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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


AGENTES DO DESTINO / Philip K. Dick
AGENTES DO DESTINO / Philip K. Dick

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                   

 

 

Biblio VT

 

 

 

 

Era uma manhã radiante. O sol brilhava nos gramados úmidos e nas calçadas, refletindo sobre os carros estacionados. O Secretário veio caminhando apressado, folheando suas instruções, virando páginas e franzindo a testa. Ele parou em frente à pequena casa de estuque verde por um momento, e então voltou a andar, entrando no quintal.
O cachorro estava dormindo em sua casinha, de costas para o mundo. Apenas sua fina cauda aparecia.
“Pelo amor de Deus,” o Secretário exclamou, com as mãos na cintura. Ele bateu seu lápis mecânico ruidosamente contra a prancheta. “Você aí, acorde.”
O cão se remexeu. Ele veio lentamente para fora da casinha, a cabeça primeiro, piscando e bocejando no sol da manhã. “Oh, é você. Mas já?” Ele bocejou novamente.
“Grandes acontecimentos.” O Secretário correu um dedo experiente para baixo da folha de controle de tráfico. “Eles estão ajustando o Setor T137 nesta manhã. Começando exatamente às nove horas.” Ele olhou para o seu relógio de bolso. “Uma alteração de três horas. Estará terminada ao meio-dia.”
“T137? Não é muito distante daqui.”
Os lábios finos do Secretário retorceram-se com desprezo. “Realmente. Você está demonstrando uma perspicácia surpreendente, meu amigo preto peludo. Talvez você possa adivinhar por que eu estou aqui.”
“Nós nos sobrepomos com o T137.”


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“Exatamente. Elementos deste setor estão envolvidos. Nós devemos nos certificar de que eles estejam propriamente colocados quando o ajuste iniciar.” O Secretário olhou de volta para a casa de estuque verde. “Sua tarefa particular diz respeito ao homem ali. Ele está empregado em um estabelecimento comercial que está no Setor T137. É essencial que ele esteja lá antes das nove horas.”
O cão estudou a casa. As persianas estavam levantadas. A cozinha estava acessa. Além das cortinas com laços, formas escuras podiam ser vistas, mexendo-se em volta da mesa. Um homem e uma mulher. Eles estavam tomando café.
“Ali estão eles,” o cão murmurou. “O homem, você diz? Ele não será ferido, será?”
“É claro que não. Mas ele precisa estar no escritório cedo. Usualmente ele não sai até depois das nove. Hoje ele precisa sair às oito e meia. Ele precisa estar no setor T137 antes do processo iniciar, ou ele não será alterado para coincidir com o novo ajuste.”
O cão suspirou. “Isso significa que eu tenho que convocar.”
“Correto.” O Secretário checou sua folha de instruções. “Você deve convocar precisamente às oito e quinze. Você entendeu isso? Oito e quinze, e não depois.”
“O que a convocação das oito e quinze vai trazer?”
O Secretário abriu seu livro de instruções, examinando as colunas de códigos. “Ela vai trazer Um Amigo com um Carro. Para leva-lo ao trabalho mais cedo.” Ele fechou
o livro e cruzou os braços, preparando-se para aguardar. “Dessa forma ele vai chegar ao escritório quase uma hora antes. O que é vital.”
“Vital,” o cão murmurou. Ele estava deitado, com metade do corpo dentro da casinha. Seus olhos fecharam. “Vital.”
“Acorde! Isso deve ser feito exatamente no horário. Se você convocar muito cedo, ou muito tarde –”
O cão acenou afirmativamente com a cabeça sonolento. “Eu sei. Eu vou fazer direito. Eu sempre faço isso direito.”
Ed Fletcher colocou mais creme em seu café. Ele suspirou, inclinando de volta em sua cadeira. Atrás dele o fogão assobiava suavemente, enchendo a cozinha de vapores
quentes. A luz amarela sobre suas cabeças projetava-se para baixo.
“Outro bolinho?” Ruth perguntou.
“Eu estou satisfeito. ” Ed bebeu seu café. “Você pode comer.”
“Tenho de ir.” Ruth ficou de pé, soltando o seu robe. “Hora de ir trabalhar.”
“Mas já?”
“Certamente. Seu vagabundo sortudo! Queria eu poder ficar sentada por ai.” Ruth moveu-se em direção ao banheiro, correndo seus dedos pelos longos cabelos. “Quando
você trabalha para o governo você começa cedo.”
“Mas você sai do trabalho mais cedo.” Ed lembrou. Ele abriu o Chronicle, examinando a folha de esportes. “Bem, tenha um bom dia hoje. Não digite nada errado, nenhuma
entrada duplicada.”
A porta do banheiro fechou, quando Ruth derrubou seu robe e começou a se vestir.
Ed bocejou e olhou para cima para o relógio sobre a pia. Muito tempo sobrando. Não era nem oito horas. Ele tomou mais café e então esfregou seu queixo áspero. Ele
tinha que fazer a barba. Ele espreguiçou preguiçosamente. Daqui há dez minutos, talvez.
Ruth passou apressada, em roupas íntimas, em direção ao quarto. “Eu estou atrasada.” Ela correu, pegando sua blusa e saia, sua meia calça e seus pequenos sapatos
brancos. Finalmente ela inclinou-se e o beijou. “Até logo, querido. Eu vou fazer as compras à tarde.”
“Até logo.” Ed baixou seu jornal e colocou seus braços em volta da cintura fina da esposa, abraçando ela afetuosamente. “Você cheira bem. Não vá flertar com o chefe.”
Ruth correu para a porta da frente, com os saltos fazendo barulho pelos degraus. Ele ouviu o ruído dos saltos diminuindo pela calçada.
Ela tinha ido. A casa estava silenciosa. Ele estava sozinho.
Ed levantou, empurrou a cadeira de volta. Ele vagou preguiçosamente até o banheiro, e pegou sua lâmina de barbear. Oito e dez. Ele lavou o rosto, esfregou com creme
de barbear, e começou a se barbear. Ele barbeava-se com prazer. Ele tinha muito tempo sobrando.
O Secretário inclinou a cabeça sobre seu relógio de bolso, lambendo os lábios nervosamente. Suor escorria de sua testa. A segunda mão tiquetaqueava impacientemente.
Oito e quatorze. Quase na hora.
“Fique pronto!” O Secretário disparou. Ele estava tenso, seu pequeno corpo rígido. “Dez segundos para ir!”
“É hora!” o Secretário gritou.
Nada aconteceu.
O Secretário virou, com os olhos cheios de horror. Da casinha uma pequena cauda aparecia. O cão tinha voltado a dormir.
“É hora!” o Secretário gritou. Ele chutou selvagemente a traseira peluda. “Em nome de Deus –”
O cão mexeu-se. Ele saltou para fora da casinha. “Meu Deus.” Embaraçado, ele fez seu caminho rapidamente para a cerca. Ficando de pé em suas patas traseiras, ele
abriu sua boca num latido “Woof!” ele convocou. Ele olhou desculpando-se para o Secretário. “Eu peço perdão. Eu não consigo entender como –”
O Secretário o encarou fixamente para o relógio. Puro terror gelou seu estomago. Os ponteiros mostravam oito e dezesseis. “Você falhou,” ele ralhou. “Você falhou!
Seu vira lata pulguento miserável! Você falhou!”
O cão caiu nas quatro patas e voltou ansiosamente. “Eu falhei, você disse? Quer dizer que o momento da convocação estava –”
“Você convocou muito tarde.” O Secretário guardou seu relógio lentamente, com uma expressão vítrea. “Você convocou muito tarde. Nós não conseguimos Um Amigo com
um Carro. Não há como saber o que virá no lugar. Em tenho medo de esperar para ver o que as oito e dezesseis irá trazer.”
“Eu espero que ele chegue ao Setor T137 em tempo.”
“Ele não chegará,” o Secretário lamentou. “Ele não estará lá. Nós cometemos um engano. Nós fizemos tudo errado!”
Ed estava enxaguando o creme de barbear de seu rosto quando o som abafado do latido do cão ecoou pela casa silenciosa.
“Maldição,” Ed murmurou. “Acordou metade do quarteirão.” Ele enxugou o rosto, escutando. Estaria vindo alguém?
Uma vibração. Então –
A campainha tocou.
Ed saiu do banheiro. Quem poderia ser? Teria Ruth esquecido algo? Ele vestiu rapidamente uma camisa branca e abriu a porta da frente.
Um jovem radiante, com o rosto suave e ansioso, sorriu alegremente para ele. “Bom dia senhor.” Ele acenou tocando o chapéu. “Eu sinto incomodá-lo tão cedo – ”
“O que você deseja?”
“Eu sou da Companhia Federal de Seguro de Vida, eu estou aqui para tratar com o senhor sobre –”
Ed empurrou a porta. “Eu não quero nada. Estou com pressa. Tenho que chegar no trabalho.”
“Sua esposa disse que essa é a única hora em que posso encontra-lo.” O jovem homem pegou sua pasta, segurando a porta aberta. “Ela pediu que eu viesse aqui especificamente
assim cedo. Nós não costumamos iniciar nosso trabalho nesse horário, mas como ela pediu para mim, eu fiz essa concessão especial para ela.”
“OK.” Suspirando cansado, Ed permitiu que o jovem homem entrasse. “Você pode explicar suas condições enquanto eu me visto.”
O jovem homem abriu sua pasta no sofá, tirando montes de panfletos e folders ilustrados. “Eu gostaria de mostrar alguns desses materiais, se possível. Seria de grande
importância para você e sua família – ”
Ed encontrou-se sentando, indo em direção aos panfletos. Ele comprou uma apólice de dez mil dólares para sua esposa e então liberou o jovem homem. Ele olhou para
o relógio. Praticamente nove e meia!
“Maldição.” Ele chegaria atrasado ao trabalho. Ele terminou de dar o nó na gravata, pegou o paletó, desligou o fogão e as luzes, jogou os restos dos pratos na pia,
e correu para a varanda.
Enquanto corria para o ponto de ônibus ele praguejava internamente. Vendedor de seguros de vida. Por que cargas d’água ele tinha que vir justo quando estava se aprontado
para sair?
Ed gemeu. Ele não sabia que consequências teria chegar ao escritório atrasado. Ele não chegaria lá até pelo menos às dez horas. Ele ficou ansioso antecipando. Um
sexto sentido lhe dizia algo. Algo ruim. Que era um péssimo dia para chegar atrasado.
Se pelo menos o vendedor não tivesse aparecido.
Ed saltou do ônibus a um quarteirão do seu escritório. Ele começou a caminhar rapidamente. O grande relógio na frente da Joalheria Stein lhe dizia que era quase
dez horas.
Seu coração ficou pesado. O Velho Douglas iria infernizá-lo com certeza. Ele podia visualizar isso agora. Douglas bufando e soprando, com o rosto vermelho, balançando
seu dedo na sua cara; A senhoria Evans, sorrindo atrás da máquina de escrever; Jackie, o Office Boy, sorrindo e abafando uma risada; Earl Hendricks; Joe e Tom; Mary,
com os olhos escuros, peito estufado e cílios compridos. Todos fazendo piadas com ele pelo resto do dia.
Ele foi até a esquina e parou esperando pelo sinal. Do outro lado da rua erguia-se um grande prédio de concreto branco, uma torre de aço e cimento, vigas e janelas
de vidro – o prédio de escritórios. Ed estremeceu. Talvez ele pudesse dizer que ficou preso no elevador, em algum lugar entre o segundo e o terceiro andar.
A luz do sinal de pedestres mudou. Ninguém mais estava atravessando. Ed atravessou sozinho. Ele olhou para a o meio-fio no lado mais distante –
E parou, rígido.
O sol deu uma piscada. Um momento atrás ele estava radiante. Em seguida tinha sumido. Ed olhou para cima bruscamente. Nuvens cinza giravam sobre ele. Enormes nuvens
sem forma definida. Nada mais. Uma bruma intensa e sinistra que fazia tudo vacilar e escurecer. Calafrios inquietantes percorriam seu corpo. O que era isso?
Ele avançou cuidadosamente, sentindo seu caminho através da névoa. Tudo estava em silêncio, nenhum som – nem mesmo sons do trânsito. Ed olhou freneticamente em torno,
tentando ver através da névoa que se desenrolava. Nenhuma pessoa. Nenhum carro. Nenhum sol. Nada.
O prédio de escritórios elevava-se à sua frente, fantasmagoricamente. Estava com um cinza indistinto. Ele estendeu sua mão incerto –
Uma sessão do prédio se desmanchou. Ela derreteu, em uma torrente de partículas. Como areia. Ed ficou completamente boquiaberto. Uma cascata de partículas cinzas,
estava se esparramando sobre seus pés. E onde ele tinha tocado o prédio, uma cavidade dentada se abriu – um buraco horrível estragando o concreto.
Aturdido, ele correu para os degraus na frente. Ele subiu neles. Os degraus cederam sobre seu peso. Seu pé afundou. Ele estava patinhando sobre areia que se movia,
e coisas fracas que se desmanchavam sobre seu peso.
Ele chegou ao salão de entrada. O salão estava escuro. As luzes acima de sua cabeça tremiam debilmente na escuridão. Uma mortalha de incerteza estava cobrindo tudo.
Ele espiou o estande de cigarros. O vendedor inclinava-se silenciosamente, encostado no balcão, com um palito entre os dentes, com o rosto vago. E cinza. Ele estava
todo cinza.
“Ei,” Ed coaxou. “O que está acontecendo?”
O vendedor não respondeu. Ed foi em direção a ele. Sua mão tocou o braço cinza do vendedor – e passou através dele.
“Meu Deus,” Ed disse.
O braço do vendedor ficou solto e caiu no chão do salão, desintegrando-se em fragmentos. Pedaços de fibra cinza. Como poeira. Os sentidos de Ed cambalearam.
“Socorro!” ele gritou, encontrando sua voz.
Nenhuma resposta. Ele olhou em volta. Algumas formas permaneciam aqui e ali: um homem lendo um jornal, dois homens esperando o elevador.
Ed foi em direção ao homem. Ele o alcançou e o tocou.
O homem lentamente colapsou. Ele caiu formando uma pilha de pó cinza. Poeira. Partículas. Os dois homens dissolveram quando ele os tocou. Silenciosamente. Eles não
fizeram som algum quando se desmancharam.
Ed encontrou as escadas. Ele segurou o corrimão e subiu. As escadas começaram a colapsar sobre ele. Ele correu. Atrás dele ficou um caminho partido – suas pegadas
claramente visíveis no concreto. Nuvens de cinzas subiam em torno dele quando chegou ao segundo andar.
Ele olhou para o corredor silencioso. Ele viu mais nuvens de cinzas. Ele não ouvia nenhum som. Havia apenas escuridão – uma escuridão envolvente.
Ele escalou instavelmente para o terceiro andar. Por uma vez seu pé passou completamente pela escada. Por um segundo ele ficou pendurado, suspenso sobre um buraco
que ia para baixo em um nada sem fundo.
Então ele continuou escalando, e emergiu na frente de seu próprio escritório. IMOBILIÁRIA DOUGLAS E BLAKE.
A sala estava escura, embaçada com nuvens de cinza. As luzes sobre sua cabeça tremiam irregularmente. Ele alcançou a maçaneta da porta. A maçaneta saiu em sua mão.
O vidro da porta caiu quebrando em partículas. Ele empurrou a porta e entrou em seu escritório vazio.
A senhorita Evans sentava em sua máquina de escrever, com os dedos descansando silenciosamente sobre as teclas. Ela não se movia. Ela estava cinza, seu cabelo, sua
pele, suas roupas. Ela estava sem cor. Ed a tocou. Seus dedos passaram por seu ombro, atravessando flocos secos.
Ele recuou, enjoado. A senhorita Evans não se moveu.
Ele avançou. Ele encostou-se sobre uma mesa. A mesa colapsou desmanchando-se em poeira. Earl Hendricks estava parado perto do bebedouro, com um copo em sua mão.
Ele era uma estátua cinza, imóvel. Nada se movia. Nenhum som. Nenhuma vida. O escritório inteiro era poeira cinza – sem vida ou movimento.
Ed encontrou-se no corredor novamente. Ele balançou sua cabeça, aturdido. O que isso significava? Ele estava enlouquecendo? Ele estava –?
Um som.
Ed virou-se, olhando para a névoa cinza. Uma criatura estava vindo, correndo rapidamente. Um homem, um homem com um robe branco. Atrás dele vinham outros. Homens
de branco, com equipamentos. Eles estavam carregando máquinas complexas.
“Ei –” Ed engasgou sem forças.
Os homens pararam. Suas bocas se abriram. Seus olhos arregalaram-se.
“Olhem!”
“Algo saiu errado!”
“Um deles ainda está carregado.”
“Pegue o desenergizador.”
“Nós não podemos continuar até –”
Os homens foram em direção à Ed, movendo-se em torno dele. Um moveu uma grande mangueira com algum tipo de bocal. Um carrinho portátil veio movendo-se atrás. Instruções
foram rapidamente gritadas.
Ed saiu de sua paralisia. O medo o dominou. Pânico. Algo odioso estava acontecendo. Ele tinha que sair dali. Avisar as pessoas. Fugir.
Ele virou-se e correu, de volta para as escadas. As escadas colapsaram sobre ele. Ele caiu meio lance de escadas, rolando entre montes de cinzas. Ele levantou e
se apressou, correndo pelo chão do corredor.
O salão estava perdido em nuvens cinzentas de poeira. Ele avançou cegamente através delas, em direção à porta. Atrás dele, os homens vestidos de branco estavam se
aproximando, arrastando seu equipamento e gritando um para o outro, apresando-se atrás dele.
Ele chegou à calçada. Atrás dele o prédio de escritórios ondulava e cedia, afundando de um lado, torrentes de cinza formando montes. Ele correu para uma esquina,
os homens logo atrás dele. Nuvens cinzentas giravam em torno dele. Ele tateou seu caminho através da esquina, com as mãos esticadas. Ele chegou no meio fio oposto

O sol piscou acendendo. Luz amarela calorosa do sol incidia sobre ele. Carros buzinavam. Luzes de semáforos mudaram. Por todos lados homens e mulheres em roupas
de verão corriam e empurravam-se: vendedores, um policial de uniforme azul, vendedores com maletas. Lojas, janelas, sinais... carros ruidosos movendo-se para cima
e para baixo na rua...
E sobre sua cabeça estava a luz brilhante do sol e o céu azul familiar.
Ed parou subitamente, engasgando tentando respirar. Ele voltou-se e olhou para trás pelo caminho que tinha feito. Do outro lado da rua estava o prédio de escritórios
– como sempre tinha estado. Firme e distinto. Concreto, vidro e aço.
Ele deu um passo para trás e colidiu com um cidadão apressado. “Ei,” o homem grunhiu. “Cuidado.”
“Sinto muito.” Ed sacudiu a cabeça tentando clareá-la. De onde estava, o prédio de escritórios parecia estar da mesma forma que sempre esteve, grande, solene e substancial,
subindo imponentemente do outro lado da rua.
Mas apenas um minuto atrás –
Talvez ele estivesse louco. Ele tinha visto o prédio colapsando em poeira. O prédio – e as pessoas. Eles tinha caído em nuvens cinzentas de poeira. E os homens de
branco – eles tinham perseguido ele. Homens em roupas brancas, gritando ordens, arrastando equipamento complexo.
Ele estava louco. Não havia outra explicação. Com fraqueza, Ed voltou-se e cambaleou pela calçada, sua mente vagando. Ele moveu-se cegamente, sem propósito, perdido
em uma névoa de confusão e terror.
O Secretário foi trazido para o nível superior do Escritório Administrativo e pediram que esperasse.
Ele caminhou nervosamente para frente e para trás, apertando e torcendo as mãos com uma apreensão agonizante. Ele tirou os óculos e os limpou com as mãos trêmulas.
Deus. Toda a preocupação e pesar. E não era culpa dele. Mas ele deveria ter previsto. Era sua responsabilidade fazer com que os Convocadores saíssem e seguissem
as instruções. Aquele maldito Convocador pulguento voltou para dormir – e ele que deveria estar respondendo por isso.
As portas se abriram. “Tudo bem,” uma voz murmurou, preocupada. Era uma voz cansada, cuidadosa. O Secretário cambaleou e entrou lentamente, suor pingando por seu
pescoço em seu colarinho de celulose.
O Homem Velho olhou para cima, colocando seu livro de lado. Ele estudo o Secretário calmamente, seus olhos azuis levemente desbotados – um profundo, antigo azul
desbotado que fazia com que o Secretário tremesse ainda mais. Ele pegou o seu lenço e limpou a testa.
“Eu compreendo que aconteceu um engano,” o Homem Velho murmurou. “Na conexão com o Setor T137. Alguma coisa a ver com um elemento de uma área adjacente.”
“Isso mesmo.” O voz do Secretário estava débil e rouca. “Muito desafortunado.”
“O que aconteceu exatamente?”
“Eu comecei nesta manhã com minha folha de instruções. O material relativo ao T137 era prioridade máxima, é claro. Eu informei o Convocador em minha área que as
oito e quinze era necessária uma convocação.”
“O Convocador entendeu a urgência?”
“Sim, senhor.” O Secretário hesitou. “Mas –”
“Mas o que?”
O Secretário contorceu-se miseravelmente. “Enquanto eu estava de costas, o Convocador rastejou de volta para sua casinha e dormiu. Eu estava ocupado, checando a
hora exata no meu relógio. Eu chamei no momento – mas não houve resposta.”
“Você chamou as oito e quinze exatamente?”
“Sim, senhor! Exatamente às oito e quinze. Mas o Convocador estava dormindo. Quando eu consegui acordá-lo era oito e dezesseis. Ele convocou, mas no lugar de Um
Amigo com um Carro nós pegamos – Um Vendedor de Seguros de Vida.” O rosto do Secretário retorceu com o desgosto. “O Vendedor manteve o elemento ali até quase nove
e meia. Por consequência, ele chegou atrasado ao trabalho ao invés de chegar cedo.”
Por um momento o Homem Velho ficou em silencio. “Então o elemento não estava no T137 quando o ajustamento teve início.”
“Não. Ele chegou por volta das dez horas.”
“No meio do ajustamento.” O Homem Velho ficou em pé e caminhou lentamente para frente e para trás, com o rosto sombrio e mãos nas costas. “Um sério problema. Durante
um Ajustamento de Setor todos os elementos relacionados de outros Setores precisam ser incluídos. De outra forma, suas orientações permanecem fora de fase. Quando
esse elemento entrou no T137 o ajustamento esteve em progresso por cinquenta minutos. O elemento encontrou o Setor na sua maior parte desenergizado. Ele perambulou
até que um dos times de ajustamento o encontrou.”
“Eles o pegaram?”
“Infelizmente, não. Ele fugiu, para fora do Setor. Em uma área completamente energizada.”
“O que – o que então?”
O Homem Velho parou de andar, seu rosto enrugado sombrio. Ele correu uma mão pesada pelo seu longo cabelo branco. “Nós não sabemos. Nós perdemos contato com ele.
Nós vamos reestabelecer contato em breve, é claro. Mas pelo momento ele está fora de controle.”
“O que nós vamos fazer?”
“Ele deve ser contatado e contido. Ele precisa ser trazido aqui. Não existe outra solução.”
“Aqui em cima!”
“É muito tarde para desenergizá-lo. Quando ele se recuperar ele vai contar aos outros. Simplesmente limpar sua mente poderia apenas complicar as coisas. Métodos
usuais não serão suficientes. Eu mesmo preciso lidar com esse problema.”
“Eu espero que ele seja localizado rapidamente,” o Secretário disse.
“Ele será. Todo Observador foi alertado. Cada Observador e todo Convocador.” Os olhos do Homem Velho piscaram. “Até mesmo os Secretários, apesar de hesitarmos em
contarmos com eles.”
O Secretário corou. “Eu ficarei feliz quando essa coisa terminar,” ele murmurou.
****
Ruth veio saltitando as escadas abaixo para fora do prédio, no calor do sol do meio-dia. Ela acendeu um cigarro e correu ao longo da calçada, seu peito subindo e
descendo enquanto respirava o ar da primavera.
“Ruth.” Ed aproximou-se atrás dela.
“Ed!” Ela girou, engasgando surpresa. “O que você está fazendo longe do – ?”
“Venha.” Ed agarrou seu braço, puxando-a com ele. “Vamos continuar andando.”
“Mas o que –?”
“Eu digo para você mais tarde.” O rosto de Ed estava pálido e sombrio. “Vamos para um lugar onde possamos conversar. Em particular.”
“Eu estava indo almoçar no Louie. Nós podemos conversar lá.” Ruth apressou-se perdendo o fôlego. “O que é isso? O que aconteceu? Você parece tão estranho. E por
que você não está no trabalho? Você foi – você foi demitido?”
Eles atravessaram a rua e entraram em um pequeno restaurante. Homens e mulheres estavam espalhados pelo lugar, almoçando. Ed encontrou uma mesa nos fundos, escondida
num canto. “Aqui.” Ele sentou-se abruptamente. “Pode ser aqui.” Ela deslizou na outra cadeira.
Ed pediu uma xícara de café. Ruth pediu salada e creme de atum com torradas, café e torta de pêssego. Silenciosamente, Ed observou ela comer, seu rosto sombrio e
mal humorado.
“Por favor, conte para mim,” Ruth implorou.
“Você realmente quer saber?”
“É claro que eu quero!” Ruth colocou sua pequena mão ansiosa na dele. “Eu sou sua esposa.”
“Aconteceu algo hoje. Nesta manhã. Eu estava atrasado para o trabalho. Um maldito corretor de seguros apareceu e me reteve. Eu estava meia hora atrasado.”
Ruth prendeu a respiração. “Douglas o despediu.”
“Não.” Ed rasgou lentamente um guardanapo em pedaços. Ele colocou os pedaços no copo de água meio vazio. “Eu estava muito preocupado. Desci do ônibus e corri pela
rua. Eu percebi quando pisei no meio fio da frente do escritório.”
“Percebeu o que?”
Ed contou para ela. A coisa toda. Tudo.
Quando ele finalmente terminou, Ruth recostou-se na cadeira, seu rosto branco, com as mãos tremendo. “Sim, entendo,” ela murmurou.
“Não admiro que você esteja desconcertado.” Ela bebeu um pouco do seu café, a xícara fazendo barulho contra o pires. “Que coisa terrível.”
Ed inclinou-se atentamente em direção à esposa. “Ruth. Você acha que estou ficando louco?”
Os lábios vermelhos de Ruth retorceram-se. “Eu não sei o que dizer. Isso é tão estranho...”
“Sim. Estranho é certamente a palavra que descreve isso. Eu atravessei minhas mãos através deles. Como se fossem barro. Barro velho e seco. Pó. Manequins de pó.”
Ed acendeu um cigarro do pacote de Ruth. “Quando eu saí, olhei para traz e lá estava. O prédio de escritórios. Como sempre esteve.”
“Você estava com medo que o Sr. Douglas gritasse com você, não estava?”
“Certamente. Eu estava com medo – e me sentia culpado.” Os olhos de Ed tremeram. “Eu sei o que você está pensando. Eu estava atrasado e não queria enfrenta-lo. Então
eu tive algum tipo de surto protetor psicótico. Fugi da realidade.” Ele apagou o cigarro selvagemente. “Ruth, eu estive perambulando pela cidade desde então. Duas
horas e meia. Certamente, estava com medo. Eu estou morrendo de medo de voltar.”
“Do Douglas?”
“Não! Dos homens de branco!” Ed estremeceu. “Deus. Me perseguiram. Com suas malditas mangueiras e – equipamentos.”
Ruth estava silenciosa. Finalmente ela olhou para seu marido, com os olhos negros brilhando. “Você tem que voltar, Ed.”
“Voltar? Por que?”
“Para provar algo.”
“Provar o que?”
“Provar que está tudo bem.” As mãos de Ruth pressionaram as dele. “Você tem que voltar, Ed. Você tem que voltar e encarar isso. Para mostrar para você mesmo que
não existe nada para temer.”
“Para o inferno com isso! Depois de tudo que eu vi? Escute, Ruth. Eu vi o tecido da realidade sendo rompido. Eu vi – além. Por baixo. Eu vi o que estava realmente
ali. E eu não quero voltar. Eu não quero ver pessoas feitas de pó novamente. Nunca.”
Os olhos de Ruth estavam fixos intensamente nele. “Eu vou voltar com você,” ela disse.
“Pelo amor de Deus.”
“Pelo seu amor. Pela sua sanidade. Então você vai saber.” Ruth levantou-se abruptamente, colocando o casaco. “Vamos lá, Ed. Eu irei com você. Nós vamos lá juntos.
Para o escritório da Imobiliária de Douglas e Blake. Eu até vou com você ver o Sr. Douglas.”
Ed levantou lentamente, encarando firmemente sua esposa. “Você acha que eu apaguei. Que fiquei com medo. Que não posso encarar o meu chefe.” Sua voz era baixa e contida. “Não acha?”
Ruth já estava fazendo o caminho para o caixa. “Vamos lá. Você vai ver. Eu estarei lá – e vamos ver qual de nós tem razão.”
Eles atravessaram a rua juntos, Ruth segurava apertado o braço de Ed. À sua frente estava o prédio, a alta estrutura de concreto, metal e vidro.
“Aí está.” Ruth disse. “Vê?”
Ali estava, com certeza. O grande prédio subia, firme e sólido, brilhando sob o sol do início da tarde, suas janelas brilhando.
Ed e Ruth pisaram no meio fio. Ed estava tenso, seu corpo rígido. Ele estremeceu quando seu pé tocou o pavimento –
Mas nada aconteceu: os ruídos da rua continuaram; carros, pessoas passando apresadas; um garoto vendendo jornais. Havia sons, cheiros, o ruído da cidade no meio
do dia. E acima de suas cabeças estava o sol e o claro céu azul.
“Vê?” Ruth disse. “Eu tinha razão.”
Eles caminharam os degraus acima, entrando na recepção. Atrás da banca de cigarros, o vendedor estava parado, com os braços cruzados, escutando a transmissão do
jogo de bola. “Olá, Sr. Fletcher.” Ele cumprimentou Ed. Seu rosto se iluminou com bom humor. “Quem é a dama? Sua esposa sabe sobre isso?”
Ed riu vacilante. Eles foram em direção ao elevador. Quatro ou cinco homens de negócio estavam parados aguardando. Eles eram homens de meia idade, bem vestidos,
esperando impacientemente em grupo. “Ei, Fletcher,” um deles disse. “Onde você esteve o dia todo? Douglas está berrando até cair a cabeça.”
“Olá, Earl,” Ed murmurou. Ele agarrou o braço de Ruth. “Estive um pouco doente.”
O elevador chegou. Eles entraram. O elevador subiu. “Olá, Ed” o ascensorista disse. “Quem é a garota bonita? Por que você não apresenta ela?”
Ed sorriu mecanicamente. “Minha esposa.”
O elevador os deixou no terceiro andar. Ed e Ruth saíram caminhando para a porta de vidro da Imobiliária Douglas e Blake.
Ed parou, respirando superficialmente. “Espere.” Ele lambeu os lábios. “Eu –”
Ruth esperou calmamente enquanto Ed limpava sua testa e pescoço com o lenço. “Tudo bem agora?”
“Sim.” Ed moveu-se para frente. Ele puxou a porta de vidro.
A Senhorita Evans olhou para cima, interrompendo a digitação. “Ed Fletcher! Onde raios você esteve? “
“Eu estava me sentindo mal. Olá, Tom.”
Tom olhou para cima de sua mesa. “Olá Ed. Diga, Douglas está berrando por seu escalpo. Onde você estava?”
“Eu sei.” Ed voltou-se cansado para Ruth. “Eu acho que é melhor ir e dançar conforme a música.”
Ruth apertou seu braço. “Você vai ficar bem. Eu sei.” Ela sorriu um aliviado flash de dentes brancos e lábios vermelhos. “OK? Chame se precisar de mim.”
“Com certeza.” Ed a beijou brevemente na boca. “Obrigado, querida. Muito obrigado. Eu não sei que inferno estava errado comigo. Eu acho que acabou.”
“Esqueça isso. Até mais.” Ruth saiu do escritório, com a dor fechando atrás dela. Ed a escutou apressada pelo hall do elevador.
“Bela garota,” Jackie disse apreciativamente.
“Sim.” Ed confirmou, endireitando sua gravata. Ele moveu-se tristemente em direção ao interior do escritório, arrumando-se. Bem, ele tinha que encarar isso. Ruth
estava certa. Mas ele ia passar por um inferno explicando isso para o chefe. Ele podia ver Douglas agora, com as veias vermelhas saltadas, com um grande rugido,
o rosto deformado com a fúria –
Ed parou abruptamente na entrada do interior do escritório. Ele ficou congelado. O interior do escritório estava mudado.
Os pelos de seu pescoço se arrepiaram. O medo o agarrou, apertando sua traqueia. O interior do escritório estava diferente. Ele virou a cabeça lentamente, vendo
o entorno: as mesas, cadeiras, acessórios, arquivos, quadros.
Mudanças. Pequenas mudanças. Sutis. Ed fechou os olhos e depois abriu lentamente. Ele estava alerta, respirando rapidamente, seu pulso disparado. Ele estava mudado,
certo. Nenhuma dúvida sobre isso.
“Qual é o problema, Ed?” Tom perguntou. A equipe o observava curiosamente, parando o trabalho.
Ed não disse nada. Ele avançou lentamente para o interior do escritório. O escritório estava alterado. Ele podia perceber. Coisas estavam alteradas. Rearranjadas.
Nada óbvio – nada que ele pudesse apontar. Mas ele podia perceber.
Joe Kent o cumprimentou desconfortavelmente. “Qual o problema, Ed? Você parece um cão selvagem, tem alguma coisa –?”
Ed estudou Joe. Ele estava diferente. Não era o mesmo. O que era isso?
O rosto de Joe; Ele estava um pouco mais gordo. Sua camisa era listrada de azul. Joe nunca usava listras azuis. Ed examinou a mesa de Joe. Ele viu papéis e contas.
A mesa – estava muito para a direita. E estava maior, não era a mesma mesa.
O retrato na parede. Não era o mesmo. Era uma fotografia completamente diferente. E as coisas no topo do arquivo – algumas eram novas, outras tinham sumido.
Ele olhou de volta para a porta. Agora que ele pensou nisso, o cabelo da Senhorita Evans estava diferente, feito de uma forma diferente. E estava mais leve.
Aqui, Mary, fazendo as unhas perto da janela – ela era um pouco mais gorda. Sua bolsa, que estava sobre a mesa na sua frente – uma bolsa vermelha, de tricô vermelho.
“Você sempre... teve essa bolsa?” Ed inquiriu.
Mary olhou para cima. “O que?”
“Essa bolsa. Você sempre a teve?”
Mary riu. Ela passou as mãos sobre sua saia em torno dos quadris, seus longos cílios piscando modestamente. “Por que, Sr. Fletcher. O que você quer dizer?”
Ed virou-se. Ele sabia. Mesmo que ela não soubesse. Ela tinha sido refeita – mudada: sua bolsa, suas roupas, sua figura, tudo nela. Nenhum deles sabia – exceto ele.
Sua mente girou vertiginosamente. Todos estavam mudados. Todos eles estavam diferentes. Eles foram todos remodelados, reformulados. Sutilmente – mas isso era visível.
O cesto de lixo. Ele era menor, não era o mesmo. As persianas – brancas, e não marfim. O papel de parede não tinha o mesmo padrão. As luminárias...
Mudanças sutis, sem fim...
Ed fez o seu caminho de volta para o interior do escritório. Ele ergueu sua mão e bateu na porta de Douglas.
“Entre.”
Ed empurrou a porta. Nathan Douglas olhou para cima impacientemente. “Sr. Douglas –” Ed iniciou. Ele entrou inseguro na sala – e parou.
Douglas não era o mesmo. De forma alguma. Seu escritório todo estava mudado: os tapetes, as cortinas. A mesa era de carvalho, e não de mogno. E o próprio Douglas...
Douglas era mais jovem, mais magro. Seu cabelo castanho. Sua pele não era tão vermelha. Sua face mais suave, sem rugas. O queixo tinha outro formato. Olhos verdes
não pretos. Ele era um homem diferente. Mas ainda assim Douglas – um Douglas diferente. Uma versão diferente!
“O que é?” Douglas exigiu impacientemente. “Ah, é você Fletcher. Onde você esteve nesta manhã?”
Ed afastou-se. Rapidamente.
Ele bateu a porta e correu de volta através do interior do escritório. Tom e Senhorita Evans olharam para cima, assustados. Ed passou por eles, abrindo a porta da
recepção.
“Ei!” Tom chamou. “O que –?”
Ed correu pela recepção. O terror o atravessava. Ele tinha que correr. Ele tinha visto. Não havia muito tempo. Ele chegou ao elevador e apertou o botão.
Não havia tempo.
Ele correu para as escadas e começou a descer. Ele alcançou o segundo andar. Seu terror aumentou. Era uma questão de segundos.
Segundos!
O telefone público. Ed correu para a cabine de telefone. Ele agarrou a porta e fechou atrás dele. Selvagemente, ele jogou uma moeda na fenda do telefone e discou.
Ele tinha que chamar a polícia. Ele segurou o fone no ouvido, seu coração batendo fortemente.
Avisá-los. Mudanças. Alguém estava mexendo com a realidade. Alterando ela. Ele estava certo. Os homens de branco... seus equipamentos... indo pelo prédio.
“Alô!” Ed gritou roucamente. Não houve resposta. Nenhum toque. Nada.
Ed olhou freneticamente pela porta.
E ele cedeu, derrotado. Lentamente ele colocou o fone no aparelho.
Ele não estava mais no segundo andar. A cabine de telefone estava subindo, deixando o segundo andar para trás, carregando ele para cima, cada vez mais rápido. Ela
subiu andar por andar, movendo-se silenciosamente, suavemente.
A cabine telefônica passou através do telhado do prédio saindo no brilho da luz do sol. Ela ganhou velocidade. O chão ficou para trás abaixo dele. Prédios e ruas
estavam ficando cada vez menores a cada momento. Pequenas manchas moviam-se abaixo, muito abaixo, carros e pessoas, diminuindo rapidamente.
Nuvens deslocaram-se entre ele e a terra. Ed fechou os olhos, tonto e assustado. Ele segurou desesperadamente na maçaneta da porta da cabine telefônica.
Cada vez mais rápido a cabine telefônica subiu. A terra rapidamente ficou para trás, muito abaixo.
Ed olhou para cima loucamente. Para Onde? Para onde ele estava indo? Para onde ela estava levando ele?
Ele ficou agarrado à maçaneta da porta, esperando.
****
O Secretário acenou com a cabeça. “Esse é ele, tudo certo. O elemento em questão.”
Ed Fletcher olhou à sua volta. Ele estava em uma câmara enorme. Os limites perdiam-se em sombras indistintas. Na sua frente estava um homem com um caderno de notas
e um livro sobre seu braço, olhando para ele através de óculos com armação de aço. Ele era um homenzinho nervoso, com olhos afiados, com colarinho de celulose, terno
de sarja azul, colete, e relógio de bolso com corrente. Ele vestia sapatos pretos brilhantes.
E além dele –
Um homem velho sentava-se quieto, em uma imensa cadeira moderna. Ele observava Fletcher calmamente, seus olhos azuis compassivos e cansados. Um estranho calafrio
atravessou Fletcher. Não era medo. Era mais uma vibração, chacoalhando seus ossos – um profundo senso de reverência, mesclado com fascínio.
“Onde – O que é este lugar?” ele perguntou fracamente. Ele ainda estava atordoado com a rápida subida.
“Não faça perguntas!” O pequeno homem nervoso respondeu raivosamente, batendo seu lápis contra seu livro. “Você está aqui para responder, não para perguntar.”
O Homem Velho moveu-se um pouco. Ele ergueu uma mão. “Eu vou falar com esse elemento sozinho,” ele murmurou. Sua voz era grave. Ela vibrou e retumbou através da
câmara. Novamente uma oscilação de espanto fascinado atravessou Ed.
“Sozinho?” O pequeno colega recuou, reunindo seus livro e papéis em seus braços. “É claro.” Ele olhou com hostilidade para Ed Fletcher. “Eu estou feliz que ele finalmente
esteja sob custódia. Todo o trabalho e problema apenas para – ”
Ele desapareceu através de uma porta. A porta fechou suavemente atrás dele. Ed e o Homem Velho estavam sozinhos.
“Por favor, sente-se,” o Homem Velho disse.
Ed encontrou uma cadeira. Ele sentou estranhamente, nervosamente. Ele pegou seus cigarros e então os guardou novamente.
“O que está errado?” o Homem Velho perguntou.
“Eu estou apenas começando a entender.”
“Entender o que?”
“Que eu estou morto.”
O Homem Velho sorriu brevemente. “Morto? Não, você não está morto. Você está nos... visitando. Um evento incomum, mas necessário devido as circunstâncias.”
Ele inclinou-se em direção à Ed. “Sr. Fletcher, você se envolveu com uma coisa.”
“Sim,” Ed concordou. “Eu desejo saber o que era aquilo. Ou como aconteceu.”
“Aquilo não foi sua culpa. Você foi uma vítima de um erro administrativo. Um engano foi cometido – não por você. Mas envolvendo você.”
“Que engano?” Ed esfregou sua testa fatigado. “Eu – eu me envolvi com alguma coisa. Eu vi através. Eu vi algo que não deveria ter visto.”
O Homem Velho acenou concordando. “Isso mesmo. Você viu algo que não deveria ter visto – alguns poucos elementos estiveram cientes disso, deixados para sozinhos
testemunhando.”
“Elementos?”
“Um termo oficial. Deixe estar. Um engano foi cometido, mas nós esperamos recuperá-lo. É minha esperança que – ”
“Aquelas pessoas,” Ed interrompeu. “Montes de poeira. E cinzas. Como se estivessem mortas. Como tudo mais: as escadas, paredes e chão. Sem vida ou cor.”
“Aquele Setor esteve temporariamente desenergizado. Para que a equipe de ajustamento pudesse entrar e fazer mudanças.”
“Mudanças.” Ed confirmou. “Está certo. Quando eu voltei lá mais tarde, tudo estava vivo novamente. Mas não era a mesma coisa. Estava tudo diferente.”
“A equipe de ajustamento terminou ao meio-dia. A equipe finalizou seu trabalho e reenergizou o Setor.”
“Eu percebi,” Ed murmurou.
“Você supostamente deveria estar no Setor quando o ajustamento iniciou-se. Por causa de um erro você não estava. Você veio para o setor atrasado – no meio do ajustamento.
Você fugiu, e quando retornou já estava terminado. Você viu, e você não deveria ter visto. No lugar de uma testemunha você deveria ter sido parte do ajustamento.
Como os outros, você deveria ter sofrido alterações.”
Suor desceu da cabeça de Fletcher. Ele limpou-o. Seu estômago revirou-se. Fracamente, ele limpou a garganta. “Eu entendo o cenário.” Sua voz estava quase inaudível.
Uma gélida premonição o atravessou. “Eu supostamente deveria ter sido alterado como os outros. Mas eu acho que algo saiu errado.”
“Algo saiu errado. Um erro aconteceu. E agora um sério problema existe. Você viu essas coisas. Você agora é um grande problema. E você não está coordenado com a
nova configuração.”
“Nossa,” Ed murmurou. “Bem, eu não vou contar para ninguém.” Suor frio emanava dele. “Você pode contar com isso. Eu estou tão bom como se tivesse sido alterado.”
“Você já contou para alguém,” O Homem Velho disse com frieza.
“Eu?” Ed piscou. “Quem?”
“Sua esposa.”
Ed tremeu. A cor foi drenada de seu rosto, deixando um branco doentio. “Está certo. Eu fiz isso.”
“Sua esposa sabe.” O rosto do Homem Velho retorceu-se raivosamente. “Uma mulher. De todos para quem você poderia contar –”
“Eu não sei.” Ed recuou com o pânico penetrando profundamente nele. “E você estava indo chamar a polícia. Você queria informar as autoridades.”
“Mas eu não sei o que estava fazendo as mudanças.”
“Agora você sabe. O processo natural precisa ser complementado – ajustado aqui e ali. Correções precisam ser feitas. Nós somos totalmente autorizados a fazer tais
correções. Nossas equipes de ajuste executam um trabalho vital.”
Ed desenterrou uma porção de coragem. “Esse ajustamento em particular. Douglas. O escritório. Para que foi feito? Eu estou certo que foi para algum propósito que
valia a pena.”
O Homem Velho sacudiu a mão. Atrás dele nas sombras um imenso mapa apareceu. Ed prendeu a respiração. As bordas do mapa sumiam na obscuridade. Ele viu uma teia infinita
de seções detalhadas, uma rede de quadrados e linhas governantes. Cada quadrado era nítido. Alguns brilhavam com uma luz azul. As luzes alteravam-se constantemente.
“O Quadro dos Setores,” o Homem Velho disse. Ele suspirou cansado. Um trabalho atordoador. Algumas vezes nós imaginamos com nós conseguimos continuar por mais um
período. Mas isso precisa ser feito. Pelo bem de todos. Para o seu bem.”
“A mudança. Em nosso... nosso Setor.”
“Seu escritório lida com imóveis. O velho Douglas é um homem sagaz, mas rapidamente estava tornando-se pouco firme. Sua saúde física estava minguando. Em poucos
dias será oferecida a Douglas uma chance de comprar uma grande área florestal desaproveitada no oeste do Canadá. Isso irá exigir a maioria dos seus ativos. O velho,
menos viril Douglas teria hesitado. É imperativo que ele não hesite. Ele precisa comprar a área e limpar a terra rapidamente. Somente um homem mais jovem – um Douglas
mais jovem – poderia fazer essa empreitada.
“Quando a terra for limpa, certos restos antropológicos serão descobertos. Eles já foram colocados lá. Douglas irá arrendar sua terra para o governo canadense para
estudo científico. As relíquias lá encontradas causaram excitação internacional nos círculos entendidos.
“Uma cadeia de eventos será posta em movimento. Homens de inúmeros países virão ao Canadá para examinar as relíquias. Soviéticos, poloneses e cientistas tchecos
irão fazer a jornada.
“A cadeia de eventos irá unir esses cientistas pela primeira vez em anos. Pesquisas nacionais serão temporariamente esquecidas na excitação dessas descobertas não
nacionais. Um dos cientistas soviéticos irá fazer amizade com um cientista belga. Antes da sua partida eles vão combinar de se corresponder – sem o conhecimento
de seus governos, é claro.
“O círculo irá se alargar. Outros cientistas nos dois lados serão arrastados para isso. Uma sociedade será fundada. Mais e mais homens educados irão investir uma
quantidade crescente de tempo nessa sociedade internacional. Pesquisas puramente nacionais serão delicadamente, mas criticamente eclipsadas. A tensão da guerra irã
de alguma forma declinar.
“Essa alteração é vital. E é dependente da compra e limpeza dessa área selvagem do Canadá. O velho Douglas poderia não ousar se arriscar. Mas o alterado Douglas,
e sua alterada e mais jovem equipe, irá perseguir esse trabalho com entusiasmo e todo o coração. E isso causará a expansão da cadeia vital de eventos. Os beneficiários
serão vocês. Nossos métodos podem parecer estranhos e indiretos. Até mesmo incompreensíveis. Mas eu asseguro a você que nós sabemos o que estamos fazendo.”
“Eu sei disso agora,” Ed disse.
“Então você sabe. Você sabe bastante. Muito mesmo. Nenhum elemento poderia ter tal conhecimento. Eu poderia talvez chamar um time de ajustamento aqui e...”
Uma imagem mental formou-se na mente de Ed: nuvens cinzas rodopiantes, homens cinza e mulheres. Ele estremeceu.
“Olhe,” ele coaxou. “Eu faço qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo. Apenas não me desenergize.” Suor corria pelo seu rosto. “OK?”
O Homem Velho ponderou. “Talvez alguma alternativa possa ser encontrada. Existe outra possibilidade...”
“O que?” Ed perguntou ansiosamente. “Qual é?”
O Homem Velho falou lentamente, pensativamente. “Se eu permitir que você volte, você vai jurar nunca mais falar sobre o assunto? Você vai jurar nunca mais revelar
para ninguém as coisas que você viu? As coisas que você sabe?”
“É claro!” Ed engasgou ansiosamente, com o alívio o inundando. “Eu juro!”
“Sua esposa. Ela não deve saber nada mais. Ela deve pensar que foi apenas um surto psicótico passageiro – uma fuga da realidade.”
“Ela já pensa isso.”
“Ela deve continuar acreditando nisso.”
Ed apertou a mandíbula firmemente. “Eu vou garantir que ela continue a pensar que foi uma aberração psicológica. Ela nunca vai saber o que realmente aconteceu.”
“Você está certo que pode manter a verdade longe dela?”
“É claro,” Ed disse confiantemente. “Eu sei que posso.”
“Tudo bem.” O Homem Velho acenou afirmativamente lentamente. “Eu vou enviá-lo de volta. Mas você não pode contar a mais ninguém.” Ele intensificou o tom visivelmente.
“Lembre-se: você vai eventualmente retornar para mim – todos o fazem, no fim – e seu destino não será invejável.”
“Eu não vou contar a ela,” Ed disse, transpirando. “Eu prometo. Você tem minha palavra nisso. Eu posso cuidar de Ruth. Não vou ter outra ideia sobre isso.”
****
Ed chegou em casa ao anoitecer.
Ele piscou, atordoado com a descida rápida. Por um momento ele permaneceu parado na calçada, recuperando o equilíbrio e o fôlego. Então ele caminhou rapidamente
no caminho da entrada de sua casa.
Ele empurrou a porta e entrou na casa de estuque verde.
“Ed!” Ruth veio voando, com o rosto distorcido com lágrimas. Ela atirou os braços em torno dele, abraçando-o apertado. “Onde raios você esteve?”
“Estive?” Ed murmurou. “No escritório, é claro.”
Ruth empurrou ele para trás abruptamente. “Não, você não esteve.”
Uma vaga comichão de alarme atravessou Ed. “É claro que estive. Onde mais –?”
“Eu liguei para Douglas lá pelas três horas. Ele disse que você saiu. Você foi embora, praticamente assim que eu fui embora. Eddie –”
Ed afagou ela nervosamente. “Calma, querida.” Ele começou a desabotoar seu casaco. “Está tudo OK. Entende? As coisas estão perfeitamente bem.”
Ruth sentou no braço sofá. Ela assoou o nariz, e enxugou as lágrimas. “Se você soubesse o quanto estive preocupada.” Ela afastou o lenço e cruzou os braços. “Eu
quero saber onde você esteve.”
Desconfortavelmente, Ed pendurou seu casaco no closet. Ele veio e beijou-a. Os lábios dela estavam frios como gelo. “Eu vou contar tudo para você. Mas o que acha
de termos algo para comer? Eu estou faminto.”
Ruth estudou-o intensamente. Ela levantou do braço do sofá. “Eu vou me trocar e preparar o jantar.”
Ela apressou-se para o quarto e tirou os sapatos e a meia de nylon. Ed a seguiu. “Eu não queria preocupa-la,” ele disse cuidadosamente. “Depois que você me deixou
hoje eu percebi que você esteva certa.”
“Ah?” Ruth soltou sua blusa e saia, pendurando elas num cabide. “Certa sobre o que?”
“Sobre mim.” Ele fabricou um sorriso e o fez crescer no rosto. “Sobre... o que aconteceu.”
Ruth pendurou sua combinação em um cabide. Ela estudou o marido intensamente enquanto lutava para entrar em seus jeans apertados. “Prossiga.”
O momento chegou. Era agora ou nunca. Ed Fletcher preparou-se e escolheu suas palavras cuidadosamente. “Eu percebi,” ele começou, “que a maldita coisa toda estava
em minha mente. Você estava certa, Ruth. Completamente certa. E eu até mesmo entendi o que causou isso.”
Ruth rolou sua camiseta de algodão para baixo e a colocou dentro dos jeans. “O que foi a causa?”
“Excesso de trabalho.”
“Excesso de trabalho?”
“Eu preciso de umas férias. Eu não tenho férias em anos. Minha mente, não está no trabalho. Estive sonhando acordado.” Ele disse firmemente, mas seu coração estava
parado na boca. “Eu preciso me afastar. Para as montanhas. Para pescar. Ou – ” Ele buscou em sua mente freneticamente. “Ou –”
Ruth aproximou-se ameaçadoramente. “Ed!” ela disse bruscamente. “Olhe para mim!”
“Qual é o problema?” O pânico o acertou em cheio. “Por que você está olhando para mim dessa forma?”
“Onde você esteve nesta tarde?”
O sorriso de Ed desapareceu. “Eu contei para você. Eu saí para uma caminhada. Não contei para você? Uma caminhada. Para pensar um pouco.”
“Não minta para mim. Eddie Fletcher! Eu posso dizer quando está mentindo!” Lágrimas frescas rolaram dos seus olhos. Seu peito arfou excitadamente sobre sua camiseta
de algodão. “Admita! Você não saiu para caminhar!”
Ed gaguejou debilmente. Suor brotava dele. Ele vergou-se desanimadoramente contra a porta. “O que você quer dizer?”
Os olhos negros de Ruth piscaram com fúria. “Vamos lá! Eu quero saber onde você esteve! Fale! Eu tenho o direito de saber. O que aconteceu realmente?”
Ed recuou aterrorizado, sua determinação dissolvida com cera. Tudo estava dando errado. “Honestamente. Eu saí para caminhar por um –”
“Fale!” As unhas afiadas de Ruth enterraram-se em seu braço. “Eu quero saber onde você esteve – e com quem esteve!”
Ed abriu a boca. Ele tentou sorrir, mas seu rosto falhou em responder. “Eu não sei o que você quer dizer.”
“Você sabe o que eu quero dizer. Com quem você esteve? Onde você foi? Fale para mim! Eu vou descobrir cedo ou tarde.”
Não havia escapatória. Ele tinha sido vencido – e ele sabia disso. Ele não podia esconder a coisa dela. Desesperadoramente ele paralisou, rezando por mais tempo.
Se pelo menos ele pudesse distraí-la, prender sua mente em algo diferente. Se ela pudesse relaxar, por um segundo. Ele poderia inventar algo mais – uma história
melhor. Tempo – ele precisava de mais tempo. “Ruth, você tem que –”
Subitamente ele ouviu um som: o latido de um cão, ecoando através da casa escura.
Ruth parou, empertigando sua cabeça em alerta. “Esse foi Dobbie. Eu acho que alguém está vindo.”
A campainha tocou.
“Você fique aqui. Eu volto logo.” Ruth correu para fora do quarto, para a porta da frente. “Maldito seja.” Ela abriu a porta com um puxão.
“Boa noite!” Um homem jovem entrou rapidamente, carregado com objetos, com um largo sorriso para Ruth. “Eu sou da empresa de aspiradores de pó Sweep-Rite.”
Ruth franziu as sobrancelhas impacientemente. “Nós estávamos prontos para nos sentarmos à mesa.”
“Ah, isso só vai tomar um momento.” O jovem colocou um aspirador de pó e seus acessórios no chão com uma batida metálica. Rapidamente ele desenrolou um longo banner
ilustrado, mostrando o aspirador de pó em ação. “Agora, se você puder segurar isso enquanto eu ligo o aspirador –”
Ele se movimentava alegremente, desligando o aparelho de TV da parede, ligando o aspirador de pó, empurrando as cadeiras para fora do seu caminho.
“Eu vou mostrar para você o limpador de cortinas primeiro.” Ele prendeu uma mangueira e um bocal ao grande tanque brilhante. “Agora, se você puder sentar-se eu vou demonstrar como é fácil usar cada um desses acessórios” Sua voz feliz subiu acima do ruído do aspirador de pó. “Você pode notar –” Ed Fletcher sentou-se na cama. Ele tateou sobre o bolso até encontrar seus cigarros. Trêmulo ele acendeu um e inclinou-se na parede, amortecido pelo alívio.
Ele olhou para cima, um olhar de gratidão em seu rosto. “Obrigado,” ele disse suavemente. “Eu acho que nós vamos conseguir afinal de contas. Muito obrigado.”

 

 

                                                                  Philip K. Dick

 

 

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