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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


ALTO, ESCURO E FAMINTO / Lynsay Sands
ALTO, ESCURO E FAMINTO / Lynsay Sands

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Terri voou da Inglaterra para ajudar a planejar o casamento de sua prima, mas pagar por um quarto de hotel em Nova York era como dar sangue!
Entretanto, ela tinha uma alternativa: os novos sogros estavam oferecendo hospedagem.
Claro, os Argeneaus eram garantidamente pessoas estranhas. Tinha o Lucern, às vezes animado, às vezes pensativo ? um escritor de ?romance vampírico?. Tinha o ator de teatro maluco, Vincent. Ela não poderia imaginar a Broadway lançando um mais voraz cantor-e-dançarino Drácula. E então havia o Bastien. Deste elenco único de personagens, ele parecia o mais alto, mais sombrio e mais faminto ? e seu efeito sobre Terri era decididamente delicioso.
Apenas olhando em seus olhos a fez querer servir sua inocência em uma bandeja de prata. E ela sentia que o deleite do amor estava prestes a começar.

 


 


Capítulo 1

— O frango está muito saboroso.

Bastien observou com diversão como Kate C. Leever levantava um garfo cheio do Poulet au Citron que tinha pedido e o segurava à frente dos lábios de seu irmão Lucern. Divertiu-se ainda mais quando seu irmão abriu a boca para aceitar o bocado do alimento, murmurou um agradecimento, e depois o mastigou e engoliu.

Durante toda sua vida tinha visto como Lucern tão somente aparentava que comia. Quando Bastien nasceu, seu irmão, com mais de duzentos anos de idade, já tinha se aborrecido até da comida gourmet. O sabor dos mantimentos começou a desinteressá-lo depois dos primeiros cem anos banqueteando-se com tudo o que tinha querido. Agora, passados já dos quatrocentos anos, o próprio Bastien achava o ato de comer nada mais era que uma chatice, algo que se via obrigado a fazer de vez em quando em reuniões do conselho administrativo ou em jantares, para evitar a descoberta de sua verdadeira natureza.

— Realmente está saboroso — anunciou Lucern — Tudo está um pouco novo e diferente hoje em dia.

— Não — discordou Bastien — Provavelmente tem o gosto mais ou menos igual a como sempre teve. É o amor que despertou outra vez suas papilas gustativas e rejuvenesceu seu desejo pela comida.

Lucern encolheu os ombros. Não parecia aborrecido pelo tom brincalhão de Bastien, e não tinha nenhum problema em admitir seus profundos e perduráveis sentimentos pela mulher sentada ao lado dele.

— Possivelmente. Realmente tudo parece mais vibrante e interessante agora. Peguei-me vendo as coisas com outra luz, vendo-as como Kate as veria, ao invés de com o aborrecimento com o que as observei durante séculos. É uma mudança agradável.

Bastien não disse nada, somente levantou sua taça de vinho. Mas enquanto tomava um gole as palavras de Lucern causaram uma pontada dentro dele. Se tivesse que analisá-la, poderia tê-la comparado com inveja. Mas Bastien não estava preparado para analisá-la. Não havia tempo para o amor ou sequer para a solidão em sua vida; tinha muitas responsabilidades. Bastien sempre tinha sido responsável. Quando seu pai morreu, fora ele quem assumira as

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obrigações do negócio da família. Estava em sua natureza. A vida de Bastien se apoiava em ocupar-se de cada crise individual que aparecia, tanto no negócio como na família. Se havia um problema, Bastien era o homem que todos procuravam para solucioná-lo, e assim tinha sido até mesmo antes da morte de seu pai. Bastien freqüentemente dirigia o negócio e tomava decisões em nome de seu pai durante as últimas várias centenas de anos desde que Jean-Claude Argeneau desenvolvera o problema com a bebida que o fez queimar até a morte: uma das muito poucas maneiras que os de sua espécie podiam morrer.

— Então, Bastien.

Seus olhos se estreitaram ante a voz de Kate. Conhecia-a o suficiente para reconhecer seu tom de vamos-falar-de-algo-desagradável-mas-necessário.

Tinha escutado esse tom bastante freqüentemente, mas sempre dirigido a Lucern. Era estranho ouvi-lo com seu próprio nome envolvido.

— Nós o convidamos para almoçar por uma razão.

Bastien elevou as sobrancelhas. Tinha suspeitado disso assim que Lucern lhe chamara e convidara a encontrar-se aqui em La Bonne Soupe para esta comida. Seu irmão sabia que ele já não se interessava por comida. Sendo assim, Bastien tinha suspeitado que este repentino convite tivesse algo a ver com as próximas núpcias do casal, mas não tinha certeza do que exatamente seu irmão poderia querer.

O casamento era em exatamente duas semanas. Seria aqui em Nova Iorque, o que tinha parecido a opção mais adequada para a cerimônia já que Kate, e agora Lucern também, vivia e trabalhava aqui. O filho mais velho dos Argeneau se mudou para Manhattan seis meses atrás para estar mais perto de sua noiva, que também era sua editora. Parecera-lhe uma boa idéia estar junto dela enquanto ela passava pelos ajustes necessários para sua transformação.

Deixando à parte as mudanças físicas, transformar-se em uma de sua espécie significava aprender um novo leque de hábitos e habilidades, de modo que Lucern se mudou para Nova Iorque para ajudá-la com isso, assim como dar uma mão com os preparativos do casamento. Por sorte, ser um autor de sucesso lhe permitia a liberdade de mudar-se com pouca dificuldade.

Bastien devia admitir que Nova Iorque era o melhor lugar para a cerimônia e a festa. Embora nenhuma das duas famílias vivesse ali — os Argeneau estavam assentados em Toronto, e os Leever, a família de Kate, viviam em Michigan — todos os seus amigos e colegas de trabalho estavam em Nova Iorque. E, como aqui era onde Kate, assim como agora também Lucern, vivia e trabalhava, facilitou-lhes fazer os planos necessários para o casamento.

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Originalmente Luc quisera ocupar a cobertura acima dos escritórios das Empresas Argeneau em Nova Iorque até o casamento, mas após deixar suas coisas nesse apartamento na primeira noite, fora visitar Kate e simplesmente ficara. Quando Bastien fugiu de Toronto — e dos esforços de sua mãe para lhe casar — para trabalhar nos escritórios de Manhattan, Lucern já tinha levado a maior parte de suas coisas para o pequeno apartamento de Kate e Bastien ficou com a cobertura para ele, como de costume. Ele preferia assim e não pensava com muita ilusão na invasão temporária de convidados e família que o casamento traria. Entretanto, consolou-lhe que só seria por um fim de semana; depois teria sua bendita paz outra vez, e nenhuma interferência por parte de sua mãe.

Sacudiu a cabeça recordando as últimas travessuras de Marguerite.

Sempre se intrometia nas vidas de seus filhos, impaciente por vê-los felizes, mas sua última atuação havia chocado até mesmo ele. Bastien era o único de seus filhos que permanecia solteiro e a mulher estava decidida a vê-lo estabelecido em uma relação amorosa igual a seus irmãos e irmã. Era compreensível, supôs ele, mas sua maneira de conseguir isso era uma loucura. Sua irmã Lissianna e seu marido psicólogo, Greg, tinha dado tão certo que Marguerite tinha decidido conseguir uma psicóloga para Bastien com a esperança de que ele se apaixonasse por ela. A boba tinha marcado encontros com cada psicóloga de Toronto, averiguou quais eram solteiras, escolheu aquelas que gostou mais e que acreditava que ele poderia gostar e depois lhes contou que ela era uma vampira e colocou em suas mentes o pensamento de que deviam solicitar conhecer um membro da família para falar sobre suas "ilusões". Bastien passou semanas correndo por toda Toronto, indo de psicóloga em psicóloga, apagando memórias e assegurando-se de que a atuação de sua mãe não resultaria em nenhum dano.

Depois fugira para Nova Iorque para evitar que lhe prendesse em algum outro de seus loucos planos.

Sim, sua mãe estava enlouquecendo sem nada com o que se ocupar. Ele esperava que a recém-anunciada gravidez de Lissianna fosse uma distração.

Bastien não via mal algum em estabilizar-se e ter alguém com quem compartilhar sua vida, tal como tinham seus irmãos, mas não ficaria parado esperando que isso acontecesse. Ele estivera sozinho por muito tempo, tanto que começava a se perguntar se alguma vez seria de outra forma. Talvez Josephine tivesse sido sua única esperança de felicidade.

Recusando-se a lembrar da mulher humana que amara e perdera, Bastien dirigiu o olhar para Lucern e Kate.

— Então, qual é o favor que querem?

O casal trocou um olhar e depois Lucern disse:

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— Deveria ter pedido algo para comer, irmão. É por minha conta.

Bastien se sentiu um pouco distraído ante a tática de evasão. Muito parecido com ele, seu irmão odiava pedir um favor.

— Deve ser um grande favor se está querendo pagar o almoço — brincou.

— Você me faz parecer um mão de vaca — disse Lucern franzindo a testa.

— Você é. Ou foi — permitiu ele — Embora pareça ter melhorado desde que Kate chegou a sua vida. Parece que ela é capaz de fazer você soltar um pouco as correias de sua carteira. Houve uma época em que nem sequer teria pensado em viver em uma cidade tão cara como Nova Iorque.

Luc encolheu os ombros.

— Ela está aqui — disse ele simplesmente.

— Na verdade, sou eu que preciso do favor — anunciou Kate.

— OH? — Bastien virou para ela com interesse. Gostava de sua futura cunhada. Era perfeita para Luc. Seu irmão era sortudo por tê-la encontrado.

— Sim. Minha melhor amiga, Terri... bem, na verdade é minha prima.

Bem, é as duas coisas, minha prima e minha melhor amiga, mas…

— Refere-se a sua dama de honra? — interrompeu Bastien pacientemente.

— Sim! — afirmou ela radiante. Pelo visto lhe agradava que ele reconhecesse o nome. Mas isso não deveria tê-la surpreendido; Bastien era bom com os detalhes. Além disso, a mulher era a dama de honra e ele era o padrinho.

Como tal, formariam um casal e permaneceriam juntos durante todo o casamento. É claro que ele se lembraria!

— O que tem ela? — perguntou ele quando Kate continuou sorrindo em silêncio. Como ela hesitou, ele continuou — Chegará junto com outros ou um ou dois dias antes?

— Na verdade, vem duas semanas antes — confessou Kate — Suas férias já estavam chegando e tirou tudo junto para vir antes e ajudar com o casamento.

— Isso também é muito bom — murmurou Lucern, depois admitiu — necessitamos de toda a ajuda que pudermos conseguir. Não acreditaria quão complicado é um casamento, Bastien. Primeiro tem que escolher a data, reservar o salão e escolher e enviar os convites. Depois tem que escolher o bufê, decidir as comidas, que vinho servir, que flores usar e em que tipo de arranjos, a música na

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igreja, se terá uma banda ou um D.J. na recepção, e que tipo de música tocar.

Tem que escolher as cores e coordená-las de modo que as decorações, flores, smokings e vestidos possam combinar, etc, etc — Sacudiu a cabeça — É uma maravilha que os casais sobrevivam a tudo isto e cheguem ao casamento ainda unidos. Aceite meu conselho: se algum dia encontrar uma companheira, pule as tolices do casamento e voe para Vegas.

— Pule as tolices do casamento e voe para Vegas? — repetiu Kate incrédula.

— OH, vamos, Kate, querida, sabe que não queria dizer… — voltou atrás Luc com ardor.

— Entendi que a preparação de um casamento é infernal, mas com certeza o pior já está pronto, não? — perguntou Bastien, tentando salvar seu irmão da fúria que refletia o rosto de sua noiva.

Um aliviado Lucern se agarrou à mudança de tema ansiosamente.

— Bom, sim. A maior parte dos preparativos está pronta, mas sempre parece surgir algo que precise fazer. Na semana passada foi fazer flores de papel higiênico. Quem sabe o que será na próxima semana?

— Flores de papel higiênico? — perguntou Bastien surpreso.

— Flores de kleenex — corrigiu Kate, parecendo irritada — As fizemos de lenços de papel Kleenex.

— Sim — disse Lucern com tom amável e logo se virou para explicar a Bastien — Estive dobrando e unindo todos esses malditos lenços de papel, depois os arrumando para formar flores que irão nos carros para a festa de casamento.

Disse-lhe que deveríamos ter contratado alguém para que as fizesse, ou simplesmente comprá-los feitos, mas ela insistiu que a confecção era uma tradição em sua família. Não podia comprar as flores, assim eu passei horas e horas da semana passada dobrando, unindo e arrumando papel higiênico.

— Kleenex — espetou Kate.

— Algumas são de papel higiênico — a informou Lucern.

— O quê? — O olhou com horror.

— Bom, fiquei sem o Kleenex e você insistiu que fizesse tantos para os carros, que comecei a usar papel higiênico. Não acredito que se note a diferença.

Papel é papel, não é verdade? Além disso, você não estava ali para eu te perguntar. Estava trabalhando até tarde como de costume — virou-se para

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Bastien e explicou — Ultimamente esteve trabalhando até tarde, tratando de fazer tanto o trabalho do Chris como o seu próprio.

Bastien levantou uma sobrancelha, mas Kate só fez uma careta.

— Não faço o trabalho do C.K., Chris revisa seus próprios escritores e eu reviso os meus. É só que ele parte hoje para a conferência de escritores da Califórnia e terei que solucionar qualquer emergência que surja enquanto ele não esteja. Estive tentando adiantar minhas revisões de forma que não me atrase se algo surgir, já entende o que quero dizer.

Bastien assentiu com a cabeça e logo voltou para o assunto que iniciou a conversa.

— Dessa forma sua dama de honra vem duas semanas antes. Então deveria chegar logo. Onde vai ficar?

— Ah — Kate pareceu incômoda, logo soltou o fôlego em um suspiro — Na verdade, esse é o favor que quero te pedir — confessou ela — Estive pensando que ficasse comigo, mas meu apartamento é realmente pequeno. Só tem um quarto e é o melhor que posso me permitir em Manhattan com meu salário e com o Lucern ali está completamente lotado. Então pensei em alojar Terri em um hotel. Luc inclusive se ofereceu para pagá-lo, mas sei que ela se negaria e insistiria em pagar para ela mesma. E com todo o gasto que já tem, sendo minha dama de honra, não quis sobrecarregá-la mais do que o necessário. Na verdade, ela não pode suportar isso, mas ela nunca diria.

— Orgulhosa? — adivinhou Bastien.

— Sim. Muito. Sua mãe foi mãe solteira e Terri esteve cuidando de si mesma desde que a tia Maggie morreu quando ela tinha dezenove anos. É

obstinada e tem problemas para pedir ou aceitar ajuda.

Bastien assentiu com a cabeça. Entendia o orgulho. Ele mesmo era um pouco orgulhoso. Até demais, às vezes.

— Quer que eu a aloje na cobertura — adivinhou ele.

— Sim. Se não for te incomodar — confessou Kate, parecendo esperançosa.

Bastien sorriu com indulgência. A noiva de seu irmão pedia como se esta fosse uma imposição enorme. A qual não era. A cobertura tinha cinco quartos e era enorme. Ele tampouco passava ali muito tempo, e provavelmente nunca veria a moça. Deixaria Terri nas capazes mãos da governanta; não seria nenhum problema para ele absolutamente.

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— Não há problema, Kate. Será bem-vinda em um dos quartos da cobertura. Quando chega? Este fim de semana, é de supor, se vier duas semanas antes.

— Sim — Kate trocou outro olhar com Lucern antes de admitir — Na verdade chega hoje.

— Hoje? — Bastien não se incomodou em esconder sua surpresa.

— Sei. Avisamos-lhe com muito pouco tempo e sinto muito. Teria perguntado antes se soubesse. Inicialmente, supunha-se que ela viria um dia antes do casamento como todos os outros. Mas Terri decidiu me surpreender e tirou férias. Soube faz só uma hora, porque ao que parece lhe ocorreu que devia estar segura de que eu estava em casa e que não ficaria sentada nos degraus durante alguns dias, então ela me ligou do avião.

— Bem, que bom que o fizera — comentou Bastien, então notou outro olhar entre o casal e estreitou os olhos. Era evidente que havia algo mais neste favor que o fato de que a dama de honra de Kate ficasse com ele. Imediatamente soube o que era — Imagino que precisam que eu vá buscá-la no aeroporto.

— Bom, ia tomar um táxi, mas já sabe quão caro é e realmente ela…

— Não pode pagar, mas é muito orgulhosa para admitir, e você sabe que não pegaria o dinheiro com você se lhe oferecesse, então insistiu que alguém a buscaria — terminou Bastien por ela.

Katie estreitou seus olhos.

— Está lendo minha mente?

— Não — assegurou-lhe ele — Apenas uma sortuda conjectura.

— Ah — Ela relaxou — Acertou. Seria muito incômodo?

O olhar de Bastien se deslizou ao seu irmão e Kate acrescentou: — Lucern pode ir com contigo, é óbvio. Ele ofereceu-se, mas não conhece as estradas como você ou os aeroportos ou aonde ir. Teria ido eu mesma, mas estou tão sobrecarregada de trabalho agora mesmo, eu…

— Luc e eu a buscaremos — assegurou-lhe Bastien, sorrindo ante a diplomática desculpa de Kate. Lucern não precisava conhecer o caminho; poderia ter tomado um dos carros de serviço da família, com um chofer. A verdade era que Lucern ainda era um pouco anti-social. Não tanto como costumava ser, mas ainda era um pouco desajeitado nas situações sociais e Bastien suspeitou que

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Kate temia que saudasse sua prima e melhor amiga grunhindo um ?me siga?, e depois permanecesse em silêncio durante todo o trajeto até a cidade. Bastien, por outro lado, lidava com pessoas todo o tempo e era um pouco mais sociável. Ele também, por sorte para Kate e para a ainda desconhecida Terri, teria uma tarde tranqüila no escritório. Não teria problema algum tomar um tempo livre.

— Genial — disse Lucern secamente — Te ocorreu, Kate meu amor, que está enviando dois homens que não têm idéia de qual é o aspecto de sua prima e melhor amiga para recebê-la? Como a reconheceremos?

— Pode fazer um pôster com seu nome nele — sugeriu Kate alegremente — E sei que entre os dois, vocês a encontrarão e a trarão sã e salva.

Bastien observou com diversão a expressão de dúvida de seu irmão. As palavras de Kate incluíam uma decidida advertência semelhante a: Tragam-na a salvo ou do contrário…

— Droga, tenho que ir. Temos uma reunião de produção esta tarde. Por isso não podia sair do trabalho para pegá-la eu mesma — explicou Kate, ficando de pé. Inclinou-se para beijar Lucern, começou a endireitar-se e voltou a inclinar-se para lhe dar outro beijo nos lábios. O beijo terminou com um suspiro — Eu amo você, Luc.

— E eu amo você, Kate — respondeu Lucern. Sua língua se deslizou para lamber rapidamente seu lábio inferior e no momento seguinte, os dois amantes se beijavam outra vez.

Bastien suspirou e desviou seu olhar para as pessoas ao seu redor. Sabia por experiência que haveria vários suaves suspiros e beijos mais antes que Kate partisse. O casal era patético. Só esperava que esta fase de lua de mel que desfrutavam passasse logo. Entretanto, temia que não. Passara-se quase um ano desde que seu irmão Etienne se casou com Rachel e dois anos do casamento de Greg e Lissianna; ainda nenhum dos casais parecia estar terminando esta luxuriosa e amorosa fase. Sua maldita família inteira parecia preferir passar lentamente para etapa seguinte. Todos eles eram igualmente patéticos. Ele era o único membro da família, além de sua mãe, que não passava uma ridícula quantidade de tempo beijando em público, em privado ou em qualquer lugar que se encontrasse. Mas nem ele nem sua mãe tinham alguém a quem beijar.

Bastien ignorou a pontada de inveja que o consumia quando escutou outro suave suspiro de Kate, seguido de um fraco gemido. Virou rapidamente a cabeça surpreso quando de repente Kate disse muito séria: — Isto poderia ajudar — Kate se endireitou, tirando uma foto de sua carteira — É uma fotografia relativamente recente. Terri me enviou isso por email

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no mês passado. Agora, devo ir. Sejam legais com ela.

Colocou a foto sobre a mesa entre eles, depois se virou e começou a abrir caminho entre as mesas dirigindo-se para a saída do pequeno e lotado restaurante.

— Deus, ela é maravilhosa — suspirou Lucern enquanto observava Kate parar e deixar passar alguém que entrava no pequeno restaurante.

Bastien rolou os olhos, sem perder o detalhe de que o olhar de seu irmão estava fixo no traseiro de sua noiva. Repentinamente ciente de que seu olhar seguia o de Lucern, sacudiu a cabeça e voltou sua atenção para a fotografia que estava sobre a mesa. Era de uma mulher próxima dos trinta, com uns grandes e doces olhos, e uns lábios carnudos que sorriam travessamente.

— Uma beleza — comentou, notando que a prima de Kate era exatamente o contrário dela. Era morena enquanto Kate era loira, e cheinha e curvilínea de uma forma que o fazia pensar em uma fruta amadurecida, o contrário da esbelta figura de Kate. Embora fosse impressionante a sua maneira.

— É ela? — perguntou Lucern com pouco interesse, enquanto seu olhar continuava fixo em sua futura esposa.

— Se deixasse de comer Kate com os olhos e olhasse a foto poderia vê-la por ti mesmo — apontou Bastien.

Lucern lançou-lhe um olhar divertido, depois observou a imagem da fotografia e deu de ombros.

— Não está mau. Embora não seja tão formosa como Kate.

Bastien bufou.

— Aos seus olhos ninguém é tão formoso como Kate.

— Tem razão — admitiu Lucern, elevando seu copo para tomar um gole de uísque antes de acrescentar — para mim Kate é perfeita. Ninguém pode comparar-se a ela.

— Me desculpe, irmão. Mas acredito que a expressão moderna é ?Está de quatro" — comentou Bastien com diversão. Ele gostava muito de Kate, mas não era perfeita. Possivelmente estava condenadamente perto, mas não de tudo — Então, a que horas chega o avião de Terri?

Lucern olhou seu relógio de pulso, dando de ombros.

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— Aproximadamente em uma hora.

— O quê? — grasnou Bastien.

— O que, quê? — perguntou Lucern.

— Está brincando! Não chegará em uma hora.

— Sim, chegará.

Bastien ficou olhando-o aniquilado, e depois lhe perguntou: — A qual aeroporto?

— O JFK.

— Deus querido.

— O quê? — perguntou Lucern. Pareceu preocupado quando Bastien começou a procurar a garçonete no pequeno restaurante. É obvio, tinha desaparecido logo quando eles precisavam dela, provavelmente estaria na cozinha.

— Poderia ter mencionado isso antes, droga — grunhiu Bastien — Demônios, por que Kate não mencionou? Ela sabe que demora uma hora para chegar ao JFK. Onde está essa maldita garçonete?

— Provavelmente não se deu conta de quão tarde era — disse Lucern desculpando Kate — Além disso, está um pouco distraída esses dias.

— Sim? Bem, será culpa dela se chegarmos tarde.

— Vamos conseguir — disse Lucern brandamente quando a garçonete saiu da cozinha. Chamando sua atenção com um gesto, acrescentou — De qualquer forma, Terri tem que recolher sua bagagem e passar pela alfândega.

Bastien sacudiu a cabeça com desgosto. Lucern raramente se preocupava com algo, mas algumas centenas de anos no mundo dos negócios o tinham transformado em um homem informado.

— Ela terá que passar pela alfândega, mas nós ainda devemos pegar o carro e chegar lá. Espero que não haja muito tráfego hoje.

Deixando Lucern encarregado da conta, Bastien pegou seu celular e chamou seu chofer. Embora dirigisse ele mesmo ou pegasse um táxi à noite, quando viajava de dia Bastien sempre tinha um motorista. Além de economizar o problema de encontrar estacionamento, evitava que tivesse que permanecer sob a

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luz do sol mais tempo do que estritamente necessário… tão somente a distância do carro à entrada de onde fosse que precisasse ir. Não é que não pudesse caminhar sob a luz do sol por alguns minutos, ou até mesmo mais do que isso, mas isso significava que depois teria que ingerir mais quantidade de sangue, o que às vezes podia ser bastante incômodo.

Uma vez seguro de que o carro estava a caminho, Bastien desligou o telefone e o colocou de volta em seu bolso, depois começou a considerar como dirigir melhor esta situação. Embora utilizasse uma limusine com chofer quando era necessário, seu motorista habitual estava de férias e Bastien não desejava passar uma hora inteira do trajeto vigiando tudo que pudesse ser dito na presença do motorista substituto. Voltariam para o escritório para pegar seu carro. Também poderia pegar uma geladeira com sangue para caso de emergência, decidiu Bastien. Todos os seus carros tinham tratamentos especiais nas janelas para impedir a entrada dos raios UV e assim evitar que lhes causassem danos, mas se o carro quebrasse ou se o pneu furasse e eles se vissem obrigados a repará-lo ou a caminhar uma longa distância sob a luz do sol, as coisas poderiam se tornar incômodas e inclusive perigosas.

Tudo isto levaria tempo, é obvio, e aumentaria as possibilidades de que não chegassem a tempo para pegar Terri, mas se a sorte estivesse de seu lado e o tráfego não estivesse lento...

— O tráfego está lento — disse Lucern pouco depois.

Bastien soltou uma pequena gargalhada.

— É obvio que sim. A lei de Murphy, certo?

Lucern grunhiu.

— Pegue minha maleta no assento traseiro. Terá que fazer um pôster.

— Não reconheceremos Terri pela fotografia? — Lucern pegou a maleta e a colocou em seu colo.

— Talvez. Mas não quero contar só com isso. Se a perdermos, Kate nos matará.

Luc grunhiu outra vez. Nunca tinha sido um grande conversador. Bastien supôs que esse era o motivo pelo qual Kate queria que alguém mais fosse pegar sua prima. As únicas ocasiões em que vira Luc falar fora quando Kate estava perto. Também eram as únicas vezes em que sorria. Ela tinha tirado algo dele que ninguém mais pôde, e que pelo visto desaparecia no mesmo instante em que ela desaparecia de sua vista. Quando Kate não estava ao redor, era difícil conseguir

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tirar mais do que duas palavras de Lucern; um grunhido era sua resposta habitual.

— O que quer que ponha?

Bastien olhou de lado. Lucern não só tinha conseguido juntar mais de duas palavras de uma vez, como tinha tirado um caderno e uma caneta da maleta e estava preparado para escrever.

— Só escreva seu nome.

— Certo — Lucern rabiscou o nome de Terri no papel, depois parou — Qual é seu sobrenome?

— Você está me perguntando? É a prima de sua noiva, não da minha.

— Sim — concordou Luc, apertando seus lábios pensativamente — Kate não mencionou no almoço?

— Não. Não, que eu recorde — Bastien olhou para ele — Sério que não sabe?

— Não consigo me lembrar.

— Bom, Kate deve tê-lo mencionado uma ou duas vezes nos últimos meses.

— Sim — Luc permaneceu em silêncio um momento, depois inclinou a cabeça e começou a escrever na página outra vez.

Aliviado por seu irmão ter lembrado, Bastien voltou a prestar atenção ao tráfego, logo olhou o relógio.

— Se seu vôo não estiver adiantado e na alfândega demorar vinte minutos mais ou menos, nós devemos chegar lá antes dela desistir e pegar um táxi. Onde iria se não encontrasse ninguém esperando-a?

— Provavelmente ao escritório de Kate.

— Sim. Isso chatearia Kate. Espero que o vôo não se adiante.

Não adiantou.

— Duas horas de atraso — grunhiu Lucern enquanto se encaminhavam para o terminal de desembarque — Toda aquela correria para chegar a tempo e acabamos aqui esfriando nossos calcanhares durante duas horas.

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Bastien sorriu ligeiramente ante a indignação de seu irmão. Tinham chegado ao aeroporto só para descobrir que o vôo da prima de Kate faria uma parada não programada em Detroit por "problemas mecânicos" e permaneceria ali até que fosse consertado. Por esse motivo estava duas horas atrasado. Bastien ficara preocupado pelas notícias até que se aproximou do mostrador da linha aérea para informar-se e se inteirou de que o problema estava no banheiro do avião. Não que o funcionário o tivesse informado disso; Bastien deslizara brevemente em sua mente para descobrir. Não era algo que a linha aérea quisesse fazer publicidade, e pareceu melhor admitir uns "misteriosos problemas mecânicos" em vez de dizer que um de seus banheiros estava caótico. Não desejavam carregar o lema ?Voe na porcaria pelos céus."

Com duas horas de espera até que o vôo de Terri chegasse, Bastien e Lucern foram a um bar, embora tiveram que ir para o terminal de embarque mais próximo para encontrar um. Agora voltavam para área de desembarque para aguardar Terri, esperando que não a prendessem muito tempo na alfândega.

Estavam fartos de esperar, impacientes por sair do aeroporto e afastar-se do zumbido dos passageiros estressados e dos ansiosos familiares.

— Aí vem eles — anunciou Bastien. Começavam a aparecer os primeiros e cansados passageiros além da grade de separação — Onde está o pôster que fez?

— Ah, sim — Lucern tirou um pedaço de papel de seu bolso. Conforme o desdobrava Bastien começou a lê-lo e o retirou incrédulo de seu irmão.

— Terri, prima e melhor amiga de Kate? — leu sem conseguir acreditar.

— Não me lembrava do seu sobrenome — respondeu Lucern dando de ombros — Ela saberá para quem é. Apresse-se e levante o cartaz, está saindo um grupo e ela pode estar entre eles.

Bastien jogou uma olhada para o arco por onde foram aparecendo os passageiros em grupos de três ou quatro. Parecia que a alfândega não os estava prendendo de modo algum.

— Devem ter trabalhado o dobro para poder tirar a bagagem tão rápido. E

a alfândega parece que contratou pessoal extra.

— Hmm — foi tudo o que Lucern disse. Bastien levantou o pôster por cima de sua cabeça para que se visse melhor.

— Eles precisam correr para liberá-los para compensar o atraso.

Os dois homens ficaram em silêncio enquanto várias dúzias de pessoas saíam, encontravam-se com seus parentes e amigos felizes, e abandonavam a

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zona de chegada. Bastien calculou que ao menos umas cinqüenta pessoas chegaram e partiram antes que localizasse a mulher que se dirigia diretamente para eles. Não a teria reconhecido se não fosse por ela se aproximar deles mostrando um sorriso cansado como forma de saudação. Sem dar-se conta seus braços relaxaram e deixaram cair o pôster.

A mulher era tão curvilínea e perfeita como aparentava na foto, mas seu penteado havia mudado. Na fotografia estava com um rabo-de-cavalo; mas agora estava com o cabelo solto fluindo ao redor dos ombros com umas suaves ondas castanhas. Vestia uns jeans, Bastien percebeu com interesse. Uns brancos e apertados jeans, com uma camiseta universitária branca dos Leeds e umas sapatilhas de esporte brancas que complementavam seu traje. Evidentemente vestira-se para ficar cômoda.

— Lucern! — sorrindo abertamente para Bastien parou ante ele e, após hesitar brevemente, deu-lhe um caloroso abraço de saudação — Kate me contou um montão de coisas sobre ti. É um prazer conhecer o homem que a faz tão feliz.

Bastien olhou surpreso para o alto da cabeça da mulher e seus braços se moveram de forma automática para abraçá-la. Lucern o observou com diversão.

Captando o sorriso no rosto de seu irmão, Bastien limpou a garganta enquanto a prima de Kate o soltava e se afastava dele.

— Terri, suponho.

Ela riu ante seu rígido tom de voz.

— Sim, é obvio — Então fez uma pausa e inclinou a cabeça para examiná-

lo — Kate tinha razão. Você deve ser o homem mais lindo de toda Nova Iorque.

Ela me disse que seria assim que eu te reconheceria — confessou-lhe com um sorriso.

Bastien pegou-se lhe devolvendo o sorriso, ridiculamente feliz pelo elogio, até que Lucern se cansou de ser ignorado e anunciou: — Então esse seria eu, em todo caso. Eu sou Lucern, o homem mais bonito de Nova Iorque. O homem que acaba de abraçar é meu irmão Bastien.


Terri Simpson dirigiu um olhar assombrado para o homem que acabava de falar. Talvez uns poucos centímetros mais baixo que o homem que acabava de abraçar, seu interlocutor a observava com diversão. Terri ficou surpresa ao não dar-se conta da presença do indivíduo, mas ao mesmo tempo que parecia ser gêmeo do cara que tinha apresentado como Bastien, ele não era exatamente uma

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cópia. Tinha o mesmo nariz, mas seu lábio inferior não era tão cheio como o de Bastien, que também tinha a linha da mandíbula mais definida. Também havia algo diferente em seus olhos. Ambos tinham grandes olhos de um tom cinza azulado, mas os de Bastien eram mais profundos e cheios de uma emoção indefinível que a atraía.

Na verdade, Terri se sentia aliviada de que o homem que tinha abraçado não fosse Lucern. Decidindo não parar para pensar no por que, aproximou-se do noivo de Kate para abraçá-lo.

— Me desculpe, Lucern. Eu apenas vi o pôster e presumi... — Deixou a frase sem terminar para abraçá-lo brevemente e depois retrocedeu — Deve ter estado esperando aqui durante horas. Sinto muito.

— Não havia forma de que pudesse evitá-lo — comentou Bastien — assim não há necessidade de pedir perdão. Permite-me que te ajude com isto?

Terri viu-se liberada de sua bagagem quando Bastien agarrou a alça de sua mala enquanto Lucern lhe deslizava do ombro a correia da bagagem de mão; então os dois homens a acompanharam até a saída do edifício. Momentos mais tarde, estava sentada no assento dianteiro de um Mercedes em plena auto-estrada.

— Deve estar exausta depois do vôo.

Terri dirigiu um sorriso ao homem sentado junto a ela. Bastien. Gostava do nome. Também gostava de seu olhar. Normalmente não lhe interessavam os típicos homens de negócios, mas ele tinha um aspecto elegante com esse traje sem dúvida de grife. Olhou por cima do ombro para o noivo de Kate, quem agora permanecia sentado em silêncio no assento de atrás. Tinha uma caderneta apoiada sobre o joelho e rabiscava algo nela. Pela primeira vez, Terri notou que usava umas calças de veludo cotelê e um suéter. Era um escritor. Não precisava de um traje formal.

— Na verdade tirei um cochilo no avião — respondeu ela finalmente, endireitando-se em seu assento. Parecia óbvio que Lucern não ia participar da conversa. Kate a tinha advertido de que não era muito sociável, por isso lhe tinha prometido tentar conseguir que seu irmão lhe acompanhasse ao aeroporto.

Entretanto Kate não tinha mencionado que o irmão era ainda mais atraente. Terri decidiu que teria que falar com Kate sobre excluir certos detalhes. Um pouco de preparação psicológica não seria mau. Nesse momento, ela sentiu como se lhe tivessem dado uma patada no estômago. Sentia mariposas em sua barriga.

— Estou mais faminta que cansada. Dormi um pouco no avião, mas com o atraso e tudo o mais, passou muito tempo desde que serviram a comida.

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— Encarregaremo-nos disso logo que chegarmos à cobertura — disse Bastien, olhando-a fixamente antes de voltar o olhar para o tráfego — Minha governanta é uma cozinheira excelente e sem dúvida estará agradecida pela oportunidade de demonstrar isso.

— Isso significa que não costuma comer em casa? — perguntou ela.

— O que te faz pensar isso?

Terri levantou as sobrancelhas ante seu afiado tom de voz e deu de ombros.

— Se comesse em casa freqüentemente ou tivesse muitos jantares ou algo assim, sua governanta não teria que estar agradecida pela oportunidade de cozinhar para alguém.

— Ah, sim. É obvio — Sua testa franzida se transformou em um sorriso sardônico.

— Espero Kate ali, então? — perguntou Terri. Chamou-lhe a atenção a cara de surpresa que Bastien fez. Quando ele olhou pelo retrovisor, Terri virou-se para olhar atentamente ao outro passageiro do carro, mas pelo visto Lucern não estava escutando. Ainda rabiscava em sua caderneta. Ela se virou a tempo para captar a expressão carrancuda de Bastien, então ele a olhou e suspirou.

— Kate não lhe disse isso?

— Me dizer o quê?

— Que ficará na cobertura. Seu apartamento é muito pequeno para os três.

— Os três? — perguntou ela surpresa.

— Você, Kate e Lucern.

— Ah, é obvio! — Não lhe tinha ocorrido que Lucern se mudou para a casa dela, mas se os dois estavam tão apaixonados como Kate dizia, Terri supôs que era de se esperar. Sem dúvida ele não quereria permanecer em Toronto enquanto ela vivia aqui em Nova Iorque e por sorte seu trabalho lhe permitia mudar-se a seu gosto. É óbvio que vivia com Kate. Sem dúvida acabariam mudando-se para algum lugar maior que o apartamento de um só quarto, mas Terri conhecia o suficiente a sua prima para saber que ficaria em seu pequeno apartamento e mantendo-se por si mesma até o dia do casamento. O qual deixava à Terri a opção de ficar na casa de seu futuro cunhado.

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Sentia uma pontada de desconforto ante a idéia de que ele pudesse sentir-se obrigado a acolhê-la durante as próximas duas semanas. Não gostava de incomodar ninguém.

— Talvez eu devesse me hospedar em um hotel. Não quero te incomodar.

— Não é necessário — Bastien Argeneau a assegurou firmemente — A cobertura tem cinco quartos e uma governanta, como já mencionei. E estou bastante ocupado neste momento, assim provavelmente não nos veremos muito.

Pode entrar e sair como e quando desejar. É bem-vinda a minha casa.

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Capítulo 2


— Fora!

Terri olhou fixamente o aterrorizado rosto de seu anfitrião. Custava-lhe acreditar que de repente ele girou para ela gritando essas palavras, agora que finalmente tinham chegado a sua casa.

O trajeto até ali tinha levado quase uma hora. Ela e Bastien tinham conversado a maior parte do caminho, e Terri tinha passado uma parte desse tempo tentando adivinhar a procedência do sotaque dele. Os anos passados na Europa lhe tinham ensinado algo para classificá-los. Bastien tinha uma pequena matiz de algo que não podia reconhecer. Era estranho. Às vezes falava com a formalidade de séculos passados, embora muito frequentemente utilizasse a terminologia moderna. Terri acreditou notar algo de Londres em seu sotaque, mas não tinha certeza.

Dado que não tinha sido capaz de adivinhar apenas escutando-o falar, tinha tentado reconhecer suas características étnicas examinando seu rosto, mas para falar a verdade isso tampouco tinha ajudado. Sua magnífica e escura aparência poderia ter sido quase mediterrânea, mas seu tom pálido de pele não confirmava isto. Quanto a seu nome: Bastien Argeneau era definitivamente francês. Kate tinha mencionado que a família era do Canadá, mas residia em Toronto, lugar que Terri sabia estar em Ontario. De toda forma supôs que a família poderia ser franco-canadense. E provavelmente o que pensava que era um sotaque britânico era simplesmente canadense. Tinha conhecido alguns canadenses em sua vida, mas na realidade não tinha prestado muita atenção em seus sotaque.

Admitindo finalmente que não era capaz de reconhecê-lo, Terri tinha decidido perguntar a Kate mais tarde, deixando o assunto para concentrar-se em sua conversa. Em sua maior parte, eram temas relativamente neutros, como o tempo e o casamento: temas singelos que não revelavam nada pessoal, e que Terri sabia, eram utilizados para fazê-la sentir-se cômoda e a vontade com este relativo estranho com quem ficaria. Ele fez vários esforços para tranqüilizá-la a respeito de que era bem-vinda em sua casa, continuando com afirmações de que estava terrivelmente ocupado, por isso era provável que não estivesse presente frequentemente e não seria nenhum incômodo para ele.

Terri havia se sentido bastante relaxada com o assunto quando

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estacionaram no estacionamento subterrâneo do edifício dos Argeneau. Ainda estavam conversando sobre assuntos leves e rindo enquanto tiravam sua bagagem. Lucern tinha tirado suas coisas e se uniu à conversa enquanto tomava de novo a bagagem de mão dela e seguia Bastien para o elevador de segurança que conduzia ao apartamento de cobertura. Estavam rindo da simpática brincadeira que Bastien tinha feito com seu irmão a respeito de estar ?cego pelo amor?, quando as portas do elevador se abriram e ele lhes indicou o caminho para sua casa. De repente ele ficou quieto como um morto, de modo que Terri quase se chocou contra suas costas, girou-se com uma expressão cheia de pânico e gritou: — Fora!

Se isso era ser bem-vinda em sua casa...

— Bastien? — Havia uma pergunta na voz do Lucern enquanto alcançava Terri e passava a sua frente — O que...

A forma em que a voz do Lucern se apagou quando alcançou o primeiro cômodo — um cômodo que Terri não conseguia ver, porque os amplos ombros de Bastien lhe obstruíam a visão — lhe indicou que havia algo de grande interesse ali dentro.

— Vincent! — ladrou Lucern — Solte à governanta do Bastien!

Bem, isso foi muito para Terri. Passando pelo flanco de Bastien, viu a sala de estar e o casal que estava ali. A primeira vista, parecia que tinham sido interrompidos em um abraço apaixonado, mas só foi a primeira impressão.

Depois Terri notou que o homem — Vincent, supôs — usava uma capa negra. E o que viu não era um ato amoroso, parecia o abraço de um vampiro clássico.

Parecia que o amigo mordia o pescoço da anciã.

Terri sentiu suas sobrancelhas elevarem-se justo quando mãos se colocavam pesadamente sobre seus ombros. Eram as mãos de Bastien, adivinhou, já que Lucern estava diante dela, mas apenas o notou antes que Lucern ladrasse outra vez.

— Maldição, Vinny! Deixe essa mulher ir.

— Sabe que detesto que me chamem de Vinny, Luc. Chame-me de Vincent. Ou, melhor ainda, me chame de Dracul — corrigiu o amigo de capa com um péssimo sotaque da Transilvânia. Endireitou-se, afastando-se da anciã e se virou para eles. Seus olhos mostraram irritação durante um instante até que seu olhar posou sobre Terri. Em um momento sua expressão cedeu para um sedutor sorriso.

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Deixando à criada balançando-se sobre seus pés, Vincent deslizou através do quarto até ficar de pé em frente a Terri. Seu sorriso era uma sexy curva da boca, suas íris eram azul prata e continham um olhar faminto que lhe chamou a atenção. Envolveu uma de suas pequenas mãos nas dele, e a levou para seus lábios.

— Encantado — disse com voz rouca.

Terri abriu sua boca para responder, mas a surpresa evitou que as palavras saíssem quando o homem girou sua mão e pressionou seus lábios contra seu pulso.

— Pare aí! — Bastien deu um passo ao lado, afastando Terri com uma mão em seu cotovelo enquanto com a outra esbofeteava Vincent atrás da cabeça.

Se o fato de que os três homens tivessem esses olhos únicos, de um tom azul prata e o aspecto escuro e perfeito não tivessem comunicado, esse gesto — que somente um parente irritado poderia usar — disse a Terri que este homem era obviamente um Argeneau. — Que demônios faz aqui, Vincent?

— Dracul — Ele insistiu com uma aspiração, logo girou e caminhou para a cadeira mais próxima. Agarrando sua capa, sustentou-a ligeiramente de modo que formasse redemoinhos ao seu redor enquanto girava. Logo se deixou cair dramaticamente para sentar-se. — Tenho o papel protagonista no Drácula. O

musical.

— Drácula, o musical? — Repetiu Bastien com incredulidade.

Vincent sorriu abertamente.

— Sim. Incrível, né? O protagonista — assentiu com a cabeça. — Sou toda uma presença em cena.

— Querido Deus — Terri escutou Bastien ofegar. Parecia horrorizado por toda a conversa, mas ela estava fascinada.

Durante muito tempo ela se ofereceu como voluntária no teatro da comunidade local, e adorava esse tipo de assunto. Liberando-se da ligeira teimosia de seu acompanhante, aproximou-se da poltrona para perguntar: — É um ator drámatico?

— O que…, sim! — respondeu ele — Como soube?

— Bom, a cena quando entramos sugeria que era. Ehm… — Terri se interrompeu surpreendida quando deu uma olhada ao outro lado do quarto, para a governanta que já não se balançava sobre seus pés. De fato, desabou como

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morta. Lucern a estava levantando em seus braços.

— Onde é seu quarto, Bastien? — Ele perguntou enquanto os dois homens se voltavam agora para notar seu apuro.

— OH. Vou te acompanhar… — Bastien se deteve de repente e lançou um olhar incerto a Terri, como se estivesse pouco disposto a deixá-la a sós com Vincent.

Seu irmão solucionou o problema dizendo.

— Só me diga onde é e irei deixá-la em sua cama.

— Neste corredor, o último quarto à direita — indicou Bastien, gesticulando para um dos dois corredores que partiam da grande sala de estar.

Terri sacudiu a cabeça e observou enquanto Lucern levava a mulher. A governanta não tinha aceitado nada bem a atuação de Vincent. Ela estava exagerando e obviamente era covarde. Terri se voltou para o ator.

— Como ia dizendo, a cena que vimos quando entramos demonstrava.

Então, tem que viver seus papéis para fazê-los reais para ti. Tem que representá-

los?

— Sim — Vincent sorriu abertamente. — Sempre vivo meu papel. Se atuar como garçom, atendo em um bar por um tempo. Se for um vendedor, consigo um trabalho vendendo carros. Independentemente do que seja. Por sorte, com este papel não tenho que interpretar mu…

— Vinny! — O tom de Bastien provocou que tanto Terri como Vincent voltassem o olhar em sua direção. Sua expressão era tal, que o ator não se incomodou nem sequer em corrigir o nome.

De fato, pareceu ler mais no olhar de Terri, porque depois de um momento de silêncio arqueou as sobrancelhas. — Ela não é uma dos nossos?

— Não — A expressão de Bastien era gelada. Terri estava um pouco assustada pela transformação. Tinha parecido atraente e amistoso e nada ameaçador até agora, quando sua expressão o fazia parecer um pouco perigoso.

De uma maneira boa, decidiu, enquanto seu olhar passava de seus amplos ombros até o corte de suas calças. Era bonito, bem formado — — Não respondeu a minha pergunta. O que faz aqui?

A frieza do tom de Bastien tirou Terri da análise das suas virtudes e de volta à conversa dos dois homens.

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Vincent respondeu:

— Já te disse, sou o protagonista…

— Bem — interrompeu Bastian, — isso explica por que está em Nova York. Mas, por que está aqui? Em minha casa?

— OH — Vincent soltou uma gargalhada. — Quer dizer a casa da tia Marguerite, certo? Ela me disse que podia ficar aqui até ter certeza de que a peça de teatro durará algum tempo ou não, até que saibamos se irei precisar do meu próprio apartamento na cidade ou não.

Bastien entrecerrou os olhos e em silêncio amaldiçoou sua mãe. Ela era uma pessoa tão compassiva. Infelizmente, Vincent estava certo. Realmente o apartamento pertencia a sua mãe. Seu pai tinha comprado o edifício anos atrás com o fim de localizar seus escritórios ali. Tinha desenhado o apartamento de cobertura em cima deles, atribuindo um quarto para cada um de seus filhos que em algum momento pudesse visitar. Com a morte de seu pai, Bastien tinha decidido ficar em Nova York, e tinha começado a considerar o apartamento de cobertura como próprio, já que ele era o único que geralmente ficava ali. Mas, em honra à verdade, ainda era o apartamento de sua mãe, e ela tinha todo o direito de permitir a quem quer que queira que ficasse ali.

Para ser justo, Marguerite provavelmente não tinha pensado que isso seria um problema. Era um apartamento enorme e em circunstâncias normais, com Vincent atuando de noite e Bastien trabalhando durante o dia, não teria significado um problema. Ele duvidava que se cruzassem muito frequentemente.

Mas já não eram circunstâncias normais. Hoje, nada era normal. E a presença de Terri causava um dilema, já que Vincent era um mordedor.

Não, Vincent não estava ensaiando seu método de interpretação quando tinham entrado — ou possivelmente sim, fazia, uma vez que normalmente não andava por aí com uma capa — mas embora fosse isso, era algo secundário pelo fato que estava alimentando-se, e nada menos que da Governanta!

Bastien franziu o cenho. Vincent, e seu pai antes dele, não podiam sobreviver com o sangue empacotado. Necessitavam de uma enzima específica que morria uns momentos depois que o sangue saía do corpo humano. Era um problema no qual Bastien tinha o laboratório trabalhando, mas até que descobrisse como consertar o problema, Vincent, igual seu pai, tinha que alimentar-se dos vivos. De todos os modos, sabia o bastante para não alimentar-se na casa de Bastien. Tinham-lhe educado melhor que isso.

— Sinto muito — disse Vincent com um encolhimento mortal, sem incomodar-se em fingir que não estava lendo os pensamentos do Bastien. — Foi

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um vôo longo e tinha fome. Embora não houve danos.

Bastien suspirou e passou uma mão pelo cabelo. Felizmente parecia que Vincent tinha razão; não houve nenhum dano. Terri tinha assumido que ele era um ator dramático atuando. O qual recordou a Bastien algo que Kate havia dito uma vez a respeito de sua dama de honra. Terri era professora na Universidade de Leeds. Dava aula de algo referente aos meios de comunicação, mas passava muito tempo como voluntária no teatro da comunidade. Deu graças a Deus pelos pequenos favores. Isso lhes tinha economizado uma explicação sobre isso.

Conhecedora de teatro e de interpretação em geral, ela tinha feito a conexão mais evidente. Ao menos, era uma solução mais óbvia que a verdade; que Vincent — que todos eles — eram vampiros.

— Sua governanta descansa tranquilamente — anunciou Lucern, retornando à sala de estar.

Bastien assentiu com a cabeça.

— Obrigado, Luc — dirigiu o olhar de volta ao seu primo. — Então, o que é isso de um papel protagonista em um musical?

— Drácula — assentiu Vincent com a cabeça. — Consegui o papel na semana passada. Logo começaremos com os ensaios — sorriu com alegria. — É

absolutamente atroz. Música fora de moda, falas ridículas… e querem que eu use esse horroroso sotaque da Transilvânia. Acho que vai ser um sucesso. Eu prevejo um longo prazo.

Terri começou a rir, e Bastien percebeu um sorriso curvando seus lábios ao escutar o musical som. Ela era encantadora quando sorria e irresistível quando ria.

A prima de Kate te atrai?

Bastien se sobressaltou ao captar o pensamento de Vincent. Ainda estava lendo sua mente. Franziu o cenho e depois se esticou quando o interfone tocou atrás dele. Alguém estava no elevador e aguardava para poder subir. Sem uma chave como a que Bastien sempre levava, o elevador devia ser ativado de cima para que funcionasse. Sem dúvida a Sra. Houlihan, a governantas, tinha-o ativado para que Vincent pudesse subir. Isso ou a mãe de Bastien tinha entregado sua chave.

— Deve ser Kate — Lucern disse, mostrando um notável aumento em sua animação ante a simples ideia. Era sempre assombroso ver a diferença na atitude de Luc quando sua noiva estava perto. Era como se apertassem um interruptor que lhe devolvia à vida. Bastien se perguntava frequentemente como seria

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desfrutar realmente da vida outra vez, tal como Lucern parecia fazer.

Isso era algo que provavelmente nunca chegaria a conhecer, compreendeu Bastien sem amargura. Aproximou-se do painel da parede e apertou um interruptor, mostrando uma imagem do interior do elevador em um pequeno monitor. Realmente, era Kate. E não estava sozinha.

— Quem está com ela?

Lucern aproximou para olhar.

— É C.K.

— C.K.? — perguntou Bastien.

Lucern assentiu com a cabeça. Agora foi Terri quem ficou em pé e se aproximou para observar com curiosidade ao estranho.

— É um colega de trabalho de Kate. Outro editor, não é? — Olhou para Lucern em busca de confirmação e ele assentiu com a cabeça de novo.

Bastien apertou o botão para permitir que o elevador subisse até a suíte do apartamento de cobertura.

— Por que o traria aqui?

Lucern se limitou a encolher os ombros e partiu para o elevador, embora Bastien soubesse que não era a curiosidade o que o impulsionava. Duvidava que seu irmão se preocupasse absolutamente com o motivo pelo qual o outro editor estava ali; simplesmente estava impaciente para ver Kate. Sempre estava impaciente para ver Kate.

— Sou Vincent Argeneau. E você é…?

Bastien girou para comprovar que seu primo tinha tomado a mão do Terri outra vez. Tinha toda a intenção de interromper a pequena e íntima cena... assim que Terri dissesse seu nome completo. Bastien ainda não tinha nenhuma pista de qual era.

— Terri. Terri Leia Simpson.

— E também é atriz? Deve ter algo a ver com interpretação para conhecer os atores de drama e todas essas coisas. Certamente é adorável o bastante para ser atriz.

— Não — Terri riu do elogio e negou com a cabeça. — Sempre estive interessada em teatro, mas infelizmente não tenho nenhuma capacidade nessa

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área. Na realidade ensino a escrever os roteiros e sou voluntária no teatro da comunidade.

Isso era tudo o que Bastien queria ouvir. Imediatamente começou a avançar, com a intenção de pôr um ponto final à paquera de seu primo, mas as portas do elevador se abriram nesse momento. Sua atenção se desviou para o trio na entrada quando escutou o que Kate dizia.

— OH, Lucern! Nunca adivinhará o que aconteceu!

Depois de uma pequena vacilação, que terminou assim que Terri passou diante dele para reunir-se com as três pessoas na entrada, Bastien a seguiu para averiguar qual era o dilema. Realmente parecia ser o dia dos problemas.

— Tivemos a reunião de produção e depois Chris foi a sua casa para terminar de fazer as malas e reunir suas coisas para a conferência na Califórnia.

Esqueceu sua maleta no escritório, seu vôo era as cinco, e não tinha tempo para voltar, por isso lhe disse que eu sairia cedo e o levaria. E graças aos deuses que o fiz!

— Er… Kate? Creio que poderíamos ir à sala de estar onde possamos nos sentar? — Perguntou o outro editor. — Minhas pernas estão me matando.

— OH. É obvio, Chris. Supõe-se que deve manter as pernas para o alto — explicou Kate ao resto. Deu-lhe o braço para lhe ajudar a ir à sala de estar. — Por aqui.

Bastien se limitou a elevar uma sobrancelha. Esse fato era bastante óbvio dado ao molde desajeitado da perna direita do homem.

— Como a quebrou? — Perguntou Terri. Ela parecia ser a única pessoa que se preocupava em saber.

— OH! Terri — Soltando Chris, Kate se voltou para sua prima e a abraçou para cumprimentá-la quando a alcançou. — Estou tão contente. Como foi seu vôo? Espero que não se oponha a ficar aqui, porque meu apartamento é tão pequeno e agora que tenho que sair da cidade, não quereria que estivesse ali só e…

Bastien tinha estado sorrindo abertamente pela forma que Kate tinha deixado o editor ferido mancando, tentando recuperar o equilíbrio, mas quando as palavras delas se filtraram em sua consciência, dirigiu toda sua atenção para sua futura cunhada.

— Sair da cidade?

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Terri e Lucern disseram as palavras exatamente no mesmo momento, dando fim ao abraço que as duas mulheres tinham estado desfrutando.

— Sim, eu…

— Kate! — Foi um grito cheio de pânico do editor, que perdia sua batalha para manter-se erguido.

— OH, Chris! — girou bem a tempo para agarrá-lo pelo braço e mantê-lo sobre seus pés, para depois ajudá-lo a percorrer o resto do caminho para o sofá.

Cuidou para que apoiasse a perna lesada sobre a mesa de centro de mogno de Bastien, colocando um par de travesseiros negros da poltrona azul cinzenta debaixo para levantá-lo mais e proteger a superfície da madeira. Logo se endireitou com um suspiro.

— Para onde vai? Vai explicar por que tem que sair da cidade. — Grunhiu Lucern, aproximando-se de uma forma que qualquer outra mulher poderia ter achado ameaçadora, mas que Kate simplesmente tomou como uma oportunidade de abraçar seu homem. Deslizou um braço ao redor dele e se inclinou com um suspiro que poderia ter sido de prazer ou alívio.

— Sim, bom, como ia dizendo, tinha que levar a maleta para C.K. Mas não houve nenhuma resposta quando telefonei para o seu apartamento, e eu sabia que ele me esperava, por isso finalmente telefonei ao seu porteiro e o fiz subir comigo. Abriu a porta e entramos, chamando-o. Ouvimos que gritava do banheiro, e não acreditarão!

— O que? — Perguntou Terri.

— A privada do apartamento de cima tinha atravessado o teto e aterrissado em cima dele.

— Não foi só a privada — interveio Chris, parecendo ligeiramente envergonhado. — Uma boa parte do teto também veio abaixo.

— Sim. E ele estava caído debaixo. E as tubulações romperam e a água quente caía em cima dele.

— Água limpa — Chris esclareceu rapidamente.

— Sim. E, bom, o porteiro se apressou a chamar uma ambulância e um encanador, e eu tirei a privada de cima.

— Não foi só a privada, Kate — ele repetiu, parecendo ainda mais incômodo.

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— E... — Ela fez uma pausa e suspirou. — Bom, fui ao hospital com ele, é obvio.

— É obvio que o fez — cantarolou Lucern. — É uma pessoa tão boa, meu amor.

Ela sorriu ante o elogio e o beijou.

— Mas o que tem a ver tudo isso com sair da cidade? — Perguntou Terri.

Kate interrompeu o beijo e se virou para continuar.

— Bom, tive que ligar para o escritório e explicar que uma privada tinha caído sobre o Chris.

— Também foi uma boa parte do teto, Kate! — O homem parecia um pouco irritado, embora Bastien evitasse rir. Supôs que ele também estaria irritado, se uma privada lhe tivesse caído em cima.

— E no minuto que escutaram o que tinha acontecido, começaram a preocupar-se com a conferência da Califórnia.

— Querem que vá em seu lugar — adivinhou Lucern com tristeza.

— Sim — Kate não parecia muito contente tampouco. Esfregou ligeiramente uma mão sobre o peito do Lucern. — É uma conferência de cinco dias, mas vou pegar o avião amanhã e não volto até se passarem 4 dias, por isso, é uma semana. Vou sentir sua falta, meu amor.

— Não, não vai — Lucern depositou um firme beijo sobre sua testa. — Vou com você.

— Vai? — Sua face se iluminou como o céu em um quatro de julho. — OH, Lucern!

O casal se encetou imediatamente em outro beijo. Bastien esperava outra de suas maratonas de beijos, mas, ante sua surpresa, Kate interrompeu o beijo por um momento. Dirigiu-se para o elevador, puxando Lucern atrás dela.

— Não temos um minuto a perder. Temos que fazer as malas e reservar outro lugar no vôo para você, e…

— Er... Kate? — Chamou Bastien, detendo o casal quando já tinham chegado ao elevador e apertavam o botão. — Não está esquecendo algo?

Kate se virou para trás com a expressão interrogadora quando as portas do elevador se abriram. Seu olhar deslizou pelos habitantes do cômodo até

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deterem-se sobre Terri.

— OH, Terri! — apressou-se de volta para tomar as mãos de sua prima. — Sinto terrivelmente tudo isso. Sei que voou até aqui para ajudar com as coisas, mas não há ninguém mais que possa ir, e de todos os modos realmente não resta nada para fazer até o casamento. Só se divirta, relaxe e passeie por Nova York.

Divirta-se. Por favor, não me odeie.

— É óbvio que não te odeio — Terri riu, dando-lhe um abraço. — É óbvio que tem que ir. Além disso, eu me despejei em você sem aviso prévio. Tudo bem, ficarei bem.

— Er, Kate? — Bastien disse quando as duas mulheres se separaram.

Quando sua futura cunhada o olhou, ele fez um gesto para o sofá onde seu colega de trabalho estava hospedado, com a perna elevada. Ele não se referia a Terri quando disse que se esquecia de algo; nem sequer tinha lhe ocorrido deveria dar-lhe desculpas ou explicações. Trabalho era trabalho. Era C.K. quem ele acreditava que Kate tinha esquecido.

— OH! — Seus olhos se abriram de par em par ao olhar para Chris — Sinto muito. Esqueci de perguntar.

— Perguntar o que? — Perguntou Bastien, temendo o que diria.

— Chris não pode voltar para seu apartamento até que o arrumem, e não tem onde ficar. Você tem a Sra. Houlihan para que lhe cuide e... bom, eu esperava que pudesse ficar aqui. Se não se opõe — ela acrescentou.

— É obvio que não se opõe — Lucern se aproximou para tomar a mão de sua noiva e conduzi-la de volta para o elevador enquanto dizia — sempre se pode contar com o Bastien em um problema. Ele se encarregará de tudo, e inclusive nos enviará as coisas que necessitemos uma vez que cheguemos lá.

Bastien franziu o cenho, extremamente aborrecido por essas palavras, apesar de serem verdade. Ele era alguém com quem se podia contar. Todos contavam com ele. E neste caso, certeza que enviaria "as coisas" que necessitassem na Califórnia. Para começar, sangue. Entretanto não tinha nenhum conflito com o fato de que todos contassem com ele, por alguma razão era dever de Lucern, como de costume, se preocupar com as coisas, resultava-lhe bastante incômodo.

— Ligaremos assim que chegarmos à Califórnia — assegurou Lucern, apertando um botão no painel do elevador.

Bastien olhou fixamente enquanto as portas metálicas se fechavam, e

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depois girou lentamente para observar seus convidados. Terri estava de pé ao seu lado, parecendo um pouco perdida. Ele não a culpava. Tirou férias e voou até aqui da Inglaterra para ajudar com o casamento de sua prima, e agora Kate não ia estar ali.

Chris se movia incomodamente no sofá, com aspecto de preferir estar ileso e embarcado em um avião com destino a Califórnia. E quem não?

E Vincent estava plantado junto ao editor, passeando seu olhar de Terri a ele, como se estivesse tentando decidir por qual começar. Bastien não se surpreendeu quando seu olhar fixou-se em Terri.

— Bastien, poderia fazer um lanchinho — anunciou seu primo como se fosse uma pista — foi um longo vôo.

— Comerá fora, obrigado — disse Bastien firmemente.

— De acordo — concedeu Vinny com facilidade… muito facilmente, pensou Bastien. E não se surpreendeu quando seu primo se voltou para Terri e perguntou: — Não tem fome? Você gostaria de sair e comer algo?

— Na realidade…

— A Sra. Houlihan preparará algo — interrompeu Bastien rapidamente, aproximando-se de Terri de uma maneira protetora. Maldito fosse se permitisse que seu primo afundasse seus dentes nela. Ela era… bom, não estava no menu.

— Creio que também poderia preparar algo para mim? — perguntou Chris Keyes tentativamente do sofá. — Também me viria bem.

— Preparará algo para os dois — Bastien falou, e depois olhou para o seu primo. — Terá que buscar seu próprio alimento.

— OH, tenho certeza que a Sra. Houlihan poderia fazer o bastante para que ele se unisse a nós — disse Terri.

— Vincent tem uma… condição digestiva. Necessita de uma dieta muito particular, e temo que não tenha nada aqui que possa comer — Bastien falou com cuidado, sabendo que seu primo captaria a mensagem. Todos nessa casa estavam sob seu amparo e proibidos. Bom, Terri e a Sra. Houlihan definitivamente estavam. Bastien não conhecia Chris e não se preocupava muito se Vincent o mordesse, salvo que, ao fazê-lo, uma das mulheres poderia ser testemunha do ato. Não, Vincent teria que rondar pelas ruas em busca de seu alimento. Não deveria ser uma tarefa difícil.

— Vou comprovar se a Sra. Houlihan se recuperou o suficiente para

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prepara a comida. Enquanto isso, Vincent, comporte-se — Bastien começou a sair da sala, logo pensou melhor e voltou. Alegrou-se de tê-lo feito, já que notou que Vincent se aproximou de Terri, com os olhos pousados em seu encantador pescoço. — Terri, poderia te mostrar seu quarto. Pode se instalar enquanto preparam a comida.

Um pouco de diversão sardônica cintilou no rosto do Vincent, embora permanecesse em silêncio.

— OH, isso seria perfeito — Terri recolheu sua bagagem de mão e se adiantou para agarrar sua mala, mas Bastien tomou seu lugar.

— Por aqui — disse, e a conduziu por volta dos quartos de hóspedes.

Atribuiu-lhe o que Lissianna geralmente utilizava. Era o mais feminino dos quartos, e que resultava de estar justo ao lado do quarto principal que ele ocupava. O bastante perto para manter um olho protetor sobre ela, disse-se a si mesmo enquanto a conduzia ao interior e jogava uma olhada ao redor do quarto rosa e azul.

— A Sra. Houlihan mantém todos os quartos preparadas para o acaso da vinda da família ou chegada de amigos, de modo que encontrará tudo preparado — disse deixando sua mala ao pé da cama. — Mas se houver algo que necessite, não vacile em perguntar.

— Obrigada, é lindo — Terri deixou sua bagagem de mão sobre a cama e abrindo-a, comentou. — É uma pena que uma privada tenha caído em cima do amigo de Kate. Que acidente tão estranho. E este é o pior momento para isso.

Bastien sabia que ela estava pensando que agora não havia nenhum motivo para que permanecesse ali, sendo uma carga para ele, mas suas palavras também o fizeram compreender que enquanto tivesse salvado Terri das garras do Vincent, tinha abandonado o colega de trabalho de Kate sozinho.

— Agora, mais do que nunca, ela se sentirá agradecida por sua presença — assegurou-lhe ele. — De fato, pode se encontrar fazendo isso mais do que alguma vez desejou com a preparação de seu casamento.

Terri pareceu um pouco mais animada ao pensar nisso.

— Não tinha pensado nisso.

— Sim. Bom, é certo. Kate estará agradecida por sua ajuda. De fato, poderia lamentar ter vindo. Ela e Lucern estiveram um pouco ocupados tratando arrumar tudo isto, e organizar os problemas de última hora. Agora você estará lidando com eles. Você e eu.

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— Sim, você é o padrinho — ela recordou com um sorriso. Logo acrescentou — Na realidade, Kate me disse que sua mãe era de muita ajuda, assim não tinha muito certeza se realmente precisaria da minha ajuda. Mas já tinha reservado o vôo, por isso vim de todo modo.

— Minha mãe foi de muita ajuda, como sempre — admitiu Bastien. — Mas Lissianna está grávida, e minha mãe esteve bastante ocupada ultimamente preparando um quarto para o bebê e essas coisas.

— Lissianna? É sua irmã, verdade? — Terri perguntou. — Kate a mencionou.

— Sim — Ele vacilou e logo admitiu. — Kate não me disse muito de você.

Pelo visto falou com Lucern, mas não o vejo tão frequentemente como desejaria.

Estive viajando entre o Canadá e a Europa durante a maior parte dos seis meses passados, e me mudei para Nova York recentemente — ele explicou, para que ela não se sentisse ofendida devido ao fato que Kate não tinha falado sobre ela. — Noto que não tem acento britânico. Não nasceu ali. Mudou-se da Inglaterra porque seu marido é dali, ou…

— Não sou casada — Terri disse tranquilamente.

— OH — Bastien assentiu com a cabeça, incapaz de deter o sorriso que se estendia através de seus lábios. Alegrava-se de que ela não fosse casada, embora não estivesse preparado para analisar isso — Bom. Tome seu tempo para se instalar. Avisar-lhe-ei quando a Sra. Houlihan tenha terminado de fazer…

Interrompeu-se quando um repentino chiado chegou da sala de estar.

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Capitulo 3


Bastien amaldiçoou sob sua respiração e se apressou para o quarto de hóspedes. Ele estava bem ciente, enquanto atravessava o vestíbulo, de que Terri o seguia. Preferia que ela não o fizesse; só o Senhor sabia o que iriam encontrar.

Bem, na verdade, com Vincent no apartamento era uma fácil suposição. Ele devia ter tentado morder de novo a Senhora Houlihan e falhado em controlar sua mente, mas isso era duvidoso. Vincent era tão velho quanto Bastien, e era muito facil manipular as mentes de suas vítimas. O que significava que a Senhora Houlihan provavelmente tinha entrado justo quando ele mordia o colega de trabalho de Kate.

E isso era exatamente o que ocorria, comprovou Bastien enquanto entrava na sala de estar. Vincent falava serio quando dizia que tinha fome. Ainda estava curvado sobre o encosto do sofá, dentes afundados no pescoço de C.K. Não tinha deixado de se alimentar com a interrupção da Senhora Houhilan, tinha apenas afiado o olhar para a empregada. Sem dúvida ele estava tentando controlar os pensamentos da mulher enquanto se alimentava, mas não tinha conseguido até a hora que Bastien entrou em cena.

Terri estava nos calcanhares de Bastien, e ele sentiu que um alarme lhe percorria ante a ideia de que ela fosse testemunha disto, mas justo quando ela entrava no aposento atrás dele, Vincent retraiu seus dentes e se endireitou.

Começando a relaxar, Bastien notou o aterrorizado olhar de sua empregada e seguiu o olhar ate o pescoço de Chris Keys. Imediatamente fez uma careta ao descobrir os dois pontos vermelhos ali, um ainda com uma gota de sangue deslizando-se pela pele. Bastien lançou a Vincent um olhar que fez com que seu primo abaixasse o olhar. Avistando o problema. Vinny se inclinou despreocupadamente e girou a cabeça de sua deprimida vítima o suficiente para ocultar a marca da vista de Terri.

Felizmente, não pareceu que ela havia notado. Sua atenção estava na empregada.

— Está tudo bem. — Ela disse tranquilizadoramente, aproximando-se da mulher. — Você é a Senhora Houhilan, certo?

A empregada não estava com humor para se acalmar. Libertou-se do aperto gentil de Terri como se a jovem estivesse corrompida.

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— Não está tudo bem. — Repreendeu, para logo girar-se para Bastien com furia. — Senhor Argeneau, você foi um bom chefe. Realmente foi. E este trabalho tem sido bem fácil, não vou negar. Você raramente estava em casa, eu não precisava cozinhar e so precisava tirar um pouco de pó. Eu passei a maioria dos meus dias assistindo minhas novelas. Mas agora que voce trouxe esses... esses...

monstros para cá. — Incluiu todos envolvidos. — Não sou o jantar de ninguem.

Eu me demito.

— Senhora Houhilan. — Bastien a seguiu enquanto a mulher se retorcia para sair apressadamente da casa, mas deteve-se quando Terri agarrou-o pelo braço.

— Possivelmente é melhor deixá-la ir. — Sugeriu Terri calmamente. — E

evidente que a mulher esta nervosa. Quero dizer, ela não pode acreditar que Vincent seja um vampiro. Isso é uma tolice. Acredito que ela esteja chateada que agora terá de trabalhar de verdade.

— Acredito que seja isso. — Vincent concordou, mas sua inocente expressão não conseguiu enganar Bastien nem por um momento. Seu primo estava gargalhando em silencio com a situação. Sempre havia tido um senso de humor ligeiramente retorcido.

— Sim, com certeza e isso. — Bastien concordou, apenas pela simplicidade do motivo. — Mas ainda assim tenho que falar com ela.

Devia limpar a memoria da mulher. Fazê-la ficar era impossível agora, ao menos enquanto Vincent e os outros estivessem por ali, mas ele tinha que pelo menos limpar sua memoria antes que fosse fofocar sobre o que tinha visto.

Bastien caminhou apressadamente para a entrada e se deteve surpreso.

Estava vazia. Tinha esperado encontrar a Senhora Houhilan agarrando seu casaco do armario ou algo assim, mas já tinha ido embora. As portas do elevador estavam fechadas e o lugar vazio. A única saída era o elevador ou a arcada que ele acabara de atravessar. Não podia ter ido tão rapidamente. E suas coisas?

Todas as suas roupas estavam no quarto? E seu casaco?

Girando em seus calcanhares, entrou a toda velocidade na sala e se dirigiu diretamente a parede onde estava o monitor que mostrava as imagens do interior do elevador. Ainda estava aceso, e justo ali, em preto e branco, estava sua enfurecida empregada. Dirigia-se ao hall principal, com os braços cruzados sobre o peito em um gesto de defesa e tamborilando o chão com o pé enquanto olhava ansiosamente os números luminosos que indicavam seu caminho para baixo.

A mulher se foi, facil assim. Tinha vivido durante dez anos e simplesmente se foi, deixando para trás tudo o que possuia. Bastien não conseguia acreditar.

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Querido Deus, tinha que capturá-la e resolver o assunto de alguma forma, não apenas limpar sua memoria, mas também compensá-la. Onde ela poderia ir, pelo amor de Deus?

Virou-se para os outros, abrindo a boca para desculpar-se por ter que se retirar, mas se deteve. Terri olhava-o com compaixão, ao parecer acreditando que ele estava zangado por ter perdido a governanta. Vincent sorria com descaramento, sem preocupar-se absolutamente por ter mandado a vida de Bastien ao inferno. E Chris Keys se retorcia incomodo no sofá, aparentemente recuperando do momentaneo desmaio que Vincent lhe tinha provocado por alimentar-se dele.

— Er...

Bastien olhou para o editor, e o homem fez uma careta.

— Seria de muito incomodo pedir um copo de água? Deram-me analgésicos no hospital, mas se não estiver surtindo efeito eu poderia tomar mais.

— Água? Sim. — Bastien disse, aliviado de que Vincent houvesse ao menos conseguido velar a mente do editor enquanto se alimentava. Olhou para Terri. Ele tinha visto-a se alimentar, também. Mas ele tinha prometido que a Senhora Houhilan se encarregaria de prepará-la. E Vincet... devia encarregar-se de Vincet.

Foi então que Bastien se deu conta de que o destino havia virado de cabeça pra baixo. Sua ordenada vida tinha desaparecido, e nesse momento não estava muito seguro de que fosse voltar. Ao menos não antes das bodas de Lucern e Kate. Quanto faltava? Ah, sim. Duas semanas. Quatorze dias de inferno antes de que sua vida pudesse voltar ao normal.

Com uma combinação de consternação e confusão, perguntou-se como isso havia ocorrido. Coisas como estas simplesmente não aconteciam com ele.

Era o homem dos detalhes, não tinha problemas, resolvia para todos.

Ele tinha um problema agora. Três, na realidade. Terri, Vinny e o editor.

Para falar a verdade, tinha quatro problemas, porque decididamente devia apanhar a Senhora Houhilan e limpar sua memoria antes que falasse com alguém sobre Vinny. Supôs que poderia limpar toda sua mente e também convencê-la para que voltasse, mas as chances de que sua memoria limpa vacilasse se continuasse na casa não eram animadoras: havia muita probabilidade de que alguma situação, por assim dizer, ou simplesmente ver Vinny dançar com sua capa e seus dentes provocassem que suas lembranças retornassem. Em consequencia, ele e os da sua especie eram capazes de enterrar as lembranças, mas não eliminá-las. Ainda assim devia enterrar aquela

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lembrança, e rápido, para evitar futuros problemas. Mas antes devia procurar instalá-los todos corretamente e dar uma boa bronca em Vincent. De outra forma, Terri poderia acabar logo com suas proprias marcas de presa.

Falando do editor, Bastien decidiu lhe por em um dos quartos de hóspedes. O homem estaria mais seguro lá. Parecia uma boa decisão. Além disso, também dava a Bastien um propósito e o fazia sentir-se mais a cargo de novo, apesar do caos que reinava ao seu redor.

—Bem. — Ele uniu suas duas mãos. — Vamos nos organizar. Precisa de um quarto… er… — Olhou fixamente o editor, tentando recordar o nome do homem. Tinha recordado antes. C alguma coisa, acreditava, mas o nome não lhe vinha. Não se preocupou em dissimular sua irritação quando perguntou: —Qual é seu nome mesmo?

— Chris — Respondeu o magro editor. — Chris Keyes. Kate provavelmente me chame C.K. quando fala de mim.

— AH, sim. — Bastien realmente não se importava, tinha coisas mais importantes em sua mente no momento. Seu olhar se deslizou para o Vincent — Que quarto voce pegou?

— Do Lucern.

— Bem. O editor pode agarrar o quarto de Etienne. — Decidiu Bastien.

Colocaria o homem loiro entre Vincent e Terri. Com sorte, se Vinny tivesse fome, iria a fonte mais próxima de alimentação e deixaria Terri em paz. Bastien não desejava chutar a bunda de seu primo diante destes dois. Bom, não diante do Terri ao menos. Não lhe importava muito o que o editor pensasse dele.

Christopher, recordou-se a si mesmo, indo naturalmente à versão larga do nome e evitando totalmente os apelidos.

— Pode andar? — Perguntou ao editor.

— Não sem ajuda. — Admitiu o homem com pesar.

Bastien fez uma careta. Parecia que teria que carregar ele como um bebê.

O que não era um problema, podia elevar e levar um homem muito facilmente. Só parecia uma moléstia.

— Não vai levar ele para o quarto agora, vai? — Perguntou a prima de Kate quando Bastien se aproximou do editor. — Ainda não comeu. E sabe, nem sequer notei que Kate trouxe algum tipo de bagagem ou uma bolsa de noite para ele quando chegaram. — Jogou uma olhada ao inválido com preocupação. —

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Vocês dois não pararam em seu apartamento para pegar algumas mudas de roupa?

— Não tivemos tempo. — Admitiu C.K. não parecendo muito satisfeito com isso. — Kate ligou para o aeroporto do hospital uma vez que soube que ocuparia meu lugar, e logo me trouxe aqui às pressas. Só havia um avião para Califórnia esta noite que tivesse dois assentos livres, e isso não deixava muito tempo para esbanjar. Tinha que pegar Luc se quisesse chegar a tempo.

Bastien não estava absolutamente surpreso de ouvir que Kate tinha esperado que Luc a acompanhasse a Califórnia. Os dois tinham sido inseparáveis desde que Luc a havia convertido.

— Precisará de roupas. — Apontou Terri, quase desculpando-se.

— Sim. —Bastien esteve de acordo. Outro problema para ocupar-se.

Terri deu um tapinha em seu braço compassivamente.

— Não parece que seja seu dia.

Bastien quase lhe assegurou que tudo sairia bem, que estava acostumado a lutar com as crises, mas temia que fazer isso poria fim ao modo apaziguador em que Terri estava lhe tocando, e descobriu que gostava bastante de seu contato.

Assim, pela primeira vez em sua vida, Bastien manteve sua boca fechada, sacudiu sua cabeça e colocou sua compaixão de lado.

—Não, não é.

—Hummmm.

—O que? — Lançou um olhar carrancudo para Chris Keyes, irritado pela interrupção do editor a seu breve interlúdio.

— Será que seria possível se você conseguisse aquele copo de água? — Perguntou o editor. — Esses analgésicos do hospital… realmente preciso tomar um agora mesmo.

— Lhe dê uma bebida, Vinny.

— Vincent. — Corrigiu o primo de Bastien firmemente. — E de você mesmo, não sou sua empregada.

— Não, você é a razão de que já não tenha uma empregada. — Grunhiu Bastien. — Traz a bebida.

— Eu a trarei. — Terri foi correndo antes que Bastien pudesse protestar.

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Não foi até que ela esteve fora da habitação quando recordou que não tinha nem idéia de onde estava a cozinha. Felizmente, tomou o corredor correto. Encontrará o caminho, assegurou-se Bastien a si mesmo, passando logo cansadamente uma mão por sua testa enquanto considerava as tarefas que tinha a fazer e em que ordem deveria efetuar.

Primeiro, tinha que cuidar de Vincent. O melhor seria tirar seu primo do apartamento e que procurasse seu alimento; era o único modo de impedir de morder os convidados. Depois, Bastien iria atrás da Senhora Houlihan e limparia sua memória, passaria pelo apartamento de Keyes para recolher um pouco de roupa, comprar um pouco de comida para Chris e Terri, e depois instalaria o editor em um dos dormitórios, lhe deixando em liberdade para entreter a prima de Kate. Estava sorrindo ante a idéia quando se deu conta de que seu primo estaria de volta, e não duvidava de que seria o bastante encantador para fazer com que Terri retirasse suas calcinhas. Literalmente. Seu sorriso morreu enquanto se dava conta de que sua vida se converteu em uma espécie de inferno.

— Bastien?

— Hummmmm? — Seus sombrios pensamentos se desvaneceram enquanto se virava para Terri. Tinha voltado para a sala, tinha-lhe estendido uma taça com o que presumivelmente era água ao editor e nesse momento se aproximava de Bastien. Ele sorriu. Era uma mulher encantadora — uma mulher encantadora e considerada — que tinha empregado uma boa parte de suas férias em voar 3.700 quilômetros para ajudar a sua prima e melhor amiga com os preparativos de suas bodas, só para encontrar-se a si mesma abandonada na porta de Bastien como um cão guia enquanto sua prima e Lucern vagavam pela terra assistindo a congressos de escritores de romance, fazendo amor em hotéis e, sem dúvida alguma, beijando-se a cada dois passos, como o casal doente de amor que eram.

— Enquanto estava na cozinha pegando o copo de água, dei uma rápida olhada e me dei conta de que não tem comida.

— Hã? — Bastien perguntou vagamente, pensando que possivelmente descrevê-la como tendo sido ?abandonada em sua porta como um cao guia? não era muito amável. Não havia nada canino nesta mulher. Era mais do tipo felino, lustrosa e elegante.

— Nada de comida absolutamente. — Acrescentou, com ênfase.

— Entendo. — Os olhos do Bastien se deslizaram sobre sua figura. Todas essas curvas não eram em realidade lustrosas ou felinas, por isso imaginava que não tinha feito a associação em primeiro lugar. Mas tinha esses grandes olhos verdes, como um gato. E que eram bastante similares aos do Kate, deu-se conta

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agora. Deviam ser um traço de família, decidiu, subindo o olhar rapidamente a seus olhos antes de voltar para seu corpo. Realmente tinha um corpo magnífico, e sua camiseta da Universidade de Leeds e os ajustados jeans brancos o mostravam isso com vantagem. Definitivamente, não era um cachorrinho.

— Nem sequer pratos. — Continuou Terri. — Havia uma taça que suponho que a Senhora Houligan usava para o chá, uma bule, alguns saquinhos de chá, mas isso é tudo. Em toda a cozinha, isso é tudo. Olá? Bastien? Pode me ouvir?

Bastien piscou enquanto a súbita preocupação e o toque de impaciência no tom de Terri o faziam sair de seu estado de distração. Levou-lhe um minuto para compreender o que ela estava tratando de lhe dizer enquanto a comia com os olhos, mas depois de um momento as palavras chave arrebentaram em seu cérebro.

— Não há comida. Ou pratos. Bem. iremos comprar amanhã. Enquanto isso… — Se virou para olhar a sala, seu olhar patinando sobre o ainda estremecido e tremente editor, seu divertido primo e a sala por completo. Deteve-se no bar. — Há copos no bar. — Anunciou, sentindo-se quase triunfante. — E eu vou… é… — O que era o que os humanos faziam quando tinham fome mas não queriam cozinhar? Ah, sim! Eles…

— Pedir? — Sugeriu Vincent.

— Eu sabia disso. — Bastien repreendeu. A família podia ser tão malditamente inconveniente às vezes. Suspirando, virou-se para Terri e forçou um sorriso, ignorando completamente sua expressão desconcertada. — Pediremos a comida esta noite e iremos às compras amanhã.

— Tudo bem. — Assentiu ela devagar, logo inclinou sua cabeça. — Você vive aqui há muito tempo?

— Uns vinte anos neste edifício, mas uns cem na cidade. — Respondeu Bastien. Logo piscou e corrigiu a si mesmo. — Minha família tem o apartamento desde esse tempo, quero dizer. Nenhum de nós vive aqui realmente. Só o uso quando estou em Nova Iorque a negócios. Outros membros da família se deixam cair às vezes quando estão na cidade — acrescentou, com um olhar para seu primo.

— Entendo. — Terri sorriu ligeiramente, logo sacudiu sua cabeça e escavou em seu bolso traseiro. Tirou um maço de dinheiro. — Bem, posso contribuir com o pedido. O que vamos pedir?

— O que quiser, mas não há necessidade de contribuir. É minha

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convidada.

— Mas…

— Sem ?mas?. É minha convidada. — Disse ele firmemente. Virou-se para pôr ponto final à discussão, e seu olhar aterrissou inexoravelmente em Keyes.

Bastien imediatamente agarrou a pequena caderneta e a caneta que sempre levava em seu bolso para situações como essa e os entregou ao editor. — Escreve seu endereço e me dê suas chaves, trarei-te algumas roupas enquanto Vincent e eu saímos a pegamos o jantar. — Não foi um pedido.

— Você! — Virou-se para seu primo enquanto C.K. começava a trabalhar.

— Vincent, tire essa maldita capa e se prepare para sair.

— E você. — Sua atenção se desviou para Terri, mas um olhar a seus suaves olhos e seus ainda mais suaves lábios fizeram que sua severa atitude desaparecesse. Um sorriso curvou seus lábios de novo, e sua voz se voltou notavelmente mais gentil enquanto dizia. — Se acomode e relaxe, Terri. Voltarei logo com o jantar.

Logo agarrou a caderneta, a caneta e as chaves que o editor estava estendendo, agarrou seu agora ?descapado? primo pelo braço e lhe escoltou decididamente para o elevador.

— Acho que ele gosta de voce.

Terri se girou para Chris Keyes quando as portas do elevador se fecharam atrás de seu anfitrião e seu primo.

— O que? — Perguntou, surpreendida.

—Bom, certamente, te trata melhor que a outros.

Terri ignorou o comentário. O homem se mexia no sofá, com expressão de dor.

— Há algo que possa fazer para que esteja mais cômodo?

— Não. Bom, se não se importar, outro travesseiro sob a perna me viria bem até que os analgésicos comecem a fazer efeito. Ah, e obrigado pela água.

— Não há de que. — Terri agarrou outra almofada do sofá e o colocou sob sua perna, sobre a mesinha de café. — Melhor?

— Na verdade não, mas vai ter que ser o suficiente.

Terri mordeu o lábio ao ouvir o comentário. Os homens eram tão infantis

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quando estavam doentes ou feridos.

— Vou ao meu quarto por um momento para começar a desfazer a bagagem — Anunciou, indo para a entrada. — Se precisar de mim, dá um grito.

— Voce acha que eles têm televisão neste lugar?

Terri se deteve na entrada e voltou lentamente, percorrendo o quarto com o olhar. Não viu nenhuma televisão. Mas havia um controle remoto a distancia sobre a mesa de café, junto ao pé engessado do C.K. Voltou para ele, agarrou-o e olhou em redor com crescente confusão. Aquilo tinha mais botões que um teclado de computador, e todos eles com formas e símbolos incompreensíveis. Dois deles diziam TV, mas com símbolos diferentes embaixo. Terri escolheu o primeiro, e olhou para cima, sobressaltada, quando um ruído suave surgiu da parede oposta.

Elevou as sobrancelhas ao ver que uma parte da parede se deslizava para cima, descobrindo um televisor grande.

—Voilà. — Disse, com mais alivio que alegria. Apertou o segundo botão, e o televisor se acendeu. Contente de ter resolvido o problema, Terri deu o controle a C.K. e abandonou a sala, aliviada de poder escapar sem que voltasse a lhe chamar.

Encontrou seu dormitório sem dificuldade, e fechou a porta atrás de si com um leve suspiro. Nada daquilo ia como tinha esperado. Terri tinha imaginado aquela primeira noite no sofá do pequeno e aconchegante apartamento de Kate, compartilhando uma tigela de pipoca, as duas rindo e recordando eventos e planejando o casamento. De fato, tinha preferido pensar no futuro.

Terri também acreditava que ia passar duas semanas com apenas o que havia trazido na mala, dormindo em seu velho sofá cheio de molas e dando recados de última hora para sua prima.

Em vez disso, estava naquele enorme e luxuoso dormitório do apartamento de cobertura dos Argeneau, com gavetas para suas roupas, seu próprio banheiro, uma televisão enorme, e nada que fazer. Terri achava que quase deveria sentir vergonha por queixar-se, mas a verdade é que preferia a viagem tal como o tinha imaginado.

Sacudiu a cabeça, agarrou a necessaire e foi até a porta que Bastien havia dito que dava um banheiro. Terri a abriu e entrou. Era tão bonito como o dormitório, é obvio: enorme, luxuoso, e todo dela. Passeou o olhar pela banheira, a ducha, os vasos de barro com novelo, a cadeira de vime, o duplo lavabo, e finalmente a porta oposta a aquela pela que tinha entrado. Curiosa, Terri deixou a necessaire em uma esquina da enorme penteadeira e se dirigiu para a porta para abri-la.

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Terri elevou as sobrancelhas ao ver o que apareceu ante seus olhos. Seu quarto tinha parecido grande e espetacular? Aquele dormitório tinha que ser o quarto principal. Havia uma enorme cama, antiga pelo que pôde imaginar, com quatro colunas, um dossel e pesadas cortinas escuras que podiam correr de tudo.

O resto dos móveis também parecia antigo, cômodas, armários, mesa e cadeiras, sofá e poltronas forradas. Aquele quarto era maior que toda sua casa do Huddersfield, na Inglaterra.

Depois de vacilar um instante na soleira, Terri se atreveu a entrar, sentindo-se como um ladrão. Era possível que aquele fosse o quarto de Marguerite Argeneau. Depois de tudo, Vincent havia dito que aquele na realidade era o apartamento da mãe do Bastien. Se era seu dormitório, no momento estava desocupado, o que aliviaria algo de sua culpabilidade por ser muito curiosa.

Havia três portas que saíam do dormitório principal. Desejosa de saber aonde conduziam, Terri abriu a primeira. O corredor. Fechou-a rapidamente e foi até a seguinte, que revelou um enorme armário embutido. Toda a roupa do interior era masculina. A maioria eram trajes, com um pouco de roupa mais informal para romper a monotonia. Calças chinesas de veludo cotelê, camisetas e pulôveres. Embora não havia jeans, notou.

Então era o quarto de Bastien. Terri começou a fechar a porta do armário, mas se deteve quando seu olhar caiu sobre um metal alto no canto oposto do quarto.

O falecido marido de Terri, Ian, tinha passado muito tempo no hospital durante a batalha contra a doença do Hodgkin antes que finalmente lhe vencesse. Mas também tinha passado muito tempo em casa. A princípio, Terri tinha pensado que era importante lhe ter em casa para que não se desmoralizasse e que aquilo lhe ajudasse a vencer a doença. Uma vez que superou a fase da negação, e aceitou que não sobreviveria, Terri tomou a determinação de fazer que sua vida fosse tão feliz, normal e cômoda quanto fosse possível. Faleceu em casa, com Terri, seu irmão Dave e a mulher de Dave, Sandi, cuidando dele. Terri conhecia bem toda a parafernália médica graças a aquele período de sua vida. Podia reconhecer um suporte para soro assim que via um. E

não havia nenhuma razão para que Bastien tivesse um ali. Então recordou que aquela era realmente o quarto de sua mãe, e que seu pai tinha morrido. Kate nunca havia dito como havia falecido o cabeça da família Argeneau. Terri suspeitava agora que podia ter sido de um modo similar à morte de sua mãe, e a de Ian, que tinha resultado lento, progressivo, e doloroso. Era triste pensar nisso, e não era assunto dela… até que Bastien mesmo o contasse, se o fizesse. Mas aquele quarto tampouco era assunto dela. Estava colocando o nariz onde ninguém a chamava.

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Terri fechou a porta e duvidou entre parar e deixar disso ou continuar com sua exploração. O fato de que só tinha ficado uma porta decidiu: já que tinha chegado até aqui, podia dar uma olhada pela última porta antes de voltar para seu próprio quarto.

Lhe escapou um arfar de assombro ao abri-la. Depois dela havia um banheiro maior inclusive que o quarto que lhe tinham dado. ?Luxuoso? não era suficiente para descrevê-lo; inclusive ?Rico? era uma descrição pobre. Vaso sanitario, bidê, lavabos, ducha e jacuzzi, tudo em branco, com acessórios em ouro. E o ouro parecia autêntico. O chão era de um mármore negro com nervuras de branco e ouro, e havia espelhos por toda parte. Aquele lugar era autenticamente decadente. E a fazia pensar em possibilidades ainda mais perversas e travessas.

Terri fechou a porta e voltou direto para seu banheiro. Só quando fechou a porta detrás de si se perguntou por que, já que o dormitório principal tinha seu próprio banheiro, havia uma porta que conectava com o seu. Não lhe incomodava que as habitações estivessem conectadas; não ia fechar com chave nem nada parecido. Sua prima não a deixaria em um lugar que não fosse seguro. Era só que sentia curiosidade a respeito daquela porta intermediaria.

Afastou a pergunta de sua mente com um encolhimento de ombros, aproximou-se da penteadeira e começou a tirar coisas.

*
— Não vejo qual o problema com isso.

— Não pode se alimentar de meus hóspedes. Ponto. — Disse Bastien com firmeza. Estava lhe dando sermão desde que as portas do elevador se fecharam.

— É tão sensível, Bastien. — Riu Vincent. — Já eu gostaria de te ver ter que caçar a comida ao modo antigo, como eu faço. É um pouco cansativo, sabe?

Espreitar todo o tempo em busca do jantar.

— Sim. Sei. Eu também tive que fazê-lo, se por acaso não se recorda. — Disse Bastien. — E sei que pode ser muito difícil, mas mesmo assim, nada de alimentar-se de meus convidados. Anda, se comporte como um bom primo e vá buscar um lanche que te entretenha toda a noite. E que não seja as pessoas de meu apartamento.

— Tudo bem. — Assentiu Vincent. Arqueou uma sobrancelha. — Mas primeiro deveria te ajudar a fazer os pedidos.

— Posso me virar, obrigado. — Replicou Bastien. Em seus mais de

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quatrocentos anos de vida, ninguém tinha sugerido que houvesse algo que ele não pudesse fazer. Tinha sido competente praticamente desde seu nascimento.

— Não? — Perguntou Vincent ligeiramente. — Aposto que nunca pediu que lhe trouxessem comida. Duvido que nunca o tenha feito você mesmo. O mais perto que terá estado disso foi lhe pedir a sua secretária que organize um almoço de negócios.

Vincent estava certo, mas Bastien manteve sua boca fechada, se negando a admitir.

— Quer McDonalds, comida China, pizza ou sanduíche?

— O que é um sanduíche? — Não pôde evitar perguntar.

— Oh Ho! Nem sequer sabe. — Riu Vincent.

— OH, está bem. Jamais pedi comida para levar. — Admitiu Bastien. Era mais de vinho e caviar no que se referia aos encontros. É obvio, não haviam lhes trazido um pedido de comida em casa a última vez que tinha tido um encontro. — E o que são os sanduíches?

— Sanduíches. São pães grandes, uma espécie de barra, com carne, queijo, alface e mais outras coisas dentro.

Bastien fez uma careta.

— Parece absolutamente repugnante.

— Parecem mesmo, não é verdade? — Vincent concordou. — Imagino que não perguntaste a Terri e Chris o que querem.

— Não. — Admitiu, e se sentiu irritado consigo mesmo por não havê-lo feito, mas quase nunca perguntava às pessoas o que queriam. Era ele quem tomava as decisões; normalmente decidia o que convinha mais a todos e o fazia, ou o ordenava fazer. Agora faria o mesmo, decidiu. — Qual a opção mais provável?

Vincent pensou nisso.

— Provavelmente, os sanduíches. Se é que os anúncios não mintam. Têm todos os nutrientes necessarios para um ser humano em período de crescimento… e pode perder vinte quilogramas comendo-os.

— O que? — Bastien perguntou.

— Sério. — Disse Vincent, rindo. — Um homem esteve comendo

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sanduíches todo dia em toda refeição e perdeu um montão de peso. — Se deteve e franziu os lábios, pensativo. — Claro que parece que também ia andando à loja a comprá-los, assim talvez é por isso que perdeu peso.

— Vincent. — Disse Bastien, exasperado. — Qual comida para levar é mais saudável?

— Sanduíches. — Insistiu Vincent. — Contêm os quatro grupos básicos de mantimentos. Ou são cinco? — Elevou uma mão e começou a contar com os dedos. — Lácteos, pão, carne, verduras… acredito que para os humanos são quatro.

— Dá no mesmo. Comprarei sanduíches.

— Vou contigo e te ajudo. — Vincent se ofereceu. As portas do elevador se abriram na garagem.

Bastien moveu a cabeça.

— Obrigado, mas não precisa. Além disso, antes tenho que me ocupar de um par de assuntos.

— A roupa de Chris?

— Essa é uma coisa, sim. — Admitiu Bastien, caminhando ante ele pelo estacionamento quase vazio. Era uma sexta-feira a noite, e a aquela hora as pessoas já tinham saído do trabalho e foram para casa.

— E a outra?

— Também tenho que encontrar à Senhora Houlihan e apagar sua memória.

— Para que se incomodar? Ninguém vai acreditar na velha. Pensarão que está louca.

— E o que acontece se não o pensam? — Replicou Bastien. Logo se deteve e olhou a seu primo com os olhos entrecerrados. — Me diga por favor que geralmente apaga a memória de suas refeições, que não os deixa correndo por aí gritando ?Um vampiro me mordeu!?. Imagino que ao menos terá o sentido comum de fazer isso… — Não era seu sentido comum que preocupava Bastien. Era a ascensão de adrenalina que Vincent parecia desfrutar tanto. Arriscar-se era para ele como uma droga.

— Claro que faço. — Respondeu seu primo. Aliviado, Bastien começou a andar de novo. Vincent continuou. — Eu teria apagado a memória da velha, mas

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voces apareceram. Mas sim me certifiquei de esfumar as lembranças do editor, e também teria me ocupado da empregada, mas você e a Bela Adormecida chegaram de de repente.

— A Bela Adormecida? — Bastien olhou a seu primo com curiosidade.

— O nome vai bem. — Disse Vincent com um sorriso malicioso. — Só olhando-a pode ver que em seu interior há paixões desejando despertar.

— E você pode despertar?

— É obvio. É como uma fruta amadurecida, pronta para arrebentar sua pele.

Bastien se sobressaltou. Aquela descrição, o termo ?fruta amadurecida?, tinha-lhe vindo à mente quando a viu pela primeira vez. Ao que parecia, também tinha vindo à mente de Vincent.

— Porque diz isso?

— A forma de andar, de vestir-se, de falar. — Vincent encolheu os ombros.

— Tudo isso.

— Sim, mas…

— Bom, e onde vive essa tal senhora Houlihan? — Interrompeu Vincent, e a mente do Bastien saltou ao problema mais urgente que tinham entre mãos: sua empregada. Sua ex-empregada. E seu paradeiro.

Voltou a sentir-se invadido pela irritação, e se dirigiu diretamente à pessoa que lhe acompanhava.

— Vive, ou vivia, no apartamento de cobertura.

Vincent assobiou entre dentes.

— E deixou tudo para trás quando se foi? Eu não acho que ela nem parou para pegar um casaco! Não é bom sinal. — Meneou a cabeça, pensativo, e logo perguntou. — Então, voce acha que ela foi? A casa de seu filho? De alguma filha?

— Tem um filho e uma filha? — Perguntou Bastien. Estava tão surpreso que voltou a deter-se.

— E eu demonios sei? Só estava adivinhando. — Disse Vincent, rindo. Seu olhar se fez mais penetrante. — Você não sabe?

— Nem sequer sei se tem família em Nova Iorque. — Admitiu Bastien com

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um suspiro resignado.

— Querido Deus, Bastien! Trabalhava para você, e não tem nem idéia se tem filhos ou família? Cara! Você é um pedaço de trabalho. Você estava todo melindroso a respeito de me alimentar de humanos, mas é o que os trata como gado.

—Eu não faço isso. — Protestou Bastien.

— Não? Pois então qual é o nome dela?

— De quem? — Murmurou.

— De sua empregada.

Bastien fez uma careta e se voltou para seu carro, deteve-se junto a ele e ignorando seu primo, tirou as chaves do bolso e apertou o botão remoto para abrir as portas. Sentiu um certo alívio ao meter-se dentro. Até que seu primo sentou no assento do carona.

— É Gladys. — Anunciou Vincent com mais que certa satisfação.

Bastien fez caso omisso. Inseriu a chave e ligou o motor.

— Eu sempre averiguo os nomes de meus doadores antes de me alimentar. —continuou seu primo com tom afetado, enquanto Bastien retrocedia e saía da praça de estacionamento, conduzindo para a saída. — Ei! Eu não gosto de tratá-los como gado. — Exclamou, agarrando-se ao painel para evitar sair voando pelo pára-brisa. Bastien tinha pisado no freio a fundo antes de sair.

— Para isso fazem cintos de segurança. — Disse Bastien com satisfação.

Inclinou-se para frente de seu primo para abrir a porta do carona. — Fora.

Vincent o olhou, surpreso, e logo sorriu daquele modo seu tão irritante e tão sabichão.

— Tudo bem. Continue pensando o que quiser. Mas é verdade, sabe? É

possível que já não te alimente de humanos, mas segue lhes tratando como a cabeças de gado.

— E você não, é obvio. — Replicou Bastien enquanto o outro vampiro saía do carro.

Vincent se endireitou na calçada, voltou-se e se inclinou para olhar ao interior.

— Não, eu não. Alguns de meus melhores amigos são humano. — Esperou

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um momento para assegurar-se de que o outro tinha assimilado suas palavras, e logo perguntou. — Você pode dizer o mesmo?

Endireitou-se e fechou de repente, deixando Bastien lhe seguindo com o olhar enquanto se afastava pela calçada.

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Capítulo 4


— Maldição — Bastien murmurou, pressionando o botão para fechar todas as portas com a chave antes de se encostar contra o assento do motorista.

Mortificante como era, Vicente podia ter razão. Bastien não tinha um único amigo, nem um, que não fosse de sua própria espécie. Havia conhecido humanos, mas só por necessidade, e mantinha a distância tanto quanto possível, socializando com eles apenas o que os negócios requeriam.

E não, não havia se dado ao trabalho de investigar o nome da Sra Houlihan, ou qualquer outra governanta. Por que se preocupar? Finalmente acabaria morrendo e teria que ser substituída como a última. E a outra antes dela. Como todos os humanos mortais.

Ele tratava os mortais como gado, apesar de já não tinha que se alimentar diretamente deles? Bastien lamentou ter que admitir isso, mas talvez ele agisse assim.

— Droga — Soltou a respiração em um suspiro e se assustou quando uma batida soou na janela. Virando-se, viu Vicente gesticulando para que ele abaixasse a janela. Bastien apertou o botão para abaixar.

— Só pensei que deveria te seguir e comprovar se a Bela Adormecida é vegetariana. Parece ser. — Depois de dizer isso, Vicente se endireitou e retomou seu caminho rua abaixo.

Bastien puxou o botão para levantar a janela, em seguida, pegou decidido o seu celular. Ligou para o apartamento, não tinha certeza que Terri ou Chris atenderiam um telefone que não era deles. Felizmente Terri atendeu o telefone depois da terceira chamada, dizendo educadamente: — Olá, residência Argeneau.

— Oi, Terri, é Bastien Argeneau. — Ela parou e fez uma careta por causa do tom pomposo que ele tinha usado. Adicionar o seu sobrenome não havia sido realmente necessário, não é? Continuou: — Eu estava pensando em levar alguns sanduíches para o jantar. Tudo bem pra você? Não é vegetariana, certo?

— Isso parece ótimo! — Terri disse. — E não, não sou vegetariana. Você poderia trazer também umas batatas fritas e refrigerante? Batatas de churrasco,

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Dr. Pepper1, e meu sanduíche completo, por favor. Com tudo, incluindo pimentas.

— Er... sim. Completo. Com tudo. Pimenta. — Bastien repetiu, pegando seu caderninho e uma caneta para rabiscar seu pedido.

— Batatas fritas de churrasco e Dr. o quê?

— Pepper. Dr. Pepper. — Ela repetiu. — Vou perguntar a Chris e ver o que ele quer.

— Er, sim. Claro. Isso seria bom. — Ele concordou, então estremeceu quando ela deixou o telefone, aparentemente sobre a mesa, porque o golpe em seu ouvido foi quase doloroso. Passaram alguns minutos enquanto esperava, então ela voltou.

— Alô?

— Sim, estou aqui.

— Chris quer um sanduíche de almôndegas, batatas fritas normais e Ginger ale Canada Dry2

— Almôndegas, batatas fritas normais, Canada Dry — Bastien murmurou e então parou. — Um sanduíche de almôndegas? Como as que servem em espaguetes à bolonhesa?

— Sim.

— Ah. Ok. — O silêncio pairou entre eles brevemente, então ele clareou a garganta para dizer: — Tudo bem aí em cima?

— Perfeito. Chris está vendo televisão, e eu estou desfazendo as malas. — Ela respondeu. — Você está aonde? Não pode ter ido longe. Não faz muito tempo que você saiu.

— Não, estou dentro da garagem, saindo agora. — Ele admitiu. — Só pensei que devia comprovar que você não era vegetariana ou algo parecido. Não queria trazer para casa um sanduíche de carne e descobrir que você não gosta.

— Não! Não sou vegetariana. Eu adoro carne.

Bastien sorriu por causa do seu entusiasmo. Pelo menos havia algo em que Vicente estava errado.


1 É uma marca de refrigerante

2 Outro refrigerante

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— Você é vegetariano? — Ela perguntou com curiosidade, depois riu — Bem, eu acho que não, ou não teria sugerido sanduíches. Bem, talvez você pudesse ser. — Ela se corrigiu. — Talvez quisesse sanduíches vegetarianos. É só que você não parecer ser do tipo vegetariano.

— Não? — Ele perguntou com um sorriso — Que tipo de cara eu pareço?

— Um homem de filé. Mal passado — Ela disse com firmeza. — Então, eu estou certa? Você gosta do seu bife mal passado?

— Muito mal passado. — Ele disse calmamente.

Ela respondeu com um riso titilante que ajudou a aliviar um pouco da tensão que estava sentindo desde que havia falando com Vicente. Enquanto Bastien escutava o som, ficou consciente de que estava estranhamente relutante em desligar o telefone. Preferia sentar e conversar com ela ao invés de se ocupar do assunto. Na verdade, preferia falar com ela em pessoa, onde pudesse ver a maneira que seus olhos brilhavam com humor enquanto ela falava, e a forma como seu rosto se enchia de expressões e ânimo, e como suas mãos voavam como pássaros enquanto descrevia as coisas. Ele a tinha achado encantadora e totalmente perturbadora durante a viagem da casa até o aeroporto.

— Bem, ligue se você tiver problemas para encontrar o apartamento de Chris, e o colocarei ao telefone para te dar as direções.

Bastien assentiu. Ela estava indicando sutilmente que ele desligasse o telefone e andasse. Ele se sentiu quase rejeitado. Parecia que ela não estava tão ansiosa para ficar sentada e falar com ele. Ele limpou a garganta e respondeu: — Sim, eu farei. Tchau.

Soltou o telefone antes que ela pudesse responder, envergonhado e um pouco irritado com a sua vontade de falar com ela. Só era uma humana, ele lembrou... ela não merecia que ele perdesse seu tempo com ela. Ela viveria outros trinta ou cinqüenta anos, depois morreria, a enterrariam e ela viraria poeira assim como fez Josephine.

Bastien engoliu em seco ao se lembrar do único amor que havia tido em sua vida.

Era jovem naquele tempo, apenas oitenta e oito anos, e havia vivido selvagemmente, sem se preocupar muito com as mulheres com que havia estado.

Até Josephine. Ele havia se apaixonado profundamente por ela. Com tanta força, na verdade, que ele havia ignorado que era capaz de ler a sua mente: um sinal claro, como sua mãe sempre dizia, de que um casal seria maus companheiros de

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vida. Ele havia confessado a ela, pedindo que ela se juntasse a ele a noite eterna... Ou ao que ele havia pensando na época que seria a uma noite eterna.

Naquela época não tinha idéia que com um tempo poderiam caminhar sobre a luz do sol graças a chegada dos bancos de sangue e a segurança que eles ofereciam.

— Josephine. — O nome era um sussurro em seus lábios enquanto ele guardava o telefone em seu lugar. O grande amor de sua existência. Ele a ofereceu a vida eterna, e todas as suas riquezas, o que não era uma quantia pequena. Mas o rejeitou pelo o que ele tinha afirmado ser, ela havia lhe dado as costas com frieza. Josephine acreditava que ele era um desalmado. Havia estado com tanto medo dele que havia ficado de joelhos e pedido a Deus pela libertação imediata. Ela temia ter posto a sua alma em perigo só por tê-lo conhecido.

Bastien se viu obrigado a limpar a memória dela e abandoná-la. Ele havia suportado e havia visto ela se apaixonar por um humano, casar com ele, e dar a luz aos seus filhos, envelhecer e morrer. Isso havia quebrado o seu coração.

Um repentino som de buzina fez Bastien ficar tenso, depois olhou no espelho retrovisor. Alguém largou tarde do trabalho e queria sair. Ele estava bloqueando o caminho.

Obrigando-se a andar, Bastien ligou o carro e dirigiu para a rua, virando à direita para evitar ter que esperar o trânsito se despejar. Subiu várias ruas sem pensar até que decidiu que seria melhor se concentrar no que estava fazendo ou poderia acabar dando voltas a noite toda.

Sua primeira prioridade era a Sra. Houlihan, mas não tinha nenhuma pista de como começar a procurar. Como Vicente o fez entender, ele nem sequer sabia o primeiro nome dela, para não mencionar se ela tinha uma família a quem recorrer. Ele supôs que ela tivesse. A mulher não andaria pelas ruas, sem teto, faminta e com frio apenas para fugir dele. Ou sim?

Bastien fez uma careta. Pelo o que ele sabia, isso podia ser possível. Não sabia nada sobre sua ex governanta. Isso significava que a mulher não era uma questão que ele poderia cuidar naquele momento. Teria que deixar estar agora e colocar sua secretária para revolver isso amanhã. Meredith havia conversado várias vezes com Sra. Houlihan e poderia saber mais a respeito do que ele. E, se não, poderia descobrir quem havia contratado a mulher e o que sabiam sobre ela.

Bastien não podia se lembrar por quanto tempo a senhora trabalhava para ele.

Ela havia sido apenas outra funcionaria desconhecida até hoje. Com essa questão parada, Bastien decidiu ir para... Qual diabos era o nome do editor?

— Chris! — Ele disse triunfante depois de lembrar o nome. Christopher Keyes. Devia pegar algumas roupas em seu apartamento, comprar os lanches...

Onde quer que eles o vendessem, e voltar para o sótão onde poderia enfim relaxar

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e resolver o que fazer com seus convidados até que tivesse uma nova governanta para cuidar deles. Mesmo com sua secretária eficiente comandando tudo, encontrar uma substituta para a Sra Houlihan poderia levar dias, até semanas.

Devido ao que a família Argeneau era, qualquer possível funcionário deveria ser avaliado com muito cuidado.

— Hmmm. Semanas sem uma governanta. — Ele murmurou pensativamente enquanto verificava as direções em seu caderno. Virou na esquina seguinte para pegar o caminho mais rápido. O editor não era realmente sua responsabilidade. Na realidade não concordava com a presença do homem em seu sótão, simplesmente o suportava. Quanto a Terri, ele concordou em hospedá-la. Para ele, isso fazia com que a segurança dela e o seu bem estar fossem sua responsabilidade. O que incluía afastá-la das garras de Vincent.

Talvez devesse tirar umas férias do trabalho por um tempo e ficar no apartamento para cuidar dela. Mesmo a idéia de férias era tão estranha para Bastien, que o simples fato de que estivesse considerando isso era alarmante.

Férias. Ele pensou no assunto seriamente, e pareceu ser a melhor opção se ele queria manter Terri segura. Bastien tinha certeza que Kate nunca o perdoaria se permitisse que Vincent mordesse Terri. Certamente ele também não ficaria feliz com isso. O pensamento dos lábios e dentes do seu primo sobre a carne sensível do pescoço de Terri — ou algo mais — era repugnante. Decidido.

Tiraria uns dias de férias do trabalho e vagabundearia em seu apartamento até ficar entediado. Não era capaz de se imaginar fazendo isso. Nunca havia ficado sem fazer nada em sua vida. Estava constantemente em movimento, com sua vida sempre ocupada.

Pisou no freio quando o semáforo ficou vermelho, e enquanto esperava olhou ao redor até que sua atenção foi capturada por um grande cartaz, no que parecia ser um terreno vazio, anunciando o horário de um mercado. Bastien olhava com interesse. Era fim de semana, e a primavera havia chego, o que significava que mercados e exposições de ruas apareceriam por todas as partes da cidade. Ele se perguntou se Terri gostaria de assistir enquanto estava em Nova York. Depois viu um taxi passar com um cartaz no capô amarelo que anunciava o Museu Metropolitano de Arte.

Ela também poderia gostar de ir ali. Bastien não havia estado MET3 desde sua espetacular inauguração na Central Park... em 1880, ele acreditou lembrar.

Tanto tempo havia passado? A data fez ele franzir o cenho, ainda tinha bastante certeza de que não estava errado. Sempre havia tido a intenção de voltar, mas nunca encontrava tempo para ir.


3 Abreviação de Museu Metropolitano de Arte, no original: The Metropolitan Museum of Art, New York

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Querido Deus, haviam passado mais de 120 anos desde que havia tido uma par de horas livres para visitar um museu? Bem, esse era o maldito tempo que fazia, Bastien concluiu. Levaria Terri ali. Isso é o que ele faria. Ela gostaria.

Mas não queria levá-la durante o fim de semana. O museu estaria horrivelmente lotado depois. Talvez segunda fosse um dia melhor para essa visita. Ele considerou enquanto o semáforo mudava e passava seu pé do freio ao acelerador.

Sim, este fim de semana a levaria aos mercados e as exposições de ruas, e ao museu na segunda feira. E depois disso? Bem, havia dezenas de lugares aonde ir e muitíssimas coisas para se ver em Nova York. Esporte, por exemplo. Ele não havia visto um daqueles jogos desde... a mente de Bastien evitou fazer o cálculo.

Tinha bastante certeza que havia sido muito antes da última vez que esteve em um museu. Era só que a idéia de ir não havia parecido interessante antes, mas agora com Terri o acompanhando, imaginando tudo através de seus olhos, parecia bom.

O pensamento fez com que ele se lembrasse das palavras que Lucern disse durante o almoço. ?Realmente tudo parece mais vibrante e interessante agora.

Estou vendo as coisas com outro brilho, vendo-as como Kate deve ver, em vez de vê-las com o tédio com que eu venho observando-as durante os séculos. É uma boa mudança?

Bastien pisou no freio de repente congelado em seu assento, ignorando a buzinação urgente atrás dele. Estava causando um congestionamento, mas não se importava. Sua mente corria. Tudo parecia mais interessante quando pensava em fazê-lo com Terri. Sentia um interesse comum pelo o bem estar dela, e estava incomodado com a idéia de protegê-la e afastá-la de Vincent que na realidade não tinha nada a ver com o que Kate poderia pensar ou dizer. Duvidava que Kate ficasse feliz se seu amigo editor fosse mordido, mas Bastien realmente não se importava com isso. Não. Queria manter Terri longe de Vincent porque a simples idéia de seu primo a cortejando debaixo de seu próprio nariz deixava ele doente, porque... Ele mesmo estava interessado nela. Uma batida na janela chamou sua atenção. Um motorista havia saído de seu carro e agora estava gritando e batendo na porta do carro de Bastien. Não podia ouvir o que o homem gritava — as buzinas atrás dele eram muito altas — mas Bastien percebeu que o cara não parecia exatamente feliz com o congestionamento. Observou os movimentos da boca do homem durante vários minutos, então colocou na sua mente a sugestão de se calar e voltar para o carro. No momento em que ele o fez, Bastien pisou no acelerador e colocou sua Mercedes em movimento novamente.

O incidente fez com que surgisse outra questão. Havia colocado a sugestão na mente do motorista irritado sem nenhum esforço. Poderia controlar e ler a mente de Terri? Se pudesse, ela não era para ele. Se não podia... Teria que esperar até que voltasse ao sótão para comprovar.

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Impaciente para voltar imediatamente para casa, Bastien aumentou a velocidade amaldiçoando o fato de que Chris Keyes vivesse em Morning-sid Heights no Upper West Side, longe da sua própria e cara zona da cidade.

Quando chegou, Bastien percebeu que não precisava das chaves que C.K

havia lhe dado. A porta do apartamento estava aberta. Uma senhora estava em pé, com as mãos na cintura enquanto conversava com dois trabalhadores que transportavam pedaços de gesso e madeira... pegando os escombros do teto caído, Bastien supôs. Entrou e se aproximou da mulher, assumindo que ela era a caseira. Desperdiçando algum tempo, tentou explicar porque ele estava ali em nome de Chris, depois a encheu de calma e deslizou em sua mente para impedir que ela notasse a sua presença de verdade. Em seguida teve que fazer o mesmo com os trabalhadores antes de se sentir livre para ir ao quarto.

Deveria ter feito desde o começo, Bastien pensou irritado enquanto saía do apartamento vários minutos depois. Levava um monte desordenado de roupa em uma bolsa de ginástica que havia encontrado no chão do quarto. Jogando a bolsa do banco de passageiros do seu carro, ligou o motor, mas não fez nenhum movimento. A parada seguinte de sua lista era comprar os sanduíches, mas não tinha idéia de onde vendesse. Bastien quase saiu do carro para perguntar a um pedestre mais próximo, mas mudou de opinião. Esperaria até que estivesse mais perto de sua casa para perguntar. Se os sanduíches eram quentes, e sendo que os de Chris eram de almôndegas era de se supor que fossem — e até onde ele sabia o completo de Terri também poderia ser — não queria que estivessem frios quando chegasse na casa. Já soava repugnante o suficiente e ainda pior se fosse frio.

Infelizmente, parecia que as lanchonetes eram poucas na zona de elite da cidade onde se encontravam as empresas Argeneau, e a procura de Bastien finalmente o levou a percorrer uma grande distância para encontrar o que queria.

Aparentemente, esses estabelecimentos eram muito populares, porque a fila do lado de dentro era enorme. Ficou tentado a entrar na mente das pessoas para conseguir ir para o início da fila, mas se obrigou a ser paciente e a esperar como todos os outros. Isso não era uma emergência. Não tinha nenhuma desculpa para tal manipulação.

Meia hora depois, e duas horas depois que ele havia saído, Bastien estava no elevador que dava para a suíte, carregando a bolsa de ginástica com a roupa do editor e sacos de papel onde estavam os três sanduíches, batatas fritas normais, dois sacos de batatas de churrasco, dois Dr. Peppers, e uma ginger ale Canada Dry. Ele havia comprado o dobro de tudo que Terri pediu, para ter o que beber para que ela não perguntasse por que ele não comia.

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— O herói conquistador retornou. — Vincent disse, enquanto Bastien entrava na sala de estar.

Bastien o ignorou e mudou sua concentração para seus convidados e ficou boquiaberto.

— Estão dormindo!

— Claro, o que você esperava? — Seu primo perguntou com diversão. — Você levou uma eternidade. Eu estava de volta em uma hora, e tive que caçar a minha comida, não comprar em um mercado de esquina.

Bastien virou na direção dele com um olhar desconfiado.

— Você se alimentou fora? Você não...?

— Não, eu não mordi os seus hóspedes. — Vincent afirmou, então assentiu para o editor que estava dormindo profundamente em uma cadeira, a cabeça balançando sobre seu peito.

— Esse está dormindo por causa dos remédios, eu acho. E Terri teve um dia terrivelmente longo. Além disso, já é tarde.

Os olhos de Bastien se estreitaram diante da forma como a expressão e o tom de voz de Vicente suavizaram.

— É apenas — Ele verificou seu relógio— Nove horas.

— Nove horas aqui, duas da manhã na Inglaterra. — Vinny o lembrou.

— Ah, sim. — Bastien passou os olhos da mulher dormindo para a sacola de comida em sua mão. Apesar de aparecerem horríveis, os sanduíches realmente cheiravam bem. — Você acha que eu devo acordá-la para que ela possa comer?

— Não. — Seu primo negou com a cabeça — Ela estava acordada desde as quatro da manhã. No fuso horário da Inglaterra.

— Quatro da manhã? — Bastien perguntou abatido. Deixou as sacolas sobre a mesa de centro.

— Seu vôo sairia às dez horas. Ela teve que verificar com três horas de antecedência, e Huddersfield leva mais do que uma hora de caro até o aeroporto de Manchester. E além disso, o vôo de sete horas se transformou em um de nove horas devido a demora em Detroit — sem contar o longo passeio na cidade — Ela teve um dia terrivelmente longo e cansativo. É melhor deixá-la dormir.

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— Hmmm — Bastien concordou, e então franziu o cenho para Vincent.

Obviamente ele havia conversado com Terri antes que ela dormisse. Isso o deixou irritado. — Há quanto tempo ela está dormindo?

— Aproximadamente meia hora.

Bastien assentiu. Se Vincent havia levado uma hora para encontrar sua refeição, significava que havia falado com Terri cerca de meia hora. Bastien não podia decidir se estava irritado pelo o homem ter conversado com Terri durante todo aquele tempo, ou agradecido pela conversa não tê-la distraído o suficiente para mantê-la acordada. Decidindo que isso não era importante, ele rodeou a mesa de centro, e com cuidado levantou a mulher em seus braços.

— Você vai carregá-la? — Vincent perguntou.

— Ela acabará com um torcicolo se dormir aqui — Bastien respondeu com um murmuro.

A levou da sala e foi pelo corredor. Conseguiu abrir a porta do quarto de hóspedes, lavá-la para dentro, e colocou-a sobre a cama sem acordá-la. Então foi ao quarto principal e pegou uma colcha da cama para cobri-la, em vez de correr o risco de despertá-la tentando pegar o edredom de sua cama que estava debaixo dela. Uma vez que ela estava coberta, ele se endireitou e a olhou fixamente durante um momento.

Quando estava acordada, Terri Simpson parecia um curioso feixe de contradições: graciosa, amável, inconscientemente atraente, mesmo com um humor perversamente malicioso. Dormindo era pura inocência, com seu rosto suave e doce. Parecia um ser humano adorável, tanto por dentro como por fora.

Era estranho que ele tivesse um conceito tão bom de um mortal... ou de qualquer um, na verdade. A maioria das pessoas que ele conhecia pareciam ansiosas e gananciosas. Com o tempo, havia aprendido que todo mundo tem suas prioridades, a graça era descobrir quais eram.

Mas Bastien não captava isso nessa mulher. Ela havia voado milhares de quilômetros e dispensou suas férias para ajudar Kate com o casamento. Ele não a conhecia muito, mas pelo o que ele havia percebido, Terri era mais feliz ajudando as pessoas, e não esperava ou se sentia confortável pegando algo dos outros. A maioria das pessoas estaria contente em ter essas acomodações luxuosas em vez do velho sofá de Kate, e ainda assim essa mulher havia ficado incomodada com a idéia de ficar ali. E não tinha gostado quando Bastien não permitiu que ela colaborasse com o pagamento do jantar, que agora já nem ia comer. Com o passar dos dia, ele aprenderia mais sobre ela, mas por agora parecia que finalmente havia encontrado uma mulher da qual ele gostava e respeitava... e que não estava tentando conseguir algo dele.

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Terri suspirou e se remexeu na cama, e Bastien sorriu, depois piscou surpreso quando um ronco forte soou no quarto. A olhou pasmo, cobrindo a boca para sufocar um riso que ameaçava escapar, e se apressou para deixar o quarto.

Bom, pensou Bastien, ninguém é perfeito. Rindo por entre os dentes, voltou para a sala de estar e ocupou o lugar de Terri no sofá. Ainda tinha o calor de seu corpo, e ele apreciou a sensação antes de alcançar a sacola de comida.

— E ele? — Vincent indicou o editor dormindo enquanto Bastien olhava com curiosidade a sacola com os sanduíches.

— O que tem ele? — Bastien pegou um dos pacotes de batatas fritas de churrasco e lutou um pouco antes de conseguir abrir.

— Ele também acabará com um torcicolo se não se deitar. — Vincent advertiu.

Bastien encolheu os ombros. Espiando dentro do pacote, vendo finas tiras de batatas polvilhadas com um tempero vermelho.

— Sim, conseguirá um torcicolo. Deveria ter deitado.

Vincent riu entre os dentes, então ficou de boca aberta quando Bastien pegou uma batata e a mordeu com cautela.

— O que você está fazendo?

— Provando as batatas fritas. — Ele falou enquanto mastigava com um frágil pedaço e colocava tudo em sua boca para saborear completamente. Não estava mal. Nada mal. Não lembrava com nada parecido da última vez que ele havia se incomodado em comer.

— Bendito Deus. — Seu primo disse.

— O quê? — Bastien o olhou de maneira questionadora.

— Você está comendo. — Vincent o observava com assombro e depois adicionou. — Comida sólida. Você deve estar apaixonado.

Bastien engoliu, e soltou uma risada rouca.

— Estar apaixonado não é o mesmo que estar grávida, Vincent. Não comemos quando estamos apaixonados.

— Todos os que eu conheço da nossa espécie quando ficam apaixonados voltam a comer comida sólida. — Seu primo disse em um tom grave.

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Bastien pensou sobre isso enquanto engolia e depois colocava outra batata em sua boca. Lissianna havia comido. Não tinha certeza sobre Etienne, mas sabia que Lucern comia de novo. Sua mastigação ficou lenta por um momento, mas sacudiu a cabeça e se obrigou a relaxar. Tinha acabado de conhecê-la. Não podia estar apaixonado. Intensamente atraído, talvez, mas não apaixonado. E duas batatas fritas não podem ser comparadas com ?comer?... pelo menos não na sua perspectiva.

— Falando de se alimentar, quando foi a ultima vez que você realmente se alimentou?

Ele não pode evitar sua surpresa inicial diante da pergunta. Bastien sabia que Vincent não se referia à caça, mas simplesmente ao fato de ingerir sangue. E

para seu espanto, Bastien percebeu de repente que não o havia feito desde o início daquela manhã. Havia sentido necessidade de sangue enquanto aguardava no aeroporto que chegasse o vôo de Terri, mas não havia pensado sobre isso desde que ela o abraçou. Havia estado muito distraído por tudo o que aconteceu.

Bastien se recusou a pensar sequer que sua distração era devida somente a chegada de Terri. Muitas coisas haviam acontecido depois: Vincent estava ali, a governanta sumiu, a chegada de Kate com seu companheiro de trabalho, então a partida de Lucern. Muitas coisas, ele garantiu.

Lamentavelmente isso não explicava por que agora que as coisas haviam se acalmado, e ainda não sentia nenhum desejo particular por sangue. Talvez só tinha que ver ou na verdade cheirar para incentivar seu apetite. Sem dúvida, uma vez que fosse ao seu quarto e tomasse uma bolsa de sangue do frigobar do lado da sua cama, recuperaria a fome.

Bastien fechou o pacote de batas, e colocou com o resto da comida, se levantou para levar as coisas para a cozinha. Foi quando ele deixou a sacola na geladeira vazia, que lembrou da afirmação de Terri que a cozinha não tinha nada excerto um bule de chá, um copo e uns saquinhos de chá. Fechou a porta da geladeira e abriu alguns armários. A Sra Houlihan tinha seu próprio apartamento pequeno atrás do sótão, com cozinha e tudo o que era necessário, e Bastien não duvidou nem por um minuto que esses armários estariam preenchidos com comida, pratos e equipamentos dignos de uma boa cozinha. Esse, no entanto, estava completamente vazio.

Realmente deveria fazer com que fosse devidamente equipada, Bastien decidiu. Como estava, não havia nada para dar a Terri pela manhã, excerto chá.

E sanduiches frios, acrescentou mentalmente, fechando os armários da cozinha e pegando seu caderno de notas do bolso.

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Fez uma anotação enquanto saía da cozinha e se dirigia em direção ao corredor para a sala de estar. Também encarregaria essa tarefa à sua secretária...

quando ligasse para o escritório na segunda-feira por causa da Sra Houlihan, e por sua decisão de tirar uma folga. Ele contrataria quem quer se fosse necessário e garantiria que seus armários e geladeira estivessem bem abastecidos quando voltassem do Museu nesse dia. Enquanto isso, simplesmente levaria Terri para comer fora. Isso não seria nenhum problema uma vez que existia uma infinidade de restaurantes em Nova York.

— Assobiando e sorrindo. Também são sinais de que um homem está apaixonado.

Bastien olhou ao redor para encontrar Vincent encostado e despreocupado contra a porta do quarto de Lucern. Seu primo estava em pé com as pernas cruzadas nos tornozelos e os braços cruzados sobre o peito, observando com uma diversão insultante.

— Eu não estava assoviando.

— Sim, sim você estava.

Bastien não se incomodou em negar outra vez. Na verdade, poderia ter estado assoviando enquanto caminhava pelo corredor, não tinha certeza. Se fosse assim, havia sido um ato inconsciente. Nesse momento tinha aquele tipo de pensamento que poderia ter feito ele sorrir. Era possível, afinal ele estava feliz.

Mas não podia estar fazendo ambas as coisas ao mesmo tempo.

—Ninguém pode sorrir e assoviar ao mesmo tempo. — Ele argumentou.

—Você começou a caminhar pelo corredor sorrindo, então começou a assoviar quando estava no meio do caminho. Ah, e também sacudia as moedas do seu bolso. — Vincent informou. — A típica atitude do homem despreocupado e apaixonado.

—Como diabos você sabe disso? — Bastien perguntou com irritação.

— Eu sou ator. — Vincent disse encolhendo os ombros. — Conhecer os sinais externos das emoções é o meu trabalho. Não posso interpretar um homem apaixonado se não sei como agir como um. E você, meu querido primo, mostra todos os primeiros sinais clássicos de um homem assim.

— Acabei de conhecê-la. — Bastien protestou.

— Hmm. O amor é algo divertido, e muitas vezes bate com força e rápido.

Como você sabe bem. —Vincent disse solenemente. — Além disso, apaixonando-se... e não que já está.

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Depois desse comentário, ele virou e entrou no quarto de Lucern, deixando Bastien sozinho no corredor. Ele se referia a Josephine quando disse ?Como você sabe bem?. Vincent e Bastien haviam sido amigos íntimos na época em que ele havia conhecido e se apaixonado por ela. Vinny tinha sido testemunha da dor de Bastien quando Josephine o rejeitou e o chamou de monstro. Até então, Bastien havia aproveitado o turbilhão social e os tempos selvagens que o mundo humano oferecia. Foi depois que ela quebrou seu coração que ele perdeu o interesse em tudo isso e havia mergulhado nos negócios da família. Desde estão, ele trabalhou muito para acumular dinheiro. O dinheiro era a pedra angular da vida, nunca decepcionou ou julgou; o dinheiro nunca lhe disse não.

Infelizmente, sua amizade íntima com Vincent havia sido uma das coisas que Bastien havia abandonado no caminho, em sua determinação de se enterrar nas exigências dos negócios da empresa. A verdade é que não tinha notado sua presença até essa tarde. As piadas e os elogios de seu primo essa noite tinham feito ele lembrar do que tinha perdido durante os últimos trezentos anos, ano após ano. E era muito. Chegou a hora de compensar, mas com cautela. Bastien não se sentia com nenhuma vontade de que quebrassem seu coração outra vez.

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Capítulo 5


— Não é um dia Maravilhoso? — Terri perguntou, puxando uma profunda respiração do fétido ar de Nova York como se fosse um elixir.

Bastien assentiu, tentando não fazer uma careta.

— Maravilhoso.

— O sol brilha. As aves cantam. Amo a primavera.

Parecia um personagem da Disney, ele pensou irritado. Em seguida ela começaria a cantar. Uma poema ao sol.

— Sol. — Bastien murmurou a palavra como se fosse uma maldição.

Como podia teresquecido do sol? Ele era um maldito vampiro! E ainda tinha feito planos e convidado Terri para dar um passeio ao ar livre. E o fornecimento de luz solar era enorme. Era um maravilhoso dia de primavera, um quente, ensolarado e pouco comum dia de primavera. Bastien não se surpreenderia ao escutar que havia gente tomando sol na cidade, suas peles sendo consumidasvivas pelos raios solares. Igual à dele. A única diferença era que seu corpo trabalhava lentamente para reparar-se e repor-se continuamente. Se fosse como outros, sua pele estaria envelhecendo minuto a minuto. Em troca, seu corpo se desidratava mais a cada segundo.

Como se não fosse suficiente, Bastien tinha a intenção depegar um recipiente térmico cheio de sangre para levá-lo durante o passeio, mas ele, o homem dos detalhes, esqueceu-se de fazê-lo. Não que isso fizesse muita diferença. Dificilmente poderia passear com uma bolsa de sangue na mão, com tanta naturalidade como outros levavam uma garrafa de água. Bastien tinha imaginado que só teria que fugir de vez em quando para recarregar o líquido vital que agora estava consumindo a uma frequência tão acelerada, mas agora que estava aqui, deu-se conta de quão difícil seria. Não queria deixar Terri sozinha na vizinhança onde se encontravam.

— Bastien? — Terri perguntou, lhe arrancando de suas reflexões. —Vai ficar parado nessa mesa o dia todo?

Ele fez uma careta. Essa mesa em particular do mercado de pulga tinha um toldo de lona e ficou parado em baixo dele durante vários minutos. Era a únicatenda que tinha um toldo, mas não podia ficar aí para sempre. Cedo ou

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tarde teria que enfrentar o sol outra vez, se só pudesse ir para casa. E ele supôs que isso seria o mais inteligente, mas na realidade não queria terminar esta saída tão prematuramente.

Bastien acordou às seis da manhã e tinha ido com impaciência à ducha, pensando no dia que tinha no dia. Não deixou de assobiar enquanto tomava banho e se vestia; depois foi para a sala, onde encontrou Chris Keyes ainda no sofá, acordado e com um aspecto miserável e a roupa enrugada. Ao que parece o editor tinha passado uma incômoda noite no sofá, despertando intermitentemente, incapaz de fazer qualquer outra coisa, desde que não sabia qual quarto ele poderia ocupar, mas de qualquer forma teria tido problemas para chegar ali sozinho.

Bastien tinha escutado com pouco interesse a divagação do homem sobre sua dura noite, até que escutou-o mencionar que Terri ia trazer-lhe um copo de água da cozinha para que pudesse tomar outro analgésico. Deixou o editor sozinho na sala de estar e se dirigiu imediatamente à cozinha. Ali Terri estava lavando a taça que tinha utilizado a noite anterior. Enquanto a enchia com água fresca, Bastien lhe perguntou se queria ir com ele ao mercado de pulgas, surpreso por quão nervoso se sentia. Isso foi antes dela dirigir-lhe seus olhos brilhantes e interessados e dizer que adoraria ir, ai sim sentiu que relaxava.

Assegurando que a levaria para almoçar antes que fossem a qualquer outro lugar, Bastien se desculpou. Desceu no elevador até o térreo que mantinha os escritórios Argeneau, e rapidamente escreveu uma lista de instruções para que sua secretária a encontrasse na segunda-feira ao chegar. Não queria esquecer-se de averiguar se existia algum parente na cidade com o que a Sra. Houlihan pudesse ir, ou que se ocupasse de que sua cozinha estivesse provida e além dissoque cancelasse qualquer reunião de negócios programada para a semana seguinte. Depois de deixar a nota em seu escritório, retornou ao apartamento de cobertura para ser informado por um queixoso Chris Keyes que Terri tinha ido a seu quarto para tomar um banho e trocar-se.

Bastien estava de tão bom humor ao pensar no dia que tinha por diante, que se compadeceu do editor e lhe ajudou a chegar à habitação que estava entre a que ocupava Vincent e a de Terri. Inclusive tinha acompanhado ao homem ao banheiro, esperando pacientemente fora enquanto fazia suas necessidades, depois lhe ajudou a sair e deitar-se. Entregou o controle da tv que estava sobre o console em frente à cama e lhe prometeu que faria com que lhe levassem comida.

Depois Bastien lhe trouxe a bolsa de lona cheia da roupa que tinha conseguido a noite anterior e a deixou sobre a cama a seu lado, onde o editor pudesse alcançá-

la facilmente se a necessitasse.

Fazendo tudo o que podia pelo Chris — ou melhor dizendo, tudo o que

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queria fazer nesse momento, —dirigiu-se à sala de estar e encontrou Terri vestida e pronta para sair. Todos os pensamentos voaram de sua mente ao ver seu rosto feliz e emocionada; e quando lhe perguntou se iriam pegar um verdadeiro táxi de Nova York e se podia chama-lo como tinha visto nos programas de televisão, Bastien disse que sim. Seu entusiasmo e prazer quando saíram e começaram a percorrer a cidade no táxi que ela tinha parado, o tinha realizado, até que se deu conta que o sol brilhava alegremente. Foi então quando Bastien se precaveu de que esquecerá o sangue. Não podia acreditar que fora tão negligente. Era um idiota! E essa estupidez estava a ponto de lhe arruinar o dia. Não podia seguir passeando com este calor e esse sol matando-o.

Talvez lhe ajudaria comprar um chapéu bem grande e uma camisa de manga larga ou algo assim. Bastien fez uma careta. Claro, também podia comprar um nariz e uns sapatos de palhaço. O dia não transcorria absolutamente como tinha esperado.

— Bastien? — Terri estava de repente a seu lado, com rosto preocupado.

— Parece um pouco… doente. Sente-se bem?

— Sim, eu… é só o calor e o sol — disse finalmente. Não lhe surpreendia parecer doente. Tinham estado ao ar livre duas horas e realmente começava a sentir-se doente. — Acredito que preciso de uma pausa. — Confessou e suspirou interiormente devido a seu rosto preocupado. Agora ela pensaria que era um tipo lastimosamente débil que não podia aguentar um breve passeio.

— Se quiser — dela franziu o cenho. — Realmente não se sente bem, verdade?

— Não, eu só… — suspirou. — Esqueci do sol. Sou um pouco alérgico a ele.

— OH! — ela pareceu aliviada. — Bom, por que não me disse isso?

— Esqueci — Bastien disse. Então se deu conta de quão estúpido parecia.

Dificilmente esqueceria que era alérgico ao sol. Entãoveio a inspiração e acrescentou: — Na realidade não é algo habitual. Estou tomando um medicamento que me faz sensível à luz.

— OH — algo flutuou na expressão de Terri antes que seu olhar lhe percorresse com preocupação. — Meu marido tomava medicamentos que lhe provocavam isso.

— Não é nada sério — Bastien lhe assegurou. — Mas o medicamento me provoca uma reação à luz solar, e não pensei nisso até que saí e… O que está fazendo? — Interrompeu-se quando ela o tirou da sombra e começou a levá-lo

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arrastado pela rua.

— Estou te tirando do sol. Deveria ter me dito que era alérgico. Eu teria entendido — fazendo uma pausa na esquina, deu uma olhada ao tráfico, avistou um táxi que se aproximava, e desceu da calçada.Agitando uma mão como se tivesse vivido em Nova York toda sua vida, Terri voltou a subir para calçada quando o táxi acendeu as luzes intermitentes e se deteve em frente a eles.

— Para onde? — Perguntou o condutor uma vez que subiram ao carro.

Terri olhou para Bastien.

—Não sei nosso endereço.

Bastien vacilou. Realmente não queria que o passeio terminasse. Só desejava não estar ao ar livre.

— Importaria em ir ao Macy’s? — Perguntou-lhe. — Não é tão barato como o mercado de pulgas, mas mesmo assim mais barato que na Inglaterra.

— Claro — ela sorriu abertamente.

*

— Algumas pessoas não sabem comportar-se — Terri murmurou.

Observando com desgosto enquanto uma idosa cliente gritava com o caixa que teve a infeliz ideia de tentar ajudá-la. A mulher queria devolver uma torradeira, mas não tinha o recibo de venda, nem sequer a caixa original em que vinha o produto. Quando a caixa se desculpou lhe explicando que não podia aceitar o artigo nessas condições porque era a política da empresa, a mulher ficou fora de si. Por acaso pareço uma ladra? A mulher chiava. Tinha comprado o artigo de boa fé e esperava ser tratada melhor no Macy’s, etc, etc. Ao Terri conclui que era quase doloroso observar. A caixa não merecia semelhante abuso, e doente pela cena, Terri girou para ver Bastien observar com o cenho franzido.

— Pergunto-me onde estão os banheiros — ela murmurou, olhando ao redor da loja cheia.

Bastien a olhou atentamente.

— Eu sei onde — lhe disse — Por aqui.

Ele fez um gesto para o caminho que tinham chego, e Terri começou a

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caminhar junto a ele. Bastien a conduziu até a escada rolante. Subiram um piso, viraram à direita e caminharam um pouco.

— Por aquele corredor — disse-lhe amavelmente. — Esperarei aqui até que saia.

Assentindo, Terri seguiu suas indicações. A porta do lavabo de senhoras estava aberta, Terri entrou e quase gemeu em voz alta ao ver a longa fila de clientes esperando. O tamanho da fila era desalentador e realmente incompreensível para Terri, até que se deu conta de que tinham fechado a metade dos banheiros para limpeza.

Isso não sua sorte? Ela pensou. Seu sentido de oportunidade sempre tinha sido ruim. Bom, não podia fazer outra coisa que esperar. Só desejava que Bastien fosse um homem paciente.

Fora, Bastien se apoiou contra a parede, cruzou os braços sobre seu peito e os pés à altura dos tornozelos, e se dispôs a esperar. As mulheres sempre demoravam no banheiro. Tinha-o aprendido fazia tempo. Mais de trezentos anos, na realidade. Era algo que não tinha mudado com os anos e de fato, ainda lhe desconcertava. O que faziam elas ali dentro todo esse tempo? O tinha perguntado a sua mãe e a Lissianna muitas vezes durante séculos, mas nunca lhe tinham dado uma resposta satisfatória.

Talvez Terri fora a exceção à regra. Não era que lhe incomodasse esperar.

Embora era um alívio ter evitado o sol, um bom dano já tinha sido feito e se sentia horrível. Uma bolsa ou duas de sangue seriam um alívio bem-vindo. A cabeça lhe palpitava e seu corpo tinha cãibras por causa da exposição à luz solar.

Duas mulheres deram volta à esquina e passaram frente a ele, conversando felizmente enquanto se dirigiam para o lavabo de senhoras. E isso era outra coisa. As mulheres frequentementeiam ao banho em duplas. Sobre o que era tudo isso?

O sapateio de sapatos atraiu sua atenção para a esquerda quando a cliente que havia enchido a pobre caixa se aproximava. Tinha um rosto severo e um aspecto mesquinho, um gole velho e amargo. Era o tipo de pessoa que Bastien tinha optado por morder no passado, quando ainda era necessário alimentar-se dos seres humanos. Bastien sempre tendia a morder às pessoas que não gostava. Causava-lhe menos culpa que deleitar-se com alguém doce, agradável e crédulo. Frequentemente escolhia a criminais ou a pessoas egoístas, embora os covardes eram seus favoritos. Para Bastien resultava um verdadeiro prazer deixar a esses velhos desagradáveis e grosseiros sentindo-se débeis e confusos.

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Ele sorriu com gentileza quando essa velha amargurada se aproximou dele, recebendo um gesto de desprezo como resposta. OH, sim, era a classe de pessoa com que desfrutaria rebaixar a um inseto. No passado, quando tomava o sangue dessa gente repugnante, frequentemente lhe punha na cabeça o pensamento de que deveria ser mais amável com as pessoas ao seu redor, o que sempre lhe deixava uma sensação de satisfação, quase como se lhe estivesse fazendo um favor ao mundo ao alimentar-se deles.

Bastien permaneceu imóvel quando ela passou por ele e captou um aroma procedente dela. Sangue… doce e embriagador. Sentiu que as cãibras se intensificavam, e tentou ignorá-los ponderando o tipo de sangue da mulher. Era diabética, reconheceu-o no aroma. E era uma diabética que, ou não sabia que o era ou não lhe importava sê-lo. Ele supôs que seria o último. Também adivinhou que tinha uma ferida aberta em algum lugar, ou do contrário o aroma não seria tão forte.

Observou-a percorrer o corredor e desaparecer pela porta do banheiro. Um momento depois, entretanto, saiu disparada. E disparada era a palavra que melhor a descrevia, posto que a mulher estava claramente no caminha da guerra.

— Se está esperando por alguém, vai ter que esperar muito tempo — informou-lhe com uma cólera quase alegre. — Fecharam a metade dos banheiros para limpeza deixando um ridículo aviso. Mulheres idiotas! Deveriam queixar-se, como farei eu. O bom serviço acostumava ter importância.

Algumas pessoas não podem ser felizes se não terem algo do que queixar-se, pensou Bastien com um suspiro. Definitivamente teria feito um favor ao mundo mordendo-a, se ainda fosse um mordedor.

Uma baforada do doce aroma do sangue lhe golpeou de novo quando ela passou a seu lado. Esta vez era mais forte, o qual só poderia significar que a ferida estava desse lado. O aroma concentrado lhe causou dor concentrada, e Bastien se dobrou em dois. Necessitava de sangue urgentemente. Deveria haver-se afastado do sol. Era um idiota, e um que estava a ponto de arruinar não só o passeio pelo mercado de pulga, mas também o dia inteiro. Ia ter que voltar antes do tempo ao apartamento de cobertura só para poder alimentar-se. A tarefa lhe levaria só uns minutos, mas sua saída certamente se arruinaria.

— O que lhe passa?

Bastien se voltou para ver a velha lhe olhando com desgosto.

— O que, é você um desses drogados? — Perguntou-lhe e outra vez havia um sotaque de regozijo em suas palavras. Era evidente que desfrutava com o sofrimento alheio.

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Bastien desejava profundamente que ainda fosse permitido morder; faria-lhe um ajuste de comportamento. Mas a alimentação nesse sentido só estava permitida em casos de emergência, recordou-se. E a julgar pelas cãibras que sofria, estava alcançando o ponto de emergência. endireitou-se lentamente e ofereceu à velha seu sorriso mais encantador.

*

Terri suspirou com alívio quando fechou a porta do banheiro atrás dela.

Bastien provavelmente estaria pensando que escapara por uma janela ou algo pelo estilo. Se não tivesse tido tanta necessidade de ir ao banheiro e com medo de perder seu lugar na fila, teria saído para lhe explicar que ia demorar. Teria lhe dito que passeasse pela loja ou que fosse tomar um café e que ela se encontraria com ele em uma meia hora.

De todas formas teria equivocado ao calcular o tempo, Terri pensou enquanto fazia suas necessidades. Ao terminar, tinha tanta pressa que apenas lavou as mãos e saiu apressada do banho para encontrar com Bastien, que estava apoiado pacientemente contra a parede.

— Sinto-o — balbuciou quando lhe alcançou. — Estavam…

— Fazendo a limpeza dos banheiros e a metade estavam fechados — terminou por ela docemente. — Sim, sei. Uma das clientes me disse isso. Está bem. Não foi sua culpa.

— Ah — Terri relaxou, contente de saber que ele não tinha estado perguntando-se onde ela poderia estar todo esse tempo, e de que não parecia zangado por ter tido que esperar. — Bom, saí tão rápido quanto pude.

— Estou seguro de que sim. Podemos ir?

Assentindo, Terri caminhou junto a ele para retornar à loja. Olhou para Bastien com curiosidade enquanto caminhavam, perguntando-se o que tinha mudado, então se deu conta de que não se via tão mal como há uns momentos.

Não se via por completo bem, mas o fato de evitar o sol tinha provocado uma melhoria.

— Sente-se um pouco melhor? — Perguntou-lhe.

— Um pouco — Ele confessou. — Ainda não me sinto em plena forma, mas sim muito melhor.

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— Bom — Terri sorriu. — Possivelmente um pouco de tempo mais longe do sol te fará sentir completamente bem.

— Isso e um pouco mais de comida — ele concordou.

Ela o olhou com surpresa.

— Comeu algo enquanto eu estava no banheiro?

— O que? — Olhou-a com brutalidade enquanto se dirigiam à escada rolante.

— Disse um pouco mais de comida — ela lhe recordou.

— Ah — ele relaxou outra vez. — Quis dizer um pouco de almoço. Disse-o incorretamente.

— Ah — moveu a cabeça. — Poderíamos fazer isso agora se quiser.

— Vamos às compras antes — ele sugeriu quando chegaram ao primeiro piso. — Ainda não é meio-dia e estamos aqui no Macy’S. Podemos fazer algumas compra. Depois podemos sair para almoçar e decidir aonde quer ir depois.

— Muito bem — Terri assentiu de maneira distraída, seus pés se moveram com mais lentidão ao passar por onde a caixa tinha sido tratada de maneira tão humilhante antes. A cliente miserável ainda estava aí, mas seu comportamento tinha mudado. Sorria desculpando-se e lhe dando tapinhas na mão à moça.

— Sinto-o tanto, querida. Não sei no que estava pensando para te tratar do modo em que o fiz. Não deveria ter esperado que quebrasse as regras por mim, e em realidade, nem sequer tenho a caixa da torradeira, verdade? Por favor, perdoe meu comportamento — dizia a mulher.

As sobrancelhas de Terri se elevaram.

— Wow — Sussurrou. — Que mudança.

— Hmmm — Bastien se limitou a encolher os ombros. — Deve ter tido um ajuste de atitude.

— Bom, ninguém o necessitava tanto quanto ela, mas mesmo assim é bastante surpreendente. Não acreditaria que alguém pudesse mudar sua atitude tão rápido se não acabasse de vê-lo.

— A vida é cheia de surpresas — ele disse brandamente, logo lhe sorriu.

— Então, por onde quer começar? Roupa? Joalheria? Perfume?

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— Está cansado?

— Não — Bastien a olhou e forçou um sorriso para sua tranquilidade. Em realidade estava exausto. A velha amargurada da que se alimentou tinha aliviado o pior de sua fome, mas não toda, e ainda sofria. Iria bem outra dose, mas não tinha tido oportunidade. E ninguém lhe tinha parecido uma vítima apropriada.

Bastien sorriu interiormente ao recordar. Tinha desfrutado ao trocar a atitude da anciã. Tinha sido muito mais agradável uma vez que tinha terminado com ela. É obvio, era só um ajuste temporário, mas ao menos a caixa se beneficiou. Possivelmente não retornaria essa noite para casa odiando seu trabalho, os clientes e ao mundo em geral.

— OH, olhe! Vitória's Secret — Terri parou de andar e começou a olhar a vitrine com prazer.

Bastien sorriu ante sua expressão quase de respeito. Era tão singelo alegrá-la.

*

Depois de fazer compras no Macy’s, almoçaram em uma pequena loja de produtos gourmet, ele bicando um pouco de um sanduíche de frango, enquanto ela conversava e devorava o seu. A comida estava boa, muito boa de fato, mas depois de anos de não comer nada sólido, não tinha o estômago para grandes quantidades. Depois do almoço tinham passeado, mergulhando-se em uma loja de ofertas de música e DVD’S. Terri estava muito hábil em manter-se nas zonas de sombras a fim de lhe manter longe do sol. Agora se encontravam em baixo um dos muitos andaimes de construção que pareciam encher a cidade, e ela ficou boquiaberta ante a loja que estava na calçada em frente com seus manequins meio nus na vitrine.

— Deveríamos entrar — Bastien sugeriu.

— Sim — Ela respondeu com um suspiro. Muitas mulheres teriam suspeitado que ele, um homem, tivesse sequer um mínimo de interesse em entrar em uma loja de lingerie. E depois diriam ?Bem, de acordo?, como se realmente estivessem relutante a entrar, apesar de que no fundo estariam morrendo para entrar. Terri não se preocupou com isso. Ela queria entrar; ele tinha sugerido que deveria fazê-lo e ela tinha estado de acordo. Fim da história. Era maravilhoso.

— Vamos — tomando-a do cotovelo, guiou-a até a esquina quando a luz

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de atravessar começou a cintilar no semáforo. Cruzaram entre empurrões a rua, chegaram à calçada oposta e se mergulharam ao interior da Vitória's Secret no momento em que se acendia a luz vermelha.

Terri se deteve ao entrar, seus olhos dançando rapidamente por toda parte. Os perfumes e as escadas rolantes estavam no centro, a seda e os laços em todos os lados. Bastien quase podia imaginar como trabalhava sua mente para decidir por onde começar. Esquerda, direita, vamos? dirigiu-se à esquerda. Um movimento lógico, ele aprovou em silêncio. Permitiria-lhes percorrer a loja no sentido dos ponteiros de um relógio.

A primeira empregada que encontraram foi amável. Saudou-os amigavelmente e convidou-os a consultá-la se tivessem alguma pergunta, depois os deixou sozinhos. Terri caminhou pela área das camisolas, exclamando ooooh ao ver uma coisa, e aaaah ao ver outra, e por fim subiram pelas escadas rolantes ao segundo piso, repleto de calcinhas e soutien.

— Posso ajudá-la em algo? — Perguntou-lhe outra mulher.

Terri deixou as calcinhas de laços púrpura que tinha estado olhando e sorriu. Uma formosa vendedora com um corpo de palito como uma modelo a observava de maneira condescendente.

— Não, obrigada — ela disse. — Só estou olhando.

— Hmm — a mulher apertou os lábios e a olhou como se fosse carne para cão.

Bastien estava um pouco longe, tratando de manter-se afastado. Tinha notado que Terri revoava de um lado a outro e estranhamente se detinha, por isso se a seguia-se muito de perto se veria a ser obrigado a ficar de lado ou retroceder quando ela girasse e trocasse de direção. Tais movimentos poderiam ser muito bruscos, já que seus olhos estavam constantemente deslizando-se por toda a zona e se via algo que apanhava sua atenção voava para lá. Se não, trocava de caminho ou retornava atrás. Era mais fácil lhe dar espaço para manobrar. Mas agora Bastien se aproximou, seus instintos protetores começaram a aflorar. Esta empregada obviamente não estava impressionada pelo traje do Terri, com seu jeans gastos e sua camiseta.

— A Chamaremos se necessitarmos ajuda — Ele lhe disse, atraindo o olhar e a completa atenção da mulher.

Sua atitude trocou em um batimento de coração, seus lábios flácidos se transformaram em um sorriso cálido.

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— Bem, Olá.

Empregada falou como se tivesse tropeçado com um encantador tesouro em sua loja. Bastien tentou não fazer uma careta. Era um homem arrumado e estava acostumado que as mulheres lhe dessem atenção, mas se deu conta de que o interesse dela não se encaminhava nessa direção quando captou a forma em que seus olhos se deslizaram de seu rosto ao caro relógio que usava e ao anel com o selo da família Argeneau em diamantes. Tinha cheirado o dinheiro, e gostava desse aroma.

Bastien se girou para Terri,para observar sua reação, mas ela tinha partido e estava examinando um bonito soutien de cetim preto que ficaria encantador. Ao menos, assim imaginava em sua mente. Esquecendo à empregada, aproximou-se de Terri.

— É encantador.

— Sim, é — esteve de acordo ela com um sorriso.

— Há calcinhas que combinam com ele — a empregada lhes tinha seguido e agora não podia ser mais útil. Foi e retornou com vários pares. — Vamos ver.

Eu sou pequena. O que faz de você… qual? — Ela examinouTerri de baixo a cima.

— Extra-grande? — Sugeriu com inocência. Então se dirigiu a Bastien e acrescentou com voz rouca. — Posso modelar essas para você.

Bastien teve que morder o lábio, enquanto os olhos do Terri quase saíam de suas órbitas, depois pareceu terrivelmente tranquila. Sua voz era amável quando falou.

— Não será necessário, estou segura. E não, não uso extra-grande. Mas não se sinta mal por seu engano. São os peitos — disse sem rodeios. — Pode ser terrível ser tão bem dotada. Frequentemente provocam a primeira impressão de que uso tamanho grande por toda parte — seu olhar posou brevemente sobre o peito quase plano da mulher, e comentou. — Que afortunada é você, não tem nada que lhe possa causar esse problema.

Enquanto a empregada quase se afogava, Terri acrescentou: — Não se preocupe, um pouco mais de experiência em sua carreira e estou segura de que conseguirá acertar o tamanha de seus clientes.

Bastien sorriu abertamente à furiosa empregada por cima da cabeça do Terri, desfrutando do desgosto da mulher. Tinha pensado que Terri necessitava amparo? Era óbvio que não.

Terri se voltou para ele e disse:

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— Acredito que já tive suficiente de compras por agora. O que acha de um sorvete? — Não esperou uma resposta e se encaminhou para a escada rolante com um giro rápido.

— Lidou com isso maravilhosamente — Bastien lhe disse quando conseguiu alcançá-la.

— Fui uma cadela — Terri respondeu. — E na metade do caminho para meu sorvete vou me sentir horrível por ter comportado tão mal.

Ele a contemplou sem expressão. Essa era sua ideia de ser uma cadela? E

se sentiria mal depois do modo em que a empregada a tinha tratado? De ser assim, então parecia que Terri realmente necessitava amparo. Dela mesma, Bastien decidiu. Tinha dirigido à mulher com classe e com muita mais amabilidade do que qualquer um faria. Outras sentiriam agredidas ou ao menos assustadas. Algumas teriam queixado ao gerente e teriam feito que despedissem a garota. Terri só tinha dado a ela um suave troco. E se sentia mal por isso!

Incrível.

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Capítulo 6


Terri saía da ducha quando o telefone começou a tocar. Agarrou uma toalha da prateleira, a enrolou ao redor do corpo e correu ao quarto para alcançar o telefone no criado mudo.

— Olá? — Disse ofegante, deixando cair até sentar-se na beirada da enrugada cama.

— Terri?

— Kate! — Sentou-se erguida com um sorriso curvando seus lábios.

Estava feliz de ter notícias de sua prima. Sabia que Lucern tinha ligado a noite na sexta-feira e falado com Bastien para lhe confirmar que tinham chegado bem a Califórnia, mas Terri estava dormindo profundamente e tinha perdido a possibilidade de falar com Kate. Agora era segunda-feira pela manhã, e pelo que Terri sabia era a primeira vez que Kate ou Lucern tinham ligado depois disso. — Como vai a conferência?

— Vai bem — lhe assegurou sua prima e desculpando-se acrescentou: — Sinto tudo isto. Tomou um avião para passar o tempo comigo e me ajudar com o casamento, e eu…

— Não se preocupe por isso — interrompeu Terri. — São coisas do trabalho. Eu entendo. Além disso, Bastien esteve me levando a percorrer pela cidade e me entreteve muito, assim é…

— O que? — Disse Kate. — Sinto muito Terri, mas está me dizendo que Bastien esteve te levando para percorrer pela cidade e te esteve entretendo?

— Sim. — Perplexa por sua reação, Terri escutou como uma voz masculina — a do Lucern, imaginou — murmurava na distância. Então Kate deve ter tampado o fone do telefone, porque tudo o que Terri pôde escutar eram pedaços de uma surda conversação.

— Sinto muito — se desculpou ao fim Kate, falando com claridade novamente. A seguir lhe perguntou com tom despreocupado. — Então, o que te ensinou Bastien?

— Como? — Terri se deixou cair para trás até tombar-se na cama, e se dedicou a contemplar o dossel. — Bom, na sábado me levou para tomar o café da

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manhã fora, logo percorremos os mercados de pulga. Depois perambulamos por um par de lojas para compras...

— Mercados de pulga? — Interrompeu-a Kate incrédula. — Quer dizer ao ar livre, mercados de pulga ao ar livre?

— Sim. Deduzo que sabe de sua fotossensibilidade, a que… lhe causa a medicação que está tomando.

Houve um silêncio no outro extremo da linha.

— Sim. Já sabia de sua fotossensibilidade.

Isso foi tudo. Não lhe deu nenhuma explicação de que classe de medicação tomava, ou para que era exatamente. Terri tinha esperado por um momento que sua prima o esclarecesse. Decepcionada, obrigou-se a continuar.

— De todos os modos, o sol começou a lhe afetar depois do segundo mercado… bom, na realidade acredito que começou a lhe afetar durante o primeiro, mas ele só admitiu e me explicou sobre sua condição quando estávamos no segundo. Assim que o fez, agarramos um táxi para o Macy’s e dedicamos às compras em ambientes cobertos. Foi divertido — acrescentou rapidamente. — Só nos dedicamos a jogar uma olhada pelas lojas, conversar e comer. Foi agradável e relaxante. Depois retornamos aqui, nos trocamos e saímos para jantar. Afirmou que estava totalmente recuperado quando terminamos e se ofereceu para me levar para ver um filme, mas notei que continuava sem comer algo e pensei que ainda se sentia um pouco mal, assim que lhe assegurei que estava cansada por todo o passeio e que ainda sofria um pouco de jato lag. Assim que ficamos em…

Terri se deteve e inclinou a cabeça enquanto Kate iniciava outra conversação a murmúrios com o Lucern. Dava a impressão de que estivesse lhe contando todos os detalhes do que Terri fazia na sábado.

— Sinto muito. — Sua prima retornou ao telefone e sua voz soava como se estivesse sem fôlego. — E no domingo? Fizeram algo juntos no domingo?

— Ah o… ehh… bom, sim — confessou Terri, logo suspirou e se lançou à explicação. — Começamos um pouco mais tarde no domingo. Bastien teve que ir a seu escritório e atender alguns assuntos de trabalho, depois saímos para tomar o café da manhã quando retornou. Havia uma espécie de desfile quando saímos do restaurante, assim nos colocamos debaixo do toldo de uma loja para olhar.

Depois fomos a um par de feiras de ruas. Eu não estava segura de que devêssemos, por causa do seu problema, mas como era um dia nublado e ele estava vestido com uma camisa de manga comprida, chapéu, óculos e… — Ela riu enquanto o recordava. Tinha-lhe parecido bastante ridículo nesse momento.

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Tinha lhe lembrado do Homem Invisível, tratando de cobrir cada remendo de sua inexistente pele para esconder seu estado, ou a um famoso tentando se esconder do público. De qualquer forma, não era culpa dela, e tinham ido muito bem na feira.

— Depois compramos comida Chinesa para viagem e o trouxemos para casa para comer com Chris — terminou ela, logo acrescentou: — Falando do Chris, Katie, ele não está nada bem com sua perna quebrada. Está terrivelmente deprimido e queixoso. Ou sempre foi queixoso?

— Ah, quem se importa com o Chris! — Exclamou sua prima com impaciência. — Me conte o que mais fizeram Bastien e você.

— Katie! — Terri soltou uma gargalhada.

— Ah, já sabe o que quero dizer. Ele ficará bem. E todos os homens sempre são uns queixosos quando adoecem ou se sentem mal. Agora, me conte o que mais fizeram.

— Bom, era o que estava contando. Comemos comida chinesa e vimos algumas filmes alugados. Foi agradável e relaxante. Bastien é um anfitrião encantador.

— Sim, pode ser encantador. — O sorriso na voz do Kate era óbvia. — Onde está agora?

— Nos escritórios Argeneau.

— Não, não está ali — disse Kate imediatamente. — Liguei para lá primeiro e ninguém atendeu. Inclusive sua secretária, Meredith, não estava.

Assim não acredito que volte em ao menos uma hora.

— Estará a caminho daqui — resolveu Terri. — Só foi dar umas instruções ao Meredith. Vamos ao museu.

— O que? — Gritou Kate. — Em um dia de trabalho?

— Quando me levantei esta manhã, disseme que tinha uma reunião de negócios programada para hoje, mas que o principal assistente a tinha remarcado e adiado, assim que lhe ocorreu ir ao museu. E me convidou a ir com ele — explicou ela, enroscando o cordão do telefone ao redor do dedo. Suas notícias foram seguidas de outra conversação surda ao outro lado do telefone, mas desta vez a mão, ou o que fosse que Kate utilizava para cobrir o telefone, deve ter escorregado, porque Terri escutou que Lucern grunhia e dizia algo que soou como ?…provavelmente ele é o assistente chave que adiou a reunião?. Mas então o telefone ficou mudo novamente, e Terri não pôde distinguir o resto.

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Soltando o cordão do dedo, moveu-se para o outro lado da cama e deslizou sua mão livre sobre o edredom abaixo dela, o mesmo que a cobria quando despertou no sábado pela manhã. Terri o tinha visto sobre a cama de Bastien no dormitório principal, e soube que ele mesmo a tinha deitado cobrindo-a com ele.

Ainda não lhe tinha pedido que o devolvesse, e a ela nem lhe tinha passado pela cabeça fazê-lo. De fato, não estava disposta a isso. Cheirava tão bem.

Sorrindo, enterrou o nariz no material e inalou o aroma que se mantinha nele. O edredom ainda cheirava a Bastien, um aroma que gostava. Terri decidiu que teria que lhe perguntar qual colônia usava. Possivelmente ela a daria de presente a alguém um dia.

— Terri?

— Sim — Se endireitou sentando-se com ar de culpa na cama, envergonhada apesar de que não havia possibilidade de que Kate tivesse podido ver o que fazia.

— Tem muita sorte. Bastien é um homem maravilhoso. Elegante, trabalhador, agradável, e um perfeito cavalheiro, ele…

— Kate — a interrompeu Terri. — Vamos ao museu. Não é necessariamente um encontro. Só quer ser um bom anfitrião até que você retorne.

— Uh-huh — Sua prima não parecia muito convencida. — Divirta-se. Sei que o fará. E lhe dê saudações de nossa parte. Ligaremos outra vez dentro de uns dias para ver como progride o romance.

— Não há nenhum romance em processo! — Protestou Terri. Mas falava com vazio. Kate já tinha desligado o telefone. Consternada, Terri contemplou o telefone em sua mão. Meu deus!, Pensou ligeiramente, tornaram-se loucos Kate e Lucern? Bastien e ela só foram ao museu, mas para esses dois pelo visto era o equivalente de um romance. Santo Deus! Esperava que não a convidasse alguma vez para sair em um verdadeiro encontro. Kate e Lucern os considerariam virtualmente casados.

Sacudindo a cabeça, Terri desligou o telefone e se levantou da cama.

Tinha que se vestir e arrumar o cabelo. supunha-se que devia estar pronta em quinze minutos.

*
— OH, olhe!

Bastien sorriu quando Terri se precipitou para o seguinte objeto exposto:

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um trabalho em esmalte, prata, prata dourada e ouro.

— Um Relicário da Verdadeira Cruz (Staurotheke), bizantino, de finais do oitavo século, princípios do nono — leu em voz alta quando ele chegou junto a ela. Deu um passo para trás, inclinou primeiro a cabeça à esquerda, e depois à direita, e observando-o de soslaio, comentou — : É realmente feio, concorda? Me parece mais arte picassiana.

Bastien jogou uma olhada à peça e assentiu com a cabeça. Teve que estar de acordo, parecia bastante picassiano. Terri não lhe viu assentir com a cabeça; já tinha visto o seguinte objeto exposto na sala e tinha deslocado para ali.

— OH, olhe!

Rindo entre dentes brandamente, Bastien a seguiu. A seguinte peça era uma pequena caixa em forma de casa de uns dezessete ou dezoito centímetros de altura e outros tantos de largura.

— Relicário da Bursa, princípios de 900. Norte da Itália. Osso, cobre dourado e madeira — leu ela, logo suspirou. Enquanto o olhava atentamente, esta vez não retrocedeu, embora se inclinou mais perto e caminhou rodeando devagar a vitrine. — Fixa lhe nos detalhes — disse ela com admiração quando retornou à parte frontal. — Não posso acreditar que fossem capazes de fazer um trabalho tão delicado naquele tempo. Naquele tempo fazê-lo deve ter levado toda uma vida de alguém.

— Sim — esteve de acordo Bastien, aproximando-se para observar o objeto com renovado interesse.

— OH, meu…

Bastien se girou surpreso quando o estribilho habitual se interrompeu.

Lhe olhava consternada. Antes de que ele pudesse perguntar o que lhe acontecia, lhe disse: — Sinto muito. Provavelmente te estou deixando louco, te arrastando de um lado a outro desta maneira. Eu…

— Absolutamente — lhe assegurou ele. — Estou muito bem. E seu entusiasmo só faz que desfrute mais.

— De verdade? — Ela não parecia muito segura.

— De verdade — lhe assegurou ele, sua mão movendo-se por vontade própria para tomar a sua e lhe dar um apertão tranqüilizador. E era certo; não podia pensar em um companheiro mais encantador com quem visitar o museu. O

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entusiasmo de Terri e sua admiração não eram tão somente um convite para olhar, eram também contagiosos. Eram sentimentos que Bastien não tinha experimentado há muito tempo. Tinha-lhe ocorrido o mesmo no mercado e na feira de rua. Seu deleite com as coisas mais simples, sua risada e prazer em cada saída, transmitiram-se a ele, aumentando seu próprio prazer.

Terri lhe sorriu e depois seu olhar descendeu até suas mãos entrelaçadas.

Um ligeiro rubor cobriu suas bochechas.

Bastien sentiu o repentino impulso de inclinar-se para ela e beijá-la, mas se encontravam no centro da seção de cristianismo medieval, e não parecia ser o lugar mais adequado para se beijarem. De modo que soltou sua mão e dirigiu o olhar para o seguinte objeto da exposição.

— OH, olhe — brincou ele. — Outro relicário.

Terri sorriu abertamente e se aproximou da seguinte vitrine. Logo seu acanhamento desapareceu, e voltava a emitir exclamações sobre esta estátua ou aquela pintura.

Bastien a seguiu, desfrutando de suas reações tanto como de qualquer dos objetos expostos. Para quando decidiram fazer uma pausa para comer e beber algo, ele tinha chegado à conclusão de que a mulher era uma obra de arte por si mesmo. Suas respostas e prazer eram tão pouco afetados e tão naturais que era fascinante observá-la. Era tão preciosa como qualquer dos artigos expostos ali. Ela era um tesouro que tinha tido a sorte de encontrar em seu caminho.

— Faz um tempo agradável lá fora. Por que não saímos e comemos à sombra? — Sugeriu Terri enquanto a caixa lhe devolvia seu troco. Ela tinha insistido em pagar, e tinha sido mais rápida ao tirar o dinheiro que Bastien. Ele suspeitava que a maioria das mulheres seriam felizes lhe deixando pagar todas as contas. Terri não era como a maioria das mulheres. Não lhe importava que ele fosse rico e que pudesse dar-lhe com facilidade o que ela precisasse, mas ainda assim queria contribuir.

— Parece-me perfeito — concordou ele, e tomou as vitaminas de morango da bandeja, lhe permitindo que ela levasse os sanduíches enquanto saíam da cafeteria.

— Não posso acreditar que já é a hora do almoço. — Ela comentou enquanto se acomodavam na mureta de pedra que percorria a parte frontal do museu. — A manhã passou tão rápido.

— Sim — murmurou Bastien, concentrado na metade do sanduíche

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estava desembrulhando, e notando um ancião sentado sobre o suporte de pedra a seu lado. O homem sustentava uma bolsa de pão na mão. Enquanto Bastien comia, observou como abria a bolsa e tirava um pouco de pão, o esmigalhava e o jogava para os pássaros que rapidamente começaram a formar redemoinhos diante dele. Logo houve uma grande quantidade de pássaros sortidos ao seu redor. Pássaros pequenos e grandes… Bastien não conhecia os nomes de todos eles, mas reconheceu os robins4, os catbirds cinzas5 e os pombos. Os pombos pareciam ser as aves mais agressivas do monte, e ele as observou começar a irem em bandos, bicando com avidez os pedaços de pão que o homem jogava. Pareceu evidente que era um ritual regular quando as aves mais intrépidas começaram a pegar o pão diretamente da mão e inclusive posar sobre ele para consegui-lo.

— Realmente desfrutei do museu. Obrigado por me trazer — disse Terri.

Bastien voltou seu olhar para ela, descobrindo que observava a sessão de alimentação com tanto interesse como ele, embora tinha a suspeita de que por uma razão diferente. Não gostava da forma agressiva que estavam se tornando as criaturas, e observava a cada uma das aves à espera de que decidissem que os sanduíches que Terri e ele sustentavam também estavam em oferta. Preocupava-lhe que se isso ocorria, os pombos se lançassem sobre eles. Terri, entretanto, somente parecia desfrutar do espetáculo, inconsciente da possível ameaça.

Ele pensou em adverti-la, mas não quis danificar seu prazer, assim Bastien se limitou a aproximar-se pouco a pouco através da mureta de forma que pudesse bloquear qualquer ameaça possível.

— Me alegro de que tenha se divertido. Eu também.

Ela sorriu ligeiramente, logo levantou sua vitamina para tomar um gole.

— Como estão seus pés? — perguntou ele. Tinham estado percorrendo o museu durante mais de quatro horas.

— Muito bem — respondeu ela com rapidez.

Talvez muito rápido, pensou ele, e tentou entrar em sua mente para saber a verdade. Era a primeira vez que tinha pensado em fazê-lo desde que chegou em casa com a comida na outra noite para encontrá-la dormindo, e esta parecia uma boa desculpa para tentá-lo. Estavam fora desde que se levantaram, e não 4 http://astroskys.com/Gallery/albums/album02/Grey_Catbird.jpg 5http://casamenteiras.com.br/casacomamor/wp-content/uploads/2011/03/Passaro-robin-americano.jpg

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desejava esgotá-la.

Depois de passar a maior parte da noite em pé falando e rindo, Bastien tinha dormido até as sete da manhã. Terri e ele nunca pareciam deixar de ter um tema para conversa e ficavam acordados cada vez um pouco mais dia após dia.

Na noite passada, tinham permanecido na sala de estar até as três da manhã. De fato, ele deveria estar esgotado quando tinha despertado depois de só quatro horas de sono, mas não tinha sido o caso. Bastien tinha saltado da cama cheio de energia e impaciente para confrontar o dia… e ver Terri.

Um rápido percurso pelo apartamento de cobertura lhe demonstrou que ela ainda não tinha se levantado, assim que lhe rabiscou uma nota lhe explicando aonde tinha ido, se por acaso despertava enquanto estava fora. Depois tinha se dirigido aos escritórios Argeneau para assegurar-se de que não havia nada que atender antes de sair.

Quando tinha voltado para apartamento de cobertura, Terri estava de pé com um aspecto alegre e não parecia estar mais afetada pela falta de sonho que ele. Também tinha tomado banho e se vestido, obviamente pronta para sair.

Bastien a tinha levado a loja Deli para tomar o café da manhã, e a tinha observado comer com um entusiasmo que sempre lhe surpreendia, antes de ir ao museu. Dedicaram-se a caminhar depois, com Terri revoando entre os objetos expostos e Bastien seguindo-a, com sua atenção dividida entre o que oferecia o museu e o evidente prazer de sua companheira. Tinha estado tão distraído que não lhe tinha ocorrido tentar ler ou controlar sua mente.

— Te contei que Kate ligou esta manhã enquanto estava no escritório? — perguntou Terri.

Bastien piscou, distraído pelo esforço de introduzir-se em sua mente.

— Não. Ela ligou? — perguntou ele.

— Sim. Parecia surpreendida porque íamos ao museu. Deduzo que não passa muito tempo fora do trabalho.

— Er... não. Sou um pouco viciado no trabalho — confessou ele.

Provavelmente era a afirmação menos ajustada à realidade realizada por um homem ou vampiro. O trabalho, até então, tinha sido tudo para Bastien.

Terri assentiu com a cabeça.

— Espero que não se sinta obrigado a me levar de um lado a outro. Quero dizer… estou passando muito bem — lhe assegurou ela rapidamente. — Mas não quero interferir em seus assuntos.

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— Minha reunião foi cancelada — lhe recordou ele, sem mencionar que tinha sido ele quem o tinha cancelado. Ele era o assistente chave que não estava disponível. E não tinha nenhuma intenção de estar disponível em toda a semana.

A expressão dela se iluminou.

— Foi isso mesmo?

Parecendo aliviada, Terri relaxou acabando seu sanduíche. Bastien a observava, fascinado por sua boca enquanto a via mastigar. Tinha uns lábios tão grossos e cheios. Perguntou-se brevemente como seria beijá-los. Como os sentiria sob os seus. Se eram tão suaves como pareciam.

— Tenho algo no rosto? — perguntou Terri, repentinamente consciente do olhar fixo dele.

Bastien piscou, aparentemente surpreso ante a pergunta, depois relaxou sua postura e dirigiu o olhar a seu próprio sanduíche. Só tinha comido a metade, enquanto que o dela já estava terminado. O tipo não parecia ser dos que comem muito. Logo que tinha comido muito pouco do seu café da manhã. Terri se sentiu coibida pela diferença com seu próprio apetite, mas ela sempre estava faminta pelas manhãs.

Observou-lhe levar o sanduíche à boca. Deu uma dentada e mastigou com expressão perplexa. Fascinou-a.

— Seu sanduíche está ruim?

— O que? — girou a cabeça para olhá-la — . Ah, não, só estou surpreso com o gosto bom.

Terri riu. Às vezes ele dizia as coisas mais estranhas. Enquanto percorriam a sala dedicada ao Renascimento no museu, tinha falado com tal autoridade e sabedoria a respeito de dito período, que ao final lhe tinha perguntado se tinha tomado aulas de história na universidade. perguntá-lo pareceu lhe incomodar, já que se ruborizou e murmurando lhe disse que tinha feito um par de cursos.

— Tem irmãos ou irmãs?

Terri se sobressaltou. A pergunta do Bastien tinha parecido sair de um nada.

— Não, fui filha única.

— Ah, sim, acredito que Kate mencionou algo sobre isso. Foi filha única de

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mãe solteira.

Terri assentiu.

— Foi duro para minha mãe, mas era uma mulher maravilhosa.

Trabalhadora. Às vezes não tínhamos muito dinheiro, mas sempre houve muito amor — inclinou a cabeça com curiosidade. — Tem outro irmão e uma irmã, além do Lucern, verdade? E cresceu com ambos os pais? Deveu ser agradável ter irmãos.

Bastien soprou.

— Às vezes. Outras vezes é uma agonia.

— Mas não os trocaria por nada, estou certa — adivinhou, lendo o afeto em sua expressão.

— Não, não o faria — admitiu. — Embora mais de uma vez pensei em fazê-lo.

— Me conte — lhe animou, e escutou divertida seu relato das travessuras infantis. Terri poderia jurar que Bastien adornava as histórias enquanto as contava — com pequenas dúvidas e pausas, — mas ela já se acostumou a isso.

Tinham conversado bastante nesses três dias, e estava completamente segura de que ele tinha modificado a maioria das coisas que lhe contou. Embora a Terri isso não importava, desfrutava escutando e conversando com ele. Desfrutava de sua companhia.

Observou a forma em que seus olhos brilhavam com alegria ao recordar as travessuras, e depois baixou o olhar para seus lábios. Curvaram-se primeiro com sardônica autocrítica e logo com assombro. Terri os observava mover-se enquanto falava, fascinada pelo contorno e a carnosidade do lábio inferior em comparação com o superior. E enquanto ele continuava divagando, perguntou-se como seria se ele a beijasse.

Piscou quando esse pensamento cruzou por sua mente, logo se endireitou abruptamente, de uma vez alarmada e assustada. Terri tinha achado Bastien atrativo desde o começo e, além disso, alguém interessante com quem conversar.

Tinha desfrutado dos últimos três dias imensamente, despertando cada manhã com a ilusão do que o dia poderia proporcionar. Mas não se deu conta de que se sentia atraída para ele. Querido Deus, colocou-se em uma confusão, compreendeu Terri, estava com problemas. Depois se precaveu de que Bastien se calou. Seu olhar passou de seus lábios a seus olhos e se alargaram ligeiramente ao ver a expressão de seu rosto.

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— Eu… — começou insegura, mas ele a silenciou capturando seu rosto entre suas mãos e aproximando-a para si. Cobriu sua boca com a sua.

Tinha passado tanto tempo desde que a tinham beijado corretamente.

Terri se sentiu um pouco afligida ante a repentina invasão da língua dele em sua boca. Imóvel, um leque de sensações arrasaram sua mente indo do desmaio à confusão. Logo o prazer se impôs a tudo em sua mente, e Terri relaxou contra Bastien, suspirando em sua boca. Teve a impressão de que no instante em que o fez, um repentino grasnido soou a seu lado. Separaram-se e olharam aos pássaros que agora brigavam pela ultima migalha do ancião, depois relaxaram e se olharam um ao outro.

— Sinto muito — disse Bastien quando seus olhares se encontraram.

— De verdade? — Perguntou-lhe ela com voz rouca.

— Não.

— Eu tampouco.

Permaneceram em silêncio um momento; depois Bastien observou aos pássaros que rodeavam ao ancião que lhes alimentou. Sua bolsa de pão estava vazia, mas os pássaros seguiam famintos.

Bastien jogou o resto do sanduíche ao bando, esclareceu a garganta e se voltou a olhar Terri.

— Tiveste suficiente do museu por hoje? Podemos vir outro dia para terminar o percurso, se quiser.

Terri vacilou. Em realidade havia visto suficiente do museu por um dia.

Seus pés estavam bem, mas não acreditava que fossem continuar assim muito tempo. Como acréscimo, se via mais, temia que tudo começasse a nublar-se em sua mente. De todos os modos estava disposta a correr o risco com tal de que o interlúdio não acabasse.

— Podemos ir às compras — sugeriu Bastien.

Terri se entusiasmou pela sugestão. Não estava pondo fim a sua saída, só trocando os planos, e a idéia de mais compras era tentadora. Na realidade não tinha comprado nada na sábado. Só tinham olhado as vitrines, e realmente queria comprar algo enquanto estivesse ali. Tudo era terrivelmente caro na Inglaterra. Os preços de Nova Iorque eram muito baratos em comparação.

— Isso parece divertido… se não te importa — acrescentou com repentina preocupação. À maioria dos homens não gostavam de ir às compras, e não queria

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aborrecer ao Bastien lhe obrigando a levar até as lojas pela segunda vez em três dias.

— Eu gosto de ir às compras — lhe assegurou enquanto ficava em pé.

Tomou sua mão com tanta naturalidade quando se girou para os degraus, que Terri apenas se deu conta. Quando o fez, mordeu-se o lábio e evitou lhe olhar.

Desceram os degraus até a calçada frente ao museu. Sentia-se como uma adolescente de novo, nervosa, torpe e muda.

Caminharam em amigável silêncio ao longo da rua enquanto Terri observava tudo com curiosidade por onde passavam. Esta era só sua terceira viagem a Nova Iorque. Tinha visitado a Kate antes, mas se passaram a maior parte do tempo falando e fazendo compras no Vila e conversando ainda mais.

Kate e Terri sempre tinham estado unidas, mais amigas que simples primas.

Sorriu ante a singularidade de seu pensamento. O fazia parecer como se para ela os amigos fossem mais importantes que a família, e de algum jeito eram. As pessoas escolhiam a seus amigos, mas não podiam escolher a seus familiares.

Terri era afortunada, a maioria de seus familiares eram também seus amigos.

Sua família estava integrada pelos mais maravilhosos e carinhosos tios, tias e primos. Terri os amava a cada um deles. Era o que mais sentia falta de viver na Inglaterra: sua família.

— Como acabou vivendo na Inglaterra? — perguntou Bastien de repente, sustentando a porta do Bloomingdale’s para que entrasse.

Terri considerou a pergunta em silêncio e a tristeza a alagou.

— Mudei-me ali quando me casei. Meu marido era inglês.

— Disse que não estava casada, assim então o matrimônio se dissolveu com o divórcio ou seu marido faleceu — disse Bastien brandamente. — Suponho que faleceu.

Terri o olhou surpreendida.

— Tem razão. Mas o que te fez dizer isso?

Ele se encolheu de ombros.

— As más lembranças lhe fariam retornar a América. Só umas boas lembranças lhe fariam ficar em um país estrangeiro quando a razão para ter ido lá já não está — explicou — . Além disso, só um idiota renunciaria a um tesouro como você.

Terri se sentiu ruborizar ante o elogio, mas a pergunta e as palavras dele lhe trouxeram lembranças dolorosas. Casou-se sendo muito jovem e se mudou a

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Inglaterra um ano depois da morte de sua mãe, com quase vinte anos. Ian era só um par de anos mais velho que ela. Tudo parecia uma grande aventura a princípio. Ele trabalhava para o governo; ela estudava na universidade.

Compraram uma pequena casa no campo e viveram na casa durante um par de anos… até que lhe diagnosticaram a doença de Hodgkin’s e começou a batalha por sua vida, uma batalha que perdeu três anos depois.

Terri acabava de receber sua licenciatura no ano em que se diagnosticou a doença. Continuou com seus estudos um pouco mais, mas o tinha deixado durante o último ano da doença de seu marido para estar com ele. Com apenas vinte e cinco anos Terri se converteu em uma viúva, com nada mais que uma acolhedora casa de campo e uma pequena quantidade de dinheiro do seguro.

Tinha utilizado esse dinheiro para terminar sua educação, graduando-se com um doutorado pelo qual lhe ofereceram um posto de professora na Universidade do Leeds. Terri tinha passado os últimos cinco anos trabalhando muito, em um trabalho que amava, e enchendo suas horas livres com trabalho voluntário no teatro da comunidade. Todo o qual lhe tinha evitado enredos sentimentais não desejados. A princípio havia dito a si mesma — e a todos seus bem intencionados amigos e familiares — que era muito cedo para ter uma relação. Mas depois de um par de anos Terri deixou de acreditar. A verdade era que tinha medo de envolver-se com alguém outra vez.

Terri logo tinha podido superar a morte de sua mãe. Ian tinha sido sua balsa salva-vidas naqueles maus momentos. O irmão dele, Dave, e sua esposa Sandi, foram os que a ajudaram a aguentar a morte de Ian. Tinha evitado qualquer relação sentimental depois. Era mais fácil viver sozinha, indiferente a sentimentos que mais tarde lhe deixariam um coração partido.

Ou ao menos isso tinha pensado até agora. Mas aqui estava, passeando de mão dada com Bastien, depois de ser beijada como devia ser, depois de dez anos de seca!

Sem pensar no que fazia, Terri soltou sua mão, detendo-se para tomar uma pequena bolsa negra e examiná-la. Não podia evitar separar-se física e mentalmente. Tinha baixado a guarda, mas já estava de volta em seu lugar. Era o melhor.

Terri não gostava de pensar que era uma covarde. Podia agüentar toda a dor física que a vida lhe oferecesse, mas a dor emocional era outro cantar. Sentia tão profundamente quando amava que perdê-lo, fosse por uma traição ou a morte, era uma classe de inferno pelo que não queria voltar a passar voluntariamente. E agora temia que se não tinha suficiente cuidado, Bastien lhe romperia o coração. Seria tão fácil amá-lo. Era inteligente, gracioso, doce, amável

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e terrivelmente atrativo. Mas Terri não podia acreditar que alguém com tanto êxito e tão arrumado como ele pudesse estar interessado em alguém tão aborrecido como ela durante muito tempo. Eventualmente, acabaria encontrando alguém melhor. E, até se não o fazia, ele não era invulnerável. Só terei que recordar a medicação que tomava e o suporte para soro em seu armário. Bastien podia morrer, deixando-a só para lutar sozinha tal como tinham feito todos os que tinha amado. Teria que guardar a distância de agora em diante, decidiu Terri, e desejou não ter acessado a ir essa noite a uma festa e para jantar quando ele o sugeriu durante o café da manhã.

*
— Meu deus! — Vincent Argeneau se deteve na entrada olhando as bolsas que Bastien e Terri haviam trazido. — Não ficou nada por comprar?

— Acredito que não — respondeu Terri rindo, logo acrescentou. — A maioria é do Bastien.

Quando Vincent arqueou as sobrancelhas e olhou para seu primo, Terri riu de novo. Uma expressão de desgosto cobriu o rosto do Bastien. O tipo não tinha brincado quando disse que adorava ir às compras. Ela nunca tinha visto ninguém, homem ou mulher, comprar como ele o fazia. Menos mal que era rico ou com segurança poderia acabar arruinado. O homem era um demônio comprando.

— Necessitava mais roupa informal — se justificou Bastien, incapaz de dissimular sua vergonha. — Nem sequer tinha um par de jeans e pensei que já era hora de ter uns.

— Uh, uh — Vincent se aproximou para examinar as bolsas. — Assim sentiu necessidade de roupa nova, né? — disse e sorriu quando Bastien se ruborizou. Acrescentou. — Bom, embora eu adoro te atormentar sobre este repentino impulso de te vestir de maneira mais jovem e informal, sua secretária insistiu em que era importante que ligasse perder tempo. E são cinco e quarenta e cinco agora mesmo…

— Disse que era importante? — interrompeu-lhe Bastien, deixando as bolsas no chão. — Melhor ir ao escritório e comprovo do que se trata. Meredith não é das que exageram. Se disse que era importante, seguro que é importante.

Deixa as bolsas aqui na entrada no momento, Terri. Arrumarei quando voltar — acrescentou enquanto se girava para pressionar o botão do elevador. Quando as comporta se abriram entrou e as sustentou para lhe perguntar ao Vincent. — Se encarregou de equipar a cozinha?

— OH, sim — lhe assegurou sua primo com tom mordaz. — Me ocupei de

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tudo. Agora tem suficiente comida para alimentar um pequeno exercito. Espero que seus convidados tenham bom apetite. De fato, sei que C. K. o tem. Para ser um tipo fracote, come muito.

— Provavelmente esteja aborrecido de morte e ocupa o tempo comendo — sugeriu Terri.

Vincent pareceu contemplar essa possibilidade, logo negou com a cabeça.

— Não. Esteve corrigindo um livro frente ao televisor. Há uma dessas maratonas de velhos filmes ingleses. Bastante boas, em realidade.

— Talvez goste de tomar um aperitivo, Terri. Nossa reserva não é até depois da festa — lhe sugeriu Bastien enquanto as portas do elevador se fechavam. — Retornarei em uns minutos.

— Hmm — murmurou Terri quando as comporta se fecharam do todo. — Me pergunto o que é tão importante.


Vincent se encolheu de ombros

— Meredith não o mencionou.

— Bom, suponho que nos inteiraremos logo — disse Terri com filosofia.

Finalmente deixou as bolsas que tinha ajudado a carregar ao Bastien. — Enquanto isso, seguirei seu conselho com esse aperitivo.

— Acompanharei-te. Eu também poderia tomar algo — anunciou Vincent.

E a seguiu à cozinha.

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Capítulo 7


— Não entendo por que isto é um problema tão grande — disse Bastien pelo telefone com uma paciência quase forçada. Não podia acreditar que o assunto tão importante pelo qual Meredith precisara de sua atenção fosse chamar o florista para os preparativos do casamento de Lucern e Kate. Podia supor que Kate, sendo a noiva, pensaria que era importante e ele podia entender, mas o assunto em questão lhe parecia bastante insignificante. Apesar do florista, um cara com uma voz infelizmente muito aguda e um ceceio6 igualmente infeliz, estivesse agindo como se fora o fim do mundo.

— Já expliquei, Sr. Argeneau — disse o florista com exasperação — A colheita inteira de nosso cultivador de Sterling roses7 se estragou por…

— Sim, sim. Os pulgões as comeram.

— Os pulgões não, senhor — corrigiu-lhe o florista com exagerada paciência — Foi…

— Não importa — interrompeu-lhe Bastien, sua própria paciência já começava a desaparecer. O homem estava complicando isso mais do que o necessário. A resposta ao dilema era bastante simples — As rosas de seu cultivador se foram. Vá a outro cultivador.

Houve uma breve pausa, seguido de um comprido suspiro de sofrimento.

— Sr. Argeneau, a gente não pode simplesmente ir aos viveiros locais e comprar várias centenas de Sterling roses. São flores raras. Esgotam-se antes mesmo que sequer tenham terminado de crescer.

— Então as substitua por outras rosas diferentes — sugeriu Bastien.

— A Sterling rose era o elemento central do casamento! — Gemeu o homem —Todos os preparativos e as cores foram escolhidos para que combinassem com elas. Não se pode simplesmente…

Bastien franziu a testa, seus ouvidos se esforçaram para escutar quando o

6 Defeito de pronunciar os “ss” e “zz” como ç.

7 http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://lauriekendrick.files.wordpress.com/2010/02/rose-purple1.jpg&imgrefurl=http://lauriekendrick.wordpress.com/2011/02/09/your-valentines-day-primer/&h=550&w=413&sz=61&tbnid=4_f3ZUlH8qGudM:&tbnh=259&tbnw=194&prev=/search%3Fq%3Dsterling%2Broses%26tb m%3Disch%26tbo%3Du&zoom=1&q=sterling+roses&hl=pt-BR&usg=__Ct-O3uzx0LywfNoSLgZR0BHNwik=&sa=X&ei=9hTRTd2rPInUgQePgYW9DA&ved=0CCMQ9QEwAA

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cara ficou em silêncio de repente. Estava certo de que tinha escutado algo estranho na voz do florista antes dele parar de falar. O homem estava realmente zangado. Devia ser um desses artistas emocionais, decidiu Bastien, embora ele nunca pensara nos floristas como artistas. Não obstante, este cara certamente tinha seu temperamento.

— Olá? Roger é isso?

— Roberto — espetou o cara, depois limpou a garganta — Desculpa. Meu ajudante estava me entregando um fax com mais notícias ruins. Desta vez se trata das urnas que a senhorita Leever escolheu.

— Sim? — Perguntou Bastien com cautela.

— Houve um incêndio na fábrica onde são produzidas. Isto causou um atraso. As urnas não estarão aqui a tempo para o casamento.

— É obvio que não — murmurou Bastien. Ele passou uma mão pelo cabelo e suspirou — Olhe, ponha rosas de uma cor o mais parecido às originais e use urnas do mesmo estilo e tudo ficará bem — Parecia uma solução razoável. Mas comprovou-se pelo frio silêncio que seguiu a esta sugestão que o florista não pensava o mesmo.

— Quando a senhorita Leever voltará à cidade? — perguntou finalmente Roberto.

— Eu não tenho muita certeza — admitiu Bastien. Kate não tinha sido muito clara nessa questão devido à sua pressa em partir e não lhe ocorrera perguntar a Lucern quando este lhe telefonara para avisar que tinham chegado bem. Pessoalmente, quase esperava que o casal estivesse fora durante as duas semanas que faltavam para o casamento. Bastien estava completamente certo de que Kate monopolizaria o tempo de Terri quando retornasse e ele tinha seus próprios planos para fazer exatamente o mesmo.

— Eu simplesmente preciso falar com ela. Você terá que lhe avisar para me ligar ou me dar o número de onde ela pode ser encontrada. Estes problemas devem ser resolvidos agora mesmo, para estar certo de que teremos os suprimentos que precisamos à mão para fazer os preparativos da igreja e da recepção a tempo — Não era uma petição, era uma ordem.

Bastien franziu a testa ao telefone e depois olhou para o relógio de seu escritório. Estariam no meio da tarde na Califórnia. Duvidava que Kate estivesse no quarto de seu hotel agora, mas supôs que não lhe faria mal ligar e averiguar.

— Espere — ele ladrou ao fone e deixou o homem em espera. Então

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telefonou para Meredith, esperando que, sendo tão tarde, ainda não tivesse ido.

— Sim, senhor?

Bastien suspirou de alívio.

— Me comunique com o hotel de Kate na Califórnia, por favor, Meredith — pediu ele. E acrescentou — E obrigado por não ter ido embora ainda.

Ele não esperou para ver se ela sabia em que hotel estava Kate; Meredith sabia tudo. Além disso, havia lhe dito que Kate tinha telefonado para o escritório antes, para deixar um número de contato se por acaso tivessem que falar com ela.

— A senhorita Leever na linha dois, senhor — anunciou Meredith um momento depois.

— Obrigado — Bastien apertou o botão dessa linha, e imediatamente foi saudado por uma Kate ansiosa.

— Meredith me deu um rápido relatório detalhado do problema. Me disse que Roberto está na outra linha. Poderia estabelecer uma conferência entre nós?

Bastien piscou. Não lhe surpreendia que Meredith tivesse dado a Kate um relatório detalhado; fazendo isso, lhe economizava tempo e o salvava do problema, exatamente o que sua secretária fazia melhor. E por sorte, para assegurar-se de que alguém lhe retornaria a ligação, o florista explicara o problema a Meredith. Sua surpresa foi pelo aparente pânico na voz de Kate.

Sempre lhe parecera uma mulher absolutamente prática e sensata. Mas esta reação ante a perda de uma estúpida espécie de flor e uma urna idiota lhe pareceu um pouco excessiva. O mundo todo estava ficando louco? Febre da primavera, pensou sabiamente. Inclusive, provavelmente seria a explicação de sua fascinação por Terri.

— Bastien? Pode nos por em conferência? — repetiu Kate com impaciência.

— Er… sim — disse ele — Espere — Apertou uma série de botões e disse — Olá?

— Sim — disse a noiva de Lucern ao mesmo tempo que o florista chiava — Sr. Argeneau?

— OH, Roberto! — gritou Kate cheia de alívio, pelo visto reconhecendo a voz do homem.

Bastien se recostou em seu assento e ficou brincando com seus polegares

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enquanto os dois entravam totalmente na crise, ambos quase chorando de angústia pela perda das Sterling roses e depois trocando exclamações horrorizadas pelo atraso das urnas. Era o cúmulo, concordaram. Horrível.

Espantoso. Trágico.

— Trágico — concordou Bastien, só para evitar que acreditassem que ele não estava escutando ou que não estava interessado. Embora ele não estivesse.

Estava desejando que se apressassem e começassem a discutir a solução do dano, ao invés de perder tempo lamentando-se, como se o fato pudesse arruinar completamente todo o casamento.

*
— Deus santo! — exclamou boquiaberta Terri, observando os armários lotados da cozinha. Eles passaram de completamente vazios à superlotados em questão de dois dias. Agora tudo o que alguém pudesse querer preenchiam suas prateleiras. Como se não bastasse, a governanta de Bastien era extremamente meticulosa, decidiu Terri enquanto seu olhar deslizava sobre as fileiras de mantimentos esmeradamente empilhadas e organizadas. Havia tanta coisa agora, que não sabia o que fazer.

— Gosta de algo em concreto, Vincent? — perguntou.

— Você está no menu? — perguntou ele.

Terri riu, sem levar a sério seu comentário. Vinny era um ator. Ela não tinha nenhuma dúvida de que a paquera era um hábito muito enraizado nele.

Provavelmente nem sequer o fazia conscientemente.

Fechou o primeiro armário e abriu o seguinte, franzindo a testa enquanto olhava para mais comida. Nunca sentira-se confusa por ter tanto para escolher.

Embora fosse uma chateação, porque Terri realmente não estava com fome, mas sabia que ficaria com fome na metade da peça se não comesse algo agora. Mas o que comer? Obviamente Vincent não ia ser de muita ajuda. Possivelmente C.K.

fosse mais útil.

Fechando a porta do armário, Terri sorriu distraidamente para Vincent enquanto passava a seu lado e se encaminhava para a sala de estar.

— O que quer comer? — perguntou ao Chris, que se realocara do quarto de hóspedes. Ele tirou os olhos do televisor para levantar uma sobrancelha com ar interrogativo.

— Nada. Estou cheio — disse ele — estive comendo todo o dia, desde que começou chegar a comida.

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— Oh — Terri se afundou a seu lado no sofá considerando sua situação.

— Que tal o encontro? — perguntou educadamente C.K. depois de um momento.

— Foi divertido — respondeu ela lembrando-se — Têm umas coisas geniais ali. Embora não conseguimos ver tudo. É tão grande! Mas Bastien disse que podemos voltar outro dia.

Chris acenou com a cabeça.

— Provavelmente é melhor ir algumas vezes do que tratar de ver tudo em um só dia.

— Sim — concordou Terri, então perguntou — Como foi seu dia?

— OH, já sabe. Longo. Chato — suspirou Chris, então seu olhar se dirigiu ao manuscrito que estava empilhado na mesa de centro — Na verdade tentei trabalhar, mas a dor me desconcentra.

— Hmm — Terri acenou com a cabeça compreensivamente quando ele esfregou a perna engessada. Ela nunca tivera um osso quebrado em sua vida e não tinha nem idéia de quão doloroso devia ser. Mas lhe pareceu melhor mudar de assunto, assim perguntou — O que comeu?

Esperava que sua resposta a ajudasse a decidir-se. Mas a resposta do homem provocou uma careta em seu rosto.

— Batatas fritas, queijo e salsichas — respondeu ele dando de ombros.

— Isso mal é uma dieta saudável — castigou Terri.

— Bom, não havia ninguém que cozinhasse para mim. Tive que me valer por mim mesmo — disse o editor na defensiva, então acariciou o par de muletas que Terri não tinha notado antes e que estavam apoiadas contra o sofá — Felizmente, a governanta de Bastien trouxe estas preciosidades há meia hora.

Agora posso me mover sozinho.

— Genial — disse ela, consciente de que Bastien e Vincent estiveram ajudando o homem a entrar e sair de seu quarto todos os dias. Não sabia se precisava de ajuda para vestir-se e despir-se, mas pensou que logo quereria mais roupa limpa. Teria que mencionar isso a Bastien, decidiu Terri, e depois voltou para seu problema atual.

Ela voltou o olhar para Vincent, que a seguira da cozinha.

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— Tem certeza que não há nada que gostaria de comer?

O homem deu de ombros.

— Você cheira bem o suficiente para te comer.

Terri riu e sacudiu a cabeça. Sua paquera era tão agradável. E tinha quase certeza de que era basicamente inofensivo. Diferentemente de seu primo, que não paquerava, mas inspirava um falso sentido de segurança em uma garota, falando disto e daquilo e da vida em geral, fascinando-a e entretendo-a com divertidas histórias de vidas passadas e presentes, até que suas mandíbulas lhe doíam de tanto sorrir e rir tão freqüentemente. Bastien não soltara nenhum comentário galanteador desde sua chegada, permitindo que ela simplesmente desfrutasse de sua companhia até que, boom! Surpreendeu-a abraçando-a de repente e beijando-a com um ardor que tinha feito aflorar suas próprias paixões abrupta e alarmantemente.

Paixões que ela nem sabia que tinha, lamentou-se Terri, enquanto voltava para a cozinha para verificar o conteúdo da geladeira. Bastien era definitivamente o mais perigoso dos dois homens. Ao menos para seu coração.

*
Bastien escutava distraidamente a conversa no telefone enquanto sua mente vagava pensando em Terri e no beijo compartilhado. Ela tinha o gosto da vitamina de morango que estivera bebendo, doce e deliciosa. O beijo — muito breve, graças ao grasnido das aves — tinha sido poderoso. Bastien perdera completamente o controle. Estavam ali, diante do museu onde qualquer um poderia ter-lhes visto, mas isso não importava para ele. Ele teria gostado de continuar perdendo o controle… e assim teria sido, se não fossem aquelas aves estúpidas.

— Malditas pombas — resmungou ele.

— Que pombas? — perguntou Kate.

— As que interromperam meu beijo com Terri.

— Você beijou Terri? — perguntou Lucern.

— Já te disse que ele estava apaixonando por ela, querido — disse Kate com regozijo.

Bastien piscou confuso ao perceber que de alguma forma voltara a conversa e que o tema das flores tinha sido deixado de lado.

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— Luc? Quando se juntou a esta ligação?

— Peguei o outro telefone quando Kate começou a ficar nervosa. Também é meu casamento — disse ele explicando-se — Agora não mude de assunto. Como foi?

— Como foi o quê?

— O beijo.

— Eu… — Bastien fez uma pausa, um pouco alterado. O beijo tinha sido maravilhoso. Apaixonado e doce, o fez sentir fome de mais. Mas ele não lhes diria isso. Enquanto tentava inventar uma resposta plausível, a salvação lhe chegou da fonte mais inesperada: Roberto.

— A-ham. Poderíamos voltar ao assunto que nos interessa? — O florista parecia bastante recatado de repente. O drama e o lamento desapareceram.

— Oh sim, Roberto. Certamente — suspirou Kate — Acho que será o melhor. Tem o endereço de Bastien?

— Para que precisa do meu endereço? — perguntou Bastien consternado. O

que perdera enquanto estivera nas nuvens pensando no beijo?

— Enviará-te algumas amostras de arranjos para que faças algumas fotografias com sua câmara digital e envie-as a Kate por email — disse Lucern — Não estava escutando, não é? Onde estava? Sonhando com Terri, aposto.

— Eu gostava mais quando grunhir era a sua escolha para comunicar-se — espetou-lhe Bastien carrancudo. E se surpreendeu ao escutar uma risada de seu irmão mais velho.

— Muito bem — interveio Roberto, parecendo tão puritano como uma anciã — Sim, anotei o endereço. Começarei agora mesmo e os entregarei na primeira hora da manhã ao Sr. Argeneau para que tire as fotos. Por favor, por favor, por favor, escolha o quanto antes, assim poderemos estar certos de conseguir tudo o que precisamos a tempo.

— Sim, Roberto. Prometo que assim o farei — lhe assegurou Kate — Lucern ou eu verificaremos a cada hora a chegada das fotografias no email e escolheremos imediatamente.

— Bem, bem — Roberto levou um momento para protestar uma vez mais pela terrível tragédia sofrida antes de dizer adeus e desligar.

— Bem — murmurou Kate assim que ele se foi.

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— Sim, bem. Bastien? — chamou Lucern.

— Bom, assegurar-me-ei de lhes enviar as fotografias assim que receber os arranjos — disse Bastien rapidamente — Agora, é melhor eu ir se quiser estar pronto a tempo para levar Terri ao teatro esta noite. Adeus — Desligou antes que Kate ou Lucern pudessem protestar e sorriu abertamente ante ao fato de que tinha conseguido evitar o interrogatório que sabia que lhe esperava.

Assobiando brandamente, Bastien se levantou e cruzou a sala até o bar que havia em um canto de seu escritório. Havia duas geladeiras atrás do bar: uma destrancada e outra menor fechada com chave. Abriu a geladeira menor, tirou uma bolsa de sangue e fechou de novo com chave. Depois abriu a boca, estendeu seus dentes e os cravou na bolsa, enquanto passeava pela sala.

Bastien verificou as mensagens que estavam sobre sua mesa enquanto ingeria o sangue. Nenhuma delas lhe pareceu urgente, o que significava que, ou tinha um pessoal muito eficiente trabalhando para ele capazes de encarregar-se desses assuntos sozinhos, ou ele não era tão indispensável como sempre tinha acreditado.

Talvez fosse uma boa coisa, pensou Bastien enquanto atirava a bolsa vazia no cesto de papéis embaixo de sua mesa e saía de seu escritório. Deu boa noite à Meredith, que já estava recolhendo suas coisas e preparando-se para sair e então andou até o elevador para sua luxuosa cobertura.

Bastien pensou na noite que tinha à frente enquanto se dirigia aos andares de cima. Ele tinha mais ou menos uma hora para se preparar antes de ir para o teatro, que era tempo suficiente. E ele tinha feito as reservas para o jantar em um pequeno restaurante italiano bastante agradável e não muito longe do teatro. Ele esperava que Terri gostasse de comida italiana. Lembrou-se que sempre tinha sido um de seus pratos favoritos há um tempo… bom… há muito tempo atrás, quando ainda estava acostumado a ter interesse na comida sólida.

Estava decidindo se tomariam um táxi para ir ao teatro ou se iriam no carro dele, quando a porta do elevador se abriu na cobertura. Um táxi, ele pensou, seria a melhor opção; a verdade é que ele não queria incomodar-se em achar uma vaga para estacionar.

*
— Você gosta de queijo na salada? — perguntou Terri enquanto ela terminava de cortar o aipo. Ela havia decidido que salada era a escolha mais sábia para um lanche rápido: sã, rápida, e leve o suficiente para mantê-la alimentada até a refeição após o teatro; e que não a deixaria desconfortavelmente cheia.

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— Do que quer que você goste — foi a resposta de Vincent. Estava apoiado no balcão ao lado dela, com os braços cruzados sobre o peito e as pernas cruzadas nos tornozelos numa posição descontraída enquanto a observava trabalhar. Tinham estado conversando amigavelmente sobre sua estadia até o momento. Vincent parecia curioso para saber aonde Bastien a tinha levado, e se ela estava se divertindo.

Terri tinha se entusiasmado com tudo o que tinha visto e feito, e como Bastien era gentil, divertido e inteligente, e como ele parecia fazer com que tudo fosse mais interessante, quando se deu conta de que estava sentimental. Estava parecendo pateticamente com uma mulher apaixonada.

Rapidamente ela se interrompeu e perguntou pelo queijo para mudar de assunto.

— Não vejo o Bastien desse jeito há tempo, há muito tempo.

A afirmação do Vincent provocou um olhar de curiosidade em Terri.

— De que jeito?

— Feliz.

Terri sentiu um bocado de esperança e entusiasmo, mas rapidamente o sufocou. Baixando a cabeça, voltou sua atenção ao que estava fazendo.

— Sério?

— Sim. Naquela época éramos muito mais jovens. Praticamente garotos em relação à agora — Havia um tom irônico em sua voz que Terri não entendeu, mas o esqueceu quando ele acrescentou — E ele estava apaixonado.

Aquelas palavras tiveram um efeito muito estranho em Terri. Primeiro foi um choque. Em seguida uma pontada de dor no coração. Ambas eram estúpidas reações, pensou ela rapidamente. Um homem dificilmente alcançaria a idade de Bastien sem ao menos haver-se apaixonado uma vez. Terri não lhe tinha perguntado ainda, mas presumia que ele tivesse sua idade ou fosse um pouco mais velho. Além disso, não o ?amava?, assegurou-se, por isso não tinha nenhum direito de sentir algo a respeito de sua vida amorosa passada.

— Aquela mulher lhe partiu o coração — afirmou Vincent — Odiaria que você fizesse o mesmo.

Terri se sobressaltou tanto com o comentário e as implicações que este fazia a respeito dos sentimentos de Bastien, que levantou a cabeça para ficar olhando boquiaberta enquanto cortava a última parte do aipo.

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Os olhos de Vincent não se encontraram com os seus; estavam fixos no aipo que ela estava cortando. Terri viu um brilho de preocupação atravessar seu rosto quando ele avisou: — Cuidado, você vai cortar o seu…

— Ai! — Terri deu um salto e deixou a faca cair enquanto a dor irradiava do dedo indicador de sua mão esquerda. Reagindo por instinto, pegou o dedo ferido com a mão direita e o pressionou contra seu corpo, mantendo-o apertado em um esforço por extinguir a dor, sem mencionar estancar o fluxo de sangue que provavelmente estava saindo.

Vincent correu até ela.

— Aqui, me deixe dar uma olhada.

Terri vacilou um instante, depois levantou as duas mãos obrigando-se a abrir os dedos para mostrar a ferida e se ruborizou pela vergonha. Tinha-lhe doído como o demônio, mas na verdade era só um pequeno corte como pôde ver com desgosto. Tinha reagido como se tivesse perdido um membro.

— Às vezes, os menores cortes são os mais dolorosos — comentou Vincent, como se tivesse lido os seus pensamentos. Examinava a ferida e a pequena quantidade de sangue que saia dela, com uma fascinação que era um pouco inquietante. Especialmente quando ele subitamente o cheirou, como se cheirasse uma flor.

— Vincent!

A potente voz de Bastien fez tanto Vinny quanto Terri saltarem de surpresa.

Recolhendo sua mão, Terri se virou para sorrir com incerteza a seu anfitrião. Ele nem sequer notou seu esforço, como nem sequer o apreciou. Seus olhos estavam concentrados em seu primo.

— Olá, Bastien. Foi dura esta última meia hora no escritório? — brincou Vincent com ligeireza. Logo fez um gesto em direção a Terri — Ela se cortou fatiando aipo. Eu só estava examinando a ferida.

Bastien começou a avançar para ela imediatamente, sua expressão suavizando-se com preocupação. Era um alívio saber que o cheiro de sangue que tinha sentido ao entrar na cozinha não provinha de uma mordida. Aquele aroma, combinado com o jeito como os dois estavam juntos, havia-lhe induzido a pensar que Vincent tinha mordido Terri. Ficou feliz por ter se enganado.

— É grave?

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— Felizmente, não — Vincent se afastou para deixar que Bastien tomasse seu lugar e pudesse examinar o corte no dedo de Terri — Uma gaze deve ser suficiente. Vou ver se temos alguma.

Bastien estava consciente do outro homem saindo do ambiente, mas se limitou a sustentar a mão de Terri entre as suas e a levantá-la para examinar a ferida. Para seu alívio, seu primo tinha razão e o corte não era profundo. Era pequeno e bastante superficial que nem sequer necessitava de um curativo, mas o aroma das gotas de sangue que tinham escorrido da ferida era suficientemente forte para que Bastien se embriagasse com o aroma. Imaginou que para Vincent teria sido pior, já que caçava pelas noites e ainda não havia se alimentado hoje. O

que significava que Bastien provavelmente lhe devia desculpas. Ele acabara de ingerir uma bolsa de sangue e ainda assim precisou de bastante força de vontade para não levar o dedo de Terri em sua boca e chupar a pequena quantidade de sangue. Ainda assim, Vincent tinha mais mérito por ter resistido, provavelmente por estar esfomeado.

— Deve sarar logo, mas vou ver se Vincent conseguiu achar uma gaze — disse Bastien bruscamente. Soltou sua mão e saiu rapidamente da cozinha, fugindo da tentação para procurar seu primo. Encontrou Vincent no escritório que havia ao fundo do apartamento, andando como se fosse um tigre faminto.

— Não a mordi — disse ele imediatamente — Só estávamos falando de você.

— Eu sei. Desculpe-me — começou a dizer; então fez uma pausa, piscando — Sobre mim?

Vincent relaxou e concordou com a cabeça.

— Ela gosta de você, Bastien. Quero dizer que gosta de verdade. Mas há algo mais. Tem medo e isso a impede de ceder aos sentimentos. Talvez não seja uma conquista fácil.

— Não quero conquistá-la, Vincent. Ela não é um país estrangeiro cujas riquezas eu cobice.

— Então o que quer dela?

Bastien se manteve em silêncio. Não sabia a resposta. Não se sentia tão fascinado por uma mulher dessa maneira há muito tempo, possivelmente nunca.

Nem sequer recordava ter se sentido desta forma por Josephine. Certamente, ele nunca havia se sentido tão à vontade com a mulher que ele sempre considerara ser o amor de sua vida. Havia algo tão natural em Terri. Ela expressava o que sentia sem se preocupar com o que as pessoas pensariam; não tentava agir como se soubesse algo quando não sabia, para não parecer tola. Terri era tão honesta e

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sincera e fazia Bastien sentir que se estivesse ao seu lado seria o suficiente para ele.

Ele queria ser igualmente honesto em troca. Era um sentimento contra o qual estava constantemente em luta, com medo de que se lhe revelasse seu vampirismo, ela o abandonasse assim como Josephine.

— É um risco que você vai ter que correr no final das contas, se quiser ter uma relação séria com ela. Apesar de que esta é uma nova era. Os vampiros estão na moda. Terri poderia não reagir como Josephine — Vincent não se incomodou em tentar esconder o fato de que estava lendo a mente de seu primo. Confuso do jeito que estava, Bastien não se lembrou de bloquear seus pensamentos — Você consegue ler a mente dela?

Bastien negou com a cabeça. Tinha tentado essa tarde quando foram às compras e não conseguira ler pensamento algum.

Vincent assentiu solenemente.

— Você terá que contar a ela cedo ou tarde. Talvez Kate possa te ajudar.

Elas são primas. Terri poderia receber a noticia melhor se viesse de sua prima — Vincent se encaminhou para a porta — estou saindo para fazer um lanche.

Aproveite a noite.

Bastien observou a porta se fechar atrás de seu primo, mas ficou sem sair de onde estava durante vários minutos. Sentia-se agitado, vazio, faminto. Esse último pensamento fez com que se dirigi-se à geladeira trancada que havia em seu escritório para tomar uma bolsa de sangue. Arrebentou-a com seus dentes, tomando-a rapidamente e depois jogou fora a bolsa vazia com repugnância. Não tinha ajudado com o que lhe afligia. Bastien ainda se sentia vazio. Não era de sangue que sentia fome. Nem era o que desejava. O que realmente queria era alguém para ele. Alguém que o completasse. Queria pertencer a alguém. Alguém que aceitasse suas diferenças e lhe aceitasse apesar delas. Queria um amor incondicional. Mais concretamente, desejava o amor incondicional de Terri.

*
— Foi maravilhoso.

Bastien sorriu perante o entusiasmado sorriso de Terri e o excitado rubor de suas bochechas. Achando que ela gostaria, tinha-a levado para ver ?O

Fantasma da Ópera? e ao final se viu desfrutando completamente da obra.

— Está com fome?

— Estou faminta — confessou ela com um sorriso — A salada que comi

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antes me tirou do apuro até aproximadamente uma hora atrás. E você?

— Eu poderia comer alguma coisa — respondeu Bastien vagamente. Na verdade não tinha fome, mas gostava de sentar-se a uma mesa em frente à Terri, observar como seus olhos dançavam e cintilavam, e cada uma de suas mudanças de expressão enquanto ela falava — O restaurante está só a um quarteirão de distância mais ou menos. Pode caminhar essa distância com seus saltos altos ou prefere que chame um táxi?

— Caminhar me parece uma boa idéia — lhe afirmou — Estou acostumada a usar saltos altos durante o dia todo no trabalho.

— Você fica bem com eles — Bastien olhou para o curto vestido de coquetel negro dela, o qual mostrava suas atrativas pernas embutidas em uma meia-calça preta e que terminava em umas sandálias atadas com uma correia com um salto muito alto. Terri estava adorável e incrivelmente atrativa apesar do vestido que usava não revelar grande coisa. Era sem mangas e curto, mas bastante comportado, já que ia até a altura do joelho. E embora tivesse o decote em V, não tinha o corte muito baixo, portanto não revelava muita coisa.

Conversavam sobre a peça enquanto saíam do teatro, discutindo sobre o cenário, os trajes e a música. A conversação foi cessando uma vez que chegaram ao restaurante. Foram levados a sua mesa imediatamente e receberam o cardápio. O de Terri não tinha nenhum preço marcado, enquanto o dele tinha e ele sorriu abertamente perante o desgosto dela por esse fato. Ela não pagaria por esta refeição independente do que acontecesse. Seu orgulho teria que tomar um descanso durante essa noite. Ele desejava tratá-la como ela merecia: com atenção e como se fosse uma princesa.

A comida era deliciosa e o serviço excepcional, mas na metade da refeição, Bastien começou a lamentar não ter levado Terri a algum outro lugar um pouco menos formal. O ambiente silencioso e endinheirado era um pouco restritivo, fazendo com que conversassem muito menos. Bastien sentia falta do entusiasmo de Terri e o tilintar de sua risada, já que ela tinha adotado uma atitude reservada.

No momento que ela terminou de comer, ele sugeriu que poderiam caminhar rua acima a outro lugar que conhecia para tomarem um drink. A firmeza dela ao aceitar, fez-lhe saber que embora Terri tenha achado agradável o restaurante, também preferia uma atmosfera mais singela para conversar.

Bastien suspeitou que ela se sentisse sufocada por ter que comportar-se de uma maneira tão comedida.

Andaram até o Maison, um bar restaurante, que ele sabia que possuía um ambiente mais propício para conversarem mais à vontade. O terraço estava

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aberto e cheio de gente que desfrutava do ar morno da noite, pouco comum para a estação em que se encontravam e Bastien aceitou quando ela sugeriu que se sentassem no exterior.

A conversa retornou a obra teatral e o prazer de Terri era tão óbvio que Bastien decidiu que deveriam sair juntos outras vezes quando ela estivesse na cidade. Aquele pensamento o fez recordar que ela retornaria a sua casa na Inglaterra, uma idéia que lhe provocou um pouco de desgosto. Desfrutava de sua companhia e da fuga de uma vida que até agora, lhe havia parecido boa; mas que ao analisar profundamente agora lhe parecia triste e aborrecida ao estar somente concentrada nos seus negócios e nada mais.

Como ele pôde ter tido uma vida tão longa e tão vazia por tanto tempo enquanto poderia haver muito prazer em viver a vida?

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Capitulo 8


Parando no meio de uma história sobre Kate e ela quando eram adolescentes, Terri girou a cabeça sobressaltada, quando escutou um cliente perguntar à garçonete que horas eram, e a resposta da garçonete.

— Disse que eram quatro e doze? — Perguntou, esquecendo o que estava lhe contando.

— Ela disse isso? Não, não pode ser. Você entendeu mal. Não pode ser tão tarde já… é! — Exclamou Bastien surpreso quando olhou seu relógio. Levantou a cabeça para olhá-la com uma expressão atordoada em sua cara, e se olharam fixamente durante vários minutos até que ambos começaram a rir.

— Suponho que perdemos a noção do tempo enquanto conversávamos — disse Terri com um sorriso.

— Suponho que sim — ele concordou. — Mas tendemos a fazer isto todo o tempo. Me refiro a... falar. Já sabe que gosto de conversar contigo.

— Eu também gosto de conversar com você — ela confessou, logo afastou o olhar procurando uma distração ao sentimento de bem-estar que crescia em seu interior. O terraço do Maison não estava tão cheio como antes, mas ainda havia meia dúzia de mesas ocupadas. — Pergunto-me por que não o fecharam ainda.

Acreditava que os bares fechavam ao redor das 4.

— Não tenho certeza — Bastien começou a dizer, logo acrescentou. — Ah…

eles abrem vinte e quatro horas.

Quando Terri o olhou interrogativamente, ele assinalou as letras no toldo.

Ela sorriu e assentiu.

— Não tinha visto.

— Eu tampouco.

Permaneceram em silêncio por um instante e Terri percebeu que tinha esfriado desde que tinham chegado. O ar estava mais frio, não muito, mas sim o suficiente para notá-lo em seus braços descobertos.

— Você está ficando com frio — Bastien falou quando ela esfregou os braços inconscientemente. — Suponho que deveríamos voltar para casa.

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— Sim — ela concordou, embora se sentisse triste porque a noite chegou ao seu fim. Terri não teria se importado se durasse para sempre.

Bastien ficou de pé e puxou a cadeira dela para que se levantasse. Logo tirou sua jaqueta e a sustentou para que ela a colocasse.

— Aqui, coloque isso. Esta rua é bastante tranqüila e como está tarde, o mais provável é que tenhamos que caminhar alguns quarteirões para encontrar um táxi. Você ficará bem por caminhar um pouco com esses sapatos?

— Sim, é claro — Terri assegurou enquanto deslizava seus braços dentro das mangas da jaqueta que ele oferecia. Tinha estado sentada durante horas e não tinha bebido muito apesar do tempo que tinham permanecido ali. Nenhum dos dois tinha feito, estavam muito ocupados conversando. Deteve-se no meio de colocar a jaqueta.

— Ficará bem? Não precisa dela?

— Não. Estou bem — ele assegurou, terminando de lhe colocar a jaqueta.

— Mmm — Terri puxou o suave tecido e o apertou contra ela com um sorriso de prazer. — Está quente e suave, e cheira a você.

— Sim? — ele perguntou com um pequeno sorriso. — E isso é bom?

— Mmm — Ela levantou uma lapela, girou a cabeça para enterrar seu nariz na malha e inalou profundamente. — Sim, muito bom. Eu gosto do seu perfume — Terri confessou, enquanto aspirava novamente seu aroma com prazer.

— As sutilezas não te incomodam absolutamente, verdade?

Terri levantou a cabeça para olhá-lo fixamente.

— Sutilezas?

A garçonete chegou à mesa antes que ele pudesse responder. A moça agradeceu e lhes desejou boa noite enquanto pegava o dinheiro que Bastien tinha deixado sobre a mesa. Eles a responderam juntos, e depois Bastien tomou o braço de Terri para conduzi-la à porta da grade que rodeava a terraço ao ar livre.

Conduziu-a ao exterior mantendo a mão em seu cotovelo enquanto começavam a caminhar rua acima.

Sua cortesia era uma das coisas que Terri mais gostava em Bastien. A maneira em que lhe abria as portas para que entrasse primeiro. Seu interesse por sua comodidade e bem-estar, assegurando-se de que não passasse frio ou calor, ou se seus pés estavam bem. Até gostava do modo em que lhe perguntava o que

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desejava e depois pedia para ela. Já não existiam muitos homens que se comportavam com essa antiquada cortesia, e muitas mulheres poderiam inclusive sentir-se ofendidas, mas Terri não se ofendia. A fazia sentir-se especial e mimada. Sentia-se querida. Muitos dos detalhes que ele se preocupava a faziam sentir-se assim. Poderia acostumar-se a essa tipo de tratamento.

Preocupada com a ideia, Terri dirigiu o olhar para os edifícios que se elevavam como montanhas ao redor deles contra o céu que clareava.

— Isto é encantador.

— Sim, é agradável — Bastien pareceu surpreso quando seguiu o olhar dela ao que os rodeava. — Estive aqui a negócios em muitas ocasiões e realmente nunca tinha prestado atenção.

Terri assentiu, sem surpreender-se. A maioria das pessoas se torna cegas ao seu redor, não importa quão glorioso fosse, nunca lhe dedicavam um segundo pensamento.

— O que quis dizer com que não me incomodo com sutilezas?

Bastien ficou silêncio durante um momento enquanto caminhavam e depois disse: — A maioria das mulheres não teria confessado que gostavam do meu perfume e muito menos mostrariam prazer por isso. Estariam muito ocupadas mantendo uma aparência serena e calma. Você parece não possuir um só grama de dissimulação em seu corpo e não se preocupa com esses jogos.

— Os jogos são para crianças — ela murmurou. Quando ele começou a rir, olhou-o surpreendida. — O que?

— Você parece não se importar em agir como criança em algumas ocasiões.

Nunca vi ninguém agir de um modo mais infantil do que você no dia do museu — ele lhe explicou quando ela avermelhou. Com uma gargalhada, acrescentou: — E

quando saímos às compras, e no mercado de pulga, e nas feiras de ruas.

— Desculpe — Terri se desculpou automaticamente.

— Não o faça. É uma das coisas que mais gosto em você.

— Que bom, porque na realidade não o sinto — ela confessou com um sorriso.

Bastien riu entre os dentes e a urgiu a cruzar a rua.

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— Este é o Hilton — ele explicou enquanto caminhavam e passavam pelo edifício que ocupava a maior parte desse lado da rua. — Deveria haver uma fila de táxis aqui… geralmente costuma haver.

— Estamos muito longe do apartamento? — Terri perguntou. Ir ao teatro de táxi não tinha parecido ser um trajeto muito longo.

— Aproximadamente quatro quarteirões daqui — Bastien calculou.

— Por que desperdiçar dinheiro em um táxi? Podemos ir andando.

— Sério?

Ela sacudiu a cabeça surpreendida, perguntando-se se normalmente saía com mulheres velhas e decrépitas que não podiam caminhar nem a mínima distância.

— Acredito que acaba de me insultar — Terri disse, detendo-se para olhá-lo quando chegaram à esquina do hotel. — Estivemos quase todo o fim de semana juntos, e passei ao menos quatro horas caminhando pelo museu, e outras três horas te seguindo durante sua farra de compras. Realmente acredita que não posso caminhar quatro quarterões?

— Não. É obvio que não — Ele respondeu, e a suavidade de sua voz transmitia tanta admiração que quase a envergonhou. A forma em que Bastien a olhava lhe disse com toda segurança que ele estava a ponto de beijá-la.

— Bem — ela disse imediatamente, para romper o momento. — Preciso me sentar.

Girando-se, Terri avançou pela zona do estacionamento, cruzando a entrada do Hilton para a base de mármore negro que rodeava as colunas que a decoravam. Tinha intenção de sentar-se e apertar a correia do sapato que foi afrouxando ao longo da noite, mas parecia que alguém acabara de molhar o mármore para tirar a sujeira ou tinha espirrado involuntariamente enquanto regava as flores. A larga base de mármore negro que tinha parecido perfeita para sentar-se, estava molhada. A única parte que estava seca era uma estreita linha de mármore que unia a primeira coluna com a segunda. Decidindo que teria que servir, Terri se sentou com cuidado para pôr mãos à obra.

Bastien se reuniu em seguida com ela e se sentou escarranchado sobre o estreito saliente.

— Fiquei preocupado quando disse que tinha que sentar.

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— Esta correia se soltou em algum momento — ela explicou. Quando terminou de atá-la, Terri se endireitou sorrindo. — Já estou bem.

— Está muito melhor que bem — Ele assegurou, e tal como tinha feito no museu, segurou-lhe o rosto entre suas mãos e a aproximou dele para beijá-la.

Depois de uma breve vacilação, Terri se entregou desejosa, seus lábios abrindo-se brandamente em baixo dos dele com um gemido de surpresa.

Arqueou-se para ele, perdeu o equilíbrio e começou a deslizar para o chão.

— Whoa — Bastien interrompeu o beijo para segurá-la antes que aterrissasse sobre a calçada. Ambos começaram a rir enquanto ele a ajudava a voltar para a segurança da pequena faixa de mármore.

— Queria sentar aí — Ela assinalou para a zona mais larga. — Mas estava molhado.

Bastien nem sequer olhou para lá, tão somente se moveu até que um de seus joelhos se colocou contra as costas dela e o outro frente a seus joelhos.

Então baixou a cabeça para beijá-la de novo. Desta vez, quando Terri se arqueou para ele e começou a deslizar para frente, golpeou o joelho de Bastien e puxou-o com ela.

Separaram-se de novo, rindo enquanto se endireitavam, então Bastien tomou a mão dela e se levantou. Terri pensou que seria o final das tentativas de beijá-la, mas ao invés de continuar com o passeio, ele a conduziu para a zona larga. Murmurou algo, utilizou a manga de sua camisa para secar a maior parte e depois se sentou puxando-a para seus braços.

Terri suspirou quando a boca dele se aproximou da sua. Bastien a segurava firmemente contra seu peito, aparentemente decidido a evitar que ela pudesse deslizar outra vez. Ela apenas se deu conta. Sua concentração estava totalmente fixa na boca dele e o que fazia. No momento em que os lábios dele tocaram os seus, ela os abriu e ofegou quando sua língua encostou-se à sua. O

beijo era tão intenso quanto o que deram na frente do museu. Não se lembrava de haver se sentido tão afligida, mas também tinha passado dez anos da última vez que a tinham beijado como se deve.

E não é que não a tivessem beijado absolutamente durante esse tempo.

Houve ocasiões em que tinha sido impossível evitar os temidos encontros às cegas programados por seus bem intencionados amigos. Mas nenhum desses poucos homens depois da morte de Ian, faziam muito mais que mordiscar-lhe ansiosamente os lábios, deixando-a indiferente no melhor dos casos, e no pior, irritada e rechaçada. Entretanto, se tinha que ser sincera, Terri não tinha

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provocado nenhum desses beijos. Não os desejava, não tinha estado interessada naqueles homens. Em Bastien, ela estava. Gostava; desfrutava de sua companhia, e seu próprio corpo decididamente reagia a sua atenção. Terri estava grudada a ele, com as mãos apoiadas sobre seu peito, mas se encontrou tentando aproximar-se ainda mais, apertando-se contra ele, enquanto sua língua se adiantava em busca da dele.

O repentino chiado de pneus e o som zangado de uma buzina os interrompeu, fazendo que Terri abrisse os olhos de repente. Com a cabeça inclinada para um lado, prensada contra a bochecha de Bastien, seu olhar só alcançava uma pequena zona da rua. Não pôde distinguir o que causava o ruído, mas o que viu a fez esticar-se e afastar-se por instinto da boca de Bastien. Ele pareceu não notar nada estranho, simplesmente deslizou a boca ao longo da bochecha dela até chegar a sua orelha. Terri quase gemeu ante a nova carícia, com seus olhos começando a fechar-se de novo. Custou-lhe muito esforço lutar contra o impulso.

— Há uma fila inteira de taxistas nos olhando — ela murmurou, ruborizando-se quando dirigiu o olhar para os carros estacionados com seus condutores falando entre si enquanto os observavam.

— Deixe-os — Bastien suspirou em seu ouvido. — Os pobres bastardos provavelmente estão com inveja.

— Mas… — Terri interrompeu seu protesto e seus olhos se fecharam com um estremecimento quando Bastien riu entre os dentes e seu fôlego lhe acariciou a orelha.

— Além disso, os taxistas não são os únicos — ele lhe disse. — Daqui, vejo o porteiro do Hilton, o cara das bagagens, os caras que limpam o vestíbulo, os empregados da recepção, um par de convidados e ao menos uma pessoa na rua — Bastien particularizou cada testemunha com um beijo em seu pescoço, depois segurou sua cabeça, girou-lhe o rosto e a olhou com aqueles olhos — isso é Nova Iorque. Tenho certeza que todos já viram casais se amassando8 antes.

Ele tentou beijá-la outra vez, mas Terri se afastou.

— Amassando? — disse ela.

Bastien piscou e sorriu.

— É uma expressão inglesa. Significa beijar-se, abraçar-se…


8 No original : snogging (British informal) abraço e beijo

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— Sim, sei! Vivo na Inglaterra, lembra? — disse, embora estivesse mais interessada no fato de que agora tinha uma pista para descobrir o acento que tanto a intrigava. — É um indício de seu sotaque. É inglês.

Ele vacilou e depois negou com a cabeça.

— Não. Embora tenha vivido um tempo ali.

— Quando? Disse…

Para evitar o assunto, Bastien a beijou. Não utilizou nenhuma outra arma de persuasão exceto seus lábios. Terri ficou quieta a princípio, e depois de um momento compreendeu que estava esperando por algo — o usual apalpamento.

Mas isso nunca aconteceu. As mãos de Bastien passaram de seus braços para suas costas, mas se limitaram ali. Toda a atenção dele estava concentrada na sua boca, movendo seus lábios sobre os seus com fome e paixão, sua língua deslizando-se para o interior, para dançar com a sua. Depois de um instante, seu sotaque, o fato de que estavam na rua e suas testemunhas, tudo foi esquecido.

Com um suspiro, Terri se entregou à paixão apertando-se contra ele. Suas mãos se elevaram até apoiar-se sobre seus ombros e ali espremeu o tecido da camisa com ambos os punhos em um esforço inconsciente de aproximar-se mais a ele. Embora Terri provavelmente não pudesse aproximar-se mais, já que Bastien e ela estavam tão perto como duas pessoas poderiam estar sem chegar a fazer amor.

O tempo passou em um caleidoscópio de cor e sensações para Bastien.

Tudo que ele sabia ou se importava, era a mulher que tinha entre seus braços e sob seus lábios. Terri era suave e doce, apertando o corpo contra o seu, aferrando-se a sua roupa com avidez. Emitia pequenos gemidos do mais profundo de sua garganta, os quais lhe agradavam e excitavam até o inexprimível. Bastien não havia se sentido tão vivo em séculos. Nunca havia se sentido tão desesperadamente faminto em toda sua vida. Mas também era muito consciente da mulher que sustentava. Terri não era qualquer uma. Poderia ser sua companheira de vida.

Abriu os olhos e olhou através dos cristais do Hilton. Havia três pessoas trabalhando na zona da recepção. Só um estava ocupado com um cliente; Bastien poderia conseguir um quarto em um par de minutos. Considerou brevemente e depois descartou. Terri não era o tipo de mulher para esse tipo de comportamento. Ele sabia por instinto. O tempo que tinha passado com ela, junto a seu próprio conhecimento sobre mulheres adquirido ao longo de quatrocentos anos de vida, o diziam. Se tentasse, a espantaria tão rápido que ele ficaria perguntando como era possível que a mulher que estava entre seus braços tenha se convertido em uma esteira de pó.

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Esses pensamentos cruzaram pela mente de Bastien várias vezes enquanto beijava Terri. E todas às vezes, chegava à mesma resolução. Não. Apressar as coisas era um mau passo. Mas ao final chegou a um ponto em que ou tinha que deter-se ou deveria levá-la a algum quarto.

Beijou-a brandamente um par de vezes mais, e depois se apartou limitando-se a apoiar a cabeça dela sob seu queixo e abraçá-la. Durante um momento, Bastien acariciou suas costas, dando assim tempo ao seu próprio corpo para recuperar o controle de si mesmo. Por fim disse: — Deveríamos voltar para casa.

— A casa — repetiu Terri.

Havia tal tristeza em sua voz que ele a apertou mais entre seus braços.

Soube que ela tampouco queria que isso terminasse. Seu olhar deslizou para as portas giratórias do Hilton, mas afastou a tentação rapidamente.

— Sim — ela suspirou, passeando seus dedos com suavidade sobre o peito dele em um gesto do qual ele suspeitava que ela não fosse consciente de seus efeitos. — Deveríamos voltar já. É quase de dia.

O olhar dele passou rapidamente do céu clareando-se com o amanhecer para o seu relógio, e Bastien fez uma careta. Eram cinco e meia da manhã! Logo estaria totalmente de dia. Tinham estado sentados ali como um par de adolescentes durante mais de uma hora.

— Vamos — Endireitando-a, tomou sua mão e ficou em pé, levantando-a com ele. — Ainda quer andar até em casa, ou chamo um táxi? — Passou seu braço ao redor de Terri para estabilizá-la quando ela se balançou contra ele.

Ele viu como ela observava a fila de táxis. Também notou como suas bochechas avermelharam imediatamente.

— Er… andar seria melhor.

Ele assentiu em entendimento, e começaram a caminhar. Bastien sorriu ligeiramente pelo modo em que ela agora inclinava sua cabeça pela vergonha, sem olhar para os lados. Achava encantador, seu desconforto o fazia desejar beijá-la. Depois de mais de quatrocentos anos vagando por este mundo, Bastien não se preocupava com que os outros pudessem pensar, e até agora tinha acreditado que Terri tampouco. Não se importava em comportar-se de forma ridícula, mas parece que seu nível de comodidade não incluía abraçar e beijar em público. Outra vez se alegrou de não tê-la levado a hotel, provavelmente se

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sentiria mortificada com a ideia de que todos aqueles taxistas saberiam exatamente aonde foram e o que fariam.

— Algo cheira bem — ela disse.

Tinham alcançado o final do estacionamento do hotel e se encontravam parados na esquina, esperando para cruzar a rua. Bastien baixou o olhar para observar como Terri tinha a face elevada e farejava o ar, girando a cabeça tentando encontrar a fonte do agradável aroma.

— Aí em frente — ele indicou, mostrando o posto de café ambulante.

— OH — Terri suspirou. — Tem fome?

A boca do Bastien tremeu ante a pergunta. Faminto? Sentia-se voraz. Mas não de pãozinhos de café da manhã. Passeou sua mão pelo braço de Terri e depois a apertou contra si. Quando o semáforo mudou, pegou-a pela mão e a levou através da rua.

— Vamos, comprar-te-ei algo para que possa aguentar até que cheguemos a casa.

*

Terri despertou depois de apenas quatro horas de sono sentindo-se ótima.

Sentiu-se descansada, faminta, feliz…

Feliz.

Considerou a palavra enquanto escovava os dentes e logo entrou no chuveiro. Terri sempre tinha acreditado ser uma pessoa feliz. E tinha sido. Mas isso era antes de vir à Nova York. Desde que conheceu e tem passado tempo com Bastien, tinha descoberto que a felicidade que havia sentido antes comparada com a que sentia agora, era mais na linha de contentamento. Terri desfrutava de seu trabalho, de sua casa de campo e de seus amigos, mas tinha sido apenas uma espécie de acostamento ao longo da vida. — boiando sobre as águas, por assim dizer. Agora ela estava pulando as ondas, mergulhando e espirrando água.

Pela primeira vez em sua vida, Terri se divertia de verdade. Sentia-se jovem, forte e vital. Sentia-se viva. E assustada. Ter algo pelo que preocupar-se era genial, exceto porque significava que também tinha algo a perder.

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Saiu do banho, envolveu o comprido cabelo em uma pequena toalha de rosto e utilizou uma toalha maior para secar-se com rapidez. Colocando-a depois ao redor do corpo se aproximou do lavabo, tirou a toalha da cabeça, pegou uma escova e começou a pentear-se. Ao princípio não era realmente consciente de seu reflexo, nem sequer pensava nisso. Penteava-se de forma automática, repetindo o ritual de cada manhã para estar apresentável ante o mundo. Mas depois de um momento, começou a fixar-se no reflexo e sua mão reduziu a marcha da escova através de seu úmido cabelo castanho até deter-se por completo.

Deixando as mãos caírem, Terri se observou fixamente em silêncio, olhando-se de verdade pela primeira vez desde muito tempo. Durante anos, apenas tinha dado uma rápida olhada para assegurar-se de que seu cabelo estava arrumado, ou se precisava retocar a maquiagem, mas não se olhava realmente em conjunto. Agora observou seu reflexo com novos olhos, vendo o que pensava que Bastien devia ver: grandes olhos verdes, comprido cabelo de cor mogno, lábios cheios e suaves e um nariz ligeiramente arrebitado.

Individualmente, não havia nada realmente notável nela, ou pelo menos era o que sempre havia acreditado. Mas de algum jeito, essa manhã, tudo tinha se reunido para formar um conjunto realmente encantador. Sua pele brilhava, seus olhos cintilavam, sua boca se curvava nas cantos com um sorriso secreto. Esta era uma mulher que alguém desejaria.

Terri podia não ter prestado muita atenção ao seu aspecto, mas sabia que nunca tinha estado melhor em sua vida. E isso era devido ao Bastien. Ele a fazia sentir especial, querida, desejável. E nem sequer tinha tentado deitar-se com ela ainda.

Sorriu para o seu reflexo. A tinha levado ao museu, compras, ao teatro e para jantar. Ficaram toda a noite brincando e conversando, deram-se uns beijos sem fôlego durante mais de uma hora, tinha-lhe comprado um café e um pão-doce coberto de açúcar, tinham caminhado até o apartamento de cobertura de mãos dadas, a tinha acompanhado até a porta de seu quarto beijando-a ardorosamente uma vez mais para depois lhe desejar doces sonhos com a voz cheia de paixão, e finalmente… a tinha deixado para ir ao seu próprio quarto.

Tinha sido o melhor encontro de sua vida. Ele a tinha feito sentir-se especial, não só por sua cortesia, cuidados e preocupação, mas sim pelo simples fato de não tentar meter-se em sua cama. E isso demonstrou a Terri que Bastien não queria só sexo. Realmente gostava dela. E realmente gostava dele. Era maravilhoso e doce, e eram os melhores dias de sua vida. Doeria-lhe muitíssimo quando terminasse. A dor seria insuportável. Possivelmente pior do que quando Ian morreu. Agora Terri compreendia que o que ela e Ian tinham experimentado era amor juvenil. Tinham sido dois meninos brincando até que a tragédia os tinha

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golpeado na forma da doença de Hodgkin9. Então tudo se tornou terrivelmente sério, e ela se encontrou sendo quase uma mãe para ele, preocupando-se com ele de um modo quase maternal e cuidando dele até o final.

O que começava a sentir por Bastien não era nem amor juvenil, nem maternal. Ele não era simplesmente um amigo com quem brincara durante a vida. Ele estava se convertendo em algo necessário para ela. A fazia sentir completa e satisfeita tão somente com sua presença.

Terri não era estúpida, e sabia que era muito cedo para ter tais sentimentos, mas os tinha. Possivelmente seus sentimentos estavam amplificados devido ao limite de tempo de sua estadia, mas em realidade isso não importava. O

fato era que pensava em Bastien constantemente e queria estar com ele todo o tempo. Ele era a primeira coisa em que pensava ao abrir os olhos pela manhã e a última coisa em que pensava antes de entregar-se ao sonho. E gostava disso.

Gostava da alegria transbordante que sentia. Gostava do modo como seu coração se acelerava quando Bastien entrava em um lugar e a olhava, ou lhe sorria, ou a beijava.

Sim, ela estava mais feliz do que nunca tinha sido em sua vida, e mais assustada também. Terri não queria que lhe fizessem mal, mas tampouco queria perder o que fosse aquilo.

Já que o sentido comum lhe dizia que algo tão rápido não podia ser amor, Terri decidiu proceder com lógica. Seria o mais prudente. Não era amor. Só gostava de Bastien. Muito. E enquanto só gostasse — e não o amasse — possivelmente poderia sobreviver com seu coração ainda intacto quando isto terminasse.

— Posso lidar com isto — Terri disse ao seu reflexo. — Só não se apaixone perdidamente por ele. Continue só gostando.

Sentindo-se um pouco melhor e um pouco menos assustada agora que tinha um plano, Terri reatou a escova em seu cabelo. Desfrutaria do tempo até o casamento. Sairia com Bastien quando ele a convidasse. Compartilhariam as conversas, as risadas e os beijos. Mas não se apaixonaria. Assim, quando tivesse que retornar ao seu lar na Inglaterra, Terri não estaria totalmente despedaçada; só se sentiria terrivelmente triste e resignada porque —como tantas outras coisas— tinha chegado seu fim.


9 O Linfoma de Hodgkin, anteriormente denominado Doença de Hodgkin, corresponde a um dos vários tipos de câncer do sistema linfático. Recebeu este nome em homenagem ao médico inglês Dr. Thomas Hodgkin, que descreveu a doença em 1832.

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*

— Bom dia, raio de sol. Parece muito animada para alguém que se deitou faz apenas quatro horas.

Terri enrugou o nariz e sorriu em resposta à saudação de Vincent enquanto entrava na sala de estar.

— Como sabe a que hora chegamos?

— Escutei os dois falando no corredor. Era tão tarde, que fiquei pensando se teria ocorrido algo que os tivesse atrasado. Abri minha porta para perguntar se tudo estava bem, mas estavam um pouco absortos — Ele meneou as sobrancelhas significativamente. — Supus que tudo ia bem quando os vi se beijando junto à porta de seu quarto. Não quis me entremeter, assim fechei minha porta e voltei a me deitar.

Terri sentiu as bochechas esquentarem. Não tinha se dado conta de que alguém os tinha visto.

— Assim que… toda a noite fora, né? — Chris disse com um sorriso. — O

que estiveram fazendo?

Terri se livrou de responder a pergunta ao ouvir o timbre do elevador.

Alguém queria subir ao apartamento de cobertura.

— Espera alguém? — Perguntou Vincent, elevando uma sobrancelha.

— Na verdade, sim. Da floricultura — Terri se aproximou do painel da parede, alegrando-se de ter prestado atenção quando Bastien estava trabalhando nisso. Apertou o botão para ver no monitor a imagem dos passageiros do elevador e assentiu quando descobriu os homens que traziam os acertos florais. Sem incomodar-se em perguntar lhes quem era, Terri simplesmente apertou o botão para que o elevador subisse e depois girou para o primo do Bastien.

— Você pode atendê-los, Vincent? Só se encarregue de que deixem as flores aqui. Quero preparar um pouco de café.

— Claro.

— Flores? — Perguntou Chris. Terri pensou que soava um pouco estranho, mas muitos homens não entendiam grande coisa de flores, supôs.

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— Sim. São os possíveis arranjos florais para o casamento da Kate e Lucern — explicou enquanto se dirigia para a cozinha. — Bastien vai tirar fotos e enviá-

los para o e-mail da Kate, assim ela escolherá o que mais gosta.

Deixando aos homens para que se ocupassem das flores e de onde as colocar, Terri se dirigiu à cozinha para fazer café. Era uma cafeteira nova, entretanto, com aquele típico aroma de novo; e sabia que antes precisaria por água pura para limpá-la.

Contemplou o resto da cozinha refletindo sobre o que poderia fazer para o café da manhã enquanto a cafeteira esquentava. Podia ter algo que gostasse.

Terri não acreditava que existisse um só tipo de alimento que não tivessem comprado. O que ia comer era outra questão. Pensou em umas torradas, mas lhe pareceram aborrecidas. Os cereais tampouco eram muito emocionantes. E as Pop Tarts10 e os toaster strudels11 eram muito doces para o café da manhã.

Suspirando, Terri passeou brevemente pela cozinha e decidiu por uma omelete. Faria uma omelete grande o bastante para que todos pudessem comer, embora lhe parecesse que Chris e ela seriam os que comeriam a maior parte.

Bastien freqüentemente só bicava sua comida, e Vincent não comia absolutamente. Deveria lhe perguntar a respeito de sua doença digestiva.

Certamente existia algo que ela pudesse cozinhar e que ele poderia comer.

Encolhendo-se de ombros, Terri começou a tirar produtos da geladeira: cebolas, queijo, bacon, pimentões. Talvez também colocasse alguma batata. Ia ser uma omelete gostosa. E também faria torradas. Por alguma razão, essa manhã estava morta de fome.

*
Bastien farejou o ar enquanto caminhava pelo corredor em direção à sala de estar. Tinha dormido até tarde, claro que se deitaram tarde a noite anterior.

Sorriu ao recordar seu encontro com Terri. Tinha sido perfeito, absoluta e completamente perfeito. A peça de teatro, o jantar, a conversa no Maison… a noite tinha passado como se fossem minutos para ele, e essa hora de beijos compartilhados ante o Hilton lhe tinham parecido meros segundos. Terri era uma beleza, uma alegria com a que passar o tempo, e tão interessante e divertida que sempre se sentia cômodo em sua companhia. Era perfeita para ser sua companheira de vida.

Segundo sua mãe, só alguém que ele não poderia ler os pensamentos seria uma boa companheira de vida; os casais nunca deveriam ser capazes de se 10 http://4.bp.blogspot.com/-TXJOQ3qhIEk/TViH01aZvJI/AAAAAAAAAxU/7It_Z65sdiM/s1600/pop-tarts1.jpg 11 http://randombumbles.com/wp-content/uploads/2008/02/toaster_strudel_482x193.jpg

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meterem nos pensamentos um do outro. Deveriam ser compartilhados voluntariamente, Marguerite dizia, não roubados como frangos de um galinheiro.

Bastien não podia ler os pensamentos de Terri. Mas ela os compartilhava livremente.

Um suspiro de prazer deslizou de seus lábios, e Bastien sorriu amplamente para si. O que mais gostava de Terri além de tudo eram sua franqueza e sua honestidade. Sua paixão pela vida, sem contar a paixão que tinha revelado entre seus braços, não tinha preço. Ele tinha vivido o bastante para saber que um afeto e uma paixão tão abertas eram um estranho achado nesses dias. A maior parte das pessoas permitiam que o medo amortecesse seus sentimentos e respostas.

Terri não era como eles. Estava cheia de vida, era maravilhosa e extremamente…

morta?

Deteve-se em seco na entrada da sala de estar e olhou boquiaberto para Terri, deitada silenciosamente no chão. Seu corpo estava estendido como uma boneca de trapo, seu delicioso cabelo castanho formando um halo ao redor da cabeça.

Dois reveladores pontos vermelhos marcavam seu esbelto e encantador pescoço.

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Capítulo 9


— OH, meu belo e másculo vampiro. Aaatchoo! — Aquela voz de falsete, por não falar do espirro, desviou a atenção de Bastien de volta dos dois homens que estavam de pé a poucos centímetros do corpo tendido de Terri. Vincent e… Chris?

Acreditava que era o editor, mas não podia ter certeza. O homem tinha um lençol sobre sua cabeça e o estava sujeitando sob seu queixo como se fosse a Chapeuzinho Vermelho. Tendo isto em conta, e a verdadeiramente má imitação de uma voz feminina que o editor estava tentando, Bastien adivinhava que se supunha que tinha que ser uma mulher. Por algum motivo.

— Como meu coração bate por t… atchoooo! ti, Drácula. Aviva meu fogo, meu desejo — Chris deixou cair a página que estava lendo com desgosto. — Quem escreveu esta baboseira?

— Um dramaturgo. — Vincent aspirou. — Um dramaturgo profissional.

— Bom, eu sou um editor pró… atchooo! profissional. E não atchooo!

publicaria esta fileira de bobagens.

— Você simplesmente não entende a parodia. — Vincent repreendeu. — Não ouviu falar de uma pequena obra, adaptada depois em um filme, chamada ?The Rocky Horror Picture Show??

— Essa era uma boa parodia. — Chris informou-lhe, esfregando seu nariz.

— Esta atchoo! é uma porcaria. Deus, desejaria que o cara da farmácia me trouxesse essas atchoo! pílulas contra a alergia de uma vez.

— Acredite, eu também. — Disse Vincent. Localizou Bastien na entrada e sorriu. — Primo! Então finalmente resolveu juntar-se aos vivos, não é?

— Sim. — Seu olhar retornou para Terri, que abria os olhos enquanto se sentava para lhe olhar, ficando logo de pe.

— Bom dia. — Disse alegremente. — Dormiu bem?

Assentindo, Bastien se moveu decidicamente para frente. A curiosidade lhe estava matando. Os olhos de Terri se abriram surpreendidos quando se deteve ante ela, esfregou um dos pontos vermelhos de seu pescoço e ele pressionou contra sua língua.

— Molho? — Perguntou com incredulidade. Um par de gotas de molho era o que quase lhe tinha provocado o equivalente vampírico de um ataque ao coração?

Ele pensava que…

— Ketchup, na realidade. — Terri riu enquanto limpava o resto. — Estávamos ajudando Vincent com seu texto. Eu era Lucy, e Chris é Mina. —

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Olhou para o editor, que espirrou violentamente três vezes seguidas. Então ela se inclinou para o Bastien para lhe dizer sussurrando. — É alérgico às flores. Sugeri ir a um lugar até que possamos fazer as fotos e tirar as flores, mas diz que não funcionará.

— Foi a primeira coisa que fiz quando chegaram. — O editor queixou-se. — Mas há tantas atchooo! que o pólen está por todo o apartamento. Atchoo! Não é muito melhor que estar lá fora. — Tirou o lençol da cabeça e dos ombros e se afundou no sofá com um gemido.

Bastien se virou lentamente, unicamente notando agora as flores que enchiam o salão e que lhe faziam parecer uma maldita floricultura… ou um velorio. Não entendia como não as tinha notado a primeira vista, exceto a vista de Terri estendida de barriga para baixo no chão lhe tinha afligido tanto que não tinha notado nada mais.

— Fiz o café da manhã. — Anunciou Terri, atraindo a atenção de Bastien.

— Omeletes. Deixei um pouco do mexido na geladeira para quando se levantasse.

Quer um pouco?

Bastien observou seus brilhantes olhos e seu esperançoso sorriso, e se encontrou com um sorriso próprio lhe curvando os lábios.

— É adorável.

— Ótimo. Levará apenas um minuto. — Lhe assegurou alegremente, então girou sobre seus calcanhares e tomou seu caminho.

Bastien duvidou e então a seguiu. Tinha querido dizer que ela era adorável, não que uma omelete no café da manhã seria adorável. Mas estava tudo bem.

Comeria a omelete já que ela teve o trabalho de fazer o suficiente para ele. Na realidade, soava bem de todas as formas. Uma omelete. Feita com as próprias mãos de Terri.

Voce entendeu errado. As palavras penetraram em sua mente com um cacarejo divertido. Vincent!

Bastien ignorou-o.

*
— Gostaria de uma xícara de café? — Perguntou Terri enquanto ele entrava na cozinha. Agarrou uma tigela da geladeira cheia com uma mistura de ovos e outros ingredientes variados.

— Eu pegarei. — Disse Bastien e se dirigiu à cafeteira. Normalmente tratava de evitar esse tipo de coisa; a cafeína tendia a exagerar seus efeitos nos de sua espécie, mas era pela manhã, muito antes que tivesse que voltar a dormir.

Houve um tempo quando ele devia estar dormindo após passar a noite inteira acordado. Alguns membros de sua família, e achava que também outros membros de sua espécie, ainda mantinham seus horários noturnos, mas para

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Bastien já não lhe era possível fazê-lo e, além disso, tinha que gerenciar as Empresas Argeneau de maneira eficiente. A maioria dos negócios se fazia durante o dia, e Bastien achou mais singelo simplesmente consumir mais sangue do que normalmente estivesse necessitando e tratar os assuntos durante o dia.

— Quer uma torrada com sua omelete? — Perguntou Terri.

— Não. Obrigado. — Apoiando-se contra o balcão, observou-a colocar uma frigideira sobre um dos fogões e acender o fogo enquanto batia o conteúdo da tigela. —Quanto tempo faz que esta de pé?

— Aproximadamente uma hora. — Jogou um pouco de azeite na frigideira, assentindo satisfeita quando começou a espirrar e rodar ao redor da quente superfície. — As flores chegaram justo quando começava a fazer a omelete. Não podia acreditar quantas havia quando terminaram de entrar. Acredito que o florista ficou maluco.

Bastien sorriu e observou-a jogar a mistura na frigideira.

— Eu tampouco sabia que haveria tantas. Começarei a fazer fotos assim que termine com isto.

Terri lhe dedicou um sorriso de simpatia enquanto deixava ao lado uma tigela vazia.

— São muitas fotos. Posso te ajudar se quiser.

— Eu gostaria.

Os dois ficaram em silencio durante um momento. Terri estava ocupada movendo a omelete na frigideira para evitar que se queimasse. Ele estava ocupado olhando-a. A cozinha rapidamente começou a encher com um rico aroma das cebolas e das especiarias.

— Ontem tive uma ótima noite. — Disse Bastien atropeladamente, podia bater em si mesmo. Mas Terri encontrou seu olhar, com um sorriso florescendo em seus lábios.

— Eu também. — Admitiu timidamente.

Caíram em silêncio de novo; então Bastien elevou uma mão para percorrer com o nódulo de um dedo sua bochecha. Ela fechou os olhos imediatamente, e Terri inclinou seu rosto para sentir a carícia como um gato sendo mimado. Essa ação foi impossível para ele de resistir: deixou que sua mão se deslizasse para sujeitá-la por detrás do pescoço, atraindo-a para si e cobrindo sua boca com a dele, sorrindo quando seus lábios se abriram. Bastien imediatamente aprofundou seu beijo. Ela tinha sabor de ervas e especiarias, e a algo doce. Suco de laranja, pensou. Se o café da manhã era tão bom como seu sabor, seria um prazer comer.

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Um pequeno gemido chegou a seus ouvidos e soprou as chamas dentro dele. Os beijos de Bastien se tornaram brutais, exigentes, e Terri respondeu facilitando para ele. Suas mãos arrastaram-se ao redor de seu pescoço.

Ela gemeu, logo se arqueou mais perto dele enquanto Bastien deixava que suas mãos acariciassem suas costas acima e abaixo. Sentia-se bem entre seus braços. Ela pertencia a esse lugar. Gostava de tê-la ali. Sentia-se bem, cheirava bem e tinha um gosto bom também. E a maneira que Terri gemia, estirava-se e se apertava contra ele era irresistível. Poderia seguir beijando-a para sempre.

— Sua omelete… — Murmurou ela quando ele se separou um pouco para deixar um rastro de beijos por seu pescoço.

A boca de Bastien se deteve junto a sua orelha, e quase amaldiçoou, mas se afastou. Com um suspiro, depositou um último beijo em seu nariz e logo a liberou.

Terri sorriu com simpatia ante a insatisfeita expressão dele e se voltou para a cozinha. Felizmente, seu pequeno interlúdio não tinha queimado a omelete.

Estava clara e macia, e cheirava celestialmente quando a serviu momentos mais tarde em um prato e o alcançou.

Terri se sentou com ele enquanto comia, e Bastien acabou devorando a omelete inteira. Por melhor que estivesse, ele suspeitava que a comia em um esforço por saciar outra fome que lhe estava consumindo. Aquela que sentia pela mulher que se sentava frente a ele, bebendo café e conversando alegremente.

Bastien alegrou-se por ter comido toda a omelete quando Terri comentou feliz que essa era na realidade a primeira vez que lhe via comer algo com substância desde sua chegada. Parecia satisfeita, e muito orgulhosa de que fora ela que tinha cozinhado. Bastien lhe assegurou que estava absolutamente deliciosa, logo beijou-a e lhe agradeceu a comida antes de encaminhar-se para o salão. Tinha que encarregar-se das flores e das fotos que supostamente ele tinha que tirar.

Terri se uniu logo, e sugeriu levar as flores à varanda do escritorio, de uma em uma para fazer as fotos, e logo as tirar todas do apartamento para assegurar-se de que não deixariam nenhuma de fora e nem haveria fotos repetidas. Ao menos, essa era a desculpa. Bastien suspeitava que na realidade ela esperava aliviar algo do desconforto do editor tirando a fonte de sua desgraça. Não importava. De toda forma, a varanda tinha melhor luz pela manhã, e as fotos sairiam melhor. Depois de anos sem luz do dia, desfrutava vendo o sol e podia fazê-lo, desde que as janelas estivessem tratadas para não deixar ultrapassar os raios UV.

Terri foi muito suscetível com os acertos. Bastien teria se limitado a passear tomando uma foto atrás de outra até que tivesse acabado, mas ela insistiu em ter um fundo diferente e iluminação para cada tomada de maneira que Kate pudesse ter ?uma idéia real? de cada acerto. Entre isso e o processo de descarregar cada três ou quatro fotografias, demoravam mais tempo do que

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esperado. Tinha se passado do meio-dia antes que estivessem ao que Bastien estimava, na metade do trabalho. Estava esperando pacientemente enquanto Terri se preocupava com a colocação de outro acerto quando notou o modo em que se esfregava ausentemente a nuca enquanto se inclinava para trocar o vaso.

— Esta com dor no pescoço? — Perguntou, baixando a câmera e aproximando-se dela.

Terri endireitou-se e olhou-o por cima do ombro. Ele começou a massagear brandamente os músculos da parte superior de suas costas e pescoço.

— Um pouco. — Admitiu ela, relaxando-se sob seu contato. Emitiu um pequeno suspiro. — Acredito que devo ter dormido em má posicao esta noite. Tive uma espécie de cãibra por toda manhã, mas agora esta realmente me incomodando.

— Hummm. — O olhar de Bastien se desviou para a parte superior de sua cabeça enquanto trabalhava, notando que seu cabelo não era simplesmente marrom. Havia reflexos loiros e vermelhos entre os fios castanhos. Tinha um cabelo encantador.

— Obrigada. — Murmurou Terri, e Bastien congelou quando se deu conta de que tinha feito o comentário em voz alta. Mas congelou só brevemente; logo agarrou seu cabelo em um punho e o colocou sobre o ombro dela de maneira que estivesse fora de seu caminho, revelando seu pescoço enquanto continuava a massagem.

— Tem um pescoço encantador. — Comentou enquanto deixava que suas mãos se deslizassem por suas costas, começando a incluir a parte superior de seus ombros na massagem.

— Eu… — Terri deteve-se contendo o fôlego enquanto ele se inclinava para beijar a tenra carne que tinha revelado — Bastien… — Sussurrou.

Ele correu sua lingua em circulos sobre o ponto que acabava de beijar, e havia tanto desejo na voz dela que ele fechou os olhos para saboreá-lo. Suas mãos abandonaram as costas do Terri e se moveram para baixo por seus quadris, voltando outra vez a subir e novamente para baixo, cada carícia ascendente lhe levando mais para a parte dianteira de seu corpo e lhe aproximando sedutoramente às curvas de seus seios.

Um gemido baixo se deslizou dos lábios dela quando Bastien finalmente deslizou suas mãos o bastante proximo para roçar as suaves curvas. E quando finalmente ele deixou de resistir e abrangeu os dois seios com ambas as mãos, Terri se reclinou contra seu peito com um murmúrio de prazer.

— OH, Bastien. — Sua voz era sonolenta e doce. Ele moveu a boca sobre sua garganta, logo para sua orelha, e se concentrou ali enquanto acariciava seus suaves seios através do ligeiro pulôver rosado.

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As mãos dela subiram para cobrir as suas, e ele se deteve, até que os dedos do Terri se apertaram sobre os seus, lhe encorajando-o a segurá-la com mais firmeza, a massagear sua carne. Então Bastien deslizou suas mãos para baixo.

Escutou seu gemido com o que parecia um pouco de desapontamento. Esse gemido morreu abruptamente, e pareceu que ela continha a respiração enquanto ele deslizava seus dedos sob a prega do pulôver e lhes permitia correr por sua carne nua sob o pulover.

Terri era quente, sua pele lisa e suave. Não houve impedimentos a sua carícia até que chegou à base de seu sutiã. Ali Bastien deteve-se com indecisão, logo cruzou suas mãos sobre o seio dela, permitindo que sua mão direita encontrar o fecho frontal do sutiã e deslizar-se debaixo.

— OH. — Ela se elevou ligeiramente nas pontas dos pés e se arqueou para trás contra seu peito enquanto a mão dele abrangia sua cálida e nua carne. — Bastien? — A incerteza e o rogo estavam contidos nessa palavra, e Terri disse seu nome com um toque excitado que provocou a ele sensações incriveis. Ele estava tendo esse efeito nela. Ele era a razão pela qual seu mamilo era um duro seixo sob seus dedos. Ele era o porquê sua respiração se tornou rápida e entrecortada.

— Terri… — Bastien gemeu, logo tirou sua mão esquerda de dentro de seu pulôver para agarrá-la por baixo do queixo e lhe fazer girar o rosto de maneira que pudesse alcançar sua boca. Sua resposta foi de gratificação, embora assombrada. Desta vez foi ela quem deslizou a língua e a empurrou dentro de sua boca para encontrar-se com a sua assim que ele abriu os lábios. Estava beijando-o com uma paixão que falava eloquentemente do efeito que tinha sobre ela. Terri o desejava.

Tirando também sua outra mão, Bastien a virou para colocá-la de frente para ele sem romper o beijo; logo assumiu o controle, sua própria língua açoitando a dela e empurrando com igual paixão. Nunca tinha desejado tanto a ninguém em sua vida como Terri neste momento. Queria devorá-la. De fato, não havia nada mais no mundo que pensasse que gostaria mais de fazer.

Movendo-a para trás e a um lado, Bastien encorajou Terri a deitar-se sobre o sofá que havia em uma parede do escritorio. Ele se recostou pela metade sobre ela, apoiando seu cotovelo no encosto de braço sobre sua cabeça e colocando um joelho entre suas pernas, tentando manter a maior parte de seu peso apoiada, e o beijo voltou-se frenético. O corpo de Bastien insistia em tocá-la em todas as partes de uma vez, a lhe arrancar as roupas e explorá-la com o anseio e o desejo que estava sentindo, mas obrigou-se a permanecer controlado, temendo que pudesse assombrá-la e aterrorizá-la com semelhante ação.

Era difícil resistir. Tinha passado tanto tempo desde que tinha estado com uma mulher. Parecia uma eternidade desde que havia sentido a urgência de fazê-

lo; mas agora a fome nele era pior que qualquer uma que tivesse experientado.

Inclusive sua necessidade de sangue nunca tinha ultrapassado o anseio que sentia neste momento.

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Terri gemeu e se retorceu contra ele, arqueando-se para cima quando a mão dele encontrou seu seio de novo através da suave malha de seu pulôver.

Bastien estava, a princípio, frustrado porque não fora uma blusa que pudesse desabotoar e abrir, mas seu cérebro começou a trabalhar de novo e interrompeu o beijo para inclinar-se ligeiramente para trás. Agarrando a prega do pulover, levantou-o para revelar o sutiã rosa que ela usava.

As palavras coordenação de cores e feminina se introduziram em sua mente, e Bastien quase riu ante o tolo pensamento. Logo notou o tom canela escuro de seus mamilos visível através do sutia rosa, e um estremecimento de antecipação lhe percorreu. Antes inclusive de dar-se conta do que pretendia, Bastien tinha abaixado para cobrir com a boca esse ainda ereto e excitado mamilo através do sutiã.

Terri gritou e tremeu. Suas mãos agarraram violentamente o cabelo dele, lhe atraindo fortemente para ela e encorajando-o. Ele moveu a língua sobre a malha do sutiã, umedecendo-o junto com o duro mamilo.

— Bastien! — Ela ofegou seu nome em um grito de pura necessidade, e começou a puxar seu cabelo. Ele cedeu ante sua exigência e elevou a cabeça, lhe permitindo que o empurrasse para cima para cobrir sua boca com a dele.

— Ahhhhhhhhhhhhh!!

Terri se esticou embaixo dele. O grito vinha do exterior, e lhes tinha alcançado no escritorio. Os dois ficaram quietos, esperando. Quando seguiu o silêncio, Bastien se relaxou e começou a beijar Terri de novo, só para deter-se quando chegou um segundo grito.

Dando um suspiro, elevou sua cabeça e encontrou o olhar Terri.

— Possivelmente se ignorarmos, quem quer que seja partirá. — Murmurou ela esperançada.

— Possivelmente. — Ele concordou, para olhar logo preocupado ao redor ante o som de cristal rompendo-se. Foi seguido por um grito de advertência de Vincent, o que ajudou Bastien a identificar que os dois primeiros gritos tinham sido de Chris Keyes. Não parecia que a situação iria se resolver, qualquer que fosse. Virando-se, depositou um beijo sobre o nariz de Terri.

—Temo que terei de ver o que as crianças estão fazendo. — Disse com uma careta.

Terri soltou um suspiro, mas assentiu e inclusive conseguiu sorrir. Deixou de lhe rodear com os braços, de maneira que os dois pudessem sentar-se.

Bastien ajudou-a a arrumar a roupa, logo ficou de pé, levantando-a junto com ele, e conduziu-a para a sala. O que encontraram ali era uma cena de algum louco sonho induzido pelas drogas. Quando entraram, viram o Chris saltando como um louco sobre a mesinha de café com sua perna boa, sacudindo

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grosseiramente o ar com uma muleta enquanto alternativamente espirrava e grasnava. Sua segunda muleta estava esquecida no chão entre o sofá e a mesa.

Quanto a Vincent, o primo de Bastien, tinha retirado a capa e estava seguindo o editor, sacudindo-a no ar sobre a cabeça do homem de uma maneira meio enlouquecida e golpeando a cabeça do Chris a cada dois ou três golpes.

Bastien não pôde decidir se estava sendo testemunha de alguma nova dança ou se seu primo estava atacando o C.K.

Dirigiu um olhar inseguro para Terri.

— Esta é outra cena da obra?

— Não sei. — Admitiu ela. Sua expressão era uma mistura de preocupação e atordoamento. — Suponho que pode ser.

— Hummmm. — Bastien virou-se para o casal dançarino, perguntando-se se deveria interferir. Ou inclusive se queria fazê-lo. Logo ficou rígido. Chris fazia quase um círculo completo ao redor da mesa de café e estava agora saltando para onde jazia sua muleta abandonada. Infelizmente estava muito ocupado agitando grosseiramente a outra muleta para dar-se conta.

Bastien abriu sua boca em advertência, mas Terri também tinha visto o problema e tinha se adiantado.

— Chris! Cuidado! Sua… — Estremeceu quando ele tropeçou com a muleta, flutuando loucamente durante um minuto em um esforço de manter o equilíbrio, para logo gritar quando um igualmente distraído Vincent se chocou contra ele. Os dois caíram estrelando-se ao chão em um enredo de pernas agitando-se.

— …muleta, — Terminou Terri com um suspiro.

— Voce tentou. — Disse Bastien, dando-lhe golpezinhos consoladores no ombro. Depois os dois correram para frente enquanto Vincent lutava para desenredar-se de um choramingo de C.K.

— O que voces dois estavam fazendo? — Bastien perguntou. Agarrando seu primo pela mão, dando-o impulso, ajudando Vinny a ficar de pé e separá-lo do editor, que estava definitivamente sofrendo o pior da luta.

— Havia uma abelha. — Explicou Vincent.

— Uma abelha? — Bastien abriu a boca incrédulo. — Todo este alvoroço por uma abelha?

— Essa abelha? — Terri gesticulou para um pequeno inseto que estava agora zumbindo em círculos sobre a cabeça do editor.

Chris tinha estado estendido com os olhos fechados, tratando de recuperar o fôlego. Esses olhos se abriram agora de repente, cheios de terror.

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— O quê? Onde está?

— É só uma abelha, cara. — Disse Bastien para lhe tranquilizar. Quase sentia vergonha pelo homem, saltando e gritando como uma menina, e tudo por esse pequeno inseto. O editor parecia que ia molhar suas calças nesse momento.

— É milhares de vezes maior que ela. Tenha melhor opinião de ti.

— É alérgico às abelhas. — Explicou Vincent em um sussurro.

— OH. —Bastien grunhiu, entendendo um pouco melhor. — Bem, demônios — Acrescentou enquanto a abelha decidia pousar no nariz do editor. — Isso não pode ser bom.

— OH, Deus. — C.K. gemeu.

— Quanto alérgico você é? — Terri parecia preocupada. Sua expressão trocou completamente para uma de pânico, entretanto, quando em lugar de responder, Chris tirou seu lábio inferior para soprar para seu nariz em um esforço de fazer que a abelha saísse. — Não sopre para ela! Li em algum lugar que se sopra-las as enfurece e as faz…

— Auuuuuu! — C.K. gritou.

— …picar. — Terri terminou horrorizada. Aparentemente a abelha tinha decidido que já tinha suficiente, e tinha feito justamente isso. Virou-se bruscamente para Vincent. — Quão alérgico ele é?

— Como posso saber?

— Bom, você sabia que era alérgico!

— Bom, ele disse que era quando a abelha chegou voando por cima de um dos arranjos. — Explicou o ator. — Mas estava ocupado saltando ao redor todo o tempo, tratando de escapar dela. Não se deteve em entrar em detalhes.

— OH, Deus.

Quando Terri virou-se para ele, Bastien elevou uma sobrancelha.

— Acredito que deveríamos chamar uma ambulância. — Disse ela.

— Possivelmente ele tenha uma dessas injeções. — Vincent sugeriu, atraindo a atenção de Terri. — Uma vez trabalhei com uma mulher que era alérgica a amendoins, e sempre levava consigo uma injeção de adrenalina, ou algo assim.

Bastien ignorou ambos enquanto continuavam discutindo o que fazer.

Tinha estado observando o editor esperando alguma reação, e estava alarmando-se pela velocidade a que o nariz do homem estava inchando e sua mudança de cor. O homem precisava de cuidados imediatamente, e uma ambulância não serviria. Não seria o suficientemente rápida. A menos que Chris tivesse uma

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dessas injeções mencionadas por Vincent, levá-lo de carro ao hospital imediatamente era a principal prioridade.

— Tem uma injeção? — Perguntou, ajoelhando-se junto ao editor. Quando C.K. sacudiu sua cabeça, Bastien assentiu e o agarrou em seus braços. — Alguém pode pegar as chaves do meu carro na mesa de café? — Perguntou enquanto saía apressadamente da sala.

Houve silêncio um minuto, logo um súbito rumor de sons e movimentos detrás de Bastien. Quando chamou o elevador e as portas se abriram, Vincent e uma Terri sem fôlego estavam ao seu lado.

— Tenho suas chaves. — Vincent assegurou-lhe. Entraram todos no elevador, empurrando Bastien e sua carga para frente.

— E eu tenho uma caneta. — Acrescentou Terri.

— Uma caneta? — Vincent se virou para apertar o botão do piso do estacionamento e olhou-a com estranheza.

— Sim. Já sabe. Se por acaso tivermos que fazer um desses furos na garganta. — Explicou ela.

— Furos na garganta? — Quando Vincent olhou Bastien com incredulidade, Bastien simplesmente sacudiu sua cabeça. Não tinha a menor pista do que estava falando.

— Já sabem. Se sua garganta se fechar e não poder respirar, terão que fazer um buraco em sua traquéia e colocar o tubo da caneta para que possa respirar através dele.

Um gemido apagado desviou o olhar do Bastien de volta para a agora cinza cara do editor. O homem estava bastante horrível. Quase verde. Bastien não pôde decidir se era porque estava tendo problemas para respirar, ou porque Terri acabava de involuntariamente lhe assustar com o tema.

— AH. Uma traqueotomía. — Vincent assentiu. — Poderia ser necessária.

— Não se preocupe, Chris. — Terri golpeou o braço do editor em um esforço para lhe acalmar. — Não deixaremos que morra. Faremos o que seja para te manter com vida.

Embora o homem não dissesse nada, Bastien teve a impressão de que a tranqüilidade de Terri era mais aterradora para o Chris que o fato de que estivesse começando a ter problemas para respirar.

Enquanto as portas do elevador se abriam para o estacionamento, Bastien correu para sua Mercedes.

*

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— Como se sente? — Terri perguntou enquanto Bastien colocava Chris no sofá algumas horas mais tarde.

— Deixe-me morrer em paz. — Disse ele. Ao menos, isso é o que Terri pensou que havia dito. Era difícil de dizer com sua voz tão desvirtuada como estava. A cara do editor estava torcida e em um vermelho furioso. Parecia como se tivesse estado em uma briga e tivesse perdido. Ela simplesmente não podia acreditar que o hospital tivesse lhe dado alta. Com seu aspecto deveriam ter lhe deixado por uma semana. E seus forçados esforços para respirar não eram tranquilizadores. Entretanto o doutor lhe tinha injetado muito de alguma coisa, tinha-lhes feito sentar-se durante horas para que pudessem ?observar? C.K., e depois lhes tinha assegurado que ficaria bem. Tinham ido ao hospital a tempo de lhe salvar a vida.

Bom, se C.K. morresse, sua família deveria processar, e Terri estaria ansiosa de declarar a seu favor. Estava segura de que o hospital deveria lhe haver mantido durante ao menos uma noite em observação. Como não o tinham feito, ela mesma ficaria de olho.

— Terri?

— Hmmmmm? — Endireitou-se afastando-se de Chris para olhar Vincent, que se deixou cair cansadamente em uma cadeira.

— A próxima vez que tenhamos uma emergência e queira conduzir, me lembre que diga nao.

Terri fez uma careta. Tinha insistido em conduzir quando desceram ao estacionamento subterrâneo. Bastien tinha deixado Chris no assento traseiro do carro e tinha subido ao mesmo tempo que dizia: — Um de vocês fique do outro lado no caso de necessitar ajuda.

Isso tinha sido tudo o que ela tinha que ouvir; Terri tinha apanhado as chaves de um assustado Vincent, tinha-lhe estendido a caneta e tinha saltado ao assento do condutor. Logo tinha tido que deslizar-se até o outro assento, porque tinha esquecido que o assento do condutor estava à esquerda na América, enquanto que estava à direita na Inglaterra.

— Falando do tema… — Disse Bastien ociosamente, aproximando-se do bar para agarrar um copo. — Tem carteira de motorista internacional, Terri?

— Er… não. — Ela se contorceu incômoda, sabendo que na realidade não deveria ter dirigido. Mas ao deparar-se com a opção de dirigir, ou possivelmente ter que ajudar Bastien a cortar a garganta do editor, conduzir tinha sido sua melhor opção. Terri não era muito boa com sangue e essas coisas. Tinha sido por isso que tinha pegado as chaves e pulado no carro, deixando Vincent sem outra opção além da de entrar atrás com Bastien.

Notando a troca de olhares entre os dois primos, Terri sentiu que isso ameaçava-a a assinalar:

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— Mas chegamos lá bem rápido.

— E inclusive inteiros. — Acrescentou Vincent secamente. — Acredito que devo te indicar que os limites de velocidade na Inglaterra são mais altos que aqui.

Terri mordeu o lábio para evitar sorrir. Nunca esqueceria quando olhou pelo espelho retrovisor e viu o rosto de Vincent empalidecer, e a maneira em que se agarrava ao assento apavorado enquanto ela virava bruscamente de um lado a outro entre o tráfico em velocidade perigosa, tratando de chegar ao hospital o mais rápido possível. E tudo enquanto Bastien gritava as direções do assento de trás.

— À direita na seguinte esquina! À esquerda aqui!

Ela tinha ido tão rápido que poderia jurar que tinha tomado um par de curvas sobre duas rodas.

— Fez um bom trabalho. — Disse Bastien de modo tranquilizador, jogando whisky em um copo. Então arruinou o efeito engolindo a bebida em um só gole.

— Eu poderia tomar um desses também. — Vincent decidiu enquanto Bastien enchia outro.

— Bom… — Terri jogou uma olhada a Chris. O pobre homem estava profundamente dormindo, o que a fez vacilar. Estava a ponto de lhe perguntar se necessitava algo para sentir-se mais cômodo. Não era necessário.

— Suponho que deveria ligar para o chefe dele e de Kate. — Disse Bastien, saindo do bar com dois copos. — Terei que ligar e deixar uma mensagem na secretária eletrônica, lhes informando de que Chris não estará em forma para ir ao escritório amanhã como tinha planejado.

O editor tinha decidido no dia anterior que poderia trabalhar tão confortavelmente no escritório como no apartamento, agora que sua perna não doía tanto. Havia dito que provavelmente seria melhor para ele de qualquer modo, menos distrações. Terri supôs que isso estava fora de questão agora mesmo.

Bastien entregou a Vincent o segundo copo que tinha preparado, logo se virou lentamente para contemplar as flores em quase cada superfície da sala.

Terri olhou ao redor também. Milagrosamente, nenhum dos arranjos restantes tinha sido quebrado pela briga. O cristal quebrado que tinham ouvido antes tinha sido aparentemente, a xícara de café de Chris chocando-se contra o chão.

— Suponho que deveria fazer essa ligação, e retornar logo para terminar as fotografias. — Ele decidiu.

— E eu limparei a xícara quebrada enquanto faz a ligação, logo te ajudarei.

— Terri anunciou.

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— E eu… — Vincent deteve-se baixando o whisky. Deixando o copo vazio de lado. — Tenho que me alimentar. Quero dizer, encontrar algo para comer. Estou esfomeado.

Terri jogou uma olhada a seu relógio ante o aviso.

Tinham perdido a maior parte da tarde no hospital. Era agora pouco mais das sete. Não tinham comido desde o café da manha.

— Por que não faz algo para comer, Terri? — Bastien sugeriu. — Posso cuidar do resto das fotos sozinho enquanto você cozinha.

— Concordo. — Ela assentiu lentamente. — Há algo em particular que goste?

— Não estou com fome. Só faça o que você quiser. Tomarei um… er…

sanduíche… mais tarde se tiver fome.

Terri duvidou, logo disse:

— Farei um par de sanduíches, e os trarei para o escritorio. Poderemos comer enquanto trabalhamos.

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Capítulo 10


— Bem, uma crise a menos para nos preocuparmos — anunciou Bastien quando Terri entrou no escritório. — Kate recebeu o e-mail ontem à noite. Lucern e ela revisaram as fotografias, escolheram os acertos que queriam, e me reenviaram essas fotos. Estavam em minha caixa de entrada quando me levantei pela manhã, e acabo de telefonar ao Roberto para lhe transmitir a decisão. — Estreitou os olhos quando notou a séria expressão do Terri. Ela se aproximou da mesa. — Não parece feliz. Deveria estar aliviada. Evitamos a tragédia. O

casamento está salvo.

— Me alegro de ter evitado esse problema. Agora temos outro.

Depositou o jornal que trazia com ela sobre a mesa diante dele, e Bastien baixou o olhar. Ela o tinha dobrado pela metade. Havia três histórias expostas.

— Suponho que não quer que eu leia o artigo onde dizem que está sendo feito um censo canino em Nova Iorque — brincou ele.

— Olhe o artigo ao lado desse — sugeriu ela.

— ?A bancarrota provoca o suicídio de um dono de Buffet? —leu ele em voz alta, e logo elevou o olhar sem compreender. — E?

— Estou bastante segura de que esse é o fornecedor do Kate.

— Santo Deus — ofegou Bastien.

— Hmm — Soltando um suspiro, Terri se deixou cair no assento que estava em frente a mesa. — Embora não estou certa de tudo.

Contemplaram-se o um ao outro durante um momento, então Bastien alcançou o telefone.

— São pouco mais das seis da manhã em Califórnia — lhe recordou Terri, adivinhando sua intenção de chamar Kate e Lucern.

Bastien vacilou.

— Muito cedo?

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— Por isso Kate me contou sobre as conferências, duram até muito entrada a noite. Provavelmente não se levantará até dentro de uma hora como mínimo. E

eu não quereria despertá-la com estas notícias.

— Não. Tem razão. — Voltou a colocar o telefone em seu lugar. — Deveria esperar outra hora ao menos.

— Eu o faria. — Concordou Terri.

Bastien assentiu com a cabeça e depois começou a tamborilar com os dedos sobre a mesa. Não estava acostumado a permanecer parado em momentos de crise, mas tampouco tinha nenhuma pista de como proceder. E desta vez, inclusive ele se dava conta de que sim, era uma crise.

— Poderíamos fazer uma lista de buffets que poderíamos contatar se por acaso este tipo resulta ser o contratado para o casamento — sugeriu Terri depois de um momento.

— Boa idéia. Ao menos dessa forma não lhes chamaremos só com as más notícias. Se é que é ele. — Acrescentou Bastien.

Esperando sinceramente que não fosse, tirou as Páginas Amarelas da gaveta. Terri se levantou e rodeou a mesa para olhar por cima de seu ombro.

Bastien começou a passar as folhas, em busca da seção de buffet. Relaxou-se um pouco quando comprovou que a lista ocupava várias páginas.

— Há dúzias deles — murmurou Terri.

— Sim. Isso é bom. Não?

— Não necessariamente — respondeu ela. — Muitos deles estarão lotados e não estarão disponíveis, e perderíamos tempo lhes chamando. Além disso, não tenho idéia de quais são melhores. E você?

— Maldição — ofegou Bastien. Ele era o homem dos detalhes, o homem das decisões, o homem daquelas crises a quem todos procuravam quando surgia um problema. Mas nunca tinha enfrentado este tipo de problema. A comida não era uma grande prioridade na vida do Bastien, e portanto era um problema com o qual não tinha nenhuma experiência. As únicas vezes em que tinha tido que preocupar-se com a comida era durante as reuniões de negócios que incluíam mortais, e se limitava a lhe transpassar o problema a...

— Meredith!

— Meredith? — Perguntou Terri.

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— Ela saberá quais são bons fornecedores e quais são maus, e… — Sem incomodar-se em acabar sua explicação, Bastien levantou o telefone de novo.

Desta vez marcou o número de seu escritório. Meredith respondeu ao segundo toque.

— Empresas Argeneau.

— Meredith, acredito que o dono do serviço de buffet de Kate tenha se suicidado. — Falou ao invés de cumprimentar. — Necessito de uma lista dos melhores buffets da cidade. Devemos chamar a todos e comprovar quais estão disponíveis para a data do casamento.

A mulher não exclamou de horror ante esta nova tragédia ameaçando o casamento de Kate, ou se incomodou com perguntas; ela simplesmente respondeu: — Vou fazer isso. Você tem o menu do que os noivos desejavam servir na festa?

Bastien piscou e depois olhou ao Terri.

— Temos o menu que Kate queria servir no casamento? — Repetiu ele.

— Um menu? — Pensou nisso um minuto e depois se endireitou. — Devo ter. Ela me enviou isso por e-mail. Na realidade, naquele e-mail também mencionava qual era seu serviço de buffet. Se ainda o tenho, não teremos que incomodar a Kate absolutamente com tudo isto. Posso usar o computador?

— Todo seu.

Com o telefone ainda preso à orelha, Bastien se levantou e deu um passo para o lado para ceder o assento a Terri para que pudesse usar o computador.

Ele não se incomodou em explicar a Meredith o que estava ocorrendo, provavelmente já teria escutado. Em lugar disso, observou enquanto o computador iniciava e Terri se conectava a internet. Só lhe levou um momento abrir seu programa de correio e encontrar o e-mail em questão.

— Sim era seu fornecedor — confirmou ela com um suspiro. — Mas tenho o menu. Algo é algo.

— Encaminhe a Meredith — indicou Bastien, lhe dando o endereço do correio eletrônico de sua secretária antes de falar pelo telefone outra vez. — Terri está lhe encaminhando o e-mail, Meredith. Há algo mais que necessite?

Quando lhe respondeu que não, e lhe assegurou que lhe daria notícias imediatamente, Bastien lhe agradeceu e se despediu.

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— É boa — comentou enquanto desligava. — Deveria lhe dar um aumento.

— Sim. Provavelmente deveria — Concordou Terri com uma gargalhada.

Fechou o programa do correio eletrônico e depois se desconectou de internet, desligando o computador por completo a seguir. — Parece muito eficiente.

— Bom, você tampouco o faz mal — lhe disse Bastien quando ela ficou em pé. — Qualquer outro poderia não ter prestado atenção ao artigo do jornal ou não ter reconhecido o nome.

— Hmm — murmurou Terri. — Preciso de um café.

— Eu te prepararei um — ofereceu Bastien.

— Na realidade já tenho um — disse ela, rodeando a mesa em direção à porta. — Estava tomando um enquanto lia o jornal, mas o esqueci na sala de estar quando vi esse artigo.

— Suponho que teremos que atrasar nossa saída de hoje. — O olhar do Bastien ficou preso no traseiro de Terri enquanto a seguia fora do escritorio.

Começava a compreender a fascinação do Lucern pelo traseiro de Kate. Não é que ele achasse o traseiro de Kate fascinante, mas, e o do Terri? Bom, essa era outra questão.

— Qual saída? — Perguntou Terri. Quando lhe olhou surpreendida por cima do ombro, Bastien obrigou a seus olhos que se encontrassem com os dela.

— Estava pensando que talvez poderia te levar pelas lojas de souvenirs para turistas. Não deveria partir sem as visitar — lhe respondeu enquanto caminhavam pelo corredor. — Mas teremos que deixá-lo para amanhã, suponho.

Quando Meredith terminar a lista, poderia haver um montão de lugares para onde telefonar.

— Eu me ocuparei da metade — ofereceu Terri.

— Esperava que o fizesse — confessou ele.

Ela riu entre dentes e logo suspirou quando entraram na sala de estar.

— Pergunto-me que mais dará errado. O que você crê que virá a seguir: o salão de festas arderá até os alicerces? A igreja se alagará? Ou talvez a garagem onde guardam a limusine para as bodas explodirá? — deixou-se cair no sofá e recolheu seu café, tomando um sorvo. — Começo a pensar que este casamento está maldito.

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— Hmm — murmurou Bastien, embora sua atenção estava posta no Chris.

A expressão do rosto do editor lhe estava pondo nervoso. Um olhar de entendimento tinha cruzado sua cara quando Terri expôs seu ocorrente comentário.

E Bastien não se sentiu muito melhor quando o editor ofegou — Ah, maldição — em um tom horrorizado.

— O que? — Perguntou Bastien, temeroso se soubesse.

— Só me lembrei de algo — disse Chris.

— O que? — Terri baixou sua xícara de café para lhe observar ansiosamente.

— As flores.

— Ah — Ela relaxou. — Nos ocupamos do problema das flores, C.K. Kate já escolheu as que quer entre as amostras que enviou Roberto. Está tudo decidido e confirmado.

— Não. Não as flores vivas. As flores de papel — explicou ele. — Para os carros.

— O que acontece com as flores de papel? — Perguntou Terri, seu olhar dirigindo-se ao Bastien. — Tinha entendido que estavam preparadas e prontas para o dia.

— Estão — lhe assegurou Bastien, bastante aliviado de poder dizê-lo.

Aproximou-se para sentar-se no sofá junto a ela. — Lucern e Kate se ocuparam disso. O dia que você chegou, ele se queixava por isso dizendo que parecia que não iriam terminar nunca.

— Sim, as prepararam e lhes levou muito tempo — concedeu Chris, com aspecto miserável. — Mas o apartamento de Kate é pequeno. Muito pequeno. E

ela não tinha nenhum lugar onde as guardar.

— Não — ofegou Terri.

— O que? — Perguntou Bastien. Não gostava de ser o único às escuras, e a expressão dela sugeria que já se tinha uma idéia do que ocorria.

Chris fez uma careta e assentiu com a cabeça em direção a Terri.

— Pediu-me que eu as guardasse.

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Bastien teve de repente uma iluminação.

— Onde as guardou, Chris?

— Em meu apartamento.

— Onde em seu apartamento? — Perguntou-lhe, sabendo que as evasivas do editor não eram muito bom sinal. E só havia um lugar onde as flores poderiam ter sofrido dano.

C.K. suspirou e depois pareceu decidir que não havia mais remedio a não ser confessar. Entretanto, tentou atrasar sua confissão com uma desculpa.

— Meu apartamento tampouco é muito grande.

— Onde? — Perguntou Terri cansada.

— No banheiro.

— Querido Deus — Gemeu ela.

— Pode ser que ainda estejam bem.

— E o Papa poderia ser protestante — espetou Bastien. — De todos os lugares possíveis, por que demônios as colocou no banheiro?

— Se por acaso ficasse sem papel higiênico? — Sugeriu Vincent com um bocejo enquanto entrava na sala de estar.

Para Bastien não pareceu nada divertido.

— Fecha o bico, Vinny. Não tem um ensaio para assistir ou algo?

— Não. Felizmente para ti estou livre hoje. E não me chame Vinny.

— Felizmente? — Soprou Bastien.

— Deixei-as no banheiro porque é o único lugar onde tinha espaço — explicou Chris, atraindo sua atenção outra vez. — É um edifício velho, e o banheiro é enorme comparado aos banheiros que se fazem agora.

Bastien murmurou baixinho algo muito pouco adulador quanto à inteligência do editor. Chris lhe ouviu e avermelhou, logo disse: — Ela as trouxe em caixas de papelão. Mas eu coloquei essas caixas dentro de uns grandes sacos de lixo negros para protegê-las da umidade quando tomasse banho e essas coisas, assim ainda poderiam estar bem.

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Bastien olhou para Terri. Lhe observava interrogativamente, com um tênue brilho de esperança em seus olhos. Mas ele tinha estado no apartamento. E pelo que tinha visto, as possibilidades de que as flores de Kate ainda estivessem bem não eram muitas. Embora ele não desejava desanimar a Terri até estar seguro.

— Terei que ir comprová-las.

— Quer que te acompanhe? — Perguntou Terri.

Bastien vacilou. Realmente gostaria que fosse com ele. Desfrutava de sua companhia. Mas a dona do apartamento lhe tinha causado problemas na última vez que tinha ido lá, e se voltava e ela causava dificuldades, talvez se visse obrigado a tomar o controle de sua mente de novo. Seria mais facil se Terri não estivesse presente.

— Não — disse ao fim. — Deveria ficar aqui para esperar a chamada de Meredith. Voltarei tão rápido como posso.

— De acordo — concedeu ela imediatamente.

— Obrigado — Ele ficou de pé com intenção de sair da habitação.

— Bastien? — Chamou Chris, fazendo que se detivesse na entrada. — Precisa das chaves — lhe disse e as agarrou da mesa de café onde tinham permanecido os últimos dias. As lançou e acrescentou: — Se importaria de me trazer um pouco mais de roupa já que vai lá?

Bastien grunhiu e se virou para partir. Se o faria ou não, dependia de seu humor. E isso dependeria do estado em que estivessem as flores.

*
— Tentei me colocar em contato com a empresa que fazia o buffet para a Kate, esperando que ainda houvesse alguém para atender os pedidos e responder perguntas, mas é obvio não estão atendendo o telefone. Se é que ainda tem alguém lá.

— Hmm — murmurou Terri ao telefone. As notícias não lhe surpreendiam muito. Ela não estava terrivelmente surpreendida pelas notícias. Nem lhe surpreendia que Meredith tivesse tentado. A mulher parecia super eficiente.

— Mas fui capaz de conseguir alguma informação de outras fontes, e parece ser que qualquer depósito que Kate poderia lhes haver entregue também está perdido. Provavelmente nunca o verá de volta. Nem pode esperar algum serviço. A empresa está completamente fechada.

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— Eu temia isso.

— Sim — concordou a secretária do Bastien. — Desse modo telefonei aos melhores buffets da cidade. Todos estão lotados, é obvio.

— É obvio — repetiu Terri com cansaço.

— Entretanto, as Empresas Argeneau trabalham muitíssimo com buffets com o passar do ano. Portanto nossos contratos são muito cobiçados e estão ansiosos por nos impressionar, assim quase todos estão dispostos a contratar empregados extras e fazer todo o necessário. Não há dúvida de que esperam causar suficiente boa impressão para obter futuros contratos.

— Sério? — animou-se Terri. Possivelmente não tudo estivesse perdido.

— Estão competindo entre eles pelo trabalho. Enviei-lhes cópias do menu desejado, e cada um deles está trabalhando para ajustar os preços e preparar pratos de amostra para serem provados. Você ou Bastien, ou ambos, poderão decidir a quem contratamos. Embora isso não será até amanhã tarde, provavelmente — Houve uma pausa e depois Meredith acrescentou: — Sei que deveria ser Kate quem fizesse a seleção, mas como ela está em Califórnia, e isto deve ser decidido o quanto antes para poder encarregar as provisões…

— Nós teremos que fazê-lo — terminou Terri. Fez uma pausa, mordendo o lábio. — Meredith, estou pensando que, já que ela não pode fazer a seleção e que estas notícias a deixariam louca…

— E em um momento em que já está sob muita pressão — assinalou Meredith.

Terri relaxou. Parecia que a secretária tinha tido a mesma idéia, mas ainda assim terminou o que estava dizendo: — Acredita que deveríamos manter isto só entre nós? Bastien e eu podemos escolher o melhor preço e comida, e Kate nem sequer tem por que sabê-lo se tudo sair bem.

Houve uma pausa ao outro lado da linha. Se era porque Meredith estava pensando na pergunta, ou se era porque estava surpreendida de que Terri lhe pedisse sua opinião a respeito de um assunto familiar, Terri não podia dizê-lo.

— Acredito que, tendo em conta o desgosto que teve com o incidente das flores, manter isto fora de seu conhecimento é a melhor decisão. — Anunciou Meredith finalmente.

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— Sim, acredito que é o melhor — disse Terri, logo vacilou antes de acrescentar: — Já que agora é nossa nova conspiradora, gostaria de estar presente nas provas de degustação quando trouxerem os pratos de amostra?

— OH. OH, isso seria agradável, mas… não, não poderia. — Obviamente a mulher se havia posto nervosa. — Mas obrigada.

— Está certa disso? — Perguntou-lhe Terri.

— Sim. Obrigada. — Repetiu Meredith, com um tom cálido penetrando em seu anteriormente frio tom profissional. — Deixarei isso para você e ao Sr.

Argeneau.

— Bom, se trocar de opinião, me fale — disse Terri. — E obrigada, Meredith. Esperava ter que passar o dia telefonando para cada Buffet da cidade, mas você se ocupou de tudo e não deixou nada exceto provar a comida, a qual é a parte divertida. Bastien tem muita sorte de tê-la trabalhando para ele.

Escutou-se um suave suspiro ao outro lado da linha.

— Obrigada, Srta. Simp…

— Me chame de Terri.

— Obrigada, Terri — disse Meredith. — Sempre é agradável ser apreciado.

— Bom, você certamente o é — disse Terri e voltou a lhe agradecer. Com um adeus, desligou o telefone.

— Essa era Meredith?

Terri afastou o olhar do telefone que acabava de desligar para encontrar-se com o Bastien na entrada do escritorio do apartamento de cobertura.

— Sim, era. — Admitiu, ficando de pé para rodear a mesa. — Tem feito os acertos para conseguir os preços e pratos de amostra dos melhores serviços de Buffet de Nova Iorque. Decidimos que, já que Kate não está aqui para prová-los, o qual significa que você e eu teremos que fazê-lo em seu lugar, não há nenhum motivo para lhe falar da mudança… a menos que algo saia terrivelmente mal durante o casamento. — Fez uma pausa e elevou as sobrancelhas. — Como foi no apartamento do Chris? Salvaram-se algumas das flores?

Bastien levantou a sacola que segurava, pegou ambas as alças e a abriu bem para que ela pudesse olhar o interior. Terri baixou a cabeça e viu várias caixas do Kleenex.

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— Céus — ofegou, sabendo o que isso significava.

— Há várias sacolas mais na sala de estar — lhe disse com humor carregado de ironia. — E algumas linhas.

Terri fechou os olhos e os voltou a abrir. Levantando a cabeça, olhou-lhe atentamente.

— Não conseguiu salvar nenhuma?

— Os sacos de lixo se rasgaram pelos entulhos do teto, e o vazamento deixou cair água em cima, convertendo as flores em purê de papel. A dona do apartamento esteve as tirando junto com os escombros quando fizeram a limpeza.

— Ah.

— As boas notícias são que aluguei vários filmes para assistirmos enquanto fazemos as flores. Foi sugestão da dependente da loja quando lhe perguntei quanto Kleenex poderia necessitar para confeccionar flores para um casamento — admitiu, seguindo-a enquanto saíam do escritorio.

— Garota preparada ao sugeri-lo — comentou Terri. Ao chegar à sala de estar viu a coleção de bolsas no centro da habitação.

— Isso mesmo que pensei. — Concordou Bastien.

Chris já não estava na sala. Terri supôs que isso significava que Bastien havia lhe trazido roupa fresca e que ele estaria se trocando em seu quarto. Terri revirou dentro das sacolas até que encontrou a linha, e depois se moveu para se sentar na quina do sofá.

Bastien se acomodou imediatamente a seu lado, e deixou cair umas quantas caixas do Kleenex sobre a mesa de centro. Ambos pegaram uma delas e depois de abri-la, fizeram uma pausa.

— Você sabe como fazer estas coisas? — Perguntou ela pouco convencida.

— Eu esperava que você soubesse — confessou ele.

— Inferno — ofegou ela.

— Eu sei.

Ambos levantaram o olhar surpreendidos quando Vincent entrou na sala e se uniu a eles.

— Você sabe? — Perguntou Bastien com dúvida.

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— Uhum — O ator se deixou cair em uma cadeira em frente a eles e pegou uma caixa para si. — É assombrosa a quantidade de coisas que se aprende trabalhando no teatro.

*
Terri jogou outra flor dentro de uma das largas caixas de papelão que Bastien havia trazido. Tinha sido sugestão de Vincent: as armazenar para evitar que as flores fossem esmagadas. Enquanto Bastien esteve fora procurando as caixas, o ator tinha começado a ensinar a Terri e Chris como fazer as flores.

Repetiu a lição para Bastien quando este retornou, obrigando a Terri e Chris a voltar a olhar, já que ainda tinham problemas com as suas. Depois disso todos estavam trabalhando quase sem descanso. Terri esperava que isso significasse que terminariam antes do casamento… o que não era nenhuma brincadeira.

Vincent era o único deles que sabia o que fazia; outros arruinavam mais flores do que conseguiam fazer.

Dedicaram-se a isso desde na manhã anterior. Agora era à tarde do seguinte dia. Depois de dois dias de trabalho, com apenas uma parada para dormir de noite, haviam visto incontáveis filmes e produzido uma caixa e algo mais de flores úteis. E três caixas de flores desprezadas. Entretanto, estavam melhorando. Duas das caixas com flores rechaçadas eram da primeira noite, e a terceira caixa só estava cheia em três quartos com as falhas de hoje.

— Quantas mais acreditam que necessitaremos? — Perguntou Terri, agarrando um punhado de pipocas de milho e metendo-lhe na boca, com o olhar fixo na tela do televisor. Deu um salto quando atacaram à atriz pelas costas e logo se estremeceu quando o atacante da mulher a converteu em comida para cães com sua serra elétrica em questão de segundos.

— Sou eu ou alguém mais pensa que é um pouco incorreto ver filmes de terror enquanto se confeccionam flores de papel para um casamento? — perguntou Chris.

Terri lhe dedicou um amplo sorriso. Inclusive conseguiu não estremecer diante de seu rosto deformado. O inchaço tinha diminuído um pouco, mas não de tudo, e sua cor ainda era de um vermelho furioso.

— Eu acreditaria que, sendo homem, você o encontraria totalmente apropriado — lhe respondeu. — Depois de tudo, acaso a idéia do matrimônio em si mesmo não é um horror para a maioria dos homens?

Ele fez uma pausa para meditar nisso e depois assentiu.

—Não te falta razão.

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— Não sei — disse Vincent enquanto Terri ria. — Alguns homens, homens preparados, reconhecem o valor de uma boa companheira de vida. Uma companheira com a que compartilhar as penas e alegrias da vida.

— Vá, Vincent — disse ela surpreendida. — Quase parece um romântico.

O ator se tornou atrás.

— Bom, eu não diria tanto.

Terri riu entre dentes e recolheu o novelo de linho para cortar uma parte.

— Que horas são? — perguntou Bastien de repente.

— Três e meia — respondeu Chris, jogando uma olhada a seu relógio de pulso.

— OH — Bastien pareceu perplexo durante um minuto e logo olhou ao Terri. — Não recordo te haver visto comer hoje.

— Tomei uma tigela de cereais quando me levantei — disse ela distraídamente. Terminou com o fio e começou a dobrar uma folha do Kleenex.

— Mas não almoçou.

Terri levantou o olhar, surpreendida ante a acusação implícita em sua voz.

— Não almocei? — repetiu com surpresa. — Não, não o fiz. Mas você tampouco. Estávamos ocupados, assim bicamos em seu lugar.

Bastien franziu o cenho quando ela assinalou para a comida lixo sobre a mesa.

— Pipocas e batatas fritas não são uma dieta sã.

Terri fez uma careta ante essas palavras. Ela mesma havia dito algo assim a C.K. um par de dias atrás, e somente agora se dava conta da chateação que deve ter sido.

— Tem toda a razão, Bastien — disse Vincent. — Talvez deveria preparar algo para comer.

— Eu? — empalideceu ante a idéia, e Vincent pôs-se a rir.

— Sim, você. Bom, com segurança não estará sugerindo que Terri cozinhe para ti, não?

— Para mim não — respondeu Bastien com firmeza. — Não tenho fome.

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— Eu tampouco — disse Terri com um encolhimento de ombros. — Problema resolvido.

Notou o cenho do Bastien, mas se limitou a sorrir. O tipo nunca comia. E

quando o fazia, só bicava. Tinha o prazer de palestrar para ela quando ele tinha piores hábitos alimentares.

— Bom, eu sim tenho fome — anunciou Chris, agarrando suas muletas para ficar em pé. — Assim que eu cozinharei.

— OH, não acredito que seja boa idéia — disse Vincent com calma enquanto se abanava com a flor que acabava de terminar.

— Por que não? — perguntou Bastien. — Terri cozinhou para ele, Chris pode cozinhar para ela.

— Olhe — indicou Vincent. — Até agora esteve no hospital duas vezes em menos de uma semana… uma vez por lhe haver caído um privada em cima e outra pela picada de uma abelha. Realmente vai se arriscar que ele mexa com fogo e objetos pontiagudos?

— Querido Senhor — ofegou Bastien com horror.

— OH, por todos os céus! — Terri deixou sua flor ao meio fazer com exasperação. — Eu cozinharei.

— Não — Bastien ficou de pé ao momento. — Eu cozinharei. Que tão complicado pode ser?

*
— Acredito que pedir algo será melhor ideia — disse Vincent enquanto baixava o olhar para a massa carbonizada presa no fundo da panela. Inclinou a cabeça para ter uma melhor perspectiva e perguntou: — O que era isso?

— Ja, ja — resmungou Bastien, deixando cair a panela na pia e abrindo o grifo. Definitivamente necessitaria um tempo de molho para poder limpá-la. Se ficasse limpa. Talvez devesse atirá-la no lixo sem mais, pensou, então assinalou: — Foi você quem sugeriu que eu cozinhasse.

— Bom, eu tentava te fazer um favor — replicou Vincent. — Temia que Terri pensasse que você queria que ela cozinhasse para ti. Nenhuma mulher deseja ser uma empregada substituta. Falando nisso, como vai a busca de uma nova empregada? Já encontrou à Sra. Houlihan?

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— Não tenho nem idéia — confessou Bastien. Tinha transpassado ambos os problemas ao Meredith e não se manteve muito à corrente ultimamente.

Parecia como se surgisse uma crise atrás de outra para lhe manter ocupado e distraído. Supôs que deveria comprová-lo no escritório. — Que horas são?

— Quase cinco.

Bastien assentiu enquanto tirava as luvas com as quais tinha resgatado a comida queimada do forno. Não é que lhe tivesse servido de muito. Fez uma careta ao recordar quando folheou rapidamente o livro de cozinha e escolhia o que parecia mais singelo: Carne assada. Jogue-o em uma panela e meta o no forno. O que poderia haver mais fácil? E assim o tinha feito Bastien… mas a receita se referia a carne a temperatura ambiente, e ele só tinha congelado, dessa forma tinha subido um pouco o termostato. No maximo, na realidade. E havia retornado para continuar trabalhando com as flores de papel. Quando recordou que estava cozinhando algo, a carne estava pronta. Mais que pronta. Negra por fora e crua por dentro. Asquerosa. Bastien se deu conta de que havia muito mais no ato de cozinhar do que acreditava.

— Como vai?

Tanto ele como Vincent voltaram o olhar para a porta, onde Terri estava de pé. Ela estava olhando ao seu redor com curiosidade.

— Isso é o cheiro dojantar?

— Vamos pedir — respondeu Bastien, passando junto a ela em direção ao corredor. — Peça o que goste. Tenho que resolver algo no escritório. Voltarei a tempo para pagar.

Quando Bastien partiu, Terri levantou suas sobrancelhas e se voltou para o Vincent.

— Algum problema?

— Bastien descobriu que cozinhar era um desafio maior do que tinha esperado — lhe explicou Vincent e assinalou para a pia.

Terri cruzou o quarto e assobiou quando baixou a vista para a confusão que havia. Uma grande massa negra, junto a várias massas negras mais pequenas, decoravam o fundo de uma panela.

— Então, o que vai pedir? Chinês? Pizza? — perguntou-lhe Vincent.

Terri sacudiu a cabeça e sorriu abertamente.

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— Com toda a comida que há aqui? Prepararei algo eu mesma e o terei feito para quando Bastien volte.

— Essa é uma mulher! Lhe faça sentir inferior — disse Vincent com ligeireza. Ambos se puseram-se a rir, interrompendo-se bruscamente para olhar ao redor surpreendidos para ouvir o timbre do elevador.

Terri seguiu ao primo de Bastien com curiosidade para um painel da parede da cozinha que era uma réplica exata do da sala de estar.

— Hmm. Sabe quem é? — Perguntou ele, pulsando o botão para ver a imagem do interior do elevador.

Terri se inclinou mais perto para ver melhor ao homem que estava ali de pé. Começou a sacudir negativamente a cabeça, e se deteve.

— Ah, espera! Provavelmente seja um dos serviços de buffet. Tinha esquecido que Meredith pediu que nos trouxessem amostras do menu das bodas para as provar.

Vincent assentiu com a cabeça e pressionou um botão.

— Sim? — perguntou.

— Buffet Katelyn. Tenho uma entrega.

— É seu dia de sorte, Terri — Vincent pulsou o botão para que o elevador subisse e apagou o monitor. — Não terá que cozinhar absolutamente. Está sendo entregue em casa.

Terri riu entre dentes, mas disse:

— Duvido que tragam algo que possa substituir um jantar. Serão simples amostras, algumas peças e pequenas quantidades do menu. Nada abundante.

Apesar de seu comentário, a curiosidade fez que Terri acompanhasse Vincent para receber o entegador. Assim que se abriram as portas do elevador, o rapaz lhes sorriu alegremente e empurrou seu pequeno carrinho ao interior do apartamento. Detendo-se ante eles, levantou uma prancheta com uma ordem de serviço e leu: — Terri Simpson ou Bastien Argeneau?

— Eu sou Terri Simpson — Avançou para ele e aceitou a prancheta e a caneta.

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— Só assine no final, senhorita — lhe indicou o rapaz. — Onde quer que deixe isto?

— Na cozinha, por favor — ela assinalou o caminho pela porta à direita.

Terri fez uma leitura rápida do papel que ele queria que assinasse enquanto os dois homens se afastavam pelo corredor, Vincent acompanhando o entregador. Assegurando que se limitou a aceitar a entrega, assinou e o datou, tendo terminado para quando voltaram.

— Obrigado — lhe disse enquanto recuperava sua caneta e a prancheta.

Então arrancou uma cópia rosada, a entregou e se dirigiu para o elevador. — Telefone para escritório quando tiver decidido e que esteja tudo bem para que retiremos o carrinho. Alguém virá recolhê-lo.

— Muito bem. Obrigada — disse Terri enquanto se fechavam as portas do elevador. — Bom — Olhando a cópia que lhe tinha entregado, virou-se e se dirigiu para a cozinha. Tinha curiosidade por ver o que tinham enviado. Esperava um par de pratos de amostra que estivessem no menu, mas você nunca sabe. — Deu uma olhada no que trouxeram? — Perguntou ao Vincent quem ia lhe seguindo.

— Não. Só o acompanhei até a conzinha e depois para fora —respondeu ele.

Se detiveram junto ao carro que tinham deixado junto à pequena mesa de jantar.

— Hmm — Terri observou o carro. Parecia mas bem um arca sobre rodas ou um andaime de cor cromo. A parte de acima estava coroada por uma tampa quadrada com as bordas arredondadas e uma alça. Terri pegou a alça e puxou para cima, inalando o vapor que se liberou na cozinha.

— Deus — ofegou, e ficou boquiaberta ante a meia dúzia de pratos de louça com comida. O serviço de buffet não tinha enviado amostras de coisas diferentes, tinha enviado duas amostras de tudo.

— Disse que as sobremesas estavam na gaveta inferior — interveio Vincent.

Terri hesitou e depois deu um passo para trás, notando então que havia uma gaveta inferior. Agarrando o puxador a abriu e suspirou diante das diversas iguarias que apareceram na vista. Também havia duas unidades de cada.

— Bom, como te disse, não tem que cozinhar.

Antes que Terri pudesse responder, a campainha do elevador voltou a soar.

Vincent se aproximou do painel da parede e apertou os botões, enquanto Terri

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fechava a gaveta e colocava a tampa para manter tudo à temperatura adequada até que Bastien voltasse.

— Outro buffet — anunciou Vincent. — Provavelmente também terá que assinar o recibo.

Assentindo, Terri lhe seguiu até a entrada. Chegaram justo antes que as portas se abrissem para mostrar outro entregador empurrando um carrinho.

— Terri Simpson? — perguntou, olhando-a.

— Sim —Ela estendeu a mão para tomar a prancheta e a caneta.

— Onde quer…?

— Na cozinha. Me siga — Vincent se virou para indicar o caminho enquanto Terri assinava o recibo.

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Capitulo 11


Bastien bateu os pés com irritação e apertou o botão do elevador novamente. Ele não estava acostumado a esperar tanto tempo por ele e estava começando a ficar um pouco impaciente. Esse elevador apenas servia à cobertura. Poderia parar em qualquer andar quando solicitado, porém somente se você tivesse a chave. Além disso, teria de ser liberado da própria cobertura para uma ida direta do térreo ao topo. Bastien não entendia a demora atual.

Assim que ele estava prestes a voltar para seu escritório e ligar para cima para ver o que estava acontecendo, o elevador chegou com uma campainha.

Soltando um suspiro de alívio, Bastien entrou no elevador, cheirando o ar enquanto apertava o botão para levá-lo à cobertura. Havia um cheiro estranho de comida cozida dentro dele. O pedido deve ter chegado, ele se deu conta enquanto as portas fecharam e o elevador começou a subir. Ele esperava que o cara da entrega tivesse acabado de subir e ainda estivesse por lá. Ele não queria que Terri pagasse pela refeição.

A entrada estava vazia quando Bastien pisou fora do elevador. Seguindo o som de vozes, ele foi em direção a sala de estar, esperando encontrar Terri e Chris ingerindo pizza ou comida chinesa. Ao invés disso, ele encontrou todos os seus três convidados se movendo em um mar de flores de tecido e mesinhas cromadas com rodinhas.

? Esse aqui não possui uma fatura. ? Vincent levantou a tampa de prata que estava perto dele, esperou o vapor sumir, então olhou para o que havia dentro. ? Tem um guardanapo. Tem S.C. nele.

? S.C.? ? Terri perguntou, então começou a olhar em uma pilha de papéis. ? S.C., S.C., S.C. ? ela murmurou, parecendo estressada. ? S-Aqui!

Sylvia's Cuisine. ? Ela atravessou a sala para entregar a Vincent uma das folhas de papel.

O primo de Bastien pegou a página e começou a extrair um pedaço de fita adesiva de um porta-fita que ele tinha, então colou o papel no topo do aquecedor cromado.

? Esse aqui tem B.D. na capa dos pratos. ? Chris anunciou, olhando para outro carrinho.

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? B.D? ? Terri murmurou, e começou a organizar os papéis novamente. ?

B.D. Eu vi um Bella Donna ou Bella Dolci ou algo do tipo um minuto atrás.

Provavelmente deve ser esse.

? Eu sinceramente espero que não seja belladonna. ? Bastien disse com diversão, atraindo a atenção deles para a sua presença.

? Oh. Você voltou. ? Terri forçou um sorriso, mas ele sabia que era apenas para o bem dele. Ela não parecia estar muito sorridente.

? Hmmm. ? Bastien entrou na sala, chutando flores a cada passo que dava. ? Ou vocês exageraram no pedido, ou as amostras do bufê chegaram.

? As amostras do bufê. ? Ela disse com um suspiro. Terri balançou suas mãos para o caos que estava a sala e se desculpou. ? Desculpe-me por essa bagunça. Eu deveria estar mais preparada. Mais organizada. Mas eles vieram um atrás do outro; bang, bang, bang.

? Bang, bang, bang, ? Vincent com aceno de cabeça solene.

? E foi tão apressado. Eu mal assinava por um quando outro estava bem debaixo do meu nariz.

? Bem debaixo do nariz dela. ? Chris concordou. ? Eles estavam se enfiando à sua direita, sua esquerda e a sua frente.

? Yep. ? Foi a vez de Terri fazer que sim com a cabeça. ? Chris estava operando o painel para liberar o elevador, e Vincent estava mostrando aos homens da entrega aonde colocar seus carros, e eles continuavam a me empurrar canetas e pranchetas, então destacavam as faturas e as entregavam a mim, e haviam tantos deles... ? Ela balançou os papéis desesperada. ? Nós não sabemos quais faturas vão com o que.

Bastien mordeu seus lábios para deter o sorriso que ameaça aparecer em seus lábios. Ele não achava que ela apreciaria a sua diversão nesse momento. Ela parecia totalmente exausta. E adorável. Mas ele não achou que ela apreciaria que ele a dissesse isso, também, então manteve isso para si mesmo da mesma forma.

? Eu não sei como nós vamos comer toda essa comida, Bastien. Tem tanta coisa. ? Terri olhou em volta com aflição, então olhou de volta para ele, levantou uma caneta, e lamentou ? E eu não quis fazer isso, mas foi tudo tão agitado que eu roubei uma caneta!

? Duas delas. ? Chris disse, apontando para a que estava pendurada na gola de sua camisa, aonde ela aparentemente havia a prendido na correria.

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? Três. ? Vincent corrigiu, andando até ela para tirar outra de trás de sua orelha, onde ela havia colocado sem querer.

Prestativos como eles estavam tentando ser, seus comentários apenas fizeram Terri parecer muito mais miserável.

Movendo-se para frente, Bastien tirou seu primo do caminho e a puxou para seus braços para lhe tranquilizar.

? Está tudo bem, baby. Nós vamos arrumar tudo. E nós não temos que comer toda a comida, apenas provar cada uma. E nós faremos isso primeiro – desse modo, as que nós não gostarmos, não teremos que encontrar suas faturas.

? Mas você não estava aqui, e eu assinei por todas elas. Eu preciso me certificar de que os carrinhos voltarão para seus proprietários.

? Nós vamos arrumar tudo. ? Bastien repetiu, então a conduziu em volta e entre vários carrinhos até o sofá. Ele parou para tirar as flores dele, franzinho a sobrancelha enquanto o fazia. ? Como essas flores foram parar em todos os lugares? ? Ele perguntou enquanto a forçou a se sentar.

? Um dos caras da entrega derrubou uma das caixas da mesa. ? Vincent explicou.

? E outro pegou uma caixa para a tirar do caminho, tropeçou, e as fez voar para todos os lugares. ? Chris terminou. ? Felizmente, elas eram todas rejeições. Terri teve o bom senso de nos fazer retirar as flores usáveis depois do primeiro incidente.

Bastien assentiu. ? Talvez nós devêssemos recolher as flores por agora.

Nós não vamos querer que elas sejam arruinadas por comida, sejam cuspidas, ou qualquer coisa dessa natureza. Não depois de todo o tempo que nós passamos as fazendo.

? Deixa comigo. ? Vincent se inclinou para pegar as caixas abertas de Kleenex, e começou a colocar elas nas sacolas em que elas haviam vindo. Chris imediatamente começou a coletar as flores do chão, e a as atirar de volta nas caixas das quais elas haviam saído. Algumas vezes ele usava sua forquilha para arrastá-las perto o bastante para serem apanhadas.

Bastien se virou de volta para Terri, e viu que ela havia se inclinado no sofá, recolhendo as flores do carpete. Depois de um tempo, ela desistiu disso e foi para o chão, aonde era mais fácil de alcançá-las. Seus olhos percorreram a sala cheia de carrinhos, e enquanto ela se endireitava para atirar uma coleção de

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rejeições em uma caixa, desânimo se formou em suas expressões. ? Como nós iremos escolher entre todas essas amostras de bufê, Bastien?

? Dois de cada vez. ? Ele respondeu simplesmente. Ele se ajoelhou junto com ela no chão. A resposta parecia lógica o suficiente para ele. ? Nós colocaremos dois lado a lado, daremos uma mordida em cada, decidimos qual é melhor, e colocamos as rejeições no corredor.

Ela assentiu com sua sugestão, e então falou: ? Mas e se um dos pratos for melhor em um fornecedor, mas alguma outra coisa for melhor de outro?

Ele não havia pensado nisso. Depois de pensar no assunto por um tempo, ele disse, ? O prato principal é o mais importante. Nós percorreremos as amostras experimentado todos os pratos principais, de dois em dois. As rejeições vão para a entrada, o resto vai para algum outro lugar. Assim nós eliminaremos metade delas logo de cara. Então nós começamos a comparar os outros pratos.

? Aonde devo colocar essas para manter elas fora do caminho por agora, primo? ? Vincent levantou as sacolas de compra com todas as Kleenex não usadas e linha.

? No escritório? ? Bastien sugeriu. Ele imediatamente decidiu que isso era uma boa ideia. ? Sim. Apenas as ponha no armário do escritório por agora, Vincent.

O ator assentiu e prosseguiu. ? Eu as deixarei lá, então sairei para comer.

Todo esse papo de comida está me deixando com fome. Não demorarei muito, no entanto. Me certificarei de estar de volta o mais rápido que puder, para ver se vocês precisam de alguma ajuda com qualquer outra coisa.

? Obrigado, primo. ? Bastien respondeu em seguida. Por todo o transtorno que o ator poderia causar quando ele sentia vontade de causar problema, Vincent ainda era um bom homem. Ele sempre esteve lá por Bastien quando ele era necessitado, e Bastien lembrou que haviam sido tão próximos quanto irmão uma vez. Ele se arrependeu pela perda dessa proximidade.

? Bem, essa é a última delas. ? Chris disse pouco tempo depois que a última flor aterrisou dentro da caixa. ? Nós vamos tirar as rejeições da sala, também?

? Eu as levarei até o escritório. ? Bastien decidiu, então olhou para Terri.

? Querida, porque você não vai pegar alguns pratos e talheres?

Os olhos dela ficaram tão redondos quanto discos, e ela ficou encarando ele. Ele sentiu insegurança se apossar dele. ? O que foi?

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? Nada. ? Ela falou rapidamente, e se apressou em direção à cozinha.

? O que eu posso fazer para ajudar? ? Chris perguntou.

Bastien estava prestes a dizer "Na sua condição? Nada." Mas ele segurou as palavras. O editor estava em péssimo estado, mas ainda assim havia feito o se melhor para ajudar, tanto fazendo as flores quanto limpando a bagunça bem agora. Considerando a rajada de má sorte que ele sofreu – seu apartamento sendo arruinado, um sanitário caindo em cima dele e quebrando sua perna, e seu rosto ser transformado em uma atração de circo graças ao ferrão mortífero da abelha ? C.K. havia se comportado muito bem, até mesmo conseguindo ser alegre. Bastien estava começando a achar que talvez ele tivesse subestimado o cara, e ele até estava começando a ficar mais amigável com ele.

? Apenas relaxe um pouco, Chris. ? Ele disse. ? Nós podemos precisar da sua ajuda para provar as refeições também, se você não se importar.

? Não, eu não me importo. ? O editor o assegurou, e depois de hesitar andou até a cadeira e sentou.

Bastien reparou no olhar de surpresa no rosto do homem mais novo por causa do tom quase amigável que ele havia usado, e a partir disso se deu conta que sua irritação e falta de preocupação com C.K. havia sido evidente desde o inicio. Ele se sentiu mal por um momento, então deixou isso de lado. Não era como se ele tivesse sido completamente desprezível. Ele apenas não havia dado uma chance ao homem, mesmo. Agora ele estava lhe dando uma. Ele não iria se atormentar por causa do passado. Além disso, ele tinha outras coisas com o que se preocupar. No topo da lista em sua mente estava por que Terri havia ficado boquiaberta quando ele a pediu para pegar alguns pratos e talheres. Isso o deixava muito intrigado.

Na cozinha, Terri estava murmurando para si mesma enquanto tirava os pratos de dentro do armário. ? Ele me chamou de querida.

Um sorriso largo estava se formando em seus lábios. Querida. E ela pensou que Bastien talvez tivesse a chamado de baby mais cedo, mas ela estava tão chateada na hora, que não pôde ter certeza. Querida e baby. Baby e querida.

Expressões de carinho. Será que ele as disse de propósito? Era difícil dizer.

Algumas pessoas usavam esse tipo de palavras carinhas com todo mundo desde o seu cachorro até o caixa da loja da esquina.

Ela não achava que Bastien fosse desse tipo de gente.

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? Querida. ? Terri saboreou a palavra enquanto coletava os talheres, então colocou os utensílios nos pratos, e os apanhou para voltar rapidamente para a sala de estar. Ela se apressou, porque não queria perder nada.

? Vai ser Sylvia's Cuisine, então? ? Terri olhou para Chris e Bastien, e ambos concordaram com a cabeça. Vincent havia retornado mais cedo, mas, incapaz de comer ou realmente ajudar por causa disso, ele ficou entediado de apenas ficar sentado os assistindo. Ele se retirou na metade do processo de seleção.

? Eu diria que sim. ? Bastien disse.

? Eu também. ? Chris concordou. ? Eles tem os melhores pratos no geral. Embora, eu ainda digo que Bella-qualquer-coisa tinha a melhor caçarola real.

? Eu não gostei disso nem um pouco. E nem sequer está no cardápio. ?

Terri apontou. ? Caramba, nem sequer está na fatura deles. Estou achando que eles colocaram isso no carrinho por acidente.

? Pois é. Eles devem ter feito isso. ? Bastien concordou. ? Eu mesmo não me importei. Havia alguma coisa nisso que eu simplesmente não me agradou.

? Bem, eu gostei. ? Chris foi até o carrinho da Bella e olhou para a comida. ? Então, se nenhum de vocês gostou, eu posso comer o resto?

Terri se jogou no sofá com uma risada. ? Fique a vontade.

Bastien sorriu. ? Exato. Vá em frente. Coma. Você merece isso depois de nos ter ajudado com toda essa loucura.

? Bem, Vincent não pôde ajudar. Além disso, isso foi mais divertido que as flores. ? C.K. disse, pegando o prato inteiro de caçarola do carrinho. Ele pegou uma colher e deu uma mordida, murmurando com prazer enquanto comia.

? Ugh. Como você pode comer isso? Estava horrível. Não posso nem ver isso. ? Terri fez um rosto de nojo, e cobriu seus olhos com o caderno que ela estava usando para manter o registro de quais carrinhos tinha os pratos mais saborosos.

? Eu vou levar para o meu quarto para que você não tenha que ver. ?

Chris disse. ? Minha perna já está me incomodando mesmo. Vou me deitar e assistir televisão enquanto como. Boa noite.

? Boa noite. ? Bastien e Terri disseram ao mesmo tempo.

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Algum tempo se passou, então Bastien levantou uma ponta do caderno que Terri ainda erguia na frente do seu rosto. ? Ele se foi. É seguro sair agora.

Sorrindo, ela abaixou o caderno e suspirou. ? Bem, pelo menos isso está feito.

? Sim. ? Ele sentou no sofá ao lado dela, então virou sua cabeça para o lado e disse ? Me faz um favor?

? Hum? ? Terri olhou para ele de forma interrogadora.

Ele sorriu. ? Não pergunte qual será a próxima calamidade. Eu já tive o suficiente delas por agora, obrigado. E nem sequer é meu casamento. ? Ele balançou a cabeça. ? O dia do casamento por si só é melhor ocorrer sem um empecilho que seja depois de toda essa encrenca. ? Ele riu. ? Eu não sei como Kate e Lucern conseguiram se virar durante os últimos seis meses. Eu estou exausto depois de apenas uma semana de problemas.

? Eu sei. ? Terri riu, também. ? Tem sido um tanto estressante os últimos dias. Quando eu agendei as ferias e viajei para cá, eu realmente estava apenas esperando estar segurando a mão de Kate e ser prestativa enquanto ajudava com os detalhes de ultimo minuto. Eu pensei que talvez ajudasse fazendo alguns últimos arranjos ou algo do tipo. Eu não esperava estar lidando com coisas grandes, como refazer todas as flores Kleenex para os carros e escolher um novo bufê.

Balançando a cabeça, ela se sentou e se inclinou para frente para olhar para a gaveta de sobremesas da Sylvia's Cuisine. Eles todos deram uma mordida em cada um das três sobremesas que seriam servidas no casamento, mas nem tocaram na extra de cada um deles. Terri pensou brevemente, então escolheu o bolo de frutas. Ela pegou uma colher e se afundou novamente no sofá.

Bastien balançou a cabeça enquanto ele a observava dar a primeira colherada. ? Estou impressionado que você ainda possa comer. Parece que nós estivemos fazendo nada além por horas.

? Nós estivemos, ? Ela concordou com uma risada, dando outra colherada. ? Mas foi apenas uma mordida disso e outra daquilo, sério.

? Hmm.

Terri cavou fundo no prato com a colher, tentando pegar um pouco do pão-de-ló encharcado do fundo do prato. Ela o conseguiu fazer, comeu o pedaço com um "Mmmm" de prazer, então percebeu que havia um pouco de chantilly na articulação de seu dedo por causa da escavação que fez no prato.

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Sem pensar, ela virou sua mão e lambeu o chantilly.

? Além disso, ? Ela adicionou ? isso é a sobremesa. Sempre tem espaço para a sobremesa. Você deveria comer um pouco, também.

? Hmmm.

Bastien estava simplesmente a observando. Terri ficou repentinamente ciente de si, mas tentou o ignorar e cavou outra colherada no pão-de-ló.

Novamente, ela ficou com chantilly em seu dedo. Quando ela virou a mão e começou a levá-la até sua boca, ele a pegou na metade do caminho, e puxou a mão dela até a sua própria boca. E lambeu o dedo dela.

Terri ficou parada, piscando com surpresa ao formigamento que repentinamente percorreu seu corpo. Quando Bastien soltou sua mão, ela pigarreou e abaixou a cabeça, levando sua atenção de volta ao carrinho. Depois de uma breve hesitação, ela encheu novamente a colher. Ela não estava muito ciente do fato de que suas mãos haviam repentinamente começado a tremer até um pedaço de pudim escorregar, e cair sobre seu queixo e sobre a parte de cima do seu peitoral, logo abaixo da garganta.

Murmurando com constrangimento por baixo de sua respiração, Terri colocou a colher no prato de sobremesa e se mexeu para limpar primeiro seu queixo e depois seu peito. Bastien novamente segurou sua mão, e a afastou. Seus olhos encontraram com os dela brevemente; então ele se inclinou para passar sua língua rapidamente e levemente pelo queixo dela, removendo a evidencia do desajeitamento dela.

Enquanto Terri ainda estava surpresa com isso, ele abaixou sua cabeça para o peito dela e fez o mesmo, levando seu tempo e percorrendo sua língua em círculos ao redor do local para ter certeza que pegou cada última gota.

Quando ele levantou sua cabeça, Terri apenas olhava para ele.

Seu coração estava batendo em seu peito como uma bateria, e seu corpo estava repentinamente um caos. Ela estava desejando que ele a beijasse.

Como se fosse em resposta ao seu pedido, ele virou sua cabeça para fazer isso. Um pequeno suspiro escapou dos lábios de Terri enquanto ele se inclinava e cobria sua boca com a dele. Ele tinha gosto de chantilly ? mas de algum modo chantilly era ainda mais gostoso nele.

Ela estava tremendo incontrolavelmente quando o beijo terminou, o prato de sobremesa tremendo em sua mão. Ao ver isso, Bastien o resgatou; então ele pegou a colher e a mergulhou dentro e fora do prato, vindo com uma colher de

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cerejas, pudim, e chantilly. Terri esperava que ele fosse comer, mas ao invés disso ele esticou a colher para oferecer a ela. Infelizmente, ele fez isso no momento em que ela levantou uma mão nervosa para tirar alguns fios de cabeço do seu rosto.

Suas mãos colidiram no ar, desequilibrando a colher e fazendo com que cerejas, pudim, e chantilly caissem em seu peito.

? Oh. ? Ambos ficaram olhando para o que eles haviam feito sem querer.

A sobremesa havia caído na curva de seu seio direito, mas agora estava escorregando lentamente para desaparecer abaixo do colar de sua blusa branca.

? Eu acho que você está certa. ? Bastien disse repentinamente.

? Eu estou? ? Terri perguntou, com sua voz tremula. ? Sobre o que?

Quando ele respondeu, sua voz abaixou um pouco, ficando rude e sexy. ?

Sobre sempre ter espaço para a sobremesa.

Seu olhar se levantou para o rosto dela e ficou ali por um momento, dando a ela a chance de impedir que ele fizesse o que estava prestes a fazer. Mas Terri apenas encarava, seu coração ficando maluco e saltitando dentro de seu peito como uma bola de ping-pong. Ele não estava querendo dizer...? Ele não faria isso.

Ele fez.

Abaixando sua cabeça, ele foi até o colar da blusa dela e começou a remover cada último traço visível da sobremesa. Então ele soltou a parte de cima da blusa dela, puxou a gola da blusa para longe, e continuou limpando ela.

Terri não pôde parar o pequeno gemido que escapou pelos seus lábios quando a língua dele desceu por entre seus seios. Ela ficou decepcionada quando o exercicio terminou.

Quando ele levantou sua cabeça e se endireitou, o corpo dela estava em uma grande massa confusa de anseio e desejo. Mas ? mais para sua consternação ? Bastien agia como se nada tivesse acontecido.

Ele nem sequer olhou para ela, mas se concentrou na sobremesa em suas mãos. Ele pegou outra colher de cerejas e pudim, e colocou em sua própria boca.

Ela observava silenciosamente, os olhos dela moviam-se entre sua gola agora pendurada e o rosto dele enquanto ele colocava a sobremesa em sua boca.

Uma expressão considerável preencheu seu rosto. Então ele engoliu, encheu a colher novamente, e a levantou até os lábios dela.

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Terri hesitou, então abriu a boca para que ele pudesse colocar a colher.

Ele esperou, observando enquanto ela mastigava e engolia, ciente de si; então ele mergulhou a colher na sobremesa para pegar mais da sobremesa deliciosa.

Por direito, esta deveria ser a sua colherada se agora eles fossem dividir o doce, então Terri ficou surpresa quando, ao invés de consumir a sobremesa, Bastien começou a levar a colher em direção a ela. Ela ficou ainda mais surpresa quando ele parou no meio do caminho e deliberadamente derrubou o doce sobre o seu peito.

Terri tossiu e se sentou endurecendo-se de surpresa, meramente fazendo com que a mistura grudenta viajasse mais rapidamente em direção à curva de seu seio esquerdo. ? Você fez isso de propósito!

Bastien sorriu. ? Fica mais saboroso em você. ? Ele disse com simplicidade, então se inclinou para beijá-la. A surpresa de Terri deu lugar a prazer. A língua dele se empurrou para fora para deslizar por entre os lábios dela, e rapidamente ela já havia se esquecido que havia sobremesa descendo pelo seu peito.

Bastien não se esqueceu, no entanto. Depois de um instante, ele parou o beijo e deixou seus lábios descerem por seu queixo até sua garganta. Ele desceu rapidamente para o vão onde estava a sobremesa, e se concentrou com grande empenho em limpar a bagunça que ele havia feito.

Terri deslizou suas mãos pelo cabelo dele enquanto ele trabalhava, uma pequena tossida veio de sua respiração enquanto a língua dele deslizava pela beirada do sutiã branco dela. De algum modo, mais botões haviam se aberto em sua blusa, deixando ela escancaradamente aberta de modo que ele tivesse um caminho obstruído apenas por aquele pedaço de renda. Mas o sutiã não parou Bastien. Novamente sua língua mergulhou no espaço entre os dois seios, seguindo a trilha de comida e removendo cada traço.

Uma vez satisfeito que ele não havia sido trapaceado por um único farelo de sobremesa, ele novamente se endireitou, pegou o prato de sobremesa, e começou a encher a colher novamente. Terri estava inclinada para trás no sofa, olhando para ele pasmamente. Certamente ele ?? Ela interrompeu o pensamento e tentou rapidamente esconder sua expressão quando ele terminou de encher a colher. Ele levou a colher e a pressionou contra os lábios dela.

? O que foi? ? Ele perguntou em um tom perfeitamente normal de voz, parecendo não estar afetado pelo o que ele estivera fazendo apenas há instantes atrás.

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? Nada. ? Ciente de que sua voz havia aumentado para um tom de quase grito, ela abriu sua boca para aceitar ? e para evitar que ele fizesse mais perguntas.

Terri mastigou e engoliu a sobremesa, então esperou, observando enquanto Bastien cuidadosamente pegava um pouco de cereja, pudim, e pão-de-ló. Ele estava muito dedicado, realizando a tarefa com grande cuidado e atenção.

Mas, ao invés de levar à sua própria boca, ele novamente segurou a colher sobre ela e parou para levantar uma sobrancelha para ela como se tivesse pedindo permissão. Terri apenas mordeu seu lábio e olhou de volta, não querendo dizer não, mas incapaz de dizer sim.

Ele sorriu e virou a colher, deixando cair em sua pele nua. Terri respirou pela boca, observou a mistura colorida deslizar pela sua pele. Não caiu na base do pescoço. Dessa vez ele deixou cair bem abaixo do laço do sutiã, e estava descendo em direção ao cós do jeans dela.

? Você vai precisar de um banho depois disso. ? Ele comentou se desculpando, colocando o prato e a colher de lado. ? Mas eu aprecio o sacrifico que você está fazendo pelo meu prazer culinário. ? Ele acrescentou enquanto se virava de volta.

Quando ele olhou para o rosto dela, seu olhar foi aprisionado. Seu rosto estava tão aberto e expressivo quanto a sua natureza, e ele pôde ver os sentimentos conflitantes ali: excitação, antecipação, ansiedade, medo. O coração de Bastien foi ao encontro do dela. Ele queria a reconfortar, dizer a ela que ficaria tudo bem. Seria perfeito. Mas ele estava sentindo alguma ansiedade por si só enquanto contemplava o que estava prestes a vir. Ele não estava apenas comendo sobremesa na pele de Terri; ele esperava fazer amor com ela. A sobremesa foi apenas sua artimanha.

Decidindo que a melhor forma de tranquilizar a ambos era mais fácil mostrando do que dizendo, ele a beijou novamente. Terri estava, a principio, parada e não respondia às caricias ? lutando contra seus medos, ele supôs. Mas então ela se abriu para ele, seus braços se arrastando ao redor dos ombros dele.

Ele deslizou sua língua para dentro da boca de Terri, e ele pôde sentir gosto de cerejas e chantilly e o dela. A combinação o fez murmurar com prazer. A sobremesa realmente tinha um gosto melhor nela do que na colher gelada, dura.

Tinha um gosto ainda melhor em sua boca.

Depois de vários minutos tranquilizadores passados se beijando e reconstruindo sua paixão, Bastien afastou sua boca da dela e fez uma rápida incursão através de sua bochecha até sua orelha. De lá, ele desceu seus lábios pela sua garganta até seu peito.

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Ele pausou brevemente no escuro e quente vão entre seus seios, demorando-se ali até ela se revirar por baixo dele, se envergando e suspirando de prazer. Então ele saiu do sofá e se ajoelhou entre as pernas dela, forçando suas pernas a se afastarem ainda mais para permitir que ele se inclinasse de forma mais confortável para alcançar o seu estômago e a doçura que o esperava lá.

O pudim e o chantilly eram calmantes para sua ligua, e Bastien os raspou dela ? primeiro lambendo a sobremesa, então fazendo círculos maiores e maiores com a sua lingua. Ele estava ciente do modo como os músculos do estomago de Terri pularam, e como sua respiração se acelerou, se tornando pequenos suspiros ofegantes. Ele sorriu contra sua pele, os olhos fechando com prazer aos pequenos sussurros e gemidos enquanto ela se envergava ainda mais, inconscientemente fazendo com que ele seguisse a trilha de comida mais para baixo.

Ela estava respondendo muito às caricias dele, e essa resposta natural aumentou seu prazer com o que estava fazendo. Ele continuou seguindo a trilha de cerejas em direção ao umbigo dela. Ali, Bastien rapidamente mergulhou sua língua para dentro e para fora do pequeno orificio ? uma vez, então duas ? antes de continuar descendo e passar rente ao cós do jeans dela.

? Ohhh, ? Terri gemeu, e Bastien abriu seus olhos para olhar o comprimento do corpo contorcido dela. Ela era inacreditavelmente sexy para ele, apesar do fato de que ela ainda possuía todas as suas roupas. Sua blusa estava aberta e solta, mas seus seios ainda estavam descentemente cobertos pelo seu sutiã. Bastien decidiu que era hora disso mudar.

Ela estava pronta. Ambos estavam.

Se levantando, ele voltou para o sofá e a puxou para seus braços para beijá-la novamente. Ele gostou do modo como ela enterrou as unhas em seu cabelo e o puxou para perto enquanto sua boca abria para tanto recebê-lo como devorá-lo. Então ele se pôs a trabalhar na tarefa que havia dado a si próprio; ele deslizou suas mãos para dentro e atrás da blusa de Terri para encontrar e trabalhar no fecho de seu sutiã. Ele achou difícil se concentrar na tarefa, e ficou aliviado quando a primeira, então a segunda presilha, deslizaram livrementes.

Sem parar de beijar Terri, ele trouxe suas mãos para a frente dela, e as levou para cima para tirar de seus ombros blusa que ela vestia. Terri deu um murmúrio de protesto quando ele forçou os braços dela a descerem para rapidamente tirar a blusa. Por um instante, ele temeu que a reação talvez significasse que ela iria impedi-lo, mas quando ela sacudiu as mangas para fora de suas mãos e rapidamente voltou a segurá-lo e a tocá-lo, ele se deu conta de que o protesto havia sido por causa da interferencia com o que ela estava fazendo, não por estar despindo-a.

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Aliviado, Bastien voltou sua atenção ao sutiã. Ao invés de distraí-la novamente, ele não tentou deslizar as alças pelos ombros dela, mas apenas passou as mãos por baixo dos seus seios para segurar o sutiã pela borda de baixo.

Bastien levou o material para cima até que os seios dela caíssem em suas mãos como frutas maduras caindo de uma árvore. Ele fechou os olhos com prazer com o calor e maciez deles, e o modo como Terri gemeu no fundo da garganta.

Seus dedos se fecharam em seu cabelo, puxando quase que dolorosamente enquanto ela se envergava com as caricias, mas Bastien não se importava. Ele estava produzindo esse efeito nela. Ele a estava fazendo tremer e arrepiar, gemer e sussurrar.

Ele queria causar mais disso.

Ignorando o gemido dela de decepção, ele soltou seus seios e pegou o seu sutiã para tirá-lo. Ele teve que parar o beijo para fazer isso, e uma vez que o sutiã havia sido removido, ele o atirou para o lado de qualquer jeito e observou o que havia revelado. Seus seios eram cheios e redondos, com mamilos cor-de-canela que agora estavam eretos e imploravam por atenção. Ao invés de voltar a beijar ela, Bastien atendeu ao chamado deles. Ele abaixou a cabeça para pegar um mamilo duro com a sua boca.

Sua mente estava se enchendo com todas as coisas que ele queria fazer com ela, e isso era apenas o inicio.

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Capítulo 12


Terri gemeu quando Bastien baixou a cabeça e tomou um mamilo em seu cálida e úmida boca. Ela sentiu como sua língua lhe roçava a ereta ponta para depois pressioná-la com força ao começar a chupar. Sua cabeça se retorcia sobre o respaldo do sofá, como uma negação do que estava sentindo. Seu corpo inteiro se esticou sob o repentino assalto das sensações.

Tinha passado tanto tempo desde que havia sentido algo nem remotamente parecido a isto, tanto tempo desde que essas esquecidas partes de seu corpo tinham sofrido esta classe de dor. Não estava certa de poder suportá-lo.

A princípio tinha pensado que seus beijos eram entristecedores, mas isto… isto era uma classe de tortura, uma dor prazerosa.

Seus dedos, ainda enredados no cabelo dele, curvaram-se como uma garra e puxaram. Um gemido de súplica escapou de seus lábios enquanto arrastava Bastien, até que finalmente este entendeu a mensagem e a soltou.

— O que ocorre, neném? — Perguntou-lhe com voz preocupada.

Terri lhe contemplou impotente. Queria detê-lo, mas não desejava fazê-lo.

Na verdade, desejava que continuasse. Como tinha passado tanto tempo, não estava certa de saber o que fazer para lhe agradar… ou sequer se poderia fazê-lo.

E Terri desejava tanto lhe agradar. A necessidade de fazê-lo era quase uma dor em seu coração. Bastien lhe estava dando tal prazer que queria ser capaz de fazer o mesmo por ele.

— Eu… aconteceu muito tempo desde o Ian — disse ela impotente. — Tenho medo…

— Shhh. — Com expressão tranqüilizadora, ele a tomou entre seus braços; suas mãos lhe acariciando brandamente as costas. — Não há nada que temer. Não te farei mal. Não farei nada que não queira.

Terri se afastou ante suas palavras, com os olhos totalmente abertos.

— Não. Sei. Isso não é o que… eu quero te agradar também. — balbuciou.

A surpresa encheu os olhos do Bastien. Tomou seu rosto com as mãos, olhou-a larga e fixamente antes de dizer com solenidade:

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— Terri, você me agrada todo o tempo. Só sendo como é.

— Mas…

Ele cobriu sua boca com um dedo e sacudiu a cabeça.

— Me deixe te agradar desta vez. Quero que desfrute e que se sinta bem.

Faz o que queira fazer.

— Mas, eu quero… — tentou dizer ela, mas ele sacudiu a cabeça outra vez.

— Sempre tenta agradar aos outros. Deixa que eu agrade a voce por uma vez. Quero fazê-lo.

Terri não estava certa de poder suportar muito mais de sua maneira de agradá-la, mas não discutiu mais.

Quando Bastien voltou a beijá-la, obrigou-se a relaxar-se e simplesmente sentir a suavidade dos lábios masculinos ao mover-se sobre os seus, seu sabor em sua língua e o prazer que tudo isso lhe brindava.

Logo o prazer apagou todas as preocupações de sua mente. Gemendo, Terri deslizou suas mãos nos ombros de Bastien, aferrando-se a sua roupa enquanto se arqueava para ele. Isso fez com que seus seios roçassem a lã de seu suéter, lhe enviando formigamentos por todo o corpo e aproximando-a do ponto febril que havia sentido antes. Terri se apertou mais contra ele e esfregou seus sensíveis mamilos contra a lã.

Bastien mordiscou seu lábio inferior, logo deslizou a boca ao longo da bochecha dela até seu ouvido. Tomando o lóbulo brandamente entre os dentes, capturou seus seios e os cobriu com as mãos, passando os polegares pelas sensíveis pontas.

Ela gemeu em sua boca, quase grunhindo, lhe desejando tão profundamente que era como uma dor física. Terri não recordava ter experimentado antes esta necessidade. Estava bastante segura de que Ian nunca a tinha afetado dessa maneira. Se soubesse o que estava perdendo esta embriagadora, excitante e desesperada experiência, não teria evitado os enredos sexuais todos estes anos.

— Bastien — Terri sabia que sua voz refletia a necessidade que sentia.

Não lhe importava. Necessitava-lhe. Desejava-lhe. Agora. E se tinha que lhe rogar, o faria. Se não, poderia ser, inclusive, mais exigente.

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— Shhh — sussurrou Bastien em seu ouvido, suas mãos acariciando suas costas. — Está tudo bem. Temos toda a noite. Temos todo o tempo do mundo.

Terri gemeu, seu corpo agitando-se impotente entre seus braços. Ele não entendia. Não lhe importava que tivessem toda a noite. Desejava-lhe já. Agora.

Com essa idéia, mordiscou-lhe o queixo, suas unhas cravando-se através da malha de seu suéter até alcançar seu ombro. Suas ações não pretendiam lhe causar dor, a não ser obter sua atenção. E o conseguiram. Ele se afastou com expressão de temor.

— Terri? Carinho? — Perguntou-lhe.

— Preciso-te — disse ela com tom de súplica. — Por favor.

Para seu alívio, o desejo nos olhos do Bastien ardeu ao ouvir sua simples declaração. Enredando uma de suas mãos em seus cabelos próximos a nuca, puxou-a para beijá-la e de repente, sua atitude trocou completamente. Onde antes tinha havido gentileza, agora havia domínio. Sua língua se introduzia na boca dela com uma paixão desesperada, e a pressão de seus lábios lhe empurrava a cabeça para trás. Só então Terri entendeu que a paixão dele igualava a sua, mas ele a tinha contido, talvez porque não queria assustá-la.

Bastien já não se continha, e um sorriso alargou a boca do Terri baixo a dele ante esse sinal de que lhe afetava tanto como ele a ela. Então deixou de pensar e simplesmente se perdeu no que estava acontecendo enquanto ele explorava cada espaço e fenda de sua boca.

Justo quando Terri pensava que poderia afogar-se em seus beijos e morrer feliz, a boca dele abandonou a sua. Ela ofegou e suspirou, estremeceu-se e tremeu ao sentir como seus lábios e língua se deslizavam por sua pele: por sua orelha, seu pescoço e depois pelo oco de sua garganta. Seus dentes lhe mordiscaram a clavícula e ela tremeu de excitação, seus dedos se enredaram outra vez no cabelo dele. Quando finalmente Bastien voltou para seus seios, Terri não protestou; arqueou-se e gritou seu nome enquanto ele acariciava e chupava primeiro um e depois o outro.

Sua mão quente deslizou por seu estômago, e os músculos de Terri saltaram e se apertaram por turno. Sentiu um puxão nos jeans quando Bastien os desabotoou. Ele descia cada vez mais por seu corpo, e temendo que logo estaria fora de seu alcance, Terri soltou seu cabelo, agarrou seu suéter e com mãos decididas o puxou dele.

Captando a mensagem, Bastien se endireitou o suficiente para tirar o suéter. Terri tentou agarrá-lo, mas caiu ao chão perto de sua blusa. Ela colocou

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as Palmas das mãos sobre o formoso e amplo peito, e suspirou feliz enquanto seus dedos se moviam sobre os suaves cachos. Acariciou-lhe brandamente, atrasando-se para roçar seus pequenos e duros mamilos.

Bastien a deixou fazer por um momento e depois apanhou suas mãos.

Elevando primeiro uma e depois a outra, beijou suas palmas e tomando-a pelos braços a recostou no sofá. Depois se recostou sobre ela, introduzindo um joelho entre suas pernas. Terri sentiu a coxa dele pressionando contra sua intimidade, e se esfregou impaciente para saborear a involuntária carícia. Quando ele se moveu de novo para acomodar-se por completo entre suas pernas, ela não teve dúvidas sobre qual era a dureza que sentia entre suas coxas.

Se sua perna já era firme, isto era como desejo feito rocha pressionando contra ela, imitando com seus movimentos a intrusão de sua língua em sua boca.

Terri não se deu conta de que Bastien tinha introduzido uma mão entre seus corpos até que sentiu o ar fresco na parte inferior de seu estômago. O zíper desceu e a mão de Bastien o seguiu, deslizando sobre a pele que se mostrava e através de sua calcinha.

Ela ofegou e quase mordeu a língua devido à surpresa, mas se conteve e começou a lhe beijar com maior desespero. Todos os músculos de seu corpo vibravam. Seu coração martelava enquanto a mão dele deslizava mais abaixo.

Quando finalmente tocou seu sexo através do magro encaixe branco da calcinha, ela se sacudiu violentamente, abrindo mais as pernas para lhe facilitar o acesso.

Bastien interrompeu o beijo mordiscando e lhe chupando brandamente o lábio inferior e depois se separou dela. Não desceu por sua garganta ou por seus peitos, nem lhe acariciou a pele de seu ventre, mas sim se sentou na beira do sofá, olhando-a fixamente nos olhos e agarrou os jeans para baixá-los por suas pernas.

Nesse momento, consciente da nudez de seus seios, Terri se tampou com os braços. Bastien sorriu diante desse sinal de acanhamento, mas não se deteve.

Os jeans dela logo formaram um vulto no chão, perto do resto de suas roupas, e suas calcinhas se reuniram com o resto a seguir.

Agora Terri estava completamente nua, exposta e vulnerável a seu olhar. E

ele a olhou. Ficou ali sentado durante um comprido momento, percorrendo com os olhos o que já havia tocado e, em alguns casos, saboreado. Terri permaneceu imóvel, mordendo o lábio e desejando que ele deixasse de olhá-la. Desejando que a beijasse. Desejando que ele já não tivesse as calças postas. Não acreditava que fosse tão incômodo para ela se não fosse a única que estivesse nua. Ela mal pensou isso quando ele pegou sua mão. Ela hesitou, depois descruzou seus braços e colocou sua mão na dele.

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Bastien puxou-a até sentá-la e então se ajoelhou entre suas pernas tal como tinha feito antes. Entretanto agora não havia nenhum rastro de sobremesa em seu estômago, mas não era em seu ventre que ele estava interessado. Os olhos dela se abriram de par em par com a surpresa quando ele separou mais suas pernas e baixou a cabeça.

— Bas... — Seu protesto morreu abruptamente quando ele enterrou o rosto entre suas coxas. Terri se sacudiu e se esticou, arqueando o corpo até levantá-lo do sofá. Dividida entre a vergonha, a surpresa e a primeira quebra de onda de prazer, quis lhe pedir para que parasse… mas não parecia ter voz para fazê-lo. Nem sequer estava segura de que ainda tivesse língua. Ou cérebro. A única parte de seu corpo da qual estava segura de que ainda existia, era a zona que ele estava lambendo com empenho. Cada célula de seu corpo se concentrou nessa área, cada um de seus pensamentos se centraram no que Bastien lhe estava fazendo.

Terri sentiu que o seu peito doía e se deu conta de que tinha estado prendendo a respiração. Deixando o ar sair com um comprido suspiro, voltou a inalar, consciente de que estava ofegando, mas não lhe importou. Na verdade não lhe importava nada nesse momento; o mundo inteiro poderia ter acabado fora do apartamento de cobertura e ela não teria notado. Terri estava completamente concentrada no que Bastien lhe estava fazendo e a tensão que estava provocando.

Essa tensão se fazia quase insuportável. As ações de Bastien estavam causando estragos, um prazer doloroso que não estava certa de poder suportar.

Terri queria que parasse mas necessitava que continuasse, e seus movimentos refletiam sua confusão. Começou a retorcer as pernas em um esforço por escapar, ao mesmo tempo que se arqueava para ele procurando sua carícia.

Bastien a tomou com calma, simplesmente agarrando suas coxas e a sustentando firmemente em seu lugar. Continuou deixando-a louca de necessidade, fazendo-a sacudir-se contra ele.

— Por favor — chorou Terri, retorcendo-se grosseiramente, então soltou um grito de prazer que a seus ouvidos soou muito alto. Uma pontada de vergonha a atravessou, junto com o temor de que Vincent ou C.K. pudessem ouvi-la e fossem ver o que acontecia. Não querendo que acontecesse isso, virou a cabeça e mordeu firmemente a almofada do sofá. Não deteria seus gemidos, mas ao menos os amorteceria.

Quando acreditava que não poderia suportar mais, sentiu como Bastien deslizava um dedo dentro dela, aumentando a tensão. Terri desmoronou, seu corpo se convulsionava enquanto gritava contra o sofá. Onda atrás de onda de prazer a alagaram enquanto ele continuava o que estava fazendo. Essas ondas

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batiam contra ela dura e rapidamente, uma atrás de outra, uma e outra vez até que soluçou com a liberação. Somente então Bastien levantou a cabeça.

Acomodando-se no sofá junto a ela, tomou entre seus braços e se deitou sustentando-a com delicadeza enquanto ela tremia e se estremecia com os remanescentes da paixão.

Terri o abraçou, a maravilha e a gratidão enchiam sua mente, mas estava muito esgotada pelo que tinha experimentado para poder oferecer o mesmo a ele.

Permaneceu quieta enquanto Bastien lhe beijava os olhos fechados, a ponta do nariz, os lábios. Seus beijos foram doces e suaves ao princípio, logo se voltaram mais exigentes, e apesar de seu cansaço, Terri lhe respondeu.

Quando a mão dele se fechou sobre seu seio, ela suspirou e se arqueou contra ele. Quando a deslizou entre suas pernas, sua paixão despertou de novo como se nunca tivesse sido saciada. Ela gemeu em sua boca, suas pernas se abriram como uma flor com a promessa da luz do sol.

Bastien gemeu e se afastou.

— Te desejo. — Murmurou ele contra sua bochecha.

— Sim. — Terri introduziu uma mão entre eles e lhe acariciou por cima de suas calças. Tinha o membro duro e excitado. Terri o apertou e percorreu sua longitude com a palma da mão. Depois a subiu para lhe soltar o botão da calça, mas depois de tentar inutilmente por alguns momentos, Bastien se moveu para ajudá-la.

Terri agarrou a cintura da calça e puxou até baixá-la tanto como pôde, depois trocou ligeiramente de posição para terminar de deslizá-la por seus quadris ao mesmo tempo que lhe baixava a cueca. Com um último esforço, o sexo de Bastien estava livre e aterrissou, duro e pesado, sobre o estômago de Terri.

Esquecendo de lhe tirar toda a calça, ela o tomou em sua mão.

Bastien ofegou e depois reclamou sua boca, beijando-a quase violentamente enquanto empurrava contra sua mão. Então a afastou substituindo-a com a própria, enquanto descia seu corpo contra o dela. Terri sentiu como parava na entrada de sua feminilidade até que começou a penetrá-la devagar, detendo-se quando ela gemeu ante a sensação de estiramento.

Terri se moveu e Bastien se retirou, penetrou-a outra vez um pouco e se retirou de novo. Era como se estivesse provocando-a, jogando com o que poderia ter, mas ainda não tinha. Ela girou a cabeça um pouco para interromper seu beijo e logo lhe mordeu o queixo em silenciosa demanda. Depois deslizou as mãos por seu traseiro e lhe enterrou as unhas enquanto se arqueava para ele, tentando lhe obrigar a penetrá-la por completo.

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Bastien soltou uma gargalhada sem fôlego pelo que fez. Mas também reclamou seus lábios e deu o que ela desejava, empurrando sua língua profundamente em sua boca ao mesmo tempo que penetrava em seu corpo totalmente.

Terri gritou quando ele a penetrou. Era o que ela queria, o que necessitava, mas era muito. Foi quase um alívio que ele se retirasse. Quase. Mas quando ele o fez, lhe desejou uma vez mais. Por sorte, Bastien tinha terminado com sua brincadeira e empurrou outra vez quase imediatamente. Então ele se retirou e empurrou uma e outra vez.

Terri deslizou suas mãos das nádegas do Bastien até suas costas, lhe arranhando de forma inconsciente até chegar a seus ombros, então lhe agarrou os braços e se apertou contra ele. Sua necessidade crescia uma vez mais, pressionando, apressando-a a lhe apressar, enquanto se aproximava da liberação que já lhe tinha provocado uma vez. Queria-a de novo. Necessitava-a.

Um grito subiu por sua garganta ao crescer a tensão. O impulso de afastar a cabeça era forte, mas quando tentou fazê-lo, Bastien a agarrou pelo cabelo para mantê-la em seu espaço. Seu beijo se voltou mais exigente enquanto empurrava dentro dela uma e outra vez, até que Terri se esticou em baixo dele, com os olhos muito abertos enquanto a liberação sacudia violentamente seu corpo. Nesse momento, Bastien se afastou com um gemido, jogando a cabeça para trás, empurrou uma última vez esmagando o estremecido corpo dela contra o sofá e se afogou em seu interior.

*
— Está bem? — Perguntou ele um momento mais tarde.

Terri se moveu preguiçosamente, seus olhos piscaram até abrir-se.

Levantou a cabeça para olhar Bastien. Apenas tinha se dado conta de que tinham trocado posições. Agora ele estava de costas sobre o sofá e ela deitada sobre seu peito, fraca como uma boneca de trapo.

— Sim. Obrigada — disse ela, sua voz apenas um rouco fio.

Bastien sorriu ante as corteses palavras e levantou uma mão para lhe afastar o cabelo do rosto.

— Não fui muito rude, certo?

Terri negou com a cabeça, consciente de que estava ruborizando. Era um tanto embaraçoso ter que discutir agora a respeito do que acabavam de fazer,

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embora sabia que sua reação era tola. Acabavam de realizar o ato mais íntimo conhecido pelo ser humano e lhe parecia embaraçoso falar disso?

Bastien levantou um pouco a cabeça e lhe deu um beijo nos lábios, depois a fez recostar a cabeça sobre seu peito e continuou abraçando-a. Sua mão acariciava a suave pele de suas costas. Ela sentiu que seus olhos se fechavam; então ele murmurou: — Obrigado.

Terri abriu os olhos e elevou a cabeça para olhá-lo.

— Obrigado por que?

— Por isso — disse ele simplesmente. — Por me dar o maior prazer que experimentei na vida.

Ela soltou um risinho irônica, quase envergonhada.

— Não fiz muito. Você fez todo o trabalho. Deveria ser eu a que teria que agradecer — terminou Terri.

Bastien sorriu e lhe afastou o cabelo, logo puxou-a até que seus lábios se encontraram.

Para seu rubor, no momento em que a língua dele penetrou em sua boca, Terri sentiu o formigamento energia em seu corpo outra vez. Não pôde evitar o gemido que surgiu do mais profundo de sua garganta. Seu embaraço morreu no instante em que sentiu que o membro do Bastien começava a endurecer-se sob sua coxa, o qual cruzava por cima dos quadris dele. Ao parecer não era a única que ainda ficava um pouco de fogo.

Debaixo dela, Bastien sentiu que sua necessidade pela mulher que estava entre seus braços renascia e quase grunhiu. Não era possível que de novo estivesse preparado. Mas o estava. A forma em que Terri ofegava e se movia contra ele bastava para acender sua paixão uma vez mais, lhe excitando imediatamente. Não recordava ter desejado a alguém assim, ou haver sentido essa fome por uma mulher. Inclusive Josephine não tinha jogado lenha ao fogo de seu desejo como fazia Terri com um simples murmúrio de prazer. A forma em que se moveu contra ele, a forma em que gemeu, gritou e lhe acariciou tinham conspirado para aumentar sua excitação até níveis insuportáveis. Agora ocorria de novo; seu corpo voltava para a vida como nunca antes.

Agarrando-a pela cintura, Bastien colocou Terri sobre ele, de modo que estivessem quadril contra quadril. Beijou-a, demandando o que lhe estava oferecendo. Então, tomando a parte traseira de suas coxas, a fez separar as

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pernas para que se sentasse escarranchada sobre ele. Queria entrar nela agora, deixar que sua quente umidade envolvesse toda sua longitude, mas lhe preocupava que fora muito logo. Sabia, pelas coisas que tinha lhe contado, que Terri não tinha tido nenhum amante desde a morte de seu marido, e não queria deixá-la machucada nem dolorida. Infelizmente seu corpo não raciocinava, e seus quadris se moviam por própria vontade, empurrando e esfregando-se contra ela.

Terri gemeu imediatamente em sua boca e se deslizou por seu sexo inchado. Consciente de que estava tão excitada como ele, Bastien decidiu que seria cruel deter-se. Só que evitaria fazer amor desta vez. Se satisfariam mutuamente sem chegar a penetrá-la. Suas mãos encontraram seus seios e começou a amassá-los brandamente.

Ofegando em sua boca, Terri colocou as palmas sobre seu peito. levantou-se um pouco para poder sentar-se em cima dele. Uma vez que estava bem equilibrada, pôs suas mãos sobre as dele, impulsionando-o a acariciá-la mais firmemente enquanto ela se deslizava ao longo de seu membro outra vez. Seus olhos estavam fechados, sua cabeça inclinada ligeiramente para trás, de modo que seu comprido cabelo castanho caía por suas costas e Bastien, fascinado, observava o jogo de emoções que se refletia em seu rosto. Prazer, necessidade, desespero, cruzaram por seu rosto enquanto se retorcia sobre ele. Então seus olhos se abriram e lhe lançou um olhar que ele reconheceu imediatamente.

Bastien o tinha visto antes. Tinha estado olhando seu rosto enquanto lhe dava prazer com sua boca, e essa mesma incerteza e temor a tinham reclamado justo antes de que encontrasse a liberação graças a sua língua.

— Por favor.

Essa era uma palavra rica em significados: Por favor, me dê prazer. Por favor, me mantenha segura. Por favor, me leve aonde meu corpo deseja ir. Talvez inclusive: Por favor, me ame.

— Por favor — repetiu ela, logo adicionou com uma espécie de frustração impotente. — Não posso…

Incapaz de conter-se mais, Bastien se sentou e a colocou escarranchada sobre ele. E apesar de suas anteriores intenções, começou a invadir seu interior.

Um pequeno suspiro de alívio escapou dos lábios dela enquanto se movia sobre ele, seus braços rodeando seus ombros. Bastien capturou aquele suspiro com um beijo, agarrou seus quadris e começou a impulsioná-la contra ele, controlando o ritmo, enquanto seus corpos se tocavam, tentando chegar à liberação que ambos desejavam e necessitavam.

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De repente Terri interrompeu o beijo e pressionou sua bochecha contra a dele, ofegando em seu ouvido.

— Bastien. Por favor.

Girando a cabeça, ele tomou seu pescoço com a boca e sentiu que suas presas brotavam. A veia dela pulsava contra seus lábios. Quase a mordeu, quase afundou seus dentes na carne suave e bebeu dela. Era um instinto animal automático, mas se freou e afastou a boca, obrigando as suas presas a se retirarem.

— Por favor — gemeu ela uma vez mais, e Bastien reclamou de novo seus lábios, desta vez com um violento beijo.

Na primeira vez que fizeram amor tinha experimentado o mesmo instinto de mordê-la, queria sustentá-la com seus dentes como um gato, mas tinha lutado contra isso igual fazia agora; essa luta converteu o beijo quase em um castigo.

Sabia, pela forma em que Terri respondia, que ela sentia uma necessidade quase frenética, desesperada pela liberação, cambaleando na beira, mas incapaz de alcançá-la.

Bastien podia sentir seu próprio orgasmo aproximando-se, ameaçando chegando sem importar se ela alcançava o seu ou não. Decidindo que era melhor levá-la mais rápido que deixá-la decepcionada, encontrou o centro de seu prazer.

Acariciou-a febrilmente, e a impulsionou para o êxtase, lhe permitindo encontrar o seu próprio.

Justo quando Bastien pensou que não poderia agüentar mais, Terri afastou sua boca da dele e lançou um grito de triunfo. Seu corpo se apertou em espasmos ao redor dele; apertando e afrouxando, e apertando de novo. Aliviado, Bastien se deixou ir. Seu próprio corpo ficou rígido, empurrou uma vez mais e se verteu nela.

Terri jazia sem forças contra o peito do Bastien e ele se moveu para lhe dar espaço no sofá. Ela se deixou cair contra ele depois de ter encontrado seu prazer e sua cabeça ficou descansando na curva do pescoço dele, dormindo profundamente. Ou inconsciente, pensou ele ironicamente, considerando que não se movia absolutamente. Permaneceu sentado um por um longo tempo, estreitando-a entre seus braços, com seus corpos ainda unidos. Mas ela não mostrava sinais de despertar, inclusive sua respiração se voltou mais profunda e relaxada. A mulher estava morta para o mundo.

Sorrindo quando ela murmurou entre sonhos e se apertou contra ele, Bastien se levantou com cuidado, tirou a calça que tinha enrolada nos tornozelos, e tomou Terri em seus braços. Nem isso a despertou. Limitou-se a apertar-se

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contra seu peito e fazer ligeiros sons contra sua pele, como se estivesse comendo ou beijando alguém em seu sonho. Esperando que se era este último ela sonhasse que beijava a ele, cruzou a pernadas a sala de estar com ela em seus braços.

Bastien considerou como era perigoso vagar nu pelo apartamento, com Terri igualmente nua em braços. Mas tinha sido mais arriscado fazer o amor na sala de estar, onde Vincent ou Chris podiam ter entrado a qualquer momento.

Por sorte, não o tinham feito e só podia esperar que sua sorte continuasse.

Bastien estava muito esgotado para incomodar-se em vestir-se, sem mencionar que ela não parecia em forma para vestir-se. Definitivamente tinha esgotado a pobre mulher com suas demandas, pensou com satisfação, embora ela tinha sido igualmente exigente.

Conseguiu percorrer todo o caminho até o dormitório principal sem encontrar-se com o Vinny ou Chris. Depois de deitar Terri, retornou rápido à sala de estar em busca de sua roupa. Bastien sabia que ela se sentiria terrivelmente envergonhada se outros encontravam evidências no chão da sala na manhã seguinte e começavam a fazer suposições em relação ao que tinha ocorrido.

Queria lhe economizar isso.

Bastien escutou que alguém batia na porta do quarto enquanto retornava, e viu alarmado que Chris estava plantado diante da mesma batendo com força.

Assustado que o ruído pudesse despertar Terri, apressou-se a alcançar ao homem para evitar que continuasse batendo. No último momento lembrou dos objetos que levava nas mãos. Fez um bolo com eles e ao ver por cima o prendedor de encaixe do sutiã de Terri, escondeu tudo rapidamente atrás de suas costas, para ocultar as provas do que tinham estado fazendo.

— Chris! — Gritou quando o homem levantou a mão para bater na porta outra vez. — O que está fazendo?

— Ah, Bastien. — O editor se voltou e abriu a boca para falar, mas notou sua nudez. Soltou o fôlego em um suspiro irritado. — O que passa contigo e com seu irmão? Passaram os verões em um campo nudista enquanto cresciam? Não têm um pouco de decoro? Porra.

Ao olhar sua nudez, Bastien tentou cobrir-se com o bolo de roupa que tinha escondido atrás das costas, mas ao primeiro vislumbre do encaixe branco, rapidamente voltou a esconde-lo.

— Isso não importa — lhe disse com o cenho franzido. — Por que está batendo na minha porta as… — jogou uma olhada a seu relógio, que era o único objeto que ainda levava em cima — … às duas da manhã?

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— Ah — Recordando por que estava ali, Chris suspirou e se esfregou distraídamente o estômago. — Não me sinto bem, e me perguntava se teria um antiácido ou algo assim. Acredito que a caçarola e eu não chegamos a um bom acordo.

Bastien lhe olhou atentamente, notou a palidez de sua pele e o modo que tremia. Então aspirou e percebeu o aroma acre do fôlego do Chris.

— Foi algo mais que um desacordo, não? — Perguntou-lhe em tom grave.

— Vomitou.

— Algumas vezes — confessou o editor.

— Dor de estômago ou diarréia?

Chris fez uma careta como resposta e Bastien assentiu. Era o que pensava.

— Vista-se — lhe disse, encaminhando-se à porta de seu quarto.

—Não sou eu o que não está vestido — disse C.K. secamente.

— Para sair — esclareceu Bastien. Olhou os boxers e a camiseta do editor que obviamente tinha colocado para poder chamá-lo. — Vamos ao hospital.

— Estou certo de que não tenho que ir ao hospital — protestou C.K.

Bastien arqueou uma sobrancelha.

— Chris, seus sintomas sugerem uma intoxicação alimentar. E com a má sorte que teve ultimamente, sem contar o fato de que comeu a pouco mais de duas horas e já se sente assim, acredito que é um caso sério. Vá se vestir.

Queixando, o editor deu meia volta e se dirigiu para seu quarto. Bastien esperou até que o viu entrar e então abriu a porta de seu próprio quarto e deslizou para dentro, sem surpreender-se absolutamente ao encontrar Terri de pé perto da porta. Estava enrolada no lençol, parecendo com um sarong12, e em seu rosto havia preocupação. Obviamente Chris a tinha acordado quando bateu e era provável que tivesse ouvido a maior parte de sua conversa.

Isso estava bem, supôs, assim já não tinha que despertá-la e explicar-lhe.

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Capítulo 13


— Intoxicação alimentar.

— Hmm — Bastien concordou seriamente.

— Uma maldita intoxicação alimentar. — repetiu Vincent, com uma combinação de incredulidade e repugnância — O cara é um desastre ambulante.

Essa é o que? A terceira vez que ele vai ao hospital em uma semana?

Terri se remexeu em seu assento e observou olhou para os homens situados em ambos os lados dela.

— Foi apenas em uma semana?

Vincent franziu a sobrancelha.

— E não é? Kate o trouxe para o apartamento na sexta-feira passada. Hoje é sexta-feira outra vez. Sexta-feira bem cedo, para falar a verdade — acrescentou, fechando a cara para o relógio situado na parede da sala de emergência.

Terri seguiu seu olhar para ver que eram quatro da manhã, definitivamente muito cedo. E aparentemente era manhã da sexta-feira. Ela refletiu sobre essa informação. Terri sabia em algum lugar de sua mente que era manhã da sexta-feira, mas antes de ouvir o comentário do primo de Bastien, não havia lhe ocorrido que isso significava que ela já estava a uma semana em Nova Iorque.

Sim, somente uma semana. Ficou admirada com esse fato durante um momento.

Fazia apenas uma semana que conhecia o Bastien. Ainda assim sentia-se como se tivesse transcorrido toda uma vida. Era difícil inclusive recordar como tinha sido sua vida sem ele. Agora ele estava tão presente em seus pensamentos, que era como se Bastien tivesse estado sempre em sua vida, ou ao menos tivesse pertencido sempre a ela.

— Intoxicação alimentar — resmungou Vincent outra vez com uma sacudida de cabeça. — Como ele sobreviveu até esta idade? Nunca chegará aos trinta.

— Acho que ele já tem trinta anos — disse Terri.

— Ele tem? — perguntou Bastien.

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Terri hesitou. Kate havia mencionado o editor e sua idade em um e-mail que lhe enviou no outono anterior. Tinha sido o aniversário dele naquela época.

Mas agora não estava segura de qual idade sua prima havia dito.

— Acho que sim. Vinte e nove ou trinta.

— Bom, então não chegará aos trinta e cinco — previu Vincent.

Terri sorriu, e então disse:

— Kate nunca mencionou que ele era propenso a sofrer acidentes. Acredito que esta é só uma maré de azar.

— Uma maré de azar? — O ator riu. — Terri, torcer o tornozelo e pisar nos dedos do pé são marés de azar. Este indivíduo é uma calamidade ambulante. Em vez de nós chamarmos ele de C.K., deveríamos chamá-lo de C.C. : Chris Calamidade.

Terri sorriu mais ainda e respondeu:

— Provavelmente a caçarola foi o que o adoeceu. Nós três provamos todos os pratos que os fornecedores mandaram, mas só um pouco de cada. Chris foi o único que comeu muito de tudo, especialmente a caçarola de frango.

— Nós comemos a sobremesa. Ou a compartilhamos, ao menos — Bastien a lembrou, sua voz descendendo para um tom íntimo.

Terri se ruborizou quando as palavras dele despertaram agudas lembranças da noite anterior.

— Mas você tem razão. Chris foi o único que realmente comeu a caçarola.

Nós dois apenas comemos um pedaço. — recordou Bastien assentindo — E você não gostou.

— E você disse que havia algo nele que também não lhe agradava — ela o lembrou.

— Sim, salmonelas. Isso é o que você não gostou, e o que não te agradou — comentou Vincent, apontando para um de cada vez. Então dirigiu um olhar impaciente para a lotada sala de espera. — Quanto tempo mais vocês acham que vão ficar com ele?

Bastien balançou a cabeça com cansaço.

— Espero que não muito mais tempo. Não me faria mal dormir um pouco.

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— Sim, a mim tampouco. Quero estar bem descansado para a viagem deste fim de semana.

Terri se voltou para Vincent com surpresa — Qual viagem?

— Partirei esta tarde para ir a casa, na Califórnia, passar o fim de semana — respondeu ele. — Sinto falta dos meus lugares favoritos.

— Hã? — perguntou Bastien com interesse — Qual o nome dela?

— Disse meus lugares favoritos, não uma mulher — indicou Vincent.

— Hum-hum — Bastien sorriu abertamente e logo repetiu — Qual o nome dela?

Seu primo vacilou, retorcendo a boca com desagrado. Ao fim se rendeu e grunhiu: — Ninguém que você conheça.

Bastien abriu a boca, mas antes que pudesse insistir mais no assunto, uma mulher vestida de branco abriu a porta da sala de espera e chamou: — Bastien Argeneau? — E olhou ao redor.

Em um instante, ele tinha se levantado e estava junto da mulher. Terri e Vincent observaram-no enquanto os dois falavam, e logo em seguida Bastien a seguiu através da porta.

— Hum —Vincent se endireitou no pequeno assento e olhou para Terri — Do que você acha que isso se trata?

Terri sacudiu a cabeça. Não tinha idéia alguma, mas não parecia ser nada bom. Seria bom se um pálido e fraco Chris Keyes, recuperado, tivesse entrado na sala de espera preparado para voltar para o apartamento de cobertura.

Ambos permaneceram em silêncio enquanto esperavam. Enquanto os minutos passavam, Terri se encontrou passeando o olhar pela sala de espera, algo que havia evitado enquanto os homens falavam. Eles a tinham mantido distraída do lugar onde se encontravam nas outras vezes. Era melhor para ela estar distraída. A primeira viagem com o Chris tinha sido mais fácil porque estavam em estado de pânico o tempo todo. Quando chegaram ao hospital, o editor estava quase azul devido a sua dificuldade para respirar. Houve tumulto e alvoroço quando chegaram. Tinham cruzado a sala de espera, e tinham metido a

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todos em um dos quartos de reconhecimento para responder às perguntas que os doutores berravam, já que Chris não era capaz de responder em seu estado.

Depois tinham empurrado Vincent, Bastien e Terri para o corredor para que esperassem enquanto os profissionais trabalhavam. Mas não tinham tido que esperar muito tempo, e Terri estava tão preocupada com Chris que não tinha tido a chance de preocupar-se muito sobre onde estava.

Esta noite era diferente. Embora o editor estivesse doente como um cão, ela não acreditava que a doença fosse uma ameaça para sua vida. Não havia muito para mantê-la distraída, e agora nem Bastien e nem Vincent estavam conversando para evitar que pensasse em onde estava.

Terri odiava os hospitais. Os hospitais significavam enfermidade e morte.

As duas pessoas mais importantes em sua vida tinham exalado seu último fôlego em um hospital: sua mãe e Ian. E ambos os casos tinham sido como largos pesadelos. Ela se tinha mantido impotente ao lado deles, os vendo sofrer uma morte muito lenta cheia de dor. Respirou fundo em um esforço para aliviar um pouco a tensão que crescia em seu interior, mas exalou rapidamente e fechou os olhos perante o aroma que tomou conta de seu nariz. Todos os hospitais tinham o mesmo aspecto e cheiravam igual.

— Aqui está ele.

Ela levantou o olhar perante o anúncio de Vincent, e observou aliviada que Bastien vinha para eles.

— Manter-lhe-ão aqui pelo resto da noite — lhes fez saber, enquanto Vincent e Terri ficavam de pé.

— É muito grave? — perguntou ela ansiosamente.

— Não. Não acredito. Ele está muito desidratado e está no soro, mas dizem que ficará bem. É só que como passou por tantos traumas durante esta semana, sentir-se-iam melhor cuidando dele aqui para assegurarem-se de sua recuperação.

— Ah — disse Terri. Não parecia má ideia. Até parecia sensato.

— Então? Vamos sair daqui? — perguntou Vincent — Ou temos que fazer algo mais? Assinar papéis ou algo do tipo?

— Vamos dar o fora daqui — Tomando a mão de Terri, Bastien se virou para a porta.

*

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Os três se mantiveram em silêncio enquanto caminhavam para o carro.

Tinha sido uma longa noite e todos estavam exaustos. Ou ao menos Terri supunha que os homens estivessem, pois ela definitivamente estava. Embora tivesse dormido por alguns minutos antes de acordar com as batidas de C.K. na porta do quarto, não tinha sido o suficiente. Bastien tinha tentado convencê-la para que ficasse e dormisse, mas Terri sabia que não poderia fazê-lo até que voltassem; teria se limitado a ficar levantada cheia de preocupação até que soubesse que o editor ficaria bem. Ir ao hospital não parecia ser divertido, mas pelo menos saberia do que ocorresse e não estaria dando voltas no apartamento.

No entanto, Terri tinha ficado surpresa que Vincent tivesse insistido em lhes acompanhar. O sono do homem tinha sido interrompido quando Chris saiu de sua habitação atrás de outro ataque de vômito, ainda vestido com boxers e camiseta, e insistido em que não se sentia mal o bastante para ir ao hospital, e que provavelmente se sentiria melhor depois de dormir um pouco. Bastien perdeu a cabeça e começou a gritar, despertando seu primo no processo. Vincent tinha, obviamente, saído de seu quarto para descobrir o que estava acontecendo.

Imediatamente decidiu-se se juntar ao grupo que saía para o hospital. Terri supôs que estivesse tão preocupado como os outros, apesar de seus comentários sobre as desventuras do editor.

Terri bocejou e deslizou no assento dianteiro da Mercedes do Bastien, murmurando um obrigado quando Bastien fechou a porta do carro que tinha mantido aberta para ela. Ele era tão prestativo, pensou com um suspiro sonolento, lhe observando enquanto ele assumia o volante e dava a partida no carro. E bonito, e doce, e sensual, e inteligente.

Fechando os olhos, ficou adormecida enquanto Bastien saía do estacionamento e conduzia o carro para a saída. Quando Terri piscou, abrindo os olhos outra vez, foi ver que estavam entrando na garagem subterrânea do edifício Argeneau.

Tentou se acordar enquanto Bastien estacionava o carro, mas isso provou ser um esforço terrível. Terri ainda estava meio adormecida quando cambaleou para fora do carro, e ficou agradecida quando Bastien apareceu a seu lado e lhe passou o braço pelos ombros para conduzi-la até o elevador. Sentiu-se ainda mais agradecida quando, depois que subiu com dificuldade um par de degraus, ele a carregou em seus braços pelo resto do caminho.

— Ela está esgotada — escutou Vincent comentar — O que você fez com a pobre garota?

Se Bastien respondeu, Terri não o escutou. Se encostou contra seu peito e se aconchegou até dormir outra vez.

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— Chegamos, carinho.

A suave voz do Bastien despertou Terri o suficiente para compreender que ele a tinha depositado sobre algo suave, e que agora estava ocupado com a parte frontal de sua blusa. Obrigou suas pálpebras a abrirem-se até o ver inclinado sobre ela, com uma expressão de concentração em seu rosto. Supôs que poderia se sentar para lhe ajudar, mas se sentia quase bêbada de cansaço. Terri ficou deitada, com os olhos fechados e meio adormecida, enquanto ele a despia, lhe tirando primeiro a blusa e o sutiã, que havia vestido para lhes acompanhar até o hospital, e depois os jeans e a calcinha. Ele murmurava com voz suave o tempo todo enquanto a despia.

— Pronto — disse ele.

Terri se aconchegou sob os lençóis confortáveis com um pequeno suspiro enquanto ele atirava as mantas para cima para cobri-la, e caiu em um profundo sono.

*
O toldo sobre a cama era negro.

Terri o contemplou, sonolenta, perguntando-se por que era negro. Seu quarto estava decorado em tons rosa e azul, e o tonel sobre cama dela era de um azul cobalto com estrelas que não deixavam nunca de fazê-la sorrir quando acordava. Um murmúrio sonolento ao seu lado, seguido de um braço que se enroscava ao redor de sua cintura, deu a Terri sua resposta.

Bastien. Ela não estava em seu quarto; ele havia colocado ela na suíte principal ontem à noite quando voltaram do hospital. Estava cansada demais para se dar conta. Estava esgotada pelos acontecimentos da última noite.

Terri fechou os olhos enquanto lembranças da noite lhe vinham com muita clareza. A noite passada tinha sido… Deixou sair o fôlego em um suspiro. Nunca havia experimentado nada como aquilo. A paixão, a fome, a necessidade… Terri não havia simplesmente desejado Bastien, tinha-lhe ansiado. Sua pele, seus lábios, seu corpo inteiro, tinham suplicado por ele com um desespero que, inclusive agora, fazia que os dedos de seus pés se contraíssem.

Bastien suspirou em seu sono e se virou para o outro lado, recolhendo o braço. Terri aproveitou a oportunidade para saltar da cama. Precisava de um pouco de tempo sozinha para pensar. As coisas aconteciam tão rapidamente e o tempo passava tão rapidamente que suas emoções se transbordavam a um ritmo assustador. Ela precisava de uma pequena pausa, um tempo para meditar sobre o que tinha acontecido e o que deveria fazer.

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Se é que havia algo para fazer, pensou Terri, enquanto recolhia sua roupa do chão e cruzava o quarto em direção a porta do banheiro de hóspedes. É claro que ela tinha opções. Ou seguia adiante com o caso que Bastien e ela tinham começado na noite passada — embora ?caso? não fosse a palavra adequada, ele não estava casado e ela tampouco, e no geral ?caso? tinha esse significado — ou o terminava agora. O que não era opção de forma alguma. Não desejava pôr fim nele.

Um pequeno suspiro escapou de seus lábios, abriu a ducha, ajustou a temperatura e entrou debaixo do jato d’água. A água a golpeou, quente e vibrante, na cabeça e nos ombros, e Terri se girou devagar, suspirando com prazer quando a água lhe massageou as costas, um lado, seus seios e logo o outro lado. Ao final, fez uma pausa em seu giro lento para dar as costas ao jato outra vez.

Não, ela não tinha nenhuma escolha, pensou enquanto alcançava o sabão.

Fechando os olhos, Terri jogou a cabeça para trás e permitiu que os momentos vividos na noite passada vagassem por sua mente. Passou a pequena barra de sabão pela pele. A ternura de Bastien, sua paixão, seus beijos, seu corpo fundindo-se com o seu…

Não se surpreendeu pela maneira em que os dedos de seus pés se fechavam contra o chão de azulejo do chuveiro, ou pelas ardências persistentes que se estendiam por onde suas mãos moviam o sabão. Só de pensar no que ela e Bastien fizeram, no que havia sentido, fez ela se sentir faminta para experimentá-

lo outra vez. Quem poderia voluntariamente deixar passar a ocasião de ter mais do que tinha desfrutado na noite anterior? Ou as gargalhadas, a camaradagem e o prazer que Terri tinha experimentado desde sua chegada a Nova Iorque?

Ela não poderia, e estava disposta a admitir. Mas estava arriscando seu coração e também sabia disso. Aí estava o problema. Cada momento que Terri passava com Bastien a empurrava muito mais para perto de lhe amar. Ele era especial. Ela nunca tinha conhecido ninguém como ele, e sabia que nunca conheceria outro como ele. Era como se Bastien tivesse sido feito exatamente para ela, e colocado nesse mundo para que ela o encontrasse. Conversavam sem parar quando estavam juntos, gostavam e desgostavam das mesmas coisas, trabalhavam bem juntos em uma crise… e quanto a ontem à noite, se ele tivesse achado tão prazeroso e explosivo como ela achou…

Terri abriu os olhos e se girou na ducha para permitir que a água levasse a espuma de seu corpo. Teria Bastien obtido tanto prazer quanto ela? Ela pensou que talvez sim, mas talvez tenha sempre sido assim para ele. Talvez só tinha sido algo novo e explosivo para ela devido a sua carência de experiência em geral. Ian e ela eram jovens e impacientes, e estavam cheios do egoísmo da juventude.

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Olhando para trás, agora podia perceber isso. Naquele tempo, Terri quase não se preocupava com prazer dele assim como ele não se preocupava com o dela.

Mas a resposta para o seu dilema parecia simples. Se a escolha fosse entre pôr um fim ou continuar desfrutando enquanto pudesse, então continuaria.

Embora durasse somente duas semanas — uma semana, a partir de agora — sua estadia em Nova Iorque. Doeria como um inferno quando tudo acabasse e retornasse a sua casa, mas, ah… as lembranças!

Decidindo que, visto que dispunha de um tempo limitado, iria construir tantas lembranças quanto possível, Terri fechou a torneira, deslizou a porta do boxe para sair e ficou de pé sobre o macio tapete de banho rosa. Pegou uma toalha pequena e a enrolou no cabelo molhado e depois agarrou outra maior para enrolar-se nela. Então começou a andar, parando surpresa ao ver Bastien de pé na porta aberta do banheiro. Estava totalmente e descaradamente nu. E era impressionantemente bonito.

— Acordei e você tinha sumido — disse ele. Dando um passo adiante, deslizou seus braços ao redor dela, puxando-a contra seu peito e baixou a cabeça. Terri achou que ele ia beijá-la. Mas não o fez. Em vez disso, levou o nariz à curva entre seu ombro e pescoço, e inspirou — Você cheira como pêssego — E

lambeu sua pele — Bom o bastante para comer.

— Sabão de pêssego — ofegou ela, fechando os olhos. Inclinou a cabeça ligeiramente a um lado para expor seu pescoço.

Bastien aproveitou a oportunidade e o mordiscou riscando um caminho até sua orelha. Terri gemeu e se estremeceu, depois levantou uma mão até enrolar os dedos no cabelo dele. Manteve-o nessa posição enquanto girava o rosto até que seus lábios se encontraram. Bastien aceitou a oferta imediatamente, beijando-a famintamente.

Ela sentiu o braço dele passar pelo seu lado e escutou vagamente o repentino jorro de água. Terri não havia percebido nem um pouco que ele a conduzia para trás, já que sua mente estava nublada pela paixão e quando sentiu o jorro da água caindo em suas costas tomou um susto.

— O que? — perguntou, interrompendo o beijo.

— Eu também preciso de um banho. Não se importa de se juntar a mim, certo? — Ele moveu um dedo ligeiramente para baixo, agarrou a toalha agora encharcada, e a atirou para longe dela. A toalha caiu no chão do chuveiro deixando Terri tão nua quanto ele.

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— Você lava as minhas costas e eu lavo as suas — ele ofereceu, aproximando-se mais e deixando vagar uma mão pelas costas dela para acariciá-

la por trás e apertá-la contra ele.

Se ela tinha tido alguma dúvida a respeito de suas intenções, a dureza que a pressionava contra seu ventre sanou essa dúvida imediatamente. Terri sentiu um sorriso curvar lentamente seus lábios, e se aproximou para se esfregar nele.

— Mas eu já tomei banho — protestou.

— Outro não te fará mal — disse Bastien seriamente — Nunca se está limpo demais. Ou molhado demais.

Uma mão subiu para cobrir um seio, e Terri ofegou quando a outra mão desceu para acariciá-la entre as pernas.

— Não. Nunca se está limpo demais. Ou molhado… — sussurrou ela, pouco antes que a boca dele reclamasse a sua de novo.

*
Bastien desceu com cuidado da cama fazendo o possível para não despertar Terri. Ela não tinha dormido muito nos dois últimos dias. A noite passada tinha sido especialmente curta, graças à viagem ao hospital. Ele mesmo ainda estaria dormindo se a necessidade de sangue não o tivesse despertado.

Ajoelhando-se ao lado da cama, Bastien abriu a pequena geladeira oculta embaixo dela. Tirou uma bolsa de sangue e depois ficou lentamente em pé, olhando para Terri para assegurar-se de que ela ainda dormia. Nem sequer teria arriscado a pegar o sangue do quarto se não necessitasse tanto, além do fato de que a geladeira de seu escritório estava vazia. Deveria ter colocado mais sangue nela, mas tinha esquecido. Sua mente não parecia ter espaço para mais nada além de Terri.


Seguro de que ela ainda dormia, Bastien agarrou o roupão do pé da cama, envolveu a bolsa de sangue nele e o jogou no ombro enquanto andava nas pontas dos pés até a porta do quarto. Saiu no corredor, fechando a porta com cuidado, e somente então relaxou e começou a caminhar num ritmo normal. Foi direto à cozinha. Freqüentemente lhe era necessário consumir o sangue fora do plástico, mas era algo assim como beber leite fora da caixa. Um copo sempre era preferível.

E enquanto Terri continuasse dormindo, isso era possível.

Bastien pegou um copo, entornou uma boa quantidade de sangue nele, e estava saboreando o líquido quando a porta da cozinha se abriu e Vincent entrou.

Sobressaltando-se, Bastien se virou e derramou o líquido do copo.

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— Está acordado — disse seu primo com surpresa.

— Sim — Bastien deixou o copo na mesa com um xingamento, pegou um guardanapo e se inclinou para limpar o sangue do chão. Uma vez terminado o serviço, pegou outro guardanapo para limpar o pouco de sangue que derramou sobre seu peito.

— Não esperava que você já tivesse levantado, e quando ouvi alguém entrando… — Seu primo encolheu os ombros — Onde está Terri?

— Dormindo.

— Na cama dela ou na sua?

Bastien ignorou a pergunta do primo e se endireitou para jogar a guardanapo ensanguentado na lixeira sob a pia. Na verdade não era do assunto de Vincent. Ele já sabia demais até. Tinha sido testemunha de sua humilhante experiência com Josephine e agora se encontrava presente na segunda vez que Bastien estava apaixonado. Não que realmente tivesse amado Josephine. Aquilo não tinha sido mais que um capricho. Agora se dava conta disso. Se importar do jeito que se importava por Terri havia mostrado isso a ele. Seus sentimentos em relação à Josephine tinham sido suaves comparados com a paixão e o prazer que obtinha com Terri. O qual significava que lhe ia doer muito mais quando ela o desse as costas tal como tinha feito Josephine. E uma vez mais, Vincent seria testemunha do acontecimento.

— Não gostaria de testemunhar tal acontecimento agora, tanto quanto na outra ocasião — disse Vincent quietamente, obviamente lendo seus pensamentos — Além disso, não acredito que termine da mesma maneira. Terri não é Josephine.

Bastien se removeu irritado. Pegou seu copo de sangue e bebeu um pouco do espesso líquido. Ele realmente precisava lembrar-se de proteger melhor seus pensamentos. Estava tão distraído pelo caos emocional que Terri lhe provocava, e ela nem se quer estava tentando, que deixava seus pensamentos acessíveis para qualquer um que pudesse lê-los.

— Terri é diferente. Ela não reagirá como Josephine — insistiu Vincent.

— Como você sabe? — Bastien sabia que soava furioso, mas na verdade utilizava esse tom para disfarçar a esperança que tentava crescer dentro dele.

Desejava acreditar que seu primo tinha razão, mas estava assustado.

— Esta é uma época diferente. Josephine pensou que você era um monstro, uma abominação. Terri é uma mulher moderna, com inteligência suficiente para

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entender o lado científico disto — argumentou Vincent — E tenha em conta as vantagens para ela se unir a nós. Jovem e bonita para sempre? Forte e saudavel eternamente? Poucos renunciariam a isso.

— Ainda assim poderia renunciar — indicou Bastien — Nem todo mundo deseja viver para sempre.

— Tem razão, é obvio — conveio o ator — Ela poderia não querer. Então, para que correr o risco? Deixa-a e a esqueça.

Bastien lhe olhou enquanto falava.

— Não, né? — Vincent arqueou uma sobrancelha — Então suponho que terá que se arriscar, certo? Cada dia corremos riscos, em tudo que fazemos. Você realmente abrirá mão disso voluntariamente ou o evitará, para evitar uma possível dor futura… uma dor que poderia nunca existir?

A resposta a isso era bastante simples: Não. Bastien não poderia renunciar a ela mesmo se quisesse. Ela era como uma droga e ele um drogado; constantemente ansiava uma dose de Terri. Não, não poderia deixá-la. Fazia um tempo que já sabia disso. O que estava experimentando agora valia qualquer preço a pagar mais adiante. Mas isso não significava que não fosse se preocupar sobre o que estaria por vir.

— Bem, inferno — disse Vincent, lendo os pensamentos do Bastien — Quer dizer que eu não precisava te convencer disso? Por que me deixou falar sobre isso se já sabia que iria tentar falar com ela?

— Eu gosto de falar dela — respondeu Bastien. Deu de ombros — Eu gosto mais estar com ela, mas logo em seguida de falar dela. E é sempre agradável que renovem suas esperanças.

Vincent fez um som de repugnância e se virou para a porta.

— Vou dar o fora daqui.

— Quando estará de volta? — perguntou Bastien, lhe acompanhando até a entrada principal para esperar o elevador.

— Domingo de noite ou segunda-feira de manhã — respondeu, depois ergueu uma sobrancelha enquanto o elevador chegava e se abriam as portas — Sabe o que isso significa, certo?

— Não. O que significa? — perguntou Bastien com curiosidade.

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— Que vocês têm a cobertura inteira apenas para vocês durante o fim de semana inteiro — Vincent caminhou para o elevador — Podem fazer amor em qualquer lugar que desejem, em qualquer momento do dia ou da noite, e sem se importar quão escandalosa ela possa ser ela. E é realmente escandalosa, primo — adicionou enquanto se dava a volta e apertava o botão para o andar de baixo — Você deveria fazer algo a respeito.

Bastien sorriu amplamente.

— Caramba, poderiam fazer amor até no elevador — franzindo as sobrancelhas enquanto as portas começavam a se fechar — E talvez gravar em uma fita e guardar para a posteridade.

Bastien não pôde dizer ao Vincent o que pensou da idéia pois as portas já estavam fechadas. Além disso, nunca faria isso com Terri… a menos que ela estivesse ciente e o desejasse. Poderiam gravar e assistir mais adiante e… — Negou com a cabeça diante a idéia. Muito arriscado.

Não desejava fitas íntimas de Terri circulando por ai. E se acontecesse algo e isso escapasse de suas mãos? Mas sim, agora poderiam fazer amor em qualquer lugar da cobertura. Já o tinham feito na sala de estar, no sofá. Mas não tinham tentado no bar. Ou na mesa de bilhar. Ou no chão. E também tinha a cozinha, o… Um agradável banho no jacuzzi com ela também seria prazeroso. É obvio poderiam havê-lo feito de todos os modos, já que o jacuzzi se encontrava no quarto principal, mas…

Dando-se conta de que estava ali plantado pensando em fazer amor com Terri quando poderia estar verdade, Bastien se deu uma sacudida. Quando começou a andar pelo corredor em direção ao dormitório, notou que ainda levava o agora vazio copo na mão, por isso deu meia volta. Retornou à cozinha a fim de deixá-lo na pia. Uma vez feito isso se dirigiu para o quarto para despertar Terri.

*
Terri deixou cair outra flor aceitável na caixa correspondente, esticou-se e ficou em pé. Era de tarde e Bastien ainda não havia acordado. Na verdade já estivera acordado hoje. Duas vezes. Primeiro, quando a tinha seguido à ducha, e depois quando se colocou na cama ao meio dia e a tinha despertado da maneira mais deliciosa que pudesse imaginar.

Bastien a tinha beijado e acariciado até despertá-la, lhe dizendo, enquanto deslizava suas mãos sobre seu corpo, que Vincent se foi durante o fim de semana, o que significava que tinham o apartamento inteiro para eles. Terri tinha rido entre dentes ante o modo com o qual ele o havia dito, e depois outra vez quando lhe falou de cada lugar do apartamento onde planejava fazer amor com

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ela. Depois deixou de rir quando as coisas ficaram sérias. Seriamente quentes. O

homem era uma máquina na cama, despertando suas paixões como ninguém mais poderia.

Apesar dos grandes planos dele, não o tinham feito fora da cama. Não importava; não necessitavam o ímpeto adicional de novos lugares para excitá-los, tinham feito muito bem ali no quarto. Como nunca antes! O corpo do Terri insistiu a esticar-se outra vez quando sensuais formigamentos deslizaram por sua pele ante a lembrança.

Depois tinha dormido aos seus braços. Mas não permaneceu adormecida durante muito tempo. Fazia uma hora que estava acordada e tinha saído nas pontas dos pés do quarto para tomar outra ducha antes de ir à busca de comida.

Uma vez obtida um tigela de cereais, tinha ido ao escritório para fazer mais algumas flores de papel mais e comer enquanto esperava Bastien acordar.

Entretanto, o homem estava tomando o tempo dele. Talvez devesse ir acordá-lo tal como ele tinha feito com ela, pensou Terri com um pequeno sorriso.

Decidindo que era uma boa idéia, guardou a bolsa das caixas do Kleenex no armário do escritório onde a tinha colocado Vincent a noite anterior, pegou sua tigela vazia e a levou para cozinha. Terri lhe deu uma enxaguada rápida, secou-a e a colocou em seu lugar. Depois se dirigiu ao quarto.

Bastien estava morto para o mundo quando ela entrou. Terri se aproximou em silencio à cama, seu olhar fixo no rosto dele enquanto caminhava. Era um homem íntimo… e tão adorável em seu sono quanto acordado, decidiu ela, estudando a forma em que tinha o cabelo de forma como se tivesse passado uma mão por ele. Ela desejou alisar-lhe, também desejou beijar seus lábios, que pareciam tão suaves e relaxados no sono.

Detendo-se junto à cama, vacilou um instante e depois se despiu rapidamente, deitando-se no o colchão ao lado do Bastien. Uma vez acomodada, duvidou de novo, insegura de por onde começar. Terri tinha acordado antes por ele estar beijando-a e acariciando-a. Mas não lhe beijava nos lábios. A boca dele, assim como suas mãos, estava sobre seu corpo.

Decidindo seguir seu exemplo, retirou com cuidado a roupa dele até que somente os pés dele continuavam cobertos. Então Terri teve que parar e o admirar. Querido Deus, era um homem magnífico, um prazer para a vista. Ela se reservou um momento para desfrutar da visão e depois entrar em ação. Beijos e carícias recordou-se. Mas, por onde começar? Havia tanto do Bastien que gostaria de beijar.

Depois de uma pausa, decidiu que seu peito seria um bom lugar para começar, assim Terri se aproximou mais e começou a depositar pequenos e

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suaves beijos sobre os musculosos peitorais. Guardou o equilíbrio com uma mão, enquanto que com a outra lhe acariciava os músculos planos de seu ventre.

Bastien gemeu e se moveu sob seu contato, mas não acordou. Terri então foi mais para baixo, abaixo de seu umbigo, riscando um caminho de pequenos beijos ligeiros como mariposas ao longo de seus quadris, fazendo com que ele se esticasse, para deixar ela sabendo que estava acordado.

Bom, uma parte dele já havia se esticado antes mesmo que os beijos e carícias dela tivessem alcançado seu umbigo, mas Terri sabia que ainda não estava acordado. Agora sim ele estava.

— Terri — Seu nome soou com um grunhido suave que ela ignorou.

Também ignorou a mão que aterrissou sobre seu ombro e tentava puxar ela para cima, afastando-a de seu objetivo. Ela desejava fazer isto por ele, e estava decidida que não seria dissuadida.

É obvio isso foi antes que ela alcançasse o objetivo principal e compreendesse que não estava segura de se o faria bem. Tinha passado muito tempo. Embora esse fato a fez deter-se durante somente um segundo; então Terri decidiu que só havia um modo de descobri-lo: ir em frente. E já que esse parecia ser o principal para esta relação…

Além disso, pensou Terri, se fizesse algo de errado sempre poderia desculpar-se docemente e depois ler um artigo da Internet. Na rede havia instruções para tudo, também deveria haver algo ali sobre isto. Era uma lástima que não tivesse pensado nisso antes de vir. Mas então, pensou Terri, sua mente não pensava em nada mais, além disso.

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Capítulo 14


A mulher era tão habilidosa quanto uma profissional, pensou Bastien fracamente, e não estava seguro de estar agradecido ou alarmado ante o que poderia significar. Decidiu preocupar-se com isso mais tarde, limitando-se a aferrar o lençol sob sua mão, lutando para não humilhar a si mesmo chegando ao orgasmo dois minutos depois que Terri o tomasse em sua boca.

O que ela fazia com a língua? Perguntou-se, ardente. Santo Deus! Onde tinha aprendido a fazer isso? Como…?

— Ah — gemeu em voz alta, logo cravou os dentes em seu lábio inferior para impedir que lhe escapasse um segundo gemido — um de decepção — posto que Terri tinha deixado o que fazia e tinha levantado a cabeça para lhe olhar.

— Estou te machucando? — perguntou ela insegura.

— Me machucando? — repetiu Bastien com a voz estranhamente elevada.

Estava ofegando, e percebendo que puxar o ar estava sendo difícil. — Não — negou com a cabeça.

Parecendo aliviada, Terri inclinou a cabeça e lhe cobriu com os lábios uma vez mais, embora se deteve antes de continuar. Elevou a cabeça novamente.

— Estou fazendo certo?

Bastien piscou. Ela não sabia? Estava deixando-lhe louco!

— Sim — respondeu ele rapidamente, sabendo que uma resposta mais larga só atrasaria o prazer que tinha interrompido com seu gemido.

Nenhum gemido mais, falou para si mesmo, quase soluçando de alívio quando ela se inclinou para tomá-lo em sua boca outra vez. Sua boca era doce, quente e úmida. Ela tinha os lábios mais malditamente sensuais… cheios e suculentos. E sua língua…

— Ahhhh — gritou, quando ela fez algo com a língua que lhe provocou um estremecimento por todo seu corpo. Maldita seja, estava parando outra vez?

— Tem certeza que não estou te machucando? — perguntou Terri com preocupação e depois acrescentou — Parecia que você estava sentindo dor.

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Tinha gemido? Perguntou-se Bastien. Não, não, estava seguro de não ter gemido. Mas tinha gritado. Pelo visto, isso também a distraía. Sem mais gritos tampouco, então, repetiu-se com firmeza. Morderia sua própria língua se fosse necessário, mas nenhum gemido ou grito. Ainda melhor, colocaria o travesseiro na boca, assim com certeza não poderia emitir nenhum som.

Notando que Terri aguardava uma resposta, mas incapaz de recordar a pergunta, Bastien pensou brevemente se devia lhe pedir que repetisse a pergunta ou simplesmente arriscar e responder sim ou não. Decidindo que era mais rápido arriscar e que a probabilidade de acertar era de 50%, respondeu: — Não.

— Não? — Ela inclinou a cabeça de forma interrogativa. — Não, você não tem certeza se eu estou te machucando ou não, você não está sentindo dor?

— Sim — respondeu assentindo firmemente. A capacidade de raciocinar estava totalmente fora de seu alcance nesse momento. A única coisa em que Bastien podia pensar era no que queria que Terri lhe fizesse, que o tomasse de novo com aqueles doces lábios vermelhos.

— Eu realmente não estou fazendo direito, não é? —disse ela com um suspiro. — E você é muito doce e cortês para me dizer que sou um desastre.

— Não, não sou — respondeu ele à beira do pânico. — Eu lhe diria se não estivesse. Bom, Você faz… maravilhosamente. É maravilhoso… maravilhoso — repetiu impotente.

— De verdade? — Terri se animou visivelmente, com um amplo sorriso nos lábios enquanto lhe contemplava, ao parecer ansiosa pelos elogios. — Exatamente o que eu faço bem? Diga-me isso e o repetirei.

Bastien a observou, impotente. Por que fazia isto? Era algum tipo de tortura? Castigo, possivelmente? Não a tinha agradado o suficiente quando despertou antes? Tinha roncado e não a tinha deixado dormir?

Dando-se conta de que estava divagando, Bastien sacudiu a cabeça. Assim era Terri… a doce, divertida e adorável Terri. Ele não acreditava que tivesse um pingo de egoísmo no corpo e certamente não tentaria lhe atormentar a propósito.

O que significava que, apesar do fato de que suas pernas estivessem tremendo e seu coração galopando, ela não tinha nem idéia do que o fazia. Só seguia seus instintos. A mulher tinha uns instintos endemoniadamente agudos.

— Tudo — respondeu Bastien ao fim. — Está tudo perfeito. Exceto a parte em que parou, pensou ele, mas não disse. Ela somente parou devido à

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preocupação por seu bem-estar e prazer. E essa consideração e preocupação eram doces. De verdade. E estava certo de querer apreciar. Mais tarde. Agora mesmo, ele só queria que…

— Ahhhh — suspirou quando o tomou em sua boca outra vez.

Então ele reteve o fôlego, aterrorizado de que o som pudesse detê-la uma vez mais. Por sorte não o fez. Continuou deslizando os lábios por toda a longitude de sua ereção, sua língua lhe esfregando como se fosse a cauda de um gato.

Bastien decidiu não arriscar. Capturou um dos travesseiros da cama e se tampou a boca com ela.

Agora não emitiria nem o mais mínimo som, assegurou-se Bastien, cravando os dentes na malha. Poderia asfixiar-se até morrer, mas o faria em silêncio e com um sorriso na cara.

Ou não. Bastien apartou o travesseiro e levantou a cabeça para olhá-la com exasperação. Parou outra vez, estava sentada e com a cabeça virada para a porta.

— Ouviu isso? — perguntou ela, com o cenho franzido.

— Não — Ele não mencionou que estava com o travesseiro sobre a cabeça, o que tornou tão difícil ouvir como falar.

— Eu achei que tinha ouvido alguém chamando — explicou ela, girando-se para ele.

— Não há ninguém aqui além de nós — recordou-lhe Bastien, com o que ele considerou a paciência de um santo.

Seu olhar se fixou em sua ereção. Seu membro estava reto, alto e orgulhoso, esperando sua atenção. Também estava avermelhado e talvez um pouco zangado porque não a recebia, ao menos não sem tantas paradas. Talvez esta era a técnica de Terri, pensou, levá-lo até a loucura e depois parar; continuar e parar. Se fosse isto, era brilhante. Estava deixando-o louco.

— Terri? — disse ele com um tom quase suplicante.

— OH, sinto-o — ela sorriu e baixou a cabeça outra vez. Bastien observou como seus lábios se separavam ao abrir a boca, e então… Terri ficou quieta outra vez, suas mandíbulas fechando-se a poucos centímetros de sua ereção, e se sentou. — Tem certeza que não está ouvindo?

Ele tinha, é obvio. Alguém chamava o seu nome. Uma mulher. E, como havia muito poucas pessoas com as chaves do apartamento de cobertura, Bastien soube quem devia ser. Ele iria matá-la.

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— Provavelmente é minha mãe — disse ele, deixando cair a cabeça para trás com raiva.

— Sua mãe? — Não havia dúvida do horror na voz de Terri.

Bastien levantou a cabeça para vê-la sair a tropeços da cama. Observou-a com pena enquanto subia os jeans, notando com interesse que, com a pressa, ela não tinha colocado as calcinhas. Hmmm…, pensou, e então suas próprias calças bateram contra sua cara. Terri as tinha atirado.

— Vista-se, Bastien — murmurou ela. — Não podemos permitir que ela nos encontre assim.

Suspirando, ele abandonou qualquer esperança de que Terri terminasse o que tinha começado, e se sentou na cama. Mas não começou a vestir-se imediatamente. Em troca, continuou observando como ela se apressava torpemente com o prendedor. Seus seios se meneavam enquanto trabalhava com o objeto de encaixe. Ele gostava de observar esse meneio.

— Terri?

Ambos ficaram gelados. A voz soava mais perto. E também ficou evidente que não era sua mãe. Talvez era melhor, pensou Bastien, seria uma lástima matar uma mulher que tinha sobrevivido, aproximadamente, setecentos anos.

— É Kate! — gritou Terri, embora não tenha parecido muito aliviada. Mas então Bastien supôs que não importava quem se aproximava do quarto, Terri sentiria pânico de qualquer maneira. Pegarem ele em uma situação tão comprometedora não era tão escandaloso como em sua época, mas, ainda assim, poderia ser terrivelmente embaraçoso.

— Acreditei que havia dito que tínhamos o apartamento para nós! — Gritou ela, com um tom acusador — Por que você não me disse que eles estavam voltando?

— Eu esqueci completamente, em meio ao caos dos últimos dois dias — confessou Bastien, movendo-se com desalento para sair da cama. Sua ereção tinha efetuado um rápido ato de desaparecimento.

— Bastien? — A voz de Kate era clara como um sino agora; quase tinha chegado ao quarto.

Quase tinham chegado, corrigiu-se ele quando escutou-a dizer ao Lucern.

— Provavelmente saíram para passar o dia por aí.

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Bastien ficou quieto, sua mente trabalhando a toda velocidade. Talvez se se escondessem no armário ou algo assim, Kate e Lucern acreditariam que não estavam e partiriam. Então Terri e ele poderiam voltar para… Seu olhar se dirigiu a Terri quando ela terminou de ajeitar o sutiã. Ela pulou dentro da blusa e se apressou para a porta que conduzia ao banheiro de convidados. Não. Não era uma opção. Podia adivinhar que ela não concordaria em se esconder. Tinha pirado até ali para ajudar Kate com o casamento e não se esconderia só para fazer o amor com ele. Essa era uma das coisas que gostava nela, pensou ele enquanto ela saía do dormitório. Sua lealdade e seu sentido do que era correto eram algumas coisas que a faziam tão especial.

Embora… maldita vergonha, pensou Bastien com tristeza enquanto baixava o olhar. Sua ereção tinha começado a reanimar-se ante a possibilidade de continuar depois de tudo. Entretanto teve uma morte rápida quando a porta do dormitório se abriu e Kate entrou.

*
— Não posso acreditar que você esqueceu que chegávamos hoje em casa — repetiu Kate outra vez, mais tarde.

Bastien suspirou e encolheu os ombros. Ele tampouco podia acreditar. Mas tinha estado bastante ocupado lidando com as distintas crises que tinham aparecido a respeito do casamento. Sem mencionar as crises acrescentadas por causa do amigo de Kate, Chris. Pobre bastardo. Não parecia ter melhorado muito quando foram visitá-lo. Tinham ido devido à insistência de Kate. No instante em que escutou o relato das calamidades que tinha sofrido, insistiu que todos fossem ao hospital. Bastien tinha tentado evitar que Terri e ele também fossem, esperando obter uma oportunidade de terminar o que tinham começado, mas não obteve. Por fim, todos foram ao hospital. C.K. ainda não estava se sentindo bem.

— Sinto tanto que tenham tido tantos problemas enquanto estivemos fora — disse Kate.

No fim, tinham-lhe contado tudo, incluindo o problema com o fornecimento de comidas. Teria sido difícil ocultá-lo, com todo o apartamento repleto de carros, que continham as amostras de comida. Ela recebeu as notícias bem o bastante, sentindo um pouco de pânico no começo, mas relaxando depois de saber como tinham arrumado. Era agradável saber que confiava em seu gosto.

—Não há nenhum motivo para te desculpar. Para isso vim antes, para ajudar com o casamento — disse-lhe Terri, apertando a mão de sua prima com afeto.

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Bastien tinha notado que as duas mulheres se abraçavam, tocavam-se e se acariciavam muito. Era agradável de uma forma cálida e afetuosa, mas não podia evitar sentir um pouco de ciúmes, desejando ser ele quem recebesse alguns daqueles abraços e carícias. Mas Terri tinha estado mantido distância desde que Kate e Lucern tinham chegado. Tinha evitado inclusive o contato visual, e isso lhe preocupava. Desejava passar seu braço ao redor dela e reclamá-la como dele. Mas ela não parecia sentir o mesmo.

— O quê?

A repentina exclamação de Terri voltou a atenção do Bastien para a conversa. Obviamente tinha perdido algo importante. Ela parecia alarmada e seu olhar se encontrou com a seu em um dos poucos momentos desde que o outro casal tinha aparecido.

— Bom, quero que a noite de nosso casamento seja especial, e não o será se passarmos juntos todas as noites até então. De modo que pensei que seria boa idéia ficarmos separados esta semana. E Lucern está de acordo. Ficará aqui, no apartamento de cobertura, até o casamento.

Os lábios do Bastien se curvaram com diversão quando olhou o seu irmão.

Lucern podia estar de acordo, mas não parecia muito feliz com isso. De fato, seu irmão parecia bastante descontente. Entretanto, a diversão de Bastien morreu com as seguintes palavras de Kate.

— Então você poderá ficar em meu apartamento, comigo, e poderemos ter um tempo só para garotas. Será divertido.

Bastien compreendeu agora a expressão de Terri. Isso devia ser o que tinha perdido; Kate anunciando que Terri devia mudar-se para o seu pequeno apartamento durante o resto da semana. Ele com certeza não gostou da idéia. De fato, o pânico lhe invadiu diante da possibilidade de Terri dormindo tão longe dele. Acabavam de levar a relação a um nível físico e ele amaldiçoava que fosse perder justo agora.

*
— Lucern parecia bastante descontente — comentou Terri.

— Sim, verdade? — riu Kate. Retornou ao sofá com um cesto de pipocas recém feitas, que colocou entre elas. — Ele não se ficou exatamente emocionado com a idéia quando comentei na Califórnia, mas consentiu para me agradar.

Terri assentiu e jogou outra flor de papel na caixa das aceitáveis. Elas trouxeram o Kleenex e as fitas com elas para a casa de Kate. Era uma boa tarefa

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para mantê-las ocupadas e, além disso, tinha que ser feito. Kate tinha afirmado que não confiava nos homens para terminar o trabalho sem estar ali para lhes controlar.

— Bastien tampouco parecia muito feliz durante a comida — comentou Kate, e Terri girou bruscamente para olhá-la.

Tinham saído para comer depois do anúncio de Kate sobre o novo acordo.

Uma vez que estavam no pequeno bistrô francês que Kate tinha sugerido, Bastien tinha se lançado em um intento de argumentar que Terri deveria ficar no apartamento de cobertura. Primeiro havia dito que já estava perfeitamente acomodada no quarto de hóspedes. Depois havia afirmado que o apartamento de cobertura era maior e mais cômodo. Tinha tentado outras inumeráveis desculpas mais, inclusive sugerido que Kate deveria ser a que se mudasse e que Lucern ficasse em seu apartamento, mas nenhum de seus argumentos tinham servido para nada.

Finalmente Terri tinha indicado que esse era o motivo de ter vindo da Inglaterra, para ficar com o Kate e ajudá-la com o casamento. No momento em que ela disse isso, ele tinha deixado de tentar evitar o inevitável e ficou em silêncio e sombrio durante o resto da refeição. Terri nunca tinha-o visto tão silencioso. Sentiu falta de seus sorrisos e a conversa que normalmente compartilhavam.

— Não estava? — perguntou Kate, tirando Terri de seus pensamentos.

— Sim? — respondeu ela brandamente — Talvez também tenha sofrido um pouco de intoxicação alimentícia. Todos provamos aquele guisado.

— Hmm — Os lábios de Kate curvaram com irônica diversão. —Suponho que isso significa que não vai me contar como vão as coisas entre vocês dois.

Terri aguardou em silêncio durante um momento. Espalhou as pétalas de outra flor e depois a olhou.

— É um homem muito agradável.

— Sim, ele é — concordou Kate.

— Bonito.

— Definitivamente bonito. Todos os homens Argeneau são. É obvio, Lucern é o melhor de todos, mas Bastien é uma graça também.

Terri tinha uma opinião diferente, mas não disse.

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— Ele é tão… — Levantou o olhar para o teto, procurando mentalmente a palavra adequada — Especial. A forma com que me abre as portas ou o modo com que me pede algo… e é tão divertido, Kate. E elegante. Decididamente é elegante. E encantador, e quando me beija… — Deteve-se de repente e piscou — Bom, é só um homem encantador.

— Você o ama! — gorjeou Kate — Sabia! Sabia que vocês dois juntos seria como um incêndio. OH, isto é maravilhoso, Terri! Podemos ser cunhadas assim como primas, melhores amigas e…

— Devagar — ofegou Terri, interrompendo-a — Jesus! Só o conheço há uma semana.

— E? — perguntou Kate firmemente — Eu não conhecia o Lucern desde muito antes de saber que era o único para mim. É obvio, tivemos que resolver algumas coisas antes de ficarmos juntos, mas quando a gente encontra à pessoa certa, você sabe. E vocês parecem feitos o um para o outro, Terri.

— Hmm — murmurou Terri, concentrando-se na flor que tinha nas mãos.

Queria acreditar que sua prima tinha razão, mas temia deixar crescer suas esperanças. Ter que empacotar suas coisas e mudar-se com Kate tinha sido um golpe horrendo. Terri tinha desejado sentar-se no bordo da cama e chorar diante da simples idéia. Desejava passar tempo com sua prima, mas não queria desperdiçar o tempo que poderia ficar com Bastien. Ou a chance de beijá-lo, de fazer amor com ele, ou de ser sustentada em seus braços. Era como se lhe tivessem dado um pedaço de céu e bruscamente o tivessem tirado. Quando tinha meditado sobre continuar com a relação, Terri sabia que acabaria mas tinha acreditado que aproveitaria as duas semanas inteiras. Não estava preparada para pôr um fim nesse mesmo dia, e a pena em seu coração era horrível.

— Sério. Está claro para qualquer um que ele se preocupa com você. Seus olhos raramente a deixam e é terrivelmente atento contigo. Estou segura de que está apaixonado por você, Terri — Quando esta ficou em silêncio e não respondeu nada, Kate acariciou sua mão de modo tranqüilizador — Tudo ficará bem, prima.

Confia em mim. Haverá coisas que terão que resolver antes disso, mas…

Terri a observou, notando o modo em que o olhar de Kate se perdia na distância. Tinha uma expressão de preocupação nos olhos que a fez morder o lábio.

— Que tipo de coisas?

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Os olhos do Kate voltaram para ela com um sobressalto. Obviamente tinha se perdido em seus pensamentos. Agora tinha uma expressão evasiva no rosto e se concentrou em agarrar mais papel e mais fio para confeccionar outra flor.

— Você mesma descobrirá. Tudo ficará bem.

— Diga me — insistiu Terri, mas Kate negou com a cabeça.

— Não posso. Ele tem que fazê-lo.

Terri a olhou fixamente enquanto a ansiedade se apropriava dela. O que poderia Bastien ter de lhe dizer que eles teriam que solucionar? De repente, não estava tão nervosa se ele correspondia o seu amor, como se houvesse algum segredo que poderia se tornar um problema e interpor-se entre eles. Sabia que esta relação era muito boa para ser verdade.

— Não pareça tão miserável — disse-lhe Kate com um sorriso —Nós veremos os dois amanhã.

— Sim? — Terri se esqueceu do possível segredo de Bastien e a olhou ansiosamente.

— Bom, é obvio que vamos vê-los. É domingo.

Terri piscou, sem ver a conexão.

— E? É domingo.

— O ensaio do casamento é amanhã — explicou-lhe Kate. Então franziu o cenho — OH, talvez eu tenha esquecido mencionar. Originalmente, eu não acreditei que você estaria aqui para isso. Íamos fazer sem você, e na noite antes do casamento íamos levá-la na igreja para uma olhada e um passeio rápido. Mas agora você estará aqui tanto para o ensaio como para o jantar. Lucern e eu vamos convidar todo mundo para jantar depois.

Terri assentiu feliz e baixou a cabeça de volta à flor que estava confeccionando. Amanhã veria o Bastien! Só pensar em vê-lo lhe provocava um formigamento de excitação. E nervosismo. Não tinham podido falar de verdade desde que sua relação tinha mudado. Primeiro, surgiu a necessidade de levar o Chris ao hospital, e quando tinham voltado para apartamento de cobertura ela entrou em colapso com o esgotamento. Depois, hoje, Bastien a tinha despertado dessa forma tão encantadora, e em seguida dormiram de novo, e quando ela tinha decidido despertá-lo da mesma maneira, Kate e Lucern tinham-lhes interrompido.

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Não tinham tido realmente ocasião de conversar, e Terri se sentia nervosa e inquieta com o Kate e Lucern por ali. Sentia-se incômoda e insegura sobre como deveria comportar-se com o Bastien diante deles. Agora eram noivos? Sequer utilizava-se esse termo hoje em dia, e a sua idade? Tinha direito de tocar Bastien, de lhe beijar ou lhe abraçar diante de outros?

Terri era afetuosa por natureza, mas se estava sufocando essa tendência — ao menos no que concernia ao Bastien — diante de Kate e Lucern, porque não sabia em que ponto estava sua relação com ele. E sabia que manhã ainda se sentiria assim se não lhe desse algum sinal a respeito. Se Bastien a saudar com um beijo carinhoso e um abraço, ou colocar seus braços em volta dela, ou tomar sua mão, então ela se sentiria livre para permitir que seu afeto natural se mostre.

E por que ele não tinha agido assim antes diante de Kate e Lucern?, perguntou-se Terri enquanto deixava cair outra flor na caixa. Tinha pegado sua mão e a beijado em público no dia que visitaram o museu. Mas isso tinha sido diante de estranhos. Também tinha pegado sua mão para sair do hospital essa manhã, na presença do Vincent. Unicamente diante de Kate e Lucern não tinha tido nenhum gesto desse tipo.

Talvez não desejasse que eles soubessem o que tinha ocorrido entre eles.

Parecia uma boa possibilidade. Depois da reação de Kate ao telefone, quando se inteirou de que Bastien a tinha levado para visitar aquelas cidades nos primeiros dias, era possível que, se Terri e Bastien atuassem abertamente de forma afetuosa e revelassem claramente o quão longe tinha chegado sua "amizade", a mulher começasse a fazer planos de casamento para eles. Kate Já apoiava essa possibilidade, e isso supunha muita pressão. Sobretudo vindo de uma recente cunhada. Poderia deixar as coisas um pouco incômodas para Bastien. Ainda mais se ele considerava que só era uma relação ocasional. O qual era mais que possível. Só se conheciam há uma semana.

Terri tomou o fio e começou a medir uma longitude. Manter o que tinha ocorrido entre eles em privado poderia ser o melhor. Embora na realidade não queria fazer isto. Preferia ser ela mesma sem fingir, mas tampouco queria que ele se sentisse incômodo. Terri decidiu que atuaria segundo as circunstâncias. Se amanhã ele a cumprimentasse somente como prima de sua futura cunhada, ela responderia de acordo. Se Bastien a saudasse com um beijo, um abraço ou um algo parecido, Terri responderia da mesma forma. Agora a bola estava no pé dele.

*
— Obrigado, irmão.

Lucern fez uma careta.

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— Não quis isto mais do que você.

— Já, mas estava de acordo. Não consegui um só apoio — resmungou Bastien, rodeando o bar com um copo de sangue na mão. Isso era a única coisa boa no fato de Terri ficar com a Kate. Não tinha que se alimentar diretamente da bolsa, bebendo cada gole rápido atrás da porta fechada. Mas isso era a única coisa. E ele tomaria de boa vontade o sangue empacotado para sempre para tê-la de volta. Ele deixou-se cair no sofá com um suspiro.

— Então? — Lucern observou-lhe atentamente com curiosidade — Como vão as coisas entre vocês?

Bastien franziu o cenho e logo admitiu.

— Não sei.

As sobrancelhas do Luc se elevaram.

— Não sabe?

Ele se encolheu de ombros.

— Sim. Não sei — Suspirando, sentou-se direito, deixou o copo sobre a mesa de centro e se passou uma mão pelo cabelo num gesto de frustração — Acreditava que as coisas estavam bem. Quero dizer, Luc, você não acreditaria o quão bem que nós ficamos juntos. Inclusive nem eu mesmo me acredito. É tudo tão perfeito, natural e fácil. Conversamos todo o tempo, cada um termina a frase que o outro começou, é só que nós… não sei. Click. É como se fosse feita para mim — Bastien sacudiu a cabeça e acrescentou: — Eu estou até comendo. E tem um gosto bom. Custa-me acreditar que realmente me aborrecia fazer algo assim no passado.

Lucern sorriu amplamente.

— Parece ser bastante a sério.

— Sim — Ele assentiu com entusiasmo. — E cada vez que nos beijamos?

Pow! — Bastien bateu uma palma da mão sobre a outra. — Temos uma química sexual enorme, como nunca antes tinha experimentado. E não é só sexual. Quero dizer, eu a desejo todo o tempo… mas não é só para meu prazer. Quero… — Fez uma pausa, procurando as palavras adequadas. — Quero agradá-la. Quero sustentá-la enquanto ela obtém seu prazer. Quero colocá-la dentro de mim, em meu coração, e mantê-la sã e salva como uma parte de mim para sempre.

— Sim. Assim é como eu me sinto com o Kate — disse Luc brandamente. — Já tentou ler a mente dela?

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— Sim. E não, não posso.

— Sonha bastante bem, então.

— Sim.

— Mas? — perguntou Luc quando Bastien suspirou.

— Mas não sei o que ela sente — respondeu ele com tristeza. — Supus que sentia o mesmo que eu, mas então vocês chegaram e ela mal me olhou depois disso.

— OH, bom, eu não me preocuparia. Provavelmente só foi porque estava feliz por ver Kate. Elas são bastante unidas, e, além desses poucos minutos na sexta-feira passada quando Kate deixou Chris aqui e me levou para essa conferência, elas não tinham se visto fazia mais de seis meses — Luc tocou seu ombro em um gesto tranqüilizador. — Esta noite elas dedicarão todo tempo para conversar todas essas coisas de mulheres e se desafogarão. Assim, amanhã no ensaio, ela será toda tua.

Bastien assentiu, mas não acreditava em sua predição. Entendia que Terri estava há muito tempo sem ver Kate, mas nem sequer tinha lhe dirigido o olhar nem uma vez. E se ela lamentava o que tinham feito? Ou, e se ela não queria que Kate soubesse? Talvez considerava-o unicamente como uma aventura de férias e queria guardar segredo para evitar pressão por parte de Kate. Na realidade eu não acreditava que Terri fosse desse tipo — estava quase seguro de que não — mas então recordou que nunca lhe tinha ocorrido que quando Kate e Lucern aparecessem, ela evitaria tocá-lo ou inclusive olhá-lo.

Bastien chegou à conclusão de que teria que esperar o ensaio para ter uma idéia melhor. Esperaria para ver como ela lhe cumprimentaria. Se ela fosse tal como era normalmente, alegre e afetuosa, saberia que tudo está bem. Mas se se mostrasse reservada, evitando inclusive o contato visual, saberia que as coisas não estão como deveriam.

Pessoalmente, Bastien esperava que Terri simplesmente se aproximasse dele, pegasse sua mão ou passasse o braço pela sua cintura ou inclusive que lhe desse um beijo como saudação. Ele preferia a última opção, embora se ela se aproximasse e o beijasse, não podia prometer que não lhe devolveria o beijo até deixá-la sem sentido. Mas na realidade não esperava que isso ocorresse…

estariam em uma igreja afinal de contas. Ainda assim, Terri tem uma natureza afetuosa, e se gostasse tanto dele como esperava, o cumprimentaria com algum gesto de afeto. Isso mostraria campo livre ao Bastien para correspondê-la do mesmo modo. Agora a bola estava no pé dela.

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Capítulo 15


? O que está fazendo Bastien? — Perguntou Kate. O ministro acabava de terminar de dar seus últimos conselhos, tinha-lhes desejado boa noite, e tinha partido para falar com o coordenador das bodas.

Lucern baixou o olhar para ela e depois seguiu seu olhar para onde seu silencioso e sério irmão estava de pé junto ao Terri.

— Está ali — respondeu ele.

— Bom, isso eu vi. Mas, por que não está conversando com o Terri? — Kate sacudiu a cabeça com exasperação. — Nem sequer lhe sorriu quando chegamos hoje, limitou-se a fazer um gesto com a cabeça.

— E? Também é tudo o que ela fez — assinalou Luc.

— Só porque isso foi o que ele fez. Terri não estava segura de como lhe saudar, e esperou a ver sua saudação para atuar do mesmo modo. Ele foi frio, assim que ela também foi.

— Esteve lendo sua mente — Ele a acusou. Embora houvesse diversão em seu tom.

— É obvio que sim. Terri é tão fechada como uma noz. Se não lesse sua mente, não teria nenhuma pista do que está passando entre esses dois. — Kate observou com pena a sua prima e Bastien. — Não sei por que ele não a agarra e a beija. Isso é o que ela quer.

— Provavelmente ele também a deseja, mas acredito que Bastien pensa que não agradaria a Terri pela forma como ela agiu quando estava contigo ontem.

— Explicou Lucern, descobrindo que ele também os tinha estado observando. O

casal estava se ignorando aplicadamente um do outro.

— O que? — Kate lhe olhou. — Como agiu comigo ontem? E o que tem que ver como ela age comigo para que Bastien pense que ela não deseje que ele a beije?

— Bom, ela te deu toda sua atenção desde que chegamos e virtualmente o ignorou.

— E ele está com ciúmes? De mim? — Pergunto Kate com incredulidade.

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— Não. Não com ciúmes. Mas Bastien disse que apenas lhe olhou.

Acredito que está preocupado porque ele fosse tão somente… bom, um simples entretenimento enquanto você estava fora.

— Oh, por amor do céu. Terri não é assim.

— Possivelmente não. Mas Bastien não sabe. Ou ao menos, não pode estar certo disso. Só se conhecem a pouco mais de uma semana — particularizou Lucern e então seus olhos se estreitaram. — Olhe. Estão falando. Talvez agora o esclareçam.

Ao outro lado da habitação, Terri estava dizendo.

— Devo te agradecer por ter me permitido ficar no apartamento de cobertura. — Disse as palavras quase com desespero.

A tensão a estava matando. Kate e ela tinham chegado à igreja ao mesmo tempo que o carro que havia trazido Bastien e Lucern. Encontraram-se na calçada, Kate e Lucern se beijaram e se abraçaram como se tivesse há muito tempo separados. Terri os tinha observado com um pequeno sorriso, e depois olhou para Bastien para comprovar se também os observava. Então, como se sentisse os olhos dela sobre ele, virou-se, parando um momento como se esperasse que ela dissesse algo e depois a tinha cumprimentado com a cabeça e murmurado um cortês olá.

Terri havia sentido a decepção descer sobre ela, mas tinha tratado de escondê-la, limitando-se a lhe devolver a saudação com um gesto da cabeça. E

assim tinha sido depois. Durante todo o ensaio da cerimônia, tinham mostrado um comportamento rígido e cortês. Mas Terri tinha pilhado ao Bastien lhe jogando uma olhada ou duas, com um faminto olhar que ele tinha ocultado rapidamente quando se cruzavam seus olhares. Uma das vezes lhe tinha apanhado observando-a com uma expressão que acreditou poderia ser de saudade, mas Terri não podia estar certa. Ele também a tinha disfarçado logo que captou que o estava olhando.

— Não há necessidade de que me agradeça nada. É mais que bem-vinda em minha casa. E eu gosto de sua companhia.

Terri considerou suas palavras: ?É mais que bem-vinda. Eu gosto de sua companhia.? No presente, não no passado como se tudo tivesse terminado. Não estava segura de como lidar com isso, ou do que sentia Bastien. E isso a fez lamentar de verdade o que não tivessem tido a oportunidade de falar a respeito. A incerteza a estava matando. Terri não tinha nenhuma paciência para estes jogos, e até menos desejo de esbanjar o tempo tentando adivinhar o que outros pensavam ou sentiam. Sempre preferia pôr as cartas sobre a mesa. Esse era o

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melhor caminho e, embora às vezes pudesse ser doloroso, ao menos se evitavam os mal-entendidos. Terri decidiu que este caso não seria a exceção; queria saber por onde pisava. Passada a noite tinha decidido esperar para ver qual seria o seguinte movimento dele, mas agora que se comportava de forma tão cortês e não obtinha nenhuma pista, Terri decidiu que bem poderia inteirar-se agora.

Respirando fundo, girou-se para ele e lhe espetou: — Eu gosto. Não sei que sente por mim, ou que significa para ti o que passou entre nós, mas o fato é que gosta. Se só foi uma diversão, e não quer que Kate e Lucern saibam nada do nosso, ou se você…

A aberta tática do Terri terminou bruscamente quando Bastien tomou o rosto entre suas mãos de repente e a puxou até lhe cobrir a boca com a sua. Ela deixou escapar um suspiro de alívio quando ele a beijou, sem lhe importar que estivessem na igreja. Em realidade, ele a beijou até deixá-la quase sem sentidos, ela pensou um momento depois enquanto seus braços rodeavam a cintura dele.

O tipo não lhe estava dando um beijo de saudação.

— OK, vocês dois, acabem já. O sacerdote está ficando nervoso.

Bastien deu o beijo por terminado ante as palavras de Lucern, mas não muito rapidamente. Afrouxou um pouco o beijo e terminou mordiscando o lábio do Terri. Uma, duas vezes e depois se endireitou com um sorriso.

— Olá! — Lhe disse com o sorriso mais sensual que Terri já tinha visto.

Ela sorriu e lhe cobriu as mãos que ainda rodeavam sua cara.

— Olá para você também — sussurrou ela.

— Então, quando é o casamento? Estou convidado? — Perguntou Chris Keyes.

Terri avermelhou até ficar de tom escarlate e se virou para encarar o editor. Tinham lhe dado alta nesse dia, bem a tempo para o ensaio das bodas.

Lucern o tinha elegido como seu terceiro padrinho, para nivelar assim o número necessário para fazer par com as damas de honra do Kate. Etienne e Thomas eram os outros dois. Bastien era, é obvio, o padrinho principal, e Terri a dama de honra principal. As duas irmãs de Kate, e sua amiga e colega de trabalho Leah, eram as outras damas de honra. Embora Leah, Terri, Chris e Bastien eram os únicos participantes das bodas que se encontravam na cidade para o ensaio.

Outros não chegariam até o final da semana.

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— Se vocês dois terminaram, talvez possamos ir agora ao restaurante — disse Lucern, para impedir algum outro comentário embaraçoso por parte do editor.

— OK — assentiu Bastien. — Lucern, você vai com Kate. Terri, comigo. — Fez uma pausa e observou ao Chris e ao Leah com algo que poderia ser terror. — E vocês dois, como chegaram aqui?

— Arrumei que um carro os recolhesse, tal como a nós e as garotas — indicou Lucern e depois acrescentou: — O condutor também os levará a restaurante e depois a cada um a sua casa.

Terri olhou ao C.K. com surpresa.

— Então, está de volta em seu apartamento?

— Sim. — C.K. sorriu ampliamente. — Terminaram de pintar ontem à noite, que era a última parte da reforma. Esta será minha primeira noite em casa.

— OH, que bom! — Exclamou Terri. — Estou certa de que será um alívio para você poder dormir outra vez em sua própria cama.

— A verdade é que me parece um sonho — confessou o editor.

— Bom, coloquemos esta festa em marcha — disse Kate, assinalando para as portas da igreja.

— Boa idéia. — Bastien estava muito mais depravado agora que sabia que não teria mais companhia no carro. — Vamos, carinho.

Terri se ruborizou ante o afetuoso termo enquanto ele a conduzia para a saída. Tinha a chamado de carinho! Ali mesmo, diante de todos! Ele não tentava esconder sua relação absolutamente. Uf, acabaria tão ferida se isto não desse certo.

Fazendo uma careta por esse pensamento, Terri deslizou seu braço ao redor da cintura do Bastien e se concentrou em compassar seus passos aos dele.

— Senti sua falta de ontem à noite — disse ele, atraindo-a brandamente a seus braços logo que estiveram acomodados no assento traseiro do carro. Depois acrescentou: — Quando não estava me preocupando.

— Preocupando-se? — Terri se apartou surpreendida enquanto ele tentava beijá-la. — Por que estava preocupado?

Ele vacilou.

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— Bom, parecia ter mudado desde que chegaram Kate e Lucern. Eu… — Se encolheu de ombros. — Só me preocupava que não quisesse que eles soubessem do nosso ou algo pelo estilo.

— Oh. — Disse ela brandamente, logo sorriu. — Também me preocupava que você pudesse se sentir assim.

— Me alegro de que ambos nos equivocamos. — Disse Bastien, e depois a beijou enquanto o condutor começava a dar marcha ré para sair do estacionamento.

Terri suspirou e se inclinou contra ele. Um momento mais tarde, apanhou uma mão sufocando uma gargalhada. Esta tinha descido por sua coxa e agora tentava subir deslizando-se por debaixo da saia de seu vestido azul céu.

— Seja bonzinho. — Murmurou contra sua boca, tentando soar firme.

— Prefiro ser mau. — Sussurrou ele, arrastando seus lábios por seu pescoço.

Muito consciente da presença do condutor, Terri conteve o gemido que ameaçava escapando de seus lábios. A excitação corria através dela, provocada tanto pelas palavras de Bastien como pelo que fazia. Bastien já tinha obtido — com apenas um beijo — fazer que o desejo crescesse em seu interior. Alegrava-se tanto de ter falado e esclarecido coisas. O silêncio podia ser ouro, mas uma boa comunicação não tinha preço.

Terri desejava de verdade poder pular o jantar posterior ao ensaio e retornar ao apartamento de cobertura para um rápido repasse do curso introdução de Bastien e Terri. Ou um repasse comprido. Possivelmente um verdadeiramente grande. De vários dias estaria bem. Mas, é obvio, não era possível. Bastien não era o único que suspirou com pena quando chegaram ao restaurante e tiveram que soltar um ao outro.

— Sei que não vamos conseguir muito tempo a sós esta noite — disse ele enquanto desembarcava do carro e tomava sua mão para ajudá-la. — Mas me ocorreu que temos que ficar amanhã para uma reunião.

— Uma reunião, né? — Perguntou Terri com diversão quando se colocou junto a ele sobre a calçada.

— Sim. Para falar sobre a despedida de solteiro em conjunto.

Terri piscou. Bastien tinha um sorriso tão perverso quando o disse que a indicou que não somente queria falar. Mas a menção dessa despedida fez que se desse conta de que tinha esquecido por completo a preparação da despedida de

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Kate. Terri tinha tido a intenção de ficar trabalhando nela no momento em que chegou e celebrá-la assim que fosse possível. Sabia que seria algo de último momento, mas ser da Inglaterra o fazia mais complicado e tinha esperado que os amigos de Kate a entendessem. Entretanto, o caos que se formou depois que chegou tinha apagado o assunto de sua mente. Uma despedida conjunta eliminaria a necessidade de uma despedida de solteira para Kate, o qual era genial. Seria mais divertido. Os homens poderiam estar ali. Bastien poderia estar ali.

— Sim. Teremos que nos reunir. Poderia ir a seu escritório e ficamos para almoçar — sugeriu ela.

— Perfeito! — Bastien a beijou outra vez e depois caminharam para o restaurante.

*

— Olá. — Terri se deteve na ante sala do escritório, sorrindo ampliamente.

— Meredith? Sou Terri.

— Oh. — A mulher ficou de pé imediatamente, aceitando a mão que lhe oferecia Terri. — Senhorita Simpson, é um prazer conhecê-la pessoalmente.

— Terri. — Repetiu ela com firmeza. — Também é um prazer para mim conhecê-la. Muito obrigado por toda a ajuda que nos deu com o florista e os fornecedores do catering. Realmente, é você maravilhosa.

— Oh. — Meredith se ruborizou e agitou uma mão para lhe tirar importância. Logo começou a rodear o escritório. — Não foi nada. Só fazia meu trabalho.

A secretária lhe fez um gesto para que Terri a seguisse enquanto se dirigia para a porta que comunicava com o escritório de Bastien.

— O Sr. Argeneau me disse que viria. Os encarregados do catering não chegaram ainda, mas devem estar aqui a qualquer momento. Assim como ele também — acrescentou ela. Meredith abriu a porta e se colocou ao lado para permitir que Terri entrasse. — Tinha uma reunião com os meninos do laboratório de Provas Clínicas do terceiro andar, mas disse que estaria de volta antes do meio-dia. Deve chegar em pouco tempo. Enquanto isso é bem-vinda a lhe esperar em seu escritório.

— Cheguei um pouco antes. — Se desculpou Terri enquanto entrava no escritorio. A verdade é que tinha chegado quinze minutos antes. Não é que

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estivesse impaciente ou algo assim, pensou Terri para si com ironia. Na realidade tinha deixado o táxi frente ao edifício fazia mais de meia hora, mas ao saber que era muito cedo, dedicou-se a olhar vitrines e tomou um sorvete no Starbucks antes de voltar para edifício de escritórios.

— Sente-se a vontade. — Disse Meredith. — Há revistas sobre a mesa.

Livros na estante. Inclusive há um televisor e um aparelho de som ali, se o desejar. Posso trazer uma bebida enquanto espera? —Ofereceu a secretária. E

como não obteve nenhuma resposta, repetiu—. Terri? Posso lhe trazer uma bebida?

— Oh. — Terri fechou a boca. Virou-se piscando para a mulher. — Não, obrigado.

— OK. — Meredith sorriu amplamente. — Está bem, mas se trocar de opinião, tem uma geladeira com bebidas atrás daquele bar. É obvio, também há álcool. Sirva-se. E se necessitar algo mais, só me avise. Estarei aqui fora até que retorne o Sr. Argeneau.

— Obrigada. — Disse Terri enquanto a mulher deixava o escritorio e fechava a porta. Depois se virou para observar o lugar outra vez boquiaberta.

Bendito seja Deus, nunca tinha visto nada igual! O escritorio de Bastien era maior que toda sua casa de campo no Huddersfield. Com os olhos muito abertos, observou atentamente a seu redor enquanto entrava no interior. Uma enorme mesa do tamanho de uma cama de casal estava colocada diante de uma parede de janelas com uma vista imponente da cidade. Estava o bar que Meredith lhe tinha indicado em uma esquina, um fofo sofá de couro negro, duas cadeiras que faziam jogo…

Caramba! A metade do escritorio era como a sala de estar de um solteiro, com uma zona para o entretenimento e um bar, e a outra metade dedicada aos negócios com o escritório, computador, fax, arquivos e uma grande mesa para as reuniões.

— Jesus… — Murmurou Terri e depois sacudiu a cabeça. Na realidade não deveria sentir-se impressionada. Depois de tudo, o apartamento de cobertura também era bastante grandioso. Ainda assim, como seria trabalhar em um escritorio como este? Desejaria que o seu fosse pelo menos a metade deste. Ou sequer um quarto. Seu escritório na universidade não era muito maior que um armário. Logo que havia lugar para uma mesa e uma cadeira para convidados.

Terri se dirigiu à cadeira colocada frente a mesa de Bastien e se sentou, depositando sua bolsa sobre o chão. Depois de ficar sentada um momento, observando tudo fixamente, mexeu-se com impaciência, ficou de pé e se encaminhou para a estante repleta de livros que Meredith lhe tinha indicado.

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Terri explorou os títulos de cada livro com interesse, notando que — como na maioria das coisas, — o gosto do Bastien não se diferenciava muito do dela. Mas começar um livro dispondo de tão somente quinze minutos lhe parecia algo idiota. Dando meia volta, cruzou o escritorio até a mesa de café que estava diante do sofá e tomou algumas revista que estavam ali. Havia uma seleção bastante variada: revistas femininas, revista para homens, de negócios, de moda, de fofocas de famosos.

Terri pegou uma das revistas femininas e se afundou no sofá, então recordou sua bolsa. Deixando de lado a revista que tinha escolhido, recolheu sua bolsa para levá-la ao sofá colocando-a a seus pés, e começou a folhear a revista outra vez. Terri só tinha passado um par de páginas quando se deu conta de que tinha sede. Devia ser por todo este caminhar. Levantando sua cabeça, olhou para o bar, duvidando. Meredith havia dito que se servisse.

Deixando a revista sobre a mesa de café, Terri ficou de novo em pé, aproximando-se da parte de atrás do bar. Havia inumeráveis garrafas de licor no móvel de três estantes e um espelho no fundo. Quase parecia um bar profissional. Mas ela não estava interessada no álcool. Virando-se, contemplou toda a área, notando que havia duas geladeiras. Uma pequena e outra maior.

Terri tentou abrir primeiro a pequena e descobriu que estava trancada. Depois tentou a maior e esta se abriu imediatamente. Estava equipada com grande variedade de bebidas. Sucos, refrescos, inclusive havia leite. Mas também havia dois pequenos frascos de um líquido de cor clara.

Terri agarrou essas pequenas vasilhas com curiosidade. Reconheceu os frascos. Tinha visto muitos deles, primeiro quando sua mãe tinha adoecido e depois quando Ian estava morrendo. Eram frascos médicos, e ambos tinham o mesmo nome comprido e incompreensível com o símbolo farmacêutico gravado.

Terri voltou a colocá-los em seu lugar, a confusão reinando em sua mente.

Por que teria Bastien remédios em sua geladeira? Só demorou um momento em compreender a resposta. Os laboratórios médicos eram um dos interesses de sua empresa. Bancos de sangue, investigação médica e laboratórios médicos eram especialidades das Empresas Argeneau. De fato, Meredith havia dito que Bastien tinha uma reunião nesse momento com os meninos do laboratório.

Provavelmente era um pouco relacionado com isso.

Satisfeita, Terri estudou as bebidas. Decidiu-se por uma Coca-cola light, tomou um copo dos que havia sob o bar e verteu a bebida, a levando com ela ao sofá. É obvio, Terri não se lembrou de sua bolsa que estava no chão fora do caminho. Embora não o suficiente. Tropeçou na maldita coisa e caiu para a frente.

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Conseguiu se salvar de parte da queda caindo de joelhos e se segurando no sofá, mas teve que soltar a bebida para se segurar.

— Merda. — Ofegou, contemplando o atoleiro que se estendia sobre o tapete. Soltou outra maldição e entrou em ação. Ficando de pé, dirigiu-se para trás do bar em busca de uma toalha ou um pano de chão. Mas, claro, não havia nada. Terri voltou para centro do quarto olhando ao redor até descobrir uma porta na parede oposta.

— Por favor que seja um banheiro. — Rogou Terri enquanto se apressava nessa direção. Poderia ter gritado de alívio quando comprovou que era. E havia toalhas. Caras, brancas e macias. As substituiria se fizessem falta. Melhor arruinar as toalhas que o tapete.

*
— Chegou o serviço de comida para o almoço, Meredith? —Perguntou Bastien enquanto entrava na ante sala afrouxando-a gravata. Odiava utilizar essas malditas coisas e as tirava assim que tinha ocasião. A tiraria agora e não a poria de novo até que fosse necessário.

—Não, senhor, mas Terr… quero dizer a Srta. Simpson chegou um pouco cedo. Encontra-se em seu escritório, senhor.

— Mesmo? — Bastien sorriu ante a notícia e logo acrescentou: — Se ela lhe disse que a chame Terri, então é livre de fazê-lo, Meredith. Não há nenhuma necessidade de que a chame senhorita Simpson por minha culpa.

— Sim, senhor. —Sua secretária sorriu. — Irei almoçar em um minuto.

Desvio as chamadas para a recepção de modo que tomem ali as mensagens?

— Sim, por favor — respondeu ele. — Que desfrute de seu almoço.

— Você também, senhor.

Bastien assentiu e se dirigiu para a porta de seu escritório, mas aguardou ali até que Meredith recolheu sua bolsa e abandonasse o escritório antes de abrir a porta e entrar. A vista que toparam seus olhos lhe fez parar e olhar fixamente.

Terri estava de quatro, apenas coberta por uma saia azul escura, meneando seu traseiro de um lado a outro enquanto limpava o tapete com uma toalha. A entrada dele não a perturbou. Ela não tinha o ouvido abrir a porta, porque estava resmungando.

Bastien tinha se distraído tanto pela vista, que demorou um momento em compreender suas palavras. Ela resmungava algo sobre quão idiota era. Isso foi

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suficiente para lhe fazer afastar os olhos de seu traseiro, fechar a porta brandamente e dar um passo ao interior do escritorio.

— Terri? O que aconteceu?

Ela se esticou, parando imediatamente e lhe olhando por cima do ombro, gemeu.

— OH, Bastien, sinto muito. Sou tão idiota. Tropecei na minha bolsa e caí derramando Coca-cola por toda parte de seu muito precioso tapete. Eu…

— Shh, shh, shh. Não aconteceu nada — a interrompeu. Avançando, pegou-a pelo braço e a ajudou a levantar-se.

— Não, não está bem. É só olhar. Tenho…

— Já vai ser limpo. — Assegurou Bastien, tomando a toalha e deixando-a cair sobre a mancha sem lhe dedicar um mero olhar. — Não se machucou quando caiu?

— Não. Mas eu… Não sei se a Coca-cola deixa mancha, mas se for assim, então arruinei seu tapete.

— Terri, só é um tapete. Uma coisa. As coisas são substituíveis. Enquanto que você esteja bem, isso é o único que me importa.

— Mas…

Quando seu olhar voltou para a mancha outra vez, ele tomou seu braço, arrastando-a longe do sofá. Conduziu-a para a mesa para lhe impedir que continuasse olhando.

— Não se preocupe com isso — lhe disse Bastien outra vez, mas sabia que embora lhe dissesse que não, ela iria faze-lo. Terri se preocuparia, não podia evitá-lo. Estava em sua natureza ser responsável por suas ações e preocupar-se com todas as coisas, tal como ocorria a ele. Se lhe deixava alguma opção, ela insistiria em pagar para limpar ou substituir o tapete. Mas ele não ia lhe dar essa possibilidade. Uma distração era o que necessitava, e Bastien decidiu que, embora tivesse que sacrificar-se pela causa, estava mais que disposto a oferecer-lhe.

— Por que sorri dessa maneira? — Perguntou Terri.

— Simplesmente estava pensando em uma distração que lhe impeça de se preocupar com o tapete.

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— Uma distração? — Parecia perplexa.

— Mmmm. E decidi que terei que me sacrificar pela causa.

Terri piscou ante aquele anúncio e a forma descarada com que ele o havia dito, então seus lábios se curvaram com os inícios da diversão.

— Está desejando se sacrificar pela causa, não é assim?

Bastien se felicitou a si mesmo. Sua distração já estava surtindo efeito.

Aproximando-se mais, apoiou as mãos em ambos os lados da cintura dela.

— Sim. Além disso estou disposto a chegar até o final se for necessário para levar ao fim da tarefa.

— Até o final? — Agora Terri sim estava definitivamente distraída, e divertida.

— Até o final. — Assegurou ele, inclinando-se para lhe beijar a bochecha junto à orelha.

— Isso é muito caridoso de sua parte. — Ofegou ela. Ele se moveu para beijá-la na outra bochecha.

— Mmmm — murmurou Bastien. — Sou um tipo caridoso.

Então a beijou como se devia, lhe cobrindo a boca com a sua. Terri a abriu para ele, deixando escapar um pequeno suspiro e movendo ligeiramente seus lábios. Ele gostava que ela fazia isso. Bastien amava quando suspirava e quando gemia. Amava quando se esticava, arqueava-se ou se retorcia contra ele. Amava como ele a afetava e amava o efeito que ela nunca deixava de ter sobre ele.

Demônios, simples e sinceramente a amava.

Com esse pensamento Bastien se deteve. Amava a Terri. Era algo maravilhoso. Se não lhe rechaçava como tinha feito Josephine.

Terri se afastou quando Bastien se deteve. O observando atentamente se perguntou pela expressão que havia em seu rosto. Parecia que sentia dor.

Começando a preocupar-se, levantou uma mão para acariciar sua bochecha.

— Tudo bem, Bastien? Aconteceu algo a voce?

Ele piscou, como se saísse de um transe ou deixasse atrás um pensamento profundo, mas em lugar de respondê-la, Bastien voltou a beijá-la.

Desta vez não foi um beijo mimoso como os anteriores, foi desesperado e um pouco rude. Agarrada por surpresa, Terri retrocedeu um passo se chocando com

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a beirada da mesa. Bastien avançou imediatamente sem deixar de beijá-la. Não era que ela desejasse que se detivesse. Depois de uma semana de lhe ter a seu lado em cada momento que esteve acordada, estes últimos dois dias tinham sido angustiantes. Terri tinha sentido falta de… sua companhia, sua risada, sua forma de mover as mãos enfatizando algum comentário, o brilho de seus olhos quando brincava, o meio sorriso que sempre aparecia em seu rosto quando a via.

Tinha sentido saudades falar com ele e lhe escutar. E embora só tivesse sido dois dias, parecia que tivesse transcorrido uma eternidade da última vez que tinham estado juntos como agora, um nos braços do outro, com seus corpos pressionando-se e suas bocas unidas.

Bastien empurrou a língua em sua boca e Terri a devorou ansiosa. Seus braços se elevaram para rodear seu pescoço e se arqueou contra ele. Ela sentiu como as mãos dele baixavam deslizando-se por suas costas, mas se surpreendeu quando a agarrou por detrás das coxas e a levantou até sentá-la sobre a mesa.

Exceto por aquelas noites em bons restaurantes, os jeans e a roupa informal tinham sido sua uniforme durante a maior parte de sua viagem, mas hoje era uma exceção. Sabendo que almoçariam no escritório, Terri tinha tomado emprestada uma saia azul escura do Kate. Não queria parecer uma vagabunda entre todos os empregados do Argeneau com seus trajes formais. Também tinha tomado emprestada uma blusa de seda azul combinando. Bastien levantou as mãos e começou a desabotoá-la.

Ele era bom com eles, pensou Terri vagamente enquanto ele soltava o último botão que ficava à vista e puxou a blusa para tirar de sua saia a fim de desabotoar o resto. Uma vez que o conseguiu, abriu a blusa interrompendo o beijo para poder brincar no que tinha revelado. Seus dedos se moveram ao momento para percorrer a curva superior de seus seios e a parte de acima de seu sutiã de cetim branco.

— Formosa. — Murmurou ele, e Terri baixou o olhar. Seus seios apareciam pálidos e arredondados por cima da malha branca, emoldurados aos lados pelo cetim azul da blusa. Então Bastien lhe tirou a blusa passando-a por seus ombros e se moveu para alcançar o fecho do sutiã. Este também desapareceu.

Terri gemeu quando as mãos dele substituíram os bojos do sutiã, suas pálpebras caíram até quase fecharem-se quando lhe acariciou os seios. Ela esperou um momento, sua respiração mais veloz a cada segundo que passava, então alcançou os botões da camisa dele. Ela não tinha tanta prática nisso como Bastien, claro que o que ele fazendo a distraía um pouco, mas arrumou para lhe tirar a camisa. Deixou que suas mãos se deslizassem por sua pele, lhe rodeando

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até alcançar suas costas, quando de repente ele se ajoelhou para primeiro lamber e depois chupar um de seus mamilos.

— Bastien. — Ofegou ela, arqueando-se para sua boca. Terri adorava as coisas que ele a fazia. Amava o que ele a fazia sentir. Amava a forma em que a fazia rir. Amava a maneira em que a fazia sentir-se segura. O Amava.

Esse pensamento a pegou de surpresa, e Terri piscou abrindo os olhos de par em par, olhando cegamente o escritorio por cima dos ombros dele. Bastien continuava acariciando-a. Sua atordoada mente lutando com seus sentimentos tentando analisá-los. Amava ao Bastien?

A pergunta se perdeu no mais profundo de sua mente quando ele deslizou uma mão ao longo de sua perna levantando a saia ao mesmo tempo. Quando sua mão se desviou deslizando entre suas pernas, Terri deixou escapar um gemido.

Este foi recolhido pela boca de Bastien que tinha deixado o mamilo que chupava para endireitar-se e reclamar seus lábios. Ela o beijou freneticamente, ofegando em sua boca e arqueando-se sobre a mesa enquanto os dedos dele se deslizavam por baixo da borda de suas calcinhas.

Bastien se movia tão rápido que a deixava tonta, embora tonta de desejo.

Como tinha conseguido lhe provocar tão velozmente? Ela perguntou baixinho, mas no momento seguinte já não se importava. Ele deslizou um dedo dentro dela.

Terri lhe chupou a língua com desespero enquanto ele tirava o dedo e voltava a introduzi-lo. A seguir lhe esfregou o núcleo de sua excitação com o polegar, e Terri quase saltou da mesa devido à reação de seu corpo que dava solavancos pelo prazer que se irradiava desde aquele pequeno ponto. Apartando a boca, Terri jogou a cabeça para trás, ofegando em busca de ar. A boca do Bastien percorreu sua garganta enquanto seus dedos continuavam acariciando-a e excitando-a.

— Bastien. Por favor. — Disse ela por fim, endireitando-se para aferrar-se a seus ombros. — Preciso de voce.

Foi tudo o que teve que dizer. Bastien agarrou seus quadris e a deslizou até a borda da mesa enquanto estendia a mão para o fecho de suas calças. Em um instante já tinha se desfeito dela e deslizava no interior de Terri.

— OH! — Ofegou Terri quando ele a encheu e depois gemeu quando se retirou.

Bastien girou a cabeça e apanhou o seguinte gemido em sua boca, beijando-a, suas mãos deslizando-se sob seu traseiro para mantê-la quieta enquanto a penetrava de novo. Terri lhe agarrou o cabelo com as mãos, seus dedos se curvaram e sem querer puxaram enquanto sua boca se fazia mais

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exigente. Suas pernas se envolveram ao redor dos quadris dele, lhe agarrando como se sua vida dependesse disso.

Foi rápido e rude, nenhum deles desejava ou foi capaz de ir mais lento para arrastar o prazer. Em poucos momentos terminaram, gritando juntos quando o orgasmo lhes alcançou. Depois ficaram quietos, apoiados um contra o outro, tentando recuperar o fôlego.

— Bom. — Murmurou Bastien depois de um momento. A liberando de seu peso, tomou o rosto entre suas mãos e beijou sua testa. — Olá. — Depois beijou o nariz do Terri quando esta a enrugou, perplexa, explicou: — Me esqueci de dizer quando entrei.

— OH. Acredito que isso também aconteceu comigo. — Disse Terri soltando uma ofegante gargalhada. — Olá.

Bastien a beijou na boca outra vez, sem urgi-la a que a abrisse esta vez, limitando-se a mover seus lábios sobre os seus. Logo começou a mordiscar seu inflamado lábio inferior, mas foi interrompido quando soou um golpe na porta.

Retirou-se ligeiramente, jogando uma olhada sobre seu ombro em direção ao som. Quando soou um segundo golpe, virou-se para trás e sorriu ironicamente.

— Acredito que nosso almoço chegou.

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Capítulo 16


Bastien abriu o pequeno frigobar de seu escritório e deixou os dois frascos pequenos dentro. Finalmente havia decidido trazê-los até o sótão. Haviam permanecido em seu escritório a semana toda, desde o dia em que Terri havia vindo para o almoço na segunda-feira. Essa manhã, ele estava se preparando para participar da reunião prevista com os homens do laboratório quando James entrou em seu escritório para lhe entregar as novas enzimas sintéticas que Vincent deveria provar. Eram o ultimo esforço para tratar a doença que obrigava o primo e tio de Bastien a se alimentar diretamente de doadores vivos. A vida seria muito mais fácil para ambos os homens se pudessem sobreviver à base de sangue embalado como fazia a maior parte do clã. Vincent era quem normalmente provava casa soro novo e sabendo que Bastien estava hospedado no sótão esses dias, James havia levado o soro para ele.

No momento em que o cientista tinha terminado de explicar as condições para um teste ideal da enzima — Vincent deveria abster-se da sua alimentação habitual, de doadores vivos, enquanto estiver tomando, e deveria se examinado diariamente para verificar se estava tendo funcionando, assim como para se certificar que ele não estava sofrendo nenhum efeito secundário prejudicial. — Bastien estava realmente atrasado. Havia agradecido ao homem e tinha deixado os frascos na geladeira sem fechadura, preferindo não perder mais tempo colocando na que estava fechada. Depois havia saído correndo para a sua reunião.

Mas, é claro, que ele havia esquecido os frascos naquela noite, quando ele tinha ido até o apartamento. De fato, havia esquecido todas as noites até hoje, embora não havia se esquecido de mencionar a questão com Vincent. Seu primo havia aceitado provar o soro e sangue ensacado, mas se recusou em fazer até o fim de semana seguinte ao casamento. Não queria que isso interferisse com os ensaios do teatro ou com os ensaios do casamento de Lucern e Kate, caso houvesse efeitos colaterais graves.

Bastien o entendia. Ele já havia se consultado com James, para se certificar que os frascos de soro não causariam nenhum lapso, mas finalmente havia se lembrado de trazê-los com ele essa noite. Ele iria mantê-los na geladeira do escritório até Vincent estar pronto.

Com essa tarefa feita, Bastien pegou uma bolsa de sangue da prateleira da geladeira. Felizmente, pelo menos ele havia se lembrado de fazer isso. Embora ele tenha ficado surpreso, ele conseguiu fazer isso. Ele tinha estado um pouco

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distraído durante toda a semana, tentando encontrar tempo e maneiras de ver a Terri. Ela não queria sair com ele só enquanto Kate estava livre, dando como desculpa o fato de que havia vindo para estar com a sua prima antes do casamento e não se sentia no direito de abandoná-la em um momento em que ela estava tão animada e nervosa com o casamento próximo.

Bastien havia entendido. Além disso, eles passaram algum tempo juntos.

Foi assim, à noite, puderam estar em dupla com Lucern e Kate. O outro casal não quis sair sem ver o outro, mas insistiram em ter companhia quando fizessem. Em um esforço para assegurar de que sua noite de casamento fosse especial, Kate recusou estar a só com Lucern até então. E enquanto Kate e Lucern não podiam estar juntos sozinhos, Terri e Bastien muito menos. O que significava que para passar qualquer tempo a sós com Terri, Bastien teve que dar um jeito para vê-la enquanto Kate estava no trabalho. Quando ele mesmo deveria estar trabalhando.

Após tirar a primeira semana livre por causa da hospedagem de Terri em Nova York, Bastien estava sobrecarregado tentando recuperar o atraso de tudo que havia sido negligenciado. Mas, ainda assim, ele conseguiu dar um jeito para ficar a sós com ela pelo menos uma hora por dia. Ele também havia feito questão de que saíssem para ver lugares. Depois daquele primeiro almoço no escritório, Bastien não queria que ela pensasse que seu único interesse era sexual. Mas, de alguma forma, não importava aonde iam, ou o que ele havia planejado, sempre acabavam fazendo amor. Essa semana haviam feito amor em alguns lugares interessantes e inesperados, e nem sempre era ele quem iniciava. Terri acabou por ser tão insaciável como ele era. Estava fazendo um bom trabalho recompensando pelos anos de abstinência desde que seu marido havia falecido.

— Bastien?

— Sim? — Ele olhou para cima quando Vincent abriu a porta do escritório.

— Terri acabou de ligar. Está subindo no elevador.

Sorrindo, Bastien jogou a sua bolsa de sangue no lixo debaixo da mesa, agora que ela estava vazia, e fechou a porta da geladeira. Ficou em pé, contornou a mesa depressa.

Hoje foi o único dia que não havia conseguido um tempo livre para vê-la.

E enquanto Kate logo chegaria para a festa de despedida de solteiro, ajudar nos preparativos era uma desculpa perfeita pra que Terri chegasse mais cedo. Ainda que ele não estivesse esperando ter tanta sorte como ela chegando cedo desse jeito.

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— Pensei que a notícia te animaria. — Vincent disse. Sua diversão era evidente quando Bastien se aproximou da porta.

— Você pensou direito, primo. — Deu palmadas no ombro de Vinny e passou por ele no corredor. — Você pensou direito.

— Bem, então essa outra notícia te fará ainda mais feliz. — Seu primo falou enquanto o seguia.

— Sobre o que é? — Bastien perguntou sem muito interesse.

— Eu tenho que pegar meu encontro, e levá-la para jantar antes da festa, dessa forma, você vai ter o lugar só para você até que os convidados comecem a chegar. Ao menos até que a tia Marguerite, Rachel e Etienne voltem para pegar Lissianna e o Greg no aeroporto. Isso te dá aproximadamente duas horas. Você terá que preparar a festa por sua conta, mas... — — Você é um bom primo, Vincent. — Bastien disse calmamente quando eles alcançaram a entrada. — É um bom amigo.

— Lembrarei isso a você quando eu precisar de um favor. — Seu primo disso.

— Você vai fazer isso. — Bastien concordou.

O elevador chegou e as portas se abriram.

— Olá, bonita. — Vincent cumprimentou Terri enquanto mudava de lugar com ela, tomando o lugar dela ao elevador. — Não faça nada que eu não faria. — Ele disse enquanto as portas começavam a fecharem — E como não há muitas coisas que eu não faria, isso significa que vocês dois vão se divertir muito.

Terri deu olhar para a porta do elevador até Bastien, sorrindo.

— Minha chegada não o assustou, certo?

— Não. Ele tinha que levar o encontro dele e levá-la para jantar. — Bastien explicou. Depois deu um passo para frente e levantou Terri em seus braços.

— Bastien! — Ela chorou, com uma combinação de surpresa e alarme, as mãos apertando seus ombros por instinto.

— Alguma vez você já bebeu champanhe em uma jacuzzi? — Ele perguntou enquanto caminhava pelo corredor em direção ao quarto principal.

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— Não, eu acho que não. — Terri confessou. Ela afrouxou suas mãos e deslizou ao redor dos ombros dele, relaxando contra seu peito. — Devo presumir que beberemos champanhe em uma jacuzzi antes de ajeitar os preparativos da festa?

— Não. — Ele negou. — Você vai beber champanhe na jacuzzi.

Ela ergueu as sobrancelhas.

— E o que você vai beber?

— Eu vou beber de você.

— Mmm. — Terri murmurou, incapaz de controlar um tremor de excitação.

— Mmm. — Bastien repetiu, dando um beijo nos lábios dela. — Deus, eu amo quando você faz isso.

— O quê? — Ela perguntou com a voz rouca, beijando a orelha dele.

— Tremer de excitação. Gemer, grunhir, estremecer ou arquear contra mim. É que eu simplesmente amo quando você se excita. — Ele confessou.

Terri riu.

— É você quem provoca isso. Estou começando a pensar que você tem alguma magia. De fato, nesse instante tenho certeza.

— Oh. Por que isso?

— Porque nem se quer chegamos perto da jacuzzi e eu já estou molhada.

Bastien quase tropeçou em seus próprios pés ao ouvir isso. Seus olhos voaram para o rosto dela e rapidamente o desejo acendeu em seu interior quando viu o sorriso travesso dela.

— Maldição. — Ele resmungou. — Talvez devêssemos deixar a jacuzzi para outra ocasião.

Terri riu quando ele começou a caminha mais rápido.

*

— Você quer que eu chame um taxi?

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— O quê? — Chris gritou por cima do barulho que os rodeavam.

Terri sacudiu a cabeça. O editor não tinha escutado o que ela disse por causa da música vibrante. Ela se inclinou para mais perto, até que sua boca quase tocava a sua orelha.

— Você quer que eu chame um taxi?! Não deve ser fácil conseguir um metrô essa hora.

C.K hesitou, pensando nisso, depois assentiu e gritou.

— Por favor! Mas, como você vai conseguir isso com todo esse barulho?

Terri hesitou. Não havia pensando nisso. Então apareceu a solução.

— Usarei o telefone do escritório!

— Oh! — Ele concordou com a cabeça. — Tá!

— Voltarei em um momento. — ela gritou. — Só fique aí sentado!

Deixando ele ali, no meio da festa de despedida de solteiros de Kate e Lucern, Terri ziguezagueou entre os convidados em direção a entrada e depois, andou rapidamente para o corredor. Havia notado que o editor parecia exausto quando chegou. Quando havia perguntado o porque, C.K explicou que havia estado trabalhando em horas extras a semana passada, tentando ficar em dia.

Havia conseguido ficar animado e se divertir um pouco, mas já estava ficando tarde, e Terri tinha notado que ele começou a bocejar em sinal de exaustão.

Quando ela observou ele pegando sua jaqueta da parte de trás da cadeira e o vestia, ela se aproximou para verificar se ele queria que ela chamasse um taxi.

O escritório estava vazio quando ela entrou, não era que Terri estivesse esperando o contrário. Os convidados da festa eram todos da família e amigos, todos eles eram da própria cidade ou haviam chego ontem ou hoje para o casamento que aconteceria amanhã. Mas era possível que Kate e Lucern, ou alguém mais houvesse buscado um lugar tranqüilo para estar sozinho por um momento, algo que ela mesma tinha tentado sugerir a Bastien pelo menos umas meia dúzia de vezes. Mas, como dama de honra e padrinho, eram os anfitriões da festa e simplesmente não foram capazes de escapulir. Ela se animou se animou por encontrar o quarto vazio. Poderia ter sido embaraçoso encontrar um casal ali.

Fechando a porta atrás dela, Terri se aproximou da mesa da mesa e sentou. Pegou o telefone para fazer a ligação, e então percebeu que não tinha nenhuma ideia do número que deveria pedir o serviço de taxi em Nova York. Ou se era possível. Supôs que era, ou o Chris não teria concordado com a sua ideia de chamar um taxi. Mordendo o lábio, olhou em volta da mesa para ver se

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encontrava uma lista telefônica, mas é claro que não havia nenhuma. Terri voltou sua atenção para as gavetas. Seus olhos permaneceram ao lado esquerdo do fundo. Era grande o suficiente para que coubesse uma lista telefônica. Nem estava bem fechado. Agachando-se um pouco, Terri abriu e ficou olhando fixamente. O que parecia uma gaveta, não era uma gaveta realmente. Em vez de sair, ela balançava para o lado, mostrando um frigobar. Era um pouco assustador, mas o que estava no interior era ainda mais.

Terri fitou o conteúdo: dois frascos semelhantes aos que ela havia encontrado no escritório de Bastine na segunda-feira de manhã. E, também havia pelo menos uma dúzia de bolsas de sangue. Ela as contemplou atordoada por um momento, completamente confusa sobre o porquê dessas coisas estarem em uma gaveta do escritório de Bastien. Sabia que a pesquisa médica fazia parte das empresas Argeneau e, também já tinha ouvido falar que às vezes as pessoas traziam o trabalho pra casa, mas isso já era um pouco exagerado.

Um som a surpreendeu fazendo ela se sentir culpado, fechou a porta da geladeira e ficou de pé em um salto.

— Ah, aqui está você. — Bastien disse, aparecendo no lobby* e cruzando a sala com um sorriso.

— Eu vim aqui para chamar um taxi para Chris, mas não sei o número e não encontrei nenhuma lista telefônica. — Terri balbuciou.

— Eu sei. Ele me disse. No entanto, não há necessidade de ligar. Eu fiz com que várias carros da empresa levassem todos as suas casas e hotéis. Já mandei Chris em um deles. — Ele havia rodeado a mesa, e fez uma pausa antes de pegar o rosto dela entre suas mãos. Sorriu olhando em seus olhos. — Na verdade, eu já coloquei muitas pessoas à caminho. O resto está esperando os carros voltarem, então... Temos uns minutos antes de voltar para nossos papeis de anfitriões outra vez.

— Oh. — Ela sorriu, mas a confusão ainda reinava em sua mente. O

sangue, os frascos médicos tanto na geladeira do escritório da empresa de Bastien, como no escritório do sótão, o intravenosa que havia encontrado em seu primeiro dia de hospedagem quando estava xeretando grosseiramente e Kate tinha mencionado sobre um segredo... Um que Bastien deveria lhe contar e eles teriam que se resolver. Essas coisas estavam girando em sua mente, uma e outra vez, como um rato em uma roda. Sangue, medicina, suporte intravenosa, segredos?

A boca de Bastien cobrindo a sua, a impediu de se concentrar, e Terri tentou expulsar os medos de sua mente. Mas seu cérebro continuou correndo.

Sangue, medicina, intravenosa, segredos.

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— Terri? — Bastien murmurou, se afastando quando ela não respondeu.

— Você está bem?

Ela abriu os olhos e forçou um sorriso.

— Só estou um pouco cansada.

Ele acariciou sua bochecha com o polegar.

— Está tarde.

— Sim. — Ela sussurrou.

Bastien assentiu com a cabeça, mas houve um lampejo de incerteza em seu rosto.

A culpa atravessou Terri imediatamente. Na verdade não estava cansada, só estava confusa. E se sentiu mal por deixar isso ficar entre eles, quanto tinham tão pouco tempo para aproveitarem. Provavelmente havia uma explicação simples para tudo que ela havia visto e a forma mais direta de saber essa explicação, era perguntando. E faria, mas antes acabaria com a incerteza dele. Esticando-se, ela pressionou seus lábios contra os dele e o beijou. Bastien permaneceu quieto por um momento e então, devolveu o beijo com gentileza, sua boca se movendo sobre a dela com um cuidado infinito, uma carícia quente que lentamente se tornou ardente.

Terri gemeu e deslizou seus braços ao redor do pescoço dele, segurando enquanto seu corpo arqueava em sua direção e se apertava contra ele. Este era Bastien, o homem que ela amava. Algo mais era importante?

A porta do escritório foi aberta, interrompendo, e eles se viraram na direção da porta.

— Desculpe pela interrupção. — Lissianna ofereceu um sorriso sem graça.

— Mas o primeiro carro já voltou e os pais de Kate e suas irmãs já se vão. A mãe pensou que seria bom que Terri se despedisse.

— Claro! — Bastien deslizou um braço ao redor de Terri enquanto iam em direção à porta. — Vamos dizer adeus.

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Capítulo 17


— Bom, está feito. Agora você é um homem casado — disse Terri suavemente ao Lucern enquanto ele a fazia girar pela pista de dança. A cerimônia e o banquete tinham terminado, e ele e Kate tinham realizado o tradicional baile nupcial. Agora Lucern estava fazendo o percurso por todas as mulheres do casamento, enquanto Kate dançava com cada um dos homens. Logo seguiriam com para outros convidados importantes. Como dama de honra e padrinho, Terri e Bastien tinham sido os primeiros que eles se aproximaram. — Qual é a sensação?

— Boa. —Lucern sorriu amplamente, logo acrescentou: — Estou muito agradecido porque a cerimônia se desenvolveu sem nenhum problema. Depois de todas as calamidades nos preparativos, estava seguro de que haveria alguma crise. Mas tudo foi suave como seda.

Terri sorriu para o homem. Não o tinha achado muito conversador até essa noite. Kate tinha-lhe explicado uma tarde que ele sempre era dessa forma quando estava trabalhando em um livro, mas que podia sair de vez em quando da sua casca de ovo. Parecia que esta noite o tinha feito. Parecia muito feliz.

— Sim, assim é — concordou com ela, logo acrescentou: — Bom, exceto pelo espirro do C.K.

Ambos sorriram com a lembrança. O pobre editor estava se sentindo mortificado por estar de pé diante da igreja, com os outros padrinhos do noivo, espirrando a cada poucos minutos. O pior é que aparentemente ele tinha advertido Kate e Lucern de que era alérgico a certas flores quando tinham pedido, e ambos lhe tinham assegurado que comprovariam que não houvesse nenhuma delas nos arranjos do casamento. Tinham tomado cuidado quando escolheram os primeiros arranjos, mas os dois se esqueceram completamente de sua alergia quando tinha ocorrido a trágica crise floral, e tinham eleito involuntariamente uns arranjos desafortunados na segunda vez. O editor teve um dia ruim.

Seu olhar procurou o Chris. Ele não podia dançar com a sua imobilização, mas não estava na mesa principal onde, como membro do cortejo nupcial, sentou-se no banquete. Essa mesa estava agora vazia e a maior parte de seus ocupantes estava na pista de dança. Abandonado, Chris preferiu unir-se à mesa onde seus colegas de trabalho da Editorial Roundhouse estavam sentados.

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Vincent estava de pé detrás da cadeira do editor, tocando-lhe o ombro de maneira relaxante, sem dúvida compadecendo-se de sua infelicidade com os flores.

Terri realmente esperava que a sorte do editor mudasse logo. Parecia um tipo muito agradável para sofrer assim.

Uma mulher elegantemente vestida se aproximou da mesa para falar com Chris, e Terri inclinou a cabeça para olhar. A mulher parecia terrivelmente familiar, e Terri estava segura de que Kate a tinha apresentado em algum momento, mas tinha conhecido tanta gente hoje que era difícil dar nomes às caras.

Entretanto, Terri estava segura de que a mulher trabalhava em algo na indústria editorial e, a julgar pela forma em que C.K. endireitava-se em seu assento enquanto a mulher se dirigia a ele, supunha que a dama tinha certa influência.

— Lucern? — Terri encarou o seu parceiro de dança com curiosidade.

— Hmm?

— Quem é essa mulher?

Ele seguiu a direção de seu dedo.

— Kathryn Falk.

— Ah — assentiu Terri. — Lady Barrow.

— Sim. É uma mulher agradável. Elegante e inteligente. Kathryn foi de grande ajuda na primeira conferência romântica que Kate me arrastou.

Terri mordeu o lábio para evitar rir. Era todo um eufemismo. Kate tinha lhe contado que a braguilha do Lucern se enganchou com a toalha durante a festa medieval, e como Lady Barrow se colocou com ela sob a mesa para ajudá-la a desenganchá-lo. Pelo visto ela tinha segurado uma lanterna ou algo assim enquanto a prima de Terri trabalhava para liberar o Lucern. Tinha narrado como um conto divertidíssimo.

— Fez mais que ajudar Kate a desenganchar minha braguilha — contou ele, e Terri supôs que não tinha escondido muito bem sua diversão. Obviamente ele tinha adivinhado o que estava pensando. — Também me levou de volta ao aeroporto, me deu alguns conselhos e…

Encolheu os ombros.

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— Foi uma boa amiga para mim nesse dia e mantivemos a amizade depois disso. Eu concordei em assistir a conferência seguinte de Tempos Românticos como um favor à ela.

Terri sabia que isso era algo importante. Segundo Kate, Lucern se negava a assistir nenhuma conferência como convidado. Inclusive a que tinha ido semana passada, não tinha ido como Luke Amirault, o autor, mas sim como Lucern Argeneau, o noivo de Kate.

Ao notar o repentino desagrado do homem, voltou olhar para a mesa.

Vincent estava sustentando a mão de Lady Barrow e a levava a boca para lhe dar um beijo. Terri quase podia ouvir sua sexy marca pessoal ?Enchantee?, de onde estava. O homem era um galanteador incorrigível, pensou com uma leve diversão.

Lucern não parecia achar graça. Quando Vincent conduziu a mulher à pista de dança e afundou seu rosto no pescoço dela, o olhar do Lucern se deslizou para aonde Bastien e Kate dançavam. Bastien girou, como se seu irmão houvesse dito seu nome. Seus olhos se encontraram brevemente, e logo Lucern jogou uma olhada ao Vincent e o olhar de Bastien o seguiu. Bastien murmurou algo para Kate, e ela olhou também para ver o que Vincent estava fazendo.

Ninguém parecia muito feliz em ver o Vinnie com a Lady Barrow. Terri não entendia porquê. Estava apenas dançando com a mulher. Um pouco perto demais talvez, mas mesmo assim estavam apenas dançando.

Os quatro observaram a dança do casal. Quando a música terminou e Vincent começou a tirar a mulher da pista de dança, Lucern levou Terri para o Bastien.

— Eu me ocuparei disto — disse Bastien. — Vocês dois continuem dançando. Têm muita gente com quem dançar.

Os recém casados assentiram e o agradeceram. Partiram para procurar o seguinte casal da festa com quem tinham que dançar e Bastien olhou para Terri.

— Siga em frente, eu ficarei bem — assegurou a ela, embora realmente não sabia o que iria fazer. Toda a família parecia estar reagindo de maneira um pouco exagerada. — Tomarei uma bebida e me sentarei, darei um descanso a meus pés — assegurou quando viu o aspecto pouco feliz de Bastien — Vamos. Kate e Lucern obviamente se preocuparão, e não deveriam ter que preocupar-se de nada no dia de seu casamento.

— Concordo. Você é uma mulher especial, Terri. — Bastien a agarrou pelo queixo e lhe deu um rápido beijo. — Não demorarei muito.

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Ele endireitou-se depois de beijar Terri e olhou a seu redor para ver onde estava seu primo. Infelizmente, o homem já não estava à vista. Franzindo o cenho, Bastien se dirigiu para onde tinha visto o Vincent pela última vez conduzindo a Lady Barrow. Seus olhos examinaram as pessoas que estava diante dele com preocupação. Entendia que Vincent agora provavelmente tivesse fome, estava acostumado a sair esta hora para caçar. Mas não podiam tê-lo perambulando por aí e alimentando-se dos convidados!

— Irmão!

Bastien reduziu o ritmo e virou quando Etienne se apressou para se unir a ele.

— Lucern e Kate me disseram o que estava acontecendo e me pediram que te ajudasse.

Bastien assentiu, e logo olhou ao redor.

— Vincent se dirigia para esta direção na última vez que o vi. Pensei em procurar primeiro nesta área e depois fazer uma varredura no resto do salão.

— Bem pensado. — Etienne se ajustou ao seu passo quando ele começou a caminhar de novo. Depois de uns minutos disse: — Vá, um passarinho me contou que Terri é… importante para você.

— Um passarinho, é? — perguntou Bastien secamente.

— Sim. — Quando Bastien não disse nem sim nem não Etienne acrescentou: — Estive falando com Terri na festa de ontem de noite. Pareceu agradável. Realmente é agradável — corrigiu-se. Ele explicou: — Li sua mente.

— Eu não posso fazer isso, assim é bom saber que meus instintos sobre ela estão certos — disse Bastien.

— Bom, eu posso lê-la, e posso te dizer que eu gosto. É como a minha Rachel, alguém especial.

— Sim, ela é — concordou Bastien. — É doce, e bela, e inteligente e…

— E não pode lê-la — repetiu Etienne. — E a ama. Obviamente encontrou a sua companheira de vida. Felicidades, irmão! Estou muito feliz por você.

— Sim. Bom, não diga a nossa mãe. — Bastien sacudiu a cabeça quando Etienne lhe tocou as costas. Não necessitava nenhuma interferência.

— Não me diga o quê?

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Ambos os irmãos giraram e grunhiram quando Marguerite Argeneau se uniu a eles.

— Mãe. — Bastien beijou sua bochecha diligentemente. Etienne seguiu o exemplo.

— Não sei por que seguem tentando me ocultar as coisas, meninos. Pensei que na sua idade já saberiam que é um desperdício de tempo tentar. Sou sua mãe. Vejo, ouço e sei tudo.

— Isto é verdade? — perguntou Bastien.

— É — disse ela firmemente. — E possivelmente se darão conta disso em outros duzentos anos. Lucern demorou uns seiscentos anos para perceber.

Francamente, os meninos são muito mais difíceis de criar que as garotas. — Marguerite franziu o cenho a seus filhos porque tinham sorrido diante da queixa que se repetia freqüentemente, depois suspirou. — Enfim, não há dúvida de que você não quer que Etienne me diga que você ama à pequena prima de Kate, Terri, verdade?

Etienne começou a rir diante a careta de Bastien.

— Bom, você pensou que eu não tinha notado, verdade? —perguntou sua mãe, com diversão — Depois de quatrocentos anos é de esperar que conheça e entenda o meu menino o suficiente para reconhecer quando está apaixonado. — Suspirou e logo acrescentou. — Eu aprovo, por sinal. É uma moça encantadora.

E aliviará o sentimento de perda de Kate quando ela tiver que deixar o resto de sua família. Sem não mencionar que ter Kate na família será mais fácil também para Terri. De fato, tudo se complementará perfeitamente.

— Não tinha pensado nisso — disse Bastien com surpresa. — Quero dizer, que seria mais fácil para ambas.

— Bom, é para isso que você tem uma mãe. —Marguerite acariciou seu ombro e logo olhou ao redor. — Olharam no corredor, ou nas barras do piso principal? — Quando seus filhos trocaram olhares, ela pôs os olhos em branco. — Bom, não esperariam que Vincent a mordesse aqui mesmo, não? Procurará uma esquina escura agradável. Então vamos. Vamos encontrar o moço antes que se meta em problemas.

— Podemos nos ocupar disto, mãe — disse Bastien rapidamente, — Por que não…?

— E perder toda a diversão? — perguntou ela. — Acho que não.

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Quando Bastien e Etienne trocaram olhares questionadores, ela acrescentou: — Apenas me agradeça que tenha decidido não interferir entre você e Terri.

— Não o fará? — Bastien a observou com uma combinação de esperança e cautela. Achava difícil de acreditar que ela o estivesse falando sério.

— Não o farei — lhe assegurou Marguerite. — Parece estar fazendo tudo muito bem sozinho. Claro que se estragar as coisas posso mudar de opinião. — Com essa advertência girou para sair da sala.

Terri viu o Bastien, Etienne e sua mãe deixarem o salão em busca de Vincent enquanto escutava distraídamente a sua tia falar entusiasmada desse ?homem perfeitamente adorável? que pensava que Terri deveria conhecer. Era realmente doce de acordo com a mulher, mas Terri não estava procurando um homem. Tinha um. Bem, ou algo assim. Seu olhar deslizou de volta à porta por onde Bastien tinha saído.

— Terri não necessita um homem, mamãe. Já tem um — anunciou Kate quando Lucern a conduziu para ali.

— Tem? — perguntou Lydia Leever avidamente. — Não falou nada, querida.

Quem é ele?

— O irmão do Lucern, Bastien — respondeu Kate.

— OH! — Tia Lydia obviamente se gradou com as notícias, já que abraçou Terri. — Bom, isso é maravilhoso. É muito bonito, e se for metade agradável como Lucern, vocês duas deveriam estar muito felizes.

— Estou contente de que pense que sou agradável, Sra. Leever — intercalou Lucern. — Espero que isso signifique que aceita dançar com seu novo genro.

— Me chame de mamãe, Lucern. Agora você é da família — disse tia Lydia.

Lucern a guiou até a pista de dança.

Kate sorriu para Terri enquanto John Leever, seu pai, ficava de pé para reclamar também seu turno com ela na pista de dança. Terri os viu partir enquanto seus pensamentos se dirigiam a Bastien, agora que estava sozinha e sem distrações. No carro a caminho ao salão de recepções ele disse que havia algo que queria conversar com ela. Essas solenes palavras estavam incomodando agora. Tinham lhe trazido imediatamente muitas coisas à mente: os frascos, as bolsas de sangue, o aparelho para a intravenosa e Kate lhe dizendo que havia

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algo que Bastien precisava lhe contar. Terri tinha estado preocupando com o assunto.

O que ia contar lhe? O quão ruim seria? Esperava que não fosse muito horrível, mas supunha que teria que esperar para ver.

Terri se moveu incomodamente sobre seus pés, e logo depositou o copo vazio na mesa mais próxima e se dirigiu ao banheiro feminino. Duas mulheres estavam saindo quando ela entrou. Terri não reconheceu nenhuma delas, assim assumiu que eram amigas de Kate da cidade ou parentes pelo lado Argeneau.

Sorriu e as saudou educadamente quando passaram, e caminhou ao longo dos cubículos até o final.

Terri entrou, fechou a porta do cubículo detrás dela e jogou o ferrolho, subiu a saia, baixou as calcinhas e deu um suspiro de alívio enquanto se sentava. Seus pés estavam um pouco roçados pelos sapatos novos e por todo o tempo que tinha estado de pé hoje: primeir na cerimônia, depois nos degraus da igreja na linha de recepção e finalmente enquanto posava para as intermináveis fotos de casamento. A recepção lhe tinha dado a primeira possibilidade que tinha tido de sentar-se, mas foi interrompida sem parar pelos brindes que um convidado ou outro tinham feito pelos noivos e tinha tido que levantar-se. Agora o banquete tinha terminado e o baile tinha começado. Terri não estava segura de que seus pés estivessem preparados para isso. Ao menos não nestes sapatos.

Seus pés estavam inchados e roçados dentro das sapatilhas de cetim de dama de honra.

Elevou os pés, sustentando-os para examiná-los. Os sapatos eram bastante bonitos, mas condenadamente incômodos. Terri considerou brevemente se seria de má educação tirar essas malditas coisas e ficar só com as meias durante o resto da noite. Pensou que poderia fazê-lo, pois a saia era larga e poderia ocultar seus pés nus, mas sem dúvida suas meias estariam destroçadas ao final da noite.

Meias ou pés? O quê deveria sacrificar? Refletiu contemplando seus sapatos levantados.

— O que Bastien já disse à Terri?

Terri ficou rígida dentro de seu cubículo, com seus pés ainda no ar.

— Shh, Lissianna. — Reconheceu a voz de Kate. — Pode ter alguém aqui.

— Eu chequei primeiro. Os cubículos estão vazios — disse a irmã de Bastien de modo tranqüilizador.

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Terri olhou para seus pés elevados e para o chão onde deveriam ter estado.

Ao levantá-los, Lissianna só tinha visto o que parecia ser um cubículo vazio. Bem, isto era embaraçoso. O que deveria fazer? Baixar os pés e tossir ou algo assim, para que as duas mulheres soubessem que não estavam sozinhas? Ou deveria ficar calada e evitar que passassem vergonha tanto ela como as outras? Também saberia do que estavam falando.

— OH. — Kate suspirou. — Não, Bastien não falou ainda, e desejaria que o tivesse feito. Não poderá manter segredo muito mais. Ela acabará averiguando.

Averiguar o que? Perguntou-se Terri, enquanto no pescoço caía uma gota de suor pelo pescoço, provocado pelo calor.

— Entretanto, ela irá embora logo, não? — perguntou Lissianna.

— E pensa que ele não a seguirá? Ou que ela não voltará?

— Pensa que é sério? — perguntou a irmã de Bastien com interesse.

— Sim. E você também pensa, ou não estaria perguntando se ele contou a ela — disse Kate com secura. — Não é algo que conte a qualquer garota com quem tivesse um encontro.

Me dizer o que? Repetiu Terri em sua cabeça. Maldita seja, desejava que fossem mais específicas. E rápido. Seus músculos estavam começando a arder por manter suas pernas levantadas. Não sabia quanto mais poderia agüentar.

— Sim, é sério — continuou Kate com um suspiro. — Conheço Terri. Ama-o com todo seu coração. Ao estar tão apaixonada pelo Lucern reconheço os sinais — acrescentou secamente. — Pela forma com que se sentem um a respeito do outro, não ficarão separados mais tempo do que o necessário. Mesmo se ela voltar para casa ou ele a seguir imediatamente para a Inglaterra. De qualquer modo, tem que contar a ela. Não seria bom se descobrisse por si mesmo.

— Não — concordou Lissianna. — É melhor que diga a ela do que descubra por acidente.

Descobrir o que? Terri queria gritar de frustração. Sem mencionar a dor, suas pernas estavam matando-a.

— Não sei por que está demorando tanto — preocupou-se Kate.

Lissianna riu brevemente.

— Isso é fácil de responder. Porque ele a ama tanto ela o ama. Nunca o vi assim. O homem está sempre sorrindo, ou assobiando ou… Eu ainda não tinha

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nascido quando Josephine estava em sua vida, mas Lucern diz que nem sequer quando pensava que a amava, Bastien era tão feliz.

Terri quase suspirou em voz alta com essa observação. A família dele pensava que Bastien a amava. E o fazia mais feliz que Josephine, quem quer que fora. Suas pernas ficaram repentinamente esquecidas. Podia resistir a um pouco de dor.

— Bom, se for assim, por que ele está arriscando que as coisas não se resolvam com Terri ficando calado? — perguntou Kate. Parecia frustrada.

— Como eu te disse, porque a ama — repetiu Lissianna. — Não ouviu falar da Josephine?

— Sim, certamente. Mas Terri é diferente. Ela entenderá mais fácil.

Especialmente depois de tudo o que aconteceu com Ian. Ela…

O que se seguiu depois não chegou à Terri, visto que a música se filtrou brevemente quando a porta se abriu, e logo voltou o silêncio quando se fechou.

Lissianna e Kate se foram.

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Capítulo 18


Os pensamentos do Terri estavam em polvorosa. ?Terri é diferente. Ela será mais compreensiva. Especialmente depois de tudo o que aconteceu com Ian.? As palavras do Kate trouxeram uma infinidade de lembranças flutuando em sua mente: os soluços em seu travesseiro de noite quando escutava impotente os gemidos do Ian devido à dor, uma dor que nenhuma quantidade de morfina aliviava; o aroma doce e doentio da morte na casa que parecia pegar-se a tudo, incluíndo a própria Terri durante meses depois; a dignidade perdida de Ian quando ficou tão fraco que outros deviam fazer cada pequena coisa por ele, embora fosse a tarefa mais pessoal e humilhante.

Tinha sido torturante para Terri. Mas sabia que para ele tinha sido mil vezes pior, e ela tinha tido que agüentar aquela carga também. Sabia que Ian somente desejava que aquilo terminasse de uma vez. Tinha pedido a ela muitas vezes que terminasse por ele, quando esteve muito fraco para fazer ele mesmo.

Terri se ressentia por isso. Se ele queria lhe pôr fim, por que tinha esperado até que não podia fazê-lo por si mesmo? Por que esperar que o peso descansasse nos ombros dela e tivesse que suportar a culpa por sua incapacidade de fazê-lo?

Porque Terri tinha suportado uma montanha de culpabilidade. Havia se sentido culpada por ser ela e não ele quem estivesse sã enquanto o outro sofria; porque não podia salvá-lo; e por último, porque não pudesse pôr fim a seu sofrimento quando ele pediu.

Mais compreensiva, Kate havia dito? Sim, Terri compreendia. Ela sabia exatamente o que Bastien passaria com qualquer doença terminal que sofresse, porque era sobre isso o que parecia que ela estavam falando. A medicina, o sangue, o suporte da intravenosa e todos os segredos, de repente fizeram sentido.

Como fez a medicação que causava a fotossensibilidade e o fato de que Bastien se limitasse a bicar sua comida a maior parte das vezes, parecendo não ter nenhum apetite. Era tudo tão óbvio agora: Bastien, forte e formoso, tinha uma doença terminal. Terri sabia o que era. Sabia como seria, e sempre era o mesmo. A morte era a morte, se pela doença do Hodgkin, câncer de mama, ou o que fosse que Bastien sofria. Terri sabia e odiou o fato de que ele sofreria.

Mas ela não poderia, não passaria por isso com ele. Era impossível. Já pensava que sofrer com sua mãe e Ian era ruim. Mas Bastien? Ver como o homem vital, forte e bonito se consumia até ficar só em pele e ossos? O ver débil e necessitado por causa de uma horrível dor? Ver como lhe rogava que lhe pusesse fim por ele quando seu corpo se consumisse? Isso a mataria. Terri não poderia

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com isso. Sabia que não poderia. E de repente se sentiu furiosa. Terrivelmente furiosa. Como ele ousa permitir que ela se apaixonasse por ele sabendo que morreria? Como ele ousa a não lhe falar de sua condição desde o começo, de modo que ela pudesse ter protegido seu coração e salvar-se de todo o trauma futuro? Como ele ousa se apaixonar por ela? Como ele ousa sequer pensar em morrer? Como ele ousa?

O banheiro se encheu com música e risadas quando várias mulheres entraram. Terri era consciente de seu bate-papo, mas em realidade não as escutava desde que sua mente girava com o que acabava de compreender.

Esperou onde estava até que se foram e o silêncio encheu o banheiro outra vez; então ficou em pé, ajeitou a roupa e abandonou o cubículo. Aproximou-se da pia e contemplou seu reflexo enquanto lavava suas mãos, mas sem se ver realmente.

Sua mente estava cheia das lembranças de Ian. Mas agora, quando recordou como Ian gemia na cama de noite, ele tinha a cara de Bastien. Quando Ian lhe pedia que terminasse com tudo, era Bastien o que falava.

Um movimento atraiu sua atenção para seu reflexo e Terri observou fixamente sem expressão as lágrimas que rodavam por suas bochechas. Estava chorando, o qual parecia estranho desde que não era consciente de estar sentindo algo. De fato, sua mente parecia bastante atordoada. Mas aí estavam: lágrimas que escapavam de seus inexpressivos olhos e desciam por suas bochechas formando pequenos riachos. Dirigiu sua atenção para seu rosto e notou que estava isenta de toda cor.

Não podia voltar para a recepção assim. Não podia permitir que ninguém a visse dessa forma. Fechando as válvulas, Terri pensou no problema. Teria que escapar. Sentiu-se mal por isso, mas parecia a única opção. Não queria arruinar o dia de Lucern e sua prima.

Secou as mãos, limpou as lágrimas do rosto, depois dirigiu-se à porta e saiu. O ruído e as cores a assaltaram imediatamente. A recepção estava em plena atividade. Ninguém a viu de pé junto à porta do banheiro. Terri encontrou rapidamente a rota mais rápida e fácil para sair do salão e tomou. Para seu assombro, conseguiu escapar sem cruzar com ninguém que tivesse podido detê-

la, e os poucos conhecidos junto aos que passou pareciam não nota-la.

Terri saiu diretamente do salão da recepção em direção às escadas rolantes em lugar de correr o risco de esperar os elevadores. As escadas não funcionavam a noite, mas as desceu com rapidez, cruzou o vestíbulo de entrada e saiu pela porta principal do hotel.

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— Táxi, senhorita? — Perguntou o porteiro. Terri afirmou com a cabeça. Ele assobiou, atraindo o primeiro táxi que esperava no meio-fio. Deteve-se diante dela e o porteiro lhe abriu a porta. Terri murmurou um obrigado quando entrou.

— Onde, senhorita?

Terri indicou a direção do apartamento de Kate e se recostou silenciosa no assento traseiro, com a mente em branco. Assim se manteve durante todo o trajeto. Não foi até que o táxi parou em frente ao bloco de apartamentos de Kate que Terri se deu conta de que não tinha sua carteira. Não tinha sido necessário.

O transporte para o casamento tinha sido disposto e a comida paga, assim não teve nenhum motivo para levar sua carteira. Terri olhou horrorizada ao taxista quando este se virou para lhe indicar a tarifa, então de repente se acalmou.

— Pode me levar ao aeroporto assim que eu pegue uma mala?

O taxista pareceu surpreso, logo receoso e depois contente pelo aumento da tarifa que viria. Afirmou com a cabeça.

— Claro senhora.

— Me espere. Só será um minuto. — Desembarcou do táxi antes de que ele pudesse protestar. Terri quase esperava que ele saltasse do carro e a perseguisse para insistir que pagasse, mas algum anjo devia estar cuidando dela… o taxista permaneceu em seu táxi enquanto ela levantava sua saia e subia os degraus da entrada do bloco de apartamentos de Kate.

Entretanto Terri não tinha a chave. Bastien a tinha, porque ele tinha bolsos em seu terno enquanto ela não tinha nenhum em nenhuma parte de sua roupa.

O plano tinha sido que, uma vez que a recepção terminasse, deveriam pegar suas coisas e ela ficaria com ele durante o tempo que ficava em Nova Iorque. Ele havia dito que tinham que conversar, e que tinha algo que lhe perguntar uma vez que o casamento terminasse. Terri, no mais profundo de seu coração, tinha esperado que a conversa tivesse algo que ver com o amor e seu futuro juntos. Agora sabia que era sobre a morte e morrer.

Sem outra opção, ela chamou o apartamento dos proprietários, sentindo-se agradecida porque Kate a tinha apresentado ao casal. Foi a esposa quem respondeu, e Terri lhe explicou rapidamente que tinha retornado com pressa ao apartamento para recolher algo que tinha deixado para trás, mas que tinha se esquecido de sua chave na recepção das bodas. A mulher lhe disse que desceria para deixá-la entrar. Terri sabia que a proprietária poderia ter deixado entrar apartir de seu apartamento, mas acreditou que a velha queria assegurar-se de que era ela. Fosse como fosse, Terri se resignou à espera com impaciência.

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*
— Ali está.

Bastien seguiu o gesto de sua mãe para um reservado no fundo do bar.

Vincent e Lady Barrow estavam sentados, com as cabeças juntas, falando.

— Hmm. Pergunto-me se chegamos a tempo. — Murmurou Bastien.

— Só há um modo de descobrir. — Marguerite Argeneau avançou a pernadas, deixando que seus filhos a seguissem enquanto cruzava o bar lotado.

— Tia Marguerite! — Vincent se levantou imediatamente quando ela se deteve ante a mesa. — O que está ha… — Sua voz se apagou e apertou os lábios quando viu Bastien e Etienne.

— Acredito que Lady Barrow precisa ir ao lavabo de senhoras. —Anunciou Marguerite, enfocando seus penetrantes olhos azul-prata sobre a mulher.

Lady Barrow sorriu.

— Na realidade não, não tenho que ir.

Marguerite piscou ante a surpresa, depois se girou e olhou a seus filhos.

— Bastien. — Ela gesticulou para a mulher, — Resolva.

Bastien ficou tão surpreso porque sua inestimável mãe não tivesse sido capaz de controlar a mente do Lady Barrow, quando obviamente acabava de tentar fazê-lo, que tomou um momento antes de fazê-lo ele mesmo. E se topou com que lhe resultava impossível ler sua mente, para quanto mais entrar nela.

depois de um momento tentando-o, enquanto Lady Barrow observava a todos com crescente confusão, Bastien jogou uma olhada a sua mãe e negou com a cabeça.

— Etienne? — Perguntou Marguerite, e seu filho menor o tentou, e depois de um momento se limitou a negar com a cabeça também.

— Tem uma família… interessante, Vincent. — Disse Lady Barrow de forma cortes, e ele ficou em pé de repente.

— Por favor, me desculpe um momento, Kathryn. Preciso falar com eles. — Se desculpou, logo tomou o braço de sua tia e a afastou da mesa. Bastien e Etienne lhes seguiram. Uma vez que estavam bem longe para não ser ouvidos por acaso, ele lhes olhou com irritação. — Não ia mordê-la. Deus, agem como se eu fosse um cão raivoso, como se fosse roer cada pescoço que vejo.

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— Bom, sabíamos que tinha que alimentar-se, Vincent. — Disse Marguerite. Seu tom tinha trocado e se tornou tranqüilizador.

— Fiz na hora do jantar. Subi ao bar para uma dentada rápida e bebi um gole — Ele sorriu perversamente e depois piscou os olhos.

— Bem, então, o que faz aqui agora? — Perguntou Etienne.

— O que te parece que faço? — Perguntou ele com exasperação. — Estou conversando com o Kathryn. É uma mulher fascinante.

— Não vai mordê-la? — Perguntou Bastien com receio.

— Não, Bastien. Não vou mordê-la. Não iria morder os convidados nas bodas de Lucern.

— Bem, e como podíamos saber? — Espetou Bastien. — Mordeu a minha empregada.

— Foi uma emergência. Usualmente não me alimento em minha própria casa ou nas casas de meus parentes.

— Também mordeu o Chris — recordou Bastien. — E isso foi depois da empregada.

— Logo que tinha afundado meus dentes na Sra. Houlihan quando vocês me interromperam. Ainda estava débil. Não podia caçar estando fraco. — Explicou com paciência. Logo acrescentou: — E, a propósito, de nada.

— Por quê? — Perguntou Bastien.

— Por me ocupar da empregada — explicou ele. — Meredith chamou o apartamento de cobertura um dia, enquanto Terri e você estavam fora durante uma de suas saídas da primeira semana e tomei a mensagem. Tinha o endereço de onde residia a Sra. Houlihan. Fui e limpei suas lembranças do que aconteceu.

E as lembranças das duas pessoas com que falou. Não terá que preocupar-se mais com ela.

— Voce? — Perguntou Bastien surpreso, logo compreendeu que o assunto se deslizou completamente fora de sua mente. Não tinha se preocupado absolutamente; tinha estado muito distraído com Terri. Isso poderia ter sido algo ruim. Os fios soltos teria que segui-los e arrumá-los. Menos mal que Vincent tinha estado atento. Era sincero quando lhe disse: — Obrigado.

Sua primo se encolheu de ombros.

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— Causei o problema e me ocupei dele. Agora… — fulminou com o olhar a todos significativamente, — posso retornar com minha convidada? Realmente é uma mulher fascinante.

— Certamente tem uma mente forte — comentou Marguerite, jogando um olhar curioso para Lady Barrow.

— Sim, ela tem. — Concordou Vincent. — E agora que sabem que os convidados estão todos a salvo do Vincent o raivoso, voltarão e desfrutarão das bodas de Lucern?

*

— Pensei que você tinha vindo buscar algo que Kate tinha esquecido — comentou a proprietária enquanto Terri entrava no apartamento, recolhia sua carteira e preparava rapidamente uma mala, virando-se com elas na mão.

— Não — Terri fez uma pausa no corredor quando a mulher fechou com chave a porta atrás delas. — Sinto muito pelo problema. Mas tenho que chegar ao aeroporto e não podia voltar pela chave.

— Ah, não é nenhum problema, querida. Só não compreendi — lhe assegurou a mulher enquanto esperavam o elevador. Observou ao Terri de acima a abaixo. — Vai ao aeroporto vestida assim?

Terri afirmou com a cabeça silenciosamente.

— Você está bem? — Agora a proprietária a olhava com preocupação e Terri esteve certa de que devia ter um aspecto terrível depois de seu pranto na recepção.

— Vou estar. — Ela disse a mulher brandamente, embora não estivesse absolutamente certa de que isso era verdade.

— Bem, que tenha boa viagem. — A velha disse. Sua preocupação ainda era evidente em sua voz.

Terri lhe agradeceu e depois entrou depressa quando as portas do elevador se abriram.

O taxista saltou de seu carro logo que ela saiu pela porta principal do edifício. Terri podia deduzir por sua expressão, quando se apressou pelos degraus para pegar sua bagagem, que estava aliviado de vê-la. Adivinhou que ele não

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estava absolutamente certo de que voltaria, e supôs que a única razão para ter se arriscado com ela era pelo mau aspecto que tinha.

Terri o agradeceu quando levou sua bagagem até o carro, depois se deslizou no assento traseiro enquanto ele a guardava no porta-malas.

— A qual aeroporto, senhorita? — Perguntou no momento que se sentou atrás do volante.

— JFK. — Murmurou, logo jogou a cabeça para trás e fechou os olhos.

Foi um trajeto comprido até o aeroporto. Terri não dormiu, embora o taxista pensasse que o fazia. Tampouco pensou em nada… se manteve quieta e tranqüila, limitando-se a existir. Sua mente estava em branco e seu coração vazio. Por mais estranho que parecesse, aquele estado fez que a comprida viagem até o JFK transcorresse rapidamente.

Terri tirou o dinheiro de sua carteira para pagar o taxista quando chegaram ao terminal. O entregou assim que lhe passou sua bagagem; depois entrou no aeroporto e foi diretamente ao balcão de passagens.

Teve certa dificuldade para conseguir um vôo. Todos aqueles que saíam de Nova Iorque para a Inglaterra tinham saído mais cedo pela tarde. O último que se dirigia a Manchester saía no momento em que Terri falava com a encarregada dos bilhetes, mas outra vez seu olhar pálido e transtornado a ajudou; a mulher fez esforços absurdos para conseguir que pudesse sair de Nova Iorque para seu destino. Terri acabou obtendo uma rota incrivelmente larga e tortuosa, voar a Detroit, trasbordo a França e daí voar finalmente ao Manchester. Terri não se importou. Só queria sair de Nova Iorque e voltar para casa, a sua pequena casa de campo e a sua vida segura.

Comprou suas novas passagens, cancelou a anterior e entregou sua bagagem. Depois se encaminhou para o banheiro para trocar de roupa, onde se lembrou que já tinha entregado sua bagagem e só tinha sua bagagem de mão.

Não tinha nada para vestir. Saiu do banheiro e contemplou as lojas de moda disponíveis no Terminal Um: Hermès, Ferragamo, e American Clothier.

Conseguiu encontrar uma roupa confortável e barata na Ferragamo. Depois de pagá-la, passou pela segurança com a bolsa, localizou sua porta de embarque e se dirigiu ao banheiro mais próximo, trocando-se rapidamente de roupa. O

terninho que tinha comprado não era nada especial e Terri colocou seu vestido cor lavanda na bolsa do Ferragamo com alívio. Chamava a atenção com seu vestido de festa e nesse momento não desejava que as pessoas a olhasse.

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Saindo do cubículo, aproximou-se da fila de lavabos, deixou sua bagagem de mão e sua bolsa sobre o balcão e se contemplou no espelho. É obvio, parecia o inferno. E havia muito pouco que pudesse fazer a respeito. Terri abriu sua bagagem de mão e aplicou um pouco de maquiagem, mas isso não escondeu o olhar vazio em seus olhos. Finalmente tirou uns óculos de sol e os pôs, mas decidiu que chamariam tanto a atenção como seus inexpressivos olhos. Tirando-lhe deixou-os cair na bolsa e se dirigiu à área de espera.

Ficavam um pouco menos de duas horas de espera. Parecia muito tempo, especialmente com a preocupação de que alguém nas bodas pudesse notar sua ausência e começasse a procurá-la. De repente pensou que provavelmente deveria ter deixado alguma mensagem para Kate, assim sua prima não perderia o tempo preocupando-se com ela durante sua noite de núpcias.

Descobrindo uma fila de telefones públicos, avançou para eles. Terri deixou cair cinqüenta centavos, e marcou o número do hotel para deixar uma mensagem na recepção. Foi uma dessas alegres, ?estou bem e no aeroporto apenas esperando meu vôo, que tenham uma grandiosa lua de mel e te amo?, esse tipo de mensagem. Como se não tivesse feito algo completamente inesperado, partindo tão abruptamente e antes do previsto. Mas era o melhor que Terri podia fazer.

Ela desligou e depois pegou o telefone outra vez fazendo uma pausa para jogar uma olhada no seu relógio. Era meia-noite na Inglaterra. Não podia ligar agora, despertaria Dave e Sandi. Talvez devesse esperar e lhes ligar da França, decidiu. Embora isso não desse ao casal muito tempo de antecipação para ir ao aeroporto e encontrá-la. Bom, se não pudessem chegar a tempo, pegaria um táxi.

Na realidade não podia pagar, mas assim era a vida.

*
— Está aí dentro? — Perguntou Bastien a Rachel quando esta saiu do banheiro feminino. Havia retornado do bar, depois da conversa com Vincent e se deparou com o desaparecimento de Terri. Tinha dado várias voltas pelo salão de festas em sua busca, antes de se render e pedir à esposa de Etienne que entrasse no banheiro e verificasse se ela se encontrava ali.

— Não. Sinto muito, Bastien. — Respondeu sua cunhada negando com a cabeça. — Olhei cada cubículo. Não há ninguém aí neste momento.

Bastien franziu o cenho e se virou para olhar pelo salão. Ela tinha que estar aqui em algum lugar. Não podia simplesmente desaparecer.

— Possivelmente saiu em busca de ar fresco. — Sugeriu Etienne, unindo-se a eles com as bebidas que tinha ido pegar no bar. — Aqui está, querida.

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— Obrigada. — Rachel pegou a bebida que seu marido lhe oferecia e deu um gole. — Mmmm. Bloody Mary. Meu favorito.

Bastien ouviu o comentário, mas já caminhava para a saída. A sugestão do Etienne de que Terri pudesse ter saído era uma possibilidade que não tinha considerado. Provavelmente era onde estava, assegurou a si mesmo. Sem dúvida estaria sentada diante do Hilton no suporte de mármore… o lugar onde se deram o beijo como uns adolescentes na noite em que a tinha levado para ver O

Fantasma da Ópera.

Ele sorriu para si mesmo, relaxando ao recordar. Era só coincidência que a recepção de bodas se celebrasse no mesmo lugar onde eles tinham desfrutado de um final tão encantador para um maravilhoso encontro. Mas era uma coincidência encantadora. Era o lugar perfeito para que ele confessasse seu amor e tivessem a conversa que planejava ter com ela. Bastien ia dizer lhe que a amava e ia pedir que se casasse com ele, e se confessasse que também o amava, algo do que ele ao menos estava bastante seguro — ao menos rogava a Deus que assim fosse, — depois lhe contaria tudo. Se tudo acontecesse como esperava, levaria Terri de volta ao apartamento de cobertura e seria outro homem esta noite. Então poderiam começar suas vidas juntos.

É obvio, cabia a possibilidade de que ela necessitasse um pouco de tempo para que adaptar-se à idéia. Não era como se ele anunciasse que era católico ou algo assim. Ela teria que ajustar completamente seu modo de pensar, suas crenças. Ele reconsiderou, possivelmente só deveria lhe falar sobre a parte de seu amor e seu desejo de casar-se com ela aqui no hotel. Essa noite ela ficaria no apartamento de cobertura, já que Kate estaria embarcada para sua lua de mel.

Esperaria até que a tivesse ali, fariam o amor lenta e apaixonadamente, logo lhe explicaria sobre…

Não, o apartamento de cobertura não era adequado, compreendeu Bastien de repente. A família inteira estaria ali, e Vincent não brincou quando comentou que Terri era barulhenta. A mulher era tão desinibida no dormitório como em qualquer lugar. Embora suspeitasse que ela seria silenciosa com sua família ali no apartamento de cobertura. Especialmente sua mãe. Bastien não queria que Terri se sentisse reprimida. Gostava de sua paixão. Possivelmente poderiam ficar no apartamento de Kate.

Nesse momento, Bastien alcançou a saída do Hilton. Saiu pela porta giratória e logo fez uma pausa na calçada, seus olhos procurando Terri com seu vestido lavanda pálido. Franziu o cenho quando não a viu. Onde tinha ido?

— Deseja um táxi, senhor?

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— O quê? — Bastien olhou o olhar ao porteiro. Começou a negar com a cabeça, mas se deteve para perguntar: — Você não terá visto uma mulher aqui fora com um vestido comprido cor lavanda, não é?

O homem meditou.

— Bonita? Cabelo castanho comprido? Grandes olhos verdes?

— É ela. — Disse Bastien com alívio. Finalmente alguém que a tinha visto.

— Sim, senhor. Consegui-lhe um táxi faz aproximadamente meia hora.

— Um táxi? — Repetiu Bastien como um bobo.

— Sim, senhor.

Bastien ficou parado um momento, perplexo. Por que ela teria pego um táxi? Por que abandonaria a recepção do casamento? Ele não podia imaginar nada que pudesse obrigar a Terri a deixar a recepção de casamento de sua prima.

Especialmente sem dizer a ninguém.

A menos que ela tenha derramou algo sobre seu vestido e precisasse se trocar, lhe ocorreu de repente. Aquele pensamento lhe tranquilizou e Bastien se encontrou relaxando outra vez. É obvio, tinha que ser isso. Terri lhe havia dito que era um pouco torpe. Provavelmente ela tinha derramado algo sobre o vestido e saiu correndo para se trocar.

— Também quer um táxi, senhor? — Perguntou o homem outra vez, preparando-se para assobiar para chamar um.

— Ah, não, obrigado. — Bastien tirou o telefone móvel do bolso e se afastou para o lado para pedir o carro que tinha reservado para a noite. O motorista aguardava na esquina e chegou em minutos. Bastien entrou, ordenando ao homem que o levasse para casa. Já estava no apartamento de cobertura, inserindo sua chave no elevador, antes de que lhe ocorresse que Terri não tinha chave. E suas coisas ainda não estavam ali. Tinham planejado pega-las depois do casamento. Retornou ao carro que ainda o esperava e entrou outra vez.

— Onde agora, senhor? — Perguntou seu motorista. Bastien se manteve em silêncio, refletindo.

Era um problema, pensou Bastien; não sabia onde ir. Seu primeiro instinto tinha sido o apartamento de cobertura, porque ela tinha pensado ficar lá. Mas todas suas coisas estavam na casa de Kate. Entretanto, Terri não tinha a chave do apartamento de Kate… ele a tinha no bolso de seu smoking. Ela não tinha chave nem carteira, e não levava dinheiro. É obvio, poderia ser que não tivesse

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pensado nisso quando se foi, não se estava chateada por uma mancha em seu vestido ou algo assim parecido. Terri pode ter feito todo o caminho até casa do Kate, unicamente para ter que voltar e retornar à recepção.

Provavelmente foi isso, pensou Bastien. Provavelmente Terri já havia retornado ao hotel o procurando para que lhe desse a chave. De repente sorriu para si mesmo. Pagaria ao taxista e faria que os levasse a casa de Kate para que ela pudesse se trocar. Então, se dele dependesse, não se incomodaria em não para a recepção das bodas. Ao menos não por enquanto.

— De volta ao hotel. — Ele indicou, relaxando-se em seu assento.

Certamente Terri estaria histérica neste momento. Ele teria que acalmá-la.

Bastien poderia pensar em muitas maneiras de fazê-lo, e a maioria não incluíam roupas.

*
Terri se acomodou em seu assento do avião e sentiu como um pouco da tensão deixá-la. Não tinha estado certa de poder conseguir isso. Quase temeu que Bastien aparecesse procurando-a. Certamente teriam entregue a Kate a mensagem que tinha deixado antes. E se não, alguém já teria notado sua ausência. Esperava que ninguém estivesse muito preocupado.

Terri jogou uma olhada ao aparelho de telefone situado no assento frente a ela. No caso da mensagem a Kate se perder, chamaria o hotel e também deixaria uma mensagem para Vincent. Mas não se arriscaria até que o vôo estivesse no ar.

*
— Primo!

Bastien deteve seu andar — um caminhar de um lado a outro que estava fazendo fazia uma hora e meia — e olhou o homem que vinha correndo para ele.

Vincent. Bastien tinha voltado para hotel para descobrir que Terri não havia retornado. Então tinha chegado à conclusão de que provavelmente o taxista se zangou quando lhe confessou que não podia lhe pagar e se negou a traze-la de volta ao Hilton. Tinha a imaginado vagando pelas ruas de Nova Iorque e tinha feito que seu motorista o levasse de um lado para outro ao longo das rotas que poderia ter tomado, mas não tinha encontrado nenhum rastro dela. Então tinha se resignado a ficar ali passeando acima e abaixo, ficando mais tenso a cada momento enquanto imaginava todos os modos em que ela poderia se ferir ou morrer antes de conseguir voltar para hotel. Uma mulher bonita, vestida com um vestido longo de dama de honra possivelmente manchado, andando sozinha pelas ruas? Tudo o que tinha chegado a imaginar eram pesadelos.

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Sentiu-se realmente agradecido pela distração que Vincent lhe proporcionava.

— Kate e Lucern estão partindo?

— Assim é. Mas não é por isso que estou aqui. Acabo de receber um telefonema de Terri.

Bastien relaxou e voltou a esticar-se no mesmo momento. Uma ligação dela significava que estava bem e capaz de fazer uma chamada, mas certamente estava com problemas, especialmente se a expressão sombria de Vincent queria dizer algo.

— Onde está? — Perguntou, indo direto ao assunto.

— Em um avião de volta a Inglaterra.

— O que? — Vincent não podia ter chocado mais se ele houvesse dito que ligava da prisão.

Sua primo afirmou com a cabeça.

— Acontece que eu passava junto ao balcão da recepção quando ouvi que mencionaram meu nome. O empregado estava anotando uma mensagem para mim, então eu peguei o telefone. Era Terri. Ela estva no avião.

— Mas, o que… por que ela...? — Bastien lutava por entender.

— Parece que escutou por acaso ao Kate e Lissianna falando no banheiro feminino — disse Vincent em tom grave. — Estavam falando sobre que você não tinha lhe contado sobre seu ?estado?.

Os ombros do Bastien caíram. Ela sabia o que era. Agora fugia dele como tinha feito Josephine.

— Não. Terri entendeu mau. Acreditou que diziam que estava com uma doença terminal. Quando lhe disse que não era assim, disseme para que não me incomodasse em mentir para ela… que tinha visto os remédios e o sangue. Ela disse que sabia que estava doente. Terri pensa que você está morrendo, como passou com sua mãe e com seu marido, e disse que não pode te ver morrer também. Te ama muito para ser capaz de suportar isso.

— Ela me ama?

Vincent afirmou com a cabeça e sorriu.

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—Bom, o que está esperando? Entra no seu carro e vá para o aeroporto. Vá atrás dela — disse ele. — Tem que ir lhe explicar a verdade. Diga tudo a ela. Ela te ama, Bastien. Tem que lhe dizer que não vai morrer e que ela nunca terá que te ver morrer uma morte insuportavelmente larga.

— Sim! — Bastien sorriu quando compreendeu que, nesse caso, seu estado podia ser uma vantagem. Rindo, se virou e fez gestos a seu motorista. Pensando que precisaria dele quando Terri voltasse, tinha ordenado que o homem permanecesse ali com o carro. Agora, o motor ligou e o carro avançou para eles.

— Que tenha boa viagem, e lhe dê um abraço e um olá por mim — Disse Vincent. Acompanhando Bastien até o carro, acrescentou com seriedade: — Estou feliz por você, primo.

— Obrigado, Vincent. — Disse Bastien, deslizando no assento traseiro de seu carro.

— Não tem problema. Só não bagunce com tudo, heim? Ela é perfeita para voce. Muito mais agradável que aquela hipócrita da Josephine.

Bastien se deteve surpreso quando estava a ponto de fechar a porta.

— Eu pensei que você gostava de Josephine.

Vincent enrugou o nariz e negou com a cabeça.

— Nenhum de nós gostava. Mas você pensou que a amava, então a teríamos tolerado. As boas notícias são que nenhum de nós tem que fingir que gostamos de Terri. Ela é um amor. — Então Vincent fechou a porta de repente e levantou os polegares em sinal de sorte. O carro se afastou.

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Capítulo 19


— Ter!

Terri levantou o olhar e descobriu imediatamente ao Dave. Seria impossível não ver seu cunhado. De grande altura, prematuramente grisalho e bastante arrumado, destacava sobre a maior parte da multidão. Forçando um cansado sorriso, girou-se em sua direção ao cruzar a saída de desembarque.

— Dave. Obrigado por vir me recolher.

— Não há por que agradecer — Lhe deu um abraço como saudação e agarrou a mala com um suave movimento. — Como foi seu vôo?

— Muito longo. — Disse com um suspiro.

— Não o são sempre? — Perguntou ele. — É uma vergonha que se desfizeram do Concorde.

— Sim.

— Voce parece… — Seu cunhado vacilou em dizê-lo, mas não tinha por que; Terri sabia como a via.

— Horrível? — Sugeriu amavelmente.

— Bom, eu não o haveria dito tão diretamente, mas sim, parece horrível. — Confessou ele, com uma preocupação que se refletia em seus olhos.

— Sem dúvida ficou esgotada depois das festas que deve ter assistido em Nova Iorque. É bom que já esteja em casa, agora poderá descansar.

— Sandi! — Terri girou para abraçar à pequena ruiva que tinha aparecido por entre a gente. — Quando não te vi, acreditei que estaria atada com alguma coisa urgente do trabalho ou algo assim.

— E está. Mas isso não a impediria do dever de recolher a sua cunhada favorita. — Disse Dave firmemente, passando um braço pelos ombros de sua esposa para atraí-la em um abraço.

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— Não, não o faria. — Concordou Sandi, lhe abraçando também.

Sorriu e logo se explicou. — Estava no banheiro feminino… onde normalmente estou cada vez que passa algo importante.

Suas palavras provocaram a risada de Dave e trouxeram o primeiro sorriso sincero aos lábios de Terri desde que abandonou a recepção oferecida pelas bodas do Lucern e Kate.

— Bom, venha. — Disse Dave de repente. — Vamos te tirar daqui e te levar para casa.

Conduziu às duas mulheres aos elevadores do estacionamento. O casal começou a conversar sobre o tráfico e sobre o que tinha ocorrido enquanto Terri estava longe, permitindo-se simplesmente escutar e ter certeza do fato de que estava outra vez em casa. O mais gracioso é que isto não se parecia com sua casa. O acento, que tinha escutado durante ao menos dez anos e que provavelmente se refletia de algum jeito em sua linguagem, parecia estrangeiro a seus ouvidos. Os carros que passavam enquanto caminhavam pelo estacionamento dirigindo-se para o Jaguar negro de Dave, pareciam-lhe estranhos, pequenos e diferentes, depois de estar mais de duas semanas entre os grandes modelos norte-americanos. Inclusive conduzir pelo lado esquerdo da estrada já não lhe parecia normal. Para falar a verdade, Terri tinha se adaptado tão rapidamente a estar de volta nos Estados Unidos, que agora a Inglaterra parecia o estrangeiro e esta sua primeira visita.

— Bom, nos fale do casamento. Teve algum problema?

Uma pequena gargalhada escapou dos lábios do Terri.

Sandi, que tinha feito a pergunta e se virou para incluí-la na conversação, levantou as sobrancelhas ligeiramente, ante a resposta de Terri.

— OH, agora terá que me explicar essa reação. — Disse ela. — Tem aspecto de ser uma história.

— O casamento — disse Terri com um falso sorriso; depois se lançou a uma recontagem das calamidades que tinham acontecido durante o casamento de Kate e o que tinham tido que fazer Bastien e ela para resolver.

Conseguiu cobrir toda a distância até o Huddersfield com a história, terminando quando giraram na rua onde Dave e Sandi viviam.

— Pensamos que você gostaria de tomar um chá antes que lhe levássemos para casa. — Explicou Dave. — Sabíamos que não teria nada para comer, e que isto te daria a possibilidade de relaxar um pouco. Também lhe

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levaremos ao Sainsbury para que compre um pouco de comida antes de te levar para casa. Tudo bem?

— Sim, está bem. Obrigada. — Terri encontrou seu olhar no retrovisor e afirmou com a cabeça. Para ela era mais que bem. Em realidade não tinha vontade de voltar a ficar só em sua pequena casa de campo. Sabia que no momento que ficasse sozinha, todos os pensamentos e lembranças que tanto se esforçava por esquecer a jogariam em cima.

— Farei o chá enquanto vocês conversam. — Se ofereceu Dave enquanto estacionava o carro.

— É um bom homem, Dave — Disse Terri com afeto.

— É melhor que bom — proclamou Sandi, ao sair do carro. — É uma estrela.

— Como é você, flor. — Respondeu seu marido, tomando a mão e deixando cair um rápido beijo em sua frente antes de voltar-se para a casa.

Terri sorriu enquanto seguia o casal ao interior, mas seu coração se sentiu um pouco dolorido ante seu singelo afeto. Recordou ao Bastien.

— Bom…! — Sandi liderou o caminho até a sala de estar e se deixou cair no sofá com um suspiro, levantando as sobrancelhas em direção ao Terri.

— Agora que estamos sozinhas, você gostaria de falar de Bastien e do que fez para te romper o coração?

Terri se esticou, lançando um brusco olhar a sua cunhada.

— O que te faz pensar que me rompeu o coração? — perguntou finalmente. — Ou que em realidade lhe amo?

— Ah, por favor — Sandi lhe dirigiu um sorriso. — Cada palavra que saiu que sua boca era sobre ?o Bastien?. E não voltou logo para casa, como se tivesse estado perto da morte, porque as coisas estavam bem. Assim o solta. O

que é que ele fez?

— Na realidade, não ele não fez nada. Fui eu quem o abandonei. — Confessou Terri brandamente. A história escapou por seus lábios. Contou cada um dos momentos vividos durante as duas últimas semanas, sem excluir nada. Não se deteve nem se deu conta de que Dave tinha retornado para unir-se a elas no salão. Parecia como se estivesse purgando sua alma.

O casal se manteve silencioso durante todo o tempo, sem dizer uma só palavra até que Terri terminou e se recostou para que lhe dessem suas

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opiniões. As opiniões demoraram a chegar. Conhecendo o casal como a conhecia, Terri esperava que Sandi fosse pormenorizada e Dave lhe dissesse que era uma idiota, por isso ficou surpreendida quando sua cunhada sacudiu a cabeça e lhe disse: — É uma estúpida.

Terri se esticou devido ao choque, mas Sandi não tinha terminado.

— Encontrou o verdadeiro amor, o casal perfeito. E permitiu que o medo te tenha feito o abandonar? Idiota!

Enquanto Terri ofegava, Sandi cruzou as pernas e depois se recostou cruzando os braços sobre seu peito.

— Assim é. Suponho quanto tempo levará para fugir para a França.

— O que? — Perguntou Terri, aturdida.

— Bom, suponho que nos ama.

— É obvio! — Disse Terri. — Não sei o que teria feito sem voces depois da morte do Ian…

— Se for assim — a interrompeu Sandi encolhendo-se de ombros, — provavelmente partirá a França e escapará de nós. Quanto mais tempo passe a nosso redor, mais nos amará… e já sabe que um dia também morreremos.

— Não é o mesmo. — Protestou Terri.

— Claro que o é. O amor é o amor, e a perda é a perda. Amamos e morremos, e todos sofremos a dor pelas perdas. Se trata de desfrutar do que temos enquanto o temos. Não fugir do que nós gostamos, como um coelho assustado, porque poderíamos perdê-lo antes do que quiséssemos.

— Mas…

— Arrependeu-se do tempo que passou com o Ian? Deixou de lado as lembranças para evitar a dor por havê-lo perdido? — Perguntou. — Ou sua mãe? Lamenta que não tenha morrido te dando a luz de modo que não tivesse tido que sofrer sua perda aos dezenove anos? Por isso te falei do Dave e de mim. Se ficarmos doentes, não nos visitará e nos rechaçará? Ou se eu sair por essa porta e um ônibus me atropela, lamentará me haver conhecido devido à dor que te causará minha perda? Doerá menos hoje que manhã, a semana que vem, ou o ano que vem?

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— Não, é obvio.

— Isso é porque nos ama, Terri. E ama a esse Bastien. A única diferença é que o deixou antes de tê-lo. Não sofre por algo que lhe tenha passado. O sofrimento causa isso a você mesma. É tola.

— Isso é um pouco duro, não te parece, flor? — Perguntou Dave brandamente.

— É? — Sandi se voltou para ele e elevou as sobrancelhas. — Como se sentiria se eu escapasse de voce, não porque tivesse feito nada mau ou não te quisesse, mas sim porque te amasse realmente e estivesse doente, e isso me pudesse fazer sofrer mais tarde?

Dave se mostrou surpreso e Sandi afirmou com a cabeça.

— Sim, sim. Bem, assim é como se sente Bastien neste momento. Terri lhe castigou porque o ama e ele se atreveu a ficar doente, a ser humano.

Provavelmente agora está sofrendo e não tem nem idéia do que fez para te fazer fugir.

— Mas Dave te ama. — Assinalou Terri.

— E esse Bastien também te ama. — Disse Sandi com firmeza. — Tudo o que me contou sobre ele me indica isso. E aí está, te machucando tanto a voce como a ele, pela simples razão de que é uma covarde. Necessita-se coragem para viver, Terri. Viver de verdade. Perseguir seus sonhos, amar a alguém, encarar cada dia. Os agorafóbicos estão apanhados em suas casas porque vivem aterrorizados pelo que poderia passar, mas enquanto permaneçam encerrados nunca saberão o que realmente poderia passar. É

uma agorafóbica emocional. Foste-o desde que Ian morreu, procurando evitar qualquer confusão emocional por medo de sofrer dor. Bom, pois já é hora de voltar a viver, minha menina, e deixar de atuar como se estivesse em uma dura e fria tumba. Apostaria qualquer coisa que Ian daria algo para estar vivo e apaixonado, embora ainda estivesse aqui e lhe tivesse abandonado. — Sandi sacudiu a cabeça e saiu zangada da habitação, resmungando. — Volto para trabalho. Às vezes as pessoas me deixam louca.

Terri mordeu o lábio e olhou de esguelha para Dave, quem lhe acariciou o braço de maneira tranqüilizadora.

— Se estressa quando se aproxima a data de entrega. Te ama. Ambos o fazemos e lamentamos te ver infeliz. Foi infeliz durante muito tempo, Terri. E

a aborrece te ver deixar de lado algo tão bom.

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— Mas Dave, se ele morrer? — Queixou Terri. — Não posso ver como isso passa novamente.

— Está segura de que vai morrer? Está completamente segura?

Possivelmente seja algo crônico e não terminal. Ou talvez fique cinco ou dez anos em bom estado. Gostaria de perder ao menos isso para evitar seis meses ou um ano de duros momentos? Não digo que não seria difícil no fim, mas, não poderia desfrutar do que tem e preocupar-se menos que o perderá? — E

acrescentou: — Sandi tem razão. Poderia sair pela porta e morrer amanhã.

Poderia acontecer comigo. Ou até com voce. Inclusive se Bastien estivesse em fase terminal, poderia sobreviver. Não podemos apoiar nossa vida nos ?e se…?.

Porque não há nada escrito.

Terri baixou a cabeça e sua mente girou em círculos. A confusão parecia ser a palavra chave desse um dia e meio. Estava esgotada, e isso fazia difícil que pensasse com claridade.

— Parece cansada. — Comentou Dave. — Por que não se deita no sofá e descansa um pouco? Te chamo quando estiver preparado o chá.

— Sim. Acredito que farei isso. — Murmurou Terri. — Já faz umas vinte e quatro horas que estou de pé e mais da metade delas as passei no aeroporto e o avião.

— Então, definitivamente tem que estar com sono. Deite-se. — A empurrou sobre o sofá, agarrou uma das almofadas que estava na ponta e a colocou sob a cabeça. Agarrou uma manta, que estava colocada sobre uma cadeira e a cobriu com ela.

— Obrigada. — Murmurou Terri. — Sandi é afortunada por te ter. E eu também.

— Hmm. — Dave pigarreou e pareceu incômodo. Encolhendo-se de ombros, murmurou que deveria dormir e a deixou sozinha.

*

Terri dormiu. Não a despertaram para o chá, e a deixaram dormir durante toda a noite. Despertou às cinco da manhã seguinte, sentindo-se como uma bolsa de lixo. Embora uma bolsa de lixo bem descansada. Sorrindo fracamente, Terri se levantou e dobrou o cobertor que alguém lhe tinha colocado durante a noite, dobrando a manta a seguir. Selecionou roupas

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limpas de sua mala e se dirigiu para o banheiro no andar de cima, conseguindo tomar uma ducha sem despertar o casal que dormia ao outro lado do corredor. Terri se vestiu, escovou os dentes e desceu. Fez um chá na cozinha, levou-o para fora com ela e se sentou à mesa de piquenique, observando inexpressivamente o deserto que a rodeava, enquanto meditava sobre tudo o que lhe havia dito Sandi e tudo o que ela mesma sabia.

Não estava realmente certo que Bastien era um doente terminal.

Embora todas as evidencias pareciam apontar dessa forma. Decidiu assumir que tinha razão e tomar sua decisão a partir daí, pois tinha que saber o que queria de verdade no caso de Bastien morrer. Se isso não acontecer, a resposta era simples: queria estar com ele. Mas o casamento dizia na saúde e na doença, para o melhor e para o pior. Não havia nenhum parágrafo que declarasse enquanto ambos estejam sãs e felizes. Terri tinha que descobrir se o amava o suficiente para também ser capaz de apoiá-lo nos momentos difíceis. Se fosse o suficiente forte para fazê-lo.

Contemplou a parede de tijolo que rodeava a pequena casa de campo do Dave e Sandi, e imaginou os dias que a esperavam sem ele. Parecia um mundo muito triste sem Bastien. Depois recordou os momentos que tinha passado com ele, e como tinham sido. As risadas, as conversas, como tinham trabalhado juntos ante as crises… Terri queria isso. Não queria o perder depois de te-lo. Mas, na verdade, já o tinha feito. Sandi tinha razão, tinha abandonado. Quanto a sofrer sua doença com ele, já tinha passado por essa situação duas vezes. Terri sabia que perguntaria sempre a Kate como estava Bastien. Não seria capaz de evitá-lo. As notícias que recebesse, junto com sua passada experiência e sua imaginação, seriam suficientes para saber exatamente o que ele sofria e sofrer com ele, vendo-o fisicamente ou não.

Era uma covarde e uma tola, compreendeu Terri. Tinha renunciado a dias, meses e talvez até anos de felicidade, pensando nos maus momentos que viriam. A vida não oferece garantias. Inclusive se Bastien morria, ela poderia — tal como tinha sugerido Dave — morrer antes dele. Ficando de pé, Terri se dirigiu de novo à pequena casa e lavou a xícara. Depois escreveu uma rápida nota a seus amigos e agarrou o telefone para chamar um táxi.

— Se puder esperar dez minutos enquanto me visto, te levo.

Terri encarou a entrada, onde se encontrava Dave vestido com uma calça de lã e uma camiseta. Tinha esquecido que era um madrugador.

— Posso pegar um táxi. Assim não terá que se incomodar.

— De qualquer forma preciso ir ao Sainburys para fazer algumas coisas. E eu sei que você tem que parar lá antes de ir para casa. Basta me dar

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um minuto. — Não lhe deu a oportunidade de recusar, simplesmente girou e correu para cima. Dois minutos mais tarde Sandi desceu em seu roupão bocejando.

— Ah. — Sacudiu a cabeça quando terminou de bocejar, como se tratasse de limpa-la e depois olhou para Terri. — Me desculpe pelo que te disse.

— Não. Tinha razão.

Sandi deu de ombros.

— Eu poderia ter sido mais diplomática.

Terri sorriu e a abraçou.

— Eu te amo.

— Vá com ele. — Disse Sandi. Quando se separaram havia tristeza em seus olhos. — Você é capaz de encontrar uma posição como professora em uma universidade lá. Eu sei que vai ser feliz. Mas eu sintirei sua falta.

Terri sentiu um nó na garganta. Tinha tido a este casal como sua família mais próxima desde fazia muito tempo. Forçou um sorriso.

— Bom, não fale antes de tempo. Poderiam não me querer.

Sandi soprou.

— Sim, é verdade.

— E se me queria, pode ser que agora não me queira por ter fugido dele.

— Vai te perdoar, só terá que se humilhar um pouco e confessar que foi uma idiota.

Terri riu entre dentes e depois observou como Dave descia correndo as escadas.

— Vamos! Estou pronto. Volto daqui a pouco, flor. — Lhe deu um rápido beijo, agarrou a alça da mala do Terri, deteve-se e girou para lhe dar outro beijo antes de iniciar o caminho que saía da pequena casa.

— Dirija com cuidado. — Gritou Sandi do degrau.

— Pode deixar, flor. Agora volte a se deitar, trabalhou até muito tarde.

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— Resmungão. — Ela resmungou carinhosamente.

— Eu ouvi.

— É obvio que sim. — Disse ela com um sorriso, depois se despediu de Terri e entrou.

Terri sacudiu a cabeça divertida enquanto se sentava no assento do passageiro no Jaguar.

— Parecem que foram feitos um para o outro.

— Sim. Fomos. — Concordou Dave. Abriu um largo sorriso enquanto ligava o carro e acelerava rua abaixo.

*
Bastien estava cochilando no banco da frente de seu carro alugado, quando escutou o rugir de um carro atrás dele. Piscando ao abrir os olhos, viu um Jaguar negro estacionando com dois passageiros em seu interior. Levou um momento para sua mente sonolenta reconhecer Terri no assento do passageiro, então olhou para o homem que estava com ela e se limpou imediatamente. Eram quase sete da manhã. Ela não estava em casa essa noite quando chegou e se sentou no carro diante de sua casa a esperando, até que ele adormeceu. Tinha estado em um meio sono, preocupado pelo fato de que não tivesse chegado e tivesse podido ter algum acidente. Mas aqui estava… E com outro homem? Bastien pensou que poderia arrebentar o bastardo.

Abriu a porta e saiu do carro. Apoiando as mãos em sua cintura, observou o casal descer do outro carro.

— Bastien! — Terri parecia mais assustada que feliz de lhe ver, decidiu; e isso também irritou a sua mente necessitada de sono. É a falta de sangue, recordou-se. Não recordava quanto tempo fazia que se alimentou, mas sabia que fazia muito. Talvez mordesse ao tipo que ia com Terri em vez de lhe arrebentar.

— Dave, este é Bastien. — Disse ao homem alto e de cabelo prateado que tirou a mala do carro negro. Cabelos prematuramente chapeados, sabia Bastien quando o homem fechou o porta-malas e se aproximou dele, arrastando a mala com rodas. Ele chegou mais perto.

— Bastien, este é David Simpson, meu cunhado. — Apresentou ela. — Dave e sua esposa Sandi me pegaram ontem no aeroporto. Esta noite dormi em seu sofá.

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Bastien sentiu quando todos seu maus pensamento se afastavam.

Cunhado. Com uma esposa.

— Ah. — Disse e depois estendeu a mão para cumprimentar. — Prazer em conhecê-lo.

— Eu também estou satisfeito em conhecê-lo. — Disse Dave com um sorriso. Deixou a alça da mala de Terri em sua mão em lugar de apertá-la.

Bastien baixou o olhar para a mala enquanto Dave se girava e abraçava ao Terri.

— Tenho que ir. Sandi se preocupará. Ligue-nos e nos conte tudo o que acontecer.

Bastien levantou a cabeça para observar como se afastava o Jaguar rugindo.

— Bonito carro.

— É o orgulho e a alegria de Dave. — Disse Terri. — Quer entrar?

Bastien fez um gesto afirmativo com a cabeça e a seguiu pela calçada, so então notou que levava uma bolsa de uma loja de comestíveis.

Obviamente, seu cunhado a tinha levado às compras antes de trazê-la para sua casa. Seguiu Terri até sua pequena casa, observando com curiosidade seu redor quando fechou a porta. Notou que era pequena, mas acolhedora e decorada com bom gosto; então Terri girou para confronta-lo.

— Desculpe. — Desabafou. — Sinto muito. Não deveria ter fugido assim.

— Terri…

— Não, espere. Deixe-me falar. — Insistiu Terri. — Cometi um erro.

Um estúpido erro, porque me assustei. Eu… te amo, Bastien. Isso mesmo. E a idéia de que esteja doente e de ver você passar pelo que Ian e minha mãe passaram, me fez correr como uma alma para o diabo, mas vou faze-lo e assim passar todo o tempo que possa contigo até que você se vá. Estarei para o bom e o mau. Eu vou…

— Não estou doente. — Interrompeu Bastien.

Terri fez uma pausa e olhou para ele fixamente.

— O que?

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— Não estou doente. — Ele repetiu com firmeza.

— Mas as garrafas da geladeira.

— As garrafas? — Perguntou Bastien. Então lentamente compreendeu.

— O soro do Vincent?

— O soro do Vincent? — Repetiu Terri.

— Sim. Voce sabe dos seus problemas digestivos. O laboratório lhe enviou isso para que tomasse. É um novo soro que esperemos lhe ajude. — Respondeu, cuidando de suas palavras de modo que fossem certas, mas não revelassem tudo. Ainda não.

Terri se afundou no sofá de repente.

— O soro do Vincent.

— Sim.

— Mas e o sangue e o suporte IV?

— O suporte intravenoso? No armário da suíte principal? — Perguntou surpreso.

Ela fez um gesto afirmativo.

— Isso esteve ali muito tempo. Lissianna precisou dele durante um tempo, e não nos desfizemos disso.

— Lissianna? — Pronunciou com voz aguda Terri.

— Sim. Lissianna.

— E o sangue? — Perguntou esperançosamente.

Bastien vacilou. Aqui era onde ficava complicado.

Terri continuou:

— E Kate me disse que tinha que me dizer algo que teríamos que resolver se formos ficar juntos.

— Isso é verdade. — Confessou ele, contente de poder evitar o sangue no momento. — Há algo que terei que falar contigo se consentir em te casar comigo, mas não é que esteja em fase terminal. Não estou doente, absolutamente.

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— Quer se casar comigo? — Perguntou Terri com prazer.

Bastien pôs os olhos em branco.

— Terri, doçura. Voei três mil e setecentos quilômetros atrás de voce.

Não deveria me perguntar isso.

— OH, Bastien! — Ela saltou do sofá e Bastien a recebeu com um ?oomph? para a seguir receber uma chuva de pequenos beijos como mariposas no rosto.

— Terri, doçura, escuta. De verdade, temos que falar.

— Mais tarde. — Murmurou. — Eu tenho sido tão infeliz desde que ouvi Lissianna e Kate no banheiro, eu… — Fez uma pausa e lhe olhou interrogativamente. — Do que falavam… que eu deveria compreender devido ao Ian? Acreditei que se referiam a que estava doente e que eu deveria ser capaz de entendê-lo e lidar com isso devido a minha experiência com Ian.

— Temos que falar. — Repetiu Bastien com um suspiro.

— Pois me diga. — Disse.

— Não é algo fácil de falar, Terri.

— Agora está me deixando nervosa de novo.

— Sinto muito, mas é que… — Tomando suas mãos, sentou-a no sofá e se sentou a seu lado. — Não é ruim. — começou, esperando que ela estivesse de acordo.

— Não é?

— Não. — Olhou ao redor da sala de estar da pequena casa, notando seu charme confortavel, tratando de pensar no melhor modo de dizer-lhe. — Bem — disse finalmente, — viu o filme Um lobisomem americano em Londres?

Ela soltou uma gargalhada perplexa.

— Sim. Não o viu todo mundo?

Ele afirmou com a cabeça.

— Bom, não sou americano, nem um lobisomem e não estamos em Londres.

Ela piscou várias vezes ante seu comentário. Depois disse lentamente:

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— Não, isto é Huddersfield.

— E sou canadense e um vampiro — terminou brilhantemente.

— Uh… huh. — Disse ela lentamente. — Bastien, você está bem?

— Terri…

— Esta é a sua idéia de piada?

Ela estava com raiva, pensou alarmado. Como diabos tinham feito Etienne e Lucern para dizer a Rachel e a Kate que eram vampiros?

— Terri, doçura. — Começou. — Não é uma brincadeira. Realmente sou um vampiro.

— Ah. Entendi. — Ela estava zangada. Nunca a tinha visto zangar-se antes. Bom, possivelmente com a secretária do Vitórias Secret. Não, decidiu Bastien, Terri a tinha posto em seu lugar, mas não se zangou com a garota.

— É um vampiro. — Disse cética e assentiu com a cabeça de uma maneira nada animadora. — Bem. Me morda.

Terri ofereceu seu braço como desafio e Bastien franziu o cenho.

— Terri, não quero te morder. — Disse. Então calou um momento e disse com mais sinceridade. — Bom, a verdade é que neste momento estou um pouco faminto, mas prefiro não…

— Uh-huh. Me morda! — Grunhiu. — Se for um vampiro, me morda.

Bastien observou o braço dela durante um minuto, logo tomou em sua mão, elevou-a e a mordeu.

— Ouch! — Terri saltou do sofá, puxando seu braço enquanto junto.

Bastien teve que retrair seus dentes duas vezes mais rápido para evitar lhe rasgar a veia e a carne. — Me mordeu! Tem presas!

— Agora você acredita em mim?

Apertando o braço contra seu peito, ela começou a retroceder.

— Por favor, não me tema, Terri. Te Amo. — Disse ele calmamente, dando um passo para ela e elevando a mão em gesto de súplica. Sentiu-se aliviado quando ela vacilou. — Carinho, isto é algo bom. Sério. Nunca terá que se preocupar que eu sofra uma morte lenta e horrível. Não morrerei como sua mãe e Ian. Não posso.

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Ela ficou olhando.

— Seu pai está morto. Cravaram-lhe uma estaca?

— Não. Queimou até a morte. Podemos queimar até a morte. — Então acrescentou rapidamente. — Mas essa não seria uma longa e lenta doença.

Nenhuma das formas que morremos é longa e lenta.

— Assim, o sangue em sua geladeira…

— Era para me alimentar. Já não mordemos às pessoas, a menos que seja absolutamente necessário.

— Voce não é humano.

— Sim, claro que somos. Mais ou menos. Nós somos apenas uma raça diferente. Somos quase imortais, diferente do mortais. Atlantida ao invés dos britânicos. Bem, agora somos canadenses. Ao menos minha família é. — Fez uma pausa e franziu o cenho, realmente estava fazendo uma confusão de tudo isto. — Olhe carinho, sente-se e lhe explicarei isso tudo. Nosso vampirismo tem uma base científica, não é uma maldição ou algo assim. Não somos gente sem alma. Essas coisas demoníacas que so andam de noite e que a gente pensa que os vampiros são demonios, bem, tudo isso é só um grande mal-entendido.

Terri não se sentou; em lugar disso entreabriu os olhos.

— Então os vampiros podem andar à luz do dia?

— Sim. — Ele franziu o cenho. — Bom, o sol faz muito dano, é obvio. E

nos expor a ele significa que temos que consumir muita mais sangue para compensá-lo, mas podemos recebê-lo sem arder em chamas ou algo assim.

Ela pareceu aceitar isso, mas claro, tinha-lhe visto a luz do sol. Então lhe perguntou: — Que idade tem?

Bastien suspirou.

— Quatrocentos e doze.

— Quatrocentos… Santo Deus! — Ela se sentou, logo ficou rígida. — Assim é que todas essas histórias que sabia quando visitávamos o museu…

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— Eu estava ali nessas histórias que te estava contando. — Admitiu ele. — Não as histórias medievais, so as que passaram a partir de 1600 até agora.

— Só essas? — Perguntou ela secamente. Então sacudiu a cabeça e murmurou. — Isto é uma loucura.

— Não, é ciência. — Explicou Bastien. — Veja, nossos cientístas atlantes desenharam uns nanobots que reparam e regeneram nosso corpo, mas consomem sangue a uma taxa acelerada para fazê-lo, uma taxa que o corpo não pode manter por si só. Por isso devemos ingerir mais sangue para alimentá-los e permanecer saudáveis. Bebemos sangue para sobreviver, como os diabéticos precisam injetar-se insulina porque não produzem suficiente para sobreviver.

— Atlantes. — Resmungou Terri. — Vou e me apaixono por um homem da Atlántida. — Ela elevou a vista bruscamente. — Não terá os dedos das mãos e dos pés grudados como nadadeiras ou algo assim, verdade?

Bastien suspirou, tentando ser paciente. Existem muitos mitos tanto ao redor da Atlántida como dos vampiros. Entretanto, nenhum deles relacionados, graças a Deus.

— Carinho, você já me viu nu. Inteiramente. Sabe que não tenho guelras nem barbatanas.

— OH, sim. — Ela ficou em silêncio, logo esclareceu a garganta. — Bastien?

— Sim? — Perguntou ele esperançado.

— Acredito que eu gostaria que você saisse. Necessito algum tempo para… er… digerir isto.

Ele sentiu que o estômago lhe dava um tombo.

— Quanto tempo?

— Não tenho certeza. — Admitiu ela.

Bastien a contemplou durante um minuto, logo ficou em pé e se dirigiu para a porta. Deteve-se e então olhou para trás para pedir: — Não conte a ninguém, certo?

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— Não, certamente que não. De todas formas, pensariam que estou louca.

Ele assentiu com a cabeça.

— Bom. Porque ameaçaria a toda minha família, incluindo a Kate.

— Kate? — A cabeça do Terri se elevou bruscamente.

Bastien assentiu.

— Lucern a converteu. Ela é sua companheira de vida.

— Ela queria isso?

— Certamente que queria — Espetou ele. — Não convertemos às pessoas sem permissão. Bom, fizemo-lo com o Rachel. — Admitiu ele. — Mas ela foi uma exceção. Estava morrendo e tínhamos que salvá-la.

— Rachel é um vampiro mas não o era antes? —perguntou ela.

— Assim é.

— E Greg?

— Um psicólogo canadense perfeitamente normal, até que Lissianna e ele se apaixonaram e o converteu.

Terri assentiu lentamente.

— Portanto, para ser sua companheira, teria que me converter?

— Sim. Se você o desejar.

— E se não?

— Então eu teria que te ver envelhecer, se debilitar e morrer, tal como você fez com o Ian e sua mãe, so que durante um período mais longo, certamente. Eu faria isso por voce, Terri. E te amaria até o final. Mataria-me, mas… em nossa família, o casal é para toda a vida. — Ele abriu a porta, deu um passo para fora e logo se voltou. — Te estarei esperando no Hotel George durante duas noites, logo voarei de volta para América.

Terri assentiu com a cabeça e ele assentiu também; então fechou a porta e caminhou para seu carro de aluguel. Bastien não sabia se tinha feito o correto ao deixá-la com esse conhecimento. Poderia estar arriscando a toda sua família. Mas o amor implicava confiança, e ele confiava no Terri. Ele a

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amava, e embora no final ela poderia não ser capaz de lhe aceitar como era, nunca tentaria machuca-la.

*
Terri abriu o pacote de seu sanduiche de camarão, deu uma mordida e logo o deixou de lado com um suspiro para olhar pela janela de seu escritório.

Os camarões eram seus favoritos, mas não tinha certeza nesse momento. Não tinha feito nada desde que tinha deixado Nova Iorque. Desde que tinha deixado Bastien.

Terri fez uma careta e agarrou seu sanduíche de novo. Fazia quase uma semana que Bastien tinha deixado sua casa. E embora havia dito que necessitava tempo para digerir o que lhe tinha contado… bom, tinha indigestão. Parecia que não podia enfrentar o que era. Terri entendeu o que ele havia dito, e embora sabia que provavelmente era muito mais que uma explicação, podia compreender em sua maioria o dos nanos e o sangue. Mas entender, acreditar e aceitar eram coisas imensamente diferentes. Terri entendia o que ele afirmava ser, acreditava que era possível, mas estava tendo problemas para aceitá-lo. Seu romance maravilhoso, perfeito, conto de fadas tinha resultado ter um defeito. O Príncipe Encantador era um sanguessuga.

— Isso parece saboroso.

Terri elevou o olhar ante o seco comentário e logo ficou em pé de um salto.

— Kate!

— Olá.

Sorrindo, a outra mulher tirou os óculos de sol e começou a avançar, caminhando ao redor do mesa com a intenção de abraçá-la.

O medo se disparou através dela, e Terri instintivamente pôs sua mão no meio para parar a sua prima; logo piscou à vista do sanduiche que estava sustentando como uma empregada vitoriana sustentaria uma cruz.

— Uma dentada? — Ofereceu ela sem convicção.

Kate contemplou o sanduiche, deu uma gargalhada e o tomou. Jogou-o no cesto de lixo debaixo da mesa de Terri, agarrou-a pela mão e puxou-a pela porta.

— Andando, vamos ao Harvey Nichols comer.

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— OH, mas Harvey Nichols é tão caro. — Protestou Terri arrastando os pés.

Para grande assombro dela, nem sequer conseguiu que Kate fosse um pouco mais lenta. Terri teve que perguntar-se se a força adicional nos filmes de vampiros era verdade.

— É. — Respondeu Kate como se houvesse dito seus pensamentos em voz alta.

Apanhou um ligeiro casaco da primavera do cabide enquanto arrastava a sua prima diante dela.

— Pode ler minha mente? — Perguntou Terri impressionada.

— Sim. Isso também é certo. — Disse Kate brandamente.

— Assim, todo este tempo, Bastien podia ler minha mente? — Perguntou ela com horror. — Sabia o que estava pensando?

— Não. Ele não podia ler sua mente. Por isso que os dois são perfeitos juntos.

— É mesmo?

— Uh… huh.

— Kate, não acredito…

Terri se deteve bruscamente quando sua prima deixou de caminhar e se voltou para encará-la com os olhos entrecerrados.

— Terri, sou Kate. A mesma Kate que conheceu sempre. A prima que ama, que te ama. A garota que caçava girinos contigo. Nada mudou. E eu não gosto que tenha medo de mim por causa de uma mudança em minha condição médica. — Fez uma pausa, logo acrescentou. — Especialmente porque roubei um tempo da minha lua de mel para vir aqui e arrumar o que Bastien tinha estragado.

— Sua lua de mel? — Sussurrou Terri.

— Sim. Minha lua de mel. — Repetiu Kate. — No momento em que Marguerite me chamou e me disse o que tinha passado, insisti com Lucern para trocamos nossos planos originais para incluir o Huddersfield, Inglaterra, como parte de nossa viagem. Então eu deixei Lucern absolutamente sozinho no Hotel George e tomei o trem ao Leeds para te ver, tudo porque te amo.

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Quero que seja feliz. Nunca te faria mal. Se quizesseo te morder, poderia ter feito incontáveis vezes enquanto estava comigo em Nova Iorque, mas não o fiz.

Não te mordi. Agora, por favor, so vêm comer e deixa que possivelmente eu faça que isto tenha um pouco mais de sentido para voce. Dessa forma, ao menos pode tomar uma decisão melhor informada.

Terri duvidou, logo assentiu.

— Tudo bem.

*
— Bastien, você não está me ouvindo. — Acusou Marguerite Argeneau.

— Sim, sim estou, mãe. — Disse Bastien perdendo a paciência. Nem se incomodou em levantar a vista do arquivo que estava lendo.

— Então, o que eu disse?

Bastien deixou os papéis que tinha estado trabalhando e se recostou em sua cadeira para lhe dedicar a sua mãe toda sua atenção. E não é que ela o notasse, não estava lhe olhando depois de tudo, a não ser dando passeios diante de sua mesa presa pela agitação. Suspirando cansadamente, ele disse: — Disse que tinha recebido uma carta de alguém esta manha…

— Do Vincent. — Cortou ela.

— Bem, do Vincent. — Repetiu ele obedientemente, logo fez uma pausa para franzir o cenho. — Por que enviaria Vincent uma carta? Está vivendo no sótão conosco. Por que não se limitou a…?

— Bom Deus, realmente está desligado. — Interrompeu Marguerite.

Detendo-se na frente da mesa, o olhou com o cenho franzido sobre seus braços cruzados, logo deu um suspiro e lhe recordou: — Vincent voltou para Califórnia.

— Sim?

— Sim. Isso mesmo. Voou de volta para casa faz uma semana.

— E sobre o seu trabalho? — Perguntou Bastien com uma careta. — Drácula, o musical?

Ela agitou uma mão e começou a passear-se outra vez.

— A produção foi fechada há duas semanas.

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— Já? — Seus olhos se arregalaram. — Deveria ter ido vê-lo na noite da estréia, mas não sabia. Ou sabia? — Perguntou ele, não muito seguro de que não lhe houvessem dito algo ou não tinha prestado atenção ou tinha permitido que se apagasse de sua mente. Muitas coisas se apagaram de sua mente desde que Terri se foi.

Marguerite deteve seu caminhar para lhe dizer com exagerada paciência: — Nunca houve noite de estréia, Bastien.

As sobrancelhas dele se elevaram.

— Por que?

— Tiveram que fechar. Muitos integrantes do elenco e o pessoal abandonaram o musical porque estavam doentes.

— Que tipo de doença? — Perguntou Bastien com os olhos entrecerrados.

Marguerite hesitou.

— Ele não tinha certeza.

Não pôde deixar de notar que sua mãe evitava seu olhar.

— Mãe. — Lhe disse com tom de advertência.

Suspirando, ela admitiu:

— Não tinha certeza, mas aparentemente era um tipo de anemia contagiosa.

— Anemia contagiosa. — Repetiu Bastien com desgosto. Não houve uma anemia contagiosa. Agora sabia onde Vincent esteve se alimentando desde que tinha chegado a Nova Iorque. Sacudiu sua cabeça maravilhado. — O homem comeu seu primeiro papel protagonista em uma obra. Mãe de Deus!

Como ele conseguiu? No que estava pensando?

— Não acho que ele estava fazendo. — Disse Marguerite com um suspiro. — Pensando, quero dizer. Suspeito que estava tão nervoso por seu papel protagonista que simplesmente…

— Não parecia nervoso. — Espetou Bastien.

Conhecia o tipo fazia quatrocentos anos. Nada lhe punha nervoso.

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— Isso é certo. — Aceitou sua mãe a contra gosto, então sua expressão se iluminou. — É obvio!

— É obvio, o que? — Perguntou Bastien, suspeitando que não iria querer saber.

— Bom, provavelmente era uma comida de consolo.

— Comida de consolo? — Repetiu ele incrédulo.

— Mmm. — Marguerite assentiu. — Bom, aí estão Etienne e Lissianna, felizes como companheiros de vida, e Lucern casando-se, e você com a Terri…

Provavelmente se sentia sozinho, consciente de repente de sua solitária situação e superalimentando-se devido a isso.

— Mãe de Deus! — Bastien se afundou em seu assento e balançou a cabeça.

— O pobre moço. — Murmurou Marguerite.

— Sim, pobre moço. — Disse Bastien secamente. Pôs os olhos em branco. Sua mãe sempre tinha tido debilidade pelo Vincent; era seu sobrinho favorito.

— Talvez eu deveria ir visita-lo. — Murmurou ela pensativamente.

Bastien se animou ante a sugestão.

— Talvez devesse. Entendendo que poderia ajuda-lo.

— Sim. — Marguerite recolheu sua bolsa da mesa. — Uma viagem a Califórnia seria agradável nesta época do ano.

— Ouvi dizer que é encantadora. — Concordou, animando-a.

— Sim, acredito que o farei. — Foi colocando a alça da bolsa sobre o ombro e logo fez uma pausa para olhá-lo atentamente. — Sabe que te amo e não correria para a Califórnia para atender ao Vincent se não soubesse que já se ocuparam de seu pequeno problema, certo?

Bastien balançou a cabeça ligeiramente. O comentário o pegou de surpresa.

— Não tenho nenhum problema. — Resmungou, e logo acrescentou. — E o que quer dizer com se ocuparam dele?

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Marguerite ignorou a pergunta. Partindo da mesa e dando a volta, dirigiu-se à porta.

— Bom, estou indo para a Califórnia. Vincent sem dúvida insistirá que eu fique com ele, então me ligue se tiver alguma… notícia.

— Espere! Mãe!

Bastien se levantou pela metade, logo fez uma pausa e simplesmente se afundou de novo em seu assento quando a porta se fechou. Durante um momento ficou olhando sem ver a porta fechada, perguntando-se do que tinha estado falando. Bastien suspeitava que se referia a seu coração partido quando mencionou seu problema, mas não tinha nem idéia do que ela quis dizer quando havia dito que já se ocuparam disso. As possibilidades eram infinitas. Sem dúvida, meia dúzia de psicólogos de Nova Iorque foram chamar-lhe nos próximos dias — umas psicólogas bonitas e solteiras — todas indicando sua necessidade de falar com ele sobre sua mãe.

Bastien passou as mãos pelos cabelos com agitação. Marguerite Argeneau tinha que ser a mais irritante, intrometida… E agora era problema do Vincent. Por um tempo, pelo menos.

— Sinto muito, Vinny. — Murmurou em voz baixa.

Um pequeno sorriso brincou em seus lábios ante a idéia do caos que seu primo estava a prestes a sofrer, mas morreu rapidamente. Por mais chata e persistente, Marguerite Argeneau estava acostumada a conseguir o que queria. Tinha arrumado para que Kate voltasse com o Lucern quando a mulher tinha fugido dele para Nova Iorque. E tinha feito que Thomas conseguisse que Etienne e Rachel estivessem de novo juntos quando se zangaram. Era uma pena que não tivesse se focado em trazer Terri de volta para ele.

Não que ele quisesse que ela interferisse, assegurou-se a si mesmo.

*
Meredith estava falando por telefone quando Terri entrou no escritório.

A mulher parou no meio da conversa e a olhou boquiaberta; logo desligou o telefone sem uma palavra de despedida ou uma explicação a quem quer que seja com quem estivesse falando.

— Fico feliz em vê-la.

Terri sorriu.

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— Bem, também me alegro de vê-la, Meredith.

— Acredite em mim, não tanto como para mim o vê-la — A secretária se levantou, pegou sua bolsa e seu casaco e caminhou ao redor da mesa. — Foi um mal-humorado triste desde que voltou da Inglaterra. Ele a ama, sabe?

— Sim. — Terri sorriu. — Me disse isso em Huddersfield. O problema era se eu poderia aceitar o que todos vocês são.

Uma das coisas que Kate tinha lhe explicado é que a maioria dos empregados do nível superior também eram vampiros. Havia muitos empregados nas Empresas Argeneau que não eram, mas os que estavam em posições importantes, sim. Isso eliminava a possibilidade de que um empregado descontente fofocasse sobre o que eram ao resto do mundo.

Meredith se deteve diante dela e assentiu.

— E agora?

— E agora estou sem emprego, sem lar e aqui. — Disse Terri ironicamente.

Tinha deixado seu emprego e inclusive tinha vendido sua casa de campo antes de partir. Tinha a intenção de procurar um lugar na América, ou Toronto, ou em qualquer lugar no que ela e Bastien terminassem. Se é que ele ainda a queria.

Sorrindo, a secretária se inclinou para frente e a abraçou.

— Bem-vinda à família! — Disse. Então se girou e fez um gesto para a porta do escritório de Bastien. — Não está trancada. Ele ficará feliz em vê-la.

Eu vou almoçar mais cedo.

— Obrigada. — Disse Terri em voz baixa.

Esperou a que a mulher saísse do escritório antes de bater na porta, esperou pelo ?Entre? de Bastien — que foi bastante irritado, conforme notou ela — e logo entrou.

— Meredith, onde demônios deixei… — A voz dele se cortou bruscamente quando levantou o olhar e a descobriu. — Terri…

— Não me deixou em nenhum lugar, mas me deixou em Huddersfield.

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Ela fechou a porta e atravessou a sala, de repente mão estava segura de que Kate e Meredith tivessem razão e de que ele estivesse realmente feliz em vê-la. Ele não parecia muito feliz.

Bastien ficou confuso por um momento, então lembrou as últimas palavras que havia dito: ?Meredith, onde demônios deixei… Terri?. Ele se iluminou.

— Esperei os dois dias.

— Sou de pensamento lento. — Disse Terri desculpando-se. — E

grosso algumas vezes. Kate teve que vir me ver antes de que pudesse superar velhas suposições.

— Velhas suposições?

— Bem, você sabe. Trinta e três anos de filmes de vampiros podem deixar certa impressão. — Explicou Terri com um encolhimento de ombros. — Eu tinha ficado na palavra, não via o homem. Nem à mulher em realidade. — Deteve-se na frente de sua mesa. — Mesmo no começo tive medo do Kate quando ela apareceu em meu escritório em Leeds.

— Kate foi à universidade? — Perguntou Bastien.

Terri assentiu, com um pequeno sorriso nos lábios.

— Ela me disse que sabia que você ia ferrar tudo quando fosse me explicar.

— Eu não ferrei tudo quando fui te explicar. —Retrucou ele.

— ?Viu o filme Um Lobisomem Americano em Londres?? — Ela imitou.

Balançou a cabeça e riu.

Bastien corou. Bem, ok, talvez não tinha sido o início mais sutil. Desde então tinha pensado em ao menos uma dúzia de formas melhores de começar.

— Estava sob um pouco de pressão. — Se desculpou. Encolheu-se de ombros com cansaço e logo se recostou em seu assento e a observou. — Vai me dizer por que está aqui? Ou está gostando de me torturar?

— Estou aqui porque te amo.

Isso soava esperançoso, pensou ele enquanto seu corpo ficava tenso.

— E porque espero que ainda me ame.

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Bastien a contemplou durante um minuto, uma parte dele que queria saltar sobre a mesa, tomá-la em seus braços e mostrá-la quanto a amava ainda. A outra parte pedia precaução.

— E que tem que… — Fez um gesto para seu corpo. — minha condição médica?

Terri riu.

— Condição médica?

Bastien suspirou.

— Já sabe o que quero dizer.

Ela hesitou e logo perguntou:

— Ainda me ama, Bastien? Ou está tão magoado porque eu precisava de tempo para pensar nisto que tem certeza de não querer ter nada que ver comigo alguma vez mais?

— Eu te amo mesmo assim. — Admitiu ele. — Te amarei para sempre.

Ou ao menos os próximos quatrocentos ou quinhentos anos. Depois disso teremos que trabalhar nisso.

Terri sorriu e rodeou a mesa.

Bastien a olhou, incapaz de mover-se, ainda cauteloso, logo exalou um ?oomph? quando ela se deixou cair em seu colo.

— Posso aceitar sua ?condição médica?. — Ela lhe disse. — E eu gostaria de passar minha vida, sem importar o quão longa seja, contigo.

Agora, se não te importar, faria amor comigo? — Ela colocou os braços ao redor de seus ombros. — Sei que ainda temos coisas para falar, mas realmente preciso me sentir perto de novo. Senti tanto frio e tão assustada no meu coração desde que você me deixou.

Bastien sentiu que algo do topor que lhe tinha abatido durante as três últimas semanas desaparecia, e que a compaixão ocupava seu lugar. Assim é como havia se sentido, frio e assustado, solitário em seu coração. Era como se toda a felicidade se foi de sua vida junto com ela. Bastien deixou que seus braços se deslizassem em torno de sua cintura e abaixou a cabeça para beijá-

la.

Ela estava quente em seus braços, e doce em seus lábios, mas não foi até que ela suspirou em sua boca que Bastien sentiu que a paixão começava a

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crescer lentamente dentro dele. Que tinha sentido falta. Tinha sentido falta de tocá-la, falar com ela, simplesmente estar com ela. E tinha sentido falta de seus suspiros, seus gemidos e a forma em que seu corpo se movia contra ele.

Bastien deixou que uma mão se deslizasse desde sua cintura até seu seio e apertou brandamente, lhe escapou um pequeno suspiro quando ela arqueou seu corpo e gemia como resposta. Ele quase podia sentir como se rachava e se desmoronava o gelo que se formou ao redor de seu coração fazia três semanas. Deixou uma dor em seu peito. Agora entendia a frase ?Te amo tanto que me dói?. Seu coração doía, e só Terri podia acalmá-lo.

— Terri. — Murmurou ele, rompendo o beijo e arrastando seus lábios pela bochecha dela. — Preciso de voce.

— Eu também preciso de voce.

Sua voz se entrecortou enquanto o admitia, um som excitado e sem fôlego. Logo ela afundou os dedos no cabelo dele e atraiu com força sua boca à sua, lhe beijando com a paixão que recordava e tinha saudades. A dor em seu coração se aliviou, mas agora o resto de seu corpo doía em seu lugar.

Bastien a amava muito, e não achava que poderia ser gentil, carinhoso e atencioso com ela. Seus instintos o levaram a arrancar suas roupas e a mergulhar profundamente nela. A mão em seu peito se moveu para os botões inferiores do frente da blusa, desabotoando-os sem cuidado e arrancando alguns em sua ânsia por sentir sua pele. Foi um alívio conseguir que a blusa se abrisse. Então se sentiu frustrado pelo sutiã de cetim negro que usava por baixo. Imediatamente Terri deslizou a mão entre eles dois e desenganchou o fecho frontal, permitindo que o tecido se abrisse. Bastien se lançou sobre os seios imediatamente, suas mãos os cobriram e logo apertaram a suave e cálida pele. Se virou e depois fechou a boca sobre um dos eretos mamilos.

— Deveríamos ir para o sofá. — Murmurou ele contra sua pele.

— Não. — Murmurou Terri, e ele sentiu a decepção fluindo através dele quando de repente ela se afastou de seu alcance.

Mas parecia que Terri não estava no clima de muitas preliminares.

Antes de que ele pudesse sofrer muito tempo a desilusão, ou sequer mover-se, ela se colocou de seu novo em seu colo, desta vez montando-o.

— Voce está de saia outra vez. — Ofegou ele contra seu seio, logo lambeu o ereto mamilo que estava em seu rosto. Com uma mão percorreu ligeiramente sua coxa embainhada em meias. — Mas estas estarão no meio.

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— Não, não estarão. — Assegurou ela.

Terri tomou sua mão e a guiou para cima, por debaixo da saia, até seus quadris.

Os olhos do Bastien se arregalaram. Não era meia-calça, Mas meias 7/8. E não levava calcinhas. Gemeu contra seu seio, logo apanhou seu mamilo na boca e deslizou suas mãos sobre seu traseiro nu, enquanto se perguntava se seria cedo demais para entrar nela.

Terri respondeu a essa pergunta ao deslocar-se e alargar a mão entre eles para desabotoar suas calças.

— Eu preciso de você agora, Bastien.

— Graças a Deus. — Sussurrou ele, deslizando uma mão entre as pernas femininas acariciando-a. Descobriu que ela já estava quente, molhada e pronta pra ele.

No momento em que Terri o liberou de suas calças, puxou a mão dele de entre suas pernas e se moveu para colocar-se sobre ele.

— Terri… — gemeu Bastien enquanto ela descia lentamente para toma-lo em seu interior. Seu úmido calor se fechou ao redor dele.

— Sim. — engasgou ela, enquanto se retirava ao elevar-se e logo deslizava de novo para baixo.

— Maldição.

A boca dele se agarrou ao pescoço dela e sugou com urgência, então sentiu que suas presas tentavam deslizar para fora para mordê-la. Forçou-as a se retraírem e em troca levou sua boca aos lábios femininos. Terri o beijou também ansiosa, seu corpo deslizou contra o dele enquanto ela subia e descia. Seu ritmo lânguido estava o deixando louco. Necessitava que fosse mais rápido e mais duro depois de tanto tempo sem ela.

Depois de empurrar a saia dela mais acima e afastá-la de seu caminho, apoiou as mãos sobre os quadris dela e a ergueu.

Montada nele, Terri quebrou o beijo com um suspiro e colocou sua mão detrás da cabeça do Bastien para impulsionar a boca dele contra sua pele. A tensão dentro dela estava chegando a níveis insuportáveis.

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— Bastien, por favor! — ofegou ela, suplicando a liberação. Ele quase a tinha levado até ali. Então sentiu os dentes dele afundar-se nela e ficou rígida pela surpresa.

Terri parou de se mover, seu corpo ficou tenso enquanto tremia no fio da navalha da excitação, mas ele continuou bombeando dentro dela enquanto chupava de seu pescoço. De repente, o prazer explodiu através dela. Um prazer maravilhoso, eufórico. Terri gritou, com seus braços apertados ao redor do pescoço e os ombros dele, e todo seu corpo tremendo em seus braços.

Cavalgou em uma onda atrás de outra de liberação até que Terri pensou que não poderia suportá-lo mais, então a escuridão a envolveu.

*
— Você desmaiou.

Terri piscou até abrir os olhos atrás dessas palavras e fixou seu olhar em Bastien, logo olhou ao redor. Ele a tinha levado ao sofá. Estava estava ali, com as roupas desarrumadas, enquanto ele estava na beirada, retirando seu cabelo do rosto com dedos suaves.

— Me mordeu. — Disse ela com incredulidade.

Ele fez uma careta.

— Sinto muito. Tentei não fazer, mas levou minha boca a seu pescoço e…

— Tudo bem. — Disse ela rapidamente para parar sua desculpa. Então suspirou. — Santo Deus. Kate disse que era especial, mas isso foi um eufemismo.

— Você está bem? — Perguntou ele com preocupação.

Terri assentiu lentamente com a cabeça. Sentia-se bem. Sentia-se melhor do que bem. Sentia-se excelente. Seus olhos o buscaram.

— Eu te amo, Bastien. Sinto muito pelas últimas três semanas, mas necessitava tempo para aceitá-lo. Tinha sido tão fácil, tão natural desde o começo. Como uma espécie de romance de conto de fadas.

— E então se converteu em um de horror. — Disse ele.

— Não. Não de horror. — Disse Terri, logo admitiu. — Bom, ok, talvez um pouco de terror, mas só porque sua explicação…

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— Desculpe. — Interrompeu ele. Riu levemente e passou a mão pelo cabelo. — Voce acreditaria que tive que explicar à Rachel pelo Etienne, porque ele estava ferrando com tudo? Então eu fui e ferrei junto com você. Suponho que é mais dificil ser educado quando realmente te importa. E me importava, me importa.

— Eu sei. Eu entendo — Assegurou Terri, sentando-se. Estava estranhamente tonta.

— Em minha excitação, me empolguei um pouco. — Disse Bastien se desculpando. — Isso não vai acontecer novamente.

— Voce está brincando? — Ela chorou. — Honestamente, eu espero que sim. Foi… — Terri sacudiu a cabeça. — Foi tão surpreendente.

Bastien sorriu ligeiramente mas disse:

— Terri, eu te amo. Mas não sou perfeito, cometi erros e cometerei muitos mais ao longo dos anos. Sinto muito. Eu…

— Shh. — Ela o silenciou e tomou seu rosto entre as mãos. — Ninguém é perfeito. Eu não sou perfeita e você não é perfeito, Bastien. Mas você é perfeito para mim.

Beijaram-se suavemente e Bastien se retirou para observá-la.

— Bem, e o que vai fazer durante os próximos quarenta ou cinqüenta anos?

— Hmm. — Terri sorriu. — Na verdade não tenho planos no momento.

Acabei de deixar meu trabalho e vender minha casa de campo, então eu realmente não sei o que fazer.

— Sério? — Ele sorriu. — Você gostaria de passá-los comigo?

— Acreditei que nunca perguntaria. — Disse Terri com um sorriso.

— Hmmm. — Sua expressão se tornou solene, indicando que o que vinha a seguir era importante para ele. Bastien deslizou um dedo por sua bochecha e logo perguntou: — Você se importaria se fossem quatrocentos ou quinhentos anos? Há muito o que fazer neste mundo, e seria bom fazer junto com você.

Terri elevou uma mão para lhe acariciar a bochecha como resposta e assentiu.

— Acredito que eu gostaria disso.

 

 

                                                   Lynsay Sands         

 

 

 

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