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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


ANTES QUE ELE PEQUE / Blake Pierce
ANTES QUE ELE PEQUE / Blake Pierce

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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O sol havia rachado o horizonte, mas ainda não havia queimado os últimos rastros de frio da noite-a hora do dia favorita de Christy. Ver o sol surgir sobre a cidade era um lembrete absoluto para ela de que toda noite tem seu fim, algo que ela precisa saber, enquanto começava a se sentir cada vez mais distante de Deus. Ver o sol nascendo sobre os edifícios de Washington, DC, e afastando a noite a fazia lembrar das letras de uma canção de adoração: Embora haja sofrimento na noite, o sol vem pela manhã...
Ela recitou essa linha repetidamente enquanto subia a rua em direção à igreja. Ela esteve tentando se convencer disso por semanas. Sua fé fora desafiada quando ela cedeu ao pecado e à tentação. A ideia de uma confissão veio a ela imediatamente, mas também era difícil. Nunca era fácil para alguém confessar seus pecados. Mas ela sabia que ela tinha que fazê-lo. Quanto mais tempo um pecado existisse entre ela e Deus, mais difícil seria corrigir esse desequilíbrio. Quanto mais cedo ela confessasse o pecado, maiores chances ela teria em recuperar a sua posição e reestabelecer sua fé-uma fé que havia definido sua vida desde os dez anos de idade.
Ao ver os contornos da igreja surgirem à vista, seu coração envergou. Eu realmente consigo fazer isso? Eu realmente consigo confessar?
As bordas e formato familiares da Igreja Católica do Sagrado Coração pareciam dizer a ela que sim, ela conseguiria.
Christy começou a tremer. Ela não estava certa de que chamaria o que ela estava fazendo de ter um caso ou não. Ela beijou o homem apenas uma vez e definiu assim pelo que era até então. Mas ela continuou a vê-lo, continuou a se deixar ser levada por suas palavras de elogio e adoração-palavras que seu próprio marido havia parado de pronunciar para ela há anos.
Ela quase podia sentir esse pecado sendo queimado nela quando o sol se ergueu alto no céu, lançando dourados e leves alaranjados ao redor dos contornos da Sagrado Coração. Se ela precisasse de algum sinal a mais de que ela deveria confessar seus pecados para um padre nesta manhã em particular, foi esse.
Ela chegou até os degraus da Sagrado Coração com um peso nos ombros. Mas ela sabia que dentro de instantes, isso passaria. Ela poderia voltar para casa, seus pecados confessados, seu coração sem fardo e sua mente-
Quando ela atingiu as portas da frente, Christy gritou.
Ela se afastou, ainda gritando. Ela quase caiu nas escadas de concreto ao tropeçar para trás. Suas mãos foram à boca, fazendo muito pouco para abafar o grito.
O Padre Costas estava pendia das portas. Ela fora despido até a cueca e havia um longo corte horizontal em sua tez. Sua cabeça pendia para baixo, olhando em direção aos seus pés descalços, os quais estavam suspensos a meio metro do alpendre de concreto. Pequenas gavinhas de sangue pingavam dos seus pés, coletadas em uma sombria poça no chão.
Crucificado, pensou Christy. O Padre Costas foi crucificado.

 

 

 


 

 

 


CAPÍTULO UM

 

Seguindo seu último caso, Mackenzie White fez algo que ela nunca havia feito antes enquanto mulher empregada: ela pediu férias.

Ela solicitou férias de duas semanas por vários motivos e no prazo de um único dia, ela sabia que havia tomado a decisão correta. Ela não perdeu tempo algum em reforçar sua reputação quando ela chegou ao FBI. Sem qualquer planejamento por parte dela própria, acabou lidando com casos de alta importância que pareciam vir procurando por ela. Não somente isso, mas ela havia se destacado neles e impressionado todas as pessoas certas em Quantico e DC. Depois de solucionar numerosos casos com sucesso e colocar sua própria vida em risco mensalmente, ela imaginou que duas semanas de férias remuneradas não era pedir demais.

Seus superiores concordaram e até mesmo a encorajaram. Ela estava certa de que eles teriam uma chance de saber com o que ela gastaria a maior parte daquele tempo-em vários ginásios e academias, deixando seu corpo em melhor forma, afiando os instintos e habilidades. Ela tinha uma base sólida em todas as coisas importantes. Ela era adepta em combate corpo a corpo. Ela era assustadoramente boa com armas de fogo. Ela era muito mais forte que a maioria das outras mulheres com as quais ela havia frequentado a academia de polícia.

Mas Mackenzie White estava sempre querendo ficar melhor.

Esse era o motivo, oito dias depois de entrar nas férias de duas semanas, de ela estar treinando pesado e com vários músculos doloridos em uma academia particular. Ela estava se afastando de um dos cantos de um dos diversos ringues de boxe, dando um aceno de gratidão ao seu parceiro de sparring. Ela estava entrando no segundo round de prática e estava inteiramente esperando ser derrotada. E não havia problemas com isso.

Ela esteve praticando Muay Thai por um pouco mais de um mês agora. Ela havia ficado boa o suficiente e estava confortável em introduzir outro, menos conhecido, estilo de luta com isso. Com a ajuda de um instrutor particular e um bocado de determinação, Mackenzie havia começado a treinar Yaw-Yan, um estilo de kickboxing filipino. Misturar os dois era bem pouco ortodoxo, mas ela e seu treinador estavam trabalhando em uma maneira de usar ambos. Isso forçou Mackenzie fisicamente ao ponto no qual seus ombros e panturrilhas pareciam uma laje de tijolos.

Ela sentiu esses músculos respondendo agora enquanto ela avançava para seu parceiro. Eles tocaram as luvas e continuaram a sessão. Ela imediatamente se desviou de um jab e contra atacou com um jab baixo.

Era, de uma maneira, como aprender um novo estilo de dança. Mackenzie havia tomado aulas de dança quando era menina e nunca esqueceu a importância do trabalho de pernas e foco. Eram disciplinas que ela carregou consigo no seu primeiro emprego como policial de rua, então no seu trabalho como deteve no Nebraska. Essas disciplinas básicas também a haviam ajudado imensamente como agente do FBI, salvando sua vida em mais de uma ocasião.

Elas também vieram correndo até ela enquanto ela fazia sparring. Ela experimentou seus novos movimentos e instrução, usando uma série de chutes para baixo e ataques de cotovelo, combinados com ataques mais tradicionais de kickboxing. Ela usou a expressão supressa do seu parceiro de treino como combustível, motivando-a. Certo, era apenas prática, mas ela sentia necessidade de se sobressair ali também.

Isso também ajudava a limpar sua mente. Ela sempre associou cada soco, chute ou golpe de cotovelo com algo do seu passado. Um jab de esquerda era direcionado aos anos de negligência com o DP do Nebraska. Um ataque giratório com as costas das mãos explodia o medo que o caso do Assassino do Espantalho havia instilado nela. Um pivô e um jab era um golpe no coração da interminável corrente de mistérios saindo do velho caso do seu pai.

Se ela estava sendo honesta consigo mesma, foi esse caso que a empurrou para conhecer esses novos estilos de luta-para ter certeza de que ela continuava a evoluir como lutadora. Ela havia recebido um recado de alguém envolvido... alguém nas sombras que, aparentemente, sabia quem ela era.

Ela ainda via esse recado na sua mente enquanto ela fazia sparring.

Pare de olhar...

Naturalmente, ela tinha intenção de fazer exatamente o contrário. E era por isso que ela estava nesse momento dentro do ringue, seu olhar focado e seus músculos tensos como cordas de violino.

Quando ela acertou um golpe no plexo solar do seu oponente e então uma pancada de cotovelo na costela do seu parceiro, a sessão foi chamada da lateral do ringue. O juiz estava sorrindo e assentindo enquanto aplaudia de leve.

"OK, Mac," ele disse. "Dê uma pausa por um momento, hein? Você já está em uma hora e meia hoje."

Mackenzie assentiu, abaixando a guarda e tocando novamente as luvas com seu parceiro de sparring-um homem de vinte e cinco anos de idade que tinha o porte de um lutador de MMA. Ele deu um rápido esgar por sobre seu protetor bucal e saiu ligeiro pelas cordas.

Mackenzie agradeceu o árbitro e então se dirigiu para o vestiário. Seus músculos estavam doloridos a ponto de tremer, mas ela gostava disso. Significava que ela estava se esforçando, esticando-se para novos limites.

Quando ela tomou banho e vestiu o que Ellington se referia como sua indumentária de treino (uma camiseta da UnderArmour e um par de calças legging pretas estilo dry-fit), ela se lembrou de que tinha mais um treino no dia. Ela esperava que seus braços acabassem de tremer até então. Certamente, Ellington estaria lá para ajudar, mas ela tinha várias caixas bem pesadas para mover essa tarde.

Embora ela estivesse tecnicamente morando no apartamento de Ellington pelos últimos poucos dias, hoje seria o dia que era realmente mudaria suas coisas. Essa era ainda outra das muitas razões pela qual ela solicitou férias de duas semanas. O pensamento de tentar se mudar no período de um final de semana não lhe apetecia. Além disso, ela percebeu que essa era ainda outra forma que ela estava crescendo e evoluindo. Confiar em outra pessoa o suficiente para compartilhar o espaço de moradia e, por mais brega que parecesse, seu coração, era algo que ela seria incapaz de fazer até alguns meses atrás.

E assim que ela colocou sua roupa de academia, ela descobriu que mal poderia esperar para começar a mudar as coisas. Dolorida ou não, ela colocou um pouco mais de velocidade nos seus passos em direção ao estacionamento.

 

***

 

A vantagem de não ser uma pessoa materialista era que, quando chegou a hora de se mudar, havia muito pouco para empacotar. Como tal, uma única viagem na caminhonete de Ellington e um U-Haul alugado fez o trabalho. A mudança em si levou menos de duas horas graças ao elevador no edifício de Ellington, e no fim, ela realmente não teve que levantar muitas caixas.

Eles celebraram a mudança com comida chinesa e uma garrafa de vinho. Mackenzie estava cansada, dolorida, mas imensamente feliz. Ela estivera esperando se sentir nervosa e talvez até um pouco ressentida sobre a mudança, mas quando eles começaram a desempacotar as coisas durante o jantar, ela viu que ela estava excitada para essa nova etapa da sua vida.

"Aqui vai o acordo," disse Ellington enquanto colocava um cortador de caixas em uma faixa de fita de embalagem sobre o topo de uma das caixas. "Você precisa me dizer agora se eu vou encontrar alguns filmes ou CDs constrangedores nessas caixas."

"Eu acho que o CD mais constrangedor que você vai encontrar é a trilha sonora daquela terrível regravação dos anos 90 de Romeu e Julieta Mas o que eu posso fazer? Eu realmente gostava daquela música do Radiohead."

"Então você está perdoada," ele disse, cortando a fita.

"E você?" ela perguntou. "Alguma mídia embaraçosa por aí?"

"Bem, eu me livrei de todos meus CDs e DVDs. Tudo está digital. Eu precisei liberar o espaço. É quase como se eu tivesse uma furtiva suspeita essa sexy moça do FBI estaria se mudando para cá por esses dias."

"Bons instintos," ela disse. Ela andou até ele e tomou suas mãos. "Agora... essa é a sua última chance. Você pode pular fora agora antes de nós começarmos a tirar as coisas das caixas."

"Pular fora? Você está louca?"

"Você vai ter uma garota morando com você," ele disse puxando-o para perto. "Uma garota que gosta de ter as coisas arrumadas. Uma garota que pode ter um pouco de TOC."

"Ah, eu sei," ele disse. "Estou ansioso por isso."

"Até todas as roupas femininas? Você quer compartilhar seu closet?"

"Eu tenho muito pouca roupa," ele disse, se inclinando para ela. Seus narizes estavam quase se tocando e um calor ao qual eles tinham se acostumado estava começando a crescer entre eles. "Você pode ter todo o espaço no closet que você quiser."

"Maquiagem e absorventes, compartilhar uma cama e outra pessoa sujando louças. Você tem certeza que está pronto para isso?"

"Sim. Porém, uma pergunta."

"Qual?" ela disse. As mãos dela viajaram das suas mãos para seus braços. Ela sabia para onde isso estava indo e cada músculo dolorido no seu corpo estava pronto.

"Todas aquelas roupas femininas," ele disse. "Você não pode ficar deixando-as no chão o tempo inteiro."

"Hum, eu não pretendo," ela disse.

"Ah, eu sei," ele disse. Em seguida, ele alcançou a camiseta dela e a tirou. Ele não perdeu tempo em fazer o mesmo com o sutiã esportivo que estava por baixo. "Mas eu provavelmente vou," ele acrescentou, jogando ambos no chão.

Então, ele a beijou e, embora ele tentou levá-la para o quarto, seus corpos não tinham a paciência. Acabaram no tapete da sala de estar e, ainda que os músculos doloridos de Mackenzie protestassem contra chão duro sob suas costas, outras partes do seu corpo os subjugaram.

 

***

 

Quando seu telefone tocou às 4:47 da manhã, uma único pensamento ocorreu pela mente sonolenta de Mackenzie enquanto ela procurava o criado mudo.

Uma ligação a essa hora... eu acho que minhas férias acabaram.

"Sim?" ela perguntou, não se importando com formalidades já que ela estava tecnicamente de férias.

"White?"

De uma maneira estranha, ela quase havia sentido falta de McGrath nesses últimos nove dias. Ainda assim, escutar sua voz era como um retorno rápido e abrupto para realidade.

"Sim, estou aqui."

"Desculpe-me por ligar cedo," ele disse. E antes que ele adicionasse qualquer outra coisa, Mackenzie escutou o telefone de Ellington tocar do outro lado da cama.

Algo grande, ela pensou. Algo ruim.

"Olha, eu sei que eu assinei nas suas duas semanas," disse McGrath. "Mas nós temos uma bagunça em mãos por aqui e eu preciso de você nisso. Você e Ellington. Encontre-me no meu escritório o mais rápido que você puder."

Não era um pedido, mas uma ordem direta. E sem qualquer coisa que lembrasse um adeus, McGrath terminou a ligação. Mackenzie deixou escapar um suspiro e olhou para Ellington, o qual estava terminando sua própria ligação.

"Bem, parece que suas férias acabaram," ele disse com um sorriso fino.

"Tudo bem," ela disse. "Terminou em um estouro."

E então, como um velho casal no matrimônio, eles se beijaram e escorregaram da cama, indo para o trabalho.


CAPÍTULO DOIS

 

O edifício J. Edgar Hoover estava vazio quando Mackenzie e Ellington entraram. Ambos já estiveram nesses corredores em todas as horas da noite, então não era qualquer coisa fora do ordinário. Ainda assim, ser chamada no trabalha em uma hora dessas nunca era uma boa coisa. Normalmente significava que havia algo realmente terrível esperando por eles.

Quando chegaram ao escritório de McGrath, encontraram a porta aberta. Ele estava sentado a uma pequena mesa de conferências no fundo do seu escritório, olhando uma variedade de arquivos. Havia outro agente com ele, uma mulher que Mackenzie havia visto antes. Seu nome era Agente Yardley, uma mulher quieta do tipo sem baboseiras que entrava para ajudar o Agente Harrison de tempos em tempos. Ela assentiu e deu um sorriso robótico quando eles entraram na sala e foram até a mesa da sala de conferências. Ela olhou de volta para seu notebook, focada no que quer que estivesse na tela.

Quando McGrath olhou acima para Mackenzie, ela não podia deixar de notar o que parecia ser um ligeiro alívio em seus olhos. Era uma boa maneira de ser apresentada de volta ao trabalho depois de ter suas férias encurtadas.

"White, Ellington," disse McGrath. "Vocês conhecem a Agente Yardley?"

"Sim," disse Mackenzie, dando um aceno de reconhecimento para a agente.

"Ela acaba de voltar de uma cena criminou que está ligada a outra que tivemos a cinco dias. Originalmente eu a coloquei no caso, mas quando eu pensei que nós pudéssemos ter um serial nas nossas mãos, eu a pedi para fornecer tudo que ela tivesse para que eu pudesse repassar para vocês dois. Temos um assassinato... o segundo do tipo em cinco dias. White, eu chamei você especificamente porque eu quero você nele baseado em sua história-especificamente o Assassino do Espantalho."

"Qual é o caso?" perguntou Mackenzie.

Yardley virou seu notebook para eles. Mackenzie foi até a cadeira mais próxima a ele e tomou o assento. Ela olhou para a imagem na tela com uma tranquilidade mórbida que ela passou a conhecer bem-a habilidade de estudar uma imagem de algo grotesco como parte do trabalho, mas com uma simpatia resignada que a maioria dos humanos sentiria em uma morte trágica como essa.

Ela viu um homem mais velho, seu cabelo e barba majoritariamente grisalhos, pendurado em uma porta de uma igreja. Seus braços estavam estendidos e sua cabeça estava curvada para baixo em uma apresentação de crucificação falsa. Havia talhos em seu peito e uma extensa e profunda ferida em sua fronte. Ele fora despido e deixado apenas de roupa íntima, a qual pegou uma grande parte do sangue que escoou da sua testa e peito. Pelo que ela podia ver nas imagens, estava bem certa de que suas mãos foram literalmente pregadas na porta. Os pés, porém, foram simplesmente amarrados juntos.

"Essa é a segunda vítima," disse Yardley. "Reverendo Ned Tuttle, cinquenta e cinco anos de idade. Ele foi descoberto por uma velha senhora que parou na igreja mais cedo para colocar flores no túmulo do seu esposo. A perícia está na cena enquanto nós conversamos. Parece que o corpo foi colocado lá menos de quatro horas atrás. Nós já enviamos agentes para falar com a família para avisá-los."

Uma mulher que gosta de tomar a frente e concretizar as coisas, pensou Mackenzie. Talvez ela e eu nos déssemos bem juntas.

"O que nós temos na primeira vítima?" perguntou Mackenzie.

McGrath deslizou uma pasta para ela. Ao abrir e olhar o conteúdo, McGrath a repassou. "Padre Costas, da Igreja Católica do Sagrado Coração. Ele foi encontrado no mesmo estado, pregado nas portas da sua igreja cinco dias atrás. Estou honestamente bem surpreso que vocês não viram alguma coisa sobre isso nos noticiários."

"Fiz questão de não ver as notícias durantes as férias," ela disse, mandando um olhar para McGrath que deveria ser cômico, mas sentiu que passou totalmente despercebido.

"Eu lembro escutar sobre isso na salinha do café," disse Ellington. A mulher que descobriu o corpo ficou em estado de choque por um momento, certo?"

"Certo," disse McGrath.

"E, baseado no que a perícia forneceu," acrescentou Yardley, "o Padre Costas certamente não esteve pregado lá por mais que duas horas."

Mackenzie olhou pelos arquivos. As imagens dentro mostraram o Padre Costas na exata posição do Reverendo Tuttle. Tudo parecia bem idêntico, até a ferida alongada cruzando a fronte.

Ela fechou o arquivo e o deslizou de volta para McGrath.

"Onde fica essa igreja?" perguntou Mackenzie, apontando para a tela do notebook.

"Logo fora da cidade. Uma igreja presbiteriana de um tamanho decente."

"Envie as direções para mim por mensagem," disse Mackenzie, já ficando de pé. "Eu gostaria de ir vê-la por mim mesma."

Aparentemente, ela sentiu falta do trabalho pelos últimos oito dias mais do que percebera.

 

***

 

Ainda estava escuro quando Mackenzie e Ellington chegaram na igreja. A equipe de perícia estava acabando de terminar o trabalho. O corpo do Reverendo Tuttle fora removido da porta, mas isso estava bem por Mackenzie. Baseado nas duas imagens do Padre Costas e do Reverendo Tuttle que ela havia visto, ela viu tudo o que precisava ver.

Dois assassinatos em estilo de crucificação, ambos nas portas frontais de igrejas. Os homens mortos eram os presumíveis líderes dessas igrejas. Está bem claro que alguém tem um rancor bem grande da igreja. E quem quer que fosse, não é específico para uma denominação em particular.

Ela e Ellington se aproximaram da frente da igreja enquanto a equipe da perícia concluía as coisas. Ao lado à esquerda, próximo a uma pequena placa de madeira com o nome da igreja, havia um pequeno grupo de pessoas. Algumas delas estavam em prece enquanto se abraçavam. Outros choravam abertamente.

Membros da igreja, assumiu Mackenzie com uma tristeza ressonante.

Eles chegaram perto da igreja e a cena só piorava. Havia manchas de sangue e dois grandes buracos onde os pregos foram inseridos. Ela olhou pela área em busca de alguma outra iconografia religiosa, mas viu nenhum. Havia apenas sangue e pequenas porções de sujeira e suor.

Uma atitude ousada, ela pensou. Tem que haver algum tipo de simbolismo nisso. Por que uma igreja? Por que as portas de uma igreja? Uma vez seria coincidência. Mas dois em seguida, ambos pregados às portas-era proposital.

Ela achou quase ofensivo que alguém fizesse uma coisa dessas em frente a uma igreja. E talvez esse fosse o ponto. Não havia como saber com certeza. Embora Mackenzie não fosse um forte crente em religião ou em Deus ou nos efeitos da fé, ela também respeitava completamente os direitos das pessoas que realmente viviam pela fé. Algumas vezes ela desejava que ela fosse esse tipo de pessoa. Talvez esse fosse o motivo de ela achar tal ato tão deplorável; zombar a morte de Cristo na própria entrada de um lugar no qual pessoas se reuniam para procurar consolação e refúgio em seu nome era detestável.

"Mesmo se esse fosse o primeiro assassinato," disse Ellington, "uma visão dessas me faria pensar instantaneamente que há mais por vir. Isso é... revoltante."

"É," disse Mackenzie. "Mas eu não posso ter certeza do por que isso me faz sentir dessa forma."

"Porque igrejas são lugares seguros. Você não espera ver grandes buracos de pregos e sangue fresco nas portas delas. Tem alguma parada do Velho Testamento bem ali."

Mackenzie era nada próxima de uma estudiosa da bíblia, mas ela se lembrava de histórias da bíblia da sua infância-alguma coisa sobre o Anjo da Morta passando por uma cidade e coletando os primogênitos de cada família caso não houvesse uma certa marca em suas portas.

Um arrepio crepitou por ela. Ele o reprimiu se virando para a equipe de perícia. Com um ligeiro aceno, ela conseguiu a atenção de um membro da equipe deles. Ele foi até ela, claramente um pouco perturbado pelo que ele e o resto da sua equipe viram. "Agente White," ele disse. "Este é seu caso agora?"

"Parece que sim. Eu estava pensando se seus rapazes ainda têm os pregos que foram usados para colocá-lo ali."

"Claro que sim," ele disse. Ele acenou para outro membro da equipe e então olhou de volta para porta. "E o cara que fez isso... ele era forte como o Diabo ou tinha todo o tempo do mundo para fazer isso."

"Isso é duvidoso," disse Mackenzie. Ela indicou em direção ao estacionamento da igreja com a cabeça e para a rua atrás dele. "Mesmo que o assassino tenha feito isso por volta das duas ou três da manhã, as chances de um veículo não passar pela Browning Street e não vê-lo são de diminutas a nulas."

"A não ser que o assassino tenha apurado a área de antemão e soubesse as horas mortas do tráfego depois de meia noite," sugeriu Ellington.

"Alguma chance de imagens de vídeo?" ela perguntou.

"Nenhuma. Nós verificámos. A Agente Yardley até ligou para algumas pessoas-proprietários das construções mais próximas. Mas apenas um tinha câmeras de segurança e elas estavam viradas para longe da igreja. Então tem coisa nenhuma aí."

O outro membro forense veio. Ele estava carregando um saco plástico de tamanho médio que continha duas grandes estacas e o que parecia ser um fio de arame. As estacas estavam cobertas em sangue, o qual também se espalhou pelo interior claro do saco.

"São pregos de ferrovia?" perguntou Mackenzie.

"Provavelmente," disse o cara da perícia. "Mas se eles forem, são miniaturizados. Talvez o tipo que pessoas usam para erguer galinheiros ou cercas de pasto."

"Quanto tempo antes de você ter algum tipo de resultado deles?" ela perguntou.

O homem deu de ombros. "Meio dia, talvez? Me informe o que você está procurando especificamente e eu vou tentar achar os resultados para você mais rápido."

"Veja se você consegue encontrar o que o assassino usou para cravar os pregos. Você pode dizer que tipo de coisa pelo desgaste recente na cabeça dos pregos?"

"Sim, nós devemos ser capazes de fazer isso. Tudo foi tratado para o nosso fim. O corpo ainda está conosco; ele não irá para o médico legista até que nós liberemos. As portas e a varanda foram varridas para impressões digitais. Nós informaremos se encontrarmos algo."

"Obrigada," disse Mackenzie.

"Desculpe por já ter movido o corpo. Mas o sol estava nascendo e nós não queríamos isso nos jornais de hoje. Ou nos de amanhã no que diz respeito."

"Não, está certo. Entendo totalmente."

Com isso, Mackenzie se voltou para as portas duplas, dispensando a equipe de peritos não verbalmente. Ela tentou imaginar alguém arrastando um corpo pelo pequeno gramado e para cima das escadas na calada da noite. A posição das luzes de segurança na rua deixaria a frente da igreja escura. Não havia luzes de qualquer tipo ao longo da frente da igreja, então estaria lançada em uma escuridão quase absoluta.

Talvez fosse mais factível do que eu pensei originalmente para o assassino tirar todo o tempo necessário para terminar isso, ela pensou.

"Isso é uma requisição estranha," disse Ellington. "O que você está pensando?"

"Não sei ainda. Mas eu sei que seria preciso uma força e determinação dos infernos para trabalhar sozinho para erguer alguém do chão apenas para pregar suas mãos nessas portas. Se uma marreta foi usada para bater os pregos, pode denotar mais de um assassino-um para segurar a vítima do chão e estender o braço e outro para cravar os pregos."

"Um belo de um quadro, né?" disse Ellington.

Mackenzie assentiu enquanto começava a tirar fotos da cena com seu celular. Enquanto o fazia, a ideia de uma crucificação novamente subiu por ela. Isso a fez pensar no primeiro caso no qual ela trabalhou no qual os temas de crucificação foram utilizados-um caso no Nebraska que eventualmente a fez ter contato com o FBI.

O Assassino do Espantalho, ela pensou. Deus, algum dia eu vou ser capaz de deixar isso no pé da minha memória?

Atrás dela, o sol começou a nascer, lançando os primeiros raios de luz no dia. Enquanto as sombras dela surgiam devagar nos degraus da igreja, ela tentou ignorar o fato que parecia quase uma cruz.

Novamente, memórias do Assassino do Espantalho embaçaram sua mente.

Talvez seja dessa vez, ela pensou esperançosa. Talvez, quando eu fechar esse caso, as memórias daquelas pessoas crucificadas nos campos de milho vão parar de assombrar minha memória.

Mas enquanto ela olhava novamente para as portas manchadas de sangue da Pedra Angular Presbiteriana, ela temeu que não fosse mais que um pensamento desejoso.


CAPÍTULO TRÊS

 

Mackenzie aprendeu bastante sobre o Reverendo Ned Tuttle na próxima meia hora. Para começar, ele deixou para trás dois filhos e uma irmã. Sua esposa terminou com ele oito anos atrás, mudando-se para Austin, Texas, com um homem com o qual ela esteve tendo um caso por mais de um ano antes de vir a tona. Ambos os filhos moravam na área de Georgetown, levando a Mackenzie e Ellington para a sua primeira parada do dia. Era um pouco depois de 6:30 quando Mackenzie estacionou seu carro ao lado da calçada no exterior do apartamento de Brian Tuttle. De acordo com o agente que deu a notícia, ambos os irmãos estavam por lá, esperando fazer o que podiam para responder a perguntas sobre a morte do pai.

Quando Mackenzie entrou no apartamento de Brian Tuttle, ficou um pouco surpresa. Ela esperava ver dois filhos em profundo pesar, dilacerados pela perda do devotado pai. Pelo contrário, ela os viu sentados a uma pequena mesa de jantar na cozinha. Ambos estavam bebendo café. Brian Tuttle, vinte e dois anos de idade, estava comendo uma tigela de cereal enquanto Eddie Tuttle, de dezenove anos, estava distraidamente despejando um Eggo waffle em uma poça de calda.

"Eu não sei exatamente o que vocês acham que nós podemos oferecer a vocês," disse Brian. "Nós não estávamos exatamente nos melhores termos com o pai."

"Posso perguntar por quê?" perguntou Mackenzie.

"Porque nós paramos de nos juntar a ele quando ele se inclinou totalmente para a igreja."

"Vocês não são crentes?" perguntou Ellington.

"Eu não sei," disse Brian. "Acho que sou agnóstico."

"Eu sou crente," disse Eddie. "Mas o pai... ele levava isso para outro nível. Tipo quando ele descobriu que nossa mãe o estrava traindo, ele não fez qualquer coisa. Depois de dois dias lidando com isso, ele perdoou ela e o cara que com o qual ela o traia. Ele disse que ele os perdoou, porque era a coisa cristã a se fazer. E ele se recusou sequer a falar sobre divórcio."

"Sim," disse Brian. "E nossa mãe viu que o pai não dava a mínima para ela-não se importando que ela o traísse. Então ela se foi. E ele não fez muito para impedi-la."

"Seu pai já tentou falar com vocês dois desde que sua mãe deixou?"

"Ah, sim," disse Brian. "Praticamente todas as noites de Sábado, nos implorando para ir para a igreja."

"E além disso," acrescentou Eddie, "ele estava muito ocupado durante a semana mesmo se nós quiséssemos vê-lo. Ele estava sempre na igreja ou em viagens para caridade ou em visitas a doentes em hospitais."

"Quando foi a última vez que algum de vocês falou com ele por um longo período?" perguntou Mackenzie.

Os irmãos se entreolharam por um momento, calculando. "Não tenho certeza," disse Brian. "Talvez um mês. E era nada demais. Ele estava perguntando as mesmas questões: como o trabalho estava indo, se eu já estava namorando alguém, coisas assim."

"Então, é seguro dizer que ambos têm uma relação afastada com o seu pai?"

"Sim," disse Eddie.

Ele olhou abaixo para a mesa por um momento quando o arrependimento começou a afundar nele. Mackenzie havia visto este tipo de reação antes; se ela fosse forçada a apostar, ela estava bem certa de que pelo menos um desses garotos estaria desabando em choro dentro de uma hora, percebendo tudo aquilo que fora perdido em relação ao pai e que eles nunca iriam saber.

"Vocês sabem quem o conheceria bem?" perguntou Mackenzie. "Ele tinha algum amigo íntimo?"

"Apenas aquele padre ou pastor ou sei lá na igreja," disse Eddie. "O que comanda o lugar."

"O pai de vocês não era o reverendo líder?" perguntou Mackenzie.

"Não. Ele era como um pastor associado ou algo assim," disse Brian. "Havia outro cara acima dele. Jerry Levins, eu acho."

Mackenzie reparou a maneira que os jovens homens estavam misturando a terminologia. Pastor, reverendo, padre... era tudo confuso. Mackenzie, na verdade, nem sabia a diferença, assumindo que isso tinha algo haver com diferenças entre crenças entre denominações.

"E o pai de vocês passava muito tempo com ele?"

"Ah, sim," disse Brian, um pouco irritado. "Todo seu maldito tempo, acho. Se você precisa saber alguma coisa sobre o pai, ele seria aquele para o qual perguntar."

Mackenzie assentiu, bem ciente que não conseguiria qualquer informação útil desses dois jovens rapazes. Ainda assim, ela desejava que tivesse mais tempo para falar com eles. Claramente, havia tensão e perda mais resolvida entre eles. Talvez se eles quebrassem a barreira emocional que os estava mantendo tão calmos, eles teriam mais a oferecer.

No fim, ela se virou e os agradeceu. Ela e Ellington deixaram o apartamento em silêncio. Quando pegaram as escadas para baixo lado a lado, ele tomou a mão dela.

"Você está ok?" ele perguntou.

"Sim," ela disse confusa. "Por quê?"

"Duas crianças... o pai delas acaba de morrer e não estão certas de como lidar com isso. Como toda a especulação sobre o velho caso do seu pai ultimamente... só cogitando."

Ela sorriu para ele, deleitando-se com a maneira edificante que ele fazia seu coração sentir nesses momentos. Deus, ele consegue ser tão doce...

Enquanto andavam para a manhã juntos, ela também percebeu que ele estava certo: a razão pela qual ela desejou ficar mais tempo e continuar falando com eles, era ajudar os irmãos Tuttle a resolver os problemas que eles tiveram com o pai.

Aparentemente, o fantasma do caso recém-aberto do seu pai a estava assombrando mais do que ela percebeu.

 

***

 

Ver a Igreja Presbiteriana da Pedra Angular na luz da manhã era surreal. Mackenzie dirigiu por lá no caminho para visitar o Reverendo Jerry Levins. Levins morava em uma casa que ficava apenas a meio quarteirão da igreja, algo que Mackenzie havia visto muito durante seu tempo no Nebraska, onde os líderes de pequenas igrejas tendiam a morar bem perto das suas casas de adoração.

Quando chegaram a casa de Levins, havia numerosos carros estacionados ao longo da rua e na sua entrada da garagem. Ela assumiu que eram, provavelmente, membros da Pedra Angular passando para buscar consolo ou oferecer conforto ao Reverendo Levins.

Quando Mackenzie bateu na porta da frente da modesta e pequena casa de tijolos, foi respondida imediatamente. A mulher na porta estivera claramente chorando. Ela deu uma olhada suspeita em Mackenzie e Ellington até que Mackenzie levantou seu distintivo.

"Nós somos os Agentes White e Ellington do FBI," ela disse. "Gostaríamos de falar com o Reverendo Levins, se ele está em casa".

A mulher abriu a porta e eles entraram em uma casa que estava repleta de fungar e soluçar. Em algum outro lugar dentro da casa, Mackenzie podia ouvir o som de orações murmuradas.

"Eu vou chamá-lo para vocês," disse a mulher. "Esperem aqui, por favor."

Mackenzie observou a mulher voltar pela casa, virar em uma pequena sala de estar onde algumas poucas pessoas estavam de pé na entrada. Depois de alguns barulhos de sussurros, um homem careca e alto veio andando em direção a eles. Como a mulher que respondeu a porta, ele também esteve chorando.

"Agentes," disse Levins. "Posso ajudá-los?"

"Bem, eu sei que é um momento muito tenso e triste para você," disse Mackenzie, "mas nós esperamos conseguir toda informação que pudermos sobre o Reverendo Tuttle. Quanto mais cedo conseguirmos alguma pista, mais rápido podemos pegar quem fez isso."

"Você acha que sua morte está relacionada com a do pobre padre do início desta semana?" Levins perguntou.

"Ainda não sabemos ao certo," disse Mackenzie, embora já estivesse certa de que sim. "E esse é o motivo pelo qual esperamos que você possa falar conosco."
"Claro," disse Levins. "Lá fora no alpendre, porém. Eu não desejo interromper a prece que estamos fazendo aqui."

Ele os conduziu para fora na manhã, onde ele se assentou nos degraus de concreto. "Eu devo dizer, eu não sei o que vocês vão achar sobre o Ned," comentou Levins. "Ele era um crente de postura. Além de alguns problemas com a família, eu desconheço que ele tivesse qualquer coisa parecida com um inimigo."

"Ele tinha amigos na igreja sobre os quais você poderia questionar serem morais ou honestos?" perguntou Ellington.

"Todo mundo era amigo de Ned Tuttle," Levins disse, enxugando uma lágrima de seus olhos. "O homem era perto de um Santo como eles vêm. Ele dava pelo menos vinte e cinco por cento do seu salário como dízimo de volta para a igreja. Ele estava sempre no centro da cidade, ajudando a alimentar e vestir os pobres. Ele cortava a grama para os idosos, reparos domésticos para viúvas, três viagens missionárias para o Quênia todos os anos para ajudar com um ministério médico."

"Você sabe de alguma coisa sobre o passado dele que possa ser sombria?" perguntou Mackenzie.

"Não. E isso é dizer muito, porque eu sei muito sobre o passado dele. Ele e eu, nós compartilhávamos muitas histórias sobre nossas batalhas. E eu posso dizê-los com confiança que entre as poucas coisas pecaminosas que ele experimentou em seu passado, não havia nada que sugerisse ser tratado da maneira que ele foi na noite passada."

"E a respeito de alguém dentro da igreja?" perguntou Mackenzie. "Havia membros da igreja que pudessem ter sido ofendidos por algo que o Reverendo Tuttle fez ou disse?"

Levins pensou sobre isso apenas por um momento antes de balançar sua cabeça. "Não. Se havia tal problema, Ned nunca me contou e eu nunca soube. Mas, novamente... eu posso dizê-los com a maior certeza que ele não tinha inimigos dos quais eu esteja ciente."

"Você sabe se-" começou Ellington.

Mas Levins levantou a mão, como se enxotando o comentário. "Eu sinto muito," ele disse. "Mas eu estou muito triste com a perda do meu bom amigo e eu tenho vários membros da minha igreja em luto lá dentro. Responderei de bom grado quaisquer perguntas que vocês tenham nos próximos dias, mas agora eu preciso reportar a Deus e a minha congregação."

"Claro," disse Mackenzie. "Eu entendo. E eu realmente sinto muito pela sua perda."

Levins conseguiu um sorriso enquanto se colocava de pé. Lágrimas frescas estavam escorrendo pelo seu rosto. "Eu realmente boto fé no que eu disse," ele sussurrou, fazendo o que podia para não desmoronar na frente deles. "Deem-me um dia ou dois. Se há algo mais que vocês precisam perguntar, me informem. Eu gostaria de tomar parte em trazer quem quer que tenha feito isso para a justiça."

Com isso, ele voltou para dentro. Mackenzie e Ellington caminharam de volta para o carro enquanto o sol finalmente tomava seu lugar de direito no céu. Era difícil acreditar que era apenas 8:11.

"E agora?" perguntou Mackenzie. "Alguma ideia?"

"Bem... eu estive acordado por quase quatro horas agora e não tomei café ainda. Parece um bom lugar para começar."

 

***

 

Vinte minutos depois, Mackenzie e Ellington estavam sentados frente a frente em uma pequena lanchonete. Enquanto tomavam café, olhavam pelos arquivos sobre o Padre Costas que pegaram do escritório de McGrath e pelos arquivos digitais sobre o Reverendo Tuttle que foram enviados para o telefone de Mackenzie.

Além de estudar as fotografias, não havia muito que estudar. Mesmo no caso do Padre Costas, onde havia papelada para revisar, não havia muito a dizer. Ele morreu devido à perfuração no seu pulmão ou a uma incisão profunda na nuca que se foi fundo o suficiente para revelar vislumbres brancos da sua espinha.

"Então, de acordo com esse relatório," disse Mackenzie, "as feridas no corpo do Padre Costas foram, provavelmente, o que o matou. Provavelmente, ele estava morto antes de ser crucificado."

"E isso significa alguma coisa?" perguntou Ellington.

"Acho que há uma boa chance. Está claro que há algum ângulo religioso aqui. O mero assunto de crucificação suporta isso. Mas há uma grande diferença entre usar o ato de crucificação como uma mensagem e usar a imagem de crucificação."

"Acho que estou seguindo," disse Ellington. "Mas pode continuar explicando."

"Para os cristãos, a imagem de crucificação seria realmente apenas uma má representação. Nos nossos casos, morte como um resultado da crucificação não parece ser o objetivo. Se esse fosse o caso, os corpos provavelmente estariam quase livres de lesões. Pense sobre isso... toda a cristandade seria bem diferente se Cristo já estivesse morto quando ele foi pregado a cruz."

"Então você acha que o assassino está crucificando esses homens apenas para exibição?"

"Muito cedo para dizer," disse Mackenzie. Ela fez uma pausa longa o suficiente para tomas um gole bem aventurado de café. "Estou inclinada para o não, contudo. Ambos os homens eram chef... líderes de uma igreja de uma forma ou de outra. Exibi-los pendurados como a figura cristã ao redor da qual as igrejas giravam ao redor é um grande sinal. Há algum motivo por trás de tudo".

"Você se referiu a Jesus Cristo como uma figura cristã. Achei que você acreditasse em Deus."

"Acredito," disse Mackenzie. "Mas não com a força e convicção que alguém como Ned Tuttle tem. E quando entra nas histórias da Bíblia-a cobra falante, a arca, o tintim por tintim da crucificação-eu acho que a fé tem que tomar o banco traseiro e se basear em algo mais próximo a crença cega. E eu não fico confortável com isso."

"Uau," disse Ellington com um sorriso. "Isso é profundo. Eu... eu só prefiro ir com a resposta de não sei. Então... quanto o motivo que você mencionou. Como nós o encontramos?" perguntou Ellington.

"Boa pergunta. Eu planejo começar com a família do Padre Costas. Não há muito para seguir nos relatórios. Além disso, eu acho-"

Ela foi interrompida pelo toque do telefone de Ellington. Ele o pegou rapidamente e franziu a testa com o que viu no visor. "É McGrath," ele disse antes de responder.

Mackenzie escutou o lado de Ellington da conversa, incapaz de colocar junto o que estava sendo ouvido. Depois de menos de um minuto, Ellington terminou a ligação e enfiou o celular de volta na bolsa.

"Bem," ele disse. "Parece que você vai visitar a família Costas por conta própria. McGrath precisa de mim no escritório. Algum trabalho de detalhe em um caso que ele está mantendo segredo."

"O que provavelmente significa que é trabalho braçal," disse Mackenzie. "Sortuda você."

"Ainda... parece estranho que ele me arranque disso tão cedo quando nós não temos nenhuma pista. Deve significar que ele tem uma confiança imensa em você de repente."

"E você não?"

"Você sabe o que eu quis dizer," disse Ellington sorrindo.

Mackenzie tomou outro gole de café, um pouco decepcionada ao ver que já estava vazio. Ela jogou o copo no lixo e coletou os arquivos e seu celular, pronta para ir para a próxima parada. Primeiro, porém, ela se dirigiu ao balcão para pedir outro café.

Parecia que seria um dia muito longo. E sem Ellington para mantê-la desperta, ela definitivamente precisava de café.

Então, novamente, dias longos normalmente resultavam em pistas-em produtividade. E se Mackenzie achasse um caminho, ela encontraria o assassino antes que ele tivesse tempo suficiente para planejar outro assassinato.


CAPÍTULO QUATRO

 

Depois de deixar Ellington na garagem dos escritórios do FBI (e de dar um rápido, porém apaixonado beijo antes de sair), Mackenzie fez seu caminho para a Igreja Católica do Sagrado Coração. Ela não esperava encontrar muita coisa, então não ficou desapontada quando isso foi exatamente o que estava esperando por ela.

As portas haviam sido trocadas, mas pareciam réplicas exatas daquelas que ela havia visto na foto da cena do crime. Ela subiu as escadas, estas muito mais sofisticadas e ornadas do que aquelas da Pedra Angular Presbiteriana, e foi até as novas portas. Então, deu as costas para as portas e olhou de volta para a rua. Ela não podia deixar de imaginar se havia algum simbolismo a mais em pregar os homens nas portas da frente.

Talvez eles devessem estar olhando em direção a algo, pensou Mackenzie. Mas tudo que ela estava vendo eram carros estacionados, alguns pedestres e placas de trânsito.

Ela olhou para seus pés ao longo das bordas do portal. Havia pequenas formas preenchidas que poderiam ser qualquer coisa. Mas ela havia visto essas cores antes-a cor de sangue uma vez que seca no concreto pálido.

Olhou de volta para os degraus e tentou imaginar um homem trazendo um cadáver acima deles. Seria um trabalho, isso era certeza. É claro, ela não sabia ao certo se Costas estava morto quando foi pregado à porta, embora essa fosse a hipótese de trabalho.

Enquanto ela ficava de pé às portas e olhava ao redor, ela percorreu os fatos que ela sabia pelos arquivos. Os mesmos tipos de pregos foram usados aqui e na cena de Tuttle. O único ferimento comum nos dois corpos era um grande corte que corria o comprimento de suas testas-talvez uma alusão à coroa de espinhos de Cristo.

Imaginar tal terrível visão no alpendre no qual ela estava era difícil de imaginar. As pessoas normalmente não pensavam em morte e sanguinolência quando estavam de pé às portas de uma igreja.

E talvez esse fosse o ponto. Talvez essa seja a ligação com o motivo do assassino.

Sentido que poderia estar em alguma coisa, Mackenzie pegou as escadas de volta para a rua. Parecia estranho se deslocar nesse ritmo sem Ellington ao seu lado, mas pelo tempo que ela estava no carro e seguindo em frente, sua mente estava apenas no caso.

 

***

 

Pela segunda vez no dia, Mackenzie se viu entrando em uma casa lotada. Padre Costas morava em uma casa agradável, uma residência de tijolos de dois andares logo ao redor da região central. Ela foi recebida por uma mulher que se apresentou como uma paroquiana do Sagrado Coração. Ela levou Mackenzie em uma área de espera e pediu que ela aguardasse por um momento.

Em questão de segundos, uma mulher mais velha entrou na sala. Ela parecia exausta e profundamente triste quando se sentou em uma poltrona em frente ao assento que Mackenzie havia tomado no sofá ornado.

"Sinto muito em incomodá-la," disse Mackenzie. Eu não sabia que você tinha tanta companhia.

"Sim, eu também não fazia ideia," disse a mulher. "Mas o funeral é hoje a noite e há todas essas pessoas saindo da toca. Membros da família, conhecidos, queridos colegas da igreja." Então, ela sorriu sonolenta e acrescentou: "Sou Nance Allensworth, secretária da paróquia. Disseram-me que você é do FBI?"

"Sim, senhora. Com risco de perturbá-la um pouco mais, houve outro corpo descoberto essa manhã, tratado da mesma maneira que o Padre Costas. Esse era um reverendo em uma pequena igreja Presbiteriana perto de Georgetown."

Nancy Allensworth levou a mão a boca em um dramático gesto de oh, não. "Meu Deus," ela disse. Em seguido, entre lágrimas e dentes serrados, ela sibilou, "Que se tornou esse mundo miserável?"

Fazendo seu melhor para pressionar, Mackenzie continuou. "Obviamente, nós temos razão para acreditar que pode acontecer de novo se já aconteceu duas vezes. Então, tempo é fundamental. Eu estava esperando que você pudesse responder algumas perguntas para mim."

"Eu posso tentar", ela disse, mas estava claro que estava lutando para manter suas emoções sob controle.

"Porque a Sagrado Coração é uma igreja relativamente grande, eu estava cogitando se pudesse haver alguém dentro da congregação que pudesse ter abordado o Padre Costas com uma reclamação ou queixa."

"Não que eu saiba. Claro, tenha em mente que muitas pessoas vinham até ele em confiança para confessar os pecados ou se livrar de agitação espiritual em suas vidas."

"Há qualquer coisa no período dos últimos anos que você pode pensar que possa ter atingindo alguém da maneira errada? Alguma coisa que pudesse irritar alguém que talvez tenha olhado para o Padre Costas com reverência?"

Nancy olhou abaixo para suas mãos. Ela estava comprimindo-as nervosamente em seu colo, tentando fazê-las parar de tremer. "Eu suponho que haja, mas foi antes de eu começar a trabalhar aqui. Havia uma história de talvez dez anos atrás, uma reportagem de algum dos jornais locais. Um dos adolescentes que liderava um grupo de jovens alegou que o Padre Costas havia abusado sexualmente dele. Foi muito explícito. Não havia qualquer prova disso e, bem francamente, não há como o Padre Costas ter feito isso. Mas uma vez que uma notícia dessas estoura e diz respeito a alguém dentro da Igreja Católica, é tomada como verdade absoluta."

"O que foi o resultado dessa história?"

"Pelo que me disseram, ele recebeu ameaças de morte. Comparecimento na igreja diminuiu cerca de quinze por cento. Ele começou a receber e-mails não solicitados, cheios de pornografia homossexual."

"Ele mantinha qualquer um daqueles mails?" perguntou Mackenzie.

"Por um tempo," disse Nancy. "Ele chamou a polícia a respeito disso, mas eles nunca foram capazes de fazer qualquer conexão. Depois que ficou claro que não havia nada que pudesse ser feito, ele os apagou. Eu nunca os vi pessoalmente."

"E o adolescente que fez as acusações? Se você pudesse nos dar o nome dele, nós poderíamos visitá-lo."

Nancy balançou a cabeça, lágrimas frescas derramando. "Ele cometeu suicídio mais tarde naquele ano. Havia uma nota próxima ao corpo na qual ele confessava ser gay. Foi ainda outro golpe contra o Padre Costas. Fez a história parecer bem mais plausível."

Mackenzie assentiu, tentando pensar em qualquer outra avenida de acesso. Ela sabia, naturalmente, que tentar obter esse tipo de informação de uma viúva de luto seria difícil. E quando você adiciona uma provação passada com uma notícia que pode ou não ter tido qualquer fundo de verdade, a coisa toda se torna muito pior. Ela supôs que pudesse pressionar por mais informações sobre o jovem rapaz que entrou com a reclamação e eventualmente se matou. Mas ela também poderia achar essa informação por conta própria facialmente enquanto deixava essa pobre mulher ficar pronta para o funeral do Padre Costas.

"Bem, Sra. Allensworth, muito obrigada pelo seu tempo," disse Mackenzie, ficando de pé. "Meus sinceros pêsames por sua perda."

"Deus te abençoe, querida," disse Nancy. Ela também ficou de pé e guiou Mackenzie de volta pela casa, para a porta da frente.

Na porta, Mackenzie deu um cartão de visitas para Nancy com seu nome e número gravados. "Eu entendo que você está passando por muita coisa", disse Mackenzie. "Mas se alguma coisa vier a sua mente nos próximos dias, por favor, me ligue."

Nancy pegou o cartão sem uma palavra e o colocou no bolso. Então, ela se virou, claramente lutando contra um enxame de lágrimas maior e fechou a porta.

Mackenzie se dirigiu para o carro, tirando seu celular. Ela discou para o Agente Harrison, que respondeu em seguida.

"Tudo indo bem?" ele a perguntou.

"Ainda não sei," ela disse. "Você pode me fazer um favor e olhar a dez anos atrás para ver se você consegue achar sobre o Padre Costas ser acusado de abusar sexualmente de um homem líder de um grupo de jovens? Eu gostaria do máximo de detalhes que puder."

"Claro. Você acha que isso possa se por como uma pista?"

"Eu não sei," ela disse. "Mas eu acho que uma criança que alega ter sido sexualmente abusada por um padre que foi pregado nas portas da sua igreja certamente vale a pena investigar."

"Sim, bom ponto," disse Harrison.

Ela desligou, novamente assombrada pelas imagens do Assassino do Espantalho e do Nebraska. É óbvio, ela lidara com assassinos atacando em um contexto religioso antes. E uma coisa que ela sabia sobre eles era que poderiam ser imprevisíveis e muito motivados. Ela não ia correr qualquer risco e, como tal, não deixaria qualquer pedra sem revirar.

Ainda, enquanto ela voltava para o carro, percebeu que um garoto sexualmente abusado realmente parecia uma pista sólida. Fora isso, além dele, a única coisa a sua disposição era voltar para os escritórios do FBI e ver o que ela poderia escavar dos arquivos enquanto torcia para que a perícia fosse capaz de aparecer com algo.

E ela sabia que se ela ficasse a espera, esperando por uma novidade no caso, o assassino poderia muito bem estar lá fora planejado seu próximo lance.


CAPÍTULO CINCO

 

Eram 3:08 de acordo com o painel do carro quando o pastor saiu da igreja.

Ele observou o pastor distante pelo para brisas. Ele sabia que o homem era sagrado; sua reputação era excepcional e sua igreja havia sido abençoada. Ainda, era bastante desapontador. Algumas vezes ele pensava que homens sagrados deveriam ser colocados a parte do resto do mundo, mais fáceis de identificar. Talvez, como aquelas velhas pinturas religiosas nas quais Jesus tinha uma grande aureola dourada ao redor da cabeça.

Ele riu com esse pensamento enquanto assistia o pastor se encontrar com outro homem em frente a um carro ao lado da igreja. Esse outro homem e era algum tipo de assistente. Ele havia visto esse assistente antes, mas não estava preocupado com ele. Estava muito abaixo na cadeia alimentar dentro da igreja.

Não, ele estava mais interessado no pastor líder.

Ele fechou os olhos enquanto os dois homens conversavam. No silêncio do seu carro, ele rezou. Ele sabia que poderia orar em qualquer lugar e Deus o escutaria. Ele sabia há muito tempo que Deus não ligava para onde você estava quando você rezava para confessar seus pecados. Você não precisava estar em um edifício enorme e espalhafatosamente decorado. De fato, a Bíblia indicava que tais moradas elaboradas eram uma afronta para Deus.

Com sua oração terminada, ele pensou sobre este trecho da escritura. Ele a murmurou em voz alta, sua voz lenta e sombria.

"E, quando orardes, não sejais como os hipócritas. Pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens."

Ele olhou de volta para o pastor, no momento se afastando do outro homem até outro carro.

"Hipócrita," ele disse. Sua voz era uma mistura de veneno e tristeza.

Ele também sabia que a Bíblia alertava sobre uma praga de falsos profetas no fim dos tempos. Esse era, afinal, o porquê de ele ter se atribuído a missão atual. Os falsos profetas, os homens que falavam sobre glorificar Deus enquanto observavam os pratos de dízimo enquanto eram repassados-os mesmos que pregavam sobre santificação e pureza enquanto observavam jovens garotos com olhos de luxúria-eram os piores deles. Eles eram piores de traficantes e assassinos. Eram piores que estupradores e os desviados mais deploráveis das ruas.

Todos o sabiam. Mas ninguém fazia qualquer coisa a respeito.

Até agora. Até que ele ouviu Deus falar com ele, dizendo-o para consertar isso.

Era seu trabalho se deixar o mundo livre desses falsos profetas. Era trabalho sanguinolento, mas era o trabalho de Deus. E isso era tudo o que ele precisava saber.

Ele olhou de volta para o pastor entrando no carro e saindo da igreja.

Depois de um momento, ele também arrancou para a rua. Não seguiu o pastor de perto, mas o acompanhou a uma distância segura.

Quando ele chegou a um semáforo, ele quase podia ouvir o som musical do seu porta malas enquanto vários dos seus pregos industriais tilintavam na caixa deles.


CAPÍTULO SEIS

 

Ele caminhou em direção da igreja, a lua de sangue lançando uma sombra do seu corpo na calçada que parecia como um inseto esticado-um louva-deus ou uma centopeia talvez. Havia um sino tocando, um grande sino sobre a catedral, convocando todos para vir adorar e cantar e louvar.

Mas Mackenzie não conseguiu entrar na igreja. Há uma multidão de pessoas no alpendre frontal, congregando ao redor da porta da frente. Ela vê Ellington ali, assim como McGrath, Harrison, suas distantes mãe e irmã, até mesmo seu velho parceiro, Bryers e alguns dos homens com os quais ela trabalhou enquanto ainda era uma detetive no Nebraska.

"O que todos estão fazendo?" ela pergunta.

Ellington se vira para ela. Seus olhos fechados. Vestido em um bom terno, marcado por uma gravata vermelho sangue. Ele sorri para ela, seus olhos ainda fechados, e levanta uma mão aos lábios. Ao lado dele, a mãe dela aponta para as portas da frente da igreja.

Seu pai está ali, Pendurado, crucificado. Ele usa uma coroa de espinho e uma ferida em sua lateral extravasa alguma coisa parecida com óleo de motor. Ele está olhando diretamente para ela, seus olhos arregalados e maníacos. Ele está louco. Ela pode ver nos olhos dele e no esboço de um sorriso malicioso.

"Vem salvar-te?" ele a pergunta.

"Não," ele diz.

"Bem, certamente você não veio me salvar. Tarde demais para isso. Agora se curve. Adore. Encontre tua paz em mim."

E como se alguém a quebrasse pelo meio por dentro, Mackenzie se ajoelha. Ajoelha-se com força, ralando seus joelhos no concreto. Todos ao seu redor, a congregação começa a cantar em línguas. Ela abre a boca e palavras amorfas saem, juntando-se à música. Olha de volta para seu pai e há um halo de fogo circulando sua cabeça. Agora ele está morto, seus olhos brancos e sem expressão, sua boca escoando uma poça de sangue.

Há a harmonia do sino, repetindo-se de novo e de novo.

Tocando...

Tocando. Alguma coisa tocando.

Seu telefone. Com um solavanco, Mackenzie despertou. Ela mal registrou o relógio em seu criado mudo, que marcava 2:10 da manhã. Ela atendeu o telefone, tentando sacodir os vestígios do pesadelo de sua cabeça.

"White falando," ela disse.

"Bom dia," veio a voz de Harrison. Ela estava secretamente bem desapontada. Estava esperando ouvir notícias de Ellington. Ele fora enviado por McGrath em alguma tarefa, os detalhes da qual eram no máximo um esboço. Ele prometera ligar em algum momento, mas até agora ela não ouviu qualquer coisa dele.

Harrison, ela pensou grogue. Que diabos ele quer?

"É muito cedo para isso, Harrison," ela disse.

"Eu sei," disse Harrison. "Desculpe-me, mas estou ligando pelo McGrath. Houve outro assassinato."

 

***

 

Através de uma série de mensagens, Mackenzie reuniu tudo o que ela precisava saber. Um casal rebelde havia encostado nas sombras do estacionamento de uma igreja bem conhecida para fazer sexo. Logo quando as coisas haviam começado a esquentar, a garota viu alguma coisa estranha na porta. Assustou-a o suficiente para colocar um fim nas atividades noturnas planejadas. Claramente irritado, o homem que tivera seu exibicionismo furtado seguiu até a porta da frente e encontrou um corpo nu pregado nas portas.

A igreja em questão era um relativamente popular: Igreja Comunitária Palavra Viva, uma das maiores na cidade. Muitas vezes saia nas notícias, já que os presidentes frequentemente participavam dos cultos de lá. Mackenzie nunca estivera (ela não havia colocado o pé na igreja desde um fim de semana cheio de culpa na faculdade), mas o tamanho e escopo do lugar afundaram-se por completo enquanto ela virava o carro no estacionamento.

Ela era uma das primeiras na cena. A equipe do CSI estava ali, se aproximando da entrada principal da igreja. Um único agente estava saindo de um carro, aparentemente esteve esperando por ela. Ela não ficou nem um pouco surpresa em ver que era Yardley, a agente que havia entregado o primeiro caso com o Padre Costas.

Yardley encontrou com ela na calçada que levava até a entrada principal. Ela parecia cansada, mas animada de uma maneira que provavelmente apenas outros agentes poderiam ser capazes de identificar ou de se identificar.

"Agente White," disse Yardley. "Obrigada por vir tão rápido."

"Claro. Foi você o primeiro na cena?"

"Fui. Eu fui enviada a cerca de quinze minutos. Harrison ligou e me enviou."

Mackenzie quase comentou sobre isso, mas fechou a boca. Estranho que eu não tenha sido chamada primeiro, ela pensou. Talvez McGrath esteja deixando-a cobrir onde Ellington estaria ajudando. Faz sentido, já que ela foi a primeira a lidar com a cena do Costas.

"Já viu o corpo?" perguntou Mackenzie enquanto elas se dirigiam para a porta da frente logo atrás da equipe do CSI.

"Sim. De poucos metros de distância. É idêntica às outras."

Em poucos passos, Mackenzie foi capaz de vez por si própria. Ela ficou um pouco para trás, deixando os caras da CSI e a perícia fazerem o trabalho deles. Sentindo que tinham dois agentes atrás deles esperando, as equipes trabalharam rapidamente, mas de forma eficiente, se certificando de deixar um espaço para os agentes tomarem as próprias observações.

Yardley estava certa. A cena era a mesma, até a marca alongada cruzando a fronte. A única diferença era que as roupas íntimas desse homem havia aparentemente escorregado-ou foram arrancadas pelos tornozelos de propósito.

Um dos cara da equipe do CSI olhou para elas. Ele parecia um pouco fora de si, talvez até um pouco triste.

"O falecido é Robert Woodall. Ele era o pastor líder aqui."

"Você tem certeza?" perguntou Mackenzie.

"Positivo. Minha família frequenta essa igreja. Eu ouvi esse homem pregar pelo menos cinquenta vezes."

Mackenzie se aproximou do corpo. As portas para a Palavra Viva não eram ornadas e decoradas como aquelas da Pedra Angular Presbiteriana e do Sagrado Coração. Estas eram mais modernas, feitas de madeira pesada que fora desenhada e tratada para se assemelhar a uma porta de celeiro.

Como os outros, o Pastor Woodall fora pregado pelas mãos e seus tornozelos foram amarrados com arame. Ela estudou sua genitália exposta, imaginando se sua nudez escancarada fora uma decisão feita pelo assassino que preparou o corpo. Ela podia ver nada fora do ordinário e decidiu que as roupas de baixo deviam ter escorregado por conta própria, talvez devido ao peso do sangue que absorveram. As feridas que jorravam sangue eram numerosas. Havia alguns arranhões no peito. E mesmo que suas costas não pudessem ser vistas, a trilha de sangue que escorria ao longo da sua cintura e seguia por suas pernas indicava que havia algumas lá trás.

Mackenzie então viu outra ferida-uma estreita que trouxe de volta a imagem infernal do seu pesadelo.

Havia um corte no lado direito de Woodall. Era leve, mas claramente visível. Havia algo preciso acerca disso, quase prístino. Ela se inclinou para mais perto e apontou. "O que isso parece para vocês?" ela perguntou à equipe do CSI.

"Também reparei nisso," disse o homem que reconhecera o Pastor Woodall. "Parece algum tipo de incisão. Talvez feita por algum tipo de lâmina de entalhar-uma faca X-Acto ou algo assim."

"Mas esses outros cortes e feridas de facada," disse Mackenzie. "Eles foram feitos com uma lâmina comum, certo? Os ângulos e bordas..."

"Sim. Você é uma mulher religiosa?" o homem perguntou.

"Essa parece ser uma questão recorrente nos últimos dias," ela disse. "Apesar da resposta, contudo, eu entendo a relevância de um corte na lateral. Foi onde Cristo teve uma lança enfiada enquanto estava pendurado na cruz."

"Sim," disse Yardley de trás dela. "Mas não há sangue, certo?"

"Certo," disse Mackenzie. "De acordo com a escritura, saiu água dessa ferida."

Então por que o assassino decidiu fazer essa ferida em destaque? Ela cogitou. E por que não foi assim nas outras?

Ela se afastou e observou a cena enquanto Yardley conversava com alguns dos membros da CSI e da Perícia. O caso já a havia afligido um pouco, mas essa ferida aleatória na lateral de Woodall a fez se preocupar que algo mais profundo estivesse ocorrendo. Havia simbolismo, mas agora há simbolismo sobreposto.

O assassino, obviamente, pensou nessas coisas, ela pensou. Ele tinha um plano e ele vem sendo metódico a respeito dele. Mais que isso, a adição desse preciso corte na lateral mostra que ele não está apenas matando por matar-ele está tentando transmitir uma mensagem.

"Mas qual mensagem?" ela se perguntou em silêncio.

Nas horas mais escuras da noite, ela estava na entrada da Igreja Comunitária Palavra Viva e tentava encontrar essa mensagem na figura do corpo do pastor morto.


CAPÍTULO SETE

 

No tempo que Mackenzie levou para deixar a Palavra Viva e dirigir até o Edifício J. Edgar Hoover, a imprensa havia, de alguma maneira, descoberto sobre o último assassinato. Enquanto o assassinato do Padre Costas havia chegado às notícias, a morte de Ned Tuttle não havia. Mas com o pastor líder de uma igreja do porte da Palavra Viva, o caso iria explodir as manchetes. Eram 4:10 quando Mackenzie chegou aos escritórios do FBI, dirigindo-se para ver McGrath. Ela deduziu que os detalhes do Pastor Woodall e o caso como um todo seriam o principal ponto de interesse nos programas noticiários matutinos locais-e de toda a nação pelo meio dia.

Ela podia sentir a pressão crescente disso tudo quando entrou no escritório de McGrath. Ele estava sentado na sua pequena mesa de conferências, ao telefone com alguém. O Agente Harrison estava lá com ele, lendo algo em um notebook. Yardley também estava lá, tendo chegado poucos minutos antes de Mackenzie. Ela estava sentada, escutando McGrath ao telefone, aparentemente esperando por instruções.

Vendo os dois se debruçando ao redor de McGrath a fez desejar que Ellington estivesse ali. Isso a lembrou de que ainda estava no escuro a respeito de onde McGrath o havia enviado. Ela imaginou se tinha algo a ver com esse caso-mas se tivesse, por que ela não fora informada do paradeiro dele?

Quando McGrath finalmente saiu do telefone, ele olhou para os três agentes reunidos e deixou sair um suspiro. "Era o Diretor Assistente Kirsch," ele disse. "Ele esta reunindo mais três agentes para encabeçar esse caso em seu nome. No momento em que a impressa pegou o rastro disse, estávamos fodidos. Isso vai ser grande e vai crescer rápido."

"Alguma razão em particular?" perguntou Harrison.

"Palavra Viva é uma igreja extremamente popular. O presidente a frequenta. Alguns outros políticos também vão regularmente. Os podcast têm cerca de quinhentos mil acessos em uma semana. Woodall não era uma celebridade ou algo assim, mas ele era bem conhecido. E se é uma igreja que o presidente vai..."

"Entendi," disse Harrison.

McGrath olhou para Mackenzie e Yardley. "Há algo digno de nota na cena?"

"Sim, talvez," disse Mackenzie. Em seguida, ela passou os detalhes sobre a peculiar e precisa incisão no lado direito de Woodall. Contudo, ela não entrou no tipo de gesto simbólico que ela estava tentando decifrar a partir do seu significado. Ela ainda não tinha teorias realmente sólidas e não queria perder tempo com especulação.

McGrath, porém, estava em modo de pânico. Ele abriu suas mãos sobre a mesa e indicou as cadeiras ao redor da mesa com a cabeça. "Sente-se Vocês repassar o que temos. Eu quero ser capaz de dar ao Kirsch as mesmas informações que temos. Incluindo vocês três, agora nos temos seis agentes dedicados a esse caso. Se trabalharmos juntos, armados com os mesmos detalhes, talvez nó possamos prender esse cara antes que ele ataque de novo."

"Bem," disse Yardley, "ela não está se prendendo a uma denominação. Sabemos disso com certeza. Se alguma coisa, parece que ele está tentando evitar isso. Até agora nós temos uma igreja Católica, uma igreja Presbiteriana e agora uma igreja comunitária sem denominação."

"E outra coisa a se considerar," disse Mackenzie, "é que nós não podemos saber com certeza se ele está usando a posição de crucificação como seu uso preferido de punição e simbolismo ou se ele o faz como zombaria."

"Qual é a diferença na real?" perguntou Harrison.

"Até que nós saibamos qual razão está por trás disso, não podemos afunilar o motivo," disse Mackenzie. "Se ele está fazendo como zombaria, então provavelmente ele não é um crente-talvez mesmo algum de ateu muito irado ou um ex-crente. Mas, se ele está fazendo isso como meio preferencial de simbolismo, então ele poderia ser um crente muito devoto, ainda que com algumas maneiras bem estranhas de professar sua fé."

"E esse corte fino ao longo da lateral de Woodall," disse McGrath. "Não estava em algum dos outros corpos?"

"Não," disse Mackenzie. "Isso foi novo. O que me faz pensar que há algum tipo de significado nisso. Como o se o assassino pudesse até estar tentando comunicar algo para nós. Ou apenas saindo dos trilhos."

McGrath se empurrou da mesa e olhou para o teto, como se procurasse respostas lá em cima. "Eu não sou cego para tudo isso," ele disse. "Eu sei que há zero pista e nenhuma via de verdade pela qual seguir. Mas se eu não tiver algo que se assemelhe a uma pista quando essa merda estiver se espalhado por todos os programas noticiários nacionais dentro de poucas horas, as coisas vão ficar ruins por aqui. Kirsch diz que ele já recebeu uma ligação de uma senadora que frequenta a Palavra Viva perguntando por que não fomos capazes que resolver esse caso tão logo Costas foi morto. Então, eu preciso que os três de vocês me consigam algo. Se eu não tiver alguma coisa nova para prosseguir até a tarde, eu vou ter que expandir... mais recursos, mais pessoal e eu realmente não quero fazer isso."

"Eu posso verificar com a perícia," ofereceu Yardley.

"Trabalhe ao lado deles por mim," McGrath disse. "Farei uma ligação e deixarei isso certo. Eu quero você lá no momento que eles descobrirem alguma coisa sobre aqueles corpos."

"Pode ser um cenário 'agulha no palheiro'," disse Harrison, "mas eu posso começar a olhar nas lojas locais de ferragem para pegar registros e recibos sore qualquer um que tenha comprado os pregos que esse cara está usando nos últimos meses. Pelo que eu entendo, eles não são particularmente comuns."

McGrath assentiu. Era uma ideia, claro, mas o olhar em seu rosto deixou claro quanto tempo isso levaria.

"E você, White?" ele perguntou.

"Eu vou até os familiares e colegas de trabalho," ela disse. "Em uma igreja do tamanho da Palavra Viva, tem que haver alguém com alguma ideia sobre o porquê isso aconteceu com Woodall."

McGrath bateu as palmas das mãos juntas ruidosamente e sentou-se para frente. "Parece bom," ele disse. "Então, mãos a obra. E me atualizem de hora em hora. Entendido?"

Yardley e Harrison assentiram. Harrison fechou seu notebook enquanto levantava da mesa. Enquanto eles saiam, Mackenzie permaneceu para trás. Quando Yardley fechou a porta atrás deles, deixando apenas Mackenzie e McGrath na sala, ela se voltou para ele.

"Ah, diabos, o que é?" perguntou McGrath.

"Estou curiosa," ela disse. "O Agente Ellington teria sido um recurso valioso para este caso. Para onde você o mandou?"

McGrath remexeu desconfortavelmente em seu assento e olhou para fora na janela do seu escritório brevemente, para a escuridão da manhã recente.

"Bem, antes de eu atribuí-la a essa outra tarefa, claramente, eu não tinha ideia que esse caso seria tão ruim assim. A respeito de onde ele está trabalhando atualmente, com todo respeito, não é da sua conta."

"Com o mesmo respeito," ela retrucou, fazendo seu melhor para não soar muito defensiva, "você tirou um parceiro que eu trabalho bem junto, o que me deixa por conta própria para resolver esse caso."

"Você não está por conta própria," disse McGrath. "Harrison e Yardley são mais que eficientes. Agora... por favor, Agente White. Vá trabalhar."

Ela queria pressionar o assunto um pouco além, mas não via o ponto nisto. A última coisa que ela precisava era que McGrath ficasse irritado com ela. A pressão já estava ligada e era cedo demais no dia para ligar com um chefe descontente.

Ela deu um aceno seco com a cabeça e saiu. Ainda, enquanto andava em direção aos elevadores, ele tirou o telefone. Era muito cedo para ligar para Ellington, então ele optou por uma mensagem.

Apenas dando notícias, ela digitou Ligue ou mande mensagem quando você puder.

Ela enviou a mensagem enquanto entrava no elevador. Ela desceu até a garagem onde seu carro estava esperando. Lá fora, a manhã ainda estava escura-o tipo de escuridão densa que parecia capaz de esconder qualquer segredo que quisesse.


CAPÍTULO OITO

 

Depois de pegar um copo de café, Mackenzie se dirigiu de volta para a Palavra Viva. Ela sabia que era uma grande igreja, então escolher alguém com possíveis informações dentro dos funcionários ou da congregação demoraria uma eternidade. Ela percebeu que se as notícias se espalharam e as ligações começaram a acontecer, havia uma boa chance de que aqueles próximos ao Pastor Woodall estarem na igreja-talvez já organizando pequenos memoriais ou apenas indo à igreja para estar mais perto de Deus enquanto estavam em aflição.

Sua intuição compensou mais uma vez. Quando ela chegou na cena, Woodall fora removido das portas. E enquanto ainda havia vários policiais locais e membros do FBI presentes, também havia outras pessoas espalhadas aqui e ali, contidas pelas faixas amarelas de cena criminal que circundavam os limites da calçada de concreto que levava às portas da frente.

Algumas delas choravam abertamente. Vários estavam acolhidos nos abraços de outros espectadores. Ela tomou nota de um homem de pé sozinho, sua cabeça virada para longe da cena. Sua cabeça estava abaixada e sua boca se movia apenas levemente enquanto ele oferecia as preces. Mackenzie respeitosamente deu-lhe algum tempo para terminar sua oração antes de abordá-lo. Ao se aproximar, viu o que parecia ser uma expressão de raiva em seu rosto.

"Desculpe-me, senhor," ela disse. "Você tem um momento?" Ela terminou a pergunta mostrando seu distintivo e se apresentando.

"Sim," disse o homem. Ele piscou e esfregou os olhos, como se tentasse limpar os últimos vestígios de sono ou de um pesadelo. Então ele ofereceu a mão e disse, "Eu me chamo Dave Wylerman, a propósito. Sou chefe do departamento de música aqui na Palavra Viva."

"Há um departamento de música?"

"Sim. Nós temos um conjunto rotativo de aproximadamente quatorze músicos que compõe três bandas de adoração."

"Então você trabalhou de perto com o Pastor Woodall no passado?"

"Ah, absolutamente. Estou em reuniões com ele pelo menos duas vezes por semana. Fora isso, ele se tornou um querido amigo da família para minha esposa, meus filhos e eu durante a última década."

"Você pode pensar em alguém que possa ter sido capaz de fazer isso? Alguém que possa ter tido algum tipo de rancor ou queixa contra o Pastor Woodall?"

"Bem, é uma igreja grande. Eu não acho que há uma única pessoa que trabalhe aqui e conheça todos que comparecem. Mas para mim, não, eu não consigo pensar em alguém logo de cara que estava com raiva com ele o suficiente para fazer isso..."

A escuridão do alvorecer havia escondido as lágrimas de Dave Wylerman até este ponto, mas quando ele olhou acima nos olhos dela, elas ficaram bem evidentes. Ele parecia atormentado, como se lutasse para descobrir como dizer alguma coisa.

"Você tem um momento para conversar em particular?" perguntou Mackenzie.

"Sim."

Ela acenou-lhe a frente para segui-la. Ela se afastou da calçada de concreto que dava na igreja e voltou para o carro. Abriu a porta do passageiro para ele, percebendo que descansar os pés e se sentir relaxado pudesse fazer algum bem a ele Ela entrou no lado do motorista e quando ela fechou a porta, podia dizer que Wylerman estava lutando para se manter composto.

"O restante do corpo da igreja fora informado?" perguntou Mackenzie.

"Não, apenas os mais antigos, eu e alguns daqueles mais próximos ao Pastor Woodall. Mas as ligações estão sendo feitas. Todos irão saber dentro de uma hora ou por aí, eu imagino."

Bom, pensou Mackenzie. Eles receberam as notícias pessoalmente de alguém que eles conhecem, ao invés de escutar sobre isso pela primeira vez nos noticiários.

"Então, me corrija se eu estiver errada," ela disse, "mas parecia que você estava se debatendo com alguma coisa lá trás perto da igreja. Há algo que você pode me dizer que não queria compartilhar na frente de todos os outros?"

"Bem, como você sabe, é uma igreja grande. Em qualquer Domingo, se você contar ambos os cultos que nós mantemos, há algo entre cinco mil e sete mil pessoas que comparecem. E com um grupo assim tão grande, nós necessitamos de vários presbíteros para lidar com os negócios e interesse da igreja. Aqui na Palavra Viva, nós temos-bem, tínhamos seis. Um deles começou meio que levantar algumas preocupações nos outros antes de sair. Eu não acho que ele não teria nele o necessário para fazer algo como isso, mas... eu não sei. Algumas coisas que ele insinuara... meio que pegou todos os outros com a guarda baixa. Outros presbíteros... empregados..."

"Qual o nome dele?"

"Eric Crouse."

"E que tipo de coisas?" perguntou Mackenzie.

"Ele continuava jorrando sobre como as coisas deixadas na escuridão viriam a luz e como a luz poderia cegar. Que talvez ser queimada pela luz seja exatamente o que a Palavra Viva precisava."

"E por quanto tempo ele se comportara dessa forma?"

"Cerca de um mês, eu diria. Pelo o que eu entendo, ele saiu por conta própria há cerca de duas semanas, mas havia discussão sobre isso entre os outros presbíteros e o Pastor Woodall sobre o liberar. Mas a coisa disso é que tudo que Eric estava falando era biblicamente acurado. Coisas que Jesus disse, coisas que a maioria das pessoas que comparecem à Palavra Viva acreditam. Mas... e eu sei que isso vai soar estúpido... era a maneira que ele dizia as coisas. Sabe? Tipo, ele tinha algum contexto oculto para eles. Mais que isso, ele nunca falou daquela maneira antes. Ele era um presbítero, claro, mas nunca um que apenas jorrava as escrituras ou que começava a dar essas conversas do tipo fogo do inferno e enxofre."

"Então, se você não acha que ele era capaz de assassinato, por que você o menciona? Foi apenas a mudança repentina de personalidade que alarmou a todos?"

Wylerman deu de ombros. "Não. Algumas pessoas começaram a reparar que Eric estava fazendo tudo o que ele podia para evitar reuniões ou pequenos grupos nos quais o Pastor Woodall compareceria. Eles nunca foram melhores amigos, mas sempre conviveram. Então, de repente, quando ele começou a falar sobre essa coisa de luz brilhando na escuridão, ele também pareceu se distanciar do Pastor Woodall."

"E você diz que ele deixou a igreja há duas semanas?"

"Sim, mais ou menos uns dias. Eu não sei se ele está indo a outro lugar agora ou o que. E o que é estranho é que é quase como se Eric conhecesse os horários do Pastor Woodall. Ele acaba de voltar de um retiro há alguns dias."

"Um retiro?"

"Sim, é a sua pequena fuga, que ele faz duas vezes ao ano. É uma ilhazinha bem calma na costa da Flórida."

"E há quanto tempo ele voltou?" perguntou Mackenzie.

"Ele e sua esposa voltaram para casa cinco dias atrás."

Mackenzie pensou sobre isso por um momento, catalogando em sua mente. Então, ela voltou o assunto de volta para o homem que Wylerman mencionara-o antigo presbítero, Eric Crouse.

"Você saberia onde Crouse mora?" ela perguntou.

"Sim. Eu estive na casa dele algumas vezes em pequenos grupos e para oração."

Mackenzie não estava certa do por que, mas algumas coisa nisso a assustava. A sincronia de Eric Crouse deixar a Palavra Viva era quase perfeita para o tipo de suspeito que ela estava procurando. Imaginar esse homem de luto apertando as mãos juntas em prece com um homem que possa ter sido responsável por três mortes nos últimos poucos dias era inquietante.

"Você pode me dizer onde?"

"Eu irei," disse Wylerman, "mas eu realmente preferiria que você não o dissesse que recebeu a informação de mim... ou de qualquer um na Palavra Viva no que diz respeito."

"Claro que não," ela disse.

Um pouco relutante, Wylerman deu a ela as direções para a casa de Eric Crouse. Mackenzie as digitou no celular, notando que, embora Wylerman pudesse estar interagindo com ela, a mente dele ainda estava lá com seus amigos em luto do lado de fora da igreja. Ele estava olhando naquela direção agora, limpando as lágrimas de seus olhos enquanto os observava pela janela do passageiro.

"Obrigada pelo seu tempo, Sr. Wylerman," disse Mackenzie.

Wylerman assentiu sem dizer qualquer coisa a mais. Então ele saiu do carro. Ele manteve sua cabeça abaixada antes até de chegar até a pequena multidão de pessoas. Ela podia vê-lo tremendo. Ela nunca entendera como as pessoas poderiam ter uma profunda fé em um Deus invisível, mas ela respeitava o senso de comunidade que era evidente entre aqueles que compartilhavam uma crença em comum. Ela se sentiu muito mais por Dave Wylerman naquele momento, assim bem como por aqueles que frequentavam a Palavra Viva e o vazia que eles sentiriam no Domingo de manhã.

Com esse senso de simpatia a empurrando para frente, Mackenzie arrancou o carro do estacionamento da Palavra Viva e dirigiu-se para oeste, para o que parecia ser onde primeira pista sólida nesse caso havia agitado.


CAPÍTULO NOVE

 

Eram 6:40 quando ela chegou em frente à casa de Eric Crouse. Ficava em um bairro abastado onde as casas eram mais importantes que os jardins, cada casa pressionada apertadamente contra a outra. A garagem estava fechada, tornando impossível saber se alguém estava em casa-apesar de que, dada a hora adiantada, ela assumiu que haveria alguém lá para atender a porta.

Enquanto fazia seu caminho até a porta, Mackenzie desejou que tivesse pegado outro café de algum lugar. Era difícil acreditar que ainda não eram sete horas. Ela fez seu melhor para sacudir os vestígios de seno do rosto ao bater a campainha da residência de Crouse. Imediatamente, ela podia ouvir passos atrás da porta. Segundos depois, a porta foi aberta apenas em uma fenda e uma mulher espreitou para fora.

"Posso ajudá-la?" a mulher perguntou, claramente desconfiada.

"Sim," disse Mackenzie. "E peço desculpas por ser tão cedo, mas isto é urgente. Sou a Agente Mackenzie White do FBI. Estou procurando por Eric Crouse."

A mulher abriu a porta lentamente. "É o meu marido. Ele está... bem, ele recebeu notícias terríveis esta manhã. Acho que é por isso que está aqui? Sobre o assassinato esta manhã?"

"É," disse ela. "Então, se eu pudesse falar com ele..."

"É claro," disse a mulher. "Entre, entre".

Mackenzie foi guiada para dentro da casa para o cheiro de bacon grelhando e café recém passado. A casa dos Crouse era bonita, mas não em excesso. Tinha pé direito alto, sancas, piso de madeira e bancadas de granito e um espaço de bar na cozinha. Na cozinha, a mulher a levou para uma ampla mesa de jantar; era o tipo de cozinha que também servia como sala de jantar. Um homem e um garoto de cerca de dez anos se sentavam a mesa. O garoto estava comendo uma tigela de cereal enquanto o homem dava um gole em uma xícara de café e lia algo de um notebook.

"Essa moça aqui é do FBI," disse a esposa de Crouse.

Crouse olhou acima, piscando de maneira o que está acontecendo. Então ele se levantou e caminhou até Mackenzie. Ele sorriu cansado para ela, que podia perceber pelo seu rosto que ele, assim como Dave Wylerman, havia tido sua boa parcela de choro essa manhã.

Crouse estendeu sua mão para um aperto e Mackenzie a aceitou. Ela observou seu rosto o tempo inteiro, procurando por algum deslize no que era ou um grande disfarce de emoção ou uma fachada para enganá-la. Ela não conseguia ver nenhum e, assim, não podia decidir se ele estava escondendo alguma culpa.

"Presumo que seja sobre o Pastor Woodall?" perguntou Eric.

"Sim," disse Mackenzie. "Há algum lugar onde possamos conversar?"

"Hum, sim," disse Eric. Ele olhou para o filho e deu um tapinha no ombro dele. "Você e a mamãe podem correr até o banheiro e terminar de se arrumar para escola Deixe esses dentes bons, OK?"

O garoto olhou para seu cereal, claramente não terminado, mas obedeceu ao seu pai. A mulher fez o mesmo, enquanto ela acompanhava o filho deles para fora da cozinha e em direção a um corredor que ficava logo a direita. Quando eles ficaram fora de vista, Eric olhou para garrafa de café no balcão e perguntou: "Café?"

"Sim, por favor. Seria fantástico, na verdade."

Eric entrou na cozinha e Mackenzie o seguiu. Eric pegou uma xícara de um armário e encheu-a com café da garrafa em cima do balcão. "Creme? Açúcar?"

"Preto está ótimo," ela disse. Ela estava bem certa de que ele estava enrolando, mas ao mesmo tempo, também tentando fazer seu melhor para ser agradável e hospitaleiro.

Quando ele a entregou o café, ela o agradeceu e deu um gole. Era bom e forte-exatamente o que ela necessitava.

"Então, como você descobriu sobre o Pastor Woodall?" ela perguntou.

"Recebi um telefonema de um dos presbíteros. Suponho que se você está aqui para falar comigo, você já sabe que eu era um presbítero lá até muito recentemente."

"Sim. Eu estava ciente. E eu entendo que houve um pouco de hostilidade e desacordo antes de você sair."

"Sim, suponho que sim."

"Você se importaria de elaborar a respeito do que você queria dizer com os comentários que você fez sobre as trevas e a luz? Sobre a Palavra Viva ser queimada pela luz?"

Eric hesitou, dando um gole de seu café. "Veja, a dificuldade aqui é que você se você me perguntasse exatamente a mesma pergunta ontem, eu teria te respondido com prazer. Mas as coisas são diferentes agora."

"Bem, Sr. Crouse, eu não tinha razão para perguntar-lhe ontem. Mas agora, eu tenho um pastor morto com o qual você estava em grave desacordo... um pastor com o qual você trabalhou de perto por vários anos e, de repente, começou a aparentemente não se importar muito."

"Justo," ele disse. Ele se inclinou um pouco para a direita, examinando o corredor como se para se certificar de que sua esposa e filho ainda estavam fora do alcance da voz. Quando ele estava confiante de que ainda estavam longe, ele se aproximou de Mackenzie. "Olha... eu descobri algo sobre o Pastor Woodall três meses atrás. A princípio, eu me recusei a acreditar, mas então eu vi provas. E não pude negar mais. Eu... bem, eu acho que eu não sabia exatamente como lidar com isso."

"E o que você descobriu?"

"Agente White... ele está morto. Recentemente morto. Que tipo de homem eu seria para maldizê-lo? A última coisa que eu quero é manchar o nome dele após a sua morte."

"Eu manterei discrição então," ela disse. "Ninguém mais além do meu supervisor e dois ou três agentes adicionais saberão."

"Tenho sua palavra nisso?"

"Sim," ela disse. "Embora, pelo o que eu entendo, você não teria se importado muito em arrastar o nome dele pela lama algumas semanas atrás."

Na verdade, Eric riu disso. "Você espera esse tipo de merda de igrejas de cidades pequenas... rumores e fofocas. Sim... eu provavelmente não fiz o melhor trabalho ficando quieto. Eu disse algumas coisas não tão sutis que possam ter levantado sobrancelhas. Mas, acredite em mim... com o que eu sei, eu poderia ter ido a público. Eu poderia ter manchado seu nome imediatamente. Mas não o fiz."

"E por que não?"

"Porque não é meu trabalho julgar. Ele está morto agora e Deus o julgará."

"Julgá-lo pelo o quê?" perguntou Mackenzie. "Qual é o grande segredo?"

Seus olhos estavam cheios de lágrimas quando ele falou e foi esse simples indicador que disse a Mackenzie que Eric Crouse não era o assassino, mas que, apesar do seu comportamento recente, ele havia se importado com o Pastor Woodall um dia.

"Tive um jovem vindo até mim em confidência há cerca de três meses. De tempos em tempos, eu o ajudava com as classes para jovens na Palavra Viva. Era uma criança com a qual eu havia conversado uma vez ou outra quando ele era mais novo... meio que o ajudei com a sua jornada espiritual, respondi as duras perguntas sobre Deus, coisas assim. Então ele vem a mim e faz... eu não sei... talvez um ano desde que eu tive uma conversa de verdade com ele. Ele pergunta se nós podemos conversar em particular, então eu o levei para o meu escritório. Ele me diz que pelo último ano ou por aí ele tem tido um relacionamento homossexual. Então, estou preparado para conversar sobre isso com ele, para ver qual o estado mental dele e tudo. Mas então, ele termina o comentário... o relacionamento era com o Pastor Woodall."

"E você acreditou nele, simples assim?" perguntou Mackenzie.

"Claro que não. Na verdade, o simples fato de esse cara insinuar uma coisa dessas me deixou zangado. Mas então ele me mostrou o celular dele. Havia mensagens e fotos. E eu o odiei por ter me mostrado isso. Eu o odiei por isso e não Woodall."

"Você contou a alguém?"

"Não. Eu não sabia que diabos fazer. Se eu o expusesse, poderia ser o fim da Palavra Viva. E, além disso, o cara me pediu para não fazê-lo. Ele simplesmente queria vir a mim para confessar seus pecados. Mas no fundo da minha mente e coração, eu sempre pensei que ele tivesse me contado isso com uma esperança silenciosa de que eu iria a público. Algumas daquelas mensagens era... bem, insinuavam abuso."

"Como assim?"

"O cara estava querendo sair. E Woodall o disse que se ele parasse de vê-lo ou se dissesse a alguém sobre o que estava acontecendo, ele começaria a espalhar mensagens sobre o rapaz. Havia algumas outras coisas que foram ditas que meio que sugeriam sexo consentimento. Talvez não estupro, mas... oh, Deus. Isso é terrível."

"Você tem certeza sobre tudo isso?"

Eric assentiu. As lágrimas estavam escorrendo agora, pingando de sua face. "Estou feliz que você tenha vindo. Deus, eu precisava contar para alguém e-"

Ele engoliu um soluço nesse ponto e olhou abaixo para o chão.

"Sr. Crouse... por favor, entenda que eu tenho que falar com esse jovem rapaz."

"Eu não posso dar o nome dele a você. Eu não posso..."

"Sr. Crouse... o Pastor Woodall é um dos três líderes religiosos que foram mortos brutalmente em oito dias. Esse é um caso de assassino em série e eu não tenho como saber quem é o próximo. Toda e qualquer pista que eu tiver a minha disposição, eu preciso usar. E conversar com um garoto que pode muito bem ser uma vítima de abuso pelas mãos da figura religiosa morta mais recentemente é muito na cara para ignorar. Com risco de simplesmente jogar a culpa em você, sua recusa em fornecer um nome pode muito bem prender essa investigação e levar para mais mortes."

"Chris Marsh," disse Eric, o nome saindo da sua boca como um enforcado silvo de dor. E então ele deixou escapar um lamurio de angústia que era quase tão alto como um grito.

Isso foi seguido pelo som da sua esposa vindo dos fundos da casa. Ela estava correndo pelo corredor, chamando seu nome. Quando ela chegou à cozinha, ela deu um olhar de puro veneno para Mackenzie.

"O que aconteceu?" ela perguntou, quase gritando com Mackenzie.

"Não foi culpa dela," Eric conseguiu dizer. "Mas, oh, Deus, há... há algo que eu tenho que contar a você..."

Não havia maneira elegante de se retirar. Mackenzie de um abrigado que foi afogado pelo sofrimento de Eric Crouse. Quando ela deixou a casa, ela o fez sem qualquer fanfarra. A mulher a deu apenas um aceno bem sem entusiasmo enquanto ela caminhava até a porta da frente.

Ao fechá-la atrás dela, tudo o que ela viu foi o filho dele de dez anos, rastejando de volta pelo corredor para ver porque o pai estava chorando tão alto.

Em todo caso, Mackenzie sentiu que havia uma coisa que ela veria ou escutaria de alguém que acendeu um pavio nela-aquilo a deixou mais determinada que nunca em trazer esse caso a um fim.

Nesse caso, foi a vista daquele garotinho incerto caminhando pelo corredor, escutando seu pai chorar como resultado dos horrores que ele ainda não conhecia e, provavelmente, não entenderia. O garoto sequer estava ciente de que Mackenzie o havia visto, mas ela gravou aquela imagem em sua mente enquanto se apressava pelos degraus da varanda dos Crouse e de volta para seu carro.

Ao chegar ao carro, seu telefone tocou dentro do bolso do casaco. Ela o retirou e seu coração deu um leve suspiro de felicidade quando ela viu o nome Ellington no visor.

Ela atendeu a chamada, dando seu melhor para não soar tão aliviada quanto ela realmente estava. "Ah, então você não se esqueceu de mim!"

"Claro que não esqueci."

"Piadas de lado," disse Mackenzie, "McGrath te tirou da cidade bem rapidamente. E ela não me diz uma maldita coisa sequer. De qualquer jeito, em que ele te colocou para trabalhar?"

Ela estava dentro do carro agora, dando partida no motor. Mesmo por sobre esse barulho, contudo, ela foi capaz de escutar claramente o profundo suspiro de Ellington. "Sim, eu deduzi que ele deixaria essa parte para mim."

"O que isso significa? Ellington, o que está acontecendo?"

"Bem cedo na manhã de ontem, agente de campo de Omaha, Nebraska, ligou para McGrath. Um dos agentes por lá está trabalhando com um detetive particular, meio que debaixo dos panos e-"

"É Kirk Peterson?" ela interrompeu.

"Sim. Houve algum movimento no caso mais recente que está conectado com o caso do seu pai."

"Que diabos, Ellington?"

"Eu sei. Mas olha... eu acho que ele estava certo em contar para mim e não para você. Eu estou quase acabando por aqui. Era uma pista fraca demais e virou praticamente nada. Fazia mais sentido para eu vir. Eu não estou pessoalmente ligado nele e, vamos encarar isso, você é a escolher mais inteligente para ficar aí e trabalhar nesse caso atual. É uma merda e eu sinto muito que ele tenha escolhido te manter no escuro sobre isso. Mas você vai perceber em mais ou menos uma hora que era a jogada mais inteligente."

"Bem, talvez nós devêssemos guardar esse papa para daqui a uma hora," ela cuspiu. O inferno é que ele estava certo. Foi a jogada mais inteligente.

"Eu nós podemos esperar até eu voltar. Eu devo ter reunido tudo até essa noite. Talvez mais cedo. Eu não vejo por que eu não estaria de volta a DC até algum momento da tarde de amanhã."

"É uma merda," ela disse, odiando a forma infantil e simples que isso soou.

"É mesmo," ele disse. "Mas eu prometo... você não perdeu qualquer coisa. Eu vou deixar você ler os arquivos do caso quando eu voltar. Até mesmo vou deixar você vê-los antes que eu os entregue para McGrath."

"Sim, eu não acho que ele vai gostar disso."

"Bem, ele me fez manter um segredo de você ontem. Então eu acho que você e eu vamos simplesmente esconder um dele."

Ela realmente se sentiu traída com a situação, mas também sabia que expressar isso e entrar em uma discussão pelo telefone não faria qualquer coisa. Se alguma coisa, apenas a atrasaria a respeito do caso atual. E ela não se permitiria tropeçar dessa forma.

"OK. Mas, sim... eu quero ler aqueles arquivos do caso quando você voltar."

"Juro por Deus. Está parecendo que eu deveria estar de volta hoje mais tarde. Eu lhe digo quando eu voltar."

Quando eles terminaram a ligação, foi preciso tudo dentro de Mackenzie para não ligar para McGrath logo em seguida e perguntá-lo que diabos ele pensou que estava fazendo. Ellington estava certo; enviá-la para o Nebraska teria, certamente, atrasado o caso atual dela... mas ela ainda se sentia passada para trás-como se ela tivesse sido deixada no escuro de propósito.

Enterrando isso, ela saiu com o carro para a rua. Ela afastou todos os sentimentos de raiva e traição, trocando-os com a imagem do filho dos Crouse, andando devagar pelo corredor em direção ao som dos prantos do seu pai.


CAPÍTULO DEZ

 

Depois de fazer um rápido requerimento de informação ao FBI pelo telefone, Mackenzie conseguiu o endereço de Chris Marsh. Aconteceu de ser o mesmo endereço dos pais dele, Leslie e Russell Marsh. Enquanto a manhã começava a escapar dela, ela esperava pegar Marsh antes que ele potencialmente saísse para o trabalho. Era um trajeto de vinte e cinco minutos de carro da residência dos Crouse, com ela parando na entrada da garagem dos Marsh às 7:52.

Era uma casa muito menos que a residência dos Crouse, o tipo de casa que provavelmente havia sido construída nos anos 1970 ou início da década de 1980 e não havia sofrido quaisquer modificações-nem mesmo uma camada fresca de tinta no exterior. Quando ela não viu carros na garagem, temeu que houvesse perdido a sua janela de tempo, certa de que ninguém estaria em casa.

Ela foi até a porta da frente e bate, de qualquer maneira. Enquanto esperava, ela absorveu os sons de uma típica manhã silenciosa nos subúrbios de DC: motores distantes, um murmúrio de maquinário industrial em algum lugar, um cachorro latindo, uma buzina de carro aqui e ali. E em algum lugar no meio disso tudo, havia um assassino-se ele não estivesse, de fato, atrás dessa porta.

Como se o pensamento evocasse alguém, a porta foi atendida. No outro lado, ela viu um jovem rapaz de cerca de vinte e um anos ou por aí. Ele parecia cansado e um pouco confuso. Estava vestindo uma camisa larga do Nirvana e um par de shorts de esporte igualmente largos. Seu longo cabelo preto varria por sobre seu olho esquerdo e por trás de seu pescoço.

"Por acaso você seria Chris Marsh?" perguntou Mackenzie.

"Sou eu," ele disse, agora parecendo muito confuso. "Quem pergunta?"

Ela tirou seu distintivo lentamente e fez sua apresentação usual. "Mackenzie White do FBI. Preciso lhe fazer algumas perguntas."

Seus olhos se arregalaram, mas ela não enxergou medo; era confusão completa e talvez um pouco de descrença. "Bem, hum, essa é a casa dos meus pais e eles já saíram para o trabalho, então..."

"Claro," ela disse. "Embora eu saiba que você tem pelo menos vinte anos de idade e você recebe suas correspondências aqui. Então essa é o seu lugar de residência e como você não é um menor, eu te questionar aqui está dentro da lei."

Ela manteve um tom anima o tempo inteiro, tentando parecer relaxada. Ela adoraria de conseguir uma imagem mais clara do seu estado mental antes de entrar na casa. Até agora, pelo o que ela podia perceber, ele acabou de acordar com um agente do FBI na sua porta. Ele foi pego compreensivelmente com a guarda baixa e surpreso.

"Acho que venha para dentro, então," ele disse. "Quero dizer, o que está acontecendo? Eu estou em encrenca ou algo assim?"

"Não. Mas seu nome surgiu em um caso no qual eu estou trabalhando e eu espero que você possa-"

"Ah, meu Deus," disse Chris. "É o Woodall? Aquele assassino o pegou?"

"Esse é um chute muito bom," disse Mackenzie. "Como você chegou até aí?"

"Eu ouvi sobre aquele padre católico. Como ele foi crucificado na porta da sua igreja. E então aquele outro alguns dias atrás... eu vi nos noticiários ontem. E... bem... se meu nome surgiu e você está aqui... assumo que é devido a algumas coisas desagradáveis que eu compartilhei recentemente. Você conversou com o Sr. Crouse, eu suponho?"

"Conversei."

"Sim, então entre," ele disse dando um passo para o lado.

Chris passou alguns momentos se desculpando pelo estado do lugar. Sua mãe e seu pai já haviam saído para o trabalho. Chris mesmo não havia ido à universidade, ele explicou e, porque ele estava entre empregos, estava morando no sótão dos pais. Ele explicou tudo isso enquanto ele se sentava em uma pequena poltrona reclinável e Mackenzie se instalou em um lado de um pequeno sofá na sala de estar dos Marsh.

"Então, o que você sabe sobre o que aconteceu comigo?" perguntou Chris.

"Eu sei do que você acusou o Pastor Woodall. E eu sei que você confidenciou isso ao Sr. Crouse, mostrando fotos e mensagens a ele. E, por favor, saiba que ele não deu esta informação facilmente. Francamente, ele estava em destroços quando eu saí."

Chris deu de ombros. "Entendo. Na luz dos eventos recentes, eu entendo porque ele ofereceu essa informação. Mas... eu acho que não entendo o motivo de você estar aqui."

"Para início de conversa, eu gostaria de saber o seu paradeiro na noite passada."

Chris se recostou na cadeira reclinável. Em um instante, ele pareceu mortificado. "O quê? Você acha que eu o fiz? Que eu venho sendo o psicopata que prega as pessoas nas igrejas?"

"Eu acho que seu nome surgiu como a única pessoa com um desentendimento conhecido com o falecido mais recente e é meu trabalho eliminar todas as possiblidades."

Depois de dizer isso, ela observou outra mudança palpitar pelo rosto de Chris. Ele foi de mortificado para nervoso e defensivo. A mudança em seus olhos era quase sinistra. "Bem, isso é ofensivo para caralho," ele gritou. "Eu acho que atar assassinatos nojentos na criança que foi sexualmente abusada fazer sentindo, já que eu tenho que ser completamente fodido, certo?"

Ele está de pé agora, gritando com ela. Mackenzie também ficou de pé, bem devagar. Algo sobre a mudança imediata de emoções levantou alertas na sua cabeça. Pode haver algum tipo de problema mental aqui-um fator desconhecido que ela teria que tratar com o máximo de cuidado, como faria se suspeitasse que ele estivesse ocultando uma arma.

"Chris, estou aqui apenas para perguntar algumas perguntas simples. E eu vou lhe dizer apenas uma única vez que reagir dessa maneira só vai deixar as coisas piores para você."

"Eu vou lhe dizer uma coisa," disse Chris, agora tremendo e falando bem mais baixo. "Eu adoraria tê-lo matado. É um pecado com o qual eu venho lutando por meses. As coisas que ele fez comigo... as coisas que ele ameaçou fazer..."

"Chris, vamos apenas nos sentar e conversar sobre isso."

"O que há para se falar?" ele perguntou. Novamente, houve uma mudança de humor que saiu do nada. Ele estava gritando novamente. Ele deu um passo em direção a ela, reduzindo a distância entre eles a menos de três metros. "Você acha que eu o matei. É por isso que você está aqui, não é?"

"Chris, você não pode-"

Ele gritou tão repentinamente que a mão de Mackenzie recuou para baixo e para direita, pronta para pegar a sua Glock. Ela hesitou, contudo, um pouco envergonhada pela sua reação. E talvez, no fim, foi essa hesitação que fez Chris pensar que ele tivesse algum tipo de abertura.

Ele avançou contra ela, abaixando sua cabeça e encolhendo os ombros como se ele fosse um linebacker. Era uma posição desajeitada e ele estava sendo movido por alguma raiva estranha e quase de fuga que ela vira no rosto dele. Devido a isso, ela facilmente bloqueou o ataque. Ao fazê-lo, ela travou a cabeça dele frouxamente com sua mão direita, agarrou seu braço com sua esquerda e o jogou em um arremesso improvisado. Ele caiu metade dentro e metade fora do sofá, eventualmente caindo ao chão.

Antes que ele sequer tivesse tempo para perceber o que aconteceu, Mackenzie estava puxando seus braços atrás das costas e travando algemas nele. Ele gritou com ela novamente, um som de pura fúria que parecia dissolver enquanto seus ombros e pernas se debatendo começaram a desistir da luta. Ele parecia fora de si de novo; ela percebeu que outra dessas mudanças de expressão estava acontecendo em seu rosto enquanto ela o erguia de pé.

"Eu não o matei," disse Chris, agora chorando.

Mackenzie o rodou e o olhou nos olhos, não fazendo esforços em esconder sua frustração. "Mesmo que você não o tenha feito," ela disse, "você acaba de atacar um agente do FBI. Então, de qualquer fora, você está a caminho de uma sala de interrogatório."

"Mas eu não-não sei-"

Ela podia ver no rosto dele que ele estava claramente confuso. Seus olhos estavam abertos e vagantes, alternando entre medo, pânico e confusão.

Sim, ela pensou. Deve haver algum tipo de condição mental acontecendo aqui. Talvez o trauma do abuso nas mãos de Woodall.

Seja qual for o caso, ela ainda tinha que fazer seu trabalho. Então, ela o levou de volta pela porta e para o carro onde ela o guiou para o assento traseiro. Pelo tempo que ela se colocou atrás do volante, Chris Marsh era uma bagunça de soluções no banco de trás.

Ele não fez tentativa de conversas quando ela saia da pequena garagem para a rua. Mas nas poucas ocasiões que ela olhou no retrovisor, ela pegou aquele mesmo olhar vago nos olhos dele-o olhar desesperado de alguém que estava perdido e somente agora estava descobrindo isso.


CAPÍTULO ONZE

 

Por volta das dez horas, Mackenzie havia se permitido dois copos de café. Ele os tomou enquanto trabalhava com Harrison e Yardley para reunir uma descrição completa da vida e ocorrências de Chris Marsh. E não levou muito para as suposições de Mackenzie se provarem corretas.

Desde cedo na infância, Chris Marsh havia sofrido de uma sevara desordem de apego, da qual ele nunca se recuperou completamente até os doze anos de idade. Uma vez que os pais havia sido contatados e comunicados que o filho deles estava sendo mantido atualmente pelo FBI sob suspeita de envolvimento em um caso de assassinato, a mão foi de grande ajuda em cobrir as partes que faltavam. Chris também fora diagnosticado com autismo em tenra idade, mas muito baixo no espectro. Quando ele tinha oito anos, o diagnóstico não tinha mais qualquer influência.

Mackenzie e Yardley discutiram isso enquanto Harrison fazia ligações para os grupos de liderança da Pedra Angular Presbiteriana e do Sagrado Coração para ver se poderia encontrar alguma conexão entre essas igrejas e Chris Marsh. Quanto mais Mackenzie conhecia Yardley, mais ela gostava dela. Ela era uma agente afiada, mas talvez um pouco ingênua. Ainda assim, era evidente que ela não tinha problemas em atuar como segundo violino, conquanto ela estivesse aprendendo algo no processo.

"OK, então o que os registros médicos dizem?" perguntou Mackenzie enquanto eles se sentavam em uma mesa ao lado da sala de interrogatório.

Yardley folheou algumas páginas em frente a ela e balançou a cabeça. "Ele não tem visto qualquer médico por mais de dois anos. A última visita foi por causa de uma garganta infeccionada. O último registro de avaliação psiquiátrica de qualquer tipo é de quando ele tinha treze anos e os resultados parecem estar em ordem, pelo que eu posso observar. Estamos com um especialista verificando nesse momento."

"Mesmo se for simplesmente alguns breves pontos de atenção no seu histórico psiquiátrico, não há como dizer o que o abuso de Woodall trouxe de volta a ele," Mackenzie pensou. "Especialmente se ele sofria de um transtorno de apego quando bem criança."

Ela continuava pensando naquelas mudanças de humor, contudo. Alguma coisa estava certamente perturbada dentro do jovem rapaz. Ir de cansado e acomodado para irado e defensivo em menos de dez minutos... isso foi bem espetacular.

"Obrigada por toda a sua ajuda," disse Mackenzie. "Você pode tentar apressar a avaliação dos registros médicos? E encostar a perícia na parede, você poderia? Ainda estou esperando os resultados dos pregos encontrados nas primeiras cenas."

Yardley assentiu, ansiosa para ajudar. Mackenzie deixou a mesa e se foi em direção a sala de interrogatório. Havia um só agente de guarda. Quando ele viu Mackenzie indo em direção a ele, ele assentiu para ele e tirou um molho de chaves do bolso. Ele destrancou a porta para a sala de interrogação e a deixou entrar. Quando a porta fechou silenciosamente atrás dela, ela observou que Chris Marsh aparentava estar em estado dócil.

Era a primeira vez que ela colocava os olhos nele desde que ela estacionou a garagem com ele preso. De lá, ele foi escoltado para o prédio por três outros agentes, enquanto Mackenzie tirava alguns minutos para atualizar McGrath. Ela não viu vislumbre daquela fúria nos olhos dele, mas não significava qualquer coisa para ela-também não estava lá quando ele atendeu a porta pela primeira vez na casa dos seus pais.

"Você acha que podemos ter uma conversa agora, Sr. Marsh?" ela perguntou.

Chris assentiu. "Sim. Escuta... eu sinto muito mesmo sobre mais cedo. Eu fiquei apavorado e nervoso se eu só... eu não sei. Eu estourei."

"Isso acontece frequentemente?"

"Não. Eu fico nervoso facilmente, mas nunca daquela maneira. Mas no mês passa ou por aí, eu venho me sentindo essa bola gigante de raiva e frustação reprimidas, esperando ser atirada. E, bem, você foi a primeira pessoa a me contar sobre o Pastor Woodall. Eu o odeio... de verdade. Mas, ao mesmo tempo, ele foi parte da minha vida. Sem ele, eu não acho que eu poderia ter admitido para mim mesmo."

"Admitido o quê?"

"Que eu sou gay. Eu acho que talvez eu sempre soubesse. Foi como eu comecei a me encontrar com ele. Pedindo a ele para me contar sobre isso. E depois de alguns meses... bem, nós começamos as coisas."

"Ele era abusivo o tempo todo?" perguntou Mackenzie.

"Não, de forma alguma. Mas eu acho que com o tempo... talvez alguns meses, ele começou a perceber o que ele estava fazendo e o que isso poderia custar a ele. Ele me contou sobre isso e eu sugeri que nós terminássemos. Ele era muito mais velho e eu sabia os riscos que ele estava tomando. Mas quando eu comecei a falar sobre isso seriamente, aí foi quando ele começou a ficar violento."

Mackenzie digeriu isso, absorvendo tudo enquanto observava o rosto dele. O que quer que tenha o feito atacá-la algumas horas atrás havia sumido. Alguma coisa dentro dele se quebrou naquele momento e agora ela se encontrava olhando para um jovem rapaz interrompido.

Ela estava satisfeita que o caso e o abuso em si tivessem pouca relevância para o caso. A ideia disso a acanhava, a fazia ver o falecido recente como um monstro. Então, ela deu seu melhor para colocar isso de lado sem fazer Chris se sentir como se seu trauma não estivesse sendo menosprezado.

"Chris... alguém mais além de Eric Crouse sabe sobre o caso?"

"Não. Digo... para quem eu iria dizer? Tenho vergonha disso. Não a parte gay... embora meus pais ainda não saibam. Mas do caso. Digo... ele tinha uma esposa. Ele tinha três filhos, um dos quais tem quase a minha idade."

"Você está certo disso? Você não acha que o Pastor Woodall possa ter contado a alguém?"

"Duvido muito disso. Ele tinha tudo a perder. Ele não tinha qualquer motivo para ir a público. Para ninguém. Mas eu não posso saber com certeza."

É um ponto extremamente válido, ela pensou.

"Chris, você já frequentou os cultos da Igreja Católica Sagrado Coração ou da Pedra Angular Presbiteriana?"

"Não. Minha família sempre foi na Palavra Viva. Meus pais são bem inflexíveis sobre isso. Eles gostavam de lá, porque não tinha denominação. Minha mãe foi criada católica e arrepende-se de cada minuto disso."

"E agora, deixe me voltar para onde eu estava tentando levar a conversa mais cedo," disse Mackenzie. "Tudo retorna para você sendo o único nome que nós conseguimos que teria uma desavença viável contra o Pastor Woodall. Eu preciso saber onde você esteve por toda a noite passada. Você tem provas de onde você esteve?"

"Meus pais," ele disse. "Eu não deixei a casa na noite passada. E pela maior parte da noite, eu estava online, procurando por empregos. Enviei alguns e-mails e preenchi alguns formulários. Um deles foi bem perto da meia noite, eu acho. Fique a vontade para verificar meu computador por todas essas provas."

Ela assentiu, não querendo contar a ele que, provavelmente, já havia alguém olhando pelos conteúdos do seu computador nesse momento.

"Obrigada," disse Mackenzie. "Eu acho que isso é tudo por hora, Chris."

Ela se levantou para sair, mas ele a parou rapidamente. "Agente White? Posso lhe perguntar algo?"

"Claro."

Chris pareceu escolher suas palavras com muito cuidado antes de falar. Ele nem poderia encontrar os olhos dela enquanto fazia a pergunta, encarando suas mãos que estavam apertadas em seu colo.

"Se ele fez essas coisas comigo-sexo e abuso, eu digo-você acha que eu sou o único? Se há outros caras lá fora que ele perturbou, eu odeio pensar no que eles possam estar sentindo. Sabe? Houve momentos que eu só queria me matar."

Um homem da idade de Woodall, com uma grande congregação, que ameaçou e abusou de um garoto por medo de ter um caso homossexual exposto, pensou Mackenzie. Esse é um ponto muito bom. As chances de Chris ser o primeiro são de pequenas a nulas.

"Eu não sei," disse Mackenzie. "Mas essa é uma das coisas que eu preciso olhar para ter certeza."

Ao deixar a sala de interrogatório, alguma coisa que Chris disse de passagem veio a ela. Era quase um comentário vazio, um que a maioria das pessoas teria apenas passado por cima. Mas quando ela saiu da sala de interrogatório, pareceu bem importante agora. Ela o havia perguntado se ele já frequentou a Sagrado Coração ou a Pedra Angular Presbiteriana.

Não, ele disse. E então, ele continuou dizendo: Meus pais eram muito inflexíveis sobre isso. Eles gostavam de lá, porque não tinha denominação. Minha mãe foi criada como católica e arrepende-se de cada minuto disso.

Tem que haver uma ligação entre os três homens que foram mortos. Em algum lugar, tem que haver algum tipo de conexão. Ela já ouviu falar de antigos católicos ou pessoas transicionando de Batista para Luterana e por aí vai. Ela também sabia que pode ser um choque de cultura para alguém de criação presbiteriana começar a atender a igreja Católica.

Mas acontece, tenho certeza, ela pensou. E, embora possa levar uma eternidade para tentar encontrar uma pessoa que frequenta a Palavra Viva que também ia a Sagrado Coração ou a Pedra Angular, pode não ser tão difícil encontrar alguém que trabalho lá que possa dar uma visão de dentro.

Ela sabia onde ela precisava ir em seguida. E mesmo que ela sentisse que a manhã estivesse em algum tipo de volta infinita, ela continuou. Ela se despediu de Yardley e se apressou para o estacionamento, se dirigindo para fazer outra visita a Eric Crouse.


CAPÍTULO DOZE

 

Compreensivelmente, a esposa de Eric Crouse não estava feliz em ver Mackenzie novamente. Afinal, da última vez que Mackenzie a visitou seu marido havia sido reduzido a um monte de soluços. Ela nem se importou em dizer qualquer coisa para Mackenzie quando atendeu a porta. Ela simplesmente saiu depois de dar uma carranca para Mackenzie, deixando a porta aberta para trás. Não sendo formalmente convidada a entrar, Mackenzie permaneceu ali no portal da porta.

Alguns momentos depois, Eric veio até porta. Ele parecia muito melhor do que mais cedo nessa manhã; ele estava mais composto e parecia ter tido uma boa parcela de lamúria nas horas passadas.

"Agente White," ele disse saindo para o alpendre e fechando a porta atrás de si. Aparentemente, ela não seria convidada a entrar dessa vez.

"Desculpe-me por incomodar lhe novamente, mas ao falar com Chris Marsh, um pensamento me ocorreu. E eu estou esperando que você talvez possa me apontar na direção correta."

"Certamente eu posso tentar," ele disse. "Como vai Chris, por falar nisso?"

Ele elegeu não dizê-lo a respeito de como Chris havia tentado atacá-la, possivelmente lidando com algum tipo de problema mental não resolvido do estresse e trauma dos seus últimos meses. Pelo contrário, ela acordou uma meia verdade. "Ele vai vem," ela disse. "Obviamente, ele está lidando com muita coisa, mas ele foi capaz de ajudar tão bem quanto podia. Mas me ocorreu que minha melhor aposta para tentar encontrar algum tipo de pista sólida vai ser encontrar uma conexão entre as igrejas ou entre os próprios líderes. Você sendo um ex-presbítero na Palavra Viva, pensei que talvez pudesse ajudar a respeito."

Com os braços cruzados, Eric assentiu. "Bem, algumas coisas vêm a minha mente. Primeiro, há eventos ou conferências aqui em DC regularmente. Elas também acontecem na no norte da Virgínia e partes de Maryland. É desses eventos onde oradores se reúnem para dar palestras sobre liderança e meio que afiar a palavra de Deus. Eu sei de fato que o Pastor Woodall e o Padre Costas participaram de alguma dessas juntos. Eles não eram amigos ou algo do tipo, mas eles era civilizados quando próximos. Houve discussões teológicas entre eles, mas sempre foram muito respeitosos."

"E o Reverendo Tuttle?" perguntou Mackenzie.

Eric deu de ombros. "Eu não o conheço bem. E correndo o risco de soar como um homem ranhoso e mimado, você tem que se lembrar que a Pedra Angular Presbiteriana é relativamente pequena. Reverendo Tuttle normalmente não estava em circuitos como esses-conferências e coisas dessa natureza."

"Você disse que algumas coisas vêm a sua mente," disse Mackenzie. "Quais são as outras?"

"Bem, eu estou apenas pensando sobre um homem que costumava servir na Palavra Viva. Ele ainda pode estar frequentando lá... eu honestamente não sei. Ele servia no Centro de Recepção e ajudava com os ministérios das crianças. Eu não me lembro do seu último nome, mas o primeiro é Greg. Ele está vindo a minha mente, porque eu sei de fato que ele veio para a Palavra Viva após deixar a Pedra Angular Presbiteriana. Eu conversei de passagem com ele algumas vezes nas manhãs de Domingo. Parte da história dele é como as pessoas na Pedra Angular descobriram sobre o passado dele e meio que viraram as costas para ele. Eles nunca realmente o pediram para se retirar, mas estava claro para ele que era o que eles queriam."

"Que tipo de passado?"

"Não estou certo. Ele era um pouco vago sobre isso. Novamente, foram apenas rápidas discussões de passagem na loucura das manhãs de Domingo em uma igreja bastante grande."

"Quando você diz que ele serviu, o que você quer dizer?"

"Bem, ele não era um empregado da igreja ou algo do tipo. Na Palavra Viva, há ministérios praticamente para tudo. E pessoas dentro da igreja se voluntariam para ajudar nesses ministérios. Greg era um deles."

"E mesmo com um passado que ele mesmo admitia ser nebuloso, ele era apto para servir?"

"Sim. Na Palavra Viva eles são bem sinceros sobre não julgar as pessoas baseando-se no passado delas-apenas nas pessoas que elas podem ser no futuro com a ajuda e o amor de Cristo. Contudo, para o ministério das crianças, ele teria que passar por uma verificação de antecedentes. Então, se isso saiu limpo, elimina um monte de atividades criminosas no seu passado."

"E havia algum desacordo entre ele e o Pastor Woodall?"

"Na verdade não," disse Eric. "Eu me lembro de uma vez depois de um sermão sobre perdão e reconciliação que Greg me puxou para o lado depois do culto e fez perguntas sobre a mensagem. Algumas coisas que o Pastor Woodall disse haviam afetado Greg da forma errada. Mas eu não acho que havia alguma coisa de mal nisso. Apenas... algumas vezes a palavra de Deus pode nos cortar, sabe? Mas, novamente eu repito, eu não conhecia o cara muito bem. Mas eu sei que ele tem uma conexão sólida com a Pedra Angular Presbiteriana e ele me contou que ele saiu de lá porque ele sentia que estava sendo julgado pelo seu passado."

"E você não se lembra do nome completo dele?"

"Não, sinto muito," ele disse, tirando seu celular do bolso da calça. "Mas se você me der um segundo, provavelmente posso conseguir para você."

Ele começou a digitar uma mensagem de texto e, enquanto ele o fazia, Mackenzie tirou um momento para tentar encaixar as peças que Eric acabou de lhe dar no quebra cabeças bagunçado que ela havia espalhado na cabeça. Seria a primeira conexão verificável entre uma pessoa que tinha história com ambas a Palavra Viva e a Pedra Angular. Se, por alguma estranha coincidência, essa pessoa também fosse familiar com a Sagrado Coração, poderia haver ouro aí.

Essas chances eram baixas, porém, ela disse a si mesma. E um cara com um passado marcado que fez uma troca de igrejas porque as mensagens e atitudes estavam deixando-o desconfortável não era tão incomum. Isso certamente não faz dele um suspeito. Mas isso faz dele um recurso em potencial para saber como as duas igrejas podem estar possivelmente ligadas.

O som de Eric recebendo uma mensagem de texto quebrou a sua concentração.

"Cara, as pessoas estão uma pilha essa manhã," disse Eric. "Acho que as tensões estão altas pelo que aconteceu com o Pastor Woodall. De qualquer maneira, eu contatei um cara que é um dos líderes do ministério das crianças. Ele disse que o nome do cara é Greg Yoder. E ele não frequenta mais a Palavra Viva."

"Greg Yoder," disse Mackenzie, dedicando memória para isso antes que ela o digitasse em uma mensagem de texto requisitando mais informações da sede. "Muito obrigada, Sr. Crouse."

Ela se apressou de volta para seu carro, lembrando-se novamente do quão acostumada ela havia ficado em ter Ellington ao lado dela. Sem ele lá para soltar as piadinhas espertas ou comentários de flerte, a manhã parecia estar se movendo devagar.

Quando ela enviou a solicitação para as informações de contato de Greg Yoder, eram apenas 11:40. Mas o dia já parecia ter se esticado para sempre-e também que não tinha intenção em acelerar em breve.

Isso mudou levemente, contudo, quando ela recebeu uma ligação de Harrison cinco minutos depois.

"Mac, eu acho que podemos ter algo aí," ele disse. "Acontece que Greg Yoder tem uma história que é extremamente relevante para seu caso. Quando criança, ele comparecia à Sagrado Coração. Mais que isso, ele foi um dos adolescentes que foi a frente com alegações de abuso."

"Na Sagrado Coração? Tem certeza?"

"Estou olhando para os relatórios da polícia bem aqui no meu notebook," ele disse. "O caso foi largado posteriormente sem qualquer motivo real estabelecido, mas sim... Greg Yoder acusou um padre na Sagrado Coração de assédio sexual quanto tinha dezesseis anos."

"Acho que você está certo, Harrison. Nós podemos ter alguma coisa afinal. Yoder também tem ligações com ambas Pedra Angular e Palavra Viva."

"Você precisa que eu ou Yardley encontre com você?"

"Não, acho que estou bem. Um homem com uma história de abuso de alguém que ele tinha como autoritário-ele não vai aceitar ser pressionado tranquilamente. Você se importa em me enviar o endereço?"

"Absolutamente. Boa sorte."

Com isso, ela terminou a ligação e esperou pela mensagem de Harrison. Ela sentiu uma ansiedade familiar rastejando por ela enquanto ela esperava.

Talvez o dia de hoje comece a acelerar afinal.


CAPÍTULO TREZE

 

A manhã havia crepitado até o ponto onde a maioria das pessoas da cidade estava, no trabalho. Isso incluía Greg Yoder, que trabalhava como gerente em um agência do FedEx no centro. Mackenzie encostou o carro em frente ao edifício, situado no centro de um pequeno shopping e conferiu a informação que Harrison a enviou mais uma vez. Yoder tinha vinte e sete anos e atualmente matriculado em uma faculdade comunitária local. Não tinha registros criminais, seu nome só aparece nos relatórios da polícia pelo escândalo de abuso sexual abafado de onze anos atrás.

Quando Mackenzie entrou no FedEx, havia várias pessoas por lá, algumas em frente ao balcão enquanto outras olhavam ao redor para os envelopes e artigos de papelaria. Correria do almoço, Mackenzie assumiu enquanto caminhava para frente em direção ao balcão.

Quando chegou lá, viu três empregados atrás. Um deles estava trabalhando em um projeto em uma grande impressora à direita. Ele um homem alto e de aparência jovem. Quando ele virou ligeiramente na direção de Mackenzie, ela pode ler seu crachá: Greg.

Mackenzie se aproximou do balcão, recebendo olhares irritados daqueles esperando na fila. A jovem moça atrás do balcão lhe encarou de maneira similar, olhando para Mackenzie e então para o fim da fila.

"Sim, eu sei," disse Mackenzie. "Mas eu estou aqui para falar com o gerente."

"Ele está ocupado no momento," disse a garota.

"Eu posso ver isso," disse Mackenzie, indicando para Greg com a cabeça, ainda na impressora. "Mas eu lhe asseguro que isso é urgente."

Ela estava fazendo tudo que podia para não tirar o distintivo e fazer uma cena. Mas se tivesse que fazê-lo, ela o faria. Felizmente, alguma coisa em seu olhar deve ter inquietado a jovem moça atrás do balcão, porque ela deixou o lugar na registradora e foi lá trás até a impressora. Lá, ela sussurrou alguma coisa no ouvido de Greg. Greg olhou em direção a Mackenzie, deu um olhar confuso e então deixou a impressora.

"Posso ajudá-la?" ele perguntou rapidamente enquanto se aproximava do balcão.

Mackenzie esperou pela garota tomar seu lugar na registradora de volta antes de responder, "Eu sou a Agente White do FBI e eu preciso falar com você."

Greg deu um olhar que indicava que ele claramente não acreditava nela. Mackenzie se inclinou para mais perto dele e olhou-o nos olhos. "Eu posso tirar meu distintivo para mostrá-lo, mas eu presumi que você não gostaria que seu colegas de trabalho e clientes vissem. Você que manda."

"Há um escritório nos fundos," ele disse bem rapidamente.

"Obrigada. Eu não vou usar muito do seu tempo."

Greg estava claramente ameaçado quando caminhou até a garota no caixa. "Eu sei que está cheio," ele disse, "mas eu preciso que você me cubra por alguns minutos."

Mais irritada que nunca, a garota assentiu. Greg abriu uma porta da altura da cintura no balcão para permitir a passagem de Mackenzie. Ele a levou por uma fileira de copiadoras e impressoras para um pequeno corredor escondido do resto da loja. O escritório para o qual ele a levou era, de fato, pequeno e cheirava como se alguém tivesse esquentado o almoço no micro-ondas.

Mackenzie fechou a porta ao passar. Havia uma única mesa e apenas uma cadeira que nenhum dos dois usou.

"Você parece nervoso, Greg," ela disse.

"Eu meio que estava esperando alguém vir falar comigo. Mas eu imaginei apenas a polícia. Não o FBI."

"Por que a polícia viria falar com você?"

"Bem, o Padre Costas foi assassinado, certo? Da última vez que eu verifiquei, o assassino ainda não foi encontrado. Eu percebi que com minha queixa aberta contra ele quando adolescente, eu eventualmente seria tirado para questionamento."

"Como você se sentiu quando soube que ele estava morto?"

"Honestamente... meu primeiro pensamento foi que o carma é uma vadia. Se você quer saber se eu fiquei triste sobre isso, eu não vou mentir. Aquele velho miserável recebeu o que ele merecia. Eu sei que soa duro e muito não-cristão, mas..."

"Você tem algum álibi para a noite que ele foi morto?"

"Eu passo a maioria das noites no apartamento da minha namorada," ele disse. "Ela pode atestar por mim. Se não estou lá, estou na biblioteca."

"Você está indo à faculdade comunitária, certo?"

"Sim. Iniciando tardiamente, eu acho. Mas depois de eu ter feito todas aquelas alegações contra o Padre Costas, minha meio que foi por morro abaixo. Aquela maldita história levou minha vida toda. Eu apliquei para universidades e tinha ótimas notas. Mas ninguém me aceitaria. A história sobre minhas alegações nunca chegou aos noticiários nacionais ou nada, mas eu acho que ficou ao redor o suficiente para estragar minha vida por alguns anos."

"Diga-me, Greg... você ouviu falar sobre algum outro assassinato nos últimos dias?"

Ele balançou a cabeça. "Eu realmente não vejo noticiários. Eu só descobri sobre Costas com minha mãe me ligando para contar."

"Bem, houve mais dois e foram ambos os líderes de igrejas. Igrejas que eu acredito que você tenha frequentado e tido algum tipo de problema."

"O quê?" perguntou Greg genuinamente chocado. As palavras saíram um pouco mais que uma rajada de ar.

"O Reverendo Tuttle da Pedra Angular Presbiteriana e, logo na noite passada, o Pastor Robert Woodall da Palavra Viva."

"Oh, meu Deus," disse Greg, uma mão tremente subindo até sua boca.

"Você compareceu à essas igrejas, correto? Eu sei de boas fontes que você até mesmo serviu em uma equipe de boas vindas e ocasionalmente no ministério das crianças na Palavra Viva."

"Correto," disse Greg. "Eu... hum, eu deixei a Pedra Angular, porque eles eram muito presos no meu passado. Eles aparentemente não acreditavam que alguém possa escapar do passado. A congregação ali... eles simplesmente não queria qualquer coisa comigo. Então eu saí e comecei a frequentar a Palavra Viva."

"Mas você teve problemas lá também, certo?" perguntou Mackenzie.

"Não, nada como o que eu passei na Pedra Angular. Eu estava apenas... eu não sei. As mensagens eram um pouco liberais demais para mim. Não me levou tempo algum para descobrir que eles estavam muito receptivos comigo e com o meu passado, mas havia outras coisas que eles acreditavam que eu tive problemas. A mensagem às vezes me deixava muito desconfortável."

"Alguma vez você já teve conversa direta com o Pastor Woodall?"

"Uma vez. Eu fui até ele depois do culto e pedi-lhe para falar com mais detalhes sobre a graça que Deus estende a todos nós."

"Isso levou a uma discussão?"

"De forma alguma."

Mackenzie ponderou suas opções. Ela iria, claramente, verificar os álibis dele para as noites e manhãs dos assassinados. Mas suas entranhas já a diziam que Greg Yoder não era um assassino. Ele era apenas um homem sem sorte que era perseguido por um passado do qual ele nunca iria escapar.

"Deixe-me perguntar uma última coisa," disse Mackenzie. "Todos aqueles anos atrás, quando as coisas com o Padre Costas decorreram... foi uma coisa mutual?"

Greg olhou para ele como se ela acabasse de ter lhe dado um tapa. Mas quando ele não viu julgamento no rosto dela, ele suspirou e limpou uma lágrima dispersa.

"Na primeira vez que ele tentou alguma coisa, foi mutual. Ele era muito cortês e eu estava naquela idade na qual eu era apenas curioso, sabe? Mas depois de alguns segundos... eu disse que não. Mas ele não gostou disso. Ninguém nunca havia lhe dito não, aparentemente. Eu me recordo de ele até dizer uma vez, 'Você quer saber o que acontece com garotos que me dizem não?' Estava distorcido."

"E quantas vezes ele abusou de você?"

"Duas. A primeira vez foi breve, porque eu corri de lá. Mas a segunda vez... eu percebi que estava tudo bem. Só acabe com isso, sabe? Mas então, eu encontrei outra criança que estava passando pela mesma coisa e... bem, nós decidimos ir a público. Se isso aconteceu conosco, com certeza estava acontecendo com outros, sabe?"

Mackenzie assentiu. Ela estava sentindo outra pista escapar, mas ao mesmo tempo, outras avenidas nesse caso estavam começando a se abrir.

Alegação de abuso pelo Costas na Sagrado Coração. Alegação de abuso pelo Woodall na Palavra Viva. Isso significa motivo para alguém e muito mais que uma conexão básica.

"Eu aprecio o seu tempo, Greg," ela disse.

"Claro. E com Woodall e Tuttle... eles foram mortos da mesma maneira?"

"Sim, foram. Então, se você pensar em alguém que possa ter sido capaz de executar tal ato ou mesmo que teria alguma razão para isso, por favor, me comunique. Especialmente alguém que você saiba que possa ter sido abusado por esses homens. E sobre o outro jovem rapaz que se apresentou com você?"

Greg franziu o cenho. "A família dele se mudou para a Flórida depois que tudo se sucedeu. Eu recebi uma ligação da irmã dele cerca de um ano depois. Ele se enforcou no quarto."

Mackenzie estava quase esperando tal notícia, mas ainda a chocou. Ela também deu seu melhor para enxergar isso como mais que uma oportunidade perdida para outra pista, mas como uma trágica perda de uma vida humana nas mãos de abuso deplorável.

Ela entregou um de seus cartões de visita para Greg e abriu a porta do escritório. "Obrigado novamente pelo seu tempo. E, por favor, me informa se você pensar em alguém mais que possa ser capaz de ajudar."

Greg apenas assentiu enquanto colocava o cartão dela no bolso. Ao deixá-lo no escritório, ocorreu a Mackenzie que com cada pessoa que ela interrogou sobre o caso, ela estava arrancando cascas de ferida que haviam levado tempo para se formar. E, embora ela percebesse que questionar essas pessoas era essencial para desvendar o caso, não a fazia se sentir melhor.

Também a deixava determinada a pegar esse desgraçado o quanto antes, para que ela pudesse parar de fazer as pessoas sofrerem ao dragar passados que eles estavam tentando esquecer.

Com isso, ela percebeu que precisava começar do início. Ela pensou no Padre Costas e na fachada ornamentada da Sagrado Coração.

Abuso de onze anos atrás e ele ainda era uma figura proeminente dentro da igreja, ela pensou. Pelo que eu posso deduzir, isso significar que há uma cobertura em algum lugar.

E essa era uma cicatriz que ela não se importava nem um pouco em revelar.


CAPÍTULO QUATORZE

 

Era muito mais difícil marcar uma reunião no escritório do cardeal do que Mackenzie pensou. No fim, ela teve que usar a influência do FBI. Ela sabia que fazendo assim, não havia como que eles a negassem-especialmente com o assassinato de Costas ainda na primeira página da mente do público. Ela sabia que era pedir pela lua conseguir uma reunião com o cardeal tão de última hora, mas ela conseguiu arrumar um caminho até um encontro à tarde com um dos bispos auxiliares.

Eu uma virada bem irônica do destino, o bispo auxiliar com o qual ela se encontraria, um homem com o nome de Barry Whitter, estava agendado para proferir algumas palavras de encorajamento e adoração em face da morte do Padre Costas na Sagrado Coração naquela tarde. Sua secretária deu quinze minutos do seu tempo para Mackenzie, antes que ele se encontrasse com um padre interino na igreja.

Pareceu estranho para Mackenzie subir as escadas para a Sagrado Coração. Quando ela abriu as portas e entrou, ela sentiu que entrava em um tumba. O lugar estava silencioso e um sentimento de luto quase preenchia o ar.

Ela caminhou até o santuário, pelo corredor entre as fileiras de bancos maravilhosos. Em frente ao santuário, o Bispo Auxiliar Whitter estava sentado no primeiro banco, como haviam agendado. Ele se pôs de pé para saudá-la e Mackenzie pode dizer logo de cara que o sorriso em seu rosto era extremamente falso. Cada passo e movimento pareciam fazer um barulho massivo na ampla, quiete e belamente decorada igreja.

Ele não tem certeza sobre as minhas intenções, ela pensou. Era uma expressão que ela havia visto centenas de vezes. Mas para um homem da sua estatura e com os seus horários, ele provavelmente se sentiu um pouco desrespeitado. Dadas as duas histórias de abuso nas mãos da igreja que ela ouvira hoje, Mackenzie realmente não se importava.

Ainda, ela tinha um papel para atuar se quisesse a cooperação de Whitter. Ele retribuiu o sorriso falso e estendeu a mão para um aperto. "Muito obrigada pelo seu tempo," ela disse tomando um lugar no banco. "Eu sei que você é ocupado, então vou fazer isso rapidamente."

"Se eu puder ajudar quem está matando esses homens de Deus, eu considero meu tempo bem gasto," disse Whitter.

"Bem, encontrar ligações entre todos os três líderes vem sendo ardiloso," ela disse. "Eu consegui encontrar algumas conexões que deram em nada. Mas a última pessoa com a qual conversei tinha uma história com todas as três igrejas. Infelizmente, ela também não foi capaz de iluminar um suspeito. Mas trouxe uma questão interessante-algo que eu acredito que possa ser capaz de revelar um motivo ou mesmo rastros para achar o assassino."

"E qual é a questão?" perguntou Whitter.

"É uma questão a qual chegou enquanto conversava com um rapaz de vinte e sete anos chamado Greg Yoder," ela disse. "Esse nome lhe diz algo?"

O olhar em sua face disse a ela que o nove absolutamente significava algo para ele. Whitter parecia que havia acaba de farejar algo particularmente estragado.

"Eu não vejo o que esse jovem rapaz tem a ver com isso," cuspiu Whitter. "A não ser que ele seja um suspeito dos assassinatos."

"Longe disso," ela disse. "A questão que eu tinha para você é como padres com uma má reputação são permitidos a assumir tal posição de autoridade. Isso é... após as alegações de Yoder onze anos atrás, como o Costas permaneceu em tal posição?"

"Por as alegações são apenas isso. Alegações!"

"Sim, senhor... eu entendo isso. Mas com todo o respeito, tais alegações não são exatamente raras na Igreja Católica. Também eu sei que o caso foi largado no tribunal e eu vou assumir que havia algum dinheiro ou influência de algum tipo passando por portas fechadas."

"Agente White, se é por isso que você me chamou aqui-para repreender e insultar a minha fé-"

"Longe disso, senhor. Eu não tenho a intenção de desrespeitar ou insultar. Eu estou literalmente apenas mostrando os fatos. Fatos que eu espero que você possa esclarecer. Minha esperança é que ao chegar no fundo das queixas de abuso, eu serei capaz de estabelecer uma abordagem mais direta para encontrar o assassino."

"Então, deixe-me ter certeza de que eu a entendi corretamente," disse Whitter. "Você está perguntando se houve algum tipo de encobrimento? Que talvez o Padre Costas cometeu aqueles atos hediondos e que a Igreja está, de alguma forma, acobertando isso para salvar sua reputação?"

"Exatamente correto," ela disse.

"Então, com todo o respeito, eu vou pedi-la para se retirar. Evidente, não é a minha igreja, mas eu acredito que eu mantenho mais influência aqui do que você."

"Bispo Whitter, certamente você pode ver que me mandar embora de tal maneira só faz a situação parecer pior."

Ele se levantou, insinuando que queria que ela fizesse o mesmo. Ele aparentava estar com dor enquanto escolhia suas próximas palavras com cuidado. "E, certamente, você pode ver que quaisquer tentativas em fazer a Igreja ou sua congregação parecerem ruins afetariam a sua carreira. Nós conhecemos políticos muito bem. Provavelmente alguns dos seus superiores também."

"Isso soa como uma ameaça superficial," disse Mackenzie.

"Chame como você quiser."

"Acabei de fazê-lo. Foi uma ameaça. Que mostra que você está sendo defensivo. A questão, claramente, é por quê?"

"Você pode montar o quadro da maneira que desejar," disse Whitter. "Mas ao comprar as alegações de dois garotos adolescentes feridos, você faz a igreja sair como o cara mau."

Mackenzie sorriu tolamente para ele enquanto ficava de pé. "Bem, uma correção aí, senhor. Há apenas um daqueles garotos restando. O segundo se matou em menos de um ano depois do alegado abuso."

Mackenzie se virou e saiu. Pelo ombro, ela chamou: "Se sua fé finalmente o levar a se abrir sobre esses assuntos e me ajudar na minha investigação, eu espero que você ligue para o FBI logo em seguida."

A sua voz ecoou pela igreja vazia de uma forma que fez a reverberação final soar como um fantasma. Ela esperava muito que fosse um fantasma que assombraria Whitter-possivelmente o assustando para abrir a boca e contar a verdade.


CAPÍTULO QUINZE

 

Mackenzie retornou para casa um pouco mais cedo que de costume. Sem qualquer pistas adicionais e a perícia finalizando as coisas na sede, havia nada que ela pudesse fazer além de mergulhar fundo nos arquivos sobre os assassinatos que haviam acumulado nos últimos dias. Ela tendia a se concentrar melhor em casa, sem estar distraída pela pressa geral dos escritórios e cubículos o trabalho.

Além disso... sua sala de estar-dela e de Ellington-era muito mais condutiva a estudar que seu cubículo encaixotado no trabalho.

Ela estava escaneando pelo telefone enquanto se sentou no sofá e tirou os sapatos com os pés. Ela ficou animada quando viu que um e-mail do departamento de perícia havia chegado, mas então franziu a testa quando viu a breve mensagem no corpo do e-mail: Nada substancial. Desculpe. Mesmo assim, aqui estão as fichas de dados.

Ela gastou os próximos cinco minutos enfiando alguns restos no micro-ondas e ligando o notebook. Ela conectou o notebook na impressora e imprimiu as fichas de dados da perícia. Enquanto os documentos eram impressos e ela começava a comer o jantar, ela vislumbrou ao redor do apartamento, sorrindo com a presença das suas coisas salpicadas aqui e ali. Ela sabia que demoraria um tempo para o lugar realmente parecer deles ao invés dele, mas ela estava animada em fazer isso acontecer.

Com os arquivos da perícia impressor, Mackenzie os acrescentou a sua pilha crescente. Ela comeu ziti requentado e deu um gole em uma cerveja enquanto lia sobre cada assassinato. Ela olhou o material da perícia, esperando encontrar algum indício sobre que tipo de instrumento pesado havia sido usado para pregar as vítimas às portas, mas encontrou nada substancial. A cena de Tuttle realmente expôs fibras de cabelo enganosas que acabaram por ser cabelo da esposa dele, um pedaço avulso que havia, de alguma maneira, se agarrado ao cabelo do próprio Tuttle.

Ela chegou até um pouco mais da metade dos arquivos quando o telefone dela tocou. Ela viu o nome e rosto de Ellington no visor, respondendo logo em seguida.

"Você não deveria estar em um avião nesse momento?" ela perguntou.

"Esse era o plano, sim. Mas houve outra pista. E antes que você se anime demais, o caso parece estar indo mais e mais longe do seu pai. Há algo acontecendo aqui com certeza, mas não sei o que."

"O que está acontecendo?" ela perguntou.

"Parecia somente um andarilho morte à primeira vista," ele disse. "Mas então, outro apareceu, morto da mesma maneira. Quando o terceiro apareceu no período de cinco dias, foi quando McGrath me enviou. Seu amigo Kirk Peterson parece pensar que a instância dos corpos e os tiros na cabeça evidentes sugerem um tipo de assassinato ritualístico que ecoa com a maneira que seu pai e a vítima mais recente com os cartões da Barker Antiguidades foram mortos. Mas até mesmo ele diz que é uma vaga teoria."

"Então, onde isso te coloca?" ela perguntou.

"Eu vou trabalhar com Peterson e com o departamento de polícia local por aqui para rastrear esse último morto. Se não houver nada no fim disso, então eu estarei de volta em casa."

"OK," ela disse. "Tenha cuidado. Enquanto isso, eu vou apenas andar nua pelo apartamento. E dormir completamente sozinha. Nua."

Ele suspirou do outro lado da linha. "Você é má."

"Eu já fui chamada de pior," ela disse. "Vai. Vá trabalhar."

Ela terminou a ligação com um sorriso no rosto. Embora ela ainda se sentisse rejeitada por não ter sido requisitada para ir ao Nebraska, ela sabia que era a decisão que fazia sentido. Esse era o porquê de ser tão fácil para ela voltar a atenção para os arquivos do caso dela.

Ela se viu voltando para o arquivo do Pastor Woodall, principalmente porque era o mais recente. Ela ainda podia ver a cena de manhã cedo na igreja Palavra Viva, os empregados já em luto amontoados atrás da faixa de cena criminal. Ele ainda podia ver Dave Wylerman claramente, o chefe do departamento de música, lutando para conter um surto de emoção sob controle enquanto ela falava com ele.

Ao trazer Wylerman a mente, uma pequena pepita da conversa deles pareceu rolar como uma bola de gude por uma calha e tomar o palco central em seu cérebro.

"Ele acaba de voltar de um retiro há alguns dias... sua pequena fuga, que ele faz duas vezes ao ano. É uma ilhazinha bem calma na costa da Flórida."

Ela considerou isso por um momento e então abriu o Google. Ela tentou uma variedade de termos, procurando por alguma coisa que possa revelar um pouco mais de informação. Depois de apenas alguns minutos, sob os termos de busca pastor retiro ilha Flórida, ela encontrou o que estava procurando.

Ela descobriu que havia uma pequena ilha apenas a três quilômetros ao sul de outra ilha da Flórida, Cayo Costa, que ela nunca ouvira falar antes. Essa ilha foi chamada de Kepper's Cay e pelo que ela podia dizer, era propriedade particular de um padre apostando que agora vivia na África do Sul. A ilha, localizada na costa leste da Flórida, tinha apenas três quilômetros de comprimento e menos de um quilômetro e meio de largura. Continha uma dúzia de bangalôs que eram alugados rotineiramente para líderes religiosos, especificamente para retiros e conferências.

Ainda lendo algumas das informações, Mackenzie pegou o celular. Ela não tinha o número de Dave Wylerman, então ela escolheu enviar uma mensagem para Eric Crouse. Ela enviou uma curta mensagem na qual se lia: Dave Wylerman disse que Woodall acabou de voltar de um pequeno retiro/férias em uma ilha na FL. Pode ter sido Kepper's Cay?

Enquanto esperava pela resposta, navegou pela página de Fale Conosco no pequeno e vago site da Kepper's Cay. Ela salvou o número no celular e enquanto estava digitando-o, recebeu uma resposta do seu texto para Wylerman.

Aham. Duas vezes no ano. Bem certo de que há alguns renomados pastores, padres etc. que vão lá. Espero que ajude!

Acho que pode ter ajudado, pensou Mackenzie.

Ela ligou para o número que acabara de salvar no celular. Como ela esperava, devido ao horário (estava ficando perto de seis da tarde), ninguém respondeu o telefone. Contudo, uma mensagem gravada deu a ela outro número para ligar em caso de emergências. Ela anotou o número rapidamente e ligou imediatamente.

Foi respondido no terceiro toque por um homem com uma voz aguda e animada. "Alô?"

"Sim, eu preciso falar com alguém a respeito da política de obter informações sobre pessoas se hospedando na Kepper's Cay."

"Hum... você está na ilha atualmente?"

"Não."

"Desculpe-me, mas essa é uma linha apenas para emergências e-"

"Meu nome é Mackenzie White e eu sou uma agente especial do FBI," ela disse. "Estou ligando, porque um homem que ficou aí há uma semana foi assassinado na noite passada."

"Oh, meu Deus," disse o homem, a alegria agora havia saído da sua voz. "Nesse caso, com o que posso ajudá-la?"

"Eu gostaria de uma lista dos nomes das pessoas que ficaram aí no último ano," disse Mackenzie. "Isso seria possível?"

"Eu posso fazer acontecer," ele disse, "mas é um pouco rudimentar."

"Eu entendo," ela disse. Ela deu seu número de distintivo ao homem, assim como o nome e informações de contato para McGrath. Quando ela acabou com isso, adicionou: "Fique à vontade para verificar o que quiser, mas o tempo é essencial aqui."

"Bem, pode levar várias horas antes que eu consiga te dar uma lista dessas."

"OK, bem, me diga isso-em que função você trabalha na ilha?"

"Gerente Geral de Operações e Manutenção," ele disse.

"OK. Ao invés de uma lista, e quanto a alguns nomes? Se eu lhe der alguns nomes, você acho que se lembraria deles... se estiveram ou não na Kepper's Cay recentemente?"

"Ah, sim," ele disse. "Eu faço questão de estabelecer relações com todos que ficam aqui."

"Bom. Sobre o Padre Henry Costas, um padre de DC?"

"Sim. O Padre Costas esteve aqui... hum, eu acho que provavelmente há cinco meses. Estou bem certo de que ele ficou por uma semana."

"Mais um, se você não se importa," disse Mackenzie. "E quanto ao Reverendo Ned Tuttle?"

"Sim, de fato," disse o homem. "Ele esteve aqui com algum tipo de grupo de líderes para uma conferência que tivemos em março. Eu me lembro dele claramente, porque ele ajudou alguns dos meus empregados com um problema de encanamento em um dos bangalôs."

Essa é uma pista bem sólida, ela pensou. Todos os três homens estiveram naquela ilha. Por quê? E o que exatamente acontece lá?

"E sobre os padres aposentados que é proprietário da ilha? Você poderia me fornecer o nome dele?"

"É o Padre Mitchell," disse o homem.

"Ele é um homem fácil para se conseguir contatar pelo telefone?" ela perguntou.

"Não. Contudo, seu tempo é perfeito. Atualmente ele está na ilha. Se você precisa falar com ele, eu posso tentar arrumar isso."

"Seria de grande ajuda," disse Mackenzie. "Você talvez pudesse me ligar de volta nesse número quando você ajeitar isso?"

"Claro," disse o homem, embora ele soasse bem incerto-talvez até um pouco nervoso.

Mackenzie terminou a chamada, percorrendo o site da Kepper's Cay. Ela acreditava que era uma pista forte, especialmente se ela fosse capaz de conseguir algum tempo com o homem dono do lugar. Claro, ela teria que conseguir a permissão de McGrath e isso pode ser mais fácil falar do que fazer.

Mesmo assim, ela tinha que tentar. Além disso, o lugar estava praticamente gritando que tinha respostas-que havia pistas e indícios enterrados nas suas areias douradas. Mesmo McGrath não seria capaz de negar tal pista.

Ela ligou para ele e o contou sobre a sua descoberta, incluindo a converso que acabara de ter pelo telefone. Levou menos de dois minutos para convencê-lo e dentro de dez minutos ela estava agendando um voo para Flórida.


CAPÍTULO DEZESSEIS

 

Por apenas um momento, Mackenzie se sentiu como uma criança pequena. Ela estava de pé no fundo de uma balsa, o vento do oceano em seu rosto. Pequenas plumas de água escovavam o lado da balsa, mandando leves brumas em seu rosto. Ela fechou os olhos contra isso, respirando a água salgada e saboreou o ar quente em sua face. Ela inspirou e, por um punhado de segundos, estava em lugar algum.

Não havia caso. Sem pesadelos com o seu pai morto. Sem memórias odiosas do Assassino do Espantalho. Nada.

Então, é claro, ela teve que abrir os olhos. O mundo veio se chocando de volta na realidade ao reder dela enquanto a balsa a empurrava para mais perto de Kepper's Cay. A manhã veio rebocada atrás dela e havia sido uma das longas até agora.

Ela havia felizmente conseguido dormir no avião-um voo direto do JFK até o Aeroporto Internacional de Tampa. Ela chegou logo depois das oito da manhã, fornecendo-lhe tempo suficiente para tomar café da manhã no aeroporto antes de alugar um carro para dirigir um pouco mais longe pela costa.

Por um momento, ela quase se permitiu sentir que estava de férias. Ela nunca teve a oportunidade de viajar muito e, enquanto em Tampa Bay, mesmo sem ver a praia ela podia sentir o oceano no ar. Sabendo que ela teria que pegar uma pequena balsa da costa para Kepper's Cay deixou tudo mais animador.

Ela brincou com a ideia de tirar fotos do oceano e da praia enquanto entrava na balsa. Ele achou que seria um jeito legal de Ellington começar o dia-uma foto da localização atual dela enquanto ele estava dando duro no Nebraska. Mas por hora, ela pensou que manteria para si. Apesar do lugar exótico e da sensação de estar em uma mini férias, ela tinha trabalho a fazer e queria manter toda distração possível longe.

O cenário era distração mais que suficiente, afinal.

E só melhorava com a balsa chegando mais perto da ilha. Havia apenas oito pessoas na bolsa e pelo que ela sabia, ela era a única que desembarcaria na Kepper's Cay. Os outros passageiros estavam indo para outras das pequenas ilhas salpicando o oceano próximo.

Ela observou enquanto o mar se desdobrava diante dela, o sol da manhã batendo divertidamente nas ondas. À frente deles, Kepper's Cay ficou visível. Ela podia ver a ilha inteira e de uma distância de cerca de oitocentos metros, começou a parecer como o esboço de uma ilha de uma daqueles folhetos de férias de alto luxo ou de comerciais que vendiam imagens das Maldivas ou algum lugar como Bora Bora.

Quando ela desceu da balsa para única doca da ilha, o peso do seu trabalho começou a afundar. Embora apreciar a vista era perfeitamente normal, ela sabia que ela teria uma reunião potencialmente grande com um homem que normalmente era difícil de entrar em contato.

Ela buscou no Google por Padre Mitchel mais cedo naquela manhã enquanto esperava no seu portão no Aeroporto JFK. Ele nasceu em um monte de dinheiro, já que seu pai havia trabalhado para uma companhia não revelada que pavimentou o caminho para um ramo da ciência da computação que ficou enorme no início dos anos 1980. Sua mãe também nasceu com dinheiro, então quando ela morreu quando Ronald Mitchel tinha apenas onze anos, uma enorme quantia de dinheiro foi para ele, presa em uma conta de banco até que ele completasse dezoito anos. Mitchel se voltou para Deus após a morte da sua mão, se tornando intensamente envolvido em uma igreja Católica em sua cidade natal, Albany, Nova Iorque. Eventualmente, por volta dos quarenta, ele se tornou um padre. Ele serviu como padre em Nova Iorque por nove anos, então se mudou para Boston, onde ele continuou a servir como padre, mas também ficou altamente envolvido com a comunidade. Ele ganhou quase todo prêmio e honras que um padre pode ganhar, até mesmo uma audiência com o Papa em 2011.

Ele se aposentou em 2014 aos sessenta anos de idade, já que ele foi um dos membros da Igreja Católica que falava veementemente contra todos os escândalos de abuso de crianças. Ele passou a maior parte do seu tempo na África do Sul, onde ele comprou uma casa em 2008 e uma residência privada em Kepper's Cay.

Ele também era conhecidamente discreto, ficando fora dos holofotes quando se tratava de todas as coisas de natureza religiosa. A última vez que seu nome esteve nas notícias foi qual ele contribuiu com uma quantia considerável de dinheiro para a assistência após um furacão quando uma tempestade massiva atingiu a área de Miami alguns anos atrás.

Esse era o porquê de ela estar tão surpresa em vê-lo de pé no fim do píer, esperando por ela. Ele estava vestido com uma camisa polo básica e bermudas cáqui. Os pés dele estavam descalços e ele tinha um tom de pele que indicava que ele passava uma boa parte do tempo no sol. Seu cabelo era longo, pendendo por sobre os olhos, que ele escovou para trás enquanto ela se aproximava.

"Padre Mitchell," ela disse. "Muito obrigada por se encontrar comigo."

Mitchell deu de ombros e a levou para fora do píer. "Bem, parece que apenas era para ser. Eu cheguei aqui há dois dias e estou partindo em três. Você ligar e perguntar sobre esse lugar dentro dessa janela de tempo... parece mais que coincidência."

"Apesar disso, eu sei o quão ocupado você pode ser..."

Mitchell acenou um 'deixa disso'. "Eu não sou a commodity visada que as pessoas acham que eu sou," ele disse. "Agora, como posso ajudá-la? Talvez um passeio pelo lugar primeiro? Em um dia tão bonito; seria uma pena não aproveitar um pouco da praia enquanto você está aqui, você não acha?"

Que diabos, ela pensou. Ninguém precisa saber.

Com isso, ela tirou os sapatos. Ela vestia uma camisa branca de botões e um par de calças pretas-não necessariamente uma vestimenta pronta para praia, mas ainda assim não insuportavelmente desconfortável. Sem os seus sapatos e seu dedos na areia macia e quente, ela seguiu Mitchell para longe do píer e diretamente para a direita onde eles encontraram a praia. Eles andaram pelas bordas da água enquanto ela escaneava a área à frente.

A praia era prístina, a areia dourada e não manchada por lixo. Os bangalôs e construções estavam localizados fora da praia, embora alguns do bangalôs estivessem a uns cinquenta metros da água. Eram todos situados entre uma paisagem maravilhosa que era decorada para lembrar um lugar exótico de um sonho. O lugar era realmente bonito, tornando seu motivo para estar lá parecer quase abstrato de alguma forma.

"Eu assumo," disse Mitchell, "que a sua visita aqui tem alguma coisa a ver com o Padre Costas. Eu ouvi sobre a morte dele três dias atrás. Eu entendo que houve outra morte também muito recentemente. Padre Woodall, também de Washington, DC. Está correto?"

"Está certo," ela disse. "Também houve um terceiro-o reverendo de uma igreja Presbiteriana. Então, naturalmente, está sendo visto como o caso de um assassino em série. E por agora, não temos pistas, evidências e indícios reais. Eu fui trazida a Kepper's Cay, porque todas as três vítimas haviam visitado aqui por volta do último ano."

"Sim, isso foi o que Michael me disse, o homem com o qual você conversou no telefone. Eu tenho toda a papelada das três vítimas lá no escritório esperando por você."

"Padre Mitchel, quantas pessoas passam por aqui tipicamente no período de um ano?"

"Varia. Mas nós últimos três anos, tivemos a média de cerca de cem pessoas. Não incluindo outras duzentas que vem apenas para comparecer à conferências ou retiros em grupo. Claramente, nós temos registros e nomes de todos que já alugaram um bangalô aqui, mas a maioria das reservas é paga pela tesouraria de uma igreja ou por um líder da igreja."

"Então, em outras palavras, não há como selecionar facilmente quem pode ser a próxima vítima simplesmente baseado em uma lista."

"Eu suponho que isso dependa de quantos agentes você tem para verificar a lista e, então, entrar em contato com todos os nomes lá," disse Mitchell.

Ele continuou a mostrar a ilha para ela, explicando o propósito do lugar. Enquanto apontava o pequeno centro de conferências deles e a pequena capela atrás dos bangalôs, ele explicou que ele reservou a ilha apenas para líderes religiosos e os esforços deles em direção a crescer a igreja, porque ele havia se tornado muito ciente da opressão crescente contra a igreja em quase todo canto do mundo.

"É uma das razões pelas quais eu me aposentei tão cedo," ele disse. "Pessoas afastadas de Deus, ironicamente, querem culpar o povo dele quando as coisas ficam ruins. E quando todas as alegações de abuso sexual dilaceraram-se pela Igreja Católica no final dos anos noventa, eu vi o início de um fim. Por causa de toda a atenção da imprensa, eu sabia que eu não poderia mais servir a Deus apropriadamente de uma posição de padre. Então eu abri essa ilha para os homens de Deus que podem estar sentindo o mesmo desencorajamento."

"Com o tempo, a notícia se espalhou e eu também permiti algumas conferências serem realizadas aqui. Durante temporada de pico, há uma lista de espera de dois meses. Mas ainda assim, esse se tornou um lugar de descanso e restauração para os homens de Deus e para aqueles próximos a eles."

"Há uma taxa definida ou muda de acordo com quem está vindo?" perguntou Mackenzie. "Eu pergunto simplesmente porque o Padre Costas e o Pastor Woodall eram líderes de grandes igrejas que poderiam certamente pagar. Mas o Reverendo Tuttle pertencia a uma igreja menor. Eu imaginei que ele teria dificuldades para encontrar os fundos para reservar um lugar desses a não ser que houvesse algum negócio delineado com ofertas da igreja."

"Eu, obviamente, não posso comentar sobre isso," disse o Padre Mitchell. "Mas eu posso dizer a você que Tuttle realmente alugou um dos nossos bangalôs mais baratos. E nós o oferecemos um valor com desconto. Nós sabíamos que ele era de uma igreja menor, mas não discriminamos aqui. Você não tem que ser parte de uma mega igreja para aproveitar a solidão que temos a oferecer."

Ele a levou para mais distante na praia, para uma passagem de madeira que era margeada por todos os tipos de plantas e flores. A passagem se tornou uma ponte que se erguia sobre um pequeno riacho que ia para a esquerda, voltando de volta para a praia.

À frente deles, a única construção que parecia um pouco fora de lugar esperava por eles. Estava claro que esse era o escritório central. Embora ostentasse uma decoração de ilha no exterior, havia algo bem formal na estrutura da construção, assim como sua colocação distante das outras construções.

Mitchel a levou para dentro para uma sala vazia. O murmúrio de um ar condicionado enchia o lugar, mas havia nada mais acontecendo. Ele a levou por um pequeno corredor que terminava em uma sala de conferências. Lá, ele puxou uma cadeira para ela e apontou para algumas pilhas de papel no centro.

"Isso é tudo que eu tenho no que diz respeito a registros para Costas, Tuttle e Woodall," disse Mitchell. "Temo que não seja muito, mas talvez você possa encontrar algumas outras conexões."

"Isso é ótimo," disse Mackenzie legitimamente. Ela não poderia ter pedido por mais material ou cooperação.

"Eu vou deixar você com isso, então," disse Mitchell. "Enquanto isso, há algo que eu possa pegar para você?"

"Talvez apenas água?" ela perguntou.

"Já vou trazer."

Ele a deixou só e ela instantaneamente puxou as pilhas de papel para ela. Não havia muito-talvez vinte e cinco folhos de papel ao todo. A maioria folhas financeiras, mostrando onde todos eles pagaram, assim como as datas das estadias. Pela informação nas folhas, ela viu que o Padre Costas tem vindo a Kepper's Cay por mais tempo; sua primeira estadia foi em 2010 e ele fez oito visitas desde então, incluindo uma para uma conferência sobre guerra espiritual.

Tuttle esteve apenas uma vez, visitando a ilha sete meses atrás. Ele ficou por três dias e então partiu. Ela odiava parecer muito estereotípica, mas ela continuava sendo atormentada pelo fato de que o reverendo de uma igreja menor tenha sido capaz de pagar para vir a um lugar como esse. Isso a fez imaginar que tipo de problemas haviam feito Tuttle precisar de um retiro em primeiro lugar.

Mantendo esse pensamento, ela tirou o telefone e mandou uma mensagem para Harrison. Você pode cavar para ver que tipo de problemas/situações que Tuttle possa ter passado ou ter saído há cerca de 8-9 meses?

Enquanto enviava a mensagem, Mitchell entrou de volta na sala. Ele estava carregando um grande copo d'água para ela. Uma única fatia de lima ressaltava no topo. Ele a ofereceu com um sorriso.

"Obrigada," ela disse. "Ei, então, eu tenho uma pergunta para você. Uma estranha, talvez. Mas eu estava imaginando se há algum tipo de tema recorrente nas situações que trás as pessoas para cá. De que tipo de coisas elas estão buscando descanso e isolamento?"

"Você é crente?" perguntou Mitchell.

A pergunta a pegou desprevenida. Parecia ser uma pergunta que ela estava encarando bastante ultimamente. Ela suspirou e disse, "eu suponho que você poderia dizer que eu estou na categoria dos indecisos. Por que pergunta?"

"Eu acho que para entender o estresse que esses homens encaram diariamente, você precisa entender as responsabilidades nos ombros deles. Liderar pessoas para mais próximo de um Deus com o qual elas tanto desejam estar em sincronia. Servir como uma caixa de ressonância para os pecados e pensamentos mais obscuros das pessoas. E sabendo o tempo todo que são mantidos em um patamar muito alto. Pode ser exaustivo-fisicamente, mentalmente e espiritualmente."

"Você ofereceria a ilha para um líder que você soubesse que de fato está envolvido em algo errado? Algo criminoso?"

"Não. Mas, novamente, eu teria que saber com certeza. Muito raramente eu tomo a palavra dos programas de notícias ou tabloides."

Ela podia perceber que ele sabia onde ela estava indo. Sendo um ex-padre, certamente ele era mais que familiar com os casos de molestadores de crianças e de abuso sexual. Então ela deixou nisso, não querendo irritá-lo. Eles estavam na mesma página e não precisava ir nem um pouco mais fundo.

"Algo mais?" ele perguntou.

"Não, obrigado."

Mitchell, contudo, não saiu. Ele penso sobre algo por um momento e então tomou um lugar a mesa.

"Há uma ligação entre eles?" ele perguntou. "Abuso?"

"Apenas para dois deles," ela disse.

"Eu sabia que o Padre Costas fora acusado disso, mas nunca houve qualquer evidência... não suficiente para balançar minha opinião sobre ele, de qualquer maneira. Ele era um bom homem."

"Eu não estou certa sobre as alegações também," ela disse.

"Se você acredita de verdade que é uma conexão que possa ajudá-la a encontrar o assassino, eu acho que eu posso saber de um lugar que você pode começar a olhar."

Mitchell pareceu entristecido por sequer considerar esse caminho. Mas, ao mesmo tempo, Mackenzie podia dizer que ele estava perturbado por algo-talvez alguma coisa que arrastou seus espíritos para baixo mais do que ele conseguia admitir.

"Padre Mitchell?"

"Estou bem," ele disse. "É só que eu sei de fato que abuso sexual e molestação acontecem dentro da igreja. Embora a vasta maioria das alegações e acusações são falsas e inventadas apenas para buscar atenção ou dinheiro, eu sei que isso acontece. E como prova disso, tudo que você precisa ver é um dos grupos de recuperação."

"Grupos de recuperação?" perguntou Mackenzie.

"Para vítimas de abuso nas mãos da igreja. Como você pode imaginar, é um grupo cheio de vergonha insustentável, então os encontros não recebem muita propaganda ou publicidade. Meio que grupos de autoajuda, mas escondidos no canto."

"E por que você está me contando sobre isso?" ela perguntou.

"Porque há um encontro na sua vizinhança na terça-feira em Alexandria, Virginia. É um grupo que se encontra três vezes ao ano. Há mais de trinta grupos no país. Eu sempre recebo convites para eles, porque eu era muito proeminente contra a
igreja quando os escândalos de abuso vieram agitar as manchetes um tempo atrás."

"Você vai comparecer ao grupo em Alexandria?"

"Não. Eu não compareço a algo do tipo há cerca de três anos. Deus me perdoe, me destroça muito. Quase me faz perder a fé. Mas se seu assassino não for pego antes que essa reunião aconteça, eu sugeriria altamente que você desse uma olhada. É na quinta-feira à tarde às cinco horas. Ainda não sei ao certo onde, mas se você deixar seu contato comigo, eu informo a você."

"Obrigada," ela disse.

Com isso, Mitchell deixou a sala mais uma vez. Mackenzie voltou para os documentos, encontrando muito pouco para conectar os três homens. Havia evidência que ambos Costas e Woodall haviam vindo em várias ocasiões e que eles compareceram a pelo menos uma conferência cada. Mas pelo o que ela podia dizer, não havia frequentado a mesma conferência. Além disso, nenhum dos três homens esteve ao mesmo tempo na Kepper's Cay.

Quando ela atingiu a página final, Mackenzie sabia que havia nada nas folhas de papel para ligar os homens. Ainda, ela sentia que havia feito algum progresso.

Se nada mais, isso prova que os homens provavelmente não estavam ligados uns aos outros a não ser pela profissão. Também, a informação sobre a reunião para os sobreviventes de abuso sexual parecia que poderia ser um recurso potencialmente bom. Adicionalmente... eu posso visitar a praia por algumas horas.

Ela tirou algumas fotos dos documentos com o celular que mostravam as datas quando todos os três homens havia estado na ilha. Se nada mais, isso fornecia algo como uma linha do tempo e poderia vir a calhar quando Harrison retornasse para ele com aquela informação sobre Tuttle.

Quando ela estava prestes a sair para o escritório para localizar o Padre Mitchell, o celular dela tocou. Quando viu o nome e rosto de Ellington, ela sorriu. Talvez ela poderia esfregar a cara dele na pequena excursão à praia, afinal.

"Já está em casa?" ela perguntou.

"Não," ele disse. Ela podia diz logo de cara pelo tom da voz dele que ele não estava no melhor humor. "Onde você está agora?"

"Você não acreditaria se eu te dissesse."

"Bem, onde quer que você esteja, você precisa reservar o primeiro voo que puder para o Nebraska."

"O quê? Ellington... o que está acontecendo?"

"Estamos fechando em uma pista. Já falei com McGrath. Eu quero você aqui, Mac. Eu acho que você precisa estar nisso nesse momento."

"Sim, OK," ela disse. O cérebro dela tentava desesperadamente trocar de marcha, mas havia um soluço em algum lugar ali.

Padres e pastores mortos... praias ensolaradas da Flórida... agora sair para o Nebraska...

De repente, ela sentiu que estava sendo sugada em um redemoinho.

"Mac?"

"Estou aqui. Apenas... pega com a guarda baixo. Dê-me alguns minutos. Vou comprar uma passagem e conto-lhe quando estarei aí. Ellington, está tudo bem?"

"Sim, tudo está bem. Tivemos uma novidade, contudo. E isso pode... bem, isso pode dar todas as respostas pelas quais você esteve procurando."

Ela olhava tolamente para os documentos na mesa de conferências de Mitchell. Eles pareciam artefatos de outro mundo. O caso inteiro parecia insignificante agora-um pensamento perigoso para um agente do FBI, certamente.

Mas repentinamente, tudo que ela conseguia pensar era em seu pai.

E ela não podia sair rápido o suficiente dessa ilha idílica.


CAPÍTULO DEZESSETE

 

Ele amava Deus, ele amava sua igreja e ele amava as pessoas da sua igreja. Mas, cara, oh cara, ele odiava sentar no confessionário.

Wade Coyle arqueou as coisas e verificou seu relógio. Eram 7:05. Tecnicamente, ele poderia ter ido para casa há cinco minutos. Mas ele sabia que algumas pessoas gostavam de vaguear um pouco mais tarde, na pressa de confessar seus pecados diretamente antes ou depois de jantar com a família.

De todas as suas obrigações como padre, tomar confissões era a única parte da qual ele realmente não gostava. Ele ouvia algumas coisas deploráveis atrás da sua tela e a pior parte disso era que ele conseguia reconhecer as vozes algumas vezes. Ele poderia colocar um rosto na voz e, como resultado, saber quais dos homens nos bancos durante o culto haviam confessado ter feito download de pornografia de pré-adolescentes ou quais das mulheres mais velhas haviam deixado o namorado da filha tocá-las de forma inapropriada.

Ainda assim, ele entendia a importância do ato-não apenas para a sua igreja, mas para todos e cada uma das pessoas que vinham até ele, sentadas do outro lado daquela tela para tirar o peso dos corações.

Mesmo assim... se ninguém mais aparecesse nos próximos dez minutos, ele iria sair. Outro padre devia vir ocupar o confessionário as oito horas de qualquer maneira.

Mal havia feito sua promessa a si mesmo e escutou a pequena porta no exterior do confessionário abrir. Então, ele escutou os quatro passos que levavam a cadeira em frente a tela e o leve ranger da cadeira quando o peso de alguém era aplicado nela. E então, vieram as cinco palavras que, para o Padre Coyle, havia se tornado quase um cliché.

"Perdoe-me, Pai, porque eu pequei."

"E qual pecado você gostaria de confessar hoje?" perguntou Coyle.

"Eu... bem, não tenho exatamente certeza. Eu acho que talvez idolatria. Mas envolve violência também."

"Conte-me sobre cada um," disse Coyle. Honestamente, ele estava apenas falando preguiçosamente a essa altura. Ele se encontrou vendo se conseguia identificar um rosto que combinava com a voz, mas não conseguiu encontrar.

Obrigado, Deus, por isso, ele pensou.

"Bem, eu me encontro adorando pessoas do mundo sobre Deus," disse o homem. "Eu sei que eu deveria buscar minha paz e consolação de Deus, mas... eu suponho que seja mais fácil confiar e adorar as coisas que eu posso ver. Pessoas. Carne. Eu os admiro e glorifico pessoas ao invés de Deus. Isso é ruim?"

"Não se você está percebendo isso antes," disse Coyle. "Diga-me... essas pessoas que você está idolatrando são celebridades ou pessoas que você vê todos os dias?"

"Temo que não seja tão fácil assim. Não são celebridades, isso com certeza. Mas ao mesmo tempo, eles tendem serem pessoas com um pouco de poder e reverência."

"E como você está os idolatrando?"

"Começou com a inveja pura e simples," disse o homem do outro lado da tela. "Mas virou algo pior. Algo mais sórdido. Eu os vi como Deus. Como a Virgem Maria. Como Cristo. Eu desejava adorá-los... glorificá-los."

"Sim, isso pode ser um problema. Sobre a violência, porém... como as duas coisas se juntam?"

"Eu não sei," disse o homem. "Mas eu sei que quando vejo o sangue deles, isso me faz sentir completo. Faz eu me sentir como se tivesse feito algo certo."

"Sangue?" disse Coyle. Seu coração saltou do peito e seu próprio sangue ficou gelado.

"Sim, Padre. Eu tenho que derramar o sague deles para eles mostrarem aos homens quem eles realmente são. Inteiros. Puros. Estritamente de Deus."

"Meu filho... temo que eu não esteja entendendo."

Não houve resposta.

Instantaneamente, as notícias das três mortes passou pela cabeça de Coyle. Costas, Tuttle, e aquele pastor liberal, Woodall.

"Filho, você está-"

Foi quando uma força trovejante se chocou contra o confessionário. A porta do lado de Coyle entortou e veio para dentro. Houve um som débil, como gentilmente crepitando no fogo. Ele estava tão atemorizado pelo ataque na porta que levou um momento para perceber que havia um homem atrás dela, entrando no espaço do seu lado do confessionário.

"Eu venho idolatrando você também, padre," disse o homem. "Desculpe-me. Mas realmente... você merece isso. Você merece a glória..."

Antes que Coyle pudesse abrir sua boca para protestar, o homem o esmagou com uma pesada mão direita. Coyle viu por um breve momento que havia algo na mão dele, talvez um tubo de moedas ou algum tipo de ferramenta. O que quer que fosse, fez o golpe parecer como se tivesse sido acertado no rosto com um taco de baseball.

Padre Coyle foi flutuando contra a lateral do confessionário enquanto estrelas pretas passavam pelo seu campo de visão. Seu estômago se contraiu e sua cabeça explodia de dor.

Ele viu a mão do homem se afastando novamente, mas, louvado seja Deus, ele apagou antes que pudesse sentir o impacto drástico.


CAPÍTULO DEZOITO

 

Mackenzie se vê de pé em frente a casa na qual ela crescera. Ela subia os degraus da varanda e via um grupo de corvos agrupados na varanda. Ao afastá-los, ela vê que um deles está usando um crucifixo ao redor do pescoço negro. Ele grasne para ela enquanto ela entra na casa e quando ela fecha a porta, escuta os corvos levantando voo.

Ela entra na casa e lá está sua mãe, adormecida no sofá. A casa está lançada em sombras, a única luz vindo do brilho da televisão, a qual está exibindo um programa de entrevistas da madrugada. O entrevistador diz nada, apenas olha fixamente para a tela como se esperasse Mackenzie começar a conversa.

Ela caminha pela televisão até a cozinha. Ela tenta ligar o interruptor da cozinha, mas as lâmpadas não respondem. Ela olha de volta para a sala de estar e vê que sua mãe já não está mais lá. A porta da frente está novamente aberta e ela pode escutar os corvos se moverem nas tábuas, aparentemente tendo voltado para se apoleirarem.

Ela se vira e olha pelo corredor. É maior que a versão da vida real dele, esticando-se por uma distância aparentemente impossível. Ela começa a andar e enquanto o faz, procura por sua Glock.

Mas ao invés de uma arma de fogo, ela encontra uma Bíblia esperando lá. No entanto, onde as palavras BÍBLIA SAGRADA estão tipicamente estampadas em dourado ou prateado, na dela se lia BARKER ANTIGUIDADES.

Ela a segura à sua frente, apertada contra o peito e as páginas começam a cair. Quando cada página caia ao chão, soava como uma voz sussurrando para ela.

"Saia daqui."

"Vá embora."

"Supere isso."

"Dê a volta."

Ela ignora todas elas e continua. E quando ela finalmente chega ao fim do corredor, a Bíblia tendo derramado suas páginas durante o caminho, ela se vê encarando a porta do quarto dos seus pais. Ela sabe o que está esperando por ela do outro lado. Ela sabe o que ela vai ver, mas ela empurra a porta mesmo assim.

As coisas estão diferentes dessa vez. Ao invés de uma cama, há uma cruz. Seu pai pendurado nela e ele ainda está vivo. Ele lança um olha lúbrico em uma careta de dor.

"Desça-me, por favor..."

Mackenzie larga a Bíblia e se vira para correr em direção a sala de estar. Mas lá está sua mãe bloqueando o caminho. Ela está segurando uma marreta e um prego ridicularmente grande. Ela sorri para Mackenzie e quando abre a boca para dizer alguma coisa, é apenas o grasnido de um corvo.

Mackenzie abre a boca para gritas logo quando sua mãe move o grande prego para frente, diretamente para sua garganta, o grito que não soa como ela, mas como um rugido de algum grande motor que está empurrando o mundo junto com sua insana rotação.

 

***

 

Ela se precipitou acordada, percebendo que o barulho de motor pertencia ao avião no qual ela estava atualmente. Ela respirou fundo, suprimindo os tremores que passavam por ela. Precisava se lembrar de onde estava-não no quarto que seus pais compartilharam um dia, mas sentada em um avião, em direção ao estado onde estava a maldita casa.

Quando o avião pousou, Mackenzie verificou o telefone. Quando a conexão Wi-Fi foi estabelecida com o aeroporto, seu telefone brilhou com notificações. O número total delas era esmagador, mas ela fez seu melhor para acompanhar enquanto o avião caminhava para uma parada antes que os passageiros pudessem sair. Ela tinha duas mensagens de texto de Ellington, uma de Harrison, um correio de voz de Yardley e onze novos e-mails.

Ela passou por eles em ordem de importância. Ambas as mensagens de Ellington eram para informá-la que ele não conseguiria estar no aeroporto, um dos agentes locais estaria lá paga pegá-la. A mensagem de Harrison era em resposta à mensagem que ela o enviara mais cedo, informando-a que havia nada nos registro públicos que indicasse que o Reverendo Tuttle estivesse passando por alguma dificuldade maior de algum tipo pelo último ano. Então, ela verificou a mensagem de voz de Yardley. Ela achou um pouco estranha e, talvez, um pouco desrespeitosa.

"Ei," disse Yardley. "Olha, McGrath me colocou a cargo do caso das mortes dos líderes religiosos enquanto você está no Nebraska. Se você puder me ligar para me contar sobre seu passeio na Flórida, eu apreciaria."

Ela não se importou em responder qualquer uma das mensagens enquanto era permitido aos passageiros pegar os pertences dos maleiros. Mackenzie estava bem ciente de que ela ainda estava com a mesma roupa que vestia quando desembarcou da balsa há dez horas. Ela poderia até mesmo sentir os pequenos grãos de areia em seus sapatos. Por mais trivial que parecesse, ela desejava que tivesse pelo menos uma muda de roupa com ela. Contudo, ela estava apenas com a sua mochila do notebook, credenciais do FBI e nada mais.

Ela saiu rapidamente do voo. Agora que ela estava no chão e há momentos de se encontrar com Ellington, pareceu real. Era mais que uma possibilidade, mais que apenas um sonho-que havia parecido quando ela estava no ar. Ela também queria começar a trabalhar o mais rápido possível, para que o caso de DC não secasse em sua mente. Ainda estava bem surpresa que McGrath tivesse permitido essa viagem repentina para o Nebraska, especialmente seguindo sua viagem para Flórida. Mas não estava prestes a questionar isso.

Quando ela entrou no aeroporto pelo portão, ficou aliviada em ver que Ellington estava lá afinal. Ele parecia cansado e um pouco afobado, mas o sorriso que deu a ela quando ela se aproximou dele era genuíno. Eles se cumprimentaram com um beijo e um breve abraço, como se eles estivessem fazendo isso a uma eternidade.

"Eu não sei sobre o que estar mais confusa a respeito," disse Mackenzie. "O fato de eu ser requisitada nesse caso de repente ou que McGrath tenha me dado permissão para isso."

"Não precisa ficar confusa," ele disse. "Apenas venha comigo. Temos um encontro no escritório de Omaha em meia hora. Eu te repasso no caminho."

Eles se apressaram pelo aeroporto, não sendo atrasados por filas, já que Mackenzie não tinha bagagem. Ellington a levou para fora e para o estacionamento mais próximo, onde eles entraram em seu carro alugado. Após ele bater a chave na ignição, Mackenzie manteve a mão em um gesto de espere aí. Então ela se inclinou para beijá-lo profundamente, de uma maneira que teria sido estranha no aeroporto.

"OK," ela disse. "Agora você pode me levar."

Ellington sorriu e disse, "Espere. Deixe-me recuperar meu fôlego primeiro."

 

***

 

Enquanto eles percorriam a rodovia e tomavam a saída para a via expressa, Ellington passou a maior parte do tempo falando. Ele a atualizou com a atenção aos detalhes de um agente experiente, mas com o comportamento de um homem que estava começando a se apaixonar por ela.

"Eu fui convocado, porque Kirk Peterson convenceu alguns agentes do FBI que os assassinatos dos andarilhos eram quase idênticos aos assassinatos do seu pai e o cara mais recente de alguns meses atrás. A coisa é, há absolutamente zero evidência para reforçar isso. Por isso McGrath preferiu me enviar para cá. Sem pistas ou evidências sólidas, nós não queríamos te afastar do caso atual-ou dar-lhe esperanças sobre o caso do seu pai."

"Não muito depois de eu ligar para você pela primeira vez para dizer que não havia nada para se ver por aqui, outro corpo foi descoberto. Esse tinha um certo cartão de visitas enfiado no bolso traseiro."

"Barker Antiguidades," ela disse.

"Bingo. O cara era um drogado, baleado na nuca à queima-roupa por uma arma de baixo calibre. Mesmo de sempre, assim como os outros andarilhos. Mas dessa vez, havia uma pista deixada para trás. Um borrão no cartão de visitas. Era uma impressão digital, mas apenas parcial. Foi nesse ponto que eu liguei para você. Desde então, os caras da perícia no escritório local de Omaha vem trabalhando com uma base de dados de registros para reduzir a busca. Eu recebi uma ligação assim que eu estava saindo do aeroporto para encontrar você. Eles encontraram uma combinação. E é um cara um uma história bem terrível."

"Então o que está sendo feito nesse instante?" ela perguntou.

"Bem, a ficha desse cara é bem madura. Ele recebeu duas acusações de abuso doméstico, pequenos furtos e, então, ele acabou de sair da prisão há dois meses depois de cumprir cinco anos por conspiração de assassinato. Assim, há uma força tarefa sendo montada. Nós temos o endereço dele. E nós temos alguém à espera do lado de fora do apartamento dele nesse instante. Se ele sair e for para algum outro lugar, teremos olhos nele."

"E eles me querem nisso?"

"Eles não tinham escolha," disse Ellington. "Eu insisti. E McGrath tomou meu lado. Todos envolvidos nisso sabem da conexão com o assassino do seu pai. Você não vai assumir a liderança, mas você vai na prática se uma prisão for feita. Se essa coisa vier a um fim, você será parte dela. Além disso... até McGrath percebeu que ninguém sabe mais sobre os assassinatos e a confusão toda da Barker Antiguidades do que você. Simplesmente faz sentido ter você aqui."

"Para onde vamos agora?" ela perguntou.

"Estamos indo para o escritório local e, então, provavelmente saindo logo em seguida. Se tudo ocorrer bem, essa coisa todo pode ser encerrada dentro de uma hora ou duas."

"E pensar," disse Mackenzie, "que eu estava caminhado por uma praia nove horas atrás."

"Sim, você vai precisar me passar o segredo de como diabos você conseguiu McGrath autorizar isso."

"Eu acho que compensou, contudo. O pequeno retiro que eles têm naquela ilha está limpo, assim como o cara que coordena. Mas ele me deu informações que eu acho que podem resultar em uma pista considerável-ou um recurso bem promissor pelo menos."

"Você está uma viajante bem experiente hoje," comentou Ellington. "Você tem certeza que está disposta a isso?"

"Absolutamente," ela disse. "Eu só queria que eu tivesse uma muda de roupa. Ou, pelo menos, tempo para um banho."

Ele sorriu para ela e disse, "Se nós terminarmos com isso, eu vou ver se consigo um banho para você. E talvez, se você não se importar, posso dar uma mão?"

"Vamos ver como isso se desenrola primeiro."

Ela apreciava o gesto e consideração, mas enquanto eles aceleravam em direção ao escritório local, Mackenzie começou a ficar ansiosa.

É realmente isso? ela pensou. É esse o dia que eu consigo as respostas que venho procurando a respeito da morte do meu pai?

O crepúsculo se instalava ao redor de Omaha enquanto seus nervos começavam a pegar fogo. Cada parte dela sabia que algo grande estava a momentos de distância, mas ela ainda achava difícil acreditar que havia caído em seu coo tão facilmente.

 

***

 

Ellington não estava exagerando. No momento em que Mackenzie entrou no escritório de Omaha, foi abordada por um homem vestindo um terno preto simples e carregando uma pasta de arquivos na mão direita. Ele parecia no limite, como se estivesse prestes a pular para fora da sua pela em antecipação de por as coisas em andamento. Seu espesso cabelo preto estava desarrumado. Ele tinha um pouco mais que um metro e oitenta e a compostura de um homem que parecia que estava sempre motivado, a caminho de realizar alguma coisa.

"Agente White, eu sou Darren Penbrook, o líder nesse caso. Estou feliz em tê-la a bordo. O Agente Ellington atualizou você?"

"Sim," ela disse. "Eu certamente agradeço você me permitir fazer parte disso."

"Claro, claro," disse Penbrook, como se não pudesse se importar menos. Atrás dele, a sala central do escritório de campa estava formigando com atividade. Ela viu dois agentes estudando um mapa da cidade na parede atrás de uma área de escritório.

"Vamos começar em exatamente cinco minutos," disse Penbrook, acenando para ela e Ellington o seguirem para mais fundo no edifício. "Seremos nós três e dois outros agentes. Seu amigo Kirk Peterson solicitou vir junto, mas eu neguei. Há risco demais aqui."

"Estamos assumindo que o suspeito é perigoso?"

"O suspeito é Gabriel Hambry. Em acréscimo às acusações de abuso e marcas de conspiração de assassinato em seus registros, ele também foi o suspeito em duas ocasiões diferentes de tráfico de armas pela fronteira do México. E nós nunca fomos capazes de ligar isso a ele, mas todo a evidência aponta para ele. E se esse for o caso, então, sim-estamos assumindo que ele está fortemente armado. E quando o FBI bater na porta dele..."

"Eu estou segundo," disse Mackenzie.

Penbrook os levou a uma pequena sala nos fundos. Havia outro homem no telefone, pinçando-o entre sua orelha e ombro, para que ele pudesse prender um coldre apropriadamente em seu cinto. O coldre levava uma Sig 357 semiautomática. Ver isso faz Mackenzie muito mais ciente da sua própria arma de fogo no coldre ao seu lado, uma Glock 22 da qual ela acabou se tornando muito familiar.

O homem terminou sua ligação e colocou o celular no bolso. Ele levantou a mão para um aperto e se apresentou.

"Mark O’Doul," ele disse. "Prazer em conhecê-la." Então, ele olhou para Penbrook e assentiu. "O suspeito ainda está em seu apartamento. Assistindo TV, parece."

"Bom," disse Penbrook. "Agente White, O’Doul vai nos acompanhar e tomar a frente enquanto nós agimos. Eu entendo que você tem um envolvimento pessoal com esse caso, mas eu lhe peço que deixe O'Doul e eu cuidar do lado tático. Uma vez que pegarmos Hambry em custódia, você tem minha palavra que você vai ter a primeira brecha no interrogatório. E, você sabe... se acontecer de ele tentar escapar e uma perseguição se desenrolar... talvez eu faça vista grossa se você vier a pegar um pouco pesado."

Mackenzie sorriu e assentiu, mais sábio que dar algum tipo de sinal verbal sobre tal comentário.

"Alguma questão?" perguntou Penbrook.

"Quão distante é o apartamento de Hambry?" perguntou Mackenzie.

"Cerca de meia hora, em Plattsmouth," respondeu Penbrook. "O'Doul e eu vamos na frente no nosso carro enquanto vocês dois nos seguem. Nossa vigilância diz que nós vamos estar mais bem posicionados estacionando na rua do outro lado do quarteirão. Nós dá a melhor chance de chegar na residência de Hambry sem dar algum tipo de alerta para ele."

Plattsmouth, pensou Mackenzie. Embora ela tenha apenas passado por Plattsmouth enquanto morava no Nebraska, simplesmente escutar o nome da cidade a fazer sentir como se tivesse completado um ciclo-não que ela havia retornado para casa, de forma alguma, mas ela havia revisitado algum fantasma do passado que parecia estar esperando uma eternidade por ela.

"Já temos um mandado?" perguntou Ellington.

"Consegui há três horas. Dada a natureza da nossa visita ao Sr. Hambry, não iremos bater na porta dele exatamente. Vamos derrubá-la."

Era um pouco juvenil, certamente, mas esse comentário de fechamento de Penbrook deixou Mackenzie mais animado que nunca. Ela estava a momentos de distância de resolver a pista mais promissora sobre descobrir o que realmente aconteceu com o pai dela.

Pelo que lhe tocava, derrubar portas a força parecia apropriado.


CAPÍTULO DEZNOVE

 

O apartamento de Hambry ficava em um daqueles complexos de apartamento empacotados que pareciam uma cópia de qualquer outro prédio na cidade. Era o tipo de complexo de apartamentos que você em todos os lugares no país: simples, um pouco sujo e muito mediano. Sendo um pouco depois das dez em noite de semana, todos assumiram que as chances de Hambry estar em casa era muito boas.

Mackenzie e Ellington se encontraram com Penbrook e O’Doul na entrada central no primeiro piso. A noite estava calma e parecia que não havia uma única alma vagando em qualquer lugar dentro do complexo. Longe à distância, um homem caminhava com seu cachorro. Próximo aos fundos do prédio, uma mulher estava rindo de alguma coisa. Era como qualquer outra noite ordinária. Mackenzie tentou se lembrar disso. Era fácil demais ficar animada sobre o que a próxima porta guardaria. Então, se lembrar de que fazer o que estavam prestes a fazer era apenas outra parte rotineira do trabalho dela, normalmente a centrava.

Mas não dessa vez. Naquele momento, com outros três agentes, ela sentia que muito da sua carreia havia se pendurado no que iria acontecer agora.

"O apartamento de Hambry é de número trezentos e seis," disse Penbrook. "O’Doul e eu entraremos primeiro. Quero que vocês dois esperem aqui por três segundos e então se juntem atrás de nós. Se fizermos isso certo, é uma prisão simples. Dentro e fora de volta para o escritório. Perguntas?"

Ellington balançou a cabeça. Mackenzie fez o mesmo, embora em sua cabeça, ela estava praticamente gritando para Penbrook colocar o maldito show na estrada de uma vez.

Talvez sentido sua antecipação, Penbrook começou pelo corredor que levava ao primeiro lance de escadas. As escadas eram simples, sem cobertura ou carpete de qualquer tipo. O som dos passos batia em ecos ocos, como pequenas batidas de grave do som de um carro passando. Eles avançaram entre uma caminhada rápida e uma corrida enquanto saiam das escadas para o terceiro andar.

Eles se mantiveram apertados contra a parede enquanto se apressavam pelo corredor aberto. As luzes da rua debaixo iluminavam o caminho deles, as sombras delas os seguindo enquanto, um por um, sacavam as armas.

O’Doul os parou ao levantar a mão. Todos os quatro estavam posicionados contra a parede entre os apartamentos 305 e 306. O’Doul esperou uma batida de pé no portal da porta de Hambry. Então, ele levantou três dedos. Mackenzie assistiu os dedos serem abaixados um por um, em contagem regressiva para o momento que eles irromperiam pela porta.

Três... dois... um.

Quase como em um movimento com energia elástica, O'Doul deu um passo de distância da porta, tomou base e então levantou o pé. Ele deu um chute pesado que sugeria que ele havia feito isso mais que algumas vezes. Mesmo sem ser capaz de ver o resultado, Mackenzie sabia que a porta havia se quebrado aberta. Ela observou enquanto O'Doul e Penbrook seguiam um atrás do outro. Ellington se virou para ela, silenciosamente contando até três e, então, eles também seguiram.

Mackenzie entrou com sua Glock erguida para a esquerda, completando o alinhamento disperso que os outros três agentes haviam começado.

Mas ela não ficou daquela maneira por muito tempo.

A visão diante dela era muito bizarra. Era difícil manter a compostura enquanto ela olhava pela sala de estar, a qual a porta do apartamento levava.

Um homem estava sentado em uma cadeira reclinável, olhando-os de lado. Ele não se movia. Não somente isso, mas a cadeira estava embebida em sangue. Respingos dele estavam por toda a parede. Mackenzie se aproximou. Ela sabia que poderia estar excedendo seus limites, mas ela caminhou em frente de Penbrook, ficando ao lado de O'Doul. Enquanto ela se inclinava para ter uma melhor visão do homem, ela estava levemente ciente de Ellington e Penbrook se explorando no apartamento para verificar os outros cômodos.

Mackenzie agora estava de pé diretamente em frente do homem. Do breve arquivo que ela vira a respeito de Gabriel Hambry no escritório de Omaha, não havia dúvida de que era ele. E ao ficar diretamente em frente a ela, olhando-o, a situação só ficava pior.

Hambry havia sido baleado na nuca. Sem estudar de perto, Mackenzie estava bem certa de que foi disparado de uma arma de baixo calibre. Mesmo à queima roupa, tinha feito uma bagunça.

Mas honestamente, ela não estava olhando perto demais para a ferida do projétil ou pelo sangue espalhado. Ela estava mais interessado no item que fora afixado na camisa de Hambry com um alfinete.

Era um cartão de visitas.

Sangue espirrou pela maior parte dele, mas era fácil de ver o nome da empresa gravado na frente.

Barker Antiguidades.

"Que diabos?" O'Doul sussurrou detrás dela.

"Quem quer que seja, ele está brincando conosco," disse Mackenzie. Ela desejava muito ficar brava, ser preenchida com ira em ter sua face esfregada nessa bagunça. Mas, pelo contrário, por mais que ela odiasse admitir isso, ela estava bem assustada na verdade.

Ellington e Penbrook voltaram para a sala de estar. Ellington não perdeu tempo em ir até ela quando ele viu o olhar de choque e confusão em seu rosto. Ele deixou sair um palavrão bem pronunciado quando viu a situação por si próprio.

"Então, Hambry era apenas um peão então?" perguntou Penbrook.

"Parece que sim," disse Mackenzie. Ela queria rasgar o cartão de visitar da camisa de Hambry, mas o mero pensamento de tocá-lo a fazia se sentir mal.

"Mas para que diabos?" perguntou O’Doul.

"A última vez que eu vi um destes cartões de visita," disse Mackenzie, "foi no para-brisas do meu carro. No verso, alguém escreveu 'Pare de procurar.’ Eu acho que esse é apenas outro aviso."

"Mas o caso está morto, certo?" disse Penbrook. "Digo, até que esse último assassinato ocorreu e, então, os andarilhos que seu amigo Peterson pensa que estão conectados... por que isso viria a tona novamente? Nós estamos falando de que... vinte anos de silêncio e então essa camisa?"

"É uma boa pergunta," disse Mackenzie.

"Deus, isso é terrível," disse O'Doul, arrancando os olhos para longe do corpo de Hambry.

"Eu vou chamar o pessoal," disse Penbrook. Ele olhou de volta para Mackenzie e Ellington. "E vocês dois? Vocês precisam de alguma coisa aqui antes que fique abarrotado?"

"Não," disse Mackenzie abruptamente. E, então, sem dizer nem outra palavra sequer, ela se virou e deixou o apartamento.

 

***

 

Mackenzie estava tão cheia de emoção quando voltou para o carro que estava tremendo literalmente. Ela estava assustada, ela estava irritada e ela nunca se sentiu tão derrotada. E para deixar tudo pior, ela sabia que do outro lado do país, havia um caso esperando por ela que ainda não tinha pistas. Nem uma única maldita pista.

Ela não chorava frequentemente-e ela decidiu que não o faria ali também-mas ela sentiu as picadas de lágrimas de frustração querendo ser derramadas. Ela contraiu as mãos em punhos cerrados, suas unhas se afundando levemente em sua carne.

Ela escutou passos atrás dela. Certa de que era Ellington vindo ver como ela estava, ela fez seu melhor para mandar o turbilhão de emoções embora. Ele segurou a respiração por um momento, apertou os punhos ainda mais e então relaxou.

E esse é o motivo pelo qual você vai acabar gastando uma fortuna com terapia quando você aposentar, ela pensou.

"Ei," disse Ellington, chegando perto dela. Ele buscou a mão dela, mas ela não a deu.

Ela balançou a cabeça e achou difícil olhar para ele. "Isso está acabando comigo," ela disse. "Cinco minutos atrás, antes de entrarmos lá, eu estava animada. Eu estava saindo da minha pele para entrar lá e terminar essa coisa toda-com meu pai e o assassino dele. Com os cartões de visita. Mas agora... tudo é diferente. Esse filho da puta está apenas brincando comigo."

"Então você e eu ficamos aqui," ele disse. "Eu acho que McGrath permitiria. Ficamos aqui e você e eu vamos fazer o possível para trazer essa coisa a um fim."

Dessa vez, ele tomou a mão dela um pouco forçadamente. Ele a deu um aperto reconfortante. E, embora ela pudesse perceber que ele queria puxá-la para próximo, ele sabia que ela não ligava para contato físico ou intimidade quando ela estava se sentindo angustiada. Ver que ele sabia isto sobre ela e que estava respeitando-a aqueceu seu coração.

"Não," ela disse balançando a cabeça. "Eu tenho que fechar o caso do padre. Eu não vou deixá-lo para outro agente."

"Ele está com Yardley nele," disse Ellington. "Ela é bem afiada."

"Eu sei. "Mas... eu tenho que. Eu tenho que e-"

"Eu sei," ele disse.

E Mackenzie estava bem certa de que ele realmente sabia. Ele sabia que ela não podia deixar alguma coisa pela metade. Ela tinha que finalizar o caso esperando por ela em DC.

O que Ellington talvez não soubesse, porém, era que uma vez que estivesse terminado ela tinha intenção de colocar todo seu tempo, foco e energia no caso do seu pai e em nada mais.

Depois desta noite, ela não tinha escolha.

Quem quer que esteja atrás disso tinha essencialmente forçado a mão essa noite. E ela iria fazer o desgraçado pagar.

Mas primeiro, ela tinha que saber tudo o que há para se saber aqui no Nebraska. E isso significava que ela tinha mais uma parada para fazer.

"Você tem o número de Kirk Peterson?" ela perguntou.

"Eu tenho," disse Ellington. "Mas ele não é muito confiável."

Isso a atingiu estranhamente, porque, pelo que ela se lembrava, Peterson era um cara bem afiado-dedicado ao trabalho e um farejador de detalhes.

"Eu preciso falar com ele antes de voltar para casa," ela disse.

Ellington parecia ponderar isso por um momento. No fim, ele puxou o número, discou para ela e entregou-lhe o telefone. Ao começar a tocar em seu ouvido, ela não poderia deixar de reparar que Ellington parecia perturbado por alguma coisa.

Ela não está feliz que eu esteja ligando para Peterson, ela pensou.

Mas antes que ela tivesse tempo de cogitar o porquê, Peterson atendeu o telefone e era tarde demais pra fazer qualquer pergunta.


CAPÍTULO VINTE

 

Quando Ellington estacionou o carro no estacionamento da Waffle House na qual Peterson o pedira para se encontrarem, o lugar estava bem quieto. Estava se aproximando das 10 horas e o lugar estava bem morto. Antes que eles saíssem do carro, Ellington colocou uma mão sobre o ombro dela, indicando que ele queria de ela aguardasse.

"Há algo que eu devo te contar antes que você entre ali," ele disse.

"O que é?"

"Eu não sei como você se recorda desse tal de Peterson, mas alguma coisa aconteceu com ele desde a última vez que você o viu. O sujeito parece um pouco desajustado para mim, mas eu percebi que era só uma baboseira de detetive excêntrico. Mas então eu ouvi algumas coisas dos agentes que trabalharam com ele. Ele disseram que ele ficou meio sombrio. Não de maneira desenfreada, mas em um sentido quase gótico. Ele está bem triste e calado."

"Assim que eu me lembro dele."

Ellington deu de ombros. "Eu acho que é uma boa coisa eu ter dito, então. Eu só conversei com ele duas vezes desde que eu estive aqui e ele foi prestativo e tudo. Ele é só... eu não sei. Alguma coisa nele me assusta."

"OK. Você me avisou. Vamos indo."

Ele disse nada mais, apesar de estar claro que ele queria. Eles saíram do carro e foram para dentro entre o doce cheiro de massa de waffle e calda. Peterson estava sentado à mesa sozinho. Ele aparentava um homem que não dormia há séculos, como se ele pudesse fazer uma audição para o papel de vampiro em um filme de terror exagerado.

Estranhamente, o estado dele a fez pensar em sua irmã mais nova, Stephanie. Em seu estado severo, ele era quase amenamente bonito-o tipo de gótico limite pelo qual Stephanie ficava louca.

Stephanie, ela pensou. Meu Deus, eu não penso nela direito há anos.

Ele deu um aceno de reconhecimento a ambos enquanto vinham até a mesa e se sentavam. "Bom ver você de novo, Agente White."

"Igualmente," ela respondeu enquanto ela e Ellington se sentaram. "Eu odeia parecer mandona, mas eu gostaria de voltar para DC o quanto antes, então eu realmente não tenho muito tempo para formalidades."

"Tudo bem," disse Peterson. "Esse maldito caso está me deixando louco e eu estou cheio de falar sobre ele. Lidar com ele. Que seja. O FBI está fundo nele agora, de qualquer forma. Eu sinto que eu posso deixá-lo ir."

"Esse é o negócio," ela disse. "Eu sei como o FBI funciona. Por isso eu queria falar com você. Eu sei que você tem uma ética de trabalho diferente do FBI. Então eu estava esperando que você pudesse me contar sobre as possíveis ligações entre os casos nos quais você vem trabalhando, do meu pai e desses malditos cartões de visita."

"Sim, eu ouvi pelo scanner que houve outro na residência de Hambry," disse Peterson. "Prova final de que esse caso todo está muito acima da minha cabeça."

"Como assim?" ela disse.

"Bem, simplesmente não tem fim. Lembra-me uma daquelas teorias da conspiração na qual quanto mais você cava, mais perguntas você tem. A toca do coelho simplesmente fica mais e mais funda."

"E como essa coisa toda de cooperação começou com vocês dois?" perguntou Ellington.

"Quase há um ano, eu vim até aqui quando Peterson estava trabalhando em um caso sobre... inferno, agora eu mal me lembro."

"Bem, inicialmente era uma coisa doméstica," relembrou Peterson. "Uma esposa queria que eu bisbilhotasse o marido-um cara chamado Jimmy Scotts. Ela pensou que ele a estava traindo e gastando as economias da universidade das crianças. O que eu descobri foi que ele estava lidando com uma loucura de cartel de drogas no Novo México. Mas antes que eu pudesse fazer a ligação para dar as notícias para sua esposa, ele apareceu morto. A esposa o encontrou morto no banheiro com dois buracos de bala na nuca. Ela estava na casa quando aconteceu. Sem lembranças de ter ouvido os disparos."

"Merda," disse Ellington, olhando para Mackenzie. "Como o seu pai."

"Sim, mas sem conexão alguma conhecida," disse Mackenzie.

"Eu também nunca encontrei alguma."

"Então como os andarilhos batem com os assassinatos do meu pai e de Jimmy Scotts?" perguntou Mackenzie.

"Os tiros à queima roupa no topo da cabeça. Mesmo tipo de arma usada todas as vezes. E aqueles cartões de visita... havia um em cada um dos corpos."

"De quantos estamos falando?" perguntou Mackenzie.

"Três, até agora. Dois sem teto confirmados durante a época da morte. O outro não era sem teto, mas extremamente pobre. Ele estava acabando de recompor a vida de volta."

"Alguma conexão entre os três?"

"Nada sólido. Dois deles iam a mesma cozinha de sopa. Um deles trabalhou com o irmão de outro no passado para roubar uma mulher a mão armada pelas sessenta pratas que ela tinha no porta moedas. Mas nada mais."

"Você se importaria de me enviar todos seus arquivos do caso?"

Peterson riu. "Eu posso. Mas não tem muita coisa neles. Eu não tomos muitas notas, na verdade."

"Desculpe-me por perguntar," ela disse, "mas o que aconteceu? Você parece uma pessoa diferente de quando você e eu nos encontramos da última vez."

"Eu acho que eu era. Mas essa merda de caso... me afetou. Eu fiquei obcecado. E não ajudou que o terceiro desses andarilhos mortos era uma criança de doze anos."

"Oh, Deus," disse Mackenzie.

"Então, perdoe-me se eu não sou todo arco-íris e nascer do sol."

"Calma," disse Ellington severamente.

Os dois homens se encararam através da mesa, mensurando um ao outro. Peterson foi o primeiro a desviar o olhar-não por intimidação, mas porque ele parecia entediado.

"Sim, eu posso enviá-la o que eu tenho," disse Peterson. "Eles realmente estão planejando enviar agentes de DC para cá enquanto os caras de Omaha estão administrando o caso?"

"Não faço ideia," disse Mackenzie. "Mas você sabe que esse caso é muito próximo a mim. Qualquer ajuda seria apreciada."

"Claro," disse Peterson. "Agora, eu não tenho comido há quase um dia. Então, eu pretendo devorar panquecas de nozes e crepes. Fiquem a vontade para se juntarem a mim."

Mackenzie quase aceitou. O fato de vê-lo a ter lembrado, por alguma estranha razão, de Stephanie ainda estava incomodando-a. E alguma coisa nele parecia gritar por algum tipo de interação humana. Ainda, ao mesmo tempo, estava bem claro que ele não era mais um fã de interação humana.

"Obrigada, mas eu tenho que entrar em um avião assim que possível," ela respondeu. "Mas obrigada novamente por se encontrar comigo."

"Claro. Eu vou enviar o que eu tenho por e-mail assim que eu voltar para casa."

Mackenzie assentiu enquanto ela e Ellington se levantaram da mesa. Eles foram de volta para o estacionamento, Mackenzie calada e refletiva.

"Eu lhe disse," disse Ellington. "Alguma coisa o afetou muito."

"Você estava certo," ela disse.

Uma criança de doze anos, ela pensou. As mesmas pessoas que mataram meu pai são do tipo de pessoas que não tem problemas em matar crianças.

Isso, certamente, dá uma nova perspectiva a esse caso.

E enquanto algo se agitava dentro do seu coração, Mackenzie também percebeu que isso também dava a ela uma motivação completamente nova para descobrir que diabos está acontecendo.

Mas primeiro... havia uma bagunça em DC esperando por ela, a qual ela precisava arrumar.


CAPÍTULO VINTE E UM

 

Eles pegaram o voo tardio de volta para DC. O avião continha um pequeno grupo de pessoas; menos de trinta passageiros preenchiam os assentos e a cabine estava pacificamente calma. Mackenzie se permitiu cochilar um pouco e quando acordo, seu relógio marcava 4:36 da manhã. Ela pensou que pudesse ter tido outro pesadelo, mas se tinha, mal se lembrava dele.

Boa libertação, ela pensou enquanto se erguia cautelosamente em seu assento. Ela não sabia ao certo onde estavam, quais cidades se escondiam abaixo deles na escuridão e, na verdade, não se importava. No ar, sobre o país e todos seus problemas, ela quase se sentiu livre.

Era a maior serenidade que ela havia sentido desde que descobriu o cartão de visitas afixado na camiseta ensanguentada de Hambry. É claro, ela não conseguia parar de pensar sobre os andarilhos assassinados também. Especialmente a criança. Ele imaginou se Peterson já havia enviado os e-mails.

Pela segunda vez desde que o encontrou na Waffle House, Mackenzie se perguntou como alguma coisa poderia afetar alguém tão drasticamente. Quando ela encontrou Peterson pela primeira vez, ele era surpreendente bonito, de bom humor e motivado. Mas a obsessão com o caso e, aparentemente, os assassinatos daqueles andarilhos o haviam empurrado para outro lugar-algum lugar escuro. Ela não havia ouvido falar sobre isso antes. Uma vez ela leu o perfil de um policial aposentado que acabou atirando em um garoto de dez anos no meio de uma troca de tiros em uma rua movimentada. O policial não havia simplesmente aposentado; ele entrou em luta contra depressão severa, deixando a família e eventualmente se matando em um quarto de motel, colocando uma arma sinistramente semelhante a dela em sua boca.

Mackenzie expulsou o pensamento e tentou se reorientar. Ellington estava lendo um livro de bolsa que alguém de um voo anterior deixou para trás. Ele nunca dormia voando-apenas mais uma das centenas de pequenos petiscos que ela havia aprendido sobre ele em seu tempo juntos. Ela amava conhecê-lo e, mesmo agora, sabendo que ela teria um dia exaustivo esperando por ela quando eles aterrissassem, ela ansiava por cada dia com ele.

"Bem, bom dia, linda," ele disse com um sorriso.

"Onde estamos?" ela perguntou, ainda um pouco grogue.

"Pela última que ouvimos do capitão, nós devemos aterrissar em cerca de meia hora. Como você está? Sua soneca ajudou?"

"Eu não sei ainda."

Ele assentiu e colocou o livro de bolso em seu colo, um surrado e antigo livro de Vince Flynn.

"Olha," ele disse. "Eu acho melhor eu ir em frente e dizer isso enquanto você ainda está meio sonolenta, então você não consegue ficar muito brava. Mas depois de vê-la tão abalada na noite passada, eu gostaria de ir junto com você quando você ajeitar as coisas e ir atrás desse assassino da Barker Antiguidades.

"Mas eu não acho que isso é-"

"Oh, desculpa," ele disse, segurando a mão dela. "Você está enganada. Não foi uma pergunta. Eu só estou lhe informando, para que nós possamos poupar a discussão depois. Você não tem voz. Eu sei que você acha que você é cabulosa e tudo, mas essa é uma vez que eu não vou arredar o pé."

Seu tom e sorriso a fizeram perceber que tudo estava vindo de um lugar de amor. Mesmo o comentário de eu sei que você acha que é cabulosa.

"Mas isso não é-"

"Essa coisa... essa coisa entre você e eu," ele disse. "Vai além do quarto. Vai além desse sentimento que eu vou em frente e admitir que se parece muito com amor. Estou nisso com você. Eu vou com você."

"Você acha que McGrath chegaria a permitir?" ela perguntou.

Ela tinha que admitir... ela gostava da ideia de Ellington estar ao lado dela quando ela finalmente fosse capaz de colocar toda sua atenção no caso da Barker Antiguidades. Depois de conversar com Peterson, ela percebeu o quando fundo isso foi. Simplesmente fazia sentido ir com um parceiro que ela confiava e sabia que poderia contar.

"Se ele não deixar, nós podemos sempre ameaçar sair," disse Ellington.

"Ah, seu fala manda."

Ela se inclinou e o beijou. Era incrível como natural isso era, quão normal.

"Então, como você acha que Hambry está conectado?" ele perguntou. "Alguma teoria?"

"Algumas. Sempre houve rumores infundados sobre meu pai estava envolvido nas mesmas coisas suspeitas. Eu me perguntei secretamente se uma das razões que Jimmy Scotts foi morto alguns meses atrás era porque o homem que o matou meu pai talvez fosse parte de alguma coisa de gerações. Tipo, talvez uma árvore genealógica distorcida demais. Talvez ele está criando sua próxima geração para continuar seja qual for o tipo de trabalho perturbado que ele estava trabalhando. Explicaria o espaço de tempo entre a morte do meu pai e o assassinato de Jimmy Scotts, eu acho. E, então, tem os andarilhos..."

"O que tem eles?" perguntou Ellington.

"Bem, eu não conheço muito sobre os casos, mas andarilhos sendo mortos em um estilo quase de execução sugeriria algum tipo de atividade de uma gangue esquisita que provavelmente estaria relacionada com drogas. Ou talvez alguém esteja apenas tentando enviar uma mensagem."

"Mas qual mensagem? E para quem?"

"Não sei. Talvez sejam ambas as coisas. Talvez se meu pai estivesse envolvido em algo que ele não quisesse que a família soubesse a respeito, fosse relacionado às drogas. Ou mesmo até relacionado a armamento. Houve casos antigos de caminhões de entrega sendo pegos na fronteira, estocados com heroína, armamento e muito mais."

Ellington considerou isso e assentiu sua aprovação. "Sim, é uma teoria, eu acho."

"E teorias não são fortes o suficiente," ela disse. "E é o porquê de eu estar trocando a marcha agora. Quando aterrissarmos, eu estarei cem por cento nesse caso do padre. Tenho que ser. Eu tenho que ter algum tipo de progresso em alguma coisa ou vou perder a cabeça."

Eles se deram as mãos e aproveitaram o murmurinho silencioso do avião enquanto se aproximavam de DC. Ela estava bem certa de que cochilou uma vez mais durante a aproximação, embrulhada pela segurança de tê-lo ao lado dela. Um momento, ele estava olhando para a suas mãos entrelaçadas e no outro eles foi acordada em um sacolejo do trem de pouso fazendo contato com a pista.

"Todas esses pequenos cochilos," Ellington sussurrou no ouvido dela, "e você obrigada a ter um bafo de dragão."

"Eu não tomo banho em quase dois dias e estive viajando demais durante esse tempo," ela disse. "Como meu hálito cheira é a última das minhas preocupações."

Enquanto eles desafivelavam e esperavam por permissão para sair do avião, Mackenzie verificou o telefone. Da mesma maneira de quando ela aterrissou no Nebraska, as notificações continuarem surgindo, já que o sinal voltou agora que eles estavam no solo.

Ela percorreu as mensagens primeiro e a primeira era suficiente.

"Merda," ela disse.

"O que é?" perguntou Ellington. Mas o tom da voz dele indicava que ele já sabia.

"Outro corpo," ela disse. "Outro padre."


CAPÍTULO VINTE E DOIS

 

Depois de um instante, o sentimento de exaustão havia se tornado apenas uma pequena irritação para Mackenzie. Agora ela sentia uma falta de sono da mesma forma que algumas pessoas lidam com uma dor de cabeça incômoda que vinha e voltava de tempos em tempos. Quando ela e Ellington pararam no estacionamento de trás da Catedral de São Pedro, eram 6:20 da manhã e Mackenzie havia aproveitado seis horas de sono no total nas últimas trinta e seis horas. Ela já sofreu pior, mas a diferença de fuso horário deixou isso ainda pior que o normal.

A cena esperando por eles atrás da igreja era surreal. A primeira coisa que ela reparou foi um grande toldo preto que se estendia de parede a parede da igreja, esticando-se um metro para o estacionamento. Estava a cerca de quatro metros de altura, drapejando para fora como alguma estranha decoração demoníaca de Halloween. Alguns poucos policiais estavam fora do toldo, misturados com alguns outros agentes do FBI.

Cavaletes e cones de trânsito foram colocados para bloquear a entrada no estacionamento de trás; Mackenzie e Ellington foram conduzidos pela rua de acesso por um policial, já que todas as ruas levando ao estacionamento dos fundos da igreja também haviam sido bloqueadas.

Eles andaram diretamente para o toldo, onde Yardley e Harrison estavam conversando animadamente com um oficial de polícia. Harrison os viu primeiro, acotovelou Yardley e apontou em direção a eles. Depois de pedir licença para o policial, Yardley, com Harrison em seus calcanhares, encontrou com eles em frente ao toldo.

"O que pega com a lona de circo?" perguntou Ellington.

"Esse é ruim," disse Yardley. Sua voz era grave e um pouco desanimada. "Nós temos uma equipe vindo para remover."

"Remover?" perguntou Mackenzie.

"Apenas dê uma olhada por conta própria," disse Yardley. Ela se afastou para o lado para dar-lhes claro acesso para o toldo.

A entrada era apenas dois lados do toldo caindo e se sobrepondo. Ellington foi na mosca na sua descrição. Parecia exatamente com uma lona de circo, só que uma que foi erguida por um mórbido e particularmente demente anunciador de trupe. Em uma inspeção mais próxima, Mackenzie viu que o toldo foi construído por postes de aço que foram parafusados na parede dos fundos da igreja. Foi um trabalho às pressas, indicando que o que esperava por eles debaixo do toldo era ruim o suficiente para o FBI querer escondê-lo do público a todo custo.

Eles entraram debaixo do toldo e era como uma estranha câmara subterrânea. Mas essa era iluminada por dois pequenos holofotes que foram colocados no chão. Eles foram postos em direção a igreja, iluminando a cena grotesca que repousava contra a parede.

Uma grande cruz foi levantada contra a parede de trás. Um padre fora pregado à ela da mesma maneira que os outros três foram exibidos. Esse padre foi ajeitado para parecer exatamente com a figura de Jesus Cristo, inclusive a coroa de espinhos e a pequena faixa branca cobrindo suas partes privadas que era vista em todas as representações da crucificação.

E ao pé da cruz, havia uma camisa, um par de calças, uma carteira, um rolo meio consumido da Lifesavers e trinta e seis centavos em moedas.

Silenciosamente, Yardley e Harrison entraram no toldo. Yardley apareceu ao lado de Mackenzie e falou em voz baixa.

"Padre Wade Coyle," ela disse. "Cinquenta e um anos de idade. Nós conversamos com outros na igreja. Ele teria estado aqui sozinho entre as cinco e oito horas, assumindo o confessionário lá dentro."

Mackenzie assentiu, ainda absorvendo tudo. O topo da cruz quase tocava o topo da tenda. As toras de madeira eram massivas e os pés de Coyle estavam facilmente a um metro do chão. Para alguém ter feito isso sozinho... era quase impossível. Teria que ser determinado e forte-e teria que ter um plano bem esmiuçado para seguir.

Ela abordou a cruz e olhou acima para Coyle. O corte no lado direito era muito mais evidente desta vez. Na verdade, parecia que havia sido cortado de maneira grosseira intencionalmente. Ela olhou para as mão, então para os pés; as mão foram pregadas e os pés amarrados, como todos os outros.

São quatro agora, ela pensou. Deve se mais fácil decifrar o que é importante e o que não é.

Ela percorreu a lista mental enquanto observava o corpo. Deu o seu melhor para observar cada centímetro-uma missão quase impossível, já que seus pés estavam a quase um metro do chão.

Os tipo de pregos usados estão nos levando a lugar nenhum, ela pensou. Perícia surgiu sem nada com isso. O mesmo para o arame usado ao redor dos pés. São todos muito comuns para descobrir quem pode ter comprado um pouco em um certo tempo. Então, isso basicamente estava riscado em termos de encontrar um rastro.

Vai acabar indo para o planejamento. Para colocar essa cruz junta e pregar alguém nela sem que ninguém veja... o assassino precisava ter planejado. Ele tinha que conhecer a igreja e a área. Mas para conhecer todas as igrejas que estão envolvidas, ele realmente está apurando tudo.

Então, vai terminar em como o assassino conhece as vítimas e as igrejas. Isso vai acabar em relacionamentos e conexões. A habilidade dele em planejar e executar esses assassinatos sem ninguém vê-lo ou sem deixar qualquer evidência-ele é muito cuidadoso. Nós poderíamos esperá-lo cometer um deslize... mas então, quantos mais seriam mortos?

Ela mal estava atenta de Harrison chegando por trás dela lentamente. Ele olhou para baixo ao pé da cruz, para os itens espalhados lá.

"Você compreende o significados das coisas espalhadas ao pé da cruz?" perguntou Harrison.

"Sim," disse Mackenzie, com algumas das histórias que ela ouvira na escola dominical vieram a ela. "Quando Cristo foi crucificado, os soldados e espectadores colocaram sacos aos seus pés para os seus pertences."

"Então nós devemos pensar que esse cara via Coyle como Cristo?" perguntou Ellington.

"Eu acho que nós temos que considerar isso," respondeu Mackenzie.

Mais alguém entrou na tenda, entrando com um pouco menos de silêncio que Yardley e Harrison. Mackenzie se virou e viu McGrath vindo com os pés pesados. Ele não parecia nervoso ou irritado, mas muito preocupado.

"Bem," ele disse, "vamos considerar isso o mais rápido que pudermos. Há uma grande tempestade de merda fermentando nisso. Estou recebendo ligações essa manhã que estão me deixando inquieto. Gostando disso ou não, esse caso vai chegar às manchetes nacionais. Também tem o potencial para ser um daqueles casos que vai tirar fanáticos religiosos da toca. E uma vez que eles saem, os raivosos e amargos ateus vão sair também. Vai ficar ruim antes de ficar melhor, eu posso lhes falar isso."

"Que tipo de ligações?" perguntou Mackenzie.

"Do vice-presidente, para citar uma," ele disse. "Ele estava aqui logo ontem para adoração. Ontem. E ele esta me moendo pelo FBI não ter pegado esse cara ainda. Ele também me informou que há várias pessoas na Colina que estão preocupadas com esse caso."

"Então, em outras palavras," disse Mackenzie, "se nós não terminarmos isso logo, nós também teremos um fiasco de impressa e de políticos para lidar enquanto trabalhamos?"

"Isso resume em termos gerais," disse McGrath. "Mas escutem... eu vim até aqui pessoalmente para falar com os agentes White e Ellington. Yardley e Harrison, vocês poderiam, por favor, esperar por mim lá fora. Eu esclareço vocês o melhor que eu puder em um momento."

Harrison começou a andar para a saída imediatamente, obediente como sempre. Yardley foi um pouco mais lenta para se deslocar, porém. Mackenzie entendia a reação dela; ele se sentia que estava atuando como segundo violino, o que nunca era uma boa sensação. Ele lançou um último olhar de volta para a cena antes de sair para o estacionamento.

McGrath se aproximou de Mackenzie e Ellington. Ela não achava que o homem alguma vez havia ficado tão próximo dela antes. Era um pouco intimidador.

"Olha. Eu tenho algumas informações que não são secretas, por si, mas fariam algumas bombas explodirem na Casa Branca e no Congresso. E eu acho que pode ser informação que construa uma pista. Eu acabo de receber a informação há uma hora. Em adição à ligação do vice-presidente, eu também tive ligações de dois deputados e um senador. Por essas chamadas, eu aprendi alguma coisa sobre o Padre Coyle aqui que não é exatamente de conhecimento público."

"Sem mais escândalos de abuso e assédio sexual, eu espero," disse Mackenzie.

"Não, não dessa vez," disse McGrath. "Eu ouvi a mesma história de duas fontes diferentes agora e eu confio em ambas. Aparentemente, Wade Coyle teve uma rixa sério com um homem que quase entrou no quadro da São Pedro como diácono. O cara foi rejeitado no último minuto-literalmente duas semanas antes que lhe fosse concedido o título de diácono aqui. E as notícias vieram diretamente de Coyle. Houve alguma disputas nas mídias sociais entre os dois, as quais Coyle sabiamente parou de engajar. Mas então, houve um altercação fora da casa de Coyle há um pouco menos de três semanas atrás. Pelo que eu entendo, a altercação ocorreu cerca de duas semanas depois da rejeição. Pelo menos doze pessoas na vizinhança viram."

"Qual a conexão com as pessoas que ligaram para você?" perguntou Ellington.

McGrath balançou a cabeça. "Não posso entrar nesses detalhes. O máximo que lhe direi é que há certos escândalos que a Igreja Católica tem trabalhado duro para abafar. E alguma vezes, eles precisam de alguma ajuda com isso."

"Então nós temos um nome para esse diácono rejeitado?" perguntou Mackenzie.

"Sim," disse McGrath. "E eu quero que vocês dois-e apenas vocês dois-sejam o mais discreto possível com isso. Façam o que for preciso assim que saírem daqui. Eu quero apenas vocês dois conversando com esse homem e, então, pelo que me diz respeito, estou tirando a coleira. Façam o que puderem para terminar esse caso antes que se torne um pesadelo ainda pior."

"Quanto tempo você acha que nós temos?"

McGrath deu de ombros. "Eu diria que dois dias. Talvez três, mas seria empurrar demais. Vocês sabem como as notícias viajam por aqui-especialmente as más notícias." Ele suspirou e sussurrou a próxima parte. "O diácono rejeitado é um homem que atende pelo nome de Colton McDaniel. Eu vou enviar o endereço dele em alguns minutos. E sério... depois da mensagem, fiquem na calada. Atualizem-me quando necessário, mas vocês dois se tornem sombras. Entendido?"

"Sim, senhor," disse Mackenzie.

"Como foram as coisas no Nebraska?" perguntou McGrath.

"Frustrantes," disse Ellington.

"Há muito mais perguntas que todo o mais," disse Mackenzie.

McGrath fez um 'deixa disso' e deu de ombros. "Eu vou pedir um relatório do escritório de Omaha. Por agora, vocês dois vão indo. Estou contando com vocês. Não me decepcionem, OK?"

E com isso, McGrath girou nos calcanhares para sair.

"Sem pressão, certo?" disse Ellington, buscando a mão dela para dar uma apertada.

"Certo. Sem pressão."

Eles caminharam para fora de debaixo do toldo. Ao andarem de volta para a manhã, o sol apenas começando a lançar luz no estacionamento, uma caminhonete estava sendo permitida na cena. A pequena grua na traseira dela mostrava a intenção-era a equipe que estaria removendo Coyle e sua cruz.

Enquanto ela e Ellington marchavam rapidamente de volta para o carro, Mackenzie tomou vista de Yardley e Harrison. Yardley estava os observando ir, fazendo o que podia para não parecer com ciúmes. Elas trocaram um pequeno aceno de reconhecimento quando Mackenzie entrou no banco do carona.

"Ellington," ela disse. "Eu sei que estamos com pressa, mas eu realmente preciso de um banho. E café. Podemos fazer isso na próxima hora?"

"Sim," ele disse. "Você realmente meio que está fedendo."

E mesmo esse pequeno jab falhou em levantar seu ânimo. Ela estava muito ocupada se focando no comentário que McGrath fez a eles.

Estou contando com vocês. Não me decepcionem...

Ele nunca expressou tamanho desespero antes e agora que ele havia mostrado essa fresta de vulnerabilidade, Mackenzie não podia deixar de sentir que ela iria fazer exatamente isso.


CAPÍTULO VINTE E TRÊS

 

Eles pararam no apartamento deles e foram muito profissionais sobre isso. Enquanto Mackenzie tomava um banho e se permitia um único minuto para se molhar e relaxar, Ellington passou café. Mackenzie se enxugou com a toalha, se vestiu e encontrou um copo de café pronto e esperando por ela.

"Deus de abençoe," ela disse.

"Com certeza. Então... eu estive no Twitter procurando por essa troca entre Coyle e McDaniel. É interessante, para dizer o mínimo."

"Alguma coisa que apontaria para um motivo?"

"Não. Apenas a rejeição por si mesma. Mas eu estou vendo indícios da parte do Coyle sobre o que isso tudo se trata. Alguma coisa sobre um passado que facilmente iria dissuadir suas responsabilidades como diácono. É claro, é tudo velado. Ele estava tentando ser profissional, sem chamar McDaniel explicitamente pelo nome."

"Bem, talvez McDaniel vá se abrir sobre o seu passado se ele souber que Coyle foi morto."

"Como você sabe que McDaniel não é o assassino?"

"Ah, eu não sei. Ele pode muito bem ser. Mas eu não vou pular diretamente nessa suposição baseada apenas em um barraco no Twitter."

"Justo," ele disse olhando no relógio. "Se sairmos agora, nós provavelmente podemos chegar à casa dele antes que a hora do rush da manhã comece... quase certamente antes que ele saia para o trabalho."

Ela assentiu e pegou seu café, já se dirigindo para a porta. "O que ele faz afinal? Nós sabemos?"

"Ele é proprietário de uma pequena empresa de paisagismo. Ele só faz isso em meio horário, pelo o que eu posso dizer. Ele está escrevendo um livro paralelamente."

"Sobre o quê?" ela perguntou.

"Misticismo da Nova Era e seus efeitos nas religiões ocidentais."

"Talvez esse seja um vislumbre daquele passado obscuro que Coyle estava insinuando," sugeriu Mackenzie. Quando as palavras saíram da boca dela, alguma coisa sobre elas parecia correta.

Talvez seja isso, ela pensou. Talvez foi apenas ser revigorada pelo banho, mas a mente dele estava mais clara, sua esperança em progredir no caso mais acesa. Talvez essa seja a pista que nós estávamos procurando.

Com café nas mãos e uma motivação restaurada a empurrando para frente, ela saiu pela porta atrás de Ellington para uma manhã que ela esperava que finalmente rendesse alguns resultados.

 

***

 

Eles fizeram um tempo muito bom, mas quase não pegaram Colton McDaniel antes que ele saíssem para o trabalho. Ele morava em uma respeitável subdivisão a vinte minutos do Capitólio. Era uma casa pitoresca com um jardim bem cuidado, o resultado de sua profissão. Quando Ellington estacionou o carro em frente à casa dele, McDaniel estava carregando uma roçadeira na traseira da pequena caminhonete com um adesivo na lateral no qual se lia McDaniel Paisagismo.

Colton McDaniel aparentava ter quarenta e cinco anos de idade ou próximo. Ele estava levemente acima do peso e tinha bochechas gordinhas que, uma década atrás ou mais cedo, devem tê-lo feito parecer mais novo do que realmente era. Agora, porém, elas pareciam indicar mais peso vindo a medida que a idade chegava.

No momento que McDaniel os viu sair do carro, ele soltou um palavrão. Então ele bateu a porta da traseira da caminhonete e virou os olhos.

"FBI?" ele disse.

"Sim," disse Ellington. "Agentes Ellington e White. Você parece aborrecido, senhor. E não muito surpreso em nos ver."

McDaniel deu de ombros. "Eu recebi uma chamada há cerca de vinte minutos. Eu sei sobre Wade. Então mais ou menos cinco minutos atrás, eu recebi outra ligação. De um programa de notícias, perguntando se eu tinha algo a dizer."

Cara, eles estão andando depressa, pensou Mackenzie.

"E você sabe dos três outros líderes religiosos que estiveram nas notícias pela última semana e meia ou por aí?"

"Tenho. Ninguém vai sair e admiti-lo, mas há uma onde de absoluto medo correndo pela comunidade religiosa dessa cidade nesse momento. Então sim... eu sei."

"Eu suponho que não precisa ser dito que nós gostaríamos de fazer algumas perguntas para você," disse Mackenzie.

"Eu imaginei que sim. Embora eu não saiba como eu possa ajudá-los. A não ser que vocês estejam aqui para ver se a nossa pequena altercação em frente a casa dele tenha me deixado tão irado que eu decidi matá-lo. Se esse é o porquê de estarem aqui, eu posso ajudá-los. Eu não o fiz."

"Conte-nos sobre aquela altercação em frente a casa dele," disse Mackenzie.

"Foi estúpido da minha parte. Mas... eu trabalhei duro para chegar onde eu estava. Eu devotei meu tempo e coração a Deus. Eu estava animado. Eu senti que finalmente estava atingindo o propósito da minha vida-trabalhar em direção aos erros que eu cometi no passado. E, então, Coyle e quem mais toma as decisões para a São Pedro ficou amedrontado e fechou a porta na minha cara. É mais que rejeição. Permeia desmoralização. Então eu fui até a casa dele para demonstrar meus sentimentos. Acabamos no jardim da frente, porque ele não me convidou para entrar. E as coisas esquentaram."

"O que você fez no seu passado que era tão ruim que você decidiu devotar sua vida para a igreja?" perguntou Mackenzie.

"Eu era grande em ensinamentos da Nova Era," ele disse. "Por um tempo, eu até passei pela Wicca. Eu era um jovem homem perdido, procurando por respostas em qualquer lugar além do catolicismo ao qual meus pais me acorrentaram pela minha infância.

"E isso incomodou Coyle?"

"Não. Não de cara. Eu vinha trabalhando em um livro sobre isso. Sobre como o influxo das baboseiras da Nova Era é mais danoso para o cristianismo do que nós achamos. Eu venho vasculhando o campo e finalmente consegui um agente. O agente me conseguiu um acordo para um livro bem rápido e eu acho que isso foi o que assustou Wade. Pensar que um homem dentro da sua igreja seria associado com um livro cheio de tópicos controversos, mesmo que fosse tudo para promover a glória de Deus. Isso o assustou e eles me cortaram."

"Você tem intenção de buscar uma posição como diácono em outro lugar?" perguntou Mackenzie. Ela se sentiu um pouco tola, não sabendo exatamente como o processo funcionava.

"Não sei," disse McDaniel. "Se eu já tive repórteres me ligando a respeito da morte dele, eu não vejo meu nome sendo mantido em um bom ângulo mais. Isso tem o potencial para me arruinar."

Ele está muito preocupado com a ligação dos repórteres, ela pensou. Ele está mais preocupado com os repórteres e com a imprensa do que com o fato que o FBI tenha surgido na casa dele.

Ela estava bem certa que as coisas iriam ser verificadas, mas ela perguntou de qualquer forma: "Sr. McDaniel, onde você estava na noite passada?"

"Até mais ou menos meia noite, eu estava na garagem arrumando essa roçadeira," ele disse, apontando um polegar para a traseira da caminhonete. "Depois disso eu fui para cama. Meu filho pode atestá-los disso, porque ele estava sendo gatuno tentando jogar o Xbox depois da meia noite. Eu gritei um pouco com ele por isso."

"E ele está lá dentro?"

"Não. Ele pegou o ônibus para a escola uns dez minutos antes de vocês chegarem aqui."

Não que isso importe, pensou Mackenzie. Ele não é o cara.

"Obrigada pelo seu t-" ela começou, mas foi interrompida pelo toque do seu celular.

Ela viu o nome e número de Harrison aparecerem, então pediu licença se virando e dando um passo em direção ao carro.

"Ei, Harrison, o que foi?"

"Seja lá onde você e Ellington estiverem, deem a volta e venham para a delegacia de polícia do Terceiro Distrito."

"Por quê? O que aconteceu?"

"Alguns nesse caso poderiam dizer um milagre," brincou Harrison. "Temos o cara. Temos o assassino."


CAPÍTULO VINTE E QUATRO

 

Havia dois policiais esperando por eles quando eles chegaram e Mackenzie podia dizer de cara que eles estavam tão confusos quanto ela. Contundo, eles pareceram levemente aliviados quando ela e Ellington saíram do carro.

"Que diabos está acontecendo?" perguntou Mackenzie ao policial que estava flanqueando-os pela esquerda.

"Um cara chegou essa manhã e confessou tudo."

"Há alguma evidência contra ele?"

"Ele sabe mais do que deveria sobre as cenas do crime," disse o policial. "Honestamente, eu não sei muita coisa. Há apenas alguns policiais e um detetive nisso. Dois dos seus agentes apareceram vinte minutos atrás mais ou menos."

Os policiais os escoltaram até a sede do Terceiro Distrito e então se moveram rapidamente. Eles caminharam por uma pequena área de escritório e então por um corredor. No fim do corredor, várias pessoas estavam reunidas. Duas delas estavam em denunciantes ternos do FBI: Harrison e Yardley.

Os dois policiais que os acompanharam deram a ambos um breve aceno e então se apressaram de volta pelo corredor em direção à área de escritório. Eles estavam aparentemente muito ansiosos para ficar o mais longe possível dessa cena o quanto antes. Mackenzie e Ellington procederam em direção ao pequeno grupo de pessoas no fim do corredor. Além deles, havia uma virada para esquerda.

As salas de interrogatório, assumiu Mackenzie.

"O que sabemos sobre ele?" Mackenzie perguntou a Yardley ao se juntarem aos outros dois agentes.

"Ainda estamos acompanhando. Estamos recebendo atualizações tão rapidamente quanto o FBI pode enviá-las. Os policiais aqui estão fazendo o melhor que podem para ajudar com os registros públicos. Mas por agora, sabemos isso: às sete e quarenta e cinco desta manhã, Joseph Simmons entrou pelas portas da frente aqui e começou a gritar que precisava ser punido. Ela não podia mais aguentar. Alguém tentou chegar e acalmá-lo-uma mulher que acabara de pegar serviço-e ele deu-lhe um soco na mandíbula. Ele tem estado em custódia há cerca de uma hora agora e ele parece conhecer terrivelmente bem os casos dos padres. E eu odeio dizer, mas ele só... eu não sei. Ele parece doido."

"Você conversou pessoalmente com ele?" perguntou Mackenzie.

"Por cerca de três minutos. Mas então meu telefone começou a explodir com informações do FBI sobre ele, então eu me retirei. Por falar nisso, tudo que eu recebi, eu encaminhei para o seu e-mail."

Obrigada," disse Mackenzie. Ela deu um pequeno passo para longe do grupo reunido e seus murmúrios de conversa. Puxou o e-mail e viu os dois e-mails que ela vieram de Yardley na última meia hora e os leu. Pouco a pouco, parecia que as coisas estavam começando a cair no lugar. A maneira que eles pegaram o assassino pode ter sido anticlimática, mas pelo menos pareciam tê-lo agora...de uma maneira ou de outra.

Ela leu os PDFs que o FBI havia enviado e rapidamente teve uma clara imagem de Joseph Simmons. Um fugido assumido aos quinze anos, ele viveu nas ruas de Richmond, Virgínia, até a idade de vinte e um. Fazendo alguns serviços manuais em fazendas e construções por alguns anos, ele conseguiu juntar dinheiro o suficiente para se sustentar, eventualmente aterrissando em um emprego fixo na Target em Richmond. Aos vinte e oito, ele se mudou para DC, onde se tornou um trainee em segurança de sistemas e, então, gerente assistente em um depósito de embalagens. Era uma ótima história de dar a volta por cima na vida... se não fosse o fato que Simmons pareceu sair um pouco dos trilhos três anos atrás.

Ele foi preso há três anos fora de um bar por bater em uma mulher. Então ele acertou o namorado dela com um tijolo, quase o hospitalizando. Ele cumpriu um breve período pela investida e quando foi solto, foi preso por uma sequência de assaltos relâmpago na área de DC. Ele foi eventualmente liberado quando o suspeito de verdade foi encontrado. Mas nos dois anos que se passaram desde então, Simmons veio à frente para confessar dois outros crimes. Um foi por roubar um carro e agredir uma prostituta depois que os serviços dela haviam sido prestados.

Pelo o que ele foi culpado.

Mas quando ele se pronunciou para confessar o assassinato de um jurado durante um drama de corte de grande importância no ano passado, ele era claramente inocente. Ele foi liberado e enviado para um psiquiatra.

E agora, aqui ele está novamente. Foi estranho e não fazia sentido. Em outras palavras, parece encaixar perfeitamente nesse caso.

"O que você acha?" perguntou Harrison.

"Eu acho que pelo menos vale o tiro. O seu hábito incansável de confessar crimes é um comportamento em busca de atenção-especialmente um muito sério que ele não cometeu. Se ele está assim tão desesperado por atenção, não há como dizer do que ele é capaz."

Além dela, Ellington, Yardley e Harrison, haviam dois policiais e um detetive comum no corredor, todos discutindo o que havia acontecido esta manhã. Um dos policiais estava rindo de leve, mas o detetive parecia sério.

"Quem está no comendo aqui?" ela perguntou.

"Vocês," o policial que não esteve rindo disse. "Um grande alívio, pelo que me toca. Só nos digam se precisarem de alguma coisa."

Mackenzie assentiu e se dirigiu para o fim da ramificação do corredor à esquerda. Havia três salas ao longo desse corredor, a última das quais era uma sala de interrogatório; a que ficava ao lado desta era a sala de observação, de onde ela assumiu que os policiais, o detetive e seus colegas agentes iriam observá-la.

Ela entrou na sala de interrogatório e encontrou Joseph Simmons encarando-a. A postura dele se congelou por um momento. Por uma fração de segundo, ela viu Gabriel Hambry sentado ali com um buraco em sua cabeça e um cartão de visitas afixado em sua camisa.

Ela expulsou o pensamento, pegando o olhar de Simmons. Ele não parecia nervoso ou fora de si. Ele parecia quase expectante, como uma criança que ficou sentada para o bolo de aniversário, sabendo que o momento de soprar as velas estava se aproximando rapidamente.

Ele quer atenção, ela pensou. E se ele for o assassino, provavelmente vai se fechar em sua concha e ficar difícil se ele não conseguir. Preciso agir como se eu estivesse impressionada-e talvez até mesmo derrotada por ele ter vindo a nós ao invés de termos o capturado.

"Então, me diga," ela disse, fingindo vergonha. "Por que agora?" Por que você está vindo até nós agora?"

"Porque meu trabalho está terminado," disse Simmons.

"Quatro vítimas," ela disse, certificando-se de manter sua voz no volume e tom de derrota. "Por que quatro?"

"Não sei. Foi o que me foi dito."

"Dito por quem?"

Simmons inclinou a cabeça para um lado e para o outro e mordeu seu lábio inferior. Eventualmente, ele deu de ombros e respondeu: "Porque foi o que eles disseram. As vozes."

"E o que mais as vozes lhe dizem?" perguntou Mackenzie.

"Ah, eu não posso contar isso para você. Elas ficariam muito irritadas. Além disso, eu tive que me entregar. Vamos encarar isso... vocês nunca iriam me pegar."

"Ah, eventualmente iríamos," ela disse, fazendo seu melhor para perecer superfrustrada Ela sabia que ela não era muito uma atriz, mas também sabia que Simmons não repararia... conquanto ela alimentasse o ego dele..

"Certeza que sim," ele disse. Então, ele deixou sair uma risada áspera que soou quase tão ensaiada como a derrota de Mackenzie.

"Eu tenho que saber," disse Mackenzie, sentando do outro lado da pequena mesa. "Com Coyle, como você levantou aquela cruz? Deve ter pesado uma tonelada."

"Bem, as vigas vieram do porão da igreja. São suportes usados algumas vezes no ministério das crianças. Um deles tem até um parafuso no meio do caminho de quando foi usada para um projeto de construção temporária ou algo do tipo. Eu arrastei as tábuas para fora da entrada do porão. Eu levantei uma contra a parede de trás enquanto eu pregava as mãos de Coyle na outra. Colocá-lo para cima foi uma proeza, mas consegui terminar."

"Sozinho?"

"Sim," ele disse convencido como sempre.

"O que você tinha contra esses homens?" perguntou Mackenzie.

"A mesma coisa que todos no mundo têm contra eles. A fé cega deles. A ignorância e a vontade deles em extraviar outros em direção aos seus deuses invisíveis. O ódio por homossexuais. A ganância deles. Os pecados que eles tentar encobrir como um gato cobrindo merda na caixinha de areia."

"Mas quatro eram suficientes?" perguntou Mackenzie. Ela estava bem certa de que se tentasse dar a volta, Simmons ficaria frustrado e seria mais fácil de tropeçar. Além disso, se ele fosse o assassino, a conversa solta, ao invés de um foco no trabalho dele o irritaria. "Há uma relevância especial para o número quatro?"

"Não," ele disse. "Eu apenas senti que meu trabalho estava feito. Eu lhe disse. As vozes disseram quatro. Então eu parei em quatro."

Ela assentiu, mas pensou que havia exposto a primeira falha dele. Para as questões básicas nas quais ele poderia se regozijar, ele fora em detalhes. Mas quando ela o perguntou por que ele havia parado, sua resposta foi vaga. Básica até. Vozes-uma resposta cliché e coxa.

"Bem, você fez a coisa certa hoje, Sr. Simmons," ela disse. "É claro, estou certo que você conhece seus direitos, então eu realmente preciso recitá-los para você?"

Um lampejo de hesitação passou pelo rosto dele. Foi tão rápido que Mackenzie mal notou. "Sim, eu sei."

"Eu imaginei," ela disse. "Digo, a coisa com o carro roubado e a prostituta vários anos atrás. E teve aquela outra, certo? Aquele outro assassinato que você confessou..."

"Aquela vadia estúpida do júri, você diz?"

"Sim," disse Mackenzie. "Mas você conseguiu escorregar para fora disso, né?"

E então, aqui estava novamente... uma rachadura na sua fachada. Ela não tinha certeza do que isso significava ainda, mas sabia com certeza que ele estava escondendo algo.

"Não, eu não escorreguei," ele disse. "Os tiras idiotas responsabilizaram outra pessoa. Eles me deixaram ir. E olha o que isso fez. Quatro padres mortos."

"Então isso foi algum tipo de ponto que você queria provar? Um sistema penal incompetente deixou você livre, então você teve que mostrá-los o grande erro que eles cometeram?"

"Não. Não foi um ponto. Mas talvez esses quatro padres mortos vão-"

"Bem, não são todos padres," destacou Mackenzie.

Simmons se ajeitou desconfortada mente na cadeira quando Mackenzie sentou para frente. Alguma coisa não estava certa aqui. Ela podia quase ver isso na sala. Estava escrito na cara dele e persistindo em quase tudo que ele disse. Sim... alguma coisa não estava certa e ela pretendia virar a mesa.

Ela deu-lhe um momento para responder e quando ele não o fez, ela continuou com as artimanhas.

"Sim, Coyle era um padre. Também o Padre Costas. Mas Woodall e Tuttle não eram. Woodall era um pastor e Tuttle era um reverendo. Não padres. Há uma grande diferença. Você sabia disso?"

"Não importa," disse Simmons. "Eles estão mortos agora. As vozes mentirosas deles estão permanentemente caladas."

"É verdade," disse Mackenzie. "Só mais uma pergunta. Você colocou as coisas para fora aos pés da cruz de Coyle, mas não dos outros. Por quê?"

"Apenas para ter uma diversão extra. Foi o que eles fizeram com Jesus, sabe? Até colocaram sacos para as roupas dele."

"Sim, eu sei. Mas por que as coisas estranhas que você deixou aos pés da cruz de Coyle? Qual o significado? Sua carteira, suas roupas e as jujubas."

Novamente, um leve lampejo de dúvida se exibiu no rosto dele. Mas ele cobriu com um sorriso.

Ela não queria deixar o momento escapar, então ela continuou colada.

"Jujubas," ela disse, como se as palavras fossem causassem ojeriza. "É como se você estivesse caçoando dele. Elas estavam no bolso dele na verdade?"

"Sim," disse Simmons. "Diabo, eu até comi algumas depois de ter montado o desgraçado."

Então, ela quase divertidamente correu os dedos pela superfície da mesa e ficou de pé. "Alguém virá pegar sua declaração em instantes," ela disse.

"O que você-"

Mas Mackenzie já estava para fora da porta e em direção onde Yardley, Harrison e Ellington esperavam.

"Aquilo foi rápido," disse Ellington.

"Ele fez, não fez?" perguntou Harrison.

"Não sei ainda," ela disse. Embora, honestamente, ela estava inclinada para não, absolutamente não. "Harrison, você pode fazer algumas ligações? Ver se a São Pedro tem algum registro de Joseph Simmons estar entre a congregação deles."

Então, ela foi até o detetive responsável. Ele parecia incerto enquanto ela o media, mas conseguiu encontrá-la com um sorriso.

"Eu poderia ter você e a polícia verificando algo para mim?" ela perguntou.

"Claro."

"Eu preciso ter um teste feito nas mãos dele. Ele alega ter arrastado aquelas tábuas para fora do porão da São Pedro. Mas suas mãos não exibem sinal de trabalho recente. Aquelas tábuas eram enormes. Haveria sinal, certo?"

"Possivelmente," disse o detetive. "Mas se ele estivesse usando luvas-"

"Então, se passaram menos de quatro horas desde que ele as removeu. Não haveria algum traço de evidência de que ele tenha calçado luvas?"

"Possivelmente. Mas para testes como esse, pode levar um dia ou dois para ter os resultados."

"Tudo bem. Você pode consegue organizar para que ele seja feito?"

"Absolutamente," disse o detetive, pegando seu celular instantaneamente.

Ellington se afastou de todos os outros e acenou para ela. Ela se juntou a ele e fez seu melhor para não ser distraída pelo sorriso manhoso que ela deu para ele-um sorriso que, se eles estivessem sozinhos, teria sido recompensado por um beijo demorado.

"Você não acha que é ele, acha?"

"Não. Ele não conseguiu responder perguntas básicas sobre o motivo e os detalhes internos. E até o fiz tropeçar por alguns dos fatos e estrutura das cenas de propósito. Porém, ainda não sei exatamente quais detalhes ele sabe sobre as cenas dos crimes."

"Você quer que eu tire alguns desses detalhes dele?"

"Sim, seria uma grande ajuda."

"O que você vai fazer enquanto isso?" ele perguntou.

"Vou imprimir esses arquivos sobre suas confissões passadas. Ele está procurando atenção confessando aqueles crimes terríveis. E no caso da prostituta e de roube de carro, ele pode ter realmente cometido o crime. Mas assassinato... é uma coisa diferente. Eu vou ver se consigo achar uma prova cabal."

"Uma prova cabal... para provar a inocência dele?"

Ela sorriu para ele enquanto se virava para encontrar um escritório vazio. "Acho que teremos que ver."

 

***

 

Embora houvesse uma ampla animação na delegacia do Terceiro Distrito, Mackenzie e Ellington retornaram para a sede do FBI logo antes das nove da manhã. Ellington havia fritado Simmons sobre seu conhecimento das cenas dos crimes e Mackenzie aproveitou desfrutou de bastante tempo para escavar os arquivos dele e alinhá-los com informação que ambos o detetive e Harrison havia consegui para ela.

Ela tinha todas as informações em frente a ela agora enquanto se sentava em frente a McGrath na pequena mesa de carvalho no fundo do seu escritório. Ellington sentava-se ao seu lado, inteiramente pronto para apoiar a informação reunida e as teorias dela.

"Então, quais são suas impressões sobre Simmons?" perguntou McGrath.

"Eu acho que é muito conveniente," disse Mackenzie. "Eu tive uma intuição na sala de interrogatório de que ele não era o nosso cara. E com informações que reunimos esta manhã-alguma das quais que chegaram a nós nos últimos cinco minutos ou por aí-eu posso dizer a você que eu não acho que Joseph Simmons seja nosso cara."

"Você não pode conseguir uma vitória fácil, pode, White?" disse McGrath.

"Siga-me aqui, senhor. Vamos começar com a história dele. Ele era um fugido. E mesmo se as coisas em casa fossem terríveis, psiquiatras acreditam que fugidos, no fundo, estão gritando por amor e atenção. Antes de hoje. Simmons havia confessado dois crimes horrendos. Em um desses crimes, o assassinato de uma jurada em um caso de oito anos atrás, ele era claramente inocente. Então, por que tentar se entregar por algo assim?

"A agressão à prostituta confere. Foi ele. Mas os detalhes do caso também indicam que ele era tímido. Ele a bateu bastante, mas de forma que garantiria que ele não iria matá-la. E agora, aqui ele está novamente, confessando a uma série de assassinatos que está começando a ter tempo no ar na TV. Então eu chamei o blefe dele. Se ele quer tempo de cadeia por algum motivo, ele pode recebê-lo por interferir nesse caso, mas com certeza não será por assassinato."

"E sobre os detalhes íntimos que ele sabia sobre as cenas dos crimes?" perguntou McGrath.

"Eu posso responder essa," disse Ellington. "O Agente Harrison recebeu confirmação de que aproximadamente seis meses atrás, Simmons frequentava a igreja de São Pedro. Ele não era regular de forma alguma e ele nunca realmente aderiu a igreja, mas as pessoas o viram por lá o suficiente para conhecer seu nome e serem amigáveis com ele. Ele até ajudou com uma escola de verão para crianças sobre a Bíblia há dois verões. Foi assim que ele sabia sobre as tábuas no porão, até mesmo os parafusos e sulcos no centro delas."

"E honestamente, a única outra cena da qual ele sabia alguma coisa era aquela na Palavra Viva. E por volta das duas da manhã, um artigo na CNN.com estava relatando algumas descrições muito bem detalhadas da cena que ainda não havia chegado a grande mídia ainda. Então se ele estava alerta estudando os casos, aí estava o bilhete premiado. Havia nada que ele soubesse sobre a cena da Palavra Viva que não estivesse nesse artigo recente da CNN."

"E então, tem uma última coisa," disse Mackenzie. "Quando eu estava falando com ele, eu intencionalmente tentei engalobá-lo jogando informações falsas. Eu perguntei Simmons o porquê de ele ter colocado as coisas no pé da cruz de Coyle. Eu listei estes itens como a carteira dele, as roupas dele, e as jujubas. Já que as jujubas eram um item nada a ver que ninguém iria pensar em inventar, Simmons entrou de cabeça. Fez piadas sobre jujubas e como ele até comeu uma enquanto colocava as coisas no pé da cruz."

"E era Lifesavers, né?" perguntou McGrath.

"Sim, senhor."

"Merda."

McGrath se recostou em sua cadeira, olhando para os documentos coletados sobre a mesa em frente a Mackenzie e Ellington.

"Aqui está o que vai acontecer," disse McGrath. "Vamos segurar Simmons pelo máximo de tempo. Isso vai calar a imprensa e acalmar alguns desses políticos e líderes religiosos nervosos. Nós não daremos um nome. Mas eu não posso manter isso por muito tempo. Então, isso significa que eu preciso de um suspeito de verdade. Então, me digam... o que vem a seguir?"

Mackenzie sabia o que viria em seguida, mas ela estava relutante em dizer qualquer coisa, porque ela não havia sequer discutido isso com Ellington ainda.

"Com sua permissão, senhor, eu vou para Alexandria essa noite."

"Eu lhe falei," disse McGrath. "Não se incomode com a minha permissão. Apenas vá lá fora e me ache esse maldito sujeito. O que há lá em Alexandria, porém?"

"Um grupo de recuperação para pessoas que foram vítimas de abuso sexual. Pelo que me foi dito pelo Padre Ronald Mitchell, a vasta maioria do grupo se encontrando hoje a noite esteve envolvida em algum tipo de abuso pelas mãos de líderes de igreja. Eu acho que eu possa ser capaz de encontrar algum tipo de tópico recorrente nas histórias."

"Então vá indo," ele disse. "Mas eu preferiria que Ellington ficasse aqui e ajudasse Yardley e Harrison."

"Mais uma coisa," disse Mackenzie. "Eu preciso de uma lista de pessoas que o FBI confiou no passado por informação referente a religião ou estudos bíblicos."

"Eu enviarem para você em meia hora," disse McGrath. "Algo mais?"

Mackenzie não estava certa sobre como lidar com o fato de McGrath estar oferecendo a ela praticamente qualquer coisa. Ela sentiu que tudo o que ela precisasse naquele momento, ele teria certeza de conseguir para ela.

Havia apenas uma coisa em sua língua, uma coisa que implorava para pular para fora e ser falada, mas ela mordia de volta. Ainda, o pensamento ecoava como trovão em sua mente.

Quando esse caso estiver acabado, eu quero acesso irrestrito ao caso do meu pai.

Com esse desejo mudo, ela disse: "Não, senhor."

Com uma olhada final para Ellington, Mackenzie saiu do escritório com o sentimento esmagador de que ela estava correndo uma corrida que ela simplesmente não iria vencer.


CAPÍTULO VINTE E CINCO

 

 

Ela não chegou à reunião em Alexandria antes que esta começasse, então teve que entrar o mais discretamente possível. A reunião aconteceu em um pequeno centro comunitário no centro, o tipo de lugar que cheirava a café velho e poeira. Ela encontrou a sala no fim de um longo corredor e quando ela abriu a porta o mais silenciosamente que podia e entrou na sala, apenas algumas pessoas a notaram. Ela recebeu alguns olhares desagradáveis enquanto encontrava uma cadeira dobrável solitária no fundo na sala e se assentava.

Havia uma mulher sentada na cabeceira de um semicírculo de cadeiras-uma mulher chamada Barbara Francis. Mackenzie a ligou e conversou com ela no caminho para Alexandria. Barbara coordenava esses encontros e, embora ela mesma não tivesse história de abuso sexual pelas mãos da igreja, ela tinha uma carreira em serviço social e psiquiatria no campo de abuso sexual para fazer dela uma candidata capaz de liderar o grupo.

Porque ninguém fez um rebuliço ou perguntas quando ela entrou na sala, Mackenzie assumiu que Barbara já havia falado para os presentes que ela estaria passando para fazer uma visita. Mackenzie não poderia começar a imaginar como deveria ser a vida dessas pessoas, tendo sobrevivido por tal trauma. Ela fez seu melhor para permanecer atenta e quieta, escutando a cada pessoa que tirou tempo para compartilhar.

O que a impactou mais foi que não parecia havia limite de idade real para as vítimas. Havia uma garota com a mãe, a garota havia sido abusada em algum momento no ano passado aos treze anos. Havia um homem mais velho que acabara de celebrar seu sexagésimo aniversário, que fora molestado e abusado entre as idades de nove e vinte e cinco, avisado pelo padre que se ele contasse à família e causasse algum trauma para sua mãe e pai, certamente Deus se certificaria de mandá-lo para o inferno quando ele morresse.

Mackenzie foi poupada dos detalhes sórdidos das histórias, mas pegou vislumbres do sofrimento e tormenta que algumas dessas pessoas passaram. Havia quatorze delas no total e nenhum efeito parecia ser o mesmo. Para alguns era um medo diário de contato físico com qualquer pessoa, mesmo entes queridos. Para outros, eram pesadelos periódicos que permaneceriam com eles por dias. Mas por tudo isso, havia o senso de injustiça-de como os homens que abusaram deles havia sofrido alguma forma de punição, mas nada nem perto de se igualar a severidade dos seus crimes.

Ela não podia deixar de sentir um pouco voyeur enquanto se sentava no fundo da sala. Quase se sentia mal por estar ali e começou a cogitar se ir até lá tenha sido um erro.

A reunião acabou uma hora depois. Quando todos se levantaram dos assentos, Barbara assentiu em direção a Mackenzie.

"Eu tenho certeza que alguns de vocês repararam nosso visitante," disse Barbara. "E eu aprecio a permissão de vocês em deixá-la sentar-se conosco hoje. Essa é a Agente White do FBI. Atualmente, ela está trabalhando em um caso que envolve um sofrimento que a maioria de vocês passou. Ela tem algumas perguntas, então se vocês desejarem ajudar, seria apreciado."

Novamente, Mackenzie recebeu olhares irados. Estava claro que ninguém na sala confiava nela.

"Eu vou ser curta e grossa," ela disse. "Alguém aqui já teve algum tipo de relacionamento ou contato com o Padre Henry Costas da Igreja Católica Sagrado Coração em Washington, DC?"

Ela recebeu alguns olhares vazios e cabeças balançando. Duas pessoas haviam decidido que não ficariam para esse tipo de pergunta e passaram por ela, direto para fora da porta. Ela fez algumas outras perguntas, esperando ter algum tipo de pista. Mas, assumindo que os frequentadores estivessem sendo verdadeiros, ninguém nessa reunião já encontrou com qualquer uma das vítimas, nem ouviram falar de algum dos amigos ou entes queridos sendo abusados ou ameaçados pelas vítimas de qualquer maneira.

Quando ficou claro que essa reunião tinha, essencialmente, sido um beco sem saída, Mackenzie ficou calada novamente, esperando por um momento para falar com Barbara Francis.

Alguns dos presentes tiraram um momento para falar com Barbara depois. Outros saíram logo em seguido, como se não pudessem esperar para sair da sala e do lembrete forçado do que havia acontecido com eles. Alguns deles olharam para Mackenzie, claramente infelizes por ela ter ido até lá.

Mackenzie continuou esperando, desejando falar com Barbara Francis. Ela teve um entendimento muito melhor do que aquelas que sofreram nas mãos de líderes religiosos passavam, mas ela ainda tinha que encontrar alguma coisa nova que pudesse ajudá-la a revelar a identidade de um assassino. Ela percebeu que uma mulher com a experiência e formação de Barbara poderia auxiliá-la a encontrar algumas daquelas pessoas faltantes.

No fim, foi Barbara que foi até ela quando a sala estava quase vazia. E ela não foi sozinha. Havia uma mulher de cerca de trinta e cinco ou por aí ao lado dela. Ela era uma mulher naturalmente bonita, mas usava o cabelo para baixo por cima do rosto e andava como alguém que estava esperando cair em um buraco a qualquer momento. Ela também permaneceu muito próxima a Barbara Francis enquanto caminhavam até onde Mackenzie ainda estava sentava sentando-se na parede ao fundo.

"Agente White," disse Barbara." Antes de tudo, obrigada por não ter sido uma distração durante a reunião."

"Claro," disse Mackenzie. "Obrigada por me permitir comparecer e fazer minhas perguntas. Eu sei que é um tópico que as pessoas que se reúnem aqui mantêm como um assunto muito particular."

"Mantém," disse Barbara. "Mas, sem dá-los qualquer detalhe sobre seu caso, eu fui capaz de repassá-los que você estava aqui para ajudar-que você estava aqui trabalhando para ajudar os outros. Com tudo isso dito, eu acho que alguns ainda estão muito fechados e defensivos quando se trata de compartilhar as histórias deles com pessoas que eles não conhecem. Tudo isso à parte, porém... eu gostaria que você conhecesse Lindsay."

A mulher com aparência assustada assentiu para ela. Ela olhou para Mackenzie por um momento, contudo, antes que seus olhos retornassem para Barbara.

"Lindsay me deu permissão para dizê-la o porquê de ela estar aqui. Ela ainda não é capaz de fazê-lo por conta própria ainda. Lindsay, você tem certeza de que não gostaria de tentar colocar isso para fora?"

"Tenho certeza," disse Lindsay discretamente. "Mas você pode ir em frente."

"O filho de Lindsay foi abusado por um pregador que sua família frequentou por toda a vida," disse Barbara. "Na época da mãe e do pai de Lindsay, sua família sempre compareceu à essa igreja e via o pregador como um homem que eles amavam e confiavam. Um homem que nunca machucaria ele ou qualquer outra pessoa."

"Então você pode imaginar a surpresa dela quando seu filho de treze anos chegou até ela com uma confissão: que o pregador de setenta e dois anos se envolveu em alguns atos bem explícitos e pornográficos com ele. Foi desmoralizante e-"

"Isso está muito leve," disse Lindsay, aparentemente decidindo que Barbara estava sendo muito leniente. "O bastardo fez meu filho... ele fez meu filho fazer sexo oral nele. E ele filmou."

Lindsay soava como se pudesse engasgar nas palavras enquanto elas saíam. Barbara assentiu, colocando um braço ao redor de Lindsay. Mackenzie podia perceber que Lindsay queria chorar, mas parecia quase incapaz de fazê-lo.

"Então, quando o filho dela veio até ela com essa história," Barbara continuou, "Lindsay e o marido dela o repreenderam, assumindo que ele estava inventando. Quando ele se tornou insistente e recusou-se em ir à igreja, eles o colocaram de castigo. Depois daquilo, o filho deles ficou distante e começou a se rebelar. Começava briga com os amigos. Até mesmo deu um murro no pai dele. E, então, seis meses atrás, ele cometeu suicídio. Não foi até aí que Lindsay e seu marido levaram a história do filho a sério. Eles foram até a polícia e depois de uma breve investigação, descobriram mais de vinte vídeos gravados em um HD portátil. O pregador havia feito coisas similares com pelo menos mais oito crianças. Havia também Polaroides no armário dele, tiradas de pré-adolescentes e crianças desde o início dos anos oitenta."

Mackenzie se sentiu enjoada. E ela podia dizer pelo olhar no rosto de Barbara que a história não havia terminado.

"O suicídio foi demais para a família," continuou Barbara. "O marido de Lindsay a deixou logo depois. O pregador está na cadeia e muitos da congregação culpam Lindsay e a família dela."

"Por quê?" ela perguntou.

"Porque ele era amado," cuspiu Lindsay. "A evidência está aí e eles a enxergam, mas se recusam a acreditar. Ele até enviou uma pedido de desculpas para a igreja, que um dos diáconos leu em voz alta durante um culto."

"Agente White," disse Barbara, "você me daria licença por um momento?"

"Claro."

Barbara levou Lindsay para longe lentamente, fora da sala para corredor que Mackenzie desceu há cerca de uma hora. Mackenzie caminhou para o centro da sala, precisando caminhar, precisando expelir um pouco da sua energia nervosa. Ela não estava certa de que alguma vez se sentiu tão chocada por um caso antes. A história de Lindsay tornou isso significativamente pior e fez Mackenzie se sentir quase impotente.

Todas essas histórias de abuso só me levaram mais fundo na corrupção e pecados escondidos dentro das organizações de igrejas, ela pensou. No fim, não há nem garantia de que isso vai me ajudar a encontrar o assassino.

Ela se sentou em uma das cadeiras, sentindo-se cansada e fraca.

E com raiva.

Alguns momentos depois, Barbara retornou à sala. Ela estava sozinha desta vez ao se sentar ao lado de Mackenzie.

"Você encontrou o que estava procurando?" perguntou Barbara.

"Eu não sei ainda."

"Bem, durante toda a reunião, eu tive esse pensamento no fundo da mente," disse Barbara. "Depois que eu conversei com você sobre se juntar a nós hoje, a história de Lindsay veio a minha mente e ficou por ali bem firme. E não somete por causa da severidade da história, embora seja uma bem trágica."

"Sim, eu que o diga."

"Eu levei Lindsay para fora, porque a última parte da história é, por alguma razão, a mais difícil para ela ouvir. Mas eu acho que você precisa escutá-la. Se você está procurando por alguém que está matando líderes religiosos de todas as denominações, eu acho que isso pode se encaixar."

"Como?" perguntou Mackenzie.

"Lindsay mencionou uma carta que o pregador escreveu. Um dos diáconos a leu em voz alta para a congregação no domingo depois de o pregador ter ido para prisão. Era uma carta curta, mas havia um comentário nela sobre o qual nunca me senti bem. Parecia... eu não sei. Estranho, eu acho."

"Como você o ouviu?" perguntou Mackenzie.

"Ah, não ouvi. Mas alguém na igreja gravou no celular. Enviaram-me uma cópia quando em comecei a ter encontros semanais com Lindsay. A carta toda fala sobre pecados da carne e arrependimento e pecados. Mas perto do final, ele faz o comentário acerca de como ele estava glorificando as coisas erradas. Ele disse, palavra por palavra, eu perdi meu amor por Jesus em algum ponto e comecei a procurar outra coisa. Essas pobres crianças se tornaram meu Jesus e eu as glorificava. E, como alerta a Bíblia, quando colocamos qualquer coisa acima do nosso Senhor, o resultado é o pecado."

"Então... ele era o quê?" perguntou Mackenzie. "Sexualmente abusando deles porque ele os odiava? Porque eles estavam tomando o lugar de Deus para ele?"

"Talvez," disse Barbara. "Há tanto para descobrir aqui. O homem é, claramente, instável mentalmente. Mas, sim... no que me diz respeito, ele estava projetando abuso nessas crianças como uma forma de um tipo de adoração distorcida. Eu vi alguns trechos das histórias dos noticiários sobre o caso no qual você está trabalhando e aquela carta do pregador me veio a mente algumas vezes. Especialmente pelo trecho que eu acabei de citar para você."

Mackenzie ainda se sentia doente além da compreensão, mas a teoria fazia certo sentido.

"Deixe-me perguntá-la," disse Mackenzie. "As pessoas com as quais você trabalha chegam a conseguir superar o abuso algum dia?"

"Algumas sim," ela disse. "Depende da personalidade daqueles abusados e, é claro, da extensão do abuso. Eu entendo que você nunca lidou com um caso nessa rena?"

"Não nessa extensão, não."

Barbara assentiu solenemente. "Uma palavra de aviso," ela disse. "Não deixe atingi-la. Antes que você perceba, você pode ficar toda enrolada nisso. As histórias são de partir o coração. E o fato de que você não pode consertá-las... isso te arrasa."

Mackenzie pensou que ela já estava sentindo um gosto disso, mas disse nada. Certamente, seus poucos dias de ouvir algumas histórias eram nada em comparação ao que Barbara havia visto e escutado.

"Obrigada novamente pela sua boa vontade em me deixar vir," disse Mackenzie.

"Claro," disse Barbara. "Eu espero que tenha ajudado."

Ela pensou sobre a frase da carta do pregador que Barbara havia acabado de citar e começou a desmembrá-la.

Essas pobres crianças se tornaram meu Jesus e eu as glorificava. E, como alerta a Bíblia, quando colocamos qualquer coisa acima do nosso Senhor, o resultado é o pecado.

"Sabe," ela disse. "Eu acho que me ajudou mais do que eu achava que iria."

Ele não é uma vítima, ela pensou. E se ele não está mirando esses líderes por vingança ou ódio? E se ele os ama? E se ele está glorificando-os através dessas crucificações falsas? E se ele acha que eles merecem a mesma morte de Cristo como uma maneira de louvá-los e adorá-los?

"Muito obrigada pelo seu tempo," disse Mackenzie.

Ela então girou nos calcanhares e saiu pela porta. No caminho para seu carro, ela pegou um e-mail que Harrison havia enviado para ela mais cedo no dia, logo antes de ela sair de Washington. O e-mail era breve e direto ao ponto: apenas um nome e número de telefone.

A informação de contato para o especialista na Bíblia que ela havia requisitado.

Ela fez a ligação antes mesmo de voltar para trás do volante do carro, enquanto o senso de urgência começava a inundar seu coração, substituindo o enjoo sombrio que ela sentira há apenas alguns momentos.


CAPÍTULO VINTE E SEIS

 

Ela estava de volta a DC um pouco depois das oito horas. Ela saiu da via expressa e ultrapassou tanto a sede do FBI quanto do seu apartamento. No lugar, ela se foi em direção a Park View, onde ela havia organizado sua próxima reunião imediatamente depois de deixar Barbara Francis em Alexandria. Ela se permitiu tempo suficiente para pegar um lanche rápido no drive-thru antes de ir a uma pequena igreja, da qual ela nunca ouvira falar antes.

Ela estacionou em frente a Igreja de Cristo Park View e foi direto para às portas que apreciam antigas. Igreja de Cristo Park View não tinha o brilho e glamour de uma Sagrado Coração ou Palavra Viva ou até mesmo São Pedro. Era uma simples igreja de um andar que tinha o tamanho parecido com uma casa modesta. Parecia que havia sido construída nos anos quarenta ou cinquenta, completa com um campanário e um sino de verdade no topo.

Ela encontrou a porta da frente destrancada, como lhe fora dito que estaria. Ela entrou por um pequeno vestíbulo e em um santuário pitoresco. Mais ou menos cinquenta bancos cobriam o chão e janelas de vitrais ornadas, mas agradavelmente pintadas, situavam-se pelas paredes. Na melhor das hipóteses, Mackenzie assumiu que o lugar poderia comportar não mais que trezentas pessoas em um dado domingo.

Na frente da sala, um cavalheiro mais velho estava polindo meticulosamente a tampo de um velho piano de cauda. Ela olhou para cima assim que ela desceu pelo corredor central que corria entre os bancos e deu a ela um pequeno aceno. Ele repousou o pano no banco do piano e a encontrou na metade do caminho pelo corredor.

"Agente White?" perguntou o homem.

"Sim. E você é Benjamin Holland?"

"Sou! Prazer em conhecê-la."

Eles apertaram as mãos e Mackenzie percebeu que gostou de Benjamin de imediato. Ela sabia muito pouco sobre ele-apenas que o FBI havia confiado nele duas vezes nos últimos dez anos quando eles precisaram de alguém para decifras as dicas que acreditavam ser bíblicas por natureza. Benjamin Holland passou em ambas as instâncias, dando-lhes informação suficiente para capturar um suspeito em um dos casos e provando que não havia qualquer coisa bíblica sobre certas dicas na outra instância.

"Então, diga-me como posso ajudar," disse Benjamin. "Eu estive seguindo a história nos noticiários e estou bem chateado. Eu conhecia todos aqueles homens; Reverendo Tuttle e eu tínhamos o hábito de pegar café da manhã juntos quase todas as manhãs de quinta pela maior parte de três anos não há muito tempo."

"Bem, para início de conversa, eu estava me perguntando o que você poderia ser capaz de me dizer sobre alguma instância de assassinato na Bíblia que foi feita com propósito de glorificação."

Benjamin pensou por um momento antes de começar a andar até a frente do santuário. "Venha comigo por um momento, se você não se importa," ele disse. "Eu vou mostrar a você porque eu pedi a você para me encontrar aqui."

Achando que essa havia sido uma resposta estranha para sua pergunta, Mackenzie seguiu junto de qualquer forma. Ele a levou através de uma porta na frente do santuário que levava a uma pequena sala atrás do mesmo. Algumas cadeiras de dobrar encostadas contra a parede indicavam que era algum tipo de local de reunião-talvez um lugar para jantares onde cada um trás seu prato ou reuniões de orações.

Outra porta aguardava atrás dessa sala. Benjamin a abriu e entrou, ligando o interruptor da luz ao entrar. Mackenzie se viu entrando em uma sala onde cada parede era uma estante de livros. E cada prateleira parecia estar completamente cheia. No centro da sala havia um único sofá e uma mesa de centro riscada. Uma bíblia repousava sobre a mesa de centro, aberta em uma passagem de Lucas.

"Essa é a minha sala favorita em toda Washington," disse Benjamin orgulhoso. "Não é minha, mas eu e três ou quatro outros líderes chamamos de nossa. Quase todas as respostas que eu precisaria sobre a vida-espirituais ou não-podem ser encontradas aqui. Sente-se, por favor."

Mackenzie sentou-se no sofá, olhando ao redor. Ela não podia sequer se aventurar em um chute sobre quantos livros havia na sala. Ela viu Bíblias em diferentes traduções e versões. Ela viu devocionais enormes, memoriais e livros de consulta e muito mais.

"Agora," disse Benjamin, de pé ao lado de uma prateleira a sua esquerda. "A respeito à sua pergunta sobre assassinato como meio de glorificar Deus. Pode ser respondida de algumas formas diferentes. Na verdade, tudo depende de quem está perguntando. Veja, se você está perguntando na perspectiva de alguém que está profundamente enraizado na religião ditada por leis do Velho Testamento, eu posso lhe dar vários exemplos. Mas se você está mais interessada nos ensinamentos e exemplos de Cristo, então fica muito mais difícil de responder."

"Mas é o mesmo livro, certo?" perguntou Mackenzie. Ela não gostava de se sentir estúpida, mas sua falta de conhecimento em ensinamentos bíblicos estava bem evidente naquele momento.

"É," disse Benjamin. "Mas você vê, se você está mais inclinada em direção a Cristo, então você deve entender que sua crucificação foi a resposta a todas aquelas oferendas queimadas e gado morto nos altares de ritual do Velho Testamento. O Velho Testamento está repleto de assassinatos, alguns até mesmo ordenados pelo próprio Deus. Então, sim... muitos dos assassinatos aí foram feitos em reverência a Deus. O apedrejamento de mulheres, a matança dos primogênitos e por aí vai. Mas, então, Cristo aparece morre pelos pecados da humanidade. Ele é o sacrifício final de um Deus amoroso."

"Eu vejo," disse Mackenzie, embora ela ainda estivesse penando com isso. "E dado que o assassino está usando crucificação como uma coisa simbólica, eu estou assumindo que ele é mais centrado nos ensinamentos de Cristo do que na lei do Velho Testamento. Concorda?"

"Sim. Eu acho ainda mais pertinente que ele não esteja distorcendo a crucificação. Normalmente, quando você vê a cruz de Cristo retratada em crimes de ódio, elas estão invertidas ou de cabeça para baixo-quase como uma zombaria. Mas esse cara está seguindo a verdadeira forma do Novo Testamento."

"Havia mais alguém na Bíblia que foi crucificado?"

"Bem, era uma punição comum que os romanos realizavam, mas nós só vemos uma em grande detalhe na história de Cristo. Valeria a pena salientar que quando o apostolo Pedro foi crucificado sob o Imperador César ele pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, porque ele não se via digno de ser torturado da mesma maneira que Cristo foi."

Então talvez esse cara esteja glorificando aqueles que ele mata, pensou Mackenzie. Talvez ele esteja mostrando-lhes o mesmo respeito e reverência que a Jesus Cristo.

"Outra coisa que eu gostaria de perguntar para você," disse Mackenzie. "E eu sei que é pedir demais, mas certamente vale tentar." Ela tirou o celular e mostrou um mapa da área de DC. Nela, ela já havia marcado previamente as coordenadas que cada assassinato havia acontecido, destacado por um pequeno marcador vermelho.

"Esses foram os locais onde todas as mortes ocorreram," ela disse. "Você pode olhar para eles e me dizer se pode haver algum tipo de significado bíblico ou padrão?"

Benjamin estudou o mapa de perto, tirando um par de óculos do bolso da sua camisa e os colocando na cabeça. "O primeiro homicídio foi aqui, na Sagrado Coração, correto?" ele perguntou.

"Sim. Padre Costas."

Benjamin traçou as rotas entre os marcadores no mapa com o dedo. "Certamente não há um padrão óbvio aqui," ele disse. "Porém, se esse homem está extraindo com tanta força da narrativa de Jesus, eu não posso deixar de imaginar..."

Com isso, ele deu o telefone de volta para ela e andou até uma das estantes de livro. Ele escaneou alguns títulos antes de selecionar um e retirá-lo. Era uma brochura com algum desgaste e rasgos, um volume fina que ele trouxe de volta ao sofá.

"Há esse tipo de trilha que alguns estudiosos e gananciosas armadilhas de turismo em Israel se referem como a Trilha de Jesus," ele disse. Ele virou algumas páginas do livro, parando em um ponto um pouco depois da metade. "Bem aqui", disse ele, apontando para ele.

"Sinto muito," disse ela. "Eu não sou exatamente bem versada em religião ou em grande parte da Bíblia. Você pode me explicar o que estou olhando?"

"Certamente. Veja, há uma faixa de terra em Israel que se acredita ser a principal via que Jesus Cristo viajou enquanto ensinava. A chamada Trilha de Jesus começa em Nazaré e termina em Cafarnaum. Como você vê aqui," ele disse, tocando um mapa na página que ele havia passado, "o Mar da Galileia banha uma parte dele."

"E essa trilha é bem conhecida?"

"Para alguns," disse Benjamin. "Pessoas que fazer o tour bíblico em Israel, normalmente vão vê-la. Tem cerca de sessenta quilômetros e está salpicada com alguns lugares importantes em termos da vida de Jesus."

"Então, por que termina no Cafarnaum?" perguntou Mackenzie.

"Há uma passagem no Livro de Marcos que diz, Alguns dias depois, Jesus voltou para a cidade de Cafarnaum, e logo se espalhou a notícia de que ele estava em casa. Baseado na escritura, muitos acreditam que o Cafarnaum era essencialmente um tipo de base doméstica para seus ensinamentos."

"E por que você está me mostrando isso?"

"Bem, é a única trilha notável que nós sabemos com certeza que Jesus caminhou," ele disse. "E agora que eu estou vendo a Trilha de Jesus e o caminho que esse assassino parece estar..."

Ele entregou o livro para Mackenzie, para permiti-la julgar por si própria. Ela colocou seu celular sobre a página oposta da Trilha de Jesus. Ela estudou o mapa da Trilha de Jesus primeiro-uma linha que começava ao norte e deslocava levemente para o sul ao se estender de Nazaré, passando por Caná e Bete Arabá, chegando a um fim em Cafarnaum.

Havia numerosos pontos de interesse ao logo da Trilha de Jesus, mas apenas quatro locais de assassinato ao longo do caminho do assassino, Sagrado Coração, Pedra Angular, Palavra Viva e São Pedro. Ela usou seu rastreamento de GPS para fornecer um caminho exato entre os pontos que ela tinha marcado no mapa e quase foi ao chão pelo que ela viu.

No início da Trilha de Jesus, havia uma forma de 'U' invertido pelo caminho, conectando Nazaré a uma cidade chamada Mashhad. No mapa dos locais dos assassinatos, a rota entre a Sagrado Coração e Pedra Angular batia com a forma da trilha quase perfeitamente. Então, da Pedra Angular para a Sagrado Coração, havia uma ligeira inclinação para o noroeste-a mesma que a Trilha de Jesus entre Caná e Lavi.

É isso, ela pensou enquanto seguia a linha digital entre a Palavra Viva e a São Pedro. Ah, meu Deus...

E como ela tinha assumido, a linha um pouco irregular e tortuosa que continuava na Trilha de Jesus indo na mesma direção.

Ela verificou novamente antes de ficar muito anima, mas ela sabia que era isso antes de terminar.

Sagrado Coração e Nazaré se alinham.

Pedra Angular e Mashhad se alinham quase perfeitamente.

Palavra Viva está um pouco fora de Lavi, mas não muito.

São Pedro alinha-se com Arabá-e a rota até mesmo pega a mesma estranha e pequena curva irregular em ambos os mapas.

"É isso," ela disse. "É muito perfeito para excluir. O assassino está seguindo esse mapa."

Benjamin estava continuamente olhando entre os mapas, assentindo. "Sim, certamente parece que sim."

Ela pinçou e arrastou o mapa no telefone, ampliando a área. "Então, eu só preciso saber quais igrejas estão abaixo da São Pedro-dentro de um raio de cerca de vinte quilômetros. Você tem um mapa ou lista desse tipo de coisa?"

"Não um completo, não..."

"Espere, não importa," ela disse. Ela puxou o menu de opções em seu aplicativo de mapa e solicitou que o programa mostrasse listas de igrejas na área selecionada.

Nove listadas apareceram. Ela imitou cuidadosamente a última porção da rota da Trilha de Jesus no seu mapa com o dedo. Quando ela chegou ao fim da trilha imaginária, ela encontrou seu dedo pairando sobre duas igrejas.

"Você concorda que essas duas igreja servem como lugares próximos de onde o Cafarnaum estaria?" ela perguntou.

"Eu diria que sim," disse Benjamin.

Mackenzie ficou de pé, ainda segurando o livro. "Você se importaria se eu lavasse isso comigo?" ela perguntou.

"De forma alguma. E, por favor, avise-me se eu puder ser de mais ajuda."

"Eu irei. Mas você já foi de mais ajuda do que você imagina."

"Eu estarei orando por você, Agente White," disse Benjamin enquanto ele a acompanhou para fora da biblioteca.

"Obrigada," ela disse, do fundo do coração.

Era estranho, mas talvez pela primeira vez na vida, ela foi capaz de tirar algum conforto ao saber que alguém estava ativamente rezando por ela.

Ela fez seu melhor para manter essa paz ao voltar para a sede do FBI.


CAPÍTULO VINTE E SETE

 

Ela tentou ligar para McGrath no caminho para a sede, esperando atualizá-lo antes que ela chegasse lá. Ela ficou na caixa postal e não se importou em deixá-lo uma mensagem, já que ela o veria em uma hora mais ou menos. Quando ela chegou ao prédio vinte minutos depois, parou o carro no estacionamento para visitantes ao invés da garagem, certa que estaria de volta lá fora em alguns minutos.

Ela se apressou para dentro em direção aos elevadores. As portas se abriram e antes que ela entrasse, foi surpreendida ao ver Harrison e Yardley saindo dele.

"Agente White," disse Yardley. "Você parece ansiosa. O que tá rolando?"

"McGrath está no escritório dele?"

"Não, ele está de volta à Delegacia do Terceiro Distrito," disse Harrison. "Ellington também está com ele."

Ela ponderou as opções e decidiu que dirigir de volta para o Terceiro Distrito seria uma perda de tempo. "Vocês dois podem subir comigo por um segundo?" ela perguntou. "Eu acho que estou de olho em algo e eu preciso todos os corpos que conseguir."

Eles tomaram o elevador para cima até o escritório, onde ela puxou o mesmo mapa que tinha no celular, mas dessa vez na tela do seu notebook. Então, ela colocou o livro de Benjamin Holland na mesa, abrindo o mapa da Trilha de Jesus.

"O que é isso?" perguntou Harrison, estudando o mapa.

"Um segundo," disse Mackenzie, tirando o celular novamente. Dessa vez ela ligou para Ellington ao invés de McGrath, sentindo certeza de que havia uma chance melhor de que Ellington responderia se visse que era ela. Ela mandou uma solicitação de chamada FaceTime no lugar de uma chamada de voz, desejando ser capaz de mostrá-lo os mapas junto a Yardley e Harrison.

Como ela esperava, Ellington respondeu no segundo toque. Houve um segundo de hesitação usual e, então, a tela surgiu. Ela sorriu à vista de seu rosto quando ele sorriu para ela.

"Ei, esse pano de fundo atrás de você me parece familiar," ele brincou. "De volta na sede?"

"Tenho. Olha... McGrath está por perto?"

"Sim, ele está em uma reunião com um dos detetives. Precisa que eu o chame?"

"Sim, por favor. Como as coisas estão indo com Simmons?"

Ellington estava a caminho, em direção a onde quer que McGrath estivesse. Ele segurou o telefone de maneira que ainda permitisse a ela ver a face dele, apenas um trecho.

"As coisas estão ficando instáveis. Quanto mais aprendemos sobre ele, mais McGrath está voltando para o seu lado das coisas. Simmons claramente não é o nosso cara. Se eu tivesse que apostas, ela vai ser solto em algumas horas. E, tomara, que recomendado a um bom psiquiatra. Quem diabos confessaria algo assim apenas por atenção?"

Essa era uma conversa completamente a parte que nada tinha a ver com o caso corrente. Então Mackenzie deixou passar.

"OK, ele está aqui," disse Ellington. "Só um segundo."

Ellington abaixou o telefone, deixando Mackenzie, Harrison e Yardley escutando a murmúrios de conversa por vários segundos. Depois de balanças mais um pouco, o telefone de Ellington mais uma vez destacou seu rosto. Ela viu McGrath de pé atrás dele. Ele parecia cansado e irritado-uma versão de McGrath que Mackenzie não gostava nem um pouco.

"Encontrou algo?" perguntou McGrath, direto ao ponto como sempre.

"Sim, acho que sim. Eu conversei com Benjamin Holland e ele e eu percebemos algo. Existe essa coisa chamada Trilha de Jesus em Israel. Você já ouviu falar disso?"

"Não," disse McGrath. "Por favor, esclareça-nos."

Mackenzie fez exatamente isso. Ele fez Harrison segurar seu telefone para ter certeza de que ele fosse capaz de apontas as exatas similaridades na Trilha de Jesus com o caminho pelo qual o assassino aparentava estar viajando. Ela não estava não estava nem na metade, quando escutou McGrath proferir uma silenciosa e admirada: "Desgraça."

Dada a situação, ela achou uma maldição bastante irônica.

"Então, qual igreja vai servir como Cafarnaum nessa trilha orientada em DC?" perguntou Yardley.

"Existem duas candidatas," ela disse. "A Batista do Monumento e a Igreja Distrital de Deus. Ambas são próximas o suficiente para que possam ser as próximas na lista dele. Eu recomendo fortemente que tenhamos alguém vigiando esses locais. Talvez até alguém posicionado fora delas até que tenhamos nosso assassino."

"Trabalho bom para caralho, White," disse McGrath.

Ela deixa o elogio a afundar, mas não tomou o tempo para apreciá-lo. Ela podia se sentir deslizar em uma fenda, o tipo que ritmo que ela normalmente sentia quando estava acabando de começar a realmente envolver sua mente em torno de um caso.

"OK, eu gostaria de falar com Ellington a sós, por favor."

McGrath tocou a tela com os olhos. "Certo," ele disse. "Yardley e Harrison, encontrem-me aqui na DP do Terceiro Distrito. Eu não tenho certeza onde é o seu próximo posto, mas precisamos descobrir."

Yardley e Harrison deram pequenos acenos de saudação e saíram. Em seu telefone, o rosto do Ellington voltou à vista. Ele parecia mais feliz do que quando ele atendeu originalmente há cinco minutos.

"Você precisa de um parceiro?" ele perguntou.

"Se você estiver ocupado por aí, pode ficar. Talvez você deveria ficar até que eles liberem o Simmons. Alguém precisa ser a voz da razão."

"E para onde está indo?" ele perguntou.

"Eu tenho um último palpite que eu quero verificar," ela disse. "Depois de conversar com uma mulher no encontro em Alexandria, eu estou começando a achar que os assassinatos não são atos de vingança. Eu acho que é uma forma de glorificação."

"Repete?"

Ela o contou a respeito do pregador que havia referido a si como glorificador das jovens pessoas das quais ele abusou-desses adolescentes tomando o lugar de Jesus. Então, ela remeteu a breve conversa que ela teve sobre a teoria com Benjamin Holland.

"E qual é o seu palpite?" perguntou Ellington.

"Estou me perguntando se talvez o assassino seja alguém que realmente admirava estes homens que ele matou. Ele os crucificou da mesma maneira que Cristo. Alguns ele respeitava mais, talvez; esse é o motivo porque a ferida na lateral não estava presente em todos eles. Estou imaginando se estamos procurando por algum tipo de padre ou pregador que tenham caído em desgraça. Alguém com esse tipo de reverência para esses homens..."

"Sim, isso parece funcionar," disse Ellington. "Mantenha-me postado."

"Irei."

"Sem querer parecer cabeça pequena, eu tenho que perguntar: você sabe se você vai estar de volta ao apartamento em algum momento essa noite?"

Ela queria estar frustrada com a pergunta, mas ela também sentia. Uma centelha de luxúria e alegria que vem com os altos de qualquer relacionamento. Eles estavam em um alto agora, um alto que parecia estar se estendendo bem. Mas acontecia que ambos tinham trabalhos que demandavam muito que vinham primeiro na maioria das vezes.

"Não sei. Veremos. Se você chegar lá antes de mim, mantenha a cama quente."

"Posso fazer isso. Tome cuidado por lá."

Ela sorriu, assentiu e encerrou a ligação. Então, ela coletou o livro de Benjamin Holland e se dirigiu direto para fora da porta.

Lá fora, a noite estava recaindo sobre DC. Mas Mackenzie tinha uma sensação engraçado que seu dia estava apenas começando.


CAPÍTULO VINTE E OITO

 

Devido as apostas altas do inquérito, Mackenzie foi capaz de obter o número de telefone que ela precisava com apenas duas solicitações simples. E, embora o número de telefone que ela estava buscando era de alto perfil, foi-lhe entregue quase com irreverência. Quando ela fez a ligação para o Bispo Auxiliar Whitter, a facilidade em conseguir o número dele a fez perceber o quanto McGrath e o FBI inteiro estavam contando com ela.

Whitter respondeu no terceiro toque e quando Mackenzie se apresentou, ele pareceu absolutamente lívido.

"Agente White, eu acho que eu deixei bem claro quando nos falamos da última vez que eu não quero qualquer coisa com você?"

"Sim, senhor. Você deixou. E eu-"

"Ah, você pode parar bem aí," disse Whitter. "Você foi muito rude ao insultar a minha fé. Esteja avisa que eu estarei entrando em contato com seu supervisor e entrando com uma queixa formal."

"Na verdade, isso é ótimo," disse Mackenzie. "Porque ele foi quem me deu autoridade completa sobre esse caso. Então, se você ligar para ela para reclamar de mim, esteja preparado para responder a algumas questões sobre obstruir informações sobre o caso."

"Você está blefando."

"Hum, acho que não. Se você quiser, eu lhe dou o nome dele, número e ramal bem agora."

Whitter hesitou por um momento antes de finalmente responder. A voz dele ficou baixa e quase como o silvo de uma cobra. Ela podia imaginá-lo apertando a pegada em torno do telefone e falando por entre os dentes do outro lado da linha.

"Certo. Há uma cafeteria na Georgina Avenue. Cuppa Joe, é chamada. Você conhece?"

"Café," ela disse sonhadoramente. E então, porque ela achou que ela estava em boa sequência e simplesmente não pode se conter, ela acrescentou: "Aleluia!"

 

***

 

Os bons cidadãos de Washington, DC, gostavam do café de lá, como ficou evidenciado na fila ridícula na cafeteria. Mackenzie viu o Bispo Auxiliar Whitter logo de cara, sentado nos fundos da cafeteria. Resistindo ao aroma tentador de uma torra escura sendo passada, Mackenzie se dirigiu até os fundos para encontrá-lo.

Ele parecia irritado quando ela se sentou na sua frente na mesa. Ela exauriu seu cérebro, tentando entender o que ela havia feito que pudesse irritá-lo tanto da última vez. Aparentemente, os superiores na Igreja Católica não apreciavam ter a sujeira dos seus irmãos jogada nas suas faces de maneira tão flagrante.

Mas Mackenzie nunca esteve no ramo de amaciar suas palavras para poupar alguns sentimentos feridos. Especialmente, não agora que ela sentia que estava se aproximando de respostas sólidas.

"Eu acredito que você ainda esta perdendo no caso atual?" perguntou Whitter.

"Na realidade, eu passei me deparei recentemente com uma teoria promissora," ela disse. "Estamos dando passos em direção do que achamos ser finalizar um plano. Porém, ninguém pode ter pistas suficientes. Por isso, eu estava esperando dizer algumas coisas a você."

"Mais acusações deploráveis?" perguntou Whitter incrédulo.

"Na verdade, não. Estou começando a acreditar que esses assassinatos não são mortes de ódio ou vingança. Eu acredito que o assassino tem algum dito de respeito distorcido pelas vítimas-que ele está usando o ato simbólico da crucificação como forme de glorificar suas vítimas. Ele acredita que elas merecem a mesma morte e reverência que Jesus."

A ideia pareceu bater com força em Whitter. Sua ira se dissolveu vagarosamente em algo mais. Tristeza, talvez, ou horror.

"Nós também acreditamos que o assassino está imitando o caminho da então chamada Trilha de Jesus, outra indicação que as mortes são uma mostra de respeito ao invés de vingança."

"Entendo," disse Whitter, sua atitude um pouco mais branda agora. "Então, como você acredita que eu possa servir a você nessa circunstância?"

"Bem, a ampla dedicação e adoração de tal homem me levam a crer que não estamos falando sobre uma pessoa regular com uma teologia perturbada. Alguém tão motivado assim deve saber e amar Cristo intimamente... embora enquanto também possuindo algum tipo de desequilíbrio mental."

"Você acha que seja alguém dentro da igreja?"

"Eu acho que é uma forte possibilidade."

"Você não acha que você possa estar tentando demonizar homens do clero nessa pequena caçada?"

"Com todo respeito," disse Mackenzie, "nesse ponto da investigação, coisas como trabalhos ou preferências religiosas não são um fator. Não me importo quem ele seja, eu não me importo com o que ele acredita e eu realmente não me importo com onde ele escolhe adorar. Então, não... eu não estou demonizando ninguém. Estou simplesmente tentando fechar um perfil."

"Então, eu pergunto novamente: como você espera que eu ajude?"

"Eu preciso saber se você consegue pensar em algum padre-ou pregadores ou pastores o que seja-na área, o qual possa ter sido desaprovado as vezes por ter sido muito exagerado. Talvez alguém com uma história obscura que sobre a qual ele nunca se pronunciou?"

Ela pode dizer imediatamente que Whitter tinha um nome em mente. Ela podia ver na maneira com que seus olhos se desviaram dela instantaneamente um segundo depois de ela ter feito a pergunta.

"Você entente," ele disse, "que isso é difícil para um homem na minha posição. É, pegando uma referência da Bíblia emprestada, apontar para o cisco no olho de meu irmão enquanto há uma viga em meu próprio."

"Sim, mas reter informação que poderia permitir esse assassino conduzir outro assassinato só vai fazer essa viga ficar maior."

Whitter deixou sair um suspiro trêmulo e pareceu como se fosse cair em lágrimas de verdade. Mackenzie realmente podia ver o conflito interno se desenrolado nas expressões que aparecerem no rosto dele.

"Cerca de cinco anos atrás," Whitter disse finalmente, "havia um homem chamado Joseph Hinkley. Ele veio para DC de algum lugar no Alabama. Ele esta um batista que estava absolutamente em fogo pelo Senhor. Ele tina uma posição aqui na cidade em uma igreja muito pequena e durou apenas alguns meses. Era um desses pregadores do tipo fogo do inferno e enxofre, querendo salvar as pessoas pelo medo da condenação, ao invés de com o amor e promessas de Cristo. Ele levava muito daquela coisa de Velho Testamento a sério. Adúlteros deveriam se apedrejados, uma mulher não tem lugar em trabalho ou no púlpito da igreja, coisas assim."

"Você disse que ele durou apenas alguns meses naquela igreja," disse Mackenzie. "Ele foi liberado?"

"Sim. O rumor é de que ele tentou servir como um pastor interino em algumas outras igrejas. Honestamente, eu nunca dei muita atenção. Católicos não se preocupam geralmente com batistas. Contudo, ele se colocou no meu radar quando começou a se aproximas das igrejas Católicas. Ele tentou convencer algumas-Sagrado Coração foi uma, se eu me lembro corretamente-a deixá-lo a proferir aqui e ali."

"Eu assumo que ninguém nunca o acolheu?"

"Correto. Embora os boatos são que ele brota em cultos de avivamento de vez em quando. O tipo que é tudo debaixo de uma tenda e há um monte de gritaria e ameaça do pecado às pessoas. Eu suponho que alguns dizem que ele é um antigo pregador em desgraça. Mas o negócio era que... ele parecia estar fascinado não apenas com Cristo, mas com os homens que falavam dele. Ele sentia que as pessoas que comunicavam a verdade de Jesus para as massas mereciam quase a mesma aclamação que o messias."

"E isso não é tão comum nos círculos religioso?"

"Não. É blasfêmia. E quando alguém chega perto de se comportar de tal maneira, eles normalmente se sentem arrependidos. Mas Joseph Hinkley usava isso como o cerne da sua mensagem, pelo o que eu entendo."

"Alguma ideia de onde ele mora, por acaso?" ela perguntou.

"Não. Eu acredito que ele ainda esteja por DC, contudo. Eu ouço o nome dele de tempos em tempos. E nunca em boas coisas."

"Obrigada," disse Mackenzie. "Eu sei que foi sofrido para você falar comigo de novo."

"Eu acho que me expliquei bem," ele disse. "Eu não tenho rixas com você-mas eu ressinto um governo e imprensa que estão sempre colocando minha fé como semeadora de intolerância e ódio."

"Essa é a última coisa que eu quero fazer."

"E eu acredito em você," disse Whitter. "Você esteve em minhas orações, Agente White. Apesar da maneira que pode parecer, realmente espero que você seja capaz de acabar com isso rapidamente."

"Também," disse Mackenzie. E incerta sobre como responder de outra maneira, ela acrescentou: "E obrigada pelas orações."

"Você acredita que elas funcionam?" perguntou Whitter, como se estivesse surpreso.

Mackenzie deu de ombros. "Eu não sei," ela disse, respondendo honestamente. "Mas eu sei que você acredita que sim. E que isso por si só significa muito para mim."

Com isso, ela lhe deu aceno de obrigado com a cabeça e ficou de pé. A fila no caixa havia diminuído, então ela se juntou a ela e leu o menu. Ela não estava cansada (e duvidava que estaria em breve), mas uma carga extra de cafeína nunca machuca.

Ela tinha a sensação de que iria ser uma noite longa.

Ela continuou estendendo o ritmo tirando seu telefone e enviando uma mensagem para Harrison. Joseph Hinkley, ela digitou. Antigo pregador batista. Preciso dessa informação ASAP.


CAPÍTULO VINTE E NOVE

 

Harrison foi rápido e efetivo como sempre. Quando Mackenzie estava de volta em seu carro e tomando o primeiro gole do seu café de torra escura, ela estava ligando. Ela saboreou o sabor do café por um momento antes de responder, esperando que Hinkley provasse ser outro trampolim-algo tão útil quanto a informação sobre a Trilha de Jesus.

"Você realmente sabe como escolhê-los, White," disse Harrison,

"Conte-me."

"Joseph Hinkley basicamente não tem registro para se falar até a idade de trinta e sete anos. Seu primeiro destaque veio há sete anos quando ele foi preso por atacar um oficial de polícia em Baltimore durante um protesto contra a construção de um mesquita mulçumana. Um ano depois, ele foi preso por bater na esposa, a acertando duas vezes no rosto e uma nas costelas. Depois que ela o deixou, ele se acabanou com uma de vinte e dois anos. Ele a espancava também. Eu estou olhando para os registros aqui e, aparentemente, ele alega que ele as agredia, porque elas não adoravam o Senhor e os seus caminhos, então ele tinha que puni-las."

"Algo pior que isso?"

"Não do que eu estou vendo. Ele é mencionado em alguns casos com referência cruzada nos quais ele esteve na cena de protestos ou eventos controversos, onde havia uma presença maciça da polícia envolvida, mas não... nada de alertas vermelhos de outra forma."

"Tem o endereço?" ela perguntou.

"Tenho. Eu vou enviar por mensagem para você quando desligar."

Harrison era fiel com a sua palavra, entregando a mensagem em dez segundo depois de Mackenzie terminar a ligação. Ela estava quase inserindo o endereço em seu GPS, mas viu que não precisava. Ela estava familiarizada com o local. Ela havia, de fato, estado bem perto dele a menos de quatro dias atrás.

Acabou que Joseph Hinkley vivia na Bedford Avenue-a menos de um quilômetro e meio da Pedra Angular Presbiteriana.

 

***

 

O protocolo considerava necessário que, porque Hinkley fora condenado como agressor de mulher, Mackenzie fosse que um parceiro. E porque Ellington ainda estava correndo no beco sem saída de Joseph Simmons, era Harrison que a acompanhou. Ele pareceu mais que feliz em ser parte disso-talvez apenas pelo gosto de como fora ser parceiro dela por um breve momento antes de sua mãe falecer. Ou talvez ele estivesse apenas cansado de sentar-se atrás de uma mesa e ser um glorificado farejador de investigação.

Mackenzie estava feliz em tê-lo. Ele estava ansioso e entusiasmado. E do ponto de vista profissional, ela sabia que a prática podia fazê-lo bem.

Quando ela e Harrison chegaram à residência de Hinkley, não havia nenhuma dúvida de que alguém estava em casa. De fato, algumas pessoas estavam em casa. Mackenzie contou quatro carros na pequena garagem. Também parecia que cada luz do lugar estava acesa. Ao sair do carro e caminhou em direção à varanda, ela viu duas pessoas de costas para ela passarem direto pela janela da frente.

"Algum tipo de festinha ou algo assim?" perguntou Harrison.

"Se é o caso," disse Mackenzie, "parece ser uma festa bem desanimada."

A casa não tinha nada que descrevesse um lar. Era uma descuidada casa de dois andares que parecia estar por aí há algum tempo. Sua idade se mostrada na varanda. A luz da varanda revelava lascas e pintura descascando pela fachada e uma porta da frente que havia combatido sua cota de mofo.

A luz da varanda estava ligada, indicando que pelo menos três dos carros na entrada pertenciam aos convidados. Ela andou até a porta e bateu, escutando murmúrios de vozes de pelo menos duas pessoas. Ocorreu uma comoção muito ligeira de dentro quando alguém veio até a porta. Foi atendida por um homem no fim dos seus quarenta, mostrando um largo sorriso entre um bigode espesso e uma barba.

"Posso ajudar?"

"Você é Joseph Hinkley?" ela perguntou.

"Tenho. E você é?"

Ela mostrou seu ID ao se apresentar. "Eu sou a Agente Mackenzie White do FBI." Ela assentiu para o lado e disse, "E este é o meu parceiro, Agente Harrison. Eu estava esperando que você tivesse um tempo para responder algumas perguntas."

Hinkley Parecia alarmado e confuso. Ele olhou por cima do ombro brevemente por um momento antes de sair e puxar a porta quase fechada atrás de si.

"Sobre o que se trata?" ele perguntou.

Mackenzie olhou em direção a fenda na porta, mirando além do pequeno redemoinho de insetos noturnos que pairava sob a luz da varanda. "Você tem companhia esta noite, Sr. Hinkley?" ela perguntou.

"Tenho. É um estudo da Bíblia que eu faço na minha casa duas vezes por semana. Hoje é sobre o livro das Lamentações. Você o conhece?"

Ela sorriu levemente para ele e balançou a cabeça. "Eu gostaria de perguntar a você algumas coisas, lembra?"

"Sim," ele disse. "E sim... Pode responder a quaisquer perguntas que você tiver. Gostariam de entrar?"

"Sim, por favor."

Ele conduziu os agentes através da porta e para a sala de estar da casa. Lá, cinco outros homens estavam sentados ao redor de uma mesa de centro que continha três Bíblias. Eles estiveram no meio de uma conversa até Mackenzie e Harrison entrarem na sala.

"Desculpe, caras," disse Hinkley. "Vocês poderiam me dar apenas alguns minutos? Porém, sintam-se livres para continuar. Corey... pegue o capítulo três, versículo sete."

Um dos homens assentiu enquanto Hinkley levava os agentes por um pequeno corredor até a cozinha. Como a varanda, a cozinha também revelava a idade da casa. O piso de linóleo estava esquálido e descascando levemente nos cantos. Havia um cheiro suprimido de mofo e lixo-os cheiros de um homem que não se importava muito sobre a maneira que as pessoas viam a sua casa.

"Posso oferecer-lhes um refrigerante ou água?" perguntou Hinkley.

"Não, obrigado," ela e Harrison disseram quase em uníssono.

Hinkley deu de ombros. "É o mínimo que posso fazer por uma mulher bela como você que é mandada na calada da noite para casas de homens estranhos. É uma pena. O governo não leva tais coisas em consideração?"

Uau, pensou Mackenzie. Ele realmente tem alguns problemas das antigas.

"Honestamente, eu só tenho algumas perguntas para você," disse Mackenzie. "Se tudo correr bem, você estará de volta para seu estudo em cinco minutos ou menos."

"Certamente, pode perguntar," disse Hinkley.

"Seu nome surgiu em um caso no qual estou trabalhando. Cá entre nós dois, é uma ligação que eu não estou sentido que seja forte. Mas tenho que analisar tudo."

Ela viu de uma vez que sua atitude irreverente o colocou à vontade. A guarda estava completamente abaixada agora, tornando muito mais provável que ele revelasse algum detalhe que pudesse ajudá-la a apanhá-lo... se ele fosse quem devesse ser preso, claro.

"É sobre esses pobres homens de Deus assassinados?" ele perguntou.

"É. Você viu as histórias no noticiário, presumo?"

"Vi. E é absolutamente terrível."

"Você conhecia algum deles pessoalmente?" perguntou Harrison.

"Não a fundo, não."

"Dada a sua história, você já cruzou com algum deles pelo caminho?" perguntou Mackenzie.

"Bem, eu falava com o Reverendo Tuttle frequentemente. Como tenho certeza que você sabe, a Pedra Angular é logo subindo a estrada daqui. Alguns dias-não muito frequentemente, mas o suficiente que virou meio que um hábito-eu parava por lá se eu o visse perambulando por fora do local. Algumas vezes ele próprio cortava a grama e cuidava do paisagismo, sabe."

"Então vocês estavam em termos amigáveis quando ele morreu?"

"Pelo que eu saiba. Ele e eu discordávamos sobre muitas coisas da Bíblia, mas ele sempre foi muito mente aberta. Ele nunca ralhou comigo ou tentou mudar minha mente. Eu gostava bastante dele."

"Sobre que tipo de coisas ele tentava mudar sua mente?"

Hinkley sorriu aqui; era um tipo de sorriso triste, um que parecia muito querer ser uma careta ou uma zombaria. "Como o bom homem que era, o Reverendo Tuttle estava entre a vasta percentagem dos chamados seguidores de Cristo que tomam o Velho Testamento apenas como algumas sugestões gerais. Ele amaciava a ira de Deus em nada além de amor."

"É tão ruim assim?" perguntou Mackenzie.

"Para o mundo... não. Mas esse é um mundo caído. E está caído, porque o homem decidiu desobedecer a Deus. Quando você leva a ira e rigor de Deus embora, você tem nada além de um falso conjunto de diretrizes. Mas como eu disse... eu não o culpava e ele não me culpava. Nós sempre fomos civilizados sobre nossas divergências."

"Você conhecia algum dos outros?"

"Não muito bem. Eu já vi o Pastor Woodall falar algumas vezes. Uma vez eu fui até ele ao final do culto para pedir esclarecimento em algo. Ele era um homem inteligente. Talvez demasiado inteligente para seu próprio bem. Ele deixou a intelecto ficar no caminho da sua salvação, se me perguntar. E o Padre Coyle... eu falei com ele talvez uma dúzia de vezes. Eu encontrei com ele em um protesto alguns anos atrás e ele nós tivemos um papo muito bom."

"Que tipo de protesto?"

"Um comício anti-aborto," disse Hinkley bem orgulhoso.

Não pense em morder essa isca, Mackenzie disse a si mesma. Então, ela percebeu que não era uma isca. Ele estava falando tão pura e honestamente quanto podia.

"Você seria capaz de fornecer o seu paradeiro para as últimas noites?" perguntou Harrison.

Hinkley assentiu solenemente, como se ele já soubesse que a conversa chegaria a isso eventualmente. Sem dizer uma palavra a ela, sua expressão disse a ela que ele sabia que ela o estava olhando como um suspeito em potencial.

"De cabeça, eu posso de dar alguns detalhes bem específicos para cada noite até nove ou dez dias atrás."

"Isso seria ótimo," disse Mackenzie.

"Bem, eu estive na Virgínia, na parte sudeste, por três dias na semana passada. Eu voltei para DC há apenas quatro dias."

"E o que você estava fazendo lá?" ela perguntou.

"Eu participei de uma renovação e palestrei em outra," ele disse. "Se ajuda, eu tenho os recibos do hotel para provar."

Ele não está mentindo, ela pensou. Se eu o pedisse para buscá-los, ele o faria. Ele o faria nesse instante e eu os teria nas mãos dentro de dois minutos. E ele teria um sorriso de bosta na cara quase o tempo todo.

"E sobre as últimas quatro noites?" ela perguntou.

"Eu estive aqui todas essas noites. Tivemos um estudo da Bíblia três noites atrás. Durou mais ou menos até as dez."

Mackenzie estava prestes a fazer uma pergunta de continuação quando seu telefone zumbiu no bolso. Quando ela viu que era Ellington, seu dedão pairou sobre ATENDER.

"Sr. Hinkley, você se importaria em me mostrar esses recibos?"

"Claro," ele disse. "Um momento."

Enquanto Hinkley deixou a cozinha, Mackenzie olhou rapidamente para Harrison. "Suas ideias iniciais?"

"Ele parece um esquisito, mas não acho que ele seja nosso cara."

"Também," disse Mackenzie. "Um segundo," ela acrescentou, gesticulando para o telefone. Então, ela atendeu a chamada com: "Ei. Como vai?"

"Eu pensei que pensei em informá-la que as patrulhas na frente daquelas igrejas não vão ser uma prioridade tão alta como McGrath falou originalmente," disse Ellington.

E por que não? Ele tem uma ideia melhor?"

"Bem, isso vai deixar a mão de obra bem escassa. Ele ainda pode ter patrulhas no exterior delas, mas não vai ser prioridade."

"Não era ele que queria isso terminado o mais rápido possível antes que todos no Hill viessem caindo para cima dele? Mas está preocupado com mão de obra?"

"Pense nisso, Mac. O que vai ser mais efetivo? Alguns agentes ativamente lá fora caçando esse cara ou alguns agentes parados, esperando que o assassino possa aparecer. Além do mais... ele matou ontem à noite. Os outros assassinatos têm sido espaçados. As chances de que ele ataque hoje são quase nulas. Não podemos apenas sentar e esperar."

Ele está certo, ela pensou. Mas ainda assim, ela sentia que era um erro. A pista da Trilha de Jesus parecia sólida e ela sentia que devia ter uma recompensa no fim.

"OK," ela disse. "Obrigado por me informar."

Ela desligou a chamada ao ver Hinkley já retornando pelo corredor em direção a cozinha. Quando ele a entregou os recibos, o fez com um sorriso torto no rosto. Aqui está a prova de como absolutamente errada você está, parecia dizer o sorriso

Ela olhou os recibos e viu que era legítimos. Harrison estava olhando por sobre o ombro dela para eles também, dando-lhes uma olhada de escrutínio. Mackenzie sabia que ela poderia ligar para o motel e certificar-se de que ele não havia feito o check in e então saído apenas para voltar a DC para promulgar seus assassinatos. Mas era um tiro distante e parecia desesperado.

Não é ele, ela pensou. Você sabia disso alguns minutos atrás, pela maneiro que ele falou sobre Tuttle. Então, esqueça e siga em frente.

Obrigado por sua cooperação," ela disse, entregando-lhe os recibos. "Vou deixá-lo voltar para o seu estudo da Bíblia."

"Obrigada. E, Agente... é meio triste, não é?"

"O quê?"

"O fato de homens que alegam acreditar tão fervorosamente em Deus encontrarem alguém que discorda deles de maneira tão alarmante que eles apontam os dedos. Isso os faz sentir confortável. Isso torna mais fácil para eles darem as costas para seu próprio pecado."

Como o cisco e a viga que Whitter mencionou, pensou Mackenzie... não com uma ponta de ironia.

"Desculpe se isso te incomoda," Hinkley disse.

Não, você não sente, ela pensou.

"Agente Harrison," disse Hinkley, "certifique que você esteja sempre cuidando da Agente White. Sua vestimenta é justa, a saia muito alta. E nós vivemos em tempos malignos afinal."

"Como todo respeito," disse Harrison, "a Agente White não precisa de proteção."

Mackenzie disse nada, mas sorriu. Ela também ofereceu um simples aceno de cabeça para Hinkley ao voltar pelo corredor com Harrison a seguindo. Ela nem se incomodou em olhar para trás para o pequeno grupo de homens amontoados na sala de estar para o estudo. Ela andou diretamente para a noite lá fora e aumentou a velocidade enquanto caminhava em direção ao carro. Ela estava bastante feliz que Harrison estivesse com ela. O mero fato de que alguém mais estava lá com ela, ajudou-a a manter os pés no chão, não deixando seu desânimo tirar o melhor dela.

Mesmo que ele fosse inocente, Hinkley a havia irritado um pouco. Havia uma certeza nele-uma garantia absoluta de que ele estava certo e que os homens que foram mortos estavam todos errados. E se esse fosse o caso, então certamente ela não mataria esses homens tendo glorificação como motivo.

Talvez nós entendemos errado a coisa da glorificação, ela pensou. E se esse era o caso, o que mais entendemos errado?

Era um pensamento preocupante e um que a tinha feito quase queimar pneu na entrada de Joseph Hinkley.


CAPÍTULO TRINTA

 

Embora fosse necessária uma condução extra, Mackenzie deixou a residência de Hinkley e dirigiu até a Batista do Monumento e a Igreja Distrital de Deus. A Batista do Monumento veio primeiro. As duas ficavam tão próximas que quando ela saiu do carro para a calçada, ela podia literalmente ver a torre se erguendo em uma silhueta do outro lado mais no fim da rua.

Ela também viu que havia um carro de a paisana parado em frente a Batista do Monumento, o tipo de modelo 2005 inexpressivo que normalmente estava estacionado na garagem do FBI. Ela levantou a mão para o homem lá dentro, um gesto de reconhecimento. A figura lá dentro retornou, o movimento cansado e apático.

Pobre cara está entediado até o topo, pensou Mackenzie. Talvez ele não estivesse se esse local recebesse a atenção que deveria.

A noite estava escura-apenas um quarto da lua visível-então ela usou sua lanterna para verificar o terreno. A Batista do Monumento era bastante pequena, quase tão pequena quanto a pequena igreja na qual ela se encontrara com Benjamin Holland. Havia um pequeno cemitério nos fundos da propriedade, uma coisa que ela raramente via na cidade e isso adicionava um tom assustado para a cena toda. Depois de um circuito pela propriedade, ela caminhou mas longe acima do quarteirão para a Igreja Distrital de Deus.

Esta igreja parecia quase uma pequena loja. Um estacionamento asfaltado estava perfeitamente aparado na frente. Quando ela caminhou até as grandes janelas panorâmicas que viam lá dentro, ela pôde ver muito pouco com sua lanterna.

Talvez Ellington e McGrath estejam certos, ela pensou. Mais que uma ou duas pessoas posicionadas aqui pode ser um desperdício. As outras igrejas tinham um senso de charme e beleza nelas-mesmo a minúscula Pedra Angular Presbiteriana. Esses dois locais... eram como velhos monumentos esquecidos para um Deus que as pessoas só meio que acreditavam.

Incerta se seu encontro com Hinkley estava ou não a fazendo se sentir derrotada, Mackenzie sabia que ela precisava voltar para trás dos arquivos. Ela precisava estar confortável, sua mente desprovida de qualquer coisa. Mesmo se ela estivesse errada sobre essas duas igrejas, ela ainda sentia que ela estava em algo.

Mas em quê?

Era uma boa questão. E era a questão que ela tinha intenção de ter uma resposta antes que o sol surgisse. Ela voltou para o carro, acenando para o homem na patrulha novamente ao passar. Dessa vez, ela mal levantou a mão de volta para ela.

 

***

 

Ellington já estava em casa quando ela chegou. E, embora ele estivesse ficando pronto para se deitar e fazendo piadas sobre como eles poderiam ambos aquecer a cama, ela passou. Ela tinha que pegar aquelas arquivos. Felizmente, Ellington sabia tudo sobre a ética de trabalho dela e não levou para o lado pessoal. Ele também não ofereceu para ajudar, sabendo muito bem que ela recusaria nesse ponto também.

E ele não reclamou nada sobre isso. Ele simplesmente a conhecia assim tão bem, sabendo que ela tinha que trabalhar sozinha, em perfeita paz e sem distrações.

É por isso que eu o amo, ela pensou. É por isso que, se eu seguir meu caminho, vou acabar me casando com ele.

Ela pegou um refrigerante da geladeira às 11:15 da noite e começou a examinar os arquivos do caso novamente. Fotos das cenas dos crimes. Relatórios da perícia. Tudo que ela podia encontrar nos arquivos físicos e tudo dos e-mails e documentos digitais que tinha no computador.

Ela viu a mesma coisa em todas as fotos. Todos os homens foram mortos, despidos quase nus e crucificados de uma maneira que retratava Cristo.

Mas mesmo que esses sejam atos de glorificação, estão sendo realizados por um assassino, ela pensou. E para alguém que não tem escrúpulos sobre matar, algo aparentemente simples como glória seria distorcida.

Ela olhou para as fotos lado a lado. Cada morte... algo era diferente em cada uma. Havia apenas o suficiente para indicar um propósito por trás. Havia o leve corte na lateral do Woodall, então o desagradável e muito claro rasgão na lateral de Coyle. Além disso, com Coyle, havia os itens pessoais no pé da cruz.

Era como se ele estivesse construindo algo. E ele está tomando seu tempo nisso.

Por mais horrível que parecesse, ela duvida de que uma morte iria satisfazer esse cara. Então, se eles fossem trabalhar na suposição que a abordagem da Trilha de Jesus estivesse correta, talvez houvesse além de mais uma parada no caminho-o equivalente ao Cafarnaum.

Ou se existir um curso diferente? Há, talvez, alguma outra rota bem conhecida que Jesus tenha andado?

Ela gastou algum tempo no Google e surgiu com nada. A Trilha de Jesus continuava a pipocar repetidamente.

Quando ela viu que estava no segundo refrigerante, Mackenzie havia lançado mão de desenterrar informações sobre todos os quatro falecidos. Ela viu alguns artigos sobre eles e o Padre Costas até tinha uma página na Wikipédia. Na página, havia uma foto dele falando de um púlpito, um sorriso paternal no rosto. Sua elegante igreja estava atrás dele-as cores brancas, as colunas ornamentadas, mas de bom gosto, uma estranha, porém tranquila, obra de arte em relevo.

Alguns minutos depois ela se deparou com um vídeo do YouTube do Pastor Woodall. Ele estava dando um tour na sua igreja. O tour era co-liderado por um homem que Mackenzie encontrou na manhã que Woodall fora morto-Dave Wylerman, o diretor musical. Enquanto o vídeo levava o espectador pelo santuário (uma ampla sala que parecia mais com um teatro do que com uma igreja), Mackenzie notou as diferenças entre os interiores da Palavra Viva e da Sagrado Coração. Enquanto a Sagrado Coração era clara, destacada em ouro falso e luz natural derramando-se sobre todo lugar, parecia que a Palavra Viva era mais cores mudas e tons de terra. Até mesmo as pinturas na parede da ampla sala de entrada da Palavra Viva pareciam ser escuras e silenciadas.

Ela quase não as reparou, porque eram tão pouco atraentes. Mas após um momento de hesitação, ela parou o vídeo e voltou dez segundos. Ela assistiu Woodall e Wylerman andando pela sala de entrada e então pausou o vídeo quando a pintura voltou a vista.

Ela a estudou por um momento e reduziu o tamanho da janela. Então, ela abriu a página da Wikipédia do Padre Costas novamente e encolheu esta também. Ela deu um zoom na foto dele e então arrastou as janelas lado a lado.

A pintura no fundo da Palavra Viva portava algumas semelhanças com a arte em relevo atrás do Padre Costas em sua foto.

Agora curiosa, ela mandou uma mensagem para Harrison. Ela sabia que ele era uma coruja da noite e que provavelmente responderia rapidamente como sempre. Nós temos ALGUMA foto do interior da Pedra Angular ou da São Pedro?

Enquanto esperava, ela fez uma busca de imagens no Google por Pedra Angular Presbiteriana, Washington, DC. Ela teve que rolar a página um pouco até que encontrasse alguma coisa, mas mesmo assim, não era muito. Algumas poucas imagens de um churrasco na Escola de Férias da Bíblia no ano passado. Uma foto de um coral visitante. Algumas imagens do Reverendo Tuttle. Nada mais.

Ela recebeu uma mensagem de volta de Harrison onze minutos depois que ela tinha enviado sua mensagem. Lento para Harrison, mas não tão ruim considerando que, de alguma maneira, vem a ser 1:48 da manhã.

Precisei que encaminhar a requisição para o arquivo, ele respondeu. O caso é sensível, então eles pularam nele. Estão lhe enviando um e-mail com algumas imagens do interior da São Pedro de depois do assassinato de Coyle.

Ela verificou o e-mail e, certamente, havia um e-mail do Arquivo esperando por ela. Era intitulado São Pedro.

Ela abriu o e-mail e clicou no link dentro. Foi direcionada para um serviço de compartilhamento de arquivos do FBI onde havia dezoito imagens do interior da São Pedro. Ela não chegou a passar da segunda antes que visse que procurava.

No fundo, atrás do santuário e incrivelmente centrada perfeitamente na imagem, havia uma peça de arte de falso relevo. Embora não parecesse ser do mesmo estilo do que ela havia visto por acaso na Palavra Viva ou na Sagrado Coração, havia muitas semelhanças.

Eram muitas para se ignorar.

De fato, naquele momento, pareciam incrivelmente importantes.

Ela olhou para o relógio e depois para o seu telefone. 2:03 da manhã.

Ela não tinha escolha. Certa de que o pobre homem em breve iria odiá-la muito, Mackenzie fez uma ligação para Benjamin Holland.


CAPÍTULO TRINTA E UM

 

Mackenzie ficou surpresa e aliviada ao ver que Benjamin não parecia tão cansado com ela esperava que ele estivesse. Eram 2:50 quando ela o seguiu de volta na pequena biblioteca nos fundos da pequena igreja. Ele parecia quase feliz em estar ali, como se ele pudesse estar retornando ao seu lugar preferido no mundo.

"Eu não posso lhe dizer o quanto eu agradeço você me encontrar em uma hora tão miserável," disse Mackenzie.

Benjamin deu de ombros enquanto ela se acomodava no sofá. "Eu sou uma coruja de qualquer jeito," ele disse. "Eu estava acabando de ficar pronto para assentar a noite quando você ligou."

"Vou tentar fazer com que você volte para a cama logo que possível," ela disse.

Ela estava com sua mochila do notebook por cima do ombro. Ela a escorregou, abriu o notebook e puxou as imagens que esteve estudando com tanto afinco no seu apartamento.

"Embora ainda estejamos considerando fortemente a abordagem da Trilha de Jesus, há algo mais que reparei em algumas dessas imagens. No início em pensei que pudesse ser nada, mas não sei... parece um pouco coincidência demais para mim."

"Bem," disse Benjamin. "Vamos ver o que você tem."

Mackenzie passou os próximos poucos momentos contando-lhe como ela havia chegado a encontrar as imagens-da peça de arte por trás do Padre Costas, até pintura na Palavra Viva e a arte de falso relevo na São Pedro. Então, eles estudaram as imagens de perto. Benjamin parecia bem fascinado enquanto estudava as imagens, um sorriso se formando nos cantos de sua boca.

"Reconhece a obra de arte?" ela perguntou.

"Reconheço," ele disse. "Digo, eu nunca estive realmente na São Pedro antes, então eu na verdade não vi essa obra, mas eu reconheço-a pelo que ela é. Todas as três fotos que você trombou... são os três estágio da Via Sacra."

"O que é isso exatamente" ela perguntou, novamente não gostando da sensação de ser ignorando em uma área específica.

"Em latim, é referida como Via Crucis. É a representação do que Cristo passou no dia que foi crucificado. Há quatorze delas-quatorze imagens que mostram várias cenas daquele dia. Começa no momento em que Pilatos condenou Cristo a morte e termina quando ele é colocado em um túmulo. Há uma certa décima quinta representação não oficial mostrando Cristo sendo ressuscitado."

"E isso é uma coisa bem conhecida?"

"Não realmente," ele disse. Como se arrebatado por uma reflexão tardia, Benjamim levantou do sofá e começou a procurar pelos títulos. Ele percorreu o dedo habilmente ao longo das lombadas, procurando uma em particular.

"Se você pegar uma pessoa aleatória da rua e perguntá-la sobre isso, provavelmente, ela não vai ter ideia do que você está falando," ele continuou. "Eu suponho, porém, que se você vive em Jerusalém, você saberia disso. Há um beco na cidade conhecido como Via Dolorosa, que tem essas estações numeradas. Pessoas podem viajar por elas como forma de lembrança e oração. É claro, como vemos nessas imagens, há representações replicadas pelo mundo inteiro. Uma das mais populares, eu acredito, está localizada em Portugal."

Dito isto, ele selecionou um livro da prateleira e comecei a folheá-lo enquanto voltava para o sofá. Quando ele chegou ao sofá, havia encontrado o lugar que estava procurando e entregou o livro para Mackenzie.

Ela olhou as páginas em frente a ela e viu algumas representações diferentes das cenas da Via Sacra. Havia uma linda em Portugal no Tempo de Nossa Senhora de Fátima. Havia um conjunto colorido inteiro localizado em uma igreja portuguesa em Kolkata. Ao virar para a próxima página, ela até viu imagens mostrando pessoas encenando a caminhada de Cristo até Gólgota, completa com enormes cruzes amarradas nas costas dos atores.

"OK," disse Mackenzie, sentindo as peças caírem no lugar. "Então, o que você pode me dizer sobre as representações dessas igrejas aqui em DC?"

"Bem, a que eu vejo da Palavra Viva está bem clara, eu acho. Mostra Cristo caindo pelo peso da cruz nas suas costas. Agora, durante a via, ele cai três vezes, mas a cada vez que ele cai, há mais pessoas ao seu redor, retratando a multidão se reunindo para vê-lo morrer. Dado que havia pouquíssimos espectadores nessa representação, eu diria que foi a primeira vez que ele caiu."

"Das quatorze estações, qual é a posição dessa?"

Benjamin pegou o livre dela, virou algumas páginas e chegou a uma página que listava a ordem das estações. "Aqui," ele disse. "Seria a terceira estação."

"E a representação da São Pedro?"

Ambos olharam para a foto do interior da São Pedro. Mostrava uma mulher, presumivelmente Maria, chegando ao lado de Cristo enquanto ele continuava com sua cruz.

"Jesus se encontra com Maria," disse Benjamin. "Essa é a quarta estação."

Outra grande peça do quebra-cabeça caiu no lugar para Mackenzie. Se a representação da Via Sacra na Sagrado Coração representa a primeira estação, eu peguei esse desgraçado.

Porque a terceira estação foi a Palavra Viva... e o Pastor Woodall foi a terceira vítima. A quarta estação foi representada na São Pedro e o Padre Coyle foi a quarta vítima.

Outra certeza se instigou nela, uma que a fez ter mais segurança do que nunca que essa era a chave.

Esse cara poderia facilmente matar suas vítimas em suas casas. Mas ele está escolhendo fazê-lo nas igrejas. Por alguma razão, ele sente que precisa acontecer no lugar onde aquela estação em particular está representada. Todas essas mortes... onde quer que os assassinatos aconteçam, tudo termina em uma igreja...

Juntos, Mackenzie e Benjamin olharam a imagem na Sagrado Coração. Ela ampliou a representação da estação atrás do Padre Costas. Ela viu Cristo, de pé com algumas outras pessoas enquanto outro pequeno grupo estava acima dele em algum tipo de grande escadaria ou palco de algum tipo. O homem no centro parecia bastante régio e autoritário. A certeza disso caiu sobre Mackenzie no mesmo momento que Benjamin pronunciou.

"Esse é o momento no qual Pilatos condena Cristo a morte," ele disse. "Essa é a primeira estação."

"Então, ele vai em ordem," disse Mackenzie.

"Parece que é dessa forma," disse Benjamin seriamente.

Mackenzie olhou para a lista cronológica das estações. A quinta estação transmitiu a cena de Simão indo auxiliar Cristo a carregar a cruz.

"Por acaso, você conhece alguma igreja em DC que tem obra de arte que representa a quinta estação?" ela perguntou.

"Temo que não," ele disse. "Mas eu posso fazer algumas ligações e ver se consigo uma resposta."

"Seria extraordinário," ela disse.

"Pode demorar um pouco, dada a hora."

Mackenzie assentiu, se recusando a desanimar-se novamente. "Tudo bem," ela disse. "Qualquer coisa que você possa fazer para ajudar seria muito apreciado. Você poderia me ligar no momento que você obtiver uma resposta?"

"Se eu consegui uma resposta, com certeza."

"Verei o que o FBI pode fazer para ajudar a obter uma resposta também," ela disse. "Obrigada novamente."

Com isso, ela deixou o estudo pela segunda vez em menos de doze horas.

É isso, ela pensou. Essa é a conexão. Isto é o que vai nos ajudar a pegar esse babaca.

Ela correu até seu carro e quase derrapou para fora da vaga de estacionamento ao voltar para a sede do FBI.


CAPÍTULO TRINTA E DOIS

 

Mackenzie não tinha certeza de quanto tempo levaria para encontrar um pedaço de informação aleatória tão bizarra e do nada como o que ela e Benjamin estavam em busca. Mesmo assim, quando rolou 4:30 por lá e ela se viu de pé em uma sala de conferências com três outros agentes e nenhuma resposta além, ela começou a sentir como se o tempo estivesse escapando deles. Chegou ao ponto no qual ela estava esperando o telefone tocar a qualquer momento-seja com boas notícias de Benjamin ou com notícias terríveis de que o assassino atacou novamente enquanto eles estavam ocupados fazendo ligações telefônicas para igrejas para perguntar sobre a arte que eles tinham penduradas nos corredores e santuários.

Ellington, Yardley e Harrison estavam todos na sala com ela. Yardley estava verificando todos os registros de doações de museus de arte nos últimos cinquenta anos, procurando por alguma indicação de que uma representação da Quinta Estação da Cruz tenha sido dada a uma igreja local. Harrison estava ligando apologeticamente para os líderes de cada igreja que ele pode conseguir as informações de contato, perguntando sobre as obras de arte das suas igrejas. Ellington estava correndo interferências e tentando manter McGrath feliz, fazendo o que podia para explicar corretamente a descoberta de Mackenzie relativa às Estações.

Mackenzie, enquanto isso, continuava a pesquisar sobre as Estações e o significado delas para diferentes denominações. Talvez ela pudesse encontrar um motivo escondido em algum lugar da história e da teologia de tudo. Ela quase desejava que estivesse de volta ao estudo de Benjamin Holland, em torno dos seus aparentemente ilimitados recursos de textos religiosos. Em vez disso, ela se contentou com o que tinha: Google e Wikipédia.

Ellington, passando os últimos vários minutos no telefone com McGrath, abaixou seu celular e tomou um assento ao lado de Mackenzie.

"Então, ele não está tão feliz," ele disse.

"Claro que não está. Eu não ofereci algum truque mágico para apontar um dedo diretamente para o assassino."

"Bem, sim, tem isso," disse Ellington. "Mas ele ainda está irritado sobre você querer vigiar aquelas duas igrejas-o que, aliás, ele está fazendo. Há carros passando por lá a cada hora mais ou menos."

"Então eu acho que ele está chateado que nós quatro estejamos ajuntados nessa sala de conferências, tentando identificar essa igreja?"

"Sim, ele não está muito feliz com isso. Ele disse que estará de volta aqui daqui a cerca de uma hora. Ele está ocupado com outra coisa agora."

"Ele disse o quê?"

Ellington balançou a cabeça. "Não. Seja o que for, ele está mantendo bem perto do cinto dele."

"Eu não vejo o que-" ela começou a dizer, mas seu telefone a interrompeu.

Ela respondeu imediatamente, reconhecendo o número.

Era Benjamin Holland.

"Por favor, me diga que conseguiu," ela disse.

"Tenho. Um amigo meu na Bélgica é um colecionador ávido de arte religiosa e acompanha esse tipo de coisa. Na verdade ele tinha uma lista de todas as igrejas americanas com algum tipo de representação das Estações da Cruz. Ele tem três igrejas listadas em DC que tem representações da quinta estação. Uma dessas igrejas fechou nos últimos anos, porém, então isso abate suas opções para duas."

"Ótimo," ela disse.

"Fica melhor. Dessas duas igrejas, uma delas dedicou sua representação a um museu de arte religiosa em algum lugar no México no ano passado. Então isso deixa você com apenas uma igreja. Batista da Graça na Hudson Street."

"Tem certeza disso?" ela perguntou.

"Tenho. Eu o fiz confirmar. Eu vou lhe enviar o número de telefone de lá por mensagem. Porém, eu não tenho o número de ninguém na liderança."

"Tudo bem. Perfeito. Obrigada, Benjamin."

Ela desligou antes que ele pudesse dar sua reposta inteira de Por nada.

"Consegui," ela anunciou para a sala, pegando o número de McGrath.

"Conseguiu o que?" perguntou Harrison. "A igreja?"

"Sim. Benjamin Holland chegou por um longo caminho."

"Você está ligando para McGrath?" perguntou Ellington. Depois que ela assentiu, Ellington estremeceu. "Eu não sei se é a melhor ideia."

Mas foi tarde demais. O telefone havia tocado duas vezes e McGrath respondeu com a sua maneira direta de sempre.

"O que foi, White?"

"Batista da Graça," ela disse. "É onde está a quinta Estação da Cruz."

"Você está certa disso?"

"Sim. É informação que veio diretamente de um amigo próximo de Benjamin Holland. Ellington e eu vamos até lá agora e-"

"Não. Eu não quero nossa força de trabalho espalhada tão rala assim. Já está bastante rala do jeito que está. Você vai até lá e se parecer que vai virar alguma coisa, então você liga. Se você sabe com certeza de que tem alguma coisa por lá, ligue e eu enviarei todos os agentes disponíveis."

"Senhor, o que está acontecendo?"

"Eu estou atolado, White. Estou até os olhos de outra merda. O mundo não gira ao redor do seu caso."

"Pareceu que sim da última vez que nós conversamos," ela disse. Então ela trancou sua boca, percebendo que ela estava dando uma de esperta com McGrath. E isso não poderia fazer nada além de complicar as coisas para ainda piores.

"Eu vou fingir que os últimos cinco segundos nunca aconteceram, então considere isso como um alerta para a sua boca espertinha," ele disse. "Agora, se você acha que é uma pista sólida, por favor, vá verificar. Se chegar à alguma coisa, solicite a ajuda que precisar."

Ele terminou a chamada abruptamente, deixando Mackenzie com um telefone silencioso nas mãos. Ela olhava para o telefone, estupefata.

"Ruim assim, hein?!" perguntou Ellington.

Ela suspirou e colocou o telefone na bolsa. "Eu vou para lá e dar uma olhada. Se resultar em alguma coisa, eu ligarei. Fiquem no aguardo, todos vocês?"

Yardley e Harrison assentiram, Yardley com um olhar de apreensão no rosto. Ellington, enquanto isso, a levou para fora da porta e quando estavam a sós, ele tomou as mãos dela.

"Você está ok?" ele perguntou.

"Sim. McGrath está sendo... não sei. Ele está escondendo algo."

"Eu também achei isso. Vou ver o que posso descobrir. No meio tempo, tome cuidado. E me ligue mesmo se você só farejar perigo."

Ela assentiu e inclinou-se para beijá-lo. Foi doce e persistente, exatamente o que ela precisava para mandar uma carga extra de energia nela. Com o beijo suprindo um pouco mais de energia, foi fácil ignorar o fato de que ela não havia dormido na noite passada.

Bem desperta e com uma pista promissora à frente, ela desceu para o carro enquanto a noite começava a desaparecer no despertar da manhã que se aproximava.


CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

 

Chegando a uma parada em um semáforo, Mackenzie tirou o telefone e digitou Batista da Graça no Google. A página apareceu e levou apenas alguns momentos para encontrar a página de Sobre Nós Lá, ela encontrou o nome do pastor líder: Tim Armstrong. Não havia número de contato pessoal, apenas o número da igreja seguido por um ramal.

Ela mandou uma mensagem de grupo para Ellington, Yardley e Harrison. Preciso do número para Tim Armstrong, pastor principal da Batista da Graça.

Na frente dela, a luz ficou verde e ela arrancou. Suas entranhas estavam tremendo, seu coração martelando-seu instinto dizendo a ela que estava em algo. O último semáforo, ela decidiu, seria o último que ela pararia.

Então, pela terceira vez, ela tentou o número que Benjamin Holland havia lhe dado. Só a havia direcionado a uma gravação do centro de boas vindas da igreja como nas duas vezes anteriores e fez o mesmo desta vez. Ela estava convidada a tentar um ramal ou deixar uma mensagem. Fez nenhum destes; ela percebeu que se nada acontecesse entre agora e o início do horário comercial, ela falaria com alguém cara a cara e certificar-se-ia de que a igreja estivesse sob vigilância constante. O pastor líder também pode precisar de uma escolta. Claro, isso pode deixar ainda mais difícil encontrar o assassino, mas-

Você está ficando muito à frente de si, ela pensou enquanto desacelerava para virar no estacionamento.

O sol estava acabando de depositar algumas marcas douradas ao longo do horizonte quando Mackenzie parou o carro no estacionamento da Batista da Graça. A igreja a lembrava um pouco a Palavra Viva. Era grande, mas não excessivamente. Também foi projetada com uma sensação bastante moderna, nada como as igrejas Batista de onde Mackenzie cresceu.

Ela olhou para a direita e viu apenas um carro no grande estacionamento. Nada sobre ele gritava suspeito, mas a fez lembrar-se de uma coisa que ela havia negligenciado antes de sair da sede.

Ela andou até a igreja na desvanecida escuridão do amanhecer. Como a Palavra Viva, tinha grandes janelas que a permitiam ver lá dentro. Como esperava, não havia qualquer pessoa dentro. Ela tentou as portas duplas de vidro e, sem surpresa, encontrou-as trancadas.

Em seu bolso, seu celular a chamou. Ela o removeu e viu que Yardley enviara mensagens de texto com o número de telefone celular de Tim Armstrong. Ela clicou no número e o telefone ligou para ela imediatamente. Ticou cinco vezes e, então, direto para a caixa postal. Ela não se importou com uma mensagem, sabendo que mais de cinquenta por cento das vezes, não ajudava. Pessoas tendiam a nem checar a caixa de voz a não ser que estivessem esperando uma chamada importante.

Ela sabia que era muito cedo para a maioria das pessoas-passando das 5:30 da manhã agora-mas ela percebeu que isso era uma emergência. Também, embora pudesse ser um pouco estereotípico, ela estava bem certa de que qualquer líder religioso estaria de pé logo cedo para orar e ter tempo de silêncio. Aparentemente não Tim Armstrong, no entanto.

Começando a compreender porque McGrath possa ter pensado que ela estava sendo muito insistente quanto ao envio de tanta força de trabalho quanto possível para lá, Mackenzie começou a caminhar pelo prédio. Ela chutou que o prédio em si era aproximadamente do comprimento e largura de um campo de futebol-provavelmente alguns metros a menos, mas próximo. Então fazer a trilha ao redor dele não era tarefa fácil.

Ao virar a quina para os fundos da igreja, ela viu uma pequena casinha de manutenção e ferramentas no limite da propriedade. Atrás dela havia uma cerca de ferro fundido que separava a propriedade da igreja de um terreno vizinho-a entrada de uma subdivisão abastada.

Um trecho considerável de gramado ficava na parte de trás da igreja. Um pequeno parque infantil estava escondido na esquina do gramado, novamente separado da propriedade vizinha pela cerca de ferro. Um estacionamento da equipe de funcionários ficava do outro lado, completamente vazio.

Ainda sentindo-se inquieta, ela supôs que tentaria o número de Armstrong mais uma vez. Talvez se o mesmo número chamasse repetidamente, ele se inclinasse a atender.

O telefone começou a tocar em seu ouvido. Depois do primeiro toque, o som ficou estranho. Quase soava como se estivesse ecoando em seu ouvido, como se estivesse...

Como se o telefone estivesse aqui, no terreno da igreja.

Ela removeu o telefone do ouvido e escutou atentamente. Lá estava de novo-o toque de um telefone celular. Sem o telefone no ouvido, era muito mais fácil escutar, mais fácil de rastrear.

Estava vindo de trás dela. Do galpão de manutenção.

Ela retornou o telefone para o bolso e, sem nem pensar, tirou a Glock do coldre.

Acalme-se, uma pequena parte dela dizia. Ele pode apenas estar por lá para verificar os suprimentos. Talvez colocando gasolina no cortador de grama para hoje mais tarde.

A parte mais sábia dela lembrava-se de ter visto um único carro no estacionamento. Às 5:30 da manhã, essa parte dela argumentava.

Ela caminhou rapidamente ao longo da faixa de grama dos fundos em direção ao galpão de manutenção. Era um modelo mais legal, um que ela provavelmente compraria da parte da frente de uma Home Depot ao invés de construir à mão. Uma grande porta de celeiro estava trancada na frente. Uma única janela ficava no lado direito, refletindo o pouquinho de luz do sol que havia agraciado esse lado do mundo.

Ela reduziu o passo ao se aproximar do galpão. Em vez de dirigir-se diretamente para a porta, ela foi para o lado direito da estrutura. Ela avançou em direção à janela, a Glock mantida apertada em suas mãos. Ela se virou rapidamente para a janela, olhando para dentro o mais furtivamente possível.

Ela viu as grandes tábuas no chão primeiro-uma na vertical, ocupando quase todo o comprimento do galpão. A outra estava na horizontal, um pouco torta e não exatamente cruzada, mas a ideia estava certamente ali.

Então ela viu o homem.

Ele estava despido apenas de cueca.

Seu braço direito estava esticado desajeitadamente enquanto ele pegava a tábua horizontal.

Não, ela pensou. Ele não está pegando.

O reflexo da janela tornava muito difícil ver claramente, mas sua mão foi pregada na tábua. Ela podia ver o círculo escuro de sangue nas suas palmas enquanto ele lutava contra a dor e o peso.

Ela olhou para seu rosto enquanto o estômago dela afundava. Havia uma mordaça amarrada ao redor da cabeça. Seu cabelo era grisalho e os olhos frenéticos e repletos de dor que ela viu pela janela pareciam muito mais felizes e mais pacíficos quando ela os viu na fotografia no site da Batista da Graça.

Era Tim Armstrong.

Mackenzie se afastou da janela e se dirigiu para a porta do galpão.

Quando outro homem andou para fora do canto, ela ficou muito surpresa no início por agir tão rapidamente quanto costumava fazer.

Ele estava apenas a apenas um passo dela quando ele desceu um martelo sobre a cabeça dela. Estava descendo, mirado em seu crânio, quando ela tentou desviar para o lado e puxar o gatilho da Glock ao mesmo tempo.

Os sons do disparo e da repugnante batida do martelo acertando o lado do seu rosto encheram o mundo ao mesmo tempo.

As pernas de Mackenzie sentiam como os ossos tivesse virado gelatina. Ele bateu os joelhos, tentando levantar a arma, apenas para descobrir que não havia nada além de escuridão em frente aos seus olhos.

 

***

 

Quando ela abriu os olhar, a primeira coisa que ela percebeu foi que ela não conseguia respirar. O mundo não estava escuro, mas matizada em uma estranha cor bege. seus ombros doíam e seus tornozelos davam pontadas. Mias que tudo o mais, sua cabeça doía para diabo.

Acalme-se, ela pensou. Faça o inventário. O que aconteceu?

Ela colocou as peças juntas e enquanto o fazia, foi capaz de respirar novamente-e de ter uma melhor visão da sua situação.

Tim Armstrong estava no galpão. Uma mão pregada a uma cruz que ainda não havia sido construída. Um homem veio da esquina e me bateu com um martelo. Mas eu disparei um tiro. Eu o acertei? Ele está morto?

Dadas a sua situação de apuros atual, ela assumiu que não.

Quando sua visão começou a retornar-ainda bege e embaçada por hora, mas operável-ele teve uma ideia melhor do que estava acontecendo.

Ela estava no galpão. Suas mãos estavam amarradas atrás das suas costas. Seus tornozelos estavam amarrados. Ela foi arrastada para um canto, atrás de um cortador de grama e um galão de gasolina.

Ela moveu a cabeça lentamente. Ela olhou para a janela e viu que ainda estava turvo lá fora. O sol ainda não nasceu.

Então não fiquei apagada por muito tempo. Talvez ele mal tenha conseguido me dar aquela martelada.

Isso, também, era ilusório. Sua cabeça parecia como se uma bomba tivesse sido detonada no seu crânio. Ela podia senti-la inchando mesmo seu usar as mãos.

Do seu lado direito, ela podia ouvir um tilintar. Foi seguido por um murmúrio de desespero e um suave barulho arrastado.

"Fiquei quieta," uma voz disse. "Isso vai acabar logo. Você está morrendo como Jesus. Você, também, será glorificada."

Mackenzie não conseguia ver o que estava acontecendo porque o cortador de grama estava bloqueando seu campo de visão. Ela lutou contra o que quer que estivesse prendendo seus pulsos, mas sem efeito. Eles estavam bem amarrados. Tudo o que a luta conseguiu foi contar a lateral dos seus punhos nas bordas do protetor de grama do cortador.

A dor e o sangue fresco derramado de sua pele eram uma dádiva, no entanto. Uma ideia que parecia ao mesmo tempo tanto desesperada quanto ilógica. Novamente, se movendo o mais silenciosamente que podia, Mackenzie deslocou o corpo para a direita. Ela teve que torcer os ombros desajeitadamente, mas ela conseguiu alinhar as fortes amarras ao redor dos seus punhos com o protetor de grama. Ela levantou os braços e os abaixou, para baixo e para cima, para cima e para baixo o mais silenciosamente quanto podia.

Ela não tinha ideia se estava funcionando-se o protetor estava cortando o que quer que estivesse prendendo seus punhos. Ela podia dizer que não era aço ou metal... talvez fosse uma corda ou de pano reforçado, ou-

A garagem foi então preenchida com o som pesado de um martelo batendo um prego. Um choro gutural de agonia, abafado, porém inconfundível, se seguiu. Mackenzie se encolheu com o barulho, mas também usou isso para sua vantagem, levando os dois ou três segundos para intensificar seus estranhos movimentos de serra.

Ela começou a sentir a pressão ao redor dos seus pulsos se afrouxarem. Ela olhou abaixo para os tornozelos e viu que estavam amarrados com algum tipo de corda grossa. Se fosse o mesmo material que estava mantendo seus pulsos juntos, ela assumia que seria capaz de cortá-los com bastante facilidade.

A dor murmurada de Tim Armstrong se tornou um ofegante tipo de chiado. A apressada comoção dele se contorcendo contra o chão havia parado.

Eu vou escutá-lo morrer se não me apressar, ela pensou.

Novamente, ela escutou o tilintar de pregos e então um ruído quando um martelo foi largado no chão.

"Eu sei que machuca," o homem disse a Armstrong. "Mas acabará em breve. Apoie-se sobre estes braços eternos até então. Ele está esperando por você, Pastor. Ele está esperando por você e você irá se regozijar na sua presença."

Ele está fazendo isto como forma de glorificação, ela pensou enquanto continuava a serrar. Ele acha que está fazendo um favor a eles-acha que ele os está entregando a Cristo.

Mais dois lentos e direcionados movimentos dos seus ombros e ela sentiu seus pulsos ficarem completamente livres. Ao invés de saltar imediatamente, ela tomou um momento para flexionar as mãos e esticar os pulsos. Então, ela abaixou-se rapidamente e desatou a corda ao redor dos seus tornozelos. Ela saiu com facilidade e quando finalmente ficou livre, colocou-se em uma posição agachada.

Sem arama, ela pensou. Uma cabeça que parece que está rachada ao meio e uma visão que ainda não está cem por cento. Não são as melhores chances.

Ela espiou por sobre o capô do cortador e levou um único momento para entender a situação.

Aparentemente, o golpe de martelo que ela ouviu segundos atrás não foi a segunda mão de Armstrong sendo pregada na tábua. Todavia, um brilho de sangue fresco em sua mão direita sugeria que o prego ali havia sido reforçado com aquela martelada em particular.

O assassino estava curvado sobre a cruz em construção, pegando outro grande prego nas mãos e se movendo em direção à outra mão de Armstrong. Ela viu uma boa quantidade de sangue ao longo do braço direito do assassino. Ela se perguntou se foi aí que seu tiro havia atingindo, alto no braço, perto do ombro.

Ela só podia ver o lado esquerdo do rosto do assassino. Ele parecia bastante abatido, uma barba no rosto que era indisciplinada e grisalha. Ele usava um apertado chapéu na cabeça, o tipo que parecia um gorro. Seus olhos estavam apertados em estreitas linhas, tornando quase difícil ver seus olhos castanhos. Ele estava trabalhando com dedicação e determinação.

Quanto a Armstrong, ele ainda estava vivo, mas estava em estado de choque. Seus olhos estavam estreitos e delirantes, seus membros tensos, mas não rígidos contra o toque do assassino.

A arma dela estava aos pés do assassino. O martelo estava na mão dele.

Atrás dele, pendurado em uma pequena grade aparafusada na parede, ela viu uma pá, uma enxada, um pequeno forcado e uma vassoura. Ele tinha todas as ferramentas com ele ou atrás dele e ela tinha nenhuma.

Eu tenho o elemento surpresa, ela pensou.

Mas então, naquele momento, até isso foi tirado dela.

O assassino olhou acima do seu trabalho, talvez apenas para conferir o estado prévio de comatose dela. Quando ele viu que ela estava acordada, ele parou por um breve momento. Então, ele largou o martelo e pregos e foi até a Glock.

Mackenzie fez o seu melhor para usar o seu entorno. Ela pegou a primeira coisa que ela viu-o galão de gasolina. Ela pegou, grata por descobrir que estava pelo menos meio cheio e o atirou. Parecia um ataque estúpido, mas muita gasolina saiu derramando pelo bico. Derramou no rosto dele, nos olhos. Ele gritou e tropeçou para trás, tentando instantaneamente limpar a gasolina dos olhos.

Mackenzie tirou vantagem disso ao se arrastar para cima e por sobre o capô do cortador de grama e dando um forte chute no peito do assassino. Ele caiu para trás com força e rebateu na parede da frente do galpão. Ele avançou gritando em direção a ela e ela facilmente o afastou com uma cotovelada no mesmo lugar que ela havia acabado de chutar.

O assassino se curvou ofegante. Mackenzie deu um passo a frente para continuar o ataque e prender as algemas nele, mas foi quando seu pé esquerdo escorregou na gasolina no chão. Ela mal escorregou, mas foi suficiente para dar uma janela de oportunidade para o assassino.

Ele foi correndo para cima dela e derrubou seus joelhos. Ambos caíram para trás em um estranho baque. As pernas de Mackenzie trombaram nas pernas de Tim Armstrong e ela caiu. O pastor estava gritando o tempo inteiro, gritando através da sua mordaça.

O assassino atingiu o chão, sua mão caindo sobre a Glock. Quando Mackenzie sentou-se, sua visão nadando e a cabeça gritando em dor infernal, sua mão encontrou o martelo do assassino. E dessa maneira, os papéis se reverteram.

No entanto, ela tinha uma vantagem. Ela sabia como usar um martelo com facilidade. Ele, por outro lado, tinha que olhar para baixo para a arma para ter certeza de que estava pronta para atirar.

Ela usou esse momento para acertar um cruzado pesado no seu queixo, usando o martelo como uma forma medieval de punhos de bronze. Ela ouviu algo na sua mandíbula estalar enquanto ele foi até a parede novamente. A arma bateu no chão, mas ele se esqueceu de disse no momento que seu impacto mandou a pá e o forcado ao chão.

Ele agarrou o forcado e tentou espetá-la com ele. Mas ela era muito rápida, já estava em cima dele. Ela envolveu a cabeça dele em um mata-leão e quando ele gritou, ela pode sentir em seus ossos. Ele tentou reajustar o forcado de forma que as garras ficassem viradas para eles. Ele tentou empurrá-la para frente, diretamente nos dentes, mas ela era muito forte. Ele empurrou e empurrou contra ela e foi por isso que ela ficou tão surpresa quando ele parou e, de repente, empurrou-a na direção oposta.

Ele a arremessou com força na parede repetidamente, ela sentia como se sua cabeça tivesse sido aberta como um melão. A dor era incomensurável e por um momento devastador, ela pensou que iria desmaiar novamente.

Ele foi correndo para frente com o forcado e foi tudo o que precisou para ela se apegar a consciência. Os olhos dela escanearam o lugar por um instante e quando ela viu a Glock repousando aos seus pés, ela se jogou no chão como se suas pernas tivessem derretido.

Ela foi rápida, mas não o suficiente. Ao atingir o chão, a garra externa pegou seu braço direito. Mal a atravessou, mas foi suficiente para cortar sua pele e derramar sangue instantaneamente. Mais uns dois centímetros e a teria pregado no chão, a garra a segurando firme.

Ela gritou enquanto sua mão recuperou a Glock. Sem mirar muita, ela a levantou e puxou o gatilho.

Um respingo de sangue quente a atingiu.

O forcado atingiu o chão cerca de dois segundos antes que o corpo do assassino o seguisse.

O tiro o acertou diretamente sob o queixo. Os resultados foram muito sinistros; Mackenzie teve que desviar o olhar.

Ela respirou profundamente e sentou-se, consciente de que o sangue do assassino estava sobre ela, mas incapaz de encontrar a força para se importar naquele momento.

"Pastor Armstrong... ajuda está a caminho... ajuda está a caminho..."

Ela tirou o celular enquanto tentava se colocar de pé. Ela tinha consciência apenas o suficiente para apertar o número de Ellington antes que a escuridão descendesse sobre ela novamente e ela também se juntasse ao assassino e ao Pastor Armstrong no chão do galpão.


CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

 

Foram três semanas antes que Mackenzie retornasse ao trabalho. Com seis pontos na lateral da cabeça logo acima da têmpora e vinte e um pontos no braço, ela estava confinada em serviço de escritório. E isso estava bem por ela; no que se seguiu depois do que aconteceu no galpão e da sua dolorosa recuperação após, havia muito que digerir.

No seu primeiro dia de volta, ela gastou a maioria do tempo lendo lentamente os documentos e relatórios do caso. Ela tinha de ler lentamente e concentrar-se mais que o habitual. Sua cabeça ainda doía de vez em quando. Ela ainda podia sentir as consequências da concussão que os médicos diagnosticaram e mesmo uma coisa tão simples quanto ler algumas páginas de documentos cobraria seu pedágio na sua mente.

Vagarosamente e com muito foco, ela foi capaz de reunir em ordem cronológica os fatos que ela recebeu de Ellington enquanto ele cuidava dela e a auxiliava de volta à saúde tão bem quanto podia pelas últimas três semanas no apartamento deles.

O nome do assassino era Thomas Hamel. Ele foi nascido e criado em uma comunidade rural na Virgínia onde frequentava uma igreja Batista com sua mãe e então, depois do divórcio dos pais, uma igreja Católica com sua mãe. Em cada igreja, ele havia testemunhado coisas grotescas sobre as quais ele escrevia extensivamente em diários encontrados em seu apartamento em Georgetown. Aos dez anos de idade, ele viu uma troca de socos entrar em erupção na sua igreja quando foi descoberto que um diácono estivera dormindo com a esposa do pastor. A igreja se dividiu e as amizades se dissolveram bem em frente dos olhos desse garoto de dez anos.

Então, aos treze quando se envolveu na igreja Católica da mãe, rumores de abuso sexual começaram a rondar. E, embora não houvesse qualquer prova, dois líderes da igreja se resignaram em meia às alegações. Tomando isso basicamente como uma admissão de culpa, Hamel e alguns dos amigos foram apanhados pichando a frente da igreja.

Nada demais aconteceu depois disso. Hamel frequentou a universidade, se tornou envolvido com uma igreja, casou-se, divorciou-se e, de alguma maneira, acabou tentando começar sua própria igreja. Nunca saiu do chão e depois, quando se candidatou a duas faculdades bíblicas separadas, ele foi recusado.

Fora acusação de vandalismo quando adolescente, Hamel não tinha outros registros. Mas os diários encontrados em seu apartamento falavam de ódio contra "falsos seguidos de Cristo e apologistas" ao mesmo tempo em que falava do seu amor e desejo de glorificar Jesus Cristo de toda forma possível. Ele também falava da sua admiração por certo líderes religiosos da área; os nomes do Padre Costas e Coyle, Pastor Woodall e do Reverendo Tuttle estavam entre eles.

E é aí onde as coisas ficavam realmente arrepiantes.

Hamel havia listado quatorze líderes religiosos e quatorze igrejas em seus meandros. Ele tinha todas as intenções de matar quatorze líderes religiosos e depois se entregar-sua própria maneira de "crucificação."

Quanto a Tim Armstrong, o homem que quase se tornou a quinta vítima de Hamel, logo entraria na segunda das três cirurgias na mão direita. Ele provavelmente nunca teria habilidade total na mão, mas parecia que os médicos poderiam salvá-la.

Hamel não deixou família; sem filhos e uma ex-esposa que parecia não se preocupar com sua morte quando a agência a notificou.

A vida inteira do cara, bem aqui em algumas folhas de papel, pensou Mackenzie. E está acabada... simples assim. Uma bala ... que eu atirei.

Ela não se arrependia. Ela sabia muito bem que na luta que tivera com ele, ele a teria matado se ela não tivesse conseguido sair por cima. Mas ela olhou para trás para os relatos de sua infância-como um filho tinha sido tão afetado e distorcido por causa da influência da igreja sobre ele.

"Ei, você," disse um voz da porta.

Ela olhou acima e viu Ellington de pé.

"Ei," ela disse.

"Hum... o que está errado?"

"nada."

"Então, por que você está chorando?"

Ela não fazia ideia de que estivera chorando, mas no momento que Ellington apontou isso, ela pode sentir as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Ela as enxugou envergonhada e deu de ombros.

"Eu não sei," ela disse.

Ele entrou na sala e viu os documentos na mesa dela. "Não faça isso consigo mesma," ele disse. "Ele está morto. E porque você o deteve, há dez homens que ainda estão vivos. Ele teria matado todos eles. Você não acha?"

"Sim, eu sei."

"Olha... eu acabei de falar com McGrath," disse Ellington. Sua voz era pesada e sombria. "Ele quer eu e você no escritório dele o mais rápido possível. Você tem alguns minutos?"

"Sim," ela disse, olhando para os documentos na mesa. Na verdade, ela ficaria feliz em se afastar deles por um tempo. "Você sabe do que se trata?"

"Meio que sei. Apenas... venha."

Isso não pode ser bom, ela pensou. Claro, eu sei que esse golpe na minha cabeça assustou todos por um dia ou dois, mas certamente não é um pedido para ir mais devagar... é?

Ao subirem juntos no elevador, Ellington colocou um braço reconfortante ao redor dela. Ela se escorou nele, tentando entender porque ela esteve chorando no escritório sem ter consciência disso. Havia algo sobre isso que era assustador.

Eles chegaram ao escritório de McGrath e encontraram-no simplesmente sentado em sua mesa. Havia uma única pasta de arquivos na frente dele. Quando eles entraram, ele olhou para eles com sua austeridade sem baboseiras habitual.

"Obrigado, Agentes," ele disse. "Sentem-se."

Ambos se sentaram nas cadeiras em frente a mesa de McGrath. Estava se tornando um sentimento muito familiar para Mackenzie. Uma pequena parte dela ainda sentia da maneira que ela se sentiu quando entrou no escritório dele pela primeira vez-como uma criança do primário que acabou de ser mandada para sala do diretor.

"White, deixe-me começar dizendo isso... você estava absolutamente certa sobre o último caso. Eu estava distraído por outra cosa e só... bem, minhas prioridades estavam fodidas. Você fez um trabalho incrível e peço desculpas por mandá-la para aquela igreja sozinha. Você continua a impressionar a mim e tudo o que posso fazer é continuar a oferecer minhas desculpas."

"Obrigada, senhor. Isso significa muito."

"Bem, eu estou avisando isso, porque em termos de eu me distrair e ficar irritado, havia algo mais fermentando sob tudo isso-outro caso que chamou a minha atenção enquanto você estava rastrear o assassino."

"Que tipo de caso?"

McGrath parecia inseguro-uma emoção que o fez parecer dez anos mais velho. Ele deixou escapar um suspiro que era puro nervosismo.

"White, o que eu estou prestes a lhe dizer, o Agente Ellington já sabe. E ele sabe por que eu disse a ele. E eu, explicitamente, o ordenei a não lhe dizer. Ou a qualquer outra pessoa no que diz respeito. Mas, agora, parece que você está curada e à luz da inteligência recente que veio até a minha mesa, eu acho que é hora de informar a você."

"O que está acontecendo?" ela perguntou.

Ela olhou para Ellington com suspeita. Ela odiava o fato de que ela se sentia traída, porque ela esteve mantendo algo escondido dela. Ela sempre tentava colocar seu profissional sobre o lado emocional das coisas, mas ainda assim, a picada estava lá.

"Mesmo depois que voltou do Nebraska, as coisas continuaram a meio que ir ladeira abaixo", disse McGrath. "Eu estava preocupado com isso, sabendo que precisaria lhe contar. Olha... o escritório de campo do FBI em Omaha teve encontrou uma novidade há seis dias. Acharam uma impressão digital na mandíbula de Gabriel Hambry. A impressão foi seguida e eles descobriram que pertencia a um homem que cometeu suicídio recentemente. O nome desse homem era Dennis Parks."

"Eu deveria conhecer esse nome?" ela perguntou.

"Provavelmente não. Mas eu acabo de receber os relatórios essa manhã, dizendo que Parks era um homem de cinquenta e nove anos de idade que trabalhou uma vez com o seu pai."

Mackenzie sentiu que o chão havia desaparecido sob seus pés. Não, ela não se lembrava do nome Dennis Parks, mas haver uma conexão tão grande com seu pai... estava além de qualquer coisa que ela esteve esperando.

"Há mais uma coisa," disse McGrath. "Esses sem tento que estavam sendo mortos... não eram apenas andarilhos. Há mais que isso. E mesmo agora, quando recebemos mais informações, não parece fazer muito sentido."

"Eu não entendo," disse Mackenzie.

Sua cabeça estava doendo e ela se sentiu ficando emotiva. McGrath olhou para ela com uma resignação reservada.

"Eu estou enviando você para o Nebraska," ele disse. "Eu quero que você fique completamente dedicada a esse caso e eu quero respostas. Parece que está ficando muito maior do que esperávamos."

"Eu não entendo," ela disse. "E os andarilhos? E quem exatamente é Dennis Parks?"

McGrath começou a falar, respondendo às suas questões. E quanto mais fundo ele entrava, mais fácil foi para Mackenzie olhar além da dor na sua cabeça. Ela absorveu cada pedaço de informação e, pela primeira vez desde que visitou o Nebraska algumas semanas atrás, ela sentiu que o fim do caso do seu pai estava próximo.

E dessa vez, por Deus, ela iria se certificar que chegasse à sua conclusão.

O sol havia rachado o horizonte, mas ainda não havia queimado os últimos rastros de frio da noite-a hora do dia favorita de Christy. Ver o sol surgir sobre a cidade era um lembrete absoluto para ela de que toda noite tem seu fim, algo que ela precisa saber, enquanto começava a se sentir cada vez mais distante de Deus. Ver o sol nascendo sobre os edifícios de Washington, DC, e afastando a noite a fazia lembrar das letras de uma canção de adoração: Embora haja sofrimento na noite, o sol vem pela manhã...
Ela recitou essa linha repetidamente enquanto subia a rua em direção à igreja. Ela esteve tentando se convencer disso por semanas. Sua fé fora desafiada quando ela cedeu ao pecado e à tentação. A ideia de uma confissão veio a ela imediatamente, mas também era difícil. Nunca era fácil para alguém confessar seus pecados. Mas ela sabia que ela tinha que fazê-lo. Quanto mais tempo um pecado existisse entre ela e Deus, mais difícil seria corrigir esse desequilíbrio. Quanto mais cedo ela confessasse o pecado, maiores chances ela teria em recuperar a sua posição e reestabelecer sua fé-uma fé que havia definido sua vida desde os dez anos de idade.
Ao ver os contornos da igreja surgirem à vista, seu coração envergou. Eu realmente consigo fazer isso? Eu realmente consigo confessar?
As bordas e formato familiares da Igreja Católica do Sagrado Coração pareciam dizer a ela que sim, ela conseguiria.
Christy começou a tremer. Ela não estava certa de que chamaria o que ela estava fazendo de ter um caso ou não. Ela beijou o homem apenas uma vez e definiu assim pelo que era até então. Mas ela continuou a vê-lo, continuou a se deixar ser levada por suas palavras de elogio e adoração-palavras que seu próprio marido havia parado de pronunciar para ela há anos.
Ela quase podia sentir esse pecado sendo queimado nela quando o sol se ergueu alto no céu, lançando dourados e leves alaranjados ao redor dos contornos da Sagrado Coração. Se ela precisasse de algum sinal a mais de que ela deveria confessar seus pecados para um padre nesta manhã em particular, foi esse.
Ela chegou até os degraus da Sagrado Coração com um peso nos ombros. Mas ela sabia que dentro de instantes, isso passaria. Ela poderia voltar para casa, seus pecados confessados, seu coração sem fardo e sua mente-
Quando ela atingiu as portas da frente, Christy gritou.
Ela se afastou, ainda gritando. Ela quase caiu nas escadas de concreto ao tropeçar para trás. Suas mãos foram à boca, fazendo muito pouco para abafar o grito.
O Padre Costas estava pendia das portas. Ela fora despido até a cueca e havia um longo corte horizontal em sua tez. Sua cabeça pendia para baixo, olhando em direção aos seus pés descalços, os quais estavam suspensos a meio metro do alpendre de concreto. Pequenas gavinhas de sangue pingavam dos seus pés, coletadas em uma sombria poça no chão.
Crucificado, pensou Christy. O Padre Costas foi crucificado.

 


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CAPÍTULO UM

 

Seguindo seu último caso, Mackenzie White fez algo que ela nunca havia feito antes enquanto mulher empregada: ela pediu férias.

Ela solicitou férias de duas semanas por vários motivos e no prazo de um único dia, ela sabia que havia tomado a decisão correta. Ela não perdeu tempo algum em reforçar sua reputação quando ela chegou ao FBI. Sem qualquer planejamento por parte dela própria, acabou lidando com casos de alta importância que pareciam vir procurando por ela. Não somente isso, mas ela havia se destacado neles e impressionado todas as pessoas certas em Quantico e DC. Depois de solucionar numerosos casos com sucesso e colocar sua própria vida em risco mensalmente, ela imaginou que duas semanas de férias remuneradas não era pedir demais.

Seus superiores concordaram e até mesmo a encorajaram. Ela estava certa de que eles teriam uma chance de saber com o que ela gastaria a maior parte daquele tempo-em vários ginásios e academias, deixando seu corpo em melhor forma, afiando os instintos e habilidades. Ela tinha uma base sólida em todas as coisas importantes. Ela era adepta em combate corpo a corpo. Ela era assustadoramente boa com armas de fogo. Ela era muito mais forte que a maioria das outras mulheres com as quais ela havia frequentado a academia de polícia.

Mas Mackenzie White estava sempre querendo ficar melhor.

Esse era o motivo, oito dias depois de entrar nas férias de duas semanas, de ela estar treinando pesado e com vários músculos doloridos em uma academia particular. Ela estava se afastando de um dos cantos de um dos diversos ringues de boxe, dando um aceno de gratidão ao seu parceiro de sparring. Ela estava entrando no segundo round de prática e estava inteiramente esperando ser derrotada. E não havia problemas com isso.

Ela esteve praticando Muay Thai por um pouco mais de um mês agora. Ela havia ficado boa o suficiente e estava confortável em introduzir outro, menos conhecido, estilo de luta com isso. Com a ajuda de um instrutor particular e um bocado de determinação, Mackenzie havia começado a treinar Yaw-Yan, um estilo de kickboxing filipino. Misturar os dois era bem pouco ortodoxo, mas ela e seu treinador estavam trabalhando em uma maneira de usar ambos. Isso forçou Mackenzie fisicamente ao ponto no qual seus ombros e panturrilhas pareciam uma laje de tijolos.

Ela sentiu esses músculos respondendo agora enquanto ela avançava para seu parceiro. Eles tocaram as luvas e continuaram a sessão. Ela imediatamente se desviou de um jab e contra atacou com um jab baixo.

Era, de uma maneira, como aprender um novo estilo de dança. Mackenzie havia tomado aulas de dança quando era menina e nunca esqueceu a importância do trabalho de pernas e foco. Eram disciplinas que ela carregou consigo no seu primeiro emprego como policial de rua, então no seu trabalho como deteve no Nebraska. Essas disciplinas básicas também a haviam ajudado imensamente como agente do FBI, salvando sua vida em mais de uma ocasião.

Elas também vieram correndo até ela enquanto ela fazia sparring. Ela experimentou seus novos movimentos e instrução, usando uma série de chutes para baixo e ataques de cotovelo, combinados com ataques mais tradicionais de kickboxing. Ela usou a expressão supressa do seu parceiro de treino como combustível, motivando-a. Certo, era apenas prática, mas ela sentia necessidade de se sobressair ali também.

Isso também ajudava a limpar sua mente. Ela sempre associou cada soco, chute ou golpe de cotovelo com algo do seu passado. Um jab de esquerda era direcionado aos anos de negligência com o DP do Nebraska. Um ataque giratório com as costas das mãos explodia o medo que o caso do Assassino do Espantalho havia instilado nela. Um pivô e um jab era um golpe no coração da interminável corrente de mistérios saindo do velho caso do seu pai.

Se ela estava sendo honesta consigo mesma, foi esse caso que a empurrou para conhecer esses novos estilos de luta-para ter certeza de que ela continuava a evoluir como lutadora. Ela havia recebido um recado de alguém envolvido... alguém nas sombras que, aparentemente, sabia quem ela era.

Ela ainda via esse recado na sua mente enquanto ela fazia sparring.

Pare de olhar...

Naturalmente, ela tinha intenção de fazer exatamente o contrário. E era por isso que ela estava nesse momento dentro do ringue, seu olhar focado e seus músculos tensos como cordas de violino.

Quando ela acertou um golpe no plexo solar do seu oponente e então uma pancada de cotovelo na costela do seu parceiro, a sessão foi chamada da lateral do ringue. O juiz estava sorrindo e assentindo enquanto aplaudia de leve.

"OK, Mac," ele disse. "Dê uma pausa por um momento, hein? Você já está em uma hora e meia hoje."

Mackenzie assentiu, abaixando a guarda e tocando novamente as luvas com seu parceiro de sparring-um homem de vinte e cinco anos de idade que tinha o porte de um lutador de MMA. Ele deu um rápido esgar por sobre seu protetor bucal e saiu ligeiro pelas cordas.

Mackenzie agradeceu o árbitro e então se dirigiu para o vestiário. Seus músculos estavam doloridos a ponto de tremer, mas ela gostava disso. Significava que ela estava se esforçando, esticando-se para novos limites.

Quando ela tomou banho e vestiu o que Ellington se referia como sua indumentária de treino (uma camiseta da UnderArmour e um par de calças legging pretas estilo dry-fit), ela se lembrou de que tinha mais um treino no dia. Ela esperava que seus braços acabassem de tremer até então. Certamente, Ellington estaria lá para ajudar, mas ela tinha várias caixas bem pesadas para mover essa tarde.

Embora ela estivesse tecnicamente morando no apartamento de Ellington pelos últimos poucos dias, hoje seria o dia que era realmente mudaria suas coisas. Essa era ainda outra das muitas razões pela qual ela solicitou férias de duas semanas. O pensamento de tentar se mudar no período de um final de semana não lhe apetecia. Além disso, ela percebeu que essa era ainda outra forma que ela estava crescendo e evoluindo. Confiar em outra pessoa o suficiente para compartilhar o espaço de moradia e, por mais brega que parecesse, seu coração, era algo que ela seria incapaz de fazer até alguns meses atrás.

E assim que ela colocou sua roupa de academia, ela descobriu que mal poderia esperar para começar a mudar as coisas. Dolorida ou não, ela colocou um pouco mais de velocidade nos seus passos em direção ao estacionamento.

 

***

 

A vantagem de não ser uma pessoa materialista era que, quando chegou a hora de se mudar, havia muito pouco para empacotar. Como tal, uma única viagem na caminhonete de Ellington e um U-Haul alugado fez o trabalho. A mudança em si levou menos de duas horas graças ao elevador no edifício de Ellington, e no fim, ela realmente não teve que levantar muitas caixas.

Eles celebraram a mudança com comida chinesa e uma garrafa de vinho. Mackenzie estava cansada, dolorida, mas imensamente feliz. Ela estivera esperando se sentir nervosa e talvez até um pouco ressentida sobre a mudança, mas quando eles começaram a desempacotar as coisas durante o jantar, ela viu que ela estava excitada para essa nova etapa da sua vida.

"Aqui vai o acordo," disse Ellington enquanto colocava um cortador de caixas em uma faixa de fita de embalagem sobre o topo de uma das caixas. "Você precisa me dizer agora se eu vou encontrar alguns filmes ou CDs constrangedores nessas caixas."

"Eu acho que o CD mais constrangedor que você vai encontrar é a trilha sonora daquela terrível regravação dos anos 90 de Romeu e Julieta Mas o que eu posso fazer? Eu realmente gostava daquela música do Radiohead."

"Então você está perdoada," ele disse, cortando a fita.

"E você?" ela perguntou. "Alguma mídia embaraçosa por aí?"

"Bem, eu me livrei de todos meus CDs e DVDs. Tudo está digital. Eu precisei liberar o espaço. É quase como se eu tivesse uma furtiva suspeita essa sexy moça do FBI estaria se mudando para cá por esses dias."

"Bons instintos," ela disse. Ela andou até ele e tomou suas mãos. "Agora... essa é a sua última chance. Você pode pular fora agora antes de nós começarmos a tirar as coisas das caixas."

"Pular fora? Você está louca?"

"Você vai ter uma garota morando com você," ele disse puxando-o para perto. "Uma garota que gosta de ter as coisas arrumadas. Uma garota que pode ter um pouco de TOC."

"Ah, eu sei," ele disse. "Estou ansioso por isso."

"Até todas as roupas femininas? Você quer compartilhar seu closet?"

"Eu tenho muito pouca roupa," ele disse, se inclinando para ela. Seus narizes estavam quase se tocando e um calor ao qual eles tinham se acostumado estava começando a crescer entre eles. "Você pode ter todo o espaço no closet que você quiser."

"Maquiagem e absorventes, compartilhar uma cama e outra pessoa sujando louças. Você tem certeza que está pronto para isso?"

"Sim. Porém, uma pergunta."

"Qual?" ela disse. As mãos dela viajaram das suas mãos para seus braços. Ela sabia para onde isso estava indo e cada músculo dolorido no seu corpo estava pronto.

"Todas aquelas roupas femininas," ele disse. "Você não pode ficar deixando-as no chão o tempo inteiro."

"Hum, eu não pretendo," ela disse.

"Ah, eu sei," ele disse. Em seguida, ele alcançou a camiseta dela e a tirou. Ele não perdeu tempo em fazer o mesmo com o sutiã esportivo que estava por baixo. "Mas eu provavelmente vou," ele acrescentou, jogando ambos no chão.

Então, ele a beijou e, embora ele tentou levá-la para o quarto, seus corpos não tinham a paciência. Acabaram no tapete da sala de estar e, ainda que os músculos doloridos de Mackenzie protestassem contra chão duro sob suas costas, outras partes do seu corpo os subjugaram.

 

***

 

Quando seu telefone tocou às 4:47 da manhã, uma único pensamento ocorreu pela mente sonolenta de Mackenzie enquanto ela procurava o criado mudo.

Uma ligação a essa hora... eu acho que minhas férias acabaram.

"Sim?" ela perguntou, não se importando com formalidades já que ela estava tecnicamente de férias.

"White?"

De uma maneira estranha, ela quase havia sentido falta de McGrath nesses últimos nove dias. Ainda assim, escutar sua voz era como um retorno rápido e abrupto para realidade.

"Sim, estou aqui."

"Desculpe-me por ligar cedo," ele disse. E antes que ele adicionasse qualquer outra coisa, Mackenzie escutou o telefone de Ellington tocar do outro lado da cama.

Algo grande, ela pensou. Algo ruim.

"Olha, eu sei que eu assinei nas suas duas semanas," disse McGrath. "Mas nós temos uma bagunça em mãos por aqui e eu preciso de você nisso. Você e Ellington. Encontre-me no meu escritório o mais rápido que você puder."

Não era um pedido, mas uma ordem direta. E sem qualquer coisa que lembrasse um adeus, McGrath terminou a ligação. Mackenzie deixou escapar um suspiro e olhou para Ellington, o qual estava terminando sua própria ligação.

"Bem, parece que suas férias acabaram," ele disse com um sorriso fino.

"Tudo bem," ela disse. "Terminou em um estouro."

E então, como um velho casal no matrimônio, eles se beijaram e escorregaram da cama, indo para o trabalho.


CAPÍTULO DOIS

 

O edifício J. Edgar Hoover estava vazio quando Mackenzie e Ellington entraram. Ambos já estiveram nesses corredores em todas as horas da noite, então não era qualquer coisa fora do ordinário. Ainda assim, ser chamada no trabalha em uma hora dessas nunca era uma boa coisa. Normalmente significava que havia algo realmente terrível esperando por eles.

Quando chegaram ao escritório de McGrath, encontraram a porta aberta. Ele estava sentado a uma pequena mesa de conferências no fundo do seu escritório, olhando uma variedade de arquivos. Havia outro agente com ele, uma mulher que Mackenzie havia visto antes. Seu nome era Agente Yardley, uma mulher quieta do tipo sem baboseiras que entrava para ajudar o Agente Harrison de tempos em tempos. Ela assentiu e deu um sorriso robótico quando eles entraram na sala e foram até a mesa da sala de conferências. Ela olhou de volta para seu notebook, focada no que quer que estivesse na tela.

Quando McGrath olhou acima para Mackenzie, ela não podia deixar de notar o que parecia ser um ligeiro alívio em seus olhos. Era uma boa maneira de ser apresentada de volta ao trabalho depois de ter suas férias encurtadas.

"White, Ellington," disse McGrath. "Vocês conhecem a Agente Yardley?"

"Sim," disse Mackenzie, dando um aceno de reconhecimento para a agente.

"Ela acaba de voltar de uma cena criminou que está ligada a outra que tivemos a cinco dias. Originalmente eu a coloquei no caso, mas quando eu pensei que nós pudéssemos ter um serial nas nossas mãos, eu a pedi para fornecer tudo que ela tivesse para que eu pudesse repassar para vocês dois. Temos um assassinato... o segundo do tipo em cinco dias. White, eu chamei você especificamente porque eu quero você nele baseado em sua história-especificamente o Assassino do Espantalho."

"Qual é o caso?" perguntou Mackenzie.

Yardley virou seu notebook para eles. Mackenzie foi até a cadeira mais próxima a ele e tomou o assento. Ela olhou para a imagem na tela com uma tranquilidade mórbida que ela passou a conhecer bem-a habilidade de estudar uma imagem de algo grotesco como parte do trabalho, mas com uma simpatia resignada que a maioria dos humanos sentiria em uma morte trágica como essa.

Ela viu um homem mais velho, seu cabelo e barba majoritariamente grisalhos, pendurado em uma porta de uma igreja. Seus braços estavam estendidos e sua cabeça estava curvada para baixo em uma apresentação de crucificação falsa. Havia talhos em seu peito e uma extensa e profunda ferida em sua fronte. Ele fora despido e deixado apenas de roupa íntima, a qual pegou uma grande parte do sangue que escoou da sua testa e peito. Pelo que ela podia ver nas imagens, estava bem certa de que suas mãos foram literalmente pregadas na porta. Os pés, porém, foram simplesmente amarrados juntos.

"Essa é a segunda vítima," disse Yardley. "Reverendo Ned Tuttle, cinquenta e cinco anos de idade. Ele foi descoberto por uma velha senhora que parou na igreja mais cedo para colocar flores no túmulo do seu esposo. A perícia está na cena enquanto nós conversamos. Parece que o corpo foi colocado lá menos de quatro horas atrás. Nós já enviamos agentes para falar com a família para avisá-los."

Uma mulher que gosta de tomar a frente e concretizar as coisas, pensou Mackenzie. Talvez ela e eu nos déssemos bem juntas.

"O que nós temos na primeira vítima?" perguntou Mackenzie.

McGrath deslizou uma pasta para ela. Ao abrir e olhar o conteúdo, McGrath a repassou. "Padre Costas, da Igreja Católica do Sagrado Coração. Ele foi encontrado no mesmo estado, pregado nas portas da sua igreja cinco dias atrás. Estou honestamente bem surpreso que vocês não viram alguma coisa sobre isso nos noticiários."

"Fiz questão de não ver as notícias durantes as férias," ela disse, mandando um olhar para McGrath que deveria ser cômico, mas sentiu que passou totalmente despercebido.

"Eu lembro escutar sobre isso na salinha do café," disse Ellington. A mulher que descobriu o corpo ficou em estado de choque por um momento, certo?"

"Certo," disse McGrath.

"E, baseado no que a perícia forneceu," acrescentou Yardley, "o Padre Costas certamente não esteve pregado lá por mais que duas horas."

Mackenzie olhou pelos arquivos. As imagens dentro mostraram o Padre Costas na exata posição do Reverendo Tuttle. Tudo parecia bem idêntico, até a ferida alongada cruzando a fronte.

Ela fechou o arquivo e o deslizou de volta para McGrath.

"Onde fica essa igreja?" perguntou Mackenzie, apontando para a tela do notebook.

"Logo fora da cidade. Uma igreja presbiteriana de um tamanho decente."

"Envie as direções para mim por mensagem," disse Mackenzie, já ficando de pé. "Eu gostaria de ir vê-la por mim mesma."

Aparentemente, ela sentiu falta do trabalho pelos últimos oito dias mais do que percebera.

 

***

 

Ainda estava escuro quando Mackenzie e Ellington chegaram na igreja. A equipe de perícia estava acabando de terminar o trabalho. O corpo do Reverendo Tuttle fora removido da porta, mas isso estava bem por Mackenzie. Baseado nas duas imagens do Padre Costas e do Reverendo Tuttle que ela havia visto, ela viu tudo o que precisava ver.

Dois assassinatos em estilo de crucificação, ambos nas portas frontais de igrejas. Os homens mortos eram os presumíveis líderes dessas igrejas. Está bem claro que alguém tem um rancor bem grande da igreja. E quem quer que fosse, não é específico para uma denominação em particular.

Ela e Ellington se aproximaram da frente da igreja enquanto a equipe da perícia concluía as coisas. Ao lado à esquerda, próximo a uma pequena placa de madeira com o nome da igreja, havia um pequeno grupo de pessoas. Algumas delas estavam em prece enquanto se abraçavam. Outros choravam abertamente.

Membros da igreja, assumiu Mackenzie com uma tristeza ressonante.

Eles chegaram perto da igreja e a cena só piorava. Havia manchas de sangue e dois grandes buracos onde os pregos foram inseridos. Ela olhou pela área em busca de alguma outra iconografia religiosa, mas viu nenhum. Havia apenas sangue e pequenas porções de sujeira e suor.

Uma atitude ousada, ela pensou. Tem que haver algum tipo de simbolismo nisso. Por que uma igreja? Por que as portas de uma igreja? Uma vez seria coincidência. Mas dois em seguida, ambos pregados às portas-era proposital.

Ela achou quase ofensivo que alguém fizesse uma coisa dessas em frente a uma igreja. E talvez esse fosse o ponto. Não havia como saber com certeza. Embora Mackenzie não fosse um forte crente em religião ou em Deus ou nos efeitos da fé, ela também respeitava completamente os direitos das pessoas que realmente viviam pela fé. Algumas vezes ela desejava que ela fosse esse tipo de pessoa. Talvez esse fosse o motivo de ela achar tal ato tão deplorável; zombar a morte de Cristo na própria entrada de um lugar no qual pessoas se reuniam para procurar consolação e refúgio em seu nome era detestável.

"Mesmo se esse fosse o primeiro assassinato," disse Ellington, "uma visão dessas me faria pensar instantaneamente que há mais por vir. Isso é... revoltante."

"É," disse Mackenzie. "Mas eu não posso ter certeza do por que isso me faz sentir dessa forma."

"Porque igrejas são lugares seguros. Você não espera ver grandes buracos de pregos e sangue fresco nas portas delas. Tem alguma parada do Velho Testamento bem ali."

Mackenzie era nada próxima de uma estudiosa da bíblia, mas ela se lembrava de histórias da bíblia da sua infância-alguma coisa sobre o Anjo da Morta passando por uma cidade e coletando os primogênitos de cada família caso não houvesse uma certa marca em suas portas.

Um arrepio crepitou por ela. Ele o reprimiu se virando para a equipe de perícia. Com um ligeiro aceno, ela conseguiu a atenção de um membro da equipe deles. Ele foi até ela, claramente um pouco perturbado pelo que ele e o resto da sua equipe viram. "Agente White," ele disse. "Este é seu caso agora?"

"Parece que sim. Eu estava pensando se seus rapazes ainda têm os pregos que foram usados para colocá-lo ali."

"Claro que sim," ele disse. Ele acenou para outro membro da equipe e então olhou de volta para porta. "E o cara que fez isso... ele era forte como o Diabo ou tinha todo o tempo do mundo para fazer isso."

"Isso é duvidoso," disse Mackenzie. Ela indicou em direção ao estacionamento da igreja com a cabeça e para a rua atrás dele. "Mesmo que o assassino tenha feito isso por volta das duas ou três da manhã, as chances de um veículo não passar pela Browning Street e não vê-lo são de diminutas a nulas."

"A não ser que o assassino tenha apurado a área de antemão e soubesse as horas mortas do tráfego depois de meia noite," sugeriu Ellington.

"Alguma chance de imagens de vídeo?" ela perguntou.

"Nenhuma. Nós verificámos. A Agente Yardley até ligou para algumas pessoas-proprietários das construções mais próximas. Mas apenas um tinha câmeras de segurança e elas estavam viradas para longe da igreja. Então tem coisa nenhuma aí."

O outro membro forense veio. Ele estava carregando um saco plástico de tamanho médio que continha duas grandes estacas e o que parecia ser um fio de arame. As estacas estavam cobertas em sangue, o qual também se espalhou pelo interior claro do saco.

"São pregos de ferrovia?" perguntou Mackenzie.

"Provavelmente," disse o cara da perícia. "Mas se eles forem, são miniaturizados. Talvez o tipo que pessoas usam para erguer galinheiros ou cercas de pasto."

"Quanto tempo antes de você ter algum tipo de resultado deles?" ela perguntou.

O homem deu de ombros. "Meio dia, talvez? Me informe o que você está procurando especificamente e eu vou tentar achar os resultados para você mais rápido."

"Veja se você consegue encontrar o que o assassino usou para cravar os pregos. Você pode dizer que tipo de coisa pelo desgaste recente na cabeça dos pregos?"

"Sim, nós devemos ser capazes de fazer isso. Tudo foi tratado para o nosso fim. O corpo ainda está conosco; ele não irá para o médico legista até que nós liberemos. As portas e a varanda foram varridas para impressões digitais. Nós informaremos se encontrarmos algo."

"Obrigada," disse Mackenzie.

"Desculpe por já ter movido o corpo. Mas o sol estava nascendo e nós não queríamos isso nos jornais de hoje. Ou nos de amanhã no que diz respeito."

"Não, está certo. Entendo totalmente."

Com isso, Mackenzie se voltou para as portas duplas, dispensando a equipe de peritos não verbalmente. Ela tentou imaginar alguém arrastando um corpo pelo pequeno gramado e para cima das escadas na calada da noite. A posição das luzes de segurança na rua deixaria a frente da igreja escura. Não havia luzes de qualquer tipo ao longo da frente da igreja, então estaria lançada em uma escuridão quase absoluta.

Talvez fosse mais factível do que eu pensei originalmente para o assassino tirar todo o tempo necessário para terminar isso, ela pensou.

"Isso é uma requisição estranha," disse Ellington. "O que você está pensando?"

"Não sei ainda. Mas eu sei que seria preciso uma força e determinação dos infernos para trabalhar sozinho para erguer alguém do chão apenas para pregar suas mãos nessas portas. Se uma marreta foi usada para bater os pregos, pode denotar mais de um assassino-um para segurar a vítima do chão e estender o braço e outro para cravar os pregos."

"Um belo de um quadro, né?" disse Ellington.

Mackenzie assentiu enquanto começava a tirar fotos da cena com seu celular. Enquanto o fazia, a ideia de uma crucificação novamente subiu por ela. Isso a fez pensar no primeiro caso no qual ela trabalhou no qual os temas de crucificação foram utilizados-um caso no Nebraska que eventualmente a fez ter contato com o FBI.

O Assassino do Espantalho, ela pensou. Deus, algum dia eu vou ser capaz de deixar isso no pé da minha memória?

Atrás dela, o sol começou a nascer, lançando os primeiros raios de luz no dia. Enquanto as sombras dela surgiam devagar nos degraus da igreja, ela tentou ignorar o fato que parecia quase uma cruz.

Novamente, memórias do Assassino do Espantalho embaçaram sua mente.

Talvez seja dessa vez, ela pensou esperançosa. Talvez, quando eu fechar esse caso, as memórias daquelas pessoas crucificadas nos campos de milho vão parar de assombrar minha memória.

Mas enquanto ela olhava novamente para as portas manchadas de sangue da Pedra Angular Presbiteriana, ela temeu que não fosse mais que um pensamento desejoso.


CAPÍTULO TRÊS

 

Mackenzie aprendeu bastante sobre o Reverendo Ned Tuttle na próxima meia hora. Para começar, ele deixou para trás dois filhos e uma irmã. Sua esposa terminou com ele oito anos atrás, mudando-se para Austin, Texas, com um homem com o qual ela esteve tendo um caso por mais de um ano antes de vir a tona. Ambos os filhos moravam na área de Georgetown, levando a Mackenzie e Ellington para a sua primeira parada do dia. Era um pouco depois de 6:30 quando Mackenzie estacionou seu carro ao lado da calçada no exterior do apartamento de Brian Tuttle. De acordo com o agente que deu a notícia, ambos os irmãos estavam por lá, esperando fazer o que podiam para responder a perguntas sobre a morte do pai.

Quando Mackenzie entrou no apartamento de Brian Tuttle, ficou um pouco surpresa. Ela esperava ver dois filhos em profundo pesar, dilacerados pela perda do devotado pai. Pelo contrário, ela os viu sentados a uma pequena mesa de jantar na cozinha. Ambos estavam bebendo café. Brian Tuttle, vinte e dois anos de idade, estava comendo uma tigela de cereal enquanto Eddie Tuttle, de dezenove anos, estava distraidamente despejando um Eggo waffle em uma poça de calda.

"Eu não sei exatamente o que vocês acham que nós podemos oferecer a vocês," disse Brian. "Nós não estávamos exatamente nos melhores termos com o pai."

"Posso perguntar por quê?" perguntou Mackenzie.

"Porque nós paramos de nos juntar a ele quando ele se inclinou totalmente para a igreja."

"Vocês não são crentes?" perguntou Ellington.

"Eu não sei," disse Brian. "Acho que sou agnóstico."

"Eu sou crente," disse Eddie. "Mas o pai... ele levava isso para outro nível. Tipo quando ele descobriu que nossa mãe o estrava traindo, ele não fez qualquer coisa. Depois de dois dias lidando com isso, ele perdoou ela e o cara que com o qual ela o traia. Ele disse que ele os perdoou, porque era a coisa cristã a se fazer. E ele se recusou sequer a falar sobre divórcio."

"Sim," disse Brian. "E nossa mãe viu que o pai não dava a mínima para ela-não se importando que ela o traísse. Então ela se foi. E ele não fez muito para impedi-la."

"Seu pai já tentou falar com vocês dois desde que sua mãe deixou?"

"Ah, sim," disse Brian. "Praticamente todas as noites de Sábado, nos implorando para ir para a igreja."

"E além disso," acrescentou Eddie, "ele estava muito ocupado durante a semana mesmo se nós quiséssemos vê-lo. Ele estava sempre na igreja ou em viagens para caridade ou em visitas a doentes em hospitais."

"Quando foi a última vez que algum de vocês falou com ele por um longo período?" perguntou Mackenzie.

Os irmãos se entreolharam por um momento, calculando. "Não tenho certeza," disse Brian. "Talvez um mês. E era nada demais. Ele estava perguntando as mesmas questões: como o trabalho estava indo, se eu já estava namorando alguém, coisas assim."

"Então, é seguro dizer que ambos têm uma relação afastada com o seu pai?"

"Sim," disse Eddie.

Ele olhou abaixo para a mesa por um momento quando o arrependimento começou a afundar nele. Mackenzie havia visto este tipo de reação antes; se ela fosse forçada a apostar, ela estava bem certa de que pelo menos um desses garotos estaria desabando em choro dentro de uma hora, percebendo tudo aquilo que fora perdido em relação ao pai e que eles nunca iriam saber.

"Vocês sabem quem o conheceria bem?" perguntou Mackenzie. "Ele tinha algum amigo íntimo?"

"Apenas aquele padre ou pastor ou sei lá na igreja," disse Eddie. "O que comanda o lugar."

"O pai de vocês não era o reverendo líder?" perguntou Mackenzie.

"Não. Ele era como um pastor associado ou algo assim," disse Brian. "Havia outro cara acima dele. Jerry Levins, eu acho."

Mackenzie reparou a maneira que os jovens homens estavam misturando a terminologia. Pastor, reverendo, padre... era tudo confuso. Mackenzie, na verdade, nem sabia a diferença, assumindo que isso tinha algo haver com diferenças entre crenças entre denominações.

"E o pai de vocês passava muito tempo com ele?"

"Ah, sim," disse Brian, um pouco irritado. "Todo seu maldito tempo, acho. Se você precisa saber alguma coisa sobre o pai, ele seria aquele para o qual perguntar."

Mackenzie assentiu, bem ciente que não conseguiria qualquer informação útil desses dois jovens rapazes. Ainda assim, ela desejava que tivesse mais tempo para falar com eles. Claramente, havia tensão e perda mais resolvida entre eles. Talvez se eles quebrassem a barreira emocional que os estava mantendo tão calmos, eles teriam mais a oferecer.

No fim, ela se virou e os agradeceu. Ela e Ellington deixaram o apartamento em silêncio. Quando pegaram as escadas para baixo lado a lado, ele tomou a mão dela.

"Você está ok?" ele perguntou.

"Sim," ela disse confusa. "Por quê?"

"Duas crianças... o pai delas acaba de morrer e não estão certas de como lidar com isso. Como toda a especulação sobre o velho caso do seu pai ultimamente... só cogitando."

Ela sorriu para ele, deleitando-se com a maneira edificante que ele fazia seu coração sentir nesses momentos. Deus, ele consegue ser tão doce...

Enquanto andavam para a manhã juntos, ela também percebeu que ele estava certo: a razão pela qual ela desejou ficar mais tempo e continuar falando com eles, era ajudar os irmãos Tuttle a resolver os problemas que eles tiveram com o pai.

Aparentemente, o fantasma do caso recém-aberto do seu pai a estava assombrando mais do que ela percebeu.

 

***

 

Ver a Igreja Presbiteriana da Pedra Angular na luz da manhã era surreal. Mackenzie dirigiu por lá no caminho para visitar o Reverendo Jerry Levins. Levins morava em uma casa que ficava apenas a meio quarteirão da igreja, algo que Mackenzie havia visto muito durante seu tempo no Nebraska, onde os líderes de pequenas igrejas tendiam a morar bem perto das suas casas de adoração.

Quando chegaram a casa de Levins, havia numerosos carros estacionados ao longo da rua e na sua entrada da garagem. Ela assumiu que eram, provavelmente, membros da Pedra Angular passando para buscar consolo ou oferecer conforto ao Reverendo Levins.

Quando Mackenzie bateu na porta da frente da modesta e pequena casa de tijolos, foi respondida imediatamente. A mulher na porta estivera claramente chorando. Ela deu uma olhada suspeita em Mackenzie e Ellington até que Mackenzie levantou seu distintivo.

"Nós somos os Agentes White e Ellington do FBI," ela disse. "Gostaríamos de falar com o Reverendo Levins, se ele está em casa".

A mulher abriu a porta e eles entraram em uma casa que estava repleta de fungar e soluçar. Em algum outro lugar dentro da casa, Mackenzie podia ouvir o som de orações murmuradas.

"Eu vou chamá-lo para vocês," disse a mulher. "Esperem aqui, por favor."

Mackenzie observou a mulher voltar pela casa, virar em uma pequena sala de estar onde algumas poucas pessoas estavam de pé na entrada. Depois de alguns barulhos de sussurros, um homem careca e alto veio andando em direção a eles. Como a mulher que respondeu a porta, ele também esteve chorando.

"Agentes," disse Levins. "Posso ajudá-los?"

"Bem, eu sei que é um momento muito tenso e triste para você," disse Mackenzie, "mas nós esperamos conseguir toda informação que pudermos sobre o Reverendo Tuttle. Quanto mais cedo conseguirmos alguma pista, mais rápido podemos pegar quem fez isso."

"Você acha que sua morte está relacionada com a do pobre padre do início desta semana?" Levins perguntou.

"Ainda não sabemos ao certo," disse Mackenzie, embora já estivesse certa de que sim. "E esse é o motivo pelo qual esperamos que você possa falar conosco."
"Claro," disse Levins. "Lá fora no alpendre, porém. Eu não desejo interromper a prece que estamos fazendo aqui."

Ele os conduziu para fora na manhã, onde ele se assentou nos degraus de concreto. "Eu devo dizer, eu não sei o que vocês vão achar sobre o Ned," comentou Levins. "Ele era um crente de postura. Além de alguns problemas com a família, eu desconheço que ele tivesse qualquer coisa parecida com um inimigo."

"Ele tinha amigos na igreja sobre os quais você poderia questionar serem morais ou honestos?" perguntou Ellington.

"Todo mundo era amigo de Ned Tuttle," Levins disse, enxugando uma lágrima de seus olhos. "O homem era perto de um Santo como eles vêm. Ele dava pelo menos vinte e cinco por cento do seu salário como dízimo de volta para a igreja. Ele estava sempre no centro da cidade, ajudando a alimentar e vestir os pobres. Ele cortava a grama para os idosos, reparos domésticos para viúvas, três viagens missionárias para o Quênia todos os anos para ajudar com um ministério médico."

"Você sabe de alguma coisa sobre o passado dele que possa ser sombria?" perguntou Mackenzie.

"Não. E isso é dizer muito, porque eu sei muito sobre o passado dele. Ele e eu, nós compartilhávamos muitas histórias sobre nossas batalhas. E eu posso dizê-los com confiança que entre as poucas coisas pecaminosas que ele experimentou em seu passado, não havia nada que sugerisse ser tratado da maneira que ele foi na noite passada."

"E a respeito de alguém dentro da igreja?" perguntou Mackenzie. "Havia membros da igreja que pudessem ter sido ofendidos por algo que o Reverendo Tuttle fez ou disse?"

Levins pensou sobre isso apenas por um momento antes de balançar sua cabeça. "Não. Se havia tal problema, Ned nunca me contou e eu nunca soube. Mas, novamente... eu posso dizê-los com a maior certeza que ele não tinha inimigos dos quais eu esteja ciente."

"Você sabe se-" começou Ellington.

Mas Levins levantou a mão, como se enxotando o comentário. "Eu sinto muito," ele disse. "Mas eu estou muito triste com a perda do meu bom amigo e eu tenho vários membros da minha igreja em luto lá dentro. Responderei de bom grado quaisquer perguntas que vocês tenham nos próximos dias, mas agora eu preciso reportar a Deus e a minha congregação."

"Claro," disse Mackenzie. "Eu entendo. E eu realmente sinto muito pela sua perda."

Levins conseguiu um sorriso enquanto se colocava de pé. Lágrimas frescas estavam escorrendo pelo seu rosto. "Eu realmente boto fé no que eu disse," ele sussurrou, fazendo o que podia para não desmoronar na frente deles. "Deem-me um dia ou dois. Se há algo mais que vocês precisam perguntar, me informem. Eu gostaria de tomar parte em trazer quem quer que tenha feito isso para a justiça."

Com isso, ele voltou para dentro. Mackenzie e Ellington caminharam de volta para o carro enquanto o sol finalmente tomava seu lugar de direito no céu. Era difícil acreditar que era apenas 8:11.

"E agora?" perguntou Mackenzie. "Alguma ideia?"

"Bem... eu estive acordado por quase quatro horas agora e não tomei café ainda. Parece um bom lugar para começar."

 

***

 

Vinte minutos depois, Mackenzie e Ellington estavam sentados frente a frente em uma pequena lanchonete. Enquanto tomavam café, olhavam pelos arquivos sobre o Padre Costas que pegaram do escritório de McGrath e pelos arquivos digitais sobre o Reverendo Tuttle que foram enviados para o telefone de Mackenzie.

Além de estudar as fotografias, não havia muito que estudar. Mesmo no caso do Padre Costas, onde havia papelada para revisar, não havia muito a dizer. Ele morreu devido à perfuração no seu pulmão ou a uma incisão profunda na nuca que se foi fundo o suficiente para revelar vislumbres brancos da sua espinha.

"Então, de acordo com esse relatório," disse Mackenzie, "as feridas no corpo do Padre Costas foram, provavelmente, o que o matou. Provavelmente, ele estava morto antes de ser crucificado."

"E isso significa alguma coisa?" perguntou Ellington.

"Acho que há uma boa chance. Está claro que há algum ângulo religioso aqui. O mero assunto de crucificação suporta isso. Mas há uma grande diferença entre usar o ato de crucificação como uma mensagem e usar a imagem de crucificação."

"Acho que estou seguindo," disse Ellington. "Mas pode continuar explicando."

"Para os cristãos, a imagem de crucificação seria realmente apenas uma má representação. Nos nossos casos, morte como um resultado da crucificação não parece ser o objetivo. Se esse fosse o caso, os corpos provavelmente estariam quase livres de lesões. Pense sobre isso... toda a cristandade seria bem diferente se Cristo já estivesse morto quando ele foi pregado a cruz."

"Então você acha que o assassino está crucificando esses homens apenas para exibição?"

"Muito cedo para dizer," disse Mackenzie. Ela fez uma pausa longa o suficiente para tomas um gole bem aventurado de café. "Estou inclinada para o não, contudo. Ambos os homens eram chef... líderes de uma igreja de uma forma ou de outra. Exibi-los pendurados como a figura cristã ao redor da qual as igrejas giravam ao redor é um grande sinal. Há algum motivo por trás de tudo".

"Você se referiu a Jesus Cristo como uma figura cristã. Achei que você acreditasse em Deus."

"Acredito," disse Mackenzie. "Mas não com a força e convicção que alguém como Ned Tuttle tem. E quando entra nas histórias da Bíblia-a cobra falante, a arca, o tintim por tintim da crucificação-eu acho que a fé tem que tomar o banco traseiro e se basear em algo mais próximo a crença cega. E eu não fico confortável com isso."

"Uau," disse Ellington com um sorriso. "Isso é profundo. Eu... eu só prefiro ir com a resposta de não sei. Então... quanto o motivo que você mencionou. Como nós o encontramos?" perguntou Ellington.

"Boa pergunta. Eu planejo começar com a família do Padre Costas. Não há muito para seguir nos relatórios. Além disso, eu acho-"

Ela foi interrompida pelo toque do telefone de Ellington. Ele o pegou rapidamente e franziu a testa com o que viu no visor. "É McGrath," ele disse antes de responder.

Mackenzie escutou o lado de Ellington da conversa, incapaz de colocar junto o que estava sendo ouvido. Depois de menos de um minuto, Ellington terminou a ligação e enfiou o celular de volta na bolsa.

"Bem," ele disse. "Parece que você vai visitar a família Costas por conta própria. McGrath precisa de mim no escritório. Algum trabalho de detalhe em um caso que ele está mantendo segredo."

"O que provavelmente significa que é trabalho braçal," disse Mackenzie. "Sortuda você."

"Ainda... parece estranho que ele me arranque disso tão cedo quando nós não temos nenhuma pista. Deve significar que ele tem uma confiança imensa em você de repente."

"E você não?"

"Você sabe o que eu quis dizer," disse Ellington sorrindo.

Mackenzie tomou outro gole de café, um pouco decepcionada ao ver que já estava vazio. Ela jogou o copo no lixo e coletou os arquivos e seu celular, pronta para ir para a próxima parada. Primeiro, porém, ela se dirigiu ao balcão para pedir outro café.

Parecia que seria um dia muito longo. E sem Ellington para mantê-la desperta, ela definitivamente precisava de café.

Então, novamente, dias longos normalmente resultavam em pistas-em produtividade. E se Mackenzie achasse um caminho, ela encontraria o assassino antes que ele tivesse tempo suficiente para planejar outro assassinato.


CAPÍTULO QUATRO

 

Depois de deixar Ellington na garagem dos escritórios do FBI (e de dar um rápido, porém apaixonado beijo antes de sair), Mackenzie fez seu caminho para a Igreja Católica do Sagrado Coração. Ela não esperava encontrar muita coisa, então não ficou desapontada quando isso foi exatamente o que estava esperando por ela.

As portas haviam sido trocadas, mas pareciam réplicas exatas daquelas que ela havia visto na foto da cena do crime. Ela subiu as escadas, estas muito mais sofisticadas e ornadas do que aquelas da Pedra Angular Presbiteriana, e foi até as novas portas. Então, deu as costas para as portas e olhou de volta para a rua. Ela não podia deixar de imaginar se havia algum simbolismo a mais em pregar os homens nas portas da frente.

Talvez eles devessem estar olhando em direção a algo, pensou Mackenzie. Mas tudo que ela estava vendo eram carros estacionados, alguns pedestres e placas de trânsito.

Ela olhou para seus pés ao longo das bordas do portal. Havia pequenas formas preenchidas que poderiam ser qualquer coisa. Mas ela havia visto essas cores antes-a cor de sangue uma vez que seca no concreto pálido.

Olhou de volta para os degraus e tentou imaginar um homem trazendo um cadáver acima deles. Seria um trabalho, isso era certeza. É claro, ela não sabia ao certo se Costas estava morto quando foi pregado à porta, embora essa fosse a hipótese de trabalho.

Enquanto ela ficava de pé às portas e olhava ao redor, ela percorreu os fatos que ela sabia pelos arquivos. Os mesmos tipos de pregos foram usados aqui e na cena de Tuttle. O único ferimento comum nos dois corpos era um grande corte que corria o comprimento de suas testas-talvez uma alusão à coroa de espinhos de Cristo.

Imaginar tal terrível visão no alpendre no qual ela estava era difícil de imaginar. As pessoas normalmente não pensavam em morte e sanguinolência quando estavam de pé às portas de uma igreja.

E talvez esse fosse o ponto. Talvez essa seja a ligação com o motivo do assassino.

Sentido que poderia estar em alguma coisa, Mackenzie pegou as escadas de volta para a rua. Parecia estranho se deslocar nesse ritmo sem Ellington ao seu lado, mas pelo tempo que ela estava no carro e seguindo em frente, sua mente estava apenas no caso.

 

***

 

Pela segunda vez no dia, Mackenzie se viu entrando em uma casa lotada. Padre Costas morava em uma casa agradável, uma residência de tijolos de dois andares logo ao redor da região central. Ela foi recebida por uma mulher que se apresentou como uma paroquiana do Sagrado Coração. Ela levou Mackenzie em uma área de espera e pediu que ela aguardasse por um momento.

Em questão de segundos, uma mulher mais velha entrou na sala. Ela parecia exausta e profundamente triste quando se sentou em uma poltrona em frente ao assento que Mackenzie havia tomado no sofá ornado.

"Sinto muito em incomodá-la," disse Mackenzie. Eu não sabia que você tinha tanta companhia.

"Sim, eu também não fazia ideia," disse a mulher. "Mas o funeral é hoje a noite e há todas essas pessoas saindo da toca. Membros da família, conhecidos, queridos colegas da igreja." Então, ela sorriu sonolenta e acrescentou: "Sou Nance Allensworth, secretária da paróquia. Disseram-me que você é do FBI?"

"Sim, senhora. Com risco de perturbá-la um pouco mais, houve outro corpo descoberto essa manhã, tratado da mesma maneira que o Padre Costas. Esse era um reverendo em uma pequena igreja Presbiteriana perto de Georgetown."

Nancy Allensworth levou a mão a boca em um dramático gesto de oh, não. "Meu Deus," ela disse. Em seguido, entre lágrimas e dentes serrados, ela sibilou, "Que se tornou esse mundo miserável?"

Fazendo seu melhor para pressionar, Mackenzie continuou. "Obviamente, nós temos razão para acreditar que pode acontecer de novo se já aconteceu duas vezes. Então, tempo é fundamental. Eu estava esperando que você pudesse responder algumas perguntas para mim."

"Eu posso tentar", ela disse, mas estava claro que estava lutando para manter suas emoções sob controle.

"Porque a Sagrado Coração é uma igreja relativamente grande, eu estava cogitando se pudesse haver alguém dentro da congregação que pudesse ter abordado o Padre Costas com uma reclamação ou queixa."

"Não que eu saiba. Claro, tenha em mente que muitas pessoas vinham até ele em confiança para confessar os pecados ou se livrar de agitação espiritual em suas vidas."

"Há qualquer coisa no período dos últimos anos que você pode pensar que possa ter atingindo alguém da maneira errada? Alguma coisa que pudesse irritar alguém que talvez tenha olhado para o Padre Costas com reverência?"

Nancy olhou abaixo para suas mãos. Ela estava comprimindo-as nervosamente em seu colo, tentando fazê-las parar de tremer. "Eu suponho que haja, mas foi antes de eu começar a trabalhar aqui. Havia uma história de talvez dez anos atrás, uma reportagem de algum dos jornais locais. Um dos adolescentes que liderava um grupo de jovens alegou que o Padre Costas havia abusado sexualmente dele. Foi muito explícito. Não havia qualquer prova disso e, bem francamente, não há como o Padre Costas ter feito isso. Mas uma vez que uma notícia dessas estoura e diz respeito a alguém dentro da Igreja Católica, é tomada como verdade absoluta."

"O que foi o resultado dessa história?"

"Pelo que me disseram, ele recebeu ameaças de morte. Comparecimento na igreja diminuiu cerca de quinze por cento. Ele começou a receber e-mails não solicitados, cheios de pornografia homossexual."

"Ele mantinha qualquer um daqueles mails?" perguntou Mackenzie.

"Por um tempo," disse Nancy. "Ele chamou a polícia a respeito disso, mas eles nunca foram capazes de fazer qualquer conexão. Depois que ficou claro que não havia nada que pudesse ser feito, ele os apagou. Eu nunca os vi pessoalmente."

"E o adolescente que fez as acusações? Se você pudesse nos dar o nome dele, nós poderíamos visitá-lo."

Nancy balançou a cabeça, lágrimas frescas derramando. "Ele cometeu suicídio mais tarde naquele ano. Havia uma nota próxima ao corpo na qual ele confessava ser gay. Foi ainda outro golpe contra o Padre Costas. Fez a história parecer bem mais plausível."

Mackenzie assentiu, tentando pensar em qualquer outra avenida de acesso. Ela sabia, naturalmente, que tentar obter esse tipo de informação de uma viúva de luto seria difícil. E quando você adiciona uma provação passada com uma notícia que pode ou não ter tido qualquer fundo de verdade, a coisa toda se torna muito pior. Ela supôs que pudesse pressionar por mais informações sobre o jovem rapaz que entrou com a reclamação e eventualmente se matou. Mas ela também poderia achar essa informação por conta própria facialmente enquanto deixava essa pobre mulher ficar pronta para o funeral do Padre Costas.

"Bem, Sra. Allensworth, muito obrigada pelo seu tempo," disse Mackenzie, ficando de pé. "Meus sinceros pêsames por sua perda."

"Deus te abençoe, querida," disse Nancy. Ela também ficou de pé e guiou Mackenzie de volta pela casa, para a porta da frente.

Na porta, Mackenzie deu um cartão de visitas para Nancy com seu nome e número gravados. "Eu entendo que você está passando por muita coisa", disse Mackenzie. "Mas se alguma coisa vier a sua mente nos próximos dias, por favor, me ligue."

Nancy pegou o cartão sem uma palavra e o colocou no bolso. Então, ela se virou, claramente lutando contra um enxame de lágrimas maior e fechou a porta.

Mackenzie se dirigiu para o carro, tirando seu celular. Ela discou para o Agente Harrison, que respondeu em seguida.

"Tudo indo bem?" ele a perguntou.

"Ainda não sei," ela disse. "Você pode me fazer um favor e olhar a dez anos atrás para ver se você consegue achar sobre o Padre Costas ser acusado de abusar sexualmente de um homem líder de um grupo de jovens? Eu gostaria do máximo de detalhes que puder."

"Claro. Você acha que isso possa se por como uma pista?"

"Eu não sei," ela disse. "Mas eu acho que uma criança que alega ter sido sexualmente abusada por um padre que foi pregado nas portas da sua igreja certamente vale a pena investigar."

"Sim, bom ponto," disse Harrison.

Ela desligou, novamente assombrada pelas imagens do Assassino do Espantalho e do Nebraska. É óbvio, ela lidara com assassinos atacando em um contexto religioso antes. E uma coisa que ela sabia sobre eles era que poderiam ser imprevisíveis e muito motivados. Ela não ia correr qualquer risco e, como tal, não deixaria qualquer pedra sem revirar.

Ainda, enquanto ela voltava para o carro, percebeu que um garoto sexualmente abusado realmente parecia uma pista sólida. Fora isso, além dele, a única coisa a sua disposição era voltar para os escritórios do FBI e ver o que ela poderia escavar dos arquivos enquanto torcia para que a perícia fosse capaz de aparecer com algo.

E ela sabia que se ela ficasse a espera, esperando por uma novidade no caso, o assassino poderia muito bem estar lá fora planejado seu próximo lance.


CAPÍTULO CINCO

 

Eram 3:08 de acordo com o painel do carro quando o pastor saiu da igreja.

Ele observou o pastor distante pelo para brisas. Ele sabia que o homem era sagrado; sua reputação era excepcional e sua igreja havia sido abençoada. Ainda, era bastante desapontador. Algumas vezes ele pensava que homens sagrados deveriam ser colocados a parte do resto do mundo, mais fáceis de identificar. Talvez, como aquelas velhas pinturas religiosas nas quais Jesus tinha uma grande aureola dourada ao redor da cabeça.

Ele riu com esse pensamento enquanto assistia o pastor se encontrar com outro homem em frente a um carro ao lado da igreja. Esse outro homem e era algum tipo de assistente. Ele havia visto esse assistente antes, mas não estava preocupado com ele. Estava muito abaixo na cadeia alimentar dentro da igreja.

Não, ele estava mais interessado no pastor líder.

Ele fechou os olhos enquanto os dois homens conversavam. No silêncio do seu carro, ele rezou. Ele sabia que poderia orar em qualquer lugar e Deus o escutaria. Ele sabia há muito tempo que Deus não ligava para onde você estava quando você rezava para confessar seus pecados. Você não precisava estar em um edifício enorme e espalhafatosamente decorado. De fato, a Bíblia indicava que tais moradas elaboradas eram uma afronta para Deus.

Com sua oração terminada, ele pensou sobre este trecho da escritura. Ele a murmurou em voz alta, sua voz lenta e sombria.

"E, quando orardes, não sejais como os hipócritas. Pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens."

Ele olhou de volta para o pastor, no momento se afastando do outro homem até outro carro.

"Hipócrita," ele disse. Sua voz era uma mistura de veneno e tristeza.

Ele também sabia que a Bíblia alertava sobre uma praga de falsos profetas no fim dos tempos. Esse era, afinal, o porquê de ele ter se atribuído a missão atual. Os falsos profetas, os homens que falavam sobre glorificar Deus enquanto observavam os pratos de dízimo enquanto eram repassados-os mesmos que pregavam sobre santificação e pureza enquanto observavam jovens garotos com olhos de luxúria-eram os piores deles. Eles eram piores de traficantes e assassinos. Eram piores que estupradores e os desviados mais deploráveis das ruas.

Todos o sabiam. Mas ninguém fazia qualquer coisa a respeito.

Até agora. Até que ele ouviu Deus falar com ele, dizendo-o para consertar isso.

Era seu trabalho se deixar o mundo livre desses falsos profetas. Era trabalho sanguinolento, mas era o trabalho de Deus. E isso era tudo o que ele precisava saber.

Ele olhou de volta para o pastor entrando no carro e saindo da igreja.

Depois de um momento, ele também arrancou para a rua. Não seguiu o pastor de perto, mas o acompanhou a uma distância segura.

Quando ele chegou a um semáforo, ele quase podia ouvir o som musical do seu porta malas enquanto vários dos seus pregos industriais tilintavam na caixa deles.


CAPÍTULO SEIS

 

Ele caminhou em direção da igreja, a lua de sangue lançando uma sombra do seu corpo na calçada que parecia como um inseto esticado-um louva-deus ou uma centopeia talvez. Havia um sino tocando, um grande sino sobre a catedral, convocando todos para vir adorar e cantar e louvar.

Mas Mackenzie não conseguiu entrar na igreja. Há uma multidão de pessoas no alpendre frontal, congregando ao redor da porta da frente. Ela vê Ellington ali, assim como McGrath, Harrison, suas distantes mãe e irmã, até mesmo seu velho parceiro, Bryers e alguns dos homens com os quais ela trabalhou enquanto ainda era uma detetive no Nebraska.

"O que todos estão fazendo?" ela pergunta.

Ellington se vira para ela. Seus olhos fechados. Vestido em um bom terno, marcado por uma gravata vermelho sangue. Ele sorri para ela, seus olhos ainda fechados, e levanta uma mão aos lábios. Ao lado dele, a mãe dela aponta para as portas da frente da igreja.

Seu pai está ali, Pendurado, crucificado. Ele usa uma coroa de espinho e uma ferida em sua lateral extravasa alguma coisa parecida com óleo de motor. Ele está olhando diretamente para ela, seus olhos arregalados e maníacos. Ele está louco. Ela pode ver nos olhos dele e no esboço de um sorriso malicioso.

"Vem salvar-te?" ele a pergunta.

"Não," ele diz.

"Bem, certamente você não veio me salvar. Tarde demais para isso. Agora se curve. Adore. Encontre tua paz em mim."

E como se alguém a quebrasse pelo meio por dentro, Mackenzie se ajoelha. Ajoelha-se com força, ralando seus joelhos no concreto. Todos ao seu redor, a congregação começa a cantar em línguas. Ela abre a boca e palavras amorfas saem, juntando-se à música. Olha de volta para seu pai e há um halo de fogo circulando sua cabeça. Agora ele está morto, seus olhos brancos e sem expressão, sua boca escoando uma poça de sangue.

Há a harmonia do sino, repetindo-se de novo e de novo.

Tocando...

Tocando. Alguma coisa tocando.

Seu telefone. Com um solavanco, Mackenzie despertou. Ela mal registrou o relógio em seu criado mudo, que marcava 2:10 da manhã. Ela atendeu o telefone, tentando sacodir os vestígios do pesadelo de sua cabeça.

"White falando," ela disse.

"Bom dia," veio a voz de Harrison. Ela estava secretamente bem desapontada. Estava esperando ouvir notícias de Ellington. Ele fora enviado por McGrath em alguma tarefa, os detalhes da qual eram no máximo um esboço. Ele prometera ligar em algum momento, mas até agora ela não ouviu qualquer coisa dele.

Harrison, ela pensou grogue. Que diabos ele quer?

"É muito cedo para isso, Harrison," ela disse.

"Eu sei," disse Harrison. "Desculpe-me, mas estou ligando pelo McGrath. Houve outro assassinato."

 

***

 

Através de uma série de mensagens, Mackenzie reuniu tudo o que ela precisava saber. Um casal rebelde havia encostado nas sombras do estacionamento de uma igreja bem conhecida para fazer sexo. Logo quando as coisas haviam começado a esquentar, a garota viu alguma coisa estranha na porta. Assustou-a o suficiente para colocar um fim nas atividades noturnas planejadas. Claramente irritado, o homem que tivera seu exibicionismo furtado seguiu até a porta da frente e encontrou um corpo nu pregado nas portas.

A igreja em questão era um relativamente popular: Igreja Comunitária Palavra Viva, uma das maiores na cidade. Muitas vezes saia nas notícias, já que os presidentes frequentemente participavam dos cultos de lá. Mackenzie nunca estivera (ela não havia colocado o pé na igreja desde um fim de semana cheio de culpa na faculdade), mas o tamanho e escopo do lugar afundaram-se por completo enquanto ela virava o carro no estacionamento.

Ela era uma das primeiras na cena. A equipe do CSI estava ali, se aproximando da entrada principal da igreja. Um único agente estava saindo de um carro, aparentemente esteve esperando por ela. Ela não ficou nem um pouco surpresa em ver que era Yardley, a agente que havia entregado o primeiro caso com o Padre Costas.

Yardley encontrou com ela na calçada que levava até a entrada principal. Ela parecia cansada, mas animada de uma maneira que provavelmente apenas outros agentes poderiam ser capazes de identificar ou de se identificar.

"Agente White," disse Yardley. "Obrigada por vir tão rápido."

"Claro. Foi você o primeiro na cena?"

"Fui. Eu fui enviada a cerca de quinze minutos. Harrison ligou e me enviou."

Mackenzie quase comentou sobre isso, mas fechou a boca. Estranho que eu não tenha sido chamada primeiro, ela pensou. Talvez McGrath esteja deixando-a cobrir onde Ellington estaria ajudando. Faz sentido, já que ela foi a primeira a lidar com a cena do Costas.

"Já viu o corpo?" perguntou Mackenzie enquanto elas se dirigiam para a porta da frente logo atrás da equipe do CSI.

"Sim. De poucos metros de distância. É idêntica às outras."

Em poucos passos, Mackenzie foi capaz de vez por si própria. Ela ficou um pouco para trás, deixando os caras da CSI e a perícia fazerem o trabalho deles. Sentindo que tinham dois agentes atrás deles esperando, as equipes trabalharam rapidamente, mas de forma eficiente, se certificando de deixar um espaço para os agentes tomarem as próprias observações.

Yardley estava certa. A cena era a mesma, até a marca alongada cruzando a fronte. A única diferença era que as roupas íntimas desse homem havia aparentemente escorregado-ou foram arrancadas pelos tornozelos de propósito.

Um dos cara da equipe do CSI olhou para elas. Ele parecia um pouco fora de si, talvez até um pouco triste.

"O falecido é Robert Woodall. Ele era o pastor líder aqui."

"Você tem certeza?" perguntou Mackenzie.

"Positivo. Minha família frequenta essa igreja. Eu ouvi esse homem pregar pelo menos cinquenta vezes."

Mackenzie se aproximou do corpo. As portas para a Palavra Viva não eram ornadas e decoradas como aquelas da Pedra Angular Presbiteriana e do Sagrado Coração. Estas eram mais modernas, feitas de madeira pesada que fora desenhada e tratada para se assemelhar a uma porta de celeiro.

Como os outros, o Pastor Woodall fora pregado pelas mãos e seus tornozelos foram amarrados com arame. Ela estudou sua genitália exposta, imaginando se sua nudez escancarada fora uma decisão feita pelo assassino que preparou o corpo. Ela podia ver nada fora do ordinário e decidiu que as roupas de baixo deviam ter escorregado por conta própria, talvez devido ao peso do sangue que absorveram. As feridas que jorravam sangue eram numerosas. Havia alguns arranhões no peito. E mesmo que suas costas não pudessem ser vistas, a trilha de sangue que escorria ao longo da sua cintura e seguia por suas pernas indicava que havia algumas lá trás.

Mackenzie então viu outra ferida-uma estreita que trouxe de volta a imagem infernal do seu pesadelo.

Havia um corte no lado direito de Woodall. Era leve, mas claramente visível. Havia algo preciso acerca disso, quase prístino. Ela se inclinou para mais perto e apontou. "O que isso parece para vocês?" ela perguntou à equipe do CSI.

"Também reparei nisso," disse o homem que reconhecera o Pastor Woodall. "Parece algum tipo de incisão. Talvez feita por algum tipo de lâmina de entalhar-uma faca X-Acto ou algo assim."

"Mas esses outros cortes e feridas de facada," disse Mackenzie. "Eles foram feitos com uma lâmina comum, certo? Os ângulos e bordas..."

"Sim. Você é uma mulher religiosa?" o homem perguntou.

"Essa parece ser uma questão recorrente nos últimos dias," ela disse. "Apesar da resposta, contudo, eu entendo a relevância de um corte na lateral. Foi onde Cristo teve uma lança enfiada enquanto estava pendurado na cruz."

"Sim," disse Yardley de trás dela. "Mas não há sangue, certo?"

"Certo," disse Mackenzie. "De acordo com a escritura, saiu água dessa ferida."

Então por que o assassino decidiu fazer essa ferida em destaque? Ela cogitou. E por que não foi assim nas outras?

Ela se afastou e observou a cena enquanto Yardley conversava com alguns dos membros da CSI e da Perícia. O caso já a havia afligido um pouco, mas essa ferida aleatória na lateral de Woodall a fez se preocupar que algo mais profundo estivesse ocorrendo. Havia simbolismo, mas agora há simbolismo sobreposto.

O assassino, obviamente, pensou nessas coisas, ela pensou. Ele tinha um plano e ele vem sendo metódico a respeito dele. Mais que isso, a adição desse preciso corte na lateral mostra que ele não está apenas matando por matar-ele está tentando transmitir uma mensagem.

"Mas qual mensagem?" ela se perguntou em silêncio.

Nas horas mais escuras da noite, ela estava na entrada da Igreja Comunitária Palavra Viva e tentava encontrar essa mensagem na figura do corpo do pastor morto.


CAPÍTULO SETE

 

No tempo que Mackenzie levou para deixar a Palavra Viva e dirigir até o Edifício J. Edgar Hoover, a imprensa havia, de alguma maneira, descoberto sobre o último assassinato. Enquanto o assassinato do Padre Costas havia chegado às notícias, a morte de Ned Tuttle não havia. Mas com o pastor líder de uma igreja do porte da Palavra Viva, o caso iria explodir as manchetes. Eram 4:10 quando Mackenzie chegou aos escritórios do FBI, dirigindo-se para ver McGrath. Ela deduziu que os detalhes do Pastor Woodall e o caso como um todo seriam o principal ponto de interesse nos programas noticiários matutinos locais-e de toda a nação pelo meio dia.

Ela podia sentir a pressão crescente disso tudo quando entrou no escritório de McGrath. Ele estava sentado na sua pequena mesa de conferências, ao telefone com alguém. O Agente Harrison estava lá com ele, lendo algo em um notebook. Yardley também estava lá, tendo chegado poucos minutos antes de Mackenzie. Ela estava sentada, escutando McGrath ao telefone, aparentemente esperando por instruções.

Vendo os dois se debruçando ao redor de McGrath a fez desejar que Ellington estivesse ali. Isso a lembrou de que ainda estava no escuro a respeito de onde McGrath o havia enviado. Ela imaginou se tinha algo a ver com esse caso-mas se tivesse, por que ela não fora informada do paradeiro dele?

Quando McGrath finalmente saiu do telefone, ele olhou para os três agentes reunidos e deixou sair um suspiro. "Era o Diretor Assistente Kirsch," ele disse. "Ele esta reunindo mais três agentes para encabeçar esse caso em seu nome. No momento em que a impressa pegou o rastro disse, estávamos fodidos. Isso vai ser grande e vai crescer rápido."

"Alguma razão em particular?" perguntou Harrison.

"Palavra Viva é uma igreja extremamente popular. O presidente a frequenta. Alguns outros políticos também vão regularmente. Os podcast têm cerca de quinhentos mil acessos em uma semana. Woodall não era uma celebridade ou algo assim, mas ele era bem conhecido. E se é uma igreja que o presidente vai..."

"Entendi," disse Harrison.

McGrath olhou para Mackenzie e Yardley. "Há algo digno de nota na cena?"

"Sim, talvez," disse Mackenzie. Em seguida, ela passou os detalhes sobre a peculiar e precisa incisão no lado direito de Woodall. Contudo, ela não entrou no tipo de gesto simbólico que ela estava tentando decifrar a partir do seu significado. Ela ainda não tinha teorias realmente sólidas e não queria perder tempo com especulação.

McGrath, porém, estava em modo de pânico. Ele abriu suas mãos sobre a mesa e indicou as cadeiras ao redor da mesa com a cabeça. "Sente-se Vocês repassar o que temos. Eu quero ser capaz de dar ao Kirsch as mesmas informações que temos. Incluindo vocês três, agora nos temos seis agentes dedicados a esse caso. Se trabalharmos juntos, armados com os mesmos detalhes, talvez nó possamos prender esse cara antes que ele ataque de novo."

"Bem," disse Yardley, "ela não está se prendendo a uma denominação. Sabemos disso com certeza. Se alguma coisa, parece que ele está tentando evitar isso. Até agora nós temos uma igreja Católica, uma igreja Presbiteriana e agora uma igreja comunitária sem denominação."

"E outra coisa a se considerar," disse Mackenzie, "é que nós não podemos saber com certeza se ele está usando a posição de crucificação como seu uso preferido de punição e simbolismo ou se ele o faz como zombaria."

"Qual é a diferença na real?" perguntou Harrison.

"Até que nós saibamos qual razão está por trás disso, não podemos afunilar o motivo," disse Mackenzie. "Se ele está fazendo como zombaria, então provavelmente ele não é um crente-talvez mesmo algum de ateu muito irado ou um ex-crente. Mas, se ele está fazendo isso como meio preferencial de simbolismo, então ele poderia ser um crente muito devoto, ainda que com algumas maneiras bem estranhas de professar sua fé."

"E esse corte fino ao longo da lateral de Woodall," disse McGrath. "Não estava em algum dos outros corpos?"

"Não," disse Mackenzie. "Isso foi novo. O que me faz pensar que há algum tipo de significado nisso. Como o se o assassino pudesse até estar tentando comunicar algo para nós. Ou apenas saindo dos trilhos."

McGrath se empurrou da mesa e olhou para o teto, como se procurasse respostas lá em cima. "Eu não sou cego para tudo isso," ele disse. "Eu sei que há zero pista e nenhuma via de verdade pela qual seguir. Mas se eu não tiver algo que se assemelhe a uma pista quando essa merda estiver se espalhado por todos os programas noticiários nacionais dentro de poucas horas, as coisas vão ficar ruins por aqui. Kirsch diz que ele já recebeu uma ligação de uma senadora que frequenta a Palavra Viva perguntando por que não fomos capazes que resolver esse caso tão logo Costas foi morto. Então, eu preciso que os três de vocês me consigam algo. Se eu não tiver alguma coisa nova para prosseguir até a tarde, eu vou ter que expandir... mais recursos, mais pessoal e eu realmente não quero fazer isso."

"Eu posso verificar com a perícia," ofereceu Yardley.

"Trabalhe ao lado deles por mim," McGrath disse. "Farei uma ligação e deixarei isso certo. Eu quero você lá no momento que eles descobrirem alguma coisa sobre aqueles corpos."

"Pode ser um cenário 'agulha no palheiro'," disse Harrison, "mas eu posso começar a olhar nas lojas locais de ferragem para pegar registros e recibos sore qualquer um que tenha comprado os pregos que esse cara está usando nos últimos meses. Pelo que eu entendo, eles não são particularmente comuns."

McGrath assentiu. Era uma ideia, claro, mas o olhar em seu rosto deixou claro quanto tempo isso levaria.

"E você, White?" ele perguntou.

"Eu vou até os familiares e colegas de trabalho," ela disse. "Em uma igreja do tamanho da Palavra Viva, tem que haver alguém com alguma ideia sobre o porquê isso aconteceu com Woodall."

McGrath bateu as palmas das mãos juntas ruidosamente e sentou-se para frente. "Parece bom," ele disse. "Então, mãos a obra. E me atualizem de hora em hora. Entendido?"

Yardley e Harrison assentiram. Harrison fechou seu notebook enquanto levantava da mesa. Enquanto eles saiam, Mackenzie permaneceu para trás. Quando Yardley fechou a porta atrás deles, deixando apenas Mackenzie e McGrath na sala, ela se voltou para ele.

"Ah, diabos, o que é?" perguntou McGrath.

"Estou curiosa," ela disse. "O Agente Ellington teria sido um recurso valioso para este caso. Para onde você o mandou?"

McGrath remexeu desconfortavelmente em seu assento e olhou para fora na janela do seu escritório brevemente, para a escuridão da manhã recente.

"Bem, antes de eu atribuí-la a essa outra tarefa, claramente, eu não tinha ideia que esse caso seria tão ruim assim. A respeito de onde ele está trabalhando atualmente, com todo respeito, não é da sua conta."

"Com o mesmo respeito," ela retrucou, fazendo seu melhor para não soar muito defensiva, "você tirou um parceiro que eu trabalho bem junto, o que me deixa por conta própria para resolver esse caso."

"Você não está por conta própria," disse McGrath. "Harrison e Yardley são mais que eficientes. Agora... por favor, Agente White. Vá trabalhar."

Ela queria pressionar o assunto um pouco além, mas não via o ponto nisto. A última coisa que ela precisava era que McGrath ficasse irritado com ela. A pressão já estava ligada e era cedo demais no dia para ligar com um chefe descontente.

Ela deu um aceno seco com a cabeça e saiu. Ainda, enquanto andava em direção aos elevadores, ele tirou o telefone. Era muito cedo para ligar para Ellington, então ele optou por uma mensagem.

Apenas dando notícias, ela digitou Ligue ou mande mensagem quando você puder.

Ela enviou a mensagem enquanto entrava no elevador. Ela desceu até a garagem onde seu carro estava esperando. Lá fora, a manhã ainda estava escura-o tipo de escuridão densa que parecia capaz de esconder qualquer segredo que quisesse.


CAPÍTULO OITO

 

Depois de pegar um copo de café, Mackenzie se dirigiu de volta para a Palavra Viva. Ela sabia que era uma grande igreja, então escolher alguém com possíveis informações dentro dos funcionários ou da congregação demoraria uma eternidade. Ela percebeu que se as notícias se espalharam e as ligações começaram a acontecer, havia uma boa chance de que aqueles próximos ao Pastor Woodall estarem na igreja-talvez já organizando pequenos memoriais ou apenas indo à igreja para estar mais perto de Deus enquanto estavam em aflição.

Sua intuição compensou mais uma vez. Quando ela chegou na cena, Woodall fora removido das portas. E enquanto ainda havia vários policiais locais e membros do FBI presentes, também havia outras pessoas espalhadas aqui e ali, contidas pelas faixas amarelas de cena criminal que circundavam os limites da calçada de concreto que levava às portas da frente.

Algumas delas choravam abertamente. Vários estavam acolhidos nos abraços de outros espectadores. Ela tomou nota de um homem de pé sozinho, sua cabeça virada para longe da cena. Sua cabeça estava abaixada e sua boca se movia apenas levemente enquanto ele oferecia as preces. Mackenzie respeitosamente deu-lhe algum tempo para terminar sua oração antes de abordá-lo. Ao se aproximar, viu o que parecia ser uma expressão de raiva em seu rosto.

"Desculpe-me, senhor," ela disse. "Você tem um momento?" Ela terminou a pergunta mostrando seu distintivo e se apresentando.

"Sim," disse o homem. Ele piscou e esfregou os olhos, como se tentasse limpar os últimos vestígios de sono ou de um pesadelo. Então ele ofereceu a mão e disse, "Eu me chamo Dave Wylerman, a propósito. Sou chefe do departamento de música aqui na Palavra Viva."

"Há um departamento de música?"

"Sim. Nós temos um conjunto rotativo de aproximadamente quatorze músicos que compõe três bandas de adoração."

"Então você trabalhou de perto com o Pastor Woodall no passado?"

"Ah, absolutamente. Estou em reuniões com ele pelo menos duas vezes por semana. Fora isso, ele se tornou um querido amigo da família para minha esposa, meus filhos e eu durante a última década."

"Você pode pensar em alguém que possa ter sido capaz de fazer isso? Alguém que possa ter tido algum tipo de rancor ou queixa contra o Pastor Woodall?"

"Bem, é uma igreja grande. Eu não acho que há uma única pessoa que trabalhe aqui e conheça todos que comparecem. Mas para mim, não, eu não consigo pensar em alguém logo de cara que estava com raiva com ele o suficiente para fazer isso..."

A escuridão do alvorecer havia escondido as lágrimas de Dave Wylerman até este ponto, mas quando ele olhou acima nos olhos dela, elas ficaram bem evidentes. Ele parecia atormentado, como se lutasse para descobrir como dizer alguma coisa.

"Você tem um momento para conversar em particular?" perguntou Mackenzie.

"Sim."

Ela acenou-lhe a frente para segui-la. Ela se afastou da calçada de concreto que dava na igreja e voltou para o carro. Abriu a porta do passageiro para ele, percebendo que descansar os pés e se sentir relaxado pudesse fazer algum bem a ele Ela entrou no lado do motorista e quando ela fechou a porta, podia dizer que Wylerman estava lutando para se manter composto.

"O restante do corpo da igreja fora informado?" perguntou Mackenzie.

"Não, apenas os mais antigos, eu e alguns daqueles mais próximos ao Pastor Woodall. Mas as ligações estão sendo feitas. Todos irão saber dentro de uma hora ou por aí, eu imagino."

Bom, pensou Mackenzie. Eles receberam as notícias pessoalmente de alguém que eles conhecem, ao invés de escutar sobre isso pela primeira vez nos noticiários.

"Então, me corrija se eu estiver errada," ela disse, "mas parecia que você estava se debatendo com alguma coisa lá trás perto da igreja. Há algo que você pode me dizer que não queria compartilhar na frente de todos os outros?"

"Bem, como você sabe, é uma igreja grande. Em qualquer Domingo, se você contar ambos os cultos que nós mantemos, há algo entre cinco mil e sete mil pessoas que comparecem. E com um grupo assim tão grande, nós necessitamos de vários presbíteros para lidar com os negócios e interesse da igreja. Aqui na Palavra Viva, nós temos-bem, tínhamos seis. Um deles começou meio que levantar algumas preocupações nos outros antes de sair. Eu não acho que ele não teria nele o necessário para fazer algo como isso, mas... eu não sei. Algumas coisas que ele insinuara... meio que pegou todos os outros com a guarda baixa. Outros presbíteros... empregados..."

"Qual o nome dele?"

"Eric Crouse."

"E que tipo de coisas?" perguntou Mackenzie.

"Ele continuava jorrando sobre como as coisas deixadas na escuridão viriam a luz e como a luz poderia cegar. Que talvez ser queimada pela luz seja exatamente o que a Palavra Viva precisava."

"E por quanto tempo ele se comportara dessa forma?"

"Cerca de um mês, eu diria. Pelo o que eu entendo, ele saiu por conta própria há cerca de duas semanas, mas havia discussão sobre isso entre os outros presbíteros e o Pastor Woodall sobre o liberar. Mas a coisa disso é que tudo que Eric estava falando era biblicamente acurado. Coisas que Jesus disse, coisas que a maioria das pessoas que comparecem à Palavra Viva acreditam. Mas... e eu sei que isso vai soar estúpido... era a maneira que ele dizia as coisas. Sabe? Tipo, ele tinha algum contexto oculto para eles. Mais que isso, ele nunca falou daquela maneira antes. Ele era um presbítero, claro, mas nunca um que apenas jorrava as escrituras ou que começava a dar essas conversas do tipo fogo do inferno e enxofre."

"Então, se você não acha que ele era capaz de assassinato, por que você o menciona? Foi apenas a mudança repentina de personalidade que alarmou a todos?"

Wylerman deu de ombros. "Não. Algumas pessoas começaram a reparar que Eric estava fazendo tudo o que ele podia para evitar reuniões ou pequenos grupos nos quais o Pastor Woodall compareceria. Eles nunca foram melhores amigos, mas sempre conviveram. Então, de repente, quando ele começou a falar sobre essa coisa de luz brilhando na escuridão, ele também pareceu se distanciar do Pastor Woodall."

"E você diz que ele deixou a igreja há duas semanas?"

"Sim, mais ou menos uns dias. Eu não sei se ele está indo a outro lugar agora ou o que. E o que é estranho é que é quase como se Eric conhecesse os horários do Pastor Woodall. Ele acaba de voltar de um retiro há alguns dias."

"Um retiro?"

"Sim, é a sua pequena fuga, que ele faz duas vezes ao ano. É uma ilhazinha bem calma na costa da Flórida."

"E há quanto tempo ele voltou?" perguntou Mackenzie.

"Ele e sua esposa voltaram para casa cinco dias atrás."

Mackenzie pensou sobre isso por um momento, catalogando em sua mente. Então, ela voltou o assunto de volta para o homem que Wylerman mencionara-o antigo presbítero, Eric Crouse.

"Você saberia onde Crouse mora?" ela perguntou.

"Sim. Eu estive na casa dele algumas vezes em pequenos grupos e para oração."

Mackenzie não estava certa do por que, mas algumas coisa nisso a assustava. A sincronia de Eric Crouse deixar a Palavra Viva era quase perfeita para o tipo de suspeito que ela estava procurando. Imaginar esse homem de luto apertando as mãos juntas em prece com um homem que possa ter sido responsável por três mortes nos últimos poucos dias era inquietante.

"Você pode me dizer onde?"

"Eu irei," disse Wylerman, "mas eu realmente preferiria que você não o dissesse que recebeu a informação de mim... ou de qualquer um na Palavra Viva no que diz respeito."

"Claro que não," ela disse.

Um pouco relutante, Wylerman deu a ela as direções para a casa de Eric Crouse. Mackenzie as digitou no celular, notando que, embora Wylerman pudesse estar interagindo com ela, a mente dele ainda estava lá com seus amigos em luto do lado de fora da igreja. Ele estava olhando naquela direção agora, limpando as lágrimas de seus olhos enquanto os observava pela janela do passageiro.

"Obrigada pelo seu tempo, Sr. Wylerman," disse Mackenzie.

Wylerman assentiu sem dizer qualquer coisa a mais. Então ele saiu do carro. Ele manteve sua cabeça abaixada antes até de chegar até a pequena multidão de pessoas. Ela podia vê-lo tremendo. Ela nunca entendera como as pessoas poderiam ter uma profunda fé em um Deus invisível, mas ela respeitava o senso de comunidade que era evidente entre aqueles que compartilhavam uma crença em comum. Ela se sentiu muito mais por Dave Wylerman naquele momento, assim bem como por aqueles que frequentavam a Palavra Viva e o vazia que eles sentiriam no Domingo de manhã.

Com esse senso de simpatia a empurrando para frente, Mackenzie arrancou o carro do estacionamento da Palavra Viva e dirigiu-se para oeste, para o que parecia ser onde primeira pista sólida nesse caso havia agitado.


CAPÍTULO NOVE

 

Eram 6:40 quando ela chegou em frente à casa de Eric Crouse. Ficava em um bairro abastado onde as casas eram mais importantes que os jardins, cada casa pressionada apertadamente contra a outra. A garagem estava fechada, tornando impossível saber se alguém estava em casa-apesar de que, dada a hora adiantada, ela assumiu que haveria alguém lá para atender a porta.

Enquanto fazia seu caminho até a porta, Mackenzie desejou que tivesse pegado outro café de algum lugar. Era difícil acreditar que ainda não eram sete horas. Ela fez seu melhor para sacudir os vestígios de seno do rosto ao bater a campainha da residência de Crouse. Imediatamente, ela podia ouvir passos atrás da porta. Segundos depois, a porta foi aberta apenas em uma fenda e uma mulher espreitou para fora.

"Posso ajudá-la?" a mulher perguntou, claramente desconfiada.

"Sim," disse Mackenzie. "E peço desculpas por ser tão cedo, mas isto é urgente. Sou a Agente Mackenzie White do FBI. Estou procurando por Eric Crouse."

A mulher abriu a porta lentamente. "É o meu marido. Ele está... bem, ele recebeu notícias terríveis esta manhã. Acho que é por isso que está aqui? Sobre o assassinato esta manhã?"

"É," disse ela. "Então, se eu pudesse falar com ele..."

"É claro," disse a mulher. "Entre, entre".

Mackenzie foi guiada para dentro da casa para o cheiro de bacon grelhando e café recém passado. A casa dos Crouse era bonita, mas não em excesso. Tinha pé direito alto, sancas, piso de madeira e bancadas de granito e um espaço de bar na cozinha. Na cozinha, a mulher a levou para uma ampla mesa de jantar; era o tipo de cozinha que também servia como sala de jantar. Um homem e um garoto de cerca de dez anos se sentavam a mesa. O garoto estava comendo uma tigela de cereal enquanto o homem dava um gole em uma xícara de café e lia algo de um notebook.

"Essa moça aqui é do FBI," disse a esposa de Crouse.

Crouse olhou acima, piscando de maneira o que está acontecendo. Então ele se levantou e caminhou até Mackenzie. Ele sorriu cansado para ela, que podia perceber pelo seu rosto que ele, assim como Dave Wylerman, havia tido sua boa parcela de choro essa manhã.

Crouse estendeu sua mão para um aperto e Mackenzie a aceitou. Ela observou seu rosto o tempo inteiro, procurando por algum deslize no que era ou um grande disfarce de emoção ou uma fachada para enganá-la. Ela não conseguia ver nenhum e, assim, não podia decidir se ele estava escondendo alguma culpa.

"Presumo que seja sobre o Pastor Woodall?" perguntou Eric.

"Sim," disse Mackenzie. "Há algum lugar onde possamos conversar?"

"Hum, sim," disse Eric. Ele olhou para o filho e deu um tapinha no ombro dele. "Você e a mamãe podem correr até o banheiro e terminar de se arrumar para escola Deixe esses dentes bons, OK?"

O garoto olhou para seu cereal, claramente não terminado, mas obedeceu ao seu pai. A mulher fez o mesmo, enquanto ela acompanhava o filho deles para fora da cozinha e em direção a um corredor que ficava logo a direita. Quando eles ficaram fora de vista, Eric olhou para garrafa de café no balcão e perguntou: "Café?"

"Sim, por favor. Seria fantástico, na verdade."

Eric entrou na cozinha e Mackenzie o seguiu. Eric pegou uma xícara de um armário e encheu-a com café da garrafa em cima do balcão. "Creme? Açúcar?"

"Preto está ótimo," ela disse. Ela estava bem certa de que ele estava enrolando, mas ao mesmo tempo, também tentando fazer seu melhor para ser agradável e hospitaleiro.

Quando ele a entregou o café, ela o agradeceu e deu um gole. Era bom e forte-exatamente o que ela necessitava.

"Então, como você descobriu sobre o Pastor Woodall?" ela perguntou.

"Recebi um telefonema de um dos presbíteros. Suponho que se você está aqui para falar comigo, você já sabe que eu era um presbítero lá até muito recentemente."

"Sim. Eu estava ciente. E eu entendo que houve um pouco de hostilidade e desacordo antes de você sair."

"Sim, suponho que sim."

"Você se importaria de elaborar a respeito do que você queria dizer com os comentários que você fez sobre as trevas e a luz? Sobre a Palavra Viva ser queimada pela luz?"

Eric hesitou, dando um gole de seu café. "Veja, a dificuldade aqui é que você se você me perguntasse exatamente a mesma pergunta ontem, eu teria te respondido com prazer. Mas as coisas são diferentes agora."

"Bem, Sr. Crouse, eu não tinha razão para perguntar-lhe ontem. Mas agora, eu tenho um pastor morto com o qual você estava em grave desacordo... um pastor com o qual você trabalhou de perto por vários anos e, de repente, começou a aparentemente não se importar muito."

"Justo," ele disse. Ele se inclinou um pouco para a direita, examinando o corredor como se para se certificar de que sua esposa e filho ainda estavam fora do alcance da voz. Quando ele estava confiante de que ainda estavam longe, ele se aproximou de Mackenzie. "Olha... eu descobri algo sobre o Pastor Woodall três meses atrás. A princípio, eu me recusei a acreditar, mas então eu vi provas. E não pude negar mais. Eu... bem, eu acho que eu não sabia exatamente como lidar com isso."

"E o que você descobriu?"

"Agente White... ele está morto. Recentemente morto. Que tipo de homem eu seria para maldizê-lo? A última coisa que eu quero é manchar o nome dele após a sua morte."

"Eu manterei discrição então," ela disse. "Ninguém mais além do meu supervisor e dois ou três agentes adicionais saberão."

"Tenho sua palavra nisso?"

"Sim," ela disse. "Embora, pelo o que eu entendo, você não teria se importado muito em arrastar o nome dele pela lama algumas semanas atrás."

Na verdade, Eric riu disso. "Você espera esse tipo de merda de igrejas de cidades pequenas... rumores e fofocas. Sim... eu provavelmente não fiz o melhor trabalho ficando quieto. Eu disse algumas coisas não tão sutis que possam ter levantado sobrancelhas. Mas, acredite em mim... com o que eu sei, eu poderia ter ido a público. Eu poderia ter manchado seu nome imediatamente. Mas não o fiz."

"E por que não?"

"Porque não é meu trabalho julgar. Ele está morto agora e Deus o julgará."

"Julgá-lo pelo o quê?" perguntou Mackenzie. "Qual é o grande segredo?"

Seus olhos estavam cheios de lágrimas quando ele falou e foi esse simples indicador que disse a Mackenzie que Eric Crouse não era o assassino, mas que, apesar do seu comportamento recente, ele havia se importado com o Pastor Woodall um dia.

"Tive um jovem vindo até mim em confidência há cerca de três meses. De tempos em tempos, eu o ajudava com as classes para jovens na Palavra Viva. Era uma criança com a qual eu havia conversado uma vez ou outra quando ele era mais novo... meio que o ajudei com a sua jornada espiritual, respondi as duras perguntas sobre Deus, coisas assim. Então ele vem a mim e faz... eu não sei... talvez um ano desde que eu tive uma conversa de verdade com ele. Ele pergunta se nós podemos conversar em particular, então eu o levei para o meu escritório. Ele me diz que pelo último ano ou por aí ele tem tido um relacionamento homossexual. Então, estou preparado para conversar sobre isso com ele, para ver qual o estado mental dele e tudo. Mas então, ele termina o comentário... o relacionamento era com o Pastor Woodall."

"E você acreditou nele, simples assim?" perguntou Mackenzie.

"Claro que não. Na verdade, o simples fato de esse cara insinuar uma coisa dessas me deixou zangado. Mas então ele me mostrou o celular dele. Havia mensagens e fotos. E eu o odiei por ter me mostrado isso. Eu o odiei por isso e não Woodall."

"Você contou a alguém?"

"Não. Eu não sabia que diabos fazer. Se eu o expusesse, poderia ser o fim da Palavra Viva. E, além disso, o cara me pediu para não fazê-lo. Ele simplesmente queria vir a mim para confessar seus pecados. Mas no fundo da minha mente e coração, eu sempre pensei que ele tivesse me contado isso com uma esperança silenciosa de que eu iria a público. Algumas daquelas mensagens era... bem, insinuavam abuso."

"Como assim?"

"O cara estava querendo sair. E Woodall o disse que se ele parasse de vê-lo ou se dissesse a alguém sobre o que estava acontecendo, ele começaria a espalhar mensagens sobre o rapaz. Havia algumas outras coisas que foram ditas que meio que sugeriam sexo consentimento. Talvez não estupro, mas... oh, Deus. Isso é terrível."

"Você tem certeza sobre tudo isso?"

Eric assentiu. As lágrimas estavam escorrendo agora, pingando de sua face. "Estou feliz que você tenha vindo. Deus, eu precisava contar para alguém e-"

Ele engoliu um soluço nesse ponto e olhou abaixo para o chão.

"Sr. Crouse... por favor, entenda que eu tenho que falar com esse jovem rapaz."

"Eu não posso dar o nome dele a você. Eu não posso..."

"Sr. Crouse... o Pastor Woodall é um dos três líderes religiosos que foram mortos brutalmente em oito dias. Esse é um caso de assassino em série e eu não tenho como saber quem é o próximo. Toda e qualquer pista que eu tiver a minha disposição, eu preciso usar. E conversar com um garoto que pode muito bem ser uma vítima de abuso pelas mãos da figura religiosa morta mais recentemente é muito na cara para ignorar. Com risco de simplesmente jogar a culpa em você, sua recusa em fornecer um nome pode muito bem prender essa investigação e levar para mais mortes."

"Chris Marsh," disse Eric, o nome saindo da sua boca como um enforcado silvo de dor. E então ele deixou escapar um lamurio de angústia que era quase tão alto como um grito.

Isso foi seguido pelo som da sua esposa vindo dos fundos da casa. Ela estava correndo pelo corredor, chamando seu nome. Quando ela chegou à cozinha, ela deu um olhar de puro veneno para Mackenzie.

"O que aconteceu?" ela perguntou, quase gritando com Mackenzie.

"Não foi culpa dela," Eric conseguiu dizer. "Mas, oh, Deus, há... há algo que eu tenho que contar a você..."

Não havia maneira elegante de se retirar. Mackenzie de um abrigado que foi afogado pelo sofrimento de Eric Crouse. Quando ela deixou a casa, ela o fez sem qualquer fanfarra. A mulher a deu apenas um aceno bem sem entusiasmo enquanto ela caminhava até a porta da frente.

Ao fechá-la atrás dela, tudo o que ela viu foi o filho dele de dez anos, rastejando de volta pelo corredor para ver porque o pai estava chorando tão alto.

Em todo caso, Mackenzie sentiu que havia uma coisa que ela veria ou escutaria de alguém que acendeu um pavio nela-aquilo a deixou mais determinada que nunca em trazer esse caso a um fim.

Nesse caso, foi a vista daquele garotinho incerto caminhando pelo corredor, escutando seu pai chorar como resultado dos horrores que ele ainda não conhecia e, provavelmente, não entenderia. O garoto sequer estava ciente de que Mackenzie o havia visto, mas ela gravou aquela imagem em sua mente enquanto se apressava pelos degraus da varanda dos Crouse e de volta para seu carro.

Ao chegar ao carro, seu telefone tocou dentro do bolso do casaco. Ela o retirou e seu coração deu um leve suspiro de felicidade quando ela viu o nome Ellington no visor.

Ela atendeu a chamada, dando seu melhor para não soar tão aliviada quanto ela realmente estava. "Ah, então você não se esqueceu de mim!"

"Claro que não esqueci."

"Piadas de lado," disse Mackenzie, "McGrath te tirou da cidade bem rapidamente. E ela não me diz uma maldita coisa sequer. De qualquer jeito, em que ele te colocou para trabalhar?"

Ela estava dentro do carro agora, dando partida no motor. Mesmo por sobre esse barulho, contudo, ela foi capaz de escutar claramente o profundo suspiro de Ellington. "Sim, eu deduzi que ele deixaria essa parte para mim."

"O que isso significa? Ellington, o que está acontecendo?"

"Bem cedo na manhã de ontem, agente de campo de Omaha, Nebraska, ligou para McGrath. Um dos agentes por lá está trabalhando com um detetive particular, meio que debaixo dos panos e-"

"É Kirk Peterson?" ela interrompeu.

"Sim. Houve algum movimento no caso mais recente que está conectado com o caso do seu pai."

"Que diabos, Ellington?"

"Eu sei. Mas olha... eu acho que ele estava certo em contar para mim e não para você. Eu estou quase acabando por aqui. Era uma pista fraca demais e virou praticamente nada. Fazia mais sentido para eu vir. Eu não estou pessoalmente ligado nele e, vamos encarar isso, você é a escolher mais inteligente para ficar aí e trabalhar nesse caso atual. É uma merda e eu sinto muito que ele tenha escolhido te manter no escuro sobre isso. Mas você vai perceber em mais ou menos uma hora que era a jogada mais inteligente."

"Bem, talvez nós devêssemos guardar esse papa para daqui a uma hora," ela cuspiu. O inferno é que ele estava certo. Foi a jogada mais inteligente.

"Eu nós podemos esperar até eu voltar. Eu devo ter reunido tudo até essa noite. Talvez mais cedo. Eu não vejo por que eu não estaria de volta a DC até algum momento da tarde de amanhã."

"É uma merda," ela disse, odiando a forma infantil e simples que isso soou.

"É mesmo," ele disse. "Mas eu prometo... você não perdeu qualquer coisa. Eu vou deixar você ler os arquivos do caso quando eu voltar. Até mesmo vou deixar você vê-los antes que eu os entregue para McGrath."

"Sim, eu não acho que ele vai gostar disso."

"Bem, ele me fez manter um segredo de você ontem. Então eu acho que você e eu vamos simplesmente esconder um dele."

Ela realmente se sentiu traída com a situação, mas também sabia que expressar isso e entrar em uma discussão pelo telefone não faria qualquer coisa. Se alguma coisa, apenas a atrasaria a respeito do caso atual. E ela não se permitiria tropeçar dessa forma.

"OK. Mas, sim... eu quero ler aqueles arquivos do caso quando você voltar."

"Juro por Deus. Está parecendo que eu deveria estar de volta hoje mais tarde. Eu lhe digo quando eu voltar."

Quando eles terminaram a ligação, foi preciso tudo dentro de Mackenzie para não ligar para McGrath logo em seguida e perguntá-lo que diabos ele pensou que estava fazendo. Ellington estava certo; enviá-la para o Nebraska teria, certamente, atrasado o caso atual dela... mas ela ainda se sentia passada para trás-como se ela tivesse sido deixada no escuro de propósito.

Enterrando isso, ela saiu com o carro para a rua. Ela afastou todos os sentimentos de raiva e traição, trocando-os com a imagem do filho dos Crouse, andando devagar pelo corredor em direção ao som dos prantos do seu pai.


CAPÍTULO DEZ

 

Depois de fazer um rápido requerimento de informação ao FBI pelo telefone, Mackenzie conseguiu o endereço de Chris Marsh. Aconteceu de ser o mesmo endereço dos pais dele, Leslie e Russell Marsh. Enquanto a manhã começava a escapar dela, ela esperava pegar Marsh antes que ele potencialmente saísse para o trabalho. Era um trajeto de vinte e cinco minutos de carro da residência dos Crouse, com ela parando na entrada da garagem dos Marsh às 7:52.

Era uma casa muito menos que a residência dos Crouse, o tipo de casa que provavelmente havia sido construída nos anos 1970 ou início da década de 1980 e não havia sofrido quaisquer modificações-nem mesmo uma camada fresca de tinta no exterior. Quando ela não viu carros na garagem, temeu que houvesse perdido a sua janela de tempo, certa de que ninguém estaria em casa.

Ela foi até a porta da frente e bate, de qualquer maneira. Enquanto esperava, ela absorveu os sons de uma típica manhã silenciosa nos subúrbios de DC: motores distantes, um murmúrio de maquinário industrial em algum lugar, um cachorro latindo, uma buzina de carro aqui e ali. E em algum lugar no meio disso tudo, havia um assassino-se ele não estivesse, de fato, atrás dessa porta.

Como se o pensamento evocasse alguém, a porta foi atendida. No outro lado, ela viu um jovem rapaz de cerca de vinte e um anos ou por aí. Ele parecia cansado e um pouco confuso. Estava vestindo uma camisa larga do Nirvana e um par de shorts de esporte igualmente largos. Seu longo cabelo preto varria por sobre seu olho esquerdo e por trás de seu pescoço.

"Por acaso você seria Chris Marsh?" perguntou Mackenzie.

"Sou eu," ele disse, agora parecendo muito confuso. "Quem pergunta?"

Ela tirou seu distintivo lentamente e fez sua apresentação usual. "Mackenzie White do FBI. Preciso lhe fazer algumas perguntas."

Seus olhos se arregalaram, mas ela não enxergou medo; era confusão completa e talvez um pouco de descrença. "Bem, hum, essa é a casa dos meus pais e eles já saíram para o trabalho, então..."

"Claro," ela disse. "Embora eu saiba que você tem pelo menos vinte anos de idade e você recebe suas correspondências aqui. Então essa é o seu lugar de residência e como você não é um menor, eu te questionar aqui está dentro da lei."

Ela manteve um tom anima o tempo inteiro, tentando parecer relaxada. Ela adoraria de conseguir uma imagem mais clara do seu estado mental antes de entrar na casa. Até agora, pelo o que ela podia perceber, ele acabou de acordar com um agente do FBI na sua porta. Ele foi pego compreensivelmente com a guarda baixa e surpreso.

"Acho que venha para dentro, então," ele disse. "Quero dizer, o que está acontecendo? Eu estou em encrenca ou algo assim?"

"Não. Mas seu nome surgiu em um caso no qual eu estou trabalhando e eu espero que você possa-"

"Ah, meu Deus," disse Chris. "É o Woodall? Aquele assassino o pegou?"

"Esse é um chute muito bom," disse Mackenzie. "Como você chegou até aí?"

"Eu ouvi sobre aquele padre católico. Como ele foi crucificado na porta da sua igreja. E então aquele outro alguns dias atrás... eu vi nos noticiários ontem. E... bem... se meu nome surgiu e você está aqui... assumo que é devido a algumas coisas desagradáveis que eu compartilhei recentemente. Você conversou com o Sr. Crouse, eu suponho?"

"Conversei."

"Sim, então entre," ele disse dando um passo para o lado.

Chris passou alguns momentos se desculpando pelo estado do lugar. Sua mãe e seu pai já haviam saído para o trabalho. Chris mesmo não havia ido à universidade, ele explicou e, porque ele estava entre empregos, estava morando no sótão dos pais. Ele explicou tudo isso enquanto ele se sentava em uma pequena poltrona reclinável e Mackenzie se instalou em um lado de um pequeno sofá na sala de estar dos Marsh.

"Então, o que você sabe sobre o que aconteceu comigo?" perguntou Chris.

"Eu sei do que você acusou o Pastor Woodall. E eu sei que você confidenciou isso ao Sr. Crouse, mostrando fotos e mensagens a ele. E, por favor, saiba que ele não deu esta informação facilmente. Francamente, ele estava em destroços quando eu saí."

Chris deu de ombros. "Entendo. Na luz dos eventos recentes, eu entendo porque ele ofereceu essa informação. Mas... eu acho que não entendo o motivo de você estar aqui."

"Para início de conversa, eu gostaria de saber o seu paradeiro na noite passada."

Chris se recostou na cadeira reclinável. Em um instante, ele pareceu mortificado. "O quê? Você acha que eu o fiz? Que eu venho sendo o psicopata que prega as pessoas nas igrejas?"

"Eu acho que seu nome surgiu como a única pessoa com um desentendimento conhecido com o falecido mais recente e é meu trabalho eliminar todas as possiblidades."

Depois de dizer isso, ela observou outra mudança palpitar pelo rosto de Chris. Ele foi de mortificado para nervoso e defensivo. A mudança em seus olhos era quase sinistra. "Bem, isso é ofensivo para caralho," ele gritou. "Eu acho que atar assassinatos nojentos na criança que foi sexualmente abusada fazer sentindo, já que eu tenho que ser completamente fodido, certo?"

Ele está de pé agora, gritando com ela. Mackenzie também ficou de pé, bem devagar. Algo sobre a mudança imediata de emoções levantou alertas na sua cabeça. Pode haver algum tipo de problema mental aqui-um fator desconhecido que ela teria que tratar com o máximo de cuidado, como faria se suspeitasse que ele estivesse ocultando uma arma.

"Chris, estou aqui apenas para perguntar algumas perguntas simples. E eu vou lhe dizer apenas uma única vez que reagir dessa maneira só vai deixar as coisas piores para você."

"Eu vou lhe dizer uma coisa," disse Chris, agora tremendo e falando bem mais baixo. "Eu adoraria tê-lo matado. É um pecado com o qual eu venho lutando por meses. As coisas que ele fez comigo... as coisas que ele ameaçou fazer..."

"Chris, vamos apenas nos sentar e conversar sobre isso."

"O que há para se falar?" ele perguntou. Novamente, houve uma mudança de humor que saiu do nada. Ele estava gritando novamente. Ele deu um passo em direção a ela, reduzindo a distância entre eles a menos de três metros. "Você acha que eu o matei. É por isso que você está aqui, não é?"

"Chris, você não pode-"

Ele gritou tão repentinamente que a mão de Mackenzie recuou para baixo e para direita, pronta para pegar a sua Glock. Ela hesitou, contudo, um pouco envergonhada pela sua reação. E talvez, no fim, foi essa hesitação que fez Chris pensar que ele tivesse algum tipo de abertura.

Ele avançou contra ela, abaixando sua cabeça e encolhendo os ombros como se ele fosse um linebacker. Era uma posição desajeitada e ele estava sendo movido por alguma raiva estranha e quase de fuga que ela vira no rosto dele. Devido a isso, ela facilmente bloqueou o ataque. Ao fazê-lo, ela travou a cabeça dele frouxamente com sua mão direita, agarrou seu braço com sua esquerda e o jogou em um arremesso improvisado. Ele caiu metade dentro e metade fora do sofá, eventualmente caindo ao chão.

Antes que ele sequer tivesse tempo para perceber o que aconteceu, Mackenzie estava puxando seus braços atrás das costas e travando algemas nele. Ele gritou com ela novamente, um som de pura fúria que parecia dissolver enquanto seus ombros e pernas se debatendo começaram a desistir da luta. Ele parecia fora de si de novo; ela percebeu que outra dessas mudanças de expressão estava acontecendo em seu rosto enquanto ela o erguia de pé.

"Eu não o matei," disse Chris, agora chorando.

Mackenzie o rodou e o olhou nos olhos, não fazendo esforços em esconder sua frustração. "Mesmo que você não o tenha feito," ela disse, "você acaba de atacar um agente do FBI. Então, de qualquer fora, você está a caminho de uma sala de interrogatório."

"Mas eu não-não sei-"

Ela podia ver no rosto dele que ele estava claramente confuso. Seus olhos estavam abertos e vagantes, alternando entre medo, pânico e confusão.

Sim, ela pensou. Deve haver algum tipo de condição mental acontecendo aqui. Talvez o trauma do abuso nas mãos de Woodall.

Seja qual for o caso, ela ainda tinha que fazer seu trabalho. Então, ela o levou de volta pela porta e para o carro onde ela o guiou para o assento traseiro. Pelo tempo que ela se colocou atrás do volante, Chris Marsh era uma bagunça de soluções no banco de trás.

Ele não fez tentativa de conversas quando ela saia da pequena garagem para a rua. Mas nas poucas ocasiões que ela olhou no retrovisor, ela pegou aquele mesmo olhar vago nos olhos dele-o olhar desesperado de alguém que estava perdido e somente agora estava descobrindo isso.


CAPÍTULO ONZE

 

Por volta das dez horas, Mackenzie havia se permitido dois copos de café. Ele os tomou enquanto trabalhava com Harrison e Yardley para reunir uma descrição completa da vida e ocorrências de Chris Marsh. E não levou muito para as suposições de Mackenzie se provarem corretas.

Desde cedo na infância, Chris Marsh havia sofrido de uma sevara desordem de apego, da qual ele nunca se recuperou completamente até os doze anos de idade. Uma vez que os pais havia sido contatados e comunicados que o filho deles estava sendo mantido atualmente pelo FBI sob suspeita de envolvimento em um caso de assassinato, a mão foi de grande ajuda em cobrir as partes que faltavam. Chris também fora diagnosticado com autismo em tenra idade, mas muito baixo no espectro. Quando ele tinha oito anos, o diagnóstico não tinha mais qualquer influência.

Mackenzie e Yardley discutiram isso enquanto Harrison fazia ligações para os grupos de liderança da Pedra Angular Presbiteriana e do Sagrado Coração para ver se poderia encontrar alguma conexão entre essas igrejas e Chris Marsh. Quanto mais Mackenzie conhecia Yardley, mais ela gostava dela. Ela era uma agente afiada, mas talvez um pouco ingênua. Ainda assim, era evidente que ela não tinha problemas em atuar como segundo violino, conquanto ela estivesse aprendendo algo no processo.

"OK, então o que os registros médicos dizem?" perguntou Mackenzie enquanto eles se sentavam em uma mesa ao lado da sala de interrogatório.

Yardley folheou algumas páginas em frente a ela e balançou a cabeça. "Ele não tem visto qualquer médico por mais de dois anos. A última visita foi por causa de uma garganta infeccionada. O último registro de avaliação psiquiátrica de qualquer tipo é de quando ele tinha treze anos e os resultados parecem estar em ordem, pelo que eu posso observar. Estamos com um especialista verificando nesse momento."

"Mesmo se for simplesmente alguns breves pontos de atenção no seu histórico psiquiátrico, não há como dizer o que o abuso de Woodall trouxe de volta a ele," Mackenzie pensou. "Especialmente se ele sofria de um transtorno de apego quando bem criança."

Ela continuava pensando naquelas mudanças de humor, contudo. Alguma coisa estava certamente perturbada dentro do jovem rapaz. Ir de cansado e acomodado para irado e defensivo em menos de dez minutos... isso foi bem espetacular.

"Obrigada por toda a sua ajuda," disse Mackenzie. "Você pode tentar apressar a avaliação dos registros médicos? E encostar a perícia na parede, você poderia? Ainda estou esperando os resultados dos pregos encontrados nas primeiras cenas."

Yardley assentiu, ansiosa para ajudar. Mackenzie deixou a mesa e se foi em direção a sala de interrogatório. Havia um só agente de guarda. Quando ele viu Mackenzie indo em direção a ele, ele assentiu para ele e tirou um molho de chaves do bolso. Ele destrancou a porta para a sala de interrogação e a deixou entrar. Quando a porta fechou silenciosamente atrás dela, ela observou que Chris Marsh aparentava estar em estado dócil.

Era a primeira vez que ela colocava os olhos nele desde que ela estacionou a garagem com ele preso. De lá, ele foi escoltado para o prédio por três outros agentes, enquanto Mackenzie tirava alguns minutos para atualizar McGrath. Ela não viu vislumbre daquela fúria nos olhos dele, mas não significava qualquer coisa para ela-também não estava lá quando ele atendeu a porta pela primeira vez na casa dos seus pais.

"Você acha que podemos ter uma conversa agora, Sr. Marsh?" ela perguntou.

Chris assentiu. "Sim. Escuta... eu sinto muito mesmo sobre mais cedo. Eu fiquei apavorado e nervoso se eu só... eu não sei. Eu estourei."

"Isso acontece frequentemente?"

"Não. Eu fico nervoso facilmente, mas nunca daquela maneira. Mas no mês passa ou por aí, eu venho me sentindo essa bola gigante de raiva e frustação reprimidas, esperando ser atirada. E, bem, você foi a primeira pessoa a me contar sobre o Pastor Woodall. Eu o odeio... de verdade. Mas, ao mesmo tempo, ele foi parte da minha vida. Sem ele, eu não acho que eu poderia ter admitido para mim mesmo."

"Admitido o quê?"

"Que eu sou gay. Eu acho que talvez eu sempre soubesse. Foi como eu comecei a me encontrar com ele. Pedindo a ele para me contar sobre isso. E depois de alguns meses... bem, nós começamos as coisas."

"Ele era abusivo o tempo todo?" perguntou Mackenzie.

"Não, de forma alguma. Mas eu acho que com o tempo... talvez alguns meses, ele começou a perceber o que ele estava fazendo e o que isso poderia custar a ele. Ele me contou sobre isso e eu sugeri que nós terminássemos. Ele era muito mais velho e eu sabia os riscos que ele estava tomando. Mas quando eu comecei a falar sobre isso seriamente, aí foi quando ele começou a ficar violento."

Mackenzie digeriu isso, absorvendo tudo enquanto observava o rosto dele. O que quer que tenha o feito atacá-la algumas horas atrás havia sumido. Alguma coisa dentro dele se quebrou naquele momento e agora ela se encontrava olhando para um jovem rapaz interrompido.

Ela estava satisfeita que o caso e o abuso em si tivessem pouca relevância para o caso. A ideia disso a acanhava, a fazia ver o falecido recente como um monstro. Então, ela deu seu melhor para colocar isso de lado sem fazer Chris se sentir como se seu trauma não estivesse sendo menosprezado.

"Chris... alguém mais além de Eric Crouse sabe sobre o caso?"

"Não. Digo... para quem eu iria dizer? Tenho vergonha disso. Não a parte gay... embora meus pais ainda não saibam. Mas do caso. Digo... ele tinha uma esposa. Ele tinha três filhos, um dos quais tem quase a minha idade."

"Você está certo disso? Você não acha que o Pastor Woodall possa ter contado a alguém?"

"Duvido muito disso. Ele tinha tudo a perder. Ele não tinha qualquer motivo para ir a público. Para ninguém. Mas eu não posso saber com certeza."

É um ponto extremamente válido, ela pensou.

"Chris, você já frequentou os cultos da Igreja Católica Sagrado Coração ou da Pedra Angular Presbiteriana?"

"Não. Minha família sempre foi na Palavra Viva. Meus pais são bem inflexíveis sobre isso. Eles gostavam de lá, porque não tinha denominação. Minha mãe foi criada católica e arrepende-se de cada minuto disso."

"E agora, deixe me voltar para onde eu estava tentando levar a conversa mais cedo," disse Mackenzie. "Tudo retorna para você sendo o único nome que nós conseguimos que teria uma desavença viável contra o Pastor Woodall. Eu preciso saber onde você esteve por toda a noite passada. Você tem provas de onde você esteve?"

"Meus pais," ele disse. "Eu não deixei a casa na noite passada. E pela maior parte da noite, eu estava online, procurando por empregos. Enviei alguns e-mails e preenchi alguns formulários. Um deles foi bem perto da meia noite, eu acho. Fique a vontade para verificar meu computador por todas essas provas."

Ela assentiu, não querendo contar a ele que, provavelmente, já havia alguém olhando pelos conteúdos do seu computador nesse momento.

"Obrigada," disse Mackenzie. "Eu acho que isso é tudo por hora, Chris."

Ela se levantou para sair, mas ele a parou rapidamente. "Agente White? Posso lhe perguntar algo?"

"Claro."

Chris pareceu escolher suas palavras com muito cuidado antes de falar. Ele nem poderia encontrar os olhos dela enquanto fazia a pergunta, encarando suas mãos que estavam apertadas em seu colo.

"Se ele fez essas coisas comigo-sexo e abuso, eu digo-você acha que eu sou o único? Se há outros caras lá fora que ele perturbou, eu odeio pensar no que eles possam estar sentindo. Sabe? Houve momentos que eu só queria me matar."

Um homem da idade de Woodall, com uma grande congregação, que ameaçou e abusou de um garoto por medo de ter um caso homossexual exposto, pensou Mackenzie. Esse é um ponto muito bom. As chances de Chris ser o primeiro são de pequenas a nulas.

"Eu não sei," disse Mackenzie. "Mas essa é uma das coisas que eu preciso olhar para ter certeza."

Ao deixar a sala de interrogatório, alguma coisa que Chris disse de passagem veio a ela. Era quase um comentário vazio, um que a maioria das pessoas teria apenas passado por cima. Mas quando ela saiu da sala de interrogatório, pareceu bem importante agora. Ela o havia perguntado se ele já frequentou a Sagrado Coração ou a Pedra Angular Presbiteriana.

Não, ele disse. E então, ele continuou dizendo: Meus pais eram muito inflexíveis sobre isso. Eles gostavam de lá, porque não tinha denominação. Minha mãe foi criada como católica e arrepende-se de cada minuto disso.

Tem que haver uma ligação entre os três homens que foram mortos. Em algum lugar, tem que haver algum tipo de conexão. Ela já ouviu falar de antigos católicos ou pessoas transicionando de Batista para Luterana e por aí vai. Ela também sabia que pode ser um choque de cultura para alguém de criação presbiteriana começar a atender a igreja Católica.

Mas acontece, tenho certeza, ela pensou. E, embora possa levar uma eternidade para tentar encontrar uma pessoa que frequenta a Palavra Viva que também ia a Sagrado Coração ou a Pedra Angular, pode não ser tão difícil encontrar alguém que trabalho lá que possa dar uma visão de dentro.

Ela sabia onde ela precisava ir em seguida. E mesmo que ela sentisse que a manhã estivesse em algum tipo de volta infinita, ela continuou. Ela se despediu de Yardley e se apressou para o estacionamento, se dirigindo para fazer outra visita a Eric Crouse.


CAPÍTULO DOZE

 

Compreensivelmente, a esposa de Eric Crouse não estava feliz em ver Mackenzie novamente. Afinal, da última vez que Mackenzie a visitou seu marido havia sido reduzido a um monte de soluços. Ela nem se importou em dizer qualquer coisa para Mackenzie quando atendeu a porta. Ela simplesmente saiu depois de dar uma carranca para Mackenzie, deixando a porta aberta para trás. Não sendo formalmente convidada a entrar, Mackenzie permaneceu ali no portal da porta.

Alguns momentos depois, Eric veio até porta. Ele parecia muito melhor do que mais cedo nessa manhã; ele estava mais composto e parecia ter tido uma boa parcela de lamúria nas horas passadas.

"Agente White," ele disse saindo para o alpendre e fechando a porta atrás de si. Aparentemente, ela não seria convidada a entrar dessa vez.

"Desculpe-me por incomodar lhe novamente, mas ao falar com Chris Marsh, um pensamento me ocorreu. E eu estou esperando que você talvez possa me apontar na direção correta."

"Certamente eu posso tentar," ele disse. "Como vai Chris, por falar nisso?"

Ele elegeu não dizê-lo a respeito de como Chris havia tentado atacá-la, possivelmente lidando com algum tipo de problema mental não resolvido do estresse e trauma dos seus últimos meses. Pelo contrário, ela acordou uma meia verdade. "Ele vai vem," ela disse. "Obviamente, ele está lidando com muita coisa, mas ele foi capaz de ajudar tão bem quanto podia. Mas me ocorreu que minha melhor aposta para tentar encontrar algum tipo de pista sólida vai ser encontrar uma conexão entre as igrejas ou entre os próprios líderes. Você sendo um ex-presbítero na Palavra Viva, pensei que talvez pudesse ajudar a respeito."

Com os braços cruzados, Eric assentiu. "Bem, algumas coisas vêm a minha mente. Primeiro, há eventos ou conferências aqui em DC regularmente. Elas também acontecem na no norte da Virgínia e partes de Maryland. É desses eventos onde oradores se reúnem para dar palestras sobre liderança e meio que afiar a palavra de Deus. Eu sei de fato que o Pastor Woodall e o Padre Costas participaram de alguma dessas juntos. Eles não eram amigos ou algo do tipo, mas eles era civilizados quando próximos. Houve discussões teológicas entre eles, mas sempre foram muito respeitosos."

"E o Reverendo Tuttle?" perguntou Mackenzie.

Eric deu de ombros. "Eu não o conheço bem. E correndo o risco de soar como um homem ranhoso e mimado, você tem que se lembrar que a Pedra Angular Presbiteriana é relativamente pequena. Reverendo Tuttle normalmente não estava em circuitos como esses-conferências e coisas dessa natureza."

"Você disse que algumas coisas vêm a sua mente," disse Mackenzie. "Quais são as outras?"

"Bem, eu estou apenas pensando sobre um homem que costumava servir na Palavra Viva. Ele ainda pode estar frequentando lá... eu honestamente não sei. Ele servia no Centro de Recepção e ajudava com os ministérios das crianças. Eu não me lembro do seu último nome, mas o primeiro é Greg. Ele está vindo a minha mente, porque eu sei de fato que ele veio para a Palavra Viva após deixar a Pedra Angular Presbiteriana. Eu conversei de passagem com ele algumas vezes nas manhãs de Domingo. Parte da história dele é como as pessoas na Pedra Angular descobriram sobre o passado dele e meio que viraram as costas para ele. Eles nunca realmente o pediram para se retirar, mas estava claro para ele que era o que eles queriam."

"Que tipo de passado?"

"Não estou certo. Ele era um pouco vago sobre isso. Novamente, foram apenas rápidas discussões de passagem na loucura das manhãs de Domingo em uma igreja bastante grande."

"Quando você diz que ele serviu, o que você quer dizer?"

"Bem, ele não era um empregado da igreja ou algo do tipo. Na Palavra Viva, há ministérios praticamente para tudo. E pessoas dentro da igreja se voluntariam para ajudar nesses ministérios. Greg era um deles."

"E mesmo com um passado que ele mesmo admitia ser nebuloso, ele era apto para servir?"

"Sim. Na Palavra Viva eles são bem sinceros sobre não julgar as pessoas baseando-se no passado delas-apenas nas pessoas que elas podem ser no futuro com a ajuda e o amor de Cristo. Contudo, para o ministério das crianças, ele teria que passar por uma verificação de antecedentes. Então, se isso saiu limpo, elimina um monte de atividades criminosas no seu passado."

"E havia algum desacordo entre ele e o Pastor Woodall?"

"Na verdade não," disse Eric. "Eu me lembro de uma vez depois de um sermão sobre perdão e reconciliação que Greg me puxou para o lado depois do culto e fez perguntas sobre a mensagem. Algumas coisas que o Pastor Woodall disse haviam afetado Greg da forma errada. Mas eu não acho que havia alguma coisa de mal nisso. Apenas... algumas vezes a palavra de Deus pode nos cortar, sabe? Mas, novamente eu repito, eu não conhecia o cara muito bem. Mas eu sei que ele tem uma conexão sólida com a Pedra Angular Presbiteriana e ele me contou que ele saiu de lá porque ele sentia que estava sendo julgado pelo seu passado."

"E você não se lembra do nome completo dele?"

"Não, sinto muito," ele disse, tirando seu celular do bolso da calça. "Mas se você me der um segundo, provavelmente posso conseguir para você."

Ele começou a digitar uma mensagem de texto e, enquanto ele o fazia, Mackenzie tirou um momento para tentar encaixar as peças que Eric acabou de lhe dar no quebra cabeças bagunçado que ela havia espalhado na cabeça. Seria a primeira conexão verificável entre uma pessoa que tinha história com ambas a Palavra Viva e a Pedra Angular. Se, por alguma estranha coincidência, essa pessoa também fosse familiar com a Sagrado Coração, poderia haver ouro aí.

Essas chances eram baixas, porém, ela disse a si mesma. E um cara com um passado marcado que fez uma troca de igrejas porque as mensagens e atitudes estavam deixando-o desconfortável não era tão incomum. Isso certamente não faz dele um suspeito. Mas isso faz dele um recurso em potencial para saber como as duas igrejas podem estar possivelmente ligadas.

O som de Eric recebendo uma mensagem de texto quebrou a sua concentração.

"Cara, as pessoas estão uma pilha essa manhã," disse Eric. "Acho que as tensões estão altas pelo que aconteceu com o Pastor Woodall. De qualquer maneira, eu contatei um cara que é um dos líderes do ministério das crianças. Ele disse que o nome do cara é Greg Yoder. E ele não frequenta mais a Palavra Viva."

"Greg Yoder," disse Mackenzie, dedicando memória para isso antes que ela o digitasse em uma mensagem de texto requisitando mais informações da sede. "Muito obrigada, Sr. Crouse."

Ela se apressou de volta para seu carro, lembrando-se novamente do quão acostumada ela havia ficado em ter Ellington ao lado dela. Sem ele lá para soltar as piadinhas espertas ou comentários de flerte, a manhã parecia estar se movendo devagar.

Quando ela enviou a solicitação para as informações de contato de Greg Yoder, eram apenas 11:40. Mas o dia já parecia ter se esticado para sempre-e também que não tinha intenção em acelerar em breve.

Isso mudou levemente, contudo, quando ela recebeu uma ligação de Harrison cinco minutos depois.

"Mac, eu acho que podemos ter algo aí," ele disse. "Acontece que Greg Yoder tem uma história que é extremamente relevante para seu caso. Quando criança, ele comparecia à Sagrado Coração. Mais que isso, ele foi um dos adolescentes que foi a frente com alegações de abuso."

"Na Sagrado Coração? Tem certeza?"

"Estou olhando para os relatórios da polícia bem aqui no meu notebook," ele disse. "O caso foi largado posteriormente sem qualquer motivo real estabelecido, mas sim... Greg Yoder acusou um padre na Sagrado Coração de assédio sexual quanto tinha dezesseis anos."

"Acho que você está certo, Harrison. Nós podemos ter alguma coisa afinal. Yoder também tem ligações com ambas Pedra Angular e Palavra Viva."

"Você precisa que eu ou Yardley encontre com você?"

"Não, acho que estou bem. Um homem com uma história de abuso de alguém que ele tinha como autoritário-ele não vai aceitar ser pressionado tranquilamente. Você se importa em me enviar o endereço?"

"Absolutamente. Boa sorte."

Com isso, ela terminou a ligação e esperou pela mensagem de Harrison. Ela sentiu uma ansiedade familiar rastejando por ela enquanto ela esperava.

Talvez o dia de hoje comece a acelerar afinal.


CAPÍTULO TREZE

 

A manhã havia crepitado até o ponto onde a maioria das pessoas da cidade estava, no trabalho. Isso incluía Greg Yoder, que trabalhava como gerente em um agência do FedEx no centro. Mackenzie encostou o carro em frente ao edifício, situado no centro de um pequeno shopping e conferiu a informação que Harrison a enviou mais uma vez. Yoder tinha vinte e sete anos e atualmente matriculado em uma faculdade comunitária local. Não tinha registros criminais, seu nome só aparece nos relatórios da polícia pelo escândalo de abuso sexual abafado de onze anos atrás.

Quando Mackenzie entrou no FedEx, havia várias pessoas por lá, algumas em frente ao balcão enquanto outras olhavam ao redor para os envelopes e artigos de papelaria. Correria do almoço, Mackenzie assumiu enquanto caminhava para frente em direção ao balcão.

Quando chegou lá, viu três empregados atrás. Um deles estava trabalhando em um projeto em uma grande impressora à direita. Ele um homem alto e de aparência jovem. Quando ele virou ligeiramente na direção de Mackenzie, ela pode ler seu crachá: Greg.

Mackenzie se aproximou do balcão, recebendo olhares irritados daqueles esperando na fila. A jovem moça atrás do balcão lhe encarou de maneira similar, olhando para Mackenzie e então para o fim da fila.

"Sim, eu sei," disse Mackenzie. "Mas eu estou aqui para falar com o gerente."

"Ele está ocupado no momento," disse a garota.

"Eu posso ver isso," disse Mackenzie, indicando para Greg com a cabeça, ainda na impressora. "Mas eu lhe asseguro que isso é urgente."

Ela estava fazendo tudo que podia para não tirar o distintivo e fazer uma cena. Mas se tivesse que fazê-lo, ela o faria. Felizmente, alguma coisa em seu olhar deve ter inquietado a jovem moça atrás do balcão, porque ela deixou o lugar na registradora e foi lá trás até a impressora. Lá, ela sussurrou alguma coisa no ouvido de Greg. Greg olhou em direção a Mackenzie, deu um olhar confuso e então deixou a impressora.

"Posso ajudá-la?" ele perguntou rapidamente enquanto se aproximava do balcão.

Mackenzie esperou pela garota tomar seu lugar na registradora de volta antes de responder, "Eu sou a Agente White do FBI e eu preciso falar com você."

Greg deu um olhar que indicava que ele claramente não acreditava nela. Mackenzie se inclinou para mais perto dele e olhou-o nos olhos. "Eu posso tirar meu distintivo para mostrá-lo, mas eu presumi que você não gostaria que seu colegas de trabalho e clientes vissem. Você que manda."

"Há um escritório nos fundos," ele disse bem rapidamente.

"Obrigada. Eu não vou usar muito do seu tempo."

Greg estava claramente ameaçado quando caminhou até a garota no caixa. "Eu sei que está cheio," ele disse, "mas eu preciso que você me cubra por alguns minutos."

Mais irritada que nunca, a garota assentiu. Greg abriu uma porta da altura da cintura no balcão para permitir a passagem de Mackenzie. Ele a levou por uma fileira de copiadoras e impressoras para um pequeno corredor escondido do resto da loja. O escritório para o qual ele a levou era, de fato, pequeno e cheirava como se alguém tivesse esquentado o almoço no micro-ondas.

Mackenzie fechou a porta ao passar. Havia uma única mesa e apenas uma cadeira que nenhum dos dois usou.

"Você parece nervoso, Greg," ela disse.

"Eu meio que estava esperando alguém vir falar comigo. Mas eu imaginei apenas a polícia. Não o FBI."

"Por que a polícia viria falar com você?"

"Bem, o Padre Costas foi assassinado, certo? Da última vez que eu verifiquei, o assassino ainda não foi encontrado. Eu percebi que com minha queixa aberta contra ele quando adolescente, eu eventualmente seria tirado para questionamento."

"Como você se sentiu quando soube que ele estava morto?"

"Honestamente... meu primeiro pensamento foi que o carma é uma vadia. Se você quer saber se eu fiquei triste sobre isso, eu não vou mentir. Aquele velho miserável recebeu o que ele merecia. Eu sei que soa duro e muito não-cristão, mas..."

"Você tem algum álibi para a noite que ele foi morto?"

"Eu passo a maioria das noites no apartamento da minha namorada," ele disse. "Ela pode atestar por mim. Se não estou lá, estou na biblioteca."

"Você está indo à faculdade comunitária, certo?"

"Sim. Iniciando tardiamente, eu acho. Mas depois de eu ter feito todas aquelas alegações contra o Padre Costas, minha meio que foi por morro abaixo. Aquela maldita história levou minha vida toda. Eu apliquei para universidades e tinha ótimas notas. Mas ninguém me aceitaria. A história sobre minhas alegações nunca chegou aos noticiários nacionais ou nada, mas eu acho que ficou ao redor o suficiente para estragar minha vida por alguns anos."

"Diga-me, Greg... você ouviu falar sobre algum outro assassinato nos últimos dias?"

Ele balançou a cabeça. "Eu realmente não vejo noticiários. Eu só descobri sobre Costas com minha mãe me ligando para contar."

"Bem, houve mais dois e foram ambos os líderes de igrejas. Igrejas que eu acredito que você tenha frequentado e tido algum tipo de problema."

"O quê?" perguntou Greg genuinamente chocado. As palavras saíram um pouco mais que uma rajada de ar.

"O Reverendo Tuttle da Pedra Angular Presbiteriana e, logo na noite passada, o Pastor Robert Woodall da Palavra Viva."

"Oh, meu Deus," disse Greg, uma mão tremente subindo até sua boca.

"Você compareceu à essas igrejas, correto? Eu sei de boas fontes que você até mesmo serviu em uma equipe de boas vindas e ocasionalmente no ministério das crianças na Palavra Viva."

"Correto," disse Greg. "Eu... hum, eu deixei a Pedra Angular, porque eles eram muito presos no meu passado. Eles aparentemente não acreditavam que alguém possa escapar do passado. A congregação ali... eles simplesmente não queria qualquer coisa comigo. Então eu saí e comecei a frequentar a Palavra Viva."

"Mas você teve problemas lá também, certo?" perguntou Mackenzie.

"Não, nada como o que eu passei na Pedra Angular. Eu estava apenas... eu não sei. As mensagens eram um pouco liberais demais para mim. Não me levou tempo algum para descobrir que eles estavam muito receptivos comigo e com o meu passado, mas havia outras coisas que eles acreditavam que eu tive problemas. A mensagem às vezes me deixava muito desconfortável."

"Alguma vez você já teve conversa direta com o Pastor Woodall?"

"Uma vez. Eu fui até ele depois do culto e pedi-lhe para falar com mais detalhes sobre a graça que Deus estende a todos nós."

"Isso levou a uma discussão?"

"De forma alguma."

Mackenzie ponderou suas opções. Ela iria, claramente, verificar os álibis dele para as noites e manhãs dos assassinados. Mas suas entranhas já a diziam que Greg Yoder não era um assassino. Ele era apenas um homem sem sorte que era perseguido por um passado do qual ele nunca iria escapar.

"Deixe-me perguntar uma última coisa," disse Mackenzie. "Todos aqueles anos atrás, quando as coisas com o Padre Costas decorreram... foi uma coisa mutual?"

Greg olhou para ele como se ela acabasse de ter lhe dado um tapa. Mas quando ele não viu julgamento no rosto dela, ele suspirou e limpou uma lágrima dispersa.

"Na primeira vez que ele tentou alguma coisa, foi mutual. Ele era muito cortês e eu estava naquela idade na qual eu era apenas curioso, sabe? Mas depois de alguns segundos... eu disse que não. Mas ele não gostou disso. Ninguém nunca havia lhe dito não, aparentemente. Eu me recordo de ele até dizer uma vez, 'Você quer saber o que acontece com garotos que me dizem não?' Estava distorcido."

"E quantas vezes ele abusou de você?"

"Duas. A primeira vez foi breve, porque eu corri de lá. Mas a segunda vez... eu percebi que estava tudo bem. Só acabe com isso, sabe? Mas então, eu encontrei outra criança que estava passando pela mesma coisa e... bem, nós decidimos ir a público. Se isso aconteceu conosco, com certeza estava acontecendo com outros, sabe?"

Mackenzie assentiu. Ela estava sentindo outra pista escapar, mas ao mesmo tempo, outras avenidas nesse caso estavam começando a se abrir.

Alegação de abuso pelo Costas na Sagrado Coração. Alegação de abuso pelo Woodall na Palavra Viva. Isso significa motivo para alguém e muito mais que uma conexão básica.

"Eu aprecio o seu tempo, Greg," ela disse.

"Claro. E com Woodall e Tuttle... eles foram mortos da mesma maneira?"

"Sim, foram. Então, se você pensar em alguém que possa ter sido capaz de executar tal ato ou mesmo que teria alguma razão para isso, por favor, me comunique. Especialmente alguém que você saiba que possa ter sido abusado por esses homens. E sobre o outro jovem rapaz que se apresentou com você?"

Greg franziu o cenho. "A família dele se mudou para a Flórida depois que tudo se sucedeu. Eu recebi uma ligação da irmã dele cerca de um ano depois. Ele se enforcou no quarto."

Mackenzie estava quase esperando tal notícia, mas ainda a chocou. Ela também deu seu melhor para enxergar isso como mais que uma oportunidade perdida para outra pista, mas como uma trágica perda de uma vida humana nas mãos de abuso deplorável.

Ela entregou um de seus cartões de visita para Greg e abriu a porta do escritório. "Obrigado novamente pelo seu tempo. E, por favor, me informa se você pensar em alguém mais que possa ser capaz de ajudar."

Greg apenas assentiu enquanto colocava o cartão dela no bolso. Ao deixá-lo no escritório, ocorreu a Mackenzie que com cada pessoa que ela interrogou sobre o caso, ela estava arrancando cascas de ferida que haviam levado tempo para se formar. E, embora ela percebesse que questionar essas pessoas era essencial para desvendar o caso, não a fazia se sentir melhor.

Também a deixava determinada a pegar esse desgraçado o quanto antes, para que ela pudesse parar de fazer as pessoas sofrerem ao dragar passados que eles estavam tentando esquecer.

Com isso, ela percebeu que precisava começar do início. Ela pensou no Padre Costas e na fachada ornamentada da Sagrado Coração.

Abuso de onze anos atrás e ele ainda era uma figura proeminente dentro da igreja, ela pensou. Pelo que eu posso deduzir, isso significar que há uma cobertura em algum lugar.

E essa era uma cicatriz que ela não se importava nem um pouco em revelar.


CAPÍTULO QUATORZE

 

Era muito mais difícil marcar uma reunião no escritório do cardeal do que Mackenzie pensou. No fim, ela teve que usar a influência do FBI. Ela sabia que fazendo assim, não havia como que eles a negassem-especialmente com o assassinato de Costas ainda na primeira página da mente do público. Ela sabia que era pedir pela lua conseguir uma reunião com o cardeal tão de última hora, mas ela conseguiu arrumar um caminho até um encontro à tarde com um dos bispos auxiliares.

Eu uma virada bem irônica do destino, o bispo auxiliar com o qual ela se encontraria, um homem com o nome de Barry Whitter, estava agendado para proferir algumas palavras de encorajamento e adoração em face da morte do Padre Costas na Sagrado Coração naquela tarde. Sua secretária deu quinze minutos do seu tempo para Mackenzie, antes que ele se encontrasse com um padre interino na igreja.

Pareceu estranho para Mackenzie subir as escadas para a Sagrado Coração. Quando ela abriu as portas e entrou, ela sentiu que entrava em um tumba. O lugar estava silencioso e um sentimento de luto quase preenchia o ar.

Ela caminhou até o santuário, pelo corredor entre as fileiras de bancos maravilhosos. Em frente ao santuário, o Bispo Auxiliar Whitter estava sentado no primeiro banco, como haviam agendado. Ele se pôs de pé para saudá-la e Mackenzie pode dizer logo de cara que o sorriso em seu rosto era extremamente falso. Cada passo e movimento pareciam fazer um barulho massivo na ampla, quiete e belamente decorada igreja.

Ele não tem certeza sobre as minhas intenções, ela pensou. Era uma expressão que ela havia visto centenas de vezes. Mas para um homem da sua estatura e com os seus horários, ele provavelmente se sentiu um pouco desrespeitado. Dadas as duas histórias de abuso nas mãos da igreja que ela ouvira hoje, Mackenzie realmente não se importava.

Ainda, ela tinha um papel para atuar se quisesse a cooperação de Whitter. Ele retribuiu o sorriso falso e estendeu a mão para um aperto. "Muito obrigada pelo seu tempo," ela disse tomando um lugar no banco. "Eu sei que você é ocupado, então vou fazer isso rapidamente."

"Se eu puder ajudar quem está matando esses homens de Deus, eu considero meu tempo bem gasto," disse Whitter.

"Bem, encontrar ligações entre todos os três líderes vem sendo ardiloso," ela disse. "Eu consegui encontrar algumas conexões que deram em nada. Mas a última pessoa com a qual conversei tinha uma história com todas as três igrejas. Infelizmente, ela também não foi capaz de iluminar um suspeito. Mas trouxe uma questão interessante-algo que eu acredito que possa ser capaz de revelar um motivo ou mesmo rastros para achar o assassino."

"E qual é a questão?" perguntou Whitter.

"É uma questão a qual chegou enquanto conversava com um rapaz de vinte e sete anos chamado Greg Yoder," ela disse. "Esse nome lhe diz algo?"

O olhar em sua face disse a ela que o nove absolutamente significava algo para ele. Whitter parecia que havia acaba de farejar algo particularmente estragado.

"Eu não vejo o que esse jovem rapaz tem a ver com isso," cuspiu Whitter. "A não ser que ele seja um suspeito dos assassinatos."

"Longe disso," ela disse. "A questão que eu tinha para você é como padres com uma má reputação são permitidos a assumir tal posição de autoridade. Isso é... após as alegações de Yoder onze anos atrás, como o Costas permaneceu em tal posição?"

"Por as alegações são apenas isso. Alegações!"

"Sim, senhor... eu entendo isso. Mas com todo o respeito, tais alegações não são exatamente raras na Igreja Católica. Também eu sei que o caso foi largado no tribunal e eu vou assumir que havia algum dinheiro ou influência de algum tipo passando por portas fechadas."

"Agente White, se é por isso que você me chamou aqui-para repreender e insultar a minha fé-"

"Longe disso, senhor. Eu não tenho a intenção de desrespeitar ou insultar. Eu estou literalmente apenas mostrando os fatos. Fatos que eu espero que você possa esclarecer. Minha esperança é que ao chegar no fundo das queixas de abuso, eu serei capaz de estabelecer uma abordagem mais direta para encontrar o assassino."

"Então, deixe-me ter certeza de que eu a entendi corretamente," disse Whitter. "Você está perguntando se houve algum tipo de encobrimento? Que talvez o Padre Costas cometeu aqueles atos hediondos e que a Igreja está, de alguma forma, acobertando isso para salvar sua reputação?"

"Exatamente correto," ela disse.

"Então, com todo o respeito, eu vou pedi-la para se retirar. Evidente, não é a minha igreja, mas eu acredito que eu mantenho mais influência aqui do que você."

"Bispo Whitter, certamente você pode ver que me mandar embora de tal maneira só faz a situação parecer pior."

Ele se levantou, insinuando que queria que ela fizesse o mesmo. Ele aparentava estar com dor enquanto escolhia suas próximas palavras com cuidado. "E, certamente, você pode ver que quaisquer tentativas em fazer a Igreja ou sua congregação parecerem ruins afetariam a sua carreira. Nós conhecemos políticos muito bem. Provavelmente alguns dos seus superiores também."

"Isso soa como uma ameaça superficial," disse Mackenzie.

"Chame como você quiser."

"Acabei de fazê-lo. Foi uma ameaça. Que mostra que você está sendo defensivo. A questão, claramente, é por quê?"

"Você pode montar o quadro da maneira que desejar," disse Whitter. "Mas ao comprar as alegações de dois garotos adolescentes feridos, você faz a igreja sair como o cara mau."

Mackenzie sorriu tolamente para ele enquanto ficava de pé. "Bem, uma correção aí, senhor. Há apenas um daqueles garotos restando. O segundo se matou em menos de um ano depois do alegado abuso."

Mackenzie se virou e saiu. Pelo ombro, ela chamou: "Se sua fé finalmente o levar a se abrir sobre esses assuntos e me ajudar na minha investigação, eu espero que você ligue para o FBI logo em seguida."

A sua voz ecoou pela igreja vazia de uma forma que fez a reverberação final soar como um fantasma. Ela esperava muito que fosse um fantasma que assombraria Whitter-possivelmente o assustando para abrir a boca e contar a verdade.


CAPÍTULO QUINZE

 

Mackenzie retornou para casa um pouco mais cedo que de costume. Sem qualquer pistas adicionais e a perícia finalizando as coisas na sede, havia nada que ela pudesse fazer além de mergulhar fundo nos arquivos sobre os assassinatos que haviam acumulado nos últimos dias. Ela tendia a se concentrar melhor em casa, sem estar distraída pela pressa geral dos escritórios e cubículos o trabalho.

Além disso... sua sala de estar-dela e de Ellington-era muito mais condutiva a estudar que seu cubículo encaixotado no trabalho.

Ela estava escaneando pelo telefone enquanto se sentou no sofá e tirou os sapatos com os pés. Ela ficou animada quando viu que um e-mail do departamento de perícia havia chegado, mas então franziu a testa quando viu a breve mensagem no corpo do e-mail: Nada substancial. Desculpe. Mesmo assim, aqui estão as fichas de dados.

Ela gastou os próximos cinco minutos enfiando alguns restos no micro-ondas e ligando o notebook. Ela conectou o notebook na impressora e imprimiu as fichas de dados da perícia. Enquanto os documentos eram impressos e ela começava a comer o jantar, ela vislumbrou ao redor do apartamento, sorrindo com a presença das suas coisas salpicadas aqui e ali. Ela sabia que demoraria um tempo para o lugar realmente parecer deles ao invés dele, mas ela estava animada em fazer isso acontecer.

Com os arquivos da perícia impressor, Mackenzie os acrescentou a sua pilha crescente. Ela comeu ziti requentado e deu um gole em uma cerveja enquanto lia sobre cada assassinato. Ela olhou o material da perícia, esperando encontrar algum indício sobre que tipo de instrumento pesado havia sido usado para pregar as vítimas às portas, mas encontrou nada substancial. A cena de Tuttle realmente expôs fibras de cabelo enganosas que acabaram por ser cabelo da esposa dele, um pedaço avulso que havia, de alguma maneira, se agarrado ao cabelo do próprio Tuttle.

Ela chegou até um pouco mais da metade dos arquivos quando o telefone dela tocou. Ela viu o nome e rosto de Ellington no visor, respondendo logo em seguida.

"Você não deveria estar em um avião nesse momento?" ela perguntou.

"Esse era o plano, sim. Mas houve outra pista. E antes que você se anime demais, o caso parece estar indo mais e mais longe do seu pai. Há algo acontecendo aqui com certeza, mas não sei o que."

"O que está acontecendo?" ela perguntou.

"Parecia somente um andarilho morte à primeira vista," ele disse. "Mas então, outro apareceu, morto da mesma maneira. Quando o terceiro apareceu no período de cinco dias, foi quando McGrath me enviou. Seu amigo Kirk Peterson parece pensar que a instância dos corpos e os tiros na cabeça evidentes sugerem um tipo de assassinato ritualístico que ecoa com a maneira que seu pai e a vítima mais recente com os cartões da Barker Antiguidades foram mortos. Mas até mesmo ele diz que é uma vaga teoria."

"Então, onde isso te coloca?" ela perguntou.

"Eu vou trabalhar com Peterson e com o departamento de polícia local por aqui para rastrear esse último morto. Se não houver nada no fim disso, então eu estarei de volta em casa."

"OK," ela disse. "Tenha cuidado. Enquanto isso, eu vou apenas andar nua pelo apartamento. E dormir completamente sozinha. Nua."

Ele suspirou do outro lado da linha. "Você é má."

"Eu já fui chamada de pior," ela disse. "Vai. Vá trabalhar."

Ela terminou a ligação com um sorriso no rosto. Embora ela ainda se sentisse rejeitada por não ter sido requisitada para ir ao Nebraska, ela sabia que era a decisão que fazia sentido. Esse era o porquê de ser tão fácil para ela voltar a atenção para os arquivos do caso dela.

Ela se viu voltando para o arquivo do Pastor Woodall, principalmente porque era o mais recente. Ela ainda podia ver a cena de manhã cedo na igreja Palavra Viva, os empregados já em luto amontoados atrás da faixa de cena criminal. Ele ainda podia ver Dave Wylerman claramente, o chefe do departamento de música, lutando para conter um surto de emoção sob controle enquanto ela falava com ele.

Ao trazer Wylerman a mente, uma pequena pepita da conversa deles pareceu rolar como uma bola de gude por uma calha e tomar o palco central em seu cérebro.

"Ele acaba de voltar de um retiro há alguns dias... sua pequena fuga, que ele faz duas vezes ao ano. É uma ilhazinha bem calma na costa da Flórida."

Ela considerou isso por um momento e então abriu o Google. Ela tentou uma variedade de termos, procurando por alguma coisa que possa revelar um pouco mais de informação. Depois de apenas alguns minutos, sob os termos de busca pastor retiro ilha Flórida, ela encontrou o que estava procurando.

Ela descobriu que havia uma pequena ilha apenas a três quilômetros ao sul de outra ilha da Flórida, Cayo Costa, que ela nunca ouvira falar antes. Essa ilha foi chamada de Kepper's Cay e pelo que ela podia dizer, era propriedade particular de um padre apostando que agora vivia na África do Sul. A ilha, localizada na costa leste da Flórida, tinha apenas três quilômetros de comprimento e menos de um quilômetro e meio de largura. Continha uma dúzia de bangalôs que eram alugados rotineiramente para líderes religiosos, especificamente para retiros e conferências.

Ainda lendo algumas das informações, Mackenzie pegou o celular. Ela não tinha o número de Dave Wylerman, então ela escolheu enviar uma mensagem para Eric Crouse. Ela enviou uma curta mensagem na qual se lia: Dave Wylerman disse que Woodall acabou de voltar de um pequeno retiro/férias em uma ilha na FL. Pode ter sido Kepper's Cay?

Enquanto esperava pela resposta, navegou pela página de Fale Conosco no pequeno e vago site da Kepper's Cay. Ela salvou o número no celular e enquanto estava digitando-o, recebeu uma resposta do seu texto para Wylerman.

Aham. Duas vezes no ano. Bem certo de que há alguns renomados pastores, padres etc. que vão lá. Espero que ajude!

Acho que pode ter ajudado, pensou Mackenzie.

Ela ligou para o número que acabara de salvar no celular. Como ela esperava, devido ao horário (estava ficando perto de seis da tarde), ninguém respondeu o telefone. Contudo, uma mensagem gravada deu a ela outro número para ligar em caso de emergências. Ela anotou o número rapidamente e ligou imediatamente.

Foi respondido no terceiro toque por um homem com uma voz aguda e animada. "Alô?"

"Sim, eu preciso falar com alguém a respeito da política de obter informações sobre pessoas se hospedando na Kepper's Cay."

"Hum... você está na ilha atualmente?"

"Não."

"Desculpe-me, mas essa é uma linha apenas para emergências e-"

"Meu nome é Mackenzie White e eu sou uma agente especial do FBI," ela disse. "Estou ligando, porque um homem que ficou aí há uma semana foi assassinado na noite passada."

"Oh, meu Deus," disse o homem, a alegria agora havia saído da sua voz. "Nesse caso, com o que posso ajudá-la?"

"Eu gostaria de uma lista dos nomes das pessoas que ficaram aí no último ano," disse Mackenzie. "Isso seria possível?"

"Eu posso fazer acontecer," ele disse, "mas é um pouco rudimentar."

"Eu entendo," ela disse. Ela deu seu número de distintivo ao homem, assim como o nome e informações de contato para McGrath. Quando ela acabou com isso, adicionou: "Fique à vontade para verificar o que quiser, mas o tempo é essencial aqui."

"Bem, pode levar várias horas antes que eu consiga te dar uma lista dessas."

"OK, bem, me diga isso-em que função você trabalha na ilha?"

"Gerente Geral de Operações e Manutenção," ele disse.

"OK. Ao invés de uma lista, e quanto a alguns nomes? Se eu lhe der alguns nomes, você acho que se lembraria deles... se estiveram ou não na Kepper's Cay recentemente?"

"Ah, sim," ele disse. "Eu faço questão de estabelecer relações com todos que ficam aqui."

"Bom. Sobre o Padre Henry Costas, um padre de DC?"

"Sim. O Padre Costas esteve aqui... hum, eu acho que provavelmente há cinco meses. Estou bem certo de que ele ficou por uma semana."

"Mais um, se você não se importa," disse Mackenzie. "E quanto ao Reverendo Ned Tuttle?"

"Sim, de fato," disse o homem. "Ele esteve aqui com algum tipo de grupo de líderes para uma conferência que tivemos em março. Eu me lembro dele claramente, porque ele ajudou alguns dos meus empregados com um problema de encanamento em um dos bangalôs."

Essa é uma pista bem sólida, ela pensou. Todos os três homens estiveram naquela ilha. Por quê? E o que exatamente acontece lá?

"E sobre os padres aposentados que é proprietário da ilha? Você poderia me fornecer o nome dele?"

"É o Padre Mitchell," disse o homem.

"Ele é um homem fácil para se conseguir contatar pelo telefone?" ela perguntou.

"Não. Contudo, seu tempo é perfeito. Atualmente ele está na ilha. Se você precisa falar com ele, eu posso tentar arrumar isso."

"Seria de grande ajuda," disse Mackenzie. "Você talvez pudesse me ligar de volta nesse número quando você ajeitar isso?"

"Claro," disse o homem, embora ele soasse bem incerto-talvez até um pouco nervoso.

Mackenzie terminou a chamada, percorrendo o site da Kepper's Cay. Ela acreditava que era uma pista forte, especialmente se ela fosse capaz de conseguir algum tempo com o homem dono do lugar. Claro, ela teria que conseguir a permissão de McGrath e isso pode ser mais fácil falar do que fazer.

Mesmo assim, ela tinha que tentar. Além disso, o lugar estava praticamente gritando que tinha respostas-que havia pistas e indícios enterrados nas suas areias douradas. Mesmo McGrath não seria capaz de negar tal pista.

Ela ligou para ele e o contou sobre a sua descoberta, incluindo a converso que acabara de ter pelo telefone. Levou menos de dois minutos para convencê-lo e dentro de dez minutos ela estava agendando um voo para Flórida.


CAPÍTULO DEZESSEIS

 

Por apenas um momento, Mackenzie se sentiu como uma criança pequena. Ela estava de pé no fundo de uma balsa, o vento do oceano em seu rosto. Pequenas plumas de água escovavam o lado da balsa, mandando leves brumas em seu rosto. Ela fechou os olhos contra isso, respirando a água salgada e saboreou o ar quente em sua face. Ela inspirou e, por um punhado de segundos, estava em lugar algum.

Não havia caso. Sem pesadelos com o seu pai morto. Sem memórias odiosas do Assassino do Espantalho. Nada.

Então, é claro, ela teve que abrir os olhos. O mundo veio se chocando de volta na realidade ao reder dela enquanto a balsa a empurrava para mais perto de Kepper's Cay. A manhã veio rebocada atrás dela e havia sido uma das longas até agora.

Ela havia felizmente conseguido dormir no avião-um voo direto do JFK até o Aeroporto Internacional de Tampa. Ela chegou logo depois das oito da manhã, fornecendo-lhe tempo suficiente para tomar café da manhã no aeroporto antes de alugar um carro para dirigir um pouco mais longe pela costa.

Por um momento, ela quase se permitiu sentir que estava de férias. Ela nunca teve a oportunidade de viajar muito e, enquanto em Tampa Bay, mesmo sem ver a praia ela podia sentir o oceano no ar. Sabendo que ela teria que pegar uma pequena balsa da costa para Kepper's Cay deixou tudo mais animador.

Ela brincou com a ideia de tirar fotos do oceano e da praia enquanto entrava na balsa. Ele achou que seria um jeito legal de Ellington começar o dia-uma foto da localização atual dela enquanto ele estava dando duro no Nebraska. Mas por hora, ela pensou que manteria para si. Apesar do lugar exótico e da sensação de estar em uma mini férias, ela tinha trabalho a fazer e queria manter toda distração possível longe.

O cenário era distração mais que suficiente, afinal.

E só melhorava com a balsa chegando mais perto da ilha. Havia apenas oito pessoas na bolsa e pelo que ela sabia, ela era a única que desembarcaria na Kepper's Cay. Os outros passageiros estavam indo para outras das pequenas ilhas salpicando o oceano próximo.

Ela observou enquanto o mar se desdobrava diante dela, o sol da manhã batendo divertidamente nas ondas. À frente deles, Kepper's Cay ficou visível. Ela podia ver a ilha inteira e de uma distância de cerca de oitocentos metros, começou a parecer como o esboço de uma ilha de uma daqueles folhetos de férias de alto luxo ou de comerciais que vendiam imagens das Maldivas ou algum lugar como Bora Bora.

Quando ela desceu da balsa para única doca da ilha, o peso do seu trabalho começou a afundar. Embora apreciar a vista era perfeitamente normal, ela sabia que ela teria uma reunião potencialmente grande com um homem que normalmente era difícil de entrar em contato.

Ela buscou no Google por Padre Mitchel mais cedo naquela manhã enquanto esperava no seu portão no Aeroporto JFK. Ele nasceu em um monte de dinheiro, já que seu pai havia trabalhado para uma companhia não revelada que pavimentou o caminho para um ramo da ciência da computação que ficou enorme no início dos anos 1980. Sua mãe também nasceu com dinheiro, então quando ela morreu quando Ronald Mitchel tinha apenas onze anos, uma enorme quantia de dinheiro foi para ele, presa em uma conta de banco até que ele completasse dezoito anos. Mitchel se voltou para Deus após a morte da sua mão, se tornando intensamente envolvido em uma igreja Católica em sua cidade natal, Albany, Nova Iorque. Eventualmente, por volta dos quarenta, ele se tornou um padre. Ele serviu como padre em Nova Iorque por nove anos, então se mudou para Boston, onde ele continuou a servir como padre, mas também ficou altamente envolvido com a comunidade. Ele ganhou quase todo prêmio e honras que um padre pode ganhar, até mesmo uma audiência com o Papa em 2011.

Ele se aposentou em 2014 aos sessenta anos de idade, já que ele foi um dos membros da Igreja Católica que falava veementemente contra todos os escândalos de abuso de crianças. Ele passou a maior parte do seu tempo na África do Sul, onde ele comprou uma casa em 2008 e uma residência privada em Kepper's Cay.

Ele também era conhecidamente discreto, ficando fora dos holofotes quando se tratava de todas as coisas de natureza religiosa. A última vez que seu nome esteve nas notícias foi qual ele contribuiu com uma quantia considerável de dinheiro para a assistência após um furacão quando uma tempestade massiva atingiu a área de Miami alguns anos atrás.

Esse era o porquê de ela estar tão surpresa em vê-lo de pé no fim do píer, esperando por ela. Ele estava vestido com uma camisa polo básica e bermudas cáqui. Os pés dele estavam descalços e ele tinha um tom de pele que indicava que ele passava uma boa parte do tempo no sol. Seu cabelo era longo, pendendo por sobre os olhos, que ele escovou para trás enquanto ela se aproximava.

"Padre Mitchell," ela disse. "Muito obrigada por se encontrar comigo."

Mitchell deu de ombros e a levou para fora do píer. "Bem, parece que apenas era para ser. Eu cheguei aqui há dois dias e estou partindo em três. Você ligar e perguntar sobre esse lugar dentro dessa janela de tempo... parece mais que coincidência."

"Apesar disso, eu sei o quão ocupado você pode ser..."

Mitchell acenou um 'deixa disso'. "Eu não sou a commodity visada que as pessoas acham que eu sou," ele disse. "Agora, como posso ajudá-la? Talvez um passeio pelo lugar primeiro? Em um dia tão bonito; seria uma pena não aproveitar um pouco da praia enquanto você está aqui, você não acha?"

Que diabos, ela pensou. Ninguém precisa saber.

Com isso, ela tirou os sapatos. Ela vestia uma camisa branca de botões e um par de calças pretas-não necessariamente uma vestimenta pronta para praia, mas ainda assim não insuportavelmente desconfortável. Sem os seus sapatos e seu dedos na areia macia e quente, ela seguiu Mitchell para longe do píer e diretamente para a direita onde eles encontraram a praia. Eles andaram pelas bordas da água enquanto ela escaneava a área à frente.

A praia era prístina, a areia dourada e não manchada por lixo. Os bangalôs e construções estavam localizados fora da praia, embora alguns do bangalôs estivessem a uns cinquenta metros da água. Eram todos situados entre uma paisagem maravilhosa que era decorada para lembrar um lugar exótico de um sonho. O lugar era realmente bonito, tornando seu motivo para estar lá parecer quase abstrato de alguma forma.

"Eu assumo," disse Mitchell, "que a sua visita aqui tem alguma coisa a ver com o Padre Costas. Eu ouvi sobre a morte dele três dias atrás. Eu entendo que houve outra morte também muito recentemente. Padre Woodall, também de Washington, DC. Está correto?"

"Está certo," ela disse. "Também houve um terceiro-o reverendo de uma igreja Presbiteriana. Então, naturalmente, está sendo visto como o caso de um assassino em série. E por agora, não temos pistas, evidências e indícios reais. Eu fui trazida a Kepper's Cay, porque todas as três vítimas haviam visitado aqui por volta do último ano."

"Sim, isso foi o que Michael me disse, o homem com o qual você conversou no telefone. Eu tenho toda a papelada das três vítimas lá no escritório esperando por você."

"Padre Mitchel, quantas pessoas passam por aqui tipicamente no período de um ano?"

"Varia. Mas nós últimos três anos, tivemos a média de cerca de cem pessoas. Não incluindo outras duzentas que vem apenas para comparecer à conferências ou retiros em grupo. Claramente, nós temos registros e nomes de todos que já alugaram um bangalô aqui, mas a maioria das reservas é paga pela tesouraria de uma igreja ou por um líder da igreja."

"Então, em outras palavras, não há como selecionar facilmente quem pode ser a próxima vítima simplesmente baseado em uma lista."

"Eu suponho que isso dependa de quantos agentes você tem para verificar a lista e, então, entrar em contato com todos os nomes lá," disse Mitchell.

Ele continuou a mostrar a ilha para ela, explicando o propósito do lugar. Enquanto apontava o pequeno centro de conferências deles e a pequena capela atrás dos bangalôs, ele explicou que ele reservou a ilha apenas para líderes religiosos e os esforços deles em direção a crescer a igreja, porque ele havia se tornado muito ciente da opressão crescente contra a igreja em quase todo canto do mundo.

"É uma das razões pelas quais eu me aposentei tão cedo," ele disse. "Pessoas afastadas de Deus, ironicamente, querem culpar o povo dele quando as coisas ficam ruins. E quando todas as alegações de abuso sexual dilaceraram-se pela Igreja Católica no final dos anos noventa, eu vi o início de um fim. Por causa de toda a atenção da imprensa, eu sabia que eu não poderia mais servir a Deus apropriadamente de uma posição de padre. Então eu abri essa ilha para os homens de Deus que podem estar sentindo o mesmo desencorajamento."

"Com o tempo, a notícia se espalhou e eu também permiti algumas conferências serem realizadas aqui. Durante temporada de pico, há uma lista de espera de dois meses. Mas ainda assim, esse se tornou um lugar de descanso e restauração para os homens de Deus e para aqueles próximos a eles."

"Há uma taxa definida ou muda de acordo com quem está vindo?" perguntou Mackenzie. "Eu pergunto simplesmente porque o Padre Costas e o Pastor Woodall eram líderes de grandes igrejas que poderiam certamente pagar. Mas o Reverendo Tuttle pertencia a uma igreja menor. Eu imaginei que ele teria dificuldades para encontrar os fundos para reservar um lugar desses a não ser que houvesse algum negócio delineado com ofertas da igreja."

"Eu, obviamente, não posso comentar sobre isso," disse o Padre Mitchell. "Mas eu posso dizer a você que Tuttle realmente alugou um dos nossos bangalôs mais baratos. E nós o oferecemos um valor com desconto. Nós sabíamos que ele era de uma igreja menor, mas não discriminamos aqui. Você não tem que ser parte de uma mega igreja para aproveitar a solidão que temos a oferecer."

Ele a levou para mais distante na praia, para uma passagem de madeira que era margeada por todos os tipos de plantas e flores. A passagem se tornou uma ponte que se erguia sobre um pequeno riacho que ia para a esquerda, voltando de volta para a praia.

À frente deles, a única construção que parecia um pouco fora de lugar esperava por eles. Estava claro que esse era o escritório central. Embora ostentasse uma decoração de ilha no exterior, havia algo bem formal na estrutura da construção, assim como sua colocação distante das outras construções.

Mitchel a levou para dentro para uma sala vazia. O murmúrio de um ar condicionado enchia o lugar, mas havia nada mais acontecendo. Ele a levou por um pequeno corredor que terminava em uma sala de conferências. Lá, ele puxou uma cadeira para ela e apontou para algumas pilhas de papel no centro.

"Isso é tudo que eu tenho no que diz respeito a registros para Costas, Tuttle e Woodall," disse Mitchell. "Temo que não seja muito, mas talvez você possa encontrar algumas outras conexões."

"Isso é ótimo," disse Mackenzie legitimamente. Ela não poderia ter pedido por mais material ou cooperação.

"Eu vou deixar você com isso, então," disse Mitchell. "Enquanto isso, há algo que eu possa pegar para você?"

"Talvez apenas água?" ela perguntou.

"Já vou trazer."

Ele a deixou só e ela instantaneamente puxou as pilhas de papel para ela. Não havia muito-talvez vinte e cinco folhos de papel ao todo. A maioria folhas financeiras, mostrando onde todos eles pagaram, assim como as datas das estadias. Pela informação nas folhas, ela viu que o Padre Costas tem vindo a Kepper's Cay por mais tempo; sua primeira estadia foi em 2010 e ele fez oito visitas desde então, incluindo uma para uma conferência sobre guerra espiritual.

Tuttle esteve apenas uma vez, visitando a ilha sete meses atrás. Ele ficou por três dias e então partiu. Ela odiava parecer muito estereotípica, mas ela continuava sendo atormentada pelo fato de que o reverendo de uma igreja menor tenha sido capaz de pagar para vir a um lugar como esse. Isso a fez imaginar que tipo de problemas haviam feito Tuttle precisar de um retiro em primeiro lugar.

Mantendo esse pensamento, ela tirou o telefone e mandou uma mensagem para Harrison. Você pode cavar para ver que tipo de problemas/situações que Tuttle possa ter passado ou ter saído há cerca de 8-9 meses?

Enquanto enviava a mensagem, Mitchell entrou de volta na sala. Ele estava carregando um grande copo d'água para ela. Uma única fatia de lima ressaltava no topo. Ele a ofereceu com um sorriso.

"Obrigada," ela disse. "Ei, então, eu tenho uma pergunta para você. Uma estranha, talvez. Mas eu estava imaginando se há algum tipo de tema recorrente nas situações que trás as pessoas para cá. De que tipo de coisas elas estão buscando descanso e isolamento?"

"Você é crente?" perguntou Mitchell.

A pergunta a pegou desprevenida. Parecia ser uma pergunta que ela estava encarando bastante ultimamente. Ela suspirou e disse, "eu suponho que você poderia dizer que eu estou na categoria dos indecisos. Por que pergunta?"

"Eu acho que para entender o estresse que esses homens encaram diariamente, você precisa entender as responsabilidades nos ombros deles. Liderar pessoas para mais próximo de um Deus com o qual elas tanto desejam estar em sincronia. Servir como uma caixa de ressonância para os pecados e pensamentos mais obscuros das pessoas. E sabendo o tempo todo que são mantidos em um patamar muito alto. Pode ser exaustivo-fisicamente, mentalmente e espiritualmente."

"Você ofereceria a ilha para um líder que você soubesse que de fato está envolvido em algo errado? Algo criminoso?"

"Não. Mas, novamente, eu teria que saber com certeza. Muito raramente eu tomo a palavra dos programas de notícias ou tabloides."

Ela podia perceber que ele sabia onde ela estava indo. Sendo um ex-padre, certamente ele era mais que familiar com os casos de molestadores de crianças e de abuso sexual. Então ela deixou nisso, não querendo irritá-lo. Eles estavam na mesma página e não precisava ir nem um pouco mais fundo.

"Algo mais?" ele perguntou.

"Não, obrigado."

Mitchell, contudo, não saiu. Ele penso sobre algo por um momento e então tomou um lugar a mesa.

"Há uma ligação entre eles?" ele perguntou. "Abuso?"

"Apenas para dois deles," ela disse.

"Eu sabia que o Padre Costas fora acusado disso, mas nunca houve qualquer evidência... não suficiente para balançar minha opinião sobre ele, de qualquer maneira. Ele era um bom homem."

"Eu não estou certa sobre as alegações também," ela disse.

"Se você acredita de verdade que é uma conexão que possa ajudá-la a encontrar o assassino, eu acho que eu posso saber de um lugar que você pode começar a olhar."

Mitchell pareceu entristecido por sequer considerar esse caminho. Mas, ao mesmo tempo, Mackenzie podia dizer que ele estava perturbado por algo-talvez alguma coisa que arrastou seus espíritos para baixo mais do que ele conseguia admitir.

"Padre Mitchell?"

"Estou bem," ele disse. "É só que eu sei de fato que abuso sexual e molestação acontecem dentro da igreja. Embora a vasta maioria das alegações e acusações são falsas e inventadas apenas para buscar atenção ou dinheiro, eu sei que isso acontece. E como prova disso, tudo que você precisa ver é um dos grupos de recuperação."

"Grupos de recuperação?" perguntou Mackenzie.

"Para vítimas de abuso nas mãos da igreja. Como você pode imaginar, é um grupo cheio de vergonha insustentável, então os encontros não recebem muita propaganda ou publicidade. Meio que grupos de autoajuda, mas escondidos no canto."

"E por que você está me contando sobre isso?" ela perguntou.

"Porque há um encontro na sua vizinhança na terça-feira em Alexandria, Virginia. É um grupo que se encontra três vezes ao ano. Há mais de trinta grupos no país. Eu sempre recebo convites para eles, porque eu era muito proeminente contra a
igreja quando os escândalos de abuso vieram agitar as manchetes um tempo atrás."

"Você vai comparecer ao grupo em Alexandria?"

"Não. Eu não compareço a algo do tipo há cerca de três anos. Deus me perdoe, me destroça muito. Quase me faz perder a fé. Mas se seu assassino não for pego antes que essa reunião aconteça, eu sugeriria altamente que você desse uma olhada. É na quinta-feira à tarde às cinco horas. Ainda não sei ao certo onde, mas se você deixar seu contato comigo, eu informo a você."

"Obrigada," ela disse.

Com isso, Mitchell deixou a sala mais uma vez. Mackenzie voltou para os documentos, encontrando muito pouco para conectar os três homens. Havia evidência que ambos Costas e Woodall haviam vindo em várias ocasiões e que eles compareceram a pelo menos uma conferência cada. Mas pelo o que ela podia dizer, não havia frequentado a mesma conferência. Além disso, nenhum dos três homens esteve ao mesmo tempo na Kepper's Cay.

Quando ela atingiu a página final, Mackenzie sabia que havia nada nas folhas de papel para ligar os homens. Ainda, ela sentia que havia feito algum progresso.

Se nada mais, isso prova que os homens provavelmente não estavam ligados uns aos outros a não ser pela profissão. Também, a informação sobre a reunião para os sobreviventes de abuso sexual parecia que poderia ser um recurso potencialmente bom. Adicionalmente... eu posso visitar a praia por algumas horas.

Ela tirou algumas fotos dos documentos com o celular que mostravam as datas quando todos os três homens havia estado na ilha. Se nada mais, isso fornecia algo como uma linha do tempo e poderia vir a calhar quando Harrison retornasse para ele com aquela informação sobre Tuttle.

Quando ela estava prestes a sair para o escritório para localizar o Padre Mitchell, o celular dela tocou. Quando viu o nome e rosto de Ellington, ela sorriu. Talvez ela poderia esfregar a cara dele na pequena excursão à praia, afinal.

"Já está em casa?" ela perguntou.

"Não," ele disse. Ela podia diz logo de cara pelo tom da voz dele que ele não estava no melhor humor. "Onde você está agora?"

"Você não acreditaria se eu te dissesse."

"Bem, onde quer que você esteja, você precisa reservar o primeiro voo que puder para o Nebraska."

"O quê? Ellington... o que está acontecendo?"

"Estamos fechando em uma pista. Já falei com McGrath. Eu quero você aqui, Mac. Eu acho que você precisa estar nisso nesse momento."

"Sim, OK," ela disse. O cérebro dela tentava desesperadamente trocar de marcha, mas havia um soluço em algum lugar ali.

Padres e pastores mortos... praias ensolaradas da Flórida... agora sair para o Nebraska...

De repente, ela sentiu que estava sendo sugada em um redemoinho.

"Mac?"

"Estou aqui. Apenas... pega com a guarda baixo. Dê-me alguns minutos. Vou comprar uma passagem e conto-lhe quando estarei aí. Ellington, está tudo bem?"

"Sim, tudo está bem. Tivemos uma novidade, contudo. E isso pode... bem, isso pode dar todas as respostas pelas quais você esteve procurando."

Ela olhava tolamente para os documentos na mesa de conferências de Mitchell. Eles pareciam artefatos de outro mundo. O caso inteiro parecia insignificante agora-um pensamento perigoso para um agente do FBI, certamente.

Mas repentinamente, tudo que ela conseguia pensar era em seu pai.

E ela não podia sair rápido o suficiente dessa ilha idílica.


CAPÍTULO DEZESSETE

 

Ele amava Deus, ele amava sua igreja e ele amava as pessoas da sua igreja. Mas, cara, oh cara, ele odiava sentar no confessionário.

Wade Coyle arqueou as coisas e verificou seu relógio. Eram 7:05. Tecnicamente, ele poderia ter ido para casa há cinco minutos. Mas ele sabia que algumas pessoas gostavam de vaguear um pouco mais tarde, na pressa de confessar seus pecados diretamente antes ou depois de jantar com a família.

De todas as suas obrigações como padre, tomar confissões era a única parte da qual ele realmente não gostava. Ele ouvia algumas coisas deploráveis atrás da sua tela e a pior parte disso era que ele conseguia reconhecer as vozes algumas vezes. Ele poderia colocar um rosto na voz e, como resultado, saber quais dos homens nos bancos durante o culto haviam confessado ter feito download de pornografia de pré-adolescentes ou quais das mulheres mais velhas haviam deixado o namorado da filha tocá-las de forma inapropriada.

Ainda assim, ele entendia a importância do ato-não apenas para a sua igreja, mas para todos e cada uma das pessoas que vinham até ele, sentadas do outro lado daquela tela para tirar o peso dos corações.

Mesmo assim... se ninguém mais aparecesse nos próximos dez minutos, ele iria sair. Outro padre devia vir ocupar o confessionário as oito horas de qualquer maneira.

Mal havia feito sua promessa a si mesmo e escutou a pequena porta no exterior do confessionário abrir. Então, ele escutou os quatro passos que levavam a cadeira em frente a tela e o leve ranger da cadeira quando o peso de alguém era aplicado nela. E então, vieram as cinco palavras que, para o Padre Coyle, havia se tornado quase um cliché.

"Perdoe-me, Pai, porque eu pequei."

"E qual pecado você gostaria de confessar hoje?" perguntou Coyle.

"Eu... bem, não tenho exatamente certeza. Eu acho que talvez idolatria. Mas envolve violência também."

"Conte-me sobre cada um," disse Coyle. Honestamente, ele estava apenas falando preguiçosamente a essa altura. Ele se encontrou vendo se conseguia identificar um rosto que combinava com a voz, mas não conseguiu encontrar.

Obrigado, Deus, por isso, ele pensou.

"Bem, eu me encontro adorando pessoas do mundo sobre Deus," disse o homem. "Eu sei que eu deveria buscar minha paz e consolação de Deus, mas... eu suponho que seja mais fácil confiar e adorar as coisas que eu posso ver. Pessoas. Carne. Eu os admiro e glorifico pessoas ao invés de Deus. Isso é ruim?"

"Não se você está percebendo isso antes," disse Coyle. "Diga-me... essas pessoas que você está idolatrando são celebridades ou pessoas que você vê todos os dias?"

"Temo que não seja tão fácil assim. Não são celebridades, isso com certeza. Mas ao mesmo tempo, eles tendem serem pessoas com um pouco de poder e reverência."

"E como você está os idolatrando?"

"Começou com a inveja pura e simples," disse o homem do outro lado da tela. "Mas virou algo pior. Algo mais sórdido. Eu os vi como Deus. Como a Virgem Maria. Como Cristo. Eu desejava adorá-los... glorificá-los."

"Sim, isso pode ser um problema. Sobre a violência, porém... como as duas coisas se juntam?"

"Eu não sei," disse o homem. "Mas eu sei que quando vejo o sangue deles, isso me faz sentir completo. Faz eu me sentir como se tivesse feito algo certo."

"Sangue?" disse Coyle. Seu coração saltou do peito e seu próprio sangue ficou gelado.

"Sim, Padre. Eu tenho que derramar o sague deles para eles mostrarem aos homens quem eles realmente são. Inteiros. Puros. Estritamente de Deus."

"Meu filho... temo que eu não esteja entendendo."

Não houve resposta.

Instantaneamente, as notícias das três mortes passou pela cabeça de Coyle. Costas, Tuttle, e aquele pastor liberal, Woodall.

"Filho, você está-"

Foi quando uma força trovejante se chocou contra o confessionário. A porta do lado de Coyle entortou e veio para dentro. Houve um som débil, como gentilmente crepitando no fogo. Ele estava tão atemorizado pelo ataque na porta que levou um momento para perceber que havia um homem atrás dela, entrando no espaço do seu lado do confessionário.

"Eu venho idolatrando você também, padre," disse o homem. "Desculpe-me. Mas realmente... você merece isso. Você merece a glória..."

Antes que Coyle pudesse abrir sua boca para protestar, o homem o esmagou com uma pesada mão direita. Coyle viu por um breve momento que havia algo na mão dele, talvez um tubo de moedas ou algum tipo de ferramenta. O que quer que fosse, fez o golpe parecer como se tivesse sido acertado no rosto com um taco de baseball.

Padre Coyle foi flutuando contra a lateral do confessionário enquanto estrelas pretas passavam pelo seu campo de visão. Seu estômago se contraiu e sua cabeça explodia de dor.

Ele viu a mão do homem se afastando novamente, mas, louvado seja Deus, ele apagou antes que pudesse sentir o impacto drástico.


CAPÍTULO DEZOITO

 

Mackenzie se vê de pé em frente a casa na qual ela crescera. Ela subia os degraus da varanda e via um grupo de corvos agrupados na varanda. Ao afastá-los, ela vê que um deles está usando um crucifixo ao redor do pescoço negro. Ele grasne para ela enquanto ela entra na casa e quando ela fecha a porta, escuta os corvos levantando voo.

Ela entra na casa e lá está sua mãe, adormecida no sofá. A casa está lançada em sombras, a única luz vindo do brilho da televisão, a qual está exibindo um programa de entrevistas da madrugada. O entrevistador diz nada, apenas olha fixamente para a tela como se esperasse Mackenzie começar a conversa.

Ela caminha pela televisão até a cozinha. Ela tenta ligar o interruptor da cozinha, mas as lâmpadas não respondem. Ela olha de volta para a sala de estar e vê que sua mãe já não está mais lá. A porta da frente está novamente aberta e ela pode escutar os corvos se moverem nas tábuas, aparentemente tendo voltado para se apoleirarem.

Ela se vira e olha pelo corredor. É maior que a versão da vida real dele, esticando-se por uma distância aparentemente impossível. Ela começa a andar e enquanto o faz, procura por sua Glock.

Mas ao invés de uma arma de fogo, ela encontra uma Bíblia esperando lá. No entanto, onde as palavras BÍBLIA SAGRADA estão tipicamente estampadas em dourado ou prateado, na dela se lia BARKER ANTIGUIDADES.

Ela a segura à sua frente, apertada contra o peito e as páginas começam a cair. Quando cada página caia ao chão, soava como uma voz sussurrando para ela.

"Saia daqui."

"Vá embora."

"Supere isso."

"Dê a volta."

Ela ignora todas elas e continua. E quando ela finalmente chega ao fim do corredor, a Bíblia tendo derramado suas páginas durante o caminho, ela se vê encarando a porta do quarto dos seus pais. Ela sabe o que está esperando por ela do outro lado. Ela sabe o que ela vai ver, mas ela empurra a porta mesmo assim.

As coisas estão diferentes dessa vez. Ao invés de uma cama, há uma cruz. Seu pai pendurado nela e ele ainda está vivo. Ele lança um olha lúbrico em uma careta de dor.

"Desça-me, por favor..."

Mackenzie larga a Bíblia e se vira para correr em direção a sala de estar. Mas lá está sua mãe bloqueando o caminho. Ela está segurando uma marreta e um prego ridicularmente grande. Ela sorri para Mackenzie e quando abre a boca para dizer alguma coisa, é apenas o grasnido de um corvo.

Mackenzie abre a boca para gritas logo quando sua mãe move o grande prego para frente, diretamente para sua garganta, o grito que não soa como ela, mas como um rugido de algum grande motor que está empurrando o mundo junto com sua insana rotação.

 

***

 

Ela se precipitou acordada, percebendo que o barulho de motor pertencia ao avião no qual ela estava atualmente. Ela respirou fundo, suprimindo os tremores que passavam por ela. Precisava se lembrar de onde estava-não no quarto que seus pais compartilharam um dia, mas sentada em um avião, em direção ao estado onde estava a maldita casa.

Quando o avião pousou, Mackenzie verificou o telefone. Quando a conexão Wi-Fi foi estabelecida com o aeroporto, seu telefone brilhou com notificações. O número total delas era esmagador, mas ela fez seu melhor para acompanhar enquanto o avião caminhava para uma parada antes que os passageiros pudessem sair. Ela tinha duas mensagens de texto de Ellington, uma de Harrison, um correio de voz de Yardley e onze novos e-mails.

Ela passou por eles em ordem de importância. Ambas as mensagens de Ellington eram para informá-la que ele não conseguiria estar no aeroporto, um dos agentes locais estaria lá paga pegá-la. A mensagem de Harrison era em resposta à mensagem que ela o enviara mais cedo, informando-a que havia nada nos registro públicos que indicasse que o Reverendo Tuttle estivesse passando por alguma dificuldade maior de algum tipo pelo último ano. Então, ela verificou a mensagem de voz de Yardley. Ela achou um pouco estranha e, talvez, um pouco desrespeitosa.

"Ei," disse Yardley. "Olha, McGrath me colocou a cargo do caso das mortes dos líderes religiosos enquanto você está no Nebraska. Se você puder me ligar para me contar sobre seu passeio na Flórida, eu apreciaria."

Ela não se importou em responder qualquer uma das mensagens enquanto era permitido aos passageiros pegar os pertences dos maleiros. Mackenzie estava bem ciente de que ela ainda estava com a mesma roupa que vestia quando desembarcou da balsa há dez horas. Ela poderia até mesmo sentir os pequenos grãos de areia em seus sapatos. Por mais trivial que parecesse, ela desejava que tivesse pelo menos uma muda de roupa com ela. Contudo, ela estava apenas com a sua mochila do notebook, credenciais do FBI e nada mais.

Ela saiu rapidamente do voo. Agora que ela estava no chão e há momentos de se encontrar com Ellington, pareceu real. Era mais que uma possibilidade, mais que apenas um sonho-que havia parecido quando ela estava no ar. Ela também queria começar a trabalhar o mais rápido possível, para que o caso de DC não secasse em sua mente. Ainda estava bem surpresa que McGrath tivesse permitido essa viagem repentina para o Nebraska, especialmente seguindo sua viagem para Flórida. Mas não estava prestes a questionar isso.

Quando ela entrou no aeroporto pelo portão, ficou aliviada em ver que Ellington estava lá afinal. Ele parecia cansado e um pouco afobado, mas o sorriso que deu a ela quando ela se aproximou dele era genuíno. Eles se cumprimentaram com um beijo e um breve abraço, como se eles estivessem fazendo isso a uma eternidade.

"Eu não sei sobre o que estar mais confusa a respeito," disse Mackenzie. "O fato de eu ser requisitada nesse caso de repente ou que McGrath tenha me dado permissão para isso."

"Não precisa ficar confusa," ele disse. "Apenas venha comigo. Temos um encontro no escritório de Omaha em meia hora. Eu te repasso no caminho."

Eles se apressaram pelo aeroporto, não sendo atrasados por filas, já que Mackenzie não tinha bagagem. Ellington a levou para fora e para o estacionamento mais próximo, onde eles entraram em seu carro alugado. Após ele bater a chave na ignição, Mackenzie manteve a mão em um gesto de espere aí. Então ela se inclinou para beijá-lo profundamente, de uma maneira que teria sido estranha no aeroporto.

"OK," ela disse. "Agora você pode me levar."

Ellington sorriu e disse, "Espere. Deixe-me recuperar meu fôlego primeiro."

 

***

 

Enquanto eles percorriam a rodovia e tomavam a saída para a via expressa, Ellington passou a maior parte do tempo falando. Ele a atualizou com a atenção aos detalhes de um agente experiente, mas com o comportamento de um homem que estava começando a se apaixonar por ela.

"Eu fui convocado, porque Kirk Peterson convenceu alguns agentes do FBI que os assassinatos dos andarilhos eram quase idênticos aos assassinatos do seu pai e o cara mais recente de alguns meses atrás. A coisa é, há absolutamente zero evidência para reforçar isso. Por isso McGrath preferiu me enviar para cá. Sem pistas ou evidências sólidas, nós não queríamos te afastar do caso atual-ou dar-lhe esperanças sobre o caso do seu pai."

"Não muito depois de eu ligar para você pela primeira vez para dizer que não havia nada para se ver por aqui, outro corpo foi descoberto. Esse tinha um certo cartão de visitas enfiado no bolso traseiro."

"Barker Antiguidades," ela disse.

"Bingo. O cara era um drogado, baleado na nuca à queima-roupa por uma arma de baixo calibre. Mesmo de sempre, assim como os outros andarilhos. Mas dessa vez, havia uma pista deixada para trás. Um borrão no cartão de visitas. Era uma impressão digital, mas apenas parcial. Foi nesse ponto que eu liguei para você. Desde então, os caras da perícia no escritório local de Omaha vem trabalhando com uma base de dados de registros para reduzir a busca. Eu recebi uma ligação assim que eu estava saindo do aeroporto para encontrar você. Eles encontraram uma combinação. E é um cara um uma história bem terrível."

"Então o que está sendo feito nesse instante?" ela perguntou.

"Bem, a ficha desse cara é bem madura. Ele recebeu duas acusações de abuso doméstico, pequenos furtos e, então, ele acabou de sair da prisão há dois meses depois de cumprir cinco anos por conspiração de assassinato. Assim, há uma força tarefa sendo montada. Nós temos o endereço dele. E nós temos alguém à espera do lado de fora do apartamento dele nesse instante. Se ele sair e for para algum outro lugar, teremos olhos nele."

"E eles me querem nisso?"

"Eles não tinham escolha," disse Ellington. "Eu insisti. E McGrath tomou meu lado. Todos envolvidos nisso sabem da conexão com o assassino do seu pai. Você não vai assumir a liderança, mas você vai na prática se uma prisão for feita. Se essa coisa vier a um fim, você será parte dela. Além disso... até McGrath percebeu que ninguém sabe mais sobre os assassinatos e a confusão toda da Barker Antiguidades do que você. Simplesmente faz sentido ter você aqui."

"Para onde vamos agora?" ela perguntou.

"Estamos indo para o escritório local e, então, provavelmente saindo logo em seguida. Se tudo ocorrer bem, essa coisa todo pode ser encerrada dentro de uma hora ou duas."

"E pensar," disse Mackenzie, "que eu estava caminhado por uma praia nove horas atrás."

"Sim, você vai precisar me passar o segredo de como diabos você conseguiu McGrath autorizar isso."

"Eu acho que compensou, contudo. O pequeno retiro que eles têm naquela ilha está limpo, assim como o cara que coordena. Mas ele me deu informações que eu acho que podem resultar em uma pista considerável-ou um recurso bem promissor pelo menos."

"Você está uma viajante bem experiente hoje," comentou Ellington. "Você tem certeza que está disposta a isso?"

"Absolutamente," ela disse. "Eu só queria que eu tivesse uma muda de roupa. Ou, pelo menos, tempo para um banho."

Ele sorriu para ela e disse, "Se nós terminarmos com isso, eu vou ver se consigo um banho para você. E talvez, se você não se importar, posso dar uma mão?"

"Vamos ver como isso se desenrola primeiro."

Ela apreciava o gesto e consideração, mas enquanto eles aceleravam em direção ao escritório local, Mackenzie começou a ficar ansiosa.

É realmente isso? ela pensou. É esse o dia que eu consigo as respostas que venho procurando a respeito da morte do meu pai?

O crepúsculo se instalava ao redor de Omaha enquanto seus nervos começavam a pegar fogo. Cada parte dela sabia que algo grande estava a momentos de distância, mas ela ainda achava difícil acreditar que havia caído em seu coo tão facilmente.

 

***

 

Ellington não estava exagerando. No momento em que Mackenzie entrou no escritório de Omaha, foi abordada por um homem vestindo um terno preto simples e carregando uma pasta de arquivos na mão direita. Ele parecia no limite, como se estivesse prestes a pular para fora da sua pela em antecipação de por as coisas em andamento. Seu espesso cabelo preto estava desarrumado. Ele tinha um pouco mais que um metro e oitenta e a compostura de um homem que parecia que estava sempre motivado, a caminho de realizar alguma coisa.

"Agente White, eu sou Darren Penbrook, o líder nesse caso. Estou feliz em tê-la a bordo. O Agente Ellington atualizou você?"

"Sim," ela disse. "Eu certamente agradeço você me permitir fazer parte disso."

"Claro, claro," disse Penbrook, como se não pudesse se importar menos. Atrás dele, a sala central do escritório de campa estava formigando com atividade. Ela viu dois agentes estudando um mapa da cidade na parede atrás de uma área de escritório.

"Vamos começar em exatamente cinco minutos," disse Penbrook, acenando para ela e Ellington o seguirem para mais fundo no edifício. "Seremos nós três e dois outros agentes. Seu amigo Kirk Peterson solicitou vir junto, mas eu neguei. Há risco demais aqui."

"Estamos assumindo que o suspeito é perigoso?"

"O suspeito é Gabriel Hambry. Em acréscimo às acusações de abuso e marcas de conspiração de assassinato em seus registros, ele também foi o suspeito em duas ocasiões diferentes de tráfico de armas pela fronteira do México. E nós nunca fomos capazes de ligar isso a ele, mas todo a evidência aponta para ele. E se esse for o caso, então, sim-estamos assumindo que ele está fortemente armado. E quando o FBI bater na porta dele..."

"Eu estou segundo," disse Mackenzie.

Penbrook os levou a uma pequena sala nos fundos. Havia outro homem no telefone, pinçando-o entre sua orelha e ombro, para que ele pudesse prender um coldre apropriadamente em seu cinto. O coldre levava uma Sig 357 semiautomática. Ver isso faz Mackenzie muito mais ciente da sua própria arma de fogo no coldre ao seu lado, uma Glock 22 da qual ela acabou se tornando muito familiar.

O homem terminou sua ligação e colocou o celular no bolso. Ele levantou a mão para um aperto e se apresentou.

"Mark O’Doul," ele disse. "Prazer em conhecê-la." Então, ele olhou para Penbrook e assentiu. "O suspeito ainda está em seu apartamento. Assistindo TV, parece."

"Bom," disse Penbrook. "Agente White, O’Doul vai nos acompanhar e tomar a frente enquanto nós agimos. Eu entendo que você tem um envolvimento pessoal com esse caso, mas eu lhe peço que deixe O'Doul e eu cuidar do lado tático. Uma vez que pegarmos Hambry em custódia, você tem minha palavra que você vai ter a primeira brecha no interrogatório. E, você sabe... se acontecer de ele tentar escapar e uma perseguição se desenrolar... talvez eu faça vista grossa se você vier a pegar um pouco pesado."

Mackenzie sorriu e assentiu, mais sábio que dar algum tipo de sinal verbal sobre tal comentário.

"Alguma questão?" perguntou Penbrook.

"Quão distante é o apartamento de Hambry?" perguntou Mackenzie.

"Cerca de meia hora, em Plattsmouth," respondeu Penbrook. "O'Doul e eu vamos na frente no nosso carro enquanto vocês dois nos seguem. Nossa vigilância diz que nós vamos estar mais bem posicionados estacionando na rua do outro lado do quarteirão. Nós dá a melhor chance de chegar na residência de Hambry sem dar algum tipo de alerta para ele."

Plattsmouth, pensou Mackenzie. Embora ela tenha apenas passado por Plattsmouth enquanto morava no Nebraska, simplesmente escutar o nome da cidade a fazer sentir como se tivesse completado um ciclo-não que ela havia retornado para casa, de forma alguma, mas ela havia revisitado algum fantasma do passado que parecia estar esperando uma eternidade por ela.

"Já temos um mandado?" perguntou Ellington.

"Consegui há três horas. Dada a natureza da nossa visita ao Sr. Hambry, não iremos bater na porta dele exatamente. Vamos derrubá-la."

Era um pouco juvenil, certamente, mas esse comentário de fechamento de Penbrook deixou Mackenzie mais animado que nunca. Ela estava a momentos de distância de resolver a pista mais promissora sobre descobrir o que realmente aconteceu com o pai dela.

Pelo que lhe tocava, derrubar portas a força parecia apropriado.


CAPÍTULO DEZNOVE

 

O apartamento de Hambry ficava em um daqueles complexos de apartamento empacotados que pareciam uma cópia de qualquer outro prédio na cidade. Era o tipo de complexo de apartamentos que você em todos os lugares no país: simples, um pouco sujo e muito mediano. Sendo um pouco depois das dez em noite de semana, todos assumiram que as chances de Hambry estar em casa era muito boas.

Mackenzie e Ellington se encontraram com Penbrook e O’Doul na entrada central no primeiro piso. A noite estava calma e parecia que não havia uma única alma vagando em qualquer lugar dentro do complexo. Longe à distância, um homem caminhava com seu cachorro. Próximo aos fundos do prédio, uma mulher estava rindo de alguma coisa. Era como qualquer outra noite ordinária. Mackenzie tentou se lembrar disso. Era fácil demais ficar animada sobre o que a próxima porta guardaria. Então, se lembrar de que fazer o que estavam prestes a fazer era apenas outra parte rotineira do trabalho dela, normalmente a centrava.

Mas não dessa vez. Naquele momento, com outros três agentes, ela sentia que muito da sua carreia havia se pendurado no que iria acontecer agora.

"O apartamento de Hambry é de número trezentos e seis," disse Penbrook. "O’Doul e eu entraremos primeiro. Quero que vocês dois esperem aqui por três segundos e então se juntem atrás de nós. Se fizermos isso certo, é uma prisão simples. Dentro e fora de volta para o escritório. Perguntas?"

Ellington balançou a cabeça. Mackenzie fez o mesmo, embora em sua cabeça, ela estava praticamente gritando para Penbrook colocar o maldito show na estrada de uma vez.

Talvez sentido sua antecipação, Penbrook começou pelo corredor que levava ao primeiro lance de escadas. As escadas eram simples, sem cobertura ou carpete de qualquer tipo. O som dos passos batia em ecos ocos, como pequenas batidas de grave do som de um carro passando. Eles avançaram entre uma caminhada rápida e uma corrida enquanto saiam das escadas para o terceiro andar.

Eles se mantiveram apertados contra a parede enquanto se apressavam pelo corredor aberto. As luzes da rua debaixo iluminavam o caminho deles, as sombras delas os seguindo enquanto, um por um, sacavam as armas.

O’Doul os parou ao levantar a mão. Todos os quatro estavam posicionados contra a parede entre os apartamentos 305 e 306. O’Doul esperou uma batida de pé no portal da porta de Hambry. Então, ele levantou três dedos. Mackenzie assistiu os dedos serem abaixados um por um, em contagem regressiva para o momento que eles irromperiam pela porta.

Três... dois... um.

Quase como em um movimento com energia elástica, O'Doul deu um passo de distância da porta, tomou base e então levantou o pé. Ele deu um chute pesado que sugeria que ele havia feito isso mais que algumas vezes. Mesmo sem ser capaz de ver o resultado, Mackenzie sabia que a porta havia se quebrado aberta. Ela observou enquanto O'Doul e Penbrook seguiam um atrás do outro. Ellington se virou para ela, silenciosamente contando até três e, então, eles também seguiram.

Mackenzie entrou com sua Glock erguida para a esquerda, completando o alinhamento disperso que os outros três agentes haviam começado.

Mas ela não ficou daquela maneira por muito tempo.

A visão diante dela era muito bizarra. Era difícil manter a compostura enquanto ela olhava pela sala de estar, a qual a porta do apartamento levava.

Um homem estava sentado em uma cadeira reclinável, olhando-os de lado. Ele não se movia. Não somente isso, mas a cadeira estava embebida em sangue. Respingos dele estavam por toda a parede. Mackenzie se aproximou. Ela sabia que poderia estar excedendo seus limites, mas ela caminhou em frente de Penbrook, ficando ao lado de O'Doul. Enquanto ela se inclinava para ter uma melhor visão do homem, ela estava levemente ciente de Ellington e Penbrook se explorando no apartamento para verificar os outros cômodos.

Mackenzie agora estava de pé diretamente em frente do homem. Do breve arquivo que ela vira a respeito de Gabriel Hambry no escritório de Omaha, não havia dúvida de que era ele. E ao ficar diretamente em frente a ela, olhando-o, a situação só ficava pior.

Hambry havia sido baleado na nuca. Sem estudar de perto, Mackenzie estava bem certa de que foi disparado de uma arma de baixo calibre. Mesmo à queima roupa, tinha feito uma bagunça.

Mas honestamente, ela não estava olhando perto demais para a ferida do projétil ou pelo sangue espalhado. Ela estava mais interessado no item que fora afixado na camisa de Hambry com um alfinete.

Era um cartão de visitas.

Sangue espirrou pela maior parte dele, mas era fácil de ver o nome da empresa gravado na frente.

Barker Antiguidades.

"Que diabos?" O'Doul sussurrou detrás dela.

"Quem quer que seja, ele está brincando conosco," disse Mackenzie. Ela desejava muito ficar brava, ser preenchida com ira em ter sua face esfregada nessa bagunça. Mas, pelo contrário, por mais que ela odiasse admitir isso, ela estava bem assustada na verdade.

Ellington e Penbrook voltaram para a sala de estar. Ellington não perdeu tempo em ir até ela quando ele viu o olhar de choque e confusão em seu rosto. Ele deixou sair um palavrão bem pronunciado quando viu a situação por si próprio.

"Então, Hambry era apenas um peão então?" perguntou Penbrook.

"Parece que sim," disse Mackenzie. Ela queria rasgar o cartão de visitar da camisa de Hambry, mas o mero pensamento de tocá-lo a fazia se sentir mal.

"Mas para que diabos?" perguntou O’Doul.

"A última vez que eu vi um destes cartões de visita," disse Mackenzie, "foi no para-brisas do meu carro. No verso, alguém escreveu 'Pare de procurar.’ Eu acho que esse é apenas outro aviso."

"Mas o caso está morto, certo?" disse Penbrook. "Digo, até que esse último assassinato ocorreu e, então, os andarilhos que seu amigo Peterson pensa que estão conectados... por que isso viria a tona novamente? Nós estamos falando de que... vinte anos de silêncio e então essa camisa?"

"É uma boa pergunta," disse Mackenzie.

"Deus, isso é terrível," disse O'Doul, arrancando os olhos para longe do corpo de Hambry.

"Eu vou chamar o pessoal," disse Penbrook. Ele olhou de volta para Mackenzie e Ellington. "E vocês dois? Vocês precisam de alguma coisa aqui antes que fique abarrotado?"

"Não," disse Mackenzie abruptamente. E, então, sem dizer nem outra palavra sequer, ela se virou e deixou o apartamento.

 

***

 

Mackenzie estava tão cheia de emoção quando voltou para o carro que estava tremendo literalmente. Ela estava assustada, ela estava irritada e ela nunca se sentiu tão derrotada. E para deixar tudo pior, ela sabia que do outro lado do país, havia um caso esperando por ela que ainda não tinha pistas. Nem uma única maldita pista.

Ela não chorava frequentemente-e ela decidiu que não o faria ali também-mas ela sentiu as picadas de lágrimas de frustração querendo ser derramadas. Ela contraiu as mãos em punhos cerrados, suas unhas se afundando levemente em sua carne.

Ela escutou passos atrás dela. Certa de que era Ellington vindo ver como ela estava, ela fez seu melhor para mandar o turbilhão de emoções embora. Ele segurou a respiração por um momento, apertou os punhos ainda mais e então relaxou.

E esse é o motivo pelo qual você vai acabar gastando uma fortuna com terapia quando você aposentar, ela pensou.

"Ei," disse Ellington, chegando perto dela. Ele buscou a mão dela, mas ela não a deu.

Ela balançou a cabeça e achou difícil olhar para ele. "Isso está acabando comigo," ela disse. "Cinco minutos atrás, antes de entrarmos lá, eu estava animada. Eu estava saindo da minha pele para entrar lá e terminar essa coisa toda-com meu pai e o assassino dele. Com os cartões de visita. Mas agora... tudo é diferente. Esse filho da puta está apenas brincando comigo."

"Então você e eu ficamos aqui," ele disse. "Eu acho que McGrath permitiria. Ficamos aqui e você e eu vamos fazer o possível para trazer essa coisa a um fim."

Dessa vez, ele tomou a mão dela um pouco forçadamente. Ele a deu um aperto reconfortante. E, embora ela pudesse perceber que ele queria puxá-la para próximo, ele sabia que ela não ligava para contato físico ou intimidade quando ela estava se sentindo angustiada. Ver que ele sabia isto sobre ela e que estava respeitando-a aqueceu seu coração.

"Não," ela disse balançando a cabeça. "Eu tenho que fechar o caso do padre. Eu não vou deixá-lo para outro agente."

"Ele está com Yardley nele," disse Ellington. "Ela é bem afiada."

"Eu sei. "Mas... eu tenho que. Eu tenho que e-"

"Eu sei," ele disse.

E Mackenzie estava bem certa de que ele realmente sabia. Ele sabia que ela não podia deixar alguma coisa pela metade. Ela tinha que finalizar o caso esperando por ela em DC.

O que Ellington talvez não soubesse, porém, era que uma vez que estivesse terminado ela tinha intenção de colocar todo seu tempo, foco e energia no caso do seu pai e em nada mais.

Depois desta noite, ela não tinha escolha.

Quem quer que esteja atrás disso tinha essencialmente forçado a mão essa noite. E ela iria fazer o desgraçado pagar.

Mas primeiro, ela tinha que saber tudo o que há para se saber aqui no Nebraska. E isso significava que ela tinha mais uma parada para fazer.

"Você tem o número de Kirk Peterson?" ela perguntou.

"Eu tenho," disse Ellington. "Mas ele não é muito confiável."

Isso a atingiu estranhamente, porque, pelo que ela se lembrava, Peterson era um cara bem afiado-dedicado ao trabalho e um farejador de detalhes.

"Eu preciso falar com ele antes de voltar para casa," ela disse.

Ellington parecia ponderar isso por um momento. No fim, ele puxou o número, discou para ela e entregou-lhe o telefone. Ao começar a tocar em seu ouvido, ela não poderia deixar de reparar que Ellington parecia perturbado por alguma coisa.

Ela não está feliz que eu esteja ligando para Peterson, ela pensou.

Mas antes que ela tivesse tempo de cogitar o porquê, Peterson atendeu o telefone e era tarde demais pra fazer qualquer pergunta.


CAPÍTULO VINTE

 

Quando Ellington estacionou o carro no estacionamento da Waffle House na qual Peterson o pedira para se encontrarem, o lugar estava bem quieto. Estava se aproximando das 10 horas e o lugar estava bem morto. Antes que eles saíssem do carro, Ellington colocou uma mão sobre o ombro dela, indicando que ele queria de ela aguardasse.

"Há algo que eu devo te contar antes que você entre ali," ele disse.

"O que é?"

"Eu não sei como você se recorda desse tal de Peterson, mas alguma coisa aconteceu com ele desde a última vez que você o viu. O sujeito parece um pouco desajustado para mim, mas eu percebi que era só uma baboseira de detetive excêntrico. Mas então eu ouvi algumas coisas dos agentes que trabalharam com ele. Ele disseram que ele ficou meio sombrio. Não de maneira desenfreada, mas em um sentido quase gótico. Ele está bem triste e calado."

"Assim que eu me lembro dele."

Ellington deu de ombros. "Eu acho que é uma boa coisa eu ter dito, então. Eu só conversei com ele duas vezes desde que eu estive aqui e ele foi prestativo e tudo. Ele é só... eu não sei. Alguma coisa nele me assusta."

"OK. Você me avisou. Vamos indo."

Ele disse nada mais, apesar de estar claro que ele queria. Eles saíram do carro e foram para dentro entre o doce cheiro de massa de waffle e calda. Peterson estava sentado à mesa sozinho. Ele aparentava um homem que não dormia há séculos, como se ele pudesse fazer uma audição para o papel de vampiro em um filme de terror exagerado.

Estranhamente, o estado dele a fez pensar em sua irmã mais nova, Stephanie. Em seu estado severo, ele era quase amenamente bonito-o tipo de gótico limite pelo qual Stephanie ficava louca.

Stephanie, ela pensou. Meu Deus, eu não penso nela direito há anos.

Ele deu um aceno de reconhecimento a ambos enquanto vinham até a mesa e se sentavam. "Bom ver você de novo, Agente White."

"Igualmente," ela respondeu enquanto ela e Ellington se sentaram. "Eu odeia parecer mandona, mas eu gostaria de voltar para DC o quanto antes, então eu realmente não tenho muito tempo para formalidades."

"Tudo bem," disse Peterson. "Esse maldito caso está me deixando louco e eu estou cheio de falar sobre ele. Lidar com ele. Que seja. O FBI está fundo nele agora, de qualquer forma. Eu sinto que eu posso deixá-lo ir."

"Esse é o negócio," ela disse. "Eu sei como o FBI funciona. Por isso eu queria falar com você. Eu sei que você tem uma ética de trabalho diferente do FBI. Então eu estava esperando que você pudesse me contar sobre as possíveis ligações entre os casos nos quais você vem trabalhando, do meu pai e desses malditos cartões de visita."

"Sim, eu ouvi pelo scanner que houve outro na residência de Hambry," disse Peterson. "Prova final de que esse caso todo está muito acima da minha cabeça."

"Como assim?" ela disse.

"Bem, simplesmente não tem fim. Lembra-me uma daquelas teorias da conspiração na qual quanto mais você cava, mais perguntas você tem. A toca do coelho simplesmente fica mais e mais funda."

"E como essa coisa toda de cooperação começou com vocês dois?" perguntou Ellington.

"Quase há um ano, eu vim até aqui quando Peterson estava trabalhando em um caso sobre... inferno, agora eu mal me lembro."

"Bem, inicialmente era uma coisa doméstica," relembrou Peterson. "Uma esposa queria que eu bisbilhotasse o marido-um cara chamado Jimmy Scotts. Ela pensou que ele a estava traindo e gastando as economias da universidade das crianças. O que eu descobri foi que ele estava lidando com uma loucura de cartel de drogas no Novo México. Mas antes que eu pudesse fazer a ligação para dar as notícias para sua esposa, ele apareceu morto. A esposa o encontrou morto no banheiro com dois buracos de bala na nuca. Ela estava na casa quando aconteceu. Sem lembranças de ter ouvido os disparos."

"Merda," disse Ellington, olhando para Mackenzie. "Como o seu pai."

"Sim, mas sem conexão alguma conhecida," disse Mackenzie.

"Eu também nunca encontrei alguma."

"Então como os andarilhos batem com os assassinatos do meu pai e de Jimmy Scotts?" perguntou Mackenzie.

"Os tiros à queima roupa no topo da cabeça. Mesmo tipo de arma usada todas as vezes. E aqueles cartões de visita... havia um em cada um dos corpos."

"De quantos estamos falando?" perguntou Mackenzie.

"Três, até agora. Dois sem teto confirmados durante a época da morte. O outro não era sem teto, mas extremamente pobre. Ele estava acabando de recompor a vida de volta."

"Alguma conexão entre os três?"

"Nada sólido. Dois deles iam a mesma cozinha de sopa. Um deles trabalhou com o irmão de outro no passado para roubar uma mulher a mão armada pelas sessenta pratas que ela tinha no porta moedas. Mas nada mais."

"Você se importaria de me enviar todos seus arquivos do caso?"

Peterson riu. "Eu posso. Mas não tem muita coisa neles. Eu não tomos muitas notas, na verdade."

"Desculpe-me por perguntar," ela disse, "mas o que aconteceu? Você parece uma pessoa diferente de quando você e eu nos encontramos da última vez."

"Eu acho que eu era. Mas essa merda de caso... me afetou. Eu fiquei obcecado. E não ajudou que o terceiro desses andarilhos mortos era uma criança de doze anos."

"Oh, Deus," disse Mackenzie.

"Então, perdoe-me se eu não sou todo arco-íris e nascer do sol."

"Calma," disse Ellington severamente.

Os dois homens se encararam através da mesa, mensurando um ao outro. Peterson foi o primeiro a desviar o olhar-não por intimidação, mas porque ele parecia entediado.

"Sim, eu posso enviá-la o que eu tenho," disse Peterson. "Eles realmente estão planejando enviar agentes de DC para cá enquanto os caras de Omaha estão administrando o caso?"

"Não faço ideia," disse Mackenzie. "Mas você sabe que esse caso é muito próximo a mim. Qualquer ajuda seria apreciada."

"Claro," disse Peterson. "Agora, eu não tenho comido há quase um dia. Então, eu pretendo devorar panquecas de nozes e crepes. Fiquem a vontade para se juntarem a mim."

Mackenzie quase aceitou. O fato de vê-lo a ter lembrado, por alguma estranha razão, de Stephanie ainda estava incomodando-a. E alguma coisa nele parecia gritar por algum tipo de interação humana. Ainda, ao mesmo tempo, estava bem claro que ele não era mais um fã de interação humana.

"Obrigada, mas eu tenho que entrar em um avião assim que possível," ela respondeu. "Mas obrigada novamente por se encontrar comigo."

"Claro. Eu vou enviar o que eu tenho por e-mail assim que eu voltar para casa."

Mackenzie assentiu enquanto ela e Ellington se levantaram da mesa. Eles foram de volta para o estacionamento, Mackenzie calada e refletiva.

"Eu lhe disse," disse Ellington. "Alguma coisa o afetou muito."

"Você estava certo," ela disse.

Uma criança de doze anos, ela pensou. As mesmas pessoas que mataram meu pai são do tipo de pessoas que não tem problemas em matar crianças.

Isso, certamente, dá uma nova perspectiva a esse caso.

E enquanto algo se agitava dentro do seu coração, Mackenzie também percebeu que isso também dava a ela uma motivação completamente nova para descobrir que diabos está acontecendo.

Mas primeiro... havia uma bagunça em DC esperando por ela, a qual ela precisava arrumar.


CAPÍTULO VINTE E UM

 

Eles pegaram o voo tardio de volta para DC. O avião continha um pequeno grupo de pessoas; menos de trinta passageiros preenchiam os assentos e a cabine estava pacificamente calma. Mackenzie se permitiu cochilar um pouco e quando acordo, seu relógio marcava 4:36 da manhã. Ela pensou que pudesse ter tido outro pesadelo, mas se tinha, mal se lembrava dele.

Boa libertação, ela pensou enquanto se erguia cautelosamente em seu assento. Ela não sabia ao certo onde estavam, quais cidades se escondiam abaixo deles na escuridão e, na verdade, não se importava. No ar, sobre o país e todos seus problemas, ela quase se sentiu livre.

Era a maior serenidade que ela havia sentido desde que descobriu o cartão de visitas afixado na camiseta ensanguentada de Hambry. É claro, ela não conseguia parar de pensar sobre os andarilhos assassinados também. Especialmente a criança. Ele imaginou se Peterson já havia enviado os e-mails.

Pela segunda vez desde que o encontrou na Waffle House, Mackenzie se perguntou como alguma coisa poderia afetar alguém tão drasticamente. Quando ela encontrou Peterson pela primeira vez, ele era surpreendente bonito, de bom humor e motivado. Mas a obsessão com o caso e, aparentemente, os assassinatos daqueles andarilhos o haviam empurrado para outro lugar-algum lugar escuro. Ela não havia ouvido falar sobre isso antes. Uma vez ela leu o perfil de um policial aposentado que acabou atirando em um garoto de dez anos no meio de uma troca de tiros em uma rua movimentada. O policial não havia simplesmente aposentado; ele entrou em luta contra depressão severa, deixando a família e eventualmente se matando em um quarto de motel, colocando uma arma sinistramente semelhante a dela em sua boca.

Mackenzie expulsou o pensamento e tentou se reorientar. Ellington estava lendo um livro de bolsa que alguém de um voo anterior deixou para trás. Ele nunca dormia voando-apenas mais uma das centenas de pequenos petiscos que ela havia aprendido sobre ele em seu tempo juntos. Ela amava conhecê-lo e, mesmo agora, sabendo que ela teria um dia exaustivo esperando por ela quando eles aterrissassem, ela ansiava por cada dia com ele.

"Bem, bom dia, linda," ele disse com um sorriso.

"Onde estamos?" ela perguntou, ainda um pouco grogue.

"Pela última que ouvimos do capitão, nós devemos aterrissar em cerca de meia hora. Como você está? Sua soneca ajudou?"

"Eu não sei ainda."

Ele assentiu e colocou o livro de bolso em seu colo, um surrado e antigo livro de Vince Flynn.

"Olha," ele disse. "Eu acho melhor eu ir em frente e dizer isso enquanto você ainda está meio sonolenta, então você não consegue ficar muito brava. Mas depois de vê-la tão abalada na noite passada, eu gostaria de ir junto com você quando você ajeitar as coisas e ir atrás desse assassino da Barker Antiguidades.

"Mas eu não acho que isso é-"

"Oh, desculpa," ele disse, segurando a mão dela. "Você está enganada. Não foi uma pergunta. Eu só estou lhe informando, para que nós possamos poupar a discussão depois. Você não tem voz. Eu sei que você acha que você é cabulosa e tudo, mas essa é uma vez que eu não vou arredar o pé."

Seu tom e sorriso a fizeram perceber que tudo estava vindo de um lugar de amor. Mesmo o comentário de eu sei que você acha que é cabulosa.

"Mas isso não é-"

"Essa coisa... essa coisa entre você e eu," ele disse. "Vai além do quarto. Vai além desse sentimento que eu vou em frente e admitir que se parece muito com amor. Estou nisso com você. Eu vou com você."

"Você acha que McGrath chegaria a permitir?" ela perguntou.

Ela tinha que admitir... ela gostava da ideia de Ellington estar ao lado dela quando ela finalmente fosse capaz de colocar toda sua atenção no caso da Barker Antiguidades. Depois de conversar com Peterson, ela percebeu o quando fundo isso foi. Simplesmente fazia sentido ir com um parceiro que ela confiava e sabia que poderia contar.

"Se ele não deixar, nós podemos sempre ameaçar sair," disse Ellington.

"Ah, seu fala manda."

Ela se inclinou e o beijou. Era incrível como natural isso era, quão normal.

"Então, como você acha que Hambry está conectado?" ele perguntou. "Alguma teoria?"

"Algumas. Sempre houve rumores infundados sobre meu pai estava envolvido nas mesmas coisas suspeitas. Eu me perguntei secretamente se uma das razões que Jimmy Scotts foi morto alguns meses atrás era porque o homem que o matou meu pai talvez fosse parte de alguma coisa de gerações. Tipo, talvez uma árvore genealógica distorcida demais. Talvez ele está criando sua próxima geração para continuar seja qual for o tipo de trabalho perturbado que ele estava trabalhando. Explicaria o espaço de tempo entre a morte do meu pai e o assassinato de Jimmy Scotts, eu acho. E, então, tem os andarilhos..."

"O que tem eles?" perguntou Ellington.

"Bem, eu não conheço muito sobre os casos, mas andarilhos sendo mortos em um estilo quase de execução sugeriria algum tipo de atividade de uma gangue esquisita que provavelmente estaria relacionada com drogas. Ou talvez alguém esteja apenas tentando enviar uma mensagem."

"Mas qual mensagem? E para quem?"

"Não sei. Talvez sejam ambas as coisas. Talvez se meu pai estivesse envolvido em algo que ele não quisesse que a família soubesse a respeito, fosse relacionado às drogas. Ou mesmo até relacionado a armamento. Houve casos antigos de caminhões de entrega sendo pegos na fronteira, estocados com heroína, armamento e muito mais."

Ellington considerou isso e assentiu sua aprovação. "Sim, é uma teoria, eu acho."

"E teorias não são fortes o suficiente," ela disse. "E é o porquê de eu estar trocando a marcha agora. Quando aterrissarmos, eu estarei cem por cento nesse caso do padre. Tenho que ser. Eu tenho que ter algum tipo de progresso em alguma coisa ou vou perder a cabeça."

Eles se deram as mãos e aproveitaram o murmurinho silencioso do avião enquanto se aproximavam de DC. Ela estava bem certa de que cochilou uma vez mais durante a aproximação, embrulhada pela segurança de tê-lo ao lado dela. Um momento, ele estava olhando para a suas mãos entrelaçadas e no outro eles foi acordada em um sacolejo do trem de pouso fazendo contato com a pista.

"Todas esses pequenos cochilos," Ellington sussurrou no ouvido dela, "e você obrigada a ter um bafo de dragão."

"Eu não tomo banho em quase dois dias e estive viajando demais durante esse tempo," ela disse. "Como meu hálito cheira é a última das minhas preocupações."

Enquanto eles desafivelavam e esperavam por permissão para sair do avião, Mackenzie verificou o telefone. Da mesma maneira de quando ela aterrissou no Nebraska, as notificações continuarem surgindo, já que o sinal voltou agora que eles estavam no solo.

Ela percorreu as mensagens primeiro e a primeira era suficiente.

"Merda," ela disse.

"O que é?" perguntou Ellington. Mas o tom da voz dele indicava que ele já sabia.

"Outro corpo," ela disse. "Outro padre."


CAPÍTULO VINTE E DOIS

 

Depois de um instante, o sentimento de exaustão havia se tornado apenas uma pequena irritação para Mackenzie. Agora ela sentia uma falta de sono da mesma forma que algumas pessoas lidam com uma dor de cabeça incômoda que vinha e voltava de tempos em tempos. Quando ela e Ellington pararam no estacionamento de trás da Catedral de São Pedro, eram 6:20 da manhã e Mackenzie havia aproveitado seis horas de sono no total nas últimas trinta e seis horas. Ela já sofreu pior, mas a diferença de fuso horário deixou isso ainda pior que o normal.

A cena esperando por eles atrás da igreja era surreal. A primeira coisa que ela reparou foi um grande toldo preto que se estendia de parede a parede da igreja, esticando-se um metro para o estacionamento. Estava a cerca de quatro metros de altura, drapejando para fora como alguma estranha decoração demoníaca de Halloween. Alguns poucos policiais estavam fora do toldo, misturados com alguns outros agentes do FBI.

Cavaletes e cones de trânsito foram colocados para bloquear a entrada no estacionamento de trás; Mackenzie e Ellington foram conduzidos pela rua de acesso por um policial, já que todas as ruas levando ao estacionamento dos fundos da igreja também haviam sido bloqueadas.

Eles andaram diretamente para o toldo, onde Yardley e Harrison estavam conversando animadamente com um oficial de polícia. Harrison os viu primeiro, acotovelou Yardley e apontou em direção a eles. Depois de pedir licença para o policial, Yardley, com Harrison em seus calcanhares, encontrou com eles em frente ao toldo.

"O que pega com a lona de circo?" perguntou Ellington.

"Esse é ruim," disse Yardley. Sua voz era grave e um pouco desanimada. "Nós temos uma equipe vindo para remover."

"Remover?" perguntou Mackenzie.

"Apenas dê uma olhada por conta própria," disse Yardley. Ela se afastou para o lado para dar-lhes claro acesso para o toldo.

A entrada era apenas dois lados do toldo caindo e se sobrepondo. Ellington foi na mosca na sua descrição. Parecia exatamente com uma lona de circo, só que uma que foi erguida por um mórbido e particularmente demente anunciador de trupe. Em uma inspeção mais próxima, Mackenzie viu que o toldo foi construído por postes de aço que foram parafusados na parede dos fundos da igreja. Foi um trabalho às pressas, indicando que o que esperava por eles debaixo do toldo era ruim o suficiente para o FBI querer escondê-lo do público a todo custo.

Eles entraram debaixo do toldo e era como uma estranha câmara subterrânea. Mas essa era iluminada por dois pequenos holofotes que foram colocados no chão. Eles foram postos em direção a igreja, iluminando a cena grotesca que repousava contra a parede.

Uma grande cruz foi levantada contra a parede de trás. Um padre fora pregado à ela da mesma maneira que os outros três foram exibidos. Esse padre foi ajeitado para parecer exatamente com a figura de Jesus Cristo, inclusive a coroa de espinhos e a pequena faixa branca cobrindo suas partes privadas que era vista em todas as representações da crucificação.

E ao pé da cruz, havia uma camisa, um par de calças, uma carteira, um rolo meio consumido da Lifesavers e trinta e seis centavos em moedas.

Silenciosamente, Yardley e Harrison entraram no toldo. Yardley apareceu ao lado de Mackenzie e falou em voz baixa.

"Padre Wade Coyle," ela disse. "Cinquenta e um anos de idade. Nós conversamos com outros na igreja. Ele teria estado aqui sozinho entre as cinco e oito horas, assumindo o confessionário lá dentro."

Mackenzie assentiu, ainda absorvendo tudo. O topo da cruz quase tocava o topo da tenda. As toras de madeira eram massivas e os pés de Coyle estavam facilmente a um metro do chão. Para alguém ter feito isso sozinho... era quase impossível. Teria que ser determinado e forte-e teria que ter um plano bem esmiuçado para seguir.

Ela abordou a cruz e olhou acima para Coyle. O corte no lado direito era muito mais evidente desta vez. Na verdade, parecia que havia sido cortado de maneira grosseira intencionalmente. Ela olhou para as mão, então para os pés; as mão foram pregadas e os pés amarrados, como todos os outros.

São quatro agora, ela pensou. Deve se mais fácil decifrar o que é importante e o que não é.

Ela percorreu a lista mental enquanto observava o corpo. Deu o seu melhor para observar cada centímetro-uma missão quase impossível, já que seus pés estavam a quase um metro do chão.

Os tipo de pregos usados estão nos levando a lugar nenhum, ela pensou. Perícia surgiu sem nada com isso. O mesmo para o arame usado ao redor dos pés. São todos muito comuns para descobrir quem pode ter comprado um pouco em um certo tempo. Então, isso basicamente estava riscado em termos de encontrar um rastro.

Vai acabar indo para o planejamento. Para colocar essa cruz junta e pregar alguém nela sem que ninguém veja... o assassino precisava ter planejado. Ele tinha que conhecer a igreja e a área. Mas para conhecer todas as igrejas que estão envolvidas, ele realmente está apurando tudo.

Então, vai terminar em como o assassino conhece as vítimas e as igrejas. Isso vai acabar em relacionamentos e conexões. A habilidade dele em planejar e executar esses assassinatos sem ninguém vê-lo ou sem deixar qualquer evidência-ele é muito cuidadoso. Nós poderíamos esperá-lo cometer um deslize... mas então, quantos mais seriam mortos?

Ela mal estava atenta de Harrison chegando por trás dela lentamente. Ele olhou para baixo ao pé da cruz, para os itens espalhados lá.

"Você compreende o significados das coisas espalhadas ao pé da cruz?" perguntou Harrison.

"Sim," disse Mackenzie, com algumas das histórias que ela ouvira na escola dominical vieram a ela. "Quando Cristo foi crucificado, os soldados e espectadores colocaram sacos aos seus pés para os seus pertences."

"Então nós devemos pensar que esse cara via Coyle como Cristo?" perguntou Ellington.

"Eu acho que nós temos que considerar isso," respondeu Mackenzie.

Mais alguém entrou na tenda, entrando com um pouco menos de silêncio que Yardley e Harrison. Mackenzie se virou e viu McGrath vindo com os pés pesados. Ele não parecia nervoso ou irritado, mas muito preocupado.

"Bem," ele disse, "vamos considerar isso o mais rápido que pudermos. Há uma grande tempestade de merda fermentando nisso. Estou recebendo ligações essa manhã que estão me deixando inquieto. Gostando disso ou não, esse caso vai chegar às manchetes nacionais. Também tem o potencial para ser um daqueles casos que vai tirar fanáticos religiosos da toca. E uma vez que eles saem, os raivosos e amargos ateus vão sair também. Vai ficar ruim antes de ficar melhor, eu posso lhes falar isso."

"Que tipo de ligações?" perguntou Mackenzie.

"Do vice-presidente, para citar uma," ele disse. "Ele estava aqui logo ontem para adoração. Ontem. E ele esta me moendo pelo FBI não ter pegado esse cara ainda. Ele também me informou que há várias pessoas na Colina que estão preocupadas com esse caso."

"Então, em outras palavras," disse Mackenzie, "se nós não terminarmos isso logo, nós também teremos um fiasco de impressa e de políticos para lidar enquanto trabalhamos?"

"Isso resume em termos gerais," disse McGrath. "Mas escutem... eu vim até aqui pessoalmente para falar com os agentes White e Ellington. Yardley e Harrison, vocês poderiam, por favor, esperar por mim lá fora. Eu esclareço vocês o melhor que eu puder em um momento."

Harrison começou a andar para a saída imediatamente, obediente como sempre. Yardley foi um pouco mais lenta para se deslocar, porém. Mackenzie entendia a reação dela; ele se sentia que estava atuando como segundo violino, o que nunca era uma boa sensação. Ele lançou um último olhar de volta para a cena antes de sair para o estacionamento.

McGrath se aproximou de Mackenzie e Ellington. Ela não achava que o homem alguma vez havia ficado tão próximo dela antes. Era um pouco intimidador.

"Olha. Eu tenho algumas informações que não são secretas, por si, mas fariam algumas bombas explodirem na Casa Branca e no Congresso. E eu acho que pode ser informação que construa uma pista. Eu acabo de receber a informação há uma hora. Em adição à ligação do vice-presidente, eu também tive ligações de dois deputados e um senador. Por essas chamadas, eu aprendi alguma coisa sobre o Padre Coyle aqui que não é exatamente de conhecimento público."

"Sem mais escândalos de abuso e assédio sexual, eu espero," disse Mackenzie.

"Não, não dessa vez," disse McGrath. "Eu ouvi a mesma história de duas fontes diferentes agora e eu confio em ambas. Aparentemente, Wade Coyle teve uma rixa sério com um homem que quase entrou no quadro da São Pedro como diácono. O cara foi rejeitado no último minuto-literalmente duas semanas antes que lhe fosse concedido o título de diácono aqui. E as notícias vieram diretamente de Coyle. Houve alguma disputas nas mídias sociais entre os dois, as quais Coyle sabiamente parou de engajar. Mas então, houve um altercação fora da casa de Coyle há um pouco menos de três semanas atrás. Pelo que eu entendo, a altercação ocorreu cerca de duas semanas depois da rejeição. Pelo menos doze pessoas na vizinhança viram."

"Qual a conexão com as pessoas que ligaram para você?" perguntou Ellington.

McGrath balançou a cabeça. "Não posso entrar nesses detalhes. O máximo que lhe direi é que há certos escândalos que a Igreja Católica tem trabalhado duro para abafar. E alguma vezes, eles precisam de alguma ajuda com isso."

"Então nós temos um nome para esse diácono rejeitado?" perguntou Mackenzie.

"Sim," disse McGrath. "E eu quero que vocês dois-e apenas vocês dois-sejam o mais discreto possível com isso. Façam o que for preciso assim que saírem daqui. Eu quero apenas vocês dois conversando com esse homem e, então, pelo que me diz respeito, estou tirando a coleira. Façam o que puderem para terminar esse caso antes que se torne um pesadelo ainda pior."

"Quanto tempo você acha que nós temos?"

McGrath deu de ombros. "Eu diria que dois dias. Talvez três, mas seria empurrar demais. Vocês sabem como as notícias viajam por aqui-especialmente as más notícias." Ele suspirou e sussurrou a próxima parte. "O diácono rejeitado é um homem que atende pelo nome de Colton McDaniel. Eu vou enviar o endereço dele em alguns minutos. E sério... depois da mensagem, fiquem na calada. Atualizem-me quando necessário, mas vocês dois se tornem sombras. Entendido?"

"Sim, senhor," disse Mackenzie.

"Como foram as coisas no Nebraska?" perguntou McGrath.

"Frustrantes," disse Ellington.

"Há muito mais perguntas que todo o mais," disse Mackenzie.

McGrath fez um 'deixa disso' e deu de ombros. "Eu vou pedir um relatório do escritório de Omaha. Por agora, vocês dois vão indo. Estou contando com vocês. Não me decepcionem, OK?"

E com isso, McGrath girou nos calcanhares para sair.

"Sem pressão, certo?" disse Ellington, buscando a mão dela para dar uma apertada.

"Certo. Sem pressão."

Eles caminharam para fora de debaixo do toldo. Ao andarem de volta para a manhã, o sol apenas começando a lançar luz no estacionamento, uma caminhonete estava sendo permitida na cena. A pequena grua na traseira dela mostrava a intenção-era a equipe que estaria removendo Coyle e sua cruz.

Enquanto ela e Ellington marchavam rapidamente de volta para o carro, Mackenzie tomou vista de Yardley e Harrison. Yardley estava os observando ir, fazendo o que podia para não parecer com ciúmes. Elas trocaram um pequeno aceno de reconhecimento quando Mackenzie entrou no banco do carona.

"Ellington," ela disse. "Eu sei que estamos com pressa, mas eu realmente preciso de um banho. E café. Podemos fazer isso na próxima hora?"

"Sim," ele disse. "Você realmente meio que está fedendo."

E mesmo esse pequeno jab falhou em levantar seu ânimo. Ela estava muito ocupada se focando no comentário que McGrath fez a eles.

Estou contando com vocês. Não me decepcionem...

Ele nunca expressou tamanho desespero antes e agora que ele havia mostrado essa fresta de vulnerabilidade, Mackenzie não podia deixar de sentir que ela iria fazer exatamente isso.


CAPÍTULO VINTE E TRÊS

 

Eles pararam no apartamento deles e foram muito profissionais sobre isso. Enquanto Mackenzie tomava um banho e se permitia um único minuto para se molhar e relaxar, Ellington passou café. Mackenzie se enxugou com a toalha, se vestiu e encontrou um copo de café pronto e esperando por ela.

"Deus de abençoe," ela disse.

"Com certeza. Então... eu estive no Twitter procurando por essa troca entre Coyle e McDaniel. É interessante, para dizer o mínimo."

"Alguma coisa que apontaria para um motivo?"

"Não. Apenas a rejeição por si mesma. Mas eu estou vendo indícios da parte do Coyle sobre o que isso tudo se trata. Alguma coisa sobre um passado que facilmente iria dissuadir suas responsabilidades como diácono. É claro, é tudo velado. Ele estava tentando ser profissional, sem chamar McDaniel explicitamente pelo nome."

"Bem, talvez McDaniel vá se abrir sobre o seu passado se ele souber que Coyle foi morto."

"Como você sabe que McDaniel não é o assassino?"

"Ah, eu não sei. Ele pode muito bem ser. Mas eu não vou pular diretamente nessa suposição baseada apenas em um barraco no Twitter."

"Justo," ele disse olhando no relógio. "Se sairmos agora, nós provavelmente podemos chegar à casa dele antes que a hora do rush da manhã comece... quase certamente antes que ele saia para o trabalho."

Ela assentiu e pegou seu café, já se dirigindo para a porta. "O que ele faz afinal? Nós sabemos?"

"Ele é proprietário de uma pequena empresa de paisagismo. Ele só faz isso em meio horário, pelo o que eu posso dizer. Ele está escrevendo um livro paralelamente."

"Sobre o quê?" ela perguntou.

"Misticismo da Nova Era e seus efeitos nas religiões ocidentais."

"Talvez esse seja um vislumbre daquele passado obscuro que Coyle estava insinuando," sugeriu Mackenzie. Quando as palavras saíram da boca dela, alguma coisa sobre elas parecia correta.

Talvez seja isso, ela pensou. Talvez foi apenas ser revigorada pelo banho, mas a mente dele estava mais clara, sua esperança em progredir no caso mais acesa. Talvez essa seja a pista que nós estávamos procurando.

Com café nas mãos e uma motivação restaurada a empurrando para frente, ela saiu pela porta atrás de Ellington para uma manhã que ela esperava que finalmente rendesse alguns resultados.

 

***

 

Eles fizeram um tempo muito bom, mas quase não pegaram Colton McDaniel antes que ele saíssem para o trabalho. Ele morava em uma respeitável subdivisão a vinte minutos do Capitólio. Era uma casa pitoresca com um jardim bem cuidado, o resultado de sua profissão. Quando Ellington estacionou o carro em frente à casa dele, McDaniel estava carregando uma roçadeira na traseira da pequena caminhonete com um adesivo na lateral no qual se lia McDaniel Paisagismo.

Colton McDaniel aparentava ter quarenta e cinco anos de idade ou próximo. Ele estava levemente acima do peso e tinha bochechas gordinhas que, uma década atrás ou mais cedo, devem tê-lo feito parecer mais novo do que realmente era. Agora, porém, elas pareciam indicar mais peso vindo a medida que a idade chegava.

No momento que McDaniel os viu sair do carro, ele soltou um palavrão. Então ele bateu a porta da traseira da caminhonete e virou os olhos.

"FBI?" ele disse.

"Sim," disse Ellington. "Agentes Ellington e White. Você parece aborrecido, senhor. E não muito surpreso em nos ver."

McDaniel deu de ombros. "Eu recebi uma chamada há cerca de vinte minutos. Eu sei sobre Wade. Então mais ou menos cinco minutos atrás, eu recebi outra ligação. De um programa de notícias, perguntando se eu tinha algo a dizer."

Cara, eles estão andando depressa, pensou Mackenzie.

"E você sabe dos três outros líderes religiosos que estiveram nas notícias pela última semana e meia ou por aí?"

"Tenho. Ninguém vai sair e admiti-lo, mas há uma onde de absoluto medo correndo pela comunidade religiosa dessa cidade nesse momento. Então sim... eu sei."

"Eu suponho que não precisa ser dito que nós gostaríamos de fazer algumas perguntas para você," disse Mackenzie.

"Eu imaginei que sim. Embora eu não saiba como eu possa ajudá-los. A não ser que vocês estejam aqui para ver se a nossa pequena altercação em frente a casa dele tenha me deixado tão irado que eu decidi matá-lo. Se esse é o porquê de estarem aqui, eu posso ajudá-los. Eu não o fiz."

"Conte-nos sobre aquela altercação em frente a casa dele," disse Mackenzie.

"Foi estúpido da minha parte. Mas... eu trabalhei duro para chegar onde eu estava. Eu devotei meu tempo e coração a Deus. Eu estava animado. Eu senti que finalmente estava atingindo o propósito da minha vida-trabalhar em direção aos erros que eu cometi no passado. E, então, Coyle e quem mais toma as decisões para a São Pedro ficou amedrontado e fechou a porta na minha cara. É mais que rejeição. Permeia desmoralização. Então eu fui até a casa dele para demonstrar meus sentimentos. Acabamos no jardim da frente, porque ele não me convidou para entrar. E as coisas esquentaram."

"O que você fez no seu passado que era tão ruim que você decidiu devotar sua vida para a igreja?" perguntou Mackenzie.

"Eu era grande em ensinamentos da Nova Era," ele disse. "Por um tempo, eu até passei pela Wicca. Eu era um jovem homem perdido, procurando por respostas em qualquer lugar além do catolicismo ao qual meus pais me acorrentaram pela minha infância.

"E isso incomodou Coyle?"

"Não. Não de cara. Eu vinha trabalhando em um livro sobre isso. Sobre como o influxo das baboseiras da Nova Era é mais danoso para o cristianismo do que nós achamos. Eu venho vasculhando o campo e finalmente consegui um agente. O agente me conseguiu um acordo para um livro bem rápido e eu acho que isso foi o que assustou Wade. Pensar que um homem dentro da sua igreja seria associado com um livro cheio de tópicos controversos, mesmo que fosse tudo para promover a glória de Deus. Isso o assustou e eles me cortaram."

"Você tem intenção de buscar uma posição como diácono em outro lugar?" perguntou Mackenzie. Ela se sentiu um pouco tola, não sabendo exatamente como o processo funcionava.

"Não sei," disse McDaniel. "Se eu já tive repórteres me ligando a respeito da morte dele, eu não vejo meu nome sendo mantido em um bom ângulo mais. Isso tem o potencial para me arruinar."

Ele está muito preocupado com a ligação dos repórteres, ela pensou. Ele está mais preocupado com os repórteres e com a imprensa do que com o fato que o FBI tenha surgido na casa dele.

Ela estava bem certa que as coisas iriam ser verificadas, mas ela perguntou de qualquer forma: "Sr. McDaniel, onde você estava na noite passada?"

"Até mais ou menos meia noite, eu estava na garagem arrumando essa roçadeira," ele disse, apontando um polegar para a traseira da caminhonete. "Depois disso eu fui para cama. Meu filho pode atestá-los disso, porque ele estava sendo gatuno tentando jogar o Xbox depois da meia noite. Eu gritei um pouco com ele por isso."

"E ele está lá dentro?"

"Não. Ele pegou o ônibus para a escola uns dez minutos antes de vocês chegarem aqui."

Não que isso importe, pensou Mackenzie. Ele não é o cara.

"Obrigada pelo seu t-" ela começou, mas foi interrompida pelo toque do seu celular.

Ela viu o nome e número de Harrison aparecerem, então pediu licença se virando e dando um passo em direção ao carro.

"Ei, Harrison, o que foi?"

"Seja lá onde você e Ellington estiverem, deem a volta e venham para a delegacia de polícia do Terceiro Distrito."

"Por quê? O que aconteceu?"

"Alguns nesse caso poderiam dizer um milagre," brincou Harrison. "Temos o cara. Temos o assassino."


CAPÍTULO VINTE E QUATRO

 

Havia dois policiais esperando por eles quando eles chegaram e Mackenzie podia dizer de cara que eles estavam tão confusos quanto ela. Contundo, eles pareceram levemente aliviados quando ela e Ellington saíram do carro.

"Que diabos está acontecendo?" perguntou Mackenzie ao policial que estava flanqueando-os pela esquerda.

"Um cara chegou essa manhã e confessou tudo."

"Há alguma evidência contra ele?"

"Ele sabe mais do que deveria sobre as cenas do crime," disse o policial. "Honestamente, eu não sei muita coisa. Há apenas alguns policiais e um detetive nisso. Dois dos seus agentes apareceram vinte minutos atrás mais ou menos."

Os policiais os escoltaram até a sede do Terceiro Distrito e então se moveram rapidamente. Eles caminharam por uma pequena área de escritório e então por um corredor. No fim do corredor, várias pessoas estavam reunidas. Duas delas estavam em denunciantes ternos do FBI: Harrison e Yardley.

Os dois policiais que os acompanharam deram a ambos um breve aceno e então se apressaram de volta pelo corredor em direção à área de escritório. Eles estavam aparentemente muito ansiosos para ficar o mais longe possível dessa cena o quanto antes. Mackenzie e Ellington procederam em direção ao pequeno grupo de pessoas no fim do corredor. Além deles, havia uma virada para esquerda.

As salas de interrogatório, assumiu Mackenzie.

"O que sabemos sobre ele?" Mackenzie perguntou a Yardley ao se juntarem aos outros dois agentes.

"Ainda estamos acompanhando. Estamos recebendo atualizações tão rapidamente quanto o FBI pode enviá-las. Os policiais aqui estão fazendo o melhor que podem para ajudar com os registros públicos. Mas por agora, sabemos isso: às sete e quarenta e cinco desta manhã, Joseph Simmons entrou pelas portas da frente aqui e começou a gritar que precisava ser punido. Ela não podia mais aguentar. Alguém tentou chegar e acalmá-lo-uma mulher que acabara de pegar serviço-e ele deu-lhe um soco na mandíbula. Ele tem estado em custódia há cerca de uma hora agora e ele parece conhecer terrivelmente bem os casos dos padres. E eu odeio dizer, mas ele só... eu não sei. Ele parece doido."

"Você conversou pessoalmente com ele?" perguntou Mackenzie.

"Por cerca de três minutos. Mas então meu telefone começou a explodir com informações do FBI sobre ele, então eu me retirei. Por falar nisso, tudo que eu recebi, eu encaminhei para o seu e-mail."

Obrigada," disse Mackenzie. Ela deu um pequeno passo para longe do grupo reunido e seus murmúrios de conversa. Puxou o e-mail e viu os dois e-mails que ela vieram de Yardley na última meia hora e os leu. Pouco a pouco, parecia que as coisas estavam começando a cair no lugar. A maneira que eles pegaram o assassino pode ter sido anticlimática, mas pelo menos pareciam tê-lo agora...de uma maneira ou de outra.

Ela leu os PDFs que o FBI havia enviado e rapidamente teve uma clara imagem de Joseph Simmons. Um fugido assumido aos quinze anos, ele viveu nas ruas de Richmond, Virgínia, até a idade de vinte e um. Fazendo alguns serviços manuais em fazendas e construções por alguns anos, ele conseguiu juntar dinheiro o suficiente para se sustentar, eventualmente aterrissando em um emprego fixo na Target em Richmond. Aos vinte e oito, ele se mudou para DC, onde se tornou um trainee em segurança de sistemas e, então, gerente assistente em um depósito de embalagens. Era uma ótima história de dar a volta por cima na vida... se não fosse o fato que Simmons pareceu sair um pouco dos trilhos três anos atrás.

Ele foi preso há três anos fora de um bar por bater em uma mulher. Então ele acertou o namorado dela com um tijolo, quase o hospitalizando. Ele cumpriu um breve período pela investida e quando foi solto, foi preso por uma sequência de assaltos relâmpago na área de DC. Ele foi eventualmente liberado quando o suspeito de verdade foi encontrado. Mas nos dois anos que se passaram desde então, Simmons veio à frente para confessar dois outros crimes. Um foi por roubar um carro e agredir uma prostituta depois que os serviços dela haviam sido prestados.

Pelo o que ele foi culpado.

Mas quando ele se pronunciou para confessar o assassinato de um jurado durante um drama de corte de grande importância no ano passado, ele era claramente inocente. Ele foi liberado e enviado para um psiquiatra.

E agora, aqui ele está novamente. Foi estranho e não fazia sentido. Em outras palavras, parece encaixar perfeitamente nesse caso.

"O que você acha?" perguntou Harrison.

"Eu acho que pelo menos vale o tiro. O seu hábito incansável de confessar crimes é um comportamento em busca de atenção-especialmente um muito sério que ele não cometeu. Se ele está assim tão desesperado por atenção, não há como dizer do que ele é capaz."

Além dela, Ellington, Yardley e Harrison, haviam dois policiais e um detetive comum no corredor, todos discutindo o que havia acontecido esta manhã. Um dos policiais estava rindo de leve, mas o detetive parecia sério.

"Quem está no comendo aqui?" ela perguntou.

"Vocês," o policial que não esteve rindo disse. "Um grande alívio, pelo que me toca. Só nos digam se precisarem de alguma coisa."

Mackenzie assentiu e se dirigiu para o fim da ramificação do corredor à esquerda. Havia três salas ao longo desse corredor, a última das quais era uma sala de interrogatório; a que ficava ao lado desta era a sala de observação, de onde ela assumiu que os policiais, o detetive e seus colegas agentes iriam observá-la.

Ela entrou na sala de interrogatório e encontrou Joseph Simmons encarando-a. A postura dele se congelou por um momento. Por uma fração de segundo, ela viu Gabriel Hambry sentado ali com um buraco em sua cabeça e um cartão de visitas afixado em sua camisa.

Ela expulsou o pensamento, pegando o olhar de Simmons. Ele não parecia nervoso ou fora de si. Ele parecia quase expectante, como uma criança que ficou sentada para o bolo de aniversário, sabendo que o momento de soprar as velas estava se aproximando rapidamente.

Ele quer atenção, ela pensou. E se ele for o assassino, provavelmente vai se fechar em sua concha e ficar difícil se ele não conseguir. Preciso agir como se eu estivesse impressionada-e talvez até mesmo derrotada por ele ter vindo a nós ao invés de termos o capturado.

"Então, me diga," ela disse, fingindo vergonha. "Por que agora?" Por que você está vindo até nós agora?"

"Porque meu trabalho está terminado," disse Simmons.

"Quatro vítimas," ela disse, certificando-se de manter sua voz no volume e tom de derrota. "Por que quatro?"

"Não sei. Foi o que me foi dito."

"Dito por quem?"

Simmons inclinou a cabeça para um lado e para o outro e mordeu seu lábio inferior. Eventualmente, ele deu de ombros e respondeu: "Porque foi o que eles disseram. As vozes."

"E o que mais as vozes lhe dizem?" perguntou Mackenzie.

"Ah, eu não posso contar isso para você. Elas ficariam muito irritadas. Além disso, eu tive que me entregar. Vamos encarar isso... vocês nunca iriam me pegar."

"Ah, eventualmente iríamos," ela disse, fazendo seu melhor para perecer superfrustrada Ela sabia que ela não era muito uma atriz, mas também sabia que Simmons não repararia... conquanto ela alimentasse o ego dele..

"Certeza que sim," ele disse. Então, ele deixou sair uma risada áspera que soou quase tão ensaiada como a derrota de Mackenzie.

"Eu tenho que saber," disse Mackenzie, sentando do outro lado da pequena mesa. "Com Coyle, como você levantou aquela cruz? Deve ter pesado uma tonelada."

"Bem, as vigas vieram do porão da igreja. São suportes usados algumas vezes no ministério das crianças. Um deles tem até um parafuso no meio do caminho de quando foi usada para um projeto de construção temporária ou algo do tipo. Eu arrastei as tábuas para fora da entrada do porão. Eu levantei uma contra a parede de trás enquanto eu pregava as mãos de Coyle na outra. Colocá-lo para cima foi uma proeza, mas consegui terminar."

"Sozinho?"

"Sim," ele disse convencido como sempre.

"O que você tinha contra esses homens?" perguntou Mackenzie.

"A mesma coisa que todos no mundo têm contra eles. A fé cega deles. A ignorância e a vontade deles em extraviar outros em direção aos seus deuses invisíveis. O ódio por homossexuais. A ganância deles. Os pecados que eles tentar encobrir como um gato cobrindo merda na caixinha de areia."

"Mas quatro eram suficientes?" perguntou Mackenzie. Ela estava bem certa de que se tentasse dar a volta, Simmons ficaria frustrado e seria mais fácil de tropeçar. Além disso, se ele fosse o assassino, a conversa solta, ao invés de um foco no trabalho dele o irritaria. "Há uma relevância especial para o número quatro?"

"Não," ele disse. "Eu apenas senti que meu trabalho estava feito. Eu lhe disse. As vozes disseram quatro. Então eu parei em quatro."

Ela assentiu, mas pensou que havia exposto a primeira falha dele. Para as questões básicas nas quais ele poderia se regozijar, ele fora em detalhes. Mas quando ela o perguntou por que ele havia parado, sua resposta foi vaga. Básica até. Vozes-uma resposta cliché e coxa.

"Bem, você fez a coisa certa hoje, Sr. Simmons," ela disse. "É claro, estou certo que você conhece seus direitos, então eu realmente preciso recitá-los para você?"

Um lampejo de hesitação passou pelo rosto dele. Foi tão rápido que Mackenzie mal notou. "Sim, eu sei."

"Eu imaginei," ela disse. "Digo, a coisa com o carro roubado e a prostituta vários anos atrás. E teve aquela outra, certo? Aquele outro assassinato que você confessou..."

"Aquela vadia estúpida do júri, você diz?"

"Sim," disse Mackenzie. "Mas você conseguiu escorregar para fora disso, né?"

E então, aqui estava novamente... uma rachadura na sua fachada. Ela não tinha certeza do que isso significava ainda, mas sabia com certeza que ele estava escondendo algo.

"Não, eu não escorreguei," ele disse. "Os tiras idiotas responsabilizaram outra pessoa. Eles me deixaram ir. E olha o que isso fez. Quatro padres mortos."

"Então isso foi algum tipo de ponto que você queria provar? Um sistema penal incompetente deixou você livre, então você teve que mostrá-los o grande erro que eles cometeram?"

"Não. Não foi um ponto. Mas talvez esses quatro padres mortos vão-"

"Bem, não são todos padres," destacou Mackenzie.

Simmons se ajeitou desconfortada mente na cadeira quando Mackenzie sentou para frente. Alguma coisa não estava certa aqui. Ela podia quase ver isso na sala. Estava escrito na cara dele e persistindo em quase tudo que ele disse. Sim... alguma coisa não estava certa e ela pretendia virar a mesa.

Ela deu-lhe um momento para responder e quando ele não o fez, ela continuou com as artimanhas.

"Sim, Coyle era um padre. Também o Padre Costas. Mas Woodall e Tuttle não eram. Woodall era um pastor e Tuttle era um reverendo. Não padres. Há uma grande diferença. Você sabia disso?"

"Não importa," disse Simmons. "Eles estão mortos agora. As vozes mentirosas deles estão permanentemente caladas."

"É verdade," disse Mackenzie. "Só mais uma pergunta. Você colocou as coisas para fora aos pés da cruz de Coyle, mas não dos outros. Por quê?"

"Apenas para ter uma diversão extra. Foi o que eles fizeram com Jesus, sabe? Até colocaram sacos para as roupas dele."

"Sim, eu sei. Mas por que as coisas estranhas que você deixou aos pés da cruz de Coyle? Qual o significado? Sua carteira, suas roupas e as jujubas."

Novamente, um leve lampejo de dúvida se exibiu no rosto dele. Mas ele cobriu com um sorriso.

Ela não queria deixar o momento escapar, então ela continuou colada.

"Jujubas," ela disse, como se as palavras fossem causassem ojeriza. "É como se você estivesse caçoando dele. Elas estavam no bolso dele na verdade?"

"Sim," disse Simmons. "Diabo, eu até comi algumas depois de ter montado o desgraçado."

Então, ela quase divertidamente correu os dedos pela superfície da mesa e ficou de pé. "Alguém virá pegar sua declaração em instantes," ela disse.

"O que você-"

Mas Mackenzie já estava para fora da porta e em direção onde Yardley, Harrison e Ellington esperavam.

"Aquilo foi rápido," disse Ellington.

"Ele fez, não fez?" perguntou Harrison.

"Não sei ainda," ela disse. Embora, honestamente, ela estava inclinada para não, absolutamente não. "Harrison, você pode fazer algumas ligações? Ver se a São Pedro tem algum registro de Joseph Simmons estar entre a congregação deles."

Então, ela foi até o detetive responsável. Ele parecia incerto enquanto ela o media, mas conseguiu encontrá-la com um sorriso.

"Eu poderia ter você e a polícia verificando algo para mim?" ela perguntou.

"Claro."

"Eu preciso ter um teste feito nas mãos dele. Ele alega ter arrastado aquelas tábuas para fora do porão da São Pedro. Mas suas mãos não exibem sinal de trabalho recente. Aquelas tábuas eram enormes. Haveria sinal, certo?"

"Possivelmente," disse o detetive. "Mas se ele estivesse usando luvas-"

"Então, se passaram menos de quatro horas desde que ele as removeu. Não haveria algum traço de evidência de que ele tenha calçado luvas?"

"Possivelmente. Mas para testes como esse, pode levar um dia ou dois para ter os resultados."

"Tudo bem. Você pode consegue organizar para que ele seja feito?"

"Absolutamente," disse o detetive, pegando seu celular instantaneamente.

Ellington se afastou de todos os outros e acenou para ela. Ela se juntou a ele e fez seu melhor para não ser distraída pelo sorriso manhoso que ela deu para ele-um sorriso que, se eles estivessem sozinhos, teria sido recompensado por um beijo demorado.

"Você não acha que é ele, acha?"

"Não. Ele não conseguiu responder perguntas básicas sobre o motivo e os detalhes internos. E até o fiz tropeçar por alguns dos fatos e estrutura das cenas de propósito. Porém, ainda não sei exatamente quais detalhes ele sabe sobre as cenas dos crimes."

"Você quer que eu tire alguns desses detalhes dele?"

"Sim, seria uma grande ajuda."

"O que você vai fazer enquanto isso?" ele perguntou.

"Vou imprimir esses arquivos sobre suas confissões passadas. Ele está procurando atenção confessando aqueles crimes terríveis. E no caso da prostituta e de roube de carro, ele pode ter realmente cometido o crime. Mas assassinato... é uma coisa diferente. Eu vou ver se consigo achar uma prova cabal."

"Uma prova cabal... para provar a inocência dele?"

Ela sorriu para ele enquanto se virava para encontrar um escritório vazio. "Acho que teremos que ver."

 

***

 

Embora houvesse uma ampla animação na delegacia do Terceiro Distrito, Mackenzie e Ellington retornaram para a sede do FBI logo antes das nove da manhã. Ellington havia fritado Simmons sobre seu conhecimento das cenas dos crimes e Mackenzie aproveitou desfrutou de bastante tempo para escavar os arquivos dele e alinhá-los com informação que ambos o detetive e Harrison havia consegui para ela.

Ela tinha todas as informações em frente a ela agora enquanto se sentava em frente a McGrath na pequena mesa de carvalho no fundo do seu escritório. Ellington sentava-se ao seu lado, inteiramente pronto para apoiar a informação reunida e as teorias dela.

"Então, quais são suas impressões sobre Simmons?" perguntou McGrath.

"Eu acho que é muito conveniente," disse Mackenzie. "Eu tive uma intuição na sala de interrogatório de que ele não era o nosso cara. E com informações que reunimos esta manhã-alguma das quais que chegaram a nós nos últimos cinco minutos ou por aí-eu posso dizer a você que eu não acho que Joseph Simmons seja nosso cara."

"Você não pode conseguir uma vitória fácil, pode, White?" disse McGrath.

"Siga-me aqui, senhor. Vamos começar com a história dele. Ele era um fugido. E mesmo se as coisas em casa fossem terríveis, psiquiatras acreditam que fugidos, no fundo, estão gritando por amor e atenção. Antes de hoje. Simmons havia confessado dois crimes horrendos. Em um desses crimes, o assassinato de uma jurada em um caso de oito anos atrás, ele era claramente inocente. Então, por que tentar se entregar por algo assim?

"A agressão à prostituta confere. Foi ele. Mas os detalhes do caso também indicam que ele era tímido. Ele a bateu bastante, mas de forma que garantiria que ele não iria matá-la. E agora, aqui ele está novamente, confessando a uma série de assassinatos que está começando a ter tempo no ar na TV. Então eu chamei o blefe dele. Se ele quer tempo de cadeia por algum motivo, ele pode recebê-lo por interferir nesse caso, mas com certeza não será por assassinato."

"E sobre os detalhes íntimos que ele sabia sobre as cenas dos crimes?" perguntou McGrath.

"Eu posso responder essa," disse Ellington. "O Agente Harrison recebeu confirmação de que aproximadamente seis meses atrás, Simmons frequentava a igreja de São Pedro. Ele não era regular de forma alguma e ele nunca realmente aderiu a igreja, mas as pessoas o viram por lá o suficiente para conhecer seu nome e serem amigáveis com ele. Ele até ajudou com uma escola de verão para crianças sobre a Bíblia há dois verões. Foi assim que ele sabia sobre as tábuas no porão, até mesmo os parafusos e sulcos no centro delas."

"E honestamente, a única outra cena da qual ele sabia alguma coisa era aquela na Palavra Viva. E por volta das duas da manhã, um artigo na CNN.com estava relatando algumas descrições muito bem detalhadas da cena que ainda não havia chegado a grande mídia ainda. Então se ele estava alerta estudando os casos, aí estava o bilhete premiado. Havia nada que ele soubesse sobre a cena da Palavra Viva que não estivesse nesse artigo recente da CNN."

"E então, tem uma última coisa," disse Mackenzie. "Quando eu estava falando com ele, eu intencionalmente tentei engalobá-lo jogando informações falsas. Eu perguntei Simmons o porquê de ele ter colocado as coisas no pé da cruz de Coyle. Eu listei estes itens como a carteira dele, as roupas dele, e as jujubas. Já que as jujubas eram um item nada a ver que ninguém iria pensar em inventar, Simmons entrou de cabeça. Fez piadas sobre jujubas e como ele até comeu uma enquanto colocava as coisas no pé da cruz."

"E era Lifesavers, né?" perguntou McGrath.

"Sim, senhor."

"Merda."

McGrath se recostou em sua cadeira, olhando para os documentos coletados sobre a mesa em frente a Mackenzie e Ellington.

"Aqui está o que vai acontecer," disse McGrath. "Vamos segurar Simmons pelo máximo de tempo. Isso vai calar a imprensa e acalmar alguns desses políticos e líderes religiosos nervosos. Nós não daremos um nome. Mas eu não posso manter isso por muito tempo. Então, isso significa que eu preciso de um suspeito de verdade. Então, me digam... o que vem a seguir?"

Mackenzie sabia o que viria em seguida, mas ela estava relutante em dizer qualquer coisa, porque ela não havia sequer discutido isso com Ellington ainda.

"Com sua permissão, senhor, eu vou para Alexandria essa noite."

"Eu lhe falei," disse McGrath. "Não se incomode com a minha permissão. Apenas vá lá fora e me ache esse maldito sujeito. O que há lá em Alexandria, porém?"

"Um grupo de recuperação para pessoas que foram vítimas de abuso sexual. Pelo que me foi dito pelo Padre Ronald Mitchell, a vasta maioria do grupo se encontrando hoje a noite esteve envolvida em algum tipo de abuso pelas mãos de líderes de igreja. Eu acho que eu possa ser capaz de encontrar algum tipo de tópico recorrente nas histórias."

"Então vá indo," ele disse. "Mas eu preferiria que Ellington ficasse aqui e ajudasse Yardley e Harrison."

"Mais uma coisa," disse Mackenzie. "Eu preciso de uma lista de pessoas que o FBI confiou no passado por informação referente a religião ou estudos bíblicos."

"Eu enviarem para você em meia hora," disse McGrath. "Algo mais?"

Mackenzie não estava certa sobre como lidar com o fato de McGrath estar oferecendo a ela praticamente qualquer coisa. Ela sentiu que tudo o que ela precisasse naquele momento, ele teria certeza de conseguir para ela.

Havia apenas uma coisa em sua língua, uma coisa que implorava para pular para fora e ser falada, mas ela mordia de volta. Ainda, o pensamento ecoava como trovão em sua mente.

Quando esse caso estiver acabado, eu quero acesso irrestrito ao caso do meu pai.

Com esse desejo mudo, ela disse: "Não, senhor."

Com uma olhada final para Ellington, Mackenzie saiu do escritório com o sentimento esmagador de que ela estava correndo uma corrida que ela simplesmente não iria vencer.


CAPÍTULO VINTE E CINCO

 

 

Ela não chegou à reunião em Alexandria antes que esta começasse, então teve que entrar o mais discretamente possível. A reunião aconteceu em um pequeno centro comunitário no centro, o tipo de lugar que cheirava a café velho e poeira. Ela encontrou a sala no fim de um longo corredor e quando ela abriu a porta o mais silenciosamente que podia e entrou na sala, apenas algumas pessoas a notaram. Ela recebeu alguns olhares desagradáveis enquanto encontrava uma cadeira dobrável solitária no fundo na sala e se assentava.

Havia uma mulher sentada na cabeceira de um semicírculo de cadeiras-uma mulher chamada Barbara Francis. Mackenzie a ligou e conversou com ela no caminho para Alexandria. Barbara coordenava esses encontros e, embora ela mesma não tivesse história de abuso sexual pelas mãos da igreja, ela tinha uma carreira em serviço social e psiquiatria no campo de abuso sexual para fazer dela uma candidata capaz de liderar o grupo.

Porque ninguém fez um rebuliço ou perguntas quando ela entrou na sala, Mackenzie assumiu que Barbara já havia falado para os presentes que ela estaria passando para fazer uma visita. Mackenzie não poderia começar a imaginar como deveria ser a vida dessas pessoas, tendo sobrevivido por tal trauma. Ela fez seu melhor para permanecer atenta e quieta, escutando a cada pessoa que tirou tempo para compartilhar.

O que a impactou mais foi que não parecia havia limite de idade real para as vítimas. Havia uma garota com a mãe, a garota havia sido abusada em algum momento no ano passado aos treze anos. Havia um homem mais velho que acabara de celebrar seu sexagésimo aniversário, que fora molestado e abusado entre as idades de nove e vinte e cinco, avisado pelo padre que se ele contasse à família e causasse algum trauma para sua mãe e pai, certamente Deus se certificaria de mandá-lo para o inferno quando ele morresse.

Mackenzie foi poupada dos detalhes sórdidos das histórias, mas pegou vislumbres do sofrimento e tormenta que algumas dessas pessoas passaram. Havia quatorze delas no total e nenhum efeito parecia ser o mesmo. Para alguns era um medo diário de contato físico com qualquer pessoa, mesmo entes queridos. Para outros, eram pesadelos periódicos que permaneceriam com eles por dias. Mas por tudo isso, havia o senso de injustiça-de como os homens que abusaram deles havia sofrido alguma forma de punição, mas nada nem perto de se igualar a severidade dos seus crimes.

Ela não podia deixar de sentir um pouco voyeur enquanto se sentava no fundo da sala. Quase se sentia mal por estar ali e começou a cogitar se ir até lá tenha sido um erro.

A reunião acabou uma hora depois. Quando todos se levantaram dos assentos, Barbara assentiu em direção a Mackenzie.

"Eu tenho certeza que alguns de vocês repararam nosso visitante," disse Barbara. "E eu aprecio a permissão de vocês em deixá-la sentar-se conosco hoje. Essa é a Agente White do FBI. Atualmente, ela está trabalhando em um caso que envolve um sofrimento que a maioria de vocês passou. Ela tem algumas perguntas, então se vocês desejarem ajudar, seria apreciado."

Novamente, Mackenzie recebeu olhares irados. Estava claro que ninguém na sala confiava nela.

"Eu vou ser curta e grossa," ela disse. "Alguém aqui já teve algum tipo de relacionamento ou contato com o Padre Henry Costas da Igreja Católica Sagrado Coração em Washington, DC?"

Ela recebeu alguns olhares vazios e cabeças balançando. Duas pessoas haviam decidido que não ficariam para esse tipo de pergunta e passaram por ela, direto para fora da porta. Ela fez algumas outras perguntas, esperando ter algum tipo de pista. Mas, assumindo que os frequentadores estivessem sendo verdadeiros, ninguém nessa reunião já encontrou com qualquer uma das vítimas, nem ouviram falar de algum dos amigos ou entes queridos sendo abusados ou ameaçados pelas vítimas de qualquer maneira.

Quando ficou claro que essa reunião tinha, essencialmente, sido um beco sem saída, Mackenzie ficou calada novamente, esperando por um momento para falar com Barbara Francis.

Alguns dos presentes tiraram um momento para falar com Barbara depois. Outros saíram logo em seguido, como se não pudessem esperar para sair da sala e do lembrete forçado do que havia acontecido com eles. Alguns deles olharam para Mackenzie, claramente infelizes por ela ter ido até lá.

Mackenzie continuou esperando, desejando falar com Barbara Francis. Ela teve um entendimento muito melhor do que aquelas que sofreram nas mãos de líderes religiosos passavam, mas ela ainda tinha que encontrar alguma coisa nova que pudesse ajudá-la a revelar a identidade de um assassino. Ela percebeu que uma mulher com a experiência e formação de Barbara poderia auxiliá-la a encontrar algumas daquelas pessoas faltantes.

No fim, foi Barbara que foi até ela quando a sala estava quase vazia. E ela não foi sozinha. Havia uma mulher de cerca de trinta e cinco ou por aí ao lado dela. Ela era uma mulher naturalmente bonita, mas usava o cabelo para baixo por cima do rosto e andava como alguém que estava esperando cair em um buraco a qualquer momento. Ela também permaneceu muito próxima a Barbara Francis enquanto caminhavam até onde Mackenzie ainda estava sentava sentando-se na parede ao fundo.

"Agente White," disse Barbara." Antes de tudo, obrigada por não ter sido uma distração durante a reunião."

"Claro," disse Mackenzie. "Obrigada por me permitir comparecer e fazer minhas perguntas. Eu sei que é um tópico que as pessoas que se reúnem aqui mantêm como um assunto muito particular."

"Mantém," disse Barbara. "Mas, sem dá-los qualquer detalhe sobre seu caso, eu fui capaz de repassá-los que você estava aqui para ajudar-que você estava aqui trabalhando para ajudar os outros. Com tudo isso dito, eu acho que alguns ainda estão muito fechados e defensivos quando se trata de compartilhar as histórias deles com pessoas que eles não conhecem. Tudo isso à parte, porém... eu gostaria que você conhecesse Lindsay."

A mulher com aparência assustada assentiu para ela. Ela olhou para Mackenzie por um momento, contudo, antes que seus olhos retornassem para Barbara.

"Lindsay me deu permissão para dizê-la o porquê de ela estar aqui. Ela ainda não é capaz de fazê-lo por conta própria ainda. Lindsay, você tem certeza de que não gostaria de tentar colocar isso para fora?"

"Tenho certeza," disse Lindsay discretamente. "Mas você pode ir em frente."

"O filho de Lindsay foi abusado por um pregador que sua família frequentou por toda a vida," disse Barbara. "Na época da mãe e do pai de Lindsay, sua família sempre compareceu à essa igreja e via o pregador como um homem que eles amavam e confiavam. Um homem que nunca machucaria ele ou qualquer outra pessoa."

"Então você pode imaginar a surpresa dela quando seu filho de treze anos chegou até ela com uma confissão: que o pregador de setenta e dois anos se envolveu em alguns atos bem explícitos e pornográficos com ele. Foi desmoralizante e-"

"Isso está muito leve," disse Lindsay, aparentemente decidindo que Barbara estava sendo muito leniente. "O bastardo fez meu filho... ele fez meu filho fazer sexo oral nele. E ele filmou."

Lindsay soava como se pudesse engasgar nas palavras enquanto elas saíam. Barbara assentiu, colocando um braço ao redor de Lindsay. Mackenzie podia perceber que Lindsay queria chorar, mas parecia quase incapaz de fazê-lo.

"Então, quando o filho dela veio até ela com essa história," Barbara continuou, "Lindsay e o marido dela o repreenderam, assumindo que ele estava inventando. Quando ele se tornou insistente e recusou-se em ir à igreja, eles o colocaram de castigo. Depois daquilo, o filho deles ficou distante e começou a se rebelar. Começava briga com os amigos. Até mesmo deu um murro no pai dele. E, então, seis meses atrás, ele cometeu suicídio. Não foi até aí que Lindsay e seu marido levaram a história do filho a sério. Eles foram até a polícia e depois de uma breve investigação, descobriram mais de vinte vídeos gravados em um HD portátil. O pregador havia feito coisas similares com pelo menos mais oito crianças. Havia também Polaroides no armário dele, tiradas de pré-adolescentes e crianças desde o início dos anos oitenta."

Mackenzie se sentiu enjoada. E ela podia dizer pelo olhar no rosto de Barbara que a história não havia terminado.

"O suicídio foi demais para a família," continuou Barbara. "O marido de Lindsay a deixou logo depois. O pregador está na cadeia e muitos da congregação culpam Lindsay e a família dela."

"Por quê?" ela perguntou.

"Porque ele era amado," cuspiu Lindsay. "A evidência está aí e eles a enxergam, mas se recusam a acreditar. Ele até enviou uma pedido de desculpas para a igreja, que um dos diáconos leu em voz alta durante um culto."

"Agente White," disse Barbara, "você me daria licença por um momento?"

"Claro."

Barbara levou Lindsay para longe lentamente, fora da sala para corredor que Mackenzie desceu há cerca de uma hora. Mackenzie caminhou para o centro da sala, precisando caminhar, precisando expelir um pouco da sua energia nervosa. Ela não estava certa de que alguma vez se sentiu tão chocada por um caso antes. A história de Lindsay tornou isso significativamente pior e fez Mackenzie se sentir quase impotente.

Todas essas histórias de abuso só me levaram mais fundo na corrupção e pecados escondidos dentro das organizações de igrejas, ela pensou. No fim, não há nem garantia de que isso vai me ajudar a encontrar o assassino.

Ela se sentou em uma das cadeiras, sentindo-se cansada e fraca.

E com raiva.

Alguns momentos depois, Barbara retornou à sala. Ela estava sozinha desta vez ao se sentar ao lado de Mackenzie.

"Você encontrou o que estava procurando?" perguntou Barbara.

"Eu não sei ainda."

"Bem, durante toda a reunião, eu tive esse pensamento no fundo da mente," disse Barbara. "Depois que eu conversei com você sobre se juntar a nós hoje, a história de Lindsay veio a minha mente e ficou por ali bem firme. E não somete por causa da severidade da história, embora seja uma bem trágica."

"Sim, eu que o diga."

"Eu levei Lindsay para fora, porque a última parte da história é, por alguma razão, a mais difícil para ela ouvir. Mas eu acho que você precisa escutá-la. Se você está procurando por alguém que está matando líderes religiosos de todas as denominações, eu acho que isso pode se encaixar."

"Como?" perguntou Mackenzie.

"Lindsay mencionou uma carta que o pregador escreveu. Um dos diáconos a leu em voz alta para a congregação no domingo depois de o pregador ter ido para prisão. Era uma carta curta, mas havia um comentário nela sobre o qual nunca me senti bem. Parecia... eu não sei. Estranho, eu acho."

"Como você o ouviu?" perguntou Mackenzie.

"Ah, não ouvi. Mas alguém na igreja gravou no celular. Enviaram-me uma cópia quando em comecei a ter encontros semanais com Lindsay. A carta toda fala sobre pecados da carne e arrependimento e pecados. Mas perto do final, ele faz o comentário acerca de como ele estava glorificando as coisas erradas. Ele disse, palavra por palavra, eu perdi meu amor por Jesus em algum ponto e comecei a procurar outra coisa. Essas pobres crianças se tornaram meu Jesus e eu as glorificava. E, como alerta a Bíblia, quando colocamos qualquer coisa acima do nosso Senhor, o resultado é o pecado."

"Então... ele era o quê?" perguntou Mackenzie. "Sexualmente abusando deles porque ele os odiava? Porque eles estavam tomando o lugar de Deus para ele?"

"Talvez," disse Barbara. "Há tanto para descobrir aqui. O homem é, claramente, instável mentalmente. Mas, sim... no que me diz respeito, ele estava projetando abuso nessas crianças como uma forma de um tipo de adoração distorcida. Eu vi alguns trechos das histórias dos noticiários sobre o caso no qual você está trabalhando e aquela carta do pregador me veio a mente algumas vezes. Especialmente pelo trecho que eu acabei de citar para você."

Mackenzie ainda se sentia doente além da compreensão, mas a teoria fazia certo sentido.

"Deixe-me perguntá-la," disse Mackenzie. "As pessoas com as quais você trabalha chegam a conseguir superar o abuso algum dia?"

"Algumas sim," ela disse. "Depende da personalidade daqueles abusados e, é claro, da extensão do abuso. Eu entendo que você nunca lidou com um caso nessa rena?"

"Não nessa extensão, não."

Barbara assentiu solenemente. "Uma palavra de aviso," ela disse. "Não deixe atingi-la. Antes que você perceba, você pode ficar toda enrolada nisso. As histórias são de partir o coração. E o fato de que você não pode consertá-las... isso te arrasa."

Mackenzie pensou que ela já estava sentindo um gosto disso, mas disse nada. Certamente, seus poucos dias de ouvir algumas histórias eram nada em comparação ao que Barbara havia visto e escutado.

"Obrigada novamente pela sua boa vontade em me deixar vir," disse Mackenzie.

"Claro," disse Barbara. "Eu espero que tenha ajudado."

Ela pensou sobre a frase da carta do pregador que Barbara havia acabado de citar e começou a desmembrá-la.

Essas pobres crianças se tornaram meu Jesus e eu as glorificava. E, como alerta a Bíblia, quando colocamos qualquer coisa acima do nosso Senhor, o resultado é o pecado.

"Sabe," ela disse. "Eu acho que me ajudou mais do que eu achava que iria."

Ele não é uma vítima, ela pensou. E se ele não está mirando esses líderes por vingança ou ódio? E se ele os ama? E se ele está glorificando-os através dessas crucificações falsas? E se ele acha que eles merecem a mesma morte de Cristo como uma maneira de louvá-los e adorá-los?

"Muito obrigada pelo seu tempo," disse Mackenzie.

Ela então girou nos calcanhares e saiu pela porta. No caminho para seu carro, ela pegou um e-mail que Harrison havia enviado para ela mais cedo no dia, logo antes de ela sair de Washington. O e-mail era breve e direto ao ponto: apenas um nome e número de telefone.

A informação de contato para o especialista na Bíblia que ela havia requisitado.

Ela fez a ligação antes mesmo de voltar para trás do volante do carro, enquanto o senso de urgência começava a inundar seu coração, substituindo o enjoo sombrio que ela sentira há apenas alguns momentos.


CAPÍTULO VINTE E SEIS

 

Ela estava de volta a DC um pouco depois das oito horas. Ela saiu da via expressa e ultrapassou tanto a sede do FBI quanto do seu apartamento. No lugar, ela se foi em direção a Park View, onde ela havia organizado sua próxima reunião imediatamente depois de deixar Barbara Francis em Alexandria. Ela se permitiu tempo suficiente para pegar um lanche rápido no drive-thru antes de ir a uma pequena igreja, da qual ela nunca ouvira falar antes.

Ela estacionou em frente a Igreja de Cristo Park View e foi direto para às portas que apreciam antigas. Igreja de Cristo Park View não tinha o brilho e glamour de uma Sagrado Coração ou Palavra Viva ou até mesmo São Pedro. Era uma simples igreja de um andar que tinha o tamanho parecido com uma casa modesta. Parecia que havia sido construída nos anos quarenta ou cinquenta, completa com um campanário e um sino de verdade no topo.

Ela encontrou a porta da frente destrancada, como lhe fora dito que estaria. Ela entrou por um pequeno vestíbulo e em um santuário pitoresco. Mais ou menos cinquenta bancos cobriam o chão e janelas de vitrais ornadas, mas agradavelmente pintadas, situavam-se pelas paredes. Na melhor das hipóteses, Mackenzie assumiu que o lugar poderia comportar não mais que trezentas pessoas em um dado domingo.

Na frente da sala, um cavalheiro mais velho estava polindo meticulosamente a tampo de um velho piano de cauda. Ela olhou para cima assim que ela desceu pelo corredor central que corria entre os bancos e deu a ela um pequeno aceno. Ele repousou o pano no banco do piano e a encontrou na metade do caminho pelo corredor.

"Agente White?" perguntou o homem.

"Sim. E você é Benjamin Holland?"

"Sou! Prazer em conhecê-la."

Eles apertaram as mãos e Mackenzie percebeu que gostou de Benjamin de imediato. Ela sabia muito pouco sobre ele-apenas que o FBI havia confiado nele duas vezes nos últimos dez anos quando eles precisaram de alguém para decifras as dicas que acreditavam ser bíblicas por natureza. Benjamin Holland passou em ambas as instâncias, dando-lhes informação suficiente para capturar um suspeito em um dos casos e provando que não havia qualquer coisa bíblica sobre certas dicas na outra instância.

"Então, diga-me como posso ajudar," disse Benjamin. "Eu estive seguindo a história nos noticiários e estou bem chateado. Eu conhecia todos aqueles homens; Reverendo Tuttle e eu tínhamos o hábito de pegar café da manhã juntos quase todas as manhãs de quinta pela maior parte de três anos não há muito tempo."

"Bem, para início de conversa, eu estava me perguntando o que você poderia ser capaz de me dizer sobre alguma instância de assassinato na Bíblia que foi feita com propósito de glorificação."

Benjamin pensou por um momento antes de começar a andar até a frente do santuário. "Venha comigo por um momento, se você não se importa," ele disse. "Eu vou mostrar a você porque eu pedi a você para me encontrar aqui."

Achando que essa havia sido uma resposta estranha para sua pergunta, Mackenzie seguiu junto de qualquer forma. Ele a levou através de uma porta na frente do santuário que levava a uma pequena sala atrás do mesmo. Algumas cadeiras de dobrar encostadas contra a parede indicavam que era algum tipo de local de reunião-talvez um lugar para jantares onde cada um trás seu prato ou reuniões de orações.

Outra porta aguardava atrás dessa sala. Benjamin a abriu e entrou, ligando o interruptor da luz ao entrar. Mackenzie se viu entrando em uma sala onde cada parede era uma estante de livros. E cada prateleira parecia estar completamente cheia. No centro da sala havia um único sofá e uma mesa de centro riscada. Uma bíblia repousava sobre a mesa de centro, aberta em uma passagem de Lucas.

"Essa é a minha sala favorita em toda Washington," disse Benjamin orgulhoso. "Não é minha, mas eu e três ou quatro outros líderes chamamos de nossa. Quase todas as respostas que eu precisaria sobre a vida-espirituais ou não-podem ser encontradas aqui. Sente-se, por favor."

Mackenzie sentou-se no sofá, olhando ao redor. Ela não podia sequer se aventurar em um chute sobre quantos livros havia na sala. Ela viu Bíblias em diferentes traduções e versões. Ela viu devocionais enormes, memoriais e livros de consulta e muito mais.

"Agora," disse Benjamin, de pé ao lado de uma prateleira a sua esquerda. "A respeito à sua pergunta sobre assassinato como meio de glorificar Deus. Pode ser respondida de algumas formas diferentes. Na verdade, tudo depende de quem está perguntando. Veja, se você está perguntando na perspectiva de alguém que está profundamente enraizado na religião ditada por leis do Velho Testamento, eu posso lhe dar vários exemplos. Mas se você está mais interessada nos ensinamentos e exemplos de Cristo, então fica muito mais difícil de responder."

"Mas é o mesmo livro, certo?" perguntou Mackenzie. Ela não gostava de se sentir estúpida, mas sua falta de conhecimento em ensinamentos bíblicos estava bem evidente naquele momento.

"É," disse Benjamin. "Mas você vê, se você está mais inclinada em direção a Cristo, então você deve entender que sua crucificação foi a resposta a todas aquelas oferendas queimadas e gado morto nos altares de ritual do Velho Testamento. O Velho Testamento está repleto de assassinatos, alguns até mesmo ordenados pelo próprio Deus. Então, sim... muitos dos assassinatos aí foram feitos em reverência a Deus. O apedrejamento de mulheres, a matança dos primogênitos e por aí vai. Mas, então, Cristo aparece morre pelos pecados da humanidade. Ele é o sacrifício final de um Deus amoroso."

"Eu vejo," disse Mackenzie, embora ela ainda estivesse penando com isso. "E dado que o assassino está usando crucificação como uma coisa simbólica, eu estou assumindo que ele é mais centrado nos ensinamentos de Cristo do que na lei do Velho Testamento. Concorda?"

"Sim. Eu acho ainda mais pertinente que ele não esteja distorcendo a crucificação. Normalmente, quando você vê a cruz de Cristo retratada em crimes de ódio, elas estão invertidas ou de cabeça para baixo-quase como uma zombaria. Mas esse cara está seguindo a verdadeira forma do Novo Testamento."

"Havia mais alguém na Bíblia que foi crucificado?"

"Bem, era uma punição comum que os romanos realizavam, mas nós só vemos uma em grande detalhe na história de Cristo. Valeria a pena salientar que quando o apostolo Pedro foi crucificado sob o Imperador César ele pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, porque ele não se via digno de ser torturado da mesma maneira que Cristo foi."

Então talvez esse cara esteja glorificando aqueles que ele mata, pensou Mackenzie. Talvez ele esteja mostrando-lhes o mesmo respeito e reverência que a Jesus Cristo.

"Outra coisa que eu gostaria de perguntar para você," disse Mackenzie. "E eu sei que é pedir demais, mas certamente vale tentar." Ela tirou o celular e mostrou um mapa da área de DC. Nela, ela já havia marcado previamente as coordenadas que cada assassinato havia acontecido, destacado por um pequeno marcador vermelho.

"Esses foram os locais onde todas as mortes ocorreram," ela disse. "Você pode olhar para eles e me dizer se pode haver algum tipo de significado bíblico ou padrão?"

Benjamin estudou o mapa de perto, tirando um par de óculos do bolso da sua camisa e os colocando na cabeça. "O primeiro homicídio foi aqui, na Sagrado Coração, correto?" ele perguntou.

"Sim. Padre Costas."

Benjamin traçou as rotas entre os marcadores no mapa com o dedo. "Certamente não há um padrão óbvio aqui," ele disse. "Porém, se esse homem está extraindo com tanta força da narrativa de Jesus, eu não posso deixar de imaginar..."

Com isso, ele deu o telefone de volta para ela e andou até uma das estantes de livro. Ele escaneou alguns títulos antes de selecionar um e retirá-lo. Era uma brochura com algum desgaste e rasgos, um volume fina que ele trouxe de volta ao sofá.

"Há esse tipo de trilha que alguns estudiosos e gananciosas armadilhas de turismo em Israel se referem como a Trilha de Jesus," ele disse. Ele virou algumas páginas do livro, parando em um ponto um pouco depois da metade. "Bem aqui", disse ele, apontando para ele.

"Sinto muito," disse ela. "Eu não sou exatamente bem versada em religião ou em grande parte da Bíblia. Você pode me explicar o que estou olhando?"

"Certamente. Veja, há uma faixa de terra em Israel que se acredita ser a principal via que Jesus Cristo viajou enquanto ensinava. A chamada Trilha de Jesus começa em Nazaré e termina em Cafarnaum. Como você vê aqui," ele disse, tocando um mapa na página que ele havia passado, "o Mar da Galileia banha uma parte dele."

"E essa trilha é bem conhecida?"

"Para alguns," disse Benjamin. "Pessoas que fazer o tour bíblico em Israel, normalmente vão vê-la. Tem cerca de sessenta quilômetros e está salpicada com alguns lugares importantes em termos da vida de Jesus."

"Então, por que termina no Cafarnaum?" perguntou Mackenzie.

"Há uma passagem no Livro de Marcos que diz, Alguns dias depois, Jesus voltou para a cidade de Cafarnaum, e logo se espalhou a notícia de que ele estava em casa. Baseado na escritura, muitos acreditam que o Cafarnaum era essencialmente um tipo de base doméstica para seus ensinamentos."

"E por que você está me mostrando isso?"

"Bem, é a única trilha notável que nós sabemos com certeza que Jesus caminhou," ele disse. "E agora que eu estou vendo a Trilha de Jesus e o caminho que esse assassino parece estar..."

Ele entregou o livro para Mackenzie, para permiti-la julgar por si própria. Ela colocou seu celular sobre a página oposta da Trilha de Jesus. Ela estudou o mapa da Trilha de Jesus primeiro-uma linha que começava ao norte e deslocava levemente para o sul ao se estender de Nazaré, passando por Caná e Bete Arabá, chegando a um fim em Cafarnaum.

Havia numerosos pontos de interesse ao logo da Trilha de Jesus, mas apenas quatro locais de assassinato ao longo do caminho do assassino, Sagrado Coração, Pedra Angular, Palavra Viva e São Pedro. Ela usou seu rastreamento de GPS para fornecer um caminho exato entre os pontos que ela tinha marcado no mapa e quase foi ao chão pelo que ela viu.

No início da Trilha de Jesus, havia uma forma de 'U' invertido pelo caminho, conectando Nazaré a uma cidade chamada Mashhad. No mapa dos locais dos assassinatos, a rota entre a Sagrado Coração e Pedra Angular batia com a forma da trilha quase perfeitamente. Então, da Pedra Angular para a Sagrado Coração, havia uma ligeira inclinação para o noroeste-a mesma que a Trilha de Jesus entre Caná e Lavi.

É isso, ela pensou enquanto seguia a linha digital entre a Palavra Viva e a São Pedro. Ah, meu Deus...

E como ela tinha assumido, a linha um pouco irregular e tortuosa que continuava na Trilha de Jesus indo na mesma direção.

Ela verificou novamente antes de ficar muito anima, mas ela sabia que era isso antes de terminar.

Sagrado Coração e Nazaré se alinham.

Pedra Angular e Mashhad se alinham quase perfeitamente.

Palavra Viva está um pouco fora de Lavi, mas não muito.

São Pedro alinha-se com Arabá-e a rota até mesmo pega a mesma estranha e pequena curva irregular em ambos os mapas.

"É isso," ela disse. "É muito perfeito para excluir. O assassino está seguindo esse mapa."

Benjamin estava continuamente olhando entre os mapas, assentindo. "Sim, certamente parece que sim."

Ela pinçou e arrastou o mapa no telefone, ampliando a área. "Então, eu só preciso saber quais igrejas estão abaixo da São Pedro-dentro de um raio de cerca de vinte quilômetros. Você tem um mapa ou lista desse tipo de coisa?"

"Não um completo, não..."

"Espere, não importa," ela disse. Ela puxou o menu de opções em seu aplicativo de mapa e solicitou que o programa mostrasse listas de igrejas na área selecionada.

Nove listadas apareceram. Ela imitou cuidadosamente a última porção da rota da Trilha de Jesus no seu mapa com o dedo. Quando ela chegou ao fim da trilha imaginária, ela encontrou seu dedo pairando sobre duas igrejas.

"Você concorda que essas duas igreja servem como lugares próximos de onde o Cafarnaum estaria?" ela perguntou.

"Eu diria que sim," disse Benjamin.

Mackenzie ficou de pé, ainda segurando o livro. "Você se importaria se eu lavasse isso comigo?" ela perguntou.

"De forma alguma. E, por favor, avise-me se eu puder ser de mais ajuda."

"Eu irei. Mas você já foi de mais ajuda do que você imagina."

"Eu estarei orando por você, Agente White," disse Benjamin enquanto ele a acompanhou para fora da biblioteca.

"Obrigada," ela disse, do fundo do coração.

Era estranho, mas talvez pela primeira vez na vida, ela foi capaz de tirar algum conforto ao saber que alguém estava ativamente rezando por ela.

Ela fez seu melhor para manter essa paz ao voltar para a sede do FBI.


CAPÍTULO VINTE E SETE

 

Ela tentou ligar para McGrath no caminho para a sede, esperando atualizá-lo antes que ela chegasse lá. Ela ficou na caixa postal e não se importou em deixá-lo uma mensagem, já que ela o veria em uma hora mais ou menos. Quando ela chegou ao prédio vinte minutos depois, parou o carro no estacionamento para visitantes ao invés da garagem, certa que estaria de volta lá fora em alguns minutos.

Ela se apressou para dentro em direção aos elevadores. As portas se abriram e antes que ela entrasse, foi surpreendida ao ver Harrison e Yardley saindo dele.

"Agente White," disse Yardley. "Você parece ansiosa. O que tá rolando?"

"McGrath está no escritório dele?"

"Não, ele está de volta à Delegacia do Terceiro Distrito," disse Harrison. "Ellington também está com ele."

Ela ponderou as opções e decidiu que dirigir de volta para o Terceiro Distrito seria uma perda de tempo. "Vocês dois podem subir comigo por um segundo?" ela perguntou. "Eu acho que estou de olho em algo e eu preciso todos os corpos que conseguir."

Eles tomaram o elevador para cima até o escritório, onde ela puxou o mesmo mapa que tinha no celular, mas dessa vez na tela do seu notebook. Então, ela colocou o livro de Benjamin Holland na mesa, abrindo o mapa da Trilha de Jesus.

"O que é isso?" perguntou Harrison, estudando o mapa.

"Um segundo," disse Mackenzie, tirando o celular novamente. Dessa vez ela ligou para Ellington ao invés de McGrath, sentindo certeza de que havia uma chance melhor de que Ellington responderia se visse que era ela. Ela mandou uma solicitação de chamada FaceTime no lugar de uma chamada de voz, desejando ser capaz de mostrá-lo os mapas junto a Yardley e Harrison.

Como ela esperava, Ellington respondeu no segundo toque. Houve um segundo de hesitação usual e, então, a tela surgiu. Ela sorriu à vista de seu rosto quando ele sorriu para ela.

"Ei, esse pano de fundo atrás de você me parece familiar," ele brincou. "De volta na sede?"

"Tenho. Olha... McGrath está por perto?"

"Sim, ele está em uma reunião com um dos detetives. Precisa que eu o chame?"

"Sim, por favor. Como as coisas estão indo com Simmons?"

Ellington estava a caminho, em direção a onde quer que McGrath estivesse. Ele segurou o telefone de maneira que ainda permitisse a ela ver a face dele, apenas um trecho.

"As coisas estão ficando instáveis. Quanto mais aprendemos sobre ele, mais McGrath está voltando para o seu lado das coisas. Simmons claramente não é o nosso cara. Se eu tivesse que apostas, ela vai ser solto em algumas horas. E, tomara, que recomendado a um bom psiquiatra. Quem diabos confessaria algo assim apenas por atenção?"

Essa era uma conversa completamente a parte que nada tinha a ver com o caso corrente. Então Mackenzie deixou passar.

"OK, ele está aqui," disse Ellington. "Só um segundo."

Ellington abaixou o telefone, deixando Mackenzie, Harrison e Yardley escutando a murmúrios de conversa por vários segundos. Depois de balanças mais um pouco, o telefone de Ellington mais uma vez destacou seu rosto. Ela viu McGrath de pé atrás dele. Ele parecia cansado e irritado-uma versão de McGrath que Mackenzie não gostava nem um pouco.

"Encontrou algo?" perguntou McGrath, direto ao ponto como sempre.

"Sim, acho que sim. Eu conversei com Benjamin Holland e ele e eu percebemos algo. Existe essa coisa chamada Trilha de Jesus em Israel. Você já ouviu falar disso?"

"Não," disse McGrath. "Por favor, esclareça-nos."

Mackenzie fez exatamente isso. Ele fez Harrison segurar seu telefone para ter certeza de que ele fosse capaz de apontas as exatas similaridades na Trilha de Jesus com o caminho pelo qual o assassino aparentava estar viajando. Ela não estava não estava nem na metade, quando escutou McGrath proferir uma silenciosa e admirada: "Desgraça."

Dada a situação, ela achou uma maldição bastante irônica.

"Então, qual igreja vai servir como Cafarnaum nessa trilha orientada em DC?" perguntou Yardley.

"Existem duas candidatas," ela disse. "A Batista do Monumento e a Igreja Distrital de Deus. Ambas são próximas o suficiente para que possam ser as próximas na lista dele. Eu recomendo fortemente que tenhamos alguém vigiando esses locais. Talvez até alguém posicionado fora delas até que tenhamos nosso assassino."

"Trabalho bom para caralho, White," disse McGrath.

Ela deixa o elogio a afundar, mas não tomou o tempo para apreciá-lo. Ela podia se sentir deslizar em uma fenda, o tipo que ritmo que ela normalmente sentia quando estava acabando de começar a realmente envolver sua mente em torno de um caso.

"OK, eu gostaria de falar com Ellington a sós, por favor."

McGrath tocou a tela com os olhos. "Certo," ele disse. "Yardley e Harrison, encontrem-me aqui na DP do Terceiro Distrito. Eu não tenho certeza onde é o seu próximo posto, mas precisamos descobrir."

Yardley e Harrison deram pequenos acenos de saudação e saíram. Em seu telefone, o rosto do Ellington voltou à vista. Ele parecia mais feliz do que quando ele atendeu originalmente há cinco minutos.

"Você precisa de um parceiro?" ele perguntou.

"Se você estiver ocupado por aí, pode ficar. Talvez você deveria ficar até que eles liberem o Simmons. Alguém precisa ser a voz da razão."

"E para onde está indo?" ele perguntou.

"Eu tenho um último palpite que eu quero verificar," ela disse. "Depois de conversar com uma mulher no encontro em Alexandria, eu estou começando a achar que os assassinatos não são atos de vingança. Eu acho que é uma forma de glorificação."

"Repete?"

Ela o contou a respeito do pregador que havia referido a si como glorificador das jovens pessoas das quais ele abusou-desses adolescentes tomando o lugar de Jesus. Então, ela remeteu a breve conversa que ela teve sobre a teoria com Benjamin Holland.

"E qual é o seu palpite?" perguntou Ellington.

"Estou me perguntando se talvez o assassino seja alguém que realmente admirava estes homens que ele matou. Ele os crucificou da mesma maneira que Cristo. Alguns ele respeitava mais, talvez; esse é o motivo porque a ferida na lateral não estava presente em todos eles. Estou imaginando se estamos procurando por algum tipo de padre ou pregador que tenham caído em desgraça. Alguém com esse tipo de reverência para esses homens..."

"Sim, isso parece funcionar," disse Ellington. "Mantenha-me postado."

"Irei."

"Sem querer parecer cabeça pequena, eu tenho que perguntar: você sabe se você vai estar de volta ao apartamento em algum momento essa noite?"

Ela queria estar frustrada com a pergunta, mas ela também sentia. Uma centelha de luxúria e alegria que vem com os altos de qualquer relacionamento. Eles estavam em um alto agora, um alto que parecia estar se estendendo bem. Mas acontecia que ambos tinham trabalhos que demandavam muito que vinham primeiro na maioria das vezes.

"Não sei. Veremos. Se você chegar lá antes de mim, mantenha a cama quente."

"Posso fazer isso. Tome cuidado por lá."

Ela sorriu, assentiu e encerrou a ligação. Então, ela coletou o livro de Benjamin Holland e se dirigiu direto para fora da porta.

Lá fora, a noite estava recaindo sobre DC. Mas Mackenzie tinha uma sensação engraçado que seu dia estava apenas começando.


CAPÍTULO VINTE E OITO

 

Devido as apostas altas do inquérito, Mackenzie foi capaz de obter o número de telefone que ela precisava com apenas duas solicitações simples. E, embora o número de telefone que ela estava buscando era de alto perfil, foi-lhe entregue quase com irreverência. Quando ela fez a ligação para o Bispo Auxiliar Whitter, a facilidade em conseguir o número dele a fez perceber o quanto McGrath e o FBI inteiro estavam contando com ela.

Whitter respondeu no terceiro toque e quando Mackenzie se apresentou, ele pareceu absolutamente lívido.

"Agente White, eu acho que eu deixei bem claro quando nos falamos da última vez que eu não quero qualquer coisa com você?"

"Sim, senhor. Você deixou. E eu-"

"Ah, você pode parar bem aí," disse Whitter. "Você foi muito rude ao insultar a minha fé. Esteja avisa que eu estarei entrando em contato com seu supervisor e entrando com uma queixa formal."

"Na verdade, isso é ótimo," disse Mackenzie. "Porque ele foi quem me deu autoridade completa sobre esse caso. Então, se você ligar para ela para reclamar de mim, esteja preparado para responder a algumas questões sobre obstruir informações sobre o caso."

"Você está blefando."

"Hum, acho que não. Se você quiser, eu lhe dou o nome dele, número e ramal bem agora."

Whitter hesitou por um momento antes de finalmente responder. A voz dele ficou baixa e quase como o silvo de uma cobra. Ela podia imaginá-lo apertando a pegada em torno do telefone e falando por entre os dentes do outro lado da linha.

"Certo. Há uma cafeteria na Georgina Avenue. Cuppa Joe, é chamada. Você conhece?"

"Café," ela disse sonhadoramente. E então, porque ela achou que ela estava em boa sequência e simplesmente não pode se conter, ela acrescentou: "Aleluia!"

 

***

 

Os bons cidadãos de Washington, DC, gostavam do café de lá, como ficou evidenciado na fila ridícula na cafeteria. Mackenzie viu o Bispo Auxiliar Whitter logo de cara, sentado nos fundos da cafeteria. Resistindo ao aroma tentador de uma torra escura sendo passada, Mackenzie se dirigiu até os fundos para encontrá-lo.

Ele parecia irritado quando ela se sentou na sua frente na mesa. Ela exauriu seu cérebro, tentando entender o que ela havia feito que pudesse irritá-lo tanto da última vez. Aparentemente, os superiores na Igreja Católica não apreciavam ter a sujeira dos seus irmãos jogada nas suas faces de maneira tão flagrante.

Mas Mackenzie nunca esteve no ramo de amaciar suas palavras para poupar alguns sentimentos feridos. Especialmente, não agora que ela sentia que estava se aproximando de respostas sólidas.

"Eu acredito que você ainda esta perdendo no caso atual?" perguntou Whitter.

"Na realidade, eu passei me deparei recentemente com uma teoria promissora," ela disse. "Estamos dando passos em direção do que achamos ser finalizar um plano. Porém, ninguém pode ter pistas suficientes. Por isso, eu estava esperando dizer algumas coisas a você."

"Mais acusações deploráveis?" perguntou Whitter incrédulo.

"Na verdade, não. Estou começando a acreditar que esses assassinatos não são mortes de ódio ou vingança. Eu acredito que o assassino tem algum dito de respeito distorcido pelas vítimas-que ele está usando o ato simbólico da crucificação como forme de glorificar suas vítimas. Ele acredita que elas merecem a mesma morte e reverência que Jesus."

A ideia pareceu bater com força em Whitter. Sua ira se dissolveu vagarosamente em algo mais. Tristeza, talvez, ou horror.

"Nós também acreditamos que o assassino está imitando o caminho da então chamada Trilha de Jesus, outra indicação que as mortes são uma mostra de respeito ao invés de vingança."

"Entendo," disse Whitter, sua atitude um pouco mais branda agora. "Então, como você acredita que eu possa servir a você nessa circunstância?"

"Bem, a ampla dedicação e adoração de tal homem me levam a crer que não estamos falando sobre uma pessoa regular com uma teologia perturbada. Alguém tão motivado assim deve saber e amar Cristo intimamente... embora enquanto também possuindo algum tipo de desequilíbrio mental."

"Você acha que seja alguém dentro da igreja?"

"Eu acho que é uma forte possibilidade."

"Você não acha que você possa estar tentando demonizar homens do clero nessa pequena caçada?"

"Com todo respeito," disse Mackenzie, "nesse ponto da investigação, coisas como trabalhos ou preferências religiosas não são um fator. Não me importo quem ele seja, eu não me importo com o que ele acredita e eu realmente não me importo com onde ele escolhe adorar. Então, não... eu não estou demonizando ninguém. Estou simplesmente tentando fechar um perfil."

"Então, eu pergunto novamente: como você espera que eu ajude?"

"Eu preciso saber se você consegue pensar em algum padre-ou pregadores ou pastores o que seja-na área, o qual possa ter sido desaprovado as vezes por ter sido muito exagerado. Talvez alguém com uma história obscura que sobre a qual ele nunca se pronunciou?"

Ela pode dizer imediatamente que Whitter tinha um nome em mente. Ela podia ver na maneira com que seus olhos se desviaram dela instantaneamente um segundo depois de ela ter feito a pergunta.

"Você entente," ele disse, "que isso é difícil para um homem na minha posição. É, pegando uma referência da Bíblia emprestada, apontar para o cisco no olho de meu irmão enquanto há uma viga em meu próprio."

"Sim, mas reter informação que poderia permitir esse assassino conduzir outro assassinato só vai fazer essa viga ficar maior."

Whitter deixou sair um suspiro trêmulo e pareceu como se fosse cair em lágrimas de verdade. Mackenzie realmente podia ver o conflito interno se desenrolado nas expressões que aparecerem no rosto dele.

"Cerca de cinco anos atrás," Whitter disse finalmente, "havia um homem chamado Joseph Hinkley. Ele veio para DC de algum lugar no Alabama. Ele esta um batista que estava absolutamente em fogo pelo Senhor. Ele tina uma posição aqui na cidade em uma igreja muito pequena e durou apenas alguns meses. Era um desses pregadores do tipo fogo do inferno e enxofre, querendo salvar as pessoas pelo medo da condenação, ao invés de com o amor e promessas de Cristo. Ele levava muito daquela coisa de Velho Testamento a sério. Adúlteros deveriam se apedrejados, uma mulher não tem lugar em trabalho ou no púlpito da igreja, coisas assim."

"Você disse que ele durou apenas alguns meses naquela igreja," disse Mackenzie. "Ele foi liberado?"

"Sim. O rumor é de que ele tentou servir como um pastor interino em algumas outras igrejas. Honestamente, eu nunca dei muita atenção. Católicos não se preocupam geralmente com batistas. Contudo, ele se colocou no meu radar quando começou a se aproximas das igrejas Católicas. Ele tentou convencer algumas-Sagrado Coração foi uma, se eu me lembro corretamente-a deixá-lo a proferir aqui e ali."

"Eu assumo que ninguém nunca o acolheu?"

"Correto. Embora os boatos são que ele brota em cultos de avivamento de vez em quando. O tipo que é tudo debaixo de uma tenda e há um monte de gritaria e ameaça do pecado às pessoas. Eu suponho que alguns dizem que ele é um antigo pregador em desgraça. Mas o negócio era que... ele parecia estar fascinado não apenas com Cristo, mas com os homens que falavam dele. Ele sentia que as pessoas que comunicavam a verdade de Jesus para as massas mereciam quase a mesma aclamação que o messias."

"E isso não é tão comum nos círculos religioso?"

"Não. É blasfêmia. E quando alguém chega perto de se comportar de tal maneira, eles normalmente se sentem arrependidos. Mas Joseph Hinkley usava isso como o cerne da sua mensagem, pelo o que eu entendo."

"Alguma ideia de onde ele mora, por acaso?" ela perguntou.

"Não. Eu acredito que ele ainda esteja por DC, contudo. Eu ouço o nome dele de tempos em tempos. E nunca em boas coisas."

"Obrigada," disse Mackenzie. "Eu sei que foi sofrido para você falar comigo de novo."

"Eu acho que me expliquei bem," ele disse. "Eu não tenho rixas com você-mas eu ressinto um governo e imprensa que estão sempre colocando minha fé como semeadora de intolerância e ódio."

"Essa é a última coisa que eu quero fazer."

"E eu acredito em você," disse Whitter. "Você esteve em minhas orações, Agente White. Apesar da maneira que pode parecer, realmente espero que você seja capaz de acabar com isso rapidamente."

"Também," disse Mackenzie. E incerta sobre como responder de outra maneira, ela acrescentou: "E obrigada pelas orações."

"Você acredita que elas funcionam?" perguntou Whitter, como se estivesse surpreso.

Mackenzie deu de ombros. "Eu não sei," ela disse, respondendo honestamente. "Mas eu sei que você acredita que sim. E que isso por si só significa muito para mim."

Com isso, ela lhe deu aceno de obrigado com a cabeça e ficou de pé. A fila no caixa havia diminuído, então ela se juntou a ela e leu o menu. Ela não estava cansada (e duvidava que estaria em breve), mas uma carga extra de cafeína nunca machuca.

Ela tinha a sensação de que iria ser uma noite longa.

Ela continuou estendendo o ritmo tirando seu telefone e enviando uma mensagem para Harrison. Joseph Hinkley, ela digitou. Antigo pregador batista. Preciso dessa informação ASAP.


CAPÍTULO VINTE E NOVE

 

Harrison foi rápido e efetivo como sempre. Quando Mackenzie estava de volta em seu carro e tomando o primeiro gole do seu café de torra escura, ela estava ligando. Ela saboreou o sabor do café por um momento antes de responder, esperando que Hinkley provasse ser outro trampolim-algo tão útil quanto a informação sobre a Trilha de Jesus.

"Você realmente sabe como escolhê-los, White," disse Harrison,

"Conte-me."

"Joseph Hinkley basicamente não tem registro para se falar até a idade de trinta e sete anos. Seu primeiro destaque veio há sete anos quando ele foi preso por atacar um oficial de polícia em Baltimore durante um protesto contra a construção de um mesquita mulçumana. Um ano depois, ele foi preso por bater na esposa, a acertando duas vezes no rosto e uma nas costelas. Depois que ela o deixou, ele se acabanou com uma de vinte e dois anos. Ele a espancava também. Eu estou olhando para os registros aqui e, aparentemente, ele alega que ele as agredia, porque elas não adoravam o Senhor e os seus caminhos, então ele tinha que puni-las."

"Algo pior que isso?"

"Não do que eu estou vendo. Ele é mencionado em alguns casos com referência cruzada nos quais ele esteve na cena de protestos ou eventos controversos, onde havia uma presença maciça da polícia envolvida, mas não... nada de alertas vermelhos de outra forma."

"Tem o endereço?" ela perguntou.

"Tenho. Eu vou enviar por mensagem para você quando desligar."

Harrison era fiel com a sua palavra, entregando a mensagem em dez segundo depois de Mackenzie terminar a ligação. Ela estava quase inserindo o endereço em seu GPS, mas viu que não precisava. Ela estava familiarizada com o local. Ela havia, de fato, estado bem perto dele a menos de quatro dias atrás.

Acabou que Joseph Hinkley vivia na Bedford Avenue-a menos de um quilômetro e meio da Pedra Angular Presbiteriana.

 

***

 

O protocolo considerava necessário que, porque Hinkley fora condenado como agressor de mulher, Mackenzie fosse que um parceiro. E porque Ellington ainda estava correndo no beco sem saída de Joseph Simmons, era Harrison que a acompanhou. Ele pareceu mais que feliz em ser parte disso-talvez apenas pelo gosto de como fora ser parceiro dela por um breve momento antes de sua mãe falecer. Ou talvez ele estivesse apenas cansado de sentar-se atrás de uma mesa e ser um glorificado farejador de investigação.

Mackenzie estava feliz em tê-lo. Ele estava ansioso e entusiasmado. E do ponto de vista profissional, ela sabia que a prática podia fazê-lo bem.

Quando ela e Harrison chegaram à residência de Hinkley, não havia nenhuma dúvida de que alguém estava em casa. De fato, algumas pessoas estavam em casa. Mackenzie contou quatro carros na pequena garagem. Também parecia que cada luz do lugar estava acesa. Ao sair do carro e caminhou em direção à varanda, ela viu duas pessoas de costas para ela passarem direto pela janela da frente.

"Algum tipo de festinha ou algo assim?" perguntou Harrison.

"Se é o caso," disse Mackenzie, "parece ser uma festa bem desanimada."

A casa não tinha nada que descrevesse um lar. Era uma descuidada casa de dois andares que parecia estar por aí há algum tempo. Sua idade se mostrada na varanda. A luz da varanda revelava lascas e pintura descascando pela fachada e uma porta da frente que havia combatido sua cota de mofo.

A luz da varanda estava ligada, indicando que pelo menos três dos carros na entrada pertenciam aos convidados. Ela andou até a porta e bateu, escutando murmúrios de vozes de pelo menos duas pessoas. Ocorreu uma comoção muito ligeira de dentro quando alguém veio até a porta. Foi atendida por um homem no fim dos seus quarenta, mostrando um largo sorriso entre um bigode espesso e uma barba.

"Posso ajudar?"

"Você é Joseph Hinkley?" ela perguntou.

"Tenho. E você é?"

Ela mostrou seu ID ao se apresentar. "Eu sou a Agente Mackenzie White do FBI." Ela assentiu para o lado e disse, "E este é o meu parceiro, Agente Harrison. Eu estava esperando que você tivesse um tempo para responder algumas perguntas."

Hinkley Parecia alarmado e confuso. Ele olhou por cima do ombro brevemente por um momento antes de sair e puxar a porta quase fechada atrás de si.

"Sobre o que se trata?" ele perguntou.

Mackenzie olhou em direção a fenda na porta, mirando além do pequeno redemoinho de insetos noturnos que pairava sob a luz da varanda. "Você tem companhia esta noite, Sr. Hinkley?" ela perguntou.

"Tenho. É um estudo da Bíblia que eu faço na minha casa duas vezes por semana. Hoje é sobre o livro das Lamentações. Você o conhece?"

Ela sorriu levemente para ele e balançou a cabeça. "Eu gostaria de perguntar a você algumas coisas, lembra?"

"Sim," ele disse. "E sim... Pode responder a quaisquer perguntas que você tiver. Gostariam de entrar?"

"Sim, por favor."

Ele conduziu os agentes através da porta e para a sala de estar da casa. Lá, cinco outros homens estavam sentados ao redor de uma mesa de centro que continha três Bíblias. Eles estiveram no meio de uma conversa até Mackenzie e Harrison entrarem na sala.

"Desculpe, caras," disse Hinkley. "Vocês poderiam me dar apenas alguns minutos? Porém, sintam-se livres para continuar. Corey... pegue o capítulo três, versículo sete."

Um dos homens assentiu enquanto Hinkley levava os agentes por um pequeno corredor até a cozinha. Como a varanda, a cozinha também revelava a idade da casa. O piso de linóleo estava esquálido e descascando levemente nos cantos. Havia um cheiro suprimido de mofo e lixo-os cheiros de um homem que não se importava muito sobre a maneira que as pessoas viam a sua casa.

"Posso oferecer-lhes um refrigerante ou água?" perguntou Hinkley.

"Não, obrigado," ela e Harrison disseram quase em uníssono.

Hinkley deu de ombros. "É o mínimo que posso fazer por uma mulher bela como você que é mandada na calada da noite para casas de homens estranhos. É uma pena. O governo não leva tais coisas em consideração?"

Uau, pensou Mackenzie. Ele realmente tem alguns problemas das antigas.

"Honestamente, eu só tenho algumas perguntas para você," disse Mackenzie. "Se tudo correr bem, você estará de volta para seu estudo em cinco minutos ou menos."

"Certamente, pode perguntar," disse Hinkley.

"Seu nome surgiu em um caso no qual estou trabalhando. Cá entre nós dois, é uma ligação que eu não estou sentido que seja forte. Mas tenho que analisar tudo."

Ela viu de uma vez que sua atitude irreverente o colocou à vontade. A guarda estava completamente abaixada agora, tornando muito mais provável que ele revelasse algum detalhe que pudesse ajudá-la a apanhá-lo... se ele fosse quem devesse ser preso, claro.

"É sobre esses pobres homens de Deus assassinados?" ele perguntou.

"É. Você viu as histórias no noticiário, presumo?"

"Vi. E é absolutamente terrível."

"Você conhecia algum deles pessoalmente?" perguntou Harrison.

"Não a fundo, não."

"Dada a sua história, você já cruzou com algum deles pelo caminho?" perguntou Mackenzie.

"Bem, eu falava com o Reverendo Tuttle frequentemente. Como tenho certeza que você sabe, a Pedra Angular é logo subindo a estrada daqui. Alguns dias-não muito frequentemente, mas o suficiente que virou meio que um hábito-eu parava por lá se eu o visse perambulando por fora do local. Algumas vezes ele próprio cortava a grama e cuidava do paisagismo, sabe."

"Então vocês estavam em termos amigáveis quando ele morreu?"

"Pelo que eu saiba. Ele e eu discordávamos sobre muitas coisas da Bíblia, mas ele sempre foi muito mente aberta. Ele nunca ralhou comigo ou tentou mudar minha mente. Eu gostava bastante dele."

"Sobre que tipo de coisas ele tentava mudar sua mente?"

Hinkley sorriu aqui; era um tipo de sorriso triste, um que parecia muito querer ser uma careta ou uma zombaria. "Como o bom homem que era, o Reverendo Tuttle estava entre a vasta percentagem dos chamados seguidores de Cristo que tomam o Velho Testamento apenas como algumas sugestões gerais. Ele amaciava a ira de Deus em nada além de amor."

"É tão ruim assim?" perguntou Mackenzie.

"Para o mundo... não. Mas esse é um mundo caído. E está caído, porque o homem decidiu desobedecer a Deus. Quando você leva a ira e rigor de Deus embora, você tem nada além de um falso conjunto de diretrizes. Mas como eu disse... eu não o culpava e ele não me culpava. Nós sempre fomos civilizados sobre nossas divergências."

"Você conhecia algum dos outros?"

"Não muito bem. Eu já vi o Pastor Woodall falar algumas vezes. Uma vez eu fui até ele ao final do culto para pedir esclarecimento em algo. Ele era um homem inteligente. Talvez demasiado inteligente para seu próprio bem. Ele deixou a intelecto ficar no caminho da sua salvação, se me perguntar. E o Padre Coyle... eu falei com ele talvez uma dúzia de vezes. Eu encontrei com ele em um protesto alguns anos atrás e ele nós tivemos um papo muito bom."

"Que tipo de protesto?"

"Um comício anti-aborto," disse Hinkley bem orgulhoso.

Não pense em morder essa isca, Mackenzie disse a si mesma. Então, ela percebeu que não era uma isca. Ele estava falando tão pura e honestamente quanto podia.

"Você seria capaz de fornecer o seu paradeiro para as últimas noites?" perguntou Harrison.

Hinkley assentiu solenemente, como se ele já soubesse que a conversa chegaria a isso eventualmente. Sem dizer uma palavra a ela, sua expressão disse a ela que ele sabia que ela o estava olhando como um suspeito em potencial.

"De cabeça, eu posso de dar alguns detalhes bem específicos para cada noite até nove ou dez dias atrás."

"Isso seria ótimo," disse Mackenzie.

"Bem, eu estive na Virgínia, na parte sudeste, por três dias na semana passada. Eu voltei para DC há apenas quatro dias."

"E o que você estava fazendo lá?" ela perguntou.

"Eu participei de uma renovação e palestrei em outra," ele disse. "Se ajuda, eu tenho os recibos do hotel para provar."

Ele não está mentindo, ela pensou. Se eu o pedisse para buscá-los, ele o faria. Ele o faria nesse instante e eu os teria nas mãos dentro de dois minutos. E ele teria um sorriso de bosta na cara quase o tempo todo.

"E sobre as últimas quatro noites?" ela perguntou.

"Eu estive aqui todas essas noites. Tivemos um estudo da Bíblia três noites atrás. Durou mais ou menos até as dez."

Mackenzie estava prestes a fazer uma pergunta de continuação quando seu telefone zumbiu no bolso. Quando ela viu que era Ellington, seu dedão pairou sobre ATENDER.

"Sr. Hinkley, você se importaria em me mostrar esses recibos?"

"Claro," ele disse. "Um momento."

Enquanto Hinkley deixou a cozinha, Mackenzie olhou rapidamente para Harrison. "Suas ideias iniciais?"

"Ele parece um esquisito, mas não acho que ele seja nosso cara."

"Também," disse Mackenzie. "Um segundo," ela acrescentou, gesticulando para o telefone. Então, ela atendeu a chamada com: "Ei. Como vai?"

"Eu pensei que pensei em informá-la que as patrulhas na frente daquelas igrejas não vão ser uma prioridade tão alta como McGrath falou originalmente," disse Ellington.

E por que não? Ele tem uma ideia melhor?"

"Bem, isso vai deixar a mão de obra bem escassa. Ele ainda pode ter patrulhas no exterior delas, mas não vai ser prioridade."

"Não era ele que queria isso terminado o mais rápido possível antes que todos no Hill viessem caindo para cima dele? Mas está preocupado com mão de obra?"

"Pense nisso, Mac. O que vai ser mais efetivo? Alguns agentes ativamente lá fora caçando esse cara ou alguns agentes parados, esperando que o assassino possa aparecer. Além do mais... ele matou ontem à noite. Os outros assassinatos têm sido espaçados. As chances de que ele ataque hoje são quase nulas. Não podemos apenas sentar e esperar."

Ele está certo, ela pensou. Mas ainda assim, ela sentia que era um erro. A pista da Trilha de Jesus parecia sólida e ela sentia que devia ter uma recompensa no fim.

"OK," ela disse. "Obrigado por me informar."

Ela desligou a chamada ao ver Hinkley já retornando pelo corredor em direção a cozinha. Quando ele a entregou os recibos, o fez com um sorriso torto no rosto. Aqui está a prova de como absolutamente errada você está, parecia dizer o sorriso

Ela olhou os recibos e viu que era legítimos. Harrison estava olhando por sobre o ombro dela para eles também, dando-lhes uma olhada de escrutínio. Mackenzie sabia que ela poderia ligar para o motel e certificar-se de que ele não havia feito o check in e então saído apenas para voltar a DC para promulgar seus assassinatos. Mas era um tiro distante e parecia desesperado.

Não é ele, ela pensou. Você sabia disso alguns minutos atrás, pela maneiro que ele falou sobre Tuttle. Então, esqueça e siga em frente.

Obrigado por sua cooperação," ela disse, entregando-lhe os recibos. "Vou deixá-lo voltar para o seu estudo da Bíblia."

"Obrigada. E, Agente... é meio triste, não é?"

"O quê?"

"O fato de homens que alegam acreditar tão fervorosamente em Deus encontrarem alguém que discorda deles de maneira tão alarmante que eles apontam os dedos. Isso os faz sentir confortável. Isso torna mais fácil para eles darem as costas para seu próprio pecado."

Como o cisco e a viga que Whitter mencionou, pensou Mackenzie... não com uma ponta de ironia.

"Desculpe se isso te incomoda," Hinkley disse.

Não, você não sente, ela pensou.

"Agente Harrison," disse Hinkley, "certifique que você esteja sempre cuidando da Agente White. Sua vestimenta é justa, a saia muito alta. E nós vivemos em tempos malignos afinal."

"Como todo respeito," disse Harrison, "a Agente White não precisa de proteção."

Mackenzie disse nada, mas sorriu. Ela também ofereceu um simples aceno de cabeça para Hinkley ao voltar pelo corredor com Harrison a seguindo. Ela nem se incomodou em olhar para trás para o pequeno grupo de homens amontoados na sala de estar para o estudo. Ela andou diretamente para a noite lá fora e aumentou a velocidade enquanto caminhava em direção ao carro. Ela estava bastante feliz que Harrison estivesse com ela. O mero fato de que alguém mais estava lá com ela, ajudou-a a manter os pés no chão, não deixando seu desânimo tirar o melhor dela.

Mesmo que ele fosse inocente, Hinkley a havia irritado um pouco. Havia uma certeza nele-uma garantia absoluta de que ele estava certo e que os homens que foram mortos estavam todos errados. E se esse fosse o caso, então certamente ela não mataria esses homens tendo glorificação como motivo.

Talvez nós entendemos errado a coisa da glorificação, ela pensou. E se esse era o caso, o que mais entendemos errado?

Era um pensamento preocupante e um que a tinha feito quase queimar pneu na entrada de Joseph Hinkley.


CAPÍTULO TRINTA

 

Embora fosse necessária uma condução extra, Mackenzie deixou a residência de Hinkley e dirigiu até a Batista do Monumento e a Igreja Distrital de Deus. A Batista do Monumento veio primeiro. As duas ficavam tão próximas que quando ela saiu do carro para a calçada, ela podia literalmente ver a torre se erguendo em uma silhueta do outro lado mais no fim da rua.

Ela também viu que havia um carro de a paisana parado em frente a Batista do Monumento, o tipo de modelo 2005 inexpressivo que normalmente estava estacionado na garagem do FBI. Ela levantou a mão para o homem lá dentro, um gesto de reconhecimento. A figura lá dentro retornou, o movimento cansado e apático.

Pobre cara está entediado até o topo, pensou Mackenzie. Talvez ele não estivesse se esse local recebesse a atenção que deveria.

A noite estava escura-apenas um quarto da lua visível-então ela usou sua lanterna para verificar o terreno. A Batista do Monumento era bastante pequena, quase tão pequena quanto a pequena igreja na qual ela se encontrara com Benjamin Holland. Havia um pequeno cemitério nos fundos da propriedade, uma coisa que ela raramente via na cidade e isso adicionava um tom assustado para a cena toda. Depois de um circuito pela propriedade, ela caminhou mas longe acima do quarteirão para a Igreja Distrital de Deus.

Esta igreja parecia quase uma pequena loja. Um estacionamento asfaltado estava perfeitamente aparado na frente. Quando ela caminhou até as grandes janelas panorâmicas que viam lá dentro, ela pôde ver muito pouco com sua lanterna.

Talvez Ellington e McGrath estejam certos, ela pensou. Mais que uma ou duas pessoas posicionadas aqui pode ser um desperdício. As outras igrejas tinham um senso de charme e beleza nelas-mesmo a minúscula Pedra Angular Presbiteriana. Esses dois locais... eram como velhos monumentos esquecidos para um Deus que as pessoas só meio que acreditavam.

Incerta se seu encontro com Hinkley estava ou não a fazendo se sentir derrotada, Mackenzie sabia que ela precisava voltar para trás dos arquivos. Ela precisava estar confortável, sua mente desprovida de qualquer coisa. Mesmo se ela estivesse errada sobre essas duas igrejas, ela ainda sentia que ela estava em algo.

Mas em quê?

Era uma boa questão. E era a questão que ela tinha intenção de ter uma resposta antes que o sol surgisse. Ela voltou para o carro, acenando para o homem na patrulha novamente ao passar. Dessa vez, ela mal levantou a mão de volta para ela.

 

***

 

Ellington já estava em casa quando ela chegou. E, embora ele estivesse ficando pronto para se deitar e fazendo piadas sobre como eles poderiam ambos aquecer a cama, ela passou. Ela tinha que pegar aquelas arquivos. Felizmente, Ellington sabia tudo sobre a ética de trabalho dela e não levou para o lado pessoal. Ele também não ofereceu para ajudar, sabendo muito bem que ela recusaria nesse ponto também.

E ele não reclamou nada sobre isso. Ele simplesmente a conhecia assim tão bem, sabendo que ela tinha que trabalhar sozinha, em perfeita paz e sem distrações.

É por isso que eu o amo, ela pensou. É por isso que, se eu seguir meu caminho, vou acabar me casando com ele.

Ela pegou um refrigerante da geladeira às 11:15 da noite e começou a examinar os arquivos do caso novamente. Fotos das cenas dos crimes. Relatórios da perícia. Tudo que ela podia encontrar nos arquivos físicos e tudo dos e-mails e documentos digitais que tinha no computador.

Ela viu a mesma coisa em todas as fotos. Todos os homens foram mortos, despidos quase nus e crucificados de uma maneira que retratava Cristo.

Mas mesmo que esses sejam atos de glorificação, estão sendo realizados por um assassino, ela pensou. E para alguém que não tem escrúpulos sobre matar, algo aparentemente simples como glória seria distorcida.

Ela olhou para as fotos lado a lado. Cada morte... algo era diferente em cada uma. Havia apenas o suficiente para indicar um propósito por trás. Havia o leve corte na lateral do Woodall, então o desagradável e muito claro rasgão na lateral de Coyle. Além disso, com Coyle, havia os itens pessoais no pé da cruz.

Era como se ele estivesse construindo algo. E ele está tomando seu tempo nisso.

Por mais horrível que parecesse, ela duvida de que uma morte iria satisfazer esse cara. Então, se eles fossem trabalhar na suposição que a abordagem da Trilha de Jesus estivesse correta, talvez houvesse além de mais uma parada no caminho-o equivalente ao Cafarnaum.

Ou se existir um curso diferente? Há, talvez, alguma outra rota bem conhecida que Jesus tenha andado?

Ela gastou algum tempo no Google e surgiu com nada. A Trilha de Jesus continuava a pipocar repetidamente.

Quando ela viu que estava no segundo refrigerante, Mackenzie havia lançado mão de desenterrar informações sobre todos os quatro falecidos. Ela viu alguns artigos sobre eles e o Padre Costas até tinha uma página na Wikipédia. Na página, havia uma foto dele falando de um púlpito, um sorriso paternal no rosto. Sua elegante igreja estava atrás dele-as cores brancas, as colunas ornamentadas, mas de bom gosto, uma estranha, porém tranquila, obra de arte em relevo.

Alguns minutos depois ela se deparou com um vídeo do YouTube do Pastor Woodall. Ele estava dando um tour na sua igreja. O tour era co-liderado por um homem que Mackenzie encontrou na manhã que Woodall fora morto-Dave Wylerman, o diretor musical. Enquanto o vídeo levava o espectador pelo santuário (uma ampla sala que parecia mais com um teatro do que com uma igreja), Mackenzie notou as diferenças entre os interiores da Palavra Viva e da Sagrado Coração. Enquanto a Sagrado Coração era clara, destacada em ouro falso e luz natural derramando-se sobre todo lugar, parecia que a Palavra Viva era mais cores mudas e tons de terra. Até mesmo as pinturas na parede da ampla sala de entrada da Palavra Viva pareciam ser escuras e silenciadas.

Ela quase não as reparou, porque eram tão pouco atraentes. Mas após um momento de hesitação, ela parou o vídeo e voltou dez segundos. Ela assistiu Woodall e Wylerman andando pela sala de entrada e então pausou o vídeo quando a pintura voltou a vista.

Ela a estudou por um momento e reduziu o tamanho da janela. Então, ela abriu a página da Wikipédia do Padre Costas novamente e encolheu esta também. Ela deu um zoom na foto dele e então arrastou as janelas lado a lado.

A pintura no fundo da Palavra Viva portava algumas semelhanças com a arte em relevo atrás do Padre Costas em sua foto.

Agora curiosa, ela mandou uma mensagem para Harrison. Ela sabia que ele era uma coruja da noite e que provavelmente responderia rapidamente como sempre. Nós temos ALGUMA foto do interior da Pedra Angular ou da São Pedro?

Enquanto esperava, ela fez uma busca de imagens no Google por Pedra Angular Presbiteriana, Washington, DC. Ela teve que rolar a página um pouco até que encontrasse alguma coisa, mas mesmo assim, não era muito. Algumas poucas imagens de um churrasco na Escola de Férias da Bíblia no ano passado. Uma foto de um coral visitante. Algumas imagens do Reverendo Tuttle. Nada mais.

Ela recebeu uma mensagem de volta de Harrison onze minutos depois que ela tinha enviado sua mensagem. Lento para Harrison, mas não tão ruim considerando que, de alguma maneira, vem a ser 1:48 da manhã.

Precisei que encaminhar a requisição para o arquivo, ele respondeu. O caso é sensível, então eles pularam nele. Estão lhe enviando um e-mail com algumas imagens do interior da São Pedro de depois do assassinato de Coyle.

Ela verificou o e-mail e, certamente, havia um e-mail do Arquivo esperando por ela. Era intitulado São Pedro.

Ela abriu o e-mail e clicou no link dentro. Foi direcionada para um serviço de compartilhamento de arquivos do FBI onde havia dezoito imagens do interior da São Pedro. Ela não chegou a passar da segunda antes que visse que procurava.

No fundo, atrás do santuário e incrivelmente centrada perfeitamente na imagem, havia uma peça de arte de falso relevo. Embora não parecesse ser do mesmo estilo do que ela havia visto por acaso na Palavra Viva ou na Sagrado Coração, havia muitas semelhanças.

Eram muitas para se ignorar.

De fato, naquele momento, pareciam incrivelmente importantes.

Ela olhou para o relógio e depois para o seu telefone. 2:03 da manhã.

Ela não tinha escolha. Certa de que o pobre homem em breve iria odiá-la muito, Mackenzie fez uma ligação para Benjamin Holland.


CAPÍTULO TRINTA E UM

 

Mackenzie ficou surpresa e aliviada ao ver que Benjamin não parecia tão cansado com ela esperava que ele estivesse. Eram 2:50 quando ela o seguiu de volta na pequena biblioteca nos fundos da pequena igreja. Ele parecia quase feliz em estar ali, como se ele pudesse estar retornando ao seu lugar preferido no mundo.

"Eu não posso lhe dizer o quanto eu agradeço você me encontrar em uma hora tão miserável," disse Mackenzie.

Benjamin deu de ombros enquanto ela se acomodava no sofá. "Eu sou uma coruja de qualquer jeito," ele disse. "Eu estava acabando de ficar pronto para assentar a noite quando você ligou."

"Vou tentar fazer com que você volte para a cama logo que possível," ela disse.

Ela estava com sua mochila do notebook por cima do ombro. Ela a escorregou, abriu o notebook e puxou as imagens que esteve estudando com tanto afinco no seu apartamento.

"Embora ainda estejamos considerando fortemente a abordagem da Trilha de Jesus, há algo mais que reparei em algumas dessas imagens. No início em pensei que pudesse ser nada, mas não sei... parece um pouco coincidência demais para mim."

"Bem," disse Benjamin. "Vamos ver o que você tem."

Mackenzie passou os próximos poucos momentos contando-lhe como ela havia chegado a encontrar as imagens-da peça de arte por trás do Padre Costas, até pintura na Palavra Viva e a arte de falso relevo na São Pedro. Então, eles estudaram as imagens de perto. Benjamin parecia bem fascinado enquanto estudava as imagens, um sorriso se formando nos cantos de sua boca.

"Reconhece a obra de arte?" ela perguntou.

"Reconheço," ele disse. "Digo, eu nunca estive realmente na São Pedro antes, então eu na verdade não vi essa obra, mas eu reconheço-a pelo que ela é. Todas as três fotos que você trombou... são os três estágio da Via Sacra."

"O que é isso exatamente" ela perguntou, novamente não gostando da sensação de ser ignorando em uma área específica.

"Em latim, é referida como Via Crucis. É a representação do que Cristo passou no dia que foi crucificado. Há quatorze delas-quatorze imagens que mostram várias cenas daquele dia. Começa no momento em que Pilatos condenou Cristo a morte e termina quando ele é colocado em um túmulo. Há uma certa décima quinta representação não oficial mostrando Cristo sendo ressuscitado."

"E isso é uma coisa bem conhecida?"

"Não realmente," ele disse. Como se arrebatado por uma reflexão tardia, Benjamim levantou do sofá e começou a procurar pelos títulos. Ele percorreu o dedo habilmente ao longo das lombadas, procurando uma em particular.

"Se você pegar uma pessoa aleatória da rua e perguntá-la sobre isso, provavelmente, ela não vai ter ideia do que você está falando," ele continuou. "Eu suponho, porém, que se você vive em Jerusalém, você saberia disso. Há um beco na cidade conhecido como Via Dolorosa, que tem essas estações numeradas. Pessoas podem viajar por elas como forma de lembrança e oração. É claro, como vemos nessas imagens, há representações replicadas pelo mundo inteiro. Uma das mais populares, eu acredito, está localizada em Portugal."

Dito isto, ele selecionou um livro da prateleira e comecei a folheá-lo enquanto voltava para o sofá. Quando ele chegou ao sofá, havia encontrado o lugar que estava procurando e entregou o livro para Mackenzie.

Ela olhou as páginas em frente a ela e viu algumas representações diferentes das cenas da Via Sacra. Havia uma linda em Portugal no Tempo de Nossa Senhora de Fátima. Havia um conjunto colorido inteiro localizado em uma igreja portuguesa em Kolkata. Ao virar para a próxima página, ela até viu imagens mostrando pessoas encenando a caminhada de Cristo até Gólgota, completa com enormes cruzes amarradas nas costas dos atores.

"OK," disse Mackenzie, sentindo as peças caírem no lugar. "Então, o que você pode me dizer sobre as representações dessas igrejas aqui em DC?"

"Bem, a que eu vejo da Palavra Viva está bem clara, eu acho. Mostra Cristo caindo pelo peso da cruz nas suas costas. Agora, durante a via, ele cai três vezes, mas a cada vez que ele cai, há mais pessoas ao seu redor, retratando a multidão se reunindo para vê-lo morrer. Dado que havia pouquíssimos espectadores nessa representação, eu diria que foi a primeira vez que ele caiu."

"Das quatorze estações, qual é a posição dessa?"

Benjamin pegou o livre dela, virou algumas páginas e chegou a uma página que listava a ordem das estações. "Aqui," ele disse. "Seria a terceira estação."

"E a representação da São Pedro?"

Ambos olharam para a foto do interior da São Pedro. Mostrava uma mulher, presumivelmente Maria, chegando ao lado de Cristo enquanto ele continuava com sua cruz.

"Jesus se encontra com Maria," disse Benjamin. "Essa é a quarta estação."

Outra grande peça do quebra-cabeça caiu no lugar para Mackenzie. Se a representação da Via Sacra na Sagrado Coração representa a primeira estação, eu peguei esse desgraçado.

Porque a terceira estação foi a Palavra Viva... e o Pastor Woodall foi a terceira vítima. A quarta estação foi representada na São Pedro e o Padre Coyle foi a quarta vítima.

Outra certeza se instigou nela, uma que a fez ter mais segurança do que nunca que essa era a chave.

Esse cara poderia facilmente matar suas vítimas em suas casas. Mas ele está escolhendo fazê-lo nas igrejas. Por alguma razão, ele sente que precisa acontecer no lugar onde aquela estação em particular está representada. Todas essas mortes... onde quer que os assassinatos aconteçam, tudo termina em uma igreja...

Juntos, Mackenzie e Benjamin olharam a imagem na Sagrado Coração. Ela ampliou a representação da estação atrás do Padre Costas. Ela viu Cristo, de pé com algumas outras pessoas enquanto outro pequeno grupo estava acima dele em algum tipo de grande escadaria ou palco de algum tipo. O homem no centro parecia bastante régio e autoritário. A certeza disso caiu sobre Mackenzie no mesmo momento que Benjamin pronunciou.

"Esse é o momento no qual Pilatos condena Cristo a morte," ele disse. "Essa é a primeira estação."

"Então, ele vai em ordem," disse Mackenzie.

"Parece que é dessa forma," disse Benjamin seriamente.

Mackenzie olhou para a lista cronológica das estações. A quinta estação transmitiu a cena de Simão indo auxiliar Cristo a carregar a cruz.

"Por acaso, você conhece alguma igreja em DC que tem obra de arte que representa a quinta estação?" ela perguntou.

"Temo que não," ele disse. "Mas eu posso fazer algumas ligações e ver se consigo uma resposta."

"Seria extraordinário," ela disse.

"Pode demorar um pouco, dada a hora."

Mackenzie assentiu, se recusando a desanimar-se novamente. "Tudo bem," ela disse. "Qualquer coisa que você possa fazer para ajudar seria muito apreciado. Você poderia me ligar no momento que você obtiver uma resposta?"

"Se eu consegui uma resposta, com certeza."

"Verei o que o FBI pode fazer para ajudar a obter uma resposta também," ela disse. "Obrigada novamente."

Com isso, ela deixou o estudo pela segunda vez em menos de doze horas.

É isso, ela pensou. Essa é a conexão. Isto é o que vai nos ajudar a pegar esse babaca.

Ela correu até seu carro e quase derrapou para fora da vaga de estacionamento ao voltar para a sede do FBI.


CAPÍTULO TRINTA E DOIS

 

Mackenzie não tinha certeza de quanto tempo levaria para encontrar um pedaço de informação aleatória tão bizarra e do nada como o que ela e Benjamin estavam em busca. Mesmo assim, quando rolou 4:30 por lá e ela se viu de pé em uma sala de conferências com três outros agentes e nenhuma resposta além, ela começou a sentir como se o tempo estivesse escapando deles. Chegou ao ponto no qual ela estava esperando o telefone tocar a qualquer momento-seja com boas notícias de Benjamin ou com notícias terríveis de que o assassino atacou novamente enquanto eles estavam ocupados fazendo ligações telefônicas para igrejas para perguntar sobre a arte que eles tinham penduradas nos corredores e santuários.

Ellington, Yardley e Harrison estavam todos na sala com ela. Yardley estava verificando todos os registros de doações de museus de arte nos últimos cinquenta anos, procurando por alguma indicação de que uma representação da Quinta Estação da Cruz tenha sido dada a uma igreja local. Harrison estava ligando apologeticamente para os líderes de cada igreja que ele pode conseguir as informações de contato, perguntando sobre as obras de arte das suas igrejas. Ellington estava correndo interferências e tentando manter McGrath feliz, fazendo o que podia para explicar corretamente a descoberta de Mackenzie relativa às Estações.

Mackenzie, enquanto isso, continuava a pesquisar sobre as Estações e o significado delas para diferentes denominações. Talvez ela pudesse encontrar um motivo escondido em algum lugar da história e da teologia de tudo. Ela quase desejava que estivesse de volta ao estudo de Benjamin Holland, em torno dos seus aparentemente ilimitados recursos de textos religiosos. Em vez disso, ela se contentou com o que tinha: Google e Wikipédia.

Ellington, passando os últimos vários minutos no telefone com McGrath, abaixou seu celular e tomou um assento ao lado de Mackenzie.

"Então, ele não está tão feliz," ele disse.

"Claro que não está. Eu não ofereci algum truque mágico para apontar um dedo diretamente para o assassino."

"Bem, sim, tem isso," disse Ellington. "Mas ele ainda está irritado sobre você querer vigiar aquelas duas igrejas-o que, aliás, ele está fazendo. Há carros passando por lá a cada hora mais ou menos."

"Então eu acho que ele está chateado que nós quatro estejamos ajuntados nessa sala de conferências, tentando identificar essa igreja?"

"Sim, ele não está muito feliz com isso. Ele disse que estará de volta aqui daqui a cerca de uma hora. Ele está ocupado com outra coisa agora."

"Ele disse o quê?"

Ellington balançou a cabeça. "Não. Seja o que for, ele está mantendo bem perto do cinto dele."

"Eu não vejo o que-" ela começou a dizer, mas seu telefone a interrompeu.

Ela respondeu imediatamente, reconhecendo o número.

Era Benjamin Holland.

"Por favor, me diga que conseguiu," ela disse.

"Tenho. Um amigo meu na Bélgica é um colecionador ávido de arte religiosa e acompanha esse tipo de coisa. Na verdade ele tinha uma lista de todas as igrejas americanas com algum tipo de representação das Estações da Cruz. Ele tem três igrejas listadas em DC que tem representações da quinta estação. Uma dessas igrejas fechou nos últimos anos, porém, então isso abate suas opções para duas."

"Ótimo," ela disse.

"Fica melhor. Dessas duas igrejas, uma delas dedicou sua representação a um museu de arte religiosa em algum lugar no México no ano passado. Então isso deixa você com apenas uma igreja. Batista da Graça na Hudson Street."

"Tem certeza disso?" ela perguntou.

"Tenho. Eu o fiz confirmar. Eu vou lhe enviar o número de telefone de lá por mensagem. Porém, eu não tenho o número de ninguém na liderança."

"Tudo bem. Perfeito. Obrigada, Benjamin."

Ela desligou antes que ele pudesse dar sua reposta inteira de Por nada.

"Consegui," ela anunciou para a sala, pegando o número de McGrath.

"Conseguiu o que?" perguntou Harrison. "A igreja?"

"Sim. Benjamin Holland chegou por um longo caminho."

"Você está ligando para McGrath?" perguntou Ellington. Depois que ela assentiu, Ellington estremeceu. "Eu não sei se é a melhor ideia."

Mas foi tarde demais. O telefone havia tocado duas vezes e McGrath respondeu com a sua maneira direta de sempre.

"O que foi, White?"

"Batista da Graça," ela disse. "É onde está a quinta Estação da Cruz."

"Você está certa disso?"

"Sim. É informação que veio diretamente de um amigo próximo de Benjamin Holland. Ellington e eu vamos até lá agora e-"

"Não. Eu não quero nossa força de trabalho espalhada tão rala assim. Já está bastante rala do jeito que está. Você vai até lá e se parecer que vai virar alguma coisa, então você liga. Se você sabe com certeza de que tem alguma coisa por lá, ligue e eu enviarei todos os agentes disponíveis."

"Senhor, o que está acontecendo?"

"Eu estou atolado, White. Estou até os olhos de outra merda. O mundo não gira ao redor do seu caso."

"Pareceu que sim da última vez que nós conversamos," ela disse. Então ela trancou sua boca, percebendo que ela estava dando uma de esperta com McGrath. E isso não poderia fazer nada além de complicar as coisas para ainda piores.

"Eu vou fingir que os últimos cinco segundos nunca aconteceram, então considere isso como um alerta para a sua boca espertinha," ele disse. "Agora, se você acha que é uma pista sólida, por favor, vá verificar. Se chegar à alguma coisa, solicite a ajuda que precisar."

Ele terminou a chamada abruptamente, deixando Mackenzie com um telefone silencioso nas mãos. Ela olhava para o telefone, estupefata.

"Ruim assim, hein?!" perguntou Ellington.

Ela suspirou e colocou o telefone na bolsa. "Eu vou para lá e dar uma olhada. Se resultar em alguma coisa, eu ligarei. Fiquem no aguardo, todos vocês?"

Yardley e Harrison assentiram, Yardley com um olhar de apreensão no rosto. Ellington, enquanto isso, a levou para fora da porta e quando estavam a sós, ele tomou as mãos dela.

"Você está ok?" ele perguntou.

"Sim. McGrath está sendo... não sei. Ele está escondendo algo."

"Eu também achei isso. Vou ver o que posso descobrir. No meio tempo, tome cuidado. E me ligue mesmo se você só farejar perigo."

Ela assentiu e inclinou-se para beijá-lo. Foi doce e persistente, exatamente o que ela precisava para mandar uma carga extra de energia nela. Com o beijo suprindo um pouco mais de energia, foi fácil ignorar o fato de que ela não havia dormido na noite passada.

Bem desperta e com uma pista promissora à frente, ela desceu para o carro enquanto a noite começava a desaparecer no despertar da manhã que se aproximava.


CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

 

Chegando a uma parada em um semáforo, Mackenzie tirou o telefone e digitou Batista da Graça no Google. A página apareceu e levou apenas alguns momentos para encontrar a página de Sobre Nós Lá, ela encontrou o nome do pastor líder: Tim Armstrong. Não havia número de contato pessoal, apenas o número da igreja seguido por um ramal.

Ela mandou uma mensagem de grupo para Ellington, Yardley e Harrison. Preciso do número para Tim Armstrong, pastor principal da Batista da Graça.

Na frente dela, a luz ficou verde e ela arrancou. Suas entranhas estavam tremendo, seu coração martelando-seu instinto dizendo a ela que estava em algo. O último semáforo, ela decidiu, seria o último que ela pararia.

Então, pela terceira vez, ela tentou o número que Benjamin Holland havia lhe dado. Só a havia direcionado a uma gravação do centro de boas vindas da igreja como nas duas vezes anteriores e fez o mesmo desta vez. Ela estava convidada a tentar um ramal ou deixar uma mensagem. Fez nenhum destes; ela percebeu que se nada acontecesse entre agora e o início do horário comercial, ela falaria com alguém cara a cara e certificar-se-ia de que a igreja estivesse sob vigilância constante. O pastor líder também pode precisar de uma escolta. Claro, isso pode deixar ainda mais difícil encontrar o assassino, mas-

Você está ficando muito à frente de si, ela pensou enquanto desacelerava para virar no estacionamento.

O sol estava acabando de depositar algumas marcas douradas ao longo do horizonte quando Mackenzie parou o carro no estacionamento da Batista da Graça. A igreja a lembrava um pouco a Palavra Viva. Era grande, mas não excessivamente. Também foi projetada com uma sensação bastante moderna, nada como as igrejas Batista de onde Mackenzie cresceu.

Ela olhou para a direita e viu apenas um carro no grande estacionamento. Nada sobre ele gritava suspeito, mas a fez lembrar-se de uma coisa que ela havia negligenciado antes de sair da sede.

Ela andou até a igreja na desvanecida escuridão do amanhecer. Como a Palavra Viva, tinha grandes janelas que a permitiam ver lá dentro. Como esperava, não havia qualquer pessoa dentro. Ela tentou as portas duplas de vidro e, sem surpresa, encontrou-as trancadas.

Em seu bolso, seu celular a chamou. Ela o removeu e viu que Yardley enviara mensagens de texto com o número de telefone celular de Tim Armstrong. Ela clicou no número e o telefone ligou para ela imediatamente. Ticou cinco vezes e, então, direto para a caixa postal. Ela não se importou com uma mensagem, sabendo que mais de cinquenta por cento das vezes, não ajudava. Pessoas tendiam a nem checar a caixa de voz a não ser que estivessem esperando uma chamada importante.

Ela sabia que era muito cedo para a maioria das pessoas-passando das 5:30 da manhã agora-mas ela percebeu que isso era uma emergência. Também, embora pudesse ser um pouco estereotípico, ela estava bem certa de que qualquer líder religioso estaria de pé logo cedo para orar e ter tempo de silêncio. Aparentemente não Tim Armstrong, no entanto.

Começando a compreender porque McGrath possa ter pensado que ela estava sendo muito insistente quanto ao envio de tanta força de trabalho quanto possível para lá, Mackenzie começou a caminhar pelo prédio. Ela chutou que o prédio em si era aproximadamente do comprimento e largura de um campo de futebol-provavelmente alguns metros a menos, mas próximo. Então fazer a trilha ao redor dele não era tarefa fácil.

Ao virar a quina para os fundos da igreja, ela viu uma pequena casinha de manutenção e ferramentas no limite da propriedade. Atrás dela havia uma cerca de ferro fundido que separava a propriedade da igreja de um terreno vizinho-a entrada de uma subdivisão abastada.

Um trecho considerável de gramado ficava na parte de trás da igreja. Um pequeno parque infantil estava escondido na esquina do gramado, novamente separado da propriedade vizinha pela cerca de ferro. Um estacionamento da equipe de funcionários ficava do outro lado, completamente vazio.

Ainda sentindo-se inquieta, ela supôs que tentaria o número de Armstrong mais uma vez. Talvez se o mesmo número chamasse repetidamente, ele se inclinasse a atender.

O telefone começou a tocar em seu ouvido. Depois do primeiro toque, o som ficou estranho. Quase soava como se estivesse ecoando em seu ouvido, como se estivesse...

Como se o telefone estivesse aqui, no terreno da igreja.

Ela removeu o telefone do ouvido e escutou atentamente. Lá estava de novo-o toque de um telefone celular. Sem o telefone no ouvido, era muito mais fácil escutar, mais fácil de rastrear.

Estava vindo de trás dela. Do galpão de manutenção.

Ela retornou o telefone para o bolso e, sem nem pensar, tirou a Glock do coldre.

Acalme-se, uma pequena parte dela dizia. Ele pode apenas estar por lá para verificar os suprimentos. Talvez colocando gasolina no cortador de grama para hoje mais tarde.

A parte mais sábia dela lembrava-se de ter visto um único carro no estacionamento. Às 5:30 da manhã, essa parte dela argumentava.

Ela caminhou rapidamente ao longo da faixa de grama dos fundos em direção ao galpão de manutenção. Era um modelo mais legal, um que ela provavelmente compraria da parte da frente de uma Home Depot ao invés de construir à mão. Uma grande porta de celeiro estava trancada na frente. Uma única janela ficava no lado direito, refletindo o pouquinho de luz do sol que havia agraciado esse lado do mundo.

Ela reduziu o passo ao se aproximar do galpão. Em vez de dirigir-se diretamente para a porta, ela foi para o lado direito da estrutura. Ela avançou em direção à janela, a Glock mantida apertada em suas mãos. Ela se virou rapidamente para a janela, olhando para dentro o mais furtivamente possível.

Ela viu as grandes tábuas no chão primeiro-uma na vertical, ocupando quase todo o comprimento do galpão. A outra estava na horizontal, um pouco torta e não exatamente cruzada, mas a ideia estava certamente ali.

Então ela viu o homem.

Ele estava despido apenas de cueca.

Seu braço direito estava esticado desajeitadamente enquanto ele pegava a tábua horizontal.

Não, ela pensou. Ele não está pegando.

O reflexo da janela tornava muito difícil ver claramente, mas sua mão foi pregada na tábua. Ela podia ver o círculo escuro de sangue nas suas palmas enquanto ele lutava contra a dor e o peso.

Ela olhou para seu rosto enquanto o estômago dela afundava. Havia uma mordaça amarrada ao redor da cabeça. Seu cabelo era grisalho e os olhos frenéticos e repletos de dor que ela viu pela janela pareciam muito mais felizes e mais pacíficos quando ela os viu na fotografia no site da Batista da Graça.

Era Tim Armstrong.

Mackenzie se afastou da janela e se dirigiu para a porta do galpão.

Quando outro homem andou para fora do canto, ela ficou muito surpresa no início por agir tão rapidamente quanto costumava fazer.

Ele estava apenas a apenas um passo dela quando ele desceu um martelo sobre a cabeça dela. Estava descendo, mirado em seu crânio, quando ela tentou desviar para o lado e puxar o gatilho da Glock ao mesmo tempo.

Os sons do disparo e da repugnante batida do martelo acertando o lado do seu rosto encheram o mundo ao mesmo tempo.

As pernas de Mackenzie sentiam como os ossos tivesse virado gelatina. Ele bateu os joelhos, tentando levantar a arma, apenas para descobrir que não havia nada além de escuridão em frente aos seus olhos.

 

***

 

Quando ela abriu os olhar, a primeira coisa que ela percebeu foi que ela não conseguia respirar. O mundo não estava escuro, mas matizada em uma estranha cor bege. seus ombros doíam e seus tornozelos davam pontadas. Mias que tudo o mais, sua cabeça doía para diabo.

Acalme-se, ela pensou. Faça o inventário. O que aconteceu?

Ela colocou as peças juntas e enquanto o fazia, foi capaz de respirar novamente-e de ter uma melhor visão da sua situação.

Tim Armstrong estava no galpão. Uma mão pregada a uma cruz que ainda não havia sido construída. Um homem veio da esquina e me bateu com um martelo. Mas eu disparei um tiro. Eu o acertei? Ele está morto?

Dadas a sua situação de apuros atual, ela assumiu que não.

Quando sua visão começou a retornar-ainda bege e embaçada por hora, mas operável-ele teve uma ideia melhor do que estava acontecendo.

Ela estava no galpão. Suas mãos estavam amarradas atrás das suas costas. Seus tornozelos estavam amarrados. Ela foi arrastada para um canto, atrás de um cortador de grama e um galão de gasolina.

Ela moveu a cabeça lentamente. Ela olhou para a janela e viu que ainda estava turvo lá fora. O sol ainda não nasceu.

Então não fiquei apagada por muito tempo. Talvez ele mal tenha conseguido me dar aquela martelada.

Isso, também, era ilusório. Sua cabeça parecia como se uma bomba tivesse sido detonada no seu crânio. Ela podia senti-la inchando mesmo seu usar as mãos.

Do seu lado direito, ela podia ouvir um tilintar. Foi seguido por um murmúrio de desespero e um suave barulho arrastado.

"Fiquei quieta," uma voz disse. "Isso vai acabar logo. Você está morrendo como Jesus. Você, também, será glorificada."

Mackenzie não conseguia ver o que estava acontecendo porque o cortador de grama estava bloqueando seu campo de visão. Ela lutou contra o que quer que estivesse prendendo seus pulsos, mas sem efeito. Eles estavam bem amarrados. Tudo o que a luta conseguiu foi contar a lateral dos seus punhos nas bordas do protetor de grama do cortador.

A dor e o sangue fresco derramado de sua pele eram uma dádiva, no entanto. Uma ideia que parecia ao mesmo tempo tanto desesperada quanto ilógica. Novamente, se movendo o mais silenciosamente que podia, Mackenzie deslocou o corpo para a direita. Ela teve que torcer os ombros desajeitadamente, mas ela conseguiu alinhar as fortes amarras ao redor dos seus punhos com o protetor de grama. Ela levantou os braços e os abaixou, para baixo e para cima, para cima e para baixo o mais silenciosamente quanto podia.

Ela não tinha ideia se estava funcionando-se o protetor estava cortando o que quer que estivesse prendendo seus punhos. Ela podia dizer que não era aço ou metal... talvez fosse uma corda ou de pano reforçado, ou-

A garagem foi então preenchida com o som pesado de um martelo batendo um prego. Um choro gutural de agonia, abafado, porém inconfundível, se seguiu. Mackenzie se encolheu com o barulho, mas também usou isso para sua vantagem, levando os dois ou três segundos para intensificar seus estranhos movimentos de serra.

Ela começou a sentir a pressão ao redor dos seus pulsos se afrouxarem. Ela olhou abaixo para os tornozelos e viu que estavam amarrados com algum tipo de corda grossa. Se fosse o mesmo material que estava mantendo seus pulsos juntos, ela assumia que seria capaz de cortá-los com bastante facilidade.

A dor murmurada de Tim Armstrong se tornou um ofegante tipo de chiado. A apressada comoção dele se contorcendo contra o chão havia parado.

Eu vou escutá-lo morrer se não me apressar, ela pensou.

Novamente, ela escutou o tilintar de pregos e então um ruído quando um martelo foi largado no chão.

"Eu sei que machuca," o homem disse a Armstrong. "Mas acabará em breve. Apoie-se sobre estes braços eternos até então. Ele está esperando por você, Pastor. Ele está esperando por você e você irá se regozijar na sua presença."

Ele está fazendo isto como forma de glorificação, ela pensou enquanto continuava a serrar. Ele acha que está fazendo um favor a eles-acha que ele os está entregando a Cristo.

Mais dois lentos e direcionados movimentos dos seus ombros e ela sentiu seus pulsos ficarem completamente livres. Ao invés de saltar imediatamente, ela tomou um momento para flexionar as mãos e esticar os pulsos. Então, ela abaixou-se rapidamente e desatou a corda ao redor dos seus tornozelos. Ela saiu com facilidade e quando finalmente ficou livre, colocou-se em uma posição agachada.

Sem arama, ela pensou. Uma cabeça que parece que está rachada ao meio e uma visão que ainda não está cem por cento. Não são as melhores chances.

Ela espiou por sobre o capô do cortador e levou um único momento para entender a situação.

Aparentemente, o golpe de martelo que ela ouviu segundos atrás não foi a segunda mão de Armstrong sendo pregada na tábua. Todavia, um brilho de sangue fresco em sua mão direita sugeria que o prego ali havia sido reforçado com aquela martelada em particular.

O assassino estava curvado sobre a cruz em construção, pegando outro grande prego nas mãos e se movendo em direção à outra mão de Armstrong. Ela viu uma boa quantidade de sangue ao longo do braço direito do assassino. Ela se perguntou se foi aí que seu tiro havia atingindo, alto no braço, perto do ombro.

Ela só podia ver o lado esquerdo do rosto do assassino. Ele parecia bastante abatido, uma barba no rosto que era indisciplinada e grisalha. Ele usava um apertado chapéu na cabeça, o tipo que parecia um gorro. Seus olhos estavam apertados em estreitas linhas, tornando quase difícil ver seus olhos castanhos. Ele estava trabalhando com dedicação e determinação.

Quanto a Armstrong, ele ainda estava vivo, mas estava em estado de choque. Seus olhos estavam estreitos e delirantes, seus membros tensos, mas não rígidos contra o toque do assassino.

A arma dela estava aos pés do assassino. O martelo estava na mão dele.

Atrás dele, pendurado em uma pequena grade aparafusada na parede, ela viu uma pá, uma enxada, um pequeno forcado e uma vassoura. Ele tinha todas as ferramentas com ele ou atrás dele e ela tinha nenhuma.

Eu tenho o elemento surpresa, ela pensou.

Mas então, naquele momento, até isso foi tirado dela.

O assassino olhou acima do seu trabalho, talvez apenas para conferir o estado prévio de comatose dela. Quando ele viu que ela estava acordada, ele parou por um breve momento. Então, ele largou o martelo e pregos e foi até a Glock.

Mackenzie fez o seu melhor para usar o seu entorno. Ela pegou a primeira coisa que ela viu-o galão de gasolina. Ela pegou, grata por descobrir que estava pelo menos meio cheio e o atirou. Parecia um ataque estúpido, mas muita gasolina saiu derramando pelo bico. Derramou no rosto dele, nos olhos. Ele gritou e tropeçou para trás, tentando instantaneamente limpar a gasolina dos olhos.

Mackenzie tirou vantagem disso ao se arrastar para cima e por sobre o capô do cortador de grama e dando um forte chute no peito do assassino. Ele caiu para trás com força e rebateu na parede da frente do galpão. Ele avançou gritando em direção a ela e ela facilmente o afastou com uma cotovelada no mesmo lugar que ela havia acabado de chutar.

O assassino se curvou ofegante. Mackenzie deu um passo a frente para continuar o ataque e prender as algemas nele, mas foi quando seu pé esquerdo escorregou na gasolina no chão. Ela mal escorregou, mas foi suficiente para dar uma janela de oportunidade para o assassino.

Ele foi correndo para cima dela e derrubou seus joelhos. Ambos caíram para trás em um estranho baque. As pernas de Mackenzie trombaram nas pernas de Tim Armstrong e ela caiu. O pastor estava gritando o tempo inteiro, gritando através da sua mordaça.

O assassino atingiu o chão, sua mão caindo sobre a Glock. Quando Mackenzie sentou-se, sua visão nadando e a cabeça gritando em dor infernal, sua mão encontrou o martelo do assassino. E dessa maneira, os papéis se reverteram.

No entanto, ela tinha uma vantagem. Ela sabia como usar um martelo com facilidade. Ele, por outro lado, tinha que olhar para baixo para a arma para ter certeza de que estava pronta para atirar.

Ela usou esse momento para acertar um cruzado pesado no seu queixo, usando o martelo como uma forma medieval de punhos de bronze. Ela ouviu algo na sua mandíbula estalar enquanto ele foi até a parede novamente. A arma bateu no chão, mas ele se esqueceu de disse no momento que seu impacto mandou a pá e o forcado ao chão.

Ele agarrou o forcado e tentou espetá-la com ele. Mas ela era muito rápida, já estava em cima dele. Ela envolveu a cabeça dele em um mata-leão e quando ele gritou, ela pode sentir em seus ossos. Ele tentou reajustar o forcado de forma que as garras ficassem viradas para eles. Ele tentou empurrá-la para frente, diretamente nos dentes, mas ela era muito forte. Ele empurrou e empurrou contra ela e foi por isso que ela ficou tão surpresa quando ele parou e, de repente, empurrou-a na direção oposta.

Ele a arremessou com força na parede repetidamente, ela sentia como se sua cabeça tivesse sido aberta como um melão. A dor era incomensurável e por um momento devastador, ela pensou que iria desmaiar novamente.

Ele foi correndo para frente com o forcado e foi tudo o que precisou para ela se apegar a consciência. Os olhos dela escanearam o lugar por um instante e quando ela viu a Glock repousando aos seus pés, ela se jogou no chão como se suas pernas tivessem derretido.

Ela foi rápida, mas não o suficiente. Ao atingir o chão, a garra externa pegou seu braço direito. Mal a atravessou, mas foi suficiente para cortar sua pele e derramar sangue instantaneamente. Mais uns dois centímetros e a teria pregado no chão, a garra a segurando firme.

Ela gritou enquanto sua mão recuperou a Glock. Sem mirar muita, ela a levantou e puxou o gatilho.

Um respingo de sangue quente a atingiu.

O forcado atingiu o chão cerca de dois segundos antes que o corpo do assassino o seguisse.

O tiro o acertou diretamente sob o queixo. Os resultados foram muito sinistros; Mackenzie teve que desviar o olhar.

Ela respirou profundamente e sentou-se, consciente de que o sangue do assassino estava sobre ela, mas incapaz de encontrar a força para se importar naquele momento.

"Pastor Armstrong... ajuda está a caminho... ajuda está a caminho..."

Ela tirou o celular enquanto tentava se colocar de pé. Ela tinha consciência apenas o suficiente para apertar o número de Ellington antes que a escuridão descendesse sobre ela novamente e ela também se juntasse ao assassino e ao Pastor Armstrong no chão do galpão.


CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

 

Foram três semanas antes que Mackenzie retornasse ao trabalho. Com seis pontos na lateral da cabeça logo acima da têmpora e vinte e um pontos no braço, ela estava confinada em serviço de escritório. E isso estava bem por ela; no que se seguiu depois do que aconteceu no galpão e da sua dolorosa recuperação após, havia muito que digerir.

No seu primeiro dia de volta, ela gastou a maioria do tempo lendo lentamente os documentos e relatórios do caso. Ela tinha de ler lentamente e concentrar-se mais que o habitual. Sua cabeça ainda doía de vez em quando. Ela ainda podia sentir as consequências da concussão que os médicos diagnosticaram e mesmo uma coisa tão simples quanto ler algumas páginas de documentos cobraria seu pedágio na sua mente.

Vagarosamente e com muito foco, ela foi capaz de reunir em ordem cronológica os fatos que ela recebeu de Ellington enquanto ele cuidava dela e a auxiliava de volta à saúde tão bem quanto podia pelas últimas três semanas no apartamento deles.

O nome do assassino era Thomas Hamel. Ele foi nascido e criado em uma comunidade rural na Virgínia onde frequentava uma igreja Batista com sua mãe e então, depois do divórcio dos pais, uma igreja Católica com sua mãe. Em cada igreja, ele havia testemunhado coisas grotescas sobre as quais ele escrevia extensivamente em diários encontrados em seu apartamento em Georgetown. Aos dez anos de idade, ele viu uma troca de socos entrar em erupção na sua igreja quando foi descoberto que um diácono estivera dormindo com a esposa do pastor. A igreja se dividiu e as amizades se dissolveram bem em frente dos olhos desse garoto de dez anos.

Então, aos treze quando se envolveu na igreja Católica da mãe, rumores de abuso sexual começaram a rondar. E, embora não houvesse qualquer prova, dois líderes da igreja se resignaram em meia às alegações. Tomando isso basicamente como uma admissão de culpa, Hamel e alguns dos amigos foram apanhados pichando a frente da igreja.

Nada demais aconteceu depois disso. Hamel frequentou a universidade, se tornou envolvido com uma igreja, casou-se, divorciou-se e, de alguma maneira, acabou tentando começar sua própria igreja. Nunca saiu do chão e depois, quando se candidatou a duas faculdades bíblicas separadas, ele foi recusado.

Fora acusação de vandalismo quando adolescente, Hamel não tinha outros registros. Mas os diários encontrados em seu apartamento falavam de ódio contra "falsos seguidos de Cristo e apologistas" ao mesmo tempo em que falava do seu amor e desejo de glorificar Jesus Cristo de toda forma possível. Ele também falava da sua admiração por certo líderes religiosos da área; os nomes do Padre Costas e Coyle, Pastor Woodall e do Reverendo Tuttle estavam entre eles.

E é aí onde as coisas ficavam realmente arrepiantes.

Hamel havia listado quatorze líderes religiosos e quatorze igrejas em seus meandros. Ele tinha todas as intenções de matar quatorze líderes religiosos e depois se entregar-sua própria maneira de "crucificação."

Quanto a Tim Armstrong, o homem que quase se tornou a quinta vítima de Hamel, logo entraria na segunda das três cirurgias na mão direita. Ele provavelmente nunca teria habilidade total na mão, mas parecia que os médicos poderiam salvá-la.

Hamel não deixou família; sem filhos e uma ex-esposa que parecia não se preocupar com sua morte quando a agência a notificou.

A vida inteira do cara, bem aqui em algumas folhas de papel, pensou Mackenzie. E está acabada... simples assim. Uma bala ... que eu atirei.

Ela não se arrependia. Ela sabia muito bem que na luta que tivera com ele, ele a teria matado se ela não tivesse conseguido sair por cima. Mas ela olhou para trás para os relatos de sua infância-como um filho tinha sido tão afetado e distorcido por causa da influência da igreja sobre ele.

"Ei, você," disse um voz da porta.

Ela olhou acima e viu Ellington de pé.

"Ei," ela disse.

"Hum... o que está errado?"

"nada."

"Então, por que você está chorando?"

Ela não fazia ideia de que estivera chorando, mas no momento que Ellington apontou isso, ela pode sentir as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Ela as enxugou envergonhada e deu de ombros.

"Eu não sei," ela disse.

Ele entrou na sala e viu os documentos na mesa dela. "Não faça isso consigo mesma," ele disse. "Ele está morto. E porque você o deteve, há dez homens que ainda estão vivos. Ele teria matado todos eles. Você não acha?"

"Sim, eu sei."

"Olha... eu acabei de falar com McGrath," disse Ellington. Sua voz era pesada e sombria. "Ele quer eu e você no escritório dele o mais rápido possível. Você tem alguns minutos?"

"Sim," ela disse, olhando para os documentos na mesa. Na verdade, ela ficaria feliz em se afastar deles por um tempo. "Você sabe do que se trata?"

"Meio que sei. Apenas... venha."

Isso não pode ser bom, ela pensou. Claro, eu sei que esse golpe na minha cabeça assustou todos por um dia ou dois, mas certamente não é um pedido para ir mais devagar... é?

Ao subirem juntos no elevador, Ellington colocou um braço reconfortante ao redor dela. Ela se escorou nele, tentando entender porque ela esteve chorando no escritório sem ter consciência disso. Havia algo sobre isso que era assustador.

Eles chegaram ao escritório de McGrath e encontraram-no simplesmente sentado em sua mesa. Havia uma única pasta de arquivos na frente dele. Quando eles entraram, ele olhou para eles com sua austeridade sem baboseiras habitual.

"Obrigado, Agentes," ele disse. "Sentem-se."

Ambos se sentaram nas cadeiras em frente a mesa de McGrath. Estava se tornando um sentimento muito familiar para Mackenzie. Uma pequena parte dela ainda sentia da maneira que ela se sentiu quando entrou no escritório dele pela primeira vez-como uma criança do primário que acabou de ser mandada para sala do diretor.

"White, deixe-me começar dizendo isso... você estava absolutamente certa sobre o último caso. Eu estava distraído por outra cosa e só... bem, minhas prioridades estavam fodidas. Você fez um trabalho incrível e peço desculpas por mandá-la para aquela igreja sozinha. Você continua a impressionar a mim e tudo o que posso fazer é continuar a oferecer minhas desculpas."

"Obrigada, senhor. Isso significa muito."

"Bem, eu estou avisando isso, porque em termos de eu me distrair e ficar irritado, havia algo mais fermentando sob tudo isso-outro caso que chamou a minha atenção enquanto você estava rastrear o assassino."

"Que tipo de caso?"

McGrath parecia inseguro-uma emoção que o fez parecer dez anos mais velho. Ele deixou escapar um suspiro que era puro nervosismo.

"White, o que eu estou prestes a lhe dizer, o Agente Ellington já sabe. E ele sabe por que eu disse a ele. E eu, explicitamente, o ordenei a não lhe dizer. Ou a qualquer outra pessoa no que diz respeito. Mas, agora, parece que você está curada e à luz da inteligência recente que veio até a minha mesa, eu acho que é hora de informar a você."

"O que está acontecendo?" ela perguntou.

Ela olhou para Ellington com suspeita. Ela odiava o fato de que ela se sentia traída, porque ela esteve mantendo algo escondido dela. Ela sempre tentava colocar seu profissional sobre o lado emocional das coisas, mas ainda assim, a picada estava lá.

"Mesmo depois que voltou do Nebraska, as coisas continuaram a meio que ir ladeira abaixo", disse McGrath. "Eu estava preocupado com isso, sabendo que precisaria lhe contar. Olha... o escritório de campo do FBI em Omaha teve encontrou uma novidade há seis dias. Acharam uma impressão digital na mandíbula de Gabriel Hambry. A impressão foi seguida e eles descobriram que pertencia a um homem que cometeu suicídio recentemente. O nome desse homem era Dennis Parks."

"Eu deveria conhecer esse nome?" ela perguntou.

"Provavelmente não. Mas eu acabo de receber os relatórios essa manhã, dizendo que Parks era um homem de cinquenta e nove anos de idade que trabalhou uma vez com o seu pai."

Mackenzie sentiu que o chão havia desaparecido sob seus pés. Não, ela não se lembrava do nome Dennis Parks, mas haver uma conexão tão grande com seu pai... estava além de qualquer coisa que ela esteve esperando.

"Há mais uma coisa," disse McGrath. "Esses sem tento que estavam sendo mortos... não eram apenas andarilhos. Há mais que isso. E mesmo agora, quando recebemos mais informações, não parece fazer muito sentido."

"Eu não entendo," disse Mackenzie.

Sua cabeça estava doendo e ela se sentiu ficando emotiva. McGrath olhou para ela com uma resignação reservada.

"Eu estou enviando você para o Nebraska," ele disse. "Eu quero que você fique completamente dedicada a esse caso e eu quero respostas. Parece que está ficando muito maior do que esperávamos."

"Eu não entendo," ela disse. "E os andarilhos? E quem exatamente é Dennis Parks?"

McGrath começou a falar, respondendo às suas questões. E quanto mais fundo ele entrava, mais fácil foi para Mackenzie olhar além da dor na sua cabeça. Ela absorveu cada pedaço de informação e, pela primeira vez desde que visitou o Nebraska algumas semanas atrás, ela sentiu que o fim do caso do seu pai estava próximo.

E dessa vez, por Deus, ela iria se certificar que chegasse à sua conclusão.

O sol havia rachado o horizonte, mas ainda não havia queimado os últimos rastros de frio da noite-a hora do dia favorita de Christy. Ver o sol surgir sobre a cidade era um lembrete absoluto para ela de que toda noite tem seu fim, algo que ela precisa saber, enquanto começava a se sentir cada vez mais distante de Deus. Ver o sol nascendo sobre os edifícios de Washington, DC, e afastando a noite a fazia lembrar das letras de uma canção de adoração: Embora haja sofrimento na noite, o sol vem pela manhã...
Ela recitou essa linha repetidamente enquanto subia a rua em direção à igreja. Ela esteve tentando se convencer disso por semanas. Sua fé fora desafiada quando ela cedeu ao pecado e à tentação. A ideia de uma confissão veio a ela imediatamente, mas também era difícil. Nunca era fácil para alguém confessar seus pecados. Mas ela sabia que ela tinha que fazê-lo. Quanto mais tempo um pecado existisse entre ela e Deus, mais difícil seria corrigir esse desequilíbrio. Quanto mais cedo ela confessasse o pecado, maiores chances ela teria em recuperar a sua posição e reestabelecer sua fé-uma fé que havia definido sua vida desde os dez anos de idade.
Ao ver os contornos da igreja surgirem à vista, seu coração envergou. Eu realmente consigo fazer isso? Eu realmente consigo confessar?
As bordas e formato familiares da Igreja Católica do Sagrado Coração pareciam dizer a ela que sim, ela conseguiria.
Christy começou a tremer. Ela não estava certa de que chamaria o que ela estava fazendo de ter um caso ou não. Ela beijou o homem apenas uma vez e definiu assim pelo que era até então. Mas ela continuou a vê-lo, continuou a se deixar ser levada por suas palavras de elogio e adoração-palavras que seu próprio marido havia parado de pronunciar para ela há anos.
Ela quase podia sentir esse pecado sendo queimado nela quando o sol se ergueu alto no céu, lançando dourados e leves alaranjados ao redor dos contornos da Sagrado Coração. Se ela precisasse de algum sinal a mais de que ela deveria confessar seus pecados para um padre nesta manhã em particular, foi esse.
Ela chegou até os degraus da Sagrado Coração com um peso nos ombros. Mas ela sabia que dentro de instantes, isso passaria. Ela poderia voltar para casa, seus pecados confessados, seu coração sem fardo e sua mente-
Quando ela atingiu as portas da frente, Christy gritou.
Ela se afastou, ainda gritando. Ela quase caiu nas escadas de concreto ao tropeçar para trás. Suas mãos foram à boca, fazendo muito pouco para abafar o grito.
O Padre Costas estava pendia das portas. Ela fora despido até a cueca e havia um longo corte horizontal em sua tez. Sua cabeça pendia para baixo, olhando em direção aos seus pés descalços, os quais estavam suspensos a meio metro do alpendre de concreto. Pequenas gavinhas de sangue pingavam dos seus pés, coletadas em uma sombria poça no chão.
Crucificado, pensou Christy. O Padre Costas foi crucificado.

 


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CAPÍTULO UM

 

Seguindo seu último caso, Mackenzie White fez algo que ela nunca havia feito antes enquanto mulher empregada: ela pediu férias.

Ela solicitou férias de duas semanas por vários motivos e no prazo de um único dia, ela sabia que havia tomado a decisão correta. Ela não perdeu tempo algum em reforçar sua reputação quando ela chegou ao FBI. Sem qualquer planejamento por parte dela própria, acabou lidando com casos de alta importância que pareciam vir procurando por ela. Não somente isso, mas ela havia se destacado neles e impressionado todas as pessoas certas em Quantico e DC. Depois de solucionar numerosos casos com sucesso e colocar sua própria vida em risco mensalmente, ela imaginou que duas semanas de férias remuneradas não era pedir demais.

Seus superiores concordaram e até mesmo a encorajaram. Ela estava certa de que eles teriam uma chance de saber com o que ela gastaria a maior parte daquele tempo-em vários ginásios e academias, deixando seu corpo em melhor forma, afiando os instintos e habilidades. Ela tinha uma base sólida em todas as coisas importantes. Ela era adepta em combate corpo a corpo. Ela era assustadoramente boa com armas de fogo. Ela era muito mais forte que a maioria das outras mulheres com as quais ela havia frequentado a academia de polícia.

Mas Mackenzie White estava sempre querendo ficar melhor.

Esse era o motivo, oito dias depois de entrar nas férias de duas semanas, de ela estar treinando pesado e com vários músculos doloridos em uma academia particular. Ela estava se afastando de um dos cantos de um dos diversos ringues de boxe, dando um aceno de gratidão ao seu parceiro de sparring. Ela estava entrando no segundo round de prática e estava inteiramente esperando ser derrotada. E não havia problemas com isso.

Ela esteve praticando Muay Thai por um pouco mais de um mês agora. Ela havia ficado boa o suficiente e estava confortável em introduzir outro, menos conhecido, estilo de luta com isso. Com a ajuda de um instrutor particular e um bocado de determinação, Mackenzie havia começado a treinar Yaw-Yan, um estilo de kickboxing filipino. Misturar os dois era bem pouco ortodoxo, mas ela e seu treinador estavam trabalhando em uma maneira de usar ambos. Isso forçou Mackenzie fisicamente ao ponto no qual seus ombros e panturrilhas pareciam uma laje de tijolos.

Ela sentiu esses músculos respondendo agora enquanto ela avançava para seu parceiro. Eles tocaram as luvas e continuaram a sessão. Ela imediatamente se desviou de um jab e contra atacou com um jab baixo.

Era, de uma maneira, como aprender um novo estilo de dança. Mackenzie havia tomado aulas de dança quando era menina e nunca esqueceu a importância do trabalho de pernas e foco. Eram disciplinas que ela carregou consigo no seu primeiro emprego como policial de rua, então no seu trabalho como deteve no Nebraska. Essas disciplinas básicas também a haviam ajudado imensamente como agente do FBI, salvando sua vida em mais de uma ocasião.

Elas também vieram correndo até ela enquanto ela fazia sparring. Ela experimentou seus novos movimentos e instrução, usando uma série de chutes para baixo e ataques de cotovelo, combinados com ataques mais tradicionais de kickboxing. Ela usou a expressão supressa do seu parceiro de treino como combustível, motivando-a. Certo, era apenas prática, mas ela sentia necessidade de se sobressair ali também.

Isso também ajudava a limpar sua mente. Ela sempre associou cada soco, chute ou golpe de cotovelo com algo do seu passado. Um jab de esquerda era direcionado aos anos de negligência com o DP do Nebraska. Um ataque giratório com as costas das mãos explodia o medo que o caso do Assassino do Espantalho havia instilado nela. Um pivô e um jab era um golpe no coração da interminável corrente de mistérios saindo do velho caso do seu pai.

Se ela estava sendo honesta consigo mesma, foi esse caso que a empurrou para conhecer esses novos estilos de luta-para ter certeza de que ela continuava a evoluir como lutadora. Ela havia recebido um recado de alguém envolvido... alguém nas sombras que, aparentemente, sabia quem ela era.

Ela ainda via esse recado na sua mente enquanto ela fazia sparring.

Pare de olhar...

Naturalmente, ela tinha intenção de fazer exatamente o contrário. E era por isso que ela estava nesse momento dentro do ringue, seu olhar focado e seus músculos tensos como cordas de violino.

Quando ela acertou um golpe no plexo solar do seu oponente e então uma pancada de cotovelo na costela do seu parceiro, a sessão foi chamada da lateral do ringue. O juiz estava sorrindo e assentindo enquanto aplaudia de leve.

"OK, Mac," ele disse. "Dê uma pausa por um momento, hein? Você já está em uma hora e meia hoje."

Mackenzie assentiu, abaixando a guarda e tocando novamente as luvas com seu parceiro de sparring-um homem de vinte e cinco anos de idade que tinha o porte de um lutador de MMA. Ele deu um rápido esgar por sobre seu protetor bucal e saiu ligeiro pelas cordas.

Mackenzie agradeceu o árbitro e então se dirigiu para o vestiário. Seus músculos estavam doloridos a ponto de tremer, mas ela gostava disso. Significava que ela estava se esforçando, esticando-se para novos limites.

Quando ela tomou banho e vestiu o que Ellington se referia como sua indumentária de treino (uma camiseta da UnderArmour e um par de calças legging pretas estilo dry-fit), ela se lembrou de que tinha mais um treino no dia. Ela esperava que seus braços acabassem de tremer até então. Certamente, Ellington estaria lá para ajudar, mas ela tinha várias caixas bem pesadas para mover essa tarde.

Embora ela estivesse tecnicamente morando no apartamento de Ellington pelos últimos poucos dias, hoje seria o dia que era realmente mudaria suas coisas. Essa era ainda outra das muitas razões pela qual ela solicitou férias de duas semanas. O pensamento de tentar se mudar no período de um final de semana não lhe apetecia. Além disso, ela percebeu que essa era ainda outra forma que ela estava crescendo e evoluindo. Confiar em outra pessoa o suficiente para compartilhar o espaço de moradia e, por mais brega que parecesse, seu coração, era algo que ela seria incapaz de fazer até alguns meses atrás.

E assim que ela colocou sua roupa de academia, ela descobriu que mal poderia esperar para começar a mudar as coisas. Dolorida ou não, ela colocou um pouco mais de velocidade nos seus passos em direção ao estacionamento.

 

***

 

A vantagem de não ser uma pessoa materialista era que, quando chegou a hora de se mudar, havia muito pouco para empacotar. Como tal, uma única viagem na caminhonete de Ellington e um U-Haul alugado fez o trabalho. A mudança em si levou menos de duas horas graças ao elevador no edifício de Ellington, e no fim, ela realmente não teve que levantar muitas caixas.

Eles celebraram a mudança com comida chinesa e uma garrafa de vinho. Mackenzie estava cansada, dolorida, mas imensamente feliz. Ela estivera esperando se sentir nervosa e talvez até um pouco ressentida sobre a mudança, mas quando eles começaram a desempacotar as coisas durante o jantar, ela viu que ela estava excitada para essa nova etapa da sua vida.

"Aqui vai o acordo," disse Ellington enquanto colocava um cortador de caixas em uma faixa de fita de embalagem sobre o topo de uma das caixas. "Você precisa me dizer agora se eu vou encontrar alguns filmes ou CDs constrangedores nessas caixas."

"Eu acho que o CD mais constrangedor que você vai encontrar é a trilha sonora daquela terrível regravação dos anos 90 de Romeu e Julieta Mas o que eu posso fazer? Eu realmente gostava daquela música do Radiohead."

"Então você está perdoada," ele disse, cortando a fita.

"E você?" ela perguntou. "Alguma mídia embaraçosa por aí?"

"Bem, eu me livrei de todos meus CDs e DVDs. Tudo está digital. Eu precisei liberar o espaço. É quase como se eu tivesse uma furtiva suspeita essa sexy moça do FBI estaria se mudando para cá por esses dias."

"Bons instintos," ela disse. Ela andou até ele e tomou suas mãos. "Agora... essa é a sua última chance. Você pode pular fora agora antes de nós começarmos a tirar as coisas das caixas."

"Pular fora? Você está louca?"

"Você vai ter uma garota morando com você," ele disse puxando-o para perto. "Uma garota que gosta de ter as coisas arrumadas. Uma garota que pode ter um pouco de TOC."

"Ah, eu sei," ele disse. "Estou ansioso por isso."

"Até todas as roupas femininas? Você quer compartilhar seu closet?"

"Eu tenho muito pouca roupa," ele disse, se inclinando para ela. Seus narizes estavam quase se tocando e um calor ao qual eles tinham se acostumado estava começando a crescer entre eles. "Você pode ter todo o espaço no closet que você quiser."

"Maquiagem e absorventes, compartilhar uma cama e outra pessoa sujando louças. Você tem certeza que está pronto para isso?"

"Sim. Porém, uma pergunta."

"Qual?" ela disse. As mãos dela viajaram das suas mãos para seus braços. Ela sabia para onde isso estava indo e cada músculo dolorido no seu corpo estava pronto.

"Todas aquelas roupas femininas," ele disse. "Você não pode ficar deixando-as no chão o tempo inteiro."

"Hum, eu não pretendo," ela disse.

"Ah, eu sei," ele disse. Em seguida, ele alcançou a camiseta dela e a tirou. Ele não perdeu tempo em fazer o mesmo com o sutiã esportivo que estava por baixo. "Mas eu provavelmente vou," ele acrescentou, jogando ambos no chão.

Então, ele a beijou e, embora ele tentou levá-la para o quarto, seus corpos não tinham a paciência. Acabaram no tapete da sala de estar e, ainda que os músculos doloridos de Mackenzie protestassem contra chão duro sob suas costas, outras partes do seu corpo os subjugaram.

 

***

 

Quando seu telefone tocou às 4:47 da manhã, uma único pensamento ocorreu pela mente sonolenta de Mackenzie enquanto ela procurava o criado mudo.

Uma ligação a essa hora... eu acho que minhas férias acabaram.

"Sim?" ela perguntou, não se importando com formalidades já que ela estava tecnicamente de férias.

"White?"

De uma maneira estranha, ela quase havia sentido falta de McGrath nesses últimos nove dias. Ainda assim, escutar sua voz era como um retorno rápido e abrupto para realidade.

"Sim, estou aqui."

"Desculpe-me por ligar cedo," ele disse. E antes que ele adicionasse qualquer outra coisa, Mackenzie escutou o telefone de Ellington tocar do outro lado da cama.

Algo grande, ela pensou. Algo ruim.

"Olha, eu sei que eu assinei nas suas duas semanas," disse McGrath. "Mas nós temos uma bagunça em mãos por aqui e eu preciso de você nisso. Você e Ellington. Encontre-me no meu escritório o mais rápido que você puder."

Não era um pedido, mas uma ordem direta. E sem qualquer coisa que lembrasse um adeus, McGrath terminou a ligação. Mackenzie deixou escapar um suspiro e olhou para Ellington, o qual estava terminando sua própria ligação.

"Bem, parece que suas férias acabaram," ele disse com um sorriso fino.

"Tudo bem," ela disse. "Terminou em um estouro."

E então, como um velho casal no matrimônio, eles se beijaram e escorregaram da cama, indo para o trabalho.


CAPÍTULO DOIS

 

O edifício J. Edgar Hoover estava vazio quando Mackenzie e Ellington entraram. Ambos já estiveram nesses corredores em todas as horas da noite, então não era qualquer coisa fora do ordinário. Ainda assim, ser chamada no trabalha em uma hora dessas nunca era uma boa coisa. Normalmente significava que havia algo realmente terrível esperando por eles.

Quando chegaram ao escritório de McGrath, encontraram a porta aberta. Ele estava sentado a uma pequena mesa de conferências no fundo do seu escritório, olhando uma variedade de arquivos. Havia outro agente com ele, uma mulher que Mackenzie havia visto antes. Seu nome era Agente Yardley, uma mulher quieta do tipo sem baboseiras que entrava para ajudar o Agente Harrison de tempos em tempos. Ela assentiu e deu um sorriso robótico quando eles entraram na sala e foram até a mesa da sala de conferências. Ela olhou de volta para seu notebook, focada no que quer que estivesse na tela.

Quando McGrath olhou acima para Mackenzie, ela não podia deixar de notar o que parecia ser um ligeiro alívio em seus olhos. Era uma boa maneira de ser apresentada de volta ao trabalho depois de ter suas férias encurtadas.

"White, Ellington," disse McGrath. "Vocês conhecem a Agente Yardley?"

"Sim," disse Mackenzie, dando um aceno de reconhecimento para a agente.

"Ela acaba de voltar de uma cena criminou que está ligada a outra que tivemos a cinco dias. Originalmente eu a coloquei no caso, mas quando eu pensei que nós pudéssemos ter um serial nas nossas mãos, eu a pedi para fornecer tudo que ela tivesse para que eu pudesse repassar para vocês dois. Temos um assassinato... o segundo do tipo em cinco dias. White, eu chamei você especificamente porque eu quero você nele baseado em sua história-especificamente o Assassino do Espantalho."

"Qual é o caso?" perguntou Mackenzie.

Yardley virou seu notebook para eles. Mackenzie foi até a cadeira mais próxima a ele e tomou o assento. Ela olhou para a imagem na tela com uma tranquilidade mórbida que ela passou a conhecer bem-a habilidade de estudar uma imagem de algo grotesco como parte do trabalho, mas com uma simpatia resignada que a maioria dos humanos sentiria em uma morte trágica como essa.

Ela viu um homem mais velho, seu cabelo e barba majoritariamente grisalhos, pendurado em uma porta de uma igreja. Seus braços estavam estendidos e sua cabeça estava curvada para baixo em uma apresentação de crucificação falsa. Havia talhos em seu peito e uma extensa e profunda ferida em sua fronte. Ele fora despido e deixado apenas de roupa íntima, a qual pegou uma grande parte do sangue que escoou da sua testa e peito. Pelo que ela podia ver nas imagens, estava bem certa de que suas mãos foram literalmente pregadas na porta. Os pés, porém, foram simplesmente amarrados juntos.

"Essa é a segunda vítima," disse Yardley. "Reverendo Ned Tuttle, cinquenta e cinco anos de idade. Ele foi descoberto por uma velha senhora que parou na igreja mais cedo para colocar flores no túmulo do seu esposo. A perícia está na cena enquanto nós conversamos. Parece que o corpo foi colocado lá menos de quatro horas atrás. Nós já enviamos agentes para falar com a família para avisá-los."

Uma mulher que gosta de tomar a frente e concretizar as coisas, pensou Mackenzie. Talvez ela e eu nos déssemos bem juntas.

"O que nós temos na primeira vítima?" perguntou Mackenzie.

McGrath deslizou uma pasta para ela. Ao abrir e olhar o conteúdo, McGrath a repassou. "Padre Costas, da Igreja Católica do Sagrado Coração. Ele foi encontrado no mesmo estado, pregado nas portas da sua igreja cinco dias atrás. Estou honestamente bem surpreso que vocês não viram alguma coisa sobre isso nos noticiários."

"Fiz questão de não ver as notícias durantes as férias," ela disse, mandando um olhar para McGrath que deveria ser cômico, mas sentiu que passou totalmente despercebido.

"Eu lembro escutar sobre isso na salinha do café," disse Ellington. A mulher que descobriu o corpo ficou em estado de choque por um momento, certo?"

"Certo," disse McGrath.

"E, baseado no que a perícia forneceu," acrescentou Yardley, "o Padre Costas certamente não esteve pregado lá por mais que duas horas."

Mackenzie olhou pelos arquivos. As imagens dentro mostraram o Padre Costas na exata posição do Reverendo Tuttle. Tudo parecia bem idêntico, até a ferida alongada cruzando a fronte.

Ela fechou o arquivo e o deslizou de volta para McGrath.

"Onde fica essa igreja?" perguntou Mackenzie, apontando para a tela do notebook.

"Logo fora da cidade. Uma igreja presbiteriana de um tamanho decente."

"Envie as direções para mim por mensagem," disse Mackenzie, já ficando de pé. "Eu gostaria de ir vê-la por mim mesma."

Aparentemente, ela sentiu falta do trabalho pelos últimos oito dias mais do que percebera.

 

***

 

Ainda estava escuro quando Mackenzie e Ellington chegaram na igreja. A equipe de perícia estava acabando de terminar o trabalho. O corpo do Reverendo Tuttle fora removido da porta, mas isso estava bem por Mackenzie. Baseado nas duas imagens do Padre Costas e do Reverendo Tuttle que ela havia visto, ela viu tudo o que precisava ver.

Dois assassinatos em estilo de crucificação, ambos nas portas frontais de igrejas. Os homens mortos eram os presumíveis líderes dessas igrejas. Está bem claro que alguém tem um rancor bem grande da igreja. E quem quer que fosse, não é específico para uma denominação em particular.

Ela e Ellington se aproximaram da frente da igreja enquanto a equipe da perícia concluía as coisas. Ao lado à esquerda, próximo a uma pequena placa de madeira com o nome da igreja, havia um pequeno grupo de pessoas. Algumas delas estavam em prece enquanto se abraçavam. Outros choravam abertamente.

Membros da igreja, assumiu Mackenzie com uma tristeza ressonante.

Eles chegaram perto da igreja e a cena só piorava. Havia manchas de sangue e dois grandes buracos onde os pregos foram inseridos. Ela olhou pela área em busca de alguma outra iconografia religiosa, mas viu nenhum. Havia apenas sangue e pequenas porções de sujeira e suor.

Uma atitude ousada, ela pensou. Tem que haver algum tipo de simbolismo nisso. Por que uma igreja? Por que as portas de uma igreja? Uma vez seria coincidência. Mas dois em seguida, ambos pregados às portas-era proposital.

Ela achou quase ofensivo que alguém fizesse uma coisa dessas em frente a uma igreja. E talvez esse fosse o ponto. Não havia como saber com certeza. Embora Mackenzie não fosse um forte crente em religião ou em Deus ou nos efeitos da fé, ela também respeitava completamente os direitos das pessoas que realmente viviam pela fé. Algumas vezes ela desejava que ela fosse esse tipo de pessoa. Talvez esse fosse o motivo de ela achar tal ato tão deplorável; zombar a morte de Cristo na própria entrada de um lugar no qual pessoas se reuniam para procurar consolação e refúgio em seu nome era detestável.

"Mesmo se esse fosse o primeiro assassinato," disse Ellington, "uma visão dessas me faria pensar instantaneamente que há mais por vir. Isso é... revoltante."

"É," disse Mackenzie. "Mas eu não posso ter certeza do por que isso me faz sentir dessa forma."

"Porque igrejas são lugares seguros. Você não espera ver grandes buracos de pregos e sangue fresco nas portas delas. Tem alguma parada do Velho Testamento bem ali."

Mackenzie era nada próxima de uma estudiosa da bíblia, mas ela se lembrava de histórias da bíblia da sua infância-alguma coisa sobre o Anjo da Morta passando por uma cidade e coletando os primogênitos de cada família caso não houvesse uma certa marca em suas portas.

Um arrepio crepitou por ela. Ele o reprimiu se virando para a equipe de perícia. Com um ligeiro aceno, ela conseguiu a atenção de um membro da equipe deles. Ele foi até ela, claramente um pouco perturbado pelo que ele e o resto da sua equipe viram. "Agente White," ele disse. "Este é seu caso agora?"

"Parece que sim. Eu estava pensando se seus rapazes ainda têm os pregos que foram usados para colocá-lo ali."

"Claro que sim," ele disse. Ele acenou para outro membro da equipe e então olhou de volta para porta. "E o cara que fez isso... ele era forte como o Diabo ou tinha todo o tempo do mundo para fazer isso."

"Isso é duvidoso," disse Mackenzie. Ela indicou em direção ao estacionamento da igreja com a cabeça e para a rua atrás dele. "Mesmo que o assassino tenha feito isso por volta das duas ou três da manhã, as chances de um veículo não passar pela Browning Street e não vê-lo são de diminutas a nulas."

"A não ser que o assassino tenha apurado a área de antemão e soubesse as horas mortas do tráfego depois de meia noite," sugeriu Ellington.

"Alguma chance de imagens de vídeo?" ela perguntou.

"Nenhuma. Nós verificámos. A Agente Yardley até ligou para algumas pessoas-proprietários das construções mais próximas. Mas apenas um tinha câmeras de segurança e elas estavam viradas para longe da igreja. Então tem coisa nenhuma aí."

O outro membro forense veio. Ele estava carregando um saco plástico de tamanho médio que continha duas grandes estacas e o que parecia ser um fio de arame. As estacas estavam cobertas em sangue, o qual também se espalhou pelo interior claro do saco.

"São pregos de ferrovia?" perguntou Mackenzie.

"Provavelmente," disse o cara da perícia. "Mas se eles forem, são miniaturizados. Talvez o tipo que pessoas usam para erguer galinheiros ou cercas de pasto."

"Quanto tempo antes de você ter algum tipo de resultado deles?" ela perguntou.

O homem deu de ombros. "Meio dia, talvez? Me informe o que você está procurando especificamente e eu vou tentar achar os resultados para você mais rápido."

"Veja se você consegue encontrar o que o assassino usou para cravar os pregos. Você pode dizer que tipo de coisa pelo desgaste recente na cabeça dos pregos?"

"Sim, nós devemos ser capazes de fazer isso. Tudo foi tratado para o nosso fim. O corpo ainda está conosco; ele não irá para o médico legista até que nós liberemos. As portas e a varanda foram varridas para impressões digitais. Nós informaremos se encontrarmos algo."

"Obrigada," disse Mackenzie.

"Desculpe por já ter movido o corpo. Mas o sol estava nascendo e nós não queríamos isso nos jornais de hoje. Ou nos de amanhã no que diz respeito."

"Não, está certo. Entendo totalmente."

Com isso, Mackenzie se voltou para as portas duplas, dispensando a equipe de peritos não verbalmente. Ela tentou imaginar alguém arrastando um corpo pelo pequeno gramado e para cima das escadas na calada da noite. A posição das luzes de segurança na rua deixaria a frente da igreja escura. Não havia luzes de qualquer tipo ao longo da frente da igreja, então estaria lançada em uma escuridão quase absoluta.

Talvez fosse mais factível do que eu pensei originalmente para o assassino tirar todo o tempo necessário para terminar isso, ela pensou.

"Isso é uma requisição estranha," disse Ellington. "O que você está pensando?"

"Não sei ainda. Mas eu sei que seria preciso uma força e determinação dos infernos para trabalhar sozinho para erguer alguém do chão apenas para pregar suas mãos nessas portas. Se uma marreta foi usada para bater os pregos, pode denotar mais de um assassino-um para segurar a vítima do chão e estender o braço e outro para cravar os pregos."

"Um belo de um quadro, né?" disse Ellington.

Mackenzie assentiu enquanto começava a tirar fotos da cena com seu celular. Enquanto o fazia, a ideia de uma crucificação novamente subiu por ela. Isso a fez pensar no primeiro caso no qual ela trabalhou no qual os temas de crucificação foram utilizados-um caso no Nebraska que eventualmente a fez ter contato com o FBI.

O Assassino do Espantalho, ela pensou. Deus, algum dia eu vou ser capaz de deixar isso no pé da minha memória?

Atrás dela, o sol começou a nascer, lançando os primeiros raios de luz no dia. Enquanto as sombras dela surgiam devagar nos degraus da igreja, ela tentou ignorar o fato que parecia quase uma cruz.

Novamente, memórias do Assassino do Espantalho embaçaram sua mente.

Talvez seja dessa vez, ela pensou esperançosa. Talvez, quando eu fechar esse caso, as memórias daquelas pessoas crucificadas nos campos de milho vão parar de assombrar minha memória.

Mas enquanto ela olhava novamente para as portas manchadas de sangue da Pedra Angular Presbiteriana, ela temeu que não fosse mais que um pensamento desejoso.


CAPÍTULO TRÊS

 

Mackenzie aprendeu bastante sobre o Reverendo Ned Tuttle na próxima meia hora. Para começar, ele deixou para trás dois filhos e uma irmã. Sua esposa terminou com ele oito anos atrás, mudando-se para Austin, Texas, com um homem com o qual ela esteve tendo um caso por mais de um ano antes de vir a tona. Ambos os filhos moravam na área de Georgetown, levando a Mackenzie e Ellington para a sua primeira parada do dia. Era um pouco depois de 6:30 quando Mackenzie estacionou seu carro ao lado da calçada no exterior do apartamento de Brian Tuttle. De acordo com o agente que deu a notícia, ambos os irmãos estavam por lá, esperando fazer o que podiam para responder a perguntas sobre a morte do pai.

Quando Mackenzie entrou no apartamento de Brian Tuttle, ficou um pouco surpresa. Ela esperava ver dois filhos em profundo pesar, dilacerados pela perda do devotado pai. Pelo contrário, ela os viu sentados a uma pequena mesa de jantar na cozinha. Ambos estavam bebendo café. Brian Tuttle, vinte e dois anos de idade, estava comendo uma tigela de cereal enquanto Eddie Tuttle, de dezenove anos, estava distraidamente despejando um Eggo waffle em uma poça de calda.

"Eu não sei exatamente o que vocês acham que nós podemos oferecer a vocês," disse Brian. "Nós não estávamos exatamente nos melhores termos com o pai."

"Posso perguntar por quê?" perguntou Mackenzie.

"Porque nós paramos de nos juntar a ele quando ele se inclinou totalmente para a igreja."

"Vocês não são crentes?" perguntou Ellington.

"Eu não sei," disse Brian. "Acho que sou agnóstico."

"Eu sou crente," disse Eddie. "Mas o pai... ele levava isso para outro nível. Tipo quando ele descobriu que nossa mãe o estrava traindo, ele não fez qualquer coisa. Depois de dois dias lidando com isso, ele perdoou ela e o cara que com o qual ela o traia. Ele disse que ele os perdoou, porque era a coisa cristã a se fazer. E ele se recusou sequer a falar sobre divórcio."

"Sim," disse Brian. "E nossa mãe viu que o pai não dava a mínima para ela-não se importando que ela o traísse. Então ela se foi. E ele não fez muito para impedi-la."

"Seu pai já tentou falar com vocês dois desde que sua mãe deixou?"

"Ah, sim," disse Brian. "Praticamente todas as noites de Sábado, nos implorando para ir para a igreja."

"E além disso," acrescentou Eddie, "ele estava muito ocupado durante a semana mesmo se nós quiséssemos vê-lo. Ele estava sempre na igreja ou em viagens para caridade ou em visitas a doentes em hospitais."

"Quando foi a última vez que algum de vocês falou com ele por um longo período?" perguntou Mackenzie.

Os irmãos se entreolharam por um momento, calculando. "Não tenho certeza," disse Brian. "Talvez um mês. E era nada demais. Ele estava perguntando as mesmas questões: como o trabalho estava indo, se eu já estava namorando alguém, coisas assim."

"Então, é seguro dizer que ambos têm uma relação afastada com o seu pai?"

"Sim," disse Eddie.

Ele olhou abaixo para a mesa por um momento quando o arrependimento começou a afundar nele. Mackenzie havia visto este tipo de reação antes; se ela fosse forçada a apostar, ela estava bem certa de que pelo menos um desses garotos estaria desabando em choro dentro de uma hora, percebendo tudo aquilo que fora perdido em relação ao pai e que eles nunca iriam saber.

"Vocês sabem quem o conheceria bem?" perguntou Mackenzie. "Ele tinha algum amigo íntimo?"

"Apenas aquele padre ou pastor ou sei lá na igreja," disse Eddie. "O que comanda o lugar."

"O pai de vocês não era o reverendo líder?" perguntou Mackenzie.

"Não. Ele era como um pastor associado ou algo assim," disse Brian. "Havia outro cara acima dele. Jerry Levins, eu acho."

Mackenzie reparou a maneira que os jovens homens estavam misturando a terminologia. Pastor, reverendo, padre... era tudo confuso. Mackenzie, na verdade, nem sabia a diferença, assumindo que isso tinha algo haver com diferenças entre crenças entre denominações.

"E o pai de vocês passava muito tempo com ele?"

"Ah, sim," disse Brian, um pouco irritado. "Todo seu maldito tempo, acho. Se você precisa saber alguma coisa sobre o pai, ele seria aquele para o qual perguntar."

Mackenzie assentiu, bem ciente que não conseguiria qualquer informação útil desses dois jovens rapazes. Ainda assim, ela desejava que tivesse mais tempo para falar com eles. Claramente, havia tensão e perda mais resolvida entre eles. Talvez se eles quebrassem a barreira emocional que os estava mantendo tão calmos, eles teriam mais a oferecer.

No fim, ela se virou e os agradeceu. Ela e Ellington deixaram o apartamento em silêncio. Quando pegaram as escadas para baixo lado a lado, ele tomou a mão dela.

"Você está ok?" ele perguntou.

"Sim," ela disse confusa. "Por quê?"

"Duas crianças... o pai delas acaba de morrer e não estão certas de como lidar com isso. Como toda a especulação sobre o velho caso do seu pai ultimamente... só cogitando."

Ela sorriu para ele, deleitando-se com a maneira edificante que ele fazia seu coração sentir nesses momentos. Deus, ele consegue ser tão doce...

Enquanto andavam para a manhã juntos, ela também percebeu que ele estava certo: a razão pela qual ela desejou ficar mais tempo e continuar falando com eles, era ajudar os irmãos Tuttle a resolver os problemas que eles tiveram com o pai.

Aparentemente, o fantasma do caso recém-aberto do seu pai a estava assombrando mais do que ela percebeu.

 

***

 

Ver a Igreja Presbiteriana da Pedra Angular na luz da manhã era surreal. Mackenzie dirigiu por lá no caminho para visitar o Reverendo Jerry Levins. Levins morava em uma casa que ficava apenas a meio quarteirão da igreja, algo que Mackenzie havia visto muito durante seu tempo no Nebraska, onde os líderes de pequenas igrejas tendiam a morar bem perto das suas casas de adoração.

Quando chegaram a casa de Levins, havia numerosos carros estacionados ao longo da rua e na sua entrada da garagem. Ela assumiu que eram, provavelmente, membros da Pedra Angular passando para buscar consolo ou oferecer conforto ao Reverendo Levins.

Quando Mackenzie bateu na porta da frente da modesta e pequena casa de tijolos, foi respondida imediatamente. A mulher na porta estivera claramente chorando. Ela deu uma olhada suspeita em Mackenzie e Ellington até que Mackenzie levantou seu distintivo.

"Nós somos os Agentes White e Ellington do FBI," ela disse. "Gostaríamos de falar com o Reverendo Levins, se ele está em casa".

A mulher abriu a porta e eles entraram em uma casa que estava repleta de fungar e soluçar. Em algum outro lugar dentro da casa, Mackenzie podia ouvir o som de orações murmuradas.

"Eu vou chamá-lo para vocês," disse a mulher. "Esperem aqui, por favor."

Mackenzie observou a mulher voltar pela casa, virar em uma pequena sala de estar onde algumas poucas pessoas estavam de pé na entrada. Depois de alguns barulhos de sussurros, um homem careca e alto veio andando em direção a eles. Como a mulher que respondeu a porta, ele também esteve chorando.

"Agentes," disse Levins. "Posso ajudá-los?"

"Bem, eu sei que é um momento muito tenso e triste para você," disse Mackenzie, "mas nós esperamos conseguir toda informação que pudermos sobre o Reverendo Tuttle. Quanto mais cedo conseguirmos alguma pista, mais rápido podemos pegar quem fez isso."

"Você acha que sua morte está relacionada com a do pobre padre do início desta semana?" Levins perguntou.

"Ainda não sabemos ao certo," disse Mackenzie, embora já estivesse certa de que sim. "E esse é o motivo pelo qual esperamos que você possa falar conosco."
"Claro," disse Levins. "Lá fora no alpendre, porém. Eu não desejo interromper a prece que estamos fazendo aqui."

Ele os conduziu para fora na manhã, onde ele se assentou nos degraus de concreto. "Eu devo dizer, eu não sei o que vocês vão achar sobre o Ned," comentou Levins. "Ele era um crente de postura. Além de alguns problemas com a família, eu desconheço que ele tivesse qualquer coisa parecida com um inimigo."

"Ele tinha amigos na igreja sobre os quais você poderia questionar serem morais ou honestos?" perguntou Ellington.

"Todo mundo era amigo de Ned Tuttle," Levins disse, enxugando uma lágrima de seus olhos. "O homem era perto de um Santo como eles vêm. Ele dava pelo menos vinte e cinco por cento do seu salário como dízimo de volta para a igreja. Ele estava sempre no centro da cidade, ajudando a alimentar e vestir os pobres. Ele cortava a grama para os idosos, reparos domésticos para viúvas, três viagens missionárias para o Quênia todos os anos para ajudar com um ministério médico."

"Você sabe de alguma coisa sobre o passado dele que possa ser sombria?" perguntou Mackenzie.

"Não. E isso é dizer muito, porque eu sei muito sobre o passado dele. Ele e eu, nós compartilhávamos muitas histórias sobre nossas batalhas. E eu posso dizê-los com confiança que entre as poucas coisas pecaminosas que ele experimentou em seu passado, não havia nada que sugerisse ser tratado da maneira que ele foi na noite passada."

"E a respeito de alguém dentro da igreja?" perguntou Mackenzie. "Havia membros da igreja que pudessem ter sido ofendidos por algo que o Reverendo Tuttle fez ou disse?"

Levins pensou sobre isso apenas por um momento antes de balançar sua cabeça. "Não. Se havia tal problema, Ned nunca me contou e eu nunca soube. Mas, novamente... eu posso dizê-los com a maior certeza que ele não tinha inimigos dos quais eu esteja ciente."

"Você sabe se-" começou Ellington.

Mas Levins levantou a mão, como se enxotando o comentário. "Eu sinto muito," ele disse. "Mas eu estou muito triste com a perda do meu bom amigo e eu tenho vários membros da minha igreja em luto lá dentro. Responderei de bom grado quaisquer perguntas que vocês tenham nos próximos dias, mas agora eu preciso reportar a Deus e a minha congregação."

"Claro," disse Mackenzie. "Eu entendo. E eu realmente sinto muito pela sua perda."

Levins conseguiu um sorriso enquanto se colocava de pé. Lágrimas frescas estavam escorrendo pelo seu rosto. "Eu realmente boto fé no que eu disse," ele sussurrou, fazendo o que podia para não desmoronar na frente deles. "Deem-me um dia ou dois. Se há algo mais que vocês precisam perguntar, me informem. Eu gostaria de tomar parte em trazer quem quer que tenha feito isso para a justiça."

Com isso, ele voltou para dentro. Mackenzie e Ellington caminharam de volta para o carro enquanto o sol finalmente tomava seu lugar de direito no céu. Era difícil acreditar que era apenas 8:11.

"E agora?" perguntou Mackenzie. "Alguma ideia?"

"Bem... eu estive acordado por quase quatro horas agora e não tomei café ainda. Parece um bom lugar para começar."

 

***

 

Vinte minutos depois, Mackenzie e Ellington estavam sentados frente a frente em uma pequena lanchonete. Enquanto tomavam café, olhavam pelos arquivos sobre o Padre Costas que pegaram do escritório de McGrath e pelos arquivos digitais sobre o Reverendo Tuttle que foram enviados para o telefone de Mackenzie.

Além de estudar as fotografias, não havia muito que estudar. Mesmo no caso do Padre Costas, onde havia papelada para revisar, não havia muito a dizer. Ele morreu devido à perfuração no seu pulmão ou a uma incisão profunda na nuca que se foi fundo o suficiente para revelar vislumbres brancos da sua espinha.

"Então, de acordo com esse relatório," disse Mackenzie, "as feridas no corpo do Padre Costas foram, provavelmente, o que o matou. Provavelmente, ele estava morto antes de ser crucificado."

"E isso significa alguma coisa?" perguntou Ellington.

"Acho que há uma boa chance. Está claro que há algum ângulo religioso aqui. O mero assunto de crucificação suporta isso. Mas há uma grande diferença entre usar o ato de crucificação como uma mensagem e usar a imagem de crucificação."

"Acho que estou seguindo," disse Ellington. "Mas pode continuar explicando."

"Para os cristãos, a imagem de crucificação seria realmente apenas uma má representação. Nos nossos casos, morte como um resultado da crucificação não parece ser o objetivo. Se esse fosse o caso, os corpos provavelmente estariam quase livres de lesões. Pense sobre isso... toda a cristandade seria bem diferente se Cristo já estivesse morto quando ele foi pregado a cruz."

"Então você acha que o assassino está crucificando esses homens apenas para exibição?"

"Muito cedo para dizer," disse Mackenzie. Ela fez uma pausa longa o suficiente para tomas um gole bem aventurado de café. "Estou inclinada para o não, contudo. Ambos os homens eram chef... líderes de uma igreja de uma forma ou de outra. Exibi-los pendurados como a figura cristã ao redor da qual as igrejas giravam ao redor é um grande sinal. Há algum motivo por trás de tudo".

"Você se referiu a Jesus Cristo como uma figura cristã. Achei que você acreditasse em Deus."

"Acredito," disse Mackenzie. "Mas não com a força e convicção que alguém como Ned Tuttle tem. E quando entra nas histórias da Bíblia-a cobra falante, a arca, o tintim por tintim da crucificação-eu acho que a fé tem que tomar o banco traseiro e se basear em algo mais próximo a crença cega. E eu não fico confortável com isso."

"Uau," disse Ellington com um sorriso. "Isso é profundo. Eu... eu só prefiro ir com a resposta de não sei. Então... quanto o motivo que você mencionou. Como nós o encontramos?" perguntou Ellington.

"Boa pergunta. Eu planejo começar com a família do Padre Costas. Não há muito para seguir nos relatórios. Além disso, eu acho-"

Ela foi interrompida pelo toque do telefone de Ellington. Ele o pegou rapidamente e franziu a testa com o que viu no visor. "É McGrath," ele disse antes de responder.

Mackenzie escutou o lado de Ellington da conversa, incapaz de colocar junto o que estava sendo ouvido. Depois de menos de um minuto, Ellington terminou a ligação e enfiou o celular de volta na bolsa.

"Bem," ele disse. "Parece que você vai visitar a família Costas por conta própria. McGrath precisa de mim no escritório. Algum trabalho de detalhe em um caso que ele está mantendo segredo."

"O que provavelmente significa que é trabalho braçal," disse Mackenzie. "Sortuda você."

"Ainda... parece estranho que ele me arranque disso tão cedo quando nós não temos nenhuma pista. Deve significar que ele tem uma confiança imensa em você de repente."

"E você não?"

"Você sabe o que eu quis dizer," disse Ellington sorrindo.

Mackenzie tomou outro gole de café, um pouco decepcionada ao ver que já estava vazio. Ela jogou o copo no lixo e coletou os arquivos e seu celular, pronta para ir para a próxima parada. Primeiro, porém, ela se dirigiu ao balcão para pedir outro café.

Parecia que seria um dia muito longo. E sem Ellington para mantê-la desperta, ela definitivamente precisava de café.

Então, novamente, dias longos normalmente resultavam em pistas-em produtividade. E se Mackenzie achasse um caminho, ela encontraria o assassino antes que ele tivesse tempo suficiente para planejar outro assassinato.


CAPÍTULO QUATRO

 

Depois de deixar Ellington na garagem dos escritórios do FBI (e de dar um rápido, porém apaixonado beijo antes de sair), Mackenzie fez seu caminho para a Igreja Católica do Sagrado Coração. Ela não esperava encontrar muita coisa, então não ficou desapontada quando isso foi exatamente o que estava esperando por ela.

As portas haviam sido trocadas, mas pareciam réplicas exatas daquelas que ela havia visto na foto da cena do crime. Ela subiu as escadas, estas muito mais sofisticadas e ornadas do que aquelas da Pedra Angular Presbiteriana, e foi até as novas portas. Então, deu as costas para as portas e olhou de volta para a rua. Ela não podia deixar de imaginar se havia algum simbolismo a mais em pregar os homens nas portas da frente.

Talvez eles devessem estar olhando em direção a algo, pensou Mackenzie. Mas tudo que ela estava vendo eram carros estacionados, alguns pedestres e placas de trânsito.

Ela olhou para seus pés ao longo das bordas do portal. Havia pequenas formas preenchidas que poderiam ser qualquer coisa. Mas ela havia visto essas cores antes-a cor de sangue uma vez que seca no concreto pálido.

Olhou de volta para os degraus e tentou imaginar um homem trazendo um cadáver acima deles. Seria um trabalho, isso era certeza. É claro, ela não sabia ao certo se Costas estava morto quando foi pregado à porta, embora essa fosse a hipótese de trabalho.

Enquanto ela ficava de pé às portas e olhava ao redor, ela percorreu os fatos que ela sabia pelos arquivos. Os mesmos tipos de pregos foram usados aqui e na cena de Tuttle. O único ferimento comum nos dois corpos era um grande corte que corria o comprimento de suas testas-talvez uma alusão à coroa de espinhos de Cristo.

Imaginar tal terrível visão no alpendre no qual ela estava era difícil de imaginar. As pessoas normalmente não pensavam em morte e sanguinolência quando estavam de pé às portas de uma igreja.

E talvez esse fosse o ponto. Talvez essa seja a ligação com o motivo do assassino.

Sentido que poderia estar em alguma coisa, Mackenzie pegou as escadas de volta para a rua. Parecia estranho se deslocar nesse ritmo sem Ellington ao seu lado, mas pelo tempo que ela estava no carro e seguindo em frente, sua mente estava apenas no caso.

 

***

 

Pela segunda vez no dia, Mackenzie se viu entrando em uma casa lotada. Padre Costas morava em uma casa agradável, uma residência de tijolos de dois andares logo ao redor da região central. Ela foi recebida por uma mulher que se apresentou como uma paroquiana do Sagrado Coração. Ela levou Mackenzie em uma área de espera e pediu que ela aguardasse por um momento.

Em questão de segundos, uma mulher mais velha entrou na sala. Ela parecia exausta e profundamente triste quando se sentou em uma poltrona em frente ao assento que Mackenzie havia tomado no sofá ornado.

"Sinto muito em incomodá-la," disse Mackenzie. Eu não sabia que você tinha tanta companhia.

"Sim, eu também não fazia ideia," disse a mulher. "Mas o funeral é hoje a noite e há todas essas pessoas saindo da toca. Membros da família, conhecidos, queridos colegas da igreja." Então, ela sorriu sonolenta e acrescentou: "Sou Nance Allensworth, secretária da paróquia. Disseram-me que você é do FBI?"

"Sim, senhora. Com risco de perturbá-la um pouco mais, houve outro corpo descoberto essa manhã, tratado da mesma maneira que o Padre Costas. Esse era um reverendo em uma pequena igreja Presbiteriana perto de Georgetown."

Nancy Allensworth levou a mão a boca em um dramático gesto de oh, não. "Meu Deus," ela disse. Em seguido, entre lágrimas e dentes serrados, ela sibilou, "Que se tornou esse mundo miserável?"

Fazendo seu melhor para pressionar, Mackenzie continuou. "Obviamente, nós temos razão para acreditar que pode acontecer de novo se já aconteceu duas vezes. Então, tempo é fundamental. Eu estava esperando que você pudesse responder algumas perguntas para mim."

"Eu posso tentar", ela disse, mas estava claro que estava lutando para manter suas emoções sob controle.

"Porque a Sagrado Coração é uma igreja relativamente grande, eu estava cogitando se pudesse haver alguém dentro da congregação que pudesse ter abordado o Padre Costas com uma reclamação ou queixa."

"Não que eu saiba. Claro, tenha em mente que muitas pessoas vinham até ele em confiança para confessar os pecados ou se livrar de agitação espiritual em suas vidas."

"Há qualquer coisa no período dos últimos anos que você pode pensar que possa ter atingindo alguém da maneira errada? Alguma coisa que pudesse irritar alguém que talvez tenha olhado para o Padre Costas com reverência?"

Nancy olhou abaixo para suas mãos. Ela estava comprimindo-as nervosamente em seu colo, tentando fazê-las parar de tremer. "Eu suponho que haja, mas foi antes de eu começar a trabalhar aqui. Havia uma história de talvez dez anos atrás, uma reportagem de algum dos jornais locais. Um dos adolescentes que liderava um grupo de jovens alegou que o Padre Costas havia abusado sexualmente dele. Foi muito explícito. Não havia qualquer prova disso e, bem francamente, não há como o Padre Costas ter feito isso. Mas uma vez que uma notícia dessas estoura e diz respeito a alguém dentro da Igreja Católica, é tomada como verdade absoluta."

"O que foi o resultado dessa história?"

"Pelo que me disseram, ele recebeu ameaças de morte. Comparecimento na igreja diminuiu cerca de quinze por cento. Ele começou a receber e-mails não solicitados, cheios de pornografia homossexual."

"Ele mantinha qualquer um daqueles mails?" perguntou Mackenzie.

"Por um tempo," disse Nancy. "Ele chamou a polícia a respeito disso, mas eles nunca foram capazes de fazer qualquer conexão. Depois que ficou claro que não havia nada que pudesse ser feito, ele os apagou. Eu nunca os vi pessoalmente."

"E o adolescente que fez as acusações? Se você pudesse nos dar o nome dele, nós poderíamos visitá-lo."

Nancy balançou a cabeça, lágrimas frescas derramando. "Ele cometeu suicídio mais tarde naquele ano. Havia uma nota próxima ao corpo na qual ele confessava ser gay. Foi ainda outro golpe contra o Padre Costas. Fez a história parecer bem mais plausível."

Mackenzie assentiu, tentando pensar em qualquer outra avenida de acesso. Ela sabia, naturalmente, que tentar obter esse tipo de informação de uma viúva de luto seria difícil. E quando você adiciona uma provação passada com uma notícia que pode ou não ter tido qualquer fundo de verdade, a coisa toda se torna muito pior. Ela supôs que pudesse pressionar por mais informações sobre o jovem rapaz que entrou com a reclamação e eventualmente se matou. Mas ela também poderia achar essa informação por conta própria facialmente enquanto deixava essa pobre mulher ficar pronta para o funeral do Padre Costas.

"Bem, Sra. Allensworth, muito obrigada pelo seu tempo," disse Mackenzie, ficando de pé. "Meus sinceros pêsames por sua perda."

"Deus te abençoe, querida," disse Nancy. Ela também ficou de pé e guiou Mackenzie de volta pela casa, para a porta da frente.

Na porta, Mackenzie deu um cartão de visitas para Nancy com seu nome e número gravados. "Eu entendo que você está passando por muita coisa", disse Mackenzie. "Mas se alguma coisa vier a sua mente nos próximos dias, por favor, me ligue."

Nancy pegou o cartão sem uma palavra e o colocou no bolso. Então, ela se virou, claramente lutando contra um enxame de lágrimas maior e fechou a porta.

Mackenzie se dirigiu para o carro, tirando seu celular. Ela discou para o Agente Harrison, que respondeu em seguida.

"Tudo indo bem?" ele a perguntou.

"Ainda não sei," ela disse. "Você pode me fazer um favor e olhar a dez anos atrás para ver se você consegue achar sobre o Padre Costas ser acusado de abusar sexualmente de um homem líder de um grupo de jovens? Eu gostaria do máximo de detalhes que puder."

"Claro. Você acha que isso possa se por como uma pista?"

"Eu não sei," ela disse. "Mas eu acho que uma criança que alega ter sido sexualmente abusada por um padre que foi pregado nas portas da sua igreja certamente vale a pena investigar."

"Sim, bom ponto," disse Harrison.

Ela desligou, novamente assombrada pelas imagens do Assassino do Espantalho e do Nebraska. É óbvio, ela lidara com assassinos atacando em um contexto religioso antes. E uma coisa que ela sabia sobre eles era que poderiam ser imprevisíveis e muito motivados. Ela não ia correr qualquer risco e, como tal, não deixaria qualquer pedra sem revirar.

Ainda, enquanto ela voltava para o carro, percebeu que um garoto sexualmente abusado realmente parecia uma pista sólida. Fora isso, além dele, a única coisa a sua disposição era voltar para os escritórios do FBI e ver o que ela poderia escavar dos arquivos enquanto torcia para que a perícia fosse capaz de aparecer com algo.

E ela sabia que se ela ficasse a espera, esperando por uma novidade no caso, o assassino poderia muito bem estar lá fora planejado seu próximo lance.


CAPÍTULO CINCO

 

Eram 3:08 de acordo com o painel do carro quando o pastor saiu da igreja.

Ele observou o pastor distante pelo para brisas. Ele sabia que o homem era sagrado; sua reputação era excepcional e sua igreja havia sido abençoada. Ainda, era bastante desapontador. Algumas vezes ele pensava que homens sagrados deveriam ser colocados a parte do resto do mundo, mais fáceis de identificar. Talvez, como aquelas velhas pinturas religiosas nas quais Jesus tinha uma grande aureola dourada ao redor da cabeça.

Ele riu com esse pensamento enquanto assistia o pastor se encontrar com outro homem em frente a um carro ao lado da igreja. Esse outro homem e era algum tipo de assistente. Ele havia visto esse assistente antes, mas não estava preocupado com ele. Estava muito abaixo na cadeia alimentar dentro da igreja.

Não, ele estava mais interessado no pastor líder.

Ele fechou os olhos enquanto os dois homens conversavam. No silêncio do seu carro, ele rezou. Ele sabia que poderia orar em qualquer lugar e Deus o escutaria. Ele sabia há muito tempo que Deus não ligava para onde você estava quando você rezava para confessar seus pecados. Você não precisava estar em um edifício enorme e espalhafatosamente decorado. De fato, a Bíblia indicava que tais moradas elaboradas eram uma afronta para Deus.

Com sua oração terminada, ele pensou sobre este trecho da escritura. Ele a murmurou em voz alta, sua voz lenta e sombria.

"E, quando orardes, não sejais como os hipócritas. Pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens."

Ele olhou de volta para o pastor, no momento se afastando do outro homem até outro carro.

"Hipócrita," ele disse. Sua voz era uma mistura de veneno e tristeza.

Ele também sabia que a Bíblia alertava sobre uma praga de falsos profetas no fim dos tempos. Esse era, afinal, o porquê de ele ter se atribuído a missão atual. Os falsos profetas, os homens que falavam sobre glorificar Deus enquanto observavam os pratos de dízimo enquanto eram repassados-os mesmos que pregavam sobre santificação e pureza enquanto observavam jovens garotos com olhos de luxúria-eram os piores deles. Eles eram piores de traficantes e assassinos. Eram piores que estupradores e os desviados mais deploráveis das ruas.

Todos o sabiam. Mas ninguém fazia qualquer coisa a respeito.

Até agora. Até que ele ouviu Deus falar com ele, dizendo-o para consertar isso.

Era seu trabalho se deixar o mundo livre desses falsos profetas. Era trabalho sanguinolento, mas era o trabalho de Deus. E isso era tudo o que ele precisava saber.

Ele olhou de volta para o pastor entrando no carro e saindo da igreja.

Depois de um momento, ele também arrancou para a rua. Não seguiu o pastor de perto, mas o acompanhou a uma distância segura.

Quando ele chegou a um semáforo, ele quase podia ouvir o som musical do seu porta malas enquanto vários dos seus pregos industriais tilintavam na caixa deles.


CAPÍTULO SEIS

 

Ele caminhou em direção da igreja, a lua de sangue lançando uma sombra do seu corpo na calçada que parecia como um inseto esticado-um louva-deus ou uma centopeia talvez. Havia um sino tocando, um grande sino sobre a catedral, convocando todos para vir adorar e cantar e louvar.

Mas Mackenzie não conseguiu entrar na igreja. Há uma multidão de pessoas no alpendre frontal, congregando ao redor da porta da frente. Ela vê Ellington ali, assim como McGrath, Harrison, suas distantes mãe e irmã, até mesmo seu velho parceiro, Bryers e alguns dos homens com os quais ela trabalhou enquanto ainda era uma detetive no Nebraska.

"O que todos estão fazendo?" ela pergunta.

Ellington se vira para ela. Seus olhos fechados. Vestido em um bom terno, marcado por uma gravata vermelho sangue. Ele sorri para ela, seus olhos ainda fechados, e levanta uma mão aos lábios. Ao lado dele, a mãe dela aponta para as portas da frente da igreja.

Seu pai está ali, Pendurado, crucificado. Ele usa uma coroa de espinho e uma ferida em sua lateral extravasa alguma coisa parecida com óleo de motor. Ele está olhando diretamente para ela, seus olhos arregalados e maníacos. Ele está louco. Ela pode ver nos olhos dele e no esboço de um sorriso malicioso.

"Vem salvar-te?" ele a pergunta.

"Não," ele diz.

"Bem, certamente você não veio me salvar. Tarde demais para isso. Agora se curve. Adore. Encontre tua paz em mim."

E como se alguém a quebrasse pelo meio por dentro, Mackenzie se ajoelha. Ajoelha-se com força, ralando seus joelhos no concreto. Todos ao seu redor, a congregação começa a cantar em línguas. Ela abre a boca e palavras amorfas saem, juntando-se à música. Olha de volta para seu pai e há um halo de fogo circulando sua cabeça. Agora ele está morto, seus olhos brancos e sem expressão, sua boca escoando uma poça de sangue.

Há a harmonia do sino, repetindo-se de novo e de novo.

Tocando...

Tocando. Alguma coisa tocando.

Seu telefone. Com um solavanco, Mackenzie despertou. Ela mal registrou o relógio em seu criado mudo, que marcava 2:10 da manhã. Ela atendeu o telefone, tentando sacodir os vestígios do pesadelo de sua cabeça.

"White falando," ela disse.

"Bom dia," veio a voz de Harrison. Ela estava secretamente bem desapontada. Estava esperando ouvir notícias de Ellington. Ele fora enviado por McGrath em alguma tarefa, os detalhes da qual eram no máximo um esboço. Ele prometera ligar em algum momento, mas até agora ela não ouviu qualquer coisa dele.

Harrison, ela pensou grogue. Que diabos ele quer?

"É muito cedo para isso, Harrison," ela disse.

"Eu sei," disse Harrison. "Desculpe-me, mas estou ligando pelo McGrath. Houve outro assassinato."

 

***

 

Através de uma série de mensagens, Mackenzie reuniu tudo o que ela precisava saber. Um casal rebelde havia encostado nas sombras do estacionamento de uma igreja bem conhecida para fazer sexo. Logo quando as coisas haviam começado a esquentar, a garota viu alguma coisa estranha na porta. Assustou-a o suficiente para colocar um fim nas atividades noturnas planejadas. Claramente irritado, o homem que tivera seu exibicionismo furtado seguiu até a porta da frente e encontrou um corpo nu pregado nas portas.

A igreja em questão era um relativamente popular: Igreja Comunitária Palavra Viva, uma das maiores na cidade. Muitas vezes saia nas notícias, já que os presidentes frequentemente participavam dos cultos de lá. Mackenzie nunca estivera (ela não havia colocado o pé na igreja desde um fim de semana cheio de culpa na faculdade), mas o tamanho e escopo do lugar afundaram-se por completo enquanto ela virava o carro no estacionamento.

Ela era uma das primeiras na cena. A equipe do CSI estava ali, se aproximando da entrada principal da igreja. Um único agente estava saindo de um carro, aparentemente esteve esperando por ela. Ela não ficou nem um pouco surpresa em ver que era Yardley, a agente que havia entregado o primeiro caso com o Padre Costas.

Yardley encontrou com ela na calçada que levava até a entrada principal. Ela parecia cansada, mas animada de uma maneira que provavelmente apenas outros agentes poderiam ser capazes de identificar ou de se identificar.

"Agente White," disse Yardley. "Obrigada por vir tão rápido."

"Claro. Foi você o primeiro na cena?"

"Fui. Eu fui enviada a cerca de quinze minutos. Harrison ligou e me enviou."

Mackenzie quase comentou sobre isso, mas fechou a boca. Estranho que eu não tenha sido chamada primeiro, ela pensou. Talvez McGrath esteja deixando-a cobrir onde Ellington estaria ajudando. Faz sentido, já que ela foi a primeira a lidar com a cena do Costas.

"Já viu o corpo?" perguntou Mackenzie enquanto elas se dirigiam para a porta da frente logo atrás da equipe do CSI.

"Sim. De poucos metros de distância. É idêntica às outras."

Em poucos passos, Mackenzie foi capaz de vez por si própria. Ela ficou um pouco para trás, deixando os caras da CSI e a perícia fazerem o trabalho deles. Sentindo que tinham dois agentes atrás deles esperando, as equipes trabalharam rapidamente, mas de forma eficiente, se certificando de deixar um espaço para os agentes tomarem as próprias observações.

Yardley estava certa. A cena era a mesma, até a marca alongada cruzando a fronte. A única diferença era que as roupas íntimas desse homem havia aparentemente escorregado-ou foram arrancadas pelos tornozelos de propósito.

Um dos cara da equipe do CSI olhou para elas. Ele parecia um pouco fora de si, talvez até um pouco triste.

"O falecido é Robert Woodall. Ele era o pastor líder aqui."

"Você tem certeza?" perguntou Mackenzie.

"Positivo. Minha família frequenta essa igreja. Eu ouvi esse homem pregar pelo menos cinquenta vezes."

Mackenzie se aproximou do corpo. As portas para a Palavra Viva não eram ornadas e decoradas como aquelas da Pedra Angular Presbiteriana e do Sagrado Coração. Estas eram mais modernas, feitas de madeira pesada que fora desenhada e tratada para se assemelhar a uma porta de celeiro.

Como os outros, o Pastor Woodall fora pregado pelas mãos e seus tornozelos foram amarrados com arame. Ela estudou sua genitália exposta, imaginando se sua nudez escancarada fora uma decisão feita pelo assassino que preparou o corpo. Ela podia ver nada fora do ordinário e decidiu que as roupas de baixo deviam ter escorregado por conta própria, talvez devido ao peso do sangue que absorveram. As feridas que jorravam sangue eram numerosas. Havia alguns arranhões no peito. E mesmo que suas costas não pudessem ser vistas, a trilha de sangue que escorria ao longo da sua cintura e seguia por suas pernas indicava que havia algumas lá trás.

Mackenzie então viu outra ferida-uma estreita que trouxe de volta a imagem infernal do seu pesadelo.

Havia um corte no lado direito de Woodall. Era leve, mas claramente visível. Havia algo preciso acerca disso, quase prístino. Ela se inclinou para mais perto e apontou. "O que isso parece para vocês?" ela perguntou à equipe do CSI.

"Também reparei nisso," disse o homem que reconhecera o Pastor Woodall. "Parece algum tipo de incisão. Talvez feita por algum tipo de lâmina de entalhar-uma faca X-Acto ou algo assim."

"Mas esses outros cortes e feridas de facada," disse Mackenzie. "Eles foram feitos com uma lâmina comum, certo? Os ângulos e bordas..."

"Sim. Você é uma mulher religiosa?" o homem perguntou.

"Essa parece ser uma questão recorrente nos últimos dias," ela disse. "Apesar da resposta, contudo, eu entendo a relevância de um corte na lateral. Foi onde Cristo teve uma lança enfiada enquanto estava pendurado na cruz."

"Sim," disse Yardley de trás dela. "Mas não há sangue, certo?"

"Certo," disse Mackenzie. "De acordo com a escritura, saiu água dessa ferida."

Então por que o assassino decidiu fazer essa ferida em destaque? Ela cogitou. E por que não foi assim nas outras?

Ela se afastou e observou a cena enquanto Yardley conversava com alguns dos membros da CSI e da Perícia. O caso já a havia afligido um pouco, mas essa ferida aleatória na lateral de Woodall a fez se preocupar que algo mais profundo estivesse ocorrendo. Havia simbolismo, mas agora há simbolismo sobreposto.

O assassino, obviamente, pensou nessas coisas, ela pensou. Ele tinha um plano e ele vem sendo metódico a respeito dele. Mais que isso, a adição desse preciso corte na lateral mostra que ele não está apenas matando por matar-ele está tentando transmitir uma mensagem.

"Mas qual mensagem?" ela se perguntou em silêncio.

Nas horas mais escuras da noite, ela estava na entrada da Igreja Comunitária Palavra Viva e tentava encontrar essa mensagem na figura do corpo do pastor morto.


CAPÍTULO SETE

 

No tempo que Mackenzie levou para deixar a Palavra Viva e dirigir até o Edifício J. Edgar Hoover, a imprensa havia, de alguma maneira, descoberto sobre o último assassinato. Enquanto o assassinato do Padre Costas havia chegado às notícias, a morte de Ned Tuttle não havia. Mas com o pastor líder de uma igreja do porte da Palavra Viva, o caso iria explodir as manchetes. Eram 4:10 quando Mackenzie chegou aos escritórios do FBI, dirigindo-se para ver McGrath. Ela deduziu que os detalhes do Pastor Woodall e o caso como um todo seriam o principal ponto de interesse nos programas noticiários matutinos locais-e de toda a nação pelo meio dia.

Ela podia sentir a pressão crescente disso tudo quando entrou no escritório de McGrath. Ele estava sentado na sua pequena mesa de conferências, ao telefone com alguém. O Agente Harrison estava lá com ele, lendo algo em um notebook. Yardley também estava lá, tendo chegado poucos minutos antes de Mackenzie. Ela estava sentada, escutando McGrath ao telefone, aparentemente esperando por instruções.

Vendo os dois se debruçando ao redor de McGrath a fez desejar que Ellington estivesse ali. Isso a lembrou de que ainda estava no escuro a respeito de onde McGrath o havia enviado. Ela imaginou se tinha algo a ver com esse caso-mas se tivesse, por que ela não fora informada do paradeiro dele?

Quando McGrath finalmente saiu do telefone, ele olhou para os três agentes reunidos e deixou sair um suspiro. "Era o Diretor Assistente Kirsch," ele disse. "Ele esta reunindo mais três agentes para encabeçar esse caso em seu nome. No momento em que a impressa pegou o rastro disse, estávamos fodidos. Isso vai ser grande e vai crescer rápido."

"Alguma razão em particular?" perguntou Harrison.

"Palavra Viva é uma igreja extremamente popular. O presidente a frequenta. Alguns outros políticos também vão regularmente. Os podcast têm cerca de quinhentos mil acessos em uma semana. Woodall não era uma celebridade ou algo assim, mas ele era bem conhecido. E se é uma igreja que o presidente vai..."

"Entendi," disse Harrison.

McGrath olhou para Mackenzie e Yardley. "Há algo digno de nota na cena?"

"Sim, talvez," disse Mackenzie. Em seguida, ela passou os detalhes sobre a peculiar e precisa incisão no lado direito de Woodall. Contudo, ela não entrou no tipo de gesto simbólico que ela estava tentando decifrar a partir do seu significado. Ela ainda não tinha teorias realmente sólidas e não queria perder tempo com especulação.

McGrath, porém, estava em modo de pânico. Ele abriu suas mãos sobre a mesa e indicou as cadeiras ao redor da mesa com a cabeça. "Sente-se Vocês repassar o que temos. Eu quero ser capaz de dar ao Kirsch as mesmas informações que temos. Incluindo vocês três, agora nos temos seis agentes dedicados a esse caso. Se trabalharmos juntos, armados com os mesmos detalhes, talvez nó possamos prender esse cara antes que ele ataque de novo."

"Bem," disse Yardley, "ela não está se prendendo a uma denominação. Sabemos disso com certeza. Se alguma coisa, parece que ele está tentando evitar isso. Até agora nós temos uma igreja Católica, uma igreja Presbiteriana e agora uma igreja comunitária sem denominação."

"E outra coisa a se considerar," disse Mackenzie, "é que nós não podemos saber com certeza se ele está usando a posição de crucificação como seu uso preferido de punição e simbolismo ou se ele o faz como zombaria."

"Qual é a diferença na real?" perguntou Harrison.

"Até que nós saibamos qual razão está por trás disso, não podemos afunilar o motivo," disse Mackenzie. "Se ele está fazendo como zombaria, então provavelmente ele não é um crente-talvez mesmo algum de ateu muito irado ou um ex-crente. Mas, se ele está fazendo isso como meio preferencial de simbolismo, então ele poderia ser um crente muito devoto, ainda que com algumas maneiras bem estranhas de professar sua fé."

"E esse corte fino ao longo da lateral de Woodall," disse McGrath. "Não estava em algum dos outros corpos?"

"Não," disse Mackenzie. "Isso foi novo. O que me faz pensar que há algum tipo de significado nisso. Como o se o assassino pudesse até estar tentando comunicar algo para nós. Ou apenas saindo dos trilhos."

McGrath se empurrou da mesa e olhou para o teto, como se procurasse respostas lá em cima. "Eu não sou cego para tudo isso," ele disse. "Eu sei que há zero pista e nenhuma via de verdade pela qual seguir. Mas se eu não tiver algo que se assemelhe a uma pista quando essa merda estiver se espalhado por todos os programas noticiários nacionais dentro de poucas horas, as coisas vão ficar ruins por aqui. Kirsch diz que ele já recebeu uma ligação de uma senadora que frequenta a Palavra Viva perguntando por que não fomos capazes que resolver esse caso tão logo Costas foi morto. Então, eu preciso que os três de vocês me consigam algo. Se eu não tiver alguma coisa nova para prosseguir até a tarde, eu vou ter que expandir... mais recursos, mais pessoal e eu realmente não quero fazer isso."

"Eu posso verificar com a perícia," ofereceu Yardley.

"Trabalhe ao lado deles por mim," McGrath disse. "Farei uma ligação e deixarei isso certo. Eu quero você lá no momento que eles descobrirem alguma coisa sobre aqueles corpos."

"Pode ser um cenário 'agulha no palheiro'," disse Harrison, "mas eu posso começar a olhar nas lojas locais de ferragem para pegar registros e recibos sore qualquer um que tenha comprado os pregos que esse cara está usando nos últimos meses. Pelo que eu entendo, eles não são particularmente comuns."

McGrath assentiu. Era uma ideia, claro, mas o olhar em seu rosto deixou claro quanto tempo isso levaria.

"E você, White?" ele perguntou.

"Eu vou até os familiares e colegas de trabalho," ela disse. "Em uma igreja do tamanho da Palavra Viva, tem que haver alguém com alguma ideia sobre o porquê isso aconteceu com Woodall."

McGrath bateu as palmas das mãos juntas ruidosamente e sentou-se para frente. "Parece bom," ele disse. "Então, mãos a obra. E me atualizem de hora em hora. Entendido?"

Yardley e Harrison assentiram. Harrison fechou seu notebook enquanto levantava da mesa. Enquanto eles saiam, Mackenzie permaneceu para trás. Quando Yardley fechou a porta atrás deles, deixando apenas Mackenzie e McGrath na sala, ela se voltou para ele.

"Ah, diabos, o que é?" perguntou McGrath.

"Estou curiosa," ela disse. "O Agente Ellington teria sido um recurso valioso para este caso. Para onde você o mandou?"

McGrath remexeu desconfortavelmente em seu assento e olhou para fora na janela do seu escritório brevemente, para a escuridão da manhã recente.

"Bem, antes de eu atribuí-la a essa outra tarefa, claramente, eu não tinha ideia que esse caso seria tão ruim assim. A respeito de onde ele está trabalhando atualmente, com todo respeito, não é da sua conta."

"Com o mesmo respeito," ela retrucou, fazendo seu melhor para não soar muito defensiva, "você tirou um parceiro que eu trabalho bem junto, o que me deixa por conta própria para resolver esse caso."

"Você não está por conta própria," disse McGrath. "Harrison e Yardley são mais que eficientes. Agora... por favor, Agente White. Vá trabalhar."

Ela queria pressionar o assunto um pouco além, mas não via o ponto nisto. A última coisa que ela precisava era que McGrath ficasse irritado com ela. A pressão já estava ligada e era cedo demais no dia para ligar com um chefe descontente.

Ela deu um aceno seco com a cabeça e saiu. Ainda, enquanto andava em direção aos elevadores, ele tirou o telefone. Era muito cedo para ligar para Ellington, então ele optou por uma mensagem.

Apenas dando notícias, ela digitou Ligue ou mande mensagem quando você puder.

Ela enviou a mensagem enquanto entrava no elevador. Ela desceu até a garagem onde seu carro estava esperando. Lá fora, a manhã ainda estava escura-o tipo de escuridão densa que parecia capaz de esconder qualquer segredo que quisesse.


CAPÍTULO OITO

 

Depois de pegar um copo de café, Mackenzie se dirigiu de volta para a Palavra Viva. Ela sabia que era uma grande igreja, então escolher alguém com possíveis informações dentro dos funcionários ou da congregação demoraria uma eternidade. Ela percebeu que se as notícias se espalharam e as ligações começaram a acontecer, havia uma boa chance de que aqueles próximos ao Pastor Woodall estarem na igreja-talvez já organizando pequenos memoriais ou apenas indo à igreja para estar mais perto de Deus enquanto estavam em aflição.

Sua intuição compensou mais uma vez. Quando ela chegou na cena, Woodall fora removido das portas. E enquanto ainda havia vários policiais locais e membros do FBI presentes, também havia outras pessoas espalhadas aqui e ali, contidas pelas faixas amarelas de cena criminal que circundavam os limites da calçada de concreto que levava às portas da frente.

Algumas delas choravam abertamente. Vários estavam acolhidos nos abraços de outros espectadores. Ela tomou nota de um homem de pé sozinho, sua cabeça virada para longe da cena. Sua cabeça estava abaixada e sua boca se movia apenas levemente enquanto ele oferecia as preces. Mackenzie respeitosamente deu-lhe algum tempo para terminar sua oração antes de abordá-lo. Ao se aproximar, viu o que parecia ser uma expressão de raiva em seu rosto.

"Desculpe-me, senhor," ela disse. "Você tem um momento?" Ela terminou a pergunta mostrando seu distintivo e se apresentando.

"Sim," disse o homem. Ele piscou e esfregou os olhos, como se tentasse limpar os últimos vestígios de sono ou de um pesadelo. Então ele ofereceu a mão e disse, "Eu me chamo Dave Wylerman, a propósito. Sou chefe do departamento de música aqui na Palavra Viva."

"Há um departamento de música?"

"Sim. Nós temos um conjunto rotativo de aproximadamente quatorze músicos que compõe três bandas de adoração."

"Então você trabalhou de perto com o Pastor Woodall no passado?"

"Ah, absolutamente. Estou em reuniões com ele pelo menos duas vezes por semana. Fora isso, ele se tornou um querido amigo da família para minha esposa, meus filhos e eu durante a última década."

"Você pode pensar em alguém que possa ter sido capaz de fazer isso? Alguém que possa ter tido algum tipo de rancor ou queixa contra o Pastor Woodall?"

"Bem, é uma igreja grande. Eu não acho que há uma única pessoa que trabalhe aqui e conheça todos que comparecem. Mas para mim, não, eu não consigo pensar em alguém logo de cara que estava com raiva com ele o suficiente para fazer isso..."

A escuridão do alvorecer havia escondido as lágrimas de Dave Wylerman até este ponto, mas quando ele olhou acima nos olhos dela, elas ficaram bem evidentes. Ele parecia atormentado, como se lutasse para descobrir como dizer alguma coisa.

"Você tem um momento para conversar em particular?" perguntou Mackenzie.

"Sim."

Ela acenou-lhe a frente para segui-la. Ela se afastou da calçada de concreto que dava na igreja e voltou para o carro. Abriu a porta do passageiro para ele, percebendo que descansar os pés e se sentir relaxado pudesse fazer algum bem a ele Ela entrou no lado do motorista e quando ela fechou a porta, podia dizer que Wylerman estava lutando para se manter composto.

"O restante do corpo da igreja fora informado?" perguntou Mackenzie.

"Não, apenas os mais antigos, eu e alguns daqueles mais próximos ao Pastor Woodall. Mas as ligações estão sendo feitas. Todos irão saber dentro de uma hora ou por aí, eu imagino."

Bom, pensou Mackenzie. Eles receberam as notícias pessoalmente de alguém que eles conhecem, ao invés de escutar sobre isso pela primeira vez nos noticiários.

"Então, me corrija se eu estiver errada," ela disse, "mas parecia que você estava se debatendo com alguma coisa lá trás perto da igreja. Há algo que você pode me dizer que não queria compartilhar na frente de todos os outros?"

"Bem, como você sabe, é uma igreja grande. Em qualquer Domingo, se você contar ambos os cultos que nós mantemos, há algo entre cinco mil e sete mil pessoas que comparecem. E com um grupo assim tão grande, nós necessitamos de vários presbíteros para lidar com os negócios e interesse da igreja. Aqui na Palavra Viva, nós temos-bem, tínhamos seis. Um deles começou meio que levantar algumas preocupações nos outros antes de sair. Eu não acho que ele não teria nele o necessário para fazer algo como isso, mas... eu não sei. Algumas coisas que ele insinuara... meio que pegou todos os outros com a guarda baixa. Outros presbíteros... empregados..."

"Qual o nome dele?"

"Eric Crouse."

"E que tipo de coisas?" perguntou Mackenzie.

"Ele continuava jorrando sobre como as coisas deixadas na escuridão viriam a luz e como a luz poderia cegar. Que talvez ser queimada pela luz seja exatamente o que a Palavra Viva precisava."

"E por quanto tempo ele se comportara dessa forma?"

"Cerca de um mês, eu diria. Pelo o que eu entendo, ele saiu por conta própria há cerca de duas semanas, mas havia discussão sobre isso entre os outros presbíteros e o Pastor Woodall sobre o liberar. Mas a coisa disso é que tudo que Eric estava falando era biblicamente acurado. Coisas que Jesus disse, coisas que a maioria das pessoas que comparecem à Palavra Viva acreditam. Mas... e eu sei que isso vai soar estúpido... era a maneira que ele dizia as coisas. Sabe? Tipo, ele tinha algum contexto oculto para eles. Mais que isso, ele nunca falou daquela maneira antes. Ele era um presbítero, claro, mas nunca um que apenas jorrava as escrituras ou que começava a dar essas conversas do tipo fogo do inferno e enxofre."

"Então, se você não acha que ele era capaz de assassinato, por que você o menciona? Foi apenas a mudança repentina de personalidade que alarmou a todos?"

Wylerman deu de ombros. "Não. Algumas pessoas começaram a reparar que Eric estava fazendo tudo o que ele podia para evitar reuniões ou pequenos grupos nos quais o Pastor Woodall compareceria. Eles nunca foram melhores amigos, mas sempre conviveram. Então, de repente, quando ele começou a falar sobre essa coisa de luz brilhando na escuridão, ele também pareceu se distanciar do Pastor Woodall."

"E você diz que ele deixou a igreja há duas semanas?"

"Sim, mais ou menos uns dias. Eu não sei se ele está indo a outro lugar agora ou o que. E o que é estranho é que é quase como se Eric conhecesse os horários do Pastor Woodall. Ele acaba de voltar de um retiro há alguns dias."

"Um retiro?"

"Sim, é a sua pequena fuga, que ele faz duas vezes ao ano. É uma ilhazinha bem calma na costa da Flórida."

"E há quanto tempo ele voltou?" perguntou Mackenzie.

"Ele e sua esposa voltaram para casa cinco dias atrás."

Mackenzie pensou sobre isso por um momento, catalogando em sua mente. Então, ela voltou o assunto de volta para o homem que Wylerman mencionara-o antigo presbítero, Eric Crouse.

"Você saberia onde Crouse mora?" ela perguntou.

"Sim. Eu estive na casa dele algumas vezes em pequenos grupos e para oração."

Mackenzie não estava certa do por que, mas algumas coisa nisso a assustava. A sincronia de Eric Crouse deixar a Palavra Viva era quase perfeita para o tipo de suspeito que ela estava procurando. Imaginar esse homem de luto apertando as mãos juntas em prece com um homem que possa ter sido responsável por três mortes nos últimos poucos dias era inquietante.

"Você pode me dizer onde?"

"Eu irei," disse Wylerman, "mas eu realmente preferiria que você não o dissesse que recebeu a informação de mim... ou de qualquer um na Palavra Viva no que diz respeito."

"Claro que não," ela disse.

Um pouco relutante, Wylerman deu a ela as direções para a casa de Eric Crouse. Mackenzie as digitou no celular, notando que, embora Wylerman pudesse estar interagindo com ela, a mente dele ainda estava lá com seus amigos em luto do lado de fora da igreja. Ele estava olhando naquela direção agora, limpando as lágrimas de seus olhos enquanto os observava pela janela do passageiro.

"Obrigada pelo seu tempo, Sr. Wylerman," disse Mackenzie.

Wylerman assentiu sem dizer qualquer coisa a mais. Então ele saiu do carro. Ele manteve sua cabeça abaixada antes até de chegar até a pequena multidão de pessoas. Ela podia vê-lo tremendo. Ela nunca entendera como as pessoas poderiam ter uma profunda fé em um Deus invisível, mas ela respeitava o senso de comunidade que era evidente entre aqueles que compartilhavam uma crença em comum. Ela se sentiu muito mais por Dave Wylerman naquele momento, assim bem como por aqueles que frequentavam a Palavra Viva e o vazia que eles sentiriam no Domingo de manhã.

Com esse senso de simpatia a empurrando para frente, Mackenzie arrancou o carro do estacionamento da Palavra Viva e dirigiu-se para oeste, para o que parecia ser onde primeira pista sólida nesse caso havia agitado.


CAPÍTULO NOVE

 

Eram 6:40 quando ela chegou em frente à casa de Eric Crouse. Ficava em um bairro abastado onde as casas eram mais importantes que os jardins, cada casa pressionada apertadamente contra a outra. A garagem estava fechada, tornando impossível saber se alguém estava em casa-apesar de que, dada a hora adiantada, ela assumiu que haveria alguém lá para atender a porta.

Enquanto fazia seu caminho até a porta, Mackenzie desejou que tivesse pegado outro café de algum lugar. Era difícil acreditar que ainda não eram sete horas. Ela fez seu melhor para sacudir os vestígios de seno do rosto ao bater a campainha da residência de Crouse. Imediatamente, ela podia ouvir passos atrás da porta. Segundos depois, a porta foi aberta apenas em uma fenda e uma mulher espreitou para fora.

"Posso ajudá-la?" a mulher perguntou, claramente desconfiada.

"Sim," disse Mackenzie. "E peço desculpas por ser tão cedo, mas isto é urgente. Sou a Agente Mackenzie White do FBI. Estou procurando por Eric Crouse."

A mulher abriu a porta lentamente. "É o meu marido. Ele está... bem, ele recebeu notícias terríveis esta manhã. Acho que é por isso que está aqui? Sobre o assassinato esta manhã?"

"É," disse ela. "Então, se eu pudesse falar com ele..."

"É claro," disse a mulher. "Entre, entre".

Mackenzie foi guiada para dentro da casa para o cheiro de bacon grelhando e café recém passado. A casa dos Crouse era bonita, mas não em excesso. Tinha pé direito alto, sancas, piso de madeira e bancadas de granito e um espaço de bar na cozinha. Na cozinha, a mulher a levou para uma ampla mesa de jantar; era o tipo de cozinha que também servia como sala de jantar. Um homem e um garoto de cerca de dez anos se sentavam a mesa. O garoto estava comendo uma tigela de cereal enquanto o homem dava um gole em uma xícara de café e lia algo de um notebook.

"Essa moça aqui é do FBI," disse a esposa de Crouse.

Crouse olhou acima, piscando de maneira o que está acontecendo. Então ele se levantou e caminhou até Mackenzie. Ele sorriu cansado para ela, que podia perceber pelo seu rosto que ele, assim como Dave Wylerman, havia tido sua boa parcela de choro essa manhã.

Crouse estendeu sua mão para um aperto e Mackenzie a aceitou. Ela observou seu rosto o tempo inteiro, procurando por algum deslize no que era ou um grande disfarce de emoção ou uma fachada para enganá-la. Ela não conseguia ver nenhum e, assim, não podia decidir se ele estava escondendo alguma culpa.

"Presumo que seja sobre o Pastor Woodall?" perguntou Eric.

"Sim," disse Mackenzie. "Há algum lugar onde possamos conversar?"

"Hum, sim," disse Eric. Ele olhou para o filho e deu um tapinha no ombro dele. "Você e a mamãe podem correr até o banheiro e terminar de se arrumar para escola Deixe esses dentes bons, OK?"

O garoto olhou para seu cereal, claramente não terminado, mas obedeceu ao seu pai. A mulher fez o mesmo, enquanto ela acompanhava o filho deles para fora da cozinha e em direção a um corredor que ficava logo a direita. Quando eles ficaram fora de vista, Eric olhou para garrafa de café no balcão e perguntou: "Café?"

"Sim, por favor. Seria fantástico, na verdade."

Eric entrou na cozinha e Mackenzie o seguiu. Eric pegou uma xícara de um armário e encheu-a com café da garrafa em cima do balcão. "Creme? Açúcar?"

"Preto está ótimo," ela disse. Ela estava bem certa de que ele estava enrolando, mas ao mesmo tempo, também tentando fazer seu melhor para ser agradável e hospitaleiro.

Quando ele a entregou o café, ela o agradeceu e deu um gole. Era bom e forte-exatamente o que ela necessitava.

"Então, como você descobriu sobre o Pastor Woodall?" ela perguntou.

"Recebi um telefonema de um dos presbíteros. Suponho que se você está aqui para falar comigo, você já sabe que eu era um presbítero lá até muito recentemente."

"Sim. Eu estava ciente. E eu entendo que houve um pouco de hostilidade e desacordo antes de você sair."

"Sim, suponho que sim."

"Você se importaria de elaborar a respeito do que você queria dizer com os comentários que você fez sobre as trevas e a luz? Sobre a Palavra Viva ser queimada pela luz?"

Eric hesitou, dando um gole de seu café. "Veja, a dificuldade aqui é que você se você me perguntasse exatamente a mesma pergunta ontem, eu teria te respondido com prazer. Mas as coisas são diferentes agora."

"Bem, Sr. Crouse, eu não tinha razão para perguntar-lhe ontem. Mas agora, eu tenho um pastor morto com o qual você estava em grave desacordo... um pastor com o qual você trabalhou de perto por vários anos e, de repente, começou a aparentemente não se importar muito."

"Justo," ele disse. Ele se inclinou um pouco para a direita, examinando o corredor como se para se certificar de que sua esposa e filho ainda estavam fora do alcance da voz. Quando ele estava confiante de que ainda estavam longe, ele se aproximou de Mackenzie. "Olha... eu descobri algo sobre o Pastor Woodall três meses atrás. A princípio, eu me recusei a acreditar, mas então eu vi provas. E não pude negar mais. Eu... bem, eu acho que eu não sabia exatamente como lidar com isso."

"E o que você descobriu?"

"Agente White... ele está morto. Recentemente morto. Que tipo de homem eu seria para maldizê-lo? A última coisa que eu quero é manchar o nome dele após a sua morte."

"Eu manterei discrição então," ela disse. "Ninguém mais além do meu supervisor e dois ou três agentes adicionais saberão."

"Tenho sua palavra nisso?"

"Sim," ela disse. "Embora, pelo o que eu entendo, você não teria se importado muito em arrastar o nome dele pela lama algumas semanas atrás."

Na verdade, Eric riu disso. "Você espera esse tipo de merda de igrejas de cidades pequenas... rumores e fofocas. Sim... eu provavelmente não fiz o melhor trabalho ficando quieto. Eu disse algumas coisas não tão sutis que possam ter levantado sobrancelhas. Mas, acredite em mim... com o que eu sei, eu poderia ter ido a público. Eu poderia ter manchado seu nome imediatamente. Mas não o fiz."

"E por que não?"

"Porque não é meu trabalho julgar. Ele está morto agora e Deus o julgará."

"Julgá-lo pelo o quê?" perguntou Mackenzie. "Qual é o grande segredo?"

Seus olhos estavam cheios de lágrimas quando ele falou e foi esse simples indicador que disse a Mackenzie que Eric Crouse não era o assassino, mas que, apesar do seu comportamento recente, ele havia se importado com o Pastor Woodall um dia.

"Tive um jovem vindo até mim em confidência há cerca de três meses. De tempos em tempos, eu o ajudava com as classes para jovens na Palavra Viva. Era uma criança com a qual eu havia conversado uma vez ou outra quando ele era mais novo... meio que o ajudei com a sua jornada espiritual, respondi as duras perguntas sobre Deus, coisas assim. Então ele vem a mim e faz... eu não sei... talvez um ano desde que eu tive uma conversa de verdade com ele. Ele pergunta se nós podemos conversar em particular, então eu o levei para o meu escritório. Ele me diz que pelo último ano ou por aí ele tem tido um relacionamento homossexual. Então, estou preparado para conversar sobre isso com ele, para ver qual o estado mental dele e tudo. Mas então, ele termina o comentário... o relacionamento era com o Pastor Woodall."

"E você acreditou nele, simples assim?" perguntou Mackenzie.

"Claro que não. Na verdade, o simples fato de esse cara insinuar uma coisa dessas me deixou zangado. Mas então ele me mostrou o celular dele. Havia mensagens e fotos. E eu o odiei por ter me mostrado isso. Eu o odiei por isso e não Woodall."

"Você contou a alguém?"

"Não. Eu não sabia que diabos fazer. Se eu o expusesse, poderia ser o fim da Palavra Viva. E, além disso, o cara me pediu para não fazê-lo. Ele simplesmente queria vir a mim para confessar seus pecados. Mas no fundo da minha mente e coração, eu sempre pensei que ele tivesse me contado isso com uma esperança silenciosa de que eu iria a público. Algumas daquelas mensagens era... bem, insinuavam abuso."

"Como assim?"

"O cara estava querendo sair. E Woodall o disse que se ele parasse de vê-lo ou se dissesse a alguém sobre o que estava acontecendo, ele começaria a espalhar mensagens sobre o rapaz. Havia algumas outras coisas que foram ditas que meio que sugeriam sexo consentimento. Talvez não estupro, mas... oh, Deus. Isso é terrível."

"Você tem certeza sobre tudo isso?"

Eric assentiu. As lágrimas estavam escorrendo agora, pingando de sua face. "Estou feliz que você tenha vindo. Deus, eu precisava contar para alguém e-"

Ele engoliu um soluço nesse ponto e olhou abaixo para o chão.

"Sr. Crouse... por favor, entenda que eu tenho que falar com esse jovem rapaz."

"Eu não posso dar o nome dele a você. Eu não posso..."

"Sr. Crouse... o Pastor Woodall é um dos três líderes religiosos que foram mortos brutalmente em oito dias. Esse é um caso de assassino em série e eu não tenho como saber quem é o próximo. Toda e qualquer pista que eu tiver a minha disposição, eu preciso usar. E conversar com um garoto que pode muito bem ser uma vítima de abuso pelas mãos da figura religiosa morta mais recentemente é muito na cara para ignorar. Com risco de simplesmente jogar a culpa em você, sua recusa em fornecer um nome pode muito bem prender essa investigação e levar para mais mortes."

"Chris Marsh," disse Eric, o nome saindo da sua boca como um enforcado silvo de dor. E então ele deixou escapar um lamurio de angústia que era quase tão alto como um grito.

Isso foi seguido pelo som da sua esposa vindo dos fundos da casa. Ela estava correndo pelo corredor, chamando seu nome. Quando ela chegou à cozinha, ela deu um olhar de puro veneno para Mackenzie.

"O que aconteceu?" ela perguntou, quase gritando com Mackenzie.

"Não foi culpa dela," Eric conseguiu dizer. "Mas, oh, Deus, há... há algo que eu tenho que contar a você..."

Não havia maneira elegante de se retirar. Mackenzie de um abrigado que foi afogado pelo sofrimento de Eric Crouse. Quando ela deixou a casa, ela o fez sem qualquer fanfarra. A mulher a deu apenas um aceno bem sem entusiasmo enquanto ela caminhava até a porta da frente.

Ao fechá-la atrás dela, tudo o que ela viu foi o filho dele de dez anos, rastejando de volta pelo corredor para ver porque o pai estava chorando tão alto.

Em todo caso, Mackenzie sentiu que havia uma coisa que ela veria ou escutaria de alguém que acendeu um pavio nela-aquilo a deixou mais determinada que nunca em trazer esse caso a um fim.

Nesse caso, foi a vista daquele garotinho incerto caminhando pelo corredor, escutando seu pai chorar como resultado dos horrores que ele ainda não conhecia e, provavelmente, não entenderia. O garoto sequer estava ciente de que Mackenzie o havia visto, mas ela gravou aquela imagem em sua mente enquanto se apressava pelos degraus da varanda dos Crouse e de volta para seu carro.

Ao chegar ao carro, seu telefone tocou dentro do bolso do casaco. Ela o retirou e seu coração deu um leve suspiro de felicidade quando ela viu o nome Ellington no visor.

Ela atendeu a chamada, dando seu melhor para não soar tão aliviada quanto ela realmente estava. "Ah, então você não se esqueceu de mim!"

"Claro que não esqueci."

"Piadas de lado," disse Mackenzie, "McGrath te tirou da cidade bem rapidamente. E ela não me diz uma maldita coisa sequer. De qualquer jeito, em que ele te colocou para trabalhar?"

Ela estava dentro do carro agora, dando partida no motor. Mesmo por sobre esse barulho, contudo, ela foi capaz de escutar claramente o profundo suspiro de Ellington. "Sim, eu deduzi que ele deixaria essa parte para mim."

"O que isso significa? Ellington, o que está acontecendo?"

"Bem cedo na manhã de ontem, agente de campo de Omaha, Nebraska, ligou para McGrath. Um dos agentes por lá está trabalhando com um detetive particular, meio que debaixo dos panos e-"

"É Kirk Peterson?" ela interrompeu.

"Sim. Houve algum movimento no caso mais recente que está conectado com o caso do seu pai."

"Que diabos, Ellington?"

"Eu sei. Mas olha... eu acho que ele estava certo em contar para mim e não para você. Eu estou quase acabando por aqui. Era uma pista fraca demais e virou praticamente nada. Fazia mais sentido para eu vir. Eu não estou pessoalmente ligado nele e, vamos encarar isso, você é a escolher mais inteligente para ficar aí e trabalhar nesse caso atual. É uma merda e eu sinto muito que ele tenha escolhido te manter no escuro sobre isso. Mas você vai perceber em mais ou menos uma hora que era a jogada mais inteligente."

"Bem, talvez nós devêssemos guardar esse papa para daqui a uma hora," ela cuspiu. O inferno é que ele estava certo. Foi a jogada mais inteligente.

"Eu nós podemos esperar até eu voltar. Eu devo ter reunido tudo até essa noite. Talvez mais cedo. Eu não vejo por que eu não estaria de volta a DC até algum momento da tarde de amanhã."

"É uma merda," ela disse, odiando a forma infantil e simples que isso soou.

"É mesmo," ele disse. "Mas eu prometo... você não perdeu qualquer coisa. Eu vou deixar você ler os arquivos do caso quando eu voltar. Até mesmo vou deixar você vê-los antes que eu os entregue para McGrath."

"Sim, eu não acho que ele vai gostar disso."

"Bem, ele me fez manter um segredo de você ontem. Então eu acho que você e eu vamos simplesmente esconder um dele."

Ela realmente se sentiu traída com a situação, mas também sabia que expressar isso e entrar em uma discussão pelo telefone não faria qualquer coisa. Se alguma coisa, apenas a atrasaria a respeito do caso atual. E ela não se permitiria tropeçar dessa forma.

"OK. Mas, sim... eu quero ler aqueles arquivos do caso quando você voltar."

"Juro por Deus. Está parecendo que eu deveria estar de volta hoje mais tarde. Eu lhe digo quando eu voltar."

Quando eles terminaram a ligação, foi preciso tudo dentro de Mackenzie para não ligar para McGrath logo em seguida e perguntá-lo que diabos ele pensou que estava fazendo. Ellington estava certo; enviá-la para o Nebraska teria, certamente, atrasado o caso atual dela... mas ela ainda se sentia passada para trás-como se ela tivesse sido deixada no escuro de propósito.

Enterrando isso, ela saiu com o carro para a rua. Ela afastou todos os sentimentos de raiva e traição, trocando-os com a imagem do filho dos Crouse, andando devagar pelo corredor em direção ao som dos prantos do seu pai.


CAPÍTULO DEZ

 

Depois de fazer um rápido requerimento de informação ao FBI pelo telefone, Mackenzie conseguiu o endereço de Chris Marsh. Aconteceu de ser o mesmo endereço dos pais dele, Leslie e Russell Marsh. Enquanto a manhã começava a escapar dela, ela esperava pegar Marsh antes que ele potencialmente saísse para o trabalho. Era um trajeto de vinte e cinco minutos de carro da residência dos Crouse, com ela parando na entrada da garagem dos Marsh às 7:52.

Era uma casa muito menos que a residência dos Crouse, o tipo de casa que provavelmente havia sido construída nos anos 1970 ou início da década de 1980 e não havia sofrido quaisquer modificações-nem mesmo uma camada fresca de tinta no exterior. Quando ela não viu carros na garagem, temeu que houvesse perdido a sua janela de tempo, certa de que ninguém estaria em casa.

Ela foi até a porta da frente e bate, de qualquer maneira. Enquanto esperava, ela absorveu os sons de uma típica manhã silenciosa nos subúrbios de DC: motores distantes, um murmúrio de maquinário industrial em algum lugar, um cachorro latindo, uma buzina de carro aqui e ali. E em algum lugar no meio disso tudo, havia um assassino-se ele não estivesse, de fato, atrás dessa porta.

Como se o pensamento evocasse alguém, a porta foi atendida. No outro lado, ela viu um jovem rapaz de cerca de vinte e um anos ou por aí. Ele parecia cansado e um pouco confuso. Estava vestindo uma camisa larga do Nirvana e um par de shorts de esporte igualmente largos. Seu longo cabelo preto varria por sobre seu olho esquerdo e por trás de seu pescoço.

"Por acaso você seria Chris Marsh?" perguntou Mackenzie.

"Sou eu," ele disse, agora parecendo muito confuso. "Quem pergunta?"

Ela tirou seu distintivo lentamente e fez sua apresentação usual. "Mackenzie White do FBI. Preciso lhe fazer algumas perguntas."

Seus olhos se arregalaram, mas ela não enxergou medo; era confusão completa e talvez um pouco de descrença. "Bem, hum, essa é a casa dos meus pais e eles já saíram para o trabalho, então..."

"Claro," ela disse. "Embora eu saiba que você tem pelo menos vinte anos de idade e você recebe suas correspondências aqui. Então essa é o seu lugar de residência e como você não é um menor, eu te questionar aqui está dentro da lei."

Ela manteve um tom anima o tempo inteiro, tentando parecer relaxada. Ela adoraria de conseguir uma imagem mais clara do seu estado mental antes de entrar na casa. Até agora, pelo o que ela podia perceber, ele acabou de acordar com um agente do FBI na sua porta. Ele foi pego compreensivelmente com a guarda baixa e surpreso.

"Acho que venha para dentro, então," ele disse. "Quero dizer, o que está acontecendo? Eu estou em encrenca ou algo assim?"

"Não. Mas seu nome surgiu em um caso no qual eu estou trabalhando e eu espero que você possa-"

"Ah, meu Deus," disse Chris. "É o Woodall? Aquele assassino o pegou?"

"Esse é um chute muito bom," disse Mackenzie. "Como você chegou até aí?"

"Eu ouvi sobre aquele padre católico. Como ele foi crucificado na porta da sua igreja. E então aquele outro alguns dias atrás... eu vi nos noticiários ontem. E... bem... se meu nome surgiu e você está aqui... assumo que é devido a algumas coisas desagradáveis que eu compartilhei recentemente. Você conversou com o Sr. Crouse, eu suponho?"

"Conversei."

"Sim, então entre," ele disse dando um passo para o lado.

Chris passou alguns momentos se desculpando pelo estado do lugar. Sua mãe e seu pai já haviam saído para o trabalho. Chris mesmo não havia ido à universidade, ele explicou e, porque ele estava entre empregos, estava morando no sótão dos pais. Ele explicou tudo isso enquanto ele se sentava em uma pequena poltrona reclinável e Mackenzie se instalou em um lado de um pequeno sofá na sala de estar dos Marsh.

"Então, o que você sabe sobre o que aconteceu comigo?" perguntou Chris.

"Eu sei do que você acusou o Pastor Woodall. E eu sei que você confidenciou isso ao Sr. Crouse, mostrando fotos e mensagens a ele. E, por favor, saiba que ele não deu esta informação facilmente. Francamente, ele estava em destroços quando eu saí."

Chris deu de ombros. "Entendo. Na luz dos eventos recentes, eu entendo porque ele ofereceu essa informação. Mas... eu acho que não entendo o motivo de você estar aqui."

"Para início de conversa, eu gostaria de saber o seu paradeiro na noite passada."

Chris se recostou na cadeira reclinável. Em um instante, ele pareceu mortificado. "O quê? Você acha que eu o fiz? Que eu venho sendo o psicopata que prega as pessoas nas igrejas?"

"Eu acho que seu nome surgiu como a única pessoa com um desentendimento conhecido com o falecido mais recente e é meu trabalho eliminar todas as possiblidades."

Depois de dizer isso, ela observou outra mudança palpitar pelo rosto de Chris. Ele foi de mortificado para nervoso e defensivo. A mudança em seus olhos era quase sinistra. "Bem, isso é ofensivo para caralho," ele gritou. "Eu acho que atar assassinatos nojentos na criança que foi sexualmente abusada fazer sentindo, já que eu tenho que ser completamente fodido, certo?"

Ele está de pé agora, gritando com ela. Mackenzie também ficou de pé, bem devagar. Algo sobre a mudança imediata de emoções levantou alertas na sua cabeça. Pode haver algum tipo de problema mental aqui-um fator desconhecido que ela teria que tratar com o máximo de cuidado, como faria se suspeitasse que ele estivesse ocultando uma arma.

"Chris, estou aqui apenas para perguntar algumas perguntas simples. E eu vou lhe dizer apenas uma única vez que reagir dessa maneira só vai deixar as coisas piores para você."

"Eu vou lhe dizer uma coisa," disse Chris, agora tremendo e falando bem mais baixo. "Eu adoraria tê-lo matado. É um pecado com o qual eu venho lutando por meses. As coisas que ele fez comigo... as coisas que ele ameaçou fazer..."

"Chris, vamos apenas nos sentar e conversar sobre isso."

"O que há para se falar?" ele perguntou. Novamente, houve uma mudança de humor que saiu do nada. Ele estava gritando novamente. Ele deu um passo em direção a ela, reduzindo a distância entre eles a menos de três metros. "Você acha que eu o matei. É por isso que você está aqui, não é?"

"Chris, você não pode-"

Ele gritou tão repentinamente que a mão de Mackenzie recuou para baixo e para direita, pronta para pegar a sua Glock. Ela hesitou, contudo, um pouco envergonhada pela sua reação. E talvez, no fim, foi essa hesitação que fez Chris pensar que ele tivesse algum tipo de abertura.

Ele avançou contra ela, abaixando sua cabeça e encolhendo os ombros como se ele fosse um linebacker. Era uma posição desajeitada e ele estava sendo movido por alguma raiva estranha e quase de fuga que ela vira no rosto dele. Devido a isso, ela facilmente bloqueou o ataque. Ao fazê-lo, ela travou a cabeça dele frouxamente com sua mão direita, agarrou seu braço com sua esquerda e o jogou em um arremesso improvisado. Ele caiu metade dentro e metade fora do sofá, eventualmente caindo ao chão.

Antes que ele sequer tivesse tempo para perceber o que aconteceu, Mackenzie estava puxando seus braços atrás das costas e travando algemas nele. Ele gritou com ela novamente, um som de pura fúria que parecia dissolver enquanto seus ombros e pernas se debatendo começaram a desistir da luta. Ele parecia fora de si de novo; ela percebeu que outra dessas mudanças de expressão estava acontecendo em seu rosto enquanto ela o erguia de pé.

"Eu não o matei," disse Chris, agora chorando.

Mackenzie o rodou e o olhou nos olhos, não fazendo esforços em esconder sua frustração. "Mesmo que você não o tenha feito," ela disse, "você acaba de atacar um agente do FBI. Então, de qualquer fora, você está a caminho de uma sala de interrogatório."

"Mas eu não-não sei-"

Ela podia ver no rosto dele que ele estava claramente confuso. Seus olhos estavam abertos e vagantes, alternando entre medo, pânico e confusão.

Sim, ela pensou. Deve haver algum tipo de condição mental acontecendo aqui. Talvez o trauma do abuso nas mãos de Woodall.

Seja qual for o caso, ela ainda tinha que fazer seu trabalho. Então, ela o levou de volta pela porta e para o carro onde ela o guiou para o assento traseiro. Pelo tempo que ela se colocou atrás do volante, Chris Marsh era uma bagunça de soluções no banco de trás.

Ele não fez tentativa de conversas quando ela saia da pequena garagem para a rua. Mas nas poucas ocasiões que ela olhou no retrovisor, ela pegou aquele mesmo olhar vago nos olhos dele-o olhar desesperado de alguém que estava perdido e somente agora estava descobrindo isso.


CAPÍTULO ONZE

 

Por volta das dez horas, Mackenzie havia se permitido dois copos de café. Ele os tomou enquanto trabalhava com Harrison e Yardley para reunir uma descrição completa da vida e ocorrências de Chris Marsh. E não levou muito para as suposições de Mackenzie se provarem corretas.

Desde cedo na infância, Chris Marsh havia sofrido de uma sevara desordem de apego, da qual ele nunca se recuperou completamente até os doze anos de idade. Uma vez que os pais havia sido contatados e comunicados que o filho deles estava sendo mantido atualmente pelo FBI sob suspeita de envolvimento em um caso de assassinato, a mão foi de grande ajuda em cobrir as partes que faltavam. Chris também fora diagnosticado com autismo em tenra idade, mas muito baixo no espectro. Quando ele tinha oito anos, o diagnóstico não tinha mais qualquer influência.

Mackenzie e Yardley discutiram isso enquanto Harrison fazia ligações para os grupos de liderança da Pedra Angular Presbiteriana e do Sagrado Coração para ver se poderia encontrar alguma conexão entre essas igrejas e Chris Marsh. Quanto mais Mackenzie conhecia Yardley, mais ela gostava dela. Ela era uma agente afiada, mas talvez um pouco ingênua. Ainda assim, era evidente que ela não tinha problemas em atuar como segundo violino, conquanto ela estivesse aprendendo algo no processo.

"OK, então o que os registros médicos dizem?" perguntou Mackenzie enquanto eles se sentavam em uma mesa ao lado da sala de interrogatório.

Yardley folheou algumas páginas em frente a ela e balançou a cabeça. "Ele não tem visto qualquer médico por mais de dois anos. A última visita foi por causa de uma garganta infeccionada. O último registro de avaliação psiquiátrica de qualquer tipo é de quando ele tinha treze anos e os resultados parecem estar em ordem, pelo que eu posso observar. Estamos com um especialista verificando nesse momento."

"Mesmo se for simplesmente alguns breves pontos de atenção no seu histórico psiquiátrico, não há como dizer o que o abuso de Woodall trouxe de volta a ele," Mackenzie pensou. "Especialmente se ele sofria de um transtorno de apego quando bem criança."

Ela continuava pensando naquelas mudanças de humor, contudo. Alguma coisa estava certamente perturbada dentro do jovem rapaz. Ir de cansado e acomodado para irado e defensivo em menos de dez minutos... isso foi bem espetacular.

"Obrigada por toda a sua ajuda," disse Mackenzie. "Você pode tentar apressar a avaliação dos registros médicos? E encostar a perícia na parede, você poderia? Ainda estou esperando os resultados dos pregos encontrados nas primeiras cenas."

Yardley assentiu, ansiosa para ajudar. Mackenzie deixou a mesa e se foi em direção a sala de interrogatório. Havia um só agente de guarda. Quando ele viu Mackenzie indo em direção a ele, ele assentiu para ele e tirou um molho de chaves do bolso. Ele destrancou a porta para a sala de interrogação e a deixou entrar. Quando a porta fechou silenciosamente atrás dela, ela observou que Chris Marsh aparentava estar em estado dócil.

Era a primeira vez que ela colocava os olhos nele desde que ela estacionou a garagem com ele preso. De lá, ele foi escoltado para o prédio por três outros agentes, enquanto Mackenzie tirava alguns minutos para atualizar McGrath. Ela não viu vislumbre daquela fúria nos olhos dele, mas não significava qualquer coisa para ela-também não estava lá quando ele atendeu a porta pela primeira vez na casa dos seus pais.

"Você acha que podemos ter uma conversa agora, Sr. Marsh?" ela perguntou.

Chris assentiu. "Sim. Escuta... eu sinto muito mesmo sobre mais cedo. Eu fiquei apavorado e nervoso se eu só... eu não sei. Eu estourei."

"Isso acontece frequentemente?"

"Não. Eu fico nervoso facilmente, mas nunca daquela maneira. Mas no mês passa ou por aí, eu venho me sentindo essa bola gigante de raiva e frustação reprimidas, esperando ser atirada. E, bem, você foi a primeira pessoa a me contar sobre o Pastor Woodall. Eu o odeio... de verdade. Mas, ao mesmo tempo, ele foi parte da minha vida. Sem ele, eu não acho que eu poderia ter admitido para mim mesmo."

"Admitido o quê?"

"Que eu sou gay. Eu acho que talvez eu sempre soubesse. Foi como eu comecei a me encontrar com ele. Pedindo a ele para me contar sobre isso. E depois de alguns meses... bem, nós começamos as coisas."

"Ele era abusivo o tempo todo?" perguntou Mackenzie.

"Não, de forma alguma. Mas eu acho que com o tempo... talvez alguns meses, ele começou a perceber o que ele estava fazendo e o que isso poderia custar a ele. Ele me contou sobre isso e eu sugeri que nós terminássemos. Ele era muito mais velho e eu sabia os riscos que ele estava tomando. Mas quando eu comecei a falar sobre isso seriamente, aí foi quando ele começou a ficar violento."

Mackenzie digeriu isso, absorvendo tudo enquanto observava o rosto dele. O que quer que tenha o feito atacá-la algumas horas atrás havia sumido. Alguma coisa dentro dele se quebrou naquele momento e agora ela se encontrava olhando para um jovem rapaz interrompido.

Ela estava satisfeita que o caso e o abuso em si tivessem pouca relevância para o caso. A ideia disso a acanhava, a fazia ver o falecido recente como um monstro. Então, ela deu seu melhor para colocar isso de lado sem fazer Chris se sentir como se seu trauma não estivesse sendo menosprezado.

"Chris... alguém mais além de Eric Crouse sabe sobre o caso?"

"Não. Digo... para quem eu iria dizer? Tenho vergonha disso. Não a parte gay... embora meus pais ainda não saibam. Mas do caso. Digo... ele tinha uma esposa. Ele tinha três filhos, um dos quais tem quase a minha idade."

"Você está certo disso? Você não acha que o Pastor Woodall possa ter contado a alguém?"

"Duvido muito disso. Ele tinha tudo a perder. Ele não tinha qualquer motivo para ir a público. Para ninguém. Mas eu não posso saber com certeza."

É um ponto extremamente válido, ela pensou.

"Chris, você já frequentou os cultos da Igreja Católica Sagrado Coração ou da Pedra Angular Presbiteriana?"

"Não. Minha família sempre foi na Palavra Viva. Meus pais são bem inflexíveis sobre isso. Eles gostavam de lá, porque não tinha denominação. Minha mãe foi criada católica e arrepende-se de cada minuto disso."

"E agora, deixe me voltar para onde eu estava tentando levar a conversa mais cedo," disse Mackenzie. "Tudo retorna para você sendo o único nome que nós conseguimos que teria uma desavença viável contra o Pastor Woodall. Eu preciso saber onde você esteve por toda a noite passada. Você tem provas de onde você esteve?"

"Meus pais," ele disse. "Eu não deixei a casa na noite passada. E pela maior parte da noite, eu estava online, procurando por empregos. Enviei alguns e-mails e preenchi alguns formulários. Um deles foi bem perto da meia noite, eu acho. Fique a vontade para verificar meu computador por todas essas provas."

Ela assentiu, não querendo contar a ele que, provavelmente, já havia alguém olhando pelos conteúdos do seu computador nesse momento.

"Obrigada," disse Mackenzie. "Eu acho que isso é tudo por hora, Chris."

Ela se levantou para sair, mas ele a parou rapidamente. "Agente White? Posso lhe perguntar algo?"

"Claro."

Chris pareceu escolher suas palavras com muito cuidado antes de falar. Ele nem poderia encontrar os olhos dela enquanto fazia a pergunta, encarando suas mãos que estavam apertadas em seu colo.

"Se ele fez essas coisas comigo-sexo e abuso, eu digo-você acha que eu sou o único? Se há outros caras lá fora que ele perturbou, eu odeio pensar no que eles possam estar sentindo. Sabe? Houve momentos que eu só queria me matar."

Um homem da idade de Woodall, com uma grande congregação, que ameaçou e abusou de um garoto por medo de ter um caso homossexual exposto, pensou Mackenzie. Esse é um ponto muito bom. As chances de Chris ser o primeiro são de pequenas a nulas.

"Eu não sei," disse Mackenzie. "Mas essa é uma das coisas que eu preciso olhar para ter certeza."

Ao deixar a sala de interrogatório, alguma coisa que Chris disse de passagem veio a ela. Era quase um comentário vazio, um que a maioria das pessoas teria apenas passado por cima. Mas quando ela saiu da sala de interrogatório, pareceu bem importante agora. Ela o havia perguntado se ele já frequentou a Sagrado Coração ou a Pedra Angular Presbiteriana.

Não, ele disse. E então, ele continuou dizendo: Meus pais eram muito inflexíveis sobre isso. Eles gostavam de lá, porque não tinha denominação. Minha mãe foi criada como católica e arrepende-se de cada minuto disso.

Tem que haver uma ligação entre os três homens que foram mortos. Em algum lugar, tem que haver algum tipo de conexão. Ela já ouviu falar de antigos católicos ou pessoas transicionando de Batista para Luterana e por aí vai. Ela também sabia que pode ser um choque de cultura para alguém de criação presbiteriana começar a atender a igreja Católica.

Mas acontece, tenho certeza, ela pensou. E, embora possa levar uma eternidade para tentar encontrar uma pessoa que frequenta a Palavra Viva que também ia a Sagrado Coração ou a Pedra Angular, pode não ser tão difícil encontrar alguém que trabalho lá que possa dar uma visão de dentro.

Ela sabia onde ela precisava ir em seguida. E mesmo que ela sentisse que a manhã estivesse em algum tipo de volta infinita, ela continuou. Ela se despediu de Yardley e se apressou para o estacionamento, se dirigindo para fazer outra visita a Eric Crouse.


CAPÍTULO DOZE

 

Compreensivelmente, a esposa de Eric Crouse não estava feliz em ver Mackenzie novamente. Afinal, da última vez que Mackenzie a visitou seu marido havia sido reduzido a um monte de soluços. Ela nem se importou em dizer qualquer coisa para Mackenzie quando atendeu a porta. Ela simplesmente saiu depois de dar uma carranca para Mackenzie, deixando a porta aberta para trás. Não sendo formalmente convidada a entrar, Mackenzie permaneceu ali no portal da porta.

Alguns momentos depois, Eric veio até porta. Ele parecia muito melhor do que mais cedo nessa manhã; ele estava mais composto e parecia ter tido uma boa parcela de lamúria nas horas passadas.

"Agente White," ele disse saindo para o alpendre e fechando a porta atrás de si. Aparentemente, ela não seria convidada a entrar dessa vez.

"Desculpe-me por incomodar lhe novamente, mas ao falar com Chris Marsh, um pensamento me ocorreu. E eu estou esperando que você talvez possa me apontar na direção correta."

"Certamente eu posso tentar," ele disse. "Como vai Chris, por falar nisso?"

Ele elegeu não dizê-lo a respeito de como Chris havia tentado atacá-la, possivelmente lidando com algum tipo de problema mental não resolvido do estresse e trauma dos seus últimos meses. Pelo contrário, ela acordou uma meia verdade. "Ele vai vem," ela disse. "Obviamente, ele está lidando com muita coisa, mas ele foi capaz de ajudar tão bem quanto podia. Mas me ocorreu que minha melhor aposta para tentar encontrar algum tipo de pista sólida vai ser encontrar uma conexão entre as igrejas ou entre os próprios líderes. Você sendo um ex-presbítero na Palavra Viva, pensei que talvez pudesse ajudar a respeito."

Com os braços cruzados, Eric assentiu. "Bem, algumas coisas vêm a minha mente. Primeiro, há eventos ou conferências aqui em DC regularmente. Elas também acontecem na no norte da Virgínia e partes de Maryland. É desses eventos onde oradores se reúnem para dar palestras sobre liderança e meio que afiar a palavra de Deus. Eu sei de fato que o Pastor Woodall e o Padre Costas participaram de alguma dessas juntos. Eles não eram amigos ou algo do tipo, mas eles era civilizados quando próximos. Houve discussões teológicas entre eles, mas sempre foram muito respeitosos."

"E o Reverendo Tuttle?" perguntou Mackenzie.

Eric deu de ombros. "Eu não o conheço bem. E correndo o risco de soar como um homem ranhoso e mimado, você tem que se lembrar que a Pedra Angular Presbiteriana é relativamente pequena. Reverendo Tuttle normalmente não estava em circuitos como esses-conferências e coisas dessa natureza."

"Você disse que algumas coisas vêm a sua mente," disse Mackenzie. "Quais são as outras?"

"Bem, eu estou apenas pensando sobre um homem que costumava servir na Palavra Viva. Ele ainda pode estar frequentando lá... eu honestamente não sei. Ele servia no Centro de Recepção e ajudava com os ministérios das crianças. Eu não me lembro do seu último nome, mas o primeiro é Greg. Ele está vindo a minha mente, porque eu sei de fato que ele veio para a Palavra Viva após deixar a Pedra Angular Presbiteriana. Eu conversei de passagem com ele algumas vezes nas manhãs de Domingo. Parte da história dele é como as pessoas na Pedra Angular descobriram sobre o passado dele e meio que viraram as costas para ele. Eles nunca realmente o pediram para se retirar, mas estava claro para ele que era o que eles queriam."

"Que tipo de passado?"

"Não estou certo. Ele era um pouco vago sobre isso. Novamente, foram apenas rápidas discussões de passagem na loucura das manhãs de Domingo em uma igreja bastante grande."

"Quando você diz que ele serviu, o que você quer dizer?"

"Bem, ele não era um empregado da igreja ou algo do tipo. Na Palavra Viva, há ministérios praticamente para tudo. E pessoas dentro da igreja se voluntariam para ajudar nesses ministérios. Greg era um deles."

"E mesmo com um passado que ele mesmo admitia ser nebuloso, ele era apto para servir?"

"Sim. Na Palavra Viva eles são bem sinceros sobre não julgar as pessoas baseando-se no passado delas-apenas nas pessoas que elas podem ser no futuro com a ajuda e o amor de Cristo. Contudo, para o ministério das crianças, ele teria que passar por uma verificação de antecedentes. Então, se isso saiu limpo, elimina um monte de atividades criminosas no seu passado."

"E havia algum desacordo entre ele e o Pastor Woodall?"

"Na verdade não," disse Eric. "Eu me lembro de uma vez depois de um sermão sobre perdão e reconciliação que Greg me puxou para o lado depois do culto e fez perguntas sobre a mensagem. Algumas coisas que o Pastor Woodall disse haviam afetado Greg da forma errada. Mas eu não acho que havia alguma coisa de mal nisso. Apenas... algumas vezes a palavra de Deus pode nos cortar, sabe? Mas, novamente eu repito, eu não conhecia o cara muito bem. Mas eu sei que ele tem uma conexão sólida com a Pedra Angular Presbiteriana e ele me contou que ele saiu de lá porque ele sentia que estava sendo julgado pelo seu passado."

"E você não se lembra do nome completo dele?"

"Não, sinto muito," ele disse, tirando seu celular do bolso da calça. "Mas se você me der um segundo, provavelmente posso conseguir para você."

Ele começou a digitar uma mensagem de texto e, enquanto ele o fazia, Mackenzie tirou um momento para tentar encaixar as peças que Eric acabou de lhe dar no quebra cabeças bagunçado que ela havia espalhado na cabeça. Seria a primeira conexão verificável entre uma pessoa que tinha história com ambas a Palavra Viva e a Pedra Angular. Se, por alguma estranha coincidência, essa pessoa também fosse familiar com a Sagrado Coração, poderia haver ouro aí.

Essas chances eram baixas, porém, ela disse a si mesma. E um cara com um passado marcado que fez uma troca de igrejas porque as mensagens e atitudes estavam deixando-o desconfortável não era tão incomum. Isso certamente não faz dele um suspeito. Mas isso faz dele um recurso em potencial para saber como as duas igrejas podem estar possivelmente ligadas.

O som de Eric recebendo uma mensagem de texto quebrou a sua concentração.

"Cara, as pessoas estão uma pilha essa manhã," disse Eric. "Acho que as tensões estão altas pelo que aconteceu com o Pastor Woodall. De qualquer maneira, eu contatei um cara que é um dos líderes do ministério das crianças. Ele disse que o nome do cara é Greg Yoder. E ele não frequenta mais a Palavra Viva."

"Greg Yoder," disse Mackenzie, dedicando memória para isso antes que ela o digitasse em uma mensagem de texto requisitando mais informações da sede. "Muito obrigada, Sr. Crouse."

Ela se apressou de volta para seu carro, lembrando-se novamente do quão acostumada ela havia ficado em ter Ellington ao lado dela. Sem ele lá para soltar as piadinhas espertas ou comentários de flerte, a manhã parecia estar se movendo devagar.

Quando ela enviou a solicitação para as informações de contato de Greg Yoder, eram apenas 11:40. Mas o dia já parecia ter se esticado para sempre-e também que não tinha intenção em acelerar em breve.

Isso mudou levemente, contudo, quando ela recebeu uma ligação de Harrison cinco minutos depois.

"Mac, eu acho que podemos ter algo aí," ele disse. "Acontece que Greg Yoder tem uma história que é extremamente relevante para seu caso. Quando criança, ele comparecia à Sagrado Coração. Mais que isso, ele foi um dos adolescentes que foi a frente com alegações de abuso."

"Na Sagrado Coração? Tem certeza?"

"Estou olhando para os relatórios da polícia bem aqui no meu notebook," ele disse. "O caso foi largado posteriormente sem qualquer motivo real estabelecido, mas sim... Greg Yoder acusou um padre na Sagrado Coração de assédio sexual quanto tinha dezesseis anos."

"Acho que você está certo, Harrison. Nós podemos ter alguma coisa afinal. Yoder também tem ligações com ambas Pedra Angular e Palavra Viva."

"Você precisa que eu ou Yardley encontre com você?"

"Não, acho que estou bem. Um homem com uma história de abuso de alguém que ele tinha como autoritário-ele não vai aceitar ser pressionado tranquilamente. Você se importa em me enviar o endereço?"

"Absolutamente. Boa sorte."

Com isso, ela terminou a ligação e esperou pela mensagem de Harrison. Ela sentiu uma ansiedade familiar rastejando por ela enquanto ela esperava.

Talvez o dia de hoje comece a acelerar afinal.


CAPÍTULO TREZE

 

A manhã havia crepitado até o ponto onde a maioria das pessoas da cidade estava, no trabalho. Isso incluía Greg Yoder, que trabalhava como gerente em um agência do FedEx no centro. Mackenzie encostou o carro em frente ao edifício, situado no centro de um pequeno shopping e conferiu a informação que Harrison a enviou mais uma vez. Yoder tinha vinte e sete anos e atualmente matriculado em uma faculdade comunitária local. Não tinha registros criminais, seu nome só aparece nos relatórios da polícia pelo escândalo de abuso sexual abafado de onze anos atrás.

Quando Mackenzie entrou no FedEx, havia várias pessoas por lá, algumas em frente ao balcão enquanto outras olhavam ao redor para os envelopes e artigos de papelaria. Correria do almoço, Mackenzie assumiu enquanto caminhava para frente em direção ao balcão.

Quando chegou lá, viu três empregados atrás. Um deles estava trabalhando em um projeto em uma grande impressora à direita. Ele um homem alto e de aparência jovem. Quando ele virou ligeiramente na direção de Mackenzie, ela pode ler seu crachá: Greg.

Mackenzie se aproximou do balcão, recebendo olhares irritados daqueles esperando na fila. A jovem moça atrás do balcão lhe encarou de maneira similar, olhando para Mackenzie e então para o fim da fila.

"Sim, eu sei," disse Mackenzie. "Mas eu estou aqui para falar com o gerente."

"Ele está ocupado no momento," disse a garota.

"Eu posso ver isso," disse Mackenzie, indicando para Greg com a cabeça, ainda na impressora. "Mas eu lhe asseguro que isso é urgente."

Ela estava fazendo tudo que podia para não tirar o distintivo e fazer uma cena. Mas se tivesse que fazê-lo, ela o faria. Felizmente, alguma coisa em seu olhar deve ter inquietado a jovem moça atrás do balcão, porque ela deixou o lugar na registradora e foi lá trás até a impressora. Lá, ela sussurrou alguma coisa no ouvido de Greg. Greg olhou em direção a Mackenzie, deu um olhar confuso e então deixou a impressora.

"Posso ajudá-la?" ele perguntou rapidamente enquanto se aproximava do balcão.

Mackenzie esperou pela garota tomar seu lugar na registradora de volta antes de responder, "Eu sou a Agente White do FBI e eu preciso falar com você."

Greg deu um olhar que indicava que ele claramente não acreditava nela. Mackenzie se inclinou para mais perto dele e olhou-o nos olhos. "Eu posso tirar meu distintivo para mostrá-lo, mas eu presumi que você não gostaria que seu colegas de trabalho e clientes vissem. Você que manda."

"Há um escritório nos fundos," ele disse bem rapidamente.

"Obrigada. Eu não vou usar muito do seu tempo."

Greg estava claramente ameaçado quando caminhou até a garota no caixa. "Eu sei que está cheio," ele disse, "mas eu preciso que você me cubra por alguns minutos."

Mais irritada que nunca, a garota assentiu. Greg abriu uma porta da altura da cintura no balcão para permitir a passagem de Mackenzie. Ele a levou por uma fileira de copiadoras e impressoras para um pequeno corredor escondido do resto da loja. O escritório para o qual ele a levou era, de fato, pequeno e cheirava como se alguém tivesse esquentado o almoço no micro-ondas.

Mackenzie fechou a porta ao passar. Havia uma única mesa e apenas uma cadeira que nenhum dos dois usou.

"Você parece nervoso, Greg," ela disse.

"Eu meio que estava esperando alguém vir falar comigo. Mas eu imaginei apenas a polícia. Não o FBI."

"Por que a polícia viria falar com você?"

"Bem, o Padre Costas foi assassinado, certo? Da última vez que eu verifiquei, o assassino ainda não foi encontrado. Eu percebi que com minha queixa aberta contra ele quando adolescente, eu eventualmente seria tirado para questionamento."

"Como você se sentiu quando soube que ele estava morto?"

"Honestamente... meu primeiro pensamento foi que o carma é uma vadia. Se você quer saber se eu fiquei triste sobre isso, eu não vou mentir. Aquele velho miserável recebeu o que ele merecia. Eu sei que soa duro e muito não-cristão, mas..."

"Você tem algum álibi para a noite que ele foi morto?"

"Eu passo a maioria das noites no apartamento da minha namorada," ele disse. "Ela pode atestar por mim. Se não estou lá, estou na biblioteca."

"Você está indo à faculdade comunitária, certo?"

"Sim. Iniciando tardiamente, eu acho. Mas depois de eu ter feito todas aquelas alegações contra o Padre Costas, minha meio que foi por morro abaixo. Aquela maldita história levou minha vida toda. Eu apliquei para universidades e tinha ótimas notas. Mas ninguém me aceitaria. A história sobre minhas alegações nunca chegou aos noticiários nacionais ou nada, mas eu acho que ficou ao redor o suficiente para estragar minha vida por alguns anos."

"Diga-me, Greg... você ouviu falar sobre algum outro assassinato nos últimos dias?"

Ele balançou a cabeça. "Eu realmente não vejo noticiários. Eu só descobri sobre Costas com minha mãe me ligando para contar."

"Bem, houve mais dois e foram ambos os líderes de igrejas. Igrejas que eu acredito que você tenha frequentado e tido algum tipo de problema."

"O quê?" perguntou Greg genuinamente chocado. As palavras saíram um pouco mais que uma rajada de ar.

"O Reverendo Tuttle da Pedra Angular Presbiteriana e, logo na noite passada, o Pastor Robert Woodall da Palavra Viva."

"Oh, meu Deus," disse Greg, uma mão tremente subindo até sua boca.

"Você compareceu à essas igrejas, correto? Eu sei de boas fontes que você até mesmo serviu em uma equipe de boas vindas e ocasionalmente no ministério das crianças na Palavra Viva."

"Correto," disse Greg. "Eu... hum, eu deixei a Pedra Angular, porque eles eram muito presos no meu passado. Eles aparentemente não acreditavam que alguém possa escapar do passado. A congregação ali... eles simplesmente não queria qualquer coisa comigo. Então eu saí e comecei a frequentar a Palavra Viva."

"Mas você teve problemas lá também, certo?" perguntou Mackenzie.

"Não, nada como o que eu passei na Pedra Angular. Eu estava apenas... eu não sei. As mensagens eram um pouco liberais demais para mim. Não me levou tempo algum para descobrir que eles estavam muito receptivos comigo e com o meu passado, mas havia outras coisas que eles acreditavam que eu tive problemas. A mensagem às vezes me deixava muito desconfortável."

"Alguma vez você já teve conversa direta com o Pastor Woodall?"

"Uma vez. Eu fui até ele depois do culto e pedi-lhe para falar com mais detalhes sobre a graça que Deus estende a todos nós."

"Isso levou a uma discussão?"

"De forma alguma."

Mackenzie ponderou suas opções. Ela iria, claramente, verificar os álibis dele para as noites e manhãs dos assassinados. Mas suas entranhas já a diziam que Greg Yoder não era um assassino. Ele era apenas um homem sem sorte que era perseguido por um passado do qual ele nunca iria escapar.

"Deixe-me perguntar uma última coisa," disse Mackenzie. "Todos aqueles anos atrás, quando as coisas com o Padre Costas decorreram... foi uma coisa mutual?"

Greg olhou para ele como se ela acabasse de ter lhe dado um tapa. Mas quando ele não viu julgamento no rosto dela, ele suspirou e limpou uma lágrima dispersa.

"Na primeira vez que ele tentou alguma coisa, foi mutual. Ele era muito cortês e eu estava naquela idade na qual eu era apenas curioso, sabe? Mas depois de alguns segundos... eu disse que não. Mas ele não gostou disso. Ninguém nunca havia lhe dito não, aparentemente. Eu me recordo de ele até dizer uma vez, 'Você quer saber o que acontece com garotos que me dizem não?' Estava distorcido."

"E quantas vezes ele abusou de você?"

"Duas. A primeira vez foi breve, porque eu corri de lá. Mas a segunda vez... eu percebi que estava tudo bem. Só acabe com isso, sabe? Mas então, eu encontrei outra criança que estava passando pela mesma coisa e... bem, nós decidimos ir a público. Se isso aconteceu conosco, com certeza estava acontecendo com outros, sabe?"

Mackenzie assentiu. Ela estava sentindo outra pista escapar, mas ao mesmo tempo, outras avenidas nesse caso estavam começando a se abrir.

Alegação de abuso pelo Costas na Sagrado Coração. Alegação de abuso pelo Woodall na Palavra Viva. Isso significa motivo para alguém e muito mais que uma conexão básica.

"Eu aprecio o seu tempo, Greg," ela disse.

"Claro. E com Woodall e Tuttle... eles foram mortos da mesma maneira?"

"Sim, foram. Então, se você pensar em alguém que possa ter sido capaz de executar tal ato ou mesmo que teria alguma razão para isso, por favor, me comunique. Especialmente alguém que você saiba que possa ter sido abusado por esses homens. E sobre o outro jovem rapaz que se apresentou com você?"

Greg franziu o cenho. "A família dele se mudou para a Flórida depois que tudo se sucedeu. Eu recebi uma ligação da irmã dele cerca de um ano depois. Ele se enforcou no quarto."

Mackenzie estava quase esperando tal notícia, mas ainda a chocou. Ela também deu seu melhor para enxergar isso como mais que uma oportunidade perdida para outra pista, mas como uma trágica perda de uma vida humana nas mãos de abuso deplorável.

Ela entregou um de seus cartões de visita para Greg e abriu a porta do escritório. "Obrigado novamente pelo seu tempo. E, por favor, me informa se você pensar em alguém mais que possa ser capaz de ajudar."

Greg apenas assentiu enquanto colocava o cartão dela no bolso. Ao deixá-lo no escritório, ocorreu a Mackenzie que com cada pessoa que ela interrogou sobre o caso, ela estava arrancando cascas de ferida que haviam levado tempo para se formar. E, embora ela percebesse que questionar essas pessoas era essencial para desvendar o caso, não a fazia se sentir melhor.

Também a deixava determinada a pegar esse desgraçado o quanto antes, para que ela pudesse parar de fazer as pessoas sofrerem ao dragar passados que eles estavam tentando esquecer.

Com isso, ela percebeu que precisava começar do início. Ela pensou no Padre Costas e na fachada ornamentada da Sagrado Coração.

Abuso de onze anos atrás e ele ainda era uma figura proeminente dentro da igreja, ela pensou. Pelo que eu posso deduzir, isso significar que há uma cobertura em algum lugar.

E essa era uma cicatriz que ela não se importava nem um pouco em revelar.


CAPÍTULO QUATORZE

 

Era muito mais difícil marcar uma reunião no escritório do cardeal do que Mackenzie pensou. No fim, ela teve que usar a influência do FBI. Ela sabia que fazendo assim, não havia como que eles a negassem-especialmente com o assassinato de Costas ainda na primeira página da mente do público. Ela sabia que era pedir pela lua conseguir uma reunião com o cardeal tão de última hora, mas ela conseguiu arrumar um caminho até um encontro à tarde com um dos bispos auxiliares.

Eu uma virada bem irônica do destino, o bispo auxiliar com o qual ela se encontraria, um homem com o nome de Barry Whitter, estava agendado para proferir algumas palavras de encorajamento e adoração em face da morte do Padre Costas na Sagrado Coração naquela tarde. Sua secretária deu quinze minutos do seu tempo para Mackenzie, antes que ele se encontrasse com um padre interino na igreja.

Pareceu estranho para Mackenzie subir as escadas para a Sagrado Coração. Quando ela abriu as portas e entrou, ela sentiu que entrava em um tumba. O lugar estava silencioso e um sentimento de luto quase preenchia o ar.

Ela caminhou até o santuário, pelo corredor entre as fileiras de bancos maravilhosos. Em frente ao santuário, o Bispo Auxiliar Whitter estava sentado no primeiro banco, como haviam agendado. Ele se pôs de pé para saudá-la e Mackenzie pode dizer logo de cara que o sorriso em seu rosto era extremamente falso. Cada passo e movimento pareciam fazer um barulho massivo na ampla, quiete e belamente decorada igreja.

Ele não tem certeza sobre as minhas intenções, ela pensou. Era uma expressão que ela havia visto centenas de vezes. Mas para um homem da sua estatura e com os seus horários, ele provavelmente se sentiu um pouco desrespeitado. Dadas as duas histórias de abuso nas mãos da igreja que ela ouvira hoje, Mackenzie realmente não se importava.

Ainda, ela tinha um papel para atuar se quisesse a cooperação de Whitter. Ele retribuiu o sorriso falso e estendeu a mão para um aperto. "Muito obrigada pelo seu tempo," ela disse tomando um lugar no banco. "Eu sei que você é ocupado, então vou fazer isso rapidamente."

"Se eu puder ajudar quem está matando esses homens de Deus, eu considero meu tempo bem gasto," disse Whitter.

"Bem, encontrar ligações entre todos os três líderes vem sendo ardiloso," ela disse. "Eu consegui encontrar algumas conexões que deram em nada. Mas a última pessoa com a qual conversei tinha uma história com todas as três igrejas. Infelizmente, ela também não foi capaz de iluminar um suspeito. Mas trouxe uma questão interessante-algo que eu acredito que possa ser capaz de revelar um motivo ou mesmo rastros para achar o assassino."

"E qual é a questão?" perguntou Whitter.

"É uma questão a qual chegou enquanto conversava com um rapaz de vinte e sete anos chamado Greg Yoder," ela disse. "Esse nome lhe diz algo?"

O olhar em sua face disse a ela que o nove absolutamente significava algo para ele. Whitter parecia que havia acaba de farejar algo particularmente estragado.

"Eu não vejo o que esse jovem rapaz tem a ver com isso," cuspiu Whitter. "A não ser que ele seja um suspeito dos assassinatos."

"Longe disso," ela disse. "A questão que eu tinha para você é como padres com uma má reputação são permitidos a assumir tal posição de autoridade. Isso é... após as alegações de Yoder onze anos atrás, como o Costas permaneceu em tal posição?"

"Por as alegações são apenas isso. Alegações!"

"Sim, senhor... eu entendo isso. Mas com todo o respeito, tais alegações não são exatamente raras na Igreja Católica. Também eu sei que o caso foi largado no tribunal e eu vou assumir que havia algum dinheiro ou influência de algum tipo passando por portas fechadas."

"Agente White, se é por isso que você me chamou aqui-para repreender e insultar a minha fé-"

"Longe disso, senhor. Eu não tenho a intenção de desrespeitar ou insultar. Eu estou literalmente apenas mostrando os fatos. Fatos que eu espero que você possa esclarecer. Minha esperança é que ao chegar no fundo das queixas de abuso, eu serei capaz de estabelecer uma abordagem mais direta para encontrar o assassino."

"Então, deixe-me ter certeza de que eu a entendi corretamente," disse Whitter. "Você está perguntando se houve algum tipo de encobrimento? Que talvez o Padre Costas cometeu aqueles atos hediondos e que a Igreja está, de alguma forma, acobertando isso para salvar sua reputação?"

"Exatamente correto," ela disse.

"Então, com todo o respeito, eu vou pedi-la para se retirar. Evidente, não é a minha igreja, mas eu acredito que eu mantenho mais influência aqui do que você."

"Bispo Whitter, certamente você pode ver que me mandar embora de tal maneira só faz a situação parecer pior."

Ele se levantou, insinuando que queria que ela fizesse o mesmo. Ele aparentava estar com dor enquanto escolhia suas próximas palavras com cuidado. "E, certamente, você pode ver que quaisquer tentativas em fazer a Igreja ou sua congregação parecerem ruins afetariam a sua carreira. Nós conhecemos políticos muito bem. Provavelmente alguns dos seus superiores também."

"Isso soa como uma ameaça superficial," disse Mackenzie.

"Chame como você quiser."

"Acabei de fazê-lo. Foi uma ameaça. Que mostra que você está sendo defensivo. A questão, claramente, é por quê?"

"Você pode montar o quadro da maneira que desejar," disse Whitter. "Mas ao comprar as alegações de dois garotos adolescentes feridos, você faz a igreja sair como o cara mau."

Mackenzie sorriu tolamente para ele enquanto ficava de pé. "Bem, uma correção aí, senhor. Há apenas um daqueles garotos restando. O segundo se matou em menos de um ano depois do alegado abuso."

Mackenzie se virou e saiu. Pelo ombro, ela chamou: "Se sua fé finalmente o levar a se abrir sobre esses assuntos e me ajudar na minha investigação, eu espero que você ligue para o FBI logo em seguida."

A sua voz ecoou pela igreja vazia de uma forma que fez a reverberação final soar como um fantasma. Ela esperava muito que fosse um fantasma que assombraria Whitter-possivelmente o assustando para abrir a boca e contar a verdade.


CAPÍTULO QUINZE

 

Mackenzie retornou para casa um pouco mais cedo que de costume. Sem qualquer pistas adicionais e a perícia finalizando as coisas na sede, havia nada que ela pudesse fazer além de mergulhar fundo nos arquivos sobre os assassinatos que haviam acumulado nos últimos dias. Ela tendia a se concentrar melhor em casa, sem estar distraída pela pressa geral dos escritórios e cubículos o trabalho.

Além disso... sua sala de estar-dela e de Ellington-era muito mais condutiva a estudar que seu cubículo encaixotado no trabalho.

Ela estava escaneando pelo telefone enquanto se sentou no sofá e tirou os sapatos com os pés. Ela ficou animada quando viu que um e-mail do departamento de perícia havia chegado, mas então franziu a testa quando viu a breve mensagem no corpo do e-mail: Nada substancial. Desculpe. Mesmo assim, aqui estão as fichas de dados.

Ela gastou os próximos cinco minutos enfiando alguns restos no micro-ondas e ligando o notebook. Ela conectou o notebook na impressora e imprimiu as fichas de dados da perícia. Enquanto os documentos eram impressos e ela começava a comer o jantar, ela vislumbrou ao redor do apartamento, sorrindo com a presença das suas coisas salpicadas aqui e ali. Ela sabia que demoraria um tempo para o lugar realmente parecer deles ao invés dele, mas ela estava animada em fazer isso acontecer.

Com os arquivos da perícia impressor, Mackenzie os acrescentou a sua pilha crescente. Ela comeu ziti requentado e deu um gole em uma cerveja enquanto lia sobre cada assassinato. Ela olhou o material da perícia, esperando encontrar algum indício sobre que tipo de instrumento pesado havia sido usado para pregar as vítimas às portas, mas encontrou nada substancial. A cena de Tuttle realmente expôs fibras de cabelo enganosas que acabaram por ser cabelo da esposa dele, um pedaço avulso que havia, de alguma maneira, se agarrado ao cabelo do próprio Tuttle.

Ela chegou até um pouco mais da metade dos arquivos quando o telefone dela tocou. Ela viu o nome e rosto de Ellington no visor, respondendo logo em seguida.

"Você não deveria estar em um avião nesse momento?" ela perguntou.

"Esse era o plano, sim. Mas houve outra pista. E antes que você se anime demais, o caso parece estar indo mais e mais longe do seu pai. Há algo acontecendo aqui com certeza, mas não sei o que."

"O que está acontecendo?" ela perguntou.

"Parecia somente um andarilho morte à primeira vista," ele disse. "Mas então, outro apareceu, morto da mesma maneira. Quando o terceiro apareceu no período de cinco dias, foi quando McGrath me enviou. Seu amigo Kirk Peterson parece pensar que a instância dos corpos e os tiros na cabeça evidentes sugerem um tipo de assassinato ritualístico que ecoa com a maneira que seu pai e a vítima mais recente com os cartões da Barker Antiguidades foram mortos. Mas até mesmo ele diz que é uma vaga teoria."

"Então, onde isso te coloca?" ela perguntou.

"Eu vou trabalhar com Peterson e com o departamento de polícia local por aqui para rastrear esse último morto. Se não houver nada no fim disso, então eu estarei de volta em casa."

"OK," ela disse. "Tenha cuidado. Enquanto isso, eu vou apenas andar nua pelo apartamento. E dormir completamente sozinha. Nua."

Ele suspirou do outro lado da linha. "Você é má."

"Eu já fui chamada de pior," ela disse. "Vai. Vá trabalhar."

Ela terminou a ligação com um sorriso no rosto. Embora ela ainda se sentisse rejeitada por não ter sido requisitada para ir ao Nebraska, ela sabia que era a decisão que fazia sentido. Esse era o porquê de ser tão fácil para ela voltar a atenção para os arquivos do caso dela.

Ela se viu voltando para o arquivo do Pastor Woodall, principalmente porque era o mais recente. Ela ainda podia ver a cena de manhã cedo na igreja Palavra Viva, os empregados já em luto amontoados atrás da faixa de cena criminal. Ele ainda podia ver Dave Wylerman claramente, o chefe do departamento de música, lutando para conter um surto de emoção sob controle enquanto ela falava com ele.

Ao trazer Wylerman a mente, uma pequena pepita da conversa deles pareceu rolar como uma bola de gude por uma calha e tomar o palco central em seu cérebro.

"Ele acaba de voltar de um retiro há alguns dias... sua pequena fuga, que ele faz duas vezes ao ano. É uma ilhazinha bem calma na costa da Flórida."

Ela considerou isso por um momento e então abriu o Google. Ela tentou uma variedade de termos, procurando por alguma coisa que possa revelar um pouco mais de informação. Depois de apenas alguns minutos, sob os termos de busca pastor retiro ilha Flórida, ela encontrou o que estava procurando.

Ela descobriu que havia uma pequena ilha apenas a três quilômetros ao sul de outra ilha da Flórida, Cayo Costa, que ela nunca ouvira falar antes. Essa ilha foi chamada de Kepper's Cay e pelo que ela podia dizer, era propriedade particular de um padre apostando que agora vivia na África do Sul. A ilha, localizada na costa leste da Flórida, tinha apenas três quilômetros de comprimento e menos de um quilômetro e meio de largura. Continha uma dúzia de bangalôs que eram alugados rotineiramente para líderes religiosos, especificamente para retiros e conferências.

Ainda lendo algumas das informações, Mackenzie pegou o celular. Ela não tinha o número de Dave Wylerman, então ela escolheu enviar uma mensagem para Eric Crouse. Ela enviou uma curta mensagem na qual se lia: Dave Wylerman disse que Woodall acabou de voltar de um pequeno retiro/férias em uma ilha na FL. Pode ter sido Kepper's Cay?

Enquanto esperava pela resposta, navegou pela página de Fale Conosco no pequeno e vago site da Kepper's Cay. Ela salvou o número no celular e enquanto estava digitando-o, recebeu uma resposta do seu texto para Wylerman.

Aham. Duas vezes no ano. Bem certo de que há alguns renomados pastores, padres etc. que vão lá. Espero que ajude!

Acho que pode ter ajudado, pensou Mackenzie.

Ela ligou para o número que acabara de salvar no celular. Como ela esperava, devido ao horário (estava ficando perto de seis da tarde), ninguém respondeu o telefone. Contudo, uma mensagem gravada deu a ela outro número para ligar em caso de emergências. Ela anotou o número rapidamente e ligou imediatamente.

Foi respondido no terceiro toque por um homem com uma voz aguda e animada. "Alô?"

"Sim, eu preciso falar com alguém a respeito da política de obter informações sobre pessoas se hospedando na Kepper's Cay."

"Hum... você está na ilha atualmente?"

"Não."

"Desculpe-me, mas essa é uma linha apenas para emergências e-"

"Meu nome é Mackenzie White e eu sou uma agente especial do FBI," ela disse. "Estou ligando, porque um homem que ficou aí há uma semana foi assassinado na noite passada."

"Oh, meu Deus," disse o homem, a alegria agora havia saído da sua voz. "Nesse caso, com o que posso ajudá-la?"

"Eu gostaria de uma lista dos nomes das pessoas que ficaram aí no último ano," disse Mackenzie. "Isso seria possível?"

"Eu posso fazer acontecer," ele disse, "mas é um pouco rudimentar."

"Eu entendo," ela disse. Ela deu seu número de distintivo ao homem, assim como o nome e informações de contato para McGrath. Quando ela acabou com isso, adicionou: "Fique à vontade para verificar o que quiser, mas o tempo é essencial aqui."

"Bem, pode levar várias horas antes que eu consiga te dar uma lista dessas."

"OK, bem, me diga isso-em que função você trabalha na ilha?"

"Gerente Geral de Operações e Manutenção," ele disse.

"OK. Ao invés de uma lista, e quanto a alguns nomes? Se eu lhe der alguns nomes, você acho que se lembraria deles... se estiveram ou não na Kepper's Cay recentemente?"

"Ah, sim," ele disse. "Eu faço questão de estabelecer relações com todos que ficam aqui."

"Bom. Sobre o Padre Henry Costas, um padre de DC?"

"Sim. O Padre Costas esteve aqui... hum, eu acho que provavelmente há cinco meses. Estou bem certo de que ele ficou por uma semana."

"Mais um, se você não se importa," disse Mackenzie. "E quanto ao Reverendo Ned Tuttle?"

"Sim, de fato," disse o homem. "Ele esteve aqui com algum tipo de grupo de líderes para uma conferência que tivemos em março. Eu me lembro dele claramente, porque ele ajudou alguns dos meus empregados com um problema de encanamento em um dos bangalôs."

Essa é uma pista bem sólida, ela pensou. Todos os três homens estiveram naquela ilha. Por quê? E o que exatamente acontece lá?

"E sobre os padres aposentados que é proprietário da ilha? Você poderia me fornecer o nome dele?"

"É o Padre Mitchell," disse o homem.

"Ele é um homem fácil para se conseguir contatar pelo telefone?" ela perguntou.

"Não. Contudo, seu tempo é perfeito. Atualmente ele está na ilha. Se você precisa falar com ele, eu posso tentar arrumar isso."

"Seria de grande ajuda," disse Mackenzie. "Você talvez pudesse me ligar de volta nesse número quando você ajeitar isso?"

"Claro," disse o homem, embora ele soasse bem incerto-talvez até um pouco nervoso.

Mackenzie terminou a chamada, percorrendo o site da Kepper's Cay. Ela acreditava que era uma pista forte, especialmente se ela fosse capaz de conseguir algum tempo com o homem dono do lugar. Claro, ela teria que conseguir a permissão de McGrath e isso pode ser mais fácil falar do que fazer.

Mesmo assim, ela tinha que tentar. Além disso, o lugar estava praticamente gritando que tinha respostas-que havia pistas e indícios enterrados nas suas areias douradas. Mesmo McGrath não seria capaz de negar tal pista.

Ela ligou para ele e o contou sobre a sua descoberta, incluindo a converso que acabara de ter pelo telefone. Levou menos de dois minutos para convencê-lo e dentro de dez minutos ela estava agendando um voo para Flórida.


CAPÍTULO DEZESSEIS

 

Por apenas um momento, Mackenzie se sentiu como uma criança pequena. Ela estava de pé no fundo de uma balsa, o vento do oceano em seu rosto. Pequenas plumas de água escovavam o lado da balsa, mandando leves brumas em seu rosto. Ela fechou os olhos contra isso, respirando a água salgada e saboreou o ar quente em sua face. Ela inspirou e, por um punhado de segundos, estava em lugar algum.

Não havia caso. Sem pesadelos com o seu pai morto. Sem memórias odiosas do Assassino do Espantalho. Nada.

Então, é claro, ela teve que abrir os olhos. O mundo veio se chocando de volta na realidade ao reder dela enquanto a balsa a empurrava para mais perto de Kepper's Cay. A manhã veio rebocada atrás dela e havia sido uma das longas até agora.

Ela havia felizmente conseguido dormir no avião-um voo direto do JFK até o Aeroporto Internacional de Tampa. Ela chegou logo depois das oito da manhã, fornecendo-lhe tempo suficiente para tomar café da manhã no aeroporto antes de alugar um carro para dirigir um pouco mais longe pela costa.

Por um momento, ela quase se permitiu sentir que estava de férias. Ela nunca teve a oportunidade de viajar muito e, enquanto em Tampa Bay, mesmo sem ver a praia ela podia sentir o oceano no ar. Sabendo que ela teria que pegar uma pequena balsa da costa para Kepper's Cay deixou tudo mais animador.

Ela brincou com a ideia de tirar fotos do oceano e da praia enquanto entrava na balsa. Ele achou que seria um jeito legal de Ellington começar o dia-uma foto da localização atual dela enquanto ele estava dando duro no Nebraska. Mas por hora, ela pensou que manteria para si. Apesar do lugar exótico e da sensação de estar em uma mini férias, ela tinha trabalho a fazer e queria manter toda distração possível longe.

O cenário era distração mais que suficiente, afinal.

E só melhorava com a balsa chegando mais perto da ilha. Havia apenas oito pessoas na bolsa e pelo que ela sabia, ela era a única que desembarcaria na Kepper's Cay. Os outros passageiros estavam indo para outras das pequenas ilhas salpicando o oceano próximo.

Ela observou enquanto o mar se desdobrava diante dela, o sol da manhã batendo divertidamente nas ondas. À frente deles, Kepper's Cay ficou visível. Ela podia ver a ilha inteira e de uma distância de cerca de oitocentos metros, começou a parecer como o esboço de uma ilha de uma daqueles folhetos de férias de alto luxo ou de comerciais que vendiam imagens das Maldivas ou algum lugar como Bora Bora.

Quando ela desceu da balsa para única doca da ilha, o peso do seu trabalho começou a afundar. Embora apreciar a vista era perfeitamente normal, ela sabia que ela teria uma reunião potencialmente grande com um homem que normalmente era difícil de entrar em contato.

Ela buscou no Google por Padre Mitchel mais cedo naquela manhã enquanto esperava no seu portão no Aeroporto JFK. Ele nasceu em um monte de dinheiro, já que seu pai havia trabalhado para uma companhia não revelada que pavimentou o caminho para um ramo da ciência da computação que ficou enorme no início dos anos 1980. Sua mãe também nasceu com dinheiro, então quando ela morreu quando Ronald Mitchel tinha apenas onze anos, uma enorme quantia de dinheiro foi para ele, presa em uma conta de banco até que ele completasse dezoito anos. Mitchel se voltou para Deus após a morte da sua mão, se tornando intensamente envolvido em uma igreja Católica em sua cidade natal, Albany, Nova Iorque. Eventualmente, por volta dos quarenta, ele se tornou um padre. Ele serviu como padre em Nova Iorque por nove anos, então se mudou para Boston, onde ele continuou a servir como padre, mas também ficou altamente envolvido com a comunidade. Ele ganhou quase todo prêmio e honras que um padre pode ganhar, até mesmo uma audiência com o Papa em 2011.

Ele se aposentou em 2014 aos sessenta anos de idade, já que ele foi um dos membros da Igreja Católica que falava veementemente contra todos os escândalos de abuso de crianças. Ele passou a maior parte do seu tempo na África do Sul, onde ele comprou uma casa em 2008 e uma residência privada em Kepper's Cay.

Ele também era conhecidamente discreto, ficando fora dos holofotes quando se tratava de todas as coisas de natureza religiosa. A última vez que seu nome esteve nas notícias foi qual ele contribuiu com uma quantia considerável de dinheiro para a assistência após um furacão quando uma tempestade massiva atingiu a área de Miami alguns anos atrás.

Esse era o porquê de ela estar tão surpresa em vê-lo de pé no fim do píer, esperando por ela. Ele estava vestido com uma camisa polo básica e bermudas cáqui. Os pés dele estavam descalços e ele tinha um tom de pele que indicava que ele passava uma boa parte do tempo no sol. Seu cabelo era longo, pendendo por sobre os olhos, que ele escovou para trás enquanto ela se aproximava.

"Padre Mitchell," ela disse. "Muito obrigada por se encontrar comigo."

Mitchell deu de ombros e a levou para fora do píer. "Bem, parece que apenas era para ser. Eu cheguei aqui há dois dias e estou partindo em três. Você ligar e perguntar sobre esse lugar dentro dessa janela de tempo... parece mais que coincidência."

"Apesar disso, eu sei o quão ocupado você pode ser..."

Mitchell acenou um 'deixa disso'. "Eu não sou a commodity visada que as pessoas acham que eu sou," ele disse. "Agora, como posso ajudá-la? Talvez um passeio pelo lugar primeiro? Em um dia tão bonito; seria uma pena não aproveitar um pouco da praia enquanto você está aqui, você não acha?"

Que diabos, ela pensou. Ninguém precisa saber.

Com isso, ela tirou os sapatos. Ela vestia uma camisa branca de botões e um par de calças pretas-não necessariamente uma vestimenta pronta para praia, mas ainda assim não insuportavelmente desconfortável. Sem os seus sapatos e seu dedos na areia macia e quente, ela seguiu Mitchell para longe do píer e diretamente para a direita onde eles encontraram a praia. Eles andaram pelas bordas da água enquanto ela escaneava a área à frente.

A praia era prístina, a areia dourada e não manchada por lixo. Os bangalôs e construções estavam localizados fora da praia, embora alguns do bangalôs estivessem a uns cinquenta metros da água. Eram todos situados entre uma paisagem maravilhosa que era decorada para lembrar um lugar exótico de um sonho. O lugar era realmente bonito, tornando seu motivo para estar lá parecer quase abstrato de alguma forma.

"Eu assumo," disse Mitchell, "que a sua visita aqui tem alguma coisa a ver com o Padre Costas. Eu ouvi sobre a morte dele três dias atrás. Eu entendo que houve outra morte também muito recentemente. Padre Woodall, também de Washington, DC. Está correto?"

"Está certo," ela disse. "Também houve um terceiro-o reverendo de uma igreja Presbiteriana. Então, naturalmente, está sendo visto como o caso de um assassino em série. E por agora, não temos pistas, evidências e indícios reais. Eu fui trazida a Kepper's Cay, porque todas as três vítimas haviam visitado aqui por volta do último ano."

"Sim, isso foi o que Michael me disse, o homem com o qual você conversou no telefone. Eu tenho toda a papelada das três vítimas lá no escritório esperando por você."

"Padre Mitchel, quantas pessoas passam por aqui tipicamente no período de um ano?"

"Varia. Mas nós últimos três anos, tivemos a média de cerca de cem pessoas. Não incluindo outras duzentas que vem apenas para comparecer à conferências ou retiros em grupo. Claramente, nós temos registros e nomes de todos que já alugaram um bangalô aqui, mas a maioria das reservas é paga pela tesouraria de uma igreja ou por um líder da igreja."

"Então, em outras palavras, não há como selecionar facilmente quem pode ser a próxima vítima simplesmente baseado em uma lista."

"Eu suponho que isso dependa de quantos agentes você tem para verificar a lista e, então, entrar em contato com todos os nomes lá," disse Mitchell.

Ele continuou a mostrar a ilha para ela, explicando o propósito do lugar. Enquanto apontava o pequeno centro de conferências deles e a pequena capela atrás dos bangalôs, ele explicou que ele reservou a ilha apenas para líderes religiosos e os esforços deles em direção a crescer a igreja, porque ele havia se tornado muito ciente da opressão crescente contra a igreja em quase todo canto do mundo.

"É uma das razões pelas quais eu me aposentei tão cedo," ele disse. "Pessoas afastadas de Deus, ironicamente, querem culpar o povo dele quando as coisas ficam ruins. E quando todas as alegações de abuso sexual dilaceraram-se pela Igreja Católica no final dos anos noventa, eu vi o início de um fim. Por causa de toda a atenção da imprensa, eu sabia que eu não poderia mais servir a Deus apropriadamente de uma posição de padre. Então eu abri essa ilha para os homens de Deus que podem estar sentindo o mesmo desencorajamento."

"Com o tempo, a notícia se espalhou e eu também permiti algumas conferências serem realizadas aqui. Durante temporada de pico, há uma lista de espera de dois meses. Mas ainda assim, esse se tornou um lugar de descanso e restauração para os homens de Deus e para aqueles próximos a eles."

"Há uma taxa definida ou muda de acordo com quem está vindo?" perguntou Mackenzie. "Eu pergunto simplesmente porque o Padre Costas e o Pastor Woodall eram líderes de grandes igrejas que poderiam certamente pagar. Mas o Reverendo Tuttle pertencia a uma igreja menor. Eu imaginei que ele teria dificuldades para encontrar os fundos para reservar um lugar desses a não ser que houvesse algum negócio delineado com ofertas da igreja."

"Eu, obviamente, não posso comentar sobre isso," disse o Padre Mitchell. "Mas eu posso dizer a você que Tuttle realmente alugou um dos nossos bangalôs mais baratos. E nós o oferecemos um valor com desconto. Nós sabíamos que ele era de uma igreja menor, mas não discriminamos aqui. Você não tem que ser parte de uma mega igreja para aproveitar a solidão que temos a oferecer."

Ele a levou para mais distante na praia, para uma passagem de madeira que era margeada por todos os tipos de plantas e flores. A passagem se tornou uma ponte que se erguia sobre um pequeno riacho que ia para a esquerda, voltando de volta para a praia.

À frente deles, a única construção que parecia um pouco fora de lugar esperava por eles. Estava claro que esse era o escritório central. Embora ostentasse uma decoração de ilha no exterior, havia algo bem formal na estrutura da construção, assim como sua colocação distante das outras construções.

Mitchel a levou para dentro para uma sala vazia. O murmúrio de um ar condicionado enchia o lugar, mas havia nada mais acontecendo. Ele a levou por um pequeno corredor que terminava em uma sala de conferências. Lá, ele puxou uma cadeira para ela e apontou para algumas pilhas de papel no centro.

"Isso é tudo que eu tenho no que diz respeito a registros para Costas, Tuttle e Woodall," disse Mitchell. "Temo que não seja muito, mas talvez você possa encontrar algumas outras conexões."

"Isso é ótimo," disse Mackenzie legitimamente. Ela não poderia ter pedido por mais material ou cooperação.

"Eu vou deixar você com isso, então," disse Mitchell. "Enquanto isso, há algo que eu possa pegar para você?"

"Talvez apenas água?" ela perguntou.

"Já vou trazer."

Ele a deixou só e ela instantaneamente puxou as pilhas de papel para ela. Não havia muito-talvez vinte e cinco folhos de papel ao todo. A maioria folhas financeiras, mostrando onde todos eles pagaram, assim como as datas das estadias. Pela informação nas folhas, ela viu que o Padre Costas tem vindo a Kepper's Cay por mais tempo; sua primeira estadia foi em 2010 e ele fez oito visitas desde então, incluindo uma para uma conferência sobre guerra espiritual.

Tuttle esteve apenas uma vez, visitando a ilha sete meses atrás. Ele ficou por três dias e então partiu. Ela odiava parecer muito estereotípica, mas ela continuava sendo atormentada pelo fato de que o reverendo de uma igreja menor tenha sido capaz de pagar para vir a um lugar como esse. Isso a fez imaginar que tipo de problemas haviam feito Tuttle precisar de um retiro em primeiro lugar.

Mantendo esse pensamento, ela tirou o telefone e mandou uma mensagem para Harrison. Você pode cavar para ver que tipo de problemas/situações que Tuttle possa ter passado ou ter saído há cerca de 8-9 meses?

Enquanto enviava a mensagem, Mitchell entrou de volta na sala. Ele estava carregando um grande copo d'água para ela. Uma única fatia de lima ressaltava no topo. Ele a ofereceu com um sorriso.

"Obrigada," ela disse. "Ei, então, eu tenho uma pergunta para você. Uma estranha, talvez. Mas eu estava imaginando se há algum tipo de tema recorrente nas situações que trás as pessoas para cá. De que tipo de coisas elas estão buscando descanso e isolamento?"

"Você é crente?" perguntou Mitchell.

A pergunta a pegou desprevenida. Parecia ser uma pergunta que ela estava encarando bastante ultimamente. Ela suspirou e disse, "eu suponho que você poderia dizer que eu estou na categoria dos indecisos. Por que pergunta?"

"Eu acho que para entender o estresse que esses homens encaram diariamente, você precisa entender as responsabilidades nos ombros deles. Liderar pessoas para mais próximo de um Deus com o qual elas tanto desejam estar em sincronia. Servir como uma caixa de ressonância para os pecados e pensamentos mais obscuros das pessoas. E sabendo o tempo todo que são mantidos em um patamar muito alto. Pode ser exaustivo-fisicamente, mentalmente e espiritualmente."

"Você ofereceria a ilha para um líder que você soubesse que de fato está envolvido em algo errado? Algo criminoso?"

"Não. Mas, novamente, eu teria que saber com certeza. Muito raramente eu tomo a palavra dos programas de notícias ou tabloides."

Ela podia perceber que ele sabia onde ela estava indo. Sendo um ex-padre, certamente ele era mais que familiar com os casos de molestadores de crianças e de abuso sexual. Então ela deixou nisso, não querendo irritá-lo. Eles estavam na mesma página e não precisava ir nem um pouco mais fundo.

"Algo mais?" ele perguntou.

"Não, obrigado."

Mitchell, contudo, não saiu. Ele penso sobre algo por um momento e então tomou um lugar a mesa.

"Há uma ligação entre eles?" ele perguntou. "Abuso?"

"Apenas para dois deles," ela disse.

"Eu sabia que o Padre Costas fora acusado disso, mas nunca houve qualquer evidência... não suficiente para balançar minha opinião sobre ele, de qualquer maneira. Ele era um bom homem."

"Eu não estou certa sobre as alegações também," ela disse.

"Se você acredita de verdade que é uma conexão que possa ajudá-la a encontrar o assassino, eu acho que eu posso saber de um lugar que você pode começar a olhar."

Mitchell pareceu entristecido por sequer considerar esse caminho. Mas, ao mesmo tempo, Mackenzie podia dizer que ele estava perturbado por algo-talvez alguma coisa que arrastou seus espíritos para baixo mais do que ele conseguia admitir.

"Padre Mitchell?"

"Estou bem," ele disse. "É só que eu sei de fato que abuso sexual e molestação acontecem dentro da igreja. Embora a vasta maioria das alegações e acusações são falsas e inventadas apenas para buscar atenção ou dinheiro, eu sei que isso acontece. E como prova disso, tudo que você precisa ver é um dos grupos de recuperação."

"Grupos de recuperação?" perguntou Mackenzie.

"Para vítimas de abuso nas mãos da igreja. Como você pode imaginar, é um grupo cheio de vergonha insustentável, então os encontros não recebem muita propaganda ou publicidade. Meio que grupos de autoajuda, mas escondidos no canto."

"E por que você está me contando sobre isso?" ela perguntou.

"Porque há um encontro na sua vizinhança na terça-feira em Alexandria, Virginia. É um grupo que se encontra três vezes ao ano. Há mais de trinta grupos no país. Eu sempre recebo convites para eles, porque eu era muito proeminente contra a
igreja quando os escândalos de abuso vieram agitar as manchetes um tempo atrás."

"Você vai comparecer ao grupo em Alexandria?"

"Não. Eu não compareço a algo do tipo há cerca de três anos. Deus me perdoe, me destroça muito. Quase me faz perder a fé. Mas se seu assassino não for pego antes que essa reunião aconteça, eu sugeriria altamente que você desse uma olhada. É na quinta-feira à tarde às cinco horas. Ainda não sei ao certo onde, mas se você deixar seu contato comigo, eu informo a você."

"Obrigada," ela disse.

Com isso, Mitchell deixou a sala mais uma vez. Mackenzie voltou para os documentos, encontrando muito pouco para conectar os três homens. Havia evidência que ambos Costas e Woodall haviam vindo em várias ocasiões e que eles compareceram a pelo menos uma conferência cada. Mas pelo o que ela podia dizer, não havia frequentado a mesma conferência. Além disso, nenhum dos três homens esteve ao mesmo tempo na Kepper's Cay.

Quando ela atingiu a página final, Mackenzie sabia que havia nada nas folhas de papel para ligar os homens. Ainda, ela sentia que havia feito algum progresso.

Se nada mais, isso prova que os homens provavelmente não estavam ligados uns aos outros a não ser pela profissão. Também, a informação sobre a reunião para os sobreviventes de abuso sexual parecia que poderia ser um recurso potencialmente bom. Adicionalmente... eu posso visitar a praia por algumas horas.

Ela tirou algumas fotos dos documentos com o celular que mostravam as datas quando todos os três homens havia estado na ilha. Se nada mais, isso fornecia algo como uma linha do tempo e poderia vir a calhar quando Harrison retornasse para ele com aquela informação sobre Tuttle.

Quando ela estava prestes a sair para o escritório para localizar o Padre Mitchell, o celular dela tocou. Quando viu o nome e rosto de Ellington, ela sorriu. Talvez ela poderia esfregar a cara dele na pequena excursão à praia, afinal.

"Já está em casa?" ela perguntou.

"Não," ele disse. Ela podia diz logo de cara pelo tom da voz dele que ele não estava no melhor humor. "Onde você está agora?"

"Você não acreditaria se eu te dissesse."

"Bem, onde quer que você esteja, você precisa reservar o primeiro voo que puder para o Nebraska."

"O quê? Ellington... o que está acontecendo?"

"Estamos fechando em uma pista. Já falei com McGrath. Eu quero você aqui, Mac. Eu acho que você precisa estar nisso nesse momento."

"Sim, OK," ela disse. O cérebro dela tentava desesperadamente trocar de marcha, mas havia um soluço em algum lugar ali.

Padres e pastores mortos... praias ensolaradas da Flórida... agora sair para o Nebraska...

De repente, ela sentiu que estava sendo sugada em um redemoinho.

"Mac?"

"Estou aqui. Apenas... pega com a guarda baixo. Dê-me alguns minutos. Vou comprar uma passagem e conto-lhe quando estarei aí. Ellington, está tudo bem?"

"Sim, tudo está bem. Tivemos uma novidade, contudo. E isso pode... bem, isso pode dar todas as respostas pelas quais você esteve procurando."

Ela olhava tolamente para os documentos na mesa de conferências de Mitchell. Eles pareciam artefatos de outro mundo. O caso inteiro parecia insignificante agora-um pensamento perigoso para um agente do FBI, certamente.

Mas repentinamente, tudo que ela conseguia pensar era em seu pai.

E ela não podia sair rápido o suficiente dessa ilha idílica.


CAPÍTULO DEZESSETE

 

Ele amava Deus, ele amava sua igreja e ele amava as pessoas da sua igreja. Mas, cara, oh cara, ele odiava sentar no confessionário.

Wade Coyle arqueou as coisas e verificou seu relógio. Eram 7:05. Tecnicamente, ele poderia ter ido para casa há cinco minutos. Mas ele sabia que algumas pessoas gostavam de vaguear um pouco mais tarde, na pressa de confessar seus pecados diretamente antes ou depois de jantar com a família.

De todas as suas obrigações como padre, tomar confissões era a única parte da qual ele realmente não gostava. Ele ouvia algumas coisas deploráveis atrás da sua tela e a pior parte disso era que ele conseguia reconhecer as vozes algumas vezes. Ele poderia colocar um rosto na voz e, como resultado, saber quais dos homens nos bancos durante o culto haviam confessado ter feito download de pornografia de pré-adolescentes ou quais das mulheres mais velhas haviam deixado o namorado da filha tocá-las de forma inapropriada.

Ainda assim, ele entendia a importância do ato-não apenas para a sua igreja, mas para todos e cada uma das pessoas que vinham até ele, sentadas do outro lado daquela tela para tirar o peso dos corações.

Mesmo assim... se ninguém mais aparecesse nos próximos dez minutos, ele iria sair. Outro padre devia vir ocupar o confessionário as oito horas de qualquer maneira.

Mal havia feito sua promessa a si mesmo e escutou a pequena porta no exterior do confessionário abrir. Então, ele escutou os quatro passos que levavam a cadeira em frente a tela e o leve ranger da cadeira quando o peso de alguém era aplicado nela. E então, vieram as cinco palavras que, para o Padre Coyle, havia se tornado quase um cliché.

"Perdoe-me, Pai, porque eu pequei."

"E qual pecado você gostaria de confessar hoje?" perguntou Coyle.

"Eu... bem, não tenho exatamente certeza. Eu acho que talvez idolatria. Mas envolve violência também."

"Conte-me sobre cada um," disse Coyle. Honestamente, ele estava apenas falando preguiçosamente a essa altura. Ele se encontrou vendo se conseguia identificar um rosto que combinava com a voz, mas não conseguiu encontrar.

Obrigado, Deus, por isso, ele pensou.

"Bem, eu me encontro adorando pessoas do mundo sobre Deus," disse o homem. "Eu sei que eu deveria buscar minha paz e consolação de Deus, mas... eu suponho que seja mais fácil confiar e adorar as coisas que eu posso ver. Pessoas. Carne. Eu os admiro e glorifico pessoas ao invés de Deus. Isso é ruim?"

"Não se você está percebendo isso antes," disse Coyle. "Diga-me... essas pessoas que você está idolatrando são celebridades ou pessoas que você vê todos os dias?"

"Temo que não seja tão fácil assim. Não são celebridades, isso com certeza. Mas ao mesmo tempo, eles tendem serem pessoas com um pouco de poder e reverência."

"E como você está os idolatrando?"

"Começou com a inveja pura e simples," disse o homem do outro lado da tela. "Mas virou algo pior. Algo mais sórdido. Eu os vi como Deus. Como a Virgem Maria. Como Cristo. Eu desejava adorá-los... glorificá-los."

"Sim, isso pode ser um problema. Sobre a violência, porém... como as duas coisas se juntam?"

"Eu não sei," disse o homem. "Mas eu sei que quando vejo o sangue deles, isso me faz sentir completo. Faz eu me sentir como se tivesse feito algo certo."

"Sangue?" disse Coyle. Seu coração saltou do peito e seu próprio sangue ficou gelado.

"Sim, Padre. Eu tenho que derramar o sague deles para eles mostrarem aos homens quem eles realmente são. Inteiros. Puros. Estritamente de Deus."

"Meu filho... temo que eu não esteja entendendo."

Não houve resposta.

Instantaneamente, as notícias das três mortes passou pela cabeça de Coyle. Costas, Tuttle, e aquele pastor liberal, Woodall.

"Filho, você está-"

Foi quando uma força trovejante se chocou contra o confessionário. A porta do lado de Coyle entortou e veio para dentro. Houve um som débil, como gentilmente crepitando no fogo. Ele estava tão atemorizado pelo ataque na porta que levou um momento para perceber que havia um homem atrás dela, entrando no espaço do seu lado do confessionário.

"Eu venho idolatrando você também, padre," disse o homem. "Desculpe-me. Mas realmente... você merece isso. Você merece a glória..."

Antes que Coyle pudesse abrir sua boca para protestar, o homem o esmagou com uma pesada mão direita. Coyle viu por um breve momento que havia algo na mão dele, talvez um tubo de moedas ou algum tipo de ferramenta. O que quer que fosse, fez o golpe parecer como se tivesse sido acertado no rosto com um taco de baseball.

Padre Coyle foi flutuando contra a lateral do confessionário enquanto estrelas pretas passavam pelo seu campo de visão. Seu estômago se contraiu e sua cabeça explodia de dor.

Ele viu a mão do homem se afastando novamente, mas, louvado seja Deus, ele apagou antes que pudesse sentir o impacto drástico.


CAPÍTULO DEZOITO

 

Mackenzie se vê de pé em frente a casa na qual ela crescera. Ela subia os degraus da varanda e via um grupo de corvos agrupados na varanda. Ao afastá-los, ela vê que um deles está usando um crucifixo ao redor do pescoço negro. Ele grasne para ela enquanto ela entra na casa e quando ela fecha a porta, escuta os corvos levantando voo.

Ela entra na casa e lá está sua mãe, adormecida no sofá. A casa está lançada em sombras, a única luz vindo do brilho da televisão, a qual está exibindo um programa de entrevistas da madrugada. O entrevistador diz nada, apenas olha fixamente para a tela como se esperasse Mackenzie começar a conversa.

Ela caminha pela televisão até a cozinha. Ela tenta ligar o interruptor da cozinha, mas as lâmpadas não respondem. Ela olha de volta para a sala de estar e vê que sua mãe já não está mais lá. A porta da frente está novamente aberta e ela pode escutar os corvos se moverem nas tábuas, aparentemente tendo voltado para se apoleirarem.

Ela se vira e olha pelo corredor. É maior que a versão da vida real dele, esticando-se por uma distância aparentemente impossível. Ela começa a andar e enquanto o faz, procura por sua Glock.

Mas ao invés de uma arma de fogo, ela encontra uma Bíblia esperando lá. No entanto, onde as palavras BÍBLIA SAGRADA estão tipicamente estampadas em dourado ou prateado, na dela se lia BARKER ANTIGUIDADES.

Ela a segura à sua frente, apertada contra o peito e as páginas começam a cair. Quando cada página caia ao chão, soava como uma voz sussurrando para ela.

"Saia daqui."

"Vá embora."

"Supere isso."

"Dê a volta."

Ela ignora todas elas e continua. E quando ela finalmente chega ao fim do corredor, a Bíblia tendo derramado suas páginas durante o caminho, ela se vê encarando a porta do quarto dos seus pais. Ela sabe o que está esperando por ela do outro lado. Ela sabe o que ela vai ver, mas ela empurra a porta mesmo assim.

As coisas estão diferentes dessa vez. Ao invés de uma cama, há uma cruz. Seu pai pendurado nela e ele ainda está vivo. Ele lança um olha lúbrico em uma careta de dor.

"Desça-me, por favor..."

Mackenzie larga a Bíblia e se vira para correr em direção a sala de estar. Mas lá está sua mãe bloqueando o caminho. Ela está segurando uma marreta e um prego ridicularmente grande. Ela sorri para Mackenzie e quando abre a boca para dizer alguma coisa, é apenas o grasnido de um corvo.

Mackenzie abre a boca para gritas logo quando sua mãe move o grande prego para frente, diretamente para sua garganta, o grito que não soa como ela, mas como um rugido de algum grande motor que está empurrando o mundo junto com sua insana rotação.

 

***

 

Ela se precipitou acordada, percebendo que o barulho de motor pertencia ao avião no qual ela estava atualmente. Ela respirou fundo, suprimindo os tremores que passavam por ela. Precisava se lembrar de onde estava-não no quarto que seus pais compartilharam um dia, mas sentada em um avião, em direção ao estado onde estava a maldita casa.

Quando o avião pousou, Mackenzie verificou o telefone. Quando a conexão Wi-Fi foi estabelecida com o aeroporto, seu telefone brilhou com notificações. O número total delas era esmagador, mas ela fez seu melhor para acompanhar enquanto o avião caminhava para uma parada antes que os passageiros pudessem sair. Ela tinha duas mensagens de texto de Ellington, uma de Harrison, um correio de voz de Yardley e onze novos e-mails.

Ela passou por eles em ordem de importância. Ambas as mensagens de Ellington eram para informá-la que ele não conseguiria estar no aeroporto, um dos agentes locais estaria lá paga pegá-la. A mensagem de Harrison era em resposta à mensagem que ela o enviara mais cedo, informando-a que havia nada nos registro públicos que indicasse que o Reverendo Tuttle estivesse passando por alguma dificuldade maior de algum tipo pelo último ano. Então, ela verificou a mensagem de voz de Yardley. Ela achou um pouco estranha e, talvez, um pouco desrespeitosa.

"Ei," disse Yardley. "Olha, McGrath me colocou a cargo do caso das mortes dos líderes religiosos enquanto você está no Nebraska. Se você puder me ligar para me contar sobre seu passeio na Flórida, eu apreciaria."

Ela não se importou em responder qualquer uma das mensagens enquanto era permitido aos passageiros pegar os pertences dos maleiros. Mackenzie estava bem ciente de que ela ainda estava com a mesma roupa que vestia quando desembarcou da balsa há dez horas. Ela poderia até mesmo sentir os pequenos grãos de areia em seus sapatos. Por mais trivial que parecesse, ela desejava que tivesse pelo menos uma muda de roupa com ela. Contudo, ela estava apenas com a sua mochila do notebook, credenciais do FBI e nada mais.

Ela saiu rapidamente do voo. Agora que ela estava no chão e há momentos de se encontrar com Ellington, pareceu real. Era mais que uma possibilidade, mais que apenas um sonho-que havia parecido quando ela estava no ar. Ela também queria começar a trabalhar o mais rápido possível, para que o caso de DC não secasse em sua mente. Ainda estava bem surpresa que McGrath tivesse permitido essa viagem repentina para o Nebraska, especialmente seguindo sua viagem para Flórida. Mas não estava prestes a questionar isso.

Quando ela entrou no aeroporto pelo portão, ficou aliviada em ver que Ellington estava lá afinal. Ele parecia cansado e um pouco afobado, mas o sorriso que deu a ela quando ela se aproximou dele era genuíno. Eles se cumprimentaram com um beijo e um breve abraço, como se eles estivessem fazendo isso a uma eternidade.

"Eu não sei sobre o que estar mais confusa a respeito," disse Mackenzie. "O fato de eu ser requisitada nesse caso de repente ou que McGrath tenha me dado permissão para isso."

"Não precisa ficar confusa," ele disse. "Apenas venha comigo. Temos um encontro no escritório de Omaha em meia hora. Eu te repasso no caminho."

Eles se apressaram pelo aeroporto, não sendo atrasados por filas, já que Mackenzie não tinha bagagem. Ellington a levou para fora e para o estacionamento mais próximo, onde eles entraram em seu carro alugado. Após ele bater a chave na ignição, Mackenzie manteve a mão em um gesto de espere aí. Então ela se inclinou para beijá-lo profundamente, de uma maneira que teria sido estranha no aeroporto.

"OK," ela disse. "Agora você pode me levar."

Ellington sorriu e disse, "Espere. Deixe-me recuperar meu fôlego primeiro."

 

***

 

Enquanto eles percorriam a rodovia e tomavam a saída para a via expressa, Ellington passou a maior parte do tempo falando. Ele a atualizou com a atenção aos detalhes de um agente experiente, mas com o comportamento de um homem que estava começando a se apaixonar por ela.

"Eu fui convocado, porque Kirk Peterson convenceu alguns agentes do FBI que os assassinatos dos andarilhos eram quase idênticos aos assassinatos do seu pai e o cara mais recente de alguns meses atrás. A coisa é, há absolutamente zero evidência para reforçar isso. Por isso McGrath preferiu me enviar para cá. Sem pistas ou evidências sólidas, nós não queríamos te afastar do caso atual-ou dar-lhe esperanças sobre o caso do seu pai."

"Não muito depois de eu ligar para você pela primeira vez para dizer que não havia nada para se ver por aqui, outro corpo foi descoberto. Esse tinha um certo cartão de visitas enfiado no bolso traseiro."

"Barker Antiguidades," ela disse.

"Bingo. O cara era um drogado, baleado na nuca à queima-roupa por uma arma de baixo calibre. Mesmo de sempre, assim como os outros andarilhos. Mas dessa vez, havia uma pista deixada para trás. Um borrão no cartão de visitas. Era uma impressão digital, mas apenas parcial. Foi nesse ponto que eu liguei para você. Desde então, os caras da perícia no escritório local de Omaha vem trabalhando com uma base de dados de registros para reduzir a busca. Eu recebi uma ligação assim que eu estava saindo do aeroporto para encontrar você. Eles encontraram uma combinação. E é um cara um uma história bem terrível."

"Então o que está sendo feito nesse instante?" ela perguntou.

"Bem, a ficha desse cara é bem madura. Ele recebeu duas acusações de abuso doméstico, pequenos furtos e, então, ele acabou de sair da prisão há dois meses depois de cumprir cinco anos por conspiração de assassinato. Assim, há uma força tarefa sendo montada. Nós temos o endereço dele. E nós temos alguém à espera do lado de fora do apartamento dele nesse instante. Se ele sair e for para algum outro lugar, teremos olhos nele."

"E eles me querem nisso?"

"Eles não tinham escolha," disse Ellington. "Eu insisti. E McGrath tomou meu lado. Todos envolvidos nisso sabem da conexão com o assassino do seu pai. Você não vai assumir a liderança, mas você vai na prática se uma prisão for feita. Se essa coisa vier a um fim, você será parte dela. Além disso... até McGrath percebeu que ninguém sabe mais sobre os assassinatos e a confusão toda da Barker Antiguidades do que você. Simplesmente faz sentido ter você aqui."

"Para onde vamos agora?" ela perguntou.

"Estamos indo para o escritório local e, então, provavelmente saindo logo em seguida. Se tudo ocorrer bem, essa coisa todo pode ser encerrada dentro de uma hora ou duas."

"E pensar," disse Mackenzie, "que eu estava caminhado por uma praia nove horas atrás."

"Sim, você vai precisar me passar o segredo de como diabos você conseguiu McGrath autorizar isso."

"Eu acho que compensou, contudo. O pequeno retiro que eles têm naquela ilha está limpo, assim como o cara que coordena. Mas ele me deu informações que eu acho que podem resultar em uma pista considerável-ou um recurso bem promissor pelo menos."

"Você está uma viajante bem experiente hoje," comentou Ellington. "Você tem certeza que está disposta a isso?"

"Absolutamente," ela disse. "Eu só queria que eu tivesse uma muda de roupa. Ou, pelo menos, tempo para um banho."

Ele sorriu para ela e disse, "Se nós terminarmos com isso, eu vou ver se consigo um banho para você. E talvez, se você não se importar, posso dar uma mão?"

"Vamos ver como isso se desenrola primeiro."

Ela apreciava o gesto e consideração, mas enquanto eles aceleravam em direção ao escritório local, Mackenzie começou a ficar ansiosa.

É realmente isso? ela pensou. É esse o dia que eu consigo as respostas que venho procurando a respeito da morte do meu pai?

O crepúsculo se instalava ao redor de Omaha enquanto seus nervos começavam a pegar fogo. Cada parte dela sabia que algo grande estava a momentos de distância, mas ela ainda achava difícil acreditar que havia caído em seu coo tão facilmente.

 

***

 

Ellington não estava exagerando. No momento em que Mackenzie entrou no escritório de Omaha, foi abordada por um homem vestindo um terno preto simples e carregando uma pasta de arquivos na mão direita. Ele parecia no limite, como se estivesse prestes a pular para fora da sua pela em antecipação de por as coisas em andamento. Seu espesso cabelo preto estava desarrumado. Ele tinha um pouco mais que um metro e oitenta e a compostura de um homem que parecia que estava sempre motivado, a caminho de realizar alguma coisa.

"Agente White, eu sou Darren Penbrook, o líder nesse caso. Estou feliz em tê-la a bordo. O Agente Ellington atualizou você?"

"Sim," ela disse. "Eu certamente agradeço você me permitir fazer parte disso."

"Claro, claro," disse Penbrook, como se não pudesse se importar menos. Atrás dele, a sala central do escritório de campa estava formigando com atividade. Ela viu dois agentes estudando um mapa da cidade na parede atrás de uma área de escritório.

"Vamos começar em exatamente cinco minutos," disse Penbrook, acenando para ela e Ellington o seguirem para mais fundo no edifício. "Seremos nós três e dois outros agentes. Seu amigo Kirk Peterson solicitou vir junto, mas eu neguei. Há risco demais aqui."

"Estamos assumindo que o suspeito é perigoso?"

"O suspeito é Gabriel Hambry. Em acréscimo às acusações de abuso e marcas de conspiração de assassinato em seus registros, ele também foi o suspeito em duas ocasiões diferentes de tráfico de armas pela fronteira do México. E nós nunca fomos capazes de ligar isso a ele, mas todo a evidência aponta para ele. E se esse for o caso, então, sim-estamos assumindo que ele está fortemente armado. E quando o FBI bater na porta dele..."

"Eu estou segundo," disse Mackenzie.

Penbrook os levou a uma pequena sala nos fundos. Havia outro homem no telefone, pinçando-o entre sua orelha e ombro, para que ele pudesse prender um coldre apropriadamente em seu cinto. O coldre levava uma Sig 357 semiautomática. Ver isso faz Mackenzie muito mais ciente da sua própria arma de fogo no coldre ao seu lado, uma Glock 22 da qual ela acabou se tornando muito familiar.

O homem terminou sua ligação e colocou o celular no bolso. Ele levantou a mão para um aperto e se apresentou.

"Mark O’Doul," ele disse. "Prazer em conhecê-la." Então, ele olhou para Penbrook e assentiu. "O suspeito ainda está em seu apartamento. Assistindo TV, parece."

"Bom," disse Penbrook. "Agente White, O’Doul vai nos acompanhar e tomar a frente enquanto nós agimos. Eu entendo que você tem um envolvimento pessoal com esse caso, mas eu lhe peço que deixe O'Doul e eu cuidar do lado tático. Uma vez que pegarmos Hambry em custódia, você tem minha palavra que você vai ter a primeira brecha no interrogatório. E, você sabe... se acontecer de ele tentar escapar e uma perseguição se desenrolar... talvez eu faça vista grossa se você vier a pegar um pouco pesado."

Mackenzie sorriu e assentiu, mais sábio que dar algum tipo de sinal verbal sobre tal comentário.

"Alguma questão?" perguntou Penbrook.

"Quão distante é o apartamento de Hambry?" perguntou Mackenzie.

"Cerca de meia hora, em Plattsmouth," respondeu Penbrook. "O'Doul e eu vamos na frente no nosso carro enquanto vocês dois nos seguem. Nossa vigilância diz que nós vamos estar mais bem posicionados estacionando na rua do outro lado do quarteirão. Nós dá a melhor chance de chegar na residência de Hambry sem dar algum tipo de alerta para ele."

Plattsmouth, pensou Mackenzie. Embora ela tenha apenas passado por Plattsmouth enquanto morava no Nebraska, simplesmente escutar o nome da cidade a fazer sentir como se tivesse completado um ciclo-não que ela havia retornado para casa, de forma alguma, mas ela havia revisitado algum fantasma do passado que parecia estar esperando uma eternidade por ela.

"Já temos um mandado?" perguntou Ellington.

"Consegui há três horas. Dada a natureza da nossa visita ao Sr. Hambry, não iremos bater na porta dele exatamente. Vamos derrubá-la."

Era um pouco juvenil, certamente, mas esse comentário de fechamento de Penbrook deixou Mackenzie mais animado que nunca. Ela estava a momentos de distância de resolver a pista mais promissora sobre descobrir o que realmente aconteceu com o pai dela.

Pelo que lhe tocava, derrubar portas a força parecia apropriado.


CAPÍTULO DEZNOVE

 

O apartamento de Hambry ficava em um daqueles complexos de apartamento empacotados que pareciam uma cópia de qualquer outro prédio na cidade. Era o tipo de complexo de apartamentos que você em todos os lugares no país: simples, um pouco sujo e muito mediano. Sendo um pouco depois das dez em noite de semana, todos assumiram que as chances de Hambry estar em casa era muito boas.

Mackenzie e Ellington se encontraram com Penbrook e O’Doul na entrada central no primeiro piso. A noite estava calma e parecia que não havia uma única alma vagando em qualquer lugar dentro do complexo. Longe à distância, um homem caminhava com seu cachorro. Próximo aos fundos do prédio, uma mulher estava rindo de alguma coisa. Era como qualquer outra noite ordinária. Mackenzie tentou se lembrar disso. Era fácil demais ficar animada sobre o que a próxima porta guardaria. Então, se lembrar de que fazer o que estavam prestes a fazer era apenas outra parte rotineira do trabalho dela, normalmente a centrava.

Mas não dessa vez. Naquele momento, com outros três agentes, ela sentia que muito da sua carreia havia se pendurado no que iria acontecer agora.

"O apartamento de Hambry é de número trezentos e seis," disse Penbrook. "O’Doul e eu entraremos primeiro. Quero que vocês dois esperem aqui por três segundos e então se juntem atrás de nós. Se fizermos isso certo, é uma prisão simples. Dentro e fora de volta para o escritório. Perguntas?"

Ellington balançou a cabeça. Mackenzie fez o mesmo, embora em sua cabeça, ela estava praticamente gritando para Penbrook colocar o maldito show na estrada de uma vez.

Talvez sentido sua antecipação, Penbrook começou pelo corredor que levava ao primeiro lance de escadas. As escadas eram simples, sem cobertura ou carpete de qualquer tipo. O som dos passos batia em ecos ocos, como pequenas batidas de grave do som de um carro passando. Eles avançaram entre uma caminhada rápida e uma corrida enquanto saiam das escadas para o terceiro andar.

Eles se mantiveram apertados contra a parede enquanto se apressavam pelo corredor aberto. As luzes da rua debaixo iluminavam o caminho deles, as sombras delas os seguindo enquanto, um por um, sacavam as armas.

O’Doul os parou ao levantar a mão. Todos os quatro estavam posicionados contra a parede entre os apartamentos 305 e 306. O’Doul esperou uma batida de pé no portal da porta de Hambry. Então, ele levantou três dedos. Mackenzie assistiu os dedos serem abaixados um por um, em contagem regressiva para o momento que eles irromperiam pela porta.

Três... dois... um.

Quase como em um movimento com energia elástica, O'Doul deu um passo de distância da porta, tomou base e então levantou o pé. Ele deu um chute pesado que sugeria que ele havia feito isso mais que algumas vezes. Mesmo sem ser capaz de ver o resultado, Mackenzie sabia que a porta havia se quebrado aberta. Ela observou enquanto O'Doul e Penbrook seguiam um atrás do outro. Ellington se virou para ela, silenciosamente contando até três e, então, eles também seguiram.

Mackenzie entrou com sua Glock erguida para a esquerda, completando o alinhamento disperso que os outros três agentes haviam começado.

Mas ela não ficou daquela maneira por muito tempo.

A visão diante dela era muito bizarra. Era difícil manter a compostura enquanto ela olhava pela sala de estar, a qual a porta do apartamento levava.

Um homem estava sentado em uma cadeira reclinável, olhando-os de lado. Ele não se movia. Não somente isso, mas a cadeira estava embebida em sangue. Respingos dele estavam por toda a parede. Mackenzie se aproximou. Ela sabia que poderia estar excedendo seus limites, mas ela caminhou em frente de Penbrook, ficando ao lado de O'Doul. Enquanto ela se inclinava para ter uma melhor visão do homem, ela estava levemente ciente de Ellington e Penbrook se explorando no apartamento para verificar os outros cômodos.

Mackenzie agora estava de pé diretamente em frente do homem. Do breve arquivo que ela vira a respeito de Gabriel Hambry no escritório de Omaha, não havia dúvida de que era ele. E ao ficar diretamente em frente a ela, olhando-o, a situação só ficava pior.

Hambry havia sido baleado na nuca. Sem estudar de perto, Mackenzie estava bem certa de que foi disparado de uma arma de baixo calibre. Mesmo à queima roupa, tinha feito uma bagunça.

Mas honestamente, ela não estava olhando perto demais para a ferida do projétil ou pelo sangue espalhado. Ela estava mais interessado no item que fora afixado na camisa de Hambry com um alfinete.

Era um cartão de visitas.

Sangue espirrou pela maior parte dele, mas era fácil de ver o nome da empresa gravado na frente.

Barker Antiguidades.

"Que diabos?" O'Doul sussurrou detrás dela.

"Quem quer que seja, ele está brincando conosco," disse Mackenzie. Ela desejava muito ficar brava, ser preenchida com ira em ter sua face esfregada nessa bagunça. Mas, pelo contrário, por mais que ela odiasse admitir isso, ela estava bem assustada na verdade.

Ellington e Penbrook voltaram para a sala de estar. Ellington não perdeu tempo em ir até ela quando ele viu o olhar de choque e confusão em seu rosto. Ele deixou sair um palavrão bem pronunciado quando viu a situação por si próprio.

"Então, Hambry era apenas um peão então?" perguntou Penbrook.

"Parece que sim," disse Mackenzie. Ela queria rasgar o cartão de visitar da camisa de Hambry, mas o mero pensamento de tocá-lo a fazia se sentir mal.

"Mas para que diabos?" perguntou O’Doul.

"A última vez que eu vi um destes cartões de visita," disse Mackenzie, "foi no para-brisas do meu carro. No verso, alguém escreveu 'Pare de procurar.’ Eu acho que esse é apenas outro aviso."

"Mas o caso está morto, certo?" disse Penbrook. "Digo, até que esse último assassinato ocorreu e, então, os andarilhos que seu amigo Peterson pensa que estão conectados... por que isso viria a tona novamente? Nós estamos falando de que... vinte anos de silêncio e então essa camisa?"

"É uma boa pergunta," disse Mackenzie.

"Deus, isso é terrível," disse O'Doul, arrancando os olhos para longe do corpo de Hambry.

"Eu vou chamar o pessoal," disse Penbrook. Ele olhou de volta para Mackenzie e Ellington. "E vocês dois? Vocês precisam de alguma coisa aqui antes que fique abarrotado?"

"Não," disse Mackenzie abruptamente. E, então, sem dizer nem outra palavra sequer, ela se virou e deixou o apartamento.

 

***

 

Mackenzie estava tão cheia de emoção quando voltou para o carro que estava tremendo literalmente. Ela estava assustada, ela estava irritada e ela nunca se sentiu tão derrotada. E para deixar tudo pior, ela sabia que do outro lado do país, havia um caso esperando por ela que ainda não tinha pistas. Nem uma única maldita pista.

Ela não chorava frequentemente-e ela decidiu que não o faria ali também-mas ela sentiu as picadas de lágrimas de frustração querendo ser derramadas. Ela contraiu as mãos em punhos cerrados, suas unhas se afundando levemente em sua carne.

Ela escutou passos atrás dela. Certa de que era Ellington vindo ver como ela estava, ela fez seu melhor para mandar o turbilhão de emoções embora. Ele segurou a respiração por um momento, apertou os punhos ainda mais e então relaxou.

E esse é o motivo pelo qual você vai acabar gastando uma fortuna com terapia quando você aposentar, ela pensou.

"Ei," disse Ellington, chegando perto dela. Ele buscou a mão dela, mas ela não a deu.

Ela balançou a cabeça e achou difícil olhar para ele. "Isso está acabando comigo," ela disse. "Cinco minutos atrás, antes de entrarmos lá, eu estava animada. Eu estava saindo da minha pele para entrar lá e terminar essa coisa toda-com meu pai e o assassino dele. Com os cartões de visita. Mas agora... tudo é diferente. Esse filho da puta está apenas brincando comigo."

"Então você e eu ficamos aqui," ele disse. "Eu acho que McGrath permitiria. Ficamos aqui e você e eu vamos fazer o possível para trazer essa coisa a um fim."

Dessa vez, ele tomou a mão dela um pouco forçadamente. Ele a deu um aperto reconfortante. E, embora ela pudesse perceber que ele queria puxá-la para próximo, ele sabia que ela não ligava para contato físico ou intimidade quando ela estava se sentindo angustiada. Ver que ele sabia isto sobre ela e que estava respeitando-a aqueceu seu coração.

"Não," ela disse balançando a cabeça. "Eu tenho que fechar o caso do padre. Eu não vou deixá-lo para outro agente."

"Ele está com Yardley nele," disse Ellington. "Ela é bem afiada."

"Eu sei. "Mas... eu tenho que. Eu tenho que e-"

"Eu sei," ele disse.

E Mackenzie estava bem certa de que ele realmente sabia. Ele sabia que ela não podia deixar alguma coisa pela metade. Ela tinha que finalizar o caso esperando por ela em DC.

O que Ellington talvez não soubesse, porém, era que uma vez que estivesse terminado ela tinha intenção de colocar todo seu tempo, foco e energia no caso do seu pai e em nada mais.

Depois desta noite, ela não tinha escolha.

Quem quer que esteja atrás disso tinha essencialmente forçado a mão essa noite. E ela iria fazer o desgraçado pagar.

Mas primeiro, ela tinha que saber tudo o que há para se saber aqui no Nebraska. E isso significava que ela tinha mais uma parada para fazer.

"Você tem o número de Kirk Peterson?" ela perguntou.

"Eu tenho," disse Ellington. "Mas ele não é muito confiável."

Isso a atingiu estranhamente, porque, pelo que ela se lembrava, Peterson era um cara bem afiado-dedicado ao trabalho e um farejador de detalhes.

"Eu preciso falar com ele antes de voltar para casa," ela disse.

Ellington parecia ponderar isso por um momento. No fim, ele puxou o número, discou para ela e entregou-lhe o telefone. Ao começar a tocar em seu ouvido, ela não poderia deixar de reparar que Ellington parecia perturbado por alguma coisa.

Ela não está feliz que eu esteja ligando para Peterson, ela pensou.

Mas antes que ela tivesse tempo de cogitar o porquê, Peterson atendeu o telefone e era tarde demais pra fazer qualquer pergunta.


CAPÍTULO VINTE

 

Quando Ellington estacionou o carro no estacionamento da Waffle House na qual Peterson o pedira para se encontrarem, o lugar estava bem quieto. Estava se aproximando das 10 horas e o lugar estava bem morto. Antes que eles saíssem do carro, Ellington colocou uma mão sobre o ombro dela, indicando que ele queria de ela aguardasse.

"Há algo que eu devo te contar antes que você entre ali," ele disse.

"O que é?"

"Eu não sei como você se recorda desse tal de Peterson, mas alguma coisa aconteceu com ele desde a última vez que você o viu. O sujeito parece um pouco desajustado para mim, mas eu percebi que era só uma baboseira de detetive excêntrico. Mas então eu ouvi algumas coisas dos agentes que trabalharam com ele. Ele disseram que ele ficou meio sombrio. Não de maneira desenfreada, mas em um sentido quase gótico. Ele está bem triste e calado."

"Assim que eu me lembro dele."

Ellington deu de ombros. "Eu acho que é uma boa coisa eu ter dito, então. Eu só conversei com ele duas vezes desde que eu estive aqui e ele foi prestativo e tudo. Ele é só... eu não sei. Alguma coisa nele me assusta."

"OK. Você me avisou. Vamos indo."

Ele disse nada mais, apesar de estar claro que ele queria. Eles saíram do carro e foram para dentro entre o doce cheiro de massa de waffle e calda. Peterson estava sentado à mesa sozinho. Ele aparentava um homem que não dormia há séculos, como se ele pudesse fazer uma audição para o papel de vampiro em um filme de terror exagerado.

Estranhamente, o estado dele a fez pensar em sua irmã mais nova, Stephanie. Em seu estado severo, ele era quase amenamente bonito-o tipo de gótico limite pelo qual Stephanie ficava louca.

Stephanie, ela pensou. Meu Deus, eu não penso nela direito há anos.

Ele deu um aceno de reconhecimento a ambos enquanto vinham até a mesa e se sentavam. "Bom ver você de novo, Agente White."

"Igualmente," ela respondeu enquanto ela e Ellington se sentaram. "Eu odeia parecer mandona, mas eu gostaria de voltar para DC o quanto antes, então eu realmente não tenho muito tempo para formalidades."

"Tudo bem," disse Peterson. "Esse maldito caso está me deixando louco e eu estou cheio de falar sobre ele. Lidar com ele. Que seja. O FBI está fundo nele agora, de qualquer forma. Eu sinto que eu posso deixá-lo ir."

"Esse é o negócio," ela disse. "Eu sei como o FBI funciona. Por isso eu queria falar com você. Eu sei que você tem uma ética de trabalho diferente do FBI. Então eu estava esperando que você pudesse me contar sobre as possíveis ligações entre os casos nos quais você vem trabalhando, do meu pai e desses malditos cartões de visita."

"Sim, eu ouvi pelo scanner que houve outro na residência de Hambry," disse Peterson. "Prova final de que esse caso todo está muito acima da minha cabeça."

"Como assim?" ela disse.

"Bem, simplesmente não tem fim. Lembra-me uma daquelas teorias da conspiração na qual quanto mais você cava, mais perguntas você tem. A toca do coelho simplesmente fica mais e mais funda."

"E como essa coisa toda de cooperação começou com vocês dois?" perguntou Ellington.

"Quase há um ano, eu vim até aqui quando Peterson estava trabalhando em um caso sobre... inferno, agora eu mal me lembro."

"Bem, inicialmente era uma coisa doméstica," relembrou Peterson. "Uma esposa queria que eu bisbilhotasse o marido-um cara chamado Jimmy Scotts. Ela pensou que ele a estava traindo e gastando as economias da universidade das crianças. O que eu descobri foi que ele estava lidando com uma loucura de cartel de drogas no Novo México. Mas antes que eu pudesse fazer a ligação para dar as notícias para sua esposa, ele apareceu morto. A esposa o encontrou morto no banheiro com dois buracos de bala na nuca. Ela estava na casa quando aconteceu. Sem lembranças de ter ouvido os disparos."

"Merda," disse Ellington, olhando para Mackenzie. "Como o seu pai."

"Sim, mas sem conexão alguma conhecida," disse Mackenzie.

"Eu também nunca encontrei alguma."

"Então como os andarilhos batem com os assassinatos do meu pai e de Jimmy Scotts?" perguntou Mackenzie.

"Os tiros à queima roupa no topo da cabeça. Mesmo tipo de arma usada todas as vezes. E aqueles cartões de visita... havia um em cada um dos corpos."

"De quantos estamos falando?" perguntou Mackenzie.

"Três, até agora. Dois sem teto confirmados durante a época da morte. O outro não era sem teto, mas extremamente pobre. Ele estava acabando de recompor a vida de volta."

"Alguma conexão entre os três?"

"Nada sólido. Dois deles iam a mesma cozinha de sopa. Um deles trabalhou com o irmão de outro no passado para roubar uma mulher a mão armada pelas sessenta pratas que ela tinha no porta moedas. Mas nada mais."

"Você se importaria de me enviar todos seus arquivos do caso?"

Peterson riu. "Eu posso. Mas não tem muita coisa neles. Eu não tomos muitas notas, na verdade."

"Desculpe-me por perguntar," ela disse, "mas o que aconteceu? Você parece uma pessoa diferente de quando você e eu nos encontramos da última vez."

"Eu acho que eu era. Mas essa merda de caso... me afetou. Eu fiquei obcecado. E não ajudou que o terceiro desses andarilhos mortos era uma criança de doze anos."

"Oh, Deus," disse Mackenzie.

"Então, perdoe-me se eu não sou todo arco-íris e nascer do sol."

"Calma," disse Ellington severamente.

Os dois homens se encararam através da mesa, mensurando um ao outro. Peterson foi o primeiro a desviar o olhar-não por intimidação, mas porque ele parecia entediado.

"Sim, eu posso enviá-la o que eu tenho," disse Peterson. "Eles realmente estão planejando enviar agentes de DC para cá enquanto os caras de Omaha estão administrando o caso?"

"Não faço ideia," disse Mackenzie. "Mas você sabe que esse caso é muito próximo a mim. Qualquer ajuda seria apreciada."

"Claro," disse Peterson. "Agora, eu não tenho comido há quase um dia. Então, eu pretendo devorar panquecas de nozes e crepes. Fiquem a vontade para se juntarem a mim."

Mackenzie quase aceitou. O fato de vê-lo a ter lembrado, por alguma estranha razão, de Stephanie ainda estava incomodando-a. E alguma coisa nele parecia gritar por algum tipo de interação humana. Ainda, ao mesmo tempo, estava bem claro que ele não era mais um fã de interação humana.

"Obrigada, mas eu tenho que entrar em um avião assim que possível," ela respondeu. "Mas obrigada novamente por se encontrar comigo."

"Claro. Eu vou enviar o que eu tenho por e-mail assim que eu voltar para casa."

Mackenzie assentiu enquanto ela e Ellington se levantaram da mesa. Eles foram de volta para o estacionamento, Mackenzie calada e refletiva.

"Eu lhe disse," disse Ellington. "Alguma coisa o afetou muito."

"Você estava certo," ela disse.

Uma criança de doze anos, ela pensou. As mesmas pessoas que mataram meu pai são do tipo de pessoas que não tem problemas em matar crianças.

Isso, certamente, dá uma nova perspectiva a esse caso.

E enquanto algo se agitava dentro do seu coração, Mackenzie também percebeu que isso também dava a ela uma motivação completamente nova para descobrir que diabos está acontecendo.

Mas primeiro... havia uma bagunça em DC esperando por ela, a qual ela precisava arrumar.


CAPÍTULO VINTE E UM

 

Eles pegaram o voo tardio de volta para DC. O avião continha um pequeno grupo de pessoas; menos de trinta passageiros preenchiam os assentos e a cabine estava pacificamente calma. Mackenzie se permitiu cochilar um pouco e quando acordo, seu relógio marcava 4:36 da manhã. Ela pensou que pudesse ter tido outro pesadelo, mas se tinha, mal se lembrava dele.

Boa libertação, ela pensou enquanto se erguia cautelosamente em seu assento. Ela não sabia ao certo onde estavam, quais cidades se escondiam abaixo deles na escuridão e, na verdade, não se importava. No ar, sobre o país e todos seus problemas, ela quase se sentiu livre.

Era a maior serenidade que ela havia sentido desde que descobriu o cartão de visitas afixado na camiseta ensanguentada de Hambry. É claro, ela não conseguia parar de pensar sobre os andarilhos assassinados também. Especialmente a criança. Ele imaginou se Peterson já havia enviado os e-mails.

Pela segunda vez desde que o encontrou na Waffle House, Mackenzie se perguntou como alguma coisa poderia afetar alguém tão drasticamente. Quando ela encontrou Peterson pela primeira vez, ele era surpreendente bonito, de bom humor e motivado. Mas a obsessão com o caso e, aparentemente, os assassinatos daqueles andarilhos o haviam empurrado para outro lugar-algum lugar escuro. Ela não havia ouvido falar sobre isso antes. Uma vez ela leu o perfil de um policial aposentado que acabou atirando em um garoto de dez anos no meio de uma troca de tiros em uma rua movimentada. O policial não havia simplesmente aposentado; ele entrou em luta contra depressão severa, deixando a família e eventualmente se matando em um quarto de motel, colocando uma arma sinistramente semelhante a dela em sua boca.

Mackenzie expulsou o pensamento e tentou se reorientar. Ellington estava lendo um livro de bolsa que alguém de um voo anterior deixou para trás. Ele nunca dormia voando-apenas mais uma das centenas de pequenos petiscos que ela havia aprendido sobre ele em seu tempo juntos. Ela amava conhecê-lo e, mesmo agora, sabendo que ela teria um dia exaustivo esperando por ela quando eles aterrissassem, ela ansiava por cada dia com ele.

"Bem, bom dia, linda," ele disse com um sorriso.

"Onde estamos?" ela perguntou, ainda um pouco grogue.

"Pela última que ouvimos do capitão, nós devemos aterrissar em cerca de meia hora. Como você está? Sua soneca ajudou?"

"Eu não sei ainda."

Ele assentiu e colocou o livro de bolso em seu colo, um surrado e antigo livro de Vince Flynn.

"Olha," ele disse. "Eu acho melhor eu ir em frente e dizer isso enquanto você ainda está meio sonolenta, então você não consegue ficar muito brava. Mas depois de vê-la tão abalada na noite passada, eu gostaria de ir junto com você quando você ajeitar as coisas e ir atrás desse assassino da Barker Antiguidades.

"Mas eu não acho que isso é-"

"Oh, desculpa," ele disse, segurando a mão dela. "Você está enganada. Não foi uma pergunta. Eu só estou lhe informando, para que nós possamos poupar a discussão depois. Você não tem voz. Eu sei que você acha que você é cabulosa e tudo, mas essa é uma vez que eu não vou arredar o pé."

Seu tom e sorriso a fizeram perceber que tudo estava vindo de um lugar de amor. Mesmo o comentário de eu sei que você acha que é cabulosa.

"Mas isso não é-"

"Essa coisa... essa coisa entre você e eu," ele disse. "Vai além do quarto. Vai além desse sentimento que eu vou em frente e admitir que se parece muito com amor. Estou nisso com você. Eu vou com você."

"Você acha que McGrath chegaria a permitir?" ela perguntou.

Ela tinha que admitir... ela gostava da ideia de Ellington estar ao lado dela quando ela finalmente fosse capaz de colocar toda sua atenção no caso da Barker Antiguidades. Depois de conversar com Peterson, ela percebeu o quando fundo isso foi. Simplesmente fazia sentido ir com um parceiro que ela confiava e sabia que poderia contar.

"Se ele não deixar, nós podemos sempre ameaçar sair," disse Ellington.

"Ah, seu fala manda."

Ela se inclinou e o beijou. Era incrível como natural isso era, quão normal.

"Então, como você acha que Hambry está conectado?" ele perguntou. "Alguma teoria?"

"Algumas. Sempre houve rumores infundados sobre meu pai estava envolvido nas mesmas coisas suspeitas. Eu me perguntei secretamente se uma das razões que Jimmy Scotts foi morto alguns meses atrás era porque o homem que o matou meu pai talvez fosse parte de alguma coisa de gerações. Tipo, talvez uma árvore genealógica distorcida demais. Talvez ele está criando sua próxima geração para continuar seja qual for o tipo de trabalho perturbado que ele estava trabalhando. Explicaria o espaço de tempo entre a morte do meu pai e o assassinato de Jimmy Scotts, eu acho. E, então, tem os andarilhos..."

"O que tem eles?" perguntou Ellington.

"Bem, eu não conheço muito sobre os casos, mas andarilhos sendo mortos em um estilo quase de execução sugeriria algum tipo de atividade de uma gangue esquisita que provavelmente estaria relacionada com drogas. Ou talvez alguém esteja apenas tentando enviar uma mensagem."

"Mas qual mensagem? E para quem?"

"Não sei. Talvez sejam ambas as coisas. Talvez se meu pai estivesse envolvido em algo que ele não quisesse que a família soubesse a respeito, fosse relacionado às drogas. Ou mesmo até relacionado a armamento. Houve casos antigos de caminhões de entrega sendo pegos na fronteira, estocados com heroína, armamento e muito mais."

Ellington considerou isso e assentiu sua aprovação. "Sim, é uma teoria, eu acho."

"E teorias não são fortes o suficiente," ela disse. "E é o porquê de eu estar trocando a marcha agora. Quando aterrissarmos, eu estarei cem por cento nesse caso do padre. Tenho que ser. Eu tenho que ter algum tipo de progresso em alguma coisa ou vou perder a cabeça."

Eles se deram as mãos e aproveitaram o murmurinho silencioso do avião enquanto se aproximavam de DC. Ela estava bem certa de que cochilou uma vez mais durante a aproximação, embrulhada pela segurança de tê-lo ao lado dela. Um momento, ele estava olhando para a suas mãos entrelaçadas e no outro eles foi acordada em um sacolejo do trem de pouso fazendo contato com a pista.

"Todas esses pequenos cochilos," Ellington sussurrou no ouvido dela, "e você obrigada a ter um bafo de dragão."

"Eu não tomo banho em quase dois dias e estive viajando demais durante esse tempo," ela disse. "Como meu hálito cheira é a última das minhas preocupações."

Enquanto eles desafivelavam e esperavam por permissão para sair do avião, Mackenzie verificou o telefone. Da mesma maneira de quando ela aterrissou no Nebraska, as notificações continuarem surgindo, já que o sinal voltou agora que eles estavam no solo.

Ela percorreu as mensagens primeiro e a primeira era suficiente.

"Merda," ela disse.

"O que é?" perguntou Ellington. Mas o tom da voz dele indicava que ele já sabia.

"Outro corpo," ela disse. "Outro padre."


CAPÍTULO VINTE E DOIS

 

Depois de um instante, o sentimento de exaustão havia se tornado apenas uma pequena irritação para Mackenzie. Agora ela sentia uma falta de sono da mesma forma que algumas pessoas lidam com uma dor de cabeça incômoda que vinha e voltava de tempos em tempos. Quando ela e Ellington pararam no estacionamento de trás da Catedral de São Pedro, eram 6:20 da manhã e Mackenzie havia aproveitado seis horas de sono no total nas últimas trinta e seis horas. Ela já sofreu pior, mas a diferença de fuso horário deixou isso ainda pior que o normal.

A cena esperando por eles atrás da igreja era surreal. A primeira coisa que ela reparou foi um grande toldo preto que se estendia de parede a parede da igreja, esticando-se um metro para o estacionamento. Estava a cerca de quatro metros de altura, drapejando para fora como alguma estranha decoração demoníaca de Halloween. Alguns poucos policiais estavam fora do toldo, misturados com alguns outros agentes do FBI.

Cavaletes e cones de trânsito foram colocados para bloquear a entrada no estacionamento de trás; Mackenzie e Ellington foram conduzidos pela rua de acesso por um policial, já que todas as ruas levando ao estacionamento dos fundos da igreja também haviam sido bloqueadas.

Eles andaram diretamente para o toldo, onde Yardley e Harrison estavam conversando animadamente com um oficial de polícia. Harrison os viu primeiro, acotovelou Yardley e apontou em direção a eles. Depois de pedir licença para o policial, Yardley, com Harrison em seus calcanhares, encontrou com eles em frente ao toldo.

"O que pega com a lona de circo?" perguntou Ellington.

"Esse é ruim," disse Yardley. Sua voz era grave e um pouco desanimada. "Nós temos uma equipe vindo para remover."

"Remover?" perguntou Mackenzie.

"Apenas dê uma olhada por conta própria," disse Yardley. Ela se afastou para o lado para dar-lhes claro acesso para o toldo.

A entrada era apenas dois lados do toldo caindo e se sobrepondo. Ellington foi na mosca na sua descrição. Parecia exatamente com uma lona de circo, só que uma que foi erguida por um mórbido e particularmente demente anunciador de trupe. Em uma inspeção mais próxima, Mackenzie viu que o toldo foi construído por postes de aço que foram parafusados na parede dos fundos da igreja. Foi um trabalho às pressas, indicando que o que esperava por eles debaixo do toldo era ruim o suficiente para o FBI querer escondê-lo do público a todo custo.

Eles entraram debaixo do toldo e era como uma estranha câmara subterrânea. Mas essa era iluminada por dois pequenos holofotes que foram colocados no chão. Eles foram postos em direção a igreja, iluminando a cena grotesca que repousava contra a parede.

Uma grande cruz foi levantada contra a parede de trás. Um padre fora pregado à ela da mesma maneira que os outros três foram exibidos. Esse padre foi ajeitado para parecer exatamente com a figura de Jesus Cristo, inclusive a coroa de espinhos e a pequena faixa branca cobrindo suas partes privadas que era vista em todas as representações da crucificação.

E ao pé da cruz, havia uma camisa, um par de calças, uma carteira, um rolo meio consumido da Lifesavers e trinta e seis centavos em moedas.

Silenciosamente, Yardley e Harrison entraram no toldo. Yardley apareceu ao lado de Mackenzie e falou em voz baixa.

"Padre Wade Coyle," ela disse. "Cinquenta e um anos de idade. Nós conversamos com outros na igreja. Ele teria estado aqui sozinho entre as cinco e oito horas, assumindo o confessionário lá dentro."

Mackenzie assentiu, ainda absorvendo tudo. O topo da cruz quase tocava o topo da tenda. As toras de madeira eram massivas e os pés de Coyle estavam facilmente a um metro do chão. Para alguém ter feito isso sozinho... era quase impossível. Teria que ser determinado e forte-e teria que ter um plano bem esmiuçado para seguir.

Ela abordou a cruz e olhou acima para Coyle. O corte no lado direito era muito mais evidente desta vez. Na verdade, parecia que havia sido cortado de maneira grosseira intencionalmente. Ela olhou para as mão, então para os pés; as mão foram pregadas e os pés amarrados, como todos os outros.

São quatro agora, ela pensou. Deve se mais fácil decifrar o que é importante e o que não é.

Ela percorreu a lista mental enquanto observava o corpo. Deu o seu melhor para observar cada centímetro-uma missão quase impossível, já que seus pés estavam a quase um metro do chão.

Os tipo de pregos usados estão nos levando a lugar nenhum, ela pensou. Perícia surgiu sem nada com isso. O mesmo para o arame usado ao redor dos pés. São todos muito comuns para descobrir quem pode ter comprado um pouco em um certo tempo. Então, isso basicamente estava riscado em termos de encontrar um rastro.

Vai acabar indo para o planejamento. Para colocar essa cruz junta e pregar alguém nela sem que ninguém veja... o assassino precisava ter planejado. Ele tinha que conhecer a igreja e a área. Mas para conhecer todas as igrejas que estão envolvidas, ele realmente está apurando tudo.

Então, vai terminar em como o assassino conhece as vítimas e as igrejas. Isso vai acabar em relacionamentos e conexões. A habilidade dele em planejar e executar esses assassinatos sem ninguém vê-lo ou sem deixar qualquer evidência-ele é muito cuidadoso. Nós poderíamos esperá-lo cometer um deslize... mas então, quantos mais seriam mortos?

Ela mal estava atenta de Harrison chegando por trás dela lentamente. Ele olhou para baixo ao pé da cruz, para os itens espalhados lá.

"Você compreende o significados das coisas espalhadas ao pé da cruz?" perguntou Harrison.

"Sim," disse Mackenzie, com algumas das histórias que ela ouvira na escola dominical vieram a ela. "Quando Cristo foi crucificado, os soldados e espectadores colocaram sacos aos seus pés para os seus pertences."

"Então nós devemos pensar que esse cara via Coyle como Cristo?" perguntou Ellington.

"Eu acho que nós temos que considerar isso," respondeu Mackenzie.

Mais alguém entrou na tenda, entrando com um pouco menos de silêncio que Yardley e Harrison. Mackenzie se virou e viu McGrath vindo com os pés pesados. Ele não parecia nervoso ou irritado, mas muito preocupado.

"Bem," ele disse, "vamos considerar isso o mais rápido que pudermos. Há uma grande tempestade de merda fermentando nisso. Estou recebendo ligações essa manhã que estão me deixando inquieto. Gostando disso ou não, esse caso vai chegar às manchetes nacionais. Também tem o potencial para ser um daqueles casos que vai tirar fanáticos religiosos da toca. E uma vez que eles saem, os raivosos e amargos ateus vão sair também. Vai ficar ruim antes de ficar melhor, eu posso lhes falar isso."

"Que tipo de ligações?" perguntou Mackenzie.

"Do vice-presidente, para citar uma," ele disse. "Ele estava aqui logo ontem para adoração. Ontem. E ele esta me moendo pelo FBI não ter pegado esse cara ainda. Ele também me informou que há várias pessoas na Colina que estão preocupadas com esse caso."

"Então, em outras palavras," disse Mackenzie, "se nós não terminarmos isso logo, nós também teremos um fiasco de impressa e de políticos para lidar enquanto trabalhamos?"

"Isso resume em termos gerais," disse McGrath. "Mas escutem... eu vim até aqui pessoalmente para falar com os agentes White e Ellington. Yardley e Harrison, vocês poderiam, por favor, esperar por mim lá fora. Eu esclareço vocês o melhor que eu puder em um momento."

Harrison começou a andar para a saída imediatamente, obediente como sempre. Yardley foi um pouco mais lenta para se deslocar, porém. Mackenzie entendia a reação dela; ele se sentia que estava atuando como segundo violino, o que nunca era uma boa sensação. Ele lançou um último olhar de volta para a cena antes de sair para o estacionamento.

McGrath se aproximou de Mackenzie e Ellington. Ela não achava que o homem alguma vez havia ficado tão próximo dela antes. Era um pouco intimidador.

"Olha. Eu tenho algumas informações que não são secretas, por si, mas fariam algumas bombas explodirem na Casa Branca e no Congresso. E eu acho que pode ser informação que construa uma pista. Eu acabo de receber a informação há uma hora. Em adição à ligação do vice-presidente, eu também tive ligações de dois deputados e um senador. Por essas chamadas, eu aprendi alguma coisa sobre o Padre Coyle aqui que não é exatamente de conhecimento público."

"Sem mais escândalos de abuso e assédio sexual, eu espero," disse Mackenzie.

"Não, não dessa vez," disse McGrath. "Eu ouvi a mesma história de duas fontes diferentes agora e eu confio em ambas. Aparentemente, Wade Coyle teve uma rixa sério com um homem que quase entrou no quadro da São Pedro como diácono. O cara foi rejeitado no último minuto-literalmente duas semanas antes que lhe fosse concedido o título de diácono aqui. E as notícias vieram diretamente de Coyle. Houve alguma disputas nas mídias sociais entre os dois, as quais Coyle sabiamente parou de engajar. Mas então, houve um altercação fora da casa de Coyle há um pouco menos de três semanas atrás. Pelo que eu entendo, a altercação ocorreu cerca de duas semanas depois da rejeição. Pelo menos doze pessoas na vizinhança viram."

"Qual a conexão com as pessoas que ligaram para você?" perguntou Ellington.

McGrath balançou a cabeça. "Não posso entrar nesses detalhes. O máximo que lhe direi é que há certos escândalos que a Igreja Católica tem trabalhado duro para abafar. E alguma vezes, eles precisam de alguma ajuda com isso."

"Então nós temos um nome para esse diácono rejeitado?" perguntou Mackenzie.

"Sim," disse McGrath. "E eu quero que vocês dois-e apenas vocês dois-sejam o mais discreto possível com isso. Façam o que for preciso assim que saírem daqui. Eu quero apenas vocês dois conversando com esse homem e, então, pelo que me diz respeito, estou tirando a coleira. Façam o que puderem para terminar esse caso antes que se torne um pesadelo ainda pior."

"Quanto tempo você acha que nós temos?"

McGrath deu de ombros. "Eu diria que dois dias. Talvez três, mas seria empurrar demais. Vocês sabem como as notícias viajam por aqui-especialmente as más notícias." Ele suspirou e sussurrou a próxima parte. "O diácono rejeitado é um homem que atende pelo nome de Colton McDaniel. Eu vou enviar o endereço dele em alguns minutos. E sério... depois da mensagem, fiquem na calada. Atualizem-me quando necessário, mas vocês dois se tornem sombras. Entendido?"

"Sim, senhor," disse Mackenzie.

"Como foram as coisas no Nebraska?" perguntou McGrath.

"Frustrantes," disse Ellington.

"Há muito mais perguntas que todo o mais," disse Mackenzie.

McGrath fez um 'deixa disso' e deu de ombros. "Eu vou pedir um relatório do escritório de Omaha. Por agora, vocês dois vão indo. Estou contando com vocês. Não me decepcionem, OK?"

E com isso, McGrath girou nos calcanhares para sair.

"Sem pressão, certo?" disse Ellington, buscando a mão dela para dar uma apertada.

"Certo. Sem pressão."

Eles caminharam para fora de debaixo do toldo. Ao andarem de volta para a manhã, o sol apenas começando a lançar luz no estacionamento, uma caminhonete estava sendo permitida na cena. A pequena grua na traseira dela mostrava a intenção-era a equipe que estaria removendo Coyle e sua cruz.

Enquanto ela e Ellington marchavam rapidamente de volta para o carro, Mackenzie tomou vista de Yardley e Harrison. Yardley estava os observando ir, fazendo o que podia para não parecer com ciúmes. Elas trocaram um pequeno aceno de reconhecimento quando Mackenzie entrou no banco do carona.

"Ellington," ela disse. "Eu sei que estamos com pressa, mas eu realmente preciso de um banho. E café. Podemos fazer isso na próxima hora?"

"Sim," ele disse. "Você realmente meio que está fedendo."

E mesmo esse pequeno jab falhou em levantar seu ânimo. Ela estava muito ocupada se focando no comentário que McGrath fez a eles.

Estou contando com vocês. Não me decepcionem...

Ele nunca expressou tamanho desespero antes e agora que ele havia mostrado essa fresta de vulnerabilidade, Mackenzie não podia deixar de sentir que ela iria fazer exatamente isso.


CAPÍTULO VINTE E TRÊS

 

Eles pararam no apartamento deles e foram muito profissionais sobre isso. Enquanto Mackenzie tomava um banho e se permitia um único minuto para se molhar e relaxar, Ellington passou café. Mackenzie se enxugou com a toalha, se vestiu e encontrou um copo de café pronto e esperando por ela.

"Deus de abençoe," ela disse.

"Com certeza. Então... eu estive no Twitter procurando por essa troca entre Coyle e McDaniel. É interessante, para dizer o mínimo."

"Alguma coisa que apontaria para um motivo?"

"Não. Apenas a rejeição por si mesma. Mas eu estou vendo indícios da parte do Coyle sobre o que isso tudo se trata. Alguma coisa sobre um passado que facilmente iria dissuadir suas responsabilidades como diácono. É claro, é tudo velado. Ele estava tentando ser profissional, sem chamar McDaniel explicitamente pelo nome."

"Bem, talvez McDaniel vá se abrir sobre o seu passado se ele souber que Coyle foi morto."

"Como você sabe que McDaniel não é o assassino?"

"Ah, eu não sei. Ele pode muito bem ser. Mas eu não vou pular diretamente nessa suposição baseada apenas em um barraco no Twitter."

"Justo," ele disse olhando no relógio. "Se sairmos agora, nós provavelmente podemos chegar à casa dele antes que a hora do rush da manhã comece... quase certamente antes que ele saia para o trabalho."

Ela assentiu e pegou seu café, já se dirigindo para a porta. "O que ele faz afinal? Nós sabemos?"

"Ele é proprietário de uma pequena empresa de paisagismo. Ele só faz isso em meio horário, pelo o que eu posso dizer. Ele está escrevendo um livro paralelamente."

"Sobre o quê?" ela perguntou.

"Misticismo da Nova Era e seus efeitos nas religiões ocidentais."

"Talvez esse seja um vislumbre daquele passado obscuro que Coyle estava insinuando," sugeriu Mackenzie. Quando as palavras saíram da boca dela, alguma coisa sobre elas parecia correta.

Talvez seja isso, ela pensou. Talvez foi apenas ser revigorada pelo banho, mas a mente dele estava mais clara, sua esperança em progredir no caso mais acesa. Talvez essa seja a pista que nós estávamos procurando.

Com café nas mãos e uma motivação restaurada a empurrando para frente, ela saiu pela porta atrás de Ellington para uma manhã que ela esperava que finalmente rendesse alguns resultados.

 

***

 

Eles fizeram um tempo muito bom, mas quase não pegaram Colton McDaniel antes que ele saíssem para o trabalho. Ele morava em uma respeitável subdivisão a vinte minutos do Capitólio. Era uma casa pitoresca com um jardim bem cuidado, o resultado de sua profissão. Quando Ellington estacionou o carro em frente à casa dele, McDaniel estava carregando uma roçadeira na traseira da pequena caminhonete com um adesivo na lateral no qual se lia McDaniel Paisagismo.

Colton McDaniel aparentava ter quarenta e cinco anos de idade ou próximo. Ele estava levemente acima do peso e tinha bochechas gordinhas que, uma década atrás ou mais cedo, devem tê-lo feito parecer mais novo do que realmente era. Agora, porém, elas pareciam indicar mais peso vindo a medida que a idade chegava.

No momento que McDaniel os viu sair do carro, ele soltou um palavrão. Então ele bateu a porta da traseira da caminhonete e virou os olhos.

"FBI?" ele disse.

"Sim," disse Ellington. "Agentes Ellington e White. Você parece aborrecido, senhor. E não muito surpreso em nos ver."

McDaniel deu de ombros. "Eu recebi uma chamada há cerca de vinte minutos. Eu sei sobre Wade. Então mais ou menos cinco minutos atrás, eu recebi outra ligação. De um programa de notícias, perguntando se eu tinha algo a dizer."

Cara, eles estão andando depressa, pensou Mackenzie.

"E você sabe dos três outros líderes religiosos que estiveram nas notícias pela última semana e meia ou por aí?"

"Tenho. Ninguém vai sair e admiti-lo, mas há uma onde de absoluto medo correndo pela comunidade religiosa dessa cidade nesse momento. Então sim... eu sei."

"Eu suponho que não precisa ser dito que nós gostaríamos de fazer algumas perguntas para você," disse Mackenzie.

"Eu imaginei que sim. Embora eu não saiba como eu possa ajudá-los. A não ser que vocês estejam aqui para ver se a nossa pequena altercação em frente a casa dele tenha me deixado tão irado que eu decidi matá-lo. Se esse é o porquê de estarem aqui, eu posso ajudá-los. Eu não o fiz."

"Conte-nos sobre aquela altercação em frente a casa dele," disse Mackenzie.

"Foi estúpido da minha parte. Mas... eu trabalhei duro para chegar onde eu estava. Eu devotei meu tempo e coração a Deus. Eu estava animado. Eu senti que finalmente estava atingindo o propósito da minha vida-trabalhar em direção aos erros que eu cometi no passado. E, então, Coyle e quem mais toma as decisões para a São Pedro ficou amedrontado e fechou a porta na minha cara. É mais que rejeição. Permeia desmoralização. Então eu fui até a casa dele para demonstrar meus sentimentos. Acabamos no jardim da frente, porque ele não me convidou para entrar. E as coisas esquentaram."

"O que você fez no seu passado que era tão ruim que você decidiu devotar sua vida para a igreja?" perguntou Mackenzie.

"Eu era grande em ensinamentos da Nova Era," ele disse. "Por um tempo, eu até passei pela Wicca. Eu era um jovem homem perdido, procurando por respostas em qualquer lugar além do catolicismo ao qual meus pais me acorrentaram pela minha infância.

"E isso incomodou Coyle?"

"Não. Não de cara. Eu vinha trabalhando em um livro sobre isso. Sobre como o influxo das baboseiras da Nova Era é mais danoso para o cristianismo do que nós achamos. Eu venho vasculhando o campo e finalmente consegui um agente. O agente me conseguiu um acordo para um livro bem rápido e eu acho que isso foi o que assustou Wade. Pensar que um homem dentro da sua igreja seria associado com um livro cheio de tópicos controversos, mesmo que fosse tudo para promover a glória de Deus. Isso o assustou e eles me cortaram."

"Você tem intenção de buscar uma posição como diácono em outro lugar?" perguntou Mackenzie. Ela se sentiu um pouco tola, não sabendo exatamente como o processo funcionava.

"Não sei," disse McDaniel. "Se eu já tive repórteres me ligando a respeito da morte dele, eu não vejo meu nome sendo mantido em um bom ângulo mais. Isso tem o potencial para me arruinar."

Ele está muito preocupado com a ligação dos repórteres, ela pensou. Ele está mais preocupado com os repórteres e com a imprensa do que com o fato que o FBI tenha surgido na casa dele.

Ela estava bem certa que as coisas iriam ser verificadas, mas ela perguntou de qualquer forma: "Sr. McDaniel, onde você estava na noite passada?"

"Até mais ou menos meia noite, eu estava na garagem arrumando essa roçadeira," ele disse, apontando um polegar para a traseira da caminhonete. "Depois disso eu fui para cama. Meu filho pode atestá-los disso, porque ele estava sendo gatuno tentando jogar o Xbox depois da meia noite. Eu gritei um pouco com ele por isso."

"E ele está lá dentro?"

"Não. Ele pegou o ônibus para a escola uns dez minutos antes de vocês chegarem aqui."

Não que isso importe, pensou Mackenzie. Ele não é o cara.

"Obrigada pelo seu t-" ela começou, mas foi interrompida pelo toque do seu celular.

Ela viu o nome e número de Harrison aparecerem, então pediu licença se virando e dando um passo em direção ao carro.

"Ei, Harrison, o que foi?"

"Seja lá onde você e Ellington estiverem, deem a volta e venham para a delegacia de polícia do Terceiro Distrito."

"Por quê? O que aconteceu?"

"Alguns nesse caso poderiam dizer um milagre," brincou Harrison. "Temos o cara. Temos o assassino."


CAPÍTULO VINTE E QUATRO

 

Havia dois policiais esperando por eles quando eles chegaram e Mackenzie podia dizer de cara que eles estavam tão confusos quanto ela. Contundo, eles pareceram levemente aliviados quando ela e Ellington saíram do carro.

"Que diabos está acontecendo?" perguntou Mackenzie ao policial que estava flanqueando-os pela esquerda.

"Um cara chegou essa manhã e confessou tudo."

"Há alguma evidência contra ele?"

"Ele sabe mais do que deveria sobre as cenas do crime," disse o policial. "Honestamente, eu não sei muita coisa. Há apenas alguns policiais e um detetive nisso. Dois dos seus agentes apareceram vinte minutos atrás mais ou menos."

Os policiais os escoltaram até a sede do Terceiro Distrito e então se moveram rapidamente. Eles caminharam por uma pequena área de escritório e então por um corredor. No fim do corredor, várias pessoas estavam reunidas. Duas delas estavam em denunciantes ternos do FBI: Harrison e Yardley.

Os dois policiais que os acompanharam deram a ambos um breve aceno e então se apressaram de volta pelo corredor em direção à área de escritório. Eles estavam aparentemente muito ansiosos para ficar o mais longe possível dessa cena o quanto antes. Mackenzie e Ellington procederam em direção ao pequeno grupo de pessoas no fim do corredor. Além deles, havia uma virada para esquerda.

As salas de interrogatório, assumiu Mackenzie.

"O que sabemos sobre ele?" Mackenzie perguntou a Yardley ao se juntarem aos outros dois agentes.

"Ainda estamos acompanhando. Estamos recebendo atualizações tão rapidamente quanto o FBI pode enviá-las. Os policiais aqui estão fazendo o melhor que podem para ajudar com os registros públicos. Mas por agora, sabemos isso: às sete e quarenta e cinco desta manhã, Joseph Simmons entrou pelas portas da frente aqui e começou a gritar que precisava ser punido. Ela não podia mais aguentar. Alguém tentou chegar e acalmá-lo-uma mulher que acabara de pegar serviço-e ele deu-lhe um soco na mandíbula. Ele tem estado em custódia há cerca de uma hora agora e ele parece conhecer terrivelmente bem os casos dos padres. E eu odeio dizer, mas ele só... eu não sei. Ele parece doido."

"Você conversou pessoalmente com ele?" perguntou Mackenzie.

"Por cerca de três minutos. Mas então meu telefone começou a explodir com informações do FBI sobre ele, então eu me retirei. Por falar nisso, tudo que eu recebi, eu encaminhei para o seu e-mail."

Obrigada," disse Mackenzie. Ela deu um pequeno passo para longe do grupo reunido e seus murmúrios de conversa. Puxou o e-mail e viu os dois e-mails que ela vieram de Yardley na última meia hora e os leu. Pouco a pouco, parecia que as coisas estavam começando a cair no lugar. A maneira que eles pegaram o assassino pode ter sido anticlimática, mas pelo menos pareciam tê-lo agora...de uma maneira ou de outra.

Ela leu os PDFs que o FBI havia enviado e rapidamente teve uma clara imagem de Joseph Simmons. Um fugido assumido aos quinze anos, ele viveu nas ruas de Richmond, Virgínia, até a idade de vinte e um. Fazendo alguns serviços manuais em fazendas e construções por alguns anos, ele conseguiu juntar dinheiro o suficiente para se sustentar, eventualmente aterrissando em um emprego fixo na Target em Richmond. Aos vinte e oito, ele se mudou para DC, onde se tornou um trainee em segurança de sistemas e, então, gerente assistente em um depósito de embalagens. Era uma ótima história de dar a volta por cima na vida... se não fosse o fato que Simmons pareceu sair um pouco dos trilhos três anos atrás.

Ele foi preso há três anos fora de um bar por bater em uma mulher. Então ele acertou o namorado dela com um tijolo, quase o hospitalizando. Ele cumpriu um breve período pela investida e quando foi solto, foi preso por uma sequência de assaltos relâmpago na área de DC. Ele foi eventualmente liberado quando o suspeito de verdade foi encontrado. Mas nos dois anos que se passaram desde então, Simmons veio à frente para confessar dois outros crimes. Um foi por roubar um carro e agredir uma prostituta depois que os serviços dela haviam sido prestados.

Pelo o que ele foi culpado.

Mas quando ele se pronunciou para confessar o assassinato de um jurado durante um drama de corte de grande importância no ano passado, ele era claramente inocente. Ele foi liberado e enviado para um psiquiatra.

E agora, aqui ele está novamente. Foi estranho e não fazia sentido. Em outras palavras, parece encaixar perfeitamente nesse caso.

"O que você acha?" perguntou Harrison.

"Eu acho que pelo menos vale o tiro. O seu hábito incansável de confessar crimes é um comportamento em busca de atenção-especialmente um muito sério que ele não cometeu. Se ele está assim tão desesperado por atenção, não há como dizer do que ele é capaz."

Além dela, Ellington, Yardley e Harrison, haviam dois policiais e um detetive comum no corredor, todos discutindo o que havia acontecido esta manhã. Um dos policiais estava rindo de leve, mas o detetive parecia sério.

"Quem está no comendo aqui?" ela perguntou.

"Vocês," o policial que não esteve rindo disse. "Um grande alívio, pelo que me toca. Só nos digam se precisarem de alguma coisa."

Mackenzie assentiu e se dirigiu para o fim da ramificação do corredor à esquerda. Havia três salas ao longo desse corredor, a última das quais era uma sala de interrogatório; a que ficava ao lado desta era a sala de observação, de onde ela assumiu que os policiais, o detetive e seus colegas agentes iriam observá-la.

Ela entrou na sala de interrogatório e encontrou Joseph Simmons encarando-a. A postura dele se congelou por um momento. Por uma fração de segundo, ela viu Gabriel Hambry sentado ali com um buraco em sua cabeça e um cartão de visitas afixado em sua camisa.

Ela expulsou o pensamento, pegando o olhar de Simmons. Ele não parecia nervoso ou fora de si. Ele parecia quase expectante, como uma criança que ficou sentada para o bolo de aniversário, sabendo que o momento de soprar as velas estava se aproximando rapidamente.

Ele quer atenção, ela pensou. E se ele for o assassino, provavelmente vai se fechar em sua concha e ficar difícil se ele não conseguir. Preciso agir como se eu estivesse impressionada-e talvez até mesmo derrotada por ele ter vindo a nós ao invés de termos o capturado.

"Então, me diga," ela disse, fingindo vergonha. "Por que agora?" Por que você está vindo até nós agora?"

"Porque meu trabalho está terminado," disse Simmons.

"Quatro vítimas," ela disse, certificando-se de manter sua voz no volume e tom de derrota. "Por que quatro?"

"Não sei. Foi o que me foi dito."

"Dito por quem?"

Simmons inclinou a cabeça para um lado e para o outro e mordeu seu lábio inferior. Eventualmente, ele deu de ombros e respondeu: "Porque foi o que eles disseram. As vozes."

"E o que mais as vozes lhe dizem?" perguntou Mackenzie.

"Ah, eu não posso contar isso para você. Elas ficariam muito irritadas. Além disso, eu tive que me entregar. Vamos encarar isso... vocês nunca iriam me pegar."

"Ah, eventualmente iríamos," ela disse, fazendo seu melhor para perecer superfrustrada Ela sabia que ela não era muito uma atriz, mas também sabia que Simmons não repararia... conquanto ela alimentasse o ego dele..

"Certeza que sim," ele disse. Então, ele deixou sair uma risada áspera que soou quase tão ensaiada como a derrota de Mackenzie.

"Eu tenho que saber," disse Mackenzie, sentando do outro lado da pequena mesa. "Com Coyle, como você levantou aquela cruz? Deve ter pesado uma tonelada."

"Bem, as vigas vieram do porão da igreja. São suportes usados algumas vezes no ministério das crianças. Um deles tem até um parafuso no meio do caminho de quando foi usada para um projeto de construção temporária ou algo do tipo. Eu arrastei as tábuas para fora da entrada do porão. Eu levantei uma contra a parede de trás enquanto eu pregava as mãos de Coyle na outra. Colocá-lo para cima foi uma proeza, mas consegui terminar."

"Sozinho?"

"Sim," ele disse convencido como sempre.

"O que você tinha contra esses homens?" perguntou Mackenzie.

"A mesma coisa que todos no mundo têm contra eles. A fé cega deles. A ignorância e a vontade deles em extraviar outros em direção aos seus deuses invisíveis. O ódio por homossexuais. A ganância deles. Os pecados que eles tentar encobrir como um gato cobrindo merda na caixinha de areia."

"Mas quatro eram suficientes?" perguntou Mackenzie. Ela estava bem certa de que se tentasse dar a volta, Simmons ficaria frustrado e seria mais fácil de tropeçar. Além disso, se ele fosse o assassino, a conversa solta, ao invés de um foco no trabalho dele o irritaria. "Há uma relevância especial para o número quatro?"

"Não," ele disse. "Eu apenas senti que meu trabalho estava feito. Eu lhe disse. As vozes disseram quatro. Então eu parei em quatro."

Ela assentiu, mas pensou que havia exposto a primeira falha dele. Para as questões básicas nas quais ele poderia se regozijar, ele fora em detalhes. Mas quando ela o perguntou por que ele havia parado, sua resposta foi vaga. Básica até. Vozes-uma resposta cliché e coxa.

"Bem, você fez a coisa certa hoje, Sr. Simmons," ela disse. "É claro, estou certo que você conhece seus direitos, então eu realmente preciso recitá-los para você?"

Um lampejo de hesitação passou pelo rosto dele. Foi tão rápido que Mackenzie mal notou. "Sim, eu sei."

"Eu imaginei," ela disse. "Digo, a coisa com o carro roubado e a prostituta vários anos atrás. E teve aquela outra, certo? Aquele outro assassinato que você confessou..."

"Aquela vadia estúpida do júri, você diz?"

"Sim," disse Mackenzie. "Mas você conseguiu escorregar para fora disso, né?"

E então, aqui estava novamente... uma rachadura na sua fachada. Ela não tinha certeza do que isso significava ainda, mas sabia com certeza que ele estava escondendo algo.

"Não, eu não escorreguei," ele disse. "Os tiras idiotas responsabilizaram outra pessoa. Eles me deixaram ir. E olha o que isso fez. Quatro padres mortos."

"Então isso foi algum tipo de ponto que você queria provar? Um sistema penal incompetente deixou você livre, então você teve que mostrá-los o grande erro que eles cometeram?"

"Não. Não foi um ponto. Mas talvez esses quatro padres mortos vão-"

"Bem, não são todos padres," destacou Mackenzie.

Simmons se ajeitou desconfortada mente na cadeira quando Mackenzie sentou para frente. Alguma coisa não estava certa aqui. Ela podia quase ver isso na sala. Estava escrito na cara dele e persistindo em quase tudo que ele disse. Sim... alguma coisa não estava certa e ela pretendia virar a mesa.

Ela deu-lhe um momento para responder e quando ele não o fez, ela continuou com as artimanhas.

"Sim, Coyle era um padre. Também o Padre Costas. Mas Woodall e Tuttle não eram. Woodall era um pastor e Tuttle era um reverendo. Não padres. Há uma grande diferença. Você sabia disso?"

"Não importa," disse Simmons. "Eles estão mortos agora. As vozes mentirosas deles estão permanentemente caladas."

"É verdade," disse Mackenzie. "Só mais uma pergunta. Você colocou as coisas para fora aos pés da cruz de Coyle, mas não dos outros. Por quê?"

"Apenas para ter uma diversão extra. Foi o que eles fizeram com Jesus, sabe? Até colocaram sacos para as roupas dele."

"Sim, eu sei. Mas por que as coisas estranhas que você deixou aos pés da cruz de Coyle? Qual o significado? Sua carteira, suas roupas e as jujubas."

Novamente, um leve lampejo de dúvida se exibiu no rosto dele. Mas ele cobriu com um sorriso.

Ela não queria deixar o momento escapar, então ela continuou colada.

"Jujubas," ela disse, como se as palavras fossem causassem ojeriza. "É como se você estivesse caçoando dele. Elas estavam no bolso dele na verdade?"

"Sim," disse Simmons. "Diabo, eu até comi algumas depois de ter montado o desgraçado."

Então, ela quase divertidamente correu os dedos pela superfície da mesa e ficou de pé. "Alguém virá pegar sua declaração em instantes," ela disse.

"O que você-"

Mas Mackenzie já estava para fora da porta e em direção onde Yardley, Harrison e Ellington esperavam.

"Aquilo foi rápido," disse Ellington.

"Ele fez, não fez?" perguntou Harrison.

"Não sei ainda," ela disse. Embora, honestamente, ela estava inclinada para não, absolutamente não. "Harrison, você pode fazer algumas ligações? Ver se a São Pedro tem algum registro de Joseph Simmons estar entre a congregação deles."

Então, ela foi até o detetive responsável. Ele parecia incerto enquanto ela o media, mas conseguiu encontrá-la com um sorriso.

"Eu poderia ter você e a polícia verificando algo para mim?" ela perguntou.

"Claro."

"Eu preciso ter um teste feito nas mãos dele. Ele alega ter arrastado aquelas tábuas para fora do porão da São Pedro. Mas suas mãos não exibem sinal de trabalho recente. Aquelas tábuas eram enormes. Haveria sinal, certo?"

"Possivelmente," disse o detetive. "Mas se ele estivesse usando luvas-"

"Então, se passaram menos de quatro horas desde que ele as removeu. Não haveria algum traço de evidência de que ele tenha calçado luvas?"

"Possivelmente. Mas para testes como esse, pode levar um dia ou dois para ter os resultados."

"Tudo bem. Você pode consegue organizar para que ele seja feito?"

"Absolutamente," disse o detetive, pegando seu celular instantaneamente.

Ellington se afastou de todos os outros e acenou para ela. Ela se juntou a ele e fez seu melhor para não ser distraída pelo sorriso manhoso que ela deu para ele-um sorriso que, se eles estivessem sozinhos, teria sido recompensado por um beijo demorado.

"Você não acha que é ele, acha?"

"Não. Ele não conseguiu responder perguntas básicas sobre o motivo e os detalhes internos. E até o fiz tropeçar por alguns dos fatos e estrutura das cenas de propósito. Porém, ainda não sei exatamente quais detalhes ele sabe sobre as cenas dos crimes."

"Você quer que eu tire alguns desses detalhes dele?"

"Sim, seria uma grande ajuda."

"O que você vai fazer enquanto isso?" ele perguntou.

"Vou imprimir esses arquivos sobre suas confissões passadas. Ele está procurando atenção confessando aqueles crimes terríveis. E no caso da prostituta e de roube de carro, ele pode ter realmente cometido o crime. Mas assassinato... é uma coisa diferente. Eu vou ver se consigo achar uma prova cabal."

"Uma prova cabal... para provar a inocência dele?"

Ela sorriu para ele enquanto se virava para encontrar um escritório vazio. "Acho que teremos que ver."

 

***

 

Embora houvesse uma ampla animação na delegacia do Terceiro Distrito, Mackenzie e Ellington retornaram para a sede do FBI logo antes das nove da manhã. Ellington havia fritado Simmons sobre seu conhecimento das cenas dos crimes e Mackenzie aproveitou desfrutou de bastante tempo para escavar os arquivos dele e alinhá-los com informação que ambos o detetive e Harrison havia consegui para ela.

Ela tinha todas as informações em frente a ela agora enquanto se sentava em frente a McGrath na pequena mesa de carvalho no fundo do seu escritório. Ellington sentava-se ao seu lado, inteiramente pronto para apoiar a informação reunida e as teorias dela.

"Então, quais são suas impressões sobre Simmons?" perguntou McGrath.

"Eu acho que é muito conveniente," disse Mackenzie. "Eu tive uma intuição na sala de interrogatório de que ele não era o nosso cara. E com informações que reunimos esta manhã-alguma das quais que chegaram a nós nos últimos cinco minutos ou por aí-eu posso dizer a você que eu não acho que Joseph Simmons seja nosso cara."

"Você não pode conseguir uma vitória fácil, pode, White?" disse McGrath.

"Siga-me aqui, senhor. Vamos começar com a história dele. Ele era um fugido. E mesmo se as coisas em casa fossem terríveis, psiquiatras acreditam que fugidos, no fundo, estão gritando por amor e atenção. Antes de hoje. Simmons havia confessado dois crimes horrendos. Em um desses crimes, o assassinato de uma jurada em um caso de oito anos atrás, ele era claramente inocente. Então, por que tentar se entregar por algo assim?

"A agressão à prostituta confere. Foi ele. Mas os detalhes do caso também indicam que ele era tímido. Ele a bateu bastante, mas de forma que garantiria que ele não iria matá-la. E agora, aqui ele está novamente, confessando a uma série de assassinatos que está começando a ter tempo no ar na TV. Então eu chamei o blefe dele. Se ele quer tempo de cadeia por algum motivo, ele pode recebê-lo por interferir nesse caso, mas com certeza não será por assassinato."

"E sobre os detalhes íntimos que ele sabia sobre as cenas dos crimes?" perguntou McGrath.

"Eu posso responder essa," disse Ellington. "O Agente Harrison recebeu confirmação de que aproximadamente seis meses atrás, Simmons frequentava a igreja de São Pedro. Ele não era regular de forma alguma e ele nunca realmente aderiu a igreja, mas as pessoas o viram por lá o suficiente para conhecer seu nome e serem amigáveis com ele. Ele até ajudou com uma escola de verão para crianças sobre a Bíblia há dois verões. Foi assim que ele sabia sobre as tábuas no porão, até mesmo os parafusos e sulcos no centro delas."

"E honestamente, a única outra cena da qual ele sabia alguma coisa era aquela na Palavra Viva. E por volta das duas da manhã, um artigo na CNN.com estava relatando algumas descrições muito bem detalhadas da cena que ainda não havia chegado a grande mídia ainda. Então se ele estava alerta estudando os casos, aí estava o bilhete premiado. Havia nada que ele soubesse sobre a cena da Palavra Viva que não estivesse nesse artigo recente da CNN."

"E então, tem uma última coisa," disse Mackenzie. "Quando eu estava falando com ele, eu intencionalmente tentei engalobá-lo jogando informações falsas. Eu perguntei Simmons o porquê de ele ter colocado as coisas no pé da cruz de Coyle. Eu listei estes itens como a carteira dele, as roupas dele, e as jujubas. Já que as jujubas eram um item nada a ver que ninguém iria pensar em inventar, Simmons entrou de cabeça. Fez piadas sobre jujubas e como ele até comeu uma enquanto colocava as coisas no pé da cruz."

"E era Lifesavers, né?" perguntou McGrath.

"Sim, senhor."

"Merda."

McGrath se recostou em sua cadeira, olhando para os documentos coletados sobre a mesa em frente a Mackenzie e Ellington.

"Aqui está o que vai acontecer," disse McGrath. "Vamos segurar Simmons pelo máximo de tempo. Isso vai calar a imprensa e acalmar alguns desses políticos e líderes religiosos nervosos. Nós não daremos um nome. Mas eu não posso manter isso por muito tempo. Então, isso significa que eu preciso de um suspeito de verdade. Então, me digam... o que vem a seguir?"

Mackenzie sabia o que viria em seguida, mas ela estava relutante em dizer qualquer coisa, porque ela não havia sequer discutido isso com Ellington ainda.

"Com sua permissão, senhor, eu vou para Alexandria essa noite."

"Eu lhe falei," disse McGrath. "Não se incomode com a minha permissão. Apenas vá lá fora e me ache esse maldito sujeito. O que há lá em Alexandria, porém?"

"Um grupo de recuperação para pessoas que foram vítimas de abuso sexual. Pelo que me foi dito pelo Padre Ronald Mitchell, a vasta maioria do grupo se encontrando hoje a noite esteve envolvida em algum tipo de abuso pelas mãos de líderes de igreja. Eu acho que eu possa ser capaz de encontrar algum tipo de tópico recorrente nas histórias."

"Então vá indo," ele disse. "Mas eu preferiria que Ellington ficasse aqui e ajudasse Yardley e Harrison."

"Mais uma coisa," disse Mackenzie. "Eu preciso de uma lista de pessoas que o FBI confiou no passado por informação referente a religião ou estudos bíblicos."

"Eu enviarem para você em meia hora," disse McGrath. "Algo mais?"

Mackenzie não estava certa sobre como lidar com o fato de McGrath estar oferecendo a ela praticamente qualquer coisa. Ela sentiu que tudo o que ela precisasse naquele momento, ele teria certeza de conseguir para ela.

Havia apenas uma coisa em sua língua, uma coisa que implorava para pular para fora e ser falada, mas ela mordia de volta. Ainda, o pensamento ecoava como trovão em sua mente.

Quando esse caso estiver acabado, eu quero acesso irrestrito ao caso do meu pai.

Com esse desejo mudo, ela disse: "Não, senhor."

Com uma olhada final para Ellington, Mackenzie saiu do escritório com o sentimento esmagador de que ela estava correndo uma corrida que ela simplesmente não iria vencer.


CAPÍTULO VINTE E CINCO

 

 

Ela não chegou à reunião em Alexandria antes que esta começasse, então teve que entrar o mais discretamente possível. A reunião aconteceu em um pequeno centro comunitário no centro, o tipo de lugar que cheirava a café velho e poeira. Ela encontrou a sala no fim de um longo corredor e quando ela abriu a porta o mais silenciosamente que podia e entrou na sala, apenas algumas pessoas a notaram. Ela recebeu alguns olhares desagradáveis enquanto encontrava uma cadeira dobrável solitária no fundo na sala e se assentava.

Havia uma mulher sentada na cabeceira de um semicírculo de cadeiras-uma mulher chamada Barbara Francis. Mackenzie a ligou e conversou com ela no caminho para Alexandria. Barbara coordenava esses encontros e, embora ela mesma não tivesse história de abuso sexual pelas mãos da igreja, ela tinha uma carreira em serviço social e psiquiatria no campo de abuso sexual para fazer dela uma candidata capaz de liderar o grupo.

Porque ninguém fez um rebuliço ou perguntas quando ela entrou na sala, Mackenzie assumiu que Barbara já havia falado para os presentes que ela estaria passando para fazer uma visita. Mackenzie não poderia começar a imaginar como deveria ser a vida dessas pessoas, tendo sobrevivido por tal trauma. Ela fez seu melhor para permanecer atenta e quieta, escutando a cada pessoa que tirou tempo para compartilhar.

O que a impactou mais foi que não parecia havia limite de idade real para as vítimas. Havia uma garota com a mãe, a garota havia sido abusada em algum momento no ano passado aos treze anos. Havia um homem mais velho que acabara de celebrar seu sexagésimo aniversário, que fora molestado e abusado entre as idades de nove e vinte e cinco, avisado pelo padre que se ele contasse à família e causasse algum trauma para sua mãe e pai, certamente Deus se certificaria de mandá-lo para o inferno quando ele morresse.

Mackenzie foi poupada dos detalhes sórdidos das histórias, mas pegou vislumbres do sofrimento e tormenta que algumas dessas pessoas passaram. Havia quatorze delas no total e nenhum efeito parecia ser o mesmo. Para alguns era um medo diário de contato físico com qualquer pessoa, mesmo entes queridos. Para outros, eram pesadelos periódicos que permaneceriam com eles por dias. Mas por tudo isso, havia o senso de injustiça-de como os homens que abusaram deles havia sofrido alguma forma de punição, mas nada nem perto de se igualar a severidade dos seus crimes.

Ela não podia deixar de sentir um pouco voyeur enquanto se sentava no fundo da sala. Quase se sentia mal por estar ali e começou a cogitar se ir até lá tenha sido um erro.

A reunião acabou uma hora depois. Quando todos se levantaram dos assentos, Barbara assentiu em direção a Mackenzie.

"Eu tenho certeza que alguns de vocês repararam nosso visitante," disse Barbara. "E eu aprecio a permissão de vocês em deixá-la sentar-se conosco hoje. Essa é a Agente White do FBI. Atualmente, ela está trabalhando em um caso que envolve um sofrimento que a maioria de vocês passou. Ela tem algumas perguntas, então se vocês desejarem ajudar, seria apreciado."

Novamente, Mackenzie recebeu olhares irados. Estava claro que ninguém na sala confiava nela.

"Eu vou ser curta e grossa," ela disse. "Alguém aqui já teve algum tipo de relacionamento ou contato com o Padre Henry Costas da Igreja Católica Sagrado Coração em Washington, DC?"

Ela recebeu alguns olhares vazios e cabeças balançando. Duas pessoas haviam decidido que não ficariam para esse tipo de pergunta e passaram por ela, direto para fora da porta. Ela fez algumas outras perguntas, esperando ter algum tipo de pista. Mas, assumindo que os frequentadores estivessem sendo verdadeiros, ninguém nessa reunião já encontrou com qualquer uma das vítimas, nem ouviram falar de algum dos amigos ou entes queridos sendo abusados ou ameaçados pelas vítimas de qualquer maneira.

Quando ficou claro que essa reunião tinha, essencialmente, sido um beco sem saída, Mackenzie ficou calada novamente, esperando por um momento para falar com Barbara Francis.

Alguns dos presentes tiraram um momento para falar com Barbara depois. Outros saíram logo em seguido, como se não pudessem esperar para sair da sala e do lembrete forçado do que havia acontecido com eles. Alguns deles olharam para Mackenzie, claramente infelizes por ela ter ido até lá.

Mackenzie continuou esperando, desejando falar com Barbara Francis. Ela teve um entendimento muito melhor do que aquelas que sofreram nas mãos de líderes religiosos passavam, mas ela ainda tinha que encontrar alguma coisa nova que pudesse ajudá-la a revelar a identidade de um assassino. Ela percebeu que uma mulher com a experiência e formação de Barbara poderia auxiliá-la a encontrar algumas daquelas pessoas faltantes.

No fim, foi Barbara que foi até ela quando a sala estava quase vazia. E ela não foi sozinha. Havia uma mulher de cerca de trinta e cinco ou por aí ao lado dela. Ela era uma mulher naturalmente bonita, mas usava o cabelo para baixo por cima do rosto e andava como alguém que estava esperando cair em um buraco a qualquer momento. Ela também permaneceu muito próxima a Barbara Francis enquanto caminhavam até onde Mackenzie ainda estava sentava sentando-se na parede ao fundo.

"Agente White," disse Barbara." Antes de tudo, obrigada por não ter sido uma distração durante a reunião."

"Claro," disse Mackenzie. "Obrigada por me permitir comparecer e fazer minhas perguntas. Eu sei que é um tópico que as pessoas que se reúnem aqui mantêm como um assunto muito particular."

"Mantém," disse Barbara. "Mas, sem dá-los qualquer detalhe sobre seu caso, eu fui capaz de repassá-los que você estava aqui para ajudar-que você estava aqui trabalhando para ajudar os outros. Com tudo isso dito, eu acho que alguns ainda estão muito fechados e defensivos quando se trata de compartilhar as histórias deles com pessoas que eles não conhecem. Tudo isso à parte, porém... eu gostaria que você conhecesse Lindsay."

A mulher com aparência assustada assentiu para ela. Ela olhou para Mackenzie por um momento, contudo, antes que seus olhos retornassem para Barbara.

"Lindsay me deu permissão para dizê-la o porquê de ela estar aqui. Ela ainda não é capaz de fazê-lo por conta própria ainda. Lindsay, você tem certeza de que não gostaria de tentar colocar isso para fora?"

"Tenho certeza," disse Lindsay discretamente. "Mas você pode ir em frente."

"O filho de Lindsay foi abusado por um pregador que sua família frequentou por toda a vida," disse Barbara. "Na época da mãe e do pai de Lindsay, sua família sempre compareceu à essa igreja e via o pregador como um homem que eles amavam e confiavam. Um homem que nunca machucaria ele ou qualquer outra pessoa."

"Então você pode imaginar a surpresa dela quando seu filho de treze anos chegou até ela com uma confissão: que o pregador de setenta e dois anos se envolveu em alguns atos bem explícitos e pornográficos com ele. Foi desmoralizante e-"

"Isso está muito leve," disse Lindsay, aparentemente decidindo que Barbara estava sendo muito leniente. "O bastardo fez meu filho... ele fez meu filho fazer sexo oral nele. E ele filmou."

Lindsay soava como se pudesse engasgar nas palavras enquanto elas saíam. Barbara assentiu, colocando um braço ao redor de Lindsay. Mackenzie podia perceber que Lindsay queria chorar, mas parecia quase incapaz de fazê-lo.

"Então, quando o filho dela veio até ela com essa história," Barbara continuou, "Lindsay e o marido dela o repreenderam, assumindo que ele estava inventando. Quando ele se tornou insistente e recusou-se em ir à igreja, eles o colocaram de castigo. Depois daquilo, o filho deles ficou distante e começou a se rebelar. Começava briga com os amigos. Até mesmo deu um murro no pai dele. E, então, seis meses atrás, ele cometeu suicídio. Não foi até aí que Lindsay e seu marido levaram a história do filho a sério. Eles foram até a polícia e depois de uma breve investigação, descobriram mais de vinte vídeos gravados em um HD portátil. O pregador havia feito coisas similares com pelo menos mais oito crianças. Havia também Polaroides no armário dele, tiradas de pré-adolescentes e crianças desde o início dos anos oitenta."

Mackenzie se sentiu enjoada. E ela podia dizer pelo olhar no rosto de Barbara que a história não havia terminado.

"O suicídio foi demais para a família," continuou Barbara. "O marido de Lindsay a deixou logo depois. O pregador está na cadeia e muitos da congregação culpam Lindsay e a família dela."

"Por quê?" ela perguntou.

"Porque ele era amado," cuspiu Lindsay. "A evidência está aí e eles a enxergam, mas se recusam a acreditar. Ele até enviou uma pedido de desculpas para a igreja, que um dos diáconos leu em voz alta durante um culto."

"Agente White," disse Barbara, "você me daria licença por um momento?"

"Claro."

Barbara levou Lindsay para longe lentamente, fora da sala para corredor que Mackenzie desceu há cerca de uma hora. Mackenzie caminhou para o centro da sala, precisando caminhar, precisando expelir um pouco da sua energia nervosa. Ela não estava certa de que alguma vez se sentiu tão chocada por um caso antes. A história de Lindsay tornou isso significativamente pior e fez Mackenzie se sentir quase impotente.

Todas essas histórias de abuso só me levaram mais fundo na corrupção e pecados escondidos dentro das organizações de igrejas, ela pensou. No fim, não há nem garantia de que isso vai me ajudar a encontrar o assassino.

Ela se sentou em uma das cadeiras, sentindo-se cansada e fraca.

E com raiva.

Alguns momentos depois, Barbara retornou à sala. Ela estava sozinha desta vez ao se sentar ao lado de Mackenzie.

"Você encontrou o que estava procurando?" perguntou Barbara.

"Eu não sei ainda."

"Bem, durante toda a reunião, eu tive esse pensamento no fundo da mente," disse Barbara. "Depois que eu conversei com você sobre se juntar a nós hoje, a história de Lindsay veio a minha mente e ficou por ali bem firme. E não somete por causa da severidade da história, embora seja uma bem trágica."

"Sim, eu que o diga."

"Eu levei Lindsay para fora, porque a última parte da história é, por alguma razão, a mais difícil para ela ouvir. Mas eu acho que você precisa escutá-la. Se você está procurando por alguém que está matando líderes religiosos de todas as denominações, eu acho que isso pode se encaixar."

"Como?" perguntou Mackenzie.

"Lindsay mencionou uma carta que o pregador escreveu. Um dos diáconos a leu em voz alta para a congregação no domingo depois de o pregador ter ido para prisão. Era uma carta curta, mas havia um comentário nela sobre o qual nunca me senti bem. Parecia... eu não sei. Estranho, eu acho."

"Como você o ouviu?" perguntou Mackenzie.

"Ah, não ouvi. Mas alguém na igreja gravou no celular. Enviaram-me uma cópia quando em comecei a ter encontros semanais com Lindsay. A carta toda fala sobre pecados da carne e arrependimento e pecados. Mas perto do final, ele faz o comentário acerca de como ele estava glorificando as coisas erradas. Ele disse, palavra por palavra, eu perdi meu amor por Jesus em algum ponto e comecei a procurar outra coisa. Essas pobres crianças se tornaram meu Jesus e eu as glorificava. E, como alerta a Bíblia, quando colocamos qualquer coisa acima do nosso Senhor, o resultado é o pecado."

"Então... ele era o quê?" perguntou Mackenzie. "Sexualmente abusando deles porque ele os odiava? Porque eles estavam tomando o lugar de Deus para ele?"

"Talvez," disse Barbara. "Há tanto para descobrir aqui. O homem é, claramente, instável mentalmente. Mas, sim... no que me diz respeito, ele estava projetando abuso nessas crianças como uma forma de um tipo de adoração distorcida. Eu vi alguns trechos das histórias dos noticiários sobre o caso no qual você está trabalhando e aquela carta do pregador me veio a mente algumas vezes. Especialmente pelo trecho que eu acabei de citar para você."

Mackenzie ainda se sentia doente além da compreensão, mas a teoria fazia certo sentido.

"Deixe-me perguntá-la," disse Mackenzie. "As pessoas com as quais você trabalha chegam a conseguir superar o abuso algum dia?"

"Algumas sim," ela disse. "Depende da personalidade daqueles abusados e, é claro, da extensão do abuso. Eu entendo que você nunca lidou com um caso nessa rena?"

"Não nessa extensão, não."

Barbara assentiu solenemente. "Uma palavra de aviso," ela disse. "Não deixe atingi-la. Antes que você perceba, você pode ficar toda enrolada nisso. As histórias são de partir o coração. E o fato de que você não pode consertá-las... isso te arrasa."

Mackenzie pensou que ela já estava sentindo um gosto disso, mas disse nada. Certamente, seus poucos dias de ouvir algumas histórias eram nada em comparação ao que Barbara havia visto e escutado.

"Obrigada novamente pela sua boa vontade em me deixar vir," disse Mackenzie.

"Claro," disse Barbara. "Eu espero que tenha ajudado."

Ela pensou sobre a frase da carta do pregador que Barbara havia acabado de citar e começou a desmembrá-la.

Essas pobres crianças se tornaram meu Jesus e eu as glorificava. E, como alerta a Bíblia, quando colocamos qualquer coisa acima do nosso Senhor, o resultado é o pecado.

"Sabe," ela disse. "Eu acho que me ajudou mais do que eu achava que iria."

Ele não é uma vítima, ela pensou. E se ele não está mirando esses líderes por vingança ou ódio? E se ele os ama? E se ele está glorificando-os através dessas crucificações falsas? E se ele acha que eles merecem a mesma morte de Cristo como uma maneira de louvá-los e adorá-los?

"Muito obrigada pelo seu tempo," disse Mackenzie.

Ela então girou nos calcanhares e saiu pela porta. No caminho para seu carro, ela pegou um e-mail que Harrison havia enviado para ela mais cedo no dia, logo antes de ela sair de Washington. O e-mail era breve e direto ao ponto: apenas um nome e número de telefone.

A informação de contato para o especialista na Bíblia que ela havia requisitado.

Ela fez a ligação antes mesmo de voltar para trás do volante do carro, enquanto o senso de urgência começava a inundar seu coração, substituindo o enjoo sombrio que ela sentira há apenas alguns momentos.


CAPÍTULO VINTE E SEIS

 

Ela estava de volta a DC um pouco depois das oito horas. Ela saiu da via expressa e ultrapassou tanto a sede do FBI quanto do seu apartamento. No lugar, ela se foi em direção a Park View, onde ela havia organizado sua próxima reunião imediatamente depois de deixar Barbara Francis em Alexandria. Ela se permitiu tempo suficiente para pegar um lanche rápido no drive-thru antes de ir a uma pequena igreja, da qual ela nunca ouvira falar antes.

Ela estacionou em frente a Igreja de Cristo Park View e foi direto para às portas que apreciam antigas. Igreja de Cristo Park View não tinha o brilho e glamour de uma Sagrado Coração ou Palavra Viva ou até mesmo São Pedro. Era uma simples igreja de um andar que tinha o tamanho parecido com uma casa modesta. Parecia que havia sido construída nos anos quarenta ou cinquenta, completa com um campanário e um sino de verdade no topo.

Ela encontrou a porta da frente destrancada, como lhe fora dito que estaria. Ela entrou por um pequeno vestíbulo e em um santuário pitoresco. Mais ou menos cinquenta bancos cobriam o chão e janelas de vitrais ornadas, mas agradavelmente pintadas, situavam-se pelas paredes. Na melhor das hipóteses, Mackenzie assumiu que o lugar poderia comportar não mais que trezentas pessoas em um dado domingo.

Na frente da sala, um cavalheiro mais velho estava polindo meticulosamente a tampo de um velho piano de cauda. Ela olhou para cima assim que ela desceu pelo corredor central que corria entre os bancos e deu a ela um pequeno aceno. Ele repousou o pano no banco do piano e a encontrou na metade do caminho pelo corredor.

"Agente White?" perguntou o homem.

"Sim. E você é Benjamin Holland?"

"Sou! Prazer em conhecê-la."

Eles apertaram as mãos e Mackenzie percebeu que gostou de Benjamin de imediato. Ela sabia muito pouco sobre ele-apenas que o FBI havia confiado nele duas vezes nos últimos dez anos quando eles precisaram de alguém para decifras as dicas que acreditavam ser bíblicas por natureza. Benjamin Holland passou em ambas as instâncias, dando-lhes informação suficiente para capturar um suspeito em um dos casos e provando que não havia qualquer coisa bíblica sobre certas dicas na outra instância.

"Então, diga-me como posso ajudar," disse Benjamin. "Eu estive seguindo a história nos noticiários e estou bem chateado. Eu conhecia todos aqueles homens; Reverendo Tuttle e eu tínhamos o hábito de pegar café da manhã juntos quase todas as manhãs de quinta pela maior parte de três anos não há muito tempo."

"Bem, para início de conversa, eu estava me perguntando o que você poderia ser capaz de me dizer sobre alguma instância de assassinato na Bíblia que foi feita com propósito de glorificação."

Benjamin pensou por um momento antes de começar a andar até a frente do santuário. "Venha comigo por um momento, se você não se importa," ele disse. "Eu vou mostrar a você porque eu pedi a você para me encontrar aqui."

Achando que essa havia sido uma resposta estranha para sua pergunta, Mackenzie seguiu junto de qualquer forma. Ele a levou através de uma porta na frente do santuário que levava a uma pequena sala atrás do mesmo. Algumas cadeiras de dobrar encostadas contra a parede indicavam que era algum tipo de local de reunião-talvez um lugar para jantares onde cada um trás seu prato ou reuniões de orações.

Outra porta aguardava atrás dessa sala. Benjamin a abriu e entrou, ligando o interruptor da luz ao entrar. Mackenzie se viu entrando em uma sala onde cada parede era uma estante de livros. E cada prateleira parecia estar completamente cheia. No centro da sala havia um único sofá e uma mesa de centro riscada. Uma bíblia repousava sobre a mesa de centro, aberta em uma passagem de Lucas.

"Essa é a minha sala favorita em toda Washington," disse Benjamin orgulhoso. "Não é minha, mas eu e três ou quatro outros líderes chamamos de nossa. Quase todas as respostas que eu precisaria sobre a vida-espirituais ou não-podem ser encontradas aqui. Sente-se, por favor."

Mackenzie sentou-se no sofá, olhando ao redor. Ela não podia sequer se aventurar em um chute sobre quantos livros havia na sala. Ela viu Bíblias em diferentes traduções e versões. Ela viu devocionais enormes, memoriais e livros de consulta e muito mais.

"Agora," disse Benjamin, de pé ao lado de uma prateleira a sua esquerda. "A respeito à sua pergunta sobre assassinato como meio de glorificar Deus. Pode ser respondida de algumas formas diferentes. Na verdade, tudo depende de quem está perguntando. Veja, se você está perguntando na perspectiva de alguém que está profundamente enraizado na religião ditada por leis do Velho Testamento, eu posso lhe dar vários exemplos. Mas se você está mais interessada nos ensinamentos e exemplos de Cristo, então fica muito mais difícil de responder."

"Mas é o mesmo livro, certo?" perguntou Mackenzie. Ela não gostava de se sentir estúpida, mas sua falta de conhecimento em ensinamentos bíblicos estava bem evidente naquele momento.

"É," disse Benjamin. "Mas você vê, se você está mais inclinada em direção a Cristo, então você deve entender que sua crucificação foi a resposta a todas aquelas oferendas queimadas e gado morto nos altares de ritual do Velho Testamento. O Velho Testamento está repleto de assassinatos, alguns até mesmo ordenados pelo próprio Deus. Então, sim... muitos dos assassinatos aí foram feitos em reverência a Deus. O apedrejamento de mulheres, a matança dos primogênitos e por aí vai. Mas, então, Cristo aparece morre pelos pecados da humanidade. Ele é o sacrifício final de um Deus amoroso."

"Eu vejo," disse Mackenzie, embora ela ainda estivesse penando com isso. "E dado que o assassino está usando crucificação como uma coisa simbólica, eu estou assumindo que ele é mais centrado nos ensinamentos de Cristo do que na lei do Velho Testamento. Concorda?"

"Sim. Eu acho ainda mais pertinente que ele não esteja distorcendo a crucificação. Normalmente, quando você vê a cruz de Cristo retratada em crimes de ódio, elas estão invertidas ou de cabeça para baixo-quase como uma zombaria. Mas esse cara está seguindo a verdadeira forma do Novo Testamento."

"Havia mais alguém na Bíblia que foi crucificado?"

"Bem, era uma punição comum que os romanos realizavam, mas nós só vemos uma em grande detalhe na história de Cristo. Valeria a pena salientar que quando o apostolo Pedro foi crucificado sob o Imperador César ele pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, porque ele não se via digno de ser torturado da mesma maneira que Cristo foi."

Então talvez esse cara esteja glorificando aqueles que ele mata, pensou Mackenzie. Talvez ele esteja mostrando-lhes o mesmo respeito e reverência que a Jesus Cristo.

"Outra coisa que eu gostaria de perguntar para você," disse Mackenzie. "E eu sei que é pedir demais, mas certamente vale tentar." Ela tirou o celular e mostrou um mapa da área de DC. Nela, ela já havia marcado previamente as coordenadas que cada assassinato havia acontecido, destacado por um pequeno marcador vermelho.

"Esses foram os locais onde todas as mortes ocorreram," ela disse. "Você pode olhar para eles e me dizer se pode haver algum tipo de significado bíblico ou padrão?"

Benjamin estudou o mapa de perto, tirando um par de óculos do bolso da sua camisa e os colocando na cabeça. "O primeiro homicídio foi aqui, na Sagrado Coração, correto?" ele perguntou.

"Sim. Padre Costas."

Benjamin traçou as rotas entre os marcadores no mapa com o dedo. "Certamente não há um padrão óbvio aqui," ele disse. "Porém, se esse homem está extraindo com tanta força da narrativa de Jesus, eu não posso deixar de imaginar..."

Com isso, ele deu o telefone de volta para ela e andou até uma das estantes de livro. Ele escaneou alguns títulos antes de selecionar um e retirá-lo. Era uma brochura com algum desgaste e rasgos, um volume fina que ele trouxe de volta ao sofá.

"Há esse tipo de trilha que alguns estudiosos e gananciosas armadilhas de turismo em Israel se referem como a Trilha de Jesus," ele disse. Ele virou algumas páginas do livro, parando em um ponto um pouco depois da metade. "Bem aqui", disse ele, apontando para ele.

"Sinto muito," disse ela. "Eu não sou exatamente bem versada em religião ou em grande parte da Bíblia. Você pode me explicar o que estou olhando?"

"Certamente. Veja, há uma faixa de terra em Israel que se acredita ser a principal via que Jesus Cristo viajou enquanto ensinava. A chamada Trilha de Jesus começa em Nazaré e termina em Cafarnaum. Como você vê aqui," ele disse, tocando um mapa na página que ele havia passado, "o Mar da Galileia banha uma parte dele."

"E essa trilha é bem conhecida?"

"Para alguns," disse Benjamin. "Pessoas que fazer o tour bíblico em Israel, normalmente vão vê-la. Tem cerca de sessenta quilômetros e está salpicada com alguns lugares importantes em termos da vida de Jesus."

"Então, por que termina no Cafarnaum?" perguntou Mackenzie.

"Há uma passagem no Livro de Marcos que diz, Alguns dias depois, Jesus voltou para a cidade de Cafarnaum, e logo se espalhou a notícia de que ele estava em casa. Baseado na escritura, muitos acreditam que o Cafarnaum era essencialmente um tipo de base doméstica para seus ensinamentos."

"E por que você está me mostrando isso?"

"Bem, é a única trilha notável que nós sabemos com certeza que Jesus caminhou," ele disse. "E agora que eu estou vendo a Trilha de Jesus e o caminho que esse assassino parece estar..."

Ele entregou o livro para Mackenzie, para permiti-la julgar por si própria. Ela colocou seu celular sobre a página oposta da Trilha de Jesus. Ela estudou o mapa da Trilha de Jesus primeiro-uma linha que começava ao norte e deslocava levemente para o sul ao se estender de Nazaré, passando por Caná e Bete Arabá, chegando a um fim em Cafarnaum.

Havia numerosos pontos de interesse ao logo da Trilha de Jesus, mas apenas quatro locais de assassinato ao longo do caminho do assassino, Sagrado Coração, Pedra Angular, Palavra Viva e São Pedro. Ela usou seu rastreamento de GPS para fornecer um caminho exato entre os pontos que ela tinha marcado no mapa e quase foi ao chão pelo que ela viu.

No início da Trilha de Jesus, havia uma forma de 'U' invertido pelo caminho, conectando Nazaré a uma cidade chamada Mashhad. No mapa dos locais dos assassinatos, a rota entre a Sagrado Coração e Pedra Angular batia com a forma da trilha quase perfeitamente. Então, da Pedra Angular para a Sagrado Coração, havia uma ligeira inclinação para o noroeste-a mesma que a Trilha de Jesus entre Caná e Lavi.

É isso, ela pensou enquanto seguia a linha digital entre a Palavra Viva e a São Pedro. Ah, meu Deus...

E como ela tinha assumido, a linha um pouco irregular e tortuosa que continuava na Trilha de Jesus indo na mesma direção.

Ela verificou novamente antes de ficar muito anima, mas ela sabia que era isso antes de terminar.

Sagrado Coração e Nazaré se alinham.

Pedra Angular e Mashhad se alinham quase perfeitamente.

Palavra Viva está um pouco fora de Lavi, mas não muito.

São Pedro alinha-se com Arabá-e a rota até mesmo pega a mesma estranha e pequena curva irregular em ambos os mapas.

"É isso," ela disse. "É muito perfeito para excluir. O assassino está seguindo esse mapa."

Benjamin estava continuamente olhando entre os mapas, assentindo. "Sim, certamente parece que sim."

Ela pinçou e arrastou o mapa no telefone, ampliando a área. "Então, eu só preciso saber quais igrejas estão abaixo da São Pedro-dentro de um raio de cerca de vinte quilômetros. Você tem um mapa ou lista desse tipo de coisa?"

"Não um completo, não..."

"Espere, não importa," ela disse. Ela puxou o menu de opções em seu aplicativo de mapa e solicitou que o programa mostrasse listas de igrejas na área selecionada.

Nove listadas apareceram. Ela imitou cuidadosamente a última porção da rota da Trilha de Jesus no seu mapa com o dedo. Quando ela chegou ao fim da trilha imaginária, ela encontrou seu dedo pairando sobre duas igrejas.

"Você concorda que essas duas igreja servem como lugares próximos de onde o Cafarnaum estaria?" ela perguntou.

"Eu diria que sim," disse Benjamin.

Mackenzie ficou de pé, ainda segurando o livro. "Você se importaria se eu lavasse isso comigo?" ela perguntou.

"De forma alguma. E, por favor, avise-me se eu puder ser de mais ajuda."

"Eu irei. Mas você já foi de mais ajuda do que você imagina."

"Eu estarei orando por você, Agente White," disse Benjamin enquanto ele a acompanhou para fora da biblioteca.

"Obrigada," ela disse, do fundo do coração.

Era estranho, mas talvez pela primeira vez na vida, ela foi capaz de tirar algum conforto ao saber que alguém estava ativamente rezando por ela.

Ela fez seu melhor para manter essa paz ao voltar para a sede do FBI.


CAPÍTULO VINTE E SETE

 

Ela tentou ligar para McGrath no caminho para a sede, esperando atualizá-lo antes que ela chegasse lá. Ela ficou na caixa postal e não se importou em deixá-lo uma mensagem, já que ela o veria em uma hora mais ou menos. Quando ela chegou ao prédio vinte minutos depois, parou o carro no estacionamento para visitantes ao invés da garagem, certa que estaria de volta lá fora em alguns minutos.

Ela se apressou para dentro em direção aos elevadores. As portas se abriram e antes que ela entrasse, foi surpreendida ao ver Harrison e Yardley saindo dele.

"Agente White," disse Yardley. "Você parece ansiosa. O que tá rolando?"

"McGrath está no escritório dele?"

"Não, ele está de volta à Delegacia do Terceiro Distrito," disse Harrison. "Ellington também está com ele."

Ela ponderou as opções e decidiu que dirigir de volta para o Terceiro Distrito seria uma perda de tempo. "Vocês dois podem subir comigo por um segundo?" ela perguntou. "Eu acho que estou de olho em algo e eu preciso todos os corpos que conseguir."

Eles tomaram o elevador para cima até o escritório, onde ela puxou o mesmo mapa que tinha no celular, mas dessa vez na tela do seu notebook. Então, ela colocou o livro de Benjamin Holland na mesa, abrindo o mapa da Trilha de Jesus.

"O que é isso?" perguntou Harrison, estudando o mapa.

"Um segundo," disse Mackenzie, tirando o celular novamente. Dessa vez ela ligou para Ellington ao invés de McGrath, sentindo certeza de que havia uma chance melhor de que Ellington responderia se visse que era ela. Ela mandou uma solicitação de chamada FaceTime no lugar de uma chamada de voz, desejando ser capaz de mostrá-lo os mapas junto a Yardley e Harrison.

Como ela esperava, Ellington respondeu no segundo toque. Houve um segundo de hesitação usual e, então, a tela surgiu. Ela sorriu à vista de seu rosto quando ele sorriu para ela.

"Ei, esse pano de fundo atrás de você me parece familiar," ele brincou. "De volta na sede?"

"Tenho. Olha... McGrath está por perto?"

"Sim, ele está em uma reunião com um dos detetives. Precisa que eu o chame?"

"Sim, por favor. Como as coisas estão indo com Simmons?"

Ellington estava a caminho, em direção a onde quer que McGrath estivesse. Ele segurou o telefone de maneira que ainda permitisse a ela ver a face dele, apenas um trecho.

"As coisas estão ficando instáveis. Quanto mais aprendemos sobre ele, mais McGrath está voltando para o seu lado das coisas. Simmons claramente não é o nosso cara. Se eu tivesse que apostas, ela vai ser solto em algumas horas. E, tomara, que recomendado a um bom psiquiatra. Quem diabos confessaria algo assim apenas por atenção?"

Essa era uma conversa completamente a parte que nada tinha a ver com o caso corrente. Então Mackenzie deixou passar.

"OK, ele está aqui," disse Ellington. "Só um segundo."

Ellington abaixou o telefone, deixando Mackenzie, Harrison e Yardley escutando a murmúrios de conversa por vários segundos. Depois de balanças mais um pouco, o telefone de Ellington mais uma vez destacou seu rosto. Ela viu McGrath de pé atrás dele. Ele parecia cansado e irritado-uma versão de McGrath que Mackenzie não gostava nem um pouco.

"Encontrou algo?" perguntou McGrath, direto ao ponto como sempre.

"Sim, acho que sim. Eu conversei com Benjamin Holland e ele e eu percebemos algo. Existe essa coisa chamada Trilha de Jesus em Israel. Você já ouviu falar disso?"

"Não," disse McGrath. "Por favor, esclareça-nos."

Mackenzie fez exatamente isso. Ele fez Harrison segurar seu telefone para ter certeza de que ele fosse capaz de apontas as exatas similaridades na Trilha de Jesus com o caminho pelo qual o assassino aparentava estar viajando. Ela não estava não estava nem na metade, quando escutou McGrath proferir uma silenciosa e admirada: "Desgraça."

Dada a situação, ela achou uma maldição bastante irônica.

"Então, qual igreja vai servir como Cafarnaum nessa trilha orientada em DC?" perguntou Yardley.

"Existem duas candidatas," ela disse. "A Batista do Monumento e a Igreja Distrital de Deus. Ambas são próximas o suficiente para que possam ser as próximas na lista dele. Eu recomendo fortemente que tenhamos alguém vigiando esses locais. Talvez até alguém posicionado fora delas até que tenhamos nosso assassino."

"Trabalho bom para caralho, White," disse McGrath.

Ela deixa o elogio a afundar, mas não tomou o tempo para apreciá-lo. Ela podia se sentir deslizar em uma fenda, o tipo que ritmo que ela normalmente sentia quando estava acabando de começar a realmente envolver sua mente em torno de um caso.

"OK, eu gostaria de falar com Ellington a sós, por favor."

McGrath tocou a tela com os olhos. "Certo," ele disse. "Yardley e Harrison, encontrem-me aqui na DP do Terceiro Distrito. Eu não tenho certeza onde é o seu próximo posto, mas precisamos descobrir."

Yardley e Harrison deram pequenos acenos de saudação e saíram. Em seu telefone, o rosto do Ellington voltou à vista. Ele parecia mais feliz do que quando ele atendeu originalmente há cinco minutos.

"Você precisa de um parceiro?" ele perguntou.

"Se você estiver ocupado por aí, pode ficar. Talvez você deveria ficar até que eles liberem o Simmons. Alguém precisa ser a voz da razão."

"E para onde está indo?" ele perguntou.

"Eu tenho um último palpite que eu quero verificar," ela disse. "Depois de conversar com uma mulher no encontro em Alexandria, eu estou começando a achar que os assassinatos não são atos de vingança. Eu acho que é uma forma de glorificação."

"Repete?"

Ela o contou a respeito do pregador que havia referido a si como glorificador das jovens pessoas das quais ele abusou-desses adolescentes tomando o lugar de Jesus. Então, ela remeteu a breve conversa que ela teve sobre a teoria com Benjamin Holland.

"E qual é o seu palpite?" perguntou Ellington.

"Estou me perguntando se talvez o assassino seja alguém que realmente admirava estes homens que ele matou. Ele os crucificou da mesma maneira que Cristo. Alguns ele respeitava mais, talvez; esse é o motivo porque a ferida na lateral não estava presente em todos eles. Estou imaginando se estamos procurando por algum tipo de padre ou pregador que tenham caído em desgraça. Alguém com esse tipo de reverência para esses homens..."

"Sim, isso parece funcionar," disse Ellington. "Mantenha-me postado."

"Irei."

"Sem querer parecer cabeça pequena, eu tenho que perguntar: você sabe se você vai estar de volta ao apartamento em algum momento essa noite?"

Ela queria estar frustrada com a pergunta, mas ela também sentia. Uma centelha de luxúria e alegria que vem com os altos de qualquer relacionamento. Eles estavam em um alto agora, um alto que parecia estar se estendendo bem. Mas acontecia que ambos tinham trabalhos que demandavam muito que vinham primeiro na maioria das vezes.

"Não sei. Veremos. Se você chegar lá antes de mim, mantenha a cama quente."

"Posso fazer isso. Tome cuidado por lá."

Ela sorriu, assentiu e encerrou a ligação. Então, ela coletou o livro de Benjamin Holland e se dirigiu direto para fora da porta.

Lá fora, a noite estava recaindo sobre DC. Mas Mackenzie tinha uma sensação engraçado que seu dia estava apenas começando.


CAPÍTULO VINTE E OITO

 

Devido as apostas altas do inquérito, Mackenzie foi capaz de obter o número de telefone que ela precisava com apenas duas solicitações simples. E, embora o número de telefone que ela estava buscando era de alto perfil, foi-lhe entregue quase com irreverência. Quando ela fez a ligação para o Bispo Auxiliar Whitter, a facilidade em conseguir o número dele a fez perceber o quanto McGrath e o FBI inteiro estavam contando com ela.

Whitter respondeu no terceiro toque e quando Mackenzie se apresentou, ele pareceu absolutamente lívido.

"Agente White, eu acho que eu deixei bem claro quando nos falamos da última vez que eu não quero qualquer coisa com você?"

"Sim, senhor. Você deixou. E eu-"

"Ah, você pode parar bem aí," disse Whitter. "Você foi muito rude ao insultar a minha fé. Esteja avisa que eu estarei entrando em contato com seu supervisor e entrando com uma queixa formal."

"Na verdade, isso é ótimo," disse Mackenzie. "Porque ele foi quem me deu autoridade completa sobre esse caso. Então, se você ligar para ela para reclamar de mim, esteja preparado para responder a algumas questões sobre obstruir informações sobre o caso."

"Você está blefando."

"Hum, acho que não. Se você quiser, eu lhe dou o nome dele, número e ramal bem agora."

Whitter hesitou por um momento antes de finalmente responder. A voz dele ficou baixa e quase como o silvo de uma cobra. Ela podia imaginá-lo apertando a pegada em torno do telefone e falando por entre os dentes do outro lado da linha.

"Certo. Há uma cafeteria na Georgina Avenue. Cuppa Joe, é chamada. Você conhece?"

"Café," ela disse sonhadoramente. E então, porque ela achou que ela estava em boa sequência e simplesmente não pode se conter, ela acrescentou: "Aleluia!"

 

***

 

Os bons cidadãos de Washington, DC, gostavam do café de lá, como ficou evidenciado na fila ridícula na cafeteria. Mackenzie viu o Bispo Auxiliar Whitter logo de cara, sentado nos fundos da cafeteria. Resistindo ao aroma tentador de uma torra escura sendo passada, Mackenzie se dirigiu até os fundos para encontrá-lo.

Ele parecia irritado quando ela se sentou na sua frente na mesa. Ela exauriu seu cérebro, tentando entender o que ela havia feito que pudesse irritá-lo tanto da última vez. Aparentemente, os superiores na Igreja Católica não apreciavam ter a sujeira dos seus irmãos jogada nas suas faces de maneira tão flagrante.

Mas Mackenzie nunca esteve no ramo de amaciar suas palavras para poupar alguns sentimentos feridos. Especialmente, não agora que ela sentia que estava se aproximando de respostas sólidas.

"Eu acredito que você ainda esta perdendo no caso atual?" perguntou Whitter.

"Na realidade, eu passei me deparei recentemente com uma teoria promissora," ela disse. "Estamos dando passos em direção do que achamos ser finalizar um plano. Porém, ninguém pode ter pistas suficientes. Por isso, eu estava esperando dizer algumas coisas a você."

"Mais acusações deploráveis?" perguntou Whitter incrédulo.

"Na verdade, não. Estou começando a acreditar que esses assassinatos não são mortes de ódio ou vingança. Eu acredito que o assassino tem algum dito de respeito distorcido pelas vítimas-que ele está usando o ato simbólico da crucificação como forme de glorificar suas vítimas. Ele acredita que elas merecem a mesma morte e reverência que Jesus."

A ideia pareceu bater com força em Whitter. Sua ira se dissolveu vagarosamente em algo mais. Tristeza, talvez, ou horror.

"Nós também acreditamos que o assassino está imitando o caminho da então chamada Trilha de Jesus, outra indicação que as mortes são uma mostra de respeito ao invés de vingança."

"Entendo," disse Whitter, sua atitude um pouco mais branda agora. "Então, como você acredita que eu possa servir a você nessa circunstância?"

"Bem, a ampla dedicação e adoração de tal homem me levam a crer que não estamos falando sobre uma pessoa regular com uma teologia perturbada. Alguém tão motivado assim deve saber e amar Cristo intimamente... embora enquanto também possuindo algum tipo de desequilíbrio mental."

"Você acha que seja alguém dentro da igreja?"

"Eu acho que é uma forte possibilidade."

"Você não acha que você possa estar tentando demonizar homens do clero nessa pequena caçada?"

"Com todo respeito," disse Mackenzie, "nesse ponto da investigação, coisas como trabalhos ou preferências religiosas não são um fator. Não me importo quem ele seja, eu não me importo com o que ele acredita e eu realmente não me importo com onde ele escolhe adorar. Então, não... eu não estou demonizando ninguém. Estou simplesmente tentando fechar um perfil."

"Então, eu pergunto novamente: como você espera que eu ajude?"

"Eu preciso saber se você consegue pensar em algum padre-ou pregadores ou pastores o que seja-na área, o qual possa ter sido desaprovado as vezes por ter sido muito exagerado. Talvez alguém com uma história obscura que sobre a qual ele nunca se pronunciou?"

Ela pode dizer imediatamente que Whitter tinha um nome em mente. Ela podia ver na maneira com que seus olhos se desviaram dela instantaneamente um segundo depois de ela ter feito a pergunta.

"Você entente," ele disse, "que isso é difícil para um homem na minha posição. É, pegando uma referência da Bíblia emprestada, apontar para o cisco no olho de meu irmão enquanto há uma viga em meu próprio."

"Sim, mas reter informação que poderia permitir esse assassino conduzir outro assassinato só vai fazer essa viga ficar maior."

Whitter deixou sair um suspiro trêmulo e pareceu como se fosse cair em lágrimas de verdade. Mackenzie realmente podia ver o conflito interno se desenrolado nas expressões que aparecerem no rosto dele.

"Cerca de cinco anos atrás," Whitter disse finalmente, "havia um homem chamado Joseph Hinkley. Ele veio para DC de algum lugar no Alabama. Ele esta um batista que estava absolutamente em fogo pelo Senhor. Ele tina uma posição aqui na cidade em uma igreja muito pequena e durou apenas alguns meses. Era um desses pregadores do tipo fogo do inferno e enxofre, querendo salvar as pessoas pelo medo da condenação, ao invés de com o amor e promessas de Cristo. Ele levava muito daquela coisa de Velho Testamento a sério. Adúlteros deveriam se apedrejados, uma mulher não tem lugar em trabalho ou no púlpito da igreja, coisas assim."

"Você disse que ele durou apenas alguns meses naquela igreja," disse Mackenzie. "Ele foi liberado?"

"Sim. O rumor é de que ele tentou servir como um pastor interino em algumas outras igrejas. Honestamente, eu nunca dei muita atenção. Católicos não se preocupam geralmente com batistas. Contudo, ele se colocou no meu radar quando começou a se aproximas das igrejas Católicas. Ele tentou convencer algumas-Sagrado Coração foi uma, se eu me lembro corretamente-a deixá-lo a proferir aqui e ali."

"Eu assumo que ninguém nunca o acolheu?"

"Correto. Embora os boatos são que ele brota em cultos de avivamento de vez em quando. O tipo que é tudo debaixo de uma tenda e há um monte de gritaria e ameaça do pecado às pessoas. Eu suponho que alguns dizem que ele é um antigo pregador em desgraça. Mas o negócio era que... ele parecia estar fascinado não apenas com Cristo, mas com os homens que falavam dele. Ele sentia que as pessoas que comunicavam a verdade de Jesus para as massas mereciam quase a mesma aclamação que o messias."

"E isso não é tão comum nos círculos religioso?"

"Não. É blasfêmia. E quando alguém chega perto de se comportar de tal maneira, eles normalmente se sentem arrependidos. Mas Joseph Hinkley usava isso como o cerne da sua mensagem, pelo o que eu entendo."

"Alguma ideia de onde ele mora, por acaso?" ela perguntou.

"Não. Eu acredito que ele ainda esteja por DC, contudo. Eu ouço o nome dele de tempos em tempos. E nunca em boas coisas."

"Obrigada," disse Mackenzie. "Eu sei que foi sofrido para você falar comigo de novo."

"Eu acho que me expliquei bem," ele disse. "Eu não tenho rixas com você-mas eu ressinto um governo e imprensa que estão sempre colocando minha fé como semeadora de intolerância e ódio."

"Essa é a última coisa que eu quero fazer."

"E eu acredito em você," disse Whitter. "Você esteve em minhas orações, Agente White. Apesar da maneira que pode parecer, realmente espero que você seja capaz de acabar com isso rapidamente."

"Também," disse Mackenzie. E incerta sobre como responder de outra maneira, ela acrescentou: "E obrigada pelas orações."

"Você acredita que elas funcionam?" perguntou Whitter, como se estivesse surpreso.

Mackenzie deu de ombros. "Eu não sei," ela disse, respondendo honestamente. "Mas eu sei que você acredita que sim. E que isso por si só significa muito para mim."

Com isso, ela lhe deu aceno de obrigado com a cabeça e ficou de pé. A fila no caixa havia diminuído, então ela se juntou a ela e leu o menu. Ela não estava cansada (e duvidava que estaria em breve), mas uma carga extra de cafeína nunca machuca.

Ela tinha a sensação de que iria ser uma noite longa.

Ela continuou estendendo o ritmo tirando seu telefone e enviando uma mensagem para Harrison. Joseph Hinkley, ela digitou. Antigo pregador batista. Preciso dessa informação ASAP.


CAPÍTULO VINTE E NOVE

 

Harrison foi rápido e efetivo como sempre. Quando Mackenzie estava de volta em seu carro e tomando o primeiro gole do seu café de torra escura, ela estava ligando. Ela saboreou o sabor do café por um momento antes de responder, esperando que Hinkley provasse ser outro trampolim-algo tão útil quanto a informação sobre a Trilha de Jesus.

"Você realmente sabe como escolhê-los, White," disse Harrison,

"Conte-me."

"Joseph Hinkley basicamente não tem registro para se falar até a idade de trinta e sete anos. Seu primeiro destaque veio há sete anos quando ele foi preso por atacar um oficial de polícia em Baltimore durante um protesto contra a construção de um mesquita mulçumana. Um ano depois, ele foi preso por bater na esposa, a acertando duas vezes no rosto e uma nas costelas. Depois que ela o deixou, ele se acabanou com uma de vinte e dois anos. Ele a espancava também. Eu estou olhando para os registros aqui e, aparentemente, ele alega que ele as agredia, porque elas não adoravam o Senhor e os seus caminhos, então ele tinha que puni-las."

"Algo pior que isso?"

"Não do que eu estou vendo. Ele é mencionado em alguns casos com referência cruzada nos quais ele esteve na cena de protestos ou eventos controversos, onde havia uma presença maciça da polícia envolvida, mas não... nada de alertas vermelhos de outra forma."

"Tem o endereço?" ela perguntou.

"Tenho. Eu vou enviar por mensagem para você quando desligar."

Harrison era fiel com a sua palavra, entregando a mensagem em dez segundo depois de Mackenzie terminar a ligação. Ela estava quase inserindo o endereço em seu GPS, mas viu que não precisava. Ela estava familiarizada com o local. Ela havia, de fato, estado bem perto dele a menos de quatro dias atrás.

Acabou que Joseph Hinkley vivia na Bedford Avenue-a menos de um quilômetro e meio da Pedra Angular Presbiteriana.

 

***

 

O protocolo considerava necessário que, porque Hinkley fora condenado como agressor de mulher, Mackenzie fosse que um parceiro. E porque Ellington ainda estava correndo no beco sem saída de Joseph Simmons, era Harrison que a acompanhou. Ele pareceu mais que feliz em ser parte disso-talvez apenas pelo gosto de como fora ser parceiro dela por um breve momento antes de sua mãe falecer. Ou talvez ele estivesse apenas cansado de sentar-se atrás de uma mesa e ser um glorificado farejador de investigação.

Mackenzie estava feliz em tê-lo. Ele estava ansioso e entusiasmado. E do ponto de vista profissional, ela sabia que a prática podia fazê-lo bem.

Quando ela e Harrison chegaram à residência de Hinkley, não havia nenhuma dúvida de que alguém estava em casa. De fato, algumas pessoas estavam em casa. Mackenzie contou quatro carros na pequena garagem. Também parecia que cada luz do lugar estava acesa. Ao sair do carro e caminhou em direção à varanda, ela viu duas pessoas de costas para ela passarem direto pela janela da frente.

"Algum tipo de festinha ou algo assim?" perguntou Harrison.

"Se é o caso," disse Mackenzie, "parece ser uma festa bem desanimada."

A casa não tinha nada que descrevesse um lar. Era uma descuidada casa de dois andares que parecia estar por aí há algum tempo. Sua idade se mostrada na varanda. A luz da varanda revelava lascas e pintura descascando pela fachada e uma porta da frente que havia combatido sua cota de mofo.

A luz da varanda estava ligada, indicando que pelo menos três dos carros na entrada pertenciam aos convidados. Ela andou até a porta e bateu, escutando murmúrios de vozes de pelo menos duas pessoas. Ocorreu uma comoção muito ligeira de dentro quando alguém veio até a porta. Foi atendida por um homem no fim dos seus quarenta, mostrando um largo sorriso entre um bigode espesso e uma barba.

"Posso ajudar?"

"Você é Joseph Hinkley?" ela perguntou.

"Tenho. E você é?"

Ela mostrou seu ID ao se apresentar. "Eu sou a Agente Mackenzie White do FBI." Ela assentiu para o lado e disse, "E este é o meu parceiro, Agente Harrison. Eu estava esperando que você tivesse um tempo para responder algumas perguntas."

Hinkley Parecia alarmado e confuso. Ele olhou por cima do ombro brevemente por um momento antes de sair e puxar a porta quase fechada atrás de si.

"Sobre o que se trata?" ele perguntou.

Mackenzie olhou em direção a fenda na porta, mirando além do pequeno redemoinho de insetos noturnos que pairava sob a luz da varanda. "Você tem companhia esta noite, Sr. Hinkley?" ela perguntou.

"Tenho. É um estudo da Bíblia que eu faço na minha casa duas vezes por semana. Hoje é sobre o livro das Lamentações. Você o conhece?"

Ela sorriu levemente para ele e balançou a cabeça. "Eu gostaria de perguntar a você algumas coisas, lembra?"

"Sim," ele disse. "E sim... Pode responder a quaisquer perguntas que você tiver. Gostariam de entrar?"

"Sim, por favor."

Ele conduziu os agentes através da porta e para a sala de estar da casa. Lá, cinco outros homens estavam sentados ao redor de uma mesa de centro que continha três Bíblias. Eles estiveram no meio de uma conversa até Mackenzie e Harrison entrarem na sala.

"Desculpe, caras," disse Hinkley. "Vocês poderiam me dar apenas alguns minutos? Porém, sintam-se livres para continuar. Corey... pegue o capítulo três, versículo sete."

Um dos homens assentiu enquanto Hinkley levava os agentes por um pequeno corredor até a cozinha. Como a varanda, a cozinha também revelava a idade da casa. O piso de linóleo estava esquálido e descascando levemente nos cantos. Havia um cheiro suprimido de mofo e lixo-os cheiros de um homem que não se importava muito sobre a maneira que as pessoas viam a sua casa.

"Posso oferecer-lhes um refrigerante ou água?" perguntou Hinkley.

"Não, obrigado," ela e Harrison disseram quase em uníssono.

Hinkley deu de ombros. "É o mínimo que posso fazer por uma mulher bela como você que é mandada na calada da noite para casas de homens estranhos. É uma pena. O governo não leva tais coisas em consideração?"

Uau, pensou Mackenzie. Ele realmente tem alguns problemas das antigas.

"Honestamente, eu só tenho algumas perguntas para você," disse Mackenzie. "Se tudo correr bem, você estará de volta para seu estudo em cinco minutos ou menos."

"Certamente, pode perguntar," disse Hinkley.

"Seu nome surgiu em um caso no qual estou trabalhando. Cá entre nós dois, é uma ligação que eu não estou sentido que seja forte. Mas tenho que analisar tudo."

Ela viu de uma vez que sua atitude irreverente o colocou à vontade. A guarda estava completamente abaixada agora, tornando muito mais provável que ele revelasse algum detalhe que pudesse ajudá-la a apanhá-lo... se ele fosse quem devesse ser preso, claro.

"É sobre esses pobres homens de Deus assassinados?" ele perguntou.

"É. Você viu as histórias no noticiário, presumo?"

"Vi. E é absolutamente terrível."

"Você conhecia algum deles pessoalmente?" perguntou Harrison.

"Não a fundo, não."

"Dada a sua história, você já cruzou com algum deles pelo caminho?" perguntou Mackenzie.

"Bem, eu falava com o Reverendo Tuttle frequentemente. Como tenho certeza que você sabe, a Pedra Angular é logo subindo a estrada daqui. Alguns dias-não muito frequentemente, mas o suficiente que virou meio que um hábito-eu parava por lá se eu o visse perambulando por fora do local. Algumas vezes ele próprio cortava a grama e cuidava do paisagismo, sabe."

"Então vocês estavam em termos amigáveis quando ele morreu?"

"Pelo que eu saiba. Ele e eu discordávamos sobre muitas coisas da Bíblia, mas ele sempre foi muito mente aberta. Ele nunca ralhou comigo ou tentou mudar minha mente. Eu gostava bastante dele."

"Sobre que tipo de coisas ele tentava mudar sua mente?"

Hinkley sorriu aqui; era um tipo de sorriso triste, um que parecia muito querer ser uma careta ou uma zombaria. "Como o bom homem que era, o Reverendo Tuttle estava entre a vasta percentagem dos chamados seguidores de Cristo que tomam o Velho Testamento apenas como algumas sugestões gerais. Ele amaciava a ira de Deus em nada além de amor."

"É tão ruim assim?" perguntou Mackenzie.

"Para o mundo... não. Mas esse é um mundo caído. E está caído, porque o homem decidiu desobedecer a Deus. Quando você leva a ira e rigor de Deus embora, você tem nada além de um falso conjunto de diretrizes. Mas como eu disse... eu não o culpava e ele não me culpava. Nós sempre fomos civilizados sobre nossas divergências."

"Você conhecia algum dos outros?"

"Não muito bem. Eu já vi o Pastor Woodall falar algumas vezes. Uma vez eu fui até ele ao final do culto para pedir esclarecimento em algo. Ele era um homem inteligente. Talvez demasiado inteligente para seu próprio bem. Ele deixou a intelecto ficar no caminho da sua salvação, se me perguntar. E o Padre Coyle... eu falei com ele talvez uma dúzia de vezes. Eu encontrei com ele em um protesto alguns anos atrás e ele nós tivemos um papo muito bom."

"Que tipo de protesto?"

"Um comício anti-aborto," disse Hinkley bem orgulhoso.

Não pense em morder essa isca, Mackenzie disse a si mesma. Então, ela percebeu que não era uma isca. Ele estava falando tão pura e honestamente quanto podia.

"Você seria capaz de fornecer o seu paradeiro para as últimas noites?" perguntou Harrison.

Hinkley assentiu solenemente, como se ele já soubesse que a conversa chegaria a isso eventualmente. Sem dizer uma palavra a ela, sua expressão disse a ela que ele sabia que ela o estava olhando como um suspeito em potencial.

"De cabeça, eu posso de dar alguns detalhes bem específicos para cada noite até nove ou dez dias atrás."

"Isso seria ótimo," disse Mackenzie.

"Bem, eu estive na Virgínia, na parte sudeste, por três dias na semana passada. Eu voltei para DC há apenas quatro dias."

"E o que você estava fazendo lá?" ela perguntou.

"Eu participei de uma renovação e palestrei em outra," ele disse. "Se ajuda, eu tenho os recibos do hotel para provar."

Ele não está mentindo, ela pensou. Se eu o pedisse para buscá-los, ele o faria. Ele o faria nesse instante e eu os teria nas mãos dentro de dois minutos. E ele teria um sorriso de bosta na cara quase o tempo todo.

"E sobre as últimas quatro noites?" ela perguntou.

"Eu estive aqui todas essas noites. Tivemos um estudo da Bíblia três noites atrás. Durou mais ou menos até as dez."

Mackenzie estava prestes a fazer uma pergunta de continuação quando seu telefone zumbiu no bolso. Quando ela viu que era Ellington, seu dedão pairou sobre ATENDER.

"Sr. Hinkley, você se importaria em me mostrar esses recibos?"

"Claro," ele disse. "Um momento."

Enquanto Hinkley deixou a cozinha, Mackenzie olhou rapidamente para Harrison. "Suas ideias iniciais?"

"Ele parece um esquisito, mas não acho que ele seja nosso cara."

"Também," disse Mackenzie. "Um segundo," ela acrescentou, gesticulando para o telefone. Então, ela atendeu a chamada com: "Ei. Como vai?"

"Eu pensei que pensei em informá-la que as patrulhas na frente daquelas igrejas não vão ser uma prioridade tão alta como McGrath falou originalmente," disse Ellington.

E por que não? Ele tem uma ideia melhor?"

"Bem, isso vai deixar a mão de obra bem escassa. Ele ainda pode ter patrulhas no exterior delas, mas não vai ser prioridade."

"Não era ele que queria isso terminado o mais rápido possível antes que todos no Hill viessem caindo para cima dele? Mas está preocupado com mão de obra?"

"Pense nisso, Mac. O que vai ser mais efetivo? Alguns agentes ativamente lá fora caçando esse cara ou alguns agentes parados, esperando que o assassino possa aparecer. Além do mais... ele matou ontem à noite. Os outros assassinatos têm sido espaçados. As chances de que ele ataque hoje são quase nulas. Não podemos apenas sentar e esperar."

Ele está certo, ela pensou. Mas ainda assim, ela sentia que era um erro. A pista da Trilha de Jesus parecia sólida e ela sentia que devia ter uma recompensa no fim.

"OK," ela disse. "Obrigado por me informar."

Ela desligou a chamada ao ver Hinkley já retornando pelo corredor em direção a cozinha. Quando ele a entregou os recibos, o fez com um sorriso torto no rosto. Aqui está a prova de como absolutamente errada você está, parecia dizer o sorriso

Ela olhou os recibos e viu que era legítimos. Harrison estava olhando por sobre o ombro dela para eles também, dando-lhes uma olhada de escrutínio. Mackenzie sabia que ela poderia ligar para o motel e certificar-se de que ele não havia feito o check in e então saído apenas para voltar a DC para promulgar seus assassinatos. Mas era um tiro distante e parecia desesperado.

Não é ele, ela pensou. Você sabia disso alguns minutos atrás, pela maneiro que ele falou sobre Tuttle. Então, esqueça e siga em frente.

Obrigado por sua cooperação," ela disse, entregando-lhe os recibos. "Vou deixá-lo voltar para o seu estudo da Bíblia."

"Obrigada. E, Agente... é meio triste, não é?"

"O quê?"

"O fato de homens que alegam acreditar tão fervorosamente em Deus encontrarem alguém que discorda deles de maneira tão alarmante que eles apontam os dedos. Isso os faz sentir confortável. Isso torna mais fácil para eles darem as costas para seu próprio pecado."

Como o cisco e a viga que Whitter mencionou, pensou Mackenzie... não com uma ponta de ironia.

"Desculpe se isso te incomoda," Hinkley disse.

Não, você não sente, ela pensou.

"Agente Harrison," disse Hinkley, "certifique que você esteja sempre cuidando da Agente White. Sua vestimenta é justa, a saia muito alta. E nós vivemos em tempos malignos afinal."

"Como todo respeito," disse Harrison, "a Agente White não precisa de proteção."

Mackenzie disse nada, mas sorriu. Ela também ofereceu um simples aceno de cabeça para Hinkley ao voltar pelo corredor com Harrison a seguindo. Ela nem se incomodou em olhar para trás para o pequeno grupo de homens amontoados na sala de estar para o estudo. Ela andou diretamente para a noite lá fora e aumentou a velocidade enquanto caminhava em direção ao carro. Ela estava bastante feliz que Harrison estivesse com ela. O mero fato de que alguém mais estava lá com ela, ajudou-a a manter os pés no chão, não deixando seu desânimo tirar o melhor dela.

Mesmo que ele fosse inocente, Hinkley a havia irritado um pouco. Havia uma certeza nele-uma garantia absoluta de que ele estava certo e que os homens que foram mortos estavam todos errados. E se esse fosse o caso, então certamente ela não mataria esses homens tendo glorificação como motivo.

Talvez nós entendemos errado a coisa da glorificação, ela pensou. E se esse era o caso, o que mais entendemos errado?

Era um pensamento preocupante e um que a tinha feito quase queimar pneu na entrada de Joseph Hinkley.


CAPÍTULO TRINTA

 

Embora fosse necessária uma condução extra, Mackenzie deixou a residência de Hinkley e dirigiu até a Batista do Monumento e a Igreja Distrital de Deus. A Batista do Monumento veio primeiro. As duas ficavam tão próximas que quando ela saiu do carro para a calçada, ela podia literalmente ver a torre se erguendo em uma silhueta do outro lado mais no fim da rua.

Ela também viu que havia um carro de a paisana parado em frente a Batista do Monumento, o tipo de modelo 2005 inexpressivo que normalmente estava estacionado na garagem do FBI. Ela levantou a mão para o homem lá dentro, um gesto de reconhecimento. A figura lá dentro retornou, o movimento cansado e apático.

Pobre cara está entediado até o topo, pensou Mackenzie. Talvez ele não estivesse se esse local recebesse a atenção que deveria.

A noite estava escura-apenas um quarto da lua visível-então ela usou sua lanterna para verificar o terreno. A Batista do Monumento era bastante pequena, quase tão pequena quanto a pequena igreja na qual ela se encontrara com Benjamin Holland. Havia um pequeno cemitério nos fundos da propriedade, uma coisa que ela raramente via na cidade e isso adicionava um tom assustado para a cena toda. Depois de um circuito pela propriedade, ela caminhou mas longe acima do quarteirão para a Igreja Distrital de Deus.

Esta igreja parecia quase uma pequena loja. Um estacionamento asfaltado estava perfeitamente aparado na frente. Quando ela caminhou até as grandes janelas panorâmicas que viam lá dentro, ela pôde ver muito pouco com sua lanterna.

Talvez Ellington e McGrath estejam certos, ela pensou. Mais que uma ou duas pessoas posicionadas aqui pode ser um desperdício. As outras igrejas tinham um senso de charme e beleza nelas-mesmo a minúscula Pedra Angular Presbiteriana. Esses dois locais... eram como velhos monumentos esquecidos para um Deus que as pessoas só meio que acreditavam.

Incerta se seu encontro com Hinkley estava ou não a fazendo se sentir derrotada, Mackenzie sabia que ela precisava voltar para trás dos arquivos. Ela precisava estar confortável, sua mente desprovida de qualquer coisa. Mesmo se ela estivesse errada sobre essas duas igrejas, ela ainda sentia que ela estava em algo.

Mas em quê?

Era uma boa questão. E era a questão que ela tinha intenção de ter uma resposta antes que o sol surgisse. Ela voltou para o carro, acenando para o homem na patrulha novamente ao passar. Dessa vez, ela mal levantou a mão de volta para ela.

 

***

 

Ellington já estava em casa quando ela chegou. E, embora ele estivesse ficando pronto para se deitar e fazendo piadas sobre como eles poderiam ambos aquecer a cama, ela passou. Ela tinha que pegar aquelas arquivos. Felizmente, Ellington sabia tudo sobre a ética de trabalho dela e não levou para o lado pessoal. Ele também não ofereceu para ajudar, sabendo muito bem que ela recusaria nesse ponto também.

E ele não reclamou nada sobre isso. Ele simplesmente a conhecia assim tão bem, sabendo que ela tinha que trabalhar sozinha, em perfeita paz e sem distrações.

É por isso que eu o amo, ela pensou. É por isso que, se eu seguir meu caminho, vou acabar me casando com ele.

Ela pegou um refrigerante da geladeira às 11:15 da noite e começou a examinar os arquivos do caso novamente. Fotos das cenas dos crimes. Relatórios da perícia. Tudo que ela podia encontrar nos arquivos físicos e tudo dos e-mails e documentos digitais que tinha no computador.

Ela viu a mesma coisa em todas as fotos. Todos os homens foram mortos, despidos quase nus e crucificados de uma maneira que retratava Cristo.

Mas mesmo que esses sejam atos de glorificação, estão sendo realizados por um assassino, ela pensou. E para alguém que não tem escrúpulos sobre matar, algo aparentemente simples como glória seria distorcida.

Ela olhou para as fotos lado a lado. Cada morte... algo era diferente em cada uma. Havia apenas o suficiente para indicar um propósito por trás. Havia o leve corte na lateral do Woodall, então o desagradável e muito claro rasgão na lateral de Coyle. Além disso, com Coyle, havia os itens pessoais no pé da cruz.

Era como se ele estivesse construindo algo. E ele está tomando seu tempo nisso.

Por mais horrível que parecesse, ela duvida de que uma morte iria satisfazer esse cara. Então, se eles fossem trabalhar na suposição que a abordagem da Trilha de Jesus estivesse correta, talvez houvesse além de mais uma parada no caminho-o equivalente ao Cafarnaum.

Ou se existir um curso diferente? Há, talvez, alguma outra rota bem conhecida que Jesus tenha andado?

Ela gastou algum tempo no Google e surgiu com nada. A Trilha de Jesus continuava a pipocar repetidamente.

Quando ela viu que estava no segundo refrigerante, Mackenzie havia lançado mão de desenterrar informações sobre todos os quatro falecidos. Ela viu alguns artigos sobre eles e o Padre Costas até tinha uma página na Wikipédia. Na página, havia uma foto dele falando de um púlpito, um sorriso paternal no rosto. Sua elegante igreja estava atrás dele-as cores brancas, as colunas ornamentadas, mas de bom gosto, uma estranha, porém tranquila, obra de arte em relevo.

Alguns minutos depois ela se deparou com um vídeo do YouTube do Pastor Woodall. Ele estava dando um tour na sua igreja. O tour era co-liderado por um homem que Mackenzie encontrou na manhã que Woodall fora morto-Dave Wylerman, o diretor musical. Enquanto o vídeo levava o espectador pelo santuário (uma ampla sala que parecia mais com um teatro do que com uma igreja), Mackenzie notou as diferenças entre os interiores da Palavra Viva e da Sagrado Coração. Enquanto a Sagrado Coração era clara, destacada em ouro falso e luz natural derramando-se sobre todo lugar, parecia que a Palavra Viva era mais cores mudas e tons de terra. Até mesmo as pinturas na parede da ampla sala de entrada da Palavra Viva pareciam ser escuras e silenciadas.

Ela quase não as reparou, porque eram tão pouco atraentes. Mas após um momento de hesitação, ela parou o vídeo e voltou dez segundos. Ela assistiu Woodall e Wylerman andando pela sala de entrada e então pausou o vídeo quando a pintura voltou a vista.

Ela a estudou por um momento e reduziu o tamanho da janela. Então, ela abriu a página da Wikipédia do Padre Costas novamente e encolheu esta também. Ela deu um zoom na foto dele e então arrastou as janelas lado a lado.

A pintura no fundo da Palavra Viva portava algumas semelhanças com a arte em relevo atrás do Padre Costas em sua foto.

Agora curiosa, ela mandou uma mensagem para Harrison. Ela sabia que ele era uma coruja da noite e que provavelmente responderia rapidamente como sempre. Nós temos ALGUMA foto do interior da Pedra Angular ou da São Pedro?

Enquanto esperava, ela fez uma busca de imagens no Google por Pedra Angular Presbiteriana, Washington, DC. Ela teve que rolar a página um pouco até que encontrasse alguma coisa, mas mesmo assim, não era muito. Algumas poucas imagens de um churrasco na Escola de Férias da Bíblia no ano passado. Uma foto de um coral visitante. Algumas imagens do Reverendo Tuttle. Nada mais.

Ela recebeu uma mensagem de volta de Harrison onze minutos depois que ela tinha enviado sua mensagem. Lento para Harrison, mas não tão ruim considerando que, de alguma maneira, vem a ser 1:48 da manhã.

Precisei que encaminhar a requisição para o arquivo, ele respondeu. O caso é sensível, então eles pularam nele. Estão lhe enviando um e-mail com algumas imagens do interior da São Pedro de depois do assassinato de Coyle.

Ela verificou o e-mail e, certamente, havia um e-mail do Arquivo esperando por ela. Era intitulado São Pedro.

Ela abriu o e-mail e clicou no link dentro. Foi direcionada para um serviço de compartilhamento de arquivos do FBI onde havia dezoito imagens do interior da São Pedro. Ela não chegou a passar da segunda antes que visse que procurava.

No fundo, atrás do santuário e incrivelmente centrada perfeitamente na imagem, havia uma peça de arte de falso relevo. Embora não parecesse ser do mesmo estilo do que ela havia visto por acaso na Palavra Viva ou na Sagrado Coração, havia muitas semelhanças.

Eram muitas para se ignorar.

De fato, naquele momento, pareciam incrivelmente importantes.

Ela olhou para o relógio e depois para o seu telefone. 2:03 da manhã.

Ela não tinha escolha. Certa de que o pobre homem em breve iria odiá-la muito, Mackenzie fez uma ligação para Benjamin Holland.


CAPÍTULO TRINTA E UM

 

Mackenzie ficou surpresa e aliviada ao ver que Benjamin não parecia tão cansado com ela esperava que ele estivesse. Eram 2:50 quando ela o seguiu de volta na pequena biblioteca nos fundos da pequena igreja. Ele parecia quase feliz em estar ali, como se ele pudesse estar retornando ao seu lugar preferido no mundo.

"Eu não posso lhe dizer o quanto eu agradeço você me encontrar em uma hora tão miserável," disse Mackenzie.

Benjamin deu de ombros enquanto ela se acomodava no sofá. "Eu sou uma coruja de qualquer jeito," ele disse. "Eu estava acabando de ficar pronto para assentar a noite quando você ligou."

"Vou tentar fazer com que você volte para a cama logo que possível," ela disse.

Ela estava com sua mochila do notebook por cima do ombro. Ela a escorregou, abriu o notebook e puxou as imagens que esteve estudando com tanto afinco no seu apartamento.

"Embora ainda estejamos considerando fortemente a abordagem da Trilha de Jesus, há algo mais que reparei em algumas dessas imagens. No início em pensei que pudesse ser nada, mas não sei... parece um pouco coincidência demais para mim."

"Bem," disse Benjamin. "Vamos ver o que você tem."

Mackenzie passou os próximos poucos momentos contando-lhe como ela havia chegado a encontrar as imagens-da peça de arte por trás do Padre Costas, até pintura na Palavra Viva e a arte de falso relevo na São Pedro. Então, eles estudaram as imagens de perto. Benjamin parecia bem fascinado enquanto estudava as imagens, um sorriso se formando nos cantos de sua boca.

"Reconhece a obra de arte?" ela perguntou.

"Reconheço," ele disse. "Digo, eu nunca estive realmente na São Pedro antes, então eu na verdade não vi essa obra, mas eu reconheço-a pelo que ela é. Todas as três fotos que você trombou... são os três estágio da Via Sacra."

"O que é isso exatamente" ela perguntou, novamente não gostando da sensação de ser ignorando em uma área específica.

"Em latim, é referida como Via Crucis. É a representação do que Cristo passou no dia que foi crucificado. Há quatorze delas-quatorze imagens que mostram várias cenas daquele dia. Começa no momento em que Pilatos condenou Cristo a morte e termina quando ele é colocado em um túmulo. Há uma certa décima quinta representação não oficial mostrando Cristo sendo ressuscitado."

"E isso é uma coisa bem conhecida?"

"Não realmente," ele disse. Como se arrebatado por uma reflexão tardia, Benjamim levantou do sofá e começou a procurar pelos títulos. Ele percorreu o dedo habilmente ao longo das lombadas, procurando uma em particular.

"Se você pegar uma pessoa aleatória da rua e perguntá-la sobre isso, provavelmente, ela não vai ter ideia do que você está falando," ele continuou. "Eu suponho, porém, que se você vive em Jerusalém, você saberia disso. Há um beco na cidade conhecido como Via Dolorosa, que tem essas estações numeradas. Pessoas podem viajar por elas como forma de lembrança e oração. É claro, como vemos nessas imagens, há representações replicadas pelo mundo inteiro. Uma das mais populares, eu acredito, está localizada em Portugal."

Dito isto, ele selecionou um livro da prateleira e comecei a folheá-lo enquanto voltava para o sofá. Quando ele chegou ao sofá, havia encontrado o lugar que estava procurando e entregou o livro para Mackenzie.

Ela olhou as páginas em frente a ela e viu algumas representações diferentes das cenas da Via Sacra. Havia uma linda em Portugal no Tempo de Nossa Senhora de Fátima. Havia um conjunto colorido inteiro localizado em uma igreja portuguesa em Kolkata. Ao virar para a próxima página, ela até viu imagens mostrando pessoas encenando a caminhada de Cristo até Gólgota, completa com enormes cruzes amarradas nas costas dos atores.

"OK," disse Mackenzie, sentindo as peças caírem no lugar. "Então, o que você pode me dizer sobre as representações dessas igrejas aqui em DC?"

"Bem, a que eu vejo da Palavra Viva está bem clara, eu acho. Mostra Cristo caindo pelo peso da cruz nas suas costas. Agora, durante a via, ele cai três vezes, mas a cada vez que ele cai, há mais pessoas ao seu redor, retratando a multidão se reunindo para vê-lo morrer. Dado que havia pouquíssimos espectadores nessa representação, eu diria que foi a primeira vez que ele caiu."

"Das quatorze estações, qual é a posição dessa?"

Benjamin pegou o livre dela, virou algumas páginas e chegou a uma página que listava a ordem das estações. "Aqui," ele disse. "Seria a terceira estação."

"E a representação da São Pedro?"

Ambos olharam para a foto do interior da São Pedro. Mostrava uma mulher, presumivelmente Maria, chegando ao lado de Cristo enquanto ele continuava com sua cruz.

"Jesus se encontra com Maria," disse Benjamin. "Essa é a quarta estação."

Outra grande peça do quebra-cabeça caiu no lugar para Mackenzie. Se a representação da Via Sacra na Sagrado Coração representa a primeira estação, eu peguei esse desgraçado.

Porque a terceira estação foi a Palavra Viva... e o Pastor Woodall foi a terceira vítima. A quarta estação foi representada na São Pedro e o Padre Coyle foi a quarta vítima.

Outra certeza se instigou nela, uma que a fez ter mais segurança do que nunca que essa era a chave.

Esse cara poderia facilmente matar suas vítimas em suas casas. Mas ele está escolhendo fazê-lo nas igrejas. Por alguma razão, ele sente que precisa acontecer no lugar onde aquela estação em particular está representada. Todas essas mortes... onde quer que os assassinatos aconteçam, tudo termina em uma igreja...

Juntos, Mackenzie e Benjamin olharam a imagem na Sagrado Coração. Ela ampliou a representação da estação atrás do Padre Costas. Ela viu Cristo, de pé com algumas outras pessoas enquanto outro pequeno grupo estava acima dele em algum tipo de grande escadaria ou palco de algum tipo. O homem no centro parecia bastante régio e autoritário. A certeza disso caiu sobre Mackenzie no mesmo momento que Benjamin pronunciou.

"Esse é o momento no qual Pilatos condena Cristo a morte," ele disse. "Essa é a primeira estação."

"Então, ele vai em ordem," disse Mackenzie.

"Parece que é dessa forma," disse Benjamin seriamente.

Mackenzie olhou para a lista cronológica das estações. A quinta estação transmitiu a cena de Simão indo auxiliar Cristo a carregar a cruz.

"Por acaso, você conhece alguma igreja em DC que tem obra de arte que representa a quinta estação?" ela perguntou.

"Temo que não," ele disse. "Mas eu posso fazer algumas ligações e ver se consigo uma resposta."

"Seria extraordinário," ela disse.

"Pode demorar um pouco, dada a hora."

Mackenzie assentiu, se recusando a desanimar-se novamente. "Tudo bem," ela disse. "Qualquer coisa que você possa fazer para ajudar seria muito apreciado. Você poderia me ligar no momento que você obtiver uma resposta?"

"Se eu consegui uma resposta, com certeza."

"Verei o que o FBI pode fazer para ajudar a obter uma resposta também," ela disse. "Obrigada novamente."

Com isso, ela deixou o estudo pela segunda vez em menos de doze horas.

É isso, ela pensou. Essa é a conexão. Isto é o que vai nos ajudar a pegar esse babaca.

Ela correu até seu carro e quase derrapou para fora da vaga de estacionamento ao voltar para a sede do FBI.


CAPÍTULO TRINTA E DOIS

 

Mackenzie não tinha certeza de quanto tempo levaria para encontrar um pedaço de informação aleatória tão bizarra e do nada como o que ela e Benjamin estavam em busca. Mesmo assim, quando rolou 4:30 por lá e ela se viu de pé em uma sala de conferências com três outros agentes e nenhuma resposta além, ela começou a sentir como se o tempo estivesse escapando deles. Chegou ao ponto no qual ela estava esperando o telefone tocar a qualquer momento-seja com boas notícias de Benjamin ou com notícias terríveis de que o assassino atacou novamente enquanto eles estavam ocupados fazendo ligações telefônicas para igrejas para perguntar sobre a arte que eles tinham penduradas nos corredores e santuários.

Ellington, Yardley e Harrison estavam todos na sala com ela. Yardley estava verificando todos os registros de doações de museus de arte nos últimos cinquenta anos, procurando por alguma indicação de que uma representação da Quinta Estação da Cruz tenha sido dada a uma igreja local. Harrison estava ligando apologeticamente para os líderes de cada igreja que ele pode conseguir as informações de contato, perguntando sobre as obras de arte das suas igrejas. Ellington estava correndo interferências e tentando manter McGrath feliz, fazendo o que podia para explicar corretamente a descoberta de Mackenzie relativa às Estações.

Mackenzie, enquanto isso, continuava a pesquisar sobre as Estações e o significado delas para diferentes denominações. Talvez ela pudesse encontrar um motivo escondido em algum lugar da história e da teologia de tudo. Ela quase desejava que estivesse de volta ao estudo de Benjamin Holland, em torno dos seus aparentemente ilimitados recursos de textos religiosos. Em vez disso, ela se contentou com o que tinha: Google e Wikipédia.

Ellington, passando os últimos vários minutos no telefone com McGrath, abaixou seu celular e tomou um assento ao lado de Mackenzie.

"Então, ele não está tão feliz," ele disse.

"Claro que não está. Eu não ofereci algum truque mágico para apontar um dedo diretamente para o assassino."

"Bem, sim, tem isso," disse Ellington. "Mas ele ainda está irritado sobre você querer vigiar aquelas duas igrejas-o que, aliás, ele está fazendo. Há carros passando por lá a cada hora mais ou menos."

"Então eu acho que ele está chateado que nós quatro estejamos ajuntados nessa sala de conferências, tentando identificar essa igreja?"

"Sim, ele não está muito feliz com isso. Ele disse que estará de volta aqui daqui a cerca de uma hora. Ele está ocupado com outra coisa agora."

"Ele disse o quê?"

Ellington balançou a cabeça. "Não. Seja o que for, ele está mantendo bem perto do cinto dele."

"Eu não vejo o que-" ela começou a dizer, mas seu telefone a interrompeu.

Ela respondeu imediatamente, reconhecendo o número.

Era Benjamin Holland.

"Por favor, me diga que conseguiu," ela disse.

"Tenho. Um amigo meu na Bélgica é um colecionador ávido de arte religiosa e acompanha esse tipo de coisa. Na verdade ele tinha uma lista de todas as igrejas americanas com algum tipo de representação das Estações da Cruz. Ele tem três igrejas listadas em DC que tem representações da quinta estação. Uma dessas igrejas fechou nos últimos anos, porém, então isso abate suas opções para duas."

"Ótimo," ela disse.

"Fica melhor. Dessas duas igrejas, uma delas dedicou sua representação a um museu de arte religiosa em algum lugar no México no ano passado. Então isso deixa você com apenas uma igreja. Batista da Graça na Hudson Street."

"Tem certeza disso?" ela perguntou.

"Tenho. Eu o fiz confirmar. Eu vou lhe enviar o número de telefone de lá por mensagem. Porém, eu não tenho o número de ninguém na liderança."

"Tudo bem. Perfeito. Obrigada, Benjamin."

Ela desligou antes que ele pudesse dar sua reposta inteira de Por nada.

"Consegui," ela anunciou para a sala, pegando o número de McGrath.

"Conseguiu o que?" perguntou Harrison. "A igreja?"

"Sim. Benjamin Holland chegou por um longo caminho."

"Você está ligando para McGrath?" perguntou Ellington. Depois que ela assentiu, Ellington estremeceu. "Eu não sei se é a melhor ideia."

Mas foi tarde demais. O telefone havia tocado duas vezes e McGrath respondeu com a sua maneira direta de sempre.

"O que foi, White?"

"Batista da Graça," ela disse. "É onde está a quinta Estação da Cruz."

"Você está certa disso?"

"Sim. É informação que veio diretamente de um amigo próximo de Benjamin Holland. Ellington e eu vamos até lá agora e-"

"Não. Eu não quero nossa força de trabalho espalhada tão rala assim. Já está bastante rala do jeito que está. Você vai até lá e se parecer que vai virar alguma coisa, então você liga. Se você sabe com certeza de que tem alguma coisa por lá, ligue e eu enviarei todos os agentes disponíveis."

"Senhor, o que está acontecendo?"

"Eu estou atolado, White. Estou até os olhos de outra merda. O mundo não gira ao redor do seu caso."

"Pareceu que sim da última vez que nós conversamos," ela disse. Então ela trancou sua boca, percebendo que ela estava dando uma de esperta com McGrath. E isso não poderia fazer nada além de complicar as coisas para ainda piores.

"Eu vou fingir que os últimos cinco segundos nunca aconteceram, então considere isso como um alerta para a sua boca espertinha," ele disse. "Agora, se você acha que é uma pista sólida, por favor, vá verificar. Se chegar à alguma coisa, solicite a ajuda que precisar."

Ele terminou a chamada abruptamente, deixando Mackenzie com um telefone silencioso nas mãos. Ela olhava para o telefone, estupefata.

"Ruim assim, hein?!" perguntou Ellington.

Ela suspirou e colocou o telefone na bolsa. "Eu vou para lá e dar uma olhada. Se resultar em alguma coisa, eu ligarei. Fiquem no aguardo, todos vocês?"

Yardley e Harrison assentiram, Yardley com um olhar de apreensão no rosto. Ellington, enquanto isso, a levou para fora da porta e quando estavam a sós, ele tomou as mãos dela.

"Você está ok?" ele perguntou.

"Sim. McGrath está sendo... não sei. Ele está escondendo algo."

"Eu também achei isso. Vou ver o que posso descobrir. No meio tempo, tome cuidado. E me ligue mesmo se você só farejar perigo."

Ela assentiu e inclinou-se para beijá-lo. Foi doce e persistente, exatamente o que ela precisava para mandar uma carga extra de energia nela. Com o beijo suprindo um pouco mais de energia, foi fácil ignorar o fato de que ela não havia dormido na noite passada.

Bem desperta e com uma pista promissora à frente, ela desceu para o carro enquanto a noite começava a desaparecer no despertar da manhã que se aproximava.


CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

 

Chegando a uma parada em um semáforo, Mackenzie tirou o telefone e digitou Batista da Graça no Google. A página apareceu e levou apenas alguns momentos para encontrar a página de Sobre Nós Lá, ela encontrou o nome do pastor líder: Tim Armstrong. Não havia número de contato pessoal, apenas o número da igreja seguido por um ramal.

Ela mandou uma mensagem de grupo para Ellington, Yardley e Harrison. Preciso do número para Tim Armstrong, pastor principal da Batista da Graça.

Na frente dela, a luz ficou verde e ela arrancou. Suas entranhas estavam tremendo, seu coração martelando-seu instinto dizendo a ela que estava em algo. O último semáforo, ela decidiu, seria o último que ela pararia.

Então, pela terceira vez, ela tentou o número que Benjamin Holland havia lhe dado. Só a havia direcionado a uma gravação do centro de boas vindas da igreja como nas duas vezes anteriores e fez o mesmo desta vez. Ela estava convidada a tentar um ramal ou deixar uma mensagem. Fez nenhum destes; ela percebeu que se nada acontecesse entre agora e o início do horário comercial, ela falaria com alguém cara a cara e certificar-se-ia de que a igreja estivesse sob vigilância constante. O pastor líder também pode precisar de uma escolta. Claro, isso pode deixar ainda mais difícil encontrar o assassino, mas-

Você está ficando muito à frente de si, ela pensou enquanto desacelerava para virar no estacionamento.

O sol estava acabando de depositar algumas marcas douradas ao longo do horizonte quando Mackenzie parou o carro no estacionamento da Batista da Graça. A igreja a lembrava um pouco a Palavra Viva. Era grande, mas não excessivamente. Também foi projetada com uma sensação bastante moderna, nada como as igrejas Batista de onde Mackenzie cresceu.

Ela olhou para a direita e viu apenas um carro no grande estacionamento. Nada sobre ele gritava suspeito, mas a fez lembrar-se de uma coisa que ela havia negligenciado antes de sair da sede.

Ela andou até a igreja na desvanecida escuridão do amanhecer. Como a Palavra Viva, tinha grandes janelas que a permitiam ver lá dentro. Como esperava, não havia qualquer pessoa dentro. Ela tentou as portas duplas de vidro e, sem surpresa, encontrou-as trancadas.

Em seu bolso, seu celular a chamou. Ela o removeu e viu que Yardley enviara mensagens de texto com o número de telefone celular de Tim Armstrong. Ela clicou no número e o telefone ligou para ela imediatamente. Ticou cinco vezes e, então, direto para a caixa postal. Ela não se importou com uma mensagem, sabendo que mais de cinquenta por cento das vezes, não ajudava. Pessoas tendiam a nem checar a caixa de voz a não ser que estivessem esperando uma chamada importante.

Ela sabia que era muito cedo para a maioria das pessoas-passando das 5:30 da manhã agora-mas ela percebeu que isso era uma emergência. Também, embora pudesse ser um pouco estereotípico, ela estava bem certa de que qualquer líder religioso estaria de pé logo cedo para orar e ter tempo de silêncio. Aparentemente não Tim Armstrong, no entanto.

Começando a compreender porque McGrath possa ter pensado que ela estava sendo muito insistente quanto ao envio de tanta força de trabalho quanto possível para lá, Mackenzie começou a caminhar pelo prédio. Ela chutou que o prédio em si era aproximadamente do comprimento e largura de um campo de futebol-provavelmente alguns metros a menos, mas próximo. Então fazer a trilha ao redor dele não era tarefa fácil.

Ao virar a quina para os fundos da igreja, ela viu uma pequena casinha de manutenção e ferramentas no limite da propriedade. Atrás dela havia uma cerca de ferro fundido que separava a propriedade da igreja de um terreno vizinho-a entrada de uma subdivisão abastada.

Um trecho considerável de gramado ficava na parte de trás da igreja. Um pequeno parque infantil estava escondido na esquina do gramado, novamente separado da propriedade vizinha pela cerca de ferro. Um estacionamento da equipe de funcionários ficava do outro lado, completamente vazio.

Ainda sentindo-se inquieta, ela supôs que tentaria o número de Armstrong mais uma vez. Talvez se o mesmo número chamasse repetidamente, ele se inclinasse a atender.

O telefone começou a tocar em seu ouvido. Depois do primeiro toque, o som ficou estranho. Quase soava como se estivesse ecoando em seu ouvido, como se estivesse...

Como se o telefone estivesse aqui, no terreno da igreja.

Ela removeu o telefone do ouvido e escutou atentamente. Lá estava de novo-o toque de um telefone celular. Sem o telefone no ouvido, era muito mais fácil escutar, mais fácil de rastrear.

Estava vindo de trás dela. Do galpão de manutenção.

Ela retornou o telefone para o bolso e, sem nem pensar, tirou a Glock do coldre.

Acalme-se, uma pequena parte dela dizia. Ele pode apenas estar por lá para verificar os suprimentos. Talvez colocando gasolina no cortador de grama para hoje mais tarde.

A parte mais sábia dela lembrava-se de ter visto um único carro no estacionamento. Às 5:30 da manhã, essa parte dela argumentava.

Ela caminhou rapidamente ao longo da faixa de grama dos fundos em direção ao galpão de manutenção. Era um modelo mais legal, um que ela provavelmente compraria da parte da frente de uma Home Depot ao invés de construir à mão. Uma grande porta de celeiro estava trancada na frente. Uma única janela ficava no lado direito, refletindo o pouquinho de luz do sol que havia agraciado esse lado do mundo.

Ela reduziu o passo ao se aproximar do galpão. Em vez de dirigir-se diretamente para a porta, ela foi para o lado direito da estrutura. Ela avançou em direção à janela, a Glock mantida apertada em suas mãos. Ela se virou rapidamente para a janela, olhando para dentro o mais furtivamente possível.

Ela viu as grandes tábuas no chão primeiro-uma na vertical, ocupando quase todo o comprimento do galpão. A outra estava na horizontal, um pouco torta e não exatamente cruzada, mas a ideia estava certamente ali.

Então ela viu o homem.

Ele estava despido apenas de cueca.

Seu braço direito estava esticado desajeitadamente enquanto ele pegava a tábua horizontal.

Não, ela pensou. Ele não está pegando.

O reflexo da janela tornava muito difícil ver claramente, mas sua mão foi pregada na tábua. Ela podia ver o círculo escuro de sangue nas suas palmas enquanto ele lutava contra a dor e o peso.

Ela olhou para seu rosto enquanto o estômago dela afundava. Havia uma mordaça amarrada ao redor da cabeça. Seu cabelo era grisalho e os olhos frenéticos e repletos de dor que ela viu pela janela pareciam muito mais felizes e mais pacíficos quando ela os viu na fotografia no site da Batista da Graça.

Era Tim Armstrong.

Mackenzie se afastou da janela e se dirigiu para a porta do galpão.

Quando outro homem andou para fora do canto, ela ficou muito surpresa no início por agir tão rapidamente quanto costumava fazer.

Ele estava apenas a apenas um passo dela quando ele desceu um martelo sobre a cabeça dela. Estava descendo, mirado em seu crânio, quando ela tentou desviar para o lado e puxar o gatilho da Glock ao mesmo tempo.

Os sons do disparo e da repugnante batida do martelo acertando o lado do seu rosto encheram o mundo ao mesmo tempo.

As pernas de Mackenzie sentiam como os ossos tivesse virado gelatina. Ele bateu os joelhos, tentando levantar a arma, apenas para descobrir que não havia nada além de escuridão em frente aos seus olhos.

 

***

 

Quando ela abriu os olhar, a primeira coisa que ela percebeu foi que ela não conseguia respirar. O mundo não estava escuro, mas matizada em uma estranha cor bege. seus ombros doíam e seus tornozelos davam pontadas. Mias que tudo o mais, sua cabeça doía para diabo.

Acalme-se, ela pensou. Faça o inventário. O que aconteceu?

Ela colocou as peças juntas e enquanto o fazia, foi capaz de respirar novamente-e de ter uma melhor visão da sua situação.

Tim Armstrong estava no galpão. Uma mão pregada a uma cruz que ainda não havia sido construída. Um homem veio da esquina e me bateu com um martelo. Mas eu disparei um tiro. Eu o acertei? Ele está morto?

Dadas a sua situação de apuros atual, ela assumiu que não.

Quando sua visão começou a retornar-ainda bege e embaçada por hora, mas operável-ele teve uma ideia melhor do que estava acontecendo.

Ela estava no galpão. Suas mãos estavam amarradas atrás das suas costas. Seus tornozelos estavam amarrados. Ela foi arrastada para um canto, atrás de um cortador de grama e um galão de gasolina.

Ela moveu a cabeça lentamente. Ela olhou para a janela e viu que ainda estava turvo lá fora. O sol ainda não nasceu.

Então não fiquei apagada por muito tempo. Talvez ele mal tenha conseguido me dar aquela martelada.

Isso, também, era ilusório. Sua cabeça parecia como se uma bomba tivesse sido detonada no seu crânio. Ela podia senti-la inchando mesmo seu usar as mãos.

Do seu lado direito, ela podia ouvir um tilintar. Foi seguido por um murmúrio de desespero e um suave barulho arrastado.

"Fiquei quieta," uma voz disse. "Isso vai acabar logo. Você está morrendo como Jesus. Você, também, será glorificada."

Mackenzie não conseguia ver o que estava acontecendo porque o cortador de grama estava bloqueando seu campo de visão. Ela lutou contra o que quer que estivesse prendendo seus pulsos, mas sem efeito. Eles estavam bem amarrados. Tudo o que a luta conseguiu foi contar a lateral dos seus punhos nas bordas do protetor de grama do cortador.

A dor e o sangue fresco derramado de sua pele eram uma dádiva, no entanto. Uma ideia que parecia ao mesmo tempo tanto desesperada quanto ilógica. Novamente, se movendo o mais silenciosamente que podia, Mackenzie deslocou o corpo para a direita. Ela teve que torcer os ombros desajeitadamente, mas ela conseguiu alinhar as fortes amarras ao redor dos seus punhos com o protetor de grama. Ela levantou os braços e os abaixou, para baixo e para cima, para cima e para baixo o mais silenciosamente quanto podia.

Ela não tinha ideia se estava funcionando-se o protetor estava cortando o que quer que estivesse prendendo seus punhos. Ela podia dizer que não era aço ou metal... talvez fosse uma corda ou de pano reforçado, ou-

A garagem foi então preenchida com o som pesado de um martelo batendo um prego. Um choro gutural de agonia, abafado, porém inconfundível, se seguiu. Mackenzie se encolheu com o barulho, mas também usou isso para sua vantagem, levando os dois ou três segundos para intensificar seus estranhos movimentos de serra.

Ela começou a sentir a pressão ao redor dos seus pulsos se afrouxarem. Ela olhou abaixo para os tornozelos e viu que estavam amarrados com algum tipo de corda grossa. Se fosse o mesmo material que estava mantendo seus pulsos juntos, ela assumia que seria capaz de cortá-los com bastante facilidade.

A dor murmurada de Tim Armstrong se tornou um ofegante tipo de chiado. A apressada comoção dele se contorcendo contra o chão havia parado.

Eu vou escutá-lo morrer se não me apressar, ela pensou.

Novamente, ela escutou o tilintar de pregos e então um ruído quando um martelo foi largado no chão.

"Eu sei que machuca," o homem disse a Armstrong. "Mas acabará em breve. Apoie-se sobre estes braços eternos até então. Ele está esperando por você, Pastor. Ele está esperando por você e você irá se regozijar na sua presença."

Ele está fazendo isto como forma de glorificação, ela pensou enquanto continuava a serrar. Ele acha que está fazendo um favor a eles-acha que ele os está entregando a Cristo.

Mais dois lentos e direcionados movimentos dos seus ombros e ela sentiu seus pulsos ficarem completamente livres. Ao invés de saltar imediatamente, ela tomou um momento para flexionar as mãos e esticar os pulsos. Então, ela abaixou-se rapidamente e desatou a corda ao redor dos seus tornozelos. Ela saiu com facilidade e quando finalmente ficou livre, colocou-se em uma posição agachada.

Sem arama, ela pensou. Uma cabeça que parece que está rachada ao meio e uma visão que ainda não está cem por cento. Não são as melhores chances.

Ela espiou por sobre o capô do cortador e levou um único momento para entender a situação.

Aparentemente, o golpe de martelo que ela ouviu segundos atrás não foi a segunda mão de Armstrong sendo pregada na tábua. Todavia, um brilho de sangue fresco em sua mão direita sugeria que o prego ali havia sido reforçado com aquela martelada em particular.

O assassino estava curvado sobre a cruz em construção, pegando outro grande prego nas mãos e se movendo em direção à outra mão de Armstrong. Ela viu uma boa quantidade de sangue ao longo do braço direito do assassino. Ela se perguntou se foi aí que seu tiro havia atingindo, alto no braço, perto do ombro.

Ela só podia ver o lado esquerdo do rosto do assassino. Ele parecia bastante abatido, uma barba no rosto que era indisciplinada e grisalha. Ele usava um apertado chapéu na cabeça, o tipo que parecia um gorro. Seus olhos estavam apertados em estreitas linhas, tornando quase difícil ver seus olhos castanhos. Ele estava trabalhando com dedicação e determinação.

Quanto a Armstrong, ele ainda estava vivo, mas estava em estado de choque. Seus olhos estavam estreitos e delirantes, seus membros tensos, mas não rígidos contra o toque do assassino.

A arma dela estava aos pés do assassino. O martelo estava na mão dele.

Atrás dele, pendurado em uma pequena grade aparafusada na parede, ela viu uma pá, uma enxada, um pequeno forcado e uma vassoura. Ele tinha todas as ferramentas com ele ou atrás dele e ela tinha nenhuma.

Eu tenho o elemento surpresa, ela pensou.

Mas então, naquele momento, até isso foi tirado dela.

O assassino olhou acima do seu trabalho, talvez apenas para conferir o estado prévio de comatose dela. Quando ele viu que ela estava acordada, ele parou por um breve momento. Então, ele largou o martelo e pregos e foi até a Glock.

Mackenzie fez o seu melhor para usar o seu entorno. Ela pegou a primeira coisa que ela viu-o galão de gasolina. Ela pegou, grata por descobrir que estava pelo menos meio cheio e o atirou. Parecia um ataque estúpido, mas muita gasolina saiu derramando pelo bico. Derramou no rosto dele, nos olhos. Ele gritou e tropeçou para trás, tentando instantaneamente limpar a gasolina dos olhos.

Mackenzie tirou vantagem disso ao se arrastar para cima e por sobre o capô do cortador de grama e dando um forte chute no peito do assassino. Ele caiu para trás com força e rebateu na parede da frente do galpão. Ele avançou gritando em direção a ela e ela facilmente o afastou com uma cotovelada no mesmo lugar que ela havia acabado de chutar.

O assassino se curvou ofegante. Mackenzie deu um passo a frente para continuar o ataque e prender as algemas nele, mas foi quando seu pé esquerdo escorregou na gasolina no chão. Ela mal escorregou, mas foi suficiente para dar uma janela de oportunidade para o assassino.

Ele foi correndo para cima dela e derrubou seus joelhos. Ambos caíram para trás em um estranho baque. As pernas de Mackenzie trombaram nas pernas de Tim Armstrong e ela caiu. O pastor estava gritando o tempo inteiro, gritando através da sua mordaça.

O assassino atingiu o chão, sua mão caindo sobre a Glock. Quando Mackenzie sentou-se, sua visão nadando e a cabeça gritando em dor infernal, sua mão encontrou o martelo do assassino. E dessa maneira, os papéis se reverteram.

No entanto, ela tinha uma vantagem. Ela sabia como usar um martelo com facilidade. Ele, por outro lado, tinha que olhar para baixo para a arma para ter certeza de que estava pronta para atirar.

Ela usou esse momento para acertar um cruzado pesado no seu queixo, usando o martelo como uma forma medieval de punhos de bronze. Ela ouviu algo na sua mandíbula estalar enquanto ele foi até a parede novamente. A arma bateu no chão, mas ele se esqueceu de disse no momento que seu impacto mandou a pá e o forcado ao chão.

Ele agarrou o forcado e tentou espetá-la com ele. Mas ela era muito rápida, já estava em cima dele. Ela envolveu a cabeça dele em um mata-leão e quando ele gritou, ela pode sentir em seus ossos. Ele tentou reajustar o forcado de forma que as garras ficassem viradas para eles. Ele tentou empurrá-la para frente, diretamente nos dentes, mas ela era muito forte. Ele empurrou e empurrou contra ela e foi por isso que ela ficou tão surpresa quando ele parou e, de repente, empurrou-a na direção oposta.

Ele a arremessou com força na parede repetidamente, ela sentia como se sua cabeça tivesse sido aberta como um melão. A dor era incomensurável e por um momento devastador, ela pensou que iria desmaiar novamente.

Ele foi correndo para frente com o forcado e foi tudo o que precisou para ela se apegar a consciência. Os olhos dela escanearam o lugar por um instante e quando ela viu a Glock repousando aos seus pés, ela se jogou no chão como se suas pernas tivessem derretido.

Ela foi rápida, mas não o suficiente. Ao atingir o chão, a garra externa pegou seu braço direito. Mal a atravessou, mas foi suficiente para cortar sua pele e derramar sangue instantaneamente. Mais uns dois centímetros e a teria pregado no chão, a garra a segurando firme.

Ela gritou enquanto sua mão recuperou a Glock. Sem mirar muita, ela a levantou e puxou o gatilho.

Um respingo de sangue quente a atingiu.

O forcado atingiu o chão cerca de dois segundos antes que o corpo do assassino o seguisse.

O tiro o acertou diretamente sob o queixo. Os resultados foram muito sinistros; Mackenzie teve que desviar o olhar.

Ela respirou profundamente e sentou-se, consciente de que o sangue do assassino estava sobre ela, mas incapaz de encontrar a força para se importar naquele momento.

"Pastor Armstrong... ajuda está a caminho... ajuda está a caminho..."

Ela tirou o celular enquanto tentava se colocar de pé. Ela tinha consciência apenas o suficiente para apertar o número de Ellington antes que a escuridão descendesse sobre ela novamente e ela também se juntasse ao assassino e ao Pastor Armstrong no chão do galpão.


CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

 

Foram três semanas antes que Mackenzie retornasse ao trabalho. Com seis pontos na lateral da cabeça logo acima da têmpora e vinte e um pontos no braço, ela estava confinada em serviço de escritório. E isso estava bem por ela; no que se seguiu depois do que aconteceu no galpão e da sua dolorosa recuperação após, havia muito que digerir.

No seu primeiro dia de volta, ela gastou a maioria do tempo lendo lentamente os documentos e relatórios do caso. Ela tinha de ler lentamente e concentrar-se mais que o habitual. Sua cabeça ainda doía de vez em quando. Ela ainda podia sentir as consequências da concussão que os médicos diagnosticaram e mesmo uma coisa tão simples quanto ler algumas páginas de documentos cobraria seu pedágio na sua mente.

Vagarosamente e com muito foco, ela foi capaz de reunir em ordem cronológica os fatos que ela recebeu de Ellington enquanto ele cuidava dela e a auxiliava de volta à saúde tão bem quanto podia pelas últimas três semanas no apartamento deles.

O nome do assassino era Thomas Hamel. Ele foi nascido e criado em uma comunidade rural na Virgínia onde frequentava uma igreja Batista com sua mãe e então, depois do divórcio dos pais, uma igreja Católica com sua mãe. Em cada igreja, ele havia testemunhado coisas grotescas sobre as quais ele escrevia extensivamente em diários encontrados em seu apartamento em Georgetown. Aos dez anos de idade, ele viu uma troca de socos entrar em erupção na sua igreja quando foi descoberto que um diácono estivera dormindo com a esposa do pastor. A igreja se dividiu e as amizades se dissolveram bem em frente dos olhos desse garoto de dez anos.

Então, aos treze quando se envolveu na igreja Católica da mãe, rumores de abuso sexual começaram a rondar. E, embora não houvesse qualquer prova, dois líderes da igreja se resignaram em meia às alegações. Tomando isso basicamente como uma admissão de culpa, Hamel e alguns dos amigos foram apanhados pichando a frente da igreja.

Nada demais aconteceu depois disso. Hamel frequentou a universidade, se tornou envolvido com uma igreja, casou-se, divorciou-se e, de alguma maneira, acabou tentando começar sua própria igreja. Nunca saiu do chão e depois, quando se candidatou a duas faculdades bíblicas separadas, ele foi recusado.

Fora acusação de vandalismo quando adolescente, Hamel não tinha outros registros. Mas os diários encontrados em seu apartamento falavam de ódio contra "falsos seguidos de Cristo e apologistas" ao mesmo tempo em que falava do seu amor e desejo de glorificar Jesus Cristo de toda forma possível. Ele também falava da sua admiração por certo líderes religiosos da área; os nomes do Padre Costas e Coyle, Pastor Woodall e do Reverendo Tuttle estavam entre eles.

E é aí onde as coisas ficavam realmente arrepiantes.

Hamel havia listado quatorze líderes religiosos e quatorze igrejas em seus meandros. Ele tinha todas as intenções de matar quatorze líderes religiosos e depois se entregar-sua própria maneira de "crucificação."

Quanto a Tim Armstrong, o homem que quase se tornou a quinta vítima de Hamel, logo entraria na segunda das três cirurgias na mão direita. Ele provavelmente nunca teria habilidade total na mão, mas parecia que os médicos poderiam salvá-la.

Hamel não deixou família; sem filhos e uma ex-esposa que parecia não se preocupar com sua morte quando a agência a notificou.

A vida inteira do cara, bem aqui em algumas folhas de papel, pensou Mackenzie. E está acabada... simples assim. Uma bala ... que eu atirei.

Ela não se arrependia. Ela sabia muito bem que na luta que tivera com ele, ele a teria matado se ela não tivesse conseguido sair por cima. Mas ela olhou para trás para os relatos de sua infância-como um filho tinha sido tão afetado e distorcido por causa da influência da igreja sobre ele.

"Ei, você," disse um voz da porta.

Ela olhou acima e viu Ellington de pé.

"Ei," ela disse.

"Hum... o que está errado?"

"nada."

"Então, por que você está chorando?"

Ela não fazia ideia de que estivera chorando, mas no momento que Ellington apontou isso, ela pode sentir as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Ela as enxugou envergonhada e deu de ombros.

"Eu não sei," ela disse.

Ele entrou na sala e viu os documentos na mesa dela. "Não faça isso consigo mesma," ele disse. "Ele está morto. E porque você o deteve, há dez homens que ainda estão vivos. Ele teria matado todos eles. Você não acha?"

"Sim, eu sei."

"Olha... eu acabei de falar com McGrath," disse Ellington. Sua voz era pesada e sombria. "Ele quer eu e você no escritório dele o mais rápido possível. Você tem alguns minutos?"

"Sim," ela disse, olhando para os documentos na mesa. Na verdade, ela ficaria feliz em se afastar deles por um tempo. "Você sabe do que se trata?"

"Meio que sei. Apenas... venha."

Isso não pode ser bom, ela pensou. Claro, eu sei que esse golpe na minha cabeça assustou todos por um dia ou dois, mas certamente não é um pedido para ir mais devagar... é?

Ao subirem juntos no elevador, Ellington colocou um braço reconfortante ao redor dela. Ela se escorou nele, tentando entender porque ela esteve chorando no escritório sem ter consciência disso. Havia algo sobre isso que era assustador.

Eles chegaram ao escritório de McGrath e encontraram-no simplesmente sentado em sua mesa. Havia uma única pasta de arquivos na frente dele. Quando eles entraram, ele olhou para eles com sua austeridade sem baboseiras habitual.

"Obrigado, Agentes," ele disse. "Sentem-se."

Ambos se sentaram nas cadeiras em frente a mesa de McGrath. Estava se tornando um sentimento muito familiar para Mackenzie. Uma pequena parte dela ainda sentia da maneira que ela se sentiu quando entrou no escritório dele pela primeira vez-como uma criança do primário que acabou de ser mandada para sala do diretor.

"White, deixe-me começar dizendo isso... você estava absolutamente certa sobre o último caso. Eu estava distraído por outra cosa e só... bem, minhas prioridades estavam fodidas. Você fez um trabalho incrível e peço desculpas por mandá-la para aquela igreja sozinha. Você continua a impressionar a mim e tudo o que posso fazer é continuar a oferecer minhas desculpas."

"Obrigada, senhor. Isso significa muito."

"Bem, eu estou avisando isso, porque em termos de eu me distrair e ficar irritado, havia algo mais fermentando sob tudo isso-outro caso que chamou a minha atenção enquanto você estava rastrear o assassino."

"Que tipo de caso?"

McGrath parecia inseguro-uma emoção que o fez parecer dez anos mais velho. Ele deixou escapar um suspiro que era puro nervosismo.

"White, o que eu estou prestes a lhe dizer, o Agente Ellington já sabe. E ele sabe por que eu disse a ele. E eu, explicitamente, o ordenei a não lhe dizer. Ou a qualquer outra pessoa no que diz respeito. Mas, agora, parece que você está curada e à luz da inteligência recente que veio até a minha mesa, eu acho que é hora de informar a você."

"O que está acontecendo?" ela perguntou.

Ela olhou para Ellington com suspeita. Ela odiava o fato de que ela se sentia traída, porque ela esteve mantendo algo escondido dela. Ela sempre tentava colocar seu profissional sobre o lado emocional das coisas, mas ainda assim, a picada estava lá.

"Mesmo depois que voltou do Nebraska, as coisas continuaram a meio que ir ladeira abaixo", disse McGrath. "Eu estava preocupado com isso, sabendo que precisaria lhe contar. Olha... o escritório de campo do FBI em Omaha teve encontrou uma novidade há seis dias. Acharam uma impressão digital na mandíbula de Gabriel Hambry. A impressão foi seguida e eles descobriram que pertencia a um homem que cometeu suicídio recentemente. O nome desse homem era Dennis Parks."

"Eu deveria conhecer esse nome?" ela perguntou.

"Provavelmente não. Mas eu acabo de receber os relatórios essa manhã, dizendo que Parks era um homem de cinquenta e nove anos de idade que trabalhou uma vez com o seu pai."

Mackenzie sentiu que o chão havia desaparecido sob seus pés. Não, ela não se lembrava do nome Dennis Parks, mas haver uma conexão tão grande com seu pai... estava além de qualquer coisa que ela esteve esperando.

"Há mais uma coisa," disse McGrath. "Esses sem tento que estavam sendo mortos... não eram apenas andarilhos. Há mais que isso. E mesmo agora, quando recebemos mais informações, não parece fazer muito sentido."

"Eu não entendo," disse Mackenzie.

Sua cabeça estava doendo e ela se sentiu ficando emotiva. McGrath olhou para ela com uma resignação reservada.

"Eu estou enviando você para o Nebraska," ele disse. "Eu quero que você fique completamente dedicada a esse caso e eu quero respostas. Parece que está ficando muito maior do que esperávamos."

"Eu não entendo," ela disse. "E os andarilhos? E quem exatamente é Dennis Parks?"

McGrath começou a falar, respondendo às suas questões. E quanto mais fundo ele entrava, mais fácil foi para Mackenzie olhar além da dor na sua cabeça. Ela absorveu cada pedaço de informação e, pela primeira vez desde que visitou o Nebraska algumas semanas atrás, ela sentiu que o fim do caso do seu pai estava próximo.

E dessa vez, por Deus, ela iria se certificar que chegasse à sua conclusão.

O sol havia rachado o horizonte, mas ainda não havia queimado os últimos rastros de frio da noite-a hora do dia favorita de Christy. Ver o sol surgir sobre a cidade era um lembrete absoluto para ela de que toda noite tem seu fim, algo que ela precisa saber, enquanto começava a se sentir cada vez mais distante de Deus. Ver o sol nascendo sobre os edifícios de Washington, DC, e afastando a noite a fazia lembrar das letras de uma canção de adoração: Embora haja sofrimento na noite, o sol vem pela manhã...
Ela recitou essa linha repetidamente enquanto subia a rua em direção à igreja. Ela esteve tentando se convencer disso por semanas. Sua fé fora desafiada quando ela cedeu ao pecado e à tentação. A ideia de uma confissão veio a ela imediatamente, mas também era difícil. Nunca era fácil para alguém confessar seus pecados. Mas ela sabia que ela tinha que fazê-lo. Quanto mais tempo um pecado existisse entre ela e Deus, mais difícil seria corrigir esse desequilíbrio. Quanto mais cedo ela confessasse o pecado, maiores chances ela teria em recuperar a sua posição e reestabelecer sua fé-uma fé que havia definido sua vida desde os dez anos de idade.
Ao ver os contornos da igreja surgirem à vista, seu coração envergou. Eu realmente consigo fazer isso? Eu realmente consigo confessar?
As bordas e formato familiares da Igreja Católica do Sagrado Coração pareciam dizer a ela que sim, ela conseguiria.
Christy começou a tremer. Ela não estava certa de que chamaria o que ela estava fazendo de ter um caso ou não. Ela beijou o homem apenas uma vez e definiu assim pelo que era até então. Mas ela continuou a vê-lo, continuou a se deixar ser levada por suas palavras de elogio e adoração-palavras que seu próprio marido havia parado de pronunciar para ela há anos.
Ela quase podia sentir esse pecado sendo queimado nela quando o sol se ergueu alto no céu, lançando dourados e leves alaranjados ao redor dos contornos da Sagrado Coração. Se ela precisasse de algum sinal a mais de que ela deveria confessar seus pecados para um padre nesta manhã em particular, foi esse.
Ela chegou até os degraus da Sagrado Coração com um peso nos ombros. Mas ela sabia que dentro de instantes, isso passaria. Ela poderia voltar para casa, seus pecados confessados, seu coração sem fardo e sua mente-
Quando ela atingiu as portas da frente, Christy gritou.
Ela se afastou, ainda gritando. Ela quase caiu nas escadas de concreto ao tropeçar para trás. Suas mãos foram à boca, fazendo muito pouco para abafar o grito.
O Padre Costas estava pendia das portas. Ela fora despido até a cueca e havia um longo corte horizontal em sua tez. Sua cabeça pendia para baixo, olhando em direção aos seus pés descalços, os quais estavam suspensos a meio metro do alpendre de concreto. Pequenas gavinhas de sangue pingavam dos seus pés, coletadas em uma sombria poça no chão.
Crucificado, pensou Christy. O Padre Costas foi crucificado.

 


https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/7_ANTES_QUE_ELE_PEQUE.jpg

 


CAPÍTULO UM

 

Seguindo seu último caso, Mackenzie White fez algo que ela nunca havia feito antes enquanto mulher empregada: ela pediu férias.

Ela solicitou férias de duas semanas por vários motivos e no prazo de um único dia, ela sabia que havia tomado a decisão correta. Ela não perdeu tempo algum em reforçar sua reputação quando ela chegou ao FBI. Sem qualquer planejamento por parte dela própria, acabou lidando com casos de alta importância que pareciam vir procurando por ela. Não somente isso, mas ela havia se destacado neles e impressionado todas as pessoas certas em Quantico e DC. Depois de solucionar numerosos casos com sucesso e colocar sua própria vida em risco mensalmente, ela imaginou que duas semanas de férias remuneradas não era pedir demais.

Seus superiores concordaram e até mesmo a encorajaram. Ela estava certa de que eles teriam uma chance de saber com o que ela gastaria a maior parte daquele tempo-em vários ginásios e academias, deixando seu corpo em melhor forma, afiando os instintos e habilidades. Ela tinha uma base sólida em todas as coisas importantes. Ela era adepta em combate corpo a corpo. Ela era assustadoramente boa com armas de fogo. Ela era muito mais forte que a maioria das outras mulheres com as quais ela havia frequentado a academia de polícia.

Mas Mackenzie White estava sempre querendo ficar melhor.

Esse era o motivo, oito dias depois de entrar nas férias de duas semanas, de ela estar treinando pesado e com vários músculos doloridos em uma academia particular. Ela estava se afastando de um dos cantos de um dos diversos ringues de boxe, dando um aceno de gratidão ao seu parceiro de sparring. Ela estava entrando no segundo round de prática e estava inteiramente esperando ser derrotada. E não havia problemas com isso.

Ela esteve praticando Muay Thai por um pouco mais de um mês agora. Ela havia ficado boa o suficiente e estava confortável em introduzir outro, menos conhecido, estilo de luta com isso. Com a ajuda de um instrutor particular e um bocado de determinação, Mackenzie havia começado a treinar Yaw-Yan, um estilo de kickboxing filipino. Misturar os dois era bem pouco ortodoxo, mas ela e seu treinador estavam trabalhando em uma maneira de usar ambos. Isso forçou Mackenzie fisicamente ao ponto no qual seus ombros e panturrilhas pareciam uma laje de tijolos.

Ela sentiu esses músculos respondendo agora enquanto ela avançava para seu parceiro. Eles tocaram as luvas e continuaram a sessão. Ela imediatamente se desviou de um jab e contra atacou com um jab baixo.

Era, de uma maneira, como aprender um novo estilo de dança. Mackenzie havia tomado aulas de dança quando era menina e nunca esqueceu a importância do trabalho de pernas e foco. Eram disciplinas que ela carregou consigo no seu primeiro emprego como policial de rua, então no seu trabalho como deteve no Nebraska. Essas disciplinas básicas também a haviam ajudado imensamente como agente do FBI, salvando sua vida em mais de uma ocasião.

Elas também vieram correndo até ela enquanto ela fazia sparring. Ela experimentou seus novos movimentos e instrução, usando uma série de chutes para baixo e ataques de cotovelo, combinados com ataques mais tradicionais de kickboxing. Ela usou a expressão supressa do seu parceiro de treino como combustível, motivando-a. Certo, era apenas prática, mas ela sentia necessidade de se sobressair ali também.

Isso também ajudava a limpar sua mente. Ela sempre associou cada soco, chute ou golpe de cotovelo com algo do seu passado. Um jab de esquerda era direcionado aos anos de negligência com o DP do Nebraska. Um ataque giratório com as costas das mãos explodia o medo que o caso do Assassino do Espantalho havia instilado nela. Um pivô e um jab era um golpe no coração da interminável corrente de mistérios saindo do velho caso do seu pai.

Se ela estava sendo honesta consigo mesma, foi esse caso que a empurrou para conhecer esses novos estilos de luta-para ter certeza de que ela continuava a evoluir como lutadora. Ela havia recebido um recado de alguém envolvido... alguém nas sombras que, aparentemente, sabia quem ela era.

Ela ainda via esse recado na sua mente enquanto ela fazia sparring.

Pare de olhar...

Naturalmente, ela tinha intenção de fazer exatamente o contrário. E era por isso que ela estava nesse momento dentro do ringue, seu olhar focado e seus músculos tensos como cordas de violino.

Quando ela acertou um golpe no plexo solar do seu oponente e então uma pancada de cotovelo na costela do seu parceiro, a sessão foi chamada da lateral do ringue. O juiz estava sorrindo e assentindo enquanto aplaudia de leve.

"OK, Mac," ele disse. "Dê uma pausa por um momento, hein? Você já está em uma hora e meia hoje."

Mackenzie assentiu, abaixando a guarda e tocando novamente as luvas com seu parceiro de sparring-um homem de vinte e cinco anos de idade que tinha o porte de um lutador de MMA. Ele deu um rápido esgar por sobre seu protetor bucal e saiu ligeiro pelas cordas.

Mackenzie agradeceu o árbitro e então se dirigiu para o vestiário. Seus músculos estavam doloridos a ponto de tremer, mas ela gostava disso. Significava que ela estava se esforçando, esticando-se para novos limites.

Quando ela tomou banho e vestiu o que Ellington se referia como sua indumentária de treino (uma camiseta da UnderArmour e um par de calças legging pretas estilo dry-fit), ela se lembrou de que tinha mais um treino no dia. Ela esperava que seus braços acabassem de tremer até então. Certamente, Ellington estaria lá para ajudar, mas ela tinha várias caixas bem pesadas para mover essa tarde.

Embora ela estivesse tecnicamente morando no apartamento de Ellington pelos últimos poucos dias, hoje seria o dia que era realmente mudaria suas coisas. Essa era ainda outra das muitas razões pela qual ela solicitou férias de duas semanas. O pensamento de tentar se mudar no período de um final de semana não lhe apetecia. Além disso, ela percebeu que essa era ainda outra forma que ela estava crescendo e evoluindo. Confiar em outra pessoa o suficiente para compartilhar o espaço de moradia e, por mais brega que parecesse, seu coração, era algo que ela seria incapaz de fazer até alguns meses atrás.

E assim que ela colocou sua roupa de academia, ela descobriu que mal poderia esperar para começar a mudar as coisas. Dolorida ou não, ela colocou um pouco mais de velocidade nos seus passos em direção ao estacionamento.

 

***

 

A vantagem de não ser uma pessoa materialista era que, quando chegou a hora de se mudar, havia muito pouco para empacotar. Como tal, uma única viagem na caminhonete de Ellington e um U-Haul alugado fez o trabalho. A mudança em si levou menos de duas horas graças ao elevador no edifício de Ellington, e no fim, ela realmente não teve que levantar muitas caixas.

Eles celebraram a mudança com comida chinesa e uma garrafa de vinho. Mackenzie estava cansada, dolorida, mas imensamente feliz. Ela estivera esperando se sentir nervosa e talvez até um pouco ressentida sobre a mudança, mas quando eles começaram a desempacotar as coisas durante o jantar, ela viu que ela estava excitada para essa nova etapa da sua vida.

"Aqui vai o acordo," disse Ellington enquanto colocava um cortador de caixas em uma faixa de fita de embalagem sobre o topo de uma das caixas. "Você precisa me dizer agora se eu vou encontrar alguns filmes ou CDs constrangedores nessas caixas."

"Eu acho que o CD mais constrangedor que você vai encontrar é a trilha sonora daquela terrível regravação dos anos 90 de Romeu e Julieta Mas o que eu posso fazer? Eu realmente gostava daquela música do Radiohead."

"Então você está perdoada," ele disse, cortando a fita.

"E você?" ela perguntou. "Alguma mídia embaraçosa por aí?"

"Bem, eu me livrei de todos meus CDs e DVDs. Tudo está digital. Eu precisei liberar o espaço. É quase como se eu tivesse uma furtiva suspeita essa sexy moça do FBI estaria se mudando para cá por esses dias."

"Bons instintos," ela disse. Ela andou até ele e tomou suas mãos. "Agora... essa é a sua última chance. Você pode pular fora agora antes de nós começarmos a tirar as coisas das caixas."

"Pular fora? Você está louca?"

"Você vai ter uma garota morando com você," ele disse puxando-o para perto. "Uma garota que gosta de ter as coisas arrumadas. Uma garota que pode ter um pouco de TOC."

"Ah, eu sei," ele disse. "Estou ansioso por isso."

"Até todas as roupas femininas? Você quer compartilhar seu closet?"

"Eu tenho muito pouca roupa," ele disse, se inclinando para ela. Seus narizes estavam quase se tocando e um calor ao qual eles tinham se acostumado estava começando a crescer entre eles. "Você pode ter todo o espaço no closet que você quiser."

"Maquiagem e absorventes, compartilhar uma cama e outra pessoa sujando louças. Você tem certeza que está pronto para isso?"

"Sim. Porém, uma pergunta."

"Qual?" ela disse. As mãos dela viajaram das suas mãos para seus braços. Ela sabia para onde isso estava indo e cada músculo dolorido no seu corpo estava pronto.

"Todas aquelas roupas femininas," ele disse. "Você não pode ficar deixando-as no chão o tempo inteiro."

"Hum, eu não pretendo," ela disse.

"Ah, eu sei," ele disse. Em seguida, ele alcançou a camiseta dela e a tirou. Ele não perdeu tempo em fazer o mesmo com o sutiã esportivo que estava por baixo. "Mas eu provavelmente vou," ele acrescentou, jogando ambos no chão.

Então, ele a beijou e, embora ele tentou levá-la para o quarto, seus corpos não tinham a paciência. Acabaram no tapete da sala de estar e, ainda que os músculos doloridos de Mackenzie protestassem contra chão duro sob suas costas, outras partes do seu corpo os subjugaram.

 

***

 

Quando seu telefone tocou às 4:47 da manhã, uma único pensamento ocorreu pela mente sonolenta de Mackenzie enquanto ela procurava o criado mudo.

Uma ligação a essa hora... eu acho que minhas férias acabaram.

"Sim?" ela perguntou, não se importando com formalidades já que ela estava tecnicamente de férias.

"White?"

De uma maneira estranha, ela quase havia sentido falta de McGrath nesses últimos nove dias. Ainda assim, escutar sua voz era como um retorno rápido e abrupto para realidade.

"Sim, estou aqui."

"Desculpe-me por ligar cedo," ele disse. E antes que ele adicionasse qualquer outra coisa, Mackenzie escutou o telefone de Ellington tocar do outro lado da cama.

Algo grande, ela pensou. Algo ruim.

"Olha, eu sei que eu assinei nas suas duas semanas," disse McGrath. "Mas nós temos uma bagunça em mãos por aqui e eu preciso de você nisso. Você e Ellington. Encontre-me no meu escritório o mais rápido que você puder."

Não era um pedido, mas uma ordem direta. E sem qualquer coisa que lembrasse um adeus, McGrath terminou a ligação. Mackenzie deixou escapar um suspiro e olhou para Ellington, o qual estava terminando sua própria ligação.

"Bem, parece que suas férias acabaram," ele disse com um sorriso fino.

"Tudo bem," ela disse. "Terminou em um estouro."

E então, como um velho casal no matrimônio, eles se beijaram e escorregaram da cama, indo para o trabalho.


CAPÍTULO DOIS

 

O edifício J. Edgar Hoover estava vazio quando Mackenzie e Ellington entraram. Ambos já estiveram nesses corredores em todas as horas da noite, então não era qualquer coisa fora do ordinário. Ainda assim, ser chamada no trabalha em uma hora dessas nunca era uma boa coisa. Normalmente significava que havia algo realmente terrível esperando por eles.

Quando chegaram ao escritório de McGrath, encontraram a porta aberta. Ele estava sentado a uma pequena mesa de conferências no fundo do seu escritório, olhando uma variedade de arquivos. Havia outro agente com ele, uma mulher que Mackenzie havia visto antes. Seu nome era Agente Yardley, uma mulher quieta do tipo sem baboseiras que entrava para ajudar o Agente Harrison de tempos em tempos. Ela assentiu e deu um sorriso robótico quando eles entraram na sala e foram até a mesa da sala de conferências. Ela olhou de volta para seu notebook, focada no que quer que estivesse na tela.

Quando McGrath olhou acima para Mackenzie, ela não podia deixar de notar o que parecia ser um ligeiro alívio em seus olhos. Era uma boa maneira de ser apresentada de volta ao trabalho depois de ter suas férias encurtadas.

"White, Ellington," disse McGrath. "Vocês conhecem a Agente Yardley?"

"Sim," disse Mackenzie, dando um aceno de reconhecimento para a agente.

"Ela acaba de voltar de uma cena criminou que está ligada a outra que tivemos a cinco dias. Originalmente eu a coloquei no caso, mas quando eu pensei que nós pudéssemos ter um serial nas nossas mãos, eu a pedi para fornecer tudo que ela tivesse para que eu pudesse repassar para vocês dois. Temos um assassinato... o segundo do tipo em cinco dias. White, eu chamei você especificamente porque eu quero você nele baseado em sua história-especificamente o Assassino do Espantalho."

"Qual é o caso?" perguntou Mackenzie.

Yardley virou seu notebook para eles. Mackenzie foi até a cadeira mais próxima a ele e tomou o assento. Ela olhou para a imagem na tela com uma tranquilidade mórbida que ela passou a conhecer bem-a habilidade de estudar uma imagem de algo grotesco como parte do trabalho, mas com uma simpatia resignada que a maioria dos humanos sentiria em uma morte trágica como essa.

Ela viu um homem mais velho, seu cabelo e barba majoritariamente grisalhos, pendurado em uma porta de uma igreja. Seus braços estavam estendidos e sua cabeça estava curvada para baixo em uma apresentação de crucificação falsa. Havia talhos em seu peito e uma extensa e profunda ferida em sua fronte. Ele fora despido e deixado apenas de roupa íntima, a qual pegou uma grande parte do sangue que escoou da sua testa e peito. Pelo que ela podia ver nas imagens, estava bem certa de que suas mãos foram literalmente pregadas na porta. Os pés, porém, foram simplesmente amarrados juntos.

"Essa é a segunda vítima," disse Yardley. "Reverendo Ned Tuttle, cinquenta e cinco anos de idade. Ele foi descoberto por uma velha senhora que parou na igreja mais cedo para colocar flores no túmulo do seu esposo. A perícia está na cena enquanto nós conversamos. Parece que o corpo foi colocado lá menos de quatro horas atrás. Nós já enviamos agentes para falar com a família para avisá-los."

Uma mulher que gosta de tomar a frente e concretizar as coisas, pensou Mackenzie. Talvez ela e eu nos déssemos bem juntas.

"O que nós temos na primeira vítima?" perguntou Mackenzie.

McGrath deslizou uma pasta para ela. Ao abrir e olhar o conteúdo, McGrath a repassou. "Padre Costas, da Igreja Católica do Sagrado Coração. Ele foi encontrado no mesmo estado, pregado nas portas da sua igreja cinco dias atrás. Estou honestamente bem surpreso que vocês não viram alguma coisa sobre isso nos noticiários."

"Fiz questão de não ver as notícias durantes as férias," ela disse, mandando um olhar para McGrath que deveria ser cômico, mas sentiu que passou totalmente despercebido.

"Eu lembro escutar sobre isso na salinha do café," disse Ellington. A mulher que descobriu o corpo ficou em estado de choque por um momento, certo?"

"Certo," disse McGrath.

"E, baseado no que a perícia forneceu," acrescentou Yardley, "o Padre Costas certamente não esteve pregado lá por mais que duas horas."

Mackenzie olhou pelos arquivos. As imagens dentro mostraram o Padre Costas na exata posição do Reverendo Tuttle. Tudo parecia bem idêntico, até a ferida alongada cruzando a fronte.

Ela fechou o arquivo e o deslizou de volta para McGrath.

"Onde fica essa igreja?" perguntou Mackenzie, apontando para a tela do notebook.

"Logo fora da cidade. Uma igreja presbiteriana de um tamanho decente."

"Envie as direções para mim por mensagem," disse Mackenzie, já ficando de pé. "Eu gostaria de ir vê-la por mim mesma."

Aparentemente, ela sentiu falta do trabalho pelos últimos oito dias mais do que percebera.

 

***

 

Ainda estava escuro quando Mackenzie e Ellington chegaram na igreja. A equipe de perícia estava acabando de terminar o trabalho. O corpo do Reverendo Tuttle fora removido da porta, mas isso estava bem por Mackenzie. Baseado nas duas imagens do Padre Costas e do Reverendo Tuttle que ela havia visto, ela viu tudo o que precisava ver.

Dois assassinatos em estilo de crucificação, ambos nas portas frontais de igrejas. Os homens mortos eram os presumíveis líderes dessas igrejas. Está bem claro que alguém tem um rancor bem grande da igreja. E quem quer que fosse, não é específico para uma denominação em particular.

Ela e Ellington se aproximaram da frente da igreja enquanto a equipe da perícia concluía as coisas. Ao lado à esquerda, próximo a uma pequena placa de madeira com o nome da igreja, havia um pequeno grupo de pessoas. Algumas delas estavam em prece enquanto se abraçavam. Outros choravam abertamente.

Membros da igreja, assumiu Mackenzie com uma tristeza ressonante.

Eles chegaram perto da igreja e a cena só piorava. Havia manchas de sangue e dois grandes buracos onde os pregos foram inseridos. Ela olhou pela área em busca de alguma outra iconografia religiosa, mas viu nenhum. Havia apenas sangue e pequenas porções de sujeira e suor.

Uma atitude ousada, ela pensou. Tem que haver algum tipo de simbolismo nisso. Por que uma igreja? Por que as portas de uma igreja? Uma vez seria coincidência. Mas dois em seguida, ambos pregados às portas-era proposital.

Ela achou quase ofensivo que alguém fizesse uma coisa dessas em frente a uma igreja. E talvez esse fosse o ponto. Não havia como saber com certeza. Embora Mackenzie não fosse um forte crente em religião ou em Deus ou nos efeitos da fé, ela também respeitava completamente os direitos das pessoas que realmente viviam pela fé. Algumas vezes ela desejava que ela fosse esse tipo de pessoa. Talvez esse fosse o motivo de ela achar tal ato tão deplorável; zombar a morte de Cristo na própria entrada de um lugar no qual pessoas se reuniam para procurar consolação e refúgio em seu nome era detestável.

"Mesmo se esse fosse o primeiro assassinato," disse Ellington, "uma visão dessas me faria pensar instantaneamente que há mais por vir. Isso é... revoltante."

"É," disse Mackenzie. "Mas eu não posso ter certeza do por que isso me faz sentir dessa forma."

"Porque igrejas são lugares seguros. Você não espera ver grandes buracos de pregos e sangue fresco nas portas delas. Tem alguma parada do Velho Testamento bem ali."

Mackenzie era nada próxima de uma estudiosa da bíblia, mas ela se lembrava de histórias da bíblia da sua infância-alguma coisa sobre o Anjo da Morta passando por uma cidade e coletando os primogênitos de cada família caso não houvesse uma certa marca em suas portas.

Um arrepio crepitou por ela. Ele o reprimiu se virando para a equipe de perícia. Com um ligeiro aceno, ela conseguiu a atenção de um membro da equipe deles. Ele foi até ela, claramente um pouco perturbado pelo que ele e o resto da sua equipe viram. "Agente White," ele disse. "Este é seu caso agora?"

"Parece que sim. Eu estava pensando se seus rapazes ainda têm os pregos que foram usados para colocá-lo ali."

"Claro que sim," ele disse. Ele acenou para outro membro da equipe e então olhou de volta para porta. "E o cara que fez isso... ele era forte como o Diabo ou tinha todo o tempo do mundo para fazer isso."

"Isso é duvidoso," disse Mackenzie. Ela indicou em direção ao estacionamento da igreja com a cabeça e para a rua atrás dele. "Mesmo que o assassino tenha feito isso por volta das duas ou três da manhã, as chances de um veículo não passar pela Browning Street e não vê-lo são de diminutas a nulas."

"A não ser que o assassino tenha apurado a área de antemão e soubesse as horas mortas do tráfego depois de meia noite," sugeriu Ellington.

"Alguma chance de imagens de vídeo?" ela perguntou.

"Nenhuma. Nós verificámos. A Agente Yardley até ligou para algumas pessoas-proprietários das construções mais próximas. Mas apenas um tinha câmeras de segurança e elas estavam viradas para longe da igreja. Então tem coisa nenhuma aí."

O outro membro forense veio. Ele estava carregando um saco plástico de tamanho médio que continha duas grandes estacas e o que parecia ser um fio de arame. As estacas estavam cobertas em sangue, o qual também se espalhou pelo interior claro do saco.

"São pregos de ferrovia?" perguntou Mackenzie.

"Provavelmente," disse o cara da perícia. "Mas se eles forem, são miniaturizados. Talvez o tipo que pessoas usam para erguer galinheiros ou cercas de pasto."

"Quanto tempo antes de você ter algum tipo de resultado deles?" ela perguntou.

O homem deu de ombros. "Meio dia, talvez? Me informe o que você está procurando especificamente e eu vou tentar achar os resultados para você mais rápido."

"Veja se você consegue encontrar o que o assassino usou para cravar os pregos. Você pode dizer que tipo de coisa pelo desgaste recente na cabeça dos pregos?"

"Sim, nós devemos ser capazes de fazer isso. Tudo foi tratado para o nosso fim. O corpo ainda está conosco; ele não irá para o médico legista até que nós liberemos. As portas e a varanda foram varridas para impressões digitais. Nós informaremos se encontrarmos algo."

"Obrigada," disse Mackenzie.

"Desculpe por já ter movido o corpo. Mas o sol estava nascendo e nós não queríamos isso nos jornais de hoje. Ou nos de amanhã no que diz respeito."

"Não, está certo. Entendo totalmente."

Com isso, Mackenzie se voltou para as portas duplas, dispensando a equipe de peritos não verbalmente. Ela tentou imaginar alguém arrastando um corpo pelo pequeno gramado e para cima das escadas na calada da noite. A posição das luzes de segurança na rua deixaria a frente da igreja escura. Não havia luzes de qualquer tipo ao longo da frente da igreja, então estaria lançada em uma escuridão quase absoluta.

Talvez fosse mais factível do que eu pensei originalmente para o assassino tirar todo o tempo necessário para terminar isso, ela pensou.

"Isso é uma requisição estranha," disse Ellington. "O que você está pensando?"

"Não sei ainda. Mas eu sei que seria preciso uma força e determinação dos infernos para trabalhar sozinho para erguer alguém do chão apenas para pregar suas mãos nessas portas. Se uma marreta foi usada para bater os pregos, pode denotar mais de um assassino-um para segurar a vítima do chão e estender o braço e outro para cravar os pregos."

"Um belo de um quadro, né?" disse Ellington.

Mackenzie assentiu enquanto começava a tirar fotos da cena com seu celular. Enquanto o fazia, a ideia de uma crucificação novamente subiu por ela. Isso a fez pensar no primeiro caso no qual ela trabalhou no qual os temas de crucificação foram utilizados-um caso no Nebraska que eventualmente a fez ter contato com o FBI.

O Assassino do Espantalho, ela pensou. Deus, algum dia eu vou ser capaz de deixar isso no pé da minha memória?

Atrás dela, o sol começou a nascer, lançando os primeiros raios de luz no dia. Enquanto as sombras dela surgiam devagar nos degraus da igreja, ela tentou ignorar o fato que parecia quase uma cruz.

Novamente, memórias do Assassino do Espantalho embaçaram sua mente.

Talvez seja dessa vez, ela pensou esperançosa. Talvez, quando eu fechar esse caso, as memórias daquelas pessoas crucificadas nos campos de milho vão parar de assombrar minha memória.

Mas enquanto ela olhava novamente para as portas manchadas de sangue da Pedra Angular Presbiteriana, ela temeu que não fosse mais que um pensamento desejoso.


CAPÍTULO TRÊS

 

Mackenzie aprendeu bastante sobre o Reverendo Ned Tuttle na próxima meia hora. Para começar, ele deixou para trás dois filhos e uma irmã. Sua esposa terminou com ele oito anos atrás, mudando-se para Austin, Texas, com um homem com o qual ela esteve tendo um caso por mais de um ano antes de vir a tona. Ambos os filhos moravam na área de Georgetown, levando a Mackenzie e Ellington para a sua primeira parada do dia. Era um pouco depois de 6:30 quando Mackenzie estacionou seu carro ao lado da calçada no exterior do apartamento de Brian Tuttle. De acordo com o agente que deu a notícia, ambos os irmãos estavam por lá, esperando fazer o que podiam para responder a perguntas sobre a morte do pai.

Quando Mackenzie entrou no apartamento de Brian Tuttle, ficou um pouco surpresa. Ela esperava ver dois filhos em profundo pesar, dilacerados pela perda do devotado pai. Pelo contrário, ela os viu sentados a uma pequena mesa de jantar na cozinha. Ambos estavam bebendo café. Brian Tuttle, vinte e dois anos de idade, estava comendo uma tigela de cereal enquanto Eddie Tuttle, de dezenove anos, estava distraidamente despejando um Eggo waffle em uma poça de calda.

"Eu não sei exatamente o que vocês acham que nós podemos oferecer a vocês," disse Brian. "Nós não estávamos exatamente nos melhores termos com o pai."

"Posso perguntar por quê?" perguntou Mackenzie.

"Porque nós paramos de nos juntar a ele quando ele se inclinou totalmente para a igreja."

"Vocês não são crentes?" perguntou Ellington.

"Eu não sei," disse Brian. "Acho que sou agnóstico."

"Eu sou crente," disse Eddie. "Mas o pai... ele levava isso para outro nível. Tipo quando ele descobriu que nossa mãe o estrava traindo, ele não fez qualquer coisa. Depois de dois dias lidando com isso, ele perdoou ela e o cara que com o qual ela o traia. Ele disse que ele os perdoou, porque era a coisa cristã a se fazer. E ele se recusou sequer a falar sobre divórcio."

"Sim," disse Brian. "E nossa mãe viu que o pai não dava a mínima para ela-não se importando que ela o traísse. Então ela se foi. E ele não fez muito para impedi-la."

"Seu pai já tentou falar com vocês dois desde que sua mãe deixou?"

"Ah, sim," disse Brian. "Praticamente todas as noites de Sábado, nos implorando para ir para a igreja."

"E além disso," acrescentou Eddie, "ele estava muito ocupado durante a semana mesmo se nós quiséssemos vê-lo. Ele estava sempre na igreja ou em viagens para caridade ou em visitas a doentes em hospitais."

"Quando foi a última vez que algum de vocês falou com ele por um longo período?" perguntou Mackenzie.

Os irmãos se entreolharam por um momento, calculando. "Não tenho certeza," disse Brian. "Talvez um mês. E era nada demais. Ele estava perguntando as mesmas questões: como o trabalho estava indo, se eu já estava namorando alguém, coisas assim."

"Então, é seguro dizer que ambos têm uma relação afastada com o seu pai?"

"Sim," disse Eddie.

Ele olhou abaixo para a mesa por um momento quando o arrependimento começou a afundar nele. Mackenzie havia visto este tipo de reação antes; se ela fosse forçada a apostar, ela estava bem certa de que pelo menos um desses garotos estaria desabando em choro dentro de uma hora, percebendo tudo aquilo que fora perdido em relação ao pai e que eles nunca iriam saber.

"Vocês sabem quem o conheceria bem?" perguntou Mackenzie. "Ele tinha algum amigo íntimo?"

"Apenas aquele padre ou pastor ou sei lá na igreja," disse Eddie. "O que comanda o lugar."

"O pai de vocês não era o reverendo líder?" perguntou Mackenzie.

"Não. Ele era como um pastor associado ou algo assim," disse Brian. "Havia outro cara acima dele. Jerry Levins, eu acho."

Mackenzie reparou a maneira que os jovens homens estavam misturando a terminologia. Pastor, reverendo, padre... era tudo confuso. Mackenzie, na verdade, nem sabia a diferença, assumindo que isso tinha algo haver com diferenças entre crenças entre denominações.

"E o pai de vocês passava muito tempo com ele?"

"Ah, sim," disse Brian, um pouco irritado. "Todo seu maldito tempo, acho. Se você precisa saber alguma coisa sobre o pai, ele seria aquele para o qual perguntar."

Mackenzie assentiu, bem ciente que não conseguiria qualquer informação útil desses dois jovens rapazes. Ainda assim, ela desejava que tivesse mais tempo para falar com eles. Claramente, havia tensão e perda mais resolvida entre eles. Talvez se eles quebrassem a barreira emocional que os estava mantendo tão calmos, eles teriam mais a oferecer.

No fim, ela se virou e os agradeceu. Ela e Ellington deixaram o apartamento em silêncio. Quando pegaram as escadas para baixo lado a lado, ele tomou a mão dela.

"Você está ok?" ele perguntou.

"Sim," ela disse confusa. "Por quê?"

"Duas crianças... o pai delas acaba de morrer e não estão certas de como lidar com isso. Como toda a especulação sobre o velho caso do seu pai ultimamente... só cogitando."

Ela sorriu para ele, deleitando-se com a maneira edificante que ele fazia seu coração sentir nesses momentos. Deus, ele consegue ser tão doce...

Enquanto andavam para a manhã juntos, ela também percebeu que ele estava certo: a razão pela qual ela desejou ficar mais tempo e continuar falando com eles, era ajudar os irmãos Tuttle a resolver os problemas que eles tiveram com o pai.

Aparentemente, o fantasma do caso recém-aberto do seu pai a estava assombrando mais do que ela percebeu.

 

***

 

Ver a Igreja Presbiteriana da Pedra Angular na luz da manhã era surreal. Mackenzie dirigiu por lá no caminho para visitar o Reverendo Jerry Levins. Levins morava em uma casa que ficava apenas a meio quarteirão da igreja, algo que Mackenzie havia visto muito durante seu tempo no Nebraska, onde os líderes de pequenas igrejas tendiam a morar bem perto das suas casas de adoração.

Quando chegaram a casa de Levins, havia numerosos carros estacionados ao longo da rua e na sua entrada da garagem. Ela assumiu que eram, provavelmente, membros da Pedra Angular passando para buscar consolo ou oferecer conforto ao Reverendo Levins.

Quando Mackenzie bateu na porta da frente da modesta e pequena casa de tijolos, foi respondida imediatamente. A mulher na porta estivera claramente chorando. Ela deu uma olhada suspeita em Mackenzie e Ellington até que Mackenzie levantou seu distintivo.

"Nós somos os Agentes White e Ellington do FBI," ela disse. "Gostaríamos de falar com o Reverendo Levins, se ele está em casa".

A mulher abriu a porta e eles entraram em uma casa que estava repleta de fungar e soluçar. Em algum outro lugar dentro da casa, Mackenzie podia ouvir o som de orações murmuradas.

"Eu vou chamá-lo para vocês," disse a mulher. "Esperem aqui, por favor."

Mackenzie observou a mulher voltar pela casa, virar em uma pequena sala de estar onde algumas poucas pessoas estavam de pé na entrada. Depois de alguns barulhos de sussurros, um homem careca e alto veio andando em direção a eles. Como a mulher que respondeu a porta, ele também esteve chorando.

"Agentes," disse Levins. "Posso ajudá-los?"

"Bem, eu sei que é um momento muito tenso e triste para você," disse Mackenzie, "mas nós esperamos conseguir toda informação que pudermos sobre o Reverendo Tuttle. Quanto mais cedo conseguirmos alguma pista, mais rápido podemos pegar quem fez isso."

"Você acha que sua morte está relacionada com a do pobre padre do início desta semana?" Levins perguntou.

"Ainda não sabemos ao certo," disse Mackenzie, embora já estivesse certa de que sim. "E esse é o motivo pelo qual esperamos que você possa falar conosco."
"Claro," disse Levins. "Lá fora no alpendre, porém. Eu não desejo interromper a prece que estamos fazendo aqui."

Ele os conduziu para fora na manhã, onde ele se assentou nos degraus de concreto. "Eu devo dizer, eu não sei o que vocês vão achar sobre o Ned," comentou Levins. "Ele era um crente de postura. Além de alguns problemas com a família, eu desconheço que ele tivesse qualquer coisa parecida com um inimigo."

"Ele tinha amigos na igreja sobre os quais você poderia questionar serem morais ou honestos?" perguntou Ellington.

"Todo mundo era amigo de Ned Tuttle," Levins disse, enxugando uma lágrima de seus olhos. "O homem era perto de um Santo como eles vêm. Ele dava pelo menos vinte e cinco por cento do seu salário como dízimo de volta para a igreja. Ele estava sempre no centro da cidade, ajudando a alimentar e vestir os pobres. Ele cortava a grama para os idosos, reparos domésticos para viúvas, três viagens missionárias para o Quênia todos os anos para ajudar com um ministério médico."

"Você sabe de alguma coisa sobre o passado dele que possa ser sombria?" perguntou Mackenzie.

"Não. E isso é dizer muito, porque eu sei muito sobre o passado dele. Ele e eu, nós compartilhávamos muitas histórias sobre nossas batalhas. E eu posso dizê-los com confiança que entre as poucas coisas pecaminosas que ele experimentou em seu passado, não havia nada que sugerisse ser tratado da maneira que ele foi na noite passada."

"E a respeito de alguém dentro da igreja?" perguntou Mackenzie. "Havia membros da igreja que pudessem ter sido ofendidos por algo que o Reverendo Tuttle fez ou disse?"

Levins pensou sobre isso apenas por um momento antes de balançar sua cabeça. "Não. Se havia tal problema, Ned nunca me contou e eu nunca soube. Mas, novamente... eu posso dizê-los com a maior certeza que ele não tinha inimigos dos quais eu esteja ciente."

"Você sabe se-" começou Ellington.

Mas Levins levantou a mão, como se enxotando o comentário. "Eu sinto muito," ele disse. "Mas eu estou muito triste com a perda do meu bom amigo e eu tenho vários membros da minha igreja em luto lá dentro. Responderei de bom grado quaisquer perguntas que vocês tenham nos próximos dias, mas agora eu preciso reportar a Deus e a minha congregação."

"Claro," disse Mackenzie. "Eu entendo. E eu realmente sinto muito pela sua perda."

Levins conseguiu um sorriso enquanto se colocava de pé. Lágrimas frescas estavam escorrendo pelo seu rosto. "Eu realmente boto fé no que eu disse," ele sussurrou, fazendo o que podia para não desmoronar na frente deles. "Deem-me um dia ou dois. Se há algo mais que vocês precisam perguntar, me informem. Eu gostaria de tomar parte em trazer quem quer que tenha feito isso para a justiça."

Com isso, ele voltou para dentro. Mackenzie e Ellington caminharam de volta para o carro enquanto o sol finalmente tomava seu lugar de direito no céu. Era difícil acreditar que era apenas 8:11.

"E agora?" perguntou Mackenzie. "Alguma ideia?"

"Bem... eu estive acordado por quase quatro horas agora e não tomei café ainda. Parece um bom lugar para começar."

 

***

 

Vinte minutos depois, Mackenzie e Ellington estavam sentados frente a frente em uma pequena lanchonete. Enquanto tomavam café, olhavam pelos arquivos sobre o Padre Costas que pegaram do escritório de McGrath e pelos arquivos digitais sobre o Reverendo Tuttle que foram enviados para o telefone de Mackenzie.

Além de estudar as fotografias, não havia muito que estudar. Mesmo no caso do Padre Costas, onde havia papelada para revisar, não havia muito a dizer. Ele morreu devido à perfuração no seu pulmão ou a uma incisão profunda na nuca que se foi fundo o suficiente para revelar vislumbres brancos da sua espinha.

"Então, de acordo com esse relatório," disse Mackenzie, "as feridas no corpo do Padre Costas foram, provavelmente, o que o matou. Provavelmente, ele estava morto antes de ser crucificado."

"E isso significa alguma coisa?" perguntou Ellington.

"Acho que há uma boa chance. Está claro que há algum ângulo religioso aqui. O mero assunto de crucificação suporta isso. Mas há uma grande diferença entre usar o ato de crucificação como uma mensagem e usar a imagem de crucificação."

"Acho que estou seguindo," disse Ellington. "Mas pode continuar explicando."

"Para os cristãos, a imagem de crucificação seria realmente apenas uma má representação. Nos nossos casos, morte como um resultado da crucificação não parece ser o objetivo. Se esse fosse o caso, os corpos provavelmente estariam quase livres de lesões. Pense sobre isso... toda a cristandade seria bem diferente se Cristo já estivesse morto quando ele foi pregado a cruz."

"Então você acha que o assassino está crucificando esses homens apenas para exibição?"

"Muito cedo para dizer," disse Mackenzie. Ela fez uma pausa longa o suficiente para tomas um gole bem aventurado de café. "Estou inclinada para o não, contudo. Ambos os homens eram chef... líderes de uma igreja de uma forma ou de outra. Exibi-los pendurados como a figura cristã ao redor da qual as igrejas giravam ao redor é um grande sinal. Há algum motivo por trás de tudo".

"Você se referiu a Jesus Cristo como uma figura cristã. Achei que você acreditasse em Deus."

"Acredito," disse Mackenzie. "Mas não com a força e convicção que alguém como Ned Tuttle tem. E quando entra nas histórias da Bíblia-a cobra falante, a arca, o tintim por tintim da crucificação-eu acho que a fé tem que tomar o banco traseiro e se basear em algo mais próximo a crença cega. E eu não fico confortável com isso."

"Uau," disse Ellington com um sorriso. "Isso é profundo. Eu... eu só prefiro ir com a resposta de não sei. Então... quanto o motivo que você mencionou. Como nós o encontramos?" perguntou Ellington.

"Boa pergunta. Eu planejo começar com a família do Padre Costas. Não há muito para seguir nos relatórios. Além disso, eu acho-"

Ela foi interrompida pelo toque do telefone de Ellington. Ele o pegou rapidamente e franziu a testa com o que viu no visor. "É McGrath," ele disse antes de responder.

Mackenzie escutou o lado de Ellington da conversa, incapaz de colocar junto o que estava sendo ouvido. Depois de menos de um minuto, Ellington terminou a ligação e enfiou o celular de volta na bolsa.

"Bem," ele disse. "Parece que você vai visitar a família Costas por conta própria. McGrath precisa de mim no escritório. Algum trabalho de detalhe em um caso que ele está mantendo segredo."

"O que provavelmente significa que é trabalho braçal," disse Mackenzie. "Sortuda você."

"Ainda... parece estranho que ele me arranque disso tão cedo quando nós não temos nenhuma pista. Deve significar que ele tem uma confiança imensa em você de repente."

"E você não?"

"Você sabe o que eu quis dizer," disse Ellington sorrindo.

Mackenzie tomou outro gole de café, um pouco decepcionada ao ver que já estava vazio. Ela jogou o copo no lixo e coletou os arquivos e seu celular, pronta para ir para a próxima parada. Primeiro, porém, ela se dirigiu ao balcão para pedir outro café.

Parecia que seria um dia muito longo. E sem Ellington para mantê-la desperta, ela definitivamente precisava de café.

Então, novamente, dias longos normalmente resultavam em pistas-em produtividade. E se Mackenzie achasse um caminho, ela encontraria o assassino antes que ele tivesse tempo suficiente para planejar outro assassinato.


CAPÍTULO QUATRO

 

Depois de deixar Ellington na garagem dos escritórios do FBI (e de dar um rápido, porém apaixonado beijo antes de sair), Mackenzie fez seu caminho para a Igreja Católica do Sagrado Coração. Ela não esperava encontrar muita coisa, então não ficou desapontada quando isso foi exatamente o que estava esperando por ela.

As portas haviam sido trocadas, mas pareciam réplicas exatas daquelas que ela havia visto na foto da cena do crime. Ela subiu as escadas, estas muito mais sofisticadas e ornadas do que aquelas da Pedra Angular Presbiteriana, e foi até as novas portas. Então, deu as costas para as portas e olhou de volta para a rua. Ela não podia deixar de imaginar se havia algum simbolismo a mais em pregar os homens nas portas da frente.

Talvez eles devessem estar olhando em direção a algo, pensou Mackenzie. Mas tudo que ela estava vendo eram carros estacionados, alguns pedestres e placas de trânsito.

Ela olhou para seus pés ao longo das bordas do portal. Havia pequenas formas preenchidas que poderiam ser qualquer coisa. Mas ela havia visto essas cores antes-a cor de sangue uma vez que seca no concreto pálido.

Olhou de volta para os degraus e tentou imaginar um homem trazendo um cadáver acima deles. Seria um trabalho, isso era certeza. É claro, ela não sabia ao certo se Costas estava morto quando foi pregado à porta, embora essa fosse a hipótese de trabalho.

Enquanto ela ficava de pé às portas e olhava ao redor, ela percorreu os fatos que ela sabia pelos arquivos. Os mesmos tipos de pregos foram usados aqui e na cena de Tuttle. O único ferimento comum nos dois corpos era um grande corte que corria o comprimento de suas testas-talvez uma alusão à coroa de espinhos de Cristo.

Imaginar tal terrível visão no alpendre no qual ela estava era difícil de imaginar. As pessoas normalmente não pensavam em morte e sanguinolência quando estavam de pé às portas de uma igreja.

E talvez esse fosse o ponto. Talvez essa seja a ligação com o motivo do assassino.

Sentido que poderia estar em alguma coisa, Mackenzie pegou as escadas de volta para a rua. Parecia estranho se deslocar nesse ritmo sem Ellington ao seu lado, mas pelo tempo que ela estava no carro e seguindo em frente, sua mente estava apenas no caso.

 

***

 

Pela segunda vez no dia, Mackenzie se viu entrando em uma casa lotada. Padre Costas morava em uma casa agradável, uma residência de tijolos de dois andares logo ao redor da região central. Ela foi recebida por uma mulher que se apresentou como uma paroquiana do Sagrado Coração. Ela levou Mackenzie em uma área de espera e pediu que ela aguardasse por um momento.

Em questão de segundos, uma mulher mais velha entrou na sala. Ela parecia exausta e profundamente triste quando se sentou em uma poltrona em frente ao assento que Mackenzie havia tomado no sofá ornado.

"Sinto muito em incomodá-la," disse Mackenzie. Eu não sabia que você tinha tanta companhia.

"Sim, eu também não fazia ideia," disse a mulher. "Mas o funeral é hoje a noite e há todas essas pessoas saindo da toca. Membros da família, conhecidos, queridos colegas da igreja." Então, ela sorriu sonolenta e acrescentou: "Sou Nance Allensworth, secretária da paróquia. Disseram-me que você é do FBI?"

"Sim, senhora. Com risco de perturbá-la um pouco mais, houve outro corpo descoberto essa manhã, tratado da mesma maneira que o Padre Costas. Esse era um reverendo em uma pequena igreja Presbiteriana perto de Georgetown."

Nancy Allensworth levou a mão a boca em um dramático gesto de oh, não. "Meu Deus," ela disse. Em seguido, entre lágrimas e dentes serrados, ela sibilou, "Que se tornou esse mundo miserável?"

Fazendo seu melhor para pressionar, Mackenzie continuou. "Obviamente, nós temos razão para acreditar que pode acontecer de novo se já aconteceu duas vezes. Então, tempo é fundamental. Eu estava esperando que você pudesse responder algumas perguntas para mim."

"Eu posso tentar", ela disse, mas estava claro que estava lutando para manter suas emoções sob controle.

"Porque a Sagrado Coração é uma igreja relativamente grande, eu estava cogitando se pudesse haver alguém dentro da congregação que pudesse ter abordado o Padre Costas com uma reclamação ou queixa."

"Não que eu saiba. Claro, tenha em mente que muitas pessoas vinham até ele em confiança para confessar os pecados ou se livrar de agitação espiritual em suas vidas."

"Há qualquer coisa no período dos últimos anos que você pode pensar que possa ter atingindo alguém da maneira errada? Alguma coisa que pudesse irritar alguém que talvez tenha olhado para o Padre Costas com reverência?"

Nancy olhou abaixo para suas mãos. Ela estava comprimindo-as nervosamente em seu colo, tentando fazê-las parar de tremer. "Eu suponho que haja, mas foi antes de eu começar a trabalhar aqui. Havia uma história de talvez dez anos atrás, uma reportagem de algum dos jornais locais. Um dos adolescentes que liderava um grupo de jovens alegou que o Padre Costas havia abusado sexualmente dele. Foi muito explícito. Não havia qualquer prova disso e, bem francamente, não há como o Padre Costas ter feito isso. Mas uma vez que uma notícia dessas estoura e diz respeito a alguém dentro da Igreja Católica, é tomada como verdade absoluta."

"O que foi o resultado dessa história?"

"Pelo que me disseram, ele recebeu ameaças de morte. Comparecimento na igreja diminuiu cerca de quinze por cento. Ele começou a receber e-mails não solicitados, cheios de pornografia homossexual."

"Ele mantinha qualquer um daqueles mails?" perguntou Mackenzie.

"Por um tempo," disse Nancy. "Ele chamou a polícia a respeito disso, mas eles nunca foram capazes de fazer qualquer conexão. Depois que ficou claro que não havia nada que pudesse ser feito, ele os apagou. Eu nunca os vi pessoalmente."

"E o adolescente que fez as acusações? Se você pudesse nos dar o nome dele, nós poderíamos visitá-lo."

Nancy balançou a cabeça, lágrimas frescas derramando. "Ele cometeu suicídio mais tarde naquele ano. Havia uma nota próxima ao corpo na qual ele confessava ser gay. Foi ainda outro golpe contra o Padre Costas. Fez a história parecer bem mais plausível."

Mackenzie assentiu, tentando pensar em qualquer outra avenida de acesso. Ela sabia, naturalmente, que tentar obter esse tipo de informação de uma viúva de luto seria difícil. E quando você adiciona uma provação passada com uma notícia que pode ou não ter tido qualquer fundo de verdade, a coisa toda se torna muito pior. Ela supôs que pudesse pressionar por mais informações sobre o jovem rapaz que entrou com a reclamação e eventualmente se matou. Mas ela também poderia achar essa informação por conta própria facialmente enquanto deixava essa pobre mulher ficar pronta para o funeral do Padre Costas.

"Bem, Sra. Allensworth, muito obrigada pelo seu tempo," disse Mackenzie, ficando de pé. "Meus sinceros pêsames por sua perda."

"Deus te abençoe, querida," disse Nancy. Ela também ficou de pé e guiou Mackenzie de volta pela casa, para a porta da frente.

Na porta, Mackenzie deu um cartão de visitas para Nancy com seu nome e número gravados. "Eu entendo que você está passando por muita coisa", disse Mackenzie. "Mas se alguma coisa vier a sua mente nos próximos dias, por favor, me ligue."

Nancy pegou o cartão sem uma palavra e o colocou no bolso. Então, ela se virou, claramente lutando contra um enxame de lágrimas maior e fechou a porta.

Mackenzie se dirigiu para o carro, tirando seu celular. Ela discou para o Agente Harrison, que respondeu em seguida.

"Tudo indo bem?" ele a perguntou.

"Ainda não sei," ela disse. "Você pode me fazer um favor e olhar a dez anos atrás para ver se você consegue achar sobre o Padre Costas ser acusado de abusar sexualmente de um homem líder de um grupo de jovens? Eu gostaria do máximo de detalhes que puder."

"Claro. Você acha que isso possa se por como uma pista?"

"Eu não sei," ela disse. "Mas eu acho que uma criança que alega ter sido sexualmente abusada por um padre que foi pregado nas portas da sua igreja certamente vale a pena investigar."

"Sim, bom ponto," disse Harrison.

Ela desligou, novamente assombrada pelas imagens do Assassino do Espantalho e do Nebraska. É óbvio, ela lidara com assassinos atacando em um contexto religioso antes. E uma coisa que ela sabia sobre eles era que poderiam ser imprevisíveis e muito motivados. Ela não ia correr qualquer risco e, como tal, não deixaria qualquer pedra sem revirar.

Ainda, enquanto ela voltava para o carro, percebeu que um garoto sexualmente abusado realmente parecia uma pista sólida. Fora isso, além dele, a única coisa a sua disposição era voltar para os escritórios do FBI e ver o que ela poderia escavar dos arquivos enquanto torcia para que a perícia fosse capaz de aparecer com algo.

E ela sabia que se ela ficasse a espera, esperando por uma novidade no caso, o assassino poderia muito bem estar lá fora planejado seu próximo lance.


CAPÍTULO CINCO

 

Eram 3:08 de acordo com o painel do carro quando o pastor saiu da igreja.

Ele observou o pastor distante pelo para brisas. Ele sabia que o homem era sagrado; sua reputação era excepcional e sua igreja havia sido abençoada. Ainda, era bastante desapontador. Algumas vezes ele pensava que homens sagrados deveriam ser colocados a parte do resto do mundo, mais fáceis de identificar. Talvez, como aquelas velhas pinturas religiosas nas quais Jesus tinha uma grande aureola dourada ao redor da cabeça.

Ele riu com esse pensamento enquanto assistia o pastor se encontrar com outro homem em frente a um carro ao lado da igreja. Esse outro homem e era algum tipo de assistente. Ele havia visto esse assistente antes, mas não estava preocupado com ele. Estava muito abaixo na cadeia alimentar dentro da igreja.

Não, ele estava mais interessado no pastor líder.

Ele fechou os olhos enquanto os dois homens conversavam. No silêncio do seu carro, ele rezou. Ele sabia que poderia orar em qualquer lugar e Deus o escutaria. Ele sabia há muito tempo que Deus não ligava para onde você estava quando você rezava para confessar seus pecados. Você não precisava estar em um edifício enorme e espalhafatosamente decorado. De fato, a Bíblia indicava que tais moradas elaboradas eram uma afronta para Deus.

Com sua oração terminada, ele pensou sobre este trecho da escritura. Ele a murmurou em voz alta, sua voz lenta e sombria.

"E, quando orardes, não sejais como os hipócritas. Pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens."

Ele olhou de volta para o pastor, no momento se afastando do outro homem até outro carro.

"Hipócrita," ele disse. Sua voz era uma mistura de veneno e tristeza.

Ele também sabia que a Bíblia alertava sobre uma praga de falsos profetas no fim dos tempos. Esse era, afinal, o porquê de ele ter se atribuído a missão atual. Os falsos profetas, os homens que falavam sobre glorificar Deus enquanto observavam os pratos de dízimo enquanto eram repassados-os mesmos que pregavam sobre santificação e pureza enquanto observavam jovens garotos com olhos de luxúria-eram os piores deles. Eles eram piores de traficantes e assassinos. Eram piores que estupradores e os desviados mais deploráveis das ruas.

Todos o sabiam. Mas ninguém fazia qualquer coisa a respeito.

Até agora. Até que ele ouviu Deus falar com ele, dizendo-o para consertar isso.

Era seu trabalho se deixar o mundo livre desses falsos profetas. Era trabalho sanguinolento, mas era o trabalho de Deus. E isso era tudo o que ele precisava saber.

Ele olhou de volta para o pastor entrando no carro e saindo da igreja.

Depois de um momento, ele também arrancou para a rua. Não seguiu o pastor de perto, mas o acompanhou a uma distância segura.

Quando ele chegou a um semáforo, ele quase podia ouvir o som musical do seu porta malas enquanto vários dos seus pregos industriais tilintavam na caixa deles.


CAPÍTULO SEIS

 

Ele caminhou em direção da igreja, a lua de sangue lançando uma sombra do seu corpo na calçada que parecia como um inseto esticado-um louva-deus ou uma centopeia talvez. Havia um sino tocando, um grande sino sobre a catedral, convocando todos para vir adorar e cantar e louvar.

Mas Mackenzie não conseguiu entrar na igreja. Há uma multidão de pessoas no alpendre frontal, congregando ao redor da porta da frente. Ela vê Ellington ali, assim como McGrath, Harrison, suas distantes mãe e irmã, até mesmo seu velho parceiro, Bryers e alguns dos homens com os quais ela trabalhou enquanto ainda era uma detetive no Nebraska.

"O que todos estão fazendo?" ela pergunta.

Ellington se vira para ela. Seus olhos fechados. Vestido em um bom terno, marcado por uma gravata vermelho sangue. Ele sorri para ela, seus olhos ainda fechados, e levanta uma mão aos lábios. Ao lado dele, a mãe dela aponta para as portas da frente da igreja.

Seu pai está ali, Pendurado, crucificado. Ele usa uma coroa de espinho e uma ferida em sua lateral extravasa alguma coisa parecida com óleo de motor. Ele está olhando diretamente para ela, seus olhos arregalados e maníacos. Ele está louco. Ela pode ver nos olhos dele e no esboço de um sorriso malicioso.

"Vem salvar-te?" ele a pergunta.

"Não," ele diz.

"Bem, certamente você não veio me salvar. Tarde demais para isso. Agora se curve. Adore. Encontre tua paz em mim."

E como se alguém a quebrasse pelo meio por dentro, Mackenzie se ajoelha. Ajoelha-se com força, ralando seus joelhos no concreto. Todos ao seu redor, a congregação começa a cantar em línguas. Ela abre a boca e palavras amorfas saem, juntando-se à música. Olha de volta para seu pai e há um halo de fogo circulando sua cabeça. Agora ele está morto, seus olhos brancos e sem expressão, sua boca escoando uma poça de sangue.

Há a harmonia do sino, repetindo-se de novo e de novo.

Tocando...

Tocando. Alguma coisa tocando.

Seu telefone. Com um solavanco, Mackenzie despertou. Ela mal registrou o relógio em seu criado mudo, que marcava 2:10 da manhã. Ela atendeu o telefone, tentando sacodir os vestígios do pesadelo de sua cabeça.

"White falando," ela disse.

"Bom dia," veio a voz de Harrison. Ela estava secretamente bem desapontada. Estava esperando ouvir notícias de Ellington. Ele fora enviado por McGrath em alguma tarefa, os detalhes da qual eram no máximo um esboço. Ele prometera ligar em algum momento, mas até agora ela não ouviu qualquer coisa dele.

Harrison, ela pensou grogue. Que diabos ele quer?

"É muito cedo para isso, Harrison," ela disse.

"Eu sei," disse Harrison. "Desculpe-me, mas estou ligando pelo McGrath. Houve outro assassinato."

 

***

 

Através de uma série de mensagens, Mackenzie reuniu tudo o que ela precisava saber. Um casal rebelde havia encostado nas sombras do estacionamento de uma igreja bem conhecida para fazer sexo. Logo quando as coisas haviam começado a esquentar, a garota viu alguma coisa estranha na porta. Assustou-a o suficiente para colocar um fim nas atividades noturnas planejadas. Claramente irritado, o homem que tivera seu exibicionismo furtado seguiu até a porta da frente e encontrou um corpo nu pregado nas portas.

A igreja em questão era um relativamente popular: Igreja Comunitária Palavra Viva, uma das maiores na cidade. Muitas vezes saia nas notícias, já que os presidentes frequentemente participavam dos cultos de lá. Mackenzie nunca estivera (ela não havia colocado o pé na igreja desde um fim de semana cheio de culpa na faculdade), mas o tamanho e escopo do lugar afundaram-se por completo enquanto ela virava o carro no estacionamento.

Ela era uma das primeiras na cena. A equipe do CSI estava ali, se aproximando da entrada principal da igreja. Um único agente estava saindo de um carro, aparentemente esteve esperando por ela. Ela não ficou nem um pouco surpresa em ver que era Yardley, a agente que havia entregado o primeiro caso com o Padre Costas.

Yardley encontrou com ela na calçada que levava até a entrada principal. Ela parecia cansada, mas animada de uma maneira que provavelmente apenas outros agentes poderiam ser capazes de identificar ou de se identificar.

"Agente White," disse Yardley. "Obrigada por vir tão rápido."

"Claro. Foi você o primeiro na cena?"

"Fui. Eu fui enviada a cerca de quinze minutos. Harrison ligou e me enviou."

Mackenzie quase comentou sobre isso, mas fechou a boca. Estranho que eu não tenha sido chamada primeiro, ela pensou. Talvez McGrath esteja deixando-a cobrir onde Ellington estaria ajudando. Faz sentido, já que ela foi a primeira a lidar com a cena do Costas.

"Já viu o corpo?" perguntou Mackenzie enquanto elas se dirigiam para a porta da frente logo atrás da equipe do CSI.

"Sim. De poucos metros de distância. É idêntica às outras."

Em poucos passos, Mackenzie foi capaz de vez por si própria. Ela ficou um pouco para trás, deixando os caras da CSI e a perícia fazerem o trabalho deles. Sentindo que tinham dois agentes atrás deles esperando, as equipes trabalharam rapidamente, mas de forma eficiente, se certificando de deixar um espaço para os agentes tomarem as próprias observações.

Yardley estava certa. A cena era a mesma, até a marca alongada cruzando a fronte. A única diferença era que as roupas íntimas desse homem havia aparentemente escorregado-ou foram arrancadas pelos tornozelos de propósito.

Um dos cara da equipe do CSI olhou para elas. Ele parecia um pouco fora de si, talvez até um pouco triste.

"O falecido é Robert Woodall. Ele era o pastor líder aqui."

"Você tem certeza?" perguntou Mackenzie.

"Positivo. Minha família frequenta essa igreja. Eu ouvi esse homem pregar pelo menos cinquenta vezes."

Mackenzie se aproximou do corpo. As portas para a Palavra Viva não eram ornadas e decoradas como aquelas da Pedra Angular Presbiteriana e do Sagrado Coração. Estas eram mais modernas, feitas de madeira pesada que fora desenhada e tratada para se assemelhar a uma porta de celeiro.

Como os outros, o Pastor Woodall fora pregado pelas mãos e seus tornozelos foram amarrados com arame. Ela estudou sua genitália exposta, imaginando se sua nudez escancarada fora uma decisão feita pelo assassino que preparou o corpo. Ela podia ver nada fora do ordinário e decidiu que as roupas de baixo deviam ter escorregado por conta própria, talvez devido ao peso do sangue que absorveram. As feridas que jorravam sangue eram numerosas. Havia alguns arranhões no peito. E mesmo que suas costas não pudessem ser vistas, a trilha de sangue que escorria ao longo da sua cintura e seguia por suas pernas indicava que havia algumas lá trás.

Mackenzie então viu outra ferida-uma estreita que trouxe de volta a imagem infernal do seu pesadelo.

Havia um corte no lado direito de Woodall. Era leve, mas claramente visível. Havia algo preciso acerca disso, quase prístino. Ela se inclinou para mais perto e apontou. "O que isso parece para vocês?" ela perguntou à equipe do CSI.

"Também reparei nisso," disse o homem que reconhecera o Pastor Woodall. "Parece algum tipo de incisão. Talvez feita por algum tipo de lâmina de entalhar-uma faca X-Acto ou algo assim."

"Mas esses outros cortes e feridas de facada," disse Mackenzie. "Eles foram feitos com uma lâmina comum, certo? Os ângulos e bordas..."

"Sim. Você é uma mulher religiosa?" o homem perguntou.

"Essa parece ser uma questão recorrente nos últimos dias," ela disse. "Apesar da resposta, contudo, eu entendo a relevância de um corte na lateral. Foi onde Cristo teve uma lança enfiada enquanto estava pendurado na cruz."

"Sim," disse Yardley de trás dela. "Mas não há sangue, certo?"

"Certo," disse Mackenzie. "De acordo com a escritura, saiu água dessa ferida."

Então por que o assassino decidiu fazer essa ferida em destaque? Ela cogitou. E por que não foi assim nas outras?

Ela se afastou e observou a cena enquanto Yardley conversava com alguns dos membros da CSI e da Perícia. O caso já a havia afligido um pouco, mas essa ferida aleatória na lateral de Woodall a fez se preocupar que algo mais profundo estivesse ocorrendo. Havia simbolismo, mas agora há simbolismo sobreposto.

O assassino, obviamente, pensou nessas coisas, ela pensou. Ele tinha um plano e ele vem sendo metódico a respeito dele. Mais que isso, a adição desse preciso corte na lateral mostra que ele não está apenas matando por matar-ele está tentando transmitir uma mensagem.

"Mas qual mensagem?" ela se perguntou em silêncio.

Nas horas mais escuras da noite, ela estava na entrada da Igreja Comunitária Palavra Viva e tentava encontrar essa mensagem na figura do corpo do pastor morto.


CAPÍTULO SETE

 

No tempo que Mackenzie levou para deixar a Palavra Viva e dirigir até o Edifício J. Edgar Hoover, a imprensa havia, de alguma maneira, descoberto sobre o último assassinato. Enquanto o assassinato do Padre Costas havia chegado às notícias, a morte de Ned Tuttle não havia. Mas com o pastor líder de uma igreja do porte da Palavra Viva, o caso iria explodir as manchetes. Eram 4:10 quando Mackenzie chegou aos escritórios do FBI, dirigindo-se para ver McGrath. Ela deduziu que os detalhes do Pastor Woodall e o caso como um todo seriam o principal ponto de interesse nos programas noticiários matutinos locais-e de toda a nação pelo meio dia.

Ela podia sentir a pressão crescente disso tudo quando entrou no escritório de McGrath. Ele estava sentado na sua pequena mesa de conferências, ao telefone com alguém. O Agente Harrison estava lá com ele, lendo algo em um notebook. Yardley também estava lá, tendo chegado poucos minutos antes de Mackenzie. Ela estava sentada, escutando McGrath ao telefone, aparentemente esperando por instruções.

Vendo os dois se debruçando ao redor de McGrath a fez desejar que Ellington estivesse ali. Isso a lembrou de que ainda estava no escuro a respeito de onde McGrath o havia enviado. Ela imaginou se tinha algo a ver com esse caso-mas se tivesse, por que ela não fora informada do paradeiro dele?

Quando McGrath finalmente saiu do telefone, ele olhou para os três agentes reunidos e deixou sair um suspiro. "Era o Diretor Assistente Kirsch," ele disse. "Ele esta reunindo mais três agentes para encabeçar esse caso em seu nome. No momento em que a impressa pegou o rastro disse, estávamos fodidos. Isso vai ser grande e vai crescer rápido."

"Alguma razão em particular?" perguntou Harrison.

"Palavra Viva é uma igreja extremamente popular. O presidente a frequenta. Alguns outros políticos também vão regularmente. Os podcast têm cerca de quinhentos mil acessos em uma semana. Woodall não era uma celebridade ou algo assim, mas ele era bem conhecido. E se é uma igreja que o presidente vai..."

"Entendi," disse Harrison.

McGrath olhou para Mackenzie e Yardley. "Há algo digno de nota na cena?"

"Sim, talvez," disse Mackenzie. Em seguida, ela passou os detalhes sobre a peculiar e precisa incisão no lado direito de Woodall. Contudo, ela não entrou no tipo de gesto simbólico que ela estava tentando decifrar a partir do seu significado. Ela ainda não tinha teorias realmente sólidas e não queria perder tempo com especulação.

McGrath, porém, estava em modo de pânico. Ele abriu suas mãos sobre a mesa e indicou as cadeiras ao redor da mesa com a cabeça. "Sente-se Vocês repassar o que temos. Eu quero ser capaz de dar ao Kirsch as mesmas informações que temos. Incluindo vocês três, agora nos temos seis agentes dedicados a esse caso. Se trabalharmos juntos, armados com os mesmos detalhes, talvez nó possamos prender esse cara antes que ele ataque de novo."

"Bem," disse Yardley, "ela não está se prendendo a uma denominação. Sabemos disso com certeza. Se alguma coisa, parece que ele está tentando evitar isso. Até agora nós temos uma igreja Católica, uma igreja Presbiteriana e agora uma igreja comunitária sem denominação."

"E outra coisa a se considerar," disse Mackenzie, "é que nós não podemos saber com certeza se ele está usando a posição de crucificação como seu uso preferido de punição e simbolismo ou se ele o faz como zombaria."

"Qual é a diferença na real?" perguntou Harrison.

"Até que nós saibamos qual razão está por trás disso, não podemos afunilar o motivo," disse Mackenzie. "Se ele está fazendo como zombaria, então provavelmente ele não é um crente-talvez mesmo algum de ateu muito irado ou um ex-crente. Mas, se ele está fazendo isso como meio preferencial de simbolismo, então ele poderia ser um crente muito devoto, ainda que com algumas maneiras bem estranhas de professar sua fé."

"E esse corte fino ao longo da lateral de Woodall," disse McGrath. "Não estava em algum dos outros corpos?"

"Não," disse Mackenzie. "Isso foi novo. O que me faz pensar que há algum tipo de significado nisso. Como o se o assassino pudesse até estar tentando comunicar algo para nós. Ou apenas saindo dos trilhos."

McGrath se empurrou da mesa e olhou para o teto, como se procurasse respostas lá em cima. "Eu não sou cego para tudo isso," ele disse. "Eu sei que há zero pista e nenhuma via de verdade pela qual seguir. Mas se eu não tiver algo que se assemelhe a uma pista quando essa merda estiver se espalhado por todos os programas noticiários nacionais dentro de poucas horas, as coisas vão ficar ruins por aqui. Kirsch diz que ele já recebeu uma ligação de uma senadora que frequenta a Palavra Viva perguntando por que não fomos capazes que resolver esse caso tão logo Costas foi morto. Então, eu preciso que os três de vocês me consigam algo. Se eu não tiver alguma coisa nova para prosseguir até a tarde, eu vou ter que expandir... mais recursos, mais pessoal e eu realmente não quero fazer isso."

"Eu posso verificar com a perícia," ofereceu Yardley.

"Trabalhe ao lado deles por mim," McGrath disse. "Farei uma ligação e deixarei isso certo. Eu quero você lá no momento que eles descobrirem alguma coisa sobre aqueles corpos."

"Pode ser um cenário 'agulha no palheiro'," disse Harrison, "mas eu posso começar a olhar nas lojas locais de ferragem para pegar registros e recibos sore qualquer um que tenha comprado os pregos que esse cara está usando nos últimos meses. Pelo que eu entendo, eles não são particularmente comuns."

McGrath assentiu. Era uma ideia, claro, mas o olhar em seu rosto deixou claro quanto tempo isso levaria.

"E você, White?" ele perguntou.

"Eu vou até os familiares e colegas de trabalho," ela disse. "Em uma igreja do tamanho da Palavra Viva, tem que haver alguém com alguma ideia sobre o porquê isso aconteceu com Woodall."

McGrath bateu as palmas das mãos juntas ruidosamente e sentou-se para frente. "Parece bom," ele disse. "Então, mãos a obra. E me atualizem de hora em hora. Entendido?"

Yardley e Harrison assentiram. Harrison fechou seu notebook enquanto levantava da mesa. Enquanto eles saiam, Mackenzie permaneceu para trás. Quando Yardley fechou a porta atrás deles, deixando apenas Mackenzie e McGrath na sala, ela se voltou para ele.

"Ah, diabos, o que é?" perguntou McGrath.

"Estou curiosa," ela disse. "O Agente Ellington teria sido um recurso valioso para este caso. Para onde você o mandou?"

McGrath remexeu desconfortavelmente em seu assento e olhou para fora na janela do seu escritório brevemente, para a escuridão da manhã recente.

"Bem, antes de eu atribuí-la a essa outra tarefa, claramente, eu não tinha ideia que esse caso seria tão ruim assim. A respeito de onde ele está trabalhando atualmente, com todo respeito, não é da sua conta."

"Com o mesmo respeito," ela retrucou, fazendo seu melhor para não soar muito defensiva, "você tirou um parceiro que eu trabalho bem junto, o que me deixa por conta própria para resolver esse caso."

"Você não está por conta própria," disse McGrath. "Harrison e Yardley são mais que eficientes. Agora... por favor, Agente White. Vá trabalhar."

Ela queria pressionar o assunto um pouco além, mas não via o ponto nisto. A última coisa que ela precisava era que McGrath ficasse irritado com ela. A pressão já estava ligada e era cedo demais no dia para ligar com um chefe descontente.

Ela deu um aceno seco com a cabeça e saiu. Ainda, enquanto andava em direção aos elevadores, ele tirou o telefone. Era muito cedo para ligar para Ellington, então ele optou por uma mensagem.

Apenas dando notícias, ela digitou Ligue ou mande mensagem quando você puder.

Ela enviou a mensagem enquanto entrava no elevador. Ela desceu até a garagem onde seu carro estava esperando. Lá fora, a manhã ainda estava escura-o tipo de escuridão densa que parecia capaz de esconder qualquer segredo que quisesse.


CAPÍTULO OITO

 

Depois de pegar um copo de café, Mackenzie se dirigiu de volta para a Palavra Viva. Ela sabia que era uma grande igreja, então escolher alguém com possíveis informações dentro dos funcionários ou da congregação demoraria uma eternidade. Ela percebeu que se as notícias se espalharam e as ligações começaram a acontecer, havia uma boa chance de que aqueles próximos ao Pastor Woodall estarem na igreja-talvez já organizando pequenos memoriais ou apenas indo à igreja para estar mais perto de Deus enquanto estavam em aflição.

Sua intuição compensou mais uma vez. Quando ela chegou na cena, Woodall fora removido das portas. E enquanto ainda havia vários policiais locais e membros do FBI presentes, também havia outras pessoas espalhadas aqui e ali, contidas pelas faixas amarelas de cena criminal que circundavam os limites da calçada de concreto que levava às portas da frente.

Algumas delas choravam abertamente. Vários estavam acolhidos nos abraços de outros espectadores. Ela tomou nota de um homem de pé sozinho, sua cabeça virada para longe da cena. Sua cabeça estava abaixada e sua boca se movia apenas levemente enquanto ele oferecia as preces. Mackenzie respeitosamente deu-lhe algum tempo para terminar sua oração antes de abordá-lo. Ao se aproximar, viu o que parecia ser uma expressão de raiva em seu rosto.

"Desculpe-me, senhor," ela disse. "Você tem um momento?" Ela terminou a pergunta mostrando seu distintivo e se apresentando.

"Sim," disse o homem. Ele piscou e esfregou os olhos, como se tentasse limpar os últimos vestígios de sono ou de um pesadelo. Então ele ofereceu a mão e disse, "Eu me chamo Dave Wylerman, a propósito. Sou chefe do departamento de música aqui na Palavra Viva."

"Há um departamento de música?"

"Sim. Nós temos um conjunto rotativo de aproximadamente quatorze músicos que compõe três bandas de adoração."

"Então você trabalhou de perto com o Pastor Woodall no passado?"

"Ah, absolutamente. Estou em reuniões com ele pelo menos duas vezes por semana. Fora isso, ele se tornou um querido amigo da família para minha esposa, meus filhos e eu durante a última década."

"Você pode pensar em alguém que possa ter sido capaz de fazer isso? Alguém que possa ter tido algum tipo de rancor ou queixa contra o Pastor Woodall?"

"Bem, é uma igreja grande. Eu não acho que há uma única pessoa que trabalhe aqui e conheça todos que comparecem. Mas para mim, não, eu não consigo pensar em alguém logo de cara que estava com raiva com ele o suficiente para fazer isso..."

A escuridão do alvorecer havia escondido as lágrimas de Dave Wylerman até este ponto, mas quando ele olhou acima nos olhos dela, elas ficaram bem evidentes. Ele parecia atormentado, como se lutasse para descobrir como dizer alguma coisa.

"Você tem um momento para conversar em particular?" perguntou Mackenzie.

"Sim."

Ela acenou-lhe a frente para segui-la. Ela se afastou da calçada de concreto que dava na igreja e voltou para o carro. Abriu a porta do passageiro para ele, percebendo que descansar os pés e se sentir relaxado pudesse fazer algum bem a ele Ela entrou no lado do motorista e quando ela fechou a porta, podia dizer que Wylerman estava lutando para se manter composto.

"O restante do corpo da igreja fora informado?" perguntou Mackenzie.

"Não, apenas os mais antigos, eu e alguns daqueles mais próximos ao Pastor Woodall. Mas as ligações estão sendo feitas. Todos irão saber dentro de uma hora ou por aí, eu imagino."

Bom, pensou Mackenzie. Eles receberam as notícias pessoalmente de alguém que eles conhecem, ao invés de escutar sobre isso pela primeira vez nos noticiários.

"Então, me corrija se eu estiver errada," ela disse, "mas parecia que você estava se debatendo com alguma coisa lá trás perto da igreja. Há algo que você pode me dizer que não queria compartilhar na frente de todos os outros?"

"Bem, como você sabe, é uma igreja grande. Em qualquer Domingo, se você contar ambos os cultos que nós mantemos, há algo entre cinco mil e sete mil pessoas que comparecem. E com um grupo assim tão grande, nós necessitamos de vários presbíteros para lidar com os negócios e interesse da igreja. Aqui na Palavra Viva, nós temos-bem, tínhamos seis. Um deles começou meio que levantar algumas preocupações nos outros antes de sair. Eu não acho que ele não teria nele o necessário para fazer algo como isso, mas... eu não sei. Algumas coisas que ele insinuara... meio que pegou todos os outros com a guarda baixa. Outros presbíteros... empregados..."

"Qual o nome dele?"

"Eric Crouse."

"E que tipo de coisas?" perguntou Mackenzie.

"Ele continuava jorrando sobre como as coisas deixadas na escuridão viriam a luz e como a luz poderia cegar. Que talvez ser queimada pela luz seja exatamente o que a Palavra Viva precisava."

"E por quanto tempo ele se comportara dessa forma?"

"Cerca de um mês, eu diria. Pelo o que eu entendo, ele saiu por conta própria há cerca de duas semanas, mas havia discussão sobre isso entre os outros presbíteros e o Pastor Woodall sobre o liberar. Mas a coisa disso é que tudo que Eric estava falando era biblicamente acurado. Coisas que Jesus disse, coisas que a maioria das pessoas que comparecem à Palavra Viva acreditam. Mas... e eu sei que isso vai soar estúpido... era a maneira que ele dizia as coisas. Sabe? Tipo, ele tinha algum contexto oculto para eles. Mais que isso, ele nunca falou daquela maneira antes. Ele era um presbítero, claro, mas nunca um que apenas jorrava as escrituras ou que começava a dar essas conversas do tipo fogo do inferno e enxofre."

"Então, se você não acha que ele era capaz de assassinato, por que você o menciona? Foi apenas a mudança repentina de personalidade que alarmou a todos?"

Wylerman deu de ombros. "Não. Algumas pessoas começaram a reparar que Eric estava fazendo tudo o que ele podia para evitar reuniões ou pequenos grupos nos quais o Pastor Woodall compareceria. Eles nunca foram melhores amigos, mas sempre conviveram. Então, de repente, quando ele começou a falar sobre essa coisa de luz brilhando na escuridão, ele também pareceu se distanciar do Pastor Woodall."

"E você diz que ele deixou a igreja há duas semanas?"

"Sim, mais ou menos uns dias. Eu não sei se ele está indo a outro lugar agora ou o que. E o que é estranho é que é quase como se Eric conhecesse os horários do Pastor Woodall. Ele acaba de voltar de um retiro há alguns dias."

"Um retiro?"

"Sim, é a sua pequena fuga, que ele faz duas vezes ao ano. É uma ilhazinha bem calma na costa da Flórida."

"E há quanto tempo ele voltou?" perguntou Mackenzie.

"Ele e sua esposa voltaram para casa cinco dias atrás."

Mackenzie pensou sobre isso por um momento, catalogando em sua mente. Então, ela voltou o assunto de volta para o homem que Wylerman mencionara-o antigo presbítero, Eric Crouse.

"Você saberia onde Crouse mora?" ela perguntou.

"Sim. Eu estive na casa dele algumas vezes em pequenos grupos e para oração."

Mackenzie não estava certa do por que, mas algumas coisa nisso a assustava. A sincronia de Eric Crouse deixar a Palavra Viva era quase perfeita para o tipo de suspeito que ela estava procurando. Imaginar esse homem de luto apertando as mãos juntas em prece com um homem que possa ter sido responsável por três mortes nos últimos poucos dias era inquietante.

"Você pode me dizer onde?"

"Eu irei," disse Wylerman, "mas eu realmente preferiria que você não o dissesse que recebeu a informação de mim... ou de qualquer um na Palavra Viva no que diz respeito."

"Claro que não," ela disse.

Um pouco relutante, Wylerman deu a ela as direções para a casa de Eric Crouse. Mackenzie as digitou no celular, notando que, embora Wylerman pudesse estar interagindo com ela, a mente dele ainda estava lá com seus amigos em luto do lado de fora da igreja. Ele estava olhando naquela direção agora, limpando as lágrimas de seus olhos enquanto os observava pela janela do passageiro.

"Obrigada pelo seu tempo, Sr. Wylerman," disse Mackenzie.

Wylerman assentiu sem dizer qualquer coisa a mais. Então ele saiu do carro. Ele manteve sua cabeça abaixada antes até de chegar até a pequena multidão de pessoas. Ela podia vê-lo tremendo. Ela nunca entendera como as pessoas poderiam ter uma profunda fé em um Deus invisível, mas ela respeitava o senso de comunidade que era evidente entre aqueles que compartilhavam uma crença em comum. Ela se sentiu muito mais por Dave Wylerman naquele momento, assim bem como por aqueles que frequentavam a Palavra Viva e o vazia que eles sentiriam no Domingo de manhã.

Com esse senso de simpatia a empurrando para frente, Mackenzie arrancou o carro do estacionamento da Palavra Viva e dirigiu-se para oeste, para o que parecia ser onde primeira pista sólida nesse caso havia agitado.


CAPÍTULO NOVE

 

Eram 6:40 quando ela chegou em frente à casa de Eric Crouse. Ficava em um bairro abastado onde as casas eram mais importantes que os jardins, cada casa pressionada apertadamente contra a outra. A garagem estava fechada, tornando impossível saber se alguém estava em casa-apesar de que, dada a hora adiantada, ela assumiu que haveria alguém lá para atender a porta.

Enquanto fazia seu caminho até a porta, Mackenzie desejou que tivesse pegado outro café de algum lugar. Era difícil acreditar que ainda não eram sete horas. Ela fez seu melhor para sacudir os vestígios de seno do rosto ao bater a campainha da residência de Crouse. Imediatamente, ela podia ouvir passos atrás da porta. Segundos depois, a porta foi aberta apenas em uma fenda e uma mulher espreitou para fora.

"Posso ajudá-la?" a mulher perguntou, claramente desconfiada.

"Sim," disse Mackenzie. "E peço desculpas por ser tão cedo, mas isto é urgente. Sou a Agente Mackenzie White do FBI. Estou procurando por Eric Crouse."

A mulher abriu a porta lentamente. "É o meu marido. Ele está... bem, ele recebeu notícias terríveis esta manhã. Acho que é por isso que está aqui? Sobre o assassinato esta manhã?"

"É," disse ela. "Então, se eu pudesse falar com ele..."

"É claro," disse a mulher. "Entre, entre".

Mackenzie foi guiada para dentro da casa para o cheiro de bacon grelhando e café recém passado. A casa dos Crouse era bonita, mas não em excesso. Tinha pé direito alto, sancas, piso de madeira e bancadas de granito e um espaço de bar na cozinha. Na cozinha, a mulher a levou para uma ampla mesa de jantar; era o tipo de cozinha que também servia como sala de jantar. Um homem e um garoto de cerca de dez anos se sentavam a mesa. O garoto estava comendo uma tigela de cereal enquanto o homem dava um gole em uma xícara de café e lia algo de um notebook.

"Essa moça aqui é do FBI," disse a esposa de Crouse.

Crouse olhou acima, piscando de maneira o que está acontecendo. Então ele se levantou e caminhou até Mackenzie. Ele sorriu cansado para ela, que podia perceber pelo seu rosto que ele, assim como Dave Wylerman, havia tido sua boa parcela de choro essa manhã.

Crouse estendeu sua mão para um aperto e Mackenzie a aceitou. Ela observou seu rosto o tempo inteiro, procurando por algum deslize no que era ou um grande disfarce de emoção ou uma fachada para enganá-la. Ela não conseguia ver nenhum e, assim, não podia decidir se ele estava escondendo alguma culpa.

"Presumo que seja sobre o Pastor Woodall?" perguntou Eric.

"Sim," disse Mackenzie. "Há algum lugar onde possamos conversar?"

"Hum, sim," disse Eric. Ele olhou para o filho e deu um tapinha no ombro dele. "Você e a mamãe podem correr até o banheiro e terminar de se arrumar para escola Deixe esses dentes bons, OK?"

O garoto olhou para seu cereal, claramente não terminado, mas obedeceu ao seu pai. A mulher fez o mesmo, enquanto ela acompanhava o filho deles para fora da cozinha e em direção a um corredor que ficava logo a direita. Quando eles ficaram fora de vista, Eric olhou para garrafa de café no balcão e perguntou: "Café?"

"Sim, por favor. Seria fantástico, na verdade."

Eric entrou na cozinha e Mackenzie o seguiu. Eric pegou uma xícara de um armário e encheu-a com café da garrafa em cima do balcão. "Creme? Açúcar?"

"Preto está ótimo," ela disse. Ela estava bem certa de que ele estava enrolando, mas ao mesmo tempo, também tentando fazer seu melhor para ser agradável e hospitaleiro.

Quando ele a entregou o café, ela o agradeceu e deu um gole. Era bom e forte-exatamente o que ela necessitava.

"Então, como você descobriu sobre o Pastor Woodall?" ela perguntou.

"Recebi um telefonema de um dos presbíteros. Suponho que se você está aqui para falar comigo, você já sabe que eu era um presbítero lá até muito recentemente."

"Sim. Eu estava ciente. E eu entendo que houve um pouco de hostilidade e desacordo antes de você sair."

"Sim, suponho que sim."

"Você se importaria de elaborar a respeito do que você queria dizer com os comentários que você fez sobre as trevas e a luz? Sobre a Palavra Viva ser queimada pela luz?"

Eric hesitou, dando um gole de seu café. "Veja, a dificuldade aqui é que você se você me perguntasse exatamente a mesma pergunta ontem, eu teria te respondido com prazer. Mas as coisas são diferentes agora."

"Bem, Sr. Crouse, eu não tinha razão para perguntar-lhe ontem. Mas agora, eu tenho um pastor morto com o qual você estava em grave desacordo... um pastor com o qual você trabalhou de perto por vários anos e, de repente, começou a aparentemente não se importar muito."

"Justo," ele disse. Ele se inclinou um pouco para a direita, examinando o corredor como se para se certificar de que sua esposa e filho ainda estavam fora do alcance da voz. Quando ele estava confiante de que ainda estavam longe, ele se aproximou de Mackenzie. "Olha... eu descobri algo sobre o Pastor Woodall três meses atrás. A princípio, eu me recusei a acreditar, mas então eu vi provas. E não pude negar mais. Eu... bem, eu acho que eu não sabia exatamente como lidar com isso."

"E o que você descobriu?"

"Agente White... ele está morto. Recentemente morto. Que tipo de homem eu seria para maldizê-lo? A última coisa que eu quero é manchar o nome dele após a sua morte."

"Eu manterei discrição então," ela disse. "Ninguém mais além do meu supervisor e dois ou três agentes adicionais saberão."

"Tenho sua palavra nisso?"

"Sim," ela disse. "Embora, pelo o que eu entendo, você não teria se importado muito em arrastar o nome dele pela lama algumas semanas atrás."

Na verdade, Eric riu disso. "Você espera esse tipo de merda de igrejas de cidades pequenas... rumores e fofocas. Sim... eu provavelmente não fiz o melhor trabalho ficando quieto. Eu disse algumas coisas não tão sutis que possam ter levantado sobrancelhas. Mas, acredite em mim... com o que eu sei, eu poderia ter ido a público. Eu poderia ter manchado seu nome imediatamente. Mas não o fiz."

"E por que não?"

"Porque não é meu trabalho julgar. Ele está morto agora e Deus o julgará."

"Julgá-lo pelo o quê?" perguntou Mackenzie. "Qual é o grande segredo?"

Seus olhos estavam cheios de lágrimas quando ele falou e foi esse simples indicador que disse a Mackenzie que Eric Crouse não era o assassino, mas que, apesar do seu comportamento recente, ele havia se importado com o Pastor Woodall um dia.

"Tive um jovem vindo até mim em confidência há cerca de três meses. De tempos em tempos, eu o ajudava com as classes para jovens na Palavra Viva. Era uma criança com a qual eu havia conversado uma vez ou outra quando ele era mais novo... meio que o ajudei com a sua jornada espiritual, respondi as duras perguntas sobre Deus, coisas assim. Então ele vem a mim e faz... eu não sei... talvez um ano desde que eu tive uma conversa de verdade com ele. Ele pergunta se nós podemos conversar em particular, então eu o levei para o meu escritório. Ele me diz que pelo último ano ou por aí ele tem tido um relacionamento homossexual. Então, estou preparado para conversar sobre isso com ele, para ver qual o estado mental dele e tudo. Mas então, ele termina o comentário... o relacionamento era com o Pastor Woodall."

"E você acreditou nele, simples assim?" perguntou Mackenzie.

"Claro que não. Na verdade, o simples fato de esse cara insinuar uma coisa dessas me deixou zangado. Mas então ele me mostrou o celular dele. Havia mensagens e fotos. E eu o odiei por ter me mostrado isso. Eu o odiei por isso e não Woodall."

"Você contou a alguém?"

"Não. Eu não sabia que diabos fazer. Se eu o expusesse, poderia ser o fim da Palavra Viva. E, além disso, o cara me pediu para não fazê-lo. Ele simplesmente queria vir a mim para confessar seus pecados. Mas no fundo da minha mente e coração, eu sempre pensei que ele tivesse me contado isso com uma esperança silenciosa de que eu iria a público. Algumas daquelas mensagens era... bem, insinuavam abuso."

"Como assim?"

"O cara estava querendo sair. E Woodall o disse que se ele parasse de vê-lo ou se dissesse a alguém sobre o que estava acontecendo, ele começaria a espalhar mensagens sobre o rapaz. Havia algumas outras coisas que foram ditas que meio que sugeriam sexo consentimento. Talvez não estupro, mas... oh, Deus. Isso é terrível."

"Você tem certeza sobre tudo isso?"

Eric assentiu. As lágrimas estavam escorrendo agora, pingando de sua face. "Estou feliz que você tenha vindo. Deus, eu precisava contar para alguém e-"

Ele engoliu um soluço nesse ponto e olhou abaixo para o chão.

"Sr. Crouse... por favor, entenda que eu tenho que falar com esse jovem rapaz."

"Eu não posso dar o nome dele a você. Eu não posso..."

"Sr. Crouse... o Pastor Woodall é um dos três líderes religiosos que foram mortos brutalmente em oito dias. Esse é um caso de assassino em série e eu não tenho como saber quem é o próximo. Toda e qualquer pista que eu tiver a minha disposição, eu preciso usar. E conversar com um garoto que pode muito bem ser uma vítima de abuso pelas mãos da figura religiosa morta mais recentemente é muito na cara para ignorar. Com risco de simplesmente jogar a culpa em você, sua recusa em fornecer um nome pode muito bem prender essa investigação e levar para mais mortes."

"Chris Marsh," disse Eric, o nome saindo da sua boca como um enforcado silvo de dor. E então ele deixou escapar um lamurio de angústia que era quase tão alto como um grito.

Isso foi seguido pelo som da sua esposa vindo dos fundos da casa. Ela estava correndo pelo corredor, chamando seu nome. Quando ela chegou à cozinha, ela deu um olhar de puro veneno para Mackenzie.

"O que aconteceu?" ela perguntou, quase gritando com Mackenzie.

"Não foi culpa dela," Eric conseguiu dizer. "Mas, oh, Deus, há... há algo que eu tenho que contar a você..."

Não havia maneira elegante de se retirar. Mackenzie de um abrigado que foi afogado pelo sofrimento de Eric Crouse. Quando ela deixou a casa, ela o fez sem qualquer fanfarra. A mulher a deu apenas um aceno bem sem entusiasmo enquanto ela caminhava até a porta da frente.

Ao fechá-la atrás dela, tudo o que ela viu foi o filho dele de dez anos, rastejando de volta pelo corredor para ver porque o pai estava chorando tão alto.

Em todo caso, Mackenzie sentiu que havia uma coisa que ela veria ou escutaria de alguém que acendeu um pavio nela-aquilo a deixou mais determinada que nunca em trazer esse caso a um fim.

Nesse caso, foi a vista daquele garotinho incerto caminhando pelo corredor, escutando seu pai chorar como resultado dos horrores que ele ainda não conhecia e, provavelmente, não entenderia. O garoto sequer estava ciente de que Mackenzie o havia visto, mas ela gravou aquela imagem em sua mente enquanto se apressava pelos degraus da varanda dos Crouse e de volta para seu carro.

Ao chegar ao carro, seu telefone tocou dentro do bolso do casaco. Ela o retirou e seu coração deu um leve suspiro de felicidade quando ela viu o nome Ellington no visor.

Ela atendeu a chamada, dando seu melhor para não soar tão aliviada quanto ela realmente estava. "Ah, então você não se esqueceu de mim!"

"Claro que não esqueci."

"Piadas de lado," disse Mackenzie, "McGrath te tirou da cidade bem rapidamente. E ela não me diz uma maldita coisa sequer. De qualquer jeito, em que ele te colocou para trabalhar?"

Ela estava dentro do carro agora, dando partida no motor. Mesmo por sobre esse barulho, contudo, ela foi capaz de escutar claramente o profundo suspiro de Ellington. "Sim, eu deduzi que ele deixaria essa parte para mim."

"O que isso significa? Ellington, o que está acontecendo?"

"Bem cedo na manhã de ontem, agente de campo de Omaha, Nebraska, ligou para McGrath. Um dos agentes por lá está trabalhando com um detetive particular, meio que debaixo dos panos e-"

"É Kirk Peterson?" ela interrompeu.

"Sim. Houve algum movimento no caso mais recente que está conectado com o caso do seu pai."

"Que diabos, Ellington?"

"Eu sei. Mas olha... eu acho que ele estava certo em contar para mim e não para você. Eu estou quase acabando por aqui. Era uma pista fraca demais e virou praticamente nada. Fazia mais sentido para eu vir. Eu não estou pessoalmente ligado nele e, vamos encarar isso, você é a escolher mais inteligente para ficar aí e trabalhar nesse caso atual. É uma merda e eu sinto muito que ele tenha escolhido te manter no escuro sobre isso. Mas você vai perceber em mais ou menos uma hora que era a jogada mais inteligente."

"Bem, talvez nós devêssemos guardar esse papa para daqui a uma hora," ela cuspiu. O inferno é que ele estava certo. Foi a jogada mais inteligente.

"Eu nós podemos esperar até eu voltar. Eu devo ter reunido tudo até essa noite. Talvez mais cedo. Eu não vejo por que eu não estaria de volta a DC até algum momento da tarde de amanhã."

"É uma merda," ela disse, odiando a forma infantil e simples que isso soou.

"É mesmo," ele disse. "Mas eu prometo... você não perdeu qualquer coisa. Eu vou deixar você ler os arquivos do caso quando eu voltar. Até mesmo vou deixar você vê-los antes que eu os entregue para McGrath."

"Sim, eu não acho que ele vai gostar disso."

"Bem, ele me fez manter um segredo de você ontem. Então eu acho que você e eu vamos simplesmente esconder um dele."

Ela realmente se sentiu traída com a situação, mas também sabia que expressar isso e entrar em uma discussão pelo telefone não faria qualquer coisa. Se alguma coisa, apenas a atrasaria a respeito do caso atual. E ela não se permitiria tropeçar dessa forma.

"OK. Mas, sim... eu quero ler aqueles arquivos do caso quando você voltar."

"Juro por Deus. Está parecendo que eu deveria estar de volta hoje mais tarde. Eu lhe digo quando eu voltar."

Quando eles terminaram a ligação, foi preciso tudo dentro de Mackenzie para não ligar para McGrath logo em seguida e perguntá-lo que diabos ele pensou que estava fazendo. Ellington estava certo; enviá-la para o Nebraska teria, certamente, atrasado o caso atual dela... mas ela ainda se sentia passada para trás-como se ela tivesse sido deixada no escuro de propósito.

Enterrando isso, ela saiu com o carro para a rua. Ela afastou todos os sentimentos de raiva e traição, trocando-os com a imagem do filho dos Crouse, andando devagar pelo corredor em direção ao som dos prantos do seu pai.


CAPÍTULO DEZ

 

Depois de fazer um rápido requerimento de informação ao FBI pelo telefone, Mackenzie conseguiu o endereço de Chris Marsh. Aconteceu de ser o mesmo endereço dos pais dele, Leslie e Russell Marsh. Enquanto a manhã começava a escapar dela, ela esperava pegar Marsh antes que ele potencialmente saísse para o trabalho. Era um trajeto de vinte e cinco minutos de carro da residência dos Crouse, com ela parando na entrada da garagem dos Marsh às 7:52.

Era uma casa muito menos que a residência dos Crouse, o tipo de casa que provavelmente havia sido construída nos anos 1970 ou início da década de 1980 e não havia sofrido quaisquer modificações-nem mesmo uma camada fresca de tinta no exterior. Quando ela não viu carros na garagem, temeu que houvesse perdido a sua janela de tempo, certa de que ninguém estaria em casa.

Ela foi até a porta da frente e bate, de qualquer maneira. Enquanto esperava, ela absorveu os sons de uma típica manhã silenciosa nos subúrbios de DC: motores distantes, um murmúrio de maquinário industrial em algum lugar, um cachorro latindo, uma buzina de carro aqui e ali. E em algum lugar no meio disso tudo, havia um assassino-se ele não estivesse, de fato, atrás dessa porta.

Como se o pensamento evocasse alguém, a porta foi atendida. No outro lado, ela viu um jovem rapaz de cerca de vinte e um anos ou por aí. Ele parecia cansado e um pouco confuso. Estava vestindo uma camisa larga do Nirvana e um par de shorts de esporte igualmente largos. Seu longo cabelo preto varria por sobre seu olho esquerdo e por trás de seu pescoço.

"Por acaso você seria Chris Marsh?" perguntou Mackenzie.

"Sou eu," ele disse, agora parecendo muito confuso. "Quem pergunta?"

Ela tirou seu distintivo lentamente e fez sua apresentação usual. "Mackenzie White do FBI. Preciso lhe fazer algumas perguntas."

Seus olhos se arregalaram, mas ela não enxergou medo; era confusão completa e talvez um pouco de descrença. "Bem, hum, essa é a casa dos meus pais e eles já saíram para o trabalho, então..."

"Claro," ela disse. "Embora eu saiba que você tem pelo menos vinte anos de idade e você recebe suas correspondências aqui. Então essa é o seu lugar de residência e como você não é um menor, eu te questionar aqui está dentro da lei."

Ela manteve um tom anima o tempo inteiro, tentando parecer relaxada. Ela adoraria de conseguir uma imagem mais clara do seu estado mental antes de entrar na casa. Até agora, pelo o que ela podia perceber, ele acabou de acordar com um agente do FBI na sua porta. Ele foi pego compreensivelmente com a guarda baixa e surpreso.

"Acho que venha para dentro, então," ele disse. "Quero dizer, o que está acontecendo? Eu estou em encrenca ou algo assim?"

"Não. Mas seu nome surgiu em um caso no qual eu estou trabalhando e eu espero que você possa-"

"Ah, meu Deus," disse Chris. "É o Woodall? Aquele assassino o pegou?"

"Esse é um chute muito bom," disse Mackenzie. "Como você chegou até aí?"

"Eu ouvi sobre aquele padre católico. Como ele foi crucificado na porta da sua igreja. E então aquele outro alguns dias atrás... eu vi nos noticiários ontem. E... bem... se meu nome surgiu e você está aqui... assumo que é devido a algumas coisas desagradáveis que eu compartilhei recentemente. Você conversou com o Sr. Crouse, eu suponho?"

"Conversei."

"Sim, então entre," ele disse dando um passo para o lado.

Chris passou alguns momentos se desculpando pelo estado do lugar. Sua mãe e seu pai já haviam saído para o trabalho. Chris mesmo não havia ido à universidade, ele explicou e, porque ele estava entre empregos, estava morando no sótão dos pais. Ele explicou tudo isso enquanto ele se sentava em uma pequena poltrona reclinável e Mackenzie se instalou em um lado de um pequeno sofá na sala de estar dos Marsh.

"Então, o que você sabe sobre o que aconteceu comigo?" perguntou Chris.

"Eu sei do que você acusou o Pastor Woodall. E eu sei que você confidenciou isso ao Sr. Crouse, mostrando fotos e mensagens a ele. E, por favor, saiba que ele não deu esta informação facilmente. Francamente, ele estava em destroços quando eu saí."

Chris deu de ombros. "Entendo. Na luz dos eventos recentes, eu entendo porque ele ofereceu essa informação. Mas... eu acho que não entendo o motivo de você estar aqui."

"Para início de conversa, eu gostaria de saber o seu paradeiro na noite passada."

Chris se recostou na cadeira reclinável. Em um instante, ele pareceu mortificado. "O quê? Você acha que eu o fiz? Que eu venho sendo o psicopata que prega as pessoas nas igrejas?"

"Eu acho que seu nome surgiu como a única pessoa com um desentendimento conhecido com o falecido mais recente e é meu trabalho eliminar todas as possiblidades."

Depois de dizer isso, ela observou outra mudança palpitar pelo rosto de Chris. Ele foi de mortificado para nervoso e defensivo. A mudança em seus olhos era quase sinistra. "Bem, isso é ofensivo para caralho," ele gritou. "Eu acho que atar assassinatos nojentos na criança que foi sexualmente abusada fazer sentindo, já que eu tenho que ser completamente fodido, certo?"

Ele está de pé agora, gritando com ela. Mackenzie também ficou de pé, bem devagar. Algo sobre a mudança imediata de emoções levantou alertas na sua cabeça. Pode haver algum tipo de problema mental aqui-um fator desconhecido que ela teria que tratar com o máximo de cuidado, como faria se suspeitasse que ele estivesse ocultando uma arma.

"Chris, estou aqui apenas para perguntar algumas perguntas simples. E eu vou lhe dizer apenas uma única vez que reagir dessa maneira só vai deixar as coisas piores para você."

"Eu vou lhe dizer uma coisa," disse Chris, agora tremendo e falando bem mais baixo. "Eu adoraria tê-lo matado. É um pecado com o qual eu venho lutando por meses. As coisas que ele fez comigo... as coisas que ele ameaçou fazer..."

"Chris, vamos apenas nos sentar e conversar sobre isso."

"O que há para se falar?" ele perguntou. Novamente, houve uma mudança de humor que saiu do nada. Ele estava gritando novamente. Ele deu um passo em direção a ela, reduzindo a distância entre eles a menos de três metros. "Você acha que eu o matei. É por isso que você está aqui, não é?"

"Chris, você não pode-"

Ele gritou tão repentinamente que a mão de Mackenzie recuou para baixo e para direita, pronta para pegar a sua Glock. Ela hesitou, contudo, um pouco envergonhada pela sua reação. E talvez, no fim, foi essa hesitação que fez Chris pensar que ele tivesse algum tipo de abertura.

Ele avançou contra ela, abaixando sua cabeça e encolhendo os ombros como se ele fosse um linebacker. Era uma posição desajeitada e ele estava sendo movido por alguma raiva estranha e quase de fuga que ela vira no rosto dele. Devido a isso, ela facilmente bloqueou o ataque. Ao fazê-lo, ela travou a cabeça dele frouxamente com sua mão direita, agarrou seu braço com sua esquerda e o jogou em um arremesso improvisado. Ele caiu metade dentro e metade fora do sofá, eventualmente caindo ao chão.

Antes que ele sequer tivesse tempo para perceber o que aconteceu, Mackenzie estava puxando seus braços atrás das costas e travando algemas nele. Ele gritou com ela novamente, um som de pura fúria que parecia dissolver enquanto seus ombros e pernas se debatendo começaram a desistir da luta. Ele parecia fora de si de novo; ela percebeu que outra dessas mudanças de expressão estava acontecendo em seu rosto enquanto ela o erguia de pé.

"Eu não o matei," disse Chris, agora chorando.

Mackenzie o rodou e o olhou nos olhos, não fazendo esforços em esconder sua frustração. "Mesmo que você não o tenha feito," ela disse, "você acaba de atacar um agente do FBI. Então, de qualquer fora, você está a caminho de uma sala de interrogatório."

"Mas eu não-não sei-"

Ela podia ver no rosto dele que ele estava claramente confuso. Seus olhos estavam abertos e vagantes, alternando entre medo, pânico e confusão.

Sim, ela pensou. Deve haver algum tipo de condição mental acontecendo aqui. Talvez o trauma do abuso nas mãos de Woodall.

Seja qual for o caso, ela ainda tinha que fazer seu trabalho. Então, ela o levou de volta pela porta e para o carro onde ela o guiou para o assento traseiro. Pelo tempo que ela se colocou atrás do volante, Chris Marsh era uma bagunça de soluções no banco de trás.

Ele não fez tentativa de conversas quando ela saia da pequena garagem para a rua. Mas nas poucas ocasiões que ela olhou no retrovisor, ela pegou aquele mesmo olhar vago nos olhos dele-o olhar desesperado de alguém que estava perdido e somente agora estava descobrindo isso.


CAPÍTULO ONZE

 

Por volta das dez horas, Mackenzie havia se permitido dois copos de café. Ele os tomou enquanto trabalhava com Harrison e Yardley para reunir uma descrição completa da vida e ocorrências de Chris Marsh. E não levou muito para as suposições de Mackenzie se provarem corretas.

Desde cedo na infância, Chris Marsh havia sofrido de uma sevara desordem de apego, da qual ele nunca se recuperou completamente até os doze anos de idade. Uma vez que os pais havia sido contatados e comunicados que o filho deles estava sendo mantido atualmente pelo FBI sob suspeita de envolvimento em um caso de assassinato, a mão foi de grande ajuda em cobrir as partes que faltavam. Chris também fora diagnosticado com autismo em tenra idade, mas muito baixo no espectro. Quando ele tinha oito anos, o diagnóstico não tinha mais qualquer influência.

Mackenzie e Yardley discutiram isso enquanto Harrison fazia ligações para os grupos de liderança da Pedra Angular Presbiteriana e do Sagrado Coração para ver se poderia encontrar alguma conexão entre essas igrejas e Chris Marsh. Quanto mais Mackenzie conhecia Yardley, mais ela gostava dela. Ela era uma agente afiada, mas talvez um pouco ingênua. Ainda assim, era evidente que ela não tinha problemas em atuar como segundo violino, conquanto ela estivesse aprendendo algo no processo.

"OK, então o que os registros médicos dizem?" perguntou Mackenzie enquanto eles se sentavam em uma mesa ao lado da sala de interrogatório.

Yardley folheou algumas páginas em frente a ela e balançou a cabeça. "Ele não tem visto qualquer médico por mais de dois anos. A última visita foi por causa de uma garganta infeccionada. O último registro de avaliação psiquiátrica de qualquer tipo é de quando ele tinha treze anos e os resultados parecem estar em ordem, pelo que eu posso observar. Estamos com um especialista verificando nesse momento."

"Mesmo se for simplesmente alguns breves pontos de atenção no seu histórico psiquiátrico, não há como dizer o que o abuso de Woodall trouxe de volta a ele," Mackenzie pensou. "Especialmente se ele sofria de um transtorno de apego quando bem criança."

Ela continuava pensando naquelas mudanças de humor, contudo. Alguma coisa estava certamente perturbada dentro do jovem rapaz. Ir de cansado e acomodado para irado e defensivo em menos de dez minutos... isso foi bem espetacular.

"Obrigada por toda a sua ajuda," disse Mackenzie. "Você pode tentar apressar a avaliação dos registros médicos? E encostar a perícia na parede, você poderia? Ainda estou esperando os resultados dos pregos encontrados nas primeiras cenas."

Yardley assentiu, ansiosa para ajudar. Mackenzie deixou a mesa e se foi em direção a sala de interrogatório. Havia um só agente de guarda. Quando ele viu Mackenzie indo em direção a ele, ele assentiu para ele e tirou um molho de chaves do bolso. Ele destrancou a porta para a sala de interrogação e a deixou entrar. Quando a porta fechou silenciosamente atrás dela, ela observou que Chris Marsh aparentava estar em estado dócil.

Era a primeira vez que ela colocava os olhos nele desde que ela estacionou a garagem com ele preso. De lá, ele foi escoltado para o prédio por três outros agentes, enquanto Mackenzie tirava alguns minutos para atualizar McGrath. Ela não viu vislumbre daquela fúria nos olhos dele, mas não significava qualquer coisa para ela-também não estava lá quando ele atendeu a porta pela primeira vez na casa dos seus pais.

"Você acha que podemos ter uma conversa agora, Sr. Marsh?" ela perguntou.

Chris assentiu. "Sim. Escuta... eu sinto muito mesmo sobre mais cedo. Eu fiquei apavorado e nervoso se eu só... eu não sei. Eu estourei."

"Isso acontece frequentemente?"

"Não. Eu fico nervoso facilmente, mas nunca daquela maneira. Mas no mês passa ou por aí, eu venho me sentindo essa bola gigante de raiva e frustação reprimidas, esperando ser atirada. E, bem, você foi a primeira pessoa a me contar sobre o Pastor Woodall. Eu o odeio... de verdade. Mas, ao mesmo tempo, ele foi parte da minha vida. Sem ele, eu não acho que eu poderia ter admitido para mim mesmo."

"Admitido o quê?"

"Que eu sou gay. Eu acho que talvez eu sempre soubesse. Foi como eu comecei a me encontrar com ele. Pedindo a ele para me contar sobre isso. E depois de alguns meses... bem, nós começamos as coisas."

"Ele era abusivo o tempo todo?" perguntou Mackenzie.

"Não, de forma alguma. Mas eu acho que com o tempo... talvez alguns meses, ele começou a perceber o que ele estava fazendo e o que isso poderia custar a ele. Ele me contou sobre isso e eu sugeri que nós terminássemos. Ele era muito mais velho e eu sabia os riscos que ele estava tomando. Mas quando eu comecei a falar sobre isso seriamente, aí foi quando ele começou a ficar violento."

Mackenzie digeriu isso, absorvendo tudo enquanto observava o rosto dele. O que quer que tenha o feito atacá-la algumas horas atrás havia sumido. Alguma coisa dentro dele se quebrou naquele momento e agora ela se encontrava olhando para um jovem rapaz interrompido.

Ela estava satisfeita que o caso e o abuso em si tivessem pouca relevância para o caso. A ideia disso a acanhava, a fazia ver o falecido recente como um monstro. Então, ela deu seu melhor para colocar isso de lado sem fazer Chris se sentir como se seu trauma não estivesse sendo menosprezado.

"Chris... alguém mais além de Eric Crouse sabe sobre o caso?"

"Não. Digo... para quem eu iria dizer? Tenho vergonha disso. Não a parte gay... embora meus pais ainda não saibam. Mas do caso. Digo... ele tinha uma esposa. Ele tinha três filhos, um dos quais tem quase a minha idade."

"Você está certo disso? Você não acha que o Pastor Woodall possa ter contado a alguém?"

"Duvido muito disso. Ele tinha tudo a perder. Ele não tinha qualquer motivo para ir a público. Para ninguém. Mas eu não posso saber com certeza."

É um ponto extremamente válido, ela pensou.

"Chris, você já frequentou os cultos da Igreja Católica Sagrado Coração ou da Pedra Angular Presbiteriana?"

"Não. Minha família sempre foi na Palavra Viva. Meus pais são bem inflexíveis sobre isso. Eles gostavam de lá, porque não tinha denominação. Minha mãe foi criada católica e arrepende-se de cada minuto disso."

"E agora, deixe me voltar para onde eu estava tentando levar a conversa mais cedo," disse Mackenzie. "Tudo retorna para você sendo o único nome que nós conseguimos que teria uma desavença viável contra o Pastor Woodall. Eu preciso saber onde você esteve por toda a noite passada. Você tem provas de onde você esteve?"

"Meus pais," ele disse. "Eu não deixei a casa na noite passada. E pela maior parte da noite, eu estava online, procurando por empregos. Enviei alguns e-mails e preenchi alguns formulários. Um deles foi bem perto da meia noite, eu acho. Fique a vontade para verificar meu computador por todas essas provas."

Ela assentiu, não querendo contar a ele que, provavelmente, já havia alguém olhando pelos conteúdos do seu computador nesse momento.

"Obrigada," disse Mackenzie. "Eu acho que isso é tudo por hora, Chris."

Ela se levantou para sair, mas ele a parou rapidamente. "Agente White? Posso lhe perguntar algo?"

"Claro."

Chris pareceu escolher suas palavras com muito cuidado antes de falar. Ele nem poderia encontrar os olhos dela enquanto fazia a pergunta, encarando suas mãos que estavam apertadas em seu colo.

"Se ele fez essas coisas comigo-sexo e abuso, eu digo-você acha que eu sou o único? Se há outros caras lá fora que ele perturbou, eu odeio pensar no que eles possam estar sentindo. Sabe? Houve momentos que eu só queria me matar."

Um homem da idade de Woodall, com uma grande congregação, que ameaçou e abusou de um garoto por medo de ter um caso homossexual exposto, pensou Mackenzie. Esse é um ponto muito bom. As chances de Chris ser o primeiro são de pequenas a nulas.

"Eu não sei," disse Mackenzie. "Mas essa é uma das coisas que eu preciso olhar para ter certeza."

Ao deixar a sala de interrogatório, alguma coisa que Chris disse de passagem veio a ela. Era quase um comentário vazio, um que a maioria das pessoas teria apenas passado por cima. Mas quando ela saiu da sala de interrogatório, pareceu bem importante agora. Ela o havia perguntado se ele já frequentou a Sagrado Coração ou a Pedra Angular Presbiteriana.

Não, ele disse. E então, ele continuou dizendo: Meus pais eram muito inflexíveis sobre isso. Eles gostavam de lá, porque não tinha denominação. Minha mãe foi criada como católica e arrepende-se de cada minuto disso.

Tem que haver uma ligação entre os três homens que foram mortos. Em algum lugar, tem que haver algum tipo de conexão. Ela já ouviu falar de antigos católicos ou pessoas transicionando de Batista para Luterana e por aí vai. Ela também sabia que pode ser um choque de cultura para alguém de criação presbiteriana começar a atender a igreja Católica.

Mas acontece, tenho certeza, ela pensou. E, embora possa levar uma eternidade para tentar encontrar uma pessoa que frequenta a Palavra Viva que também ia a Sagrado Coração ou a Pedra Angular, pode não ser tão difícil encontrar alguém que trabalho lá que possa dar uma visão de dentro.

Ela sabia onde ela precisava ir em seguida. E mesmo que ela sentisse que a manhã estivesse em algum tipo de volta infinita, ela continuou. Ela se despediu de Yardley e se apressou para o estacionamento, se dirigindo para fazer outra visita a Eric Crouse.


CAPÍTULO DOZE

 

Compreensivelmente, a esposa de Eric Crouse não estava feliz em ver Mackenzie novamente. Afinal, da última vez que Mackenzie a visitou seu marido havia sido reduzido a um monte de soluços. Ela nem se importou em dizer qualquer coisa para Mackenzie quando atendeu a porta. Ela simplesmente saiu depois de dar uma carranca para Mackenzie, deixando a porta aberta para trás. Não sendo formalmente convidada a entrar, Mackenzie permaneceu ali no portal da porta.

Alguns momentos depois, Eric veio até porta. Ele parecia muito melhor do que mais cedo nessa manhã; ele estava mais composto e parecia ter tido uma boa parcela de lamúria nas horas passadas.

"Agente White," ele disse saindo para o alpendre e fechando a porta atrás de si. Aparentemente, ela não seria convidada a entrar dessa vez.

"Desculpe-me por incomodar lhe novamente, mas ao falar com Chris Marsh, um pensamento me ocorreu. E eu estou esperando que você talvez possa me apontar na direção correta."

"Certamente eu posso tentar," ele disse. "Como vai Chris, por falar nisso?"

Ele elegeu não dizê-lo a respeito de como Chris havia tentado atacá-la, possivelmente lidando com algum tipo de problema mental não resolvido do estresse e trauma dos seus últimos meses. Pelo contrário, ela acordou uma meia verdade. "Ele vai vem," ela disse. "Obviamente, ele está lidando com muita coisa, mas ele foi capaz de ajudar tão bem quanto podia. Mas me ocorreu que minha melhor aposta para tentar encontrar algum tipo de pista sólida vai ser encontrar uma conexão entre as igrejas ou entre os próprios líderes. Você sendo um ex-presbítero na Palavra Viva, pensei que talvez pudesse ajudar a respeito."

Com os braços cruzados, Eric assentiu. "Bem, algumas coisas vêm a minha mente. Primeiro, há eventos ou conferências aqui em DC regularmente. Elas também acontecem na no norte da Virgínia e partes de Maryland. É desses eventos onde oradores se reúnem para dar palestras sobre liderança e meio que afiar a palavra de Deus. Eu sei de fato que o Pastor Woodall e o Padre Costas participaram de alguma dessas juntos. Eles não eram amigos ou algo do tipo, mas eles era civilizados quando próximos. Houve discussões teológicas entre eles, mas sempre foram muito respeitosos."

"E o Reverendo Tuttle?" perguntou Mackenzie.

Eric deu de ombros. "Eu não o conheço bem. E correndo o risco de soar como um homem ranhoso e mimado, você tem que se lembrar que a Pedra Angular Presbiteriana é relativamente pequena. Reverendo Tuttle normalmente não estava em circuitos como esses-conferências e coisas dessa natureza."

"Você disse que algumas coisas vêm a sua mente," disse Mackenzie. "Quais são as outras?"

"Bem, eu estou apenas pensando sobre um homem que costumava servir na Palavra Viva. Ele ainda pode estar frequentando lá... eu honestamente não sei. Ele servia no Centro de Recepção e ajudava com os ministérios das crianças. Eu não me lembro do seu último nome, mas o primeiro é Greg. Ele está vindo a minha mente, porque eu sei de fato que ele veio para a Palavra Viva após deixar a Pedra Angular Presbiteriana. Eu conversei de passagem com ele algumas vezes nas manhãs de Domingo. Parte da história dele é como as pessoas na Pedra Angular descobriram sobre o passado dele e meio que viraram as costas para ele. Eles nunca realmente o pediram para se retirar, mas estava claro para ele que era o que eles queriam."

"Que tipo de passado?"

"Não estou certo. Ele era um pouco vago sobre isso. Novamente, foram apenas rápidas discussões de passagem na loucura das manhãs de Domingo em uma igreja bastante grande."

"Quando você diz que ele serviu, o que você quer dizer?"

"Bem, ele não era um empregado da igreja ou algo do tipo. Na Palavra Viva, há ministérios praticamente para tudo. E pessoas dentro da igreja se voluntariam para ajudar nesses ministérios. Greg era um deles."

"E mesmo com um passado que ele mesmo admitia ser nebuloso, ele era apto para servir?"

"Sim. Na Palavra Viva eles são bem sinceros sobre não julgar as pessoas baseando-se no passado delas-apenas nas pessoas que elas podem ser no futuro com a ajuda e o amor de Cristo. Contudo, para o ministério das crianças, ele teria que passar por uma verificação de antecedentes. Então, se isso saiu limpo, elimina um monte de atividades criminosas no seu passado."

"E havia algum desacordo entre ele e o Pastor Woodall?"

"Na verdade não," disse Eric. "Eu me lembro de uma vez depois de um sermão sobre perdão e reconciliação que Greg me puxou para o lado depois do culto e fez perguntas sobre a mensagem. Algumas coisas que o Pastor Woodall disse haviam afetado Greg da forma errada. Mas eu não acho que havia alguma coisa de mal nisso. Apenas... algumas vezes a palavra de Deus pode nos cortar, sabe? Mas, novamente eu repito, eu não conhecia o cara muito bem. Mas eu sei que ele tem uma conexão sólida com a Pedra Angular Presbiteriana e ele me contou que ele saiu de lá porque ele sentia que estava sendo julgado pelo seu passado."

"E você não se lembra do nome completo dele?"

"Não, sinto muito," ele disse, tirando seu celular do bolso da calça. "Mas se você me der um segundo, provavelmente posso conseguir para você."

Ele começou a digitar uma mensagem de texto e, enquanto ele o fazia, Mackenzie tirou um momento para tentar encaixar as peças que Eric acabou de lhe dar no quebra cabeças bagunçado que ela havia espalhado na cabeça. Seria a primeira conexão verificável entre uma pessoa que tinha história com ambas a Palavra Viva e a Pedra Angular. Se, por alguma estranha coincidência, essa pessoa também fosse familiar com a Sagrado Coração, poderia haver ouro aí.

Essas chances eram baixas, porém, ela disse a si mesma. E um cara com um passado marcado que fez uma troca de igrejas porque as mensagens e atitudes estavam deixando-o desconfortável não era tão incomum. Isso certamente não faz dele um suspeito. Mas isso faz dele um recurso em potencial para saber como as duas igrejas podem estar possivelmente ligadas.

O som de Eric recebendo uma mensagem de texto quebrou a sua concentração.

"Cara, as pessoas estão uma pilha essa manhã," disse Eric. "Acho que as tensões estão altas pelo que aconteceu com o Pastor Woodall. De qualquer maneira, eu contatei um cara que é um dos líderes do ministério das crianças. Ele disse que o nome do cara é Greg Yoder. E ele não frequenta mais a Palavra Viva."

"Greg Yoder," disse Mackenzie, dedicando memória para isso antes que ela o digitasse em uma mensagem de texto requisitando mais informações da sede. "Muito obrigada, Sr. Crouse."

Ela se apressou de volta para seu carro, lembrando-se novamente do quão acostumada ela havia ficado em ter Ellington ao lado dela. Sem ele lá para soltar as piadinhas espertas ou comentários de flerte, a manhã parecia estar se movendo devagar.

Quando ela enviou a solicitação para as informações de contato de Greg Yoder, eram apenas 11:40. Mas o dia já parecia ter se esticado para sempre-e também que não tinha intenção em acelerar em breve.

Isso mudou levemente, contudo, quando ela recebeu uma ligação de Harrison cinco minutos depois.

"Mac, eu acho que podemos ter algo aí," ele disse. "Acontece que Greg Yoder tem uma história que é extremamente relevante para seu caso. Quando criança, ele comparecia à Sagrado Coração. Mais que isso, ele foi um dos adolescentes que foi a frente com alegações de abuso."

"Na Sagrado Coração? Tem certeza?"

"Estou olhando para os relatórios da polícia bem aqui no meu notebook," ele disse. "O caso foi largado posteriormente sem qualquer motivo real estabelecido, mas sim... Greg Yoder acusou um padre na Sagrado Coração de assédio sexual quanto tinha dezesseis anos."

"Acho que você está certo, Harrison. Nós podemos ter alguma coisa afinal. Yoder também tem ligações com ambas Pedra Angular e Palavra Viva."

"Você precisa que eu ou Yardley encontre com você?"

"Não, acho que estou bem. Um homem com uma história de abuso de alguém que ele tinha como autoritário-ele não vai aceitar ser pressionado tranquilamente. Você se importa em me enviar o endereço?"

"Absolutamente. Boa sorte."

Com isso, ela terminou a ligação e esperou pela mensagem de Harrison. Ela sentiu uma ansiedade familiar rastejando por ela enquanto ela esperava.

Talvez o dia de hoje comece a acelerar afinal.


CAPÍTULO TREZE

 

A manhã havia crepitado até o ponto onde a maioria das pessoas da cidade estava, no trabalho. Isso incluía Greg Yoder, que trabalhava como gerente em um agência do FedEx no centro. Mackenzie encostou o carro em frente ao edifício, situado no centro de um pequeno shopping e conferiu a informação que Harrison a enviou mais uma vez. Yoder tinha vinte e sete anos e atualmente matriculado em uma faculdade comunitária local. Não tinha registros criminais, seu nome só aparece nos relatórios da polícia pelo escândalo de abuso sexual abafado de onze anos atrás.

Quando Mackenzie entrou no FedEx, havia várias pessoas por lá, algumas em frente ao balcão enquanto outras olhavam ao redor para os envelopes e artigos de papelaria. Correria do almoço, Mackenzie assumiu enquanto caminhava para frente em direção ao balcão.

Quando chegou lá, viu três empregados atrás. Um deles estava trabalhando em um projeto em uma grande impressora à direita. Ele um homem alto e de aparência jovem. Quando ele virou ligeiramente na direção de Mackenzie, ela pode ler seu crachá: Greg.

Mackenzie se aproximou do balcão, recebendo olhares irritados daqueles esperando na fila. A jovem moça atrás do balcão lhe encarou de maneira similar, olhando para Mackenzie e então para o fim da fila.

"Sim, eu sei," disse Mackenzie. "Mas eu estou aqui para falar com o gerente."

"Ele está ocupado no momento," disse a garota.

"Eu posso ver isso," disse Mackenzie, indicando para Greg com a cabeça, ainda na impressora. "Mas eu lhe asseguro que isso é urgente."

Ela estava fazendo tudo que podia para não tirar o distintivo e fazer uma cena. Mas se tivesse que fazê-lo, ela o faria. Felizmente, alguma coisa em seu olhar deve ter inquietado a jovem moça atrás do balcão, porque ela deixou o lugar na registradora e foi lá trás até a impressora. Lá, ela sussurrou alguma coisa no ouvido de Greg. Greg olhou em direção a Mackenzie, deu um olhar confuso e então deixou a impressora.

"Posso ajudá-la?" ele perguntou rapidamente enquanto se aproximava do balcão.

Mackenzie esperou pela garota tomar seu lugar na registradora de volta antes de responder, "Eu sou a Agente White do FBI e eu preciso falar com você."

Greg deu um olhar que indicava que ele claramente não acreditava nela. Mackenzie se inclinou para mais perto dele e olhou-o nos olhos. "Eu posso tirar meu distintivo para mostrá-lo, mas eu presumi que você não gostaria que seu colegas de trabalho e clientes vissem. Você que manda."

"Há um escritório nos fundos," ele disse bem rapidamente.

"Obrigada. Eu não vou usar muito do seu tempo."

Greg estava claramente ameaçado quando caminhou até a garota no caixa. "Eu sei que está cheio," ele disse, "mas eu preciso que você me cubra por alguns minutos."

Mais irritada que nunca, a garota assentiu. Greg abriu uma porta da altura da cintura no balcão para permitir a passagem de Mackenzie. Ele a levou por uma fileira de copiadoras e impressoras para um pequeno corredor escondido do resto da loja. O escritório para o qual ele a levou era, de fato, pequeno e cheirava como se alguém tivesse esquentado o almoço no micro-ondas.

Mackenzie fechou a porta ao passar. Havia uma única mesa e apenas uma cadeira que nenhum dos dois usou.

"Você parece nervoso, Greg," ela disse.

"Eu meio que estava esperando alguém vir falar comigo. Mas eu imaginei apenas a polícia. Não o FBI."

"Por que a polícia viria falar com você?"

"Bem, o Padre Costas foi assassinado, certo? Da última vez que eu verifiquei, o assassino ainda não foi encontrado. Eu percebi que com minha queixa aberta contra ele quando adolescente, eu eventualmente seria tirado para questionamento."

"Como você se sentiu quando soube que ele estava morto?"

"Honestamente... meu primeiro pensamento foi que o carma é uma vadia. Se você quer saber se eu fiquei triste sobre isso, eu não vou mentir. Aquele velho miserável recebeu o que ele merecia. Eu sei que soa duro e muito não-cristão, mas..."

"Você tem algum álibi para a noite que ele foi morto?"

"Eu passo a maioria das noites no apartamento da minha namorada," ele disse. "Ela pode atestar por mim. Se não estou lá, estou na biblioteca."

"Você está indo à faculdade comunitária, certo?"

"Sim. Iniciando tardiamente, eu acho. Mas depois de eu ter feito todas aquelas alegações contra o Padre Costas, minha meio que foi por morro abaixo. Aquela maldita história levou minha vida toda. Eu apliquei para universidades e tinha ótimas notas. Mas ninguém me aceitaria. A história sobre minhas alegações nunca chegou aos noticiários nacionais ou nada, mas eu acho que ficou ao redor o suficiente para estragar minha vida por alguns anos."

"Diga-me, Greg... você ouviu falar sobre algum outro assassinato nos últimos dias?"

Ele balançou a cabeça. "Eu realmente não vejo noticiários. Eu só descobri sobre Costas com minha mãe me ligando para contar."

"Bem, houve mais dois e foram ambos os líderes de igrejas. Igrejas que eu acredito que você tenha frequentado e tido algum tipo de problema."

"O quê?" perguntou Greg genuinamente chocado. As palavras saíram um pouco mais que uma rajada de ar.

"O Reverendo Tuttle da Pedra Angular Presbiteriana e, logo na noite passada, o Pastor Robert Woodall da Palavra Viva."

"Oh, meu Deus," disse Greg, uma mão tremente subindo até sua boca.

"Você compareceu à essas igrejas, correto? Eu sei de boas fontes que você até mesmo serviu em uma equipe de boas vindas e ocasionalmente no ministério das crianças na Palavra Viva."

"Correto," disse Greg. "Eu... hum, eu deixei a Pedra Angular, porque eles eram muito presos no meu passado. Eles aparentemente não acreditavam que alguém possa escapar do passado. A congregação ali... eles simplesmente não queria qualquer coisa comigo. Então eu saí e comecei a frequentar a Palavra Viva."

"Mas você teve problemas lá também, certo?" perguntou Mackenzie.

"Não, nada como o que eu passei na Pedra Angular. Eu estava apenas... eu não sei. As mensagens eram um pouco liberais demais para mim. Não me levou tempo algum para descobrir que eles estavam muito receptivos comigo e com o meu passado, mas havia outras coisas que eles acreditavam que eu tive problemas. A mensagem às vezes me deixava muito desconfortável."

"Alguma vez você já teve conversa direta com o Pastor Woodall?"

"Uma vez. Eu fui até ele depois do culto e pedi-lhe para falar com mais detalhes sobre a graça que Deus estende a todos nós."

"Isso levou a uma discussão?"

"De forma alguma."

Mackenzie ponderou suas opções. Ela iria, claramente, verificar os álibis dele para as noites e manhãs dos assassinados. Mas suas entranhas já a diziam que Greg Yoder não era um assassino. Ele era apenas um homem sem sorte que era perseguido por um passado do qual ele nunca iria escapar.

"Deixe-me perguntar uma última coisa," disse Mackenzie. "Todos aqueles anos atrás, quando as coisas com o Padre Costas decorreram... foi uma coisa mutual?"

Greg olhou para ele como se ela acabasse de ter lhe dado um tapa. Mas quando ele não viu julgamento no rosto dela, ele suspirou e limpou uma lágrima dispersa.

"Na primeira vez que ele tentou alguma coisa, foi mutual. Ele era muito cortês e eu estava naquela idade na qual eu era apenas curioso, sabe? Mas depois de alguns segundos... eu disse que não. Mas ele não gostou disso. Ninguém nunca havia lhe dito não, aparentemente. Eu me recordo de ele até dizer uma vez, 'Você quer saber o que acontece com garotos que me dizem não?' Estava distorcido."

"E quantas vezes ele abusou de você?"

"Duas. A primeira vez foi breve, porque eu corri de lá. Mas a segunda vez... eu percebi que estava tudo bem. Só acabe com isso, sabe? Mas então, eu encontrei outra criança que estava passando pela mesma coisa e... bem, nós decidimos ir a público. Se isso aconteceu conosco, com certeza estava acontecendo com outros, sabe?"

Mackenzie assentiu. Ela estava sentindo outra pista escapar, mas ao mesmo tempo, outras avenidas nesse caso estavam começando a se abrir.

Alegação de abuso pelo Costas na Sagrado Coração. Alegação de abuso pelo Woodall na Palavra Viva. Isso significa motivo para alguém e muito mais que uma conexão básica.

"Eu aprecio o seu tempo, Greg," ela disse.

"Claro. E com Woodall e Tuttle... eles foram mortos da mesma maneira?"

"Sim, foram. Então, se você pensar em alguém que possa ter sido capaz de executar tal ato ou mesmo que teria alguma razão para isso, por favor, me comunique. Especialmente alguém que você saiba que possa ter sido abusado por esses homens. E sobre o outro jovem rapaz que se apresentou com você?"

Greg franziu o cenho. "A família dele se mudou para a Flórida depois que tudo se sucedeu. Eu recebi uma ligação da irmã dele cerca de um ano depois. Ele se enforcou no quarto."

Mackenzie estava quase esperando tal notícia, mas ainda a chocou. Ela também deu seu melhor para enxergar isso como mais que uma oportunidade perdida para outra pista, mas como uma trágica perda de uma vida humana nas mãos de abuso deplorável.

Ela entregou um de seus cartões de visita para Greg e abriu a porta do escritório. "Obrigado novamente pelo seu tempo. E, por favor, me informa se você pensar em alguém mais que possa ser capaz de ajudar."

Greg apenas assentiu enquanto colocava o cartão dela no bolso. Ao deixá-lo no escritório, ocorreu a Mackenzie que com cada pessoa que ela interrogou sobre o caso, ela estava arrancando cascas de ferida que haviam levado tempo para se formar. E, embora ela percebesse que questionar essas pessoas era essencial para desvendar o caso, não a fazia se sentir melhor.

Também a deixava determinada a pegar esse desgraçado o quanto antes, para que ela pudesse parar de fazer as pessoas sofrerem ao dragar passados que eles estavam tentando esquecer.

Com isso, ela percebeu que precisava começar do início. Ela pensou no Padre Costas e na fachada ornamentada da Sagrado Coração.

Abuso de onze anos atrás e ele ainda era uma figura proeminente dentro da igreja, ela pensou. Pelo que eu posso deduzir, isso significar que há uma cobertura em algum lugar.

E essa era uma cicatriz que ela não se importava nem um pouco em revelar.


CAPÍTULO QUATORZE

 

Era muito mais difícil marcar uma reunião no escritório do cardeal do que Mackenzie pensou. No fim, ela teve que usar a influência do FBI. Ela sabia que fazendo assim, não havia como que eles a negassem-especialmente com o assassinato de Costas ainda na primeira página da mente do público. Ela sabia que era pedir pela lua conseguir uma reunião com o cardeal tão de última hora, mas ela conseguiu arrumar um caminho até um encontro à tarde com um dos bispos auxiliares.

Eu uma virada bem irônica do destino, o bispo auxiliar com o qual ela se encontraria, um homem com o nome de Barry Whitter, estava agendado para proferir algumas palavras de encorajamento e adoração em face da morte do Padre Costas na Sagrado Coração naquela tarde. Sua secretária deu quinze minutos do seu tempo para Mackenzie, antes que ele se encontrasse com um padre interino na igreja.

Pareceu estranho para Mackenzie subir as escadas para a Sagrado Coração. Quando ela abriu as portas e entrou, ela sentiu que entrava em um tumba. O lugar estava silencioso e um sentimento de luto quase preenchia o ar.

Ela caminhou até o santuário, pelo corredor entre as fileiras de bancos maravilhosos. Em frente ao santuário, o Bispo Auxiliar Whitter estava sentado no primeiro banco, como haviam agendado. Ele se pôs de pé para saudá-la e Mackenzie pode dizer logo de cara que o sorriso em seu rosto era extremamente falso. Cada passo e movimento pareciam fazer um barulho massivo na ampla, quiete e belamente decorada igreja.

Ele não tem certeza sobre as minhas intenções, ela pensou. Era uma expressão que ela havia visto centenas de vezes. Mas para um homem da sua estatura e com os seus horários, ele provavelmente se sentiu um pouco desrespeitado. Dadas as duas histórias de abuso nas mãos da igreja que ela ouvira hoje, Mackenzie realmente não se importava.

Ainda, ela tinha um papel para atuar se quisesse a cooperação de Whitter. Ele retribuiu o sorriso falso e estendeu a mão para um aperto. "Muito obrigada pelo seu tempo," ela disse tomando um lugar no banco. "Eu sei que você é ocupado, então vou fazer isso rapidamente."

"Se eu puder ajudar quem está matando esses homens de Deus, eu considero meu tempo bem gasto," disse Whitter.

"Bem, encontrar ligações entre todos os três líderes vem sendo ardiloso," ela disse. "Eu consegui encontrar algumas conexões que deram em nada. Mas a última pessoa com a qual conversei tinha uma história com todas as três igrejas. Infelizmente, ela também não foi capaz de iluminar um suspeito. Mas trouxe uma questão interessante-algo que eu acredito que possa ser capaz de revelar um motivo ou mesmo rastros para achar o assassino."

"E qual é a questão?" perguntou Whitter.

"É uma questão a qual chegou enquanto conversava com um rapaz de vinte e sete anos chamado Greg Yoder," ela disse. "Esse nome lhe diz algo?"

O olhar em sua face disse a ela que o nove absolutamente significava algo para ele. Whitter parecia que havia acaba de farejar algo particularmente estragado.

"Eu não vejo o que esse jovem rapaz tem a ver com isso," cuspiu Whitter. "A não ser que ele seja um suspeito dos assassinatos."

"Longe disso," ela disse. "A questão que eu tinha para você é como padres com uma má reputação são permitidos a assumir tal posição de autoridade. Isso é... após as alegações de Yoder onze anos atrás, como o Costas permaneceu em tal posição?"

"Por as alegações são apenas isso. Alegações!"

"Sim, senhor... eu entendo isso. Mas com todo o respeito, tais alegações não são exatamente raras na Igreja Católica. Também eu sei que o caso foi largado no tribunal e eu vou assumir que havia algum dinheiro ou influência de algum tipo passando por portas fechadas."

"Agente White, se é por isso que você me chamou aqui-para repreender e insultar a minha fé-"

"Longe disso, senhor. Eu não tenho a intenção de desrespeitar ou insultar. Eu estou literalmente apenas mostrando os fatos. Fatos que eu espero que você possa esclarecer. Minha esperança é que ao chegar no fundo das queixas de abuso, eu serei capaz de estabelecer uma abordagem mais direta para encontrar o assassino."

"Então, deixe-me ter certeza de que eu a entendi corretamente," disse Whitter. "Você está perguntando se houve algum tipo de encobrimento? Que talvez o Padre Costas cometeu aqueles atos hediondos e que a Igreja está, de alguma forma, acobertando isso para salvar sua reputação?"

"Exatamente correto," ela disse.

"Então, com todo o respeito, eu vou pedi-la para se retirar. Evidente, não é a minha igreja, mas eu acredito que eu mantenho mais influência aqui do que você."

"Bispo Whitter, certamente você pode ver que me mandar embora de tal maneira só faz a situação parecer pior."

Ele se levantou, insinuando que queria que ela fizesse o mesmo. Ele aparentava estar com dor enquanto escolhia suas próximas palavras com cuidado. "E, certamente, você pode ver que quaisquer tentativas em fazer a Igreja ou sua congregação parecerem ruins afetariam a sua carreira. Nós conhecemos políticos muito bem. Provavelmente alguns dos seus superiores também."

"Isso soa como uma ameaça superficial," disse Mackenzie.

"Chame como você quiser."

"Acabei de fazê-lo. Foi uma ameaça. Que mostra que você está sendo defensivo. A questão, claramente, é por quê?"

"Você pode montar o quadro da maneira que desejar," disse Whitter. "Mas ao comprar as alegações de dois garotos adolescentes feridos, você faz a igreja sair como o cara mau."

Mackenzie sorriu tolamente para ele enquanto ficava de pé. "Bem, uma correção aí, senhor. Há apenas um daqueles garotos restando. O segundo se matou em menos de um ano depois do alegado abuso."

Mackenzie se virou e saiu. Pelo ombro, ela chamou: "Se sua fé finalmente o levar a se abrir sobre esses assuntos e me ajudar na minha investigação, eu espero que você ligue para o FBI logo em seguida."

A sua voz ecoou pela igreja vazia de uma forma que fez a reverberação final soar como um fantasma. Ela esperava muito que fosse um fantasma que assombraria Whitter-possivelmente o assustando para abrir a boca e contar a verdade.


CAPÍTULO QUINZE

 

Mackenzie retornou para casa um pouco mais cedo que de costume. Sem qualquer pistas adicionais e a perícia finalizando as coisas na sede, havia nada que ela pudesse fazer além de mergulhar fundo nos arquivos sobre os assassinatos que haviam acumulado nos últimos dias. Ela tendia a se concentrar melhor em casa, sem estar distraída pela pressa geral dos escritórios e cubículos o trabalho.

Além disso... sua sala de estar-dela e de Ellington-era muito mais condutiva a estudar que seu cubículo encaixotado no trabalho.

Ela estava escaneando pelo telefone enquanto se sentou no sofá e tirou os sapatos com os pés. Ela ficou animada quando viu que um e-mail do departamento de perícia havia chegado, mas então franziu a testa quando viu a breve mensagem no corpo do e-mail: Nada substancial. Desculpe. Mesmo assim, aqui estão as fichas de dados.

Ela gastou os próximos cinco minutos enfiando alguns restos no micro-ondas e ligando o notebook. Ela conectou o notebook na impressora e imprimiu as fichas de dados da perícia. Enquanto os documentos eram impressos e ela começava a comer o jantar, ela vislumbrou ao redor do apartamento, sorrindo com a presença das suas coisas salpicadas aqui e ali. Ela sabia que demoraria um tempo para o lugar realmente parecer deles ao invés dele, mas ela estava animada em fazer isso acontecer.

Com os arquivos da perícia impressor, Mackenzie os acrescentou a sua pilha crescente. Ela comeu ziti requentado e deu um gole em uma cerveja enquanto lia sobre cada assassinato. Ela olhou o material da perícia, esperando encontrar algum indício sobre que tipo de instrumento pesado havia sido usado para pregar as vítimas às portas, mas encontrou nada substancial. A cena de Tuttle realmente expôs fibras de cabelo enganosas que acabaram por ser cabelo da esposa dele, um pedaço avulso que havia, de alguma maneira, se agarrado ao cabelo do próprio Tuttle.

Ela chegou até um pouco mais da metade dos arquivos quando o telefone dela tocou. Ela viu o nome e rosto de Ellington no visor, respondendo logo em seguida.

"Você não deveria estar em um avião nesse momento?" ela perguntou.

"Esse era o plano, sim. Mas houve outra pista. E antes que você se anime demais, o caso parece estar indo mais e mais longe do seu pai. Há algo acontecendo aqui com certeza, mas não sei o que."

"O que está acontecendo?" ela perguntou.

"Parecia somente um andarilho morte à primeira vista," ele disse. "Mas então, outro apareceu, morto da mesma maneira. Quando o terceiro apareceu no período de cinco dias, foi quando McGrath me enviou. Seu amigo Kirk Peterson parece pensar que a instância dos corpos e os tiros na cabeça evidentes sugerem um tipo de assassinato ritualístico que ecoa com a maneira que seu pai e a vítima mais recente com os cartões da Barker Antiguidades foram mortos. Mas até mesmo ele diz que é uma vaga teoria."

"Então, onde isso te coloca?" ela perguntou.

"Eu vou trabalhar com Peterson e com o departamento de polícia local por aqui para rastrear esse último morto. Se não houver nada no fim disso, então eu estarei de volta em casa."

"OK," ela disse. "Tenha cuidado. Enquanto isso, eu vou apenas andar nua pelo apartamento. E dormir completamente sozinha. Nua."

Ele suspirou do outro lado da linha. "Você é má."

"Eu já fui chamada de pior," ela disse. "Vai. Vá trabalhar."

Ela terminou a ligação com um sorriso no rosto. Embora ela ainda se sentisse rejeitada por não ter sido requisitada para ir ao Nebraska, ela sabia que era a decisão que fazia sentido. Esse era o porquê de ser tão fácil para ela voltar a atenção para os arquivos do caso dela.

Ela se viu voltando para o arquivo do Pastor Woodall, principalmente porque era o mais recente. Ela ainda podia ver a cena de manhã cedo na igreja Palavra Viva, os empregados já em luto amontoados atrás da faixa de cena criminal. Ele ainda podia ver Dave Wylerman claramente, o chefe do departamento de música, lutando para conter um surto de emoção sob controle enquanto ela falava com ele.

Ao trazer Wylerman a mente, uma pequena pepita da conversa deles pareceu rolar como uma bola de gude por uma calha e tomar o palco central em seu cérebro.

"Ele acaba de voltar de um retiro há alguns dias... sua pequena fuga, que ele faz duas vezes ao ano. É uma ilhazinha bem calma na costa da Flórida."

Ela considerou isso por um momento e então abriu o Google. Ela tentou uma variedade de termos, procurando por alguma coisa que possa revelar um pouco mais de informação. Depois de apenas alguns minutos, sob os termos de busca pastor retiro ilha Flórida, ela encontrou o que estava procurando.

Ela descobriu que havia uma pequena ilha apenas a três quilômetros ao sul de outra ilha da Flórida, Cayo Costa, que ela nunca ouvira falar antes. Essa ilha foi chamada de Kepper's Cay e pelo que ela podia dizer, era propriedade particular de um padre apostando que agora vivia na África do Sul. A ilha, localizada na costa leste da Flórida, tinha apenas três quilômetros de comprimento e menos de um quilômetro e meio de largura. Continha uma dúzia de bangalôs que eram alugados rotineiramente para líderes religiosos, especificamente para retiros e conferências.

Ainda lendo algumas das informações, Mackenzie pegou o celular. Ela não tinha o número de Dave Wylerman, então ela escolheu enviar uma mensagem para Eric Crouse. Ela enviou uma curta mensagem na qual se lia: Dave Wylerman disse que Woodall acabou de voltar de um pequeno retiro/férias em uma ilha na FL. Pode ter sido Kepper's Cay?

Enquanto esperava pela resposta, navegou pela página de Fale Conosco no pequeno e vago site da Kepper's Cay. Ela salvou o número no celular e enquanto estava digitando-o, recebeu uma resposta do seu texto para Wylerman.

Aham. Duas vezes no ano. Bem certo de que há alguns renomados pastores, padres etc. que vão lá. Espero que ajude!

Acho que pode ter ajudado, pensou Mackenzie.

Ela ligou para o número que acabara de salvar no celular. Como ela esperava, devido ao horário (estava ficando perto de seis da tarde), ninguém respondeu o telefone. Contudo, uma mensagem gravada deu a ela outro número para ligar em caso de emergências. Ela anotou o número rapidamente e ligou imediatamente.

Foi respondido no terceiro toque por um homem com uma voz aguda e animada. "Alô?"

"Sim, eu preciso falar com alguém a respeito da política de obter informações sobre pessoas se hospedando na Kepper's Cay."

"Hum... você está na ilha atualmente?"

"Não."

"Desculpe-me, mas essa é uma linha apenas para emergências e-"

"Meu nome é Mackenzie White e eu sou uma agente especial do FBI," ela disse. "Estou ligando, porque um homem que ficou aí há uma semana foi assassinado na noite passada."

"Oh, meu Deus," disse o homem, a alegria agora havia saído da sua voz. "Nesse caso, com o que posso ajudá-la?"

"Eu gostaria de uma lista dos nomes das pessoas que ficaram aí no último ano," disse Mackenzie. "Isso seria possível?"

"Eu posso fazer acontecer," ele disse, "mas é um pouco rudimentar."

"Eu entendo," ela disse. Ela deu seu número de distintivo ao homem, assim como o nome e informações de contato para McGrath. Quando ela acabou com isso, adicionou: "Fique à vontade para verificar o que quiser, mas o tempo é essencial aqui."

"Bem, pode levar várias horas antes que eu consiga te dar uma lista dessas."

"OK, bem, me diga isso-em que função você trabalha na ilha?"

"Gerente Geral de Operações e Manutenção," ele disse.

"OK. Ao invés de uma lista, e quanto a alguns nomes? Se eu lhe der alguns nomes, você acho que se lembraria deles... se estiveram ou não na Kepper's Cay recentemente?"

"Ah, sim," ele disse. "Eu faço questão de estabelecer relações com todos que ficam aqui."

"Bom. Sobre o Padre Henry Costas, um padre de DC?"

"Sim. O Padre Costas esteve aqui... hum, eu acho que provavelmente há cinco meses. Estou bem certo de que ele ficou por uma semana."

"Mais um, se você não se importa," disse Mackenzie. "E quanto ao Reverendo Ned Tuttle?"

"Sim, de fato," disse o homem. "Ele esteve aqui com algum tipo de grupo de líderes para uma conferência que tivemos em março. Eu me lembro dele claramente, porque ele ajudou alguns dos meus empregados com um problema de encanamento em um dos bangalôs."

Essa é uma pista bem sólida, ela pensou. Todos os três homens estiveram naquela ilha. Por quê? E o que exatamente acontece lá?

"E sobre os padres aposentados que é proprietário da ilha? Você poderia me fornecer o nome dele?"

"É o Padre Mitchell," disse o homem.

"Ele é um homem fácil para se conseguir contatar pelo telefone?" ela perguntou.

"Não. Contudo, seu tempo é perfeito. Atualmente ele está na ilha. Se você precisa falar com ele, eu posso tentar arrumar isso."

"Seria de grande ajuda," disse Mackenzie. "Você talvez pudesse me ligar de volta nesse número quando você ajeitar isso?"

"Claro," disse o homem, embora ele soasse bem incerto-talvez até um pouco nervoso.

Mackenzie terminou a chamada, percorrendo o site da Kepper's Cay. Ela acreditava que era uma pista forte, especialmente se ela fosse capaz de conseguir algum tempo com o homem dono do lugar. Claro, ela teria que conseguir a permissão de McGrath e isso pode ser mais fácil falar do que fazer.

Mesmo assim, ela tinha que tentar. Além disso, o lugar estava praticamente gritando que tinha respostas-que havia pistas e indícios enterrados nas suas areias douradas. Mesmo McGrath não seria capaz de negar tal pista.

Ela ligou para ele e o contou sobre a sua descoberta, incluindo a converso que acabara de ter pelo telefone. Levou menos de dois minutos para convencê-lo e dentro de dez minutos ela estava agendando um voo para Flórida.


CAPÍTULO DEZESSEIS

 

Por apenas um momento, Mackenzie se sentiu como uma criança pequena. Ela estava de pé no fundo de uma balsa, o vento do oceano em seu rosto. Pequenas plumas de água escovavam o lado da balsa, mandando leves brumas em seu rosto. Ela fechou os olhos contra isso, respirando a água salgada e saboreou o ar quente em sua face. Ela inspirou e, por um punhado de segundos, estava em lugar algum.

Não havia caso. Sem pesadelos com o seu pai morto. Sem memórias odiosas do Assassino do Espantalho. Nada.

Então, é claro, ela teve que abrir os olhos. O mundo veio se chocando de volta na realidade ao reder dela enquanto a balsa a empurrava para mais perto de Kepper's Cay. A manhã veio rebocada atrás dela e havia sido uma das longas até agora.

Ela havia felizmente conseguido dormir no avião-um voo direto do JFK até o Aeroporto Internacional de Tampa. Ela chegou logo depois das oito da manhã, fornecendo-lhe tempo suficiente para tomar café da manhã no aeroporto antes de alugar um carro para dirigir um pouco mais longe pela costa.

Por um momento, ela quase se permitiu sentir que estava de férias. Ela nunca teve a oportunidade de viajar muito e, enquanto em Tampa Bay, mesmo sem ver a praia ela podia sentir o oceano no ar. Sabendo que ela teria que pegar uma pequena balsa da costa para Kepper's Cay deixou tudo mais animador.

Ela brincou com a ideia de tirar fotos do oceano e da praia enquanto entrava na balsa. Ele achou que seria um jeito legal de Ellington começar o dia-uma foto da localização atual dela enquanto ele estava dando duro no Nebraska. Mas por hora, ela pensou que manteria para si. Apesar do lugar exótico e da sensação de estar em uma mini férias, ela tinha trabalho a fazer e queria manter toda distração possível longe.

O cenário era distração mais que suficiente, afinal.

E só melhorava com a balsa chegando mais perto da ilha. Havia apenas oito pessoas na bolsa e pelo que ela sabia, ela era a única que desembarcaria na Kepper's Cay. Os outros passageiros estavam indo para outras das pequenas ilhas salpicando o oceano próximo.

Ela observou enquanto o mar se desdobrava diante dela, o sol da manhã batendo divertidamente nas ondas. À frente deles, Kepper's Cay ficou visível. Ela podia ver a ilha inteira e de uma distância de cerca de oitocentos metros, começou a parecer como o esboço de uma ilha de uma daqueles folhetos de férias de alto luxo ou de comerciais que vendiam imagens das Maldivas ou algum lugar como Bora Bora.

Quando ela desceu da balsa para única doca da ilha, o peso do seu trabalho começou a afundar. Embora apreciar a vista era perfeitamente normal, ela sabia que ela teria uma reunião potencialmente grande com um homem que normalmente era difícil de entrar em contato.

Ela buscou no Google por Padre Mitchel mais cedo naquela manhã enquanto esperava no seu portão no Aeroporto JFK. Ele nasceu em um monte de dinheiro, já que seu pai havia trabalhado para uma companhia não revelada que pavimentou o caminho para um ramo da ciência da computação que ficou enorme no início dos anos 1980. Sua mãe também nasceu com dinheiro, então quando ela morreu quando Ronald Mitchel tinha apenas onze anos, uma enorme quantia de dinheiro foi para ele, presa em uma conta de banco até que ele completasse dezoito anos. Mitchel se voltou para Deus após a morte da sua mão, se tornando intensamente envolvido em uma igreja Católica em sua cidade natal, Albany, Nova Iorque. Eventualmente, por volta dos quarenta, ele se tornou um padre. Ele serviu como padre em Nova Iorque por nove anos, então se mudou para Boston, onde ele continuou a servir como padre, mas também ficou altamente envolvido com a comunidade. Ele ganhou quase todo prêmio e honras que um padre pode ganhar, até mesmo uma audiência com o Papa em 2011.

Ele se aposentou em 2014 aos sessenta anos de idade, já que ele foi um dos membros da Igreja Católica que falava veementemente contra todos os escândalos de abuso de crianças. Ele passou a maior parte do seu tempo na África do Sul, onde ele comprou uma casa em 2008 e uma residência privada em Kepper's Cay.

Ele também era conhecidamente discreto, ficando fora dos holofotes quando se tratava de todas as coisas de natureza religiosa. A última vez que seu nome esteve nas notícias foi qual ele contribuiu com uma quantia considerável de dinheiro para a assistência após um furacão quando uma tempestade massiva atingiu a área de Miami alguns anos atrás.

Esse era o porquê de ela estar tão surpresa em vê-lo de pé no fim do píer, esperando por ela. Ele estava vestido com uma camisa polo básica e bermudas cáqui. Os pés dele estavam descalços e ele tinha um tom de pele que indicava que ele passava uma boa parte do tempo no sol. Seu cabelo era longo, pendendo por sobre os olhos, que ele escovou para trás enquanto ela se aproximava.

"Padre Mitchell," ela disse. "Muito obrigada por se encontrar comigo."

Mitchell deu de ombros e a levou para fora do píer. "Bem, parece que apenas era para ser. Eu cheguei aqui há dois dias e estou partindo em três. Você ligar e perguntar sobre esse lugar dentro dessa janela de tempo... parece mais que coincidência."

"Apesar disso, eu sei o quão ocupado você pode ser..."

Mitchell acenou um 'deixa disso'. "Eu não sou a commodity visada que as pessoas acham que eu sou," ele disse. "Agora, como posso ajudá-la? Talvez um passeio pelo lugar primeiro? Em um dia tão bonito; seria uma pena não aproveitar um pouco da praia enquanto você está aqui, você não acha?"

Que diabos, ela pensou. Ninguém precisa saber.

Com isso, ela tirou os sapatos. Ela vestia uma camisa branca de botões e um par de calças pretas-não necessariamente uma vestimenta pronta para praia, mas ainda assim não insuportavelmente desconfortável. Sem os seus sapatos e seu dedos na areia macia e quente, ela seguiu Mitchell para longe do píer e diretamente para a direita onde eles encontraram a praia. Eles andaram pelas bordas da água enquanto ela escaneava a área à frente.

A praia era prístina, a areia dourada e não manchada por lixo. Os bangalôs e construções estavam localizados fora da praia, embora alguns do bangalôs estivessem a uns cinquenta metros da água. Eram todos situados entre uma paisagem maravilhosa que era decorada para lembrar um lugar exótico de um sonho. O lugar era realmente bonito, tornando seu motivo para estar lá parecer quase abstrato de alguma forma.

"Eu assumo," disse Mitchell, "que a sua visita aqui tem alguma coisa a ver com o Padre Costas. Eu ouvi sobre a morte dele três dias atrás. Eu entendo que houve outra morte também muito recentemente. Padre Woodall, também de Washington, DC. Está correto?"

"Está certo," ela disse. "Também houve um terceiro-o reverendo de uma igreja Presbiteriana. Então, naturalmente, está sendo visto como o caso de um assassino em série. E por agora, não temos pistas, evidências e indícios reais. Eu fui trazida a Kepper's Cay, porque todas as três vítimas haviam visitado aqui por volta do último ano."

"Sim, isso foi o que Michael me disse, o homem com o qual você conversou no telefone. Eu tenho toda a papelada das três vítimas lá no escritório esperando por você."

"Padre Mitchel, quantas pessoas passam por aqui tipicamente no período de um ano?"

"Varia. Mas nós últimos três anos, tivemos a média de cerca de cem pessoas. Não incluindo outras duzentas que vem apenas para comparecer à conferências ou retiros em grupo. Claramente, nós temos registros e nomes de todos que já alugaram um bangalô aqui, mas a maioria das reservas é paga pela tesouraria de uma igreja ou por um líder da igreja."

"Então, em outras palavras, não há como selecionar facilmente quem pode ser a próxima vítima simplesmente baseado em uma lista."

"Eu suponho que isso dependa de quantos agentes você tem para verificar a lista e, então, entrar em contato com todos os nomes lá," disse Mitchell.

Ele continuou a mostrar a ilha para ela, explicando o propósito do lugar. Enquanto apontava o pequeno centro de conferências deles e a pequena capela atrás dos bangalôs, ele explicou que ele reservou a ilha apenas para líderes religiosos e os esforços deles em direção a crescer a igreja, porque ele havia se tornado muito ciente da opressão crescente contra a igreja em quase todo canto do mundo.

"É uma das razões pelas quais eu me aposentei tão cedo," ele disse. "Pessoas afastadas de Deus, ironicamente, querem culpar o povo dele quando as coisas ficam ruins. E quando todas as alegações de abuso sexual dilaceraram-se pela Igreja Católica no final dos anos noventa, eu vi o início de um fim. Por causa de toda a atenção da imprensa, eu sabia que eu não poderia mais servir a Deus apropriadamente de uma posição de padre. Então eu abri essa ilha para os homens de Deus que podem estar sentindo o mesmo desencorajamento."

"Com o tempo, a notícia se espalhou e eu também permiti algumas conferências serem realizadas aqui. Durante temporada de pico, há uma lista de espera de dois meses. Mas ainda assim, esse se tornou um lugar de descanso e restauração para os homens de Deus e para aqueles próximos a eles."

"Há uma taxa definida ou muda de acordo com quem está vindo?" perguntou Mackenzie. "Eu pergunto simplesmente porque o Padre Costas e o Pastor Woodall eram líderes de grandes igrejas que poderiam certamente pagar. Mas o Reverendo Tuttle pertencia a uma igreja menor. Eu imaginei que ele teria dificuldades para encontrar os fundos para reservar um lugar desses a não ser que houvesse algum negócio delineado com ofertas da igreja."

"Eu, obviamente, não posso comentar sobre isso," disse o Padre Mitchell. "Mas eu posso dizer a você que Tuttle realmente alugou um dos nossos bangalôs mais baratos. E nós o oferecemos um valor com desconto. Nós sabíamos que ele era de uma igreja menor, mas não discriminamos aqui. Você não tem que ser parte de uma mega igreja para aproveitar a solidão que temos a oferecer."

Ele a levou para mais distante na praia, para uma passagem de madeira que era margeada por todos os tipos de plantas e flores. A passagem se tornou uma ponte que se erguia sobre um pequeno riacho que ia para a esquerda, voltando de volta para a praia.

À frente deles, a única construção que parecia um pouco fora de lugar esperava por eles. Estava claro que esse era o escritório central. Embora ostentasse uma decoração de ilha no exterior, havia algo bem formal na estrutura da construção, assim como sua colocação distante das outras construções.

Mitchel a levou para dentro para uma sala vazia. O murmúrio de um ar condicionado enchia o lugar, mas havia nada mais acontecendo. Ele a levou por um pequeno corredor que terminava em uma sala de conferências. Lá, ele puxou uma cadeira para ela e apontou para algumas pilhas de papel no centro.

"Isso é tudo que eu tenho no que diz respeito a registros para Costas, Tuttle e Woodall," disse Mitchell. "Temo que não seja muito, mas talvez você possa encontrar algumas outras conexões."

"Isso é ótimo," disse Mackenzie legitimamente. Ela não poderia ter pedido por mais material ou cooperação.

"Eu vou deixar você com isso, então," disse Mitchell. "Enquanto isso, há algo que eu possa pegar para você?"

"Talvez apenas água?" ela perguntou.

"Já vou trazer."

Ele a deixou só e ela instantaneamente puxou as pilhas de papel para ela. Não havia muito-talvez vinte e cinco folhos de papel ao todo. A maioria folhas financeiras, mostrando onde todos eles pagaram, assim como as datas das estadias. Pela informação nas folhas, ela viu que o Padre Costas tem vindo a Kepper's Cay por mais tempo; sua primeira estadia foi em 2010 e ele fez oito visitas desde então, incluindo uma para uma conferência sobre guerra espiritual.

Tuttle esteve apenas uma vez, visitando a ilha sete meses atrás. Ele ficou por três dias e então partiu. Ela odiava parecer muito estereotípica, mas ela continuava sendo atormentada pelo fato de que o reverendo de uma igreja menor tenha sido capaz de pagar para vir a um lugar como esse. Isso a fez imaginar que tipo de problemas haviam feito Tuttle precisar de um retiro em primeiro lugar.

Mantendo esse pensamento, ela tirou o telefone e mandou uma mensagem para Harrison. Você pode cavar para ver que tipo de problemas/situações que Tuttle possa ter passado ou ter saído há cerca de 8-9 meses?

Enquanto enviava a mensagem, Mitchell entrou de volta na sala. Ele estava carregando um grande copo d'água para ela. Uma única fatia de lima ressaltava no topo. Ele a ofereceu com um sorriso.

"Obrigada," ela disse. "Ei, então, eu tenho uma pergunta para você. Uma estranha, talvez. Mas eu estava imaginando se há algum tipo de tema recorrente nas situações que trás as pessoas para cá. De que tipo de coisas elas estão buscando descanso e isolamento?"

"Você é crente?" perguntou Mitchell.

A pergunta a pegou desprevenida. Parecia ser uma pergunta que ela estava encarando bastante ultimamente. Ela suspirou e disse, "eu suponho que você poderia dizer que eu estou na categoria dos indecisos. Por que pergunta?"

"Eu acho que para entender o estresse que esses homens encaram diariamente, você precisa entender as responsabilidades nos ombros deles. Liderar pessoas para mais próximo de um Deus com o qual elas tanto desejam estar em sincronia. Servir como uma caixa de ressonância para os pecados e pensamentos mais obscuros das pessoas. E sabendo o tempo todo que são mantidos em um patamar muito alto. Pode ser exaustivo-fisicamente, mentalmente e espiritualmente."

"Você ofereceria a ilha para um líder que você soubesse que de fato está envolvido em algo errado? Algo criminoso?"

"Não. Mas, novamente, eu teria que saber com certeza. Muito raramente eu tomo a palavra dos programas de notícias ou tabloides."

Ela podia perceber que ele sabia onde ela estava indo. Sendo um ex-padre, certamente ele era mais que familiar com os casos de molestadores de crianças e de abuso sexual. Então ela deixou nisso, não querendo irritá-lo. Eles estavam na mesma página e não precisava ir nem um pouco mais fundo.

"Algo mais?" ele perguntou.

"Não, obrigado."

Mitchell, contudo, não saiu. Ele penso sobre algo por um momento e então tomou um lugar a mesa.

"Há uma ligação entre eles?" ele perguntou. "Abuso?"

"Apenas para dois deles," ela disse.

"Eu sabia que o Padre Costas fora acusado disso, mas nunca houve qualquer evidência... não suficiente para balançar minha opinião sobre ele, de qualquer maneira. Ele era um bom homem."

"Eu não estou certa sobre as alegações também," ela disse.

"Se você acredita de verdade que é uma conexão que possa ajudá-la a encontrar o assassino, eu acho que eu posso saber de um lugar que você pode começar a olhar."

Mitchell pareceu entristecido por sequer considerar esse caminho. Mas, ao mesmo tempo, Mackenzie podia dizer que ele estava perturbado por algo-talvez alguma coisa que arrastou seus espíritos para baixo mais do que ele conseguia admitir.

"Padre Mitchell?"

"Estou bem," ele disse. "É só que eu sei de fato que abuso sexual e molestação acontecem dentro da igreja. Embora a vasta maioria das alegações e acusações são falsas e inventadas apenas para buscar atenção ou dinheiro, eu sei que isso acontece. E como prova disso, tudo que você precisa ver é um dos grupos de recuperação."

"Grupos de recuperação?" perguntou Mackenzie.

"Para vítimas de abuso nas mãos da igreja. Como você pode imaginar, é um grupo cheio de vergonha insustentável, então os encontros não recebem muita propaganda ou publicidade. Meio que grupos de autoajuda, mas escondidos no canto."

"E por que você está me contando sobre isso?" ela perguntou.

"Porque há um encontro na sua vizinhança na terça-feira em Alexandria, Virginia. É um grupo que se encontra três vezes ao ano. Há mais de trinta grupos no país. Eu sempre recebo convites para eles, porque eu era muito proeminente contra a
igreja quando os escândalos de abuso vieram agitar as manchetes um tempo atrás."

"Você vai comparecer ao grupo em Alexandria?"

"Não. Eu não compareço a algo do tipo há cerca de três anos. Deus me perdoe, me destroça muito. Quase me faz perder a fé. Mas se seu assassino não for pego antes que essa reunião aconteça, eu sugeriria altamente que você desse uma olhada. É na quinta-feira à tarde às cinco horas. Ainda não sei ao certo onde, mas se você deixar seu contato comigo, eu informo a você."

"Obrigada," ela disse.

Com isso, Mitchell deixou a sala mais uma vez. Mackenzie voltou para os documentos, encontrando muito pouco para conectar os três homens. Havia evidência que ambos Costas e Woodall haviam vindo em várias ocasiões e que eles compareceram a pelo menos uma conferência cada. Mas pelo o que ela podia dizer, não havia frequentado a mesma conferência. Além disso, nenhum dos três homens esteve ao mesmo tempo na Kepper's Cay.

Quando ela atingiu a página final, Mackenzie sabia que havia nada nas folhas de papel para ligar os homens. Ainda, ela sentia que havia feito algum progresso.

Se nada mais, isso prova que os homens provavelmente não estavam ligados uns aos outros a não ser pela profissão. Também, a informação sobre a reunião para os sobreviventes de abuso sexual parecia que poderia ser um recurso potencialmente bom. Adicionalmente... eu posso visitar a praia por algumas horas.

Ela tirou algumas fotos dos documentos com o celular que mostravam as datas quando todos os três homens havia estado na ilha. Se nada mais, isso fornecia algo como uma linha do tempo e poderia vir a calhar quando Harrison retornasse para ele com aquela informação sobre Tuttle.

Quando ela estava prestes a sair para o escritório para localizar o Padre Mitchell, o celular dela tocou. Quando viu o nome e rosto de Ellington, ela sorriu. Talvez ela poderia esfregar a cara dele na pequena excursão à praia, afinal.

"Já está em casa?" ela perguntou.

"Não," ele disse. Ela podia diz logo de cara pelo tom da voz dele que ele não estava no melhor humor. "Onde você está agora?"

"Você não acreditaria se eu te dissesse."

"Bem, onde quer que você esteja, você precisa reservar o primeiro voo que puder para o Nebraska."

"O quê? Ellington... o que está acontecendo?"

"Estamos fechando em uma pista. Já falei com McGrath. Eu quero você aqui, Mac. Eu acho que você precisa estar nisso nesse momento."

"Sim, OK," ela disse. O cérebro dela tentava desesperadamente trocar de marcha, mas havia um soluço em algum lugar ali.

Padres e pastores mortos... praias ensolaradas da Flórida... agora sair para o Nebraska...

De repente, ela sentiu que estava sendo sugada em um redemoinho.

"Mac?"

"Estou aqui. Apenas... pega com a guarda baixo. Dê-me alguns minutos. Vou comprar uma passagem e conto-lhe quando estarei aí. Ellington, está tudo bem?"

"Sim, tudo está bem. Tivemos uma novidade, contudo. E isso pode... bem, isso pode dar todas as respostas pelas quais você esteve procurando."

Ela olhava tolamente para os documentos na mesa de conferências de Mitchell. Eles pareciam artefatos de outro mundo. O caso inteiro parecia insignificante agora-um pensamento perigoso para um agente do FBI, certamente.

Mas repentinamente, tudo que ela conseguia pensar era em seu pai.

E ela não podia sair rápido o suficiente dessa ilha idílica.


CAPÍTULO DEZESSETE

 

Ele amava Deus, ele amava sua igreja e ele amava as pessoas da sua igreja. Mas, cara, oh cara, ele odiava sentar no confessionário.

Wade Coyle arqueou as coisas e verificou seu relógio. Eram 7:05. Tecnicamente, ele poderia ter ido para casa há cinco minutos. Mas ele sabia que algumas pessoas gostavam de vaguear um pouco mais tarde, na pressa de confessar seus pecados diretamente antes ou depois de jantar com a família.

De todas as suas obrigações como padre, tomar confissões era a única parte da qual ele realmente não gostava. Ele ouvia algumas coisas deploráveis atrás da sua tela e a pior parte disso era que ele conseguia reconhecer as vozes algumas vezes. Ele poderia colocar um rosto na voz e, como resultado, saber quais dos homens nos bancos durante o culto haviam confessado ter feito download de pornografia de pré-adolescentes ou quais das mulheres mais velhas haviam deixado o namorado da filha tocá-las de forma inapropriada.

Ainda assim, ele entendia a importância do ato-não apenas para a sua igreja, mas para todos e cada uma das pessoas que vinham até ele, sentadas do outro lado daquela tela para tirar o peso dos corações.

Mesmo assim... se ninguém mais aparecesse nos próximos dez minutos, ele iria sair. Outro padre devia vir ocupar o confessionário as oito horas de qualquer maneira.

Mal havia feito sua promessa a si mesmo e escutou a pequena porta no exterior do confessionário abrir. Então, ele escutou os quatro passos que levavam a cadeira em frente a tela e o leve ranger da cadeira quando o peso de alguém era aplicado nela. E então, vieram as cinco palavras que, para o Padre Coyle, havia se tornado quase um cliché.

"Perdoe-me, Pai, porque eu pequei."

"E qual pecado você gostaria de confessar hoje?" perguntou Coyle.

"Eu... bem, não tenho exatamente certeza. Eu acho que talvez idolatria. Mas envolve violência também."

"Conte-me sobre cada um," disse Coyle. Honestamente, ele estava apenas falando preguiçosamente a essa altura. Ele se encontrou vendo se conseguia identificar um rosto que combinava com a voz, mas não conseguiu encontrar.

Obrigado, Deus, por isso, ele pensou.

"Bem, eu me encontro adorando pessoas do mundo sobre Deus," disse o homem. "Eu sei que eu deveria buscar minha paz e consolação de Deus, mas... eu suponho que seja mais fácil confiar e adorar as coisas que eu posso ver. Pessoas. Carne. Eu os admiro e glorifico pessoas ao invés de Deus. Isso é ruim?"

"Não se você está percebendo isso antes," disse Coyle. "Diga-me... essas pessoas que você está idolatrando são celebridades ou pessoas que você vê todos os dias?"

"Temo que não seja tão fácil assim. Não são celebridades, isso com certeza. Mas ao mesmo tempo, eles tendem serem pessoas com um pouco de poder e reverência."

"E como você está os idolatrando?"

"Começou com a inveja pura e simples," disse o homem do outro lado da tela. "Mas virou algo pior. Algo mais sórdido. Eu os vi como Deus. Como a Virgem Maria. Como Cristo. Eu desejava adorá-los... glorificá-los."

"Sim, isso pode ser um problema. Sobre a violência, porém... como as duas coisas se juntam?"

"Eu não sei," disse o homem. "Mas eu sei que quando vejo o sangue deles, isso me faz sentir completo. Faz eu me sentir como se tivesse feito algo certo."

"Sangue?" disse Coyle. Seu coração saltou do peito e seu próprio sangue ficou gelado.

"Sim, Padre. Eu tenho que derramar o sague deles para eles mostrarem aos homens quem eles realmente são. Inteiros. Puros. Estritamente de Deus."

"Meu filho... temo que eu não esteja entendendo."

Não houve resposta.

Instantaneamente, as notícias das três mortes passou pela cabeça de Coyle. Costas, Tuttle, e aquele pastor liberal, Woodall.

"Filho, você está-"

Foi quando uma força trovejante se chocou contra o confessionário. A porta do lado de Coyle entortou e veio para dentro. Houve um som débil, como gentilmente crepitando no fogo. Ele estava tão atemorizado pelo ataque na porta que levou um momento para perceber que havia um homem atrás dela, entrando no espaço do seu lado do confessionário.

"Eu venho idolatrando você também, padre," disse o homem. "Desculpe-me. Mas realmente... você merece isso. Você merece a glória..."

Antes que Coyle pudesse abrir sua boca para protestar, o homem o esmagou com uma pesada mão direita. Coyle viu por um breve momento que havia algo na mão dele, talvez um tubo de moedas ou algum tipo de ferramenta. O que quer que fosse, fez o golpe parecer como se tivesse sido acertado no rosto com um taco de baseball.

Padre Coyle foi flutuando contra a lateral do confessionário enquanto estrelas pretas passavam pelo seu campo de visão. Seu estômago se contraiu e sua cabeça explodia de dor.

Ele viu a mão do homem se afastando novamente, mas, louvado seja Deus, ele apagou antes que pudesse sentir o impacto drástico.


CAPÍTULO DEZOITO

 

Mackenzie se vê de pé em frente a casa na qual ela crescera. Ela subia os degraus da varanda e via um grupo de corvos agrupados na varanda. Ao afastá-los, ela vê que um deles está usando um crucifixo ao redor do pescoço negro. Ele grasne para ela enquanto ela entra na casa e quando ela fecha a porta, escuta os corvos levantando voo.

Ela entra na casa e lá está sua mãe, adormecida no sofá. A casa está lançada em sombras, a única luz vindo do brilho da televisão, a qual está exibindo um programa de entrevistas da madrugada. O entrevistador diz nada, apenas olha fixamente para a tela como se esperasse Mackenzie começar a conversa.

Ela caminha pela televisão até a cozinha. Ela tenta ligar o interruptor da cozinha, mas as lâmpadas não respondem. Ela olha de volta para a sala de estar e vê que sua mãe já não está mais lá. A porta da frente está novamente aberta e ela pode escutar os corvos se moverem nas tábuas, aparentemente tendo voltado para se apoleirarem.

Ela se vira e olha pelo corredor. É maior que a versão da vida real dele, esticando-se por uma distância aparentemente impossível. Ela começa a andar e enquanto o faz, procura por sua Glock.

Mas ao invés de uma arma de fogo, ela encontra uma Bíblia esperando lá. No entanto, onde as palavras BÍBLIA SAGRADA estão tipicamente estampadas em dourado ou prateado, na dela se lia BARKER ANTIGUIDADES.

Ela a segura à sua frente, apertada contra o peito e as páginas começam a cair. Quando cada página caia ao chão, soava como uma voz sussurrando para ela.

"Saia daqui."

"Vá embora."

"Supere isso."

"Dê a volta."

Ela ignora todas elas e continua. E quando ela finalmente chega ao fim do corredor, a Bíblia tendo derramado suas páginas durante o caminho, ela se vê encarando a porta do quarto dos seus pais. Ela sabe o que está esperando por ela do outro lado. Ela sabe o que ela vai ver, mas ela empurra a porta mesmo assim.

As coisas estão diferentes dessa vez. Ao invés de uma cama, há uma cruz. Seu pai pendurado nela e ele ainda está vivo. Ele lança um olha lúbrico em uma careta de dor.

"Desça-me, por favor..."

Mackenzie larga a Bíblia e se vira para correr em direção a sala de estar. Mas lá está sua mãe bloqueando o caminho. Ela está segurando uma marreta e um prego ridicularmente grande. Ela sorri para Mackenzie e quando abre a boca para dizer alguma coisa, é apenas o grasnido de um corvo.

Mackenzie abre a boca para gritas logo quando sua mãe move o grande prego para frente, diretamente para sua garganta, o grito que não soa como ela, mas como um rugido de algum grande motor que está empurrando o mundo junto com sua insana rotação.

 

***

 

Ela se precipitou acordada, percebendo que o barulho de motor pertencia ao avião no qual ela estava atualmente. Ela respirou fundo, suprimindo os tremores que passavam por ela. Precisava se lembrar de onde estava-não no quarto que seus pais compartilharam um dia, mas sentada em um avião, em direção ao estado onde estava a maldita casa.

Quando o avião pousou, Mackenzie verificou o telefone. Quando a conexão Wi-Fi foi estabelecida com o aeroporto, seu telefone brilhou com notificações. O número total delas era esmagador, mas ela fez seu melhor para acompanhar enquanto o avião caminhava para uma parada antes que os passageiros pudessem sair. Ela tinha duas mensagens de texto de Ellington, uma de Harrison, um correio de voz de Yardley e onze novos e-mails.

Ela passou por eles em ordem de importância. Ambas as mensagens de Ellington eram para informá-la que ele não conseguiria estar no aeroporto, um dos agentes locais estaria lá paga pegá-la. A mensagem de Harrison era em resposta à mensagem que ela o enviara mais cedo, informando-a que havia nada nos registro públicos que indicasse que o Reverendo Tuttle estivesse passando por alguma dificuldade maior de algum tipo pelo último ano. Então, ela verificou a mensagem de voz de Yardley. Ela achou um pouco estranha e, talvez, um pouco desrespeitosa.

"Ei," disse Yardley. "Olha, McGrath me colocou a cargo do caso das mortes dos líderes religiosos enquanto você está no Nebraska. Se você puder me ligar para me contar sobre seu passeio na Flórida, eu apreciaria."

Ela não se importou em responder qualquer uma das mensagens enquanto era permitido aos passageiros pegar os pertences dos maleiros. Mackenzie estava bem ciente de que ela ainda estava com a mesma roupa que vestia quando desembarcou da balsa há dez horas. Ela poderia até mesmo sentir os pequenos grãos de areia em seus sapatos. Por mais trivial que parecesse, ela desejava que tivesse pelo menos uma muda de roupa com ela. Contudo, ela estava apenas com a sua mochila do notebook, credenciais do FBI e nada mais.

Ela saiu rapidamente do voo. Agora que ela estava no chão e há momentos de se encontrar com Ellington, pareceu real. Era mais que uma possibilidade, mais que apenas um sonho-que havia parecido quando ela estava no ar. Ela também queria começar a trabalhar o mais rápido possível, para que o caso de DC não secasse em sua mente. Ainda estava bem surpresa que McGrath tivesse permitido essa viagem repentina para o Nebraska, especialmente seguindo sua viagem para Flórida. Mas não estava prestes a questionar isso.

Quando ela entrou no aeroporto pelo portão, ficou aliviada em ver que Ellington estava lá afinal. Ele parecia cansado e um pouco afobado, mas o sorriso que deu a ela quando ela se aproximou dele era genuíno. Eles se cumprimentaram com um beijo e um breve abraço, como se eles estivessem fazendo isso a uma eternidade.

"Eu não sei sobre o que estar mais confusa a respeito," disse Mackenzie. "O fato de eu ser requisitada nesse caso de repente ou que McGrath tenha me dado permissão para isso."

"Não precisa ficar confusa," ele disse. "Apenas venha comigo. Temos um encontro no escritório de Omaha em meia hora. Eu te repasso no caminho."

Eles se apressaram pelo aeroporto, não sendo atrasados por filas, já que Mackenzie não tinha bagagem. Ellington a levou para fora e para o estacionamento mais próximo, onde eles entraram em seu carro alugado. Após ele bater a chave na ignição, Mackenzie manteve a mão em um gesto de espere aí. Então ela se inclinou para beijá-lo profundamente, de uma maneira que teria sido estranha no aeroporto.

"OK," ela disse. "Agora você pode me levar."

Ellington sorriu e disse, "Espere. Deixe-me recuperar meu fôlego primeiro."

 

***

 

Enquanto eles percorriam a rodovia e tomavam a saída para a via expressa, Ellington passou a maior parte do tempo falando. Ele a atualizou com a atenção aos detalhes de um agente experiente, mas com o comportamento de um homem que estava começando a se apaixonar por ela.

"Eu fui convocado, porque Kirk Peterson convenceu alguns agentes do FBI que os assassinatos dos andarilhos eram quase idênticos aos assassinatos do seu pai e o cara mais recente de alguns meses atrás. A coisa é, há absolutamente zero evidência para reforçar isso. Por isso McGrath preferiu me enviar para cá. Sem pistas ou evidências sólidas, nós não queríamos te afastar do caso atual-ou dar-lhe esperanças sobre o caso do seu pai."

"Não muito depois de eu ligar para você pela primeira vez para dizer que não havia nada para se ver por aqui, outro corpo foi descoberto. Esse tinha um certo cartão de visitas enfiado no bolso traseiro."

"Barker Antiguidades," ela disse.

"Bingo. O cara era um drogado, baleado na nuca à queima-roupa por uma arma de baixo calibre. Mesmo de sempre, assim como os outros andarilhos. Mas dessa vez, havia uma pista deixada para trás. Um borrão no cartão de visitas. Era uma impressão digital, mas apenas parcial. Foi nesse ponto que eu liguei para você. Desde então, os caras da perícia no escritório local de Omaha vem trabalhando com uma base de dados de registros para reduzir a busca. Eu recebi uma ligação assim que eu estava saindo do aeroporto para encontrar você. Eles encontraram uma combinação. E é um cara um uma história bem terrível."

"Então o que está sendo feito nesse instante?" ela perguntou.

"Bem, a ficha desse cara é bem madura. Ele recebeu duas acusações de abuso doméstico, pequenos furtos e, então, ele acabou de sair da prisão há dois meses depois de cumprir cinco anos por conspiração de assassinato. Assim, há uma força tarefa sendo montada. Nós temos o endereço dele. E nós temos alguém à espera do lado de fora do apartamento dele nesse instante. Se ele sair e for para algum outro lugar, teremos olhos nele."

"E eles me querem nisso?"

"Eles não tinham escolha," disse Ellington. "Eu insisti. E McGrath tomou meu lado. Todos envolvidos nisso sabem da conexão com o assassino do seu pai. Você não vai assumir a liderança, mas você vai na prática se uma prisão for feita. Se essa coisa vier a um fim, você será parte dela. Além disso... até McGrath percebeu que ninguém sabe mais sobre os assassinatos e a confusão toda da Barker Antiguidades do que você. Simplesmente faz sentido ter você aqui."

"Para onde vamos agora?" ela perguntou.

"Estamos indo para o escritório local e, então, provavelmente saindo logo em seguida. Se tudo ocorrer bem, essa coisa todo pode ser encerrada dentro de uma hora ou duas."

"E pensar," disse Mackenzie, "que eu estava caminhado por uma praia nove horas atrás."

"Sim, você vai precisar me passar o segredo de como diabos você conseguiu McGrath autorizar isso."

"Eu acho que compensou, contudo. O pequeno retiro que eles têm naquela ilha está limpo, assim como o cara que coordena. Mas ele me deu informações que eu acho que podem resultar em uma pista considerável-ou um recurso bem promissor pelo menos."

"Você está uma viajante bem experiente hoje," comentou Ellington. "Você tem certeza que está disposta a isso?"

"Absolutamente," ela disse. "Eu só queria que eu tivesse uma muda de roupa. Ou, pelo menos, tempo para um banho."

Ele sorriu para ela e disse, "Se nós terminarmos com isso, eu vou ver se consigo um banho para você. E talvez, se você não se importar, posso dar uma mão?"

"Vamos ver como isso se desenrola primeiro."

Ela apreciava o gesto e consideração, mas enquanto eles aceleravam em direção ao escritório local, Mackenzie começou a ficar ansiosa.

É realmente isso? ela pensou. É esse o dia que eu consigo as respostas que venho procurando a respeito da morte do meu pai?

O crepúsculo se instalava ao redor de Omaha enquanto seus nervos começavam a pegar fogo. Cada parte dela sabia que algo grande estava a momentos de distância, mas ela ainda achava difícil acreditar que havia caído em seu coo tão facilmente.

 

***

 

Ellington não estava exagerando. No momento em que Mackenzie entrou no escritório de Omaha, foi abordada por um homem vestindo um terno preto simples e carregando uma pasta de arquivos na mão direita. Ele parecia no limite, como se estivesse prestes a pular para fora da sua pela em antecipação de por as coisas em andamento. Seu espesso cabelo preto estava desarrumado. Ele tinha um pouco mais que um metro e oitenta e a compostura de um homem que parecia que estava sempre motivado, a caminho de realizar alguma coisa.

"Agente White, eu sou Darren Penbrook, o líder nesse caso. Estou feliz em tê-la a bordo. O Agente Ellington atualizou você?"

"Sim," ela disse. "Eu certamente agradeço você me permitir fazer parte disso."

"Claro, claro," disse Penbrook, como se não pudesse se importar menos. Atrás dele, a sala central do escritório de campa estava formigando com atividade. Ela viu dois agentes estudando um mapa da cidade na parede atrás de uma área de escritório.

"Vamos começar em exatamente cinco minutos," disse Penbrook, acenando para ela e Ellington o seguirem para mais fundo no edifício. "Seremos nós três e dois outros agentes. Seu amigo Kirk Peterson solicitou vir junto, mas eu neguei. Há risco demais aqui."

"Estamos assumindo que o suspeito é perigoso?"

"O suspeito é Gabriel Hambry. Em acréscimo às acusações de abuso e marcas de conspiração de assassinato em seus registros, ele também foi o suspeito em duas ocasiões diferentes de tráfico de armas pela fronteira do México. E nós nunca fomos capazes de ligar isso a ele, mas todo a evidência aponta para ele. E se esse for o caso, então, sim-estamos assumindo que ele está fortemente armado. E quando o FBI bater na porta dele..."

"Eu estou segundo," disse Mackenzie.

Penbrook os levou a uma pequena sala nos fundos. Havia outro homem no telefone, pinçando-o entre sua orelha e ombro, para que ele pudesse prender um coldre apropriadamente em seu cinto. O coldre levava uma Sig 357 semiautomática. Ver isso faz Mackenzie muito mais ciente da sua própria arma de fogo no coldre ao seu lado, uma Glock 22 da qual ela acabou se tornando muito familiar.

O homem terminou sua ligação e colocou o celular no bolso. Ele levantou a mão para um aperto e se apresentou.

"Mark O’Doul," ele disse. "Prazer em conhecê-la." Então, ele olhou para Penbrook e assentiu. "O suspeito ainda está em seu apartamento. Assistindo TV, parece."

"Bom," disse Penbrook. "Agente White, O’Doul vai nos acompanhar e tomar a frente enquanto nós agimos. Eu entendo que você tem um envolvimento pessoal com esse caso, mas eu lhe peço que deixe O'Doul e eu cuidar do lado tático. Uma vez que pegarmos Hambry em custódia, você tem minha palavra que você vai ter a primeira brecha no interrogatório. E, você sabe... se acontecer de ele tentar escapar e uma perseguição se desenrolar... talvez eu faça vista grossa se você vier a pegar um pouco pesado."

Mackenzie sorriu e assentiu, mais sábio que dar algum tipo de sinal verbal sobre tal comentário.

"Alguma questão?" perguntou Penbrook.

"Quão distante é o apartamento de Hambry?" perguntou Mackenzie.

"Cerca de meia hora, em Plattsmouth," respondeu Penbrook. "O'Doul e eu vamos na frente no nosso carro enquanto vocês dois nos seguem. Nossa vigilância diz que nós vamos estar mais bem posicionados estacionando na rua do outro lado do quarteirão. Nós dá a melhor chance de chegar na residência de Hambry sem dar algum tipo de alerta para ele."

Plattsmouth, pensou Mackenzie. Embora ela tenha apenas passado por Plattsmouth enquanto morava no Nebraska, simplesmente escutar o nome da cidade a fazer sentir como se tivesse completado um ciclo-não que ela havia retornado para casa, de forma alguma, mas ela havia revisitado algum fantasma do passado que parecia estar esperando uma eternidade por ela.

"Já temos um mandado?" perguntou Ellington.

"Consegui há três horas. Dada a natureza da nossa visita ao Sr. Hambry, não iremos bater na porta dele exatamente. Vamos derrubá-la."

Era um pouco juvenil, certamente, mas esse comentário de fechamento de Penbrook deixou Mackenzie mais animado que nunca. Ela estava a momentos de distância de resolver a pista mais promissora sobre descobrir o que realmente aconteceu com o pai dela.

Pelo que lhe tocava, derrubar portas a força parecia apropriado.


CAPÍTULO DEZNOVE

 

O apartamento de Hambry ficava em um daqueles complexos de apartamento empacotados que pareciam uma cópia de qualquer outro prédio na cidade. Era o tipo de complexo de apartamentos que você em todos os lugares no país: simples, um pouco sujo e muito mediano. Sendo um pouco depois das dez em noite de semana, todos assumiram que as chances de Hambry estar em casa era muito boas.

Mackenzie e Ellington se encontraram com Penbrook e O’Doul na entrada central no primeiro piso. A noite estava calma e parecia que não havia uma única alma vagando em qualquer lugar dentro do complexo. Longe à distância, um homem caminhava com seu cachorro. Próximo aos fundos do prédio, uma mulher estava rindo de alguma coisa. Era como qualquer outra noite ordinária. Mackenzie tentou se lembrar disso. Era fácil demais ficar animada sobre o que a próxima porta guardaria. Então, se lembrar de que fazer o que estavam prestes a fazer era apenas outra parte rotineira do trabalho dela, normalmente a centrava.

Mas não dessa vez. Naquele momento, com outros três agentes, ela sentia que muito da sua carreia havia se pendurado no que iria acontecer agora.

"O apartamento de Hambry é de número trezentos e seis," disse Penbrook. "O’Doul e eu entraremos primeiro. Quero que vocês dois esperem aqui por três segundos e então se juntem atrás de nós. Se fizermos isso certo, é uma prisão simples. Dentro e fora de volta para o escritório. Perguntas?"

Ellington balançou a cabeça. Mackenzie fez o mesmo, embora em sua cabeça, ela estava praticamente gritando para Penbrook colocar o maldito show na estrada de uma vez.

Talvez sentido sua antecipação, Penbrook começou pelo corredor que levava ao primeiro lance de escadas. As escadas eram simples, sem cobertura ou carpete de qualquer tipo. O som dos passos batia em ecos ocos, como pequenas batidas de grave do som de um carro passando. Eles avançaram entre uma caminhada rápida e uma corrida enquanto saiam das escadas para o terceiro andar.

Eles se mantiveram apertados contra a parede enquanto se apressavam pelo corredor aberto. As luzes da rua debaixo iluminavam o caminho deles, as sombras delas os seguindo enquanto, um por um, sacavam as armas.

O’Doul os parou ao levantar a mão. Todos os quatro estavam posicionados contra a parede entre os apartamentos 305 e 306. O’Doul esperou uma batida de pé no portal da porta de Hambry. Então, ele levantou três dedos. Mackenzie assistiu os dedos serem abaixados um por um, em contagem regressiva para o momento que eles irromperiam pela porta.

Três... dois... um.

Quase como em um movimento com energia elástica, O'Doul deu um passo de distância da porta, tomou base e então levantou o pé. Ele deu um chute pesado que sugeria que ele havia feito isso mais que algumas vezes. Mesmo sem ser capaz de ver o resultado, Mackenzie sabia que a porta havia se quebrado aberta. Ela observou enquanto O'Doul e Penbrook seguiam um atrás do outro. Ellington se virou para ela, silenciosamente contando até três e, então, eles também seguiram.

Mackenzie entrou com sua Glock erguida para a esquerda, completando o alinhamento disperso que os outros três agentes haviam começado.

Mas ela não ficou daquela maneira por muito tempo.

A visão diante dela era muito bizarra. Era difícil manter a compostura enquanto ela olhava pela sala de estar, a qual a porta do apartamento levava.

Um homem estava sentado em uma cadeira reclinável, olhando-os de lado. Ele não se movia. Não somente isso, mas a cadeira estava embebida em sangue. Respingos dele estavam por toda a parede. Mackenzie se aproximou. Ela sabia que poderia estar excedendo seus limites, mas ela caminhou em frente de Penbrook, ficando ao lado de O'Doul. Enquanto ela se inclinava para ter uma melhor visão do homem, ela estava levemente ciente de Ellington e Penbrook se explorando no apartamento para verificar os outros cômodos.

Mackenzie agora estava de pé diretamente em frente do homem. Do breve arquivo que ela vira a respeito de Gabriel Hambry no escritório de Omaha, não havia dúvida de que era ele. E ao ficar diretamente em frente a ela, olhando-o, a situação só ficava pior.

Hambry havia sido baleado na nuca. Sem estudar de perto, Mackenzie estava bem certa de que foi disparado de uma arma de baixo calibre. Mesmo à queima roupa, tinha feito uma bagunça.

Mas honestamente, ela não estava olhando perto demais para a ferida do projétil ou pelo sangue espalhado. Ela estava mais interessado no item que fora afixado na camisa de Hambry com um alfinete.

Era um cartão de visitas.

Sangue espirrou pela maior parte dele, mas era fácil de ver o nome da empresa gravado na frente.

Barker Antiguidades.

"Que diabos?" O'Doul sussurrou detrás dela.

"Quem quer que seja, ele está brincando conosco," disse Mackenzie. Ela desejava muito ficar brava, ser preenchida com ira em ter sua face esfregada nessa bagunça. Mas, pelo contrário, por mais que ela odiasse admitir isso, ela estava bem assustada na verdade.

Ellington e Penbrook voltaram para a sala de estar. Ellington não perdeu tempo em ir até ela quando ele viu o olhar de choque e confusão em seu rosto. Ele deixou sair um palavrão bem pronunciado quando viu a situação por si próprio.

"Então, Hambry era apenas um peão então?" perguntou Penbrook.

"Parece que sim," disse Mackenzie. Ela queria rasgar o cartão de visitar da camisa de Hambry, mas o mero pensamento de tocá-lo a fazia se sentir mal.

"Mas para que diabos?" perguntou O’Doul.

"A última vez que eu vi um destes cartões de visita," disse Mackenzie, "foi no para-brisas do meu carro. No verso, alguém escreveu 'Pare de procurar.’ Eu acho que esse é apenas outro aviso."

"Mas o caso está morto, certo?" disse Penbrook. "Digo, até que esse último assassinato ocorreu e, então, os andarilhos que seu amigo Peterson pensa que estão conectados... por que isso viria a tona novamente? Nós estamos falando de que... vinte anos de silêncio e então essa camisa?"

"É uma boa pergunta," disse Mackenzie.

"Deus, isso é terrível," disse O'Doul, arrancando os olhos para longe do corpo de Hambry.

"Eu vou chamar o pessoal," disse Penbrook. Ele olhou de volta para Mackenzie e Ellington. "E vocês dois? Vocês precisam de alguma coisa aqui antes que fique abarrotado?"

"Não," disse Mackenzie abruptamente. E, então, sem dizer nem outra palavra sequer, ela se virou e deixou o apartamento.

 

***

 

Mackenzie estava tão cheia de emoção quando voltou para o carro que estava tremendo literalmente. Ela estava assustada, ela estava irritada e ela nunca se sentiu tão derrotada. E para deixar tudo pior, ela sabia que do outro lado do país, havia um caso esperando por ela que ainda não tinha pistas. Nem uma única maldita pista.

Ela não chorava frequentemente-e ela decidiu que não o faria ali também-mas ela sentiu as picadas de lágrimas de frustração querendo ser derramadas. Ela contraiu as mãos em punhos cerrados, suas unhas se afundando levemente em sua carne.

Ela escutou passos atrás dela. Certa de que era Ellington vindo ver como ela estava, ela fez seu melhor para mandar o turbilhão de emoções embora. Ele segurou a respiração por um momento, apertou os punhos ainda mais e então relaxou.

E esse é o motivo pelo qual você vai acabar gastando uma fortuna com terapia quando você aposentar, ela pensou.

"Ei," disse Ellington, chegando perto dela. Ele buscou a mão dela, mas ela não a deu.

Ela balançou a cabeça e achou difícil olhar para ele. "Isso está acabando comigo," ela disse. "Cinco minutos atrás, antes de entrarmos lá, eu estava animada. Eu estava saindo da minha pele para entrar lá e terminar essa coisa toda-com meu pai e o assassino dele. Com os cartões de visita. Mas agora... tudo é diferente. Esse filho da puta está apenas brincando comigo."

"Então você e eu ficamos aqui," ele disse. "Eu acho que McGrath permitiria. Ficamos aqui e você e eu vamos fazer o possível para trazer essa coisa a um fim."

Dessa vez, ele tomou a mão dela um pouco forçadamente. Ele a deu um aperto reconfortante. E, embora ela pudesse perceber que ele queria puxá-la para próximo, ele sabia que ela não ligava para contato físico ou intimidade quando ela estava se sentindo angustiada. Ver que ele sabia isto sobre ela e que estava respeitando-a aqueceu seu coração.

"Não," ela disse balançando a cabeça. "Eu tenho que fechar o caso do padre. Eu não vou deixá-lo para outro agente."

"Ele está com Yardley nele," disse Ellington. "Ela é bem afiada."

"Eu sei. "Mas... eu tenho que. Eu tenho que e-"

"Eu sei," ele disse.

E Mackenzie estava bem certa de que ele realmente sabia. Ele sabia que ela não podia deixar alguma coisa pela metade. Ela tinha que finalizar o caso esperando por ela em DC.

O que Ellington talvez não soubesse, porém, era que uma vez que estivesse terminado ela tinha intenção de colocar todo seu tempo, foco e energia no caso do seu pai e em nada mais.

Depois desta noite, ela não tinha escolha.

Quem quer que esteja atrás disso tinha essencialmente forçado a mão essa noite. E ela iria fazer o desgraçado pagar.

Mas primeiro, ela tinha que saber tudo o que há para se saber aqui no Nebraska. E isso significava que ela tinha mais uma parada para fazer.

"Você tem o número de Kirk Peterson?" ela perguntou.

"Eu tenho," disse Ellington. "Mas ele não é muito confiável."

Isso a atingiu estranhamente, porque, pelo que ela se lembrava, Peterson era um cara bem afiado-dedicado ao trabalho e um farejador de detalhes.

"Eu preciso falar com ele antes de voltar para casa," ela disse.

Ellington parecia ponderar isso por um momento. No fim, ele puxou o número, discou para ela e entregou-lhe o telefone. Ao começar a tocar em seu ouvido, ela não poderia deixar de reparar que Ellington parecia perturbado por alguma coisa.

Ela não está feliz que eu esteja ligando para Peterson, ela pensou.

Mas antes que ela tivesse tempo de cogitar o porquê, Peterson atendeu o telefone e era tarde demais pra fazer qualquer pergunta.


CAPÍTULO VINTE

 

Quando Ellington estacionou o carro no estacionamento da Waffle House na qual Peterson o pedira para se encontrarem, o lugar estava bem quieto. Estava se aproximando das 10 horas e o lugar estava bem morto. Antes que eles saíssem do carro, Ellington colocou uma mão sobre o ombro dela, indicando que ele queria de ela aguardasse.

"Há algo que eu devo te contar antes que você entre ali," ele disse.

"O que é?"

"Eu não sei como você se recorda desse tal de Peterson, mas alguma coisa aconteceu com ele desde a última vez que você o viu. O sujeito parece um pouco desajustado para mim, mas eu percebi que era só uma baboseira de detetive excêntrico. Mas então eu ouvi algumas coisas dos agentes que trabalharam com ele. Ele disseram que ele ficou meio sombrio. Não de maneira desenfreada, mas em um sentido quase gótico. Ele está bem triste e calado."

"Assim que eu me lembro dele."

Ellington deu de ombros. "Eu acho que é uma boa coisa eu ter dito, então. Eu só conversei com ele duas vezes desde que eu estive aqui e ele foi prestativo e tudo. Ele é só... eu não sei. Alguma coisa nele me assusta."

"OK. Você me avisou. Vamos indo."

Ele disse nada mais, apesar de estar claro que ele queria. Eles saíram do carro e foram para dentro entre o doce cheiro de massa de waffle e calda. Peterson estava sentado à mesa sozinho. Ele aparentava um homem que não dormia há séculos, como se ele pudesse fazer uma audição para o papel de vampiro em um filme de terror exagerado.

Estranhamente, o estado dele a fez pensar em sua irmã mais nova, Stephanie. Em seu estado severo, ele era quase amenamente bonito-o tipo de gótico limite pelo qual Stephanie ficava louca.

Stephanie, ela pensou. Meu Deus, eu não penso nela direito há anos.

Ele deu um aceno de reconhecimento a ambos enquanto vinham até a mesa e se sentavam. "Bom ver você de novo, Agente White."

"Igualmente," ela respondeu enquanto ela e Ellington se sentaram. "Eu odeia parecer mandona, mas eu gostaria de voltar para DC o quanto antes, então eu realmente não tenho muito tempo para formalidades."

"Tudo bem," disse Peterson. "Esse maldito caso está me deixando louco e eu estou cheio de falar sobre ele. Lidar com ele. Que seja. O FBI está fundo nele agora, de qualquer forma. Eu sinto que eu posso deixá-lo ir."

"Esse é o negócio," ela disse. "Eu sei como o FBI funciona. Por isso eu queria falar com você. Eu sei que você tem uma ética de trabalho diferente do FBI. Então eu estava esperando que você pudesse me contar sobre as possíveis ligações entre os casos nos quais você vem trabalhando, do meu pai e desses malditos cartões de visita."

"Sim, eu ouvi pelo scanner que houve outro na residência de Hambry," disse Peterson. "Prova final de que esse caso todo está muito acima da minha cabeça."

"Como assim?" ela disse.

"Bem, simplesmente não tem fim. Lembra-me uma daquelas teorias da conspiração na qual quanto mais você cava, mais perguntas você tem. A toca do coelho simplesmente fica mais e mais funda."

"E como essa coisa toda de cooperação começou com vocês dois?" perguntou Ellington.

"Quase há um ano, eu vim até aqui quando Peterson estava trabalhando em um caso sobre... inferno, agora eu mal me lembro."

"Bem, inicialmente era uma coisa doméstica," relembrou Peterson. "Uma esposa queria que eu bisbilhotasse o marido-um cara chamado Jimmy Scotts. Ela pensou que ele a estava traindo e gastando as economias da universidade das crianças. O que eu descobri foi que ele estava lidando com uma loucura de cartel de drogas no Novo México. Mas antes que eu pudesse fazer a ligação para dar as notícias para sua esposa, ele apareceu morto. A esposa o encontrou morto no banheiro com dois buracos de bala na nuca. Ela estava na casa quando aconteceu. Sem lembranças de ter ouvido os disparos."

"Merda," disse Ellington, olhando para Mackenzie. "Como o seu pai."

"Sim, mas sem conexão alguma conhecida," disse Mackenzie.

"Eu também nunca encontrei alguma."

"Então como os andarilhos batem com os assassinatos do meu pai e de Jimmy Scotts?" perguntou Mackenzie.

"Os tiros à queima roupa no topo da cabeça. Mesmo tipo de arma usada todas as vezes. E aqueles cartões de visita... havia um em cada um dos corpos."

"De quantos estamos falando?" perguntou Mackenzie.

"Três, até agora. Dois sem teto confirmados durante a época da morte. O outro não era sem teto, mas extremamente pobre. Ele estava acabando de recompor a vida de volta."

"Alguma conexão entre os três?"

"Nada sólido. Dois deles iam a mesma cozinha de sopa. Um deles trabalhou com o irmão de outro no passado para roubar uma mulher a mão armada pelas sessenta pratas que ela tinha no porta moedas. Mas nada mais."

"Você se importaria de me enviar todos seus arquivos do caso?"

Peterson riu. "Eu posso. Mas não tem muita coisa neles. Eu não tomos muitas notas, na verdade."

"Desculpe-me por perguntar," ela disse, "mas o que aconteceu? Você parece uma pessoa diferente de quando você e eu nos encontramos da última vez."

"Eu acho que eu era. Mas essa merda de caso... me afetou. Eu fiquei obcecado. E não ajudou que o terceiro desses andarilhos mortos era uma criança de doze anos."

"Oh, Deus," disse Mackenzie.

"Então, perdoe-me se eu não sou todo arco-íris e nascer do sol."

"Calma," disse Ellington severamente.

Os dois homens se encararam através da mesa, mensurando um ao outro. Peterson foi o primeiro a desviar o olhar-não por intimidação, mas porque ele parecia entediado.

"Sim, eu posso enviá-la o que eu tenho," disse Peterson. "Eles realmente estão planejando enviar agentes de DC para cá enquanto os caras de Omaha estão administrando o caso?"

"Não faço ideia," disse Mackenzie. "Mas você sabe que esse caso é muito próximo a mim. Qualquer ajuda seria apreciada."

"Claro," disse Peterson. "Agora, eu não tenho comido há quase um dia. Então, eu pretendo devorar panquecas de nozes e crepes. Fiquem a vontade para se juntarem a mim."

Mackenzie quase aceitou. O fato de vê-lo a ter lembrado, por alguma estranha razão, de Stephanie ainda estava incomodando-a. E alguma coisa nele parecia gritar por algum tipo de interação humana. Ainda, ao mesmo tempo, estava bem claro que ele não era mais um fã de interação humana.

"Obrigada, mas eu tenho que entrar em um avião assim que possível," ela respondeu. "Mas obrigada novamente por se encontrar comigo."

"Claro. Eu vou enviar o que eu tenho por e-mail assim que eu voltar para casa."

Mackenzie assentiu enquanto ela e Ellington se levantaram da mesa. Eles foram de volta para o estacionamento, Mackenzie calada e refletiva.

"Eu lhe disse," disse Ellington. "Alguma coisa o afetou muito."

"Você estava certo," ela disse.

Uma criança de doze anos, ela pensou. As mesmas pessoas que mataram meu pai são do tipo de pessoas que não tem problemas em matar crianças.

Isso, certamente, dá uma nova perspectiva a esse caso.

E enquanto algo se agitava dentro do seu coração, Mackenzie também percebeu que isso também dava a ela uma motivação completamente nova para descobrir que diabos está acontecendo.

Mas primeiro... havia uma bagunça em DC esperando por ela, a qual ela precisava arrumar.


CAPÍTULO VINTE E UM

 

Eles pegaram o voo tardio de volta para DC. O avião continha um pequeno grupo de pessoas; menos de trinta passageiros preenchiam os assentos e a cabine estava pacificamente calma. Mackenzie se permitiu cochilar um pouco e quando acordo, seu relógio marcava 4:36 da manhã. Ela pensou que pudesse ter tido outro pesadelo, mas se tinha, mal se lembrava dele.

Boa libertação, ela pensou enquanto se erguia cautelosamente em seu assento. Ela não sabia ao certo onde estavam, quais cidades se escondiam abaixo deles na escuridão e, na verdade, não se importava. No ar, sobre o país e todos seus problemas, ela quase se sentiu livre.

Era a maior serenidade que ela havia sentido desde que descobriu o cartão de visitas afixado na camiseta ensanguentada de Hambry. É claro, ela não conseguia parar de pensar sobre os andarilhos assassinados também. Especialmente a criança. Ele imaginou se Peterson já havia enviado os e-mails.

Pela segunda vez desde que o encontrou na Waffle House, Mackenzie se perguntou como alguma coisa poderia afetar alguém tão drasticamente. Quando ela encontrou Peterson pela primeira vez, ele era surpreendente bonito, de bom humor e motivado. Mas a obsessão com o caso e, aparentemente, os assassinatos daqueles andarilhos o haviam empurrado para outro lugar-algum lugar escuro. Ela não havia ouvido falar sobre isso antes. Uma vez ela leu o perfil de um policial aposentado que acabou atirando em um garoto de dez anos no meio de uma troca de tiros em uma rua movimentada. O policial não havia simplesmente aposentado; ele entrou em luta contra depressão severa, deixando a família e eventualmente se matando em um quarto de motel, colocando uma arma sinistramente semelhante a dela em sua boca.

Mackenzie expulsou o pensamento e tentou se reorientar. Ellington estava lendo um livro de bolsa que alguém de um voo anterior deixou para trás. Ele nunca dormia voando-apenas mais uma das centenas de pequenos petiscos que ela havia aprendido sobre ele em seu tempo juntos. Ela amava conhecê-lo e, mesmo agora, sabendo que ela teria um dia exaustivo esperando por ela quando eles aterrissassem, ela ansiava por cada dia com ele.

"Bem, bom dia, linda," ele disse com um sorriso.

"Onde estamos?" ela perguntou, ainda um pouco grogue.

"Pela última que ouvimos do capitão, nós devemos aterrissar em cerca de meia hora. Como você está? Sua soneca ajudou?"

"Eu não sei ainda."

Ele assentiu e colocou o livro de bolso em seu colo, um surrado e antigo livro de Vince Flynn.

"Olha," ele disse. "Eu acho melhor eu ir em frente e dizer isso enquanto você ainda está meio sonolenta, então você não consegue ficar muito brava. Mas depois de vê-la tão abalada na noite passada, eu gostaria de ir junto com você quando você ajeitar as coisas e ir atrás desse assassino da Barker Antiguidades.

"Mas eu não acho que isso é-"

"Oh, desculpa," ele disse, segurando a mão dela. "Você está enganada. Não foi uma pergunta. Eu só estou lhe informando, para que nós possamos poupar a discussão depois. Você não tem voz. Eu sei que você acha que você é cabulosa e tudo, mas essa é uma vez que eu não vou arredar o pé."

Seu tom e sorriso a fizeram perceber que tudo estava vindo de um lugar de amor. Mesmo o comentário de eu sei que você acha que é cabulosa.

"Mas isso não é-"

"Essa coisa... essa coisa entre você e eu," ele disse. "Vai além do quarto. Vai além desse sentimento que eu vou em frente e admitir que se parece muito com amor. Estou nisso com você. Eu vou com você."

"Você acha que McGrath chegaria a permitir?" ela perguntou.

Ela tinha que admitir... ela gostava da ideia de Ellington estar ao lado dela quando ela finalmente fosse capaz de colocar toda sua atenção no caso da Barker Antiguidades. Depois de conversar com Peterson, ela percebeu o quando fundo isso foi. Simplesmente fazia sentido ir com um parceiro que ela confiava e sabia que poderia contar.

"Se ele não deixar, nós podemos sempre ameaçar sair," disse Ellington.

"Ah, seu fala manda."

Ela se inclinou e o beijou. Era incrível como natural isso era, quão normal.

"Então, como você acha que Hambry está conectado?" ele perguntou. "Alguma teoria?"

"Algumas. Sempre houve rumores infundados sobre meu pai estava envolvido nas mesmas coisas suspeitas. Eu me perguntei secretamente se uma das razões que Jimmy Scotts foi morto alguns meses atrás era porque o homem que o matou meu pai talvez fosse parte de alguma coisa de gerações. Tipo, talvez uma árvore genealógica distorcida demais. Talvez ele está criando sua próxima geração para continuar seja qual for o tipo de trabalho perturbado que ele estava trabalhando. Explicaria o espaço de tempo entre a morte do meu pai e o assassinato de Jimmy Scotts, eu acho. E, então, tem os andarilhos..."

"O que tem eles?" perguntou Ellington.

"Bem, eu não conheço muito sobre os casos, mas andarilhos sendo mortos em um estilo quase de execução sugeriria algum tipo de atividade de uma gangue esquisita que provavelmente estaria relacionada com drogas. Ou talvez alguém esteja apenas tentando enviar uma mensagem."

"Mas qual mensagem? E para quem?"

"Não sei. Talvez sejam ambas as coisas. Talvez se meu pai estivesse envolvido em algo que ele não quisesse que a família soubesse a respeito, fosse relacionado às drogas. Ou mesmo até relacionado a armamento. Houve casos antigos de caminhões de entrega sendo pegos na fronteira, estocados com heroína, armamento e muito mais."

Ellington considerou isso e assentiu sua aprovação. "Sim, é uma teoria, eu acho."

"E teorias não são fortes o suficiente," ela disse. "E é o porquê de eu estar trocando a marcha agora. Quando aterrissarmos, eu estarei cem por cento nesse caso do padre. Tenho que ser. Eu tenho que ter algum tipo de progresso em alguma coisa ou vou perder a cabeça."

Eles se deram as mãos e aproveitaram o murmurinho silencioso do avião enquanto se aproximavam de DC. Ela estava bem certa de que cochilou uma vez mais durante a aproximação, embrulhada pela segurança de tê-lo ao lado dela. Um momento, ele estava olhando para a suas mãos entrelaçadas e no outro eles foi acordada em um sacolejo do trem de pouso fazendo contato com a pista.

"Todas esses pequenos cochilos," Ellington sussurrou no ouvido dela, "e você obrigada a ter um bafo de dragão."

"Eu não tomo banho em quase dois dias e estive viajando demais durante esse tempo," ela disse. "Como meu hálito cheira é a última das minhas preocupações."

Enquanto eles desafivelavam e esperavam por permissão para sair do avião, Mackenzie verificou o telefone. Da mesma maneira de quando ela aterrissou no Nebraska, as notificações continuarem surgindo, já que o sinal voltou agora que eles estavam no solo.

Ela percorreu as mensagens primeiro e a primeira era suficiente.

"Merda," ela disse.

"O que é?" perguntou Ellington. Mas o tom da voz dele indicava que ele já sabia.

"Outro corpo," ela disse. "Outro padre."


CAPÍTULO VINTE E DOIS

 

Depois de um instante, o sentimento de exaustão havia se tornado apenas uma pequena irritação para Mackenzie. Agora ela sentia uma falta de sono da mesma forma que algumas pessoas lidam com uma dor de cabeça incômoda que vinha e voltava de tempos em tempos. Quando ela e Ellington pararam no estacionamento de trás da Catedral de São Pedro, eram 6:20 da manhã e Mackenzie havia aproveitado seis horas de sono no total nas últimas trinta e seis horas. Ela já sofreu pior, mas a diferença de fuso horário deixou isso ainda pior que o normal.

A cena esperando por eles atrás da igreja era surreal. A primeira coisa que ela reparou foi um grande toldo preto que se estendia de parede a parede da igreja, esticando-se um metro para o estacionamento. Estava a cerca de quatro metros de altura, drapejando para fora como alguma estranha decoração demoníaca de Halloween. Alguns poucos policiais estavam fora do toldo, misturados com alguns outros agentes do FBI.

Cavaletes e cones de trânsito foram colocados para bloquear a entrada no estacionamento de trás; Mackenzie e Ellington foram conduzidos pela rua de acesso por um policial, já que todas as ruas levando ao estacionamento dos fundos da igreja também haviam sido bloqueadas.

Eles andaram diretamente para o toldo, onde Yardley e Harrison estavam conversando animadamente com um oficial de polícia. Harrison os viu primeiro, acotovelou Yardley e apontou em direção a eles. Depois de pedir licença para o policial, Yardley, com Harrison em seus calcanhares, encontrou com eles em frente ao toldo.

"O que pega com a lona de circo?" perguntou Ellington.

"Esse é ruim," disse Yardley. Sua voz era grave e um pouco desanimada. "Nós temos uma equipe vindo para remover."

"Remover?" perguntou Mackenzie.

"Apenas dê uma olhada por conta própria," disse Yardley. Ela se afastou para o lado para dar-lhes claro acesso para o toldo.

A entrada era apenas dois lados do toldo caindo e se sobrepondo. Ellington foi na mosca na sua descrição. Parecia exatamente com uma lona de circo, só que uma que foi erguida por um mórbido e particularmente demente anunciador de trupe. Em uma inspeção mais próxima, Mackenzie viu que o toldo foi construído por postes de aço que foram parafusados na parede dos fundos da igreja. Foi um trabalho às pressas, indicando que o que esperava por eles debaixo do toldo era ruim o suficiente para o FBI querer escondê-lo do público a todo custo.

Eles entraram debaixo do toldo e era como uma estranha câmara subterrânea. Mas essa era iluminada por dois pequenos holofotes que foram colocados no chão. Eles foram postos em direção a igreja, iluminando a cena grotesca que repousava contra a parede.

Uma grande cruz foi levantada contra a parede de trás. Um padre fora pregado à ela da mesma maneira que os outros três foram exibidos. Esse padre foi ajeitado para parecer exatamente com a figura de Jesus Cristo, inclusive a coroa de espinhos e a pequena faixa branca cobrindo suas partes privadas que era vista em todas as representações da crucificação.

E ao pé da cruz, havia uma camisa, um par de calças, uma carteira, um rolo meio consumido da Lifesavers e trinta e seis centavos em moedas.

Silenciosamente, Yardley e Harrison entraram no toldo. Yardley apareceu ao lado de Mackenzie e falou em voz baixa.

"Padre Wade Coyle," ela disse. "Cinquenta e um anos de idade. Nós conversamos com outros na igreja. Ele teria estado aqui sozinho entre as cinco e oito horas, assumindo o confessionário lá dentro."

Mackenzie assentiu, ainda absorvendo tudo. O topo da cruz quase tocava o topo da tenda. As toras de madeira eram massivas e os pés de Coyle estavam facilmente a um metro do chão. Para alguém ter feito isso sozinho... era quase impossível. Teria que ser determinado e forte-e teria que ter um plano bem esmiuçado para seguir.

Ela abordou a cruz e olhou acima para Coyle. O corte no lado direito era muito mais evidente desta vez. Na verdade, parecia que havia sido cortado de maneira grosseira intencionalmente. Ela olhou para as mão, então para os pés; as mão foram pregadas e os pés amarrados, como todos os outros.

São quatro agora, ela pensou. Deve se mais fácil decifrar o que é importante e o que não é.

Ela percorreu a lista mental enquanto observava o corpo. Deu o seu melhor para observar cada centímetro-uma missão quase impossível, já que seus pés estavam a quase um metro do chão.

Os tipo de pregos usados estão nos levando a lugar nenhum, ela pensou. Perícia surgiu sem nada com isso. O mesmo para o arame usado ao redor dos pés. São todos muito comuns para descobrir quem pode ter comprado um pouco em um certo tempo. Então, isso basicamente estava riscado em termos de encontrar um rastro.

Vai acabar indo para o planejamento. Para colocar essa cruz junta e pregar alguém nela sem que ninguém veja... o assassino precisava ter planejado. Ele tinha que conhecer a igreja e a área. Mas para conhecer todas as igrejas que estão envolvidas, ele realmente está apurando tudo.

Então, vai terminar em como o assassino conhece as vítimas e as igrejas. Isso vai acabar em relacionamentos e conexões. A habilidade dele em planejar e executar esses assassinatos sem ninguém vê-lo ou sem deixar qualquer evidência-ele é muito cuidadoso. Nós poderíamos esperá-lo cometer um deslize... mas então, quantos mais seriam mortos?

Ela mal estava atenta de Harrison chegando por trás dela lentamente. Ele olhou para baixo ao pé da cruz, para os itens espalhados lá.

"Você compreende o significados das coisas espalhadas ao pé da cruz?" perguntou Harrison.

"Sim," disse Mackenzie, com algumas das histórias que ela ouvira na escola dominical vieram a ela. "Quando Cristo foi crucificado, os soldados e espectadores colocaram sacos aos seus pés para os seus pertences."

"Então nós devemos pensar que esse cara via Coyle como Cristo?" perguntou Ellington.

"Eu acho que nós temos que considerar isso," respondeu Mackenzie.

Mais alguém entrou na tenda, entrando com um pouco menos de silêncio que Yardley e Harrison. Mackenzie se virou e viu McGrath vindo com os pés pesados. Ele não parecia nervoso ou irritado, mas muito preocupado.

"Bem," ele disse, "vamos considerar isso o mais rápido que pudermos. Há uma grande tempestade de merda fermentando nisso. Estou recebendo ligações essa manhã que estão me deixando inquieto. Gostando disso ou não, esse caso vai chegar às manchetes nacionais. Também tem o potencial para ser um daqueles casos que vai tirar fanáticos religiosos da toca. E uma vez que eles saem, os raivosos e amargos ateus vão sair também. Vai ficar ruim antes de ficar melhor, eu posso lhes falar isso."

"Que tipo de ligações?" perguntou Mackenzie.

"Do vice-presidente, para citar uma," ele disse. "Ele estava aqui logo ontem para adoração. Ontem. E ele esta me moendo pelo FBI não ter pegado esse cara ainda. Ele também me informou que há várias pessoas na Colina que estão preocupadas com esse caso."

"Então, em outras palavras," disse Mackenzie, "se nós não terminarmos isso logo, nós também teremos um fiasco de impressa e de políticos para lidar enquanto trabalhamos?"

"Isso resume em termos gerais," disse McGrath. "Mas escutem... eu vim até aqui pessoalmente para falar com os agentes White e Ellington. Yardley e Harrison, vocês poderiam, por favor, esperar por mim lá fora. Eu esclareço vocês o melhor que eu puder em um momento."

Harrison começou a andar para a saída imediatamente, obediente como sempre. Yardley foi um pouco mais lenta para se deslocar, porém. Mackenzie entendia a reação dela; ele se sentia que estava atuando como segundo violino, o que nunca era uma boa sensação. Ele lançou um último olhar de volta para a cena antes de sair para o estacionamento.

McGrath se aproximou de Mackenzie e Ellington. Ela não achava que o homem alguma vez havia ficado tão próximo dela antes. Era um pouco intimidador.

"Olha. Eu tenho algumas informações que não são secretas, por si, mas fariam algumas bombas explodirem na Casa Branca e no Congresso. E eu acho que pode ser informação que construa uma pista. Eu acabo de receber a informação há uma hora. Em adição à ligação do vice-presidente, eu também tive ligações de dois deputados e um senador. Por essas chamadas, eu aprendi alguma coisa sobre o Padre Coyle aqui que não é exatamente de conhecimento público."

"Sem mais escândalos de abuso e assédio sexual, eu espero," disse Mackenzie.

"Não, não dessa vez," disse McGrath. "Eu ouvi a mesma história de duas fontes diferentes agora e eu confio em ambas. Aparentemente, Wade Coyle teve uma rixa sério com um homem que quase entrou no quadro da São Pedro como diácono. O cara foi rejeitado no último minuto-literalmente duas semanas antes que lhe fosse concedido o título de diácono aqui. E as notícias vieram diretamente de Coyle. Houve alguma disputas nas mídias sociais entre os dois, as quais Coyle sabiamente parou de engajar. Mas então, houve um altercação fora da casa de Coyle há um pouco menos de três semanas atrás. Pelo que eu entendo, a altercação ocorreu cerca de duas semanas depois da rejeição. Pelo menos doze pessoas na vizinhança viram."

"Qual a conexão com as pessoas que ligaram para você?" perguntou Ellington.

McGrath balançou a cabeça. "Não posso entrar nesses detalhes. O máximo que lhe direi é que há certos escândalos que a Igreja Católica tem trabalhado duro para abafar. E alguma vezes, eles precisam de alguma ajuda com isso."

"Então nós temos um nome para esse diácono rejeitado?" perguntou Mackenzie.

"Sim," disse McGrath. "E eu quero que vocês dois-e apenas vocês dois-sejam o mais discreto possível com isso. Façam o que for preciso assim que saírem daqui. Eu quero apenas vocês dois conversando com esse homem e, então, pelo que me diz respeito, estou tirando a coleira. Façam o que puderem para terminar esse caso antes que se torne um pesadelo ainda pior."

"Quanto tempo você acha que nós temos?"

McGrath deu de ombros. "Eu diria que dois dias. Talvez três, mas seria empurrar demais. Vocês sabem como as notícias viajam por aqui-especialmente as más notícias." Ele suspirou e sussurrou a próxima parte. "O diácono rejeitado é um homem que atende pelo nome de Colton McDaniel. Eu vou enviar o endereço dele em alguns minutos. E sério... depois da mensagem, fiquem na calada. Atualizem-me quando necessário, mas vocês dois se tornem sombras. Entendido?"

"Sim, senhor," disse Mackenzie.

"Como foram as coisas no Nebraska?" perguntou McGrath.

"Frustrantes," disse Ellington.

"Há muito mais perguntas que todo o mais," disse Mackenzie.

McGrath fez um 'deixa disso' e deu de ombros. "Eu vou pedir um relatório do escritório de Omaha. Por agora, vocês dois vão indo. Estou contando com vocês. Não me decepcionem, OK?"

E com isso, McGrath girou nos calcanhares para sair.

"Sem pressão, certo?" disse Ellington, buscando a mão dela para dar uma apertada.

"Certo. Sem pressão."

Eles caminharam para fora de debaixo do toldo. Ao andarem de volta para a manhã, o sol apenas começando a lançar luz no estacionamento, uma caminhonete estava sendo permitida na cena. A pequena grua na traseira dela mostrava a intenção-era a equipe que estaria removendo Coyle e sua cruz.

Enquanto ela e Ellington marchavam rapidamente de volta para o carro, Mackenzie tomou vista de Yardley e Harrison. Yardley estava os observando ir, fazendo o que podia para não parecer com ciúmes. Elas trocaram um pequeno aceno de reconhecimento quando Mackenzie entrou no banco do carona.

"Ellington," ela disse. "Eu sei que estamos com pressa, mas eu realmente preciso de um banho. E café. Podemos fazer isso na próxima hora?"

"Sim," ele disse. "Você realmente meio que está fedendo."

E mesmo esse pequeno jab falhou em levantar seu ânimo. Ela estava muito ocupada se focando no comentário que McGrath fez a eles.

Estou contando com vocês. Não me decepcionem...

Ele nunca expressou tamanho desespero antes e agora que ele havia mostrado essa fresta de vulnerabilidade, Mackenzie não podia deixar de sentir que ela iria fazer exatamente isso.


CAPÍTULO VINTE E TRÊS

 

Eles pararam no apartamento deles e foram muito profissionais sobre isso. Enquanto Mackenzie tomava um banho e se permitia um único minuto para se molhar e relaxar, Ellington passou café. Mackenzie se enxugou com a toalha, se vestiu e encontrou um copo de café pronto e esperando por ela.

"Deus de abençoe," ela disse.

"Com certeza. Então... eu estive no Twitter procurando por essa troca entre Coyle e McDaniel. É interessante, para dizer o mínimo."

"Alguma coisa que apontaria para um motivo?"

"Não. Apenas a rejeição por si mesma. Mas eu estou vendo indícios da parte do Coyle sobre o que isso tudo se trata. Alguma coisa sobre um passado que facilmente iria dissuadir suas responsabilidades como diácono. É claro, é tudo velado. Ele estava tentando ser profissional, sem chamar McDaniel explicitamente pelo nome."

"Bem, talvez McDaniel vá se abrir sobre o seu passado se ele souber que Coyle foi morto."

"Como você sabe que McDaniel não é o assassino?"

"Ah, eu não sei. Ele pode muito bem ser. Mas eu não vou pular diretamente nessa suposição baseada apenas em um barraco no Twitter."

"Justo," ele disse olhando no relógio. "Se sairmos agora, nós provavelmente podemos chegar à casa dele antes que a hora do rush da manhã comece... quase certamente antes que ele saia para o trabalho."

Ela assentiu e pegou seu café, já se dirigindo para a porta. "O que ele faz afinal? Nós sabemos?"

"Ele é proprietário de uma pequena empresa de paisagismo. Ele só faz isso em meio horário, pelo o que eu posso dizer. Ele está escrevendo um livro paralelamente."

"Sobre o quê?" ela perguntou.

"Misticismo da Nova Era e seus efeitos nas religiões ocidentais."

"Talvez esse seja um vislumbre daquele passado obscuro que Coyle estava insinuando," sugeriu Mackenzie. Quando as palavras saíram da boca dela, alguma coisa sobre elas parecia correta.

Talvez seja isso, ela pensou. Talvez foi apenas ser revigorada pelo banho, mas a mente dele estava mais clara, sua esperança em progredir no caso mais acesa. Talvez essa seja a pista que nós estávamos procurando.

Com café nas mãos e uma motivação restaurada a empurrando para frente, ela saiu pela porta atrás de Ellington para uma manhã que ela esperava que finalmente rendesse alguns resultados.

 

***

 

Eles fizeram um tempo muito bom, mas quase não pegaram Colton McDaniel antes que ele saíssem para o trabalho. Ele morava em uma respeitável subdivisão a vinte minutos do Capitólio. Era uma casa pitoresca com um jardim bem cuidado, o resultado de sua profissão. Quando Ellington estacionou o carro em frente à casa dele, McDaniel estava carregando uma roçadeira na traseira da pequena caminhonete com um adesivo na lateral no qual se lia McDaniel Paisagismo.

Colton McDaniel aparentava ter quarenta e cinco anos de idade ou próximo. Ele estava levemente acima do peso e tinha bochechas gordinhas que, uma década atrás ou mais cedo, devem tê-lo feito parecer mais novo do que realmente era. Agora, porém, elas pareciam indicar mais peso vindo a medida que a idade chegava.

No momento que McDaniel os viu sair do carro, ele soltou um palavrão. Então ele bateu a porta da traseira da caminhonete e virou os olhos.

"FBI?" ele disse.

"Sim," disse Ellington. "Agentes Ellington e White. Você parece aborrecido, senhor. E não muito surpreso em nos ver."

McDaniel deu de ombros. "Eu recebi uma chamada há cerca de vinte minutos. Eu sei sobre Wade. Então mais ou menos cinco minutos atrás, eu recebi outra ligação. De um programa de notícias, perguntando se eu tinha algo a dizer."

Cara, eles estão andando depressa, pensou Mackenzie.

"E você sabe dos três outros líderes religiosos que estiveram nas notícias pela última semana e meia ou por aí?"

"Tenho. Ninguém vai sair e admiti-lo, mas há uma onde de absoluto medo correndo pela comunidade religiosa dessa cidade nesse momento. Então sim... eu sei."

"Eu suponho que não precisa ser dito que nós gostaríamos de fazer algumas perguntas para você," disse Mackenzie.

"Eu imaginei que sim. Embora eu não saiba como eu possa ajudá-los. A não ser que vocês estejam aqui para ver se a nossa pequena altercação em frente a casa dele tenha me deixado tão irado que eu decidi matá-lo. Se esse é o porquê de estarem aqui, eu posso ajudá-los. Eu não o fiz."

"Conte-nos sobre aquela altercação em frente a casa dele," disse Mackenzie.

"Foi estúpido da minha parte. Mas... eu trabalhei duro para chegar onde eu estava. Eu devotei meu tempo e coração a Deus. Eu estava animado. Eu senti que finalmente estava atingindo o propósito da minha vida-trabalhar em direção aos erros que eu cometi no passado. E, então, Coyle e quem mais toma as decisões para a São Pedro ficou amedrontado e fechou a porta na minha cara. É mais que rejeição. Permeia desmoralização. Então eu fui até a casa dele para demonstrar meus sentimentos. Acabamos no jardim da frente, porque ele não me convidou para entrar. E as coisas esquentaram."

"O que você fez no seu passado que era tão ruim que você decidiu devotar sua vida para a igreja?" perguntou Mackenzie.

"Eu era grande em ensinamentos da Nova Era," ele disse. "Por um tempo, eu até passei pela Wicca. Eu era um jovem homem perdido, procurando por respostas em qualquer lugar além do catolicismo ao qual meus pais me acorrentaram pela minha infância.

"E isso incomodou Coyle?"

"Não. Não de cara. Eu vinha trabalhando em um livro sobre isso. Sobre como o influxo das baboseiras da Nova Era é mais danoso para o cristianismo do que nós achamos. Eu venho vasculhando o campo e finalmente consegui um agente. O agente me conseguiu um acordo para um livro bem rápido e eu acho que isso foi o que assustou Wade. Pensar que um homem dentro da sua igreja seria associado com um livro cheio de tópicos controversos, mesmo que fosse tudo para promover a glória de Deus. Isso o assustou e eles me cortaram."

"Você tem intenção de buscar uma posição como diácono em outro lugar?" perguntou Mackenzie. Ela se sentiu um pouco tola, não sabendo exatamente como o processo funcionava.

"Não sei," disse McDaniel. "Se eu já tive repórteres me ligando a respeito da morte dele, eu não vejo meu nome sendo mantido em um bom ângulo mais. Isso tem o potencial para me arruinar."

Ele está muito preocupado com a ligação dos repórteres, ela pensou. Ele está mais preocupado com os repórteres e com a imprensa do que com o fato que o FBI tenha surgido na casa dele.

Ela estava bem certa que as coisas iriam ser verificadas, mas ela perguntou de qualquer forma: "Sr. McDaniel, onde você estava na noite passada?"

"Até mais ou menos meia noite, eu estava na garagem arrumando essa roçadeira," ele disse, apontando um polegar para a traseira da caminhonete. "Depois disso eu fui para cama. Meu filho pode atestá-los disso, porque ele estava sendo gatuno tentando jogar o Xbox depois da meia noite. Eu gritei um pouco com ele por isso."

"E ele está lá dentro?"

"Não. Ele pegou o ônibus para a escola uns dez minutos antes de vocês chegarem aqui."

Não que isso importe, pensou Mackenzie. Ele não é o cara.

"Obrigada pelo seu t-" ela começou, mas foi interrompida pelo toque do seu celular.

Ela viu o nome e número de Harrison aparecerem, então pediu licença se virando e dando um passo em direção ao carro.

"Ei, Harrison, o que foi?"

"Seja lá onde você e Ellington estiverem, deem a volta e venham para a delegacia de polícia do Terceiro Distrito."

"Por quê? O que aconteceu?"

"Alguns nesse caso poderiam dizer um milagre," brincou Harrison. "Temos o cara. Temos o assassino."


CAPÍTULO VINTE E QUATRO

 

Havia dois policiais esperando por eles quando eles chegaram e Mackenzie podia dizer de cara que eles estavam tão confusos quanto ela. Contundo, eles pareceram levemente aliviados quando ela e Ellington saíram do carro.

"Que diabos está acontecendo?" perguntou Mackenzie ao policial que estava flanqueando-os pela esquerda.

"Um cara chegou essa manhã e confessou tudo."

"Há alguma evidência contra ele?"

"Ele sabe mais do que deveria sobre as cenas do crime," disse o policial. "Honestamente, eu não sei muita coisa. Há apenas alguns policiais e um detetive nisso. Dois dos seus agentes apareceram vinte minutos atrás mais ou menos."

Os policiais os escoltaram até a sede do Terceiro Distrito e então se moveram rapidamente. Eles caminharam por uma pequena área de escritório e então por um corredor. No fim do corredor, várias pessoas estavam reunidas. Duas delas estavam em denunciantes ternos do FBI: Harrison e Yardley.

Os dois policiais que os acompanharam deram a ambos um breve aceno e então se apressaram de volta pelo corredor em direção à área de escritório. Eles estavam aparentemente muito ansiosos para ficar o mais longe possível dessa cena o quanto antes. Mackenzie e Ellington procederam em direção ao pequeno grupo de pessoas no fim do corredor. Além deles, havia uma virada para esquerda.

As salas de interrogatório, assumiu Mackenzie.

"O que sabemos sobre ele?" Mackenzie perguntou a Yardley ao se juntarem aos outros dois agentes.

"Ainda estamos acompanhando. Estamos recebendo atualizações tão rapidamente quanto o FBI pode enviá-las. Os policiais aqui estão fazendo o melhor que podem para ajudar com os registros públicos. Mas por agora, sabemos isso: às sete e quarenta e cinco desta manhã, Joseph Simmons entrou pelas portas da frente aqui e começou a gritar que precisava ser punido. Ela não podia mais aguentar. Alguém tentou chegar e acalmá-lo-uma mulher que acabara de pegar serviço-e ele deu-lhe um soco na mandíbula. Ele tem estado em custódia há cerca de uma hora agora e ele parece conhecer terrivelmente bem os casos dos padres. E eu odeio dizer, mas ele só... eu não sei. Ele parece doido."

"Você conversou pessoalmente com ele?" perguntou Mackenzie.

"Por cerca de três minutos. Mas então meu telefone começou a explodir com informações do FBI sobre ele, então eu me retirei. Por falar nisso, tudo que eu recebi, eu encaminhei para o seu e-mail."

Obrigada," disse Mackenzie. Ela deu um pequeno passo para longe do grupo reunido e seus murmúrios de conversa. Puxou o e-mail e viu os dois e-mails que ela vieram de Yardley na última meia hora e os leu. Pouco a pouco, parecia que as coisas estavam começando a cair no lugar. A maneira que eles pegaram o assassino pode ter sido anticlimática, mas pelo menos pareciam tê-lo agora...de uma maneira ou de outra.

Ela leu os PDFs que o FBI havia enviado e rapidamente teve uma clara imagem de Joseph Simmons. Um fugido assumido aos quinze anos, ele viveu nas ruas de Richmond, Virgínia, até a idade de vinte e um. Fazendo alguns serviços manuais em fazendas e construções por alguns anos, ele conseguiu juntar dinheiro o suficiente para se sustentar, eventualmente aterrissando em um emprego fixo na Target em Richmond. Aos vinte e oito, ele se mudou para DC, onde se tornou um trainee em segurança de sistemas e, então, gerente assistente em um depósito de embalagens. Era uma ótima história de dar a volta por cima na vida... se não fosse o fato que Simmons pareceu sair um pouco dos trilhos três anos atrás.

Ele foi preso há três anos fora de um bar por bater em uma mulher. Então ele acertou o namorado dela com um tijolo, quase o hospitalizando. Ele cumpriu um breve período pela investida e quando foi solto, foi preso por uma sequência de assaltos relâmpago na área de DC. Ele foi eventualmente liberado quando o suspeito de verdade foi encontrado. Mas nos dois anos que se passaram desde então, Simmons veio à frente para confessar dois outros crimes. Um foi por roubar um carro e agredir uma prostituta depois que os serviços dela haviam sido prestados.

Pelo o que ele foi culpado.

Mas quando ele se pronunciou para confessar o assassinato de um jurado durante um drama de corte de grande importância no ano passado, ele era claramente inocente. Ele foi liberado e enviado para um psiquiatra.

E agora, aqui ele está novamente. Foi estranho e não fazia sentido. Em outras palavras, parece encaixar perfeitamente nesse caso.

"O que você acha?" perguntou Harrison.

"Eu acho que pelo menos vale o tiro. O seu hábito incansável de confessar crimes é um comportamento em busca de atenção-especialmente um muito sério que ele não cometeu. Se ele está assim tão desesperado por atenção, não há como dizer do que ele é capaz."

Além dela, Ellington, Yardley e Harrison, haviam dois policiais e um detetive comum no corredor, todos discutindo o que havia acontecido esta manhã. Um dos policiais estava rindo de leve, mas o detetive parecia sério.

"Quem está no comendo aqui?" ela perguntou.

"Vocês," o policial que não esteve rindo disse. "Um grande alívio, pelo que me toca. Só nos digam se precisarem de alguma coisa."

Mackenzie assentiu e se dirigiu para o fim da ramificação do corredor à esquerda. Havia três salas ao longo desse corredor, a última das quais era uma sala de interrogatório; a que ficava ao lado desta era a sala de observação, de onde ela assumiu que os policiais, o detetive e seus colegas agentes iriam observá-la.

Ela entrou na sala de interrogatório e encontrou Joseph Simmons encarando-a. A postura dele se congelou por um momento. Por uma fração de segundo, ela viu Gabriel Hambry sentado ali com um buraco em sua cabeça e um cartão de visitas afixado em sua camisa.

Ela expulsou o pensamento, pegando o olhar de Simmons. Ele não parecia nervoso ou fora de si. Ele parecia quase expectante, como uma criança que ficou sentada para o bolo de aniversário, sabendo que o momento de soprar as velas estava se aproximando rapidamente.

Ele quer atenção, ela pensou. E se ele for o assassino, provavelmente vai se fechar em sua concha e ficar difícil se ele não conseguir. Preciso agir como se eu estivesse impressionada-e talvez até mesmo derrotada por ele ter vindo a nós ao invés de termos o capturado.

"Então, me diga," ela disse, fingindo vergonha. "Por que agora?" Por que você está vindo até nós agora?"

"Porque meu trabalho está terminado," disse Simmons.

"Quatro vítimas," ela disse, certificando-se de manter sua voz no volume e tom de derrota. "Por que quatro?"

"Não sei. Foi o que me foi dito."

"Dito por quem?"

Simmons inclinou a cabeça para um lado e para o outro e mordeu seu lábio inferior. Eventualmente, ele deu de ombros e respondeu: "Porque foi o que eles disseram. As vozes."

"E o que mais as vozes lhe dizem?" perguntou Mackenzie.

"Ah, eu não posso contar isso para você. Elas ficariam muito irritadas. Além disso, eu tive que me entregar. Vamos encarar isso... vocês nunca iriam me pegar."

"Ah, eventualmente iríamos," ela disse, fazendo seu melhor para perecer superfrustrada Ela sabia que ela não era muito uma atriz, mas também sabia que Simmons não repararia... conquanto ela alimentasse o ego dele..

"Certeza que sim," ele disse. Então, ele deixou sair uma risada áspera que soou quase tão ensaiada como a derrota de Mackenzie.

"Eu tenho que saber," disse Mackenzie, sentando do outro lado da pequena mesa. "Com Coyle, como você levantou aquela cruz? Deve ter pesado uma tonelada."

"Bem, as vigas vieram do porão da igreja. São suportes usados algumas vezes no ministério das crianças. Um deles tem até um parafuso no meio do caminho de quando foi usada para um projeto de construção temporária ou algo do tipo. Eu arrastei as tábuas para fora da entrada do porão. Eu levantei uma contra a parede de trás enquanto eu pregava as mãos de Coyle na outra. Colocá-lo para cima foi uma proeza, mas consegui terminar."

"Sozinho?"

"Sim," ele disse convencido como sempre.

"O que você tinha contra esses homens?" perguntou Mackenzie.

"A mesma coisa que todos no mundo têm contra eles. A fé cega deles. A ignorância e a vontade deles em extraviar outros em direção aos seus deuses invisíveis. O ódio por homossexuais. A ganância deles. Os pecados que eles tentar encobrir como um gato cobrindo merda na caixinha de areia."

"Mas quatro eram suficientes?" perguntou Mackenzie. Ela estava bem certa de que se tentasse dar a volta, Simmons ficaria frustrado e seria mais fácil de tropeçar. Além disso, se ele fosse o assassino, a conversa solta, ao invés de um foco no trabalho dele o irritaria. "Há uma relevância especial para o número quatro?"

"Não," ele disse. "Eu apenas senti que meu trabalho estava feito. Eu lhe disse. As vozes disseram quatro. Então eu parei em quatro."

Ela assentiu, mas pensou que havia exposto a primeira falha dele. Para as questões básicas nas quais ele poderia se regozijar, ele fora em detalhes. Mas quando ela o perguntou por que ele havia parado, sua resposta foi vaga. Básica até. Vozes-uma resposta cliché e coxa.

"Bem, você fez a coisa certa hoje, Sr. Simmons," ela disse. "É claro, estou certo que você conhece seus direitos, então eu realmente preciso recitá-los para você?"

Um lampejo de hesitação passou pelo rosto dele. Foi tão rápido que Mackenzie mal notou. "Sim, eu sei."

"Eu imaginei," ela disse. "Digo, a coisa com o carro roubado e a prostituta vários anos atrás. E teve aquela outra, certo? Aquele outro assassinato que você confessou..."

"Aquela vadia estúpida do júri, você diz?"

"Sim," disse Mackenzie. "Mas você conseguiu escorregar para fora disso, né?"

E então, aqui estava novamente... uma rachadura na sua fachada. Ela não tinha certeza do que isso significava ainda, mas sabia com certeza que ele estava escondendo algo.

"Não, eu não escorreguei," ele disse. "Os tiras idiotas responsabilizaram outra pessoa. Eles me deixaram ir. E olha o que isso fez. Quatro padres mortos."

"Então isso foi algum tipo de ponto que você queria provar? Um sistema penal incompetente deixou você livre, então você teve que mostrá-los o grande erro que eles cometeram?"

"Não. Não foi um ponto. Mas talvez esses quatro padres mortos vão-"

"Bem, não são todos padres," destacou Mackenzie.

Simmons se ajeitou desconfortada mente na cadeira quando Mackenzie sentou para frente. Alguma coisa não estava certa aqui. Ela podia quase ver isso na sala. Estava escrito na cara dele e persistindo em quase tudo que ele disse. Sim... alguma coisa não estava certa e ela pretendia virar a mesa.

Ela deu-lhe um momento para responder e quando ele não o fez, ela continuou com as artimanhas.

"Sim, Coyle era um padre. Também o Padre Costas. Mas Woodall e Tuttle não eram. Woodall era um pastor e Tuttle era um reverendo. Não padres. Há uma grande diferença. Você sabia disso?"

"Não importa," disse Simmons. "Eles estão mortos agora. As vozes mentirosas deles estão permanentemente caladas."

"É verdade," disse Mackenzie. "Só mais uma pergunta. Você colocou as coisas para fora aos pés da cruz de Coyle, mas não dos outros. Por quê?"

"Apenas para ter uma diversão extra. Foi o que eles fizeram com Jesus, sabe? Até colocaram sacos para as roupas dele."

"Sim, eu sei. Mas por que as coisas estranhas que você deixou aos pés da cruz de Coyle? Qual o significado? Sua carteira, suas roupas e as jujubas."

Novamente, um leve lampejo de dúvida se exibiu no rosto dele. Mas ele cobriu com um sorriso.

Ela não queria deixar o momento escapar, então ela continuou colada.

"Jujubas," ela disse, como se as palavras fossem causassem ojeriza. "É como se você estivesse caçoando dele. Elas estavam no bolso dele na verdade?"

"Sim," disse Simmons. "Diabo, eu até comi algumas depois de ter montado o desgraçado."

Então, ela quase divertidamente correu os dedos pela superfície da mesa e ficou de pé. "Alguém virá pegar sua declaração em instantes," ela disse.

"O que você-"

Mas Mackenzie já estava para fora da porta e em direção onde Yardley, Harrison e Ellington esperavam.

"Aquilo foi rápido," disse Ellington.

"Ele fez, não fez?" perguntou Harrison.

"Não sei ainda," ela disse. Embora, honestamente, ela estava inclinada para não, absolutamente não. "Harrison, você pode fazer algumas ligações? Ver se a São Pedro tem algum registro de Joseph Simmons estar entre a congregação deles."

Então, ela foi até o detetive responsável. Ele parecia incerto enquanto ela o media, mas conseguiu encontrá-la com um sorriso.

"Eu poderia ter você e a polícia verificando algo para mim?" ela perguntou.

"Claro."

"Eu preciso ter um teste feito nas mãos dele. Ele alega ter arrastado aquelas tábuas para fora do porão da São Pedro. Mas suas mãos não exibem sinal de trabalho recente. Aquelas tábuas eram enormes. Haveria sinal, certo?"

"Possivelmente," disse o detetive. "Mas se ele estivesse usando luvas-"

"Então, se passaram menos de quatro horas desde que ele as removeu. Não haveria algum traço de evidência de que ele tenha calçado luvas?"

"Possivelmente. Mas para testes como esse, pode levar um dia ou dois para ter os resultados."

"Tudo bem. Você pode consegue organizar para que ele seja feito?"

"Absolutamente," disse o detetive, pegando seu celular instantaneamente.

Ellington se afastou de todos os outros e acenou para ela. Ela se juntou a ele e fez seu melhor para não ser distraída pelo sorriso manhoso que ela deu para ele-um sorriso que, se eles estivessem sozinhos, teria sido recompensado por um beijo demorado.

"Você não acha que é ele, acha?"

"Não. Ele não conseguiu responder perguntas básicas sobre o motivo e os detalhes internos. E até o fiz tropeçar por alguns dos fatos e estrutura das cenas de propósito. Porém, ainda não sei exatamente quais detalhes ele sabe sobre as cenas dos crimes."

"Você quer que eu tire alguns desses detalhes dele?"

"Sim, seria uma grande ajuda."

"O que você vai fazer enquanto isso?" ele perguntou.

"Vou imprimir esses arquivos sobre suas confissões passadas. Ele está procurando atenção confessando aqueles crimes terríveis. E no caso da prostituta e de roube de carro, ele pode ter realmente cometido o crime. Mas assassinato... é uma coisa diferente. Eu vou ver se consigo achar uma prova cabal."

"Uma prova cabal... para provar a inocência dele?"

Ela sorriu para ele enquanto se virava para encontrar um escritório vazio. "Acho que teremos que ver."

 

***

 

Embora houvesse uma ampla animação na delegacia do Terceiro Distrito, Mackenzie e Ellington retornaram para a sede do FBI logo antes das nove da manhã. Ellington havia fritado Simmons sobre seu conhecimento das cenas dos crimes e Mackenzie aproveitou desfrutou de bastante tempo para escavar os arquivos dele e alinhá-los com informação que ambos o detetive e Harrison havia consegui para ela.

Ela tinha todas as informações em frente a ela agora enquanto se sentava em frente a McGrath na pequena mesa de carvalho no fundo do seu escritório. Ellington sentava-se ao seu lado, inteiramente pronto para apoiar a informação reunida e as teorias dela.

"Então, quais são suas impressões sobre Simmons?" perguntou McGrath.

"Eu acho que é muito conveniente," disse Mackenzie. "Eu tive uma intuição na sala de interrogatório de que ele não era o nosso cara. E com informações que reunimos esta manhã-alguma das quais que chegaram a nós nos últimos cinco minutos ou por aí-eu posso dizer a você que eu não acho que Joseph Simmons seja nosso cara."

"Você não pode conseguir uma vitória fácil, pode, White?" disse McGrath.

"Siga-me aqui, senhor. Vamos começar com a história dele. Ele era um fugido. E mesmo se as coisas em casa fossem terríveis, psiquiatras acreditam que fugidos, no fundo, estão gritando por amor e atenção. Antes de hoje. Simmons havia confessado dois crimes horrendos. Em um desses crimes, o assassinato de uma jurada em um caso de oito anos atrás, ele era claramente inocente. Então, por que tentar se entregar por algo assim?

"A agressão à prostituta confere. Foi ele. Mas os detalhes do caso também indicam que ele era tímido. Ele a bateu bastante, mas de forma que garantiria que ele não iria matá-la. E agora, aqui ele está novamente, confessando a uma série de assassinatos que está começando a ter tempo no ar na TV. Então eu chamei o blefe dele. Se ele quer tempo de cadeia por algum motivo, ele pode recebê-lo por interferir nesse caso, mas com certeza não será por assassinato."

"E sobre os detalhes íntimos que ele sabia sobre as cenas dos crimes?" perguntou McGrath.

"Eu posso responder essa," disse Ellington. "O Agente Harrison recebeu confirmação de que aproximadamente seis meses atrás, Simmons frequentava a igreja de São Pedro. Ele não era regular de forma alguma e ele nunca realmente aderiu a igreja, mas as pessoas o viram por lá o suficiente para conhecer seu nome e serem amigáveis com ele. Ele até ajudou com uma escola de verão para crianças sobre a Bíblia há dois verões. Foi assim que ele sabia sobre as tábuas no porão, até mesmo os parafusos e sulcos no centro delas."

"E honestamente, a única outra cena da qual ele sabia alguma coisa era aquela na Palavra Viva. E por volta das duas da manhã, um artigo na CNN.com estava relatando algumas descrições muito bem detalhadas da cena que ainda não havia chegado a grande mídia ainda. Então se ele estava alerta estudando os casos, aí estava o bilhete premiado. Havia nada que ele soubesse sobre a cena da Palavra Viva que não estivesse nesse artigo recente da CNN."

"E então, tem uma última coisa," disse Mackenzie. "Quando eu estava falando com ele, eu intencionalmente tentei engalobá-lo jogando informações falsas. Eu perguntei Simmons o porquê de ele ter colocado as coisas no pé da cruz de Coyle. Eu listei estes itens como a carteira dele, as roupas dele, e as jujubas. Já que as jujubas eram um item nada a ver que ninguém iria pensar em inventar, Simmons entrou de cabeça. Fez piadas sobre jujubas e como ele até comeu uma enquanto colocava as coisas no pé da cruz."

"E era Lifesavers, né?" perguntou McGrath.

"Sim, senhor."

"Merda."

McGrath se recostou em sua cadeira, olhando para os documentos coletados sobre a mesa em frente a Mackenzie e Ellington.

"Aqui está o que vai acontecer," disse McGrath. "Vamos segurar Simmons pelo máximo de tempo. Isso vai calar a imprensa e acalmar alguns desses políticos e líderes religiosos nervosos. Nós não daremos um nome. Mas eu não posso manter isso por muito tempo. Então, isso significa que eu preciso de um suspeito de verdade. Então, me digam... o que vem a seguir?"

Mackenzie sabia o que viria em seguida, mas ela estava relutante em dizer qualquer coisa, porque ela não havia sequer discutido isso com Ellington ainda.

"Com sua permissão, senhor, eu vou para Alexandria essa noite."

"Eu lhe falei," disse McGrath. "Não se incomode com a minha permissão. Apenas vá lá fora e me ache esse maldito sujeito. O que há lá em Alexandria, porém?"

"Um grupo de recuperação para pessoas que foram vítimas de abuso sexual. Pelo que me foi dito pelo Padre Ronald Mitchell, a vasta maioria do grupo se encontrando hoje a noite esteve envolvida em algum tipo de abuso pelas mãos de líderes de igreja. Eu acho que eu possa ser capaz de encontrar algum tipo de tópico recorrente nas histórias."

"Então vá indo," ele disse. "Mas eu preferiria que Ellington ficasse aqui e ajudasse Yardley e Harrison."

"Mais uma coisa," disse Mackenzie. "Eu preciso de uma lista de pessoas que o FBI confiou no passado por informação referente a religião ou estudos bíblicos."

"Eu enviarem para você em meia hora," disse McGrath. "Algo mais?"

Mackenzie não estava certa sobre como lidar com o fato de McGrath estar oferecendo a ela praticamente qualquer coisa. Ela sentiu que tudo o que ela precisasse naquele momento, ele teria certeza de conseguir para ela.

Havia apenas uma coisa em sua língua, uma coisa que implorava para pular para fora e ser falada, mas ela mordia de volta. Ainda, o pensamento ecoava como trovão em sua mente.

Quando esse caso estiver acabado, eu quero acesso irrestrito ao caso do meu pai.

Com esse desejo mudo, ela disse: "Não, senhor."

Com uma olhada final para Ellington, Mackenzie saiu do escritório com o sentimento esmagador de que ela estava correndo uma corrida que ela simplesmente não iria vencer.


CAPÍTULO VINTE E CINCO

 

 

Ela não chegou à reunião em Alexandria antes que esta começasse, então teve que entrar o mais discretamente possível. A reunião aconteceu em um pequeno centro comunitário no centro, o tipo de lugar que cheirava a café velho e poeira. Ela encontrou a sala no fim de um longo corredor e quando ela abriu a porta o mais silenciosamente que podia e entrou na sala, apenas algumas pessoas a notaram. Ela recebeu alguns olhares desagradáveis enquanto encontrava uma cadeira dobrável solitária no fundo na sala e se assentava.

Havia uma mulher sentada na cabeceira de um semicírculo de cadeiras-uma mulher chamada Barbara Francis. Mackenzie a ligou e conversou com ela no caminho para Alexandria. Barbara coordenava esses encontros e, embora ela mesma não tivesse história de abuso sexual pelas mãos da igreja, ela tinha uma carreira em serviço social e psiquiatria no campo de abuso sexual para fazer dela uma candidata capaz de liderar o grupo.

Porque ninguém fez um rebuliço ou perguntas quando ela entrou na sala, Mackenzie assumiu que Barbara já havia falado para os presentes que ela estaria passando para fazer uma visita. Mackenzie não poderia começar a imaginar como deveria ser a vida dessas pessoas, tendo sobrevivido por tal trauma. Ela fez seu melhor para permanecer atenta e quieta, escutando a cada pessoa que tirou tempo para compartilhar.

O que a impactou mais foi que não parecia havia limite de idade real para as vítimas. Havia uma garota com a mãe, a garota havia sido abusada em algum momento no ano passado aos treze anos. Havia um homem mais velho que acabara de celebrar seu sexagésimo aniversário, que fora molestado e abusado entre as idades de nove e vinte e cinco, avisado pelo padre que se ele contasse à família e causasse algum trauma para sua mãe e pai, certamente Deus se certificaria de mandá-lo para o inferno quando ele morresse.

Mackenzie foi poupada dos detalhes sórdidos das histórias, mas pegou vislumbres do sofrimento e tormenta que algumas dessas pessoas passaram. Havia quatorze delas no total e nenhum efeito parecia ser o mesmo. Para alguns era um medo diário de contato físico com qualquer pessoa, mesmo entes queridos. Para outros, eram pesadelos periódicos que permaneceriam com eles por dias. Mas por tudo isso, havia o senso de injustiça-de como os homens que abusaram deles havia sofrido alguma forma de punição, mas nada nem perto de se igualar a severidade dos seus crimes.

Ela não podia deixar de sentir um pouco voyeur enquanto se sentava no fundo da sala. Quase se sentia mal por estar ali e começou a cogitar se ir até lá tenha sido um erro.

A reunião acabou uma hora depois. Quando todos se levantaram dos assentos, Barbara assentiu em direção a Mackenzie.

"Eu tenho certeza que alguns de vocês repararam nosso visitante," disse Barbara. "E eu aprecio a permissão de vocês em deixá-la sentar-se conosco hoje. Essa é a Agente White do FBI. Atualmente, ela está trabalhando em um caso que envolve um sofrimento que a maioria de vocês passou. Ela tem algumas perguntas, então se vocês desejarem ajudar, seria apreciado."

Novamente, Mackenzie recebeu olhares irados. Estava claro que ninguém na sala confiava nela.

"Eu vou ser curta e grossa," ela disse. "Alguém aqui já teve algum tipo de relacionamento ou contato com o Padre Henry Costas da Igreja Católica Sagrado Coração em Washington, DC?"

Ela recebeu alguns olhares vazios e cabeças balançando. Duas pessoas haviam decidido que não ficariam para esse tipo de pergunta e passaram por ela, direto para fora da porta. Ela fez algumas outras perguntas, esperando ter algum tipo de pista. Mas, assumindo que os frequentadores estivessem sendo verdadeiros, ninguém nessa reunião já encontrou com qualquer uma das vítimas, nem ouviram falar de algum dos amigos ou entes queridos sendo abusados ou ameaçados pelas vítimas de qualquer maneira.

Quando ficou claro que essa reunião tinha, essencialmente, sido um beco sem saída, Mackenzie ficou calada novamente, esperando por um momento para falar com Barbara Francis.

Alguns dos presentes tiraram um momento para falar com Barbara depois. Outros saíram logo em seguido, como se não pudessem esperar para sair da sala e do lembrete forçado do que havia acontecido com eles. Alguns deles olharam para Mackenzie, claramente infelizes por ela ter ido até lá.

Mackenzie continuou esperando, desejando falar com Barbara Francis. Ela teve um entendimento muito melhor do que aquelas que sofreram nas mãos de líderes religiosos passavam, mas ela ainda tinha que encontrar alguma coisa nova que pudesse ajudá-la a revelar a identidade de um assassino. Ela percebeu que uma mulher com a experiência e formação de Barbara poderia auxiliá-la a encontrar algumas daquelas pessoas faltantes.

No fim, foi Barbara que foi até ela quando a sala estava quase vazia. E ela não foi sozinha. Havia uma mulher de cerca de trinta e cinco ou por aí ao lado dela. Ela era uma mulher naturalmente bonita, mas usava o cabelo para baixo por cima do rosto e andava como alguém que estava esperando cair em um buraco a qualquer momento. Ela também permaneceu muito próxima a Barbara Francis enquanto caminhavam até onde Mackenzie ainda estava sentava sentando-se na parede ao fundo.

"Agente White," disse Barbara." Antes de tudo, obrigada por não ter sido uma distração durante a reunião."

"Claro," disse Mackenzie. "Obrigada por me permitir comparecer e fazer minhas perguntas. Eu sei que é um tópico que as pessoas que se reúnem aqui mantêm como um assunto muito particular."

"Mantém," disse Barbara. "Mas, sem dá-los qualquer detalhe sobre seu caso, eu fui capaz de repassá-los que você estava aqui para ajudar-que você estava aqui trabalhando para ajudar os outros. Com tudo isso dito, eu acho que alguns ainda estão muito fechados e defensivos quando se trata de compartilhar as histórias deles com pessoas que eles não conhecem. Tudo isso à parte, porém... eu gostaria que você conhecesse Lindsay."

A mulher com aparência assustada assentiu para ela. Ela olhou para Mackenzie por um momento, contudo, antes que seus olhos retornassem para Barbara.

"Lindsay me deu permissão para dizê-la o porquê de ela estar aqui. Ela ainda não é capaz de fazê-lo por conta própria ainda. Lindsay, você tem certeza de que não gostaria de tentar colocar isso para fora?"

"Tenho certeza," disse Lindsay discretamente. "Mas você pode ir em frente."

"O filho de Lindsay foi abusado por um pregador que sua família frequentou por toda a vida," disse Barbara. "Na época da mãe e do pai de Lindsay, sua família sempre compareceu à essa igreja e via o pregador como um homem que eles amavam e confiavam. Um homem que nunca machucaria ele ou qualquer outra pessoa."

"Então você pode imaginar a surpresa dela quando seu filho de treze anos chegou até ela com uma confissão: que o pregador de setenta e dois anos se envolveu em alguns atos bem explícitos e pornográficos com ele. Foi desmoralizante e-"

"Isso está muito leve," disse Lindsay, aparentemente decidindo que Barbara estava sendo muito leniente. "O bastardo fez meu filho... ele fez meu filho fazer sexo oral nele. E ele filmou."

Lindsay soava como se pudesse engasgar nas palavras enquanto elas saíam. Barbara assentiu, colocando um braço ao redor de Lindsay. Mackenzie podia perceber que Lindsay queria chorar, mas parecia quase incapaz de fazê-lo.

"Então, quando o filho dela veio até ela com essa história," Barbara continuou, "Lindsay e o marido dela o repreenderam, assumindo que ele estava inventando. Quando ele se tornou insistente e recusou-se em ir à igreja, eles o colocaram de castigo. Depois daquilo, o filho deles ficou distante e começou a se rebelar. Começava briga com os amigos. Até mesmo deu um murro no pai dele. E, então, seis meses atrás, ele cometeu suicídio. Não foi até aí que Lindsay e seu marido levaram a história do filho a sério. Eles foram até a polícia e depois de uma breve investigação, descobriram mais de vinte vídeos gravados em um HD portátil. O pregador havia feito coisas similares com pelo menos mais oito crianças. Havia também Polaroides no armário dele, tiradas de pré-adolescentes e crianças desde o início dos anos oitenta."

Mackenzie se sentiu enjoada. E ela podia dizer pelo olhar no rosto de Barbara que a história não havia terminado.

"O suicídio foi demais para a família," continuou Barbara. "O marido de Lindsay a deixou logo depois. O pregador está na cadeia e muitos da congregação culpam Lindsay e a família dela."

"Por quê?" ela perguntou.

"Porque ele era amado," cuspiu Lindsay. "A evidência está aí e eles a enxergam, mas se recusam a acreditar. Ele até enviou uma pedido de desculpas para a igreja, que um dos diáconos leu em voz alta durante um culto."

"Agente White," disse Barbara, "você me daria licença por um momento?"

"Claro."

Barbara levou Lindsay para longe lentamente, fora da sala para corredor que Mackenzie desceu há cerca de uma hora. Mackenzie caminhou para o centro da sala, precisando caminhar, precisando expelir um pouco da sua energia nervosa. Ela não estava certa de que alguma vez se sentiu tão chocada por um caso antes. A história de Lindsay tornou isso significativamente pior e fez Mackenzie se sentir quase impotente.

Todas essas histórias de abuso só me levaram mais fundo na corrupção e pecados escondidos dentro das organizações de igrejas, ela pensou. No fim, não há nem garantia de que isso vai me ajudar a encontrar o assassino.

Ela se sentou em uma das cadeiras, sentindo-se cansada e fraca.

E com raiva.

Alguns momentos depois, Barbara retornou à sala. Ela estava sozinha desta vez ao se sentar ao lado de Mackenzie.

"Você encontrou o que estava procurando?" perguntou Barbara.

"Eu não sei ainda."

"Bem, durante toda a reunião, eu tive esse pensamento no fundo da mente," disse Barbara. "Depois que eu conversei com você sobre se juntar a nós hoje, a história de Lindsay veio a minha mente e ficou por ali bem firme. E não somete por causa da severidade da história, embora seja uma bem trágica."

"Sim, eu que o diga."

"Eu levei Lindsay para fora, porque a última parte da história é, por alguma razão, a mais difícil para ela ouvir. Mas eu acho que você precisa escutá-la. Se você está procurando por alguém que está matando líderes religiosos de todas as denominações, eu acho que isso pode se encaixar."

"Como?" perguntou Mackenzie.

"Lindsay mencionou uma carta que o pregador escreveu. Um dos diáconos a leu em voz alta para a congregação no domingo depois de o pregador ter ido para prisão. Era uma carta curta, mas havia um comentário nela sobre o qual nunca me senti bem. Parecia... eu não sei. Estranho, eu acho."

"Como você o ouviu?" perguntou Mackenzie.

"Ah, não ouvi. Mas alguém na igreja gravou no celular. Enviaram-me uma cópia quando em comecei a ter encontros semanais com Lindsay. A carta toda fala sobre pecados da carne e arrependimento e pecados. Mas perto do final, ele faz o comentário acerca de como ele estava glorificando as coisas erradas. Ele disse, palavra por palavra, eu perdi meu amor por Jesus em algum ponto e comecei a procurar outra coisa. Essas pobres crianças se tornaram meu Jesus e eu as glorificava. E, como alerta a Bíblia, quando colocamos qualquer coisa acima do nosso Senhor, o resultado é o pecado."

"Então... ele era o quê?" perguntou Mackenzie. "Sexualmente abusando deles porque ele os odiava? Porque eles estavam tomando o lugar de Deus para ele?"

"Talvez," disse Barbara. "Há tanto para descobrir aqui. O homem é, claramente, instável mentalmente. Mas, sim... no que me diz respeito, ele estava projetando abuso nessas crianças como uma forma de um tipo de adoração distorcida. Eu vi alguns trechos das histórias dos noticiários sobre o caso no qual você está trabalhando e aquela carta do pregador me veio a mente algumas vezes. Especialmente pelo trecho que eu acabei de citar para você."

Mackenzie ainda se sentia doente além da compreensão, mas a teoria fazia certo sentido.

"Deixe-me perguntá-la," disse Mackenzie. "As pessoas com as quais você trabalha chegam a conseguir superar o abuso algum dia?"

"Algumas sim," ela disse. "Depende da personalidade daqueles abusados e, é claro, da extensão do abuso. Eu entendo que você nunca lidou com um caso nessa rena?"

"Não nessa extensão, não."

Barbara assentiu solenemente. "Uma palavra de aviso," ela disse. "Não deixe atingi-la. Antes que você perceba, você pode ficar toda enrolada nisso. As histórias são de partir o coração. E o fato de que você não pode consertá-las... isso te arrasa."

Mackenzie pensou que ela já estava sentindo um gosto disso, mas disse nada. Certamente, seus poucos dias de ouvir algumas histórias eram nada em comparação ao que Barbara havia visto e escutado.

"Obrigada novamente pela sua boa vontade em me deixar vir," disse Mackenzie.

"Claro," disse Barbara. "Eu espero que tenha ajudado."

Ela pensou sobre a frase da carta do pregador que Barbara havia acabado de citar e começou a desmembrá-la.

Essas pobres crianças se tornaram meu Jesus e eu as glorificava. E, como alerta a Bíblia, quando colocamos qualquer coisa acima do nosso Senhor, o resultado é o pecado.

"Sabe," ela disse. "Eu acho que me ajudou mais do que eu achava que iria."

Ele não é uma vítima, ela pensou. E se ele não está mirando esses líderes por vingança ou ódio? E se ele os ama? E se ele está glorificando-os através dessas crucificações falsas? E se ele acha que eles merecem a mesma morte de Cristo como uma maneira de louvá-los e adorá-los?

"Muito obrigada pelo seu tempo," disse Mackenzie.

Ela então girou nos calcanhares e saiu pela porta. No caminho para seu carro, ela pegou um e-mail que Harrison havia enviado para ela mais cedo no dia, logo antes de ela sair de Washington. O e-mail era breve e direto ao ponto: apenas um nome e número de telefone.

A informação de contato para o especialista na Bíblia que ela havia requisitado.

Ela fez a ligação antes mesmo de voltar para trás do volante do carro, enquanto o senso de urgência começava a inundar seu coração, substituindo o enjoo sombrio que ela sentira há apenas alguns momentos.


CAPÍTULO VINTE E SEIS

 

Ela estava de volta a DC um pouco depois das oito horas. Ela saiu da via expressa e ultrapassou tanto a sede do FBI quanto do seu apartamento. No lugar, ela se foi em direção a Park View, onde ela havia organizado sua próxima reunião imediatamente depois de deixar Barbara Francis em Alexandria. Ela se permitiu tempo suficiente para pegar um lanche rápido no drive-thru antes de ir a uma pequena igreja, da qual ela nunca ouvira falar antes.

Ela estacionou em frente a Igreja de Cristo Park View e foi direto para às portas que apreciam antigas. Igreja de Cristo Park View não tinha o brilho e glamour de uma Sagrado Coração ou Palavra Viva ou até mesmo São Pedro. Era uma simples igreja de um andar que tinha o tamanho parecido com uma casa modesta. Parecia que havia sido construída nos anos quarenta ou cinquenta, completa com um campanário e um sino de verdade no topo.

Ela encontrou a porta da frente destrancada, como lhe fora dito que estaria. Ela entrou por um pequeno vestíbulo e em um santuário pitoresco. Mais ou menos cinquenta bancos cobriam o chão e janelas de vitrais ornadas, mas agradavelmente pintadas, situavam-se pelas paredes. Na melhor das hipóteses, Mackenzie assumiu que o lugar poderia comportar não mais que trezentas pessoas em um dado domingo.

Na frente da sala, um cavalheiro mais velho estava polindo meticulosamente a tampo de um velho piano de cauda. Ela olhou para cima assim que ela desceu pelo corredor central que corria entre os bancos e deu a ela um pequeno aceno. Ele repousou o pano no banco do piano e a encontrou na metade do caminho pelo corredor.

"Agente White?" perguntou o homem.

"Sim. E você é Benjamin Holland?"

"Sou! Prazer em conhecê-la."

Eles apertaram as mãos e Mackenzie percebeu que gostou de Benjamin de imediato. Ela sabia muito pouco sobre ele-apenas que o FBI havia confiado nele duas vezes nos últimos dez anos quando eles precisaram de alguém para decifras as dicas que acreditavam ser bíblicas por natureza. Benjamin Holland passou em ambas as instâncias, dando-lhes informação suficiente para capturar um suspeito em um dos casos e provando que não havia qualquer coisa bíblica sobre certas dicas na outra instância.

"Então, diga-me como posso ajudar," disse Benjamin. "Eu estive seguindo a história nos noticiários e estou bem chateado. Eu conhecia todos aqueles homens; Reverendo Tuttle e eu tínhamos o hábito de pegar café da manhã juntos quase todas as manhãs de quinta pela maior parte de três anos não há muito tempo."

"Bem, para início de conversa, eu estava me perguntando o que você poderia ser capaz de me dizer sobre alguma instância de assassinato na Bíblia que foi feita com propósito de glorificação."

Benjamin pensou por um momento antes de começar a andar até a frente do santuário. "Venha comigo por um momento, se você não se importa," ele disse. "Eu vou mostrar a você porque eu pedi a você para me encontrar aqui."

Achando que essa havia sido uma resposta estranha para sua pergunta, Mackenzie seguiu junto de qualquer forma. Ele a levou através de uma porta na frente do santuário que levava a uma pequena sala atrás do mesmo. Algumas cadeiras de dobrar encostadas contra a parede indicavam que era algum tipo de local de reunião-talvez um lugar para jantares onde cada um trás seu prato ou reuniões de orações.

Outra porta aguardava atrás dessa sala. Benjamin a abriu e entrou, ligando o interruptor da luz ao entrar. Mackenzie se viu entrando em uma sala onde cada parede era uma estante de livros. E cada prateleira parecia estar completamente cheia. No centro da sala havia um único sofá e uma mesa de centro riscada. Uma bíblia repousava sobre a mesa de centro, aberta em uma passagem de Lucas.

"Essa é a minha sala favorita em toda Washington," disse Benjamin orgulhoso. "Não é minha, mas eu e três ou quatro outros líderes chamamos de nossa. Quase todas as respostas que eu precisaria sobre a vida-espirituais ou não-podem ser encontradas aqui. Sente-se, por favor."

Mackenzie sentou-se no sofá, olhando ao redor. Ela não podia sequer se aventurar em um chute sobre quantos livros havia na sala. Ela viu Bíblias em diferentes traduções e versões. Ela viu devocionais enormes, memoriais e livros de consulta e muito mais.

"Agora," disse Benjamin, de pé ao lado de uma prateleira a sua esquerda. "A respeito à sua pergunta sobre assassinato como meio de glorificar Deus. Pode ser respondida de algumas formas diferentes. Na verdade, tudo depende de quem está perguntando. Veja, se você está perguntando na perspectiva de alguém que está profundamente enraizado na religião ditada por leis do Velho Testamento, eu posso lhe dar vários exemplos. Mas se você está mais interessada nos ensinamentos e exemplos de Cristo, então fica muito mais difícil de responder."

"Mas é o mesmo livro, certo?" perguntou Mackenzie. Ela não gostava de se sentir estúpida, mas sua falta de conhecimento em ensinamentos bíblicos estava bem evidente naquele momento.

"É," disse Benjamin. "Mas você vê, se você está mais inclinada em direção a Cristo, então você deve entender que sua crucificação foi a resposta a todas aquelas oferendas queimadas e gado morto nos altares de ritual do Velho Testamento. O Velho Testamento está repleto de assassinatos, alguns até mesmo ordenados pelo próprio Deus. Então, sim... muitos dos assassinatos aí foram feitos em reverência a Deus. O apedrejamento de mulheres, a matança dos primogênitos e por aí vai. Mas, então, Cristo aparece morre pelos pecados da humanidade. Ele é o sacrifício final de um Deus amoroso."

"Eu vejo," disse Mackenzie, embora ela ainda estivesse penando com isso. "E dado que o assassino está usando crucificação como uma coisa simbólica, eu estou assumindo que ele é mais centrado nos ensinamentos de Cristo do que na lei do Velho Testamento. Concorda?"

"Sim. Eu acho ainda mais pertinente que ele não esteja distorcendo a crucificação. Normalmente, quando você vê a cruz de Cristo retratada em crimes de ódio, elas estão invertidas ou de cabeça para baixo-quase como uma zombaria. Mas esse cara está seguindo a verdadeira forma do Novo Testamento."

"Havia mais alguém na Bíblia que foi crucificado?"

"Bem, era uma punição comum que os romanos realizavam, mas nós só vemos uma em grande detalhe na história de Cristo. Valeria a pena salientar que quando o apostolo Pedro foi crucificado sob o Imperador César ele pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, porque ele não se via digno de ser torturado da mesma maneira que Cristo foi."

Então talvez esse cara esteja glorificando aqueles que ele mata, pensou Mackenzie. Talvez ele esteja mostrando-lhes o mesmo respeito e reverência que a Jesus Cristo.

"Outra coisa que eu gostaria de perguntar para você," disse Mackenzie. "E eu sei que é pedir demais, mas certamente vale tentar." Ela tirou o celular e mostrou um mapa da área de DC. Nela, ela já havia marcado previamente as coordenadas que cada assassinato havia acontecido, destacado por um pequeno marcador vermelho.

"Esses foram os locais onde todas as mortes ocorreram," ela disse. "Você pode olhar para eles e me dizer se pode haver algum tipo de significado bíblico ou padrão?"

Benjamin estudou o mapa de perto, tirando um par de óculos do bolso da sua camisa e os colocando na cabeça. "O primeiro homicídio foi aqui, na Sagrado Coração, correto?" ele perguntou.

"Sim. Padre Costas."

Benjamin traçou as rotas entre os marcadores no mapa com o dedo. "Certamente não há um padrão óbvio aqui," ele disse. "Porém, se esse homem está extraindo com tanta força da narrativa de Jesus, eu não posso deixar de imaginar..."

Com isso, ele deu o telefone de volta para ela e andou até uma das estantes de livro. Ele escaneou alguns títulos antes de selecionar um e retirá-lo. Era uma brochura com algum desgaste e rasgos, um volume fina que ele trouxe de volta ao sofá.

"Há esse tipo de trilha que alguns estudiosos e gananciosas armadilhas de turismo em Israel se referem como a Trilha de Jesus," ele disse. Ele virou algumas páginas do livro, parando em um ponto um pouco depois da metade. "Bem aqui", disse ele, apontando para ele.

"Sinto muito," disse ela. "Eu não sou exatamente bem versada em religião ou em grande parte da Bíblia. Você pode me explicar o que estou olhando?"

"Certamente. Veja, há uma faixa de terra em Israel que se acredita ser a principal via que Jesus Cristo viajou enquanto ensinava. A chamada Trilha de Jesus começa em Nazaré e termina em Cafarnaum. Como você vê aqui," ele disse, tocando um mapa na página que ele havia passado, "o Mar da Galileia banha uma parte dele."

"E essa trilha é bem conhecida?"

"Para alguns," disse Benjamin. "Pessoas que fazer o tour bíblico em Israel, normalmente vão vê-la. Tem cerca de sessenta quilômetros e está salpicada com alguns lugares importantes em termos da vida de Jesus."

"Então, por que termina no Cafarnaum?" perguntou Mackenzie.

"Há uma passagem no Livro de Marcos que diz, Alguns dias depois, Jesus voltou para a cidade de Cafarnaum, e logo se espalhou a notícia de que ele estava em casa. Baseado na escritura, muitos acreditam que o Cafarnaum era essencialmente um tipo de base doméstica para seus ensinamentos."

"E por que você está me mostrando isso?"

"Bem, é a única trilha notável que nós sabemos com certeza que Jesus caminhou," ele disse. "E agora que eu estou vendo a Trilha de Jesus e o caminho que esse assassino parece estar..."

Ele entregou o livro para Mackenzie, para permiti-la julgar por si própria. Ela colocou seu celular sobre a página oposta da Trilha de Jesus. Ela estudou o mapa da Trilha de Jesus primeiro-uma linha que começava ao norte e deslocava levemente para o sul ao se estender de Nazaré, passando por Caná e Bete Arabá, chegando a um fim em Cafarnaum.

Havia numerosos pontos de interesse ao logo da Trilha de Jesus, mas apenas quatro locais de assassinato ao longo do caminho do assassino, Sagrado Coração, Pedra Angular, Palavra Viva e São Pedro. Ela usou seu rastreamento de GPS para fornecer um caminho exato entre os pontos que ela tinha marcado no mapa e quase foi ao chão pelo que ela viu.

No início da Trilha de Jesus, havia uma forma de 'U' invertido pelo caminho, conectando Nazaré a uma cidade chamada Mashhad. No mapa dos locais dos assassinatos, a rota entre a Sagrado Coração e Pedra Angular batia com a forma da trilha quase perfeitamente. Então, da Pedra Angular para a Sagrado Coração, havia uma ligeira inclinação para o noroeste-a mesma que a Trilha de Jesus entre Caná e Lavi.

É isso, ela pensou enquanto seguia a linha digital entre a Palavra Viva e a São Pedro. Ah, meu Deus...

E como ela tinha assumido, a linha um pouco irregular e tortuosa que continuava na Trilha de Jesus indo na mesma direção.

Ela verificou novamente antes de ficar muito anima, mas ela sabia que era isso antes de terminar.

Sagrado Coração e Nazaré se alinham.

Pedra Angular e Mashhad se alinham quase perfeitamente.

Palavra Viva está um pouco fora de Lavi, mas não muito.

São Pedro alinha-se com Arabá-e a rota até mesmo pega a mesma estranha e pequena curva irregular em ambos os mapas.

"É isso," ela disse. "É muito perfeito para excluir. O assassino está seguindo esse mapa."

Benjamin estava continuamente olhando entre os mapas, assentindo. "Sim, certamente parece que sim."

Ela pinçou e arrastou o mapa no telefone, ampliando a área. "Então, eu só preciso saber quais igrejas estão abaixo da São Pedro-dentro de um raio de cerca de vinte quilômetros. Você tem um mapa ou lista desse tipo de coisa?"

"Não um completo, não..."

"Espere, não importa," ela disse. Ela puxou o menu de opções em seu aplicativo de mapa e solicitou que o programa mostrasse listas de igrejas na área selecionada.

Nove listadas apareceram. Ela imitou cuidadosamente a última porção da rota da Trilha de Jesus no seu mapa com o dedo. Quando ela chegou ao fim da trilha imaginária, ela encontrou seu dedo pairando sobre duas igrejas.

"Você concorda que essas duas igreja servem como lugares próximos de onde o Cafarnaum estaria?" ela perguntou.

"Eu diria que sim," disse Benjamin.

Mackenzie ficou de pé, ainda segurando o livro. "Você se importaria se eu lavasse isso comigo?" ela perguntou.

"De forma alguma. E, por favor, avise-me se eu puder ser de mais ajuda."

"Eu irei. Mas você já foi de mais ajuda do que você imagina."

"Eu estarei orando por você, Agente White," disse Benjamin enquanto ele a acompanhou para fora da biblioteca.

"Obrigada," ela disse, do fundo do coração.

Era estranho, mas talvez pela primeira vez na vida, ela foi capaz de tirar algum conforto ao saber que alguém estava ativamente rezando por ela.

Ela fez seu melhor para manter essa paz ao voltar para a sede do FBI.


CAPÍTULO VINTE E SETE

 

Ela tentou ligar para McGrath no caminho para a sede, esperando atualizá-lo antes que ela chegasse lá. Ela ficou na caixa postal e não se importou em deixá-lo uma mensagem, já que ela o veria em uma hora mais ou menos. Quando ela chegou ao prédio vinte minutos depois, parou o carro no estacionamento para visitantes ao invés da garagem, certa que estaria de volta lá fora em alguns minutos.

Ela se apressou para dentro em direção aos elevadores. As portas se abriram e antes que ela entrasse, foi surpreendida ao ver Harrison e Yardley saindo dele.

"Agente White," disse Yardley. "Você parece ansiosa. O que tá rolando?"

"McGrath está no escritório dele?"

"Não, ele está de volta à Delegacia do Terceiro Distrito," disse Harrison. "Ellington também está com ele."

Ela ponderou as opções e decidiu que dirigir de volta para o Terceiro Distrito seria uma perda de tempo. "Vocês dois podem subir comigo por um segundo?" ela perguntou. "Eu acho que estou de olho em algo e eu preciso todos os corpos que conseguir."

Eles tomaram o elevador para cima até o escritório, onde ela puxou o mesmo mapa que tinha no celular, mas dessa vez na tela do seu notebook. Então, ela colocou o livro de Benjamin Holland na mesa, abrindo o mapa da Trilha de Jesus.

"O que é isso?" perguntou Harrison, estudando o mapa.

"Um segundo," disse Mackenzie, tirando o celular novamente. Dessa vez ela ligou para Ellington ao invés de McGrath, sentindo certeza de que havia uma chance melhor de que Ellington responderia se visse que era ela. Ela mandou uma solicitação de chamada FaceTime no lugar de uma chamada de voz, desejando ser capaz de mostrá-lo os mapas junto a Yardley e Harrison.

Como ela esperava, Ellington respondeu no segundo toque. Houve um segundo de hesitação usual e, então, a tela surgiu. Ela sorriu à vista de seu rosto quando ele sorriu para ela.

"Ei, esse pano de fundo atrás de você me parece familiar," ele brincou. "De volta na sede?"

"Tenho. Olha... McGrath está por perto?"

"Sim, ele está em uma reunião com um dos detetives. Precisa que eu o chame?"

"Sim, por favor. Como as coisas estão indo com Simmons?"

Ellington estava a caminho, em direção a onde quer que McGrath estivesse. Ele segurou o telefone de maneira que ainda permitisse a ela ver a face dele, apenas um trecho.

"As coisas estão ficando instáveis. Quanto mais aprendemos sobre ele, mais McGrath está voltando para o seu lado das coisas. Simmons claramente não é o nosso cara. Se eu tivesse que apostas, ela vai ser solto em algumas horas. E, tomara, que recomendado a um bom psiquiatra. Quem diabos confessaria algo assim apenas por atenção?"

Essa era uma conversa completamente a parte que nada tinha a ver com o caso corrente. Então Mackenzie deixou passar.

"OK, ele está aqui," disse Ellington. "Só um segundo."

Ellington abaixou o telefone, deixando Mackenzie, Harrison e Yardley escutando a murmúrios de conversa por vários segundos. Depois de balanças mais um pouco, o telefone de Ellington mais uma vez destacou seu rosto. Ela viu McGrath de pé atrás dele. Ele parecia cansado e irritado-uma versão de McGrath que Mackenzie não gostava nem um pouco.

"Encontrou algo?" perguntou McGrath, direto ao ponto como sempre.

"Sim, acho que sim. Eu conversei com Benjamin Holland e ele e eu percebemos algo. Existe essa coisa chamada Trilha de Jesus em Israel. Você já ouviu falar disso?"

"Não," disse McGrath. "Por favor, esclareça-nos."

Mackenzie fez exatamente isso. Ele fez Harrison segurar seu telefone para ter certeza de que ele fosse capaz de apontas as exatas similaridades na Trilha de Jesus com o caminho pelo qual o assassino aparentava estar viajando. Ela não estava não estava nem na metade, quando escutou McGrath proferir uma silenciosa e admirada: "Desgraça."

Dada a situação, ela achou uma maldição bastante irônica.

"Então, qual igreja vai servir como Cafarnaum nessa trilha orientada em DC?" perguntou Yardley.

"Existem duas candidatas," ela disse. "A Batista do Monumento e a Igreja Distrital de Deus. Ambas são próximas o suficiente para que possam ser as próximas na lista dele. Eu recomendo fortemente que tenhamos alguém vigiando esses locais. Talvez até alguém posicionado fora delas até que tenhamos nosso assassino."

"Trabalho bom para caralho, White," disse McGrath.

Ela deixa o elogio a afundar, mas não tomou o tempo para apreciá-lo. Ela podia se sentir deslizar em uma fenda, o tipo que ritmo que ela normalmente sentia quando estava acabando de começar a realmente envolver sua mente em torno de um caso.

"OK, eu gostaria de falar com Ellington a sós, por favor."

McGrath tocou a tela com os olhos. "Certo," ele disse. "Yardley e Harrison, encontrem-me aqui na DP do Terceiro Distrito. Eu não tenho certeza onde é o seu próximo posto, mas precisamos descobrir."

Yardley e Harrison deram pequenos acenos de saudação e saíram. Em seu telefone, o rosto do Ellington voltou à vista. Ele parecia mais feliz do que quando ele atendeu originalmente há cinco minutos.

"Você precisa de um parceiro?" ele perguntou.

"Se você estiver ocupado por aí, pode ficar. Talvez você deveria ficar até que eles liberem o Simmons. Alguém precisa ser a voz da razão."

"E para onde está indo?" ele perguntou.

"Eu tenho um último palpite que eu quero verificar," ela disse. "Depois de conversar com uma mulher no encontro em Alexandria, eu estou começando a achar que os assassinatos não são atos de vingança. Eu acho que é uma forma de glorificação."

"Repete?"

Ela o contou a respeito do pregador que havia referido a si como glorificador das jovens pessoas das quais ele abusou-desses adolescentes tomando o lugar de Jesus. Então, ela remeteu a breve conversa que ela teve sobre a teoria com Benjamin Holland.

"E qual é o seu palpite?" perguntou Ellington.

"Estou me perguntando se talvez o assassino seja alguém que realmente admirava estes homens que ele matou. Ele os crucificou da mesma maneira que Cristo. Alguns ele respeitava mais, talvez; esse é o motivo porque a ferida na lateral não estava presente em todos eles. Estou imaginando se estamos procurando por algum tipo de padre ou pregador que tenham caído em desgraça. Alguém com esse tipo de reverência para esses homens..."

"Sim, isso parece funcionar," disse Ellington. "Mantenha-me postado."

"Irei."

"Sem querer parecer cabeça pequena, eu tenho que perguntar: você sabe se você vai estar de volta ao apartamento em algum momento essa noite?"

Ela queria estar frustrada com a pergunta, mas ela também sentia. Uma centelha de luxúria e alegria que vem com os altos de qualquer relacionamento. Eles estavam em um alto agora, um alto que parecia estar se estendendo bem. Mas acontecia que ambos tinham trabalhos que demandavam muito que vinham primeiro na maioria das vezes.

"Não sei. Veremos. Se você chegar lá antes de mim, mantenha a cama quente."

"Posso fazer isso. Tome cuidado por lá."

Ela sorriu, assentiu e encerrou a ligação. Então, ela coletou o livro de Benjamin Holland e se dirigiu direto para fora da porta.

Lá fora, a noite estava recaindo sobre DC. Mas Mackenzie tinha uma sensação engraçado que seu dia estava apenas começando.


CAPÍTULO VINTE E OITO

 

Devido as apostas altas do inquérito, Mackenzie foi capaz de obter o número de telefone que ela precisava com apenas duas solicitações simples. E, embora o número de telefone que ela estava buscando era de alto perfil, foi-lhe entregue quase com irreverência. Quando ela fez a ligação para o Bispo Auxiliar Whitter, a facilidade em conseguir o número dele a fez perceber o quanto McGrath e o FBI inteiro estavam contando com ela.

Whitter respondeu no terceiro toque e quando Mackenzie se apresentou, ele pareceu absolutamente lívido.

"Agente White, eu acho que eu deixei bem claro quando nos falamos da última vez que eu não quero qualquer coisa com você?"

"Sim, senhor. Você deixou. E eu-"

"Ah, você pode parar bem aí," disse Whitter. "Você foi muito rude ao insultar a minha fé. Esteja avisa que eu estarei entrando em contato com seu supervisor e entrando com uma queixa formal."

"Na verdade, isso é ótimo," disse Mackenzie. "Porque ele foi quem me deu autoridade completa sobre esse caso. Então, se você ligar para ela para reclamar de mim, esteja preparado para responder a algumas questões sobre obstruir informações sobre o caso."

"Você está blefando."

"Hum, acho que não. Se você quiser, eu lhe dou o nome dele, número e ramal bem agora."

Whitter hesitou por um momento antes de finalmente responder. A voz dele ficou baixa e quase como o silvo de uma cobra. Ela podia imaginá-lo apertando a pegada em torno do telefone e falando por entre os dentes do outro lado da linha.

"Certo. Há uma cafeteria na Georgina Avenue. Cuppa Joe, é chamada. Você conhece?"

"Café," ela disse sonhadoramente. E então, porque ela achou que ela estava em boa sequência e simplesmente não pode se conter, ela acrescentou: "Aleluia!"

 

***

 

Os bons cidadãos de Washington, DC, gostavam do café de lá, como ficou evidenciado na fila ridícula na cafeteria. Mackenzie viu o Bispo Auxiliar Whitter logo de cara, sentado nos fundos da cafeteria. Resistindo ao aroma tentador de uma torra escura sendo passada, Mackenzie se dirigiu até os fundos para encontrá-lo.

Ele parecia irritado quando ela se sentou na sua frente na mesa. Ela exauriu seu cérebro, tentando entender o que ela havia feito que pudesse irritá-lo tanto da última vez. Aparentemente, os superiores na Igreja Católica não apreciavam ter a sujeira dos seus irmãos jogada nas suas faces de maneira tão flagrante.

Mas Mackenzie nunca esteve no ramo de amaciar suas palavras para poupar alguns sentimentos feridos. Especialmente, não agora que ela sentia que estava se aproximando de respostas sólidas.

"Eu acredito que você ainda esta perdendo no caso atual?" perguntou Whitter.

"Na realidade, eu passei me deparei recentemente com uma teoria promissora," ela disse. "Estamos dando passos em direção do que achamos ser finalizar um plano. Porém, ninguém pode ter pistas suficientes. Por isso, eu estava esperando dizer algumas coisas a você."

"Mais acusações deploráveis?" perguntou Whitter incrédulo.

"Na verdade, não. Estou começando a acreditar que esses assassinatos não são mortes de ódio ou vingança. Eu acredito que o assassino tem algum dito de respeito distorcido pelas vítimas-que ele está usando o ato simbólico da crucificação como forme de glorificar suas vítimas. Ele acredita que elas merecem a mesma morte e reverência que Jesus."

A ideia pareceu bater com força em Whitter. Sua ira se dissolveu vagarosamente em algo mais. Tristeza, talvez, ou horror.

"Nós também acreditamos que o assassino está imitando o caminho da então chamada Trilha de Jesus, outra indicação que as mortes são uma mostra de respeito ao invés de vingança."

"Entendo," disse Whitter, sua atitude um pouco mais branda agora. "Então, como você acredita que eu possa servir a você nessa circunstância?"

"Bem, a ampla dedicação e adoração de tal homem me levam a crer que não estamos falando sobre uma pessoa regular com uma teologia perturbada. Alguém tão motivado assim deve saber e amar Cristo intimamente... embora enquanto também possuindo algum tipo de desequilíbrio mental."

"Você acha que seja alguém dentro da igreja?"

"Eu acho que é uma forte possibilidade."

"Você não acha que você possa estar tentando demonizar homens do clero nessa pequena caçada?"

"Com todo respeito," disse Mackenzie, "nesse ponto da investigação, coisas como trabalhos ou preferências religiosas não são um fator. Não me importo quem ele seja, eu não me importo com o que ele acredita e eu realmente não me importo com onde ele escolhe adorar. Então, não... eu não estou demonizando ninguém. Estou simplesmente tentando fechar um perfil."

"Então, eu pergunto novamente: como você espera que eu ajude?"

"Eu preciso saber se você consegue pensar em algum padre-ou pregadores ou pastores o que seja-na área, o qual possa ter sido desaprovado as vezes por ter sido muito exagerado. Talvez alguém com uma história obscura que sobre a qual ele nunca se pronunciou?"

Ela pode dizer imediatamente que Whitter tinha um nome em mente. Ela podia ver na maneira com que seus olhos se desviaram dela instantaneamente um segundo depois de ela ter feito a pergunta.

"Você entente," ele disse, "que isso é difícil para um homem na minha posição. É, pegando uma referência da Bíblia emprestada, apontar para o cisco no olho de meu irmão enquanto há uma viga em meu próprio."

"Sim, mas reter informação que poderia permitir esse assassino conduzir outro assassinato só vai fazer essa viga ficar maior."

Whitter deixou sair um suspiro trêmulo e pareceu como se fosse cair em lágrimas de verdade. Mackenzie realmente podia ver o conflito interno se desenrolado nas expressões que aparecerem no rosto dele.

"Cerca de cinco anos atrás," Whitter disse finalmente, "havia um homem chamado Joseph Hinkley. Ele veio para DC de algum lugar no Alabama. Ele esta um batista que estava absolutamente em fogo pelo Senhor. Ele tina uma posição aqui na cidade em uma igreja muito pequena e durou apenas alguns meses. Era um desses pregadores do tipo fogo do inferno e enxofre, querendo salvar as pessoas pelo medo da condenação, ao invés de com o amor e promessas de Cristo. Ele levava muito daquela coisa de Velho Testamento a sério. Adúlteros deveriam se apedrejados, uma mulher não tem lugar em trabalho ou no púlpito da igreja, coisas assim."

"Você disse que ele durou apenas alguns meses naquela igreja," disse Mackenzie. "Ele foi liberado?"

"Sim. O rumor é de que ele tentou servir como um pastor interino em algumas outras igrejas. Honestamente, eu nunca dei muita atenção. Católicos não se preocupam geralmente com batistas. Contudo, ele se colocou no meu radar quando começou a se aproximas das igrejas Católicas. Ele tentou convencer algumas-Sagrado Coração foi uma, se eu me lembro corretamente-a deixá-lo a proferir aqui e ali."

"Eu assumo que ninguém nunca o acolheu?"

"Correto. Embora os boatos são que ele brota em cultos de avivamento de vez em quando. O tipo que é tudo debaixo de uma tenda e há um monte de gritaria e ameaça do pecado às pessoas. Eu suponho que alguns dizem que ele é um antigo pregador em desgraça. Mas o negócio era que... ele parecia estar fascinado não apenas com Cristo, mas com os homens que falavam dele. Ele sentia que as pessoas que comunicavam a verdade de Jesus para as massas mereciam quase a mesma aclamação que o messias."

"E isso não é tão comum nos círculos religioso?"

"Não. É blasfêmia. E quando alguém chega perto de se comportar de tal maneira, eles normalmente se sentem arrependidos. Mas Joseph Hinkley usava isso como o cerne da sua mensagem, pelo o que eu entendo."

"Alguma ideia de onde ele mora, por acaso?" ela perguntou.

"Não. Eu acredito que ele ainda esteja por DC, contudo. Eu ouço o nome dele de tempos em tempos. E nunca em boas coisas."

"Obrigada," disse Mackenzie. "Eu sei que foi sofrido para você falar comigo de novo."

"Eu acho que me expliquei bem," ele disse. "Eu não tenho rixas com você-mas eu ressinto um governo e imprensa que estão sempre colocando minha fé como semeadora de intolerância e ódio."

"Essa é a última coisa que eu quero fazer."

"E eu acredito em você," disse Whitter. "Você esteve em minhas orações, Agente White. Apesar da maneira que pode parecer, realmente espero que você seja capaz de acabar com isso rapidamente."

"Também," disse Mackenzie. E incerta sobre como responder de outra maneira, ela acrescentou: "E obrigada pelas orações."

"Você acredita que elas funcionam?" perguntou Whitter, como se estivesse surpreso.

Mackenzie deu de ombros. "Eu não sei," ela disse, respondendo honestamente. "Mas eu sei que você acredita que sim. E que isso por si só significa muito para mim."

Com isso, ela lhe deu aceno de obrigado com a cabeça e ficou de pé. A fila no caixa havia diminuído, então ela se juntou a ela e leu o menu. Ela não estava cansada (e duvidava que estaria em breve), mas uma carga extra de cafeína nunca machuca.

Ela tinha a sensação de que iria ser uma noite longa.

Ela continuou estendendo o ritmo tirando seu telefone e enviando uma mensagem para Harrison. Joseph Hinkley, ela digitou. Antigo pregador batista. Preciso dessa informação ASAP.


CAPÍTULO VINTE E NOVE

 

Harrison foi rápido e efetivo como sempre. Quando Mackenzie estava de volta em seu carro e tomando o primeiro gole do seu café de torra escura, ela estava ligando. Ela saboreou o sabor do café por um momento antes de responder, esperando que Hinkley provasse ser outro trampolim-algo tão útil quanto a informação sobre a Trilha de Jesus.

"Você realmente sabe como escolhê-los, White," disse Harrison,

"Conte-me."

"Joseph Hinkley basicamente não tem registro para se falar até a idade de trinta e sete anos. Seu primeiro destaque veio há sete anos quando ele foi preso por atacar um oficial de polícia em Baltimore durante um protesto contra a construção de um mesquita mulçumana. Um ano depois, ele foi preso por bater na esposa, a acertando duas vezes no rosto e uma nas costelas. Depois que ela o deixou, ele se acabanou com uma de vinte e dois anos. Ele a espancava também. Eu estou olhando para os registros aqui e, aparentemente, ele alega que ele as agredia, porque elas não adoravam o Senhor e os seus caminhos, então ele tinha que puni-las."

"Algo pior que isso?"

"Não do que eu estou vendo. Ele é mencionado em alguns casos com referência cruzada nos quais ele esteve na cena de protestos ou eventos controversos, onde havia uma presença maciça da polícia envolvida, mas não... nada de alertas vermelhos de outra forma."

"Tem o endereço?" ela perguntou.

"Tenho. Eu vou enviar por mensagem para você quando desligar."

Harrison era fiel com a sua palavra, entregando a mensagem em dez segundo depois de Mackenzie terminar a ligação. Ela estava quase inserindo o endereço em seu GPS, mas viu que não precisava. Ela estava familiarizada com o local. Ela havia, de fato, estado bem perto dele a menos de quatro dias atrás.

Acabou que Joseph Hinkley vivia na Bedford Avenue-a menos de um quilômetro e meio da Pedra Angular Presbiteriana.

 

***

 

O protocolo considerava necessário que, porque Hinkley fora condenado como agressor de mulher, Mackenzie fosse que um parceiro. E porque Ellington ainda estava correndo no beco sem saída de Joseph Simmons, era Harrison que a acompanhou. Ele pareceu mais que feliz em ser parte disso-talvez apenas pelo gosto de como fora ser parceiro dela por um breve momento antes de sua mãe falecer. Ou talvez ele estivesse apenas cansado de sentar-se atrás de uma mesa e ser um glorificado farejador de investigação.

Mackenzie estava feliz em tê-lo. Ele estava ansioso e entusiasmado. E do ponto de vista profissional, ela sabia que a prática podia fazê-lo bem.

Quando ela e Harrison chegaram à residência de Hinkley, não havia nenhuma dúvida de que alguém estava em casa. De fato, algumas pessoas estavam em casa. Mackenzie contou quatro carros na pequena garagem. Também parecia que cada luz do lugar estava acesa. Ao sair do carro e caminhou em direção à varanda, ela viu duas pessoas de costas para ela passarem direto pela janela da frente.

"Algum tipo de festinha ou algo assim?" perguntou Harrison.

"Se é o caso," disse Mackenzie, "parece ser uma festa bem desanimada."

A casa não tinha nada que descrevesse um lar. Era uma descuidada casa de dois andares que parecia estar por aí há algum tempo. Sua idade se mostrada na varanda. A luz da varanda revelava lascas e pintura descascando pela fachada e uma porta da frente que havia combatido sua cota de mofo.

A luz da varanda estava ligada, indicando que pelo menos três dos carros na entrada pertenciam aos convidados. Ela andou até a porta e bateu, escutando murmúrios de vozes de pelo menos duas pessoas. Ocorreu uma comoção muito ligeira de dentro quando alguém veio até a porta. Foi atendida por um homem no fim dos seus quarenta, mostrando um largo sorriso entre um bigode espesso e uma barba.

"Posso ajudar?"

"Você é Joseph Hinkley?" ela perguntou.

"Tenho. E você é?"

Ela mostrou seu ID ao se apresentar. "Eu sou a Agente Mackenzie White do FBI." Ela assentiu para o lado e disse, "E este é o meu parceiro, Agente Harrison. Eu estava esperando que você tivesse um tempo para responder algumas perguntas."

Hinkley Parecia alarmado e confuso. Ele olhou por cima do ombro brevemente por um momento antes de sair e puxar a porta quase fechada atrás de si.

"Sobre o que se trata?" ele perguntou.

Mackenzie olhou em direção a fenda na porta, mirando além do pequeno redemoinho de insetos noturnos que pairava sob a luz da varanda. "Você tem companhia esta noite, Sr. Hinkley?" ela perguntou.

"Tenho. É um estudo da Bíblia que eu faço na minha casa duas vezes por semana. Hoje é sobre o livro das Lamentações. Você o conhece?"

Ela sorriu levemente para ele e balançou a cabeça. "Eu gostaria de perguntar a você algumas coisas, lembra?"

"Sim," ele disse. "E sim... Pode responder a quaisquer perguntas que você tiver. Gostariam de entrar?"

"Sim, por favor."

Ele conduziu os agentes através da porta e para a sala de estar da casa. Lá, cinco outros homens estavam sentados ao redor de uma mesa de centro que continha três Bíblias. Eles estiveram no meio de uma conversa até Mackenzie e Harrison entrarem na sala.

"Desculpe, caras," disse Hinkley. "Vocês poderiam me dar apenas alguns minutos? Porém, sintam-se livres para continuar. Corey... pegue o capítulo três, versículo sete."

Um dos homens assentiu enquanto Hinkley levava os agentes por um pequeno corredor até a cozinha. Como a varanda, a cozinha também revelava a idade da casa. O piso de linóleo estava esquálido e descascando levemente nos cantos. Havia um cheiro suprimido de mofo e lixo-os cheiros de um homem que não se importava muito sobre a maneira que as pessoas viam a sua casa.

"Posso oferecer-lhes um refrigerante ou água?" perguntou Hinkley.

"Não, obrigado," ela e Harrison disseram quase em uníssono.

Hinkley deu de ombros. "É o mínimo que posso fazer por uma mulher bela como você que é mandada na calada da noite para casas de homens estranhos. É uma pena. O governo não leva tais coisas em consideração?"

Uau, pensou Mackenzie. Ele realmente tem alguns problemas das antigas.

"Honestamente, eu só tenho algumas perguntas para você," disse Mackenzie. "Se tudo correr bem, você estará de volta para seu estudo em cinco minutos ou menos."

"Certamente, pode perguntar," disse Hinkley.

"Seu nome surgiu em um caso no qual estou trabalhando. Cá entre nós dois, é uma ligação que eu não estou sentido que seja forte. Mas tenho que analisar tudo."

Ela viu de uma vez que sua atitude irreverente o colocou à vontade. A guarda estava completamente abaixada agora, tornando muito mais provável que ele revelasse algum detalhe que pudesse ajudá-la a apanhá-lo... se ele fosse quem devesse ser preso, claro.

"É sobre esses pobres homens de Deus assassinados?" ele perguntou.

"É. Você viu as histórias no noticiário, presumo?"

"Vi. E é absolutamente terrível."

"Você conhecia algum deles pessoalmente?" perguntou Harrison.

"Não a fundo, não."

"Dada a sua história, você já cruzou com algum deles pelo caminho?" perguntou Mackenzie.

"Bem, eu falava com o Reverendo Tuttle frequentemente. Como tenho certeza que você sabe, a Pedra Angular é logo subindo a estrada daqui. Alguns dias-não muito frequentemente, mas o suficiente que virou meio que um hábito-eu parava por lá se eu o visse perambulando por fora do local. Algumas vezes ele próprio cortava a grama e cuidava do paisagismo, sabe."

"Então vocês estavam em termos amigáveis quando ele morreu?"

"Pelo que eu saiba. Ele e eu discordávamos sobre muitas coisas da Bíblia, mas ele sempre foi muito mente aberta. Ele nunca ralhou comigo ou tentou mudar minha mente. Eu gostava bastante dele."

"Sobre que tipo de coisas ele tentava mudar sua mente?"

Hinkley sorriu aqui; era um tipo de sorriso triste, um que parecia muito querer ser uma careta ou uma zombaria. "Como o bom homem que era, o Reverendo Tuttle estava entre a vasta percentagem dos chamados seguidores de Cristo que tomam o Velho Testamento apenas como algumas sugestões gerais. Ele amaciava a ira de Deus em nada além de amor."

"É tão ruim assim?" perguntou Mackenzie.

"Para o mundo... não. Mas esse é um mundo caído. E está caído, porque o homem decidiu desobedecer a Deus. Quando você leva a ira e rigor de Deus embora, você tem nada além de um falso conjunto de diretrizes. Mas como eu disse... eu não o culpava e ele não me culpava. Nós sempre fomos civilizados sobre nossas divergências."

"Você conhecia algum dos outros?"

"Não muito bem. Eu já vi o Pastor Woodall falar algumas vezes. Uma vez eu fui até ele ao final do culto para pedir esclarecimento em algo. Ele era um homem inteligente. Talvez demasiado inteligente para seu próprio bem. Ele deixou a intelecto ficar no caminho da sua salvação, se me perguntar. E o Padre Coyle... eu falei com ele talvez uma dúzia de vezes. Eu encontrei com ele em um protesto alguns anos atrás e ele nós tivemos um papo muito bom."

"Que tipo de protesto?"

"Um comício anti-aborto," disse Hinkley bem orgulhoso.

Não pense em morder essa isca, Mackenzie disse a si mesma. Então, ela percebeu que não era uma isca. Ele estava falando tão pura e honestamente quanto podia.

"Você seria capaz de fornecer o seu paradeiro para as últimas noites?" perguntou Harrison.

Hinkley assentiu solenemente, como se ele já soubesse que a conversa chegaria a isso eventualmente. Sem dizer uma palavra a ela, sua expressão disse a ela que ele sabia que ela o estava olhando como um suspeito em potencial.

"De cabeça, eu posso de dar alguns detalhes bem específicos para cada noite até nove ou dez dias atrás."

"Isso seria ótimo," disse Mackenzie.

"Bem, eu estive na Virgínia, na parte sudeste, por três dias na semana passada. Eu voltei para DC há apenas quatro dias."

"E o que você estava fazendo lá?" ela perguntou.

"Eu participei de uma renovação e palestrei em outra," ele disse. "Se ajuda, eu tenho os recibos do hotel para provar."

Ele não está mentindo, ela pensou. Se eu o pedisse para buscá-los, ele o faria. Ele o faria nesse instante e eu os teria nas mãos dentro de dois minutos. E ele teria um sorriso de bosta na cara quase o tempo todo.

"E sobre as últimas quatro noites?" ela perguntou.

"Eu estive aqui todas essas noites. Tivemos um estudo da Bíblia três noites atrás. Durou mais ou menos até as dez."

Mackenzie estava prestes a fazer uma pergunta de continuação quando seu telefone zumbiu no bolso. Quando ela viu que era Ellington, seu dedão pairou sobre ATENDER.

"Sr. Hinkley, você se importaria em me mostrar esses recibos?"

"Claro," ele disse. "Um momento."

Enquanto Hinkley deixou a cozinha, Mackenzie olhou rapidamente para Harrison. "Suas ideias iniciais?"

"Ele parece um esquisito, mas não acho que ele seja nosso cara."

"Também," disse Mackenzie. "Um segundo," ela acrescentou, gesticulando para o telefone. Então, ela atendeu a chamada com: "Ei. Como vai?"

"Eu pensei que pensei em informá-la que as patrulhas na frente daquelas igrejas não vão ser uma prioridade tão alta como McGrath falou originalmente," disse Ellington.

E por que não? Ele tem uma ideia melhor?"

"Bem, isso vai deixar a mão de obra bem escassa. Ele ainda pode ter patrulhas no exterior delas, mas não vai ser prioridade."

"Não era ele que queria isso terminado o mais rápido possível antes que todos no Hill viessem caindo para cima dele? Mas está preocupado com mão de obra?"

"Pense nisso, Mac. O que vai ser mais efetivo? Alguns agentes ativamente lá fora caçando esse cara ou alguns agentes parados, esperando que o assassino possa aparecer. Além do mais... ele matou ontem à noite. Os outros assassinatos têm sido espaçados. As chances de que ele ataque hoje são quase nulas. Não podemos apenas sentar e esperar."

Ele está certo, ela pensou. Mas ainda assim, ela sentia que era um erro. A pista da Trilha de Jesus parecia sólida e ela sentia que devia ter uma recompensa no fim.

"OK," ela disse. "Obrigado por me informar."

Ela desligou a chamada ao ver Hinkley já retornando pelo corredor em direção a cozinha. Quando ele a entregou os recibos, o fez com um sorriso torto no rosto. Aqui está a prova de como absolutamente errada você está, parecia dizer o sorriso

Ela olhou os recibos e viu que era legítimos. Harrison estava olhando por sobre o ombro dela para eles também, dando-lhes uma olhada de escrutínio. Mackenzie sabia que ela poderia ligar para o motel e certificar-se de que ele não havia feito o check in e então saído apenas para voltar a DC para promulgar seus assassinatos. Mas era um tiro distante e parecia desesperado.

Não é ele, ela pensou. Você sabia disso alguns minutos atrás, pela maneiro que ele falou sobre Tuttle. Então, esqueça e siga em frente.

Obrigado por sua cooperação," ela disse, entregando-lhe os recibos. "Vou deixá-lo voltar para o seu estudo da Bíblia."

"Obrigada. E, Agente... é meio triste, não é?"

"O quê?"

"O fato de homens que alegam acreditar tão fervorosamente em Deus encontrarem alguém que discorda deles de maneira tão alarmante que eles apontam os dedos. Isso os faz sentir confortável. Isso torna mais fácil para eles darem as costas para seu próprio pecado."

Como o cisco e a viga que Whitter mencionou, pensou Mackenzie... não com uma ponta de ironia.

"Desculpe se isso te incomoda," Hinkley disse.

Não, você não sente, ela pensou.

"Agente Harrison," disse Hinkley, "certifique que você esteja sempre cuidando da Agente White. Sua vestimenta é justa, a saia muito alta. E nós vivemos em tempos malignos afinal."

"Como todo respeito," disse Harrison, "a Agente White não precisa de proteção."

Mackenzie disse nada, mas sorriu. Ela também ofereceu um simples aceno de cabeça para Hinkley ao voltar pelo corredor com Harrison a seguindo. Ela nem se incomodou em olhar para trás para o pequeno grupo de homens amontoados na sala de estar para o estudo. Ela andou diretamente para a noite lá fora e aumentou a velocidade enquanto caminhava em direção ao carro. Ela estava bastante feliz que Harrison estivesse com ela. O mero fato de que alguém mais estava lá com ela, ajudou-a a manter os pés no chão, não deixando seu desânimo tirar o melhor dela.

Mesmo que ele fosse inocente, Hinkley a havia irritado um pouco. Havia uma certeza nele-uma garantia absoluta de que ele estava certo e que os homens que foram mortos estavam todos errados. E se esse fosse o caso, então certamente ela não mataria esses homens tendo glorificação como motivo.

Talvez nós entendemos errado a coisa da glorificação, ela pensou. E se esse era o caso, o que mais entendemos errado?

Era um pensamento preocupante e um que a tinha feito quase queimar pneu na entrada de Joseph Hinkley.


CAPÍTULO TRINTA

 

Embora fosse necessária uma condução extra, Mackenzie deixou a residência de Hinkley e dirigiu até a Batista do Monumento e a Igreja Distrital de Deus. A Batista do Monumento veio primeiro. As duas ficavam tão próximas que quando ela saiu do carro para a calçada, ela podia literalmente ver a torre se erguendo em uma silhueta do outro lado mais no fim da rua.

Ela também viu que havia um carro de a paisana parado em frente a Batista do Monumento, o tipo de modelo 2005 inexpressivo que normalmente estava estacionado na garagem do FBI. Ela levantou a mão para o homem lá dentro, um gesto de reconhecimento. A figura lá dentro retornou, o movimento cansado e apático.

Pobre cara está entediado até o topo, pensou Mackenzie. Talvez ele não estivesse se esse local recebesse a atenção que deveria.

A noite estava escura-apenas um quarto da lua visível-então ela usou sua lanterna para verificar o terreno. A Batista do Monumento era bastante pequena, quase tão pequena quanto a pequena igreja na qual ela se encontrara com Benjamin Holland. Havia um pequeno cemitério nos fundos da propriedade, uma coisa que ela raramente via na cidade e isso adicionava um tom assustado para a cena toda. Depois de um circuito pela propriedade, ela caminhou mas longe acima do quarteirão para a Igreja Distrital de Deus.

Esta igreja parecia quase uma pequena loja. Um estacionamento asfaltado estava perfeitamente aparado na frente. Quando ela caminhou até as grandes janelas panorâmicas que viam lá dentro, ela pôde ver muito pouco com sua lanterna.

Talvez Ellington e McGrath estejam certos, ela pensou. Mais que uma ou duas pessoas posicionadas aqui pode ser um desperdício. As outras igrejas tinham um senso de charme e beleza nelas-mesmo a minúscula Pedra Angular Presbiteriana. Esses dois locais... eram como velhos monumentos esquecidos para um Deus que as pessoas só meio que acreditavam.

Incerta se seu encontro com Hinkley estava ou não a fazendo se sentir derrotada, Mackenzie sabia que ela precisava voltar para trás dos arquivos. Ela precisava estar confortável, sua mente desprovida de qualquer coisa. Mesmo se ela estivesse errada sobre essas duas igrejas, ela ainda sentia que ela estava em algo.

Mas em quê?

Era uma boa questão. E era a questão que ela tinha intenção de ter uma resposta antes que o sol surgisse. Ela voltou para o carro, acenando para o homem na patrulha novamente ao passar. Dessa vez, ela mal levantou a mão de volta para ela.

 

***

 

Ellington já estava em casa quando ela chegou. E, embora ele estivesse ficando pronto para se deitar e fazendo piadas sobre como eles poderiam ambos aquecer a cama, ela passou. Ela tinha que pegar aquelas arquivos. Felizmente, Ellington sabia tudo sobre a ética de trabalho dela e não levou para o lado pessoal. Ele também não ofereceu para ajudar, sabendo muito bem que ela recusaria nesse ponto também.

E ele não reclamou nada sobre isso. Ele simplesmente a conhecia assim tão bem, sabendo que ela tinha que trabalhar sozinha, em perfeita paz e sem distrações.

É por isso que eu o amo, ela pensou. É por isso que, se eu seguir meu caminho, vou acabar me casando com ele.

Ela pegou um refrigerante da geladeira às 11:15 da noite e começou a examinar os arquivos do caso novamente. Fotos das cenas dos crimes. Relatórios da perícia. Tudo que ela podia encontrar nos arquivos físicos e tudo dos e-mails e documentos digitais que tinha no computador.

Ela viu a mesma coisa em todas as fotos. Todos os homens foram mortos, despidos quase nus e crucificados de uma maneira que retratava Cristo.

Mas mesmo que esses sejam atos de glorificação, estão sendo realizados por um assassino, ela pensou. E para alguém que não tem escrúpulos sobre matar, algo aparentemente simples como glória seria distorcida.

Ela olhou para as fotos lado a lado. Cada morte... algo era diferente em cada uma. Havia apenas o suficiente para indicar um propósito por trás. Havia o leve corte na lateral do Woodall, então o desagradável e muito claro rasgão na lateral de Coyle. Além disso, com Coyle, havia os itens pessoais no pé da cruz.

Era como se ele estivesse construindo algo. E ele está tomando seu tempo nisso.

Por mais horrível que parecesse, ela duvida de que uma morte iria satisfazer esse cara. Então, se eles fossem trabalhar na suposição que a abordagem da Trilha de Jesus estivesse correta, talvez houvesse além de mais uma parada no caminho-o equivalente ao Cafarnaum.

Ou se existir um curso diferente? Há, talvez, alguma outra rota bem conhecida que Jesus tenha andado?

Ela gastou algum tempo no Google e surgiu com nada. A Trilha de Jesus continuava a pipocar repetidamente.

Quando ela viu que estava no segundo refrigerante, Mackenzie havia lançado mão de desenterrar informações sobre todos os quatro falecidos. Ela viu alguns artigos sobre eles e o Padre Costas até tinha uma página na Wikipédia. Na página, havia uma foto dele falando de um púlpito, um sorriso paternal no rosto. Sua elegante igreja estava atrás dele-as cores brancas, as colunas ornamentadas, mas de bom gosto, uma estranha, porém tranquila, obra de arte em relevo.

Alguns minutos depois ela se deparou com um vídeo do YouTube do Pastor Woodall. Ele estava dando um tour na sua igreja. O tour era co-liderado por um homem que Mackenzie encontrou na manhã que Woodall fora morto-Dave Wylerman, o diretor musical. Enquanto o vídeo levava o espectador pelo santuário (uma ampla sala que parecia mais com um teatro do que com uma igreja), Mackenzie notou as diferenças entre os interiores da Palavra Viva e da Sagrado Coração. Enquanto a Sagrado Coração era clara, destacada em ouro falso e luz natural derramando-se sobre todo lugar, parecia que a Palavra Viva era mais cores mudas e tons de terra. Até mesmo as pinturas na parede da ampla sala de entrada da Palavra Viva pareciam ser escuras e silenciadas.

Ela quase não as reparou, porque eram tão pouco atraentes. Mas após um momento de hesitação, ela parou o vídeo e voltou dez segundos. Ela assistiu Woodall e Wylerman andando pela sala de entrada e então pausou o vídeo quando a pintura voltou a vista.

Ela a estudou por um momento e reduziu o tamanho da janela. Então, ela abriu a página da Wikipédia do Padre Costas novamente e encolheu esta também. Ela deu um zoom na foto dele e então arrastou as janelas lado a lado.

A pintura no fundo da Palavra Viva portava algumas semelhanças com a arte em relevo atrás do Padre Costas em sua foto.

Agora curiosa, ela mandou uma mensagem para Harrison. Ela sabia que ele era uma coruja da noite e que provavelmente responderia rapidamente como sempre. Nós temos ALGUMA foto do interior da Pedra Angular ou da São Pedro?

Enquanto esperava, ela fez uma busca de imagens no Google por Pedra Angular Presbiteriana, Washington, DC. Ela teve que rolar a página um pouco até que encontrasse alguma coisa, mas mesmo assim, não era muito. Algumas poucas imagens de um churrasco na Escola de Férias da Bíblia no ano passado. Uma foto de um coral visitante. Algumas imagens do Reverendo Tuttle. Nada mais.

Ela recebeu uma mensagem de volta de Harrison onze minutos depois que ela tinha enviado sua mensagem. Lento para Harrison, mas não tão ruim considerando que, de alguma maneira, vem a ser 1:48 da manhã.

Precisei que encaminhar a requisição para o arquivo, ele respondeu. O caso é sensível, então eles pularam nele. Estão lhe enviando um e-mail com algumas imagens do interior da São Pedro de depois do assassinato de Coyle.

Ela verificou o e-mail e, certamente, havia um e-mail do Arquivo esperando por ela. Era intitulado São Pedro.

Ela abriu o e-mail e clicou no link dentro. Foi direcionada para um serviço de compartilhamento de arquivos do FBI onde havia dezoito imagens do interior da São Pedro. Ela não chegou a passar da segunda antes que visse que procurava.

No fundo, atrás do santuário e incrivelmente centrada perfeitamente na imagem, havia uma peça de arte de falso relevo. Embora não parecesse ser do mesmo estilo do que ela havia visto por acaso na Palavra Viva ou na Sagrado Coração, havia muitas semelhanças.

Eram muitas para se ignorar.

De fato, naquele momento, pareciam incrivelmente importantes.

Ela olhou para o relógio e depois para o seu telefone. 2:03 da manhã.

Ela não tinha escolha. Certa de que o pobre homem em breve iria odiá-la muito, Mackenzie fez uma ligação para Benjamin Holland.


CAPÍTULO TRINTA E UM

 

Mackenzie ficou surpresa e aliviada ao ver que Benjamin não parecia tão cansado com ela esperava que ele estivesse. Eram 2:50 quando ela o seguiu de volta na pequena biblioteca nos fundos da pequena igreja. Ele parecia quase feliz em estar ali, como se ele pudesse estar retornando ao seu lugar preferido no mundo.

"Eu não posso lhe dizer o quanto eu agradeço você me encontrar em uma hora tão miserável," disse Mackenzie.

Benjamin deu de ombros enquanto ela se acomodava no sofá. "Eu sou uma coruja de qualquer jeito," ele disse. "Eu estava acabando de ficar pronto para assentar a noite quando você ligou."

"Vou tentar fazer com que você volte para a cama logo que possível," ela disse.

Ela estava com sua mochila do notebook por cima do ombro. Ela a escorregou, abriu o notebook e puxou as imagens que esteve estudando com tanto afinco no seu apartamento.

"Embora ainda estejamos considerando fortemente a abordagem da Trilha de Jesus, há algo mais que reparei em algumas dessas imagens. No início em pensei que pudesse ser nada, mas não sei... parece um pouco coincidência demais para mim."

"Bem," disse Benjamin. "Vamos ver o que você tem."

Mackenzie passou os próximos poucos momentos contando-lhe como ela havia chegado a encontrar as imagens-da peça de arte por trás do Padre Costas, até pintura na Palavra Viva e a arte de falso relevo na São Pedro. Então, eles estudaram as imagens de perto. Benjamin parecia bem fascinado enquanto estudava as imagens, um sorriso se formando nos cantos de sua boca.

"Reconhece a obra de arte?" ela perguntou.

"Reconheço," ele disse. "Digo, eu nunca estive realmente na São Pedro antes, então eu na verdade não vi essa obra, mas eu reconheço-a pelo que ela é. Todas as três fotos que você trombou... são os três estágio da Via Sacra."

"O que é isso exatamente" ela perguntou, novamente não gostando da sensação de ser ignorando em uma área específica.

"Em latim, é referida como Via Crucis. É a representação do que Cristo passou no dia que foi crucificado. Há quatorze delas-quatorze imagens que mostram várias cenas daquele dia. Começa no momento em que Pilatos condenou Cristo a morte e termina quando ele é colocado em um túmulo. Há uma certa décima quinta representação não oficial mostrando Cristo sendo ressuscitado."

"E isso é uma coisa bem conhecida?"

"Não realmente," ele disse. Como se arrebatado por uma reflexão tardia, Benjamim levantou do sofá e começou a procurar pelos títulos. Ele percorreu o dedo habilmente ao longo das lombadas, procurando uma em particular.

"Se você pegar uma pessoa aleatória da rua e perguntá-la sobre isso, provavelmente, ela não vai ter ideia do que você está falando," ele continuou. "Eu suponho, porém, que se você vive em Jerusalém, você saberia disso. Há um beco na cidade conhecido como Via Dolorosa, que tem essas estações numeradas. Pessoas podem viajar por elas como forma de lembrança e oração. É claro, como vemos nessas imagens, há representações replicadas pelo mundo inteiro. Uma das mais populares, eu acredito, está localizada em Portugal."

Dito isto, ele selecionou um livro da prateleira e comecei a folheá-lo enquanto voltava para o sofá. Quando ele chegou ao sofá, havia encontrado o lugar que estava procurando e entregou o livro para Mackenzie.

Ela olhou as páginas em frente a ela e viu algumas representações diferentes das cenas da Via Sacra. Havia uma linda em Portugal no Tempo de Nossa Senhora de Fátima. Havia um conjunto colorido inteiro localizado em uma igreja portuguesa em Kolkata. Ao virar para a próxima página, ela até viu imagens mostrando pessoas encenando a caminhada de Cristo até Gólgota, completa com enormes cruzes amarradas nas costas dos atores.

"OK," disse Mackenzie, sentindo as peças caírem no lugar. "Então, o que você pode me dizer sobre as representações dessas igrejas aqui em DC?"

"Bem, a que eu vejo da Palavra Viva está bem clara, eu acho. Mostra Cristo caindo pelo peso da cruz nas suas costas. Agora, durante a via, ele cai três vezes, mas a cada vez que ele cai, há mais pessoas ao seu redor, retratando a multidão se reunindo para vê-lo morrer. Dado que havia pouquíssimos espectadores nessa representação, eu diria que foi a primeira vez que ele caiu."

"Das quatorze estações, qual é a posição dessa?"

Benjamin pegou o livre dela, virou algumas páginas e chegou a uma página que listava a ordem das estações. "Aqui," ele disse. "Seria a terceira estação."

"E a representação da São Pedro?"

Ambos olharam para a foto do interior da São Pedro. Mostrava uma mulher, presumivelmente Maria, chegando ao lado de Cristo enquanto ele continuava com sua cruz.

"Jesus se encontra com Maria," disse Benjamin. "Essa é a quarta estação."

Outra grande peça do quebra-cabeça caiu no lugar para Mackenzie. Se a representação da Via Sacra na Sagrado Coração representa a primeira estação, eu peguei esse desgraçado.

Porque a terceira estação foi a Palavra Viva... e o Pastor Woodall foi a terceira vítima. A quarta estação foi representada na São Pedro e o Padre Coyle foi a quarta vítima.

Outra certeza se instigou nela, uma que a fez ter mais segurança do que nunca que essa era a chave.

Esse cara poderia facilmente matar suas vítimas em suas casas. Mas ele está escolhendo fazê-lo nas igrejas. Por alguma razão, ele sente que precisa acontecer no lugar onde aquela estação em particular está representada. Todas essas mortes... onde quer que os assassinatos aconteçam, tudo termina em uma igreja...

Juntos, Mackenzie e Benjamin olharam a imagem na Sagrado Coração. Ela ampliou a representação da estação atrás do Padre Costas. Ela viu Cristo, de pé com algumas outras pessoas enquanto outro pequeno grupo estava acima dele em algum tipo de grande escadaria ou palco de algum tipo. O homem no centro parecia bastante régio e autoritário. A certeza disso caiu sobre Mackenzie no mesmo momento que Benjamin pronunciou.

"Esse é o momento no qual Pilatos condena Cristo a morte," ele disse. "Essa é a primeira estação."

"Então, ele vai em ordem," disse Mackenzie.

"Parece que é dessa forma," disse Benjamin seriamente.

Mackenzie olhou para a lista cronológica das estações. A quinta estação transmitiu a cena de Simão indo auxiliar Cristo a carregar a cruz.

"Por acaso, você conhece alguma igreja em DC que tem obra de arte que representa a quinta estação?" ela perguntou.

"Temo que não," ele disse. "Mas eu posso fazer algumas ligações e ver se consigo uma resposta."

"Seria extraordinário," ela disse.

"Pode demorar um pouco, dada a hora."

Mackenzie assentiu, se recusando a desanimar-se novamente. "Tudo bem," ela disse. "Qualquer coisa que você possa fazer para ajudar seria muito apreciado. Você poderia me ligar no momento que você obtiver uma resposta?"

"Se eu consegui uma resposta, com certeza."

"Verei o que o FBI pode fazer para ajudar a obter uma resposta também," ela disse. "Obrigada novamente."

Com isso, ela deixou o estudo pela segunda vez em menos de doze horas.

É isso, ela pensou. Essa é a conexão. Isto é o que vai nos ajudar a pegar esse babaca.

Ela correu até seu carro e quase derrapou para fora da vaga de estacionamento ao voltar para a sede do FBI.


CAPÍTULO TRINTA E DOIS

 

Mackenzie não tinha certeza de quanto tempo levaria para encontrar um pedaço de informação aleatória tão bizarra e do nada como o que ela e Benjamin estavam em busca. Mesmo assim, quando rolou 4:30 por lá e ela se viu de pé em uma sala de conferências com três outros agentes e nenhuma resposta além, ela começou a sentir como se o tempo estivesse escapando deles. Chegou ao ponto no qual ela estava esperando o telefone tocar a qualquer momento-seja com boas notícias de Benjamin ou com notícias terríveis de que o assassino atacou novamente enquanto eles estavam ocupados fazendo ligações telefônicas para igrejas para perguntar sobre a arte que eles tinham penduradas nos corredores e santuários.

Ellington, Yardley e Harrison estavam todos na sala com ela. Yardley estava verificando todos os registros de doações de museus de arte nos últimos cinquenta anos, procurando por alguma indicação de que uma representação da Quinta Estação da Cruz tenha sido dada a uma igreja local. Harrison estava ligando apologeticamente para os líderes de cada igreja que ele pode conseguir as informações de contato, perguntando sobre as obras de arte das suas igrejas. Ellington estava correndo interferências e tentando manter McGrath feliz, fazendo o que podia para explicar corretamente a descoberta de Mackenzie relativa às Estações.

Mackenzie, enquanto isso, continuava a pesquisar sobre as Estações e o significado delas para diferentes denominações. Talvez ela pudesse encontrar um motivo escondido em algum lugar da história e da teologia de tudo. Ela quase desejava que estivesse de volta ao estudo de Benjamin Holland, em torno dos seus aparentemente ilimitados recursos de textos religiosos. Em vez disso, ela se contentou com o que tinha: Google e Wikipédia.

Ellington, passando os últimos vários minutos no telefone com McGrath, abaixou seu celular e tomou um assento ao lado de Mackenzie.

"Então, ele não está tão feliz," ele disse.

"Claro que não está. Eu não ofereci algum truque mágico para apontar um dedo diretamente para o assassino."

"Bem, sim, tem isso," disse Ellington. "Mas ele ainda está irritado sobre você querer vigiar aquelas duas igrejas-o que, aliás, ele está fazendo. Há carros passando por lá a cada hora mais ou menos."

"Então eu acho que ele está chateado que nós quatro estejamos ajuntados nessa sala de conferências, tentando identificar essa igreja?"

"Sim, ele não está muito feliz com isso. Ele disse que estará de volta aqui daqui a cerca de uma hora. Ele está ocupado com outra coisa agora."

"Ele disse o quê?"

Ellington balançou a cabeça. "Não. Seja o que for, ele está mantendo bem perto do cinto dele."

"Eu não vejo o que-" ela começou a dizer, mas seu telefone a interrompeu.

Ela respondeu imediatamente, reconhecendo o número.

Era Benjamin Holland.

"Por favor, me diga que conseguiu," ela disse.

"Tenho. Um amigo meu na Bélgica é um colecionador ávido de arte religiosa e acompanha esse tipo de coisa. Na verdade ele tinha uma lista de todas as igrejas americanas com algum tipo de representação das Estações da Cruz. Ele tem três igrejas listadas em DC que tem representações da quinta estação. Uma dessas igrejas fechou nos últimos anos, porém, então isso abate suas opções para duas."

"Ótimo," ela disse.

"Fica melhor. Dessas duas igrejas, uma delas dedicou sua representação a um museu de arte religiosa em algum lugar no México no ano passado. Então isso deixa você com apenas uma igreja. Batista da Graça na Hudson Street."

"Tem certeza disso?" ela perguntou.

"Tenho. Eu o fiz confirmar. Eu vou lhe enviar o número de telefone de lá por mensagem. Porém, eu não tenho o número de ninguém na liderança."

"Tudo bem. Perfeito. Obrigada, Benjamin."

Ela desligou antes que ele pudesse dar sua reposta inteira de Por nada.

"Consegui," ela anunciou para a sala, pegando o número de McGrath.

"Conseguiu o que?" perguntou Harrison. "A igreja?"

"Sim. Benjamin Holland chegou por um longo caminho."

"Você está ligando para McGrath?" perguntou Ellington. Depois que ela assentiu, Ellington estremeceu. "Eu não sei se é a melhor ideia."

Mas foi tarde demais. O telefone havia tocado duas vezes e McGrath respondeu com a sua maneira direta de sempre.

"O que foi, White?"

"Batista da Graça," ela disse. "É onde está a quinta Estação da Cruz."

"Você está certa disso?"

"Sim. É informação que veio diretamente de um amigo próximo de Benjamin Holland. Ellington e eu vamos até lá agora e-"

"Não. Eu não quero nossa força de trabalho espalhada tão rala assim. Já está bastante rala do jeito que está. Você vai até lá e se parecer que vai virar alguma coisa, então você liga. Se você sabe com certeza de que tem alguma coisa por lá, ligue e eu enviarei todos os agentes disponíveis."

"Senhor, o que está acontecendo?"

"Eu estou atolado, White. Estou até os olhos de outra merda. O mundo não gira ao redor do seu caso."

"Pareceu que sim da última vez que nós conversamos," ela disse. Então ela trancou sua boca, percebendo que ela estava dando uma de esperta com McGrath. E isso não poderia fazer nada além de complicar as coisas para ainda piores.

"Eu vou fingir que os últimos cinco segundos nunca aconteceram, então considere isso como um alerta para a sua boca espertinha," ele disse. "Agora, se você acha que é uma pista sólida, por favor, vá verificar. Se chegar à alguma coisa, solicite a ajuda que precisar."

Ele terminou a chamada abruptamente, deixando Mackenzie com um telefone silencioso nas mãos. Ela olhava para o telefone, estupefata.

"Ruim assim, hein?!" perguntou Ellington.

Ela suspirou e colocou o telefone na bolsa. "Eu vou para lá e dar uma olhada. Se resultar em alguma coisa, eu ligarei. Fiquem no aguardo, todos vocês?"

Yardley e Harrison assentiram, Yardley com um olhar de apreensão no rosto. Ellington, enquanto isso, a levou para fora da porta e quando estavam a sós, ele tomou as mãos dela.

"Você está ok?" ele perguntou.

"Sim. McGrath está sendo... não sei. Ele está escondendo algo."

"Eu também achei isso. Vou ver o que posso descobrir. No meio tempo, tome cuidado. E me ligue mesmo se você só farejar perigo."

Ela assentiu e inclinou-se para beijá-lo. Foi doce e persistente, exatamente o que ela precisava para mandar uma carga extra de energia nela. Com o beijo suprindo um pouco mais de energia, foi fácil ignorar o fato de que ela não havia dormido na noite passada.

Bem desperta e com uma pista promissora à frente, ela desceu para o carro enquanto a noite começava a desaparecer no despertar da manhã que se aproximava.


CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

 

Chegando a uma parada em um semáforo, Mackenzie tirou o telefone e digitou Batista da Graça no Google. A página apareceu e levou apenas alguns momentos para encontrar a página de Sobre Nós Lá, ela encontrou o nome do pastor líder: Tim Armstrong. Não havia número de contato pessoal, apenas o número da igreja seguido por um ramal.

Ela mandou uma mensagem de grupo para Ellington, Yardley e Harrison. Preciso do número para Tim Armstrong, pastor principal da Batista da Graça.

Na frente dela, a luz ficou verde e ela arrancou. Suas entranhas estavam tremendo, seu coração martelando-seu instinto dizendo a ela que estava em algo. O último semáforo, ela decidiu, seria o último que ela pararia.

Então, pela terceira vez, ela tentou o número que Benjamin Holland havia lhe dado. Só a havia direcionado a uma gravação do centro de boas vindas da igreja como nas duas vezes anteriores e fez o mesmo desta vez. Ela estava convidada a tentar um ramal ou deixar uma mensagem. Fez nenhum destes; ela percebeu que se nada acontecesse entre agora e o início do horário comercial, ela falaria com alguém cara a cara e certificar-se-ia de que a igreja estivesse sob vigilância constante. O pastor líder também pode precisar de uma escolta. Claro, isso pode deixar ainda mais difícil encontrar o assassino, mas-

Você está ficando muito à frente de si, ela pensou enquanto desacelerava para virar no estacionamento.

O sol estava acabando de depositar algumas marcas douradas ao longo do horizonte quando Mackenzie parou o carro no estacionamento da Batista da Graça. A igreja a lembrava um pouco a Palavra Viva. Era grande, mas não excessivamente. Também foi projetada com uma sensação bastante moderna, nada como as igrejas Batista de onde Mackenzie cresceu.

Ela olhou para a direita e viu apenas um carro no grande estacionamento. Nada sobre ele gritava suspeito, mas a fez lembrar-se de uma coisa que ela havia negligenciado antes de sair da sede.

Ela andou até a igreja na desvanecida escuridão do amanhecer. Como a Palavra Viva, tinha grandes janelas que a permitiam ver lá dentro. Como esperava, não havia qualquer pessoa dentro. Ela tentou as portas duplas de vidro e, sem surpresa, encontrou-as trancadas.

Em seu bolso, seu celular a chamou. Ela o removeu e viu que Yardley enviara mensagens de texto com o número de telefone celular de Tim Armstrong. Ela clicou no número e o telefone ligou para ela imediatamente. Ticou cinco vezes e, então, direto para a caixa postal. Ela não se importou com uma mensagem, sabendo que mais de cinquenta por cento das vezes, não ajudava. Pessoas tendiam a nem checar a caixa de voz a não ser que estivessem esperando uma chamada importante.

Ela sabia que era muito cedo para a maioria das pessoas-passando das 5:30 da manhã agora-mas ela percebeu que isso era uma emergência. Também, embora pudesse ser um pouco estereotípico, ela estava bem certa de que qualquer líder religioso estaria de pé logo cedo para orar e ter tempo de silêncio. Aparentemente não Tim Armstrong, no entanto.

Começando a compreender porque McGrath possa ter pensado que ela estava sendo muito insistente quanto ao envio de tanta força de trabalho quanto possível para lá, Mackenzie começou a caminhar pelo prédio. Ela chutou que o prédio em si era aproximadamente do comprimento e largura de um campo de futebol-provavelmente alguns metros a menos, mas próximo. Então fazer a trilha ao redor dele não era tarefa fácil.

Ao virar a quina para os fundos da igreja, ela viu uma pequena casinha de manutenção e ferramentas no limite da propriedade. Atrás dela havia uma cerca de ferro fundido que separava a propriedade da igreja de um terreno vizinho-a entrada de uma subdivisão abastada.

Um trecho considerável de gramado ficava na parte de trás da igreja. Um pequeno parque infantil estava escondido na esquina do gramado, novamente separado da propriedade vizinha pela cerca de ferro. Um estacionamento da equipe de funcionários ficava do outro lado, completamente vazio.

Ainda sentindo-se inquieta, ela supôs que tentaria o número de Armstrong mais uma vez. Talvez se o mesmo número chamasse repetidamente, ele se inclinasse a atender.

O telefone começou a tocar em seu ouvido. Depois do primeiro toque, o som ficou estranho. Quase soava como se estivesse ecoando em seu ouvido, como se estivesse...

Como se o telefone estivesse aqui, no terreno da igreja.

Ela removeu o telefone do ouvido e escutou atentamente. Lá estava de novo-o toque de um telefone celular. Sem o telefone no ouvido, era muito mais fácil escutar, mais fácil de rastrear.

Estava vindo de trás dela. Do galpão de manutenção.

Ela retornou o telefone para o bolso e, sem nem pensar, tirou a Glock do coldre.

Acalme-se, uma pequena parte dela dizia. Ele pode apenas estar por lá para verificar os suprimentos. Talvez colocando gasolina no cortador de grama para hoje mais tarde.

A parte mais sábia dela lembrava-se de ter visto um único carro no estacionamento. Às 5:30 da manhã, essa parte dela argumentava.

Ela caminhou rapidamente ao longo da faixa de grama dos fundos em direção ao galpão de manutenção. Era um modelo mais legal, um que ela provavelmente compraria da parte da frente de uma Home Depot ao invés de construir à mão. Uma grande porta de celeiro estava trancada na frente. Uma única janela ficava no lado direito, refletindo o pouquinho de luz do sol que havia agraciado esse lado do mundo.

Ela reduziu o passo ao se aproximar do galpão. Em vez de dirigir-se diretamente para a porta, ela foi para o lado direito da estrutura. Ela avançou em direção à janela, a Glock mantida apertada em suas mãos. Ela se virou rapidamente para a janela, olhando para dentro o mais furtivamente possível.

Ela viu as grandes tábuas no chão primeiro-uma na vertical, ocupando quase todo o comprimento do galpão. A outra estava na horizontal, um pouco torta e não exatamente cruzada, mas a ideia estava certamente ali.

Então ela viu o homem.

Ele estava despido apenas de cueca.

Seu braço direito estava esticado desajeitadamente enquanto ele pegava a tábua horizontal.

Não, ela pensou. Ele não está pegando.

O reflexo da janela tornava muito difícil ver claramente, mas sua mão foi pregada na tábua. Ela podia ver o círculo escuro de sangue nas suas palmas enquanto ele lutava contra a dor e o peso.

Ela olhou para seu rosto enquanto o estômago dela afundava. Havia uma mordaça amarrada ao redor da cabeça. Seu cabelo era grisalho e os olhos frenéticos e repletos de dor que ela viu pela janela pareciam muito mais felizes e mais pacíficos quando ela os viu na fotografia no site da Batista da Graça.

Era Tim Armstrong.

Mackenzie se afastou da janela e se dirigiu para a porta do galpão.

Quando outro homem andou para fora do canto, ela ficou muito surpresa no início por agir tão rapidamente quanto costumava fazer.

Ele estava apenas a apenas um passo dela quando ele desceu um martelo sobre a cabeça dela. Estava descendo, mirado em seu crânio, quando ela tentou desviar para o lado e puxar o gatilho da Glock ao mesmo tempo.

Os sons do disparo e da repugnante batida do martelo acertando o lado do seu rosto encheram o mundo ao mesmo tempo.

As pernas de Mackenzie sentiam como os ossos tivesse virado gelatina. Ele bateu os joelhos, tentando levantar a arma, apenas para descobrir que não havia nada além de escuridão em frente aos seus olhos.

 

***

 

Quando ela abriu os olhar, a primeira coisa que ela percebeu foi que ela não conseguia respirar. O mundo não estava escuro, mas matizada em uma estranha cor bege. seus ombros doíam e seus tornozelos davam pontadas. Mias que tudo o mais, sua cabeça doía para diabo.

Acalme-se, ela pensou. Faça o inventário. O que aconteceu?

Ela colocou as peças juntas e enquanto o fazia, foi capaz de respirar novamente-e de ter uma melhor visão da sua situação.

Tim Armstrong estava no galpão. Uma mão pregada a uma cruz que ainda não havia sido construída. Um homem veio da esquina e me bateu com um martelo. Mas eu disparei um tiro. Eu o acertei? Ele está morto?

Dadas a sua situação de apuros atual, ela assumiu que não.

Quando sua visão começou a retornar-ainda bege e embaçada por hora, mas operável-ele teve uma ideia melhor do que estava acontecendo.

Ela estava no galpão. Suas mãos estavam amarradas atrás das suas costas. Seus tornozelos estavam amarrados. Ela foi arrastada para um canto, atrás de um cortador de grama e um galão de gasolina.

Ela moveu a cabeça lentamente. Ela olhou para a janela e viu que ainda estava turvo lá fora. O sol ainda não nasceu.

Então não fiquei apagada por muito tempo. Talvez ele mal tenha conseguido me dar aquela martelada.

Isso, também, era ilusório. Sua cabeça parecia como se uma bomba tivesse sido detonada no seu crânio. Ela podia senti-la inchando mesmo seu usar as mãos.

Do seu lado direito, ela podia ouvir um tilintar. Foi seguido por um murmúrio de desespero e um suave barulho arrastado.

"Fiquei quieta," uma voz disse. "Isso vai acabar logo. Você está morrendo como Jesus. Você, também, será glorificada."

Mackenzie não conseguia ver o que estava acontecendo porque o cortador de grama estava bloqueando seu campo de visão. Ela lutou contra o que quer que estivesse prendendo seus pulsos, mas sem efeito. Eles estavam bem amarrados. Tudo o que a luta conseguiu foi contar a lateral dos seus punhos nas bordas do protetor de grama do cortador.

A dor e o sangue fresco derramado de sua pele eram uma dádiva, no entanto. Uma ideia que parecia ao mesmo tempo tanto desesperada quanto ilógica. Novamente, se movendo o mais silenciosamente que podia, Mackenzie deslocou o corpo para a direita. Ela teve que torcer os ombros desajeitadamente, mas ela conseguiu alinhar as fortes amarras ao redor dos seus punhos com o protetor de grama. Ela levantou os braços e os abaixou, para baixo e para cima, para cima e para baixo o mais silenciosamente quanto podia.

Ela não tinha ideia se estava funcionando-se o protetor estava cortando o que quer que estivesse prendendo seus punhos. Ela podia dizer que não era aço ou metal... talvez fosse uma corda ou de pano reforçado, ou-

A garagem foi então preenchida com o som pesado de um martelo batendo um prego. Um choro gutural de agonia, abafado, porém inconfundível, se seguiu. Mackenzie se encolheu com o barulho, mas também usou isso para sua vantagem, levando os dois ou três segundos para intensificar seus estranhos movimentos de serra.

Ela começou a sentir a pressão ao redor dos seus pulsos se afrouxarem. Ela olhou abaixo para os tornozelos e viu que estavam amarrados com algum tipo de corda grossa. Se fosse o mesmo material que estava mantendo seus pulsos juntos, ela assumia que seria capaz de cortá-los com bastante facilidade.

A dor murmurada de Tim Armstrong se tornou um ofegante tipo de chiado. A apressada comoção dele se contorcendo contra o chão havia parado.

Eu vou escutá-lo morrer se não me apressar, ela pensou.

Novamente, ela escutou o tilintar de pregos e então um ruído quando um martelo foi largado no chão.

"Eu sei que machuca," o homem disse a Armstrong. "Mas acabará em breve. Apoie-se sobre estes braços eternos até então. Ele está esperando por você, Pastor. Ele está esperando por você e você irá se regozijar na sua presença."

Ele está fazendo isto como forma de glorificação, ela pensou enquanto continuava a serrar. Ele acha que está fazendo um favor a eles-acha que ele os está entregando a Cristo.

Mais dois lentos e direcionados movimentos dos seus ombros e ela sentiu seus pulsos ficarem completamente livres. Ao invés de saltar imediatamente, ela tomou um momento para flexionar as mãos e esticar os pulsos. Então, ela abaixou-se rapidamente e desatou a corda ao redor dos seus tornozelos. Ela saiu com facilidade e quando finalmente ficou livre, colocou-se em uma posição agachada.

Sem arama, ela pensou. Uma cabeça que parece que está rachada ao meio e uma visão que ainda não está cem por cento. Não são as melhores chances.

Ela espiou por sobre o capô do cortador e levou um único momento para entender a situação.

Aparentemente, o golpe de martelo que ela ouviu segundos atrás não foi a segunda mão de Armstrong sendo pregada na tábua. Todavia, um brilho de sangue fresco em sua mão direita sugeria que o prego ali havia sido reforçado com aquela martelada em particular.

O assassino estava curvado sobre a cruz em construção, pegando outro grande prego nas mãos e se movendo em direção à outra mão de Armstrong. Ela viu uma boa quantidade de sangue ao longo do braço direito do assassino. Ela se perguntou se foi aí que seu tiro havia atingindo, alto no braço, perto do ombro.

Ela só podia ver o lado esquerdo do rosto do assassino. Ele parecia bastante abatido, uma barba no rosto que era indisciplinada e grisalha. Ele usava um apertado chapéu na cabeça, o tipo que parecia um gorro. Seus olhos estavam apertados em estreitas linhas, tornando quase difícil ver seus olhos castanhos. Ele estava trabalhando com dedicação e determinação.

Quanto a Armstrong, ele ainda estava vivo, mas estava em estado de choque. Seus olhos estavam estreitos e delirantes, seus membros tensos, mas não rígidos contra o toque do assassino.

A arma dela estava aos pés do assassino. O martelo estava na mão dele.

Atrás dele, pendurado em uma pequena grade aparafusada na parede, ela viu uma pá, uma enxada, um pequeno forcado e uma vassoura. Ele tinha todas as ferramentas com ele ou atrás dele e ela tinha nenhuma.

Eu tenho o elemento surpresa, ela pensou.

Mas então, naquele momento, até isso foi tirado dela.

O assassino olhou acima do seu trabalho, talvez apenas para conferir o estado prévio de comatose dela. Quando ele viu que ela estava acordada, ele parou por um breve momento. Então, ele largou o martelo e pregos e foi até a Glock.

Mackenzie fez o seu melhor para usar o seu entorno. Ela pegou a primeira coisa que ela viu-o galão de gasolina. Ela pegou, grata por descobrir que estava pelo menos meio cheio e o atirou. Parecia um ataque estúpido, mas muita gasolina saiu derramando pelo bico. Derramou no rosto dele, nos olhos. Ele gritou e tropeçou para trás, tentando instantaneamente limpar a gasolina dos olhos.

Mackenzie tirou vantagem disso ao se arrastar para cima e por sobre o capô do cortador de grama e dando um forte chute no peito do assassino. Ele caiu para trás com força e rebateu na parede da frente do galpão. Ele avançou gritando em direção a ela e ela facilmente o afastou com uma cotovelada no mesmo lugar que ela havia acabado de chutar.

O assassino se curvou ofegante. Mackenzie deu um passo a frente para continuar o ataque e prender as algemas nele, mas foi quando seu pé esquerdo escorregou na gasolina no chão. Ela mal escorregou, mas foi suficiente para dar uma janela de oportunidade para o assassino.

Ele foi correndo para cima dela e derrubou seus joelhos. Ambos caíram para trás em um estranho baque. As pernas de Mackenzie trombaram nas pernas de Tim Armstrong e ela caiu. O pastor estava gritando o tempo inteiro, gritando através da sua mordaça.

O assassino atingiu o chão, sua mão caindo sobre a Glock. Quando Mackenzie sentou-se, sua visão nadando e a cabeça gritando em dor infernal, sua mão encontrou o martelo do assassino. E dessa maneira, os papéis se reverteram.

No entanto, ela tinha uma vantagem. Ela sabia como usar um martelo com facilidade. Ele, por outro lado, tinha que olhar para baixo para a arma para ter certeza de que estava pronta para atirar.

Ela usou esse momento para acertar um cruzado pesado no seu queixo, usando o martelo como uma forma medieval de punhos de bronze. Ela ouviu algo na sua mandíbula estalar enquanto ele foi até a parede novamente. A arma bateu no chão, mas ele se esqueceu de disse no momento que seu impacto mandou a pá e o forcado ao chão.

Ele agarrou o forcado e tentou espetá-la com ele. Mas ela era muito rápida, já estava em cima dele. Ela envolveu a cabeça dele em um mata-leão e quando ele gritou, ela pode sentir em seus ossos. Ele tentou reajustar o forcado de forma que as garras ficassem viradas para eles. Ele tentou empurrá-la para frente, diretamente nos dentes, mas ela era muito forte. Ele empurrou e empurrou contra ela e foi por isso que ela ficou tão surpresa quando ele parou e, de repente, empurrou-a na direção oposta.

Ele a arremessou com força na parede repetidamente, ela sentia como se sua cabeça tivesse sido aberta como um melão. A dor era incomensurável e por um momento devastador, ela pensou que iria desmaiar novamente.

Ele foi correndo para frente com o forcado e foi tudo o que precisou para ela se apegar a consciência. Os olhos dela escanearam o lugar por um instante e quando ela viu a Glock repousando aos seus pés, ela se jogou no chão como se suas pernas tivessem derretido.

Ela foi rápida, mas não o suficiente. Ao atingir o chão, a garra externa pegou seu braço direito. Mal a atravessou, mas foi suficiente para cortar sua pele e derramar sangue instantaneamente. Mais uns dois centímetros e a teria pregado no chão, a garra a segurando firme.

Ela gritou enquanto sua mão recuperou a Glock. Sem mirar muita, ela a levantou e puxou o gatilho.

Um respingo de sangue quente a atingiu.

O forcado atingiu o chão cerca de dois segundos antes que o corpo do assassino o seguisse.

O tiro o acertou diretamente sob o queixo. Os resultados foram muito sinistros; Mackenzie teve que desviar o olhar.

Ela respirou profundamente e sentou-se, consciente de que o sangue do assassino estava sobre ela, mas incapaz de encontrar a força para se importar naquele momento.

"Pastor Armstrong... ajuda está a caminho... ajuda está a caminho..."

Ela tirou o celular enquanto tentava se colocar de pé. Ela tinha consciência apenas o suficiente para apertar o número de Ellington antes que a escuridão descendesse sobre ela novamente e ela também se juntasse ao assassino e ao Pastor Armstrong no chão do galpão.


CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

 

Foram três semanas antes que Mackenzie retornasse ao trabalho. Com seis pontos na lateral da cabeça logo acima da têmpora e vinte e um pontos no braço, ela estava confinada em serviço de escritório. E isso estava bem por ela; no que se seguiu depois do que aconteceu no galpão e da sua dolorosa recuperação após, havia muito que digerir.

No seu primeiro dia de volta, ela gastou a maioria do tempo lendo lentamente os documentos e relatórios do caso. Ela tinha de ler lentamente e concentrar-se mais que o habitual. Sua cabeça ainda doía de vez em quando. Ela ainda podia sentir as consequências da concussão que os médicos diagnosticaram e mesmo uma coisa tão simples quanto ler algumas páginas de documentos cobraria seu pedágio na sua mente.

Vagarosamente e com muito foco, ela foi capaz de reunir em ordem cronológica os fatos que ela recebeu de Ellington enquanto ele cuidava dela e a auxiliava de volta à saúde tão bem quanto podia pelas últimas três semanas no apartamento deles.

O nome do assassino era Thomas Hamel. Ele foi nascido e criado em uma comunidade rural na Virgínia onde frequentava uma igreja Batista com sua mãe e então, depois do divórcio dos pais, uma igreja Católica com sua mãe. Em cada igreja, ele havia testemunhado coisas grotescas sobre as quais ele escrevia extensivamente em diários encontrados em seu apartamento em Georgetown. Aos dez anos de idade, ele viu uma troca de socos entrar em erupção na sua igreja quando foi descoberto que um diácono estivera dormindo com a esposa do pastor. A igreja se dividiu e as amizades se dissolveram bem em frente dos olhos desse garoto de dez anos.

Então, aos treze quando se envolveu na igreja Católica da mãe, rumores de abuso sexual começaram a rondar. E, embora não houvesse qualquer prova, dois líderes da igreja se resignaram em meia às alegações. Tomando isso basicamente como uma admissão de culpa, Hamel e alguns dos amigos foram apanhados pichando a frente da igreja.

Nada demais aconteceu depois disso. Hamel frequentou a universidade, se tornou envolvido com uma igreja, casou-se, divorciou-se e, de alguma maneira, acabou tentando começar sua própria igreja. Nunca saiu do chão e depois, quando se candidatou a duas faculdades bíblicas separadas, ele foi recusado.

Fora acusação de vandalismo quando adolescente, Hamel não tinha outros registros. Mas os diários encontrados em seu apartamento falavam de ódio contra "falsos seguidos de Cristo e apologistas" ao mesmo tempo em que falava do seu amor e desejo de glorificar Jesus Cristo de toda forma possível. Ele também falava da sua admiração por certo líderes religiosos da área; os nomes do Padre Costas e Coyle, Pastor Woodall e do Reverendo Tuttle estavam entre eles.

E é aí onde as coisas ficavam realmente arrepiantes.

Hamel havia listado quatorze líderes religiosos e quatorze igrejas em seus meandros. Ele tinha todas as intenções de matar quatorze líderes religiosos e depois se entregar-sua própria maneira de "crucificação."

Quanto a Tim Armstrong, o homem que quase se tornou a quinta vítima de Hamel, logo entraria na segunda das três cirurgias na mão direita. Ele provavelmente nunca teria habilidade total na mão, mas parecia que os médicos poderiam salvá-la.

Hamel não deixou família; sem filhos e uma ex-esposa que parecia não se preocupar com sua morte quando a agência a notificou.

A vida inteira do cara, bem aqui em algumas folhas de papel, pensou Mackenzie. E está acabada... simples assim. Uma bala ... que eu atirei.

Ela não se arrependia. Ela sabia muito bem que na luta que tivera com ele, ele a teria matado se ela não tivesse conseguido sair por cima. Mas ela olhou para trás para os relatos de sua infância-como um filho tinha sido tão afetado e distorcido por causa da influência da igreja sobre ele.

"Ei, você," disse um voz da porta.

Ela olhou acima e viu Ellington de pé.

"Ei," ela disse.

"Hum... o que está errado?"

"nada."

"Então, por que você está chorando?"

Ela não fazia ideia de que estivera chorando, mas no momento que Ellington apontou isso, ela pode sentir as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Ela as enxugou envergonhada e deu de ombros.

"Eu não sei," ela disse.

Ele entrou na sala e viu os documentos na mesa dela. "Não faça isso consigo mesma," ele disse. "Ele está morto. E porque você o deteve, há dez homens que ainda estão vivos. Ele teria matado todos eles. Você não acha?"

"Sim, eu sei."

"Olha... eu acabei de falar com McGrath," disse Ellington. Sua voz era pesada e sombria. "Ele quer eu e você no escritório dele o mais rápido possível. Você tem alguns minutos?"

"Sim," ela disse, olhando para os documentos na mesa. Na verdade, ela ficaria feliz em se afastar deles por um tempo. "Você sabe do que se trata?"

"Meio que sei. Apenas... venha."

Isso não pode ser bom, ela pensou. Claro, eu sei que esse golpe na minha cabeça assustou todos por um dia ou dois, mas certamente não é um pedido para ir mais devagar... é?

Ao subirem juntos no elevador, Ellington colocou um braço reconfortante ao redor dela. Ela se escorou nele, tentando entender porque ela esteve chorando no escritório sem ter consciência disso. Havia algo sobre isso que era assustador.

Eles chegaram ao escritório de McGrath e encontraram-no simplesmente sentado em sua mesa. Havia uma única pasta de arquivos na frente dele. Quando eles entraram, ele olhou para eles com sua austeridade sem baboseiras habitual.

"Obrigado, Agentes," ele disse. "Sentem-se."

Ambos se sentaram nas cadeiras em frente a mesa de McGrath. Estava se tornando um sentimento muito familiar para Mackenzie. Uma pequena parte dela ainda sentia da maneira que ela se sentiu quando entrou no escritório dele pela primeira vez-como uma criança do primário que acabou de ser mandada para sala do diretor.

"White, deixe-me começar dizendo isso... você estava absolutamente certa sobre o último caso. Eu estava distraído por outra cosa e só... bem, minhas prioridades estavam fodidas. Você fez um trabalho incrível e peço desculpas por mandá-la para aquela igreja sozinha. Você continua a impressionar a mim e tudo o que posso fazer é continuar a oferecer minhas desculpas."

"Obrigada, senhor. Isso significa muito."

"Bem, eu estou avisando isso, porque em termos de eu me distrair e ficar irritado, havia algo mais fermentando sob tudo isso-outro caso que chamou a minha atenção enquanto você estava rastrear o assassino."

"Que tipo de caso?"

McGrath parecia inseguro-uma emoção que o fez parecer dez anos mais velho. Ele deixou escapar um suspiro que era puro nervosismo.

"White, o que eu estou prestes a lhe dizer, o Agente Ellington já sabe. E ele sabe por que eu disse a ele. E eu, explicitamente, o ordenei a não lhe dizer. Ou a qualquer outra pessoa no que diz respeito. Mas, agora, parece que você está curada e à luz da inteligência recente que veio até a minha mesa, eu acho que é hora de informar a você."

"O que está acontecendo?" ela perguntou.

Ela olhou para Ellington com suspeita. Ela odiava o fato de que ela se sentia traída, porque ela esteve mantendo algo escondido dela. Ela sempre tentava colocar seu profissional sobre o lado emocional das coisas, mas ainda assim, a picada estava lá.

"Mesmo depois que voltou do Nebraska, as coisas continuaram a meio que ir ladeira abaixo", disse McGrath. "Eu estava preocupado com isso, sabendo que precisaria lhe contar. Olha... o escritório de campo do FBI em Omaha teve encontrou uma novidade há seis dias. Acharam uma impressão digital na mandíbula de Gabriel Hambry. A impressão foi seguida e eles descobriram que pertencia a um homem que cometeu suicídio recentemente. O nome desse homem era Dennis Parks."

"Eu deveria conhecer esse nome?" ela perguntou.

"Provavelmente não. Mas eu acabo de receber os relatórios essa manhã, dizendo que Parks era um homem de cinquenta e nove anos de idade que trabalhou uma vez com o seu pai."

Mackenzie sentiu que o chão havia desaparecido sob seus pés. Não, ela não se lembrava do nome Dennis Parks, mas haver uma conexão tão grande com seu pai... estava além de qualquer coisa que ela esteve esperando.

"Há mais uma coisa," disse McGrath. "Esses sem tento que estavam sendo mortos... não eram apenas andarilhos. Há mais que isso. E mesmo agora, quando recebemos mais informações, não parece fazer muito sentido."

"Eu não entendo," disse Mackenzie.

Sua cabeça estava doendo e ela se sentiu ficando emotiva. McGrath olhou para ela com uma resignação reservada.

"Eu estou enviando você para o Nebraska," ele disse. "Eu quero que você fique completamente dedicada a esse caso e eu quero respostas. Parece que está ficando muito maior do que esperávamos."

"Eu não entendo," ela disse. "E os andarilhos? E quem exatamente é Dennis Parks?"

McGrath começou a falar, respondendo às suas questões. E quanto mais fundo ele entrava, mais fácil foi para Mackenzie olhar além da dor na sua cabeça. Ela absorveu cada pedaço de informação e, pela primeira vez desde que visitou o Nebraska algumas semanas atrás, ela sentiu que o fim do caso do seu pai estava próximo.

E dessa vez, por Deus, ela iria se certificar que chegasse à sua conclusão.

 

 

                                                   Blake Pierce         

 

 

 

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