– Por gozar dentro de você – disse ele num sussurro.
Ele ainda estava dentro de mim. Eu ficara tão perdida nos jardins do paraíso que nem tinha me dado conta.
– Ah. – Foi tudo que eu disse.
– Quando você fechou as pernas, tentei segurar até você terminar, mas você é tão apertada. E você é tão linda quando goza. E você me agarrou como uma luva, gata. Quando percebi, já estava gozando.
Eu não ia arruinar esse momento porque tínhamos nos esquecido de tudo.
– Mase, isso foi... isso foi mais... mais do que eu podia imaginar.
Ele se virou de costas, ainda enterrado em mim. Gostei de ver que ele não tinha pressa de sair. Queria ele o mais perto possível. Agora eu estava por cima dele.
– Eu amo você. Você é o meu mundo. Mas tem duas coisas que vêm logo atrás, muito perto – disse ele num tom sério. – Essas suas pernas compridas e essa bocetinha apertada vão me ganhar se você não tomar cuidado – acrescentou ele com um sorriso provocador.
Rindo, eu o beijei. Porque ele era meu.
Mase
Escrevi meu endereço em cada uma das caixas, empilhadas junto à porta da frente do apartamento de Reese. Ela estava ocupada limpando o refrigerador agora vazio. Jimmy havia acabado de sair, depois de se despedir dela com um abraço choroso.
Ele fizera tudo tal como eu pedira. Tinha ficado ao lado dela. Ele a mantivera em segurança. Eu devia muito a ele. Não sabia como pagaria, mas eu pagaria. De algum jeito.
Reese se curvou, me distraindo quando seu short subiu um pouco, revelando minha pinta favorita.
– A pinta, gata. Se você quiser terminar isso sem minha boca na sua bunda, então não se curve assim – adverti, fechando a porta e espreitando por trás das caixas na direção dela.
Reese se levantou e se virou para mim, rindo.
– Foi mal. Tive que limpar o fundo da geladeira.
– Não se desculpe. Decidi que quero beijar essa bunda. Curve-se de novo – pedi, com um sorriso travesso.
Reese recuou, colocando as mãos à frente do corpo, para me deter.
– Não. Nunca sairemos daqui se você não parar com isso. Já fizemos sexo no sofá, na cama, em cima do bar e da cômoda. E faz apenas um dia e meio que chegamos aqui. Assim, não vamos terminar nunca.
Agarrei suas mãos e a puxei para mim, com cuidado para não machucá-la.
– Gata, de quem é essa bocetinha? – perguntei, deslizando minha mão pela frente de seu short.
– Sua – falou com um suspiro.
Meu monstro possessivo rugiu, despertando.
– Isso mesmo. E eu quero brincar com a minha bocetinha. E escutar minha garota gritar o meu nome.
Os olhos de Reese ficaram vidrados e sua respiração, entrecortada. Eu sabia que agora ela estava vencida. Era fácil convencê-la. Nas primeiras vezes, eu fora cuidadoso e não apressara nada. Eu me certificava de que ela estivesse comigo o tempo todo e que soubesse que eu a adorava e jamais a machucaria.
Mas não precisava mais disso. Tudo o que eu tinha que fazer era falar sacanagem e ela se derretia, pronta para eu fazer o que quisesse. Essa mulher fazia com que eu me sentisse o rei do mundo.
Uma batida na porta me impediu de tirar a blusa dela e chupar seus seios. Lutei para não soltar um palavrão, porque provavelmente era outra pessoa vindo se despedir dela. Reese precisava saber que sentiriam falta dela. Que mais pessoas aqui se importavam com ela, não só Jimmy. E só por essa razão eu me contive e não reclamei.
– Eu atendo. A Srta. Popular está recebendo muitas visitas hoje, hein – provoquei.
Sua risada musical me acompanhou.
Abri a porta de supetão, esperando ver alguém conhecido, mas, em vez disso, me vi diante de um homem alto, de aparência distinta, vestido em um terno Armani. Eu tinha um para eventos especiais, então sabia. Seu cabelo negro e sua pele morena me fizeram pensar que fosse italiano. Havia algo no formato de seus olhos. Eram castanhos, mas familiares.
– Reese Ellis mora aqui? – perguntou ele, o sotaque mais leve do que eu esperava.
Ele me lembrava uma versão cinematográfica de um chefe da Máfia.
– Ela morou – respondi, não gostando nada do fato de o homem saber o nome dela e a estar procurando.
– Eu sou Reese Ellis – disse ela, surgindo atrás de mim.
Merda. Não queria que ela viesse até a porta. Algo nesse homem me preocupava.
– Posso ajudá-lo? – perguntou ela, estudando o homem com muita curiosidade.
– Gata, pode deixar que cuido disso – murmurei, colocando-a atrás de mim com um braço e cuidando para que meu corpo a cobrisse.
O canto da boca do homem formou um sorriso, como se ele estivesse se divertindo.
– Fico feliz de saber que Reese tem alguém para protegê-la. No entanto, esperei 23 anos para conhecê-la. – Ele estendeu a mão para mim. – Sou Benedetto DeCarlo, pai de Reese.
Adoraria se ele voltasse para aquela cama e ficasse ali comigo. Fazendo o que eu estava pensando. Mas eu não queria ter que pedir. Não sabia como faria isso. Eu sabia por que ele queria que fosse eu a pedir, mas, ainda assim... a ideia era embaraçosa demais.
Como pedir a um homem que toque sua vagina?
Agarrando-me àquele pensamento, eu me levantei e abri um sorriso para ele.
– Vou fazer waffles para você. Vista a calça para eu não me distrair.
Mase riu enquanto eu corria para o banheiro e escovava os dentes e penteava o cabelo.
Então fui preparar o café da manhã do meu gato enquanto ele ficava do outro lado do balcão, me observando.
Mase
Se ela se abaixasse mais uma vez e me mostrasse aquela pinta, eu ia perder a cabeça. Eu já tinha comido os waffles e resistido enquanto ela batia a massa sem sutiã sob a camiseta. Aquela já fora uma visão extasiante. Mas agora ela estava limpando a cozinha e ficava se abaixando a todo momento.
Eu havia me oferecido para limpar, mas Reese me empurrara daquele cantinho e disse que seria mais rápida, pois sabia onde tudo ficava. Então agora eu estava sendo premiado com uma vista de sua bunda e daquela pinta. A minha pinta.
Eu adorava aquela manchinha.
Merda, eu estava com tesão. Eu estava me esforçando tanto para ser bonzinho, mas ela me deixava louco. Eu conhecia a sensação de ter aquela bunda nas mãos e aqueles mamilos doces se retesando em minha língua.
Gemendo, dei as costas à visão mais bela que eu já tivera na vida e fui me sentar no sofá.
Afundei ali e tive que ajeitar meu maldito pau. De repente o jeans estava apertado demais e o zíper ia deixar uma marca nele se eu não me controlasse. Precisava pensar em algo que não fosse o corpo de Reese.
Primeiro exterminador de tesão que eu pude imaginar: minha mãe. Ela ia querer saber aonde eu tinha ido. Precisava ligar para ela e explicar. Eu só havia avisado ao meu padrasto. Não tinha me explicado para ela. O que significava que ela ia me fazer um monte de perguntas. Estava pronto para contar a ela sobre Reese. Queria falar sobre ela. Minha mãe provavelmente era a pessoa que gostaria de me ouvir falar dela.
– Você está bem?
A voz de Reese interrompeu meus pensamentos e me virei para vê-la vindo em minha direção. Aquelas pernas longas e... cacete, aqueles peitos estavam balançando. Ela precisava de um sutiã. Eu precisava que ela vestisse um sutiã. A ereção que eu conseguira inibir estava de volta... e com toda força. Caralho.
– Estou bem – afirmei, e ela veio e se sentou ao meu lado, recolhendo as pernas e enroscando-se em mim.
A carne macia pressionou meu corpo e eu comecei a latejar. O cheiro doce de canela chegou ao meu nariz e eu estiquei as pernas na esperança de me dar um pouco mais de espaço naquele jeans.
– Você não parece bem. Você está fazendo caretas – disse ela, esticando a mão e segurando meu rosto. Tão doce.
– Estou tentando ser um bom rapaz, gata. Mas olhando para você fica difícil – admiti.
– Ah – disse ela baixinho, quase num sussurro.
Então seus olhos pousaram no meu colo e ela arquejou. Não havia como esconder o fato de que eu estava duro feito uma pedra. Não lidava com uma situação dessas desde a adolescência. Não tinha ereções assim exceto quando estava na hora certa. No entanto, um olhar para Reese e meu pau ficava em posição de sentido.
– Parece que está apertado aí dentro – disse ela, sussurrando, como se outra pessoa, além de mim, pudesse escutá-la.
– Está mesmo.
Ela arfou novamente e então tocou minha perna. Eu estava quase implorando para que ela me tocasse. Todo o sangue do meu cérebro estava fluindo para baixo.
– Você pode tirá-lo e me deixar... quer dizer, posso tocar nele?
Claro que sim!
Minhas mãos voaram para o zíper e o abriram em tempo recorde, então baixei o jeans o suficiente para que meu pau pudesse saltar, livre. Ela me observava com tanta intensidade que, juro, estava prestes a explodir só com o olhar dela.
As pontas dos dedos dela traçaram o volume rígido sob a cueca, que eu não baixara. Não tinha certeza se ela estava pronta para vê-lo ao vivo.
– Você pode tirá-lo? – perguntou ela, erguendo os olhos para mim e depois voltando-os novamente para o meu colo.
Essa garota estava me perguntando como se eu pudesse dizer não para ela. Meu pau já tinha decidido mais de um mês atrás que só queria se excitar com ela. Ela era dona dele tanto quanto era dona de mim.
Parei e observei o rosto dela para ter certeza de que ela estava pronta para isso antes de tirar a cueca e deixá-la ver o que estava pedindo. Não queria de jeito nenhum vê-la levantando num pulo e ir correndo jogar água no rosto por ter visto meu pau. A ideia de assustá-la assim acabaria comigo.
A mão dela se moveu quase em câmera lenta até que uma ponta de dedo desceu pela cabeça dura e inchada, seguindo pelas veias ao longo do corpo. Eu não estava conseguindo respirar. O oxigênio se recusava a entrar nos meus pulmões.
– Me diga como tocá-lo – pediu ela, correndo um dedo para cima, em direção à cabeça.
Ela queria que eu falasse... agora?
– Feche... – disse, e arquejei em busca de um pouco de ar. – Feche a mão em torno dele, depois deslize para cima e para baixo.
Ela fez exatamente o que eu disse, e estrelas tomaram toda a minha visão. Precisei piscar várias vezes para enxergar alguma coisa. Olhei para sua mãozinha em torno do meu pau, e vi que ele estava vertendo um pouco de fluido. Ela fez uma pausa. Seus olhos se ergueram para mim.
– Você gosta assim? – perguntou, a respiração pesada.
Isso a estava deixando excitada. Cacete, os mamilos dela estavam duros e se projetando sob a camiseta fininha.
– Você nem imagina – respondi, tenso.
Ela apertou a mão ao subir e seus olhos se arregalaram quando o líquido incolor surgiu na ponta.
– Caraaaalho – gemi, e deitei a cabeça para trás no sofá.
Eu estava em alguma forma de nirvana e não queria sair de lá.
– Apertei demais? – perguntou, inocentemente.
– Ahh, gata, não. Está muito bom – garanti, ofegante.
Sua mão manteve a pressão, e ela começou a deslizar para cima e para baixo com mais vigor. Minha boca se abriu e agarrei o braço do sofá.
– Isso foi um gozo ou você vai... gozar mais? – perguntou ela, enquanto o líquido cristalino cobria meu pau sob sua mão.
Ela não se intimidou; em vez disso, passou a usá-lo como lubrificante.
– Se continuar assim, eu vou... explodir.
A safadinha sorriu. Ela estava se divertindo. Caralho, eu não estava aguentando. Eu queria me segurar para aproveitar mais. Não ia assustá-la e gozar na sua mão. Mas fazê-la soltar para que eu terminasse o serviço não era nada convidativo.
Virei a cabeça para olhá-la, e esse foi o erro. Ela mordia o lábio inferior, e, a cada movimento de sua mão, seus peitos balançavam. Pronto.
– Vou gozar – avisei, tirando a mão dela.
– Espere, não – disse ela, me pegando outra vez.
– Gata, eu vou...
A puxada para cima e o cheiro dela me pegaram de uma vez só. Gritei o nome dela quando aconteceu exatamente o que eu tinha avisado. Ela continuou movendo a mão no meu pau e eu continuei gozando feito louco. Desabando de volta no sofá, achei que talvez até tivesse gemido. Não tinha mais certeza. Meu cérebro estava nebuloso e meu corpo zumbia com um prazer tão intenso que eu não sabia se conseguiria caminhar outra vez.
Então a mão dela parou de se mexer, e eu respirei fundo.
– Puta merda, isso foi... incrível – falei, fitando sua mãozinha coberta com meu gozo.
Só de ver isso, meu pau acordou novamente. Caramba, ela estava me transformando num animal. Eu tinha acabado de ter o melhor orgasmo da minha vida na mão dela.
– Deixe-me limpar você – falei, puxando minha cueca e me levantando para tornar a vestir o jeans. – Vou pegar uma toalha.
Mas ela se levantou, sorrindo.
– Vou lavar as mãos – afirmou. E então me fez sentar de novo. – Parece que você está precisando respirar.
Minha garota era uma gaiata. Eu ri, e ela olhou para trás e piscou para mim. Puta que pariu, ela piscou para mim.
Reese
Lavei as mãos na água morna e olhei pelo espelho o sorriso bobo em meu rosto. Eu tinha conseguido. Fizera Mase gemer e gritar e inclusive se agarrar no sofá – como se sua vida dependesse disso – até gozar. Eu. Eu fiz isso. E sem ir nenhuma vez àquele lugar sombrio da minha mente. Eu ficara completamente absorta observando Mase, sabendo que era eu quem estava dando prazer a ele. Entrei num transe maluco com aquilo.
E teve a maneira como ele olhava para mim, em êxtase, como se eu fosse algum presente divino. Ele sempre fazia com que me sentisse especial, mas naquele momento me senti como uma deusa. A deusa dele.
– Você está se sentindo totalmente realizada – disse a voz grave dele, e eu o vi pelo espelho se aproximar de mim por trás.
Ele tinha um sorriso preguiçoso e satisfeito, e fora eu quem colocara aquele sorriso ali. Eu estava satisfeita comigo mesma.
– Estou – admiti.
Ele afastou meu cabelo e deu um beijo em meu pescoço.
– Hummm, isso é fofo e sexy – disse ele num sussurro. – Mas também me dá muito tesão.
Senti minha pele se arrepiar quando ele lambeu meu pescoço.
– Só tenho um probleminha com isso – falou, mordiscando minha orelha.
– É?
A mão dele fez pressão em minha barriga, puxando-me ao encontro do seu corpo.
– É. Tenho. Você me viu gozar na sua mão. Agora eu quero ver você gozar na minha – disse ele, enquanto seus dedos brincavam na cintura do meu short.
Já tínhamos tentado isso antes. E eu entrara em pânico. Não queria estragar a manhã.
– E se eu não estiver pronta? – perguntei, incapaz de negar que o modo como os dedos dele deslizavam para dentro do short me fazia tremer de excitação.
Ele parou para pensar só por um momento e então sua boca começou a deixar um rastro de beijos pelo meu corpo, descendo por meu pescoço e percorrendo o ombro.
– Pensei nisso. Tenho pensado nisso. Preciso manter você comigo enquanto a toco. Quero tentar outra vez, mas não vou parar de falar com você. Vou assegurá-la o tempo todo de que sou eu quem está aqui com você. Podemos tentar?
Meus seios estavam doendo, mas a área entre as minhas pernas estava pegando fogo. Eu queria. Meu corpo queria. E eu amava Mase. E era o que ele queria.
– Está bem – respondi.
– Obrigado – gemeu ele.
Então me pegou no colo e me levou para a cama, deitando-se ao meu lado.
– Seu cheiro é tão bom. Quando estou em casa, me deito à noite na cama e posso sentir vestígios do seu cheiro. Fico excitado. Quero você lá. Comigo – disse ele no meu ouvido, começando a deslizar a mão lentamente para dentro do meu short.
Eu não tinha vestido calcinha, e em breve ele ia descobrir isso.
Quando ele avançou a mão o suficiente para se dar conta, parou.
– Gata, você está sem calcinha – disse numa voz grave.
Virei a cabeça para vê-lo.
Seus olhos tinham a mesma expressão de quando eu o estava acariciando. De tanto que isso o excitava. A umidade entre as minhas pernas aumentou, e fiquei constrangida porque ele descobriria como eu estava excitada.
– Abra as pernas. Por favor, para mim. Deixe-me tocar você. Quero ver você gozar para mim. E sentir sua umidade na minha mão. Pode me dar isso, Reese? Eu quero tanto, tanto.
Engoli em seco, nervosa.
– Já estou molhada – confessei, me sentindo mortificada só de dizer aquilo.
Os olhos dele brilharam com tanta intensidade que meu coração quase parou. Seus dedos deslizaram pelo meu monte de vênus e então penetraram nas dobras abaixo. A sensação que eu experimentara ali por toda a manhã agora latejava e eu precisei me agarrar no braço dele para não cair da cama.
– Ah, meu Deus – gemeu ele, enterrando a cabeça no meu pescoço. – A bocetinha mais doce do mundo está encharcada por mim.
Ele estava feliz com isso. Eu teria soltado um suspiro de alívio, mas seus dedos começaram a se mover e eu só consegui emitir uns ruídos e agarrar o braço dele e os lençóis.
– Sou eu aqui. Minha mão no meio das suas pernas. Meus dedos tocando sua bocetinha. Eu, gata. Eu. Tudo isso é meu. Eu sempre vou cuidar de você. Nada nem ninguém vai machucá-la. – Sua voz era baixa e ele falava no meu ouvido.
Eu estava tremendo e me agarrava nele.
Ele queria me manter ali, junto dele, naquele momento, e estava fazendo um trabalho maravilhoso. Dificilmente minha cabeça conseguiria estar em algum outro lugar.
– Quando você estiver pronta, vou pôr minha boca bem aqui – disse ele, correndo o dedo sobre meu ponto mais sensível. – Vou lamber esse botão até você gritar e cravar as unhas nas minhas costas enquanto goza na minha cara. Você vai adorar. Juro que vai. Você vai segurar minha cabeça ali e implorar para que eu não pare. Porque serei eu.
A sensação crescente dentro de mim estava acelerando, e eu sabia o que era. Eu havia me masturbado antes de acontecerem... aquelas coisas. Em minha cabeça eu criava fantasias com os garotos da escola quando estava na cama, à noite. Mas isso agora era algo mais forte. Parecido, porém maior. E eu queria que acontecesse. Com Mase, eu queria.
– Isso, gata. Me deixe dar prazer a você. Faça isso por mim. Quero ver você gozar para mim. Quero ver minha garota extasiada nos meus braços. Você é tão linda...
Com aquelas palavras, eu me entreguei, gritando o nome dele enquanto meu corpo estremecia e ele me apertava em seus braços. Sua mão permaneceu em mim, me cobrindo e navegando as ondas do êxtase comigo. Eu entoava o nome dele. E o ouvia a distância.
Ele me chamava de gata e dizia que eu era incrível.
Eu não queria voltar. Poderia viver essa viagem para sempre.
Mas por fim ela se dissipou e lentamente eu desci de volta à terra. Os braços de Mase ainda estavam à minha volta, me apertando de encontro a ele, e sua mão continuava no ponto em que me dera prazer. Ele respirava pesadamente, e seus olhos estavam escuros e quentes enquanto ele me olhava de cima.
– Meu Deus, você é deslumbrante – sussurrou ele, enquanto eu piscava e finalmente conseguia focar em seu rosto.
Eu não podia falar ainda. Aquilo não fora nada parecido com o que eu tinha experimentado na cama quando era mais jovem. Meus dedos não conseguiam fazer isso comigo mesma. Será que aquilo era saudável? Era tão bom que tinha que ser perigoso. E eu queria repetir. Imediatamente.
– Não quero tirar a mão daqui. Ela está coberta de você, quero que continue assim – disse ele, movendo a cabeça para dar um beijo no meu nariz. – Foi a coisa mais erótica que eu já vi. Juro por Deus, você me deixou tão enfeitiçado que eu nem consigo enxergar direito. Se você me deixasse, ficaria aqui nesta cama e faria você gozar sem parar.
Eu deixaria. Estava gostando da ideia. Muito.
Mase
Eu poderia morrer feliz. Senti pena dos outros homens, porque eles nunca saberiam como era Reese quando gozava. Eu sabia. Ela era minha. A vontade de bater no peito era enorme. Tive que me segurar. Mas, por Deus, era o que eu queria fazer.
Reese saiu do quarto vestindo short jeans e uma blusa amarelo-clara com um nó na cintura. Ela parecia jovem e pura. Queria levá-la de volta para a cama e começar tudo de novo. Vê-la toda sexy, cavalgando minha mão como se sua vida dependesse daquilo.
Mas ela já havia me dado o suficiente por hoje. Não ia forçá-la outra vez. Não quando tínhamos ido tão bem pela manhã. Falar com ela e mantê-la comigo o tempo todo não apenas tinha funcionado, como também a excitara ainda mais. Quanto mais eu falava, com mais tesão ela ficava.
Era o suficiente por enquanto.
– Quando você tem que ir embora? – perguntou ela, interrompendo os meus pensamentos e me lembrando de que eu teria que deixá-la.
– Queria conversar com você sobre isso – falei, imaginando como pedir que ela se mudasse para a minha casa, que ficava em outro estado, tão distante dali.
Pareceria maluquice, mas, sinceramente, eu não ligava. Ela era a mulher da minha vida.
Suas sobrancelhas se ergueram, e ela inclinou a cabeça, como se esperasse por mim.
– Quero que você se mude para o... Texas... comigo... para... a minha casa.
Isso não fora nada sutil.
A maneira como seu queixo caiu e seus olhos se arregalaram provava que eu tinha feito tudo errado. Merda.
– Co... como? – balbuciou.
Passei as mãos no rosto e reprimi um grunhido de frustração. Ela me fazia dizer besteiras. Eu ficava tão atrapalhado perto dela que não conseguia pensar direito. Falava sem pensar. Eu nunca quis tanto uma coisa quanto que essa mulher estivesse na minha cama, todas as noites, pelo resto da minha vida.
– Você não tem emprego, exceto pelo arranjo com Harlow, e não tem família aqui. Não há razão para ficar. Posso conseguir outro professor para você em Fort Worth. Essa é a única coisa que prende você aqui. Quero você comigo, Reese. Detesto não ter você perto de mim.
Aqueles olhos expressivos a entregaram. Ela gostou da ideia, mas também se assustou. Estávamos juntos havia pouco tempo. Nossa amizade tinha quase dois meses, mas nosso relacionamento era muito recente.
– Você me quer lá... com você – falou, como se estivesse perdida numa confusão.
– Sim – respondi com firmeza.
Ela agarrou uma mecha de cabelos e olhou em torno da sala, cheia de nervosismo. Então começou a andar de um lado para outro.
Esperei. Ela estava pensando, e eu queria que ela pensasse seriamente naquilo. Então queria que ela dissesse sim e fizesse as malas.
– Você não... Há tanta coisa. Preciso de tempo. Nós precisamos de tempo. Estou bem instalada aqui e tenho amigos. Tenho Jimmy. Tenho um lugar meu. Você não... Não podemos simplesmente ir morar juntos assim. Também detesto quando você vai embora, mas... Mase...
Ela parou de andar e pôs as mãos na cintura, como se estivesse carregando o mundo nos ombros.
– Tem tanta coisa que você não sabe. E não estou pronta para contar. Tanta coisa dentro de mim. É tenebroso e... não é um lugar para onde eu queira levar você. Mas preciso de tempo. Nós precisamos de tempo. Assim. Quando você vier aqui, podemos ficar juntos. E temos nossas conversas noturnas e minhas leituras para você. E eu gosto do Dr. Munroe. Ele está me ajudando e me sinto bem com ele. Não posso simplesmente ir porque quero estar perto de você.
Argumentar com ela era minha reação automática. Eu era bom em convencer as pessoas. Poderia apresentar uma razão que lhe mostrasse que tudo aquilo não importava.
O que me deteve foi seu olhar suplicante. Ela não queria que eu argumentasse. Ela queria que eu deixasse o assunto de lado.
Eu deixaria. Por ela. Por enquanto.
– Está bem. Mas saiba que, quando você estiver pronta, eu também estarei – garanti, por fim.
Ela soltou um suspiro profundo, então sorriu debilmente para mim.
– Obrigada por me querer.
Palavras que eu levaria comigo para o Texas, que eu guardaria no peito e me machucariam toda vez que eu as tocasse.
Minha garota não deveria jamais ter que agradecer alguém por desejá-la. Em algum lugar de sua mente, ela acreditava que não era digna. Isso era o que mais me doía.
Parado na porta do apartamento, depois de levá-la para almoçar e beijá-la por mais de uma hora, eu sabia que tinha que deixá-la. Outra vez. Meu mundo lá no Texas estava chamando. Eu tinha que ir cuidar do rancho e da vida que eu construíra para mim.
Abracei-a apertado mais uma vez e sussurrei em seu ouvido:
– Cuide-se bem. E sinta saudades enquanto eu estiver longe.
Reese
Peguei a colher que Jimmy me estendeu e mergulhei fundo no sorvete de caramelo. Precisava de comida antidepressiva. Estava arrasada desde que Mase fora embora naquela manhã. Eu poderia ter ido com ele. Ele me convidara.
Se tivesse dito sim, eu o perderia muito mais cedo. Ele não estava comigo tempo suficiente para me conhecer de verdade. Ele só tivera pequenas doses de mim. Como seria quando as lembranças vazassem e eu me enfiasse embaixo da ducha quente gritando e me esfregando? Ele não tinha visto isso. Pensaria que eu era louca. Porque eu tinha certeza de que era.
De vez em quando, o passado irrompia e, quando acontecia, eu ficava meio maluca.
Não contei nada disso para ele. Ele conhecia o que estava na superfície, e mesmo assim nem tudo. Sabia apenas o suficiente. Meu passado me marcara.
Esse passado havia destruído a minha habilidade de ter intimidade com qualquer pessoa.
Exceto com Mase. Eu o estava deixando entrar. O dia de hoje era a prova disso.
– Quer falar sobre esse assunto? Ou só comer? – perguntou Jimmy, com um olhar preocupado.
– Não quero falar nada agora, só comer essa delícia – respondi, e enchi a boca de sorvete.
– O homem veio do Texas numa noite de terça-feira para pegar seu dinheiro de volta com a bruxa malvada, devolvê-lo e ter certeza de que você estava bem antes de voltar para o trabalho no dia seguinte. Eu acho que você deveria ser só sorrisos. E não estar aí pê da vida e decidida a comer meio quilo de sorvete.
Eu não ia contar para Jimmy. Se contasse, teria que revelar mais, e eu não ia deixar meu passado entrar. Não nesta noite.
– É que detesto quando ele vai embora. Só isso. – Foi o que eu disse.
– Aham, garota, você e o resto do mundo. Ele é um colírio para os olhos – concordou Jimmy.
Aquilo arrancou de mim uma risada que morreu quase instantaneamente. As garotas em Fort Worth não tinham que vê-lo partir. Ele estava lá. Com elas. Elas podiam vê-lo e falar com ele. Ele não precisava atravessar fronteiras estaduais de avião para resolver os problemas delas.
– Para onde quer que sua cabeça tenha voado, traga-a de volta, por favor – disse Jimmy, apontando sua colher para mim. – O homem veio do Texas até aqui por sua causa ontem à noite. Ele não está fazendo mais nada com ninguém. Caramba, duvido que ele sequer sorria no Texas. Ele está sorrindo demais para você. Ele precisa descansar aquela boca sexy um pouco.
Dei uma risada. Alta.
Jimmy se recostou e deu um sorrisinho maroto. Estava satisfeito consigo mesmo.
O som do meu telefone tocando o fez se levantar e se despedir.
– Olha aí seu gato texano ligando. Falo com você amanhã.
Olhei para o telefone, esperando ver as botas de caubói, mas era um número desconhecido. Não contei para Jimmy.
– Tchau, Jimmy. E obrigada – gritei.
Ele me mandou um beijo e fechou a porta ao sair.
Esperei um momento até ele estar mais longe da porta antes de atender.
– Alô?
– Você acha que ele é seu, mas não é. Ele estava transando comigo antes de você e vai voltar a transar depois de você.
Fiquei segurando o telefone por muito tempo depois de a mulher ter desligado.
Uma hora depois, Mase ligou para me dizer que tinha chegado bem, mas que estava exausto. Ele me telefonaria amanhã.
Na manhã seguinte, me recusei a pensar naquela estranha ligação. Poderia ter sido um engano. Ela não mencionou o nome de Mase. Tirei aquilo da cabeça e finalmente liguei para Blaire Finlay para marcar um encontro com ela na semana seguinte e combinar a faxina. Então fui ao mercado e paguei minhas contas daquela semana.
Voltei para o apartamento e o limpei de cima a baixo. Na hora da consulta com o Dr. Munroe, já estava melhor. Tinha conseguido me controlar e sabia que, quando ligasse para Mase naquela noite, tudo estaria certo.
Eu só estava com saudades dele.
Isso era tudo.
Mase
Tirei a roupa e fiquei deitado na cama escutando Reese ler para mim seu novo livro. Ela parecia desligada naquela noite, ou nervosa. Eu não sabia exatamente o que era. Tive que ajudá-la algumas vezes. Assim que ela chegasse ao fim do capítulo dois, eu ia deixá-la parar. O livro era mais difícil, e ela parecia cansada.
– Quer que eu continue? – perguntou ela.
– Está bem assim. Você está se saindo muito melhor, gata. Estou orgulhoso.
E estava. Seu nível de leitura já era o do quarto ano. O Dr. Munroe atribuía o fato ao grande esforço dela para aprender na escola – tanto é que havia aprendido. Ela só não foi treinada para lidar com sua dificuldade. Agora que estava trabalhando isso, recuperava terreno rapidamente e utilizava o aprendizado do passado.
– Minha redação ainda não é boa, mas escrevi uma carta hoje. Não era uma carta de verdade. Como exercício, eu deveria escrever uma carta para alguém, agradecendo um presente. Só errei duas palavras. O Dr. Munroe ficou satisfeito.
O orgulho em sua voz fez meu peito se inflar. Adorava saber que ela sentia orgulho de suas realizações. Tinha que sentir mesmo.
– Estou esperando você me escrever uma carta – disse a ela.
Poderia guardá-la no bolso durante o dia e tirar quando precisasse de um pouco de Reese no meu dia.
Ela riu baixinho.
– Não estou pronta ainda. Espere eu melhorar um pouco. Não quero que o Dr. Munroe corrija uma carta que eu tenha escrito para você. Então ela terá que seguir para você sem revisão.
Nada que ela me desse seria menos que perfeito. Porque seria dela. Escrito por ela. Se misturasse todas as letras e palavras, então era assim que deveria ser. Porque ela teria escrito aquilo para mim.
– Não se preocupe com quantos erros estarão na carta, Reese. Seria uma carta sua. Isso é tudo que importa para mim.
Ela deixou escapar um leve suspiro.
– Você diz as coisas mais doces do mundo.
Eu poderia dizer coisas ainda mais doces se ela me deixasse. Estava tentado a fazer isso. Eu ainda podia sentir seu cheiro em minha mão. Eu havia levado aqueles dedos ao nariz e inalado o dia todo.
– O que você está vestindo, Reese? – perguntei.
– A sua camiseta, exatamente como combinamos.
Pude perceber o tom divertido em sua voz.
– Deite-se na cama para mim.
Eu a estava testando. Pararia se ela hesitasse.
– Está bem – respondeu ela. – Estou na cama.
Porra. Sim. Ela estava entrando na brincadeira.
– Você está deitada de costas?
Eu a queria deitada de costas, com as pernas abertas para mim.
– Sim. – Sua resposta foi rápida e ansiosa. Ela sabia o que eu queria.
– Você vai abrir essas pernas lindas para mim, gata?
Esperei, sem saber se ela iria assim tão longe.
Depois de apenas uns poucos segundos, ela respondeu:
– Sim.
Tirei meu pau, que já começava a ficar duro na cueca, e o envolvi com a mão. A imagem de Reese deitada de costas na cama dela com minha camiseta e as pernas abertas para mim era o bastante para me fazer voltar para aquele maldito avião.
– Você sabe o que eu quero que você faça, não sabe?
– Sei – murmurou ela.
– Você pode fazer isso? Posso ouvir você se dando prazer?
Ela estava respirando pesadamente.
– Você também?
– Eu também o quê, gata?
– Você vai fazer isso também?
Sorrindo, acariciei a extensão do meu pau.
– Já estou fazendo. O fato de você estar na cama, com as pernas abertas e vestindo minha camiseta já me deixou com tanto tesão que chega a doer.
– Ahhh – disse ela, soltando um gemido.
Caralho... ela estava... se masturbando.
– Onde estão seus dedos?
– Na minha... lá embaixo.
Ah. Fechei os olhos e deixei a voz dela e a imagem do que estava fazendo dominar meus pensamentos.
– Está molhadinha por mim?
– Siiiiim – disse ela, com a respiração entrecortada.
– Brinca gostoso com ela para mim. Dê prazer a essa doce bocetinha. Não estou aí para cuidar dela. Preciso que você faça e me deixe ouvir. Quero ouvir aqueles sons que você faz.
– Ahhhhh! – gritou.
Ela estava adorando.
– Esfregue forte esse botão duro e inchado. Quero beijá-lo. Muito... Lamber todos os pontos sensíveis e então sugar esse botão quente até você puxar meu cabelo e gritar meu nome.
– Ahhhh, meu Deus – gemeu.
– Isso. Pense na minha cabeça entre as suas pernas. Bem abertas para mim. Eu posso lamber essa doçura toda. Só eu. Com você. Só nós, gata. Suas mãos agarrando meu cabelo e as minhas... as minhas mãos nas suas coxas macias, mantendo você aberta. Respirando você.
– Mase! Ah... aaaaah!
O gozo dela desencadeou o meu. Fiquei ouvindo enquanto ela gemia em sua viagem e desejei profundamente estar lá para ver aquilo.
Reese
Na semana seguinte, não me limitei a ler para Mase à noite. Terminávamos nossas noites fazendo outras coisas...
Sorrindo ao pensar no meu segredo, passei mais tempo escovando o cabelo. Eu tinha limpado a casa de Harlow duas vezes e encontrado Blaire Finlay. Ela ia precisar de alguém três dias por semana. Eu precisava conversar com Harlow sobre trabalhar na casa dela dois dias e três na de Blaire, para assim atender as necessidades das duas. A faxineira atual de Blaire ainda não tinha se aposentado, então havia tempo para acertar isso. Ela ficaria mais duas semanas.
Jimmy descobrira no início da semana que hoje era meu aniversário. E decidira que ia sair comigo. Eu tinha comemorado essa data sozinha a maior parte da minha vida. Lembrei-me de que, aos sete anos, ganhei um bolo. Minha mãe o fizera e convidara as crianças da vizinhança. Eu havia pensado que ela tinha feito aquilo para mim e, por pouco tempo, me sentira muito especial.
Então, mais tarde naquele dia, eu a encontrara no banheiro de joelhos diante de um pai que levara os filhos à festa. Ele dizia coisas que eu fazia questão de não lembrar enquanto ela se agarrava às coxas dele e chupava seu pau. O homem morava do outro lado da rua com a mulher e dois filhos.
Naquele momento eu percebera não só que havia algo errado no que minha mãe estava fazendo, como também que ela tinha dado a festa apenas para se aproximar daquele homem. Não por minha causa. Aquele foi meu primeiro e último bolo de aniversário.
Hoje eu ia construir novas memórias. Jimmy queria que fôssemos dançar e comer bolo. Então era o que iríamos fazer. Eu celebraria meus 23 anos com alguém que se importava comigo.
Dando um passo para trás e olhando no espelho, achei que estava bonita. O vestido que eu usava era laranja-claro e me lembrava do pôr do sol. Era um tomara que caia marcado na cintura por um cinto marrom trançado que ía até a metade da coxa. Coloquei as botas de caubói que tinha comprado para agradar Mase. Ele não as tinha visto ainda, mas usei um pouco do dinheiro da minha poupança para comprá-las. Estavam em promoção pela metade do preço.
A batida na porta foi seguida de um:
– Abra, aniversariante!
Sorri e fui abrir para Jimmy.
Ele assoviou e girou o dedo no ar para que eu desse uma voltinha para ele ver.
– Vou ter de bancar o hétero para manter os homens longe de você. Caramba, mulher, você está um arraso.
Rindo, peguei uma bolsinha que havia comprado no ano passado numa liquidação, mas ainda não tinha tido a chance de usar. Era dourada, mas simples, com uma alça de mão.
– Vamos dançar – falei quando ele pegou a minha mão e a pôs em seu braço.
– Eu sou bom nisso, garota. Espere só para ver.
Eu não tinha dúvida.
Seguimos para a cidade, a direção oposta da que eu esperava, pois eu sabia que não havia nenhum lugar para dançar em Rosemary Beach. Franzindo a testa, olhei para Jimmy, que cantava “Born in the USA” batucando no volante.
– Onde vamos dançar? – perguntei.
– Ah, num lugar chamado FloraBama – respondeu ele, me dirigindo um sorriso grande demais.
Algo não estava fazendo sentido.
– Mas não estamos saindo da cidade – observei.
Ele confirmou com a cabeça.
– Sim. Antes, preciso entregar um negócio no clube.
Bem, isso fazia sentido. Me recostei e observei a cidadezinha passar por nós até virarmos na entrada dos fundos do clube, onde os empregados estacionavam. Jimmy seguiu até um caminho coberto de conchas que parecia levar ao mar.
Ele ia entregar alguma coisa na praia?
– Aqui estamos – disse ele, sorrindo ao abrir a porta para mim.
Tínhamos ido de carro até onde dava.
– Siga por essa passarela de madeira na direção daquela luz adiante – recomendou Jimmy, apontando o que dali parecia ser o topo de uma pequena tenda, encoberta pelas palmeiras no caminho.
– Você precisa que eu entregue algo lá? – perguntei, tentando entender o que ele queria de mim.
– Isso. Só você pode entregar. Feliz aniversário, Reese. Você está maravilhosa. Agora siga esse caminho – falou ele, com uma piscadela, então subiu de novo no carro e partiu.
Fiquei ali olhando do caminho para o ponto onde Jimmy tinha sumido.
Foi então que a ficha começou a cair. Jimmy havia me entregado ali. A mim. Virei-me e segui o caminho de madeira. Na metade, não aguentei mais e comecei a correr. Já sabia quem estaria no fim. Já sabia para quem ele tinha vindo me entregar. E eu queria chegar lá.
Assim que deixei para trás o caminho das palmeiras, eu o vi.
Estava usando uma camisa branca de botões, com mangas arregaçadas e bermuda cáqui. Estava de pé, dentro de uma tenda branca, iluminada com velas, ao lado de um bolo de aniversário de três andares. Era de um rosa-claro bonito e cintilava sob a luz suave. Balões prateados completavam o ambiente.
– Feliz aniversário, Reese – disse Mase, sorrindo.
Soltei uma risada surpresa e então caí no choro ao correr para ele.
Ele me encontrou na metade do caminho, me pegou nos braços e afundou o rosto no meu pescoço.
– Surpresa.
Inclinei-me para trás e o beijei com força. Não sabia de que outra forma expressar a emoção que se concentrava dentro de mim. Era tão avassaladora que eu tinha a sensação de que poderia me consumir de tanta felicidade. Ele havia feito tudo aquilo para mim. Bolo e balões. E, mais importante, ele.
– Como você sabia que era meu aniversário? – perguntei, embora a resposta fosse óbvia: Jimmy.
Eu havia pensado em comentar, mas tive receio de que Mase pensasse que eu estava pedindo para ele voltar. Não queria isso, então não toquei no assunto.
– Era você quem deveria ter me contado, não Jimmy. Não quero nunca perder o seu aniversário. Jamais.
Enxuguei as lágrimas e sorri para esse homem maravilhoso que, por alguma razão, queria estar comigo.
– Você e as suas palavras – falei, beijando-o outra vez.
Suas mãos grandes e fortes enlaçaram minha cintura e me mantiveram ali, enquanto nos alimentávamos um do outro. Ter ele comigo era o melhor presente de aniversário do mundo. Mesmo sem bolo e balões. Ele era perfeito.
– Venha, você tem que apagar as velinhas, e então vou servir o bolo para você – murmurou ele, entre beijos.
– É um bolo grande demais só para nós dois – disse a ele, nem mesmo tentando fingir que não havia adorado que ele tivesse me dado um bolo tão imenso.
Ele riu.
– Comeremos o que pudermos, você pode levar um pouco para casa e depois mandamos o restante para os amigos.
Gostei da ideia.
– Talvez eu coma muito – comentei, olhando o glacê cremoso e já lambendo os lábios.
Teria que caminhar por dias sem parar para queimar todas aquelas calorias.
Mase piscou para mim.
– Ótimo. Gosto da ideia dessa bunda gostosa aumentando e rebolando um pouco mais.
Eu realmente estava precisando me abanar.
Ele colocou uma velinha no andar mais alto do bolo e então deu de ombros.
– Eu ia trazer 23 velas, mas Harlow comentou que aqui ventava muito. Não conseguiria mantê-las todas acesas. Então trouxe uma só.
Ele riscou um fósforo e protegeu a chama com a mão.
– Faça um pedido, gata.
Não podia imaginar nada que eu já não possuísse agora... exceto uma coisa. Mas eu sabia que desejos não mudam o passado. Não podiam mudar o que já tinha acontecido. Então mentalizei um pequeno agradecimento pelo que recebi e soprei a vela.
Mase começou a cortar uma fatia muito grande de bolo, pegou um garfo e olhou para mim.
– Venha se sentar comigo.
Ele apontou para a espreguiçadeira branca que dava para o golfo.
Sentou-se e abriu os braços para que eu afundasse neles. Quando cheguei perto, me senti envolvida.
– Esta fatia é grande demais – falei, olhando o recheio vermelho.
– Vamos dividir – disse ele. – Abra a boca.
Fiz o que Mase disse e ele levou o pedaço até minha boca. O glacê e o recheio de framboesa eram deliciosos.
– Hummm – murmurei, em tom de aprovação.
– Gosto de ver você comer. E de alimentar você – disse Mase, dando mais uma garfada no bolo.
Ele fez menção de levar o garfo à minha boca, mas fiz que não com a cabeça.
– Sua vez – falei.
– Ver sua língua se projetar para lamber os lábios e ouvir você gemer é muito melhor que comer o bolo – disse ele, esfregando um pouco glacê nos meus lábios.
Abri a boca, tentando não rir enquanto ele me dava outro pedaço.
– Isso, lá vem a língua – disse ele, parecendo fascinado em me ver comendo o bolo.
Terminei de mastigar, engoli e então sacudi a cabeça de novo.
– Preciso de uma pausa entre as garfadas – disse, rindo, enquanto ele levava mais um pedaço até minha boca.
– Gostei das botas – disse ele, sem discutir comigo. – Quero ver você com elas e mais nada.
Minha compra tinha valido a pena.
– Por favor, coma mais para mim. É tão sexy – implorou ele, passando o nariz no meu pescoço.
Rindo, virei-me para fitá-lo.
– Como posso ser sexy comendo?
Mase sorriu, passou a mão por minhas costas e depois apertou minha bunda.
– Por muitas razões.
– Agora é a sua vez – anunciei, pegando o garfo e levando-o à boca dele.
Obediente, ele comeu, e eu beijei o glacê nos lábios dele.
– Agora estou vendo a vantagem em comer também – disse ele, quando afastei a cabeça.
Sorrindo, recostei-me em seu peito e desfrutei a vista das ondas quebrando na minha frente. Minhas pernas se enroscaram às dele, e ele continuou me dando bolo. Eu deixei.
Porque eu amava esse homem.
Mase
Reese recusou mais um pedaço de bolo, e finalmente eu o deixei de lado. Tinha que admitir que só de olhar para ela aproveitando um bolo de aniversário que eu escolhera e dera para ela, eu já ficava satisfeito.
Mudei de posição para que ela pudesse se acomodar entre as minhas pernas. Então a puxei para mim antes de lhe dar o primeiro presente.
– Feliz aniversário – falei, pegando a maior caixa ao meu lado.
Ela arfou ao pegar a caixa. E olhou para mim antes de se voltar para o presente outra vez.
– Você me trouxe um presente?! – exclamou, encantada. – Quer dizer, pensei que você já era o meu presente, mas isso...
Sorrindo, beijei sua têmpora.
– Não, esta é a sua festa de aniversário e eu sou seu único convidado, porque sou egoísta e queria você todinha para mim. E este é seu primeiro presente.
– Primeiro?
Assenti. Então ela me surpreendeu. Rasgou ansiosamente o papel, como uma criança empolgada. Vê-la abrindo aquele presente foi mais legal do que lhe dar o bolo, e olha que aquilo já tinha sido o máximo.
Quando levantou a tampa da caixa, ela pegou a bolsa azul-bebê Michael Kors que eu pedira a Blaire para escolher.
– Dentro tem uma carteira que faz par com ela.
Ela tocou a bolsa com reverência, como se fosse feita de ouro em vez de couro.
– Isso é caro, não é?
Não tanto. Podia ter sido pior. Mas eu dissera a Blaire que fosse prática. Reese precisava de uma bolsa para o dia a dia, não algo que a deixasse nervosa demais para usar.
– É uma bela bolsa para você usar no lugar da mochila – expliquei.
Ela riu e colocou tudo de volta na caixa, virou-se para mim e me beijou levemente nos lábios.
– Obrigada. É o presente mais bonito que eu já ganhei.
Mas eu não havia terminado. Então me estiquei e peguei o próximo presente.
– Tem mais? Pensei que você estivesse brincando.
– Veja você mesma.
De novo, ela rasgou o pacote como se fosse uma criança, e eu desejei ter gravado aquilo para assistir várias vezes.
Ela abriu a caixa e encontrou três pijamas de seda franceses. Pegou um dos shorts, examinou-o e então o levou ao rosto. Devolvendo-o à caixa, pegou a camisola. Escolheu a peça rosa-clara com acabamento de renda branca.
– São tão macios – disse ela, extasiada.
Tinham que ser. Eram os melhores.
– Gosto da ideia de você com a minha camiseta. Mas também sei que você gosta do seu short e da camiseta porque são macios. Então pensei em outras coisas macias para você usar quando for dormir. Porque, quando estiver comigo, você não vai precisar da minha camiseta para abraçá-la.
Ela guardou a peça no pacote sofisticado e soltou um suspiro feliz.
– Eles vão me deixar mal-acostumada em matéria de pijamas pelo resto da vida.
Por mim tudo bem. Eu a manteria vestida com seda francesa se ela quisesse, pelo tempo que quisesse.
Mais uma vez ela me beijou e sussurrou um obrigada junto aos meus lábios.
Então peguei a terceira caixa. A menor de todas. Era mais um presente para mim do que para ela.
– O último – anunciei, entregando-lhe a caixinha retangular.
Essa ela abriu com mais cuidado, como se tivesse medo de perder o que estava ali dentro.
O conteúdo era uma única chave, aninhada em veludo.
– É a chave da minha casa. Quando estiver pronta, pode se mudar.
Ela a pegou e ficou segurando por algum tempo sem dizer nada. Finalmente, levantou os olhos para me encarar.
– Um dia, quando souber tudo de mim, você pode me dar isso de novo. Mas, neste momento, você não sabe tudo. Não posso ficar com isso.
Ela pensava que seu passado sombrio mudaria o que eu sentia. Nada do que ela pudesse me dizer mudaria aquilo. Eu a amava.
Mas eu não usaria aquelas palavras para convencê-la. Reese teria que decidir isso no tempo dela. Eu não ia pressioná-la. Eu a queria na minha cama, na minha casa. Queria que fosse a nossa casa. Mas não antes de ela estar pronta. Não antes que ela quisesse.
Que quisesse que fosse para sempre.
Reese
Ele agia como se o fato de eu recusar a chave não fosse grande coisa. Mas não era o que eu sentia. Meu peito não havia parado de doer desde que eu a devolvera. Mase, porém, não voltou a tocar no assunto nem pareceu aborrecido.
Ele me pegara pela mão e caminhamos pela praia. Ele havia me convencido a comer mais um pouco do bolo, e então tínhamos nos aninhado na espreguiçadeira, olhando o luar refletido no mar.
A única coisa errada foi ele não ter me beijado outra vez. Ele não me olhou mais com aqueles olhos misteriosos e cheios de desejo. Era como se ele me mantivesse a distância, mesmo estando ali, ao meu lado. Antes, ele estava sedutor e brincalhão.
Depois da chave, tudo mudou. Ele mudou.
Quando voltamos para casa, ele disse para eu usar o banheiro primeiro. Ele se prepararia para dormir depois de mim. Não se mostrara dominado pelo desejo nem me tomara em seus braços assim que chegamos à privacidade do meu apartamento. Ele havia sido gentil e educado, mas só isso. Nada mais.
Vesti um dos novos pijamas que ele havia me dado. Era branco com debrum prata. Também achei que fosse o mais sexy. Naquele momento, queria ver a fagulha nos olhos dele e saber que não o havia perdido por não ter aceitado a chave.
Por que eu não aceitei? Pegar a chave não significava que ia usá-la. Ele não me deu pensando que eu ia me mudar no momento seguinte. Ele tinha dito isso. Aquele fora seu jeito de me mostrar que a oferta continuava de pé para quando eu estivesse pronta.
Eu precisava conversar com ele.
Eu havia agido mal.
Abri a porta do banheiro e me encaminhei para o quarto.
– Não, Cordelia. Não estou aí. Estou fora da cidade. Voltarei no domingo, provavelmente. Talvez antes. Não sei ainda.
Fiquei parada diante da porta. Quem era Cordelia? Meu estômago deu um nó e meu coração se apertou ao ouvi-lo dizer que poderia voltar para casa antes. Eu tinha mesmo estragado tudo.
– Não é minha culpa se você a deixou. E, não, você não pode entrar na minha casa sem mim lá. Eu a deixei trancada... Cord, pare com isso. Pare de fazer esse jogo comigo. Não seja assim.
Ele estava aborrecido. E a chamara de Cord.
– Como já disse, estarei em casa no domingo.
Ele desligou e enfiou o telefone no bolso com um suspiro.
Afastei-me da porta e respirei fundo várias vezes para me acalmar. Aquilo não significava nada. Cordelia podia ser alguém que trabalhava com ele ou uma parente. Ou só uma amiga.
– Quem era? – perguntei ao abrir a porta.
Eu não queria ter perguntado, mas precisava saber.
Mase voltou seu olhar do chão para mim. E seus olhos me devoraram ao examinar meu pijama novo. Quando finalmente chegaram ao meu rosto, seus olhos estavam iluminados pelo calor do qual eu sentira falta antes.
– Eu gosto muuuito de seda francesa – disse ele, vindo até mim.
Quase chorei de alívio.
Sua mão pousou em meu quadril e então deslizou para cobrir minha bunda.
– Você não gosta de dormir de calcinha, não é, gata?
– Não.
Vi seus olhos ficarem escuros e ardentes.
– Seda cobrindo essa bundinha é mais do que qualquer homem pode suportar. Quero beijar minha pinta. E vê-la escapar por baixo da renda. – Ele me fez dar uma voltinha. – Bote as mãos no encosto do sofá e mostre essa bundinha linda para mim, só um pouquinho. Por favor, Reese. – Ele sussurrou meu nome tão perto da minha orelha que sua respiração fez cócegas na minha pele.
Fiz exatamente o que ele pediu, e seu grunhido de prazer fez com que valesse a pena.
Suas mãos escorregaram pelas minhas coxas quando ele ficou de joelhos atrás de mim. Seus lábios macios e a barba áspera crescendo roçaram a parte posterior de minhas coxas. Ele deixou uma trilha de beijos em cada uma até chegar à pinta que eu nunca tinha visto, mas que ele parecia amar.
O som de prazer em sua garganta ao beijar aquele ponto fez meus joelhos fraquejarem. Agarrei-me no sofá enquanto sua língua lambia o ponto embaixo da minha bunda.
– Ah, Deus.
Inclinei-me para me segurar melhor, caso contrário ia acabar no chão.
– Posso sentir seu cheiro. Quero abrir essas pernas e beijar você lá. Só eu, Reese. Somos só eu e você, gata. – Sua voz estava tensa, e eu sabia que ele estava me dando a escolha.
Era por isso que eu confiava tanto nele. Mase sempre tomava cuidado para não ir longe demais nem me levar a fazer algo para que eu não estivesse pronta.
– Está bem. – Foi a única coisa que consegui dizer na hora.
Estava esperando que ele abrisse minhas pernas ali onde eu estava, mas Mase se levantou e me tomou em seus braços. Meu arquejo de surpresa o fez sorrir enquanto ele me levava para o quarto.
– Minha garota merece uma cama – disse ele suavemente, e me colocou com delicadeza na cama desfeita. – Continue olhando para mim. O tempo todo quero esses olhos aqui – instruiu ele, apontando para os próprios olhos.
Concordei com a cabeça.
Ele acariciou minhas panturrilhas com cuidado extra.
Eu estava tendo dificuldade para respirar, e ele só estava brincando com minhas pernas. O que aconteceria quando ele realmente colocasse sua cabeça lá?
Eu já havia gozado ouvindo-o dizer ao telefone que queria fazer isso. Mas a realidade era aterrorizante. Agarrei os lençóis e observei a mão de Mase passar por meus joelhos, persuadindo minhas pernas a se abrirem e dando atenção especial às minhas coxas.
– Olhe para mim, Reese.
O tom de voz era rouco e profundo. Aquilo o excitava.
Voltei meu olhar para ele, que piscou para mim.
– Assim está melhor. Quero esses olhos azuis lindos nos meus. Quando eu beijar você, não os feche, está bem? Mantenha-os em mim, ok?
– Sim – concordei, ofegante.
Os cantos dos lábios dele se levantaram quando ele baixou a cabeça, mantendo o olhar fixo no meu.
– Abra bem para mim – sussurrou, beijando meu joelho.
Abrir mais. Ah, meu Deus.
Comecei a fechar os olhos, e uma mordiscada dele na parte interna da minha coxa fez meus olhos se abrirem num átimo.
Ele estava sorrindo para mim.
– Olhos em mim – repetiu. – Se fechá-los outra vez, vou virar você e morder sua bunda. Uma coisa que estou com muita vontade de fazer. Então não me tente.
Ele ia me morder se eu fechasse os olhos? Ah, meu Deus.
Mase deixou outra trilha de beijos na parte interna das minhas coxas. Suas pálpebras baixaram até ele ficar com aquele olhar misterioso e sexy que me fazia estremecer. Eu estava emitindo ruídos que nem eu mesma reconhecia. Mas ver a cabeça de Mase baixar estava despertando uma profusão de sensações no meu corpo.
Ele gemeu quando sua boca alcançou o destino, e seus olhos faiscaram com uma expressão faminta um segundo antes de eu sentir sua língua roçar exatamente onde mais latejava.
Quando ele fechou os lábios em torno daquele ponto e sugou, empinei os quadris, incapaz de me controlar, e gritei seu nome.
– Os olhos, Reese. Me mostre seus olhos agora, gata.
– Não posso... não pare... – implorei.
A língua dele me tocou de novo, e então contornou meu clitóris.
– Eu não quero parar. Vou chupar para sempre se você quiser, mas preciso que olhe para mim. Me observe. Veja quem está lhe dando prazer. Fique aqui comigo.
Fiz esforço para manter os olhos abertos, e seu olhar imediatamente se fixou no meu. Eu amava os olhos dele.
– Ah, esses olhos lindos com que eu sonho... – murmurou ele e então continuou a usar a língua para me dar uma forma de prazer que eu nunca havia imaginado que existisse.
A cada toque de sua língua, eu sentia a pressão crescer dentro de mim. A explosão estava a caminho. Minhas pernas tremiam e minha visão começou a nublar. O nome de Mase saía da minha boca repetidamente; eu não conseguia parar.
– Isso – encorajou-me.
Seu sussurro sexy só intensificou o que eu sentia, quando o calor da sua respiração tocou o lugar em que sua língua estivera.
– Goze. Goze para mim. Dê isso para mim. Goze na minha cara.
Com essas palavras, eu desmoronei.
Mase
Eu tinha certeza de que nada jamais seria tão belo assim na minha vida.
Erguendo a cabeça, beijei a parte interna da coxa dela. Antes que Reese voltasse totalmente da sua viagem, eu me deitei ao lado dela para poder puxá-la para mim e abraçá-la. Ela não me deixara nem um momento sequer. Seus olhos estiveram cheios de desejo. Nem uma só vez eu vira medo neles, e eu tinha observado atentamente. Quando pedi que me deixasse fazer sexo oral nela, sabia que estava pedindo muito. Pararia no momento em que ela entrasse em pânico.
Mas ela continuara comigo. Nenhuma sombra do passado veio para tirar aquilo de nós. Quando ela gritou meu nome e estremeceu embaixo de mim, eu me senti o dono do mundo.
Seus olhos tremularam sobre as maçãs do rosto quando ela tornou a abri-los. Eu não tinha insistido para que ela os mantivesse abertos quando o orgasmo chegou. Ela se perdera no próprio prazer naquela hora, e era lá que eu a queria. Curti como as ondas de êxtase percorreram o corpo dela e a levaram de mim por um momento.
Abraçando-a com força, beijei suas pálpebras. Ela emitiu um ruído suave que me lembrou um gatinho. Era quase um ronronar.
– O que você fez comigo, Reese Ellis?
Ela inclinou a cabeça para trás e olhou para mim.
– Acho que era você que estava fazendo alguma coisa comigo – respondeu ela, com um sorriso tímido, mas satisfeito, nos lábios.
Rindo, mergulhei o rosto no cabelo dela e inspirei.
– Meu Deus, gata, você não faz ideia. Estou tão alucinado por você... E nem me importo.
Reese se virou para mim e passou a mão na minha cabeça, enfiando os dedos no cordão de couro que eu usava para prender o cabelo. Com um puxão, ela soltou meu cabelo e então enrolou os cachos nos dedos, ainda sorrindo como se tivesse descoberto o segredo da felicidade.
– Adoro seu cabelo – sussurrou ela.
– Da próxima vez que eu beijar essa bocetinha doce, quero suas mãos no meu cabelo – falei, fechando os olhos enquanto ela massageava meu couro cabeludo.
– Tenho medo de me deixar levar e puxá-lo.
– Seria muuuuito excitante se você fizesse isso.
Uma risadinha leve de Reese me fez sorrir.
Ficamos aninhados em silêncio por um bom tempo. Suas mãos continuaram em meu cabelo, brincando com os cachos e massageando minha cabeça. Eu nunca havia me sentido tão contente.
– Obrigada por esta noite. Só me lembro de ter tido bolo de aniversário e festa uma vez na vida. E foi um dia que eu gostaria de esquecer. Mas você acabou de me dar uma festa de aniversário de conto de fadas. Estou me sentindo especial.
Aquela confissão fez com que uma dor dilacerante atravessasse meu corpo. Merda. Eu odiava saber quanto essa linda mulher havia sido abusada e negligenciada. Ela merecia uma vida de conto de fadas, mas em vez disso vivera em um inferno. Eu passaria o resto da nossa vida garantindo que ela tivesse festas de aniversário dignas de uma rainha. Quando estivéssemos velhos e grisalhos, ela teria tantas lembranças boas que não haveria lugar para as más. Passaria minha vida apagando aquela merda.
– Meu melhor presente foi você – disse ela, beijando meu rosto.
Toda a minha raiva com as injustiças de sua vida desapareceu. Ela estava a salvo e nos meus braços. Ela era minha.
Reese
O toque de um celular me acordou. Sentando-me, olhei ao redor e pisquei contra a luz do sol que entrava pela janela. O telefone parou e ouvi água correndo no banheiro. Mase deixara a porta bem aberta. Era um convite para espiar? Porque eu queria muito vê-lo pelado e molhado.
Sorrindo, joguei as cobertas para o lado e já ia me levantar quando o telefone tocou e vibrou na cama. Olhando à minha volta, vi o celular fino e prateado de Mase embaixo do travesseiro dele. Peguei-o. Podia usá-lo como desculpa para ir ao banheiro enquanto ele tomava banho. Não que ele esperasse uma desculpa.
Conhecendo Mase, ele certamente estava torcendo para que eu fosse lá.
Cobri a boca para reprimir um risinho, e seu telefone tocou e vibrou outra vez. Alguém estava mesmo tentando falar com ele. Parei de sorrir, e me ocorreu a ideia de que pudesse ser uma emergência.
Olhei o telefone e vi uma mensagem de texto de alguém chamado Major. Não era minha intenção ler, mas meus olhos focaram as palavras calcinha dela e não pude me conter.
Deslizando o dedo sobre a tela, abri a mensagem.
Major: Cord veio aqui insistindo que deixou a calcinha dela embaixo da sua cama numa noite dessas. Estava determinada a pegá-la de volta. Deixei que ela entrasse. Mas, cara, ela parecia puta com você. Não está mais trepando com ela?
Reli o texto várias vezes. Não era uma mensagem para mim. Eu estava invadindo a privacidade de Mase, mas não pude me conter. Cord. Cordelia. Ele tinha falado ao celular com ela antes. Ele estava... ele estava trepando com ela?
A calcinha dela...
Numa noite dessas...
Ah, meu Deus. Eu ia vomitar.
O ímpeto de atirar o telefone dele na parede e berrar até a dor dentro do meu peito passar era forte. Como ele pôde fazer isso? Meu Mase era tão bom para mim. Era doce e atencioso. Era paciente comigo e cuidava de mim.
E era... um mentiroso.
Eu tinha confiado nele.
Meu corpo todo ficou dormente. Exceto meu coração, que estava dilacerado.
A ducha foi fechada, e eu finalmente saí de onde tinha ficado paralisada. Deslizei o dedo sobre a mensagem de texto e me detive por apenas um breve momento para pensar antes de excluí-la. Então pus o telefone de volta onde ele tinha deixado. Sem olhar na direção do banheiro, saí do quarto, fui para o ponto mais distante do apartamento e esperei.
Ele viria procurar por mim. Eu não queria que ele se aproximasse.
Não podia pensar nos lugares em que ele havia me tocado. Quando estava longe, ele a tocava. Ela estava fazendo sexo com ele.
Agora tudo fazia sentido. O fato de ele ser tão paciente comigo. Não precisava fazer sexo comigo. Ele tinha sua dose garantida lá no Texas. Coloquei a mão na boca para não gritar de agonia.
Isso era demais. Não sabia que podia doer assim. O final súbito e brutal do amor.
Eu nunca tinha amado antes, mas, agora que havia acabado, a dor era excruciante.
Nunca mais faria isso. Amar. A felicidade que dava era passageira. Não valia essa dor.
Seu corpo preencheu o vão da porta. Uma toalha estava enrolada nos quadris, o cabelo ainda pingava e a água escorria pelo peito nu.
– Reese?
Havia preocupação em sua voz.
Ele vivia preocupado comigo. A garota problemática que precisava de ajuda. Eu não sabia ler, escrever nem transar. Ele ia me recuperar. Será que é isso que eu sou para ele? Um projeto?
– O que foi, gata? – perguntou, vindo em minha direção.
Eu não podia deixar que ele me tocasse. Não mais.
– Não! – gritei, erguendo as mãos para mantê-lo longe. – Não chegue perto de mim – avisei.
Ele parou, mas a expressão em seus olhos era algo que antes eu teria julgado que fosse medo. Agora eu não pensava mais assim. Ele não sabia o que era medo. Ou dor.
– Reese, qual é o problema? – perguntou cuidadosamente, me estudando.
– Vá embora. Eu quero que você vá embora. E não volte. Não quero você aqui.
Mantive as mãos erguidas, mas olhei para o chão. Não podia olhar para ele, porque meu coração estava confuso, acreditando ter visto dor nos olhos de Mase. Mas não viu. Pensei que tinha visto um monte de coisas quando ele me olhava que na verdade não vi.
– Gata, o que aconteceu? Não faça assim. Não me mande embora. Me deixe chegar perto de você.
Ele pensava que minha reação era por causa do meu passado. Podia perceber isso na voz dele. Ele estava falando com a garota problemática. Aquela de quem ele sentia pena.
– Eu quero que você vá. Vista-se e saia! – berrei a última parte.
Ele não estava me escutando. Eu queria que ele fosse embora. Eu não aguentaria ficar ali dessa forma por muito mais tempo. Os estilhaços no meu peito me faziam querer me enroscar e ficar encolhida.
– Eu não vou deixar você, Reese. Você tem que me dizer qual é o problema. Eu posso ajudar você...
– Não! Eu não sou seu caso de caridade pessoal. Eu estava bem antes de você e vou ficar bem depois. Mas você tem que sair! Vou chamar a polícia se você não sair daqui em cinco minutos.
Ele começou a vir na minha direção outra vez, e eu gritei com todas as minhas forças.
– Por Deus, Reese! O que há de errado?
Ele também estava gritando agora. Fixei meu olhar nele.
– Você. Você é que está errado. Você é errado para mim. Não quero você aqui. Quero que me deixe em paz. Você me forçou a fazer coisas que eu não queria. Você me tocou em lugares em que não gosto de ser tocada. Não quero ver você nunca mais. Nunca. Vá embora!
Dizer aquilo doeu. Eram mentiras. Ele sabia que eram mentiras, mas eu estava desesperada. Ele não ia embora. Ele não ouvia.
Quando o vi se virar e voltar para o quarto, quase desabei. Ele ia me deixar. A compreensão de que Mase iria sair por aquela porta e nunca mais voltaria destruiu o que havia sobrado de mim.
Eu jamais deveria ter amado. Não fui destinada ao amor ou a ser amada. Era a lição que a essa altura eu já devia ter aprendido.
Eu quis que a dormência se espalhasse, mas estava desaparecendo. O sentimento de perda me envolveu. Se pelo menos eu nunca tivesse sabido como era acreditar ser especial para outra pessoa.
Mase reapareceu com a bolsa na mão. Seguiu para a porta sem olhar para mim, mas parou pouco antes de chegar lá. Seus olhos se fecharam com força e sua respiração saiu entrecortada.
– Me desculpe. – Foi tudo o que ele disse.
Então foi até a porta e a abriu. Em mais uma longa pausa, ficou ali parado. Esperei que fosse embora e me deixasse sozinha. Outra vez.
– Quando você se der conta do que disse e do que fez, ligue para mim. Estarei esperando. Quero abraçar você mais do que qualquer coisa neste momento e ajudar você a passar por isso, mas você não me deixa chegar perto. Então vou fazer o que quer, porque não posso resolver tudo por você. Desta vez tem que resolver sozinha. Mas, quando perceber que estava errada, me ligue, Reese. Estarei esperando. Vou esperar para sempre, se necessário.
Então Mase Manning saiu do meu apartamento e da minha vida.
Mase
Quando a porta se fechou atrás de mim, larguei a bolsa e me dobrei, me apoiando nos joelhos com as mãos para tomar ar. Lembrar a mim mesmo que ela precisava resolver aquilo era duro. Deixá-la... Ah, Deus, eu não podia simplesmente deixá-la. Ela estava num canto, parecendo completamente destruída, e eu não sabia por quê.
Cada vez que eu respirava doía. A pressão no meu peito era como um torno apertando meus pulmões. Meu coração estava naquele apartamento. Ir embora sem ele parecia impossível. Mas, se quisesse ter a chance de um futuro com Reese, ela precisava me deixar entrar. O passado a assombrava. E a controlava. Aquele maldito verme fizera isso com ela. Eu tinha acreditado que podia protegê-la disso tudo e lhe dar tanto amor que ela superaria aquilo. Mas os demônios estavam lá nos olhos dela.
Tudo o que eu tinha feito era ajudá-la a fingir que eles não estavam lá. Eu não a estava ajudando a destruí-los e a vencê-los. Meu amor não bastava. Eu queria que bastasse. Deus, como eu queria que bastasse. No entanto, ela precisava encontrar forças dentro de si mesma.
Quando as encontrasse, ela poderia aceitar que eu a amava. Que a adorava. Que a queria por inteiro, com tudo de bom ou de ruim que houvesse em seu passado. Eu queria tudo.
Empertigando-me, estremeci de dor.
Não fui direto para minha caminhonete. Em vez disso, segui para o apartamento de Jimmy. Não podia deixá-la sem que eu soubesse que alguém estaria cuidando dela. Quando ela precisasse que eu a resgatasse, alguém teria que me chamar. Eu sabia que ela nunca faria isso.
Ela podia não me querer, mas ai de mim se não a acudisse quando ela precisasse de mim.
Batendo na porta de Jimmy, tentei respirar fundo. Mas não conseguia.
A porta se abriu e o sorriso dele imediatamente se transformou numa expressão de desagrado.
– Mase?
Ele estava esperando outra pessoa. Eu não queria mesmo pensar nisso, considerando que ele estava vestindo uma calça de pijama de seda vermelha e seu peito estava nu e besuntado de óleo.
– Ela quer que eu vá embora. Não, ela me mandou embora – corrigi. – Mas você tem que me ligar se ela precisar de qualquer coisa. Não a deixe sofrer. Ela pode até não me querer, mas largarei qualquer coisa para vir até ela.
Jimmy se apoiou no batente. Parecia decepcionado.
– Caramba. O que se passa na cabeça dessa garota? Ela é louca por você.
Era o passado dela. Aqueles malditos demônios em sua memória. Mas eu não podia contar isso a ele.
– Se ela precisar de mim, é só me ligar. Virei imediatamente.
Ele assentiu com a cabeça.
Agarrei a alça da bolsa e lutei contra a emoção. Era isso. Eu ia mesmo deixá-la.
– Tome conta dela. Cuide para que esteja segura em casa à noite. Não a deixe ir a pé para o trabalho. Nem voltar. Mantenha-a em segurança por mim. Por favor.
Eu estava implorando. Naquele momento, eu imploraria a qualquer pessoa.
Os olhos dele se encheram de lágrimas.
– Merda. Aquela garota... – Ele balançou a cabeça. – Tem alguma coisa no passado que ela esconde, mas é algo tenebroso. Vi isso nos olhos dela. Ela vai ligar. Ela ama você.
Pedi a Deus para que ele estivesse certo.
– Quando eu não estiver aqui, ela vai precisar de alguém. Seja esse alguém.
Ele secou as próprias lágrimas e assentiu.
– Serei.
– Obrigado.
Segui para a escada e para minha caminhonete.
Joguei a bolsa no banco de trás, mas parei antes de entrar. Eu não podia ir embora sem avisá-la.
Voltei à porta dela determinado e bati. Ela não abriu, mas esperei.
– Reese. Eu sei que você está me escutando – falei através da porta.
Bati outra vez, mas ela não atendeu.
– Estou indo. Você quer que eu vá, então eu vou. Mas saiba que amo você. Vou amá-la pelo resto da vida. Se você nunca mais me procurar, ainda assim estarei lá no Texas amando você.
Esperei, mas ela não foi até a porta.
Depois de muito tempo, percebi que ela não iria. Ela ia me deixar ir.
Incapaz de me conter, soquei a porta e gritei o mais alto que pude:
– Eu te amo, Reese Ellis! Eu te amo demais!
Ouvi a porta ao lado se abrir, mas não olhei para ver quem era. Esperei do lado de fora, torcendo para que ela abrisse.
Mas ela não abriu.
Reese
Nove semanas depois
Abri a porta para Jimmy. Ele tinha um cappuccino em cada mão. Antes, essa visão era reconfortante. Agora, nada mais me confortava. Os pesadelos do passado estavam de volta, com força total. Eu raramente dormia. Tomar um cappuccino de manhã e uma caneca de café à tarde era a única maneira de eu conseguir me manter acordada enquanto trabalhava.
– Pronta, raio de sol? – perguntou ele.
Concordei com a cabeça e peguei minha mochila.
– Sim – respondi, pegando o copo que ele me oferecia.
– Eu odeio você. Quero a sua pele. Não é justo que você fique tão bronzeada – queixou-se ele.
– Eu trabalho no sol. É óbvio que vou ficar bronzeada – lembrei a ele, revirando os olhos.
Ele se queixava do meu bronzeado pelo menos duas vezes por semana.
– Tomando sol e observando homens gostosos dando tacadas. Estou trabalhando no setor errado – disse ele, bufando.
Ambos sabíamos que Darla não o deixaria trabalhar no campo de golfe do Kerrington Club. Jimmy tinha um rosto que as mulheres amavam. Ele trabalhava como garçom, e as mulheres vinham em hordas para flertar com ele e lhe dar boas gorjetas. No campo ele não seria tão popular. Havia mulheres que jogavam, mas não muitas. A maioria jogava tênis. Os homens heterossexuais dominavam o campo de golfe.
– É quente do lado de fora, e os homens todos usam shorts e camisas polo. Não é exatamente um traje sexy. Você não está perdendo nada.
Jimmy abriu a porta do carro e revirou os olhos para mim.
– Garota, eu já vi a bunda gostosa de Rush Finlay de short e foi suficiente para eu despejar água gelada dentro das calças.
– Meu Deus, Jimmy!
Não pude evitar a risada, mas, francamente, ele precisava ser tão detalhista?
Afundei no banco do carona, botei a mochila no chão e o café no porta-copos para colocar o cinto. Ir de carro com Jimmy para o trabalho e para casa era muito mais fácil agora que trabalhávamos no mesmo lugar. Jimmy cuidava para que nossos horários coincidissem.
– Só estou sendo sincero, gata – respondeu ele, entrando no carro.
Às vezes ser sincero para Jimmy era só um modo de me fazer rir. Apenas recentemente ele vinha conseguindo isso – e, mesmo assim, não era muito frequente. Mas uma coisa eu tinha que admitir: desde o momento em que Mase Manning saíra da minha vida, Jimmy passara a ser minha sombra.
Eu não podia ir a lugar nenhum sem informá-lo. Ele entrava em pânico se não soubesse onde eu estava, e sempre ficava até tarde comigo. Por um tempo, ele se sentava e segurava minha mão enquanto eu tentava dormir à noite. Ele nunca mencionou isso, mas eu sabia que estava tentando substituir meus telefonemas noturnos. Aqueles que eu não tinha mais.
Eu havia desistido da faxina na casa dos Carters simplesmente porque não podia ver ninguém que me lembrasse Mase, e ainda havia a chance de a qualquer momento ele aparecer para uma visita. Eu não sabia como lidaria com isso. Também disse a Blaire Finlay que não poderia aceitar o trabalho na casa dela. Os Finlays também me lembravam Mase.
Quando fiquei sem emprego, Jimmy me ofereceu o trabalho de vendedora de bebidas no campo de golfe do clube. Então eu contara a ele sobre minha dislexia e ele me ajudou a preencher o formulário de inscrição. Quando me perguntou se eu queria ler para ele de noite, desmoronei e me fechei no quarto. Ele não precisou perguntar para entender o porquê. Ele era um cara inteligente.
– Thad ainda vai muito lá durante os seus turnos? – perguntou ele.
Suspirei e recostei a cabeça no banco.
– Thad joga golfe com frequência, só isso. Ele não vai apenas durante os meus turnos.
Jimmy soltou uma risada divertida.
– Continue se enganando, garota. Mas o loirinho só joga golfe quando está com Woods ou Grant. Não é algo que eu já o tenha visto fazer sozinho. Até você colocar aquele uniformezinho e começar a entregar cervejas.
Eu não queria pensar em Thad indo até lá para me ver. Não queria que ninguém fosse me ver. Não desse jeito.
Eu te amo, Reese Ellis!
Aquele grito desesperado, tão alto que meus vizinhos escutaram, era tudo que sobrava no meu peito. Todo o resto havia ido embora. Encontrar alguma emoção era difícil para mim. Apenas à noite, quando estava dormindo e o passado voltava para me atormentar, eu gritava e chorava.
Nas últimas nove semanas, eu tinha enfrentado momentos de fraqueza. Uma vez, quase me convenci de que havia imaginado aquela mensagem. Não consegui me fazer acreditar naquilo, então tentei me convencer de que podia viver com ele transando com outras pessoas. Se o tivesse em minha vida, isso bastaria. Eu o perdoaria por precisar tanto de sexo que tinha que buscá-lo em outros lugares.
Então, nos meus piores momentos, eu me culpava por ter a cabeça tão problemática. Por não ter sido capaz de dar a ele o que seu corpo precisava. Eu o havia empurrado para os braços dela.
Mas ele me amava. Tinha berrado isso com todas as forças.
Depois de semanas sem notícias dele, tive que aceitar que ele seguira em frente. Eu o mandara embora, e ele tinha ido. Não facilmente, mas fora. Agora outra pessoa, provavelmente Cordelia, estava cuidando das necessidades dele. Ela o estava amando e o fazendo sorrir. Ela era tudo que eu não fui para ele.
Então eu apenas sobrevivia. Eu acordava, me levantava e sobrevivia àquele dia. A cada noite, eu sobrevivia aos pesadelos. E sobrevivia novamente. De novo e de novo.
E sozinha.
Porque eu o mandara embora.
– Terra para Reese... Aonde você foi, mulher? Eu fiz uma pergunta.
Afastei os pensamentos sobre Mase. Eles voltariam para preencher o vazio mais tarde.
– Desculpe, o que você perguntou?
– Perguntei se você quer fazer o exame escrito para a carteira de motorista, já que amanhã não trabalhamos.
O Dr. Munroe tinha me ajudado a estudar nas duas últimas semanas. Eu estava preparada.
– Sim. Seria bom – repliquei.
A empolgação não veio. No passado eu acreditara que jamais dirigiria. Agora eu estava perto de conseguir isso e não sentia nenhuma alegria. Porque a pessoa que eu queria que estivesse comigo, com quem eu queria dividir isso, não estava aqui.
Eu o tinha afastado. Eu havia amado demais. Com a cabeça e o corpo deficientes, eu tinha amado completamente. E ele precisava de mais do que essa cabeça e esse corpo deficientes.
Imagens de Mase tocando uma mulher sem rosto e fazendo com ela coisas que ele fizera comigo me machucavam toda vez que eu me permitia pensar nisso. Eu queria ser inteira. Queria ser suficiente para ele.
– Não fique tão animada assim. Senão vou ter que parar o carro para você se acalmar – disse Jimmy, com sarcasmo.
Forcei um sorriso por ele.
– Não engulo esse sorriso falso, Reese – declarou.
Era tudo o que eu tinha. Um sorriso falso.
Mase
Golpeando com o machado, cortei a peça de madeira de que precisava para consertar a cerca. Mas não consegui parar. Levantando o machado, tornei a baixá-lo, arruinando a peça perfeita que eu tinha cortado. Então golpeei outra vez. E outra vez. E outra vez.
Não sei quando comecei a gritar, mas quando ergui os olhos e vi minha mãe de pé na minha frente, com as mãos nos quadris, franzindo a testa em clara desaprovação, soube que devia ter feito muito barulho.
Merda.
Ela estava esperando que eu fosse perder o controle. Eu vinha tomando cuidado para não demonstrar nenhuma emoção enquanto sua atenção estivesse em mim. Tirar Maryann Colt do seu pé quando ela achava que você precisava conversar era quase impossível.
Larguei o machado no chão e olhei para as lascas de madeira, que agora só serviam para lenha. Eu havia destruído aquela peça de madeira. Agora, precisaria ir buscar outra para poder consertar a porcaria da cerca.
– Não acho que essa madeira tenha feito algo a você – disse minha mãe, levantando uma sobrancelha.
Não respondi. Apenas me acocorei e comecei a limpar a sujeira que eu acabara de fazer.
– Já aguentei tudo que podia, Mase Colt Manning. Você tem sido uma sombra do meu menino por meses e agora perde a cabeça e começa a gritar e esquartejar esse tronco com um machado? Você precisa falar comigo. Estou tendo ataques de ansiedade por sua causa. Estou preocupada com você.
Durante nove semanas eu conseguira viver sem o meu coração. Isso não era vida. Minha vida era uma mulher que não me queria. Isso era uma existência. Uma existência vazia, rasa.
Eu não havia falado sobre Reese com minha mãe, mas Harlow tinha. Mamãe me perguntara sobre ela uma semana depois que Reese me mandou embora. Eu estava tão subjugado pela dor que o nome dela provocava em mim que me levantara e fugira da mesa. Mamãe não voltou a mencioná-la.
Mas agora eu precisava que ela fizesse isso. Precisava falar sobre Reese. Queria contar a alguém sobre ela. Preencher meu vazio com as lembranças dela.
– Eu a amo – falei simplesmente.
Dessa vez ela levantou as duas sobrancelhas.
– Isso eu já entendi, meu amor. Quando você correu como se as chamas do inferno estivessem no seu encalço no dia em que perguntei sobre ela, você se entregou.
– Ela é a minha vida, mãe. Reese. É ela. A mulher da minha vida. Mas ela não me quer.
Só de falar isso, um raio de agonia me atravessou. Eu me encolhi, incapaz de esconder isso da minha mãe.
– Então ela é uma tola – disse mamãe, com toda a convicção de uma mãe que ama o filho.
– Não. Ela é brilhante. É linda. É como um raio de sol. Ela é... A infância dela...
Parei e engoli a bile que subiu à minha garganta só de pensar no que ela havia passado. Como minha garota havia sofrido.
– Foi difícil, mãe. Tenebrosa. O mais tenebrosa e perversa que a infância de uma menina pode ser. Mas ela não é tola.
O rosto de minha mãe se anuviou. Pude vê-la lutar para conter as lágrimas.
– Ah, meu amor. Devia ter imaginado que quando meu menino lindo e seu coração imenso se apaixonassem, seria perdidamente. Você nunca fez nada pela metade. Você não deu os primeiros passos, já saiu correndo. Não disse uma primeira palavra, cantou o verso inteiro de uma música. E você não só defendia os oprimidos na escola, como foi expulso por amarrar um valentão no mastro da bandeira. Meu menino jamais deixou nada pela metade. Você faz as coisas com tanta determinação que destrói as tentativas dos outros.
Ela contornou a bagunça que fiz e abaixou-se ao meu lado. Senti as lágrimas queimarem meus olhos quando ela pegou meu rosto entre as mãos com tanto amor e dor no coração, porque ela era assim. Minha mãe sofria comigo. Sempre fora assim.
– Você é um homem bom. O melhor. Eu amo o seu padrasto, mas mesmo o coração dele não se compara ao seu. Você foi a melhor coisa que fiz ou farei nesta vida. Não conseguirei fazer nada melhor. Ser sua mãe é uma dádiva que alegra cada dia da minha vida. Vou morrer sabendo que deixei nesta terra um homem que produzirá uma trilha de bondade por onde passar.
Ela parou, e eu sabia que lá vinha um “mas”.
– Mas, pela primeira vez na sua vida, estou vendo você deixar alguém destruí-lo. Sinto saudade do seu sorriso e da sua risada. Eu os quero de volta. Você nunca deixou de superar nenhum obstáculo em sua vida. Por que está fazendo isso agora? Se você a ama, então vá buscá-la. Nenhuma mulher em seu juízo perfeito rejeitaria esse rosto.
Estendi a mão e sequei as lágrimas do rosto determinado de minha mãe.
– Preciso que ela venha até mim. Se tivermos a chance de um futuro, preciso fazer que ela venha por vontade própria. Sempre conquistei o que quis, mas nada nem ninguém jamais significou o que ela significa. Não posso conquistá-la, mamãe. Eu a amo. Não quero jamais forçá-la a fazer qualquer coisa. Nem mesmo me amar. Ela tem que me amar por si mesma.
Mamãe deixou escapar um soluço, me abraçou e me manteve assim. Fechei os olhos e lutei contra a emoção que ameaçava transbordar. A última vez que minha mãe me vira chorar foi quando eu tinha três anos e quebrei o braço ao cair de um trampolim. Mesmo quando Harlow estava em coma, eu tinha chorado sozinho.
Eu nunca me recuperaria da perda de Reese. Se ela nunca mais voltasse para mim, eu permaneceria destroçado pelo resto da vida.
Reese
Outra semana se passou e consegui sobreviver. Era só o que eu fazia. A cada dia, eu tinha a sensação de que estava me perdendo um pouco mais. O horror do meu passado estava lentamente assumindo o controle. O progresso que eu fizera nesses dois anos desde que havia saído de casa tinha desaparecido. Não conseguia mais me livrar das lembranças do meu padrasto.
Logo eu teria que me consultar com um terapeuta. Não conseguia dormir quase nada ultimamente, e, quando conseguia, não era um sono tranquilo. Estava perdendo peso e os círculos escuros sob os olhos já não podiam mais ser escondidos. Eu precisava de ajuda.
A única coisa que me impedia de procurar um especialista era saber que eu teria que falar sobre Mase.
Não podia falar sobre ele. Doía muito.
– Reese Ellis? – perguntou uma voz feminina.
Deixei de lado as cervejas que estava colocando no refrigerador do carrinho e me virei.
Uma senhora bonita, de cabelos escuros que formavam cachos na altura dos ombros, me olhava como se estivesse me estudando. Eu sabia que ela não era sócia do clube. O jeans surrado e as botas que ela usava não pareciam com nada do que as senhoras dali escolheriam. E havia o chapéu de caubói. Aquele era um claro indício de que ela não era daqui.
– Sim? – respondi.
Ela não sorriu nem disse nada de imediato. Continuou me observando. Embora não estivesse me olhando de cara feia, sua expressão era a de alguém que quisesse me dar uma sacudida.
Olhei em volta para saber se tinha mais alguém por ali ou apenas nós duas.
– Imaginei que você seria bonita, mas, como sempre, quando meu menino se mete em alguma coisa, ele não deixa por menos – disse ela, e um sorriso triste surgiu em seus lábios.
Eu não sabia do que ela estava falando ou com quem ela achava que estava falando. Agradecer não parecia a coisa certa a fazer.
– Essas olheiras e esse olhar vazio me dizem tudo o que preciso saber. Então, deixe-me dizer o que você precisa saber – falou ela, dando alguns passos na minha direção. – Já vi meu filho travar batalhas por todos que ele amou e vencer. Quando tinha 7 anos, o primo foi alvo de bullying. Meu menino descobriu e o que aconteceu em seguida foi que tive que ir à escola buscá-lo, porque ele foi suspenso por amarrar um garoto no mastro da bandeira com fita adesiva. Fiquei horrorizada. Até saber que o garoto era aquele que vinha fazendo bullying com o primo dele, xingando-o e derrubando-o nos corredores. Naquele dia específico, o valentão tinha enfiado a cabeça do primo num vaso sanitário com urina e puxado a descarga. Depois do caso da fita adesiva, ninguém mais mexeu com o primo dele.
Eu só observava enquanto ela prosseguia:
– Aos 10 anos, a bibliotecária da escola, que lhe levava biscoitos todos os dias e sempre reservava para ele os melhores livros, ia ser dispensada porque a diretoria alegou que não tinham mais orçamento para manter uma bibliotecária em tempo integral. A Sra. Hawks já tinha passado dos 70 anos e adorava aquelas crianças, e meu menino era o seu predileto. Então ele organizou um abaixo-assinado e procurou empresários da cidade a fim de recolher fundos para essa causa. A Sra. Hawks não perdeu o emprego. Na verdade, ele recolheu tanto dinheiro que ela teve um aumento. Quando ele estava com 19 anos, descobriu que a irmã mais nova estava sofrendo por causa de um rapaz da escola que tinha se aproximado só por interesse na fama do pai dela. Ele me perguntou se podia ir visitá-la, e eu o deixei ir. Dias depois, o tal rapaz encontrou sua caminhonete fora da cidade, submersa em um rio.
Ela parou e riu.
– Mase Colt Manning luta por aqueles que ama. Ele é assim. E eu sei que ele tentou lutar por você. Ele queria vencer suas batalhas. E, pela pouca pesquisa que fiz, descobri que ele manda todo mês um cheque para um tal Dr. Astor Munroe que custa mais do que eu me permitiria comentar. Ele recebe relatórios semanais desse professor sobre os progressos de uma Reese Ellis. Ele está lutando por você. O que também significa que ele ama você. O problema é que meu menino vai com tudo em qualquer coisa que faz. E, quando decidiu se apaixonar, ele se apaixonou completamente.
Ela parou e apontou o dedo para mim. Pude ver o filho dela no olhar determinado que me dirigiu. Como eu não percebera antes?
– Ele agora precisa de alguém que lute por ele. Porque se perdeu de si mesmo. Ele é uma sombra do homem que criei. Está vivendo sem alegria, porque diz que deixou o coração aqui, com você. Portanto, se você o ama, ainda que seja uma minúscula parte do amor dele por você, lute por ele. Ele merece isso mais do que qualquer um. Está na hora de alguém travar a batalha dele.
Uma gota caiu em meu braço, e, ao levar a mão até meu rosto, eu o encontrei molhado pelas lágrimas. Meu coração estava de volta e se contorcia de dor ao ouvir a mãe de Mase me contar quanto ele precisava de mim. Ele estava sofrendo por minha causa.
Eu não me importava mais com a mensagem. Ou com a outra mulher. Se Mase precisava que eu lutasse por ele, eu lutaria. E quem quer que fosse Cordelia, eu lutaria contra ela. Lutaria até não poder mais.
– Onde ele está? – perguntei.
– Está em casa. Ele acha que fui visitar minha irmã em San Antonio.
– Como chego até ele? Onde é a casa dele?
Um sorriso se abriu no rosto da mulher.
– Posso levá-la.
Fechei a tampa do carrinho.
– Deixe-me avisar meu chefe que estou indo embora. Então estarei pronta para ir.
– A propósito, eu sou Maryann Colt – disse ela, estendendo a mão para me cumprimentar. – E é um prazer conhecer a mulher que meu filho ama. Eu estava preocupada, mas posso ver que ele escolheu bem.
A aprovação dela aqueceu meu coração pela primeira vez em dez semanas, dois dias e cinco horas.
Mase
– Tudo bem, eu sou desprezível. Tenho que confessar, porque esta merda está me devorando vivo – disse Major ao entrar no celeiro com uma sela apoiada no ombro.
Continuei esfregando Criptonita, meu cavalo da raça appaloosa, e ignorei o comentário dele. Precisava limpar o estábulo do garanhão em seguida e não tinha tempo para lidar com Major e seus dramas.
– Estou trepando com Cordelia há uns dois meses. Ela é muito boa chupando pau. Desculpe, não pude evitar. Ela deu em cima de mim, e eu deixei ela me chupar. Então a virei sobre o cavalete e a comi. Foi um momento de fraqueza. Eu estava com tesão, ela veio se exibindo com um short jeans cortado que mostrava parte da bunda e uma blusinha que mal cobria os peitos. Cara, ela é gostosa. Perguntei a você se ainda estava transando com ela, e você não respondeu. Deduzi que significava que não se importava.
Por isso Cordelia havia finalmente me deixado em paz. Eu deveria dar uma grana a Major por essa.
– Que bom que ela está fazendo bem o serviço.
Dei uns tapinhas em Criptonita, então me virei para levá-lo ao estábulo que eu já tinha limpado.
– Então você não se importa que eu esteja trepando com ela? – perguntou ele.
– Você me fez um favor. Ela não estava aceitando “não” como resposta.
Major soltou um suspiro de alívio.
– Graças a Deus. Estava preocupado que você estivesse nesse humor azedo por eu ter roubado sua amiga de transa.
Nem me dignei a responder a essa. Não fazia sentido.
– O dia em que ela veio pegar a calcinha, eu já estava quase trepando com ela. Ela apareceu com uma saia minúscula, tipo estrela pornô. Liguei e mandei uma mensagem para você, mas você não respondeu. Aí deixei que ela fosse embora. Mas, no dia seguinte, quando ela apareceu no celeiro, transei com ela. Você não saiu de casa naquela semana. Foi a semana em que você estava com um humor do cão.
Na hora certa. Ele começou com ela quando eu realmente precisava de distância de todo mundo. Nem sei o que teria dito a Cordelia se ela tivesse começado com aquela história toda de novo. Eu não a queria, mas não via sentido em dizer qualquer coisa que a magoasse. Ela não merecia isso.
– Mas, afinal, onde você estava naquele fim de semana, quando mandei a mensagem? Você chegou aqui furioso com o mundo. E ficou desse jeito desde então. Foi em Rosemary Beach? Aquela garota que você ia ver?
Eu não ia falar sobre isso com ele.
Espere. Que mensagem?
O mundo à minha volta parou, e meu peito vazio de repente pareceu feito de chumbo. Por favor, Deus, não. Não permita que seja o que estou pensando.
– Major – falei, quase com medo de perguntar.
Será que eu queria saber a resposta? Poderia viver com isso?
– O que foi?
– Que mensagem? – perguntei, antes que pudesse me conter.
– A que eu mandei sobre Cord querer pegar a calcinha dela embaixo da sua cama e perguntando se você ainda estava trepando com ela.
Não... não... não...
– Major, eu nunca recebi essa mensagem. Quando você mandou isso?
– Eu já disse...
– Não. Preciso saber a data e a hora que você me mandou essa maldita mensagem! – gritei.
Os cavalos relincharam, mas minha cabeça latejava e um peso ia tomando conta dos meus pulmões.
– Que merda, cara. Vou ver. Calma – resmungou ele, pegando o celular e verificando as mensagens.
– Ah... 29 de junho, nove da manhã. Liguei duas vezes também. Sem resposta nem retorno.
Larguei os suprimentos que tinha na mão e saí pela porta. Continuei caminhando. E caminhei mais. Caminhei até estar o mais longe possível de Major, até minha casa sumir de vista.
Então inclinei a cabeça para trás e pus tudo para fora num rugido furioso.
Reese tinha visto a mensagem. Foi isso que a colocara naquele canto, olhando para mim como se estivesse destroçada. Uma maldita mensagem a havia tirado de mim.
Reese
Maryann Colt havia falado durante todo o caminho desde o aeroporto. Ela dormira o voo inteiro. Eu não conseguira fazer nada além de olhar pela janela. Meus pensamentos estavam em Mase e no menino que ela havia descrito. Ele parecia exatamente o homem por quem eu tinha me apaixonado. Uma mensagem de celular me fez duvidar de tudo. Tudo o que ele tinha feito para me mostrar quanto me amava, e eu nem sequer o deixara explicar.
Eu não havia sido um projeto de caridade. Ele não estava tentando me recuperar. Ele estava lutando por mim porque me amava.
Ele nem sequer sabia da mensagem. Eu a apagara antes de pôr seu celular no lugar. Ele não fazia ideia do que havia mudado naquela manhã. E agora eu ia aparecer na casa dele sem aviso. Eu sabia que eu teria que lutar por ele não só porque sua mãe disse que ele me queria.
Ele podia ter dado prosseguimento à sua vida por outros caminhos. Cordelia talvez o estivesse mantendo aquecido à noite. Eu não queria pensar nessa hipótese.
Em vez disso, fiquei escutando Maryann. Tinha que me concentrar em suas palavras, não no que eu poderia enfrentar em seguida. Mas, independentemente do que fosse, eu lutaria. Ele havia lutado por mim uma vez. Eu lutaria por ele agora.
– A casa dele fica um pouco mais à frente nesta estrada. Talvez ele esteja na cama agora. É tarde e ele tem ido dormir logo depois do jantar. Mas bata na janela à esquerda, caso ele não abra a porta. Vou deixar você ir andando daqui em diante. Não quero que ele veja minha caminhonete. Agora é com você. Vá lá e mostre ao meu menino que vale a pena lutar por ele.
Abri a porta da caminhonete e saltei.
Maryann apontou a estrada de terra, iluminada pelo luar, logo atrás da casa dela.
– Siga aquela trilha. Levará até a porta dele.
Comecei a caminhar naquela direção, então parei, e olhei de volta para ela. E a flagrei secando os olhos.
– Obrigada – falei. – Sei que fez isso por ele. Mas você me salvou também.
Não esperei pela resposta dela. Segui colina acima em direção ao telhado que eu mal enxergava a distância. O telhado metálico capturava os raios de luar e eu os segui. Meu coração estava acelerado pela primeira vez em meses. Eu ia vê-lo. Ia ver Mase.
Se Cordelia estivesse lá, eu teria que manter a calma e não arrancar os olhos dela. Mas, quanto mais perto eu chegava de sua casa, mais eu percebia que não podia atacá-la se ela o estivesse tocando. Se ele a tivesse tocado.
Eu ia acabar ficando enjoada. Não podia pensar naquilo.
Havia uma caminhonete preta, semelhante à prateada que sua mãe dirigia, estacionada diante da casa. Era o único veículo ali, e quase suspirei de alívio. Poderia travar a batalha contra Cordelia mais tarde. Agora eu ia me concentrar em fazê-lo me perdoar.
Subi até a varanda na frente da casa e parei. Agora que estava ali, sem Maryann me guiando, fiquei paralisada de medo. Mas chegara até aqui. Tinha voado pela primeira vez na vida e deixado o único lugar seguro que já conhecera para vir até aqui. Para encarar um homem que eu expulsara de minha vida.
Da última vez que ouvi sua voz, ele estava gritando que me amava atrás da minha porta.
Será que ele ainda sentia a mesma coisa? Será que eu havia esperado demais?
A porta se abriu antes mesmo que eu chegasse perto o suficiente para bater, revelando um Mase sem camisa. As sombras cobriam seu rosto, mas eu conhecia aquele peito. Também conhecia aquela cueca boxer. Precisava dizer alguma coisa. Meu corpo inteiro parecia congelado.
– Vim lutar por você – falei abruptamente, e então comecei a chorar.
Mase
Reese estava aqui. Na minha casa. Na minha varanda. E estava chorando.
Saí na escuridão, ainda me perguntando se aquilo era um sonho e se eu finalmente tinha conseguido dormir um pouco naquela noite.
– Reese? – perguntei, temendo acordar, se a tocasse.
– Sinto muito. Eu... Vendo você... Eu ia ser forte e dizer que te amo e que estraguei tudo e que te amo e...
Que se dane o sonho. Estendi os braços e a puxei para mim.
Ela estava aqui. Ela estava aqui. Ela estava aqui.
Seus braços me enlaçaram e me apertaram. Exatamente como eu lembrava. O cheiro doce de canela alcançou o meu nariz, e eu sabia que minha imaginação não era assim tão boa. Tinha tentado evocar o cheiro dela mais de uma vez e não conseguira. Essa era a minha Reese.
– Eu te amo. Não vou mais embora. Estou aqui para fazer você me receber de volta. Minha vida é vazia sem você.
Ela soluçava nos meus braços.
Por acaso ela estava tentando me convencer a deixá-la ficar comigo? Será que ela realmente pensava que tinha que implorar para que eu ficasse com ela?
– Reese, eu...
Ela se afastou e me encarou com os olhos arregalados, em pânico.
– Não, não diga nada. Apenas me escute. Eu estava errada. Você é alguém por quem vale a pena lutar. Eu estava... Eu sou uma complicação. Tenho muito a superar, mas vou fazer valer a pena. Vou amar você mais do que ela jamais conseguiria. Mais do que qualquer pessoa jamais poderia. Vou passar o resto da vida provando para você que valho essa complicação toda. Não deixarei passar um dia sem mostrar a você quanto eu te amo. Vou me mudar para cá. Vou arranjar um lugar para morar e um emprego. Vou cozinhar para você e vou...
Cobri sua boca com a minha e interrompi seus adoráveis e confusos argumentos. Seu grito surpreso foi seguido de um gemido, e ela me beijou como se precisasse do gosto da minha boca para viver. Sua doçura infiltrou-se em mim enquanto aqueles lábios carnudos tocavam os meus. Tomei o rosto dela entre as mãos e a afastei um pouco para que pudesse fitar seus olhos.
Ainda estavam úmidos do colapso inicial quando tinha me visto. Ainda assim, estavam lindos. Meus lindos olhos azul-bebê. Olhos com os quais eu sonhava, que sempre me deixariam fascinado.
– Vale a pena lutar por mim? – perguntei, querendo ouvi-la dizer aquilo mais uma vez.
Ela tinha parecido muito determinada ao dizer aquelas palavras da primeira vez.
– Sim! – disse ela, a veemência retornando.
– E contra quem você acha que precisa lutar por mim?
Uma dor brilhou em seus olhos. Eu não queria isso. Comecei a assegurá-la de que não havia ninguém, mas ela falou primeiro.
– Qualquer uma... Lutarei contra qualquer uma – disse ela por fim.
Ela estava falando de Cordelia. Aquela maldita mensagem.
– Gata, no momento em que esses seus lábios tocaram os meus, eu fui seu. Não. Apague isso. No momento em que saí do quarto e vi sua bundinha para cima e a ouvi cantando desafinada, eu fui seu. E de mais ninguém. Jamais. Antes de você, sim, houve outras. E houve uma garota com quem eu tive uma “amizade colorida”. Nada mais. Mas, no momento em que você entrou na minha vida, aquilo acabou. Ela não aceitou bem o término e tentou me fazer mudar de ideia. Mas tudo que eu via, tudo que meu coração via, era você. E mais ninguém.
– Cordelia – disse ela baixinho.
– Sim. Mas a mensagem que você viu de Major foi porque um dia, ao chegar em casa vindo do trabalho, eu a encontrei na minha cama. Eu a mandei embora e ameacei chamar minha mãe se ela não saísse. Até lavei meus lençóis para me livrar do cheiro dela. Caramba, até comprei um colchão novo depois daquilo. E lençóis novos. Eu não queria dormir em nada em que tivesse estado outra pessoa que não fosse você. Nunca mais.
– Ela deixou a calcinha nesse dia – concluiu ela baixinho, os olhos brilhando com novas lágrimas. – Era disso que falava a mensagem.
Assenti com a cabeça. Ajeitei um cacho de seu cabelo, prendendo-o atrás da orelha.
– Se eu soubesse que era essa a razão que a fazia me olhar como se eu fosse um monstro, teria ficado e lutado por você. Mas pensei que era o passado, os demônios que a assombram. Pensei que eu tivesse pressionado demais e que você precisasse de espaço.
Parei e respirei fundo.
– Pensei que você fosse ligar. Esperei. Estava esperando. Ia esperar para sempre.
Ela fez biquinho outra vez e comecei a beijar seu rosto. Não queria que ela chorasse. Eu a tinha aqui. Comigo.
– Não vou deixar você voltar. Você vai ficar comigo. Não posso deixar você me abandonar. Vou ficar maluco – confessei, beijando suas bochechas e seu nariz, e então dando um selinho em sua boca.
– Eu não quero ir embora – disse ela.
Deus, como eu a amava.
– Entre – pedi, pegando as mãos dela e guiando-a para dentro de casa. – Venha se deitar comigo. Quero abraçar você.
Reese parou, e eu me virei para olhá-la.
– Não. Esta noite eu quero abraçar você – disse ela, o rosto outra vez determinado.
– Se é isso que você quer – concordei.
Tirei as botas dela e depois o jeans. Ela me deixou despi-la sem questionar. Quando abri seu sutiã, não a toquei ou olhei, apenas peguei a camiseta que eu tinha tirado e a passei por sua cabeça.
Ela enterrou o nariz no tecido e inalou, apertando os braços com força em torno de si mesma. Adorava quando ela se aconchegava com minha roupa como se fosse comigo.
Então ela subiu em minha nova cama king-size, se recostou na cabeceira e estendeu os braços para mim.
Com a emoção lutando com a alegria, consegui conter as lágrimas que queimavam em meus olhos. Deslizei até ela e deitei a cabeça em seu peito, para escutar as batidas de seu coração.
Ela correu os dedos pelo meu cabelo, e ficamos ali deitados. Passei os braços pela cintura dela e me deleitei com seu cheiro. O som de seu coração se acelerava cada vez que eu deslizava minha mão em direção ao seu traseiro e depois voltava.
– Cada passo que dei na vida me levou até você – disse ela, num sussurro. – E porque estou aqui agora não lamento nada. Para cada coisa ruim que aconteceu, fui recompensada com algo ainda mais belo, capaz de compensar todo aquele mal. Você fez tudo valer a pena. Você é meu presente na vida. Passei pelo mal e sobrevivi. Minha recompensa foi Deus me dar você.
Eu já nem me preocupava em reprimir as lágrimas.
Chorei nos braços dela.
Reese
Hoje íamos voltar a Rosemary Beach para pegar as minhas coisas. Mase não queria que eu fosse a lugar nenhum sem ele, assim, por dois dias usei roupas de Harlow, do tempo em que ela ficara em sua casa, uns dois anos atrás. Eram todas muito curtas e apertadas, mas consegui me virar com elas.
No entanto, Mase não me deixava sair de casa vestida com as roupas dela. Estava preocupado com a possibilidade de alguém me ver. Major me vira na primeira manhã com um short e uma camiseta de Harlow e ofereceu a Mase sua “bola esquerda” por mim. Mase lhe deu um soco na cara. Que horror.
Maryann foi até a casa do filho, aborrecida, perguntar a Mase por que ele tinha quebrado o nariz de Major. Ele contou. Maryann começou a rir e voltou para casa.
Acordei em uma cama vazia naquela manhã, o que, considerando que Mase me mantivera num abraço apertado nas duas últimas noites, me surpreendeu. Levantei-me e fui até o banheiro, escutando a ducha aberta e Mase cantando. Ao contrário de mim, ele cantava muito bem. Sua voz tinha um toque áspero, mas fluía de um modo que me deixava arrepiada. Eu nunca tinha escutado Mase cantar. Mas, com um pai como Kiro, fazia todo sentido que ele tivesse uma voz que correspondesse ao seu patrimônio genético.
Não reconheci a letra, mas ela me atraiu. Abri a porta e entrei no vapor. Ele não percebeu a minha chegada, mas sua cabeça estava inclinada para trás, sob a água, e ele continuava cantando.
Aceitarei seus demônios se você me deixar entrar. Não se esconda, gata, porque tudo que eu quero é oferecer mais.
Ele virou a cabeça e parou de cantar assim que seus olhos se fixaram nos meus.
Não era daquelas coisas que eu precisasse pensar a respeito e planejar. Esse homem me amava, e eu sabia que nunca amaria alguém do jeito que o amava. Ele estava disposto a enfrentar qualquer coisa que eu jogasse para ele, desde que no fim pudesse me abraçar.
Agarrando a barra da camiseta, eu a levantei e a tirei, então a joguei no chão. Tirei rapidamente a calcinha e fui abrir a porta do boxe. Mase ficou paralisado enquanto seu olhar descia pelo meu corpo nu.
Entrando no jato de água quente, olhei para suas coxas grossas e musculosas e, subindo o olhar, vi que estava rijo e pronto. Sentindo-me confiante e em segurança, peguei o sabonete e comecei a ensaboar minhas mãos enquanto Mase continuava parado. Ele não se moveu nem recuou. Somente seus olhos acompanhavam cada movimento meu. Cheguei mais perto e deslizei ambas as mãos por seu pau duro e liso.
Um grunhido baixo veio de seu peito, e ergui os olhos para ele, vendo que suas pálpebras tinham baixado, deixando-o com aquela expressão misteriosa que eu amava. Deslizando minhas mãos molhadas e ensaboadas sobre ele, com gestos longos, vi sua mandíbula relaxar e ele recuar e se encostar na parede. Deslizei a mão por baixo para agarrar seu saco e comecei a ensaboá-lo também ali.
– Reese – gemeu ele, fazendo menção de segurar a minha mão.
– Deixa... – pedi, apertando meus seios contra seu peito.
– Ahhh... caralho.
Mantive a pegada firme e lenta, e logo a cabeça de seu pau foi ficando vermelha. Um líquido incolor começou a verter, e fiquei ansiosa para ouvi-lo gozar. Acelerei o ritmo, e sua respiração ficou entrecortada.
– Eu vou... gozar. Caralho, gata, eu vou gozar – falou ele.
Então um grito grave saiu dos lábios dele quando seu gozo jorrou em minha barriga e minhas mãos.
– Não se mexa – pediu, num arquejo, então ergui o olhar, notando seus olhos fixos na minha barriga, coberta com ele. – Ah, por favor... não se mexa. Deixe-me só olhar para você. Assim.
Sentindo-me ousada, corri a ponta dos dedos pelos veios brancos de gozo que haviam caído em mim. Então olhei nos olhos dele. Seus olhos estavam excitados novamente. Um brilho possessivo surgira neles.
– Esfregue – disse ele num sussurro rouco.
Fiz o que ele pediu. Com as duas mãos massageei até o líquido desaparecer em minha pele.
Ele pegou o sabonete e começou a ensaboar as mãos. Afastando-se da parede, ele se aproximou e envolveu meus seios com as mãos. Então ele começou a me lavar. Ou a lavá-los. Completamente. Pegou meus mamilos e apertou com carinho antes de descer para minha barriga. Quando chegou ao ponto onde eu havia esfregado seu gozo em minha pele, ele lavou com um toque reverente que fez o formigamento entre minhas pernas se transformar em um latejamento.
Quando deslizou a mão para o espaço entre minhas pernas, precisei apoiar as duas mãos na parede, uma de cada lado. Minhas pernas começaram a fraquejar, e Mase sussurrou em meu ouvido que eu era linda. Que eu era dele. Que ele amava cada parte de mim. Que ver seu gozo em mim o fez ficar louco de desejo.
Agarrando-me aos ombros dele, senti a tensão crescendo e sabia que estava prestes a ser atingida por um orgasmo que provavelmente me deixaria de joelhos.
Mase passou um braço pela minha cintura e me segurou enquanto pressionava meu clitóris mais uma vez. E continuou me segurando quando o prazer desabou sobre mim, e meus joelhos finalmente cederam e se dobraram.
Eu estava voltando à terra, mas ele já havia me lavado e estava me carregando para o quarto. Ele não me secou até me colocar no pé da cama. Depois que passou a toalha por meu corpo, secou-se rapidamente e então me deitou na cama.
Sua boca cobriu a minha enquanto seu corpo rijo e nu roçava no meu. Arqueei as costas, tentando senti-lo ainda mais, enquanto ele continuava a pairar sobre mim, apoiado nas mãos e nas pernas. Essa seria outra razão para eu me sentir grata por ter pernas longas. Envolvi sua cintura com as pernas e o forcei a descer sobre mim.
– Isso, ah! Assim, isso é muito gostoso – gemi, minha boca de encontro à dele, meus seios finalmente esmagados contra o peito dele e a fenda entre as minhas pernas se esfregando na rigidez de sua ereção.
Ele afastou a boca da minha e a enterrou em meu pescoço. Ele respirava com dificuldade. Percebi que cerrara os punhos ao lado da minha cabeça.
– Mase? – perguntei, correndo os dedos pelas costas dele, desfrutando do prazer de sentir seus músculos se flexionarem sob meu toque.
– Eu quero... Não posso... Por Deus, gata – gemeu ele, e seus punhos se apertaram ainda mais, como se ele lutasse contra algo muito forte.
Senti sua ereção forçando meu corpo, e então entendi. Ele queria me penetrar. Estava tão absorta em senti-lo perto de mim que nem uma única vez tivera medo.
A dor do meu passado. A dor que antes acompanhava qualquer contato, sexual ou não, não estava mais em minha vida. Esse homem era o meu mundo. Ele me amava. Era gentil e cuidadoso comigo. E eu queria estar o mais perto dele possível. Queria saber como era ser um só corpo com ele. Isso não era sujo nem errado. Era belo e puro.
Erguendo meus quadris, levei minha mão até seu pau e o guiei até que a cabeça estivesse posicionada bem na minha entrada. Com um movimento, estaríamos ligados. Era esse o objetivo do sexo, uma conexão mágica entre duas pessoas que se amavam tanto que formavam um só corpo, ainda que apenas por um momento. Assim como os corações que elas já haviam unido.
– Faça amor comigo, Mase. Me mostre como é o amor. Por favor.
Acrescentei as últimas palavras para lembrá-lo de todas as vezes que ele me perguntou se podia me tocar e havia terminado a frase com “por favor”. Eu queria isso tanto quanto ele queria o que me pedira.
– Você é minha vida – murmurou ele em meu ouvido, enquanto mergulhava em mim, me preenchendo toda.
Lágrimas encheram meus olhos, e eu o enlacei, abraçando-o muito apertado. Com uma gentileza que eu só vira nele, Mase começou a entrar e sair de mim enquanto beijava meu rosto e meu pescoço, dizendo que eu era linda. Que éramos lindos juntos.
Nunca imaginei que algo pudesse me fazer sentir tão completa.
Deslizando as pernas para cima e para baixo em suas costas e sua bunda perfeitamente definida, mergulhei na luxúria de ser amada por Mase.
– Eu te amo – arfou ele em meu ouvido.
– Eu também te amo – respondi num gritinho.
– Quero gozar dentro de você. Mas não vou fazer isso antes de você estar pronta – falou, beijando meu pescoço.
Eu o queria dentro de mim. Mas não estava usando nenhum método anticoncepcional. Eu precisava de um. Nunca tinha usado antes.
– Deus, Reese, você é tão apertadinha. Juro, não quero nunca mais sair de você – arfou.
Erguendo minhas pernas para que sua estocada fosse mais fundo, senti que ele massageava algo dentro de mim e instantaneamente tive a explosão mais brilhante que já havia sentido. Seu nome jorrou da minha boca e apertei as pernas em torno dele, mantendo-me assim para não descolar dele.
Seu corpo tremeu enquanto ele gritava meu nome. Quando seu corpo começou a ter espasmos em cima de mim, abri os olhos e vi os dele bem fechados e sua cabeça jogada para trás. O suor descia de sua testa e uma gotinha rolou pelo seu rosto e caiu em mim.
Quando finalmente abriu os olhos, ele me fitou.
– Não posso me desculpar por essa, porque, meu Deus, Reese, juro que os anjos acabaram de cantar e essa casa tremeu nas bases.
Sorrindo, corri as mãos pelo cabelo úmido de Mase e puxei sua boca para a minha.
– Pelo que você se desculparia? – perguntei junto aos lábios dele.
– Por gozar dentro de você – disse ele num sussurro.
Ele ainda estava dentro de mim. Eu ficara tão perdida nos jardins do paraíso que nem tinha me dado conta.
– Ah. – Foi tudo que eu disse.
– Quando você fechou as pernas, tentei segurar até você terminar, mas você é tão apertada. E você é tão linda quando goza. E você me agarrou como uma luva, gata. Quando percebi, já estava gozando.
Eu não ia arruinar esse momento porque tínhamos nos esquecido de tudo.
– Mase, isso foi... isso foi mais... mais do que eu podia imaginar.
Ele se virou de costas, ainda enterrado em mim. Gostei de ver que ele não tinha pressa de sair. Queria ele o mais perto possível. Agora eu estava por cima dele.
– Eu amo você. Você é o meu mundo. Mas tem duas coisas que vêm logo atrás, muito perto – disse ele num tom sério. – Essas suas pernas compridas e essa bocetinha apertada vão me ganhar se você não tomar cuidado – acrescentou ele com um sorriso provocador.
Rindo, eu o beijei. Porque ele era meu.
Mase
Escrevi meu endereço em cada uma das caixas, empilhadas junto à porta da frente do apartamento de Reese. Ela estava ocupada limpando o refrigerador agora vazio. Jimmy havia acabado de sair, depois de se despedir dela com um abraço choroso.
Ele fizera tudo tal como eu pedira. Tinha ficado ao lado dela. Ele a mantivera em segurança. Eu devia muito a ele. Não sabia como pagaria, mas eu pagaria. De algum jeito.
Reese se curvou, me distraindo quando seu short subiu um pouco, revelando minha pinta favorita.
– A pinta, gata. Se você quiser terminar isso sem minha boca na sua bunda, então não se curve assim – adverti, fechando a porta e espreitando por trás das caixas na direção dela.
Reese se levantou e se virou para mim, rindo.
– Foi mal. Tive que limpar o fundo da geladeira.
– Não se desculpe. Decidi que quero beijar essa bunda. Curve-se de novo – pedi, com um sorriso travesso.
Reese recuou, colocando as mãos à frente do corpo, para me deter.
– Não. Nunca sairemos daqui se você não parar com isso. Já fizemos sexo no sofá, na cama, em cima do bar e da cômoda. E faz apenas um dia e meio que chegamos aqui. Assim, não vamos terminar nunca.
Agarrei suas mãos e a puxei para mim, com cuidado para não machucá-la.
– Gata, de quem é essa bocetinha? – perguntei, deslizando minha mão pela frente de seu short.
– Sua – falou com um suspiro.
Meu monstro possessivo rugiu, despertando.
– Isso mesmo. E eu quero brincar com a minha bocetinha. E escutar minha garota gritar o meu nome.
Os olhos de Reese ficaram vidrados e sua respiração, entrecortada. Eu sabia que agora ela estava vencida. Era fácil convencê-la. Nas primeiras vezes, eu fora cuidadoso e não apressara nada. Eu me certificava de que ela estivesse comigo o tempo todo e que soubesse que eu a adorava e jamais a machucaria.
Mas não precisava mais disso. Tudo o que eu tinha que fazer era falar sacanagem e ela se derretia, pronta para eu fazer o que quisesse. Essa mulher fazia com que eu me sentisse o rei do mundo.
Uma batida na porta me impediu de tirar a blusa dela e chupar seus seios. Lutei para não soltar um palavrão, porque provavelmente era outra pessoa vindo se despedir dela. Reese precisava saber que sentiriam falta dela. Que mais pessoas aqui se importavam com ela, não só Jimmy. E só por essa razão eu me contive e não reclamei.
– Eu atendo. A Srta. Popular está recebendo muitas visitas hoje, hein – provoquei.
Sua risada musical me acompanhou.
Abri a porta de supetão, esperando ver alguém conhecido, mas, em vez disso, me vi diante de um homem alto, de aparência distinta, vestido em um terno Armani. Eu tinha um para eventos especiais, então sabia. Seu cabelo negro e sua pele morena me fizeram pensar que fosse italiano. Havia algo no formato de seus olhos. Eram castanhos, mas familiares.
– Reese Ellis mora aqui? – perguntou ele, o sotaque mais leve do que eu esperava.
Ele me lembrava uma versão cinematográfica de um chefe da Máfia.
– Ela morou – respondi, não gostando nada do fato de o homem saber o nome dela e a estar procurando.
– Eu sou Reese Ellis – disse ela, surgindo atrás de mim.
Merda. Não queria que ela viesse até a porta. Algo nesse homem me preocupava.
– Posso ajudá-lo? – perguntou ela, estudando o homem com muita curiosidade.
– Gata, pode deixar que cuido disso – murmurei, colocando-a atrás de mim com um braço e cuidando para que meu corpo a cobrisse.
O canto da boca do homem formou um sorriso, como se ele estivesse se divertindo.
– Fico feliz de saber que Reese tem alguém para protegê-la. No entanto, esperei 23 anos para conhecê-la. – Ele estendeu a mão para mim. – Sou Benedetto DeCarlo, pai de Reese.
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