Criar uma Loja Virtual Grátis
Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


BARON OF BLASPHENY / Tammy Andresen
BARON OF BLASPHENY / Tammy Andresen

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio VT 

 

 

Series & Trilogias Literarias

 

 

 

 

 

 

O que um barão empobrecido com fama de encrenqueiro faz quando precisa de muito dinheiro? Ele se casa. Rapidamente. O problema? Sua esposa não tem certeza se gosta de alguma coisa nele. E acontece que Abigail Carrington pode ser a única pessoa na Inglaterra com uma vontade mais forte do que a sua. Se ele não pode ter uma ordem atendida, persuadi-la ou convencê-la a ir para a cama para consumar seu casamento, ele só tem uma opção.
Sedução...

 

 

 

 

Capítulo 01


— Parabéns. — O Duque de Devonhall baixou os olhos para sua pupila e deu-lhe um leve sorriso enquanto se apoiava na ponta de sua enorme escrivaninha de carvalho. Seu sorriso era do tipo que um homem só dá quando tenta fingir que está dando boas notícias em vez de más. — Eu arranjei um casamento para você.

Abigail Carrington prendeu a respiração ao se levantar da cadeira em que fora orientada a se sentar. Estava ciente de que ele estava de pé à sua frente, provavelmente uma forma de intimidação, com a intenção de fazê-la se sentir pequena para que ela tivesse que ceder aos desejos dele. Improvável...

— Desculpe?

— Um compromisso, — disse Devonhall, seu sorriso frágil se espalhando ainda mais, parecendo que poderia dividir seu rosto ao meio. — Não é uma notícia emocionante?

Palavras obstruíram sua garganta e ela limpou-a, enquanto olhava para seu cunhado. Abigail baixou as mãos até os quadris. Disseram que ela tinha feito o gesto um hábito por suas três irmãs. Quando estava com raiva, irritada ou em dúvida, suas mãos pousavam logo abaixo da cintura. Atualmente, todas as três emoções lutavam pela posição superior.

— Emocionante? — Ela puxou uma respiração profunda, estreitando o olhar para seu cunhado. — As execuções também são emocionantes. Isso não significa que eu queira participar de uma.

O sorriso se desfez, então. Quebrado por seu pequeno, mas definitivo estremecimento.

— Abby.

— Abigail, — ela corrigiu levantando um único dedo. Seu pai a apelidou de Abby quando ela era criança, e suas irmãs usavam o termo carinhoso quando queriam dizer que ela era imatura. Ela não precisava ser lembrada agora que era a caçula, o bebê a quem deveriam dizer o que fazer. Sua irmã costumava acusar o pai de abandonar Abigail porque ela era a caçula, não porque tivesse coragem.

— Abigail. — Ele ergueu as mãos à sua frente. — É o melhor.

Não importava que ela nem soubesse a identidade do pretendente misterioso a quem ela foi impingida, não se importava.

— Melhor para quem? — Ela disparou de volta. — Certamente não para mim. Meu palpite é que você é o único beneficiado. Você está cansado de cuidar da irmã mais nova de sua esposa, então você vai me passar para algum patife, ou vagabundo, ou libertino. — Ela varreu o ar com a mão, como se afastasse uma cortina. Realmente, pretendia afastar todo o esterco que caía de sua boca. — Quem é ele? É um tolo, ou sem dinheiro, ou apenas tem uma reputação deplorável de modo que está disposto a se casar com a filha de um comerciante sem ser visto? Ele deseja se casar para poder pegar minha bolsa gorda? — Sua voz aumentava a cada palavra. Sabia que acabara de dar vários saltos no julgamento, mas devia haver algo errado com o homem. Por que mais ele desejaria este acordo?

— Hmm... — Uma voz retumbou atrás dela. Era baixa e profunda, tingida com um pouco de escuridão que era... bem... emocionante. — Um patife? Muitos diriam isso. Sem dinheiro? Certamente. Um libertino? Definitivamente.

A respiração dela ficou presa na garganta quando as palavras dele, ecoando suas palavras, ricochetearam nas paredes e bateram em seus ouvidos. Ela estava envergonhada, é claro. Uma dama não deveria falar com opiniões tão descaradas. Especialmente na companhia da mesma pessoa que ela estava insultando.

Pelo menos, assumiu que o homem atrás dela repetiu as palavras porque ele era seu pretendido. Ainda assim, ela manteve os olhos para frente em vez de se virar e olhá-lo por vários motivos.

Um. Sua voz tinha feito coisas engraçadas em seu interior. Tudo estava se torcendo e dançando, e os pelos de seus braços se arrepiaram da maneira mais estranha. Mas também porque já havia tirado várias conclusões precipitadas, embora parecessem estar corretas. Ainda assim, ela teve a sensação de que deveria desacelerar um pouco e descobrir o que era tudo isso.

Respirou fundo, forçando sua mente a desacelerar.

— Em outras palavras, você é tudo que eu temia que você pudesse ser. Você é o homem que concordou em casar-se com uma mulher que nunca conheceu.

Ele riu, e ela cerrou os punhos para esconder o salto em seu pulso com o som.

— Nós nos conhecemos, princesa. Posso garantir que nos conhecemos.

Isso a fez ofegar e ela se virou, as palavras dele a chocando o suficiente para que se esquecesse de ser lenta, se esquecesse de ficar pensativa. No momento em que seus olhos encontraram os olhos azul-claros dele, deu meio passo para trás e cobriu o coração com as mãos.

Ela sabia quem ele era...

Sabia que todas as suposições que havia feito eram completamente verdadeiras.

O Barão da Blasfêmia.

Seu nome verdadeiro era Barão de Blackwater, mas raramente usava seu título. O que significava que ele não participava de nenhuma sociedade educada. Ele permaneceu nas sombras, um lorde soturno e não adequado para festas, ou bailes, ou chás ou...

Ela parou.

O rosto dele endureceu, um músculo pulsando em sua mandíbula masculina muito quadrada suavizada apenas pelo cabelo loiro escuro excessivamente longo, que descia até perto de seus ombros. Ela percebeu que vários segundos se passaram, e ela não disse uma palavra.

Abigail forçou suas mãos a relaxarem e suavemente pressionou as dobras de seu vestido. Então, endireitou os ombros e a coluna.

— Meu senhor.

— Princesa, — ele respondeu, seu peito inchando enquanto ele respirava fundo. Abigail relutantemente notou que era um peito fantástico, tanto quanto os torsos masculinos pareciam. Magro, mas forte, afunilava em quadris estreitos e ele tinha o ar de uma arrogância masculina sem esforço.

— É senhorita Carrington para você e para todos os outros. — Ela olhou para seu cunhado, as sobrancelhas levantando-se quando deu a ele um olhar aguçado como se dissesse... Você realmente espera que eu me case com este rude?

— O que quer que você diga, princesa, — ele respondeu, seu tom cheio do tipo de aborrecimento entediado que a deixou saber que ele também não a aprovava.

Sua boca pressionou em uma linha firme. Ela sabia por que Bash, o Duque de Devonhall, havia arranjado o compromisso. Com a morte de seus pais, ele assumiu os cuidados sobre dela e sobre suas irmãs quando se casou com uma delas. Ele também assumiu os negócios da família que haviam sido prejudicados por uma rede de ladrões, que ameaçava cada vez mais sua segurança e seu futuro nos negócios.

E, recentemente, seu outro cunhado, outro duque não menos, tinha liquidado os ladrões. Mas em suas tentativas de capturá-los, ele trouxe a todos mais problemas, e à Abigail o pior de todos. O tipo que uma mulher que não pode escapar.

Mas certamente não tinha ficado tão terrível que ela precisasse se casar com este...

Bash teve a decência de estremecer.

— Blasphemy, — ele resmungou. — Você não está...

Abigail estava certa de que Bash estava prestes a dizer ajudando. Mas, ela o interrompeu antes que ele pudesse terminar. — Adequado. Minha resposta à sua proposta de casamento com o Barão de Blackwater é não. Enfaticamente, completamente, definitivamente, sem dúvida, não.

Chadwick Blackwater cerrou os dentes enquanto olhava para a inteira diabrete à sua frente.

Sim, ela era linda. Cabelo castanho brilhante e olhos combinando com traços clássicos realçados por lábios carnudos rosa pálido e pele de marfim puro. O tipo de cor que parecia angelical. O tipo com que os homens sonhavam quando imaginavam uma mulher em seus pensamentos mais íntimos.

Mas não havia nada de santo em Abigail Carrington. O que parecia uma imagem perfeita por fora era uma espécie de mulher franca, virtuosa, por dentro, lguém que poderia matar qualquer desejo que um homem pudesse ter por ela com uma única palavra de seus lábios perfeitos.

Ele sabia que nunca deveria ter concordado com este plano. Era ruim. Pior, era absolutamente perigoso.

E essa era parte do motivo pela qual ele aceitou o plano proposto por Bash. O perigo era seu passatempo favorito. Seguido de perto por mulherengo, grosseria e jogo.

O que tornava conveniente que ele tivesse um salão de jogos infernal com Bash e alguns outros lordes. E embora os fundos daquela empreitada tivessem ajudado muito na redução da dívida que seu irmão e pai lhe legaram, de forma alguma a eliminaram.

E sua mãe continuou a viver como se eles tivessem trouxas de dinheiro, e os credores não estivessem batendo em sua porta. Era a ele que eles tinham vindo cobrar.

Ele suspirou. Um casamento com Abigail eliminaria todos os seus deficits financeiros.

Isso não agradaria a sua mãe, é claro, mas essa ideia tinha um certo apelo. Francamente, um grande. Ela gostaria que alguma senhora escaladora social fosse sua esposa, não que ele alguma vez conseguisse alguma dessas.

Mas o dinheiro não era a única razão pela qual gostou do acordo, pelo menos por um tempo. Abigail era adorável e, se ela não tivesse medo dele no quarto, dormir com ela seria interessante. Pelo menos até que ele fizesse um herdeiro.

Então, seus deveres para com o título, sua mãe e a Inglaterra em geral estariam cumpridos.

Ganhar. Ganhar.

— Abigail, — Bash rugiu, sua voz ficando mais alta. — Você tem que se casar. Sua irmã, Emily, quase foi sequestrada por esses vândalos que estavam assolando o negócio. Devemos protegê-la.

— E quem... — Ela não olhou para ele, mas apontou o dedo em sua direção. — Vai me proteger daquele vândalo?

Ele tinha que confessar, a mulher tinha razão.

— Se você vai usar uma palavra para me descrever, vândalo não é a que eu escolheria. Isso é tão chato. Talvez um nome como burro...

— Blasphemy, — Bash falou, puxando os cantos dos lábios no que Chad pensou ser um sorriso. Então, novamente, talvez não fosse um sorriso, mas mais como uma careta de raiva. Bash parecia mais um homem prestes a entrar em uma briga de facas do que alguém que negocia um noivado.

— Tudo bem, — ele parou, dando um passo mais perto de Abigail. Seu amigo queria que ele fosse bonzinho. Poderia fazer isso. Acontece que Abigail também não estava sendo tão boa. Não que ele se importasse. Ela apresentou um desafio e isso teve seu próprio mérito.

Estaria mentindo se não confessasse, pelo menos para si mesmo, que a notou desde o início. Ela era incomumente bonita e tinha essa voz... baixa e sensual. Exatamente o tipo que um homem gostaria que sussurrasse em seu ouvido. Ou gemendo. Isso também funcionaria.

Mas assim que percebeu a sonoridade, ele ouviu as palavras. Abigail estava... zangada. Não havia outro termo para isso. A mais jovem do bando, ela era a menos útil, e a mais vocal, e...

Ela girou estreitando o olhar novamente como se pudesse ouvir seus pensamentos.

— Eu não vou me casar com ele.

— Abby, — Bash disse enquanto estendia as mãos. — Você não tem escolha. Sua segurança depende de um casamento e com sua reputação em frangalhos, isso é o melhor que posso fazer.

Chad estremeceu, mas não antes de observar seu rosto desmoronar.

Ele entendeu a situação. Sua irmã mais velha, Emily, foi sequestrada e arrastada pelas ruas de Londres. Ela foi salva, mas não antes de ser vista. Apenas as línguas fofoqueiras da sociedade confundiram as duas irmãs. Pensaram que era Abigail quem tinha saído sozinha com um homem.

Vergonha. Até ele podia entender isso. Uma irmã deixando um monte de problemas pela porta.

— Eu sou sua melhor opção, princesa.

Seus ombros caíram e seu queixo derreteu em direção ao peito.

Ele observou os olhos dela fecharem e permanecerem assim enquanto ela se abraçava. Um pequeno sinal de simpatia desceu por suas costas.

— Então, é isso? Devo ser a Baronesa Blasphemy? Isso significa que posso começar a praguejar?

— Não, — disseram os dois homens ao mesmo tempo.

Chad franziu a testa, suas sobrancelhas se juntando. O título de Baronesa Blasphemy o irritava, por uma razão que ele parecia não saber nomear. Era muito grosseiro para uma mulher tão adorável, mesmo que ela saísse por aí gritando sua opinião o tempo todo.

O queixo de Abigail se ergueu de repente e seus olhos encontraram os dele. Mas não expressou sua insatisfação com palavras. Em vez disso, ela olhou-o com um desafio brilhando em seus ricos olhos cor de chocolate.

Ele adorava um desafio. E teve que confessar, ele respeitou que ela se recompôs.

— O que você está pensando? — Ele murmurou baixinho enquanto dava mais um passo. Ele estava perto o suficiente para tocá-la e sentir o seu perfume, como uma primavera fresca em um dia fresco de outono envolvendo-o.

Uma sobrancelha perfeita se arqueou.

— Você não gostaria de saber. — Suas palavras não foram altas como ele esperava.

Na verdade, a voz dela caiu para um sussurro abafado que realmente o fez estremecer. Ele reconheceu a sensação... antecipação.

— Eu gostaria. É por isso que eu pedi.

Sua língua disparou e ela lambeu os lábios, olhando para o teto como se estivesse escolhendo suas próximas palavras com muito cuidado. Não achou que ela o estava provocando intencionalmente com a língua, mas a ponta, tão rosada quanto seus lábios, fez com que tudo em seu corpo endurecesse.

Os olhos dela o procuraram, encontrando-o novamente.

— Posso não ter escolha em nossas núpcias, mas terei escolhas em nosso casamento. E garanto que se você me forçar a fazer isso, você não vai gostar delas.

Ele inclinou a cabeça em um ângulo enquanto avaliava a diabinha diante dele.

— Desafio aceito, Princesa.

 


Capítulo 02


Abigail piscou para ele. Desafio aceito?

O que havia de errado com este homem?

Então, ela bufou para si mesma. Tudo. Não havia nenhuma coisa certa. Bem, ela respirou fundo, estremecendo, havia algumas coisas que estavam certas, como suas coxas musculosas. Pareciam exatamente do jeito que deveriam...

Ele deveria estar fugindo dela. Ou pelo menos, tendo sérias dúvidas. Ela tinha sido rude, exigente e sarcástica. Todos os truques que aprendera por ser a filha mais nova não haviam afetado a decisão dele de se casar com ela.

Estranho. Eles sempre funcionaram com a família dela. Como a caçula, não poderia vencer fisicamente suas irmãs, mas poderia implicar com elas. E seu pai, ele sempre a achou tão charmosa; sempre que ele estava em casa, ela sempre conseguia o que queria.

Mas Blackwater se manteve firme. Suas finanças devem estar absolutamente terríveis.

Bash limpa a garganta.

— Todos nós chegamos a um acordo, então?

— Isso é o que você considera um acordo? Eu reconhecendo que tenho pouca escolha no assunto? — Ela girou ao redor para seu olhar para o seu cunhado. — O que Isabella pensa de tudo isso?

A careta de resposta chamou sua atenção.

— Sua irmã? — Ele perguntou, seu olhar deslizando para longe.

Ela inclinou a cabeça para o lado.

— Minha irmã sabe o que você planejou?

— Eu vim até você primeiro, — Bash disse, suas mãos se levantando na frente dele como se implorando para ela não contar a sua irmã. — Achei que você apreciaria a independência.

Cruzando os braços, ela deu a Bash um olhar murcho. Ele conhecia seu ponto fraco, ela era dominada por três irmãs mais velhas, e ele estava tentando usar isso contra ela.

— Isso é uma merda completa.

Blasphemy riu atrás dela.

— Devo confessar que concordamos neste ponto.

Bash lançou um olhar fulminante por cima do ombro, claramente irritado com o amigo.

— Não se acostume com isso, — ela disse baixinho. Então, se voltou para Bash. — Não estamos de acordo e gostaria que minha irmã, sua esposa, participasse desta conversa, por favor. — Então, ela encontrou a cadeira em que originalmente estava sentada e serenamente se sentou, espalhando as saias ao redor enquanto respirava fundo em uma demonstração exagerada de paciência.

O rosto de Bash ficou pálido, e ele murmurou algo sobre as mulheres Carrington serem muito espertas para seu próprio bem, antes de cruzar a sala e puxar a corda da campainha perto da porta.

Abigail sorriu. Ela pode ter superado Bash afinal.

Mas então, Blasphemy sentou-se ao lado dela. Ele não se sentou como um cavalheiro deveria. Em vez disso, se recostou, as pernas bem abertas, um tornozelo apoiando no outro joelho enquanto ele entrelaçava os dedos atrás da cabeça. - Cafajeste, - ela sussurrou, desviando o olhar para não ser pega olhando. Não gostaria que ele pensasse que aprovava uma exibição tão casual, embora ele parecesse bastante bonito naquele tipo de forma animalesca.

— Princesa, — ele murmurou de volta, e ela fungou com desdém.

Um criado chegou e Bash escolheu sair da sala para falar com o homem. Abigail estreitou seu olhar tentando decidir o que o seu cunhado era, quando suas reflexões foram interrompidas.

— Estamos sozinhos, — disse Blasphemy, inclinando-se mais perto. — Devo te beijar?

Ela estalou a língua, afastando-se.

— Nossa, não. Nojento. — Mas ela olhou para sua boca por um segundo, notando que seus lábios eram bastante agradáveis. Não cheios, mas também não finos, perfeitos.

Ele encolheu os ombros.

— Como quiser. Não escondo o fato de que fui um libertino, mas isso apresenta certas vantagens para você, e pensei que gostaria de apreciar uma delas.

Ela engasgou um pouco quando as palavras lhe faltaram.

— Você quer fazer um trunfo com o fato de que você... — Ela não tinha ideia de como se referir educadamente à promiscuidade dele.

— Tive minha cota de mulheres? — Ele ergueu uma sobrancelha enquanto voltava a se inclinar para trás.

Ela levantou um dedo, desta vez se inclinando mais perto.

— Só porque sou jovem, não significa que sou uma idiota. Sei o que está implícito aqui, mas não disse. Você já teve sua cota de mulheres e continuará a ter depois de roubar todo o meu dinheiro e ter sua cota de mim.

As mãos dele caíram e seus olhos se arregalaram. Sua farpa havia acertado o alvo.

— Eu... — ele engoliu em seco, sem terminar.

Ela se inclinou para frente então, seus dedos descansando no braço da cadeira dele.

— Não vou bancar a idiota. — Ela se inclinou ainda mais perto, seus olhos se estreitando. — Mantenha seus lábios e suas mãos para você.

Bash escolheu aquele momento para entrar na sala, embora tenha parado no limiar.

— O que eu perdi?

— Nada, — Abigail respondeu, colocando um sorriso excessivamente brilhante nos lábios. Bash não era o único que poderia usar um sorriso falso para disfarçar más notícias. — Eu estava explicando para Blasphemy que ele não tem licença para me tocar.

— Esse nome dificilmente é apropriado para você...

— Concordo. — Ela olhou-o, segurando o braço de sua cadeira. — É um nome horrível, grosseiro e rude. Mas como você o usa em quase todos os lugares, presumi que fosse seu chamamento preferido.

— Sua língua é afiada demais, — disse ele, sentando-se mais reto.

Abigail desviou o olhar. Não foi a primeira vez que ouviu essa crítica. Era discutido com frequência. Suas irmãs também gostavam de alegar que ela era a favorita de seu pai e, portanto, conseguia o que queria. Tinha sido sua única arma quando criança para se defender contra as ordens delas, onde todos eram mais velhas e mais barulhentas do que ela.

Mas aqui e agora, usaria sua vantagem sem remorso.

— Você provavelmente não deveria se casar comigo, então. Eu só vou te fazer miserável.

Em vez de parecer ofendido ou mesmo irritado, um sorriso se contraiu nos cantos de sua boca. O homem não deveria se divertir. Isso não fazia parte do plano de forma alguma.

Bash ainda estava na porta, bloqueando a entrada da sala.

— Bash.

Abigail ouviu sua irmã falar atrás de seu marido.

Ela se levantou rapidamente e chamou Isabella.

— Você deve me ajudar, querida irmã. Eles estão tentando me vender como um móvel.

Bash gemeu enquanto se movia para o lado para permitir que sua esposa entrasse.

Isabella entrou na sala e olhou para Abigail, até que seus olhos pousaram em Blasphemy. Então, eles se arregalaram. Quando seu olhar voltou para o de seu marido, seus braços se cruzaram e seus olhos se estreitaram em fendas.

Abigail voltou para seu assento. Ela ajeitou as saias mais uma vez, cantarolando de satisfação. Ter irmãs mais velhas mandonas era um problema? Hoje não seria.

Bash estava com problemas agora.

O vento estava mudando.

Ele sabia que parecia estranho, eles estavam na sala de estar, o vento de inverno chicoteando os céus lá fora não estava realmente passando pelas janelas. Na verdade, a casa do duque era quente ao ponto de aconchegante.

Mas, Isabella parecia uma tempestade e Bash estava prestes a ser atingido com toda sua força.

O que era muito divertido. Isso é o que o homem ganhou por se apaixonar antes de se casar.

Mas se Isabella ganhasse... ele não se casaria com a princesa afinal. O que o encheu de... decepção. Quando diabos isso aconteceu?

Vindo para esta reunião hoje, ele achou a tagarelice dela constante, mas a verdade era... ela era inteligente e malditamente interessante.

Ele olhou-a, um sorriso satisfeito puxando seus lábios. Ele sorriria assim também se tivesse a vitória que ela acabara de ganhar.

E teve que confessar, ele a subestimou.

Ela era o que ele pensava. Falava alto, o que significava que ela não recuava recatadamente para um canto e estava acostumada a conseguir o que queria. Mas não era que ela fosse mimada como ele pensava... mais porque ela sabia como conseguir o que queria. Era inteligente e corajosa e... droga, ele gostou do desafio que ela apresentou.

Ele se inclinou para frente, tocando-lhe o braço. Ela se afastou, dando-lhe um olhar sombrio.

— Devemos servir vinho enquanto observamos esta conversa se desenrolar? — Ele empurrou o queixo em direção a Isabella e Bash.

— São dez da manhã, — ela advertiu, revirando os olhos. — Você não sabe nada sobre o comportamento adequado para uma senhora?

Ele sabia. Ele simplesmente não se importava.

Ele raramente se levantava tão cedo. O clube o mantinha acordado até as primeiras horas da manhã na maioria dos dias, então raramente se levantava antes do meio-dia.

Ao longe, ele ouviu Isabella repreendendo o marido. Palavras como libertino e não polido filtraram em seus pensamentos, mas ao invés de ouvir as farpas jogadas nele, ele observou Abigail.

A maneira como sua língua saiu novamente para molhar seus lábios e sua garganta moveu-se mesmo quando seu rico cabelo castanho refletiu a luz.

— Eu sei que você está preocupado com a reputação e segurança dela, mas este plano é... — As mãos de Isabella se estenderam para os lados, — Inconcebível.

Abigail deu a ele outro sorriso satisfeito, o brilho travesso em seus olhos, atraente como o inferno.

— Mudei de ideia. Afinal, vou aceitar aquele vinho.

Peste, ele pensou novamente. Mas se levantou e serviu o vinho em duas taças, usando o estoque pessoal de Bash, que mantinha no aparador.

Ele levou os dois copos, entregando um para Abigail enquanto o outro casal continuava a falar, esquecido de sua audiência. Ele bateu seu copo contra o dela.

— Não importa como este dia termine, só gostaria que você soubesse que esta manhã foi... interessante. Intrigante até.

— Intrigante? — Suas sobrancelhas se ergueram. — Você está me elogiando agora? Depois de tudo que você disse?

— Princesa. — Ele se sentou novamente. — Eu não disse uma palavra contra você em toda essa conversa. Se você pensar bem, a única que está jogando farpas é você.

Sua boca abriu, fechou, e abriu novamente apenas para se fechar.

— Devo confessar que você tem razão.

Ela tinha cedido terreno? Ele tomou um gole de seu vinho.

— Então deixe-me mostrar-lhe outra coisa. Você tem um dote substancial, mas não tem título e nem reputação. Se você não quer se casar comigo, quais são suas outras opções? — Ela abriu a boca, mas ele ergueu um dedo. — Não se apresse. Realmente, pense.

Ela franziu o cenho para ele. - Você está dizendo que devo escolher um marido ruim ou ser uma solteirona e me contentar em ter o melhor do pior.

Ele encolheu os ombros, mas estremeceu interiormente. Porque a mulher tinha jeito com as palavras.

— No entanto, você deseja ver isto. Mas talvez você esteja sendo precipitada em rejeitar minha proposta.

Ela balançou a cabeça.

— Não estou. Vou me casar por amor, como minhas irmãs fizeram, ou não vou me casar. Não fiz nada de errado e não serei punida pelas impressões dos outros. Não me importo com o que todo mundo pensa que eu deveria ter para o meu futuro. — Então, ela se virou novamente.

Ele fez uma careta. Amor? Que ideia boba. Casar-se por amor. Vendo seu amigo ser intimidado pela esposa. Era esse amor cego pelo que as pessoas se esforçavam?

Então, novamente, o que sabia sobre amor ou até mesmo afeto? Sua família não tinha nenhum por ele e nenhum pelo outro filho.

Seu irmão mais velho tinha sido ruim, odioso mesmo, embora Chad tivesse tentado formar um relacionamento real com o homem. Teria sido falha dele ou de William?

— Isabella, — disse Bash, uma nota de desespero rastejando em sua voz. — Ele é um bom homem. Eu não estaria negociando com ele se não fosse, e tem mais, ele manterá sua irmã segura e... — Ele estendeu a mão e tocou o rosto de sua esposa. — Você sabe que eu nunca faria nada que pudesse machucar sua família. Elas também são minha família agora.

— Não, — Chad ouviu Abigail murmurar, seu copo tilintando na mesa ao lado dela. — Droga...

Ele se recostou na cadeira, tomando outro gole de seu vinho. Bash estava ganhando, o que lhe deu uma incrível sensação de satisfação. Ele apenas estava gostando da vitória ou realmente queria se casar com Abigail? Talvez quisesse.

Um fio de antecipação o percorreu. Ela provaria ser ainda mais divertida do que ele havia imaginado.

Isabella deu um longo suspiro e olhou para a irmã.

— Talvez Abigail pudesse ter um pouco de tempo para conhecer Blasph... Blackwater, e então podemos retomar a conversa?

— O quê? — Abigail guinchou. — Não!

Isabella tocou o antebraço do marido.

— Temos um baile amanhã à noite. O baile do rei. O barão pode se juntar a nós. Isso serviria para garantir que Abigail permanecesse segura e permitiria que se conhecessem.

Um baile? Queriam que ele fosse a um baile? Eles não o conheciam?

Mas o olhar de consternação de Abigail o deixou satisfeito. De alguma forma, ela sabia que ele odiava bailes e que ir a um seria horrível para ele.

— Que ideia excelente, querida irmã, — disse ela.

Ele grunhiu enquanto tomava um grande gole de seu copo. O namoro seria doloroso.

 


Capítulo 03


Na noite seguinte, Abigail ficou entre Eliza e Isabella, enquanto tentava ignorar os sussurros que pareciam segui-la aonde quer que fosse. O baile do rei foi um desastre.

Ela engoliu em seco quando seu queixo ficou mais erguido, determinada a não ouvir. Ainda conseguiu ouvir algumas das palavras quando um grupo de senhoras passou, dando-lhe olhares penetrantes.

— Sozinha com um homem em uma rua movimentada.

— Em seus braços.

— Indecente.

Abigail mordeu a língua para evitar que uma réplica passasse por seus lábios.

Ela olhou para a pista de dança. Emily dançava sem esforço nos braços de seu duque. Ela olhou para sua irmã com tanta terna preocupação que o coração de Abigail deu uma batida de ciúme. Não que precisasse de um homem para protegê-la, mas ainda assim. Seria bom inspirar tanta devoção.

O Duque Dishonor era o mesmo homem que resgatou sua irmã dos agressores. Ele perseguiu Emily por metade de Londres para se certificar de que ela estava segura. Claro, eles foram pegos juntos, e é por isso que Abigail estava arruinada.

Então, sua boca se curvou. Ainda não estava arruinada. Ela olhou por cima do ombro para ver o Barão de Blackwater, encostado na parede. Esse demônio deveria ser seu salvador.

Ele havia amarrado o cabelo para trás, embora as longas mechas ainda parecessem fora de moda, mas o colete e a calça eram impecavelmente ajustados ao seu grande corpo.

Ela olhou de volta para as mulheres sussurrando, enrijecendo sua espinha. Apenas imaginaria o que diriam sobre seu noivado com o Barão de Blackwater. Saia da frigideira e vá para o fogo...

Ele não a olhou com terna devoção. Admitia que seus olhos estavam nela mesmo agora, mas ele parecia... irritado, em vez de animado. Ela suspirou, sabendo muito bem que despertou essa emoção em muitos.

Eliza bateu o leque contra a palma da mão, fazendo um som alto.

As mulheres próximas ficaram em silêncio, mesmo quando sua irmã deu um passo à frente. Eliza era alta para uma mulher e seu olhar mantinha a severidade de uma dama que experimentou dificuldades reais. Sua irmã mais velha era tão forte quanto perspicaz, e as outras mulheres estavam certas em temer a ira de Eliza agora. Ela as esfolaria apenas com palavras.

Abigail sorriu, apesar de tudo. Este era um dos muitos momentos em que ela não se importou tanto em ter irmãs mais velhas.

— Andem, senhoras. — Eliza disse, escovando os dedos várias vezes como se estivesse varrendo as mulheres.

Uma deu um pequeno bufo, mas todas começaram a se mover, provavelmente em busca de novos convidados para torturar. Nenhuma delas tentou se opor à marquesa.

Ela estava feliz com a ajuda de Eliza, mas toda a interação a lembrou de como ela ficaria muito mais confortável se simplesmente ficasse em casa.

— Lembre-me por que estamos aqui de novo? — Abigail fechou os olhos. Ela não conseguia nem se virar porque Blasphemy ainda estava atrás dela. Ela estava presa neste mesmo lugar.

— Você sabe muito bem que este convite era muito importante para recusar, — respondeu Isabella. — Quando o rei o convida para um baile, você não diz não. Além disso, precisamos de sua ajuda para pegar os homens responsáveis pelo roubo de nossa empresa.

Abigail balançou a cabeça.

— Está tudo muito bem, mas por que eu tenho que estar aqui?

Eliza olhou para Abigail enquanto batia no ombro da irmã com o leque.

— Você é uma Carrington. Você não vai correr e se esconder. Agora fique ereta e olhe para elas.

Abigail fungou.

— Fácil para você dizer. Você é a esposa de um marquês. — Eliza não poderia lhe dar um pouco de simpatia em vez de um sermão sobre como permanecer forte? Toda a sua boa vontade para com Eliza evaporou. Por que suas irmãs sempre a tratavam como se ela fosse uma criança errante? Nenhuma delas teve que enfrentar esse tipo de ridículo, e nenhuma delas foi comparada com uma... negligente.

Na verdade, nenhuma delas foi correspondida com um homem. Elas escolheram seus maridos depois de se apaixonarem.

Seu queixo caiu enquanto ela balançava a cabeça. Não era justo.

Seu pai sempre lhe disse o quanto sua mãe, sua esposa, tinha significado para ele. Como ela lhe permitiu a liberdade de ser ele mesmo. Ele passou muito tempo fora com sua companhia de navegação, e sua mãe sempre manteve sua casa para ele enquanto ele estava fora.

Todas as suas irmãs puderam seguir os próprios passos. Se todas podiam, por que não ela? Ele lhe falou, mais do que a qualquer pessoa, sobre os méritos do amor.

O leque de Eliza estalou contra sua mão novamente e por um momento, Abigail se perguntou com quem sua irmã estava irritada agora.

— Pare de fazer beicinho. Isso não vai funcionar comigo como sempre funcionava com mamãe e papai.

— Eu não estou fazendo beicinho, — ela disparou de volta.

Eliza balançou a cabeça.

— Não pense que parecer taciturna vai te prejudicar. Somos iguais sem nosso pai aqui. Ele não pode ter favoritos.

— Favoritas? Que nojo! — Ela fez um gesto com a mão. — Você me trata como uma criança petulante, não igual. Tenho dezenove anos agora e sou uma mulher adulta.

— Então comece a agir como uma e não como a favorita mimada do papai. — Eliza atirou de volta, sua voz um silvo baixo.

Ela torceu o nariz para a irmã.

— Você sempre teve ciúme de meu relacionamento com nosso pai. É impróprio, Eliza.

— Abigail. — A voz de Eliza ficou baixa, um tom duro tornando o som nítido. — Isso não é ciúme. Pare de tentar se manter distante. É efeito do tratamento do papai. Você deveria estar usando esta oportunidade para conhecer Blackwater. Você nem olhou para o homem a noite toda.

Seu queixo se ergueu com isso. Essas outras mulheres podem não querer desafiar Eliza, mas ela tinha toda a intenção de dizer à irmã o que fazer com seus conselhos.

— Não preciso perder tempo com ele para saber qual será a minha resposta à falsa proposta que recebi ontem de manhã.

Isabella fez uma careta, balançando a cabeça.

— Não foi uma farsa. Você está exagerando. Foi uma proposta real destinada a cuidar do seu futuro de várias maneiras.

Ela se virou para a irmã, franzindo a testa enquanto colocava as mãos nos quadris.

— Meu futuro? O objetivo era financiar o dele, não o meu.

Dedos firmes envolveram seu cotovelo.

— Vamos dançar, vamos?

Irritação e algo mais quente deslizaram por sua espinha. Ele. Blasphemy.

Ela tentou puxar o braço, mas o aperto dele era mais forte do que ela pensava. Seus lábios pressionaram em uma linha firme.

— Me deixe ir.

Suas sobrancelhas se ergueram.

— Sua voz está aumentando e você está chamando atenção.

Seu olhar girou para descobrir que estava correto. Sua explosão atraiu todos os tipos de atenção e um rubor subiu em suas bochechas. Por que se esqueceu disso? Ela baixou as mãos enquanto respirava fundo.

Ela permitiu que as intromissões de sua irmã a perturbassem. Novamente.

— Vamos dançar, — ele murmurou.

— Você não deveria perguntar se eu estou disponível primeiro?

Um canto de sua boca se ergueu.

— Você não estaria aqui de pé se não estivesse, e pensei que você gostaria de uma pausa de falar com suas irmãs ou ouvir... — E ele olhou para o grupo de mulheres sussurrantes que se afastavam, mas não o fizeram. Agora, estavam apenas fofocando sobre ela à distância.

Ela piscou, percebendo que ele estava tentando ser gentil. Ela se aproximou então, pronta para aceitar seu convite quando sentiu seu cheiro. Ele cheirava... maravilhosamente. Rico e profundo como a floresta depois de uma chuva. Ela respirou fundo ao mesmo tempo que assentia com a cabeça.

Em vez de oferecer o cotovelo, ele colocou a mão nas costas dela. Foi um claro sinal de posse, uma declaração, e ela ouviu o clique de vários leques quando foram abertos e começaram a vibrar. Sabia que ele colocara as fofoqueiras a postos com seu gesto, mas ela não se importou.

A força de sua mão infiltrou-se em suas costas enquanto se afastavam, e ela não olhou para trás.

Enquanto a levava para o salão, ele a segurou com firmeza, o que a fez suspirar de alívio. Ele estava certo. Aqui ela estava mais longe dos boatos e da irritação de sua irmã. A música começou e com passos fortes e seguros, ele começou a girá-la pelo salão.

Chad olhou para Abigail com surpresa. Ele esperava que ela lutasse com ele. Em vez disso, ela seguiu seu exemplo com uma graça sem esforço enquanto se aproximava, criando uma intimidade entre eles que fez seu peito estremecer com a necessidade possessiva.

Sua cabeça se inclinou para trás e seu olhar encontrou o dele, sustentando seu olhar enquanto dançavam uma valsa.

Ele odiava dançar como regra geral, e só a convidou para amenizar a situação crescente entre as irmãs Carrington.

Com clareza, ele viu o problema. Eliza e Abigail tinham vontades e força iguais, mas Eliza tinha idade e status superiores como mulher casada. Um poder que ela exercia sobre sua irmã mais nova com força bruta.

Abigail se irritou e era uma posição que ele entendia bem. Seu irmão mais velho também tinha sido implacável.

Ao contrário de seu irmão, Eliza parecia agir por amor. Ele tinha visto a marquesa proteger sua irmã, algo que seu irmão nunca teria feito. Mas ela também disse com liberdade a Abigail o que era melhor, e Abigail odiou o tratamento.

— Obrigada, — ela murmurou enquanto se moviam. — Eu precisava de uma pausa de... — ela hesitou, olhando para os lustres pendurados acima.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Línguas afoitas ou irmãs autoritárias?

— Você viu tudo isso, não é? — Seu olhar estalou de volta.

Ele encolheu os ombros.

— Eu vejo muito sobre o que você está preocupada. Você é a única razão pela qual estou aqui.

Seus olhos se arregalaram enquanto ela o avaliava. Eles continuaram a dançar, o silêncio caindo novamente. Mas ela mordiscou o lábio até que finalmente falou novamente.

— Você veio por mim?

Ele acenou com a cabeça, puxando-a apenas um pouco mais perto.

— Para o nosso combinado.

Ela endureceu sob seu toque.

— Nossa compromisso. É claro.

Ele sabia que essa era a coisa errada a se dizer. Porque ele queria o casamento não para ela, mas para si mesmo. Já tinha admitido que suas necessidades, e não as dela, eram o que o motivava. Caso contrário, teria ficado em casa ou ido para o salão de jogos. Ele evitou a sociedade por uma razão. Não só ele não gostava da alta sociedade como também não gostava de lidar com a sua elite de esnobes, mas ele não era particularmente bom nisso.

— Você sabia que eu sou o segundo filho?

Seus olhos enrugaram quando ela o olhou.

— O que você quer dizer com isso?

Ele pigarreou.

— Meu irmão mais velho morreu há três anos, deixando-me para tomar seu lugar como o Barão de Blackwater.

— Sinto muito por sua perda, — ela respondeu, apertando seus bíceps com a mão.

Ele encolheu os ombros. Deveria lhe dizer que nunca houve qualquer afeto entre ele e seu irmão? Que se sentia culpado por não lamentar a morte dele? Ele não cobiçou o título, nunca o fez. Na verdade, desejou que fosse um fardo colocado sobre outra pessoa. Mas não deveria um homem ficar triste quando seu irmão se foi?

— Obrigado. Não éramos próximos. — Ele hesitou, avaliando sua reação, mas ela só parecia curiosa. — Ele era muito mais velho do que eu.

— Quanto mais velho?

— Sete anos, — ele respondeu. — Ele estava indo para a escola quando eu estava engatinhando, e quando voltou para pegar o título, eu era um aluno em Eton.

Ele só percebeu mais tarde que seu irmão era tão ruim quanto o pai. Quando criança, imaginou seu irmão sendo gentil e atencioso e assim que William voltasse para casa, eles se uniriam contra o tirano que os governava.

Na verdade, após a morte de seu pai, seu irmão havia assumido o papel de valentão que exercia o poder sobre ele e sua mãe com grande prazer.

Ela deu a ele um meio sorriso.

— Uma vida sem irmãos... que libertadora.

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Confie em mim. Eu estava longe de ser livre sob o governo de meu pai ou de meu irmão e agora... — Não, ele estava sobrecarregado por seu dever para com o título.

Ela deu um pequeno aceno de cabeça.

— Eu não quero que você entenda mal. Eu amo minhas irmãs. Muito.

Seu coração disparou. Ele podia ver o afeto entre elas. Por baixo da briga e frustração.

— Eu entendo.

— Mas, — ela fez uma pausa quando ele a girou em um círculo novamente. — Elas acham que sabem o que é melhor para mim o tempo todo. Ninguém diz a elas o que fazer. Por que devem ditar todos os aspectos da minha vida até o homem com quem devo me casar? Por que não posso fazer escolhas da maneira que elas fizeram?

Ele viu seu ponto. Também não gostou particularmente de ouvir o que tinha que fazer.

— Você já pensou que o casamento pode ser libertador para você, afinal?

Suas sobrancelhas se ergueram.

— Poderia ser. — Ele olhou para ela, surpreso com sua resposta. Mas ela ignorou seu olhar e continuou. — Se eu me casar com o homem certo.

Ahhh... ele entendeu. A música acabou e os dançarinos pararam. Sabia o que ela diria a seguir... o Barão Blasphemy não era o homem certo. Mesmo sabendo o que ela diria, ele não tinha encerrado essa conversa. Nem mesmo perto.

Olhando por cima do ombro, ele se dirigiu para as portas do terraço.

Ela olhou para trás também.

— Aonde estamos indo?

Ele colocou a mão nas costas dela. Ele gostou da sensação da curva em sua mão.

— Lado de fora. Precisamos de um momento.

— As línguas vão falar.

— Elas já estão. — Ele não diminuiu o passo enquanto se movia em direção às portas com o braço em volta dela.

Ela sorriu e relaxou enquanto ele a guiava pelas portas. Eles queriam um pouco de privacidade porque as negociações estavam prestes a começar.

 


Capítulo 04


O ar frio da noite atingiu sua pele, fazendo Abigail estremecer. Ou era o homem grande ao seu lado?

Ela teve que confessar, ele a deixou um pouco desequilibrada esta noite. Porque ele parecia entendê-la, e estava disposto a ouvi-la também.

E agora, tinham feito uma fuga adorável, mesmo que apenas um pouco, daquela festa torturante.

Eles caminharam entre alguns outros convidados, o barulho do baile se filtrando na noite pela fileira de portas abertas. Mas logo, Blasphemy os levou para as sombras e por um caminho isolado.

— Aonde estamos indo? — Ela perguntou um pouco sem fôlego. Nunca tinha estado assim sozinha com um homem antes. Deveria estar nervosa? Ela tremeu enquanto estudava seu perfil no escuro. Estava com um pouco de medo, mas não dele...

Sua mão livre alcançou a dela enquanto deslizavam por dois arbustos, os galhos criando um silêncio abafado sobre eles.

— Isso deve servir, — disse ele calmamente. — Ficaremos por aqui.

— Por quê? — Ela perguntou, esperando por uma resposta melhor.

Ele olhou para ela, seu braço ainda envolto em sua cintura.

— Desejo discutir o que você quer, o que eu quero e como podemos nos aproximar.

— Estamos bastante perto, — respondeu ela. — Eu posso sentir você respirando.

Ele deu uma risadinha.

— É um excelente começo, mas me referia mais a uma intimidade de espírito. Principalmente no que diz respeito ao casamento.

Suas sobrancelhas se ergueram quando ele apertou a mão dela. Ela permitiu que ele se acomodasse um pouco mais perto.

— Estamos aqui para discutir casamento? — Sua boca se curvou nos cantos. — Estou no jardim, escondida em uma cerca viva, na escuridão da noite, com um libertino conhecido, e ele deseja discutir o matrimônio.

Ela tinha sido aninhada contra o seu lado, mas ele a puxou para que sua frente pressionasse a dele, sua mão deslizando por suas costas para seu ombro nu. Sensações deliciosas formigaram ao longo de sua pele.

— Eu me ofereci para mostrar a você alguns dos meus benefícios libertinos mais cedo, mas você recusou.

Ela fez uma careta.

— Como você vai me levar a sério se eu simplesmente começar a permitir todos os tipos de liberdade?

Ele estendeu a mão enluvada para arrastar os dedos ao longo de sua bochecha antes de segurar suavemente seu queixo.

— Eu a levo muito a sério, Srta. Abigail Carrington. Você é uma força a ser reconhecida.

Essas palavras a suavizaram. Desejava ser levada a sério e receber o respeito que suas outras irmãs pareciam alcançar sem esforço. Porque às vezes ela se perguntava se suas irmãs estavam certas. O favoritismo de seu pai tinha sido um obstáculo?

As palavras Blasphemy amenizaram alguns de seus temores, e ela apreciou que ele entendesse, mas antes que pudesse agradecê-lo, ele se abaixou e roçou os lábios nos dela.

O toque foi gentil e breve, uma leve varredura de sua boca que era tão fraca que poderia nem ter acontecido.

Exceto que o formigamento se espalhou de sua boca por todo seu corpo. Ele a segurou contra seu peito grande e musculoso e quando ela ofegou, o corpo dela pressionou o dele.

Ele a beijou novamente, mais firme, mais forte, e ela derreteu com o toque. Por ele. Isso era divino.

Ele ergueu a cabeça então, seu polegar roçando em seus lábios.

— Você tem um gosto tão bom quanto pensei que teria.

— Oh, — ela respirou, suas palavras enviando outra chuva de arrepios ao longo de sua pele. — Você já pensou sobre como é o meu gosto?

— De fato, — ele disse, sua respiração sussurrando sobre sua bochecha. — E foi ainda melhor do que eu imaginei. Doce, mas cítrico também com apenas um toque de... — ele fez uma pausa, — cravo.

Sua língua disparou para tocar seus próprios lábios. Ele pegou tudo isso?

— Você é...

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Inteligente?

— Perigoso, — respondeu ela, tentando dar um passo para trás. Afinal, ele era um libertino e ela estava rapidamente caindo sob seu feitiço. Ele a encheria de beijos e palavras bonitas, e então ela concordaria com o que ele desejasse. Ela deveria saber. Deu um passo mais definitivo para trás e se retirou de seus braços. Ela tinha lhe permitido muitas liberdades. Mas quando deu um passo para trás, ela tropeçou em uma pedra solta sob seu pé esquerdo.

Ele a segurou em um instante, trazendo-a de volta. Desta vez, porém, seus músculos estavam tensos e ondulavam contra ela.

Ela ofegou quando agarrou seus ombros. Seu olhar estalou para o dele, seus olhos arregalados. Por que ele tinha que ser tão... masculino? Isso a ajudaria a se posicionar se ele fosse menos atraente.

Ele lhe deu um sorriso arrogante enquanto se inclinava em sua direção, seu corpo se curvando para trás.

— Viu? Um marido pode realmente ser útil.

Ela apertou ainda mais o tecido das mangas dele.

— Então, em alguns anos, quando eu tropeçar novamente, você estará lá?

— Claro que sim. — Seu sorriso se alargou. — E quando você precisar que seu fogo seja apagado, ou seu cavalo selado...

Ela torceu o nariz.

— Com todo o respeito, Blasphemy, um noivo poderia...

— Não é esse nome. — Seu sorriso desapareceu quando sua testa franziu. — Esse não é o nome de um marido.

Ela balançou a cabeça um pouco.

— É como todo mundo o chama.

— Você não, — disse ele. — Meu nome é Chadwick, mas minha mãe me chamava apenas de Chad quando eu era menino.

— Chad? — Combinava com ele. Forte e agradável. Mas então, seu olhar se estreitou. Ele achava que um nome diferente a faria esquecer sua reputação? — O resto do mundo continuará a chamá-lo de Blasphemy?

Ele ergueu um ombro, tentando parecer casual, mas ela sentiu a tensão, esticada em seu estômago e a faixa dura de seus braços ainda em volta dela.

— Não tenho certeza. Eu sou bastante novo nisso.

— Muito justo, — ela murmurou, empurrando seus braços para se endireitar. — Você me trouxe aqui para me beijar? Porque se assim for...

— Não, na verdade, — ele respondeu, não a deixando ir. — Compreendo que você está cansada de ouvir o que fazer. É um problema com o qual tenho muita experiência.

— Entendo. — Não entendia, na verdade. Ele estava se referindo a seu irmão? Ao pai dele? Gostaria de lhe perguntar mais sobre a infância à qual ele aludiu. Mas ela não estava aqui para conhecê-lo.

— Eu queria te assegurar que você terá escolhas em nosso compromisso.

Isso a fez esquecer suas reflexões sobre seu passado.

— Que tipo de escolhas?

— O que você quiser. Bash acertou o compromisso, mas você e eu podemos decidir os termos. O que é que você quer de mim? O que a deixaria satisfeita em nossa união? Pense nisso.

Esta não era a conversa que ela esperava. Ela engoliu em seco quando deu um passo para o lado dele mais uma vez, deslizando a mão em seu cotovelo. Ele estava tentando agradá-la, e ela gostou disso. Muito. Mas já tinha sido clara sobre o que queria. Tinha que ter o afeto de um homem porque precisava de uma prova... Prova de que ela era digna.

— Chad, — ela disse suavemente. Ela tinha sido tão perspicaz quanto foi capaz em suas duas últimas conversas, mas queria moderar as próximas palavras. Ela apreciou o que ele ofereceu. Ela realmente apreciou. — Mas eu já te disse. O que procuro é o amor.

Amor?

A mulher era idiota.

Ele a olhou, seu rosto desenhado em linhas de simpatia. Não, ela não era. Ela era inteligente e forte o suficiente para se manter firme mesmo depois daquele beijo.

Maldito inferno, aquele beijo tinha sido muito melhor do que deveria ter sido. Foi um leve roçar de lábios. Ele beijou uma freira com mais paixão do que isso. Certo, ela tinha sido uma freira muito travessa, mas ainda...

O leve toque de sua boca na de Abigail deveria tê-lo entediado. Em vez disso, todos os músculos de seu corpo se contraíram como uma corda de arco, pronta para ser liberada.

Ela se ajustou confortavelmente contra ele, seu perfume adorável envolvendo-o.

Ele queria beijá-la novamente e novamente. Em vez disso, estava sendo rejeitado por causa de amor. Tentou não deixar escapar um estrondo de frustração. O que era o amor? Um mito. Uma ficção.

Houve sexo. Havia uma necessidade mútua dentro e fora do quarto. Ele cuidaria de suas necessidades. Mantendo-a segura.

Ele daria a ela um título...

Então, seu intestino se contorceu quando percebeu por que não gostava de seu apelido nos lábios dela. Ser a Baronesa de Blackwater era uma das poucas coisas tangíveis que ele tinha a oferecer, e ele manchou isso com o nome. Blasphemy.

E seu comportamento. Isso também existia.

Em sua defesa, sua família havia levado o baronato à falência, deixando-o com os fragmentos esfarrapados de um título, mas ele também causou o seu dano. Por que isso ficou claro de repente?

Ele esperava que esta fosse uma transação fácil. Ofereceria proteção e ela financiaria seu futuro.

Mas não havia nada simples sobre essa mulher, e pior ainda, ela estava destacando suas próprias falhas, iluminando cada uma delas por sua vez. Ele odiou o que viu. Não admira que ela não desejasse se casar com ele.

— Eu deveria levar você de volta para dentro antes que sintam a sua falta.

Ela assentiu com a cabeça, sua mão apertando seu braço.

— Espero que você entenda por que não posso me casar com você.

Ele se acalmou então, virando-se para estudar seu rosto voltado para cima. Ela parecia preocupada, as sobrancelhas franzidas juntas, as mãos ambas dobradas contra o braço dele. Ela achou que seria tão simples? Independentemente de ser ou não digno, ele precisava desse casamento.

— Não vou permitir que você não aceite, porque eu concordei, — ele resmungou. E então rápido como uma cobra, ele passou os braços abaixo de seu traseiro e a ergueu do chão. Ela gritou, segurando a largura de seus ombros.

— Chad, — ela gritou no tipo de voz ofegante que o atiçava. Ele a apertou.

— Estou lhe trazendo a realidade porque não tenho intenção de prejudicar ainda mais sua reputação. Você concordará em ser minha esposa porque percebeu que sou a escolha certa, não porque eu tirei suas outras opções. — Ele esperou. A concessão dela era a única coisa que iria aliviar a dor que crescia dentro dele de que não era bom o suficiente...

Seu rosto estava logo acima do dele, seu seio pressionado contra sua clavícula. Estava maravilhoso.

— Nesse caso, você vai esperar muito tempo. Não vou conceder permissão.

Ele queria rosnar de frustração. Então, novamente, por mas por consciência. A insistência dela de que não cederia só o deixou mais frustrado. E de alguma forma, a tornou mais atraente.

Ele passou sua vida tentando ganhar o afeto da família que o negou. Por que era tão masoquista que faria o mesmo com ela?

— Você irá. — Mas talvez essa fosse sua loucura, afinal.

— Por que você está tão certo?

Ele sorriu para ela.

— Porque todos desejam definir os termos. Estou lhe dando essa oportunidade agora.

Seus lábios se separaram em surpresa antes que ela os fechasse.

— Meu primeiro termo é você me colocar no chão.

Ele sorriu, colocando-a levemente de pé.

— Viu? Estamos chegando a algum lugar.

Ela colocou o braço de volta em seu cotovelo.

— Só posso assumir que você terá seus termos também?

Ele saiu pela cerca viva, levando-os em direção à luz que se derramava da festa no terraço. A verdade era que ele tinha muito poucos.

Ela se casaria com ele... esse seria o primeiro.

Além disso, ele não planejou o tipo de casamento que seus amigos tinham. Planejava cumprir suas obrigações com o título, então retornar ao seu antigo modo de vida.

O problema era... ele estava tendo dificuldade em imaginar qualquer mulher em sua cama além dela. E então, imaginou outro homem a visitando, e ele parou ao longo do caminho enquanto a raiva ondulava por ele.

— Termos? — Ele rugiu. — Eu tenho alguns.

Ela respirou fundo como se fosse responder, mas outra coisa chamou sua atenção.

Bash estava parado na porta examinando o terraço como se procurasse alguém. Quem?

Seria ele? Teria saído por muito tempo? Ele era péssimo em ser um cavalheiro. Ele começou a avançar novamente.

— Bash está procurando por alguém. É melhor irmos ver o que está acontecendo.

— Concordo, — ela respondeu enquanto levantava a saia. — Espero que esteja tudo bem.

Eles estavam prestes a descobrir...

 


Capítulo 05


O coração de Abigail acelerou em seu peito quando o olhar de Bash pegou o dela. Ele lhe deu um puxão rápido com a mão, indicando que ela deveria se apressar.

Chad colocou a mão em sua cintura novamente enquanto corriam para o lado de Bash.

Sua boca estava desenhada em uma linha dura e tensa enquanto se aproximavam.

— Bash, — Chad começou, um estremecimento puxando suas feições. — Eu posso explicar...

— Mais tarde. — Bash cortou o ar com a mão. — Dishonor estava levando Emily para casa e sua carruagem foi atacada. Mesmo agora, ele está indo para as docas. Ele e Emily estão saindo da cidade.

Abigail se assustou. Sua irmã estava indo embora? O pânico apertou seu peito.

— Atacada? Atacada como?

— Os detalhes foram curtos e poucos, mas o perigo é... — Ele fez uma careta. — Você estava certa, Abby. Esta noite foi um erro.

Ela arregalou os olhos ao ouvir seu cunhado dizê-lo e experimentou a satisfação por um momento. Raramente ouvia que suas respostas estavam certas. Mas então, suas próximas palavras a deixaram fria.

— Mas, infelizmente, isso nos deixa com poucas e preciosas opções agora.

Seu estômago caiu, mesmo quando seu coração começou a bater, o sangue latejava em suas veias. Oh, não. Ela sabia o que isso significava.

— Não. — A única palavra caiu de seus lábios, mesmo quando Chad a puxou para mais perto.

— Temo que sim. — Bash esfregou a cabeça. — Blasphemy, você vai conseguir uma licença especial, e então deixar a cidade com Abigail. Case-se assim que for seguro.

Abigail abriu a boca para protestar. O que aconteceu com suas escolhas? Seus termos...

— Bash, — ela disse, uma pontada de frustração rastejando em sua voz. Chad tinha acabado de concordar em dar a ela opções e tempo, e agora tudo lhe tinha sido tirado... de novo. Ela tocou a testa, sentindo as gotas de suor frio alisando sua pele.

— Uma licença especial? Não tenho certeza se tenho esse tipo de influência.

— Vou pedir ao rei que envie uma mensagem ao arcebispo. — Bash não olhou para ela. — Leve Vanity com você.

Essa foi a gota d'água. A mão de Abigail veio para seu quadril.

— Você está enviando um libertino como acompanhante?

Bash a olhou então, os cantos dos olhos se contraindo como se ele estivesse com dor.

— Não, Abigail. Como guarda-costas. Você não precisa de um acompanhante com seu marido. — Ele esfregou o rosto, sua voz diminuindo. — Lamento que você não tenha as mesmas opções que suas irmãs. Eu realmente lamento.

Lágrimas queimaram seus olhos, embora ela se recusasse a derramar. Ela engoliu em seco várias vezes para reduzir o caroço.

— Quando partimos?

— Agora, — Bash respondeu. — Dishonor teme que se eles o estão seguindo, então estarão nos seguindo também. Vamos nos separar, entrando pela noite e nos espalhando aos quatro ventos.

— E Infamy? Ele está ajudando neste plano? — Ele era o último parceiro no clube.

Bash fez uma careta.

— Vou precisar dele para buscar sua prima, Avery.

— Buscar Avery? — Abigail perguntou. — Mas como ele poderia...

Bash balançou a cabeça.

— Ela também não terá escolha.

Abigail cobriu a boca com as mãos. Sua prima teria que se casar com Infamy. Isso era... ridículo. A pobre Avery já tinha passado pelo suficiente, filha de um homem mau que nunca se importou com ela.

— Certamente, o perigo não é que...

— Sua irmã foi sequestrada e atacada. Você quer sofrer o mesmo destino, ou pior? — Bash latiu, e deu um longo suspiro. — Sinto muito, Abigail. Esta é a melhor chance que temos de manter todas seguras.

Chad a ergueu em seus braços novamente. Vários espectadores se assustaram, mas ele não lhes deu atenção.

— Vamos sair pelo portão do jardim, alugar um coche, mande um recado para Vanity que estaremos no Cock and Bull Inn and Tavern, na Waverly Street.

Bash deu um único aceno de cabeça e então, simplesmente assim, Chad começou a carregá-la. Ela jurou que não choraria.

Mas quando eles desapareceram na escuridão, ela sentiu uma gota de umidade escorrer por sua bochecha. Certamente tinha começado a chover, mas nenhuma água atingiu seu cabelo, ou seu vestido, ou mesmo seu braço. Apenas suas bochechas pareciam sofrer com o tempo.

Enquanto enxugava a umidade, ela respirou fundo, estremecendo. Como provaria alguma coisa agora? Não para eles, mas para ela mesma?

Como se sentiria digna de amor se nunca tivesse a chance de procurá-lo?

Maldito inferno, seu estômago deu em um nó.

Ladrões, ele poderia lidar. E sequestradores, ele ceifaria até o chão. Mas uma mulher chorando...

Ela enxugou as lágrimas enquanto silenciosamente permitia que ele a carregasse.

Droga. Droga. Droga. Então, ele parou. Ele era o Barão Blasphemy, e maldição, não estava nem perto de ser forte o suficiente.

— Foda-se, — ele murmurou enquanto faziam o seu caminho para o portão dos fundos no jardim.

Sua fungada silenciosa parou.

— Não é à toa que chamam você de Blasphemy.

Ele a apertou um pouco mais forte. Parte dele queria lhe pedir desculpas. Ela tinha acabado de perder todas as suas escolhas, mas de alguma forma as palavras morreram em sua língua. Elas não ajudariam.

— Sinta-se à vontade para soltar sua própria série de palavrões. Você os conquistou.

Ela abriu a boca e a fechou novamente, caindo contra ele.

— Não tenho certeza se xingar vai ajudar.

Ele fez uma careta enquanto caminhavam em direção à frente do palácio, em direção à rua.

— Eu posso te ensinar como bater. Ou disparar uma pistola. Qualquer coisa que possa fazer você se sentir melhor.

Ele realmente sentiu o sorriso dela na pele.

— Essas duas ofertas são tentadoras. — Então, ela ergueu a cabeça novamente. — Você realmente acha que estou em perigo?

Ele fez uma careta. Era uma pergunta complicada.

— Por alguma razão, o grupo que rouba da empresa de transporte tem como alvo Emily. Se eu fosse adivinhar, você é mais formidável do que ela.

Ela respirou fundo e, em seguida, colocou os braços em volta do pescoço e deu-lhe um grande aperto. Ele gostou muito mais do que esperava. Essa proximidade.

— Obrigada.

— De nada, — ele murmurou de volta. — Mas, para ser honesto, acho que o plano de Bash de mandá-la embora antes que eles voltem a atenção para você é inteligente. E minha oferta ainda está de pé. Sei que você não está escolhendo nossa união, mas pense nas condições em que nos casaremos. Não vou tirar todas as suas escolhas de você.

Eles chegaram à rua e ele a colocou no chão, ligando o braço dela ao dele como se fossem apenas mais um casal passeando.

— Obrigada por isso também, — ela sussurrou enquanto caminhavam.

Ele viu um coche e o chamou. O coche diminuiu ao lado deles e ele disparou o endereço, levando-a para dentro. Ao fazer isso, ele pegou três homens olhando para eles.

Ele se acalmou, seus sentidos se aguçando. Quem são eles? O que eles querem? Eles estavam a pé, e então ele saltou para dentro do coche, disparando uma ordem para se apressar.

Eles ouviram para onde eles estavam indo? Não estava claro se estavam perto o suficiente ou não.

Ele se acomodou no assento em frente a Abigail.

— Por que estamos com pressa? — Ela perguntou.

Ele franziu a testa.

— Nenhuma razão.

— Oh, não, você não precisa. — E ela estava fora de seu assento e tentando se sentar ao lado dele. O veículo não era grande o suficiente e, para seu completo choque, depois de tatear, ela se acomodou em seu colo. A surpresa o fez se inclinar para trás, mas suas mãos automaticamente vieram para os quadris dela para firmá-la, e então ele descobriu que amava a sensação.

Ele apertou um pouco mais forte.

— Não o quê?

— Não minta para mim. O que acabou de acontecer?

— Eu vi três homens, e eles estavam encarando. — Ele deslizou as mãos pelas costas dela, pressionando seu torso para mais perto. — Eles poderiam estar apenas admirando sua beleza. Você é bastante impressionante.

Mesmo no escuro, ele a sentiu corar. Calor irradiava de suas bochechas, tão perto dele.

— Mas eles preocuparam você?

— Preocuparam.

— Talvez devêssemos ir para outro lugar?

— Onde?

Ela olhou para o teto, revelando a coluna cremosa do pescoço.

— Podemos ir para a casa de Vanity. Eles não esperam isso e como ele não esteve na casa de Bash desde que todo esse desastre começou...

A ideia tinha mérito. Mais uma vez, ele se surpreendeu admirando sua inteligência.

— Eles provavelmente não estão procurando por ele.

Ela acenou com a cabeça.

— É uma aposta.

— Eu sou um jogador. — E ele passou os braços firmemente em volta da cintura dela. Então, ergueu uma das mãos para bater na parede ao lado do motorista e gritou um novo endereço.

Ela apertou a boca como se escondesse um sorriso.

— Eu sou uma jogadora?

Ele não pode evitar. Inclinou-se e beijou sua clavícula exposta. Ele a sentiu estremecer e sorriu. Ele tinha uma coisa trabalhando a seu favor... ela o queria. Ele pressionaria isso para sua vantagem total.

— Você poderia ser. Você é inteligente, ousada, com um pouco de inclinação para problemas.

Ela arqueou o pescoço para trás e ele continuou a explorar sua garganta com os lábios. Sua pele era sedosa, macia e doce, fazendo-o doer em todos os lugares certos.

— Problemas? — Ela murmurou, apenas ouvindo pela metade, ele tinha certeza.

— Casamentos apressados, ladrões nefastos. Tramas secretas que ameaçam seu futuro. Você, Abigail, é um pacote encantador de intriga e mistério.

— Oh, — ela respondeu, sua cabeça inclinada para o lado enquanto ele continuava sua exploração, beijando sua parte superior do peito. — Os homens alguma vez se apaixonam por mulheres misteriosas?

— Amor? — Ele parou logo acima de seu seio. Parte dele realmente queria dizer sim. Era verdade. Os homens se apaixonam por mulheres como ela. Inferno, até ele estava caindo sob seu feitiço. Não pensava em outra mulher há dias. Mas, amor? Ele era imune à emoção e não queria lhe dar falsas esperanças. — O que há de tão bom em se apaixonar?

Ela se afastou, os lábios dele não mais em sua pele.

— O que há de tão bom? Tudo. É a resposta.

— A resposta a que pergunta?

Ela olhou pela janela, franzindo a boca por um momento.

— Eu sou boa o suficiente?

Uma dor como um corte percorreu seu peito. Ele não era. Tinha aprendido isso há muito tempo.

O coche se virou e começou a descer uma rua mais silenciosa. Relutantemente, Chad colocou Abigail de volta em seu assento enquanto começava a examinar a rua atrás deles para ver se estavam sendo seguidos.

— Essa não é a pergunta que você deve se fazer.

— Por quê? — Ela esticou o pescoço, olhando para trás também.

— Porque posso dizer, com certeza absoluta, que você é a mulher mais intrigante que já conheci.

A cabeça dela virou para trás para olhá-lo, os olhos arregalados.

— Obrigada, meu senhor. — Então, ela tocou o joelho dele. — Gostaria de dizer que vejo os sacrifícios que você está fazendo para se tornar meu marido. Você está sendo forçado a deixar sua vida e me levar embora para minha segurança.

Isso o fez sorrir e ele se inclinou, rapidamente capturando seus lábios.

— Isso não é um sacrifício de forma alguma.

A suavidade de sua boca cedeu sob a dele quando suas mãos enluvadas chegaram a suas bochechas. O verdadeiro sacrifício era que o homem que ele construiu cuidadosamente, Blasphemy, estava escapando, e ele não tinha certeza de quem seria, uma vez que o outro caísse no esquecimento.

 


Capítulo 06


Uma hora e meia depois, Abigail se sentou na cama em um quarto de hóspedes do Visconde Vanity.

Devia ser bem depois da meia-noite.

Algumas velas queimavam, iluminando a escuridão. Ela ainda estava em seu vestido de baile, mas não tinha nada para vestir, e nenhuma criada tinha chegado para ajudá-la a tirar o vestido de qualquer maneira.

Chad e seu amigo desapareceram em um estúdio e ela foi escoltada até aqui, onde esperava... Para quê, não tinha ideia.

Ela suspirou e caiu de costas na cama, começando a tirar os grampos do cabelo. Ela não tinha escova ou fita para trançar os fios, mas não dormiria com o cabelo assim.

Seus olhos se fecharam mesmo quando ela franziu a testa. Ela tinha ficado irritada com suas irmãs antes? Daria qualquer coisa para tê-las aqui agora. A tagarelice, mesmo as palavras mandonas, preencheria o silêncio que de repente estava ao seu redor. Agora ela se sentia... sozinha.

Ela continuou trabalhando nos grampos.

— Eliza me diria para levantar meu queixo e ser forte como uma Carrington. Emily me abraçaria. Isabella me diria para manter meu juízo sobre mim e pensar sobre o melhor curso de ação.

Ela terminou de remover os grampos e começou a mexer nos fios com os dedos. Ainda estava deitada na cama e seu cabelo esticado atrás dela, provavelmente escorrendo para o lado. Seu vestido abotoado nas costas. Talvez devesse chamar uma criada para, pelo menos, desfazer a vestimenta justa e desamarrar seu espartilho.

Mas assim que ela pensou em ficar de pé, a porta se abriu e Chad entrou.

Ela se virou para olhá-lo, mesmo quando ele parou na porta, o grande painel de madeira se fechando com um clique suave.

— É você, — ela disse, imaginando o que mais dizer. — No meu quarto no meio da noite.

Seus olhos estavam escuros e os traços de seu rosto tensos enquanto seu olhar vagava sobre ela.

— Claro que sou eu. Este é o nosso quarto.

Ela engasgou-se, sentando-se, seu cabelo caindo em cascata ao seu redor.

— Não entendi...

— Você me ouviu. — Ele cruzou o quarto então, e enterrou a mão em seu cabelo, segurando a parte de trás de sua cabeça. Seus dedos massageavam seu couro cabeludo enquanto seu olhar continuava a devorá-la de sua posição acima dela. Não havia outras palavras para descrever o seu olhar. Normalmente ela poderia ficar ofendida por seus gestos e palavras possessivas, mas esta noite... não achou que se importava tanto. Ele deve ter sentido seu amolecimento. — Eu não vou te deixar sozinha esta noite.

— Mas... — ela murmurou, o argumento falhando. Não porque pensou que ele deveria estar aqui. Na verdade, todas as razões pelas quais ele não deveria estar lá, pareciam bastante óbvias. Mas estava cansada demais para discutir e, além disso, estava, bem, solitária. — Você realmente acha que isso é necessário?

— E se alguém nos viu chegando aqui? Você acha que vou deixar você aqui apenas para ser sequestrada?

Ela balançou a cabeça.

— Você realmente acha que alguém tentaria me tirar da casa de um visconde?

Ele fez uma careta.

— Eu honestamente não sei.

Chad deslizou a mão pelo braço dela, então a puxou para ficar de pé, girando-a, e começando pelos botões que desciam nas costas de seu vestido.

— Chad, — ela ofegou, tentando se afastar. Ele a segurou no lugar. A irritação retumbou ao longo de sua pele. Quando ele a tirou do baile, ele lhe disse que teria escolhas. Em que exatamente? Esfregar a cabeça dela era uma coisa, mas despi-la...

— Nós nos casaremos amanhã ou no dia seguinte. Vou me familiarizar intimamente com todas as roupas que você tem.

— Eu duvido seriamente disso. — Ela se virou então, olhando para o rosto dele. Ela tinha estado vulnerável alguns minutos atrás? Ela mandaria o silêncio para longe agora.

— Como seu marido...

Ela cruzou os braços.

— Você disse que eu definiria os parâmetros. Não vou dividir a cama com você antes de nosso casamento.

Ele estava estendendo a mão para continuar a desfazer os botões, mas sua mão caiu novamente, seu rosto se contraindo.

— Há apenas uma cama.

Ela cruzou os braços.

— Tenho certeza de que há outras camas na casa.

Ele estreitou o olhar.

— Estou tentando mantê-la segura, você sabe disso, não é?

— Também estou tentando me manter segura. — Ela deu um olhar severo. — O que significa que você não deve estar na minha cama até depois de nos casarmos.

— Vire-se, — ele grunhiu. — Você não pode dormir com esse vestido.

A mudança de estratégia a pegou de surpresa.

— Uma criada poderia...

— As criadas não esperavam que uma senhora chegasse tarde da noite. Estão todas na cama. E embora pudéssemos acordá-las, estou aqui agora.

— Oh, — ela sussurrou. — Essa é uma boa opinião. — Ela girou então, mostrando-lhe as costas. Ela não teve escolha.

— Sei que isso está acontecendo rapidamente. — Ele começou nos botões novamente. Seus dedos roçaram suas costas, fazendo-a estremecer.

Abigail apertou os lábios para evitar ofegar enquanto tentava desacelerar seu coração. Ela tinha que resistir. Podia sentir seu controle escorregando. Se ela não fosse cuidadosa, ele a beijaria e a elogiaria até o esquecimento. E embora ele fosse ser seu marido, também era um libertino ainda.

Ela se apaixonaria e ele manteria seu coração longe dela. Ele disse isso na carruagem. E então onde ela ficaria? Ela o amaria e seria impotente para mudar qualquer coisa. Ele estaria no comando enquanto ela seria refém de seus sentimentos. Isso a faria se sentir digna? Duvidou disso.

E então, ela fez uma careta. Porque, de muitas maneiras, a situação a lembrava bem, de sua mãe. Embora Abigail amasse profundamente seu pai, sua mãe sempre estava em casa, disponível enquanto seu pai ia e vinha quando queria. Desaparecido por meses a fio, sua mãe deve ter se sentido solitária. Seu pai tinha todas as opções. E sua mãe estava sozinha.

— Isso não é rápido. Isto é ridículo.

Ele riu atrás dela quando o corpete de seu vestido caiu para frente. Ignorando o calor em suas bochechas, ela começou a remover as mangas enquanto ele trabalhava nas cordas de seu espartilho.

— Vou dormir no chão, então?

Ela olhou para trás, por cima do ombro para ele, mesmo quando ele passou a mão pelo comprimento de seu cabelo.

— Se você achar melhor.

Ele ergueu uma sobrancelha enquanto a olhava fixamente.

— Tenho quase certeza de que você acha isso melhor.

Ela ignorou os tentáculos de prazer que seus dedos em seu cabelo e em sua pele causaram quando seu espartilho se afrouxou.

— Toda a sociedade pensa que é o melhor.

Ele riu de novo e depois estendeu a mão para pegar um travesseiro e um cobertor.

Abigail caminhou atrás do biombo no quarto, tirando a saia, os sapatos e as meias antes de voltar para o quarto para mergulhar na cama.

Mas o que ela viu a parou em seu caminho. Chad não usava nada além de calça enquanto se espreguiçava, seu peito musculoso ondulando de uma forma que fez sua boca ficar seca e quente. Ele era gloriosamente masculino.

Ela estava com muitos problemas.

Chad a observou derrapando até parar e reprimiu um grito de vitória. Ela o notou.

Estavam jogando um jogo de gato e rato. Ela o permitiria chegar perto, e então o afastava novamente.

Ele não a culpou. Qualquer mulher em sua situação tinha todo o direito de manter um homem como ele à distância. Uma vez que ela fosse sua esposa, é claro, isso mudaria.

Até a ideia de deslizar para a cama com ela o encheu de desejo e percebeu que sua masculinidade estava ficando mais espessa. Um pouco estranho, já que ela era uma virgem tenra, e ele não tinha como esconder a evidência de seu desejo. Estava sem camisa e suas calças eram bastante ajustadas.

Seus olhos ficaram ainda mais arregalados. Ela congelou no meio do quarto. Ele quase gemeu em voz alta quando notou através de sua camisa que seus mamilos estavam tensos.

Ela estava com frio? Ou respondendo ao seu próprio desejo óbvio.

O fogo iluminou seu corpo, e como ela estava vestindo nada além de uma camisa, ele teve uma visão clara das curvas sob o tecido. Ele quase gemeu em voz alta. Seus quadris saltavam de sua cintura fina. Suas mãos coçaram para traçar a curva.

— Você está com frio, — disse ele, sua voz baixa e sussurrante, mas até ele podia ver o tom que a tingia. Ele queria possuí-la. — Você deveria ir para a cama. — E então, ele cruzou o quarto e puxou as cobertas.

Ela disparou para frente, numa onda de movimento novamente, e deslizou para os lençóis brancos imaculados assim que ele ergueu os cobertores sobre seu corpo, cobrindo toda aquela pele cremosa.

Ela puxou a colcha perto do nariz e ele teve que esconder o sorriso. Esses cobertores fariam pouco para detê-lo se ele estivesse determinado.

E ele estava... mas não na sedução. Atualmente, ele estava mais preocupado em ganhar sua confiança e consentimento do que fazer o que queria.

Ele tinha pensado que poderia retornar à sua antiga vida?

Esse mundo parecia bastante enfadonho neste momento. Tornou-se o mesmo em sua repetição. Beber, trabalhar, escorregar para um esquecimento que era vazio. Isso... isso foi interessante.

Ele se sentou no lado vazio da cama e ela guinchou.

— Achei que você estivesse dormindo no chão.

— Você não disse nada sobre colocar você na cama. — A necessidade possessiva e protetora desceu até a ponta dos dedos. — Minha primeira condição para o nosso casamento é que eu coloque você na cama todas as noites.

Ela bufou.

— Eu não sou uma criança. O que fiz para que todos insistam em me tratar como tal?

Ele se inclinou então, seus lábios a uma polegada dos dela.

— Não desejo tratá-la como uma criança, minha querida. É a coisa mais distante disso.

Sua boca se abriu e suas bochechas coraram quando as cobertas caíram um pouco. Então, ele se inclinou até o último centímetro e beijou a ponta do nariz dela.

— Boa noite.

Com isso, ele se sentou e caminhou para frente do fogo, para o tapete grosso em frente às chamas dançantes. Ele jogou o travesseiro no chão e se acomodou, cobrindo o corpo com o cobertor.

— Você vai sentir frio? — Ela perguntou, levantando-se sobre um cotovelo.

— Vou ficar bem. — Ele sorriu, sabendo que a preocupação dela era um bom sinal. Ele ganhou esta rodada de gato e rato.

— O chão é muito duro?

— Não. O tapete é bastante confortável. — Seu sorriso se espalhou ainda mais. Mas, então ele parou. Se ele ganhou, ela perdeu? Ele nunca iria dar a ela o amor que ela ansiava, mas ele interiormente argumentou que poderia dar a ela namoro, emoção, devoção. Ele poderia cuidar dela. Isso teria que ser o suficiente.

Ela se deitou e vários minutos se passaram em silêncio antes de chamá-lo novamente.

— Chad?

— Sim, meu doce?

— Você está feliz que nós vamos nos casar?

— Sim, — ele respondeu simplesmente. — É um bom arranjo para nós dois.

— Você vai me contar mais sobre sua família?

Ele estremeceu com isso.

— Você vai conhecer minha mãe em algum momento quando não pudermos mais evitá-lo.

— Tão ruim assim?

— Sim. — Ele esfregou a ponta do nariz.

— Meu tio tentou vender Eliza no mercado de casamento enquanto roubava nosso negócio. Sei uma ou duas coisas sobre família que é terrível.

Isso fez sua cabeça se levantar do travesseiro.

— O que você fez?

— Bem... — Ela mordiscou o lábio. — Eu tenho minhas irmãs. — Sua mão saiu de debaixo das cobertas e traçou o padrão do edredom à luz do fogo. — Eu sei que brigamos muito, mas eu as amo.

Ele se virou de lado, inclinando-se para ela.

— Eu poderia dizer isto. Você só quer mais independência.

Seus dedos puxaram as cobertas.

— Eu já te disse tudo isso. — Então, ela olhou-o novamente. — É só que... — Ela respirou fundo. — Você e eu vamos ser uma unidade casada e... — Ela encolheu os ombros. — Eu disse a você o que quero de um casamento. O que é que você quer?

Bem... tinha sido seu dote, se ele estivesse sendo honesto. Porém, quanto mais tempo passava com ela, ficava cada vez mais obcecado com o esporte na cama, e havia os sentimentos possessivos que estava desenvolvendo...

— Essas são muitas perguntas para as duas da madrugada.

— Estou tentando te conhecer. — Ela descansou a cabeça na mão, acentuando sua cintura fina e o arqueamento de seu quadril. — Como eu poderia te fazer feliz se eu não fui?

Se não estivesse no chão, ele poderia ter caído.

— Apenas algumas horas atrás, você estava resistindo ao nosso casamento com todo o seu esforço.

— Estou em um quarto sozinha com você, não há como voltar atrás. Até eu sei disso.

Muito verdadeiro.

— Não há muito o que contar. — Ele estava mentindo para ela e para si mesmo. — E você vai me fazer feliz só por se casar comigo.

— Mentiroso, — ela sussurrou, mas então, deitou a cabeça no travesseiro. — Vou arrancar a verdade de você de alguma forma.

 


Capítulo 07


Na manhã seguinte, Abigail olhou ao redor da capela simples e franziu a testa. Antigos bancos de madeira que não eram acabados ou polidos há anos enchiam a capela, assentados em pisos de madeira usados. As cortinas haviam desbotado do que antes era provavelmente um vermelho profundo para um marrom monótono.

Depois do que pareceu uma hora de sono, Chad a acordou. Ainda estava escuro lá fora, e ela estava meio adormecida quando ele a vestiu com um traje de montaria mal ajustado. Que aparentemente seria seu vestido de noiva.

Ela foi carregada em uma carruagem com Chad e Vanity, e eles partiram no escuro. Vanity se sentou em frente a eles, e a cabeça dela caiu sobre o ombro de Chad, onde ela adormeceu.

E agora... Agora ela estava prestes a se casar. Não tinha certeza de em que cidade estavam. Quando obtiveram a licença? Não que isso importasse. Eles devem ter conseguido porque o padre se moveu acendendo velas enquanto estava ao lado de Chad, sua boca ainda grossa de sono.

Ela olhou para o vestido marrom monótono que usava e engoliu a sensação de arranhão na garganta. Não iria chorar.

Não porque fosse se casar em uma cidade desconhecida com um vestido feio, e não porque suas irmãs não estivessem aqui.

Ela não reclamaria que seu noivo não era de sua escolha e sua testemunha, Vanity, era um homem que ela conhecia há menos de doze horas.

Mas quando o padre entregou a ela um monte de ervas daninhas que pareciam murchas no lugar de um buquê de verdade, sua mão se fechou em um punho.

— O que é isso?

— Início da primavera, — disse o homem, encolhendo os ombros. — É o melhor que pude fazer.

Ela balançou a cabeça e olhou para Chad. Então, esse seria o casamento dela...

As flores estavam úmidas na base e a água pingou em sua luva, a sensação de empapado resumindo todas as suas emoções. Ela os apertou com mais força.

Ela estava arruinada, e isso... isso era o melhor que ela podia fazer. Sobre as flores e na vida.

Na noite anterior, ela disse a ele que queria que ele fosse feliz e ainda se sentia assim. Mas ela queria ser feliz também, e isso não estava nem perto do casamento que encheria seu coração.

Não que precisasse de algo excessivamente grande ou chique, mas um vestido que lhe caísse bem e suas irmãs presentes, não pareciam pedir muito.

— Eu não posso fazer isso.

Ele apertou a mandíbula.

— Nós discutimos isso. Várias vezes. Você mesmo disse que um casamento era inevitável.

— Isto é. Mas aqui? Agora? Vestindo isso? — Ela puxou a cintura excessivamente grande de seu vestido. — Onde você conseguiu isso?

Vanity pigarreou.

— Pertenceu a uma das minhas criadas. Acho que ela é um pouco maior do que você.

Curiosamente, o vestido era muito pequeno no seio. Mas ela deixou esse detalhe de lado.

— Estou usando o vestido de uma criada?

Talvez fosse seu tom de voz ou a maneira como o padre cambaleava, mas Vanity começou a recuar em direção à entrada da igreja.

Chad pigarreou.

— Ajuda a disfarçar você, querida.

Isso, por algum motivo, foi a gota d'água. Ela jogou as flores.

— Tenho estatura mediana e cabelos castanhos. Não preciso de disfarce. Você, no entanto, está usando este esfregão comprido e fora de moda que você pensa que é cabelo, no alto de seu corpo grande e notável. Talvez você deva estar com o traje de servo.

Sua sobrancelha se franziu.

— Você queria viajar com seu vestido de baile? E... você não gosta do meu cabelo?

Homens.

— Essa não é a questão. É muito mais provável que você chame mais atenção do que eu. Por que eu tenho que me casar vestida em um saco?

Ele franziu o cenho.

— É o melhor...

— Não diga isso. — Sua voz falhou na última palavra, mas ela endireitou os ombros, recusando-se a ceder às lágrimas. — Vamos acabar com isso.

— O que todo homem deseja ouvir no dia de seu casamento, — Chad grunhiu enquanto se abaixava para pegar as flores.

Ela pegou a mão dele para detê-lo.

— Não se preocupe. Prefiro me casar sem elas.

— Por quê? — Ele perguntou, mas parou.

Ela balançou a cabeça. Era como tudo sobre este casamento. Eles estavam errados. E a lembravam de que, apesar de sua afirmação, que ela teria escolhas, ela não teve nenhuma. Sua única opção era se abster daquelas desculpas horríveis de buquê...

— Quero escolher uma coisa no meu casamento. E então, eu escolho não carregar ervas daninhas pelo corredor. Não parece muita sorte, não é?

Ele estremeceu.

— Abby, — ele disse suavemente, pegando a mão dela. Ela empurrou-o para longe, olhando para o único pedaço de vitral em toda a igreja localizado acima do altar.

— Não me chame assim, — ela sussurrou. — Era o meu nome de infância, e não se aplica agora.

— Por que não?

Abby era o apelido que seu pai a chamava. O homem que, apesar de todo o amor que sentia por ela quando estava em casa, entrava e saía de sua vida à vontade. Além disso, o que o favoritismo dele trouxe para ela?

— Andarei de boa vontade por este corredor com você como uma mulher pronta para enfrentar seu futuro. — Ela cerrou os punhos nas saias. — Mereço ser chamada pelo meu nome de batismo.

— Você soa mais como se estivesse sendo levada para a forca, — ele respondeu, suas palavras amargas.

Foi a vez dela estremecer. Ela não tinha a intenção de ferir seus sentimentos.

— Suponho que você não consiga entender isso, mas o casamento de uma mulher... — Ela engoliu em seco. — É uma daquelas coisas com que ela sonha.

Ele não respondeu e Abigail finalmente parou de olhar para o vidro e, em vez disso, virou a cabeça para dar uma espiada nele. Seu rosto tinha linhas de granito ilegíveis.

— Entendo. — Ele passou a mão pelo cabelo. — Gostaria de poder mudar os detalhes, mas hoje, estou tão impotente quanto você.

Isso puxou seu coração. Ele estava certo. Seus ombros caíram.

— Estou sendo petulante. Me desculpe.

Ele deu um aceno rígido e, em seguida, estendeu a mão para ela. Ela deslizou os dedos nos dele. A porta da igreja rangeu e os dois olharam para trás.

Vanity entrou na capela segurando um lindo arranjo de azevinho e hera. Bagas vermelhas adicionavam um toque de cor. Ela se engasgou, uma mão cobrindo a boca.

— Eu sei que isso não é muito, mas pensei que poderia servir. — O homem deu-lhe um sorriso encantador, os cabelos escuros arrumados perfeitamente, apesar da hora da madrugada.

Ela mordiscou o lábio, lágrimas de gratidão nublando seus olhos.

— É adorável. Como você fez isso tão rápido?

— Tenho um talento especial para fazer coisas bonitas e uma tendência para a perfeição. Daí meu apelido. Vanity.

Ela pegou as flores em sua mão trêmula. Talvez este casamento não fosse um desastre tão completo, afinal.

Este poderia ser o pior dia de sua vida, Chad pensou enquanto passava os dedos pelo cabelo. Seu cabelo aparentemente nada atraente. Ele próprio achava isso irritantemente atraente. Talvez fosse disso que ela não gostava.

Chad teve que confessar que esperava que eles estivessem ganhando terreno. Ele tinha feito tudo certo com ela no quarto na noite passada. Embora, para ser justo, era onde ele fazia seu melhor trabalho.

Mas aqui hoje, estava falhando. O que diz sobre ele que o único ponto brilhante em sua cerimônia de casamento foi entregue por outro homem?

Ele queria fazê-la feliz, mas quase arruinou o dia. Ela estava certa, casar-se com um vestido de criada e sem a família era terrível.

Ele era um idiota...

Ele mal conteve o suspiro de frustração quando o padre se moveu para trás do altar, balançando em seus pés. O homem estava exausto.

Por um lado, tornou o início da cerimônia mais fácil. Um padre bêbado não fazia muitas perguntas, como: Você é membro de uma paróquia? Por que a pressa? Você tem uma segunda testemunha?

Mas quando o homem abriu a boca para falar e a fechou novamente, parecendo confuso, Chad fechou os olhos.

Ao lado dele, Abigail mexeu-se.

Finalmente, o serviço começou, embora Chad mal pudesse entender a maior parte. Ele esperava que fosse porque o homem estava falando latim, mas tinha a sensação de que, na verdade, ele estava apenas arrastando as palavras.

E quando ele se sentou depois da homilia para aquele momento de oração, o silêncio se estendeu e continuou apenas quebrado por um ronco fraco.

— Pelo amor de... — Abigail começou ao lado dele.

— Eu vou cuidar disso, — disse Vanity e, em seguida, estendeu a mão, derrubando uma bandeja da mesa próxima. O barulho contra o piso de madeira despertou o homem.

— Onde eu estava? — Ele perguntou, parecendo confuso.

— Votos, — Chad disse, falando através de seus molares cerrados e tentando conter sua irritação.

— Ah, sim. — O padre se levantou, quase caindo.

Finalmente, ele e Emily repetiram as palavras que os tornariam marido e mulher. Ela não o olhou nos olhos enquanto suavemente concordava em amá-lo, honrá-lo e estimá-lo.

Ele morreu um pouco por dentro. Em algum lugar de seu coração, se perguntou se ela poderia ensiná-lo se não a amar, então o afeto, mas agora sabia que isso não iria acontecer. Ele não era um homem que inspirava tanta devoção. Ele não sabia como. E ela queria essas coisas de um marido... ela tinha sido bastante franca sobre a necessidade de amor no casamento.

— Você pode beijar a noiva, — o padre finalmente murmurou.

Chad desceu o corpo, tomando sua boca na dele. Foi um beijo rápido, destinado a garantir sua união, mas no momento em que os lábios macios dela pressionaram os dele, seu peito se apertou de dor. Ela merecia o melhor tipo de casamento. Inferno, ela merecia um casamento melhor.

Mas ela o pegou. Homem e esposa.

Ela piscou várias vezes enquanto ele erguia a cabeça.

— Conseguimos, — ela sussurrou.

— Conseguimos, — ele respondeu, e então olhou para Vanity. — Você pode ter certeza de que toda a papelada foi preenchida corretamente?

— Claro, — ele deu um sorriso, uma covinha se formando em sua bochecha. — Parabéns a vocês dois. Lady Blackwater... — Então, ele acenou com a cabeça e desapareceu atrás do padre para ver a documentação feita corretamente.

— O que faremos a seguir? — Abigail perguntou. A mão dela estava em seu braço, mas ela não encontrou seu olhar.

— Nós comemos. Você deve estar faminta. E então, sairemos. Levaremos todo o dia de hoje e a maior parte de amanhã para chegar a minha propriedade no campo.

— Propriedade rural? — Suas sobrancelhas se ergueram. — Quantas propriedades você tem?

— Apenas uma e está em mau estado. — Ele franziu a testa. Por que precisava adicionar isso? Ela já sabia que ele precisava de fundos. Por que insistir nesse ponto agora?

— Posso perguntar em que província está localizada? — Ela voltou a olhar para a maldita janela. Quando ele começou a usar a palavra maldita?

— Dorset, — respondeu ele. — Por que você está chateada de novo?

Ela encolheu os ombros, ainda evitando seu olhar.

— Essas são coisas que eu deveria saber.

Ah, aquilo.

— Teremos todo o passeio de carruagem hoje para você aprender o que precisa saber.

— Serei capaz de perguntar sobre sua família?

Ele deu um longo suspiro. Essa conversa ficava mais tediosa a cada segundo.

— Se você precisa.

Ela engoliu em seco.

— Onde vamos dormir esta noite?

— Numa estalagem, — respondeu ele. — Vanity vai nos encontrar quando a papelada estiver concluída. Vamos comer alguma coisa, certo?

Ela deu um único aceno de cabeça enquanto saía pela porta da igreja com ele. Nenhuma família esperava para felicitá-los depois da cerimônia mais ridícula já realizada. E até um tolo poderia ver que sua noiva estava infeliz. A comida não iria consertar isso. O problema era que ele não tinha ideia do que faria.

 


Capítulo 08


Vanity agora ia para fora com o condutor, dando privacidade ao novo casal.

Abigail apoiou o queixo no punho enquanto fingia olhar pela janela. Privacidade, de fato.

Eles ainda não tinham falado uma palavra. Ela estava pensando intimamente que esta manhã tinha sido um desastre completo.

O vestido era uma farsa. Ela olhou para seu vestido monótono.

O casamento também foi uma farsa. Nascido da necessidade, sem qualquer pretensão de felicidade.

— Você não tinha mais perguntas que gostaria de me fazer? — A voz de Chad retumbou do outro assento.

Ela tinha. Mas, estava muito perdida em seus próprios pensamentos para se lembrar. Balançando a cabeça, ela se endireitou.

Na noite anterior, ela estava determinada a tentar fazê-lo feliz.

Respirando fundo, pensou em suas irmãs. Elas eram irritantes, Eliza e Isabella, mas também fizeram um grande esforço para que ela fosse cuidada. Mesmo quando a situação era difícil.

Isso fez Abigail estremecer. Ela retribuiu esse tipo de amor? Retribuiu às suas irmãs quando os tempos eram mais difíceis?

Ela pensou em seu pai novamente. O que ele deu a todas elas? Segurança financeira. Sim. Mas esteve tão ausente, e até mesmo seu amor por ela criou muita tensão entre ela e suas irmãs. Tinha sido egoísta à sua maneira.

Com quem ela parecia ultimamente? Com suas irmãs ou com seu pai?

Ela se contorceu de vergonha ao perceber a resposta. Ela queria responsabilidade. Implorou por isso. Mas fez alguma coisa para mostrar que merecia? Droga. Não, não tinha.

Até mesmo seu casamento. Ela aproveitou ao máximo ou reclamou? Seus olhos se fecharam. Ela tinha sido um bebê completo, podia ver isso. Suas entranhas se retorceram de arrependimento.

Se ela queria transformar este casamento falso em um real, não precisava de vestidos mais extravagantes ou flores mais bonitas. Se queria a responsabilidade que suas irmãs tinham, ela precisava começar a agir mais como suas irmãs. Elas se sacrificaram pela felicidade de outras pessoas.

Respirando fundo, ela olhou para seu novo marido.

— Conte-me sobre seu irmão. Como ele morreu?

Seu rosto se fechou e seu olhar caiu.

— Começou como uma discussão em uma taverna.

Sua respiração engatou. Um barão em uma briga de bar?

— Que horrível.

— Ele tinha uma tendência para a luta. Meu pai também. — Chad apertou as mãos enquanto apoiava os cotovelos nos joelhos. — Eles eram homens duros, os mais duros de todos com as pessoas mais próximas a eles.

— Conte-me, — ela respondeu, afastando-se ainda mais de seu assento.

Ele encolheu os ombros, afastando-se novamente.

— Não há muito a dizer. Meu pai me mandou para a escola na primeira oportunidade. Eu mal via os meus pais. Fui criado por uma série de babás. Elas desistiam com frequência porque, nas raras ocasiões em que meu pai virava os olhos para mim, raramente gostava do que via.

— Elas desistiam? — Ela perguntou, sentindo que faltava um detalhe.

— Ele expressava seu descontentamento principalmente com os punhos.

Ela ofegou então, com as mãos cobrindo a boca.

— Meu irmão era o valentão de Eton. Ele é lendário. Fez muitos inimigos. — Ele esfregou a nuca. — Quando ficou sem dinheiro, encontrou uma maneira de continuar a custear sua bebida e jogos de azar com minha herança. Não era legal, é claro, mas o que posso fazer a respeito agora?

Ela não baixou as mãos porque não queria que ele visse seu rosto. O que teria acontecido com ela se suas irmãs, em vez de protegê-la, a tivessem usado para os seus próprios benefícios? Um arrepio percorreu sua espinha.

— Eu nunca vou ficar zangada com Eliza ou Isabella novamente.

Isso fez seus olhos se arregalarem de surpresa. E então, ele sorriu.

— Você irá. Estou certo disso.

Ela baixou as mãos, devolvendo o sorriso.

— Você tem razão. Provavelmente vou. Assim que as ver novamente. — Ela balançou a cabeça. — Mas começo a entender o que elas fizeram por mim e por que agem dessa maneira.

— Você entende? — Ele perguntou, inclinando-se para frente novamente.

Ela acenou com a cabeça.

— Você vai gostar de estar na minha família, eu acho.

Ela o viu retesar-se, uma sacudida visível estremecendo por seu corpo.

— Sua família?

Ela inclinou a cabeça para o lado, dando-lhe um longo olhar.

— Sim, minha família. Você ganhou três cunhadas hoje e três cunhados também. Ouso dizer que eles serão melhores irmãos para você do que o seu, especialmente considerando que são seus parceiros de negócios.

Sua mão desceu pelo rosto.

— Jesus Cristo, eles se tornaram meus cunhados hoje...

— Sim, Blasphemy, se tornaram.

Ele fez uma careta.

— Não me chame assim.

— Então, não pragueje assim, — ela disparou de volta. Se fosse assumir o fardo de sua felicidade, do jeito que Eliza fez por ela, Abigail também assumiria o jeito autoritário de sua irmã. Isso caiu como um manto, tinha que confessar e iria gostar.

Sua mandíbula se apertou.

— Justo.

Ela se inclinou para frente pegando a mão dele.

— Chad.

— Abby, — ele disse enquanto se inclinava para frente, pegando a outra mão dela também. Ela deslizou a mão enluvada na dele.

— Por que você não gosta quando eu uso esse nome? Blasphemy.

Ele tentou puxar as mãos dela, mas ela segurou firme.

— Não sei.

Abigail não acreditou nele, nem por um segundo.

Ele estava mentindo... de novo.

Chad fez outra tentativa indiferente de soltar-se das mãos de Abigail, mas ela as segurou com força.

— Abby, — ele disse novamente. Mas, desta vez, saiu com uma nota de advertência, baixa e grave.

Ela não aceitou o aviso. Em vez disso, arqueou uma sobrancelha.

— Chad. — Então, sua pequena língua rosada saiu para molhar seus lábios. Ele ficava um pouco lento toda vez que ela fazia aquele pequeno gesto. — Por que você não gosta quando eu te chamo de Blasphemy?

O que ele diria? Que ele não a merecia? Que ele a roubou e seu dote porque ela estava em uma situação desesperadora. Que a maneira como ele se casou com ela apenas confirmou que ele era exatamente como o resto de sua família.

— Esse homem, Blasphemy, não é um marido digno.

— Oh.

Seu aperto diminuiu e ele aproveitou a oportunidade para deslizar as mãos das dela. Porque a intimidade apenas destacava o quão indigno ele era até de sua mão. Deste casamento.

A carruagem parou e Abigail abriu a cortina, inclinando-se para olhar pela janela.

— Vamos parar esta noite?

— Nós iremos, — ele respondeu, estudando seu perfil. A retidão perfeita de seu nariz. O rosa pálido de seus lábios carnudos. A cremosidade de sua pele e como a cor rosada destacavam suas maçãs do rosto salientes.

Seus dedos eram longos e estreitos, e tocavam a cortina com uma graça tão delicada que ele realmente sentiu dor. Queria que sua mão o tocasse assim.

Ele não merecia esse tipo de graça gentil. Sabia disso. Mas desejou de qualquer maneira. Mesmo agora, queria correr os dedos pela curva de sua bochecha, sobre sua mandíbula e pescoço.

Ele abriu a porta e saiu, estendendo a mão para ajudar sua noiva a descer. Ela estava certa. O vestido era horrível e ele precisava providenciar um novo guarda-roupa para ela com rapidez.

Depois de ajudá-la a entrar, ele parou junto à escrivaninha e esperou pelo estalajadeiro.

Vanity entrou atrás deles.

— Você pode me garantir um quarto? Tenho alguns afazeres que preciso tratar.

Chad olhou para ele.

— Afazeres? Aqui?

Vanity apenas piscou.

Sobre o que seu amigo tinha que tratar?

Mas ele não perguntou quando o estalajadeiro saiu de uma das salas de jantar privadas.

— Posso ajudar, senhor?'

Ele se endireitou, franzindo a testa. Seu irmão teria declarado em voz alta que era um lorde com título e deveria ser tratado como tal. Chad nunca gostou de exibições tão espalhafatosas, talvez porque nunca esperou ter a oportunidade.

— A baronesa e eu esperamos garantir dois quartos, além de um terceiro, para meu amigo, o Visconde de Waverly.

O homem parou derrapando, arregalando os olhos.

— Você é o barão, meu lorde?

— Eu sou. — Ele mexeu-se, e Abigail apertou seu braço em conforto.

— Minhas desculpas então, — o homem disse calmamente. — Eu só tenho dois quartos restantes. É nossa alta temporada com todos viajando para dentro e para fora de Londres, e...

— Dois terão que servir, — Abigail disse ao seu lado enquanto limpava a garganta.

Chad reprimiu um suspiro. Ele nem mesmo conseguiu garantir um quarto para sua esposa. Droga.

— Gostaríamos de reservar uma sala para o jantar também.

O homem acenou com a cabeça e pegou as duas últimas chaves penduradas em ganchos na parede. Chad puxou sua bolsa bastante leve do cinto e colocou as moedas necessárias na mesa.

— Vamos esperar na sala comunal ou lá em cima? — Abigail perguntou ao lado dele, seus dedos tocando levemente em seus bíceps.

— Vamos subir para o nosso quarto. Haverá mais oportunidade para conversa.

Ela assentiu e eles subiram as escadas para o quarto. Mas uma vez que estavam lá, o silêncio caiu.

Abigail se sentou perto da janela enquanto ele se esticava na cama. Ele se casou com ela esta manhã. Esta seria sua noite de núpcias.

Automaticamente, sua mão pressionou o colchão, testando a tensão das cordas.

— Cansado? — Abigail perguntou de seu lugar perto da janela.

Ele tinha estado. Mas, de repente, se sentiu animado novamente.

— Estou bem. Você?

— Exausta, — ela murmurou. — Você acha que minhas irmãs e minha prima estão todas seguras?

Ele fez uma careta. Ela deve estar terrivelmente preocupada.

— Acho que elas estão bem. Bash tinha um plano excelente.

— E o nosso negócio? Nós quase o abandonamos.

Ele não foi capaz de responder quando uma batida soou na porta.

— Quem é?

— Sou eu, — Vanity falou. — Preciso da minha chave e tenho algo para a baronesa.

Chad tentou não rosnar enquanto se levantava da cama. Outro buquê de flores?

Mas ao cruzar a sala e abrir a porta, viu que Vanity segurava uma caixa na mão.

— O que é isto?

Vanity piscou.

— É um vestido. Eu vi uma modista e descobri que ela é quase do mesmo tamanho que sua esposa. Quer dizer, ela é bastante bem dotada com um...

Chad rugiu baixo e profundamente enquanto dizia rispidamente:

— Veja, você tome cuidado com o que você repara sobre minha esposa.

Mas Vanity não parecia nem um pouco intimidado. Na verdade, seu sorriso cresceu.

— Aproveite sua noite, meu amigo. Vou fazer minha refeição no meu quarto. — Vanity entregou-lhe a caixa e se virou para sair. Mas pouco antes de Chad fechar a porta, Vanity estendeu a mão, parando-o. — Você esqueceu a chave.

— Claro, — ele respondeu enquanto abria a porta novamente. Vanity entrou no quarto. Abigail se levantou e seus olhos se desviaram para a caixa que Chad agora segurava. Sua respiração disparou de seus pulmões. Ela estava animada com o pacote? Deveria ter pensado em comprar um vestido novo para ela.

Não que ele tivesse fundos para isso. A única razão pela qual ele concordou com este casamento em primeiro lugar foi para sustentar seu baronato em dificuldades financeiras.

Eles tinham saído com tanta pressa que ainda não tinha acertado os detalhes com Bash. O que ele tinha teria que fazer agora. O que não era muito. Ao menos quando chegassem a sua propriedade, ele poderia operar com algum crédito.

Os maus investimentos da parte do pai e as dívidas de jogo do irmão esgotaram os fundos. Na verdade, ele teve ganhos financeiros, mas de repente a vergonha o invadiu por não ter feito um trabalho melhor no sustento de sua noiva. Parecia enfatizar que ele não tinha ideia de como ser um bom marido.

Chad pegou a chave da mesa lateral ao lado da cama, mesmo enquanto colocava a caixa.

Vanity olhou de Chad para Abigail, suas sobrancelhas se erguendo. A carranca de Chad se aprofundou. Ele praticamente podia ouvir os pensamentos de Vanity. Ele e Abigail não pareciam um casal feliz.

Vanity tirou a chave de sua mão e se voltou para a porta.

— Vocês dois também deveriam jantar aqui no seu quarto. Algum tempo a sós lhes dará a chance de se conhecerem.

— Obrigado, — Chad gritou. Ele não tinha certeza se queria o conselho de seu amigo. Sabia que Vanity entendia sobre como agradar Abigail muito melhor do que ele, mas isso não o fazia querer ouvir seu amigo. Na verdade, gostaria de dar um soco nele. Bem no nariz perfeito.

 


Capítulo 09


Abigail inclinou a cabeça enquanto estudava seu marido. Ela sentiu a mudança nele. Ele estava irritado com a caixa, ou com seu amigo, ou com ambos.

Outra batida soou na porta, mas Vanity ainda no quarto, ao invés de Chad, abriu o painel e acenou para uma garçonete, seus braços carregados com uma bandeja de comida.

Eles tiveram um café da manhã tarde, mas isso tinha sido horas atrás e quando o cheiro de guisado de carne flutuou em sua direção, sua boca começou a salivar.

Vanity olhou-a.

— Eu tomei a liberdade de pedir o jantar para vocês dois. Espero que você goste. — E então, ele foi embora.

A garçonete deslizou a bandeja em uma pequena mesa e então também saiu, deixando Chad e Abigail sozinhos com uma bandeja de comida e... a caixa.

Chad mal tirou os olhos dela e estava olhando para a tampa, atualmente fechada com uma fita.

— Cobras? — Ela perguntou, indo para onde ele estava, ao lado da cama.

— O quê? — Ele olhou-a, seus olhos ficando um pouco mais arregalados, como se ela o tivesse surpreendido.

— Na caixa. Está cheio de cobras? Gafanhotos? Você está olhando para ela como se fosse um prenúncio da desgraça.

Sua boca pressionada em uma linha fina.

— Por que você não abre e vê?

Ela estava ao lado dele agora, e ela podia sentir seu calor escoando por sua manga.

— Eu acho que não ousaria.

A mão dele foi para as costas dela e ele abaixou a cabeça para a dela.

— É perfeitamente seguro para você. Na verdade, suspeito que o conteúdo será bastante agradável. Significa apenas desgraça para mim.

Isso não fazia nenhum sentido. Ela não foi capaz de ouvir os dois homens sussurrando. E agora, tinha que confessar, estava curiosa para saber o que causou tal aborrecimento em seu marido.

— Vamos comer primeiro?

— Não, — ele fez uma careta. — Vamos acabar com isso.

— Tão ruim assim? — Ela estendeu a mão, sacudindo a fita aberta e, em seguida, levantando a tampa. Um traje de montaria azul escuro estava cuidadosamente dobrado na caixa. Era bastante simples, mas ela poderia dizer, no momento em que o levantou, que era um tamanho muito melhor do que o que ela usara. Embaixo havia uma proteção noturna, pantalonas e meias.

Chad gemeu quando ele também se abaixou e pegou uma delas.

— Ele pensou em tudo.

Ela colocou o vestido de volta na cama enquanto olhava para o que usava. Aquele que ela denegriu antes, e ela começou a entender o que o aborreceu.

— Se estamos adicionando colunas de prós e contras, ele forneceu este também. Em toda a sua glória.

Um canto de sua boca se animou, mas seus olhos ainda pareciam tristes.

— É um vestido bastante feio e, no entanto, ele ainda o providenciou para você.

Ela mordiscou o lábio porque essa era a verdade, embora não fosse como ela pretendia.

— Devíamos comer. Está ficando tarde; foi um longo dia e temos outro amanhã.

— Certo, — ele respondeu, afastando-se da caixa. A mão dele voltou para as costas dela enquanto voltavam para a pequena mesa.

Eles comeram o jantar em silêncio e, pelo menos para Abigail, a comida fez maravilhas para melhorar seu humor. Quando terminaram, ela se espreguiçou.

— Está escurecendo. Talvez possamos nos recolher em pouco tempo? Posso sair para o corredor, dar-lhe algum tempo para se lavar e se vestir para dormir.

Cama...

Como ela não percebeu que estava enfrentando sua noite de núpcias? A mesma coisa que ela negou a ele ontem.

Estava com a respiração presa quando percebeu. Ele estendeu a mão para a bandeja, levando-a para fora da porta, e de repente, ela estava sozinha no quarto.

Por um momento, ficou quieta, olhando para a porta, imaginando o que fazer primeiro.

Mas então, ela pulou de sua cadeira tirando o vestido marrom o mais rápido que pôde. Tirou o resto de suas roupas, e dobrou ordenadamente em uma pilha. Eles pertenciam a uma mulher que provavelmente os desejaria de volta.

Em seguida, foi até a tigela de lavar e se esfregou o melhor que pôde. Ela pagaria muito dinheiro por um banho neste momento, mas...

Terminada a lavagem, ela escorregou pelo chão com os pés descalços, então agarrou a nova camisola e deslizou o tecido limpo e fresco sobre a cabeça. Colocando o resto das roupas novas na caixa, ela a colocou no chão e mergulhou sob as cobertas.

Outros cinco minutos se passaram antes que Chad voltasse para o quarto.

Ela tinha as cobertas puxadas até o queixo, mas ao vê-lo, ela deixou as cobertas ásperas um pouco mais baixas para estudá-lo.

Ele piscou para ela enquanto tirava o casaco.

Em seguida, sua camisa.

Ela engoliu em seco enquanto o observava se desfazer das botas. A visão dele sem camisa, mais uma vez, transformou suas entranhas em geleia. Ela estava nervosa, com certeza.

Ele era um libertino e, além de se preocupar com sua inexperiência, a possível dor e o constrangimento de um homem vê-la nua, também estava preocupada que ele perdesse rapidamente o interesse por ela.

Mas ela respirou fundo, trêmula. Ela queria amor. Sempre quis. Mas em seu coração, sabia que tinha que dar amor para recebê-lo.

E então, ela soltou as cobertas ainda mais e viu quando ele começou a lavar a parte superior.

Ela cobriu o coração com a mão, sentindo como ele batia mais rápido. E então, ele baixou as calças. Ao ver seu traseiro musculoso, ela soltou um suspiro.

Chad havia perdido qualquer modéstia há muito tempo. Ele tinha estado em um bom número de quartos de mulheres. E ele ouviu várias delas suspirarem, principalmente em apreciação.

Mas com o suspiro dela, percebeu que talvez se despir na frente de uma virgem tenha sido um pouco... insensível. Qual era o seu problema hoje? Por que ele não conseguia acertar nada com ela?

Apesar do ar frio, suas palmas estavam úmidas. Ele estava nervoso? Maldito inferno, ele era um idiota.

A única coisa que realmente trouxe para esta união foi o conhecimento de dar prazer a uma mulher. Mas mesmo isso estava falhando.

Ele olhou por cima do ombro e ela se escondeu sob as cobertas, seus grandes olhos castanhos espiando por baixo das cobertas. Seu cabelo ainda estava pendurado em sua trança simples desta manhã. Longa e grossa repousando sobre os cobertores.

Ele já havia tirado as calças, e não as estava colocando novamente.

— Feche seus olhos.

Ela fechou as pálpebras, apertando-as com força. Isso o fez sorrir ao cruzar o quarto. Enquanto pegava as cobertas, ele parou, arrastando os dedos ao longo da trança sedosa.

— Mova-se.

Ela o fez, deslizando para a extremidade mais distante da cama, os olhos ainda fechados.

Ele deslizou sob as cobertas, a cama já começando a esquentar com o corpo dela.

Ele não era um homem que geralmente gostava de compartilhar seu espaço na cama. Mas esta noite, estava com frio e exausto, e ela estava agradavelmente quente e macia.

— Venha aqui, — ele murmurou e alcançou sua cintura, puxando-a contra seu corpo muito maior.

Ela estava rígida e ele podia sentir sua energia nervosa infiltrando-se nele. Eles precisavam consumar seu casamento. E ainda... este tinha sido o dia de casamento menos romântico de todos os tempos. Levá-la para um quarto minúsculo em uma pousada parecia errado.

— Chad? — Ela perguntou, seu corpo ainda rígido. — Eu não sei o que fazer. Até a outra noite, eu nunca tinha beijado um homem. Eu...

— Shhh, — ele sussurrou. — E relaxe contra mim, querida. Hoje foi... — Ele suspirou. — Horrível.

— Talvez um pouco, — ela respondeu, e começou a relaxar, suas curvas pressionando as dele.

— Eu não sei sobre você, mas estou profundamente cansado em meus ossos. — Ele passou um braço em volta da cintura dela, surpreso com o quão bem ela se encaixava no oco de seu corpo.

— Eu também. — E para seu espanto, ela se aconchegou ainda mais nele.

Ele enterrou o nariz no cabelo dela.

— Esta noite, querida, vamos apenas... — O quê? Dormir?

Ele ouviu sua longa lufada de ar quando ela soltou um suspiro.

— Eu quero te fazer feliz, — ela disse naquela respiração. — Estamos casados agora.

Seu peito se apertou de emoção. Ela queria fazê-lo feliz? Quem já quis fazer isso? Mesmo as mulheres com quem ele dormia estavam mais preocupadas com o prazer que ele proporcionava. Certo, ele sempre pegava o seu.

— Obrigado.

— Mas, — ela começou, e ele fez uma careta. Sempre havia um mas. — Não estou inteiramente certa de como.

Ele quase riu, mas conseguiu suprimir o som.

— Agradar a um homem não é tão difícil. Confie em mim, querida, você vai me agradar. Sou eu que deveria estar preocupado.

— Oh, — ela se virou para olhar para ele, seus grandes olhos encontrando os dele e puxando seu peito. — Será como o nosso beijo? Porque isso foi maravilhoso.

Ele estendeu a mão, segurando sua bochecha com a mão e correndo o polegar ao longo de sua bochecha.

— Vai se ser muito melhor.

Seus olhos se arregalaram.

— Mesmo?

Ele deu um pequeno sorriso para ela.

— Mesmo. Mas esta noite... acho que você deveria dormir um pouco.

Os lábios dela se separaram, se para dizer algo ou por surpresa, ele não tinha certeza, mas prontamente esqueceu o quão exausto estava quando viu o convite apresentado por sua boca. Ele gemeu quando se inclinou para frente e deu um beijo leve como uma pena em seus lábios.

Seus olhos tremularam fechados, seus longos cílios roçando sua bochecha.

— O que acontece depois? — Ela disse contra seus lábios.

— Depois de quê?

— Depois... — Ela respirou fundo. — Depois que você não me quiser como você quer agora.

Ele jogou a cabeça para trás, sua mandíbula endurecendo. Ela estava certa, é claro. Ele tinha toda a intenção de retomar sua vida anterior. Mas, não podia nem mesmo considerar isso esta noite. Com ela aqui em seus braços, ele queria...

Ele desejava protegê-la. Fazê-la feliz também.

— Quem disse que não vou querer você... depois? — Ele quase sempre dizia isso.

Ela se virou então, de frente para ele. Seu corpo, já formigando com a pressão dela, saltou para a consciência completa.

— Você vai querer?

Duas palavras. Apenas uma pergunta simples, mas tão direta... ele não sabia.

— Eu... — Ele prometeria que faria e arriscaria quebrar sua palavra?

Mas ele a viu franzir a testa, seus traços se contraíram de tristeza. Então ela se virou novamente, de costas para ele.

— Boa noite, Chad.

Várias palavras encheram sua boca. Deveria ter dito a ela que sempre a desejaria. Que a felicidade dela estava se tornando mais importante do que a dele. Mas ele nunca tinha usado palavras como essas antes. Não sabia como dizer e não confiava em si mesmo para cumprir as palavras.

Quando alguém já havia mostrado a ele como?

Então, em vez disso, ele a puxou para perto de sua frente novamente. Ele ainda queria tocá-la, abraçá-la.

— Boa noite.

 


Capítulo 10


Abigail acordou antes dos primeiros raios do sol e olhou para a semi-escuridão. Ela teve sua noite de núpcias na noite anterior e ainda... era definitivamente e completamente uma donzela. Ela conteve um suspiro enquanto olhava por cima do ombro para o homem enrolado em seu corpo.

Ela tinha que confessar, ela dormiu incrivelmente bem aninhada contra ele.

Ele era duro e forte, mas também quente, e algo em seu peso a fez relaxar completamente. Sua presença em sua cama deu a ela uma sensação de segurança e proteção que nunca experimentou antes.

Ela se lembrou de sua última conversa e se encolheu.

Ele já havia insinuado que eles não deveriam ser íntimos, mas foi ela quem realmente encerrou a noite. Não estava totalmente certa do porquê disse boa noite, exceto que ainda não entendia como alcançar o futuro que ansiava para eles. Ela queria que ele ficasse contente com o casamento deles, para lhe mostrar sobre o amor. Mas como ela faria se ele deixasse sua cama e voltasse aos seus caminhos perversos?

Ela se desvencilhou de seu aperto e cruzou a sala para avivar o fogo. O ar estava fresco, mas ela ainda estava quentinha da noite anterior, e assim que as chamas aumentaram, o quarto aqueceu rapidamente. Deslizando para a mesa, ela puxou uma escova do pacote de itens pessoais e soltou os cabelos, escovando as mechas para que pudesse prendê-las em um coque simples. Eles provavelmente chegariam em sua casa hoje. Ela conheceria sua equipe e não faria isso parecendo desleixada.

Com isso em mente, e apesar da falta de um espelho, ela pegou alguns grampos e torceu o primeiro cacho no lugar.

A cama rangeu atrás dela, e ela ouviu os pés dele batendo no chão. A tensão deu um nó em seu interior. Sabia que ele estava nu. Ela o viu, sentiu a evidência deste fato a noite toda, o comprimento duro dele pressionado em seu traseiro. Mas ela não olhou quando ele cruzou a sala e vestiu as calças.

Ela queria, mas não fez isso.

Ela teve um vislumbre de sua masculinidade na noite anterior. Era... tão grande quanto o resto dele. Certamente, ela estava com um pouco de medo, mas também a excitação a fez doer quando olhou-o.

Abigail não precisava disso agora. Ela teria que enfrentar o dia como uma... bem... uma noiva virgem.

Ela soltou um pequeno suspiro enquanto torcia a próxima mecha de cabelo.

— Bom dia.

Ele não respondeu e em vez disso foi até ela na cadeira. Com dedos rápidos e ágeis, ele impediu a mão dela de prender a mecha e com a outra mão puxou o grampo que ela já havia colocado no lugar.

Ela abriu a boca para perguntar o que ele estava fazendo quando baixou o rosto para o cabelo dela, sua bochecha pousando no topo de sua cabeça, enquanto seus dedos se enterravam em suas longas madeixas.

— Seu cabelo é bonito.

— Obrigada, — ela disse, o prazer passando por ela com seu toque, mesmo enquanto ele movia o cabelo, fazendo cócegas em suas costas.

Ele deslizou a mandíbula pela sua nuca e para sua cabeça, e então ele varreu o cabelo dela para o lado, beijando a concha de sua orelha. Um arrepio desceu por seu corpo, apesar do calor da sala. Ele beijou mais abaixo, seus lábios roçando sua nuca.

Sua camisola era sem mangas, e ele arrastou os dedos pela pele de seu braço, arrepiando toda a carne. Quando sua mão alcançou a dela, ele entrelaçou os dedos nos dela.

— Como você dormiu?

Isso a fez sorrir.

— Muito bem. Eu fiquei mais quentinha que já estive em meses.

Ele riu disso, o som vibrando contra sua pele enquanto ele beijava o lugar onde seu pescoço e ombros se encontravam.

— Vou descer para garantir nosso café da manhã. Vou te dar alguns minutos de privacidade?

Ela deu um aceno rápido e com um último beijo, ele se endireitou novamente.

Ela se virou para olhá-lo, pegando sua careta antes que ele voltasse para suas roupas.

Por que ele parecia chateado? Estava desapontado com a forma como sua noite de núpcias havia sido?

Ela estava desapontada, ele deveria estar. Ele realmente sabia o que eles perderam. Ou ele não se importou por não ter ido para a cama com ela?

Ele terminou de se vestir e se encaminhou para a porta.

— Eu volto já.

Ela assentiu enquanto começava a prender o cabelo novamente. E se ele não se importasse? Ele já tinha uma amante? O casamento deles de amor ou mesmo de afeto. Ela era um meio para um fim. E se ele nunca planejou ir para a cama com ela? Mas certamente ele deve querer um herdeiro?

Engolindo em seco, ela tentou acalmar seus pensamentos confusos. Pretendia ensiná-lo sobre o amor, e essas dúvidas não estavam ajudando.

Rapidamente, ela prendeu o cabelo, lavou-se e vestiu o novo vestido.

Ela debateu por um momento, colocando o vestido marrom. Ela entendia a insegurança. Melhor do que muitos. Era difícil ser mostrada por pessoas que mais amamos. Mas, queria causar uma boa primeira impressão hoje e queria que seu marido a achasse atraente.

Ela puxou as cobertas sobre a cama e se sentou, cruzando as mãos para esperar. Não demorou muito para que Chad voltasse com uma bandeja.

Eles comeram em relativo silêncio, mas Abigail deu a seu marido vários olhares longos. Certamente ele a queria, não é? Por que mais ele a tocaria como fez esta manhã?

Que dia longo seria na carruagem. Ela tentou esconder um suspiro. Consumar um casamento sempre foi tão complicado?

Chad levou Abigail para carruagem, fechando a porta enquanto ficava do lado de fora.

— O que você está fazendo? — Vanity perguntou atrás dele.

Ele girou, olhando para o amigo.

— Não se aproxime furtivamente de mim assim.

— Eu não estava me esgueirando. Você simplesmente não estava ouvindo. Você não está indo viajar com Lady Blasphemy?

— Não a chame assim, — disse ele com os dentes cerrados.

Vanity levantou uma sobrancelha.

— A vida de casado combina com você.

— Foda-se, — ele resmungou, voltando-se para o banco do condutor. Vanity notou claramente seu mau humor.

— Você sabe. — Vanity o seguiu. — Eu realmente não ouço você praguejar há dias. Estranho. Normalmente, sua linguagem é muito mais colorida.

Chad passou a mão pelo cabelo, querendo dizer ao amigo para deixá-lo em paz. Não queria compartilhar que não havia tocado em sua esposa. Isso não era a realidade, na verdade. Ele a tocou. Manteve seu corpo adormecido bem perto a noite toda. Ela instantaneamente adormeceu em seus braços, mas ele ficou acordado maravilhado com a pressão suave dela, e a forma como seu cabelo perfumado doce fazia cócegas em seu nariz.

Ele nunca dormia com mulheres depois de terem sido íntimos, e ele entendia por quê. Passar a noite com Abigail foi tão... pessoal.

E então, esta manhã...

Seu cabelo era tão espesso e exuberante, sua pele como uma pérola ao sol da manhã. Ele precisou de tudo para não despí-la e jogá-la na cama. Mas...

Ele esfregou o couro cabeludo. Mas, ela não teve nenhuma escolha ou nenhum romance. Ele precisava cortejá-la agora. Construir lentamente a intimidade física com uma sedução lânguida que lhe desse opções.

Era um bom plano. Ele odiou.

— Você não pode se sentar no banco do condutor, — Vanity falou atrás dele. — Só há espaço para ele e para mim.

Ele virou-se, seus lábios se estreitando sobre os dentes.

— É a minha carruagem.

Vanity cruzou os braços.

— Você quer que eu vá para dentro? Com sua esposa?

Chad parou por um segundo, percebendo o quanto Vanity entendia da situação. Ele podia ver o ciúme de Chad, sua frustração.

— Te odeio.

— Não é verdade. — Vanity piscou. Então, baixou a voz. — Agora, na próxima cidade em que pararmos, compre uma bugiganga para sua esposa.

Uma bugiganga?

Claro que ele deveria dar um presente para ela. Algo maior que uma bugiganga.

E ele deveria viajar com ela também. Vanity estava certo novamente.

Mas ela era tão tentadora e ele queria fazer a coisa certa. Ele esfregou a nuca. Seria um longo dia.

Teria que passar olhando para a mulher que ele queria mais a cada segundo que passava. Ela era a única mulher que ele deveria tocar, sua esposa, e a mesma que ele prometeu a si mesmo que não o faria.

 


Capítulo 11


Abigail se sentou na cama grande, sem ter certeza do que fazer consigo mesma.

Já era tarde, eles chegaram depois de escurecer. Ela conheceu a escassa equipe, todos compartilharam uma refeição simples e agora ela subia para a cama.

Ao contrário da pousada, ela tinha seu próprio quarto. As cortinas eram velhas e um pouco gastas, mas ainda assim de boa qualidade. E o lugar estava limpo.

Sua própria casa sofreu quando seus pais se foram, então ela não se importou. Ela se mexeu enquanto observava a porta de comunicação. Esta noite seria finalmente sua noite de núpcias. Ela deu uma pequena sacudida de sua cabeça. A noite anterior foi sua noite de núpcias, mas esta noite...

Ela tirou as roupas e desfez o cabelo enquanto se sentava e esperava. O fogo estava rugindo, mas sua pele ainda formigava. Ela pensou em ir sob as cobertas, enquanto mordiscava o lábio. Quanto tempo teria que esperar? Mexendo-se de novo, uma batida soou na porta de conexão.

— Entre, — ela falou e se levantou, as mãos entrelaçadas a sua frente.

Chad entrou no quarto, sem camisa, mas ainda em suas calças. A visão de seu peito nu roubou seu fôlego como sempre fazia.

— Você está pronta para dormir?

— Muito, — ela respondeu, torcendo as mãos. — Você?

— Muito, — ele respondeu, parando na frente dela. — Você gostaria que eu te ajudasse a ir para a cama?

Ela esperava que ele tocasse seu cabelo como fizera esta manhã, ou talvez beijasse seus ombros nus novamente, ou talvez passasse o braço em volta de sua cintura. Ele tinha estado educadamente distante o dia todo e isso a enchia de desconforto por ele estar fazendo o mesmo agora. Ela não gostou. Nem um pouco.

— Sim, é claro.

Ele se inclinou sobre ela então, puxando as cobertas, e ela deslizou sob elas enquanto ele as puxava por seu corpo novamente.

— Você está... — ela começou, sentando-se novamente. Ele ainda estava inclinado sobre ela e seu rosto ficou a poucos centímetros do dele. — Você não está na cama comigo.

Suas sobrancelhas se ergueram.

— Estou ciente.

— Mas, — ela suavemente respondeu enquanto sua sobrancelha enrugou. — Pensei que hoje à noite nós iríamos... — O que ela diria exatamente?

Ele apertou a bochecha dela em sua mão, então.

— Nós apressamos todo o resto. Não temos que nos apressar.

Oh. Oh, isso foi adorável. E tão atencioso. Mas a decepção desceu por sua espinha...

— Mas eu prefiro dormir na cama com você.

Seus olhos se arregalaram enquanto seus lábios se separaram.

— Gostaria de dormir na cama com você também.

Ela se aproximou e puxou as cobertas, dando um tapinha no espaço agora vazio. Ele não se mexeu. Em vez disso, ele cruzou os braços sobre o peito.

Ela deu um tapinha novamente.

— Abby, — ele começou, sua voz um estrondo baixo.

— Chad, — ela respondeu, zombando de seu tom baixo.

— Você mesmo disse que queria um parceiro para toda a vida, não um libertino. Você não acha melhor darmos um tempo para nos conhecermos? Descobrir como deixar esses sentimentos crescerem?

Ela torceu o nariz.

— Isso soa muito lógico.

Ele assentiu.

— Estou feliz por concordarmos. — E então, ele deu um passo para trás.

Abigail ficou de joelhos, as cobertas caindo. Vários pensamentos passaram por sua mente ao mesmo tempo. Ele tinha se afastado dela o dia todo. E suas irmãs, se queriam algo, não deixavam escapar, puxavam o que queriam para perto. Eliza nunca permitiria que seu marido fosse dormir em outra cama.

Mas, ela viu o mérito em seu ponto. Ela pensava o mesmo.

— Chad, — ela chamou, estendendo a mão e arrastando os dedos pelo peito dele. — Não vá. Ainda não.

— Abby, — ele disse, parecendo meio irritado e meio... Ela inclinou a cabeça.

— Fugimos da cidade para minha segurança. Não tenho certeza se quero ficar sozinha. — E então ela chegou mais perto, enquanto sua mão explorava as duras cristas de seu estômago. Ela realmente podia ver sua parte masculina ficando mais grossa em suas calças. Sua língua saiu para molhar os lábios.

— Você está segura aqui, — disse ele, mas sua voz tinha ficado rouca.

— Eu estaria ainda mais segura se você estivesse aqui comigo. — Como ela poderia esbanjar afeto se ele estava em seu próprio quarto?

Ele enganchou a mão em sua cintura, puxando-a para perto.

— Foi você que não me quis na cama ontem à noite.

— Isso não é verdade. Só queria saber se você se importaria comigo. — E então, ela deixou sua mão deslizar pelos braços dele e pelos ombros grandes e bonitos. Eram tão fortes. — Eu te disse esta manhã, gosto de dormir encostada em você.

— Você vai ser a minha morte, — ele respondeu enquanto ela pressionava contra seu peito.

— Eu não quero ser sua morte, — ela sussurrou suavemente. — Na verdade, espero construir uma vida.

Essa pareceu ser a gota d'água, e com um gemido, ele baixou a boca para a dela. O beijo não foi suave ou terno, e por um momento ela se preocupou por ter cometido um erro. Que ela não estava promovendo o tipo de afeto que esperava, mas apenas alimentando a paixão de um libertino. Mas então, ela se esqueceu de se importar quando a língua dele lambeu seus lábios.

Ela colocou os braços em volta das costas dele enquanto ele a inclinava para trás, seu corpo pressionado contra o dela. Foi escaldante, perverso e divino.

Ele enterrou os dedos em seu cabelo, enquanto a provava repetidamente e quando ela gemia em sua boca, ele arrastou uma palma para baixo em seu peito até que espalmou um de seus seios. Ela se arqueou com o toque, seu mamilo enrugando sob a pele áspera de sua palma.

Ele respondeu passando o polegar pela carne sensível, e então ele se libertou de sua boca e deixou cair os lábios na protuberância dolorida da carne. O prazer explodiu dentro dela quando se arqueou para ele, querendo mais.

Ela ainda estava de joelhos, mas em um instante, ele a teve em seus braços e depois deitada de costas na cama.

— Eu vou te beijar agora, — ele disse contra ela, sua mão deslizando por sua perna e puxando para cima a barra de sua camisola.

Arrepios de prazer estavam espiralando por ela enquanto a mão dele deslizava por sua perna.

— Eu gosto dos seus beijos.

Ele riu quando começou a beijar, não em direção a sua boca, mas para baixo em sua barriga.

— Você vai gostar ainda mais.

O que ele quis dizer com isso? Mas ela não perguntou enquanto seus dedos roçavam os cachos entre suas pernas. Seu corpo estremeceu de prazer e surpresa.

Ele a tocou de novo, levemente, mas com um golpe mais deliberado e ela estremeceu de prazer. Repetidamente seus dedos deslizaram sobre sua carne mais sensível, fazendo-a se contorcer de prazer. Mas, então...

Puxando sua camisola até a barriga, ele baixou a boca para sua área mais íntima e quando sua língua saiu e tocou sua carne, ela se esqueceu de respirar, o prazer irradiando quente e doce por todo seu corpo.

Ele disse a si mesmo que não iria tocá-la assim.

Eles iriam lentamente construir um relacionamento. Mas a mão dela estava acariciando-o, seus olhos estavam implorando, e ele descobriu que não podia negar.

Não isto. Talvez não seja nada.

E então, ele a provou. O almíscar doce e picante encheu suas narinas e ele gemeu de prazer. Ele viu a pele mais escura de sua mão contra a carne pálida de suas coxas e seu pênis se contraiu.

Ela era adorável. Tudo sobre ela o atraiu e ele puxou uma das mãos para tirar as calças.

Porque neste ritmo, ele não precisaria se enterrar dentro dela. Ele estava sujeito a derramar seu sêmen direto nas calças. O que não fazia desde os dezesseis anos.

Ele empinou-se, puxando a camisola ao mesmo tempo em que a ouvia soltar um gemido de protesto. O que só o fez enrijecer-se com mais paixão. Seus ruídos eram divinos.

E então, ela puxou a camisola também, e o tecido voou sobre sua cabeça e pela primeira vez, ele conseguiu olhá-la por inteiro. Sua esposa.

Seios fartos e cremosos, com mamilos rosa claro, o chamavam. Ele estendeu a mão, esfregando o globo antes de beliscar o mamilo. Ela arqueou para ele novamente, seus olhos castanhos quentes nublados com luxúria.

Seu pênis saltou novamente. Ele largou as calças e depois de colocá-las ao redor das coxas, ele caiu de joelhos novamente.

Ele daria prazer a ela. Porque gostava de agradá-la e não a negaria. Mas não estava levando sua virgindade. Ainda não. Ele faria isso direito. Dando suas escolhas. Seduzindo-a por dias ou semanas, se fosse necessário. E quando a lambeu novamente, ela empurrou em sua boca, as mãos enrolando em seu cabelo.

Ele a beijou novamente, trabalhando em um ritmo, mesmo quando ele alcançou seu pênis com a outra mão. Ele já estava vazando semente, mesmo quando ela o puxou mais apertado contra seu corpo.

Ele quase parou de praguejar desde que a conheceu, mas agora, ele queria resmungar uma série de maldições daqui até a próxima semana, porque ela o estava fazendo perder o controle. E nem estava dentro dela.

Mas as pernas dela estavam sobre as costas dele e ela estava fazendo os barulhos mais sensuais e... ele usou a mão livre para pressionar seu canal. Ela estava apertada e tão molhada, e apertou em torno de seu dedo.

Ele mal se perguntou como seu pênis caberia nela quando ela explodiu em torno dele, gritando seu nome em um gemido agudo.

E isso o desfez. O som de seu nome em seus lábios assim. Ele explodiu também em direção ao chão.

Ele a beijou até ter certeza de que ela recebeu cada onda de prazer, e então ele subiu na cama com ela, aconchegando-a contra ele.

Ela se enrolou nele, suave como pudim enquanto se moldava ao lado dele, a cabeça encaixando no pescoço dele.

Ela murmurou baixinho:

— Eu não fazia ideia. Não admira que as mulheres amem tanto libertinos.

Ele riu disso, passando a mão pelas costas dela. Os libertinos não derramavam suas sementes no chão para proteger a sensibilidade de suas esposas.

— Estou feliz em servir a minha senhora.

A perna dela passou por cima de suas coxas e ele puxou-a um pouco mais alto, apreciando a maneira como ela estava enrolada nele.

— Eu quero... — ela sussurrou, olhando para ele. — Eu quero dar a você do jeito que você deu a mim.

Seu pênis se contraiu com as palavras e ele quase gemeu.

— Confie em mim, querida. Há muito tempo para tudo isso. Vamos ensinar tudo o que você deseja saber.

Ela ergueu a cabeça, seu dedo traçando pequenos padrões em seu peito. O toque gentil enviou riachos de prazer por sua pele.

— Tudo?

— Tudo.

— Fale-me sobre sua família novamente.

Ele enrijeceu. Tudo menos isso.

 


Capítulo 12


Abigail sentiu a mudança nele. O aperto de seus músculos, a sua inspiração.

— Abigail.

— Eu sei que eles não o amavam, — disse ela, levantando a cabeça novamente para olhar em seus olhos azuis escuros. Eles se mexiam como o oceano durante uma tempestade. — Isso é culpa deles. Não sua.

— Você não sabe disso.

— Eu sei. — Então, ela lhe deu um pequeno sorriso. — Eu sou um pé no saco e minhas irmãs ainda me amam.

— Você acabou de usar palavrões?

Ela fungou.

— Sou uma mulher casada agora.

Ele riu apesar da situação e então estendeu a mão, passando os dedos pelos cabelos dela.

— Obrigado por não dizer que você era casada com o homem que blasfema com abandono.

Ela estendeu a mão e tocou sua bochecha.

— Quem você odiava mais, seu pai ou seu irmão?

Um toque de ressentimento iluminou seus olhos.

— Eu sabia que meu pai era um bastardo cruel. Ele me bateu bem no queixo com o punho fechado aos quatro anos de idade. Mas meu irmão... por causa da nossa diferença de idade e ele passava muito tempo longe, eu inventei essa fantasia. Que ele e eu, de alguma forma, ficaríamos juntos contra o tirano. Ele usou essa fidelidade, da minha parte, para me fazer assinar um papel que entregava minha parte da herança para ele.

Ela respirou fundo tentando até imaginar uma de suas irmãs agindo dessa forma.

— Ele fez o quê?

— Ele me embebedou, e então empurrou o papel na minha frente. Mais tarde, nem me lembrava de ter assinado.

Ela espalmou as mãos sobre o peito, diretamente sobre o coração. Ela podia sentir sua batida sólida sob seus dedos.

— É uma pena que ele está morto. Eu gostaria de dar um soco nele.

Ele deu a ela um pequeno sorriso.

— Obrigada. — Chad continuou acariciando seu cabelo, empurrando sua cabeça para trás em seu peito.

Mas ela a ergueu novamente, encontrando seus olhos mais uma vez.

— Sei que somos apenas uma combinação de conveniência. Minha segurança e reputação em troca de meu dote.

Ele fez uma careta, seus dedos cavando mais fundo em seu couro cabeludo.

— Isso não é...

— É, — ela respondeu. Então, ela se inclinou e beijou seu peito. — Mas se você deixar, nós podemos ser... mais. Posso mostrar o que significa fazer parte de uma família real.

Seu coração saltou uma batida sob sua mão antes que o órgão acelerasse.

— Abby.

Ela balançou a cabeça.

— Sei que você ainda dirige o clube e talvez você queira voltar para sua antiga vida, mas há méritos em ser mais doméstico. Não tenho certeza de quais são, mas tenho certeza de que podemos aprendê-los juntos.

Antes que pudesse dizer outra palavra, ela estava de costas, seu grande corpo sobre o dela, sua boca pressionada em seus lábios em um beijo que reivindicou sua alma. Quando ele finalmente ergueu a cabeça, ela estava ofegando novamente, seu corpo ansiando por mais.

— Deixe-me contar a você as vantagens de ser doméstico... — E então, ele a beijou. — Uma mulher para dividir a cama por todas as noites, e que é quente e macia e se ajusta a mim como se fosse destinada a estar lá. Uma mulher que cheira incrivelmente e parece ainda melhor. Aquela que se preocupa com a minha felicidade e não me julga pelo meu passado.

— Oh, — ela respirou antes que seus lábios descessem novamente. As pernas dela envolveram suas coxas e a cabeça de sua masculinidade agora ereta pressionada contra suas dobras suaves. — Isso foi adorável.

E então ela inclinou os quadris, puxando-o um pouco mais para dentro de seu corpo. Queimou um pouco, porque ele era grande, e esticou sua pele, mas era... maravilhoso também.

Mas então ele se retirou, afastando-se dela.

A dor queimou em sua garganta quando ela engoliu em seco e soltou as pernas dele, tentando se virar, mas o peso dele a segurou no lugar.

— Saia, — ela ofegou.

— Abby, — ele sussurrou perto de seu ouvido. Ele não parecia duro ou irritado, na verdade sua voz implorou. — Deixe-me dar-lhe este presente.

Ela olhou-o então, perguntando-se o que ele queria dizer.

— Presente?

— Tudo em nosso relacionamento tem sido muito rápido. Não é que eu não queira o seu amor. É que quero passar algum tempo praticando sexo de verdade. Isso deveria ser lento. Queria que fosse ainda mais lento, mas não pude resistir a tocar em você esta noite.

Sua respiração ficou presa quando percebeu o que ele estava tentando fazer. Ele queria tornar seu casamento melhor para ela e isso tocou algo bem no fundo.

Ela assentiu com a cabeça, seu corpo relaxando no colchão.

Ele deslizou para o lado e puxou-a para perto novamente.

— Agora o que você acha de irmos dormir um pouco?

Ele puxou a perna dela de volta sobre seu corpo, a cabeça dela em seu peito. Dormir era uma boa ideia. Amanhã, ela teria que aprender o que significava ser a senhora da casa.

Mas, enquanto estava deitada ao lado dele, uma mistura de esperança e preocupação encheu seus pensamentos. Os dois estavam tentando aproveitar ao máximo o casamento, mas ela não tinha certeza se nenhum dos dois teria sucesso.

A semana passou em um borrão para Chad, ele pensou enquanto se sentava em sua mesa.

Ele revisou os livros e ficou agradavelmente surpreso com a receita que seu próprio patrimônio estava gerando. Tinha sido um bom verão e entre isso e o clube, junto com o dote de Abigail, ele seria capaz de eliminar suas dívidas e começar a fazer melhorias para aumentar seus lucros.

O que significava que tinha fundos suficientes para sua esposa ir às compras. Ela precisava de um novo guarda-roupa, pois ele não tinha ideia de quanto tempo seria sua estadia no campo. E, honestamente, ele queria que ela o visse como o homem que sustentaria suas despesas, não Vanity.

Seu amigo estava se provando um incômodo maldito, e Chad gostaria de mandar de volta para Londres. O problema era que Vanity tinha pouco a fazer aqui, e como charmoso e mais cheio de classe que Chad já conheceu, Vanity passava muito tempo conversando com Abigail.

Ela, por sua vez, parecia gostar imensamente de sua companhia.

O que só aumentava a irritação de Chad.

Ela era sua esposa. Se Vanity não estivesse aqui pela segurança de Abigail, gostaria de lançar o homem fisicamente da propriedade.

Ele nunca experimentou um ciúme como este antes, e sendo um sentimento completamente novo, não tinha certeza do que fazer com isso.

Sua resposta foi passar cada vez mais tempo dando prazer à esposa em sua cama.

Ele ainda não tinha tomado sua virgindade. Em vez disso, passava horas intermináveis beijando cada centímetro dela. Incontáveis minutos sussurrando palavras doces em seu ouvido, e uma quantidade infinita de tempo com o rosto entre suas pernas.

Ela ficava perguntando a ele sobre sua família. Ela puxou inúmeras histórias dele sobre a crueldade desdenhosa de sua mãe e sua marca mais direta de tortura de seu pai e irmão. Por sua vez, ela contou a ele sobre ter crescido em uma família com irmãs mandonas, mas com pais que amavam e guiavam suas filhas.

Mas, também compartilhou como foi assistir aquela vida desmoronar. A morte de sua mãe. O desaparecimento de seu pai.

O que suas irmãs tiveram que passar para mantê-las seguras e alimentadas.

E ela lhe disse como se ressentia por elas não terem lhe dado mais responsabilidades, mas por ela ter chegado à conclusão de que precisava ganhar essa confiança. Em palavras sussurradas, ela compartilhou seu medo de ser como seu pai. Receber o amor da família, mas não retribuir.

E então, ela olhou-o com aqueles olhos castanhos calorosos.

— Eu quero dar a você e quero que você confie em mim também.

As palavras o mataram.

Confiar nela? Ele desnudou sua alma para ela. Ele estava atrasando sua própria satisfação pela dela, não queria que nenhum outro homem sequer estivesse perto dela, ele... Ele baixou a cabeça entre as mãos. Estava se apaixonando.

Ele esfregou o couro cabeludo, sua papelada completamente esquecida. Estava apaixonado. Por sua esposa. Havia algo de errado nisso?

Ele fez uma careta. Não tinha ideia de como amar outra pessoa de maneira adequada. Ele estava fadado a falhar com ela. Ele fechou os olhos com força. Afinal, já havia estragado o casamento deles.

— O que você tem? — Vanity chamou da porta. Ele estava suado como se tivesse acabado de voltar de uma de suas corridas diárias. Não sabia disso sobre Vanity até esta viagem. O homem era um ginasta militante. Isso só parecia torná-lo mais bonito. O maldito homem.

— Nada. — Ele ergueu a cabeça. — Estou vasculhando uma montanha de papelada enquanto você entretém minha esposa. O que poderia estar errado?

Vanity levantou uma sobrancelha quando entrou na sala.

— A julgar pelo brilho rosado em suas bochechas, você está fazendo um bom trabalho em entretê-la durante a noite.

Ele se levantou tão rapidamente que derrubou três livros da mesa.

— Não fale sobre ela desse jeito. — Seus dentes trincaram enquanto forçava as palavras através de uma mandíbula cerrada.

Vanity lançou-lhe um longo olhar avaliador quando parou do outro lado da mesa.

— Relaxe, garotão. Gosto de sua esposa. Ela é inteligente, engraçada e boa companhia, mas sinto por ela o que sinto por minha irmã mais nova.

Chad relaxou um pouco e se abaixou para pegar os livros que derrubou.

— Desculpe. Nunca me senti assim antes e... — Ele parou. Ele estava falando sobre seus sentimentos com homens agora? Santo Cristo.

Mas Vanity apenas riu.

— Suponho que isso aconteça quando você se casa.

Chad encolheu os ombros. Talvez. Era natural? Seu pai certamente nunca se sentiu assim em relação à sua mãe. Mas ele acabou de compartilhar por hoje.

— Eu preciso levar Abigail para comprar mais roupas, mas estou enterrado aqui.

Vanity encolheu os ombros.

— Vou levá-la, se você quiser.

Ele conteve um estrondo de frustração.

— Você só está tentando me fazer ficar mal.

Vanity sorriu.

— Não estou. Mas também não estou fazendo sua contabilidade. Provavelmente terei uma pilha gigante de livros contábeis para avaliar quando eu voltar.

Ele odiava mandar Vanity sair com ela. Mas também não queria que ela fosse sozinha. Eles vieram para cá porque o perigo estava beliscando seus calcanhares em Londres.

— Tudo bem. Ok. Mas certifique-se de que ela saiba que sou eu quem está realmente comprando as roupas. E traga uma criada também.

— Sim, sim, capitão. — Vanity deu uma piscadela que só serviu para irritar Chad ainda mais. — Talvez você possa se juntar a nós em algum momento? Posso fazer o trabalho pesado e então você pode entrar e levá-la para a pousada para um almoço tardio?

Não era um plano ruim. Talvez ele não chutasse Vanity na bunda, afinal.

 


Capítulo 13


Abigail desceu a rua carregando vários pacotes enquanto sorria de alegria. Vanity segurava outros mais. E a criada, outros.

Foi uma manhã absolutamente maravilhosa. Primeiro, visitaram a modista onde ela encomendou vestidos. Em seguida, compraram chapéus e fitas, sabonetes e perfumes.

Ela suspirou para si mesma. Afinal, a vida de casada estava se revelando adorável.

Chad tinha lhe assegurado que teria mais tempo em um futuro muito próximo, mas sua desatenção durante o dia resultou em uma grande atenção à noite, que Abigail estava desfrutando imensamente.

E eles começaram a compartilhar. Realmente compartilhavam um ao outro. A cada dia que passava, ela ficava com menos medo de que eles não formassem um vínculo e que ele voltasse para sua antiga vida. E também, ficou menos preocupada com seus aborrecimentos mesquinhos com as irmãs. Importava menos se Eliza lhe dissesse o que fazer.

Ela estava aqui, vivendo a vida, como esposa de Chad... e ela adorou. Na verdade, tinha quase certeza de que o amava.

Seu coração acelerou em seu peito. Todas as noites, ela tentava mostrar-lhe esse amor. Ela o tocava, falava com ele, o abraçava.

Ela gostaria de perguntar a suas irmãs como sabiam que amavam seus maridos e como elas ganharam seu afeto em troca. Mas ela nem sabia onde suas irmãs estavam. Seu peito torceu novamente. Sentia falta delas.

E ela se preocupava. Seu pai tinha feito uma viagem de rotina e nunca mais voltou. E se isso acontecesse com suas irmãs também? Ela não suportaria perder uma delas.

Mas seus próprios pensamentos foram interrompidos pelo fungar da porta de uma igreja próxima. Abigail parou, voltando-se para o som.

Seu coração disparou. Talvez fossem os pensamentos de suas irmãs, mas ela não podia simplesmente continuar e então começou a subir os degraus.

— Abby? — Vanity chamou-a. — O que você está fazendo?

Ela o ignorou.

— Olá? — Ela falou em vez disso.

O choro parou imediatamente.

Abigail caminhou para as sombras, movendo-se lentamente para não assustar a mulher ou talvez para se proteger.

Mas o que ela encontrou foi uma mulher da sua idade, sentada na pedra dura, os joelhos dobrados e a cabeça sobre os braços cruzados.

— Olá, — ela disse novamente. — Você está bem?

A mulher ergueu a cabeça. Talvez fosse a sombra brincando em seu cabelo, mas nesta luz as madeixas pareciam pretas como a noite. Seu rosto era o mais perfeitamente belo que Abigail já tinha visto. Olhos grandes e escuros, nariz reto minúsculo e maçãs do rosto arredondadas por lábios carnudos.

— Estou... estou bem, — disse a mulher, uma respiração ofegante interrompendo a frase.

Abigail se aproximou, curvando-se.

— Perdoe-me por não concordar, mas você não parece bem.

Ela balançou a cabeça.

— Obrigada por sua preocupação. Mas meus problemas são tão comuns que quase chegam a ser enfadonhos.

Abigail franziu a testa.

— Qual o seu nome?

— Senhorita Gabriella Winston. — Ela estremeceu, apertando os braços com mais força. — Embora isso vá mudar em breve.

Abigail ouviu Vanity chegar ao topo da escada. Ela o olhou rapidamente, mas os olhos dele estavam fixos em Gabriella.

— Por que isso vai mudar?

— Porque, — ela sussurrou. — Sou responsável pela paróquia. Em um ato de misericórdia, o padre está me leiloando para o homem que fizer o lance mais alto hoje. Ele tem razão. É melhor do que o trabalho doméstico. Mas o que ele realmente quis dizer é que vou ganhar muito mais dinheiro para a paróquia no leilão.

Abigail ofegou. Ela tinha ouvido Eliza mencionar casas de trabalho e leilões com o tipo de pavor que fez a pele de Abigail formigar. Se Eliza estava com medo desses eventos, Gabriella certamente estava em uma situação desesperadora.

— Deve haver algo que possamos fazer.

A testa de Gabriella franziu, mas Vanity pigarreou.

— Perdoe-me, minha senhora, mas...

Gabriella se levantou. Ela era alta para uma mulher. Ela estendeu a mão para Abigail.

— Você é uma dama?

Abigail assentiu, e Vanity murmurou baixinho.

— Ele é seu servo?

A cabeça de Vanity se endireitou.

— Sou amigo do marido dela. Fazendo um favor a ambos.

Abigail mordiscou o lábio.

— Esses leilões. O que acontece neles?

Gabriella envolveu o corpo com os braços mais uma vez.

— Serei vendida ao homem que pague mais e me casarei logo de manhã com o mesmo homem que me comprar.

Vanity murmurou o que Abigail só poderia assumir que era uma maldição.

— Quando isso acontecerá?

— Em algumas horas.

Abigail estendeu a mão e Gabriella lentamente desembrulhou seu braço para pegar a mão de Abigail.

— Vou encontrar uma maneira de ajudá-la. — Ela olhou para Vanity. — Chad pode parar isso?

Ele estremeceu.

— Pode ser. O padre não vai querer irritar seu marido. — Vanity se aproximou. — Mas para onde ela irá depois disso? Ela vai morar com você?

Abigail não largou a mão da outra mulher, mas ela entendeu o ponto de Vanity. Abigail sabia que os homens a achavam atraente, mas esta mulher... ela era deslumbrante. Uma beleza rara. Ela a levaria para sua casa com um novo marido quando eles ainda não haviam consumado o casamento? Não estava seriamente preocupada com as ações de Chad, mas, novamente, ele quase disse que tinha toda a intenção de retornar aos seus caminhos libertinos. Ela convidaria essa beleza para sua nova casa? O medo fez o sangue correr em suas veias. O relacionamento deles ainda era tão frágil, tão novo.

Ainda. Ela não permitiria que essa preocupação a impedisse de fazer o que era certo.

— Nós vamos descobrir isso depois que pararmos o leilão.

— Você precisa voltar para a casa do seu marido. Eu vou... — Ele fez uma pausa passando a mão pelo rosto. — Vou dar um lance por Gabriella.

Ambas as mulheres inspiraram profundamente.

— Você? — Perguntou Gabriella.

— Van... — Ela sempre o chamava de Vanity. Mas, neste momento, o nome não parecia apropriado.

Seus olhos cinzentos encontraram os dela.

— Austin Melrose.

— Austin, — repetiu Gabriella, com a voz trêmula.

Vanity olhou de volta para a outra mulher, seu rosto duro e ilegível.

— Tenho que levar a baronesa para casa, mas estarei de volta para buscá-la em breve.

Gabriella se endireitou e por um momento Abigail pensou que a mulher poderia discutir, mas com um aceno rápido, ela largou a mão de Abigail.

— Obrigada, Austin Melrose.

Abigail agarrou o braço de Vanity.

— Vamos, depressa.

Chad respirou fundo, maravilhado com a beleza do dia. Ele estava a caminho da aldeia, caminhando ao longo da estrada arborizada, para encontrar sua esposa para almoçar. Depois que eles fizessem a refeição, gostaria de nada mais do que vê-la mostrando todas as peças que comprou, talvez vestir algumas para ele.

O desejo retumbou por ele, e só de pensar nela em poucas roupas fez seu estômago apertar.

O barulho de uma carruagem na estrada o fez se endireitar. Parecia estar se movendo rapidamente. O veículo apareceu e ele percebeu que na verdade estava indo muito rápido e que era sua carruagem.

O medo percorreu sua espinha. Algo estava errado com sua esposa?

Ele ergueu as mãos, sinalizando para a carruagem, e o condutor parou o veículo.

Antes que pudesse perguntar, a porta se abriu e Vanity saltou para fora.

— Sua esposa me ofereceu para salvar uma órfã.

Abigail colocou a cabeça para fora também.

— Órfã a faz parecer uma criança. Ela é uma mulher.

Chad se aproximou e estendeu a mão para ajudar sua esposa.

— Eu temo que não entendi.

Vanity acenou com a mão.

— Posso ficar aqui e explicar, mas talvez seja tarde demais. — Ele se virou para Abigail dando a ela um olhar furioso. — O que pode não ser a pior coisa.

— Não podemos simplesmente deixá-la. Temos que ajudar.

Vanity balançou a cabeça, deixando escapar um suspiro de frustração. Chad teve a sensação de que eles estavam discutindo há algum tempo. O que realmente não o incomodava muito. Um pouco de distância entre o amigo e a esposa poderia aliviar alguns de seus temores de ciúme.

— Por quê? — Vanity perguntou, passando a mão pelo cabelo. Chad não estava acostumado a ver o homem tão desgrenhado e ergueu uma sobrancelha ao notar isso agora.

Abigail balançou a cabeça.

— Porque, Vanity, eu era ela. Eu era a órfã e se não fosse por minhas irmãs cuidando de mim, meu tio provavelmente teria feito comigo exatamente o que estão prestes a fazer com ela. — Ela respirou fundo. — Tente entender. Não posso ser Eliza. Não tenho uma irmã mais nova. Mas posso ajudá-la. — E Abigail apontou de volta para a aldeia.

Vanity passou a mão pelo cabelo normalmente perfeito.

— Está bem. Você a ajuda, então. Você a salva e a contrata como sua criada. Eu não quero ajudar. Mudei de ideia.

Abigail soltou um suspiro lento, e então ela olhou para ele.

— Conhecemos uma mulher que está prestes a ser leiloada pelo lance mais alto da igreja.

Um músculo em sua mandíbula se contraiu. Não porque ele não quisesse ajudar. Ele entendeu seu ponto, e ele estava começando a entender seu passado.

— Tenho muito poucos recursos atualmente para pagar o padre para interromper o leilão.

— Você pode forçá-lo a parar? — Ela lambeu os lábios enquanto olhava para o céu pensativa. — Ou eu poderia sequestrá-la. Isso é o que Eliza certamente faria.

— Droga... — Vanity começou, e Chad percebeu que seu amigo estava muito chateado. E Vanity nunca se preocupava com nada.

— Você não pode encenar um resgate ousado, amor. Não quando sua própria vida ainda está em perigo.

— Perigo? — Ela perguntou, encolhendo os ombros. — Nós estivemos perfeitamente seguros aqui.

— Ainda. — Ele pegou a mão dela. — É melhor você ficar fora disso. — Então, ele olhou para Vanity. Os olhos de seu amigo estavam quase selvagens, suas pupilas dilatadas e seu cabelo uma bagunça absoluta. Chad estudou seu amigo. — Vanity?

Vanity esfregou seu cabelo novamente.

— Está bem. Irei ajudá-la. Mas, depois de interromper o leilão, o que sugere que eu faça com ela?

Abigail apertou sua mão.

— Ela é extraordinariamente bonita.

Ahh. Isso explicava muito.

— Ela tem alguma habilidade?

— Como eu deveria saber? Trocamos duas frases antes de sua esposa intervir para ajudar.

Chad teve que confessar que a discórdia entre Vanity e Abigail dava-lhe um certo grau de satisfação. Ele passou o braço em volta da esposa. Em algum momento, ele pode ter desejado ver esta mulher de rara beleza. Agora, não se importava nem um pouco. O que desejava era sua esposa em seus braços.

— Traga-a de volta para minha casa, onde ela será acompanhada enquanto decidimos.

Vanity franziu o cenho. De uma maneira que ele nunca tinha visto o amigo fazer.

— Trazer uma linda mulher para você?

Ele ouviu Abigail ofegar enquanto sua própria mandíbula endurecia.

— Querida, por favor, espere na carruagem enquanto quebro o rosto de Vanity?

— Chad, — ela disse, uma nota de súplica aparecendo em sua voz. — Ele é seu amigo e está nos fazendo um grande favor.

Ele respirou lentamente quando Vanity deu-lhe um olhar duro de volta. Então, ele quebrou o olhar para dar um beijo na testa de Abigail.

— Você poderia nos dar um momento, amor? Juro que não vou cometer nenhuma violência.

Ela deu um aceno rápido e depois subiu na carruagem.

Ele olhou para Vanity, cruzando os braços.

— Você acabou de insinuar, na frente de minha esposa, que não sou confiável na presença de outra mulher?

Vanity estremeceu.

— Ela é o tipo de mulher que pode fazer um homem esquecer a razão.

Chad entendeu. Completamente.

— Posso assegurar-lhe que pode confiar-me a sua órfã. Já perdi minha razão, mas Abigail a segura nas palmas de suas mãozinhas.

Vanity sorriu.

— Vou te dar um conselho. Tenha outra cerimônia de casamento. O tipo que tornará todos os sonhos dela em realidade. E dê a ela um anel. E, se você for realmente corajoso, declare seus sentimentos na frente das irmãs dela.

Chad prendeu a respiração. Claro, declarar seu amor era o que ele deveria fazer.

Mas então, ele percebeu que Vanity precisava de alguns conselhos neste momento também.

— Vá salvar essa garota. Descubra como ela é e do que ela precisa. Faça-a passar por sua prima em segundo grau até descobrir o que fazer com ela.

Vanity deu um aceno rígido, bagunçando seu cabelo novamente.

— Posso precisar de sua carruagem.

 


Capítulo 14


Abigail observou enquanto Chad subia na carruagem, seu rosto definido em linhas duras.

— O que está acontecendo?

— Eu não estou totalmente certo, — ele respondeu, capturando seus lábios antes de se sentar.

— Ele vai salvar Gabriella?

— Sim, — Chad respondeu, estabelecendo-se não em frente a ela, mas ao lado dela, aconchegando-a contra seu grande corpo.

— Ela vai ficar conosco? — Abigail estudou seu perfil enquanto um sorriso gentil brincava em seus lábios.

— Você se preocuparia se ela ficasse?

Ela bufou, não gostando do jeito que ele acabou de responder a uma pergunta com outra pergunta.

— Provavelmente, deveria.

Com um movimento rápido, ele a puxou para seu colo.

— Deveria?

Ela bufou, mesmo quando ele começou a beijar uma trilha em seu pescoço.

— Suas perguntas estão ficando irritantes.

Ele sorriu contra sua clavícula.

— O que você fará para mim?

— Uma surra está fora de questão? — Ela empurrou seu peito para olhá-lo, mas em vez disso, seus olhos escureceram de uma forma que fez seu corpo inteiro ciente de cada lugar que ela o tocava.

— Não. Não está. — Ele apertou-a em volta da cintura, mesmo enquanto se inclinava para frente para tomar seus lábios com os dele. — E você não deve se preocupar com nenhuma outra mulher. Só consigo pensar em você.

A satisfação desceu por sua espinha.

— Fico feliz em ouvir isso. Eu sei que a paixão entre nós nem sempre será tão...

— Quem disse?

— Você está fazendo perguntas de novo, — ela murmurou, mas ele estava beijando o ponto sensível atrás de sua orelha, e ela viu-se com a cabeça inclinada para dar-lhe melhor acesso. — Mas é a minha vez. Por que você geralmente se cansa de uma mulher?

Ele se acalmou.

— Não importa.

— Por que não?

— Porque... — Ele pressionou sua testa na dela, olhando em seus olhos. — Eu não era casado com nenhuma delas.

Ela encolheu os ombros, então. Essas não eram as palavras que esperava ouvir.

— Muitos homens que são casados têm olhos errantes.

Ele franziu a testa então, seu olhar ainda bloqueado com o dela.

— Aposto que essas esposas não cheiram tão bem quanto você.

Ela balançou a cabeça.

— Meu cheiro?

— Quando chegarmos em casa, vamos direto para cima. Se chegarmos ao quarto da cama.

Seu corpo latejava com a sugestão, mas ela tentou clarear a cabeça.

— Honestamente. Meu cheiro é a razão pela qual você me será fiel?

Ele fez um som no fundo da garganta. Tão masculino, ela se esqueceu de respirar.

— Seu gosto também. O rosa de seus mamilos, a sensação de sua pele. Nenhuma mulher nunca me deixou tão louco. Eu...

Agora, isso foi agradável. Ela o beijou desta vez, deslizando a língua contra seus lábios.

Ela ainda não tinha assumido a liderança assim, mas parecia levá-lo à beira da luxúria. Suas mãos estavam em suas costas, sua língua encontrando a dela impulso por impulso.

Ele deslizou a palma da mão por seu pescoço e ela ouviu seus grampos se espalharem no chão, enquanto ele enfiava a mão em seu cabelo.

— E seu maldito cabelo, — ele rangeu contra seus lábios. — Eu sonho com isso à noite.

A carruagem parou e ele nem mesmo fingiu que a levava para dentro. Pegando-a, ele a tirou da carruagem e subiu as escadas.

Ela soltou um meio grito, meio riso, quando ele começou a correr.

No momento em que chegaram ao quarto, os dois estavam sem fôlego enquanto ele puxava suas roupas e a beijava.

— Não rasgue o vestido. Vai demorar um mês antes de eu ter mais.

Ele diminuiu a velocidade de suas mãos.

— É melhor você me ajudar a despi-la porque eu quero ver sua pele. Agora.

— Meus mamilos? — Ela deu a ele um sorriso sedutor enquanto lentamente desamarrou as saias.

Ele fez aquele som de novo, aquele que reverberou fundo em sua garganta e direto entre suas pernas.

— Sim. E seu estômago. Vou beijar cada centímetro seu até a planta dos pés, e então...

Ela choramingou quando a saia finalmente cedeu. Ele estava meio sobre ela na cama, e ela não conseguia remover nenhuma das camadas.

— Chad.

Ele se levantou então, e se despiram em tempo recorde. Chad a pegou no colo, as pernas envolvendo sua cintura.

Mesmo que não tivesse dado a ele sua virgindade ainda, ela não tinha medo neste momento. Ele passou hora após hora, noite após noite, lhe dando prazer. Ela não tinha o menor medo de sentir a pele dele contra a dela. E quando sua masculinidade esfregou contra suas dobras, ela se viu ficando cada vez mais excitada. Seus mamilos formigaram com a pressão enquanto se esfregava contra ele, suas bocas travadas juntas.

Sem intenção, ela pressionou-se contra ele e ele deslizou para dentro dela. Queimou como da última vez, mas também uma profunda satisfação com a união a encheu, e ela deslizou mais para baixo em seu comprimento grosso.

Ela não tinha tentado isso de novo. Porque, bem, ela estava com medo, no fundo de seu coração, que uma vez que eles fizessem isso, tudo mudaria. Ele perderia o interesse?

Mas os pensamentos saíram de sua cabeça novamente. Porque ele estava maravilhoso enquanto segurava o corpo dela contra o dele. Ele se acalmou quando ela deslizou ainda mais para baixo em seu eixo.

Uma dor aguda a fez ofegar.

— Chad!

— Está tudo bem, meu amor. Estou aqui com você. — Ele beijou sua têmpora então, e deu um passo para a cama. Mas ao invés de deitá-la, ele sentou-se com ela em seu colo e então se deitou, ela em cima dele. — Não nos moveremos até que você esteja pronta.

Seu coração inchou. Oh, ela amava este homem.

Ela o beijou novamente enquanto a dor diminuía. Com movimentos lentos e medidos, ele empurrou todo o caminho dentro dela até que estivessem completamente unidos.

— Chad, — ela disse, com ele totalmente sentado. — Tenho que te dizer uma coisa.

— O que é, amor?

— Eu acho que te amo, — ela disse quando ele deslizou para fora e para dentro de seu corpo. Desta vez, não doeu. Em vez disso, o prazer irradiou de seu interior. — Não preciso que você diga nada, mas só quero que você saiba que sua felicidade significa tudo para mim e eu te darei tudo o que você precisar.

Ele empurrou nela novamente, seus braços embalando seu corpo em seu peito. Ele a beijou então, longo e lento enquanto o ritmo batia mais rápido, seus corpos se movendo juntos até que ela se quebrou em êxtase.

Só precisou de mais dois golpes, e ele também se desfez, espasmos atormentando seu corpo. Quando se acalmou, ele não a deixou ir, não deslizou para fora. Em vez disso, beijou sua têmpora, suas bochechas, seu cabelo.

— Durma, amor, — ele murmurou enquanto os olhos dela se fechavam. — Vou te acordar para o jantar.

Para seu espanto, ela fez exatamente o que ele pediu.

Uma dor profunda irradiou de seu peito para os membros.

Ela lhe disse que o amava quando ela se despedaçou em seus braços. Ele não merecia nada disso.

O que ele fez? Estragou seu casamento, praticamente informou-lhe que pretendia voltar para sua vida como um libertino, e certamente deixou claro que estava se casando com ela por seu dote.

Ninguém em toda a sua vida o amou e ele sabia o porquê. Ele não merecia. Ele não merecia Abigail.

Ela se deitou contra ele, macia e quente, seu cabelo castanho e espesso arrastando-se sobre seu braço. Ela deveria ser melhor do que ele, um barão decadente que era o odiado segundo filho.

Ele acariciou a curva de sua coluna enquanto ela suspirava em seu sono. E um sorriso triste apareceu em seus lábios. Ela estava preocupada com alguma mulher aleatória entrando nesta casa? Ridículo.

Certo, ele não se sentia assim há uma semana, mas algo havia mudado. Ela era tudo o que ele sempre quis. Sua beleza era tudo o que ele jamais tinha visto. Abigail alimentou não apenas seu corpo, mas também sua alma. Encheu-o com o tipo de amor e calor que nunca sonhou que teria.

Com isso em mente, saiu de debaixo dela, deixando-a na cama. Parte dele queria ficar. Ele poderia deitar-se ao lado dela por horas, mas tinha duas coisas importantes para fazer.

A primeira era verificar Vanity.

Mais cedo, o homem parecia ter ficado temporariamente louco. E quando Abigail acordasse, iria querer saber o que tinha acontecido.

Mas a outra... Seguiria o conselho de Vanity. E o primeiro passo seria comprar um anel. Não tinha muito dinheiro, mas tinha o suficiente e gastaria o que restasse com ela. Encontraria uma maneira de ganhar mais.

Depois de se vestir, saiu sorrateiramente do quarto e entrou em seu escritório, escrevendo um bilhete rápido para ela dizendo que voltaria logo. Ele dobrou-o e colocou-o sob a porta do quarto dela, o quarto deles como ele não usava desde que chegara.

Então, ele saiu e desceu para a aldeia.

Ele sabia que Vanity devia ter feito algo porque uma multidão de homens que pareciam bastante descontentes estava do lado de fora da igreja, mas não havia sinal de seu amigo ou de sua carruagem na aldeia.

Então, caminhou até o joalheiro local, entrando na loja mal iluminada.

Havia vários designs interessantes, mas ele parou na frente de uma caixa, uma esmeralda piscando para ele. Confeccionada em ouro, tinha vários diamantes incrustados ao redor da grande pedra, uma faixa delicada completando a peça. Era perfeito.

Ele não tinha ideia de qual cor ela gostaria, mas algo sobre a gema verde cintilante falou com ele. Assim como ela, era quente e fresca, e sussurrava sobre um novo começo.

O joalheiro saiu e lhe deu um sorriso.

— Meu senhor, é bom vê-lo novamente.

— E a você também, Sr. Stone.

— Eu ouvi a notícia. Você se casou. Parabéns.

Parte da tensão em Chad diminuiu.

— Obrigado. É o que me traz aqui hoje. Gostaria de um presente para minha esposa.

Vinte minutos depois, ele negociou com o joalheiro um preço justo e saiu com uma caixa delicada enfiada em seu bolso com segurança.

Ele procurou pela aldeia, mas não encontrou nenhum sinal de Vanity, e então começou a voltar para casa, pegando a estreita estrada de terra.

A excitação o encheu enquanto descia o caminho esburacado. Gostava de estar em sua propriedade. Teria que voltar a Londres para o clube... o negócio era a única coisa que o manteve longe da prisão dos devedores. Mais alguns anos e ele teria lucros novamente. Poderia deixar o salão de jogos e viver aqui com Abigail em tempo integral...

Ele parou. Ela provavelmente gostaria de estar em Londres com suas irmãs. A família dela. A família dele.

Seu peito doeu novamente. Pela primeira vez em muito tempo tinha... esperança. Uma visão de futuro e a sensação de ser cuidado.

Ninguém poderia atrapalhar isso.

Ele nunca os deixaria.

 


Capítulo 15


Abigail acordou e se encontrou sozinha. Ela se sentou confusa, o outro lado da cama estava frio, como se Chad já tivesse ido embora há algum tempo.

Ela enrolou os dedos nos lençóis, em seguida, viu o bilhete ao lado da porta. Levantando-se, cruzou o quarto para pegar a folha dobrada e viu seu recado no pergaminho. Ele tinha saído para verificar Vanity e voltaria em breve.

Sua respiração se soltou lentamente, mas voltou a respirar bruscamente. Tendo estado com ela por completo, ele decidira que desejava ver Gabriella?

Ela fechou os olhos com força, afastando os pensamentos. Ela confessou seu amor por ele. Ela deveria confiar nele.

Mas ele não disse as palavras de volta... embora, para ser justa, ela lhe disse para não dizer. Ainda assim, ele não foi nada além de honesto sobre suas intenções e seus planos de longo prazo. O que não envolvia ser um marido em tempo integral.

Seu intestino torceu, mas ela se endireitou. Ela disse que daria amor a ele. E embora tivesse dúvidas, ela também lhe prometeu que a felicidade dele era importante, e que ela o ensinaria a amar.

O ciúme não alimentava o amor.

Ele tinha sido franco sobre seus planos de retornar à sua vida anterior; desde o início, foi honesto. Ele também disse a ela que não estava nem um pouco interessado em Gabriella. Foi ela própria que sempre se sentiu inferior às outras mulheres.

Mas hoje, ela não permitiria que essas preocupações a fizessem agir como uma criança petulante. Com isso em mente, ela se banhou, se vestiu e desceu as escadas. O sol apareceu por trás de algumas nuvens.

Ela notou um jardim lá fora que estava um pouco coberto de mato, mas ainda começando a florescer com algumas flores do início da primavera. Ela foi para a cozinha e encontrou uma tesoura, voltou para cima e para fora para começar a cortar um buquê para esta noite. Uma mulher já deu flores a um homem?

Capinou um trecho, primeiro porque não conseguia alcançar os caules, mas depois porque gostou do trabalho.

Movendo-se assim, seus pensamentos se aquietaram. Vanity estava claramente interessada em Gabriella. O homem praticamente virou do avesso em seu breve encontro. E estava correndo para resgatá-la. Abigail estava sendo boba. Um sorriso tocou seus lábios.

Ela limpou um canteiro, e então se levantou com uma braçada de flores para organizar o jantar desta noite.

Mas ela estacou. Tinha acabado de ouvir o estalo de um galho?

O jardim mais formal se abria para campos e bosques além. Ela examinou além dos canteiros, mas não viu nada fora do comum. Lentamente, ela deu um passo para trás em direção à porta, grata por não ter se aventurado muito longe da entrada.

O vento aumentou, farfalhando os galhos e aumentando sua sensação de mal-estar.

Outro galho quebrou. Foi apenas o vento? Ela deu mais um passo para trás.

— Abigail?

Chad. Ela girou, seu marido estava na porta.

— Aí está você. — O alívio a invadiu quando deu um passo em direção a ele, estendendo a mão livre. — Eu estava cortando algumas flores para nossa mesa esta noite e então pensei ter ouvido algo. Acho que o dia de hoje acabou de causar estragos em meus sentidos. Eu...

Mas ela não teve a chance de terminar esse pensamento.

Com um movimento repentino que a deixou sem fôlego, Chad a agarrou pela cintura e a ergueu, girando-a para dentro da casa atrás dele, seu grande corpo bloqueando a porta.

Ela mal teve um segundo para contemplar o que aconteceu quando três homens correram em direção a eles. Ela gritou quando Chad se agachou predatório, os punhos cerrados na frente dele.

— Abby, corra! — Ele gritou. — Tranque-se em uma sala.

Abigail ofegou antes de deixar cair as flores e então se virar, entrando em ação.

— Abby, — outra voz chamou, não a de Chad, e o som dela ecoou por sua espinha como a memória de um fantasma.

— Papai? — Ela disse enquanto girava para trás, com as mãos voando para a boca.

Os três homens pararam, a menos de um metro de Chad. Ela piscou várias vezes. O homem do meio era mais velho, mais grisalho, com uma barba espessa. Era mais magro do que ela se lembrava do seu pai, mas aqueles eram seus olhos. Não havia dúvida. A surpresa a sacudiu.

— Papai? — Chad perguntou, ainda parado entre ela e os homens. — Seu pai está morto.

— Não estou, — respondeu Lucas Carrington. — Embora eu pudesse ver por que você poderia pensar assim. Fiz o meu melhor para fazer o mundo todo acreditar que era verdade. — Então, seu pai se endireitou. — Agora quem é você, meu jovem, e por que você está com minha filha aqui, voando de Londres como se você estivesse tramando algo ruim?

— Papai, — Abigail disse novamente como se ela não pudesse dizer mais nada. Ela se aproximou de Chad, sua mão tocando suas costas. Ela precisava tocar sua forma sólida porque o mundo inteiro havia mudado. — Este é o Barão de Blackwater, meu marido.

— Seu marido? — Seu pai falou com a voz áspera. — Mas ele roubou você de um baile, carregando você visivelmente para uma carruagem e saiu correndo de Londres sem bagagem ou...

— Foi você, — Chad interrompeu. — Que eu vi fora do palácio.

— Foi, — seu pai respondeu, cruzando os braços. — Por que você deixou Londres com tanta pressa?

— Dishonor... seu parceiro. — Abigail se aproximou de Chad e ele se endireitou, envolvendo um braço em torno dela. Ela deveria correr para o pai e abraçá-lo, mas algo a impediu. Ela sentiu falta de seu pai, é claro. Mas também...

Sua mente estava lutando para dar sentido a tudo isso, e quando Chad a puxou para mais perto, ela se acomodou contra ele, extraindo de sua força.

— Ele expulsou os ladrões de Londres. Um deles tentou sequestrar Emily.

Chad a apertou mais perto, mesmo quando seu pai soltou uma lufada de ar.

— Onde está Emily agora? — Ele perguntou.

— Em um navio em algum lugar com Dishonor. E Eliza saiu com o marido, o Marquês de Milton, e Isabella com o dela... o Duque de Devonhall.

Seu pai esfregou o rosto.

— Vocês estão todas casadas. Todas vocês?

Abigail engoliu em seco.

— Eu não sei sobre Emily. Claro que existiam planos.

Seu pai passou a mão pelo rosto.

— Sinto muito por ter deixado você. Espero que entenda que estava tentando protegê-la.

E então, ela entendeu por que não correu para seu pai. Suas mãos se apertaram ao redor de Chad.

— Espero que você entenda o quanto Eliza e Isabella se sacrificaram por causa de sua escolha. — Suas mãos se apertaram ao lado de Chad.

Todo esse tempo, ele agiu em seu próprio interesse. E como sua favorita, ela foi moldada em sua semelhança. Exigindo sem doar-se. Até agora. Ela seria como Eliza ou Isabella. Se doaria para sua família, não apenas tiraria coisas e sentimentos.

Seu pai ergueu as mãos.

— Abby. Tive que proteger o negócio. Nosso legado.

— Nós somos o seu legado, — ela gritou. — E Isabella e Eliza estavam quase arruinadas por isso.

Seu rosto empalideceu.

— Vim assim que pude.

A mão de Chad massageou suas costas, enquanto ele observava silenciosamente. Sua voz tremeu, mas ela empurrou as palavras.

— Volte para salvar o seu negócio. Nós nos salvamos. Direi a minhas irmãs que você está vivo e deixarei que cada uma delas decida se querem vê-lo novamente. Mas você não vai visitá-las até que eu lhes conte. — Este era o seu momento. A hora de protegê-las.

Seus olhos enrugaram.

— Abby. Como você poderia mantê-las e a você mesma longe de mim? Eu...

— Você nos deixou para que cuidássemos de nós mesmas, e nós fizemos. Dê os parabéns a si mesmo. Todas nós aprendemos que as pessoas neste mundo com quem podemos contar são umas com as outras. — Então, ela olhou para Chad. — E com nossos maridos.

Chad a sentiu tremer. Ser magoado por aqueles que, segundo todas as situações, deveriam estar dando amor era algo que ele entendia profundamente. Desejou ter realmente socado o homem antes de saber quem ele era.

Sabia que Abigail e suas irmãs eram capazes de um amor feroz. O tipo que ergueria aqueles ao seu redor. Mas seu pai o tinha jogado fora.

— Abby, — seu pai implorou. — Eu não te abandonei. Estava te protegendo. Esses homens seriam capazes de machucar você.

Chad sentiu Abigail enrijecer.

— Estou ciente de que eles são capazes de muitos danos. Enfrentamos isso sozinhas.

— Quando eu deixei sua mãe...

— Nossa mãe... sua esposa... morreu. Eu sei que você sabia. Enviamos carta após carta. — Sua voz ficava mais alta com cada palavra.

Ele estremeceu.

— Eu tive que libertar nossa família das garras deles.

Abigail balançou a cabeça.

— Não estamos chegando a lugar nenhum. — Ele a apertou com mais força. — Quando eu voltar para Londres, direi a elas tudo o que você disse.

Ele fez uma careta.

— Há muito mais que preciso dizer.

Ele a sentiu tremer enquanto a abraçava. Tentou permitir que ela enfrentasse o pai sozinha. Horas ouvindo, e ele sabia que ela lutou com seu relacionamento com este homem. Ele a amou, mas também criou distância entre ela e suas irmãs com seu afeto. Ele não conseguia ouvir mais.

— Minha esposa não quer ouvir.

Mas ela balançou a cabeça enquanto olhava para ele.

— Está tudo bem, Chad. Vou ouvir tudo. Por elas.

Sua respiração ficou presa. Ela iria assumir a dor, então elas não precisariam passar por isso. Porque ela as amava.

Ela disse que o amava também. Seu coração apertou. Ela o amava assim? Tentaria protegê-lo também? Ficou fraco ao pensar sobre isso e enquanto suas mãos espalmavam as costas dela, ele sabia que corresponderia aquele afeto com cada respiração.

— Entre. — Ele apontou para o pai dela. — Seus capangas podem esperar lá fora.

— Eles não são capangas, — seu pai respondeu, mas os dois homens assentiram, já se virando para a floresta. — Eles são os únicos dois homens em quem poderia confiar para me ajudar. Coloquei minha vida e a deles em perigo.

Virando-se, Chad viu as flores no chão e se abaixou para pegá-las. Então, com o braço ainda em volta de Abigail, ele liderou o caminho para uma sala de estar, puxando a corda da campainha para o serviço de chá. Na verdade, a situação poderia exigir algo mais forte, mas o chá teria que servir por enquanto.

Ele colocou as flores em uma mesa lateral enquanto gesticulava para Carrington se sentar em frente a eles.

Enlaçando os dedos nos de Abigail, se sentou ao lado dela, determinado a segurar a língua enquanto ela conduzia este encontro com o pai.

Mas os olhos do homem estavam fixos nele e não em sua filha.

— Você é o Barão de Blackwater? Há quanto tempo?

— Apenas alguns anos, — ele respondeu. — Meu irmão conquistou o título por oito antes disso.

Carrington deu um único aceno de cabeça.

— Eu o conheci. Não gostava dele.

— Muitos não gostavam, — Chad respondeu.

— Mas você — perguntou o homem, semicerrando os olhos. — Você tem afeto pela minha filha?

— Eu tenho, — ele respondeu honestamente quando Abigail respirou fundo ao lado dele.

— Malcolm deu permissão para você se casar?

— Tio Malcolm está morto, — Abigail respondeu. — Avery está sob os cuidados do Duque de Devonhall, e ele é o homem que arranjou meu casamento com o barão.

— Morto? — Os olhos de Carrington se arregalaram. — Como?

Chad falou, então.

— Ele foi encontrado esfaqueado no Tâmisa. Um parceiro de Dishonor infiltrou-se no grupo de ladrões, e disse-nos que foi porque Malcolm não conseguiu entregar Eliza como noiva a um dos homens da quadrilha do crime.

Carrington pressionou a mão contra o peito, os dedos agarrando as roupas sobre o coração.

— Eliza se casou com um dos mesmos homens que estava me roubando?

Abigail apertou seus dedos, seu aperto assustadoramente forte.

— Isso não é nem mesmo o pior de tudo. Mas hoje não é hora de eu contar nossa história. Onde você esteve e por que voltou agora?

Carrington começou a falar, e continuou enquanto o chá era servido, depois os refrescos e, finalmente, a hora do jantar.

Ele fez uma viagem de rotina ao Oriente, com a intenção de pegar um novo cliente, mas também, suspeitou que o roubo tinha ido muito além da filial local que estava trabalhando com Malcolm. Quando um grupo tentou tirar sua vida, permitiu que eles acreditassem que havia sido morto e começou a investigar os homens que haviam tentado o assassinato.

O que descobriu foi que o homem de quem ele estava comprando suas mercadorias montou um grupo para roubar uma porcentagem delas de volta, e depois revendê-las aos mesmos vendedores de quem originalmente as havia roubado.

— Levei um ano e meio para encontrá-los e, em seguida, eliminar a ameaça. — Sua cabeça caiu. — Você sabe que eu amava profundamente sua mãe. Mas quando soube de sua morte, tive que fazer uma escolha. Eu poderia voltar aqui e desfazer todo o trabalho que fiz, ou poderia ficar e terminar. E sabia muito bem que se eu ressurgisse, eles tentariam me matar novamente. Estava preocupado em representar muito mais perigo para vocês vivo e de volta a Londres, do que quando parti.

Abigail apoiou a cabeça no ombro de Chad.

— Entendo.

— Estou feliz, — respondeu Carrington.

— Mas você precisa saber que você nos deixou à beira da fome e à mercê dos esquemas do tio Malcolm. Quando penso em algumas das coisas que minhas irmãs tiveram que fazer para sobreviver...

Seu pai se inclinou para frente.

— Sei que você não quer ouvir isso agora, mas eu sempre soube que vocês, meninas, poderiam fazer isso. Você é forte, inteligente e experiente também. E vocês se amam de uma maneira que nunca vi antes.

Era verdade.

Chad engoliu em seco. Ele tinha que dizer a Abigail como se sentia porque, no fundo, ele tinha uma sorte danada de fazer parte desse amor.

 


Capítulo 16


De volta ao quarto, Abigail se sentou na beira da cama, olhando para a parede oposta. Ela estava assim há pelo menos cinco minutos, Chad percebeu.

Não era todo dia que uma pessoa descobria que seu pai, que se acreditava morto, estava vivo e bem. E era um bastardo egoísta.

Essa era a posição oficial de Chad sobre o assunto, o que o fez se perguntar como o homem havia criado filhas tão incríveis.

Ele olhou para a mulher que se tornou sua esposa. Aquela que enfrentou o homem que ela idolatrava para proteger suas irmãs.

Ele alguma vez a achou boba ou mimada? Ela era incrivelmente resistente, leal, feroz e estava terrivelmente magoada neste momento.

Ele subiu para o outro lado da cama e rolou para embalar a parte inferior das costas contra seu abdômen. Então, um de cada vez, ele puxou os grampos de seu cabelo. Quando as luxuriosas mechas estavam soltas, elas caíram e roçaram seus ombros, braço e lado. Inclinou-se para beijá-la de volta através dos fios sedosos.

— Abigail, minha princesa.

Ela olhou-o.

— Você não me chama de princesa há tempos. O que fiz para merecer sua ira?

— Não é ira. — Ele sorriu, estendendo a mão para acariciar sua bochecha.

— Minhas irmãs também acham que sou mimada. Elas realmente pensam que meu pai me deu tudo o que eu queria. Elas não me chamam de princesa, mas sei que você quis dizer o mesmo que elas quando usou esse nome.

Ele se sentou, puxando-a para seus braços. Ela estava rígida e ele franziu a testa.

— Vou confessar o significado das palavras então, mas agora, vejo isso de forma diferente. Você é uma mulher tão incrivelmente bela quanto forte.

Ela deu um aceno com a cabeça, sua bochecha pressionando a dele.

— Obrigada por toda a sua ajuda esta noite.

— É claro. — Chad segurou o rosto dela com as mãos. — Você é minha esposa. É meu dever estar ao seu lado, não importa o que aconteça.

Ele viu os olhos dela estremecerem, a dor puxando os cantos enquanto sua boca se tornava uma carranca.

— Seu dever.

Ele estremeceu. Não quis dizer isso assim. Ele era ruim em compartilhar sentimentos. Ele a abraçou com força, desejando que ela relaxasse em seus braços.

— O que você vai dizer a suas irmãs?

— A verdade, — ela murmurou. — Estou apenas decidindo como. Escrevo uma carta? Se sim, para onde? Devo voltar para Londres e esperar por elas?

Ele balançou sua cabeça.

— Não em Londres.

Ela se afastou então, franzindo a testa.

— Meu pai voltou e eliminou o chefe da operação, ou pelo menos é o que diz.

— Os criminosos locais ainda podem estar foragidos. Temos que ter cuidado, ainda.

Ela se afastou, escorregando de seu abraço.

— Está bem. Você fornece proteção e, em troca, recebe meu dote.

Um formigamento percorreu sua pele.

— É assim que acontece em todos os casamentos da nossa classe. O casamento é sempre uma troca.

Ela esfregou os braços, desviando o olhar.

— Está tão frio.

Ele tentou alcançá-la, mas ela se afastou ainda mais.

— Não é. — Ele respirou fundo. Queria lhe dizer que nunca sentiu nada mais aconchegante em sua vida. Mas quando ela se afastou, não sabia como dizer as palavras. Ele esfregou o pescoço. — Eu daria minha vida pela sua.

Sua cabeça se levantou então, e ela inclinou-a enquanto o encarava. Timidamente, sua mão se estendeu e tocou sua bochecha.

— Me perdoe. Estou sendo petulante. É só isso...

— O quê? — Ele perguntou, afastando o cabelo do ombro dela.

— Achei que meu pai nos amasse. E talvez ele ame, mas... — Ela parou. — Ele adora muito mais o negócio que construiu. É um amor egoísta. — A cabeça dela baixou.

Ele a puxou para perto de novo, e desta vez ela o permitiu, derretendo-se em seus braços. Quando a bochecha dela se aninhou no oco de seu pescoço, ele sentiu a umidade atingir seu ombro nu. Ele se deitou com ela ainda em seu peito.

— O que você precisa é dormir um pouco.

— Estou tão cansada, — ela murmurou. — Estranho, já que dormi esta tarde.

— Foi um longo dia, — respondeu ele.

— Você vai ficar comigo? — Ela perguntou, levantando a cabeça novamente.

— É claro. — Ele acariciou seu cabelo enquanto a colocava contra seu corpo. — Sempre estarei aqui.

— Você não vai me deixar?

— Nunca.

Abigail acordou na calada da noite, a única luz no quarto eram as brasas brilhantes no fogo. Ela estava presa com segurança contra o corpo de Chad.

Seu peito doeu quando olhou para o seu rosto relaxado. Ele não tinha feito nada além de apoiá-la hoje. Mas ouvir seu pai justificar suas ações egoístas a feriu profundamente. Ela tinha sido acusada de ser muito egoísta e isso a fez se perguntar... ela era como seu pai?

Ela queria amor, mas merecia?

Chad não a amava porque ela não era digna da emoção? Suas entranhas doeram.

Chad era dedicado, não havia dúvida. Mas ele usou palavras como dever, não sentimentos e emoções.

Ela disse que se casaria apenas por amor, mas a verdade é que sempre quis provar que era digna de inspirar emoções.

Seu estômago se revirou. E agora, não queria o amor de nenhum outro homem, queria o coração deste homem, mas...

Ela estava tentando, tentando dar a ele sem pedir para si mesma. Ela rolou enquanto mais lágrimas queimavam em seus olhos. Queria ser como suas irmãs, como sua mãe, não como seu pai. Obcecado por seus negócios e ignorando as pessoas que mais o amavam.

Mas quando ela se virou, sua bochecha bateu em algo duro.

Erguendo-se, olhou para uma pequena caixa descansando no travesseiro. De onde veio isso?

Pegando-a, abriu a tampa e engasgou-se quando uma esmeralda cintilante refletiu a luz fraca no quarto. Sua mão tremia ao tirar o anel da caixa e colocá-lo no dedo.

E então, percebeu a nota. Um papel dobrado, que ela quase perdeu porque se misturou com a fronha.

Ela pegou o bilhete e foi até o fogo, a luz apenas o suficiente para ler os garranchos de Chad.

Mais lágrimas encheram seus olhos enquanto examinava as palavras, mas eram lágrimas de alegria. Ela se agachou, limpando as gotas do seu rosto e cobrindo a boca com a mão enquanto lia as palavras novamente.

— Não tive uma família que demonstrasse qualquer tipo de carinho.

Sua cabeça se ergueu quando percebeu que Chad estava acordado. Ele estava apoiado em um cotovelo, olhando para ela.

— Tive que dizer que te amava em um bilhete porque eu não sabia como dizer as palavras em voz alta.

Ela se levantou, com as mãos caindo para os lados.

— Você acabou de fazer.

Ele deu a ela um meio sorriso, um lado de sua boca se curvando.

— Suponho que sim.

— Você quis dizer realmente isso? Que eu te ensinei como amar?

— Sim. Exatamente isso.

Ela deu dois passos em direção a ele.

— É que sempre me preocupei por ser a princesa que você me acusou de ser. Que eu não sei como colocar meus próprios desejos de lado para...

— Abby. — Ele se sentou, seus pés pousando no chão, os cobertores caindo, completamente nu. — Entendo por que você não gosta do apelido, Abby, é como seu pai te chama. Mas espero que você me deixe usá-lo. É só que nunca estive perto o suficiente de ninguém para justificar esse tipo de afeto.

Ela acenou com a cabeça enquanto dava outro passo em direção a ele.

— E eu vou chamá-la de princesa pelo resto de nossas vidas porque você é a mulher mais maravilhosa que eu conheço. Estava errado sobre você ser mimada. Você é tão generosa e amorosa, e você me ensinou o que significa amar e...

Ela não o deixou terminar. Não precisava de mais palavras. Com um movimento, ela puxou sua camisola sobre a cabeça e começou a ir na direção dele.

Ele abriu os braços e ela caiu em seu abraço, ambos caindo para trás na cama.

Sua boca capturou a dela em um beijo ardente, mesmo quando suas pernas se abriram, montando em seus quadris.

Em um movimento ele estava dentro dela, seus corpos unidos.

Abigail gemeu ao senti-lo preenchê-la da maneira mais satisfatória.

Suas mãos foram para as costas dela, segurando-os juntos de uma forma que os fez gemer de prazer.

— Chad, — ela ofegou enquanto deslizava seu membro e o levava de volta para dentro dela. — Eu também te amo, muito mesmo. Não posso acreditar que encontramos o amor de um...

Ele a beijou longa e fortemente.

— Sempre pensei que você fosse a mulher mais bonita que já tinha visto. Desde o momento em que a vi no casamento de sua irmã, soube que nunca a esqueceria.

Seus dedos tocaram os músculos rígidos de seu peito.

— Mesmo? — Então, ela o beijou novamente. — Me lembrava de você também. Você me deixou nervosa. Agora percebo que queria tocar em você.

Ele os rolou, ainda dentro dela e empurrou dentro dela novamente.

— Toque onde você quiser, minha princesa. Sou seu para fazer o que quiser.

Ela enrolou as mãos no pescoço dele.

— Me beije. — Ele fez. De novo e de novo.

Ela amava este homem. Aquele que a fez se sentir digna de amor.

 


Epílogo


Oito meses depois...


Abigail estava sentada na sala de estar de sua casa que dividia com seu marido. Eles permaneceram no campo, sem se preocupar em retornar a Londres.

Bem, isso não era verdade. Eles voltaram para algumas visitas rápidas para cuidar dos negócios do clube, mas decidiram que o campo era onde passariam a maior parte do tempo. Era adequado para eles...

Mas sentia falta de sua família e então, todos eles vieram para Kent.

Suas três irmãs se sentaram juntas em um sofá, enquanto Avery se sentou ao lado de Abigail.

— Olhem para nós. Mulheres casadas. — Avery sorriu, seus olhos brilhando com uma luz que Abigail nunca tinha visto antes. Ela pegou a mão de sua prima, apertando-a. Estava tão feliz por ela.

— Algumas de nós estão até esperando... — E Eliza deu um olhar penetrante para o estômago de Isabella.

Isabella colocou uma mão protetora sobre sua barriga, um rubor rastejando em suas bochechas.

— Bash está além de emocionado. Estou animada também, mas também... nervosa.

Abigail deu uma piscadela para a irmã. A verdade é que ela também estava com suas regras atrasadas nos últimos dois meses, mas era muito cedo para saber com certeza, e ela não queria tirar a vez de Isabella.

Um sentimento que Chad disse ser muito admirável, mas desnecessário. Suas irmãs gostariam de saber.

— Quando o bebê vai nascer? — Emily perguntou, dando uma pequena palmada.

— Março, eu acho. — Isabella esfregou seu estômago crescente. — Bem a tempo para a primavera.

Abigail respirou fundo.

— Você vai convidar papai para o batismo?

A sala ficou em silêncio.

— Eu não decidi. — Isabella confessou. — Ainda não me encontrei com ele. Eu o amo, é claro. Mas... — Sua voz sumiu.

— Ele nos deixou. Deixou esta vida... — Eliza terminou.

Emily balançou a cabeça.

— Brandon diz que nos prestou um grande serviço com o que fez. Ainda estaríamos em perigo se ele não tivesse feito isso.

As mulheres trocaram olhares.

Abigail mordeu o lábio inferior. Havia demorado para entender tudo o que havia acontecido e também suas emoções em relação ao pai. Ela o tinha visto duas vezes, mas seu relacionamento permaneceu distante.

— Eu entendo, logicamente. Realmente entendo. À sua maneira, ele nos protegeu, mas também...

— Ele nos deixou muito vulneráveis, — acrescentou Isabella.

— E sozinhas. — Emily levantou um dedo. — E não apenas nos últimos anos. Sempre.

Avery pigarreou.

— Se eu pudesse acrescentar algo à conversa.

— Claro, — Abigail apertou a mão de sua prima novamente.

— Entendo seus sentimentos, mas seu pai é um bom homem. Talvez um pouco obcecado pelo trabalho, mas muitos homens são. Mas ele amava sua mãe e amava vocês, ao contrário de meu pai, que nos tratava como peças a serem trocadas pelo dinheiro que poderíamos trazer. Ele pecou, sim, mas se eu fosse vocês, perdoaria esses pecados. Existem muitos que são muito maiores. E quem entre nós não é culpada de um pecado ou de outro?

Abigail acenou com a cabeça.

— Esse é um ponto excelente. E embora eu nunca sinta o mesmo por ele, quando eu tiver filhos, gostaria que eles tivessem pelo menos um avô. Não vai ser a mãe de Chad. Eu posso dizer isso. A mulher é tão aconchegante quanto o oceano em janeiro.

Eliza deu a Abigail um sorriso caloroso.

— Você está certa, querida irmã. É um conselho excelente.

Abigail piscou. Eliza tinha acabado de elogiá-la?

— Obrigada.

— E obrigada por assumir o fardo de ouvi-lo, para começar — acrescentou Emily. — Deve ter sido tão difícil.

— Ela é uma das Carringtons duronas, — disse Eliza, endireitando-se.

Abigail pigarreou. O elogio era o que ela sempre quis. Para ser vista como igual entre suas irmãs. Quem diria que ela teria que dar para receber?

— Eu amo todas vocês, vocês sabem disso, não é?

— Nós amamos você também. — Isabella pegou sua mão, então. E uma por uma, todos entrelaçaram as mãos. — Mas agora, Eliza tem algumas novidades que ela precisa compartilhar.

Abigail prendeu a respiração, sua irmã estava grávida também?

— O que é?

Eliza sorriu para todas.

— Malice e eu vamos para a América.

O queixo de Abigail caiu.

— O quê?

Eliza encolheu os ombros.

— É para o negócio, claro. Estamos tentando fechar um novo contrato. Mas eu sempre quis ir, e vamos dar um tempo para ver um pouco da Costa Leste, pelo menos.

— Isso é tão... emocionante. Quando vocês irão?

— Logo após o batizado. Sentirei terrivelmente a falta de todas vocês, mas estarei de volta antes que percebam.

Abigail quebrou a corrente e saltou para abraçar Eliza.

— Estou tão feliz por você.

— Também estou feliz — sussurrou Eliza em seu ouvido. — Acho que você está certa sobre papai. Por mais que eu gostasse de estrangulá-lo, acabamos exatamente onde precisávamos estar.

— Papai sempre odiou isso nos Carringtons. — Avery piscou. — Mas acontece que eu também tenho um pouco disso.

— Oh sim... você certamente tem. — Abigail se sentou ao lado de sua prima. — Agora conte-nos sua história novamente. Eu simplesmente amo isso...

 

 

                                                   Tammy Andresen         

 

 

 

                          Voltar a serie

 

 

 

 

      

 

 

O melhor da literatura para todos os gostos e idades