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Através do Pacífico, Rumo ao Japão
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RELATOS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Através do Pacífico, Rumo ao Japão

 

                  

 

           

A Conquista de Iwo Jima

A conquista de Leyte, em 21 de dezembro de 1944, não foi mais que o prelúdio da ocupação de Luzon, cuja posição estratégica, diante das costas da China meridional, era de capital importância. A operação foi conduzida com extrema rapidez, sem que os japoneses pudessem recobrar-se do impacto.

 

Depois de violento bombardeio aeronaval, efetuado pelos porta-aviões do Almirante Oldendorf e pelos couraçados do Almirante Weyler, que foi iniciado a 5 de janeiro de 1945 e se prolongou por três dias, o 6o Exército desembarcou, no dia 9, acima da costa norte-ocidental de Luzon, em três pontos do Golfo de Lingayen (nos mesmos lugares em que os japoneses tinham desemborcado a 10 de dezembro de 1941 ): Dagapan, Domortis, San Fabian e, mais ao norte, nas proximidades de San Fernando. Para chegar à zona de ataque, a força de assalto, composta pelo 1o e pelo 14o Corpos de Exército, partira de

Leyte e margeara as Filipinas, passando do Mar de Mindanao ao Mar de Sulu e dali ao Mar da China. A supremacia aeronaval americana era tal, que os comboios puderam percorrer os 1.000 km sem perdas dignas de monta.

 

No primeiro dia foram estabelecidas, em 25 km da costa, quatro sólidas cabeças-de-ponte e foi tomado o aeroporto de Lingayen, que possuía pistas asfaltadas, construídas quase sobre a mesma praia. No dia 11 a cabeça-de-ponte foi unificada e os efetivos americanos iniciaram a marcha para o sul, em direção a Manila. As tropas desembarcados ascendiam a 68.000 homens. As naves da 7a Frota, ao mesmo tempo, permaneceram expostas durante sete dias aos ataques dos "kamikazes", sem que estes, no entanto, causassem perdas consideráveis para as formações americanas.

 

Os japoneses, por seu lado, entrincheirados nas montanhas ao nordeste do vale que prolonga o Golfo de Lingayen, reagiram a 14 de janeiro. Os americanos, apesar disso, continuaram avançando para o sul, embora mais lentamente. Outra coluna avançava, ao mesmo tempo, para o norte ao longo da costa.

Durante este período a marinha americana não permaneceu inativa e atacou ao longo da costa da Indochina quatro comboios inimigos que transportavam, provavelmente, reforços para Luzon. Nas citadas ações, vinte e cinco embarcações inimigas foram afundadas e dezesseis avariadas, o que representou para o Japão a perda de 127.000 toneladas e 15.000 homens. Pela primeira vez, também, os porta-aviões do Almirante Halsey deixaram para trás as Filipinas e bombardearam, no dia 12, os aeroportos de Tan-Son-Nhut, em Saigon e as bases de hidroaviões de Cat-Lai e de Quinhon. Pouco depois, nos dias 13 e 14 de janeiro, as mesmas embarcações chegaram diante das costas da China e atacaram Hong Kong, Amoy e Swatow, e também as costas de Formosa, impedindo assim os movimentos dos japoneses e dificultando as tarefas de abastecimento à zona de luta.

 

A 20 de janeiro, Tarlac caía em mãos dos americanos, Tarlac estava situada a 80 km de Lingayen e a 100 de Manila. Entre 29 de janeiro e 4 de fevereiro houve novos desembarques na costa ocidental e nas costas norte e sul da Baía de Manila. O 11o Corpo do General Hall interveio nessas operações. A 4 de fevereiro, finalmente, os americanos entraram em Manila. A luta na capital das Filipinas foi intensa, mas a 23 do mesmo mês os americanos dominavam totalmente a situação. Tinham recuperado a mesma cidade que abandonaram, vencidos, mais de três anos antes, a 2 de janeiro de 1942.

 

Depois da queda de Cavite, ao sul do Baía de Manila, no dia 14, houve o desembarque no dia 17, e a 28 a baía foi aberta à navegação. Os japoneses, apesar de resistirem em Corregidor, já não podiam impedir os movimentos americanos.

 

Às primeiras operações em Luzon seguiu-se uma série de desembarques coroados de êxito, que tiveram como objetivo a ocupação de pontos estratégicos nas numerosas ilhotas do arquipélago filipino. A 22, os americanos desembarcaram em Capul, no Estreito de São Bernardino, e a 27 na Ilha Verde, perto da anterior. Estas operações aumentaram nos meses seguintes.

 

Simultaneamente com as operações do General MacArthur, desenvolviam-se as do Almirante Nimitz, e o desemborque em Iwo Jima foi o começo de uma nova fase: o avanço direto em direção ao território metropolitano do Japão.

 

Mas no coração da organização militar japonesa os serviços de escuta, que compreendiam seiscentos homens especializados e diplomados em universidades, mantinham-se atentos às comunicações do inimigo, esperando captar seus próximos movimentos. Deve destacar-se, no entanto, que, apesar da excelente rede de escutas japoneses, os códigos americanos nunca foram decifrados e somente no caso do código que regia os movimentos dos guerrilheiros filipinos, decifrados pelos japoneses, estes conseguiram ter êxito.

 

Os serviços japoneses, no entanto, previram o ataque americano contra Okinawa, que ocorreria, segundo seus cálculos, entre março e abril de 1945. Não previam, porém, o que ocorreria...

 

Iwo Jima é uma ilha do arquipélago de Ogasawara, situada exatamente no meio cominho entre Saipan e Tóquio, a 1.200 km de cada uma delas. Sua queda significaria uma ameaça constante para o território metropolitano japonês. Após a queda de Saipan, Iwo Jima era um dos baluartes do sistema defensivo do Japão. A ilha, em conseqüência disso, tinha sido objeto de constante atenção por parte do comando americano. E assim provavam os ataques que sofreram. Com efeito, desde a perda de Saipan até janeiro de 1945, fôra bombardeada duas vezes por um Grupamento de Combate americano. Mil duzentos e sessenta e nove aviões atacaram-na no intervalo de sessenta e nove incursões e por oito vezes foi bombardeada por navios. Os americanos dedicavam, em realidade, uma atenção especial à ilha.

 

Iwo Jima, cujas medidas são: oito quilômetros de comprimento por três de largura (24 km²), era defendida pelos efetivos sob as ordens do General Kuribayashi. O mencionado chefe japonês dispunha da 109a Divisão, da 2a Divisão Mista, do 145o Regimento de Infantaria, do 17o Regimento Misto, do 26o Regimento de Carros de Combate, dos 1o e 2o Batalhões de Metralhadoras e de 7.500 fuzileiros navais. No total, 23.000 homens. Como armamento, Kuribayashi dispunha de 120 canhões de mais de 75 mm, 20.000 fuzis, 23 carros de combate e abastecimentos para dois meses e meio, tanto de víveres quanto de munições.

 

As defesas construídas por ordem do General Kuribayashi consistiam, principalmente, em túneis e trincheiras. Fôra prevista a construção de um túnel de 28 km de comprimento; no entanto, com o ataque dos americanos só dezoito dos mesmos tinham sido concluídos. Os trabalhos tinham demorado porque os soldados tiveram que trabalhar com máscaras antigas e com muita precaução, porque encontraram grande infiltração de gases tóxicos.

 

O primeiro passo para a conquista de Iwo Jima consistiu num violentíssimo ataque aeronaval contra a região de Tóquio, a 16 e 17 de fevereiro. Cerca de trinta porta-aviões comandados pelo Almirante Mitscher intervieram nas operações. Faziam parte da frota porta-aviões pesados de 27.000 toneladas. O total de 1.200 aviões levantou vôo do convés dos porta-aviões, a uma distância que variava de 300 a 400 km da costa do Japão.

 

A finalidade do ataque era impedir que as guarnições das ilhas Bonin e Vulcano recebessem reforços. Não se via a frota japonesa quando se deu o ataque. Os aviões de combate do Sol Nascente, porém, saíram ao encontro dos atacantes. Como resultado da luta, os japoneses perderam 499 aviões, dos quais 177 foram destruídos nos aeroportos, antes que pudessem levantar vôo. As perdas americanas ficaram em 49 aviões.

 

O desembarque em Iwo Jima, em 19 de fevereiro de 1945, implicou na operação anfíbia mais difícil de toda a guerra do Pacífico. As dificuldades aumentaram devido ao fato de Iwo Jima não possuir portos, o que obrigou ao desembarque nas praias. Participaram na operação de desembarque 880 embarcações de todos os tipos. Os canhões das embarcações dispararam ininterruptamente durante quinze dias, lançando cerca de 15.000 toneladas de projéteis sobre as fortificações japonesas.

 

A operação, em linhas gerais, teve as seguintes etapas: a 13 de fevereiro, 170 embarcações partiram de Saipan rumo nor-noroeste. Os comandados de Ogasawara foram imediatamente prevenidos e postos em estado de alerta. A 16 de fevereiro deu-se o ataque mencionado anteriormente, contra Tóquio. Paralelamente, um Grupamento de Combate americano bombardeou Iwo Jima com a artilharia. A 18 manteve-se o ataque naval; ao mesmo tempo, no ar, três mil e trezentos aviões atacavam em ondas sucessivas. No dia seguinte, 19 de fevereiro, entre oito e onze da manhã, os americanos desembarcaram. Às onze horas já tinham chegado à terra cerca de dez mil combatentes americanos, apoiados por duzentos carros de combate. Apesar da violenta resistência, as defesas japonesas cederam logo que houve o ataque.

 

O desembarque propriamente dito foi protegido por uma cobertura aérea que compreendia formações no total de mil e seiscentos aviões pertencentes a diversos porta-aviões.

 

No dia 20 de fevereiro, as forças americanas ocuparam o aeroporto de Tidori. Iwo Jima fôra cortada em dois.

 

A 21, os americanos desembarcaram novas forças. O destacamento naval japonês que ocupava o ponto mais importante da ilha, o Monte Surbachi, foi aniquilado após duríssimo combate. Entretanto, no restante da ilha prosseguia a luta com bastante intensidade.

 

Desde o dia 27 de fevereiro, as formações americanas estavam integradas pelas Divisões 4a e 5a de Infantaria da marinha, ocupando a 4a Divisão a primeira linha e a 5a Divisão uma segunda linha.

 

A 2 e 3 de março desencadearam violenta ofensiva em todos os setores. Nessa altura da campanha, toda a artilharia japonesa, bem como todos os tanques, já. tinham sido destruídos. Sessenta e cinco por cento dos oficiais tinham morrido ou estavam feridos. No total, em condição de combater, restavam na ilha três mil e quinhentos homens.

 

Termina a luta

 

A 5 de março, o General Kuribayashi ordenou que todos os sobreviventes se concentrassem na parte norte da ilha. Entretanto, a infantaria da marinha americana atacava de todas as direções. A 13 de março, Kuribayashi mandou queimar todas as bandeiras das unidades. Em suas comunicações com Tóquio, regularmente, o general japonês informava ao Alto-Comando supremo as novidades diárias. Esse dia, 13, comunicou que estavam na ilha mil homens em condições de empunhar armas.

 

A 18, eram só oitocentos os que lutavam. A 22, esse número ficou reduzido o um pequeno grupo. A 23 terminaram os combates. Kuribayashi, por seu lado, pusera-se à frente do último ataque a baioneta.

 

Os diários do Japão publicaram a última mensagem do general japonês, que começava assim: "Morrerei aqui..."

 

Quando o silêncio provou que já não se lutava em Iwo Jima, nem um só soldado japonês permanecia vivo. As baixas americanas ascendiam, paralelamente, a 4.189 mortos, 15.303 feridos e 441 desaparecidos.

 

No prática, a conquista de Iwo Jima foi possível pela eliminação quase total da frota japonesa. Isso permitiu que os B-29 destinados a bombardear Tóquio fossem protegidos por uma sólida escolta de Mustang P-51, que anulou do céu japonês os caças inimigos. A ofensiva aérea foi dessa forma aumentando gradualmente de intensidade.

 

Novas operações

 

Os americanos realizaram outra audaciosa incursão aeronaval em março de 1945. Com efeito, a Força-Tarefa 58, do Almirante Mitscher, integrada por quinze porta-aviões e numerosas embarcações de escolta, penetrou entre os dias 18 e 19 de março no mar interior do Japão e bombardeou os aeroportos e os portos de Kure e Kobe, onde, depois da batalha das Filipinas, se concentrara a frota japonesa. Na ocasião, nenhuma nave japonesa foi posta a pique, mas dezessete embarcações sofreram avarias de maior ou menor importância. Entre os navios danificados achavam-se um couraçado de 45.000 toneladas, três porta-aviões pesados, dois porta-aviões de escolta, dois cruzadores e nove embarcações de outros tipos.

 

Paralelamente, intensificaram-se os bombardeios dos B-29 sobre Tóquio. A capital já fôra bombardeada pela primeira vez a 18 de abril de 1942, por uma formação de dezesseis B-25 americanos, que, sob o comando do General Doolitle, tinha levantado vôo do porta-aviões "Hornet" no citado dia, às seis da manhã. Quatro horas mais tarde, os aparelhos sobrevoavam Tóquio e deixavam cair sua carga de bombas. A respeito desse bombardeio, disse mais tarde Doolitle: "Não tínhamos nenhuma ilusão. Com dezesseis aviões que levavam uma carga de explosivos pequeníssima, jamais conseguiríamos resultados consideráveis... Em todo caso, esperávamos obter da operação duplo resultado: na América, a população escutaria por fim uma boa notícia, que ajudaria a levantar o moral; no Japão, paralelamente, o ataque teria efeitos desastrosos para a população. Os senhores da guerra japoneses tinham afirmado que a população japonesa estava totalmente ao abrigo de ataques inimigos, e o povo acreditara nisso. Surgindo do céu, nós lhes demonstraríamos que estavam equivocados e que não eram invulneráveis. Como fato curioso devo destacar que foi conseguido um terceiro resultado favorável, fora de cálculo. Realmente, os japoneses, para proteger a sua capital, retiraram determinado número de esquadrilhas de caça de suas bases e as enviaram para defender Tóquio, debilitando assim as defesas de outros pontos do Pacífico..."

 

A 9 de março de 1945, o General Le May decidiu efetuar um ataque maciço contra Tóquio. A incursão deu-se à noite e o bombardeio foi realizado da altura de 2.500 metros. O resultado foi extraordinário e grandes foram as perdas japonesas: 185.000 pessoas morreram ou ficaram feridas.

 

O ataque de 9 de março começou a série de bombardeios que utilizaram de forma maciça projéteis incendiários e que tiveram por objetivos as cidades de Tóquio, Nagóia, Osaka, Kobe e Iocoama.

 

A 15 de março, finalmente, a população civil das citadas cidades foi convidada a abandoná-las.

 

A 25 de março de 1945 começou o bombardeio dos portos de Formosa. Em seguida, sem solução de continuidade, passou-se ao ataque das Riu-Quiú. Estes ataques eram o prelúdio da invasão de Okinawa.

 

Nas Filipinas, entretanto, as operações prosseguiam com pleno sucesso, apesar da encarniçada resistência dos japoneses. Finalmente, todas as ilhas das Filipinas foram conquistadas uma a uma pelas tropas de MacArthur. A 2 de março foi efetuado um desembarque na Ilha Palanan, cuja capital, Porto Princesa, foi ocupada no mesmo dia. Palanan representava uma base de grande importância para as operações aéreas contra as posições japoneses nas Ilhas de Sonda.

 

As ilhas de Ticao e Burias, ao sul de Luzon, foram ocupadas a 4 de março; as bases de Balayan e Catalagan, na Ilha Verde, foram ocupadas no dia 8. A 12 de março os americanos desembarcaram acima do extremo sul ocidental de Mindanao, junto a Zamboanga, que caiu no dia 13.

 

A 15 do mesmo mês os americanos se apoderaram das ilhas de Romblon e Simarra, a leste de Mindoro. Panay foi ocupada a 23. Iloilo, nas Sulu, foi conquistada a 21, depois de dez dias de combates, e Cebú, o oeste de Leyte, a 29. Por fim, a 31, os americanos desembarcaram na Ilha Negros, entre Cebú e Panay.

 

Os americanos agora controlavam, em toda sua extensão, a costa ocidental das Filipinas, do noroeste de Luzon até o sudoeste de Mindanao, numa distância de cerca de 1.300 km. Isso permitiria intensificar o bloqueio do Mar da China Meridional e completar a interrupção das comunicações inimigas.

 

Em conseqüência, já era possível atacar as defesas internas do Japão. E entre elas estava a Ilha de Okinawa, que foi escolhida como objetivo imediato.

 

Ataque a Okinawa

 

As Ilhas Riú-Quiú constituíam uma cadeia de ilhas e ilhotas que se estendia entre Kyushu, no Japão, até Formosa, em forma de gigantesco semicírculo. As ilhas principais eram Okinawa, Amami, Kikai, Tokuno, Kume, Miyako e Kerama. A elas somavam-se numerosas ilhas menores. Okinawa, principal objetivo dos americanos, achava-se a 550 km do território japonês propriamente dito.

 

No total, eram cerca de 140 ilhas, das quais 30 abrigavam uma população estável e dedicada a diversas atividades. Okinawa, a maior das ilhas do arquipélago, mede aproximadamente 100 km de comprimento e de três a trinta de largura. A população da ilha, em 1940, se elevava a 435.000 pessoas. A ilha, em linhas gerais, apresentava dificuldades para uma operação anfíbia, principalmente por causa da cadeia de recifes que a envolvia ao longo de todo seu perímetro.

 

O acúmulo de conhecimentos que os americanos obtiveram a respeito da ilha, para uso em futuras operações, se baseava em reconhecimentos fotográficos aéreos realizados a 29 de setembro e 10 de outubro de 1944.

 

Outras fotografias foram obtidas em sucessivos vôos de reconhecimento efetuados nos dias 3 e 22 de janeiro, 28 de fevereiro e 1o de março de 1945. Um submarino enviado para tirar fotografias suplementares das praias não retornou da missão, sendo considerado perdido em ação.

 

A primeira estimativa dos efetivos inimigos da guarnição de Okinawa fez ascender o número de soldados japoneses a 48.600, incluindo duas divisões de infantaria e um regimento de tanques. Em janeiro de 1945 o número elevou-se para 55.000, calculando-se que os japoneses elevariam até 66.000 o número de seus homens no dia 1o de abril.

 

No que diz respeito ao armamento pesado, os cálculos feitos pelos serviços de informação americanos estimavam que os japoneses contariam com 198 canhões de grande calibre, incluindo 24 obuseiros de 150 mm. Disporiam, também, de cem antitanques de 37 e 47 mm. Por outro lado, no que se refere aos blindados, o regimento de tanques contaria com 37 tanques leves e 47 pesados. Posteriormente, o número de tanques foi calculado em 90. Além disso, supunha-se que os japoneses podiam dispor de lança-foguetes e morteiros.

 

O plano de ataque

 

O plano estabelecido pelos americanos para conquistar a Ilha de Okinawa foi, sob certo aspecto, o ápice das experiências adquiridas nas operações prévias na guerra do Pacífico. As operações tinham sido divididas em três fases principais, que contemplavam os movimentos das forças. A tarefa inicial iria consistir no desembarque e consolidação dos americanos ao sul de Okinawa, incluindo as ilhas Keise e as Keramo, situadas a 180 e 350 km da costa de Okinawa, respectivamente. Numa segunda etapa, os americanos iriam ocupar Le Shima, ilha situada a 60 km da costa de Okinawa, no setor norte, estendendo também seu avanço e ocupação a Okinawa do Norte. O terceiro passo consistiria em assegurar a ocupação das restantes ilhas e ilhotas de menos importância.

 

Os efetivos americanos

 

A Força-Tarefa 51 foi encarregada da captura de Okinawa e das outras ilhas vizinhas. Era uma força conjunta, integrada por unidades da marinha, do exército e da aeronáutica americanos e era formada pela Força-Tarefa 56 (Forças Expedicionárias), a Força-Tarefa 52 (apoio aéreo e naval, por meio de porta-aviões de escolta, lanchas torpedeiras, caça-minas e grupos especiais de demolição), a Força-Tarefa 54 (apoio de fogo de grande calibre, por meio de couraçados, cruzadores leves e pesados e destróieres). O ataque ao norte de Okinawa ficaria a cargo da Força-Tarefa 53 e a incursão no sul, em mãos da 55.

 

As tropas que iriam intervir no ataque pertenciam ao 10o Exército, agrupado e treinado nos Estados Unidos em junho de 1944. O comando supremo da Força Expedicionária foi confiado ao Tenente-General Buckner, e seu Estado-Maior incluía numerosos oficiais que tinham prestado serviço no Alasca, junto a ele, e também outros trasladados do teatro europeu de operações.

 

Formavam o núcleo das forças o 24o Corpo de Exército e o 3o Corpo Anfíbio ("Marines"). O primeiro, destinado ao setor sul do objetivo, ficaria sob as ordens do Major-General Hodge; o 3o Corpo Anfíbio, paralelamente, seria comandado pelo General Geiger, da infantaria da Marinha dos Estados Unidos. Do 24o Corpo dependeriam as Divisões 7a, sob o comando do Major-General Arnold, e 96a, comandada pelo Major-General Bradley. Do 3o Corpo Anfíbio, por sua vez, dependeriam as Divisões 1a de Infantaria da Marinha, comandada pelo Major-General del Valle, e 6a de Infantaria da Marinha, comandada pelo Major-General Shepherd. Três divisões mais, as 27a e 77a de Infantaria e a 2a de Infantaria da Marinha, sob as ordens dos Majores-Generais Griner, Bruce e Watson, respectivamente, atuariam como força relativa a operações especiais. A 81a Divisão, sob o comando do Major-General Mueller, se desempenharia como reserva.

 

O total de 183.000 homens estariam assim prontos para intervir nas operações, com 154.000 deles fazendo parte de sete divisões (1a, 2a, 6a, 7a, 27a, 77a e 96a). As sete divisões tinham sido reforçadas com batalhões de tanques e tanques anfíbios.

 

O ataque inicial estaria a cargo de cinco divisões, totalizando cerca de 116.000 soldados. A 1a Divisão de "marines" seria integrada por 26.274 homens; a 6a, por 24.356; a 7a, 774 e 96a por 22.000 soldados cada uma; a 27a, por seu lado, empregada na reserva, agruparia 16.000 homens; a 2a de "marines", também na reserva, contaria com 22.195. Somavam-se aos efetivos acima citados cerca de seis mil homens agrupados em unidades especiais autônomas, ligadas a diversas tarefas.

 

Rumo ao objetivo

 

A 18 de março de 1945 os efetivas americanos, dando cumprimento às fases da operação cuidadosamente preparadas, começaram a deslocar-se em direção ao objetivo. O primeiro grupo foi integrado pelos transportes lentos partindo da Baía de São Pedro, em Leyte, rumo às Ilhas Kerama. Três dias mais tarde, a 21 de março, zarparam novos barcos de transporte, conduzindo mais tropas da 77a Divisão; os últimos grupos da citada unidade partiram, finalmente, a 24 de março.

 

Os primeiros transportes das forças destinadas ao ataque ao sul de Okinawa partiram de Leyte a 25 de março, sendo seguidos, dois dias depois, pelas últimas naves semelhantes a eles.

 

As unidades destinadas ao ataque no norte abandonaram seus postos em Guadalcanal a 12 de março, chegando a Ulithi no dia 21; quatro dias mais tarde, a 25, partiram.

 

As operações preliminares

 

A escolha de Okinawa como objetivo datava de meses. Já em outubro de 1944, no dia 10, os americanos tinham se lançado ao ataque pela primeira vez. Nesse dia, uma Força-Tarefa sob o comando do Almirante Mitscher, integrada por nove porta-aviões, cinco couraçados, oito porta-aviões de escolta, quatro cruzadores pesados, sete cruzadores leves, três cruzadores antiaéreos e cinqüenta e oito destróieres chegaram o Okinawa. Paralelamente, uma pequena força integrada por cruzadores e destróieres realizavam um ataque de despistamento nas Ilhas Marcos, a 2.000 km de Okinawa, na direção leste.

 

Ao amanhecer do dia 10 de outubro, os ondas de aviões das embarcações de Mitscher começaram a sobrevoar Okinawa. Os primeiros grupos lançaram os bombas e os foguetes sobre os aeroportos. Os seguintes atacaram as instalações defensivas e depósitos. O ataque manteve-se sem diminuir de intensidade durante todo o dia 10. No total, os aviões americanos lançaram sobre Okinawa 541 toneladas de bombas, 652 foguetes e 21 torpedos. Vinte e três aviões japoneses foram derrubados e oitenta e oito mais foram destruídas em terra. Vinte embarcações de carga, quarenta e cinco navios pequenos e quatro submarinos de bolso, um submarino minador e algumas naves menores foram postos a pique durante o ataque. Os informes oficiais japoneses também mencionaram, como destruídos pelo ataque, depósitos de munições que continham 5.000.000 de projéteis de metralhadora e 300.000 sacos de arroz. O informe dava destaque também ao uso, pelos americanos, de aparelhos anti-radar.

 

Okinawa não voltou o ser atacada até 1945. Na oportunidade, nos dias 3 e 4 de janeiro, porta-aviões americanos voltaram a fazer incursões sobre a ilha, por ocasião de um ataque maciço contra Formosa. Durante fevereiro e março de 1945, aviões com bases no setor sudoeste do Pacífico e nas Marianas sobrevoaram com freqüência as águas das Riú-Quiú. Na oportunidade, diversas naves japonesas foram atacadas. Além disso, durante o mês de março de 1945, os submarinos americanos bloquearam as águas de Okinawa e as demais ilhas das Riú-Quiú.

 

A 14 de março de 1945, a Força-Tarefa 58 abandonou sua posição em Ulithi e tomou rumo norte. Sua missão era preparar a invasão das Riu-Quiú mediante o ataque aos aeroportos e às bases navais situados no território metropolitano japonês. A Força-Tarefa, de extraordinária capacidade ofensiva, era integrada por dez porta-aviões grandes, seis porta-aviões menores, oito couraçados, dezesseis cruzadores e dezenas de destróieres e naves menores. Nomes famosos constavam da relação, como "Hornet", "Yorktown", "Enterprise", "New Jersey" e "Missouri".

 

A Força-Tarefa 58 atingiu as águas de Kyushu, no Japão, a 17 março. A chegada das embarcações foi detectada pelos aviões japoneses que, no entanto, não as atacaram.

 

Ao cair da noite de 18 de março, os destróieres foram divididos em dois grupos de patrulha e estacionados a 50 km ao norte e a leste, respectivamente, da principal força de ataque.

 

Às 5h:45m, quando os navios americanos se encontravam a 160 km das costas do Japão, os primeiros aviões levantaram vôo dos porta-aviões e rumaram para terra firme, à procura dos aeroportos japoneses. Após os caças partiram os bombardeiros e torpedeiros.

 

A oposição aérea japonesa não foi eficaz e os aviões americanos conseguiram destruir 102 aparelhos inimigos em combate e 275 mais em terra.

 

Durante a tarde, os aviões japoneses começaram seu ataque maciço contra as embarcações americanas. Na oportunidade, os radares não prestaram serviços realmente valiosos, sendo, ao contrário, muito eficiente a observação direta efetuada pelos destróieres americanos.

 

Os ataques japoneses, se bem que não muito intensos, se destacaram, porém, por sua agressividade. Aviões japoneses isolados atacaram com eficácia as embarcações americanas, descarregando certeiramente suas bombas. Com efeito, apesar de que os aviões da defesa americana tenham derrubado doze aparelhos inimigos e as baterias antiaéreas de bordo destruíssem outros vinte, os porta-aviões "Yorktown" e "Enterprise" foram atingidos e bastante danificados pelos projéteis dos aviões japoneses. No dia seguinte, 19 de março, o Almirante Mitscher concentrou o ataque de suas unidades nos navios de guerra japoneses que se encontravam nos cais de Kobe, Kure e Hiroshima, a oeste de Honshu. As maiores unidades navais japonesas achavam-se ali, inclusive o gigantesco "Yamato", que deslocava 72.800 toneladas e era provido de nove peças de artilharia de 460 milímetros.

 

O ataque americano, no entanto, foi de pouca eficiência e o "Yamato" sofreu somente pequenas avarias. Algumas naves menores, porém, foram afundadas.

 

Aconteceu então o ataque dos aparelhos japoneses. Estes, como de costume, concentraram seus esforços na destruição dos porta-aviões americanos. Um deles, o "Franklin", foi atingido por duas bombas de 250 quilos, incendiando-se imediatamente. A explosão dos depósitos de munições e combustível se converteram logo numa fogueira flutuante.

 

Ao anoitecer, as embarcações americanas começaram a retirar-se do local de luta, rebocando o "Franklin", à velocidade de cinco nós. Inúmeros caças levantaram vôo, com a missão de deter os possíveis aviões japoneses que porventura perseguissem a frota. Os aparelhos americanos, cumprindo com êxito a tarefa, interceptaram os aviões japoneses a 150 km das embarcações. Na luta foi derrubado um sem número de aviões japoneses, e os americanos perderam dois caças.

 

No total, no decorrer da incursão de Mitscher, entre os dias 18 e 22 de março, tinham sido destruídos 528 aviões inimigos e arrasado grande quantidade de instalações, aeroportos, vias de comunicação e depósitos inimigos.

 

O primeiro ataque às Riú-Quiú

 

Os primeiros desembarques de tropas americanas nas Riú-Quiú foram nas Ilhas Kerama, localizadas a sudoeste de Okinawa, a 350 km da costa.

 

A força selecionada para o ataque compreendia os efetivos da 77a Divisão, comandada pelo Major-General Bruce. Paralelamente, as unidades do 420o Grupo de Artilharia foram escolhidas para desembarcar nas Ilhas Keise, a 180 km da costa de Okinawa, entre as Kerama e Okinawa.

 

De Leyte, onde a 77a foi embarcada, os efetivos se dirigiram para o objetivo em dois comboios. Os 22 LST, 14 LSM e 40 LCI partiram a 20 de março. Dois dias mais tarde, a 22, vinte transportes e embarcações de carga seguiram, escoltados por dois porta-aviões auxiliares e destróieres. A 26 de março, finalmente, a frota chegou às vizinhanças de Kerama. A travessia só fôra alterada por alarmas falsos anti-submarinos.

 

Anexo

Iwo Jima e os B-29

Transcrevemos palavras do Almirante Spruance, referentes aos momentos prévios ao ataque a Iwo Jima. Disse mais tarde o alto chefe naval americano:

"Após a campanha das Marianas, me reintegrei à base de Pearl Harbor. Ali, no início de setembro de 1944, recebi uma chamada do Almirante Nimitz. O diálogo foi o seguinte: "Nossos próximos objetivos serão Formosa e Amoy", disse Nimitz. "Formosa", contestei em tom de dúvida, porque a idéia, em realidade, não me agradava. Nimitz me perguntou então: "Que preferiria você atacar?" Respondi de imediato: "Eu gostaria mais de ocupar Iwo Jima e Okinawa..."

"O destino, finalmente, foi que decidiu. Em fins de setembro, ns chefes do Estado-Maior decidiram. E fizeram de acordo com minhas idéias. Iwo Jima e Okinawa seriam atacadas.

"A operação Formosa, porém, ficava suspensa.

"Quando, pouco mais tarde, anunciei ao General Smith nosso próximo objetivo, ele me respondeu: "Não sei exatamente para quê nos vai servir essa maldita ilhota... Enfim, se tem que ser feito, façamos...".

"As dúvidas de Smith, sem que eu quisesse, começaram a me invadir também. E foi só quando falei com Le May, chefe dos B-29, que vi mais claramente a situação. "Mal ele chegou eu perguntei: "Você crê na importância de Iwo Jima?" Le May, observando-me com estranheza, respondeu: "Tem uma importância enorme! Tanto que, se não nos apossarmos dessa ilha, nossos aviões de bombardeio não poderão realizar completamente sua missão... Nossos bombardeiros, que operam desde Guam e Tinian, devem passar sobre as Ilhas Bonin e ali são atacados pelos aviões japoneses. Além disso dada a distância e altura a que devem voar, isso os obriga a carregar tal quantidade de combustível, que têm de reduzir a carga de bombas. Com Iwo Jima em nossas mãos, tudo estará modificado e os B-29 poderão carregar o máximo de bombas..."

                                                                                      

 

                      

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