Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


ALMAS PERDIDAS / Bonnie Vanak
ALMAS PERDIDAS / Bonnie Vanak

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

ALMAS PERDIDAS

 

"Katia Howard é uma Draicon, uma raça de humanos-lobos que vivem em grupos. Baylor também é um Draicon, que a encontra, dá a ela abrigo, proteção e a leva para viver junto de seu grupo.

A atração deles é imediata, mas Katia tem consigo uma mágoa, uma dor. Ela quer encontrar seu pai, que durante uma luta com metamorfos, se perdeu e desapareceu. E Baylor teme que o pai dela já esteja perdido, sem chance de voltar ao convívio deles. Mas ela insiste.”

 

                        

Eu não devo fazer isso.

 

Katia Howard estudou os tocos de vela em seu quarto. A cera colorida escorria para fora da mesa, como estalactites em miniatura. Cada vela representava um feitiço para ajudar um lobisomem Draicon em particular.

 

Damian, o líder do grupo, havia proibido a magia de sangue ao sangue. Era demasiado perigoso e poderia suscitar um parente que virou mal. Se alguém descobrisse que ela estava realizando uma, ela seria severamente punida.

 

Eu não tenho escolha.

 

Lá fora, o vento uivando fazia os ramos de pinheiro balançar e mergulhar. O outono em Novo México transformou o ar frio. As sombras dançavam ao longo da parede da lâmpada, arremessando misteriosas luzes sobre uma foto de Elvis.

 

Baylor sempre brincou sobre o rei, embora ele fosse o único que comprou o pôster para ela no eBay. Baylor. Seu melhor amigo. Seus quentes beijos molhados a intoxicavam, fazendo seu bom senso fugir. Katia sentia aberta a saudade ao pensar em seu rígido corpo musculoso, finalmente a sua reivindicação.

 

Ele a colocou nesta situação. Ela olhou para a vela branca, a sua forma fálica um lembrete do por que ela estava aqui. O ultimato de Baylor. Unir-se e vincular-se com ele para a vida ou ele encontraria a outra.

 

Eu tenho que fazer isso.

 

Era sua última chance de encontrar seu pai e descobrir o que aconteceu com sua família.

Até que ela o fizesse, Katia tinha resolvido nunca sossegar.

 

Ela era uma Taneam, uma feiticeira Draicon cujos encantamentos na vela melhoravam as habilidades de uma pessoa. Os morphs, antigos Draicon que se tornaram maus por terem matado um parente, temiam Taneams. Foi dito que Taneams poderiam usar uma magia de luz branca para encontrar uma centelha de bondade escondida dentro de um morph, um leve traço de Draicon em si, e fazê-lo queimar. Essa façanha podia reverter o mal e o morph não teria que ser destruído, ou, no mínimo, enfraquece-lo assim já não poderia matar um Draicon.  

 

O problema era que a magia tornou-se uma espada de dois gumes traiçoeira. O usuário tornou-se demasiado confiante de que poderia mudar o morph e fechava os olhos para o verdadeiro poder deles.

 

Katia sabia tudo sobre a energia de um morph.

 

Seus tios e tias saindo da porta, em seguida, seus gritos. Não encontrando nada, mas sentindo o fedor persistente do morph. Sua mãe cantando a magia da luz branca e o horror de perceber que não tinha funcionado quando o companheiro de Katia saiu de casa e nunca mais voltou.  

 

Depois disso, tudo se tornou uma memória desfocada. Sua mãe e suas irmãs tinham desaparecido. Ela vividamente se lembrava de ficar sentada com o pai, vendo a porta da frente, o gosto do medo em sua boca como aparas de metal... Um grito enterrado em sua garganta enquanto um fluxo de baratas se retorcia sob os panos de debaixo da porta para mantê-las fora...

 

Imobilizada pelo terror enquanto morphs se transformavam então em seu verdadeiro eu. Presas se abrindo, garras arranhando os braços e o corpo, dor em queimação misturada com o cheiro enjoado de seu próprio sangue. Ela se transformou e passou a se defender. Então eles voltaram para seu pai, um mar de corpos atacando-o e gritou uma ordem para ela...

 

O quê?

 

Tudo que ela sabia era que envolvia a promessa que ela havia feito. Será que ela quebrou a promessa ou a manteve?

 

Ela só conseguia lembrar-se de correr pela porta traseira. Correndo até o dia que Baylor a encontrou e levou para casa, quatro anos atrás.

 

Apesar de Damian e Baylor haverem procurado por ele, seu pai nunca havia sido encontrado. Ela acreditava que ele ainda vivia. A lealdade da família vinha acima de tudo. Mesmo este grupo, que havia adotado e amava.

 

Talvez até Baylor, o Draicon que significava mais para ela.

 

— Eu tenho que fazer isso, - ela sussurrou. — Oh, papai, onde está você? Volte para mim.

 

Para proteger o grupo de forças do mal, ela pegou sálvia e outras ervas em um anel em torno de outra vela branca alta e depois a acendeu. Katia soltou uma magia poderosa de proteção. Paz apareceu no ar.

 

Ela pegou a faca pequena de poda. Rangendo os dentes, Katia cortou a palma da mão. Sangue brotou. Ela segurou a mão sobre a vela, deixando o seu sangue cair sobre a cera.

 

Quando ele estava coberto de ponta a ponta, Katia deixou seu corte cicatrizar. Um fósforo queimava para a vida enquanto ela golpeou-o, a chama laranja entre os dedos trêmulos.

 

Era assim que ela ainda podia ouvir os sons de sua própria respiração rascante.

 

Ela acendeu a vela.

 

Negras palavras proibidas encheram o ar, quando ela acenou com as mãos, chamando a chama em sua direção. Ela terminou de cantar, viu o fogo queimar.

 

De repente, queimou e ficou negro. Então, a cor rapidamente mudou de volta para a cor laranja.

 

Katia estremeceu.

 

Baylor Devereux estava trabalhando no ginásio do porão. Vestido apenas com calças de ginástica marinha, ele dançava com os pés descalços sobre o chão. Seus dedos envoltos em fita branca, ele deu socos em um saco de pancadas. Ela estremeceu e virou a partir do vigor de seus golpes.

 

Katia pendurada para trás, olhou-o fixamente. O suor brilhava sobre os músculos dos braços e as gotículas pontilhavam a cobertura de cabelos escuros em seu peito forte. Ela estudou seus longos membros de atleta e amplos ombros, seu cabelo crespo castanho desgrenhado, sua mandíbula quadrada e cinzelado. Seu olhar caiu para a boca, franzida em plena concentração. Completa e sensual, ela conhecia o prazer de seus longos, lentos beijos.

 

Ela estava igualmente concentrada no beijo tanto quanto ele estava em combate. Ela sentiu que ele seria igualmente apaixonado na cama, se ela finalmente se rendesse.

 

Desde a morte de seu companheiro destinado, ela tinha tido outros amantes. Mas Baylor foi diferente dos outros, porque ela se importava com ele. Ser sua amante significava forjar um duradouro laço emocional. Como poderia fazê-lo quando o seu pai podia estar vivo e, graças à magia que ela realizou doze horas antes, ele poderia voltar e ela teria que deixar para trás Baylor? Seu primeiro dever era a sua família.

 

Músculos e tendões esticados debaixo de sua pele bronzeada enquanto ele flexionou os ombros largos. Katia respirava seu cheiro, almíscar, especiarias e homem. Baylor parou, evitando o saco de pancadas. Ele limpou o suor da testa com as costas da mão. Então, chicoteou sua cabeça ao redor, queimando as narinas.

 

Ele a cheirou.

 

— Katia?

 

Ela saiu das sombras.

 — Eu gosto de ver você trabalhar aqui fora - confessou.

 

Seu sorriso de menino puxou o seu coração.

— Eu gosto de saber que você gosta de assistir – Ele pegou uma toalha, secou-se e, em seguida, atirou ao redor dos ombros enquanto andava. — Você está pronta para me dar a resposta, Katia?

 

— Eu ainda tenho até Damian voltar - lembrou ela. — Eu vim para perguntar se você queria jantar esta noite na minha varanda. O cordeiro, seu prato favorito. A luz da lua hoje à noite.

 

Seus olhos se iluminaram e depois o brilho desapareceu.

 

— Não posso, tenho de patrulhar. Nicolas quer que asseguremos que o território está livre de morphs.

 

O líder do bloco Damian estava em Nova Orleans, caçando Jamie, sua companheira que tinha fugido depois de infectá-lo com uma doença letal. Nicolas, antigo inimigo e o responsável por curar Damian, ficou temporariamente no cargo. Dias depois Damian havia matado Kane, o autonomeado líder dos morphs. Pouca ameaça existiu. Mas, obviamente, Nicolas queria garantir a segurança de seu povo.  

 

A premonição horrível apareceu quando ela lembrou que outros com quem se preocupava nunca mais voltaram. Algo terrível pode acontecer...

 

— Não saia hoje à noite. Informe Nicolas que você tem que ficar dentro. Proteja-nos em casa dessa vez.

 

— O que é Katia?

 

— Eu não penso que seja seguro lá fora.

 

Baylor segurou seu rosto e beijou sua testa.

 

— Eu tenho que mostrar a Nicolas que eu sou tão fiel como o próximo macho, e que estou disposto a obedecer.

 

Katia puxou a mão.

 

            — Venha comigo.

 

Ele olhou para o relógio na parede.

 

— Tenho tempo apenas para um banho e eu tenho que pegar Ryan. Estamos patrulhando a fronteira do norte, a mais vulnerável.

 

— Então venha para o meu quarto depois do banho. Levará apenas um minuto.

 

Baylor deu-lhe um olhar de pálpebras pesadas.

 

— Só um minuto? Querida, não comigo.

 

Ele riu enquanto ela corava e a levou para cima.

 

Meia hora depois, ele chegou a seu quarto, seus cachos escuros e úmidos, com o rosto barbeado. As bem passadas calças cinza e blusa de malha preta o fez parecer polido e cortês. Seus espessos cachos escuros foram cortados curtos. Ele poderia ter sido um anúncio para a revista GQ.

 

A respiração ficou presa na garganta de Katia quando ele lhe deu um beijo longo e persistente. Katia deslizou os braços sobre seu pescoço, beijando-o de volta, relutante em parar.

 

Finalmente, ela o fez.

 

Baylor soltou um suspiro de frustração.

 

— Eu não sei quanto mais disso eu posso ter. — ele murmurou, apoiando a testa contra a dela.

 

— Nem eu.

 

Ele andou até a janela, as palmas das mãos apoiadas no parapeito, olhando fixamente para a escuridão.

 

— O que é isso, Baylor? Você parece preocupado.

 

Seu olhar se afastou para o cartaz de Elvis.

 

— Eu estou. Eu estou pensando que você acredita que ele ainda está vivo e foi abduzido por alienígenas.

 

Katia deu uma gargalhada.

 

—Você não é ninguém para falar. Você gosta de Alan Jackson.

 

— São cinco horas em algum lugar.

 

— E, mambo! Você é francês e gosta de música cubana!

 

Baylor fez uma volta, rápida e elegante de seus mocassins.

 

— Bom para dançar, senhorita. - Um sorriso de menino tocou a boca quando ele desligou o aparelho. — Eu gosto muito de música, mas tudo que você ouve é Elvis.

 

Seu humor jovial evaporou. Katia mordeu o lábio.

 

— Acho que é porque minha mãe gostava de sua música. Deve lembrar-me de casa e, às vezes, de como era inocente.

 

— Querida. —ele murmurou, puxando-a em seus braços.

 

Ela enterrou a cabeça contra seu peito, aspirando seu perfume masculino.

 

— Às vezes, eu sinto muito a falta deles. — ela sussurrou.

 

Sem dizer nada, ele segurou-a, acariciando seus cabelos. Katia fechou os olhos, sentindo o conforto que ele fornecia. Ele era seu melhor amigo, mas ele queria mais.

 

Ela queria dar-lhe mais, mas não conseguia. Ainda não.

 

Katia saiu do seu abraço.

— Sua vez. Diga-me o que o está incomodando.

 

— Minha maior preocupação é com você.

 

— Baylor, — ela repreendeu. — A verdade sempre entre nós, lembra?

 

Ele passou a mão pelos seus cachos.

— A verdade sempre. Eu gostaria de poder mostrar a Nicolas que eu sou leal ao grupo. - Ele ficou em silêncio por um momento. — Eu lhe devo a minha lealdade.

 

— Você não teria dito isso antes. —ressaltou.

 

Baylor desviou o olhar, um pouco envergonhado.

 

— Você sabe como eu empurrei todos os seus botões, dizendo coisas que eu não queria apenas para enervar-lhe sobre Maggie. Eu nunca confiei inteiramente nele. E, em seguida, Nicolas provou sua fidelidade ao nosso grupo e Damian. Eu o julguei mal. E eu estava errado. —Ele parecia incomodado. —Ele é o segundo grande erro que eu cometi neste grupo. O primeiro foi muito pior.

 

— Por que você se sente tão obrigado a provar que você é fiel, Baylor? Nicolas não é uma pessoa de guardar rancor.

 

Sua expressão tornou-se sombria.

 

— Muito tempo atrás, eu exercitei o julgamento errado e que custou a vida de pessoas do grupo. Eu nunca vou fazer isso novamente. O grupo vem em primeiro lugar, sempre. Pensei que Nicolas seria um perigo para nós, porque ele era um homem poderoso e de fora, e eu estava errado. Se não fosse por Nicolas curá-lo, Damian teria morrido. Eu me desculpei com Nicolas, mas eu não quero dar-lhe qualquer razão para duvidar da minha lealdade.

 

Desculpar-se com Nicolas tomou uma grande dose de coragem para alguém tão orgulhoso quanto Baylor. Katia olhou para as grossas sobrancelhas escuras sobre seus penetrantes olhos cinzentos, a boca sensual e aristocrática. De todas as pessoas, o que mais de perto se parecia com Damian.

 

Ela pegou uma vela branca alta.

 

— Eu estava indo acender uma dessas para o meu Draicaron na noite em que saiu para patrulhar o nosso território. Nós tínhamos acabados de nos tornar amantes. Eu queria protegê-lo, mas ele recusou. — Seu lábio inferior vacilou. — Eu esperei. Ele nunca voltou para casa, para mim. E ele foi o único corpo encontrado. Eu não quero que qualquer coisa aconteça com você, Baylor. Você não pode ficar aqui conosco?

 

— Querida, eu não posso. —disse ele suavemente, tocando seu rosto. - Eu vou estar bem.

 

Ele se sentiu compelido a provar a si mesmo. Tudo bem. Ela traria sua lealdade à superfície e ele não sentiria a necessidade de fazê-lo.

 

— Deixe-me acender uma vela por você. — ela insistiu.

 

— Se isso faz você se sentir melhor.

 

Baylor viu que ela acendeu a vela e cantou com uma voz baixa. A chama ardeu, lançando em seu rosto uma luz sinistra. Quando ela terminou, ele puxou-a em seus braços. Ela se aninhou contra o seu peito largo.

 

— Katia, eu esperei muito tempo por você.

 

—Eu sei que você vem sendo paciente. Você é tão bom para mim, Baylor, e eu me importo muito com você... Mas eu preciso encontrar meu pai, em primeiro lugar.

 

Katia recuou, sentindo-o tenso.

 

— Seu pai está desaparecido. Você precisa aceitar isso.

 

— Aceitar que perdi toda a minha família?

 

— Perdi toda minha família também. — ele disse calmamente. —Mas o grupo de Damian é a nossa família agora. Seu pai está morto.

 

— Damian é seu primo. Eu não tenho ninguém. — ela sussurrou.

 

— Você precisa de todos nós. Nós somos a sua família agora. Você cuida do grupo.

 

— Mas não é o mesmo. Se eu pudesse encontrar meu pai...

 

— Não é apenas isso, Katia. Por que você realmente deseja encontrá-lo?

 

Para pedir-lhe perdão por minha covardia.

 

— Por favor, vamos deixar isso pra lá.

 

Baylor cheirou o ar, seu olhar se voltando com antecipação.

 

— Eu tenho que ir. —disse ele distraidamente. - Hora de patrulha.

 

— Você deve comer primeiro e reconstituir a sua magia. E eu pensei que você tinha que esperar por Ryan.

 

— Não há tempo para o jantar. Ryan vai me encontrar.

 

Ele beijou-a e então correu. Ela ouviu-o correr pelo corredor.

 

Será que a magia que ela jogou foi muito poderosa? Era óbvio que Baylor estava ansioso para destruir todos os inimigos. Mas o que se provou, agindo temerária?

 

Katia fugiu para as portas francesas, atirou-as abertas e pisou em sua varanda. A lavagem de prata de luar derramava sobre o campo aberto abaixo. Ela viu Baylor correr para fora da hospedagem, acenando as mãos e fazer desaparecer as suas roupas.

 

Um lobo forte ficou parado onde o homem antes estava.

 

— Volte para mim. —sussurrou ela, olhando enquanto ele fugia com a noite. - Por favor. Não ouse fazer como a minha família e nunca mais voltar. Não ouse morrer sem mim.

 

 

O cheiro de sangue fresco tingia o ar da noite. O aroma metálico misturado com um cheiro fraco de decadência podre fez queimar suas narinas. Os sentidos de lobo soaram em alerta máximo. Em algum lugar perto, um morph matou.

 

Baylor, de orelhas em pé, para frente com o seu olhar afiado digitalizava seu entorno. O grupo de Marcel ocupava o território abrangendo milhas de terra no norte do Novo México em Pinyon Valley, e seus inimigos havia muito se dispersaram. Então, por que ele foi pegar a trilha de um morph tão perto de casa?

 

Em forma de lobo, ele colocou o focinho no chão, farejando os cheiros estranhos. Vento arrepiava seu pêlo cinzento. O luar cinzento se inclinava através da espessa mata de abetos e carvalhos. O ar estava frio com uma pista de neve, mas com um peso opressivo demorado. Nenhum som de vida ecoava em torno dele. Nenhuma coruja piando baixinho nos ramos ou até mesmo um ruído de pequenos animais na vegetação rasteira.

 

Perigo espreitava nesses bosques pacíficos. Era o seu trabalho nivelá-lo para fora e despachá-lo.

 

Ele estava patrulhando as fronteiras do norte, em busca de morph e duvidando que ele encontrasse algum. Eles poderiam mudar na forma de qualquer animal. Eles tinham sede de sangue Draicon, para matar e ingerir a vítima e o medo dava-lhes poder de mudar continuamente e clonar a si mesmos.

 

O cheiro de morph desbotava, deixando apenas o fraco odor de sangue e de algo pouco doce. Baylor trotou para frente, enrijecendo os músculos. Ele se coçava para uma boa batalha, para ter as suas frustrações em um morph solitário. Lutando tirava sua mente de Katia.

 

Katia, com seu sorriso cativante, cabelos loiros como milho e lábios macios de seda beijando-o sem sentido. Katia, que o confortava quando ele precisava, persuadindo-o a falar quando ele certamente engarrafava seus sentimentos. Katia confiante em Baylor, o fez sentir como se pudesse conquistar o mundo. Havia algo de profundo e duradouro entre eles. Mas ela se recusou a tornarem-se amantes e se mantinha distante quando ele perguntou-lhe se uniria com ele para toda a vida.

 

Finalmente, ele lhe disse que precisava de uma resposta até o regresso de Damian ou ele teria que encontrar uma outra fêmea.

 

Ele não lhe disse que já tinha decidido. Se Katia recusasse, ele deixaria o grupo. Como ele poderia ficar com seu perfume sempre em suas narinas, seu sorriso gentil gravado em sua mente?

 

Baylor cuidou dela desde o momento em que a encontrou nua e ensanguentada, em uma cabana abandonada no território do grupo. Tremendo, ela se transformou então em lobo, mas não rosnou. Em vez disso, ela rastejou até um canto longe dele. Quando ele avançou, segurando sua pata e falando com uma voz suave, ela mudou de volta para a forma humana.

 

E então ele correu de volta para a pousada com ela em seus braços.

 

Katia não confiou até que ele prometeu sempre dizer a verdade.

 

Eu nunca vou ferir, você pode confiar nisso. Verdade entre nós sempre, ok?

 

Ela assentiu com a cabeça em aceitação muda. Levou uma semana inteira para falar. Quando ela finalmente o fez, a sua história chocou até mesmo a Damian, normalmente imperturbável.

 

Baylor entendia seu desejo de encontrar seu pai. Mas ele também sabia o perigo de como o amor por um parente podia substituir o senso comum. A maior parte de sua família morreu depois que morphs atacaram seu reduto, quando ele tinha vinte anos. Apenas Baylor e seu irmão gêmeo Simon sobreviveram, mataram o inimigo e depois fugiram. Eles se separaram quando tentavam atravessar um rio inundado.

 

Quando Damian encontrou Baylor e o convidou para participar de seu grupo recém-formado, Baylor tinha esperança de Simon ainda estar vivo. Ele finalmente encontrou seu irmão gêmeo. Então ele cometeu o maior erro de sua vida.

 

Ele discutiu com Damian para aceitar Simon, dizendo que seu irmão não era morph e apresentava desculpas por Simon por um comportamento estranho. Baylor duvidou que seu irmão gêmeo fosse mau.  

 

Sabendo que Damian precisava de sua força e habilidades de luta, Baylor tinha jogado. Ele disse a Damian que se Simon não pudesse aderir ao grupo, ele não poderia participar também. Simon se juntou ao grupo de Damian, e logo depois, mostrou sua verdadeira face e matou duas mulheres. Baylor foi forçado a matar o seu próprio gêmeo. Damian disse que sua ação mostrou a lealdade de Baylor para com o grupo, mas Baylor se sentiu obrigado a provar a si mesmo sempre.

 

Ele nunca se perdoou por ter insistido na busca de seu irmão gêmeo e chantageado Damian em deixar Simon entrar, e para as duas vidas perdidas pela maldade de Simon.

 

Katia não conhecia seu passado sombrio. Ele não podia se arriscar dizendo. Kátia destacou a lealdade à família acima de tudo. Ela podia rejeitá-lo. E agora Baylor faria qualquer coisa para evitar Katia de tomar essa mesma decisão terrível de matar uma pessoa amada.

 

Ele e Katia eram uma boa dupla. Ambos haviam perdido seus companheiros destinados. Sua Draicara tinha sido morta na infância. Mas ela recusava-se a aceitar ser sua companheira até encontrar a prova da morte de seu pai.

 

Mais de quatro anos de pesquisa e não encontraram o pai de Katia.

 

Não faça isso para si mesma, Katia. Mantenha-se alegremente ignorante. Eu só quero te fazer feliz, minha querida.

 

O cheiro forte de sangue flutuava ao vento. Retomando a trilha novamente, Baylor rosnou baixo. Ele chefiou a leste, ansioso para matar o inimigo.

 

Entrou em uma clareira e viu a fonte de sangue. Um cervo, seus olhos cegos fitando a lua, sua garganta arrancada. Baylor não sentiu nada, mas o sangue de cervo e algo mais, algo familiar que tinha um cheiro podre. Um guincho acima enviou o seu sangue a correr. Dor queimante gritou junto às terminações nervosas. Ele uivava enquanto metia garras afiadas ao longo de seu traseiro e um bico como faca bicou-lhe a cabeça, tentando chegar aos seus olhos. Rosnando, girou, pulou e agarrou com suas mandíbulas poderosas uma asa, ouvindo o que se seguiu, trituração de ossos ocos. Gritos ecoavam no ar e ácido sangue espirrou sobre seu focinho, ardendo em seu nariz e pele.

 

Um morph. Quantos mais para matar?  

 

Ele balançou a cabeça, correndo, pulando sobre a carcaça de veados, tentando combater os alados predadores rolando para baixo a atacá-lo. Baylor entrou em um pequeno bosque de mato grosso e tentou aliviar a dor, concentrou-se em direcionar a energia de cura para seus ferimentos. Enquanto magia fluia por ele, foi sem emoção analisar seus atacantes. Espiando a partir de sua capa, ele assistiu e julgou. Apenas um morph o que tinha clonado a si. Logo a sua energia diminuiria.  

 

Vem buscar-me, disse ele em silêncio, olhando para o próximo ataque. O pensamento de um morph presente perto em seu território o gelava. O cervo tinha sido uma isca para Draicon, com fome de conhecimento em forma de lobo. Ele pensou sobre isso, o morph entrando na hospedagem, se movimentando através da janela de Katia como uma mosca e depois mudando para um puma e arrancando-lhe a garganta como se ela fosse uma gazela...

 

Raiva rugiu através dele, uma injeção de adrenalina. Quando o morph mudou novamente, ele estava pronto. Baylor saiu dos arbustos. E parou.

 

Ele enfrentaria uma dúzia de porcos-espinhos. Eriçados, eles dirigiam-se a ele. Esses afiados espinhos em seu focinho, nos olhos, fariam-no cair e eles mudariam novamente para o matar.

 

Não tão rápido. Baylor deslocou-se para trás em forma humana. Dois punhais de aço apareceram em suas palmas enquanto ele acenou com as mãos. Ele jogou a faca no avanço da criatura, que uivou e contorceu-se. Não morto, mas incapacitado. Baylor convocou mais dois punhais, jogou-os. A tática funcionou, para o morph, que percebeu a sua desvantagem. O inimigo abandonou os seus feridos clones e mudou novamente em um lobo. Os clones evaporaram em cinzas.

 

Um lobo, menos energia para manter o morph. Baylor esboçou um sorriso, e deslocou para trás em sua forma de lobo. As chances eram suas agora.  

 

Rosnando ele atacou, cabeça baixa, mandíbulas abertas, batendo no lobo morph com um poderoso baque de seu corpo musculoso. Como o morph afundou seus dentes em sua parte traseira, Baylor aproveitou a vantagem e, a partir de baixo, passou por sua garganta. Sangue ácido derramou sobre ele enquanto sua mandíbula afundava. O morph uivou de dor, tombou e Baylor o liberou.

 

Ele afastou-se, mudou de volta em forma humana. O punhal nas mãos foi jogado com objetivo certo. Diretamente para o coração, a única maneira de matar seu inimigo.

 

O morph ficou imóvel. Em um minuto, dissolveu-se em cinzas.  

 

Cansado, ele tremia, esgotado pela perda de energia e magia. Por um momento ele cedeu ao lado de uma árvore, a dor passando em suas veias. Fechou os olhos e centrou-se para resistir ao colapso de cair no chão frio. O sorriso doce de Katia, seus grandes olhos azul-gelo e sua gentileza brilharam em sua mente. Tremendo, ele segurou a imagem, chamando seu nome baixinho para evitar se entregar à inconsciência. Então, ele acenou com as mãos no ar, usando suas reservas preciosas de magia para destruir a carcaça de modo que nenhum outro animal viesse devorá-lo e morresse.

 

Baylor pôs-se a andar. Se ele mudasse para o lobo de novo, iria consumir a pouca energia que ele tinha deixado. Teria que fazer isso a pé. Não podia nem sequer convocar energia suficiente para vestir-se ou ele corria o risco de não chegar a casa. Um arrepio violento passou por ele quando o vento frio bateu contra sua carne.

 

Quando saiu da clareira, o cabelo em sua nuca se eriçou. A distância ouviu o som distante das asas, como se de repente uma coruja voasse de um galho de árvore. Um arrepio atravessou-o enquanto uma horrível suspeita veio à tona.

 

Por que um morph rondando perto de seu território, quando todos os outros tinham sido expulsos? O que o chamou aqui? Quem era ele, um solitário desonesto?

 

Ou pior?

 

 

Baylor não estava em casa ainda.

 

Katia fez um rebuliço no creme de manteiga gelada, enquanto esperava o bolo crescer e o último Draicon chegar a casa. A maior parte do grupo já estava nos aposentos. As poucas patrulhas que Nicolas enviara tinha retornado. Todos com exceção de Baylor. O mais querido Draicon para ela devia estar em apuros.

 

Num canto, uma pequena e castanha Shih Tzu dormia sobre um travesseiro macio. Misha, o cão amado de Maggie, amava a cozinha tanto quanto Katia. Desde que chegou, ela transformara a cozinha e cortinas agora ficavam pendurados nas janelas e os armários de carvalho tinham reluzente granito. As bancadas e os frascos de especiarias em caixas vermelhas dava-lhe um ar acolhedor.

 

Mas sentia-se vazia, sem Baylor. E se algo tivesse acontecido?

 

Você está tentando acordar todos? Cheira muito bem aqui.

 

Um pequeno grito fugiu de sua boca. Nicolas estava na porta, bocejando. Surpresa enchia seus olhos escuros.

 

Desculpa, não pretendia assustá-la. Por que você não está lá em cima, Katia?

 

Eu tenho insônia. Cozinhar me faz sentir melhor.

 

Ele farejou.

 

Dupla camada de chocolate. É o favorito de Baylor.

 

O sorriso de Nicolas desvaneceu-se enquanto ele estudava a boca virada para baixo.

 

Ei, não se preocupe. Ele pode cuidar de si mesmo. E eu lhe disse para levar Ryan. Ryan é um lutador habilidoso.

 

Katia foi para o forno, deslizou as mãos em duas luvas azuis. Ela abriu a porta e colocou o bolo na grade e fechou a porta. Depois de retirar as luvas, ela pegou um pequeno pote de cerâmica com palitos para exploração.

 

Ele é fiel e nunca vai deixar você. Case com ele, Katia. Você esteve cuidando de todo o resto do grupo por muito tempo.

 

Nicolas atravessou a sala, estudou as velas perfumadas sobre o balcão. Baylor, um sucesso como conselheiro de investimento na Internet, a incentivou a abrir sua própria loja em um site. Criava as velas em casa, saches e sabonetes, ganhando-lhe uma muito confortável vida. A crença de Baylor em seu talento alimentou sua confiança.

 

Damian vai querer que você se una com Baylor. -Nicolas pressionou. -Quando ele retornar com Jamie, ele vai querer reproduzir o mais rapidamente possível e incentivar o grupo para fazer o mesmo.

 

E foi por isso que Baylor tinha emitido o seu prazo, ela percebeu. Damian devia ter dito alguma coisa para ele antes de partir para New Orleans. E uma vez que seu líder retornasse com sua própria companheira, ele iria instigar o grupo para emparelhar e começar a levar uma vida normal novamente.

 

Kátia desligou o forno.

 

— Meu primeiro dever é o meu sangue. Se há uma chance de qualquer um estar vivo, especialmente meu pai...

 

— Nós somos sua família agora. Seu pai morreu lutando contra os morphs.

 

— Ele poderia ainda estar vivo. Minha lealdade está com a minha família.

 

Nicolas deu-lhe um olhar de nível.

 

Seu pai não iria querer que você se casasse com Baylor? Nós todos sabemos como você se sente sobre ele.

 

Como ela poderia se dar de corpo e alma, para Baylor, quando existia a possibilidade de que seu pai ainda vivia? Sua primeira lealdade era o seu povo. Damian já adotou o seu grupo. Os laços de sangue não eram o mesmo.

 

O que eu quero? Perdão? Absolvição para fugir?

 

— O que está acontecendo?

 

A voz sonolenta de Maggie chicoteou a atenção de Katia para a porta. Nicolas foi até ela, beijou seu rosto.

 

— Katia está preocupada com Baylor. Então ela cozinha.

 

Mais passos soaram na escada. Katia retirou o bolo, colocou sobre uma bandeja e despejou a fôrma de vidro na pia. Um grupo de homens derivaram para a cozinha aberta.

 

Eu acordei. - admitiu Owen, um velho Draicon e o dentista do grupo. - Algo está errado. Eu senti. Assim fez Margie, mas eu disse-lhe para voltar a dormir.

 

Os outros concordaram. Nicolas disse-lhes que Baylor ainda não tinha voltado. Eles eram um grupo muito unido que se preocupava quando um de seus próprios não tinha chegado a casa ainda. Bastante deles haviam sido perdidos no passado, ataques de morphs.

 

Ryan, um homem de ombros largos, com cabelos escuros, entrou na cozinha vestindo apenas calças jeans. A seu lado estava Patty, uma ruiva vestida com uma camisa extra grande de homem. Ryan bocejou e coçou seu peito musculoso.

Ouvimos toda a conversa. O que foi?

 

O coração de Katia disparou com o pânico. Se Ryan estava aqui, então Baylor estava sozinho.

 

Nicolas estudou a mordida de amor no pescoço de Patty, em seguida, olhou para Ryan.

 

— Que diabos? Como você pôde desobedecer uma ordem direta? Você deixou Baylor sozinho. Se algo acontecer a ele, eu vou chutar o seu traseiro.

 

Qual é a ordem? Eu não disse nada.

 

Eu disse a Baylor para levá-lo consigo para patrulhar o território do norte. - A expressão de Nicolas mudou. — Ele não lhe disse?

 

A tensão caiu nos ombros de Ryan.

 

— Droga. Você acha que eu o deixaria ir sozinho nessa floresta, onde os morphs outrora tiveram um território? De jeito nenhum. É suicida.

 

Tensão enchia o ar, apesar de Nicolas garantir as habilidades de Baylor de lutar. O nível de testosterona, já elevado, disparou quando Ryan começou a discutir e se juntou a outros machos.

 

Katia acendeu uma de suas velas especiais de ervas e murmurou um feitiço rápido. Um aroma suave encheu o ar. Ryan e os machos se acalmaram e passaram a um debate vigoroso. Maggie deu um suspiro aliviada.

 

— Muito obrigada, Katia. - Maggie, a empata do grupo, tocou-lhe o braço. — Você tem um dom especial e é tão importante para nós. O que faríamos sem você?

 

Emoção subiu-lhe à garganta. Eles haviam sido sua família substituta. Deixá-los seria difícil, mas ela tinha que fazer o que era necessário.

 

Katia terminava o bolo gelado enquanto Maggie ajudou com os pratos. Logo todos estavam comendo. Minutos mais tarde, mais passos na escada e a maioria das fêmeas do grupo se juntaram a eles.

 

Onde ele estava?

 

A porta da frente bateu. Ela seguiu os outros, que corriam para a sala. Seus pés descalços derraparam na madeira polida.

 

Baylor caiu contra a escada. Uma luz dourada da sala de estar revelava cortes ensanguentados e queimaduras em seu rosto quadrado e bonito. Ele tremia, seus músculos, o corpo nu, coberto com uma variedade colorida de hematomas, sangue e ranhuras profundas. Sangue pingava de sua orelha direita. Katia gritou.

 

Ela correu para seu lado, enganchou um braço sobre ele quando suas pernas começaram a ceder. A força Draicon de Katia chutou dentro quando levantou Baylor, como se os seus 1,80 metro, 170 quilos de puro músculos não pesassem mais do que um saco de açúcar.

 

Um protesto vazio seguiu.

— Eu estou bem. Não é nada.

 

Impaciente, ela empurrou a multidão de cima dele e suavemente deitou-o sobre o sofá.

— Não é nada, deixe de ser um... um homem... — ela retrucou.

 

Maggie veio.  

 

— Calma, querida, eu vou curá-lo.

 

Ansiosa, Katia viu a empata do grupo delicadamente colocar as mãos em Baylor, em suas lesões. Depois de um minuto ele cedeu. Contusões e lacerações deixaram seu corpo e apareceram no de Maggie. Nicolas ajudou sua companheira ir sentar-se em uma cadeira. Pálida, ela se inclinou para trás.

 

— Dê-me um minuto. Ele foi gravemente ferido. Mais do que ele imagina. - Maggie fechou os olhos.

 

Como as lesões começaram a enfraquecer Maggie, Katia buscou um cobertor de lã grosso, tecido à mão e colocou-o sobre Baylor, dobrando-o em torno dele. Ela parou, a mão trêmula passando pelos sedosos cachos escuros dele.

 

— Por que você teve que ir sozinho? E se você morresse, Baylor? O que eu faria então? - Ela sussurrou, a garganta apertada com emoção.

 

Aurelia, outro membro do bloco, retornou da cozinha com bife para reconstituir a energia que Baylor perdeu. Enquanto ele comia, Katia se enrolou ao lado dele, necessitando do contato. Quando Baylor acabou e empurrou o prato com um suspiro de alívio, Nicolas sentou-se na mesa de café diante dele.

 

— O que aconteceu? - Nicolas perguntou.

 

— Morphs, fronteira no norte. Matou um veado como isca. Me desestruturou, atacou.

 

Nicolas franziu a testa e cruzou os braços sobre o peito.

 

— Que diabos ele estava fazendo na nossa terra? Nós pegamos o último do bando de Kane.

 

Baylor não disse nada, mas o seu olhar voltou à Katia.

 

Empurrando seu caminho através da multidão, Ryan se aproximou do sofá. Ele olhou para Baylor, sua mandíbula apertada.

 

— Droga, por que você não me disse? Eu vi atropelados parecerem mais vivos do que você.

 

— Vai se foder. —Baylor revidou brincando.

 

— Não, obrigado, você não é o meu tipo. - Ryan passou a mão sobre o queixo. — Você fez bem, Baylor. Se alguém poderia sobreviver naquela mata, era você.

 

Um sorriso triste tocou a boca de Baylor.

 

— Chega de parabéns por não estar morto. Eu pedi-lhe para levar Ryan. Por que você desobedeceu, Baylor? - Nicolas exigiu.

 

Silêncio envolto no ar. Finalmente, ele falou.

 

— Eu quis mostrar como eu sou dedicado a proteger o grupo. Se algo acontecesse... você iria perder apenas um de nós.

 

— Você fez isso para provar a si mesmo? Que tipo de idéia idiota é essa?

 

— Eu não sei... — Baylor franziu a testa. — Eu tinha essa compulsão irresistível de fazê-lo. Como se eu estivesse sendo controlado por uma força externa, como se...

 

O estômago de Katia se contraiu quando pensou nos tocos de vela no quarto.

 

— Alguém colocou um feitiço em mim. —completou.

 

O grupo todo olhou para Katia. Baylor dobrou o cobertor sobre si mesmo como uma toga e parou. Seu penetrante olhar cinza cruzando com o dela.

 

— Precisamos conversar Katia.

 

Sua voz profunda era firme, não admitia recusa. Seu queixo caiu quando ela olhou para a mão poderosa diante dela.

 

— Eu acho que você deveria descansar... —começou ela.

 

Seus dedos fortes se fecharam em torno de sua palma pequena, envolvendo-a como uma flor. Um vermelho violento encheu seu rosto quando ele conduziu-a pelas escadas.

 

Baylor ignorou seus protestos quando ele abriu a porta do quarto. Quando ela estava lá dentro, ele fechou-a.

 

— Não era um feitiço de proteção, mas um período de fidelidade.

 

— Eu só queria ajudar. —ela rebateu.

 

Seu olhar amaciou. Ele acenou para ela.

 

— Venha aqui.

 

Baylor estendeu os braços. Ela foi para eles com um suspiro, enterrando a cabeça contra seu peito. Katia olhou para cima, incapaz de proteger suas emoções.

 

— Quando eu te vi... ensanguentado em pé na escada... — Sua voz quebrou.

 

— Ei, ei, — disse ele baixinho, inclinando a cabeça. —Nada pode me controlar. Muito menos um morph.

 

Ela assentiu com a cabeça, um pouco aliviada.

 

— Quando você não voltou para casa, trouxe de volta todas essas memórias de quando minha família não voltou, tampouco. Eu não sei... se eu podia aguentar novamente.

 

— Eu estou de volta agora e enquanto eu tiver você na minha vida, eu vou fazer uma promessa, certo de retornar para você. Beije-me, Katia — disse ele em uma voz profunda e sensual que agitou toda a sua pele como a seda escura.

 

Katia desmoronou sob o olhar intenso. Sua boca estava quente e firme. Sua cabeça inclinada para trás quando ele aprofundou o beijo e colocou uma mão em seus longos cabelos. A sensualidade de sua língua em movimentos lentos dentro de sua boca fez o espaço entre as pernas palpitar. A outra mão dele deslizava para baixo de seu corpo, em seguida, apertou-a contra a sua ereção.

 

Ela se libertou e foi à porta francesa fechada, que levava à sua varanda. O luar brilhava através das portas, derramando-se sobre o piso de madeira. Katia olhou para a luz prateada pairava sobre os campos e bosques além.

 

— Kátia, por que você continua me colocando fora? Eu sei que você me quer. —desabafou ele.

 

Silêncio. Katia se virou e viu a angústia gritante em seus profundos olhos cinzentos.

 

— Você é como areia movediça, Baylor. Toda vez que eu me aproximo de você, eu afundo, depois é uma luta para libertar-me. Você me faz sentir viva e feliz, mas é assustador. Se fizermos amor, eu estou com medo de afundar de vez. Isso significa muito para mim.

 

Ela ouviu o seu consumo de ar em toda a sala.

 

— Eu nunca te machucaria. Não importa o quão longe você afundou ou profundo foi. Eu estarei com você todo o caminho.

 

— Eu me sinto tão à deriva, tão quebrada. - Sua voz caiu quando ela esfregou os nós dos dedos contra o vidro.

 

— Eu serei a sua âncora, querida. Permita-me.

 

Katia queria uma vida com Baylor. Mas a vida ficaria parada até que encontrasse seu pai.

 

Ainda Baylor merecia toda a verdade.

 

— Baylor, há mais um motivo porque eu tenho que encontrar meu pai.

 

Ela engoliu um suspiro trêmulo quando ele se juntou a ela.

 

— Eu preciso de seu perdão. Eu fiz uma promessa há ele anos atrás e não posso me lembrar o que era. É essa a razão por que eu preciso descobrir se ele está vivo. Ele estava lutando contra o morph e eu fugi, como uma covarde.

 

— Oh, Katia, — ele disse suavemente. — Você fez o que tinha que fazer.

 

— Papai gritou a promessa para mim e então eu corri. Se eu pudesse recordar o que era! Tudo é um borrão e é por isso que eu não posso lembrar o que aconteceu com o nosso grupo. Eles simplesmente... desapareceram.

 

— Trauma faz isso às vezes. E você sofreu muito. —disse ele suavemente.

 

— Mas não é desculpa para minhas ações. Eu deveria ter ficado, eu poderia ter feito algo.

 

— E ser morta? Você realmente acha que seu pai iria querer isso?

 

—Se eu pudesse falar com ele, mais uma vez, ouvir de seus lábios o que ele pediu... – Sua voz sumiu. Como ela poderia realizar feitiços e magia que ajudavam os outros quando ela não podia nem sequer ajudar a si mesma?

 

— Por que não me disse antes?

 

— Eu estava muito envergonhada. Eu estava com medo do que você pensaria de mim.

 

—Que você é forte e corajosa? Preenchida com o desejo de viver e amar de novo? – Ele empurrou o cabelo para trás. — Ouça-me, Katia. Se você encontrá-lo, e ele for Draicon, você não teria que sair para qualquer grupo em que ele está. Você poderia ficar com a gente. Nós precisamos de você.

 

— Ele é o meu pai. Eu teria que ir com ele. – Enternecida, ela olhou para ele. – Ele é minha família, mas eu não iria querer deixar você.

 

Baylor suspirou.

 

—Nós poderíamos fazê-lo funcionar. Talvez eu pudesse ir com você como seu companheiro se o seu o pai me aceitar em seu grupo. É algo para se pensar sem ter que escolher entre nós.

 

— Mas como você pode sair daqui?

 

— Seria muito difícil, mas perdê-la seria pior. — Baylor segurou seu rosto e beijou cada uma de suas bochechas. —Me mataria por dentro.

 

A alegria louca bateu dentro dela. Ela o abraçou, sentindo seu corpo sólido, o calor dele. Excitação, empurrando de lado a razão, deixando apenas o desejo ardente de se associar a ele. Espelhado em seus olhos viu a mesma paixão, torcida com profunda ternura e adoração. O coração de Katia vibrou.

 

— Seja minha Katia. Diga que sim. – disse ele suavemente.

 

— Sim. —ela sussurrou. Os eventos dessa noite haviam ensinado a ela o quanto Baylor significava e ela não era capaz de resistir a ele por mais tempo.

 

O cobertor caiu no chão. Ela olhou para seu corpo rígido e a ereção de aço saliente de sua virilha. Um calafrio correu através dela com antecipação quando ela se despia.

 

Baylor levou-a para a cama. Katia atraiu uma respiração afiada com o desejo de seu olhar aquecido passando sobre ela com admiração. Ele aproximou-se e apertou o rosto contra o pescoço dela, aninhando-a.

 

— Você está tão quente e pronta para mim. Eu posso sentir seu cheiro. Está me deixando louco. —ele sussurrou, inalando o seu perfume.

 

Suas mãos, capazes de rasgar o inimigo ao meio, foram gentis e reverentes em seu corpo. Baylor segurou em concha seus seios, sacudindo seus polegares sobre os mamilos, fazendo-os endurecer sob seus cursos lentos. Umidade aumentava entre as pernas enquanto ela estremecia com o ardor de querer ele. Sua mão em concha no fundo de sua cabeça, fez túnel através da queda de seu cabelo. Sua boca, oh, ela estava quente e suave quando se deslocam ao longo dela, a uma ligeira pressão da sua língua lambendo os lábios. Ela gemeu quando ele a puxou mais perto, provocando-a com seu delicioso gosto. Preguiçosamente a sua língua flexionou ao longo dela, em seguida, os dentes beliscavam de brincadeira.

 

Sua pele era quente ao toque quando ela traçou as linhas do seu corpo magro. Um gemido retumbou em seu peito profundo quando ela ondulou os quadris contra os seus. O som despertou seu lobo interior, instigando ela para atiçar as chamas depositadas dentro dele.

 

Abandonando todo o cuidado, ela chupou a sua língua, suas mãos deslizando para apertar seu traseiro. Bastante. Baylor quebrou o beijo.

 

Emoção ardia em seus olhos, transformando-os em pedras cinza-escuras.

 

— Eu não sei se eu consigo me controlar com você.

 

Ela sentiu o lobo selvagem dentro de si, a rasgar, agarrando-lhe a necessidade de copular enfim. Katia abaixou e levemente raspou as unhas sobre os músculos de suas costas nuas.

 

— Então, não se controle.

 

O olhar ardente de Baylor advertiu que ela desencadeou a besta. Ele fez sua respiração engatar com antecipação quando levantou-a nos braços e a colocou na beira da cama.

 

Ela agarrou-se a seus ombros largos quando ele mordiscou o oco de sua garganta, perseguiu cada quente beijo possessivo com um toque delicado de sua língua. Katia contorceu, conectando as mãos sobre seu pescoço como se estivesse se afogando. Ele esfregou o pescoço, em seguida, mordeu, sugando forte. Marcando-a como sua na forma primitiva de sua raça.

 

O calor se espalhou através de seu corpo enquanto os lábios se arrastavam ao longo da curva de um seio e, em seguida, hermeticamente fechava em cima de um mamilo tenso. Sua língua raspava sobre os picos túrgidos, rodando. Em seguida, apertou os dentes levemente para baixo enquanto ele mamava.

 

Ela não estava se afogando, ela estava morrendo. Baylor levantou a cabeça, a paixão escurecendo os olhos para pedra cinzenta quando ele puxou as pernas abertas. Então ele caiu de joelhos.

 

— Minha linda Katia, você está tão molhada para mim.

 

Respiração escapou em um assobio quando ele colocou a boca sobre ela. Sua língua acariciou, exigente e persuasiva, enquanto ela segurava seus cabelos e arqueava para cima na necessidade sem vergonha. O grito saiu de sua garganta quando ela convulsionou em um clímax perturbador.

 

Katia observava, seus membros lânguidos e pesados enquanto Baylor, em seguida, montava nela. Seus dedos magros atados através dela quando ela serpenteou os braços ao redor da forte musculatura do pescoço, pedindo-lhe mais. Ela inalava seu almiscarado perfume masculino e abriu as pernas mais largas, movendo os quadris para cima em uma resposta natural.

 

A necessidade de união cancelou tudo, até mesmo os seus sentimentos de medo e vulnerabilidade a essa força do sexo masculino, tendo não só o corpo, mas também seu coração.

 

Ele olhou para ela com uma concentração feroz e tomou-a em um impulso único, rígido, destinado a dominar e possuir.

 

Tendões e músculos mexiam e enrolavam em seus braços. Suor umedeceu seus cachos escuros. Dentro, ela sentiu o pênis em uma contração muscular engrossar ainda mais.

 

— É minha agora, Kátia. —disse ele com um rosnado possessivo. —Só minha.

 

Katia engasgou enquanto ele segurava suas coxas abertas e começava a se dirigir a ela. Seu pênis era duro e grosso, enchendo-a completamente. Intimamente ligados, ela o sentiu todo vivo nesta colagem de carne enquanto suas emoções correram para a superfície.

 

Suas mãos agarraram os músculos tensos de sua bunda e ela ergueu os quadris, ansiosa para encontrar suas rígidas pressões. Baylor penetrou duro bateu contra a carne dela, sua respiração ofegante irregular crescendo a cada unidade de martelamento de seus quadris. Katia ofegava, arqueando as costas enquanto seu corpo apertava em torno dele. Ela enfiou os dedos nos seus ombros. Tão perto, quase lá...

 

Baylor olhou para ela. Uma gota de suor rolou de sua testa, salpicando o rosto como uma lágrima.

— Olhe para mim, Kátia. - ele exigiu.

 

O orgasmo forçou um grito de sua garganta, enquanto seu coração apertava. Finos músculos em seu pescoço se destacaram no relevo austero quando ele jogou a cabeça para trás e gemeu, chamando seu nome. Ele desabou em cima dela, a cabeça apoiada no travesseiro ao lado dela, sua respiração difícil ecoando no ouvido dela enquanto ela carinhosamente acariciou suas costas.

 

            Baylor lentamente separou-os e saiu. Ele estava deitado de costas, ofegante, seu olhar gentil sobre ela. Katia passou a mão pela suas ondas molhadas de suor, e para baixo de seu corpo, testando dos músculos trêmulos.

 

Depois de um minuto, ele levantou a cabeça e estudou sua virilha. Um sorriso orgulhoso tocou sua boca.

 

— Já? - ela brincou.

 

Ele estendeu os braços enquanto ela subia nele. Lentamente, ela afundou, mordendo o lábio na plenitude. A espessura deliciosa era quase demais para suportar. Baylor agarrou seus quadris, levantando-a enquanto ela começou a montá-lo, jogou a cabeça para trás.

 

Eles vieram juntos, ela gritando o nome dele, Baylor gritando o dela.

 

Depois, eles estavam deitados a tremer, nos braços um do outro. Finalmente, a cadência do seu coração abrandou para um ritmo normal e sua respiração não era mais tão rígida. Katia beijou seu ombro quando ele enterrou o rosto em seu cabelo. O ar frio secou o suor em seus corpos.

 

— Se eu tivesse uma eternidade com você, poderia ser suficiente. — ele murmurou, passando a mão suavemente para baixo das suas costas e despertando-a mais uma vez.

 

Ela brincou com o cabelo úmido em seu peito.

—Será que você realmente deixaria tudo e viveria no grupo do meu pai?

 

Ele parecia incomodado.

 

— É decisão que espero não ter que fazer. Eu acho melhor você ficar aqui. E eu tenho que primeiro ter a certeza de que ele ainda é um de nós.

 

Fria suspeita encheu-a enquanto se afastou dele.

 

— O que você quer dizer, um de nós?

 

Ternura desapareceu de sua expressão, substituído pelo macho protetor, seu olhar duro ao luar.

 

— Um Draicon. Porque se ele não for, todas as apostas estão descartadas. — Seu coração se partiu com suas palavras. — Eu terei que destruí-lo.

 

 

Amanheceu em um banho de sol brilhante. Baylor piscou os olhos, despertou para a alegria incrível de Katia deitada em seus braços. Ela deu um suspiro suave e se aninhou mais perto, sua pele de seda despertando-o. Deixou cair um beijo em sua testa, amando o resplendor saudável do rosto, o ligeiro sorriso que ela exibiu enquanto dormia.

 

Ela parecia feliz e contente. Por que não podia entender que ele desejava nada menos do que mantê-la dessa maneira? Ele nunca quis que ela soubesse a experiência do horror que ele passou.

 

— Acorde, querida Katia. —ele sussurrou.

 

Sonolentos olhos azuis se abriram, e seu sorriso se alargou.

 

—Bom dia.

 

Ela se mexeu, uma longa, perna delgada enredada com a sua. Seus seios pressionados contra o corpo dele. Baylor sentiu seu pênis endurecer. Ele a queria tanto. Para dormir com ela todas as noites, acordá-la com beijos amorosos e passar os dias juntos.

 

Ele esfregou o pescoço com uma carícia prolongada, mas ela se afastou.

 

— Eu tenho certeza que você está com fome depois de ontem à noite. Vou fazer salsichas e ovos depois de tomar banho. — Ela se esticou, o movimento de levantar os seios fez o lençol cair até a cintura. — Fiz-lhe um bolo na noite passada, mas o grupo acabou com ele.

 

Ele não queria café da manhã. Ele a queria. Ele comeria papelão se apenas Katia se unisse a ele pelo resto da vida. E se ela descobrisse que Baylor matou seu próprio irmão gêmeo? O peito apertado no pensamento do horror dos olhos de Katia.

 

Ela deslizou para fora da cama e fui para o banheiro. Ele vestiu um roupão e foi para seu próprio quarto. Depois de um banho, ele voltou. Katia foi até seu espelho, um pente passando através do longo cabelo.

 

Baylor sentiu o sangue agitar enquanto ele olhou para seu corpo alto e voluptuoso. O cabelo loiro em cascata pelas costas. Seu rosto redondo, pele acetinada e suave sorriso eram os mesmos, como se tivesse 18. Como todos os Draicon, Katia envelhecia muito lentamente.

 

Como gostava de enterrar a cabeça em seus cabelos, aspirando o cheiro dela, ondulando o corpo contra o dela enquanto eles compartilharam cada calor do outro. Observando com orgulho enquanto seus olhos escureciam e ela se torcendo com um grito na sua garganta quando se rendia à paixão.

 

O desespero levou-o urgente. Baylor pegou a mão dela.

 

— Katia, se una comigo, agora. Nicolas pode realizar a cerimônia. Eu quero você do meu lado para o resto de nossas vidas. Eu te amo e ninguém vai te amar mais do que eu.

 

Ele derramou todo o seu sentimento em palavras. Ansiedade agitada na barriga enquanto esperava ela responder.

 

Katia puxou sua mão, não antes que ele pegasse o leve tremor nos dedos. Ela devolveu o pente à penteadeira.

 

— Preciso de mais tempo. Por que você está tão impaciente?

 

Ele passou a mão pelos seus cachos úmidos.

 

— Eu preciso de uma companheira, Katia. Eu preciso de você. Por que você está saindo fora?

 

— Baylor, eu quero essas coisas. Você tem apenas sessenta e temos tempo de sobra. – Ela disse suavemente. — Se o meu pai sobreviveu, então é o meu dever encontrá-lo. Minha família vem em primeiro lugar.

 

O último segmento de seu temperamento agarrou.

 

— Quanto tempo, Katia? Quanto tempo você vai esperar? Quando a vida passar por você e você estiver lá, deixando tudo escorregar por entre os dedos?

 

— Enquanto for preciso. Não será muito agora. Eu saberei ao certo, em breve.

 

— E como você pode, depois de doze anos? Você acha que ele magicamente aparece...?

 

O olhar guardado em seus olhos lhe disse tudo. Baylor foi para sua mesa de vela, arrancou várias velas, examinando cada uma delas. Sua vela, as que ela acendeu para Maggie e Nicolas, de Damian...

 

Seria uma vela branca manchada com seu sangue. Sem velas brancas.

 

Alívio inundou-o. É claro que ela não seria tão tola ou desesperada.

 

Um caroço debaixo de um lenço na cômoda chamou sua atenção. O coração de Baylor acelerou quando ele pegou a cobertura de seda.

 

O esboço de uma vela branca estava coberto de uma mancha de ferrugem. Inspirou e fechou os olhos, sentido o cheiro dela. A memória horrível apareceu.

 

Como todos os Draicon, Katia tinha um especial aroma, exclusivo para seu grupo original. Cada membro compartilhado passou por seu DNA.

 

Ele reconheceu esse cheiro, o perfume fraco que ele apanhou na floresta na noite passada após ter seguido... O morph.

 

Baylor virou-se.

 

— Eu tinha que fazê-lo. Como você pode entender?

 

Angústia atava em suas entranhas, o desespero nos olhos dela.

 

— Eu entendo que querer tanto algo pode torná-la capaz de tudo, tudo. Mais do que você sabe. Mas isto coloca você em perigo. Ele nos põe em perigo.

 

— Eu fiz um feitiço de proteção. O grupo não está em perigo. Ele está vivo, eu sei, e ele vai vir para mim. — Olhou para o relógio de parede. — Até hoje, a segunda noite de lua cheia.

 

— Como o quê, Katia? – Baylor jogou o toco de vela na sala. —De que forma? Você vai comprometer o grupo para trazê-lo aqui?

 

— Ele é o meu pai e meu sangue. — Katia tensa se virou de costas. — É melhor você sair, Baylor. Antes de dizer algo que eu lamente.

 

Ele saiu, dando-lhe um olhar tenso.

 

— Se ele vier aqui, Katia, eu vou lidar com ele primeiro. Antes de você fazer e suas emoções nublarem seu julgamento, como fizeram quando eu vi Simon.

 

Quando a lua cheia fez a sua aparição no horizonte, a campainha tocou. Baylor congelou. Os visitantes tinham visitas.

 

Ele correu para baixo e cortou para a sala, salvando Auriela de atender a porta. Seu olhar voltou-se para Nicolas, que olhou desconfiado.

 

— Reúna os homens e venha comigo. —Baylor estava pronto para defender seu grupo.

 

Nicolas não perdeu tempo. Em um minuto, os machos do grupo estavam no saguão.

 

— O que há lá fora pode não ser bom para nós e especialmente a Kátia. — disse Baylor a Nicolas.

 

— Então é meu dever como líder interceptar o perigo e protegê-la.

 

— Não é mais. É meu dever agora, desde ontem à noite. —rebateu Baylor, dando a todos os homens um olhar significativo.

 

Nicolas arregalou os olhos, então concordou.

 

— Bem, então. – Ele olhou para a pesada porta de carvalho protegendo-os do mundo exterior.

 

— Responda, Baylor.

 

Baylor abriu a porta.

 

 

Um homem alto, de cabelo louro grisalho agitado pelo vento, estava lá fora. Vestido em jeans desgastado, uma blusa de cambraia azul e um casaco de pele de carneiro tinha os olhos azul-gelo.

 

Olhos azuis como os de Katia.

 

— Eu sou James Howard. Eu vim por minha filha, Katia.

 

Todos os músculos ficaram tensos no corpo de Baylor. Um rosnado baixo vibrava no fundo de seu peito. Ele sentiu o cheiro familiar da floresta.

 

Nicolas fez um sinal para os outros machos, que saíram com ele. Ryan, o último homem, fechou a porta e cruzou os braços sobre o peito. O rosnado baixo vibrando na garganta de Ryan ecoava a hostilidade de Baylor.

 

— Estranho como você de repente apareceu agora. — disse Baylor lentamente, circulando o pai de Katia.

 

James estudou-o com um olhar desconfiado. Baylor inalou, sua raiva crescendo a cada minuto.

 

— Nós temos um pedido para qualquer visitante, antes de conceder entrada. Pisque. —disse Baylor a ele.

 

O pai de Katia apenas olhou para longe.

 

— Eu tenho que vê-la agora. – O homem mais velho olhou para cima e gritou: – Katia! Sou eu, papai!

 

— Pisque antes que eu rasgue sua garganta fora. —rosnou Baylor.

 

A porta se escancarou e Katia correu para fora. Ela estendeu os braços.

 

— Oh, papai!

 

Seu grito de prazer tornou-se um choque indignado quando Baylor deu um salto e bateu o macho contra a parede exterior.

 

 

— Seu filho da puta. — ele rosnou, uma mão no pescoço do macho. — Você tem coragem de ousar invadir o nosso território? Eu vou mostrar-lhe as boas-vindas reais.

 

Nicolas rapidamente puxou Katia para longe.

 

— Baylor, você está louco? Este é o meu pai!

 

— Baylor, o que está acontecendo? —Nicolas parecia calmo.

 

— É ele, o morph do mato que me atacou. Ele aprendeu a se mascarar, mas seu verdadeiro cheiro de alguma forma escapa. — Baylor voltou-se para James, que não lutava ou mesmo olhava para ele. O macho estava focado em Katia.

 

— Você está louco? Este é o meu pai! —Katia lutou contra o aperto de Nicolas.

 

Baylor segurou o queixo do macho em um aperto de aço.

 

— Pisque. Mostre-me o seu verdadeiro eu.

 

James não piscava. Finalmente ele fez, tão rápido que Baylor quase perdeu.

 

Seus olhos estavam sem pupilas. Pretos, sem alma. Morph.

 

— É prova suficiente. — murmurou Baylor. Ele afastou o pai de Katia pelo pescoço e jogou-o longe da hospedagem, longe dela.

 

O macho caiu com um grunhido. Katia gritou, o som como um corte de mil agulhas em Baylor, mas manteve sua concentração. Baylor deu um salto de vôo, caindo no macho que lutava abaixo dele em sua forma humana.

 

Com uma mão em sua garganta, Baylor rosnou.

 

— Agora eu vou matá-lo.

 

— Não, oh, por favor, pare! – Katia gritou.

 

Assustado, ele virou-se, soltando sua aderência o suficiente para o morph fugir dele. A criatura rosnou e saiu correndo.

 

Os soluços de Katia atormentaram-lhe a razão. Não na frente dela. Bastante tempo depois para matar. Ele uivou sua frustração.

 

Mas seus gritos não eram metade da angústia como a de quem ele amava.

 

Katia permaneceu em seu quarto. Para garantir que ela não se perderia depois do que ocorreu, Nicolas ordenou as outras fêmeas para acompanhá-la em todos os momentos. Nicolas acreditava em Baylor que afirmava que o pai de Katia era um morph.

 

Ele não estava satisfeito quando Baylor lhe informou sobre o feitiço ilegal da vela. No entanto, ele concordou em adiar a punição de Katia até que Baylor falasse com ela.

 

Com o coração pesado, Baylor subiu as escadas para o quarto. A luz da lua cheia se derramando através das portas francesas abertas. O ar frio lavava em cima dele. Ele foi para fechar as portas.

 

— Não. —disse ela. — Deixe-as aberta à noite. Eu gosto da lua cheia.

 

Ele se juntou a ela na cama. Ela não se afastou.

 

— Querida, eu estou tão preocupado com você. — Baylor tocou-lhe o cabelo sedoso, querendo confortá-la, puxá-la em seus braços. Mas sentou-se imóvel como uma estátua.

 

— Você queria magoá-lo. Meu pai – ela disse suavemente. — Como você acha que ele é do mal?

 

Baylor recolheu as mãos nas suas.

 

— Katia, o que tenho a dizer-lhe não é fácil de ouvir, mas sempre haverá verdade entre nós. Sempre.

 

Caramba, isso era tão difícil, ele odiava machucá-la, mas ele tinha que lhe dizer.

 

— Ele não é Draicon, querida. Ele é o mesmo que eu enfrentei na mata, o que quase me matou. Ele é um morph, Katia. — Ela tentou se soltar das suas mãos, mas ele segurou-a rapidamente. —Ele se transformou no mal.

 

— Ele não pode ser um morph, ele jurou que ia morrer antes de virar, ele nos prometeu. Você está errado, Baylor.

 

— Eu queria estar. — disse ele sombriamente. —Eu detectei um traço de seu cheiro original e os marcadores são como os seus.

 

Dúvida e esperança selvagem correram em seu rosto.

 

— Então ele não é totalmente morph, ele ainda é Draicon no fundo, Baylor.

 

— Não existe tal coisa. Você não pode mudá-lo. Como conheço bem isso. Eu pensei que poderia mudar o meu gêmeo.

 

— Eu sou uma Taneam. Eu posso chamar a sua bondade.

 

O coração de Baylor se afundou na inclinação obstinada do queixo. Ela recusou-se a aceitar a razão.

 

— Ele ainda é meu pai, lá no fundo ainda há alguma bondade dentro dele. Posso chamá-la para fora. Eu sei que posso.

 

— Não, você não pode, Katia. E se eu vê-lo novamente em nossa terra, vai se ver comigo.

 

— Você mataria o meu pai? — Ela sussurrou.

 

— Ele não é mais o pai que você conhecia, Katia. Ele morreu para você, para toda raça Draicon. Ele é pura maldade.

 

— Eu posso tentar a magia da luz branca. — A carranca torceu a boca adorável. — Eu lembro a maior parte dela. Eu acho que minha mãe cantava o feitiço, mas não funcionava. Talvez porque ela não tivesse bastante luar para fortalecer as palavras.

 

Ele tinha ouvido falar da magia ser uma tremenda força. Pode não funcionar, mas poderia diminuir o poder do morph. Mas só se ele não representasse nenhuma ameaça.

 

— Você pode me dizer com toda a honestidade que não prejudicará você ou o grupo?

 

Katia encontrou seu olhar uniformemente.

 

—Não é para o grupo, mas para mim, se eu não implementar uma magia de proteção em primeiro lugar. — Puxou as mãos.

 

Em sua mesa, pegou uma vela branca longa e acendeu-a, persuadindo as chamas em direção a ela enquanto ela gritava, com os olhos fechados.

 

— Acabou?

 

—Não. Esse era para me proteger. Esta é a magia da luz branca.

 

Katia pegou mais uma vela, colocou-a na piscina do luar de prata e acendeu.

— Luz precisa de luz e a lua cheia fornece a mais forte.

 

Levantou os braços e começou a cantar.

 

Respeito passou em cima dele. Droga, ela era tão linda, o cabelo loiro brilhando na luz da lua, longas pestanas de ouro deslumbrantes sobre o rosto enquanto a sua voz melodiosa enchia o ar.

 

A chama laranja delicada tornou-se branca e ampliou-se. A luz branca começou a encher a sala. Paralisado, ele observava, sentindo o seu espírito e sua abertura de coração. Amor, carinho e todas as suas emoções para ela derramaram-se para a superfície. Ele sentiu como se nada de mau pudesse penetrar na sala, só Deus e Katia e a luz branca, o seu espírito, puro amor...

 

Uma chama preta subiu de repente da vela. Ela cresceu, apagando a luz branca. Baylor gritou e agarrou Katia para longe enquanto ela subia.

 

Em seguida, a chama se estabeleceu e se tornou um laranja comum. Vibrou uma vez e morreu. Baylor suspirou e passou a mão em seu pescoço, apertando-lhe suavemente em conforto.

 

— Não vai funcionar, querida. Ele tornou-se negro.

 

— Mas havia luz branca no interior do preto. Eu vi. Por favor, tente entender. Meu pai precisa da minha magia, e eu devo a minha lealdade para com a minha família, assim como você faria se sua família tivesse vivendo antes de você entrar no bando de Damian. Você não teria feito tudo para salvá-los?

 

Baylor largou a mão, suas entranhas se revoltaram. Agora era a vez de confessar. Ele cerrou as mãos. Droga, ele não queria, mas devia para salvá-la de fazer a mesma coisa terrível e de enfrentar a mesma dor que ele tinha, ele o faria. Seu bem-estar vinha em primeiro lugar.

 

— Eu fiz. —disse ele calmamente. — Meu irmão gêmeo Simon. Depois de Damian e eu acharmos uns aos outros, eu pensei que Simon poderia estar vivo também. Eu encontrei-o e insisti que Damian deixasse-o participar do grupo, mesmo que lá no fundo, eu sabia que algo estava errado com Simon.

 

Disse-lhe os detalhes, o peito apertando com tanta força que sentiu dificuldade para respirar. Quando ele se atreveu a levantar o olhar, ficou tenso, um sinistro olhar.

 

— Você o matou. Seu gêmeo?

 

— Eu tinha que salvar o grupo. A lealdade da família me cegou para a verdade, Katia. Por favor, não deixe que cegue você.

 

— Não é o mesmo. Ele pode mudar. Meu pai fez uma promessa para nunca se voltar para o mal. Eu acreditava nele. 

 

— Eu nunca pensei que meu irmão faria, mas ele fez. Pode acontecer, querida.

 

Um uivo sinistro subiu de baixo da janela. Os cabelos na parte de trás de sua nuca se arrepiaram. O uivo. O que estava lá fora não era Draicon.

 

A expressão de Katia passou a antecipação ansiosa.

 

— Minha magia funcionou! Eu reconheço sua chamada. É o meu pai!

 

— Katia, pare com isso. Espere e eu vou checar as coisas primeiro.

 

— Como você fez quando atacou? Você acha que ele é o inimigo, exatamente como você fez com Nicolas. Você é difícil de confiar em estranhos, então porque eu deveria confiar em você?

 

— Você não vai a lugar algum. — ele ordenou, ferido pela verdade aguda de suas palavras.

 

A raiva brilhou nos olhos dela.

 

— Pare de me dar ordens.

 

Ela acenou com as mãos, dispensando suas roupas. Katia se transformou em lobo, passou pela porta e saltou com facilidade sobre a varanda do segundo andar, caindo na terra abaixo.

 

— Droga! — Baylor correu pegando o interfone utilizado apenas em situações de emergência e pressionou o botão. — Kátia está na floresta atrás do morph. Preciso de ajuda, agora.

 

Depois ele passou e correu atrás dela. Ele pegou um aroma de um perfume fraco. Doce, leve, como colônia, como flores. Mas não há flores que desabrocham nesta época do ano.

 

Morphs sim.

 

Ele sabia o que a levou, a saudade desesperada, quase insana para descobrir se alguém amado ainda estava vivo. A respiração arfante e quente de suas narinas nublavam o ar fresco da noite enquanto corria, fechando a distância entre eles. Baylor girou à frente, cortando-a. Ele resmungou baixo, ela cutucou para trás, em direção ao alojamento.

 

Katia evitou-o, trotando mais profundo dentro da floresta.

 

Baylor correu atrás dela e pulou. Prendeu-a no chão com seu peso musculoso.

 

Forçando-a em uma posição submissa, ele gentilmente apertou-a para baixo na parte de trás do pescoço. Não o suficiente para machucar, mas pressão suficiente para obter o seu ponto de vista.

 

Com a cauda abaixada, Katia gania baixinho. Ele subiu, empurrando-a novamente em direção ao alojamento. Quando ela resistiu, tentando se esquivar, ele beliscou seu flanco.

 

Cada vez que ela tentava passar, ele fazia o mesmo. De repente um grupo de musculosos e agressivos lobos correram para a clareira.

 

Os machos do bando.

 

Nicolas, o maior, considerava a cena, de forma clara avaliando a situação. Ele foi ao mais próximo carvalho, cheirou e emitiu um rosnado baixo.

 

Então ele correu para dentro da floresta, os outros machos o seguindo.

 

Baylor foi para o carvalho. O cheiro forte do morph inundou suas narinas. A possessividade masculina torcida com a necessidade de proteger os seus. Rosnando, ele ergueu a perna e apagou o cheiro, cobrindo-o.

 

Tente ficar com ela, seu bastardo e eu vou rasgar seu pescoço. Ela é minha.

 

Ele acompanhava Katia de volta ao alojamento. Na porta traseira, ambos se transformaram e entraram, agarrando vestes de veludo de uma caixa perto da entrada. Katia subiu os degraus enquanto ele a seguia. Dentro de seu quarto, ela disparou-lhe um brilho gelado.

 

— Que diabos você estava pensando? — Baylor fechou suas mãos. — Droga Katia, que coisa idiota!

 

— Você me condena por fazer o mesmo que você fez uma vez quando você foi atrás de seu gêmeo?

 

Ele fechou os olhos.

 

— Não. Eu apenas quero impedir que você cometa o mesmo erro que eu. Seu pai não é o que você pensa.

 

— E se eu pudesse reverter o mal dentro dele, você poderia confiar nele o suficiente para ir com a gente?

 

Um peso pesado comprimia peito.

 

— Você sabe que eu não poderia. Eu tenho que ficar aqui.

 

Katia ficou em silêncio enquanto Baylor caminhava pelo quarto. Finalmente Nicolas entrou, o queixo tenso.

 

— Nós o capturamos e o prendemos no velho barracão em algemas de prata. O mesmo quando nós encontramos você. — Ele olhou diretamente para Katia. — Ele ainda está em forma de lobo e enfraquecido.

 

A esperança selvagem queimava o rosto profundamente perturbando de Katia.

 

— Se ele está enfraquecido, é por causa da magia da luz branca. Ela não era suficientemente forte, mas a magia completa é.

 

— Eu estou dando-lhe um dia antes de deixar Baylor ir para acabar com ele, só porque ele é o seu pai.

 

— Ele pode mudar, eu posso encontrar o bom dentro dele. —Katia gritou.

 

— E eu sou a Fada Boa. — Nicolas rosnou. — Um dia, Katia.

 

A porta bateu atrás dele. Katia foi para as portas francesas. Baylor correu lá primeiro, fechando-as.

 

— Você vai ficar aqui.

 

— Você vai ter que me amarrar para me impedir de ir com ele.

 

— Tudo bem.

 

Baylor puxou fora o cinto do manto. Amarrou uma extremidade à cabeceira da cama em um nó falando palavras mágicas em voz baixa. Entendimento apareceu em seus olhos e tentou se soltar, mas ele a agarrou facilmente, passando o outro lado em torno de seu pulso.

 

Seu nó era seguro, deixando folga suficiente para não cortar a circulação.

 

Quando regressou, vestindo as luvas grossas e a pulseira que Nicolas havia lhe dado, ela ainda estava sentada na cama. Baylor a desamarrou. 

 

—Minha querida desculpe, mas eu tenho que fazer isso. — disse baixinho. A pulseira de prata brilhou em seu pulso fino como um constrangimento.

 

Um grito suave fugiu dos lábios quando ela puxou a mão dele. Baylor puxou a luva fora, torcendo o seu coração pelo pânico do seu rosto.

 

— Você disse a Nicolas sobre o feitiço do sangue... por favor, Baylor, tire-a!

 

— Eu não posso. Você sabe quais são as regras de Damian. Você tem que usá-la pelas próximas duas semanas, não importa para onde. Você é livre para ir aonde quiser, mas a pulseira permanece.

 

Ele encostou os lábios contra a sua testa, mas ela afastou-se. O selo de mágoa profunda em seus olhos o cortavam como uma faca quente em toda a sua carne.

 

Ela se virou.

— Saia daqui. Eu nem quero olhar para você.

 

A emoção apertou sua garganta. Baylor fechou suas mãos.

 

— Katia, isso é para mantê-la segura e não apenas como punição. Eu nunca te machucaria. Nunca.

 

Quando ele ia fechar a porta atrás dele, ouviu a resposta macia dela.

 

— Mas você já fez isso.

 

 

— Eu quero voltar para a casa da minha família nas montanhas do Colorado.

 

O coração de Kátia bateu forte quando ela enfrentou Nicolas e Baylor na sala. Eles disseram que o pai dela era um morph. Ela devia-lhes sua lealdade, mas ela não devia isso ao seu pai? Se ela pudesse encontrar o feitiço secreto que sua mãe tinha escondido, demasiado poderoso para usar exceto nas situações mais extremas... ela poderia até mesmo inverter a maldade do seu pai. Mas, em seguida, o quê? A família vem em primeiro lugar?

 

Mas como ela poderia deixar Baylor? Mesmo que sua confissão chocante a tivesse perturbado e entristecido, ela sabia que deixá-lo seria a escolha mais difícil de todas. Porque, apesar de suas palavras, Baylor nunca se uniria com o pai dela. Katia sentiu uma obstrução fixa sua garganta.

 

— Por quê? — Nicolas perguntou.

 

— Eu preciso do diário da minha mãe.

 

Baylor estava sentado perto da mesa de pinho, coxas abertas, com os braços pendurados ao longo dos lados da cadeira.

— Katia, procuramos na sua casa quando você veio para nós. Completamente.

 

— Escondeu-o para evitar que morphs o encontrassem. Tinha uma mistura de poderosos feitiços nela. Eu não era forte o suficiente naquele tempo, para ir com você. Mas eu preciso ir agora.

 

Seu olhar de aço fechou nela.

 

— A verdade entre nós sempre, Katia. O que está no diário?

 

Ela puxou em uma respiração.

 

— A magia plena da luz branca. O que eu fiz não era o bastante forte. Este é. E o diário da minha mãe pode me dizer o que realmente aconteceu com a minha família, porque desapareceu. — Uma dor apertou seu peito. — Pode dizer-me a promessa que fiz ao meu pai.

 

Nicolas comprimiu a boca.

 

— Eu te darei um dia. Seu pai ainda está trancado, por isso é seguro. Mas a pulseira fica, assim então precisa de uma escolta. — Virou-se para Baylor. — Você precisa de algo que não seja aquele carro importado. Pegue o meu caminhão.

 

— Seu carro não pode seguir seu caminho até um formigueiro. O 4X4 tem uma direção melhor. Eu vou deixar meu Jag. —Baylor respondeu.

 

— Você age como quem tem direitos sobre mim. - Katia encarou Baylor.

 

Ele se sentou ao lado dela e levantou seu queixo, forçando-a a encará-lo.          

— Eu tenho. E eu não estou disposto a renunciar a essa reivindicação.

 

Silêncio ficou entre eles durante a viagem até Silverton. As árvores despidas de suas folhas e campos de gelo cobertos de grama cor de ferrugem passou por suas janelas. Suas calças de malha, lã e jaqueta de couro não conseguiam manter o frio gelado fora de seu corpo, o pensamento nas respostas que Katia podia encontrar. Baylor segurava o volante com os punhos brancos enquanto dirigia para o norte pela estrada de duas pistas.

 

Vestida com uma camisa azul pesada, jeans e tênis, Katia olhava a paisagem que passava. Baylor limpou a garganta e forçou as palavras.

 

— Katia, tudo o que me importa é a sua felicidade. Eu não posso nem mesmo pensar sobre o que você está passando agora. Eu gostaria que as coisas pudessem ser diferentes para você. Mas não podemos mudar isso.

 

Seu coração balançou novamente com o tom frio.

 

— Então, sua resposta é matá-lo. Meu próprio pai.

 

Uma camada de neve cobria a terra quando eles passaram pela cidade de Silverton indo em direção as montanhas. Baylor descobriu que era completamente isolado. Sombras alongadas e aprofundadas. O dele era o único veículo na estrada.

 

Depois de um tempo ele chegou ao desvio e virou à esquerda, subindo uma rua íngreme. Em compensação, ele viu uma casa térrea. A tinta estava desbotada e a casa parecia em estado de abandono. Baylor estacionou, desligou a ignição e olhou para ela.

 

— Fique aqui até eu sair.

 

Nem os pássaros cantavam nas árvores. Só o vento frio sussurrou contra as folhas. Um ar persistente de mal se agarrava ao exterior da casa.

 

Baylor aproximou-se da porta da frente e sacudiu a maçaneta. Destrancada. Ele entrou, investigando cada sala e desceu para o porão. Parecia acolhedor e confortável com os murais de montanhas pintadas nas paredes de concreto, confortáveis sofás e cadeiras junto à lareira.

 

Perto de um som antiquado, havia uma pilha de álbuns. Baylor passou por eles, sorrindo um pouco quando ele se deparou com um álbum de Elvis estranhamente inchado. Ele espiou dentro e viu não um, mas um par de discos de vinil dentro. Um sorriso tocou seu rosto. Ele já tinha feito o mesmo, álbum perdido e recheado de outros registros dentro. Baylor trouxe o mofo a seu nariz, inalando-o. O perfume de Katia ainda persistia.

 

Fechou os olhos, dor tragando-o enquanto a enorme casa demonstrava tristeza.

 

Baylor pegou o álbum de Elvis. Talvez fosse animá-la. Katia não olhou para ele quando ele entrou no SUV.

 

Aqueles lindos olhos azul-gelo estavam tristes enquanto o consideravam.

 

— Baylor, eu preciso fazer isso sozinha, para trazer a paz e tentar trazer minha memória.

 

Relutante, ele concordou. Baylor aguardou do lado de fora, sentado no banco de pedra no jardim há muito tempo morto. Finalmente, ela saiu e se sentou ao lado dele.

 

— Eu não encontrei nada e não lembrei de nada. — Sua voz, melodiosa exuberante foi tão tranquila como a ar frio passando sobre as montanhas.

 

Baylor segurou seu rosto.

 

—Você está bem?

 

— Tudo bem.  Às vezes nós escondemos documentos muito importantes no galpão. É ali atrás.

 

— Eu vou checar primeiro.

 

Tudo parecia normal. Ele nada cheirava, seus sentidos lobo não alertavam perigo. Ainda assim, ele não era capaz de sacudir um sentimento inquieto enquanto se sentava no banco de pedra, à espera de Katia para retornar.

 

Seu celular tocou. Baylor verificou a identidade. Casa.

 

— O que foi?

 

— Onde está Katia?

 

A urgência na voz de Nicolas fez Baylor se arrepiar.

 

— Ela está aqui, comigo. Nós estamos prestes a sair.

 

— Faça-o agora. Ryan foi verificar o barracão e James está desaparecido. A magia de Katia deve ter se desgastado e James recuperou força. Nós não sabemos quando ele fugiu.

 

Baylor desligou o telefone. Como morph, James poderia mudar em um pássaro, monitorá-los e voar direto para Katia.

 

Ele correu em direção ao galpão, com a boca seca, o coração batendo com o pânico. Quando ele contornou o canto, ouviu seu grito.

 

Baylor bombeou suas pernas mais rápido rezando para que não fosse tarde demais.

 

O homem parado à sua frente usava uma camisa de cambraia, jeans e botas gastas. Ele parecia com seu pai.

 

Mas ele apareceu literalmente do céu. Quando ela saiu do galpão, Katia ouviu um barulho de asas em cima. Quando a coruja pousou, ele mudou. Para o homem que a criou, cuidou dela quando bebê, que gritava com ela enquanto morphs engolfavam com suas garras afiadas...

 

— Papai. — ela sussurrou.

 

Ele era um morph e a verdade bateu nela como um soco sólido. Só morphs podiam mudar em formas de diversos animais.

 

— Olá Kátia, meu amendoim, finalmente encontramos um ao outro.

 

— Por que você me seguiu aqui?

 

— Eu tinha que fazer. A magia do sangue é muito forte e ela me chamou, o seu último parente macho de sangue vivo, a seu lado. Você me chamou pra sair do esconderijo. Eu não podia lutar contra o feitiço. Então aqui estou eu.

 

Baylor nunca havia mentido para ela. Ela confiava nele. Ela não confiava mais em seu pai.

 

Instinto e emoção guerreavam.

— Por que, papai? Por que você nunca procurou por mim antes?

 

— Você é luz e bondade. E nós sabemos o que acontece quando a luz encontra a escuridão. Luz empurra-a de lado. — Ele se aproximou.

 

— E então você me achou.

 

O sorriso brilhante desapareceu. Os dentes amarelos cresceram em sua boca. Suas feições mudaram quando ele começou a se transformar, sua voz rouca para um aprofundamento oco.

 

— Eu estou faminto e desesperado. E eu preciso de você. — ele murmurou.

 

O terror a dominou, enquanto sua boca ficou seca. Katia tropeçou para trás. Seu pai mudou, o cabelo grosso e delgado transformado em gorduroso, o rosto belo alongado em crescimento magro. Seus olhos, escuros como breu. Desalmado.

 

— Não. — ela gritou. — Eu cantava um feitiço para trazer a bondade, tem de haver alguma faísca dentro de você.

 

— Não achava que você estava viva. E então você passou por cima e me encontrou e me chamou para seu lado. Mas eu preciso de sua energia, Katia. A energia que virá de sua morte.

 

A sua figura encurvada foi um pesadelo, a partir do lodo primordial de seu medos mais sombrios. Talons surgiu a partir de seu alcance.

 

Ela gritou.

 

— Deixa-a em paz!

 

A voz de Baylor ecoou pela montanha. Ele acenou com as mãos enquanto corria, mudando para a forma em um lobo. Tão rapidamente, James mudou. Os dois lobos colidiram, mordendo e rosnando.

 

Katia agitou as mãos, mas nada aconteceu. O bracelete, pulseira maldita. Era impossível fazer magia. Baylor, o mais forte dos lobos cinzentos, rasgou o flanco de seu pai. James recuou, sangue escorrendo de sua pele. Baylor com seus dentes arreganhados, rosnando, se aproximando lentamente dele.

 

Baylor iria matá-lo.

 

De repente, James mudou em sua forma humana, vestido de jeans e camiseta. Ele estendeu suas mãos para Katia.

 

— Ajude-me. Eu posso mudar de volta para Draicon, só você pode me salvar do mal que eu sou. Não deixe que ele me machuque.

 

— Papai.

 

— Não o escute Katia. Ele vai matá-la, absorver o seu medo e crescer mais forte. — Baylor voltou à sua forma humana vestida, dois punhais de prata em suas palmas.

 

— Baylor, por favor, aguarde.

 

Baylor virou e viu a sua expressão. Ele hesitou. Provou a sua ruína.

 

James deu um pulo, explodindo em uma nuvem de insetos pungentes, que pululavam em Baylor que batia neles e amaldiçoava, mas então eles sobrevoaram a encosta da montanha rochosa acima deles. Horrorizada, Katia viu como James mudou novamente em seu pai.

 

Um sorriso cruel tocou-lhe a boca enquanto ele jogava nela uma pedra do tamanho de um homem. Baylor gritou e empurrou Kátia de lado.

 

A rocha caiu-lhe sobre as pernas, prendendo-o. Baylor se contorceu, tentando levantar, mas seu pai se transformou em um pássaro e voou. James então, mudou em sua personalidade humana. Ódio torceu-lhe o rosto, enquanto ele espreitava Baylor.

 

Ele estava indo para matá-lo e se alimentar de seu medo de morrer.

 

Seu pai era da família. Mas ele virou o mal e se transformou em morph.

 

O pleno impacto do feitiço que ela realizou anteriormente bateu como um esguicho de água gelada. Finalmente, ela compreendeu e aceitou a verdade das palavras de Baylor.

 

Você não pode mudá-lo. Mas você pode salvar Baylor.

 

Com um grito, ela atacou. Poder encheu o seu corpo quando ela pegou um dos punhais de Baylor e atirou-o em seu pai. Quando James caiu de costas, pulou em cima de seu peito e levantou a faca.

 

Katia hesitou e olhou para seu rosto. Atormentados olhos, azuis como o dela, a olhou.

 

— Por quê? - Ela perguntou.

 

— Eu sinto muito, amendoim. Faça-o. Agora. Por favor.

 

Amendoim. Ele nunca me chamou de amendoim antes. Confusão caiu sobre ela. Alguém tinha, mas quem? Triste, ela olhou para ele. Então, ela mal o ouviu sussurrar. Liberte-me.

 

A lâmina afundou-se profundamente em seu coração. Sangue ácido jorrou, salpicando sobre seu vestuário. Com um tremor, James ficou imóvel e morreu.

 

Ela saiu de cima dele, vendo como se de uma grande distância, quando ele dissolveu-se em cinzas.

 

— Papai. — ela sussurrou.

 

Baylor libertou-se, empurrando a pedra fora de suas pernas quando ela correu para ele. Ele esforçou-se para se levantar, fazendo caretas enquanto mancava.

 

— Katia, eu sinto muito. — disse ele.

 

— Eu matei o meu próprio pai. O que isso faz de mim, Baylor? Uma assassina?

 

— Isso faz de você uma sobrevivente, com o coração partido. - Angústia brilhou em seus olhos. — Droga, eu queria poder ter salvado você disso.

 

— Tinha que ser eu, só eu poderia finalmente deixá-lo ir. — Sua visão ficou turva enquanto uma lágrima escorria de seu rosto. — A magia que eu fiz como uma salvaguarda finalmente funcionou, em mim. Era um feitiço verdadeiro, então eu não fiquei cega pela emoção. Ele era um morph. E ele ia matar a pessoa que amo.  

 

Ela se afastou, deixando o vento secar as lágrimas enquanto Baylor deslizou seus braços ao redor dela.

 

 

Baylor sentiu seus ossos se unindo novamente enquanto Katia dirigia de volta para a hospedagem. Todas as tentativas que ele tinha feito em tentar colocar Katia na conversa foram recebidos com um silêncio mortal. A mulher que ele amava estava sofrendo e ele mal conseguia confortá-la.

 

Quando ela parou na frente da loja, estacionando e desligando a ignição, ele colocou a mão em cima da dela.

 

— Katia, fale comigo. Diga-me o que está sentindo.

 

Por alguns minutos, ela não disse nada. Quando ela falou, a tristeza em sua voz o prendeu.

 

— Minha família realmente se foi. Eu me sinto tão sozinha.

 

Baylor segurou seu rosto.

 

— Você não está sozinha, assim como eu não estou. Nossos companheiros de destino se foram e nossas famílias também. Mas nós temos um ao outro.

 

— Era para ser. Ele precisava de mim para libertá-lo. Ele parecia calmo, no final.

 

Ele segurou-a perto. Dando-lhe toda a sua força, como ela havia feito com ele. Seu sorriso era triste quando ele a beijou. Baylor iria deixá-la ir para casa.

 

Depois de um interrogatório por parte de Nicolas, Baylor tomou banho e se barbeou, tentando encontrar uma maneira que ele pudesse fazê-la sorrir novamente. Primeiro, ela precisava de cura. Ela tinha perdido alguma coisa muito preciosa para ela.

 

Baylor de repente lembrou-se do álbum que ele deixou no SUV. Ele trouxe para o quarto. Talvez Elvis pudesse fazê-la se sentir melhor.

 

Ele tirou os três discos e colocou sobre a mesa. Mas o álbum ainda estava estranhamente inchado. Baylor abriu o encarte do álbum e sacudiu-o. Um caderno fino caiu no chão. Seu pulso disparou.

 

O diário de sua mãe.

 

Baylor hesitou e, em seguida, abriu e leu. Uma grande alegria encheu o seu coração.

— Eu sei como fazer você rir, Kátia. — disse ele em voz alta.

 

Ele discou o número do diário. Baylor conversou alguns minutos com o macho Draicon no telefone e, em seguida, ele foi colocado ao telefone com uma mulher cuja voz foi tão suave e gentil como a de Katia.

 

Eles conversaram por alguns minutos, mas suas palavras seguintes fizeram sua pressão arterial disparar. Baylor apertou o telefone tão apertado, os nós dos dedos esbranquiçados. Fechou os olhos, inclinando-se contra o balcão da cozinha. Como ele poderia fazer isso? Deixá-la ir?

 

Finalmente, ele falou, o seu coração tão pesado que parecia um pedaço de aço dentro de seu peito.

 

Depois que ele desligou, ele subiu para o quarto de Katia, segurando na mão o diário. Katia fazia a limpeza das velas na sua mesa.

 

— Katia, aquela mágica que você fez, foi uma magia de sangue para trazer qualquer parente do sexo masculino para o seu lado?

 

Ela deu-lhe um olhar intrigado.

 

— Sim. Por que você pergunta?

 

— Seu pai sempre a chamou de Amendoim?

 

Ela franziu o cenho.

 

— É estranho. Ele nunca o fez. E ele fez pouco antes de eu... — A voz dela sumiu enquanto ela olhava para a distância, como se lembrando de uma memória. — Papai sempre me chamou de sua princesa. Meu primo Gerry me chamava de amendoim, porque eu era mais jovem.

 

—Não foi seu pai que você matou, querida, mas seu primo Gerry. Ele deve ter copiado a forma humana de seu pai para fazê-la pensar que o seu pai estava vivo, assim você iria confiar nele.

 

Ela pegou o diário que ele estendeu.

 

— Sua mãe escreveu que Gerry se tornou um morph após matar seus pais. Ele enterrou os corpos e convenceu seus primos a se transformarem. Sua mãe cantava a magia da luz branca e seu Draicaron insistiu em encontrar Gerry para ver se funcionava.

 

O sangue fugiu de seu rosto com o impacto de suas palavras e se afundou dentro.

 

 — Eu me lembro agora. Gerry o matou. Eu ouvi seus gritos e mamãe destruiu o feitiço escrito. Ela se recusou a deixar alguém cometer esse erro.

 

Ele gentilmente segurou seu rosto, segurando-a como um frasco de vidro frágil, como se ela fosse quebrar.

—Sua vela encantada protegeu todos. Mas quando suas tias e tios deixaram a casa em busca de seus filhos...

 

Os lábios de Katia tremiam precariamente.

 

— Eles se recusaram a acreditar que seus próprios filhos iriam matá-los para virarem morphs. Eles disseram que eu não estava dizendo a verdade sobre Gerry. Eu continuei implorando para não saírem, eles estavam caminhando para a morte.

 

— Seu pai insistia em defender sua casa. E sua mãe e irmãs estavam determinadas a ficar com ele. Então era você, porque a sua vela mágica era poderosa.

 

— Ela não era suficientemente poderosa. — ela sussurrou. —Eu não fui capaz de salvar nenhum deles.

 

— Sim querida, você fez. Foi você que salvou sua mãe e irmãs.

 

Ela olhou para ele com uma mistura de alegria e incredulidade.

 

—O que você quer dizer?

 

— Porque a sua magia era a mais forte, você prometeu que ia ficar e proteger seu pai. Sua promessa convenceu sua mãe e irmãs a fugir para um grupo amigo no Alasca. Seu pai lhe permitiu permanecer, só porque você fez uma promessa para fugir se o seu primo conseguisse entrar na casa. James sabia que você iria querer lutar, mas você tinha que sobreviver. Foi a promessa que fez.

 

Ele beijou-lhe as lágrimas.

 

— Você se lembrou o quão importante era o diário porque sua mãe lhe disse que ela iria escrever lá o número do telefone de onde está hospedada. Eu liguei e falei com ela. Ela mandou pessoas do grupo olharem por você, mas o morph destruiu todos os seus marcadores de cheiro e você não era capaz de ser rastreada. Ela está agora à espera de sua chamada. 

 

O diário caiu no chão quando Katia apertou-o duramente.

 

— Por isso é que eu ouvia essas canções do Elvis. Eu bloqueei a memória em meu cérebro para me ajudar a encontrar o seu diário.

 

— Não era a música. Há esperança para você ainda. Que alívio. —disse ele.

 

Ela deu uma gargalhada. Ele sorriu.

 

Ele a fez rir outra vez e aproveitou o som alegre. Sua família estava viva depois de tudo.

 

E se ela decidisse voltar com eles? Deixando-o pra trás?

 

Baylor ignorou a dor no peito quando a segurou em seus braços.

 

 

Uma semana depois, a mãe e irmãs de Katia estavam para chegar. Quando a campainha tocou, Baylor abriu a porta sem hesitação. Quatro Draicon femininos e loiros vieram para dentro, escoltados por dez seríssimos homens corpulentos. Katia se levantou quando Baylor conduziu-as para dentro.

 

— Alguém está aqui para ver você, querida. —disse ele com ternura.

 

— Mãe, — ela sussurrou. — Janice, Detra, Cindy!

 

O amor envolveu-as, enquanto se abraçaram. A voz de sua mãe soou tão suave como anos atrás.  

 

— Querida, nós procuramos e nunca encontramos você. Pensávamos que estava morta.

 

— Eu estou aqui, mamãe. - Embargada pela emoção, ela não poderia deixar de abraçá-las, o coração de Katia sentiu-se cheio, enquanto elas conversavam, riam e botavam a conversa em dia.

 

Os machos do grupo de Ronin foram para o lado mais afastado do quarto. Mantiveram-se encarando Baylor, que descansava contra uma janela.

 

— Nós vamos levá-la de volta. Você pertence à sua família, Katia. — Sua mãe bateu em sua mão.

 

Katia olhou por cima do ombro de Baylor, em pé perto da janela, que olhava para ela com tanta ternura que sua respiração ficou presa. Quantas mulheres tiveram tanta sorte como ela para ser amada desse jeito? Ela olhou para a mãe.

 

— Mamãe, por que você parou de procurar por mim? Por que você desistiu?

 

— Oh, querida, eu não queria desistir. Mas Ronin mandou seus melhores rastreadores e não conseguia encontrar o seu perfume. Ele disse que provavelmente havia sido destruído por morphs quando tinham matado o seu pai. — A mãe olhou para longe, os lábios tremendo. —Eu simplesmente não conseguia voltar aqui, sabendo que seu pai estava morto. Fiquei esperando que você encontrasse o diário para ter um jeito de voltar para mim. Eu nunca imaginei que você fosse ficar tão traumatizada que iria esquecer tudo o que eu disse, mesmo quando eu escondi isso. Eu te amo tanto, Katia. Se eu pudesse fazer voltar o tempo, deixaria tudo para te encontrar. — Lágrimas brilhavam em seus olhos. —Mas agora está aqui conosco e nunca seremos separadas novamente.   

 

Ela abraçou a mãe novamente.

 

— Nunca mais, mamãe. E eu tenho uma notícia. Eu estou levando uma pessoa especial comigo. Baylor.

 

Silêncio se fez entre eles. Então, a mãe falou:

 

— Isso não é possível, querida. No grupo de Ronin, um dos motivos por que fomos aceitos é que eles têm muito poucas mulheres. Eles não permitirão um homem de fora.

 

O coração de Katia balançou.

 

— Ele é um guerreiro valente, leal. Eu o amo, como eu posso dizer isso a ele?

 

— Ele já sabe. Eu disse a ele quando ele ligou. Ele me disse que a decisão era sua. Ele não interferirá no caminho de sua escolha. Ele só quer te fazer feliz. — A mãe suspirou. — E se ele quer que você seja feliz, ele vai compreender a sua decisão de sair daqui. Nós somos a sua família, Katia, tudo que restou. Família vem acima de tudo, lembra?  

 

Katia estudou Baylor do outro lado da sala. Como ela poderia escolher entre a mãe querida e irmãs, e o macho que ela amava?

 

A emoção travou sua garganta.

 

— Eu acho que tenho que sair para pensar, mãe.

 

Ela saiu para meditar sobre a decisão mais difícil de todas.

 

Duas horas depois, Katia encontrou Baylor ainda na sala, olhando tristemente pela janela.

 

Seu rosto ficou inexpressivo quando olhou para ela.

— Você já tomou sua decisão, Katia? Você está pronta para se comprometer?

 

Ela deslizou os braços em volta de sua cintura.

 

— Sim, eu estou. Eu estou fazendo o único compromisso que eu posso fazer. Aqui, com você e nosso grupo.

 

— Katia, — disse ele rudemente, abraçando-a. Baylor descansou sua bochecha contra a parte superior da cabeça. — Você tem certeza? Eles são seu sangue, sua família.

 

— Você é a minha metade que faltava. A minha alma como companheiro destinado, o meu coração. Nós somos dois pedaços do mesmo coração. Como posso deixar meu coração para trás?

 

Ele não disse nada, mas tomou a boca em um beijo duro, possessivo, que enviou fogo a cantar através de suas veias. Baylor a puxou para trás, dando-lhe um olhar gentil.

 

Por um momento ela descansou contra ele, sentindo-se estabelecer a paz no coração.

 

— Eu disse à minha mãe e acho que ela entende. Posso visitá-los, mas eu vou ficar aqui com você. Eu te amo, Baylor. Eu sempre te amei. Em meu coração, minha alma, minha mente. Eu amo minha mãe e irmãs também, mas você em primeiro lugar. Pensei em como você me encontrou quatro anos atrás, quebrada e derrotada e me fez inteira. E percebi que se eu estivesse perdida, você nunca pararia de procurar por mim. — ela sussurrou.

 

Ele acariciou seus cabelos.

 

— Eu sempre buscaria por você. Há muito tempo atrás você fez uma promessa ao seu pai. Eu estou fazendo uma para você agora. Eu prometo tentar te fazer feliz. E porque te amo tanto tudo que eu sempre quis era que fosse feliz.

 

Eles subiram para o quarto, tiraram a roupa e caíram sobre a cama. Enquanto ele acariciava-lhe, murmurando palavras carinhosas, enganchou os braços em seu pescoço.

 

Lentamente, ele separou as suas pernas e entrou nela. Seus golpes eram gentis enquanto olhava atentamente para ela.

 

Katia deixou todo o seu amor por ele brilhar em seus olhos. Emoções levadas às pressas para a superfície e ela não as suprimiu. Fizeram amor ternamente e quando ela gozou, seu olhar ficou em Baylor, enquanto ele a acariciava com ternura.

 

Ele a segurou em seus braços depois que ela descansou a cabeça em seu ombro.

 

— Eu quero que Nicolas case-nos em uma cerimônia formal. — disse ela, acariciando os músculos duros de seu peito. — Vamos fazê-lo hoje.

 

— Estamos impacientes, não estamos? — ele brincou.

 

— Eu preciso de você. Eu te amo tanto, Baylor.

 

— Katie, querida, não se preocupe. Você me tem para uma vida.

 

— Talvez o tempo suficiente, contanto que nós fiquemos juntos. — respondeu ela, beijando-o.

 

                                                                                            Bonnie Vanak

 

                      

O melhor da literatura para todos os gostos e idades