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Poesia & Contos Infantis

 

 

 


BARON OF BAD / Tammy Andresen
BARON OF BAD / Tammy Andresen

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Ele é ruim até os ossos... e ela parece tão boa.
O Barão de Baderness é muito sombrio, muito perigoso para ser considerado por qualquer lady que seja lúcida. E Lady Grace tem sua preferência de homens. Então, por que ela não consegue parar de pensar no único homem que não deveria querer?
Lady Grace não é o tipo de mulher para ele. Ela é muito bonita e perfeita para estar com um homem como ele. Tudo o que ela sabe é sobre salas de estar e vestidos bonitos, enquanto ele lutou para se livrar da escória da sociedade. Não deveria querê-la, e ainda, toda vez que ela passa, não consegue desviar o olhar dela.

 

 

 

 

Capítulo Um

Lady Grace Chase agarrou a lateral da carruagem com dedos cada vez mais rígidos enquanto olhava para a mulher loira de rosto pálido que estava sentada a sua frente.

Lady Cristina Abernath segurava uma longa adaga em sua mão fina enquanto olhava para Grace.

— Não tinha que ser assim.

Grace abriu os lábios para responder, mas hesitou. Ela não era a mulher mais sensata da Inglaterra. Na verdade, de suas três irmãs e duas primas com quem cresceu, ela poderia ser a menos inteligente do grupo. Mas sabia, instintivamente, quando era melhor ficar quieta. E agora era um desses momentos.

Não que ela sempre ouvisse seus instintos. Algumas horas antes, havia ignorado seus sentimentos completamente e saiu da carruagem depois de ter um desentendimento bastante acalorado com o Barão de Baderness.

Ele a acusou de ser mimada e ela saiu furiosa por causa do que ele disse, o que, é claro, permitiu que ela fosse sequestrada bem no meio de uma movimentada London Street. Se ele estivesse aqui agora, ela o bateria ou o abraçaria.

Talvez ambos.

— Se alguém de sua família concordasse em me ajudar, eu não teria que tomar essas medidas. E então, você roubou meu Harry também.

Desta vez, as palavras queimaram na ponta da língua de Grace, mas as conteve. Acusações como Abernath havia escolhido abandonar a criança em um quarto trancado durante um incêndio ou que ela havia sequestrado a irmã de Grace, Cordélia, e tentado levar a outra irmã, Diana, recentemente. Em vez disso, Grace apertou seu controle sobre o corrimão de madeira que enfeitava o interior. Era uma carruagem adorável. Ela observou a rica cortina vermelha e o mogno brilhante do interior. Que prisão estranha em que estava agora.

— Ainda podemos fazer um acordo. Diga-me que você é a mais racional das mulheres Chase.

— Dificilmente, — Grace murmurou sem querer. — Mas estou disposta a conversar. — Grace não era de forma alguma a mais racional, o que provavelmente era uma coisa boa. Cordélia era muito mais sensata, por exemplo. Mas isso não a ajudaria nesta situação. Abernath estava completamente maluca.

Em vez de relaxar, Abernath ficou tensa, estreitando o olhar.

— Uma de suas irmãs já fez essa promessa. Não tenho certeza se confio em sua palavra.

Grace encolheu os ombros, fingindo indiferença. Ela estava sendo mantida sob a ponta de uma faca em uma carruagem que disparava por uma estrada secundária com um motorista gigante com cicatrizes. O sangue correu por seus ouvidos. Mas ela era aquela em quem não se devia confiar?

— Tenho certeza de que Diana fez promessas a você. Se não me engano, ela parece com você. — Isso não era totalmente verdade. Diana era a filha mais velha do Conde de Winthorpe e a mais ousada do grupo. Ela se comparou a Abernath, dizendo que entendia a luta da condessa. Por ser uma mulher forte, ela foi presa em um canto pela sociedade.

Abernath, se Grace entendeu a história corretamente, havia traído seu noivo, o Duque de Darlington. Ele havia terminado o noivado, mas a condessa estava grávida e se casou com o Conde de Abernath por necessidade.

— Comigo? — Lady Abernath abaixou um pouco a faca. — Não sou tola o suficiente para acreditar nisso.

Grace engoliu um caroço enquanto levantava a saia com a mão livre. Talvez devesse ter ficado em silêncio. Embora sequestrada, ela estava pelo menos inteira e preferia permanecer assim. Ela respirou fundo.

— Diana enfrenta o mundo com uma força e uma luta que eu nunca poderia imaginar. Às vezes é um grande trunfo, outras vezes torna a vida dela infinitamente mais difícil. Suponho que parecer é a palavra errada. Afinidade pode ser a melhor escolha.

Abernath recostou-se em seu assento, a adaga caindo em seu joelho.

— Isso soa como se pudesse ser verdade. — Seu rosto estava assustadoramente pálido. — Posso te dizer uma coisa?

Grace se inclinou para frente.

— É claro. — Sua respiração estava ofegante e seus olhos se arregalaram, mas ela manteve a voz calma.

Abernath olhou pela janela.

— Estou morrendo.

Sua confissão mandou Grace de volta em seu assento.

— Como?

— Nem mesmo Crusher sabe. — E ela acenou com a cabeça em direção à frente da carruagem. Grace só podia presumir que ele era o motorista assustador.

— Você está tremendo? — Grace perguntou, seu olhar se estreitando.

— Não se preocupe, — Abernath rebateu. — Daring me deve pelo que fez à minha vida.

A mulher estava vacilando loucamente, o que deixou Grace com mais medo do que qualquer outra parte dessa experiência. Suas entranhas se agitaram de medo enquanto ela se pressionava contra o assento. Ela estendeu as mãos na frente dela, fazendo sons suaves de silenciamento.

— Compreendo. Ele te machucou.

Abernath assentiu. Então, surpreendentemente, ela colocou a lâmina de lado e começou a tirar as luvas. Grace ficou em silêncio, paralisada, imaginando o que poderia estar acontecendo.

No momento em que a primeira luva foi retirada, Grace teve que engolir o grito. As mãos de Abernath estavam cobertas de vergões raivosos.

— Oh, querida, — ela sussurrou, sem saber o que mais dizer. Ela olhou nos olhos da mulher, que estavam vidrados e desfocados. — Doem?

Lentamente, Abernath se inclinou para frente, segurando-se enquanto ela se balançava.

— Tente entender, — ela sussurrou. — Eles foram embora e agora estão de volta. — A mulher tremia como uma folha. — Eu não queria machucar ninguém, nem você e nem suas irmãs, mas os homens não vão me ajudar. Os homens são o problema, não a solução. Até meu filho... — Ela parou. — Eu nunca tive amigas, mas preciso de alguém para me ajudar agora.

Grace engoliu em seco.

— Homens são o problema? Às vezes acho que sei o que você quer dizer. — Ela se lembrou de sua luta com Bad. Ela não entendeu nada. Primeiro, ele não era tão bonito. Seu nariz era torto e sua pele era áspera. Bem, ele era sombrio e misterioso, e havia algo de poderoso em cada movimento e gesto, uma confiança que parecia irradiar de dentro. Como se ele pudesse lidar com qualquer coisa.

Mas realmente bonito, ele não era. E ela pensou que isso significava que ela não estava realmente interessada em sua atenção. Quer dizer, ela gostava de quase toda atenção, mas não precisava ser dele.

E ele tinha sido atento, se ela fosse honesta. Mas isso era mais porque seus amigos exigiam que ele fosse assim. E talvez isso a incomodasse também. Deveria passar mais tempo com ela porque queria. Ela era atraente. Alguns até a chamavam de bonita, e ela era divertida, ou tentava ser. Mas ele gritou com ela hoje, chamou-a de mimada e egoísta e... e ela daria qualquer coisa para ver seu rosto sombrio e duro agora. Porque se ele estivesse aqui, certamente a faria se sentir como se tudo estivesse bem.

E então, ela poderia bater nele por fazê-la explodir daquele jeito.

— Você não teve uma vida como a minha. Posso ver na doce expressão em seu rosto. Seu pai foi bom com você e aposto que não se aproveitou... — a voz dela sumiu quando apertou as mãos machucadas. — Às vezes acho que eles me deixaram louca. Ou talvez seja o que está dentro de mim que cause isso. — E ela ergueu as mãos novamente.

Grace lambeu os lábios secos.

— Você não está brava. Apenas... desesperada. — A mulher estava completamente louca, mas, novamente, não parecia prudente dizer isso. Então, ela engoliu em seco. — Então, você está preocupada em não ficar conosco por muito tempo. Compreendo. Com o que você precisa da minha ajuda?

Abernath avançou com os olhos arregalados e selvagens.

— Anunciar que Daring possui uma parte do clube Toca do Pecado. Forçá-lo a tornar público sua vida dupla. Então, ele pode conhecer um pouco da minha dor.

Grace respirou fundo. Ela tinha ouvido falar da doença de Abernath antes, embora não soubesse o nome. Os vergões foram provavelmente foram causados por uma constituição fraca, especialmente quando acompanhados de loucura. Era por isso que a mulher era tão instável ou era seu passado?

— Compreendo. Ele te machucou e agora você quer fazê-lo pagar. — Seu coração martelou em seu peito. Fazia sentido argumentar com uma mulher sofredora? — Mas eu gostaria de lhe fazer uma pergunta. Além da satisfação pessoal, você tem outro objetivo em mente com o seu plano? Existe algo que você espera realizar?

Abernath olhou de soslaio para ela.

— Eu... — Ela apertou as mãos e então estremeceu, colocando-as no colo. — Eu preciso de dinheiro.

Grace começou a franzir a testa, mas se conteve. Dinheiro? Isso não era loucura, era ganância. Embora menos perigoso, era menos satisfatório também.

— Então, você quer que eu ajude você a chantagear o duque por dinheiro?

O rosto de Abernath se contorceu.

— Eu quero que você me ajude a dar um futuro para meu filho.

O estômago de Grace caiu. Quando Abernath sequestrou sua irmã, a casa pegou fogo. Abernath havia fugido, deixando uma criança sofrendo de maus cuidados em casa. Sua irmã e seu recém marido adotaram a criança sabendo que ele nunca poderia voltar para Abernath. Agora a louca queria sustentá-lo. Grace não conseguia acreditar que era verdade.

Benjamin Styles, como era chamado nos primeiros vinte anos de sua vida, montou o cavalo que ele pegou de um transeunte, tão rápido quanto o animal cansado podia, o que não era tão rápido. O Barão de Baderness... ainda o surpreendia por ter adquirido aquele título... não tinha visto a carruagem que perseguia há quase uma hora.

Seu estômago se apertou de medo. Não podia perder Grace agora. Como poderia ir para casa e enfrentar a família dela ou seus amigos, se ele perdesse a mulher que ele foi designado para proteger? Como poderia enfrentar a si mesmo?

Inclinando-se sobre o pescoço do animal, ele incitou o cavalo a ir mais rápido. Se orgulhava de ser um homem de honra. Mesmo em um mundo muitas vezes louco de ganância e luxúria, ele tentou manter a cabeça acima de toda a gentalha e se comportar de maneira condizente com seu título.

Claro, ele comandava um inferno de jogo que alimentava as piores aflições dos homens. Primeiramente, acreditava que esse era o vício deles, não dele. E, em segundo lugar, ele corrigiu que, como ex-menino de rua, era particularmente adequado para manter a paz em tal estabelecimento. Na verdade, gostava de pensar que mantinha todos aqueles homens mais seguros durante suas apostas. Se não fosse por seu clube, eles provavelmente teriam os mesmos comportamentos em outro lugar. E aquele lugar não teria um homem que adquiriu seu conjunto particular de habilidades.

O medo puxou seu peito. Porém, um outro homem possuía seu conjunto de habilidades, quase exatamente. Crusher era o único nome pelo qual ele conhecia o homem. Haviam sido lutadores juntos e agora possuíam clubes rivais.

Ele nunca gostou do homem... um sujeito grande, mau e burro, muito convencido sobre o seu sucesso. E agora ele tinha tomado a mulher mais bonita de toda Londres.

Bad podia confessar, pelo menos para si mesmo, que a visão de Grace fazia todos os músculos de seu corpo ficarem tensos e sua respiração parava na garganta. Por que tinha que estar tão atraído por ela? Isso complicou tudo.

Mas seus pensamentos se concentraram mais uma vez em seu resgate. Ele se preocuparia com seus malditos sentimentos mais tarde. A carruagem apareceu, rugindo à sua frente enquanto balançava ao longo da estrada. O sol brilhava na madeira polida, o padrão distinto de cavalos esculpidos brilhando na luz.

Quem usava uma carruagem dessas para encenar um sequestro? Não que Bad estivesse reclamando. Isso tornava o rastreamento deles extremamente fácil. Mesmo na única vez em que quase os perdeu, vários transeuntes foram capazes de apontá-lo na direção do veículo.

Na opinião de Bad, a escolha da carruagem destacava tanto a arrogância quanto a estupidez de Crusher. Ele adoraria fazer aquele homem sofrer quando tivesse Grace de volta.

Crusher se afastou de seu assento e avistou-o. Bad assistiu, com os músculos tensos, quando Crusher estendeu a mão no assento, ergueu uma pistola, e se inclinou para atirar.

A explosão encheu o ar. Bad abaixou-se sobre o cavalo quando uma bola de chumbo passou zunindo por ele. Tinha duas opções: recuar novamente e esperar até que eles certamente parassem ou avançar.

Nesse momento, Abernath se inclinou para fora da janela da carruagem, também segurando uma pistola na mão.

Ela apontou-lhe a arma. Bad puxou a pistola de seu próprio colete e atirou no mesmo momento que ela. Uma dor ardente passou zunindo por sua perna. Ele olhou para baixo para ver sangue escorrendo por suas calças. E também, notou que a ferida estava na parte externa carnuda de sua coxa.

Abernath, no entanto, soltou um grito e mergulhou de volta na carruagem. Um momento depois, outro grito cortou o ar. Um medo frio passou por ele. Grace.

 


Capítulo Dois


Grace ficou horrorizada quando Abernath deslizou de volta para a carruagem, enormes quantidades de sangue escorrendo de seu ombro. Ela pensou que um grito poderia ter saído de seus lábios, mas não tinha certeza.

Quando o primeiro tiro rasgou o ar, Abernath arrancou uma arma de sua saia. A suave mulher implorando por ajuda se foi. Em seu lugar, Abernath deu a Grace um olhar frio e duro enquanto apontava uma pistola para o peito dela, ordenando que não movesse um músculo.

Grace tinha feito o que ela mandou. Se ela tinha um objetivo nessa bagunça maluca, era sair viva.

Abernath afundou no assento, a arma caindo para o lado dela. Grace lambeu os lábios, depois se virou para a janela, espiando. Seu coração deu um salto na garganta. Bad cavalgava em direção a eles. Sem pensar, ela abriu a porta. A noite estava caindo, poderia simplesmente pular da carruagem, sem ser vista?

Mas eles estavam se movendo com uma velocidade incrível e o medo a dominou novamente. Bad esporeou seu cavalo mais rápido e outro tiro ecoou no alto, fazendo-a se agachar na abertura enquanto ainda era capaz de ver a estrada atrás dela. Bad mudou de direção e puxou outra pistola do cinto. Grace observou enquanto ele mirava e atirava.

Por um momento, nada aconteceu. Grace prendeu a respiração se perguntando o que viria a seguir.

Um grande baque sacudiu a carruagem e ela quase gritou de novo quando o corpo de Crusher caiu na estrada de terra, a carruagem guinchando e girando loucamente.

Bad desviou do homem e chicoteou seu cavalo novamente, aproximando-se enquanto a carruagem continuava descendo a estrada. Grace se agachou na porta, sem saber o que fazer.

— Ajude-me, — Abernath gemeu atrás dela. — Por favor.

Franzindo a testa, Grace olhou para a mulher. Por um momento, ela queria dizer à condessa que não merecia ajuda. Afinal, a mulher tinha acabado de apontar uma arma para Grace. Mas então, ela se concentrou na outra mulher. O sangue se acumulou no assento e pingou no chão e todos os pensamentos de raiva fugiram. Abernath não sobreviveria ao ferimento. Ela voltou para dentro da carruagem, mas parou novamente quando Bad chegou perto da porta.

— Não se mova, — ele gritou. — Tenho que parar esta carruagem.

Lágrimas de alegria ao vê-lo encheram seus olhos. Ele tinha vindo por ela.

— Graças a Deus você está aqui, — disse agarrando a porta.

Ele assentiu bruscamente enquanto esporeava o animal mais rápido, atirando-se ao lado dos outros cavalos.

Grace entrou na carruagem e começou a arrancar as tiras da anágua. Respirando fundo, ela cruzou o interior minúsculo.

— Deixe-me enfaixar você.

Abernath ergueu a mão.

— Não me toque.

— Eu não vou te machucar, — Grace respondeu. — Você pediu ajuda.

Abernath encarou Grace nos olhos, ainda segurando o braço dela entre elas.

— Gostaria de poder ser você, sabia disso? Linda, fresca, limpa. — Os olhos de Abernath se fecharam. — Eu deveria ter me casado com Darlington. Eu o amei. Você vai dizer isso a ele por mim? Eu não queria machucá-lo. Simplesmente nunca poderia confiar que ele correspondesse ao meu amor. Eu estava sempre tentando manter várias opções abertas para o caso de ele mudar de ideia. — A mulher fechou os olhos. — Tantos erros.

Grace estremeceu.

— Cristina, esse é o seu nome, não é? — Cristina havia causado muita dor ao Duque de Darlington com seus métodos de trapaça. — Ele perdoou seus pecados há muito tempo. São os novos que o estão incomodando. — Como sequestrar várias mulheres Chase, queria acrescentar, mas manteve esse pensamento para si mesma.

Cristina fez uma careta, afundando ainda mais no assento.

— Eu nunca poderia confiar em um homem para cuidar de mim. Não depois do meu pai...

Grace não respondeu. A carruagem estava diminuindo a velocidade, e ela se levantou parcialmente para cobrir as feridas.

— Eu te disse, não me toque, — Cristina fechou os olhos. — Não quero que você pegue o que quer que eu tenha.

Isso fez Grace parar.

— Não posso deixar você sangrar.

— Eu quero sangrar, — Cristina sussurrou. — Será uma morte mais rápida e menos dolorosa. Só preciso que você me ajude primeiro.

— Tudo bem, vou te ajudar, — Grace respondeu, sentando-se novamente no banco. — O que você precisa?

— Eu quero que você exponha o clube, lembra? — Os olhos de Cristina se abriram novamente e ela olhou para Grace.

— Eu não estou fazendo isso. O que mais?

Abernath fez uma careta.

— Se ele faz parte do clube, Darlington não verá como ele deveria estar vivendo sua vida. Ele não verá que precisa de uma família e...

— Cristina, — Grace sussurrou. — Ele já vê isso. Ele está falando em vender o clube. E ele e Minnie vão começar uma família.

— E Harry? Darlington vai criá-lo? É onde meu garoto está agora?

Grace balançou a cabeça. Afinal, ela amava o filho.

— Não com Darlington. Mas, com Malicorn. Ele tinha um relacionamento muito tenso com seu pai. Quer que Harry tenha o tipo de infância que ele nunca teve. Ele e minha prima Cordélia desejam criar o menino. Eles já o levaram em um tour para conhecer a grande família. Ele provavelmente está sendo mimado agora.

As lágrimas brotaram dos olhos de Abernath, e Grace observou enquanto uma delas rolava por sua bochecha.

— Cordélia? A que eu levei para minha casa? Oh, ela é adorável. Gentil. Aposto que ela será uma excelente mãe.

— Os rendimentos do clube vão para a propriedade de Harry. Eles sabem que Abernath estava com dívidas. Isso dará a Harry o título de seu marido e a riqueza de que ele precisa para sustentá-lo.

— O quê? — Abernath tentou se sentar. — Mas cinco lordes são donos do clube.

— Sim, — Grace respondeu. — E acredito que estão todos de acordo. Eles fornecerão uma herança a Harry.

Cristina estremeceu e, por um segundo, Grace pensou que ela estava morrendo. Mas então outra lágrima escorregou por sua bochecha.

— Eu deveria ter me casado com Darlington, — ela disse novamente. — Ele é o único homem decente que eu já conheci.

— Grace, — Bad retumbou da porta. Grace deu um pulo, apenas percebendo que a carruagem havia parado completamente. — Vem aqui, amor.

Ela olhou para a porta, seu olhar encontrando as piscinas escuras dele. Sem nem mesmo parar, ela se atirou do assento e em direção ao peito dele, envolvendo os braços em volta do seu pescoço.

Ela disse que ele não era tão bonito? Neste momento, ele era o homem mais magnífico que ela já encontrou em sua vida. Ombros altos, sombrios e largos que poderiam muito bem sustentar o mundo inteiro, pelo menos o dela. E ele a resgatou.

— Bad, — ela chorou enquanto seu corpo pressionava contra o dele, e ele a puxou da carruagem, envolvendo seus braços em volta de sua cintura. — Você veio.

Mas ele não teve chance de responder. Outro tiro foi disparado e ela sentiu o calor e o sopro do ar quando a bola de chumbo passou zunindo por sua orelha esquerda. Sem um segundo de hesitação, ela foi empurrada de volta para o veículo, mesmo quando Bad puxou outra pistola de sua cintura.

Bad fez uma careta. Não porque alguém atirou nele. Era a terceira vez naquele dia, e ele foi alvejado. E, francamente, ele perdeu a conta de quantas vezes alguém apontou uma pistola para seu peito.

Ele fez uma careta porque teve que empurrar Grace de volta na carruagem, e nunca tinha se sentido tão bem com alguém encostado em seu peito.

Soltando um longo suspiro, ele espiou pela porta para determinar a localização do atirador. Embora Bad não pudesse acreditar que Crusher não tivesse morrido nem com o tiro e nem com a queda, ele sabia que fora o homem que tentou acertá-lo novamente.

— Onde você está, Crusher? Por que não sai e luta comigo como um homem?

Ele ouviu o suspiro de Grace vindo do interior, mas continuou a examinar a estrada atrás deles. Várias pedras e árvores alinhavam-se na estrada de terra, dando a Crusher amplos esconderijos.

— Sair? Você acha que sou idiota? — O outro gritou. — Posso não ser tão inteligente quanto você, mas sou inteligente o suficiente para saber como derrotar você.

Bad retumbou uma discordância no fundo de seu peito.

— Mesmo? Achei que você gostaria de uma última oportunidade para me vencer de homem para homem, e de punho a punho. — Ele estava provocando Crusher e sabia disso. O homem tinha uma coisa que era maior do que seu corpo robusto e era a necessidade de provar o quão bom era.

Mas desta vez, ele não pegou o anzol.

— Você não foi baleado e não caiu da carruagem. Até eu sei que estou num estado pior do que você.

— Bem, se estamos contando os ferimentos, na verdade eu levei um tiro.

— O quê? — Não era Crusher, mas Grace. Ela enfiou a cabeça loira para fora da carruagem, examinando-o de cima a baixo até que avistou a ferida escorrendo em sua perna. Cobrindo a boca, ela começou a se mover em direção a ele novamente.

Mas ele a segurou com uma única palma levantada.

— Fique lá.

Uma lágrima escorreu por sua bochecha, pousando em sua luva de pelica.

— Mas você está ferido.

Ele queria fechar os olhos e abraçá-la, mas resistiu ao impulso por vários motivos. O mais importante era que ela estava mais segura no veículo. Mas ele nunca a segurou até apenas um minuto atrás, e tornou-se dolorosamente óbvio que tocá-la era um erro.

Grace podia ser uma debutante mimada, mas ele era um moleque de rua no coração e não merecia lamber a lama de suas botas. Ele sempre soube disso. Apenas, ela era perfeita quanto parecia. Suave e perfeita, cheirando a vento fresco com um toque de mar.

— Você não quer que eu me mova — Crusher respondeu como se Bad estivesse falando com ele. Mas ele claramente se aproximou, Bad percebeu pelo som de sua voz.

Ele ergueu a pistola.

— Grace, — ele assobiou. — Abaixe-se.

Ela obedeceu sem comentários, e ele fez uma oração de agradecimento por pequenas graças. Em todo o tempo em que a protegeu, não tinha certeza se ela já tinha feito o que tivesse pedido.

— Você não vai salvá-la — Crusher respondeu. Ele estava à esquerda de Bad. Ele podia ouvir isso agora.

— Por que isso? — Bad perguntou, querendo que o outro homem continuasse falando.

— É a minha vez de vencer. E quando o fizer, vou manter sua mulher para mim. Ela é bonita, e acho que gostaria de tocar em algo tão bonito. Mas não se preocupe, vou pensar em você quando isso acontecer.

O sangue correu em seus ouvidos enquanto uma raiva que Bad nunca havia experimentado antes rugia em suas veias. Vagamente, ele estava ciente de que esse tipo de emoção era perigoso. Isso o faria cometer erros. Mas Grace era uma mulher muito boa para o próprio Bad tocar, quanto mais para Crusher colocar suas mãos robustas.

Naquele exato momento, Crusher saiu de trás de uma árvore. Bad apontou sua pistola, mas antes que pudesse disparar, um tiro ecoou atrás dele, o cheiro acre de enxofre enchendo o ar.

Crusher caiu no chão e um momento depois, um baque surdo soou da carruagem.

— Oh Cristina, — Grace gritou.

Bad olhou para trás. O que diabos tinha acontecido?

 


Capítulo Três


Grace olhou para a mulher que havia se dobrado como uma bola no chão. Ela cobriu a boca para não gritar. Cristina Abernath estava morta. Ela usou seu último folego para atirar em Crusher.

— Grace? — Bad rosnado. — Você está bem?

— Estou bem, — ela guinchou. — Posso, por favor, sair?

Como resposta, ele se inclinou na carruagem, estendendo a mão para ela. Ela não hesitou, mas se lançou contra ele, enterrando o rosto na curva de seu pescoço. Ele cheirava a sândalo, couro e cavalo, seus braços fortes envolvendo-a com força. Resumidamente, ocorreu-lhe que nunca iria querer estar em outro lugar, mas bem aqui pressionada contra o peito dele.

Palavras que ela nem havia planejado começaram a sair de seus lábios.

— Eu sinto muito por ter sido uma idiota. Me desculpe, eu queria ir às compras. Desculpe, deixei que fitas idiotas colocassem todos nós em perigo.

Ele riu, o som movendo seu peito para cima e para baixo, seu próprio corpo movendo-se com o dele, e o som vibrando através dela.

— Não sei se eu esperava ouvir você pedir desculpas.

Ela se inclinou para trás então, para olhar em seus olhos.

— A maioria dos homens poderia dizer algo como, Grace, você não poderia ter previsto isso. Ou, está tudo bem. Estou aqui por você. Mas não você.

— Essa é a Grace que eu conheço, — ele disse com um pequeno sorriso.

Ela deu uma pequena batida no pé, mas não se afastou de Bad. Por mais zangada que ele a fizesse, o mundo era muito assustador para estar em qualquer lugar que não fosse envolta em seus braços.

— Você está fazendo parecer que eu sou a culpada.

Ele estendeu a mão e afastou uma mecha de cabelo de sua bochecha. O toque foi dolorosamente suave.

— Você não tem culpa. — Seu polegar acariciou sua bochecha até o canto de sua boca. — Eu também sinto muito. Desculpe ter perdido a cabeça na carruagem e ter saído furioso.

— Oh. — Ela prendeu a respiração. — Eu não esperava ouvir você pedir desculpas também.

Ele deu a ela um pequeno sorriso que iluminou todo o seu rosto e enrugou seus olhos.

— Olhe para nós. Se desculpando.

— O que acontece depois? — Ela perguntou, não querendo olhar para nenhum outro lugar além do rosto dele. De perto assim, ela podia ver que sua pele não era áspera, por si só, mas coberta por uma série de pequenas cicatrizes.

— Encontramos a próxima cidade e mandamos homens de volta para buscar a carruagem e os corpos.

Grace estremeceu. Em seus braços, ela se esqueceu momentaneamente da realidade do dia.

— Cristina, — ela sussurrou. — Essa pobre mulher.

— Você sabe que ela sequestrou você de sua família?

Grace deitou a cabeça em seu peito.

— Ela também atirou em Crusher antes que ele pudesse atirar em você.

— Foi o que aconteceu? — Ele a puxou para mais perto, colocando a bochecha no topo de sua cabeça. — Eu tinha imaginado.

Suspirando, ela enterrou o nariz nos músculos fortes de seu peito.

— Para ser justa, não acho que ela gostou dos comentários dele sobre mim, mas ainda... estou feliz que ela fez isso para que você não fosse baleado novamente.

Ele beijou o topo de sua cabeça.

— Eu também.

— Você está muito ferido? — Ela perguntou, suas palavras presas na garganta. Bad a deixava louca de irritação, mas achou a ideia de ele morrer dilacerante.

— Não, apenas um ferimento superficial, — ele murmurou em seu cabelo. — Agora, vamos levá-la para a cidade mais próxima. Você precisa de comida e descanso.

Ela acenou com a cabeça contra o peito dele, sem ter certeza se queria ir a qualquer lugar. Isso significava sair de seus braços. Mais tarde ela se lembraria de todos os motivos pelos quais ele a irritava. Agora, ela gostava daqui.

— Como vamos chegar lá?

— Vamos na carruagem de Crusher.

— E Cristina? — Grace engoliu em seco. De alguma forma, ela sentiu alguma simpatia pela mulher e odiou deixá-la. — Acho que não quero deixar o corpo dela na beira da estrada. Sei que ela tem sido horrível, mas eu... sinto simpatia por ela também.

— Vamos levá-la conosco, se quiser. — Os dedos de Bad acariciaram o pescoço de Grace. — Você vai sentar-se no banco comigo.

— Graças a Deus, — ela respondeu respirando fundo, aspirando o cheiro dele. — Eu não queria deixá-la, mas...

— Compreendo.

Ela deslizou as mãos em volta da cintura dele, que era incrivelmente delgada em comparação com os ombros.

— Olá, — uma voz chamou atrás deles. Antes que ela pudesse processar, Bad a empurrou para trás dele.

— Quem está aí? — Ele gritou, pressionando-a contra suas costas.

— Não precisa se preocupar, vizinho. Theodore Bigsby é meu nome e, quando não sou o açougueiro da vila ao norte daqui, sou um policial. Você precisa de ajuda?

— Este homem, ele tentou levar minha esposa, — Bad respondeu apontando para Crusher.

Uma sacudida de excitação, ou talvez surpresa, disparou por ela com a palavra esposa. Grace esticou o pescoço para ver por cima do ombro de Bad. O açougueiro era um sujeito gigante, grande e forte, e ela se encolheu mais perto das costas de Bad, colocando as mãos em sua cintura.

— Essa é sua esposa atrás de você? — Perguntou o Sr. Bigsby. Grace acenou com a cabeça contra as costas de Bad. Ele estava certo, era muito mais simples explicar se todos pensassem que eles eram casados. Mas então, ela percebeu que ele não podia ouvi-la. Então, espiando por cima do ombro, ela respondeu.

— Sim, senhor.

Então, ela foi para o lado de Bad. Sem uma palavra, o braço dele envolveu os ombros dela. Ela ficou maravilhada com o quão natural parecia essa ação.

— Ele... — ela apontou para o chão, — ele atirou na minha amiga.

Bad sacudiu-se contra ela, mas não disse uma palavra quando o policial começou a avaliar a cena.

— Sua amiga, ela estava defendendo você?

— Isso é correto, — Grace respondeu olhando para Bad. Seu nariz estava um pouco torto, quase como se tivesse sido quebrado. Ela achou pouco atraente no início, mas como ela o via agora, ocorreu-lhe que era bastante masculino.

O policial assentiu.

— Você se importa em transportar os dois para a cidade na carruagem? Vamos resolver todo esse assunto rapidamente e instalar os dois na pousada ao anoitecer.

Grace engoliu em seco. Uma pousada? Com Bad? Por que isso não ocorreu a ela antes?

Bad olhou para Grace enquanto ela se sentava no banco ao lado dele. Maldito inferno, a mulher era linda. Roubava o fôlego dos pulmões de um homem de uma forma bonita. A atração que emanava dela nunca parava de surpreendê-lo.

Ainda mais incrível era a maneira como ela se agarrou ao braço dele. Como se ele fosse a única estrutura sólida em uma tempestade de vento. Ela tinha os dois braços delgados envolvendo um dos dele.

Respirando fundo, ele fez uma anotação para si mesmo. Isso era temporário. Ela não gostava dele e voltaria aos seus sentidos assim que estivesse de volta com sua família.

Além disso, por mais linda que fosse, ele a achava irritante. Ou talvez o que achasse incômodo fosse o fato de que uma mulher como ela nunca se importaria realmente com um moleque de rua como ele. Ele aprendeu a mascarar sua educação deficiente e evitou muitos compromissos sociais com seus atuais colegas. Aprendera nos primeiros dias de seu baronato que a classe alta observava cuidadosamente cada movimento e procurava qualquer desculpa para desprezar. Mais cedo ou mais tarde, Grace o veria através de seu verniz fino.

— Estamos quase lá, — disse ele no silêncio prolongado.

— Como você sabe? — Ela perguntou, levantando a cabeça de seu ombro.

Ele estendeu a mão e colocou um braço sobre os ombros dela. Ela deveria estar exausta.

— As casas estão ficando cada vez mais próximas. — Então, como que em resposta, a rua principal da aldeia apareceu.

Em pouco tempo, o policial assumiu a carruagem e Bad levou seu cavalo para o estábulo. Em seguida, acompanhou Grace até os degraus da pousada e rapidamente garantiu-lhes um quarto e uma sala de jantar privada.

A esposa do estalajadeiro trouxe-lhes tigelas de ensopado e pão recém-assado. Grace beliscou sua comida.

Bad franziu a testa, olhando para ela.

— Você deveria comer, amor. Deve estar morrendo de fome.

Ela olhou para cima, seus olhos sombreados e vazios.

— Estou cansada. E depois do que aconteceu hoje...

Ele estendeu a mão sobre a mesa, embora isso significasse procurar encrenca. Cada vez que a tocava, a queria um pouco mais. Ela era como todas as coisas brilhantes que ele viu quando criança, e que sabia que nunca poderiam pertencer a ele. Exceto uma vez, quando ele roubou um apito. Ele amou o brinquedo com todo o seu coração, mas foi compelido a escondê-lo sempre que algum adulto passava, com medo de perceber que uma criança em farrapos nunca poderia ter comprado tal brinquedo por ele mesmo. O esconderijo acabou arruinando sua diversão e ele jurou nunca mais roubar.

— Um pouco de comida vai te ajudar a dormir e acelerar sua recuperação. Coma por mim, amor, — disse ele.

Ela assentiu e obedientemente mergulhou a colher na tigela, dando uma mordida delicada na boca.

Até a maneira como ela comia parecia tão civilizada. Não como ele. Ele olhou para a colher em sua mão e lentamente, ele deslizou sua mão da dela. Bad não deveria tocá-la assim. Mas seus dedos agarraram os dele com mais força.

— Você reservou um quarto ou dois?

— Eles só tinham um. Me desculpe. — Ele queria levar os dedos dela aos lábios. Queria colocar distância entre eles. Ele deu uma pequena sacudida em sua cabeça.

Mas ela se inclinou em direção a ele.

— Estou feliz. Não quero ficar sozinha.

Ele não respondeu quando ela finalmente tirou os dedos dos dele e arrancou um pedaço de pão para mergulhar em seu ensopado.

Ele limpou a garganta e se inclinou.

— Foi um dia muito difícil.

Grace se inclinou na direção dele também, um pouco de cor já voltando ao rosto dela graças ao ensopado.

— Quero te agradecer por ter vindo atrás de mim. Não sei o que teria feito se você não tivesse vindo.

Ele engoliu em seco, não necessariamente querendo dizer isso, mas certo de que faria melhor em afastá-la agora, antes que ela roubasse ainda mais seu afeto.

— Vice e Ada também seguiram. Acabei por chegar aqui mais rápido. — Vice ficou para trás porque sua prima, Ada, insistiu em ajudar no resgate. Não apenas eles estavam em uma carruagem mais lenta, mas Vice provavelmente parou mais atrás na estrada para permitir que Ada descansasse. Ele tinha sua própria mulher Chase para cuidar. E Bad suspeitou que, quando eles se encontrassem novamente, Vice ficaria noivo. Abernath realmente havia causado estragos para todos eles.

Ela balançou a cabeça, dando outra mordida.

— Se eu der mais duas mordidas, podemos subir para o nosso quarto?

— Sim, — ele respondeu, quase sorrindo. Ela fez soar como se ele fosse seu pai ou talvez seu marido. Seu estômago apertou e seu sorriso desapareceu. Teria que compartilhar um quarto com ela esta noite. Como no mundo ele conseguiria estar perto dela e manter suas mãos para si mesmo?

Uma batida soou na porta. Bad se virou quando o estalajadeiro entrou na sala.

— O policial está aqui para ver você.

Bad acenou com a cabeça quando o policial entrou na sala.

— Só queria que soubesse que cuidei de tudo esta noite, mas se você puder me encontrar na igreja pela manhã, podemos discutir os preparativos para a amiga de sua esposa.

Bad olhou para o outro homem. Por que não percebeu que seria o responsável por transportar o corpo de Abernath de volta para Londres?

— É claro.

Grace deu um pequeno grito do outro lado da mesa, que ele ignorou até que a sala se esvaziou novamente. Então, ele se virou para ela, a irritação substituindo a atração que ele estava lutando. Era assim que sempre acontecia com Grace.

— Por que você disse a eles que Abernath era sua amiga? — A contragosto, ele percebeu que era mais fácil afastá-la assim.

Sua colher caiu em seu ensopado.

— De nada, — ela sussurrou de volta.

Era assim que eles geralmente eram.

— Como?

Ela pegou a colher e deu uma grande mordida, demorando enquanto mastigava. Então, depois de fazê-lo esperar um tempo ridiculamente longo, ela finalmente respondeu.

— Foi muito mais fácil explicar sem adicionar uma vilã do sexo feminino, — ela finalmente respondeu, pegando outra mordida, mas ela fez uma pausa antes de levá-la à boca. — E, Harry nunca precisa saber o que sua mãe fez. Sei que ele ficará mais feliz por isso.

Ele se recostou na cadeira, enquanto a olhava fixamente. Bem, esses foram os dois pontos positivos e ele conseguiu afastá-la novamente. Ele deveria se parabenizar, mas um pavor doentio encheu seu interior em vez disso.

 


Capítulo Quatro


Grace entrou no pequeno quarto e avaliou a cama minúscula. Ela estava feliz por ele estar tão perto. Hoje, o Barão de Baderness era uma bênção, uma tábua de salvação em um mundo que ficou de pernas para o ar.

Mas o homem com quem estava prestes a dividir este espaço minúsculo era... grande. Ela se consolou que pelo menos ele estaria por perto.

— Devo sair para você se despir? — Ele perguntou enquanto fechava a porta atrás deles. Ele quase esbarrou nas costas dela quando ela parou ao lado da cama.

— Não, — ela respondeu rapidamente, virando-se e olhando para o rosto dele. O espaço apertado a fez perder o equilíbrio e ela agarrou seu ombro. Quando ela ficou tão confortável em tocá-lo? — Vou dormir com minhas roupas.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Você está vestida para fazer compras. Isso não pode ser confortável.

Ela balançou a cabeça, olhando para seu vestido de musselina azul claro. Ele agora tinha listras de sujeira escorrendo pelo adorável tecido.

— Não vejo outra maneira.

Ele ergueu as mãos e, por um momento, ela pensou que ele fosse puxá-la para outro abraço, mas então ele começou a trabalhar nos botões delicados que corriam por suas costas. Ela ofegou e tentou dar um passo para trás, mas trombou na cama. Ele a segurou imóvel para evitar que ela caísse.

— Grace. Só pensei em tirar seu vestido externo e espartilho para que você pudesse dormir mais confortável.

— Oh, sim. É claro. — Mas sua pele esquentou com a ideia dele, entre todas as pessoas, removendo suas roupas. Suas mãos eram grandes. Não eram carnudas ou grossas, na verdade ele tinha dedos longos e afilados. Mas eram tão grandes quanto o resto dele. Grace não podia imaginar como desfizeram tão facilmente pequenos botões, mas em meros segundos, seu vestido estava aberto na frente. E embora não houvesse mais de sua pele exposta, se sentiu exposta e inexperiente, despindo-se assim na frente dele.

Mas ele não prestou atenção ao constrangimento dela enquanto puxava as mangas de seus braços e, em seguida, deslizou o tecido sobre seus quadris. Quando ele se levantou, agarrou as cordas do espartilho.

Seu coração, que estava acelerado em seu peito, parou ao pensar nele removendo uma peça de roupa tão delicada.

— Eu posso fazer isso sozinha. — Ela colocou a mão em seu peito para interromper seus movimentos, mas seus dedos entraram em contato com músculos ondulantes. De alguma forma, isso poderia ter sido ainda pior.

— Muito bem. — Ele deu um passo para trás para lhe dar espaço e pressionou as costas contra a porta. De alguma forma, isso era ainda pior. Ele estava perto o suficiente para tocá-la e podia observar cada movimento como se ela estivesse se despindo para ele.

Ela bufou um pouco, tentando disfarçar sua reação. Sim, ela não se sentia muito bem, mas Grace também estava se aquecendo em vários lugares.

— Feche seus olhos.

Ele ergueu uma sobrancelha e, obedientemente, cobriu o rosto com as mãos.

Rapidamente, ela desfez os laços e deixou cair a roupa por cima do vestido. Ela fez o que pôde para pegar as roupas e pendurá-las na beira da cama antes de mergulhar sob os cobertores.

— Você pode abrir os olhos novamente.

Ela fechou os dela para não ter que ver o que ele estava prestes a fazer. Mas seus ouvidos estavam atentos e ouviu enquanto ele tirava o casaco.

Um olho se abriu e ela observou enquanto os músculos de seus ombros ondulavam, enquanto ele fazia o nó de sua gravata. Finalmente desabotoado, ele adicionou a peça de roupa à pilha de roupas dela, e então desfez o topo de sua camisa.

Ele andou para ficar perto da janela.

— Vá em frente e durma Grace, eu vou descansar um pouco mais tarde.

— Mais tarde? — Ela perguntou, parcialmente sentando-se. — Quando? Onde? — Ela olhou ao redor da sala. Havia muito pouco espaço para dormir.

Ele olhou para ela por cima do ombro.

— No chão.

— No chão? — Ela se sentou segurando as cobertas contra o peito. Essa foi a coisa mais ridícula que já ouviu. — Vamos trocar no meio da noite para que você possa ficar na cama. Você não pode dormir no chão.

Ele se voltou para ela.

— Dormi em lugares muito piores. — Então, ele hesitou. — Mas obrigado por sua preocupação. É um presente inesperado.

Ela largou os cobertores e estreitou o olhar. Nunca um agradecimento soou mais como um insulto e sua pele se arrepiou de irritação.

— Inesperado? A bondade humana básica é inesperada na minha pessoa?

— Grace, não quis dizer isso. — Ele ergueu as mãos. — Você não é exatamente conhecida por pensar...

— Eu não sou conhecida por pensar? — Sua voz ficou mais alta com cada palavra. Ele sabia como isso era insultante? — Um de nós não está pensando agora, só que essa pessoa não sou eu. — Ela ficou de joelhos na cama, com as mãos nos quadris.

— Você não vai sair furiosa do quarto e ser sequestrada de novo, vai? — Ele zombou, apontando claramente um momento em que ela não tinha realmente pensado sobre suas ações. — Ou exigir que todos nós façamos compras quando criminosos conhecidos estão nos perseguindo? Você sabe que fui baleado. Jack foi baleado. Porque você precisava de fita.

Vergonha e irritação queimaram sua garganta.

— Eu sou a culpada pela Condessa Abernath e seus lacaios nos fazendo de alvo?

— Bem, — ele fez uma pausa. — Não, suponho que não. Mas uma viagem de compras nessas circunstâncias era ridículo.

Seu queixo se ergueu em triunfo e o dela caiu em derrota. Ele a tinha lá. Ela estava presa em casa por semanas e só queria uma pequena saída. E queria estar bonita. Porque um lorde com um nariz torto a estava acompanhando aos bailes e... Ela quase tossiu. Queria impressioná-lo. Ela deveria estar encontrando um marido adequado. Não um libertino.

— Sente-se e tire as calças.

— Como? — Mesmo na penumbra da única vela, Grace poderia jurar que seu rosto empalideceu.

— Você me ouviu. Calças para baixo. Sente-se. — E ela apontou para a cama.

Ele não tinha certeza de onde essa conversa havia dado errado, mas desde o momento em que começou, sentiu-se como se estivesse em uma carruagem em fuga, sem rédeas. Na verdade, ele tinha quase certeza de que preferia enfrentar Crusher novamente do que Grace.

Primeiro, porque ele nunca tinha as palavras certas quando se tratava de senhoras nobres. Elas queriam declarações floridas e ele sempre foi mais um malfeitor, um lutador ao invés de um poeta. Segundo, porque simplesmente não conseguia acompanhá-la. Ela se ajoelhou na cama, a vela atrás dela deixando sua camisa transparente para que ele pudesse ver a curva de seus quadris, a abertura de suas pernas, o formato amplo de seus seios. Ele engoliu novamente. E depois de discutir, agora ela queria que ele tirasse as calças. Quase se assemelhava a uma fantasia recorrente que ele tinha, só que tinha relativa certeza de que a mulher em seus sonhos não era tão bonita quanto a que estava na sua frente.

— Grace, não acho que tirar nossas roupas seja uma escolha sábia.

Ela bufou de um jeito que dizia que ele falou a coisa errada novamente.

— Preciso checar seu ferimento. Fui negligente por não ter olhado para isso antes. — Então, ela apontou para a cama. — Sente-se.

O ferimento estava bom e, além disso, tirar as calças era uma ideia horrível, mas não podia desobedecê-la. Como se fosse impotente para negar suas demandas, ele estendeu a mão para o laço de suas calças e puxou a roupa alguns centímetros para dar um único passo para a cama. Ele puxou as calças para baixo até próximo do ferimento e sentou-se na cama, tentando evitar que a cor de seu rosto mudasse para um tom de vermelho brilhante. Ele não tinha certeza, mas pensou que falhou.

Ele tinha perdido a conta de quantas mulheres o tinham visto com as calças abaixadas, mas nenhuma delas era Lady Grace Chase.

— Eu tive arranhões mais profundos.

Ela franziu a testa enquanto olhava para sua pele, então ela estendeu a mão e tocou a parte externa de sua coxa, seus dedos gentis testando a carne.

Seus olhos se fecharam com força. Deus o ajudasse, mas ele queria colocar aquela mulher em seus braços e beijá-la sem sentido.

— Devíamos pegar um pouco de uísque e pelo menos tratar o corte, — disse ela enquanto continuava a examinar sua pele. Então, ela o soltou. — E direi novamente que sinto muito ter arrastado todo mundo às compras.

Ele ouviu o tremor em sua voz.

— Amor, — ele sussurrou. — Lamento ter dito isso. Você está certa. Não foi sua culpa. — Levou todos os músculos de seu corpo para evitar alcançá-la e puxá-la para perto. Ela não deveria ter forçado o assunto, mas também não era responsável pelo que aconteceu.

Ela se recostou, as mãos cruzadas à sua frente e a cabeça baixa. A língua dela disparou para lamber os lábios, o que fez os músculos já doloridos dele ficarem tensos como uma corda em um arco.

— Só pensei que se eu pudesse me casar como o resto de minhas irmãs, eu estaria segura e você estaria livre de mim. Sei que você não gosta de ficar comigo, mas claramente meus esforços tiveram o efeito oposto ao pretendido.

Ele não conseguiu se conter mais e estendeu a mão segurando o rosto dela. Ela estava tão perto e vestindo tão pouco e ele... bem, suas calças estavam caídas até os joelhos.

— Não se apresse em escolher um marido e Abernath não é mais uma ameaça. Assim que eu te deixar em casa, você não precisará me ver nunca mais. — Por que essa ideia fez seu peito doer? Mas, ele já sabia. Gostava de tocá-la, de olhar para ela e, cada vez mais, gostava de estar com ela. Infelizmente, não era recíproco.

Ela soltou um suspiro alto.

— Não te ver de novo? Não seja ridículo. Seus amigos são casados com minhas irmãs e primas. Exceto Vice e Ada, é claro.

Vice e Ada? Ele os deixou juntos na estrada. Dane-se tudo para o inferno. Ele estava na ponta da língua para contar a Grace o que ele tinha feito, mas ela poderia muito bem exigir que fossem procurá-los. Apesar de sua afirmação, sua perna estava bem, latejava e ele estava cansado até os ossos depois de persegui-la o dia todo. Eles partiriam pela manhã e tentariam encontrar o resto do grupo.

— Vou pegar o uísque. — Ele se levantou da cama e ajeitou as calças. — Tranque a porta atrás de mim.

Ela assentiu enquanto ele saía pela porta. Ele ouviu o clique da fechadura por trás. Depois de descer as escadas, escreveu uma nota rápida para Vice. Deveria dizer mais coisas, mas não gostava de deixar Grace sozinha. Dobrando o papel, Bad instruiu o estalajadeiro a visitar cada estalagem entre ali e Londres até encontrar um homem loiro, que responderia pelo nome de Vice, viajando com uma ruiva. Ele pagaria o dobro da taxa se fosse entregue esta noite.

O estalajadeiro garantiu-lhe que o trabalho seria feito e Bad saiu, dirigindo-se ao bar, onde comprou uma garrafa de uísque. Subindo as escadas, sentiu seu peito apertar em antecipação. Caramba, por que estava tão animado em vê-la? Só ficaram separados por meros minutos.

— Grace, — ele chamou enquanto batia na porta. — Sou eu.

Ele ouviu a fechadura abrir quando ela abriu a porta. Ela desfizera o cabelo enquanto estivera fora, e ele caía sobre um ombro em ondas loiras sedosas que o deixaram atordoado. Ele só percebeu que estava olhando quando ela corou.

— Eu estava prestes a fazer uma trança. Vou terminar em um minuto.

Ele desejou ser um poeta naquele momento. Queria poder dizer-lhe como era linda a tonalidade ou como era bonita a textura. Mas tudo o que ele conseguiu reunir foi um grunhido de:

— Tudo bem.

Ela recuou e ele entrou no quarto, fechando a porta e trancando-a atrás de si.

— Sente-se no peitoril da janela, — ela instruiu. — Posso usar sua gravata para pegar qualquer líquido que escorra por sua perna?

— Claro, — ele respondeu, e tentou passar por ela sem tocá-la. Ele falhou. Seu braço roçou o fio de ouro de seus cabelos sedosos e, sem querer, ergueu os dedos para acariciar os fios. Então, como um garoto de escola, ele quase suspirou de alegria ao sentir isso.

Se ela percebeu, não deixou transparecer, e ele continuou a se mover até estar no parapeito com as calças abaixadas novamente.

Ainda mais alarmante, com a roupa dele na mão, ela se agachou na frente dele. Seu pênis se contraiu e ele cerrou os dentes. Ela era decididamente virgem e não estava pronta para seu desejo ardente. Ele fechou os olhos e controlou o corpo. Felizmente, o líquido frio queimou sua perna, fazendo-o esquecer sua necessidade. Quando abriu os olhos novamente, ela se levantou, ainda segurando a garrafa.

— Pronto, — disse ela. — Está feito.

Ele respirou fundo. Se ela não fosse dormir logo, ele poderia não sobreviver à noite.

— Agora, por que você não toma uma bebida? Só um pequeno gole. Isso a ajudará a adormecer.

Ela balançou a cabeça, olhando para o líquido.

— Eu não poderia.

— Confie em mim, — respondeu ele, levantando-se. Ele pegou a garrafa e envolveu os dedos nos dela. — Apenas um pequeno gole vai te ajudar a dormir. Não mais do que isso.

Ela semicerrou os olhos.

— Ouvi dizer que as bebidas diminuem suas inibições.

— Elas podem, — ele disse.

— É por isso que você quer que eu beba? — Ela endireitou os ombros, olhando para ele com grandes olhos azuis. — Você está tentando tirar vantagem de mim?

 


Capítulo Cinco


A irritação fez os dedos dela apertarem a garrafa. Por que diabos ela disse isso? Eles estavam sozinhos em um quarto por mais de uma hora, e ele não tinha feito um único gesto impróprio. O único deles que estava lutando parecia ser ela.

Enquanto despejava uísque na pele nua dele, desejou correr as mãos sobre o cabelo escuro que cobria suas pernas. Verdade seja dita, queria provar o uísque que molhava a carne dele. Seus mamilos se transformaram em pedregulhos e seu corpo doía de necessidade.

Então, ele foi e a tocou, sua mão envolvendo a dela. Se ela não o afastasse, provavelmente faria papel de boba. Podia ser inocente, mas sabia o suficiente sobre os homens para saber que eles preferiam perseguir uma mulher e não o contrário.

— Você acha que eu tiraria vantagem de você? — Ele disse entre dentes fechados.

Seu nariz enrugou e ela mordiscou o lábio. Era exatamente por isso que ele não gostava dela. Ela era uma idiota.

— Eu... não, claro que não, é só... — O que ela disse? Suas calças ainda estavam sobre os joelhos, o cabelo dela estava solto, e juntos eles seguravam uma garrafa de uísque. Se a alta sociedade pudesse vê-la agora.

— É só o quê? — Ele perguntou, inclinando-se mais perto.

Sem saber o que dizer, a verdade foi a única coisa que veio à mente, e essa era uma ideia ridiculamente ruim, ela levou a garrafa aos lábios, a mão dele ainda enrolada na dela, e deu um gole generoso. O que provavelmente foi um erro. Queimou sua garganta e ela imediatamente começou a tossir, borrifando-o por todo o peito com o líquido âmbar.

Em resposta, ele usou a outra mão para bater nas costas dela, enquanto ela tossia e gaguejava.

— Tem gosto de fogo, — ela finalmente conseguiu dizer entre respirações sufocantes.

Ele riu quando parou de bater nas costas dela para limpar sua camisa.

— Eu disse um pequeno gole, amor. Não mais.

— Nunca mais tocarei nisso, — disse ela. Ela queria dizer mais. Gostaria de começar pedindo que a beijasse. Como seria? Seu beijo seria diferente do de outro homem?

— Você deveria dormir um pouco, — ele disse suavemente. — Amanhã será uma longa jornada de volta a Londres.

Ela assentiu enquanto largava a garrafa e se sentou na cama para trançar o cabelo. Seus dedos trabalharam nos fios. Ela olhou para cima para perceber que Bad não havia se movido. Estava exatamente onde o havia deixado, ainda segurando a garrafa.

— Algo está errado?

— Seu cabelo, — ele murmurou, levando a garrafa aos lábios e tomando um longo gole. Ao contrário dela, ele não cuspiu o líquido.

— O que tem ele? — Ela perguntou, observando sua garganta trabalhar. Por que isso era tão atraente? Ela inclinou a cabeça quando o pomo de adão voltou para o centro de seu pescoço. Era tão... masculino. — Eu sei que não é apropriado deixá-lo solto. Muito disso é...

— Não é isso, — ele disse enquanto tomava outro gole. — É o cabelo mais lindo que já vi.

— Oh, — o calor se espalhou por ela com o elogio. Ou talvez fosse o uísque. — Obrigada. — Ela se endireitou. Tinha várias perguntas que gostaria de fazer, mas não tinha certeza de como começar. — Os homens casam-se com as mulheres porque gostam dos cabelos ou a pessoa é mais importante?

Não queria contar-lhe que estava perguntando porque o queria, mas não tinha certeza se o que ele sentia era recíproco. Em qualquer aspecto, ela se casaria com alguém, provavelmente muito em breve. Essa era uma boa oportunidade para fazer um pouco de pesquisa.

Ele tomou outro longo gole.

— Muitos homens se casaram com uma linda mulher de quem realmente não gostavam simplesmente porque ela era atraente.

Ela acenou com a cabeça, querendo perguntar mais. Ele era um desses homens? Então suas próprias perguntas começaram a se infiltrar. Queria se casar com ele? Foi por isso que perguntou? Ela sabia que queria tocá-lo. Isso era certo.

E ele a fazia se sentir segura, protegida. Ele tinha um título e era tão atraente que ela doía de necessidade. E... a mantinha na ponta dos pés. Ela descobriu que gostava bastante disso. Muitos homens eram chatos.

— Obrigada por responder. — Então, se aconchegou nas cobertas fechando os olhos. Ele estava certo. O calor vertiginoso do whisky estava se acomodando como um cobertor sobre seus membros.

— Por que você perguntou? — O peso dele se acomodou ao lado dela na cama enquanto ele se sentava aos seus pés.

Ela não abriu os olhos enquanto soltava um bocejo. Não podia contar a ele tudo o que acabara de pensar. Ele provavelmente sairia correndo da sala gritando. Ele não apenas era um solteirão convicto, mas também não gostava dela. Embora, aparentemente, isso não fosse um fator determinante para os homens.

— Bem, apesar de sua afirmação de que devo tomar meu tempo, quando eu voltar para Londres, terei que encontrar um marido muito rapidamente após esta pequena aventura ou arriscaria a não ter ninguém, — disse ela. — Você conhece alguns lordes que estão procurando? Você poderia contar a eles sobre meu cabelo?

Um ciúme agudo e quente o percorreu, muito mais forte do que o uísque que ele engoliu.

Gostaria de se enfurecer porque nenhum outro homem jamais a tocaria. Queria deslizar seu corpo ao longo do dela e enrolá-la no côncavo dele, onde estaria segura e protegida contra as partes duras de seus músculos.

Ela perguntou se um homem se casaria com uma mulher de quem não gostava. Queria perguntar se uma mulher como ela se casaria com um homem cujo nível fosse abaixo do dela, se ele a fizesse se sentir segura o suficiente. Sempre havia a possibilidade de que um casamento entre eles fosse forçado. Eles tinham passado a noite juntos. Mas ele também não mencionou isso. Ele estava mais acostumado em beber, então segurou sua língua.

Ela soltou um suspiro profundo, o tipo que dizia que ela estava caindo em um sono profundo. Ele relaxou ao longo do pé da cama, tomando mais um gole de uísque antes de colocar a garrafa de lado. Então, encostou-se na parede, os pés dela empurrando seu quadril. Ele fechou os olhos. Não tinha intenção de dormir, só queria descansar. Tentar se recuperar antes do longo dia de amanhã.

Havia poucas chances de Grace ir dentro da carruagem e, francamente, não a culpava. Mas isso significava que ela iria passar o dia pressionada ao lado dele mais uma vez. Ele não tinha certeza se iria sobreviver.

Um sino de relógio tocou em algum lugar ao longe, e ele contou onze badaladas. Deslizou para o lado de modo que sua cabeça ficasse na cama e, embora seus pés estivessem pendurados, não podia reclamar. Estava certo isso. Quando você dormia em um degrau de pedra fria, isso era bastante confortável.

Não queria que isso acontecesse, mas em algum momento, caiu em um sono leve.

Ele não tinha ideia de quanto tempo havia passado, mas estava escuro como breu quando um som de choramingo o acordou. O quarto estava escuro e Bad lutou para ver alguma coisa.

Outro gemido encheu o quarto e, em seguida, um grito agudo. Ele piscou tentando limpar a névoa de seu cérebro.

— Bad? — Grace chamou. — Bad. Você está aí?

— Estou aqui, — disse, mas ela não respondeu, apenas choramingou novamente.

— Bad. Por favor. Por favor, me ajude.

Maldito inferno, ela estava falando em seu sono e estava tendo um pesadelo. Ele se levantou da cama, puxando seu corpo ao longo do dela.

— Grace, acorde. Estou aqui.

— Bad, — ela deu outro grito estrangulado. — Eles estão vindo atrás de mim. Por favor!

— Grace, — ele disse mais bruscamente, dando-lhe uma sacudida. — Acorde.

Ela respirou fundo e sentou-se parcialmente ereta.

— Bad? — Mas desta vez seu nome era diferente, ao invés de um choramingo, era uma pergunta cautelosa.

— Estou aqui, — disse ele, estendendo-lhe o braço. — Estou bem aqui. Eu nunca fui embora.

— Oh, graças a Deus, — ela chorou enquanto se jogava de volta na cama e enterrava o rosto na curva do pescoço dele. — Pensei que estava sozinha com eles novamente.

Ele a envolveu em seus braços, seu nariz e bochecha pressionados naquela juba gloriosa de cabelo.

— Não vou deixar você. Prometo.

— Por favor, — ela choramingou contra sua pele. — Fique comigo.

Ele respirou seu perfume, ainda mais potente por ter dormido. Ocorreu-lhe que nunca tinha compartilhado uma cama para realmente dormir com uma mulher antes. Notável desde que ele tinha deitado com todos as outras, fazendo Grace diferente em todos os sentidos.

— Você ainda não aprendeu que não vou deixar nada acontecer com você. Mesmo que isso signifique persegui-la por quase a metade da Inglaterra?

Ela deu uma risada soluçada, então. O tipo que fez seu corpo inteiro estremecer. As cobertas disfarçavam suas curvas, mas ele ainda podia senti-las.

— Tenho muita sorte, — sussurrou ela. — Ter um homem chamado Bad como meu salvador.

Seu queixo se ergueu enquanto sua cabeça se inclinava para trás. Ele se inclinou para agradecer-lhe, mas antes que pudesse pronunciar as palavras, os lábios dela encontraram os dele. Não foi o beijo mais hábil que ele já experimentou, mas a paixão crua bateu nele como uma onda, e ele se inclinou para tomar seus lábios novamente, cada toque apenas alimentando o fogo por dentro.

Ela se abriu para ele como uma flor, seus lábios encontrando os dele, molhados e ansiosos, seu pescoço exposto enquanto ele arrastava os dedos pela coluna esguia. Quando ela gemeu, ele quase se desfez.

— Amor, — ele disse, sua voz presa na garganta tornando-a áspera e rouca.

Ela passou os braços em volta do pescoço dele, empurrando os seios ainda mais em seu peito. Caro Deus, ajude-o, esta mulher foi feita para chamar a atenção de um homem. Cada curva gritava para ser tocada.

— Sim? — Ela perguntou. — O que você precisa de mim?

Seus olhos reviraram em sua cabeça. Precisava dela debaixo dele. Precisava guardá-la onde nenhum homem nunca pudesse tocá-la. Mas ela superou seu medo e até mesmo ele percebeu que ela estava o agarrando porque estava com muito medo, nada mais.

— Eu preciso que você volte a dormir.

— O quê? — Ela perguntou, se afastando um pouco.

— Grace. — Cada palavra doeu. — Discutiremos isso pela manhã. Agora, você deve dormir.

— Você está brincando, — ela bufou, puxando os braços de seu pescoço e apoiando-se em um cotovelo.

Ele não estava. Mas, conseguiu irritá-la novamente.

— Sua primeira vez com um homem não será porque você teve um pesadelo. Será porque você está apaixonada ou porque decidiu se casar. Confie em mim. É melhor assim.

Ela olhou-o no escuro por vários segundos antes de finalmente colocar a cabeça de volta no travesseiro.

— Às vezes eu te odeio.

Ele estremeceu. Ele acreditou nela.

 

 

Capítulo Seis


Grace acordou com uma luz fraca se infiltrando no quarto. Um sentimento de contentamento a encheu quando ela abriu um dos olhos. Seu corpo estava envolto em calor, apesar da frieza do ar ao seu redor. Ela se moveu, esticando os dedos dos pés apenas para perceber que estava pressionada contra uma parede sólida.

Mas não podia ser uma parede porque se formava ao redor de seu corpo, e era ao mesmo tempo dura e deliciosamente quente. Uma torrente de memórias filtrada por sua mente. Abernath, a pequena pousada, o fato de Bad tê-la resgatado e rejeitado seus avanços na noite anterior.

O calor encheu suas bochechas. Seu nome era Bad, pelo amor de Deus. A primeira vez quando ela o conheceu, agora há mais de um mês, ele e seus amigos estavam esperando chegar as mulheres da noite. Ele dirigia e era dono de um centro de jogos. Ela nem mesmo era tentadora o suficiente para seduzir um homem que havia cometido uma libertinagem durante toda a sua vida.

Ela mordiscou o lábio. Claro, ele não a queria. Além de ser bonita, não havia nada de especial nela.

— Bom dia, — a voz profunda de Bad retumbou atrás dela e ele apertou o braço sobre sua barriga, puxando-a para mais perto. Bem, isso não era realmente possível, ele a esmagou ainda mais para perto dele.

— Bom dia, — ela respondeu, dando uma fungada no final.

Ele ficou imóvel.

— Você ainda está com raiva de mim.

— Não estou com raiva, — disse ela, olhando para a frente. — Esta é uma interação completamente normal e compreensível entre uma lady e um lorde.

Ele sorriu. Ela o sentiu contra a nuca, onde o nariz dele estava aninhado em seu cabelo.

— Ainda não estou acostumado a ser chamado de lorde.

— O quê? — Ela perguntou, voltando-se para ele então. O que isso significa? Mas, não fez o resto da pergunta porque acabara de perceber que estava usando o braço direito dele como travesseiro. Seu braço enrolado em torno de sua cabeça afastando alguns fios de cabelo.

— Meu pai era o filho mais novo do Barão de Baderness e aparentemente a ovelha negra da família. Quando ele se casou com minha mãe, eles foram para Londres. Não sei como morreram, mas quando morreram, ninguém veio procurar por mim.

Ela ofegou, seu interior apertou e sua mão descansou em seu peito.

— Eu tinha quatro anos e sabia que meu pai era filho do barão. Não tenho certeza de como. Mas eu disse isso à mulher que dirigia o orfanato e ela contatou minha família. E ainda assim, eles não vieram. — Ele engoliu em seco. — Soube mais tarde, que ela exigiu dinheiro e eles pensaram que era algum tipo de fraude. Ela estava com tanta raiva que me expulsou da casa.

— Bad, — ela sussurrou, enrolando os dedos em seu peito. Suas próprias entranhas se reviraram e seu estômago deu um nó ao pensar em um menino jogado na rua sozinho.

— Meu nome é Benjamin, — ele sussurrou, seus olhos encontrando os dela. — Minha mãe me chamava de Ben.

— Ben. — A outra mão dela subiu para segurar sua bochecha. — O que aconteceu?

— Eu dormia nas portas, entregava recados por alguns centavos para comprar comida, sobrevivia com astúcia e sagacidade, suponho, até ser descoberto por Monsieur LaFleur para ingressar em seu clube de luta. Eu tinha dez anos quando comecei a treinar.

Sua garganta estava quase fechada quando olhou para ele, as lágrimas ardendo em seus olhos. Todas as cicatrizes, o nariz torto. Ele tinha sido um lutador.

Ele olhou-a.

— Eu tinha dezenove anos quando descobri que era o próximo herdeiro masculino ao título. — Ele balançou sua cabeça. — Posso parecer um lorde agora, amor. Mas não se engane, sou um menino de rua por completo.

Grace se acalmou. O que ele estava explicando a ela precisamente? Que ele não era um verdadeiro lorde? Isso era uma espécie de explicação? Mas por que ele a rejeitaria? Ele tinha o título e, pelo que sabia, era o homem mais cavalheiresco que conhecia.

— Mas você é o herdeiro legítimo, isso nunca foi uma pergunta e...

— Eu cresci pensando que era um lixo. Largado e esquecido, não amado e indesejado até mesmo por minha própria família. — Seu rosto teve espasmos, dor em cada linha.

Grace não respondeu a princípio. Ela não sabia o que dizer. Ela ergueu a cabeça de seu braço, olhando em seus olhos escuros.

— Você cresceu forte. Não te culpo se deseja uma infância diferente. O que você passou é terrível. Mas lhe transformou em um homem que pode, sozinho, resgatar uma mulher de uma carruagem em fuga enquanto é mantida em cativeiro por vários vilões.

Suas sobrancelhas se ergueram, as linhas profundas de seu rosto diminuindo.

— Abernath não era uma verdadeira vilã.

Grace encolheu os ombros.

— Você pode até ter razão. Ela tinha feridas nas palmas das mãos e falava como se fosse louca.

Ben puxou sua cabeça para a curva de seu pescoço.

— Isso realmente me assusta mais. Estou tão feliz que você está aqui e segura.

— Estou feliz também, — ela respondeu, inspirando seu perfume de sândalo. Houve momentos em que ela se sentiu mais próxima deste homem do que qualquer outra pessoa na Inglaterra. Mas, então ela se lembrou. Esta conversa começou porque ele a rejeitou na noite passada. Ela afastou-se de seu alcance. — Tenho certeza de que você está ansioso para me levar de volta para casa.

Ele procurou seu rosto, sua mão subindo para segurar sua bochecha novamente.

— Nunca contei essa história a ninguém antes. Quero dizer, mencionei alguns trechos, mas...

Sua confissão puxou seu coração.

— Seu segredo está seguro comigo, — ela respondeu. — E pelo que vale a pena, acho que você é mais digno do que a maioria para carregar o título de lorde. — Ela fez menção de rolar para longe e sair da cama, mas as mãos dele a seguraram com firmeza.

— Você realmente quis dizer isso? — Ele perguntou, seu rosto mais uma vez marcado em linhas profundas, enquanto seus dedos cravavam em suas costas. Ele a segurou agora como se nunca quisesse que ela saísse. O que ela sabia que não era verdade. Eles não fizeram nada além de discutir e ele a rejeitou apenas algumas horas atrás. Ele não a queria e seria uma tola se pensasse que sim.

Bad sabia que deveria deixá-la ir. Mas as palavras dela foram o bálsamo que ele não tinha percebido que precisava. Lentamente, com cuidado, ela estendeu a mão, traçando várias das cicatrizes que marcavam seu rosto.

— Cada palavra, — ela respondeu, dando-lhe um pequeno sorriso. — Não tenho certeza de onde estaria neste exato momento sem você, mas estou eternamente em dívida com você.

Dívida? A palavra ecoou em seu cérebro quando ele a soltou, e ela se levantou da cama. Ele a observou enquanto ela se sentava e se espreguiçava, as costas se alongando da maneira mais bonita, os braços jogados sobre a cabeça.

Ele sabia exatamente o que faria com um homem que tivesse uma dívida com ele. Ele iria cobrar. E o que ele queria de Grace... bem, apesar de sua rejeição na noite anterior, sabia exatamente como gostaria de receber.

Seus músculos se contraíram. Não estava se referindo apenas a sexo. Embora isso certamente fosse parte disso. Pensou nos beijos que eles compartilharam, ela estava tão ansiosa e flexível debaixo dele. Mas um homem não brincava com uma mulher como Grace sem compreender todas as consequências.

Ela começou a se vestir e ele deitou a cabeça, observando-a descaradamente. Seus movimentos eram ágeis e cheios de uma graça natural que o fez ansiar por tocá-la novamente. Deveria desviar o olhar. Era a coisa educada a fazer, mas não queria e, afinal, ainda era um moleque de rua, com título ou não.

Droga, ele queria tocá-la. Puxá-la de volta para a cama e sentir seu corpo embaixo do dele. Seus dedos cravaram nos cobertores quando ela alcançou atrás dela para apertar as cordas do espartilho. Ele deveria se oferecer para ajudar, mas nunca completaria o trabalho. Acabaria tirando cada peça de roupa de seu corpo e beijando-a da ponta dos pés até ela... Ele tentou controlar seus pensamentos errantes.

— Quanto tempo vai demorar para voltarmos? — Ela se virou para olhá-lo e ele tentou fazer de seu rosto uma máscara vazia.

— Sete horas. Talvez oito, a menos que o tempo mude. — Ele se sentou. Ele nunca em sua vida desejou tanto ver chuva. Seria bom segurá-la em seus braços outra noite?

Ela se voltou para ele novamente.

— Minha família sabe que estou segura?

A família dela? Ele respirou fundo. Como não tinha pensado em sua família até agora?

— Mandei uma mensagem para o Vice. Ele e Ada também estão nos seguindo, mas acho que estavam viajando com metade da nossa velocidade. Assim que receber a mensagem, mandará uma para seus pais.

Grace deu um aceno rígido enquanto pegava seu vestido amarrotado.

— Ajustarei isso que é o que irei usar quando voltar para Londres.

— Por que isso? — Ele perguntou enquanto a observava ajeitar o vestido sobre os quadris. Eles balançaram para frente e para trás até que o vestido pudesse cobri-los. Ele passou os dedos pelo cabelo, dando vários puxões nas mechas. A dor era a única solução para conter seu desejo.

Ela olhou para a janela.

— Minha humilhação será completa. — Então, olhou-o. — A menos, é claro, que você concorde em se casar comigo.

A boca de Bad caiu aberta.

— Casar-me com você? — Já sabia que essa era uma possibilidade. Ela poderia ser arruinada por esta pequena aventura e ela não teria outras opções para marido. Mas, de alguma forma ouvi-la dizer as palavras era diferente, e se ele tivesse se aproveitado dela na noite passada... Ou melhor, se ela tivesse se aproveitado dele. — É por isso que você estava tentando me seduzir na noite passada?

Seu suspiro foi o primeiro indicador de que dissera algo errado. Ela voou ao redor da cama, seu vestido ainda aberto em sua frente, então sua mão assobiou no ar quando aterrissou com um estalo em seu rosto.

— Como você ousa? — Ela gritou alto o suficiente para acordar os mortos.

Ela levantou a mão novamente, mas desta vez ele se recusou a deixá-la bater nele. Ele pegou-lhe a mão e ela tentou acertá-lo com a outra, que ele também capturou. Ela tentou se afastar, torcendo-se violentamente e ele estava honestamente com medo de que ela pudesse se machucar. Dando-lhe um puxão, ele facilmente a trouxe de volta para a cama, onde ela começou a tentar chutá-lo.

Um chute em sua canela e com um grunhido, ele rolou para cima dela. Sua cabeça mexia para frente e para trás enquanto suas bochechas ficavam cada vez mais rosadas. Em vez de detê-la, ele achou a visão um tanto excitante e quando a cabeça dela finalmente parou, encostou a testa na dela.

— Eu não disse que não iria.

Ela olhou-o.

— Você é uma besta. Você sabe disso.

— Sim, — ele respondeu.

 

 

Capítulo Sete


No segundo que a réplica saiu de seus lábios, ela soube que havia cometido um erro terrível. Ele tinha acabado de explicar que se considerava indigno.

Ele merecia sua raiva. Ela o beijou na noite passada, não porque estava tentando prendê-lo, mas porque não podia se conter, e doía pensar que ele a considerava uma mulher maquinadora. Como ele poderia confundi-la com alguém como Abernath?

— Eu não quis dizer isso.

— Não importa, — respondeu ele. De repente, ele saltou de cima dela, levantando-se da cama.

Ela fungou alto.

— Isso importa para mim. — E ela se levantou também. Havia pouco espaço para ele sair e ele se dirigiu para a porta. Ele não iria deixá-la realmente, iria? — Ben, — ela ofegou, o medo estrangulando sua voz.

Ele se voltou.

— Grace.

— Não me deixe de novo. — Ela o alcançou, então. — Por favor.

Ele só hesitou por um momento antes de alcançá-la, puxando-a de volta em seus braços.

— Não irei.

— Não estava tentando manipular você, — ela sussurrou. Em cada interação, eles pareciam machucar um ao outro, e Grace percebeu que muitas vezes estava tentando se proteger. Mas, de alguma forma, isso não estava funcionando. Eles não estavam se entendendo. — Acabei de descobrir que você é...

Ele se recostou.

— O quê?

Ela lambeu os lábios, preparando-se para admitir isso em voz alta.

— Difícil de resistir.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Isso é encorajador. — Então, ele lentamente recuou. — Troquemos de roupa. Vamos comer e partir em uma hora. — Então, ele se virou para se preparar.

Grace franziu a testa para suas costas. Era só isso? Ela admitiu que se sentia atraída por ele, e tudo o que ele podia dizer era que era encorajador?

Ela balançou a cabeça.

Em uma hora, eles haviam, de fato, partido para Londres. Mais uma vez, usando a carruagem de Crusher, Grace escolheu acomodar-se no assento ao lado dele, em vez de ficar dentro da carruagem. Ela se sentou ao lado dele sentindo o ar fresco da manhã, com os braços em volta da cintura. Quando eles partiram depois do meio-dia do dia anterior, o ar estava quente e ensolarado. E ela mal notou o frio na noite anterior. Mas esta manhã, infiltrou-se em seus ossos.

Curvando-se, ela resistiu ao desejo de se aninhar ao lado de Ben. Ela sabia que ele irradiava calor e era fisicamente reconfortante, é claro. Mas o que ela perderia por dar a ele essa satisfação? Provavelmente, outro comentário que a deixaria fraca e desapontada.

Ele moveu as rédeas para uma das mãos e tirou o casaco. Ele não podia ser quente, não é? Ela o fulminou com o olhar, como se a temperatura de seu corpo estivesse definida para insultá-la. Felizmente, segurou a língua enquanto ele colocava o casaco sobre seus ombros.

— Você está congelando.

— Obrigada, — ela murmurou, puxando a jaqueta apertada sobre ela. — Como está sua perna?

— Está bem, — ele respondeu, fazendo uma careta para o rasgo em suas calças. — Mas essas eram minhas calças favoritas.

Ela deu um pequeno sorriso enquanto estendia a mão de debaixo do casaco grande para tocar o rasgo.

— Posso consertá-la para você. Meus pontos são muito bons. É uma das poucas coisas pelas quais sou conhecida na minha família.

Ele olhou-a.

— Pelo que mais você é conhecida?

— Suponho por ser bonita.

— Você soa como se não acreditasse neles.

Grace observou a batida rítmica dos cascos do cavalo, enquanto avançavam pela estrada.

— Eu não acredito neles. Só não vejo qual é a vantagem disso. Quer dizer, talvez haja algumas. Eu sou convidada para dançar em bailes. Uma vez, quando eu era criança, o amigo de meu pai tinha pérolas de ouro em sua corrente de relógio. Quando eu exclamei como eram lindas, ele riu e me deu uma. Minhas irmãs ficaram com muito ciúme. Quando Emily perguntou por que eu tinha ganhado uma e ela não, minha mãe exclamou: — Oh, Emily, tente entender, Grace é simplesmente adorável de se olhar.

Ela olhou para Ben, que estava carrancudo.

— Posso dizer pelo seu tom que você acha isso irritante, mas não consigo entender por quê.

Grace deixou escapar um longo suspiro.

— As pessoas gostam de mim por causa do meu rosto ou do meu cabelo. Na verdade, eles não gostam de mim, nem mesmo você.

Ele grunhiu.

— Eu nunca disse que não gostava de você.

— Não precisava, — respondeu ela.

— Chega disso, — ele respondeu. — Eu gosto de você, mas você sai do seu caminho para me provocar.

Provavelmente era verdade.

— Você me provoca também.

Ele olhou-a, então.

— Eu?

Ela bufou uma respiração.

— Você sabe que faz isso. Na verdade, você me rejeitou duas vezes nas últimas horas.

Ele levantou um dedo, o que em sua mente acrescentou um insulto às suas palavras.

— Eu não rejeitei você nenhuma vez, estou apenas sendo prudente.

— Você não vê que uma dama não deseja que um homem seja prudente ao discutir seu possível futuro? Estou feliz que você esteja pesando suas opções comigo como uma transação. Isso me faz sentir verdadeiramente especial.

— Não foi isso que eu quis dizer, — ele retrucou, diminuindo a velocidade da carruagem. — Você me quer agora, Grace, depois de eu tê-la resgatado. Como você se sentirá daqui a um mês, quando o medo passar e você estiver amarrada a um ex-menino de rua?

— Ben, — ela engasgou-se. — É isso que você acha?

Por que ele foi e revelou que ainda não conseguia perder o estigma de seu passado? Ele nunca compartilhou nada disso com ninguém e sabia por quê. No momento, ele nunca esteve mais vulnerável.

— Não sou bom com palavras. Eu desejava que fosse. — Ele agarrou as rédeas com mais força. — Aprendi a ler quando me tornei um lorde, mas... — Droga. Estava fazendo isso de novo. Compartilhando detalhes que ele nunca confessou antes.

Ele fechou os olhos com força, o peito apertou, mas então a mão dela gentilmente envolveu seu bíceps.

— Você está se saindo maravilhosamente bem, na minha opinião. Estou praticamente esperando cada palavra sua.

Ele engoliu em seco, tentando limpar a emoção que obstruía sua garganta. Como ela sabia que era isso que ele precisava ouvir?

— Obrigado, — disse ele, inclinando-se e colocando um beijo suave em sua bochecha.

— De nada, — ela respondeu. — E só para deixar isso claro, eu teria sorte de estar amarrada a você, por assim dizer.

Ele quase caiu do banco.

— Você não quer dizer isso...

Grace deu a ele um olhar penetrante.

— Eu quero, — ela respondeu, inclinando-se e colocando um beijo em sua boca. Os lábios dela eram dolorosamente macios contra os dele.

— Grace, eu herdei um baronato decadente. Você poderia ter o duque mais rico da Inglaterra. Bem, exceto por Daring. Ele já está comprometido.

— O seu baronato ainda está falido? — Ela perguntou, suas sobrancelhas subindo como se ela estivesse prestes a fazer um ponto.

Maldição, era difícil discutir com a mulher.

— Não. Mas eu usei dinheiro do clube de jogo para levantá-lo de volta.

Ela assentiu.

— Engenhoso. — E ela tocou a ponta de seus dedos, um com outro. Então, ela começou a contar uma lista em sua mão. — Corajoso. — Dedo do meio. — Forte. — Dedo anelar. — Honroso. — Dedo mindinho. — Eu tenho mais, mas estou sem dedos.

Ele queria parar a carruagem, puxá-la para seu colo e beijá-la sem sentido.

— Em termos de nosso casamento, nunca foi uma questão. Eu soube, no momento em que te propus, que talvez tenha que me casar com você.

Grace se encolheu e ele sabia que tinha dito algo errado. Ela provavelmente queria uma declaração de como ele queria se casar com ela, de como sonhava com uma mulher como ela. Ele não a culpava, mas ele revelou muito, e não tinha certeza se era capaz de mais. Hoje, não.

Preparou-se para a raiva dela, mas em vez disso, ela fez algo muito pior. Seus ombros se curvaram.

— Isso dificilmente parece justo. Depois de arriscar sua vida para me manter segura, você será forçado a se casar.

— Não disse forçado, — ele disse, seus lábios se afastando de seus dentes.

Grace não respondeu. O que foi de alguma forma muito pior do que quando ela ficou com raiva.

Eles ficaram sentados em silêncio por mais tempo. Uma hora, talvez mais. O céu ficou cinza, o que combinava perfeitamente com seu humor. Mas assim que chegaram à próxima aldeia da rota, começou a chover. Fraco no início, mas depois gotas grossas começaram a cair sobre eles. Grace pressionou-se ao seu lado então, e ele passou um braço sobre ela para mantê-la seca ou pelo menos aquecida.

Quando chegaram aos estábulos, chovia torrencialmente, encharcando suas roupas.

— Pelo menos meu vestido vai ficar mais limpo, — Grace gaguejou batendo os dentes.

Ele sorriu ao chegar ao celeiro público, dois cavalariços saíram para cumprimentá-los.

— Teremos que esperar até que a chuva pare.

Ela assentiu enquanto ele a ajudava a descer.

Foi a única vez, em toda a sua vida, que desejou chuva. Na verdade, ele passou a maior parte de sua infância desejando que a chuva fosse embora. Mas hoje, estaria confortável dentro de uma sala quente com uma mulher suave que ele poderia apenas ter que despir para se certificar de que ela ficasse seca. Ele tinha uma apreciação totalmente nova pela água que caía do céu.

 


Capítulo Oito


Mesmo com o casaco de Ben, Grace estremeceu novamente. Seu cabelo estava molhado, suas bochechas molhadas de chuva, seu vestido encharcado de água.

Ben a ajudou a se levantar do banco, segurando uma mão em sua palma muito maior enquanto a outra envolvia sua cintura. Ele nem se incomodou em colocá-la no chão enquanto corria para a pousada. Um grande fogo rugia na sala comum e ele a colocou na frente das chamas enquanto procurava o estalajadeiro para garantir quartos.

— Nós vencemos as multidões, — disse ele ao retornar. — Consegui dois.

Grace franziu a testa. Não queria dormir sozinha em uma cama. Na verdade, gostava muito de estar aninhada ao seu lado, quente, segura e tão confortável contra seu corpo grande.

— Excelente, — ela murmurou enquanto estendia o vestido, na esperança de ajudar o tecido leve a secar mais rápido.

— Vou pegar um ensopado para nós e depois podemos ir para os nossos quartos. — Ele estendeu o cotovelo para conduzi-la a uma mesa.

O ensopado a esquentou, mas quando eles subiram as escadas, ela imediatamente começou a sentir frio novamente. Seu vestido ainda estava úmido e sem o fogo, ela começou a tremer novamente.

— Eu gostaria de saber que seria sequestrada. Teria usado algo mais prático.

Ele sorriu enquanto colocava o braço em volta dela.

— Você vai ter que tirar a roupa para secar.

— E meu cabelo também, — ela respondeu, sentindo sua touca molhada. Ela torceu uma trança e a prendeu na parte de trás da cabeça, o que parecia sensato esta manhã, mas agora ela mantinha a água.

Ele prendeu a respiração, ela ouviu o som suave e suas sobrancelhas subiram.

— Vou ver se consigo encontrar um pente para você.

— Obrigada, — ela respondeu quando ele inseriu uma chave na primeira porta.

— Nossos quartos se conectam. — Ele empurrou a porta de um quarto que era muito maior do que o que ficaram na última vez. Depois de soltar a mão dela de seu cotovelo, ele cruzou e abriu a porta interna do outro quarto. — Eles são do mesmo tamanho, — disse, parado na porta.

Grace tirou o casaco dele que estava vestida, pendurando-o em um gancho na parte de trás da porta. Havia uma lareira e ela atravessou a sala para atiçar as chamas antes de começar a puxar os grampos do cabelo.

Ela estava de costas para Ben, mas sabia que ele ainda estava lá, parado na porta entre os quartos. Ele não fez um som, mas ela podia sentir seu olhar e sua pele aquecer com o conhecimento. A trança se desenrolou e caiu em suas costas. Ela tirou o pano que usara para amarrá-lo na parte inferior e começou a separar as três mechas de cabelo, sacudindo-as enquanto o fazia. Quando os fios caíram em suas costas como uma cortina molhada, ela olhou por cima do ombro.

— Já que você ainda está aqui, você se importaria de ajudar com meu vestido?

Ele engoliu em seco, seu pomo de Adão subindo e descendo. Grace sentiu uma pontada de arrependimento. Sabia que ele gostava de seu cabelo e estava usando isso contra ele.

— Claro, — ele respondeu, dando um passo em direção a ela.

Ela deixou o cabelo balançando nas costas, forçando-o a afastar as mechas. Ele estendeu a mão para o cabelo, deixando-o correr por entre os dedos antes de colocar suavemente a massa sedosa sobre um ombro.

Então seus dedos começaram, mais uma vez, a trabalhar a fileira de pequenos botões de pérola. Ela se virou para olhar para o rosto dele, que por sua vez empurrou um pouco de seu cabelo para trás em seu caminho. Seu rosto se contraiu enquanto ele gentilmente puxava o cabelo para trás novamente.

Seu plano estava funcionando. Ela não tinha nenhuma intenção de dormir neste quarto sozinha e, até agora, Ben tinha sido extremamente bom em evitar seus avanços. O que feriu um pouco seu orgulho. Assim como o conhecimento de que sua afeição por ele era unilateral. Já que ele já havia proclamado que se casaria com ela, poderia muito bem se certificar de que sua união fosse agradável para os dois. O pensamento de estar apaixonada sozinha... bem, isso parecia terrível.

Ele alcançou o último botão e ela tirou o vestido dos braços, empurrando-o para fora do corpo. Ben começou a desamarrar o espartilho, que se juntou ao vestido no chão. Ela agarrou a cadeira de madeira da escrivaninha e se sentou, segurando uma bota.

— Você poderia?

Sem dizer uma palavra, ele se abaixou e começou a desamarrar as botas, tirando-as dos pés dela. Quando as pontas dos dedos dele roçaram sua panturrilha, ela sorriu ao mesmo tempo em que seu interior se contraiu em antecipação. Uma excitação sem fôlego chiou no ar, quase tangível o suficiente para tocar.

Grace ficou em pé apenas com meias e enfiou a mão por baixo da camisa, puxando para baixo as pantalonas úmidas. Ela o ouviu prender a respiração e ele alcançou seu quadril, agarrando sua carne mais macia com força.

— Grace, — ele gemeu, baixo e gutural. — Você foi longe demais.

Ela olhou para Ben enquanto seu olhar escuro a encarava. Ela apertou as mãos contra o peito dele, apoiando-se nos músculos rígidos abaixo.

— Estou congelando. — A língua dela saiu para molhar os lábios e seu olhar seguiu o movimento. — Você não vai ajudar a me aquecer?

Ele a puxou para mais perto, sua cabeça caindo.

— Você é uma bruxa, você sabe disso, não é? Você está tentando lançar um feitiço em mim.

Em vez de se sentir insultada, isso a fez sorrir.

— Está funcionando?

— Talvez, — ele respondeu, procurando o seu rosto. — O que acontece quando você tem sucesso?

Sua pergunta a confundiu. Não era óbvio? Eles se casariam. Ela ficaria aninhada ao seu lado. Para sempre.

— Nós ficaremos juntos.

Ele estreitou o olhar, mesmo enquanto se afastava.

— O que, depois? Não vou lhe amarrar para que me odeie mais tarde. — Então, ele se afastou e, recuando para o outro do quarto, bateu a porta atrás de si.

Bad sabia o que ela estava fazendo. Inferno, até entendia por quê. Ele resistiu-lhe até agora, mas uma mulher como Grace estava acostumada a conseguir o que queria. Ele se fez um desafio e ela aceitou.

Ele precisava ser sensato pelos dois. Se permitisse que ela o coagisse a tomá-la, ambos estariam bem e verdadeiramente presos. Inferno, talvez já estivessem. Mas agora, havia uma chance. Uma vez que ele se deitasse com ela, não haveria nenhuma.

Não era que não a quisesse. Na verdade, ele a queria da pior maneira. Seu corpo inteiro doía de necessidade. Mas, não queria uma esposa que o odiasse. Quem olhou para ele e viu o menino imundo que dormia nas portas. O homem que nunca se encaixaria perfeitamente na sociedade educada. Como ela se sentiria quando ele usasse o garfo errado em um jantar, pronunciando as palavras erradas para o anfitrião? Ele suportou olhares de desdém durante toda a sua vida e não podia suportar a ideia de seu nojo. Ele podia suportar de todos os outros, mas não dela.

Caminhando pelo quarto, observou a chuva e lutou consigo mesmo. Ela era sua para ser tomada. A cada minuto, considerava abrir a porta novamente e torná-la sua. Qual seria o gosto dela? Ele já sabia como ela se sentia pressionada contra ele. A memória o fez sofrer.

Mas então, ele voltou a sanidade. Mesmo se eles se casassem, ele poderia ser um cavalheiro agora. De alguma forma, isso importava. Como se ele pudesse provar a ela que era digno.

Depois de chamar um criado, ordenou que trouxessem comida para seu quarto. Respirando fundo, bateu na porta de comunicação.

— Eu pedi o jantar. Suas roupas estão secas?

Houve uma pausa.

— A maioria, — ela finalmente respondeu.

— Você precisa de ajuda para se vestir? — Ele apertou os dedos na maçaneta. Parte dele esperava que ela dissesse sim, enquanto outra temia a ideia de tocá-la novamente. Ele se lembrou de ontem. Sua primeira intuição estava correta. Cada vez que roçava sua carne com os dedos, ele mexia mais na teia de Grace. Havia pouca chance de ele escapar.

O pensamento fez sua cabeça cair contra a porta. Já era tarde demais. Ele se importava com ela e não importava o que acontecesse, era provável que ele se machucasse.

— Não. Vou ficar bem, — respondeu ela.

O jantar chegou vinte minutos depois e ele colocou a bandeja na escrivaninha. A porta de comunicação se abriu e Grace entrou em seu quarto. Ele estava com problemas. Ela colocou o vestido, mas nada por baixo. Seus pés estavam descalços; ele se lembrou da curva esguia de suas panturrilhas e tornozelos. Ela obviamente não estava usando espartilho, e sua forma natural o deixou quase sem fôlego. E seu cabelo. Querido Deus, estava seco e caindo em suas costas em ondas douradas cintilantes. Ela deve ter desfeito os fios para ajudá-los a secar.

— Cheira delicioso. — Ela parou e se inclinou sobre a bandeja e inalou longamente. — Viajar me faz ficar com muita fome.

Ele também estava com fome. Mas não de ensopado.

— Tem um cheiro aceitável, e você deveria estar de meias e sapatos. Esses pisos devem estar congelando.

Ela balançou a cabeça.

— Essas lareiras fazem um trabalho maravilhoso no aquecimento dos quartos. Os pisos estão bastante quentes. — Ela deu a ele um sorriso brilhante. — Vamos comer?

Ele estreitou o olhar enquanto assentia. Quando ela sorria assim, parecia quase angelical. Ele foi até o quarto dela e pegou a cadeira para que os dois pudessem se sentar e, quando ele voltou, a encontrou já servindo seu ensopado. Ela estava curvada sobre a mesa enquanto se servia e a mão dele ansiava por percorrer a curva de seu traseiro.

Ele fechou os olhos enquanto colocava a cadeira no chão com um baque decidido.

— O que está errado? — Ela perguntou enquanto se sentava na outra cadeira e ele a seguiu.

Ela pegou uma colher, equilibrando delicadamente o utensílio em sua mão.

— Como você faz isso? Como você segura uma colher como se fosse parte de sua mão?

Ela piscou para ele, virando a cabeça para o lado. Então, sem dizer uma palavra, ela largou a colher novamente e se levantou, caminhando descalça pelo chão.

— Minha mãe me sujeitou a anos de aulas de decoro, seguidas de uma escola de formação. Se minha mãe ou minha instrutora, Madame LaVeau, me visse agora, desmaiariam.

Sua língua grudou no céu da boca.

— Também estou transformando você em um moleque.

Ela soltou uma risada tilintante e então agarrou a mão dele. Deslizando os dedos abertos, ela enrolou o dedo médio e o indicador juntos, descansando a colher em suas mãos.

— Bem desse jeito.

Ele olhou para a colher. Parecia ridículo em sua mão enorme.

— Como você realmente come?

Ela apertou os lábios.

— Tem que praticar, — ela murmurou perto de seu ouvido. — Mas tenho toda a confiança de que você pode dominá-lo. Eu vi você disparar uma pistola. Você tem mãos excepcionalmente hábeis.

O cabelo na nuca dele se arrepiou enquanto a respiração dela sussurrava em sua pele. Ele gostaria de mostrar-lhe outra maneira de como suas mãos eram bastante habilidosas. Mas antes que pudesse formular uma resposta mais apropriada, ela voltou ao seu lugar e pegou seu próprio talher.

— Podemos?

Ele deu um aceno de cabeça. A princípio, ele a observou, depois tentou usar a colher na posição estranha que ela colocou em sua mão. Ele fez uma careta. Parecia um idiota. Pior ainda, houve milhares de ocasiões em que percebeu que não se comportava como os outros lordes. E ela os veria também como estava vendo a este.

Mas ela não olhou para cima enquanto comia, dando a ele a liberdade de tentar descobrir o posicionamento estranho sem medo de ser pego em um erro. O que o surpreendeu. Ele não tinha pensado que Grace pudesse ser tão sutil e tolerante. Verbalmente, eles estavam sempre em desacordo. Mas agora, ela não estava tentando treiná-lo. Em vez disso, suas ações eram... de apoio.

— Você é a mais nova de suas irmãs? — Ele perguntou.

Ela assentiu.

— Sim. — Então, soltou um suspiro suave. — Arruinada antes mesmo de eu ter uma temporada. Isso requer algum esforço.

Ele balançou sua cabeça.

— Nada disso foi sua culpa.

Ela olhou-o então, uma de suas sobrancelhas arqueando.

— Mesmo? Não foi isso que você disse ontem.

Ele mereceu isso. Inclinando-se para frente, ele devolveu-lhe o olhar.

— Bem, eu apreciaria se você usasse o bom senso quando se tratasse de sua própria segurança.

— Touché, — respondeu ela, inclinando-se para trás, o queixo encostado no peito. — Senso, suponho, não é algo pelo qual sou conhecida.

A culpa obstruiu sua garganta. Normalmente, ela respondia com algum tipo de réplica inteligente e, para sua surpresa, ele gostava de suas idas e vindas.

— Eu não quis ofender.

— Não estou ofendida. — Sua cabeça permaneceu abaixada. — Você está certo. Sempre fui precipitada. E atrevida.

Essa Grace, humilde e prestativa, iria destruí-lo.

— Eu amo essas duas qualidades em você, exceto quando elas levam ao seu sequestro.

Ela inclinou a cabeça para cima e olhou para ele por vários segundos.

— Você gosta delas?

— Gosto de nossas discussões. Sua inteligência. Sua tendência de falar o que pensa. — Como ela fez isso? Agora estava listando suas qualidades mais finas. — E uma pessoa não pode ser inteligente, bonita, engraçada e sensata. Simplesmente não seria justo.

Isso a fez sorrir. Um sorriso que tingiu suas bochechas de rosa e brilhou com gratidão. Ela roubou o fôlego de seus pulmões.

— Obrigada. — Então, ela mordiscou o lábio inferior. — Eu tenho um favor para pedir.

Ele estava inclinado para frente enquanto a conversa ficava mais íntima, mas ele se afastou, precisando de distância. De alguma forma, tinha quase certeza de que acabara de ser levado como um cordeiro para o matadouro.

 


Capítulo Nove


Grace precisava que Ben dissesse sim. Ela prendeu a respiração quando os olhos dele se arregalaram.

— Um favor? — Ele perguntou.

Ela poderia dizer, apenas pelo rosnado em sua voz, que ele começou a suspeitar novamente. Ela não respondeu. Ainda. Com algumas horas sozinha para contemplar, ela bolou um novo plano. Primeiro, ela tentou ser atrevida. Ele não se moveu. E ela tentou, quando pediu a ele para desfazer o vestido, ser mais como Diana. Ousada e corajosa. Ele recuou. Então... sua próxima estratégia era ser mais parecida com sua irmã, Cordélia. Amável, suave e compreensivelmente inteligente. Estava funcionando, até a parte de pedir o favor.

Seu estômago apertou, percebendo que estava falhando em agir como sua irmã inteligente. Cordélia pediria um favor? Provavelmente não.

— Tenho medo de ficar sozinha no meu quarto esta noite, — ela confessou.

Ele pousou a colher.

— Grace, eu realmente deveria dormir no meu...

— Nós poderíamos puxar seu colchão para o meu quarto. Você ficaria confortável e em sua própria cama. — Ela pegou a mão dele e, após uma pausa momentânea, ele permitiu que ela segurasse sua mão. — Por favor. Eu estou assustada.

Ele fechou os olhos, os músculos tensos.

— Amor.

Ela podia ouvir o não em uma única palavra.

— Não vou contar a ninguém. Juro. — E ela entrelaçou os dedos nos dele.

Ele ficou olhando para as mãos unidas, a indecisão tornando as rugas de seu rosto tensas.

— Não é uma boa ideia.

Ela se levantou então, mantendo as mãos juntas, e contornou a mesa. Ela não tinha certeza de como Cordélia agiria agora, ou Diana, por falar nisso. Mas sabia o que Grace faria.

Grace soltou os dedos dele, em seguida, colocou os braços em volta do pescoço e deslizou para o colo. Ele não a impediu, mas também não a segurou. Tomando sua falta de ação como consentimento, ela se enrolou em seu corpo, descansando a cabeça na curva de seu pescoço. Ela ficou tentada a continuar falando. Tentar convencê-lo do contrário, mas, mais uma vez, sua intuição lhe disse que era melhor ficar quieta. Então, ela ficou.

Lentamente, Ben ergueu as mãos de seus lados, uma envolvendo os joelhos dela, a outra descansando em seu traseiro.

Inclinando a cabeça para trás, Grace deu um beijo suave na base do pescoço dele. Ele estremeceu sob seus lábios.

— O que é que você quer de mim? — Ele perguntou, o estrondo de sua voz profunda reverberando por ela.

Grace deslizou uma das mãos pelo cabelo dele. A melhor resposta era a verdade, embora talvez não toda. Se ela confessasse seu amor, ele poderia correr gritando na outra direção.

— Eu quero que você me queira do jeito que te quero.

Ele a apertou com mais força, levantando-a de modo que sua cabeça tombasse para trás. Foi quando seus lábios roçaram os dela. Faíscas de desejo chiaram ao longo de sua carne enquanto ela agarrava seu cabelo. Ele respondeu, pressionando suas bocas, uma e outra vez, até que separou seus lábios e roçou sua língua ao longo de seu lábio inferior.

Um gemido escapou de seus lábios, mas ele engoliu o som enquanto a beijava novamente, sua língua dançando ao longo da dela. Nunca nada foi tão bom quanto isso e ela imitou seu gesto, querendo saboreá-lo mais.

Ele amassou a carne de seu traseiro, em seguida, acariciou a lateral do corpo dela até que a descansou sob seu braço, onde espalmou seu seio, sentindo a carne em sua mão, finalmente beliscando o mamilo. Ela se arqueou com o toque, o prazer rolando sobre ela em ondas.

— Ben, — ela gemeu, sua cabeça caindo ainda mais para trás.

De alguma forma, seu nome pareceu fazê-lo perder o controle. De repente, levantaram-se da cadeira, o peso dela firmemente embalado contra o peito dele.

Ela não percebeu que estavam se movendo até que suas costas entraram em contato com o colchão, mas ela não teve muito tempo para pensar sobre isso, porque o peso dele pressionava sua frente. Então, ela soube de várias coisas ao mesmo tempo. Ela pertencia a este homem. Seus quadris se acomodaram entre suas pernas e a pressão dura de sua carne empurrou em suas partes femininas macias, fazendo-a gritar. O desejo se enrolou dentro dela, fazendo-a esquecer todo o seu medo, preocupação e dúvidas. Ela não estava muito atrevida neste momento, muito boba, ou muito vaidosa. Ele era perfeito e a fazia sentir o mesmo.

Sua camisa subiu por suas coxas, permitindo-lhe envolver as pernas ao redor das dele, criando ainda mais pressão onde ela mais precisava.

Ele deslizou sua boca da dela, beijando uma trilha em seu pescoço enquanto desatava sua camisa. Seus quadris estavam deslizando também, e ela choramingou em protesto. Ela queria sua pélvis embalada contra a dela.

Ele sorriu contra sua clavícula.

— Paciência, meu amor. — Então ele puxou a camisa para o lado, expondo um mamilo. Quando sua língua se arrastou pela carne sensível, suas entranhas se convulsionaram e seus dedos se cravaram em suas costas.

— Sim, — ela sussurrou quando sua boca se fechou ao redor da pele dura, sugando-a em sua boca.

Então, ele alcançou sua camisa e começou a arrastar o tecido mais alto em sua coxa, sua mão acariciando sua perna enquanto o fazia. Quando o tecido alcançou sua cintura, ele parou, traçando seu umbigo, antes de segurar sua área mais privada com sua grande mão.

Engraçado, ela sempre gostou do tamanho de suas mãos sem realmente entender por quê. Mas agora, neste momento, ela sabia. Seus dedos a tocaram em todos os lugares de uma vez e o prazer quase explodiu de suas entranhas enquanto ela se esfregava contra ele.

— Ainda não, amor. Tenho algo ainda melhor para você.

Melhor? Como algo poderia ser melhor do que isso?

Bad morreu e foi para o céu. Isso foi tudo que conseguiu pensar enquanto chupava um de seus mamilos em sua boca. Sua pele era um tom mais escuro que o creme e seus mamilos eram rosa pálido. E seu gosto... maldito inferno, ela tinha gosto de baunilha. Uma vez ele tinha ouvido a descrição de baunilha como chata, o que era ridículo. Era a mistura perfeita de terroso e doce. O tipo de sabor que um homem poderia saborear alegremente pelo resto da vida.

Ele deslizou um de seus dedos em seu canal sedoso e úmido, e este apertou seu dedo, fazendo seu pênis pulsar com necessidade, sua semente vazando da ponta. Ele iria derramar-se a qualquer momento, como um maldito colegial em sua primeira tentativa.

Não que isso importasse. Ele não a tomaria hoje e ela não saberia.

Não que ele planejasse deixá-la ir também. Agora que ele tinha dado uma mordida em seu fruto proibido, não deixaria outro homem prová-lo. Ela era sua agora. Isso estava muito claro.

Beijando uma trilha em seu peito e estômago, ele desejou ter removido sua camisa, mas estava muito impaciente para fazê-lo agora. Ele queria provar o néctar entre as pernas dela e estava ficando frenético.

Ela bagunçou seu cabelo, coçando seu couro cabeludo enquanto arqueava seu corpo contra sua boca. Sabia que tocá-la seria assim. Ela ficava cheia de saliva e vinagre quando discutiam. Ele sabia que essas tendências eram o sinal de uma mulher apaixonada. Grace não a desapontou.

Ele beijou o suave triângulo de cachos, os quadris dela ondulando e ele quis rosnar de satisfação. Alcançando com a língua, ele tomou um pequeno gole, apenas uma amostra de seu sabor e necessidade balançando através dele. Ela era deliciosa e tão linda que seus dentes doíam.

— Por favor, — ela implorou, cravando as unhas com tanta força em seu couro cabeludo, que ele tinha certeza de que ela deixaria marcas. Ele gostou, e tinha toda a intenção de provocá-la um pouco mais.

— Você quer mais? — Ele deu outra pequena lambida, seus músculos tensos com o esforço de se conter.

Ela arqueou novamente, parecendo uma deusa.

— Sim, — ela sussurrou puxando seu cabelo escuro.

De novo, outro pequeno toque de sua língua. Ela convulsionou sob a provocação.

— Você vai implorar? — Ele perguntou.

Por um momento ela se acalmou, seus dedos afrouxando em seu cabelo e ele praguejou baixinho. Se ele a tivesse assustado, nunca se perdoaria. Acontece que ele estava começando a gostar de suas trocas, mas talvez fosse muito cedo para colocá-los na cama.

Mas então, Grace fez algo que ele não esperava. De repente, suas coxas se apertaram ao redor de sua cabeça, sua panturrilha enganchando seu pescoço e empurrando seu rosto para mais perto.

— Não implorar, — ela respondeu, apertando-o com mais força. — Exigir.

Ele sorriu, maldita seja aquela diabinha e sua personalidade vivaz. Ele teve que confessar que amou.

— Sim, minha rainha, — ele rugiu contra sua coxa e então a lambeu completamente, achatando sua língua contra sua doce carne.

Ela gemeu e sacudiu os quadris, mas ele não diminuiu a pressão, ao invés disso, segurou seus quadris com as mãos e investiu mais forte. Suas coxas tremiam em torno de suas orelhas enquanto ela girava a cabeça para frente e para trás.

Ela explodiu contra ele, gemendo seu nome em um grito alto que o encheu de satisfação quando sua própria semente se espalhou. Eles nem mesmo estiveram juntos, não totalmente, e ainda assim esta era a melhor experiência de sua vida.

Escalando seu corpo, ele se deitou ao lado dela.

— Grace, — sussurrou, afastando o cabelo de seu rosto. Ele poderia pentear o cabelo dela assim por horas.

Um sorriso sonolento e satisfeito se espalhou por seus lábios enquanto ela se enrolava ao lado dele.

— Sim?

— Você realmente é uma rainha. — Minha rainha, ele pensou.

Ela não abriu os olhos, mas o sorriso diminuiu.

— É por que você acha que eu sou mimada?

Ele se manteve afastando o cabelo de seu rosto.

— Oh, você é. Não há dúvidas. Mas estava me referindo ao fato de que você poderia me transformar em seu escravo voluntário.

Seus olhos se abriram então, um de seus braços pálidos alcançando seu pescoço.

— E se eu exigisse, como sua rainha, que você me beijasse assim de novo?

Ele arrastou a mão pelas costas dela.

— O que minha rainha deseja, ela consegue.

 

 

Capítulo Dez


Grace acordou assim que o sol nasceu na manhã seguinte. Ela não estava encostada em Ben, mas seu calor ainda persistia, tornando-a quente e aconchegante. Erguendo a cabeça, ela o viu parado perto da janela.

— Bom dia, — ela murmurou, se enterrando mais profundamente sob as cobertas.

— Bom dia, — disse ele voltando-se para a cama. — Espero não ter acordado você.

— Nem um pouco, — ela respondeu, afastando a cortina de cabelo que havia caído em seu rosto.

Ele cruzou o quarto e se sentou na cama ao lado dela, penteando os fios para trás com os dedos.

— Eu encontrei um pente para você. Está na mesa.

Ela assentiu.

— Eu vi ontem à noite. Vou fazer um bom uso disso esta manhã.

Ele fez uma careta, apenas uma dica, antes de esconder sua expressão novamente.

— Provavelmente é uma boa ideia. Você precisa estar apresentável.

— Apresentável? Por quê? Por que vou voltar para casa hoje? Fui sequestrada, eles provavelmente entenderão minha aparência desgrenhada. — Ela rolou de bruços, com as mãos sob a cabeça. A ideia de ir para casa a encheu de certo pavor. Ela gostava de estar com Ben. Mais do que gostava, adorava estar contra ele e não queria todas aquelas pessoas, ou seja, sua família, entre eles.

Ele continuou a pentear seu cabelo, seus dedos simultaneamente acariciando suas costas.

— Bem, você está voltando para Londres hoje, mas... — ele fez uma pausa. — Esta manhã ouvi uma voz familiar no corredor. Me acordou de um sono profundo.

Ela franziu as sobrancelhas enquanto olhava para ele.

— Ouviu uma voz? Quem?

— Daring, — ele disse. — Ele está aqui. E assim como Exile e Jack.

Ela rolou para trás, os cobertores foram puxados para baixo até a cintura. Seus seios estavam expostos, mas de alguma forma, ela perdeu qualquer timidez com este homem. Seus olhos a devoraram enquanto ela estava deitada ali. Sua língua saiu para molhar os lábios. Ela não queria que seu tempo com Ben acabasse.

— Tem certeza de que não estava sonhando que os ouviu? Você estava dormindo.

Ben traçou sua clavícula, em seguida, desceu mais sobre seu seio. Seu corpo começou a apertar em resposta.

— Receio que não, amor. Mesmo depois de acordar, continuei a ouvi-los. Eles estão aqui e estão procurando por nós.

Ela se sentou então, e ele a puxou para seus braços.

— Por quê? Estou perfeitamente segura com você. Você vai me levar de volta e...

— Não tive muito tempo para escrever um bilhete para eles. Foi bastante breve. Eles podem estar preocupados que Abernath ou Crusher ainda esteja nos perseguindo ou, talvez, apenas queiram proteger sua reputação voltando juntos. Se ninguém descobrir que você se foi, talvez você não precise se casar comigo.

Suas entranhas se apertaram e ela se afastou.

— Mas pensei que já tínhamos concordado em nos casar. Eu dormi na sua cama. Eu tenho...

Ele segurou as bochechas dela em suas mãos.

— Eu não tomei sua virgindade. Você pode ir para um casamento com pureza suficiente.

Sua respiração de ficou suspensa e encheu seu peito, fazendo-o doer. Ela olhou-o, tentando falar, mas sua voz não funcionava. Eles decidiram se casar. Como ele poderia dizer isso agora? Seu estômago embrulhou. Era porque não a queria. Ela era a garota Chase mimada e vaidosa, e agora que ele tinha feito o que queria com ela, estava acabado. Os homens a achavam bonita, mas ninguém realmente a queria para o casamento. Por que ele seria diferente?

— Você me entregaria a outro homem?

Seu rosto se contraiu como se ele estivesse com dor, mas então ele se endireitou.

— Eu só estou lhe dando escolhas.

Ela tinha ouvido o suficiente. Arrancando o rosto de suas mãos, ela correu ao redor dele e se levantou. Completamente nua, ela olhou para ele com as mãos nos quadris.

— Você quer dizer que não quer ficar preso a mim.

— Não foi isso que eu disse. Eu não quero que você fique presa a mim. — Ele também se levantou e estendeu a mão para ela, mas ela recuou.

— Não me toque, — ela assobiou. — Nunca me toque novamente. — Ela girou, então fugiu do quarto para o seu próprio. Foi só depois que ela fechou a porta entre eles que percebeu que a maioria de suas roupas ainda estava no quarto dele. Não sabendo mais o que fazer, ela se escondeu na cama fria, o fogo havia se apagado horas antes e puxou as cobertas sobre sua cabeça. Então, as lágrimas começaram. Ele prometeu se casar com ela e estava voltando com sua palavra. Deveria ter pensado melhor antes de se entregar a um libertino.

Grace deveria ter pensado melhor antes de acreditar em sua palavra. Sua mãe não a advertira de que sua virtude era seu maior patrimônio? É claro que sabia que suas irmãs e primas haviam quebrado essa regra, mas ela não era elas. Os homens as adoravam, as achavam profundas, interessantes, fortes. Ela soluçou. Pelo menos ela ainda tinha sua virgindade e se sua família estivesse aqui, sua reputação poderia permanecer intacta.

Todo mundo estava sempre dizendo a ela para ser mais gentil, mais atenciosa, menos egoísta. Talvez essa fosse a lição de que ela precisava. Seria uma pessoa melhor e encontraria um homem que amasse esta mulher. Tirando as cobertas de seu corpo, ela se levantou no quarto gelado, enrolando um cobertor sobre si mesma e cruzou de volta para a porta de comunicação.

Ela abriu a porta para encontrar Ben exatamente onde o havia deixado, o rosto entre as mãos. Ele ergueu os olhos quando a porta se abriu, e só então ela percebeu que deveria ter olhado para o rosto primeiro. Provavelmente estava vermelho e inchado.

— Eu esqueci minhas roupas.

Ele se levantou e começou a recolher as roupas.

— Seu quarto deve estar congelando. Eu posso sentir a corrente de ar daqui.

— Não importa, — ela respondeu, endireitando-se. Ela não conseguia olhar nos olhos dele. — Não se preocupe comigo.

Ele parou na frente dela e entregou-lhe a trouxa de roupas.

— Enquanto eu viver, vou me preocupar com você, Lady Grace. — Então, ele gentilmente a moveu e entrou em seu quarto. — Deixe-me acender o fogo. Você começa a se vestir aqui.

Ela agarrou o cobertor com mais força. Ele se preocuparia com ela enquanto vivesse? O que isso significa?

Bad sabia que a tinha aborrecido, mas não tinha certeza do que tinha feito de errado. Bem, isso era parcialmente verdade. Ele tinha lidado com mulheres antes. Criaturas emocionais a maioria delas. Ele provavelmente machucou seus sentimentos, mas fez isso para o bem dela.

Ela poderia e deveria ter qualquer homem que quisesse. Ele cutucou o fogo, pegando algumas brasas para acender a lenha nova que ele colocou nas brasas. Por que ela teria que se contentar com um homem bárbaro com cicatrizes e socialmente inepto?

Puxou o atiçador, percebendo que estava cutucando a madeira. Memórias da noite anterior inundaram seus pensamentos. Tinha adorado cada parte de seu corpo enquanto ela florescia debaixo dele. Ele pode nunca ser capaz de tocar outra mulher novamente. Ela tinha um gosto mais doce, parecia mais suave. Inferno, ela até gemeu no tom exato que fez seus sentidos cambalearem. E então, houve momentos em que eles não estavam na cama. Ainda hoje, ela o desafiou, o empurrou para ser um homem melhor. E gostava disso nela. Ela estava devagar, mas seguramente tirando o melhor dele.

Seu espartilho estava sobre a mesa e ele pegou a roupa, determinado a acertar as coisas com Grace.

Caminhando para a porta de comunicação, ele bateu suavemente.

— Grace, estou com seu espartilho.

A porta se abriu e uma mão se estendeu. Seus longos dedos delgados abriram e fecharam indicando para ele passar a roupa. Ele se abaixou e beijou as costas dos dedos dela.

— Não, — ela mordeu fora.

Ele pegou a mão dela e abriu-a lentamente de novo para que pudesse beijar sua palma.

— Acho que você me entendeu mal antes.

— Eu não. Você disse que se casaria comigo e retirou sua oferta.

— Não, não foi isso que eu disse. — Ele estendeu a mão para a porta e abriu um pouco mais. Grace agora estava em sua camisa e ele tentou não franzir a testa em decepção. Nenhuma mulher tinha ficado tão bem nua. — O que eu disse foi que se você quisesse escolher outra pessoa, ainda podia. Não disse que não me casaria com você. Estou te dando uma escolha. Isso é tudo.

O silêncio encontrou suas palavras, mas a mão dela ficou mole na dele.

— Você disse isso, não disse?

— Não sou a escolha provável para sua mão, amor. — Ele levou a palma da mão dela aos lábios novamente. — Pense nisso antes de decidir.

Ela se aproximou dele, inclinando a cabeça na direção da dele.

— Você vai me ajudar a me vestir?

— Claro, — ele respondeu. Verdade seja dita, ele queria tirar as roupas dela e colocá-la de volta na cama.

Ajudá-la a vestir as roupas e depois vê-la pentear o cabelo era uma forma de tortura adorável. Mas quando ela estava pronta, ele estendeu o cotovelo para levá-la para o café da manhã. Era hora de reuni-la com sua família.

Seu peito apertou quando forçou seus pés a se moverem. Queria mantê-la só para si.

 


Capítulo Onze


Eles entraram na sala comunal e Grace olhou ao redor. Ela meio que esperava que vários membros de sua família estivessem sentados em uma fileira esperando por ela.

Mas apenas alguns convidados perdidos estavam sentados, bebendo chá e comendo biscoitos.

— O que deveríamos fazer?

Bad deu a ela um olhar de soslaio.

— Comer nosso café da manhã.

Ela apertou o braço dele.

— Você não acha que os perdemos, acha?

Ele balançou sua cabeça.

— Eu os ouvi no que parecia ser o meio da noite. Meu palpite é que eles ainda estão na cama. — Então, ele fez uma pausa. — Quando os encontrarmos, talvez você não deva dizer que já sabíamos que eles estavam aqui. Isso pode levar a perguntas.

Grace apertou os lábios. Esse era um ponto excelente. Ele a acompanhou até uma mesa vazia onde um bule de chá estava colocado no meio.

— E se eles não acordarem por horas? Continuamos para Londres como se não soubéssemos que eles estavam aqui? — Ela perguntou enquanto se sentava. Ela conseguiu manter a nota de esperança fora de sua voz?

— Eles estão procurando por você. Duvido que demore muito mais. — Ele coçou o queixo.

Ela bateu na mesa.

— Por que não encontramos Vice e Ada? Você disse que eles estavam seguindo você em meu resgate.

Seus olhos se arregalaram.

— Essa é uma excelente pergunta. Temos estado tão ocupados que me esqueci completamente deles.

Eles estiveram ocupados. Um rubor infundiu suas bochechas. E esta noite, quer eles chegassem a Londres ou estivessem apenas viajando com sua família, eles teriam que dormir separados. Ela engoliu um caroço.

Não era apenas o medo. Embora isso decididamente fosse um fator. Era também a sensação dele. Seus músculos, seu calor, a maneira como ele a fazia se sentir por dentro. Ela não queria ficar sem ele.

— Você acha que chegaremos a Londres hoje?

Ele encolheu os ombros.

— Provavelmente.

Ela tomou um grande gole de chá e, com cuidado, pousou a xícara.

— Onde você mora na cidade?

Ele inclinou a cabeça para o lado.

— Na Bradbury Street. Por quê?

Seus ombros caíram. Ela não sabia disso.

— Onde fica isso? — Ela queria saber no caso... bem, no caso de simplesmente não poder ficar sem ele.

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Você sabe que não pode vir perambulando para a minha casa.

— Eu posso, se estivermos noivos, — ela fungou. — O que nós somos.

Ele recostou-se na cadeira.

— É a sua escolha. Eu te falei isso. Mas não faça isso apressadamente. Não quero que o medo seja a razão de você me escolher.

Ela franziu o cenho. Isso era compreensível. Mas sabia que não era por isso.

— Tenho medo, mas é mais do que isso.

— Bem, eu os achei, — uma voz masculina ressoou da porta. — Nós encontramos você afinal. — Lorde Darlington atravessou a sala.

— Grace, — sua prima, Minnie, guinchou atrás dele. — Graças a Deus você está bem!

Grace se levantou e abraçou Minnie. Uma mistura de prazer e pesar agrediu seus sentidos. Enquanto ela estava tão feliz por se reunir com sua família, ela sentiria falta de seu tempo sozinha com Ben.

— Estou. Graças a Lorde Baderness. Ele encenou um resgate muito ousado.

— E Abernath? — Darlington perguntou.

Ben desviou o olhar.

— Morta, acredito.

Darlington deu um aceno rápido.

— Não sei se devo ficar feliz ou triste.

Grace balançou a cabeça.

— Ela estava doente do corpo e da mente. Eu já vi isso antes. Sífilis marcada em suas mãos.

Minnie estremeceu, abraçando Grace novamente.

— Pobrezinha.

Darlington colocou o braço em volta da esposa.

— E o Crusher?

— Também, morto. — Ben se aproximou e sua mão pousou nas costas de Grace.

Daring olhou para os dois, sem perder nada.

— Você viu tudo isso acontecer?

Ela deu um aceno hesitante e o rosto de Daring estremeceu de arrependimento. Ben a soltou e se inclinou para Daring.

— Ela está tendo problemas para dormir.

Isso não era verdade. Ela teria problemas para dormir, exceto que um certo homem a manteve envolta em seus braços.

— Vou ficar bem.

— Grace, — Diana chamou da porta correndo em direção ao grupo. — Obrigada a Deus. — Ela jogou os braços em volta de Grace, que quase caiu para trás, mas Ben a segurou, apoiando a ambos.

Diana desenrolou os braços do pescoço de Grace e olhou para Ben.

— Você é bastante familiar.

O calor encheu suas bochechas com a verdade nas palavras de Diana. Diana sempre falava o que pensava e com seu cabelo escuro e sua beleza escultural, as pessoas geralmente ouviam. Mas Grace alcançou as mãos de sua irmã.

— Eu me incomodei muito no que diz respeito a Lorde Baderness, — disse ela. — Tenho estado um pouco nervosa e ele tem sido muito paciente com as minhas necessidades.

Diana franziu a testa.

— Ele não se aproveitou?

Grace balançou a cabeça, sem ousar olhar para Ben.

— Ele tem sido um perfeito cavalheiro.

Os ombros de Diana relaxaram.

— E Abernath?

Grace se encolheu. Ela não tinha mentido para a condessa. Diana sentiu uma certa afinidade com a mulher.

— Ela morreu, mas não se preocupe. Ela estava doente e aliviada por sua morte acabar tão rápida e sem dor.

Diana olhou para sua irmã.

— Grace. Você está bem?

Grace piscou. O que isso significa?

— Claro que estou. Não pareço bem?

— Sim. Muito razoável. O que não é... realmente... você.

Bad apertou os lábios para não rir alto. Diana tinha um jeito de dar ênfase às coisas.

Quando pensou sobre isso, não era diferente dos modos de Grace e ele gostou bastante.

Grace, no entanto, pareceu menos divertida com o comentário de Diana.

— Oh, por favor, — disse ela. — Só porque você é casada não significa que você pode sair por aí dizendo a outras pessoas como se comportar.

Lady Winthrop apareceu na porta.

— Parece que minha filha foi encontrada e está ilesa. Ela já está colocando sua irmã mais velha em seu lugar.

Grace deu um gemido suave.

Ele se abaixou.

— Você está bem?

Seus lábios franziram.

— Prefiro enfrentar Abernath novamente.

— E você foi resgatada por um belo lorde. Diga-me filha, há outro casamento em nosso futuro?

— Mãe, — disse Grace. — Sim, estou ferida. Um pouco abalada ainda, mas conseguindo lidar com o susto. Obrigada por perguntar.

Ben quase engasgou-se com o esforço de suprimir sua risada. Ele estava começando a entender Grace sob uma luz totalmente nova. Ela vinha de uma família de mulheres francas que também eram todas extraordinariamente bonitas.

— Sim, sim — respondeu sua mãe enquanto Lorde Winthrop seguia logo atrás de sua esposa. — Mas, ainda. As circunstâncias...

Grace bufou.

— Lorde Baderness não deveria ser sobrecarregado por mim simplesmente porque foi gentil o suficiente para me resgatar.

Seu pai pigarreou.

— Essa decisão será minha, não sua. Baderness, gostaria de uma palavra.

Ele se endireitou, tentando não fazer uma careta. O que o homem iria dizer? Aquele Bad não era adequado para ser o tapete sob os chinelos de sua filha? Ele pode ter razão, mas doeria ouvir isso.

— Claro, meu lorde.

O homem se virou e Bad o seguiu. Mas ele não deu um único passo antes de uma mão puxar seu braço. Ele olhou para trás para ver Grace, seus olhos azuis olhando para ele.

— Não deixe que ele o empurre.

Ele engoliu um pedaço de emoção.

— Não vou deixá-lo empurrar-me para você, — respondeu ele, e em seguida, continuou a andar. Tão estranho, ele viveu sua vida inteira sozinho. Pelo menos o que lembrava. Supôs que teve pais quando era muito jovem, só não se lembrava deles. Depois de todo esse tempo, odiava ficar longe de Grace.

Lorde Winthrop conduziu-o a uma sala de jantar privada e girou abruptamente nos calcanhares.

— Você sabe o que eu desejo discutir?

Bad engoliu o nó na garganta.

— Eu tenho uma ideia.

Winthrop se aproximou.

— Escute, filho. O casamento não tem que mudar quem você é.

Bad franziu a testa.

— Como?

O pai dela mudou.

— Se é de dinheiro que você precisa, poupei três de minhas quatro filhas da participação na sociedade. Tenho extra.

— Extra? — Ele esfregou o rosto, tentando seguir o fio da conversa. — Você não está chateado comigo por estar sozinho com sua filha?

Foi a vez de Winthrop parecer confuso.

— Chateado? Você salvou a vida dela. Rapidamente também. Mas sua reputação está em risco. — Ele colocou a mão no ombro de Bad. — Sei que você entrou no Baronato inesperadamente. Grace seria uma excelente combinação para você. Nossas linhagens são impecáveis e nossa posição social excelente. E você deve ter notado que ela é adorável. Ela vai fazer lindos bebês para vocês.

O estômago de Ben se revirou e ele quase tombou. Um bebê. Seu bebê. Ele imaginou Grace redonda com seu filho e seu coração quase parou no peito.

— Ela iria. — Sua voz estava rouca e ele mal encontrou ar para empurrá-los.

Seu pai acenou com a cabeça ansiosamente.

— Você a estaria ajudando. E em troca, nós o ajudaremos.

Bad pigarreou, tentando acalmar seu corpo.

— Eu concordo com tudo que você disse.

— Bom. — Ele deu um tapa no braço de Bad. — Está combinado.

Mas Bad levantou a outra mão.

— Não é comigo que estou preocupado. É com Grace. Como você disse, não fui feito para o título. Não fui criado para isso. — Isso foi um eufemismo.

Seu pai encolheu os ombros.

— Você tem um agora. E uma mulher como minha filha ajudaria em seu sucesso.

Winthrop provavelmente estava certo.

— Você não acha que Grace poderia ter um duque ou um marquês? Você realmente quer que ela se conforme com um barão?

O homem semicerrou os olhos.

— Tornar-se baronesa é muito superior a ser solteirona.

Bad assentiu.

— Concordo. E não vou deixar isso acontecer com ela, mas eu queria dar a ela uma escolha de marido antes que ela me escolhesse.

Seu pai franziu a testa.

— Não vou pagar por uma temporada, sabendo que um segredo como esse poderia arruiná-la a qualquer momento. — O homem ficou mais reto, ainda mais alto e razoavelmente largo.

Bad disse uma prece silenciosa para que Winthrop não estivesse planejando violência, levantando as mãos.

— Não queria ter que começar seu relacionamento assim, mas forçarei a questão se for preciso, — disse o pai.

Bad franziu a testa.

— Eu já informei a Grace que vou me casar com ela.

O homem relaxou instantaneamente, sorrindo para Bad.

— Bom. Perfeito. Então, não há necessidade de continuar esta conversa.

— Discordo, — Bad respondeu. — Pegue todo o dinheiro extra que você ia me dar, e use para Grace participar da temporada deste ano. Se em algum momento as pessoas acreditarem que ela está arruinada, nós nos casaremos. Mas, dê a ela uma chance de encontrar alguém melhor.

Seu coração quebrou em seu peito. Parte dele queria retirar todas aquelas palavras, concordar com o plano de seu pai e se casar com Grace o mais cedo possível. Ela poderia ser dele.

Como um raio, seus sentimentos penetraram em sua mente. Estava apaixonado por ela. Tinha visto seus amigos caírem um por um e ainda não havia reconhecido os sintomas. Sua incapacidade de ficar sem ela, a maneira como cada parte dela era atraente.

Seu pai grunhiu.

— Você está disposto a ficar para segundo plano?

— Para ela? Sim. — Seu coração gaguejou novamente. Entre as batidas, gritou que ele estava cometendo um erro terrível.

— Não tenho certeza se posso suportar isso, mas vou pensar nisso por um dia.

Ele acenou com a cabeça, ignorando sua própria dor. Isso era para ela.

 

 

Capítulo Doze


Grace olhou para a porta pelo que deve ter sido a décima vez nos últimos três minutos. Estava cercada por pessoas que a amavam e iriam protegê-la de qualquer maneira, mas não se sentia bem sem Ben.

O que apenas reafirmou o que ela já sabia. Seu apego a ele era muito mais do que segurança.

Não que ela não soubesse disso, mas ainda assim, toda vez que ele estava fora, reafirmava seus sentimentos.

Ela tomou outro gole de chá, seus olhos deslizando para a porta novamente.

— Grace — Emily gorjeou à sua direita, tendo se juntado ao grupo alguns momentos antes. — Você quer andar em nossa carruagem? — Sua irmã mais velha baixou a voz. — Todos nós sabemos como a mãe vai ser.

Seu coração começou a bater descontroladamente. Ela ficaria separada de Ben o dia inteiro também? Por que não pensou nisso?

— Eu posso sentar-me com Lorde Baderness. Odiaria deixá-lo com a carruagem de Crusher.

— Não seja boba, — respondeu a mãe. — Você não pode ir com ele, querida.

Grace cerrou o punho sob a mesa. Ela esteve sozinha com ele por quase dois dias. Estava na ponta da língua dizer que eles estavam noivos. Mas uma vez que fizesse isso...

Ela não se continha por causa disso. Ela se casaria feliz com ele amanhã. Grace conteve suas palavras por ele.

— Mãe, — ela colocou sua xícara na mesa, olhando por cima do ombro de sua mãe, com cuidado para não olhar nos olhos dela. — Posso nunca mais fazer essa pergunta. — Ela engoliu em seco, seu interior se agitando. — Mas como eu poderia me aprimorar? Ser uma pessoa melhor.

Diana respirou fundo, enquanto Emily deixava cair a colher no chá, fazendo com que espirrasse. Sua mãe ficou olhando por um momento antes de pegar sua mão.

— Já que você perguntou, eu...

— Não, — Minnie interrompeu a tia antes que ela pudesse começar. — Grace, por que você está perguntando isso?

O calor corou suas bochechas enquanto torcia as mãos.

— Às vezes, gostaria de ser mais como Cordélia, Diana ou você, Minnie. — Seu único talento conhecido era a beleza, enquanto Cordélia era tão inteligente e Minnie terrivelmente corajosa e forte. O que eles disseram sobre ela? Mimada.

Minnie franziu a testa, suas sobrancelhas se juntando.

— Todo mundo vê o melhor dos outros e deseja ser mais parecido com essas pessoas. — Minnie se aproximou. — Mas você é maravilhosa, Grace.

Grace balançou a cabeça.

— Sei o que todas vocês pensam. Eu ajo de forma egoísta, falo sem pensar, eu...

— Grace, — Diana acalmou, sua voz suave e gentil. — Eu falo sem pensar. Você fala com precisão pontual.

Grace balançou a cabeça.

— Não sou ousada.

Emily agarrou a mão dela.

— Mas você é forte. Veja como você está resistindo a toda essa insanidade. O que a faz pensar que precisa mudar?

Ela respirou fundo.

— Ele está atraído por mim, mas não gosta de mim. — Ela olhou para seu colo.

Ninguém falou, o silêncio se estendeu entre eles até que finalmente Diana pigarreou.

— Não tenho ideia se isso é verdade ou não, mas posso dizer que o homem certo para você gostará de você exatamente como você é. Não mude para o benefício dele. Isso não vai te deixar feliz.

Grace não ergueu os olhos.

— Mas eu gosto dele. Na verdade... — Ela se atreveu a dizer as palavras em voz alta?

— Na verdade, o quê? — Minnie chegou mais perto.

— Acho que o amo. — Grace mordiscou o lábio.

Diana pigarreou novamente.

— É possível que você esteja apenas grata por seu resgate?

Ela balançou a cabeça.

— Acho que não. Senti isso antes mesmo do sequestro. Essa necessidade crescente de estar perto dele o tempo todo.

Minnie ergueu as sobrancelhas.

— Mas vocês dois discutiam constantemente.

Grace encolheu os ombros, finalmente erguendo os olhos do colo.

— Havia essa energia entre nós e eu não sabia o que fazer com ela, então eu apenas o provocava. Eu...

Emily agarrou a mão dela.

— O céu nos ajude, você está apaixonada.

— O que você acha que ele e papai estão discutindo? — Grace perguntou enquanto as outras mulheres se mexiam.

— Seu casamento, é claro, — respondeu a mãe. — Ele esteve sozinho com você.

Grace respirou fundo.

— Então, não tenho escolha a não ser mudar. Eu o amo, vamos nos casar. Não posso suportar ter esses sentimentos e não ser recíproco. — Ela respirou fundo. — Ele diz que quer que eu tenha opções, mas tem tentado sair da nossa ligação. O que mais devo pensar?

Sua família ficou em silêncio. Não havia nada a dizer. Ela estava terrivelmente correta.

Bad voltou para a sala comunal para encontrar as mulheres amontoadas, as cabeças inclinadas, mas ninguém disse uma palavra. Mulheres silenciosas eram a pior espécie porque não era natural e, portanto, significava que algo estava muito errado.

E agora, sabia qual era o problema: ele.

Ela contou a elas o que ele fez na noite passada? Ou ela havia compartilhado seu passado? De como ele era um ex-pobre órfão tentando levar uma lady para a cama.

Suas entranhas se apertaram e ele soltou um gemido suave. Os olhos de Grace agarraram-se aos dele e ela se levantou tão rapidamente que sua cadeira caiu para trás no chão.

O barulho fez as outras mulheres pularem, e Grace gritar com os olhos arregalados. Ele estava ao lado dela em um instante, endireitando a cadeira.

— Não há motivo para preocupação, — disse ele, em voz baixa que pretendia acalmar.

— Estávamos discutindo em qual carruagem eu deveria voltar para Londres, a de minha mãe ou a de Jack e Emily. Eu... — Ela olhou para ele, seu lábio tremendo.

— Ainda não podemos voltar para Londres, — interrompeu Diana. — Precisamos pegar o corpo de Lady Abernath.

— Como, — Lady Winthrop inseriu. — Nós não precisamos.

Diana ergueu a mão.

— Ouçam. Vamos dizer que todos viemos aqui por causa do que Crusher fez a Abernath. Então, vamos dar a ela um enterro adequado. Não apenas nos serve, mas também ajuda Harry. E... — e Diana fez uma pausa. — A mulher estava doente e era uma vítima à sua maneira. Ela não merece a sepultura de um delinquente.

Grace se aproximou de Ben. Este plano não apenas atrasou seu retorno a Londres, mas deu a ela mais tempo com ele.

— Eu concordo. É um plano sólido.

Lady Winthrop se levantou.

— Você não pode estar falando sério. A mulher sequestrou duas das minhas filhas e não tenho a menor ideia do porquê. Sente pena dela? E por que sua irmã Cordélia está criando o filho dela? Quero respostas.

Grace deu outro passo parcial em direção a ele, seu ombro roçando seu peito. O que quer que tenha deixado as mulheres caladas, elas haviam superado agora e ele percebeu que gostaria do silêncio de volta porque essas perguntas iriam esmagá-lo.

Ele acariciou suas costas com os dedos, tentando dar a Grace o conforto que ela desejava. Minnie e Diana ficaram olhando e ele puxou os dedos. Elas eram duas das mulheres mais intimidadoras que ele conhecia. Juntas, poderiam muito bem engoli-lo inteiro.

— Lady Winthrop. — Daring se aproximou da mesa. — Acho melhor eu explicar. Mas, primeiro, gostaria de falar com meu amigo, se me permitir. — Então, ele olhou para Bad.

Bad soltou um suspiro audível. De novo?

— É claro, — ele respondeu, seus dedos tocando as costas de Grace mais uma vez. Ela encostou-se mais perto.

— Lady Winthrop, Grace pode nos acompanhar também? Iremos apenas para a outra sala.

A mãe de Grace acenou com a mão.

— Certamente. Por que qualquer um de nós deveria fazer cerimônia ou seguir uma única regra social? Eu criei vocês meninas corretamente. O que aconteceu?

Daring deu uma piscadela para Lady Winthrop.

— Elas encontraram um bando de lordes escandalosos, minha senhora. Mas não tema. Elas fizeram um trabalho admirável em domar a todos nós. — Ele pigarreou. — E isso inclui Grace.

Grace balançou a cabeça.

— Oh não, eu não...

Daring ergueu a mão.

— Baderness, você vai ou não se casar com Grace?

Bad se endireitou, mas ele não tirou a mão de suas costas.

— Eu sou dela, se ela me quiser.

Uma onda de sussurros passou pelas mulheres.

Ele apertou a mão em sua cintura.

— Mas Grace merece uma temporada. Então, vou esperar para ter certeza de que sou sua primeira escolha.

Os sussurros se transformaram em um rugido.

— Uma temporada?

— Por que não se casar agora?

— E se você estiver arruinada? — A confusão de vozes de sua família estava alta demais para ouvir quem estava dizendo o quê.

Elas continuaram, e ele honestamente não sabia quem disse o quê.

Grace abriu a boca, elevando a mão ao peito dele. Mas antes que ela pudesse falar, Daring falou.

— Nesse caso. — Ele se virou para Lady Winthrop: — Eu já fui noivo de Lady Abernath. Ela ameaçou expor um antigo segredo e sequestrou as meninas como forma de me fazer confessar.

Lady Winthrop agarrou-se à mesa.

— Por que não soube sobre isso antes?

— Nós acabamos de descobrir, mãe. — Grace respondeu. — Ela me confessou na carruagem a caminho daqui.

— Qual é o segredo? Isso vai arruinar todos nós?

— Não. — Daring estendeu as mãos. — Não terá nenhuma consequência. A mulher estava ficando louca, perdendo suas faculdades mentais.

Bad sabia que não era totalmente verdade e que Grace estava protegendo-o, e a Daring e ao seu clube ao dizer isso. Queria puxá-la em seus braços. Queria dar-lhe tudo o que era seu para dar.

Daring deu um aceno rápido.

— Lorde Effington, Lorde Baderness e eu iremos recuperar o corpo. Lorde Exmouth vai levar o resto de vocês a Londres. Estaremos de volta amanhã ao meio-dia.

Grace estremeceu. Um tremor palpável que reverberou por ele.

— Prefiro viajar com as mulheres. Depois do que aconteceu, elas podem precisar de proteção, — disse Bad.

Daring ergueu as sobrancelhas, mas assentiu com a cabeça.

— É justo. Confio no seu julgamento.

Grace quase se derreteu em Bad. Ele fechou os olhos, sabendo que eles se casariam. Queria que ela tivesse uma temporada, era a melhor escolha para ela a longo prazo, mas agora, ela precisava muito dele e se arruinaria se agisse dessa forma na frente de alguém que não fosse sua família. Ele teria uma esposa adorável se ela fizesse isso, mas ela? Ele a segurou com mais força. Ele realmente queria o que era melhor para ela agora e no futuro.

 


Capítulo Treze


Grace batia o pé enquanto eles iam na carruagem. Ela sabia que Ben estava no banco com o cocheiro, a poucos metros de distância, mas ela queria estar ao lado dele.

— Grace, — Diana repreendeu. — Você mal ouviu uma palavra.

— Você não sabe disso, — respondeu ela, olhando pela janela.

— Não ligue para ela — Lady Winthrop acrescentou. — Ela está apaixonada e perdida em seus pensamentos.

Os lábios de Grace se apertaram. Ela admitiu as palavras em voz alta para que não pudesse negá-las, mas...

— Já te disse. É a possibilidade de não ter meus sentimentos retribuídos que me deixa nervosa.

Diana balançou a cabeça.

— Todas nós nos sentimos assim em algum momento. Tente entender, vocês dois são novos um para o outro e pode ser difícil admitir como se sentem porque não tem certeza se o outro vai rejeitá-lo. Você vai se conter e ele também. — Diana pegou sua mão. — Mas ele se preocupa com você tanto quanto você com ele. Está em cada movimento seu, a maneira como ele te toca, a expressão em seu rosto. — Ela apertou os dedos de Grace levemente. — Pare de se preocupar. E se você realmente quiser ouvi-lo dizer como se sente, diga-lhe primeiro.

Grace balançou a cabeça. Na verdade, não poderia ser tão simples, não é? Mas essas palavras ficaram com ela enquanto voltavam para Londres. Elas se reviravam em seus pensamentos quando chegaram a sua casa em Londres e passaram pelos portões de ferro.

Quando saiu da carruagem, sua casa parecia exatamente a mesma, mas tudo estava diferente. Ela fora sequestrada, salva e se apaixonou.

Voltando-se para a carruagem, ela observou Bad descer do assento, seus músculos flexionando com o movimento. Ela prendeu a respiração quando ele girou para encará-la, e então deu três passos para ficar ao seu lado. O dia esquentou bem e o sol brilhava no rosto dela.

Inclinando-se para perto dele, ela sussurrou:

— Encontre-me no portão à esquerda à meia-noite.

Seus olhos se arregalaram, mas ele sacudiu o queixo rapidamente.

— Vai ser frio esta noite. Se agasalhe.

Sua mãe se aproximou, e Grace deu um passo rápido para trás. Ela sentiu um pouco da tensão abrandar.

— Lorde Baderness, — sua mãe chamou. — Você não vai se juntar a nós para jantar?

— Eu ficaria encantado, — ele respondeu, pegando a mão de Grace e levando seus dedos enluvados aos lábios.

Grace sorriu para sua mãe. Pela primeira vez, seus objetivos se alinhavam. Sua mãe piscou de volta.

Depois de se despedir, Grace observou Ben e suas irmãs partirem. Voltando-se para a casa com seus pais, ela percebeu o quão vazio o espaço se tornou.

— O que você vai fazer quando todas nós partirmos? — Perguntou a sua mãe enquanto caminhava pela entrada.

Sua mãe deu um sorriso brilhante.

— Cada um dos maridos de suas irmãs tem uma residência em Londres. Espero ver este lugar cheio de crianças regularmente. E... — O sorriso de sua mãe se alargou. — Não terei que me preocupar tanto. Como avó, serei livre para amar apenas meus netos.

Grace inclinou a cabeça para o lado. Sua mãe a deixava quase louca às vezes, mas ela nunca havia considerado o quão difícil seria ser mãe de quatro filhas.

— Você fez um trabalho maravilhoso. Bem, acho que posso ser a exceção, mas todas as minhas irmãs se casaram bem.

Sua mãe balançou a cabeça.

— Olhe para você, minha Grace. Tornando-se uma mulher madura e pensativa. Você se sairá maravilhosamente bem. Não duvide disso.

Grace agradeceu à mãe e subiu as escadas para tomar banho e, talvez, tirar uma soneca. Um brilho rosado a preencheu enquanto ela considerava o quão pouco dormiu na noite anterior. Valeu a pena completamente.

Mergulhando em um longo banho, ela saiu da banheira e se permitiu secar, então colocou uma camisola para descansar antes do anoitecer. Seus olhos estavam pesados enquanto o sol da tarde entrava.

Grace não tinha certeza de quanto tempo havia passado, mas um sonho a acordou. Nele, estava sendo segurada por Crusher. Ben tentava salvá-la, mas se afastava cada vez mais. Ela lutou e puxou, tentando alcançá-lo, mas quanto mais ela tentava, menor ele ficava até desaparecer de vista.

Ela acordou em pânico, o sol tinha se ido e o quarto foi lançado em sombras cada vez mais escuras. Enxugando o suor da testa, ela se sentou. Tinha que encontrar uma maneira de dormir em seus braços esta noite. Não queria ficar sozinha.

Levantando-se da cama, puxou a corda para chamar uma criada para ajudá-la a se vestir. O sonho era sobre seu medo do sequestro, mas era mais do que isso. Estava desesperadamente com medo de perder Ben depois que ela apenas o encontrou. Diana estava certa. Era hora de dizer a ele como ela se sentia.

Uma hora e meia depois, ela estava no topo da escada em um de seus vestidos favoritos de seda azul. Ele descia pelos seus ombros e apertava logo abaixo de seu seio, destacando a ampla curva de seu busto. Ela puxou o cabelo para trás em uma touca macia na nuca, permitindo que alguns cachos artisticamente dançassem em seu pescoço e ombros.

Ela pressionou as mãos na barriga, esperando que parecesse bonita o suficiente para o que estava prestes a fazer.

Olhando para as escadas, ela viu Ben parado com Exile no saguão, no momento em que Daring e Effing cruzaram as portas.

— Está feito, — a voz de Daring estrondou escada acima. — Nós a trouxemos de volta a Londres e fizemos os preparativos para um funeral adequado.

Ben olhou para o amigo e não a viu no topo da escada, o que funcionou bem para ela. Isso deu-lhe um momento para absorver os detalhes de seu rosto, as linhas de seu corpo, sua própria resposta a visão dele. Ela alisou as saias enquanto descia as escadas.

— Bom, — Ben respondeu, ainda sem vê-la. — Fico feliz em saber que Harry estará protegido desse escândalo. Se fizemos uma coisa certa, isso fará com que o menino fique seguro.

Effing assentiu.

— Quando vendermos o clube, usaremos os lucros para financiar seu condado. Estamos todos financeiramente estáveis agora, não precisamos do dinheiro.

— Concordo, — Exile grunhiu. — Sin poderá supervisionar a transferência. Nesse ínterim, teremos que decidir sobre uma maneira de examinar discretamente possíveis compradores.

A testa de Grace franziu. Ben realmente queria vender o clube? Mas ela não precisava perguntar, pois Effing fez isso por ela.

— Bad, como você se sente sobre deixar o clube ir? Você passou mais tempo lá do que qualquer um de nós.

Ela parou, quase no final da escada enquanto seu coração disparava em seu peito. Não tinha certeza se queria ouvir sua resposta, na verdade seu estômago se agitou com os nervos, mas ela não conseguiu fazer sua voz funcionar para anunciar sua presença também.

— Eu não tenho muita escolha no assunto, — ele rugiu, seus olhos fixos no chão.

O que isso significa? A náusea fez sua cabeça girar e ela cobriu a boca com a mão. Se havia uma coisa que ela não queria fazer, era forçá-lo a um casamento que não queria.

— Eu discordo, — ela disse, anunciando sua presença. — Você tem todas as opções do mundo.

O medo fez o estômago de Bad cair. Ele não quis dizer as palavras do jeito que soaram. Não queria nada mais do que se casar com ela. O clube, no entanto, era parte de seu passado. Primeiro, todos os seus parceiros se casaram. Ele não queria administrar o lugar sem eles. Em segundo lugar, em algum lugar nos últimos meses ele superou o lugar.

Ele não queria mais passar seu tempo com homens bêbados e turbulentos. Ocorreu-lhe que, de certa forma, havia recriado seu passado no presente. Claro, ele tinha mais dinheiro, mas ainda assim, lidou com as facetas mais básicas da humanidade.

Ele tocou o anel tilintando em seu bolso. Tinha comprado esta manhã porque... bem, principalmente porque não conseguia parar de pensar nela. Mas também, Bad queria estar preparado. Se Grace estivesse arruinada, o casamento deles seria rápido para garantir que ela fosse protegida tanto quanto possível.

Ele bebeu da visão de Grace parada diante dele naquele vestido... Deus, ela fazia um homem ansiar por mais. Ela parecia tão adorável... suave, tentadora, deslumbrante... parada ali. E ela parecia... magoada.

— Grace. — Ele estendeu a mão para ela. — Eu só quis dizer que com todos os meus parceiros se aposentando...

Ela ergueu a mão, seus ombros se endireitando enquanto descia os últimos degraus. Os homens se separaram e ela entrou na frente dele.

— Está tudo bem. Você não tem que me acalmar. Eu preciso te contar uma coisa.

— O quê? — Seu peito apertou quando ele olhou para seu rosto determinado.

Essa doce língua rosa disparou para lamber seus lábios.

— Eu...

Ela respirou fundo, mais rosa se espalhando em suas bochechas. Ela era a perfeição.

— Eu te amo, — disse ela.

Sua boca abriu e sua respiração ficou presa na garganta.

— O quê?

Ela apertou as mãos contra o estômago.

— Eu te amo, e quero o que é melhor para você e...

— Grace. — Ele alcançou sua cintura. — Você não tem que dizer isso. — Ela queria sua proteção, e ele sabia disso mesmo que ela não quisesse.

Os homens ao redor dele deslocaram-se.

Ela colocou a mão em seu peito. Ele não tinha certeza se ela iria puxá-lo para mais perto ou afastá-lo.

— Não estou apenas dizendo isso. Esta tarde, adormeci e tive um pesadelo com Crusher.

Ele assentiu.

— Eu sei, amor. Você quer estar perto de mim porque está com medo. Mas seu medo desaparecerá e então você ficará presa a mim.

Ela balançou a cabeça, puxando-o para mais perto.

— Eu quero ficar com você. O que me deixou com medo no sonho é que você ficava cada vez mais longe de mim. Quanto mais eu tentava puxar você para mais perto, mais distância crescia entre nós. — Ela respirou fundo. — Eu te amo e por isso vou deixar você ir. — As palmas das mãos estendidas em sua jaqueta.

— Me deixar ir? — Ele apertou as mãos na cintura dela. Ela realmente o amava? Era apenas seu medo falando por ela? — Mas seu pai. Ele...

— Deixe-me preocupar com ele. — Ela deu um tapinha no peito dele com a palma da mão. — No entanto, você pode considerar deixar Londres por um tempo. — Ela mordeu o lábio. — Mas não vou te amarrar só porque você me salvou. Acho que nenhum de nós ficará feliz, então.

Seu coração estava disparado no peito.

— Por que você não seria feliz?

Seu olhar caiu para o chão.

— Eu te disse. Eu amo você. Não posso me casar com você sabendo como me sinto e sabendo que você não sente o mesmo. Que sou apenas uma obrigação para você.

As palavras se aglomeraram em sua boca, mas ficaram lá, não saindo. Ela o estava deixando ir porque o amava. Ela realmente se sentia assim ou era apenas sua proteção que ela desejava?

— Pelo amor de Deus, você a beijaria já? — Exile gemeu ao lado dele. — Você deixou a pobre garota na mão.

 


Capítulo Quatorze


Grace resistiu ao desejo de mordiscar o lábio enquanto a tensão crescia dentro dela. Ela agarrou sua camisa com mais força quando ele abriu a boca.

— Só para esclarecermos. Você acha que me ama?

Seus dedos afrouxaram em sua camisa e ela lhe deu um pequeno empurrão.

— Não, não foi isso que eu disse.

Ele balançou a cabeça, suas feições tensas.

— Grace. Amor. Eu sei que você sente um apego por mim agora, mas também sei que existem homens melhores por aí. — Aqueles que eram dignos de seu amor. Inferno, nem mesmo sua própria família o amara. Eles não se importaram o suficiente para tirá-lo das ruas. Por que Grace deveria ser diferente?

Ela deu um leve tapa no peito dele.

— Você não estava me ouvindo. Eu te disse. Não era de Crusher que eu estava com medo no meu sonho, estava perdendo você. — Então, ela bateu em seu peito novamente, desta vez com mais força. — Eu te amo apesar do fato de que você é irritantemente obstinado e não quer ver o que está bem na sua frente.

Os homens ao redor riram e alguém chamou.

— Ela tem você aí.

Ele sorriu também.

— Tente entender. Ninguém em toda a minha vida realmente me amou. Pelo menos não que eu me lembre. Mesmo se eu soubesse como, sempre presumi que ninguém nunca se importou porque não valia a pena cuidar de mim.

O coração de Grace rugiu em seus ouvidos. Seus comentários sobre ser um moleque de rua ecoaram em seus pensamentos. Todo esse tempo, pensou que não era boa o suficiente, mas ele se sentia assim também.

Ficando na ponta dos pés, ela tocou a ponta do nariz no dele, seus dedos deslizando pela gola de sua camisa até o pescoço exposto.

— Não é bom o suficiente? — Sua respiração ficou presa quando ela inclinou o queixo para olhar melhor em seus olhos. — Você é o melhor homem que já conheci em minha vida. Só posso esperar me tornar digna de seu afeto.

— Pelo amor de Deus — gemeu Darlington. — Você é um grande idiota.

A sombra de um sorriso ergueu os lábios de Ben.

— Tornar-se digna? — Então, ele se inclinou e beijou suavemente seus lábios. O toque tão gentil, ela doeu com a necessidade. — Você, minha adorável Grace, é minha rainha. Terei que me jogar aos seus pés diariamente e implorar que me ame.

Então, antes que ela pudesse responder e dizer-lhe que dificilmente seria necessário, ele a beijou novamente. Desta vez não foi gentil, desta vez a pressão de sua boca exigia paixão e ela atendeu à necessidade dele com a sua.

Ela se esqueceu dos homens ao seu redor, do fato de que seus pais poderiam chegar a qualquer momento, os detalhes do noivado ou a falta dele. Tudo o que podia sentir era ele e ela, e nunca queria que esse beijo acabasse.

Mas logo, ele ergueu a cabeça e colocou as mãos em seu rosto, sussurrando em seu ouvido.

— Ainda estamos nos encontrando no portão à meia-noite.

— Sim, — ela respondeu, embora não fosse realmente uma pergunta.

— E esta noite, vamos anunciar nossas intenções de nos casar. — Ele beijou sua bochecha, afastando uma mecha de seu cabelo.

Ela assentiu com a cabeça, alegria explodindo por dentro. Mas então, ele fez algo que ela não esperava. Caindo sobre um joelho, ele deslizou as mãos pelos braços dela, agarrando os dedos enluvados dela nos seus.

— Grace. — Sua voz se elevou, ecoando sobre a entrada.

Ela ouviu um suspiro de cima e olhou para cima para ver sua mãe e irmã paradas acima. Há quanto tempo elas estão lá?

— Sim? — Ela disse um pouco acima de um sussurro ofegante.

Ele apertou os dedos dela antes de deixá-los e ir para o bolso. Ele puxou uma pequena bolsa de seda de dentro do casaco e abriu o cordão. Derrubando a sacola, um anel caiu na palma de sua mão.

Ela ofegou quando a pedra azul pegou a luz das velas, cintilando na noite. Mas fechando o anel na palma da mão, ele começou a desabotoar a luva da mão esquerda dela.

— Você poderia, Lady Grace, me dar a honra de se tornar minha esposa? — Então, dedo por dedo, ele puxou a luva dela, expondo sua mão por baixo.

— Sim, — ela respondeu, lágrimas enchendo seus olhos.

Agarrando a safira brilhante cortada em forma de retângulo e incrustada com diamantes, ele deslizou a peça em seu dedo.

— Vamos verificar o tamanho em breve. — Ele fez uma careta ao avaliar. — Comprei hoje para um momento como este.

Ela balançou a cabeça, a boca aberta.

— Você me comprou um anel de noivado hoje?

— Bem, queria estar preparado.

Ela golpeou a mão dele com a sua agora anelada.

— Acabei de colocar meu coração em uma bandeja para você e todos os seus amigos verem, e você estava planejando propor de qualquer maneira?

Ele juntou as sobrancelhas.

— Eu já tinha proposto. Lembra-se?

— Mas... — ela começou.

— Grace, — Ben interrompeu. — Você sabe que eu amo nossas brincadeiras. Eu te amo desde o primeiro momento em que te vi e, à medida que te conheci, meus sentimentos só se fortaleceram. Comprei o anel porque queria estar preparado para o momento em que você possivelmente retribuiria meus sentimentos.

— Oh, — ela respondeu, o calor enchendo suas bochechas. Isso foi realmente adorável.

— Bem, eu estarei, — sua mãe falou de cima. — Minha filha vai se casar.

— Sim. — Grace não olhou para cima, mas em vez disso, olhou direto para Ben. — Eu vou.

Ben se recusou a soltar a mão dela. Mesmo enquanto a mãe dela e Emily a abraçavam, e mesmo quando o pai dela descia, radiante e dando um tapa no braço dele, dizia que precisavam conversar mais.

Grace era dele. Como o destino tinha se alinhado para lhe permitir uma esposa como ela, não tinha ideia, mas ele não pensou que a deixaria fora de sua vista por um momento até depois do casamento. Talvez nem mesmo por algum tempo após o abençoado evento.

Ele deveria ter usado a palavra amor também. Como Grace tinha usado. E como ela tinha dito. Ela ofereceu seu coração em uma bandeja. Ele apertou a mão dela como se isso fosse mantê-la ao seu lado.

— Vamos todos jantar, — disse sua mãe. — Nós temos muito o que discutir.

Bad deu de ombros, mantendo a mão de Grace na sua. Não lhe devolveu a luva. Ele gostou bastante de olhar para os dedos delicados dela entrelaçados nos dele enquanto o anel que acabara de lhe dar brilhava de volta para ele. Assim como uma rainha, ele pensou que poderia cobri-la com joias. Sua pele era a paleta perfeita para vê-las brilhar ao luar.

— Vamos precisar de um colar para combinar, — ele murmurou perto de seu ouvido.

Ela franziu a testa, olhando para ele.

— Você não terá mais o clube. Talvez as joias não sejam o melhor uso do dinheiro.

Ele ergueu as sobrancelhas. Ele se deu bem ao longo dos anos, construindo uma fortuna que os duques invejariam. Ele ficou com o clube porque lá sentia-se em casa muito depois de suas preocupações financeiras terem desaparecido.

— Eu nunca vou deixar você sem os meus cuidados, Grace. — Suas sobrancelhas se ergueram. — Mas a garota que insistiu em comprar fitas é a mesma que agora me adverte contra comprar suas lindas bugigangas?

Ela fungou, tentando conter um sorriso, mas não teve muito sucesso.

— Isso foi quando pensei que precisava de um marido. Agora eu tenho um.

Ele riu, então. Nunca se cansaria de sua inteligência. Na verdade, tinha certeza de que era parte do que o manteria entretido por anos.

— Bem, só para você saber, eu falei a verdade sobre cuidar de você como minha rainha. — Ele baixou a cabeça para dar um beijo suave no pescoço dela.

Ela virou a cabeça para esfregar a bochecha contra a dele.

— Eu posso pensar em algumas maneiras melhores para você me adorar.

Calor e desejo que estavam fervendo logo abaixo da superfície, rugiram dentro dele.

— Eu mal posso esperar.

— Grace, — Lady Winthrop chamou da frente do grupo. — Quando você acha que gostaria de realizar o casamento? Talvez daqui a um mês? Isso deve nos dar tempo para planejar adequadamente.

Ele parou e os dedos de Grace se apertaram nos dele.

— Um mês?

— Seis semanas, talvez? — Sua mãe perguntou. — Isso nos dará tempo para publicar os proclamas e...

Seu pai interrompeu.

— Eu prefiro mais cedo. Temos um escândalo em nossos calcanhares.

As entranhas de Bad relaxaram um pouco, seus ombros caíram.

Mas então, seu pai continuou.

— Talvez quinze dias?

Sua mãe estalou a língua.

— Uma das minhas filhas não pode ter um casamento decente? Não fui capaz de planejar nenhum, na verdade.

Grace balançou a cabeça quando Bad apertou a mão em sua cintura. Ele sabia que Grace preferiria passar as noites em sua cama, e ele tinha uma forte necessidade de mantê-la ao seu lado.

— Meu senhor, — ele começou. — Talvez algo ainda mais cedo. Não queremos...

— Não. — Sua mãe acenou com a mão. — Esta é minha última chance.

— Mãe, — Grace interrompeu. — Depois de tudo o que aconteceu, parece sensato ter um noivado rápido.

Sua mãe parou, colocando as mãos nos quadris. Ela parecia muito com Grace naquele momento.

— Quinze dias é ridiculamente rápido.

Grace fechou a boca com força, mas Ben notou a expressão alegre em sua mandíbula. Tinha visto aquele olhar antes e quando Grace o fazia, ela geralmente conseguia o que queria.

Daring voltou-se para ele então, depois de estar estranhamente quieto.

— Grace, — o duque rugiu. — Posso pegar seu noivo emprestado por um momento?

Grace franziu a testa, mas tirou a mão da dele.

— É claro. — Então, ela seguiu em frente, juntando-se à mãe, que começara a discutir igrejas e flores da primavera, e qual vestido mais se adequava à ocasião.

— O que é? — Bad perguntou, sua voz baixando. Ele não gostou muito da interrupção, e não se importou se Daring soubesse disso.

Daring parou, alcançando o braço de Bad.

— Tenho um navio partindo nas primeiras horas da manhã.

— O quê?

— Está indo para a Escócia. Tenho uma safra de cevada para entregar e caixas de uísque para pegar. Muito perto de Gretna Green, considerando todas as coisas.

Bad esfregou o queixo com a mão.

— Um navio, você disse? — Daring poderia ser seu novo melhor amigo em todo o mundo. — Partindo amanhã?

— Quatro dias ou mais, conforme a maré fluir. — Daring deu um tapa nas costas dele. — Se não me engano, Malice e Cordélia deveriam chegar à Escócia para ver sua família em sua viagem de lua de mel. Talvez pudessem ser coagidos a parar em Gretna Green também.

Isso o confundiu um pouco.

— Eles já são casados.

Daring balançou a cabeça.

— Uma mulher gosta de ter uma pequena família presente.

Bad olhou para onde Grace estava ao lado de sua mãe, a outra mulher ainda falando sem parar. Grace fugiria com ele?

Ele sabia que ela iria, mas seu peito apertou novamente. Ela deveria? Ele ainda era um homem que não sabia se expressar. Ela ofereceu seu coração em uma bandeja e ele ainda não confessou seu amor. Ele disse que a adoraria, mas isso era diferente. Seu coração torceu novamente. Ele não podia deixá-la ir, eles se casariam com certeza. Mas ele precisava aprender a compartilhar seus sentimentos para mantê-la para sempre.

 


Capítulo Quinze


Grace ficou no portão do jardim, tentando ficar parada. A verdade era que estava animada. O homem com quem iria se casar, que a havia proposto casamento na frente de toda a sua família, a encontraria em um jardim escuro à meia-noite.

Ela apertou sua mão no portão de ferro forjado. Ele era o homem que já tinha feito seu corpo cantar. Ele a tocaria novamente esta noite? Suas entranhas vibraram enquanto olhava para a escuridão.

Sua mãe não tinha falado sobre nada além de planos de casamento até que Grace começou a ter dor de cabeça e se retirou para dormir. A verdade era que ela não estava nem aí sobre como eles se casariam, estava muito mais preocupada com o quando.

Além do medo após o sequestro, ela não gostaria mais de ficar sem ele. E as semanas, ou se a mãe conseguisse, meses, até a cerimônia seria uma tortura. Depois da intimidade que compartilharam, ela não poderia voltar a dormir sozinha por muito tempo.

O som de cascalho esmagado parou seus pensamentos e ela se escondeu atrás da coluna de tijolos, verificando se era Ben quem estava descendo o caminho para o portão.

Ele estava quase na cerca quando ela finalmente o viu e apareceu de seu esconderijo.

— Ben. — Ela correu para a trava e a abriu, recuando para dar espaço para ele passar. Ele estava no jardim em um segundo e a tomou nos braços quando o portão se fechou atrás dele.

— Oh, querido, — ela sussurrou, espiando por cima do ombro, mesmo com os braços em volta do pescoço. — Aquilo foi alto.

Ele sorriu, beijando a nuca dela.

— Se formos apanhados, sua mãe vai parar de falar sobre o nosso casamento que vai acontecer em dois meses.

A tensão percorreu sua pele.

— Não posso esperar tanto tempo. Você pode?

— Nossa, não, — ele rugiu enquanto seus lábios beijavam uma trilha logo atrás de sua orelha. — Acho que nós sabemos que não sou um homem que segue as convenções.

Uma pequena risadinha ofegante irrompeu de seus lábios. Era engraçado e verdadeiro, e ele fazia cócegas na pele sensível ou no lóbulo da orelha.

— Não tenho certeza de como convencer minha mãe do contrário. Ela parece bastante determinada. Acho que se sente despojada de um casamento adequado.

— Existe uma escada nos fundos por onde podemos ir para o seu quarto? Está ainda mais frio aqui do que pensei que seria, e tenho algumas coisas para discutir com você.

— Discutir? — Ela perguntou apenas um toque de medo deslizando por sua espinha que tingiu com arrependimento. Ela queria muito mais do que uma pequena conversa.

Ele beliscou ao longo de sua mandíbula, encontrando seus lábios e dando-lhes um beijo longo e persistente.

— Sobre como vamos contornar sua mãe.

Seus dedos se enrolaram em seu cabelo.

— Oh, sim. Essa é uma boa ideia. — Então, ela o beijou de novo, longa e lentamente, abrindo a boca e deslizando a língua ao longo de seu lábio inferior. Ela já tinha se esquecido de entrar. Ela gostava de estar aqui na noite fria e escura.

Ela mal percebeu que ele começou a se mover até que estavam na porta dos fundos, e ele a colocou no chão.

Agarrando a mão dela, ele girou a maçaneta e espreitou a cabeça para dentro.

— Está limpo, — sussurrou enquanto a puxava para dentro e fechava suavemente a porta atrás deles. — Qual caminho?

Ela o conduziu escada acima até o segundo andar e ao quarto dela.

— Poderíamos ter ficado do lado de fora. Eu estava quente perto de você.

Ele deu a ela um olhar suave, do tipo que relaxou os músculos de seu rosto.

— Estaremos muito mais confortáveis dormindo em uma cama.

Com isso, ela jogou os braços em volta do pescoço dele.

— Estou tão feliz por dormir em seus braços. — Talvez entrar fosse uma ideia excelente, afinal. Ela deveria ter aprendido agora que segui-lo quase sempre funcionava a seu favor.

— Eu sei que isso acalma seus medos, — ele sussurrou, sua voz adquirindo uma rouquidão que não existia antes.

— É mais do que isso, — ela disse quando ele fechou a porta atrás deles. — Acho que sou mais feliz em seus braços.

Ele se acalmou.

— Rezo para que você sempre se sinta assim.

— Por que não? — Ela perguntou se inclinando para trás. — Você ainda tem medo que eu ache que você não é suficiente? Eu te amo exatamente como você é.

Suas mãos foram para o cabelo dela, afastando as mechas de seu rosto. — Como eu tive a sorte de reivindicar você para mim?

O peito de Bad apertou quando olhou para baixo em seus lindos olhos azuis.

Ela lhe deu um sorriso suave.

— Você é sortudo? — A cabeça dela balançou entre as mãos dele. — Você me salvou, lembra? Tenho quase certeza de que todo o prazer foi meu.

Seu próprio corpo se apertou com a referência dela.

— Tive um imenso prazer em nossa noite juntos.

Uma de suas sobrancelhas se ergueu.

— É assim mesmo? — Ela deslizou as palmas das mãos em seu peito. — Explique isso para mim. Eu quero saber.

Seus olhos se fecharam por um momento. Seu pênis endureceu só de pensar em tocá-la. Agora ela queria que ele falasse em voz alta?

— Os homens não são tão complicados quanto as mulheres. Olhar e tocar o corpo de uma mulher nos deixa muito excitados.

Seus dedos dela continuaram deslizando para baixo em seu estômago e sobre sua cintura, em seguida, mais longe, até que ela alcançou a cabeça de sua masculinidade, cheia de desejo.

— Oh, — ela ofegou, explorando suas partes masculinas com gestos hesitantes. — Eles são sempre assim... grandes?

Ele riu então, mesmo quando seu pau inchou ainda mais.

— Não. E estou feliz por você saber disso. Só espero que seja uma das minhas qualidades que a mantenha interessada.

Ela deu-lhe um aperto mais firme e um estrondo de prazer sacudiu em seu peito.

— Chega dessa bobagem. — Sua mão mergulhou mais abaixo, segurando seu saco. — Já te disse que sou tua para sempre. Você está preso a mim. Logo será para o melhor e para o pior.

Seu cérebro começou a zumbir e ele respirou fundo, tentando clarear seus pensamentos.

— Isso é o que eu queria discutir. Há um navio com destino à Escócia amanhã.

— Escócia? — A mão dela caiu para o lado, e ele fez uma careta de arrependimento. — Ir para a Escócia?

Enterrando os dedos em seu cabelo na base de sua cabeça, ele inclinou-lhe a cabeça para trás.

— Podemos nos casar amanhã ou no dia seguinte. — Ele deveria lhe dizer que a amava ou pelo menos explicar que tinha uma necessidade desesperada de amarrá-la a ele de uma forma irreversível. Apesar das palavras de amor saindo de seus lábios, ele ainda temia que ela mudasse de ideia.

— Sim, — ela respondeu, e então ficou na ponta dos pés para colocar seus lábios sob os dele novamente. — Sim, irei para a Escócia com você. Aonde você for, eu o seguirei.

Sua respiração ficou presa na garganta e ele mal conseguia falar enquanto olhava para ela novamente.

— Grace. — A única palavra apertou seu peito. — Amor.

Ela sorriu para ele.

— Já faz um tempo que você me chama de seu amor. Esse é um termo que você sempre usa?

Ele piscou. Quando ele começou isso?

— Não. Nunca. Eu nem percebi...

— Mostre-me. — Ela o beijou novamente. — Mostre-me como você me ama. — Então, ela alcançou seu pênis novamente.

Maldito inferno e maldição, agora era o momento em que ele não deveria apenas chamá-la de amor, mas lhe dizer que a amava absoluta e completamente. Mas sua garganta não funcionava e então, em vez disso, ele a pegou e a carregou para a cama.

Ela já estava parcialmente despida e ele agradeceu suas estrelas da sorte por isso enquanto se atrapalhava com os botões em sua frente. Quando ele puxou a roupa para revelar seus seios nus, ele gemeu alto e baixou a boca para a direita e depois para a esquerda. Ela gemeu embaixo dele, arqueando-se para encontrar sua boca.

A resposta dela o acalmou e ele controlou seus dedos quando ele puxou o tecido do corpo dela, e em seguida, encolheu os ombros para fora do seu casaco.

— Ben, — ela murmurou, estendendo os braços para ele.

Amor e desejo correram por ele.

— Você poderia desfazer seu cabelo para mim, amor?

Ele continuou tirando suas próprias roupas, e ela sentou-se e desamarrou a trança que pendia em suas costas. Quando o cabelo dela caiu solto sobre os ombros, ele se aproximou. Ele só usava a calça agora e teve o desejo poderoso de despojá-la do resto de suas roupas, mas primeiro, ele queria passar as mãos por aquele cabelo glorioso.

Este escorreu por entre seus dedos, como seda fina ou água do rio. Ela se sentou na beirada da cama enquanto ele ficava de pé na frente ela, olhando para as ondas de fios dourados fluindo por suas costas.

— Lindo.

Ela levou as mãos ao estômago nu dele, traçando as cristas dos músculos que desapareciam sob a queda de suas calças.

— Eu poderia dizer o mesmo.

— Meus músculos irão desaparecer eventualmente.

Ela encolheu os ombros.

— Meu cabelo vai ficar grisalho. Prometo te querer sempre, se estiver disposto a fazer o mesmo por mim.

Ele piscou.

— Eu prometo. — Então, ele se inclinou e a beijou. De alguma forma, a ideia de vê-la envelhecer, ficar grisalha não o assustava. Na verdade, isso fechou seu peito de emoção. — Adoraria nada mais do que passar minha vida envelhecendo com você, Grace. — Ele engoliu em seco. — Eu te amo com cada pedacinho de meu coração.

Ela lhe deu um sorriso brilhante.

— Eu também te amo.

 


Capítulo Dezesseis


Grace tentou respirar, mas suas palavras roubaram o ar de seus pulmões. A alegria a invadiu.

Pegando suas bochechas, ele se abaixou ainda mais.

— Se você me deixar, passarei minha vida adorando você, minha rainha.

E então, a empurrou de volta na cama e caíram juntos, os lábios se tocando, os peitos pressionados coração a coração, as pélvis em perfeito alinhamento. Sua respiração ficou presa quando uma das mãos dele deslizou por sua perna nua sob a saia. Roçando a parte de trás de seu joelho, ele esfregou a pele sensível de sua coxa fazendo-a estremecer de necessidade.

Mas quando as pontas de seus dedos roçaram entre suas pernas, o prazer percorreu todo seu corpo, e ela se apertou contra ele silenciosamente implorando por mais.

Ele respondeu com o mesmo silêncio, seus dedos falando enquanto começavam um ritmo suave e vagaroso sobre sua carne sensível.

Ela se agarrou às costas dele enquanto seu corpo se apertava com a necessidade crescente. Quando ela pensou que não aguentaria mais um momento, ele parou. Gemendo de frustração, ela ergueu a cabeça.

— Por favor.

Ele respondeu beijando-a longa e profundamente.

— Eu quero suas roupas fora.

Com dedos trêmulos, ela puxou as roupas, mas ele afastou suas mãos e completou a tarefa sozinho.

Deslizou as mãos do pescoço dela, para baixo em seu peito, sobre seu estômago e ao longo de seus quadris, traçando suas pernas até os dedos dos pés. Quando ele os alcançou, ele se abaixou e deu um leve beijo em seu peito do pé.

— Você é a perfeição.

Ela se apoiou nos cotovelos, para olhar para ele.

— Posso lhe assegurar, você é a única pessoa que pensa isso.

Ele beijou sua panturrilha, beliscando a pele logo atrás de seu joelho. Seu corpo estremeceu em uma convulsão.

— Eles não a viram assim.

Isso fez suas sobrancelhas se levantarem.

— Isso é verdade. — Mas não pôde dizer mais nada enquanto os lábios dele percorriam sua coxa. Seu núcleo estava apertando com uma dor, e ela mordeu o lábio para não implorar novamente.

Um pouco antes de chegar ao seu sexo, ele parou, respirando fundo.

— Seu cheiro, — ele sussurrou. — Seu gosto... — Ele lambeu os lábios inferiores e inchados dela.

Ela engasgou-se e então gemeu, seu corpo estremeceu com um arrepio quando suas mãos cravaram no cabelo dele.

— Perfeita, — ele disse enquanto se afastava por um momento e então se inclinava para beijá-la novamente.

A tensão estava apertando dentro dela, a dor tão forte que ela pensou que poderia morrer de prazer.

— Talvez, — ela ofegou. — Eu sou perfeita apenas para você.

Ele parou então, sua língua se acalmando e desta vez ela gemeu novamente, mas não de prazer, e sim de frustração.

— Esse é um ponto interessante. Outra pessoa não deve achar o seu perfume tão agradável ou...

— Ben. — Ela cravou os dedos profundamente em seu couro cabeludo, enquanto puxava o cabelo dele. — Terei que implorar?

Ele deu a ela um sorriso lento.

— Acho que isso soa adorável. — Então, o sorriso se tornou perverso. — Mas eu gosto igualmente quando você exige.

Seu calcanhar afundou na parte inferior das costas dele.

— Muito bem. Exijo que você termine o que começou.

— Eu mudei de ideia. Implore.

Em resposta, ela empurrou com mais força, apertando com as coxas. Ele riu, sua respiração fazendo cócegas em sua pele sensível.

— Essa é minha garota, — ele disse, e então a beijou novamente.

Ondas de prazer balançaram seu corpo quando ele inseriu um dedo profundamente dentro de seu canal, e de repente ela estava tombando sobre a borda, caindo em um abismo. Ela poderia ter ficado assustada, mas ele segurou seus quadris firmemente, apesar da sensação que a fazia perder o controle.

Enquanto ela flutuava de volta à realidade, ele se afastou, mas apenas por um momento. Quando voltou, seu peito pressionado contra o dela, suas pernas se acomodando na junção aberta de suas coxas, a pressão dura de sua masculinidade separando sua carne tenra e inchada.

— Grace, — ele rangeu entre os dentes.

Em resposta, ela colocou os braços em volta do pescoço dele, olhando em seus olhos.

— Estou pronta para você.

A necessidade pulsava em Bad, tornando o pensamento quase impossível. Ele queria esperar. Mas, neste momento, não poderia suportar outro momento sem torná-la sua.

Grace deveria sempre estar aqui com ele, pele com pele.

— Eu te amo, — ele rangeu. — Grace, eu te amo muito. Quero envelhecer com você. Passei minha vida aprendendo a amar do jeito que eu não sabia que poderia.

— Eu também te amo, — ela respondeu, e então inclinou seus quadris para que a cabeça de seu pênis deslizasse dentro de seu canal quente e macio.

Ele começou a tremer. Bad não tinha certeza de quando exatamente isso aconteceu, mas agora não conseguia controlar a resposta.

Ele avançou mais fundo em sua vagina apertada, o controle que estava exercendo quase quebrando-o. Sentiu sua virgindade e empurrou contra ela, quebrando-a com um movimento rápido.

Ela gritou, puxando-o para mais perto e ele se acalmou, seus lábios roçando sua têmpora, então seu nariz.

— Você está bem, amor?

— Eu... — ela disse, apertando-o. — Estou. Só doeu... — ela fez uma pausa novamente. — Mais do que eu esperava.

Seu corpo gritou para se mover, mas ele ficou parado.

— Sinto muito, querida. Só dói desta vez. — Ele beijou suas bochechas, sua mandíbula. — A dor irá embora logo.

Ela assentiu com a cabeça, pressionando o rosto na curva de seu pescoço.

— Quando a dor passa, é tão bom quanto seus beijos?

Isso o fez relaxar.

— Acredito que sim. — Ele tinha ouvido mais do que alguns dizerem que era ainda melhor, mas ele permitiria que ela tirasse suas próprias conclusões.

Ela se espreguiçou, relaxando debaixo dele.

— Mesmo? Melhor? — Ela acariciou levemente seu pescoço. — Não é de se admirar que as mulheres se deixem arruinar. — Então, ela deu uma risadinha. — Eu me permiti ser arruinada.

Foi a vez de ele ficar tenso.

— Você vai se casar comigo agora, Grace. Não há como desistir e...

Ela inclinou o queixo para trás e deu um beijo.

— Estou lhe provocando. — Então, outro. — Além disso, é divertido ser má. Especialmente quando sei que você me fará uma mulher honesta.

Ele respirou fundo e depois rolou de costas, rolando-a com ele para que ficasse dentro dela.

— É divertido, mas nos casaremos em breve.

Estando por cima, ela se moveu um pouco em seu pau, fazendo com que o prazer apertasse seu saco.

— Depois que nos casarmos, podemos fingir que não o somos?

— O quê? — Ele parou de se mover, segurando seus quadris. Seus velhos medos voltaram à superfície. — O que você espera ganhar fingindo não ser casada?

Ela se moveu contra ele novamente, seus quadris puxando-o mais profundamente em seu corpo.

— Você poderia vir ao meu quarto fingindo ser um criado ou... — Ela olhou para o teto. — Meu advogado.

Querido Deus, a mulher estava discutindo uma encenação. Ela realmente era perfeita.

— Grace. — Ele falou a palavra com os dentes cerrados. — Farei o que você pedir se você mover seus quadris assim novamente.

— Hmmmm, — ela respondeu. — Assim? — E ela girou seus quadris fazendo o prazer balançar por seu corpo.

— Sim, — ele assobiou, segurando em seus quadris. — De novo.

— Tão mandão, — ela murmurou, diminuindo o ritmo ainda mais. Isso só aumentou seu prazer. — Como sua rainha, eu exijo que você se deite em silêncio.

Uma risada quase explodiu de seus lábios, mas ele fechou a boca. Sua atrevida mulher poderia dizer o que quisesse.

— Sim, meu amor.

E de repente, ela parou de se mover devagar e começou a tomá-lo cada vez mais rápido, com as mãos plantadas em cada lado de sua cabeça, seu cabelo criando uma tenda gloriosa sobre seus rostos que excluía o resto do mundo, então eram apenas eles.

Ele cravou os dedos em sua carne macia, ajudando-a a se mover sobre ele até que ambos estivessem sem fôlego de desejo.

Seu corpo estava tenso como uma corda de arco enquanto ele formigava com a necessidade de liberar sua semente. Ele segurou até que ela teve um espasmo sobre ele, gritando seu nome.

Só então, ele deixou seu próprio prazer ir.

Eles ficaram deitados juntos, abraçados, beijando-se e murmurando baixinho até que Grace deitou a cabeça no peito dele. Ele ainda estava dentro dela e ocorreu-lhe que nunca, em toda a sua vida, ficara tão satisfeito, se sentiria tão completo.

— Ben, — ela murmurou, seu dedo médio deslizando sobre seu mamilo. — É sempre assim?

— Nunca me senti assim antes, — respondeu ele. As palavras eram verdadeiras, mas sentiu uma satisfação extra em dizê-las. — O que temos é especial.

— Eu presumi isso, — ela respondeu, sua voz sonolenta. — Se cada coito fosse assim, ninguém faria mais nada.

Ele engasgou-se com uma risada, mas seu suspiro suave de sono lhe disse que ela não tinha ouvido. Sua pequena atrevida estava dormindo.

 


Capítulo Dezessete


Dois dias depois...


Grace caminhou pelo barco, absorvendo a linda paisagem que a saudava. Além da aldeia onde haviam ancorado, havia penhascos escarpados e campos verdes, tanto quanto seus olhos podiam ver. Ela respirou fundo o ar do oceano, tão fresco e limpo depois de Londres.

— Você já morou em algum outro lugar além da cidade? — Ela perguntou a Ben, cuja mão estava firmemente em sua cintura, exatamente onde deveria estar.

Ele balançou sua cabeça.

— Não. Não que eu me lembre de qualquer maneira. Visitei a propriedade rural ligada às minhas terras, mas não fiquei muito tempo.

Ela assentiu.

— Sempre pensei que preferia Londres. Mais emocionante. Mas estando aqui...

Ele deu um beijo em sua têmpora como um pintor escova sua tela.

— Você vê a beleza da paisagem, o repouso tranquilo que poderíamos ter juntos em um lugar assim.

— Sim. — Ela olhou para ele, seus olhos brilhando. — Como você sabia que eu ia dizer isso?

— Estava pensando nisso também, — ele respondeu, apertando-a mais perto. — Dois dias juntos e me sinto como se... — Ele fez uma pausa.

— Ficamos mais conectados. — Grace captou seu pensamento.

— Sim, — disse ele, tocando sua testa na dela. — Depois de voltarmos para sua família, pode ser bom passar o verão longe das multidões. Passar algum tempo apenas juntos.

— Concordo, — disse ela, com o peito cheio de amor. — Embora provavelmente devêssemos nos casar primeiro.

Ele sorriu.

— Isso nós podemos fazer. Embora...

Pela primeira vez em dois dias, ela se sentiu desligada do que ele estava pensando, e um pouco de medo formigou nas pontas dos dedos.

— Deixei Londres com você. Você não está mudando de ideia agora, está?

Ele se endireitou, suas sobrancelhas se juntando.

— Claro que não. Como você pode pensar uma coisa dessas?

Ela alcançou seus bíceps, segurando-os em suas mãos.

— Meus velhos medos, suponho.

Ele deu um aceno com a cabeça, deixando cair sua testa de volta para a dela.

— Isso, eu entendo completamente. Mas vamos deixar isso em Londres. Estou pronto para aceitar o fato de que você pode ser capaz de me amar se puder aceitar o fato de que você é mais, em todos os sentidos, do que eu jamais ousei desejar.

Um sorriso suave apareceu em seus lábios.

— E pensar, você pensou que não era bom com as palavras. Foi a coisa mais linda que já ouvi.

Ele riu, então.

— Você o traz à tona em mim. — Então, ele a puxou para mais perto. Ben deu um passo para trás, e com o braço em volta dela, desceram pela prancha.

— Então, por que você hesitou quando falou sobre nosso casamento? — Ela perguntou quando chegaram a terra.

— Bem... — ele começou. — Tenho uma surpresa para você, mas não sei exatamente quando essa surpresa vai chegar.

— Surpresa? — Ela franziu a testa. Com o que ele poderia surpreendê-la? — Fugir para a Escócia não foi aventura suficiente?

Ele parou de andar e ergueu a mão, apontando para a multidão de marinheiros que saíam do barco.

— Lá.

Ela ficou na ponta dos pés, fixando por sobre a multidão, mas não era tão alta quanto ele, e não conseguia ver o que ele apontava. O sol da manhã cintilou na rocha, fazendo-a apertar os olhos enquanto procurava.

— Onde?

— Grace? — Uma voz feminina chamou da multidão. — Grace, é você?

Cordélia?

— Não, — ela ofegou, cobrindo a boca com as mãos. — Como minha prima está aqui?

Ben piscou.

— Enviei uma carta a Malice um dia antes de partirmos. Esperava que você dissesse sim.

Ela lhe deu um olhar de soslaio.

— Para um homem que não tinha certeza sobre minha afeição, você parecia bastante certo sobre minhas ações. — Então, ela golpeou seu braço. — E obrigada. Esta é uma surpresa maravilhosa.

Ele sorriu quando começou a puxá-la através da multidão em direção a sua prima e a seu amigo. Quando alcançaram Cordélia, ela jogou os braços em volta dela, tão feliz por ter sua prima aqui agora.

— Estou tão feliz em ver você. Como você chegou aqui tão rápido?

Cordélia abraçou Grace com força.

— Já estávamos aqui. Preparando-nos para navegar para o norte para ver a família de Chade.

Grace segurou Cordélia com força.

— Que sorte não termos perdido você.

— Como vai tudo pelo Sul? — Malice retumbou quando ele apertou a mão de Ben. — Você saiu porque não estava seguro?

Grace recuou enquanto acenava com a mão.

— Ben cuidou de tudo isso.

Malice levantou uma sobrancelha, mas não disse mais nada.

Ben colocou a mão no ombro de Malice.

— Estamos aqui porque a mãe de Grace queria planejar um casamento muito elaborado em um futuro distante e...

Cordélia soltou uma risada tilintante.

— Não diga mais nada. Eu sei como minha tia pode ser autoritária. — Então, ela pegou a mão de Grace. — Eu sei exatamente onde o ferreiro1 está localizado. Vamos vê-lo agora.

O coração de Bad disparou em seu peito. Grace estava prestes a ser sua, absoluta e completamente. Seu medo ainda estava lá, é claro. Uma vida inteira sentindo-se indigno não havia desaparecido em uma única noite.

Mas essas preocupações diminuíram a cada dia ao lado de Grace... e honestamente, a cada noite em sua cama... elas iam embora. Ele ainda a amaria muito depois que seu cabelo loiro desbotasse para cinza, e rugas surgissem nos cantos dos olhos.

Ela também o amaria, ele ficava mais certo disso a cada dia. Não que não trabalhasse muito para dar a ela o que ela queria. Ele faria quase tudo para mantê-la feliz.

E agora, isso significava se casar com ela na oficina de um ferreiro, em uma pequena vila na Escócia, com o sol da primavera brilhando sobre eles. Ele sorriu quando o sol brilhou no cabelo dela, o braço entrelaçado com o de Cordélia, e ela lançou um sorriso para ele por cima do ombro.

— Você parece um homem apaixonado, — Malice retumbou ao lado dele, sua voz profunda, carregada apesar do fato de que ele não tinha falado muito alto.

— Eu sou, — ele respondeu simplesmente. Então, se virou para o amigo. — Você também.

Malice balançou a cabeça.

— Como isso aconteceu? Num minuto somos solteiros felizes, objetivando a libertinagem e no próximo... — Ele acenou com a mão para as mulheres. — Eu passo horas por dia pensando em como fazer Cordélia mais feliz. Estou a ajudando a escrever um livro, você acredita nisso?

— Você está escrevendo um livro? — Bad parou para olhar para seu amigo.

Malice balançou a cabeça.

— Não posso escrever para um nada nessa vida. Sou o secretário dela, registrando suas palavras desde que ela machucou a mão. — Malice passou a mão pelo cabelo. — O que é mais surpreendente é que adoro a tarefa. Para ouvir sua voz, para ver sua mente trabalhando. — Ele deu um suspiro silencioso. — Eu caí completamente sob seu feitiço.

Bad não olhou para o amigo. Em vez disso, ele olhou para a mulher que o havia enfeitiçado.

— Eu me jogaria no Tâmisa para proteger Grace. Inferno, eu a persegui por metade da Inglaterra para salvá-la. Até consegui levar um tiro.

Malice riu.

— Não é tão incomum para você.

Bad ergueu uma sobrancelha.

— Estamos nos mudando para o interior.

Uma risada explodiu do peito de Malice.

— Bem, isso é realmente interessante. O amor atingiu você com certeza.

A oficina do ferreiro ficava logo adiante, o som de seu martelo permeava pela rua tranquila.

— Mal posso esperar para torná-la minha esposa. Eu...

Malice deu um tapinha em seu ombro.

— Estou feliz por estar ao seu lado quando você fizer isso. Ninguém merece um final feliz mais do que você, meu amigo.

O ar escapou de seus pulmões enquanto a gratidão enchia seu peito. Estava grato a Malice por estar aqui, mas também a Daring por sugerir isso. Não foi apenas Grace que se beneficiou, mas ele mesmo. Havia perdido sua família há muito tempo, mas ganhou uma nova sem perceber. Os homens que dirigiam o clube com ele, se tornaram seus irmãos.

— Estou contente também. Obrigado, — disse, então abraçou Malice, algo que ele nunca tinha feito antes em sua vida inteira.

E Malice o abraçou de volta.

O ferreiro estava pronto em um quarto de hora para ver as núpcias deles concluídas. Ele amarrou suas mãos com uma fita, unindo-os, enquanto prometiam amar e cuidar um do outro pelo resto de seus dias.

Enquanto olhava nos olhos de Grace, teve a nítida sensação de que seu amor por ela não só estaria com ele nesta vida, mas na próxima.

 

 

Epílogo


Dois meses depois...


Grace ficou na frente da igreja olhando para a movimentada rua de Londres enquanto carruagens e pessoas passavam ruidosamente. Ela podia ver a casa de seus pais da escada da frente. Na verdade, ela cresceu frequentando esta mesma paróquia. Ela abriu o leque e deu uma abanada, resfriando a pele quente do calor do verão. O campo estava muito mais confortável nesta época do ano.

Sua mãe se contraiu ao lado dela.

— Você viu as flores lá dentro? Não são maravilhosas?

— Claro, mãe. Com você planejando esta ocasião abençoada, como poderiam ser outra coisa?

Sua mãe sorriu.

— Obrigada, querida. — Então, ela se virou para a filha. — Claro, este deveria ser o seu casamento.

Grace fungou enquanto Diana ria ao lado dela.

— Sim, Grace. Você saiu e fugiu sem nem mesmo me convidar.

Grace pegou a mão de sua irmã.

— Desculpas por isso. Mas Ben e eu simplesmente não podíamos esperar. Além de sentir sua falta, não tenho um único arrependimento.

— Quanto a mim? Você não sentiu falta de me ter lá? — Emily disse enquanto descia da carruagem. Ela usava um lindo vestido de seda azul império na cintura e um vestido de renda que escondia principalmente sua barriga crescente.

— Você sabe que sim. — Ela sorriu para sua irmã mais velha. — E você está absolutamente deslumbrante.

Emily fez uma rápida reverência enquanto Minnie descia da carruagem atrás de Emily. Suas sobrancelhas se ergueram.

— O que levanta a questão. Por que você desistiu desta oportunidade? Ninguém gosta mais de lindos vestidos e fitas do que você.

Grace deu de ombros, mas por dentro, felicidade e amor encheram seu peito.

— Algumas coisas na vida são mais importantes do que vestidos bonitos.

Todas as mulheres riram.

— Meu Deus, Grace. Como você cresceu, — Diana apertou sua mão. — Estou muito feliz por você e Lorde Baderness.

— Obrigada, — ela sussurrou. Mas então, ela se virou para Emily. — Mas hoje é sobre Emily e Lorde Effington.

Emily corou.

— Foi um começo difícil, mas acho que finalmente encontramos nosso caminho.

Grace cobriu o coração com a mão.

— Estou tão feliz por vocês dois. Você merece um final feliz.

Emily piscou.

— E mamãe merecia a oportunidade de planejar um casamento.

Mary, sua prima solteirona, desceu da carruagem. Ela deu um longo suspiro.

— É em momentos como este que gostaria de ter sido capaz de encontrar alguém.

Mary tinha vinte e quatro anos e nunca se casou. Uma loira baixinha, Mary tinha uma beleza delicada e um coração ainda mais gentil.

Minnie pegou a mão dela.

— Você ainda pode. Nossos pais iriam ajudá-la. — O noivo de Mary era um soldado que nunca havia voltado da guerra. De alguma forma, ela nunca foi capaz de seguir em frente.

Mary balançou a cabeça.

— Gosto de trabalhar e estou contente com o meu futuro. — Mas seus olhos tinham uma tristeza que desmentia suas palavras.

— Você conseguiu uma nova posição agora que não precisamos de uma dama de companhia?

Mary acenou com a cabeça.

— Darlington encontrou uma para mim. Vou ser tutora do Conde de Sinclair.

Minnie ergueu uma sobrancelha e olhou longamente para Grace.

— Você já conheceu o conde?

Maria balançou a cabeça.

— Não. Por quê? Existe algo que eu deveria saber? Ele é velho e horrível?

Grace apertou os lábios.

— Pelo contrário. Ele é jovem e extremamente bonito.

As mulheres ao redor dela se encararam. Seu apelido era Conde de Sin.

Mary fungou.

— Sou imune a essas coisas.

Sua mãe gesticulou para que todas as mulheres dessem um passo à frente.

— Venham. Vamos entrar. Afinal, temos um casamento para começar.

Emily deu um passo à frente do grupo.

— Meu casamento. — Ela deu um suspiro. — Estou tão feliz por ter chegado a este momento.

Grace deu um beijo na bochecha de Emily.

— Nós iremos tomar nossos lugares. Desejo-lhe sorte, mas você não precisa dela.

Virando-se, ela fez seu caminho para dentro. No momento em que seus olhos se ajustaram, ela avistou Ben esperando por ela perto da frente da igreja. Correndo para o lado dele, ele deslizou um braço sobre ela enquanto beijava sua testa.

— Meu amor.

Ela deu-lhe um aperto rápido.

— Mal posso esperar para ver o casamento. É tão emocionante.

Ele a abraçou, descansando sua testa em cima da dela.

— Você é magnífica.

Ela ergueu os olhos para o marido.

— Eu? — Suas cicatrizes mal eram visíveis nesta luz e sua força irradiava através dela. — Não diga a ninguém, porque não quero ofender minhas primas e irmãs, mas sou a mulher mais sortuda de toda a Inglaterra.

O órgão começou, mas ela não virou imediatamente, Ben a segurou ao seu lado.

— Eu te amo muito, — ele sussurrou.

— Eu também te amo. — Ela deu-lhe um beijo rápido na bochecha antes de se virar para ver Emily flutuar pelo corredor em direção às mãos estendidas de Jack. Depois de toda a insanidade com o clube e a Condessa de Abernath, o mundo se endireitou novamente.

 

 


[1] Ferreiro/casamento/Gretna Green/Escócia – A cidade de Gretna Green seria a primeira parada para os “casais irregulares” que fugiam para se casarem. A lei escocesa permitia “casamentos irregulares” se na certidão houvesse duas testemunhas. Os ferreiros de Gretna Green eram conhecidos como “padres da bigorna” e tinham autoridade para conduzir cerimônias.

 

 

                                                   Tammy Andresen         

 

 

 

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