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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


ANTES QUE ELE MATE / Blake Pierce
ANTES QUE ELE MATE / Blake Pierce

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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As mulheres estão aparecendo mortas nos arredores rurais de Virginia, mortas de formas grotescas, e quando o FBI é chamado, eles ficam perplexos. Um serial killer está lá fora, sua frequência de crimes é cada vez maior, e eles sabem que há apenas um agente bom o suficiente para resolver este caso: Agente Especial Riley Paige.
Riley está de férias, se recuperando do encontro com seu último serial killer, e, frágil como ela é, o FBI está relutante em provocar a sua mente brilhante. No entanto, Riley, precisando lutar contra seus próprios demônios, se apresenta, e sua caçada a leva através da subcultura perturbadora de colecionadores de bonecas, para dentro das casas de famílias desfeitas, e para os canais mais sombrios da mente de um assassino. Enquanto Riley descasca as camadas, ela percebe que está lidando com um assassino mais estranho do que ela poderia imaginar. Em uma corrida frenética contra o tempo, ela se encontra testando os seus limites, arriscando o seu trabalho, colocando a sua própria família em perigo e sua frágil psique à beira de um colapso.
Riley Paige assume um caso, ela não vai sair. Ela fica obcecada com isso, levando-a para os cantos mais escuros de sua própria mente, borrando as linhas tênues entre o caçador e caça. Após uma série de reviravoltas inesperadas, seus instintos a levaram a sentir um clímax chocante que mesmo Riley não poderia ter imaginado.

 

 

 


 

 

 


PREFÁCIO

Em outro momento, a primeira luz do amanhecer por cima dos pés de milho seria uma visão bonita para ela. Ela assistiu quando a primeira luz do dia dançou pelos caules das plantas, criando uma cor dourada suave, e ela tentou com todas as forças encontrar alguma beleza naquilo.

Ela teve que se distrair, ou então a dor seria insuportável.

Ela foi amarrada à uma grande estaca de madeira que passava pelas suas costas e se estendia por mais 60 cm acima de sua cabeça. Suas mãos estavam amarradas para trás, ambas amarradas juntas por detrás da estaca. Ela estava usando apenas uma lingerie preta de renda e um sutiã com sustentação, que unia e levantava ainda mais os seus seios fartos. Foi o sutiã que deu à ela a maioria das gorjetas no clube de strip, o sutiã fez seus seios parecerem os de uma mulher de vinte e um anos, em vez de uma mãe de trinta e quatro com dois filhos.

A estaca raspava contra as suas costas nuas, deixando-as em carne viva. Mas não foi tão ruim quanto a dor que o homem com a voz sombria e assustadora a fez sofrer.

Ela ficou tensa quando o ouviu andando por trás dela, com seus passos suaves na clareira do milharal. Havia um outro som, também, mais fraco. Ele estava arrastando alguma coisa. Ela notou que era o chicote, o mesmo que ele estava usando ao espancá-la. Deve ter sido farpado com alguma coisa, e tinha uma espécie de franja na extremidade.

Ela só o viu uma vez e foi mais do que suficiente.

Suas costas arderam com as chicotadas, e só de ouvir o objeto sendo puxado pelo chão lhe causou uma onda de pânico. Ela soltou um grito, que deveria ser o centésimo primeiro da noite, e pareceu cair morto e imperceptível sobre o milharal. No início, seus gritos tinham sido gritos de socorro, esperando que alguém pudesse ouvi-la. Mas com o passar do tempo, eles haviam se tornado uivos distorcidos de angústia, gritos proferidos por alguém que sabia que ninguém viria para ajudar.

“Talvez eu deixe você ir embora”, disse o homem.

Ele tinha a voz de alguém que fumou ou gritou muito. Também havia um tipo estranho de balbuciar em suas palavras.

“Mas, primeiro, você deve confessar seus crimes.”

Ele tinha dito isso quatro vezes. Novamente ela se acabou de tanto pensar naquilo. Ela não tinha nenhum crime para confessar. Ela tinha sido uma boa pessoa para todos que conhecia, uma boa mãe, não tão boa quanto ela gostaria, mas ela tentou.

O que ele queria?

Ela gritou de novo e tentou dobrar suas costas contra a estaca. Quando o fez, sentiu uma pequena elasticidade nas cordas em torno de seus pulsos. Ela também sentiu seu sangue pegajoso acumulado em torno da corda.

“Confesse seus crimes”, repetiu ele.

“Eu não sei do que você está falando!” Ela gemeu.

“Você vai se lembrar”, ele disse.

Ele já havia dito isso antes. E ele havia dito isso logo antes -

Fez um barulho sussurrante suave quando o chicote formou um arco no ar.

Ela gritou e se contorceu contra a estaca assim que recebeu a chicotada.

Sangue novo fluía de uma também nova ferida, mas ela mal o sentiu. Em vez disso, ela se concentrou em seus pulsos. O sangue acumulado lá durante a última hora, ou quase isso, estava se misturando com o seu suor. Ela podia sentir o espaço vazio entre a corda e os pulsos dela e então pensou que poderia conseguir fugir. Ela sentiu sua mente tentando se dispersar, se desligar da situação.

Tchaaa!

Essa chicotada pegou diretamente em seu ombro e ela berrou.

“Por favor”, ela disse. “Eu farei o que quiser! Apenas me deixe ir embora!”

“Confesse seus-”

Ela puxou o mais forte que podia, trazendo os braços para a frente. Seus ombros pareciam gritar de agonia, mas ela instantaneamente ficou livre. Houve uma ligeira queimadura porque a corda fez um forte atrito no topo de sua mão, mas isso não era nada em comparação com a dor que atravessava suas costas.

Ela puxou os braços para frente com tanta força que quase caiu de joelhos, e isso quase arruinou sua fuga. Mas a necessidade primitiva de sobreviver assumiu o controle de seus músculos e antes mesmo de estar ciente do que estava fazendo, ela já estava correndo.

Ela correu em disparada, espantada por estar realmente livre, espantada em ver que as suas pernas ainda funcionavam mesmo depois de terem sido amarradas por tanto tempo. Ela não parava de se perguntar como aquilo era possível.

Ela entrou no milharal derrubando os pés de milho, os talos batiam contra o corpo dela. As folhas e ramos pareciam se estender em direção a ela, penteando suas costas dilaceradas como velhos dedos murchos. Ela estava ofegante e se concentrava em manter um pé na frente do outro. Ela sabia que a estrada estava por ali nas proximidades. Tudo o que tinha a fazer era continuar correndo e ignorando a dor.

Atrás dela, o homem começou a gargalhar. Sua voz fez o som das gargalhadas parecer vindo de um monstro que estava escondido no milharal durante séculos.

Ela choramingou e correu, os pés descalços batendo contra a terra e seu corpo quase completamente nu batendo contra e entortando os caules de milho. Seus seios subiam e desciam de uma forma ridícula, ela deixou escapar o sutiã. Prometeu a si mesma naquele

momento que se conseguisse sair viva dali ela nunca mais faria strip. Ela encontraria algum emprego melhor, uma maneira melhor de sustentar seus filhos.

Isso deu a ela mais gás, e ela correu mais rápido, derrubando os pés de milho. Ela correu o mais rápido que podia. Ela estaria livre dele se apenas continuasse correndo. A estrada tinha que estar logo depois da esquina. Certo?

Talvez. Mas, mesmo assim, não havia nenhuma garantia de que alguém estaria lá. Não eram nem mesmo seis horas da manhã e ainda as estradas de Nebraska eram geralmente muito desertas a esta hora do dia.

À sua frente, havia uma falha de caules. A luz turva da alvorada se espalhou em sua direção, e o seu coração saltou para ver a estrada.

Ela surgiu no meio da estrada, e assim, para a sua descrença ela ouviu o barulho de um motor se aproximando. Ela se encheu de esperança.

Ela viu o brilho dos faróis se aproximando e correu ainda mais rápido, estava tão perto que ela podia sentir o cheiro do asfalto encharcado de calor.

Ela chegou à beira do milharal junto com uma caminhonete vermelha que estava passando. Ela gritou e agitou os braços freneticamente.

“POR FAVOR!”, ela gritou chorando.

Mas, para o seu horror, o caminhão apenas passou por ela fazendo muito barulho.

Ela acenou com os braços, chorando. Talvez, o motorista a veria pelo espelho retrovisor

Tchaaa!

Uma dor aguda e cortante explodiu ao longo da parte de trás do seu joelho esquerdo, e ela caiu no chão.

Ela gritou e tentou se levantar, mas sentiu uma mão forte puxá-la pelos cabelos e logo ele estava arrastando-a de volta para o milharal.

Ela tentou se mover, para se libertar, mas desta vez, ela não conseguiu.

Houve uma última estralada de chicote, quando, finalmente, com gratidão, ela perdeu a consciência.

Logo, ela sabia, que tudo chegaria ao fim: o ruído, o chicote, a dor —e sua breve vida cheia de sofrimento.


CAPÍTULO UM

A detetive Mackenzie White se preparou para o pior quando atravessou a plantação de milho naquela tarde. O som dos pés de milho quando ela passava por eles a deixava nervosa, um som mortal, arranhando sua jaqueta, enquanto ela passava fileira após fileira. A clareira que ela procurava, ao que parecia, estava a milhas de distância.

Ela finalmente chegou, assim que parou, paralisou-se de frio, desejando estar em qualquer lugar, menos ali. Havia um corpo, quase completamente nu de uma mulher de trinta e poucos anos amarrado a um mastro, com o rosto congelado em uma expressão de angústia. Era uma expressão que Mackenzie desejou nunca ter visto— pois sabia que ela nunca esqueceria.

Cinco policiais circularam ao redor da clareira, sem fazer nada em particular. Eles estavam tentando parecer ocupados, mas ela sabia que eles estavam simplesmente tentando entender o sentido daquilo. Ela tinha certeza de que nenhum deles tinha visto nada assim antes. Não levou mais de cinco segundos para ver a mulher loira amarrada ao mastro de madeira e Mackenzie saber que havia algo muito mais profundo acontecendo ali. Algo diferente de tudo que já tinha visto. Não foi o que aconteceu nas plantações de milho de Nebraska.

Mackenzie se aproximou do corpo e andou lentamente em círculo em torno dele. Ao fazer isso, ela sentiu os outros oficiais observando-a. Ela sabia que alguns deles sentiam que ela levava seu trabalho muito a sério. Ela se aproximou bem mais, procurou por fios e conexões que eram naturalmente quase abstratas. Ela era a jovem que havia atingido a posição de detetive rápido demais aos olhos de muitos dos homens da delegacia, ela sabia. Ela era a garota ambiciosa que todo mundo achava que tinha os olhos em coisas maiores e melhores do que ser uma detetive de cidade pequena responsável pela aplicação da lei do estado de Nebraska.

Mackenzie ignorou todos eles. Ela focou exclusivamente no corpo, afastando as moscas que voavam por toda parte. Elas pairavam agitadas em torno do corpo da mulher, criando uma pequena nuvem negra, e o calor não estava ajudando. Tinha estado quente durante todo o verão e parecia que todo aquele calor havia se reunido naquele milharal e se concentrado ali.

Mackenzie chegou perto e estudou o cadáver da moça, tentando reprimir uma sensação de náusea e uma onda de tristeza. As costas da mulher estavam cobertas de feridas. Elas pareciam naturalmente uniformes, provavelmente feitas ali pelo mesmo instrumento. Suas costas estavam cobertas de sangue, principalmente seco e pegajoso. A parte de trás da sua tanga ficou endurecida de sangue, também.

Quando Mackenzie terminou sua volta em torno do corpo, um policial baixinho mas robusto se aproximou dela. Ela o conhecia bem, embora nunca tivesse prestado atenção nele.

“Olá, detetive White”, disse o Comandante Nelson.

“Comandante”, ela respondeu.

“Onde está o Porter?”

Não havia nada de condescendente em sua voz, mas ela sentiu isso, não obstante. Este endurecido e local chefe de polícia de cinquenta e alguma coisa não queria uma mulher de vinte e cinco anos de idade ajudando a dar sentido a este caso. Walter Porter, seu colega de cinquenta e cinco anos de idade, seria melhor para o trabalho.

“De volta à estrada”, Mackenzie disse. “Ele está conversando com o agricultor que descobriu o corpo. Ele estará junto em breve. “

“Ok,” disse Nelson, claramente um pouco mais à vontade. “O que você pensa a respeito disso?”

Mackenzie não sabia o que responder. Ela sabia que ele estava fazendo um teste com ela. Ele fazia isso de vez em quando, mesmo com coisas do dia-a-dia na delegacia. Mas ele não testava nenhum dos outros policiais ou detetives, ela estava certa de que ele só fez isso com ela porque ela era jovem e mulher.

Suas entranhas diziam que aquilo era mais do que um assassinato teatral. Foram as inúmeras chicotadas nas costas? Foi o fato de que a mulher tinha um corpo digno de uma pinup? Seus seios eram claramente falsos e se Mackenzie tivesse que adivinhar, seu bumbum tinha sido feito também. Ela usava uma boa dose de maquiagem, boa parte manchou com as lágrimas.

“Eu acho”, Mackenzie disse, finalmente respondendo à pergunta de Nelson, “que este foi puramente um crime violento. Acho que a investigação forense não vai mostrar nenhum abuso sexual. A maioria dos homens que sequestram uma mulher para sexo raramente abusam de suas vítimas tanto assim, mesmo se eles pretendem matá-las mais tarde. Eu também acho que o estilo de roupa que ela está vestindo sugere que ela era uma mulher de natureza provocante. Muito honestamente, a julgar pelo seu estilo de maquiagem e o grande tamanho de seus seios, eu começaria a fazer ligações para casas de strip em Omaha para ver se alguma dançarina desapareceu na noite passada.”

“Tudo isso já foi feito”, Nelson respondeu presunçosamente. “A falecida é Hailey Lizbrook, trinta e quatro anos de idade, mãe de dois meninos e dançarina mediana na The Runway, em Omaha.”

Ele recitou esses fatos como se estivesse lendo um manual de instruções. Mackenzie supôs que ele estava neste cargo tempo bastante para que as vítimas dos assassinatos não fossem mais tratadas como pessoas, mas simplesmente um enigma a ser resolvido.

Mas Mackenzie, há apenas alguns anos em sua carreira, não era tão endurecida e insensível. Ela estudou a mulher com um olhar voltado para descobrir o que havia acontecido, mas também a viu como uma mulher que tinha deixado dois meninos— meninos que viveriam o resto de suas vidas sem uma mãe. Para uma mãe de dois filhos ser uma stripper, Mackenzie supôs que havia problemas financeiros em sua vida e que ela estava disposta a fazer quase tudo para sustentar seus filhos. Mas agora aqui estava ela, amarrada a um mastro e espancada por um homem anônimo que—

O farfalhar de pés de milho por trás dela a interrompeu. Ela se virou para ver Walter Porter que vinha andando em meio as plantas. Ele parecia irritado quando entrou na clareira, limpando a sujeira e os cabelos de milho de seu casaco.

Ele olhou ao redor por um momento antes que seus olhos pousassem no corpo de Hailey Lizbrook no mastro. Um sorriso surpresa veio através de seu rosto, seu bigode grisalho inclinou para a direita em um ângulo desagradável. Ele então olhou para Mackenzie e Nelson e sem perder tempo se aproximou.

“Porter”, disse o Comandante Nelson. “White já resolveu este caso. Ela é muito esperta. “

“Ela é”, Porter disse com desdém.

Foi sempre assim. Nelson não estava realmente atribuindo a ela um elogio. Ele estava, na verdade, provocando Porter por ter sido paralisado pela moça bonita que tinha vindo do nada e alcançou a posição de detetive— a linda moça que poucos homens da delegacia acima dos trinta anos de idade levaram a sério. E Deus, Porter odiava essa situação.

Enquanto ela assistia com prazer Porter se contorcendo sob a provocação, não valia a pena sentir-se inadequada e subvalorizada. Frequentemente ela solucionava os casos que os outros homens não conseguiam e isso, ela sabia, era uma ameaça para todos eles. Ela tinha apenas vinte e cinco anos, muito jovem para começar a se sentir esgota em uma carreira que ela amava. Mas agora, estar com o caso parado nesta situação e com Porter, com este grupo, ela estava começando a odiar aquilo.

Porter fez um esforço para se posicionar entre Nelson e Mackenzie, deixando-a saber que agora este era o seu show. Mackenzie sentiu que estava começando a se irritar, mas ela abafou aquele sentimento. Ela vinha fazendo isso pelos últimos três meses, desde que ela tinha sido designada para trabalhar com ele.

Desde o primeiro dia, Porter não escondeu sua antipatia por ela. Afinal, ela tinha substituído o homem que foi parceiro de Porter por vinte e oito anos e que foi retirado do grupo, para a preocupação de Porter, para dar lugar a uma jovem.

Mackenzie ignorou seu desrespeito descarado; ela se recusou a deixá-lo afetar sua ética de trabalho. Sem uma palavra, ela voltou para ver o corpo. Ela o estudou de perto. Doeu estudá-lo, e ainda, na medida em que lhe dizia respeito, não havia nenhum corpo morto que jamais iria afetá-la tanto quanto o primeiro que ela já tinha visto. Ela estava quase atingindo o ponto em que ela não via mais o corpo de seu pai quando ela analisava uma cena de assassinato. Mas ainda não havia chegado a tal ponto. Ela tinha sete anos de idade, quando entrou no quarto e viu ele meio esparramado na cama, em uma poça de sangue. E ela nunca mais parou de relembrar essa cena desde então.

Mackenzie procurou pistas de que este assassinato não tinha ocorrido por causa de sexo. Ela não viu sinais de hematomas ou arranhões em seus seios ou nádegas, nenhum sangramento externo ao redor da vagina. Ela então olhou para as mãos e os pés da mulher, se perguntando se poderia haver um motivo religioso; sinais de perfuração ao longo das palmas das mãos, tornozelos e pés poderiam denotar uma referência à crucificação. Mas não havia sinais disso também.

No breve relato que ela e Porter receberam, ela sabia que as roupas da vítima não tinham sido encontradas. Mackenzie pensou que isso provavelmente significava que o assassino estava com elas, ou as tinha descartado. Isto indicava que ele era ou cauteloso, ou obsessivo. Acrescentando isso ao fato de que sua motivação na última noite, quase certamente, não tinha sido de natureza sexual. Ela acrescentou também a possibilidade de ele ser um assassino potencialmente evasivo e calculista.

Mackenzie se afastou até a entrada da clareira e observou a totalidade da cena. Porter olhou meio de lado para ela de depois a ignorou completamente, continuando a falar com Nelson. Ela notou que os outros policiais estavam olhando para ela. Alguns deles, pelo menos, estavam observando seu trabalho. Ela chegou ao posto de detetive com uma reputação de ser excepcionalmente brilhante e altamente considerada pela maioria dos instrutores na academia de polícia, e de tempos em tempos—moças e rapazes como ela— faziam para ela perguntas interessadas ou queriam saber sua opinião sobre determinadas situações.

Por outro lado, ela sabia que alguns dos homens que estavam na clareira com ela também poderiam estar dando uma “olhadinha” nela, também. Ela não sabia o que era pior: os homens que olhavam para a bunda dela enquanto ela caminhava para analisar a cena ou os que riam pelas costas porque a menininha estava tentando desempenhar o papel de detetive “casca grossa”.

Enquanto ela estudava a cena, ela foi novamente atacada pela suspeita persistente de que algo estava terrivelmente errado ali. Ela sentiu como se estivesse abrindo um livro e lendo a primeira página de uma história que ela sabia que tinha algumas páginas muito difíceis pela frente.

Este é apenas o começo, ela pensou.

Ela olhou para a poeira em torno do mastro e viu algumas marcas de botas, mas nada que pudesse fornecer impressões. Havia também uma série de formas na poeira que quase pareciam uma serpentina. Ela agachou para olhar mais de perto e viu que várias das formas se arrastavam de um lado para o outro, envolvendo o caminho em torno do mastro de madeira de uma forma interrompida, como se aquilo tivesse girado em torno do mastro várias vezes. Ela então olhou para as costas da mulher e viu que os cortes em seu corpo tinham mais ou menos a mesma forma das marcas no chão.

“Porter”, disse White.

“O que foi?”, Ele perguntou, claramente irritado por ter sido interrompido.

“Eu acho que tenho impressões de armas aqui.”

Porter hesitou por um segundo e, em seguida, caminhou até onde Mackenzie estava agachada. Quando ele agachou ao lado dela, ele gemeu um pouco e ela pôde ouvir o ranger do cinto dele. Ele tinha cerca de 22 quilos a mais e isso se tornava cada vez mais evidente a medida que ele se aproximava dos cinquenta e cinco.

“Algum tipo de chicote?”, ele perguntou.

“Parecido com isso.”

Ela examinou o chão, seguindo as marcas na areia por todo o caminho até o mastro e ao fazê-lo, ela notou algo mais. Era algo minúsculo, tão pequeno que ela quase não teria visto.

Ela andou até o mastro com cuidado para não tocar o corpo antes que a perícia forense chegasse. Ela se agachou novamente e sentiu o peso do calor da tarde pressionando seu corpo para baixo. Destemida, ela esticou a cabeça para mais perto do mastro, tão perto que sua testa quase tocou na madeira.

“Que diabos você está fazendo?”, perguntou Nelson.

“Algo está esculpido aqui”, disse ela. “Parecem números”.

Porter veio para investigar, mas ele fez de tudo para não se curvar novamente. “White, o pedaço de madeira tem facilmente uns vinte anos”, disse Porter. “Essa marca parece tão velha.”

“Talvez”, disse Mackenzie. Mas ela não pensava assim.

Já sem interesse na descoberta, Porter voltou a falar com Nelson, comparando anotações sobre as informações que tinha obtido do agricultor que descobriu o corpo.

Mackenzie tirou seu telefone e tirou uma foto dos números. Ela ampliou a imagem e os números se tornaram um pouco mais claros. Vê-los em detalhe, mais uma vez a fez sentir como se tudo isso fosse o começo de algo muito maior.

N511/J202

Os números não significavam nada para ela. Talvez Porter estivesse certo; talvez eles não significavam absolutamente nada. Talvez eles tivessem sido esculpidos ali por um registrador quando o mastro foi feito. Talvez alguma criança entediada lhes havia esculpido em algum lugar ao longo dos anos.

Mas isso não parecia correto.

Nada parecia fazer sentido.

E ela sabia, em seu coração, que esse era apenas o começo.


CAPÍTULO DOIS

Mackenzie sentiu um nó no estômago quando olhou para fora do carro e viu as vans de reportagens empilhadas, repórteres disputando a melhor posição para ataca-la juntamente com o Porter, assim que eles chegassem na delegacia. Quando Porter estacionou, White viu vários âncoras dos noticiários chegando, correndo pelo gramado da delegacia com cinegrafistas sobrecarregados de equipamentos correndo atrás deles.

Mackenzie viu Nelson na entrada, fazendo o que podia para acalmá-los, parecendo desconfortável e agitado. Mesmo dali ela podia ver o suor brilhando em sua testa.

Quando saíram, Porter caminhou ao lado dela, certificando-se de que ela não seria a primeira detetive a ser vista pela mídia. Quando ele passou por ela, ele disse: “Não diga nada para estes vampiros.”

Ela sentiu uma onda de indignação com o seu comentário condescendente.

“Eu sei, Porter.”

A multidão de repórteres e câmeras os alcançou. Havia pelo menos uma dúzia de microfones saindo da multidão em direção aos seus rostos enquanto eles passavam. As perguntas chegaram até eles como o zumbido de insetos.

“Os filhos da vítima já foram avisados?”

“Qual foi a reação do agricultor quando ele encontrou o corpo?”

“Trata-se de um caso de abuso sexual?”

“É sensato ter uma mulher como responsável por um caso como este?”

Essa última provocou Mackenzie um pouco. Claro, ela sabia que eles estavam simplesmente tentando chegar à uma resposta, esperando por uma declaração suculenta de vinte segundos para o noticiário da tarde. Eram apenas quatro horas; se agissem rapidamente, eles poderiam ter uma pepita para o noticiário das seis.

Enquanto ela fazia o seu caminho através das portas até o interior, a última pergunta ecoou como um trovão na cabeça dela.

É sensato ter uma mulher como responsável por um caso como este?

Ela se lembrou de como Nelson friamente tinha lido a informação sobre Hailey Lizbrook.

Claro que é, pensou Mackenzie. Na verdade, é crucial.

Finalmente eles entraram no recinto e as portas bateram atrás deles. Mackenzie respirou com alívio por estar na tranquilidade.

“Sanguessugas do caralho”, disse Porter.

Ele tinha deixado cair a arrogância, agora que não estava mais na frente das câmeras. Ele caminhou lentamente pela mesa da recepcionista em direção ao corredor que levava às salas de conferência e escritórios que compunham sua zona eleitoral. Ele parecia cansado, pronto para ir para casa, pronto para acabar com esse caso.

Mackenzie entrou na sala de conferência pela primeira vez. Havia vários oficiais sentados à uma grande mesa, alguns de uniforme e alguns com suas roupas casuais. Dada a sua presença e o súbito aparecimento das vans de reportagem, Mackenzie adivinhou que a história tinha vazado em todas as direções nas duas horas e meia entre deixar seu escritório, ir para milharal, e voltar. Era mais do que um terrível assassinato aleatório; agora, tornou-se um espetáculo.

Mackenzie pegou uma xícara de café e sentou-se à mesa. Alguém já tinha colocado pastas em torno da mesa com o pouco de informação que já haviam sido recolhidas sobre o caso. Enquanto ela olhava o material, mais pessoas chegaram na sala. Porter, finalmente entrou, sentando-se no extremo oposto.

Mackenzie tirou um tempo para verificar seu telefone e descobriu que ela tinha oito chamadas não atendidas, cinco mensagens de voz, e uma dúzia de e-mails. Foi um lembrete de que ela já tinha uma carga de trabalho completa antes de ser enviada para o milharal, esta manhã. A triste ironia é que, enquanto seus colegas mais velhos passavam muito tempo rebaixando-a e jogando insultos sutis para ela, eles também perceberam o seu talento. Como resultado, ela conseguiu um dos maiores números de casos na força. Até o momento, porém, ela nunca tinha ficado para trás e tinha uma taxa estelar de casos resolvidos.

Ela pensou em responder a alguns dos e-mails enquanto esperava, mas Chefe Nelson veio antes que ela pudesse ter essa chance. Ele rapidamente fechou a porta da sala de conferências por trás dele.

“Eu não sei como a mídia descobriu isso tão rapidamente”, ele rosnou, “mas se eu descobrir que alguém nesta sala é responsável, vocês verão o que é fúria.”

A sala ficou em silêncio. Alguns oficiais e pessoal relacionados começaram a olhar nervosamente para o conteúdo das pastas na frente deles. Enquanto Mackenzie não ligava muito para Nelson, não havia como negar que a presença e a voz daquele homem comandaram o ambiente sem muito esforço.

“Aqui é onde nós estamos”, disse Nelson. “A vítima é Hailey Lizbrook, uma stripper de Omaha. Trinta e quatro anos de idade, dois meninos, com idades entre nove e quinze. Pelo que podemos reunir, ela foi sequestrada antes de bater o ponto no trabalho, já que seu empregador diz que ela não apareceu na noite anterior. Imagens de segurança da Runway, seu local de trabalho, não mostram nada. Então, nós estamos trabalhando com a suposição de que ela foi levada de algum lugar entre o seu apartamento e o trabalho. Essa é uma área de sete milhas e meia—uma área em que temos atualmente alguns órgãos de inquérito com o Departamento de Polícia de Omaha neste momento.”

Ele então olhou para Porter como se ele fosse um aluno premiado e disse:

“Porter, por que você não descreve a cena?”

É claro que ele escolheria o Porter.

Porter levantou-se e olhou ao redor da sala, como se para garantir que todos estava prestando muita atenção.

“A vítima foi amarrada a um poste de madeira com as mãos para trás. A visão de sua morte foi em uma clareira, em um milharal, há um pouco menos de uma milha da rodovia. Suas costas estavam cobertas com o que pareciam ser marcas de açoite, feitas por algum tipo de um chicote. Notamos impressões na terra que tinham a mesma forma e tamanho das franjas do açoite. Embora não saibamos com absoluta certeza, até o relatório do legista, temos bastante certeza de que este não foi um ataque sexual, mesmo a vítima estando sem as roupas íntimas e suas roupas desaparecidas”.

“Obrigado, Porter”, disse Nelson. “Por falar no legista, falei com ele ao telefone cerca de vinte minutos atrás. Ele diz que, enquanto ele não saberá ao certo até que a autópsia seja realizada. Mas acredita que a causa da morte é provavelmente perda de sangue ou algum tipo de trauma—provavelmente na cabeça ou no coração”.

Seus olhos, em seguida, se voltaram para Mackenzie e havia muito pouco interesse neles quando ele perguntou: “Alguma coisa a acrescentar, White?”

“Os números”, disse ela.

Nelson revirou os olhos na frente de toda a sala. Era um claro sinal de desrespeito, mas ela aguentou firme, determinada a colocar isso para fora na presença de todos, antes que ela pudesse ser cortada.

“Eu descobri o que parecem ser dois números, separados por uma barra, esculpidos na parte inferior do poste.”

“Quais foram os números?” Um dos oficiais mais jovens da mesa perguntou.

“Números e letras, na verdade”, disse Mackenzie. “N 511 e J 202. Eu tenho uma foto no meu telefone.”

“Outras imagens estarão aqui em breve, assim que Nancy imprimi-las”, disse Nelson. Ele falou rápida e forçadamente, deixando a sala saber que a questão dos números havia encerrado naquele momento.

Mackenzie ouviu Nelson enquanto ele falava sem parar sobre as tarefas que precisavam ser realizadas para cobrir a área de sete milhas e meia entre a casa de Hailey Lizbrook e a Runway. Mas ela escutava mais ou menos, na verdade. Sua mente continuava se lembrando do modo como o corpo da mulher tinha sido amarrado. Algo sobre a visão inteira do corpo imediatamente parecia quase familiar para ela, e isso ainda continuou preso na mente dela enquanto ela estava na sala de conferências.

Ela viu as breves anotações na pasta, esperando que algum pequeno detalhe pudesse desencadear algo em sua memória. Ela folheou as quatro páginas de informação, na esperança de descobrir alguma coisa. Ela já sabia tudo que estava na pasta, mas ela examinou os detalhes de qualquer maneira.

Uma mulher de trinta e quatro anos de idade, presumidamente morta na noite anterior. Chicotadas, cortes, várias escoriações nas costas, amarrada a um poste de madeira velha. A causa da morte presumidamente foi a perda de sangue ou possível trauma no coração. O método de amarração sugere possíveis implicações religiosas, enquanto o tipo físico da mulher sugere motivações sexuais.

Enquanto ela lia, algo clicou. Ela saiu um pouco, permitindo que sua mente pudesse ir para onde era necessário, sem a interferência de seus arredores.

Quando ela juntou os pontos, chegando à uma conexão que ela esperava estar errada a respeito, Nelson começou a relaxar.

“.. .E já que é tarde demais para que bloqueios nas rodovias sejam eficazes, nós temos que confiar principalmente em depoimentos de testemunhas, até mesmo no mais minucioso e aparentemente inútil detalhe. Agora, alguém tem mais alguma coisa a acrescentar? “

“Uma coisa, senhor”, disse Mackenzie.

Ela poderia dizer que Nelson estava segurando um suspiro. Do outro lado da mesa, ela ouviu Porter fazer uma espécie de ruído de riso abafado. Ela ignorou tudo e esperou para ver como Nelson se dirigiria a ela.

“Sim, White?”, ele perguntou.

“Eu recordo um caso de 1987, que foi semelhante a este. Eu tenho certeza que ele aconteceu fora de Roseland. A amarração foi a mesma, o tipo de mulher foi o mesmo. Estou bastante certa de que o método de espancamento foi o mesmo.”

“1987?”, Perguntou Nelson. “White, você já tinha nascido?”

Esse comentário foi recebido com uma suave risada de mais de metade da sala. Mackenzie imediatamente ignorou aquilo. Ela encontraria tempo para ficar envergonhada mais tarde.

“Ainda não”, disse White, sem medo de criar uma confusão com ele. “Mas eu li o relatório.”

“Você se esquece, senhor”, disse Porter. “Mackenzie gasta seu tempo livre lendo casos arquivados. A menina é como uma enciclopédia ambulante desses casos.”

Mackenzie percebeu imediatamente que Porter tinha se referido a ela pelo seu primeiro nome e a chamou de menina em vez de mulher. O triste era que ela não achava que ele estava ciente do desrespeito.

Nelson esfregou a cabeça e finalmente soltou o suspiro estrondoso que vinha crescendo. “1987? Você tem certeza?”

“Quase positivo.”

“Roseland?”

“Ou seu entorno”, disse ela.

“Ok”, disse Nelson, olhando para o outro extremo da mesa onde uma mulher de meia-idade estava sentada, ouvindo diligentemente. Havia um laptop na frente dela, no qual ela discretamente estava digitando o tempo todo. “Nancy, você pode fazer uma pesquisa sobre isso no banco de dados?”

“Sim, senhor”, disse ela. Ela começou a digitar algo no servidor interno da delegacia imediatamente.

Nelson lançou para Mackenzie outro olhar de desaprovação que essencialmente poderia ser traduzido em: É melhor estar certa. Se não, você desperdiçou vinte segundos do meu valioso tempo.

“Muito bem, rapazes e moças”, disse Nelson. “Aqui está como vamos fazer isso. No momento em que esta reunião terminar, eu quero Smith e Berryhill indo para Omaha para ajudar a polícia local de lá. A partir daí, se necessário, vamos girar em pares. Porter e White, quero que vocês dois conversem com as crianças da falecida e com o empregador dela. Também estamos trabalhando para conseguir o endereço da irmã dela.”

“Desculpe-me, senhor”, disse Nancy, olhando por cima de seu computador.

“Sim, Nancy?”

“Parece que a Detetive White estava certa. Em outubro de 1987, uma prostituta foi encontrada morta e amarrada a um poste de madeira do lado de fora dos limites da cidade de Roseland. O arquivo que eu estou olhando diz que ela foi despida e açoitada severamente. Sem sinais de abuso sexual e sem motivo aparente.”

A sala ficou em silêncio novamente à medida que muitas perguntas contundentes se calaram. Finalmente, foi Porter que falou e embora Mackenzie pudesse dizer que ele estava tentando julgar o caso, ela podia ouvir uma pitada de preocupação na voz dele.

“Isso foi há quase trinta anos”, disse ele. “Eu chamaria isso de uma conexão inconsistente”.

“Mas é uma conexão, mesmo assim”, disse Mackenzie.

Nelson bateu com uma mão pesada em cima da mesa, com os olhos ardendo de raiva olhou para Mackenzie. “Se houver uma conexão aqui, você sabe o que isso significa, certo?”

“Isso significa que estamos lidando com um assassino em série”, disse ela. “E mesmo a ideia de que podemos estar lidando com um assassino em série significa que precisamos considerar chamar o FBI.”

“Ah, o inferno”, disse Nelson. “Você está colocando o carro na frente dos bois. Você está colocando o carro na frente de qualquer coisa, na verdade.”

“Com todo o respeito”, disse Mackenzie, “vale a pena pensar nisso.”

“E agora que o seu cérebro trouxe essa ideia fixa à nossa atenção, temos que pensar nisso”, disse Nelson. “Vou fazer algumas ligações e colocar você envolvidas na averiguação. Por agora, vamos começar com as coisas que são relevantes e oportunas. Isso é tudo por agora, pessoal. Comecem a trabalhar já.”

O pequeno grupo na mesa de conferências começou a se dispersar, pegando cada um a sua pasta. Quando Mackenzie começou a sair da sala, Nancy lhe deu um pequeno sorriso de reconhecimento. Foi o maior incentivo que Mackenzie havia recebido no trabalho em mais de duas semanas. Nancy era a recepcionista e, por vezes, a verificadora de informações de todo o recinto. Pelo que Mackenzie sabia, ela era um dos poucos membros mais velhos na força que não tinha nenhum problema com ela.

“Porter e White, esperem”, disse Nelson.

Ela viu que Nelson estava agora mostrando um pouco da mesma preocupação que tinha visto e ouvido em Porter quando ele falou momentos atrás. Ele parecia quase doente por causa daquilo.

“Boa lembrança sobre o caso de 1987”, disse Nelson para Mackenzie. Parecia machucá-lo fisicamente ter que fazer aquele elogio para ela. “É um tiro no escuro. Mas faz você se perguntar...”

“Se perguntar o quê?”, perguntou Porter.

Mackenzie, ela não é de rodeios, respondeu para o Nelson.

“Por que ele decidiu voltar a agir agora”, disse ela.

Depois ela acrescentou:

“E quando ele matará de novo.”


CAPÍTULO TRÊS

Ele se sentou em seu carro, desfrutando do silêncio. A iluminação da rua lança um brilho fantasmagórico. Não havia muitos carros fora em uma hora tão tardia, tornando o ambiente estranhamente tranquilo. Ele sabia que qualquer um que estivesse fora nesta parte da cidade a essa hora estaria provavelmente preocupado ou fazendo suas transações em segredo. Isso tornou mais fácil para ele se concentrar no trabalho—O Bom Trabalho.

As calçadas estavam escuras, exceto pelo brilho néon ocasional de estabelecimentos decadentes. A figura bruta de uma mulher bem-dotada brilhava na janela do prédio que ele estava estudando. Isso cintilou como um farol em um mar tempestuoso. Mas não havia refúgio naqueles lugares—nenhum refúgio respeitável, de qualquer forma.

Enquanto estava sentado no seu carro, o mais longe possível das luzes da rua, ele pensava sobre a sua coleção em casa. Ele a tinha estudado de perto antes de sair hoje à noite. Havia restos de seu trabalho em sua pequena mesa: uma bolsa, um brinco, um colar de ouro, um pedaço de cabelo loiro colocado em um pequeno recipiente Tupperware. Eles eram lembretes, lembretes de que ele tinha sido escolhido para este trabalho. E que ele tinha mais trabalho para fazer.

Um homem saiu do edifício no lado oposto da rua, tirando-o de seus pensamentos. Observando atentamente, ele estava sentado ali e esperou pacientemente. Ele havia aprendido muito sobre paciência ao longo dos anos. Por isso, sabendo que ele agora deveria trabalhar rapidamente o deixou ansioso. E se ele não fosse preciso?

Ele não tinha escolha. O assassinato de Hailey Lizbrook já estava nos noticiários. As pessoas estavam procurando por ele—como se ele fosse o único a ter feito algo de ruim. Eles simplesmente não entendem. O que ele fez para aquela mulher tinha sido um presente.

Um ato de graça.

No passado, ele deixou passar muito tempo entre seus atos sagrados. Mas agora, havia uma urgência. Não havia muito o que fazer. Sempre havia mulheres lá—nas esquinas das ruas, em anúncios, na televisão.

No final, eles entenderiam. Eles entenderiam e eles lhe agradeceriam. Eles iriam lhe perguntar como ser puro, e ele iria abrir os seus olhos.

Momentos depois, a imagem de néon da mulher na janela escureceu. O brilho por trás das janelas acabou. O lugar ficou escuro, as luzes apagavam à medida que eles fechavam para a noite.

Ele sabia que isso significava que as mulheres estariam saindo a qualquer momento, se dirigindo até os seus carros e, em seguida, para casa.

Ele se dirigiu lentamente em torno do quarteirão. As luzes da rua pareciam persegui-lo, mas ele sabia que não havia olhos curiosos que pudessem vê-lo. Nesta parte da cidade, ninguém se importava.

Na parte de trás do edifício, a maioria dos carros eram legais. Ganhava-se um bom dinheiro para manter o corpo em exposição. Ele estacionou na borda distante do terreno e esperou um pouco mais.

Depois de um longo tempo, a porta de entrada e saída dos funcionários finalmente abriu. Duas mulheres saíram, acompanhadas por um homem que parecia ter trabalhado de segurança naquele lugar. Ele olhou para o segurança, se perguntando se ele poderia ser um problema. Ele tinha uma arma debaixo do assento que ele, com certeza usaria se precisasse, mas ele preferia não ter que usá-la. Ele ainda não tinha precisado usá-la. Na verdade, ele abominava armas. Havia algo de impuro sobre elas, algo quase indolente.

Finalmente, todos eles se separaram, entrando em seus carros para dirigi-los.

Ele observou outros surgirem, e em seguida, sentou-se. Ele podia sentir seu coração batendo. Aquela era ela. Aquela.

Ela era pequena, com o cabelo em um tom de loiro falso que balançava logo acima dos ombros. Viu-a entrar no carro e ele não avançou na direção dela até que suas luzes traseiras virassem a esquina.

Ele dirigiu para o outro lado do edifício, de modo a não chamar atenção para si. Ele chegou devagar por trás dela, seu coração começa a disparar. Instintivamente, ele estendeu a mão sob seu assento e sentiu o fio da corda. Ele aliviou seus nervos.

Ele se acalmou ao saber que, após a perseguição, chegaria o sacrifício.

E assim seria.


CAPÍTULO QUATRO

Mackenzie sentou no banco do passageiro, vários arquivos espalhados no colo, Porter ao volante, tocando os dedos ao ritmo de uma música dos Rolling Stones. Ele manteve o carro sintonizado na mesma estação de rock clássico que sempre ouvia durante a condução, e Mackenzie olhou para cima, irritada, a sua concentração finalmente havia se quebrado. Ela viu os faróis do carro fatiarem a estrada em oitenta milhas por hora, e perguntou para ele.

“Você pode, por favor, abaixar isso?”, ela retrucou.

Normalmente, ela não se importa, mas ela estava tentando entrar no estado certo de espírito, para entender o estilo do assassino.

Com um suspiro e aceno de cabeça, Porter recusou o rádio. Ele olhou para ela com desdém.

“O que você está esperando encontrar, afinal?”, ele perguntou.

“Eu não estou tentando encontrar coisa alguma”, disse Mackenzie. “Eu estou tentando juntar as peças para entender melhor o tipo de personalidade do assassino. Se pudermos pensar como ele, temos uma chance muito melhor de encontrá-lo.”

“Ou”, disse Porter, “você pode apenas esperar até chegarmos à Omaha e falar com as crianças e com a irmã da vítima como Nelson nos disse.”

Sem sequer olhar para ele, Mackenzie poderia dizer que ele estava lutando para manter algum comentário do tipo sábio. Ela tinha que lhe dar um pouco de crédito, supôs. Quando estavam apenas os dois na estrada ou em uma cena de crime, Porter mantinha as piadas e o comportamento degradante a um nível mínimo.

Ela ignorou Porter naquele momento e olhou para as anotações em seu colo. Ela estava comparando o caso de 1987 com o assassinato de Hailey Lizbrook. Quanto mais lia sobre eles, mais ela estava convencida de que eles haviam sido cometidos pelo mesmo rapaz. Mas o que a mantinha frustrada era não ter um motivo claro para o crime.

Ela olhou várias vezes os documentos, folheando páginas e revendo as informações.

Ela começou a murmurar para si mesma, fazendo perguntas e afirmando fatos em voz alta. Era algo que ela tinha feito desde o ensino médio, uma peculiaridade que permaneceu com ela.

“Não há evidência de abuso sexual em ambos os casos,” ela disse suavemente. “Não há similaridades óbvias entre as vítimas, além da profissão. Sem chance real de motivações religiosas. Por que não um, ao invés de apenas um mastro, se você tem um tema religioso? Os números estavam presentes em ambos os casos, mas os números não mostram qualquer significado claro para os assassinatos.”

“Não leve a mal”, disse Porter, “mas eu realmente prefiro ouvir os Stones.”

Mackenzie parou de falar em voz alta, em seguida, percebeu que a luz de notificação estava piscando em seu telefone. Depois que ela e Porter saíram, ela mandou um e-mail para a Nancy e a pediu para fazer algumas pesquisas rápidas com os termos mastro, stripper, prostituta, garçonete, milho, chicotes, e a sequência de números N511/J202 de

casos de assassinato nos últimos trinta anos. Quando Mackenzie verificou seu telefone, ela viu que Nancy, como de costume, agiu rapidamente.

O e-mail que Nancy tinha enviado de volta era: Pouca informação, estou receosa. Anexei os resumos sobre os poucos casos que encontrei, portanto. Boa sorte!

Havia apenas cinco anexos e Mackenzie foi capaz de olhá-los muito rapidamente. Três deles claramente não tinham nada a ver com o assassinato de Lizbrook ou com o caso de 87. Mas os outros dois foram interessantes o suficiente para, pelo menos, serem considerados.

Um deles era um caso de 1994, onde uma mulher havia sido encontrada morto atrás de um celeiro abandonado em uma área rural cerca de oitenta milhas fora de Omaha. Ela havia sido amarrada a um mastro de madeira e acredita-se que seu corpo ficou ali pelo menos seis dias antes de ser descoberto.

O corpo dela tinha ficado duro e um alguns animais—acreditavam ser linces—tinham começado a comer suas pernas. A mulher tinha uma ficha criminal extensa, incluindo duas prisões por aliciamento sexual. Novamente, não houve sinais claros de abuso sexual e ao mesmo tempo havia chicotadas nas costas, não eram tão extensas quanto as que tinham encontrado em Hailey Lizbrook. O resumo sobre o assassinato não disse nada sobre os números encontrados no mastro.

O segundo arquivo talvez relacionado, é o caso de uma menina de dezenove anos de idade que havia sido sequestrada pois ela não voltou para casa para as férias de Natal de seu primeiro ano na Universidade de Nebraska, em 2009. Quando seu corpo foi descoberto em um campo vazio três meses depois, parcialmente enterrada, havia chicotadas em suas costas. As imagens depois vazaram para a imprensa, mostrando a jovem nua e envolvida em algum tipo de festa sexual escabrosa em uma casa das casas da fraternidade. As fotos foram tiradas uma semana antes da notícia de seu desaparecimento.

O último caso foi um pouco fora, mas Mackenzie pensou que eles poderiam estar potencialmente ligados ao caso de assassinato de 87 e Hailey Lizbrook.

“O que você tem aí?”, Perguntou Porter.

“Nancy me enviou resumos de alguns outros casos que possam estar ligados.”

“Alguma coisa boa?”

Ela hesitou, mas depois o informou sobre as duas ligações potenciais. Quando ela terminou, Porter balançou a cabeça, enquanto olhava para a noite. Passaram por uma placa que dizia que Omaha estava há vinte e duas milhas à frente.

“Eu acho que você força a barra, às vezes”, disse Porter. “Você trabalha para caralho e um monte de pessoas têm conhecimento disso. Mas vamos ser honestos: não importa o quanto você forçar a barra, nem todo caso tem um enorme link que criará um caso monstro para você”.

“Então, me acalme”, disse Mackenzie. “Neste exato momento, o que o seu instinto diz sobre este caso? Com o que estamos lidando? “

“É apenas um criminoso básico com traumas da mamãe”, Porter disse com desdém.

“Se falarmos com um número suficiente de pessoas, vamos encontrá-lo. Toda esta análise é um desperdício de tempo. Você não encontra pessoas entrando na cabeça delas. Você as

encontra, fazendo perguntas. Trabalho de rua. De porta em porta. Testemunha por testemunha.”

Assim que eles caíram no silêncio, Mackenzie começou a se preocupar com o quão simplista era a visão de mundo dele, como preto e branco. Ele não deixou espaço para nuances, para qualquer coisa fora de suas crenças pré-determinadas. Ela pensou que o psicopata com quem estavam lidando era demasiadamente sofisticado para esse tipo de mentalidade.

“Qual é a sua opinião sobre o nosso assassino?”, Ele finalmente perguntou.

Ela poderia detectar ressentimento em sua voz, como se ele realmente não quisesse perguntar a ela, mas o silêncio tinha conseguido incitar o melhor dele.

“Eu acho que ele odeia as mulheres pelo que elas representam”, ela disse suavemente, pensando a respeito enquanto falava. “Talvez ele seja um virgem de cinquenta anos, que pensa que o sexo é vulgar e—no entanto, também tem essa necessidade de sexo. Matar mulheres o faz sentir como se ele estivesse dominando seus próprios instintos, os instintos que ele vê como vulgares e desumanos. Se ele consegue eliminar a fonte de onde esses impulsos sexuais vêm, ele se sente no controle. As chicotadas nas costas indicam que ele está praticamente punindo essas moças, provavelmente por causa da natureza provocativa delas. Depois, há o fato de que não há sinais de abuso sexual. Fico me perguntando se isso é algum tipo de tentativa de purificação, na visão do assassino”.

Porter sacudiu a cabeça, quase como um pai decepcionado.

“É disso que eu estou falando”, disse ele. “Uma perda de tempo. Você está forçando tanto a barra que você nem sabe mais o que pensar—e nada disso irá nos ajudar. Não dá para ver a floresta a partir das árvores”.

O silêncio constrangedor os cobriu novamente. Aparentemente cansado de falar, Porter aumentou o volume do rádio.

Durou apenas alguns minutos, porém. Ao se aproximarem de Omaha, Porter diminuiu o volume do rádio de novo, mas dessa vez sem ser solicitado. Porter se pronunciou e quando o fez, ele parecia nervoso, mas Mackenzie também pôde sentir o esforço que ele estava fazendo para soar como o único responsável pelo caso.

“Você já entrevistou crianças depois que elas perderam um dos pais?”, perguntou Porter.

“Uma vez”, disse ela. “Depois de um tiroteio. Um menino de onze anos de idade “.

“Eu também tive poucas experiências do tipo. Não é nada divertido.”

“Não, não é”, Mackenzie concordou.

“Bem, veja, nós estamos prestes a fazer perguntas para dois meninos sobre a sua mãe morta. O assunto sobre onde ela trabalha virá à tona. Temos de tocar no assunto com muito tato—sem trocadilhos.”

Ela se irritou. Ele estava fazendo aquilo, falando daquele jeito com ela, como se ela fosse uma criança.

“Deixe-me liderar. Você pode ser o ombro reconfortante se eles começarem a chorar. Nelson disse que a irmã dela também estará lá, mas eu não imagino que ela seja uma fonte confiável de conforto. Ela, provavelmente, estará tão devastada quanto as crianças.”

Mackenzie, na verdade, não achou que foi a melhor ideia. Mas também sabia que, porque Porter e Nelson foram envolvidos, ela precisava escolher suas batalhas sabiamente. Então, se Porter queria se encarregar de perguntar as duas crianças de luto sobre sua mãe morta, ela o deixaria ter essa massagem estranha do ego.

“Como quiser”, ela disse com os dentes cerrados.

O carro ficou em silêncio novamente. Desta vez, Porter manteve o rádio ligado bem baixo, os únicos sons eram provenientes do passar de páginas no colo de Mackenzie.

Havia uma história maior naquelas páginas e documentos que Nancy havia enviado; Mackenzie tinha certeza disso.

Claro, para a história ser contada, todos os personagens precisavam ser revelados. E, por enquanto, o personagem central ainda estava se escondendo nas sombras.

O carro diminuiu a velocidade e Mackenzie levantou a cabeça quando eles viraram em um quarteirão tranquilo. Ela sentiu um vazio familiar em seu estômago, e desejou estar em qualquer outro lugar que não fosse ali.

Eles estavam prestes a falar com os filhos de uma mulher morta.


CAPÍTULO CINCO

Mackenzie ficou surpreso ao entrar no apartamento de Hailey Lizbrook; não era o que ela esperava. Ele era limpo e arrumado, o mobiliário bem posicionado e espanado. A decoração tinha muito de uma mulher doméstica, até as canecas de café com provérbios bonitos e os pegadores de panela pendurados em ganchos ornamentados pelo fogão. Era evidente que ela organizava tudo muito bem, até os cortes de cabelo e pijamas de seus filhos.

Era muito parecido com a família e a casa que ela sempre sonhou em ter.

Mackenzie lembrou a partir dos arquivos que os meninos tinham nove e quinze anos; o mais velho era Kevin e o mais novo era Dalton. Estava claro para ela que Dalton tinha chorado muito, seus olhos azuis estavam rodeados com aros de manchas vermelhas inchadas.

Kevin, por outro lado, parecia mais irritado do que qualquer outra coisa. Assim que se acomodaram e Porter assumiu a liderança, estava perfeitamente claro que Porter tentava falar com eles em um tom que era algo entre ser condescendente e um professor pré-escolar se esforçando muito. Mackenzie estremeceu por dentro quando Porter falou.

“Agora eu preciso saber se sua mãe tinha amigos homens”, disse Porter.

Ele estava no centro da sala, enquanto os rapazes estavam sentados no sofá. A irmã de Hailey, Jennifer, estava de pé na cozinha adjacente, fumando um cigarro ao lado do fogão com o exaustor em funcionamento.

“Quer dizer, um namorado?”, perguntou Dalton.

“Claro, isso poderia ser um amigo do sexo masculino”, disse Porter. “Mas eu nem sequer quis dizer isso. Qualquer homem com quem ela poderia ter falado mais de uma vez. Mesmo alguém como um carteiro ou alguém do supermercado.”

Ambos os rapazes estavam olhando para Porter como se estivessem que ele fizesse um truque de mágica, ou talvez, até mesmo entrasse em combustão espontânea. Mackenzie estava fazendo o mesmo. Ela nunca o tinha ouvido usar um tom tão leve. Era quase engraçado ouvir um tom tão suave sair da boca dele.

“Não, acho que não”, disse Dalton.

“Não”, Kevin concordou. “E ela não tinha namorado, também. Não que eu saiba. “

Mackenzie e Porter olharam para Jennifer que estava perto do fogão para uma resposta. Tudo o que eles conseguiram como resposta foi um encolher de ombros. Mackenzie tinha certeza de que Jennifer estava em algum tipo de choque. Isso a fez se perguntar se poderia haver outro membro da família que pudesse cuidar destes rapazes por um tempo, uma vez que Jennifer certamente não parecia ser uma guardiã adequada naquele momento.

“Bem, e sobre as pessoas com as quais vocês e sua mãe não se davam bem?”, Perguntou Porter. “Alguma vez vocês ouviram ela discutindo com alguém?”

Dalton somente sacudiu a cabeça. Mackenzie tinha certeza de que o garoto estava à beira das lágrimas novamente. Quanto a Kevin, ele revirou os olhos ao olhar diretamente para Porter.

“Não”, disse ele. “Não somos burros. Sabemos o que você está tentando nos perguntar. Você quer saber se podemos pensar em alguém que poderia ter matado a nossa mãe. Certo?”

Porter parecia ter levado um soco no estômago. Ele olhou nervosamente para Mackenzie mas conseguiu recuperar a compostura rapidamente.

“Bem, sim”, disse ele. “Isso é o que eu estou tentando. Mas está claro que vocês não têm nenhuma informação. “

“Ah é?”, disse Kevin.

Houve um momento de tensão, onde Mackenzie estava certa de que Porter seria duro com o garoto. Kevin estava olhando para Porter com dor em sua expressão, quase desafiando Porter a fazer o melhor que pudesse.

“Bem”, Porter disse: “Eu acho que nós lhe incomodamos o suficiente, meninos. Obrigado pelo seu tempo “.

“Espere”, disse Mackenzie, a objeção saiu da boca dela antes que ela fosse capaz de pensar em pará-la.

Porter lhe deu uma olhada capaz de derreter cera. Ficou claro que ele sentia que eles estavam perdendo tempo falando com esses dois filhos angustiados—especialmente um de quinze anos de idade, que tinha claramente problemas com autoridade. Mackenzie ignorou sua expressão e ajoelhou-se ao nível dos olhos de Dalton.

“Escute, você acha que poderia ficar na cozinha com sua tia por um segundo?”

“Sim”, Dalton disse, sua voz era áspera e macia.

“Detetive Porter, por que você não vai com ele?”

Mais uma vez, o olhar de Porter na direção dela estava cheio de ódio. Mackenzie olhou de volta para ele, inflexível. Ela fez uma expressão inflexível como pedra e estava determinada a ficar firme desta vez. Se ele queria discutir, eles teriam uma conversinha lá fora. Mas ficou claro que, mesmo em uma situação com duas crianças e uma mulher praticamente catatônica, ele não queria ser constrangido.

“Claro”, ele finalmente disse entre os dentes.

Mackenzie esperou um momento enquanto Porter e Dalton entravam na cozinha.

Mackenzie voltou e ficou de pé. Ela sabia que aos doze anos de idade ou mais, a tática de ficar ao nível dos olhos da criança já não funcionava.

Ela olhou para Kevin e viu que a provocação que ele tinha mostrado a Porter ainda estava lá. Mackenzie não tinha nada contra os adolescentes, mas ela sabia que eles eram, muitas vezes, difíceis de trabalhar—especialmente no meio de circunstâncias trágicas.

Mas ela tinha visto como Kevin tinha respondido Porter e pensou que ela poderia saber como se aproximar dele.

“Fale para mim a verdade, Kevin”, disse ela. “Você sente que nós aparecemos cedo demais? Você acha que nós estamos sendo precipitados, fazendo perguntas logo depois de vocês terem recebido a notícia sobre sua mãe?”

“Mais ou menos”, disse ele.

“Você apenas não sente vontade de falar agora?”

“Não, eu posso falar”, disse Kevin. “Mas esse cara é um idiota.”

Mackenzie sabia que essa era sua chance. Ela poderia ter uma abordagem profissional, formal, como ela normalmente fazia—ou ela poderia usar esta oportunidade para estabelecer um relacionamento com um adolescente irritado. Adolescentes, ela sabia, acima de tudo, estimavam honestidade. Eles podiam ver através de qualquer coisa quando conduzidos pela emoção.

“Você está certo”, disse ela. “Ele é um mané.”

Kevin olhou para ela, com os olhos arregalados. Ele olhou para ela atordoado; claramente, ele não esperava essa resposta.

“Mas isso não muda o fato de que eu tenho que trabalhar com ele”, acrescentou ela, com a voz em camadas de simpatia e compreensão. “Isso também não muda o fato de que ambos estamos aqui para ajudá-los.

Queremos encontrar quem fez isso com sua mãe. Concorda? “

Ele ficou em silêncio por um longo tempo; então, finalmente, ele acenou de volta.

“Você acha que você poderia conversar comigo, então?”, Perguntou Mackenzie. “Apenas algumas perguntas rápidas e depois vamos embora.”

“E quem virá depois?” Kevin perguntou, cauteloso.

“Honestamente?”

Kevin balançou a cabeça e ela viu que ele estava à beira das lágrimas. Ela se perguntou se ele as estava segurando durante todo este tempo, tentando ser forte para o seu irmão e sua tia.

“Bem, depois de sairmos, vamos coletar todas as informações que pudermos obter e, em seguida, o serviço social virá para se certificar de que sua tia Jennifer é a pessoa adequada para cuidar de vocês enquanto os arranjos finais para a sua mãe são feitos.”

“Ela é legal na maioria das vezes,” Kevin disse, olhando para Jennifer. “Mas ela e minha mãe eram realmente próximas. Como melhores amigas. “

“Irmãs podem ser assim”, disse Mackenzie, sem ter ideia se era verdade ou não. “Mas, por agora, eu preciso ver se você pode se concentrar em minhas perguntas. Você pode fazer isso?”

“Sim.”

“Boa. Agora, eu odeio ter que lhe perguntar isso, mas é necessário. Você sabe qual era o trabalho da sua mãe?”

Kevin balançou a cabeça enquanto o seu olhar caiu direto no chão.

“Sim”, disse ele. “E eu não sei como, mas as crianças na escola sabem disso também. O pai tarado de alguém, provavelmente foi ao clube a viu e a reconheceu, ou algo assim. É foda. Eu era zoado o tempo todo.”

Mackenzie não podia imaginar aquele tipo de tormento, mas isso fez ela dever muito mais respeito à Hailey Lizbrook. Claro, ela tirava a roupa à noite por dinheiro, mas durante o dia ela era aparentemente uma mãe que estava envolvida com seus filhos.

“Ok”, disse Mackenzie. “Então, sabendo sobre seu trabalho, você pode imaginar o tipo de homens que vão a esses lugares, certo?”

Kevin balançou a cabeça, e Mackenzie viu a primeira lágrima deslizar para baixo da sua bochecha esquerda. Ela quase estendeu a mão para pegar a mão dele como um sinal de conforto, mas ela não queria contrariá-lo.

“Eu preciso que você pense se já aconteceu de sua mãe chegar em casa muito chateada ou brava com alguma coisa. Eu preciso que você também pense sobre todos os homens que podem ter... bem, qualquer homem que poderia ter vindo para casa com ela.”

“Ninguém nunca chegou em casa com ela”, disse ele. “E eu quase nunca vi a mamãe com raiva ou chateada com nada. A única vez que eu a vi louca foi quando ela estava lidando com os advogados no ano passado.”

“Advogados?”, perguntou Mackenzie. “Você sabe por que ela estava conversando com advogados?”

“Mais ou menos. Eu sei que algo aconteceu no trabalho uma noite e fez ela acabar falando com alguns advogados. Ouvi partes de quando ela estava no telefone. Tenho certeza de que ela estava falando com eles sobre uma ordem judicial.”

“E você acha que isso foi em relação ao local onde ela trabalhava?”

“Eu não sei”, disse Kevin. Ele parecia ter se animado um pouco, uma vez que parecia que ele tinha dito algo que poderia servir de ajuda. “Mas eu acho que sim.”

“É uma grande ajuda, Kevin”, disse Mackenzie. “Você acha que existe mais alguma alternativa?”

Ele balançou a cabeça lentamente e então olhou nos olhos do Mackenzie. Ele estava tentando manter-se forte, mas havia tanta tristeza nos olhos do menino que Mackenzie não tinha ideia de como ele conseguia ainda se manter firme.

“Mamãe tinha vergonha disso, sabe?”, Disse Kevin. “Ela trabalhava em casa durante o dia. Ela era um tipo de escritora técnica, fazendo sites e outras coisas. Mas eu não acho que ela estava fazendo muito dinheiro. Ela fez fazia as outras coisas para ter mais dinheiro, porque o nosso pai. bem, ele se separou dela há muito tempo. Ele nunca mais enviou dinheiro. Então, a mamãe. ela teve que pegar esse outro trabalho. Ela fazia isso por mim e pelo Dalton e .”

“Eu sei”, disse Mackenzie, e desta vez ela se aproximou dele. Ela colocou a mão em seu ombro e ele pareceu estar agradecido. Ela também sentir que ele queria desabar em lágrimas, mas provavelmente não faria isso na frente de estranhos.

“Detetive Porter,” Mackenzie disse, e ele saiu do outro cômodo, olhando fixamente para ela. “Você ainda quer perguntar algo?” Ela balançou a cabeça sutilmente, esperando que ele entendesse.

“Não, eu acho que está bem assim”, disse Porter.

“Ok”, disse Mackenzie. “Mais uma vez, pessoal, muito obrigada pelo seu tempo.”

“Sim, obrigado”, disse Porter, juntando-se à Mackenzie na sala de estar. “Jennifer, você tem o meu número, por isso, se você pensar em qualquer coisa que possa nos ajudar, não hesite em ligar. Mesmo o menor detalhe poderá ser útil.”

Jennifer balançou a cabeça e soltou um rouco, “Obrigada.”

Mackenzie e Porter saíram, descendo um conjunto de degraus de madeira e inda para o estacionamento do complexo de apartamentos. Quando estavam à uma distância segura do apartamento, Mackenzie diminuiu a distância entre eles. Ela podia sentir a imensa raiva saindo dele em forma de calor, mas ignorou.

“Eu tenho uma pista”, disse ela. “Kevin disse que sua mãe estava trabalhando para a apresentação de uma ordem judicial contra alguém no trabalho no ano passado. Ele disse que foi a única vez que ele a viu brava ou chateada com alguma coisa”.

“Bom”, disse Porter. “Isso significa que algo de bom saiu de você, além de me prejudicar.”

“Eu não prejudico você”, disse Mackenzie. “Eu simplesmente vi uma situação desmoronando entre você e o filho mais velho, então eu entrei em cena para resolvê-la.”

“Besteira”, disse Porter. “Você me fez parecer fraco e inferior na frente dessas crianças e da tia.”

“Isso não é verdade”, disse Mackenzie. “E mesmo se fosse verdade, o que importa? Você estava conversando com as crianças como se elas fossem idiotas que mal pudessem compreender a própria língua.”

“Suas ações eram um claro sinal de desrespeito”, disse Porter. “Deixe-me lembrá-la que eu estou neste trabalho por mais tempo do que você está viva. Se eu precisar de você para entrar em cena para me ajudar, inferno, eu vou lhe dizer.”

“Você acabou com a conversa, Porter”, ela respondeu. “Acabou, se lembra? Não havia mais nada para minar. Era a sua vez. E você não foi bem.”

Tinham chegado no carro agora e quando Porter bateu o alarme, ele olhou para o teto do carro, seus olhos queimavam de raiva por causa de Mackenzie.

“Quando voltarmos ao posto, eu procurarei pelo Nelson e farei um pedido para ser transferido. Eu estou farto deste desrespeito.”

“Desrespeito”, Mackenzie disse, balançando a cabeça. “Você nem sabe o que essa palavra significa. Você deveria começar reparando no jeito como me trata.”

Porter soltou um suspiro trêmulo e entrou no carro, sem dizer mais nada. Decidida a não se deixar levar pelo clima tenso de Porter, Mackenzie também entrou. Ela olhou de volta para o apartamento e se perguntou se Kevin já havia se permitido chorar. No geral, a rixa que existia entre ela e Porter não parecia tão significativa.

“Você quer chamá-lo?”, perguntou Porter, claramente chateado por ter sido passado para trás.

“Sim”, ela disse, tirando seu telefone. Quando ela puxou o número de Nelson, não podia negar a satisfação progressiva que estava se construindo dentro dela. Uma ordem judicial feita há um ano e agora Hailey Lizbrook estava morta.

Temos o bastardo, pensou.

Mas, ao mesmo tempo, ela também não resistiu em se perguntar se a solução seria assim tão fácil.


CAPÍTULO SEIS

Mackenzie finalmente chegou em casa às 10:45, estava exausta. O dia tinha sido longo e exaustivo, mas ela sabia que não seria capaz de dormir por um bom tempo. Sua mente estava muito focada na pista que o Kevin Lizbrook tinha fornecido. Ela informou o Nelson e ele lhe assegurou que alguém ligaria para o clube de strip e para o escritório de advocacia de Hailey Lizbrook para conseguir a ordem judicial dela.

Com a mente disparando em centenas de direções, Mackenzie colocou uma música, pegou uma cerveja na geladeira, e preparou um banho. Ela não gostava de banheiras, mas esta noite cada músculo do seu corpo estava demasiadamente tenso. À medida que a banheira se enchia de água, ela caminhou pela casa e organizou o lugar, de onde Zack tinha, aparentemente, esperado até o último minuto para ir trabalhar novamente.

Ela e Zack começaram a morar juntos há pouco mais de um ano, tentando tomar todas as medidas possíveis no relacionamento para impedir um casamento ao máximo. Mackenzie sentiu que estava pronta para se casar, mas Zack parecia aterrorizado com a ideia. Eles estavam juntos há três anos e, enquanto os dois tinham sido ótimos, a última parte da relação tinha sido baseada em monotonia e no medo de Zack de ficar sozinho ou se casar. Se ele pudesse ficar em cima do muro, com Mackenzie logo abaixo como sua rede de proteção, ele ficaria feliz.

Ao pegar dois pratos sujos da mesa de café e passar por cima de um CD de Xbox que estava no chão, Mackenzie se perguntou se talvez havia chegado a hora de acabar com aquilo. Mais do que isso, ela não tinha certeza de que se casaria com Zack se ele a pedisse em casamento amanhã. Ela o conhecia muito bem; ela já tinha visualizado como seria estar casada com ele, e francamente, não era muito promissora a ideia.

Ela estava presa em um relacionamento sem saída, com um parceiro que não a apreciava. Da mesma forma, ela percebeu, estava presa em um trabalho com colegas que não gostam dela. Sua vida inteira se sentindo presa. Ela sabia que mudanças precisavam ser feitas, mas pareciam muito intimidadoras para ela. E fonte de um certo nível de exaustão, ela simplesmente não tina a energia para isso.

Mackenzie retirou-se para o banheiro e fechou a água. Ondas de vapor saíam de dentro da água, como um convite. Ela ficou nua, olhando para si mesma no espelho e se tornando cada vez mais consciente de que ela havia perdido oito anos de sua vida com um homem que não tinha nenhum desejo real de ter uma vida com ela. Ela sentiu que era atraente de um jeito simples. Seu rosto era lindo (talvez mais quando ela usava o cabelo com um rabo de cavalo) e ela tinha uma imagem vigorosa, um pouco magra e musculosa. Sua barriga era chapada e dura—tanto que Zack, às vezes, brincava falando que sua barriga era um pouco intimidante.

Ela escorregou na banheira, a cerveja repousava sobre a pequena mesa de toalhas ao lado dela. Ela soltou um suspiro profundo e deixou a água quente fazer o seu trabalho. Ela fechou os olhos e relaxou o melhor que pôde, mas a imagem dos olhos de Kevin Lizbrook voltava à sua memória como um loop constante. A quantidade de tristeza neles era quase insuportável, falando de uma dor que Mackenzie havia conhecido uma vez, mas que tinha conseguido empurrar para longe do seu coração.

Ela fechou os olhos e cochilou, a imagem a assombrava o tempo todo. Ela sentiu uma presença palpável, como se Hailey Lizbrook estivesse ali com ela agora, pedindo para que ela resolva o mistério de seu assassinato.

*

Zack chegou em casa uma hora mais tarde, recém-saído de um turno de doze horas em uma fábrica têxtil local. Toda vez Mackenzie sentia o cheiro de sujeira, suor e graxa que vinha dele, ela se lembrava de como Zack tinha pouca ambição. Mackenzie não tinha problema com o trabalho em si; era um trabalho respeitável feito para homens criados para o trabalho duro e dedicação. Mas Zack tinha era bacharel, ele tinha a intenção de conseguir um lugar no programa de mestrado para se tornar um professor. Esse plano terminou há cinco anos e ele ficou preso no papel de gerente de turnos na fábrica têxtil desde então.

Mackenzie estava em sua segunda cerveja no momento em que ele entrou, estava sentada na cama e lendo um livro. Ela achou que adormeceria por volta das três ou mais; faltavam sólidas cinco horas antes de partir para o trabalho às nove da manhã seguinte. Ela nunca ligou muito para o sono e descobriu que nas noites em ela dormia mais de seis horas, ela ficava letárgica e irritadiça no dia seguinte.

Zack entrou no cômodo com suas roupas sujas de trabalho. Ele chutou os sapatos ao lado da cama enquanto ele a olhava. Ela estava usando um top e shorts de ciclista.

“Oi, querida”, ele disse, seus olhos observavam ela inteira. “Então, é bom vir para casa.”

“Como foi seu dia?”, ela perguntou, mal olhando para ele por cima de seu livro.

“Foi tudo bem”, disse ele. “Então eu cheguei em casa e a vi assim e o dia ficou muito melhor.” Com isso, ele se arrastou para a cama e diretamente em sua direção. Sua mão foi para a lateral do rosto dela quando ele se inclinou para um beijo.

Ela deixou cair o livro e se afastou imediatamente. “Zack, você está louco?”, perguntou ela.

“O quê?”, ele perguntou, claramente confuso.

“Você está absolutamente imundo. E nem pensou em tomar um banho, você está passando sujeira e gordura e só Deus sabe o que mais para os lençóis. “

“Ah, meu Deus,” Zack disse, irritado. Ele rolou para fora da cama, propositadamente se cobrindo o máximo que podia. “Por que você é tão rígida?”

“Eu não sou rígida”, disse ela. “Eu só prefiro não viver em um chiqueiro. Aliás, obrigada pela limpeza feita antes de sair para o trabalho “.

“Nossa, é tão bom estar em casa”, Zack zombou, entrando no banheiro e fechando a porta.

Mackenzie suspirou e engoliu logo o resto de sua cerveja. Ela então olhou através do cômodo onde as botas de trabalho sujas de Zack ainda estavam no chão—onde elas ficariam até o dia seguinte. Ela também sabia que, quando ela se levantasse de manhã e fosse para o se aprontar, ela encontraria as roupas sujas dele em uma pilha no chão.

Vá para o inferno, pensou, voltando ao seu livro. Ela leu apenas algumas páginas, enquanto ouvia a água do banho de Zack. Ela, então, largou o livro de lado e voltou para a sala de estar. Ela pegou sua pasta, levou-a para o quarto, e tirou os arquivos mais atualizados sobre o assassinato de Lizbrook que ela havia recuperado no posto antes de vir para casa. Por mais que ela quisesse descansar, mesmo por algumas horas, ela não conseguiria.

Ela olhou os arquivos, vasculhando por qualquer detalhe que pudesse ter sido negligenciado. Quando ela estava certa de que tudo tinha sido analisado, ela mais uma vez viu os olhos cheios de lágrimas de Kevin e isso a impulsionou a olhar novamente.

Mackenzie estava tão encantada com os arquivos que ela não percebeu Zack entrando no cômodo. Ele cheirava muito melhor agora e, com apenas uma toalha em torno de sua cintura, parecia muito melhor, também.

“Desculpe-me pelos lençóis,” Zack disse, quase distraidamente, enquanto ele deixou cair a toalha e deslizou para dentro de uma cueca boxer. “Eu... Eu não sei... Eu não me lembro da última vez que você realmente prestou atenção em mim.”

“Você quer dizer sexo?”, perguntou ela. Surpreendentemente, ela descobriu que ela estava, na verdade, a fim de sexo. Poderia ser o que ela precisava para finalmente relaxar e dormir.

“Não apenas sexo”, disse Zack. “Eu quero dizer qualquer tipo de atenção. Eu chego em casa e você já está dormindo ou olhando casos do seu trabalho.”

“Bem, isso foi depois de eu ter juntado o seu lixo do dia”, disse ela. “Você vive como um menino que está esperando a mamãe limpar a bagunça dele. Então sim, às vezes, mergulho no trabalho para esquecer o quão frustrante você pode ser”.

“Então isso de novo?”, ele perguntou.

“De novo o quê?”

“De novo você usando o trabalho como uma forma de me ignorar.”

“Eu não uso o trabalho como uma maneira de ignorá-lo, Zack. Neste momento, estou mais preocupada em descobrir quem brutalmente matou a mãe de dois meninos do que ter certeza de que você tem a atenção que precisa.”

“Isso aí”, disse Zack, “é por isso que eu não tenho pressa para me casar. Você já está casada com o seu trabalho.”

Havia cerca de mil observações que ela poderia cuspir de volta para ele, mas Mackenzie sabia que não fazia nenhum sentido. Ela sabia que ele estava, de certa forma, certo. Quase todas as noites, ela achava os casos que trazia para casa mais interessantes do que Zack. Ela ainda o amava, sem dúvidas, mas não havia nada novo na vida dele— nenhum desafio.

“Boa noite”, disse ele amargamente enquanto se arrastou para a cama.

Ela olhou para as costas nuas dele e se perguntou se era, de alguma forma, sua responsabilidade dar-lhe atenção. Isso faria dela uma boa namorada? Isso faria dela um melhor investimento para um homem que tinha pavor de casamento?

Com a ideia de sexo agora como um impulso esquecido, Mackenzie simplesmente deixou para lá e voltou para os arquivos do caso.

Se sua vida pessoal tinha que ficar em segundo plano, então que assim seja. Esta vida, a vida do caso, parecia mais real para ela de qualquer forma.

*

Mackenzie entrou no quarto dos pais, e antes de passar pelo batente da porta, ela sentiu o cheiro de algo que fez o seu estômago de criança de sete anos de idade contrair. Era uma espécie de cheiro picante, lembrando-a do interior do seu cofrinho—um cheiro como o cobre das moedas.

Ela entrou no quarto e viu o pé da cama, uma cama que sua mãe não dormia há cerca de ano por aí—uma cama que parecia grande demais para apenas o seu pai.

Ela o viu lá, pernas balançando do lado da cama, braços espalhados como se estivesse tentando voar. Havia sangue por toda parte: na cama, na parede, até mesmo no teto. Sua cabeça estava virada para a direita, como se ele estivesse olhando para longe dela.

Ela imediatamente soube que ele estava morto.

Ela deu um passo em direção a ele, os pés descalços pisando por cima de manchas grudentas de sangue, ela não queria se aproximar mas precisava.

“Papai”, ela sussurrou, já chorando.

Ela estendeu a mão, aterrorizada, mas atraída como um ímã.

De repente, ele se virou e olhou para ela, ainda morto.

Mackenzie gritou.

Mackenzie abriu os olhos e olhou ao redor do quarto em um lampejo de confusões. Os dossiês estavam em seu colo, espalhados. Zack estava dormindo ao seu lado, ainda de costas para ela. Ela respirou fundo, limpando o suor da testa. Foi apenas um sonho.

E então ela ouviu o rangido.

Mackenzie congelou. Ela olhou para a porta do quarto e lentamente saiu da cama. Ela ouviu o ranger de uma tábua fraca da sala de estar, um som que ela só ouvia quando alguém estava andando na sala de estar. Claro, ela estava dormindo e, no meio de um pesadelo, mas ela tinha sim ouvido aquele barulho.

Não tinha?

Ela saiu da cama e agarrou sua arma de trabalho que estava no topo de sua cômoda onde ficavam o seu distintivo e uma bolsa pequena. Ela calmamente inclinou-se em torno do batente da porta e foi para o corredor. O brilho ambiente dos postes da rua era filtrado pelas persianas da sala, revelando um cômodo vazio.

Ela entrou no cômodo, segurou a arma em uma posição ofensiva. Seu instinto lhe dizia que não havia ninguém lá, mas ela ainda assim tremia. Ela sabia que tinha ouvido o assoalho rangendo. Ela caminhou para a área da sala de estar, em frente da mesa de café, e ouviu o ranger.

Do nada, a imagem de Hailey Lizbrook cruzou sua mente. Ela viu as chicotadas nas costas da mulher e as impressões na terra. Ela estremeceu. Ela olhou em silêncio para a arma em suas mãos e tentou se lembrar da última vez em que um caso havia lhe envolvido tanto. Que diabos ela estava pensando? Que o assassino estava em sua sala de estar, se aproximando sorrateiramente dela?

Irritada, Mackenzie voltou para o quarto. Ela calmamente colocou a arma de volta no topo do móvel e foi para o seu lado na cama.

Ainda se sentindo um pouco assustada e com os restos de seu sonho flutuando em sua cabeça, Mackenzie deitou-se. Ela fechou os olhos e tentou encontrar o sono novamente.

Mas ela sabia que seria difícil chegar lá. Ela sabia que estava atormentada, pelos vivos e pelos mortos.


CAPÍTULO SETE

Mackenzie não se lembrava de um tempo em que o posto estivesse tão caótico. A primeira coisa que viu quando entrou pela porta da frente foi Nancy correndo pelo corredor até o escritório de alguém. Ela nunca tinha visto Nancy se movimentando tão rapidamente. Além disso, havia olhares ansiosos nos rostos de todos os oficiais pelos quais ela passou em seu caminho para a sala de conferência.

Parecia que ia ser um dia agitado. Havia uma tensão no ar que lembrava espessura da atmosfera, pouco antes de uma tempestade verão.

Ela mesma sentiu um pouco da tensão, mesmo antes de deixar sua casa. Ela recebeu a primeira chamada às 7:30, informando-a de que eles entrariam em ação com relação à pista dentro de poucas horas. Aparentemente, enquanto ela estava dormindo, a pista conseguida através do Kevin acabou sendo muito promissora. Um mandado foi adquirido e um plano estava sendo posto em prática. Uma coisa já havia sido estabelecida: Nelson queria que Porter e ela trouxessem o suspeito.

Os dez minutos que ela passou no posto foram um turbilhão. Enquanto ela tomava rapidamente uma xícara de café, Nelson estava latindo ordens para todos, enquanto Porter sentou-se solenemente em uma cadeira na mesa de conferência. Porter parecia uma criança fazendo beicinho à procura de qualquer atenção que pudesse obter. Ela sabia que isso devia estar corroendo ele, pois a pista tinha vindo de um menino com o qual Mackenzie conversou—um menino que ele estava disposto a não dar atenção.

Mackenzie e Porter lideravam, e outros dois carros foram atribuídos para sair atrás deles para ajudar, quando necessário. Foi a quarta vez em sua carreira que ela tinha sido encarregada de uma batida policial, e a descarga de adrenalina tinha o mesmo efeito. Apesar da onda de energia fluindo através dela, Mackenzie manteve-se calma e serena.

Ela saiu da sala de conferências com equilíbrio e confiança, começando a ter a sensação de que agora este caso era dela, não importa o quanto Porter quisesse isso.

No seu caminho, Nelson se aproximou dela e levou-a suavemente pelo braço.

“White, deixe-me falar com você por um segundo, tá?”

Ele a levou para o lado, guiando-a para a sala das copiadoras antes que ela pudesse responder. Ele olhou em volta conspiratoriamente, certificando-se de que ninguém poderia ouvi-los. Quando teve certeza de que estavam a sós, ele olhou para ela de um modo que a fez se perguntar se ela tinha feito algo de errado.

“Olha,” Nelson disse, “Porter veio a mim ontem à noite e pediu para ser transferido. Eu na mesma hora disse que não. Eu também disse que ele seria burro se saísse do caso neste momento. Você sabe por que ele queria ser transferido? “

“Ele acha que eu pisei no calo dele na noite passada”, disse Mackenzie. “Mas ficou claro que as crianças não estavam respondendo a ele, e que ele não iria tentar com afinco conversar com elas.”

“Nossa, você não tem que explicar isso para mim”, disse Nelson. “Eu acho que você fez um trabalho muito bom com aquele garoto mais velho. O garoto ainda disse para alguns dos outros caras que foram lá—incluindo os do serviço social—que ele realmente gostou de você. Eu só queria que você soubesse que o Porter está em pé de guerra hoje. Se ele for filho da mãe com você, me avise. Mas eu não acho que ele será. Ele não é um grande fã seu, mas ele quase me disse que respeita você para caralho. Mas isso fica entre nós. Entendeu?”

“Sim, senhor”, disse Mackenzie, surpresa com o súbito apoio e encorajamento.

“Tudo bem, então”, disse Nelson, batendo de leve nas suas costas. “Vá pegar o nosso homem.”

Com isso, Mackenzie saiu para o estacionamento onde Porter já estava sentado atrás do volante de seu carro. Ele lhe deu uma olhada do tipo por que diabos está demorando tanto enquanto ela corria para o carro. No momento em que ela entrou, Porter arrancou para fora do estacionamento antes mesmo de Mackenzie fechar a porta.

“Imagino que você pegou o relatório completo sobre o nosso cara, esta manhã?” Porter perguntou enquanto entrava na estrada. Dois outros carros seguiam eles, com Nelson e quatro outros oficiais de suporte, se necessário.

“Sim”, disse Mackenzie. “Clive Traylor, um cara de quarenta e um anos de idade, agressor sexual com passagem. Passou seis meses na prisão por assalto à uma mulher em 2006. Ele atualmente trabalha em uma farmácia local, mas ele também trabalha com carpintaria fora de um pequeno barracão em sua propriedade.”

“Ah, você deve ter perdido a última mensagem enviada por Nancy”, disse Porter.

“Será?”, perguntou ela. “O que eu perdi?”

“O bastardo tem vários postes de madeira atrás de seu barracão. Os dados mostram que eles são quase do mesmo tamanho daquele que encontramos no milharal.”

Mackenzie rolou através de seus e-mails em seu telefone e viu que Nancy tinha enviado o memorando a menos de dez minutos atrás.

“Parece que é o nosso cara, então”, disse ela.

“Isso mesmo”, disse Porter. Ele estava falando como um robô, como se ele tivesse sido programado para dizer certas coisas. Ele não olhou para ela uma única vez. Era claro que ele estava chateado, mas tudo bem com relação à Mackenzie. Enquanto ele usasse a raiva e a determinação para trazer o suspeito, ela não se importaria.

“Eu vou colocar os pingos nos is“, disse Porter. “Fiquei muito irritado quando você assumiu ontem à noite. Mas eu seria amaldiçoado se você fizesse aquele tipo de “milagre” naquele menino. Você é melhor do que eu imaginava. Eu vou ter que admitir isso. Mas o desrespeito...”

Ele parou de falar, como se não tivesse certeza de como terminar a fala. Mackenzie não disse nada. Ela simplesmente olhou para a frente e tentou digerir o fato de que ela tinha acabado de receber “quase elogios” de duas fontes muito improváveis nos últimos quinze minutos.

De repente, ela sentiu que este poderia ser um dia muito bom. Esperemos que, no final do dia, eles trouxessem o homem responsável pela morte de Hailey Lizbrook e vários outros assassinatos não resolvidos ao longo dos últimos vinte anos. Se isso era a recompensa, ela certamente poderia tolerar o humor azedo de Porter.

*

Mackenzie olhou para fora e se sentiu deprimida, enquanto observava os bairros mudarem diante de seus olhos enquanto Porter dirigia para os subúrbios mais abandonados de Omaha. Prósperas áreas deram lugar aos complexos de apartamentos de baixa renda, que depois se dissolveram em afastados bairros mais sórdidos.

Logo que chegaram no bairro de Clive Traylor, feito de casas de baixa renda assentadas em gramados quase mortos, com caixas de correio tortas ao longo da rua. As fileiras e fileiras de casas nunca pareciam ter fim, cada uma parecia ser menos cuidada do que a próxima. Ela não sabia o que era mais deprimente para ela: seu estado negligenciado, ou a monotonia entorpecente.

O bairro de Clive era tranquilo, e enquanto eles desciam, Mackenzie sentiu a familiar descarga de adrenalina. Ela sentou-se involuntariamente, se preparando para enfrentar um assassino.

De acordo com a equipe de vigilância que estava observando a propriedade desde 3 horas da manhã, Traylor ainda estava em casa. Ele não tinha que bater o ponto no trabalho até uma da tarde.

Porter desacelerou seu carro ao dirigir mais acima da rua e estacionou na frente da casa de Traylor. Ele então olhou para Mackenzie, pela primeira vez naquela manhã. Ele parecia um pouco nervoso. Ela percebeu que deveria parecer nervosa também. E, no entanto, apesar de suas diferenças, Mackenzie ainda se sentia segura correndo um perigo potencial ao lado dele. Machista durão ou não, aquele homem era experiente e sabia o que estava fazendo a maior parte do tempo.

“Você está pronta?” Porter perguntou para ela.

Ela assentiu com a cabeça e puxou o microfone da unidade de rádio do painel.

“White falando”, disse ela ao microfone. “Estamos prontos para agir assim que mandar.”

“Vá”, foi a resposta simples de Nelson.

Mackenzie e Porter saíram do carro lentamente, não querendo dar ao Traylor qualquer motivo para alarme, se ele olhasse para fora da janela e visse dois estranhos andando até o seu gramado. Porter assumiu a liderança enquanto subiam os degraus frágeis da varanda.

A varanda estava coberta por uma tinta branca que se soltava em flocos e as cascas de inúmeros insetos mortos. Mackenzie sentiu-se tensa, preparando-se. O que ela faria quando ela visse o rosto do homem que havia assassinado aquelas mulheres?

Porter abriu a porta de tela frágil e bateu na porta da frente.

Mackenzie estava ao lado dele, esperando, com o coração batendo forte. Ela pôde sentir que as palmas das suas mãos começaram a suar.

Alguns segundos se passaram antes que ela ouvisse passos se aproximando. Veio o clique de um cadeado sendo desengatado, a porta se abriu um pouco mais do que uma fresta, e Clive Traylor olhou para eles. Ele parecia confuso—e em seguida, muito alarmado.

“Posso ajudá-los?”, perguntou Traylor.

“Sr. Traylor, “Porter disse:” Sou o detetive Porter e esta é a detetive White. Se você tem um momento, gostaríamos de falar com você. “

“Em relação ao que?”, perguntou Traylor, instantaneamente na defensiva.

“Sobre um crime que foi cometido duas noites atrás”, disse Porter. “Nós apenas temos algumas perguntas e, se você responder honestamente, nós vamos cair fora em cinco ou dez minutos.”

Traylor pareceu considerar isso por um momento. Mackenzie conhecia com certeza a sucessão lógica que maquinava em sua cabeça. Ele tinha passagem como criminoso sexual, e qualquer resistência para ajudar a polícia levantaria suspeitas e talvez ainda mais investigação sobre as atividades atuais do Traylor.

Essa era a última coisa que um homem como Clive Traylor queria.

“Sim, entrem,” Traylor finalmente disse, claramente não satisfeito com a situação. Ainda assim, ele abriu a porta e levou-os para uma casa que mais parecia um quarto de dormitório universitário.

Havia livros empilhados em todos os lugares, latas de cerveja vazias espalhadas aqui e ali, e pilhas de roupas esporadicamente colocados em qualquer superfície disponível. O lugar cheirava como se Traylor tivesse queimado recentemente algo no fogão.

Ele levou-os para a sua pequena sala de estar, e Mackenzie reparou em tudo, analisando cada coisa rapidamente para determinar se esta era a casa de um assassino. Havia mais roupas em forma de trouxa no sofá e a mesa de café estava cheia de pratos sujos e um laptop. Vendo tal desordem Mackenzie percebeu que talvez os hábitos de Zack não eram tão ruins quanto ela pensava.

Traylor não lhes mandou sentar—o que era bom, porque de nenhuma maneira Mackenzie sentaria em qualquer lugar daquela casa.

“Obrigado pelo seu tempo”, disse Porter. “Como eu disse, houve um crime cometido há duas noites, um assassinato. Estamos aqui porque você tem um passado bastante duvidoso com a vítima. “

“Quem era?”, perguntou Traylor.

Mackenzie observou atentamente, estudando suas expressões faciais e postura, esperando encontrar algumas pistas. Até agora, tudo o que ela poderia dizer é que ele estava muito desconfortável com a polícia dentro de sua casa.

“Uma mulher chamada Hailey Lizbrook.”

Traylor pareceu pensar sobre isso por um segundo e depois sacudiu a cabeça.

“Eu não conheço ninguém com esse nome.”

“Tem certeza?”, perguntou Porter. “Nós temos a prova de que ela aplicou uma ordem judicial contra você no ano passado.”

Ele caiu em si e revirou os olhos.

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“Hum. Ela. Eu nunca soube o nome dela.

“Mas você sabia onde ela morava?”, perguntou Mackenzie.

“Sabia”, disse Traylor. “Sim, eu a segui da Runway até a casa dela algumas vezes. Policiais vieram à minha casa para falar comigo sobre isso. Mas eu não contrariei essa ordem. Eu juro.”

“Então você não nega que a perseguia?”, perguntou Porter.

Mackenzie viu o rubor de constrangimento em Traylor e seu coração esfriou. Ela tinha muita certeza de que este não era o cara que procuravam.

“Não. Eu admito isso. Mas depois que a ordem judicial, eu fiquei longe. Eu até parei de ir ao clube de strip. “

“Ok”, disse Porter. “Você pode me dizer onde estava há duas noites?”

“Bem, eu trabalhei até as nove horas e depois eu vim para casa. Eu assisti alguns programas de TV e fui para a cama por volta da meia-noite “.

“Você tem prova disso?”, perguntou Porter.

Traylor pareceu pego de surpresa, tentando chegar à uma resposta adequada. “Inferno, eu não sei. Eu entrei na minha conta bancária online. Você pode usar isso?”

“Podemos”, disse Porter, apontando para o laptop na mesa de café. “Mostre-nos.”

Traylor começou a lutar contra alguma coisa naquele momento. Ele lentamente estendeu a mão para o computador, mas depois hesitou. “É, bem, isso é uma violação da minha privacidade. Volte com um mandado e eu lhe mostrarei—”

“Eu sou macaco velho”, disse Porter. “Nós temos mais oficiais lá fora e eu posso fazê-los entrar em trinta segundos. Nós já temos um mandado. Então, facilite o máximo possível e me mostre o seu histórico de navegação”.

Traylor estava quase suando agora. Mackenzie tinha certeza de que ele não era o assassino, mas ele certamente estava escondendo algo.

“Qual é o problema?”, perguntou Mackenzie.

“Você vai ter que obter essa informação diretamente do meu banco”, disse ele.

“Por quê?”

“Porque não há nenhum traço do meu histórico neste computador.”

Porter adiantou-se e repetiu a ordem anterior. “Mostre-nos.”

Mackenzie e Porter ficaram em torno de Traylor, um de cada lado. Mackenzie o observou de perto, notando que Traylor fez tudo muito rapidamente. Ainda assim, Mackenzie viu a sua tela inicial e teve certeza que ela havia visto o suficiente.

Ela se afastou de Traylor quando ele mostrou ao Porter que seu histórico de pesquisa estava vazio. Ela também o ouviu explicar ao Porter que ele sempre excluía seu histórico de navegação para se livrar de cookies e lixo em seu cache. Ela deixou Porter discutir com ele essa velha desculpa e foi espiar o corredor. Não havia quadro, apenas lixo no chão ao longo das paredes. Entre a confusão, ela viu uma caixa vazia que levantou uma suspeita.

Mackenzie voltou para a sala de estar enquanto a conversa entre Porter e Traylor ficava um pouco mais quente.

“Desculpe-me”, disse ela, interrompendo eles. “Sr. Traylor, eu não duvido de você. Estou bastante certa de que você não tem nada a ver com o assassinato de Hailey Lizbrook. Vou dizer-lhe que uma série de fatores estavam apontando para você, até para os postes atrás de sua casa. Mas não, eu não acho que você matou ninguém.”

“Obrigado”, ele soltou sarcasticamente.

“White”, disse Porter, “o que você está—”

“Mas eu preciso que você me diga em que outras coisas inapropriadas você já esteve envolvido.”

Ele pareceu surpreso, quase insultado. “Nada”, disse ele. “Eu sei que o meu histórico não é nenhuma maravilha. Uma vez tido como um criminoso sexual, sua vida nunca vai voltará a ser como era. As pessoas olham para você de forma diferente e—”

“Poupe-nos disso, por favor”, disse Mackenzie. “Tem certeza de que não esteve envolvido em qualquer coisa que não deveria?”

“Eu juro.”

Mackenzie assentiu e depois olhou para Porter com um sorriso leve. “Detetive Porter, você gostaria de algemá-lo ou devo fazê-lo?”

Antes que ele pudesse responder, Traylor estava em movimento. Ele trombou com Mackenzie, tentando derrubá-la para chegar ao corredor. Ele claramente não esperava que ela fosse tão resistente. Ela apoiou os pés e travou os joelhos quando Traylor bateu nela, fazendo ele ricochetear confuso.

“Merda”, Porter murmurou, atrapalhando-se com sua pistola.

Enquanto ele tentava sacar sua arma, Mackenzie jogou o cotovelo no peito de Traylor, enquanto ele tentava girar em torno dela. Ele fez ufff e olhou para ela surpreso. Ele começou a cair de joelhos, mas antes mesmo de tocar o chão, Mackenzie o agarrou pela parte de trás do pescoço e o jogou no chão.

Traylor gritou quando Mackenzie plantou um joelho em suas costas e sacou suas algemas como um mágico que trabalha com lenços.

“Não se preocupe,” Mackenzie disse, olhando para Porter. “Eu vou fazer isso.”

Com isso, ela bateu as algemas nos pulsos de Traylor enquanto Porter estava imóvel, com a mão ainda congelada no seu quadril, onde a arma ainda permanecia.

*

Mackenzie olhou para o saco plástico e ficou enojada com o que ela sabia que estava nas unidades USB lá dentro. Havia onze ao todo. Depois de um duro interrogatório, eles descobriram que estes USBs eram o que Traylor queria pegar quando ele cometeu o erro de tentar correr trombando em Mackenzie.

“Caramba”, disse Nelson, parecendo muito feliz enquanto Clive Traylor foi colocado na parte traseira de um carro da polícia. “Não é a prisão que eu queria para hoje, mas tenho certeza que vai me levar até ela.”

Pouco menos de uma hora havia se passado desde que Traylor negou estar envolvido em qualquer coisa suspeita. Nessa hora, o seu laptop foi confiscado e seu histórico foi recuperado.

Várias unidades USB também tinham sido encontradas na casa, cheias de fotos e vídeos. Com o que foi encontrado em seu computador, incluindo sites visitados nos últimos dois dias, e os drives USB, Clive Traylor tinha estado em posse de mais de quinhentas imagens e vinte e cinco vídeos de pornografia infantil.

Mais do que isso, ele estava vendendo os arquivos online. A transação mais recente tinha sido para um endereço IP na França por uma soma de duzentos dólares—uma transação que havia sido confirmada pelo banco de Traylor.

Clive Traylor nem esteve perto da plantação de milho onde Hailey Lizbrook tinha sido morta há duas noites. Em vez disso, ele estava on-line, distribuindo pornografia infantil.

Quando Mackenzie viu o ícone de um software de navegação anônima na tela inicial de Traylor e, em seguida, a caixa de um hardware de bloqueio de IP no corredor de Traylor, ela foi capaz de juntar as peças. O fato de que Traylor era um agressor sexual conhecido tinha feito a equação ficar mais fácil de ser resolvida.

Nelson estava com Mackenzie e Porter enquanto Traylor foi retirado.

“Achamos que apenas tocamos na superfície do problema”, disse ele. “Já que podemos desativar o software instalado, eu acho que nós vamos encontrar muito mais coisas. Muito bom trabalho, vocês dois.”

“Obrigado, senhor”, disse Porter, claramente em desacordo tomando para si o louvor que Mackenzie principalmente merecia.

“A propósito”, disse Nelson, olhando diretamente para Mackenzie agora “, eu mandei alguns caras para o galpão nos fundos. Não havia nada lá—apenas alguns trabalhos manuais inacabados— uma estante, algumas mesas, coisas assim. Eu mesmo os fiz verificar os postes atrás do galpão e eles são feitos de pinho, a mesma madeira que ele usa para fazer suas coisas. Por isso, foi apenas uma enorme coincidência.”

“Eu estava certo de que este era o cara”, disse Porter.

“Bem, não deixe isso lhe desanimar”, disse Nelson. “Está cedo para isso.”

Nelson deixou-os, dirigindo-se para falar com a equipe de técnicos que estava trabalhando para investigar a fundo o laptop de Traylor.

“Foi um pensamento perspicaz”, disse Porter. “Eu teria perdido as duas coisas—o software em seu computador e caixa de hardware.”

Ele parecia deprimido, quase triste.

“Obrigada”, disse Mackenzie, um pouco desconfortável. Ela queria contar como tinha chegado às suas conclusões, mas percebeu que só iria irritá-lo. Então, ela manteve o silêncio, como sempre.

“Bem”, disse Porter, batendo as mãos como se o assunto estivesse agora totalmente resolvido. “Vamos voltar para o posto e ver o que mais podemos descobrir sobre o nosso assassino.”

Mackenzie assentiu, não se apressando para entrar no carro. Ela olhou de volta para a casa de Clive Traylor e o galpão no quintal. Ela podia ver as extremidades dos postes de onde ela estava. Superficialmente, sim, era uma certeza. Mas agora acabou por ser algo totalmente diferente, ela foi novamente confrontada com o fato de que eles praticamente voltaram à estaca zero.

Há ainda havia um assassino lá fora, e ao passar de cada minuto, eles estavam lhe dando outra chance de matar alguém.


CAPÍTULO OITO

Como um menino, um de seus passatempos favoritos era sentar na varanda de trás e ver o gato deles correr em torno do estaleiro. Era particularmente interessante sempre que ele ia em cima de um pássaro ou, uma ocasião, foi um esquilo. Ele observou que o gato gastava até quinze minutos perseguindo um pássaro, brincando com ele, até que finalmente pulava sobre ele, arrancando o pescoço e lançando suas pequenas penas no ar.

Ele pensou naquele gato agora, enquanto observava a mulher chegar em casa de mais uma noite no trabalho—um local de trabalho onde ela ficou de pé sobre um palco e exibiu sua carne. Como o gato de sua infância, ele estava perseguindo aquela mulher. Ele descartou a ideia de levá-la de seu local de trabalho; a segurança era atenta, e mesmo sob o brilho obscuro dos postes naquela hora da manhã, havia muita chance de ser pego. Em vez disso, ele esperou no estacionamento do condomínio dela.

Ele estacionou na frente das escadas no lado direito do condomínio, aquelas eram as que ela usava para ir para o seu apartamento no segundo andar. Então, depois de três horas, ele subiu as escadas e esperou no patamar entre o primeiro e o segundo lance de escadas. Era mal iluminado e completamente quieto àquela hora da noite. Ainda assim, como um chamariz, ele tinha um celular velho que ele iria colocar rapidamente ao seu ouvido e fingir falar se alguém passasse por ele.

Ele a seguiu por duas noites e já sabia que ela iria chegar em casa em algum momento entre três e quatro horas da manhã. Em ambas as ocasiões em que ele a tinha seguido e estacionado no lado oposto da rua, tinha visto apenas uma pessoa usar as escadas entre três e quatro horas da manhã, e ele estava claramente bêbado.

De pé no patamar, ele viu o carro dela e agora ele assistia ela sair dele. Mesmo vestida com roupas casuais, ela parecia exibir suas pernas. E o que ela estava fazendo durante toda a noite? Mostrando as pernas, fazendo os homens ficarem excitados.

Ela se aproximou da escada e ele colocou o telefone no ouvido. Mais alguns passos e ela ficaria bem na frente dele. Ele sentiu seus músculos da panturrilha apertarem, esperando a hora do bote, e mais uma vez ele pensou em seu gato da infância.

Ouvindo os sons leves de seus passos abaixo, ele começou a fingir que conversava. Ele falou em voz baixa, mas não de uma forma conspiratória. Ele pensou que poderia até mesmo dar-lhe um sorriso quando ela aparecesse.

E então ela estava lá, chegando perto do patamar, indo para o segundo lance de escadas. Ela olhou para ele, viu que ele estava ocupado e parecia inofensivo, e deu-lhe um aceno. Ele acenou de volta, sorrindo.

Quando ela estava de costas para ele, ele agiu rapidamente.

Sua mão direita foi para o bolso de sua jaqueta, tirando um pedaço de pano que tinha embebido em clorofórmio segundos antes de sair do carro. Ele usou o outro braço para envolvê-la em torno de seu pescoço, arrastando-a para trás. Ela só foi capaz de deixar sair um pequeno grito de surpresa antes do pano ser pressionado contra sua a boca.

Ela lutou imediatamente, mordendo e de alguma forma conseguindo cravar o seu dedo mindinho. Sua mordida era forte e ele tinha certeza que ela tinha mordido completamente através de seu dedo. Ele se afastou por um momento, mas foi o suficiente para ela se afastar dele, saindo do laço que ele havia colocado em volta de seu pescoço com a curva de seu braço esquerdo.

Ela começou a subir as escadas e soltou um gemido. Este gemido, ele sabia, iria evoluir para um grito em algum momento. Ele mergulhou para a frente, estendendo a mão e agarrando sua sedosa perna nua. As escadas o atingiram no peito e no estômago, tirando o seu fôlego, mas ele ainda foi capaz de puxar com força a perna dela. Com um pouco de choro desesperado, ela foi caindo no chão. Houve um estalo quando seu rosto atingiu as escadas.

Ela ficou mole e ele instantaneamente se arrastou até as escadas para olhar mais atentamente. Ela bateu a têmpora na escada. Surpreendentemente, não havia sangue, mas mesmo sob a luz fraca, ele poderia dizer que um inchaço já estava começando a se formar.

Movendo-se rapidamente, ele colocou o pano de volta no bolso, achando que ela havia roído seu dedo mindinho muito bem. Ele, então, pegou-a e descobriu que não havia resistência em suas pernas. Ela tinha sido nocauteada.

Mas ele já lidou com isso antes. Ele a pegou do lado onde o inchaço estava se formando e a colocou com todo o seu peso sobre esse lado. Ele, então, arrastou-a pelas escadas com um braço em volta da cintura dela, os pés dela se arrastavam soltos.

Com a outra mão, ele trouxe o telefone inativo até o outro ouvido apenas no caso de eles passarem por alguém naqueles cerca de 4 metros até seu carro. Ele tinha suas frases prontas caso precisasse: Eu não sei o que te dizer, cara. Ela está bêbada—Desmaiada de bêbada. Achei que era melhor levá-la de volta para sua casa.

Mas a hora tardia não exigia aquele trecho de teatralidade. As escadas e o estacionamento estavam absolutamente ermos. Ele a colocou no carro sem incidentes, sem ver uma vivalma.

Ele deu a partida e saiu do estacionamento, em direção ao leste.

Dez minutos mais tarde, quando sua cabeça bateu suavemente contra a janela do passageiro, ela murmurou algo que ele não conseguia entender.

Ele estendeu a mão e acariciou a mão dela.

“Está tudo bem”, disse ele. “Tudo vai ficar bem.”


CAPÍTULO NOVE

Mackenzie estava lendo sobre o relatório final sobre Clive Traylor, se perguntando onde ela errou, quando Porter entrou em seu escritório. Ele ainda parecia um pouco desapontado desde de manhã. Mackenzie sabia que ele tinha certeza de que Traylor era o cara, e ele odiava estar errado. Mas seu humor irritável constante era algo com o qual Mackenzie tinha se acostumado há tempos.

“Nancy disse que estava procurando por mim”, disse Porter.

“Sim”, disse ela. “Eu acho que nós precisamos fazer uma visita ao clube de strip onde Hailey Lizbrook trabalhava.”

“Por quê?”

“Para falar com seu chefe.”

“Já falei com ele ao telefone”, disse Porter.

“Não, você falou com ele ao telefone,” Mackenzie enfatizou. “Para um total de cerca de três minutos, eu poderia acrescentar.”

Porter balançou a cabeça lentamente. Ele entrou totalmente no escritório, fechando a porta atrás de si. “Olhe”, ele disse, “Eu estava errado sobre Traylor esta manhã. E você impressionou pra caramba com aquela queda. Está claro que eu não estou demonstrando respeito bastante. Mas isso ainda não lhe dá o direito de falar comigo como se eu fosse inferior.”

“Eu não estou fazendo isso com você”, disse Mackenzie. “Eu estou simplesmente apontando que em um caso onde nossas pistas são próximas de zero, precisamos esgotar todas as vias possíveis.”

“E você acha que este proprietário de clube de strip pode ser o assassino?”

“Provavelmente não”, disse Mackenzie. “Mas eu acho que vale a pena falar com ele para ver se ele pode nos levar à alguma coisa. Além disso, você verificou se o cara tem passagem criminal? “

“Não”, disse Porter. A careta em sua face deixou claro que ele odiava admitir isso.

“Ele tem uma história de abuso doméstico. Além disso, há seis anos, ele estava envolvido com um caso em que ele supostamente tinha uma funcionária de dezessete anos de idade. Ela chegou mais tarde, e disse que só conseguiu o trabalho porque fazia favores sexuais para ele. O caso foi descartado, porque a menina era uma fugitiva e ninguém poderia provar a sua idade.”

Porter suspirou. “White, você sabe qual foi a última vez que eu pisei em um clube de strip?”

“Eu prefiro não saber”, disse Mackenzie. E, por Deus, ela conseguiu um sorriso dele?

“Tem muito tempo”, ele disse girando os olhos.

“Bem, é trabalho, não prazer.”

Porter riu. “Quando você chega à minha idade, a linha entre os dois, às vezes, borra. Agora vamos. Vamos. Imagino que os clubes de strip não mudaram muito nos últimos trinta anos.”

*

Mackenzie só tinha visto clubes de strip em filmes e, embora ela não tivesse ousado dizer aquilo ao Porter, ela não tinha certeza do que esperar. Quando entraram era apenas um pouco mais de seis horas da tarde. O estacionamento estava começando a encher com homens estressados saindo de seus turnos de trabalho. Alguns desses homens deram à Mackenzie atenção demais, enquanto ela e Porter andavam pelo lobby em direção à área do bar.

Mackenzie pegou o melhor lugar que podia. A iluminação era fraca, como um crepúsculo permanente, e a música era alta. Atualmente, duas mulheres estavam em um palco parecido com uma passarela de moda, dançando em um mastro. Vestindo apenas calcinhas bem pequenas, eles estavam dando o seu melhor para dançar de forma sexy uma música do Rob Zombie.

“Então”, disse Mackenzie, enquanto esperavam pelo barman, “mudou?”

“Nada, exceto a música”, disse Porter. “Esta música é terrível.”

Ela tinha que dar isso a ele; ele não estava olhando para o palco. Porter era um homem casado há vinte e cinco anos. Vendo como ele estava voltado para as fileiras de garrafas de bebidas atrás do bar em vez de olhar as mulheres de topless no palco fez seu respeito por ele subir um ponto. Era difícil ver o Porter como um homem que respeitava a sua esposa de tal forma, ela ficou feliz por estar errada com relação a ele.

O bartender finalmente veio até eles e seu rosto ficou sem energia imediatamente. Embora nem Porter nem Mackenzie usassem qualquer tipo de uniforme da polícia, suas roupas ainda os mostravam como pessoas que estavam lá a negócios—e provavelmente, não eram negócios do tipo positivo.

“Posso ajudá-los?”, perguntou o barman.

Posso ajudá-los? Mackenzie pensava. Ele nem nos perguntar o que poderia nos trazer para beber. Ele perguntou se poderia nos ajudar. Ele já viu gente da nossa espécie aqui antes. Um ponto para o proprietário.

“Nós gostaríamos de falar com o Sr. Avery, por favor”, disse Porter. “E eu quero um rum com Coca-Cola.”

“Ele está ocupado no momento”, disse o barman.

“Tenho certeza que ele está”, disse Porter. “Mas precisamos falar com ele.” Ele então pegou seu distintivo do bolso do casaco interior e mostrou, o colocou de volta como se tivesse acabado de fazer um truque de mágica. “Mas ele precisa falar conosco ou eu posso fazer algumas ligações e tornar essa situação realmente oficial. Ele decide. “

“Um segundo”, disse o barman, não desperdiçando mais um minuto. Ele caminhou para o outro lado do bar e passou por portas duplas que lembravam Mackenzie as portas dos 'saloons’ dos filmes baratos de velho oeste que ela tinha visto.

Ela olhou de volta para o palco onde agora havia apenas uma mulher, dançando ao som de Van Halen “Running with the Devil.” Havia algo sobre a maneira como a mulher se movia que fez Mackenzie se perguntar se strippers não tinham dignidade e, portanto, não se preocupam em expor seus corpos, ou se elas apenas eram muito confiantes. Ela sabia que não havia para ela nenhuma maneira de fazer algo parecido. Enquanto ela era confiante sobre muitas coisas, seu corpo não era um deles, apesar dos muitos olhares lascivos que ela recebia de homens aleatórios de tempos em tempos.

“Você parece um pouco fora de lugar”, alguém ao seu lado disse.

Ela olhou para a direita e viu um homem se aproximando dela. Ele parecia ter cerca de trinta anos, e parecia estar ali sentado no bar por um tempo. Ele tinha aquele tipo de brilho nos olhos que ela já tinha visto em muitos brigões bêbados.

“Há uma razão para isso”, disse Mackenzie.

“Só estou falando”, disse o homem. “Você não vê muitas mulheres em lugares como este. E quando elas estão aqui, estão geralmente com um marido ou namorado. E, francamente, eu não vejo vocês dois”, disse ele, apontando para Porter,” como um casal”.

Mackenzie ouviu Porter rir. Ela não tinha certeza do que a incomodava mais: o fato de que este homem tinha chegado corajoso o suficiente para sentar-se ao lado dela, ou Porter estar curtindo cada minuto daquilo.

“Nós não somos um casal”, disse Mackenzie. “Nós trabalhamos juntos.”

“Apenas tomando umas após o trabalho, né?”, ele perguntou. Ele estava inclinado para mais perto, perto o suficiente para Mackenzie sentir o cheiro da tequila em seu hálito. “Por que você não me deixa comprar uma bebida para você?”

“Olha”, Mackenzie disse, ainda sem olhar para ele. “Eu não estou interessada. Então, basta sair até a próxima vítima involuntária. “

O homem se aproximou e olhou para ela por um momento. “Você não precisa falar como uma cadela.”

Mackenzie virou para ele, finalmente, e quando eles se encararam, algo no olhar do homem mudou. Ele viu que ela estava falando sério, mas ele tinha bebido demais e, aparentemente, não conseguiria enfrentá-la. Ele colocou uma mão em seu ombro e sorriu para ela. “Desculpe-me”, disse ele. “O que eu quis dizer é que, bem, não, eu quis dizer o que eu disse. Você não tem que ser uma cadela—”

“Tira a mão de cima de mim”, Mackenzie disse suavemente. “Último aviso.”

“Você não gosta da sensação da mão de um homem?”, ele perguntou, rindo. Sua mão deslizou por seu braço, apalpando-a agora em vez de simplesmente tocar. “Eu acho que é por isso que você está aqui para olhar mulheres nuas, hein?”

O braço de Mackenzie subiu com a velocidade de um relâmpago. O pobre homem embriagado nem sequer percebeu o que tinha acontecido até depois que ela empurrou seu antebraço no pescoço dele e ele foi caindo de sua banqueta, engasgado. Quando ele bateu, fez barulho suficiente para atrair um dos guardas de segurança que havia parado na borda da área do lounge.

Porter estava, então, de pé, pisando entre o guarda e Mackenzie. Ele mostrou o distintivo e, para surpresa de Mackenzie, estava quase de igual para igual com o guarda muito maior. “Devagar, menino grande”, disse Porter, esfregando o rosto do cara com o distintivo. “Na verdade, se você quiser evitar o espetáculo de ter alguém preso neste estabelecimento decadente, eu sugiro que você ponha este idiota para fora daqui.”

O guarda olhou de Porter para o bêbado no chão, ainda tossindo com falta de ar. O guarda entendeu o que ele estava enfrentando e assentiu. “Claro que sim”, disse ele, arrastando o homem bêbado pelos pés.

Mackenzie e Porter observavam quando o guarda escoltou o homem embriagado até a porta. Porter cutucou Mackenzie e riu. “Você é cheia de surpresas, não é?”

Mackenzie apenas encolheu os ombros. Quando se virou para a área do bar, o barman tinha retornado. Outro homem estava ao lado dele, olhando para Mackenzie e Porter como se fossem cães vadios em que ele não confiava.

“Você quer me dizer o que foi tudo isso?”, perguntou o homem.

“Você é o Sr. William Avery?”, perguntou Porter.

“Sou.”

“Bem, Sr. Avery,” Mackenzie disse, “seus clientes precisam se empenhar em manter a boca fechada e as mãos controladas.”

“Sobre o que querem falar?”, perguntou Avery.

“Existe algum lugar mais privado, onde podemos falar?”, perguntou Porter.

“Não. Aqui está bom. Este é o período mais movimentado do dia para nós. Eu preciso estar aqui para ajudar a tomar conta do bar “.

“Você com certeza cuida do bar”, disse Porter. “Eu pedi um rum e uma Coca-Cola há cinco minutos, e nada.”

O barman fez uma careta e, em seguida, virou-se para as garrafas atrás dele. Em sua ausência, Avery inclinou-se e disse: “Se é sobre Hailey Lizbrook, eu já disse para os seus outros tiras camaradas tudo o que sei sobre ela.”

“Mas você não conversou comigo”, disse Mackenzie.

“E daí?”

“E daí, que eu tenho uma abordagem diferente de quase todos os outros, e este é o nosso caso”, disse ela, apontando para Porter. “Então, eu preciso de você para responder a mais perguntas.”

“E se eu não quiser?”

“Bem, se você não fizer isso,” Mackenzie disse: “Posso entrevistar uma mulher chamada Colby Barrow. Esse nome parece familiar? Eu acredito que ela tinha dezessete anos quando ela começou a trabalhar aqui, certo? Ela conseguiu o emprego fazendo sexo oral em você, eu acho. O caso está morto, eu sei. Mas eu me pergunto se ela tem alguma coisa para me contar sobre suas práticas de negócios que poderiam ter sido varridas para debaixo do tapete, há seis anos. Pergunto-me se ela pode ser capaz de me dizer por que você não parece dar a mínima para o fato de que uma de suas dançarinas foi morta há três noites”.

Avery olhou para ela como se quisesse dar um tapa nela. Ela quase quis que ele tentasse. Ela tinha encontrado muitos homens como ele nos últimos anos—homens que não estavam nem aí para as mulheres até que as luzes estivessem apagadas e eles precisassem de sexo ou algo para bater. Ela sustentou o olhar, deixando-o saber que ela era muito mais do que um saco de pancadas.

“O que você quer saber?”, perguntou.

Antes de responder, o barman finalmente entregou a bebida de Porter. Porter tomou um gole, sorrindo conscientemente para Avery e o barman.

“Hailey tinha homens que vinham aqui e, geralmente, se reuniam para vê-la?”, perguntou Mackenzie. “Ela tinha fregueses?”

“Ela tinha um ou dois”, disse Avery.

“Você sabe os nomes deles?”, perguntou Porter.

“Não. Eu não presto atenção nos homens que vêm aqui. Eles são como quaisquer outros homens, sabe? “

“Mas já que elas descem,” Mackenzie disse, “você acha que algumas de suas outras dançarinas podem saber os nomes deles?”

“Eu duvido”, disse Avery. “E vamos falar a real: a maioria delas pede o nome do cliente apenas para ser agradável. Elas não dão a mínima para os seus nomes. Elas estão apenas tentando ganhar dinheiro. “

“Hailey era uma boa funcionária?”, perguntou Mackenzie.

“Sim, ela era, na verdade. Ela estava sempre disposta a trabalhar em turnos extras. Ela amava seus dois filhos, sabe?”

“Sim, nós nos encontramos com eles”, disse Mackenzie.

Avery suspirou e olhou para o palco. “Escuta, você é pode falar com qualquer uma das meninas, se você acha que isso vai ajudar a descobrir quem matou Hailey. Mas eu não posso deixar você fazer isso aqui, não agora. Elas ficariam bravas e isso acabaria com o meu negócio. Mas eu posso lhe dar uma lista de seus nomes e números de telefone se você realmente precisa disso.”

Mackenzie pensou sobre isso por um minuto e depois sacudiu a cabeça. “Não, eu não acho que isso seja necessário. Obrigado pelo seu tempo.”

Com isso, ela se levantou e bateu no ombro de Porter. “Terminamos aqui.”

“Eu não”, disse ele. “Eu ainda preciso terminar minha bebida.”

Mackenzie estava prestes a discutir quando o telefone de Porter tocou. Ele respondeu, pressionando a mão livre contra o seu outro ouvido para bloquear o ruído horrível da música estridente do Skrillex que saia do equipamento de som. Ele falou rapidamente, balançando a cabeça em algumas partes antes de desligar. Em seguida, ele bebeu o resto de sua bebida e entregou as chaves do carro para Mackenzie.

“O que foi?”, ela perguntou.

“Parece que eu já terminei também”, disse ele. Então seu rosto ficou estático. “Houve outro assassinato.”


CAPÍTULO DEZ

Eles dirigiram um pouco mais de duas horas e meia depois de receber a chamada no clube de strip, a noite caindo lentamente durante todo o caminho, aumentando o humor deprimido de Mackenzie, e quando eles chegaram ao local, a noite havia caído. Eles finalmente saíram da rodovia principal para uma faixa de asfalto de terra batida, e depois para uma estrada de terra que levou a um grande campo aberto. Quando se aproximaram do seu destino, ela começou a sentir uma sensação iminente de destruição.

Seus faróis brilhavam um pouco à frente dela quando ela cuidadosamente os levou por uma trilha de terra esburacada, e lentamente, ela começou a ver os numerosos carros de polícia já em cena. Alguns deles estavam apontados para o centro do campo, seus faróis revelando uma visão macabra, mas familiar.

Por mais que ela tentasse não reagir assim, ela se encolheu com a visão.

“Meu Deus do céu”, disse Porter.

Mackenzie estacionou, mas não tirou os olhos da cena quando ela saiu do carro e caminhou lentamente para a frente. A grama no campo estava alta, chegando até os joelhos em alguns lugares, e ela podia ver a trilha um pouco marcada que os oficiais estavam usando. Havia muitos policiais ali; ela já estava preocupada se a cena havia sido contaminada.

Ela olhou para cima e tomou fôlego. Era outra mulher, apenas com as roupas de baixo, amarrada a um poste que parecia ter aproximadamente dois metros e meio de altura. Desta vez, vendo a mulher pendurada de tal forma, Mackenzie foi incapaz de reprimir uma memória sobre sua irmã. Steph tinha sido uma stripper, também. Mackenzie não sabia exatamente o que Steph fazia até então, mas foi muito fácil imaginá-la acabar assim.

Mackenzie se aproximou da vítima, ela olhou ao redor da cena do crime e contou sete oficiais em todos. Dois policiais estavam ao lado, falando com dois adolescentes. Mais à frente, de pé a poucos metros de distância do poste e da vítima, Nelson estava falando com alguém em seu telefone. Ao vê-los, ele acenou e rapidamente terminou a sua chamada.

“Qualquer coisa de substancial no clube de strip?”, perguntou Nelson.

“Não, senhor”, disse Mackenzie. “Estou convencida de que Avery não sabe de nada.

Ele ofereceu os nomes e números de todas as suas funcionárias se precisássemos, mas eu não acho que vamos precisar de sua ajuda. “

“Precisamos da ajuda de alguém“, disse Nelson, olhando para o poste e parecendo que ficaria enjoado.

Mackenzie se aproximou do corpo e viu de imediato que este estava pior do que o corpo de Hailey Lizbrook. Para começar, havia um caroço grande e um hematoma no lado esquerdo do rosto da mulher. Havia também sangue seco dentro e em torno de sua orelha. As marcas nas costas pareciam feitas com a mesma arma, só que desta vez tinha sido aplicada com mais força e mais vezes.

“Quem descobriu o corpo?”, Perguntou Porter.

“Aquelas duas crianças lá”, disse Nelson, apontando para onde um dos oficiais ainda estava falando com os dois adolescentes. “Eles admitiram que vieram aqui para transar e fumar maconha. Eles disseram que já estavam fazendo isso por volta de um mês. Mas esta noite, eles descobriram isso. “

“O mesmo tipo de corpo de Hailey Lizbrook”, Mackenzie disse, pensando em voz alta. “Eu acho que nós provavelmente podemos supor que ela também tinha a mesma profissão, ou similar.”

“Eu preciso de respostas sobre isso, gente”, disse Nelson. “E eu preciso delas agora.”

“Nós estamos tentando”, disse Porter. “White está incomodada com esta situação e—”

“Eu preciso de resultados”, disse Nelson, já perto da fúria. “White, eu até vou precisar um pouco do seu “pensar fora da caixa” neste caso.”

“Pode me emprestar uma lanterna?”, perguntou ela.

Nelson enfiou a mão no bolso do casaco e tirou uma pequena Maglite que ele alegremente jogou para ela. Ela pegou, acendeu-a, e começou a olhar ao redor da cena. Ela ignorou as brincadeiras nervovas de Nelson e o deixou descarregar seu nervosismo com Porter.

Com uma perfeita precisão que tomava conta dela em momentos como este, o mundo se dissipou quando ela começou a vasculhar a cena para achar quaisquer indícios. Havia vários que se destacaram de imediato. Por exemplo, ela sabia que Nelson e os outros oficiais tinham usado o mesmo caminho batido para chegar ao corpo para evitar contaminar a cena; fora da trilha desgastada, de seus carros até o corpo, havia vários outros cortes na grama alta, provavelmente feitos pelo assassino.

Ela desviou um pouco da trilha e, lentamente, arqueou o feixe de luz em torno do campo que circundava o poste. Ela fez algumas observações mentais, olhou de volta para os dois adolescentes, e depois voltou para o poste. Ela olhou o corpo procurando quaisquer outras pistas e teve a certeza de que este corpo, como o de Hailey Lizbrook, não mostraria sinais de abuso sexual.

Começou a se pergunar se a colocação do poste era mais do que apenas um artifício teatral. Algo sobre ele parecia proposital, quase como uma necessidade para o assassino. Por um breve momento, ela pôde vê-lo, suas mãos se posicionando no poste e começando trabalho.

Ele o arrasta com orgulho, talvez até consegue levantá-lo em suas costas. Dá trabalho esta tarefa, um pré-requisito para os assassinatos. Ter trabalho com poste, trazê-lo para o local, cavar o buraco e instalá-lo—há uma satisfação nesta dificuldade. Ele está preparando o local para o assassinato. Ele fica tão satisfação com este trabalho quanto com o assassinato.

“Quais são seus pensamentos, White?” Nelson perguntou enquanto a observava andar envolta do corpo.

Mackenzie piscou, sendo arrancada da imagem do assassino em sua mente. Percebendo o quão profundo ela tinha ido ali por um momento, ela sentiu um ligeiro calafrio.

“Facilemente você pode ver a pista onde ele arrastou o poste da faixa de terra até aqui”, disse ela. “Isso mostra que o poste não estava aqui originalmente. Ele o trouxe. E denota

que ele dirige uma picape ou algum tipo de van.”

“É o que eu imaginei”, disse Nelson. “Algo mais?”

“Bem, é difícil ter certeza à noite”, ela disse, “mas eu tenho certeza que o assassino tinha a vítima envolvida em algo quando ele a trouxe aqui.”

“Por quê?”

“Eu não vejo nenhum sangue na grama, mas algumas das feridas nas costas, especialmente aquelas ao redor das nádegas-estão ainda bastante molhadas.”

Enquanto Nelson digeria isso, Mackenzie foi ver o quadril dela na parte de trás do poste e pressionou a grama para baixo com uma mão. Com a outra, ela direcionou o feixe de luz ao longo da parte inferior do poste.

Seu coração acelerou quando viu os números: N511 / J202.

Ele usa uma faca ou um formão, e ele gasta muito tempo e esforço para garantir que as marcas sejam legíveis. Elas são importantes para ele e, mais do que isso, ele quer que elas sejam vistas. Consciente ou inconscientemente, ele quer alguém descubra por que ele está fazendo isso. Ele precisa que alguém entenda as suas motivações.

“Chefe?”, disse ela.

“Sim, White?”

“Os números novamente.”

“Merda”, disse Nelson, chegando até onde ela estava ajoelhada. Ele olhou para baixo e soltou um suspiro pesado. “Alguma ideia do que eles significam?”

“Nenhuma, senhor.”

“Ok”, disse Nelson. Suas mãos estavam em seus quadris e ele estava olhando para o céu escuro como um homem derrotado. “Então nós temos mais algumas respostas aqui, mas nada que irá interligar as coisas para nós em breve. Um homem dirigindo um caminhão ou van que tem acesso a postes de madeira e—”

“Espere”, disse Mackenzie. “Você acabou de dizer uma coisa.”

Ela voltou para a parte de trás do poste. Ela inclinou-se para olhar para o lugar onde os pulsos da mulher foram amarrados com corda.

“O que é?”, perguntou Porter, vindo para dar uma olhada.

“Você é bom com nós?”, perguntou ela.

“Na verdade, não.”

“Eu sou,” Nelson disse, também vindo para dar uma olhada. “O que você conseguiu?”

“Eu tenho certeza que este é o mesmo nó que foi utilizado para Hailey Lizbrook.”

“E se for?”, disse Porter.

“É um pouco incomum”, Mackenzie respondeu. “Você sabe dar um nó como aquele? Eu não sei.”

Porter olhou para ela novamente, parecendo perplexo.

“Eu tenho certeza que é um nó de marinheiro”, disse Nelson.

“Eu pensei o mesmo”, disse Mackenzie. “E embora possa ser um tiro no escuro, eu consideraria que o assassino pode estar familiarizado com barcos. Talvez ele vive perto da água ou viveu perto da água em algum momento.”

“Dirige um caminhão ou uma van, talvez vive perto da água, e tem algum tipo de problemas com a mãe”, disse Nelson. “Não há muito para seguir em frente, mas é melhor do que onde estávamos ontem”.

“E, dada a forma ritualística dessas mortes”, Mackenzie disse, “e o curto espaço de tempo entre as duas, só podemos supor que ele vai agir novamente.”

Ela se virou e olhou para ele, convocando toda a seriedade que ela podia.

“Com todo o respeito, senhor, eu acho que é hora de chamar o FBI.”

Ele franziu a testa.

“White, os processos deles só iriam nos atrasar. Teríamos mais dois corpos antes que eles sequer enviassem alguém para cá.”

“Eu acho que vale a pena tentar”, disse ela. “Estamos quebrando nossas cabeças.”

Ela odiava admitir, mas o olhar no rosto de Nelson mostrou que ele concordava. Ele balançou a cabeça solenemente e olhou para trás para o corpo no poste. “Eu vou ligar,” ele finalmente disse.

Atrás deles, eles ouviram um palavrão bem pontuado de um dos outros oficiais. Todos eles se viraram para ver o que estava acontecendo e viram o brilho saltando de faróis descendo a estrada de terra.

“Quem diabos é isso?”, perguntou Nelson. “Ninguém mais deve saber sobre isso e-”

“Uma van de reportagem”, disse o oficial que tinha soltado o palavrão.

“Como?”, disse Nelson. “Droga, quem continua enviando informações para esses babacas?”

A cena tornou-se uma enxurrada de atividades enquanto Nelson fazia de tudo que podia para preparar a chegada de uma equipe de reportagem. Ele estava fumando e parecia que sua cabeça poderia explodir a qualquer momento. Mackenzie aproveitou a oportunidade para tirar quantas fotos pôde: das depressões do campo, do nó nos pulsos da vítima, dos números na parte inferior do poste.

“White, Porter saiam daqui e voltem para o posto”, disse Nelson.

“Mas, senhor”, Mackenzie disse, “ainda precisamos de-”

“Apenas faça o que eu digo”, disse ele. “Vocês dois são as pistas sobre este caso e se a mídia fareijar isso, eles ficarão constantemente em seus traseiros atrasando o trabalho. Agora saiam daqui.”

Era uma sucessão sensata de pensamentos e Mackenzie fez o que lhe foi pedido. Mas enquanto se dirigia de volta para o carro com Porter, outro pensamento lhe ocorreu. Voltou-se para Nelson e disse: “Senhor, eu acho que deveríamos ter a madeira analisada,

neste poste e no último. Obter uma amostra e analisá-la. Talvez o tipo de madeira que está sendo usado nesses mastros pode nos levar a algo. “

“Caramba, que raciocínio bom, White,” disse ele. “Agora caiam fora”.

Mackenzie fez exatamente isso quando ela viu mais dois pares de faróis à direita atrás do primeiro. O primeiro conjunto pertencia a uma van de notícias com a sigla WSQT escrita do lado. Tinham acabado de estacionar no lado mais distante dos carros da polícia. Um repórter e um cinegrafista vieram com pressa e Mackenzie imediatamente pensou neles como abutres que circundam uma nova carcaça.

Quando ela entrou no carro, tomando o assento do motorista, novamente, um outro membro da equipe de reportagem saiu da van e começou a tirar fotos. Mackenzie ficou mortificada ao ver que a câmera estava apontada em sua direção. Ela abaixou a cabeça, entrou no carro e ligou o motor. Ela viu que três oficiais já estavam atacando em direção à van de notícias, Nelson no centro. Ainda assim, a repórter fez o seu melhor para forçar seu caminho até a frente.

Partiram, mas Mackenzie sabia que já era tarde demais.

Amanhã sua imagem estaria na primeira página de todos os jornais.


CAPÍTULO ONZE

Como se viu, Nelson estava errado sobre o FBI. Mackenzie recebeu a chamada às 6:35 da manhã solicitando que ela fosse para o aeroporto para pegar um agente. Ela tinha que se apressar, pois o vôo chegava às 8:05, e estava envergonhada por ter que fazer uma boa primeira impressão, mesmo sem ter tempo para arrumar o cabelo.

O cabelo dela, porém, foi a menor das suas preocupações enquanto se sentava na cadeira desconfortável do aeroporto, esperando no portão de desembarque. Ela estava tomando uma xícara de café, esperando colocar sua mente focada e esquecendo que o seu corpo só tinha conseguido cinco horas de sono na noite anterior. Foi a sua terceira xícara da manhã e ela sabia que ficaria nervosa se ela não parasse com aquilo. Mas ela não podia se dar ao luxo de estar cansada e desleixada.

Ela analisou tudo na sua cabeça enquanto esperava o agente sair do avião, reciclando a cena horrível da noite anterior. Ela não evitar se sentir como se tivesse perdido alguma coisa. Felizmente, o agente do FBI seria capaz de ajudá-los a trihar um caminho mais claro.

Nelson enviou para ela por e-mail o dossiê do agente, que ela leu rapidamente, enquanto comia uma banana e tomava uma tigela de mingau de aveia, como café da manhã. Devido a isso, Mackenzie viu o agente de imediato quando ele saiu do jato e desceu no aeroporto. Jared Ellington, trinta e um anos de idade, formado em Georgetown com um histórico que incluiu uma temporada fazendo perfis em casos de contraterrorismo. Seu cabelo negro estava penteado para trás como na foto e o terno revelador que ele usava o retratavam como alguém em missão oficial.

Mackenzie atravessou o portão para encontrá-lo. Ela odiava o fato de que ela continuava arrumando o seu cabelo estúpido para trás. Sentia-se esgotada e estranha, tendo saído às pressas no início da manhã. Mais do que isso, ela nunca havia realmente se importado muito sobre primeiras impressões e nunca tinha sido o tipo de pessoa que se preocupasse muito com sua aparência. Então, por que agora?

Talvez fosse porque ele era do FBI, uma agência que ela reverenciava. Ou talvez fosse porque, mesmo sem querer, ela foi arrebatada pelo visual dele. Ela se odiava por isso, não só por causa do Zack, mas devido à natureza urgente e horrível de seu trabalho.

“Agente Ellington,” ela disse, estendendo a mão, forçando seu tom a ser o mais profissional possível. “Eu sou Mackenzie White, um dos detetives do caso.”

“Prazer em conhecê-la”, disse Ellington. “Seu chefe me disse que você é a detetive responsável pelo caso. Certo?”

Ela fez o seu melhor para esconder seu choque, mas assentiu.

“Correto”, disse ela. “Eu sei que você acabou de sair do avião, mas precisamos nos apressar e levá-la para o posto.”

“É claro”, disse ele. “Mostre-me o caminho.”

Ela o levou através do aeroporto e depois para o estacionamento. Eles ficaram em silêncio durante a caminhada e Mackenzie aproveitou para medi-lo dos pés à cabeça. Ele parecia um pouco mais descontraído, não duro e rígido como os poucos caras do

Escritório que ela conheceu. Ele também parecia muito sério e intenso. Ele tinha um ar muito mais profissional do que qualquer dos homens com quem ela trabalhou.

Enquanto eles dirigiam na interestadual, lutando contra o tráfego do aeroporto pela manhã, Ellington começou a percorrer uma série de e-mails e documentos em seu telefone.

“Diga-me, Detective White”, disse ele, “que tipo de pessoa você acha que está procurando? Eu olhei as anotações que o Chefe Nelson me enviou, e eu tenho que lhe dizer que você me parece muito perspicaz.”

“Obrigado”, disse ela. Então, rapidamente para se desviar do elogio, ela acrescentou: “Quanto ao tipo de pessoa, eu acho que isso decorre de um abuso. Quando consideramos que as vítimas não foram abusadas sexualmente, mas despidas até mostrarem suas roupas íntimas, isso indica que estes são assassinatos baseados em uma necessidade de se vingar de alguma mulher que provavelmente lhe fez mal anteriormente em sua vida. Então, eu acho que pode ser um homem que se constrange com o sexo ou, pelo menos, acha sexo algo nojento. “

“Vejo que vocês não descartaram a possibilidade de contextos religiosos”, disse Ellington.

“Não, ainda não. A própria natureza de como ele dispõe os corpos tem conotações óbvias de crucificação. Além disso, o fato de que as mulheres que ele está matando são todas representações de luxúria masculina dificulta descartarmos essa possibilidade.”

Ele assentiu, ainda rolando a tela do seu telefone. Ela lançava olhares em sua direção enquanto dirigia através do tráfego e ficou perplexa com o quão bonito ele era. Não era óbvio à primeira vista, mas havia algo muito natural e robusto em Ellington. Ele nunca seria o líder, mas faria uma adição atrativa à liga dos heróis.

“Eu sei que isso parece rude,” ele disse, “mas eu estou tentando ter certeza que estou bem informado sobre o assunto. Tenho certeza que você sabe, fui chamado para este caso há menos de seis horas. Tem sido um redemoinho. “

“Não, não me parece rude”, disse Mackenzie. Ela achou revigorante estar em um carro com um homem e não ter a conversa preenchida com insultos paralelos e sexismo. “Você se importa se eu lhe perguntar quais são seus pensamentos iniciais sobre o assassino?”

“Minha grande questão é por que ele exibe os corpos”, disse Ellington. “Isso me faz pensar que os assassinatos não são apenas alguma vingança pessoal. Ele quer que as pessoas vejam o que ele fez. Ele quer fazer um espetáculo com estas mulheres, o que denota que ele está orgulhoso do que ele está fazendo. Eu iria mais longe, chego a supor que ele sente que está fazendo um favor ao mundo.”

Mackenzie sentiu uma agitação de excitação quando se aproximavam da delegacia. Ellington era o oposto de Porter e parecia ter o mesmo tipo de abordagem para a criação de perfis, como ela fez. Ela não conseguia se lembrar da última vez em que tinha sido capaz de compartilhar livremente os seus pensamentos com um colega de trabalho, sem medo de ser ridicularizada. Já era possível dizer que Ellington era de fácil entrosamento e valorizava as opiniões dos outros. E, francamente, não era nada desagradável olhar para ele.

“Eu sinto que você está no caminho certo”, disse Ellington. “Cá entre nós, penso que podemos pegar esse cara. Vendo as informações sobre os nós, o fato de que ele dirige uma van ou caminhão, e aparentemente, usa a mesma arma todas as vezes, há muito a adiante. Estou ansioso para trabalhar com você nisso, Detetive White.”

“Igualmente,” ela disse, pegando outro vislumbre dele com o canto do olho enquanto ele continuava a ler obedientemente os e-mails em seu telefone.

Sua excitação continuou a florescer; ela sentiu uma sensação de motivação que ela não sentia em seu trabalho já fazia um longo tempo. Ela sentiu-se inspirada, revigorou-e que as coisas estavam prestes a mudar em sua vida.

*

Um pouco mais de uma hora mais tarde, Mackenzie foi rapidamente levada de volta à realidade quando ela assistiu o agente Jared Ellington ficar na frente de uma sala de conferências lotada com a polícia local, que claramente msotravam que não precisavam da ajuda dele. Alguns sentados ao redor da mesa estavam tomando notas, mas havia uma tensão no ar aparecia no rosto de todos. Ela notou que Nelson estava sentado perto da cabeceira da mesa de conferência, parecendo nervoso e desconfortável. Em última análise, tinha sido a sua ligação que contactou o FBI e ficou claro que ele não tinha certeza de ter feito a escolha certa.

Enquanto isso, Ellington fez o seu melhor para manter o controle do local quando ele passou por um curto discurso, ele usou o mesmo material que ele e Mackenzie discutiram a respeito na volta do aeroporto-que eles estavam procurando por um assassino que provavelmente tinha alguma aversão ao sexo e também se sentia orgulhoso dos assassinatos. Ele também passou por uma revisão de todas as pistas que tiveram e o que elas podem significar. Foi quando abordou o tópico de ter a madeira dos postes analisada que ele obteve todo tipo de resposta dos funcionários espalhados em volta da mesa.

“No que diz respeito às amostras de madeira”, disse Nelson, “devemos ter os resultados dentro de algumas horas.”

“Para que isso serveria, afinal?”, perguntou Porter.

Nelson olhou para Mackenzie e balançou a cabeça, dando-lhe permissão para responder à essa pergunta. “Bem, com base nos resultados, poderiamos procurar por empresas madeireiras locais ou fábricas para ver se alguém recentemente comprou aquele tipo de poste.”

“Parece ser um tiro no escuro”, um policial mais velho no fundo da sala, disse.

“E é,” Ellington disse, rapidamente tomando o controle da reaunião na sala. “Mas um tiro no escuro é melhor do que nenhum tiro. E por favor, não se enganem sobre isso; eu não estou aqui para assumir o controle total sobre este caso. Eu estou aqui apenas como uma parte móvel da solução, uma referência para certificar que vocês terão acesso total a todos os recursos que o Escritório pode fornecer. Que inclui pesquisa, mão de obra, e qualquer outra coisa para ajudar a trazer este assassino. Eu estou aqui apenas temporariamente, provavelmente não mais do que trinta e seis ou quarenta e oito horas e, em seguida, eu vou embora. Este é o seu show, rapazes. Eu sou apenas o ajudante contratado.”

“Então, por onde vamos começar?”, perguntou outro policial.

“Eu vou trabalhar com o Chefe Nelson seguindo este briefing para dividir as equipes conforme o apropriado”, disse Ellington. “Nós vamos teremos alguns de vocês cabeça lá fora para falar com as colegas de trabalho de Hailey Lizbrook. E pelo que sei, vamos ter resultados completos da autópsia e informações sobre a falecida descoberta na noite passada. Assim que tivermos uma identificação positiva, alguns de vocês terão de visitar a sua família e amigos para obter informações. Também vamos precisar de alguém para verificar com as fábricas locais, quando tivermos os resultados do teste da madeira.

Mais uma vez, Mackenzie notou a postura rígida da maior parte dos policiais ao redor da mesa. Ela achou difícil acreditar que eles eram tão orgulhosos (ou talvez, ela pensou, muito preguiçosos) para assumir diretamente as ordens de alguém que eles não conhecem bem, independentemente de sua posição na “cadeia alimentar dos policiais”. A mentalidade de cidade pequena seria tão difícil de romper? Ela sempre quis saber isso pelo jeito humilhante com que a maioria dos homens nesta sala a tratavam desde que ela chegou.

“Isso é tudo por agora”, disse Ellington. “Alguma pergunta?”

Claro, não havia nenhuma. Nelson, no entanto, juntou-se a Ellington na dianteira da sala.

“O agente Ellington estará trabalhando com a Detetive White, por isso, se vocês precisarem dele, podem encontrá-lo no escritório dela. Eu sei que isso é um pouco não ortodoxo, mas vamos fazer o que deve ser feito e tirar o máximo proveito da generosidade do Departamento Federal de Investigação.”

Houve resmungos e murmúrios de reconhecimento quando os oficiais se levantaram da mesa. Quando eles saíram, Mackenzie notou que alguns deles estavam olhando para ela com reprovação e angústia mais do que o habitual. Ela desviou o olhar quando se levantou e se juntou a Nelson e Ellington na parte da frente da sala.

“Existe algo que eu deveria saber?” Perguntou Mackenzie para Nelson.

“O que você quer dizer?”

“Eu estou recebendo olhares mais desagradáveis do que o habitual”, disse ela.

“Olhares desagradáveis?” Perguntou Ellington. “Por que você geralmente ganha olhares desagradáveis?”

“Porque eu sou uma mulher jovem e determinada que fala o que pensa”, disse Mackenzie. “Os homens ao redor aqui não ligo para isso. Há alguns que pensam que eu deveria estar em casa, na cozinha.”

Nelson parecia altamente constrangido e um pouco chateado também. Ela pensou que ele poderia dizer algo para defender a si mesmo e a seus oficiais, mas ele não teve essa oportunidade. Porter se juntou a eles e bateu o jornal local do dia em cima da mesa.

“Eu acho que esta é a razão para os olhares de reprovação”, disse ele.

Todos olharam para baixo em direção ao papel. O coração de Mackenzie gelou quando

Nelson deixou escapar um palavrão logo atrás dela.

A manchete da primeira página dizia “ASSASSINO ESPANTALHO ainda em liberdade.” Abaixo, o subtítulo: “Força policial parece não ter respostas e outra vítima foi descoberta.”

A imagem abaixo mostrava Mackenzie entrando no carro, ela e Porter tinham ido para o local do crime ontem. O fotógrafo capturou o lado esquerdo inteiro do rosto dela. O pior de tudo era que ela estava muito gata na foto. Admitindo isso ou não, esta imagem a colocada diretamente sob a manchete, essencialmente lhe mostrava como o “rosto” da investigação.

“Isso não é justo”, disse ela, odiando o jeito que soou saindo de sua boca.

“Os caras acham que está gostando de aparecer”, disse Porter. “Eles acham que você está arruinando tudo para ter publicidade.”

“É assim que você se sente?” Nelson perguntou para ele.

Porter deu um passo para trás e suspirou. “Pessoalmente, não. White tem provado quem ela é nestes últimos dias. Ela quer esse cara preso, não importa como.”

“Então, por que você não a defende?”, disse Nelson. “Exerça alguma influência enquanto esperamos que a última vítima seja identificada e pelos resultados da amostra de madeira.”

Parecendo uma criança que tivesse acabado de ser repreendida por mentir, Porter abaixou a cabeça e disse: “Sim, senhor.” Ele saiu sem olhar para trás.

Nelson olhou de volta para o papel e depois para Mackenzie. “Eu acho que você deve aproveitar. Se a mídia quer colocar um rosto bonito nesta investigação, deixe-os levar isso a diante. Você ficará muito melhor quando trouxer este bastardo.”

“Sim, senhor.”

“Agente Ellington, o que você precisa de mim?”, perguntou Nelson.

“Apenas o seu melhor detetive.”

Nelson sorriu e apontou um polegar em direção à Mackenzie. “Você está olhando para ela.”

“Então eu acho que estamos bem.”

Nelson saiu da sala de conferências, deixando Ellington e Mackenzie sozinhos. Mackenzie começou a pegar seu laptop e anotações enquanto Ellington olhou ao redor do recinto. Ficou claro que ele se sentiu deslocado e não tinha certeza de como lidar com essa situação. Ela estava um pouco deslocada também. Ela estava feliz porque todo mundo tinha ido embora. Ela gostava de estar sozinha com ele; sentiu-se como se tivesse um confidente, alguém que lhe tratasse de igual para igual.

“Então,” ele disse, “eles realmente humilham você porque você é jovem e mulher?”

Ela encolheu os ombros.

“É assim que percebo. Eu vejo os recrutas que chegam—homens, se incomodam—, se irritam, mas não os menosprezam como fazem comigo. Sou jovem, motivada, e segundo alguns, nada desagradável de se olhar. Essa combinação acaba com eles.

É mais fácil para eles me fazer passar por uma estúpida demasiadamente ambiciosa do que me reconhecer como uma mulher com menos de trinta anos de idade quem tem uma ética de trabalho mais sólida do que as deles.”

“Isso é lamentável”, disse ele.

“Eu senti uma ligeira mudança nos últimos dias”, disse ela. “Porter, em particular, parece estar se aproximando.”

“Bem, vamos resolver esse caso e trazer todos”, disse Ellington. “Você pode mandar trazer todas as fotografias de ambos os dias para o seu escritório?”

“Sim”, disse ela. “Encontre-me lá em cerca de dez minutos.”

“É isso aí.”

Mackenzie decidiu ali mesmo que gostava de Jared Ellington um pouco demais para seu próprio bem. Trabalhar com ele pelos poucos próximos dias seria desafiador e interessante—mas por outras razões que não o caso em questão.


CAPÍTULO DOZE

Mackenzie chegou em casa logo após sete horas daquela noite, sabendo muito bem que ela poderia ser chamada a qualquer momento. Havia tantos caminhos abertos agora, tantas pistas diferentes que poderiam requer sua atenção. Ela podia sentir o seu corpo ficar cansado. Ela tinha não tinha dormido bem desde a primeira visita ao local do assassinato, e ela sabia que se ela não descansasse, ela acabaria cometendo erros desastrosos no trabalho.

Quando ela entrou pela porta, ela viu Zack sentado no sofá com um controle de Xbox na mão. Uma garrafa de cerveja estava na mesa de café na frente dele, com duas garrafas vazias alinhadas no chão. Ela sabia que ele tinha o dia de folga e supôs que esta seria a forma como ele passaria o dia. Isso fez ele parecer uma criança irresponsável a seus olhos e não era o que ela queria ver depois de um dia como hoje.

“Ei, querida,” Zack disse, mal tirando os olhos da televisão.

“Ei”, disse ela secamente, indo para a cozinha. Vendo a cerveja na mesa de café, ela tinha o desejo de desfrutar uma. Mas honestamente, sentindo-se exausta e nervosa, ela decidiu tomar uma xícara de chá de hortelã.

Enquanto esperava a chaleira ferver, Mackenzie entrou no quarto e trocou de roupa. Ela igorou o jantar e foi subitamente confrontada com o fato de que havia muito pouco que se pudesse comer na casa. Ela não tinha feito compras por algum tempo e sabia muito bem que Zack nem siquer havia pensado em fazer isso.

Depois que ela colocou shorts de ginástica e uma camiseta, ela caminhou de volta para o apito sedutor da chaleira. Quando ela derramou a água sobre o saco de chá, ouviu os tiros silenciados do jogo de Zack. Curiosa e querendo, pelo menos, abordar o tópico para ver como ele responderia, ela era incapaz de manter sua frustração para si mesma.

“O que você fez para o jantar?”, perguntou ela.

“Ainda não comi”, disse ele, sem se preocupar em olhar para longe da televisão. “Você ia fazer alguma coisa?”

Ela olhou para a parte traseira de sua cabeça e, por um momento, questionou o que Ellington estaria fazendo. Ela duvidava que ele jogasse videogames como alguns perdedores trancados na infância. Ela esperou um momento, deixando passar a raiva, e em seguida entrou na sala.

“Não, eu não farei nada. O que você fez durante toda a tarde?”

Ela podia ouvir o seu suspiro, até mesmo com as explosões do jogo. Zack parou o jogo e, finalmente, virou-se para olhar para ela. “Que diabos você quer dizer com isso?”

“Foi apenas uma pergunta”, disse ela. “Eu perguntei o que fez esta tarde. Se você não estivesse brincando com o seu joguinho, talvez você pudesse ter feito o jantar. Ou, pelo menos, comprado uma pizza ou algo assim.”

“Sinto muito”, disse ele, sarcasticamente e bem alto. “Como eu vou saber quando você vai chegar em casa? Você nunca fala essas coisas para mim.”

“Bem, ligue e pergunte,” ela retrucou.

“Para quê, droga?”, perguntou Zack, deixando cair o controlador e ficando de pé.” As poucas vezes que eu lhe incomodei ligando para você no trabalho, a chamada ia direto para o correio de voz e você nunca me liga de volta.”

“Isso é porque eu estava trabalhando, Zack”, disse ela.

“Eu trabalho também”, disse ele. “Eu arrebento minha bunda naquela maldita fábrica. Você não tem ideia do quanto eu ralo.”

“Sim, eu tenho”, disse ela. “Mas diga para mim: quando foi a última vez que você me viu com a bunda no sofá? Chego em casa e geralmente sou confrontada com suas roupas sujas no chão ou pratos sujos na pia. E sabe o quê mais, Zack? Eu trabalho duro, também. Eu trabalho duro pra caralho e no meu dia-a-dia eu vejo cada merda que faria de você uma migalha. Eu não preciso voltar para casa para um garotinho jogando seu vídeo game me perguntar o que nós vamos ter para o jantar.”

“Garotinho?”, Ele perguntou, quase gritando agora.

Mackenzie não tinha a intenção de ir tão longe, mas foi. Era uma verdade pura e simples que ela estava segurando há meses e que agora saiu, ela se sentiu aliviada.

“Isso é o que parece, às vezes”, disse ela.

“Sua cadela.”

Mackenzie sacudiu a cabeça e deu um passo para trás. “Você tem três segundos para retirar o que disse”, disse ela.

“Olha, vá para o inferno”, Zack disse, dando a volta no sofá e aproximando-se dela. Ela achou que ele queria pegar o rosto dela, mas ele sabia que não deveria fazer isso. Ele sabia que ela poderia facilmente lutar com ele; era algo que ele não tinha problema em lhe dizer sempre que ele desabafava sobre coisas que o deixavam infeliz no relacionamento.

“Como?”, perguntou Mackenzie, quase na esperança de que ele iria ficar agressivo e acertar seu rosto. E quando ela sentiu isso, ela também sentiu alguma coisa com absoluta clareza: a sua relação tinha terminado.

“Você me ouviu”, disse ele. “Você não é feliz, e nem eu. Tem sido assim já há algum tempo, Mackenzie. E francamente, estou cansado disso. Estou cansado de estar em segundo plano, e eu sei que não posso competir com o seu trabalho.”

Ela não disse nada, não querendo dizer mais nada para provocá-lo. Talvez ela tivesse sorte e essa briga iria terminar em breve, trazendo o fim que ambos queriam sem que houvesse uma extensa luta.

No final, tudo o que ela disse foi: “Você está certo. Eu não estou feliz. Agora, eu não tenho tempo para um namorado coabitante. E eu certamente não tenho tempo para brigas como esta.”

“Bem então, sinto muito por fazer você perder seu tempo,” Zack disse calmamente. Ele pegou a garrafa de cerveja, engoliu o que restava nela, e bateu com ela sobre a mesa— com tanta força que Mackenzie pensou que o vidro poderia ter quebrado.

“Eu acho que você deveria ir embora”, disse Mackenzie. Ela manteve o contato visual com ele, ela o encarou para que ele soubesse que esta decisão era inegociável. Eles tiveram brigas no passado onde ele tinha quase arrumado suas coisas e saido. Mas desta

vez, isso precisava acontecer. Desta vez, ela não aceitaria desculpas, sem sexo de reconciliação, nem conversa manipuladoras sobre como eles precisavam um do outro.

Zack finalmente olhou para longe dela e quando o fez, ele parecia furioso. Ainda assim, ele fez questão de deixar algumas polegadas entre eles enquanto passava por ela com passos pesados em direção ao quarto. Mackenzie ouviu ele passar, de pé na cozinha e displicentemente mexendo o chá.

Então é isso que eu me tornei, pensou. Sozinha, fria e sem emoção.

Ela franziu a testa, odiando a inevitabilidade de tudo. Ela tinha um mentor, que a advertiu sobre isso—ao seguir uma carreira legal, com alta ambição; sua vida se tornaria muito movimentada e agitada para se ter qualquer coisa parecida com um relacionamento saudável.

Depois de alguns minutos Mackenzie ouviu Zack começar a resmungar sozinho. Enquanto as gavetas no quarto abriam e fechavam, ela ouviu os termos puta, obcecada por trabalho, e robô insensível da porra.

As palavras ferem (ela não tentou fingir ser tão endurecida a ponto de não ser ferida por elas), mas ela as ignorou. Em vez de focar nelas, ela começou a limpar a bagunça acumulada por Zack no decorrer do dia. Ela limpou garrafas vazias de cerveja, alguns pratos sujos, e um par de meias sujas tanto quanto o homem que havia criado a bagunça, um homem que ela tinha, um dia, se apaixonado por ele—do quarto ele continuava a xingá-la.

*

Zack se foi às 8:30 e Mackenzie estava na cama uma hora mais tarde. Ela verificou seu e-mail, vendo alguns relatórios que voavam para trás e para a frente entre os outros oficiais e Nelson, não havia nada que precisasse de sua atenção imediata. Satisfeita por obter um punhado de horas ininterruptas de sono, Mackenzie apagou a sua lâmpada de cabeceira e fechou os olhos.

Experimentalmente, ela se esticou e sentiu o lado vazio da cama. Ter o lado de Zack vazio não era muito chocante porque ele muitas vezes não estava lá quando ela ia dormir graças aos seus turnos de trabalho. Mas agora, sabendo que ele tinha ido, a cama parecia muito maior. Quando ela esticou e sentiu o lado vazio da cama, ela se perguntou quando o amor por ele acabou. Há pelo menos um mês, ela sabia que com certeza. Mas nada poderia ressurgir.

Em vez disso, as coisas tinham piorado. Muitas vezes ela pensou que Zack sentiu ela se tornar mais distante, enquanto os sentimentos dela morriam. Mas Zack não era o tipo de pessoa que ira reconhecer tal coisa. Ele evitou o conflito a todo custo. Tanto quanto ela odiava admitir que, tinha certeza de que ele ficaria ali o máximo possível simplesmente porque temia mudanças, era muito preguiçoso para sair.

Depois que ela passou por todas essas coisas, seu celular tocou. Ótimo, pensou. Está fácil de dormir.

Ela ligou sua lâmpada está de novo, esperando ver o número de Porter ou Nelson na

tela do aparelho. Ou talvez seria Zack, chamando para perguntar se ele podería, por favor, voltar. Em vez disso, ela viu um número que ela não reconheceu.

“Alô?”, disse ela, fazendo o seu melhor para não soar cansada.

“Oi, Detetive White” disse uma voz masculina. “Quem fala é Jared Ellington.”

“Ah, oi.”

“Será que eu ligo tarde demais?”

“Não”, disse ela. “O que foi? Você tem alguma novidade?”

“Não, estou receoso de que não. Na verdade, eu soube esta noite que não teremos os resultados sobre a madeira até de manhã.”

“Bem, pelo menos sabemos como o dia vai começar”, disse ela.

“Exatamente. Mas ouça, eu queria saber se você pode me encontrar no café da manhã”, disse ele. “Eu gostaria de repassar os detalhes do caso com você. Eu quero ter certeza de que estamos na mesma página e que não falta o menor detalhe.”

“Claro”, disse ela. “A que horas você—”

Ela parou aqui, olhando para a porta do quarto.

Por uma fração de segundo, ela tinha ouvido algo se mover lá fora. Mais uma vez, ela tinha ouvido a tábua do piso ranger. Mais do que isso, ela ouviu o som de algo se arrastando. Lentamente, ela saiu da cama, ainda segurando o telefone no ouvido.

“White, você ainda está aí?”, perguntou Ellington.

“Sim, eu estou aqui”, disse ela. “Desculpe-me. Eu estava perguntando à que hora você gostaria de me encontrar.”

“Que tal às sete horas no Café-Restaurante Carol? Você conhece?”

“Conheço”, disse ela, caminhando para a porta. Ela olhou para fora e viu apenas sombras e escuridão, contornos suaves. “E sete está bom.”

“Ótimo”, disse ele. “Então eu vou lhe ver.”

Ela mal o ouviu enquanato saía de seu quarto e segui no pequeno corredor que levava para a cozinha. Ainda assim, ela conseguiu dizer um “parece bom”, antes de desligar.

Ela acendeu a luz do corredor, revelando a cozinha e fazendo a sala parecer turva. Assim como em várias noites atrás, não havia ninguém lá. Mas, só para ter certeza, ela entrou na sala e acendeu a luz.

Claro, não havia ninguém lá. O cômodo não tinha lugares para se esconder e a única coisa diferente nele era o Xbox de Zack que não estava mais lá. Mackenzie olhou ao redor mais uma vez, não gostando do fato de que ela tinha se assustado com tanta facilidade. Ela atravessou a tábua que range, testando o seu ruído e comparando o som com o que ela tinha ouvido.

Ela verificou a fechadura da porta da frente e depois voltou para seu quarto. Ela olhou para trás de volta mais uma vez antes de desligar as luzes e voltar a dormir. Antes de desligar a lâmpada, ela pegou sua pistola de trabalho da gaveta da cabeceira e colocou em cima, ao alcance do braço.

Ela olhou para ela na escuridão do quarto, sabendo que ela não iria precisar disso. Mas se sentindo mais segura por saber que ela estava bem ali, à vista de todos.

O que estava acontecendo com ela?


CAPÍTULO TREZE

“Papai ? Papai, sou eu. Acorda. ”

Mackenzie entrou no quarto e preparou-se, afastando-se da visão de seu pai morto.

“O que aconteceu, papai?”

Sua irmã estava na sala, também, de pé do outro lado da cama, olhando para o seu pai com um olhar decepcionado no rosto.

“Steph, o que aconteceu?”, perguntou Mackenzie.

“Ele chamou você e você não veio. Isso é culpa sua. “

“Não!”

Mackenzie avançou novamente e, em seguida, sabendo que era loucura fazer isso, ela ainda se arrastou para a cama e se aconchegou ao lado de seu pai. Em breve, ela sabia, que sua carne estaria fria e pálida.

Mackenzie acordou com um sobressalto, o pesadelo chocante fez ela acordar às 3:12 da manhã, emaranhada em suor. Ela sentou-se, respirando com dificuldade, e começou a chorar.

Ela sentia tanta saudade de seu pai que doía.

Ela sentou-se ali, sozinha, chorando para dormir.

Mas levaria horas, ela sabia, antes que ela voltasse a dormir. Se dormisse.

De uma maneira estranha, ela ansiava por lançar-se de volta no caso. De alguma forma, isso foi menos doloroso.

*

Quando Mackenzie chegou ao Café-Restaurante Carol algumas horas mais tarde, ela estava acordada e alerta. Olhando através de uma pequena mesa de jantar para o Agente Ellington, a ideia de como seu pesadelo tinha lhe afetado, de como ela facilmente se assustou ontem à noite, foi embaraçosa. Que diabos havia de errado com ela?

Ela sabia o que era. O caso estava mexendo com ela, ativando memórias antigas que ela achava que tinha conseguido adormcer. Isso estava afetando o jeito de viver dela. Ela tinha ouvido falar de tal coisa acontecer com os outros mas nunca tinha experimentado isso até agora.

Se perguntou se Ellington já tinha passado por aquilo. Do seu lado da mesa, ele parecia profissional e apresentável— a imagem exata do como um agente do FBI seria para Mackenzie. Ele tinha um corpo bem feito mas que não era pesado, confiante, mas não arrogante. Era difícil imaginá-lo sendo perturbado por qualquer coisa.

Ele a pegou olhando e ao invés de olhar para longe envergonhada, ela sustentou o olhar.

“O que foi?”, ele perguntou.

“Nada”, disse ela. “Eu estou apenas querendo entender como é saber que com um único telefonema, você pode ter o Escritório ajudando em algo que geralmente me faria gastar várias horas para convencer a polícia local para investigar.”

“Nem sempre é simples assim”, disse Ellington.

“Bem, neste caso, o Escritório parece motivado”, Mackenzie destacou.

“O ritual das cenas de assassinato praticamente leva a um serial killer”, disse ele. “E agora, com outro corpo descoberto, parece que é exatamente o que temos.”

“E Nelson tem se conformado?”, perguntou ela.

Ellington sorriu e mostrou sinais de um encanto sutil que se escondia por baixo do seu visual sofisticado. “Ele está tentando. Às vezes a mentalidade de cidade pequena é difícil de ser rompida.”

“E eu não sei”, disse Mackenzie.

A garçonete veio para anotar os seus pedidos. Mackenzie optou por uma omelete vegetariana, enquanto Ellington pediu um prato enorme de café da manhã. Depois dessa distração, Ellington uniu as mãos e inclinou-se para a frente.

“Então”, disse ele. “Onde ficamos nesta história?”

Mackenzie sabia que ele estava dando a ela uma oportunidade de mostrar como ela trabalhava. Ele a perguntou em seu tom de voz e com um sorriso ligeiro que mal tocava as bordas de sua boca. Ele era robustamente bonito e Mackenzie estava um pouco desconfortável com a frequência com que os seus olhos eram atraídos pela boca dele.

“Nós temos que esperar por agora e realmente estudar as pistas,” disse ela. “A última vez que tivemos o que pensávamos ser uma pista promissora, estávamos completamente errados.”

“Mas você prendeu um cara que estava vendendo pornografia infantil,” Ellington apontou. “Então não foi um desperdício total.”

“Isso é verdade. Mas ainda assim, eu suponho que você tenha notado a hierarquia da polícia local. Se eu não descobrir isso em breve, eu vou ficar presa na minha posição por um tempo muito longo “.

“Eu não sei. Nelson lhe admira. Se ele admite isso para os outros caras, bem, isso é uma história diferente. É por isso que ele me colocou para ajudá-la. Ele sabe que você pode conseguir este feito.”

Ela olhou para longe dele pela primeira vez. Ela não tinha certeza de como ela iria resolver este caso se ela não parasse de pular a cada pequeno som em sua casa e dormir com a arma na mesa de cabeceira.

“Eu acho que nós devemos começar com a amostra de madeira”, disse ela. “Nós podemos visitar quem é o fornecedor local desse tipo de madeira, também levando em conta a forma como é serrada. Se isso não produzir qualquer coisa, vamos ter que realmente começar a incomodar as mulheres com as quais Hailey Lizbrook trabalhava. Podemos até ficar desesperadamente olhando o registro das câmeras de segurança do clube onde ela trabalhava.”

“Todas são boas ideias”, disse ele. “Outra idéia que eu vou lançar para o Nelson é ter policiais disfarçados em alguns dos clubes de strip em um raio de cento e sessenta quilômetros. Nós podemos pegar alguns agentes do escritório de Omaha se precisarmos. Olhando para trás analisando antigos casos-o que, devo dizer, você acertou bem na cabeça durante uma reunião anterior com Nelson-também podemos estar à procura de um homem que quer prostitutas. Nós não podemos apenas supor que os únicos alvos são as strippers.”

Mackenzie assentiu, embora ela estava começando a duvidar que o caso que ela tinha lembrado dos anos 80, onde uma prostituta tinha sido amarrada em um poste, estava relacionado com este caso. Ainda assim, foi bom ter os seus esforços reconhecidos por alguém com experiência.

“Ok”, disse Ellington. “Então eu tenho que perguntar.”

“Perguntar o quê?”

“É claro que você está minada a nível local. Mas também é claro que você se esforça e sabe o que faz. Mesmo o Nelson me disse que você é um de seus detetives mais promissores. Eu dei uma olhada em seus registros, você sabe. Tudo o que eu vi foi impressionante. Então, por que ficar aqui onde você é zombada e não recebe uma oportunidade justa. Já que você poderia facilmente estar trabalhando como detetive em outro lugar?”

Mackenzie deu de ombros. Era algo que ela tinha se perguntado várias vezes e a resposta, enquanto mórbida, era simples. Ela suspirou, não querendo chegar a ela, mas ao mesmo tempo, não queria deixar passar a oportunidade. Ela tinha falado algumas vezes para Zack sobre suas razões para ficar—quando eles ainda conversavam—e Nelson sabia um pouco de sua história também. Mas ela não conseguia se lembrar da última vez em que alguém tinha de bom grado lhe convidado para falar sobre isso.

“Eu cresci nos arredores de Omaha”, disse ela. “Minha infância foi ... não a melhor. Quando eu tinha sete anos, meu pai foi morto. Eu descobri o corpo, ali mesmo em seu quarto.”

Ellington franziu a testa, sua expressão cheia de compaixão.

“Sinto muito”, disse ele suavemente.

Ela suspirou.

“Ele era um investigador privado”, acrescentou. “Ele tinha sido um policial patrulheiro durante cerca de cinco anos antes.”

Ele suspirou, também.

“É a minha teoria de que pelo menos um em cada cinco policiais tem algum tipo de trauma não resolvido do seu passado que está relacionado com um crime”, disse ele. “É o trauma que faz com que eles queiram proteger e servir.”

“Sim”, disse Mackenzie, não tenho certeza de como responder ao fato de que Ellington tinha acabado de decifrá-la em menos de vinte segundos. “Está certo.”

“O assassino de seu pai jamais foi encontrado?”, perguntou Ellington.

“Não. Com base nos arquivos do caso que eu li e no pouco que minha mãe contou sobre o que aconteceu, ele estava investigando um pequeno grupo que fazia contrabando de drogas no México, quando ele foi morto. O caso foi levado por um tempo, mas abandonado no prazo de três meses. E foi isso.”

“Lamento ouvir isso”, disse Ellington.

“Depois disso, quando eu percebi que havia um monte de trabalho preguiçoso, desleixado no sistema de justiça, eu quis fazer algo na aplicação da lei, ser uma detetive, para ser exata.”

“Então você alcançou o seu sonho aos vinte e cinco anos”, disse Ellington. “Isso é impressionante.”

Antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa, a garçonete veio com a comida. Ela colocou os pratos enquanto Mackenzie começou a comer sua omelete, ela ficou surpresa ao ver Ellington fechar os olhos e agradecer silenciosamente sua comida.

Ela não podia deixar de olhar por um momento, seus olhos estavam fechados. Ela não tinha pensado nele como um homem religioso e algo sobre vê-lo rezar sobre a tocou. Ela olhou de relance para a mão esquerda e não viu anel de casamento. Ela se perguntou como seria a sua vida. Será que ele tem um apartamento de solteiro com cerveja armazenada na geladeira, ou ele era mais do tipo de ter uma adega e estantes IKEA preenchidas com literatura clássica e moderna?

Ela estava trabalhando com uma pessoa transparente. O mais interessante era como ele havia se tornado um agente do FBI. Ela se perguntou como ele agia em uma sala de interrogatório, ou no calor do momento quando as armas eram sacadas e um suspeito estivesse a ponto de se entregar ou disparar. Ela não sabia nenhuma dessas coisas sobre Ellington—e isso era emocionante.

Quando ele abriu os olhos e começou a comer, Mackenzie olhou para longe, de volta para a sua comida. Depois de um momento, ela não se conteve.

“Ok, e você?”, ela perguntou. “O que o levou à uma carreira no FBI?”

“Eu era uma criança dos anos oitenta”, disse Ellington. “Eu queria ser John McClane e Dirty Harry, só que com mais refinamento.”

Mackenzie sorriu. “Aqueles são muito bons modelos. Perigosos, mas arriscados. “

Ele estava prestes a dizer alguma coisa quando seu celular tocou.

“Desculpe-me”, disse ele, enfiando a mão no bolso do casaco e retirando o telefone.

Mackenzie ouviu-se o seu lado da conversa, que acabou por ser curta. Depois de algumas respostas afirmativas e um agradecimento rápido, ele encerrou a chamada e olhou tristemente para a sua comida.

“Tudo bem?”, perguntou ela.

“Sim”, disse ele. “Vamos precisar embalhar isso. Os resultados da amostra de madeira chegaram.”

Ele olhou diretamente para ela.

“O depósito de madeira que as originou está a menos de meia hora de distância.”


CAPÍTULO QUATORZE

Mackenzie sempre amou o cheiro de madeira recém-cortada. Ela se lembro dasa férias de Natal com seus avós depois que seu pai tinha morrido. Seu avô tinha aquecido a sua casa com um velho fogão a lenha e a extremidade traseira da casa sempre cheirava a cedro e a um cheiro não totalmente desagradável de cinzas frescas.

Ela se lembrou do velho fogão a lenha quando saiu do carro passando pelo caminho de cascalho da madeireira Palmer Lumber Yard. À sua esquerda, uma serraria foi criada, fazendo descer uma enorme árvore com o auxílio de um cinto e em direção a uma serra que era mais ou menos do tamanho do carro dela. Além disso, várias pilhas de madeira de ávores recém cortadas esperavam a sua vez na serra.

Ela levou um momento para observar o processo. Um carregador que parecia ser uma mistura de um pequeno guindaste e uma grua de brinquedo levantou as toras e as depositou em uma máquina de aparência arcaica que as empurrava para uma esteira. A partir daí as toras eram levadas diretamente para uma serra que ela acreditava ser ajustada para cada uma delas por um mecanismo ou painel de controle que ela não conseguia ver de onde estava sentada. Quando ela se virou, viu um caminhão saindo do depósito de madeira com um reboque de madeira cortada grosseiramente. Esta madeira estava empilhada em cerca de três metros e meio de altura.

Curiosamente, ela pensou em Zack, enquanto observava tudo. Ele tinha se candidatado para trabalhar em um lugar como este na outra extremidade da cidade ao mesmo tempo em que ele conseguiu o emprego na fábrica textil; quando ele descobriu os turnos rotativos disponíveis na fábrica, ele preferiu a fábrica, esperando ter mais tempo livre. Ela pensou que ele poderia trabalhar bem com madeira serrada; ele sempre teve um talento especial para construir coisas.

“Parece que o trabalho é duro”, disse Ellington.

“O nosso é bem difícil, também,” ela disse, feliz por ter os pensamentos sobre Zack fora de sua cabeça.

“É mesmo,” Ellington concordou.

Na frente deles, um edifício de concreto identificado apenas por letras pretas sobre a porta da frente, estava escrito ESCRITÓRIO. Ela caminhou ao lado de Ellington até a porta da frente e foi mais uma vez surpreendida quando Ellington abriu a porta para ela. Ela não achava que teria tal demonstração de cavalheirismo ou respeito de ninguém na força desde o primeiro dia em que ela pegou o distintivo.

No interior, o barulho do lado de fora era abafado para um rugido maçante. O escritório consistia em um grande balcão com fileiras de armários atrás dele. O cheiro de madeira cortada permeou o lugar e parecia haver pó por toda parte. Um único homem estava atrás do balcão, escrevendo algo em um livro quando eles entraram. Quando ele os viu, ficou claro que ele estava um pouco confuso, provavelmente por causa do terno de Ellington e do traje casual negócios de Mackenzie.

“Ei gente,” o homem atrás do balcão disse. “Posso ajudar?”

Ellington assumiu a liderança, e Mackenzie estava bem com isso. Ele havia mostrado a ela o maior respeito e tinha mais experiência do que ela. Isso a fez se perguntar onde Porter estava. Será que Nelson manteve-o no escritório para ver as fotos? Ou estaria ele fazendo alguma entrevista, talvez falando com colegas de trabalho de Hailey Lizbrook?

“Eu sou o Agente Ellington, e esta é a detetive White”, disse Ellington. “Nós gostaríamos de falar com você por um momento sobre um caso que estamos tentando resolver.”

“Hum, claro”, disse o homem, claramente ainda confuso. “Tem certeza de que vocês estão no lugar certo?”

“Sim, senhor”, disse Ellington. “Embora não possamos revelar os detalhes do caso, o que posso dizer é que um poste foi encontrado em cada uma das cenas. Pegamos uma amostra da madeira e nossa equipe forense nos trouxe até aqui “.

“Postes?”, perguntou o homem, parecendo surpreso. “Você está falando sobre o Assassino Espantalho?”

Mackenzie franziu a testa, não gostando do fato de que este caso já estava se tornando um papo de esquina. Se um homem solitário em um escritório de madeireira já tinha ouvido falar sobre isso, as chances eram boas de que a notícia do caso havia se espalhando como fogo. E, no meio de tudo isso, seu rosto estava estampado nos jornais representando a tal história.

Na verdade, ele a olhou, e ela pensou que podia ver certo reconhecimento em seu rosto.

“Sim”, disse Ellington. “Você já teve alguém fora do comum por aqui para comprar esse mastros de madeira?”

“Eu ficaria feliz em ajudá-lo”, disse o homem atrás do balcão.“Mas eu tenho medo que isso se torne uma fuga de coelho para vocês. Veja, eu só recebo e vendo madeira para empresas ou pequenas madeireiras. Qualquer coisa que sai daqui geralmente vai para outro depósito de madeira ou para uma empresa.”

“Que tipo de empresas?”, perguntou Mackenzie.

“Depende de que tipo de madeira que estamos falando”, disse ele. “A maioria da minha madeira vai para empresas de construção. Mas também tenho alguns clientes que trabalham com carpintaria para fazer coisas como móveis.”

“Quantos clientes passam por aqui em um mês?”, perguntou Ellington.

“Setenta, por aí, em um bom mês”, disse ele. “Mas os últimos meses têm sido bastante lentos. Assim, pode ser mais fácil encontrar o que você está procurando.”

“Só mais uma coisa”, disse Mackenzie. “Você coloca qualquer tipo de marca na madeira que vai sair daqui?”

“Para encomendas maiores, eu por vezes, coloco um selo em uma peça por carga.”

“Um selo?”

“Sim. É feito por uma pequena prensa que tenho lá fora. Ela coloca a data e o nome do meu depósito na peça.”

“Mas nada gravado ou esculpido?”

“Não, nada disso”, disse o homem.

“Você seria capaz de puxar para cima os registros dos clientes que trouxeram postes de cedro pré-cortados?”, perguntou Ellington.

“Sim, eu posso fazer isso. Você sabe o tamanho?”

“Um momento”, disse Ellington, estendendo a mão para o telefone, provavelmente posso conseguir essa informação.

“Dois metros e setenta”, Mackenzie disse, puxando o número de sua memória. Ellington olhou para ela e lhe deu um sorriso.

“Trinta centímetros abaixo da terra”, Mackenzie disse, “e o restante acima”

“Os postes também eram bastante antigaos disse Ellington. “A madeira não era fresca. Nossos testes indicam que ela também nunca teve qualquer tipo de tratamento.”

“Isso torna um pouco mais fácil”, disse o homem. “Se ela saiu daqui, deve ter saído do meu estoque de sucata. Dê-me alguns minutos e eu posso obter essa informação. De quanto tempo atrás?

De três meses atrás, só para garantir. Ellington falou.

O homem assentiu e foi até um dos armários de aparência antiga que estavam atrás dele. Enquanto esperavam, o telefone celular de Mackenzie começou a tocar. Quando ela atendeu, ela estava com muito medo de que poderia ser Zack ligando para tentar algum tipo de reconciliação. Ela ficou aliviada ao descobrir que era Porter.

“Olá?”, ela disse, respondendo à chamada.

“Mackenzie, onde está você agora?”, perguntou Porter.

“Eu estou com Ellington em Palmer Lumber Yard checando os resultados do teste da madeira do poste.”

“Algum avanço?”

“Parece que é uma outra pista que leva para várias outras pistas.”

“Merda”, disse Porter.” Eu odeio dizer, mas as coisas estão piorando.” Ele hesitou por um minuto e ela ouviu um suspiro instável antes que ele acrescentasse:

“Nós temos um outro corpo.”


CAPÍTULO QUINZE

Quando eles chegaram na nova cena do crime quarenta minutos mais tarde, Mackenzie estava mais do que um pouco desconfortável, pois este foi mais perto de sua casa. A cena estava a exatamente trinta e cinco minutos de sua casa, no quintal de uma casa em ruínas que tinha sido abandonada há muito tempo. Ela praticamente podia sentir a sombra de uma mulher recém-assassinada se alastrando por toda a terra, através das ruas da cidade, e cehgando até a sua porta da frente.

Ela fez o seu melhor para esconder seus nervos em frangalhos, enquanto ela e Ellington caminhavam em direção ao poste. Ela olhou para a antiga casa, especialmente para as molduras das janelas vazias. Para ela, pareciam enormes olhos ameaçadores, olhando-a e zombando dela.

Havia uma pequena multidão de oficiais em torno do poste, Porter de pé no centro deles. Ele viu Mackenzie e Ellington enquanto se aproximavam do poste, mas Mackenzie mal notou. Ela estava muito ocupada observando o corpo, notando duas diferenças muito distintas sobre esta vítima imediatamente.

Em primeiro lugar, esta mulher tinha seios pequenos, ao passo que as duas vítimas anteriores tinham seios grandes. Em segundo lugar, as chicotadas de anteriormente nas costas das outras vítimas também podiam ser vistas na barriga e no peito desta mulher.

“Isso está ficando fora de controle”, disse Porter, sua voz era suave e abatida.

“Quem descobriu o corpo?”, perguntou Mackenzie.

“O proprietário do terreno. Ele mora três quilômetros a leste. Ele tinha uma corrente na frente do terrono para mostrar que é uma área privada e ele notou que a corrente foi cortada. Ele diz que ninguém vem aqui, a não ser um caçador ocasional durante a temporada dos cervos, mas como você sabe, a temporada dos cervos acontecerá daqui a alguns meses. E, além disso, ele diz que conhece todos os homens que caçam aqui.”

“É uma estrada particular?”, perguntou Mackenzie, olhando para trás para a estrada de terra que tinham acabado de tomar para chegar ali.

“Sim. Então quem fez isso “, disse ele, apontando para o corpo pendurado,” quebrou a corrente. Ele sabia onde estava indo para mostrar o seu próximo troféu. Ele premeditou isso.”

Mackenzie assentiu. “Isso mostra a intenção deliberada e proposital, em vez de apenas alguma desequilibrada necessidade psicológica.”

“Existe alguma chance de o proprietário do terreno estar envolvido?”, perguntou Ellington.

“Eu tenho dois homens o interrogando em casa agora”, disse Nelson. “Mas eu duvido. Ele tem setenta e oito anos de idade e manca quando anda. Eu não consigo vê-lo aclamando postes por aí ou atraindo strippers para o seu caminhão.”

Mackenzie se aproximou do corpo, Ellington a seguindo. Esta mulher parecia consideravelmente mais jovem do que as outras, talvez em seus vinte e poucos anos. Sua cabeça estava baixa, olhando para o chão, mas Mackenzie tomou nota do batom vermelho escuro, borrado em torno de sua bochecha e queixo. Seu rímel escuro também tinha escorrido, deixando estrias escuras no rosto dela.

Mackenzie deu uma volta por trás do poste. As chocotada eram as mesmas. Algumas ainda estavam frescas o suficiente para mostrar uma borda molhada, o sangue não estava bastante seco ainda. Ela agachou na parte inferior do poste, mas foi interrompida por Nelson.

“Eu já verifiquei”, disse ele. “Seus números estão aí.”

Ellington se juntou a ela e agachou-se para olhar. Ele olhou para Mackenzie. “Nenhum indício do que esses números representam?”

“Nada”, disse ela.

“Eu acho que podemos avançar mesmo sem essa informação,” disse Nelson”, mas neste caso é prioridade agora. Agente Ellington, em quanto tempo podemos conseguir mais pessoas para esse caso?”

“Eu posso fazer uma ligação e provavelmente teremos mais pessoas aqui esta tarde.”

“Faça isso, por favor. Algum avanço no depósito de madeira?”

“Temos dezesseis nomes”, disse Mackenzie. “A maioria deles são empresas de construção. Temos que verificar cada um e ver se eles podem oferecer alguma informação útil.”

“Eu colocarei alguns homens nisso”, disse ele. “Por agora, eu preciso de você e Ellington nas pistas mais promissoras. Vocês dois são as referências neste caso, então façam o que for necessário para resolver esse caso. Eu quero este louco filho da puta sentado em uma sala de interrogatório até o final do dia.

“Enquanto isso, eu colocarei os meus homens nos arredores das centenas de quilômetros a partir daqui. Vamos nos dividir e começar demarcando áreas isoladas como esta, o campo do último assassinato, e milharais que são de fácil acesso.”

“Mais alguma coisa?”, perguntou Ellington.

“Nada que eu possa pensar. Basta manter-me informado sobre o menor detalhe com o qual você se deparar. Eu vou falar com você mais sobre isso em um segundo”, disse Nelson. Ele então olhou para Mackenzie e deu-lhe um aceno de cabeça, para a direita. “White, eu posso falar com você por um segundo?”

Mackenzie se afastou do poste e seguiu Nelson para o lado da casa em ruínas, imaginando do que se tratava.

“Você está confortável trabalhando com Ellington?”, perguntou.

“Sim senhor. Ele tem sido ágil e incrivelmente útil em termos de discutir as coisas em prol de uma solução.”

“Bom. Olha, eu não sou um idiota. Eu sei o seu potencial e sei que, se há alguém sobo meu comando que pode trazer esse bastardo, esse alguém é você. E ficarei puto se apenas deixar os federais chegarem para tirar isso de nós. Então, eu quero você trabalhando com ele. Falei com Porter e já o transferi. Ele ainda está no caso, mas eu quero ele ajudando na abordagem porta-a-porta.”

“E ele está bem com isso?”

“Isso não é para você se preocupar. Por enquanto, você apenas foque neste caso com as suas entranhas. Eu estou confiando em você para tomar as decisões corretas; você não precisa me consultar para nada. Basta fazer o que você precisa fazer para acabar com isso. Você pode fazer isso por mim?”

“Sim senhor.”

“Eu sabia”, disse Nelson com um pequeno sorriso. “Agora você e Ellington caiam fora daqui e tragam resultados.”

Deu-lhe uma palmada suave nas costas, tudo esclarecido, foi quase o equivalente a Ellington abrindo a porta para ela no depósito de madeira. Foi uma enorme abertura vinda de Nelson e ela apreciou isso. Eles caminharam de volta para o corpo e Mackenzie voltou a olhar os números. Ela sentiu que havia algo ali, que a chave para desvendar essa coisa toda estava nesses números malditos.

Uma parte dele, ela sentia, queria que ele fosse pego. Ele estava atraindo eles.

“Você está bem?”, perguntou Ellington, de pé do outro lado do poste.

Ela assentiu com a cabeça, ficando de pé.

“Você já esteve em um caso como este antes?”

“Apenas dois”, disse ele. “Um deles resultou em oito assassinatos antes de pegarmos ele.”

“Você acha que vai acontecer o mesmo aqui?”, perguntou ela.

Ela odiava que as perguntas feitas soassem duvidosas e talvez até mesmo inexperientes, mas ela tinha que saber. Tudo o que tinha a fazer era lembrar como medo que ela tinha passado por alguns minutos em sua própria casa, assustando-a com o que provavelmente tinha sido um som imaginado de uma tábua de piso rangendo, para entender o quanto este caso estava começando a afetá-la. Ela tinha perdido um namorado, foi lentamente perdendo a calma, e ela ficaria arradada se ela tivesse que perder qualquer outra coisa, como resultado disso.

“Não se podemos ajudar,” Ellington respondeu. Ele suspirou. “Então me diga, o que você vê aqui de novo?”

“Bem, o fato de que o assassino escolheu uma estrada no meio do nada parece estranho. A corrente não o impediu. Não só isso, mas ele sabia que seria lá. Ele estava preparado para cortá-la “.

“O que quer dizer?”

Ela sabia que ele estava testando ela, mas ele estava fazendo isso de uma forma que não estava insultando sua inteligência. Ele estava desafiando ela, e White estava absolutamente gostando disso.

“O que significa que as áreas que ele está escolhendo não são aleatórias. Ele os escolheu por uma razão.”

“Então, não apenas os assassinatos são premeditados, mas os locais também.”

“É o que parece. Eu acho que eu- “ela disse, mas depois parou.

À direita, na borda da floresta rala, ela viu um movimento.

Por um momento, ela pensou que tinha imaginado aquilo.

Mas então o viu novamente.

Algo estava se movendo, indo mais fundo na floresta. Ela ver o suficiente para saber que era uma figura humana.

“Ei!”

Foi tudo o que ela conseguiu dizer e isso saiu de um jeito um poico animado. Ao som de sua voz, a forma decolou ainda mais rápido, qualquer tentativa de discrição agora sido eliminada quando eles estalaram ramos e amassaram a folhagem.

Agindo por instinto, Mackenzie decolou em direção ao bosque em alta velocidade. Até o momento em que Ellington entendeu o que se passava e a seguiu, Mackenzie já estava fora do quintal e na floresta. As árvores ao redor dela pareciam tão esquecidas e incolores como a casa que estava atrás dela, as janelas negras ainda olhavam para ela.

Ela afastou os ramos enquanto corria pela floresta. Ela podia ouvir o som de Ellington seguindo atrás dela, mas ela não perdeu seu tempo ou esforço para olhar para trás.

“Pare!”, ela exigiu.

Ela não se surpreendeu quando a figura continuou a correr. Mackenzie tinha estimado em questão de segundos que ela estava correndo mais rápido do que o seu alvo, aproximando-se com uma rapidez da qual ela sempre se orgulhava. Alguns ramos batreram no rosto dela e teias de aranha estavam se agarrando em sua pele, mas ela explodiu através da floresta, corajosa.

Ao se aproximar da figura, ela viu que era um homem vestido com um moletom com capuz preto e jeans escuros. Porque ele não olhou totalmente para trás uma única vez, Mackenzie não poderia dizer quantos anos tinha, mas ela poderia dizer que ele estava um pouco acima do peso e, aparentemente, um pouco fora de forma. Podia ouvi-lo ofegante quando ela chegou perto de seus calcanhares.

“Droga”, ela disse quando chegou até ele, esticando o braço e agarrando-o pelo ombro. “Eu disse pare!”

Com isso, ela lhe deu um forte empurrão, que o mandou para o chão. Ele rolou uma vez antes de parar.

Eu o peguei, pensou Mackenzie.

O homem tentou ficar de pé, mas Mackenzie deu um chute rápido na parte de trás do joelho dele que o jogou no chão novamente. Ele bateu o rosto na raiz de uma árvore quando caiu.

Mackenzie plantou o joelho duramente nas costas do homem e pegou a arma. Ellington finalmente chegou e ele também segurou o homem no chão. Agora que o peso total do Ellington estava em cima dele, ele parou de se contorcer. Mackenzie pegou na cintura suas algemas, enquanto Ellington puxou os braços do homem para trás das costas e ele deu mais um grito de dor. Mackenzie bateu as algemas e depois puxou o homem.

“Qual é seu nome?”, perguntou Mackenzie.

Ela entrou na frente dele e o viu pela primeira vez. O cara parecia inofensivo, obeso e,

provavelmente, em seus trinta e tantos anos.

“Você não deveria me perguntar coisas assim antes de me atacar?”

Ellington sacudiu-o um pouco e aplicou alguma pressão no seu ombro. “Ela lhe fez uma pergunta.”

“Ellis Pope,” o homem disse, visivelmente abalado.

“E por que você está aqui?”

Ele não disse nada no primeiro momento e no silêncio, Mackenzie ouviu mais comoção na floresta. Este ruído veio da direita e quando ela se virou naquela direção, ela viu Nelson e três outros oficiais vindo por entre as árvores finas e folhagens.

“Que diabos está acontecendo?” Nelson gritou. “Eu vi vocês dois correndo em meu retrovisor e-”

Ele parou quando viu a terceira pessoa com eles, as mãos algemadas atrás das costas.

“Ele disse que seu nome é Ellis Pope”, disse Mackenzie. “Ele estava na borda da floresta, nos observando. Quando eu notei a presença dele, ele saiu correndo.”

Nelson ficou de cara com Pope e estava claro que Nelson lutava para não agredí-lo fisicamente. “O que você estava fazendo aqui, Sr. Pope?”, Perguntou Nelson. “Será que você queria ficar por perto para admirar sua obra?”

“Não”, o Pope disse, agora mais assustado do que nunca.

“Então por que você está aqui?”, perguntou Nelson. “É a única vez que vou perguntar antes de começar a perder a calma.”

“Eu sou um repórter”, disse ele.

“De qual jornal?”, perguntou Mackenzie.

“Nenhum jornal. Um website. O Jornal Oblong.”

Mackenzie, Nelson e Ellington compartilharam um olhar desconfortável antes Mackenzie lentamente enfiar a mão no bolso para pegar seu telefone. Ela abriu sei navegador, procurou pelo Jornal Oblong e abriu a página. Ela rapidamente navegar para a página de funcionários e não só ela encontrou o nome de Ellis Papa, mas também a imagem clara do mesmo homem que estava ali.

Era raro Mackenzie falar um palavrão, mas ela entregou o telefone para Nelson e deixou escapar um tenso, “Porra.”

“Agora”, Ellis Pope disse, percebendo que ele estava lentamente ganhando o controle da situação. “Com qual dos tubarões eu tenho que conversar sobre os custos para imprensa?”


CAPÍTULO DEZESSEIS

Mackenzie se sentiu um pouco fora de si na companhia de Ellington e por incrível que pareça, era um sentimento que só foi ampliado quando se sentaram lado a lado em um bar duas horas depois. Ela sabia que ambos pareciam cansados e um pouco desgastados, fazendo-os se equiparar ao resto dos clientes. Eles não eram os únicos vestidos relativamente bem; pessoas que saíram do trabalho também estavam vestidas um pouco acima do casual, chegando no bar com suas camisas, gravatas e terninhos que tinham usado no trabalho. A luz turva da tarde se derramou a partir das duas janelas ao longo do outro lado do bar, mas eram o neon atrás do bar e o reflexo das prateleiras das garrafas de bebida atrás do bar que definiam o clima do ambiente.

“Qualquer ideia de como Pope descobriu a cena tão rapidamente?” Ellington perguntou a ela.

“Nenhuma. Tem que haver um espião na força.”

“Isso é o que eu acho”, disse Ellington. “E por causa disso, eu não acho que o Nelson pode ser muito duro com você. Não havia nenhuma maneira de você ter até mesmo suspeita de que o movimento na floresta era um jornalista. Especialmente porque Pope saiu correndo assim.”

“Vamos esperar que sim”, disse ela.

Mackenzie sabia que tinha pisado na bola. Seu superior a viu pegar um jornalista online gordinho e indefeso e jogá-lo no chão. E enquanto Pope tinha conseguido nada mais do que um leve corte em sua têmpora ao cair na raíz, e ele estava invadindo uma propriedade privada, isso ainda era motivo para punição. Ainda assim, ela tinha conseguido o que, basicamente, foi uma advertência. Ela já tinha visto o Nelson se estressar muito mais por menos. Isso a fez se perguntar, no entanto, quanta confiança ele tinha nela. Para deixá-la tomar atitudes inpensadas, enquanto Ellis estva provavelmente dando telefonemas falando um monte sobre a sua confiança nela.

Claro, ele também tinha exigido que ela desse o fora e fosse para algum lugar, cair em si antes que ela agredisse o próximo pobre coitado que só passasse pelo seu caminho. Sentindo uma pequena possibilidade de escapar antes que ele pudesse pensar melhor sobre sua decisão de mantê-la ativamente no caso, ela fez exatamente isso.

Enquanto ela estava bebendo da forma mais responsável possível uma cerveja stout fabricada localmente, ela tentou se lembrar da última vez que tinha vindo para um bar como um meio de escapar do mundo. Ela normalmente usava o trabalho para isso, algo que era muito mais fácil de admitir para si mesma, agora que Zack estava fora de cogitação. Mas agora que o trabalho a tinha tirado de cena por um tempo, parecia surreal estar sentada em um bar.

Era estranho ainda estar sentada ao lado de um agente do FBI que ela tinha conhecido ontem. No curto espaço de tempo que ela passou com o agente Ellington, ela descobriu algumas coisas sobre ele. Primeiro, ele era um cavalheiro à moda antiga: ele abriu portas para ela, sempre pedia a opinião dela antes de tomar uma decisão, fazia referência àqueles mais velhos do que ele, como senhora e senhor, e ele também parecia protegê-la. E, quando chegaram no bar, dois homens fizeram muito pouco esforço para esconder o fato de que eles estavam comendo ela com os olhos. Percebendo isso, Ellington ficou ao lado dela, cortando a visão deles.

Você sabe por que os homens em sua força lhe odeiam tanto, certo? “, disse Ellington.

“Eu achava que era apenas a forma como eles foram criados”, disse Mackenzie. “Se eu não estou em um avental trazendo-lhes um sanduíche ou cerveja, qual seria a minha utilidade?”

Ele encolheu os ombros. “Poderia ser um pouco disso, mas não, eu acho que é outra coisa. Eu acho que é porque você consegue intimidá-los. Mais do que isso, eu acho que eles têm medo de você. Eles têm medo que você possa fazê-los parecer estúpidos e incompetentes.”

“Como você sabe?”

Ele apenas sorriu para ela por um momento. E, embora não havia nada abertamente romântico sobre o sorriso, foi bom ser olhada daquela forma. Ela não conseguia se lembrar da última vez que Zack tinha olhado para ela assim, como alguém a ser apreciado em vez de usado ou tolerado.

“Bem, vamos tirar o óbvio do caminho: você é jovem e você é mulher. Você é essencialmente o computador novo que está vindo para o escritório para assumir todas as tarefas. Você também é uma enciclopédia ambulante para análise forense e de investigação pelo que ouvi. Acrescente a maneira com que você perseguiu aquele pobre jornalista hoje, e é o pacote completo. Você é a nova geração e eles são os cães velhos. Esse tipo de coisa.”

“Então, é um medo do progresso?”

“Certo. Eu duvido que eles vejam assim, mas isso é o que resume tudo.”

“É um elogio?”, perguntou ela.

“Claro que sim. Esta é a terceira vez em que eu paço par com um detetive altamente motivado, e você é de longe a mais talentosa e motivada que eu já vi. Estou contente por fazer par com você.”

Ela só balançou a cabeça, porque ela não tinha certeza de como lidar com seus cumprimentos e avaliações ainda. No trabalho, ele tinha sido muito profissional e criterioso em suas ações, não só em sua abordagem para o trabalho, mas também na forma como ele se aproximava dela. Mas agora que ele estava sendo um pouco menos reservado, Mackenzie estava tendo um momento difícil para traçar a linha divisória entre o Ellington profissional e o Ellington pessoal.

“Você já pensou sobre ir para o Departamento?”, perguntou Ellington.

A pergunta a surpreendeu tanto que ela era incapaz de responder por um momento. É claro que ela tinha pensado nisso. Certa vez, ela tinha sonhado com isso quando era criança. Mas mesmo como uma pesssoa determinada de vinte e dois anos de idade, com seus projetos em uma carreira na aplicação da lei, o FBI parecia um sonho inatingível.

“Você pensou, hein?”, perguntou.

“É assim tão óbvio?”

“Um pouco. Você me parece envergonhada agora. Isso me faz pensar que você tem pensado sobre isso, mas nunca perseguiu o desejo”.

“Foi um sonho que eu tive por um tempo”, disse ela.

Foi embaraçoso admitir, mas havia algo sobre a maneira com que ele estava lhe decifrando que a fez não se importar tanto.

“Você tem as habilidades”, disse Ellington.

“Obrigado”, disse ela. “Mas acho que minhas raízes aqui são muito fortes. Eu sinto que é tarde demais. “

“Nunca é tarde demais, você sabe.”

Ele olhou para ela, profissional e intensamente.

“Você gostaria que eu falasse sobre você para ver se alguém se interessaria?”

Ela ficou deslumbrada com a oferta. Por um lado, ela queria, mais do que qualquer coisa; por outro, isso trouxe todas as suas velhas inseguranças. Quem era ela para se qualificar para trabalhar no FBI?

Lentamente, ela balançou a cabeça.

“Obrigado”, respondeu ela. “Mas não.”

“Por que não?”, perguntou. “Para não falar muito mal sobre os homens que trabalham com você, mas você está sendo mal aproveitada.”

“O que eu faria no FBI?”, perguntou ela.

“Você daria um agente de campo estelar,” disse ele. “Nossa, talvez uma profiler, assim como eu.”

Mackenzie olhou pensativo para a sua cerveja, um pouco surpresa. Ela mais uma vez tinha ficado atordoada e em silêncio e agora sentia que tinha muito a considerar. E se ela pudesse fazer isso como uma agente? Como drasticamente sua vida mudaria? Quão gratificante seria trabalhar em um trabalho que ela amava sem os impedimentos de homens como Nelson e Porter para contê-la?

“Você está bem?”, perguntou Ellington.

Ainda olhando para a cerveja escura na frente dela, ela suspirou. Ela pensou em Zack por um momento e não conseguia se lembrar da última conversa significativa que tinha tido com ele. Quando foi a última vez que ele a incentivou da mesma forma que Ellington fez agora? Por falar nisso, quando foi a última vez que qualquer homem tinha falado tão bem dela diretamente para ela?

“Eu estou bem”, disse ela. “Eu aprecio tudo o que você está dizendo. Você me deu muito o que pensar. “

“Bom”, Ellington disse suavemente, sem perder terreno. “Mas deixe-me perguntar-lhe: você tem um histórico de se retrair?”

“Eu não acho que sou eu”, disse ela. “Eu acho que é apenas ... Eu não sei. Meu passado, talvez?”

“A morte de seu pai?”

Ela assentiu com a cabeça.

“Isso é uma parte”, disse ela.

Há também a minha série de relacionamentos fracassados, ela pensou, mas não achava que fosse apropriado dizer. E, enquanto ela permaneceu nisso, ela de repente se perguntou se os dois estavam relacionados—a morte de seu pai e seus relacionamentos. Talvez a fonte de tudo isso era, afinal, a morte.

Será que ela nunca se recuperaria disso? Ela não via como fazer isso. Não importa quantos bandidos ela colocasse atrás das grades, nada parecia ajudar.

Ele balançou a cabeça como se entendesse perfeitamente.

“Eu entendo”, disse ele.

Então, piscando-lhe um sorriso para que ele soubesse que ela estava brincando, ela perguntou: “Você está me analisando psicologicamente, agente Ellington?”

“Não, eu estou conversando com você. Estou lhe ouvindo. Nada mais.”

Mackenzie terminou sua cerveja e deslizou o copo até a borda do bar. O barman agarrou o copo imediatamente e o encheu de novo, colocando-o de volta na frente dela.

“Eu sei que é por isso que este caso tem me abalado tanto”, acrescentou. “Um homem está usando as mulheres. Talvez não seja para o sexo, mas ele está causando dor e vergonha nelas como uma forma de expressar algum momento perturbador.”

“E este é o primeiro caso que você teve assim?”

“Sim. Quer dizer, eu fui a chamadas em birgas doméstica em que o marido agrediu sua esposa, e eu interroguei duas mulheres depois de terem sido violentadas. Mas nada como isto.”

Ela bebeu sua cerveja, percebendo que os goles estavam descendo muito facilmente.

Ela nunca tinha sido uma grande bebedora e esta cerveja-a terceira da noite, estava empurrando-a para uma linha que ela tinha tentado evitar a travessia desde a faculdade.

“Eu não sei se os meus palpites significam alguma coisa para você,” Ellington disse, “mas esse cara vai ser pego dentro de alguns dias. Eu tenho certeza disso. Ele está ficando muito arrogante e uma dessas pistas, que vão se acumulando, acabará nos levando até ele. Além disso, o fato de que você está dirigindo tudo isso é uma grande vantagem.”

“Como você pode ter tanta certeza?”, perguntou ela. “Sobre a minha performance, eu quero dizer? E por que você está sendo tão bom? “

Ele estava alimetando ela com confiança e, ao mesmo tempo, reforçando uma característica que ela possuía e sabia que era uma das piores coisas a seu respeito. Ela sabia que tendia a ficar na defensiva em torno dos homens que a elogiavam, principalmente porque isso sempre significou que eles queriam uma alguma coisa. Olhando para Ellington quando ele sorriu, ela não u que seria muito ruim se ele estivesse à procura de alguma uma coisa específica. Na verdade, ela estava começando a pensar que ela poderia aproveitar o momento. É claro que ele iria embora amanhã e as chances de nunca mais vê-lo eram boas.

Talvez isso é exatamente o que eu preciso, pensou. Uma noite. Sem emoção, sem expectativas, apenas o escuro e esta maravilha em forma de agente do FBI parece saber dizer todas as coisas certas e—

Ela parou aquele pensamento, porque, francamente, era muito sedutor. Então ela percebeu que Ellington ainda não tinha respondido à pergunta: Por que você está sendo tão bom ?

Ele reprimiu seu sorriso e finalmente respondeu.

“Porque”, ele respondeu, “você merece uma pausa. Porque eu consegui minha vaga porque um amigo tinha um amigo que conhecia o vice-chefe. E eu posso lhe garantir que metade dos homens das cavernas da sua força pode dizer coisa a mesma coisa ou algo similar.”

Ela riu, e o som do riso a fez perceber que ela estava prestes a ultrapassar a tal linha. Quando ela tentou se lembrar da última vez que tinha ficado bêbada, ela derramou o resto de sua cerveja e deslizou o copo até a borda do bar. Quando o bartender chegou, ela balançou a cabeça.

“Você pode dirigir?”, perguntou ela. “Eu estou pouco leve. Desculpe-me.”

“Sim, tudo bem.”

Quando o bartender veio com suas comandas, Ellington rapidamente pegou a dela antes que ela pudesse colocar a mão nela. Vê-lo fazer isso, a fez querer descobrir como uma noite sem emoção com um homem saído de um sonho poderia ser. Afinal, ela agora tinha sua casa e sua cama só para ela. O que poderia machucá-la nisso?

Eles saíram em direção ao carro e ela notou que Ellington estava andando muito perto dela. Ele abriu a porta do carro para ela, aprofundando a apreciação do seu charme pelos olhos dela. Quando ele fechou a porta e deu a volta para o lado do motorista, Mackenzie descansou a cabeça contra o encosto de cabeça e respirou fundo. De uma casa abandonada com uma mulher morta em um mastro até aqui, à beira de chamar para cama um homem que ela tinha conhecido ontem—isso tudo tinha realmente acontecido no decorrer de menos de doze horas?

“Seu carro está no posto, certo?”, perguntou Ellington.

“É”, disse ela. E, em seguida, seu coração batendo, ela hesitante acrescentou: “Mas nós podemos passar na minha casa no caminho—podemos simplesmente parar lá, se quiser.”

Ele oulho para ela perplexo e os cantos de sua boca pareciam batalha entre um sorriso e uma careta. Ficou claro que ele sabia o que ela estava sugerindo; ela não duvidava que ele tivesse recebido propostas semelhantes antes.

“Ah, Jesus”, disse ele, esfregando a cabeça. “Como prova de firmeza e caráter, eu preciso lhe dizer que sou casado.”

Mackenzie olhou para a mão esquera dele, a mesma mão esquerda que ela olhou várias vezes no bar só para ter certeza. Não havia nenhum anel lá.

“Eu sei”, disse ele. “Eu nunca uso o anel quando estou trabalhando. Eu odeio a sensação que tenho ao usar minha arma com ele.”

“Oh meu Deus”, disse Mackenzie. “Eu estou-”

“Não, está tudo bem”, disse ele. “E acredite em mim, eu me sinto lisonjeado. Eu quis dizer tudo o que eu disse lá dentro. E enquanto tenho certeza de que o macho primitivo dentro irá mentalmente chutar a minha bunda pelo resto da minha vida, eu amo muito minha esposa e minha filha. Eu acho que eu-”

“Você pode me levar para o meu carro?” Mackenzie perguntou, envergonhada. Ela olhou para fora da janela e sentiu vontade de gritar.

“Sinto muito”, disse Ellington.

“Não sinta. É minha culpa. Eu deveria ter lhe conhecido melhor.”

Ele ligou o carro e saiu do estacionamento. “Melhor como?”, ele perguntou enquanto se dirigiam de volta para o posto.

“Nada”, ela disse, ainda se recusando a olhar para ele.

Mas no silêncio que pairava pesado no caminho para o posto, ela pensou: Eu deveria ter pensado melhor antes de acreditar em algo bom demais para ser verdade.

Enquanto dirigiam para casa em silêncio, ela queria se enrolar como uma bola e morrer, odiando-se, perguntando a si mesma se tinha acabado de perder a melhor oportunidade de sua vida em um longo, longo tempo.


CAPÍTULO DEZESSETE

Mackenzie acordou às 6:45 da manhã seguinte ao som de um sms. Ela já estava acordada, vestida com roupas íntimas. Ela verificou a mensagem e seu coração gelou ao ver que era

de Ellington.

Indo para casa. Eu te ligo mais tarde hoje para o check-in.

Ela pensou em chamá-lo ali mesmo. Ela estava bem ciente de que ela tinha agido como uma adolescente abandonada ontem. Inferno, ela realmente não tinha sido rejeitada. Ellington tinha simplesmente se mantido fiel ao seu caráter, acrescentando marido fiel à sua longa lista de características admiráveis.

No final, ela deixou pra lá. Ela ainda se sentia envergonhada, mas mais do que isso, sentiu-se derrotada. E isso não era algo que ela sentia muito frequentemente. O assassino ainda estava lá fora e eles não estavam mais perto de pegá-lo do que três dias atrás. Ela tinha perdido seu namorado de três anos e, em seguida, ficou apaixonada por um agente do FBI menos de vinte e quatro horas mais tarde. Para piorar a situação, ela viu uma promessa de como o seu futuro poderia ser ao conversar com Ellington; ela viu que seu trabalho poderia ser com alguém que a respeitava e, de certa forma, estava impressionado com ela. E agora tudo acabado.

Ela tinha apenas Porter e Nelson pela frente, rodeando-a com a dúvidas no meio de um caso que estava se tornando parte dela.

Quando ela deslizou uma camiseta, sentou-se no canto da sua cama e olhou para o seu telefone celular. De repente, não era Ellington que ela queria chamar. Ela estava pensando em outra pessoa, alguém que compartilhou os mesmos traumas e sensação de fracasso que ela conhecia tão bem.

Com uma fincada súbita no estômago, Mackenzie pegou seu telefone celular a partir no armário e procurou através de seus contatos. Quando ela chegou ao nome de Steph, ela apertou CALL e, em seguida, quase encerrou a ligação imediatamente.

Até o momento em que o telefone começou a tocar, ela já tinha se arrependido de fazer a chamada. Ele tocou duas vezes, antes de ser atendido. A voz de sua irmã na outra extremidade era familiar, mas ela não a ouvia perto o suficiente.

“Mackenzie”, disse Stephanie. “É cedo.”

“Você nunca dorme depois das cinco”, Mackenzie apontou. “Isso é verdade. Mas eu estava apenas confirmando. É cedo.”

“Desculpe-me”, disse ela. Era uma palavra que ela usava muito quando falava com Steph. Não porque ela realmente quisesse dizer isso, mas Steph tinha um jeito de fazer você sentir culpa de um modo fácil e sobre qualquer coisa, mesmo as menores.

“O que Zack fez desta vez?”, perguntou Steph.

“Não é o Zack”, disse Mackenzie. “Zack já era.”

“Bom”, Steph disse, com naturalidade. “Ele era um desperdício de espaço.”

Houve um silêncio na linha por um momento. Ficou claro que Steph poderia ficar o resto de sua vida sem falar com sua irmã novamente. Era um fato que ela deixou claro várias vezes. Eles não se odiavam, não mesmo, mas interagir trouxe de volta o passado. E o passado era algo que Steph passou a maior parte de seus trinta e três anos de vida fugindo dele.

Como sempre, Steph parecia meio adormecida quando falava ao telefone.

“Não há sentido em entrar em detalhes. Contas duramente pagas. Namorado alcólatra com uma reputação de dar ganchos de direita em mim. Enxaquecas constantes. O que você gostaria de ouvir?”

Mackenzie respirou fundo.

“Bem, que tal começar com o namorado que está batendo?”, disse Mackenzie. “Por que você não o denuncia por abuso?”

Steph apenas riu. “Problema demais. Não, obrigada.”

Mackenzie reprimiu um fluxo de respostas para as outras coisas. Entre elas estavam: E quanto a você voltar para a faculdade, terminar se curso, e sair desse beco sem saída? Mas agora não era o momento para tal conselho. Agora, através do telefone, as coisas iriam ficar na superfície. Ambas tinham aprendido há muito tempo que era melhor assim.

“Então, desenbucha”, disse Steph. “Você só me liga quando as coisas estão indo mal para você. É apenas por que o Zack foi embora? Porque se for, deixe-me dizer, essa é a melhor coisa que poderia ter acontecido com você.”

“Isso é só uma parte”, disse Mackenzie. “Mas há também este caso, que está impregnando em mim de uma forma que eu nunca tinha experimentado. Ele está me fazendo sentir, eu não sei, inadequada. Sem contar que eu convidei um homem casado para a cama ontem e- “

“Você teve sorte?” Steph interrompeu.

“Meu Deus, Steph. Isso é tudo o que você pode falar a respeito? “

“Foi a única coisa interessante que eu ouvi. Quem era?”

“Um agente do FBI que foi enviado para ajudar no caso.”

“Oh,” Steph disse, aparentemente cansada daquela conversa. Fez-se silêncio do outro lado da linha por cerca de cinco segundos antes que ela repitisse a pergunta: “Bem, ele foi para a cama com você?”

“Não.”

“Ai,ai,ai”, disse Steph.

“Você não sente vontade de conversar?”, perguntou Mackenzie.

“Raramente. Quero dizer, nós somos estranhas, Mackenzie. O que você quer de mim?” Mackenzie suspirou, dominada pela tristeza.

“Eu quero a minha irmã”, disse Mackenzie, surpreendendo até mesmo a si mesma. “Eu quero uma irmã que eu possa ligar para ela e ela irá me ligar de vez em quando para conversar sobre o trabalho.”

Steph suspirou. Era um som que parecia viajar as oitocentas milhas que as separavam e chegar através do telefone para dar um tapa no rosto dela.

“Essa não sou eu”, disse Steph. “Você sabe que toda vez que falamos, papai aparece. E tudo vai por água abaixo. Pior ainda, começamos a falar da mamãe.” A palavra mãe enviou outro tapa através da linha de telefone. “Como ela está?”, perguntou Mackenzie.

“O mesmo de sempre. Eu falei com ela no mês passado. Ela me pediu um pouco de dinheiro.”

“Você emprestou para ela?”

“Mackenzie, eu não tenho dinheiro para emprestar para ela.”

Outro silêncio no telefone. Mackenzie se ofereceu para emprestar dinheiro para Steph em várias ocasiões, mas cada tentativa tinha sido recebida com desprezo, raiva e ressentimento. Então, depois de um tempo, Mackenzie tinha simplesmente parado de tentar.

“Isso é tudo?”, perguntou Steph.

“Só mais uma coisa, se você não se importa”, disse Mackenzie.

“O quê?”

“Quando você falou com a mãe, ela me mencionou sequer uma vez?”

Steph ficou em silêncio por um tempo e depois finalmente respondeu. Quando o fez, sua voz sonolenta estava de volta. “Você realmente quer fazer isso consigo mesma?”

“Ela perguntou sobre mim?” Mackenzie perguntou, a voz mais alta agora e mais exigente.

“Ela perguntou. Ela perguntou se eu achava que você iria lhe emprestar algum dinheiro. Eu disse a ela para pedir ela mesma. Foi isso.”

Mackenzie se sentiu soterrada de tristeza. Isso era tudo o que sua mãe queria dela.

Ela segurou o telefone no ouvido, sentindo uma lágrima, sem saber o que dizer.

“Olha”, disse Steph. “De verdade, eu tenho que ir.”

O telefone ficou mudo.

Mackenzie jogou o telefone na cama e olhou para ele por um momento. A conversa não durou mais de cinco minutos, mas parecia uma vida. Ainda assim, havia estranhamente sido muito melhor do que os seus últimos telefonemas, que terminaram com argumentos sobre a dinâmica da família em relação a quem teve culpa pela decadência de sua mãe após a morte de seu pai. No entanto, de certa forma, esta chamada foi pior.

Ela pensou nos anos que se passaram entre a noite em que ela encontrou seu pai morto e a noite em que sua mãe tinha sido levada para a ala psiquiátrica do hospital pela primeira vez. Mackenzie tinha dezessete anos quando isso aconteceu; Steph estava na faculdade, se esforçando para ter um diploma de jornalismo. Depois disso, as coisas pioraram para as três, mas Mackenzie era a única que tinha conseguido suportar tudo isso, estando no topo dentro do possível dadas as terríveis circunstâncias.

Ela pensou em sua mãe quando terminou de se vestir, se perguntando por que a pobre mulher tinha escolhido odiá-la por tudo isso. Era uma pergunta que ela mantinha escondida nos cantos mais distantes de sua mente, trazendo-a apenas quando estava se sentindo para baixo.

Fazendo tudo o que podia para evitar esse assunto, ela pegou seu telefone, distintivo e arma. Ela, então, dirigiu-se para o trabalho, determinada. Mas para onde ela iria? Qual seria o seu próximo passo?

Pela primeira vez desde que foi promovida a detetive, ela sentiu como se estivesse em um beco sem saída.

Sem saída, pensou ela, as palavras começaram a construir uma ideia em sua mente.

Ela pensou sobre a estrada de terra em que o segundo corpo havia sido encontrado. Não tinha chegado a um beco sem saída naquele campo?

E sobre a casa abandonada? A estrada de cascalho que tinha levado a ele e a terceira vítima havia davam para a um beco sem saída em um pequeno quadrado de terra em frente da casa.

“Sem saída”, ela disse em voz alta ao deixar sua casa.

E de repente, ela sabia para onde tinha que ir.


CAPÍTULO DEZOITO

Sua sala de estar era muito escura, iluminada apenas pelos feixes finos de sol da manhã que conseguiram rastejar através das cortinas. Ele se sentou em uma poltrona áspera e olhou para a velha escrivaninha com uma cobertura de madeira que estava contra o canto mais distante da sala. Ela estava descoberta, revelando os itens que ele tinha guardado de cada sacrifício.

Havia um livro de bolso com uma carteira dentro. Dentro da carteira, havia uma carteira de motorista pertencente a Hailey Lizbrook. Havia também uma saia que tinha pertencido à mulher que ele tinha amarrado no campo; e uma mecha de cabelo ruivo claro com tintura preta na ponta que pertencia à mulher que ele havia colocado atrás da casa abandonada.

Ainda há espaço para lembranças que ele traria de volta do resto de seus sacrifícios, lembranças de cada mulher que ele pegou por causa da obra que o Senhor tinha delegado para ele. Enquanto ele estava satisfeito com a forma como as coisas caminhavam até agora, ele sabia que ainda havia trabalho a ser feito.

Ele sentou-se na poltrona, olhando para as suas lembranças, seus troféus, e esperou o sol terminar de subir. Só quando era totalmente manhã que ele deveria começar a trabalhar novamente.

Olhando para os itens sobre a escrivaninha, perguntou-se (não pela primeira vez) se ele era um homem mau. Ele achava que não. Alguém tinha que fazer este trabalho. Os trabalhos mais difíceis foram sempre deixados para aqueles que não têm medo de fazê-los.

Mas às vezes, quando ele ouvia as mulheres gritarem e implorarem por suas vidas, ele se perguntava se havia algo de errado com ele.

Quando os raios de luzes no chão passaram de um amarelo translúcido para um branco quase demasiado brilhante, ele sabia que tinha chegado a hora.

Ele se levantou da cadeira e caminhou até a cozinha. Da cozinha, ele saiu de casa através de uma porta de tela que levava para seu quintal.

O quintal era pequeno e fechado por uma velha cerca de arame que parecia ao mesmo tempo fora do lugar e de alguma forma camuflada pela negligência característica do bairro. A grama era alta e invadida por ervas daninhas. Abelhas zumbiam e outros insetos sem nome correram quando ele se aproximou, fazendo o seu caminho através da grama alta.

No fundo do quintal, ocupando todo o canto traseiro esquerdo, estava um velho barracão. Era uma monstruosidade sobre a propriedade já feia. Ele foi até lá e puxou a porta aberta, em suas velhas dobradiças enferrujadas. Ele se abriu, revelando a escuridão úmida de dentro. Antes de entrar, ele olhou em volta para as casas vizinhas. Ninguém estava em casa. Ele conhecia bem os seus horários.

Agora, à luz segura das 9:00, ele entrou no galpão e deslizou a porta que se fechou atrás dele. O celeiro estava cheio com o cheiro de madeira e poeira. Quando ele entrou, um grande rato correu ao longo da parede de trás e fez a sua saída através de uma fenda nas placas. Ele não deu atenção ao roedor, indo diretamente para os três longos postes de madeira que foram empilhados ao lado direito do galpão. Eles foram empilhados em forma de pirâmide em miniatura, um em cima dos outros dois. Dez dias atrás, havia três outros lá. Mas aqueles tinham sido bem aproveitados para promover o seu trabalho.

E agora, outro deve estar preparado.

Dirigiu-se para os postes e passou a mão carinhosamente ao longo da superfície desgastada de cedro do poste que estava empilhado em cima. Ele foi para a parte de trás do galpão onde uma pequena mesa de trabalho tinha sido criada. Houve um serrote velho, seus dentes irregulares e enferrujados, um martelo e uma talhadeira. Ele pegou o martelo e a talhadeira e voltou para os postes.

Ele pensou em seu pai quando ergueu o martelo. Seu pai tinha sido um carpinteiro. Em muitas ocasiões, seu pai lhe diria que o Senhor Bom Jesus também tinha sido um carpinteiro. Pensar em seu pai o fez pensar em sua mãe. Isso o fez lembrar do motivo que a ela fez deixá-los quando ele tinha apenas sete anos de idade.

Ele pensou no homem que vivia na parte de cima da sua rua e como ele visitava sua mãe quando seu pai não estava em casa. Recordou as molas da cama rangendo e as palavras indecentes que vinham do quarto entre os gritos de sua mãe, gritos que soavam satisfação e dor, tudo ao mesmo tempo.

“É o nosso segredo”, disse sua mãe. “Ele é apenas um amigo e seu pai não precisa saber nada sobre isso, certo?”

Ele concordou. Além disso, sua mãe parecia feliz. Motivo pelo qual ele ficou tão confuso quando sua mãe os deixou.

Ele colocou as mãos no topo do poste e fechou os olhos. A mosca na parede pode ter pensado que ele estava orando sobre o poste ou mesmo se comunicando com ele de alguma forma.

Quando ele acabou, ele abriu os olhos e colocou o martelo e a talhadeira para usá-los. Sob aquela luz escassa, que entrava pelas fissuras, ele começou a esculpir.

Primeiro veio N511, em seguida, J202.

Em seguida viria um sacrifício.

E ele reivindicaria isso esta noite.


CAPÍTULO DEZENOVE

Mackenzie se viu andando para uma pequena cafeteria com o mais explícito lampejo de esperança. Depois que ela tinha feito a difícil ligação para a sua irmã, ela fez um outro telefonema para alguém com quem ela não falava há algum tempo. A conversa tinha sido breve e direta ao ponto, concluindo com um encontro durante o café.

Ela olhou para cima agora e imediatamente viu o homem que ela tinha chamado. Ele era difícil de não ser notado; em uma multidão de pessoas correndo para o trabalho, em sua maioria jovens e bem vestidos, seu cabelo branco e sua camisa de flanela se destacavam drasticamente.

Ele estava afastado dela, e ela aproximou-se dele por trás e colocou a mão suavemente em seu ombro.

“James,” ela disse. “Como você está?”

Ele se virou e sorriu largamente enquanto ela se sentou em frente a ele.

“Mackenzie, eu juro que você está cada vez mais bonita”, disse ele.

“E você mais lisonjeiro”, disse ela. “É bom vê-lo, James.”

“Igualmente”, disse ele.

James Woerner estava nos setenta, mas parecia mais perto dos oitenta. Ele era alto e magro, algo que fez os policiais que já trabalharam com ele chamá-lo de Crane, depois de Ichabod Crane. Era um nome que ele tinha tomado para si depois de se aposentar na força e passou oito anos como consultor para a polícia local e, em duas ocasiões, para a polícia estadual.

“Então o que está acontecendo que pode ser tão ruim para fazer você procurar um velhote como eu?”, Perguntou.

Havia humor na questão, mas Mackenzie sentiu-se ausente quando ela percebeu que James foi a segunda pessoa em menos de duas horas a supor que ela havia ligado porque estava com algum problema.

“Eu estava pensando se você pegou algum caso que tenha lhe perturbado”, disse ela. “E eu não quero dizer algo que apenas o incomodou. Eu estou falando sobre um caso que lhe afetou tanto a ponto de você ficar paranoico ao chegar em casa, e pensar que todas as pistas falhas são culpa sua.”

“Eu suponho que você está falando sobre o vulgarmente chamado Assassino Espantalho?”, perguntou James.

“Como ...” ela quase perguntou, mas depois percebeu que ela sabia a resposta, assim que James respondeu para ela.

“Eu vi sua foto no jornal”, disse ele antes de beber seu café. “Fiquei feliz por você. Você precisa de um caso como este no seu currículo. Eu me lembro de ter dito há vários anos que você estava destinada a desvendar casos como este.”

“Você falou isso”, disse ela.

“No entanto, você ainda está nas trincheiras com a polícia local?”

“Estou.”

“Nelson está lhe tratando bem?”

“Como ele pode, de acordo com a equipe que trabalha para ele. Ele me colocou na frente do caso. Eu espero que seja um caminho para que ele permita que eu mostre o meu valor, assim toda a besteira machista dos outros chegará ao fim.”

“Ainda trabalhando com Porter?”

“Eu estava trabalhando com Porter, mas ele foi transferido quando um agente do FBI apareceu.”

“Trabalhar com os federais”, disse James com um sorriso. “Eu acredito que foi outra previsão que fiz sobre você. Mas estou mudando de assunto.”

Ele sorriu e se inclinou para frente.

“Diga-me o que neste caso está lhe afetando tanto. E se você mantiver um nível superficial, eu vou tomar meu café e sair. Eu tenho um dia ocupado para não fazer absolutamente nada esperando por mim.”

Ela sorriu.

“O estilo de vida glamoroso dos aposentados”, disse ela.

“Você está completamente certo”, disse James. “Mas não tente se esquivar.”

Ela sabia se esquivar bem de um pedido direto. Ela aprendeu isso, quando ele a tomou debaixo de suas asas, há cinco anos, ensinando-lhe as noções básicas de criação de perfil e como entrar na mente de um criminoso. O homem era teimoso como o inferno e sempre foi direto ao ponto, isso fazia Mackenzie sempre pensar, era motivo pelo qual eles se davam tão bem.

“Eu acho que é porque ele é um homem que parece matar apenas mulheres. Mais do que isso, ele está matando as mulheres que usam seus corpos para ganhar a vida.”

“E isso incomoda por quê?”

Doeu o coração dizer isso, mas ela conseguiu, de qualquer maneira.

“Faz-me pensar na minha irmã. E quando eu penso da minha irmã, eu penso em meu pai. E quando eu chego a esse ponto, eu me sinto um fracasso porque eu não peguei esse cara ainda. “

“Sua irmã era uma stripper?”, perguntou James.

Ela assentiu com a cabeça.

“Durante cerca de seis meses. Ela odiou o que fazia. Mas o dinheiro era bom o suficiente para ajudá-la a se levantar depois de uma fase difícil. Isso sempre me deixou triste, pensar nela fazendo isso para ganhar a vida. E enquanto não vejo a minha irmã sobre os postes de madeira quando eu visito os locais dos assassinatos, eu sei que há são boas chances de que essas mulheres que o cara mata tenham provavelmente vidas muito semelhantes à da Steph.”

“Agora, Mackenzie, você sabe que lembrar de seu pai, quando as coisas não estão indo bem em um caso é autoflagelo, certo? Não há nenhuma necessidade para se atormentar com isso.”

“Eu sei. Mas eu não consigo evitar isso.”

“Bem, vamos mudar a visão, por enquanto. Eu suponho que você me chamou para algum tipo de orientação, certo? “

“Sim.”

“Bem, a má notícia é que tudo o que eu li no noticiário é o que eu diria. Você está procurando um homem com uma aversão ao sexo que provavelmente teve problemas com a esposa, irmã ou mãe em sua vida. Eu também gostaria de acrescentar, porém, que esse cara não sai muito. Sua inclinação para exibir suas vítimas em áreas rurais me faz pensar que ele é um menino de cidade pequena. Ele provavelmente vive em uma parte da cidade em ruínas. Se não for esta cidade, então certamente algum lugar fora de um raio de cento e sessenta quilômetros, por aí. Mas isso é apenas um palpite.”

“Assim nós poderíamos estreitar nossa busca por alguém que tem postes de cedro prontos nas partes mais sórdidas da cidade?”

“Para começar. Agora, me diga, existem detalhes que você tenha notado sobre as cenas que poderia ficar em segundo plano em relação ao terror abrangente das próprias cenas? “

“Apenas os números”, disse ela.

“Sim, eu li sobre eles, mas apenas duas vezes. A mídia está muito obcecada pela profissão das mulheres, para insistir em algo que não entendem de imediato. Como esses números. Mas lembre-se: nunca encare uma cena de crime como já entendida. Cada cena tem uma história para contar. Mesmo que essa história esteja escondida em algo que é aparentemente trivial num primeiro momento, há uma história. É o seu trabalho encontrá-la, lê-la e descobrir o que significa.”

Ela ponderou isso. O que, ela se perguntava, ela tinha esquecido?

“Há mais uma coisa que eu preciso te perguntar,” ela disse. “Eu estou prestes a fazer algo que eu nunca tinha feito antes e eu não quero isso piore a minha situação. Isso poderia mexer ainda mais comigo.”

James a olhou por um momento e deu-lhe o mesmo sorriso malicioso que às vezes a assustava quando ele era seu mentor. Isso significava que ele tinha descoberto algo sobre ela mesmo sem ser dito e agora ele mantinha aquilo guardado.

“Você vai voltar para as cenas de assassinato”, disse ele.

“Sim.”

“Você tentará entrar na mente do assassino”, disse ele. “Você tentará ver as cenas como um homem com alguma falta interior, com um ódio pelas mulheres e uma espécie de medo em relação ao sexo.”

“Esse é o plano”, disse ela.

“E quando você fará isso?”

“Assim que eu sair daqui.”

James pareceu considerar isso por um momento. Ele tomou outro gole de café e acenou com aprovação.

“Eu sei que você é totalmente capaz disso”, disse ele. “Mas você está mentalmente pronta?”

Mackenzie deu de ombros e disse: “Eu tenho que estar.”

“Isso pode ser perigoso”, alertou. “Se você começar a ver as cenas através dos olhos do assassino, isso também pode distorcer a forma como você foi treinada para ver esses tipos de cenas. Você precisa estar pronta para isso, para traçar a linha entre esse tipo de inspiração obscura e sua necessidade derradeira para encontrar esse cara e levá-lo para cadeia.”

“Eu sei”, Mackenzie disse suavemente.

James tamborilando os dedos ao longo dos lados de sua xícara. “Você gostaria que eu fosse com você?”

“Pensei lhe pedir isso,” disse ela. “Mas acho que isso é algo que eu vou ter que fazer sozinha.”

“Isso é provavelmente a decisão certa”, disse James. “Eu devo avisá-la, porém: quando você tenta ver as coisas do ponto de vista de um assassino, nunca se permita tirar conclusões precipitadas. Tente começar fresca. Não feche a sua mente com pressupostos como, esse cara só odeia mulheres. Deixe a cena falar com você antes de você se projetar na cena.”

Mackenzie sorriu. “Isso soa muito New Age”, disse ela. “Você virou uma nova página?”

“Não. As folhas param de virar após a aposentadoria. Agora, quanto tempo você tem antes de sair nesta pequena missão?”

“Logo”, disse ela. “Eu gostaria de visitar o primeiro lugar até o meio-dia.”

“Bom”, disse ele. “Isso significa que você tem algum tempo. Então, por enquanto, empurre essa porcaria de Assassino Espantalho para o lado. Peça um café para você e entretenha um homem velho por um tempo. Que tal?”

Ela lhe deu uma olhada que ela tinha evitado fazer durante um ano, mais ou menos, quando ele a orientava. Era um olhar de menina que olha para o seu pai com uma necessidade de agradá-lo e fazê-lo feliz. Enquanto ela nunca havia se analisado psicologicamente para descobrir essa verdade, ela tinha imediatamente entendido isso, desde a primeira semana em que ela passou duas horas de dois dias com ele. James Woerner tinha sido uma figura paterna para ela durante esse período de sua vida e era algo pelo qual ela seria eternamente grata.

Então, quando ele pediu a ela para pegar uma xícara de café e fazer-lhe companhia, ela felizmente obedeceu. O milharal, as estradas de cascalho, e aquela velha casa abandonada por anos, eram todos imóveis. Eles poderiam esperar mais uma hora.


CAPÍTULO VINTE

Sob a breve tutela de James Woerner, uma das coisas que ele tinha elogiado nela várias vezes era o seu instinto. Ela tinha um instinto, ele disse, que era melhor do que a leitura das palmas das mãos ou qualquer outro meio divinatório para uma indicação do que fazer a seguir. É por isso que ela não perdeu tempo com no milharal onde o corpo de Hailey Lizbrook foi descoberto ou no campo aberto, onde o segundo corpo havia sido pendurado.

Ela foi diretamente para a casa abandonada onde a última vítima sido exposta. Durante a sua primeira visita, ela sentiu como se as janelas escuras tivessem um par de olhos, observando cada movimento seu. Ela sabia que no fundo de seu coração, que a cena tinha mais a oferecer. Mas, depois de tudo o que tinha acontecido com Ellis Pope, ela se sentiu como se não fosse capaz de investigar.

Ela estacionou o carro na frente do lugar e olhou para a casa através do pàra-brisas por um momento antes de sair. Pela frente, a casa parecia tão amaldiçoada, como um modelo ideal para qualquer casa assombrada que fosse participar de um episódio ou filme. Ela olhou para a casa, tentando vê-la da mesma forma que um assassino iria vê-la. Por que escolher este local? Foi a própria casa ou a esmagadora sensação de isolamento que atraiu ele?

Isso, por sua vez, fez ela se perguntar por quanto tempo o assassino tinha analisado os locais onde ele iria exibir suas vítimas. Os relatórios do legista pareciam indicar que os corpos foram trazidos para esses lugares e mortos aqui-ele não as matou de antemão e simplesmente as colocou aqui para serem vistas nos locais de exibição. Por quê? Qual é o sentido disso?

Mackenzie finalmente saiu do carro. Antes de caminhar em direção à varanda em ruínas, ela caminhou em torno do lado da casa e para o local onde a terceira vítima tinha sido pendurada. O corpo e o poste tinham sido removidos; a área estava visivelmente alterada, pisada por um tráfego de pés de um punhado de autoridades que haviam visitado o lugar. Mackenzie ficou de pé onde o poste estava, o buraco ainda era visível e terra solta perfeitamente delineando isso.

Ela agachou-se e colocou a mão no buraco. Ela olhou para a floresta circundante e parte de trás da casa, tentando ver o que o assassino tinha visto no momento em que ele tinha começado a atacar a mulher. Um frio traçou sua espinha quando ela fechou os olhos e tentou imaginar isso.

O chicote que ele estava usando tinha várias franjas na ponta, potencialmente farpada, de acordo com a aferição do padrão das feridas. Mesmo assim, ele teve que ser usado com grande força para abrir a carne do jeito que abriu. Ele provavelmente espreitava as vítimas em primeiro lugar, andando em círculos ao redor do poste, apreciando seus gritos e suas súplicas. Então algo acontece. Algo clica em sua cabeça ou talvez a vítima diz algo que dispara o instinto dele. É quando ele começa a chicoteá-las.

Aqui, neste local, ele havia atacado com mais fúria do que antes; as chicotadas não foram apenas na parte de trás, como elas foram antes, mas chegavam ao peito e barriga, algumas até cortavam suas nádegas embaixo. Em algum momento, o assassino pensa que o trabalho já foi feito e para. E depois? Será que ele se certifica de que elas estão mortas antes de deixar o local em um caminhão ou van? Quanto tempo ele fica aqui com elas?

Se ele está matando por mais do que apenas prazer, mas por alguma aversão às mulheres e/ou ao sexo, então ele provavelmente ele fica aqui um tempo, observando-as sangrar, observando a vida se esvair de seus olhos. Quando elas morrem, talvez ele, então, tem coragem suficiente para olhar para os corpos, de segurar um seio, experimentalmente, com uma mão trêmula. Será que ele se sente seguro ou poderoso, com nojo ou feliz por vê-las sangrar, por assistir o manto da morte cair sobre elas, deixando seus corpos nus em exposição?

Mackenzie abriu os olhos e olhou para o buraco em que sua mão ainda repousava. Os relatórios mostraram que todos os três buracos foram cavados grosseiramente com uma pá, em um ritmo rápido, em vez de escavadores para buracos, para um trabalho mais limpo e preciso. Ele tinha pressa para iniciar as coisas e então ele colocou os postes em cada buraco e encheu os buracos com terra novamente. Como essas mulheres estavam, então? Drogadas? Inconscientes?

Mackenzie se levantou e caminhou de volta para a frente da casa. Enquanto ela não tinha nenhuma razão real para acreditar que o assassino tinha ido lá dentro, o fato de que ele tinha escolhido o quintal como um de seus suportes de troféus fez a casa ter alguma culpa, por associação.

Ela subiu para a varanda que imediatamente rangeu sob seu peso. Na verdade, toda a varanda parecia se estabilizar em torno de seu peso. Em algum lugar na floresta, um pássaro piou em resposta.

Ela entrou na casa, passando por uma porta de madeira bem deteriorada que se arrastou contra o chão. Ela foi imediatamente agredida pelo cheiro de poeira e mofo, um cheiro de completo abandono.

Entrar na casa foi como entrar em um filme preto-e-branco. Uma vez lá dentro, o velho instinto que James tinha uma vez se referido com alta consideração, disse que não havia nada de anormal ali, nenhuma grande pista que levaria o caso ao fim.

Ainda assim, ela não pôde resistir. Ela explorou as salas vazias e corredores. Ela observou as paredes rachadas e a descamação do gesso, tentando imaginar uma família, que já havia vivido neste espaço em ruínas. Finalmente, ela foi para a parte de trás da casa onde parecia que uma cozinha tinha sido criada ali. O linóleo rachado e velho se agarrou ao chão em folhas de ondulação, revelando um piso podre por baixo. Ela olhou para a cozinha e viu as duas janelas que davam para o quintal, as mesmas duas janelas que ela sentiu que estavam olhando para ela em sua primeira visita.

Ela atravessou a cozinha, ficando próxima do lado do balcão abandonado ao longo da parede, a fim de evitar o chão questionável. Enquanto se movia, ela percebeu o quão tranquila era a casa. Este era um lugar para fantasmas e memórias, não para uma detetive desesperada procurando às cegas por alguma noção do que um assassino sentia. Independentemente disso, ela foi para a parede traseira e olhou para fora da primeira janela, à esquerda da velha pia de cozinha.

A localização de onde o poste e a terceira vítima estavam era visível a partir da janela sem obstáculos. De dentro da casa, ela não parecia tão intimidante. Mackenzie tentou imaginar a ordem das coisas de seu lugar na janela, como se olhando para a cena imaginada através de uma TV. Ela viu o assassino trazer a mulher para o poste que ele já tinha colocado lá. Ela se perguntou se ela estava inconsciente ou de alguma forma embriagada, cambaleando sobre seus pés com as mãos debaixo dos braços ou nas costas.

Isso estimulou um pensamento que ninguém se incomodou verificar ainda. Como é que ele levava as vítimas para o poste ? Elas estavam desmaiadas ? Drogadas ? Será que ele simplesmente as dominava? Talvez devéssemos conversar com o legista para verificar qualquer substância que provoque um comportamento letárgico...

Ela saiu da cozinha e fez seu caminho de volta para o que tinha sido uma vez uma sala de estar. Uma mesa cheia de marcas velhas colocada contra a parede. Ela estava visivelmente deformada ao longo do tampo e muitos dos papéis espalhados sobre ela pareciam folhas que haviam sido colocadas no chão e expostas a chuva durante anos. Mackenzie foi até a mesa e vasculhou os poucos papéis.

Ela viu faturas de alimentos para suínos e grãos. O mais antigo era datado de junho de 1977 e veio de uma fazenda fornecedora em Chinook, Nebraska. O papel do caderno tinha envelhecido tanto que suas linhas azuis estavam faltando ao tentar amparar uma caligrafia desbotada. Mackenzie olhou a escrita e viu o que parecia ser anotações para uma lição de escola dominical. Ela viu as referências a Noé e ao dilúvio, Davi e Golias, e também Sansão. Sob a bagunça de papel estavam dois livros: um devocional chamado Palavra De Cura De Deus e uma Bíblia que parecia tão velha que ela temia que se desintegrasse em poeira ao seu toque.

Ainda assim, ela descobriu que ela era incapaz de desviar o olhar da Bíblia. Vê-la trouxe à mente visões da crucificação que ela tinha apreendido durante o punhado de vezes que se aventurou a frequentar uma igreja com sua mãe, quando era bem jovem. Pensou em Cristo na cruz e o que ela tinha representado, e viu-se estendendo a mão para o livro.

Ela pensou na cruz em que Cristo morreu e sobrepôs aquela visão com a visão daquelas três mulheres em seus mastros. Eles tinham descartado uma motivação religiosa, mas ela não conseguia resistir se perguntar a respeito.

Ela abriu a Bíblia e passou a parte inicial, indo diretamente para a tabela de conteúdo. Ela sabia muito pouco sobre a Bíblia, então metade dos nomes dos livros não eram familiares para ela.

Ela examinou a tabela de conteúdo distraidamente, quase ignorando-a, quando de repente ela viu alguma coisa e seu coração começou a bater mais rápido. Os nomes dos livros. Os números ao lado deles.

Quando viu as abreviaturas, ele lembrou de outra coisa.

O poste.

Os números.

N511

J202

Com as mãos trêmulas, ela começou no topo da página Conteúdo, colocando seu dedo sobre Gênesis. Ela então deslizou para baixo com o dedo, procurando um livro que começasse com “N”.

Em poucos segundos, ela parou na lista para o livro de Números.

Ela folheou as páginas empoeiradas, o cheiro de podridão flutuava em seu rosto. Ela localizou Números e depois procurou pelo Capítulo 5. Quando ela descobriu aquela parte, em seguida, correu o dedo ao longo da página até o versículo 11.

N511. Números, Capítulo 5, versículo 11.

Ela leu, e em cada palavra, seu coração batia mais rápido. Era como se a temperatura da casa tivesse caído cerca de vinte graus.

“Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo:

Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando a mulher de alguém se desviar, e transgredir contra ele,

De maneira que algum homem se tenha deitado com ela, e for oculto aos olhos de seu marido, e ela o tiver ocultado, havendo-se ela contaminado, e contra ela não houver testemunha, e no feito não for apanhada,

E o espírito de ciúmes vier sobre ele, e de sua mulher tiver ciúmes, por ela se haver contaminado, ou sobre ele vier o espírito de ciúmes, e de sua mulher tiver ciúmes, não se havendo ela contaminado,

Então aquele homem trará a sua mulher perante o sacerdote... ”

Ela leu o trecho várias vezes, as mãos tremiam, sentindo-se animada e enojada ao mesmo tempo. A passagem a enchia de um sentimento de mau presságio que fez seu estômago ficar um pouco enjoado.

Ela foi de volta para a tabela de conteúdo. Ela viu que havia vários livros que começavam com J, mas resolver esse pequeno enigma não era a sua especialidade. Além disso, ela tinha certeza de que tinha o suficiente para continuar com a passagem de Números.

Mackenzie fechou a Bíblia e colocou-a de volta com os papéis esquecidos. Ela correu para fora da casa e de volta para seu carro, de repente com muita pressa.

Ela precisava voltar para o posto.

Mais do que isso, ela precisava falar com um pastor.

Este assassino não era tão imprevisível como todos pensavam.

Ele tinha um MO (Modus Operandi).

E ela estava prestes a descobri-lo.


CAPÍTULO VINTE E UM

Mackenzie não tinha pisado em uma igreja desde o casamento de sua colega de faculdade. Depois que seu pai morreu, sua mãe tinha tentado arrastá-la e Steph para a igreja em várias ocasiões e foi por essa razão que Mackenzie fazia de tudo para evitar igrejas.

Ainda assim, quando entrou no santuário da Igreja Metodista Nova Vida, ela teve que admitir que havia um certo grau de beleza ali. Era mais do que os vitrais e o altar ornamentado, havia algo totalmente diferente que, francamente, ela não entendia.

Enquanto ela se aproximava da frente do santuário, ela viu um homem mais velho sentado em um dos bancos da frente. Ele, aparentemente, não a tinha ouvido entrar, porque ele estava com a cabeça baixa, lendo em um livro.

“Pastor Simms?”, perguntou ela. Sua voz ressoou como o Todo-Poderoso no santuário cavernoso.

O homem levantou os olhos do livro e se virou para ela. Ele era um homem na casa dos cinquenta, vestido com uma camisa de botões e calça cáqui. Ele usava um tipo de óculos que instantaneamente o fazia parecer um homem carinhoso.

“Detetive White, eu presumo?”, perguntou ele, levantando-se.

“Você presume corretamente”, disse ela.

Ele parecia um pouco chocado, mas a encontrou na diretoria do santuário, mesmo assim.

“Perdoe-me por estar surpreso”, disse ele. “Quando seu chefe Nelson me ligou para solicitar um pouco do meu tempo para a sua pesquisa, eu não estava esperando uma mulher. Devido à natureza hedionda dos crimes, acho que é um pouco estranho uma mulher estar liderando o caso. Sem querer ofendê-la, é claro. “

“Não me sinto ofendida.”

“Sabe, Clark falou bem de você.”

O nome Clark a distraiu e ela levou um tempo para perceber que ele estava falando de Nelson, Chefe de Polícia Clark Nelson.

“Eu tenho ouvido muito isso ultimamente”, disse ela.

“Bem, então, deve ser bom.”

“E inesperado”, disse ela.

Simms balançou a cabeça, como se entendesse perfeitamente. “Nelson é um pouco atrevido, às vezes. Mas ele também é extremamente gentil quando precisa ser. Imagino que seja difícil mostrar essa parte de si mesmo no trabalho.”

“Então ele frequenta esta igreja?”, perguntou Mackenzie.

“Ah, sim”, disse ele. “Todos os domingos. Mas eu estou desviando a conversa. Por favor “, acrescentou, apontando para o banco em que ele estava sentado. “Sente-se.”

Mackenzie se sentou e olhou para o livro que Pastor Simms estava lendo e não ficou surpresa ao descobrir que era uma Bíblia.

“Então, o Chefe Nelson me disse que você tem perguntas sobre a escritura sagrada que podem levar à prisão do homem que matou aquelas pobres mulheres.”

Ela pegou o telefone celular e puxou a foto que ela havia tirado da velha Bíblia da casa abandonada. Ela entregou a ele e ele a pegou, ajeitando os óculos quando olhou para ela.

“Números, capítulo cinco, versículo onze a vinte ou mais. Você acha que você poderia me dizer como você interpreta o trecho? “, perguntou ela.

Ele olhou para a foto brevemente e, em seguida, devolveu o telefone.

“Bem, é bastante autoexplicativo. Nem todas as passagens bíblicas precisam ser descodificadas. Esta simplesmente fala de mulheres adúlteras sendo forçadas a beber águas amargas. Se elas fossem puras, nenhum mal lhes aconteceria. Mas se elas haviam se envolvido em relações sexuais com alguém que não fosse seus maridos, as águas trariam uma maldição sobre elas.”

Ela considerou isso.

“O assassino esculpiu N511 em cada poste em que pendurou uma vítima”, disse ela. “E com base no tipo de mulher que ele foi escolher, a alegoria parece bastante adequada.”

“Sim, eu concordo”, disse Simms.

“Ele também está esculpindo J202 nos postes. Há muitos livros da Bíblia que começam com J para eu dar um palpite. Eu estava esperando que você tivesse alguma ideia sobre o livro?”

“Bem, Números é um livro do Antigo Testamento e se este assassino está matando com base no que ele pensa que são as leis do Velho Testamento, mas desorientado por interpretações e ações equivocadas, acho que é seguro dizer que esta outra referência seria do Antigo Testamento também. Se for esse o caso, estou certo de que ele está se referindo ao livro de Josué. No Capítulo Vinte de Josué, Deus fala das Cidades de Refúgio. Estas foram as cidades onde as pessoas que tinham matado acidentalmente outras poderiam fugir sem acusação.”

Mackenzie remoeu isso por um momento, seu coração estava acelerado, algo começando a clicar lá dentro. Ela pegou a Bíblia e encontrou o livro de Josué, daí ela desenterrou a passagem. Quando ela a encontrou, ela leu o trecho em voz alta, um pouco assustada com o som da escritura pronunciada por sua voz na igreja vazia.

“FALOU mais o SENHOR a Josué, dizendo:

Fala aos filhos de Israel, dizendo: Apartai para vós as cidades de refúgio, de que vos falei pelo ministério de Moisés,

Para que fuja para ali o homicida, que matar alguma pessoa por engano, e não com intenção; para que vos sirvam de refúgio contra o vingador do sangue.

E fugindo para alguma daquelas cidades, pôr-se-á à porta dela e exporá a sua causa aos ouvidos dos anciãos da tal cidade; então o tomarão consigo na cidade; e lhe darão lugar, para que habite com eles.

E se o vingador do sangue o seguir,...”

Ela parou aqui, surpresa, sabendo que ela tinha finalmente descoberto a fonte dos números. Era ao mesmo tempo emocionante e desanimador. Ela tinha agora uma dica do seu MO—e ainda era tudo tão vago. Nada disso poderia trazer a resposta.

“Há mais, você sabe”, disse Simms.

“Sim”, disse ela. “Mas eu acho que isso é o suficiente. Diga-me, Pastor, você sabe quantas eram as Cidades de Refugiados? “

“Seis ao todo”, disse Simms.

“Você sabe onde elas estavam localizadas?”

“A grosso modo,” ele respondeu.

Ele pegou a Bíblia e foi até a parte de trás, mostrando-lhe uma série de glossários e mapas. Ele foi até um mapa que representava Israel nos tempos bíblicos e, ajeitando os óculos de novo, apontou seis locais.

“É claro”, disse ele, “esses locais podem não ser exatos, mas—”

Seu coração começou a bater forte quando ela fez uma conexão que quase parecia boa demais para ser verdade. Ela agarrou o livro com força.

“Posso tirar uma foto?”, perguntou ela.

“Claro”, respondeu ele.

Ela o fotografou com as mãos trêmulas.

“Detetive, o que foi?”, Ele perguntou, estudando-a. “Eu ajudei de alguma forma que eu não entendo?”

“Mais do que você imagina”, disse ela.


CAPÍTULO VINTE E DOIS

Quando Mackenzie entrou na sala de conferências, o lugar estava repleto. Nancy sentou-se em seu lugar habitual, no final da mesa, dividiu os relatórios mais atualizados sobre o caso do Assassino Espantalho. Policiais estavam a tomar os seus lugares à mesa, murmurando solenemente como se estivessem participando de um funeral. Quando Mackenzie abriu caminho até a frente da sala onde ela viu Nelson falando com outro oficial, ela notou que ela estava recebendo um monte de olhares dos oficiais que passavam. Alguns ainda estavam de cara feia para ela como há três dias nesta mesma sala. Mas (e talvez foi coisa da imaginação dela), alguns estavam olhando para ela com interesse genuíno e, ela ousa dizer, respeito.

Nelson a viu chegar e terminou sua conversa com o outro policial de imediato. Ele colocou um braço ao redor dela e virou-a para longe da multidão que ainda continuava a se reunir na sala. “Esta notícia”, disse ele. “Será que vai nos render uma prisão dentro das próximas horas?”

“Eu não sei”, disse Mackenzie. “Mas certamente pode estreitar a nossa pesquisa. Mas nos colocará muito perto disso.”

“Então, você apresenta o show”, disse ele. “Pode fazer isso?”

“Sim”, ela disse, ignorando o poço de preocupação que borbulhava em seu estômago.

“Bem, então, aqui vamos nós”, disse ele. Com isso, ele virou-se para a sala e bateu suas mãos carnudas na mesa várias vezes. “Ok, todo mundo”, ele gritou. “Sentem-se e fechem a boca”, disse ele. “Mackenzie tem uma novidade sobre o caso e vocês lhe darão toda a sua atenção. Guarde todas as perguntas para quando ela terminar.”

Para a surpresa de Mackenzie, Nelson colocou uma das cadeiras restantes contra a parede, afastou-se da grande mesa de reunião. Ele olhou para ela e foi quando ela percebeu que era tudo estava nas mãos dela. Talvez fosse um teste ou talvez Nelson já estava sem paciência para este caso. De qualquer forma, esta era a sua chance de pegar o touro a unha e provar o seu valor.

Ela olhou para a sala e viu Porter sentado entre os rostos. Deu-lhe um sorriso rápido, quase como se quisesse garantir que ninguém mais veria. Foi provavelmente a coisa mais doce que ele já tinha feito por ela e ela descobriu que Porter estava começando a surpreendê-la a cada vez.

“Eu revisitei uma das cenas do crime esta manhã”, explicou Mackenzie. “Apesar de a visita em si não ter revelado a pista, ela me levou direto a outra. Como muitos de vocês sabem, em cada poste em que o assassino amarrou as mulheres havia dois agrupamentos de letras e números, como um código: N511 e J202. Depois de falar com um pastor mais cedo hoje, eu descobri que essas são referências a Números 5:11 e Josué 20:2.

“A passagem de Números fala sobre uma abordagem do Antigo Testamento sobre o adultério. Qualquer mulher adúltera era trazida para os sacerdotes e a elas era dado o que foram chamadas águas amargas. O pensamento era que a água abençoada iria amaldiçoar mulheres adúlteras e não afetaria uma mulher pura. Em essência, era a maneira de julgar da igreja ou acusar mulheres consideradas impuras.

“Quanto à referência a Josué, passagem se refere às Cidades de Refúgio, cidades para as quais os homens poderiam escapar se tivessem acidentalmente cometido um assassinato ou matado para se proteger, ou proteger suas famílias ou seus povos. Nessas cidades de refúgio, os assassinos não poderiam ser acusados. Na verdade, diz-se na passagem que todos os homens que residem na Cidade de Refúgio seriam poupados contra o vingador do sangue.

“Agora, de acordo com o pastor com quem falei, havia seis cidades. E isso me leva a crer que haverá pelo menos mais três assassinatos.”

“Por que isso?”, Perguntou Nelson, desconsiderando o seu comando anterior de manter todas as perguntas para o fim.

“Eu acredito que o assassino está matando as mulheres para usá-las como uma representação de cada Cidade de Refúgio. E, quando ele mata as vítimas, ele acredita que está a assumir o papel de vingador do sangue. Mais do que isso, ele está, em certo sentido, construindo uma cidade.”

A sala ficou em silêncio por um momento, enquanto esperavam que ela explicasse. Ela se virou para a parede atrás dela, onde um quadro tinha sido recentemente limpo. Ela pegou um marcador e desenhou um mapa imperfeito de memória, esboçando o mapa que o Pastor Simms lhe havia mostrado na igreja.

“Estes são os locais das seis cidades”, disse ela, colocando grandes pontos ao longo de seu esboço de mapa. Elas faziam uma forma oval rude, cada cidade, quase à mesma distância umas das outras.

“Agora, se fossemos fazer um mapa da área que contém os locais onde encontramos cada um dos corpos”, ela disse, “seria semelhante a isso, quase exatamente.”

Imediatamente, Nancy começou a digitar algo em seu computador na parte traseira da mesa. Sem tirar os olhos da tela, ela disse, “Eu vou buscar um mapa,” disse ela. “Luzes, por favor.”

O oficial mais próximo do interruptor acendeu as luzes enquanto o outro ligou o projetor que estava no meio da mesa bagunçada de conferência. Mackenzie deu um passo para o lado para permitir que a luz incidisse diretamente no quadro branco.

Nancy buscou o mesmo mapa que foi anexado aos relatórios que tinham sido entregues anteriormente. Ele mostrava cada rodovia, estrada secundária, e cidade em um raio de duzentos e cinquenta quilômetros. No mapa, três Xs tinham sido colocados, onde cada uma das vítimas tinha sido encontrada.

“Enquanto os locais não se alinham perfeitamente”, Mackenzie disse, “eles estão extremamente perto em proximidade. O que isto significa é que, se isso não é simplesmente uma coincidência e, neste ponto, eu acho que está claro que não é, então podemos identificar a localização aproximada de onde a cena do próximo crime podería ser.”

“Como saberemos a direção que ele vai tomar?” Um dos oficiais na mesa perguntou. “Se existem três restantes, há qualquer garantia de que ele irá na ordem geográfica?”

“Não, não há nenhuma garantia”, Mackenzie admitiu. “Mas até agora, é o que temos.”

“E estamos ainda sem saber como ele está selecionando as vítimas?”, perguntou Porter.

“Isso está sendo verificado, enquanto falamos”, disse Mackenzie. “Temos homens verificando isso nos três clubes de strip em um raio de centenas de quilômetros nas áreas. Mas eu acho que também temos de supor que ele não procuraria para além de prostitutas.”

“E quanto às águas amargas?” Alguém perguntou. “Que tipo de água é essa?”

“Eu não sei”, disse Mackenzie. “Mas nós já informamos o legista para verificar o conteúdo do estômago das vítimas para ver se há alguma coisa fora do comum: venenos, produtos químicos, qualquer coisa assim. Pessoalmente, acredito que poderia ser apenas água benta e se esse for o caso, será impossível achar isso.”

“Você quer dizer que água benta não brilha magicamente?”, perguntou outro oficial. Houve algumas risadas ao redor da mesa.

“Ei”, disse Nelson, tomando a frente da sala novamente. Ele foi até o quadro e pegou um marcador vermelho. Ele circulou a área fantasma no mapa projetado, ele parecia se alinhar melhor com a quarta cidade no mapa que Mackenzie tinha desenhado.

“Eu estou colocando White no comando para bloquear esta área aqui”, disse ele. “Eu quero pelo menos oito homens disponíveis lá fora, dentro da próxima hora para fazer um levantamento do local. Obter a posição do terreno, decorar as estradas, e ficar em patrulha dentro da área até ouvir o contrário de mim. Nancy, eu preciso de você telefonar para o DP Estadual e solicitar o uso de um helicóptero para varrer a área.”

“Sim, senhor”, disse Nancy.

“Outra coisa”, disse Mackenzie. “Somente carros sem identificação. A última coisa que queremos é espantar esse cara.”

Nelson considerou isso e ela poderia dizer que isso o irritou. “Bem, com apenas quatro carros sem identificação, ficamos limitados. Então, eu permito que usem carros de patrulha, mas não para ficarem estacionados ou parados. Agora, com tudo o que sabemos, não há desculpas para não se pegar esse cara antes de uma quarta mulher morrer. Alguma pergunta?”

Ninguém disse nada enquanto todos dentro da sala se levantaram. Houve um arrepio de excitação no ar que Mackenzie quase podia sentir como uma presença física. Oficiais começaram a sair ansiosamente, sentindo que o fim deste caso infeliz estava acerca. Ela sabia a mentalidade; de que neste ponto, qualquer um poderia ter a chance de prender o suspeito. Embora alguém (neste caso, ela) tinha feito as conexões e apresentado uma solução para o fim do jogo, agora o jogo não tinha mais dono.

Quando Mackenzie se dirigiu para a porta, Nelson a deteve. “Foi um trabalho muito legal, Mackenzie. E eu vou te dizer outra coisa, também: Ellington estava falando

maravilhas de você quando voltou para Quantico. Eu recebi um telefonema de seu diretor e eles a cumprimentaram.”

“Obrigada.”

“Agora, se eu pudesse evitar que você perseguisse jornalistas online gordinhos e pudesse afastá-los todos, eu acho que você teria uma carreira promissora pela frente. Aquele Pope chamou dois advogados diferentes por sua causa. Eu não acho que ele vai deixar isso barato.”

“Desculpe-me, Chefe”, disse ela, intencionalmente.

“Bem, empurre isso para o segundo plano”, disse Nelson. “Por enquanto, vamos nos concentrar em pegar esse assassino. Jornalistas são quase tão ruins quanto, mas pelo menos Ellis Pope não está amarrando mulheres em mastros e batendo nelas até a morte.”

Ela se encolheu internamente com a forma como Nelson estava se referindo às vítimas. Lembrou-se de que, mesmo no meio de uma corrente súbita e inesperada de confiança e louvor vinda de homem, ele era a mesma criatura com quem ela tinha começado a trabalhar.

“E se tudo bem para você”, ele disse, “eu vou dirigindo com você. Se eu a coloquei no comando desta cena, eu gostaria de ser seu braço direito.”

“Claro”, ela disse, odiando instantaneamente a ideia.

Quando eles saíram da sala de conferências, ela olhou em torno à procura de Porter. Foi engraçado e irônico ela preferir compartilhar um carro com Porter, à medida que o caso, se aproximava do fim. Talvez fosse a familiaridade ou apenas o fato de que ela ainda sentia que Nelson era machista demais para levá-la a sério, apesar dos louvores do FBI.

Mas Porter tinha se perdido na confusão e emoção, assim como todos tinham ao sair da sala de conferência. Ela não o viu no corredor quando ela parou em seu escritório para pegar seu distintivo e arma, e ele estava longe de ser encontrado no estacionamento.

Nelson encontrou-a no carro e não era mesmo uma questão de quem iria dirigir. Ele instantaneamente ficou atrás do volante e parecia muito impaciente enquanto esperava por ela se sentar no banco do passageiro e afivelar o cinto de segurança. Ela fez o seu melhor para esconder sua irritação, mas pensou que isso realmente não importava.

Nelson estava tão envolvido na perspectiva de pegar o Assassino Espantalho que ela era basicamente segundo plano, apenas uma peça na máquina majoritariamente masculina que tinha trazido todos até aqui.

De repente, a sugestão de tentar entrar no FBI, feita por Ellington, parecia mais atraente do que nunca.

“Pronta para pegar esse idiota?” Nelson perguntou quando chegaram no estacionamento atrás de dois carros de patrulha.

Mackenzie mordeu o lábio inferior para esconder o sorriso sarcástico que tentou espalhar e disse:

“Mais do que você imagina.”


CAPÍTULO VINTE E TRÊS

O telefone de Mackenzie começou a tocar a menos de dez minutos de sua volta com Nelson. Ela verificou o número no visor e, embora ela ainda não tinha salvo, estava fresco e familiar em sua mente. Ela tinha quase esquecido que Ellington tinha enviado um texto afirmando que ele iria chamá-la. Ela sabia que ele tinha enviado o texto naquela manhã, mas parecia que havia passado muito tempo. Ela verificou a hora na barra de tarefas do seu telefone e viu que eram 03:16 apenas. Este dia estava ficando incrivelmente longo.

Ela ignorou a chamada, não querendo acrescentar outro nível de complexidade ao que estava se transformando em uma tarde já caótica. Ao mesmo tempo que ela estava ignorando a ligação de Ellington, Nelson estava no telefone com Nancy. Ele falou secamente, direto e ao ponto. Era claro que ele estava no limite e, além disso estressado, um sentimento que Mackenzie estava começando a sentir também.

Ele terminou a chamada vários segundos mais tarde e começou nervosamente a bater no volante com os polegares. “Nancy acabou de falar com os rapazes do Estado”, disse ele. “Eles vão ter um helicóptero voando sobre a área dentro de uma hora e meia.”

“Boa notícia”, disse Mackenzie.

“Diga-me”, disse Nelson. “Você acha que ele está matando as mulheres antes de colocá-las nos postes ou ele mata as moças lá?”

“Não há nada sólido para provar ambas as possibilidades”, disse Mackenzie. “No entanto, a primeira cena no milharal me faz pensar que as mulheres estavam vivas quando elas foram colocadas nos postes. Havia marcas no chão onde o chicote, ou seja lá o que for, foi arrastado.”

“Então?”

“Então, ele estava andando. Ele estava ansioso e passando o tempo. Se a mulher já estava morta, por que esperar ao redor com o chicote?”

Nelson balançou a cabeça e deu um sorriso de agradecimento. “Nós vamos pregar esse bastardo,” ele disse, ainda batucando no volante.

Mackenzie queria muito participar em seu entusiasmo, mas algo parecia incompleto.

Ela quase se sentiu como se tivesse esquecido alguma coisa, mas não podia entender o que era. Ela permaneceu em silêncio, refletindo sobre isso em silêncio, enquanto Nelson continuo.

Eles entraram no que Nelson estava se referindo como a Área de Interesse vinte minutos depois. Ela tinha escutado vários telefonemas breves de Nelson durante o trajeto e entendeu que Nelson criava um bloqueio em uma área de 48 quilômetros quadrados. A área consistia em mato e rodovias secundárias, em sua maior. Algumas dessas estradas secundárias eram cercadas por plantações de milho, assim como o local da cena original do crime que tinha começado toda essa loucura.

Quando Nelson dirigiu para tal estrada, o rádio BC fez um sinal para eles. “Detetive White, você está aí?”, perguntou uma voz de homem.

Mackenzie olhou para Nelson, como se pedisse sua aprovação. Ele apontou para o rádio CD instalado sob o painel com um sorriso. “Vá em frente”, disse ele. “É o seu show.”

Mackenzie soltou o microfone do rádio e clicou para responder. “Detetive White. O que você conseguiu?”

“Eu estou aqui fora da rota Estadual 411 e me deparei com uma via lateral, nada mais do que uma estrada velha de cascalho, realmente. A estrada vai direto para um milharal e não está nos mapas. Tem cerca de metade de um quilômetro de comprimento e tem trechos sem saída que terminam em uma pequena clareira no milharal.”

“Ok”, disse ela. “Você achou alguma coisa?”

“Vamos dar a devida atenção, Detetive”, disse o oficial na outra extremidade. “Eu acho que você precisa vir para cá o mais rápido possível.”

*

Foi mais do que estranho ir para outro milharal. Era quase como se ela tivesse feito um círculo completo, só que não se sentia como se estivesse chegando ao fim de alguma coisa. Muito pelo contrário, ela sentiu como se estivesse começando tudo de novo.

Ela estava na beira da clareira com Nelson e de o Oficial Lent, o homem que tinha contato ela no rádio. Os três estavam entre as espigas de milho e olhavam para a pequena clareira.

“Um poste havia sido colocado no meio da clareira. Ao contrário dos outros postes que tinham visto recentemente e eram idênticos a este, não havia corpo pendurado nele. O poste estava nu e parecia quase como uma espécie estranha de monólito antigo na clareira vazia.

Lentamente, Mackenzie foi até ele. Era cedro, como os outros três. Ela agachou e senti a terra ao redor da parte inferior do poste. Estava leve e tinha muito obviamente sido retirada e depois pressionada recentemente.

Este poste foi colocado aqui recentemente”, disse Mackenzie. “A terra solta é muito fresca. Eu quase acho que isso foi feito mais cedo hoje.”

“Assim, ele prepara os lugares antes de trazer suas vítimas,” Nelson especulou. “Eu não sei se isso é genial ou arrogante.”

Enquanto Mackenzie sentia repulsa pela palavra gênio estar vinculada a um assassino, ela o ignorou. Ela foi para a parte de trás do poste e imediatamente viu as marcas ao longo da parte inferior, a várias polegadas de terra solta que seguravam o mastro no chão havia: N511/J202.

“Eu não diria tanto”, disse Mackenzie. “O que eu sei é que ele está, essencialmente, nos deixando seu cartão de visitas. Sabemos que ele está voltando, e ele provavelmente vai ter sua última vítima com ele.”

Quando ela voltou a ficar de pé, ela foi atingida por um sentimento de vingança que ela nunca tinha sentido antes. O homem por trás desses crimes, de alguma forma abalava

White. Ele tinha se tornado um tipo de fantasma, um fantasma com a capacidade de assombrar sua casa, sua mente, e sua confiança. Ele a fez saltar ao som do ranger de um piso, chegando a um ponto em que ela estava dando em cima de agentes encantadores do FBI. Ele a afetava tanto que ela não tinha a energia ou emoção suficiente para se importar com o Zack, que tinha finalmente ido embora.

Além disso, ele estava pegando as mulheres como suas vítimas simplesmente porque elas usaram seus corpos como um meio de ganhar a vida. E quem diabos era ele para julgá-las por isso?

“Eu quero estar aqui”, disse Mackenzie. “Eu quero estar em patrulha, ou seja como for para ter certeza de que vamos pegá-lo. Eu quero colocar as algemas no filho da puta.”

Ela sabia que soava egoísta, mas ela não se importava. Naquele momento, ela não dava a mínima para o que Nelson pensava dela. Ela não se importava se ele voltasse para os rapazes no posto e risse sobre como a fofa mulherzinha exigiu coisas dele. De repente, pegar o homem por trás desses assassinatos era mais importante do que qualquer outra coisa, incluindo seu trabalho e sua reputação.

“Eu posso ver isso”, disse Nelson com um sorriso. “É bom ver uma faísca de chateação em você, White. Eu não sabia que você tinha isso.”

Ela engoliu a resposta que estava na ponta da sua língua, e simplesmente pensou, em vez disso.

Nem eu.


CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Mackenzie se sentiu positiva quanto ao assassino não atacar até a noite, e os outros concordaram com ela. Isso deu a todos eles mais quatro horas de luz do dia para se prepararem para o que esperavam ser uma ação bem-sucedida. Mesmo se alguma coisa acontecesse antes do anoitecer, havia três carros de patrulha estacionados ao longo da rota 411, atentos sobre um veículo entrar na estrada de terra que levava ao local que o assassino tinha preparado. Com a adição de um helicóptero do DP Estadual a caminho para ajudar, parecia uma vitória mesmo antes de o sol se por.

Mackenzie estava em um dos carros sem placas ao longo da rota 411, aliviada por estar sozinha. Nelson tinha se ocupado com a volta ao posto para se reunir com um conselheiro do DP Estadual, permitindo-lhe manter os olhos na cena e manter o controle do caso. O carro dela estava estacionado a cerca de dois quilômetros e meio da estrada de terra, parcialmente escondido da 411 por ter ficado atrás, bem na entrada para um lugar que tinha sido uma passagem velha que os agricultores usavam para ir de um milharal para o outro.

Ela estava sentada lá durante quinze minutos e o único carro que tinha visto passar era um carro da polícia, deixando o local e voltando para o posto. Ela ainda tinha certeza de que não haveria nenhuma atividade até bem tarde da noite e sabia que ela tinha uma longa extensão de espera pela frente. Perguntou-se se Nelson tinha lhe dado esse dever para mantê-la fora de seu caminho ou se ele viu isso como oferecendo para ela uma posição à frente e no centro dos eventos à medida que se desenrolavam.

Com um suspiro e um olhada para o trecho monótono da Rota Estadual 411, Mackenzie pegou o telefone e olhou para a notificação de chamada perdida de quando Ellington tinha tentado chamá-la uma hora e meia atrás. Ela fez o seu melhor para não recordar os acontecimentos de ontem à noite, quando ela si fez de idiota na presença dele, ao apertar a barra de notificação. Quando o seu número veio, apertou-o imediatamente antes que ela tivesse tempo para mudar de ideia.

Ele respondeu no terceiro toque e quando o fez, ela odiava ser tão bom ouvir a voz dele. “Ellington aqui”, disse ele.

“É Mackenzie White”, disse ela. “Estou retornando sua chamada.”

“Ah, oi! Eu ouvi que vocês têm uma pista promissora.”

“Parece que sim, mas o tempo dirá. Nós encontramos o próximo poste, já preparado e pronto.

“Eu soube. Como você se sente sobre isso?”

“Bem”, disse ela.

“Você parece duvidosa.”

“Parece bom demais para ser verdade. Eu sinto que há algo faltando.”

“Talvez haja”, disse Ellington. “Seus instintos são bastante apurados. Eu não iria questioná-los.”

“Eu normalmente não os questiono.”

Um silêncio constrangedor caiu entre eles e Mackenzie encontrou-se procurando por algo novo para falar. Ele já tinha ouvido falar sobre a nova pista no caso, por isso era inútil rediscutir tudo isso. Isso é patético, Mackenzie, pensou.

“Então,” Ellington disse, quebrando o silêncio. “Tomei a liberdade de trabalhar um perfil depois que eu soube os laços religiosos. As chances são muito boas de estarmos à procura de alguém com a religião como plano de fundo. Talvez até mesmo um padre ou pastor, apesar de haver pontos para uma história de educação em um lar religioso rígido. Talvez ele foi para uma escola religiosa particular. Eu também estou pensando que ele talvez não tinha mãe ou uma mãe ausente. Ele provavelmente agia demostrando suas emoções infantis, não das formas extremas que estamos vendo agora, mas problemas infantis mais básicos.”

“O que é tudo isso tem a ver?”, perguntou ela. “Só coisas do passado?”

“Sim, na maior parte”, disse ele. “Eu não posso levar o crédito por esses insights. Mas verdade seja dita, é uma fórmula que funciona cerca de setenta por cento do tempo.”

“Ok, então se este local não trouxer nada de novo, teremos que manter os olhos em cerca de cada um dos mil possíveis suspeitos.”

“Talvez não tantos. Baseado em meu perfil, eu também presumiria que esse cara é um local. Se ele está mapeando sua própria cidade, como você apontou, eu diria que ele cresceu em torno de lá. E por causa disso, eu fiz algumas chamadas. Há uma escola primária católica a noventa e seis quilômetros de Omaha. Há mais uma no estado, mas eu estou apostando na mais próxima de Omaha, será sua melhor aposta.”

“Isso é incrível”, disse Mackenzie.

“Como?”

“Olhe só, você reduzirá a procura e até mesmo terá uma potencial fonte de informação.”

“Bem, o I em FBI é mesmo de investigação.” Ele riu um pouco de sua própria piada, mas quando Mackenzie não riu, ele parou.

“Obrigada, Ellington.”

“Certo. Uma última coisa antes de ir.”

“O que é?”, ela perguntou nervosa, esperando que ele não comentasse os avanços embaraçosos da noite anterior.

“Quando eu dei o meu relatório ao meu diretor, eu disse a ele que você era incrível e que eu tentei trazê-la para o lado negro da força.”

Ela ficou lisonjeada.

“O lado negro do Escritório?”

“Sim. De qualquer forma, ele pareceu interessado. Então, se você decidir afugentar a dúvida, eu posso lhe dar o contato dele. Pode ser uma conversa que valerá a pena.”

Ela pensou sobre isso enquanto queria dizer mais, dizer-lhe o quanto ela era grata, ela só conseguiu um simples “Obrigada” em resposta. A própria ideia parecia um sonho. Grandes coisas desse tipo tendem a não acontecer com ela.

“Tudo bem aí?”, perguntou Ellington.

“Sim eu estou bem. Eu preciso ir. Essa coisa se encerrará aqui e eu preciso manter o foco. “

“Sim. Vá pegá-lo.”

Ela sorriu. Enquanto ele era uma figura encantadora para ela, Ellington também provava que ele era tão extravagante e falho como todos os outros.

Ela encerrou a chamada e olhou para a Rota 411 novamente. Ela começou a se sentir inquieta, como se ela estivesse perdendo seu tempo, simplesmente sentada ali. Ela acessou a Web em seu telefone e digitou em uma busca de escolas primárias católicas locais, e descobriu que Ellington tinha sido preciso em suas descobertas.

Ela salvou o endereço no seu telefone e, em seguida, chamou o número de Nelson. Ele respondeu após o quarto toque e parecia chateado por ter sido interrompido na hora em que puxava o saco dos caras do Estado.

“O que é, White?”

“Quero verificar em uma ligação, senhor”, disse ela. “Isso vai me obrigar a sair da 411 por duas ou três horas.”

“Absolutamente não”, disse Nelson. “Você está levando essa coisa, então você tem que ficar ao redor. Este é o seu show, White. Nem sequer pense em deixar isso escapar. Se não tivermos esse cara até amanhã, vamos falar novamente. Se é mesmo uma pista muito promissor, posso enviar alguém para checar isso.”

“Não”, disse Mackenzie. “É só um palpite.”

“Ok”, disse ele. “Fique aí até que eu diga o contrário.”

Ela não pôde nem responder antes que ele desligasse.

Com isso, ela puxou o endereço da escola católica em seu GPS e o salvou. Ela então olhou para a direita, um pouco longe da 411, um poste solitário permanecia vazio em um milharal, esperando um sacrifício.

Ela sabia que deveria ficar parada, deveria seguir as ordens e sentar-se ali por quatro horas sem fazer nada.

Mas enquanto ela se sentou lá, algo continuava a incomodando. E se ele matava as vítimas antes de trazê-las?

Se assim for, isso significava que havia uma menina presa em algum lugar, agora, sendo torturada, uma menina que ia morrer enquanto Mackenzie simplesmente sentava lá e esperava que seu corpo morto aparecesse.

Ela não podia suportar a ideia.

E se aquela escola católica, a única na região, a que se encaixa no perfil do FBI perfeitamente pudesse lhe dar um nome? Uma identificação?

Isso poderia levá-los ao assassino antes que ele trouxesse a vítima. É, talvez, poderia salvar a próxima vítima antes que fosse tarde demais.

Mackenzie ficou lá, esperando, queimando por dentro enquanto ela podia ouvir gritos da próxima vítima em sua cabeça. Cada minuto que passava era uma agonia.

Finalmente, ela pisou fundo no acelerador e caiu fora de lá.

Ela achou Holy Cross em seu GPS.

Desobedecer uma ordem direta como esta poderia custar o seu trabalho, todo o seu futuro.

Mas ela não tinha escolha.

Ela apenas esperava poder chegar lá e voltar antes que fosse tarde demais.


CAPÍTULO VINTE E CINCO

Estúpido.

A palavra ricocheteou em sua cabeça quando ele passou a interseção da Rodovia 32 com a Rota 411.

Estúpido.

Se ele precisava de alguma prova de que Deus estava do seu lado, chegou a hora. Ele se dirigiu para o local do quarto assassinato—que viria a ser a sua quarta cidade—quando viu o carro da polícia descendo a Rota Estadual 411. Quando ele viu aquilo, ele continuou dirigindo em linha reta pela Rodovia 32, o coração martelando no peito.

Talvez fosse apenas uma coincidência. Talvez o policial estava em patrulha de rotina, procurando motoristas apressadinhos.

Ou talvez eles tinham encontrado o poste. Ele sabia que eles estavam o investigando; ele tinha visto as histórias do Assassino Espantalho nos jornais, mas não se preocupou em ler ou assistir os trechos sobre o seu trabalho na televisão. Ele não estava fazendo isso para ter atenção ou publicidade. Ele estava fazendo isso para espalhar a ira de Deus, e para ensinar ao mundo sobre o amor, misericórdia e pureza.

Claro, a polícia não entenderia isso. E se eles tinham encontrado o local que tinha sido destinado a levantar sua quarta cidade, tudo terminaria para ele. Ele não seria capaz de terminar o seu trabalho e não iria agradar a Deus.

O quarto local teria que mudar. Talvez isso fosse ajudá-lo, a longo prazo. Talvez a polícia estaria tão preocupada tentando encontrá-lo nesse quarto local que ele poderia terminar o seu trabalho em outros lugares, sem risco de ser pego.

Ele foi para uma loja de conveniência na Rodovia 32 e virou seu caminhão no estacionamento. Ele voltou para o cruzamento e atravessou a Rota 411sem dar uma única olhada.

Com o seu sacrifício já escolhido e preparado, ele ainda poderia construir sua quarta cidade esta noite, como tinha planejado.

Ele iria continuar o seu trabalho em outro lugar.

*

Ela abriu os olhos e uma labareda de dor explodiu em sua cabeça. Ela gritou e descobriu que sua voz soou estranha—quase abafada. Ela tentou levantar a mão até boca, mas percebeu que ela era incapaz de fazê-lo. Ela percebeu que havia uma mordaça de pano sobre sua boca, bem amarrado a ponto de cortar os cantos de sua boca.

Ela piscou rapidamente, tentando fazer com que a dor em sua cabeça fosse embora. Quando seus olhos começaram a se concentrar e a névoa de inconsciência foi embora, ela começou a ter uma noção de onde estava. Ela estava em um piso de madeira que tinha camadas de poeira. Seus braços estavam amarrados nas costas e os tornozelos também foram amarrados. Ela estava só de calcinha.

Foi este último fato que trouxe tudo batendo de volta em sua memória. Um homem tinha saído “do nada” noite passada, enquanto ela chegava em casa. Eram quatro horas e ela tinha ... Deus, o que ela tinha feito?

Mas o sutiã rosa brilhante que estava usando tornou impossível esquecer o que tinha feito na noite passada. Ela fez o seu melhor para se convencer de que uma acompanhante era diferente do que as outras mulheres faziam. Ela tinha mais classe, era mais comedida.

Mas no final do dia, ela tinha feito a mesma coisa que essas outras mulheres fizeram. Ela tinha sido muito bem paga (ei, mil e quinhentos dólares por uma hora e meia de “trabalho” não era a cara da riqueza) e depois, não era tão ruim quanto ela esperava.

Mas então apareceu esse homem, saindo das sombras. Ele só disse “Olá” e depois seu braço se enrolou em seu pescoço. Ela inalou algo por um momento e quando ela deslizou para a escuridão, ela o ouviu sussurrar em seu ouvido sobre os sacrifícios e as águas amargas.

E agora ela estava aqui. A calcinha ainda estava em seu corpo e não havia nenhuma dor, então ela tinha certeza que ela não tinha sido estuprada. Mas, ainda assim, ela estava em apuros.

Ela tentou ficar de joelhos, mas cada vez que ela chegava perto, os tornozelos amarrados a faziam tombar, batendo seu ombro no chão. Ela ficou lá, chorando, e tentou lembrar a última coisa que o homem tinha dito a ela antes de colocar, sabe-se lá o que, sobre o seu nariz, sua boca e puxá-la para baixo.

Lentamente, ela se lembrava. E, surpreendentemente, a loucura disso tudo a fez querer ceder e desistir ao invés de descobrir uma maneira de sair dessa.

Não se preocupe, ele disse. Vou construir uma cidade para você.


CAPÍTULO VINTE E SEIS

Mackenzie levou um pouco mais de uma hora para chegar a Holy Cross Catholic School, fazendo noventa por hora em todo o caminho. A escola já tinha dispensado os alunos naquele dia quando ela chegou, e quando ela se apressava para subir as escadas e era foi guiada pela recepcionista, ela descobriu que tinha apanhado a diretora em um bom momento do dia.

A diretora era uma senhora rotunda que preenchia qualquer estereótipo que Mackenzie já teve sobre freiras. Acolhedora e convidativa a princípio, a Diretora Ruth-Anne Costello era uma mulher de negócios e bem concisa, Mackenzie percebeu ao sentar de frente para ela em seu escritório. “Nós ouvimos rumores sobre este chamado Assassino Espantalho”, disse a Diretora Costello. “É por isso que você veio aqui?”

“É”, disse Mackenzie. “Como você sabe?”

A Diretora Costello franziu a testa, mas era o tipo de careta que tinha mais raiva do que decepção. Mackenzie pensou que era uma expressão que poderia ser encontrada na maioria dos membros da equipe a qualquer momento do dia em uma escola como esta.

“Bem, as pobres mulheres estão sendo penduradas em postes de madeira e açoitadas, correto? O simbolismo religioso é inconfundível. E sempre que um assassino faz o seu trabalho em nome de princípios religiosos terrivelmente equivocados ou de uma interpretação distorcida da religião, são sempre as escolas religiosas privadas que são colocadas sob um microscópio.”

Mackenzie podia apenas balançar a cabeça. Ela sabia que isso era verdade; ela tinha visto isso várias vezes desde que ela começou a trabalhar desenvolvendo a sua carreira como uma caloura na faculdade. Mas seu silêncio também veio do fato de que a Diretora Costello estava certa : as conotações religiosas para as ações do Assassino Espantalho eram óbvias. Mackenzie sentiu ela mesma quando tinha encontrado o primeiro corpo. Então, por que diabos ela ignoraria aquilo?

Porque eu tinha medo de expressar isso para Nelson e Porter e estar errada e, então, prontamente ridicularizada, pensou.

Mas agora ela tinha uma chance de corrigir aquela ignorância e ela seria idiota se deixasse a oportunidade ir para o lixo.

“Bem”, Mackenzie disse, “nós temos um perfil muito específico. Eu estava esperando poder falar com você ou talvez alguém que tenha estado aqui por um longo tempo, talvez eu pudesse encontrar um suspeito em potencial. E mesmo que não seja um suspeito, talvez alguém que saiba alguma coisa sobre os assassinatos.”

“Bem”, Costello disse: “Eu estou aqui há trinta e cinco anos. Eu era uma conselheira de orientação primeiramente e, em seguida, tornei-me a diretora, uma posição que ocupo há quase vinte anos.”

Ela se levantou e caminhou até o lado esquerdo de seu escritório, onde uma fileira de armários antigos se alinhavam à parede. “Você sabe”, Costello disse, “você não é a primeira detetive a vir farejar aqui quando um crime é cometido e parece ter influência religiosa. Não mesmo.”

Costello puxou quatro pastas do armário e trouxe-as para a mesa. Ela os colocou em cima da mesa com força suficiente para mostrar que estava claramente irritada. Mackenzie estendeu a mão para pegá-los, mas a mão de Costello já estava apontando para eles. Sem olhar para Mackenzie, Costello começou a falar de novo, tocando em cada pasta com seu dedo indicador gordo.

“Este aqui”, disse ela, apontando para a primeira pasta, “é Michael Abner. Quando ele estava aqui no início dos anos setenta, ele agrediu uma menina no parque infantil e foi pego se masturbando no banheiro da menina na quinta série. No entanto, ele morreu em 1984. Um terrível acidente de carro, eu acredito. Então, ele claramente não é um suspeito.”

Com isso, Costello removeu a pasta de Michael Abner da mesa. Ela, então, prontamente eliminou duas outras pastas, como um deles tinha morrido há cinco anos de câncer de pulmão e outro tinha passado sua vida em uma cadeira de rodas, obviamente não é o tipo de pessoa que poderia carregar por aí postes de madeira para cenas de assassinato.

“Este último,” Costello disse, “pertence a Barry Henderson. Enquanto participava de Santa Cruz, ele entrou em várias lutas, uma das quais ela mandou dois meninos para a sala de emergência. Quando voltou da sua expulsão, ele começou a enviar para as professoras cartas pornográficas, uma atividade que culminou em sua tentativa de estupro da professora de arte da escola enquanto cantava o hino favorito de sua mãe. Isso aconteceu em 1990. Eu lamento informá-la, porém, que ele não pode ser o seu suspeito também. Ele tem sido um residente do Westhall Home para criminosos insanos durante os últimos doze anos.”

Mackenzie fez uma anotação mental para verificar isso, em seguida, assistiu Costello colocar as pastas de volta em seu gabinete. Quando ela o fechou, ela deu uma pequena batida que encheu o escritório com um barulho como o de uma bomba.

“E esses são os únicos estudantes que você teve nos últimos trinta e cinco anos que seriam capazes de crimes como o Assassino Espantalho está cometendo?”

“Nós não temos nenhuma maneira possível de saber isso”, disse Costello. “Com todo o respeito, nós não temos o controle de todos os estudantes que têm o potencial para uma vida de crime. Isso envolveria relatórios detalhados sobre cada criança que quebra mesmo a menor regra. Os quatro que acabei de mostrar foram os casos mais extremos, e eu os tive em mãos nos últimos anos porque economiza uma grande quantidade de tempo quando somos abordados pela polícia, especialmente quando eles vêm com o que eles acreditam ser perfis apropriados. Eles sempre querem culpar a religião por crimes que não podem resolver por conta própria.”

“Não há nenhuma culpa aqui”, disse Mackenzie.

“É claro que existe”, disse Costello. “Diga-me, Detetive. Você veio aqui para simplesmente encontrar o nome de um suspeito ou que tipo de doutrina religiosa consegue deformá-los tanto que eles estão agora a cometer estes atos horríveis?”

“Eu não me importo com o jeito que a senhora entende a situação”, Mackenzie estalou. “Eu só preciso descobrir quem está matando essas mulheres. O porquê é secundário neste momento.”

Mackenzie começou a se sentir idiota por ter ido à Holy Cross. O que ela estava esperando, afinal? Uma solução agradável e ordenada? Um velho estudante que combinasse com o perfil de Ellington perfeitamente?

“Obrigada pelo seu tempo, Sra Costello,” ela disse suavemente. Levantou-se e dirigiu-se para a porta. Quando a mão dela caiu na maçaneta, ela foi parada por Costello.

“Por que você acha que é, Detetive White?”

“O quê?”

“Por que os agentes da lei vêm à procura de respostas da religião quando eles não podem resolver o que eles acreditam que são crimes baseados na fé?”

“Só coincide com os perfis na maioria dos casos”, disse Mackenzie.

“Ah, é?”, perguntou Costello. “Ou é porque os seres humanos não podem aceitar o mal como ele realmente é? E porque não podemos aceitá-lo, temos de encontrar algo tão intangível quanto e culpa-lo?”

Uma pergunta subiu para os lábios, uma que ela foi incapaz de morder de volta antes que saísse.

“O que é o mal, a Sra Costello? Como ele é?”

A Diretora Costello sorriu levemente. Era um sorriso assombrado, uma expressão que sugeria algum tipo de entendimento obscuro.

“O mal se parece com você. Se parece comigo. Nós vivemos em um mundo corrompido, Detetive. O mal está em toda parte.”

A maçaneta da porta sob a mão de Mackenzie de repente ficou muito fria. Ela assentiu com a cabeça e saiu, sem se preocupar em olhar para trás para dar um adeus à Diretora Costello.

Enquanto ela saia pelos corredores labirínticos de Holy Cross, seu telefone celular tocou no bolso. Ela o pegou e viu o nome e número de Nelson no visor. Seu coração gelou.

O assassino, pensou. Ele apareceu quando eu estava ausente e Nelson vai me ferrar.

Ela respondeu à chamada com um nó de medo em seu estômago. “Ei, chefe.”

“White”, disse ele. “Onde está voce?”

“Colégio Católico Holy Cross”, disse ela. “Eu estou seguindo o perfil de Ellington.”

Nelson ficou em silêncio por um momento enquanto considerava isso. “Por que diabos você iria desafiar a minha ordem e perder tempo indo aí”, disse ele. “Por agora, eu preciso de você no posto quando voltar.”

“Mais e a Rota 411?”, perguntou ela. “Eu gostaria de voltar antes da hora do rush.”

“Outro motivo para você não ficar desperdiçando tempo acompanhando a pista do Ellington. Só venha para cá agora.”

“Está tudo bem?”, perguntou ela.

Mas Nelson já tinham terminado a chamada, não deixando Mackenzie ouvir mais nada além do barulho da linha telefônica.


CAPÍTULO VINTE E SETE

Seu senso de inquietação cresceu ainda mais quando Mackenzie entrou no posto e viu Nancy sentada na recepção. Quando Mackenzie entrou, Nancy lhe deu apenas um breve sorriso e então olhou de volta para sua mesa. Isso era extremamente atípico para Nancy, uma mulher que normalmente parecia estender seu rosto para acomodar um sorriso para qualquer um que viesse pela porta da frente.

Mackenzie quase perguntou Nancy se ela sabia o que estava acontecendo, mas decidiu não o fazer. A última coisa que ela queria era parecer fraca e fora do circuito quando ela tentou liderar o fechamento para este caso. Assim, ela passou pela recepção e se dirigiu para o fundo, marchando obedientemente para o escritório de Nelson.

Ela abriu a porta e entrou, tentando parecer confiante e como se ela estivesse totalmente no controle. Mas mesmo agora, quando ela fechou a porta atrás dela, ela sabia que, tirar duas horas e meia de sua tarde para visitar o colégio tinha sido um erro. Ela saltou nas sombras em uma tentativa de ser tão perfeita quanto possível, certificando-se de que ela esgotaria todas as oportunidades, especialmente aquelas oferecidas por agentes impressionantes do FBI, para chegar ao fim deste caso.

Nelson olhou para ela e por um breve momento, uma expressão ansiosa atravessou seu rosto.

“Sente-se, White,” disse Nelson, acenando para as cadeiras do lado oposto da mesa desordenada.

“O que está acontecendo?”, perguntou ela. O nervosismo era evidente em sua voz, mas essa era a última coisa em sua mente já que Nelson parecia medi-la.

“Nós temos um problema”, disse ele. “E você não vai gostar da solução. Nosso amigo sanguessuga Ellis Pope apresentou uma queixa formal contra você. Por enquanto, ele está mantendo quieto—só entre nós e o seu advogado. Mas ele disse que se as medidas imediatas não forem tomadas, ele vai processá-la. Normalmente eu não teria sequer me preocupado com tal ameaça, mas os jornais e até mesmo alguns da mídia televisiva têm pintado você como a Chefe desta investigação. Se o Pope vai para a mídia com esta queixa, as coisas vão ficar muito ruins.”

“Senhor, eu agi por impulso”, Mackenzie alegou. “Uma figura misteriosa estava escondida na beira de uma cena de assassinato. Era propriedade privada. Ele estava invadindo. Então ele era suspeito. Eu deveria deixá-lo correr? Tudo o que fiz foi impedi-lo. Eu não o ataquei.”

Ele franziu a testa.

“White, eu estou do seu lado nisso. Cem por cento. Mas há outro fator que eu não posso ignorar. O DP Estadual está envolvido agora. Eles estão sabendo do confronto com o Pope, também. Há também o fato de que você estava MIA (fora de cena) quando eles apareceram na Rota 411, esta tarde. Eu estou chateado mesmo com esse fato. Mas eles viram isso como um trabalho mal feito de sua parte. Não deu uma boa impressão.”

Ele levantou a mão antes que ela pudesse falar.

“Como se isso não fosse suficiente, eu recebi um telefonema de Ruth-Anne Costello

cerca de meia hora atrás. Ela se queixou sobre você ter sido rude e agressiva. Ela, também, apresentou uma queixa. “

“Você está falando sério?”

Nelson parecia deprimido quando ele acenou com a cabeça.

“Sim, infelizmente, estou. Juntando tudo temos uma tempestade de merda.”

“Então o que podemos fazer para corrigir isso?”, ela perguntou. “O que Pope está pedindo para ficar quieto? Como podemos apaziguar o Estado e fazer a freira feliz?”

Nelson suspirou e, em seguida, falou sarcasmos em direção ao teto, tornando-se evidente que ele não estava feliz com o que ele estava prestes a dizer.

“Isso significa que com efeito imediato, eu tenho que tirá-la do caso do Assassino Espantalho.”

Mackenzie sentiu sua pele esfriar. O pensamento de que o assassino lá fora, continuaria a matar, e ela seria incapaz de tentar pará-lo, foi demais para ela.

Ela não sabia o que dizer.

A expressão de Nelson se intensificou.

“Eu a defendi e tentei convencê-los”, disse ele. “Eu até tentei que eles simplesmente deixassem que você terminasse este caso e, em seguida, fosse suspensa por cerca de uma semana. Mas Pope e DP do Estado PD não concordaram. Minhas mãos estão atadas. Eu sinto muito.”

Mackenzie sentiu a fúria substituindo o medo que fervilhou em seu estômago. Seu primeiro instinto foi o de cair para cima de Nelson, mas ela viu que ele estava muito irritado com o rumo dos acontecimentos, também. Além disso, dada a forma como ele estava mostrando a ela mais respeito nestes últimos dias, ela não duvidava dele quando ele disse que tinha tentado tudo o que podia.

Isso não foi culpa dele. Se alguém era culpado, era o Ellis Pope. E, muito possivelmente, ela própria também. Desde que ela tinha ouvido o piso ranger três noites atrás, ela não tinha sido ela mesma. As coisas que não deram certo com Ellington não ajudaram, também.

Sim, isso era principalmente sobre ela. E que era, talvez, o pior de tudo.

“Então, quem lida com o caso agora?”, perguntou Mackenzie.

“A polícia do estado. E eles têm o FBI em stand-by, se necessário. Mas pensamos que temos a localização exata de onde o assassino está por vir, então vai ser um caso muito simples agora.”

“Senhor, eu nem sequer...”

Ela parou aqui, sem sabia o que dizer. Ela nunca tinha sido do tipo chorona, mas ela estava tão irritada que se sentou no escritório de Nelson e seu corpo parecia não ter outra maneira de expressar isso do que a ameaça de lágrimas.

“Eu sei”, disse ele. “Isso é péssimo. Mas quando estiver tudo dito e feito, quando este idiota estiver atrás das grades e a papelada estiver sendo feito, eu vou me certificar de que o seu nome será preservado nas melhores maneiras possíveis. Você tem a minha palavra,

White.”

Ela levantou-se em estado de choque, olhando para a porta como se pudesse transportá-la para um mundo mágico onde esta conversa nunca tivesse acontecido.

“Então, o que eu devo fazer agora?”, perguntou ela.

“Ir para casa. Ficar bêbada. Faça o que você precisa fazer para ficar bem. E quando o caso tiver encerrado, eu vou chamá-la e deixá-la saber a respeito. O Estado não se preocupa com esta provação uma vez que o assassino for preso. Ellis Pope vai ser toda a nossa preocupação e será fácil uma vez que você não estará mais no centro das atenções.”

Ela abriu a porta e saiu.

“Sinto muito mesmo, White,” ele disse antes que ela fechasse a porta. “Sinceramente.”

Ela pôde apenas acenar quando ela fechou a porta.

Ela fez seu caminho pelo corredor, mantendo os olhos no chão para que ela não tivesse que olhar para qualquer pessoa. Quando ela foi até a frente do posto, ela olhou para cima para Nancy. Nancy, aparentemente, supondo que Mackenzie já sabia, deu-lhe uma olhada franzindo as sobrancelhas educadamente.

“Você está bem?”, perguntou Nancy.

“Ficarei”, Mackenzie disse, sem saber se era verdade ou não.


CAPÍTULO VINTE E OITO

Embora a ideia de ficar bêbada era certamente sedutora, também a lembrava do que tinha acontecido a última vez que ela bebeu. Sim, tinha sido apenas ontem, mas o constrangimento do que tinha acontecido fez parecer que tinha acontecido há anos e a perseguia o tempo todo. Então, ao invés de beber sua raiva, Mackenzie fez a única coisa que sabia fazer.

Ela foi para casa e colocou todos os arquivos relativos ao Assassino Espantalho em sua mesa de café. Ela preparou uma jarra de café e foi até cada pedaço de informação que ela tinha sobre o caso. Enquanto parte dela sentia que ter o quarto local do crime era uma fórmula infalível para a prisão, seu instinto lhe disse que o assassino era inteligente. Foi só ver o menor sinal da presença policial para mudar seus planos. Nelson e o Estado provavelmente perceberam isso, também, mas o fato de que eles estavam tão perto agora pode torná-los um pouco conservadores em sua abordagem.

Lá fora, a noite havia caído. Ela olhou para fora de suas cortinas por um momento, se perguntando como os acontecimentos dos últimos dias puderam afetar o curso de sua vida. Ela pensou em Zack e percebeu, talvez pela primeira vez, que ela estava feliz por ele ter ido embora. Se ela estava sendo honesta consigo mesma, ela só tolerou a relação para não ficar sozinha, algo que temia desde entrou no quarto dos pais e encontrou seu pai morto.

Ela também se perguntou o que Ellington devia estar fazendo. Sua ligação com o perfil era a prova de que ele ainda estava envolvido no caso do Assassino Espantalho, mesmo que fosse apenas em segundo plano. Pensando nele, ela também se perguntou se ela teria levado o perfil e a visita ao colégio tão a sério se a informação tivesse vindo de qualquer outra pessoa. Ela estava tentando impressioná-lo ou ela tentava impressionar o Nelson?

Quando ela olhou de volta para os arquivos na frente dela, um pensamento muito simples e provocativo encheu sua cabeça: Por que impressionar alguém? Porque não basta fazer um bom trabalho e trabalhar com o melhor de minhas habilidades? Por que se importar com o que os outros pensam de mim, muito menos um ex-namorado inútil, supervisores machistas, ou um agente do FBI casado?

Como se provocada por tais pensamentos, seu celular tocou. Ela pegou o telefone da desordem de arquivos e pastas em sua mesa de café e viu que era Ellington. Ela sorriu para o telefone e quase não respondeu. Ele provavelmente estava ligando para receber o agradecimento pela furada que foi o Colégio Holy Cross, ou talvez ele tinha alguma outra ideia perspicaz que a levaria a desviar o foco e ser repreendida. Se ela tivesse pensamentos mais claros naquele momento, ela teria ignorado a chamada. Mas, como era, um pouco da fúria do escritório de Nelson que ainda estava à espreita em seu coração, ela quis atender.

“Olá, Agente Ellington,” disse ela.

“E aí, White. Eu sei que continuo incomodando você, mas eu estou terminando o meu dia e queria ver se alguma coisa nesse perfil ajudou você.”

“Não, não ajudou”, disse Mackenzie, ignorando as sutilezas. “Na verdade, parece que a única coisa que a minha visita a uma escola católica fez foi irritar a freira chefe.”

Ellington claramente não esperava essa resposta; do outro lado da linha ficou em silêncio por um total de cinco segundos antes de responder.

“O que aconteceu?”, perguntou.

“Era um beco sem saída. E enquanto eu estava lá sendo ministrada pela diretora sobre a natureza do mal, a polícia estadual apareceu em cena do que acreditamos ser o local do quarto assassinato. Sendo que eu não estava lá, eles assumiram o caso.”

“Ah, merda.”

“Olha, fica melhor”, Mackenzie estalou. “Lembra-se de Ellis Pope?”

“Sim, o repórter”.

“Sim, ele. Bem, ele decidiu apresentar queixa, hoje, com a ameaça de ir para a mídia falar sobre a nossa pequena briga. Os rapazes do Estado ouviram falar sobre isso, também. Então eles chegaram no Nelson e, cerca de uma hora atrás, e me removeram oficialmente deste caso.”

“Você está brincando comigo?”, perguntou.

Sua descrença provocou ainda mais a raiva dela e, felizmente, ele a ajudou a perceber que ela estava sendo rude sem razão. O ponto em que ela se encontrava não era culpa dele. Tudo o que ele estava fazendo era verificar e emprestar um ouvido simpático.

“Não, eu não estou brincando”, disse ela, tentando manter-se em cheque. “Pediram-me para ficar de braços cruzados enquanto os bons garotos embrulham o presente.”

“Isso não é justo.”

“Eu concordo”, disse ela. “Mas eu sei que Nelson não tinha escolha.”

“Então, o que eu posso fazer?”, perguntou Ellington.

“Não muito, eu receio. Se você realmente quiser ajudar com o caso um pouco mais, chame o Nelson. Você pode realmente ter problemas por falar comigo sobre isso.”

“White, eu realmente sinto muito.”

“É isso”, disse ela.

O silêncio encheu a linha novamente e desta vez ela não deu ao Ellington a oportunidade de retomar a conversa. Se ele fizesse isso, ela estava com medo de sua raiva mal colocada ressurgir e ele certamente não merecia isso.

“Eu tenho que ir”, disse ela. “Cuide-se.”

“Você vai ficar bem?”, ele perguntou ela.

“Sim”, disse ela. “Foi um choque.”

“Bem, cuide-se.”

“Obrigada.”

Ela terminou a chamada sem esperar por uma resposta. Ela jogou o telefone de volta na mesa ao lado de páginas fotocopiadas das passagens bíblicas que tinham decifrado a partir dos postes. Ela leu cada uma outra vez, mas não encontrou nada novo. Ela então olhou para o mapa da parte de trás da Bíblia e um mapa rudimentar que Nancy tinha feito, listando todos os locais dos assassinatos potenciais. Parecia tão bem ajustado e simples.

E foi por isso que Mackenzie ficou desconfortável. É por isso que ela sentiu a necessidade de manter a procura, para descobrir alguma verdade que ainda não tinha encontrado. Ela bebeu café e se debruçou sobre os arquivos como se fosse mais um dia no escritório, perdendo-se em seu trabalho, apesar de estar fora do caso.

*

Quando seu celular tocou novamente, o visor do relógio marcava 7:44. Ela piscou os olhos e esfregou a cabeça, um pouco em estado de choque. Quase duas horas se passaram entre o chamado de Ellington e essa chamada, mas não se sentia que tanto tempo havia passado.

Ela estava confusa quando viu o nome de Nelson no visor. Ela soltou uma risada grossa quando ela pegou o telefone, se perguntando o que mais ela poderia ter feito que justificaria ainda mais punição.

Ela respondeu, com os olhos mais uma vez viajando na janela e a noite fora. Era o assassino lá fora, pronto para pendurar sua próxima vítima? Ou era ele já em ação?

“Você é a última pessoa que eu esperava ouvir”, disse Mackenzie.

“White, eu preciso que você cale a boca e ouça muito atentamente”, disse Nelson. Sua voz era suave e quase gentil, algo que ela nunca tinha ouvido falar dele antes.

“Ok”, disse ela, sem saber como interpretar o seu tom e instrução.

“Vinte minutos atrás, Oficial Patrick pegou um homem sobre na Rota 411. Ele estava dirigindo uma caminhonete Toyota velha vermelha. Havia uma Bíblia no banco do passageiro e fios de corda no piso. Este homem, Glenn Hooks, é um pastor de uma pequena igreja batista na cidade de Bentley. Aí lá vai: havia oito passagens marcadas em sua Bíblia. Uma delas era sobre as Seis Cidades de Refúgio.”

“Meu Deus”, Mackenzie respirou fundo.

“Patrick não prendeu este homem ainda, mas insistiu muito para que o homem chegasse ao posto. Ele argumentou, mas Patrick está com ele agora. Como eles estão a caminho, estou enviando uma outra unidade para a casa dele para ver se eles encontram algo suspeito.”

“Ok,” foi tudo o Mackenzie conseguiu dizer novamente.

“O DP do Estado não sabe nada sobre isso”, Nelson continuou. “Entre você e eu, é a minha instrução. Eu queria pegar primeiro esse cara antes que o Estado se envolva. Acabei de falar ao telefone com Patrick. Eles estarão aqui no posto em cerca de dez minutos. Eu quero você aqui para questionar o cara. E eu preciso que faça isso rapidamente, porque eu não sei por quanto tempo podemos manter os meninos de Estado fora disso. Você deve ter vinte ou trinta minutos antes de eu precisar tirar você daqui.”

“Depois de tudo o que você me disse em seu escritório, você realmente acha que essa é a melhor ideia?”

“Não, não é uma boa ideia”, disse Nelson. “Mas é tudo o que tenho agora. Eu sei que eu te mandei embora a menos de cinco horas atrás, mas eu não estou perguntando se você

vai fazer isso, eu estou lhe dizendo. Você ainda está oficialmente fora do caso. Isso não muda. Isso está sendo feito “por debaixo dos panos”. Eu preciso de você nisso, White. Você entendeu?”

Ela nunca se sentiu tão desrespeitada e valorizada ao mesmo tempo. Seu coração foi provocado por uma mistura de excitação, mas foi sustentado pela raiva que a puniu pelo resto da tarde.

Lembre-se, ela pensou. Não se trata de impressionar qualquer um. Isto não é sobre estar certa ou errada dar uma boa impressão. Trata-se de fazer o seu trabalho e colocar um homem que tortura e mata mulheres atrás das grades.

“White?” Nelson estalou.

Ela olhou para a mesa de café e viu as fotos. As mulheres que tinham sido despojadas de sua dignidade, aterrorizadas, espancadas e mortas. Devia-lhes justiça. Devia às suas famílias algum tipo de descanso.

Segurando o telefone com força e com um olhar de determinação tomando conta de seu rosto, Mackenzie disse:

“Eu estarei lá em quinze minutos.”


CAPÍTULO VINTE E NOVE

Quando Mackenzie chegou lá, havia dois oficiais nas portas da frente esperando por ela. Ela ficou surpreendentemente satisfeita ao ver que um deles era Porter. Deu-lhe um sorriso quando ela alcançou as portas e sem uma palavra, os homens abriram as portas e a levaram para dentro. Eles tinham dado três passos para dentro da estação quando Mackenzie percebeu que Porter e o outro policial estavam agindo como um escudo. Eles caminharam de cada lado dela em um ritmo acelerado, ajudando-a a misturar-se, apenas no caso de alguém que a viu querer provocar problemas.

Rapidamente, eles chegaram ao salão principal, onde ela viu Nelson do lado de fora da sala de interrogatório. Ele se endireitou quando os viu chegando e Mackenzie viu que ele parecia terrivelmente no limite-como se ele pudesse muito bem decolar como um foguete a qualquer momento.

“Obrigado”, ele disse quando eles o alcançaram.

“Claro”, disse Mackenzie.

Nelson deu ao Porter e o outro policial um breve aceno de cabeça e eles se dirigiram para longe ao mesmo tempo. Depois de dar um único passo, no entanto, Porter se virou para ela e sussurrou. “Trabalho bom pra caralho”, disse ele, com o mesmo sorriso que ele mostrou a ela na porta da frente.

Ela só balançou a cabeça em resposta, devolvendo o sorriso. Com isso, os oficiais saíramm pelo corredor, de volta para a frente do edifício.

“Ok”, disse Nelson. “Esse cara Hooks, ele está maioritariamente cooperando. Ele está apenas com medo e nervoso. Ele está falando bem e não pediu para ver um advogado ainda. Portanto, não o pressione com força e podemos sair dessa sem um advogado aqui para atrapalhar”.

“OK.”

“Estaremos de olho na sala de avaliação, se alguma coisa der errado, alguém pode chegar lá em menos de dez segundos. Tudo bem?”

“Sim, eu estou bem.”

Nelson lhe deu um tapinha tranquilizador nas costas e, em seguida, abriu a porta para ela. Para sua surpresa, Nelson afastou-se de lá, pelo corredor em direção à sala de avaliação. Mackenzie olhou para a porta aberta por um momento antes de entrar.

Ele está ali, ela pensou. O Assassino Espantalho está lá.

Quando ela entrou na sala de interrogatório, o homem na pequena mesa no centro da sala passou por uma série estranha de emoções; primeiro, sentou-se tão rígido como uma tábua, em seguida, uma carranca caiu sobre seu rosto, seguida por confusão e, em seguida, em última análise, uma vaga espécie de alívio.

Mackenzie passou por uma faixa semelhante de emoções quando viu o assassino, pela primeira vez. Ele parecia estar nos seus cinquenta e poucos, cabelo grisalho nas pontas e as linhas de idade começando a se mostrar em seu rosto. Era um homem magro, mas bastante alto. Ele a olhou com olhos castanhos profundos que eram fáceis de ler: ele era sacro e profundamente confuso.

“Oi, Sr. Hooks”, disse ela. “Meu nome é Detetive White. Eu acho que se você puder responder algumas perguntas para mim da forma mais honesta possível, você poderá sair daqui muito rapidamente. Disseram-me que você cooperou até agora, então vamos continuar assim, ok?”

Ele assentiu. “Isso tudo é um enorme engano”, disse Hooks. “Eles acham que eu matei três mulheres. Eles acham que eu sou aquele Assassino Espantalho.”

“Não é?”, ela perguntou.

“É claro que eu não sou! Eu sou um pastor da Igreja Batista Grace Creek.”

“Isso é o que me disseram”, disse Mackenzie. “A Bíblia em seu caminhão foi marcada em diversas passagens. Uma delas está intimamente associada com o caso do Assassino Espantalho.”

“Sim, isso é o que os outros oficiais disseram. As Cidades de Refúgio, correto?”

Mackenzie levou um momento para se reagrupar. Ela estava chateada porque alguém já tinha revelado isso para o Hooks, sobre a conexão com as cidades. Ela ia ter que tentar um ângulo diferente agora. Tudo que ela sabia com certeza era que seu intestino dizia a ela, implicitamente, que Hooks certamente não era o Assassino Espantalho. O medo nos olhos dele era genuíno e, tanto quanto lhe dizia respeito, disse a eles tudo o que precisavam saber.

“E sobre os fios de corda encontramos no piso do carro?”

“Férias da Escola Grace Creek em duas semanas”, disse Hooks. “Os fios de corda são deixados ao longo de uma das decorações de palco que estamos criando. Estamos com um tema de selva este ano e usamos a corda para fazer videiras e uma simulação de pequena ponte que balança.”

“E onde fica localizada?”

“Na Estrada 33.”

“Que corre paralela à Rota 411, correto?”

“Sim.”

Mackenzie teve de virar as costas para Hooks por um momento para esconder a expressão em seu rosto. Como Nelson e seus oficiais bajuladores tinham sido tão cegos e estúpidos? Eles não tinham feito qualquer indagação antes de trazer este pobre homem?

Quando ela conseguiu se recompor, ela se voltou para ele, tentando o seu melhor para não lhe mostrar que ela já estava convencida de que ele não era o assassino. “Por que, exatamente, você tem a passagem sobre as Cidades de Refúgio marcadas?”

“Eu estou planejando pregar sobre isso em três ou quatro semanas.”

“Posso perguntar por quê?”, perguntou Mackenzie.

“É para falar sobre cometer o pecado de uma maneira que não faz a congregação se sentir culpada. Nós todos pecamos, você sabe. Até eu. Até mesmo o mais devoto. Mas muitas pessoas são levadas a acreditar que o pecado significa a condenação eterna e as cidades são uma grande ilustração para o perdão de Deus pelo pecado. Elas são sobre grau de pecado. Elas foram feitas principalmente para aqueles que tinham cometido o assassinato não intencional. Nem todos os pecados são os mesmos. E mesmo aqueles que cometem o assassinato, se não intencional, podem ser perdoados.”

Mackenzie pensou sobre isso por um momento, sentindo uma conexão tentando clicar em sua cabeça. Havia algo ali, mas ainda não era possível saber.

“Uma última pergunta, Sr. Hooks”, disse ela. “Seu Toyota é bastante antigo. Há quanto tempo você o possui?”

Hooks pensou por um momento e deu de ombros. “Oito anos, mais ou menos. Eu comprei ele usado de um membro da Grace Creek”.

“Alguma vez você já arrastou qualquer tipo de madeira nele?”

“Sim. Eu tinha várias folhas de madeira compensada na semana passada para mais decorações. E de vez em quando, eu ajudo as pessoas a recolher lenha no inverno e entrego em suas casas.”

“Qualquer coisa a mais?”

“Não. Não que eu me lembre.”

“Muito obrigado, Sr. Hooks. Você tem sido muito útil. Sinto-me bastante confiante de que você vai estar fora daqui bem rápido.”

Ele balançou a cabeça, confuso como sempre. Mackenzie deu-lhe um último olhar quando ela saiu do recinto, fechando a porta atrás de si. No momento em que ela estava fora da sala de interrogatório, Nelson saiu da sala de avaliação a alguns metros. Ele parecia confuso quando ele se aproximou dela e ela podia sentir a tensão saindo dele em ondas.

“Bem, isso foi rápido”, disse ele.

“Ele não é o assassino”, disse Mackenzie.

“E como diabos você está tão certa?”, ele perguntou.

“Com todo o respeito, senhor, o senhor mesmo perguntou a ele sobre a corda?”

“Nós perguntamos”, Nelson estalou. “Ele jogou alguma história sobre precisar dela para a Escola Bíblica de Férias na sua igreja.”

“Será que ninguém se preocupou em verificar isso?”

“Eu estou esperando por uma chamada a qualquer momento”, disse ele. “Eu mandei um carro lá fora, cerca de meia hora atrás.”

“Senhor, sua igreja está a cerca de 15 minutos de distância do local em questão. Ele disse que tinha planos de pregar sobre as Cidades de Refúgio em algum momento em breve.”

“Parece conveniente, não é?”

“Parece”, disse ela. “Mas desde quando fundamentos tão fracos de conexão levam à uma prisão?”

Nelson fez uma careta para ela e colocou as mãos nos quadris. “Eu sabia que era um erro trazê-la. Você está determinada a arrastar isso, o máximo possível? Você quer atenção para ficar nas manchetes?”

Mackenzie não se conteve quando ela deu um passo para a frente, sua raiva subindo. “Por favor me diga que é apenas a frustração falando”, disse ela. “Eu gostaria de pensar que você tem uma melhor cabeça em seus ombros do que pensar uma coisa dessas.”

“Controle o seu tom, Mackenzie”, disse ele. “Neste momento, você está fora do caso. Dê na minha cara de novo, e eu vou suspendê-la indefinidamente.”

Um tenso silêncio caiu entre eles, que durou apenas três segundos, interrompidos pelo toque do telefone celular de Nelson. Ele quebrou a troca de olhares com Mackenzie, virou as costas para ela, e atendeu.

Mackenzie ficou lá e ouviu até o final da conversa, esperando que a chamada pudesse ajudar a esclarecer as coisas e livrar o Pastor Hooks.

“O que é?”, perguntou Nelson, ainda de costas. “Sim? Ok .... você tem certeza? Bem, merda. Sim. tenho.”

Quando Nelson voltou-se para ela, parecia que ele queria jogar seu telefone celular no corredor. Suas bochechas tinham tomado uma cor vermelha brilhante e ele parecia absolutamente derrotado.

“O que foi?”, perguntou Mackenzie.

Nelson hesitou, olhando para o teto e deixando escapar um suspiro. Era muito a postura de alguém que estava prestes a comer uma grande porção de torta da humilde.

“A corda em seu caminhão é a correspondência exata de uma corda usada para criar cenografia para a Escola Bíblica de Férias da Grace Creek. Mais do que isso, há impressos e notas escritas à mão em um pequeno escritório na parte de trás da igreja que mostram que Hooks está realmente planejando um sermão sobre as Cidades de Refúgio.”

Ela teve que ter muita força de vontade para não fazer um comentário sobre como ele e seus oficiais estavam errados—como eles tinham sido tão ansiosos para envolver este caso sem a ajuda do Estado ou do FBI a ponto de prender um homem que nunca tinha sido algemado.

“Então, ele está pronto para ir?”, disse Mackenzie.

“Sim. Ele sai.”

Ela permitiu-se um sorriso fino. “Você deveria dizer a ele, ou eu?”

Parecia que a cabeça de Nelson poderia explodir a qualquer momento. “Você faz isso”, disse ele. “E quando você terminar, favor cair o fora daqui. É melhor que você e eu não nos falemos por um dia.”

Felizmente, ela pensou.

Ela voltou para a sala de interrogatório, feliz por estar fora da vista de Nelson. Quando ela fechou a porta atrás dela, Hooks olhou para ela com esperança naqueles olhos castanhos escuros.

“Você está livre para ir.”

Ele acenou com apreço, respirou fundo e disse: “. Obrigado”

“Você se importa se eu fizer mais uma pergunta antes de ir?”, perguntou ela.

“Tudo bem para mim.”

“Por que Deus designaria cidades para os pecadores escaparem? Não é tipo de trabalho de Deus punir os pecadores? “

“Isso é motivo de debate. Minha crença é que Deus queria ver seus filhos bem-sucedidos. Ele queria permitir-lhes a chance de se acertar com ele.”

“E esses pecadores acreditavam poder encontrar Deus nessas cidades? Eles pensavam que poderiam encontrar ajuda lá?”

“De certa forma, sim. Mas também sabia que Deus está no centro de todas as coisas. Eles que buscaram por Deus. E essas cidades eram os lugares para eles designados.”

Mackenzie pensou sobre isso enquanto se dirigia para a porta. Ela encaminhou Hooks para a saída, mas sua mente estava em outro lugar. Ela pensou em cerca de seis cidades situadas em um círculo e um Deus, às vezes colérico, mas finalmente Deus perdoaria tudo.

Como Hooks falou isso?

Mas também sabia que Deus está no centro de todas as coisas.

De repente, Mackenzie sentiu como se um filtro fosse removido do olho da sua mente. Com esse único comentário flutuando em sua cabeça, a conexão que ela quase tinha feito na sala de interrogatório se encaixou.

Cinco minutos mais tarde, ela estava em alta velocidade de volta para casa, deixando que aquele pensamento único lavasse cada canto de sua mente.

Deus está no centro de todas as coisas.

O relógio em seu painel mostrava 08:46, mas Mackenzie sabia que sua noite estava apenas começando.

Porque, se ela estivesse correta, ela sabia como encontrar a casa do assassino.


CAPÍTULO TRINTA

Assim que ela voltou para casa, Mackenzie imediatamente foi até o sofá e correu para a confusão de papéis que ela tinha deixado na mesa de café. Era irônico de uma forma; ela tinha pensado a casa ficaria mais arrumada após Zack ir embora, mas em vez disso, sua desorganização de trabalho tinha substituído sua bagunça. Por apenas um momento, ela se perguntou onde ele estava e o que estava fazendo. Mas o pensamento durou apenas um punhado de segundos. Foi substituído pelo pensamento que havia escoltado sua casa, ainda girando em sua cabeça como uma brisa perdida através de um assoalho do deserto.

Deus está no centro de todas as coisas.

Ela vasculhou os papéis sobre a mesa e pegou os dois mapas-Cidades de Refúgio do Antigo Testamento e um mapa local, mostrando a área dentro de cento e sessenta quilômetros. Ela colocou um contra o outro e olhou para eles contemplativamente. Ela então se concentrou no mapa local e olhou para os Xs que ela tinha colocado lá com um marcador Sharpie preto, traçando-lhes com o dedo. Ela, então, abrangeu os Xs, conectando-os todos com uma linha e desenhando um círculo implícito feito com os locais.

Com o círculo desenhado, ela voltou sua atenção para o interior do círculo. Agarrando a caneta mais próxima, ela traçou uma linha tênue saindo de cada uma das seis “cidades”, como raios de uma roda a partir das bordas do círculo.

Deus está no centro de todas as coisas.

As linhas todas se encontraram no centro do círculo. Ela desenhou outro, um círculo muito menor, onde todas as linhas estavam conectadas. Abrangeu uma parte do distrito do centro não muito longe de onde eles tinham apreendido Clive Traylor há poucos dias. Ao longo da borda deste novo círculo menor ela viu a linha ondulada que indicava um rio, neste caso, Danvers River, o pequeno canal que gravavam o seu caminho através de um parque do centro da cidade, ao longo da parte traseira de várias propriedades precárias do centro da cidade e depois, finalmente desembocando no Sapphire Lake.

Era difícil dizer a partir do mapa, mas ela tinha certeza de que seu novo círculo incluía duas ou três ruas diferentes e um pequeno aglomerado de floresta que separava a região centro ocidental da borda do Sapphire Lake.

Este era o centro das matanças—o ponto central que existia entre os locais do assassino, as chamadas cidades. Se este homem sentiu que ele era, de certa forma, Deus, ou trabalhou sob a orientação de Deus, então ele provavelmente pensou que estava no centro de tudo. E se Deus estava no centro de todas as coisas, este ponto central era muito provavelmente onde estava a sua casa.

Ela simplesmente sentou-se ali por um momento, uma pontada familiar de excitação começando a florescer em seu coração. Ela sabia que tinha que tomar uma decisão e que ela poderia muito bem decidir o rumo de sua carreira. Ela poderia chamar Nelson para lhe dar esse pouco de informação, mas ela tinha certeza que ele não atenderia a sua chamada. E mesmo que ele a levasse a sério, ela temia que a ideia fosse colocada em banho-maria.

O local que tinham descoberto com o poste já fixado significava que o assassino tinha estado a ponto de golpear novamente. E se ele já tinha uma mulher pronta para seu próximo sacrifício? E se ele tivesse que pensar fora da caixa já que seus outros três locais dos assassinatos estavam sob vigilância?

Vá para o inferno, ela pensou.

Mackenzie saltou, espalhando grande parte da papelada para fora da mesa em sua pressa e excitação. Ela entrou no quarto para pegar sua pistola e a colocou no seu cinto, seu celular tocou. O súbito e inesperado som a fez saltar um pouco e ela tinha que dar um tempo para acalmar os nervos antes de responder. Olhando para o visor, ela viu que era Ellington novamente.

“Alô?”, perguntou ela.

“Oh uau”, disse Ellington. “Eu não estava esperando que você respondesse. Eu só ia deixar uma mensagem para que você saiba que eu estou trabalhando à noite e para você me ligar amanhã com notícias sobre a detenção. Você ainda não foi lá?”

“Ah, eu fui e já voltei. Não era o assassino. “

Ele fez uma pausa.

“E você descobriu isso em menos de meia hora?”

“Sim. Era óbvio. Nelson e seus homens, que, bem, eles não estavam exatamente a par das coisas”.

“Muito ansiosos para fazer uma prisão?”

“Algo assim”, disse ela quando terminou de arrumar a arma.

“Você está bem?”, perguntou Ellington. “Você parece muito apressada.”

Ela quase não lhe disse, ela quase manteve a nova teoria para si mesma. Se ela estivesse errada sobre isso, isso poderia dar muito problema, especialmente se alguém soubesse o que ela estava fazendo de antemão. No entanto, por outro lado, ela sentiu que não estava errada; ela sentiu em seu coração, suas entranhas, seus ossos. E se ela estava se esquecendo de algo ou saltando para conclusão do caso, Ellington era a pessoa mais lógica que ela conhecia.

“White?”

“Eu acho que descobri algo”, disse Mackenzie. “Sobre o assassino. Sobre onde ele vive. “

“O quê?” Ele parecia chocado. “Como é isso?”

Ela disse-lhe rapidamente sobre sua conversa com o Pastor Hooks e como ela tinha localizado o centro das coisas com o mapa. Enquanto ela falava em voz alta, ela tornou-se cada vez mais convencido de que era isso. Este era, finalmente, o caminho certo que os levaria ao assassino.

Quando ela terminou, houve um silêncio na linha por um momento. Ela se preparou, esperando a crítica de costume, ela sempre recebia uma.

“Você acha que é um raciocínio falho?”, perguntou ela.

“Não. De modo nenhum. Eu acho que é genial.”

Ela se surpreendeu, e sentiu-se motivada.

“O que Nelson disse?”, Perguntou.

“Eu não liguei para ele. Nem ligarei.”

“Você tem que”, insistiu ele.

“Não, eu não. Ele não me quer no caso. E após o que aconteceu no posto, eu duvido que ele atenda a minha ligação.”

“Bem, então deixe-me levar a pista para os caras do Estado.”

“Muito arriscado”, disse ela. “Se for um beco sem saída, que vai levar a culpa? Você? Eu? De qualquer modo não seria bom.”

“Isso é verdade”, disse Ellington. “Mas e se não for um beco sem saída? E se você prender o assassino? Você vai ter que chamar Nelson de qualquer maneira.”

“Mas pelo menos eu vou ter resultados. Com tanto que eu pegue o bastardo, eu realmente não me importo com as consequências.”

“Olha”, disse ele soando frustrado, “você não pode fazer isso. Sozinha, não.”

“Eu tenho que”, disse ela. “Nós não temos nenhuma ideia de quando ele vai matar novamente. Eu não posso esperar até o Nelson estar pronto para falar comigo novamente ou até que seus caras decidam que vale a pena vir até aqui.”

“Eu poderia apresentar a ideia como se fosse minha”, disse Ellington. “Talvez isso aceleraria as coisas no lado do Escritório.”

“Eu pensei nisso”, disse Mackenzie. “Mas o quão rápido você teria agentes aqui?”

Seu suspiro do outro lado lhe disse que ele sabia que ela estava certa.

“Provavelmente cerca de cinco ou seis horas”, ele respondeu. “E isso é ser otimista.”

“Então você me entende.”

“E você vê como você está me colocando em uma posição desconfortável”, ele respondeu. “Se você vai lá e algo acontecer com você, eu tenho que dizer algo ao meu supervisor. Se você for machucada ou morta e descobrirem que eu sabia o seu plano, aí será a minha bunda na reta.”

“Eu acho que eu só tenho que me certificar de que não vou me machucar ou morrer.”

“Droga, White-”

“Obrigada pela preocupação, Ellington. Mas isso tem que ser feito agora “.

Ela terminou a chamada antes que pudesse dizer qualquer coisa para influenciá-la em sua decisão. Mesmo agora, com a chamada terminada, ela se perguntava se isso era ser imprudente. Ela estaria sozinha, se aventurando na escuridão com ordens específicas para não se envolver no caso. Pior do que isso, ela iria ser potencialmente estar com um assassino do qual ela sabia muito pouco a respeito.

Ela atravessou a sala e saiu pela porta da frente antes que ela pudesse mudar de ideia. Respirar o ar fresco da noite parecia afastar qualquer dúvida. Ela passou a mão ao longo da pistola no coldre em sua cintura e se acalmou um pouco.

Sem perder mais tempo, ela correu para o carro e deu partida. Ela acelerou na estrada indo para o oeste, a noite desenrolando diante dela como uma cortina escura em um palco que estava finalmente prestes a aparecer.


CAPÍTULO TRINTA E UM

Ela ouviu-o remexendo na casa durante todo o dia. Na ocasião, ele cantava hinos, um dos quais ela conhecia de sentar-se no colo de sua avó em um pequeno banco em uma igreja Batista rural. Ela tinha certeza que se chamava “How Great Thou Art”. Cada vez que ele cantarolava ela sentia uma nova onda de náusea e medo, sabendo o que ele tinha feito com ela e—o que ele faria.

Ao ouvir seu canto e movimentos, ela tentou ficar de pé novamente. Se ela estivesse de roupa, teria sido mais fácil. Ela conseguiu rolar para a parede mais distante, colocou suas costas contra ela, e lentamente levantou. Mesmo assim, porém, suas pernas começaram a se esticar e queimar devido aos seus tornozelos que estavam tão firmemente amarrados. Ela tinha feito tanto até esse ponto, suas costas escorregaram contra a parede e ela escorregou de volta para o chão.

Agora, pulsos sangrando por causa das abrasões que as cordas haviam gravado em sua pele, ela recuou contra a parede novamente. Sentia as pernas como se fossem uma massa de vidraceiro e os arranhões que tinha chegado ao longo de suas costas fincando como picadas de abelha. Choramingando, ela tentou novamente, empurrando seu corpo contra a parede enquanto ela se levantava. Quando ela alcançou o ponto onde seus tornozelos e panturrilhas começaram a queimar, ela simplesmente forçou-se através da dor e estendeu as pernas.

Quando ela se levantou totalmente, suas pernas vacilaram e ela quase caiu imediatamente. Mas ela as pressionou contra a parede e conseguiu manter o equilíbrio.

Ok, e agora ?

Ela não sabia. Ela estava aliviada por estar finalmente de pé. Ela imaginou se ela pudesse dar através da porta de alguns passos para a direita, ela poderia ser capaz de encontrar um telefone e chamar a polícia. Ela o ouviu abrir a porta e fechá-la durante todo o dia. Ela supôs que ele estava saindo por pequenos períodos de tempo e voltando. Se ela pudesse obter apenas um vislumbre do que estava acontecendo no resto da casa, talvez ela pudesse sair dessa viva.

Ela escapuliu contra a parede e chegou à porta. Sua pele irrompeu em arrepios enquanto o suor cobriu seu corpo. Ela sentiu seu corpo tremer e ela queria chorar, a afundar de volta para o chão. Ela examinou o quarto, à procura de qualquer instrumento afiado com o qual ela poderia cortar os laços do pulso.

Mas não havia nenhum.

Ela sentiu vontade de desistir. Isso era demais, ela pensou, muito difícil.

De costas para a porta, ela se atrapalhou com a maçaneta. Quando ela a tinha em suas mãos, ela girou o objeto lentamente. Houve um ligeiro clique quando o trinco saiu do batente da porta.

Ela afastou-se da porta, deixando-a lentamente se abrir. Ela podia sentir o ar fresco a partir do outro lado da porta e ela se perguntou se alguma coisa tinha lhe feito sentir tão bem em sua vida.

Ela se virou lentamente, tentando se mover tão silenciosamente como pôde. Ela

gostaria de encontrar um telefone para ligar para alguém, ou uma janela aberta. Claro, as mãos e os pés estavam amarrados, mas ela corria o risco de queda apenas por tentar sair dali.

Mas quando ela se virou totalmente de frente para a porta, ele estava parado lá.

Seu grito foi bloqueado pelo pano sobre a sua boca. Ele sorriu e entrou no quarto. Ele colocou uma mão em seu ombro nu e a acariciou. Em seguida, com o seu sorriso aumentando, ele a empurrou. Ela se estatelou no chão e quando o fez, seu ombro saltou desajeitadamente. Ela gritou de novo e se transformou em um soluço profundo.

“Você estará livre em breve”, ele disse para ela.

Ele ficou de joelhos e novamente colocou a mão em seu ombro, como se por segurança.

“Nós dois vamos ficar livres, e será glorioso.”

Ele saiu do quarto e quando ele fechou a porta, ela podia ouvir estalos adicionais de um cadeado colocado por ele. Ela chorou, sentindo que poderia se sufocar por causa da mordaça. E todo o tempo, ele subia e descia as escadas, cantando hinos para o mesmo Deus que ela desesperadamente orava para em um chão empoeirado.

*

Ele não gostava de trabalhar sob pressão. Ele também não gosta de mudanças, especialmente quando as coisas tinham sido tão cuidadosamente planejadas e pensadas.

No entanto, ali estava ele, ter que alterar seus planos no meio do caminho de seu trabalho. Havia mais três cidades para levantar, mais três sacrifícios. Um deles estava pronto para acontecer, mas ele ainda não tinha ideia de como ele iria realizar os outros dois.

Por agora, ele tinha que dar um passo de cada vez. Por agora, a quarta cidade era tudo com que ele estava preocupado.

Ele pensou que tinha se ajustado bem à luz dos acontecimentos recentes. Tinha sido pela obra de Deus que ele tinha dirigido pelo local previsto da quarta cidade apenas a tempo de ver a presença da polícia. Os homens do mundo fariam de tudo para parar o seu trabalho. Mas Deus, soberano e onisciente, estava protegendo ele. Ele tinha orado então, e Deus lhe tinha dito que era o trabalho que importava, não o local do sacrifício.

Ele tinha ajustado em conformidade. E ele tinha feito bem, já que estava preocupado.

Por exemplo, a mulher não está mais no andar superior, o lugar que ele a tinha deixado uma hora antes. Agora, ela estava no galpão. Ela estava em posição fetal, com os braços puxados para trás e os joelhos puxados. Os tornozelos e os pulsos foram amarrados juntos, a corda com alguma folga para que ela não deslocasse acidentalmente seu ombro. Ela tinha que estar ilibada quando ele a colocasse em cima do poste. Deus não iria aceitar sacrifícios com falhas.

Ele estudou-a por um momento enquanto ele estava contra o poste que ele tinha acabado de erguer no galpão. Esta mulher era muito bonita, mais bonita do que as outras com certeza. Sua carteira de motorista dizia dezenove anos, e ele leu, ela era originalmente de Los Angeles. Ele não sabia por que a mulher tinha vindo aqui, mas ele sabia que Deus a tinha colocado em seu caminho. A menina não sabia, mas ela deveria se sentir honrada. Ela não percebeu que ela havia sido selecionada antes mesmo de nascer para ser sacrificada para a glória de Deus.

Ele nunca se preocupou tentando explicar isso para as mulheres. Elas não quiseram ouvir.

Ele deixado essa completamente nua. Ele tinha deixado o sutiã e calcinha nas outras porque ele não queria cair em tentação. Mas esta seria um sacrifício tão perfeito que ele não conseguiu se conter. Ele nunca tinha visto seios tão perfeitos, nem mesmo em filmes ou revistas.

Ele sabia que deveria ser punido por olhar para a carne dela de tal maneira. Ele não se esqueceria de se arrepender desse pecado, iria se autoflagelar muitas vezes esta noite.

Depois de configurar o poste, ele tinha ido à loja de ferragens e comprou um rolo de cobertura de plástico. Ele tinha passado meia hora cobrindo o chão do galpão com ele, usando grampos em vez de pregos, uma vez que seria mais fácil de remover mais tarde. Colocar poste no galpão e, em seguida, cobrir o chão com as folhas de plástico, tinha sido laborioso trabalho, mas tinha sido bom para ele. De certa forma, isso o fez ficar mais sensível ao sacrifício que viria. Trabalhar tanto para abrir caminho para um sacrifício o fez sentir-se mais digno.

Ele parou e respirou fundo, admirando sua obra.

Era quase hora agora.

Ele tinha que orar primeiro e depois ele iria pendurar a mulher. Ele teria que apertar a mordaça, porque ele nunca tinha feito um sacrifício em uma área tão povoada. Um deslize e um vizinho iria ouvir seus gritos quando o açoite começasse. Mas ele iria se preocupar com isso depois que ela fosse amarrada ao poste.

Primeiro, oração e arrependimento. Ele precisava orar para que as suas cidades-seus sacrifícios-fossem agradáveis a Deus e que seu trabalho exemplificasse Sua glória e amor pelo homens.

Ele ficou de joelhos na frente do poste. Antes de fechar os olhos para orar, ele olhou para a mulher novamente. Uma compreensão tranquila parecia se espalhar por todo o rosto dela e vendo isso, ele entrou em oração com uma grande sensação de paz.

Era quase como se soubesse que havia uma grande recompensa esperando por ela depois, como se soubesse que ela iria receber essa recompensa e ser liberada deste mundo de sujeira.


CAPÍTULO TRINTA E DOIS

Mackenzie estacionou seu carro no final do bloco neste bairro degradado, e puxou um mapa de curto alcance da área em seu telefone celular antes de sair de seu carro. Ela sabia que sua pesquisa seria composta de um raio de um quarteirão ao longo de três ruas diferentes: Harrison, Colegrove, e Inge.

Ela sabia que a rua Inge poderia ser cortada de sua lista porque as casas ao longo do final desta rua estavam vagas, tendo sido condenadas há vários anos. Ela sabia disso porque era um local popular para o tráfico de drogas e atividades de gangues. Ela havia feito sua primeira apreensão de drogas aqui e também teve que puxar sua arma pela primeira vez em sua carreira a apenas algumas ruas daqui.

Ruas Colegrove e Harrison, porém, estavam totalmente ocupadas e penduradas nesta outra parte deteriorada da cidade. Eram pessoas com trabalhos braçais que normalmente gastavam os contracheques em bebida, bilhetes de loteria, e se eles tivessem dinheiro sobrando, jantares de fast food na maioria das noites da semana.

Antes de sair, ela puxou o número de Ellington. Ela mandou uma mensagem a ele com os nomes das ruas e, em seguida, assinou com: Se você não tiver notícias minhas dentro de algumas horas, ligar para alguém e enviá-los para cá.

Ela, então, colocou seu telefone no modo silencioso e saiu noite a dentro.

Mackenzie desceu a Harrison Street em um ritmo constante, sem querer parecer muito suspeita em uma hora tão tardia, apesar de que qualquer mulher andando nestas ruas após o anoitecer seria vista como burra. Ela manteve-se atenta para casas com caminhões ou vans na propriedade, e viu duas residências que se encaixam na descrição.

A primeira casa tinha uma van na frente, estacionada na pequena garagem. Letras de vinil desgastado ao longo do lado da van branca com os dizeres: Irmãos Smith, Bombeiros Hidráulicos.

Esgueirando-se pelas sombras tão rapidamente quanto pôde, Mackenzie foi para o lado da van e olhou para a janela do lado do passageiro. Ela mal podia ver na parte de trás, mas ela conseguiu ver um canto de uma caixa de ferramentas. Na frente, enfiada entre o banco e o painel, bem como entre o painel e os para-brisas, ela viu várias folhas de fatura. No topo, ela viu a mesma arte que estava do lado da van, marcando as faturas com Irmãos Smith, Bombeiros Hidráulicos.

Com aquela casa eliminada da sua busca, ela mudou-se para a próxima casa. Um caminhão preto estava fora ao longo do meio-fio. Era um modelo mais novo, enfeitado com um adesivo Não Pise Em Mim e um decalque no vidro traseiro indicando que o dono era um veterano do Vietnã. Ela olhou para a parte de trás do caminhão para ver qualquer sinal de que tinha carregado algum grande poste de cedro recentemente, mas não viu nada. Enquanto ela não queria descartar um veterano apenas por causa de seu serviço ao país, Mackenzie havia o pensamento de que um homem aos setenta colocando esses postes por aí sozinho seria difícil de imaginar.

Ela chegou ao fim do quarteirão e, em seguida, virou à direita em direção à Colegrove

Street. Ela podia ouvir as batidas do baixo estrondoso de um ‘rap’ que saia de uma casa nas proximidades. Quando ela passou por cada casa procurando por caminhões ou vans, ela vislumbrou o turvo rio Danvers que refletia a luz do luar muito atrás das casas.

Havia um caminhão estacionado ao lado da rua à direita em frente a ela. Mesmo antes de ela se aproximar, viu que não era o caminhão que estava procurando. Os pneus traseiros estavam murchos e mostravam sinais de negligência que a fez pensar que ele tinha sido abandonado anos atrás.

Ela estava no meio da rua, olhando em frente e não vendo nada além dos carros no resto do caminho, alguns em calçadas escassas, mas a maioria ao longo do meio-fio. Havia seis no total, um modelo novo entre as cinco latas enferrujadas.

Ela estava apenas começando a sentir que havia desvendado ainda outra teoria sem êxito quando ela viu a casa à sua esquerda. Um modelo mais antigo de Honda Accord ao longo do meio-fio. Um pequeno trecho de jardim a levou a uma cerca de arame mal cuidada que se estendeu a uma cerca de madeira, igualmente pobre, que separava o quintal da propriedade vizinha. Ela andou mais ao longo da propriedade e congelou ao chegar no lado oposto da casa.

A cerca de arame estava longe de ser vista, aparentemente chegando a um ponto fechado no quintal. O que ela viu, porém, foi uma garagem improvisada que não era nada mais do que a grama achatada e fina pista de terra. Ela seguiu as pistas com os olhos e viu que terminavam onde uma picape velha verde da Ford estava estacionada. Estava com extremidade dianteira para fora, a grade e faróis mortos olhando diretamente para ela.

Mackenzie olhou para a casa e viu que uma única luz estava acesa. Lançava muito pouca luz, fazendo-a pensar que era uma lâmpada ou uma luz de corredor a partir da parte de trás da casa.

Movendo-se rapidamente, ela correu para o quintal, seguindo o curso da grama achatada até o caminhão. Ela olhou para o caminhão pela janela do lado do motorista e viu alguns velhos sacos de fast food e outros lixos.

Entre tudo isso, sentada no centro do banco- uma Bíblia.

Com adrenalina em seu coração, ela estendeu a mão para a porta do lado do motorista. Ela não se surpreendeu quando viu que estava trancada.

Ela foi até a traseira do caminhão e viu que o bagageiro estava para baixo. Ela olhou para ele e não viu nenhuma indicação clara do que tinha recentemente acontecido, apesar de ter sido difícil ver qualquer coisa no escuro.

Ela olhou para trás para o quintal e viu que sua suposição estava correta; a cerca de arame correu o comprimento do quintal e, em seguida, aproximou-se e em torno de onde ela parou, ao lado de um galpão. Ela não podia ver todas as janelas, mas ela podia ver um traço de emissão de luz a partir de um espaço ao longo da porta do galpão.

Ela entrou no quintal, se aproximando da cerca de arame. Como o galpão ficou à vista, ela começou a pensar que a luz era realmente algo menor, uma vela, talvez. Com sua curiosidade agora se transformando em algo muito próximo da cautela, ela chegou à beira da cerca. Ela se agachou no chão enquanto se aproximava do brilho fraco vindo do meio da pequena fenda ao longo da porta e da moldura.

Ela começou a procurar uma maneira através da cerca, temendo que rastejar fosse fazer muito barulho. Quando ela fez isso, seus olhos caíram sobre uma outra forma ao lado do galpão. Ela tinha perdido esse detalhe antes, ia até o chão e ficava envolta em sombras. Mas agora que ela não estava a mais de 3 metros do galpão, a forma era clara e definida.

Na verdade, eram duas formas.

Dois postes de cedro, cortados em cerca de dois metros e meio de comprimento.

Ela sabia que deveria esperar por suporte.

Mas ela sentiu, profundamente, que não havia tempo.

Assim, com fogo em seus músculos e os nervos queimando, ela estendeu a mão e agarrou a cerca de arame.

E então ela começou a subir.


CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

A cerca era velha e enferrujado como tudo nesta rua esquecida por Deus. Ela sentiu a ferrugem cortando seus dedos, mas pelo menos, por causa da ferrugem, o material de arame não fez quase nenhum ruído quando ela escalou. A cerca tinha de dois metros a dois metros e meio de altura e logo ela chegou ao topo.

Ela jogou uma perna, firmou-se, em seguida, trouxe a outra.

Com um único impulso, ela saltou do alto e caiu no quintal com um baque suave.

Ela imediatamente retirou sua Glock do coldre e se arrastou para o galpão em uma posição de agachamento. Ela fez seu caminho até a porta e se levantou um pouco, tentando encontrar a área que mantinha a porta aberta em todo o caminho. Em três quartos do caminho até a porta ela conseguiu olhar lá dentro.

Ela viu o poste de imediato, estando diretamente no centro do galpão. Uma sombra voou através dele, seguida por um objeto que a lançou. Ela viu a mulher em primeiro lugar, as pernas penduradas no ar, e então o homem que estava segurando-a por trás. A mulher estava nua, exceto por uma mordaça em torno de sua boca. Uma série de gritos abafados estavam vindo por trás enquanto ela lutava para fugir.

O homem estava lutando com ela contra o poste. Uma mecha de corda estava enrolada em torno de seu ombro como uma cobra mole.

Mackenzie estava com o coração batendo tão forte que ela mal podia ouvir, tinha visto o suficiente. Ela sabia que teria que agir rápido; ela tinha de puxar a porta e entrar com sua arma levantada antes que o louco tivesse qualquer ideia do que estava acontecendo.

Essa é a hora onde tudo seria mais fácil com alguma ajuda, ela pensou consigo mesma, de repente, lamentando ter se aventurado até aqui sozinha.

Ela estendeu a mão até a maçaneta oxidada da porta. Quando ela a agarrou, um pensamento doentio encheu sua cabeça. E se estiver trancada por dentro de alguma forma ?

Essa resposta foi bastante simples. Agora que ela estava a centímetros do assassino, ela estava disposta a assumir mais riscos. Se for esse o caso, ela pensou, eu vou atirar através da porra da porta.

Ela agarrou a maçaneta e respirou fundo. Ela a segurou e não expirou até que abrisse a porta.

Ela saltou a frente, apontando sua Glock.

“Polícia! Coloque a sua arma para baixo e as mãos também—”

Ela sabia que tinha cometido um erro no momento em que entrou. Algo debaixo dos seus pés estava estranho. E veio um barulho, algo que não fazia sentido.

Mackenzie olhou para baixo por uma fração de segundo, seus olhos deixando a forma do homem na frente dela, e viu o plástico que cobria o chão. Ela estava de pé sobre ele. E apesar de ter levado menos de um segundo para ela processar o que estava vendo, um segundo foi tempo demais.

A figura sombria na frente dela caiu imediatamente para as patas traseiras, agarrou o plástico em suas mãos, e o arrancou com tudo.

Mackenzie sentiu o movimento do solo. O plástico em que ela estava de pé foi puxado em direção a ele e ela perdeu o equilíbrio.

O homem, em seguida, empurrou a mulher nua em sua direção, e ela caiu em cima dela.

Mackenzie, atordoada, levantou a mão e empurrou a mulher frenética de cima dela, mas no momento em que ela o fez, o homem já estava se lançando contra ela, jogando o punho para baixo. Ela estava quase se levantando quando Mackenzie foi atingida diretamente entre os olhos e caiu de volta no chão.

Quando ela caiu no chão, Mackenzie conseguiu seu primeiro vislumbre do assassino. Ele estava na casa dos quarenta e parcialmente calvo. Seus olhos eram de um tom azul elétrico e tinha a aparência de um animal enlouquecido que havia sido encurralado por muito tempo e tinha agora uma boa ideia de como poderia ser a liberdade. Ela foi breve, mas deu uma boa olhada nele. Mackenzie tinha uma boa ideia de que havia mais músculos sob a camisa dele do que sua aparência pudesse mostrar. O soco que ele deu nela era outra indicação disso.

Ele estava vindo para ela agora, movendo-se com uma rapidez que o pequeno espaço do galpão parecia incapaz de conter. Ele tinha algo em sua mão que parecia deslizar através da escuridão. Até o momento em que ele tinha levantado o braço, Mackenzie percebeu o que era. Ela viu a ponta estilhaçada esvoaçante navegando na direção dela.

Mackenzie rolou bem a tempo.

O chicote estalou a menos de 5 centímetros da orelha direita de Mackenzie. O som era ensurdecedor.

O assassino trouxe o chicote novamente, desta vez apontando-o diretamente para Mackenzie.

Desta vez, ela pegou a arma, a levantou, firmou suas mãos, e disparou.

O movimento que ele fez ao levar o chicote para baixo distorceu sua pontaria e a bala o atingiu no ombro esquerdo, em vez de no coração.

Ele deixou cair o chicote e tropeçou para a frente, olhando para Mackenzie como se a própria ideia de uma arma fosse um absurdo para ele.

Ainda assim, ele não se intimidou. Ele mergulhou na direção dela, indo para sua arma. Mackenzie disparou novamente, este tirou passou de raspão em seu braço direito enquanto ele descia.

Ele jogou o seu peso em cima dela e o choque lançou uma explosão de dor através de seu corpo. Suas mãos abriram reflexivamente e a Glock caiu no chão.

No momento em que ela ouviu a arma caindo no chão, o assassino levantou-se e puxou o punho para trás. Antes que ele pudesse trazê-lo para baixo, Mackenzie deu um soco em cheio no seu intestino. Do chão, ela não tinha o seu pleno vigor, e ele só desviou seu golpe. No entanto, quando jogou o punho para baixo e ele apenas acertou o ombro dela, Mackenzie girou e lhe golpeou com força na lateral da mandíbula com o cotovelo.

Ele foi escorregando dela e ela imediatamente foi pegar a Glock.

O assassino correu quando a mão de Mackenzie encontrou a arma. Ela a levantou e mirou na porta assim que ele saiu. Ela quase atirou, mas a mulher nua estava no caminho.

Mackenzie ficou de pé e olhou para a mulher nua, agitando-se, ainda amarrada.

“Fique aqui”, disse Mackenzie. “Eu voltarei.”

A mulher assentiu e Mackenzie viu algo rompido no olhar da mulher. Os acontecimentos desta noite, não importa como eles acabariam, traumatizariam esta pobre jovem, para o resto de sua vida.

Com aquele pensamento assombrando empurrando-a, Mackenzie correu para fora do galpão bem a tempo de ver a porta de trás para o final da casa. Mackenzie correu de imediato, esperando que a porta traseira estivesse trancada.

Quando ela virou a maçaneta, ela girou livremente. A porta traseira se abriu, revelando uma pequena entrada e uma cozinha escurecida por trás.

Ele fez isso de propósito, ela pensou. Ele quer que eu o siga lá para dentro.

Ela pensou por um momento antes de entrar e levantar a sua arma, mergulhando na escuridão.


CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

Mackenzie entrou na cozinha e podería dizer imediatamente que este homem não se importava muito com a maneira como ele vivia. Ela cheirava a comida estragada, um cheiro vindo de algum lugar, misturado com o cheiro de poeira e odor corporal já velho. Ela sentiu as palmas das mãos suando em sua arma e seu coração batendo, sabendo que ela poderia muito bem morrer naquela casa, e ela tentou estabilizá-los.

Mackenzie rastejou pelo chão da cozinha, procurando ouvir algum movimento no resto da casa. Agora que estavam dentro, ela sabia que não havia como prever ao que o assassino poderia ter acesso. Neste exato instante, ele poderia estar pegando sua própria arma.

Mackenzie chegou à beira da cozinha, onde um corredor escuro a esperava. Na metade do pequeno corredor, um lance de escadas de madeira levava a um segundo andar. O assassino tinha a vantagem aqui e ela sabia disso. Seria insensato se aventurar por esse corredor. Ela olhou para a direita e viu uma sala, iluminada por uma lâmpada pequena em uma mesa. Outra Bíblia na ponta da mesa. Um marcador preso fora dela e uma caneta e um bloco de papel ao lado deles.

Do andar de cima, o menor rangido de uma tábua de chão soou, dando a posição do assassino. Mackenzie agiu rapidamente, querendo começar a saltar sobre ele.

É agora ou nunca, pensou.

Ela correu pelo corredor e no meio da escada em menos de três segundos. Ela parou ali, olhando para a escuridão acima dela. Seus olhos estavam começando a se ajustar à luminosidade e quando ela pensou que seria seguro fazê-lo, ela começou a subir as escadas.

Ela estava no meio de um passo quando ouviu passos na cozinha. Confusa, Mackenzie olhou para baixo das escadas bem a tempo de ver a candidata a vítima vindo em direção às escadas. Seus olhos pareciam meio tingidos de loucura e ter visto uma mulher tão atraente só de roupas íntimas, no meio de uma cena tão tensa foi abstrato de uma maneira que confundiu Mackenzie apenas o suficiente.

“Por favor”, disse a mulher. “Você tem que chamar a polícia. Eu não consigo—”

Mas ela não teve a chance de terminar. Ela gritou, seus olhos agora se arrastando um pouco acima de Mackenzie. Mackenzie virou bem a tempo de ver a silhueta do assassino vindo em sua direção, correndo escada abaixo tão rapidamente que Mackenzie mal teve tempo de levantar a arma.

Tchaaa!

Ele a chicoteou, e uma sensação de ardor feroz explodiu em sua mão direita através das juntas-seguida por uma dor que poderia cegar e correu ao longo de sua bochecha esquerda quando ele a chicoteou novamente.

Ela sentiu o sangue fluindo instantaneamente, correndo pelos dedos e no rosto. Ela o viu chegando, mergulhando do degrau mais alto. Ela disparou cegamente, sabendo que a dor na mão afetaria tiro.

Ainda assim, ela o ouviu gritar de dor, já que o tiro pegou em seu estômago.

Surpreendentemente, o tiro apenas diminuiu a velocidade dele. Mais uma vez, todo o seu peso bateu contra ela e White foi caindo para trás escada abaixo.

Ela agarrou a parede, mais uma vez deixando cair a arma, mas não adiantou. Ambos foram caindo da escada e quando as costas de Mackenzie bateram, foi uma explosão de dor com o vento correndo por ela.

Eles caíram o restante das escadas como um feixe de braços e pernas. Quando finalmente atingiu o chão, as costas de Mackenzie eram um espasmo de dor e o sangue de seu rosto estava cobrindo seu pescoço e encharcando sua camiseta.

O assassino estava de joelhos agora, recuando o mesmo chicote que ele usou para ataca-la na escada. Ele se virou e chicoteou o objeto original de sua loucura, a mulher de sutiã rosa, que estava de pé e de boca aberta, congelada de medo. Ele a acertou no ombro, fazendo um vergão vermelho imediatamente, o sangue dela salpicou contra a parede do corredor.

Com a mulher caindo no chão e lamentando, Mackenzie tentou lançar seu próprio ataque, mas as costas não pareciam querer funcionar. Sentiu-se paralisada e se perguntou se ela tinha machucado sua coluna na queda da escada.

O assassino voltou sua atenção para ela e afastou o chicote. O sorriso em seu rosto era de pura loucura, um sorriso que pertencia aos asilos e pesadelos.

“Eu vou levantar uma cidade no seu nome”, disse ele enquanto se preparava para trazer o chicote na direção dela.

Mackenzie só pôde recuar, esperando o chicote descer em sua carne com aquele doentio barulho, sua ponta farpada poderia perfurar sua carne e desfigurá-la para sempre. Ela se perguntou como ela ficaria quando ele terminasse, se ela sobreviveria a tudo aquilo.

De repente, ouviu-se um ruído em expansão na cozinha. Mackenzie não entendia o que era até que viu um corpo aparecem no corredor. Ele veio correndo pelo corredor e saltou para o assassino.

O assassino, parcialmente detido, foi abordado no chão. Não foi assim até os dois corpos começarem a brigar por uma posição no chão, daí Mackenzie viu, para a sua surpresa, quem era a outra pessoa.

Porter.

Não fazia sentido. Uma parte de Mackenzie se perguntava se ela tinha batido a cabeça no chão ao cair da escada e estava vendo coisas.

Mas, quando as suas costas finalmente começaram a se soltar, ela grogue ficou de joelhos e viu o que estava acontecendo à sua frente. Porter a tinha salvo. Ele estava agora lutando com o assassino, posicionado em cima dele e lançando a sua mão direita hábil no rosto do assassino.

Com pontos pretos correndo em sua visão, Mackenzie olhou ao redor procurando por sua arma. O chão parecia que estava balançando debaixo dela e ela realmente poderia sentir o cheiro do seu próprio sangue agora. Ele estava saindo de sua bochecha como um rio e—

De repente, ela viu a arma. Estava a centímetros da mão do assassino e ele estava claramente chegando perto dela.

“Porter”, ela resmungou, ainda com as costas vacilantes e as pernas bambas.

Ela tentou correr para a frente, mas as costas travaram e ela ficou de joelhos com uma careta de dor. Ela pôde apenas observar, impotente, quando o assassino pegou sua Glock.

Porter notou a tempo, estendendo a mão para parar o assassino e não permitindo que ele colocasse a arma em posição para disparar.

Mas Porter perdeu o equilíbrio e quando ele fez isso o assassino se aproveitou, rolando para longe, jogando Porter no chão, e pegando a arma.

O assassino levantou e disparou.

O tiro foi ensurdecedor e o rugido de dor de Porter foi muito breve. O coração de Mackenzie se despedaçou, esperando que não tivesse acontecido o que ela achava que aconteceu.

Mackenzie ignorou a dor que queimava em suas costas e caiu para a frente. O assassino estava de pé ali, com o rosto ensanguentado devido ao ataque de Porter, e Mackenzie atacou-o por trás, jogando o cotovelo no espaço entre as omoplatas dele.

Ele foi caindo no chão, a arma voando de suas mãos.

Mackenzie gritou de dor nas costas enquanto ela levou seu joelho para o centro das costas do homem. Ela praticamente podia sentir a descarga de ar saindo dele e ela se aproveitou disso imediatamente.

Ela o agarrou por ambos os lados de sua cabeça, a sua mão direita nada mais era do que uma luva de sangue por causa do ataque com o chicote, e levantou-a a vários centímetros do chão. Então, com um grito que era uma mistura sublime de dor, frustração e vitória, ela bateu a cabeça dele no chão de madeira.

Ele gemeu e suspirou.

Ela fez isso de novo, em um movimento rápido como uma máquina. Para cima e para baixo.

Desta vez, ele não fez nenhum barulho.

Ela saiu de suas costas e se encostou na parede. Ela deslizou até Porter e seu coração encheu-se de satisfação quando viu que ele estava se movendo. Havia sangue cobrindo o lado esquerdo de sua cabeça e ele estava segurando sua orelha como uma criança assustada.

“Porter?”

Ele não respondeu. Ele, no entanto, rolou e olhou para ela.

“White?”

Ele parecia preocupado, limpando o sangue de seu rosto.

“A droga da arma disparou bem no meu ouvido,” ele disse, sua voz alta. “Eu não consigo ouvir nada.”

Ela assentiu, arqueando as costas e tentando se esticar para parar a dor. Mas a dor estava lá para ficar, ou assim parecia. Ela estendeu a mão até o assassino e a colocou em

seu pescoço. Era difícil dizer por causa da sua própria adrenalina e batimentos cardíacos, mas ela estava certa de que havia pulso.

Mackenzie estava deitada no chão ao lado de Porter e lentamente puxou seu telefone celular do bolso de trás. Quando ela rolou até o número de Nelson, ela deixou estrias sangrentas em todo o telefone.

Como o telefone começou a tocar em seu ouvido, ela estendeu sua mão livre e encontrou a de Porter. Ela lhe apertou e apesar do sangue pegajoso revestindo seus dedos, Porter apertou de volta.


CAPÍTULO TRINTA E CINCO

Três dias após o Assassino Espantalho ter sido levado em custódia, Mackenzie voltou para o mesmo hospital que ela tinha deixado apenas dois atrás com quatorze pontos em sua bochecha e cinco na parte superior da sua mão direita. Ela foi para o terceiro andar e entrou numa sala que estava sendo ocupada por Porter. Vê-lo em uma cama de hospital quebrou seu coração, especialmente considerando como ele tinha ido parar lá.

Ele sorriu para ela quando ela entrou. Havia um curativo pesado e bandagem ao longo do lado esquerdo da cabeça dele, mas ficou aliviada ao ver que todas as intravenosas tinham sido removidas desde que ela o viu pela última vez.

“Aí está ela”, disse Porter.

Ela sorriu, maravilhada com o quanto sua relação tinha mudado.

“Como você está, Porter?”

“Bem, a boa notícia é que eu posso ouvi-la, o que é algo que os médicos não estavam muito certos a respeito dois dias atrás. A má notícia é que eu não posso ouvi-la muito bem. A pior notícia é que a minha orelha direita nunca mais será a mesma. Parece que a bala realmente arrancou parte dela.”

“Eu sinto muito.”

“Bem, o que eu deveria fazer?” Porter perguntou, um pouco mal-humorado. “Seu amigo do FBI me liga e me diz que você está pensando em tentar encontrar a toca do tal cara sozinha. Eu tinha que ajudar.”

Ela balançou a cabeça e apertou sua mão.

“Como você me encontrou, afinal?”

“Eu arrombei sua casa”, disse Porter com um sorriso malicioso. “Vi o mapa que você fez, identificando a localização no centro das cidades. Então, quando eu cheguei à área, ouvi tiros-eu acho que foi de quando você começou saltou sobre ele no barracão. Então, eu apenas segui a comoção. “

“Porter, muito obrigada. Eu teria morrido-”

Ele balançou a cabeça, sua mandíbula.

“Claro que não”, disse ele. “Você teria prendido ele de alguma forma.”

Mackenzie assentiu, tocada pelo elogio, mas não tinha tanta certeza. Ela ainda podia ver o rosto do assassino quando ela fechou os olhos, levantando o chicote, preparando-se para matá-la. Ela tinha despertado nas últimas duas noites em um ataque de pânico, sudorese, sozinha na cama, e se perguntou se ela nunca iria parar de vê-lo.

Ela se perdeu em devaneios, e não tinha certeza de quanto tempo tinha passado quando Porter falou novamente.

“Então, como estão as suas costas?”, Ele perguntou, mudando rapidamente de assunto, provavelmente sentindo o que estava acontecendo com ela.

Ela sorriu, obrigando-se a sair daquela, obrigando-se a ficar otimista. Afinal, ela tinha vindo aqui para reconfortar Porter, e ela lhe devia pelo menos isso.

“Eu peguei meu raio-X esta manhã”, disse ela. “Tudo confere. Não há lesões na coluna vertebral, apenas um mau entorse. Eu tive sorte.”

“Olhando para os pontos em seu rosto e minha orelha mutilada, eu não tenho tanta certeza de que sorte seria a palavra que eu usaria.”

Mackenzie foi para a cadeira de visitantes pela cabeceira da cama e olhou para ele com toda sinceridade que ela conseguiu reunir.

“Eu vim para agradecer”, disse ela. “E para dizer adeus.”

Ele pareceu alarmado.

“Adeus?”

Ela se preparou.

“Sim. Nelson teve que tomar uma decisão difícil. Quando souberam que eu peguei o assassino depois de ter sido tirada do caso, a coisa ficou feia.”

“Ele realmente demitiu você?”

“Não. Ele me suspendeu por seis meses. E depois que ele fez isso, eu saí.”

Porter se sentou na cama, fazendo uma careta, mas ainda tentando zombar Mackenzie. “Por que diabos você faria isso?”

Ela olhou para o chão, sem saber como explicar.

“Porque”, ela disse, “Eu passei muito tempo tentando provar que eu não era apenas uma garota ingênua jovem que estava tentando mostrar mais trabalho do que uma força policial do sexo masculino, em sua maioria mais velhos. Agora, se você adicionar a isso uma renegada que ignora abertamente as regras do chefe, é apenas mais um detalhe para eu me sentir mal.”

Ele franziu a testa, em silêncio por um longo tempo.

“O que você está pensando em fazer agora?”, perguntou. “Você é muito boa como detetive para ser qualquer outra coisa.”

Ela sorriu e disse: “Eu estou considerando outras oportunidades.”

Ele sorriu para ela por um momento e depois riu.

“Você está indo para o FBI, não é?”

Ela sabia que fez um trabalho pobre para esconder o seu choque. Ela devolveu o sorriso quando ele estendeu a mão e pegou a mão dela. Ele a lembrava de seus momentos finais na casa do assassino e ela se viu querendo dizer a ele o que ela tinha em mente para o seu futuro. Ela não falou nada, apesar de tudo. Agora não era o momento.

Ele acertou em cheio e isso a surpreendeu. Ele sempre foi tão perspicaz? Ele escondeu esse cuidado genuíno por ela sob sua impaciência todo esse tempo?

“Você está“, disse ele. “Será bom para você. Vamos ser honestos aqui, é o seu lugar. Você sempre foi boa demais para este lugar. Eu sei disso e você sabe bem mais do que eu. Eu sempre era duro com você, porque eu queria que você fosse a melhor. Eu queria que você desse o fora daqui. E parece que eu fiz um bom trabalho.”

Ela esperava uma repreensão, e ela ficou tão tocada e aliviada pelo seu calor e sua felicidade genuína por ela.

Pela primeira vez em muito tempo, ela sentiu lágrimas de gratidão. Ela conseguiu mantê-las, deixando o silêncio falar por eles enquanto as suas mãos permaneceram entrelaçadas em um gesto solene de uma amizade que se desenvolveu mais tarde.


CAPÍTULO TRINTA E SEIS

Não levou muito tempo para ela embalar tudo. Ela conseguiu encaixar cerca de metade de suas roupas em duas malas e colocar a outra metade em uma caixa de papelão em que ela colocou uma etiqueta com POR FAVOR, DOE! Usando um Sharpie. Outra caixa continha itens variados, tais como vários livros de bolso, um iPad velho, e um toca-discos que ela queria consertar, mas nunca o fez. Foi marcada da mesma maneira.

Ela tinha chamado Zack, plenamente consciente de que ele estava no trabalho e não seria capaz de atender a chamada. Ela deixou para ele uma mensagem, da qual ela agora se arrependia, ao colocar as malas na porta da frente. Foi breve e mesmo agora, enquanto olhava em volta da casa, estranhamente vazia e limpa, ela se perguntava se ela lhe devia uma explicação.

Isso foi ridículo. Se ela devia algo a alguém, era à ela mesma, uma explicação do porquê ter ficado presa neste estilo de vida por tanto tempo.

“Estou indo saindo da cidade para o meu bem”, ela disse. “A casa está paga até o final do próximo mês. É sua, se você quiser. Se não, o contrato de arrendamento expirará e se tornará disponível. Todas as suas coisas ainda estão aqui, então venha quando quiser para pegá-las. Você pode ficar com os móveis, TV, e qualquer outra coisa que compramos meio a meio. Estou começando um novo capítulo na minha vida e é claro que você não está nele. Por favor, respeite a minha vontade e não se preocupe em ligar. Cuide-se, Zack.”

A parte sobre um novo capítulo era clichê, mas era verdade. Era por isso que ela poderia facilmente deixar para trás milhares de dólares em móveis e eletrodomésticos. Isso simplesmente não valia a pena em relação ás brigas que ela teria com o Zack por causa deles. Era também por isso que ela estava deixando a metade de suas roupas. Ela podia comprar roupas novas, roupas que ela sempre quis usar, mas hesitava porque não sabia o que Zack poderia pensar, ou como Porter ou Nelson poderiam reagir.

Esta nova vida que ela estava caminhando em direção oferecia uma nova visão de si mesma que ela tinha apenas ousado sonhar anteriormente. Qual era a alternativa? Ela deveria ficar aqui e engolir sua suspensão, em seguida, voltar a trabalhar com mais uma marca contra ela em um mar de homens velhos que a viam como uma ameaça inútil?

Não, obrigada.

A casa nunca tinha estado tão tranquila. Era quase tão serena quanto as cenas de assassinato que ela tinha presenciado, quase tão estoica como o primeiro milharal onde tinha descoberto a primeira vítima. O que ficava naquela casa estaria morto para sempre. Ela sentia isso com certeza ao estender a mão até a maçaneta da porta.

Quando Mackenzie abriu a porta e saiu, sentiu um peso invisível sair das costas dela. E só aumentava enquanto ela puxava as malas através do pequeno quintal até o seu carro.

Ela colocou as malas no porta-malas, bateu a porta, e foi para atrás do volante.

Quando arrancou em direção à rua, ela nem deu uma segunda olhada na casa. Seu futuro estava em outra direção. Toda a casa representava um passado que ela já podia sentir deslizando de seus ombros, um fardo que ela tinha levado por muito mais tempo do que deveria.

*

Os jornais finalmente tinham ficado cansados daquela história. Mackenzie tinha lido cinco versões diferentes e não importa como era dito, ela ainda se sentia como se estivesse lendo sobre alguém que não era ela. Ela não tinha concedido entrevistas, permitindo assim que repórteres preguiçosos passassem a supor as coisas. Ela também entrou on-line no Jornal Oblong para ver se Ellis Pope tinha escrito alguma coisa a respeito.

Ele não desapontou. Ele contou uma história sobre uma jovem violenta que pensou que era uma Algoz, indo contra os desejos de seu chefe e no final das contas conseguindo pegar o cara mau. Enquanto o artigo tinha era contundente e odioso, a seção de comentários acabou com o Pope, anunciando Mackenzie como uma detetive ‘fodona’, e de acordo com alguns comentário, ela também era uma gata.

Ela estava lendo essa história em particular em seu iPad no aeroporto quando o voo foi anunciado. Ela pegou suas malas e pensou sobre o telefonema no início da manhã com Ellington. Ele ainda se sentia como se tivesse sonhado, mesmo quando ela começou a andar em direção ao portão de embarque.

“Eu queria ligar para que você saiba que eles me pediram para participar da sua primeira reunião,” ele disse. “Tudo bem para você?”

“Sim, está bem.”

“Você está animada?”

“Eu estou. Mas eu estou mais nervosa do que qualquer outra coisa. “

“Não há necessidade disso. Todo mundo aqui está empolgado com a sua vinda. E agora é mais do que apenas os meus elogios. Os jornais têm sido excepcionalmente gentis com você ultimamente. E o fato de que você foi humilde, fala ainda mais alto.”

“Obrigada novamente, aliás”, disse Mackenzie.

Ele riu então e disse: “Agente Especial White. Soa bem para você?”

Ela começou a subir a rampa para pegar o seu voo, e parou para olhar para trás no aeroporto pela última vez. Ela esperava se apegar a tudo, uma última olhada em sua casa, mas em vez disso, para o seu horror, ela viu o momento em que ela tinha batido a cabeça do assassino no chão várias vezes. Ela lembrou o quão selvagem ela se sentiu— absolutamente selvagem e imprevisível. Isso a assustou nos dias que se seguiram, mas ela também sabia que era uma parte dela agora, uma parte que ela tinha conhecido desde quando encontrou o corpo de seu pai.

Agora que ela tinha deixado essa parte dela aparecer e a aceitou como sua, como aquilo poderia alterar a forma como ela trabalhava a partir de agora?

Ela supôs que não havia melhor maneira de dizer isso do que com um trabalho novo, onde ninguém a conhecia. Enquanto ela não era ingênua o suficiente para pensar que poderia ser um verdadeiro recomeço, ela pela primeira vez, acreditou que seria capaz.

Ela jogou a imagem fora e caminhou pelo saguão. Um avião estava esperando por ela.

E também um novo futuro.

 

 

                                                   Blake Pierce         

 

 

 

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