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AS ENCARNAÇÕES DE VIXNU
AS ENCARNAÇÕES DE VIXNU

 

 

                                                                                                                                   

 

 

 

 

As numerosas encarnações de Vixnu seguem o plano bramanista contido no livro dos Veda. Uma encarnação significa uma descida, um avatar, de um deus ao mundo dos mortais para favorecer os humanos.

Mas um avatar também guarda relação com as diversas aparências ou representações de um deus. No caso de Vixnu, por exemplo, pode afirmar-se que nos achamos diante de um deus que muda de forma e pode aparecer com a figura de um animal, por exemplo, um javali, uma tartaruga, um peixe, um anão ou um gigante.

Os avatares, aparências, mudanças e modificações acontecem porque o deus Vixnu tem encomendada a missão de preservar o mundo dos humanos da maldade e afastar a desdita e o caos. Manter a ordem no Universo é uma das incumbências do deus Vixnu, o qual há de vencer as forças do mal personificadas num deus que encarna o malvado rei do mundo das sombras, o demónio, cujo nome é Ravana.

Quando o deus Vixnu chegou a seu sétimo avatar se encarnou no príncipe Rama, cuja vida e historia, assim como suas distintas passagens pela terra, sua paixão, e posterior casamento, com a formosa deusa Sita se narram nos livros que contém as grandes epopeias hindus e em particular no Ramayama.

A outra grande epopeia da tradição hindu é o Mahabarata que, entre outras coisas, contém o célebre relato denominado Bhagavad Gita, no qual se descreve a oitava encarnação do deus Vixnu e se narra a conversação entre Krishna e o herói Arjuna sobre as dificuldades que tem que enfrentar os humanos ao longo da sua existência e a necessidade de achar sentido à vida para neutralizar as desgraças, os sensabores e as amarguras.

Porém, na epopeia do Mahabarata se relata como Krishna, que quando criança havia estrangulado com suas próprias mãos, e sem nenhuma arma, uma serpente que tinha se enroscado no seu corpo para asfixiá-lo, e que também havia retorcido o pescoço até matar um corvo que tentava cravar-lhe suas garras e bicá-lo, perece num acidente.   O azar quis que um caçador confundisse Krishna com um cervo e disparasse uma flecha certeira que lhe atravessou o coração.

O mito narra que após a criação do Universo se formou uma parte visível e outra invisível; esta última seria cuidada por três deuses, Indra, Dyaus e Varuna, cada um dos quais tinha a seu cargo o governo de uma esfera cósmica e velariam para que reinasse a ordem em todo o Universo.

A primeira esfera cósmica compõe a concavidade do Universo e foi confiada a Dyaus. Na segunda esfera cósmica se integram o ar que enche a atmosfera e os meteoritos, e é controlada e ordenada pelo deus Indra. A terceira esfera cósmica está relacionada diretamente com a harmonia da terra, e o deus Varuna vela para que se mantenha o equilíbrio e se respeite a ordem estabelecida no Universo.

Os três deuses encarregados de velar pelo Sat desde o momento de sua criação são: Dyaus, Indra e Varuna.

Dyaus está encarregado da primeira esfera cósmica, a concavidade do firmamento; Indra da segunda, o ar da atmosfera e dos elementos e meteoritos que nela ocorrem; Varuna se encarrega da terceira esfera, para que a ordem cósmica estabelecida impere na terra.

Indra é celebre por realizar a grande façanha de liberar as águas e construir o mundo. Dyaus Pitr, o Céu Pai, é o esposo da mãe de Prtive Matr, a Terra Mãe; Dyaus, o Grande, é o espírito benfeitor supremo do dia e da luz. Varuna, o deus que está em toda parte, é também o protetor dos filhos de Aditi, a deusa virgem do ar; Varuna cuida para que a verdade divina resplandeça e o faz zelosamente desde a Terra e a Lua, ou seja, se mantém vigilante tanto de dia como de noite, ajudado na sua constante missão protetora pelas estrelas pois, na realidade, sua missão é semelhante a de um zelador da ordem sagrada do Universo visível; apesar de o deus solar Mitra lhe ter substituído de modo auxiliar nas tarefas diurnas, pelo menos na índia, o Mitra transladado ao Ocidente, através da Babilónia primeiro e de Pérsia mais tarde, se converteu num deus principal.

Varuna é o deus sábio que conhece tudo o que já há acontecido e todo o que há de acontecer. Da sua garganta brotam as águas das sete fontes do céu, desde onde baixam a terra para formar os grandes rios do planeta.

Dyaus Pitr, de onde talvez sairá o Zeus grego, é o deus supremo do Céu. Varuna também velava pelos mortos, reina no mesmo paraíso junto ao primeiro humano nascido e falecido, o bom Yama, com a sentinela dos dois cachorros protetores das almas, Syama e Sabala.

A respeito de Indra, casado com a deusa Indrani, há que dizer que era uma divindade caprichosa, mesmo que os humanos o tivessem como um deus principal, seus caprichos se manifestavam por igual com mulheres, homens ou animais, até o ponto que a divindade Gautama teve que zangar-se com sua atitude e chegou a esquartejá-lo, porém mais tarde seus divinos companheiros se ocuparam de recompor seu corpo desfeito.

Enquanto que Brahma ficava estabelecido num plano metafísico, as outras duas personificações do Trimurti, Siva e Vixnu, se convertiam em figuras queridas e temidas, nos santos visíveis aos quais recorrer num caso concreto, nas personagens divinas mais humanizadas das quais se podiam contar lendas e acreditar prodígios, porque os deuses que se assemelham aos homens em seus defeitos e nas suas virtudes sempre estão mais perto deles.

Vixnu, por exemplo, foi o herói amado, o ser celestial que descia continuamente ao mundo ao qual havia dado vida com seu alento divino, para livrá-lo do mal, que também tentava perpetuar-se sobre sua superfície, aproveitando cada uma das novas recriações. Suas façanhas aparecem relatadas nos avatares e esses textos atingem fundo o fervor popular, porque não há coisa melhor que poder contar muitas histórias do deus valente e bondoso.

Siva, por ser o deus destruidor da trindade bramanista, viu-se impelido a adotar cada vez mais papéis terríveis, e assim, transformado radicalmente desde seu primitivo caráter de deidade benfeitora, chegou a representar o deus implacável a quem se encomendava a ingrata tarefa da destruição, mas nem por isso deixava de dar o melhor de si em benefício das grandes causas, mesmo que tivesse que repetir uma e mil vezes o sacrifício.

Ao terrível Siva também se lhe outorgou a tutela da fecundidade, e os signos fálicos se elevaram por todo o território da índia em sua honra, num patrocínio lógico de se compreender porque, sendo um deus tão poderoso e valente, era o varão desejável ao qual se dirigir com devoção para rogar-lhe que comunicasse a graça da sua força e vigor aos filhos esperados.

 

 

                      

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