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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


ATOS MALVADOS EM UMA NOITE... / Kresley Cole
ATOS MALVADOS EM UMA NOITE... / Kresley Cole

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

O Bosque das Três Pontes   Inverno 1827      Quer marcar minha carne... A lua cheia brilhava nos tecidos de neve e nas estéreis árvores, fazendo que o vestido verde de caçador de Mariah brilhasse tão distintivamente como um farol para a besta que a perseguia.   Marcar-me com seus dentes, pensou grosseiramente enquanto saltava sobre um gelado arroio. Quando o rugido frenético da besta ecoou através do bosque, tropeçou no aterro. Escalando-o desesperadamente, continuou para sua casa.   Os ramos das bétulas cravavam no cabelo e a arranhavam na face intumescida pelo frio. Enquanto se retorcia para soltar-se de seu agarre, a neve começou a cair uma vez mais, turvando sua visão. Outro bramido na escuridão silenciou às criaturas da noite, o som de sua respiração desigual começou a ensurdecê-la.   Bowen, o homem que amava desde que era uma menina, tinha-lhe advertido sobre a lua cheia, preparando-a:   —Trocarei Mariah. Não posso controlá-lo. E você é vulnerável a que te faça mal...   Tinha insistido em encontrar-se com ele esta noite, porque tinha sabido quão crítico era este tempo para ele, e porque estava ansiosa por compensá-lo por negar seus desejos uma e outra vez. Mas então, na última hora, sua coragem falhou. Tinha olhado à face de seu amado, e a lua tinha revelado  um monstro em seu lugar.   Ele tinha sabido que ela estava horrorizada. Seus brilhantes olhos azul gelo, tinham estado cheios de um desejo animal até que se estreitaram com compreensão.   —Corre... Mariah - havia dito asperamente—. Vá para o... Castelo. Tranque-se... Longe de mim.   Podia o ouvir precipitando-se para ela, mais perto, mas ela estava quase lá. Alcançando a borda do bosque, viu sua casa no claro nevado abaixo dela, um castelo imponente em meio da confluência dos três grandes rios de seu reino. Tão perto.   Mariah correu pelo familiar e tortuoso atalho que a levaria abaixo. Logo que saiu ao caminho, um movimento explodiu diante seus olhos. De repente o ar transbordou de corvos, disparando ao seu redor, as asas batendo contra sua face intumescida. Balançando entre eles cegamente, tropeçou e perdeu pé no gelado atalho coberto de raízes.   Sem peso... Caindo... Caindo ao lado da ravina... O impacto arrancou violentamente a respiração dos pulmões e fez que sua vista se obscurecesse. Ainda caindo...   Quando aterrissou no fundo, houve um molhado som asqueroso como se alguma força lhe golpeasse através do estômago. Uma inimaginável dor a atravessou. Olhou boquiaberta com incompreensão do afiado toco que saía de seu corpo. Não... Não... Não pode ser.   Enquanto a dor diminuía a só uma fria sensação de pressão interior, fracamente agarrou os restos de um abeto, destruído por um dos lenhadores de seu reino.   Com cada respiração, o sangue borbulhava de sua boca. Gotejava por sua face à neve, tão suavemente como suas lágrimas.   Mariah das Três Pontes morreria nas sombras da lua de sua própria casa.   Aturdida, olhando fixamente para céu, escutou enquanto a besta se apressava para ela o mais rápido que podia, como se cheirasse o sangue. Antes que pudesse alcançá-la, Mariah reconheceu que já não estaria sozinha.
  Justo depois de que divisasse mais corvos voando em círculos sobra sua cabeça, uns lábios gelados se encontraram com os seus. O vazio e o caos se filtraram por ela como uma enfermidade. Enquanto se retorcia futilmente, uma voz dentro da cabeça de Mariah falou de noite, uma véspera invernal transbordante de propósitos.    —Morre — sussurrou a voz contra a boca sangrenta de Mariah. Imediatamente, ela percebeu a fraqueza de seu coração. Os pulmões cessaram seu trabalho e a máscara de dor de sua face se afrouxou.   A presença desapareceu, substituída por outra. O último olhar de Mariah foi à besta, rugindo em agonia à lua, cravando as garras no peito com selvagem dor. 

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  Presente   Tumba dos Incubi, selva da Guatemala   Dia 3 do Talismã Hie.   O prêmio: Quatro adornos de sacrifício de ouro, cada vale sete pontos      —Me espreitando, senhor MacRieve? —perguntou Mariketa a Esperada ao Lykae atrás dela sem dar a volta. Na escuridão do corredor que levava a uma das câmaras de enterro, Bowen MacRieve a tinha estado seguindo em silêncio. Mas o havia sentido olhando-a fixamente, justo como o tinha feito na assembléia do Talismã Hie há três noites.    —Não é provável, bruxa. —Como pode tal som de retumbar escocês soar tão ameaçador?— Eu só caço ou espreito o que quero agarrar.    Mari girou para lhe lançar um olhar, sabendo que não podia  ver sua face sob o capuz da capa escarlate que sempre levava. Mas à luz de sua lanterna sobre o ombro, ela podia ver, e usou a coberta para disfarçar seu longo e apreciativo olhar.    Suspirou interiormente. Os machos Lykae eram notoriamente bonitos, e os poucos que tinha visto tinham vivido de acordo a sua reputação, mas este era excepcionalmente sexy.   Tinha o cabelo negro, liso e grosso, alcançando o pescoço de sua camisa obviamente custosa. Seu corpo, no qual se encontrou pensando com freqüência durante os passados três dias, era sublime. Em pé alcançava bastante mais de 1,90 m de altura e embora o corredor fosse o bastante largo para que passassem duas pessoas normais, os ombros largos e seu grande corpo enchiam o espaço.    Mas inclusive com todas suas muitas atrações, seus olhos eram o que o fazia tão extraordinário. Eram de uma rica cor âmbar quente e havia uma espécie de luz sinistra neles, que gostava.   Ela era um pouco sinistra também.    —Cançou de olhar? —perguntou ele, em tom mordaz. Sim, era sexy mas desgraçadamente sua antipatia para as bruxas era bem conhecida.    —Terminei com você — respondeu e queria dizê-lo. Não tinha tempo para suspirar por bruscos guerreiros homens lobos se planejava ser a primeira de sua espécie em ganhar o Hie, um jogo de busca com toques de Gran Reto1.
  Com um encolher de ombros, continuou para outra câmara de enterro. Era a décima que tinha investigado durante horas e vários outros competidores tinham estado abaixo, profundamente no interior desta tumba interminável.    Talvez o tinha surpreendido com sua curta despedida porque passou um momento antes que a seguisse. Os únicos sons no espaço que ressoavam eram suas pesadas pisadas que ele já não incomodava em amortecer. O silêncio entre eles era duro.   —Quem abriu esta tumba? —perguntou ele finalmente, arrastando-se muito perto atrás dela.    —Os três arqueiros elfos e um casal de demônios. —Os arqueiros, dois machos e uma fêmea, eram arqueiros mortais com a rápida velocidade do relâmpago, e os demônios da raiva masculinos eram incrivelmente poderosos, segundos em força só atrás dos Lykae. Inclusive para eles, a pedra do restelo que selava a tumba tinha sido quase impossível de mover.   Deram-se conta de que toda a estrutura piramidal se moveu com o tempo e os terremotos e agora descansava sobre o restelo, fazendo que pesasse toneladas. Levantá-la tinha tomado a cooperação de todos eles, com os dois demônios as levantando e os caçadores empurrando um enorme canto rodado debaixo para segurá-las abertas.   —E eles simplesmente lhe permitiram entrar depois de seu esforço?    Ela parou e o encarou outra vez.    —O que deveriam ter feito, senhor MacRieve? —Os outros não só tinham permitido entrar. Embora mal que conhecia nenhum deles, tinham querido trabalhar juntos dado que havia quatro prêmios. Assim que se separaram para cobrir as dúzias de câmaras desta tumba e prometido ao Lore avisar os outros de um achado.   O sorriso de MacRieve era uma torção cruel dos lábios.    —Sei exatamente o que eu teria feito.   Sem vacilação, ela disse:   —Sei exatamente como  teria me vingado.    Parecia surpreso de que não o temesse, mas a verdade era que ela não se assustava facilmente, quando não se encarava com alturas ou insetos grandes. E estava bem inteirada de quão viciosos podiam ser os competidores do Hie enquanto competiam ao redor do mundo em busca dos prêmios.    Esta dureza do Hie era o porquê tinha sido enviada pela Casa de Bruxas para competir, embora só tivesse vinte e três anos, e fora originária do aquelarre de sombras de Nova Orleáns, a preguiçosa Casa de Animais de bruxas.   Mas Mari não estava por cima do engano, e a diferença de muitas bruxas, não vacilaria em usar a magia para machucar a outros se o mereciam, se podia dirigir-se com seus voláteis poderes.    MacRieve a rodeou até que os 1,90 m de furioso homem lobo se abateu sobre ela. Eram ao menos trinta centímetros mais alto e centenas de vezes mais forte, mas se forçou a manter-se firme.    —Vigia seu passo, pequena bruxa. Não deseja zangar a um como eu.   O grande prêmio do Hie era a Chave de Thrane, que permitia a seu possuidor voltar atrás no tempo, não uma vez, mas duas. Por um instrumento assim, sabia que ele estava preparado para tirá-la do concurso. Assim tinha que convencer  de que era impossível para ele fazê-lo.   —Igualmente, não deveria me zangar. —Sua voz era firme enquanto o olhava—. Recorda que posso transformar seu sangue em ácido no caso de — disse, mentindo descaradamente.   —Sim, ouvi os rumores de seu poder. —Entrecerrou os olhos—. Embora seja curioso que não tenha aberto a tumba com um golpezinho do dedo. 
  Sim, poderia ter levantado o restelo com concentração, com uma bebedeira de sorte sem precedentes, e com ausência de ressaca. OH, e se estivesse em perigo de morte.    Desgraçadamente, sua magia se apoiava na adrenalina, fazendo-a tão infinita como incontrolável.   —Pensa que deveria usar magia como a minha para abrir uma tumba? —perguntou Mari com tom zombador. A senhora do engano, trabalhando aqui—. Isso seria como chamar você para levantar uma pluma.   Ele inclinou a cabeça, avaliando-a. depois do que pareceu uma hora, ele começou a andar outra vez.    Mari deu um suspiro interno de alívio. Se qualquer no Lore descobrisse quão vulnerável era realmente, estaria condenada. Sabia disto, mas por muito que trabalhasse duramente, sempre que manifestava e soltava um poder significativo, as coisas acabavam por explodir.    Como sua confusa mentora Elianna explicou:   —Os cavalos têm pernas poderosas, mas isso não significa que sejam bailarinas talentosas.    A anciã Elianna treinou com  Mari diariamente para controlar a natureza destrutiva de seus feitiços porque acreditava que a sutil magia invocava a maioria dos temores em seus inimigos.    E a Casa de Bruxas mediava com o temor.   O corredor finalmente terminava em uma parede larga e alta, coberta de talhas de caras e animais morbosos. Ela levantou sua lanterna e os relevos pareceram mover-se nas sombras. Tinham sido postos aparentemente ali para proteger uma pequena abertura no túnel perto do chão, a qual parecia como se fosse uma boca aberta com presas.    Ela gesticulou para o Lykae.    —A idade antes que a beleza, senhor MacRieve. —Avaliou-o outra vez, depois estudou a pequena abertura, que não poderia medir mais de um metro quadrado—. Se acha que pode encaixar.   Ele parou imóvel, claramente não gostando de ser dirigido.    —Só os humanos me chamam senhor MacRieve.    Ela encolheu os ombros.    —Eu não sou humano. —Sua mãe era uma druida dos fey, e seu último pai tinha sido um bruxo de duvidosa fama. Assim Mari era uma bruxa fey ou uma "brufey" como zombavam suas companheiras—. Então você gostaria que te chamasse Bowen, ou Bowe para abreviar?   —Bowe é o que me chamam meus amigos, assim não o faça.   Que idio...   —Nenhum problema. Tenho um montão de outros nomes que se encaixam. A maioria deles acabam em er.   Ele ignorou seu comentário.    —Você entra no túnel primeiro.    —Não acha que seria impróprio para eu estar de quatro diante de vicê? Além disso, não necessita minha lanterna para ver na escuridão, e se for primeiro, assegurará-se de não me perder e chegar primeiro ao prêmio.   —Eu não gosto de nada, ou ninguém em minhas costas. —Cruzou os braços sobre o peito e inclinou um ombro contra o muro com semblante resmungão.    Ela nunca tinha visto um Lykae transformar-se a sua elevada forma de homem lobo, mas sabia por aqueles que o tinham visto que podia ser tão aterrador como qualquer monstro verdadeiro ou imaginário.   —E terá sua pequena capa vermelha posta — continuou ele—, assim não serei capaz de ver nada sobre você que possa ser... impróprio. 
  —Retorcendo minhas palavras? Fique sabendo que sou criminalmente Bela...   —Então por que se esconde atrás de uma capa?    —Não me escondo. —De fato, isso era precisamente o que fazia—. Eu gosto de usá-la. — Odiava-o.   Ainda antes de seu nascimento, ela tinha sido predita para ser a Esperada, a mais poderosa nascida na Casa de Bruxas em séculos, mas fazia quatro anos, foi predito também que um macho do Lore a reconheceria como dele e a reclamaria. Ele procuraria prendé-la, protegendo-a com uma ferocidade tal que a magia não poderia derrotá-la, privando assim à Casa de seus poderes.   Da predição, ela tinha sido forçada a cobrir-se todas e cada uma das vezes que pôs um pé fora de seu lar. Era desnecessário dizer, que sua vida de encontros na adolescência tinha sofrido um golpe.   Usava a capa, uma vermelha porque no coração ela era do tipo rebelde da Letra Escarlate, e como respaldo se escondia também atrás de um encantamento mágico que disfarçava seu aspecto, o tom de sua voz, e seu aroma.    Se um macho como Bowen a visse, receberia uma morena com olhos azuis, quando de fato ela era ruiva com olhos cinza, e ele teria dificuldade em recordar algo como suas características, sua figura, ou a longitude do cabelo. O encantamento era uma segunda natureza nela que ela nem reparava mais.    Inclusive com todas essas precauções, seguiu a de que os machos livres do Lore tinham que ser evitados a todo custo. Mas Mari tinha ouvido na assembléia, uma festa da intriga se tivesse visto alguma vez uma, que Bowen já tinha encontrado sua companheira e a tinha perdido fazia mais um século.    Mari tinha sentido simpatia para ele. A existência inteira de um Lykae se concentrava em sua companheira, e em sua longa vida imortal, só conseguiria uma, só uma oportunidade em uma eternidade para encontrar a felicidade.    Quando viu que não se movia, murmurou:   —Bem. A beleza antes da idade.    Soltou a correia da lanterna e entrou. O espaço era mais apertado do que imaginou, mas não teve tempo de voltar a pensar sua decisão porque ele entrou diretamente depois dela. Resignada, exalou e manteve sua lanterna acima para iluminar o caminho.   A pedra estava fria e úmida e estava contente por sua capa, até que  prendeuu o joelho com ela e o cordão ao redor do pescoço puxou sua cabeça para baixo. Quando aconteceu outra vez, recuou, jogando o material nas costas para que fluísse atrás dela enquanto progredia para frente. Assim. Melhor.    Cinco passos depois:    —MacRieve, está pisando em minha capa. Deixe-me levantar...   Antes que pudesse reagir, ele alcançou entre os joelhos e depois acima contra o peito para cortar cordão do pescoço com uma garra. Os olhos dela se abriram e deixou cair a luz para agarrar punhados de tecido, mas ele deu um puxão à capa fora de seu alcance.    —devolva-me.   —Atrasava você, e portanto a mim.   Ela apertou os dentes, lutando por controlar seu gênio.    —Se você tivesse ido primeiro...   —Não o fiz. Se a quiser, por que não usa a magia para me tirar.   Suspeitava ele quão volátil era seu poder? Tinha descoberto suas fraquezas?    —Realmente não quer que faça isso. 
  —Realmente não deve querer sua capa de volta. Venha então, bruxinha, só me tire isso   —  Encanto ou não, ela tinha crescido acostumada à segurança física da peça de vestuário. E quando se deu conta de que não ia recuperá-la sem magia, Mari mal suprimiu o impulso de esfregar seus braços descobertos. De repente chegou a ser muito consciente de quão altas estavam os shortes de excursionismo em suas coxas e como sua camiseta sem mangas subia, para revelar a marca na parte inferior das costas.    Armou-se de coragem e fez seu tom despreocupado.    —Guarda a capa. —Embora soubesse que ele a olhava avidamente, forçou-se a pôr um joelho diante do outro—. Valerá dinheiro um dia.   Depois de uns poucos momentos, ele disse:   —Não se inquiete, bruxa. Não está tão imprópria desde meu ângulo. Um pouco descarnada onde conta, mas não muito mal.    Sim, olhando avidamente. Muitos adjetivos podiam ser usados para descrever seu traseiro, mas descarnada não estava entre eles. Só está fazendo estes comentários e  está esfregando contra ela para desconcertá-la. Sabendo que isso não fazia seus esforços menos efetivos!    —Descarnada onde conta, MacRieve? Engraçado, tinha ouvido o mesmo sobre você.   Deu-lhe um meio sorrisso sem humor e finalmente continuou.   —Não é provável. Talvez seja muito jovem para ter ouvido os rumores a respeito dos machos Lykae. Tenras orelhinhas pequenas.   Não, ela os tinha ouvido. E nos últimos dois dias, perguntou-se a respeito desse rumor e se aplicava a ele.    Quão comprido era este condenado túnel...   —Calma, moça — chiou. Os olhos dela se alargaram outra vez quando sentiu a palma quente colocada atrás da coxa—. Há um escorpião enredado em cima de seu cabelo.   —Tira a mão de em cima de mim, MacRieve! Pensa que não posso ver o que está fazendo? Estive esquadrinhando cada polegada deste túnel, teria visto um escorpião. —Quando ela começou outra vez, ele apertou sua perna. Sua garra do polegar se apertou contra a pele, acima no interior da coxa, mandando um disparo inesperado de prazer por ela. Teve que suprimir um tremor.    Foi só depois de que sentisse o sussurro de um toque sobre o cabelo que ela seguiu com suas acuidades outra vez.    —Como se supõe que vou acreditar que há um escorpião e que acaba de acontecer que está no túnel pelo que nos arrastamos e depois em meu cabelo? Alguma outra criatura de filme que você gostaria de mencionar? Há alguma mão de múmia enredada aí acima? Realmente estou surpreendida de que não foi a "clássica tarântula".   Ele projetou o braço de entre suas pernas, outra vez, dando trancos diante de seu corpo enquanto atirava algo diante dela. Algo com massa. Afastou a lanterna para frente.   A vista de um escorpião tão grande como sua mão a empurrou para trás... Apertando-se firmemente contra MacRieve, em uma situação muito delicada para estar com qualquer, mas especialmente com um homem lobo.    Ele se esticou junto a ela. Cada polegada dele. Sentia seus braços se sobressaindo sobre seus ombros e seus cinzelados abdominais tensos contra suas costas.   Sua crescente ereção pressionando grossa contra seu traseiro. Assim que os rumores a respeito dos homens lobo eram verdade, pensou aturdidamente. O exibicionista A é bastante insistente.    —Se afaste — ele chiou as palavras. Respirava pesadamente contra sua orelha.
  —De maneira nenhuma. Estou entre um escorpião e um lugar duro aqui. —mordeu o lábio, desejando que nenhum de seus amigos a tivesse ouvido dizer isso.    Ele se moveu cuidadosamente para trás.   —Matei-o — disse entre fôlegos—. Pode passar, não permitirei que te toque.   —Por que se preocupa? —Ela franziu o cenho ao encontrar sentindo calafrios sem ele sobre ela.    —Não o faço. Uma picada te atrasará. E estou atrás de você, recorda?    —Como se pudesse esquecê-lo em algum momento. —Então suas ásperas palavras penetraram—. Hey, homem lobo, não se supõe que rói sua presa ou brinca com ela revolvendo com as patas ou algo? Quer que o salve para você?    —Poderia pô-lo onde o encontrei, bruxa.    —Poderia te transformar em sapo. —Talvez um sapo explodido.    Sem advertência, tocou com o dedo a pequena tatuagem negra que ela tinha na parte inferior das costas.   —O que significam estes símbolos?    Ela ofegou, tanto pelo choque de seu toque ali como por sua reação visceral a isso. Queria arquear-se sob sua mão e não podia entender por que. Disse bruscamente:   —Está colocando a mão em mim?    —Não posso dizê-lo. Diga-me o que significam as marcas.   Mari não tinha a menor idéia. Tinha-as  desde que podia recordar. Tudo o que sabia era que sua mãe estava acostumada escrever essas misteriosas letras em toda sua correspondência. Ou, pelo menos sua mãe o fazia antes de abandonar  Mari em Nova Orleáns para passar seus duzentos anos sabáticos de druida.   Ele bateu o dedo ali, aguardando impacientemente uma resposta.    —Significa que bebi e perdi uma aposta. Agora, mantém as mãos em si mesmo a menos que queira ser um anfíbio.    Quando a abertura apareceu adiante, arrastou-se por ela e subiu com sua lanterna balançando desenfreadamente. Só tinha dado três passos na nova câmara antes  que ele a agarrasse pelo pulso, girando-a ao redor.    Quando seu olhar varreu por ela, ele se estirou para diante e tirou uma mecha de seu comprido cabelo sobre o ombro. Parecia não se dar conta de que estava esfregando lentamente o polegar sobre o cacho.   —por que ocultar este rosto atrás da capa? —murmurou, inclinando a cabeça a um lado enquanto a estudava—. Não há nenhuma maldita coisa errada com você que possa dizer. Mas parece fey. Explica o nome.   —Como posso resistir esses suaves elogios? —Embora ele tivesse razão sobre o nome. Muitos dos fey tinham nomes que começavam por Mari ou Kari.    Deu um ligeiro olhar no cabelo que ele segurava, e ele o deixou cair como se estivesse quente, depois franziu o cenho como se ela tivesse a culpa.    —Neste momento está fazendo um feitiço, não é? —inclinou-se para farejá-la.    —Não, nada absolutamente. Acredite-me, saberia.    Como se não a tivesse ouvido, continuou:   —Sim, está. —Sua expressão ficava mais selvagem por segundos—. Justo como nasceu para fazer.   Mas por alguma razão ela não estava atemorizada. Estava... Excitada. Tanto como podia recordar ter estado. Ele deve ter visto algo em seus olhos que não gostou, porque girou bruscamente. 
  Enquanto inspecionava os arredores, ela o estudou, procurando alguma coisa sobre sua aparência que não encontrasse sexy, e falhando.   Todos os imortais se “congelavam” em sua imortalidade quando alcançavam o topo de sua força e podiam sobreviver melhor. Mas MacRieve se transformaou mais tarde que outros machos que tinha visto no Lore. Parecia como se tivesse envelhecido até menos os trinta e cinco. E, maldição, era um bom aspecto para ele.   Sua roupa estava bem feita, mas gasta. Um pequeno e antigo medalhão pendurava de uma tira curta de couro ao redor do pescoço, e uma grande faca de caçador estava presa em seu cinturão. Fazia que Indiana Jones parecesse um presumido menino bonito.   MacRieve também levava um chicote em um lado, sem dúvida estava preparado para um encontro com o vampiro que tinha entrado no Hie. Como muitos demônios, os vampiros podiam se teletransportar ou riscar-se, fazendo-os impossível de vencer. Mari sabia que alguns vampiros mais jovens podiam ser apanhados com um chicote, evitando que se projetassem e fazendo-os mais fácil de matar.   Essa noite na assembléia, ele tinha lutado contra um vampiro em uma sangrenta e violenta briga, e Mari nunca tinha visto nada tão formoso como a maneira que se moveu. A briga tinha sido interrompida, mas Mari poderia havê-lo olhado durante horas.   Quando MacRieve se esticou visivelmente, ela seguiu seu olhar. Ali, na parede traseira havia um sarcófago, o primeiro que tinha visto. Dentro deveria haver um adorno!   Os dois correram para ali, chocando bem diante ele.   Com um grunhido a agarrou pelos braços para afastá-la, seu olhar já de volta à cripta, mas então fez uma dupla decisão, franzindo o cenho a ela. Encarou-a completamente enquanto soltava seu agarre.   —Pensa realmente brincar comigo? —As mãos roçaram seus braços, depois descansaram nos quadris.    Ela exalou um fôlego tremulo.   —por que assume que estou fazendo feitiços? —Possivelmente tinha a adrenalina necessária fluindo, mas duvidava que pudesse enfocá-lo. Especialmente não desde que podia sentir o calor de suas ásperas mãos através o material de seu short.   —Durante cento e oitenta anos não toquei nenhuma outra. —inclinou-se mais perto dela — Nnunca dei a uma mulher um segundo olhar. E foi fácil fazê-lo assim. Mas agora parece que não posso manter as mãos londe de uma bruxa — disse asperamente em seu ouvido—. Uma bruxa que me faz sentir que morrerei a não ser que descubro como seria beijá-la. —Recuou, sua face uma máscara de raiva—. É obvio que é um maldito feitiço.   Queria beijá-la agora? Por que agora? Tinha sido fiel a sua companheira morta todo este tempo? A idéia suavizou algo dentro dela, ainda enquanto soava o alarme.   O que se ela estava lançando um feitiço? Elianna tinha aconselhado uma vez a Mari que fosse cuidadosa com o que desejava. Quando Mari tinha assentido diante a velha obviedade, Elianna tinha agregado:   —Não. Realmente tome cuidado. Não sabemos a extensão de seus poderes e muitas bruxas podem realizar seus desejos com um mero pensamento.   Queria Mari beijar Bowen MacRieve tanto que o estava enfeitiçando?    Quando a levantou no sarcófago e apertou os quadris entre suas pernas, ela suspeitou que o fazia. Encoliu seco.    —Tomo como que planeja descobrir como seria?   A batalha que travava dentro dele estava clara em sua face. 
  —Para isto, Mariketa. —A maneira em que disse asperamente seu nome com seu acento a fez fundir-se. Afastou as mãos dela, mas quando as deixou a cada lado de seus quadris, as garras se cravaram na pedra—. Sabe por que estou nesta competição? Busco-a outra vez e desejo que seja real.   Queria a sua companheira de volta. É obvio. Queria usar a Chave de Thrane para voltar atrás no tempo e evitar sua morte. Surpreendentemente, Mari sentiu ciúmes da mulher que tinha engendrado tal lealdade neste guerreiro durante tantos anos.    —Não estou... Não quero dizer que esteja te fazendo... Algo — sussurrou Mary, mas o modo em que ela reagia a seu aroma, a seus olhos hipnotizadores, e a seu corpo duro entre as pernas contradizia as palavras.    Havia uma aura a respeito dele que a cambaleava, fazendo difícil pensar. Não era o mero calor masculino e a sensualidade. Era a sexualidade crua, bestial em sua intensidade e ela morria de fome por isso.    Ah, deuses, queria que ele a beijasse. Queria-o com tudo o que ela era e desejava que o fizesse. Queira-me tão ferozmente como te quero... Deseje-me como nunca desejou outra.   Ele embalou sua nuca duramente, olhando-a fixamente. Enquanto ela o olhava fixamente fascinada, o âmbar de seus olhos ficou gelo azul. Parecia desesperado por reconhecer algo nela, e quando claramente não o encontrou, a mão nela começou a tremer.   —Maldita bruxa, não quero outra.   Ela soube de repente duas coisas: estava a ponto de beijá-la tão violentamente que nunca seria a mesma outra vez.    E que ele se odiaria por isso depois e a desprezaria para sempre...
 
  A bruxa ferveu de poder. Encantamentos e feitiços se formaram redemoinhos a seu redor. Bowen podia senti-los e percebê-los enredando-se a seu redor, atando-o a ela, porque o estava atraindo para que a beijasse...   Não. Não podia deixar se distrair de seu objetivo! Não deixaria. Naquela competição havia muito em jogo. Seu passado, seu futuro. Sabia — sabia por que estava lutando— então, por que não podia afastar os olhos do rosto da bruxa?   Quando elevou a face para ele, seus traços pareceram mudar. Por um instante sua íris trocou com rapidez do azul normal a um intenso e tormentoso cinza. Lambeu os lábios, e justo ali diante dele, trocaram do rosa a um vermelho profundo do mais tentador. Seu membro palpitou mais duramente, pressionando contra suas calças.   Sim, tinha que prová-la. Saber o que aqueles brilhantes lábios prometiam...? Impossível. Não até que desse uma olhada no corpo que encobria aquela capa. Ela era exuberante, surpreendentemente curvilínea e com uns altos e cheios seios. E naquele túnel, quando a tinha visto engatinhar na frente dele, o encanto de suas generosas coxas e trazeiro tinha sido tão forte como o canto de uma sereia para ele. A teria seguido durante milhas, duro como uma pedra, com o coração bramando em antecipação.   E depois ver-se pressionado contra ela naquela posição? Demônios, tinha tido que conter-se para não empurrar-se incontrolavelmente contra ela...   —Bowen... —sussurrou ela, com um toque de necessidade na voz.   A bruxa queria; ele se sentia indefeso para não dar.
  Seu primeiro beijo em quase dois séculos.   Atraindo-a mais perto com a mão em sua nuca, inclinou-se e tomou sua boca com a dele. O simples contato o sacudiu. Do primeiro toque, sentiu a entrega de seus lábios, abrindo-se em boavinda. Soltou um gritou contra ele, e suas palmas riscaram seu peito até descansar em seu pescoço, os dedos se uniram em seu cabelo.   Ele deslizou a língua em sua boca, e deu a boa-vinda com a sua, com suaves e pícaras lambidas que o fizeram inalar bruscamente até grunhir contra ela. Sua mão livre a agarrou com força da cintura para sustentá-la enquanto aprofundava o beijo, e ela gemeu em aprovação, relaxando-se contra ele.   Ela era que o estava cativando, então, por que parecia que era ela que estava como uma louca? Parecia... Perdida por ele. Quando se retiraria? Certamente não esperaria que o fizesse ele. Diria que parasse, e de algum jeito ele se arrumaria para renunciar ao que desejava, como o tinha feita centenas de vezes antes.  
 
  Mas isso não foi o que  disse. Entre lambidas, sussurrou:   —Sim, Bowen, sim.   Em vez de controlar sua luxúria, urgia a ela, como se desejasse que ele, um Lykae, perdesse o controle.   Segurou-a com mais força por seu pescoço. Durante centenas de anos, tinha desprezado totalmente às bruxas. Entretanto, agora estava saboreando o lascivo e aditivo beijo de uma delas — uma bruxa suave, de lábios vermelhos como o rubi quem, temia, poderia transformar em realidade todos seus desejos sexuais. Ao ter estado tanto tempo sem sexo, Bowen sonhava com ele constantemente.   Deixar-se levar depois de tanto tempo... Segui-la para o esquecimento. Segui-la naquela queda.        Por fim Mari o sentiu deixar-se ir, ficando mais agressivo, tão feroz como tinha esperado.   Seu beijo foi duro e quente quando reivindicou sua boca. E ela estava mais que pronta para igualar sua necessidade. Se descobriu ficando de joelhos, pressionando descaradamente seu corpo contra o dele, sentindo sua inflexível ereção contra o ventre.   Logo se converteria em uma imortal, podia-o sentir, e todos haviam dito que o rio de sensações que experimentaria guiando-a à mudança seria forte. Tanto que tinha achado arrasador. O que acontecia com ela? Estava desfrutando do primeiro esboço de luxúria entre dois imortais?   Ele era o beijador mais pecaminoso que nunca tinha tido, e sabia que não voltaria a ter outra oportunidade com ele. Assim segurou sua cabeça, e o beijou como se sua vida dependesse disso.   No passado, quando fazia  amor, Mari havia sentido que faltava algo vital, algo sem o qual temia não poder estar muito mais. Agora sabia que era o que tinha sentido falta. Intensidade. Aquela frenética paixão tão forte que fazia que o sentido comum — e o mesmo pensamento— desaparecesse em um nada e deixassem unicamente sentimento. Ele podia lhe dar aquilo.   Com uma mão segura a sua cintura, ele esfregou um polegar acima e abaixo pelo torso. Quando tocou com o pequeno anel o umbigo, ele deixou escapar um rápido e surpreso fôlego contra seus lábios.   Sua tremula mão finalmente viajou mais abaixo...   Desejando também o tocar, Mari fez correr seus dedos por seu amplo peito. Justo quando alcançou a cintura das calças, ele começou a abrir espaço entre seus shortes. Seu beijo ficou mais desesperado.
  Quando ela imaginou tocando-a daquela forma, dando prazer, não pôde evitar que seus quadris se balançassem contra a mão dele. Mas quando seus curiosos dedos se afundaram mais abaixo, e roçou a longa e escorregadia cabeça de sua ereção, ele se sacudiu como surpreso pelo toque, como se o tivesse queimado.   Segurou-a pela mão, aparentemente decidindo se deveria afastar a mão ou pressioná-la contra ele.    —Preciso de você — ele disse por fim com voz rouca, colocando sua mão dentro do calor de seus jeans para que segurasse seu grosso membro—. O necessito tanto.   —Sim! —gritou ela, sentindo-o acariciar a borda de suas calcinhas.   Ele grunhiu e moveu a mão mais abaixo. Quando por fim embalou a úmida carne entre suas pernas, estremeceu, empurrando contra o punho dela.   Quando Mari não tinha dúvidas de que estavam a ponto de satisfazer o um ao outro, ele parou. Inclusive embora sua ereção palpitasse em seu agarre, e sua respiração era irregular, retirou a mão dela e sacudiu com dureza a cabeça.   —Mas não posso fazê-lo.   De repente, tirou a mão de Mari dele, retorcendo com tanta força a mão, que a magia começou a nascer em sua palma em um ato refletivo. Seus fantasmais olhos azuis piscaram diante a luz. Depois, como se recordasse o que ela era, pareceu aborrecido. Disse com uma voz baixa:    —Deixa o Hie, bruxa.   Ela moveu lentamente a cabeça.   —Nunca, MacRieve. —Não depois de tudo o que tinha feito para chegar até ali. E não quando o próximo Hie não seria em outros duzentos e cinqüenta anos.   Os lábios dele se retraíram sutilmente até mostrar suas longas presas.    —Promete que o deixará, ou juro que farei o que seja para que não volte a me distrair.   —Eu não estava tentando te distrair...   —Panaquices! —Puxou para um lado a tampa do sarcófago sobre a que ela se apoiava, sobressaltando-a. Baixou a mão, e tirou o adorno, uma incrível peça feita de ouro e jade—. Quase consegue me fazer esquecer o que de verdade queria. —Apertando os dedos ao redor da peça, lançou-lhe um ameaçador sorriso. Ambos sabiam que tudo o que tinha que fazer era colocar o prêmio sobre sua cabeça, e viajaria até a Riora, a deusa do Hie. Elevou-o, e o adorno desapareceu; um segundo mais tarde, Mari sentiu a magia, clara e verdadeira, e cheirou o templo do bosque da deusa no meio do mundo.    Mari tinha perdido os pontos assim de fácil — ou  bem os tinham arrebatado.   —De verdade pensa que pode me derrotar? —perguntou ele—. E a não ser a mim, então  a Valquíria ou ao vampiro?   —Uma vidente predisse que Kaderin perderia o Hie por uma vez. Qualquer um pode ganhar.   Ele a observou.    —Sabe que ganharei eu. O que é o que busca?   Demonstrar a todos! Em vez disso disse:   —É pessoal. Olhe, poderíamos formar uma equipe. A chave funciona duas vezes.   —Formar uma equipe com você? O que poderia me oferecer você? —a expressão que lhe dirigiu dizia que s divertia o que havia dito. Mari entrecerrou os olhos. Não deveria divertir-se tanto.   —Não é que não tenha habilidade, MacRieve. Ganhei as duas primeiras tarefas que decidi empreender. —Mari podia ser surpreendentemente efetiva para alguém que raramente se colocava em situações perigosas. Quando de verdade decidia conseguir algo, trabalhava duro. No Hie, tinha que trabalhar ainda mais duro simplesmente porque era uma mortal—. E acredito que te derrotei aqui.   —Tem idéia do muito que odeio às bruxas?   Muitos do Lorekind o faziam. Temia e desconfiava das bruxas, e só eram usadas para adquirir seus feitiços. E aquele desdém nunca tinha a incomodado tanto como nesse momento.    —Não, esse fato me escapou quando estava colocando a língua na minha boca.   A lembrança pareceu enfurecê-lo.    —Não se retirará da busca? Então eu o farei por você. —girou afastando-se dela, depois partiu para o túnel.    Suspeitando o que planejava fazer, sentiu pânico —e à magia— elevar-se em seu interior. Depois de uma cortante sacudida de cabeça, apressou-se atrás dele.    —Espera, MacRieve! —Quando chegou ao túnel, ele já estava deslizando pelo outro lado. Uma concentração de magia cresceu em sua mão, e atirou um raio dela. Não sabia o que esperava...   Embora saiu disparado em linha reta como um laser, apenas o roçou. Uma vez que o túnel ficou limpo de tudo exceto dos restos das chamas de poder, ele se inclinou para dirigir um olhar de desaprovação e então desapareceu.   Sustentando em alto a lanterna, Mari engatinhou através do terrível espaço, respirando rápida e cortantemente, com a magia envolvendo-a como uma nuvem. Uma vez livre do túnel, cruzou correndo o corredor até por fim chegar à primeira sala de espera.   A entrada à tumba se encontrava ao menos a doze pés por cima do chão daquela sala. Chegou a tempo de vê-lo saltar aquela distância limpamente de um salto.   Quando ele a olhou da abertura, seus olhos pareciam enlouquecidos, e Mari viu que estava se transformando mais completamente. Uma imagem de uma besta furiosa passou com rapidez sobre ele. Ele se agachou, colocando-se sob o restelo. Quando elevou as mãos sobre ele para agarrá-lo, Mari disse:    —Não o faça, MacRieve.   Ele levantou o peso — com dificuldade, mas sem ajuda. Dois demônios se encarregaram daquela proeza. E a colossal pedra que os três arqueiros tinham lutado por empurrar debaixo? MacRieve simplesmente a separou de uma patada, puxando-a da saliente até o espaço perto de Mari.   Como se seus pensamentos atraíram aos outros competidores, os arqueiros entraram na sala exterior, seus relaxados sorrisos brilhando à luz de suas lanternas. Quando a viram, pareceram surpreendidos de que não levasse seu manto. Seus olhares se dirigiram a suas bicudas orelhas.    —Mariketa, é fey, como nós? —perguntou Tera, a fêmea—. Se murmurava na assembléia...   As palavras de Tera desapareceram quando Mari nervosa, levantou o queixo em direção a MacRieve. Os arqueiros entraram. Em um segundo, dirigiram três arcos para ele, ainda sabendo que se disparavam, ele deixaria cair a carga, e os deixaria presos.   Mas ele vai fazer de qualquer forma.    Nesse momento chegaram os demônios, compreendendo com rapidez a situação. Suas presas se alargaram quando começaram a converter-se a sua furiosa forma demoníaca.    Seus olhos se obscureceram e sua pele ficou mais escura até ser de uma cor vermelha profunda. Seus elegantemente curvos chifres, que normalmente se curvavam para fora depois das têmporas até os lados de suas cabeças, agora se endireitaram e se afiaram até converter-se em mortais pontas, sua usual cor parecida ao de uma concha ficou negro.   Rydstrom, o demônio mais velho disse chiando os dentes:    —Bowen, pensa o que pretende fazer. —Obviamente, aqueles dois se conheciam.
  Tera murmurou a Mari:   —Pode pedir ajuda, Mariketa?    Mari elevou a mão direita com a intenção de enviar uma mensagem psíquica a seu aquelarre. Nada ocorreu. Voltou a elevar a mão outra vez.   Quando falhou de novo, MacRieve riu dela. Sua voz soava como a de uma besta, disse chiando os dentes:    —Não é tão poderosa, bruxa.   Suficiente. A fúria se agitou nela como nunca tinha imaginado possível. Queria machucá-lo , necessitava-o, e de repente um estranho foco de atenção chegou a sua ira, controlando seu poder.   Colocou a mão direita depois das costas, e dela surgiu uma coluna de vermelha luz, tomando a forma de uma adaga. Tera devia ter visto o que fazia, sendo que se aproximou furtivamente  dela e elevou a lanterna para camuflar o mágico brilho.   Que crescia... E crescia...   Com um rápido movimento, Mari atirou a adaga de luz sobre a cabeça. MacRieve pareceu surpreso diante a velocidade e se retorceu para se esquivar mas explodiu em indolores fragmentos sobre seu coração.   No alvo. Sutilmente.   Com um olhar para baixo, MacRieve sorriu satisfeito, acreditando-se a salvo.    —Guarde suas adagas, bruxa, até que ganhem um pouco de força.   Tranqüilamente, deu um passo atrás... Então deixou cair a pedra. Quando caiu de repente com um ensurdecedor golpe, uma salva de flechas se afundou nela, muito tarde. Ar, rocha e areia se precipitaram sobre o rosto de Mari, metendo-se o nos olhos. Ouviu os gritar elfos machos com raiva enquanto se precipitavam para frente e golpeavam a parede.    Quando Mari  limpou a areia dos olhos, piscou, sem poder acreditar no que via. Os elfos recuaram em silêncio. Em algum momento do passado, algo tinha saltado para lá, procurando desesperadamente ser liberado daquele lugar.   Umas profundas marcas de garras marcavam a parte traseira do restelo com frenéticas linhas.
 
  À medida que Bowe recuava lentamente da tumba, encontrou-se em silêncio. Sabia que dentro estavam amaldiçoando-o, mas não seria capaz de ouvi-los. Muitos dos degraus da pirâmide estavam cobertos com uma grosa capa de terra e envoltos com raízes de muito altas árvores.   Ainda inclusive a selva circundante ao perímetro de ruínas estava em silêncio.   Continuou contemplando a construção, encontrando-se inexplicavelmente resistente a partir. Uma parte dele queria carregar de volta ali dentro e descarregar mais de seu rancor sobre a bruxa. Para sua vergonha, parte dele ardia por recuperá-la e levar a término o que tinham começado juntos.   Recordou aquele momento no qual a bruxa tinha compreendido que ia encerrá-los dentro. Ela tinha parecido ferida, e seu feitiço de encanto tinha vacilado.   Nesse instante, o olhar de predador de Cade tinha voltado para ela, inclusive em meio de sua fúria assassina. Despojada de sua capa, a atraente Mariketa tinha apanhado a atenção do demônio. Seu irmão Rydstrom, também tinha dado uma segunda olhada.
  Bowe tinha se surprerndido ao descobrir que os dois demônios que Mariketa mencionava eram uns que conhecia. Tinha uma história com os irmãos, tinham lutado lado a lado séculos atrás, e tinha reparado neles vagamente na assembléia, quando tinha podido tirar os olhos de cima da bruxa.   Recordava que os demônios tinham sido extremamente populares com as mulheres.   Por que infernos a idéia de qualquer dos irmãos com ela o punha tão doente? Eles podem ficar com ela. Com um último olhar, deu-se volta, correndo a grandes pernadas para seu caminhão.   Bowe não era imune ao marcado sentido de curiosidade próprio dos Lykae, e quando chegou a cruzar a linha de veículos dos outros, decidiu investigar em seu interior.   Garrafas vazias de uma cerveja local e latas esmagadas de Rede Bull enchiam o caminhão dos demônios. Os arqueiros tinham garrafas de água, barras protéicas, e artefatos eletrônicos no seu.   Depois vinha o Jipe da bruxa. Tinha conduzido sozinha por esses exigentes caminhos de montanha, cheio de barro, todo o caminho de ascensão até o arredondado topo. E tinha conduzido através de um foco de distúrbios políticos e perigos. Esta região densamente selvagem tinha estado fervendo a fogo lento com a ameaça de guerra entre dois exércitos humanos; um conflito territorial entre um reconhecido cartel de drogas e uma importante banda de narcoterroristas. Certamente, o conflito logo faria erupção.   Que infernos tinham estado pensando? O fato de que de algum jeito chegasse ao mesmo tempo em que os outros, e antes que Bowe mesmo, não importava.   Ela tinha deixado dois mapas desdobrados sobre o assento do passageiro, ambos com partes ressaltadas e abundantes notas rabiscadas sobre eles. Havia quatro livros de investigação atirados no assento traseiro, entre eles Palácios & Pirâmides, Máscaras & Monstros: A Idade de Ouro da Arquitetura Maia. Muitas das páginas estavam marcadas sistematicamente com marcadores coloridos.   Junto aos livros, tinha uma mochila muito gasta com estampado de camuflagem. Um facão coberto de barro pendurava de um lado da mochila e um incongruente iPod rosa brilhante do outro.   Um iPod rosa com auto-adesivos de gatos sobre ele, pelo amor dos deuses!   Exatamente que tão jovem era? Era possível que só recentemente se tornou imortal, possivelmente nem sequer tivesse mais de cem anos.   Qualquer que fosse sua idade era obviamente muito jovem e muito tola para saber que era melhor não brincar com um poderoso Lykae de mil e duzentos anos de idade.   E tinha brincado com ele, tinha-o enfeitiçado para que a beijasse. Bowen MacRieve desprezava às bruxas; não ficaria louco de desejo por elas.   Seu próprio pai tinha sido uma vítima das maquinações de uma delas. Bowe recordava os olhos angustiados de seu pai, inclusive séculos depois, enquanto narrava seu encontro com uma bruxa de cabeleira negra como a asa de um corvo, de incrível beleza e indescritível maldade.   Angus MacRieve  topou com ela em um nevado cruzamento de caminhos da antiga pátria. Vestia uma bandagem de arminho negro azeviche e um comprido vestido branco, e era a mulher mais formosa que já se imaginou. Disse que lhe outorgaria um desejo se indicasse o caminho a um povo vizinho. Angus só tinha dezessete anos e tinha desejado o que sempre tinha querido: ser o mais forte entre seus irmãos maiores, que se metiam com ele afavelmente mas sem misericórdia.   No dia seguinte, três deles tinham cruzado um lago congelado que estavam acostumados a atravessar diariamente. Em pleno inverno, o gelo quebrou e se afogaram. No dia seguinte daquilo, dois irmãos mais tinham caído doentes com algum tipo de febre. Morreram rapidamente, embora tivessem sido moços bravos e robustos.   No final, a malvada bruxa tinha concedido seu desejo. Angus era, em efeito, o mais forte entre eles.   O pai de Bowe nunca superaria sua debilitante culpa. Por causa de suas ações, embora tivessem sido involuntárias, só dois dos sete filhos do rei Lykae sobreviveram, Angus, e um irmão muito menor.   Pior ainda, Angus tinha dado conta, enojado, de que agora era o herdeiro, e de boa vontade abdicou do cargo.   Essa bruxa se deleitou em arruinar um simples moço que não era um inimigo e que ainda não tinha elevado uma espada com ira ou por agressão.   As bruxas não tinham outro propósito mais que propagar a discórdia, engendrar o ódio. Semear as sementes da destruição em uma outrora orgulhosa família.   Cativar um homem para que fosse desleal pela primeira vez.   A fúria envolveu Bowe quando compreendeu o que quase tinha feito, e com uma maldita bruxa.   Rugiu, o som retumbando através da selva, depois rachou com suas garras o lado do Jipe, fendendo-o em toda sua longitude. Depois de perfurar os grossos pneus e arrancar o motor do chassi, Bowe ficou a trabalhar em todos os caminhões, destruindo-os até que ficaram imprestáveis.   Sem fôlego, cheio de lascas de metal, baixou a vista a suas mãos com o cenho franzido. Podia atravessar com suas garras uma placa de aço de 15 centímetros de grossura como se fosse papel alumínio, sem senti-lo. Entretanto, agora sentia... Dor. Imensa dor.   
 
  —Bruxa, ele não volta — disse o demônio Rydstrom a Mari—. Não perca seu tempo o esperando.   Os outros tinham estado cobrindo o perímetro do hall, provando a força do chão de pedra e as paredes, mas Mari continuou olhando fixamente à entrada, desconcertada, incapaz de acreditar que MacRieve a tivesse encerrado neste lugar ameaçador —ou que ela se vingou com um dos mais cruéis feitiços que uma bruxa podia lançar a um imortal.    Cade perguntou a Mari:   —O que fez ao Lykae de qualquer modo?    Ela murmurou distraidamente.   —Matei-o.    Mari afastou o olhar da entrada quando se encontrou com o silêncio.   —Não se regenerará de suas feridas — explicou—. A menos que volte para mim para revertê-lo, o feitiço finalmente o destruirá.    Tierney, que parecia ser o irmão mais jovem da Tera, disse:   —Fez-o mortal?    Todos pareceram sacudidos por sua crueldade, exceto Cade, que pelo que podia dizer por seu semblante demoníaco, parecia admirado.   —Me lembre não te deixar furiosa, bruxa — disse.
  Ela tinha ouvido de Cade o Fazedor de Reis antes e sabia que era um mercenário desumano. O soldado de fortuna tinha empreendido tantas guerras que se dizia que podia tomar qualquer trono.    Menos o único que seu irmão maior tinha perdido.    —Assim é tão poderosa como se murmurava —disse Rydstrom, seus traços começavam a perder sua brutalidade de demônio, normalizando-se —mais normal para ele era uma bonita face danificada por uma larga cicatriz que cruzava pela testa e pela têmpora até a bochecha. Sua íris negra ficou de um verde tão intenso que a tinham assustado a primeira vez que os tinha visto. Embora estivesse do outro lado da sala, ela ainda teve que levantar a cabeça para encontrar-se com seu olhar. Rydstrom tinha quase dois metros dez de altura, com todos os músculos harmonizados.   —Poderosa —disse Cade—, E uma mercenária como eu.    Olhou-a de cima abaixo com olhos tão verdes como os de seu irmão, alertando-a sobre o fato de que só a estava pondo sobre aviso ao feito que não só estava carente de sua capa, mas também seu encantamento vacilava. Mas não tinha a energia nem o desejo de reatá-lo. Ser reconhecida como a companheira de um guerreiro imortal neste momento talvez não fosse uma má coisa.   —Fascinante — adicionou Cade com voz áspera.    Os dois irmãos se parecia muito  um ao outro, exceto pela cicatriz de Rydstrom, e seus chifres, os quais tinham sido danificados de algum modo. Até seus acentos eram diferentes. Ambos tinham graus de um acento colonial inglês, mas o de Cade soava como de classe mais baixa. E seu porte era inteiramente diferente de Rydstrom —como se não tivesse sido criado como um demônio da realeza, nem sequer um nobre.    Em resumo, Rydstrom agia como um rei fiel, mas parecia um mercenário desumano e Cade era justo o contrário.    Tera ajustou enojadamente o arco e o carcaja nas costas.    —MacRieve deve ter sabido que Mariketa usaria magia para escapar e que você demônios se teletransportariam para riscariam fora. Com a entrada tão alta, três de nós nem sequer podemos tentar levantar a laje.   Sem a capacidade de fazer alavanca contra o chão, não havia maneira nem sequer de que os demônios, muito menos os elfos, pudessem-na levantar. Como fosse, nem sequer podiam alcançála sem saltar.    Tierney parecia enfurecido, as bicudas orelhas esmagadas contra sua loira cabeça.   —Deve ter procurado apanhar só a nossa espécie!   —Se pudesse riscar, tiraria-te desta tumba — disse Rydstrom—, asseguraria-me que estivesse fora do Hie para bem, mas não te deixando neste lugar.   Cade desembainhou e estudou sua espada, claramente ele não haveria feito o mesmo.    Hild, o terceiro arqueiro calado, perguntou:   —Por que disse se pudesse riscar?   —Há uma atadura colocada em Cade e em mim que faz impossível o teletransporte.   Justo enquanto Mari decidia que não deveria perguntar por que tinham sido atados, Rydstrom sorriu gravemente.    —Um golpe professor que não tomou o bastante, como fora. Fomos repreendidos por isso. —Seus olhos se voltaram escuros enquanto disparava um olhar a Cade—. Severamente.    Assim que isso era o que procuravam nesta competição, voltar no tempo e manter a coroa de Rydstrom. 
  —Meu irmão possivelmente tinha estado disposto a ajudar a outros — começou Cade—, mas depois de ver o que Mariketa fez ao Lykae, arrumado  que a bruxa nos deixará aqui para  apodrecer.    —É isso verdade? —perguntou Rydstrom a Mari.    Talvez.    —É obvio que não — respondeu Tera por ela—. Mariketa não nos deixaria mais do que nós a abandonaríamos. Ela é parte fey. Olhe suas orelhas. O Hie se amaldiçoaria, em algum lugar no tempo, seu antepassados são nossos antepassados.    —OH, então por esse raciocínio, ela não me deixará tampouco — disse Cade, o sarcasmo em sua voz—. Ela e eu somos mercenários. Há um código ali.    —É secundário se deixasse alguém para atrás — disse Mari por último—. Não poderia levantá-lo.   —O que quer dizer? —perguntou Rydstrom—. É forte. Posso sentir seu poder incluso agora.    —Eu... explodo coisas —admitiu—. E em sua maior parte não quero fazê-lo. Em sua maior parte.   Cade sacudiu a cabeça.    —A estrutura inteira descansa no restelo. Se explodir essa pedra, a tumba cairia como um castelo de naipes.    —Nos deixe olhar as probabilidades e tomar uma decisão racional — disse Rydstrom—. Exatamente com que freqüência voa acidentalmente coisas?    —As vezes que posso conseguir que minha magia funcione? —respondeu—. Noventa e nove por cento.   Enquanto Tierney pragejava para si, Cade disse:   —Procuremos outra saída. Alguem encotrou uma saída em qualquer das câmaras?    —Não haverá nenhuma saída — replicou Tera, sua atenção fascinada em um friso em cima do restelo. Intrincados signos animais e hieroglíficos estavam esculpidos na pedra.    —Por que diz isso? —perguntou Rydstrom.    Tera entreabriu os olhos nos esculpidos, parecia que de algum modo fazia sentido os símbolos de animais e formas geométricas.   —Porque isto é... Uma prisão.    —decifrou essas marca? —perguntou Mari a Tera.    Tierney respondeu por ela.   —Ela conhece todos os idiomas.    Tera traduziu para eles.    —Diz que esta tumba é uma prisão que retém seis demônios ladrões de essências — íncubos— por seus crimes pouco naturais contra a filha de um bruxo poderoso.    —Provavelmente a seduziram, então papai ficou furioso —disse Tierney—. Os encerrou aqui.   Tera assentiu.   —Os maias foram seus carcereiros, de algum jeito. Mantiveram-nos encerrados, e alimentados periodicamente.    —Isso explica os adornos de sacrifício — disse Cade—. Fêmeas maias foram oferecidas.   —Foram amaldiçoados a não deixar nunca este lugar, até a morte. Segundo estes calendários, estiveram aqui durante mil cento e onze anos — continuou Tera.   —Bem, isso não pode ser correto — disse Mari—. Não há ninguém em casa...
  Garras escavaram sobre pedras em algum lugar nas sombras. Todos olharam ao redor inquietamente.   Não estavam sozinhos...   —Deixamos a porta principal aberta durante horas — replicou Tierney—. Por que ficariam aqui?    —Provavelmente estão atados à tumba, incapazes de cruzar a soleira — respondeu Tera.   —Se ainda estão aqui, não deveria ser um problema — disse Mari, inclusive enquanto recuava para o Rydstrom e Cade—. Correto? Especialmente se Tera pode falar seu idioma.    Os íncubos que Mari tinha conhecido eram encantadores e quentes. Encontrar um em sua cama se supunha que era um bom problema.   Assim por que lhe arrepiava o pêlo da nuca? Olhando fixamente para Rydstrom, murmurou:   —Importa se fico com você, tipo grande?    Em resposta, ele colocou brevemente a grande mão no topo de sua cabeça de uma maneira estranhamente consoladora.    De repente, o aroma de carne podre se estendeu pela cripta. Mari sentia o mal por toda parte ao redor deles —um velho mau— rodeando-os.    Enquanto seus olhos olhavam ao redor, começou inconscientemente a construir magia outra vez.    Uma gota de algo... Viscoso bateu no ombro descoberto. À luz pouco natural da lanterna, levantou lentamente a face. Os lábios separados, sua mente incapaz de compreender.    —Mariketa — sussurrou Tera, quando cruzou com ela—. Sua face empalideceu. O que pode...? —Suas palavras morreram na garganta enquanto seguia o olhar de Mari. O arco da Tera e a flecha se dispararam acima outra vez.    Mas as flechas não podiam matar o que já estava morto.    —Os íncubos! —Um dos outros gritou enquanto uns seres escuros invadiam a área, mergulhando-se e voando por toda parte a seu redor. Cade e Rydstrom desembainharam suas espadas. Quando Mari estava rezando ao Hekate que estas pessoas que mal conhecia a protegessem, Rydstrom usou uma mão para empurrá-la atrás dele.    No primeiro ataque louco, as espadas dos demônios golpearam e desviaram. Os arqueiros dispararam desenfreadamente. O som vibrante do arco e o choque do aço eram ensurdecedores no espaço ressonante.   Os íncubos pareciam concentrar seus ataques emo Rydstrom tentando chegar a ela.   De repente, Rydstrom foi sitiado. Sem seu guarda, Mari foi derrubada, aterrissando de frente tão duramente que os dentes soaram com estrépito. O sangue de uma ferida em algum lugar de sua cabeça desceu pelas bochechas. Um poder carregado de leve luz azul saía erraticamente de suas mãos e olhos mas não batia em nada.   —Cade! —gritou Rydstrom, lutando por desviar o violento ataque—. Aqui!    Seu irmão  abriu caminho lutando.   —Querem à bruxa...   Com um grito, ela se levantou só para ser jogada no chão uma vez mais. Quando se deu conta fracamente de que os íncubos constantemente a separavam do grupo, permaneceu para baixo.    —Por que ela? —o olhar de Cade foi de Mari a Rydstrom.    No fundo de sua mente, ela reconheceu que Cade provavelmente não teria nenhum interesse em ajudá-la, especialmente não a custa de ajudar-se a se mesmo e a seu irmão.    —Por que acha? —disse bruscamente Rydstrom, enquanto sua espada cortava.
  Os olhos de Cade se estreitaram.    —OH, merda! —rugiu, redobrando seu combate.   Presas afundaram nos tornozelos de Mari. Enquanto gritava de dor, seu corpo começou A... Mover-se.   Cade era o mais próximo e se lançou para ela, gritando.   —Tierney!    Com velocidade sobrenatural, o arqueiro o cobriu com uma corrente de flechas, mas havia muitos íncubos que  mergulhavam diretamente a eles.   O sangue orvalhou do corpo de Cade e bramou com fúria.    Quando ela gritou, algo a arrastou com frenéticos puxões. Mari arranhou as pedras, gritando enquanto a levava para escuridão.   
 
  Fossa do Dragon Fyre, Yélsérk, Hungria   Final do Talismã Hie   Prêmio: a folha do místico cego Honorius para ganhar.      Esta noite teria Mariah de volta.   Uma última prova. Uma última luta a que submeter a seu corpo. Logo sua recompensa.    Enquanto corria a pernadas pelo sufocante túnel para a fossa de fogo do Dragão Fyre, Bowe sentia uma sensação de esperança, uma antecipação quase enjoante que guerreava com a dor de suas muitas feridas, feridas que não curavam.    O Hie tinha sido tão feroz como tinha esperado e como para ele que se preparou, mas a bruxa tinha rido por último.   O feitiço da tumba que tinha acreditado inócuo tinha tomado o controle de seu corpo. Arrastando-se por ele como as raízes mais fortes, dia após dia, filtrando sua imortalidade. Já não tinha a capacidade de regenerar-se, e pela primeira vez em mil e duzentos anos, sentia-se envelhecido. De fato, apenas  tinha arrumado para chegar ao final desta competição.    Não podia haver pior momento para perder sua força que no Hie.   Quando o prêmio devolveria  sua Mariah.    Durante cento e oitenta anos, da noite em que a tinha encontrado — com seu magro corpo corneado e sua capa verde estendida na neve empapada de sangue, tinha procurado sem descanso uma maneira de ressuscitá-la.    Sobrevivendo em uma espécie de meia vida, sem morrer mas sem viver realmente, tinha continuada acreditando que poderia trazer de volta a ele, quando a maioria dos Lykae teriam encontrado um modo de morrer se tivessem perdido a suas companheiras. Outros em seu clã  acreditavam que era louco, perguntando-se por que continuava existindo nesse anoitecer miserável. Inclusive seus primos, Lachlain e Garreth, que eram como irmãos para ele, não  podiam compreender.    Mas mostraria a todos, porque depois de procurar durante tanto tempo, uma louca adivinha Valquíria, de todas as pessoas, tinha-o posto sobre aviso sobre esta competição — e  havia dito que era o meio para alcançar a sua companheira. Desesperado por tentar algo, tinha entrado. Quando soube que o prêmio final do Hie era uma chave de voltar atrás no tempo, tudo teve sentido. 
  Bowe não tinha estado esperando insensatamente algo que nunca poderia ser. A oportunidade de devolver  Mariah estava ao seu alcance, e tinha lutado sem piedade pela chave.    Mas tendo dois principais competidores: a Valquíria Kaderin a Insensível e Sebastian Wroth, um vampiro soldado. Justo fazia duas noites, em um campo de minas na Camboja, eles tinham forçado a Bowe a uma explosão que tinha trespassado uma longitude oxidada de pedaços de metal  entre as costelas e tinha machucado o olho esquerdo e parte da testa.    Por causa da maldição da bruxa, essas feridas horríveis permaneciam.   Agora, metade cego e enormemente fraco, Bowe estava seguro de ganhar porque os dois competidores rivalizavam nesta última série, e o outro finalista era Kaderin. Sim, a Valquíria era uma competidora resolvida, mas a final ainda era uma fêmea.    Foi mais devagar, lutando por discernir se ela já estava aqui. Durante esta parte final do Hie, matar estava permitido. Nesta noite, mataria Bowe a uma fêmea para trazer de volta sua Mariah? Não tinha nenhuma dúvida de que se surgia a oportunidade, a Valquíria tomaria sua espada assassina e o cortaria da entreperna até o pescoço sem piscar seus frios olhos, sem emoção.    Uma coisa que Bowe sabia era que se perdia, mataria definitivamente à bruxa por debilitálo tanto.    Um rugido soou no profundo da terra, e a caverna tremeu, fazendo cair pedra e pó sobre ele. O Dragão Fyre, se murmurava que era uma besta com forma de serpente, tão grande como um alfavaca mas com um corpo de fogo, devia estar pressentindo a entrada ilegal de Bowe.    Este lugar era conhecido no Lore como onde os imortais iam morrer. A maioria dos imortais podia morrer só por decapitação, uma opção pouco manejável de suicídio, ou por total imolação em uma fossa de calor de outro mundo como este. Inclusive nos anos que tinham passado, a localização deste lugar se perdeu virtualmente no Lore. Até agora...   Outro rugido, outra violenta sacudida. Os cantos rodados começaram a chover do teto da caverna. Enquanto corria a pernadas, esquivando-os, a ferida em seu flanco gritava em protesto. Mas a dor em seu corpo foi esquecida quando se imaginou o que faria depois de reunir-se com  Mariah.   Juntos, começariam uma nova vida, e ele a cobriria com toda a riqueza que tinha acumulado. Poderiam viver em sua grande propriedade em Escócia ou no complexo Lykae em Louisiana. A propriedade do clã era vasta com milhas de pântanos e bosques para correr. Havia um alojamento principal central para reuniões, e separadas, grandes cabanas de caçadores.    Louisiana intrigava a Bowe. Os ventiladores preguiçosos sempre pareciam estar sobre sua cabeça. Aromas de comida incomuns e o som da música levado continuamente pela brisa. Certamente Mariah o amaria como ele o fazia.   E quando a tivesse de volta com ele, seduziria-a afastando seus temores para finalmente reclamá-la, e por último tê-la completamente.   Deuses, necessitava-a debaixo dele. Da noite na tumba da selva, seus desejos por longo tempo descuidados tinham vindo ardendo à vida. Inclusive com seu corpo golpeado, cada dia tinha necessitado aliviar a dor que pulsava em seu membro.   Embora o envergonhasse, sua mente vagava à bruxa enquanto se acariciava na cama. Suas fantasias habituais de deitar com Mariah e reclamá-la suavemente eram substituídas por umas da Mariketa, embora seu feitiço deixasse as lembranças dela difusas.   Podia recordar estar tão malditamente agradado e excitado pelo corpo da bruxa mas não recordava por que. Mais claramente, recordava a pequena tatuagem na parte inferior das costas, imaginou-se esfregando a face contra essa marca. Ainda a recordada sensação da parte detrás da perna contra sua palma o podia pôr nervoso; estremecia-se ante os meros pensamentos de suas suaves e elásticas coxas sob a garra de seu polegar.
  Fantasiar a respeito de provar a carne molhada que tinha tocado o fazia empregar-se tão fortemente que os olhos reviravam.   Uma vez que se liberava, uma vergonha amarga se assentava. Mas cada noite, a vergonha se transformava em determinação de ganhar.    Quando o túnel se abriu a uma elevada caverna, cheia de fumaça e baforadas de cinza, Bowe se apressou a entrar e viu Sebastian Wroth na borda de uma fossa de lava, o braço preso sob uma rocha imensa.    O vampiro? Quando Kaderin deveria estar aqui esta noite?    —O que aconteceu aqui?    —Um tremor... De rochas —chiou Wroth com dificuldade.   —Onde está a Valquíria? Ela deveria estar aqui, não você.   —Estou aqui em seu lugar.    Bowe tinha suspeitado que Wroth era um convertido recentemente, mas agora soube. Um vampiro mais velho e mais poderoso poderia haver-se projetado de debaixo da pedra.    —Não pode alcançar o prêmio — disse o vampiro com seu acento inglês—. Está do outro lado da fossa... E o cabo que o atravessava quebrou.   Bowe inspecionou a área e viu os restos do cilindro de um fino cabo que penduravam frouxamente da parede em frente. Tinha corda em seu caminhão, mas não podia divisar nem um só lugar em toda a vertente rochosa para amarrá-lo. Além disso, o caminhão estava na superfície a várias milhas, e com cada minuto que passava, a maldição  drenava mais força.   Sabia que o vampiro podia projetá-los através em uma piscada, mas o liberar seria um grande risco. E mais, embora Bowe estivesse fraco, Wroth parecia muito mais. E Wroth não queria o prêmio tanto como Bowe, ele usava o concurso só para ganhar Kaderin.    O vampiro estava pálido como a morte, o sangue derramando-se a seu redor. Se Bowe o deixasse para preparar-se para cruzar a fossa por sua conta e falhava, estaria Wroth consciente quando voltasse?   Decidido.    —Poderia te liberar para que me projetasse. Então, um concurso aberto para tomá-lo.    —Posso te trair.   Bowe estreitou seu único olho.   —Não se te agarro por seu braço bom.   Depois de uma vacilação, o vampiro disse:   —Farei-o.   Bowe cruzou para a rocha e a empurrou. Embora recordasse constantemente quão fraco estava, ainda estava perplexo de ser incapaz de mover uma só rocha.   —Maldita, condenada bruxa. —Murmurou. Apoiando as costas contra ela, perguntou:— Onde exatamente nos riscará?   —Debaixo do cabo, há um túnel de lava, outra caverna.    —Não vejo nada — chiou Bowe.   —Está ali. Quer o prêmio? Então vai ter que confiar em um vampiro...   A pedra caiu. Antes que Wroth pudesse riscar-se, Bowe se lançou para agarrar o braço esquerdo de Wroth, depois assobiou diante o que ficava do braço direito do vampiro, osso pulverizado e tendões de músculos cortados.   —Isso tem que doer — disse com um sorriso sarcástico.   —Olhou-se no espelho ultimamente? —disse bruscamente Wroth.   —Sim. —Bowe o levantou—. E descidi te matar por isso. Depois desta competição. Neste momento, não tenho todo o dia. 
O vampiro parecia evitar balançar sobre seus pés. Piscou como se lutasse por enfocar.    Bowe o empurrou.   —vai ser capaz de fazer isto...   Sem advertência, o vampiro os projetou.   Instantaneamente, estiveram em um novo túnel. Embora Wroth parecesse desorientado, de algum modo o tinha feito. A fumaça e o vapor eram mais espessos aqui e as chamas pareciam brotar da árida pedra.    Bowe vislumbrou um reflexo no teto da cova. Divisou a fonte mais profundamente no interior, uma folha brilhante em uma coluna de rocha à altura da cintura no final da caverna. Bowe saiu disparado para frente, correndo  por ela. Wroth se projetou e chegou primeiro. Arrebatou a folha com a mão boa e se esticou para desaparecer.    Mas Bowe já tinha liberado seu chicote. Com um estalo, teve a longitude enrolada ao redor do pulso de Wroth e atirou, evitando que o vampiro se projetasse.   —Pegarei isso agora.   Wroth transferiu a folha a sua mão direita para levantá-la e reclamar a vitória. Mas o braço arruinado pendurou sem vida.    —Não pode aproximá-lo de seu coração, então?    O vampiro despiu suas presas.    —Estriparei-o antes que consiga isto.    —Isso equivale à vida de minha companheira.    —Tenho o mesmo em minha mente — ladrou Wroth.   —A Valquíria morreu? —Por isso Wroth estava aqui em vez de Kaderin?    —Não por muito tempo.   O olhar em seus olhos fez Bowe calar. Ele tinha visto esse nível de determinação inflexível em seu próprio olhar no espelho.   —Poderíamos compartilhá-la, vampiro — disse, não acreditando o que estava oferecendo, especialmente quando ele tinha a vantagem— A chave funciona duas vezes.   —Necessito as duas... Para ela. —De repente, o destroçado braço do vampiro se disparou para cima. Impossível, a folha se elevou como por acaso mesma e golpeou viciosamente.    O sangue jorrou do pulso de Bowe; uma ardente dor irrompeu enquanto sua mão cortada caía. Livre do chicote, o vampiro riscou a distância através da fossa, decisivamente fora do alcance de Bowe.    Bowe caiu de joelhos, olhando silenciosamente o sangue que corria por seu corpo. Como? Ofegou diante a mão perdida, ainda apertando o cabo do chicote. Como tinha elevado a folha?    Tinha... Perdido? Seu corpo estremeceu violentamente ao se dar conta.   —Matarei-te por isso, vampiro! —rugiu.    Bowe tinha perdido. Não poderia voltar atrás e salvar Mariah, salva-la de si mesma.   Tinha-a perdido. Outra vez.    —Comerei seu maldito coração! —Mas o vampiro já tinha ido, deixando Bowe apanhado em uma caverna de fogo aonde os imortais iam morrer.
 
  Mari se arrastou sobre o ventre palmo a palmo entre os cadáveres rançosos dos íncubos que dormiam a seu redor. Nas últimas duas semanas, isto era o mais perto que tinha estado do limite de sua guarida sem despertá-los.    A noite do primeiro ataque, alguém a tinha arrastado para as sombras, depois a levantou pelo ar pelos tornozelos, cabeça para baixo, embora tenha chutado e  golpeado para liberar-se. Quando o íncubo voou para cima, seu corpo balançou frouxamente como uma boneca de trapo. Quando sua cabeça bateu contra uma prateleira de pedra esculpida, a escuridão nublou sua visão. Tinha despertado aqui nesta saliência, em algum lugar no alto da tumba.    Quase lá. Quando se levantou sobre os cotovelos, sacudiu desenfreadamente a cabeça nublada. Pode fazê-lo, Mari. Um cotovelo diante do outro. Finalmente... Finalmente, alcançou o limite, e apenas suprimiu um ofego. Sabia que estava em alto, mas não se deu conta de que fora tão mau. Estavam ao menos a trinta metros no ar.    Alturas. Fenomenal.   Quando Tera viu Mari aparecer sobre o lateral, levantou cortesmente sua lanterna. Embora os outros imortais podiam ver na escuridão em vários graus, Mari não podia, ainda não.    —Mariketa, está bem?    Mari assentiu fracamente.    —Vêem, então. Prometo que te segurarei — disse Rydstrom uma vez mais com sua profunda voz de barítono.    Durante dias, Mari tinha ouvido os cinco debatendo planos de defesa ou discutindo a respeito de seu escapamento, e tinha aprendido suas vozes e personalidades. Que mais gostava de era Rydstrom, e não simplesmente porque fora tão fiel e bonito. Para a maioria, era imperturbável, especialmente para um demônio de fúria, permanecia racional inclusive enquanto se atrasava uma hora atrás de outra.    Inclusive Cade parecia capaz de provocá-lo como nenhum outro, e os irmãos às vezes lutavam nas horas de mais calor.    —Ainda agindo como um rei! —disse bruscamente Cade—. Mas já não o é. Não mais.   —E de quem é a culpa, irmão? —tinha respondido Rydstrom.   Os dois tinham entrado no Hie, de fato, pelos meios para recuperar seu reino, perdido por causa de algum ato de Cade.    Quanto aos arqueiros, Tera era verdadeiramente irmã do impulsivo Tierney. E Mari suspeitava que a bonita e morena fey era também objeto de grande interesse para o segundo arqueiro masculino, Hild. Hild era normalmente silencioso, mas quando falava os outros escutavam. Mari não tinha descoberto se esses três tinham tido uma ordem específica para entrar.   —Vamos, Mari! Rydstrom não te deixará cair — disse Cade, e os outros cabecearam com ânimo—. Só salta!    Sim, conseguirei-o. Je-ronimo, bruxas.   Sua expressão devia ter traído seus pensamentos porque Tera perguntou:   —Se não poder saltar, então pode dirigir alguma magia?    Durante as últimas duas semanas nests saliencia, cada tentativa falhada tinha zangado os íncubos e a tinha drenado ainda mais. Nem sequer podia produzir iluminação para romper a negra escuridão que a rodeava.   Mari sacudiu a cabeça. Simplesmente estava muito fraca. Afastou-se, desabando sobre suas costas. Não era medrosa na maioria das circunstâncias, mas tinha nascido e se criou em uma área situada sob o nível do mar. Nunca tinha visto uma montanha em pessoa até que voou com aterrador sobressalto sobre a paisagem da Guatemala com as silhuetas dos vulcões e os picos talheres de selva.
  As brincadeiras infantis a assustavam, mergulhar de uma altura de quase a metade de um campo de futebol não era muito normal.   Bastante estranho, tinha conseguido superar sua outra grande fobia, a não gostar de grandes insetos. Uma vez que chegou a estar muito fatigada para continuar esmagando-os, arrastaram-se sobre ela em abandono, e ela simplesmente se acostumou a eles com a exposição repetida. Se não a mordiam, ela não os morderia...    Enquanto ficava ali, olhando fixamente acima à escuridão, os íncubos começaram a despertar uma vez mais.    Mortos de fome durante séculos mas incapazes de morrer, estes seres eram verdadeiramente mortos vivos. Tinham enlouquecido por seu cativeiro interminável e a privação, mais retinham sua brutal força.    Logo se elevariam e continuariam seus ataques noturnos aos cinco de abaixo, esforçando-se por esmagar os imortais como se fossem estrangeiros, intrusos, ladrões que tinham irrompido na casa dos íncubos, pensando em roubar seus preciosos adornos de sacrifício.   E ela? Tinha temido que tentariam mais "crimes pouco naturais," mas até agora, além de afundar os dentes ou as garras em suas pernas para tirar a de seu caminho, ou forçá-la a comer e beber coisas que nem sequer podia contemplar sem vomitar, os íncubos tinham mantido as mãos longe dela.   Ainda não era o momento do salto do anjo.   Embora não podia comunicar-se com eles, se abriam a escuridão profunda de suas bocas, nada saía exceto chiados ou vermes, Mari compreendeu de algum modo coisas a respeito deles, como o que esperavam dela.    Mantinham-na com vida, porque queriam morrer.    Uma vez formosos demônios, nascidos para seduzir a energia sexual das fêmeas, tornaramse monstros.   E Mari se deu conta de que sabiam o que eram.   Nessa saliência na escuridão, tinha reconhecido sinceramente pela primeira vez em sua vida que algumas criaturas que assustavam na noite possivelmente odiavam o que faziam.   Os íncubos tinham pressentido grande poder nela, e acreditado que os poderia destruir, mas se pudesse falar seu idioma, diria-lhes que tinham à garota errada. Mari era o que se conhecia como alguém que não desenvolveu seu potencial, mais ainda, uma pessoa que não rendia sabia que isso era o código sociológico para super fracassado.   Ela era famosa no Lore pelo simples feito de que um dia mereceria ser famosa. Tudo exagero, nada de substância. Isso era Mari.    Todas nos aquelarres esperavam que fizesse algo épico e sempre mantinham um olho sobre ela. Queriam que valesse a pena “aguardar”. Inclusive outras facções no Lore a monitoravam com antecipação porque, enquanto a maioria das bruxas possuía a força de um, dois, ou muito raramente de três das cinco castas de bruxas, Mari era a única bruxa que possuía a força de todas.   Teoricamente, Mari era uma bruxa guerreira, curadora, maga, vidente e feiticeira.    Uma perfeita tormenta potencial de tolices.   Na realidade, Mari tinha perdido sua erudição, não podia dirigir nem sequer os mais simples feitiços, e seguia jogando coisas. Nem sequer podia equilibrar seu talonário de cheques.   Competir no Hie tinha sido um intento de redenção de agitando o punho em alto, mostrarei-te? Bem... Sim.   Agora estava pagando por isso. Os íncubos nunca poderiam liberá-la, não quando eles mesmos estavam detentos por toda a eternidade. Se seu aquelarre não a tinha visto nos espelhos por agora, nunca o fariam. As selvas ao redor da tumba estavam cheias de humanos, exércitos da guerrilha, mas lutavam e disparavam por todos os arredores do templo sem tentar jamais entrar. Quão irônico. Não tinham a menor idéia de que a batalha estalava dentro cada noite.   E Mari soube que o homem lobo nunca voltaria. Como poderia ter desejado ela a alguém tão cruel que os deixaria murchar aqui? Alguns no Lore sussurravam que, no fundo, os Lykae não eram nada mais que vorazes bestas de pesadelos.   Bowen MacRieve devia sê-lo. Por que a não ser não viria? Ou enviaria pelo menos a alguém?    Possivelmente já estava morto por seu feitiço. Sim de algum modo ainda vivia para quando saísse disto, ia mata-lo. Não sabia como o faria, só que seria lento.   Quando os íncubos começaram a elevar-se a seu redor, fechou os olhos apertadamente e tentou perder-se nos sonhos de fazer que o Lykae pagasse.         Bowe sentou contra a parede muito quente da caverna, sustentando o braço. Embora mal era capaz de permanecer na vertical, estava determinado a não ceder à tentação de deitar-se.   Através da neblina de agonizante calor, olhou fixamente o Dragão Fyre deslizando-se daqui para lá pela lava, esperando-o.    Quando o suor gotejou pelo restante olho de Bowe, moveu-se para enxaguá-lo, mas a mão se foi. Sabia, agüentava a dor constante, e ainda tentava usá-la.    A besta que vivia dentro dele queria viver desesperadamente, quanto Bowe, dava-se malditamente por vencido. Durante mais de duas semanas, tinha estado apanhado, incapaz de descobrir uma saída ou um caminho através da fossa. Nunca tinha antecipado que esta caverna terminaria sem outra saída.    Se não podia escapar, como imortal podia consumir-se aqui, sem morrer nunca, transformando-se em uma sombra de si mesmo. E Bowe sabia que ninguém viria a por ele. Nem o engenhoso Lachlain, seu primo e rei, poderia encontrar este lugar. As coordenadas só eram conhecidas nos rincões esotéricos do Lore, ou pelo vampiro, e Sebastian Wroth provavelmente desfrutaria sabendo que Bowe sofria.   Seu corpo estava dolorido, sua vontade se foi. Deveria dar um passo para o fogo. Lutar por viver baixo estas circunstâncias parecia inclusive mais covarde que terminá-lo.   Inferno, durante quase dois séculos, seu clã tinha estado esperando que renunciasse de algum jeito.    Tinha querido o esquecimento. Esta seria a maneira de consegui-lo.    Mas tinha prometido vingança contra esse vampiro. E desejava fazer que a bruxa pagasse por seu intolerável derrota. No que lhe concernia, ela tinha assegurado de que ele perdesse a competição. A Valquíria e o vampiro só tinham capitalizado as fraquezas que Mariketa tinha proporcionado.    Bowe suspeitava que ela e os outros cinco tivesse escapado da tumba fazia muito tempo; agora ele era o apanhado. Consolou-se recordando a desagradável surpresa que teriam tido. Antes de deixá-los, tinha destruído não só seus veículos mas também seus rádios e os telefones por satélite também.    Inclusive deixar presa à bruxa na selva não era quase suficiente retribuição pelo que tinha feito. Tinha falhado. Por causa dela.    Sentia-se como se tivesse perdido Mariah de novo. Permitiu-se ter um raio de esperança, imaginar a sua companheira de volta a seu lado. E tinha estado pago de si mesmo a respeito de ganhar.   Até que Mariketa lançou um de seus feitiços sobre ele...
  A maldita bruxa invadia seus pensamentos. Tentava recordar Mariah e em seu lugar via vislumbres de tempestuosos olhos cinza e lábios vermelhos. Odiava à bruxa por isso, odiava que não pudesse imaginar a cara de sua companheira. Quando dormia, sonhava somente com a Mariketa.    Bowe tinha sido infiel a sua companheira em pensamentos e em ato.   A serpente de fogo rugiu, como se impacientasse porque Bowe se decidisse. Depois de vários intentos, Bowe conseguiu levantar-se, oscilando no precipício da fossa.    Termina-o agora. Era covarde seguir existindo.   Sentiu um inesperado estalo de culpa. Mariketa ainda vive...   Por que infernos se preocuparia com seu inimigo?    O reconhecimento ressonou. Quando tinha estado olhando em seus olhos, tinha sabido que o estava encantando. Mas não tinha sabido quão profundamente o tinha feito ou quão permanentemente.    Não estava sofrendo os efeitos de só um feitiço.   Bowe se preocupava com ela como se fosse sua companheira. Sonhava com ela como se o fosse. Pensava nela como dele, porque ela o tinha forçado com um de seus feitiços.   Possivelmente a maldita bruxa deveria aprender a tomar cuidado com o que desejava.   Soube que sua expressão era de pura maldade quando deu um passo atrás da borda.
 
  A carência da luz do sol e alimento verdadeiro tinham começado a tomar seu pedágio. Mari  sentia mais doente, agora mesmo estava ardendo pela febre.   Rydstrom e outros seguiam animando-a a saltar. Talvez se os cinco tivessem pedido que nadasse através de um rio infestado de crocodilos ou que caminhasse pela corda frouxa sobre uma cama de espadas, poderia havê-lo feito, mas não as alturas.   Não lhes fazer caso fazia cada vez mais fácil desde que estava delirando. Às vezes se encontrava sorrindo ou chorando na escuridão quando pensava em seus amigos ou em sua casa.   Em uma neblina febril, imaginou Andoain, o estado de seu aquelarre aos subúrbios de Nova Orleans. Nunca tinha pensado que sentiria saudades tanto esse lugar tão arrepiante, mas agora daria algo por voltar.   É mais, Andoain parecia a majestosa fortaleza de algum milionário, embelezada por vistosos jardins que atraíam às borboletas. A cerca de ferro forjado que rodeava a propriedade era negra, perfeitamente emparelhada com as venezianas. Com macieiras carregadas de fruta ou com uma profusão de flores.   Sem o feitiço de encanto, entretanto, a estrutura era um velho senhorio decrépito repleto de serpentes enroladas ao longo das grades podres. As macieiras estavam, mas por cada borboleta no encantamento, múltiplos arranha e rãs viviam em completa felicidade. Tinha atoleiros cheios de canos por toda a propriedade, borbulhando cheirosos vapores.    Profundamente dentro do gemente senhorio, estava seu estranho quarto com papel de parede rosa, cortinas de cordão e pompons caindo no chão. Um encantamento em sua entrada não deixava passar nada menor que os gatos negros e cães obrigatórios do aquelarre.   Mas Andoain não foi sempre sua casa. A maior parte de sua infância, Mari tinha vivido com  Jillian, sua mãe fey, em uma brilhante e modesta casita de campo em uma praia da Costa do Golfo. Elas tinham sido felizes aí, só as duas, já que seu pai bruxo as tinha abandonado com somente a alegre promessa de um breve retorno.    Entretanto em seu décimo segundo aniversário, sua mãe tinha empacotado e a tinha levado a Andoain. Ali abriu seus braços amplamente e pronunciou:    —Sua nova casa, Mari. —Deixando-a boquiaberta, Mari tinha deslocado em direção contrária mais rápido que suas desenfreadas perseguições do caminhão dos sorvetes.    Durante dois dias, sua mãe tinha permanecido com ela. Então tinha se afastado de Mari, deixando a uma Mari gritando no pórtico dianteiro. Tomar um ano sabático, em uma ilha secreta druida em algum lugar na Europa. Durante anos, Mari tinha recebido esporádicas cartas, supostamente de sua mãe, mas suspeitava que era Elianna a que realmente as escrevia.   Sem Elianna e sua melhor amiga, Carrow, a moça má do aquelarre, Mari não acreditou poder seguir adiante naqueles primeiros meses em que foi repentinamente inundada na bruxaria. Deuses, agora sentia falta de suas amigas...    Formosa, de cabelo negro Carrow pensava que ser uma bruxa era o melhor do mundo. Sempre que outras criaturas do Lore como as ninfas e sátiros levantavam seus narizes em brincadeiras maléficas, Carrow levantaria ambas as mãos com o gesto dos chifres e gritaria:   —Dobro, dobro, trabalhe duro e não de problemas, bodes! Só está amaldiçoada!   Então realmente os amaldiçoaria.   Carrow era uma daquelas estranhas bruxas de três castas, embora principalmente fosse uma guerreira com uma especialidade incongruente em feitiços de amor. Supunha-se que a feroz Carrow entraria com o Mari no Hie, mas a detiveram no último Mardi Gras por indecência pública outra vez. Tudo o que a pobre da Carrow fazia era invocar uma regra da moda pouco conhecida. Não se corre nu se levar postas contas, mas o aquelarre tinha jurado que não a tirariam do apuro por ela.   Carrow estaria logo no Condado. Ou provavelmente já estava.   Mari tinha muitas vontade de ver a Elianna, quem tinha sido a melhor mãe substituta que poderia pedir. Embora Elianna tivesse recebido o presente da imortalidade de sua mãe que era uma bruxa, a humanidade de seu pai assegurava que seguiria envelhecendo. De bom coração, Elianna, confundia de vez em quando, pois tinha mais de quatrocentos anos, e sem encanto, parecia cada minuto deles. Gostava de brincar que todo o exercício do mundo não pode ajudar a uma pessoa que toma o sol.   Mari esperava que não se preocupassem muito.   —Mariketa, é a hora. —A voz de Rydstrom interrompeu seus pensamentos—. Tem que fazê-lo agora.        O único olho de Bowe se abriu quando teve a impressão de não estar sozinho. Era a primeira vez em semanas que não eram sozinho ele e a serpente.   —Lachlain? —pigarreou, piscando para enfocá-lo.   —Sim, Bowe, sou eu — disse seu primo quando se ajoelhou a seu lado, com o olhar vacilante sobre as feridas de Bowe. Sabia que seu primo estava impressionado, mas Lachlain o escondeu e simplesmente disse: — Te levopara casa —então o ajudou a levantar-se.   O sentido do olfato de Bowe estava arruinado, quase queimado pelo calor e a opressiva fumaça, mas ainda podia cheirar um vampiro. Escapou do agarre pelo Lachlain e investiu a sombreada figura atrás deles.    Aquele frio bastardo do Wroth, simplesmente se projetou a um lado, enviando Bowe cambaleando-se à terra. Toda sua mistura de feridas se voltou a abrir em uma onda fresca de sangue.
  Lachlain chegou até ele uma vez mais.    —Maldição, Bowe, deseja morrer? Ele me trouxe até aqui para te resgatar.   Bowe tentou escapar do apertão de ferro de Lachlain.    —Ele me pôs aqui!   —Não tenho nenhum rancor contra você, Lykae — disse Wroth em um tom moderado.   —por que ganhou maldito!   —Assim é —respondeu o vampiro tranqüilamente.   —Como? —cuspiu Bowe a palavra—. Como levantou aquela espada?   —Fui bento para nunca perder seu sinal — explicou Wroth—. Só tive que imaginar um objetivo. —O vampiro não estaria tão tranqüilo como estava se tivesse perdido Kaderin para sempre.   —Trouxe a Valquíria da morte?   —Fiz-o.   A Chave tinha funcionado! Bowe sentiu uma labareda de esperança e tragou antes de perguntar:    —Usou-a... Ambas as vezes?   —Sim.   Bowe agachou a cabeça. Não podia ouvir isto, que seu inimigo tivesse conseguido fazer o que Bowe mesmo não pôde. A vergonha de seu fracasso o consumia.   —Recuperamos às duas irmãs de sangue de Kaderin, que tinham morrido faz muito — disse Wroth.   —Conversemos disto mais tarde — disse Lachlain, observando o fogo—. Não vejo nenhuma razão de estar aqui mais tempo. —Bowe entendeu a inquietação de Lachlain. Durante mais de cem anos, a Horda de Vampiros tinha torturado Lachlain em um fogo interminável. Cada dia tinha sido queimado vivo, mas nunca podia morrer completamente. Só tinha escapado recentemente, e simplesmente estar ali devia ser insuportável.    Isto recordou ao Bowe...    —Lachlain, como pode, de toda a gente, confiar neste vampiro?   —Ele não é da Horda. E seu irmão realmente salvou a vida de Emma.   Emma, querida companheira e rainha de Lachlain, era uma meio vampiro, meio Valquíria abandonada.   —Sim, ele ajudou a Emma, por um preço. Então que o traz aqui? O que exigiu?   —Porque Emma se encontre com o Kristoff, o rei dos vampiros rebeldes — admitiu Lachlain—. Ela é prima irmã de Kristoff.   Bowe negou com a cabeça.    —Muito perigoso. Não vou fazer que Emma o faça por mim.   —Ela quer encontrar-se com ele. Além disso, não nos deram opção. Como é o único que sabe como localizar aquela tumba na América Central, Wroth e Kaderin são quão únicos sabiam encontrar este lugar.   Bowe que sofria pela perda de sangue, duas semanas sem alimento e água, ficou aturdido pelas palavras de Lachlain. Por que mencionam aquela tumba?   —Se quer deixar este lugar, tem que aceitar sua ajuda — disse Lachlain, acrescentando depois a Wroth:— Toma seu braço.   Wroth assentiu e balançou um passo.   —Não me toque, vampiro — disse bruscamente Bowe—. Porei-me em pé por mim mesmo. —Lutando por levantar-se, apertou os dentes—. Por que quereria alguém encontrar aquela tumba?
  Wroth respondeu:    —Porque os competidores apanhados ali, Lykae, não retornaram.   —O que? —grunhiu Bowe quando em efeito ficou em pé por si mesmo. Justo antes de perder os sentidos.
 
  —Que diabos está fazendo? —estalou Lachlain quando viu o Bowe lutando por sentar-se em cima da cama.    Tão somente fazia um dia desde que tinha sido devolvido ao complexo Lykae em Louisiana.   —Preciso ir a um lugar — respondeu Bowe. Seu tom era cansado, e ainda assim parecia haver uma espécie de excitação subjacente em seu comportamento.   —Ainda não está em condições de ir a nenhuma parte. —No dia anterior, antes que Bowe chegasse, Lachlain tinha procurado que todas suas feridas estivessem tratadas e enfaixadas o melhor possível. A quantidade de feridas causadas a Bowe era assombrosa. Além de  faltar uma mão e um olho, uma espécie de metal oxidado tinha atravessado o torso, rasgando a parte inferior do pulmão—. Não está em condições de se mover por aí tão cedo.    —Não importa.    —Voltarão a abrir as feridas. —A idéia de que Bowe tivesse sido capaz de continuar lutando nesse estado era assombrosa; se as pessoas não sabesse o porquê lutava.    Mas depois de tantas vicissitudes seguidas de tal perda, Lachlain não podia entender por que Bowe não tinha dado um passo para o interior daquele poço. Se Lachlain tivesse perdido a sua companheira, Emma, não uma vez, a não ser, em essência, duas vezes, teria se atirado de cabeça em questão de um segundo. Por que não Bowe? O que era  que o impulsionava? O tema era motivo de uma de grande especulação dentro do clã.   —Deixa de me analisar, primo.    Lachlain suspirou.   —Às vezes não te entendo.   Bowe pôs as pernas por um lado da cama, e apertou os dentes ao sentir uma evidente punhalada de dor.   —Se não o conseguiu depois de mil e duzentos anos, então nunca o vai fazer.   Lachlain sabia que tinha razão. Mas enfim, Bowe sempre tinha sido único entre o clã.   Como a maior parte dos Lykae, Bowe era impaciente e impulsivo, mas também era sabido que se passava hora atrás hora ensinando pacientemente aos meninos as bases do rúgbi, seu esporte favorito antes que aparecessem os americanos com seu próprio “football”. Embora Bowe fosse sempre o primeiro em uma luta, impaciente por castigar as afrontas, uma vez terminada a batalha, também era o primeiro em perdoar as ofensas.   No norte de Escócia, os invernos podiam ser duros, o clã esperava com impaciência a primavera, mas Bowe sempre lamentava ver desaparecer o inverno, sua estação favorita. Lachlain supunha que desfrutava dela porque se assemelhava muito a ele.    Ao menos Bowe o tinha desfrutado até que perdeu sua Mariah entre os mortos do inverno...    —O que é tão importante  para que não descanse nem coma? —Lachlain fez um gesto para os pacotes de comida e as bebidas minerais de estranho aroma que estavam ao lado da cama.
Supunha-se que Bowe tinha que tomar depois de ter passado tanto tempo sem alimento nem água, mas apenas as havia tocado—. É uma vingança contra Wroth?    Bowe não disse nada, somente pareceu dispor-se a levantar-se, plantando seus grandes pés no chão de madeira.   —Se for assim, peço que o reconsidere. E não só pela dívida que tenho com seu irmão. — Desde não ter sido pelo Nikolai Wroth, Emma estaria... Morta. Só de pensá-lo Lachlain necessitou de repente vê-la, senti-la. Inclusive sabendo que ela o esperava a tão só vinte minutos de distância com sua feroz família Valquíria. Tinha-a deixado a salvo no Vall Hall, depois das grosas cortinas, protegida do sol e jogando alegremente com os videojogos—. Bowe, deve recordar que era um concurso. E que todos os informes que recebemos diziam que “o combatente Lykae” se estava mostrando desumano; e que jogava mais sujo que Kaderin nos três Hie anteriores.    Bowe se encolheu de ombros.   —Ouvimos que hipnotizou Kaderin com um objeto brilhante para assim poder encerrá-la atrás de uma rocha deslizante. Não a deixou sozinha com três alfavacas famintos? —Lachlain suspeitou que o brilho nos olhos, o olho, de Bowen era de satisfação—. E também ouvimos que quando esteve em uma missão no Congo se divertiu cruzando a cara de Sebastian Wroth com uma pá. Deixou-o fora de combate e depois o lançou a um rio enfurecido. Em pleno meio-dia, na África.    Era evidente que seu primo havia sentido uma emoção selvagem com aquele ato, e que ainda a sentia.    —Não tem nada que ver com o Wroth — disse Bowe—. Ainda.    —Então está pensando só na bruxa?    Por fim, Bowe se voltou para ele com interesse.   —O que ouviu?   —Sei da maldição. E que agora pode morrer por causa destas feridas.   Bowe não parecia estar preocupado no mais mínimo por isso.    —Essa bruxa e eu temos muitos assuntos pendentes. Vou tira-la da tumba, já que ninguém mais foi capaz. Embora não entendo como ninguém pôde localizar esse lugar. Naquele torneio do Hie, deram-se as coordenadas a todos os competidores.   —Hão-me dito que a deusa Riora as apagou com cada prova — explicou Lachlan—. Ninguém tomou nota da posição se não planejava viajar até ali. Você apanhou quem o fez.   Bowe franziu o cenho diante isso.    —Estava seguro de que ao final escapariam.    —E o que é a bruxa para você? —De fato Emma conhecia a Mariketa bastante bem porque a bruxa freqüentemente visitava a Valquíria mais rebelde em Valha Hall. Isto não surpreendia a Lachlain; quase sempre que tinha estado em Val Hall tinha descoberto risadas de bruxas bêbadas e cambaleantes no lugar.   Bowe vacilou, depois disse:   —Lançou-me outro feitiço além do debilitante. Um conjuro para me fazer sentir algo por ela. Acredito que isso faz que pense nela como... Minha companheira.    —Está seguro de que se trata de um feitiço? —apressou-se a perguntar Lachlain—. E se fosse realidade? —Isso esperava. Emma havia dito que, além da ligeira nervura selvagem e algo da natureza retorcida de uma bruxa, Mariketa tinha um bom coração.   Lachlain não sabia se podia dizer o mesmo da anterior companheira de Bowe. Conheceu  Mariah em uma ocasião, quando ele e Bowe viajaram para reunir-se com seu pai, o rei de uma grande facção de feys. A Lachlain, Mariah sempre pareceu um pouco mimada, e, embora tivesse sido formosa, alta e loira, tinha parecido mostrar desdém para tudo quão fundamental veneravam os Lykae: comida, contato e sexo. Mas Bowe estava contente com ela, de modo que Lachlain manteve suas dúvidas em silêncio. Entretanto agora...   —Bowe, pode ser que lhe dessem dois.   —ouviu falar alguma vez de um acontecimento assim? —perguntou com tom de frustração.   —Bom, não, mas...   —Em cinco mil anos de cuidadosos registros do clã, nunca houve um só caso. Cinco milênios, Lachlain. Sei por que  passei meia década repassando cada linha de cada registro. Cada maldito arquivo.    Lachlain sabia que Bowe tinha estado obcecado em encontrar um modo de trazer  Mariah de volta, mas não se deu conta de que tivesse crivado todos aqueles registros.   —A bruxa me lançou um feitiço, por que não ia pensar que me enfeitiçaria duas vezes? — acrescentou Bowe.   —Mas por que o ia fazer?   Ele passou a mão que ficava pela nuca.   —Houve uma pequena janela no tempo quando... Quando me quis para ela. Obrigou-me a beijá-la...    —Fez-o? —Lachlain arqueou as sobrancelhas.   —Enfeitiçou-me para que o fizesse.   —Como pode estar seguro de que não a desejava, simplesmente?    —Porque pude senti-lo. E fui fiel Mariah todos estes anos... Até que essa bruxa brincou comigo.    O fato de que Bowe não se deitou com ninguém durante tanto tempo não surpreendeu a Lachlain. Embora os Lykae fossem famosos por seus insaciáveis apetites, existiam poucas coisas que sua casta venerasse mais que a lealdade.   —Emma conhece a bruxa, e a viu sem sua capa. Diz que Mariketa é uma formosa moça. Não lhe pareceu isso?    —Tinha posto um feitiço. Não recordo seu aspecto com claridade.    —O que te disse o Instinto?    Uma forte guia com a qual nascia todo Lykae, o Instinto era como uma voz mental que dirigia o indivíduo para o que era melhor para ele, assim como para o clã em seu conjunto.    Bowe vacilou antes de admitir...   —Faz muito que meu Instinto está calado.    Lachlain olhou para outro lado. A idéia de que seu primo tivesse sido negada a presença consoladora do Instinto doía, mas não queria que Bowe pensasse que se compadecia dele. O Instinto não tinha abandonado Lachlain nem sequer quando tinha sido torturado.   —Em resumidas contas, os deuses não podem ser tão cruéis de me emparelhar com uma bruxa — acrescentou Bowe.   Essa era uma boa observação. Todos os Lykae desconfiavam das bruxas —o Instinto lhes advertia continuamente— mas a aversão de Bowe sempre foi mais acurada que em outros. Tinhalhes uma profunda antipatia desde pequeno, inclusive antes de inteirar do trágico encontro de seu pai com uma.   Ainda assim, Lachlain disse:   —Deram-me por companheira a uma meio vampiro, meio Valquíria, e não poderia querê-la mais.    —Eu poderia suportar algo... Exceto a uma maldita bruxa, Lachlain.    Lachlain o deixou assim de momento.
  —Não vai viajar até que tenha recuperado um pouco de força. E pensa, se de fato a reconhecer como sua companheira, pela razão que seja, ainda não pode ir a por ela. Hoje é quartafeira, a lua cheia será na sexta-feira de noite.    E todos os Lykae emparelhados se transformavam ao calor da lua.   —Cristo. Quando me transformar poderia persegui-la como a minha companheira e reclamá-la.    Bowe fez o comentário como se fosse um plano que devia ser evitado a todo costo, embora Lachlain tivesse visto um brilho de pura antecipação nele ao imaginar tal perspectiva. Todo seu corpo se esticou. Lachlain não tinha visto tal excitação em seu primo em quase dois séculos.   —Terá que esperar.    Bowe sacudiu a cabeça.    —Conseguirei que elimine o feitiço antes.    —E se nega?    —Estrangularei-a.    —Maldição Bowe, irei eu em seu lugar.   —Quando a lua cheia se aproxima? Afastaria-se de sua fêmea?   Bowe não sabia que Lachlain acabava de perder a última com a Emma porque ela tinha estado no outro extremo do mundo mantendo a vigília junto a sua família pela Kaderin. Estar sem a Emma tinha sido uma prova exaustiva para o Lachlain, e temia a perspectiva de que se repetisse, mas não estava disposto a ver como seu primo se encaminhava para uma armadilha.   —Haverá mais. Emma o entenderá.    —E por que não envia o Munro ou o Uilliam?    Os irmãos gêmeos Lykae se contavam entre os soldados de maior confiança de Lachlain.   —Não retornaram da última missão a que os mandei.   —E Garreth?    O irmão menor de Lachlain tinha retornado fazia dois dias tão sozinho.    —Ainda anda atrás da Lucia, seu Valquíria caçadora. Ela está demonstrando ser uma presa difícil inclusive para ele. E não confio em ninguém mais para fazer isto. Irei eu. E é minha última palavra sobre o tema.    A expressão de Bowe se escureceu. Lachlain estava tão acostumado a dar ordens que às vezes passava por cima o fato de que Bowe também era um alfa; um poderoso ao qual lhe era muito mais cômodo dar ordens que as receber. Por não mencionar o fato tácito de que Lachlain era o rei só porque o pai de Bowe tinha cedido sua herança.    —Não me afasto para lutar com uma maldita Hydra, Lachlain. Vou, conduzo, recolho a uma bruxa. Realmente acha que sou incapaz disso?    Lachlain não só tinha zangado Bowe, além disso o tinha ofendido. Suspirou.    —Não, certamente que não. Só... Só me avise se posso te ajudar.    Bowe assentiu.    —Antes de ir quero saber por que aquela adivinha Valquíria me disse que recuperaria a minha companheira por meio do Hie. Pode chamar a Emma e convencê-la para que encontre  Nïx...   O novo busca pessoas de Lachlain soou, sobressaltando-o; ainda estava incômodo com a tecnologia desta era. Emma lhe tinha comprado aquele artefato e tentado ensinar a dirigi-lo, mas ele levava todo o dia sem vê-la e o único que interessava então era arrancar o neglige vermelho com os dentes... Ainda não havia dito que o vermelho era uma reclamação para os machos Lykae, ao menos para os machos emparelhados.   Lançou o busca pessoas para Bowe. 
  —Me diga o que põe. E se não conseguir dirigi-lo com uma só mão, então seguro como o inferno que não pode dirigir a alavanca de mudanças até a Guatemala.   Bowe franziu o cenho, depois manipulou aquilo.   —Diz: Escureça o quarto. Beijos e abraços.    —Merda! —Lachlain se lançou para as cortinas e as fechou de um puxão.    Justo quando terminava com a segunda janela, apareceu Emma na escassa luz do quarto e  sorriu suavemente, com expressão de orgulho.   —Vê-o? O método funciona.   —O que faz aqui, moça?   —Vi-me obrigada a vir quando ouvi toda esta comoção em Val Hall — disse ela, jogando ao Bowe um olhar de compreensão.   —Comoção?    —Será melhor que deixe que o explique minha tia Nïx — Os formosos olhos azuis de Emma adquiriram uma expressão preocupada—. Vem aqui. Há dito Bowe que queria falar com ela agora?    Bowe franziu o cenho.    —Horripilante e maldita premonição. Estou cansado delas, e da magia, e de todo o condenado Lore.
 
  Quando Nïx entrou alegremente no quarto minutos mais tarde, Bowe disse:   —Disse-me que se entrasse no Hie, voltaria a ter a minha companheira. Que razão teria para me enganar?    Ignorando sua pergunta, ela se arrastou descaradamente ao pé da cama de Bowe. Em sua camiseta se lia: “Só doerá durante um segundo. Prometo-o”... Malditas estranhas Valquíria, e ela era a mais estranha. Como a primogênita de sua espécie, tinha mais ou menos três mil anos, embora não parecia o bastante velha para comprar licor nos Estados Unidos.   Outros machos viam a Nïx como extremamente atraente; tudo o que Bowe via era a um ser poderoso, louca de pedra por suas visões.   Tombou-se a seu lado, dobrando o cotovelo para sustentar casualmente a cabeça na mão. Com um suspiro disse:   —Bowe, tomei como meu projeto de mascote favorito porque eu gosto de te comer com os olhos. Devido a seu fator grrr. —Seu olhar distraído piscou sobre sua face e o final enfaixado do braço—. Se não vai se manter bem, então...   —Me responda.   —O sintooooooooooo, não vi que seria cativado para amar outra, ou mais corretamente, preso...   —Sabia! —Bowe lançou um olhar para Lachlain.   —É consciente disso, então? —perguntou Nïx.    Bowe anunciou:   —Brutalmente.    —Mariketa lhe tirará isso, sabe, com o tempo — continuou Nïx—. Assim como este molesto feitiço de mortalidade. O qual é conveniente dado que deve ir por ela e devolvê-la a seu aquelarre. 
  —Devolvê-la às bruxas? —Bowe soltou uma risada sem senso de humor. Tinha suas suspeitas confirmadas, e agora queria realmente estrangular Mariketa, não lhe fazer um favor de merda—. Depois de que a force a arrumar tudo, deixarei-a presa na selva por isso.   Nïx sacudiu a cabeça.    —Não é muito possível. Há um contingente de caminho aqui. Regin a Resplandecente está de... Mau humor. Ela e várias amigas bruxas de Mari, incluída a sempre viciosa Carrow, chegarão imediatamente.   Bowe permitiu que visse quão aborrecido estava com essas notícias. Regin era uma jovem Valquíria a que podia tomar ainda em sua presente condição. E nenhuma bruxa se atreveria a cruzar território Lykae sem permissão.    —Nïx, não pode entreter Regin? —disse Emma.   Quando Nïx sacudiu a cabeça, Bowe perguntou:   —O que tenho feito a essa pequena extravagante resplandecente de qualquer modo?   —Porque por causa de seu primo, Garreth, Lucia se foi —respondeu Nïx—. Todos sabem que é a mais chegada de Regin, companheiro do rufião, companheiro de crimes no estrangeiro e em casa...   —Sim, sim, temo-lo — interrompeu Emma.   —Mas então Mari desaparece também? —perguntou Nïx—. Ela, também, é uma das amigas de Regin. São companheiras de poker, irmãs do Wii, e Mari é um membro aclamado do contingente de karaokê. Regin atuou muitas vezes como condutora designada das bruxas.   —Mas? —perguntou Lachlain, as sobrancelhas levantadas—. Irmãs do que?   —Melhor amiga para sempre e um videojogo — subministrou Emma.   —Seus parentes não estão bem — murmurou Lachlain a Emma.   Emma piscou diante dele.   —Lachlain, acreditava que íamos estar de acordo em não discrepar sobre isto.   —Não é amiga de nenhuma Valquíria — disse bruscamente Bowe—. A ouvi na assembléia do Hie perguntando as questões mais básicas sobre as de sua espécie.   —Estava-o fazendo para benefício de outra pessoa? —perguntou Nïx.   Bowe rememorou... O vampiro tinha estado de fato escutando atentamente naquele momento. A maldita o tinha sabido e tinha estado subministrando informação sobre a Valquíria, sobre Kaderin!   —Sua amiga Mariketa jogou teimosamente um vampiro em cima de sua meio-irmã Kaderin durante o Hie. Ainda apoiando à matreira bruxinha?   —Por favor — Zombou Nïx—. Kad teria arrancado os joelhos das pernas de Mari para provocá-la. Tudo em boa diversão. Além disso, não só é de Regin e sua corte pelo que tem que preocupar-se. Há outras preocupadas porque levou a futura líder da Casa das Bruxas, uma das facções maiores do Lore. —Inclinou a cabeça para o Bowe e disse suavemente—. Meu mascote, tinha que saber que haveria ramificações por suas ações.   Nïx tinha começado a chama-lo mascote e pensar nele como tal, e a deixava porque o ajudou em uma ocasião, outro ultraje mais que tinha agüentado para conseguir a sua companheira.   —Se Mariketa for tão malditamente poderosa, então por que não usa sua magia para escapar?    —Falta-lhe controle sobre seus voláteis poderes e há tantos deles. Seguimos vigiando e esperando, mas é muito jovem para atá-los.   A paciência do Bowe se aproximava de seu limite.    —Então a bruxa não deveria ter entrado no Hie em primeiro lugar! 
  —Apesar disso. A Casa demanda que Mariketa seja entregue a salvo ou sua cabeça. O Lykae não entregará sua cabeça, assim que isso significa guerra. Nesse conflito, as Valquíria mostrarão lealdade à Casa. E isso significa que nossos aliados lhe terão rancor também. Os espectros estarão felizes, é obvio. Os vampiros rebeldes do Forbearer estarão agradados da oportunidade de mostrar sua lealdade para as Valquírias, igual que várias raças de Demônios, que casualmente não estão encantados de que tenha sepultado seu verdadeiro rei dos demônios de fúria,  que a seu único herdeiro.   Bowe estava bem informado de que Rydstrom era o verdadeiro rei, mas maldição, tinha pensado que encontrariam alguma saída.    —Quatro magos poderosos e trinta e sete aquelarres de bruxas unidos e vindo aqui esta semana. —O tom do Nïx era solene—. Um ninho de uma dúzia de fúrias elevando-se do sono para isto — adicionou, fazendo que Emma tragasse nervosamente—. Nem sequer me faça começar com a quem conhecem os elfos arqueiros, vamos pó-lo desta maneira: seu papai é maior que seu papai.   —Todos se aliam com essas bruxas mercenárias?   Ela assentiu.   —Lykae travesso, criando um incidente entre espécies como este. Apanhou seis imortais. Isto é um Charlie Foxtrot de proporções épicas.   Diante o olhar irritado de Lachlain, Emma facilitou.   —Charlie Foxtrot é um código para, bem, um desastre.   —Por que não me disse que isto  estava desenvolvendo? —perguntou Lachlain a Emma.    —Só sabia sobre Regin e alguns rumores crescentes dentro da Casa. Sou amiga das bruxas, mas elas são muito reservadas e mantêm seus planos protegidos até que estão preparadas para agir.    —Não há necessidade de que isto se agrave — disse Lachlain, seu tom tranqüilo. Bowe sabia que Lachlain nunca revelaria que estava preocupado pelas repercussões das ações de Bowe, mas em sua posição devia está-lo—. Bowe pode me dizer onde está a bruxa. Liberarei os seis e devolverei a Mariketa.    Bowe exalou. Lachlain ainda tentava protegê-lo, sempre limpando atrás dele. Se ele tivesse um dólar para cada vez que Lachlain havia dito "Ach, Bowe, ferrou tudo desta vez”.   Mas então Lachlain nunca tinha tirado as castanhas do fogo em algo como isto.   —Não, já desse isso.. Este é meu problema. —Bowe ficou em pé instavelmente, tonto—. Tratarei com isso.    Lachlain sacudiu a cabeça.    —Como vai se defender contra seis imortais coléricos?    —Deveriam estar agradecidos de que retorne. —Quando Lachlain levantou as sobrancelhas, adicionou—: Farei-o prometer ao Lore que não atacarão antes que esteja de acordo em abrir a tumba.   —Então pelo menos come e descansa até depois da lua cheia.    Nïx cacarejou a língua.    —A Casa diz que Mari deve chamar antes da próxima lua cheia para evitar isto. Além disso, este povo não é o bastante grande para ter tantas facções. Todos possivelmente sejam aliados das bruxas ou das Valquíria, mas nenhum são aliados de uns com os outros. Muito tempo dando-se cotoveladas, e algo acontecerá.    Bowe olhou enfurecido para Nïx.   —Não está exagerando tudo isto, Valquíria...   De fora: 
  —Vai ferrar a minha bruxa? Como jogar seus jogos? Então joga e agarra! —Algo assobiou acima; a casa se sacudiu, todos se agacharam enquanto o gesso caía do teto salpicando.   —Que infernos foi isso? —gritou Bowe.    —Isso foi Regin — respondeu Nïx serenamente—. Atirou um carro sobre nós para que aterrissasse no alojamento principal Lykae. A coisa afortunada é que o alojamento está vazio. Bowen, ela pensou que o veículo era seu. Mas realmente é... Dele. —Assinalou delicadamente a Lachlain, quem franziu o cenho antes de dirigir um significativo olhar a Emma.    —Ela atira malditos carros? —gritou Bowe.   —Vê? Nada de exagerar. —Nïx se levantou, deslizando suavemente atrás das cortinas, logo gritou pela janela—: Má sorte, Regin! Carro errado.   Imediatamente depois, a casa se sacudiu outra vez.    —OH, melhor! —assegurou Nïx —Esse era o de Bowen!   Outra violenta sacudida da casa. Nïx apareceu fora das cortinas, as levando como o hábito de uma monja.    —Quem conduz um Chevelle de setenta e oito...?   —Nïx! —disse Emma.    Retirou-se da janela.    —O tempo de tudo isto é impecável — disse Nïx em um tom bruscamente solene—. O Accession chegou realmente.    Emma e Lachlain compartilharam um olhar. Todo o Lore temia o Accession. Ocorria a cada cinco séculos, era uma espécie de mística seleção que exterminava imortais. Embora não havia necessariamente uma grande guerra nem batalha determinante, o destino parecia semear conflitos, opondo facções umas contra outras. O pai de Bowe tinha contado que o destino semearia algumas famílias juntando companheiros, colheria da maioria dos outros.    —Por que tudo isto? —Bowe deu passos desiguais por volta do armário para vestir-se e teve que apertar a mandíbula contra uma onda de dor nas costelas—. Não acha que uma guerra no Lore é um pouco muito por que uma bruxa tenha tido três semanas de pausa?   —Uma pausa... Com quem? —perguntou Nïx—. Meu mascote, apanhou uma formosa e núbil jovem com um grupo de íncubos. Embora Regin jura que não há um grupo de íncubos, mas...   —Nïx, se concentre! —disse Emma e Nïx lhe deu um assobio desinteressado.    —Íncubos? —grasnou Bowe, um calafrio de terror subiu pelo espinha dorsal—. A tumba estava vazia, deserta fazia muito. Não havia íncubos vivendo ali. Não pode ser.   A tristeza cintilou nos confusos olhos de Nïx.   —A bruxa sofre depois de três semanas dentro dessa cripta escura. —Em um tom de confessionário, adicionou—: Parece que esqueceu deixar algum alimento ou água.    —Não farejei nada, não senti nada... —Diante a expressão implacável de Nïx, Bowe se sacudiu, não precisava estar pensando nas implicações; precisava estar fazendo algo a respeito delas.   —Lachlain, pode-me ajudar a arrumar o transporte? —afundou-se a por roupa, combatendo o enjôo—. Se sair em menos de uma hora posso chegar ali hoje antes de pôr-do-sol.    —Sim, claro —exalou Lachlain—. É obvio, ajudarei-o com tudo o que necessite.   Embora Bowe o tinha feito soar como uma tarefa rotineira, liberar e acompanhar a Mariketa de volta aos Estados não seria sem dificuldades numerosas .    Em sua última viagem, as "estradas" tinham sido difíceis de navegar. Agora que a estação das chuvas tinha chegado completamente, estariam intransitáveis. Especialmente dado que Bowe estaria forçado a conduzir as mudanças com uma mão e um cotoco. E agora que estava debilitado, os soldados humanos que abundavam na área poderiam dominar e conter realmente um Lykae, inclusive quando estava completamente convertido. Bowe teria que evitá-los até que  tirassem o feitiço de mortalidade.   Levantar o restelo da tumba tinha sido quase impossível ainda quando tinha tido toda sua força e ambos os mãos... Mas agora?    —Precisarei levar algo como um elevador pneumático para me ajudar a entrar na tumba.   Quando Lachlain assentiu, Emma disse:   —Posso-te conseguir um telefone por satélite, também, assim Mari pode chamar o mais breve possível.   —Sim, e necessitarei mais dessas coisas com a que estiveram tratando de me alimentar. Bebidas e pacotes desidratados. E alguma espécie de estojo de primeiro socorros no caso de precisar.   Nïx aplaudiu com entusiasmo diante a atividade, parecendo tão confusa como sempre.   —Posso ajudar, posso ajudar! Posso-te conseguir uma rima para a Mariketa!   Lachlain, Emma, e Bowe pararam brevemente para olhá-la.   —Não pode sair de casa sem isso!    —O que seja... —continuou Bowe—, acabo de estar duas semanas sem alimento nem água. Três não a matarão.   —Incorreto.   Bowe olhou para Nïx. Entrecortou-lhe a voz uma oitava mais baixa quando perguntou:   —Por que incorreto?   Ela entrecerrou os olhos e momentaneamente pareceu desconcertada de onde estava.   —O que é incorreto? Eu sou incorreta? —Tirou brilho a suas unhas—. Poucas vezes o sou.   Depois suprimindo o impulso de estrangular o estranho ser, Bowe gritou.   —Me disse que era incorreto quando disse que três semanas não matarão à bruxa.   —OH, sim, isso. Como supõe que recorde conversa do ano passado? Não posso ver dentro dessa cripta, mau vodu e molho sério evitam que meus olhos bisbilhotem, mas o sentido comum diz que Mariketa provavelmente está morrendo.   —Morrendo? Como? —grasnou, sabendo que Lachlain estava estudando sua dura reação.   —Porque, mascote, a jovem Mariketa a Esperada incluso não se transformou. Ainda é... mortal.   Outro carro assobiou acima.
 
  O facão de Bowe abriu passo através de uma trança de videiras de lianas lenhosas enquanto seguia avançando através da floresta. O rastro à tumba que tinha sido limpo por volta de umas semanas já tinha sido abafado.   Como havia predito a última vez, o conflito entre os dois exércitos humanos tinha explodido. Bowe tinha tido que desfazer-se de seu caminhão a milhas da tumba porque os soldados estavam plantando minas ao longo das estradas.   Ardia com a urgência de chegar até a Mariketa, mas seu corpo só podia fazer muito pouco neste estado e carregado com sua mochila — que pesava mais de cento e trinta quilogramas com a engrenagem que tinha estado forçado a trazer.
  Mais cedo, a ação de reunir fornecimentos e preparar-se apressadamente para a viagem tinha ajudado a Bowe a manter sua mente ocupada, mas durante o vôo, tinha querido arranhar as paredes do avião pela frustração. Tinha tirado de sua bolsa, a missiva d Nïx dirigida a "Mari a Esperada". Tinha ignorado  a Valquíria quando ela tinha insistido repetidas vezes em que a levasse, até que ficou tão furiosa que o relâmpago tinha começado a cair por toda parte. Tornou-se tão violento que inclusive Regin e as bruxas tinham recuado, assustadas.    Só no avião, tinha esmigalhado o selo de cera negro de Nïx e leu o estranho conteúdo era uma rima a respeito de espelhos, sussurros e segredos. As palavras tinham dado inexplicavelmente calafrios.   E lendo-o uma e outra vez só tinha matado momentos da espera. Com nada que fazer exceto pensar, agitou-se entre odiar Mariketa e temer por sua vida. Bowe desprezava o que  tinha feito e o que ela era, mas não queria que morresse.   Outra ampola cedeu contra a base do facão, mas Bowe a ignorou. Não era como se pudesse trocar de mão.   As probabilidades de que estivesse viva estavam em contra mas Bowe tinha esperança. O demônio marcado, Rydstrom, era um guerreiro brutal, mas também era honorável. E Bowe sabia que Rydstrom e Cade tinham irmãs pequenas. Se Rydstrom tinha decidido proteger à bruxa, ela teria uma oportunidade de sobreviver à fome e aos íncubos.    E além disso estava o interesse inquietante que tinha piscado nos olhos de Cade. O mercenário se moveria para protegê-la... Porque a desejava.    O pensamento fez que Bowe balançasse o facão mais duramente do necessário, cortando limpamente uma árvore jovem.    Maldição, em que infernos tinha estado pensando essa pequena mortal para entrar no Hie?   Ainda enquanto amaldiçoava a idiotice de suas ações, maravilhava-se de sua coragem, especialmente dado que era tão jovem. Tinha suspeitado que o era, mas Bowe tinha averiguado que Mariketa tinha a surpreendente idade de vinte e três anos, cronologicamente. Não só não tinha feito a transição à imortalidade, mas também nem sequer tinha passado ainda a terceira parte de uma vida mortal media.    Se Bowe tinha pensado que Emma com oitenta anos cronológicos, era muito jovem para  Lachlain, então Mariketa era uma maldita menina.   E uma bruxa...   Soaram gritos ensurdecedores. Da tumba?    Bowe correu tão rápido como suas feridas permitiram, saltando por cima de árvores caidas. Correu precipitadamente através da maleza em vez de cortá-la, ignorando a dor quando as videiras se engancharam o pescoço e os braços e arranhavam até que queimaram.    Quando finalmente se chocou com a linha de árvores que rodeavam o perímetro da tumba, ouviu o que soava como uma guerra dentro.    Luz branca cintilava por novas gretas na pedra. O edifício inteiro retumbava. Ouviu o rugido de Rydstrom com dor enquanto a arqueira feminina gritava. Bowe não ouviu a bruxa.    Era já muito tarde?    Merda, como ia levantar rapidamente o restelo de pedra? E estabelecer o elevador com uma só mão... Era muito tempo. Poderia levantá-lo ele sozinho? Estava mil vezes mais fraco que antes e não tinha uma pedra de apoio para levantá-lo.   Não tinha as duas mãos.    De maneira nenhuma...
  Foi quando Bowe ouviu o grito da Mariketa, débil e agudo. Não houve tempo de analisar a devastadora sensação de alívio que sentiu de que ainda estivesse viva. Soube que estava má ferida e soube que necessitava proteção.    Porcaria de elevador.    Empurrou a mão sob a borda do restelo, cravando as garras, pondo como cunha debaixo o punho bom. Quando ouviu outro de seus gritos, esforçou cada músculo de seu corpo.    Nada.    Maldição, se tivesse sido verdadeiramente sua companheira, teria podido levantá-lo. O qual significava que era ainda possível ainda quando ela não fosse sua... Podia fazer isto!    Já não a ouvia. Um forte temor o apunhalou... Levantou-o com esforço, com todo seu poder, gritando. A pedra começou a mover-se. Uma polegada mais alta, então dois...    Tinha-o levantado só um pé quando um fragil corpo foi empurrado fora da refrega.   Mariketa? Sim, embora apenas a reconheceu sem seu feitiço de encanto para encobrir seu olhar.    Enquanto Bowe lutava contra o peso, deu uma sacudida de surpresa quando o Instinto chamou dentro de sua cabeça, forte e claro:    —Sua   Por que voltaria agora, depois de tanto tempo? Por que o fazia sentir como se ela fosse dele?    Não, isto era somente seu feitiço, enganando-o. Sabendo ainda disto, tinha que lutar contra o pânico quando compreendeu quão golpeado estava seu corpo. Enfocou sua audição no batimento do seu coração e o encontrou irregular. Os lábios estavam pálidos e gretados, as bochechas cavadas. O sangue manchava as comissuras de sua boca.   Assim como tinha estado Mariah quando tinha caido morta na neve.    Não podia sustentar a pedra muito mais tempo... Precisava deixá-la cair... Mas a perna da bruxa estava no caminho. Enquanto lutava por estirar sua própria bota a um lado para arrastá-la fora do caminho, a batalha continuava dentro.    —Se agache!    —Maldição, lhes dispare!    —Não tenho flechas! —Não tinha flechas? Os arqueiros tinham carcajas místicos, dizia-se que nunca se esvaziavam.   —Eu tampouco... Corre!   A elfa feminina gritou a Cade para que a ajudasse. Um momento depois, foi lançada do interior, seu arco sangrento preso as costas.    Então umas garras escavaram para cima enquanto Cade e Rydstrom se arrastaram fora. Não reconheceram a Bowe, só deixaram cair as espadas e tentaram fracamente manter a pedra levantada até que os dois últimos arqueiros se escorreram fora.   As cordas de seus arcos estavam manchadas de sangue por onde os tinham disparado uma e outra vez. O que tinham encarado exatamente?    Como em resposta, justo quando Bowe estava a ponto de deixar cair sua carga, uma mão se disparou fora da tumba enquanto algum ser com pele cinza condensada, pele morta, estirando-se cegamente mas infalivelmente para a bruxa. Suas garras se afundaram no tornozelo, ela não reagiu.    Outra mão saiu como uma flecha da tumba, seus dedos apertados ao redor... De um dos adornos de ouro?    —Deixá-o cair — gritou Bowe, e os três soltaram a pedra, cortando as mãos. Enquanto Bowe recuava contra a entrada selada, lutando por respirar, Cade se lançou para a Mariketa para tirar as garras do tornozelo. A pele ali estava manchada de sangue, marcada uma e outra vez. Bowe soube em um instante que tinha sido arrastada assim repetidas vezes.    Entreabriu o olho diante a outra mão horrível. Por que oferecia um adorno?    Uma vez que Bowe levantou o olhar, encarou as olhadas mortais de cinco imortais poderosos, prometendo castigo.   —Esquece-o por agora! —A arqueira feminino se apressou a sustentar a cabeça da Mariketa—. Ela está em choque!    Os outros se reuniram ao redor ela, menos um dos arqueiros, que retorceu as orelhas bicudas e depois saiu correndo do claro.   Quando a bruxa começou a estremecer-se, Bowe se deixou cair de joelhos a seu lado.   —Água! —gritou o elfo feminino—. A estamos perdendo!    Desenroscou apressadamente o cantil do ombro e a entregou.   —O que lhe aconteceu?    Todos o ignoraram.    —Maldição, me digam o que aconteceu!    A bruxa estava imóvel ao seu lado, sem reagir a sua forte voz. Os olhos se abriram aturdidamente enquanto gemia; uma luz branca cintilou deles até o céu e ferveu de suas frouxas palmas. Os lábios se separaram com sua irregular respiração.   Sem advertência, ficou em pé, os olhos brilhando com fúria e sem tirar a vista de cima de Bowe. Como em uma tempestade, o cabelo vermelho se formou redemoinhos por toda parte de sua face manchada de sangue. As folhas e a areia rodearam seu corpo.    —Você.   —Eu...   Com um golpezinho da mão em sua direção, lançou de costas  Bowe contra a tumba, esmagando o conteúdo de sua mochila. Segurou-o ali pelo pescoço enquanto ele se retorcia inutilmente e lutava por respirar. Em meio de sua luta, ele se deu conta de que os dedos das botas dela estavam dobrados, porque ela já não tocava o chão.   Seu corpo era muito frágil... Era muito pequeno para conduzir este poder, um poder inimaginável. Nunca em sua longa vida... Nunca tinha visto algo como isto.   A bruxa sorriu com lábios fantasmais.    —Voltou — Ronronou enquanto a pressão se incrementava ao redor do pescoço. Estava horrível. Era intimidante.   E soube que estava a ponto de morrer.
 
  —Mariketa, não! —Bramou Rydstrom—. Deixe eu tratar com ele!    Mari apenas o podia ouvir. A magia ressonava em seus ouvidos e dançava em suas veias, pura e perfeita pela primeira vez em sua vida.   Sente-se delicioso.    Apertou sua mão ao redor da garganta do MacRieve uma vez mais, percebendo levianamente a mão perdida, as ataduras na cara.    —Dêem-me isso ! —Tierney havia desenbanhaido sua espada. Cade e Tera se aproximaram do MacRieve, cada um querendo o prazer de matar ao Lykae pelo que tinha feito.   Mari não cederia seu agarre. Não até que a cabeça tivesse deixado seu corpo...
  Um estouro agudo como um canhonaço soou a pouca distância. Ela o ouviu inclusive sobre a animação dentro de sua cabeça.    —Mariketa — começou Tera em tom cauteloso—, Deixa-o cair e corre. Agora.    Cautelosa? Depois do que tinham passado? Mais canhonaços, definitivamente eram disparos.   Tinha pressentido que Hild tinha saído correndo do claro, nesse momento ele voltou.    —Dois exércitos de guerrilha encetados na floresta a uma milha ao oeste. —Informou entre fôlegos—. Cada um pelo menos com duzentos humanos. Têm foguetes, morteiros, possivelmente tenhamos realmente que considerá-los em nossas decisões.    Bowe viu tudo desdobrando-se mas não podia fazer nada. A frustração o alagava, emparelhando-se com a tortura do agarre estrangulador. A força o segurava de costas contra sua mochila, pulverizando o conteúdo.    Então os olhos da bruxa trocaram, transformando-se em uma sombra de prata — uma única cor, intacto e brilhando incandescente. Quando olhou fixamente sem compreender, pôde ver... Pôde ver que eram... Espelhos. A rima estranha de Nïx cintilou em sua mente, ainda enquanto Mariketa o matava.    Com outra mão, a bruxa emitiu um pulso de energia para Bowe — um raio que fez que ele se sentisse como se tivesse tido uma transfusão de ácido. Transformarei seu sangue em ácido, havia dito.   Rydstrom agarrou seus pulsos e se moveu para arrastar sua magia fora da direção do Bowe, então franziu o cenho ao ver que não podia mover seus magros braços. Com ambas as mãos, puxou novamente para trás e finalmente conseguiu que apontasse longe de Bowe, para a tumba.   Livre de seu agarre e da dor incontrolável, Bowe aspirou ar engatinhando. Enquanto esfregava para recuperar a circulação na garganta, um raio açoitou as pedras. A estrutura inteira tremeu. O primeiro retumbo sacudiu as árvores que cresciam sobre ela. O segundo os fez vibrar, despindo seus oscilantes ramos.   Os olhos da bruxa, tão brilhantes, pareciam fascinados.   —vai explodir! —gritou Rydstrom. Puxou Mariketa a seu lado. A luz dela tinha cessado e caiu sem forças.   Mas era muito tarde. A tumba expodiu com uma força atômica —inclusive as grandes pedras angulares foram jogadas no céu— não deixando nada exceto uma cratera enorme atrás. Qualquer que vivesse dentro tinha sido aniquilado.   Com a bruxa em seus braços, Rydstrom correu, seguindo os outros enquanto corriam a cheio das pedras que caíam em picado. Embora Bowe se precipitou atrás deles, por alguma razão, lançou-se para baixo e arrancou o elmo de ouro da mão cortada, depois colocou o pesado prêmio em sua mochila.   Pouco antes que Rydstrom alcançasse a linha de árvores, uma imensa pedra aterrissou em sua perna, apanhando-o. O demônio manteve seu agarre sobre a Mariketa, lutando por lhe proteger a cabeça.    Bowe pressentiu o que estava a ponto de acontecer, ainda antes que as impressionantes madeiras duras da selva começassem a cair sobre a cratera onde a tumba uma vez tinha existido.   —Dêem-me ela !   —Diretamente depois... De que estivesse a ponto de te matar? —Gritou Rydstrom.   Bowe não tinha tempo de explicar, assim simplesmente disse bruscamente:   —Juro que a porei a salvo.   —Não entende, MacRieve! Merda, ela pode morrer!
  —Sim, mortal, agora solta-a! —Quando Rydstrom ainda vacilou, Bowe disse—: Não sabe o que vem? —A tumba tinha sido um lugar de poder. O poder extinto criava um vazio.    Rydstrom olhou atrás. Sacudiu a dura cabeça, e seu punho na Mariketa se afrouxou. Observou ao Bowe.    —Outro arranhão nela e tomarei sua cabeça, Lykae.       Mari despertou com um gemido, piscando e abrindo os olhos para encontrar-se atada firmemente sobre o ombro musculoso de algum macho e olhando diretamente abaixo ao lado de uma montanha. Centenas de pés abaixo, as árvores e a terra se vertiam no abismo vazio que tinha sido a tumba.    Sacudindo-se violentamente, tomou fôlego para gritar, mas uma voz áspera disse:   —Retem seus gritos e se agarre a mim. E não se atreva a tentar algo como o de antes, bruxa, não se quer sair disto viva.   MacRieve.   Não o tinha matado ela? Tentou agarrar-se a suas costas por um cabo.   —Dou... Onde estão os outros?    —Lutando pela segurança debaixo de nós.    —Por que seu... Subiu você? —Encarada com seu maior temor e forçada a confiar sua vida a este Lykae.    —Você não gosta das alturas, então? Subi porque os humanos não podem.   Estava subindo por uma videira?    —Deixará-nos cair, só tem uma monstruosa mão!    Ele tinha estado puxando para baixo a videira e agarrando-a mais alto, empurrando-os acima palmo a palmo.    —Sim, e a terei de volta. Junto com meu olho. Agora. Tira sua maldição e me cure.    —Nunca. Espero que morra disso — vaiou ela.   —Então também espera que minha mão não escorregue mais nesta videira escorregadia. Vamos muito mais abaixo e esse vazio nos agarrará certamente. Ach, posso sentir o puxão em meus pés já. E agora começa a chover.    Ela levantou a cabeça com incredulidade. Gordas gotas de água  caíram na sua face.   Deliberadamente, ele se deixou ir, permitindo afundar-se vários metros antes de voltar a agarrar a videira, sacudindo-a sobre suas costas enquanto as mãos dela se agarravam freneticamente a sua camisa.    —Para! OH, deuses, para isto!   —Me devolva minha mão!    Pensa! Ela acreditava que podia tirar exitosamente a maldição, ainda tão fraco como estava. Tirar feitiços não era tão difícil como colocá-los, recordou que Elianna sempre dizia:   —Um pequenino não pode escrever caligrafia mas facilmente o pode apagar.    Prometendo em silêncio jogar uma nova e pior maldição a menor oportunidade, colocou a mão estendida em suas costas, então a atraiu para fora, puxando o feitiço.   Nada. apertando os dentes, voltou a colocar a mão e o tentou uma vez mais. Desta vez sua mão encontrou resistência, como se tivesse colocado a palma em uma piscina de cola. Tinha um agarre no feitiço!    Mari jogou para trás sua mão. Estirando... Puxando...    A mão começou a regenerar-se, crescendo, sobressaindo-se da sangrenta atadura até que suas novas garras rasgaram o tecido.    Enquanto Bowe olhava fixamente sua mão curada, murmurou:
  —Quase o tem feito. —Soava em parte perplexo e em parte repugnado.   —Estou muito fraca.    —Mais, bruxa!    Ela sacudiu a cabeça contra suas costas.    —Vou desmaiar outra vez.    —Não se atreva.    —Faço-o! Promete ao Lore que me levará sem perigo ao Rydstrom.    —Ao Rydstrom, então? —disse bruscamente em um tom estranho—. Faz isto e o prometerei.    Inalando profundamente, fez outra tentativa tremulae, ficando tonta mais com cada segundo.   —Isso. —Quando sua mão parecia restaurada, mas ainda demandou com uma voz forte—: Mais.    Ela chiou os dentes:   —Estou fazendo tudo... O que posso...   Com sua nova mão, rasgou a atadura da cabeça e levantou a face descoberta à chuva.    —Boa garota. Agora só outro enfeitiço para ir...?   Foi seu grito estrangulado? E o mundo ficou negro uma vez mais.
 
  Quando o corpo leve da bruxa ficou sem vida sobre ele, a força de Bowen voltou rapidamente. Piscou, flexionou a mão e inalou profundamente. Depois de catalogar interiormente suas muitas feridas pequenas se deu conta de que estava completamente curado. Nenhuma dor, nenhuma dilaceradora agonia nas costelas com cada respiração. Ela o tinha feito.    Bowen reconheceu que se sentia melhor do que recordava.    Agora subiu facilmente pela videira, e inclusive saltou os seis metros ao topo da saia da montanha que tinha procurado. Mais cedo de abaixo, tinha farejado que em algum lugar nesta elevação havia um bebedouro manancial em caso de que parasse de chover. Também tinha notado o aroma mofado de uma cova em caso de que não o fizesse. Logo que a tinha reclamado ao Rydstrom, Bowen tinha se dirigido à montanha.    A cova estava a perto do meio quilômetro através de espessos bosques, assim decidiu conseguir alimento e bebida para a bruxa imediatamente, agora que o perigo imediato tinha passado. Caçou em uma pequena área quadrada da meseta, inspecionando se havia plantas venenosas ou animais. Com sua aguda vista restaurada, não divisou nenhum, só chuva, videiras frondosas. Sim, este lugar serviria.   Uma vez que colocou Mariketa em uma cama de grossa folhagem, a garoa começou a lavar o sangue da cara e afastou o cabelo de suas bicudas orelhas. Com um de seus esbeltos braços sem força ao seu lado e o outro curvado a um lado da cabeça, ela somente parecia uma fêmea delicada e vulnerável, não a bruxa do poder inexprimível que acabava de presenciar. E não quão assassina ela mesma tinha provado ser.   Ele tinha lembranças indistintas de seu aspecto bastante ordinário, nada de particular ou original, que era sem dúvida exatamente o que ela tinha pensado com seu feitiço de encanto. Agora sua pele pálida estava nua contra as folhas. As orelhas claramente bicudas, formosas. O pequeno Top que levava estava molhado e quase transparente contra os generosos seios. 
  Inclusive suja e ferida, era uma mulher malditamente atraente...   Sua.   Quando o Instinto sussurrou suavemente, ele fechou os olhos. Não tinha se enganado antes, não o tinha imaginado. Deuses, como tinha sentido falta, queria rugir de prazer por seu retorno.   Quando a olhou outra vez, pelo mais breve instante pensou, mantém o maldito feitiço, mantém o Instinto, segue me oferecendo a beleza... Por que não?    Sacudiu a cabeça duramente. A culpa se estendeu e a ira começou a construir-se. Estava contemplando transformar-se em um escravo sem inteligência diante a vontade de uma bruxa? Uma bruxa que tinha sido tão selvagem momentos antes? Seu pai devia estar revolvendo-se em sua tumba neste momento.   Bowen  tirou a mochila, deixando-a cair ao lado dela, e abriu facilmente as cordas anteriormente amarradas agora que tinha ambas as mãos. Ajoelhando-se, rebuscou a bebida, só duas garrafas não tinham sido esmagadas. Pelo menos os pacotes desidratados estavam intactos.   Serpenteou o braço sob seu pescoço e a levantou, mas ainda inconsciente, resistia fracamente. Com repetidas tentativas, fez que bebesse a metade de uma garrafa e tragasse parte da comida.   Satisfeito com isso por agora, varreu seu olhar sobre seu corpo. Lembranças nebulosas de sua aparência começaram a cristalizar em sua mente, e se deu conta de que não parecia ter perdido muito peso. De algum modo, não tinha morrido de fome. Mas seu alívio foi efêmero.    Tinham-na apanhado essas coisas?   Com o coração na garganta, colocou-a de costas para examinar suas feridas, lavando seus braços e pernas do pior da sujeira e o sangue com a garoa.    Se eles a tinham tomado, esperaria que suas calças curtas estivessem rasgadas, mas não o estavam. Esperaria ver machucados coerentes com o agarre por dedos, mas não encontrou nenhum em seu pescoço ou nas pálidas coxas.    Depois de levantar sua camisa, Bowen olhou os seios, plenamente visíveis através de seu transparente sutiã. Nenhum machucado danificava a cremosa carne ali tampouco. Havia uma possibilidade de que tivesse sido protegida dos piores ataques desses íncubos.    Tratou de girar longe, mas seus mamilos rosa escuro se estavam endurecendo enquanto as gotas de chuva golpeavam os seios. Vaiou um juramento. Nenhuma bruxa deveria ser tão delicada como esta.   Era perfeita e encantadora, e a boca fez água por amamentar-se desses mamilos que se sobressaíam. Incapaz de evitá-lo, passou o dorso dos dedos sobre um, e ela tiritou.    Isto é uma loucura. Pôs o top quando um movimento fez sussurrar as folhas ao redor dela. Despiu as garras, baixando as mãos, pensando que um animal se aproximava, mas então... As videiras começaram a arrastar-se sobre seu corpo, trancando-se sobre ela em abundância, como em atitude protetora.    Abrindo os olhos, disse bruscamente:   —OH, merda! —disse bruscamente, abrindo os olhos e evitou o saltar para trás. Magia. Aqui justamente. Quando se estirou para ela, as sarças cravaram e rasgaram sua pele. Inclusive com sua força, não pôde rasgar as dela.   Mais não pressentiu perigo para ela.    Sua explosão da tumba foi suficientemente má, mas esta magia misteriosa e insidiosa o desconcertava muito mais. Ficou em pé e foi de um lado para outro, olhando inquietamente, passando-os dedos pelo cabelo.    Ali na jaula verde, bem diante seus olhos, a pele começou a ficar rosada, seus lábios a avermelhar e a preencher-se. Enquanto dormia, tão natural como se tivesse nascido ali, suas raspaduras e machucados desbotavam, deixando atrás só pele suave como de porcelana. Achou-a tão malditamente atraente, ainda quando sua magia irritava o estômago.   Era este outro encantamento? Não um feitiço curativo e sim outro encantamento? Era isto o que ela se parecia verdadeiramente? Maldição, esperava que não. Ser enfrentado a um feitiço pouco natural e a sua beleza natural?    Forçou-se a recordar seu semblante enquanto desfrutava o estrangulando. Essa era ela verdadeiramente.   Debaixo deles, o vazio começou a perder a força. Ouviu os outros subindo muito antes que alcançassem a meseta. Uma vez que Rydstrom saltou na  borda, seu olhar piscou sobre a mão de Bowen e seu olho.    —Curou-o?    —Sim. E a ela mesma. Mas agora está presa nessas videiras.    Rydstrom cabeceou, parecendo despreocupado por sua perna ferida   —Precisamos levá-la a algum lugar seco. —Coxeou para ela—. Nenhum de nós está em condição de navegar saindo daqui esta noite.    Bowen viu que os cinco estavam gastos, os lábios gretados e os olhos afundados. Agora que ela tinha trabalhado sua magia, a mortal parecia estar em melhor forma que os imortais.    —O que há com oo escocês? —perguntou um dos arqueiros masculinos.   Bowen respondeu:   —O escocês vai em qualquer lugar que a bruxa vá   —Acredito que Tierney quer dizer que agora podemos matar  este Lykae? —disse Cade.   Uma vez que Rydstrom alcançou à bruxa, agachou-se sobre ela. As sarças se separaram para ele, o permitindo levantá-la. Quando Rydstrom a sustentou em seus braços, Bowen sentiu que os lábios retrocediam, e as presas se alargavam.   Esse macho toma seu lugar... Toma o que é seu.    Não, maldição, não era dele. Ela era o meio para pôr fim e levantar a maldição, um meio que não queria que saísse de sua vista. Mas sabia que eles não poderiam afastar-se dele. Estava forte outra vez, recordou-se. Ninguém poderia evitar que a levasse de volta.   —A explosão atrairá a atenção dos humanos. —disse Rydstrom enquanto a entregava a Cade—. O melhor é tirá-la fora da vista. Farejo uma cova perto.    A única onde Bowen tinha planejado deitar a Mariketa e a ele mesmo durante a noite.   Cade tomou mas vacilou em sair, desejando simplesmente um combate.    —Dirigirei isto —assegurou Rydstrom—. Meu velho amigo Bowen e eu vamos ter uma conversa.    Uma conversa? Bowen deu uma risada sem sentido de humor. Então por que endireitava seus chifres e os enegrecia? A própria besta de Bowen se revolvia, preparada para lutar contra o demônio se chegava a isso. Bowen esperava o contrário. Precisava falar com o Rydstrom... Não matá-lo.    —Acenderei um fogo — disse Cade, olhando para baixo a ela—. Trata de conseguir algum alimento.    Quando Cade começou a afastar-se, Bowen combateu o impulso quase irresistível de recuperá-la. Seguiu-a com a vista mas só via seu cabelo oscilando sobre o braço do Cade durante o percurso.   Os arqueiros lançaram ao Bowen olhadas ameaçadores, depois finalmente se arrastaram atrás o Cade, deixando  Bowen e Rydstrom sozinhos.    —Tem sorte de que te deva uma dívida de sangue, MacRieve, ou conseguiria retribuição pela proeza que fez.
  Quando Rydstrom tinha sido rei, aliou-se com o exército de Bowen — quando havia suficientes Lykae para que Bowen fosse o general de seus próprios homens. Em uma batalha contra a Horda de Vampiros, a irmã mais jovem de Rydstrom e Cade se uniu furtivamente ao combate. Bowen lhe tinha salvado a vida.    —Mas isso não significa que poderei deter os outros de tentá-lo — disse Rydstrom.    Ao Bowen eles não podiam lhe importar menos. Agora que era forte, não expor uma verdadeira ameaça.    De fato, quão única o fazia era a bruxa.    —E ao Cade não importará a dívida se Mariketa não se recuperar completamente ou se  pede que lhe mate.   —O que é ela para ele? —perguntou Bowen—. Qual é seu interesse?    Rydstrom encolheu os ombros.   —Ele provavelmente quer tentá-lo com ela.   Bowen sentia seus punhos apertarem, as garras cravando-se nas palmas. Enquanto que os Lykae podiam reconhecer seus companheiros pelo aroma ou ainda a vista, muitos machos da casta de demônio só podiam determinar se uma fêmea era sua emparelhando-se. Os demônios chamavam esta investigação tento.    —Por que não me diz você o que ela é paravocê? —disse Rydstrom, seu tom severo—. Por que ainda joga uma olhada sobre o ombro em sua direção e por que as suas mãos sangram?    —Ela me amaldiçoou e a necessito para tirá-lo.    —Mas está curado.    —A bruxa não só me enfeitiçou com a mortalidade, enfeitiçou-me para acreditar que ela é minha companheira.    Rydstrom levantou as sobrancelhas, mas antes que pudesse pedir detalhes, Bowen disse:   —Agora me diga, que infernos aconteceu a ela aí dentro?   —A melhor pergunta seria que não lhe aconteceu. —Bowen franziu o cenho, mas Rydstrom disse—: O que esperava? Deixou a uma formosa fêmea em uma tumba com pelo menos meia dúzia de íncubos loucos.    —Não há machucados coerentes com isso. —Bowen sacudiu tercamente a cabeça—. Ela não parece ter sido ferida assim.    —Não, eu tampouco acredito. Mas tem que saber que ela atravessou e tornou de um inferno em semanas.    —Tampouco o acha? O que significa que não oacha? Não estava com ela?   —Eles tomaram pouco depois que selasse a tumba. Suspeitamos que tinham estado esperando a oportunidade de arrebatá-la.    —por que não a roubou de volta? —Bowen rodeou Rydstrom, preparado para lhe arrancar a garganta—. Porque é uma bruxa?    —Possivelmente você esteja consumido por esse prejuízo, mas tudo o que vi foi a uma jovem mortal indefesa. Não consegui recuperá-la porque a levaram a sua guarida, a mais de trinta metros por cima de nós. E as vezes que tentávamos escalar as paredes, paredes investidas, eles atacavam com uma maldade que vi em poucas batalhas em todos os meus anos.   —Então como infernos a conseguiu esta noite?    —Cada dia tentava convence-la de que saltasse, mas estava aterrorizada pelas alturas. Então, enquanto os íncubos dormiam esta tarde, ela disse que o faria. É como se soubesse que você vinha — disse, claramente lembrando—. A acabava de apanhar e de revisá-la, tinha estado doente, quando atacaram outra vez. Voltou justo enquanto tínhamos os rabos ao ar. —Franzindo o cenho a Bowen, disse— Sabe, tinha estado inquieto quando soube que Mariketa tinha te amaldiçoado, mas agora vejo que se não o tivesse feito, ainda estaríamos nesse inferno.    —Não voltei só para que me tirasse seus feitiços — disse Bowen—. Há mais em jogo.    —O que?    —A guerra. Minha facção, a sua, as Valquírias e a Casa de Bruxas. Deu-me até a lua cheia para que ela chame e assegure a seu aquelarre que está bem.    —Tem um telefone via satélite em sua mochila?   —Sim —respondeu Bowen—. Foi esmagado quando a bruxa me golpeou contra essa parede.    Ele encolheu os ombros.    —Tenho um em nosso caminhão.    —Não. Não tem. Esmaguei os carros, seu rádio e os telefones.    Rydstrom entrecerrou os olhos.    —Então antecipou que conseguiríamos nos liberar?    Agora Bowen encolheu os ombros.    —Isso ajudará com o aborrecimento dos outros.    —Não me importam. Mas para sua informação, quero que saiba que estava seguro de que escapariam dado que a bruxa me fez acreditar que podia levantar a pedra tão facilmente como me levantou esta noite.   Rydstrom olhou em sua direção.    —Tem pouco controle sobre seus poderes e foi debilitada imediatamente, tomaram rápida e violentamente. No caminho até sua guarida, bateram seu crânio contra as pedras, deixando-a inconsciente. —Diante a expressão de Bowen, disse—: Se for duro de ouvir, imagina como se sentia ver o que acontecia e não poder fazer uma maldita coisa.    Ficou calmo, sem dúvida revivendo a lembrança. Encarando Bowen uma vez mais, disse:   —Agora, por que não me diz por que não podemos leva-la de volta ao oeste?   —Como soube?   —Porque não a levou a seu caminhão e a afastou enquanto estávamos imobilizados.   —Passei por diante dos exércitos no caminho. O conflito explodiu da última vez que estive aqui.   —Entendo. Obviamente, perdeu o Hie. Quem ganhou?   —O vampiro.   —Um vampiro te venceu? E uma bruxa te amaldiçoou? Maldição escocês, parece que está tendo um mês ferrado.
 
  Quando Mari despertou outra vez, entreabriu os olhos. Estava em uma cova? Sim, e Cade estava bem diante dela, jogando madeira em um fogo novo, sua espada estava facilmente a seu alcance.   Franziu o cenho ao notar que ele tinha o torso nu, até que compreendeu que sua cabeça repousava sobre a camisa apinhada dele. Quando as chamas cresceram, as sombras começaram a arrastar-se pelas escuras paredes. A luz fez cintilar a ampla banda de ouro sobre seus enormes bíceps e fez brilhar seus orgulhosos chifres.
  Mari sempre achava os chifres de um demônio muito atraente. Havia piores vista na hora de levantar-se.   Como se sentisse seus olhos sobre ele, deu-se a volta e lhe dirigiu um sorriso.    —Me recorde não te deixar furiosa, bruxa — disse ele, repetindo as palavras de sua primeira noite na tumba.   Hild, Tierney e Tera entraram logo, os braços carregados com plátanos verdes e outra espécie de fruta pequena e redonda que cheirava como  melão.   —Olhe quem acordou — disse Tera, separando de sua face seu cabelo castanho cor de doce de amêndoa. Estava tão emaranhado e enredado como Mari sabia que estava o seu.   Embora outros obviamente estavam tensos pelo esgotamento e a fome, eles eram os típicos imortais, esquecendo do passado e olhando para frente, animosamente retornando a suas vidas.   Alguma vez Mari possuiria esse talento? Sentia-se como se tivesse sido agarrada por um tornado e dado um sem-fim de voltas.    —O que aconteceu?    —Detonou a tumba, foi seqüestrada por um homem lobo, depois curou a si mesma — respondeu Tera.   Curado? Suas feridas se foram, a vertigem e o esgotamento que ela tinha sofrido durante semanas... Desaparecido. Lentamente a calma se foi enquanto se sentava contra uma úmida parede. Tinha ido da tumba à cova. E agora tinha que esperar ao redor de dez horas até o alvorada antes que ela pudesse ver o sol outra vez.   Abraçou os joelhos contra seu peito e tentou dar sentido a tudo o que acabava de acontecer. Tudo o que sabia era que tinha muito que fazer.   As perguntas a golpeavam duramente. Como tinha explodido a tumba inteira? Sim, a demolição parecia ser sua especialidade, mas a estrutura tinha sido do tamanho de um pequeno estádio. Nunca antes tinha desatado aquela espécie de poder.   Além disso refletiu sobre se tivesse seguido atacando MacRieve se Rydstrom não a tivesse detido. E ainda desejava seguir tentando matá-lo um pouquinho mais?   Quando levantou uma mão para sua face e acariciou suas feridas, perguntou se tinha curado completamente de todo o dano durante as últimas semanas.    —Está segura de que me curei mesma?    Tera cabeceou.    —MacRieve disse que estas videiras a cobriram e que se curou dentro delas.    —Videiras?    —Tudo pareceu muito... Wicca-telúrico.    Mari nunca tinha sido capaz de se curar antes. Inclusive não podia livrar-se de uma ressaca com quatro Advil e uma varinha mágica pré pago.   Certamente, ela não tinha sido capaz de ver o futuro antes tampouco. Embora justo antes do crepúsculo, despertou de um sonho inanimado, e de algum modo sabia que teria que ir lá para baixo. Finalmente tinha realizado esse parecido suicida, porque sabia que MacRieve havia tornado por fim. Mas como?   —Onde está MacRieve agora?    Cade respondeu:    —Rydstrom o está interrogando.    —Notou o olhar nos olhos do Lykae quando ela o escorou? —disse Tierney enquanto  dava uma dentada a uma fruta—. Ele sabia que o ia matar. —Ele olhou com o cenho franzido a Mari—. É difícil ver te agora e acreditar que é quem destruiu a tumba. —Como outros, Tierney a olhava, como se ela fosse uma curiosidade, com uma mistura de admiração e cautela—. Não estava brincando quando disse que explode coisas, não é?    —Deixem-na sozinha. —Tera se sentou ao lado de Mari e acariciou seu cabelo enredado—. Não pode distinguir que Mariketa está abatida pela batalha?    Abatida, confusa, e desgostada por quão imunda ela estava. Podia cheirar o íncubo sobre ela e sabia que emprestaria ainda depois de ser empapada na chuva torrencial. Também se perguntava qual seria o plano agora...   MacRieve e Rydstrom entraram na cova. Todo mundo exceto Mari ficou em pé.   —Que demônios está fazendo ele aqui? —exigiu Cade, sua mão disparou ao punho de espada.   —Cade, falarei com você lá fora — disse Rydstrom, seu tom dizia que não suportaria nenhuma discussão. Tão majestoso—. Para todos vocês. Tenho notícias das que quero falar.    Tera pôs cara de poucos amigos em direção a MacRieve.    —E MacRieve?    —Deixem-no.    —E se o Lykae tenta algo com a Mariketa? —perguntou Tierney.   Sem levantar o olhar, Mari respondeu em um tom suave:    —Se o Lykae tentar algo com a Mariketa, ela terminará o que começou antes.    Rydstrom levantou as sobrancelhas diante isto, depois se voltou para a entrada da cova. Outros o seguiram a contra gosto.   A sós com ela, MacRieve passeou a olhava furtivamente enquanto murmurava em gaélico. Ela entendia um pouco da língua — sua mãe era um druida, depois tudo— e conhecia muitos palavrões e o termos para bruxa para compreender a grandes rasgos o que queria dizer.   Sobre o resmungo de MacRieve, ela podia ouvir a conversa dos outros lá fora. Rydstrom começou explicando que aconteceria se Mari não chegava a seu aquelarre antes da lua cheia e que a MacRieve lhe tinha dado a tarefa de escoltá-la de volta.   Outros decidiram que eles seriam quem velaria sua volta a casa por uma miríade de motivos. Primeiro, planejavam matar  MacRieve sem demora e assim não estaria disponível para o papel de escolta. Em segundo lugar, eles desejavam proteger  "a pequena mortal", os arqueiros, porque os três a viam como uma entre os fey, e Cade, porque, como ele disse:    —Tenho a ferrada sensação que deve ser assim.   Naquele caso, Rydstrom queria que tivessem piedade de Lykae para lhe permitir ser uma espada extra. Necessitariam-no, raciocinou ele, para proteger  Mari na viagem à civilização porque era mais perigoso agora que quando tinha vindo sozinha. Os exércitos humanos se deslocaram e expor uma verdadeira ameaça.   Mas outros desprezavam MacRieve, não podiam confiar nele, e todos estavam de acordo com que "Bowen o Amargo exatamente não jogava bem com outros”.    Bowen o Amargo? Quão apropriado.   Eles também convieram que não conheciam um imortal mais brutal, desumano e rasteiro que Bowen MacRieve.   MacRieve franziu o cenho em direção deles, depois girou, como se esperasse que ela não tivesse ouvido isso. Ele abriu sua boca para falar, mas a fechou. O que queria lhe dizer? O que poderia dizer? Ah, meu engano foi te abandonar à tortura e ao terror, e sei que nunca será a mesma outra vez, mas...    —Acreditei que seria capaz de escapar — disse ele finalmente—. Nunca tive a intenção de que ficasse presa tanto tempo.    Ela o ignorou, olhando fixamente à parede longínqua da cova.
  —E se não pude retornar mais rápido foi porque também estava preso em outro lugar. Sem nem sequer alimento ou água.    Bom. Quando não lhe deu nenhum signo de reconhecimento, sua frustração se fez evidente. Ele passou sua nova mão sobre sua fase, parecendo surpreso ao encontrá-la restaurada. Depois, como se não pudesse deter-se si mesmo, o realmente se sentou de repente ao lado dela.   Estavam sentados ali à luz da fogueira. Inimigos. Ele quase a tinha destruído. Ela quase o tinha assassinado. E por qualquer razão, este instante se sentia o momento mais irreal de toda a enlouquecida noite, porque ela reconheceu que em algum nível sua presença era... Consoladora.   —Tem que levantar esta maldição de mim, Mariketa.    Ela finalmente o encarou com as sobrancelhas levantadas.    —Fiz-o.    —Aye, realmente a levantou, mas sei que me enfeitiçou mais de uma vez.   Ela  pressionou a ponte do nariz com o índice e o polegar.   —Do que está falando?    —No dia quando nos beijamos, cativou-me. Tem-no feito assim... De modo que eu sinta que você é minha companheira.    —Por que pensa que tenho feito isso? —perguntou ela, tentando recordar essa noite nebulosa.   —Porque mostrou  que não é nada tímida sobre provar feitiços em mim. E a Valquíria Nïx o confirmou, ela também disse que o removeria de mim.    Mari tragou. Ela conhecia  Nïx e confiava nela.   Ele estudou sua expressão.    —Nega isto?    Me queira com a mesma ferocidade com que eu te quero... Apenas se pôde impedir que seus olhos se alargassem. Ah, Hekate, tinha-o feito querê-la? De forma que ele acreditasse que era sua companheira? Ela avermelhou com ar de culpa.   Então seus lábios se separaram. A predição.   Começou com o obrigatório "Isto deverá passar... ", depois basicamente dizia que se um guerreiro imortal reconhecia à Esperada como dele, ele a levaria longe da Casa de Bruxas. Nenhuma magia seria o bastante forte para derrotar seu abraço sobre ela.   Era MacRieve o da predição?   Um imortal? Comprovado. Um guerreiro? Comprovado. Quem a tinha reconhecido como sua companheira? Maldição.   Poderia havê-lo causado ela com seus erráticos poderes? Aparentemente assim era.   —Se não fez isto, então só nega-o. Jura pelo Lore que não o tem feito, e depois resolveremos o que está acontecendo.   Ela não podia dizer que o tinha feito, mas com segurança tampouco podia negá-lo rotundamente.   —Provavelmente está muito fraca para tirar o segundo feitiço agora mesmo. Reconheço isto. Mas o exijo por seu próprio bem, além disso. A necessidade de te tratar como minha companheira é forte em mim. Quase aterrorizante.    —Tem que estar brincando! —Ela engatinhou longe dele, lhe dirigindo um olhar horrorizado.   —Não, não, não é brincadeira. —Ele levantou sua palma quando ainda se afastava dele.   —Não teria sexo com você embora fosse o último imortal sobre a terra!    Ele franziu o cenho.    —Há muito mais em ser um companheiro que só isso. 
  Dirigiu uma incrédula expressão.   —Só me diga que o tirará depois de que descanse. Então não terei que explicar minhas intenções. —Ele ficou em pé e começou a passear outra vez—. Não teremos que nos falar  um ao outro outra vez. Sei que o deseja tanto como eu.    —Não tem nem idéia.    —Sou miserável em paciência quando não compreendo absolutamente as coisas. Entendo que tenha passado por um inferno, mas não tinha a intenção de te machucarr tão imperfeitamente. Você pelo contrário sim o tentou comigo. Agora, tenho que nos pôr em uma situação similar à primeira vez que retirou o feitiço?    —Situação similar? —gritou ela—. Como  onde me provocou o medo de minha vida, depois liberou essa maldita videira para me causar sem piedade medo? —O, bastardo insensível!—. MacRieve, espero te haver cativado. Assim poderia te apodrecer desejando que fosse sua.    Algo atemorizante cintilou em seus olhos.    —Diz isso tão facilmente porque não tem nenhuma idéia do dano que já tem feito com seus truques.    —Como o que?    —Estive a polegadas de voltar junto a minha verdadeira companheira, para evitar sua morte, e confiava que seria assim. Mas por causa de que estava tão ferido e não podia me regenerar, vi-me forçado a tomar uma decisão que me custou o Hie. Por sua causa, Mariketa, não pude salvar a vida de uma jovem inocente. Nunca a terei, o que quer dizer que me roubou sua vida e a minha, a oportunidade de um futuro, uma família, ou qualquer espécie de existência significativa.   Mari compreendeu que no exterior outros se calaram e provavelmente escutavam dissimuladamente.   —Assim ainda está contente seguindo me atormentando com seu feitiço? Já não pode me fazer mais mal que quando perdi a minha companheira... Não uma, e sim duas malditas vezes!    A fúria a banhou, e ela também ficou em pé.    —E o que sobre como você me fez mal? —perguntou ela em um baixo e enfurecido tom—. Dia apos dia me esforcei por deitar entre os putrefatos cadáveres do íncubo, onde estive sem ver a luz do dia durante três semanas. E cada vez que eles me agarravam na escuridão e me obrigavam a tragar o sangue para me manter viva, suportava isso imaginando como lhe faria pagar isso. —A mandíbula e os punhos de Bowe se apertavam ao mesmo tempo em que aumentava sua cólera, mas ela estava além da preocupação—. Encerrou-me nesse vil lugar para morrer sem dar um olhar para trás e só retornou porque queria algo de mim!    Ele se aproximou ainda mais, forçando-a a estirar o pescoço para estar a sua altura.    —Convenceu-me de que podia abrir a tumba, e acreditava que escaparia cedo ou tarde. E não sabia que a cripta estivesse ocupada ou que fosse uma ferrada mortal! —Ele agarrou seus ombros.   Ela tentou se soltar de seu apertão, mas ele a sustentou firme. Deuses, ela queria lançá-lo através da cova e com a mesma força que quando o tinha escorado antes!   —Em que demônios pensava para entrar em uma competição como o Hie? —Deu um empurrão nos ombros—. Sabia no que estava se colocando, e ainda assim seguiu. Poderia ter morrido! —rugiu, sacudindo-a fortemente.   Ela levantou as mãos as empurrando contra seu peito; ele voou através da caverna, como se o tivessem estampado contra a longínqua parede.
  Quando aterrissou, estava tão sobressaltado como ela se sentia. MacRieve era como um pára-raios para seus poderes. Sempre que queria usá-los contra ele, estes funcionavam perfeitamente.   Quando ele esteve outra vez sobre seus pés, uma expressão de pura ameaça torceu seu gesto, isto fez que ela pensasse que a mataria.   Sua réplica, dado que ela tinha estado a ponto de matá-lo.    —Pelo mesmo, MacRieve, também sabia muito bem no que ste colocava! —gritou ela—. Assim deixa de choramingar sobre qualquer maldição que tenha posto! Se entrar em uma competição mortal contra uma bruxa, deveria esperar que usasse as armas que me são próprias.    Ele a assinalou, enquanto abria e fechava a boca, sabendo que ela tinha razão.    —Não me propunha que passasse isto! Arremeteu contra mim com malícia.    —Só quando estava a ponto de nos prender!    —O qual fiz porque pos seu asqueroso feitiço sobre mim!    —Tal como você não teve a intenção de que fosse apanhada e que sofresse todas essas coisas horríveis que aconteceu, eu não tive a intenção de que perdesse a sua companheira, isso não o desejaria a ninguém, nem sequer a você. Assim tem muita coragem para dizer que meu pesadelo foi involuntário, e depois me culpar diretamente de seus problemas. Durante um período de três semanas perdeu o Hie, e porque você perdeu o Hie, perdeu a sua companheira, e em conclusão todo isto é minha culpa! Poderia tentar culpar à pessoa que em última instância te derrotou, estou segura que não o fizeram corretamente. Ou poderia tentar culpar à pessoa responsável por sua morte em primeiro lugar!    —Eu fui o responsável — gritou ele, seus olhos de repente tão tristes que a assombraram—. Eu. E os deuses sabem que fui. —Então saiu ferozmente da cova, golpeando a sua muda audiência fora do caminho.
 
  —Essa pequena, ferrada bruxa! —Bowe explodiu quando chegou à meseta. Quem se acreditava ela para gritar assim? E, ferradamente, lançá-lo a ele?   Enquanto Bowe atirava um murro contra uma árvore, Rydstrom apareceu.    —Então te pôs em sua pele?    —O que quer?    —Te dizer o que decidimos fazer.    —O que vocês decidiram? A bruxa é minha carga.    Rydstrom o ignorou.   —Hild começará a viagem esta noite, entrando no conflito. Ele se moverá sozinho mais rapidamente e será capaz de escapulir-se dos exércitos para conseguir a palavra às facções quanto antes. Cade, Tera, Tierney, e eu viajaremos ao oeste com ela e a devolveremos aos Estados.    Bowe flexionou seu sangrento punho.    —E o que propõe que eu faça?    —Queremos que  parta. Sua presença obviamente a transtorna.    —OH, aye, a pobre, mocinha, aquela que me sacudiu como a uma pedra dando tombos. Quer que parta, e me acredite, também o quero. Mas se esquece, que é minha cabeça a que está em jogo se ela não chegar de em uma peça. Considerando que isto acaba de se transformar em um jogo de “protege a mortal” através da selva, acredito que ficarei e me assegurarei de que ela viva. 
  —Seu trabalho terminou. Hild informará a todos que eu tomo toda a responsabilidade sobre Mariketa. Se algo acontecer, é meu problema, não o seu. —Como Bowe não se moveu, Rydstrom disse— Acreditam que se ficar, mataram um ao outro.    Provavelmente    —Não posso abandoná-la até que ela desfaça a segunda maldição. Entenda-me, não irei a nenhum lugar.   —E estou seguro de que ficará encantada de fazer algo agora que pediu. Bowen, no que estava pensando?    —Em nada.    —Conhece as mulheres melhor que isto.    —Conheço mulheres, não bruxas. E me acredite, demônio, há uma diferença.    —Nunca te vi perder os estribos assim. E vi sua ira muitíssimas vezes — disse Rydstrom, seu tom ficou ensimesmado—. Espero que esteja seguro de que ela não é sua companheira reencarnada.    Bowe congelou. A idéia tinha cruzado sua mente, certamente, mas havia dúzias de motivos para desprezar tal pensamento. Embora...    —por que diz isto?    Rydstrom coxeou até uma árvore caida e deixou cair sua gigantesca forma sobre o tronco.    —O que tem em Mariketa você não adorou? Se aceitar a crença de que ninguém no Lore encontra uma segunda companheira, então a reencarnação é a única outra explicação que tem para que creia nela como sua.   Bowe sabia que a curiosidade de Rydstrom poderia rivalizar com a de qualquer Lykae, e ele desfrutava solucionando mistérios e expondo problemas. Rydstrom obviamente considerava esta situação dentro de um ou outro, ou em ambos. Adquiriu esse ar analítico, tão contrário a seu estado de demônio quando perdia a razão, inclusive pior que Bowe em sua forma de homem lobo.   E ali residia o problema com Rydstrom. Quando ele era demoníaco, realmente o era.   Ele continuou:    —As reencarnações são extremamente estranhas, certo, mas existem.    —Não, a bruxa realmente eu adorei — insistiu Bowe— A pitonisa das Valquírias confirmou meu pressentimento. Inclusive me disse que Mariketa cedo ou tarde o tiraria de mim.    —A Valquíria pitonisa? —As sobrancelhas de Rydstrom se uniram—. Não quererá dizer Nïx? Sabe como a chamam?    Nïx a Ferrada Louca.    —É uma pena que uma beleza como essa tenha os miolos moles. Por que confiaria em uma louca criatura com uma coisa tão importante?    —Todos nos que confio no mundo confiam nela — disse Bowe —Isso é suficientemente bom para mim. —Mas era isto, real? Maldição, Mariah e Mariketa, além de ser nomes fey similares e ter orelhas bicudas, eram totalmente opostas. Mariah tinha sido tão etérea e inocente, a bruxa tão sensual e matreira, e tão... Valente. Não. Mariketa não podia ser ela. Simplesmente era impossível.   Rydstrom estudou Bowe.    —Não importaria agora se Mariketa for ela de qualquer modo.    —O que significa isso?    —A animosidade provavelmente já se transformou em ódio. E não há nada como o candente ódio como para que uma fêmea se desanime em aceitar seu companheiro. Especialmente quando não é de sua espécie. —Rydstrom ignorou o cenho franzido de Bowe e disse—: Só me pergunto se a bruxa realmente é capaz de lançar um feitiço tão emaranhado sobre você. Pensa nisso, não pode ser um simples feitiço de amor para provocar esta espécie de reação em você. 
  Uma coisa da que Bowe estava sem lugar a dúvidas seguro era que ele não a amava. Desejava-a, tinha fortes impulsos por proteger  e levá-la para cama. Deuses, como desejo leva-la para cama.   Mas ainda assim não agradava dela. O qual era recíproco. Considerando que ela acabava de atacá-lo. Duas vezes.   —Embora seu poder seja grande — seguiu Rydstrom—, é volátil, e ela é torpe com a magia. Ainda para te fazer isto, teria que ter afetado o Instinto do Lykae em você. E não simplesmente tentá-lo. De algum modo teria que ter enganado uma força que foi afiada por mais de centenas de milhares de anos. Então, diz que as engenhou nisto, em vez de por acaso te fazer explodir, o que ela nos admitiu fazer noventa e nove vezes de cem oportunidades. Acha que poderia ter tirado só um feitiço de você essa noite, deixando o outro? E em sua condição?    Bowe sentiu o suor caindo por sua testa. O que se... O que se Mariketa a Esperada em realidade era... Dele? Sua fêmea, devolvida a ele? Sua para reclamar, para proteger... Para reclamar. Sentiu uma selvagem emoção diante a idéia de possuí-la e dobrá-la fortemente a sua vontade.   Será que o destino finalmente se compadeceu dele depois de todos esses desgraçados anos?   Ele sacudiu sua cabeça com força.    —Minha capacidade de curar melhorou com o tempo, mas ela conseguiu embrulhar isso.    —Alguém terá ensinado o feitiço da mortalidade, mas acha que terão ensinado a como afetar o Instinto Lykae? —disse Rydstrom—Deixe te perguntar, não existe forma alguma em que possa demonstrar sem dúvida que ela é sua?    Bowe hesitou em responder, depois resmungou:    —Se posso fecundá-la com meu finho.    —Está ferradamente brincando? —explodiu Rydstrom, depois estreitando seus olhos, acrescentou—. É certo! Lembro disso agora.    Bowe passou a palma de sua mão por seu pescoço.    —Posto que encontramos a prova que você necessita, sei o que implica isso, um esforço tão agradável que não posso imaginar.    —Nem sequer imagine, ou te arrancarei a garganta!     Rydstrom levantou suas sobrancelhas.   —Assim se você fosse eu, guiaria-se pelo Instinto, trataria-a como sua durante possivelmente anos até que estivesse seguro?    —Se isto significar que conseguirei desfrutar da curvilínea ruiva nessa cova por possivelmente anos, então sim.    —Maldição, não fale assim dela!    Rydstrom o olhou com uma expressão que disse a Bowe que isso demonstrava sua teoria. Outra vez.   —E depois supõe que cedo ou tarde chegarei à conclusão de que era um encantamento? — perguntou Bowe—. O faço depois tanto tempo, não posso deixá-la?    —Se tampouco ela pudesse te deixar, seria tão mau? —disse Rydstrom—. Alguns homens tomariam a felicidade onde a encontrassem. —Havia um pouco parecido à compaixão em seus olhos. Rydstrom, também, levava muito tempo sem encontrar a sua fêmea demônio destinada—. Especialmente quando não têm absolutamente nenhuma promessa dela em nenhuma parte. —Ele se levantou para partir— Seja o que for que faça, toma uma decisão sobre ela, Bowen, de uma ou outra maneira, e atente a isso.    —Ajudará-me com ela? Embora Cade a queira? Faz isto devido a uma velha amizade ou para frustrá-lo? 
  Se for o último, Cade o merecia.   A relação entre os dois demônios era complicada. Não só eram suas personalidades opostas, se Rydstrom tomasse um escalpelo para tratar um problema o cortaria sistematicamente, Cade pelo contrário tomaria um martelo e o deixaria cair caoticamente— estava também o assunto da perdida da coroa de Rydstrom por parte de Cade.   Rydstrom respondeu:    —Qualquer seja a razão te beneficia, não é assim?    —Certo. —Se a história dos demônios era complicada, a de Bowe e Cade era conflitiva. pareciam-se muito, ambos eram assassinos ao serviço de reis, líderes obrigados pela fortuna a seguir a outro. Bowe seguia a Lachlain porque era como um irmão e era digno de servir. Cade seguia a Rydstrom porque, desde sua própria perspectiva violenta e equivocada, trabalhava em excesso  em compensar a perda—. Assim qual é?    —Meu irmão acredita que deseja Mariketa porque é formosa...   —Achou-a assim quando estava nesse estado de bruxa sedenta de sangue, me estrangulando? —grunhiu Bowe— Ou quando explodiu aquela tumba e a todos seus inquilinos.   —A moça meramente fazia seu trabalho no último caso.    —O que quer dizer com isso?    —As bruxas são mercenárias, isto só é um fato da vida, e acredito que o íncubo queria que ela os matasse. Acredito que por isso é que a sacudiam quando ela estava inconsciente fora da entrada e por que tentaram lhe dar esse adorno de ouro. Queriam pagar. Desesperadamente.    Pagar-lhe com peças de ouro que Bowe atualmente tinha em sua mochila.   —De qualquer modo, Cade provavelmente pensa que é formosa nesse estado. Diferente de você, gosta desse algo perigoso nela e que tenha o potencial para causar uma grave destruição. Ainda assim ela não é para ele. Cade já viu à fêmea que será dele, ainda está em fase de negação. A história é longa, mas basta dizer que a primeira vez que a espiou, perdeu a capacidade da fala por alguns momentos.    —Cade usará à bruxa só para vingar-se de mim — disse Bowe.   Faz setecentos anos, Cade tinha decidido tentar ligar com uma bonita empregada de botequim. Tinha estado esperançoso. Pelo contrário, ela tinha avançado inexoravelmente para a cama de Bowe. Depois de uma noite de bebida, Bowe não tinha recordado que ela era a citada garçonete.   Em um tom seco, Rydstrom disse:    —Sim, naturalmente o tentará. Obviamente não há nenhum outro incentivo para querer a Mariketa. —Antes de virar para partir, disse— Recorda tomar uma decisão. Começará coisas com ela que dificilmente se esquecem. E algo me diz que sua bruxa não é da espécie que toleram a indecisão de um Lykae, um que não possa decidir se a quer ou não.    Quando Bowe esteve sozinho uma vez mais, percebeu o batimento de seu coração. Ele poderia entregar-se ao Instinto? Deixar que seu corpo e alma o guiassem, ignorando o que sua mente dizia?   Podia ignorar seu passado com a espécie de Mariketa?   O que não estava contemplando entregar sua vontade à bruxa, e sim simplesmente investigando cada possibilidade quando tinha esperado incansavelmente durante dezoito décadas? Além da predição de Nïx sobre o Hie, isto era a mais prometedora pista que nunca tinha tido.   Suas sobrancelhas se juntaram quando recordou exatamente o que a Valquíria havia dito “Pelo Hie, ter{ a sua companheira”. Não, que sua companheira  seria devolvida ou que Bowe a recuperaria. E nunca na realidade disse que Mariketa tinha jogado um encantamento... Só que o tiraria.   Bowe engoliu seco. Era... Possível.   Demônios, Rydstrom poderia ter razão, poderia ser muito tarde. O que se tinha feito muito dano?   Não, Bowe sabia que as fêmeas podiam ser criaturas propensas a perdoar. Lachlain tinha admitido a Bowe que nos dias enlouquecidos depois de que se liberou da tortura, tinha tratado mal a Emma, e ela foi capaz de perdoá-lo.   Certamente Lachlain nunca tinha sepultado a Emma.   Mas Bowe tinha que acreditar que Mariketa podia ser enrolada a deixar atrás o passado. Depois de tudo, não era imune a ele, ou não o tinha sido durante seu primeiro encontro. Quando recordou a resposta de seu corpo, em quão molhada tinha estado, em como seus quadris se moveram em sua mão, ele disse u palavrão e deu golpezinhos na frente de seu jeans.   Assim que como explorar a debilidade dela? Ele estava profundamente destreinado na prática do cortejo. Da morte de Mariah, sua única interação com fêmeas disponíveis tinha sido uma mofa se elas tivessem tido a coragem para aproximar-se dele. Embora tivesse estado acostumado a ser chamado “encantado” pelas fêmeas. Não o era ele? Apenas podia recordar mulheres antes de Mariah.   O sentido de urgência que o açoitava constantemente durante estes longos anos agora se redobrou. Não podia albergar em sua mente a idéia de que existisse sequer a possibilidade mais remota de que sua companheira estivesse a menos de uma milha dele, embora fosse na forma de um inimigo que o queria morto.   Agora que tinha sua força de volta depois de semanas de fraqueza, queria correr na noite, mas nunca se afastaria longe do prêmio que tinha a intenção de tomar. Pelo contrário, subiu ao pico da montanha, inspecionando a área circundante.   Desde esta vantajosa posição, espiou rio atrás de rio desdobrando-se para o leste,depois captou a essência de água salgada. A costa belizenha não estava muito longe naquela direção. Ao oeste, ele podia ver humanos trabalhando em excesso invadindo a terra como formigas, continuando a semeia do campo com minas.   Mariketa definitivamente tinha que viajar a leste. Bowe era capaz de sobreviver à explosão de uma mina, mas sabia que não podia arriscar um mortal dentro do ráio de uma milha, uma mortal que possivelmente era dela. A viagem seria mais longa, mas demonstraria ser mais seguro para ela ao final.   A não ser que não o obtivessem antes da lua cheia...    Ele imediatamente sufocou esse pensamento. Não, alcançariam a costa antes da sexta-feira.   Diretamente debaixo dele estava o lugar da explosão, lhe recordando o que Mariketa era e o poder que possuía, enchendo o de dúvidas com respeito a ela. Inclusive se dava por certo que era sua companheira, poderia aceitar uma bruxa como dela? Apresentá-la ao clã como sua fêmea?   Outra vez ele imaginou seus estremecimentos e seu abandono com ele, e seu corpo se acelerou por ela.   Maldição, imagina algo mais.    A umas milhas longe da nova cratera, Bowe espiou a fileira de veículos arruinados. Os pertences dela provavelmente ainda estariam dentro destes. E em sua presente situação, ainda a comodidade menor seria entesourada.   Poderia sair essa noite, recuperar suas coisas, e caçar para ela. Poderia usar sua força e habilidade para prover para uma fêmea, uma fêmea que o necessitava. A idéia o fez tremer com antecipação.
  Proteger. Prover.   O Instinto o dirigia uma vez mais. Preparado a obedecer, Bowe se inundou na selva.   Durante a seguinte hora, caçou sob a intermitente chuva, percorrendo a ladeira da montanha e os rios com uma ferocidade renovada. Por fim, depois de uma vida de espera, fazia o que tinha nascido para fazer, e quis uivar ao céu com satisfação.   Sim, Bowe sabia que tudo isto poderia ser falso. Com seu corpo e alma, sentia uma coisa, ainda quando sua mente temia a verdade. Mas por muito tempo, não tinha conhecido nada mais que miséria e o desejo.   Inclusive Mariah teria entendido que a atração da bruxa era muito forte para resistir    As nuvens se afastaram, revelando a lua crescente. Levantou o rosto à luz que controlava os de sua espécie, e o poder desta o encheu de temor, tal como tinha feito todos seus anos. Ainda agora a lua provocava tanto temor e anseio guerreando em seu interior.   Quando baixou o rosto, estreitou seus olhos em direção da Mariketa.   Se realmente lhe pertencesse... A bruxa faria bem em temer o que era.
 
  Depois que Hild partiu, claramente resistente em deixar a Tera, embora ela parecesse ser inconsciente de sua atração, os cinco restantes comeram tanta fruta sem maturar como puderam tolerar, e tomaram seus lugares ao redor do fogo para a partilha.   Cade tinha mudado para dormir ao lado de Mari, e ela estava de acordo, mas Rydstrom havia dito algo cortante em Demonish que fez que Cade entrasse carrancudo na cova, e depois se separasse dela.   Quando outros se dispersaram para dormir um por um, Mari permaneceu de tudo acordada, além de gelada e faminta. Embora estivessem em uma selva, esta cova se localizava na elevação mais alta. O ar noturno no interior era úmido e fresco, e seu comprido cabelo ainda não  secou.   Rydstrom também permaneceu acordado, e depois de jogar mais madeira ao fogo, coxeou para onde ela deitava.   —Como está sua perna? —perguntou ela.   —Curando-se rapidamente.    —Alegra-me ouvi-lo — disse, recordando outra vez tudo o que tinha feito por ela— Escuta, Rydstrom, obrigado por me ajudar esta noite. Por toda sua ajuda.    —Não foi nada. —Quando sentou a seu lado, sua atenção vagou para os chifres danificados dele. Um tinha uma parte estilhaçada, e o outro faltavam quatro polegadas do extremo.   O primeiro, e único namorado em longo prazo de Mari, Acton, tinha sido um demônio de tormenta. Depois de sair com ele durante anos, sabia quão importante eram os chifres para um demônio macho. Inclusive as fêmeas eram vaidosas com seus diminutos e suaves chifres que mais pareciam lindos acessórios de cabelo.   E os demônios de fúria, quando seus chifres estavam eretos e afiados, as pontas segregavam um veneno mortal. Sua espécie não sempre conseguia saltar de atrás. Perder um extremo seria um impedimento para um guerreiro.    —O que aconteceu aqui? —Ela apenas se impediu de estender a mão e roçar com seu dedo sobre ele, isso teria sido totalmente tabu—. Doeu?    —Como o inferno. Lutei um pouco quando era mais jovem. 
  —Com certeza foi com o Cade.    Ele negou com a cabeça.    —Não vivemos na mesma casa ao crescer. O herdeiro sempre é separado de outros.   Isso explicaria as diferenças em seus acentos e portes.    Em uma óbvia tentativa de mudar de tema, ele disse:    —Sabe, algo me impactou curiosamente esta noite.    —Só uma coisa te impactou curiosamente?    Ele levantou uma sobrancelha, depois continuou;   —Antes, quando mencionei que havia dito ao Lykae que nos deixasse, acreditava que estaria mais contente. —Por que estava Rydstrom estudando sua reação assim?   —Estive extremamente contente. —Completamente— De boa me liberei.    —Se não soubesse, pensaria que inclusive agora deseja que ele tivesse voltado.    —Ah, mas você realmente sabe. MacRieve está raivoso, e necessita que o ponham em seu lugar. Embora talvez não devesse dizer nada mau dele já que obviamente são amigos. Salvou-o esta noite, de mim.    —Fiz-o também por você. Não queria que se arrependesse de cortar sua cabeça.    —Sou uma bruxa, estou segura que teria encontrado um modo de continuar. —Ela inclinou sua cabeça para ele—. E na verdade deu a face pelo MacRieve diante dos outros.    Assentiu.    —Bowen e eu lutamos juntos muitos anos. E em uma batalha salvou a vida de minha irmã mais jovem.    —MacRieve? —Diante o grave assentimento de Rydstrom, ela perguntou—Então como pôde te prender em primeiro lugar?    Rydstrom encolheu os ombros.    —Acredito que sentiu um pingo de sobressalto a me ver lá dentro, mas francamente, eu  haveria feito o mesmo. Era uma competição, e ele desejava desesperadamente essa chave.    Em um tom indiferente, ela disse:    —Suponho que deve ter amado muitíssimo a sua companheira.   —Não posso assegurá-lo. Nunca tive a oportunidade de vê-los, a Mariah e ele juntos. Só estiveram juntos durante umas semanas antes que ela morresse.    —Mariah? Era fey?    —Sim. Uma princesa dos fey. Muito formosa, segundo todas as histórias.    Princesa? Pensou Mari, passando uma mão por seu emaranhado cabelo. Formosa?   Desconcertada. Mas seu aspecto deo Pig Pen ( personagem do desenho Charlie Brown ) a incomodou ainda mais que um momento antes. Sua mão parou quando Rydstrom a estudou ironicamente.    —Como ela morreu?    —Escutei que foi um acidente nos bosques.   —Então o que quis dizer ele quando disse que era responsável por sua morte?    —Estava com ela e  culpa a si mesmo.    —Há mais feitos nessa história que isso.    —Sinto muito, Mariketa, mas não é minha história para contá-la. E infelizmente, não posso recomendar que lhe pergunte sobre isso tampouco.    —Ah. Bem, não é como se fosse permanecer acordada todas as noites pensando nisso.   —Não? Parece sentir curiosidade por ele.    —É meu inimigo. É uma boa idéia aprender sobre ele.    —Tem razão, certamente. Responderei qualquer pergunta que possa. 
  Ela vacilou, depois não pôde evitar perguntar:    —O que faz em geral quando não está lutando por algo?   —Uma vez foi jovial, mas sempre fazia seu próprio caminho. Da morte de sua companheira, esteve morrendo lentamente, ficando frio e indiferente. Inclusive, uns dizem que enlouqueceu. Admitirei que possa ser brusco, dizendo exatamente o que pensa, mas outros se enganam esta noite, nunca foi desnecessariamente cruel.    —por que odeia tanto às bruxas?    —Não sei os fatos concretos, mas acredito que sua família foi ferida por uma de algum modo. Além disso, todo Lykae desconfia das bruxas. E acredito que instintivamente as temem um pouco.    —Não posso ver o MacRieve temendo algo.    —Certo, ele sempre está na primeira linha de combate em uma batalha, é o primeiro em encontrar o inimigo. Mas com sua espécie... —Ele se acalmou e sob a voz—. O vi inconscientemente cruzar a rua para manter-se longe de uma adivinha. Foi totalmente inconsciente disso.    —Não pode ser! —Quando alguém resmungou dormido, suavizou seu tom de voz para dizer—Então meu ataque desta noite deve  te-lo desconcertado completamente, nunca melhor dizendo.   Ele sorriu abertamente, mostrando seus dentes brancos e presas curtas.    —Sim, mas isso é uma coisa sobre o Bowen, supera logo.    Quando ela meditou o que tinha aprendido, Rydstrom disse:    —Há uma coisa que deve recordar se alguma vez tropeça com ele ou outro Lykae. Se quiser a chave para entendê-los, entende que realmente são como lobos. Se estiver ao seu redor o suficiente, poderá vê-lo claramente.    —O que quer dizer?    —Alguma vez escutou algo do Instinto Lykae?    Ela assentiu.    —Eles têm um espírito de lobo dentro deles ou algo assim. Faz-os uivar à lua, morder a suas companheiras de cama, arranhar de maneira pouco apropriada, bla, bla...    Ele parecia, por alguma razão, contente por sua impertinente resposta.    —É um pouco mais complicado que isso. Mas falaremos mais amanhã. —Ele se deitou a seu lado e fechou os olhos— Tenta dormir. A próxima viagem será árdua...    Horas mais tarde, Mari ainda estava acordada, mais faminta e agora tremendo. Embora fosse abjetamente miserável, pensava que dormiria por alguma...   —Vêem a mim — escutou da distância.   Ficou em pé em seguida, entrecerrando os olhos às sombras. Na entrada da cova, quentes olhos âmbar brilhavam na escuridão. Ele havia retornado!   —Ah, então te excita minha volta — murmurou ele— Seu coração se acelera diante o som de minha voz.    Que cara!    —Só porque estou impaciente por te lançar contra algo mais. Isso nunca me fartará.    —Tem frio e ainda está emsopada.    —Nada te escapa.    —Tenho algo de comer para você.    O pensamento de mais pacotes de gel ou plátanos verdes, quase a faz sentir náuseas, mas então o cheiro de algo cozinhado, algo divino, assaltou-a.    —O que é esse cheiro? —perguntou ela enquanto outros despertavam um a um.
  —Comida para você, Mariketa — Respondeu ele—. Um banquete. —A um lado de sua posição no extremo da cova, ela vislumbrou algo parecido a pescado assado à churrasqueira e caranguejo, assim como uma espécie de carne torrada colocada sobre um suave pedaço de madeira. Suculentas frutas se empilhavam em abundância, sem um plátano verde entre eles.   Com a boca feita água, Rydstrom murmurou:   —Acredito que seu Lykae tenta te impressionar. O que não pode tomar, tentará-o.    —Fecha a boca, demônio — disse ela, e lhe dirigiu um meio sorriso.   —Há alimento suficiente para todos, e negociarei por isso — disse MacRieve.   —O que quer? —perguntou Tera, esfregando-os olhos.   —Como provavelmente terá escutado por acaso, parece que a pequena bruxa poderia ter jogado mais que um feitiço sobre mim, um feitiço que me faz pensar nela como minha companheira. Assim não a deixarei fora de minha vista, eu serei seu acompanhante em sua viagem pela selva e lutarei contra quem tenta interpor-se em meu caminho. Quando arrumar meus planos para ela e ela esteja de acordo, vocês o respeitarão também. Nenhuma interferência.    —O que planeja para mim? —exigiu Mari, cruzando os braços sobre seu peito.   —Tem três opções, Mariketa. Primeiro, nega que tenha jogado o feitiço. Segundo, admite a verdade e tira-o. Ou terceiro, enquanto que dure nossa aventura fará um voto de não usar magia perto, ou em mim, outra vez e preparará a si mesma para ter um companheiro.    —O que significa isso exatamente?    —Em poucas palavras, proporcionarei alimento para você, protegerei-a, e você fará o que te diga. —Quando ela chispou, disse— Acredito que uma vez que tenha experimentado o gosto de ter  um avassalador, dominante Lykae, te ordenando o que seja necessário quererá se desfazer de mim.    —Já quero me desfazer de você! —gritou ela— Escolheria  um enlouquecido íncubo antes que você, e o receberia com um alegre sorriso e o beijaria.    —Auch, isso dói, bruxinha —disse ele, não parecendo nada ferido.   —Inclusive embora tenha feito tudo do que me acusa, não sei revertê-lo. Viu diretamente o pouco controle que tenho sobre meus poderes.    —A necessidade é a mãe da invenção. Se me adoecer ao estar tão perto de mim, estou seguro de que te figurasse por que. Ou simplesmente pode negar que o tenha feito.    —Mari, só diga que não o fez — disse Tera.   Ela não podia!    —Não acredito havê-lo feito. Mas eu... Não posso realizar um voto sobre isso.    —Então tem só outras duas opções. Decide. — Rydstrom disse— Ganha um festim e outro macho para te proteger, se não interferir quando te tratar como dele.   Mari percorreu com o olhar a cova. Estavam-no considerando! Todos exceto Cade, que tinha um calculado e inquietante olhar em seus olhos.    —Sua gente se tornou louca. Desprezo-o. —Ela encontrou o olhar de MacRieve e exclamou— Se pensa que dormirei com você, está louco, transtornado.    —Não tenho nenhuma necessidade de te obrigar a dormir comigo —interrompeu ele, em tom muito satisfeito—. Não é parte deste trato.    —Nunca estarei de acordo com isto. Nunca...   —Antes que diga — interrompeu MacRieve—, inteira-se que se você fosse minha companheira me asseguraria que tivesse o que seja que necessitasse para estar cômoda. —Seus lábios se separaram quando ele puxou a bolsa dela de trás dele e começou a rebuscar nela— Como sua escova de dente. —Segurou no alto sua escova de dente rosa.   Ele tinha recuperado suas coisas do carro? E se entreteve farejando entre seus pertences. 
  Ela tinha visto a ferocidade de MacRieve, e agora conseguia uma boa olhada de seu lado ardiloso, de seu lado brincalhão. Podia ver o que Rydstrom tinha estado falando. MacRieve parecia... Lupino.   Então recordou o que tinha em sua bolsa. Ah, grande Hekate. O temor se instalou no oco de seu estômago. Mari tinha coisas partucular ali, punhado de coisa do tipo pessoais que leva em uma bolsa. Como um tubo de batom que não o era realmente.   —Ou isto. —Ele descuidadamente deu golpezinhos em seus emplastros de controle natal— Não tenho idéia do que faz isto, mas reconheço que as pessoas que usam emplastros seja qual for o motivo poderiam estar impaciente por um novo. —Ele mostrou seu iPod depois— A meu parecer as fêmeas de sua idade não podem passar muito tempo sem escutar música ou ficam irracionais e impossíveis de tratar. E quanto tempo é para você, então? —Ele tirou uma garrafa com etiqueta azul e a sacudiu—. Tinha várias garrafas de Orangina (bebida francesa a base de laranja, limão e mandarina) em seu Jipe. Deve gostar muito, não?    Não o Orangina! Sua boca salivou ainda mais.   —E aqui está sua parte de ouro Maia o qual provavelmente deseja conservar. —Ele sustentou em alto o pesado adorno. Muito belo.   Ela vagamente recordava havê-lo visto na mão cerceada de um íncubo, como se o oferecesse, mas tinha acreditado que essa peça se perdeu naquela cratera. Se MacRieve lhe entregasse o adorno do íncubo, seria seu primeiro pagamento como uma mercenária mística.   Não, resista !Agir como sua companheira? Seguir suas ordens? Ela poderia resistir a tentação do alimento e o Orangina. Ainda poderia resistir o ouro, mas ali estava ele escavando suas forças uma vez mais.   E o encontraria. Mas possivelmente não reconhecesse o que era...   —E seu lápis de lábios — disse ele com um malicioso brilho em seus olhos. Ah, não, ele sabia, e estava jogando com ela. Ia morrer de vergonha!   Seu rosto ficou quente quando ele acrescentou:   —Deve estar necessariamente dolorida por isso depois de três semanas sem ele.    Brincado comigo...    —Me devolva minhas coisas —disse ela entre dentes—. Agora!    —Vêem para mim, aceita meus planos, e o farei. Tomará até na sexta-feira alcançar a civilização. Até então, tratarei-te como minha.    Alimento, roupa seca, uma escova de dente, ausência da abrasadora humilhação...    —Um dia — respondeu ela.   Com voz firme, ele repetiu:    —Até sexta-feira.    Enquanto hesitava comprido tempo, a atitude dele parecia desinteressada e distante, como se simplesmente fosse igual se ela dissesse que não. Mas quando o estudou minuciosamente enquanto ele esperava, descobriu algo mais.   Bowen MacRieve retinha o fôlego.   Se usasse magia contra ele ou não, não era importante neste intercâmbio. Por alguma razão, ele queria esse maldito acerto. Ela podia usar isso.   Quando se obrigou a começar caminhar, Cade perguntou:    —Não estará de acordo com isto? Dormir com ele por um pouco de pescado? Se for esse o caso, espera meia hora por mim até que retorne com minha pesca.    —Eu disse que o sexo não faz parte deste trato — chiou MacRieve—. Assim, Cade, por que negociaria para conseguir uma fêmea em minha cama quando mal posso as manter fora dela? 
  Mari levantou as sobrancelhas, sendo consciente de que ela só captava a superfície desta conversa. Também sentia que Cade simplesmente esperava a oportunidade para atacar.   Quando ela se dirigiu para MacRieve, ele guardou suas coisas em sua bolsa e com ar de suficiência acariciou a terra a seu lado. Ela se sentou bruscamente mais longe do indicado, mas ele simplesmente a arrastou mais perto.    —Ela aceitou sua parte —disse ele aos outros enquanto dava a Mari uma ampla folha coberta com o pescado assado—. Aceitam que não interferirão em nossa viagem. —Um rico abacate talhado em rodadas seguiu depois.   —Mariketa, não tem que fazer isto — disse Tera, apesar de que olhava fixamente a comida.   Mari elevou o queixo.    —Não. Farei-o. Se sobrevivi a uma coisa tão desagradável como ao confinamento com o íncubo, devo ser capaz de agüentar inclusive a um Lykae por dois  dias.   Tierney disse:    —Bem, não espero um convite impresso. —Quando ele e Tera atacaram o oferecimento, Cade cruzou de um salto a cova, vendo-se sanguinário.   —Vingarei-me disto — sussurrou Mari a MacRieve— Não tenho que usar a magia para te fazer lamentar por tentar me humilhar.    —Acreditei que o “tubo de l{pis de l{bios” poderia te persuadir. E nem sequer tenho que ligá-lo.    Suas bochechas arderam de novo.    —Já terminou?    —Não posso dizê-lo. —Quando o tempo passou, ele se inclinou perto do ouvido dela para murmurar:    —Depois  que coma, vou desfrutar te dando um agradável e longo banho...
 
  —Ainda não entendo por que não podíamos dormir nessa cova — disse Mari enquanto MacRieve a tirava para entrar na noite.   —Porque minha cova é melhor que a sua.    —Sabe, ou imagina? —A chuva, o alvoroço das cigarras e as rãs ressonando na floresta circundante a forçaram a levantar a voz—Está longe? —Quando ele sacudiu a cabeça, ela disse— Então por que temos que ir da mão dadas pela selva? Parece que por este atalho passou um trator avariado.    —Retornei por este caminho enquanto comia para me assegurar que estivesse espaçoso. Também traga suas coisas — disse enquanto a levava para a entrada de uma cova iluminada.   Quando cruzaram a soleira, umas asas se agitaram ruidosamente nas sombras antes de voltar a acalmar-se. No interior, um fogo ardia. Ao lado deste, viu que ele tinha desempacotado algumas de suas coisas, e tinha arrumado um catre.    —Bem, ninguém pode dizer que seja pessimista, MacRieve. —Disse separando com força sua mão da dele— Embora te chamar mentiroso seria mais adequado.    Ele simplesmente se apoiou contra a parede, parecendo agradado ao vê-la explorar por si mesma. Ela tinha lido sobre esta parte da Guatemala e sabia que aqui as cavernas de calcária se estendiam por debaixo da terra como uma enorme rede.   Sobre eles se elevava um teto abaulado de que penduravam estalactites.
  —O que tem esta cova de especial?    —A minha tem morcegos.    Ela bufou:    —Se pegar a você, conseguirei só o melhor.    —Os morcegos significam menos mosquitos. E também há uma banheira para que desfrute. —Disse enquanto fazia gestos com suas mãos para dirigir sua atenção à área mais profunda do interior. Uma corrente subterrânea com uma praia arenosa serpenteava pela caverna. Os olhos dela se abriram. Uma pequena piscina se localizava a um lado, não muito maior que uma jacuzzi extra grande, e alinhados na borda estavam seus artigos de asseio, sua luva, e sua toalha. Sua bolsa, cheia com toda sua roupa limpa, estava justo ao lado.   Mari gritou ao vê-la, dobrando-se para dar um puxão a seus cordões. Liberada de suas botas, deu um saltinho para frente sobre um pé para tirar uma das meias três-quartos e depois fez o mesmo com o outro. Não parou em nenhum momento até que esteve a ponto de desabotoar seus shortes.   Deu uma olhada para ele e o encontrou olhando-a com um brilho de expectativa nos olhos.    —Saíra, certamente.    —Ou poderia te ajudar.    —pratiquei um pouco o de me banhar por mim mesma antes e não acredito que vá tropeçar no caminho.    —Mas está cansada. Por que não me deixa te ajudar? Agora que tenho duas mãos outra vez, estou impaciente para usá-las.    —Ou me dá intimidade ou não me banho.    —Muito bem. —Ele encolheu os ombros— Sairei, porque prescindir do banho não é uma opção. Chame-me se precisar.    Muito fácil. Sabia que ele tinha resumido com muita facilidade, mas a chamada da água era irresistível. Despiu-se, lançando os shortes, a roupa interior, a camiseta sem mangas, e o emplastro usado a uma pilha destinada a ser arremessada ao fogo mais tarde. Depois entrou na água, e gemeu com alegria.   A água não estava quente, mas estava morna e deliciosa contra o úmido ar da cova. Mergulhou para depois nadar até a borda. Ele tinha pensado em tudo, escova de dente, dentifrício, xampu e aparelho de ar condicionado. Agarrou sua escova de dente e  escovou cuidadosamente cada dente.    Depois verteu sabão líquido em sua luva e a esfregou sobre cada polegada de seu corpo. Acabava de terminar de se lavar pela segunda ver e de enxaguar o cabelo quando MacRieve se aproximou, com os pés nus, sem levar nada mais que um par de jeans e o medalhão pendurando no pescoço.   Ela afundou bruscamente até que a água chegou ao pescoço.    —Disse que me daria intimidade! —balbuciou ela— O prometeu. —Em nenhum caso se considerava uma pessoa tímida, mas não via nenhuma razão de tentá-lo com os bens que nunca conseguiria.   —Aye, e mantive minha promessa. —À luz do fogo, viu que seu peito era maciço, esculpido, polvilhado com cabelos de ouro contra sua pele bronzeada— Não há forma em que outros sejam capazes de vê-la.    —Sabe muito bem que referia a você.    Franziu o cenho, como se ela houvesse dito uma tolice.    —Os companheiros têm um conceito diferente de intimidade — disse ele, despojando-se lentamente dos jeans, deixando  seu espetacular corpo completamente sem roupas. 
  Sem fala, ela era incapaz de fazer algo salvo contemplar a extensão de pele e os avultados músculos. Seu olhar baixou ainda mais, passando do esculpido torso ao rastro de cabelo mais escuro que descia por seu umbigo. Ainda aturdida, ela procurou seus olhos depois de ter visto sua enorme ereção.    Havia sentido quão grande era, mas ainda não estava preparada para testemunhar seu tamanho. Com cada segundo que ficava com a boca aberta, seu pênis ficava mais duro, inchandose diante de seus olhos. A respiração dele se fez mais rápida, ainda mais porque ela parecia não poder afastar o olhar.    A larga cabeça que uma vez tinha acariciado brevemente ficou escorregadia, e sua vista provocou uma contração de resposta entre suas coxas, tão potente que quase lançou um grito...    Sabia o que estava acontecendo, sofria o fenômeno imortal de super estimulação.    A transição de mortal a imortal era um momento de incômoda adaptação. A vista e o sentido do olfato melhoravam exponencialmente, e inclusive a consciência tateante aumentava, mas levava tempo para os mortais transformados acostumar-se à diferença.   Em resumo, seus sentidos a bombardeavam, e isso era um problema.   Porque sentidos sobre-humanos significavam luxúria sobre-humana.    —Deuses, Mariketa — disse ele com voz áspera—, posso sentir seus olhos em mim.   Finalmente obrigou a si mesma a arrastar o olhar para longe. Depois que lhe deu as costas, ouviu que ele entrava na água. Com um grito afogado, lançou-se a um lado para sair, mas ele a agarrou por um braço, passando o outro ao redor de sua cintura.    —Deixe-me ir! —exigiu, lutando contra ele, brevemente atordoada pela dureza que se balançava lhe dando golpezinhos.    —Desfruto com seu rebolado, mas nem tanto com seus chutes. Ach, cuida de não me golpear nos testículos! Ambos vamos os necessitar em bom funcionamento!   —Escória! Bastardo, deixa de me cravar com... Com isso!   —Continua se retorcendo, bruxa, e nem sequer serei capaz de parar meus quadris.  Ela congelou, sem fôlego e entendeu que não podia lutar contra ele de qualquer modo. Ele também respirava com força, mas não pelo esforço. Ela sentia seu fôlego quente no pescoço e no ouvido e tremeu conseguindo que seus mamilos se endurecessem contra o braço dele.    —Necessita minha ajuda com isto, apesar de não querer admiti-lo?   —Acha que não posso me assear?    —Escovou os dentes durante uns bons dez minutos, e lavou o cabelo duas vezes e provavelmente o fará uma vez mais para se assegurar assim sei que tem os braços cansados.    —Não o estão! —Estavam— Estou bem.    —Ah? Então me deixe ver suas mãos. —Ela revirou os olhos e levantou suas mãos. Diante o estalo dele, ela baixou o olhar. Suas unhas estavam sujas! Sua face avermelhou raivosamente. Maldito!    Quando a fez dar a volta, ela cobriu seus seios com um braço. Fulminando o teto com o olhar, permitiu que ele  lavasse uma mão de cada vez. Usando a espuma, massageou cada dedo da base até a ponta.    Suas pálpebras começaram a ficar pesadas quando ele firmemente pressionou seus polegares em sua palma, primeiro em uma e depois na outra.    —Suas mãos são tão pequenas — disse ele, sua voz agradavelmente baixa e rouca—. Mas belas. —Ela apenas  sufocou um tremor.   Finalmente a deixou ir, e de maneira desconcertante, ela  cambaleou. Uma vez que abriu os olhos, reuniu a suficiente energia para arremeter de novo contra ele, mas  encontrou com ele raspando a garra de seu polegar contra a pedra calcária. 
  —O que está fazendo?   —Tirando o fio. Dê-me essas pequenas mãos outra vez. —Massageou até que o ânimo de lutar se esfumou. Quando com cuidado começou a limpar com a garra sem fio sob cada uma de suas unhas, ela olhou seu rosto. Suas sobrancelhas estavam alinhadas pela concentração enquanto minuciosamente realizava sua tarefa, como se esta fosse muito importante para ele.   —Pronto — disse quando terminou—Agora vamos limpar todo esse teu cabelo. —Disse afrouxando seu apertão.    Ainda relaxada e cooperativa, deixou-o recostá-la. Com suas garras retraídas, massageou sua cabeça a fundo até que ela sentiu que tinha a consistência da argila. E sabia que ele tinha esse olhar de concentração enquanto o fazia, porque queria acertar nisto. O que ela não sabia era o por que.    Se isto era uma forma de torturar e fazê-la bastante miserável para tirar o feitiço, então ele estava fazendo um trabalho falso com ela.    Mas MacRieve não podia acreditar realmente que ela fosse dele. Podia?
 
  Enquanto colocava o xampu por seu comprido cabelo, disse:    —Mariketa, isto não está tão mal. Se tivesse sabido que era assim como tinha que te tratar nem sequer tivesse necessitado da chantagem.    —Não tinha direito de examinar minhas coisas.    —Já te adverti que me acharia autoritário. É estranho, porque ainda revolvendo entre seus pertences me surgiram mais perguntas das consegui responder. Para que são esses emplastros que estavam em sua bolsa?    Ela se encolheu os ombros.    —Controle de natalidade.    —Um anticoncepcional? —perguntou ele a toda pressa. Ferradamente perfeito.   —Sim, e o que? —Ela se esticou— Agora acha que sou fácil?    —Suscetível com o tema, Mariketa?    —As maiorias dos caras de minha idade veriam a tatuagem das costas e o emplastro do braço como as marcas de uma fulana.    —Fulana...? Ah, entendi.    —Não sou. Uma fulana.    —É obvio que não — concordou ele, tratando de ocultar a diversão de seu tom de voz—. A maioria dos “caras de sua idade” só esperariam que fosse uma. E não saberiam o que fazer com você se assim fosse.    —E exatamente quantos anos tem, MacRieve?    —Mil e duzentos, mais ou menos.    Ela virou para dar um olhada nele, como se a cifra que  tinha dado fosse uma brincadeira. Quando ele levantou as sobrancelhas, ela disse:    —Grande Hekate, é uma relíquia. Não tem um museu no qual o exibam por algum lado?    Ele ignorou seus comentários.    —Outro mistério, não encontrei uma navalha de barbear em sua bolsa, mas suas pernas e suas axilas estão lisas. 
  —Depilação laser — disse ela, depois do que acrescentou— Posso ouvir seu cenho formando-se, Pai Tempo —surpreendendo-o porque realmente o tinha feito.   Não deu mais explicações, mas ele não se dava por vencido.    —Faz que um homem evoque outros lugares nos que estará bem polida. —Ela tremeu diante o mero sussurro em seu ouvido—Estou esperando a oportunidade de te tocar ali outra vez.    —Droga! Por que acha sequer que deixaria?    —Acontece que me dei conta de que é uma luxuriosa. Eu me desfiz de seu pequeno consolo. Descansa no fundo do rio. —Quando ela ofegou, ele disse— Custou-me um minuto entender o que era e outro minuto me convencer de que na verdade o tinha. E ao imaginar usando-o? Fiquei em tal estado, que mal podia correr sem tropeçar com meus próprios pés.   —Outra vez tenta me envergonhar. Para já. Não vou envergonhar-me porque me pareço com as demais garotas de minha idade.    —Não quero que se envergonhe, nunca em assuntos como este. Sou consciente que deve se transformar logo em imortal, sei que a necessidade deve ser muito forte. De fato, a maior parte das fêmeas se sentem desconcertadas por toda essa nova energia — disse ele— É melhor que tenham uma mão firme que as guie no sexo imortal.    —E com certeza que estaria feliz de se oferecer como voluntário.    Aparentando um tom triste, ele suspirou:    —Se devo... Agora se incline para trás para que possa enxaguar o cabelo.    Ela vacilou, cedendo finalmente. Ele a recompensou usando a água que tinha esquentado em seu cantil.    —Ooh — gemeu ela suavemente, fazendo que seu eixo pulsasse mais forte.   —Tão sensível. —Uma vez que teve enxaguado o cabelo, baixou o tom de sua voz para dizer—Se não estivesse tão cansada, faria que gozasse algumas vezes.    Erguendo-se de um puxão seu cabelo fustigou seu queixo e seu pescoço.    —Isso não acontecerá! Aprendi a lição sobre você. —Ela se afastou dele—. Essa rosa já  murchou.   —O que diz?   —Perdi-me em um beijo, e fui trancada em uma tumba a disposição de um antigo mal que me fez beber sangue. Foi tudo causa-efeito. Enfim essas são más notícias para você.    —Farei que mude de idéia durante o tempo que me concedeu.   —E como espera fazer isso? —perguntou ela, com mofa—. Banhando realmente, realmente bem?    —Não, planejo usar meu encanto para te seduzir.    —Mas você não é encantador. —Ele dirigiu um sorriso semi arrogante, embora na realidade estivesse preocupado exatamente com isso— Nem sequer comecei com você. Agora volte aqui, você me banhará.   Mari o olhou com o cenho franzido. Não gostava deste novo lado pícaro de MacRieve porque, maldito fosse, realmente tinha algo de rude encanto.    —Isso não vai acontecer. Vou, e não quero que olhe.    Dirigiu-lhe um olhar perfilado com um cenho de decepção, como se ela levou seu brinquedo, e sem ter uma boa razão.   —É o mínimo que poderia fazer.    Quando finalmente  girou dando as costas, ela  encontrou a si mesmo olhando de novo sua pele e seus úmidos músculos. Com uma forte sacudida de cabeça, apressou-se a sair da água, inclinando-se para a toalha que ele havia trazido e se cobriu.
  Ajoelhando-se ao lado de sua bolsa a saqueou, procurando algo para dormir. Tinha uma camiseta longa e frouxa. Onde estava? Espera... Estreitou os olhos em sua direção e o encontrou encarando com uma mão tremula sobre seu rosto, suas pálpebras pesadas.   —Viu-me sair, não é? —perguntou distraidamente, compreendendo por que sua mão direita se encontrava oculta sob a água e por que os músculos desse braço se moviam.   —Claro que o fiz — respondeu ele sem vergonha— E descreveria a vista como uma experiência que te troca a vida. Também me fez refletir se um macho pode chegar a ter o pênis tão duro que este não possa ser dobrado.   Ela olhou airadamente o teto, irritada porque ele estivesse assim por ela.    —Pegou minha camisa de dormir de minha bolsa?    —Aye. Encontrei alguma seda ali que quero que coloque para mim. —Desavergonhado e matreiro lobo.   Mari mordeu o lábio enquanto inspecionava os três jogos de roupa interior que ele tinha visto, que provavelmente havia sentido, e quem sabia que mais: dignificada ninfomaníaca, rameira, e travessa rameira. Que bom. Última vez que ia comprar lingerie com a Carrow.   Ficou em pé dirigindo-se para a mochila dele, e pinçou em busca da camisa maior que pudesse encontrar. Quando tirou uma, encontrou uma carta dobrada com um selo de lacre quebrado. A escrita tinha fragéis mancha de sangue e era feminina.   Que fêmea escrevia cartas? E por que era tão especial que a trazia com ele nesta viagem?   Ao sentir que ele estava saindo da água fechou sua mochila. Ouviu como sacudia o cabelo como um lobo atrás dela e sentiu que umas gotas de água nela.   De costas para ele, manobrou a toalha, procurando vestir-se sem mostrar nada.   —Embora  pudesse passar toda a noite te olhando, não deveria aporrinhar com isso, bruxinha. Já vi cada polegada sua.   Ela deu uma olhada sobre o ombro, sem compreender se devia estar contente ou decepcionada de que ele tivesse alcançado seu jeans.    —O que diz?   —Sou mais alto que você, o suficiente para vê-la diretamente quando estava atrás de você. E minha vista é o bastante aguda para ver facilmente através da água.    Não se considerava uma pessoa modesta, e de qualquer modo não era seu estilo esconder seu corpo como uma virgem ruborizada.    —Nesse caso... —disse ela, deixando cair a toalha.   Ele gemeu soltando o fôlego. Quando ela começou a vestir-se normalmente, ele chiou:    —Então não é tímida?    Tímida? Ela e suas amigas faziam que as Girls Gone Wild( serie onde mulheres estavam dispostas a se mostrar para uma câmera) parecessem um círculo amigável.    —Só sou caridosa com os homens lobo velhotes.
 
  Atrevida, com um trazeiro cheio, suaves coxas, diminuta cintura...    Bowe nunca tinha visto uma imagem tão tentadora em toda sua vida. E tinha vivido por muito, muito tempo. Era muito consciente de que ficou mudo pelo corpo de uma bruxa de vinte e três anos.
  E quando ela se inclinou nua para alcançar sua toalha? Se ele não tivesse estado preparado para o que sabia seria uma visão de enfarte, teria se afogado pelo assombro.   Agora, enquanto a via deslizar em suas pérfidas calcinhas e sutiã de seda, apenas  sufocou um gemido e em vez disso continuou observando.   —Nunca pensei que o ditado “salta sobre seu rabo” poderia ser literal.    —Não acreditei que se interessasse por meu rabo. Acredito que disse que era magrela  onde isto contava.    —Disse o mesmo sobre mim. Obviamente, ambos estávamos enganados. E me interesso por seu rabo, muitíssimo. Meu afeto por ele cresce a cada minuto.    Ela deu um olhar fulminante, depois colocou uma de suas camisas, enrolando as mangas porque a engoliam. Ele franziu o cenho quando ela tirou um segundo emplastro, aplicando-o no interior de seu cotovelo. Ele não tinha tido nem idéia de que era ou o teria muito longe em um instante.   Anticoncepcional em um emplastro. E a maldita coisa parecia zombar dele.   Depois de pôr mais madeira no fogo se sentou sobre o catre, enrolando-a para que se unisse ali.    —Vêem, bruxinha, secarei o teu cabelo.    —Posso fazê-lo eu mesma.    —Isto ainda é parte do trato, trato com o que esteve de acordo.    Com um suspiro, ela foi. Lá fora, a chuva caía uma vez mais e começou a esmurrar toda a extensa folhagem. Dentro, o fogo rangia, cobrindo seu comprido cabelo vermelho com tons dourados enquanto ele os desenredava com seus dedos, secando os grandes cachos. Agora que a tinha banhado, o cheiro de seu cabelo e pele era sublime, enchendo seus sentidos.   Sim, poderia fazê-lo ela mesma, mas ele não queria perder tarefas como estas. Agradavamno de novas formas, acalmando o constante desejo com o que tinha combatido durante anos. Por fim, já não sofria desse agônico sentido de urgência de encontrar o meio de devolver à vida a sua companheira.   Sentiu que suas pálpebras ficavam pesadas, não só pelo desejo, mas também pela satisfação. Quase tinha esquecido o que era estar contente. A necessidade de tê-la ainda o apressava, inclusive a saboreava. Preferiria agüentar a luxúria insatisfeita, com a esperança de apagá-la, que o desespero que tinha sofrido tanto tempo.   Encontrou que era capaz de afastar suas reservas e desfrutar disto, sentindo-se como se estivesse exatamente onde se supunha que devia estar. Estava tão cômodo que não podia acreditar o que viam seus olhos quando as lágrimas começaram a cair pelo rosto dela.   —Inferno sangrento, Mariketa. Por que chora?   De um golpe secou suas bochechas.    —Sou sua inimiga. Deveria te agradar me ver miserável.    —Deveria. Mas não é assim. —Era ela... Miserável? Ele espremia seu cérebro procurando algo que ela pudesse desejar. Acreditava que tinha feito avanços com ela—. Então o que necessita? Para não ser infeliz?    Ela recuou de um puxão, e ele mal teve tempo de desenroscar os dedos de seu cabelo e assim evitar machucá-la.    —Não posso fazer isto! Esta sua gentileza... Confunde-me, e estou tão cansada e te odeio tanto. —As lágrimas continuaram seu caminho por seu rosto.   —Maldição, pára de choramingar, Mariketa. 
  Nisso, ela ficou de joelhos e deu um murro no ombro. Sua expressão dizia que ela encontrava nesses golpes, surpreendentemente, satisfação, assim que o fez uma e outra vez, dando palmadas e murros.    —Abandonou-me lá! —Os olhos dele se estreitaram quando evitou os tabefes, mas não a deteve—. E a única razão pela que retornou foi te recuperar outra vez.    —Se essa noite voltasse a acontecer, agiria de maneira diferente.    Ela finalmente ficou sem energia, deu uma palmada sem entusiasmo, depois sentou de um puxão sobre seu traseiro. Em um tom atordoado, murmurou:    —Só... Abandonou-me.    A bruxa tinha um ar arrogante e não era tímida na hora de usar seus poderes, seu pescoço ainda conservava as feridas de seu ataque. Apesar disso tinha experimentado um momento de atônita incredulidade quando a pedra caiu encerrando-a, não só devido ao apuro em que se encontrava, mas também porque ele o tinha feito?   —Você foi quem me disse que não poderia me queixar porque isto era uma competição. Disse que tudo era aceito.    —Tudo é aceito. Entretanto, isto não significa que queira ser seduzida pelo homem que me fez mal. Olhou nos olhos e me prendeu, me situando no inferno. Ainda assim acha que eu quereria despertar a seu lado? Ou que comesse com os olhos quando tiver sexo? —Ela descansou a testa em sua palma, e ele suspeitou que estava muita esgotada para cuidar suas palavras—. Acreditava que era diferente.   —A culpa de minhas ações para com você pesa sobre mim. E talvez se alegre saber que seu feitiço de mortalidade me afetou com força. —Ele exalou um comprido suspiro—. Estava em um campo de minas competindo contra o vampiro e a Valquíria. Esse ferrado vampiro fez que uma mina explodisse bem debaixo de mim. Perdi um olho, tinha a metade do rosto chamuscada. Uma rajada de metal perfurou meu torso. Acumulei ferida atrás ferida das quais não podia me curar. Esta informação deveria te agradar.    Ela continuou chorando, sorvendo-os mucos quando repetiu suas palavras:    —Deveria. Mas não é assim.    Inferno sangrento, isto é insuportável. Não tinha nem idéia do que dizer, não tinha nenhuma experiência em consolar uma fêmea para que deixasse de chorar. Assim ao fim não disse nada, facilmente a pôs no catre, sua palma cobriu todo seu ombro.   Quando ela olhou cegamente ao fogo, ele se sentou atrás dela, usando toda sua mão para retirar o cabelo de seu rosto e o polegar de sua outra mão para secar suas lágrimas. Quando ele roçou a ponta de sua bicuda orelha, esta se crispou em reação.   Eventualmente suas pálpebras ficaram pesadas. Embora seus olhos se fechassem, as lágrimas contunavam caindo. Ele amaldiçoou baixo e murmurou:    —Maldição, bruxa, não quis... Ferir-te.    Quando sua respiração se fez profunda e soube que estava dormindo, baixou o olhar para ela, estudando-a. Seu pequeno nariz de duendezinho estava ligeiramente polvilhada por sardas, e seu queixo era delicadamente obstinado. Esse sedoso cabelo vermelho se frisava sobre seu fino rosto.   Seus vermelhos lábios estavam ligeiramente separados enquanto dormia. Uma deliciosa pequena fêmea.   E, deuses me ajudem, poderia ser... Minha.    Incapaz de parar, deitou-se atrás dela. Quando a rodeou com seus braços e aproximou contra ele seu suave e pequeno corpo, ela suspirou. Como uma prova, acariciou-lhe o pescoço com o nariz. Sua orelha se crispou outra vez e se acomodou mais perto contra ele. Inclusive dormindo ela respondia como se fosse dele.   Des duas coisas estava seguro: tomá-la não se pareceria com nada que tivesse imaginado. E segunda, tinha que estar seguro dela, o qual significava apoderar-se desses emplastros na menor oportunidade.
 
  Mari despertou em algum momento da noite, compelida por alguma razão a ler a carta de sua mochila. Temia que apesar de tudo, a razão fossem o ciúmes.   Suspeitou que ele despertou quando ela deixou o catre, mas não disse nada quando examinou suas coisas. Realmente, o que poderia dizer depois de que ele tivesse mexido nas dela?   Uma vez mais tirou a carta e a abriu, franzindo o cenho ao descobrir que era da Valquíria Nïx, destinada a Mari. Por que MacRieve não a tinha entregado? Pelo contrário o bastardo tinha quebrado o selo e a tinha lido!   Depois de olhar airadamente em sua direção, examinou as linhas.      Mariketa,    Feliz Accession! Contempla, um presente. Uma chave mestra do tipo... Uma peça do quebra-cabeças para a Bruxa no Cristal.  Carinhosamente como sempre Lady Nïx, a Proto-valquiria
 
  Minha mãe diz que não devo passar    Muito perto daquele cristal;    Ela tem medo de que veja!    Uma pequena bruxa que se parece comigo,    Com uma boca vermelha, vermelha para sussurrar    O que eu não deveria saber! 
 
   Ps: Ainda me deve cinqüenta dólares.       Que diabos?   Que cristal? A própria mãe de Mari? Por que Nïx acreditava que Mari necessitaria disto?   Mari conhecia  Nïx de toda a vida, e era consciente de que, tão confusa como Nïx parecia sempre, a Valquíria não agia sem motivo algum. De fato, Mari tinha estado ao redor dela o suficiente para saber que assim era com tudo o que fazia, não importava quão aparentemente inconseqüente ou tentativamente enlouquecido fosse, tudo era feito com algum propósito, de uma palavra vaga até um toque ausente.   Com isto em mente, Mari tomou a carta, afastou-se de MacRieve e o fogo e se dirigiu para a água. Diante o charco, ela se ajoelhou e olhou atentamente a lisa superfície, perguntando-se se as palavras podiam ser um conjuro.
  O repertório de feitiços de Mari era ao azar o melhor, mas as bruxas eram as mais vulneráveis aos feitiços de outros no momento que lançavam os seus. Um feitiço abria as portas, e algo poderia entrar.   Como Elianna tinha ensinado:   —Ao se estender pelo poder, deixa a seu poder vulnerável.    Com o quase incontrolável e inútil poder de Mari. O que tinha que perder, realmente? Além da capacidade de enviar pelos ares o MacRieve?   Decidida, começou a murmurar as palavras, uma, duas vezes... Na terceira reza, seu reflexo começou a mudar como se o fundo tivesse sido perturbado. Então viu algo que nunca esperou. Seus olhos eram semelhantes a espelhos e seu cabelo se formava redemoinhos sobre sua cabeça, embora Mari sentisse seu cabelo cair pesadamente sobre suas costas no interior da cova sem vento. Estava ela na água, mas não estava.   —O que... O que é isto? —sussurrou ela.   O reflexo falou, em resposta:    —Um conjuro.    Mari na verdade tinha feito esse conjuro?    —Quem é? — Exalou ela assombrada.   —Você — respondeu o reflexo.   —Mas como?    —Você é a Bruxa do Espelho. Os reflexos canalizam seus poderes.    A voz era a da própria Mari, mas deformada, da forma como o vento parecia sussurrar diferente ao passar pelas folhas.   —Posso profetizar pelo espelho? —Ela sabia de algumas bruxas que podiam fazer isto, o qual era um útil talento que possuir.   —Você é uma verdadeira captromancer.   Nossa! Não só um talento útil. Os Captromancers eram extremamente estranhos. Dizia-se que não só eram capazes de profetizar com espelhos, como os astromancers faziam com as estrelas, mas sim podiam usá-los como instrumentos de concentração, talismãs protetores e inclusive como portais para viagens.    —Mas não entendo. Nunca usei um espelho para ajudar a minha magia.    —Vêem comigo, mostrarei-te.    Mari se retirou, um sorvete medo se formou no interior de suas veias.   —Ai?    —Está preparada, Mari?    —P... Pronta para que? —Ela sentiu uma sensação de perigo batalhando com a tentação, a compulsão combatendo com sua aversão. Isto poderia ser um truque de uma bruxa, um feitiço para tirar os poderes de Mari. Ela sacudiu sua cabeça caoticamente.    —Não, não estou preparada...Não o estou... —Quando uma pálida mão rompeu a superfície da água, Mari desejou tornar-se atrás, evitar isto, mas foi atraída pela resplandecente maçã que lhe oferecia a palma quase transparente. Nisso, a voz rogou com lisonja:    —Só tem que prová-la...
 
  Bowe engoliu seco, esfregando os olhos com incredulidade...
  Mariketa ainda estava ali, estirando-se para frente para aceitar uma maçã que  dava uma úmida mão fantasmal.   Ficando em pé de um salto e arremetendo contra ela, rugiu:   —Não a toque!   Seu rugido ressonou uma e outra vez. Nas sombras que os rodeavam, os morcegos irromperam a voar. Enquanto passava pela água a toda pressa, pela extremidade do olho, viu o reflexo da bruxa, mas este não se correspondia com ela. Mariketa não tinha levantado a vista para ele; a mulher da água mantinha seus olhos brilhantes nele.   Investiu para a Mariketa, lhe arrancando a maçã da mão, para depois jogá-la contra a parede tão forte que a desintegrou. No momento em que os morcegos lhes revoavam, empurrou-a para baixo, ficando em cima dela no último momento para proteger suaa cabeça e o corpo.   Os minutos passaram. Quando tudo finalmente se assentou, ela abriu os olhos e estes o refletiram, antes de esclarecer-se gradualmente.   —Jurou-me que não faria magia ao redor de mim.   —Eu... Eu supus que estaria dormido.   —Pior ainda!   Bowe tinha despertado para encontrar seus braços vazios da morna e curvilínea bruxa, o que o tinha desagradado até um grau surpreendente. Tinha-a escutado mexendo na bolsa dele e tinha pensado que revistava suas coisas pelas mesmas razões que ele o tinha feito nas suas: porque estava morta de curiosidade por ele. Pelo contrário, ela tinha tentado pegar essa arrepiante carta.   —Revistou minha bolsa.   —Você revistou a minha! Por que não me deu a carta? Era para mim!   —Porque sabia malditamente que uma coisa assim poderia acontecer. A coisa na água veio por esse poema, não é? E que infernos era essa coisa?   —Não sei.   —parecia-se com você. —Em uma maneira diabólica—. Se não souber o que é, então como sabe que não te fará mal?   Ela tentou fazer caso omisso.   Ele exalou.   —Como faço para te proteger se fizer coisas como esta? —Era isso pelo que odiava tanto a magia: era um inimigo que não podia ver, entender ou contra o que não podia defender-se. Não compreendia nada dessa rima, nem de por que ele mesmo tinha reagido tão fortemente a ela—. Suponho que não tem idéia do que não pode saber?   —Não. Nem idéia. —Seu olhar piscava sobre sua face.   Quando seus olhos não pareciam enfeitiçados, eram malditamente adoráveis. Rodeados por abundantes pestanas negras, eram cinza como as ferozes nuvens de tormenta... E tão intensos como todo o resto nela. Sentia como se ela devesse olhá-lo assim. O puxão do Instinto era forte, fazendo-o sentir que era correto que a protegesse e tê-la entre seus braços a salvo era a recompensa.   A necessidade de beijá-la se transformou de repente em crítica...   —OH, não de novo! —Tentou escapulir- de baixo dele, o que só fez que a ereção pusesse mais dura. Quando os lábios dela se abriram em um suspiro, ele soube que havia sentido sua ereção pulsando contra ela.   —Porei-o do outro lado da caverna, MacRieve.   Rapidamente, ele segurou suas mãos atrás das costas.   —Não acredito que possa, não com as mãos assim —  disse enquanto  relaxava para um lado e usava sua mão livre para começar a desabotoar a camisa lentamente.
  —O que acha que está...? —Cortou a voz com um pequeno gemido quando ele levantou seu joelho e pressionou sua coxa com firmeza entre as dela, movendo-a languidamente contra seu sexo.   Com um beijo de boca aberta contra a clavícula dela, puxou até abrir a camisa, primeiro de um lado e depois do outro, mas hesitou ao desabotoar a frente de seu sutiã transparente. Isto era em parte, porque não tinha experiência com a moderna roupa interior feminina; mas também porque não podia deixar de olhar seus mamilos brotando bem na frente de seus olhos, sobressaindo-se contra o transparente material.   Finalmente cortou o broche frontal com sua garra. No momento em que tirou o material dos tensos picos, a respiração dela tornou se agitada, fazendo que a pele nua subisse e baixasse tão tentadoramente.   Quando estava a ponto de tocá-la, ela lutou novamente e seus seios tremeram.   Ele disse com voz dura:   —Ah, beleza, agora está alardeando.   Ela se paralisou, sua face e seu seio ruborizando-se acaloradamente.   Disse inclinando-se para seu mamilo:   —Tinha escutado rumores sobre bruxas na cama, escutei que se pode fechar seus lábios em um destes, a bruxa será escrava em suas mãos.   —Não sou uma escra... oooh —exclamou enquanto arqueava suas costas bruscamente quando ele a lambeu e chupou.   Moveu-se para seu outro seio, rodeando a ponta com a língua. Quando viu que ela não tinha fechado os olhos, mas o estava olhando encantada, gemeu contra ela.   Embora ardesse por lhe rasgar as calcinhas e inundar-se entre suas coxas, forçou-se a afrouxar o agarre, tratando-a com suavidade. Seu piercing atraiu seu olhar e passou as pontas dos dedos, fazendo que ela se sacudisse.   —Nas passadas semanas, pensei nisto com freqüência. Beijando isso ao redor, rodeando-o com minha língua. —Sabia que suas palavras a estavam excitando ainda mais, podia farejar quão úmida estava por ele.   —Não quero isto — disse ela com um calafrio, seus olhos com as pálpebras pesadas.   Esfregou sua mão para cima pelo flanco e ela se arqueou.   —Diz essas palavras, mas seu corpo me diz algo totalmente diferente.   —Está enganado.   —Faz quase dois séculos que não tenho sexo, nem outro tipo de liberação em três semanas. E a última vez que me masturbei, estava sonhando com seu corpo debaixo do meu, tal como está agora. Isto é suficiente para enlouquecer  um macho, mas também o faz saber que está excitada por mim.   —Não estou nada excitada por você.   —Minta sobre outras coisas, mas não sobre isto. Esquece que sou um Lykae... Posso cheirar que está excitada e isso está me deixando louco. Se te acariciar entre as coxas, acharei-te molhada, não é? Morre por ser saciada.   —Talvez. Mas não por você, MacRieve — disse enquanto sacudia com força a cabeça e estreitava os olhos—. Nunca por você. —Parecia completamente resolvida—. Sai de cima ou gritarei.   Aparentemente a jovem bruxa podia negar seu desejo por seu inimigo.   Nesse momento, ele desejou possuir esse talento.
 
  MacRieve passou a mão pela boca. Para ser preciso, afastou-se dela, recostou-se contra a parede da caverna, com um joelho em alto.   Ela pôs em seu lugar a camisa ao mesmo tempo em que se sentava muito direita também, depois esperou por bom tempo até que ele finalmente disse:   —Estou cansado, Mariketa. Tão malditamente cansado. Sofri por muito tempo sem a tortura de sua presença.   —OH, atormento-o porque não dormirei com você?   —Tenho uma força em meu interior, uma muito forte, que grita que é minha. Só me diga, faz-me te desejar desta forma?   Ela mordeu o lábio... Não sabia!   —De verdade acha que há uma possibilidade de que pudesse ser sua... Companheira? Só deseja ter uma.   —Poderia haver várias explicações para isso — disse ele em um tom impassível—. Não me zangarei se agora admite algum truque. —diante a face que fez, ele se corrigiu— Estou zangado, mas passará. Não sou rancoroso.   Quando ela olhou longe sem responder, ele exalou:   —Mariketa, alguma vez sentiu que perdeu o caminho? Tão confunsa que não sabe quão comprido é seu trajeto?   Agora mesmo. Sentia-se confunsa por esta mudança repentina de seu comportamento, e  encontrou a si mesma assentindo.   —Não tem idéia. Antes. Meu caminho sempre foi claro para mim. Tudo era preto ou branco. Agora, nada é como era.   —Como o que?   —Como quando sonhava com você cada noite e fantasiava sobre isso nos dias em que estava fora lutando por recuperar a minha companheira. —Parecia envergonhado, deu uma olhada para longe, e a luz da luz fundiu seu perfil na sombra— A dor de minhas feridas não era nada comparada com minha culpa. —Soltou uma risada amarga—. Sempre a condenada culpa. Não pode entender o que é sentir nada, nada mais que isto.   Ele ficou em pé e começou a andar. Quase para ele mesmo, disse:   —Ou o que é saber que não está completo e nunca estará. —passou os dedos pelo cabelo, depois  parou ao encontrar seu olhar—. Então com você, tudo é diferente, sente-se diferente, e eu... Maldição Mariketa, desejo-a. Ferradamente muito.   Dirigiu-se a ela, agarrou-a pelos braços, e a pôs em pé de um puxão. Baixou o olhar para ela, e com voz calma disse:   —Não me devolva à vida só para me destruir uma vez mais.   A profundidade de sua dor e o desconcerto em sua expressão a emocionou. E apesar de tudo, sentiu compaixão por ele.   —Olhe, que tal se te digo tudo o que sei, só a verdade, e assim você pode tirar suas próprias conclusões? Expor tudo para você, porque não o entendo.   Ele assentiu rapidamente, depois liberou seus braços para conduzi-la perto do fogo. Como se ele fosse seu anfitrião, assinalou-lhe que se sentasse sobre o catre. Quando o fez, ele afrouxou sua impressionante estrutura óssea e se sentou frente a ela.
  —Bem, MacRieve, posso jurar pelo Lore que não tentei deliberadamente te fazer acreditar que sou sua companheira. Nunca pude encantar ninguém. Minhas amigas podiam encantar os seus professores de primeiro grau, mas nunca tive essa capacidade.   Ele começou a ter uma luz de esperança em seus olhos, assim a toda pressa acrescentou:   —Mas tampouco nunca fui uma vidente até a tumba. —Diante seu olhar questionador, ela se explicou— Em qualquer aquelarre, há membros de cada uma das cinco castas de bruxas. É por isso que nos mantemos juntas, porque todo o coletivo é mais forte. Bem, supõe-se, que tenho os poderes das cinco castas, os poderes de uma guerreira, maga, vidente, feiticeira, e curadora, mas não fui capaz de destacar ou dominar nenhuma delas. Então naquela noite, de algum modo soube que vinha. Essa é a parte vidente. Quando te ataquei e matei o íncubo, era a guerreira. Faz um momento, evoquei esse reflexo.   —E curou a si mesma. Se me encantou, teria todas.    Quando ela assentiu, a óbvia esperança nele se apagou.   —E o que aconteceu com a noite da assembléia Hie?   Ela franziu o cenho.   —Não fiz nada naquela noite.   —Se não fez nada, então por que não podia tirar os olhos de você? Havia um ferrado vampiro na área, um com o que tinha brigado, e ainda assim batalhava com tudo para vigiá-lo e não  olhar a você. —E estar nas nuvens...   Quando ele cruzou os braços sobre seu peito com uma cabeçada de conhecimento, ela soltou:   —A noite que nos beijamos, sabia que me desejava tão ferozmente como eu a você, e o fazia conscientemente, e inclusive estava preocupada porque te achava fascinante!   Em vez de ver-se desalentado, ele parecia contente com ela.   —Então me desejava com ferocidade?   Ela sentiu que suas bochechas ardente.   —Assim foi nesse então, e assim é agora, MacRieve. E acredite nisto, se alguma vez pudesse enfeitiçar com êxito a alguém, esse seria você, parece ser um pára-raios para meus poderes.   —Assim também sou único para você. Talvez possa te ajudar de alguma forma?   Ela o ignorou e sem prestar atenção continuou:   —Pode que nem sequer fosse você a quem eu desejava na verdade. A noite que me viu sem minha capa, o dano parecia. Possivelmente só estava me aproveitando da situação...   —O que quer dizer com dano? E por que levava essa capa e o feitiço de encanto?   Diga-lhe tudo. Deixe que  encontre o sentido. Ela exalou e resmungou:   —profetizou-se que um guerreiro do Lore me reconheceria como sua companheira...   —Um guerreiro do Lore? —E ele estava nas nuvens outra vez!—. Então sou eu!   Deuses, ele tinha o sorriso mais sexy de todos. Sempre o via tão amargo, tão severo, mas agora, com uma parte de seu coração nos lábios, todo seu semblante mudou, seus olhos de âmbar ficaram cor de brasas ardentes.   —Deve ser eu, moça.   —Mas poderia ser simplesmente um truque! Reconhece-me como sua companheira, certo, mas isto não significa que o é ou que seja real. Muito bem poderia haver te encantado. Algumas bruxas só têm que reconhecer que desejam algo, e depois, de repente, é delas. Isto poderia ter acontecido.   —E ainda acha que poderia ter deixado este encantamento quando retirou a maldição de mortalidade? Estava fraca e quase fora de seus cabais pela fadiga e as feridas. Não pode me olhar nos olhos e me dizer que seria capaz de tirar um sem o outro.
  Quando ela franziu os lábios, ele elevou as sobrancelhas.   Ela afastou o olhar e disse:   —Talvez não no passado...   —Sente outros de seus malefícios?   Depois de um momento, ela negou com a cabeça.   —E não me fez nada no Hie. Se apesar de ter o feitiço de encantamento essa noite pude reconhecer sua essência. —Bingo.   —Está-se adiantado, porque deseja algo definitivo. Quer que seja branco ou preto. E isso não é o que vai conseguir comigo.   Ele tinha um olhar de auto satisfação no rosto, junto com um pouco de alívio, que fez que ela quisesse gemer pela frustração.   —Se está me dizendo a verdade, Mariketa, então realmente há uma possibilidade de que seja minha companheira.   —por que conseguiria dois? É especial?   —Poderia ser... Poderia ter reencarnado. —Franziu o cenho—. Não parece sobressaltada.   —Não. Minha amiga Regin tem um companheiro reencarnado, um berserker que está louco por ela e segue retornando. E ele nunca falta em um Accession.   —Aye, tem sentido que o Accession possa abastecer de combustível a estes acontecimentos, incluído sua reencarnação.   Não sentia ter sido duas ela, não deveria nota-lo de alguma forma?   —Era sua companheira como eu? Parecemo-nos uma com a outra? Agimos de forma parecida?   —Não tem nada em comum com ela, além de seus nomes e orelhas. Também era fey.   —Como a conheceu... Como morreu?   Ele ignorou a última parte e respondeu:   —Conhecia-a de toda a vida. Depois de uma ausência de cinco anos retornei ao reino de seu pai, e ela se transformou em uma mulher.   —Não deveria havê-la reconhecido no minuto que a conheceu?   Ele negou com a cabeça.   —Não é sempre assim. As fêmeas de espécies diferentes freqüentemente têm que alcançar a maturidade para provocar o Instinto.   —Eu nem sequer tenho essa sensação sobre mim. E um berserker sempre consegue suas memórias de suas vidas anteriores. Eu não recordo nada assim.   —Ainda é jovem.   —Suponhamos que tudo isto é verdade...   —É verdade.   —... O fato que fica é que não te quero. Inclusive se o destino tiver decretado que tivéssemos um vínculo, definitivamente não o reconheço. Ainda não me agrada.   —Se não tivéssemos nenhum ressentimento entre nós... Você gostaria?   —Sentiria-me atraída, mas não há forma de que eu quisesse algo permanente com você, ressentidamente ou sem ele.   —Que infernos está errado comigo? —Seus olhos piscaram, e o indício de incerteza que acabava de revelar foi afogado por uma quebra de onda de arrogância—. Sou forte, posso te proteger, e sou rico. E posso te jurar, moça, que uma vez que experimente o gosto de compartilhar minha cama, não quererá sair dela.
  Seus olhos brocaram os dela quando disse o último, e a seu pesar, toda sua confiança nessa área a afetou, forçando-a a perguntar-se que truques teria aprendido um imortal de doze séculos através dos anos.   Ela interiormente tremeu.   —MacRieve, quando eu assentar a cabeça com um macho, será com um que tenha... OH, não sei... Senso de humor, ou modéstia. Que tal que careça de um mordaz ódio para as bruxas? Possivelmente que tenha paixão pela vida? É muito pedir que tenha nascido no mesmo milênio?   —Algumas dessas coisas não podem ser trocadas, mas sabe que não sempre fui tão... Sério como sou agora.   —Isso não importa. Só somos muito diferentes. Necessito de um macho que se leve bem com minhas amigas, minhas amigas bruxas, que seja suficientemente normal para saber a diferença entre o rock emo e o pop jangle, e quem será capaz de superar todos os níveis do mundo de gelo de Zelda.   MacRieve sem dúvida especulava em que dimensão de gelo estava a misteriosa terra da Zelda. Finalmente disse:   —Essas diferenças são superáveis...   —E a diferença de idade? Continua falando de quão jovem sou, mas tudo o que você faz me recorda os anos que tem. De um momento a outro dir{ algo realmente estúpido como “Quando eu tinha sua idade...,” e não serei capaz de evitar rir de você.   Ele franziu o cenho diante isso, mas ainda assim adicionou:   —Mudarei suas idéias sobre mim. Arderá por mim.   —Em dois dias? Esse é seu plano? Esquece.   —Demônios, bruxa, nem sequer sente curiosidade de onde nos poderia levar isto?   —Não, mas tenho curiosidade por saber como pode afirmar isso quando despreza a minha espécie. Quão rápido foi me dizendo isso quando sugeri que trabalhássemos juntos no Hie! Nunca esquecerei sua repugnância. —Ele apertou a mandíbula?—. Por que nos despreza tanto?   Ele encolheu os ombros.   —Com bruxas nunca sabe o que pode acontecer. Todas são caras falsas e retorcidas.   —Mas com os Lykae, o que vê é o que há? OH, espera, esqueci totalmente à besta que vive em seu interior. E então com o tempo vê o que pode esperar, e é muito tarde, não é?   Ele estreitou seus olhos.   —Pertenço à espécie mais poderosa desta terra, ninguém é mais forte que os Lykae, e  treinei para a guerra ou as lutei toda minha vida. E você, com seu diminuto corpo e a total carência de treinamento, ainda pode me segurar pela garganta. Isso não é natural. As bruxas não são naturais.   —Isso não pode ser tudo.   —Isso é tudo do que se inteirará esta noite.   —Sabe o que? Jogarei. Se responder uma pergunta corretamente, eu poderia considerar a possibilidade de te dar uma oportunidade de me conquistar.   —Pergunta, moça.   —O que acontece se encontramos alguma forma de acabar todos os obstáculos entre nós e estamos juntos por alguns anos ou mais, e te dá outra oportunidade para retornar por sua companheira? Poderia haver outra chave. Recusaria-a se lhe oferecessem isso?   As emoções apareceram uma atrás de outra por seu rosto. Ele esfregou sua mão por sua nuca.   —Poderia mentir, mas não o farei. Usaria-a.   Os lábios dela se separaram.
  —Então por que demônios, desperdiçaria meu tempo e meus sentimentos quando você não faz o mesmo? —Ela ficou em pé, saltando longe dele—. Fim do jogo, MacRieve.   —Mas tem que entender o porquê. —De um puxão ficou em pé e a agarrou pelo cotovelo—. Teria acreditado que podia ser você.   —Não acredito que eu goste de ter uma alma pre-posuida. E, além disso, eu gosto de mim. Ao qual devo adicionar o tardio florescimento de meus poderes mágicos e meus registros legais autentificados, acredito que tenho um bonito engenho de merda. Entretanto você simplesmente me apagaria de tudo?   —Não seria apagada. Só seria diferente.   —E o que aconteceria com meus amigos e família? —Não Jillian a não ser a verdadeira família de Mari seria uma grande perda para ela—. E o que aconteceria a profecia da Esperada? Tenho responsabilidades.   —Teria outra família, outro destino...   —Se me reencarnei e a alma não estava disponível quando nasci, então eu não sou eu. Sabe que isso é certo. —Ela tremia por quanto dano estava fazendo esse bastardo com isso—. Só uma elucidação: A próxima vez que corteje a uma fêmea, tenta não divulgar o facilmente que apagaria toda sua existência com a volta de uma chave, para poder estar com outra mulher que preferiu sobre ela!
 
  Muito brilhante, MacRieve, pensou Bowe quando se encontrou olhando o teto da caverna. Gotas de água viajavam ao longo desta lutando contra a força da gravidade, antes de gotejar para baixo por uma estalactite. Suspirou. Não só não tinha avançado com ela, mas também tinha aprofundado seu ódio.   Estava acostumado a fazer o que agradava, e também que outros fizessem o que o agradava. Embora quando quis dirigir-se a ela uma vez mais, para explicar, o olhar em seus olhos  havia dito que estava a ponto de quebrar-se.   Bowe sabia que não devia ter respondido como o fez. Certamente, ela não veria a situação da mesma óptica que ele. Mas sua pergunta o tinha pegado completamente com a guarda baixa. Devia ter esperado algo do tipo, mas não o tinha esperado dela.   Só devia ter mentido. Depois que essa idéia surgiu, desprezou-a porque nunca desejava mentir a sua fêmea. Mas ela poderia não ser sua de maneira nenhuma, e agora estava muito longe de conseguir a maneira para achar a verdade.   Deu-lhe uma olhada, deitada do outro lado do fogo lhe dando as costas. Podia Mariketa ser realmente uma versão diferente de Mariah? Uma versão completamente diferente? Ou se estava agarrando à idéia da reencarnação porque isto o absolvia da culpa, pela morte de Mariah e por sua inegável luxúria por outra?   Elas duas não se pareciam em nada, salvo pelas orelhas. Mariah tinha sido alta e ágil e tão cheia de graça, que parecia flutuar quando caminhava. A pequena bruxa meneava sensualmente os quadris e cada passo que dava provocava que o sangue se precipitasse a sua virilha e se afastasse de seu cérebro. Pela trigésima vez esta noite, passou a palma da mão ao longo de seu eixo. Desejava observá-la caminhar nua até uma cama em que estivesse ele.   Disse a si mesmo que não estava comparando às duas fêmeas para determinar quem era melhor, e sim só explorar sua teoria da reencarnação.
  Infernos, nem sequer sabia o que faria com uma chave agora. Realmente voltaria se acreditasse que a bruxa alguma vez viveria?   Essa era a medula do assunto, porque se soubesse de algum feito que apagasse à bruxa, então poderia estar seguro de que compartilhava uma alma com Mariah. E com essa certeza, poderia ficar com a bruxa, inclusive se existisse uma chave, e não haveria culpa alguma.   Espera. Por que elegia tão rapidamente à bruxa em uma situação assim? Se podia ter tão facilmente Mariah, não a preferiria a ela? Mariah tinha sido o epítome da perfeição.   Embora pela primeira vez, admitiu Bowe, com dificuldade e relutância, talves não tinha sido perfeita... Para ele.   A maior parte de sua vida adulta, Bowe havia dito que só ela estava em sua mente, e malditas fossem as conseqüências. A vida era muito longa sem ela. Mas recordou que quando pronunciava até os mais suaves juramentos assustava Mariah, sem importar que ele e sua espécie tivessem usado essas palavras por milênios, muito antes que fossem mal consideradas.   Freqüentemente sentia que caminhava sobre cascas de ovo ao redor dela. Esforçou em mudar por ela, esperando transformar-se em um cavalheiro para ela. Embora simplesmente alguns desses traços fossem parte de sua natureza.   Desfrutava dos jogos de cama lascivos, e como todos os machos de sua raça, era agressivo na cama. Mas Mariah tinha sido uma princesa fey vivendo no século dezoito, pelo que havia possuído uma atitude sexual muito restritiva. Nunca tinha se excitado por Bowe, nunca o tinha desejado como ele a desejava. Bowe sabia disto, já que ela não tinha oculto esse fato. Com seus brilhantes olhos violetas, acariciava-o sob o queixo enquanto jurava que se encarregaria de domesticar sua natureza bestial.   Assim que ele se empenhou em ignorar seus baixos instintos porque ela teria se horrorizado e inclusive desacordado se ele tivesse agido guiado por eles. As palavras sexuais que tinha querido usar as sufocou. Os lugares nos que tinha desejado beijá-la foram expulsos de sua mente...   Nunca a tinha reclamado, e a única vez que a havia tocado entre as coxas, seu coração se afundou ao encontrá-la totalmente indiferente por seus cuidados. Tão fria como o gelo.   Mas quando tinha acariciado a Mariketa, tinha estado tenra e molhada, seu corpo preparado para recebê-lo. E a forma em que falou? Isso a excitou. Sabia que a automóvelcomplacente bruxa seria indulgente com algo que lhes desse satisfação. Na noite na tumba, se tivesse decidido provar seu sexo, ela teria gemido pela antecipação e teria aberto amplamente suas pernas.   Talvez não tivesse cozido o sangue com o poder essa noite, e sim com a paixão, uma paixão alimentada por ele. Bowe não tinha compreendido até agora que a carência de desejo por parte de Mariah tinha afetado sua confiança.   Imediatamente, envergonhou-se por seus pouco caridosos pensamentos para ela. Tinha sido uma moça doce, e tinha tido muito que oferecer a um macho.   Tinha sido uma aprazível fey de sangue real e de boa família, e seu casamento com ela teria causado uma valiosa aliança entre sua raça e a dela. A Elegante Mariah o tinha escolhido para que cuidasse dela. De todos seus pretendentes reais, e houve muitos, ela o tinha escolhido para casarse. Teria sido uma boa companheira e uma mãe afetuosa.   Franziu o cenho. Mas havia dito que não desejava ter filhos. Sem importar quanto tempo ele tinha esperado impacientemente por uma família.   Mas tampouco tinha sido uma condenada bruxa.   Bowe girou sobre um lado para evitar olhar a Mariketa. Esta confusão o atormentava tanto como a constante culpa, mas ao menos com a culpa ele sabia onde se encontrava.
  Ouviu que Mariketa se agitava e reconheceu que seu desejo por ela ressurgia uma vez mais. Ela girou sobre um lado, depois sobre o outro. OH, infernos sangrento, ela não dissimulava o roce desses sensíveis seios. Estava dolorida por algo que ele com muito gosto mataria por dar.   Apalpou seu pênis através de seu jeans outra vez, gemendo em atormentado fôlego. Centena e oitenta anos tinham passado desde que  havia sentido atraído por alguém. E a menos de três metros dele, um corpo estremecido pela luxúria na forma de uma fantasia deitava dolorido pelo toque de um macho.   Quanto mais poderia suportar?
 
  Super estimulação.   Estar a borda da imortalidade deixava um montão de coisas que desejar. Literalmente.   Mari não tinha tido um vibrador em sua bolsa por nada. Necessitava a liberação que três vezes por dia lhe proporcionava igual um doente a medicina necessária, também poderia ter tido uma prescrição para isso. E agora ansiava um orgasmo tão desesperadamente que por um instante pensou em usar MacRieve.   Como podia sequer sentir-se atraída por ele depois de sua admissão? Tentou ignorar a necessidade. Pensa em outras coisas.   Ela não pensaria em quão firmes eram seus lábios ou em quão dura tinha sido sua ereção quando esta  roçou contra sua bunda.   Perguntou se poderia resolver isto por si mesma, sem que ele escutasse. Duas rápidas carícias e estaria satisfeita. Ao menos por algumas horas. Talvez ele já estivesse dormido...   —Deuses, Mariketa, tenho que te tocar.   Não dormia.   —Vai para o diabo.   —Acha que não noto quanto necessita de um macho? Continua se esquecendo o que sou.   —Sei exatamente o que é. E do que é capaz.   Aproximou-se dela tão silenciosamente, que não se inteirou que se moveu até que esteve a seu lado.   —Me deixe te ajudar.   —Se aproxime mais, MacRieve, e te fixarei no teto e cacarejarei frente a sua face como a bruxa que sou.   Seus olhos deviam ter mostrado dor, porque ele estreitou os seus.   —Isto só piorará. Se realmente está passando pela transição, não posso imaginar como  deve se sentir.   Bastante condenadamente mau. E por mal queria dizer exitada. A necessidade era implacável, não podia imaginar como se acostumaria alguma vez a isto. Já era uma viciada no sexo ainda antes de estar a ponto de alcançar a imortalidade e uma eternidade de luxúria sobrehumana.   E para piorar as coisas não tinha tido sexo, em quatro anos. O momento de sua ruptura com o demônio Acton tinha sido lamentável, justo com a vinda dos anos da capa. Quando não havia uma porcaria de oportunidade de atrair outro amante.   Agora poderia desfrutar do sexo uma vez mais. Agora desejava que este Lykae a transasse.
  —Se não me permitirá te agradar, então dá prazer a si mesma. —Ela tinha começado a notar que quanto mais excitado ficava, mais pronunciado-se fazia seu acento.   —Possivelmente o faça... Se partir.   —Não posso te deixar, não aqui sozinha. Só faça-o. Ambos admitimos que não é tímida.   Estava tão perto que podia sentir o calor de seu corpo e cheirar sua poda essência masculina.   —Conheço seu jogo. Acha que me perderei tanto que quando estender uma mão, darei a boa-vinda a seu toque...   —Farei um juramento ao Lore que não te tocarei. Isto te dará o que necessita e a mim uma possibilidade para ganhar sua confiança. Não há nenhuma necessidade de que sofra só porque não confia em mim.   —E exatamente o que faria você?   —O mesmo.   —OH — respondeu ela estupidamente. A idéia de vê-lo manuseando sua grossa ereção até que gozasse fez que o pensamento racional abandonasse seu cérebro.   —Acredito que me poria de joelhos diante a idéia de vê-la masturber neste momento. — Seus dourados olhos eram tão intensos quando a olhou, como se no mundo não houvesse nada mais digno de ver—. Ou te devolveria o favor que me deu naquela noite. —Com voz enrouquecida, disse— Mariketa, pensa no bem que se sentirá.   Não podia afastar o olhar dos olhos dele, e inclusive sentiu assombro quando ela mesma apalpou com a mão a nata da frente de suas calcinhas.   As sobrancelhas dele se uniram.   —Ah, é uma boa moça — pigarreou ele.   Ela engoliu seco.   —Começa você.   Sua mão voou para sua própria bragilha. Quando começou a baixá-la, o som foi surpreendentemente estrepitoso na cova. Abriu-a lentamente como se não quisesse assustá-la pelo que estavam a ponto de fazer. A respiração dela se fez rápida uma vez que ele agarrou seu jeans.   Ela captou um movimento pela extremidade do olho afastando sua atenção. Uma grande arranha de cova avançava lentamente ao longo da perna dele, mas MacRieve estava tão absorto olhando-a que nem sequer a notou.   Ela ficou de joelhos, enquanto a alcançava. Ele deve ter acreditado que ela apontava a sua virilha porque assobiou um juramento, e suas mãos a puxou pela cintura. Depois de sustentar à aranha com três de seus dedos, a apresentou, mostrando-a MacRieve que  liberou bruscamente.   Quando ela voltou a ficar fora de seu alcance, recostou-se, e os olhos dele se estreitaram.   —Sentia terror por esse escorpião na tumba, mas não tem medo de uma aranha do mesmo tamanho?   —Não vou ter medo de coisas assim nunca mais, não depois de ter insetos avançando lentamente por toda parte... —Na mais completa escuridão, por semanas.   Os lábios dela se separaram. Que lembrança tão oportuna.   Um cubo de água fria vertida sobre sua cabeça não poderia havê-la despertado mais bruscamente desse sensual estupor. Seu tom ficou cortante quando disse:   —E na realidade, acredito que os íncubos trocaram minha sensata dieta de sangue por algo, assim estou acostumada. De qualquer modo como bruxa, segundo as crenças tenho uma conexão com todas as criaturas diabólicas.   A cara dele  mudou.
  —Quase me fez esquecer o porquê o chamam Bowen o Amargo. —Girou sobre seu flanco, longe dele—. Mas agora estarei em guarda.
 
  Mari despertou a manhã seguinte tão mal-humorada como um urso ao qual despertassem no inverno. Sentia-se incômoda em sua própria pele, exausta pelas surpreendentes demanda que o desejo insatisfeito plantava sobre seu corpo.   Esfregou os olhos sonolentos, explorou a cova, mas não viu o MacRieve. Foi-se, deixando fruta para ela, a qual contemplou com fúria. A fruta não era seu café da manhã básico. Não era uma bebedora de café, mas era uma comedora do Eggo, e não tinha tido um só gofre(doce feito de farinha e mel) em semanas.   Também tinha deixado uma muda de roupa para ela e tinha empacotado tudo exceto sua roupa de excursão e seus artigos de asseio. Agora pensava em vesti-la?   Uma coisa falhava no conjunto: uma capa. Pela primeira vez em anos, Mari começaria o dia sem uma capa ou o feitiço de encanto.   Estava preocupada com a predição? Realmente não. Suspeitava que poderia dirigir "o guerreiro imortal”. Sua estratégia? Lanç{-lo pelos ares.   De fato, não podia acreditar que tivesse tido tanto pavor a isso e portanto tempo, e tinha franzido o cenho ao recordar todos os dias na praia que tinha perdido e os encontros que tinha malogrado certamente porque os machos acreditavam que era uma horrível pequena troll coberta por metros de tecido escarlate.   Ontem à noite poderia ter reassumido seu feitiço de encanto, mas qual tivesse sido o ponto? O cavalo já estava fora do celeiro naquele assunto. Além disso, não tinha compreendido quão incômodo e exaustivo tinha sido para ela o feitiço de encanto até que se liberou dele, sentia-se como se houvesse se livrado de um parasita de cinco quilogramas.   Uma vez que  levantou e começou a mover-se, penteou o cabelo em duas tranças que lhe cobriam as orelhas, como não tinha tido que fazer durante anos. Então tirou o espelho compacto de seu nécessaire de artigos de asseio, mas não para comprovar seu cabelo ou assegurar-se que seus olhos não estavam inchados por chorar a última noite. Não, queria investigar até mais seu novo descobrimento.   Olhando meticulosamente ao espelho, tragou, depois sussurrou:   —Minha mãe diz que não devo passar... —Quando terminou de recitar toda a rima, seu próprio reflexo foi substituído pelo rosto com fulgurantes olhos e cabelo formado redemoinhos. Mari em realidade fazia conjuros, usando o poder adicional de outra casta. Por que... Era uma estranha captromancer!   Decidiu  perguntar o espelho algo que sempre desejou saber.   —O que significa a marca em minhas costas?   —Em uma língua morta, diz, Rainha dos Reflexos.   —Uma rainha? —Uma bruxa era considerada uma rainha de um elemento quando era mais poderosa nessa habilidade que qualquer outra bruxa. Mari nunca tinha conhecido uma antes.   —Qual é a advertência na rima? O que é o que não devo conhecer?   —Mostrarei isso. —A mão rompeu a superfície do espelho, o cristal se fez maleável para lhe permitir o passo, e a maçã foi apresentada adequadamente.
  Mari estudou a fulgurante maçã, de repente sua boca começou a salivar por ela como se fosse um gofre. Sacudiu a cabeça com força.   —Não, por que não só me diz isso?   —Todas suas perguntas podem ser respondidas se vier comigo.   —Bem, se sabe tanto, então me diga por que Nïx me deu a rima em vez da Elianna. Ou Jillian.   —Agarra minha mão.   —Só responde todas as perguntas de uma vez, não é? —Mari estreitou os olhos diante a compreensão—. E como todo clássico e irritante oráculo, poucas vezes me outorgará uma extrapolação ou certeza.   O reflexo sorriu maliciosamente. Genial. Um cristal mágico problemático. Mari começou a suspeitar que este reflexo ia demonstrar parecer-se com essas pequenas notas  que colava ao computador, que ao princípio são de ajuda, mas ao cabo de um momento só deseja que deixem de existir.   Em qualquer caso, Mari tinha suas próprias suspeitas do por que tinha sido Nïx quem  entregasse a carta. As Valquírias se voltavam mais fortes quando envelheciam, e alguns no Lore tinham começado a sussurrar que Nïx era o suficientemente poderosa para afetar o resultado de um Accession. Nïx incluso tinha mencionado este sucesso na carta.   Mari disse ao reflexo:   —Se isso for tudo o que tem que dizer, darei por concluída a sessão.   —Não esqueça a maçã.   Quando Mari a aceitou, resmungou para si mesma.   —Não esqueça a maçã, bla, bla, bla. —Consciente de que se estava rindo de sua própria voz.   Embora a ansiasse, estava nervosa, extremamente tentada a dar uma dentada, mas temendo seus efeitos.   Nos contos de fadas, os quais quase sempre eram verdadeiros, as bruxas malvadas ofereciam maçãs devido a propósitos sinistros. Mas as maçãs eram consideram sagradas por todas as bruxas como símbolos de conhecimento e premonição. Não havia mais raciocine para considerar que era maléfica tanto como para pensar que era boa.   Segurando-a com ambas as mãos, deu uma olhada a todos os lados inquieta. Talvez não deveria estar sozinha em uma tenebrosa cova a primeira vez que fizesse este salto de fé. Sim, provaria-a... Mais tarde. Decidida, deslizou-a dentro de seu saco de excursão.   Quando saiu da cova, encontrou que a névoa da manhã era espessa, no alto o nublado céu. Piscou e baixou o rosto, a decepção caiu sobre ela ao não haver sol que pudesse sentir. Os vampiros tinham mais sol do que ela tinha tido nos últimos vinte e um dias.   E provavelmente não conseguiria nada parecido nas seguintes horas. No adestramento para esta viagem, tinha lido sobre as selvas da zona e tinha aprendido que só uma pequena percentagem de luz do sol transpassava a canopia da selva tropical até o chão. Para captar a luz, a maior parte das árvores eram altas, esbeltas e magras com densa folhagem no alto. O qual para o ambiente estranho, apesar de ser ainda mais sombrio, o bosque se estendia como um depósito com intermitentes pilares que sustentavam o teto.   Viu que todos outros estavam reunidos nas cercanias, embora MacRieve se mantivesse a distancia a um lado. Todos os olhos caíram sobre ela, com o Cade concentrado em seu pescoço. Nervosa por seu escrutínio, quase desejou que escapasse um “Não fizemos nada!”   Pelo contrário  girou para o Rydstrom e perguntou de forma casual:   —Ey, chefe, qual é o plano?
  MacRieve chiou:   —Quem  fez ele... Chefe?   —Rydstrom é como um rei. —Ela o olhou de acima a abaixo—. E você... Não.   —Sou o terceiro na linha... —acalmou-se ao advertir o olhar divertido de Rydstrom.   Rydstrom respondeu a ela:   —vamos ter que nos esforçar muito para conseguir entrar em Belize antes de sua convocatória. Mas nos avise se precisa descansar. —Quando ela assentiu, ele continuou—: Cade fique onde está. Eu tomarei à dianteira, as fêmeas permanecerão entre os machos. —A MacRieve disse— Cuida da retaguarda.   Ela sabia que os olhos do Lykae estavam sobre seu trazeiro quando a rouca voz dele ressonou:   —Qualquer dia da semana.   Então MacRieve  parou bem atrás dela, os dedos de seu pé tocavam os calcanhares dela, como se estivesse tomando muito seriamente seu trabalho.   —Se necessitar ajuda para escalar, eu te ajudarei. Evita que alguma coisa te toque, mutável ou inanimado. Não puxe as lianas, jamais, e tenta pisar exatamente onde outros o tenham feito. Deixa que eles se arrisquem. Há serpentes nesta floresta, algumas saem fora de sua guarida para atacar. A Fer-de-lance é uma delas.   Ela tinha lido bastante em sua investigação para saber que esta fer-de-lance era igual a mau.   —E não beba nenhuma água que não tenha sido fervida. Tenho um cantil na mochila que foi processada para você. Simplesmente me diga se precisa beber.   —Está  explicando coisas que não são ilógicas? —perguntou ela, colocando zangada a mochila   Tierney riu quando terminou de comer um plátano e rapidamente cortou o outro.   —Parece que o homem lobo não teve sorte ontem à noite, huh, escocês? —disse entre dentadas, parecia inclinado a recuperar em uma manhã todo o peso que tinha perdido.   Recordado que MacRieve preferia a outra versão dela, Mari deu uma risada muito agradável sobre seu ombro.   —Perdeu a série inteira. Toda a bandeirola estava... Quebrada.   Cade outorgou a ela um sorriso cúmplice antes de começar a caminhar.   —Observa seus passos, bruxinha — pigarreou MacRieve em seu ouvido, seu temperamento obviamente ondulava—. Nem sequer mostrei meu jogo ainda.        Bowe estava no limite depois de um quilômetro e meio de viagem.   Tantas coisas podiam feri-la. Enquanto brincavam de proteger a mortal, parecia que tudo ali conspirava em  contrário. Má água, serpentes, alguma rã poderia ricochetear sobre ela.   Sentia como se estivesse levando o mais delicado cristal por uma zona de guerra.   —Então planejava me vestir depois de tudo? —perguntou ela uma vez que deixaram atrás uma desafiante elevação.   —Planejei empacotar o mais cedo possível esta manhã, assim poderia dormir um pouco mais. —Baixou a voz—. Ou terminar de fazer o que não fez ontem à noite. —sentia-se assombrado por mostrar-se tão desinteressado nesse assunto. O desejo insatisfeito dela a fazia mais propensa a entrar em uma cama com ele, mas ainda assim, não podia estar em pé diante a idéia do sofrimento dela—. Tentava ser considerado. Embora tenha pouca experiência nisso.   —Não falo disso com você. Simplesmente não o faço.   —Posso sentir sua necessidade tão forte como a minha.
  —Talvez tenha essas necessidades, isso não significa que você seja a quem escolherei para me ajudar a solucioná-lo. —Seu olhar foi à deriva até o Cade, quem avidamente tomava água.   Com voz baixa e ardente, Bowe disse:   —Se sequer considere pôr um olho de apreciação uma vez mais, Mariketa, conseguirá que esse demônio morra. Tudo o que ele quer é “tent{-lo” com você. Compreende o que significa isso?   —De fato, compreendo muito bem o que significa. É o anseia, sabe. Um de meus namorados foi um demônio.   —Namorados? —Franziu o cenho—. Quererá dizer amantes. Quantos fodidos amantes teve? —parou—. É fácil com você mesma, então? Com outros machos? Porque isso se acabará...   —O que acreditava? —perguntou sobre seu ombro—. O que era uma virgem?   —Só tem vinte e três anos — disse ele, soando bastante indisposto, inclusive para ser ele—. Tento não pensar em nenhum macho antes que eu. Mas se não é inocente, então esperava que só tivesse sido uma vez, na escuridão, com um torpe humano que foi tão inepto que teve que sufocar um bocejo ou lutar contra as gargalhadas.   Ela  encolheu ou ombros.   —Estou segura de que o número de entalhes nos pilares de minha cama não pode comparar-se com as suas.   —Aye, mas tenho mil e duzentos anos! Inclusive se tivesse tido uma fêmea ao ano, compreenderia o porquê da acumulação.   —Bem, sou jovem. —Imediatamente em que ele sentiu um brilho de tranqüilidade, ela murmurou com uma voz sensual— Mas, carinho, estive ocupada.   Os punhos dele se apertaram com força.   —Ciumento?   Provavelmente não acreditou que ele o admitiria, mas com voz fica, disse:   —Aye, invejo todos os homens que puseram suas mãos sobre você —Ela o olhou enigmaticamente, estudando sua expressão—. Agora, se adivinho o número dos que teve em sua cama, dirá-me se tiver acertado.   Ela a toda pressa olhou para frente uma vez mais.   —Não jogo. Deixe-me em paz.   Ele estreitou os olhos.   —Um. Teve um. —Os ombros dela ficaram rígidos de maneira apenas perceptível, e ele quis deprimir-se pelo alívio.   —Por que afirma isso? —perguntou ela em um tom despreocupado.   —Porque qualquer macho digno de você mataria um rival que tentasse te afastar dele. Suponho que o demônio foi o primeiro e o último. E como conseguiu que te deixasse ir, então?   —O que acontece se digo que ainda saio com ele?   Bowe negou com a cabeça.   —Isso não é certo considerando a forma em que esteve comigo naquela primeira noite. Além disso, se te permitiu entrar no Hie sem estar ali para te proteger, então não te merece. Quando retornarmos, o primeiro que farei será matá-lo.
 
  Quanto mais entravam, tudo se via mais como algo da Terra Antes do Tempo para  Mari.
  Algo crescendo sobre os troncos das árvores os fazia parecer peludos, e horripilantes, na névoa. Os esquilos que espionou não eram cinza, e sim vermelhos, e muitas das folhas nos matagais eram maiores que ela.   Embora a maioria das grandes e magras árvores tinham as raízes fora, em cima do chão, assemelhando-se às veias que na realidade eram, o tronco da árvore ceiba era gigantesco, suas raízes eram tão altas e tão grosas como seu escritório no Andoain...   —Se agache. —MacRieve se estendeu sobre ela com seu facão para cortar um ramo que sobressaía. Ele prosseguiu tirando mais galhos, embora os outros já o tinham feito diante dela, até que teve o dobro do espaço que necessitava.   —Meus quadris são mais largos do que imaginava?    —Não quero um animal perto de você. Há mais perigo aqui do que se dá conta.    Naquele momento, macacos uivadores rugiram da canopia  sobre eles, assustando-a.   —Seus quadris, que conste, são perfeitos.    Ela experimentou uma pequena — na verdade insignificante—, emoção diante seu elogio, assim como um impulso de menear os quadris para ele. Então despertou ao inferno outra vez e se concentrou em orientar-se pela selva.   Havia árvores caídas onde as correntes erodiam o chão, assim como nas áreas junto aos bancos de areia, os troncos estavam amontoados uns sobre outros, como troncos de Lincoln. A floresta oportunista crescia aonde caíam os raios do sol, uma explosão de brotos no chão que eram exterminados a machadadas.   Gradualmente, ela e MacRieve se distanciaram de outros, Rydstrom lutava denodadamente com  Tera atrás dele, Cade explorava o atalho diante, e Tierney desaparecia repetidamente para procurar mais alimento. Isto parecia satisfazer MacRieve que aproveitava cada desculpa para tocála, secando uma gota de suor da bochecha ou tirando uma folha de seu cabelo.   Inclusive frente a outra pilha de troncos, MacRieve simplesmente a carregou e a levou. Logo mais tarde, fez-o outra vez em um riacho, e uma vez mais ante um pomposo montão de troncos. Sobre ou baixo e através dos bosques.   Por cima, por debaixo, em cima... Debaixo... Em uma ocasião, sentou-a sobre um alto tronco, colocando-os cara a cara.    —Que possibilidades tenho de te roubar um beijo agora mesmo? —Sua branca camisa estava meio desabotoada e o suor cobria seu fornido peito. Depois da noite passada, ela sabia quão impressionante era todo seu corpo, cada centímetro deste.   Ainda assim ela respondeu:    —Absolutamente nenhuma. Não quero que me beije.    —Acredito que quer um pouco. —Ele acariciou uma úmida mecha sobre sua testa, então suavemente retirou sua mão antes que ela pudesse apartá-lo.   —Tudo o que quero é chegar a casa, voltar para minha vida livre-de-lykaes. Agora me desça.    —Não o farei. Não sem um beijo em troca. —Ele estava mais perto como se ela fosse um assustadiço animal ao qual não desejava afugentar. E embora ela temesse perder o tênue controle de seus super estimulados sentidos, ainda sentia tentada a fechar os olhos e aceitar seus lábios sobre os seus.   —Assim, moça — disse com voz rouca, tocando cuidadosamente um lado de sua face com sua mão grande.   No segundo último, Mari colocou a mão em sua mochila e sacou de um puxão sua maçã, colocando-a entre eles.   Bowe abriu desmesuradamente os olhos para depois estreitá-los.
  —Não se atreva — disse ele.   Assim, naturalmente, ela o fez. Uma vez que ela deu uma vigorosa dentada, ele parecia como se estivesse controlando um calafrio e deixou cair a mão.   Enquanto mastigava, ela disse:    —Mas acreditava que desejava que o fizesse.   Rigidamente a baixou, volteou-se afastando-se dela e continuou sua marcha, deixando-a só enquanto ela revirava os olhos diante a suculenta dentada. Era como se tivesse comido uma super maçã, mais rangente, mais saborosa e mais suculenta que outra antes. Inclusive se sentiu com mais energia. Assim que terminou de devorá-la, ansiou outra e se perguntou quando poderia reunir-se com o reflexo outra vez.   Quando atirou o coração da maçã, MacRieve olhou para trás dando uma olhada. Uma mecha de seu grosso cabelo negro caía sobre um de seus olhos, o que fez que ela desejasse suspirar. Infelizmente, Mari realmente se encontrou desejando que a beijasse. Depois de tudo, sua atração por volta dele ardia tão quente como sempre. Embora MacRieve fosse terrivelmente atraente, ela não ia perdoar todas as coisas odiosas que havia dito ontem à noite.    Sobre tudo não porque ele tirasse alguma folhagem de seu caminho.   Ele tinha admitido que estaria disposto a esquecê-la, e retornar por alguma perfeita princesa fey. Se havia uma coisa que Mari não tolerava, era ser desprezada. E que continuassem fazendo-o.   E por que deve me afetar? Perguntou-se assim mesma por milésima vez.   Seus dois pais tinham encontrado outras coisas que fazer em vez de criá-la. Não é que ela tivesse sido uma filha demandante. Infernos, se seu pai não tivesse morrido poderia ter voltado em qualquer momento e ela tivesse perdoado o passado. Poderia ter aparecido em seu aniversario de  quinze anos  com algum  presente de ausente-papá-involuntario, como um jogo de chá ou um forno de Barbie. Mari teria estado tão agradecida que teria suportado conseguir um manual para principiantes de como cozinhar tortas com uma lâmpada.   Embora não tinha retornado, não tinha perguntado por ela. Nem uma vez. Era como se tivesse desaparecido da face da terra. Um dia tinha um pai; ao dia seguinte não.   Mas a deserção de Jillian tinha feito mais mal. Se as coisas tivessem sido nefastas entre  Mari e ela, então seu abandono não houvesse sido tão devastador. Só que a vida com ela tinha sido maravilhosa.   Recordava a sua mãe com os olhos enfaixados, rindo na praia, os braços abertos, enquanto tentava apanhar Mari, que gritava rindo.    —Onde está minha pequena bruxa? —tinha gorjeado ela, com seu cabelo vermelho brilhando como fogo ao sol. Quando Mari tinha deixado que Jillian a apanhasse, ela a tinha levantado balançando-a, e depois ambas caíram na areia entre risadas.   Elianna tinha explicado que seus pais eram, ou tinham sido, pessoas importantes, e que eles tinham, ou tinham tido, Coisas Importantes que fazer...   Acton, o primeiro amor de Mari, também se desfez dela. Durante anos, o jovem demônio foi seu namorado. Tinha-lhe feito a corte quando ambos tinham quatorze anos, tinha-a tomado aos dezesseis, e depois ela o tinha tomado a ele em cada oportunidade que teve durante os seguintes três anos.   Tinha sido feliz com ele até que a desprezou por uma alta e esbelta ninfa com uma cascata de douradas mechas. Bem, tecnicamente não a desprezou. Porque os demônios de tormenta não tinham uma única demônia predestinada, freqüentemente mantinham haréns, e ele ainda desejava uma relação com Mari assim como com a ninfa. Era bastante mau, mas também estava claro para  Mari que teria formado parte da equipe B se tivesse ficado no jogo.
  Certamente não o fez, mas perdê-lo tinha doído muito e por muito tempo. Foi seu primeiro amor e romper com ele quase a tinha matado.   Parecia que Mari sempre a relegavam à equipe do B. Era esse seu destino?   Fulminou MacRieve com o olhar. Apostava dez a uma que sua princesa fey era loira e alta.   E se simplesmente o Lykae não preferia outra mulher sobre Mari, era porque pensava que era outra versão dela.   Como se estivesse lendo a mente, MacRieve disse:    —Sigo pensando na pergunta que me fez ontem à noite.   —Ah, eu também — disse ela intencionalmente, sua raiva ardia a fogo lento. O homem lobo não tinha nem idéia que caminhava ao redor de uma armadilha de mola faminta por sua pata.   —E no que estava pensando, então?    —Não, não, você primeiro. —Quando ele vacilou, ela acrescentou— Insisto.    —Não acredito que responda o mesmo — disse ele quedamente—. Quanto mais estou ao seu redor, mais eu... Melhor me parece, inclusive para ser uma bruxa.    Bem, Lykae, derrete-me o coração.    —Agora me diga o que ia dizer.    Ela encontrou seus olhos.    —Pensava que se não chegasse a uma conclusão diferente, obrigaria-me a me proteger.    Ele vacilou, claramente não era a resposta que ele tinha esperado.   —É um simples tema de instinto de conservação, MacRieve. Se essa reencarnação possivelmente pudesse ter ocorrido, então não há nenhuma forma em que te permita voltar e me apagar. Destruirei você primeiro.    —Poderia fazê-lo? Não pôde me matar ontem.    —Não era sua intenção me apagar ontem. —Ela o olhou ameaçadora, sentindo-se muito bruxa—. Além disso, já tinha matado minha cota do dia.
 
  —Sempre me perguntei que acontece atrás das portas dos aquelarres —disse Cade  Mari quando retornou do reconhecimento de vários quilômetros adiante.    —Eu realmente não posso falar por todos os aquelarres, mas o meu não vale muito. Muito vício de telenovelas e internet. —supunha-se que elas as dirigia à grandeza, mas Mari também gostava das telenovelas—. Imaginou a um montão de velhas mulheres cacarejando sobre um caldeirão?    Ele levantou as sobrancelhas.   —Sim.    —Se alguém comentasse o do caldeirão, riríamo-nos divertidas e nos burlaríamos deles por ser da “velha escola” durante meses. E raramente se vêem anciãs encanecidas porque as maiorias das bruxas usam encantamentos de algum tipo.    Ela advertiu que MacRieve parecia estar escutando atentamente. Inclusive Rydstrom e os arqueiros pareciam interessados neste tema.    —Realmente cantam feitiços e fazem sacrifícios de sangue? —perguntou Cade.    —Cantamos feitiços quando são novos, mas chegam a ser rapidamente segundas naturezas. É como que você não diria a si mesmo “vou | cozinha, e ali ferverei {gua para o ch{”. Somente o faz. Mas se fosse a primeira vez que andasse em uma cozinha ou tomado chá, talvez falaria enquanto o faz.   —E os sacrifícios de sangue? —incitou MacRieve.    Mari olhou ao redor para todos.    —Vocês meninos realmente querem que fale da bruxaria?    —Sim — disse Cade apressadamente, enquanto MacRieve grasnava:   —Aye.    MacRieve, em particular, parecia absorvido por tudo o que ela estava explicando. Podia fingir realmente um interesse como este?    —Bem, algumas bruxas ainda fazem a coisa do sangue. Mas em nosso aquelarre, nós o olhamos como isto; abandonar o que é apreciado e pessoal é um sacrifício. Nos velhos tempos era um cordeiro ou um frango porque abandonar alimento seria um grande sacrifício. Mas agora... Se queria chamar o altar do Hekate, eu poderia abandonar meu iPod e sentir o aguilhão.   —O que estava esperando fazer? —perguntou Tera.    —Não tenho a menor idéia — respondeu—. Ninguém a tem, não há nada mais que especulação.   —Possivelmente se supunha que tinha que destruir essa tumba.    MacRieve deu uma risada sem senso de humor.    —Pensa que isso é tudo o que a bruxa tem nela? Não esteve no final da recepção de seus poderes como estive eu.   Mari estava assustada, tinha estado pensando a mesma coisa. Não tinha querido golpear o ponto culminante de sua vida aos vinte e três.   —Que inimigos têm as bruxas que você poderia vencer? —perguntou Tierney, arrancando a carne de um coco aberto. Exatamente quão longe tinha deslocado ele para a costa para alcançar uma palmeira?    Ela respondeu:   —Há alguns magos que se transformam em renegados, um bruxo que quer assassinar a bruxas grávidas...   —Se você for ser a bruxa maior — interrompeu MacRieve—, então foi posta aqui para lutar contra o mal maior. O destino não dispara suas balas por nada.    —Isso não é possível —disse ela—. Nenhum mortal nem nenhum imortal pode derrotar nosso maior inimigo.   —por que não?   —Porque ela é uma deusa. —Mari bebeu com vontade a água processada, depois enxaguou a boca no ombro—. Ou o era. Seu nome é Häxa, rainha das Caras Falsas.   —Qual é seu dano? —perguntou Tera.    —Outra vez, querem realmente ouvir isto?    O "Aye" de MacRieve apagou o “Sim” de Cade.   —Bem, então —disse lentamente—. No princípio do Wiccae, havia três bruxas deusas, irmãs. Gela era tudo de bom, Häxa era tudo de mau, e Hekate era ambos.   —Mas disse que suas conchas ao Hekate, não é? —disse Tierney, enquanto mastigava—. Isso significa que venera uma deusa que era parte malvada.   —Ela era um equilíbrio do bem e do mal. Acreditam que tudo é um equilíbrio. Tudo bom é mau. O universo não pode dirigir toda a criação sem destruição.    —Todo sol faz um deserto — ofereceu Cade, e quando ela sorriu e disse “Exatamente" MacRieve disparo a Cade um olhar mortal.
  —Quando Häxa seguiu crescendo mais forte, Hekate e Gela ataram seus poderes — fazendo-a imortal em vez de deusa.    —Por que não só a mataram? —perguntou MacRieve. Naturalmente, esse seria seu primeiro instinto.    —Não podem. As três são bruxas na alma, e é impossível que uma de nossa espécie mate a um membro de sua própria família. E outros falharam em eliminá-la porque Häxa é ainda muito poderosa; alimenta-se da miséria, semeando-a em outros, depois colhendo-a. Se murmurava também que mantinha seres vivos em sua guarida, congelados em angústia eterna, alimentandose de sua miséria para sempre.    —A que se parece ela? —perguntou MacRieve rapidamente.   —Pode assumir a forma de qualquer coisa, vivo ou morto. Ninguém conhece sua verdadeira face. Ela poderia ser qualquer um de nós... —Mari fez sua voz teatralmente sinistra—, e nós nunca saberíamos.    —Como escolhe  as suas vítimas? —perguntou MacRieve impacientemente.    —Não há pauta discernível. Golpeará contra um déspota tão facilmente como contra um granjeiro inocente.    MacRieve pareceu refletir esta resposta durante compridos momentos, depois disse:   —É verdade que as bruxas não curam a outros sem pagamento?   Deveria ter sabido que MacRieve cortaria diretamente o coração do por que as bruxas nunca poderiam ganhar o respeito das outras raças do Lore. Tragou, então admitiu:   —Em sua maior parte, é... Verdade. —Como se esperava, todos ficaram silenciosos—. Mas tem que compreender por que.    MacRieve levantou as sobrancelhas como se não pudesse esperar para ouvir isso.   —Faz mil anos, as bruxas se deram livremente, uma e outra vez, mas ao final sempre fomos perseguidas por isso. Meus antepassados concluíram que nossa espécie necessitava a proteção e a influência que o dinheiro podia comprar. A última linha é que as bruxas que vivem em mansões e têm a orelha de reis não são queimadas até a morte tão freqüentemente como as que vivem em barracões na borda do bosque.    A expressão de MacRieve era inescrutável, e ela não podia conseguir a sensação do que os outros estavam pensando tampouco. Deveria tentar convencer os da situação premente das bruxas? Indicar que nenhuma outra facção no Lore era perseguida como elas tinham sido?    A oportunidade se perdeu quando a floresta se espessou outra vez. A conversa chegou a ser difícil, o que a deixava livre para experimentar mais com o espelho.    Abriu a caixa de pó no bolso de suas calças largas. Somente tocando o vidro parecia lhe dar concentração. Mari tinha aprendido fazia muito todos os feitiços que esperavam dela, mas nunca tinha podido usá-los. Poderia agora, com a ajuda de um instrumento enfocá-los?   Quando esfregou lentamente o polegar em círculos no vidro, a magia se elevou em sua mão, mas agora se sentia centrada, concentrada. O espelho fazia de fato condutor de seus poderes, dirigindo-os, quase como um cabo de tira de terra para a eletricidade.    Enquanto desfrutava deste vertiginoso controle, decidiu provar uns poucos feitiços no homem lobo — porque seria uma boa prática, e boa prática significava diversão para ela.    Fez que uma raiz subisse diretamente diante dos pés. Quando ele tropeçou, ela curvou os lábios, mordendo uma risada.    Magia... Bem.   Durante a seguinte hora, sempre que as botas se desatavam a tempo para que os cordões reunissem formigas, ou os ramos o golpeavam através da face, ou mal esquivava excrementos de pássaro e macacos, ele sempre a olhava com olhos entrecerrados de suspeita. Ela dava uma olhada casual com uma expressão do “Que...?”   Mas ele não havia dito nada, e quanto a ela, bem, poderia fazer isto todo o dia...   Com a extremidade do olho divisou um movimento. O que parecia uma videira de repente se desenrolou do chão e voou para ela. Com um grito, tentou um pulso de energia para desviá-la. Mas MacRieve já tinha agarrado à serpente; sua magia o agarrou e o enviou voando, seu corpo se chocou contra a floresta, atirando as árvores em seu caminho.   Depois de que aterrissar a trinta metros e atirando enojadamente à serpente, ficou em pé carregando para ela, os olhos azuis gelados com fúria.    —Maldição, bruxa, outra vez não!
 
  —Foi um acidente! —gritou a bruxa, e talvez fosse verdade, mas Bowe estava além de que se importasse.   —Toda a manhã brincou comigo, não é? —Espreitou-a, permitindo ver um bom vislumbre da besta interior.   Depois de tragar fortemente e recuar vários passos, ela pareceu forçar-se a manter-se firme.    Bowe ficou sem fala de que não se encolhesse. Vampiros endurecidos na batalha recuavam diante a face da forma de lobo de um Lykae, mas ela tinha plantado as botas, e não se moveu.    Levantou inclusive o queixo.    Cade tinha começado a apressar-se para baixo do aterro para protegê-la. A idéia fez que Bowe retraísse os lábios de suas presas. Pensando sem dúvida que sua renovada fúria era para ela, empurrou a magia a suas mãos.   Levantando ambas as palmas resplandecentes, ela o atraiu meneando os dedos.   —Vamos, então. Irei por outra série. Embora por agora inclusive uma ameba tivesse aprendido a não ferrar-me.   Todos ficaram imóveis, silenciosos. Então Cade começou a baixar  por ela, redobrando sua velocidade.    —Não, Cade, tenho — disse uniformemente, sem afastar nunca o olhar do Bowe.    Enquanto isso, Bowe tinha jogado sutilmente a cabeça atrás, sentindo como se acabasse de ter sido apresentado a uma espécie de criatura que nunca tinha visto. Então captou o olhar de diversão de Rydstrom —o demônio adorava obviamente isto— e ele se encontrou... Sorrindo.    —A gatinha é rápida em tirar as garras, não é?   Rydstrom sacudiu com pesar a cabeça para Bowe, como se lamentasse seu falecimento inevitável e iminente, então todos, inclusive um resistente Cade, moveram-se outra vez.    Enquanto Bowe passava a Mariketa, inclinou-se mais perto. Sem incomodar-se em ocultar sua surpresa, murmurou a ela:   —E maldição se ela não me afundou isso.   O olhar dos olhos cinza era receoso. Ele notou que ela mantinha as palmas acesas durante um tempo depois de que continuassem.    Ainda depois dessa exposição patente de magia, sentia-se tão orgulhoso de que ela tivesse mantido seu terreno que queria parar-se e assinalá-la como sua fêmea. Esta é minha moça. Minha. Mas o coração também trovejava porque se dava conta de que no calor da lua cheia, quando se transformasse completamente, possivelmente não fugisse dele. Ainda pensava escapar dela nesta lua cheia, mas para o futuro...    A excitação ardia dentro dele, e se encontrou cercando-a e  dizendo:   —É formosa quando está a ponto de golpear.    —Você saberia.   —Vêem, então, embainha as garras, gatinha. E seremos amigos uma vez mais.   —Não somos amigos para começar!    —Está se esquentando por mim. Posso dizê-lo.   —Verdade. Atiro os tipos nos que as prego. E não se atreva a me chamar gatinha outra vez!   —Parece uma com as orelhas pequenininhas e bicudas.   —terminou?    —Não posso dizê-lo. —calou um momento, depois adicionou— Acredito que é uma das moças mais valentes que jamais vi. Embora não me importa que use sua magia contra mim tão facilmente. Desfruta disso?    Ela pareceu refletir por um momento, então levantou as sobrancelhas.   —Faço. Além disso, penso que necessita que alguém te ameace de vez em quando. Para recordar ao grande e poderoso Lykae que não é tão imbatível.    —Sim, sou. —Pegou sua mão na dele—. Te aponta.   Ela se soltou.   —Não faço trabalhos de temporário. E isso é tudo o que oferece.   Realmente, ele tinha estado reavaliando essa postura toda a manhã...    No caminho, ela nunca se queixou, nenhuma só vez, nem tinha pedido que fossem mais devagar, embora pudesse ver que se estava esforçando muito por manter o ritmo dos imortais inesgotáveis. Ela obviamente apreciava que estas pessoas a ajudassem quando não tinham porque fazê-lo.   Além de ter um coração bravo, fazia amigos com facilidade, com fortes laços. E parecia olhar com assombro e curiosidade. Tinha advertido que ela desejaria parar várias vezes para investigar alguma que outra vista intrigante. Tinha sido só duas vezes, sem nenhuma pressa, que a tinha seguido pacientemente enquanto ela explorava. Sabia que alguns de seus assombros eram devido a sua jovem idade, mas acreditava que ela nunca os perderia completamente.    Hoje tinha aprendido que não oferecia sacrifícios de sangue em um altar — sempre um detalhe gratificante que aprender a respeito de uma potencial companheira.    Por não mencionar que a bruxa parecia como se tivesse sido arrancada da maioria de suas fantasias febris sobre uma mulher. Inferno, ela era um despertar de um sonho molhado.    Como se ilustrasse seus pensamentos nesse momento, ela parou para afastar o cabelo e massagear o pescoço. Cada vez que fazia isto, ele se esticava de antemão, esfregando a palma sobre a boca, sabendo que estava a ponto de levantar sua camisa para enxaguar o suor da testa. Uma vez mais o fez, lhe mostrando a delicada marca de suas costas. Bem debaixo dela, divisou a borda de suas calcinhas negras de seda, as quais eram  bastante visíveis para que soubesse que levava tanga, inclusive se ele não a tivesse escolhido esta manhã.    E com essa insinuação excitante à vista veio uma compreensão inoportuna. Ele ia atravessar o país da Guatemala com uma furiosa ereção todo o caminho.   A menos que pudesse conseguir que ela o aliviasse.   Quando começaram a subir um local especialmente escarpado, e ela pareceu estar desfalecendo, ele decidiu pegar no trazeiro e levantá-la. Justo enquanto se estirava para ela, esta disse:   —Uma boa maneira de perder uma pata, MacRieve. 
  Ele sorriu.    —Tenho-o feito e não o recomendo.   —Então trata de mantê-las para si mesmo.   Uma vez que chegaram acima, encontraram um pitoresco quenion. Um rio lento desembocava em umas cascatas sobre uns terraços de pedra calcária. A água era azul e limpa.   Mariketa ofegou diante a vista, depois  girou para Rydstrom.    —Podemos parar aqui?    Ele sacudiu a cabeça.   —Precisamos seguir. Ainda tem que fazer essa chamada a tempo.    Ela parecia tão abatida, dando um olhar à escura selva por onde tinham emergido que Bowe se encontrou dizendo a Rydstrom:   —Preciso ferver água para ela para o resto do dia de qualquer modo. —Inspecionou a área mas não encontrou madeira seca, nem chão seco quanto a isso. Teria que voltar abaixo para bosque. Esquadrinhou  o Cade, e quando Bowe não o farejou nem viu ele nem Tierney, disse a Mariketa—Tem tanto tempo aqui como o que tome te preparar a água.   Ela sorriu brilhantemente — o primeiro sorriso verdadeiro que  tinha dado.   OH, maldição. Tinha um sorriso encantador. Sim, nenhuma merda.   Então ela  precipitou à borda da água, levantando a face ao sol. Durante três semanas não havia sentido essa luz. Por causa dele. Tentando sacudir de seu lamento, ele se aproximou de Tera.    —Vou secar o chão para fazer um fogo, e... Pediria que mantenha um olho na Mariketa.   —Farei-o, mas não como um favor a você — respondeu Tera secamente. Bowe tinha advertido que os arqueiros não estavam tão coléricos com ele desde que tinham ouvido que não tinha querido apanhá-los tanto tempo. Mas não estavam ansiosos de serem companheiros de um Lykae tampouco.   Ele deixou cair sua mochila.   —Sua toalha e pertences estão aí dentro se por acaso necessita algo. —Então baixou sua voz—. Mas não permita que a bruxa vá a nenhum lugar mais. Deixe a na água. E não a deixe tocar nada. Provavelmente ficará curiosa a respeito de algo e se afastasse, assim não afaste seus olhos...   —Lykae, basta! Não permitirei que morra durante o tempo que leva ferver água, certo?         Mari quase tremeu pelo entusiasmo. Este lugar era... O Éden.    Flores tão grandes como pratos tomavam o sol. As pétalas escarlates e amarelas eram tão brilhantes e perfeitas, que pareciam falsas. As piscinas pouco profundas caíam em quebradas suavemente para baixo, uma atrás de outra. A água era turquesa, e cada concha estava rodeada por samambaias ou tinha ilhas de flores salpicando-a.    Perguntou se alguém alguma vez tinha esperado um oásis — não do sol, mas sim do sol— e então foi recompensado assim.   Depois de que MacRieve e Rydstrom tivessem começado a fazer um fogo, ela e Tera tinham aberto a mochila, Tera por sabão e xampu e para uma mudança de roupa, emprestada e Mari por seu traje de banho.    Pouco antes de tombar-se com seu traje — um biquíni negro de tiras— teve um momento de inusitada dúvida. Além de MacRieve, ninguém a tinha visto vestida com tão pouco em anos. Os triângulos de acima eram estreitos, e embora a parte de atrás não fosse exatamente uma tira, estava perto.   E ela não era exatamente esbelta. 
  Antes, nunca tinha envergonhado das curvas pelas que a maioria das mulheres aspirariam com a aeróbica. Fazia um trato com ela mesma em seu último ano do instituto. Faria dieta no minuto em que seu corpo vestido com biquíni falhasse em agitar os calções de pelo menos um dos sujeitos quentes na praia.    Se tudo for bem...   Quando o sol a atraiu, recordou a reação de MacRieve ao espiá-la nua e tirando toalha.   Agora enquanto Tera envolvia seu cabelo em aparelho de ar condicionado, Mari desfez a trança de seu próprio cabelo, escutou seu iPod, e desfrutou dos raios. Neste lugar, a perspectiva inteira desde a manhã trocou.   Ainda não podia acreditar que tivesse estado tão preocupada com a predição. Tentará guardá-la sob chave? Nada a poderia reter! Nem um guerreiro imortal nenhuma tumba de íncubos.    Aqui estava livre, quando tinha pensado que morreria nesse lugar. Logo veria suas amigas outra vez. Cantaria mais karaokê realmente mau com Regin e Carrow no Cat’s Meow e o faria sem sua capa. O karaokê anônimo e encoberto já não tinha a mesma emoção.   E nesta viagem, tinha obtido algo monumental eliminando os íncubos. Possivelmente não tinha ganhado, nem sequer finalizado o Hie, mas quando voltasse para Nova Orleans não andaria, pavonearia-se.    Todos tinham estado aguardando? Bem, Mari tinha aniquilado uma fonte de mal de mil anos. Booo para o captromancer!    Ninguém jamais poderia lhe tirar isso. Tinha destruído um antigo mal; seu pesar para a inacabada classe Cívico 101 que não tinha a mesma mordida.   Então, o melhor de tudo era este cenário, tinham-lhe pago por isso. Muitas facções no Lore compartilhavam propriedade coletiva, mas as bruxas eram ao contrário — tudo nos aquelarres era propriedade privada. "Compartilhar as coisas" talvez seja o lema das Valquírias, mas o das bruxas era "O meu é meu". Esperava-se que Mari levasse seu próprio peso.    Agora o fazia em ouro.   Era oficialmente uma mercenária mística, por fim uma assalariada em casa. Mais cedo, tinha reconsiderado a mochila de MacRieve para assegurar-se de que o adorno estava dentro, e tinha franzido o cenho ao ver que ele o tinha envolvido com cuidado em uma toalha, como se o mantivera protegido para ela...    Embora MacRieve continuasse irritando-a, confundindo-a e frustrando-a, não era menos certo que ele era um dos machos mais magníficos e irresistíveis que jamais tinha visto — e ele não podia manter suas patas longe dela.    Toda a manhã tinha sido convidada a ver um sortido de quatro machos, e ainda, se fantasiava a respeito de fazer amor, era a face de MacRieve a que via em cima dela. Ontem à noite, tinha conseguido um vislumbre de como seria ele como amante.    Seria selvagem.    Para Mari, fazer amor com o Acton sempre tinha sido agradável, mas não do tipo de que  movesse a terra. Ele nunca se tornou louco de desejo por ela, nunca a tinha tomado com uma luxúria furiosa. Tinha estado contente com ele, e sabia que as relações sexuais nunca eram perfeitas, mas tinha desejado intensidade.    Seria MacRieve muito intenso? Os machos imortais eram conhecidos por serem amantes implacáveis, mas os Lykae  supunham que mordiam e arranhavam também. E MacRieve era imenso... Em todos os aspectos.    Por que estou sequer pensando nisto...? 
  Ela não tinha advertido com que freqüência o tinha estado olhando furtivamente até que ele não esteve disponível para seus propósitos de vê-lo. Quanto mais tempo estariam ele e Rydstrom?    Os machos grandes falavam entre eles. Ela mataria por poder escutar sua conversa.   Espera... Desligou seus auriculares e se estirou para a caixa de pó, abrindo-a.   Não só para ouvi-lo... E sim para ver.
 
  —Nenhum progresso com ela, então? —perguntou Rydstrom enquanto se sentava em uma rocha afiando sua espada.   Bowe andou ao lado de seu fogo fracamente crescente.    —Nada de nada, aparentemente.    —A noite de lua cheia é amanhã.    —Me diga algo que não saiba. —Bowe estava nervoso por proteger à bruxa, por trentar manter as mãos longe dela, por refletir que demônios era ela para ele. E sempre a sombra da lua crescente o obcecando.   Mas ainda enquanto se preocupava com a segurança da Mariketa, reconhecia que ela estava muito cheia de vida para afundar-se facilmente. A bruxa era uma lutadora.   Infelizmente, ele tinha assegurado de que o visse como o inimigo.    —Pergunto-me por que permitiu companhia nesta viagem — disse Rydstrom—. Não sou só uma espada extra, não é?    Bowe sacudiu a cabeça.   —Se não conseguir tira-la daqui a tempo, tem que mantê-la longe de mim. Não terei tido tempo para ganhar sua confiança nem prepará-la.    —Acha que fugiria de você?   —Não posso me arriscar...   Imobilizou-se quando uma estranha brisa soprou, sentindo frio, ainda aqui na selva. Ele e Rydstrom olharam ao redor. Bowe teve a estranha impressão repentina de que os olhavam.   —Vê algo aqui que eu não? —perguntou Rydstrom.   —Não. E farejaria a qualquer que se aproximasse. —Sacudindo-a sensação, voltou a andar, considerando qual deveria ser seu atalho. Qual é meu próximo movimento com ela?   Desafiar e matar  Cade.    É obvio.    —Pára de pensar nisso — disse Rydstrom—. Não permitirei que mate Cade, assim afste o de seus pensamentos.    Bowe entrecerrou os olhos.    —Pensei que sua habilidade de ler a mente tinha sido atada junto com a de se riscar.   —Não tem que ser um leitor da mente neste caso. Só para que saiba, se alguém for matar  meu irmão, serei eu. Além disso, não só tem o Cade por quem preocupar-se.    —O que significa isso?    —Mariketa se transformará logo — disse Rydstrom.   —E?   —E, ela está definitivamente pronta para um companheiro. —Rydstrom  esfregou o queixo—. Nunca vi a uma fêmea tão preparada.    —Não fale assim dela!
  Ele encolheu os ombros.    —Deveria ter ouvido o Tierney. Estive perto dela durante três semanas, está ficando mais forte cada dia. Se a levar de volta à civilização sem algum vínculo entre você... Outros machos  tentarão roubar isso   —Desacertado, escocês.    —Um vínculo? Não o vejo próximo. Despreza-me. —Bowe se afundou em um toco—. Eu estava acostumado ter tão fácil com as fêmeas. —Não tinha experiência com isto. Durante um milênio, com um gesto do dedo tinha tido a quem tinha querido. Agora sinceramente tinha que perguntar se poderia convencer a Mariketa.    —Há uma agradável classe de ironia que realmente deseje uma bruxa, e ela não te deseje.   —Desfrutando disto, não é? Ela disse que não somos compatíveis, ou alguma espécie de merda. —Franziu o cenho—. Sabe o que é um jangle pop? —Quando Rydstrom sacudiu a cabeça, Bowe continuou— E me perguntou se voltaria para Mariah.   —Perspicaz pergunta.    —De que maldito lado está você? —perguntou Bowe, mas Rydstrom somente elevou os ombros—. Como me perguntou eu lhe disse que... faria-o.   —Desacertado, escocês.    —Essa é a maneira em que me sentia naquele momento. Deveria ter mentido?   —Naquele momento? Doze horas mais tarde, e é diferente? Não te disse que tomasse uma decisão e agüentasse?   —Não é fácil. Cada vez que me dou conta de quanto desejo à bruxa, continuo me sentindo desleal. E não quero que Mariketa pense que sou desleal, mas então se não realmente  ela for verdadeiramente Mariah. —passou os dedos pelo cabelo—. Um poderia ficar louco pensando em tudo isto.   —Só raciocina. Quais são os prós e os contra com ela?    —Raciocina! Sempre com sua maldita razão. Sabe o que vou desfrutar? Quando te encontre com sua demônia e ela te sacuda como o inferno seu comportamento imperturbável. Rirei-me quando te enfurecer, os chifres brilhando justo cada vez que ela  passeie.   —Cotado. Agora, começa com os prós.   —Muito bem. É preparada, valente, e, por todos os deuses, ela foi agraciada na forma. E não vou desculpar me por ser um macho típico, desejo à fêmea mais sexy em que coloquei alguma vez meus olhos para que seja minha. Admitirei que a desejo em meus braços e em minha cama. E quero ser pago de si mesmo tendo-a me desejando também.   —Os contra...   —Agora mesmo a bruxaria. Não estaria um pouco nervoso se sua fêmea pudesse soltar a força de uma bomba atômica sempre que se incomodasse com você?   Rydstrom assentiu em comiseração, então disse:   —Tira o fato de que é uma bruxa...   —Tirarei esse fato — interrompeu Bowe—. Praticar bruxaria é voluntário. Poderia ver que ela nunca...   De repente, uma abelha o picou.    —Maldição — murmurou, golpeando-a, depois continuou—, se a arrebato de seu aquelarre e a inundo com os Lykae...   Outra picada.    —Filha de puta!    Quando a estranha brisa soprou uma vez mais, Bowe entrecerrou os olhos.    —A bruxa. —Olhou ao céu e por toda parte—. Brincando comigo outra vez! Porei-a sobre meu joelho por isso. 
      Quando Mari viu que Cade e Tierney retornavam, fechou apressadamente o espelho e o devolveu ao bolso. Mas ainda agora, ainda  cambaleava por tudo o que MacRieve havia dito... E, naturalmente, morria por picá-lo mais.   Não sabia que tinha arrojado sua pior parte, que ele tivesse pensado tão facilmente lhe tirar sua magia, ou que houvesse dito que era a fêmea mais sexy que jamais tinha visto. A mais sexy significava mais sexy que inclusive sua perfeita companheira...    —Sobreviveu a ontem à noite, vejo — disse Cade enquanto tomava um lugar próximo a ela na pedra.    —Estive a ponto de morrer de irritação, mas isso é tudo o que encarei.    Tirou a camisa empapada em suor.   —Tenho que admitir que pensei que as coisas seriam diferentes. —Diante as sobrancelhas levantadas dela, ele disse— Bowe estava acostumado a ter muito êxito com as mulheres. Ou com “moças”, como as chamava então. Uma nova cada noite.    Moças?    —Ah sim? —Não estava ciumenta. Nada absolutamente—. Rydstrom parece ser amigo dele, mas você não. Por que isso?    —Lutamos por uma fêmea, é obvio.    Possivelmente uma pontada de ciúmes. Nenhum macho tinha lutado jamais por ela.   —O que aconteceu?    —Ele sabia que ela não era sua companheira, mas ainda poderia ter sido minha. Tomou para me chatear. Depois dele, ela não teve tempo para um demônio mercenário, embora ele nunca a viu outra vez.    —Sou eu um intento de devolver?     Cade  passou a mão sobre um de seus chifres.    —Possivelmente. Ofende isso?    —Não, porque eu possivelmente o esteja usando para pô-lo ciumento.    —Porque o deseja?    —Não, porque ele me deseja — ela sorriu docemente—, e quero o ferir.   —MacRieve está caducado faz muito para alguém como você.   —Faço quanto posso. —meteu o cabelo detrás da orelha—. Cade, perguntava-me a respeito de algo. Rydstrom me disse que você dois não cresceram na mesma casa.    —Fui enviado a  criar fora. Raramente via minha família, mas é o costume.   —OH, isso deve ter sido atroz.    —Realmente, foi genial. Nunca quis voltar... Inclusive me neguei quando Rydstrom me convocou para governar enquanto ele entrava na guerra. Ele me culpa, sabe, de perder sua coroa. Disse que se eu tivesse estado lá enquanto ele estava longe de seu reino durante tanto tempo, ainda a teria. Inferno, ele me culpa de todos seus problemas.   —Ouvi-lhes discutir a respeito disso na tumba. Deseja ter retornado agora?   Assentiu lentamente.    —Em cada hora. —depois de olhar ao redor, inclinou-se mais perto para murmurar— Mari, eu não haveria dito isto diante dos outros, porque minha reputação como um frio, bastardo egoísta e de pouca confiança me convém, mas você soa como se tivesse um destino para cumprir. Se der as costas a seu destino, talvez para ser a  intimidante companheira e mulher de um Lykae, o Destino não se esquecerá... —Sua expressão se fez séria—. Te castigará, uma e outra vez...   Um repentino rugido soou atrás dela. Pela extremidade do olho, viu um punho imenso balançando-se para o Cade. 
 
  Mari ouviu o ranger de um osso antes que Cade voasse sobre as rochas, aterrissando na floresta.   Ela acreditava que tinha quebrado clavícula, mas ainda cambaleando ficou em pé para confrontar MacRieve.   Enquanto Cade grunhia, seus olhos e chifres ficaram negros. As presas e garras de MacRieve se alargaram, mas nenhum se transformou completamente a sua forma bestial ou demoníaca, ambos se encontravam muito perto do limite.   Quando Mari intempestivamente ficou em pé, Tierney disse atrás dela:    —Nem sequer te ocorra te colocar entre eles. —Estava comendo em uma ocasião como esta?   Sem afastar o olhar deles dois, disse:    —Mas se matarão!   —Um só murro perdido, e estará morta.    Ao ver a luta, Mari, realmente começou a acreditá-lo. Os dois se rodeavam, procurando fraquezas no outro, arremetendo a intervalos com punhos semelhantes a bigornas. Ela se encontrava estremecendoe cada vez que se rompiam a cara.   Semelhantes a disparos, carregavam seus pesados e irrebatíveis passos contra o frágil chão de calcário. Em um enredo de punhos e garras se chocavam contra as árvores, devastando os duros troncos com o impacto.   MacRieve realizou outra furiosa carga, saindo disparado contra o demônio, fazendo-os cair pela força do impacto. Golpearam ruidosamente em uma vertente rochosa pulverizando a capa externa, depois uma nuvem de pó se levantou, ambos rodaram pela borda de uma terraço, caindo às águas de um charco próximo.   Parecia que Cade tirava vantagem ao aterrissar sobre o MacRieve, mas isto não durou muito.   Empurrando Cade, MacRieve agarrou sua garganta com uma mão; com a outra, esfaqueouo com cintilantes garras, rasgando o torso de Cade. O sangue de ambos jorrava, dispersando-se na água clara.   MacRieve lutava com tal borbulhante ferocidade como o fez na noite da assembléia, poderia admirá-lo durante horas...    Sem advertência, Rydstrom se equilibrou no meio, lançando murros e cotoveladas. Uma vez que por fim pôde separá-los, os três estavam sem fôlego e sangravam profusamente.   MacRieve girou a cabeça, cuspiu sangue, depois grunhiu:   —A bruxa é minha. —Antes que ela pudesse reagir, ele saltou sobre as rochas até onde estava em pé. Atraiu-a para si, pousando sua maciça mão sobre a nuca dela. Seus lábios se haviam retraídos por suas presas.   Cade chiou seus dentes em resposta.   —Se aproxime do que é meu outra vez, e te destruirei. —Ao dizer isso ele simplesmente a elevou sobre seu ombro e começou a cruzar os charcos até o outro lado da selva.   Ela esmurrou seus punhos sobre suas costas e deu patadas para ser liberada.    —Que diabos está fazendo? 
  —Aye, se retorça. Se alguém for o bastante tolo para me seguir, a vista disto com toda segurança os deterá no ato.    Recordado que seu trazeiro mesmo vestido sobressaía à vista de todos, ela parou de lutar.    —Aonde me leva? —exigiu.   —A um lugar particular —Saltou sobre tudo um ramal do rio, fazendo-a ofegar, para depois acrescentar— Temos assuntos que esclarecer entre nós.    Momentos mais tarde, ela deu uns gritos agudos quando a corrente de uma cascata  bateu nas costas. Ele sacudiu o cabelo sem omitir um passo, tão lupino.   Não, outra cova!   Em um minuto, tinha estado sentada ao sol, conversando com um demônio. Agora estava sendo arrastada uma vez mais na escuridão como se fosse o prêmio de um Neanderthal.   Mas enquanto ele continuava entrando mais e mais, seguia filtrando-a luz do sol brilhando ali abaixo. Como? Estirou o pescoço para orientar-se. Ele a tinha levado a um poço, um dos poços negros da área, com uma clara piscina no fundo. Sabia por suas leituras que eram considerados sagrados pelos Maias.   Quando a deixou cair sobre seus pés, prorrompeu:    —Compreende, nunca voltará a se vestir assim para falar a verdade, se não pôr seu feitiço neste instante, então te conseguirei outra porcaria de capa!    Seu temor em meio da beleza desse lugar rapidamente foi substituído pela ira.    —enlouqueceu.    —Ao melhor, mas é simples como o dia que não é como outras fêmeas, e não se vestirá como o fazem elas.    —Do que está falando? —gritou.   —De tudo em você, desde suas curvas ao seu cabelo vermelho, até o maldito aro em seu umbigo, faz que um macho perca o juizo. Cade sabia o que  arriscava comigo, e ainda assim cortejou minha ira para estar perto de você.   —Uma vez mais. Eu-não-sou-sua. E bater em Cade assim foi tão... Tão criminal! Poderia havê-lo matado.    —Deseja-me?    Ela começou a afastar-se.    —Vou comprovar se ele...!    —Então me deseja! —Agarrou-a por cotovelo e a fez girar, havia um olhar selvagem em seus olhos. Sua camisa parecia farrapos, deixando à vista seu suarento peito, subindo e baixando ainda pelo esforço desta batalha é um tempo crítico. Não te reclamei e a lua cheia se aproxima. E ainda assim recebe os cuidados de outro macho? Bruxa, brinca com fogo! —passou o dorso de sua mão sobre sua ensangüentada têmpora—. Esquece o demônio. Ele sabe que não é dele. Se de verdade acreditasse isso, teria apresentado mais briga. Nem sequer deu um golpe em estado de total ira.   —Não trocou para sua forma de homem lobo por mim!    —Não quero que o veja! —rugiu ele, agarrando em alto os braços—. Nem sequer uma vez duvide de meu desejo por você, se realmente tivesse estado em uma competição pelo direito de te ter, teria talhado a maldita garganta de uma dentada, e depois a teria posto a seus pés como oferenda!    Os lábios dela se separaram. Pensou que acabava de ver um vislumbre do funcionamento interno da mente de um macho Lykae.   E... Gostou.
  Ele respirava com força, o musculoso peito subia e baixava. Seus olhos eram ainda mais claros que a cor azul, e  pousavam sobre ela como se fosse sua posse mais cobiçada, e tivesse temido perdê-la.   MacRieve irradiava vigor pela briga. Sim, na assembléia tinha compreendido que poderia olhá-lo durante horas, mas agora, admitiu que aquela noite tivesse sido quando pela primeira vez reconheceu quanto desejava este Lykae.   Aquela noite não foi capaz de beijá-lo ou sentir o toque de seu poderoso corpo como tinha desejado.   Embora agora...    Ferocidade, intensidade. Tinha-o ansiado, sempre o tinha feito, inclusive antes que esta incontrolável e imortal necessidade tivesse começado a consumi-la. Isto deseja... O desejo.   Sua expressão deve ter traído sua fome. As sobrancelhas de Bowe se uniram, e ele grunhiu:   —Mariketa?    A mão dela se elevou e  pegou a nuca dele, puxando-o para baixo para assim poder beijá-lo.   Obviamente sobressaltado, ele ficou quieto por um momento. Então, com um gemido, liberou a sujeição sobre seus braços. Suas mãos aterrissaram pesadamente sobre seu trazeiro, amassando-o como se só tivesse aguardado uma oportunidade para senti-la assim. Contra sua boca, sussurrou:    —Bruxa luxuriosa.   —Me beije realmente com força, MacRieve, como o pensei.    —Luxuriosa e exigente. Deuses, como me agrada. —Depois,  que a beijou de verdade, inclinando seus lábios sobre os dele, deslizando a língua entre estes para depois varrê-la contra a dela. Quente... Úmido... Duro. Ela não podia fazer nada mais que ir a seu encontro abandonadamente.   Suas grandes palmas sobre seu trazeiro a balançavam, embalando-a contra seu duro eixo.   Estava no céu...    Ainda assim ele se afastou. Entre fôlegos, resmungou:   —Não compartilho o que é meu. Não haverá outros machos. Só eu. Só serei eu para você.   Ela piscou abrindo os olhos, dando-se conta que em algum momento ele tinha começado a segurá-la inteira, suas pernas tinham cedido diante seu beijo. Então ela franziu o cenho.    —E você? —perguntou, tentando recuperar o julgamento quando ele começou com gula a beijar e lamber seu pescoço—. Diz-me que é o único para mim, quando planeja me substituir por outra fêmea a menor oportunidade? —Com cada palavra, seu ressentimento crescia.   Ele recuou e encontrou seu olhar.    —Não assegurarei nada agora.    —Ah, porque acha que estou a ponto de te permitir...?    Ele tragou, depois pigarreou:    —Fará-o?    Ela o fulminou com o olhar. Então seus olhos flutuaram sobre seu formoso rosto e os pacotes de músculos de seu corpo. Tinha tanta fome dele. Mas não podia escapar sem ser apanhada, o que significava que não podia desfrutar da ferocidade de MacRieve, o qual significava que agora estava furiosa. Seu desejo era frustrado outra vez, ardendo fora de controle, por um macho totalmente indigno.   —Mariketa, não sei se poderia me separar de você... Por nada que durei mais que uma ida e volta. —Como se estivesse emocionado pela compreensão, ele murmurou para si— É certo.    Nada mal!
  —Bem, darei-te pontos por isso. —Ela levantou sua vafe para cair na armadilha de provar mais dele. Entre beijos, ofegando disse— Isso é uma bobeira, e funciona! Beije-me mais!    Mas ele segurou sua face, afastando-a.    —Não é uma bobeira.   Ela piscou. Ela estava ardendo por ele e ele ia fazer de  falador?    —Não estou em uma cova com você outra vez por sua brilhante conversa. Faz algo ou se cale, escocês.    Ele levantou as sobrancelhas.    —Pequena bruxa má. —Seu acento era tão pronunciado que a fez tremer—. Te farei comer essas palavras. —Deu um puxão na sua camisa rasgada e a jogou no chão. Com uma mão a colocou entre suas pernas de trás, levantou-a e a pôs sobre sua camisa sobre a areia—. Ponha esse lindo trazeiro diretamente aqui, e te darei o que espera.
 
  Quando Bowen puxou com força os triângulos de seu traje, ela se apoiou sobre seus cotovelos. As pálpebras eram pesadas sobre os olhos cinza, depois observou como deixava ao descoberto seus luxuriosos seios.   Ao ver seus mamilos, seu pênis pulsou, sobressaindo-se através de seu jeans.    —Vou amamentar me tão duro que me sentirá pelo resto do dia. Quer isso?   Ele gemeu quando ela arqueou suas costas e enredou uma de suas pequenas mãos em seu cabelo para aproximá-lo de um de seus seios. Sugando o pico com sorte, ele sentiu que este ficava rígido e se erguia sob sua língua. Quando mudou para ao outro, disse:   —Mariketa, tem o corpo mais belo que já vi. E há mil coisas que quero te fazer, mas não sei por onde começar.   Ela gemeu quando fechou seus lábios sobre o outro mamilo.   —Seja o que for que vai fazer, faz-o rápido! Estou perto.    Ele se separou um pouco, suas sobrancelhas se juntaram. Ela não agüentaria até que terminasse de preparar seu corpo para recebê-lo. Decidiu fazê-la gozar antes de tomá-la.   Impaciente por senti-la entre suas coxas outra vez, puxou a tira negra de seu quadril direito. Estaria tão molhada como antes? Quando se moveu para desatar o laço de seu quadril esquerdo, ela rebolou para dar melhor acesso, como se não pudesse esperar a ser liberada de sua roupa.   Apoiada ainda sobre seus cotovelos olhou-o, tão absorta como ele, quando o pedaço de tecido da entreperna foi retirado, revelando seus cachos castanhos. Ele se engasgou ao dizer:   —Separa as coxas. Mostre-me quão molhada esta.   Em resposta, ela choramingou e deixou cair os joelhos aos lados, abrindo-se. Um gemido retumbou em seu peito quando viu que seu sexo brilhava para ele. Seu pênis cresceu raivosamente, a pressão em seus pesados testículos se aproximava da dor. Sua mão tremeu enquanto  baixava para acariciá-la.   Ao tocá-la a primeira vez, ela jogou a cabeça para trás; Bowen aspirou ar, pensando que poderia consumir-se nesse instante.    —Tão quente e escorregadia. Não posso imaginar como vai sentir agarrando meu membro.   Elevou a cabeça uma vez mais, carrancuda:   —Ah, deuses... Bowen... 
  Ele estendeu sua carne com o polegar e o indicador, usando seu outro dedo para esfregar seu pequeno e escuro clitóris. Seus curtos e suaves gemidos se faziam mais fortes com cada uma de suas respirações. Tão perto...    A crescente semente em sua franga palpitava pelo alívio. Embora estivesse desesperado por fixar seus quadris no chão e inundar-se dentro dela, desejava saborear a visão da Mariketa a bordo do clímax.   Sua reação era a coisa mais erótica que ja tinha visto.   Seu piercing cintilou diante um raio filtrado de luz do sol quando começou a tremer. Seus seios eram tão plenos, seus inchados mamilos aumentaram, como se suplicassem ser chupados um pouco mais. Ela olhou onde ele estava a ponto de acariciá-la, para depois ofegar, elevar o olhar e encontrar seus olhos.   —Bowen, por favor...        Mari se estendeu, baixou os cotovelos para assim poder lhe agarrar um pulso, puxando para baixo sua mão livre quando ela corcoveou os quadris.   MacRieve sacudiu a cabeça com força, como se não acreditasse o que via.    —Só comigo, bruxa — grunhiu, varrendo o olhar ao longo de seu corpo deve ser todo meu.    Naquele momento, ela deveria haver dito algo. Sua voz parecia gutural, quando murmurou:   —Só com você.    —Então goze com força para mim. —Um movimento rápido de seu dedo a fez chegar. Com um grito estrangulado, arqueou as costas bruscamente, ondulando os quadris na mão dele com abandono—. Boa moça — grunhiu no ouvido quando se retorceu desamparadamente—. Você gosta disto.    Sem cessar continuou até que o prazer foi muito, e Mari teve que retirar a pressão de sua mão. Finalmente, se permitiu parar.   Quando ele se ajoelhou entre suas pernas estendidas, deu um puxão a seu jeans, baixandoos até os joelhos. Sua dura ereção saltou livre, e soltou entre dentes uma maldição quando as mãos dela se dispararam para tomá-lo. Ela adorava a sensação dele, meigamente acariciou toda sua longitude acima e abaixo até que ele gemeu e bombeou com os quadris, empurrando seu eixo em seus punhos.   Depois escorregou seu dedo médio dentro de sua umidade, fazendo que ela gemesse e ele vaiasse:   —Tão apertada. —Chiou os dentes ao dizer as palavras e depois adicionou—: Não quero te machucar. A necessidade assegura que está preparada.    Os músculos em seu pescoço se sobressaíam pela tensão, seu peito era uma superfície escorregadia pelo suor que caía. Seu olhar piscado sobre seu corpo, mas sempre retornava aos olhos dela, como se despertasse ao encontrá-los para depois enfocar-se em seus seios.   —Bruxa, se não deter essas suaves palmas, conseguirá que goze nelas.    Ela  lambeu o lábio, mascontinuou trabalhando em sua carne palpitante. Como ele introduzia um segundo dedo nela, sentiu-se a bordo do clímax outra vez.    —Bowen...    —Começo a reconhecer esse tom. Quase está perto, não é? Sabia que te veria assim. Sabia.    Justo quando pensou que ele rapidamente substituiria os dedos em seu interior por seu eixo, gozou com molhada pressa e gritou.   —Posso te sentir me espremendo. Por fim. —Com a mão livre, encerrou a dela em um punho, fazendo que as mãos bombeassem com força, grunhiu—Não posso conter minha semente, Mari. —Seu corpo esticou, perfeitamente quieto por um momento, para depois dar um grito brutal. No segundo último, ele apontou longe de seu corpo. Ela ofegou enquanto o jorro caía na areia ao lado dela, uma e outra vez, atordoada por quão magnífico era este grande macho em seu selvagem prazer.   Quando teve terminado com um estremecimento, ela se deitou outra vez, e ele se tombou sobre suas costas ao lado dela, seu pênis ainda pulsava. Embora deitado ali, parecendo aturdido, estirou-se e  agarrou a mão na sua, só pela simples razão de segurá-la enquanto recuperavam o fôlego. Depois do que tinham estado fazendo, sentia a necessidade de segurar sua mão.   Elevaram o olhar para os fracos raios do sol, lado a lado ainda agarrados pelas mãos.   Mari, colocou-se em águas muito profundas e irão a encher por completo.    Quando deu volta, seus olhos eram ardente âmbar, e as comissuras de seus lábios se curvavam.   —Não pode estar ainda molesta comigo. Não é possível. —Parecia eufórico, como se ela acabasse de capitular muito antes que na verdade o tivesse feito.   E sabia que Bowen MacRieve estava excitado porque, talvez pela primeira vez em quase dois séculos, ele realmente tinha começado a esperar com impaciência o futuro.   Mas ela não queria que tivesse esperanças quando não tinha nenhum lugar em sua vida para ele. Inclusive se o perdoasse por prendé-la, e inclusive se sabia que o encontro que acabavam de compartilhar só se faria mais explosivo, também acreditava que teria que mudar sua vida radicalmente para estar com ele. E não estava segura de estar pronta para fazer isso por alguém que amava, muito menos por alguém que simplesmente desejava.   Não importava quão forte fosse esse desejo.     —Agora que está preparada...   Ela retirou a mão de seu agarre e sentou.    —Não, não o farei.    —Que não o fará? Se acabarmos de começar! Fiz... Fiz algo errado?    Com um encolhimento de ombros, ela começou a se vestir.    —Temos que nos pôr em caminho.    As sobrancelhas dele se juntaram.    —Então lamenta o que fezemos?    —Não me sinto infeliz porque tenhamos estado juntos. Mas tampouco me sinto feliz.    Ele subiu de um puxão seu jeans.    —O que se requer para que se sinta assim?    —Olhe, MacRieve, o de antes não era só falatório, você não é o tipo para mim. Você só assume que estou a bordo neste navio porque assimdecidiu, e não é assim como funciona. Enquanto tenta entendê-lo, inteira-se que eu sozinha dito por mim mesma. Não há nenhum lugar para você em minha vida.    —Inclusive depois disto?    Ela revirou os olhos.   —Ah, por favor, depois de todas “as moças” que cravou e plantou, você mais que todos deveria saber que uma montada não quer dizer nada.    —Cravadas e plantadas? De que merda fala?    —Cade me falou da fêmea pela qual você dois brigaram.    —Demônios, ela se arrastou para minha cama!    —E agora o cruel comentário que fez ontem à noite tem sentido. Claro o que, não podia tirála a patadas de sua cama por seu amigo?    —Tinha bebido um pouco de aguamel, e nem sequer a reconheci como a que ele queria. 
  Ela elevou uma sobrancelha.    —Uma moça entre muitas, huh? —perguntou, lhe dando as costas.   Mariketa estava irritável, sem dúvida incômoda pela rapidez em que as coisas se desenvolviam entre eles. Mas sua frieza não o desalentava o mínimo, porque agora sabia que podia ganhá-la. Ela acabava de gritar seu nome. O seu. Ele estava preparado para lutar por ela; depois disto, só redobraria seus esforços.   Bowen tinha temido que esta bruxa pudesse transformar todos seus sonhos sexuais em realidade, e tinha sonhado constantemente.   Agora sabia que podia.
 
  Se outros não tinham imaginado que ela e MacRieve tinham ficado intimos, o teriam adivinhado pelo comportamento dele.    Quando os dois se vestiram silenciosamente e se reincorporaram ao grupo, ele tinha jogado os ombros atrás, luzindo uma vitoriosa expressão. Seus olhos seguiam desviando-se para ela, seu olhar era veemente e possessivo.    Seu óbvio sentimento de satisfação era uma vista que contrastava 180 graus com o cenho franzido que tinha brilhante toda a manhã. Agora era o epítome da satisfação masculina.    Ela suspirou. E maldição, era uma boa vista.    Rydstrom e Tera deram olhadas zombateiras. Cade, com um dos olhos quase fechado pelo inchaço e a mandíbula salpicada com contusões, outra vez se concentrava no pescoço dela. Quando avermelhou diante seu escrutínio e afastou o olhar, ouviu que resmungava a MacRieve:   —Ainda não vejo sua marca.   Em tom muito satisfeito, MacRieve disse:    —O dia não terminou, demônio.  Diante isto, Cade dirigiu um olhar a ela, depois disse:    —Irei primeiro outra vez — parecendo querer escapar deles.   O grupo começou a seguir a borda do rio do lado da montanha, e outra vez o terreno os fez ir em fila indiana. O que era bom. Ela precisava processar tudo o que acabava de acontecer. Outra vez, tudo o que sabia era que era muito.    Atrás dela, MacRieve disse:   —Não se preocupe pelo que eles pensem.   —Claro, você pode dizer isso. Eles não vão pensar que é fraco. Ou fácil.   —Não há forma em que possam te considerar fraca. Viram muitas amostras de seu poder. Nem tampouco fácil! Tudo o que acreditarão é que uma garota tão jovem como você não tinha oportunidade contra as habilidades de sedução de um Lykae de mil e duzentos anos.    Baixando a voz, ela respondeu:    —Como é, eu saltei sobre você. Eu comecei isto.   —Aye —ele começou a dizer solenemente—, e isso foi um toque de luz para minha longa vida.   —Biiiien. —Sobressaltada, passou por cima de uma linha de formigas que com esmero levavam as folhas que tinham compilado.    —É verdade, Mariketa. Embora seja uma vergonha, não consigo uma oportunidade para emprestar mais atenção a seu bonito trazeiro!
  —Shh! —vaiou ela em um sussurro—. Ouvirão!    —me ouvir? Se preocupa disso agora quando recentemente gemia tão forte? Sempre faz tanto ruído?   Sua face ardeu quando Tierney, o seguinte na linha a ela, deu uma olhada sobre seu ombro com as sobrancelhas levantadas. Ela reduziu a marcha para deixar que outros tomassem um pouco mais a dianteira.    —Então o faz? —perguntou MacRieve outra vez.    Bem, ela podia jogar  isso. Ela se volteou para ele, e com uma voz monótona, disse:    —OH, nenê. OH, Bowen. É você. Só você.   Ele sorriu abertamente, e a visão a fez desejar também sorrir assim. Seguiam a borda do rio, o sol brilhava, e ela acabava de ter dois orgasmos, seu humor, definitivamente, tinha melhorado.    Não! Ela não podia igualá-lo em seu evidente entusiasmo, porque sabia que isto não só era pelo que acabavam de fazer, mas também pelo que ele esperava que fizessem.    Embora, cada vez que tentava avivar sua anterior cólera para ele, continuava imaginando o franzindo o cenho enquanto perguntava a Rydstrom o que era o jangle pop. De algum jeito, sabia que MacRieve não tinha perguntado por mera curiosidade, mas sim porque tentava aprender, por ela.    E o simples feito era que, Hekate a ajudasse, gostava de estar ao redor dele. Inclusive quando o tinha desprezado, de algum jeito tinha sido mantida flutuando por sua presença. Agora que não o desprezava, excitava-a, alvoroçava-a...    Apenas alguns centímetros atrás, ele disse:    —Perguntava se sempre goza tão rapidamente.    —Não sei, você faz?   Deu-lhe um meio sorriso.    —Bruxa exigente. Esquece por quanto tempo estive sem fazê-lo. Mas sou rápido em me recuperar. —Furtivamente agarrou sua mão e fez que ela embalasse sua crescente ereção.    Se ele tentava envergonhá-la, teria que fazer algo melhor que isso. Sem perder um instante, disse:   —Bowen, por que acredito que está flertando comigo? —Sem dar uma olhada para atrás, acariciou-o com curiosidade. Ao sopesá-lo fez que ele balançasse seus quadris em sua mão, liberou-o, para depois alegremente continuar seu caminho.   Sua voz era áspera, quando ele disse:   —Não devo ser bom nisso de flerte se não souber com segurança. —Em um tom seco, acrescentou—Talvez devesse ser mais direto?   Ela não pôde evitá-lo, riu entre dentes, mas o encobriu com uma tosse. Supunha-se que era ela quem podia encantar, mas ele estava fazendo um trabalho condenadamente admirável, fazendo-a sorrir contra sua vontade.   Era tão fácil que simplesmente dois orgasmos demolidores e sua atração constante por ele poderiam fazê-la perdoar seu passado? Quando interiormente respondeu, pensou, então por que luto contra isto? Mari nunca tinha lutado em uma batalha, muito menos perdido uma.    Ele se inclinou e murmurou em seu ouvido:    —Me mostre esses formosos seios.   —Acaba de vê-los! —gritou exasperada, embora em segredo estivesse contente por quanto parecia apreciar seu corpo.    —Se  saísse com a minha, bruxinha, nunca levaria uma camiseta outra vez.   Ela  mordeu o interior da bochecha para impedir-se de sorrir, mas não queria que ele o visse, assim acelerou o passo. 
  —Não deveria estar preocupado por me manter a salvo nesta selva?   —Vamos, então me recorde pelo que estou tão contente de morrer.   Era tão... Lupino. Tão brincalhão. E Mari compreendeu que esta era uma espécie de diversão. Meio esperava que seguisse o jogo e começasse a beliscar as orelhas. E suspeitava que o amaria por isso.    Esperou, dando bastante tempo para que ele desistisse e assumisse que o estava ignorando, depois girou com as sobrancelhas — e sua camiseta e sutiã— levantados, exibindo-se. Ele deu um passo em falso, tropeçando com seus pés. Com as mãos sobre seu coração, ele caiu de joelhos; ela baixou sua roupa de um puxão e  deu a volta, continuando a marcha com um sorriso bobo.   Mas ele já estava atrás dela em um instante.    —Boa garota — disse ele rouco—. Agora nos deixe dar um toque. —Ele deu um tapa—. Brincalhão.   —Tentador — respondeu ela.    —Aye, essa é você. Nem sequer faz dez minutos me fez goza até que meus olhos revirarem, e já me tem tão luxurioso como estive com minha primeira lancheira.   Ela deu a volta e deu um golpezinho no queixo.    —Hmm. Desejaria que levasse um espartilho e me inclinasse sobre um balde?   Seu queixo caiu   —Só se deseja ver imediatamente  um homem derramar sua semente.    Ela estudou sua grosa ereção   —Soa como uma promessa, então.   Ele gemeu, precipitando-se até seu lado outra vez.    —Estou a um batimento do coração de te levar à parte e estender sobre o seguinte penhasco!    Ja!   —Então não deixe de manter o olho alerta procurando um... ! —Ela se deu um golpezinho no osso do quadril—Alto.    —Auch, eu gosto disto de você! Não recordo a última vez que senti que algo era... —Ele parou, como se não reconhecesse do tudo o que eles estavam experimentando.    —Divertido? —Sugeriu ela.    —Aye, divertido. E acredito que tenho descoberto a chave para você.   —Qual é?   —Se apagar sua sede, em troca consigo uma garota sorridente. Você gosta deste trato, gatinha?   —Maldição, MacRieve, se continuar me chamando gatinha, então vou começar a te chamar algo equivalente, como cão sabujo e depois ambos seremos perdedores.   Ele sorriu abertamente e perguntou:   —Quanto de minha conversa com Rydstrom escutou?    Ela pressionou um dedo em seu próprio peito.    —Queeé...?   —Vamos. Sei que escutava às escondidas, bruxa. O que escutou?   —Escutei quando dizia pensar que sou sexy... A mais sexy.    —Aye, sobradamente —disse ele, fazendo-a querer arrumar-se—. E você? Atraio-te mais do que estava por seu menino demônio.   —Namorado. Disse que ele era meu namorado. E se eu estivesse mais atraída por você, nunca alimentaria seu ego lhe dizendo isso   —Como conseguiu que te deixasse ir? 
  —Por que? —perguntou ela, sentindo que se abrandava ainda mais para  MacRieve—. Acha que ele  passou mal por isso?   MacRieve deu um olhar impaciente como se sua pergunta fosse ridícula. E pela segunda vez, Mari pensou, poderia perder a cabeça com este macho.    Mas acredito que eu gosto disso.    —Quanto tempo esteve com ele?   Ela encolheu os ombros.    —Quase sete anos.   —Isso é quase um terço de sua vida! —trovejou ele—. Cristo, não me concerne isso. Mas... O amou?   —Sim — respondeu ela francamente.    Sua voz ficou mais baixa quando ele perguntou:    —Ainda o ama?   Sobre seu ombro, ela respondeu:   —Acho que uma parte de meu coração sempre será dele.   Quando compreendeu que MacRieve parou, ela deu a volta. Ele apertava a mandíbula, sua íris se tornou azul gelo uma vez mais, e suas garras brotavam mais longas e mais sinistras. Estava presenciando mais da besta que nunca antes.   Mari engoliu seco, outra vez recordou que este era um varão Lykae adulto. E um que acreditava que era a companheira pela qual tinha sofrido ao longo dos séculos. Estava brincando com fogo. Nada mais de brincadeiras, nada mais de jogos com o homem lobo faminto de sexo.    —Só esquece que disse algo...    Ele a pressionou contra uma árvore, à vista de outros.    —Quero apunhalar com minhas garras o pescoço desse demônio e lhe arrancar a porcaria da espinha dorsal.   —MacRieve, só espera...   A mão dele saiu disparada, cobrindo a parte posterior da cabeça. Ele se agachou até seu ouvido.    —Esta noite vou te fazer minha, Mariketa. —Seu acento era espesso, sua voz áspera, como se até suas cordas vocais tivessem mudado quando começou a transformar-se—. Esse outro macho poderá ter parte de seu coração, mas eu possuirei todo seu corpo. —Ele percorreu com a outra mão seu pescoço baixando até seus seios, pegando-os ambos em turnos. Sob sua palma quente, áspera, seus mamilos ainda palpitavam enquanto prometia—: Grava minhas palavras, reclamarei-te tão profundamente que não recordará a nenhum outro.    Intensidade... Olhando-o, sentiu-se tão pequena e vulnerável, consciente de que deveria ter medo. Mas ao contrário se sentia excitada uma vez mais, por sua profunda voz, pela mão que a acariciava, pela idéia de que tomaria duramente, talvez dentro de umas quantas horas.    —Depois desta noite, arqueará-se por meu toque e ansiará meus beijos. Quando o cio te embargue, cada centímetro de seu corpo reconhecerá o meu como seu amo.   Ela exalou instável, sobressaltada —e sim, excitada— por suas palavras e por sua confiança.    —É tão certo como feito, bruxa.
  —OH, não, não. Vi este filme — disse Mariketa quando toparam com uma ponte de madeira a mais de trinta metros por cima do quenion do rio. A altura era tão marcada, que o rio debaixo dele parecia um fio— E não era uma comédia! —revolveu-se diretamente de volta ao Bowen, então se esticou. Antes de pode retirar-se, ele tinha envolvido um braço sobre seu peito e o outro sob a cintura.    Tinha-a assustado mais cedo, tinha sabido que estava acontecendo, ainda naquele momento. Mas tinha estado tão cheio de ciúmes, os quais nunca tinha conhecido. E tinha estado tão emocionado pela revelação que amava outro que havia sentido como se tivessem dado uma patada nas bolas.   Bowen não precisava ter o amor de Mariketa, disse. Sempre que tivesse a ela.   Assim por que estava tão invejoso desse demônio sem facea, que-logo-estaria-morto, que sabia que Mariketa amava?   Agora quando ela se apertou contra ele, como procurando apoio, acariciou rapidamente com o nariz contra seu suave cabelo para confortá-la.    —Mariketa, está tremendo.   —Estou petrificada pelas alturas.   —Rydstrom me disse isso. Por que esse temor? Aconteceu algo?    —Sim, prefiro permanecer no nível do mar. Raramente estou por cima dele.   —Aye, então —Perguntou Bowen a Rydstrom—Podemos encontrar outro caminho para cruzar?   Cade havia retornado da exploração e respondeu:   —Não sem acrescentar dois dias a mais.    Dois dias seria muito tarde para ele e Mariketa. Disparou um olhar a Rydstrom.    —A ponte é firme —Assegurou Rydstrom—. Esses exércitos estiveram conduzindo caminhões sobre ela. É o caminho por onde devemos ir.   —Muito bem, quem vai fazer a obrigatória coisa com a pedra? —disse Tera.   —Que coisa? —perguntou Bowen.    —Já sabe, alguém deixa cair uma pedra, e todos nós em silêncio a olhamos cair enquanto caímos em monte para nossas mortes —respondeu Mariketa.   OH, essa coisa da pedra.   —Mariketa, não haverá queda. É seguro cruzá-lo. Inclusive há corrimões de corda aos lados. Faremos isto. —Ela emitiu um fraco gemido diante suas palavras. Sabendo quão importante era para ela parecer forte frente aos outros, e diretamente no mundo do Lore, Bowe a atraiu à parte— Que tal se passo com os outros através da ponte para te mostrar que é seguro, depois volto para te levar?   Ela sacudiu a cabeça com ênfase.    —Po... Poderia estar debilitando-o com cada passo.    Ele curvou os dedos sob o queixo.    —Moça, não permitirei que s machuque. Jamais.    —Tive más sensações sobre isto.   —Sim, é acrofóbica, não há forma de que possa ter uma boa sensação sobre isto. Voltarei imediatamente.    —Não, espera —Sussurrou ela, agarrando suaa mão—. Não vá.   Ele gesticulou para os outros.   —Alcançaremo-os.   —Está bem, Mari? —disse Tera.   Ela deu um sorriso aflito. 
  —Fenomenal.   —Me deixe te levar — Disse novamente uma vez que estiveram sozinhos—. Assim pode manter os olhos fechados.    —P... Mas os dois, juntos? Você deve pesar mais de cem quilogramas.   —Olhe os outros —disse. Tierney estava pisando sobre a corda do corrimão, provocando-a.   Ela entrecerrou os olhos.   —Há-me... Chamou-me menininha?   —Isso tem feito.   Ela exalou como se estivesse derrotada.    —Que exerçam pressão sempre foi minha fraqueza. —Levantando o olhar para o Bowe, perguntou—: Se caminho através da ponte por mim mesma, seguirá-me?    Sempre.    —Estarei bem atrás de você.   —Realmente perto —disse, depois acrescentou depressa—, mas não pare na mesma tabua que eu.   —Aye, combinado. Agora não olhe para baixo. Mantêm os olhos nas costas de Rydstrom. Vê, ele já cruzou a metade.   —Bem. —Deu um assentimento firme e alcançou o corrimão—. P... Posso fazer isto. Nenhum olhar para baixo.    Estava golpeada pelo medo, as pupilas como pratos e suas mãos tremiam sobre a corda, mas pôs uma de suas pequeninas botas na ponte. Ele tinha sabido que era uma moça valente, mas quando deu seu primeiro passo, quis rugir com orgulho. Em vez disso disse:   —Estava pensando. Que talvez o Lorekind gostaria mais das bruxas se fosse menos mercenárias.    —Somos mercenárias! —disse bruscamente sem voltar-se.   —Já sei, mas devem sê-lo?   —Durante mil anos, a Casa esteve cheia de mercenárias. Isso seria como dizer que às pessoas gostaria mais dos Lykae se fossem menos lupinos. E me deixe te dizer, que você é muito lupino.   —Bem, é uma coisa boa que seja tão rico que possa te manter, gatinha. Adivinho que não tem feito muito dinheiro para a Casa.    Entre um chiar de dentes, ela perguntou:   —Por que diria isso? E não me chame gatinha!   —Vamos ser práticos. Não posso imaginar que tenha estado se forrando com sua magia, explodindo coisas da maneira que fazia. Seu aquelarre tem garantia de devolução?   —Está tentando me distrair, para me fazer esquecer meu medo.   —Aye. Está funcionando. Já tem feito a metade do caminho.   —Maldito lobo brincalhão...   Os pássaros saíram disparados do dossel de ambos os lados do quenion.    Momentos mais tarde, a terra retumbou. Todos na ponte  congelaram pela surpresa menos Bowe, que enganchou o braço ao redor da cintura de Mari, apertando-a fortemente contra ele.   —OH, deuses! MacRieve? —Sussurrou com voz trêmula, as palmas resplandeciam com magia, como em um reflexo.   —Estou bem aqui, Mariketa. —Em meros segundos, tudo tinha tranqüilizado—Acabou. Ouve a selva acalmando-se...?   Outro retumbar. Com suas brilhantes mãos agarradas fortemente à corda, as pernas pareciam  falhar, mas ele a segurou direita.
  —Não, não, Mari, te peguei. Vamos. Podemos voltar ainda da mesma maneira, se te soltar.   Ela sacudiu a cabeça desenfreadamente, seus olhos uns espelhos.   —Mari, tem que se soltar, não quero machucar suas mãos.   Uma quebra de onda repentina de pressão se construiu no ar. Quando levantou a cabeça de um puxão, seus olhos se encontraram com o Rydstrom, que tinha as sobrancelhas franzidas.   —Se agache. —Bramou Rydstrom e Bowe puxou para baixo Mariketa antes que uma rocha caísse diretamente sobre suas cabeças. A força disso golpeou a ponte, fazendo-a curvar-se como um chicote antes de arrebentar.    Envolvendo a corda em sua mão e fechando o braço ao redor dela, não pôde fazer nada exceto segurar-se enquanto balançavam como um pêndulo diretamente para a escarpada vertente rochosa.
 
  Mari gritou enquanto se precipitavam mais e mais perto da montanha. MacRieve tinha uma mão agarrada no corrimão enquanto foram girando pelo ar. Ela apertou os olhos fechando-os, seu grito cortando-se pelo doloroso abraço que se fez ainda mais apertado.    Isto não pode estar acontecendo!    Pouco antes de explodir contra a pedra, ele virou, mantendo seu corpo entre ela e o impacto. Ricochetearam, e ele  virou outra vez.   Quando por fim pararam, disse:   —Está ferida? Mariketa? Me responda!    O desprendimento de rochas tinha removido pó e areia, e ela tossiu antes de poder chorar:   —OH, Deuses, isto não está acontecendo.   —Shh, shh. Tenho-te. Calma. Tenho-te agora.   Ela ignorou o impulso de enxugar os olhos, e em vez disso apertou seu punho nele. Agarrou seus braços tão forte que as unhas se afundaram nos músculos, mas ele não disse nada.   —É... Está bem?   —Sim, bem. Logo que o pó se esclareça, subirei para cima.   —O que... O que foi isso?    —Um terremoto. A área é conhecida por eles.   —Os outros? Estão eles a salvo?    —Me dê um segundo para ver, moça. O pó ainda está se assentando ali também. Indubitavelmente estão aguardando como nós.   A mandíbula de Bowe se afrouxou. Quando o ar  limpou, viu que a ponte no outro lado  havia...Ido.    —Vê-os?    —Estão bem. Cruzaram — ele disse. Não era necessariamente uma mentira. Talveze tinham saltado antes que a ponte se perdesse, não importava que fosse muito mais provável que tivessem caido.    Tranqüilidade, a menos que perdessem as cabeças, uma queda não os podia matar. E até que descesse Mariketa desta montanha, e a salvo do presente apuro, não pensava que fosse sábio lhe contar que seus amigos poderiam haver caído centenas de metros.   —Agora, temos que conseguir chegar ao chão seguro, também. Posso usar as tabuletas de madeira da ponte como degraus. Simplesmente escalaremos. Tudo bem, Mari?
  —B... Bowen, espera! Se não me deixa cair lá embaixo, serei mais agradável com você, e... E dormirei com você! Realmente o farei.   —Bem, nesse caso, assegurarei-me de te segurar forte — disse, estirando-se para cima.   —Está rindo de mim.   —Nada na terra poderia me fazer te deixar cair. —Quase no topo—. Inclusive se tiver sido cruel comigo.   —Fui cruel?    —Aye, e brincou comigo.    —Do que está falando? —perguntou.   —A respeito de me fazer pensar que ia se  render e depois desmentir.   —Nunca te enganei!    —Não me empurrou?   —Está tentando me distrair outra vez... —Suas palavras terminaram em um grito diretamente em sua orelha quando ele saltou da ponte sobre a borda.   —Aqui, estamos em terra firme outra vez. Vê, tudo está bem. —Logo que o estiveram de volta sob as árvores, pôs-a em pé, segurando-a pelos ombros até que esteve o bastante firme para sustentar-se sozinha. Mas ela se lançou imediatamente para ele, envolvendo seus braços ao redor de sua cintura, como se abraçasse a uma árvore.    Ele olhou fixamente para baixo.    —Mariketa?    —O... Obrigado por não deixar morrer.   Ele arrastou seus braços ao redor de seu pescoço, depoise apertou a cabeça contra seu peito, atraindo-a mais perto.   —Nunca permitirei que nada te aconteça. —Enquanto ela o agarrava, sentia-se necessitado e forte, finalmente o protetor que tinha nascido para ser.    —Bowen, acredito que tem bastante possibilidade de ser minha pessoa favorita no mundo agora mesmo — sussurrou.   Sua.   Sabia. Tinha-o feito. Durante semanas tinha pensado nela, sonhado com ela. Sua paixão o tinha atemorizado. Sua coragem e sua beleza o assombravam. Agora se permitiu simplesmente aceitar o que tinha desejado tão desesperadamente.    Ela era dele.   Ela para ele. Ponto.   —Não posso acreditar que pode agüentar assim — disse—. É realmente, uh, forte.   —Supõe-se que o sou, para te proteger.   Os dois se calaram.    —Não a mim, MacRieve.    —Tomei uma decisão, moça. —Recuou e segurou sua face— A oportunidade foi dada, não volto atrás. É minha. E vou fazer o que for até que seja teu também.   Ela fez um som frustrado.    —Típico macho! Por causa do que aconteceu na cova?    —Sim, algo assim. Mas também por causa do que aconteceu depois. Encaixamos, você e eu, e poderíamos fazer uma vida juntos. E, bruxa —seu olhar sustentou a dela—, Vamos passá-lo malditamente bem.
 
  Enquanto continuavam, MacRieve ficou silencioso, parecendo levar o peso do mundo sobre os ombros. Mari não o podia ler e tinha começado a temer que lamentasse sua anterior declaração.   Para romper o silêncio, disse:   —Deve estar sentindo falta do seu clã. Ouvi que são um grupo muito unido.   Ele encolheu os ombros.    —Não formo muita parte disso... Ou não o tenho feito durante um tempo. —Diante seu olhar interrogativo, ele acrescentou—Eles se perguntam por que não encontrei uma maneira de morrer depois de minha perda. Quero te levar diante eles e dizer “isto é pelo que continuei, bodes. E olhem minha recompensa”.   Mari... Alerta... Sobre sua cabeça!    —Esteve muito ao redor da minha espécie antes? —perguntou ele.    —Vi dois Lykaes na rua Bourbon, gêmeos, mas nunca os conheci.   —Ah, os infames Uilliam e Munro. Sinta se feliz por não estarem ao seu redor. Estava ainda com seu demônio? —chiou a palavra.    —Não, tínhamos deixado de nos ver então.    —Por que terminou as coisas com ele? Feriu-a?   —Ele me deixou.   —Não minta...   —Não o faço. Rompeu comigo.   Quando MacRieve assentiu lentamente, ela disse:   —O que? Pode vê-lo facilmente?   —Não, só estava pensando em um dito que meu clã tem: “Desfruta de uma recompensa se cair em seu colo. Saboreia-a se foi perdida por um homem descuidado”.   Sobre minha cabeça. Talvez ela era muito jovem para resistir. Talvez ele estava trabalhando sobre ela como massa. Porque neste momento, sua predição de que tomaria esta noite estava acertada.   —Vê-me como uma recompensa?    —Aye. —Os olhos estavam tão centrados e eram tão sinceros—. Uma que estou ansioso por comer.   Seu atordoamento cresceu e para romper o momento, disse:   —Assim, MacRieve, me diga cinco coisas sobre você que não saiba.   Ele pareceu estranhamente incômodo com sua sugestão e disse:   —Por que quer saber isto?    —Para passar o tempo enquanto andamos.   —Você primeiro, moça.   —Bem, eu gosto de girar em cadeiras de escritório até que fico tonta. Minha melhor amiga acredita que "Laissez os bons temps rouler" significa "as contas de pl{stico substituem a roupa”. Fui animadora, sei, a anti-sistema com as animadoras. Mas foi a melhor maneira de conseguir uma beca. —Suspirou— Até os anos da capa.    Ele levantou as sobrancelhas.   —Uma animadora de football?    —E um pouco de basquete, mas principalmente football.    —Acontece que é meu esporte favorito.   —O meu, também! Assim que quanto é isso?    —Três. Vamos continua. Isto é material fascinante.
  —Eu gosto de jogar póker por dinheiro, e jogar bilhar com ingênuos meninos de fraternidade. Cinco coisas de você agora.    —E sua família? —perguntou ele— Pais? Irmãos?    —Está dando rodeios?   —Sou curioso sobre você. Me consinta. —Deu um meio sorriso—. Já que não te deixei cair antes.  Dando uma olhada ela disse:   —Meus pais me abandonaram em diferentes ocasiões quando era menina. Papai era bruxo, abandonou-me primeiro e morreu pouco depois; minha mãe é um druida fey, daí é onde consegui as orelhas. Abandonou-me quando tinha doze para ir e estudar druidismo ou como se chama. — Mari deu um chutee coibido—Nossa. E tratava realmente de não soar ressentida.    —Sinto muito, Mariketa. Não posso entender como algum pai poderia abandonar um filho.    Por alguma razão, não queria que Bowen pensasse mal sobre seus pais.   —Devem ter tido suas razões. Preocuparam-se comigo quando estavam comigo. —Isso, ao menos, tinha-o sabido seguro.   Quando ele não pareceu inteiramente convencido, ela disse:   —Lembro quando tinha quatro anos, meus pais me levaram a Disney World. Meu pai usava magia para assegurar-se de que eu ganhasse todos os prêmios no tiro de argolas, embora ele levantasse as mãos com expressão inocente cada vez que eu franzia o cenho. Minha mãe e meu pai viram todos os musicais aborrecidos e montaram em cada atração, e tudo enquanto iam carregados com animais de pelúcia.   —Para o meio-dia meu pai tinha começado a me levar em seus ombros. No final do dia, tinha essa expressão de alívio que vê nos pais nas horas finais de uma sentença do parque de diversões. Inclusive assim, pararam para me dar um último gosto. Minha mãe estava quase vesga de fadiga e quase ofereceu moedas druidas para um sorvete, depois, quando estávamos comendo nosso sorvete na praça, meu pai deu um salto no banco.   —Jill! —gritou—. Onde está Mari? OH, deuses! Perdi a nossa filha!    —Então minha mãe indicou que estava sobre seus ombros.    Os três tinham rido até que choraram.   Bowen inclinou a cabeça diante ela.   —Soa como se a adorassem.   Adorar. Era uma palavra apropriada.    —Suponho que o faziam.    Depois de que o pai de Mari se foi, sua mãe continuou lhe prodigalizando atenção, embora Jillian sempre parecia entristecer se desfrutavam de muito. Inclusive no final desse incrível dia que tinham passado na praia, ela tinha parecido preocupada...   Mari sentiu uma estranha mordida repentina no ar e olhou acima. Divisou corvos fazendo círculos acima,  provocando calafrios em sua espinha dorsal.    —O que? —perguntou MacRieve, agarrando suavemente seus ombros—. O que é?    —Não sei. Provavelmente nada — disse, mas continuou olhando ao redor.    —Se está tendo um pressentimento sobre algo, quero sabê-lo. Deveria ter escutado sobre a ponte e o farei de agora em diante.    Mas ela não podia expressar o que estava sentindo, porque não o entendia.   —Não, estou bem — insistiu ela, forçando um sorriso— Ainda me deve cinco coisas.   Ele esfregou a nuca com a mão, parecendo como se preferisse tratar melhor com uma ameaça misteriosa que revelar cinco coisas a respeito dele mesmo.
 
  Bowe abriu a boca para responder, mas outra vez ficou em branco. Não era surpreendente. Estava nervoso porque ela tinha pressentido uma ameaça quando ele ainda não farejava nada. Além disso estava o fato de que não havia nada para lhe contar.   Durante as últimas décadas, sua vida se concentrou no objetivo de trazer de volta  Mariah. Queria evitar esse tema, assim como esse do Hie. Mas além dessas perseguições, não tinha tido uma vida verdadeira para recordar.   Bowe tinha sabido que sua existência era desalmada e árida, mas esse fato nunca o tinha afetado deste modo.   Podia lhe contar que estava acostumado a dirigir um exército, um fiel. Mas a Horda o tinha dizimado na mesma guerra em que Rydstrom tinha perdido o seu, e Bowe preferiria que ela não soubesse de seu fracasso. Hoje tinha começado a considerar de forma diferente e não queria que isso trocasse.    Era bom matando. Tampouco ajudava em seus esforços com ela.    E os amigos? Bowe não tinha muitos — ou, mas bem, nenhum— que visse regularmente. Tinha permitido que suas amizades diminuíssem, porque era sempre tão incômodo para os outros tentar lhe transmitir sua simpatia. Tinha preferido economizar o problema, e além disso, também freqüentemente a simpatia cruzava a linha e se transformava em compaixão. Ou eles o estudavam como fazia Lachlain. Bowe tolerava o escrutínio de Lachlain porque era como um irmão, mas não o sofreria dos outros.   Cristo, era um simplório.   Pela primeira vez, preocupou-se de poderia ser suficientemente digno para a Mariketa. Ainda a merecia? Sim, era uma bruxa, mas também era sensacionalmente formosa, valente e inteligente.   —Eu gosto do football, também — disse por último.    —Já me contou isso, assim não conta.   —Adoro a cor de seus olhos.    Ela meteu um cacho atrás da orelha bicuda, deslizando um sorriso encantador que fez que seu coração golpeasse dentro do peito.   —Qual é seu lugar favorito para visitar?   —Em qualquer lugar que esteja —respondeu ele distraidamente.   —Bowen, cinco coisas sobre você não podem ser todas sobre mim.   Mas é a única coisa boa que tenho.   —Por que não?    —Onde é sua casa? Nem sequer sei onde vive.   —Tenho um lugar em Louisiana, mas minha casa verdadeira está no norte de Escócia. — Embora dissesse minha casa, em sua mente o grande pavilhão de caça grande que tinha restaurado era já a casa deles, mas não queria assustá-la ainda mais.    —E sua família? Você com certeza tem uma imensa, sendo um Lykae e todo isso.   —Minha família foi excepcional. Sou filho único. —Exceto por seus primos masculinos, não tinha a ninguém.   Talvez por isso desejava tanto filhos, para ter sua própria família. Logo, revelaria a Mariketa que queria esse olhar de alívio que os pais tinham em um parque de diversões. Mariketa e ele teriam valentes filhos juntos —intrépidos inclusive. Começou a incomodar esse emplastro da Mariketa como uma barreira a um prêmio que tinha desejado durante tanto tempo... Um prêmio que agora acreditava estava a seu alcance.    Presentemente, lançou-se aproxima para dizer algo.    —Me diga algo sobre voce que só seus amigos íntimos saibam.   Ela enrugou os lábios e depois disse:   —Deixa-me absolutamente louca não poder controlar melhor minha magia. Ago como se não me incomodasse, mas o faz. Justo quando estava a ponto de sair para o Hie, essas bruxas bebê de seis e sete anos vieram até mim e disseram, “Mari, olhe o que podemos fazer” e seus pequenos feitiços eram mais do que eu podia dirigir.   —Talvez teve um arranque tardio a essa idade.   —Não, mais do que posso dirigir, agora.   Ele bateu a palma sobre a nuca.    —OH, claro.   —Por que me outorgou todo este poder e depois nenhum meio para controlá-lo? É como dar a alguém um Ferrari com os cavalos sob o capô desejando sair, mas então entra no assento do condutor de couro, e inferno santo, não há volante. É tão frustrante.   —Sei que você não gostará de ouvir isto, mas deve ser assim com alguém como você.   —O que significa isso? E te advirto que siga com cuidado.    As comissuras dos lábios de Bowe se curvaram.   —Falam sobre as pessoas como você em mitos e no Lore, lutando contra seus dons. Mas é a luta o que traz a grandeza. Se seus poderes viessem facilmente, sem incidentes, nunca os apreciaria como deve. E não seria uma boa líder porque seria impaciente com outros que tiveram que trabalhar duro. Nunca vem facilmente para todos os grandes guerreiros na história.   —Veio fácil para você.    Ele deu uma meia risada.    —E por que me acha um grande guerreiro?    —Rydstrom disse que esteve em primeira linha em cada batalha, e ainda está vivo. portanto... Grande.    Sorriu para baixo.    —Meu ego te agradece para esse doce golpe. —Embora seu sorriso desapareceu rapidamente. Recordando o Rydstrom, deu-se conta de que tinham passado horas desde que a ponte  desabou, e ainda Bowe não tinha farejado os outros nem uma vez. Embora não os podia detectar tão bem como a sua companheira, podia-a encontrar em uns cento e sessenta quilômetros, deveria havê-los percebido se estivessem dentro de um quarto dessa distância. Mas não tinha havido nada.   Amanhã seria noite de lua cheia, tinham sido forçados dias fora de seu caminho, e a partir de agora, não tinha ninguém para protegê-la, dele. Uma e outra vez, tinha deliberado se deveria  revelar como tinha morrido Mariah. Temia o pensamento de que a história se repetisse, e temia que contar a iniciaria na profecia auto cumpridora.   Se Mariketa fugisse dele aí fora...    Sacudiu a cabeça duramente. Esta noite, tomaria continuamente, e a marcaria enquanto a reclamava, revelando bastante da besta dentro dele. Amanhã, certamente os outros os alcançariam. Mas se não, Bowe a teria acostumado a seu corpo, e então, quando perdesse indevidamente o controle no calor da lua, talvez ela não sofreria pela surpresa. Evitaria que quisesse escapar dele.   Quando ouviram o longínquo retumbar do trovão, afastou o olhar dela e disse:
  —Precisamos começar a explorar para achar um lugar onde acampar. Choverá provavelmente na saia de montanha esta noite.    —Poderia consultar meu espelho.    —Eu não gosto disso, Mariketa. Prefiro vê-la voar algo que essa bobeira de horripilante maçã outra vez.   —Sei.    —Como sabe?    —As bruxas acreditam que os feitiços “horripilantes” são os mais poderosos. O que h{ mais desconcertante? Um lobo carregando ou uma serpente não venenosa deixada cair em sua nuca?   —E vocês as bruxas consideram essas coisas?    —Temos que fazê-lo em certo modo.   Já não. Pelo menos não sua bruxa.    Se Mariketa queria fazer que as abelhas picassem, isso era uma coisa, mas lhe proibiria a magia negra, como os conjuros e encantamentos. Daria as ordens e pelos deuses, ela...   Ela girou para lhe dar seu sorriso de sereia enquanto arrastava preguiçosamente o dedo sobre uma pedra, tão alta como seu quadril. O coração de Bowe se acelerou, seus anteriores pensamentos esquecidos. Isso ia sinceramente  acontecer, depois de mil e duzentos anos, ia reclamar a sua companheira.    Sim, esta noite.
 
  Quando viram o primeiro brilho de um relâmpago essa noite, MacRieve já tinha terminado uma plataforma, um refúgio junto a um riacho e tinha caçado para  Mari. Uma vez que a chuva noturna começou, já estavam alimentados e limpos. Uma vez mais, ela estava acolhedoramente vestida com uma de suas camisas... E nada mais.   E ele acabava de lhe dar seu primeiro beijo profundo.   Quando recuou, necessitou um momento para abrir os olhos. Viu que seus olhos flutuavam do âmbar ao azul gelo e estavam posados sobre ela como se estudassem sua reação.   Suspirou.   —Realmente eu gosto do modo que me beija.   —Espero que queira algo mais que só meus beijos.   —Bowen, não perderá o controle, não é? Passou muito tempo para mim.   —Não, garota, não o farei. Mas quanto tempo foi?   —Mais de quatro anos.   Ele riu sem humor.    —Tenta imaginar cento e oitenta.   As sobrancelhas dela se uniram em uma fina linha.    —Nenhuma só mulher? Nem um só encontro?   —Nenhuma. Infernos, até poderia ter esquecido como se faz isto.   —É como andar de bicicleta, não é?   —Comprovemo-no. —Ele se inclinou para frente uma vez mais para beijar seu pescoço, dando golpezinhos com a língua até que ela gemeu suavemente. Encontrou a si mesma retirando o firme peso de sua mão enquanto ele formava redemoinhos na camisa em torno de sua cintura.
  Colocou suas ásperas palmas no interior de suas coxas e pressionou para que abrisse as pernas. Embora já tivesse começado a tremer, ele não tocou seu exposto sexo. Mas seus olhos azul gelo estavam fixos nele, enquanto grunhia com um baixo retumbar.    Quando ele lambeu os lábios, ela tremeu e ficou mais molhada, sabendo o que planejava.    —Bowen... —Mordeu o interior da bochecha para evitar rogar por sua língua contra ela. Seu corpo o desejava.   Ele se colocou entre suas pernas,  beijando a parte inferior do torso e acariciando com o nariz o piercing. E depois mais abaixo...    Quando pressionou sua boca aberta contra seu sexo e passou sua língua por suas dobras, ela arqueou as costas com prazer, enredando os dedos em seu cabelo. Ele deu um gemido áspero contra ela, enquanto suas mãos apertavam suas coxas com força, como se ele tivesse perdido a si mesmo.   —Sonhei te saboreando —resmungou com sua respiração quente caindo sobre ela. Com olhos e pálpebras pesadas, ela o percorreu com a vista. Enquanto lambia e brincava, suas sobrancelhas permaneciam juntas e seus olhos fortemente fechados, como se estivesse agonizando de prazer.    Ela lutou contra a tensão que se formava em seu interior, desejando que isto durasse para sempre. Mas lutava uma batalha perdida ante seu faminto beijo.   —Goze para mim, moça —Disse roucamente. Suavemente amamentou seu clitóris, sua forte língua dava golpezinhos sobre ele.   Ela gritou na noite enquanto o profundo nó de luxúria se desatava. Enquanto começava a gozar, ficou reta. Agarrou-o por cabelo, ondulou seus quadris, esfregando sua carne contra a língua dele. Ele grunhia contra ela, Deixando-a selvagem.    —Bruxa... Deixa-me louco...   Quando se retorceu diante o último estremecimento dela, teve que afastá-lo.   Como se sentisse reticente a partir, ele beijou suas coxas languidamente, embora ela podia sentir que suas mãos tremiam.   —Bowen —sussurrou ela—. Te necessito dentro de mim.   —Como quer —grunhiu ele, levantando-se para puxar com força de sua roupa, enquanto ela voltava a deitar-se, contemplando-o com temor.     Realmente vai acontecer.   Embora a boca fizesse água por lamber seu orgasmo —e ainda cambaleasse por sua dissoluta resposta— de algum jeito se controlou para assegurar-se que ela estivesse pronta para recebê-lo. Introduziu seus dedos dentro de sua apertada vagina até que as unhas dela cravaram nos ombros pela frustração.   Por fim, permitiu a si mesmo deitar no berço de suas coxas. Outra vez, com a mente aturdida pensou: vou reclamá-la.   E estava... Nervoso.   Tinha jurado que nunca quereria deixar sua cama, falando com toda a arrogância que estava acostumado a possuir... Antes de ter sido celibatário durante quase dois séculos.   Embora estivesse a ponto de entrar nela, de algum jeito recordou o emplastro. Manuseou-o no braço dela, e fez que sua voz soasse tão casual como foi possível.    —Vamos tirar  isto.   Sem fôlego, ela perguntou:   —Por que?
  —Não tem nenhuma razão para levá-lo. Não estará com nenhum outro homem que não  seja eu, e eu só posso ter filhos com minha companheira, com nenhuma outra fêmea. Assim se conceber, muito melhor. Saberemos sem dúvida alguma que é minha.   —Puxa... —ficou tensa embaixo dele, afastando suas mãos longe dela—. Não quero ficar grávida.   Seu coração afundou. É obvio que não. Nada mudou. Rodou para um lado.   —Só tenho vinte e três. É muito cedo!   Ele dirigiu seu olhar para ela.    —Mas... Com o tempo quererá?   —Claro, mas não agora — disse, e ele sentiu uma onda de alívio—. Não antes de ter trinta ou quarenta. Cronologicamente. Esse é o plano. Sei que não pareço o tipo de mulher que tem um plano, mas o tenho.   —Qual é a diferença entre agora e dentro de dez anos em seu magnífico esquema?   —Tenho muito que arrumar em minha vida. Meus poderes, meu lugar na Casa. Agora mesmo nem sequer posso cuidar de mim mesma, muito menos de alguém mais.   —Cuidarei de você. Sempre. —Ele segurou sua face com as mãos—. Não tem que preocupar-se de nada.   —Espera... —Ela ainda resistia— Disto se trata tudo? De que possa estar seguro? —Os olhos dele se alargaram quando os dela começaram a lacrimejar— Toda esta sedução. Todo esse cortejo de ontem à noite, hoje, esta noite. Para que possa saber com segurança se sou sua companheira ou não.   —Acha que não há nenhuma outra razão pela que quereria estar dentro de você? — empurrou-lhe a palma de sua mão até seu dolorido eixo, mas ela a retirou de um puxão.   —Com segurança, nenhuma tão importante como a sua, igual ao seu branco e preto. Não disse hoje que tinha decidido por mim?, Então, por que esta prova? —Ela se sentou, puxando a camisa para cobrir—. Te direi... Porque ainda crê na possibilidade de que eu não passe na prova. Tenta me persuadir para que me arrisque com você, para que te aceite como meu... Mas você não o faz! —Uma lágrima deslizou por sua bochecha caindo no dorso de sua mão—.Farei imortal logo, e serei imune a maior parte das feridas, mas você não pode esperar que me converta? Realmente, MacRieve, um mortal, dando a luz ao descendente de um gigantesco homem lobo de mais de dois metros? E os Lykaes concebem dois e três cachorrinhos de uma vez, não é? Acha que sobreviveria ao parto?   —Merda, não pensei nisso.   Como Lachlain sempre dizia: “Ach, Bowe, desta vez ferrou tudo.”    —Alguma vez considerou essas coisas?   —Mariketa, sou um produto de meu tempo. Durante a maior parte de minha vida, os machos e as fêmeas desejavam filhos e faziam o que fosse para tê-los. E desde que não se comporta como uma mortal ou se parece com uma, cada demonstração de seu poder faz que esqueça com maior facilidade que ainda é vulnerável. Nunca quereria que nada te acontecesse.   —Porque isso  faria mal a você! —gritou ela—. Todos pensam que é tão, tão desinteressado em seu amor por sua companheira morta. Mas a verdade é que é o macho mais egoísta que conheci na vida. Lamenta-se por sua companheira mas porque você não quer se sentir vazio ou culpado por sua morte. Não porque a tenha amado.   —Vai muito longe, Mariketa — disse ele, justo quando seu comentário fazia eco em seu interior... Porque em algum nível, ele tinha começado a perguntar-se... Se tinha amado alguma vez  Mariah.
  Tinha permanecido com a bruxa durante uns quantos dias. O que fora que sentia pela moça eclipsava já o que ele tinha experimentado com a Mariah?   —Não acredito. O incidente na tumba não foi uma exceção. Realmente é um bastardo desumano. Se afaste de mim.   —Mariketa...   —Se afaste. —Ela agarrou seu espelho—. Ou te porei em seu lugar.   —Ah, não, não, inferno sangrento se fizer isso outra vez. —Estaria condenado se ficava aí sentado para vê-la sussurrar a um espelho em uma conversa que ele não podia ouvir.    —Há uma súplica nessa maldição?   Mari estava quase tão furiosa de que ele queria tirar seu único, verdadeiro e confiável poder enquanto ela estava a ponto para seu desejo de deixá-la prenhe.   Ela sentiu que estava na cúspide de algo grande com sua magia. O reflexo estava ensinando. Cada vez que fazia o conjuro recebia mais controle de seu poder. E suspeitava que com cada dentada que desse à maçã ficaria fisicamente mais forte.    —Uma súplica? Vou perguntar ao reflexo se outros estiverem realmente bem... Porque, pela razão que seja, encontro-me desconfiando de tudo o que já me disse.   Ele cruzou os braços sobre seu peito.    —Não perto de mim.   —Então é melhor que saia depressa e parta.   —Acha que não o farei? —Ele ficou de pé e puxou seu jeans, pisando com força em suas botas—. Deveria te deixar aqui... Para que recorde quanto precisa de mim.   —Faça-o. Te desafio! E não deixe que um ramo te golpeie o rabo no caminho.   —Ah, isso seria genial!   —Ah, aye, isso estaria extremamente genial.   Ele a assinalou com o indicador, abriu a boca para dizer algo e depois resmungou.    —Não ficarei vendo isto — gritou quedamente, antes de sair.   Sozinha, Mari se sentiu aturdida pelo que acabava de acontecer. Tinha acreditado que fariam amor toda a noite porque ele a desejava. Não porque desejasse fecundá-la.   Ou tentá-lo. MacRieve tinha que ter sua pequena prova, porque fosse o que fosse o motivo, não podia olhá-la, ouvir sua voz, e estar perto dela e simplesmente saber que ela era dele.   Que inferno custaria a alguém dizer a Mari: “Escolho você”?   Certamente desmaiaria pela comoção se alguém a chegasse a conhecer, e depois, apoiandose unicamente em seus méritos pessoais e não em seu vínculo de companheiro ou algo assim, dissesse: “Sem dúvida. Você é a única para mim”.   E o que teria feito MacRieve se não tivesse podido conceber depois de repetidos intentos?   Me abandonar, isso é o que faria.    Essa compreensão realmente explodiu em sua mente, porque agora, quando pensava em seu futuro de volta em Nova Orleans, longe deste outro mundo selvagem, ela continuava vendo-o  ali.   Secou outra lágrima. Maldição, o que era o que a fazia ser tão... Descartável?
 
  Às vezes Bowe podia dizer em um só instante quando uma lembrança seria tão nítida em mil anos como o dia em que aconteceu.
  Quando retornou ao acampamento depois de uma exaustiva carreira, soube que a cena diante ele permaneceria indelével, sobrevivendo inclusive a uma vida imortal.   Com relâmpagos de fundo, e uma ligeira chuva caindo, encontrou  Mariketa tombada sobre seu flanco dentro do abrigo, com um braço dobrado sob a cabeça. Seu outro braço estava elevado e uma aranha enorme avançava pesadamente sobre sua resplandecente mão. Contemplava-a distraidamente com olhos brilhantes, meditabundos. Seus lábios coloridos de um vermelho mais profundo do que ele alguma vez os tinha visto, vermelho sangue, e três maçãs de aparência sinistra estavam meio mordidas a seu lado. Parecia-se com o reflexo sobrenatural que tinha visto na água.   Tome cuidado.   As sinistras videiras cresciam em abundância, retorcendo-se em densas capas sobre o abrigo, como à defensiva, e toda a plataforma estava rodeada de pequenas bestas, iguanas, rãs, serpentes, ratos, cervos, e quatis formando um fosso reptante. Justo em cima dela, no dossel, os territoriais macacos uivadores se sentavam surpreendentemente alerta e vigilantes, compartilhando seu espaço com os mochos.   Em seu estado de ânimo, a bruxa que havia nela parecia atraí-los.   Cuidado. Seu poder é instável.   Sentiu calafrios, tremendo inclusive enquanto suava depois da carreira, e ainda assim parte dele queria correr a seu lado e consolá-la.   Podia sentir sua tristeza e sua decepção por ele. Sua própria ira se transformouu em uma cansada compreensão...   Se a queria, ele teria que mudar.   Semanas atrás, tinha-o enojado ver que Lachlain tinha deixado ao seu casal vampiresa beber dele. Os vampiros tinham torturado Lachlain de formas inimagináveis e tinham dizimado a sua família e ele, por sua vez tinha matado a milhares dos de sua espécie.   A dentada de um vampiro era uma marca de fraqueza, de vergonha abjeta entre os Lykae, mas Lachlain levava a dentada de Emma como uma insígnia. Ele tinha mudado por ela, em certa forma tinha superado um ódio de um milênio de duração.   Agora Bowe entendia o que tinha impulsionado Lachlain  fazer isso. Mas podia Bowe aceitar a enfeitiçante mulher diante ele? Mudar uma afiançada mentalidade por ela?   O mesmo Bowe tinha aconselhado Lachlain que não tentasse obrigar a Emma a trocar seus costumes, mas isso tampouco significava que ele aceitasse esses costumes.    Perguntou a Mariketa:    —Descobriu o que aconteceu aos outros?   Sem olhá-lo, ela disse:    —Estão a salvo.   —Estão chegando?   Ela encolheu os ombros.    —Não sei, acabo de saber que não estão em perigo iminente.   Quando ele guardou silêncio, ela murmurou:    —Se pensar que não sei que aparência tenho, engana-se. Nenhuma borboleta, fauno nem pássaro cantor para mim. —Finalmente o olhou—. Tem que ser duro para você, ir de uma real fada princesa à bruxa malvada que mata por dinheiro. —Franziu o cenho para si mesma—. Acredito que se supõe que sou o vilão nesta parte.   —Talvez seja por isso pelo que nos complementamos tão bem. —Como demônios podia esperar que ela tolerasse à besta que havia nele, quando ele não podia aceitar o poder intrínseco nela?— Se você for o vilão, não esqueça que eu sou o monstro.   
  Mari colocou as mãos em seus joelhos quando tomou ar, suas tranças balançando-se para frente com cada inalação.    —Está fazendo isto... Para se vingar por ontem à noite. —Nessa manhã, tinha sido  miserável através do que tinham que ser milhas, usando seu facão e suas garras para avançar através da selva a um ritmo suicida— Bem. Agarra o emplastro... Deixe-me prenhe com uma ninhada... Mas me deixe parar!   —Não é por vingança. —Seu estado de ânimo, não tinha sido exatamente jubiloso depois de dormir toda a noite sob a chuva mas tinha ido piorando sem parar à medida que avançava o dia.   —Então por que esta indo tão depressa?   —Esperava que Rydstrom e outros nos tivessem alcançado já.   Ela revirou os olhos.    —Uma pista? Se quiser que a gente siga seu ritmo, reduza-o.   —Seu passo deveria ser o dobro de rápido que o nosso. Deveriam ter sido capazes de nos alcançar. —Ele passou o cantil—. Escuta, Mariketa, quero que saiba que sinto muito por ontem à noite. Embora tenha querido filhos a muito tempo, renunciaria para sempre a essa idéia se a alternativa... Fosse seu sofrimento. Não sei como te convencer disto, mas é certo.   Ele parecia tão sério, mas ela ainda não estava convencida.   —Tampouco sei como me pode convencer.    —Vêem. —Ele esendeu sua mão—. Te levarei na minhas costas, mas temos que nos mover. Talvez haja uma estrada aqui perto. Pode pedir carona em Belize e chegar à costa, talvez a um aeroporto.   —Por que só eu tenho que pedir carona? —Quando ele  passou os dedos pelo cabelo, ela disse— O que? Me diga.   —Esta noite a lua estará cheia.   —OH. —Certamente que se fixou, mas não tinha pensado que as ramificações pudessem ser assim de terríveis até que viu a expressão que estava mostrando. OH, maldição.    —Estive pensando na melhor forma de te afastar de mim. Se fugir de você, deixo-te vulnerável. Se ficar com você... —Sua voz se foi apagando.    —Vê-se como se o Apocalipse tivesse chegado. É realmente tão perigoso?   Em vez de tranqüilizá-la, ele assentiu com a cabeça.    —Sim. Perco o controle sobre mim mesmo, e a diferença de força entre nós é muita. Se o Libero para tomar, rasgaria-te em dois.   Ela engoliu seco.    —No que se transforma exatamente, MacRieve? Descreva-me isso.      Ele respondeu:    —Os Lykae o chamam saorachadh ainmhidh bho um cliabhan, “deixar à besta sair de sua jaula”. Minha face mudará, transformando-se em um cruzamento entre lobo e humano. Meu corpo ficará maior, mais alto. Minha força aumenta exponencialmente.   —Vi as presas e as garras.   —Mais afiados e mais longas. E flutuando sobre mim haverá uma imagem da besta que há em meu interior. É... Horroroso para os que não são de minha espécie.   —O que me faria?   Ele afastou o olhar.    —Tomaria sobre o chão como um animal. Marcaria seu corpo com minhas presas, e inclusive depois de que a dentada curasse um Lykae sempre poderia vê-lo e saber que foi reclamada. —Passou a mão sobre sua boca, como imaginando-o inclusive então—. O que te diz seu instinto que faça comigo? —perguntou, olhando-a outra vez—. Tira todo o resto, O que sente?
  Pensou por um momento, tentando assimilar o que ele acabava de dizer. Sabia que os Lykae mordiam e arranhavam o um ao outro durante o sexo. Mas nunca tinha imaginado que Bowen quereria afundar suas presas em sua pele, marcando-a por sempre, ou que perderia o controle sobre si mesmo tão completamente.    —Honestamente, não tenho nem idéia. Mas posso perguntar ao espelho que tenho que fazer.    Ele apertou a mandíbula, lutando claramente com a idéia.    —O que pode te dizer? —disse finalmente.   —Normalmente só obtenho respostas superficiais. Oráculo típico.   Ele vacilou durante um comprido momento, com o conflito que se livrava em seu interior refletido em sua cara.   —Pergunte, então. Seria mais perigoso livrar-se de mim, ou permanecer dentro de meu alcance?
 
  Mari estava sem fôlego, renegando de si mesma, e zangada porque Bowen ia ficar como um louco asno lunático, tinha que caminhar sozinha pela selva, basicamente correndo por sua vida e todo isso.   E ele correria em direção contrária. Mas se não encontrasse a civilização e algum veículo para viajar rapidamente, isto não importaria. Havia-lhe dito que podia cobrir centenas e centenas de quilômetros para alcançá-la em uma noite como essa.   Em um pequeno arroio, ajoelhou-se, agüentando a respiração salpicou sua face com a água, cuidando-se de não beber nada. Quando tirou o cantil para massagear o pescoço, pensou que se pudesse chegar só a uma cidade, poderia escapar dele e desfrutar de uma ducha quente pela primeira vez em um mês. O café da manhã pela manhã seria informal e quente.    Congelou quando pensou que tinha ouvido movimento no próximo bosque de árvores, depois explorou a área. Provavelmente só era um animal. Eles tendiam a viver nas selvas. Girou para o arroio.   —Ponha suas mãos sobre sua cabeça.   Não era um animal. Quando devagar ficou em pé e se virou, reconheceu que não eram aldeãos. Estes sujeitos eram maus, três deles apontavam para sua face com metralhadoras.   Em seu atual estado de ânimo pensou: Bom, acredito que os transformarei em rãs! Quando tentou tirar seu espelho do bolso, eles martelaram suas armas.   O homem mais velho era claramente o líder, e seu tom era mortal quando disse.    —Suas mãos em sua cabeça ou porei uma bala nela. —Não tinha um forte acento. Deviam ser narco-terroristas internacionais, os que faziam que o cartel parecesse insignificante. Tanto como para o julgamento do espelho.   A menos que isto fosse ainda melhor que Bowen.   Antes que pudesse inclusive pôr em funcionamento um feitiço, um soldado empurrou o cano da arma contra seu peito. Teria pensado que estaria frio, mas estava incomodamente quente.    O medo percorreu seu corpo, e levantou suas mãos. Quando o soldado as atou atrás dela com cintas plásticas como as que usava no DPNO2 disse:                                                          
 2 Departamento de Polícia de New Orleans.
  —Não têm nem idéia do engano que cometem, há pessoas que estará furiosa por me raptar.   —Nunca ouvimos isto de uma refém — disse o segundo soldado quando começaram a caminhar. Com um forte apertão no seu braço, ele a arrastou fora da água, atirando-a com força elevando-a e logo baixando-a na seguinte ascensão. Ela lutava contra ele, tentando pensar em algum modo de convencê-los para que a deixassem livre.   —Para seu conhecimento, eu poderia pertencer à a CIA ou a DEA —disse quando ouviu um motor funcionando. Um veículo estava perto, o que significava que tinha estado perto do caminho.   —Muito jovem — disse o primeiro lacaio—. Parece uma ecologista perdida.   Quando chegaram ao verde caminhão do exército, ela resistiu a entrar volteando-se.    —Por que não me perguntou por minha documentação? —exigiu.    O homem simplesmente a empurrou no chão do caminhão, golpeando com joelho com tanta força que seus olhos se umedeceram.   —Por que faríamos isso? —perguntou o líder em um tom meloso.   Suas sobrancelhas se juntaram quando  compreendeu tudo. Eles não iam pedir resgate por ela ao menos não a princípio. Iam ficar com ela. O pensamento fez que sentisse náuseas. Tinha que conseguir liberar suas mãos.   Uma vez que o caminhão começou a descer pelo tortuoso caminho, determinou que a levavam direito para o MacRieve.    —Me escute, o único modo em que sobrevivam esta noite é me liberando imediatamente. — Ela podia ver já a fraca lua em pleno dia. Um fenomenal aviso—. Não têm nem idéia do que cairá sobre vocês. —Eles a ignoraram, não tendo idéia de que arrastavam basicamente a isca até sua base.   Sabia que MacRieve viria por ela, mas só era a metade do problema. Não queria ser um alvo fácil esta noite.   Quando chegaram a um posto avançado camuflado, os três a tiraram do caminhão embora se opusesse a eles. Depois a arrastaram ao seu interior, obrigando-a a descer por um profundo bunker, conduzindo-a por túneis de terra. Frio e escuro. Imagina isto.   Um túnel tinha uma linha de celas, todas com portas de sólido aço, como se fossem um búnker. De fato, todo o lugar parecia ser assim. Um dos homens pulsou um código em um teclado numérico, e uma porta contigua se abriu. O outro soldado a empurrou em uma cela estéril, só um cama de armar e um banheiro. Ela bobamente recordou o cárcere que Carrow chamava dois quentes e um cama de armar.   —Tem que me desatar.   —Não está em posição de fazer demandas — disse o líder—. Melhor aceite sua parte e prepare-se para esta noite.   —Qual é minha parte?   —É muito simples. Saímos por provisões — Explicou, varrendo-a com o olhar—, e você é uma provisão. —Respondeu dirigindo-se à porta.   —Então não há nada que possa fazer por você —murmurou ela— Juro que não sobreviverá além de meia-noite. E sua última vista antes que morra fará que se sinta aliviado de ir-se.   Um soldado riu nervosamente. O segundo franziu o cenho. O líder retornou em um instante batendo nela com a mão, lhe dando na têmpora quando tentou se esquivar o golpe. A força a enviou ao chão. Com as mãos ainda atadas atrás dela, aterrissou sobre sua face.   Lutando por ficar de joelhos, limpou sua têmpora contra seu ombro. Quando viu o sangue, com um sorriso perverso  disse:    —Vai morrer extraordinariamente mal por isso.
        Ao anoitecer, Bowe não podia resistir o puxão de sua fêmea por mais tempo. Seu aroma estava ainda na selva, não tinha chegado à cidade e saiu voando. Embora lutasse com tudo o que era, sentiu-se trocando de direção, remontando os passos que ela tinha realizado mais cedo.   Ele nunca tinha deslocado tão rápido... Não, tinha sido em outro tempo...    Despojou-se desse aviso. O sedutor aroma da Mariketa o chamava e nada mais importava. Acres de traiçoeiro terreno passavam sem esforço sob seus pés. Só dois quilômetros mais ou menos até que a encontrasse. Mais perto. Ele poderia dizer que estava perto... Metros agora, diretamente até o banco do arroio.   Parou repentinamente quando alcançou seu aroma.   Ela não estava aí.   Estava sua bolsa fechada, sua roupa. Então onde infernos estava ela? Seu cantil a um lado, ela nunca deixaria sua água fervida. Outros aromas lhe chegaram, machos humanos carregados de agressão, oléo de armas, cigarros. Viu os rastros de botas no barro. No seguinte lugar havia rastros de pneus. Os soldados a tinham seqüestrado.   Bowe sabia por que. Suas garras se afundaram em suas palmas.   Ele logo que descobriu outro aroma. Seu medo.   —Castigarei-os.   Eles tinham levado a sua mulher, assustaram a sua vulnerável companheira. Transformese... Já.   Mataria-os, a cada um.   Com um rugido de fúria, deixou livre à besta.
 
  Ele tinha vindo.    Mari soube quando os disparos começaram a ressonar nos túneis do búnker. Os homens vociferavam ordens com autoridade, e as metralhadoras explodiam em concentradas rajadas.    Embora logo a defesa organizada se fez errática. As ordens se voltaram... Gritos.    Esses humanos —junto com ela— estavam apanhados clandestinamente com um monstro. Ele tinha começado a matar, e o único que podia fazer era esperar com temor. Com as mãos ainda atadas atrás dela, balançou-se para frente e para atrás na cama de armar.    O violento ataque parecia compassar-se com o pesado tamborilar de seu coração. Ela escutou o grito de curtidos homens fugindo aterrorizados antes que o som gorjeasse desde suas esfaqueadas gargantas.    Teria usado MacRieve seus dentes ou suas garras?    Gritaria ela ao vê-lo?    —Deus meu! —disse entre dentes um soldado. Um calafrio a percorreu quando ouviu outra choramingação, antes de ser instantaneamente silenciado.    Uma fração de segundo depois de uma rajada selvagem de fogo de metralhadora, uma explosão soou e a eletricidade piscou. Quando a lâmpada sobre sua cabeça faiscou e explodiu em fragmentos, ela gritou em meio da repentina escuridão.    De algum lugar nos túneis chegou seu bramido de raiva em resposta.    Ela engoliu seco pelo medo. Uns momentos depois as vermelhas luzes de emergência zumbiram ao acender-se. Quando ela viu que as partes de vidro tinham caído da parte superior da jaula, recuou até onde estava a parte maior, ficando de cócoras para  localizá-lo entre suas mãos atadas.    Depois começou com estupidez a serrar os nós. Quando acreditava que estava perto de liberar-se, ouviu o teclado numérico da entrada a sua cela. Não respirou quando a porta zumbiu abrindo-se.    O líder tropeçou ao entrar, em silêncio fechou com chave detrás dele. Em voz baixa, gritou:    —Dirá-me quem está atrás desta incursão! Quem é...    Ele repentinamente virou ao redor e sacudiu sua arma.    Uma forte respiração soava fora da porta.    MacRieve estava aqui. E não podia imaginar o que faria uma vez que transpassasse aquela barreira. Ia matar o soldado e depois empurraria o rosto dela no catre? Tomarei na sujeira como um animal, havia dito ele.    Por que vacilava? Ela ouviu que as pontas de suas garras encontravam o aço da porta da cela. Ele tinha levantado suas palmas pela porta?   Sim, e depois descansou a testa contra esta, suas garras começaram a afundar-se nela, pela frustração. O coração dela se retorceu.   Bowen não desejava que ela o visse assim.    Porque às vezes os monstros sabem que o são. Ela sentiu que seus olhos se enchiam de lágrimas de compaixão por ele, experimentou uma repentina dor por consolá-lo...    Com um rangente e ensurdecedor som, ele tirou a porta de suas dobradiças.    O soldado trocou sua atenção, lhe dando o tempo suficiente para que terminasse de cortar as cordas de seus pulsos. Quando deu uma olhada, podia distinguir só o contorno de MacRieve entre as sombras. Sua respiração era tão forte que pareciam, grunhidos. Seus grandes ombros se elevavam e caíam com o peso de suas exalações.   O homem fracamente levantou seu rifle e disparou. Umas garras saiu disparadas da escuridão fatiando o cano da arma como se fosse de papel.    Então MacRieve cruzou a soleira. A vermelha luz finalmente caiu sobre ele.    O soldado deu uma olhada em MacRieve e soltou sua bexiga; ela cambaleante ficou em pé.    Tanto sangue... MacRieve estava coberto dele.    Os pensamentos de Mari começaram a registrar-se lenta e confusamente. Estou entrando em choque? Olhe sua face, seu corpo. Na verdade acreditei que poderia dirigir isto? Ou consolálo?    Imediatamente, seus pálidos olhos azuis se estreitaram diante a marca em sua têmpora, depois flamejaram com uma raiva inimaginável. Ele realmente é uma besta, um monstro do Lore.    O pânico borbulhou em seu interior, e tremeu tanto como o soldado que suplicava por sua vida em um  balbuciante espanhol.   O terrorifico olhar de MacRieve se fixou no homem para depois voltar para seu rosto.    —Lhe... Bateu? —Sua voz era profunda e cheia, suas cordas vocais alteradas.    Ela o olhou em silêncio, incapaz de responder. MacRieve levantou a mão em cima do homem para dar o golpe mortal, suas negras garras cintilavam pela luz vermelha. O ar assobiou. Ela fechou com força os olhos quando o sangue da jugular do homem jorrou sobre sua face, sentiase quente e espessa.    O que veio depois foi algo impreciso. O grito era dele. A luz se transbordou de seus olhos e mãos. MacRieve voou através do quarto. Quando ela se lançou para alcançar a entrada, usou magia para levantar a pesada porta da cela, Depois a fechou de repente atrás dela, selando-a como um plugue.    Seu rugido retumbou pelas sólidas paredes. 
  O som de um monstro.    Sentindo terror puro, transpassou os fumegantes túneis, pouco a pouco a circulação retornava ao seus pulsos. Em todas as partes jaziam machucados soldados mortos, seus olhos cegos ainda estavam abertos com terror. O sangue se pulverizou contra as paredes e  encharcou a terra, parecendo-se com o alcatrão pelo brilho das luzes de emergência. Apertou sua mandíbula para não vomitar pelo nauseabundo aroma, mas não guardaria nenhuma compaixão para aqueles assassinos.    Trancou e selou a seguinte porta do túnel, e a seguinte, consciente de que só estava atrasando MacRieve. Sua única esperança era conseguir um veículo...    Ao tropeçar na última seção da escada ao exterior, ela usou suas mãos para levantar a si mesmo uma e outra vez. Por fim, alcançou a saída. Correndo livre de noite chuvosa, salpicando-se nos atoleiros, o barro se pulverizava até suas coxas. Necessito um caminhão, necessito um caminhão... Com chaves.   Tropeçou, levantou o olhar. Ali... Um caminhão.    Roubar caminhão. Não tinha portas ou capota e a chuva continuava caindo, mas poderia haver ali... Sim, chaves!    Lançou-se sobre o escorregadio assento de vinil, pôs a chave de contato, e a girou com força. O motor retumbou e morreu. Uma vez mais, acendia, depois morria.    —Vamos... Vamos... Arranca, merda!   Ignição! Pisou com força o acelerador, não muito ligeiro na embreagem, e o caminhão começou a dar tombos ao mover-se. Alegre por uma vez pelo aroma da fumegante embreagem.    Os caminhos estavam alagados. A chuva caía intermitentemente em ensurdecedores chuvaradas. Ela deu um golpe, tentando que os limpadores de pára-brisas funcionassem, mas a chuva continuava caindo com força sobre seus olhos. Patinou ao longo, conduzindo muito rápido... Muito rápido. Tenho que fazê-lo ou ele me agarrará...    Quando bateu num pendente e quase foi jogada do caminhão, segurou-se no cinto de segurança. Piscando, reconheceu a área, recordou as baixadas escarpadas que sulcavam estes caminhos. Saída rápida.    Sacudiu a cabeça. Não, arriscaria-se a uma maldita baixada antes que permitir tomá-la. Estremeceu outra vez diante a imagem dele, o olhar enlouquecido em seus extraviados olhos, o sangue derramando-se pelas comissuras de sua boca e gotejando de suas presas, seu tamanho.    E isto desejava... Emparelhar-se com ela assim. Afundar essas presas sangrentas em sua pele.    Não. Se concentre! Podia fazer isto, podia escapar. Passou o reverso de seu braço sobre a face ensopadaa...    A luz dos faróis se refletiu em uns olhos fixos nela. Ele.    Pisou forte no freio e puxou o volante à direita, fazendo que o caminhão se bamboleasse. O volante girou descontrolado... Até que começou a dar tombos na borda do caminho e parou com uma sacudida, o chassi fundo em um banco de barro.    Tem que correr! Com mãos tremulas, lutou por desabotoar o cinto de segurança.    O caminho inteiro começou a cair.    Enquanto gritava, o caminhão deslizou de lado por um agudo aterro até que bateu num toco e ficou pendurando no ar. Voltou a bater com o focinho dirigindo-se para baixo em um ângulo de quase de noventa graus.    Bloqueou os freios, e sólidos ramos apontaram o pára-choque dianteiro, mas o caminhão não seria sustentado por muito tempo. As amplas folhas arranhavam o pára-brisa quando a pressão aumentou. Ela gritou outra vez quando o vidro finalmente se quebrou.
  Ah, deuses, não... A borda se aproximava. Quando ela levantou seus braços diante de sua face, seu corpo foi jogado para frente, mas estava preso pelo cinto de segurança. Ofegando, baixou seus braços e se obrigou a abrir os olhos.    MacRieve estava na frente, tinha agarrado o caminhão. Ela podia ouvir suas garras cravando-se na capota enquanto lutava denodadamente para sustentá-la fora do precipício.    Os faróis brilharam sobre sua face e roupas sangrentas, seus músculos em tensão. O poder em seu trocado corpo a afligiu.    —Sai...! —bramou ele com aquela voz bestial—. Salta... Agora!   Com os olhos abertos totalmente, ela lutou com o cinto de segurança. Não se abria. Não... Não... Esta merda só acontece em filmes!    A chuva começou outra vez, um dilúvio. Sob o caminhão, a terra se moveu, sentindo-se solta, gomosa, solta...    Ela ficou paralisada, encontrou seus olhos.    Em um instante, ele saltou para frente, pisando forte através do capote. Com dois movimentos rápidos, ele tinha talhado o cinturão e a tinha jogado sobre seu ombro. Ele investiu sobre a longitude do caminhão para alcançar a terra por cima, mas a terra desmanchava sob seus pés.
 
  Bowe fez a única coisa que podia fazer quando começaram a cair pelo despenhadeiro, envolver seu corpo ao redor do dela, rezando por poder protegê-la com isto.   Caíam... Temia que ela se rebelasse quando a apertou com força. Caíram... Em água profunda?   Piscou, desejando rugir sua sorte. Não houve tempo. As rápidas correntes os apanharam.   Quando apareceram mais adiante, empurrou-a em cima dele, lhe permitindo conseguir ar, contorcendo-se para a proteger  de qualquer colisão contra rochas ou escombros.   Como antes, ela tinha deslocado, mas ele não a deixaria morrer outra vez. Começou a lutar contra a corrente para alcançar a borda. Livre da força do rio, jogou-a em um banco de areia, apalpando-a em busca de feridas. Não encontrou nenhuma.   Ela está a salvo.   Sua fêmea... Ilesa. Repetidas vezes tinha estado em perigo, seu coração a ponto de  explodir no peito cada vez que, de uma ou outra maneira, em todo esse caos, ele a tinha protegido do dano.   Ela se apoiou sobre suas mãos e joelhos, mas não tentou afastar-se antes de cair de frente. Ele caiu atrás dela, lutando por regular sua respiração. Tinha recebido mais tiros dos que tinha acreditado, mas não os havia sentido antes. Agora as feridas o incomodavam.   Quanto tempo estiveram assim jogados, não sabia. Embora quando a chuva amainou e a lua se elevou no alto, o aroma de sua fêmea se fez indiscutível.   Resistindo a necessidade... A urgência que o guiava... Esforçou-se por ignorar ao Instinto:   Reclama o que é seu. Ela é forte.   Forte, sim, mas também repugnava o que era ele, tinha visto o asco sem disfarce em sua aturdida expressão incluso antes que ela tivesse arriscado sua vida fugindo dele.   Outra vez.   Fechou os olhos, odiando aos deuses pelo que era...   Ela se levantou de um salto e se lançou para frente, impressionando-o com sua velocidade.
  Ele se esforçou por elevar-se. As balas alojadas em seu corpo o apunhalaram como adagas.   —Não, não corra de mim!   Correndo dele... A pior coisa que ela poderia fazer... Para fazê-lo inclusive mais selvagem com ela. Apanharia-a facilmente, então se preparou para saltar. Investiu para frente, sua mão saiu disparada para segurar como uma braçadeira seu tornozelo.   Ela gritou quando a arrastou para ele.   No barro, Mari avançou a rastros freneticamente, mas ele apertava seu tornozelo como um torno.   —Não pode correr... —chiou ele com dificuldade atrás dela.   Infernos se não podia. Mari deu chutes atrás com sua bota, o calcanhar conectou diretamente em um lado de sua face. Em represália ele só resmungou baixo, golpeou-a no trazeiro cuspiu um dente que se afrouxou com seu golpe. Não havia nada da fúria que ela esperava.   Diminuiu a força de sua resistência, com muito medo de olhar para trás...   Quando se arriscou a dar uma olhada, encontrou que a chuva e o rio tinham lavado o sangue de sua boca, suaface, suas mãos e garras. Seus olhos pálidos se encontraram com os seus, a raiva brutal que tinha visto nele tinha minguado.   Seus traços não lhe pareciam tão espantosos. Já não se via como um monstro, só era agora um macho desconhecido, um com um animal que precisava reclamar o que via como seu para tomar.   —Não corra de mim...   Afrouxou seu corpo para ele, confundindo-o.   —Não o farei. —Diante suas palavras, seus olhos se acenderam de algum jeito tanto com alívio como com angústia—. É só... Nunca tinha visto nada como você... E estava assustada.   —Deveria... Se soubesse o que necessito, o que quero... Te fazer... —Suas mãos  dispararam para frente para agarrar seus shortes.   —Não, maldição! Só me dê... Me dê um minuto para processar tudo isto!   Quando ele a forçou a estar debaixo ele e começou a morder sua camisa, ela gritou:   —Não!   A luz explodiu. O poder emanava de suas mãos e olhos, cegando-a brevemente. Quando piscou para abrir os olhos, estes se aumentaram pela surpresa. Como se estivesse preso, MacRieve tinha sido empurrado contra uma grande árvore ceiba, os braços seguros para trás até que sua palma se apoiassem no tronco grosso atrás dele.   Inferno santo.   Lutava para liberar-se, suas garras se cravavam na estriada casca. Mas qualquer que fosse a atadura que tinha usado nele o sustentava firmemente.   —Não lute... Não conseguirá escapar. Só se machucará. — Quando ela compreendeu que não só lutava contra sua magia, mas também contra a transformação completa, levantou-se cambaleante e se aproximou dele—. Por que luta ainda contra isto?   Seus olhos estavam tão cheios de ânsia.   —Desejo-te.   Quando ela pôde afastar seu olhar de seu rosto, observou que sua roupa estava crivada de buracos.   —OH, deuses, atiraram em você! Quantas malditas vezes?, Como pode sustentar o caminhão? E nos tirar do rio?   Como se estivesse orgulhoso, seu queixo se elevou só um toque.   —Mantive-te a salvo.   E seu coração se derreteu por essa besta.
  —Fez-o, Bowen. Liberou-me e me manteve a salvo. —O açougue foi para a proteger de tudo, foi provocada porque aqueles homens tinham planejado feri-la uma e outra vez. Bowen tinha matado tão grosseiramente só por ela. Agora queria protegê-lo também, curar as inumeráveis feridas que tinha recebido por ela.   —Posso usar mais magia em você?   Ele com impaciência assentiu com a cabeça.   —Me bata... Inconsciente...Bate minha cabeça contra uma rocha... Sei que pode.   —Não era o que tinha em mente. —Ela acreditava que tinham sido arrastados rio abaixo bastante longe do bunker, mas ainda assim perguntou—: Cheiraria a essência se os homens nos aproximassem?   —Aye. Ninguém vem atrás de você.   Ela assentiu com a cabeça.   —Bowen, vou manter você assim um pouquinho, tá? —murmurou quando começou a lhe tirar a roupa.   Quando o despojou de sua camisa rasgada, compreendeu que podia mover seus membros e mãos, posicionando-os a vontade, embora ele ainda não pudesse.   Isto era uma magia apaixonante. Sentia-se poderosa e com o controle, uma mudança total de como se sentiu ao fugir de Bowen, ou quando foi forçada a ponta de pistola a ir a esse funesto búnker.   Tirou-lhe as botas, então com muito cuidado deslizou a avultada cremalheira de seu jeans. Podia perceber que o corpo dele tremia com antecipação, podia ouvir baixos grunhidos que retumbavam de seu peito quando sua ereção saltou livre. A ponta reluzia, o eixo se engrossava e apontava para ela. Quando baixou seu jeans, seu cabelo  deslizou sobre ele, e ele emitiu um áspero grito afogado.   Uma vez que esteve nu, começou a roçar sua pele passando rapidamente sobre os golpes, como tinha visto outras bruxas fazer em uma cura. Sobre cada uma das feridas, suas mãos ficavam quentes. Sabia que o curava, desintegrando as balas de algum jeito. Seus olhos revoavam fechados em uma estranha, mas não desagradável, sensação. Quando mudava sua mão de uma área a outra, deixava atrás só pele suave e intacta.   Enquanto o auxiliava, explorava-o, familiarizando-se com sua nova forma. Sem a raiva e o sangue... Acredito que posso dirigir isto. Enquanto continuava acariciando-o, encontrou-se excitada por ele. Seus esplendidos músculos e muito alta constituição eram exagerados, ainda sob a imagem da besta que flutuava sobre ele e as mudanças em seu corpo, sua pele ainda era mais ou menos igual.   Chegando até suas costas, sentiu feridas de bala em suas omoplatas e na parte alta de sua coxa. Ele lambeu e beijou seu pescoço quando ela arrastou uma de suas mãos sobre suas costas, a outra sobre os músculos duros como uma rocha de seu trazeiro.   Só quando ele beliscou em seu pescoço ela se deu conta de que tinha nu um homem lobo quase totalmente convertido apanhado por seu poder.   Para fazer com ele o que desejasse.   Naquele momento, compreendeu sua intenção com ele e esteve surpreendida de quão forte era sua vontade a respeito.   De algum jeito... Mari ia o ter, completamente.
 
  Ela não vai correr, pensou Bowen com aturdido alívio, justo quando a pressão por reclamála e marcá-la, crescia. Lutou agressivamente por liberar-se de seu agarre, embora reconhecesse que enquanto estivesse imobilizado dessa forma, ela poderia explorá-lo, estudá-lo, e talvez perdesse seu medo para ele.    —Não sente repulsão por mim?   —Não, se não estiver coberto de sangue e este não gotejar de suas grandes presas — disse ela com naturalidade, ao esfregar suas suaves mãos sobre ele—. Não vou mentir, assustei-me tanto que parecia que estava no meio do inferno. Mas penso... Acredito que estou acostumado mais a você agora.    —Inclusive quando pareço... Isto? Depois de matar?   Ela cabeceou.    —O mundo é um melhor lugar agora que destruiu a esses homens — disse—. Mas está de acordo com tudo o que estou fazendo, Bowen?    Ela continuou perguntando para assegurar-se que ele estava cômodo em meio disto. Embora já não doessem as feridas, continuou tocando-o, mas por que?    Cada músculo de seu corpo se esticou imediatamente quando percebeu o delicioso aroma de sua crescente excitação.    —Me liberte! —Ela também o desejava. Inclusive quando ele estava assim, seu corpo estava preparado para o seu, e ele ainda não a havia tocado.    —Não, não posso fazer isso —disse ela— Não o farei. Só me deixe facilitar as coisas.    Naturalmente, ela iria a provas. Ele poderia passar do receio à indignação em questão de segundos.   —Então se dispa.   Retirando suas mãos das dele, tirou a ensopada camiseta pela cabeça, embora vacilasse com seu sutiã. Ele assentiu para que continuasse, e por fim ela revelou sua cremosa carne para ele. Poderia olhar fixamente seus seios para sempre. Seus mamilos eram da mesma cor do rubi enquanto que seus lábios tinham esse atraente vermelho que o fazia sentir-se selvagem por pousar sua boca neles.    —Tire todo o resto.   Ele ofegava de prazer, seus olhos seguiam cada um de seus movimentos quando  tirou a roupa inferior. Sua úmida pele era formosa, e, ele sabia que seria flexível sob sua língua.    Quando se despiu, voltou a tocar e amassar seus seios para depois deslizá-los através do peito dele. Mas de repente sentiu que suas mãos seguiam acariciando-o até que todo seu corpo esteve sendo acariciado. Ele estremeceu e suas pernas enfraqueceram.   —O que está... Me fazendo?    Com gutural voz de sereia.   —Não sei. Só acontece.   —Deixa-me louco... Isso se... É tão bom...   Suas palavras morreram quando ela se ajoelhou diante dele. Ele a olhou incrédulo quando ela tomou seu eixo em sua mão e com o rosto aturdido o acariciou através de toda sua longitude. Sonhando... Devia estar sonhando. Não podia ser real.    Sua fêmea tinha saído diretamente de seus sonhos. E ela o olhava com seus olhos cheios de... Desejo por ele.    Ele sentiu seu fôlego quente  antes que meigamente o lambesse o orifício na cabeça de seu pênis. Gritando, tentou balançar seus quadris imobilizados, querendo estar mais profundo entre esses úmidos e vermelhos lábios. 
  O pingo de sal em sua língua a fez ter fome de mais e despertou nela a agonia.    Bowen a percorreu com a vista com temor reverencial, parecia memorizar a visão dela tomando prazer dele. Seu corpo estava tão sensível. Quando ela lambeu a parte oculta de seu eixo do topo à base, ele ladrava maus juramentos. Sua língua contra seu pesado saco parou sua respiração.    E quando ela tomou a ponta de forma hábil e profunda em sua boca, ele estremeceu violentamente, os músculos de seu peito se incharam pela tensão. Sua carne palpitou contra seus lábios, fazendo-a gemer ao redor dele.    Não podia tomar toda sua longitude, então usou sua mão para acariciá-lo. Ela podia sentir que a base de seu eixo estava aumentando, grossa com seu sêmen, e seu sexo se esticou por ele, desejando ser cheia.    Na borda, ele se esforçava por empurrar mais forte em sua boca. Então pareceu começou a tremer.   —Não assim — disse entrecortando as palavras—. Preciso estar dentro você.   Embora ela pudesse beijá-lo toda a noite, Mari também o queria dentro dela. Com uma persistente lambida final, liberou-o e ficou pé.   Estudando a situação logisticamente, ela debateu a forma mais segura de fazer isto. Ao tomar uma decisão, pressionou suas mãos contra seus ombros. Quando ambos se ajoelharam, os braços dele deslizaram com o passar do tronco, ainda travado nessa posição. Inclinando a cabeça, lhe afastou os joelhos para levá-lo mais abaixo. Quando ele estava mais alinhado com ela, ela virou e se apoiou contra ele, até que seu sexo descansou em cima de seu proeminente eixo.    —dentro de você. —Ele soou atormentado por não poder penetrá-la—. Coloca-o.   Ela se apoiou contra seu peito e volteou a cabeça, depositando beijos abertos em seu pescoço, murmurando:    —Quero estar pronta para você. Seja paciente comigo...    —Complicações se o estou tentando!    A bruxa tomou uma de suas mãos e as moveu sobre ela por ele, usando seus dedos para acariciar seus mamilos. Sua outra mão foi guiada mais abaixo, deslizando-se por seu ventre liso, passando o piercing que tanto o excitava. Quando ela pressionou com toda a palma dele entre suas pernas, medindo sua umidade, ele gritou.    Afogando-se pela frustração, por sentir quão molhada estava mas ser incapaz de pôr sua língua ou eixo entre suas coxas...    Quando ela introduziu um dos dedos em seu interior e gemeu baixo, ele freneticamente esfregou sua face contra sua úmida bochecha e pescoço.    Depois um segundo dedo. Tortura.   —Tão apertada.    Quando ela começou a transar com eles, preparando-se para ele, ele rugiu com agonia, a ponto de perder o controle de seus sentidos. Seu pênis palpitou dolorosamente, saltando entre suas pernas, palpitando com cada pulsado selvagem de seu coração.    —dentro de você. Agora!    Ela assentiu vacilante com a cabeça, tirando os dedos de seu sexo. Uma vez que o fez mover as mãos para tocar os seios, ela começou a introduzir a cabeça de seu pênis em seu interior. Enquanto tentava tomá-lo, ele pôde sentir seu corpo movendo-se e tremendo, podia ouvir como ela respirava com esforço.    —Mais profundo — exigiu ele—. Toma mais.    Mas parecia que ela não podia.    —Ah, deuses... —ofegou ela, ondulando seus quadris sobre seu pênis. 
  De repente, a chuva terminou. O vento começou a soprar, precipitando-se sobre sua pele acalorada e limpando as nuvens do céu. A luz da lua atravessou a canopia.   Ele o sentiu como calor em sua pele, sentiu-o até em seu eixo que ainda esperava a inundarse dentro dela. Viu a luz banhar a impecável pele de sua companheira sobre o branco puro de seus ombros, descendo pela fascinante tatuagem em suas costas, e sobre seu trazeiro rechonchudo quando ela se balançava nele.    —Te saboreie.    Quando ela se tocou e levantou seus dedos a sua boca, ele os capturou com seus lábios. Sorvendo seu sabor das pontas, ele grunhiu com prazer.    —Bowen! Vou A... —as palavras terminaram com seu grito quando ela começou a gozar. Ele estava o bastante profundo para sentir como sua vagina o apertava, seu corpo avaramente procurava o que ele tinha para lhe dar.    Ele gritou ao céu, unindo-se em um instante a ela. Com apenas a ponta do pênis dentro dela, ele bombeou quente em seu interior, estremecendo-se de êxtase por enchê-la de sua semente.    Ele estava ainda gozando... Quando a lua o apanhou fazendo-o mais forte que ela.
 
  Quando ele jogou para trás a cabeça, Mari sentiu a vibração enfeitiçante de seu rugido desde seu peito ressonando na selva. Sua ejaculação era evidente, disparando da ampla cabeça colocada dentro dela.   Ainda então a lua continuava atravessando as árvores como prata surrealista, e ela sabia. Sabia que ele era muito poderoso nesse estado para contê-lo com qualquer feitiço que ela pudesse conjurar. E embora acabasse de alcançar o clímax, permanecia duro dentro dela. Seus músculos continuavam tão tensos como antes.   Mari tinha querido intensidade, ferocidade. Engoliu seco e fechou os olhos, fortalecendo-se.   Estava a ponto de consegui-lo.   Segundos mais tarde, ele se separou da árvore, empurrando-a para frente a pôs sobre seus joelhos e mãos. Tomando a da nuca, pressionou seu corpo sobre a terra, mantendo-a fixa com a mão em seu pescoço.   Sustentando-a imóvel, devagar introduziu seu eixo, polegada a polegada, fazendo-a gritar de prazer.   Quando pensou que era tudo o que podia tomar, lhe demonstrou o contrário, empurrando seus quadris, obrigou-a a tomar ainda mais.   Situado tão profundamente, de algum jeito se controlou, permitindo que se acostumasse a seu tamanho. Quando gemeu para pedir mais, ele tomou com força da cintura. Empurrando uma vez, com força e urgência.   —Ah, deuses! —Ela lançou um grito—. Faz isso outra vez...   Ele o fez, repetidas vezes, fazendo que seus dentes se chocassem com força, mas ela o amava, amava o inflexível que era, amava sua voz de besta má e rouca em seus ouvidos.    —Seu sexo está tão apertado... Bom e molhado. Queria ficar aqui para sempre.   Quando ela o tocou entre suas pernas para acariciar e apertar seu pesado saco, ele grunhiu em aprovação. Mas então a obrigou a tirar sua mão.    —Não o faça... fará-me vir... Não estou preparado. —pondo as mãos em suas costas—. Nenhuma interrupção, pequena companheira.
  Era a primeira vez que a chamava companheira. Se a tinha aceito como sua completamente, sabia que só havia um modo de terminar a noite. Só podia render-se à besta que tinha em suas costas.    Tomando a dos cotovelos, afastou-a se localizando quase em posição vertical sobre seus joelhos, depois usou seu agarre para puxar seu corpo e empurrar freneticamente de seus quadris, seus seios tremeram. Sua pele estava úmida, e o vento se precipitou sobre ela como uma carícia.    E se sentia tão bem.    Tentou liberar-se para tocá-lo, mas ele sustentou seus cotovelos firmemente.    —Necessito... Te marcar. Ti marcar como minha.   Embora tivesse temido sua mordida, naquele momento não negaria nada.    —Sim, faça-o!   Ele vaiou, seu eixo pulsava dentro dela em antecipação.    —Nada poderia... Me agradar mais.   Ela também tremeu de antecipação. Doeria? Gritaria? Mas sabia que nada o deteria. Tinha desejado toda a experiência. Este passo era obrigatório.   Ele colocou a boca entre seu pescoço e ombro, grunhindo em voz alta contra sua pele, alarmando-a, emocionando-a. Sentiu o roce de sua forte língua lambendo-a.   As presas perfuraram a pele. Ela gritou pela dor, e pelo choque de um violento orgasmo. Em total abandono, arqueou-se baixo ele, estendeu seus joelhos e balançou os quadris pedindo mais.   Inclusive quando ele continuou inundando-se entre suas pernas, não retirou suas presas, parecia não estar disposto a obter sua liberação agora que a tinha como queria.   Justo quando ela pensava que não poderia tomar mais, sentiu todo seu corpo esticar-se sobre o seu. Ele grunhia de maneira brutal contra sua pele, Depois chegou uma poderosa onda, abrasadora, bombeando uma e outra vez.   Ele finalmente a liberou sofrendo um colapso sobre ela, enquanto continuava empurrando agora lentamente, como se saboreasse a umidade de ambos.   —Nunca te deixarei ir.        —Necessito... Descansar, Bowen — disse muito mais tarde aquela noite, seu corpo estava dolorido, completamente desgastado—. Não sou o bastante forte para isto hora atrás hora. Por favor, só um pequeno descanso...   —Dorme. —Sem retirar-se, pôs-a de lado, acomodando-se a suas costas. Ainda dentro dela, pôs a mão entre suas pernas, empurrando seu traseiro e sustentando seu sexo. Possessivamente.   Com os olhos entrecerrados, viu videiras crescer sobre ela. Bruxa, natureza, boa. Relaxandose, sentiu-o junto a ela, arrastando-a ainda mais perto, colocando sua perna sobre a sua protetoramente. Inclinando-se cheirou o aroma da videira, vacilou, mas não se afastou e apertando-a mais perto ele também foi envolto.   Antes de ir à deriva longe, ela sussurrou:    —Está bem, Bowen. —E ele o permitiu.   Quando ela despertou ainda estava escuro, as videiras se foram, como os raspões em seus joelhos, palmas e a dor de seus músculos. Bowen estirava seu corpo sobre o seu, sustentando-se em seus cotovelos. Ela observou que a imagem da besta começava a desaparecer, os olhos azul claro começavam a obscurecer-se.    Embalando sua face com suas grandes mãos, olhou-a com emoção interrogando-a, ela sentiu lágrimas em resposta. 
  Pressionando suaves beijos em sua fronte, pálpebras e nariz. Se ela tinha visto a besta em um frenesi de luxúria, agora a via elogiando a sua companheira por a saciar.   Então seu olhar vacilou sobre seu pescoço. Ela o descobriu olhando a mordida ao longo da noite, parecendo de uma vez orgulhoso e aliviado por havê-la posto nela.    —Sua pele está curada. Mas o sinal permanece. —Sua voz estava voltando para a normalidade embora houvesse se acostumado a sua voz bestial e aos murmúrios roucos e se alegrou ao saber que os voltaria a ouvir no seguinte mês.   Ela franziu o cenho. Ia estar com ele para fazer isto por muito tempo?   —Reclamada para sempre.   Bom, ao menos um deles acreditava. E quem sabe o que aconteceria a eles? Ele a tinha empurrado a novas alturas, exigindo que seu corpo fizesse coisas que nunca pensou que poderia fazer. O afeto que tinha começado a sentir por ele crescia muito forte dentro dela.    Quem sabe o que poderia acontecer?    —Necessito-te outra vez, antes do amanhecer.   Quando ela assentiu com impaciência, ele se moveu para frente agarrando seu membro, colocando-o dentro dela. Com aquele contato, ele jogou a cabeça para trás e ela se arqueou até ele, como se fosse a primeira vez que se uniam. Quando ele dobrou seus quadris, afundando-se gradualmente nela quase até o punho, disse bruscamente:   —Não posso conseguir bastante de você.   Reduzindo a marcha do passo furioso da noite, apoiou-se sobre seus cotovelos uma vez mais, baixando, até que suas peles se tocaram. Quando a beijou, languidamente  moveu sobre ela, com um balanço perito de seus quadris que introduzia seu membro em seu corpo, avançando para inundá-lo profundamente. Nunca acelerando o ritmo, fez-o uma e outra vez até que ela ofegou. Gritando contra seus lábios:     —Bowen...   —Conheço o tom de minha fêmea — grunhiu ele. Inclusive quando ela podia sentir quão inchado estava e tão perto da borda, ele apertou os dentes, seguindo os impulsos mesurados até que ela culminou. Com um grito na noite, arqueou suas costas, apertando suas pernas ao redor de sua cintura.   —Gozo... Muito! —Ele gritou quando seu corpo se esticou, imóvel, antes de perder o controle entre suas coxas. Sorrindo pela sensação entusiasta do calor que emanava dela, gemeu em seu ouvido—: Mariah!
 
  Bowe despertou para encontrar seus braços vazios sem a morna e curvilínea bruxa. Isto o desagradou.    Quando teve problemas para sacudir o atordoamento, deu-se conta de que o tinha feito dormir, tinha jogado outro ferrado enfeitiço. Maldição, por que? Farejou o ar para se localizá-la, e ficou em pé de um salto.   Ela tinha ido.   Tinha sido muito áspero com ela? Assustou-a outra vez? Por que correria?    Então viu uma área bem a seu lado que ela tinha limpado muito deliberadamente de folhas. No barro, tinha escrito uma nota com letras precisas.    
  Idiota:    O nome é MariKETA.   Vai ao diabo.   A BRUXA, te fazendo um feitiço asqueroso em algum lugar neste momento.       Afundou-se no chão, jogando um braço sobre a face enquanto pragejava em voz baixa. Tinha chamado de Mariah ontem à noite? Ah, maldição.   Ach, Bowe, ferrou tudo desta vez.    Devia estar furiosa. Ou pior, magoada. A bruxa tinha dado um prazer inconcebível, e era assim que tinha tinha agradecido?    Tinha amado tudo a respeito de Mariketa e a maneira em que tinham estado juntos. O sabor de sua carne era aditivo, como era a sensação de sua pequena língua úmida lambendo sua pele enquanto corajosamente o lambia por toda parte. Tinha-lhe mordido o ombro em abandono, gritando contra seus músculos, e as unhas se cravaram nas coxas enquanto a tinha tomado por trás... Endureceu-se agora ao recordar isso.    Tinha lhe dado o prazer que tinha esperado toda sua larga vida...   E eu mostrei minha gratidão chamando-a pelo nome de outra mulher.    Quando afastou o braço, piscou. Em cima dele, divisou seu jeans e botas pendurando dos ramos superiores de uma árvore de cinco metros de altura.  Levantou, determinado a encontrá-la, para fazer que o perdoasse. E depois, que os deuses o ajudassem, começariam onde o tinham deixado ontem à noite. Farejou o ar e pôde captar uma insinuação dela para a costa meridional.    Mariketa tinha apagado os rastros magicamente —e seu cheiro— bem. Mas ela não entendia. Não tinha que ter seu rastro. Havia só poucos lugares onde podia estar. Correria à costa e voltaria mil vezes, e saborearia cada passo enquanto se aproximava dela.   Levantou o olhar a seu jeans outra vez e se assustou de sua própria risada profunda. Sorriu na direção de Mariketa.   Ach, gostava dos jogos que jogavam.        —Me deixe entender isto. Ser procurada pela selva por um Lykae louco de luxúria era um dos extracurriculares mais seguros de sua viagem? —perguntou Carrow.   —Isso é o que estou dizendo. —Mari ajustou o telefone cortesia do hotel contra seu ombro, depois tomou outro gole de sua bebida, um bourbon com gelo com uma sombrinha rosa de papel.   Na moda serio-cómica, tinha conseguido de algum modo chegar a um Resort de uma praia belizenha, então encantou o diretor até que este esteve muito feliz para estender uma grande conta no hotel.    Magia... Boa.    —Disse que não fosse por si mesma, verdade? —demandou Carrow—. O que te disse?   Enquanto Carrow  repetia, Mari obedientemente disse entre dentes em uníssono:   —Darwin diz que as pessoas como você precisa morrer.   —Sim, isso é o que disse. E depois de tudo o que te aconteceu, estou surpreendida de que ainda esteja tiquetaqueando.   Não só estava tiquetaqueando, estava de banho tomado, vestida com novas roupas e sandálias da loja de presentes do Resort, e desfrutando de uma conta ilimitada no bar enquanto esperava seu vôo para casa.   —Bem, me permita que isto sirva como minha chamada à Casa para impedir o desastre. Só um dia tarde. Espero que diga a todos que nunca fui pontual para nada em minha vida.
  —Desastre evitado. Já recebemos uma chamada de algum pretencioso denominado Hild. E depois um demônio denominado Rydstrom apareceu aqui faz duas horas.    —Aha!   —Sim, aha. Eu não estava aqui, mas ouvi que aonde quer que virava seu olhar de olhos verdes, as bruxas deixavam cair as calças e lhe ofereciam as calcinhas.   —Carrow, assim é como começam os rumores — disse Mari repreendendo-a com o tom—. Disse algo sobre o resto de seu grupo?    —Disse que no final todo saiu bem. —Enquanto Mari suspirava de alívio, Carrow adicionou—Deixou um número para você. Sabe que poderia lhe dizer que está bem, durante o jantar e as bebidas.    Não pôde evitar sorrir. Rydstrom amaria  Mari ou a amaldiçoaria por isso, mas disse:   —Sim, chama-o. Diga-lhe que ambos, MacRieve e eu, estávamos em pé esta manhã.    —Assim vai sair voando antes que o grande, mal- com- os -nomes, lobo te encontre?   —Malditamente correto. —O bastardo a tinha chamado de... Mariah. Isso era tudo o que Mari era para ele? Uma substituta? Uma segunda escolha? A ferrada equipe B! A idéia disso a ultrajava inclusive mais por causa da última noite...   Bowen MacRieve me arruinou totalmente para outros homens.    Quase desejava não saber agora que o sexo como esse existia — nem que o que tinha pensado no passado que era grande prazer tinha sido um mero toque dos dedos em um vasto oceano. Golpeou mal-humorada o bar com as pontas dos dedos e assinalou ao barman para outra ronda.   —Suponho que não encontrou um avião grande? —perguntou Carrow—. Ou arrumou isso para conseguir algum Xanax?    —Não e não — Mari estava tão doente da equipe B, que realmente ia sair voando em um avião bebê—. Mas tenho sorte de conseguir um vôo depois de tudo. Além disso, estou me automedicando com uísque. Aterrissarei ao redor das sete, assim vêmme buscar, se ainda tem sua carteira de motorista, ao separar meu rabo do avião.   —Farei-o. Mas, Mari, tenho que dizer que talvez não está vendo claramente o assunto do homem lobo, porque, bem, você tem assuntos.    —O que se supõe que significa isso?   —Só que está realmente zangada com estas coisas. Pensa sobre isso, a última vez que o Lykae esteve na mesma situação, correndo com uma companheira e pulando ou o que seja que essa gente faz, estava com uma fêmea chamada Mariah. Ontem à noite, quando estava lupino, influenciado pela lua e tendo conseguido transar pela primeira vez em, o que diria?, Cento e oitenta anos, basicamente esqueceu o ket de seu nome. Talvez queira ser mais tolerante. Ou, poderia lançar um feitiço para o fazer apaixonar-se por uma secadora. Você decide. Mas se o sexo foi sinceramente...   —Cataclísmico?    —Sim, já o comunicou trinta vezes, pequeno bourbon luxurioso. Assim me diga que não quer ser apanhada? Nada absolutamente?    Mari suspirou.   —Poderia... Se ele me desejasse.   —Eu te desejo, moça.    Ela deu um salto. MacRieve! Estava vestido com roupa nova, e parecia ter tomado banho e friamente tranqüilo.    —Como infernos pode conseguir chegar aqui tão rapidamente?   —Senti sua falta, bruxa. Correu precipitadamente. Agora desliga o maldito telefone.
  —OH, grande Hekate, essa é sua voz? —gritou Carrow—. Acabo de ter um orgasmo! Forja a etiqueta de seu nome se tiver que fazê-lo, mas consegue alguns desses algum - algum. Recorda, os amigos deixam que os amigos vivam através dos outros...   Clique.    —Quanto tempo esteve aqui?    —Cheguei aqui uma hora depois de você.   —Sou lenta?    —Sou rápido. Teria vindo a você antes, mas tinha muitos acertos que fazer. —Seu olhar se centrou em sua bebida—. Que infernos está fazendo?   —Estou me batendo com alguns sizzurp (coquetel de frutas e vodka).   —Por que?    Ela encolheu os ombros.   —Avião pequeno, grande susto.   Ele cheirou.    —Isso é bourbon? Quem bebe uísque na praia?    —Soa como um grande nome de bebida para mim! Como me encontrou?    —Encobriu seu rastro bem. Mas sou um grande caçador.    —E tão modesto, também.    —Não deveria ter me deixado assim. Em que maldita coisa estava pensando para te pôr em perigo outra vez? Acreditei que tínhamos um... Entendimento.   —Tínhamos. E então me chamou pelo nome de outra mulher. —Pareceu que ele mal tinha suprimido um pulo— E então me dei conta de que tinha entendido mal nosso entendimento.    MacRieve a agarrou pelo cotovelo e a dirigiu a um pátio privado revestido de hibiscos.    —Maldição, bruxa, não é possível para eu  esquecer instantaneamente de alguém que teve um papel tão grande em minha vida. Se pensar em alguém durante tanto tempo, duas semanas não a apagarão.    Ela estalou os dedos e disse:   —Exatamente. Duas semanas não o farão. Um ano não o fará. Uma eternidade não o fará. Nunca será feliz sem ela.    —Já não acredito isso. E posso te prometer que isso não acontecerá outra vez.   —Não sei que é mais inquietante... O fato de que me chamasse pelo nome de outra mulher ou o fato de que agora terá que fazer um esforço consciente para não me chamar. Ainda pensa nela de algum jeito.    —Se quer ir porque tem apreensões ou temores persistentes a respeito de ontem à noite, então vai. Mas não pode ir porque acha que prefiro a outra a você. Isso é simplesmente não.   —Como posso acreditar depois de que gritasse seu nome? —gritou ela.   —Preciso te dizer algo — passou os dedos pelo cabelo—Sobre o que não falei nunca. Mas o farei com você. —Olhou à direita dela enquanto dizia—Quando Mariah morreu, ela morreu... Fugindo de mim. Escapando de mim como você fez ontem à noite. Ainda enquanto não estava pensando em nada exceto em você, sempre a culpa por sua morte perdurará em algum nível.   Mari ofegou.   —Por que não me disse isso?   Ele finalmente a encarou.    —Temia que só te ferisse  revelar isso, que criaria a mesma situação. Temia isso.    —Embora foi um acidente. Correto? Não pode levar essa culpa para sempre.    —Às vezes, ultimamente, sinto-me pior, por que... —Suas palavras ficaram mais fraca.   —Por que o que? 
  Ele esfregou a mão sobre a face.    —Inclusive se acreditasse que é a mesma alma que ela, eu nunca desejei Mariah como desejo você —Pareceu envergonhado pela admissão, ainda enquanto ela se sentia suavizar-se para ele... Como sempre—. E o que diz isso a respeito de mim? Como poderia escolher para você um macho tão desleal? Quando eu quero renunciar a esta maldita culpa?   —É obvio que o faz, foram quase dois monstruosos séculos! Suficiente é suficiente.    —Deuses, eu esperava que acreditasse que esperei o suficiente. —Exalou um fôlego aliviado—. Quero olhar para frente.    —Como deveria. Não seja tão duro consigo mesmo.   —Feito, se você fizer o mesmo por mim também.    Ela fez um som rangente de frustração.    —OH, você malicioso...   —Moça, nós teremos problemas às vezes. Cometeremos enganos e os perdoaremos. Esta é uma dessas vezes.   —Está agindo como se tivesse assinado um contrato a longo prazo. E não o tenho feito.   —O que tomaria conseguir outra oportunidade com você?    —Nada do que tem. Meu tempo aqui se está cortando...   —Nada? Mas não viu tudo o que tenho. E se te dissesse que tenho um ramo de oliva que a mercenária em você apreciaria? —Curvou o dedo sob o queixo dela—. Nunca se assustasse com nada e não se arrependerá disto agora.   Ela precisava permanecer forte, para permanecer furiosa. Mas tudo o que queria era voltar  estar com ele.   —Me dê uma oportunidade, bruxinha.   Foi então que ela fez uma observação decisiva.    Bowen MacRieve continha a respiração.    Maldito! E ali se foi a força e a fúria, foi com um gemido. Tranqüila, encontrou com os olhos dele.   —Não me chame por seu nome outra vez, Bowen. Dói.   —Shh, moça. —Envolveu esses braços grandes ao redor dela, atraindo-a contra o calor de seu peito—. Não o farei, prometo —Quando ela relaxou finalmente contra ele, acariciou a orelha com o nariz. Ela pôde sentir curvar-se seus lábios antes que dissesse—E não pendure minha roupa em árvores altas.
 
  O ramo de oliva de Bowen para ela era uma ilha particular bem na costa de Belize, com um barco e uma mansão em meio de um bosque ventoso de palmeiras.    E as duas semanas que tinha permanecido ali com ele tinham sido as mais felizes de toda sua vida. Esta noite estavam sentados em uma manta na praia, olhando preguiçosamente uma madeira flutuante. A brisa soprava através das folhas das palmeiras, e as estrelas brilharam febrilmente. Enquanto deitava contra seu peito, refletiu sobre seu tempo aqui com ele.    No princípio, tinha pensado que ele somente tinha gasto uma fortuna para alugar esta propriedade, mas então havia dito:   —Se a quiser, é sua. 
  Aparentemente, não era só rico, e sim obscenamente rico. Assim respondeu como qualquer bruxa que se respeita faria:   —Me dê... A escritura.   Depois de sua primeira noite aqui de sexo sem parar, tinha despertado no êxtase, incapaz de deixar de sorrir estupidamente. Tinha acreditado realmente que as relações sexuais não podiam ser perfeitas? Ele tinha parecido surpreso por sua reação, depois tinha feito essa exposição de orgulho, sobressaindo-se o queixo.   —O velho homem lobo ainda o tem, né, moça?    Tinha-lhe feito cócegas até que ela gritou de risada.   Então mais tarde, uma vez que eles decidiram ficar umas poucas semanas, puseram alguns parâmetros para sua coabitação.    Ela não ia fazer a "coisa do espelho" enquanto estivessem ali, porque, como ele havia dito:   —Cada vez que te vejo fazer esse feitiço, tenho um agudo pressentimento. Meu Instinto me diz que está errado... Inclusive, perigoso.   Quanto à magia em geral:    —Se deslizar porque se assusta por algo, isso é uma coisa, mas encantar voluntariamente a seu reflexo perturba muito.    Tudo o que tinha pedido era que não menosprezasse os de sua espécie, nem que soasse como se estivesse planejando afasta-la da bruxaria e a Casa.   OH, e necessitava roupas.   Durante o dia, nadavam no Caribe, e ele apanhava lagostas que cozinhavam de noite na praia sobre o fogo. Exploraram os coloridos povoados no continente, fazendo compras, turismo, e beijocando-se em ruelas.    Justo hoje a tinha pressionado atrás de uma fila de postos de fruta. Com o abafadiço ar perfumado com cana de açúcar, e suas quentes e possessivas mãos acariciando os seios, tinha-a tomado, suprimindo seus gritos com seus beijos...   —Moça, o que está pensado que a afeta deste modo?   —Hmm? Ah, nada.    —Sempre diz isso. Não posso evitar sentir que está refreando partes de você.   Talvez estava se refreando, provável atemorizada com que essa outra pessoa pela que se preocupava a abandonasse. E em um canto de sua mente, temia que ele sempre duvidaria que ela fosse dele até que concebesse. Tranqüila, perguntou:   —Como?   —Eu não gosto que tenha seus segredos.    —Segredos? —Seu tom era inocente, mas escondia segredos — muitos deles.   Por exemplo não parecia que pudesse abandonar o de ir ao espelho, não importava que  houvesse dito quanto o incomodava ou quão feliz a fazia. Havia resolvido que se o reflexo respondia só umas perguntas em uma sessão, então precisava ter tantas sessões como fosse possível.    E não havia dito que noite após noite tinha experimentado sonhos estranhos, tão vívidos e realistas que quando despertava tinha problemas para diferenciar entre o que era real e o que não era.   Em um sonho, estava em um plano sem formas de um negro contínuo. Mari via sua mãe, chorando com as palmas das mãos apertadas contra os olhos. Seu pai caido em uma parte de pedra, imóvel, os olhos fechados, as mãos em punhos.
  Outras vezes, sonhava que milhares de vozes rogavam que se apressasse, mas para fazer o que, não sabia. E às vezes, nesta balsâmica ilha de brisa suave, sonhava com um bosque sem folhas coberto de neve, os grossos ramos com corvos.   Mais ainda com suas apreensões e seus segredos, Mari continuava apaixonando-se por seu forte e orgulhoso homem lobo mais e mais cada dia. Tinha uma boa sensação sobre Bowen.   Assim por que não tenho uma boa sensação sobre nós?   —Você também se refreia — disse ela finalmente    O fazia. Bowe odiava que ela tivesse tido um primeiro amor, e temia que nunca fosse completamente sua por causa disso. E sempre estava a apreensão de que perderia a sua companheira de algum modo outra vez... Ela não podia transformar-se em imortal o bastante rapidamente para ficar bem.   —Talvez estou receoso disto porque é tão bom — respondeu ele honestamente—. Suponho que estou tão acostumado a ser miserável que qualquer separação me perturba.    —É isto tão bom? —perguntou ela silenciosamente.   Ainda com dúvidas persistentes, ele nunca tinha conhecido uma satisfação como esta antes dela, nem tinha sabido que existia.   —Aye, moça. É para mim.    Além da bruxaria, gostava de tudo a respeito de sua nova companheira. Gostava do fato de que, por alguma razão, quando foram pescar lagostas, ela exclamava:   —Estamos no caranguejo, nenê!   Gostava que comesse, bebesse e jogasse com gosto. Seu senso de humor o fazia rir todos os dias.   Fazer o amor com ela o preenchia de maneiras que nunca tinha imaginado.    Inclusive estava se acostumando a sua pequena magia. Quando ela dormia, se estava contente, as mãos zumbiam como se ronronasse e às vezes durante sua estadia aqui a vista tinha ido o pôr nervoso A... O encantar, fazendo  sorrir.   E ocasionalmente coisas estranhas aconteciam. Ontem à noite tinha despertado para encontrar que tudo no quarto, da cortina ao relógio de parede, tornou-se brevemente azuis. Encolheu os ombros, tinha-a puxado mais perto e voltou a dormir.    Mais embora ela tivesse prometido não cantar ao espelho, seu Instinto continuava o advertindo.   Seu poder é instável. Esteja atento.   Sacudiu suas apreensões.    —É bom. E penso que só melhorará. Por exemplo acredito que você gostará de visitar... — viver na — Escócia. —Esperava que aprovasse sua casa, mas se não, compraria-lhe qualquer que necessitasse para ser feliz. E esperava que se levasse bem com seus primos e o clã, embora se qualquer deles contemplava desprezá-la por causa do que ela era, estrangularia-os.   —Como é sua casa lá?   —É um pavilhão de caça restaurado com lareiras enormes e vigas imensos no teto. No inverno a neve vem, e é surreal. Algumas noites cai em silêncio, e outras noites as tormentas uivam e atiram sua manta.   —Soa maravilhoso. Nunca vi a neve.    —O que? —ladrou, assombrado—. Nenhuma vez?    —Não há muita neve em Nola. E a única vez que estive fora do país foi a Cancun para as férias da primavera. Guatemala foi a primeira vez que vi montanhas.    —Quer ver outros países?    —Se posso chegar ali em um grande avião, com sedação apropriada, então amaria.
  —Poderia te levar aos lugares onde estive. Te mostrar coisas.   —Como onde?    —Poderíamos beber ao longo da Itália e fazer mergulho nas ilhas da Grécia. Poderíamos olhar o pôr do sol sobre o oceano Índico.   Com os olhos abertos de entusiasmo, assentiu para ele.   —Quero te mostrar tudo, olhar sua expressão com cada nova vista. —Durante as últimas duas semanas, quando tinha dado conta de quantas coisas queria fazer com ela, encontrou-se com que a necessidade de ter filhos enfraqueceu. Agora tinha milhares de lugares aonde levá-la antes de estabelecer-se—. Seria um excelente guia para você.   Ela sorriu.   —Meu homem é tão modesto.    —Mas no inverno, quero te levar a casa na Escócia. —Olhou-a e soube que a veria em seu país, caminhando a seu lado. E o coração estava contente—. A neve será sua, moça.
 
  —Recorda onde pus a rede de  pesca? —perguntou Bowe a Mariketa. Queria apanhar seu peixe favorito para esta noite. Se ela ia se transformar logo, tinha que mantê-la bem alimentada, assegurando-se de que não perdesse nem um só quilograma de suas curvas. Podia admitir que estava desenvolvendo uma pequena obsessão por seu proporcionado corpinho.    Ela sempre sabia onde  punha tudo, das chaves de seu barco até sua carteira e a sua ceva predileta. Começava a perguntar como tinha feito sem ela durante o último milênio.    Enquanto, ela se apressava pela esquina e dizia:   —Aqui não!   Ele abriu a porta do armário do corredor.    No interior, um saco de lixo deu a volta, as maçãs fizeram um ruído surdo ao cair no chão, e o local se encheu delas.    Recuou, estremecido até os ossos.   —Qual é o significado disto, Mariketa?    Ela esfregou o pé contra o dorso do outro tornozelo.    —Desejaria poder dizer que não é o que parece, mas... É.    —Quantas vezes foi ao espelho?    Ela encolheu os ombros.    —Conta as maçãs se quer sabê-lo.    —Mentiu para mim. Escondeu-me isto, se movendo furtivamente.   —Forçou-me a isso.   —O que significa isso?    —Quer que abandone a magia, mas é uma parte de mim que não posso negar.    —Não, pode se desfazer dela se o tentar. Praticá-la é uma escolha.    —Então sacrifica uma coisa estimada por mim — disse ela com desafio em seu tom.    —Como o que?    —Como... Caçar. Nunca caçe e corra de noite outra vez.   —Está louca.   —É equivalente!   —Não, não é. Caçar não faz mal a outras pessoas. 
  —Então assume que o vou fazer? —Entrecerrou os olhos—. Sei que os Lykae desconfiam das bruxas, mas deve haver mais um pouco mais profundo para este prejuízo.    —Aye, há —Ele se passou os dedos pelo cabelo—. Faz muito tempo, uma bruxa... Matou cinco de meus tios. A culpa de suas mortes destruiu meu pai. Nunca se recuperou, não até o dia em que morreu.   Ela ofegou, sua face empalidecendo.   —Meu pai era somente um jovem naquele momento e desejou ser mais forte que seus irmãos. Ela os matou a todos, lhe outorgando seu desejo.   OH, grande Hekate.   —Bowen, lamento muito o que aconteceu a sua família. Mas deveria ter dito isso antes.   —Por que?    —Porque não vai superar isso simplesmente. —depois desta revelação, tinha que perguntar se tinha tido alguma vez uma oportunidade com ele—. E dançamos ao redor deste assunto, mas agora sei que nunca tolerará meu aquelarre. E elas não o aceitarão porque você não respeitará as responsabilidades que tenho.    —Deixa que outra maldita pessoa se ocupe delas.   OH, a idéia de renunciar a toda responsabilidade era tentadora. Quando Bowen agia como se o sol e a lua girassem ao redor dela, Mari se encontrava sonhando sobre não fazer nada mais que viajar pelo mundo com ele.   Por que teria ela que estar atada a algo que nunca pediu — e para o que não tinha demonstrado talento?    Mas agora, vendo Bowen assim, recordou as palavras de Cade:    “Se der as costas a seu destino, possivelmente para ser a intimidante companheira e mulher de um Lykae, o Destino não se esquecerá... Castigará-te, uma e outra vez.”   Mari pensou na predição uma vez mais. Talvez o guerreiro procurava mantê-la longe da Casa mas não fisicamente. Talvez ela estaria tão atemorizada com perder a outra pessoa pela que se preocupava que sacrificaria tudo, tirando a si mesma de seu aquelarre, longe de sua chamada, de sua antiga vida...    —Talvez eu gostaria das abandonar, mas não posso dar as costas ao meu destino. E não é como se dissesse “me olhe, sou tão genial”. É mais quanto estou assustada de não assumir o manto. De qualquer maneira, tem que ser feito.    —Maldição, o que faz é uma escolha! E não o agüentarei mais.   Intimidando. A indignação crescia e disse bruscamente:   —Quem demônios é para me ordenar? Ou para me fazer duvidar do que sou e para que fui posta aqui? É óbvio para mim que se não poder aceitar o que sou, então não posso estar com você.   —Muito bem, bruxa — gritou, sua própria ira estalando—. Não me pressionará para que mude de opinião nisto!    —Compreendo! —Com perfeita claridade. Ele nunca mudaria. E  amaldiçoaria a si mesma se lutava por uma causa perdida—. Por isso é pelo que nem sequer tentarei —gritou, indo furiosa para o quarto.          As imagens nas paredes do corredor ainda se balançavam muito tempo depois de que ela passasse, devido a suas turbulentas emoções.    Com um praguejamento vil, ele desceu pisoteando a escada, saindo à praia, depois correu durante horas, até que o suor gotejou e o sol se pôs. Poderia a magia ser parte integrante dela? Era tão crítico como caçar e correr  era para ele? 
  Quando voltou ela estava profundamente adormida, mas as palmas estavam escuras e parecia que tinha estado chorando. Enrugando as sobrancelhas, tocou o travesseiro. Quando o encontrou ainda úmido, teve outra espada afundada no peito.    Estava condenado a ferir sua fêmea uma e outra vez? Para fazê-la miserável porque ele era tão diferente dela... E tão resistente a mudar?    Talvez toda esta experiência, esta reencarnação, era para ensiná-lo a ser mais tolerante. Naquela noite na selva, Bowe tinha reconhecido que teria que mudar para ter a Mariketa, e se tinha perguntado se poderia aceitar uma fêmea tão inesquecível, completamente — para aprender tudo a respeito dela, a respeito de sua espécie, e inclusive ir entre elas.    Nesta noite, decidiu que ia ... Tentar.   Tomou banho, depois se reuniu com ela na cama, atraindo-a mais perto. Sonhou que o campo adjacente ao alojamento na Escócia tinha sido plantado com um horta de macieiras.    Quando despertou, Mariketa estava levantada e correndo de lá para cá no quarto, embora ainda era de manhã. Esfregou os olhos.    —O que está fazendo?    —Ir. Preciso voltar.    —Inferno que o fará. —Saiu disparado da cama—. Não sem mim!    Sempre o olhava avidamente quando estava nu. Agora deu a volta como se estivesse impaciente com ele.    Quando uma sirene soou lá fora, Bowe cruzou à janela. Um táxi aquático a esperava. O condutor do barco recolheu a bolsa que ela já tinha posto no final do mole.   Pensava sinceramente deixá-lo?    —Me dê só cinco minutos para me vestir.    Puxou apressadamente seu jeans, depois olhou ao redor em busca de seus sapatos. Ela sempre sabia onde os punha.    Na porta do quarto, ela disse:   —Isto é realmente o melhor. É óbvio que nenhum de nós pode mudar, e eu não quero passar uma eternidade escondendo o que sou somente para te agradar.    —Cinco malditos minutos, Mariketa!    —Uma relação malditamente tóxica, Bowen! —Girou ao redor, percorrendo o quarto.    Enquanto corria atrás dela, divisou o golpezinho da mão em sua direção. Quando alcançou a soleira da porta, correu diretamente contra uma barreira invisível que o derrubou de trazeiro no chão.   —Maldita bruxinha! —levantou-se rapidamente, lançando-se de uma janela a outra. Mas as tinha selado todas e também todas as portas.   Deixando-o? Afundou de joelhos e apunhalou a madeira do chão com suas garras. Nunca. Enquanto rasgava, sorriu de modo ameaçador.    —Ah, bruxinha, subestimou  seu macho.
 
  Mariketa revirou os olhos quando Bowe se agachou dentro da cabine, depois de subir os degraus do avião de dois em dois.
  O piloto, um baixinho, indescritível —não humano— macho, atraiu a porta e a fechou atrás dele, depois se preparou imediatamente para a partida. Aparentemente, iam ser os únicos passageiros.   Bowe percorreu a grandes pernadas o corredor até onde ela estava sentada, depois se deixou cair em um assento a seu lado.   —Sabe que o piloto é um demônio?    —Sim, e que? OH, espera, tem restrições contra eles também.    —Com um demônio tem cinqüenta por cento de possibilidades de que seja uma canalha.   —É ele que supunha que me levaria de volta faz duas semanas, quando deveria ter retornado. —Seu comportamento era gelado—. Pensei que o tinha deixado claro antes. Nada mudou desde que te deixei.    —Talvez não com você.   —O que quer dizer?   Quando o piloto se alinhou com a pista e acelerou os motores propulsores gêmeos, o avião começou a zumbir.    —Há algo que preciso te dizer... —As palavras de Bowe desapareceram com um cenho diante o agarre mortal dela no braço da poltrona—. Mari, posso ouvir seu coração pulsando grosseiramente, tem que relaxar. O ruído é normal. —Este era um avião típico do Caribe, um saltador de atoleiros, e provavelmente, em alguns tipos de pistas, uma cabra trapaceira—. Não há nada pelo que se assustar.   Enquanto ganhavam velocidade pela pista, o zumbir e o chiado dos motores aumentou.   —Põem asas em um cortador de grama —Murmurou ela.    —A viagem só será de mais ou menos duas horas, uma mera excursão. —Pôs um tom seguro, mas o fato de que um demônio estivesse na cabine do piloto o zangava. Possivelmente tinha restrições.   Durante a decolagem ela apertou os olhos fortemente. Ele tomou sua mão, e ela  deixou.   Uma vez que alcançaram altitude e se estabilizaram, Bowe separou a contra gosto a mão da sua e se levantou.   —Voltarei imediatamente.    Podia dizer que ela queria que ficasse, o qual o animou. Talvez não tinha pirado suas oportunidades com ela. Cruzou à cabine do piloto, abrindo a porta da cabine.   —Tudo bem aqui acima? —perguntou ao piloto.   —Sim, senhor. —Suas maneiras eram casuais, inclusive aborrecidas.    —De que casta de demônio é? Sim, não olhe tão surpreso. Posso dizer.    —Sou um Ferine.    Esses não eram os demônios menos pacíficos.    Bowe retornou com a Mariketa.    —Tem esse telefone por satélite que conseguimos no continente?    Ela o tirou da bolsa a seus pés e o entregou com um olhar inquisitivo.    Chamou seu primo. Quando Lachlain respondeu, Bowe falou em gaélico, expressando seu mal-estar a respeito de sua situação atual.    —Pode ter a alguns homens para que se encontram conosco no aeroporto executivo? — perguntou—. Poderíamos estar voando com problemas. Melhor ainda, pode conseguir que Emma te ajude a rastrear este telefone? O piloto talvez não esteja planejando aterrissar em Nova Orleans.    —Por que não toma os controles? —perguntou Lachlain.    —Não posso pilotar um avião, mas me acredite, poderei dentro de uma semana.    —Estaremos lá, preparados para o que seja.
  —Talvez não seja nada — disse Bowe. Mas se algo acontecesse, não podia pensar em ninguém mais que preferisse ter a seu lado que Lachlain.   —Se esse for o caso, então o pior que acontecerá é que me encontrarei com sua bruxa. Não posso esperar a tratar com atenção com histórias vergonhosas sobre você.   Bowe franziu o cenho. Lachlain nunca tinha devotado o mesmo a Mariah.    Quando pendurou, viu que Mariketa tinha fechado os olhos. Parecia estar fazendo todo o possível para bloquear a situação, assim guardou o telefone e a deixou estar...   Além de alguma que outra rajada menor, a seguinte hora foi tranqüila e passou com a mesma direção. Estavam se aproximando do continente, mas ainda não podia conter essa sensação de apreensão.    —Mariketa, necessito que me ajude com algo. —Quando ela abriu os olhos, ele continuou— Não queria te assustar sem nenhuma razão, mas não posso superar a sensação de que o piloto quer ferir um ou ambos de nós.   —Está tentando me empurrar sobre a borda? —Nesse momento, o relâmpago golpeou a porta da asa, e ela saltou assustada.   —Não, não, provavelmente não é nada.   —Então q-o que quer que faça?    —Não posso acreditar que diga isto, mas pergunta a essa sua bruxa, a do espelho, se o piloto tenta nos machucar.   —OH, agora quer que use a magia? —perguntou, olhando nervosamente pela janela da cabine enquanto a tormenta se intensificava.   —Só faça-o.   Com mãos tremulas, tirou a caixa de pó da bolsa. Uma vez que começou a sussurrar ao espelho... "não deve passar... a boca vermelha para sussurrar baixo...” —o reflexo ficou negro. Bowe suprimiu um estremecimento.    —Isso significa que o piloto quer nos macucarl? —perguntou ela por último.    Pouco depois, o sangue abandonou suaface; a caixa de pó se gretou em seu punho.    —Mariketa, me diga! Qual é a resposta?    Com os olhos arregalados, ela sussurrou:   —O piloto se há... foi.        Bowe assaltou a cabine, derrubando a porta agora fechada. Dentro estava vazia. O bastardo se riscou, deixando a alavanca mutilada e o tabuleiro de comandos destruido... Tudo menos o calibrador de combustível.    Tinha esvaziado o combustível. Ferrados demônios!    —P-por que nos deixaria? —gritou Mariketa em seu assento—. Pode pilotar um avião?    Bowe passou os dedos pelo cabelo. Pensa! Procurou por cada compartimento mas não encontrou nenhum pára-quedas, o que significava que não havia alternativas. Estavam descendendo a menos que ela pudesse fazer algo.   Bowe não podia fazer nada.    Fazendo que seu comportamento se acalmasse, voltou-se para ela, e em um tom que podia dirigir, disse:   —Abandonou-nos, moça. E, não, não posso pilotar este avião.   Os olhos dela cintilavam, seu corpo tremia.   —Vamos cair?   —Não, não, isso não vai acontecer —disse, ainda enquanto a chuva golpeava o pára-brisa quando começaram a perder altitude na tormenta—. Disse que o reflexo te ensina coisas? Feitiços e conjuros? —quando ela assentiu, disse—De algum modo temos que te tirar deste avião. acha que poderia perguntar a esse espelho como teletransportar -se fora daqui?   —E quanto a vocêi? —gritou ela, tendo que levantar sua voz sobre a crescente choramingação dos motores.    Como imortal, talvez vivesse. Ela não tinha oportunidade.   —Preocupa-se só por si mesma...   Ela gritou quando o avião baixou bruscamente, lançando-a através do corredor. O cinto de segurança foi quão único a manteve em seu lugar. Ele subiu de volta a ela.   —Se concentre, Mari e pergunte como te tirar deste avião.   —Estou tentando! —As lágrimas começaram correr por sua face, cada uma como uma faca ao coração.    Ele esfregou seu braço.   —Vamos, moça, se concentre para mim.    —Não posso ouvir seu cochicho sobre os motores! Não sei o que diz! —Quando Mariketa levantou seu olhar para ele, suas pupilas estavam dilatadas além de algo que ele tivesse visto—. Bowen, não posso ouvi-la.   Seu coração pulsava tão desenfreadamente, e a respiração era tão rápida e superficial, que ele se perguntou como permanecia consciente. Estava quase catatônica pelo terror.    Deveria zangá-la? Ou aceitá-lo e rezar por misericórdia? Sacudiu-a.    —Bruxa, me escute! —Sacudiu-a pelos ombros, forte, até que sua cabeça pendurou. Nenhuma resposta. Outra queda o fez cambalear, e se lançou para ela.    —Mari!    Nada.    O telefone por satélite tinha caído da bolsa derrubada e dava saltos pelo corredor. Apanhou-o, marcou o botão de rechamada, e jogou no ar a baliza do GPS.   Pelo pára-brisa, podia ver a água apressando-se para eles. Não havia tempo suficiente. Não podia abrir caminho através de seu terror para alcançá-la.    Assim abriu o cinto de segurança e a tirou. Sentando-se no chão entre os corredores de trás, segurando-a em seu colo, os braços envoltos ao redor dela.   —Pensa em outra coisa — murmurou, balançando-a tão suavemente como podia com o punho mortal que tinha em seu corpo—. Pensa em sua casa. Ou na neve que vou te mostrar. Pensa em mantos de brancura.    OH, deuses, por favor, deixe-a sobreviver a isto. Por favor...    Ela tremia incontrolável.   —Vêem aqui, neném — disse contra seu cabelo—. Não vou permitir que seja ferida.   Se te perder, seguirei-te desta vez sem pensar duas vezes.    O sal se precipitou por seus sentidos. Perto.   —Aqui está minha boa moça. Agora, fecha os olhos...
 
  Um rugido nas orelhas... Agitando-se sob a água... A força dos ossos quebrando-se. Uma pressão terrível construindo-se em sua coxa até que sentiu a carne e o osso cedendo.   Não poder nadar, não poder mover-se. Afundando-se mais profundamente. Afogando-se.   Um punho sob o braço?
  Bowen. Estava-a arrastando para a superfície.   Logo que sentiu o balanço das ondas, ouviu-o, indistintamente a princípio, depois mais forte.   —Mari! Ah, deuses, acorda! —Passava as mãos sobre seu corpo, estremecendo-se diante de cada ferida. Quando lhe tocou a perna, um grito de agonia escapou dele.   O fedor de um fogo de petróleo na água era entristecedora. Ouvia as chamas chiando sob a chuva.   —Não se atreva a me deixar, bruxa! —Sua voz foi dilaceradora. Com toda a mão inteira em sua nuca, empurrou-a contra ele, colocando-a em seu peito—. Fica comigo.    Ela queria assentir, tranqüilizá-lo, nunca tinha ouvido ninguém com tal dor antes, mas não podia falar, não podia abrir os olhos...   Dentro e fora da consciência. Quanto tempo permaneceu assim, ela não soube. Despertou com um vago zumbido, que crescia mais forte, o rítmico ruído dos sinais de multiplicação de um helicóptero. Pensou que ele murmurava:   —Lachlain...   Quando ela sentiu o vento na face, ele disse roucamente:   —vai estar a salvo. —Pensou que beijou sua têmpora—. Não escapará de mim tão facilmente.       Depois que Bowe tivesse perdido Mariah, tinha ficado destruído. Lachlain o tinha presenciado, tinha sabido que seu primo compreendia que todos seus sonhos de futuro ou de uma família tinham morrido com ela, foram-se para sempre. E a culpa sobre seu horrível falecimento o tinha atormentado.   Esse tempo não era nada comparado a estes últimos quatro dias, quando a vida da pequena bruxa tinha estado pendente de um fio. deitada rota, parecendo muito pequena na cama de Bowe. O crânio tinha fraturado e a perna amputada. Estuques e ataduras a cobriam.   Agora a voz de Bowe era baixa enquanto lhe acariciava o cabelo e o separava da testa.   —Chamou-me egoísta em mais de uma ocasião, e tinha razão. Se tivesse feito o menor esforço para entendê-la a ela e a suas habilidades, poderia ter praticado sua magia, a teria aperfeiçoado. Deveria ter podido salvar-se disto. Mas eu era muito teimoso, com muitas restrições.   Bowe tinha sido ferido gravemente também, mas tinha se curado embora não comia, não dormia. Hora após hora, sentava-se a seu lado, com a mão dela tragada pelas suas tremulas, seus olhos umedecendo-se sempre que ela choramingava de dor.   —Ela aceitou minha natureza, minhas necessidades. E porque eu não fiz o mesmo por ela, está... Morrendo.   Pelo que Lachlain compreendia, quão único a mantinha viva era a magia dos aquelarres e os bruxos unidos, alimentando sua energia.   Sua espécie tinha querido levar a Mariketa de volta com elas, mas ninguém na Casa se atreveria a desafiar o louco macho homem lobo que a protegia tão violentamente. Após, na casa de Bowe tinha sido invadida com bruxas, indo e vindo a vontade, trazendo comida, algumas das roupas da Mariketa, e poções especiais. E Bowe não parecia que se importasse um nada qualquer delas, quando há dois meses, isto teria demonstrado ser uma espécie especial de inferno para ele.   Mas a magia doada não poderia preservar Mariketa para sempre. Ela era muito poderosa. Todo seu ser estava sendo usado para tomar o poder e o demandava. Estava drenando os outros, e era só questão de tempo que eles a deixassem ir ou a seguissem em sua queda.   E durante estes duros quatro dias, coisas estranhas tinham acontecido no complexo. Lachlain se estremecia ao  recordar. A primeira noite, centenas de gatos negros tinham rondado a casa, com as bocas abertas mas silenciosas, olhando atentamente. Outra noite, as rãs tinham parecido chover do céu, golpeando o teto de estanho, sem feridos...    Ao entardecer, quando Emma se riscou onde Lachlain, deixou Bowe e se uniu a ela no vestíbulo fora do quarto.   —encontraram os aquelarres do demônio o que fez isto? —Tinha a seus próprios homens procurando, também.   —Literalmente milhares de bruxas o estão procurando com os espelhos —disse Emma—. Não terá nenhuma oportunidade de escapar de uma rede como essa. Provavelmente trabalhava para alguém, mas as bruxas não podem descobrir quem quereria as ferir.   —Mariketa tinha reservado o avião e o piloto antes que Bowe se reunisse com ela. Há dúzias que quereriam afastá-la antes que alcançasse a imortalidade.   Emma deu uma olhada na porta de Bowe.   —O que acontecerá a ele, se ela não... Sobrevive?   —Uma vez que tenha imposto castigo a quem quer que seja que está por trás disto, Bowe não viverá uma semana. Infelizmente, agora sabe exatamente onde ir morrer...   Sem advertência, Bowe saiu disparado do quarto com a bruxa em seus braços. Lachlain escoiceou outra vez ao ver a perna perdida.   —Bowe, não pode movê-la. —Enquanto Bowe saía a pernadas pela porta traseira para a noite, Lachlain o chamou—Disseram que  podia a matar! Onde infernos a está levando? —Na porta, Lachlain se voltou—. Por uma vez, Emma, fique dentro!   Quando Lachlain alcançou Bowe, estava convencido de que seu primo tinha perdido o juizo.   Bowe estava pondo cuidadosamente Mariketa na hera verde aos pés de um carvalho. Parecia esperar algo, e quando simplesmente não aconteceu o que tinha esperado, rompeu a hera, tentando enterrar Mari na folhagem.   —Muito tarde — disse roucamente, afundando-se de joelhos—. A trouxe muito tarde.   Lachlain passou a mão sobre a nuca quando o ar começou a ser opressivo, e os relâmpagos amarelos cintilaram horizontalmente através do negro céu. Esquadrinhou ao redor deles e divisou uns olhos impassíveis e resplandecentes olhando fixamente do pântano próximo.   Seus cabelos se arrepiaram quando as videiras começaram a crescer sobre a bruxa, encerrando-a. Ladrando uma maldição, recuou dando inclinações bruscas.   Bowe deveria estar estremecendo com inquietação, em vez disso, uma vez que ela esteve coberta, fechou os olhos com alívio.   Quando Mariketa suspirou, como se a consolasse estar entre as videiras, Bowe teve que passar a manga sobre a face. Então... A pele dela começou a ficar rosada e a curar-se. Enquanto se regenerava de suas feridas, Bowe arrancou ataduras e cortou estuques. Suavemente esclareceu os pontos desnecessários.   Em um quarto de hora, a bruxa estava curada... Curada completamente.        Mariketa piscou abrindo os olhos cinza claro, elevando o olhar a Bowe.   —Moça, está bem? —Sua voz se rompeu baixando uma oitava enquanto a garganta se apertava—. Diga me algo.   Quando ela sussurrou:   —O que perdi?   Ele manteve suas emoções sob controle.   Quase... A tinha perdido.
  Com mãos tremulas, apertou-a contra ele e murmurou distraidamente uma explicação a respeito de onde estava e o que tinha acontecido. Quando ela tiritou, levantou-a e voltou rapidamente para a casa, passando um Lachlain visivelmente aturdido.   No interior, Bowe a levou a um banheiro, depois preparou um banho. Suavemente a colocou na banheira, jogou-lhe água sobre as costas e ombros com uma mão instável. Queria desculpar-se por tudo, por ser tão teimoso e estúpido, mas não confiava em si mesmo para falar a respeito de uma coisa tão importante. Ainda não. Cada vez que o tentava, sua voz se rompia.   —Bowen. Ouvi minhas amigas lá fora?   Ele tossiu no punho, então disse:   —Aye, vêm a todas as horas do dia e da noite. Carrow e Regin estão aqui agora.   —Poderia-lhes dizer que estou bem? E que estarei fora em um minuto? —perguntou Mariketa.   —Ficará bem sozinha?   —Estou bem —assentiu—. De volta à normalidade.   —Aye, então, é obvio. Retornarei imediatamente.   No salão, encontrou  Lachlain e Emma, Carrow, e a Valquíria Regin. Depois de entregar a mensagem da Mariketa, suas amigas se abraçaram uma à outra.   —Eu disse gente, que se salvaria —disse Carrow, depois abriu uma garrafa de champanha—Por ela.   —Aye, é uma garota pronta —Disse Bowe, sentindo como o peito estava a ponto de explodir com orgulho—. Curou a si mesma. —Sua moça tinha toda a terra para tomá-la. Quantos companheiros podiam fazer isso?   Lachlain e Emma estavam claramente encantados por ele.   —Agora, conseguirei tratar com atenção com histórias a respeito de você... —De repente, todos ficaram silenciosos, e todos os olhos caíram na porta principal atrás dele.   —O que? —perguntou Bowe, girando—. O que está acontecendo?   Na porta estava... Mariah.
 
  Que engano era este? Ainda percebia a essência da Mariketa no banheiro.   Esta devia ser outro ser. Esta era... Mariah.   —Eu... Eu... —Ele não podia formar palavras. Não tinha sido uma reencarnação?   Com sua voz trêmula, ela disse:   —Posso ver que te impressionei, Bowen.   —Como... Como pode ser isto? —Durante muito tempo, Bowe tinha sofrido por isso, tinha imaginado seu reencontro de mil formas diferentes. Pôs-se de joelhos e suplicado ao destino uma oportunidade mais.   Aparentemente, lhe tinha dado.   —Fui devolvida para você — disse ela, deslizando-se para ficar em pé frente a ele—. Ressuscitada por uma feiticeira.   Bowe explorou o quarto como se esperasse que alguém explicasse isto. Todos ficaram tão emocionados como ele se sentia.   —Como chegou aqui?
  Sua tentativa de sorriso desapareceu rapidamente. É obvio, tinha acreditado que ele estaria encantado. E faz dois meses, o teria estado.   —Uma vez que fui revivida, enviaram a em qualquer lugar que estivesse.   —Por que agora?   —B-Bowen, parece quase zangado. —Seus olhos violetas se encheram de lágrimas.   Acostumou-se tanto a sua bruxa que ia tão atrás que se esqueceu de quão temerosas podiam ser algumas mulheres.   —Quero dizer, por que não antes? Passaram quase dois séculos.   —A feiticeira necessitava da energia que rodeia um Accession para ser capaz de me devolver. —Justo como Mariketa havia dito sobre outro reencarnado—. Quando jazia agonizando aquela noite no bosque, lamentei não poder ter tido uma vida com você, desejava-o com todas minhas forças. —Baixou a voz para dizer—Lamentei ter fugido de você.   Ele estremeceu com a lembrança.   —Ela ouviu meus gritos, beijou-me suavemente, e  levou minha dor.   —Uma bruxa não faria isso por pura bondade para você. O que te exigiu?   —Exigiu minha alma eterna. Mas a entregou de boa vontade, Bowen, só para ter outra oportunidade com você. —Mariah sorriu suavemente— Embora você terá que me proteger de modo que nunca possa morrer outra vez.   O sacrifício que ela tinha feito o assombrava.   Mas em vez de sentir a alegria por sua volta, ou gratidão pelo que tinha entregado, tudo no que podia pensar consistia em quanto desejava voltar a ajudar a sua bruxa com seu banho.       Por que Bowen não retornava?   Mari esperava que não tivesse algumas palavras com Carrow, embora podia ver definitivamente o que acontecia, a maior fêmea pró-bruxas que Mari conhecia versus o maior macho anti-bruxas?   Uma vez que encontrou uma bolsa com suas coisas no quarto contignuo, vestiu-se apressadamente, decidida a extinguir qualquer conflito. Quando entrou na sala, seus amigos a contemplaram, vendo-se atordoados.   —O que? —perguntou Mari a Carrow e Regin, mas elas permaneceram imóveis como uma parede—. Sei que estou como a merda, mas maldição, estive em um acidente de avião esta semana... —Não, elas estavam olhando fixamente algo sobre seu ombro.   Mari sentiu que arrepiava os pêlos da nuca, e deu a volta devagar. De algum jeito soube o que encontraria. A fêmea em pé ali era... Mariah.   Não havia nenhuma alma compartilhada entre elas.   A loira princesa estava em pé, alta e elegante, junto a Bowen, resplandecente em um vestido comprido e branco. Viam-se perfeitos juntos. Seus olhos violetas cintilavam com emoção quando seu olhar pousou em Mari e depois em Bowen. Os mesmos olhos de Bowen ardiam com alguma inescrutável luz.   Fica em pé... Fica em pé.   —Ela retornou?   —Aye. Ressuscitada por uma feiticeira. Sabe o que acreditava sobre ela e você. Então me explique como é isto possível, Mariketa.   Ele não a acusava categoricamente de um encanto outra vez, mas havia uma nota de suspeita em seu tom. Enfrentar-se com esta cena, fez que inclusive começasse a duvidar dela mesma.
  —Como posso sabê-lo? —pressionou a ponte do nariz com o indicador e o polegar. Embora acabasse de concluir uma cura, sua cabeça  começou a palpitar.   —Porque é uma bruxa...   —Uma bruxa, Bowen? —Mariah se moveu sigilosamente ainda mais perto de Bowen como se procurasse proteção—. Mas você as despreza!   Quando distraidamente acariciou a mão a ela, disse a Mari:   —Este é seu campo de especialização.   —A ressurreição não é meu campo de especialização. Só sei que há um número muito limitado de seres na terra que podem fazer isto. A maior parte destes não o desejam —respondeu Mari—. Olhe, não sei o que acontece... Acabo de sair do acidente de avião e aparece um desconcertante fantasma aqui. Mas o que realmente sei é que podemos compreendê-lo tudo. — Encontrou os olhos dele e estirou a mão— Juntos.   Justo quando acreditava que o corpo de Bowen se esticava para mover-se e cruzar os três metros que o separavam de Mari, a princesa disse:   —Bowen, quem é esta mulher? Você... Encontrou outra? Disse-me que eu era a única — acrescentou ela quedamente—. Jurou-me que nunca quereria a outra enquanto vivesse.   Ele não percorreu os três metros.   Mari soltou o fôlego, não foi consciente de que o tinha retido e que tinha deixado cair sua mão. Ela podia ler a escritura na parede. Que demônios faria falta para que alguém a olhasse e  dissesse “escolho você”?   —Se partir daqui, hoje, MacRieve, irei para sempre.   Vendo-se como se fosse desmaiar, a princesa sussurrou:   —Entreguei minha alma para me reunir com você. Foi um sacrifício por nada?   Ele estendeu as mãos como se fizesse gestos a todos para que falassem mais devagar.   —Me dêem só um minuto... Para pensar...   Sua alma? Como posso competir com isso? Mari quis aborrecê-la, necessitava-o, mas só se compadeceu desta outra mulher que tinha feito a última renúncia para estar com macho que amava. Ela se encontrou murmurando:   —Pensar que tinha me preocupado por você retornando a ela, quando ela já estava em seu caminho de volta.   A esperança piscou nos violetas olhos fey.   —Tentou voltar por mim?   —Durante quase duzentos anos — Disse Mari. Implacavelmente. Sem piedade livrando-se de qualquer obstáculo em sua busca desta deliciosa princesa, uma princesa de conto de fadas.   Mariah era o nome que ele havia dito na noite que tinha acreditado que reclamava a sua companheira.   —Então ainda deve sentir carinho por mim — disse Mariah—. E leva meu pendente depois de todo este tempo.   Mari dirigiu seu olhar para o medalhão que levava em seu pescoço, que nunca tirava.   Inclusive quando tinham feito amor. Bastardo!   Baixou o olhar, parecendo surpreendeu por levá-lo.   —Só preciso pensar durante uns poucos minutos. Só... Só me deixem pensar.   A equipe B. por que nem queira me surpreende?   —O que terá que pensar, Bowen? —exigiu Mari—. Tem uma opção, toma uma decisão. — Mas escolha a mim!   Seus olhos se estreitaram. Talvez não fosse razoável. Talvez não tomaria sua mão não porque ele já não quisesse Mari, mas sim porque queria evitar à princesa qualquer dano desnecessário. Embora Mari o necessitava para caminhar a seu lado e que pronunciasse para ela quão imperfeitamente a desejava.   —MacRieve?   —Não me precione, bruxa.   Bruxa. Seu coração caiu. Nunca verá além disso. Diante suas palavras, Mari recordou que ela e Bowen não haviam resolvido as diferenças entre eles, porque não podiam. A princesa fey o satisfaria muito melhor, e provavelmente o merecia mais pelo sacrifício que tinha feito.   De repente, Mari se deu conta do grupo que testemunhava esta cena, Emma e seu marido Lykae os olhavam a ela e aBowen com simpatia, enquanto que Carrow e Regin pareciam alternamente compungidas por ela e enfurecidas com ele. Mari reconheceu que discutir com ele aqui desta forma não faria que o recuperasse. Não podia pensar em nada que o fizesse. E Mari não era conhecida por lutar contra batalhas perdidas.   Era tempo de retirar do jogo... Outra vez.   —Irei pegar minha bolsa. —Com os ombros para trás, girou-se para a porta, recusando chorar.   O qual resultava difícil, já que tinha apaixonado por Bowen MacRieve.       Maldita bruxa por me pressionar assim!   Bowe sabia por que sentia ela que tinha que partir. Pensava que a tinham descartado de novo. Ambos os pais a tinham abandonado, e depois seu primeiro amor a tinha abandonado.   E disse que nunca haveria outra fêmea para mim, então minha companheira se mostra na soleira de minha casa.   Mas não tinha tomado nenhuma decisão, não tinha elegido Mariah sobre ela.   Regin lhe vaiou e seguiu a Mariketa, com o Carrow atrás delas. Quando Carrow passou ao Bowe, disse:   —Idiota. Você e a Duas-vezes-nascida aqui se merecem o um ao outro.   Agarrando a testa com frustração, Bowe se girou para  Mariah.   —Se lembra de Lachlain, não é? —perguntou ele, como se falasse com um menino—. Ele e sua nova esposa vão sentar se com você durante uns minutos. Tudo ficará bem.   Lachlain deu um passo, seu abraço apertado fortemente ao redor da cintura da Emma.   —Aye, estou seguro que terá perguntas...   Mas Mariah agarrou a mão de Bowe com ambas as mãos.   —Por favor não vá. Estou tão aturdida por tudo isto. Por este lugar e tempo ao que cheguei. —As lágrimas caíam. Quase tinha esquecido quão frágil era ela—. Ah, deuses, por favor, Bowen.   Bowe olhou dela à entrada que Mariketa acabava de sair. A bruxa só voltaria para quarto. Deterei-a antes que tente partir.       Quando se olhou fixamente no espelho da penteadeira, Mari  limpou as lágrimas com o dorso da mão. Não teve que pedir ao reflexo que viesse. Conhecendo-o provavelmente conseguiria só uma resposta, decidiu perguntar.   —Sou sua companheira ou não?   —É.   Ela ofegou. Pelo visto Mari era seu... E ainda assim a abandonava!   —Então que demônios está acontecendo?   A mão atravessou o vidro com uma maçã.   —Vêem comigo.
  —Maldição, se houver uma ocasião para que responda a mais de uma pergunta, é agora! Me diga como é isto possível!   —Está pronta para saber a verdade? —sussurrou o reflexo.   —A verdade sobre o que? —estalou Mari.   O reflexo sorriu.   —Sobre... Tudo.   Mari franziu o cenho, reconhecendo que finalmente estava pronta para ir. Não tenho nada que perder. Ia viajar a esse misterioso mundo do espelho.   Assentiu.   —Estou —Mari tomou a maçã e a pôs na penteadeira, depois tomou a mão oferecida. Subiu e atravessou o portal, entrando em outra dimensão. Aqui era um lugar suave, velado pela névoa e um sublime silêncio.   O reflexo se foi, porque agora Mari era o reflexo? Uma dúvida sobre sua ação a cobriu imediatamente. Quando deu uma olhada sobre seu ombro, viu Carrow e Regin entrando precipitadamente no quarto, desconcertadas pelo que viam.   Atrás delas... Corvos se agruparam no batente.   Corvos? Acabava de escolher voluntariamente seu próprio destino?        Enquanto Bowe tentava se desfazer de Mariah, sentiu como se seu coração se afundasse até seu estômago pela segunda vez em questão de minutos.   O aroma da Mariketa se foi completamente.   Saiu disparado para o quarto, mas é obvio, ela já não estava ali.   —Onde demônios está? —bramou a Carrow.   Com os olhos abertos completamente, Carrow estendeu um dedo para o penteadeira.   —No espelho.   Uma solitária maçã vermelha estava junto a este.
 
  —Elianna? —sussurrou Mari quando viu sua mentora esperando-a—. É...real?   Acariciou-lhe a pele enrugada com um cenho.    —Era-o da última vez que o comprovei, Mari.   Mari bateu na testa.    —Sou eu real neste espelho? Ou era o reflexo a falsificação?   —Tudo é real. —Elianna riu entre dentes—. O reflexo é simplesmente uma faceta de seu ser. Algo assim como uma projeção astral. E antes que pergunte, sim, realmente te vê diabólica quando está usando magia poderosa.    Um pouco reconfortada, Mari a abraçou. Como sempre passava, aromas acres de pó e folhas secas provenientes dos infinitos bolsos do avental da Elianna se levantaram pelo ar entre elas.    —senti sua falta! Tinha-me perguntado por que não estava com  Carrow guardando vigília.   —Bem, não acha que não te vigiava.    Mari olhou com olho crítico os arredores. Era o interminável plano negro de seus sonhos.    —O que é este lugar?
  —É sua nova casa. Sua própria dimensão particular. —Ela sorriu alegremente e agitou sua mão ao redor—. Entretanto pode decorá-la a seu gosto.   —Um, por que necessitaria eu uma nova casa? —perguntou Mari.    —Cada grande feiticeira tem sua própria dimensão.   —Não sou uma feiticeira.   —Quer sê-lo? —perguntou Elianna em um tom estranho.    —Só quero entender o que está acontecendo.   —Aqui é onde tem que estar no momento — disse ela—. Estará segura aqui da magia de outros. E ninguém exceto sua família e outros membros do Wiccae podem vir alguma vez aqui, ao menos que você expressamente os convide.   —Estou em perigo? —perguntou Mari.    Ela assentiu com a cabeça.    —Vêem comigo. —Quando Elianna se aproximou de uma caldeira, Mari a seguiu, a apreensão aguilhoava nela. Não tinha visto bruxaria como esta em anos.    Elianna removeu a borbulhante poção com uma fortificação, esclarecendo a fumaça para revelar uma cena. Em uma dimensão muito parecida com esta estavam dois altares de mármore.    Os pais de Mari se encontravam sobre eles.    Seu pai estava em uma laje de rocha fria, com os punhos apertados, como Mari tinha sonhado. Sua mãe deitada a seu lado, seu formoso rosto paralisado com dor.    Mari  tragou um grito de angústia.    —Ah, deuses, o que é isto? Estão vivos?   —Sim, mas foram abatidos por uma poderosa feiticeira. Encantados por um poder escuro.   —Quem? Quem lhes faria isto?    Elianna vacilou, finalmente respondeu:    —Häxa   Mari engoliu seco.    —Realmente se alimenta de almas apanhadas?   Elianna assentiu, depois prosseguiu:    —Seu pai sucumbiu primeiro.   —Ele não... Não nos desprezou?   —Não, afastar-se de sua família quase o matou, mas é um feiticeiro poderoso, e seu destino sempre foi lutar contra Häxa. Foi implacável em sua preparação para a batalha. Magia negra, pactos sinistros para conseguir feitiços de maior poder. Fez entendimentos com espíritos malignos e magos canalhas. Ainda assim foi incapaz de golpeá-la.   —E Jillian?   —Häxa congelou sua mãe quando foi suplicar pela vida de seu pai. Jillian sabia de sua futilidade, mas não podia viver sem ele.    Mari sentiu que sufocava. Não era surpreendente que Jillian se visse sempre tão triste, tinha sentido falta do seu marido...    —Um ano sabático druida, Elianna? —Seu pai vivia? Sua mãe não tinha permanecido longe por escolha?—. Como pôde não me dizer isso.      —Jillian desejava que tivesse uma vida normal tanto tempo como fosse possível.   —Normal? Acreditava que não era querida! Que ambos decidiram me abandonar!   Elianna parecia aturdida.   —Mas eles a adoravam... Certamente recorda isso.   Mari a assinalou com um dedo acusador.    —Deveria haver me dito o que aconteceu!
  —Quando deveria havê-lo feito? Quando fez dezoito deveria ter dito: “Seus pais estão congelados em eterna dor e agonia; e você não pode fazer nenhuma porcaria de coisa até dentro de muitos anos”. Depois  tivesse desejado boa sorte em seu SATs? ( exame de aptidão).   Seus pais a tinham amado.   —Como os Libero?   Elianna apartou o olhar.    —Tem que matar a quem lhes fez isso.   Häxa estava a quase um degrau de ser uma deusa, a feiticeira mais poderosa que alguma vez tivesse vivido.   —O destino não regula suas balas — havia dito Bowen. Tinha tido razão. Mari devia lutar contra a maior inimizade das bruxas. Temia a idéia, mas a fúria que formava redemoinhos dentro dela não seria negada. Elianna contemplou seus olhos, e Mari sabia que tinham mudado.    —Vou atrás dela. Me diga como encontrá-la.   —Saberá como encontrá-la quando estiver preparada para lutar contra ela.    —Por uma vez, para com esta porcaria mamarrachada mística, Elianna! Quero matá-la agora!   —Não está pronta —insistiu Elianna.    —Se pensar que me sentarei aqui a esperar a me fazer imortal...    —Isso não importa —interrompeu Elianna quedamente—. Häxa pode transformar em pó a qualquer criatura. A imortalidade ou a mortalidade não suporão nenhuma diferença.   —Então nem sequer tenho um disparo de vantagem contra ela? —exigiu Mari—. O que dizem os videntes?   —Qualquer que tentou ler a batalha entre a Mariketa a Esperada e Häxa... Foi golpeada pela loucura. Duvidamos que nem sequer Häxa tenha sido capaz de vê-la.   —Não importa. Ainda irei atrás dela, com ou sem sua ajuda.   —Se Häxa te derrota roubará seus poderes. Não podemos nos arriscar ou se fará imparavel.    —Imaginava!   —Seus pais não são os únicos nesse estado. Há milhares mais, tirados de todo o Lorekind através do tempo. Pensa no sofrimento de outros. Tem responsabilidades para com eles também.   Mil vozes chamando-a em seus sonhos.    —Então, como me preparo?   —É uma captromancer. Usará o meio que te deu para aprender. Já não lhe darão mais insinuações de informação ou poder. Como é a Rainha dos Reflexos, o conhecimento fluirá do espelho diretamente a seu ser. Aprenderá de tudo, desde como persuadir o fogo com a água até como te proteger dos ataques mágicos de seus adversários, desviando o dano.   Mari meditou em tudo o que Elianna tinha revelado, esforçando-se por permanecer tranqüila.    —Häxa têm alguma fraqueza?   —Conta-se que sua vista é pobre. Seus serventes animais vêem melhor do que o faz ela.   —Serventes? De que espécie?    —Trolls, algum kobolds, corvos, Ye..    —Corvos? —exclamou Mari. Quando Elianna assentiu, Mari disse—: Häxa me esteve observando! Vi-os na selva, e em meus sonhos. Inclusive faz um momento quando entrei no espelho, os corvos estavam no batente.   —Tem sentido que tenha tido premonições sobre ela. E imaginei que ela estaria te espiando. Mas recorda, não pode te seguir até aqui.    —Observava a cena quando a princesa fey se revelou? —perguntou Mari.
  Elianna deu uma cabeçada enfática.    —Jamais poderia fazê-lo.   —Mariah disse que uma feiticeira a trouxe de volta, tem que ser Häxa quem fez isso. Que melhor modo de criar miséria que devolver à companheira de um macho exatamente quando ele está decidido a esquecê-la. —Para ela mesma, pensou, Que melhor modo de me fazer mal? Primeiro afasta meus pais de mim, agora me separa do homem que amo.    —Isso é extremamente possível. Assim é como opera.    —Se realmente tiver êxito em matá-la, o que acontecerá? O mundo mudará?   Elianna respondeu:    —Além da liberação de tantas almas, seu ato não mudará nada sobre o hoje. Mas se Häxa não é detida agora continuará tornando-se mais poderosa. Logo virá um tempo em que escravizará o mundo inteiro na miséria. O inferno reinará na terra.   —Mas se Häxa é destruída, o que acontecerá o equilíbrio entre ela, Hekate, e Gela?   —Este equilíbrio poderia ser interrompido porque Häxa já não é uma deusa. E uns dizem que Gela não é tão benéfica como foi uma vez.   Mari exalou um comprido suspiro, perguntando se um dia também teria que liberar batalha com Gela. Realmente Mari tinha temido a idéia de que sua relampejante carreira alcançaria seu ponto máximo quando tivesse vinte e três anos?    —Como começo?   —Suponho que o melhor seria que conjurasse um espelho. Só imagina um que tenha visto e uma cópia aparecerá aqui.   Mari imaginou seu antigo espelho em pé oval, emoldurado em carvalho. Em menos de um nanosegundo, manifestou-se uma cópia.   —Só fico em pé diante dele?   —Sim, mas seja cautelosa — disse Elianna—. O conhecimento é potente e aditivo. Receberá um entendimento que nenhum mortal experimentou alguma vez. Se sentir que entra muito profundamente, então deve se retirar.    Mari assentiu e confrontou o espelho. Formoso cristal.   Seus olhos cintilaram, refletindo. Ao infinito, parecia que os olhos de Mari o refletiam. Não mais aborrecidas perguntas e respostas. O conhecimento tinha começado a canalizar diretamente nela, feitiços e magias fazendo-se parte dela.    Era sublime, mas nesse momento só havia uma coisa que desejava saber.    Como matar  uma feiticeira.         —Sempre está em pé aqui fora — disse Mariah quando se uniu a Bowen no corrimão do alpendre—. É para cheirar sua essência? —Ao longo dos poucos dias anteriores, Mariah tinha se adaptado ali, o melhor de que era capaz.    —Quero saber que está segura. —Bowen acabava de voltar de outra infrutífera tentativa de localizar a Mariketa. Embora mal pudesse acreditá-lo, as bruxas em seu aquelarre lhe tinham permitido ir e entrar no Andoain a vontade. Mas nenhuma podia — ou ia dizer  como encontrá-la.    Bowen tinha encontrado o que, ao olho inexperiente, a propriedade parecia conter uma orgulhosa mansão rodeada por macieiras carregadas com folhas horrivelmente verdes. As borboletas voavam por toda parte.   Embora quando piscou por uma fração de segundo, ele tinha visto uma paisagem completamente diferente. As pedras quentes guardavam o vapor e a fumaça ao redor de uma desvencilhada casa senhorial. As serpentes restejavam ao longo da pútrida balaustra. Era a verdadeira Andoain, o lar de Mariketa. 
  —É tão miserável, Bowen. Está claro para mim que ela te enfeitiçou. O que é confuso é por que parece não se preocupar.   —Mariah, os anos depois de sua morte foram... Duros.    —Sei. Mas quero esquecer esses tempos e olhar o futuro. Necessito novas lembranças. Minhas últimas lembranças são de minha morte, e foi uma... Morte horrorosa. Mas sabe que não te culpo.   Então por que sempre o lembra? Pensou ele, depois avermelhou. Nunca tinha irritado assim antes. Mas ela era totalmente diferente da bruxa, tanto que tudo nela se sentia... Incorreto.    —Agora vejo tantas coisas de forma diferente. Quero aprender seus costumes, e te dar os filhos que sempre quiz.   —O que mudou?   —Antes era tão egoísta e não podia sentir pena por isso. A morte me fez me concentrar em minhas prioridades. Quero criar vida. —Sorriu timidamente—. Com você.   Aqui estava Mariah, oferecendo-se a ele quando ele tinha suplicado aos deuses durante décadas. Todas as dificuldades que tinha tido com ela pareceram apagar-se. Ela não era uma bruxa de inexprimível poder, e sim uma gentil fey.    Era tudo o que ele tinha acreditado querer na vida.    E não estava nem sequer seguro de que a bruxa o aceitasse novamente. Eles tinham brigado antes do acidente do avião e não tinham superado as dificuldades.    Embora nada disso importava.    Se a bruxa era sua companheira ou não, não importava, porque o que ele sentia por ela era mais forte que essa compulsão. Apaixonou-se por ela.    Pela primeira vez na interminável e solitária existência de Bowen... Amava.
 
  Mari estava envergonhada ao se dar conta do que, embora os destinos da terra e de mil vidas atormentadas, e entre essas as de seus pais, dependessem de que derrotasse a Häxa, ainda não podia tirar Bowen da cabeça.    Estudou diligentemente e treinou em sua nova casa, o refúgio imaginado em seu plano tinha chegado a ser uma mistura da casinha onde tinha crescido, seu quarto na mansão Andoain, e a casa da ilha onde se apaixonou por Bowen. Elianna e Carrow passavam cada dia com ela, em — como Carrow o tinha apelidado— o "Cottanorouse".    Mas entre as vezes em que tinha aprendido como atacar e desviar e como atar os poderes de outros, tinha usado o espelho para tentar descobrir mais a respeito de como a princesa foi ressuscitada. Cada vez que Mari consultava o cristal a respeito dela se turvava sem dar nenhuma informação, o que só convencia a Mari ainda mais de que Häxa estava por trás da ressurreição...    E às vezes, Mari se encontrava querendo usar seu espelho simplesmente para ver  Bowen.   Como neste momento.    —Maldição, não quero ferir-la, mas ele esteve com Mariketa e tenho sentimentos por ela. Inegáveis.    Os olhos de Mari aumentaram. Estava-lhe contando isso?   -Bowen, compreendo quão difíceis devem ter sido todos esses anos para você. E te perdôo por sua... Indiscrição. Mas não pode ver que a bruxa te enganou? Que te cativou?
  -Não posso acreditar que o que sinto por ela não seja real. -passou os dedos pelo cabelo-. Quererá-me, sabendo que nunca te amarei?    A princesa ficou em pé e cruzou para ele.    -Posso mudar como se sente a respeito de mim. Se tomar me em sua cama, em nove meses dará a bem-vinda ao mundo a nosso primeiro filho.    Se? Assim não dormiram juntos?    -Pensa nisso, começaremos a família que sempre quiz, a família que só pode ter comigo. As coisas serão maravilhosas. Farei-te feliz, e você me manterá a salvo. Como a providência pensou.    Deuses, ela é boa.   -Sinto muito, Mariah, sinceramente sinto por tudo o que passou. E te ajudarei a encontrar  outro macho, um bom protetor, um que te amará como merece. Ajudarei-te de qualquer maneira que possa.   Estava dizendo verdadeiramente isto a fey!    É obvio, Mari tinha sabido que deixar Bowen faria mal, mas não tinha reconhecido o totalmente devastada que tinha estado, até que houve esperança de estar com ele uma vez mais. Mari poderia ajudar Bowen a encontrar alguém para a princesa, estabelecê-la com outro macho era a solução ideal! Mari estaria no telefone para chamar  Rydstrom e Cade diretamente. Inferno, a princesa era alta e loira, Acton a adoraria.    Mari franziu o cenho. Estabeleceria realmente ela a seu primeiro amor com outra fêmea para poder ter Bowen?    Em um inesperado batimento do coração.    Mas a Princesa Mariah não abandonaria ainda...   -Renunciei a minha alma por você. -Tinha começado a chorar suavemente e as lágrimas obviamente o matavam -  E você me fez um juramento antes de faze-lo a ela. Pelo menos não pode nos dar uma oportunidade? Não pensa que me deve isso?    -Devo-te isso.    O coração de Mari caiu.   -Mas não posso viver sem a Mariketa - disse, e os olhos de Mari aumentaram - E não o farei.   A princesa chorava agora abertamente, e a expressão de Bowen claramente dizia o angustiado estava.    -Você, um leal Lykae, romperia seus votos a sua companheira e abandonaria sua única oportunidade de filhos, tudo por algo que nem sequer é verdadeiro? Por uma bruxa?    Embora ele parecesse como se estivesse a ponto de dobrar-se de dor pela culpa e a vergonha, ainda disse:   -Mariah, não mudarei de opinião. Se não puder viver com essa bruxa, então preferiria não viver absolutamente.   Mari ofegou. Imediatamente, a cabeça de Mariah se moveu rapidamente, os olhos estreitando-se no espelho.    Não havia maneira de que ela pudesse ter ouvido, mas agora parecia estar olhando diretamente s Mari.    Impossível. A menos que...    Mari se separou do espelho.    -OH, grande Hekate!    Ou mas bem, a grande Häxa usando uma cara falsa. Mariah nunca havia tornado, nunca tinha sido ressuscitada. Esta era todo Häxa, e a bruxa estava... alimentando-se. Construindo com habilidade a miséria de Bowen, depois agarrando-a.
  -Elianna, Carrow, vou! -Quando entraram em seu quarto, ela estava puxando um par de calças de lona, com bolsos aos lados para enchê-los com tantos espelhos como pudesse levar-. Encontrei-a, a Häxa. Leva uma cara falsa, como Mariah. Ela estava bem nesse espelho, atualmente alimentando-se de meu macho!    Com os olhos totalmente abertos, olharam através do espelho.    Então com um suspiro, Elianna disse:   -Imagine, sempre é o mordomo ou o companheiro ressuscitado.    Enquanto Mari franzia o cenho diante isso, Carrow perguntou a Elianna:   -Está Mari preparada para este combate?    Elianna pareceu forçar um sorriso.    -Mari nunca estará mais preparada para combater  do que está agora.    Carrow estava muita alterada pelo entusiasmo para advertir quão enigmática foi a resposta da Elianna, ou quão tristes pareciam seus olhos agora.    Mas Mari tinha calafrios. Talvez morra esta noite.    -Aqui, Mari - disse Elianna enquanto pinçava no bolso aparentemente infinito do avental e tirava uma pequena caixa coberta de espelhos - Seus pais queriam que tivesse estes. Foram feitos por tecedores druidas.   Mari tomou a caixa. Dentro havia duas luvas sem dedos criados com malha azeviche.   -Pois, obrigado? - Eram chamativos, mas possivelmente não muito apropriados neste momento. A mentora de Mari estava tão confusa como sempre.    Elianna apertou os lábios.    -Só gira-os.   Quando Mari o fez, os olhos  aumentaram e respirou:   As coisas-só-são-mais interessantes.   Cada uma das Palmas estava forrada com um espelho, feito com fio de filigrana de vidro. A malha do espelho era perfeitamente flexível, suave e elástica. Colocou as luvas, assombrada por como encaixava, a malha suave parecia ajustar-se a suas mãos.   -Estas luvas serão como megafones para seu poder. E sempre os terá a mão para falar, se quer esfregá-los para se concentrar - explicou Elianna.   -Fecha e carga, neném! - gritou Carrow, mais que preparada para chamar à bruxa - Marinhe, aí vamos!    Mas Häxa não era como um demônio vagabundo ou um fantasma malévolo, onde um feitiço adicional podia significar a diferença entre o êxito ou o fracasso. A bruxa usaria simplesmente às amigas de Mari para  esgrimir contra ela.    Justo como Häxa faria com Bowen se descobrisse quão profundamente se apaixonou por ele.    -Vou sozinha.    -Sozinha? - Piscou Carrow-. O que te disse de coisas como esta? Começa com “Darwin diz”. Anda, Mari, quantas oportunidades têm uma bruxa como eu de desfazer ao mundo do último mau?   Sabendo que Carrow seguiria protestando, Mari disse:   -Direi-te o que, vamos chegar a um compromisso. Vocês garotas olham a luta através do espelho. Se me meter em confusões, então se arraste por ele e venham me resgatar. Isso é justo, correto? - Disse isto inclusive enquanto planejava bloquear o portal.   Carrow pareceu açoitada pela desilusão, mas quando Elianna disse:   -Isso é o melhor.   Carrow esteve de acordo em ficar.
  -Por agora.    Com isso estabelecido, Mari olhou a sua inimiga. Qualquer temor e dúvida que tivesse tido ardeu por causa da indignação. Este ser malvado já tinha devastado a família de Mari, e agora parecia empenhada em usar os sentimentos de Bowen para Mari para atormentar o orgulhoso e fiel guerreiro, o guerreiro que tinha escolhido a Mari sobre... Tudo.    Häxa só estaria bem, morta.   -Vou. -Mari talvez não sobrevivesse de noite, mas se não o fazia, então  levaria a Häxa com ela. Voltou-se - Tenho a uma puta malvada que destruir.    Carrow a olhou fixamente nos olhos com um olhar de algo como admiração.    -Mari, acredito... Que você é uma puta malvada.         Bowen  esfregou a nuca, pressentindo que ele e Mariah já não estavam sozinhos. Girou, esquadrinhando o quarto. Moveu-se o espelho da parede?    De repente, o vidro se inchou. Duas pequenas mãos enluvadas romperam a superfície no centro, atraindo o vidro, agora flexível, aos lados.    Mariketa.    O coração saltou diante a vista, inclusive embora soubesse que Mariah o estudava. Não queria feri-la desnecesariamente, mas não podia ocultar seu entusiasmo. Tinha começado a temer que nunca teria a oportunidade de falar com Mariketa, nem para dizer o que sentia por ela.    Mas a bruxa não gastou nenhum olhar em Bowen. Com a magia crescendo nas palmas estranhamente enluvadas e um olhar assassino nos frágeis olhos, foi diretamente para Mariah, que se retirou, visivelmente assustada.    -Bruxa! Que merda está fazendo? - Bowen se lançou atrás dela, dando-se conta distraidamente de que estava mais preocupado porque Mariketa fizesse mal a um inocente que pela segurança de Mariah.    Tinha perdido o juizo? Sobre os feitiços ou sobre a traição percebida de Bowen? Estava sob alguma espécie de feitiço?    Mariketa o olhou por cima do ombro, os olhos brilhantes.    -Não lute contra mim, Lykae - O frio nela o aturdiu tanto como qualquer disto...    Com um gesto da mão o disparou contra a parede e o congelou ali. Um verdadeiro temor correu por ele.   Não se podia mover, não podia falar, forçado a não fazer nada exceto olhar como a bruxa se aproximava para matar.
 
  Mari se perguntou quanto tempo manteria a bruxa a charada. Agora que conhecia a identidade verdadeira da Häxa, o enjôo e o jogo eram óbvios.    Ainda disfarçada, Häxa por último se manteve firme.    -Deve lutar comigo por ele?    Mari soltou uma risada amarga enquanto começavam a andar em círculos.   -Não, Häxa. Ele não me importa absolutamente - Mentiu sem rodeios-. Se não estivesse a ponto de te destruir, desejaria-lhes o bem aos dois.
  -Me destruir, não é? Estava meditando quando encontraria finalmente a coragem para vir  me encarar. - Sua voz começava a mudar, chegando a ser mais rouca, como  se zombasse - Ou quando poderia arrastar seu bonito olhar do espelho.   Mari podia sentir a confusão de Bowen, ouvindo a lutar. Para ele, ainda parecia ser Mariah  que falava.   -Sim, sei tudo a respeito de você - continuou Häxa - A bruxa presumida. Rainha dos Reflexos. - Seus olhos se moveram como uma flecha em direção a Bowen-. O coração do Lykae pulsa como louco por você ou por mim? Pergunto-me.    -Antes que ae mate quero saber por que se fixou nele. Por que usar Mariah?    -Mee matar? OH, menina sonhadora.   Sua diversão a irritava.    -Direi-lhe isso. Faz dezoito décadas, uma princesa mimada me fez uma oferta para que a encantasse.   Os lábios de Mari se separaram. Tinha havido um encantamento, mas não tinha sido de Mari.    Atrás dela, ouviu que a luta de Bowen parou bruscamente. Esta revelação o tinha confundido sem dúvida nenhuma.   Häxa continuou:   -Parece que Mariah não tinha apreciado que quando todos os outros machos a adulavam, rogando por sua mão, Bowen não tinha absolutamente nenhum interesse nela, é mais, parecia desdenhá-la, Mariah, uma princesa. Durante anos, amou-o de longe, ou ao menos se imaginou que estava apaixonada por ele. Nenhuma outra o faria. Ela tinha que o ter. Assim que lhe outorguei seu desejo, sabendo que esta situação estaria repleta de dor e sofrimento, e se lhe outorgava o desejo, conseguiria colher a miséria de todos os implicados.    -O dava, e ela a ele, então a matei em semanas. Na noite que causei sua morte, dei-me conta de que o lobo me dirigiria a você, a esperada. Simplesmente o vigiei até que você entrou em sua vida. - girou para  Bowen - Obrigado por lhe tirar a capa para mim. O vermelho fez que minha visão se rabiscasse de modo irritante.   -E destruir o avião? -disse Mari-. O terremoto quando estávamos na ponte?    -Estava simplesmente brincando. Cada vez que este pensava que tinha te perdido outra vez, eu tinha uma infusão de desespero. Além disso, o demônio piloto me rogou que descongelasse a sua família, oferecendo-se a fazer algo para mim. Como poderia resistir ?    Mari perdeu rapidamente a animosidade contra o piloto.   Häxa continuou:   -Desde que tornei como a companheira morta ressuscitada de Bowen, ele me deu um verdadeiro banquete de miséria, amadurecida com culpa. Delicioso. Poderia ter te matado com o tempo. Mas você não tinha usado sua magia contra mim, assim não podia absorver isso. E captromancer, quero seus extraordinários poderes.         Häxa? Bowen lutava por compreender o que acontecia.    Ela pode assumir qualquer forma, havia disse Mariketa. E Häxa estava revelando que ele, de fato, tinha estado sob um encantamento, mas muito tempo antes que tivesse conhecido a Mariketa.    Mariketa sustentou uma das mãos em sua direção, mostrando um estranho espelho na palma de sua luva. De repente, seu medalhão começou a quebrar de seu pescoço, disparando dor por ele. Era como se  coisa tivesse plantado raízes profundas em sua pele que agora estavam sendo extirpadas, rompendo-se enquanto o faziam. No passado, cada vez que tinha decidido tirarlo sempre tinha esquecido fazê-lo. Agora sabia por que, e agora compreendia por que Mariketa não tinha pressentido outra maldição nele, porque tinha sido uma parte dele, como um câncer.   Uma vez que foi liberado, o medalhão voou através da sala até ela. Agarrou-o, depois o fundiu no calor das palmas com espelhos, até que  pareceu a uma bola de chumbo.   Quando o deixou cair no chão, uma neblina grossa pareceu levantar-se da visão de Bowen. Agora quando olhou à imagem de Mariah, não sentiu nada exceto... Fúria.    Durante tanto tempo tinha sofrido uma tristeza imensurável. Tinha andado como um morto vivo em uma existência de nada mais que desejo e dor, e foi tudo a causa do capricho de uma princesa mimada.   Mariah tinha convidado esta bruxa a sua vida, assegurou-se de que Häxa encontrasse a Mariketa, e tinha aberto uma brecha entre Bowen e sua verdadeira companheira. Mariketa nem sequer parecia capaz de suportar a vista dele antes.    -Bruxa presumida, viu os corpos de seus pais? Minha obra é tão formosa.   O que tinha feito a seus pais?    -Não se alimentará de mim, Häxa. Só sinto ódio.    -Nenhuma perda. Tive um excesso desse Lykae e estou tão forte como jamais estive. Está segura de que deseja lutar contra mim? Quando tomar seus poderes, serei deusa uma vez mais.   -Quando tomar os seus, serei uma bruxa - disse Mariketa, soando tão segura e valente como sempre.   -Não tem a menor idéia de como jogar, menina. Mas esta noite, em outra véspera transbordante de propósito, ensinarei-te uma última lição.    Häxa por último começou a tirar o disfarce, como uma serpente escorrega de sua pele morta. As janelas explodiram e o vento entrou velozmente, rugindo sobre eles. As cortinas voaram e os móveis patinaram através do chão de madeira. As imagens nas paredes saíram voando como discos.    Sua forma verdadeira era horrorosa. O branco dos olhos ficou, as pupilas de um diáfano amarelo. A pele era cerosa e cinza. Tinha mais de dois metros de altura, com garras tão longas como seus dedos.   Em comparação, Mariketa parecia tão pequena e frágil, com o cabelo revolto sacudido pelo vento e lutando por ficar de pé.    Häxa levantou as mãos; os olhos da Mariketa aumentaram. Abriu as próprias palmas e atirou uma mesa frente ao raio de Häxa pouco antes de que a golpeasse. A madeira se desintegrou em pó.    Outros dois raios cintilaram. Mari esquivou de um elevando-se de repente sobre os dedos e arqueando as costas. O outro a golpeou, a enviando girando à parede.    O instinto chiou dentro de Bowen para proteger o seu, mas não podia fazer nada.    Mariketa deu inclinações bruscas sob outro raio mais, mas se movia mais devagar, mais fraca. Por fim, fugiu, metendo-se atrás de uma parede, em frente de onde Bowen estava preso. Ela se deslizou para baixo do chão do canto. Viu-a tragar com temor, olhando às escondidas pela borda da parede, depois apertou os olhos enquanto evitava uma súbita explosão em sua face. Jogando a cabeça atrás, olhou ao céu. Apenas a ouviu murmurar:   -Merda, merda, merda.   Corre! Queria que Mariketa escapasse. Em vez disso, ela atraiu sua magia às palmas. Então, como se provasse, deu uma olhada pelo canto... E por último atirou um raio à feiticeira.    Häxa foi disparada através da sala.    Com as sobrancelhas levantadas, Mariketa deixou cair seu olhar às palmas enluvadas. 
  A feiticeira gritou com dor e raiva. A fumaça começou a formar redemoinho em uma tempestade ao redor dela, crescendo mais e mais espesso até que esteve oculta. Mariketa  levantou e cruzou a sala para encará-la, os olhos resplandeciam febrilmente, parecendo como se fosse seguila na maldita neblina.    Não vá aí dentro! Não vá...   Finalmente, as arrumou para rugir seu temor por ela. Na borda da tempestade, Mariketa se girou para ele. Mas ele não pensou que o visse. Uma horrível mão cinza escorregou fora da fumaça e agarrou toda a cabeça. Enquanto as garras caíam como uma jaula sobre a testa, Mariketa pôs o indicador contra os lábios vermelhos para se acalmar.    Então sorriu enquanto era atraída ao caos.   Ele lutou contra os laços invisíveis, lutando com toda a força de seu corpo. Os braços livres. Tinha que ir dentro com ela. A fumaça o estrangulava, cegando a luz que faiscava dentro...   De repente, Häxa foi jogada fora da tempestade. Quando Mariketa a seguiu, os pés não tocavam o chão. Não se parecia com nada que tivesse visto jamais, uma assassina pronta para a aniquilação.    Mariketa manteve as palmas com espelhos para cima, dirigindo um raio contínuo a Häxa. Bowen podia ver o pescoço da Häxa começar a estirar-se e ouviu ossos rompendo-se. Gritando, lançou frenéticos raios para Mariketa, mas eram inúteis.    -Me dê outro, Häxa - zombou ela - Não senti esse.   Corte a cabeça! Faça-o!    Como se seus frenéticos pensamentos chamassem sua atenção, Häxa levantou a cabeça e lançou um raio para ele.    O golpe o alcançou como um aríete no peito. Os ossos se romperam sob a força.
 
  Sua concentração foi interrompida o suficiente para que Häxa capturasse seus raios e os atirasse. Atirou Mari a uma bola, depois a jogou longe, enviando-a no voar.   Mari aterrissou sobre suas costas, com tal força que o sangue orvalhou de sua boca. Ainda de barriga para baixo, tentou atacar, levantando as luvas, mas Häxa havia de algum modo preso sua magia saliente.    -Permanece abaixo, menina - disse Häxa, elevando-se em toda sua altura para prender Mari - Seu pai nem sequer fez isto muito tempo. Bocejei enquanto congelava a sua mãe.    Häxa apareceu sobre ela, construindo magia em seus olhos, sua boca, suas mãos. Construindo... Construindo. Ela ia usar tudo o que tinha para terminar isto, para render  Mari até as cinzas.    Rainha de Caras Falsas era muito forte.    O disparo mortal se aproximava.   Tossindo sangue, Mari pendurou a cabeça a um lado, querendo ver  Bowen uma última vez...    O osso de uma das pernas estava quebrado, avultando para cima, perfurando seu jeans. O peito sangrava profusamente. O sangue se derramou pela frente de sua camisa e empapava um rastro pelo chão enquanto ele ainda lutava por  Mari.    De repente Mari compreendeu por que as pessoas lutavam batalhas perdidas - porque se deseja algo o bastante, não pode fazer nada mais exceto lutar por isso.
  Mari lutaria.    O espelho pelo que tinha vindo jazia no chão entre ela e Bowen. Encontrou-se com seus olhos, abrindo furtivamente a palma para isso. Chamando-o para que viesse a ela, deveria havê-lo movido um pouco. Chiando os dentes, ele se lançou sobre o espelho, girando-o através do piso de madeira para ela até que sua magia o pôde agarrar e atrai-lo perto.   A feiticeira piscou para eles, depois gritou com fúria, soltando seu poder. No segundo último, Mari empurrou o espelho para cima, escondendo-se atrás como um cavalheiro atrás de um escudo contra o fogo de um dragão.    O raio se refletiu, apanhando a Häxa com seu próprio poder imparavel.    Tão quente... Segura-o... Luta!    Os gritos de Häxa ressonaram, perfurando a noite. Em um círculo ao redor de Mari, a força excessiva do raio estilhaçou o chão como se uma taladradora tivesse aberto o caminho. Os fragmentos de madeira voaram para cima. As estacas  embutiram a si mesmos no teto.    Só tem que agüentar quanto possa.   Os gritos de Häxa ficaram mais fracos.    Agüenta...    Bowe olhou enquanto o corpo da Häxa parecia arrebentar de dentro, gretando-se em grossas fissuras. Com os dedos com as pontas de garra apertados com dor, começou a mudar  e mil formas cintilaram sobre ela.    No meio deles, Bowe divisou uma bruxa com cabelo negro, brilhante e coberta com uma estola negra.   Depois... A luz explodiu dentro dela, incinerando-a.    Como uma bomba atômica, expulsou uma linha plana de energia antes de jogá-la diretamente para cima. A força voou o teto da casa, queimando-o até as cinzas instantaneamente. Os ciscos do ar caíram para baixo enquanto as paredes gemiam e  desabavam.   Mariketa afastou frouxamente o espelho. Ele viu que deixava cair sua cabeça como se olhasse fixamente o estômago.   -OH. - Agarrou algo em sua testa, logo puxou. Os dedos não tinham força e um cravo de madeira, gotejando sangue, rodou fora de seu alcance. Ssegurando o flanco, tentou ficar em pé, mas caiu sobre o quadril. Outro intento instável, e por último ficou em pé.   Quando encarou  Bowe, ele se essustou diante sua face manchada de sangue, os machucados já surgindo. O cabelo estava revestido de fuligem. Enquanto ela coxeava para ele, os olhos começaram a normalizar-se.    -Mari - gritou-  tem que se curar.   -Bowen, suas pernas... Seu peito.   -Estarei bem...   Outro vento repentino se precipitou sobre eles, dispersando os escombros. Mariketa gritou enquanto uma força invisível a assaltava, parecendo estrangulá-la de dentro.    -O que está acontecendo? - Gritou ele - O que é?    Os momentos duros passaram. Quando o vento se acalmou, e ela foi liberada do que seja que a tivesse agarrado, pareceu confusa.    -Acredito... Acredito que isso foi o poder de Häxa...   Se o que Mari havia dito antes a respeito de destruir à feiticeira era verdade, então acabava de ter uma infusão de um poder quase divino.    Quando começou a aproximar-se de Bowe uma vez mais, o branco de seus olhos e sua íris parecia haver-se alagado de negro, como se a tinta derramasse dentro deles, como tinham sido os da Häxa. Como possuída, Mariketa balançava seu olhar dele até que seus misteriosos olhos se centraram no espelho no chão.   Sua expressão era como se estivesse morrendo de fome, inclusive luxuriosa, e se apressou, dando um passo diretamente em cima. O solo pareceu cair debaixo ela, e se deixou cair para baixo, desaparecendo.    Bramando de temor por ela, Bowe se arrastou para o espelho para alcançá-la. Mas tinha ido.   Rastelou as garras pelo vidro, desesperado por segui-la.
 
  De algum modo Mari tinha conseguido encantar-se... Ela mesma.    Durante dias, tinha permanecido em sua dimensão, em pé, imóvel diante de seu grande espelho antigo. Embora estivesse consciente e curando-se rapidamente, era incapaz de mover-se, de afastar o olhar. Nem sequer podia separar os lábios. Se algo era colocado entre seu olhar e o espelho, os olhos -completamente negros pelo poder da Häxa- queimavam-no.   Mari já tinha estado andando ao fio de uma navalha com suas novas capacidades de leitora de espelhos antes de haver sido entregue o poder da Häxa. Embora não intrinsecamente mau, o poder era ambicioso, voraz pelo conhecimento que o espelho cedia impotentemente. Mari não poderia liberar-se ela mesma...   Uma vez que seus pais despertaram e voltaram para casa do plano da Häxa, Mari não tinha podido abraçá-los, nem chorar com frustração, embora sua dimensão tivesse chegado a empaparse com a chuva. Eles tinham parecido tão preocupados com ela, mas tão orgulhosos do que tinha obtido.    Com a ajuda do aquelarre, os dois planejavam atar o poder da Häxa dentro dela, permitindo que Mari se acostumasse a ele com as décadas. Mas não poderiam atar o poder quando estava em ativo como quando congelava a bruxas involuntárias diante de um espelho. E os olhos deo Mari constantemente resplandeciam como duas luzes LED. (acrônimo do inglês do Light-Emitting Diode): Diodo emissor de luz   Pelo menos seu aquelarre tinha subido no escalão, motivando às bruxas como loucas. Aparentemente, o aviso tinha sido quando Häxa, um dos poderes mais antigos e maus de mundo, elevou-se, só para mostrar-se, diretamente na paróquia junto a Andoain, sua Casa Animal. Já não se sentiam isoladas e protegidas pela lei de laissez os bons tempos rouler.   O mundo não saberia que o golpeou quando essa tripulação se reunisse.   Como seus pais faziam todos os dias, Carrow e Elianna a visitavam no "Cottanorouse". Sabendo que Mari as podia ouvir, conversavam e levavam seu chá como se o bebesse. Também  insistiam que desencantasse, como se Mari não estivesse totalmente convencida de desejar fazê-lo. Queria assinalar ao novo poder e  dizer, “assume-o com estupidez”.   Por causa de que Mari estivesse em um plano do Wicca, e não podia falar para convidar  Bowen, ele não podia vir a ela. Seus amigos e a família tinham deduzido que nevava sempre que ela  sentia falta dele, o plano tinha chegado a estar constantemente nevado.   Hoje no lugar de Mari, Carrow fazia um solitário, envolta em mantas. Elianna parecia estar classificando ancas de rãs secas por tamanho, e depois pelas membranas dos dedos. Os pais de Mari estavam fora para consultar a videntes pela resposta de como resgatar Mari. Hoje se encontrariam com uma dos oráculos mais capitalistas do mundo - Nïx a punhetera Assobiada. 
  -Maldição, Mari, faz frio! - Carrow esfregou os braços - Escavei em toda a vibração Narnian que tirou. E estive obedientemente pendente de falar com castores que levam armadura, mas vamos, isto é ridículo! Se jogar tanto de menos o escocês, então se liberte.   -Sabe que ele comprou a propriedade ao lado do Andoain para poder te cheirar no minuto em que volte para casa - disse Elianna - E, bem, porque sua casa explodiu.   -Olhe, Mari, tem que sair disto e fazer algo - disse Carrow- Tira o de sua miséria, ou me deixe o fazer apaixonar-se por uma secadora. Você decide. - encolheu os ombros - Sei que estava preocupada porque Bowen não queria vir perto do aquelarre, mas não podemos o fazer sair. Aparentemente, algumas das bruxas confessaram que estava em um plano diferente, pode ser realmente obstinado com as perguntas, e agora está determinado a te alcançar aqui. Interessantemente, acha a informação sobre a existência do plano, mas não sobre o fato de que não pode viajar a ele.    -Volta para o Andoain diariamente, às vezes cada hora, investigando a bruxaria - disse Elianna.   Carrow olhou enfurecida.   -Bem, talvez se você e as outras parassem de colocar comida às escondidas, não seguiria retornando!   Cruzando os braços sobre o peito, Elianna disse em tom teimoso:   -Ele não comeria de outro modo.    -O que seja. Mas a sério, Mari, ele está passando por tão duros momentos com tudo isto que inclusive Regin sente lástima pelo que suportou.   -Olhou o vídeo de sua graduação tantas vezes, que estou segura que memorizou toda sua alma - acrescentou Elianna.    -Não sei o que faz com os vídeos de seu período de animadora que  levou a sua casa Carrow meneou as sobrancelhas - mas tenho suspeitas.    Elianna tossiu delicadamente.    -Agora que tem feito o que se esperava que fizesse, bem, a parte um ao menos, todos estão te buscando um novo nome - disse Carrow - Se não chutar este encantamento, então eu farei campanha pela Mariketa a Bruxa do Espelho, ou "Bruejo". Venha chuta meu rabo se você não gostar, de outro modo...   Elianna olhou Mari com os olhos entreabertos e suspirou.    -Acredito que ela quer ser chamada Mariketa MacRieve.    Mari o queria. Queria ir com o Bowen e dizer que o amava, queria conversar com sua família e amigos, queria... Piscar. Mas o conhecimento fluía por suas veias; o poder demandava.   Parecia que estaria forçada a permanecer aqui até que soubesse... Tudo.    O qual significava que nunca sairia.    Porque tudo é a coisa que não posso saber.         Quando Bowe localizou  Nïx por fim, estava encarapitada como uma gárgula no teto de um edifício na rua Bourbon. Subiu até ela, sentindo só uma persistente dor na perna curada.   -Nïx, tem que me ajudar.    -O que te deixa nervoso, homem lobo?    -Tinha razão a respeito de tudo, sobre o Hie, a respeito de mim encontrando a minha companheira. Todas suas predições se cumpriram, embora devia ter contado exatamente quem tinha posto o feitiço sobre mim, maldição.   Ela o encarou finalmente.
  -Disse que tinha sido preso, não enfeitiçado, e todos sabiam que Mariketa não era ainda uma bruxa. –Revirou os olhos-. Realmente, mascote, está claro?    Mantém o controle.   -Embora esteja sinceramente arrependida de que tivesse dezoito décadas de autêntica miséria - acrescentou ela.   Bowe comparou as ações da princesa com as da bruxa que fez mal a seu pai. A única diferença foram os graus de dor. Mas teve pouco tempo para pensar no que tinha feito a ele - a todos eles.    -Preciso encontrar a Mariketa. -Deuses, de verdade precisava encontrá-la. O desejo por sua bruxa era mil vezes mais poderoso que o que a bruxa mais forte na terra pudesse engendrar nele.   -Perdemos-a outra vez? Bowen, deve segurar sua leitora de espelhos melhor!   -Nïx!    -OH, já sei, é obvio. Foi ao plano das bruxas, em uma dimensão diferente. Antes que pergunte, direi-te que são sagrados e não posso te dar a direção. Há algumas leis que nem sequer a proto-Valquiria romperá.    -Depois de tudo isto, não me dirá como alcançar esse lugar?    Ela inclinou a cabeça para ele.    -Você, Bowen MacRieve, quer ir a um mundo onde só as bruxas e as de sua espécie vivem? Onde a magia está em tudo, de uma gota de água à pluma de um pássaro?    -Nïx, quero fazer todo o malditamente possível...   -Desejaria poder te ajudar. De verdade. -Arqueou uma sobrancelha-. Especialmente desde que te mantém um pouco melhor. - Arranhou o ar em sua direção, e ele franziu o cenho -. E realmente, há uma maneira simples para que a alcances. Os meios são tão óbvios que me dói... Dói-me, dizer-lhe isso    -Maldição, o que é, Valquíria?    -Você tem tanto direito como qualquer a estar no plano da bruxa.    -Mas não estou conectado por sangue ao Wiccae. E não sou o marido de Mari, ainda.   -Resolve por que tem direito a estar ali, e te ajudarei com a logística.    Seu olhar se centrou em algo debaixo deles. Sua pequena forma se esticou como a de um predador. Parecia estar espreitando Regin. Ou pelo menos a alguém espreitando  Regin.   -Deve ir. -Finalmente se encontrou com seus olhos-. Não venha para mim outra vez sem uma resposta... - Então, como uma mancha, saltou ao chão, desaparecendo na multidão.
 
  A noite seguinte, Bowe tinha estado dormindo só uma hora depois de deixar cair esgotado no colchão no chão de seu novo lugar quando se incorporou na cama, com o coração troando. A resposta estava em sua língua.    Uma vez tinha odiado os deuses pelo que era. Agora se dava conta de que era a resposta para alcançá-la.    Bowe alargou uma mão para os jeans... Não pôde encontrar os sapatos assim saiu sem... Estava ainda colocando depressa uma camisa quando correu de noite para encontrar  Nïx.    Por sorte estava no Vall Hall, e lúcida, pelo que viu quando se encontrou com ele fora da casa das Valquíria. 
  -Nïx, descobri como posso me unir com ela - Disse imediatamente - Disse que as bruxas e seus afins podem alcançar o outro lugar. Pelo que tenho lido, isso significa familiares também.   -Um, Bowen - Começou lentamente - familiar são... Animais.    Ele arqueou as sobrancelhas com uma expressão de “e seu ponto é”.   -Tenho lido que os familiares podem ser protetores, sou o protetor de Mari. Uma bruxa teve um tigre, outra inclusive um urso. Por que não um Lykae?    Nïx sorriu orgulhosamente.    -Estou impressionada!    -Assim como inferno chego a ela?   -Vá a seu quarto em Andoain.    -Estive aí mesmo esta... - Calou, tendo aprendido a não questionar estas coisas indefinidamente, nem, em alguns casos, absolutamente - Muito bem.   No Andoain, saltou as escadas de três em três para o quarto de Mari, ignorando a crescente dor na perna. Pelo canto do olho, divisou a bruxas piscando  atrás das portas. Notou fracamente que as velas estavam acesas por toda parte, pareciam estar o esperando.   Abriu a porta de Mari. E, de repente, esteve em outra casa, no exterior nevava copiosamente. Olhou ao redor, lutando contra sua sensação de inquietação. Era algo disto real? Estava sonhando?   Devagar entrou, encontrou uma mulher dentro que se parecia com a Mariketa. A seu lado havia um homem com os grossos braços cruzados sobre o peito, quem levantou as sobrancelhas diante  Bowe.   Nesse momento, Bowe se deu conta de que se encontrava diante os pais de Mari, mas como, acrescentado aos pés nus, a aparência arruda e sem barbear, a camisa ao contrário. E  de dentro para fora.   -Este é o macho que ela esteve vendo? - murmurou o homem - Nem sequer pode se vestir.   Bowe suprimiu o impulso de indicar que embora não pudesse vestir-se, seguro como o inferno que podia perceber quando um menino estava sobre seus ombros. Em vez disso  mordeu a língua. Este bruxo, embora arrogante, era o futuro sogro de Bowe.    -Um homem lobo, Jill? Realmente.   -Silêncio. - A mulher o golpeou o estômago com a mão e disse- Sou Jillian. E este é meu marido, Warren. Somos os pais de Mari. E sabemos que você é Bowe MacRieve do clã Lykae.    Ele assentiu.   -Não é um pouco velho para minha filha? -perguntou Warren a Bowe.   Quando Bowe franziu o cenho, Jillian continuou alegremente:   -Estivemos o esperando. Mari esteve esperando. Necessita sua ajuda.    -Onde está?   -Me siga. -Jillian lhe mostrou um quarto que parecia um cruzamento entre o quarto de Belize e o de Mari no Andoain.    Deixou de respirar. Mari estava diante de um grande espelho, totalmente quieta, os escuros olhos observavam impassíveis, sem piscar. Sua voz se quebrou quando perguntou:   -O que lhe aconteceu?    -Uma vez que recebeu os poderes de Häxa, basicamente encantou a si mesma - Respondeu Jillian - E ninguém é o bastante forte para combater sua magia.   -Ninguém pode arrumar o que mal podem tocar - disse Warren.   -Mas acreditam que você poderia ser capaz de falar disto. Nïx nos disse esta manhã que tem a intenção de ser seu protetor...   -É o cachorrinho besta da família - zombou Warren.
  -O que o faz um homem lobo protetor. E por isso tem permissão para estar aqui.   -Ela pode me ouvir? - perguntou Bowe, desatendendo do fato de que ele não tinha falado com o Nïx até para minutos.    -Mari é consciente de tudo o que dizemos - Respondeu ela.    -Como a Libero?    -Tem que persuadi-la de encontrar de algum modo o poder de soltar-se. Fala com ela, faça-a lutar - disse Jillian - Os reflexos são as forças de Mari, mas são também suas fraquezas. Pode ser ferida por eles se recorrer muito a eles, uma vez que consiga liberá-la, então tem que se assegurar de que não se perca no espelho outra vez.    Não é de sentir estranhar que ele tivesse tido uma reação tão forte quando ela cantarolava ao espelho.   -Esta noite, se tiver êxito, ataremos o poder de Häxa dentro dela - Acrescentou Warren - Durante umas poucas décadas, Mari precisará usar o espelho para o conhecimento com moderação, só nas emergências mais horríveis. Pode viajar através de espelhos e usá-los para enfocar feitiços, mas o conhecimento é  que o poder da Häxa sempre desejará... E as ataduras não são infalíveis.    -Podemos confiar em você para que veja isto? - perguntou Jillian.   Bowe disse que sim com a cabeça de forma brusca.   -Aye, posso vê-lo.   -Não tente pôr nada diante de seus olhos - disse Warren - Queimará tudo  que bloqueie seu olhar. E não importa o que faça, não quebre o espelho.   Sem afastar o olhar de Mari, Bowe perguntou:   -Por que não? - Isso parecia a solução ideal.   -O golpe poderia... Poderia matá-la - Murmurou Jillian.   Ideal não.   -Quero estar a sós com ela - disse Bowe.   Ela assentiu.   -Vamos à cerimônia de atadura. Boa sorte, Bowe.   Depois de que fechassem a porta, Bowe ainda podia ouvir o pai de Mari dizendo:   -Jill, por que confia tanto no MacRieve?    -Porque ele não descansará jamais até que a tenha de volta com ele - respondeu antes de descer as escadas.   A sós com  Mari, Bowe disse:   -Moça, vamos descansar do espelho um pouco. Como vou me casar com você diante de todas essas bruxas em uma cerimônia misteriosa e envergonhante se você não afastar o olhar?   Nenhuma reação.    Pôs os braços ao redor da cintura e se inclinou para lhe beijar o pescoço, fechando os olhos com o prazer de estar perto dela uma vez mais.    -Não deseja se afastar do espelho? Muito bem. Então pergunte algumas questões enquanto está aqui. Pergunte quanto sentiu falta de seu Lykae.   Ela tinha piscado?    -Pergunte quem ama Bowe - murmurou na outra orelha.   Os lábios dela se separaram. Seu corpo pareceu começar a zumbir, como se estivesse lutando com tudo o que tinha para liberar-se.   -Aye, está bem. Pergunte quem é a única da que Bowe esteve apaixonado - Acariciou-lhe a bochecha com o dorso dos dedos, desejando encontrar-se com seu olhar no espelho - E a última pergunta que vamos fazer antes que parta comigo... Pergunte como de malditamente boas vão ser nossas vidas juntas, depois s vire e me beije.   As sobrancelhas dela se juntaram, e sua postura se esticou para depois relaxar. As pálpebras se fecharam.   -Agora, isso, garota formosa - Disse roucamente, movendo sua face com cuidado para ele. atrás dela, pressionou o espelho até que o volteou, revelando a parte traseira do marco - Agora, me beije, bruxa.    Quando Mari abriu os olhos uma vez mais, os lábios mornos e firmes de Bowe cobriam os seus. Então a levantou e a levou para cama.    Uma vez que a sentou em seu colo, ela colocou a mão contra sua bochecha sem barbear. Como  tinha sentido falta dele! Sentiu um agudo remorso ao ver quão esgotado parecia.   -Não posso acreditar que chegou aqui.    -Sou seu familiar. - Levantou o queixo dessa maneira orgulhosa - Estou para te proteger. Além disso, não pode me perder facilmente. - Seu olhar sustentou o seu enquanto dizia - Seguireia aonde queira, Mari.    -Estou tão... guau - Sussurrou bruscamente, a mão voando para sua frente. O pesado peso do poder da Häxa diminuía - Estão meus olhos esclarecendo-se?   -Sim. - Exalou com alívio -. A atadura funciona.   -Posso senti-lo. - Mordeu o lábio -. Bowen, sobre antes, sinto que meu pai foi grosseiro com você. E lamento muito tudo o que te aconteceu. O encantamento...   -Eu não sinto nada disso. - Quando deu um incrédulo olhar, ele corrigiu - A princípio, estive furioso. Depois me dei conta de que se podemos estar juntos, então todo me trouxe para você. Pensa nisso, devo dar obrigado incluso a esse maldito vampiro por me golpear no Hie. Se não tivesse sido por isso... - As palavras sumiram com um estremecimento - Além disso, não me importa a luta, quando o prêmio é tão digno.    -Mas te deve carcomer que durasse tanto e foi tão atroz...   -Se dúvida do que digo, então não captou o que sinto por você. Faria tudo por estar com você assim. Se me terá. - As sobrancelhas se juntaram - Sabe como me sinto a respeito de você, mas não estou seguro de que me ame...   -Amo você - disse ela rapidamente.    -Não deseja refletir sobre isto? Está segura de seus sentimentos? Joga tímido?    -De maneira nenhuma. - Ela sacudiu a cabeça com ênfase - Estive louca por você na ilha, e fui golpeada desde a primeira noite que estivemos juntos, juntos. Mas pode dirigir tudo isto... A bruxaria?    -Eu quis dizer isso no dia do acidente de avião que tinha decidido fazer tudo para te manter, e isso incluía te aceitar, toda inteira. Não me importam uma maldita coisa as variáveis sempre que a constante sejamos nós, juntos. - Apertou-a entre seus braços, balançando-a contra seu peito.    Segurava-a apertadamente, como se nunca fosse  deixá-la ir.   E isto parecia tremendamente bom. Então franziu o cenho.    -Bowe?    -Aye, amor?    -Por que está sua camisa asavessas?
 
  Escócia   Solstício de Inverno, seis meses depois...      -Então assim é como jogamos isto, esposa? - Disse Bowen, quando a bola de neve dela o golpeou diretamente na face. Sacudiu a neve dessa forma lupina que ela tanto amava - Desafia  um professor sob sua própria responsabilidade e foi devidamente advertida.   Ela meneou seus dedos enluvados para ele.    -Venha! Adiante! Pai tempo.   Mas seus olhos se alargaram quando ele começou a amontoar a bola de neve maior que já tinha visto. Saiu disparada para o refúgio.   Brincar na neve, que modo tão incrível de terminar um já maravilhoso dia. Tinham chegado a Escócia nesta manhã. A viagem em jato foi pouco memorável, literalmente, com a sedação apropriada. E ontem à noite, antes que Mari e Bowen fossem em um avião, seus pais haviam dito que iam ter um bebê, o que ela adorou, embora lhes prometeu que "agiria" como era devido frente ao novo irmão.   A colossal bola de neve de Bowen bateu no seu traseiro, quase derrubando-a. Ela ofegou, olhando sobre seu ombro.   -Assim é como lança uma bola de neve. - Sorrindo abertamente, inclinou-se como se procurasse aplausos e correu atrás dela.   Bowen sorria abertamente agora. E maldito, sentava-lhe muito bem.   Reconheceu que sua própria oportunidade de fazer os quarenta sem ter meninos com seu Lykae, jogando assim com ele, era nula.   Com um grito, deixou-se apanhar a e a arrastou na neve com ele.    -Não te machuquei, não é? - Perguntou quando a moveu com cuidado baixo ele.   Embora tivesse se transformado em imortal por volta de mais de três meses, ele ainda  perguntava isso. Pensava que sempre o faria e o amava por isso.   -Não, nada.   -Então você gosta deste lugar?   -Adorooo.   -Não o diz por dizer? Porque posso...   -Quero viver a metade do ano aqui. - Ficariam os outros seis meses em seu lar junto a Andoain - Se for necessária para o aquelarre ou para um trabalho como livre, posso viajar diariamente ao aquelarre via o espelho. - Tinha estado trabalhando muito nestes poucos meses passados, organizando o aquelarre de Andoain com a ajuda de seus pais e vendendo feitiços próprios. Tinha êxito com cada trabalho de magia? Não, mas ao menos continuava conseguindo remissões.   -Além da horta de maçã que plantei aqui com o passar do verão - começou ele - também comprei um espelho de corpo inteiro de 1,80 de altura. Assim, podemos viajar diariamente. Irei com você. Já que sou sua família.   Ele tomava a posição "do protetor de sua bruxa" muito seriamente, indo com ela a todos seus trabalhos e queixando quando ela sugeria que era mais que um companheiro responsável para sua magia.    -Parece-me bem.   -Então, que opina da neve real? - Tinha tirado o sarro sem cessar porque pelo visto, a neve imaginada de sua dimensão tinha sido parecida com a matéria que usavam em cenários de filmes    -É formosa.
  -Sim, formosa - disse ele com seu olhar fixo centrado em sua face - Sabia que você gostaria da neve. Não posso acreditar completamente que esteja desfrutando finalmente de minha estação favorita, e que o esteja fazendo com você, minha vista favorita.   Pegando sua face e se inclinou para lhe dar um beijo lânguido. Mas quando rodeou o pescoço com os braços e o abraçou fortemente, inclinou sua boca sobre a dela, aprofundando o contato até que ela tremeu baixo ele.   Contra seus lábios, ela murmurou:    -Bowen...   Ele recuou.    -Conheço o tom de minha fêmea, estarei te levando para cama agora.   Quando ela assentiu com impaciência, ele proporcionou um ardiloso sorriso.    -Seu homem lobo ainda o tem né, moça?   Sem fôlego, ela sorriu.    -Se por isso se refere para mim, então nunca o vai perder.

 

 

                                                                                                    Kresley Cole

 

 

 

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