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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


A VOZ DO AMOR / Brenda Jackson
A VOZ DO AMOR / Brenda Jackson

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio VT

 

 

 

Bastou Savannah Claiborne chegar com a notícia de sua gravidez, para o pacato lar de Durango Wetsmoreland sofrer uma avalanche. Uma única noite de tórrida paixão transformou o cobiçado celibatário em um homem sem escapatórias. Mas, ele está determinado a não fugir de suas responsabilidades, por isso a pede em casamento... Com a condição de que seria apenas uma união temporária!

 

 

 

 

                                       CAPÍTULO UM

Na janela, o rosto firme e o olhar másculo de Durango Westmoreland refletido no vidro combinavam perfeitamente com a paisagem das montanhas que ele tanto admirava. Pela manhã, como de costume, uma dor no joelho direito anunciava a chegada de uma forte nevasca, e, muito embora as previsões anunciassem que esta passaria rápido por Bozeman rumo ao Norte, na direção de Havre, a dor não o enganaria.

Não havia provas científicas sobre isso, mas mesmo com o céu limpo em Montana, Durango sabia que estava certo. A natureza das montanhas é receber bem os homens que sabem viver em harmonia com o lugar, pois, a qualquer momento, corre-se o risco de ficar preso em um vale qualquer em meio à nevasca e, em conseqüência, ser atingido por avalanches, que surpreendiam até mesmo os mais destemidos esquiadores.

Este era o lar que ele tanto amava, mesmo na pior época do ano.

Porém, pensamentos saudosos fluíam para Atlanta, sua cidade natal, onde moravam entes queridos. Mesmo que prezasse a privacidade que gozava morando sozinho, momentos como aquele o emocionavam.

Por perto, havia um vizinho, o tio Corey, recém-casado e que já não visitava Durango com tanta freqüência, mas com quem mantinha contato mesmo que fosse necessária uma longa caminhada até a fazenda na parte mais alta do pico da chamada “Montanha de Corey”. Mas quem mais lhe vinha à mente era Savannah Claiborne, irmã da noiva no casamento de Chase.

Assim que se entreolharam, surgiram faíscas de atração. Mal se lembrava da última vez que fora tão envolvido por uma mulher. Ela o deixou completamente perdido, dos pés a cabeça, sem o mínimo controle.

Ao anoitecer, depois de acompanhar a saída dos noivos, todos permaneceram no salão do hotel festejando noite adentro.

Durango e Savannah estavam mais que alegres e embriagados quando ela o convidou, à meia-noite, para um drinque a sós em um quarto de hotel onde, após insinuações mútuas, acabaram fazendo amor.

Tanto Savannah quanto aquela noite não saíam da invicta mente do solteirão Durango Westmoreland.

— Droga!

Tratou logo de espantar tais pensamentos, culpando o tio recém-casado. Durango lembrou-se da última vez que esteve apaixonado e ganhou, em troca, uma profunda cicatriz no coração. Dali em diante, preferia a tranqüilidade das montanhas e às vezes mantinha ditância das mulheres, resguardando ao máximo os sentimentos dos riscos de viver novas aventuras.

Ainda assim, Savannah Claiborne era tão insistentemente lembrada que parecia convencido de que algo especial tinha acontecido. Havia momentos que parecia senti-la, os corpos encaixados e colados um ao outro, na ânsia de levar a fundo o desejo que ela pulsava internamente...

Tentou se recuperar, relaxou a cabeça na intenção de voltar ao normal. Virou-se e alcançou o telefone para se disponibilizar a trabalhar na central do parque, uma vez que naquele dia a equipe estava desfalcada, devido à licença hospitalar de um colega que se submeteria a uma cirurgia no joelho. Assim que começou a digitar os números, ficou mais tranqüilo, pois era esse mesmo o objetivo: manter-se sob controle.

Savannah Claiborne parou em frente à porta de madeira maciça, sem acreditar que chegara a Montana e que em poucos minutos estaria mais uma vez diante de Durango Westmoreland. Quando decidiu procurá-lo pessoalmente, ao contrário de telefonar, não imaginava que seria tão difícil dar seu recado.

Deu um forte beliscão no próprio braço para voltar a si e entender, mais uma vez, como deixara tudo aquilo acontecer. Já não era mais uma adolescente sem instruções sobre sexo seguro, e sim, uma mulher de vinte e sete anos que conhecia métodos anticoncepcionais Pena que estivesse muito ocupada para se prevenir de diversas doenças e do homem que seria o pai de uma criança dentro de sete meses.

Para piorar, não sabia quase nada sobre esse homem, a não ser que era um guarda florestal, um especialista em fazer amor... e, evidentemente, em fazer bebês, mesmo que essa não fosse sua proposta.

Pelas conversas com a irmã, sabia que Durango era um solteirão convicto. Por isso, ela não faria questão de que ele mudasse de idéia, e simplesmente soubesse da novidade. Logo em seguida voltaria para Filadélfia e cuidaria sozinha da criança.

Ergueu a mão para bater na porta, mas antes, soltou todo o ar dos pulmões. Nervosa, deu-se conta de que a última vez que o vira fora há dois meses, saindo do quarto do hotel depois de passarem uma única no ite juntos. Definitivamente, isso não era de seu feitio, jamais desejara casos superficiais, muito menos sexo casual. Mas naquela noite embriagou-se e se sensibilizou com a felicidade da irmã. Patético. Sabia qne não agüentava nem uma gota de álcool, mas mesmo assim, entrou no ritmo da festa e se desinibiu.

Desde então, passou diversas noites em claro sonhando com Durango... Recentemente também no dormia pela manhã, devido aos freqüentes enjôos provocados pela gravidez. A única pessoa que sabia de tudo era sua irmã, Jéssica, e ela concordava que Durango tinha o direito de saber e o melhor seria Savannah lhe contar pessoalmente.

Respirando fundo, Savannah encheu os pulmões e bateu na porta. O Dodge de Durango estacionado em frente a casa indicava que ele estava lá.

Savannah engoliu o nó na garganta ao ouvir a maçaneta virar. A porta foi aberta. Ficou estática e sem respirar diante daquele homem fone, atraente e visivelmente constrangido. Vestido de calça jeans justa e com uma camisa xadrez cobrindo os ombros largos e o peitoral definido, ele continuava tão lindo e irresistível como antes. Ela passou os olhos por todos os traços que a haviam seduzido: os cabelos negros, curtos e cacheados, a pele marrom, os lábios bem definidos e o olhar penetrante.

— Savannah? Quanta surpresa! O que lhe traz aqui?

Com o estômago contraído, ela pensou no incontável número de mulheres que sentia o mesmo ao vê-lo. Respirou fundo e tentou afastar esses pensamentos.

— Preciso falar com você. Posso entrar? — perguntou, breve e objetiva.

Ele estranhou um pouco, levantou uma das sobrancelhas e a fitou dizendo:

— Claro, entre.

Durango não se considerava muito intuitivo, mas estranhou que justo a mulher em quem estava pensando havia poucos minutos, tinha se materializado em frente à porta de sua casa na pior estação do ano em Montana. Ainda que janeiro fosse conhecido como o mês de clima mais rigoroso nas montanhas, fevereiro não era diferente. Portanto, o que Savannah tinha a dizer devia ser muito importante a ponto de trazê-la até os confins da floresta em pleno inverno.

Enquanto Savannah pendurava o casaco, as luvas e a touca no cabideiro, Durango observava os contornos do corpo dela, ao mesmo tempo em que tentava entender o motivo daquela visita surpresa. Mas antes, para recebê-la melhor perguntou:

— Gostaria de beber algo? Acabei de fazer chocolate quente.

— Sim, obrigada. Acho que me aquecerá.

Ao vê-la sem casaco, Durango tinha certeza de que eram aquelas as curvas que habitavam suas fantasias. Os seios fartos e firmes, a cintura fina, os quadris graciosamente curvos. Ela era fantástica.., a pele cor-de-jambo de seu rosto... e ainda aquele par de olhos...

Respirou fundo. Foram aqueles olhos que o fizeram perder o juízo durante o ensaio do casamento na sala de jantar e à noite quando fizeram amor. Através daqueles olhos, ele acompanhou todo o prazer que ela sentia ao alcançar o clímax.

De repente, Durango perdeu o controle sob suas sensações, e elas explodiram internamente, o sangue, em ebulição, subiu até partes que precisaram ser urgentemente escondidas. Como isso aconteceu? Parecia mais um adolescente inexperiente do que um homem de trinta e três anos.

— Fique à vontade — conseguiu dizer depois de pigarrear. — Volto logo.

Saiu se perguntando por que estava tolerante diante da visita surpresa de uma mulher. Como de costume, deixaria bem claro o quanto a situação o incomodava. A única justificativa era considerar aquela visita como uma exceção, uma vez que Savannah era cunhada de Chase. Mas Durango desconfiava que havia algo além disso.

Quando retomou para a sala, procurou saber a razão da visita inesperada.

Ao vê-lo sair da sala, Savannah sabia que estava agindo corretamente, porém era imensa a dificuldade de cumprir o que se propunha. Mas ele merecia saber. Talvez o bebê tivesse mais sorte do que Jéssica, seu irmão Rico e ela mesma. Um sorriso iluminou seu rosto ao lembrar-se deles. Rico não gostaria de vê-la como mãe solteira, mas certamente se apaixonaria pela idéia de ser titio e, caso Durango não aceitasse ser pai, ele assumiria a figura paterna e seria muito presente.

Savannah, com o olhar clínico de fotógrafa, notou a amplitude e a rusticidade dos dois andares da casa. As paredes interiores do andar de baixo eram de pedra polida. À direita, havia uma lareira de tijolos e uma enorme estante de madeira para livros, ainda que a leitura fosse um passatempo impensável para Durango No centro da sala, havia uma mesinha de café entre dois sofás que pareciam confortáveis. E diante de cada uma das janelas que mostravam a beleza das montanhas e do gelo, tinham sido colocados dois bancos altos para apreciá-los. O ambiente era aconchegante e preenchido por mobílias rudimentares, personalizado e íntimo nos dois andares, inclusive na escada de madeira escura e maciça.

— Aqui estamos.

Ela se virou na direção de Durango que, segurando uma bandeja com duas xícaras de chocolate quente, atiçava as fantasias de Savannah, ao imaginá-lo lindo cuidando dos afazeres domésticos. Aquele pensamento provocou nela uma erupção de desejo.

— Obrigada — disse enquanto atravessava a sala até ele.

Ao apoiar a bandeja sobre a mesinha, Durango sentiu o perfume de Savannah quando ela ficou bem próxima dele, e isso lhe trouxe as mesmas sensações daquela noite. Ofereceu a xícara a ela e decidiu cortar a educação de bom-moço. Era necessário saber o que, afinal, ela estava fazendo ali.

— A que devo sua visita, Savannah? — perguntou suave e diretamente.

Não havia motivo razoável para vê-la ali, no auge do inverno, dois meses após terem se conhecido e feito amor.., a menos que...

Suas sobrancelhas se juntaram assim que sentiu uma pontada no estômago provocada pela tensão. Tudo o que mais queria era que estivesse enganado, mesmo que a situação indicasse o contrário. Não era uma questão de ingenuidade, mas rever a mulher de uma única noite de amor, nessas condições, significava que ela desejava que a performance se repetisse ou... que algo inesperado e bombástico havia acontecido.

Diante da determinação nos olhos dela, seu coração parecia querer pular pela boca. De repente, enfureceu-se ao perceber que estava emboscado no aconchego do próprio lar. Perguntou:

— Diga logo, Savannah. Qual o motivo da sua visita?

Ela pousou calmamente a xícara na bandeja, ajeitou o cabelo e encarou o tom de acusação que vinta de Durango. Suspeitava que ele já soubesse e, portanto, estivesse poupando-a de adiar a revelação. Por fim, respondeu:

— Estou grávida.

 

                                           CAPÍTULO DOIS

Durango ficou imóvel e só voltou a si quando começou a raciocinar. Ela não disse quem era o pai do bebê, pois estava implícito. No entanto, sempre soube que fazia amor e não bebês, mesmo que as lembranças indicassem que tudo era possível... porém, um detalhe naquela manhã o fez sorrir um tanto quanto inconformado e se pôs a dizer:

— Não é possível.

Savannah não entendeu com qual argumento ele estaria resistindo e se alterou um pouco:

— Se você pretende dizer que é estéril, esqueça.

Largando o corpo para trás até o encosto do sofá, cruzou os braços e sustentou sua intenção:

— Não, não sou estéril. Mas se não me engano, naquela manhã você falou para que eu não me preocupasse, porque você fazia uso de métodos anticoncepcionais.

Um pouco desnorteada, ela também cruzou os braços e respondeu:

— E usava. Mas acontece que me esqueci de tomar a pilula. Em geral, falhar uma só vez não tem problema, mas neste caso... acho que isso me faz ser a exceção da regra.

— Se esqueceu de tomar a pílula? — disse nervoso e em tom debochado. Ela esqueceu justo no único momento que deveria? Não faz sentido. A não ser que...

— Você queria engravidar? — perguntou um pouco inseguro, em tom baixo.

Ele a percebeu surpresa e também como a pergurata a havia desagradado:

— Como você ousa me perguntar isso?

— Droga, queria ou não queria? — rebateu um pouco mais nervoso, ignorando a reação dela.

— Não, eu não quis engravidar, mas isso não importa mais. Você é o pai dessa criança, queira ou não. E acredite, se eu pudesse ter escolhido você não estaria em minha lista — ela respondeu com raiva.

Durango tencionou as mandíbulas. Que diabos ela queria dizer com isso? Por que ele não seria uma opção para ela? De repente, Durango sacudiu a cabeça e caiu em si. Não era possível que estivesse se pergixntando isso. Ele não queria estar nesse tipo de lista de nenhuma mulher.

Savannah sacudiu o universo de Durango, abalou sua estrutura e o tirou desse delírio ao proferir palavras em tom autoritário e de ameaça:

— Acho melhor ir embora.

Agora desperto, Durango a deteve:

— Você realmente acha que pode aparecer de snrpresa em minha casa, largar essa bomba no meu colo e sair?

— E por que não? Tudo o que queria era dar-lhie a notícia pessoalmente, porque achei que você merecia saber. Não tenho mais nada para fazer aqui, nem quero lhe pedir nada. Sou capaz de criar o bebê sozinha sem nenhuma ajuda sua.

— Então você terá esse filho?

Savannah se encheu de fúria.

— Sim. Terei, e se você acha que eu devo tirá-lo, pode...

— Não, droga. Não é isso o que eu quero dizer. Eu jamais diria isso para qualquer mulher que carregasse um filho meu. Se a criança for minha, eu assumirei todas as responsabilidades.

Com o estômago embrulhado ao vê-lo duvidar, fitou-o profundamente e perguntou esmorecida:

— Então esse é o problema, não é Durango? Você não acredita que essa criança seja sua, não é mesmo?

Ele a observou em silêncio lembrando-se da noite que passaram juntos. Sabia que essa verdade era possível, mas estava muito abalado para admitir qualquer coisa.

— Acredito que há chances — ele disse meio confuso, como se pedisse para que fosse convencido do contrário.

Mas, mesmo que fosse de forma inconsciente, ele a ofendia, pois questionava seu caráter. Como ele podia sugerir que ela passaria a responsabilidade da gravidez de um homem para outro?

Sem dizer mais nada, seguiu para o cabideiro onde seu casaco, touca e luvas estavam pendurados e começou a vesti-los.

— Há mais do que chances, Durango. E pouco importa se você não acredita, porque a maravilha que está crescendo dentro de mim foi você quem ajudou a fazer. Se negar esse filho, o problema será seu. Tudo o que posso lhe desejar é que tenha uma boa vida.

— Aonde é que você pensa que vai? — falou em tom imperativo e ao mesmo tempo frustrado.

— Voltar para o aeroporto e pegar o próximo vôo — respondeu, enquanto caminhava para a porta. — Já fiz tudo o que devia fazer.

— Um momento, Savannah — ele disse sem convicção, assim que ela abriu a porta.

Ela o atendeu, levantou a cabeça e perguntou:

— O quê?

— Se tudo isso for verdade, precisamos conversar.

— Tudo isso é verdade, Durango, e pelo que percebi, não temos mais nada a dizer.

Antes que ele retomasse o fôlego, a porta se fechou depois que ela saiu.

Da janela da sala Durango acompanhou Savaanah dar a partida no carro alugado. Ele se manteve ali quieto, parado e em choque vendo ela seguir na estrada até perdê-la de vista. O relógio de parede indicava meio-dia e meia. Ele olhou para a bandeja e as xícaras sobre a mesinha e desejou que o tempo voltasse para apagar tudo o que havia acontecido naquela sala. Savannah Claiborne esteve ali, vinda da Filadélfia, para lhe dizer que ele seria pai, e tudo o que ele fez foi mandá-la embora.

Sem dúvida, Chase o pegaria pelo pescoço se soubesse como sua cunhada tinha sido tratada. Era difícil de acreditar que ele seria pai. Abaixou a cabeça, atravessou a sala e se jogou na poltrona de couro reclinável.

Não era possível. A idéia de ser pai o deixara em pânico. Parecia que bebês estavam invadindo a família Westmoreland. Dare e Shelly já tinham anunciado um bebê para o verão. E quando falou com Thorn na semana passada, este mencionou que Delaney e Jamal também teriam outro bebê.

Durango estava feliz por todos, mas ele... Não é que nunca quisesse ter filhos, mas nem cogitava a hipótese de ser pai dali a alguns meses. O momento era propício para farrear como solteiro. Além disso, não via problema nenhum com a solidão e ostentava o orgulho de ser invicto.

No entanto, o nome de família Westmoreland também significava “responsabilidade pelos próprios atos”. Foi assim que ele e seus cinco irmãos tinham sido educados. De tal modo que a partir do momento que reconhecessem as conseqüências de seus atos, eles se tornariam homens distintos e não mais garotos diante dos desafios da vida.

Outra coisa a qual fora ensinado era admitir e reparar o erro cometido. Se Savannah Claiborne estava grávida, e não havia por que duvidar disso, então o bebê era dele.

Encarar que seria pai foi o primeiro e árduo passo. Já o segundo, fez com que tremesse nas bases, ao pensar que deveria agir de acordo com a responsabilidade que lhe cabia. Checou o relógio e se levantou.

Arriscou que daria tempo de alcançá-la se partisse naquele instante.

Eles teriam um bebê, e se essa garota petulante da cidade achava que lhe daria a notícia e sairia sem terem conversado a respeito, estava muito enganada.

Não bastou muito para que se lembrasse de Tricia Carrington, por quem se tinha apaixonado quatro anos atrás. Recém-chegada de Nova York, Durango se apaixonou perdidamente por ela e a pediu em namoro. Seu tio, Corey, já tinha entendido o tipo de moça que ela era e tentou avisá-lo, mas já não dava mais tempo.

O que Durango não sabia é que era alvo de uma aposta entre Tricia e suas arrogantes amigas. A brincadeira era conseguir seduzir um nativo e depois larga-lo para casar-se com um homem rico e arranjado pelos pais na volta a Nova York. Quando Durango declarou abertamente seus sentimentos, foi alvo de chacota, gargalhadas e desprezo. Ela chegou a lhe dizer que jamais troçaria o noivo influente de Nova York por um caipira do interior como ele, que ganhava a vida sujando as mãos de terra.

Essas palavras dilaceraram o coração de Durango, que jurou nunca mais se apaixonar, principalmente por uma moça da cidade.

E Savannah era, sem dúvida, urbana.

Afinal, percebeu isso logo que a viu: moderna, cortês e sofisticada, andando leve e graciosa pelo salão do hotel, com a auto-confiança estampada na testa, parecendo uma primeira-dama de distrito. Enfim, o perfil exato do qual ele fugia há anos.

No entanto, decidiu não ser impedido pelo medo e, recuperado do choque, resolveu tomar as rédeas da situação, pois a partir daquele momento começara a contribuir, mesmo sem que querer, para a perpetuação da linhagem Westmoreland.

Savannah não estava surpreendida, mas era intolerável a dúvida dele sobre a paternidade.

— Deseja devolver o carro, senhora?

Trazida àquele instante para a realidade, respon deu:

— Sim, por favor.

Olhou o relógio desejando regressar logo à tranqtíilidade de seu conjugado na Filadélfia e tomar todas as medidas para a nova vida.

Começaria mudando o horário de trabalho. Atenderia apenas como autônoma a pedidos esporádicos, embora só de pensar nisso já sentisse falta do ritmo acelerado proporcionado pelas viagens dentro e fora do país.

O foco era cuidar-se, fazer o pré-natal e marcar consultas médicas. Proporia outros projetos ao chefe, entraria em férias durante a gestação, e depois gozaria dos seis meses de licença, após o nascimento do bebê, financiada pela poupança mantida há vários anos.

O que menos queria era depender de alguém. Sua mãe ficaria felicíssima com a novidade, mas não exigiria muitas atenções de Jennifer Claiborne, finalmente envolvida com o tal de Brad Richman, caso o plano de viagem deles para a Europa vingasse. Nem esperaria muito de sua irmã Jéssica, que ainda aproveitava as núpcias, ou mesmo de Rico, ocupado com a nova empreitada como investigador particular.

Savannah cedeu lugar para o próximo cliente ser atendido e pousou a mão na barriga. Sabia que todas as mudanças em prol da criança seriam valiosas. Não importava o que Durango pensasse, ela estava muito feliz.

Parado ao lado da fonte d’água no aeroporto, Durango imaginava Savannah linda... e grávida.

Grávida dele.

E agora? O que faria com uma criança? Era tarde demais, a situação era esta. Logo a avistou por cima da multidão. Ele sabia o que tinha de ser feito e correu para alcançá-la.

— Precisamos conversar, Savannah.

Ela se assustou tanto que quase derrubou a bagagem de mão. Fitou Durango e disse:

— O que você está fazendo aqui? Não temos nada para conversar. Creio que já dissemos tudo, com licença...

— Escute, preciso me desculpar com você.

— O que você disse? — perguntou, surpreendida.

— Estou pedindo desculpas por ter sido estúpido há pouco. Eu estou assustado com essa história.

Tensa, Savannah respondeu:

— E daí?

— Eu acredito que o bebê seja meu.

Ela cruzou os braços na altura do peito como se prendesse a emoção e o choro. Desde o começo da estação se transformara em uma manteiga derretida.

— Por que você mudou de idéia de repente?

— Porque nossa noite foi maravilhosa e também porque acredito em você. Minha conclusão é que não tenho motivo para duvidar de sua palavra.

Ela o observava, e Durango sorrindo, concluiu:

— Acho que é assim que deve ser.

Se ele pensa que com essa conversa mansa vai resolver tudo, está enganado.

— É assim coisa nenhuma, Durango. Foi bom você ter reconhecido a paternidade, pois assim será o primeiro a receber as fotos do bebê, quando ele nascer.

Savannah voltou a caminhar, mas foi novamente bloqueada.

— Como estava dizendo, Savannah, precisamos conversar. Não permitirei que me negue o direito de participar da vida desta criança.

Ela olhou para o teto indicando intolerância. Há uma hora o tom da conversa era completamente outro.

— Eu não teria vindo até aqui se desejasse isso.

Após acalmar-se e encher os pulmões de ar, acrescentou:

— Eu vim porque achei que devia avisá-lo, não para fazer exigências.

Ser alvo do olhar de Durango por muito tempo não era fácil. Ele a envolvia. De repente, sentiu seu rosto enrubescer. Será que o cabelo estava desgrenhado? Será que a roupa estava amarrotada? O vôo a deixou abatida e também um pouco enjoada devido à turbcalência. O cabelo estava todo embaraçado e a maquiagem borrada. Desde o desembarque, não havia tido tempo de se retocar, e ainda teve que alugar o carro.

— Mesmo que você não queira, eu tenho responsabilidades para com essa criança, e é isso que temos que resolver. Você já fez o que precisava fazer, agora vamos nos sentar e conversar como dois adultos.

Savannah franziu a testa desconfiada sobre o que mais eles teriam para acertar. Já repetira diversas vezes que não queria nada dele. E engoliu em seco quando cogitou o oposto. Na semana anterior, havia lido um artigo em um periódico da Filadélfia sobre um homem que processou a namorada pela custódia do filho em comum.

Talvez conversar não fosse tão ruim assim. Assim. Melhor seria deixar tudo esclarecido desde cedo para pouparem problemas mais tarde.

Assim que acharam uma mesa livre na lanchonete do aeroporto, Durango puxou uma cadeira para Savannah se sentar, e assim ela o fez, com as pernas tr.êmulas. Ela olhou para o rosto charmoso dele até e perder profundamente nos lábios camudos e nas memórias irrefreáveis dos beijos entre eles. Mas desviou o olhar assim que se entreolharam. Achou estranho estarem dividindo uma mesa pela primeira vez. Mesmo no ensaio do jantar tinham ficado separados, apesar de não terem deixado de se admirar dos lugares que estavam. Porém quanto a dividir a mesma cama...

— Deseja beber alguma coisa, Savannah?

— Não quero nada.

Após fazer o pedido do que ele queria beber, perguntou-lhe:

— Então, como tem passado?

Ela se admirou, pensando que ele deveria ter feito essa pergunta logo no começo do dia. Durango demorou muito tempo para ser gentil, mas ela se manteve decidida a aguardar e ver até aonde ele iria. Por isso, respondeu com educação:

— Bem, e você?

— Bem também, mas esta estação do ano costuma ser a pior para todos os guardas da região.

— E por quê?

— Além das condições climáticas, o trabalho exige muita atenção com caçadores que descumprem as leis, que caçam fora de temporada, e pior, com os que insistem em caçar em áreas proibidas do parque florestal de Yellowstone.

Savannah pensava que esse trabalho era difícil e perigoso. Jéssica tinha dito que ele era guarda-florestal, ou seja, patrulhava e mantinha a ordem nas trilhas do parqué, fiscalizava a vida selvagem, o cumprimento das regras e a segurança das redondezas. E tremeu de medo ao imaginar a possibilidade de vê-lo enfrentar cara a cara um urso forte e grande ou qualquer outro animal selvagem.

— Tudo bem, Savannah?

Ele se inclinou na direção da moça que estava paralisada pelo medo.

— Sim. É que o imaginei perto de um urso.

Ele voltou ao encosto da cadeira e sorriu ao dizer:

— Bah! Isso é comum acontecer, mas tenho sorte por nunca ter precisado lutar com um.

Ela concordou, mas logo voltou ao cerne da questão de estarem ali e quis que ele fosse direto ao assunto.

— Do que você precisa, Savannah? — indagou finalmente, depois de um longo e constrangedor silêncio.

Mantendo o olhar direto no dele e movida pela emoção reiterou:

— Já lhe disse que não preciso nem quero nada de você. Meu único motivo era fazer o que creio ser certo. Já ouvi muitas histórias horríveis de órfãos e homens que não sabem que são pais. Achei que não seria justo que isso acontecesse com você e com meu bebê.

Ele reagiu franzindo a testa:

— Seu bebê? Você quis dizer nosso bebê, não é mesmo?

Savannah mordeu o lábio. Ela quis dizer dela, desde o momento que comprou o teste de gravidez na farmácia. Mesmo antes da confirmação médica já tinha se convencido em ser mãe solteira. Durango era apenas o progenitor, nada mais.

— Entenda uma coisa, Savannah. Eu quero participar da vida do nosso bebê.

Tudo o que ela sentia eram pontadas nervosas na boca do estômago e um tom de ameaça em Durango.

— Que tipo de participação?

— A que eu tiver que exercer como pai.

— Mas moramos a quilômetros de distância um do outro, você em Montana e eu na Filadélfia.

Depois de analisá-la em silêncio, ele disse:

— Então teremos que encurtar a distância.

Ela retrucou:

— Simplesmente não sei como.

Durango encostou-se e disse:

— Eu sei. Há somente uma atitude a ser tomada diante de tal circunstância.

Savannah o desafiou:

— Qual?

Ele a olhou direto nos olhos e perguntou confiante:

— Quer se casar comigo?

 

                                            CAPÍTULO TRÊS

Savannah arregalou os olhos, pois achou que não tinha entendido bem a pergunta. Mas logo deixou escapar um sorriso enquanto ele, sério, continuava a falar:

— Você deve estar brincando, não é?

— Não, não estou.

— Bem, então desculpe, mas casamento não está em meus planos.

Ele cruzou os braços e disse:

— Por que não? Você acha que eu não sou bom o suficiente para você?

Savannah estranhou a pergunta.

— A questão não é essa. Acontece que não casarei com você porque não nos conhecemos.

Visivelmente agitado, ele se aproximou dela.

— Talvez não, mas isso já deixou de ser um empecilho, não é verdade?

Savannah olhou-o com seriedade.

— Tudo por que nos embriagamos. Não é do meu feitio dormir com qualquer um que aparece na minha frente.

— Mas dormiu.

— Sim, e agora todos sabem o que nos faltou naquela noite. Mas não haverá casamento. Hoje em dia não se casa mais por causa de um bebê.

Durango ficou incomodado e replicou:

— Tratando-se de um Westmoreland, se casa sim. Sinceramente, estou tão entusiasmado para me casar quanto você, mas o fato é que os homens de minha família honram o nome que tem.

Para Durango, este matrimônio era mais uma atitude do que um desejo. Porém, não permitiria ser responsável pelo único bastardo da famiia. Lembrou que seu primo, Dare, casou com a mãe de A.J., Shelly, depois de passar dez anos sem se verem e com o filho nascido no interior, na casa dos avós matemos. Já seu tio, Corey, era uma exceção, pois não fazia a menor idéia que fosse pai de trigêmeos até estes completarem trinta anos. Por isso também não houve casamento. Agora, com ele, era diferente. Não podia ser irresponsável.

Ele a pressionou e não estava arrependido. Devido à circunstância, casamento, mesmo que a curto prazo era a solução. Ambos eram maduros e certamente dariam conta das intimidades que uma união proporcionaria sem criar grandes expectativas. Contudo, era como se não abrisse mão de continuar solteiro.

— Bem, então se considere um homem livre — Savannah o alertou. — A única pessoa que sabe da gravidez é Jéssica, e eu confio que o segredo esteja bem guardado com ela e Chase, que já deve estar sabendo também.

— Mas eu sei, Savannah. E não há nada que me faça abandonar meu bebê.

Se por um segundo Savannah ficou amolecida pelas palavras que acabara de ouvir, em outro decidiu que a gravidez não a faria casar. E o quanto antes ela saísse de Montana, melhor. Então sorriu suavemente, levantou-se, pegou a bolsa, colocou a alça da câmera nos ombros e disse:

— Grata pelo pedido de casamento, Durango. Estou sinceramente tocada, mas não me casarei com você nem com ninguém por uma criança.

Durango também se levantou e esbravejou:

— Escute aqui, Savannah...

— Não, escute você! — ela replicou com segurança. — Conheço essa história. Meu pai se viu forçado a se casar com minha mãe grávida do meu irmão. Por essa obrigação o casamento foi infernal. Para agüentar a pressão, constituiu uma outra família, sendo infiel e mantendo uma vida dupla com a outra mulher — tomou fôlego para continuar. — Papai era representante de vendas e por isso viajava muito, manâe nem imaginava que existia a Jéssica na Costa Oeste. Mas quando descobriu, quem mais sofreu além das crianças, foram as duas mulheres que confiavam nele e o amavam muito. Chegou ao ponto insuportável da mãe de Jéssica cometer suicídio. Era imperdoável assistir tanto sofrimento em casa. Portanto, não importa o que você diga, eu não me casarei por criança nenhuma... Obrigada pela conversa. Manterei contato.

Virou-se e andou rápido em direção ao guichê, embora com o queixo tremendo.

— Desculpe senhora, mas devido à forte nevasca, todos os vôos foram cancelados até nova ordem.

Savannah paralisou.

— Todos?

— Sim. Estamos providenciando um lugar para os passageiros passarem a noite, mas parece que os hotéis da redondeza estão lotados.

Não lhe agradava nem um pouco dormir em uma cadeira dura.

— Savannah, você vem comigo.

Ela se virou na direção da voz firme que ouviu atrás de si.

— Não vou a lugar nenhum com você.

Durango se aproximou tentando intimidá-la:

— Ah, vai sim. Você não ouviu que todos os vôos foram cancelados?

— A senhora precisa de ajuda? Quer que eu chame os seguranças? — perguntou o atendente.

Era o que faltava, não precisaria muito para que Durango mostrasse a raiva que sentia daquela pergunta. Savannah ajeitou o cabelo que caía sobre a face, manteve os olhos sob Durango e falou por cima dos ombros:

— Não preciso, mas obrigada — disse ao atendente. — Com licença.

Frustrada e exausta, pegou no braço de Durango e o levou para longe do guichê.

— Acho que precisamos esclarecer umas coisinhas.

— O quê? — Durango disse ajeitando os ombros e o pescoço tentando aliviar a tensão que sentia.

— Ninguém diz o que eu devo ou não fazer, Durango Westmoreland — disse-lhe, a um palmo do rosto dele.

Nossa, ela era linda quando ficava enfurecida Mas, pensando bem, ela tinha razão sobre aquela postura autoritária dele. Lembrou-se de Delaney, seu primo, transformado em um homem superprotetor depois de casado. Mas com ela era diferente. A única certeza era de que não deixaria a mãe de seu filho dormir em uma cadeira dura de aeroporto, se ele podia perfeitamente acomodá-lo em seu aconchegante quarto de hóspedes. Preferiu outra tática. Conhecido por mudar da água para o vinho em um piscar de olhos, estendeu o braço e alcançou a mão de Savannah:

— Desculpe-me se fui autoritário com você. Estava pensando no bem de vocês dois. Com certeza não seria bom que dormisse aqui. Há um quarto de hóspedes lá em casa. Estou lhe convidando. Quer vir comigo?

Palavras doces e quase suplicantes acompanhadas de um sorriso bondoso fizeram seu sangue ferver, pois percebia que tudo não passava de conversa mole. Anos de experiência ouvindo o pai se desculpar com a mãe a tomou especialista nesse tom de voz. E quase usou de jargões baixos para mandá-lo ao inferno.

Porém, passar mal a noite não era uma boa idéia. Seria maravilhoso tomar um banho quente e se enfiar em uma cama, sozinha. Ressabiada, por Durango Westmoreland ser um grande sedutor, procurou na expressão facial dele se havia segundas intenções naquele convite. Mas o que mais poderia acontecer? Nada mais a faria dormir com ele outra vez.

Retirou sua mão das dele e perguntou:

— Você tem mesmo um quarto de hóspedes?

Com um sorriso de satisfação, Durango a fez ceder por um momento à atração que levaram ambos até aquele estágio.

— Sim, e você será muito bem-vinda.

Procurando distrair-se mexendo na alça da câmera, ela o fitou mais uma vez e respondeu:

— Aceito o convite se você prometer que não tocará mais no assunto do casamento. Isso é caso encerrado.

Por um momento, ela captou um súbito olhar provocativo nele, que logo desapareceu:

— Está bem, Savannah. Atenderei seu pedido.

— Então irei com você.

— Que bom! — Pegou a bagagem dela e continuou. — Venha, estacionei logo aqui em frente.

Meia hora depois eles estavam de volta à casa de Durango.

— Chegamos — ele a conduziu ao quarto de hóspedes. — Há mais dois quartos, mas creio que gostará deste.

Ela adorou a cama grande de madeira, com cabeceira e acolchoada na cor de cereja, penteadeira com espelho e armário combinando, além dos vários quadros e um vaso de flores que compunham a decoração. Era praticamente uma suíte com direito a sofá e banheiro.

— Minha mãe costuma ficar neste quarto. Ela acha que falta um toque feminino nos outros.

Quando se entreolharam, parecia que os corações faziam barulho de tanto pulsar.

— Gostei, obrigada. É muito bonito — ela disse desviando a atenção para a decoração, em busca do resgate do autocontrole.

Pelo canto do olho pôde notá-lo se aproximar a o acompanhou até a janela, onde ele fora abrir as cortinas, para desvendar uma bela paisagem. Mas a paissagem que Savannah tanto admirava era um homem forte, alto, de pernas torneadas e ombros largos. Era esse conjunto que a fisgara e mudara completamente suas perspectivas sobre o que esperar de uma re1ação íntima. Tudo o que aquele corpo prometia ser, era exatamente o que cumpria fazer. Bastavam as lembranças para excitá-la.

Ele se virou a surpreendendo:

— Parece tudo perfeito daqui. Nada além das montanhas. É simplesmente maravilhoso quando começa a nevar nesta época do ano — disse e voltou-se para a janela.

Contida para não mostrar outro tipo de interesse, ela seguiu ao lado dele e perdeu o fôlego diantz e de tanta beleza. A vista panorâmica da janela era linda e desejou capturá-la com a câmera antes que partisse.

— Há quanto tempo mora aqui? — A curiosidade a fez falar.

— Há quase cinco anos. Assim que terminei os estudos e consegui o trabalho como guarda, fui morar com meu tio no topo de uma montanha por cerca de dois anos, até poupar o suficiente e comprar esse pedaço de terra. Todo esse terreno era a pousada de um casal de velhinhos. Quando eles faleceram, os herdeiros lotearam e venderam tudo. Meu terreno tem mais de mil quilômetros quadrados.

— Nossa! É enorme.

Ele confirmou sorrindo.

— Sim, mas o que mais me atraiu é que a maior parte é montanhosa. A primeira coisa que fiz foi aproveitara água natural e quente que sai de dentro das montanhas em uma banheira coletiva que fica logo ali fora. Se o tempo estivesse melhor, você poderia conhecê-la. É garantia de uma ótima noite de sono.

Savannah não resistiu à possibilidade disso acontecer e pensou alto:

— Uma noite bem dormida me parece perfeita. Meu vôo foi muito cansativo.

Durango expressou tom de conformismo e disse após olhar para o relógio:

— Infelizmente, é sempre assim. Mas que tal eu pôr a mesa para jantarmos? Já esquentei frango e o molho, repolho refogado e purê de batata. Você é minha convidada.

Nem era preciso responder, seu estômago anunciou alto o que ela queria. Jantar costumava ser a melhor refeição desde que os enjôos matinais não permitiam comer nada além de bolachas de água e sal muito depois da hora de almoçar.

— Agradeço o convite. Parece delicioso. Precisa de ajuda?

— Não. Está tudo sob controle — caminhou para a porta a fim de deixá-la à vontade, mas antes parou e disse: — Seu nome não é tipicamente urbano.

Ela franziu a testa e logo lembrou que Jéssica a advertiu sobre a opinião de Durango sobre as mulheres da cidade.

— É o nome da cidade sulista preferida de minha mãe. Ela acha que combina comigo.

E ele também achava. Era um nome tão feminino e charmoso tanto quanto ela.

Pouco tempo depois, Savannah desceu as escadas seguindo o aroma da comida na cozinha. Notou mais uma vez a organização e a decoração rústica, um sonho para qualquer cozinheiro — e Durango parecia um. Ele a ouviu admirar-se.

— Já se acomodou?

— Sim, não trouxe quase nada. Não planejava ficar.

— Mesmo assim, fique à vontade. Não me surpreenderia se ficar presa aqui mais uns dias.

— O quê? Por que você diz isso?

Durango se encostou na pia apontou a janela:

— Veja lá fora.

Savannah foi rápido à janela. Uma neblina forte não a deixava ver nada.

— O que aconteceu?

— Bem-vinda a Montana. Não sabia que esta é a pior época do ano para fazer visitas?

Não. O que ela desejava era contar a ele sobre o bebê, logo que soube da gravidez, e nada mais... e voltou para a janela:

— Quantos dias mais serão assim?

— Não sei. Tudo o que nos resta fazer, é aproveitar ... o que tivermos para aproveitar.

Savannah sabia que ele brincava com a insinuação. Mas trancafiada na casa com Durango, “aproveitando o que tivesse para aproveitar” não era o que estava planejando. Bastava menos que uma troca de olhares para que ela sucumbisse ao desejo de tê-lo.

— Vamos comer, Savannah.

Ela olhou desconfiada antes de chegar à mesa.

— Você não tem medo de a luz acabar?

Durango negou com a cabeça:

— Não. Tenho meu próprio gerador que supri toda a energia necessária, além das lareiras nos quartos e na sala. Independente do clima lá fora, nos manteremos aquecidos e a salvo aqui dentro.

Não era o frio que a preocupava, tinha certeza de que os dois podiam, inclusive, incendiar a casa. E disso, ela não estava a salvo.

— Tudo me parece delicioso. Não sabia que cozinhava — ela disse enquanto se servia e tentava não lamber os lábios e revelar a fome que sentia.

Durango sorriu ao vê-la com apetite. Muitas das mulheres com quem saía para jantar comiam tão pouco que até não tinha gosto de se servir.

— Sou um homem solteiro que sabe se virar. Aprendi tudo com uma grande professora, Sarah Westmoreland, minha mãe.

Savannah provou o purê de batata e o achou delicioso.

— Mmmm, está ótimo.

— Obrigado.

Depois de um certo silêncio, Durango disse:

— Notei que a barriga não está aparecendo.

Ela enrubesceu pensando que ele investigara seu corpo.

— Estou de dois meses, Durango. O bebê deve estar menor que um amendoim agora. Na maioria das mulheres, a barriga começa a aparecer com quatro meses.

Interessado ele perguntou:

— Como tem sido a gestação até agora?

Ela levantou os ombros e disse:

—Normal, acho. O que me incomoda são as fortes náuseas logo que acordo. Em geral não ouso comer nada mais que bolachas de água e sal à tarde. Por isso estou faminta agora.

Surpreso, ele arregalou os olhos:

— Todos os dias?

— Quase todos. Mas segundo o médico, isso é comum nos dois primeiros meses... Você nunca conviveu com uma mulher grávida?

— Não. Quando viajei na Páscoa ano passado, Jayla estava gigante carregando gêmeos.

Ele sorriu um pouco envergonhado e continuou:

— Minha família tem muitos gêmeos, e até trigêmeos.

— Obrigada pelo aviso — foi tudo o que ela pôde dizer.

Pegando-a desprevenida, Durango passou os dedos suavemente no cabelo sedoso e macio dela.

— Acho que um trio com seus olhos seria lindo.

Savannah não se conteve, pois tudo o que desejava era sentir o peso daquelas mãos. Idêntica àquela noite, a sensação que tinha era forte e selvagem, deixando-a vulnerável a qualquer movimento dele, cedendo ao êxtase que a lembrança garantia.

— Quero testemunhar todas as mudanças de seu corpo com meu bebê crescendo aí dentro — sussurrou.

As palavras massageavam Savannah onde não era permitido ao toque. Arrepiada de excitação, ela disse:

— Não sei como isso será possível, Durango — ela também sussurrou.

— Sera se nos casarmos.

Ela franziu a testa quebrando o clima sensual:

— Você prometeu que não tocaria nesse assunto.

— Eu sei, mas quero fazer uma proposta e espero que a aceite — ele disse sorrindo sutilmente.

— Que tipo de proposta? — ela respondeu atenta.

— Que nosso casamento seja limitado pelo tempo da gravidez e mais alguns meses, digamos... de seis a nove meses. Depois disso, damos entrada no divórcio.

Estarrecida com a proposta, Savannah tentou ignorar o olhar fulminante de Durango e perguntou:

— Para que algo assim?

— Bem, em primeiro lugar, sacio minha vontacie de estar com você durante a gestação, segundo, protejo meu filho da ilegitimidade, coisa que abomino. E terbeiro, sabendo que tudo terá um fim estipulado, você não fará mais comparações entre mim e a história de seu pai.

— Eu nunca disse que você faria o mesmo meu pai.

— Disse em outras palavras. Mas concordo com você. Meu senso de obrigação não bastaria para nos mantermos unidos. Sinceramente, não estou preparado para um casamento duradouro, porém acho saudável para o bebê se estivermos juntos durante a gestação. Pense bem, seria justo para nós dois, pois já saberíamos o que esperar um do outro.

Várias perguntas passavam pela cabeça dela, mas havia uma que não podia deixar de ser feita:

— Você está propondo um casamento de fachada? Casamento de conveniência?

— Sim.

Ela o olhava sem piscar.

— Isso significa que não dividiremos a cama?

Ele sabia onde ela chegaria, mas a atração por ela era quase ãnimal. Definitivamente, ser seu esposo sob o mesmo teto significava dividir a cama com ela. Deixando encostar-se na cadeira, disse:

— Não exatamente. Tenho outros planos em relação a esse assunto.

Ela podia bem imaginar quais eram...

— Então pode guardá-los com você. Se, eu disse, “se” eu aceitasse, nós não dormiríamos juntos.

— Você está dizendo que não gostou de dormir comigo?

Savannah se ajeitou um pouco. Quem foi que dormiu naquela noite? Nem por um segundo pregaram o olho. Pelo que lembrava, virou a noite fazendo o melhor sexo de toda sua vida. Não tinha nem comparação com Thomas, o ex-namorado.

— Não é isso.

— O que é então? — Durango forçou uma resposta.

— É que — disse com cuidado —, com exceção daquela noite, não é do meu feitio me deitar com um homem sem estar sinceramente envolvida.

E decidiu parar por aí, omitindo que seu histórico amoroso contava apenas com duas únicas pessoas.

Ele se aproximou:

— Confie em mim, Savannah. Se nos casarmos, estaremos “sinceramente envolvidos”, mesmo que por pouco tempo. Com franqueza, não sei por que não dormirmos juntos. Somos adultos com desejos e necessidades, chegou a hora de assumirmos nossa forte atração, que, inclusive, nos trouxe até aqui. E — ele continuou para interromper o que ela iria dizer — pode ser que tenhamos perdido o juízo por beber champanhe demais, mas foi delicioso. Por que fingir o contrário?

Não era fingimento, ela não queria outra dose, mesmo sendo maravilhoso como foi.

— Você está fugindo do assunto.

— Acho que você é quem está. Eu quero participar desta gravidez, e é importante firmarmos um laço familiar durante o desenvolvimento do bebê em seu ventre e logo após o nascimento.

— Você se refere a quanto tempo com o recém-nascido?

— Tanto quanto combinarmos. Prefiro, no mínimo, seis meses ou até mesmo um ano.

Tentando acompanhar tudo o que estava acontecendo, ela disse:

— Não quero nenhum favor seu.

— Não se trata de favores. Pretendo estar presente na vida dessa criança mesmo que estejamos separados. Mas seis meses são suficientes, a não ser que deseje mais.

Ela ficou completamente muda. Não havia o que dizer. O que fazer? Ele estava certo. Estavam atraídos desde o primeiro momento.

Mas sobre o passado não podia mais decidir, e não mudaria de opinião sobre dividir a cama com ele. Se houvesse insistência, ela teria outros planos para todos.

Durango não estava acostumado a receber negativas em suas propostas, mas com ela era diferente!

Ele também falou sobre estar presente enquanto o bebê estivesse se desenvolvendo em seu ventre. Era inacreditável que ele soubesse das sutilezas na conexão entre pais e filhos ainda na barriga. Sabia de casais que contavam histórias e colocavam músicas na barriga para o bem-estar dos bebês, mas Durango não entenderia dessas coisas.

Savannah afastou o prato satisfeita, sendo essa a última refeição até a mesma hora do dia seguinte. Assim que levantou a cabeça, da esclareceu:

— Se o assunto ainda for o casamento de fachada, você não terá direitos de cama. Agora, se está procurando brechas nesta proposta, eu não dormirei nem solteira ou casada com você. E onde moraríamos, se eu aceitasse sua proposta?

— Eu preferiria aqui, mas se fizer questão, mudo para a Filadélfia.

Ela sabia que o lugar dele era entre as montanhas. Era quase impossível imaginá-lo na Filadélfia.

— E seu emprego?

— Peço afastamento.

— Você estaria disposto a fazer isso?

— Pelo nosso bebê, sim.

Savannah procurou indício de qualquer outro sentimento mas se comoveu entendendo que era sincero, como também se assustou. Mesmo sendo uma união breve, ele parecia estar disposto a tudo pelo filho dela.

Filho deles.

Levantou-se.

— Como eu disse, preciso de um tempo para pensar, Durango.

— Pense mesmo, e pense muito bem. Se não quiser mais discutir sobre dividirmos a cama, tudo bem. Meu pedido de casamento continua mantido.

Ele saiu da cadeira e se pôs no caminho dela:

— Há toalhas, roupão e tudo mais que precisar no banheiro anexo ao quarto. Se quiser algo mais, me chame. Caso contrário, até amanhã.

— Eu ajudo com a louça e...

— Não, deixe — disse logo em seguida, soltando um suspiro de frustração. Não havia nada mais forte no mundo do que a vontade de beijá-la e senti-la. Mas não agora. Ela precisava pensar na proposta.

— Cuidarei disso logo que fizer a última ronda pela casa. — Acrescentou.

— Tem certeza?

— Sim.

— Então está bem.

Durango a viu sair. Era impossível ignorar que a atração que sentia por ela continuava a mesma.

 

                                         CAPÍTULO QUATRO

Savannah acordou bastante confusa. Não havia pregado os olhos pensando na proposta. Tinha medo de piorar a situação, embora ele parecesse sincero em ajudá-la durante a gravidez, além de tomar cuidado para não dispensar uma atitude tão rara como aquela.

Cansada desse assunto, levantou da cama e foi até janela. O clima parecia ter piorado e somente um milagre mudaria o céu naquele dia. Ao menos a lareira estava acesa, e teve a impressão de ver Durango de madrugada, atiçando o fogo, seus braços fortes e mãos firmes, as mesmas que uma vez atiçaram seu corpo. Lembrou-se de tê-lo admirado na madrugada quando se pôs de pé, e o elegeu o melhor bumbum vestido de jeans do mundo.

Tomou um susto quando bateram à porta, pois não havia mais ninguém além dele na casa:

— Pode entrar.

A lareira era completamente dispensável com Durango sorrindo no quarto. Como era possível ficar imune a tanto charme?

— Bom dia, Savannah. Dormiu bem?

— Bom dia, Durango. Sim, dormi bem, mas pelo visto o tempo não melhorou — disse sentanda na cama e arrumando o decote da camiseta.

— Não, acho até que piorou. Preciso sair agora e...

— Nesse tempo?

Durango levantou as sobrancelhas e, sorrindo disse:

— Não se preocupe, hoje nem se compara com a tempestade do mês passado. Estou acostumado. Trabalho na equipe de Busca e Resgate. Acabei de receber um telefonema informando que há dois esquiadores desaparecidos. Há poucas cabanas na região, mas espero que tenham encontrado uma e ficado por lá.

Temerosa com tudo que imaginava, desviou o olhar para fora.

— Ficará bem até eu voltar?

— Ficarei — voltou o olhar e acompanhou ele sair do quarto. — Tenha cuidado!

Do corredor, Durango a atendeu respondendo:

— Terei. — E continuou sorrindo. — Não tenho a mínima vontade de deixá-la sozinha com nosso bebê.

Savannah esperava que fosse diferente, mas assin que saiu da cama, começou a sentir fortes ânsias e correu até o banheiro. Após fazer a higiene pessoal, seguiu para a cozinha e encontrou o pacote de bolachas de água e sal que Durango havia deixado para ela. Enquanto comia, pensava em quando voltaria para a casa, vendo a neve cair pela janela.

Durango bateu bem os pés para livrar as botinas da neve, depois fechou a porta com cuidado. Felizmente, os esquiadores foram encontrados bem e em uma barraca velha e abandonada, mas todo o dia de trabalho fora tomado pelos pensamentos de encontrá-la em casa quando chegasse. Olhou em volta e a encontrou cochilando, encolhida no sofá. Seu cabelo emoldurava o rosto e uma expressão pacífica, que o fizeram admirá-la ali, parado, por toda a eternidade.

Bastou um movimento pequeno para ele entender que naquele ventre à mostra crescia e se formava sua semente. Sorriu imaginando uma menininha de olhos encantadores e cabelos encaracolados iguais aos da mãe.

Mulheres eram uma raridade na família Westmoreland. Por quase trinta anos, Delaney foi a única mimada pelo pai, cinco irmãos e seis primos, até que há oito meses, uma nova integrante vinda entre os trigêmeos do tio Corey, a Casey, aliviou a super proteção da pobre Delaney.

Era inegável tamanha admiração de Durango pela moça no sofá. Diferente do que conhecia, ela não usou da gravidez como desculpa para nada, não o forçou em nenhuma decisão e até agora não aceitara o pedido de casamento que, mesmo sendo temporário, ele queria muito.

Vestida com a camiseta e a calça do agasalho dele, ainda podia ver os contornos dos seios que pareciam mais cheios do que na noite que os tocara. Seria maravilhoso acompanhar as mudanças daquele corpo nos próximos meses. Quem diria que ele, solteiro convicto, estaria completamente envolvido por uina mulher grávida?

Ela fez um pequeno som e acomodou o corpo ainda dormente, mexendo a barriga, levantando a camiseta e exibindo ainda mais o local onde seu bebê crescia. Durango soltou um gemido de excitação com vontade de beijá-la na barriga, mas antes fechou os olhos como se não houvesse barreiras para sua imaginação. Lembrou-se dos momentos tórridos de paixao e se viu excitado e ansioso para viver tudo de novo.

Fisgada pelo aroma da comida, Savannah percebeu que não estava mais sozinha. Despertou em um pulo e pensou que, ao tentar aliviar uma leve tontura, pegou no sono. Por que ele não a acordou? E os esquiadores?

— Comeu alguma coisa?

Sensível por ter acabado de acordar, a voz de Durango vibrou dentro dela fazendo o coração bater a todo vapor. Displicentemente vestido, ele continuava irresistível, seria uma prova de fogo viver sob o mesmo teto e não ir para cama com ele. Mas estava determinada a resistir.

— Não, mas obrigada por deixar o café-de-manhã aquecido no forno. Meu estômago não estava muito disposto e comi as bolachas que encontrei.

Ele tinha se lembrado das crises de náuseas.

— Já foi ao médico?

— Sim. Mas terei que procurar outro. O dr. Wilson é o mesmo médico de quando minha mãe teve a mim e a meu irmão. E ele está se aposentando agora.

— Mas o que ele diz de você passar mal todas as manhãs? Será que você e o bebê estão bem nutridos?

Savannah se sentou.

— O dr. Wilson disse que estamos bem.

Durango encostou-se na parede:

— Gostaria de acompanhá-la na próxima consulta.

— Na Filadélfia?

— Onde você quiser, não importa. E já que mudará de médico, há uma ótima obstetra aqui em Bozeman, se quiser.

Ela encostou a cabeça para trás tentando resistir aos apelos do corpo dele:

— Sério? Bom saber.

— Imaginei que fosse — disse sorrindo.

Durango se aproximou, sentou em uma cadeira e cruzou as pernas na altura dos tornozelos.

— Tem pensado na proposta?

— Tenho sim.

— E? — perguntou gentilmente, cuidadoso para não apressá-la.

— Preciso de mais tempo para decidir — respondeu olhando fixamente para as pernas cruzadas dele.

— Gostaria de lhe dar todo o tempo do mundo, mas o tempo urge Savannah. Se decidirmos nos casar, alguns arranjos terão que ser feitos.

— Arranjos?

— Sim — ele achou engraçada a surpresa dela. — Pode não ser tão elaborado quanto o de Chase, mas você sabe que minha família é grande e...

— Francamente, não vejo por que ostentar algo que acabará logo. Se eu aceitar, preferirei uma viagem para Vegas e contarei tudo depois. Todos saberão o motivo do casamento em alguns meses mesmo.

Durango concordou com a cabeça, sabia que seria um choque para todos, pois nunca deixou de esconder sua aversão por casamentos.

— E quanto a sua mãe? — ele perguntou.

— Ela ficará em Paris por umas semanas a partir de amanhã. Se eu decidir me casar, não nos incomodaremos sobre a cerimônia até por que ela sabe que não acredito em “finais felizes”.

Por algum motivo, Durango se incomodou ao ouvi-la, mesmo que pensasse parecido.

— Está bem. Então, se você concordar, embarcamos e se caso nossos pais quiserem, podem fazer uma recepção mais tarde. O que acha?

— Ótimo.

— Então quando saberei sua decisão?

— Antes de voltar para casa. Será que o clima estará melhor amanhã?

— Não tenho certeza. Em geral, esse tipo de tempestade leva uma semana para passar.

— Uma semana? Não tenho roupas suficientes.

Ele até tinha a solução, mas achou imprópria a hora para dizer que ela podia andar nua pela casa se quisesse....

— Você pode provar as roupas que Delaney deixou da última vez que esteve aqui. Acredito que vocês tenham o mesmo tamanho.

— Será que ela não se incomodaria?

— Tenho certeza de que não.

— Se é assim, então está bem.

Ele se levantou:

—Acha que seu estômago está pronto para o jantar? Fiz carne assada.

— Creio que sim. Quer ajuda na cozinha?

— Se quiser, pode pôr a mesa.

Ela se levantou:

— Está bem. E os esquiadores?

— Por sorte um dos dois era escoteiro e soube o que fazer. Estavam em boas condições quando foram achados.

Alivïada, ela sorriu enquanto o seguia até a cozinha:

— Que bom.

Savannah não sabia o quanto estava faminta e notou, envergonhada, que ele estava parado a observando devorar a carne.

— Estava com muita fome.

— É o que parece. Mas continue, não se incomode comigo.

— Já comi o suficiente, obrigada.

— De nada. Faço questão de ajudar a bailarina a dançar.

— Que bailarina?

— Nossa filha.

Savannah se serviu de um gole de leite e perguntou:

— Por que você acha que será menina?

Ele se aproximou para enxugar a boca dela com um guardanapo e disse:

— Porque sou metido o bastante para achar que será tudo do jeito que eu quero.

Isso não era novidade para ela.

— E por que você quer uma menina?

—Por que não? — ele não diria que a verdade era para ter uma pequena Savannah em casa.

— Com a quantidade de homens em sua família, a logística será mais fácil se for menino.

— Nossa logística funcionou bem com Delaney além de amedrontar qualquer sujeito que chegasse um quarteirão próximo dela. Quero mudar nossa próxima geração. Esqueceu que as filhas são as “meninas dos olhos do pai”?

— Nem sempre — ela respondeu, lembrando-se de sua história pessoal.

— Mas deixe-me esclarecer: Amarei se for menino ou menina, mas ter uma filha será extra, extra especial.

Savannah sorriu agraciada pelas palavras dele, provavelmente por que também desejasse o mesmo. Contudo, estava surpresa por um solteiro orgulhoso se interessar por criança e querer ser pai. Naquele momento, era linda a imagem dele segurando uma menina no colo e contando histórias para ela.

—Então, o que você acha? — Durango perguntou.

Savannah olhou as roupas estendidas na cama.

— Acho que os agasalhos servfrão bem. Não costumo usar jeans, mas será bom variar.

— Você tem planos para hoje à noite?

Pelo tom da voz dele, era impossível ela não tremer com aquela pergunta, mas continuou resistindo.

— Pensei em terminar o livro que trouxe.

— Ah, que tipo de livro?

— Sobre bebês, o que esperar durante a gravidez e sobre o parto.

— Parece interessante.

— Sim, é — ela tentou disfarçar a excitação por estarem no mesmo quarto. Precisava tirá-lo dali, mas antes:

— Quero lhe fazer uma pergunta antes de me decidir.

— Então faça.

Para amenizar a ansiedade que sentia, o ideal seria conversarem em um lugar neutro, mas se afastou da cama, sentou em uma cadeira, e percebendo que ele aguardava a pergunta, disse logo:

— Quero saber o que você tem contra mulheres da cidade.

 

                                          CAPÍTULO CINCO

Há perguntas que não devem ser feitas. Savannah chegou a essa conclusão quando viu a mandíbula de Durango se contrair. Suas mãos se fecharam e uma rajada de fogo raivosa disparou através de seus olhos. Outro motivo para que ela temesse aquela situação era a sensação de que o ar estava pesado, agitado, levando-a a suspender brevemente a respiração.

A pergunta de Savannah o pegou obviamente desprevenido, exigindo dele todas as forças para manter-se sob controle. Ela estava receosa, mas ainda assim precisava de uma explicação para aquela fobia. Ela sabia que ele não suportava nem ouvir falar sobre o assunto, e se reservava a mencioná-lo apenas com os mais íntimos.

Savannah o viu mexer os lábios, e sabia que estava murmurando palavras incompreensíveis, vazadas do domínio que se esforçava em manter. Cada vez mais curiosa, ela continuou a mostrar interesse, pois não aceitaria ficar sem resposta.

— Durango?

— Prefiro não falar sobre isso — respondeu visivelmente tenso.

Falando em tom carregado e baixo, Savannah sentiu que pisava em terreno minado. Evidentemente, ele também pôde perceber pelo olhar determinado dela que insistiria naquele assunto.

— Esse assunto não lhe interessa. Savannah. Você carrega nosso filho em seu ventre, se casará comigo, mas isso não significa que precisamos escancarar o passado de um e de outro. Respeitarei seu direito de privacidade e espero que faça o mesmo comigo.

Era impossível para Savannah ignorar o quanto ansiava por aquela resposta. O que tinha causado tamanho sofrimento a Durango? Só Deus para saber quantas marcas ainda dolorosas ela guardava escondidas em algum lugar dentro de si. E ela sabia o valor da privacidade, afinal, seus segredos eram divididos unicamente com Jéssica. Ela sabia que não deveria vasculhar o passado dele, mas era necessário somar garantias que seu possível novo relacionamento não fosse corroído pela razão de tanto mistério. Enquanto isso não fosse resolvido, ela não voltaria atrás.

— Entendo o que disse Durango, mas se vamos realmente nos casar, mesmo que temporariamente, preciso saber se não serei destratada de alguma maneira pela transgressão de outro alguém.

— Garanto que não! — suas palavras foram mais rápidas que um piscar de olhos. Davam a impressão de que ele falava com raiva e remorso. — Isso não tem nada a ver conosco, não se deixe influenciar pelas histórias que aconteceram antes de nos conhecermos, nem que elas influenciem sua decisão sobre nosso casamento.

Mas o que estava influenciando Savannah naquele momento eram os contornos dos músculos dele, um dos ombros encostado no dossel, os pés, calçados por um par de botas, cruzados nos calcanhares e os braços fechados sobre o peito, e ambos se entreolhando intensamente.

Faltavam poucos segundos para que o quarto todo se incendiasse, pois eles estavam ardentes e se consumindo pelo desejo. À beira de não serem mais responsáveis pelos próprios atos, ele tinha a nítida impressão que soltava faíscas com tanto calor diante dela, mesmo sem trocarem uma única palavra. Ela sentia a necessidade e o desejo por aquele homem e estava lembrando o gosto que ele tinha e o quanto ainda o queria mais.

Durango manteve o olhar nela como se a estivesse hipnotizando. Seguiu em frente, atravessou o quarto com todo seu charme na direção dela. Savannah não reagiu à aproximação dele. Mais perto, ele a alcançou e gentilmente a levantou do sofá pelos braços.

Os dois sabiam o que queriam naquele instante. Ele abaixou o rosto e com uma das mãos a envolveu pela nuca para que seus rostos se encontrassem e a beijou. No momento que seus lábios se encostaram, as mãos de Savannah deslizarem automaticamente para dentro dos bolsos traseiros da calça que ele vestia.

Ao sentirem os lábios se encaixarem, atados um ao outro, ele inseriu a língua com tanta intimidade e paixão que não havia como resistir. E ela sabia que nada poderia fazer a não ser relaxar e se entregar às delícias daquele beijo. E foi exatamente o que fez.

Um beijo simples entre dois adultos não faria mal a ninguém, era isso que ela pensou quando roçaram uma língua na outra. Mas depois de um tempo ela descobriu que não se tratava de um beijo qualquer. Os movimentos e a língua dele eram fortes, gostosos e muito mais quentes do que uma fogueira em brasa sob seus pés.

O beijo de Durango era intenso, quente e sensual. O tipo exato que faz os dedos dos pés se contraírem e os seios incharem. Ela preferiu fechar os olhos mergulhando cada vez mais nas sensações que afloravam sua mente e nas descargas elétricas que percorriam todo o seu corpo. Ela respirava o cheiro dele, esfregava-se em sua pele... ele estava fazendo amor com sua boca.

Mas, de repente, ele relutou e quebrou o beijo ao se afastar. Ela abriu os olhos lentamente encontrando o olhar profundo de Durango. Suspirou e sentiu-se descontrair todos seus músculos como se estivesse saciada. Com o olhar mantido sob os lábios de Savannah, ele sussurrou:

— Adorei seu beijo.

Durango usou destas palavras como se justificasse toda a paixão que o levou a seduzi-la, inesperadamente.

—Hum! Eu sei!

Savannah já tinha se convencido de que seus planos em Montana tinham sido alterados e o que lhe restava era “aproveitar o que tinha para aproveitar”.

Seu projeto inicial era dar a notícia do bebê pessoalmente e logo em seguida partir. Mas, agora, sabia que sua flexibilidade lhe trouxera conseqüências sérias, Por outro lado, caso tivesse se mantido firme aos objetivos, não teria a mínima idéia do que seria viver uma paixão verdadeira. Antes dele, era como se fosse analfabeta no assunto.

— Acho melhor deixá-la. Vejo-a pela manhã.

Durango sussurrou tocando os lábios molhados aos dela. E antes que ela saísse do transe, ele partiu.

 

Logo que Durango fechou a porta, Savannah que estava de pé e inebriada pela magia do beijo, titubeou como se o chão estivesse mole, murmurou algumas palavras do mesmo jeito que Durango fizera há pouco sem desejar ser ouvida, atravessou o quarto e procurou equilíbrio sentando-se na cama. Foi a partir de um beijo que tudo começou, e ela acabou grávida. Ela o convidou para que continuassem a tomar champanhe em seu quarto de hotel, e antes mesmo que terminasse de servi-lo, ele tomou a garrafa e a taça de suas mãos e a beijou com paixão. O sabor que ele deixava era delicioso e incrivelmente prazeroso. Ela sentia a luxúria ocupar todo seu juízo até se despirem e ficarem nus.

Era inegável que a atração que sentiam um pelo outro, fugia a qualquer padrão. No fundo, Savannah sabia que tal explosão química perturbava a ambos. Eram visíveis os efeitos que ela causava em Durango, como a mandíbula tensa e olhar paralisado sobre ela, como se fosse necessária a intervenção de um ser de outra dimensão para que ele se controlasse e lidasse com tanta sensualidade correspondida entre um e outro.

— E pensar que esse homem quer se casar comigo... — murmurava para si um pouco frustrada. — Mas por um tempo limitado, e isto ele faz questão de lembrar — disse se acomodando no encosto da cama e cruzando os braços, pensativa.

— Do que mais poderei tirar proveito desse acordo?

Mais beijos — sua voz interna a respondeu imediatamente. E se largar o jogo duro, terá temporariamente um bom parceiro de cama. O que você tem a perder? Por que não? Será um relacionamento com todas as expectativas controladas. Saberá que amor não terá nada a ver com uma situação como essa, além de ser uma alternativa saudável entre a criança e um pai realmente amoroso e participativo.

Devido à traumática experiência com o pai, tudo isso significava muito para ela. Savannah acreditava que, mesmo depois de separados, Durango se manteria presente e participativo na vida da criança.

Mas ela deveria se ater também às outras razões que fariam de sua união com Durango uma boa idéia.

Endireitando-se, ela deitou do seu lado preferido da cama. A questão agora era ter ou não um parceiro de cama provisório. E para isso, ninguém melhor do que Durango Westmoreland. A verdade é que ela não tinha experiência com sexo casual nem flertes, afinal, antes de Durango aparecer, ela só havia se envolvido com Thomas Crawford. Eles namoraram pouco mais que um ano. Tudo ia bem, até ela ser selecionada para desenvolver um projeto na empresa onde ambos trabalhavam. Como ele também desejava fazer o trabalho, chegou a quase convencê-la a largar a oportunidade para que ele pudesse abocanhá-la. Thomas foi o homem mais egoísta e egocêntrico que atravessou seu caminho. Somavam quase dois anos desde que terminara com Thomas e não dormira com ninguém. O que aconteceu naquela noite com Durango não tinha sido apenas atração, mas necessidade hormonal concentrada agindo como se respondesse a instintos animais.

Ela se deitou de lado, com as mãos debaixo do rosto virado sob o travesseiro, e continuou refletindo sobre as vantagens dessa proposta de casamento e as suas reais expectativas.

Nenhum dos dois estaria coberto por couraças de medo e nem cegos de paixão, pois não se tratava de um casamento tradicional. Como eles não se amavam, seria muito mais fácil lidar com a separação programada.

Até agora, Savannah se convencia cada vez mais sobre as vantagens de aceitar o pedido de casamento. Sua criança teria o tipo de pai que ela nunca teve e também alguém a quem recorrer quando precisas se, além da extensa família Westmoreland a sua volta — que ao que pôde notar na festa de casamento de Jé sica e Chase, era bastante unida.

Tudo parecia favorável a que aceitasse o pedido, mas se esforçou em pensar também nos aspectos negativos. E o que lhe parecia mais evidente era a possibilidade dela se apaixonar por ele.

Mas como dispositivo de proteção, ela não se estenderia em um pensamento como esse, mesmo ciente da possibilidade. Era perfeitamente possível se encantar com a gentileza e sensibilidade que Durango vinha tendo ao preparar o café, em aquecer-lhe o quarto de madrugada, além de toda a preocupação dispensada a ela e ao bebê.

Mas, ainda assim, isso não aconteceria. Era difícil acreditar que ela entregaria o coração ou a alma nas mãos dele ou de qualquer outro homem.

Depois de horas debruçado sobre as contas do mês e dos acertos de sua sociedade com McKinnon, no haras, Durango não conseguiu pensar em outra coisa que não o gosto de Savannah em sua boca. Ela incendiou e anestesiou seu juízo.

—Droga!

Fechou o livro-caixa com força e se afastou do computador. Estava indignado por não conseguir se concentrar nos investimentos com os cavalos.

 

                                             CAPÍTULO SEIS

— Meu Deus! Savannah, você está bem?

Pelo tom da voz ele estava desesperado e preocupado, mas a fraqueza não permitia que ela respondesse nem com um simples gesto de levantar a cabeça para olhá-lo. Além disso, sentia-se envergonhada de ser vista recém-acordada ajoelhada diante de um vaso sanitário sem ter feito a mínima higiene.

— Savannah o que está acontecendo?

Logo que pôde, ela aproveitou o fôlego entre os intervalos de ânsia e disse na intenção de tranqüilizá-lo:

— Náusea da manhã.

—É isso que acontece com você todas as manhãs?

Ela gemeu em tom sarcástico. Sobre o que ele pensava? Quase expressou sua indignação em uma resposta irônica, mas se ocupou com mais uma crise de náusea e vomitou o resto que lhe sobrava do jantar da noite passada.

— O que eu posso fazer?

Injuriada com a fraqueza que lhe tomava, tentou pedir que ele saísse, mas tudo que conseguiu foi afastá-lo com o braço, pedindo que ele a deixasse.

—Não sairei por nada neste mundo, minha querida — disse com ternura, agachando-se ao lado dela e apoiando pelos braços. — Estamos juntos nessa, lcmbra? Deixe-me ajudá-la.

Antes que ela dissesse que não havia nada a ser feito e que melhoraria sem o auxílio de alguém, como scmpre acontecia em seu pequeno apartamento na Filadélfia, ele provou que realmente ajudava. Durante outra síncope de náusea, ele alcançou a toalha e a segurou junto à testa de Savannah enquanto seu corpo expelia o conteúdo gástrico. Quando ela se acalmou, ele secou sua boca e seu rosto, e deixou que ela se aninhasse em seu colo. Carinhosamente, encostou uma das mãos na barriga dela e, como um remédio, calmou seu mal-estar.

— Isso mesmo querida, relaxe um pouco. Tudo vai melhorar. Deixa-me cuidar de você — disse baixinho, roçando os lábios no lóbulo da orelha dela após bcijá-la na testa.

Então ela ouviu o barulho da descarga, ao mesmo tcmpo em que se acomodou nos braços fortes e protetores dele. Após abaixar a tampa do assento, ele a fez sentar-se ali, a erguendo nos braços com facilidade como se ela pesasse como uma pluma. Agachado diante dela, perguntou, olhando-a nos olhos:

— Será que um refrigerante ajuda?

— Sim — foi tudo que conseguiu dizer diante do olhar de Durango que a fazia perder a respiração.

— Ficará bem sozinha enquanto eu desço para pegar um?

— Estarei bem.

— Já volto.

Depois que ele se afastou, Savannah respirou fundo e percebeu que sua desagradável sessão matinal de náuseas havia passado tão rápido e inexplicavelmente como quando aparecera. Aproveitou a vantagem de estar sozinha e se curvou na pia para escovar os dentes. Até então tinha somente gargarejado água quando Durango apareceu para socorrê-la. Agora, custara o tempo de cuspir um anti-séptico bucal para Durango voltar.

— Aqui está.

Savannah pegou a lata gelada de soda, e com a ponta do indicador puxou com força o anel de metal. O primeiro gole logo lhe fez bem. Assim que terminou de beber, lambeu os lábios e disse:

— Obrigada. Precisava mesmo disso.

Manteve-se sentada observando o rótulo do objeto que segurava sem se deter a um detalhe específico. Durango, por sua vez, fixava-se nela, deixando-a constrangida. Ela sabia o quanto sua imagem estava horripilante. Lembrou-se de uma lição que aprendera no internato só para meninas que frequentou a mando de seus avós: em hipótese nenhuma uma mulher poderia demonstrar fraqueza e nem descuido diante de um homem. Mas naquele momento não podia fazer nada, até por que ela não esperava que ele aparecesse. Logo pela manhã, ele praticamente invadiu o banheiro. Mas por quê?

Como se tivesse escutado seus pensamentos, Durango irrompeu em seus devaneios e respondeu:

— Sei que você não tem o costume de se alimentar no café-da-manhã, mas resolvi, antes de preparar o meu, ter certeza se você iria me acompanhar.

— Eu nem poderia comer nada.

— É, agora eu sei. Isso acontece todas as manhãs? — perguntou preocupado.

— Quase todas as manhãs, dependendo do jantar. Acho que acabei cometendo um exagero com a carne assada ontem à noite.

— Isso é evidente. E o que o médico disse a respeito?

Suspirou profundamente e respondeu:

— Não há muito o que dizer. Escute, Durango é previsível que no início de toda a gravidez a mulher sinto ânsias matinais.

— Isso não quer dizer muita coisa.

Ela estendeu os braços e com as duas mãos fez sinal para que ele parasse. Estava percebendo que com aqueles comentios ele logo sugeriria que ela procurasse um médico local e por isso, resolveu impor a sua vontade e disse:

— Antes de qualquer coisa preciso me recompor, Durango. Necessito de um tempo, está bem?

— Tem certeza que conseguirá se recuperar?

— Sim, tenho.

— Quer que eu faça alguma coisa?

Mal acostumada com tanto mimo, e ainda sentada, ela alongou a coluna e respondeu impaciente:

— Não preciso de nada, obrigada.

Então lhe deixarei à vontade para que se arrume. — Durango concordou e antes de deixá-la, voltou e a surpreendeu com o toque de seus lábios nos dela e disse:

— Peço desculpas por meu bebê estar lhe dando tanto trabalho.

Antes que ela pensasse no que responder, ele já tinha deixado o banheiro.

Durango estava feliz por não tê-la deixado sozinha em casa, e ficou imaginando como ela teria se virado sem ele. Depois, caiu em si, e lembrou-se de que no apartamento da Filadélfia ela deve ter vivido várias situações como aquela, sem ter podido contar com a ajuda de ninguém. A primeira impressão que Durango teve sobre a indisposição matinal dela era de que fosse um leve mal-estar, mas nada parecido com o sofrimento que há pouco testemunhara.

Contudo, ficou satisfeito em poder ajudá-la. Durango esfregou as mãos no rosto e na cabeça, percebendo o quanto ele ainda precisava entender sobre o universo feminino, a gravidez e os bebês. A família Westmoreland não tinha criança até Delaney dar a luz alguns anos atrás. E, mesmo assim, ela passou a maior parte da gestação e agora, com a criança já crescida, na terra de seu marido no Oriente Médio.

Outra grávida com quem Savannah tivera ligação, embora em poucos encontros, era Jayla. Ele chegou a se impressionar com o tamanho que ela tinha chegado nos últimos meses por gerar gêmeos, dando a impressão de que sua bolsa pudesse estourar a qualquer momento. Mas não se lembrava de nenhum comentário de Storm, o marido coruja, sobre ânsias ou vômitos pelas manhãs.

Durango engatou os polegares nos bolsos frontais da calça e sentiu que começava a ficar nervoso. Não havia como Savannah tranqüilizá-lo dizendo que tudo era normal. Pensando no que acabava de acontecer, ele a aguardava na sala de estar, e a ouviu se aproximar. Encontraram-se e ele não conseguia acreditar que aquela era a mesma mulher que há pouco vira pálida e abatida. Bastaram uma calça e jaqueta jeans para ela se transformar em uma mulher linda. Na verdade, qualquer roupa lhe cairia bem.

Com um toque de maquiagem leve e natural valorizando seus traços, ela estava muito bonita, como se nada tivesse acontecido. Com ela, a sala se iluminou e expandiu com mais vida... o que naturalmente se pensaria se comparada com a paisagem do lado de fora pela janela, coberta pela nevasca, ainda que as previsões mais recentes indicassem sinais de dissipassão.

— Está melhor?

— Sim, estou. E quero me desculpar por... — disse sorrindo e foi interrompida.

— Não, não há nada para se desculpar. Estou feliz porque estava por perto.

Era inegável admitir que ela também estivesse contente. As incontáveis vezes que passou por manhãs como aquela, e sozinha, não desmereciam o ombro que lhe foi oferecido pelo homem que investia ao seu bem-estar e no de seu bebê.

O que não podia admitir era que ele estava amável e garboso desde cedo. Mas não havia novidade nisso, pois ele sempre estava bem quando vestia jeans e camisas xadrez. Savannah decidiu que se ocuparia com pensamentos que a ajudassem a resistir aos encantos de Durango. Assim, caminhou até a janela e observou que o tempo continuava fechado:

— Você terá que sair hoje?

Ele se pôs ao lado dela para olhar através da janela.

— Talvez mais tarde. Mas está previsto uma melhora do tempo.

— É mesmo, então quer dizer que poderei ir embora ainda hoje.

— Talvez sim — ele respondeu sem dar muita atenção. — Sei que você não costuma comer nada pesado pela manhã, mas há algo que eu possa lhe oferecer que não irrite seu estômago?

— Hum! Bolachas de água e sal e um chá de ervas me fariam bem. — E assim que ele saiu para providenciar o pedido, ela chamou:

— Durango?

— Sim.

Com o coração acelerado Savannah disse:

— Já me decidi sobre sua proposta. Podemos conversar?

— Está bem, conversaremos na mesa da cozinha, o que acha?

Ela o seguiu.

— Então, o que decidiu?

Savannah largou a xícara de chá sobre o pires, levantou a cabeça de onde podia ver o prato com as bolachas, e falou sobre o que havia decidido na noite passada e confirmado depois da atitude que ele tivera mais cedo:

— Aceito me casar com você.

De frente para ele, Savannah o viu encostar-se na cadeira olhando-a fixamente com a impressão de querer expressar algo.

— Mas quero explicar os motivos pelos quais aceito seu acordo e porque não concordo em dividir a cama com você.

— Sou todo ouvidos.

Ela fez uma pausa, tomou outro gole de chá e resolver dizer:

— Acho que já mencionei por que não me casaria com ninguém por causa de uma gravidez.

— Por causa de sua história com seu pai, não é mesmo?

— Sim.

— Como eles se conheceram?

— Na faculdade. Mamãe passou as férias do ano de conclusão fora de casa e quando voltou apresentou papai para meus avós dizendo-lhes que planejavam se casar logo após a formatura e que estava grávida dele. Além do grande susto que tomaram, meus avós não aceitavam uniões inter-raciais, e não eram muito favoráveis à relação deles.

— Imagino.

— Isso não era bem o futuro que Roger e Melissa Billingslea reservavam para sua filha. Mas não havia nada que fizesse mamãe mudar de idéia, pois ela acreditava que Jeff Claiborne era o homem de seu sonhos, e quando seus pais perceberam que nãc conseguiam convencê-la de que estava errada, deserdaram.

— Adiantou alguma coisa?

— Não. Papai e mamãe se casaram meses depois e, segundo ela, tudo ía bem até ele perder o antigo emprego em uma empresa grande e dar início ao trabalho de representante de vendas em várias cidades. Foi a partir daí que o lar de minha mãe se desvirtuou. Papai já não era mais a mesma pessoa, mas somente quinze anos depois ela descobriu que ele mantinha vida dupla, vivendo e sustentando também amante e filha na Costa Oeste.

Durango tomou um gole de café. Nada disso era novidade para ele depois de uma conversa com Chase.

— Não foi fácil para mim e Rico — disse, usando uma entonação que chamasse sua atenção para a conversa. — As pessoas viam filhos de união inter-racial como se fossem de outro mundo. Mas mamãe nos ajudou a enfrentar essa situação e contou com a ajuda de nossos avós, embora houvesse uma certa pressão dominadora sobre nossas vidas, pois minha avó se ofereceu para pagar um colégio bom e só para meninas para mim, até eu optar, felizmente, dentre as faculdades nas quais fui aprovada, pela mais distante, no estado do Tennessee.

Mais um gole de café e Durango se manteve atencioso, embora estivesse grato por ela estar lhe confidenciando sua história. Não se conteve e perguntou:

— Afinal, qual é a relação disso que você está me contando com nosso casamento ou ainda... em dividir a cama comigo enquanto formos marido e mulher?

Savannah ajustou-se na cadeira e respondeu:

— Mais do que qualquer coisa, quero oferecer a meu filho uma família unida, estruturada e que ele saiba que o pai deseja participar de sua vida sem se sentir obrigado a estar com ele.

Durango se curvou na cadeira para alcançá-la, enternecido pelo sofrimento de um pai ausente, quando tanto ele como ela sabiam que Durango não era esse tipo de homem.

— Serei bom pai para nossa criança, Savannah.

— Eu acredito que sim, Durango, a questão agora é saber se você também será bom para mim.

Desconfiado, ele perguntou:

— Você acha que eu a destrataria?

Ela negou cóm a cabeça.

— Não é nada disso. Sei que você gosta de mulheres, Durango, e eu simplesmente não quero ser um corpo disponível para você ou para qualquer outro homem.

Durango pousou a xícara de café no pires pensando se ela estava insinuando que, devido a sua experiência com outras mulheres antes de conhecê-la, eles não dormiriam juntos. Isso era um absurdo. Indignado ele teria que lembrá-la novamente que o passado não deveria vir à tona, O certo seria deixá-lo para trás, para evitar discussões, a não ser que...

Com a tensão crescendo e o abdome contraído, Durango cogitou a hipótese de ela estar se referindo à sua fidelidade enquanto estivessem cumprindo o acordo de casados. Ele a fitou, esclarecendo seus pensamentos.

— Está se referindo a infidelidade durante nosso casamento?

Com expressão séria ela respondeu:

— Isso nem passou pela minha cabeça, deveria me preocupar?

—Não.

Felizmente, ela pensava assim, porque mesmo sem ter direitos em sua cama, jamais lhe seriam dados motivos para que ela o questionasse sobre fidelidade. Desde a primeira noite que passaram juntos, Durango sentiu que havia realmente diferença entre ela e todas as outras com quem havia saído. O fato é que algumas mulheres eram para casos e outras para casar. Savannah era, sem dúvida, mesmo que não soubesse disso, o tipo de mulher para se casar.

Ela merecia mais que meio-casamento ou meio-marido. Ela merecia um marido que a amasse, que olhasse por ela, que estivesse presente nos momentos bons e ruins da vida. Um homem inteligente, a sua altura, a faria muito bem, sendo principalmente o companheiro ideal, aquele que a apresentasse para todos os prazeres existentes entre o homem e a mulher, e aos quais ela se negava o direito de ter.

Jamais esqueceria o dia que a viu chegar ao orgasmo em uma explosão que parecia estar lhe invadindo pela primeira vez, e ainda surpresa pela magnitude desse prazer que ele compartilhava. Era inevitável querer mais de sua companhia, e ela se enganava se pensava que ele pleiteava unicamente por seu prazer individual. Naquele momento, sentados à mesa da cozinha, sua missão era convencê-la a atender às necessidades do próprio corpo.

Mas agora o momento não era propício. Sem pressa, tinha plena consciência que haveria melhores oportunidades antes e durante o casamento.

— Você é muito mais do que um corpo, Savannah — disse sinceramente. — E desculpe se encara a situação por esse prisma, mas não vejo nenhum erro dois adultos que se gostam e se respeitam saciarem suas vontades e necessidades quando estão a sós sob o mesmo teto.

Mas, mesmo atenta, Savannah parecia imune às palavras “vontades” e “necessidades”. Talvez por ter refreado seus impulsos e não ter concebido que o prazer mora à margem da loucura, e é forte e saudável. Por outro lado, era difícil para ele saber bem qual gesto dela o excitava mais, se era a leveza dos dedos finos quando tocavam a xícara, o cabelo solto o olhar distante. Por fim, Durango optou pela cautela, e disse:

— Se não quiser dormir comigo, respeitarei sua escolha. — Mas seu coração ardia, e ele imaginava o contrário.

Feliz com a conclusão, Savannah lembrou-se de que agora deveriam acertar a data do casamento e lugar para morar, mas Durango se adiantou:

— Então, quando nos casaremos?

Preocupada que ele largasse um serviço específico da região, Savannah reviu seus planos como autônoma e disse sem demora:

— Ainda não sei, mas penso em me mudar para cá, se você não se importar.

Surpreendido, ele não imaginava que ela trocaria a cidade pelas montanhas.

— E seu emprego? Achei que precisasse dele para se manter.

— A gravidez naturalmente diminuirá meu ritmo de trabalho, pretendo me dedicar a um projeto por aqui, se isso não for incomodá-lo.

Admirado pela decisão, ele rompeu o breve silêncio:

— Não será nenhum problema, até acho que se adaptará bem ao clima.

— Eu também acho.

Envolvido pela ansiedade e quase infantilmente feliz, ele disse:

— E quando nos casaremos?

Savannah respondeu com calma:

— Deixarei que se encarregue de todos os preparos, basta me dizer quando e onde e estarei presente.

— E em seguida virá morar comigo?

— Sim, e ficaremos juntos enquanto eu estiver de licença-maternidade que será, ao que presumo, até o bebê completar seis meses de idade. Concorda com essa data?

— Concordo. Você ainda prefere um casamento discreto?

— Ah! Sim. Quanto mais discreto, melhor. Acho que prefiro ir para Las Vegas, sem tumultos.

Durango respondeu sorrindo:

— Farei o possível, pois considerando nossa situação, imagino que estará fora do meu alcance conter esse tumulto.

Ao entardecer, Durango se pôs a pensar no casamento, e entendia tão bem quanto ela que se tratava de uma união temporária, em prol da ligação mais importante entre os seres humanos. Pensou, também, que sua famflia reagiria com surpresa à notícia mas, com certeza, sua mãe, a matriarca da família, ficaria feliz, pois estava sempre à frente de campanhas para que seus filhos se casassem. Nada mal dar-lhe o gostinho breve da vitória.

Contudo, independentemente da duração do casamento, faria daquela união uma eternidade especial. Começaria procurando por lan, seu irmão, que tinha adquirido há pouco um hotel-cassino no Lago Tahoe, onde todos que o visitaram saíram maravilhados. Este seria o próximo passo para um casamento inesquecível para os dois.

Decisão tomada, Savannah agora precisava contar para tudo para Jéssica, sua irmã e confidente. Digitou o número no celular e aguardou. Bastaram apenas dois toques para Jéssica atender:

— Alô.

— Jéss, sou eu, Savannah.

— Savannah. Como foi em Montana? O que ele disse? E o que você fará agora?

Ela sorriu percebendo que Jéssica tinha muitas perguntas.

— Ainda estou em Montana e não pude sair devido à nevasca.

— E onde você está?

— Com Durango. Ele me convidou para ficar e aceitei.

— Que bom.

— Sei que temos muito o que conversar, portanto, sobre a segunda pergunta, lhe digo que ele se chocou e não acreditou logo quando dei a notícia do bebê, mas depois voltou ao normal.

— E?

— E me pediu em casamento.

— Oh! E o que você disse?

Jéssica sabia sua opinião sobre casamentos nessas circunstâncias.

— Primeiramente disse não, e...

— Primeiramente? — Jéssica a interrompeu e continuou — Por acaso você disse “sim”?

Savannah sorriu suavemente.

— Sim, decidi me casar pelo bem do bebê, por tempo limitado.

— Não entendo. O que será limitado?

— Nosso casamento.

Após um certo silêncio, Jéssica voltou a falar:

— Será que entendi bem? Você e Durango terão um casamento de aparências e temporário?

— Sim. Concordamos em nos manter juntos até o bebê completar seis meses, que também será o tempo das minhas economias durarem, e após isso volto a trabalhar em período integral.

—E sobre vocês dois? Dormirão juntos?

—Não.

— Mas vocês vão morar juntos?

— Sim.

— Savannah, estamos falando de um Westmoreland.

Savannah desprezou o comentário virando os olhos para cima.

— E daí? Não estou entendendo.

— Pense bem, vocês já dormiram juntos.

— Mas eu estava completamente bêbada.

— E você acha que não o desejará estando sóbria?

— É claro que sim, Jéss. Posso não estar sexual- mente ativa, mas não estou morta nem cega. Ele é um homem extremamente sedutor, mas sei controlar meus ímpetos e não me intimidar por ele, não importa quão sensual ele seja.

— Não se trata de qualquer homem, Savannah, acredite em mim. Há uma diferença entre os Westmoreland e os outros. Não será fácil se desvencilhar de Durango uma vez já envolvida com ele.

— Tenha a santa paciência, Jéss, ele é um homem normal — ela respondeu tentando mostrar desinteresse.

— Se fosse qualquer um, você não estaria nessa situação. Tudo o que eu sei, e não é pouco, é que você me perguntou sobre ele antes do primeiro gole de champanhe. Não venha agora me dizer que foi para a cama sem estar interessada, porque estava sim. Vi quando vocês trocavam olhares, um seduzia o outro. Isso tudo não lhe diz nada?

— Diz sim, que estou atraída por ele e já admiti isso. Mas o que você não percebe é que estou imune ao poder de sedução dele agora.

— E quanto a se apaixonar?

— Paixão, Jéss. Também estou vacinada contra isso, graças a nosso pobre pai, mas mesmo se isso acontecer, basta lembrar que o único elo entre nós é a criança e a oportunidade de dar a ela tudo o que não tivemos. Acho ele carinhoso e com chances de ser um pai melhor do que o nosso, que se ocupava com duas famílias.

— Você terá que superar isso um dia — Jéssica disse suavemente. — Não pode deixar que Jeff Claiborne comande sua vida e seu futuro.

Savannah ouviu o que não queria e constatou que não ainda aprendera a lidar com o assunto.

— Não consigo Jéss, e, sinceramente, não sei como você, que perdeu a mãe por isso, consegue.

— Porque nunca pensei que todos os homens fossem iguais a ele, nem você deveria.

E quando o segundo longo silêncio se instalou, dessa vez por causa de Savannah, Jéssica alertou:

— Tenha cuidado.

— Cuidado com o quê?

— Para não se surpreender com a sedução de um Westmoreland e todo o acolhimento da família. Acredite, sei o que estou falando. Não podia ver Chase nem se fosse pintado de ouro, lembra? Agora não consigo me imaginar sem ele. Amo muito meu marido.

— E estou feliz por você, Jéss, mas somos diferentes. Nunca acreditei em “finais felizes”, e por enquanto quero que aceite a decisão que será o melhor para mim, até o dia de ir embora. Não estamos juntos por amor, mas, para construírmos uma relação sadia para nosso bebê.

— Então quando será o casamento?

— Em breve. Pedi a Durango pouco alvoroço. Em poucos meses vou parecer uma baleia e todos saberão de todo os porquês.

— Sente-se bem com isso?

— Claro. Por enquanto fique feliz por mim, Jéss.

— Estou feliz por você. Alguém mais sabe?

— Não, somente você. Não quero me abrir para milhares de conselhos, e também não sei se ele dirá a alguém, mas parece que quando a família dele souber, fará questão de uma grande reunião depois da viagem.

— E, pelo que sei, Jennifer fará o mesmo. Tem data marcada?

— Não sei a data exata, mas acho que em uma semana teremos tudo arranjado. Além disso, nossas famílias se deram bem em seu casamento, não me importarei se estarão unidos para a festa.

— Agora fiquei com vontade de participar da festa.

— Que bom. Quanto a mim, sei que tudo será por pouco tempo e sairei dessa do mesmo jeito que entrei.

— E que jeito é esse?

— Com expectativas racionais.

 

                                       CAPÍTULO SETE

Ao pisar fora do quarto, Savannah encontrou Durango passando pelo corredor, e isso inflamou seu desejo, assim como em todos os breves encontros anteriores.

Ela imaginou o quão perfeitas seriam as fotos que tiraria dele com as lentes de sua câmera, para depois mantê-las por perto, afim de saciar suas fantasias mais selvagens.

— Como foi seu cochilo?

A pergunta de Durango a resgatou de seus pensamentos voluptuosos. Ela fora dormir logo depois de enerrar a conversa com Jéssica pelo telefone. Fechou os olhos com Durango ocupando sua cabeça, sonhou com ele e até sentiu os resquícios ardentes dc uma noite de amor.

— Savannah?

De repente ele percebeu que não havia respondido.

— Tirei um bom cochilo. Estava pensando em preparar o jantar de hoje. O que você acha? Outro dia, enquanto procurava pelas bolachas, encontrei vários ingredientes que podem incrementar um espaguete.

Sincero, atento e cuidadoso, Durango respondeu:

— Isso cairá bem em seu estômago?

Ela riu e se afundou no sofá procurando apoio, tentando ignorar os apelos sedutores dcle, que estava cncostado como ombro no batente da porta que dividia a sala de estar da de jantar. Como de costume, os polegares estavam enterrados nos bolsos frontais da calça e a camiseta justa revelava a definição dos músculos peitorais.

— No final da tarde meu estômago concorda com quase tudo. São as manhãs que me preocupam. Então, o que achou da idéia de um espaguete? — ela perguntou antes que padecesse de alguma recaída por ele.

Durango se afastou da porta, fez sinal com os ombros indicando que também pensaria igual e disse:

— Ótimo, se estiver mesmo disposta, aproveitarei para tomar um banho. Depois preciso conversar com você sobre algumas coisas.

Savannah levantou as sobrancelhas em função da dúvida que desviava sua atenção do envolvimento a que estava se entregando.

— Sobre o quê?

— Enquanto você cochilava, tomei a liberdade de fazer umas ligações e decidir sobre alguns assuntos. Você mesma disse que eu devia me encarregar dos preparativos para o casamento e que tudo estaria certo contanto que eu poupasse o alvoroço.

— Sim, é verdade.

— Bem, quero saber então se você aprova o que fiz.

Surpreendida, ela pensou que enquanto cochilava, sonhando com ele, Durango não dormiu em serviço.

— Preparativos para o casamento? Então realmente temos que conversar.

— Temos sim. Volto em um minuto.

Antes de deixar a sala, perguntou:

—Tem certeza de que não precisa de ajuda na cozinha?

— Pode deixar, consigo dar conta.

— Tenho certeza que sim — disse sorrindo.

Ao sair, deixou a leve impressão de que suas últimas palavras não se referiam somente ao espaguete.

— Tudo está delicioso, Savannah.

— Obrigada — ela olhava para todos os lugares, exceto para o outro lado da mesa onde ele estava, simplesmente para fugir à tentação. Pela janela via a neve cair continuamente e passou pela decoração da cozinha, apreciando mentalmente tudo, inclusive os quadros na parede...

— Está tudo bem?

Para responder, sentiu-se forçada a olhá-lo algo que estava evitando ao máximo. Como não teve alternativa, sentiu um arrepio subir pela espinha e tomar conta de todo seu corpo.

— Sim, estou bem. Por que a pergunta?

— Por nada.

Sentada àquela distância dele, era possível ouvi-lo respirar, sentir o frescor do cheiro da pele recém-saída do banho. Mas a maior tentação era, incomparavelmente, como ele se vestia, em uma calça de cós baixo parada nos ossos da bacia deixando os músculos da barriga à mostra e camisa desabotoada quando chegou à mesa.

— Posso falar dos planos que fiz?

Mais uma vez, ele a convidou a retomar os sentidos com uma pergunta, justo no momento que ela desviava o olhar para territórios privados de Durango.

— Claro.

Ele começou o assunto se levantando e tirando as louças da mesa.

— Pensei que ao invés de irmos para Las Vegas poderíamos nos hospedar num hotel de frente para o Lago Tahoe.

Sem entender o motivo da troca, Savannah indagou com a face.

— Lago Tahoe?

— Sim, meu irmão lan comprou um hotel-cassino recentemente. E todos que já conheceram disseram que o lugar é espetacular. E eu gostaria de connhecer também.

— Lago Tahoe — disse enquanto se acostumava com a idéia. Já tinha visitado o 1ugar há alguns anos e ficou com uma boa impressão. Sorriu ainda sentada à mesa para Durango e disse:

— Está bem, parece-me perfeito, e para quando?

— Depois de amanhã.

— Quê?

Ele sorriu internamente diante de tanta surpresa.

— Acho que sexta-feira será perfeita para viajarmos ao Lago Tahoe. Se amanhã o tempo continar a melhorar, então depois de amanhã poderemos ...

— Calma! Chega! Pare! — tomou fôlego por um instante e continuou — Durango, não há nada que me faça casar com você nesta sexta, entendeu? Preciso voltar para minha casa, pegar minhas coisas, me organizar para o casamento e depois...

— É tudo provisório, Savannah, lembra? Além do mais, para não chamarmos muita atenção, temos que providenciar tudo logo e rápido.

Nesse caso ele tinha toda a razão.

— Eu sei, mas não pensava em me casar tão rápido assim.

— Quanto antes, melhor, não acha? Você já está com dois meses de gravidez. Se acontecer com você o mesmo que aconteceu com Jayla, com quatro meses a barriga estará aparecendo. Eu a vi na Páscoa, junto com meus pais, e fiquei impressionado. Ela estava uma bola gigante, quase não passava na porta.

Savannah olhou para o teto, esperando que jamais ele dissesse o mesmo dela.

— Eram gêmeos, Durango, por favor.

— E como você sabe que não teremos gêmeos também? Nascimentos múltiplos nunca foram novidade em minha família. Meu pai é irmão gêmeo do pai de Chase, e ambos tiveram gêmeos, além do tio Corey que teve trigêmeos. Isso quer dizer que tudo é possível, Savannah.

Isso não era bem o que ela desejava ouvir. Não contava com essa possibilidade. Desejava uma criança feliz e saudável, mas se viesse mais do que um como ele dizia, estaria contente também.

— Não tenho as mínimas ccndições de estar pronta para ir ao Lago Tahoe nesta sexta-feira. Não trouxe roupas suficientes e tenho que resolver algumas coisas.

— Há muitas lojas em Bozerran com tudo que possa precisar. Amanhã podemos tirar o dia para fazer compras.

Ela se sentiu apressada e achoa melhor ser clara.

— Sinto que você está me apressando — disse em um tom pedinte.

Durango esboçou um sorriso e disse:

— De certa forma estou, querida. Agora que saímos do impasse das indecisões, por que esperar mais? Quero concretizar nosso casamento o quanto antes.

Ela não conseguiu deixar de pensar sobre a razão de tanta pressa. Será que ele duvidava de sua decisão? O que mais podia ser? Nos próximos sete meses da gestação eles estariam unidos. Ela carregava um bebê dele, e quando apareceu pari lhe dar a notícia, nem sonhava com a idéia de casamento. Mas antes de permitir mais uma vez maiores mudanças em seus planos, era necessário que se sentisse bem por, no mínimo, duas semanas para se reoranizar e daí tratar do casamento no tal Lago Tahoe por telefone da Filadélfia. Mas, ao que tudo indicava, nada estava sair a do conforme o planejado.

— Por que você está hesitando? Devemos prosseguir com o acordo e resolver logo isso.

Resolver logo isso? Ele poderia, ao menos, se mostrar mais disposto ao casamento e não parecer estar sendo forçado, casar, afinal, a idéia havia partido dele, ela desejava apenas dar a notícia da gravidez. Estava pronta para dizer o que pensava, quando ele a pegou desprevenida pelos braços, levantou-a da cadeira e encaixou o corpo dela contra o seu, pressionando um ao outro.

Pasma, ela só se deu conta da situação quando estava colada a ele e o viu sorrir no canto da boca por alguns segundos e disse suavemente:

— Você quer bancar a difícil, não é?

Savannah engoliu em seco. Não era fácil manter-se presa e olhá-lo direto nos olhos.

— Não é essa minha intenção.

— Então por que está resistindo tanto? Já chequei os vôos, têm vários horários disponíveis ainda. Também falei com lan, basta partirmos — ele continuou depois dela franzir a testa. — Disse a ele que estávamos nos casando, mais nada. Ele falou que adoraria nos receber como hóspedes no final de semana e se encarregará de todos os preparos necessários.

Durango tentou entender o que se passava pela cabeça dela e, observando-a perguntou:

— Você mudou de idéia sobre o que combinamos, Savannah? Você desistiu de um casamento discreto? Prefere que façamos aqui mesmo e convidemos nossos familiares?

— Não — disse prontamente. — Prefiro tudo do jeito que está. Acho que estou hesitando porque nunca pensei na hipótese de voltar para a Filadélfia como uma mulher casada.

— Então suponho que não esteja preparada para chegar lá com um marido a tira colo?

Aquelas palavras a chocaram.

— Você vai voltar comigo?

— Sim, terá que me apresentar a sua família um dia, não?

Imersa a inúmeras cenas que apareceram em sua mente com ele a seu lado, na Filadélfia, que chegou a ficar tonta.

— Mas você já conheceu todos os meus parentes no casamento de Jéssica e Chase.

— Sim, os conheci como primo da família, mas, não como seu marido. E em nossas núpcias, seria cstranho nos virem separados.

— Sim, mas...

—Além disso, quero levá-la para conhecer minha família em Atlanta, não como a irmã da Jéssica, mas como minha esposa. E não me importo sobre o que eles podem vir a pensar sobre nossa decisão de casarmos rápido, afinal, não devemos nada a ninguém. Diremos que nos conhecemos na festa de casamento, nos apaixonamos perdidamente e decidimos nos unir por toda a vida.

Savannah abriu um sorriso amarelo diante daquela justificativa, sabia que ele não convenceria ninguém com aquela lorota. Pelo sorriso irônico de Durango, ela percebeu que ele pensava igual a ela.

— Vamos deixar que eles pensem o que quiserem — disse Durango, rindo. — Nossas decisões não interessam a ninguém, a não ser a nós dois.

Savannah nada fez a não ser concordar, pois Durango tinha toda a razão no que dizia, ainda mais depois de sua conversa com Jéssica. Tomadas as decisões, porque não andar logo com tudo?

— Está bem, se você prefere nesta sexta-feira, irei com você.

— Bom. Tem mais uma coisa que precisamos fazer amanhã.

— O quê?

— Visitar um médico na cidade. Eu já marquei uma consulta para você amanhã de manhã.

Ela se afastou e franziu a testa:

— Por quê? Não acredita que estou grávida? É isso? Ou prefere se certificar antes da nossa cerimônia de casamento?

— Não, não é nada disso — ele falou desconcertado. — Quero que um médico a avalie antes de viajarmos. Você me assustou esta manhã, por isso quero garantir que você e o bebê estejam bem.

Savannah desconfiou das intenções dele, mas reconheceu em seu olhar que ele estava sendo sincero e se acalmou:

— Está bem — disse finalmente — irei ao médico, se é isso o que deseja.

Ela respirou fundo e sentiu que precisava de espaço e procurou se afastar.

— Vou começar a lavar a louça, então...

— Não, você cozinhou, agora é justo que eu limpe a cozinha.

— Durango, eu posso...

— Savannah, relaxe, será assim daqui para a frente. Temos muito o que fazer nos próximos dias que, felizmente, o clima estará ao nosso lado.

Pela janela ela viu que a neve cessava. Este era o momento que tanto esperava, mas ao invés de fazer as malas e voltar para a Filadéfia, ela tinha agora que se preparar para o casamento.

— Se você insiste em cuidar da louça sozinho, então vou ligar para meu chefe. Na última vez conversamos, disse-lhe que voltaria ao trabalho na segunda-feira.

— Está bem. — Quando ela se virou para sair ele disse:

— Savannah, reservei uma suíte para nós dois, mas com dois quartos separados. Tem algum problema?

Por essa ela não esperava. Recompôs-se internamente e olhando direto em seus olhos disse:

— Nenhum problema, enquanto houver dois quartos separados.

O sorriso nos lábios de Durango como resposta lhe atingiu com tanto fogo e desejo que ela sentiu o corpo arrepiar.

— Então está tudo acertado. Ligarei agora para a agência e reservarei as passagens.

Seguiam rumo ao Lago Tahoe para dar início a um casamento de aparências.

Os preparativos que Durango anunciara na noite anterior foram tão importantes para seu organismo que lhe tiraram o sono e — melhor — anularam as tradicionais ânsias matinais.

No entanto, ele parecia estar de prontidão ao lado da cama para ajudá-la em uma emergência. Quando abriu os olhos, encontrou-o sentado a seu lado na cama segurando um prato de bolachas e uma xícara de chá.

— Bom dia!

Aquela voz sensual logo cedo além do sorriso atento e preocupado dele a despertou, assim como a seus desejos. Ela sentiu uma leve tremedeira por debaixo das cobertas.

— Bom dia — disse enquanto se levantava na cama. Mesmo que estivesse tocada pela dedicação dele, preferiria alguns minutos reservada para pentear o cabelo e lavar o rosto de sono.

— Está se sentindo bem esta manhã?

— Sim, obrigada pela preocupação. Não sei como, mas ainda não estou sentindo náuseas.

E preferiu não dizer que suspeitava que a tensão sobre a proposta estaria funcionando como um remédio.

— Fico feliz em ouvir isso de você — ele então fez um sinal com a cabeça na direção da lareira. — Tentei manter sua noitc aquecida.

— Obrigada.

Como passou a noite em claro, percebeu a presença dele em intervalos curtos de tempo durante a madrugada.

Olhando ainda para a lareira, ele disse:

— Está começando um dia bastante atribulado para nós. Tudo por que nosso vôo partirá amanhã logo cedo.

Savannah voltou a olhá-lo:

— Imagino que sim.

— Depois da consulta médica, eu a levarei ao shopping. Creio que prefira fazer compras sozinha, então durante esse tempo farei uma visita a McKinnon, depois virei buscá-la. Você se lembra de McKinnon, meu melhor amigo, não?

— Lembro sim, do casamento da Jéssica — ela e todas as mulheres do lugar não se esqueceriam de McKinnon Quinn. Alto, de traços ancestrais fortes, pele cor de bronze e olhos negros bem desenhados. À primeira vista, dividira sua atenção entre os dois homens mais charmosos da festa: Durango e McKinnon. Mas isso não bastou para desviá-la da tentação que Durango a provocava.

— Acho melhor deixá-la para que se vista — ele disse enquanto apoiava o pires e o chá no criado-mudo e se punha de pé.

Era necessário muita concentração para que Savannah deixasse de admirá-lo e prestasse atenção ao que ele dizia. Durango vestia jeans, uma blusa de pulôver e botas pretas cano alto de couro. Pouco importava quantas vezes ele insistia naquele traje, era capaz de tirar seu fôlego de tão bonito que era.

— Obrigada pelas bolachas e o chá.

— Não seja por isso — ele disse sorrindo.

O coração de Savannah estava disparado. Seu futuro marido olhou para fora, pela janela, e ela aproveitou aquele momento para observá-lo ainda mais. Seus olhos focados nas montanhas como se carregasse um problema, um fardo, depois de sentir que Durango estava preocupado, perguntou-se se ele pressentia que o tempo pioraria e ficaria encoberto. Inesperadamente, quando ele virou-se, entreolharam-se e ela se sentiu um pouco atordoada, com o pulso acelerado e o corpo quente como a chama da lareira.

— É melhor eu ir. Ainda tenho que resolver algumas pendências do lado de fora da casa antes de partirmos. — E procurando saída da sensação que seu corpo também sentia, Durango se virou para a lareira e continuou. — Essa lareira realmente aquece o quarto não?

Ela teve vontade de dizer que era ele a razão de tanto calor, e não o fogo da lareira, mas, preferiu a resposta menos comprometedora:

— Sim, é verdade.

Era preciso admitir que Savannah se acostumara a dormir com o fogo da lareira. Acomodara-se bem ao cheiro da madeira queimada, ao som dos estalos da lenha e mais do que tudo, ao calor prazeroso provocado pelo fogo.

— Você se considera capaz de comer algo além de bolachas e chá agora de manhã? — ele perguntou interrompendo os pensamentos de Savannah.

Ela franziu a testa, procurando não dar chance para o mal-estar.

— Acho melhor não me arriscar. As bolachas e o chá serão suficientes, obrigada.

Logo após Durango deixar o quarto, Savannah sentou no canto da cama e se pôs a pensar traçando as tarefas do dia que estava apenas começando. Sentiu- se exausta só de pensar, mas manteve-se focada em cumprir o combinado e admitiu estar ansiosa para a consulta médica com a companhia de Durango. Visualizando a situação, ela até chegou a sentir um frio na barriga pensando que ele estaria compartilhando com ela os cuidados e a experiência junto ao bebê.

 

                                                     CAPÍTULO OITO

— Como esta o bebê? — Durango perguntou nervoso à médica.

Deitada de costas na maca de exames, Savannah procurou pelo olhar de Durango, reconhecendo a voz preocupada e a expressão tensa entre as sobrancelhas dele.

Ela então se voltou à dra. Patrina Foreman, uma jovem de vinte e oito anos, porém segura e competente. Em poucos minutos, a dra. Foreman explicara que todas as gerações de mulheres de sua família foram parteiras e que decidiu fazer medicina para aliar o atendimento personalizado e apurado de parteira à tecnologia e às modernidades dos tratamentos médicos atuais.

A dra. Foreman acabara de espalhar gel pela barriga de Savannah quando levantou o rosto para responder a Durango:

— Escutem isso por um instante e depois me digam o que acham.

Eles puderam ouvir pela primeira vez as suaves batidas do coraçãozinho do bebê. Eles ficaram tão emocionados que se encheram de carinho um pelo outro. Durango alcançou os ombros de Savannah. Ela estava surpreendida pela maior prova que podia ter de que tudo era real.

Savannah se viu com lágrimas nos olhos e percebeu que Durango também estava profundamente comovido. E naquele instante entendeu que independente do sentimento que nutriam, um pelo outro, ali começava uma nova vida para eles.

— Você nunca tinha escutado antes? — Durango perguntou carinhosamente.

— Não. É a primeira vez.

— Não há nada parecido como a emoção dos pais ouvirem o coração do seu bebê pela primeira vez — dra. Foreman disse baixinho. — Há sempre uma magia nesse momento, e o ritmo das batidas está forte e saudável.

Durango sorriu e disse:

— Sim. Está bem, não está?! Isso tudo é novo demais para mim, e estou um pouco nervoso aqui.

— Você tem todo o direito de ficar preocupado, mas ao que tudo indica, tanto a mamãe quanto o bebê estão bem de saúde — a médica respondeu afastando o aparelho da barriga de Savannah e concluindo o exame. — Continue tomando suas vitaminas pré-natais, Savannah.

— E sobre os vómitos e náuseas que ela vem tendo todas as manhãs? — Durango perguntou curioso.

Dra. Foreman respondeu a ele:

— As náuseas matinais são muito comuns até o quarto mês de gestação. São causadas pela produção hormonal acelerada durante a gravidez — e continuou, dessa vez olhando para Savannah. — Portanto, tomara que em breve, você deixe de sofrer esses enjôos.

— E quanto ao bebê? Ele também sofre com isso? — Durango perguntou em tom investigativo, procurando por garantias médicas.

— Não deveria, mas é claro que pode afetá-lo se Savannah não conseguir manter nenhum alimento ou líquido ou ainda, se começar a perder peso. Por outro lado, essas mesmas náuseas são indicadores de que a gravidez está se desenvolvendo bem.

A dra. Foreman então pegou um pequeno pacote de dentro de uma gaveta e o entregou a Savannah dizendo:

— Talvez isso ajude. É um bracelete que trabalha com pontos de pressão. Costumo indicar a meus pacientes para viagens em cruzeiros para prevenir náusea e vômitos. Alguns garantem que também reduzem os engulhos matinais.

Nos quinze minutos seguintes, a dra. Foreman respondeu pacientemente todas as perguntas de Durango e Savannah. Em seguida, o casal se despediu e recebeu as felicitações para o casamento.

— Gostei muito dela — disse Savannah logo que saíram do consultório. — E nem esperava que ela fosse tão jovem.

Feliz, ele a conduziu até seu Dodge Durango.

— Sim, Trina é jovem e pelo que ouvi dizer, é uma das melhores profissionais na área. Ela é nascida e criada nesta região, e seu marido, Perry, era delegado, mas infelizmente foi assassinado há poucos anos, em uma perseguição para tentas prender um criminoso.

— Oh! Que horror.

Durango balançou a cabeça concordando:

— Sim, Perry era uma ótima pessoa, querida e respeitado por todos. Ele e Trina eram namorados desde a adolescência.

Durango abriu a porta do carro para Savannah entrar e a ajudou a ajustar o cinto de segurança.

— É apenas uma coincidência, ou você compou esse carro deliberadamente? — ela perguntou sorrindo. A ironia residia no fato de o carro levar o mesmo nome dele.

Ele riu assim que encaixou a fivela do cinto dela.

— Não existem coincidências. Achei que fosse meu dever comprá-lo e saudar os fabricantes da Dodge, por resolverem batizar um modelo de carro cm minha homenagem — disse esbanjando arrogância, com um sorriso instigante e fazendo com que sentisse um friozinho na barriga. — Até por que esse modelo é conhecido por assegurar viagens inesquecíveis e prazerosas — disse suave encarando-a nos olhos

Savannah ficou muda, até por que ela era uma das que poderiam atestar tais viagens prazerosas, assim como a intensidade de um passeio com Durango. Tais pensamentos a deixavam sem chão, lembrando-se dos momentos que eles dividiram a cama.

Ela o acompanhou, observando-o ele dar a volta no carro e se acomodar no assento do motorista.

—Está me levando às compras? — Savannah perguntou tentando se recompor após se aproximar do pescoço dele enquanto ajustava o cinto que estava largo. Se ela não resistisse em domar seus pensamentos nesses momentos, não quereria nem pensar a respeito quando estivessem casados.

—Sim, estou levando você ao shopping principal, o Gallatin Valley Mall, onde encontrará tudo o que precisar — Durango disse assim que arrancou com o carro. — Quer que eu lhe ajude nas compras?

— Não é necessário — disse logo, sabendo que precisava ficar um pouco sozinha. — Se há algo que as mulheres sabem fazer sozinhas são compras.

Depois de uma breve olhadela em Durango, sentiu-se insegura e impelida a saber o que ele realmente pensava sobre o casamento e se os planos ainda estavam de pé.

— Durango?

— Sim?

Parados no sinal vermelho do tráfego, Savannah se fixava na rua à frente, enquanto sabia que ele aproveitava para olhá-la.

— Tem certeza de que quer casar? — perguntou o mais calma que pôde.

— Tenho — ele disse tão baixo e rouco que ela não resistiu e voltou-se para ele. Foi quando ela se perdeu entre o olhar profundo e negro de Durango e seu sorriso charmoso a deixou sem reação.

— E se antes eu não tivesse certeza, Savannah, teria agora, especialmente depois de ouvir o coração do nosso bebê bater. Meu Deus! Foi uma experiência incrível. E segundo Trina, todos os órgãos vitais já estão formados, não é mais um conjunto de células, mas um ser humano de verdade, criado por nós, Agora quero participar de tudo.

Ela sentiu-se aliviada e suspirou. A última coisa que desejaria era que ele se arrependesse de se casar com ela. E se dava por satisfeita que esse era apenas insegurança da sua cabeça.

 

Uma das cidades mais bem estruturadas para turista da região montanhosa era Bozeman, além de ser conhecida pela hospitalidade e pelos ótimos hotéis e resorts apropriados para a prática de esqui. Bozeman não é apenas alvo de turistas, mas também de famílias, que se mudam para lá em busca de melhor qualidade de vida.

Durango dirigiu direto ao shopping, estacionou e chegou até a acompanhar Savannah para comprar o que também precisava. Logo depois, ele deixou o número do celular para que ela o chamasse, caso terminasse as compras antes do previsto. Uma vez separados, Savannah visitou loja por loja. E em poucas horas ela já havia comprado tudo o que precisava e um pouco mais. Ela extrapolou em alguns ítens, c como em umas peças sensuais de baby-doll adquiridos na Victoria’s Secret exclusivameate para satisfazê-la, pois Durango não a veria vestida em nenhuma dclas.

Passadas algumas horas, Sawannah terminou as compras e ligou para o celular de Durango, conforme haviam combinado. Ele tinha acabado de chegar no estacionamento e marcou de se encontrarem na praça de alimentação do shopping para jantarem em um ótimo restaurante que ele conhecia.

Ela o esperou no piso que combinaram por poucos minutos até ele aparecer do outro lado da praça. Seu pulso acelerou e logo o coração começou a bater forte ao perceber que aquele homem não chamava só a sua atenção, como também a das outras mulheres que estavam por perto. Era impossível negar que ele era um arraso de homem vindo em sua direção. Com os olhos fixados nela exatamente igual ao dia que se conheceram e cada vez mais perto, Savannah precisou controlar o ciúme e o orgulho que sentia. Ele não era dela nem ela era de ninguém. Mas assim que se aproximava encurtando a distância que os separava, comunicando-se entre olhares tão intensos, esperou-o com naturalidade.

E como se fosse rotina, já em sua frente, ele se inclino e a beijou. E ela, antes, sem reação, respondeu com um breve beijo, embora estivesse ouvindo internamente uma orquestra de tanta emoção.

— Conseguiu fazer tudo o que queria? — ele perguntou carinhosamente, mantendo os lábios bem próximos aos dela.

Ainda se recompondo, ela respondeu com a cabeça até que conseguiu dizer, embora sem fôlego:

— Sim, além de encontrar tudo o que precisava, comprei um vestido que achei lindo para usar amanhã.

Durango esboçou um sorriso e por iniciativa dele, deram-se as mãos até ao chegarem ao restaurante.

— Tenho certeza de que será mais do que lindo. Aposto que ele é perfeito, e estou ansioso para vê-la vestida nele.

Ao entardecer, enquanto preparava as malas, Savannah recordava com um sorriso no rosto os melhores momentos daquele dia que fora maravilhoso. Primeiro, a consulta médica; depois, o passeio no shopping; e por último, a deliciosa companhia de Durango em um jantar a luz de velas. A comida era excelente e temperada com a presença de Durango. Durante o jantar conversaram bastante sobre diversos assuntos, entre eles a sociedade de Durango com McKinnon em um haras, e como o negócio estava sendo bastante lucrativo.

Pressionando a mala para fechá-la com o zíper, também lembrava que tanto ela como Durango adoraram saber, pelo recado deixado na secretária eletrônica, que Jéssica e Chase os esperariam no Lago Tahoe no dia seguinte. Savannah não podia deixar de admitir que mesmo sendo um casamento de aparências — ou não—, a teimosia de Jéssica não a privaria de sua companhia na festa. Durango parecia estar também bastante contente com a presença do primo Chase.

Fechou a mala e ouviu baterem à porta.

— Entre.

Durango apareceu vestido com uma calça de moletom, camiseta e uma toalha enrolada no pescoço:

— Estava entrando na banheira de águas térmicas lá fora e, pensei em chamá-la para vir comigo. O qae acha?

— Mas está frio demais lá fora.

Ele sorriu:

— Sim, mas uma vez dentro da banheira, não sentirá frio nenhum. É a melhor coisa para relaxar, aliviar dores musculares e eliminar toxinas através do suor. Experimente. Garanto que você vai gostar.

Essa era uma proposta tentadora depois de caminhar praticamente o dia todo no shopping. Ela ficou disposta, mas...

— É suficientemente grande para nós dois ficarmos confortáveis? — seria loucura ficar apertada ao corpo nu de Durango na banheira.

— Ah! Sim, cabem cinco a seis pessoas sem problemas.

Ela concordou com a cabeça. Seria ótimo assim. Ele ficaria em um canto da banheira e ela no canto oposto.

— Está bem. Vou pôr uma roupa de banho.

Vestiria a roupa que tinha acabado de comprar, já acomodada no fundo da mala. Depois que Durango saiu, ela lembrou que fizera muito bem em comprar um maiô comportado ao invés de um biquini provocativo, uma vez que os feromônios entre eles reagiam à provocações das mais inocentes.

— Por um momento, pensei em sair daqui para ir buscá-la.

Ela sorriu e seguiu pisando com cuidado na ponta dos pés até a borda da banheira ainda com o roupão que a cobria enquanto falava:

— Desculpe. Minha mãe ligou ali fora, justo na hora que eu ia entrar.

Durango levantou as sobrancelhas:

— Você contou sobre nossos planos para amanhã?

— Sim — disse quando dispensava o roupão e entrava na banheira com agilidade até afundar-se até o pescoço. Segundos depois, soltou um leve suspiro.

Depois de submersa e procurando ajeitar-se confortavelmente, continuou a dizer:

— Não dei muitos detalhes, mas combinamos de conversar sem pressa quando ela voltar de Paris. Mas ela é muito esperta, tenho certeza de que já faz idéia da razão de casarmos tão rápido.

Durango a observava desde que somente o rosto dela estava a mostra.

— Sua mãe soube que estávamos envolvidos um com o outro? — perguntou, enquanto, na verdade, gostaria de ter uma visão de raios X para vê-la debaixo da água e através do maiô. Mesmo que tivesse procurado despistá-lo das curvas de seu corpo, falhara, pois Durango com olhos de lince, fora mais rápido e se deteve nos decotes do maiô com desenho sensual, que revelavam partes dos seios, quadris e costas.

— Se sabia, não fui eu quem contou. No entanto, ela comentou, há cerca de um mês, quando saímos para lanchar, que ela não pode ignorar que tinha percebido que não conseguíamos tirar os olhos um do outro na mesa de jantar do casamento.

Ela, porém, decidiu não acrescentar que a mãe também notara os dois saírem juntos do salão.

Savannah procurava desviar a atenção de Durango de seu corpo.

— Nossa! Que delícia isso aqui — ela disse sentindo o efeito do calor relaxando seus músculos. — Você tinha toda razão, não sinto o frio do lado de fora.

— Que bom. Aliás, pode deixar de se esconder de dentro da água. Prometo que não farei nada de mal com você — disse calmo e irônico.

Ela o olhou com cumplicidade e sorriu meio sem jeito.

— Não esperava mesmo que você fosse fazer qualqucr coisa do tipo. É que achei que correria o risco de morrer de frio.

— E agora que sabe que não vai morrer?

Com um longo respiro levantou o tronco e deixou a margem da água quente e borbulhante descer até a cintura, na mesma altura que a margeava o corpo dele. A excitação corria por toda a espinha até concentrar-se na barriga. Ela sabia que ele pousava os olhos sobre ela. Mesmo que o maiô fosse decente, parecia que seus seios saltavam fartos diante dele.

— Gostei do maiô, ou pelo menos, do que vi dele até agora — disse em um tom baixo e intimista.

— Obrigada — ela disse apreciando o lugar a sua volta. — O que lhe fez construir essa banheira aqui?

Ele a fitou como se soubesse que ela estava disfarçando, fugindo às possibilidades que surgiam em cada encontro de olhares, preferindo mudar de assunto, até um ao que eles já tivessem conversado.

— Foi fácil decidir instalar a banheira, sendo que bastava aproveitar as vantagens instaladas naturalmente dentro da propriedade.

— Ah! Então há outras iguais a essa?

Durango sorriu, lembrando que já trataram do mesmo assunto alguns dias atrás.

— Há sim. Mas não espere que vá mostrá-los hoje a noite a você — ele disse se espichando com as costas na parede rochosa e as pernas roçando de leve às dela, como se o toque não fosse intencional.

Savannah se ajeitou vagarosamente a fim de dar-lhe mais espaço.

— Vai a algum lugar? — ele a intimidou com malícia na pergunta, mas mantendo o olhar totalmente inocente.

— Não. Estou apenas querendo lhe dar mais espaço.

— Mas eu não preciso de mais espaço.

— Puxa! Você quase me enganou! — sussurrou em um respiro irônico para si.

— Desculpe, você disse alguma coisa? Eu não entendi.

Ela o fitou e disse:

— Nada. Só estava pensando alto.

E em um piscar de olhos ele pegou impulso da parede de rochas e saltou sobre ela, aproximando-se cada vez mais seus rostos.

— Agora! O que foi que você disse, Savannah?

Ela perdeu o fôlego de repente, não só por que ele estava perto, mas por que sentia todo o calor do corpo dele, deixando a água quente em estado fervente.

— Alguma vez eu lhe disse o quanto adoro beijar você? — ele perguntou.

Uma onda forte de desejo crescia dentro dela, do pés à cabeça.

— Não me recordo se já disse isso ou não — ela falou com água na boca, vidrada nos lábios que ameaçavam encostarem-se aos dela.

— Então, deixe-me frisar que adoro beijar você. Você tem um gosto único — disse com voz forte e rouca.

— Tenho?

— Sim. É tentadoramente tão doce que eu me esbaldaria em seus beijos por horas.

Outra onda de desejo invadiu todo o corpo dela, deixando-a absolutamente arrepiada.

— Nunca, nenhum homem me disso isso antes.

Ele sorriu.

— Talvez por não ter beijado o homem certo.

— Talvez.

— E se eu não sou o felizardo com direitos na cama com você mesmo quando estivermos casados, o mesmo não se aplica ao direito sobre beijos, não é verdade Savannah? — ele perguntou sensualmente.

— Ahh! Não.

Mas talvez eu devesse... Pensou rápido.

— Ótimo, pois vou me deliciar beijando-a tanto o quanto eu quiser.

Segurando a respiração a cada movimento dele, ela se mantinha imóvel e entregue a força sensual de Durango, já inclinado sob ela, envolvida por seus braços fortes. Ele a pegou pela cintura com uma das mãos e começou a deslizar a ponta da língua de forma meticulosa, sensual e intensa pelo contorno da boca de Savannah.

Entre gemidos, ela clamou por ele nos momentcs antes de sua língua encontrar a dele dentro de sua boca e se render em um beijo cada vez mais quente e íntimo. Bastou um movimento natural de suas pernas para que, ao encaixe dos córpos, ela sentisse a essência de tanta paixão, ciente do que significava o múculo viril e encorpado dele pressionando sua intimidade.

Savannah quis se afastar e suspender a avalanclae de sensações e de tanto desejo, mas não conseguia. Suas pernas fracas cediam ao contorno do corpo de Durango, enquanto sua boca se prendia a dele. Teria perdido o equilíbrio escorregando na banheira se ele não a segurasse firme com uma das mãos na cintura, enquanto o outro braço ousava erguer-se a altura dos seios, com a mão resvalando suavemente no seio enrijecido de prazer, mesmo por cima do tecido do maiô colado à pele.

Ele afastou um pouco o corpo, o suficiente parra sussurrar em seu ouvido:

— Esqueci de lhe dizer que eu também adoro toca no seu corpo, Savannah. Você arde por todos os poro.

Prestes a dizê-lo que ele era quem a deixava ardente em todos os poros, Durango sugou mais uma vz sua língua para mais um beijo longo, encerrando a provável conversa.

O coração de Savannah pulsava cada vez mais fozrte quando sentiu ele afastar com suas pernas tonificadas, as dela e deslizar a mão da cintura para baixo, levantando-a na altura ideal para que pudesse acariciar sua zona erógena através do tecido elástico do maiô, provocando sensações de prazer e euforia.

— Sei que essas partes me são proibidas — disse em voz rouca e intensa, vibrando todo o seu corpo naquele mesmo tom. — Mas posso lhe assegurar que as mesmas partes me querem. Estão pedindo pelo que eu sei fazer, Savannah. Estou louco por você. Por dois meses tenho deitado à noite pensando em você, lembrando-me dos seus carinhos, como foi boa aquela noite e como poderia continuar sendo.

Enquanto ele falava, seu dedo continuava a massageá-la, deixando seus sentidos aflorados, sensíveis, perdida em desejos. A cabeça de Savannah tombou no peito dele e acelerou a respiração de tanta paixão.

— Será difícil dividirmos o mesmo espaço sendo tão apaixonados um pelo outro e sem fazer nada a respeito, não acha? — Durango perguntou sensual- mente, tocando com seus lábios a orelha dela.

— Sim, tenho certeza que sim — concordou soltando as palavras com a boca entreaberta.

— Mas eu respeitarei o que você decidiu até agora, a não ser que... mude de idéia, e me permita fazer o contrário. E a partir daí, nada mais me impedirá, Savannah.

Ela não sabia o que dizer. Enquanto pensava nas mudanças que acarretariam sua opinião diferente, Durango continuava com os dedos em movimentos hábeis, sensações crescentes, como se subissem em uma reta elipsoidal, explodiram de excitação fazendo-a chamar por ele na loucura do prazer que era o orgasmo, sem que ele ainda atraves.. asse a barreira de sua roupa.

Durango a puxou gentilmente velo cabelo, trazendo para seu alcance a boca trêmula que desejava beijar, como se literalmente bebesse seu próprio nome dos lábios dela, devorando-a, deixando imersa na emoção que ele prometia, e marcando nele o sabor que ela tinha.

Ela forçou manter distância da boca dele quando foi preciso respirar. E com o juízo voltando aos poacos, deu-se conta do prazer que ele lhe proporcionava. Em um certo momento do beijo, suas pernas agarraram o tronco encorpado de Duraango. Ela não sabia como podia se entregar a tal ponto. A única certeza era de que ele tinha alterado todo seus sentidos com a magnificência de seus beijos.

Respirou fundo. Jéssica estava certa sobre tomar cuidado com um homem da família Westmoreland. Estava diante de um homem incomum, que não fazia nada pela metade. A gravidez era uma prova disso. Que outro homem faria uma mulher ainda vestida gritar de excitação por seu nome?

Savannah levantou o olhar para então dizer-lhe algo, mas ele se aproximou e a beijou novamente. Este era lento, lânguido e ainda tão ardente quanto todos os outros que devastaram seu juízo.

Quando ele se afastou, a troca de olhares sustentada por tantas palavras silenciosas, emoções ainda contidas e respiração presa, ela o ouviu dizer:

— É verdade tudo o que eu disse, Savannah. Eu quero fazer amor com você, mas você tem que permitir. Caso contrário, não excederei dos beijos entre nós.

Ela confirmou com a cabeça e fechou os olhos sabendo que ele respeitaria as fronteiras que ela impusesse. Contudo, também sabia que ele faria de seus beijos uma arma para enfraquecer suas defesas. Assim que ele se afastou, Savannah abriu os olhos e o viu sair da banheira. Sua sunga estava colada feito uma segunda pele, e o indício do seu desejo por ela ainda estava evidente.

Durango se manteve em silêncio, olhando fixamente para ela enquanto esfregava a toalha para se secar. Ele sorriu de forma serena, e disse:

— Amanhã será o dia do nosso casamento e independente do que nos trouxe a esta situação, Savannah, pretendo fazer de amanha um dia muito especial para você. Para nós dois.

Pouco depois da porta da área de banho se fechar atrás dele, Savannah mergulhou o corpo inteiro, já sentindo a falta do calor que ele trazia. Mesmo que ela quisesse ou não, um lado seu não agüentava mais esperar para que chegasse o dia seguinte, o dia que se tornaria, ainda que temporariamente, a sra. Westmoreland.

 

                                                    CAPÍTULO NOVE

No dia seguinte, quando chegaram à frente do Rolling Cascade Cassino e Hotel, Savannah não sabia o que dizer. Com o olhar clínico de fotógrafa e experiente em várias paisagens, não imaginava ser bombardeada por tanta beleza desde o momento da partida, em Reno, onde alugaram um carro até o hotel de lan no Lago Tahoe.

Durango queria mostrá-la o que chamou de uma viagem cênica, com imagens lindas em que Savannah poderia parar e registrar várias vezes o que desejasse com sua câmera. Há minutos distante de Stateline, em Nevada, o Rolling Cascade Hotel era bem diferente dos outros pelos quais passaram no caminho, tinha arquitetura panorâmica para o Lago Tahoe, e era cercado por várias lojas e por uma miríade de restaurantes.

Segundo Durango, o hotel ficara fechado por um ano depois que a polícia descobriu transações ilegais dos antigos proprietários. Quando lan e seus sócios resolveram comprá-lo e investir, desistindo de sua rota de viagem pelo rio Mississipi, de Nova Orleans até Memphis, também devido às mudanças ocorridas depois do furacão Katrina; preparou seus investimentos para uma pequena comunidade local, mas com a rentabilidade dos primeiros meses logo cresceu concorrendo com a qualidade dos cassinos de Las Vegas.

— Esse lugar é simplesmente maravilhoso. — ela disse.

Assim que Durango estacionou, uma equipe de funcionários veio recebê-los. Ele saiu do carro e passou seu braço forte sob os ombros de Savannah enquanto entravam ainda maravilhados naquele belo lugar. Durango parou, olhou em voltou e soltou um discreto assobio.

— Dessa vez lan acertou. Acho que encontrou sua vocação.

— Também acho, meu irmão.

Ambos, viraram-se e encontraram um lan sorridente, que abraçou Durango afetuosamente e se inclinou para beijá-la no rosto.

— Estou feliz que estejam gostando do que estão vendo — lan disse sorrindo.

— Estamos mesmo.

Savannah respondeu cm o mesmo sorriso, pensando que todos os irmãos e primos Westmoreland se pareciam. Todos altos, morenos e charmosos, no entanto, lan com sua barba intencionalmente mal feita parecia um grande bandido sedutor. Acrescentando:

— E agradecemos à hospitalidade.

lan sorriu e disse:

— Não há motivo para me agradecerem. Já era hora de Durango sair das montanhas e ir para outro lugar que não fosse Atlanta. Além do mais, não é todo dia que um Westmoreland se casa. Venham comigo, vamos encaminhá-los ao quarto. A capela está reservada para as cinco horas da tarde, então podem descansar e relaxar antes da cerimônia.

— Jéssica e Chase já chegaram? — Durango perguntou enquanto ele e Savannah seguiam lan ao balcão de check-in.

— Sim, acabaram de chegar, mas já saíram para ver lojas.

Jan sorriu expansivamente e disse:

— Tenho uma grande surpresa para você, Durango.

— O que é?

— Recebi uma ligação de McKinnon dizendo que foi cancelado seu compromisso de hoje. Ele pegou um avião e está vindo para o casamento.

Durango ficou feliz ao saber que seu melhor amigo estaria presente no casamento.

Em menos de dez minutos, Durango e Savannah chegaram ao que Ian dissera ser a suíte presidencial. Na verdade, parecia um apartamento exclusivo com três quartos, duas banheiras espaçosas, uma lareira gigante, cozinha e um lindo terraço com vista para o Lago Tahoe.

Savannah se sentiu mais a vontade ao ver os três quartos, um deles enorme, o que seria a suíte master. Não tinha intenção de repetir a avalanche de sensações da última noite com Durango na banheira, por isso, quando ele sugeriu que ela ficasse à vontade para escolher o quarto que desejasse ficar, ela respondeu ainda revelando uma certa timidez:

— Com tudo o que eu trouxe, acho que prefiro esse maior aqui, caso não se incomodar.

Durango esboçando um sorriso e disse:

— Não, não me importo — olhou para õ relógio — Podemos matar o tempo que nos resta caminhando à beira do lago, o que acha?

— Adoraria. Quanta gentileza de lan nos ceder essa sufte presidencial, não?

Durango sorriu ironicamente.

— Sim, ele consegue ser agradável quando quer, por outras vezes, é muito chato de se aturar.

Savannah sabia que se tratava de uma brincadeira, pois bastava pouco tempo entre eles para logo perceber o quanto eram ligados um ao outro.

— Preciso de uns minutinhos, pode ser?

—Claro.

Quando ela pisou no quarto escolhido, Durango a chamou:

— Ian me disse que, se quisermos, há uma banheira quente no vigésimo andar que poderemos utilizar.

Imediatamente sua cabeça se encheu de lembranças de cenas da noite tórrida de paixão que passara com Durango e tudo isso mexeu com suas sensações.

— Acho que hoje não.

— Tem certeza? — ele perguntou insinuando que todos os possíveis detalhes daquela noite podiam ser revividos.

— Sim.

— Se não soubesse da missa a metade, pensaria que vocês dois estão ansiosos para se casarem — disse Jéssica.

Savannah virou-se para a irmã enquanto fazia o vestido deslizar em seu corpo. Encontraram Chase e Jéssica enquanto caminhavam pelo lago. Por sugestão de Jéssica, a noiva se arrumaria na suíte presidencial e Durango na suíte de Chase. Assim, não se veriam vestidos antes do casamento.

— Você está imaginando coisas. Eu e Durango concordamos em fazer o que for melhor para o bebê. Esta é a única razão deste evento.

Jéssica Claiborne Westmoreland riu, jogou-se em um abraço forte com a irmã e disse:

— Pouco importa. Ainda acho que vocês formam um belo casal.

Savannah mirou a irmã e pediu em um contido aborrecimento:

— Eu disse para não ficar inventando coisas, Jéss.

— Se você prefere assim, que explicação você me dá para isso — disse apontando para todas as roupas sensuais que viu fora da mala. — Se isso aqui nata for para agradar Durango, então para quem é? — perguntou quando escolheu uma das peças e quis vê-la de perto.

— Para mim. Você sabe que gosto de usar roupas sensuais na cama — Savannah disse ao se esticar e pegar a peça da mão de Jéssica e a recolocando na mala.

— Como não dividiremos a cama, ele não vai precisar saber o que estarei vestindo.

Jéssica levantou a cabeça para o teto e insistiu:

— Você ainda não entendeu, não é mesmo?

— Entender o quê?

— Um westmoreland não dá ponto sem nó. Quanto tempo você acha que durará a resistência dessa atração forte de um pelo outro? Hoje mesmo vocês se olhavam admirados enquanto achavam que não eram percebidos. Exatamente igual ao dia do meu casamento.

— E daí?

— Daí que você sabe o que acontecerá quando estiverem sozinhos entre quatro paredes.

— Nós nos excedemos em champanhe da última vez, mas não tenho intenção de ingerir álcool durante a gravidez.

— Há outras maneiras de se perder o juízo com a química sexual — disse indicando com a cabeça as roupas provocativas na mala mais uma vez.

— Não vou perder o juízo.

— E quanto ao coração?

— Nem o coração. Agora me diga como estou?

Jéssica tinha achado bonito o vestido, mas nela parecia que tinha sido feito sobre medida, e se emocionou em vê-la tão linda.

— Então, o que você acha? — Savannah perguntou mais uma vez.

—Você está simplesmente maravilhosa, pena que Jennifer não pode vê-la.

— Pare com isso, Jéss. Esse casamento não é grande coisa. Estou aqui por causa da gravidez... lembra?

Jéssica insistia em pegar as peças de lingerie, provocando Savannah ainda mais.

— E quando você avisará para Rico que é uma mulher casada?

— Eu e Durango vamos fazer uma bateria de ligações e avisar a todos quando voltarmos. Depois, planejávamos visitar os parentes em Atlanta e Filadélfia na semana seguinte, mas um colega de Durango está de licença médica e a equipe não poderá liberá-lo antes de um mês. Talvez até seja melhor que eles tenham tempo para se acostumar com a idéia.

— Mal posso esperar para ver a reação dos Westmoreland quando souberem que Durango, o mais desacreditado, se casou.

— Sim, mas não esqueça que ele está nessa por causa da gravidez.

Jéssica riu e disse:

— A questão é se você não esquecerá disso depois deste final de semana.

 

Logo que sentiu a presença de Savannah na capela, Durango se virou e ficou estarrecido com sua beleza deslumbrante. Savannah personificava o sonho de todo homem, linda com um colar de pérolas e o cabelo longo e encaracolado emoldurando seu rosto.

— Sua noiva é linda, Rango. Não sei se isso é um bom sinal.

Durango levantou as sobrancelhas, desviou o olhar dela para McKinnon que sussurrara tal comeratário em seu ouvido. Ele era o único a saber de tudo além de Chase.

— Farei meu melhor, McKinnon.

O amigo sorriu e disse:

— Ainda bem que o acordo é seu. Em seu lugar, correria o grande risco de ser alvo de várias recaídas.

Durango esperava ser o homem que McKinnon insinuava quando, e se, esses momentos viessem. Do outro lado, lan e Chase miravam Savannah e ele, deixando-o pensar que eles também pensavam o mesmo.

Agora, ambos estavam diante do casamenteiro contratado pelo Cascade Hotel para realizar a cerimônia. Durango não teria problema algum em dizer sim para os votos temporários enquanto o casamento durasse.

Sentindo o perfume dela, sua pele sob as roupas estava mais do que nunca atiçada com as memórias do encontro na banheira térmica.

— Agora eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.

Aquelas palavras soaram para ele como a concretização de seus planos, e agora casado, selaria a cerimônia com o beijo tradicional. Durango virou-se para Savannah. Ela estava um pouco tensa, mas sorrindo.

Buscando tranquilizá-la, ele deslizou as costas dos dedos suavemente na maçã do rosto dela mantendo o olhar profundo e cúmplice. Com o expresso alívio entre os lábios dela, Durango se inclinou e no que seria um beijo breve, no momento que seus lábios se tocaram, foi levado por um desejo intenso e forte que surpreendeu, inclusive, a ele próprio.

Seu bom senso lhe dizia que não era hora nem lugar para se entregar a uma descarga tempestuosa de paixão, mas quando sentiu suas línguas se enlaçarem, cobriu-a com o braço, segurou aquela cintura fina e sentiu o cheiro que ela exalava. Era tão natural continuar ali como respirar. E não conseguiu fazer outra coisa depois que sentiu as mãos dela apoiadas em seus ombros.

Foi somente quando McKinnon pesou-lhe a mão sobre o ombro que Durango se separou dela:

— Estou vendo que esses doisjá estão bem casados.

— Gostaria que vocês mantivessem segredo sobre o casamento até que eu possa avisar a todos — Durango disse a lan e a Chase minutos depois da cerimônia ser encerrada. — Eu quero dar a notícia.

Ambos aceitaram com a cabeça, então Ian disse:

— Mamãe ficará triste por não ter estado aqui.

— Sim, mas esse é o jeito que eu e Savannah preferimos.

— Quando dirá a todos? — Chase perguntou, sabendo que não seria fácil esconder novidades entre os Westmoreland.

— Ligarei para todos quando voltar. Assim que contar a mamãe, a notícia se espalhará feito fogo. Mas devido a equipe estar desfalcada lá no departamento, poderei tirar licença daqui a um mês somente e assim darei a notícia pessoalmente.

— Quando isso acontecer, prepare-se para a festa de arromba que a tia Sarah fará — Chase disse rindo.

— De início, ela pode não gostar da velocidade com que tudo aconteceu em sua ausência, mas com certeza ficará extasiada em ver mais um filho casado.

Durango sabia que além dessa novidade, sua mãe ficaria mais feliz ainda ao ver Savannah, cuja barriga já estaria aparecendo, com seu primeiro netinho a caminho.

— Sua noiva o está chamando para mais fotos. Ian disse valorizando a liberdade tomada em contratar um fotógrafo exclusivo para a cerimônia.

Ainda que Durango não dissesse nada, seu irmão o conhecia o suficiente para tirar as próprias conclusões sobre esse casamento, e quanto a isso, deixaria para todos, a resposta ao tempo.

Horas depois do jantar de comemoração com Ian, Jéssica e Chase, Savannah e Durango foram para a suíte, e mesmo sem um beijo de boa noite, cada um entrou em seu quarto e fechou a porta. Mesmo que estivesse sentida pela distância entre eles, ela sabia que Durango estava tentando cumprir com o que prometera e não ser suscetível a que um beijo leve a outro e depois a outros incontroláveis.

Savannah saiu do chuveiro quando notou que caberiam mais do que quatro pessoas em sua banheira e se perguntou onde Durango estaria agora. Ele estava tão bonito durante o casamento que por um momento de loucura desejou que tudo fosse de verdade. Mas não era possível, pois no prazo de um ano, em média, cada um seguiria seu rumo. Ela era a mulher de um casamento de aparências.

Mas e se...

Se Durango fosse seu amante temporário seria tão ruim assim? Incrível como de um momento para o outro, o que antes não lhe fazia falta, começava a ser absolutamente necessário. Ela não era mulher de relações casuais, haja vista que a separação de Thomas Crawford estava completando mais de um ano e ela não sentia falta de um novo relacionamento. Mas foi Durango que a mostrou naquela noite no hotel, como seu corpo clamava por necessidades de trocas de prazeres novamente, além de deixar dentro dela uma parte de si mesmo.

Com a camisola que pretendia usar para dormir, sozinha, estendida sobre a cama, Savannah repensou que se quisesse uma relação íntima com ele, não poderia envolver os sentimentos. Afinal, eles não se amavam. Isso certamente facilitaria enfrentar a hora da separação.

Atravessou o quarto em direção ao vestido da cerimônia tomara-que-caia, cor de pele, jogado em um canto no quarto e lembrou-se do beijo que continuava a levantar os pêlos de seu corpo como se ainda não contivesse a emoção. Jéssica tinha razão, Durango não era um homem como outro qualquer, e ele, por sua vez, também estava certo quando dizia que dificilmente conseguiriam não dividir a cama. Só agora tudo estava mais claro, O casamento de aparências seria consumado. E depois de tudo acabado, ela estaria tão ocupada com o trabalho e com a criança que nem sentiria falta de homem. Era até capaz de passar o resto da vida sem ninguém, satisfeita pela sua história com Durango.

Logo que abriu a porta do quarto, Savannah o encontrou fazendo parte de uma paisagem estonteante. Dcbruçado sobre o terraço com vista para o lago, Durango apreciava o crepúsculo que dourava ainda mais scu peito desnudo. Mais uma vez, ela correria para pegar a câmera e registrar aquele momento tão cxcitantes, para tê-lo a seu alcance sempre que desejasse. Como se sentisse sua presença virou-se e se entreolharam. Aquela tensão fazia seu coração bater cada vez mais forte.

Ele se movia devagar, diminuindo a distância que os separavam. Savannah procurava entender se ele sabia qual efeito causava nela, ou se sabia o quanto era sedutor e lindo, no sentido do desenho de seus traços, na intensidade do olhar, na forma da face e nos lábios fartos. Quanto mais perto chegava, mais se sentia derreter com o calor que ele emanava, até que parou a sua frente.

— Mudei de idéia sobre algumas coisas — ela dis suavcmente, sentindo o delicioso cheiro dele.

— Mudou?

Ela o olhou profundamente dizendo:

— Sim.

— E sobre o que você mudou de idéia? — ele perguntou com uma voz que a deixou estarrecida de tão sensual.

— Sobre minha noite de núpcias.

Levantando as sobrancelhas, ele indagou:

— Sua noite de núpcias?

— Sim. Decidi que quero ter uma.

Sem se mexer, apenas com o olhar e repleto de desejo ele disse:

— Quer?

— Sim — ela sabia que estavam se entendendo, mas para não cometer nenhum engano, percebeu que ele procurava ter certeza:

— Está bem, posso providenciar isso. Algo mais mudou?

Antes de responder, mordeu os lábios mais do que uma vez:

— Quero dormir com você enquanto durar nosso casamento. Acho que somos bem maduros para lidar com isso, não?

Por um momento, ele ficou absorto em pensamentos e sensações até que estampou um sorriso nos lábios e disse:

— Claro. E eu posso saber o que a fez mudar de idéia?

— Acho que o contrário seria muito difícil para nós. Somos muitos atraídos um pelo outro e...

Franziu a testa enquanto ela não terminava:

— E... o quê?

Ela também sorriu quando foi interrompida:

— E não sou muito resistente à tentações, principalmente tratando-se do tipo Durango Westmoreland.

Ele colocou as mãos na cintura dela, inclinou-se e sussurou em seu ouvido:

— Posso lhe contar de um segredinho?

— Claro.

— Eu também não lido muito bem com tentações, principalmente o tipo Savannah Claiborne. Acho que posso concluir que temos algo em comum. Este é um bom sinal.

— Será? — ela disse sem deixar de olhar para a boca dele tão próxima à dela.

— Hummm! Deixa eu lhe mostrar que sim.

Ele então beijou os lábios dela, acordando todos os seus desejos, vítima de uma paixão que ardia em seu peito. Puxou-a contra o próprio corpo e na intensidade de seus beijos, Savannah podia jurar que seus ossos derretiam.

— Tem uma coisa que sempre quis fazer com você, desde o dia que nos conhecemos, mas não tive oportunidade — disse entre beijos envoltos da boca de Savannah até o lóbulo da orelha.

— O quê? — ela duvidava que conseguisse falar algo mais que isso.

— Dançar com você — murmurou em um tom sensual.

Durango deu um passo atrás, afastou-se por um momento e ela ouviu o jazz melódico de Anita Baker, calmo com o saxofone correndo por toda sua espinha, tornando seu corpo mais sensível, preparando seus sentidos para o toque de Durango.

Ele a tomou para dançar com o peito nu.

— Dance comigo — Durango sussurrou em seu ouvido depois de puxá-la para mais perto. Colados em todos os passos, os movimentos desenhavam o contorno dos toques, principalmente o vigor enrijecido de Durango pressionado em seu ventre, enchendo os dois de paixão.

Entregue, Savannah encaixou a cabeça nos ombros fortes de Durango, e mergulhada no cheiro dele, instintivamente respondeu à virilidade dele lambendo seu pescoço firme, vagarosamente.

— Se você me lamber, eu te lamberei também — sussurrou. — E no lugar que eu escolher — disse com voz sensual.

Ela levantou a cabeça e eles se entreolharam por um tempo. Quando a dança terminou, ele inclinou, tomou fôlego mais uma vez e a fez ceder à mistura de desejos e urgências com as demandas da língua sedosa e dominadora dele.

Savannah se ouviu gemer, ofegar e tremer em reposta ao que os beijos dele faziam, não restando nada mais senão responder com a mesma intensidade até perceber que foi levantada do chão com muita naturalidade. A essa altura se dera conta que tudo estava apenas começando.

Durango interrompeu o beijo assim que a deixou na cama do quarto escolhido por ela. Nesse momento a viu tão feminina e provocativa com seu baby-doll que sentiu perder o ar. Voltou à cama, ajoelhou no colchão e tocou os seios dela por cima da roupa de cetim. Ela gemia baixinho, respondendo aos toques dos dedos dele em volta do bico do seio escuro e firme de excitação.

Sua mão então deslizou para a barriga exposta pelo desenho da roupa, circulou o umbigo e massageou o ventre sentindo que os músculos contraíam sob a maciez de sua pele. Ciente que começava a perde o controle, em um movimento decidido e suave, despiu-a completamente.

Pela segunda vez naquela noite, sentiu perder o ar dos pulmões com maior intensidade, pensando que nenhuma mulher devia ser tão irresistivelmente linda como Savannah.

Lentamente, multiplicavam-se em Durango pontadas que lhe faziam todo o corpo arder, intensificando seu desejo de possuí-la. Procurando ter certeza de que ela estaria pronta para ele, estendeu o braço e a tocou com os dedos entre as pernas várias vezes. E não teve mais dúvidas. Com o som que escapara da boca de Savannah, ele parou o que fazia para tirar a calça do pijama.

—Durango!

Aquele suspiro com seu nome o fez sentir que não faria sexo, e sim amor com a mulher que era, agora, sua esposa. Impactado por aquela sensação, procurou não resistir à entrega de seu corpo e mente para a mulher que tinha trocado fluídos de emoções únicos, inigualáveis no mundo, e nada o impediria de amá-la na noite de núpcias de seu casamento.

Deitando-se na cama, ele a beijou e a cobriu inteira com o próprio corpo, levantou-lhe o quadril e rompeu o beijo para olhá-la nos olhos enquanto a penetrava vagarosamente. A sensação daquele momento era tão forte que ele paralisou por um momento com o turbilhão de emoções que o tomava.

— Sei que pode parecer arrogante da minha parte — disse baixo e um pouco rouco —, mas acho — impelindo profundamente suas partes baixas nela — que isso aqui foi feito só para mim.

Savannah sorriu, ajustando o corpo intimamente ao encaixe dele.

— Se você pensa assim, então quem sou eu para dizer o contrário? Com certeza, você não ouvirá de mim nada diferente disso.

Ele respondeu em um sorriso único e sensual dizendo:

— Isso é o que vamos ver. É que adoro os sons que você faz. — disse lembrando da última vez que chegaram ao ápice do prazer.

Ele continuou a mover-se em um ritmo cauteloso, procurando incutir seu membro viril completamente dentro dela, na busca de ver eclodir toda feminilidade represada. Ele a queria faminta e desesperada por seu corpo. Não permitiria nenhuma resistência de serem um único ser.

Com os desejos em ebulição pelos movimentos dos quadris dela, Durango mantinha um único objetivo em mente e trabalhava por ele. Pesando sobre ela, esfregando-se dentro e fora, massageando-a com os movimentos que seu membro ereto podia realizar, intensificados quando elevava os quadris de Savannah para um contato profundo e prazeroso. Por várias vezes, a força de Durango quase sucumbia ao tremor de tanta ardência, mas resistia internamente para chegar onde queria.

E no momento que ela gritou em êxtase, ele a sentiu selvagem com todos os músculos espremendo seu corpo pesado, para que o prazer nunca mais acabasse. Ele também cedeu ao desejo e expeliu todo o anseio concentrado internamente de um modo extraordinário.

Quando ele se abaixou para beijá-la era como se a devorasse, a engolisse. Apertou as pernas e os braços envoltos nela, colocando seu corpo em um ângulo que aumentasse de prazer, confirmando o que sentia, que mesmo se vivesse ainda cem anos, seria somente nos braços daquela única mulher que alcançaria tanto prazer e plenitude sexual. Seria somente com ela.

 

                                                     CAPÍTULO DEZ

Durango olhou impaciente para o teto. Eles acabavam de voltar para a casa e decidiram ligar no final do dia para anunciar o casamento a todos. Primeiramente, à mãe de Durango.

— Sim, mamãe. Estou lhe dizendo a verdade. Casei-me nessa sexta-feira, com Savannah, a irmã de Jéssica.

Pendurado ao telefone, Durango se entretinha com o aparecimento de Savannah no quarto depois de sair do banho usando um roupão azul lindo, com uma toalha enrolada na cabeça.

— Mamãe, eu e Savannah nos adiantamos e nos casamos no Lago Tahoe. lan sabia, mas fui eu que pedi segredo à ele, portanto ele estava certo em não lhe contar nada.

Depois acrescentou:

— Tudo bem, vocês duas podem planejar uma festa de boas-vindas. Eu e Savannah prevíamos que você e a mãe dela fossem querer, mas não sei quando poderemos chegar a Atlanta. Eu retomo para a senhora e aviso. Não sei, pelo menos daqui há quatro ou cinco semanas — e continuou depois de algumas sacudidelas de cabeça respondendo — Nos conhecemos no casamento de Chase, nos apaixonamos e casamos discretamente sem muito alvoroço — disse emprestando as palavras de Savannah.

Durango voltou a observar Savannah que agora tirava a toalha da cabeça, e seus muitos cachos negros caíam sob o contorno dos ombros. Ele acompanhou todos os passos que ela dava para secá-los, primeiramente ergueu os braços enxugando a cabeça, de modo que encurtasse a altura do roupão que usava, valorizando as curvas generosas de seu corpo, fazendo o tecido roçar ritmado aos movimentos da pele. Havia algo naquele momento ritualístico que o excitava, sem saber bem por qual razão. No entanto, torcia para que o ter em seu quarto não fosse um ato involuntário de paixão, dando a impressão que tudo em sua casa combinava perfeitamente com Savannah, como, por exemplo, suas roupas penduradas ao lado das dele no armário, parecendo impor que era desse jeito que deveriam ficar.

E esse, por melhor que fosse, não era um bom sinal. Ainda imerso no universo que Savannah instaurava em seu quarto, resolveu despertar e não se envolver. Procurou limpar a garganta, pigarreou um pouco e concentrou-se no que sua mãe dizia.

—Não é mais segredo mamãe, pode espalhar a notícia para a família inteira. Ela está, sim. Quer falar com ela? — disse eufórico para sair o quanto antes do telefone.

Não conseguia mais ficar sob a mira do interrogatório da mãe, e logo passou o telefone a Savannah, mas antes disse:

— Sim, mamãe, também te amo. Dê um beijo no papai por mim. Vou passar para Savannah — estendeu o fone a ela que acompanhava a conversa e alertou: — Prepare-se.

lan estava certo quando dissera que sua mãe se enfureceria por não ter sido avisada, mas o fato de ter mais um filho encaminhado ao matrimônio, amenizou seu temperamento. E com isso, aliviou a pressão que sofria para se casar, desviada agora aos próximos da fila hereditária, ou seja, lan, Spencer, Quade e Reggie. Tudo o que podia desejar era que eles se preparassem para o que lhes estava reservado.

Ouvindo um trecho da conversa das duas, Savannah se desculpou várias vezes e aceitou todas as culpas por sua decisão perante a mãe de Durango. Antes que saísse do quarto para tomar banho, também ouviu Savannah incentivar a festa que Sarah Westmoreland planejaria com sua mãe para recebê-los em casa.

Durango estava a ponto de deixá-la sozinha, quando a ouviu se comprometer em enviar as fotos digitais do casamento. Isso definitivamente contaria pontos para que fosse bem cotada a relação entre ela e a matriarca, em especial para quando chegasse a hora de contar mais novidades.

Vinte minutos depois de Durango sair do banho, Savannah ainda estava ao telefone. Ele fez um sinal de pedido de desculpas e sentou-se ao lado dela na cama. Dez minutos depois ele pegou o fone de Savannah e disse à mãe:

— Mamãe, acho que você já ocupou muito minha esposa. É hora de irmos para a cama. Somos recém- casados, lembra-se?

— Durango! — Savamiah exclamou.

Fazendo sinal de silêncio com o indicador encostado aos lábios fechados, Durango continuou:

— Obrigada pela compreensão, mamãe. Sim, garanto que ela enviará as fotos hoje à noite antes que... Bem, que vá dormir. Boa-noite, mamãe. — E sorriu enquanto colocava o fone no gancho.

Savannah o fitou dizendo:

— Durango Westmoreland, você me expôs a sua mãe insinuando que vamos...

Ele a calou com um beijo e a deitou na cama enquanto a despia do roupão:

— Não contei nenhuma mentira — disse quando se liberou do beijo.

Ele a beijou novamente e a pressionou dizendo:

— Hum! É assim que eu gosto... nua e submissa. — Ele sabia que suas palavras a fariam reagir.

Ela o empurrou dizendo:

— E quem aqui você acha que é submisso? Quero que saiba...

Ele a calou novamente com beijos, pensando o quanto a vida era sem graça antes de conhecê-la, e tão logo aceitou esse pensamento cruzar sua mente se viu envolvido emocionalmente. Mas ele não se permitia a tal envolvimento. Voltou a lembrar que o casamento era temporário, mas não deixou de admitir que Savannah viesse mostrá-lo que a manutenção de sua privacidade não era mais interessante como antes.

— Você está jogando baixo — Savannah disse assim que ele finalmente a soltou para que respirasse.

Olhando-a com intensidade, e sentindo todo seu corpo reagir ao contato dela, disse fogoso:

— Minha querida, eu nem estou jogando.

Durango então se despiu e se deitou nu ao lado dela. Em seguida, puxou-a pelos braços e a beijou sem parar. Quando finalmente se afastou, perguntou admirando a pele do rosto de Savannah com as marcas dos beijos ardentes que lhe havia dado:

— Então, o que achou da viagem ao Lago Tahoe?

Savannah se ajeitou, brincou com os pelos do peito dele, lembrando-se das delícias da viagem, do que haviam feito no quarto de hotel, e de sua mais recente descoberta sobre Durango. Seu incrível vigor na cama.

— Sim — disse finalmente, pensando que gostara muito dos dias em que esteve no Rolling Cascade com ele. E continuou: — Foi uma experiência muito proveitosa.

— E você não enjoou uma vez sequer.

Ela sorriu e disse:

— Sim, e adorei o café. Talvez essa pulseira realmente funcione — levantando o pulso para mostrar a ele, mas este foi agarrado no ar por uma das fortes mãos de Durango, que a puxou para que pudesse beijar-lhe o pulso. Deslizou a mesma mão entre sua barriga e a dela, massageando o lugar onde seu bebê crescia.

— Então posso supor que nosso bebê esteja bem.

— Sim, ele esta ótimo.

— Bom saber disso, agora posso me dedicar inteiramente à mãe — ele sussurrou com tanta sedução a ponto de ver Savannah ceder a um breve tremor na barriga.

— E como será essa dedicação? — perguntou ingenuamente, mas sabendo da resposta e o provocando para que fosse dita de alguma maneira.

— Melhor eu mostrar do que lhe contar.

Guiada pelos olhos sedutores de Durango que insinuava com o corpo que ela pendesse a cabeça, Savannah então se permitiu:

— Então me mostre.

E assim ele fez várias vezes aquela noite.

— Ótimo! Um pouquinho mais para a direita. Ah! Assim. Agora incline levemente a cabeça mais para trás. Menos. Perfeito, agora fique parado desse jeito.

Assim que voltou do trabalho, Durango aceitou zsosar para uma série de fotos. Ela o tinha convencido a posar, justificando que gostaria de acabar com o que restava de filme na câmera.

— Agora abra a camisa e deixe aparecer o peito.

Ele franziu a testa:

— O que você pretende com esse tipo de fotos?

Ela sorriu com malícia:

— Já disse. Quero vender para meu chefe a idéia de fazer um calendário com os oficiais que patrulham o parque nacional. Sempre fazem de bombeiros e policiais. Chegou a hora de saudarmos os verdadeiros heróis desse país.

Durango cruzou os braços ignorando o fato de que ainda se mantinha como um alvo para Savannah e sua câmera:

— E sobre qual público-alvo estamos falando aqui? — disse lembrando-se do calendário do qual seu primo Thorn havia participado, por caridade, alguns anos atrás e que dera um tremendo lucro para a instituição, haja visto o grande sucesso de venda.

Ela riu e respondeu:

— Todos que souberem apreciar a boa arte... como também a homens bonitos e sensuais. Para lhe dizer a verdade, penso que este seria um excelente projeto para arrecadar fundos para a caridade. Já estou até visualizando você com o sr. Fevereiro.

Durango levantou uma de suas sobrancelhas seiri entender o sentido:

— Por que sr. Fevereiro?

Ela respondeu com naturalidade:

— Porque é um mês que tem sido muito bom pra mim, apenas das náuseas pela manhã. Mas é o mês em que ouvimos o coraçãozinho do nosso bebê. Pos isso acho que faz todo o sentido você ser o sr. Fevereiro, mesmo que o que eu acabei de dizer não faça.

Durango concordava perfeitamente com ela. Pouco importava quanto duraria sua união ou quando acabasse, o mês de fevereiro seria sempre comemorado por ele pelos mesmos motivos que a levaram a escolhê-lo o sr. Fevereiro. E sem dizer mais nada, desabotoou a camisa e voltou a posar para as fotos.

— Hum! Que homem mais sensual — ela disse tirando os olhos do visor da câmera. Ela estava feliz por ter conseguido fazer as fotos.

— Você acha mesmo?

— Acho sim — ela disse, já guardando a câmera.

— Já acabou? Devo admitir que foi divertido. Quando foi que decidiu ser fotógrafa? — ele perguntou acomodando o braço no encosto da varanda.

Quando Savannah voltou-se para ele, a paisagem ao fundo com as cordilheiras cobertas por neves era mais uma chance de registrar mais fotos dele com mais uma pose naturalmente sensual.

— Quando adolescente, acho que com dezesseis anos de idade. Meus avós me deram uma câmera de presente e eu deixei todo mundo em estado de alerta, porque simplesmente fotografava tudo na casa, com ou sem a permissão deles. Tenho registros embaraçosos de mamãe, Rico e Jéssica.

— Mmm! Será que devo me preocupar? — perguntou em tom de brincadeira.

Ela gargalhou:

— Não mais. Cresci e muita coisa mudou desde aquela época. Agora sou inofensiva.

Inofensiva? Talvez Durango não concordasse muito. Desde que ela surgira em sua vida, tudo mudara completamente de figura. Seus colegas de trabalho não acreditaram que ele, agora, era um homem comprometido e casado. Muitos deles acharam que se tratava de um trote, até Savannah aparecer ao meio-dia na hora combinada para almoçarem juntos. Ele logo identificou olhares convencidos, e também invejosos, em mais de um deles. Durango não pôde deixar de imaginar o que pensarão aqueles homens quando daqui a um ano, eles se separarem.

— Espero que goste do que preparei para o jantar.

Tais palavras interromperam os pensamentos de Durango sobre a prevista separação deles.

— Tenho certeza de que sim. Mas não devia ter se incomodado. Eu poderia ter preparado algo assim cheguei do trabalho.

Ela riu.

— É o mínimo que eu posso fazer enquanto você trabalha o dia todo. Não sou acostumada a ficar enfumada em casa sem ter o que fazer. Por falar nisso, lancei a idéia do calendário para meu chefe, e se ele a aprovar, ficarei muito ocupada. Você acha que os oficiais de seu departamento se incomodarão se eu convidá-los para umas sessões de fotos?

Durango negou com a cabeça e esboçou um sorriso imaginando que seria mais fácil do que ela imaginava.

— Acho que se incomodarão os que não aparecerem. O simples fato de serem escolhidos para um calendário inflará os egos de alguns que conheço, tenho certeza disso.

Ele parou para observá-la, sentindo que algo a tinha deixado cabisbaixa. Não havia notado antes, talvez porque a cámera o distraía, mas agora sem nada nas mãos era claro e óbvio. Nesse momento elucubrou a possibilidade de Savannah usar a câmera fotográfica como um abrigo de resguardo emocional.

— Aconteceu alguma coisa hoje que eu deva saber, Savannah? Tem algo a ver com sua mãe ou seu irmão?

Ele sabia que a mãe ainda estava em Paris e que ambos tinham recém-conversado, mas não conseguiu falar com Rico até o começo da tarde. No entanto, antes de Durango chegar soube através de um telefonema dele que seu irmão ficou bastante surpreso e feliz, esperando ansioso para o encontro de todos na Filadélfia.

Durango a acompanhou tomar fôlego e dizer esmorecida:

— Não é bem a minha família?

Atento, nada mais pôde concluir a não ser que era a dele.

— Alguém da minha família ligou hoje?

— Sim.

— Quem?

Ele testemunhava a reação de desconforto dela quando esboçou um pequeno sorriso antes de dizer:

— Acho mais fácil responder à pergunta de quem não ligou. Sua família é um tanto quanto numerosa.

Numerosa e exagerada, Durango pensou sendo todo ouvidos.

— E?

— E... bem... todos ficaram surpresos pela notícia do nosso casamento, e desejaram sinceros votos de felicidades, o melhor para nossas vidas e, isso sinceramente me fez parecer uma impostora dissimulada.

Ele entendeu muito bem o que ela queria dizer, pois sentiu o mesmo no trabalho aquele dia.

— Mas você sabe que essa sensação não corresponde à verdade. É nossa decisão dar um prazo ao casamento e ninguém tem nada a ver com isso.

— Sim, eu sei... mas...

Levantou uma das sobrancelhas como de costume e a interrompeu:

— Mas o quê?

— Mas todos foram imensamente gentis. Até sua prima Delaney ligou do Oriente Médio. Creio que todos os Westmoreland me deram as boas-vindas à família. Disseram que de agora em diante sou considerada como irmã para eles. Jéssica havia me dito que todos foram bastante receptivos com ela. Você sabe como eu me sinto com isso tudo?

Ela olhava fixamente para ele, tensa, e ele disse:

— Não sei. Como você se sente?

— Sinto-me especial. Meu grande sonho sempre foi pertencer a uma família grande e numerosa, mas tudo não passa de uma farsa. Entende agora como me sinto?

Entendia muito bem e sabia que tinha sentido o que ela dizia. Durango lembrou que desde o início, esse era um dos principais motivos para que o acordo proposto por ele fosse aceito. A oportunidade de dar a sua criança a chance que ela não teve, de estar rodeada por pessoas amáveis, unidos a toda prova nos momentos alegres ou difíceis. Uma família que prezasse por valores essenciais, passados de geração para geração, garantindo a segurança de que nunca a abandonariam.

— Entendo sim — disse depois de soltar uma longa e carregada baforada. — Mas, independente de qualquer coisa, sempre haverá um forte elo entre nós dois e nossa criança. Você sabe disso, não sabe?

Já não seria a primeira vez que Savannah era comparada com Tricia nos pensamentos de Durango. E cada vez mais, ele se deparava com o disparate entre as duas. É certo que as duas vinham da cidade, mas a dissimulação que tanto incomodava Savannah passava despercebida por Tricia, sem demonstrar remorso algum quando percebeu que o amor que habitava o coração de Durango por ela tinha morrido depois de muito sofrimento e ainda se despedir dizendo-lhe que ele não passava de um boneco idiota.

— Vou preparar a mesa para o jantar. Quanto estiver tudo pronto, avisarei.

Depois que ela desabafou, não pôde mais continuar a conversa e mudou de assunto.

— Precisa de mim?

— Não. Deixe tudo comigo.

Durango resolveu deixá-la ir, respeitando sua vontade de ficar sozinha. Ele olhou pela janela para a paisagem montanhosa, um esplendor de beleza natural em um típico dia ensolarado de inverno de tirar o fôlego. Tal cenário memorávelconfirmava repetidas vezes sua decisão de se estabelecer há anos em Montana.

Ele sempre encontrou conforto diante das montanhas quando momentos difíceis lhe ocupavam a mente, como Savannah agora fazia.

Mesmo ciente que as diferenças entre Tricia e Savannah eram gritantes, Durango sentia que ainda não se livrara de seu passado. Sua paixão por Tricia fora inesperada. E sofreu. Desprezado, decidiu que nunca mais, sob nenhuma circunstância, ele se permitiria voltar a ficar vulnerável.

Ele e Savannah fizeram amor, um bebê, se casaram, mas tudo por luxúria. Depois da entrada triunfante de Savannah em sua vida, tudo ficou mais interessante, mas seu coração lhe dizia que não estava recuperado do passado, fazendo seu peito se fechar involuntariamente para um novo amor. Durango sabia muito bem a diferença entre amor e lascívia, e que seu sentimento por Savannah não passava de pura atração física, ainda que em nível avançado. Bastava pensar nos recentes dias com ela para que o ritmo da respiração se alterasse, principalmente ontem, quando as primeiras horas do dia tinham sido o ápice da perfeição.

Durango admitia que em vários momentos já havia desejado, analisado e fantasiado, cogitando a hipótese de estender por mais um ano o casamento com ela. Mas as cicatrizes no coração e o gosto amargo da frustração mostraram-no que há coisas na vida que depois de acontecidas nunca podem serem alteradas. Sua dor parecia retumbar internamente ensurdecendo-o para o som das trombetas que anunciavam um novo amor.

Era assim que tudo estava, era assim que continuaria a estar.

No final da noite, já haviam tomado banho e agora estavam relaxados, sentados no chão de pernas cruzadas em frente à lareira, satisfeitos com o jantar que Savannah havia preparado.

— O jantar de hoje foi maravilhoso, Savannah.

Ela sorriu para ele e disse:

— Obrigada. Fiz o prato favorito de minha avó — Referindo-se ao preparo do bife com batatas assadas.

— Então... — Durango disse se esticando a seu lado. — Que programa você nos sugere para passarmos o final desta noite?

Savannah soniu e disse sensualmente:

— Posso fazer mais uma sessão especial de fotos suas.

— Acho melhor não. Vamos pensar em algo mais.

— Algo mais?

— Algo como uma investigação para averiguar como esquentar ainda mais esse lugar.

As palavras proferidas pela boca sedutora dele lhe deixaram excitada.

— Hum! E por onde você pensa começar? — disse olhando direto para ele.

— Venha aqui para eu te mostrar — Durango a puxou para que ela deitasse a seu lado no chão. Ela o olhava se deixando ser despida. — Está curiosa para saber sobre meu próximo passo?

Com a cabeça baixa, Savannah viu através do roupão dele a dimensão do desejo que ele insinuava por ela, sendo levada por reações químicas hormonais sedentas por prazer.

— Não, eu já desconfio qual será— disse com água na boca de vontade por beijos.

— Pois bem.

— Mas quero fazer um pedido — disse enlaçando o pescoço de Durango com os braços.

— O quê?

— Deixe-me tirar seu roupão.

Ele sorriu.

— Vá em frente.

Quando removia o roupão dele, ela passou a língua em um de seus ombros, deliciando-se lentamente com o gosto e o cheiro até cobri-lo com o roupão e olhá-lo de frente.

— Você tem um corpo delicioso.

Ele sorriu.

— Você acha mesmo?

— Acho.

— Obrigada. Também me delicio com seu corpo, a1iás, quero estar inteiro dentro dele.

— Bem, neste caso...

Durango se aproximou lentamente, gemeu baixo e se pôs de joelhos como um leopardo diante da caça, atento aos movimentos e confiante por mantê-la ali, na posição que desejava e sussurrou:

— Agora é minha vez de lamber.

E assim ele fez. Desceu até passar sua língua nas partcs internas das pernas de Savannah até seguir a essência do sabor que ela tinha.

— Durango!

Somente depois de completamente embevecido por ela, cobriu-a com todo o seu corpo, penetrando-a com força e paixão. E quando sentiu as contrações do corpo de sua mulher cada vez mais intensas, vindas da região onde o bebê crescia, jogou a cabeça para trás e insistiu furiosamente contra aquele corpo que também agia com a mesma atividade contra ele.

Era imensamente prazeroso vê-la ardendo em brasa, mas somente por ele e com ele. E quando ela levaantou-se entre gemidos movendo os quadris, Durango sentiu as mesmas sensações extraordinárias de orgasmo em seu corpo, levando-o para onde jamais estivera antes, elevando-o para cima das nuvens e além desse universo.

Permanecendo nela com ainda mais vigor, sentiu-se pleno e feliz sabendo que ela passava pelos mesmos níveis explosivos de prazer. Ele não conseguia parar de fazer amor com ela. Era incrível. Uma mulher da cidade grande de dia e uma selvagem ds montanhas à noite.

Enquanto ela sugava dele o que nenhuma outra mulher havia experimentado, não podia deixar de pensar nos meses que ainda estavam por vir e que quando acabasse o prazo determinado por eles, sua vida jamais voltaria a ser como antes.

— Tente descansar, querida. Vou até o escritório e já volto — Durango sussurrou em seu ouvido, e enquanto a levava nos braços para a cama após fazerem amor em frente à lareira. Com cuidado fechou a porta do quarto e desceu as escadas para o escritório.

Chegando no escritório, parou para avistar o brilho da lua sob as montanhas e concluiu que nada poderia ser mais lenitivo e perfeito do que aquele momento. Ele era um amante das montanhas, do traIalho que exercia e, temporariamente, não morava mis sozinho. Ter jantado com ela foi maravilhoso, assim como o banho mágico que tomaram juntos. Mas nada se comparava à qualidade do amor que fizeram seguida em frente ao fogo da lareira. Parecia que a cada vez, os encontros eram exponencialmente melhores. Porém, perturbava-o pensar que a companhia de Savannah o envolvia tanto. E, para encontrar uma saída, fez menção de sentar-se um pouco à mesa, quando de repente o celular tocou. Assustou-se com o som e para não arriscar acordá-la, atendeu sem ver o número que piscava no visor.

— Alô.

— O que é que está acontecendo, Durango?

Acomodou-se na cadeira do escritório, reconhecendo a voz do irmão mais velho, Jared, advogado de sucesso, que mesmo depois de casado ainda continuava osso duro de roer:

— Jared! Como você está?

— Não enche, responda o que perguntei.

Durango virou os olhos lembrando-se do comportamento bruto e bitolado do irmão.

— O que faz você pensar que algo demais esteja acontecendo?

— Do que você está falando?

— Você se casou.

Durango riu. Então foi por isso que ele ligou.

— Já era hora, não acha? Você sabe que na minha opinião, o casamento lhe fez imensamente bem, então corri atrás do meu.

— E você quer que eu acredite nisso?

— Seria plausível.

— Pois não dá.

— Que novidade!

— E Jan está escondendo o jogo.

Durango sorriu e disse:

— Que bom.

— É claro que mamãe está pulando de alegria — Jared Westmoreland continuou a dizer. — Acho que a essa hora, toda nossa família tem as fotos do casamento enviados pela Internet.

— Ian não se abre, mas mamãe está contente, então qual é o seu problema, Jared?

— Quero saber por que você fez isso?

—Ainda não se deu por satisfeito com o que já lhe falei?

— Vai te catar!

Ele não estava surpreso. Dos cinco irmãos, Jared era o que mais o conhecia, sendo quase impossível esconder qualquer fato de quem era três anos mais novo e, segundo Durango, o mais astuto e sábio. Se toda a família engoliria a notícia sobre o amor avassalador e à primeira vista entre ele e Savannah, isso ele não precisava se preocupar, mas sustentar essa história encarando Jared e mais dois irmãos que conheceram bem as opiniões de Durango sobre casamento, essa sim, era uma árdua tarefa. Também pudera, Dare era investigador do FBI e atualmente delegado em College Park, na Geórgia, maníaco em desconfiar de tudo; e Stone que provavelmente ainda não ligara por estarem ele e Madison, sua mulher, em algum lugar da Europa para promover seu livro. Stone e Durango tinham meses de diferença de idade e sempre foram muito próximos.

—Vai me dizer o que estou querendo saber ou terei que recorrer a medidas drásticas e começar a investigar? — Jared ameaçou interrompendo os pensamentos de Durango.

— Hum! Que medidas drásticas seriam essas?

— Que tal eu pegar o próximo vôo para Montana e saber com meus próprios olhos o que é que está acontecendo?

Isso não! Durango sabia que Jared não só ameaçava e decidiu abrir o jogo.

— Savannah está grávida.

O irmão suspirou, expressando que era isso o que suspeitava.

— Há quanto tempo? — Jared finalmente perguntou.

— Está indo para o terceiro mês.

Mais uma pausa até que Jared indagasse:

— Foi na noite do casamento?

Durango levantou uma de suas sobrancelhas.

— Como você sabe?

— Por favor, Durango. Todos sentiram sua falta no jogo de cartas mais tarde. E foi uma droga, porque eu contava que pelo menos conseguiria ganhar um dinheiro de você. Além do mais, não consegui deixar de notar que o vi atraído por ela. Por sinal, todos o viram companhá-la da recepção ao quarto do hotel.

Durango sorriu lembrando-se dos comentários feitos sobre aquela noite.

— Todo mundo viu muito naquela noite.

— Não importa. — Então Jared quis saber. — E vocês decidiram se casar por causa do bebê?

— Sim, acho que isso já diz tudo. Mas será por pouco tempo.

— Como assim?

— Até o bebê completar seis meses. Não quero que nasça como um bastardo de pai e também porque quero acompanhar Savannah durante a gestação para fortalecer nossos laços como pais.

— E depois disso?

— Cada um seguirá seu rumo, mas fazendo o possível para mantermos contato e contar um com o outro. Ela sabe e deseja tanto quanto eu, que eu participe da vida da criança. Sabemos de antemão que não será fácil, mas encontraremos o jeito certo.

Depois de uma pausa maior que a anterior, Jared disse:

— E você está satisfeito com o fato desse ser um acordo temporário?

Durango contraiu os ombros com a indagação:

— E por que não estaria?

— Eu vi as fotos que mamãe espalha orgulhosa por toda cidade. Vocês dois pareciam felizes de verdade no casamento, se eu não soubesse exatamente o...

— Mas você sabe exatamente, por isso estamos conversando agora. Não se engane com as fotos, Jared. A razão para estarmos juntos não é nada além do bebê. Seis meses depois da criança nascer, Savannah viverá a vida dela do jeito que quiser e eu farei o mesmo.

— Então enquanto isso vocês dois habitarão dia e noite na mesma casa, felizes como marido e mulher?

— Mais ou menos — disse se perdendo nos pensamentos sobre Savannah, que de tão íntegra e franca, não tinha como ser associada à palavra “menos” nessa resposta.

— Cuidado!

Com a sobrancelha esquerda levantada perguntou:

— Cuidado com o quê?

— Em descobrir que seu coração não é feito de ferro acabar se transformando em geléia quando entregue às mãos da mulher certa.

Durango sustentou a postura:

— Acredite, isso não tem chances de acontecer.

Jared riu:

— Eu pensava o mesmo que você e olha no que deu. Não estou reclamando do meu casamento, de jeito nenhum. Mas descobri que os melhores relacionamentos são do tipo desacreditado.

— Do que você está falando?

Outra pausa pequena, e Durango pensou ter escutado o irmão beber algo. Em se tratando de Jared, devia ser um vinho de alta classe. Jared era advogado de sucesso em Atlanta, onde morava em uma mansão de milhões de dólares, e ao longo dos anos se tornou conhecido por ganhar causas difíceis envolvendo processos com celebridades. Há um ano, Jared tinha se convencido de se manter solteiro, sem comprotimentos sérios, assim como Durango até aparecer Dana Rollins de surpresa para ele e para todos que o conheciam, especialmente quando o assunto era compromisso sério. Antes dela, ele mantinha apostura de advogar nas separações conjugais, e não nas reconciliações. Mas agora se sentia afortunado com o casamento, pouco se importando como que os outros pensassem de sua mudança de opinião.

— Meu noivado com Dana — Sared disse finalmente, procurando a atenção de Durango para que o acompanhasse na novidade que traria do passado, mais precisamente da festa de aniversário de seu pai na última Páscoa.

— O que tem seu noivado?

— Nunca houve um, ao menos, não um noivado de verdade.

Durango franziu a testa, tentando entender que diabos o irmão estava dizendo. Já era tarde e seu cansaço não permitia que raciocinasse com agilidade e desvendasse aquela charada.

— O que você quer dizer com isso? Eu estive lá quando você anunciou o noivado.

— Não fui eu, Durango. Preste atenção. Foi mamãe que anunciou.

As palavras de Jared o fizeram pensar. Era verdade. A mãe deles foi quem mais comemorou agitando a casa e os convidados presentes com o noivado de Jared, que naquela noite, não disse nada, mas tampouco não se manifestou negando coisa alguma.

— O que você está me dizendo é que foi levado por essa história porque mamãe o obrigou?

— Em termos, porque a história não acabou ainda, Durango. Se você lembrar bem, não demorou muito para descobrirmos aquele nódulo maligno no seio da mamãe. E como ela tinha construído toda a realidade de que eu iria me casar, a última coisa que desejei foi decepcioná-la, o que poderia agravar a situação. Ela poderia ter um câncer de mama, pois havia essa possibilidade.

Durango então disse:

— Então você forjou um noivado? E como conseguiu fazer com que Dana aceitasse uma situação dessas?

— Sim. Foi muito delicado, mas acabamos por nos apaixonar no meio dessa história.

Durango negou com a cabeça, pasmo em saber que o irmão tinha enganado a todos bem debaixo de seus narizes.

— Quem mais sabe sobre isso?

— Dare. Ninguém mais precisava saber. Mas escute! O único motivo de contar a você essa história é para mostrar que as coisas nem sempre acontecem como planejamos.

— De que coisa está se referindo?

— De como você pode entrar em uma situação pensando de um jeito e no final, sair pensando de outro. Quanto mais eu passava meu tempo conhecendo Dana, mais eu queria viver com ela. Eu vi Savannah no casamento de Chase e notei o quanto vocês estavam atraídos, um pelo outro. Ela parece uma mulher capaz de virar a cabeça de qualquer homem. É isso o que está acontecendo com você?

Durango se endireitou na cadeira.

— Bem, isso não — ele rebateu. — Fico feliz em saber que sua relação com Dana ficou resolvida da melhor maneira, mas será diferente entre mim e Savananh.

— Você pode garantir isso?

— Sim, eu posso. Você era obviamente um homem capaz de se apaixonar por uma mulher. Mas eu não. Ao menos, não neste momento. Se a tivesse conhecido antes de Tricia, talvez...

— Quando é que você superará o que essa mulher lhe fez?

— Eu já superei tudo, mas isso não quer dizer qeu queira cometer o mesmo erro mais uma vez.

— E você acha que será assim.

— O que eu acho é que não estou disposto a me arriscar.

— E quanto a Savannah?

— O que tem ela?

— E se ela pensar diferente?

— Não é o caso. Ela era mais resistente do que eu em relação ao casamento. O fato é que foi difícil conseguir convencê-la de que casar era o melhor a feito, e ela mudou de opinião depois que chegamos à conclusão de que nosso casamento seria o melhor para a saúde de nossa criança. O acordo é para ficarmos juntos por seis meses e depois ela cairá fora.

— Vocês fizerem esse tipo de acordo?

Durango virou os olhos intolerante.

— Sim, mas não oficializamos nada, se é isso que quer saber, sr. Advogado. Mas até que não scria má idéia. Quero que ela saiba que farei tudo o que me comprometi desde o início, por ela e pelo bebê. Você poderia redigir algo para mim?

— Redigir o quê?

— Sei lá. Algo que oficialize o compromisso de pensão e poupança para meu filho após o prazo de ficarmos juntos se encerrar. Sei que posso me comprometer com essas despesas, graças a sociedade com McKinnon.

— Tem certeza de que quer fazer um documento oficial agora?

— Por que não? Creio que a deixará segura e ciente de que não correrá o mesmo riscoque a mãe correu quando esteve grávida. Ela tem uma cisma com o pai pelo tratamento que este deu à mãe ela, e o descaso com ela, Jéssica e o irmão delas.

Durante a meia hora seguinte, Durango encerrou sua conversa com Jared, após trocarem informações sobre tudo o que deveria constar do documento. Por mais que o irmão fosse reticente em aceitar seu casamento com Savannah, seria tudo mantido como temporário e Durango não tinha, de fato, a mínima intenção de esquecer este detalhe.

 

                                           CAPÍTULO ONZE

As semanas seguintes foram bastante atarefadas e corridas para Savannah. O fato de ela acordar sem ânsia de vômitos, foi fundamental para que os dias fossem bem produtivos.

Seu chefe estava confiante a respeito da idéia do projeto do calendário comemorativo do Parque Nacional de Yellowstone com fotos dos homens que protegiam suas terras. O projeto havia sido incrementado com a encomenda de um documentário em vídeo. Savannah estava tão feliz e ansiosa que passava a maior parte do tempo ensaiando os cenários para o projeto.

À noite, depois do jantar, da lia para Durango livros sobre gestação e bebês, deixando-o consciente sobre as mudanças que aconteceriam em seu corpo. Em seguida, entregava-se às investigações de Durango na cama. Cada vez que ele a levava ao ápice do prazer, ela tinha mais certeza que aqueles momentos íntimos deixariam marcas de memória em seu corpo para além de quando viessem a se separar. Mas tudo tomava proporções fora do controle deles.

Ela estava completamente apaixonada.

Parada junto à janela, ela tentava lembrar-se do momento que permitira que tudo aquilo acontecesse. Teia sido na noite passada, quando tomaram banho juntos, como se fosse uma rotina, e ele fez amor com ela de uma forma tão romântica a ponto de encher-lhe os olhos de lágrimas? Ou na semana passada quando ele a convidou para escalar a montanha e pararam na cabine de caça construída por ele e McKinnon para se alimentarem com o lanche que ela havia preparado? Ou depois quando voltaram da montanha, quando fizeram amor ao ar livre perto de um rio raso sob o esplêndido céu de Montana? Era inevitável recordar todos os momentos de paixão e soltar suspiros por instantes tão plenos. Ela sabia que sentiria muito a falta dele.

Virou-se para atender o celular que tocava, pensando que fosse Durango, mas o visor indicava o número de seu irmão, Rico.

— Alô.

— Sei de tudo, Savannah.

Ela levantou as sobrancelhas desconfiando do que se tratava. Com certeza sua mãe deixara escapar algo.

— Do que você sabe? — perguntou com ar de inocência.

— Que você está grávida.

Esse era o seu irmão-direto e de poucas palavras. Savannah sorriu meio sem jeito e disse:

— Pensei em contar para você quando chegasse a bora certa.

Rico quebrou o silêncio que se fez em seguida interrogando:

— Você está bem?

Savannah riu contente:

— Estou mais do que bem, estou radiante. É claro que no começo fiquei com medo e nervosa, mas como nunca planejei casar, estou feliz em ter um bebê. Sempre quis ser mãe.

— Mas você está casada?

— Somente por causa do bebê.

— Mas você sempre jurou que jamais casaria.

Ela suspirou:

— Agora é diferente. Durango e eu estamos cientes de toda a situação, e por isso optamos pelo casamento, que será melhor para nosso bebê.

— Mesmo que isso os penalize com um casamento sem amor?

— Sim, porque em nosso caso será temporário. Concordamos em nos divorciar quando a criança completar seis meses de idade.

— E você se sente bem com isso?

— Claro, por que não?

— Por nada — disse levemente irônico. — Quando virá para casa?

Ela balançou os ombros.

— Não tenho certeza. Antes me preocupava muito quando voltaria para a Filadélfia, para checar se tudo estava em ordem, mas como todas as contas estão programadas para débito automático, então estou sem pressa. Até porque aqui é muito gostoso.

— E seu marido?

— O que tem ele?

— Como a tem tratado?

De todas as formas que uma mulher deve ser tratada. Estava com essas palavras na ponta da língua, mas preferiu não sugerir nenhuma ambigüidade. Mas essa era a mais pura verdade. Talvez Durango vivesse constantemente a possibilidade da separação e fazia com que os dois aproveitassem o tempo da melhor forma possível.

Mas essa não era uma tarefa difícil, porque ela havia se apaixonado por ele desde quando o viu chegar no casamento de Jéssica e Chase.

— Savannah?

— Ele está me tratando muito bem. É um bom homem, nem pense o contrário.

— Ele a engravidou.

Ela sentiu a voz pesada de raiva de Rico.

— Mas ele não estava naquela cama sozinho — ela respondeu o recriminando. — Tampouco me obrigou a nada. Lembre-se disso. — E acrescentou — Já sou bem grandinha, Rico.

Ele riu:

— E ficará cada vez maior nos próximos meses.

Savannah ficou feliz, pois a tensão entre os dois se dispersara.

— Como gêmeos são recorrentes na família Westmoreland, posso virar uma bola ao quadrado.

— Descobrir que você está grávida e com a possibilidade de ter gêmeos é demais para meu coração agüentar, Savannah.

Sorrindo de felicidade, disse:

— Mas tenho certeza de que ele agüenta.

— Foi muito gentil da parte de seus colegas nos oferecerem uma recepção por nosso casamento. — Savannah falou ao pé do ouvido de Durango, que estava observando a decoração da sala. Beth Manning, uma das oficias que trabalhavam no departamento junto com Durango, tinha procurado por ela há uma semana para avisar que a equipe de oficias preparava um chá-de-panela para ela e Durango. Primeiramente, Savannah se sentiu uma falsária aceitando o convite, depois se fiou no que Durango dissera sobre a decisão deles não interessar a mais ninguém.

— Sim, foi gentil da parte deles — ele concordou envolvendo-a com o braço por cima do sofá. Eles estavam na casa de Beth e seu marido, Paul, um veterinário da região.

Savannah achou a casa bonita. Ela não ficava muito distante de onde eles moravam, embora fosse do outro lado da montanha. A casa, apesar de ter um único andar, diferente da de Durango, que possuía dois andares, era muito bem distribuída. Em uma das paredes, havia uma janela sem cortina, que partia do chão até o teto, e deslumbrava uma vista incrivelmente linda.

Em uma ocasião anterior àquela, Savannah tivera a oportunidade de conhecer todas as oficiais do departamento, mas naquela festa reencontrou-as e conheceu seus respectivos maridos. Logo de início ela se deu muito bem com todos. Estava sinceramente comovida por a terem recepcionado bem fazendo-a sentir-se em casa.

Cada casal contribuiu levando um prato diferente para a recepção. Savannah percebeu que raramente Durango saía de seu lado, mostrando-se um grande companheiro, ou segurando sua mão ou a envolvendo com o braço. Ela sabia que as aparências eram a de um casal feliz.

— Estão prontos para abrirem os pacotes? — o sorriso exuberante de Beth, uma loira de olhos azuis, instigou o casal.

Durango olhou para o relógio e viu que se aproximava da meia-noite.

— Sim, já é hora, está ficando tarde.

— Desde quando você se preocupa com hora, Durango? Estudamos juntos desde o colégio e você sempre foi conhecido por ser arroz de festa, o primeiro a chegar e o último a sair.

— Ah! Mas agora ele é um homem casado, Paul. — Beth lembrou o marido induzindo-o a se reeducar os comentários. — Estamos diante de um novo Durango Westmoreland.

Savannah mal podia imaginar como seria tê-lo conhecido antes. Desde o primeiro instante sabia que ele era um chamariz de mulheres, natural para um moreno alto e forte com olhar negro e penetrante. Não podia se iludir, ingenuamente, que ele não saísse com outras mulheres antes dela. Quando teve a oportunidade, Jéssica logo avisou que se encerrado o acordo entre os dois, ele voltaria ao velho estilo mulherengo de ser.

Em pouco tempo, eles se viram todos sentados em cadeiras formando um círculo com o casal ao centro. Dado o início da abertura dos presentes, Beth entregava um por vez para que Savannah os abrisse. Eles ganharam taças de vinho, toalhas de banho e mesa, pratos, tapetes de porta e vários outros presentes. Durango observava sua esposa cada vez mais entusiasmada a cada pacote aberto. Mas foi uma colcha dc cama linda de cetim azul que chamou a atenção de todos, inclusive a dele, inspirando ainda mais suas faatasias.

Às partes íntimas de Savnnah e Durango pareciam se comunicar quando se entreolharam com segundas intenções, visualizando-se na cama em cima da colcha fazendo amor. Por sorte, era o último presente que precisava ser aberto.

— Vou carregar o carro e em seguida vamos embora. É oficialmente domingo de manhã.

Paul riu.

— Ninguém o encarregou como homem do tempo, Durango, mas entendo, sou casado há quatro anos a mais que você.

Savannah não soube bem o que fazer nem dizer a não ser agradecer aos homens que prontamente ajudaram Durango a carregar o carro.

— Nunca imaginei viver para ver Durango ficar caído por uma mulher — Penny Washington, outra guarda florestal contava ao pé do ouvido de Savannah. — Vocês parecem muito felizes juntos.

Savannah chegou a ensaiar uma resposta que insi nuari que tudo não passava de um disfarce, mas desistiu pois não tinha certeza dos sentimentos dele. Essa era a raiz de um grande problema. Estava tudo claro e acertado que ambos desejavam viver a bonança da união sem laços emocionais. Mas ela estava feliz com ele, e cada vez mais era difícil esconder que o amava.

— Pronta?

Ela o atendeu vendo que ele voltara para chamá-la. Sentiu a intenção em seus olhos, reconhecendo, de tão habituada a ele, que se correspondiam pela sensação de estarem sem ar e com os corpos moles querendo jogar-se um nos braços do outro.

— Sim — disse pigarreando um pouco.

Mas antes foi chamada a atenção por um dos colegas de Durango:

— Esperem um pouco. Vocês sabem como esse tipo de reunião deve encerrar, não? Nós queremos ver o beijo na noiva.

Ele sorriu, e voltou o caminho que trilhara para fora da casa respondendo à distância:

— Sem problema.

Durango a curvou ligeiramente para trás e beijou sua boca com tanta paixão e vontade, que não parecia que estavam na presença de tanta gente. Savannah o desejava e o amava cada vez mais. Seus suspiros e gemidos não foram percebidos, completamente imersa no gosto daquele homem que era seu marido temporário.

Durango estava apenas no meio do caminho quando não se conteve por nem mais um minuto. Cedeu ao ímpeto de suas vontades, parou repentinamente o carro no acostamento, puxou o freio de mão, desligou a ignição, soltou os cintos de segurança e se virou para Savannah, puxando-a para seu colo com decisão. Sentia necessidade de mais um beijo.

Seus lábios se abriram já prontos e com a mesma urgência, ardendo em paixão, e quanto mais era devorada, mais lhe respondia com a mesma intensidade.

Ele adorava o jeito dela gemer, de sentir o balanço do corpo dela em seu colo, aumetando a vontade de tê-la mais perto para sentir seu perfume inebriante.

Mas teve que interromper o beijo àquela altura, caso contrário ficaria impossível resistir, tudo por que queria amá-la na cama, e não no carro. Ele então falou abertamente suas intenções:

— Assim que chegarmos em casa, vou lhe ensinar uma habilidade que toda mulher deve ter.

Ansiosa para tudo que viesse dele, ela perguntou:

— Que habilidade é essa?

Durango usou dos dedos, com cuidado, no centro dos seios para persuadi-la, a atiçando por cima da blusa e dizendo com sedução:

— Logo descobrirá — e com a força de seus braços, colocou-a de volta ao assento de passageiro, paixou o cinto de segurança e ligou o carro.

O restante da viagem até sua casa foi torturante para Savannah. Qualquer coisa que ele fizesse a deixava excitada, e não havia nada nele que pudesse esfriá-la. Durante o caminho, mesmo em uma noite sem lua, e com a leve iluminação refletida no capô do Dodge, ela admirava o desenho de seu perfil e também a confirmação de que ele estava tão excitado quanto ela.

Quando chegaram a casa, Durango estacionou com pressa e não disse nada. Deu a volta no carro, a liberou do cinto e a pôs nos braços sem descarregar os presentes, destrancando a porta com ela no colo. Andando a passos curtos e rápidos, Savannah perguntou:

— E quanto aos presentes na mala do carro? — disse encostando a cabeça no peito dele, mergulhando em seu cheiro e disposta a tudo o que viria acontecer dali em diante.

— Descarregarei tudo amanhã cedo. Não temos tempo de fazer isso hoje.

Ela sorriu, pensando que para alguma coisa ainda lhes restava tempo. Durango fechou a porta da casa com o pé e subiu as escadas em direção ao quarto com ela ainda no colo.

Savannah não tinha dúvida sobre o que estava prestes a acontecer. No quarto, Durango a despiu em uma velocidade única em cima da cama, depois de fazer o mesmo. Logo, ele a tinha virado de bruços enquanto ela gemia baixo feito uma gata.

Ele a tocou em todas as partes, com suas mãos e depois com a boca, começando a pressionar habilmente os seios sensíveis e eriçados com a língua, correndo por movimentos circulares e depois sugando o espaço entre a pele e sua boca. Ela se ouviu gemer, murmurar, suspirar e clamar por Durango várias vezes.

Savannah sentia as pernas fraquejadas, todo o corpo mergulhado na sensação ardente de paixão e a mente espalhada em pedaços.

Ninguém era capaz de tocá-la como ele. Tampouco ela conseguiria se entregar a mais ninguém senão a ele. As necessidades de todo seu corpo atendidas, a troca de tanto fluído apaixonado, o toque em sua alma. Seu grande e único amor.

E quando Durango afastou a boca de seus seios, descendo cada vez mais pelo seu corpo, ela quase parou de respirar. Ele a tocou intimamente e quando seus dedos deslizaram para dentro, os quadris levantaram e a coluna arcou como se acordasse de repente de prazer. Os dedos dele a acariciaram com destreza, sedução e intensidade, depois deram lugar à boca faminta de Durango. Logo no primeiro toque, ele a fez pular com a avalanche de sensações em um único segundo, e sentindo-se daquele jeito pela primeira vez em sua vida. Se ela fosse contemplada com o direito de fazer um pedido pelo amor deles, além de desejar uma criança saudável, este seria tê-lo pelo resto da vida.

— Só penso em loucuras com você, Savannah. — disse suspirando ainda bêbado de paixão, encobrindo-a com seu próprio corpo e a deixando sem fôlego.

Que loucuras seriam aquelas? Os pensamentos de Savannah corriam com ela imersa entre as loucuras que lhe arrasavam o juízo, como a loucura de não querer que aquele casamento terminasse nunca. Mas isso não era possível. Desde o início seu casamento estava fadado ao divórcio. Ela o amava, mas ele não. Mas naquela noite, se não pudesse tê-lo por toda a vida, faria daquele momento uma eternidade.

De todas as vezes que fizeram amor, havia algo naquela noite diferente de todas as outras. Ela podia sentir que cada vez que ele introduzia seu membro, massageando sua zona erógena, ambos se consumiam da mesma febre.

Não agüentando mais se conter, ela gritou de prazer entre os lábios ao sentir o corpo rijo e cálido de Durango firme dentro dela, expelindo com força o líquido que agora fervia entre seus músculos, espalhado por da orifício de cada canto de seu ventre. E ela sabia que se vivesse por mais cem anos, Durango permaneceria como o único homem a ocupar seu coração.

Pouco depois, no quarto iluminado à meia luz do abajur, ela soltou um suspiro satisfeito quando ele a puxou para mais perto, aproximando-se para beijá-la enquanto possuía com a mão cheia, um dos seios dela.

— Não consigo me saciar — disse rouco em sussuro.

Nem ela tampouco, e sabia que sempre seria assim.

— Que habilidade você queria me ensinar? — disse ofegante.

Ele se deitou de costas, puxou-a para cima, sorriu e disse:

— Agora quero você em cima.

— Conte-me sobre seus irmãos — Savannah disse ao deixar pender a cabeça perto dos lábios de Durarigo, depois de horas de prática em sua nova habilidade, sem mover um dedo sequer de tão exausta.

Ele abraçou a cintura fina dela, mantendo-a próxima e em cima dele com seus corpos atados.

— Acho bom mesmo, pois você os encontrará logo em breve. Acabei de saber que poderei tirar duas semanas de folga agora que Lonnie voltará ao trabalho — ele disse.

— Isso significa que poderemos viajar para Atlanta e Filadélfia?

— Sim, estarei liberado dentro de uma semana.

Ela se aproximou de modo a colar-se nele.

— Que bom! — entusiasmada.

E procurou voltar ao assunto, incentivada por viajar antes que imaginava.

— Conheci todos os seus irmãos no casamento de Jéss, mas não sei muito sobre eles.

— Está bem. Então, deixe-me lhe interar — ele disse. — Aos trinta e oito anos, Jared é o mais velho. Ele é advogado e o único casado. Depois, vem Speacer, oito meses mais novo que ele, trabalha com planejamento financeiro em uma empresa multinacional na Califórnia. Spencer é um homem que admiro muito por manter-se sob o controle de sua vida pessoal e profissional depois qué sofreu muito com a morte, por afogamento, de sua noiva Lynete. Mas ainda davido que ele tenha superado completamente dessa perda.

Continuou a linhagem dos Westmoreland com um sorriso maroto dizendo:

— Sou o terceiro, e você sabe tudo o que precisa saber sobre mim. Se quiser mais, posso mostrar o que ainda não souber.

— Não, obrigada, acho que já o conheço o suficiente — disse se precavendo para não ser muito enxerida. — E quanto aos outros?

Ele estendeu o sorriso.

— Depois são os gêmeos de trinta e três anos, lan e Quade. lan nós o vimos no casamento. Ele terminou um relacionamento que durou anos com a funcionária de Dare, e não sei o porquê, nunca mais soube dele ter se envolvido seriamente com mais alguém.

Ele ajeitou os corpos posicionando-a melhor sobre ele, de modo a se encaixar melhor para amá-la ainda mais — prazer sustentado pela provocação que a pressão do corpo de Savannah causava. Ela sentiu ele crescer dentro de seu corpo, quente, ereto e disposto.

— Meu irmão Quade trabalha para o Serviço Secreto. Raramente sabemos alguma coisa sobre o que ele faz. Quando ele chega em casa de viagem, nunca perguntamos nada sobre onde esteve. E, por último, vem Reginald, ou Reggie, que completará trinta anos este ano. Ele já tem seu próprio escritório de contabilidade em Atlanta.

Savannah levantou a cabeça, depois de acompanhar a voz doce e amorosa de Durango sobre seus irmãos.

— E sobre...

— Já cansei de falar.

Ela levantou as sobrancelhas em tom surpreso.

— Sério?

— Sim.

Ela sorriu e perguntou:

— Então o que deseja fazer?

Ele a incitou com o olhar e a química sensual crescente entre eles imediatamente eclodiu poderosa, fazendo-o dizer:

— Gostaria de que você aperfeiçoasse aquela sua mais nova habilidade.

 

                                                 CAPÍTULO DOZE

Naquela manhã de segunda-feira, Durango acordou sentindo dores no joelho direito. Julgou ser um anúncio de tempestade, mas no céu se formava, aparentemente, um dia aberto.

Levantou-se da cama com cuidado para não acordar Savannah, foi ao banheiro e quando a porta se fechou e ele se viu só, resolveu se encarar no espelho. Não fossem os olhos revelando a noite sem sono e a barba por fazer, estaria com a mesma aparência de sempre, porém internamente algo tinha mudado e ele não sabia bem dizer o quê. Era um sentimento profundo que jamais sentira, nem mesmo por Tricia.

Só em pensar no que aquela mulher lhe havia feito sofrer, seus sentimentos agora eram... nada. Nem as marcas em seu coração, ou as lembranças da decepção amorosa da qual sobreviveu eram significantes. Parecia que o espaço de Tricia fora completamente substituído pela sensação de plenitude trazida miraculosamente por Savannah.

Em um curto espaço de tempo, somente estando ao seu lado e a conhecendo cada vez mais, Savannah Claiborne fez algo que nenhuma outra mulher fizera. Ela o curou profundamente, abrindo-lhe as portas intemas, iluminando-o com confiança, esperança, fé e amor.

Amor.

Aquela única palavra o desorientou de tal maneira que evidenciou uma verdade: ele amava Savannh. Ela e a criança em seu ventre. E desejava a ambos, não temporariamente, mas para sempre em sua vida, e não desejava mais que aquele casamento acabasse.

Suspirou profundamente como se dizendo que Jared tivesse razão. Seu coração estava uma geléia nas mãos da mulher certa — Savannah.

A questão agora era como mudar os planos. Tinta sido tão difícil convencê-la a realizar um casamerto temporário, que brigaria com unhas e dentes para convencê-la do contrário. E teria que ser àquela noite. Caso fosse necessário, identificaria o calcanharde-Aquiles dela para conseguir mudar as regras.

Durango faria qualquer coisa para ter o coração de Savannah.

Savannah estava tomando chá, ansiosa pela chegada do carteiro que traria o contrato sobre a proposta do calendário e do documentário para ser assinado, conforme seu chefe a avisara. Faltava pouco para realizarõ projeto, pois quase tudo já estava providenciado, inclusive vários colegas de Durango haviam se prontificado como voluntários.

Enquanto isso, lembrava-se dos telefonemas de Durango pela manhã. Em duas ocasiões para avisá-la da tempestade que se aproximava, e em outra para que esperasse ele chegar a fim de terem uma conversa muito importante. Ele não adiantou o assunto pelo telefone, mas pelo tom da voz era algo realmente muito sério.

Ela ouviu o som da caixa de correios e rapidamente largou o pires. Saiu da mesa, pegou casaco no cabide perto da porta e logo que pôs os pés para fora de casa sentiu o clima diferente. Tirou as cartas da caixa de correio, empilhou todos os papéis e voltou logo para a casa aquecida. Deixou o montante de cartas endereçadas a Durango de lado e separou as duas que eram para ela.

Uma delas referia-se ao contrato que tanto esperava. A outra, fez-lhe levantar as sobrancelhas de curiosadade Era do escritório de advocacia do irmão de Durango, Jared Westmoreland.

Ela rasgou o envelope e puxou o documento oficial.

Lágrimas começaram a escorrer em seu rosto quando começou a leitura de todos os termos e garantias que Durango afirmava que cumpriria depois que o acordo terminasse. O propósito daquele documento dele era para não deixá-la se esquecer de que tudo não passava de um trato. Seu casamento não era nada mais que um acordo de negócios.

Imaginando que a conversa que ele queria ter com ela mais tarde se referia a esse documento, ela começou a se perguntar: será que ele notou mudanças indesejáveis em meu comportamento? Será que não consegui esconder que o amava? Talvez ele quisesse retomar todos os pontos desde o início. Será que ele sentia sua privacidade invadida e insinuava com este documento que ela deveria partir?

Dores fortes surgiram em seu coração, pois sabia que não ficaria em lugar nenhum que não fosse quista... ou amada. Sua mãe esteve na mesma situação fazendo Savannah jurar que não passaria pelas mesmas coisas e não quebraria tais votos. Mesmo de coração partido e dolorido não podia mais resistir. Jogou o documento aberto na mesa da sala e subiu para o quarto a fim de fazer as malas. Se corresse, com sorte pegaria o vôo para Filadélfia antes da tempestade.

Savannah voltava para casa.

Durango olhou para a porta de seu escritório e sorriu logo que viu Beth chegar, até então não tivera oportunidade de agradecê-la sobre a festa e a hospitalidade do final de semana.

Mas antes que ele abrisse a boca para falar qualquer coisa, ela disse com simpatia, mas em tom urgente e preocupada.

— Paul acabou de me ligar e disse que um Dodge Durango muito parecido com o seu acabou de passar por ele se dirigindo a Bozeman.

Desconfiado, Durango sentou ereto na cadeira e franziu a testa. Tinha recém-adquirido o costume de ir trabalhar com o carro da companhia para não deixar Savannah sem meio de locomoção.

— Ele disse que era o meu Dodge Durango?

— Ele disse que se parecia muito, só isso, O que o preocupa é a tempestade que está se aproximando.

Durango também se preocupava com a tempestade, afinal, passou a manhã ligando para avisar a Savannah da mudança do tempo, e ela não mencionou nada sobre sair naquele dia. Por que razão ela estaria se dirigirindo à cidade?

— Mas talvez não seja o seu carro, somente um outro qualquer, parecido — Beth tentava acalmá-lo, mas sem sucesso. De qualquer maneira, ele não gostou da notícia e se preocupou tanto quanto Paul e Beth.

Nervoso, Durango, resolveu ligar para casa. A cada toque de telefone não atendido ele ficava mais tenso, já à beira de entrar em pânico. Ligou então para o celular dela, e depois de não obter nenhuma resposta, colocou o fone no gancho e olhou para Beth, que também estava apreensiva. Uma nevasca em Montana não era brincadeira, e imaginar Savannah lá fora e sozinha, era o mesmo que um pesadelo. Ele se levantou e perto da porta do escritório disse a Beth:

— Vou atrás dela. Preciso encontrar Savannah antes que a nevasca comece.

— Avise-me quando encontrá-la.

— Avisarei — disse por cima dos ombros e saindo com pressa.

Agora não é hora de entrar em pânico, Savannah repetia diversas vezes para si mesma. Ela estava dirigindo com bastante dificuldade. Os flocos de neves se avolumavam cada vez mais cobrindo todo o pára-brisa, impossibilitando que ela continuasse na estrada.

Ciente de que nao poderia seguir por nem mais tim centímetro com o carro de Durango, resolveu estacionar no acostamento, desligar o motor e ligar pelo celular para Durango, mas não ccnseguiu contatá-lo. Sem o calor do motor, não demorou para que coneçasse a tremer de frio. Procurou pela manta de lã embaixo do próprio assento e a enrolou em volta dos ombros. Relaxou em função do calor providencial, porém por pouco tempo. Não sabia até quando continuaria a salvo isolada naquela circunstância. Seria suicídio sair e voltar a pé, ainda mais sem ter a certeza de que distância se encontrava de casa. Ela sabia que não podia se aventurar. O jeito era esperar que a nevasca diminuísse ou que alguém a socorresse.

Durango entrou na estrada que seguia para Bozeman a partir de sua casa e passdos dez minutos, parou o carro ao lado de um carro estacionado no acostamento. Era um Dodge Durango. Seu coração disparou. Saiu correndo do jipe sem pensar em nada, ignorou os grandes flocos de neve seu rosto, segurou o ar assim que abriu a porta e ficou apavorado. Savannah estava deitada nos bancos da frente, enrolada na manta. Ela estava desacordada. Durango prccurou alcançá-la e tocá-la e a primeira coisa que notou foi uma mala e a bolsa da câmera no piso. Para Onde ela iria? Por que estava indo embora?

— Savannah? Meu amor! Você está bem? O que está acontecendo?— Durango perguntou sentindo que ela estava gelada sem reação. Sem obter resposta, Durango entrou em pânico.

Ele a pegou nos brços, protegeu seu rosto com o casaco aberto, pensando em correr com ela para o hospital, mas isso significava mais meia hora em uma estrada perigosa. Preferiu usar seu treinamento em pronto-socorro até levá-la para algum lugar quente. Por não estarem muito longe de casa, voltaria, e no caminho, se pudesse, alcançaria Trina através do celular ou em casa. Havia falado há pouco com ela, que atendia ao chamado médico pela redondeza na casa dos Marshall, cujo bebê escolhera justo aquela noite de forte nevasca para nascer.

A casa de Durano seria caminho para quando Trina voltasse, isso se ela já não tivesse saído. Assim que acomodou Savnnah no carro, Durango se apressou e não pensava em outra coisa a não ser em sua mulher e no bebê. Mal podia entender o motivo que a fizera partir, mas agora que a tinha encontrado, jamais a deixaria escapar de novo.

— E você tem certeza de que ela e o bebê ficarão bem, Trina?

Trina fez sinal para que saíssem até o corredor antes de dizer qualquer coisa.

— Sim, os dois estão bem. Verifiquei o batimento cardíaco e ele estão forte como antes. É uma criança resistente essa de vocês.

Durango estava completamente pálido quando chegara com ela diante de Trina. Caso houvesse alguma dúvida de que o casamento deles fosse por causa da gravidez de Savannah, tal dúvida teria sido dissipada na nevasca, O que se via era um homem verdadeiramente apaixonado por sua mulher.

Notando que com o que dissera apaziguara a tensão de Durango, Trina continuou:

— Estou feliz que a tenha encontrado, e a trazido até aqui. Não quero nem pensar no que poderia ter acontecido. Ter dado chá foi muito bem pensado. Parece-me que Savannah sabia que o monóxido de carbono do escapamento poderia envenená-la e não usou o calor do motor ligado para se aquecer. Que bom que não houve sérios riscos.

Durango concordou balançando a cabeça, pois também estava muito feliz.

— Por quanto tempo mais ela dormirá? — perguntou um pouco mais aliviado.

— Por algumas horas. Deixe-a descansar — Trina disse vestindo o casaco depois que o viu tranqüilizado.

— Tem certeza de que prefere sair nesse tempo? Você pode ficar e esperar um pouco aqui comigo até a nevasca amenizar.

Trina sorriu dizendo:

— Obrigada, mas conheço tudo aqui como a palma da mão. Esqueceu que cresci nessa terra? Além do que, moro perto. Ficarei bem, não se preocupe. Prometo ligar quando chegar.

Durango sabia que não podia falar mais nada para Patrina Foreman que a fizesse mudar de idéia. Penny sempre dizia qie “teimosia” era o segundo nome de Trina. Ele a agradeceu:

— Obrigado por tudo, Trina. Como posso recompensá-la?

—Você já pagou, Durango. Desde que você chegou à região, tem sido um bom amigo com quem eu e Perry sempre pudemos contar. Além de você, McKinnon e Beth, o pessoal daqui também sempre oferece muito apoio. Vocês me ajudaram a não perder minha vida e minha casa. Sempre serei grata por isso.

Ela sorriu e continuou dizendo:

— Perry e eu fomos felizes juntos por cinco anos. A única coisa que me arrependo é de não ter tido um filho com ele. Daí teria algo dele nesse mundo sempre a meu lado, algo que me fizesse lembrar dele para sempre. Mas você tem essa chance, Durango. Tem a mulher que ama e a criança que ela está gerando. Cuide bem deles.

Uma hora e pouco depois, Durango ficou parado em frente à janela sem ver quase nada das montanhas devido a nevasca. Sentiu-se sossegado por ter recebido o telefone de Trina, já segura em casa, e também por ter avisado ao pessoal do departamento que Savannah estava bem. Suspirou descansado do susto que sofrera, no momento que baixou os olhos encontrou o documento sobre a mesa da sala, com tudo o que pedira a Jared para redigir oficialmente. Releu tudo e era tão pôde concluir o que teria feito Savannah decidir partir. E agora? Como ele a convenceria a ficar?

Passou os olhos pela sala e previu um lugar frio, cinza e sem vida sem Savannah por perto. Não importava o que ele faria, imploraria a ela de joelhos, pois o certo é que ele não deixaria mais que aquele episódio se repetisse. Custasse o que custasse, ele se recusaria a se afastar do amor de sua vida.

Savannah forçou os olhos e despertou mesmo sem estar preparada para o fim do sonho que estava tendo, em que Durango tinha acabado de tirar suas roupas e começado a beijá-la. Mas um ruído a despertou. Procurou se ambientar, olhou para os lados e mais uma vez mantendo o quarto aquecido, lá estava o homem que a amava ajoelhado de frente para a lareira e cuidando dela. Ela suspirou profundamente com o peito apertado de tanta dor. Lembrou-se de ter feito as malas e de tentar sair da casa onde não era amada, às pressas para o aeroporto antes que a forte nevasca chegasse. Como é que agora estava de volta a um lugar onde não era quista? Tal sensação foi tão agonizante que soltou um murmúrio denso dentro de si mesma, mas que chegou aos ouvidos de Durango. Ele atendeu e se virou para ela mantendo o olhar parado e hipnotizado com força suficiente para deixá-la sem ar.

Ela o observava em pé e depois quando lentamente começou a se aproximar da cama, ainda com o olhar penetrando nela.

— Você estava me deixando — disse em tom inquisitivo — Você estava realmente me deixando.

Savannah suspirou. Era óbvio que ele estava com o orgulho ferido, desacostumado a mulheres que o abandonassem.

— Você não me queria mais aqui — disse de forma suave, sem saber mais o que dizer. — Achei que seria melhor partir.

— Você pensou que eu não a quisesse mais por causa do documento enviado por Jared? — aproveitando que ela não respondera a pergunta rápido o suficiente, continuou. — Pois se enganou sra. Westmoreland.

Savannah piscou várias vezes os olhos, pois não soube o que pensar. Por todas as semanas que estiveram casados, ele nunca se dirigira a ela assim, também pudera, um título provisório não precisava ser lembrado. E por que a chamava por aquele nome agora?

— Enganei-me?

— Sim, se enganou. Achei que tudo explicado em um documento oficial era o que você queria, mas agora vejo que não.

— Não importa — ela disse sem forças tentando segurar as lágrimas.

Ele se aproximou e sentou ao lado na cama pegando em sua mão e dizendo:

— Importa sim, Savannah, e muito. Importo-me com você.

Ela deu de ombros fazendo pouco caso e dizendo:

— O bebê importa para você.

— É verdade, o bebê importa para mim tanto quanto para você. Mas você também, Savannah. Importo-me com você porque eu te amo.

Sem ar, estática com seus lindos olhos arregalados, ela não podia acreditar. Ele queria reiterar qual era seu desejo mais profundo, determinado a fazê-la acreditar e aceitá-lo.

— Eu te amo. Seria perda de tempo explicar quando isso aconteceu exatamente, mas como temos todo o tempo do mundo, pode me perguntar se quiser. — Disse sorrindo e se deitando ao lado dela na cama.

— Quando? — Savannah perguntou sem conseguir proferir mais nada.

Ele parou como se procurasse as palavras certas:

— Acho que foi quando me atrasei para o ensaio do casamento e a vi conversando com Jéssica. Entreolhamos-nos e a partir daí, fui fisgado. Antes pensei que fui lascivo, mas agora sei que foi amor. A luxúria não seria suficiente para eu fazer sexo sem camisinha com nenhum tipo de mulher, embriagado ou não, Savannah. E quando fizemos nosso sexo, senti pela primeira vez uma urgência e sede de eclodir dentro de você.

Ele sorriu.

— Com ou sem pílula, é claro que você tinha que estar grávida. Agora, quando me lembro de como foi, a surpresa seria se você não estivesse. Estávamos muito ardentes e dispostos a nos enlaçar naquela noite. Não foi intencional, mas tinha que ser assim. E independente do que você sente por mim, eu te amo.

Ele se levantou um pouco para aproximar-se mais dela e disse:

— Semanas antes de nos casarmos, você me perguntou o porquê da fobia com mulheres da cidade. Nunca lhe dei uma resposta, mas talvez agora seja a hora.

E Durango seguiu a próxima meia hora contando sua história com Tricia, a mulher pela qual ele achou ser a única por quem tivesse se apaixonado, e como ela o usou como um fantoche, jogando fora e com deboche todo o amor que pensava sentir por ela.

— Eu pensei realmente que fosse incapaz de me apaixonar por outra mulher novamente, de tanto medo de me machucar e passar por tudo de novo, principalmente se tratando de uma mulher vinda da cidade.

Ele riu de si mesmo, lembrando-se da primeira noite que viu Savannah.

— No primeiro momento que a vi, logo percebi que você era tipicamente urbana, mas isso não foi obstáculo nenhum para que eu me apaixonasse à primeira vista por você, Savannah.

Ele a fitou deitada na cama, olhou fundo em seus olhos e disse:

— Não importa o que aquele documento diga, eu amo muito você. Muito mesmo.

Savannah também sentiu que estava curada de uma ferida doída e por mais que desacreditasse completamente no amor, ambos se transformaram para o melhor.

Ela sentiu as lágrimas escorrerem pela face e quis desesperadamente enxugá-las, mas Durango se adiantou e as lambeu. Quando se afastou, aumentou a área dos olhos franzindo a testa como se estivesse sendo pego de surpresa.

— Achei que todas as lágrimas fossem salgadas, mas as suas são doces. Há algo quc não seja perfeito em você?

Savannah soltou um leve choro e com seus braços enlaçou Durango pelo pescoço em um desabafo:

— Eu também te amo, e a partir do mesmo momento que você se apaixonou por mim.

Ele sorriu brevemente e soltou-se dela. Levantou-se da cama e disse:

— Então só nos resta uma coisa a fazer — alcançou o documento no criado-mudo e o jogou no fogo da lareira. Os dois observaram o papel virar cinza.

Savannah não tirava os olhos dele que vinha com passos insinuantes e tirando a camisa. Seu coração mal se continha quando ele então tirou a calça jeans já a seu lado.

— Sei que provavelmente está muito exausta para fazer amor, mas preciso tê-la em meus braços Savannah. Preciso do seu calor, do seu amor, e de que me prometa nunca mais me deixar.

Ela começou a ficar com água na boca assim que ele entrou para debaixo das cobertas. Ele a puxou para si, abraçados e colados ela disse:

— Não o deixarei, Durango. Quero você para o resto da vida e... não estou cansada.

Ele sorriu carinhoso dizendo:

— Também quero você para toda a vida mas está cansada sim. Só não sabe disso.

Então eles grudaram os lábios em um beijo intenso por estarem diante da descoberta do grande amor de suas vidas. O que seria um casamento de aparências prometia agora, ser único e eterno.

— Então, sra. westmoreland se manterá casada comigo na alegria e na tristeza?

Ela sorriu e emocionada disse:

— Sim, me manterei casada com você, mas suspeito que todos os dias serão na alegria.

Ele se espichou deitado ao lado dela e depois de beijá-la sussurou no ouvido dela:

— Eu cuidarei disso.

 

                                                           EPÍLOGO Savannah olhou em volta da sala e viu mais Wstmorelands do que imaginava ter encontrado no cas mento de Jéssica. Mesmo sabendo que se tratava de uma família grande, não fazia idéia que era tão numerosa assim.

As boas-vindas da família ao casamento passou de uma simples reunião para uma festa em grande estilo, além de contar, para a surpresa de Savannah, com a presença de seus avós vindo da Filadélfia.

— Sei como se sente, minha querida — Dana Rol lin Westmoreland se chegou ao seu lado para dizer-lhe — A primeira vez que Jared me apresentou a todos achei que não fosse uma família, mas que estivesse diante dos habitantes de uma cidade, todos ligados em duzentos e vinte volts.

Savannah riu e se identificou com o comentário. Olhou mais uma vez pelo salão e encontrou Tara Westmoreland, casada com Thorn, primo de Durango, que também se aproximou e disse:

— Parece que Durango resolveu convidar toda a civilização dos Westmoreland.

— Oh! Savannah disse imaginando o porquê.

Percebendo a preocupação de Savannah de estar sendo o alvo da atenção de todo e de uma série de perguntas, Tara Westmoreland sentiu que deveria ajudá-la e resolveu dizer:

— Tenho certeza de que quando forem falar com você, não demorará muito. Enquanto isso, alguém já lhe disse como eu e Thorn nos conhecemos?

Savannah sorriu:

— Não, mas depois de conhecê-lo, imagino que deve ter sido bem interessante.

— Sim, e foi mesmo. Venha, vou lhe contar. Que tal você e Dana reunirem as mulheres para prosearmos histórias na cozinha? Se os garotos têm tempo para cochichar, nós também podemos.

Depois de chamarem Delaney, Shelly, Madison, Jéssica, Casey e Jayla, as mulheres casadas ou não da família Westmoreland foram para a cozinha contar suas histórias de amor e como conheceram seus maridos.

— Está bem, estou vendo pontos de interrogação estampados na testa de todos aqui. O que querem saber? Podem mandar bala — Durango falava com os homens que o emboscaram no meio da roda dos familiares inquisidores.

Stone foi o primeiro a se manifestar:

— Sabemos que não temos nada com sua vida amorosa, Durango mas do jeito que o conhecemos, por que motivo você resolveu se casar?

Durango, no centro das atenções, balançou a cabeça e reconheceu que sua união seria difícil de ser explicada; a família o extrairia até a última gota de argumento. Então preferiu soltar logo a bomba sabendo que alguns já suspeitavam qual seria a resposta.

— Savannah está grávida. Porém — ele continuou antes que intervenções desnecessárias surgissem —, mesmo que essa gravidez tivess sido pretexto para nos casarmos, agora já não é mais.

Spencer Westmoreland levantou suas grossas sobrancelhas e interveio:

— Não mais?

— Não. Estou apaixonado por ela, e ela por mim. Teremos um bebê em setembro e estamos muito felizes.

Na sala, alguns homens eram compreensivos, talvez por saberem da facilidade de se apaixonarem quando se trata da mulher certa, ruas Durango percebeu que alguns mantinham olhares desconfiados.

— E você espera que acreditmos que um mulherengo invicto e orgulhoso como você, se apaixonou assim, da noite para o dia, por aguém? — pergtrntou Quade Westmoreland.

— Acontece — Durango dis sorrindo.

— Concordo — acrescentrou Storm Westrnoreland, que por um tempo fora o homem solteiro mais cobiçado da cidade, inclusive, apelidado como “o Desastre Perfeito”. Ele olhou rara todos a seu redor como se segurasse uma verdade suprema em sua fala, encontrando um aliado na expressão de seu cunhado Sheik Jamal Yasir, que também dizia:

— Todos aqui conhecem minha história, e ainda assim Jayla fisgou meu coração — ele lembrou a todos.

Thorn Westmoreland riu.

— E vocês também sabem o que Tara significa para mim.

Todos os homens presentes realmente não duvidavam o quanto Tara tinha mudado a vida de Thorn, vencendo as frustrações do passado e resistindo para que o amor entre eles vencesse.

— E você se sente um homem feliz estando casado, Durango? Sem arrependimentos? — Reggie Westmoreland perguntou precisando entender melhor.

Durango decidiu falar abertamente a todos, olhando em seus olhos:

— Estou feliz e sem arrependimentos. Vocês viram Savannah, digam qual homem não estaria feliz casado com ela? E ela é tão linda por fora quanto por dentro. Eu preciso dela em minha vida por ser a única mulher que fez meu coração respirar de novo.

Todos os presentes finalmente acreditaram nele. Por mais incrível que pudesse ser, Durango Westmoreland tinha caído nas garras do amor. Infelizmente, essa não era uma notícia muito alegre para os solteiros restantes da família Westmoreland, que não tinham nem previsão em suas agendas para se apaixonarem. Para eles, pensarem compromisso era tão absurdo quanto ver neve cair no verão.

— Parabéns e seja bem-vindo às delícias do matrimônio — disse Chase Westmoreland, dando tapinhas nas costas de Durango.

— Obrigado, Chase.

E assim seguiram vários cumprimentos. até que lan perguntou seriamente a grande questão:

— E quanto a nós, que não temos vontade nenhuma de trilhar o mesmo caminho?

Durango olhou para o irmão com um sorriso no rosto e disse:

— Detesto dizer-lhe isto, mas dúvido que algum homem esteja a salvo. Repetirei as palavras que um homem mais velho e sábio me disse uma vez: “Não importa o quanto seu coração seja de pedra ou aço, ele virará um pudim quando colocado nas mãos da mulher certa.”

Jared Westmoreland riu e levara tcu a taça de vinho saudando Durango e dizendo:

— Depois disso, meus caros homens, caso encerrado.

Dare Westmoreland que tinha se mantido calado por todo o tempo, sorriu e depois de observar toda a sala com o os seis Westmoreland solteiros concluiu lançando o próximo desafio:

— Agora, enfrentamos o grade dilema: qual de vocês será o próximo?

 

                                                                  Brenda Jackson

 

 

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