Biblio VT
Ruby Jacobson queria uma vida nova, mas parecia ter conseguido uma versão distorcida disso. Tirada da cama e vendida como um objeto, Ruby acreditava que a morte era um resultado muito melhor do que aquilo que o destino havia reservado para ela. Ou foi o que ela pensou.
Gavin Darris sempre desejou os prazeres mais sombrios da vida. Normalmente, não costumava comprar seus brinquedos. Ele precisava de uma mulher que se curvasse à sua vontade e também sentisse prazer com isso. Mas ele viu Ruby, uma das muitas mulheres à venda, e a desejou como nunca quis nada nem ninguém antes. Ela tinha fogo em seus olhos e a determinação de não ceder. Parecia uma lutadora e era exatamente o que ele queria... precisava.
Ele era implacável no que queria, e era Ruby o que ele desejava.
Os desejos sombrios que Ruby sentia dentro de si estavam prestes a serem instigados e pressionados. Ela deveria odiar Gavin e temer tudo o que ele representava, mas não podia negar que seu corpo doía pelo toque dele. Ele disse que ela era dele, que possuía todas as partes dela.
E lá no fundo, ela sabia que era verdade.
Confrontada com a decisão final, Ruby deve escolher entre escapar e conseguir sua liberdade, ou ficar com Gavin, seu guardião, cuja deliciosa punição a fazia ansiar por mais.
As duas opções eram assustadoras.
Ela era dele.
De forma irrevogável. Inegável.
Ele soube disso assim que a viu amarrada no palco. Sentiu necessidade de
possuí-la, de ser seu dono e se certificar que ela soubesse que ele detinha todo o poder. Ela era sua propriedade agora, quer aceitasse ou não. E logo perceberia que não havia escapatória.
Ele a havia comprado, escolhendo-a dentre todas as outras mulheres que foram levadas e vendidas como nada além de objetos inanimados. No entanto, ela não era só um objeto. Era dele para fazer o que quisesse.
A moça o olhou com medo, mas ainda não sentia medo de verdade. Ele era um monstro, do tipo que ela, provavelmente, havia sonhado quando era criança e rezava para que nunca encontrasse, mas que agora era seu dono.
Ela tentaria fugir, não havia dúvida quanto a isso, mas logo perceberia que ele queria que o fizesse. Ele se divertia com a caça e quando a pegasse, a faria pagar com o corpo até que ela lhe entregasse cada parte de si mesma.
Ele era sádico e a cada dia que se passasse, ela perceberia que era a sua masoquista perfeita.
Capítulo Um
Era uma dor agradável e gostosa que preenchia sua cabeça, tomava conta dela e a fazia necessitar de mais. Ela queria ficar para sempre naquele sonho que parecia assombrá-la todas as noites. No entanto, não podia dizer que aquilo a atormentava, não quando rezava pela doce liberação que provocava nela toda noite antes de fechar os olhos. Ela sentia desgosto e vergonha todas as manhãs quando pensava sobre esses sonhos, pois dor com prazer não era “normal”, não é? Mas não fazia diferença, porque só em seus sonhos ela permitiria que esses desejos sombrios a controlassem. Ela gostava da ideia de ter marcas na pele, de uma mão segurando sua garganta e apertando lentamente até que ela se sentisse começando a perder os sentidos. Só em seus sonhos ela poderia se permitir aquele momento de depravação.
Um grito de indignação e o som de algo se estilhaçando fez com que Ruby
abrisse os olhos lentamente. Ela piscou algumas vezes, mas permaneceu na cama, segurando o edredom — que tinha um leve cheiro de mofo — na altura do
queixo e olhou para o teto, que era branco repleto de manchas marrons. Sua mãe gritou algo desagradável e repulsivo, presumidamente para o namorado. Ruby achava que o nome dele era Buck, ou talvez fosse Chuck. Ela realmente não sabia e nem se importava, já que parecia haver um novo a cada semana. Como
havia se formado, finalmente o momento de ir embora chegou. Esperava por isso há anos.
Ruby ia deixar aquela droga de cidade para trás, se esqueceria da feiura que
a cercava todos os dias e recomeçaria. Não tinha um plano definido, mas nem precisava, porque simplesmente não se importava. A ideia de passar mais tempo cercada pelos erros em sua criação era o suficiente para empurrá-la porta afora.
Ela resolveria tudo quando chegasse a Fort Hampton. Talvez fracassasse e se sentisse tão deslocada quanto estava agora, mas não saberia a menos que tentasse. Se ela ficasse mais um pouco ali, sabia que não sobreviveria.
Sua cabeça parecia piorar a cada comentário maldoso que saía da boca da
mãe e a cada vez que respirava aquele ar poluído. Morando em um trailer, com
uma reputação ruim durante todo o ensino médio e sem amigos, Ruby estava acostumada à sensação de não se encaixar. Sim, ela se isolou, mas descobriu que estar sozinha era uma existência muito melhor. A ruína que a cercava, a sensação de vazio e a falta de valor próprio eram coisas que Ruby conhecia, mas não era o que queria. Havia um mundo enorme lá fora que ela poderia explorar e, com
sorte, começaria a sentir que, finalmente, estava vivendo.
Ela se levantou da cama e o edredom caiu do seu corpo. Não tinha dormido
até bem depois da meia-noite, cortesia da sua mãe e do namorado da semana transando no quarto ao lado. As paredes, finas como papel, não bloqueavam o som da cabeceira batendo contra a parede e as sacanagens que diziam um para o outro. Esfregou as mãos no rosto e depois expirou. Então a estendeu e pegou o celular. Ligando-o, olhou para a tela iluminada. Eram só 5:30hs e os gritos já haviam começado. Jogando o telefone barato de volta na mesa de cabeceira cheia de marcas, ela decidiu que preferia ficar sentada no ponto de ônibus do que ficar ali mais um minuto. Era só uma questão de tempo até que sua mãe descontasse a raiva nela.
Depois que vestiu a calça jeans, ela pegou uma camiseta e a colocou. Se ajoelhou e começou a procurar algo debaixo da cama. A moça sentiu as alças da sua mochila e envolveu os dedos ao redor dela. Quando conseguiu puxá-la, pegou seu casaco velho de moletom com capuz. Era feio pra caramba, mas muito amado. Pegou a passagem de ida para Fort Hampton e passou os dedos por ela. Era uma viagem de ônibus de catorze horas, e ela não tinha ideia do que faria quando chegasse lá, mas qualquer coisa era melhor que sua realidade ali.
Colocou a passagem na mochila ao lado do dinheiro. Uma vez que estava com o
moletom e os sapatos, ela se sentou na cama. Era triste pensar que tudo o que possuía cabia naquela mochila. Roupas, os mil dólares que havia economizado ao trabalhar na lanchonete da rua e alguns itens pessoais era tudo o que havia ali dentro. Apesar de não ter planos definitivos para quando chegasse a Fort Hampton, havia pesquisado alguns lugares baratos onde poderia ficar. Tinha experiência em restaurantes, bem, experiência em lanchonetes de fast food, mas esperava encontrar algo dessa natureza para fazer assim que chegasse lá. Os mil dólares não durariam muito tempo.
Apoiando a mochila sobre os ombros, ela foi até a porta e esperou um momento para ver se haveria mais gritos. Abrindo-a o mais silenciosamente possível, ouviu de novo. Deveria se sentir culpada pelo fato de ter planejado ir embora sem contar à mulher que lhe deu à luz? Se aquela mulher tivesse realmente agido como mãe, talvez ela tivesse contado.
As luzes estavam acesas, e ela saiu do quarto fechando a porta em silêncio
atrás de si. Se a mãe estivesse brigando com Buck/Chuck, estaria de mau humor.
O som da TV estava baixo, mas ela não deixou que isso a distraísse. Ruby continuou olhando para o chão e se dirigiu para a porta da frente.
— Onde é que você pensa que vai? — Instintivamente, Ruby parou e olhou
para Missy Jacobson, sua mãe e a mulher que a tratava feito lixo.
Ela estava sentada junto à mesa de fórmica amarela, cheia de marcas de
cigarro, rachada e desbotada da cozinha. Havia uma garrafa de uísque na sua frente e o copo ao lado estava quase vazio. As olheiras sob os olhos da mãe estavam escuras e estava claro que ela ainda não tinha ido dormir. Missy levou o cigarro que segurava à boca e tragou profundamente. Ela assoprou a fumaça para longe e jogou as cinzas na pequena bandeja de alumínio ao lado da garrafa de uísque. — Vai me responder ou vai ficar aí parada parecendo uma idiota? — ela perguntou ao mesmo tempo em que soltava toda aquela fumaça.
Ruby apertou as alças da mochila.
— Hoje eu pego cedo no trabalho. — Dizer à mãe que estava indo embora
só causaria uma briga, especialmente porque Ruby estava dando parte do seu pagamento para Missy desde que começou a trabalhar. Como ela só tinha esse lugar para morar, ou ajudava a pagar as coisas na droga do trailer ou a mãe a expulsaria de casa. Acabar a escola foi prioridade para Ruby, então ela engoliu em seco e disse a si mesma que assim que tivesse o diploma, sairia de lá. Hoje era o dia, e Missy Jacobson não ia estragar tudo.
— É mesmo? — Missy deu outra tragada no cigarro e assoprou a fumaça.
— Então pra que você precisa dessa mochila? Não precisa de muitos livros pra
servir hambúrguer e bebidas em copos de isopor.
— Tenho que ir.
— Preciso de dinheiro para o aluguel.
Ruby parou e olhou para a mãe.
— Te dei um pouco na semana passada.
Missy deu de ombros.
— O que posso dizer? Manter sua bunda grande nessa casa custa dinheiro.
Tem energia elétrica, água, aluguel. Muitas contas para pagar.
— Não tenho mais nada. — Missy semicerrou os olhos.
— Garota, eu te aceito aqui com esse rabo empinado e mostrando a
calcinha, tentando seduzir meus homens. Você tem sorte de eu te deixar morar comigo. Você não vale os problemas que me causa. — Ruby não estava disposta
a discutir sobre o fato de que ela, com certeza, não andava por lugar nenhum mostrando a calcinha. Na verdade, ela raramente saía do quarto quando estava em casa, não depois que um dos namorados da mãe tentou tocá-la. Missy se serviu de outra dose e levou o copo aos lábios. Seus olhos estavam brilhantes e vermelhos, e Ruby sabia que estava bêbada, provavelmente desde o dia anterior.
— Eu deveria ter te abortado quando descobri que estava grávida. — A bile subiu pelo estômago de Ruby. Mesmo que nada que a mãe dissesse fosse agradável e amoroso, e ela tivesse uma natureza maldosa, ainda doía pra caramba.
— Vou trazer algum dinheiro depois do trabalho.
Missy se recostou no banco.
— É melhor que traga mesmo ou pode dar adeus ao seu quarto.
Ruby olhou para a mãe por outro segundo.
— Tchau.
Missy nem respondeu, apenas olhou para a frente e continuou fumando.
Ruby não se sentiu triste em partir. Na verdade, havia um conforto muito profundo em saber que esta seria a última vez que pisava naquela porcaria de lugar. Qualquer coisa era melhor que isso, inclusive dormir debaixo de uma ponte, o que poderia ser uma possibilidade assim que chegasse a Fort Hampton.
RUBY ENVOLVEU o corpo com os braços quando uma rajada de vento a
atingiu. O som do ônibus se aproximando e seu estômago tenso a acordaram de
um sono um tanto inquieto. Ela ficou o dia todo na rodoviária, dormindo da melhor maneira possível com o barulho à sua volta. Ela só havia comido uma barra de cereal e tomado uma garrafa de água desde que deixou o trailer. Poderia ter comido algo um pouco mais substancial, mas queria economizar cada centavo para Fort Hampton.
Quando o ônibus parou, ela notou que várias pessoas fizeram fila para entrar. O cheiro de borracha queimada do freio e o escapamento enchendo o ar
ao seu redor fez com que Ruby cobrisse a boca e o nariz com o capuz. A porta
do ônibus se abriu e as pessoas começaram a se amontoar. Quando o último passageiro desceu do ônibus, ainda demorou alguns minutos para que alguém pudesse entrar, pois os funcionários da companhia tinham que limpar o carro.
Ruby olhou para as pessoas que esperavam para embarcar. Havia algumas famílias acompanhadas de crianças, uns garotos em idade escolar e alguns idosos. Ela olhou ao longo da fila de pessoas mais uma vez e seu olhar parou em um dos bancos que se alinhavam na lateral da rodoviária. Um homem com casaco preto segurava um jornal no colo e sua atenção estava voltada para ela.
Ele não parecia muito velho, talvez tivesse vinte e poucos anos, cabelos castanhos penteados para trás e olhos que pareciam negros e inexpressivos. Ele era bem misterioso e apesar de estarem separados por vários metros, Ruby teve uma sensação muito desconfortável em sua coluna.
Ela deveria ter desviado o olhar, mas havia uma força invisível mantendo seus olhos presos um no outro. Não o conhecia, nunca o tinha visto antes, mas ele a fez sentir como se pudesse ver sua alma e soubesse cada segredo que ela guardava.
Apertou a mochila no colo, desviou o olhar rapidamente e se sentiu muito desconfortável de repente. Ainda sentia o olhar intenso cravado nela, então se levantou, necessitando entrar no ônibus e colocar uma distância maior entre eles.
Por que ela teve esse súbito senso de cautela? Talvez sua situação a estivesse deixando no limite. Ou o fato de não saber como seria sua vida. Essa racionalização fez com que se sentisse levemente aliviada, porque parecia bastante lógico.
Ruby pegou o seu lugar na fila e esperou que todos entrassem no ônibus.
Talvez não devesse, mas se viu olhando para onde o homem estava sentado. Ela
soltou o ar que não havia percebido que estava prendendo quando viu que ele não estava mais sentado lá. Sim, ela estava exagerando, vendo coisas que não existiam por causa do grande passo que estava dando. Deixando tudo para trás
— a vida que levava, a preocupação que sentiu desde que decidiu seguir com seu plano. Entregou a passagem ao motorista e subiu no ônibus. Havia um assento bem no fundo, e ela seguiu pelo corredor em direção a ele. Depois de se sentar, olhou pela janela e viu os carros passando na rua. Bem, finalmente é isso. Você está deixando toda essa merda para trás. Sua boca estava se curvando em um sorriso, ainda que se sentisse assustada.
Um formigamento na parte de trás do pescoço a fez se afastar da janela e olhar para a frente do ônibus. No mesmo instante, seu coração começou a bater mais rápido. O cara misterioso do banco havia embarcado. Sua cabeça estava abaixada, mas ele a levantou e a encarou. Se sentou algumas fileiras na frente dela, que deslizou em seu assento para que não pudesse mais vê-lo e puxou o capuz do moletom sobre a cabeça. A exaustão a atingiu com força, e ela soube
que não seria capaz de manter os olhos abertos por muito mais tempo. A abençoada ignorância enquanto ela dormia e sonhava com um lugar mais feliz parecia muito melhor do que sua realidade.
Capítulo Dois
Ruby saiu do ônibus e se espreguiçou. O sol aparecia entre os prédios e o cheiro de gás e fumaça enchia seus pulmões. Deu um passo para o lado e permitiu que outros viajantes passassem por ela. Eles fizeram várias paradas durante a noite, mas, além de uma rápida pausa para ir ao banheiro e alongar as pernas, Ruby ficou no ônibus. O homem que a fez sentir desconfortável no começo da viagem foi um dos primeiros a desembarcar. A primeira coisa que ela percebeu foi que ele não tinha bagagem. Ela não havia notado isso quando o viu pela primeira vez, mas quem fazia uma longa viagem assim, sem qualquer tipo
de mala? Ela o observou pela janela, o viu seguir em direção a uma limusine preta, entrar e depois ficou olhando enquanto o carro se afastava. Por que ele pegaria o ônibus quando, claramente, tinha acesso a uma limusine? Enquanto o
veículo se afastava, ela parou de pensar nele.
Respirar o ar poluído não era agradável, mas ela se sentia mais livre. Ruby
foi até uma pilha de jornais, pagou por um e se sentou em uma das cadeiras de plástico que ficavam presas ao chão. Ela precisava achar um lugar para dormir por algumas noites até encontrar algo mais permanente. Viu uma pilha de panfletos, daqueles que anunciavam hotéis de baixa qualidade, mas que estavam na faixa de preço que podia pagar — o que significava muito barato. Estava morrendo de fome, a manhã estava fria e as paradas que fizeram ao longo do caminho afastaram o sono que ela sentiu quando entrou no ônibus.
As pessoas riam e andavam de um lado para o outro, as crianças
reclamavam de fome e cansaço — coisa que ela se identificava — e um grupinho de rapazes estava de pé fumando cigarros e conversando em voz baixa.
Ruby se inclinou e pegou alguns dos panfletos que tinha visto. Ela os olhou, sem saber exatamente por onde começar e se sentindo um pouco fora de lugar.
Verdade fosse dita, apesar de estar muito animada para começar este novo capítulo de sua vida, Ruby se sentia perdida e mais do que um pouco receosa.
Ela nunca sentiu como se pertencesse a um lar, nunca pensou que fosse alguém especial e, com certeza, nunca causou impacto em ninguém. Passava pelos dias em movimentos repetitivos. Isso funcionava para ela, que atribuía sua solidão interior ao fato de que a vida em casa não era preenchida com amor e felicidade como acontecia com muitas famílias.
Além disso, havia seus desejos mais sombrios, aqueles que invadiam seus sonhos com dor e prazer. Ela os mantinha escondidos, nunca permitia que a
controlassem, mesmo que tentassem. Eram doentios e perversos, e ela sabia que não serviam a nenhum propósito positivo em sua vida.
De repente, Ruby ficou ciente do silêncio enquanto as pessoas saíam da rodoviária.
— Ei, garota bonita. — O grupo de rapazes se aproximou. Eram três homens, e ela olhou ao redor, já sabendo que estava sozinha. O pavor se instalou profundamente em seu estômago. Ela se levantou, sentindo o peso dos olhares sobre si como se tivessem se aproximado fisicamente e se apoderado dela. O
ônibus já havia se afastado e ao olhar para a pequena área em que o fiscal ficava, percebeu que estava vazia naquele momento. A pulsação de Ruby acelerou e seus instintos de autopreservação e luta aumentavam a cada passo que os caras davam em sua direção.
— Você não deveria estar sozinha aqui. Essa parte da cidade não é uma das
melhores — um dos rapazes falou.
— Estou esperando o meu namorado chegar. Ele deve estar aqui a qualquer
momento. — A mentira saiu com facilidade, mas os três riram e se entreolharam.
— É mesmo? — O cara que estava na frente dos outros dois parou a poucos
metros de distância e sorriu. Ele levou o cigarro à boca e deu um trago profundo antes de soprar a fumaça na direção dela. — Que tal se esperarmos com você para te fazer companhia?
Ela balançou a cabeça.
— Não é necessário, mas obrigada. — Sentiu um nó na garganta e a boca
muito seca. Ele se aproximou ainda mais e o fedor de fumaça de cigarro e suor encheu seu nariz. Ele estendeu a mão para tocá-la, mas ela deu um passo para trás. O banco atrás dela parou seu recuo e o sorriso dele aumentou.
— O próximo ônibus vai demorar meia hora para chegar e o idiota que pega
as passagens acabou de fazer uma pausa para fumar. — Ele segurou uma mecha
do cabelo dela e o puxou com força suficiente para que sua cabeça se inclinasse para o lado. — Garota, sua boca foi feita para chupar um pa...
— Ei, seus merdas, deem o fora daqui. — A voz profunda e rouca ao seu
lado fez com que os três caras se afastassem dela. — Se eu vir vocês por aqui de novo, vou chamar a polícia. — Eles se viraram e correram na direção oposta, fazendo Ruby quase cair no chão de alívio. Ela se virou e olhou para o homem
que a salvou, imaginando que deveria ser aquele que tinha saído para fumar. Ele usava um uniforme com o logotipo da empresa de ônibus e estava com um cigarro pendurado entre os lábios. Se ele não tivesse aparecido naquele momento... ela balançou a cabeça, porque não queria nem pensar naquela hipótese.
— Minha jovem, é melhor você ter cuidado. Essa parte da cidade é péssima
e não é o tipo de lugar onde uma jovem como você deveria estar sozinha, mesmo que seja de manhã. — Ela umedeceu os lábios e assentiu. Se abaixou e pegou o
jornal, os panfletos e a mochila antes de olhar para ele novamente. O homem devia ter uns cinquenta anos, era barrigudo e careca.
— Obrigada.
Ele assentiu e olhou para a pilha de papéis que ela segurava.
— Se você está procurando um lugar relativamente decente para ficar, pode
tentar o Liberty Inn. É uma caminhada de trinta minutos daqui. Ou um táxi pode te levar, mas alguns taxistas vão tentar te enganar. — Ela assentiu e abriu um sorriso vacilante. Não deveria se permitir pegar um táxi, principalmente se fossem enrolá-la com o preço. Caminhar seria bom, principalmente depois de passar a noite toda naquele ônibus. — Basta virar à esquerda no cruzamento lá em cima. — Ele apontou para a estrada principal em frente à rodoviária. — Siga até ver a loja de donuts com a estátua gigante da menina sardenta. Vire à direita e você vai encontrar. — Ele deu uma longa tragada no cigarro. — Não é um Hilton, mas os lençóis são limpos e ninguém vai te incomodar. — Ela assentiu e agradeceu mais uma vez antes de se seguir até a estrada principal.
Levou mais tempo do que ela gostaria para encontrar o hotel,
principalmente porque acabou se perdendo, mesmo que o fiscal da rodoviária tivesse passado instruções bem diretas. Ruby estava acostumada a multidões, bem como com imoralidade em sua vida. Tinha certeza de que as poucas mulheres que havia visto em uma esquina da rua eram prostitutas e as inúmeras pessoas desabrigadas que estavam sentadas nos cantos dos becos e encostadas nas laterais dos prédios pareciam meio mortas. Ela sabia que aquela cidade não era o melhor lugar para se viver, mas era grande e tinha mais oportunidades de emprego. No dia seguinte, ela seguiria para as melhores partes da cidade na esperança de encontrar quaisquer vagas nos classificados.
Finalmente acabou encontrando o Liberty Inn, que combinava com o cenário que havia presenciado até então. Era uma pocilga modesta e simples, mas tinha um telhado e quatro paredes, e a senhora que trabalhava na recepção foi simpática.
Ela jogou a mochila no chão e olhou ao redor do quarto. Havia uma cama
de tamanho normal no meio do cômodo com um edredom marrom, que ela presumiu ter já sido branco em algum momento. Uma televisão que parecia ter
vinte anos estava em cima de uma cômoda cheia de marcas em frente à cama e o
banheiro ficava do outro lado do pequeno corredor. Ela pegou o pacote do fast food, foi até a cama e se sentou. Sua mãe já teria percebido que ela não ia voltar para casa ou, talvez, estivesse bêbada ou chapada demais para perceber. De qualquer maneira, uma hora ou outra, ela descobriria que estava sozinha. Ruby
sabia que a mãe só se importaria com o fato de ela não estar lá porque não receberia mais dinheiro.
Depois que terminou de comer, ela espalhou o jornal pelo colchão e pegou
uma caneta. Olhar os classificados não trouxe muito resultado, principalmente porque havia muitas vagas para as quais ela não era qualificada. No entanto, encontrou algumas para secretária, para servir hambúrgueres e uma de empregada doméstica. Ela circulou todas, colocou as coisas no chão e foi até a janela. O estacionamento estava todo esburacado e havia alguns carros e caminhões enferrujados em algumas vagas. Ao longe, ela podia ver os prédios altos que formavam Fort Hampton. Estava prestes a fechar as cortinas quando a visão de algo piscando na estrada principal fez com que ela olhasse naquela direção. O que viu fez seu coração parar por um momento. Uma limusine preta
estava do outro lado da rua. Carros se moviam de um lado para o outro, obstruindo parcialmente sua visão, mas ela podia ver o carro com clareza. Será que era a mesma da rodoviária? A probabilidade era pequena, mas Ruby não pôde evitar de sentir a pele formigar quando uma sensação estranha de familiaridade a atingiu.
Ela fechou as cortinas e verificou as trancas da porta. Dormir parecia divino. Ela foi até a cama e se deitou. Por alguns segundos, ficou só olhando para o teto rachado e manchado de umidade, mas logo seus olhos pesaram, e ela se rendeu ao sono.
O som de um clique suave despertou Ruby. Quando abriu os olhos, o quarto
estava escuro e ela imaginou que o ruído havia sido um sonho. Os fechou novamente e logo relaxou de novo. Ela ouviu um barulho bem ao seu lado e sentiu a presença de outra pessoa no quarto. Aquilo a fez abrir os olhos e seu coração acelerou. Antes que pudesse reagir, sentiu uma dor aguda na lateral do pescoço, que começou a queimar depois disso. Tentou gritar, mas alguém colocou a mão sobre sua boca e nariz. Ela lutou muito, mas mesmo com os olhos bem abertos, não conseguia ver nada na escuridão. Agitando os braços na esperança de atingir o intruso, conseguiu bater com o punho na lateral do rosto dele. Ela ouviu um gemido masculino, e então ele aumentou a pressão da mão que estava na boca de Ruby até que ela perdeu o ar e ficou prestes a desmaiar.
Ela não conseguia respirar e parecia que seu coração ia explodir no peito. Então seus membros pareceram pesar e a cabeça estar separada do corpo. Isso não tinha nada a ver com a falta de oxigênio, mas sim, com o que ele havia injetado em seu pescoço. Pouco antes da droga fazer efeito, Ruby percebeu que sua vida podia não ter sido tão ruim, afinal de contas.
UM MOVIMENTO brusco despertou Ruby e ela tentou piscar, mas percebeu rapidamente que algo cobria seus olhos. Sua cabeça estava estranha, o estômago estava agitado e todos os músculos do seu corpo doíam. Tentou mexer os braços, mas estavam amarrados nas costas e quando ela testou as pernas, percebeu que
também estavam presas.
Sua memória voltou depressa, e seu pescoço latejou, como se as lembranças
provocassem novamente a dor. Ruby tentou ao máximo perceber o que a rodeava, mesmo com os sentidos reduzidos e soube, imediatamente, que estava
em um veículo. Como estava deitada em um chão duro de metal, assumiu que estava em uma van ou caminhonete. Prestou atenção, mas tudo que pôde ouvir
era o veículo em movimento. Ninguém falava, então não sabia quantas pessoas
estavam ali com ela. Embora não pudesse ver, sabia que havia alguém dirigindo e que também havia alguém muito próximo a ela. Essa presença a rodeava, fazendo o medo atingi-la constantemente como uma marreta e fazendo-a se sentir mal.
Inspirar uma grande quantidade de ar só fez com que seu estômago
revirasse ainda mais e ela soube que ia vomitar. Ruby virou de lado e esvaziou o conteúdo do estômago. Ela ouviu um barulho ao seu lado e ficou tensa quando
alguém a empurrou e a obrigou a se sentar. Pôde ouvir algo sendo aberto antes de ser pressionado em sua boca. Ruby virou a cabeça, sem saber o que estavam
tentando dar a ela.
— Seria bom que você se comportasse. — A voz era profunda e
ligeiramente rude. Quem falou estava bem ao seu lado. Agarrando seu queixo com força, inclinou sua cabeça para trás. — É água, agora beba. — Ele pressionou a garrafa contra a sua boca novamente e a inclinou para trás antes que ela a abrisse. Um pouco do líquido passou por seus lábios, mas muito dele escorreu pelo queixo e molhou sua camisa. A água desceu pelo lugar errado, o que a fez tossir e engasgar. Ela sentiu o jato sair da boca e quando ouviu o homem xingar, soube que havia cuspido em cima dele. Ótimo, cretino. — Sua puta. — Ruby se preparou para o golpe que parecia inevitável, mas outra voz masculina soou muito mais severa e cheia de autoridade.
— Não encoste a mão nela. Se você marcar a mercadoria, o preço diminui.
Você já machucou a mandíbula dela, seu idiota. — O homem ao seu lado resmungou, mas não a atingiu. Ele a empurrou de volta para o chão duro e o medo a manteve imóvel. Ela não sabia quanto tempo ficou ali, quieta, só tentando ouvir qualquer coisa que indicasse o que estava acontecendo. Talvez ela
devesse ter gritado, lutado mais, mas tudo o que conseguia pensar era em ficar viva. Depois do que pareceram horas, o veículo parou e as portas se abriram e fecharam. Por um momento, tudo o que ela ouviu foi o som frenético da sua respiração. Ela sentiu a presença do homem na parte de trás com ela e soube que ele a estava olhando, mesmo sem poder vê-lo.
— Para onde você está me levando? — Ruby não tinha ideia de onde conseguiu forças para fazer a pergunta, mas isso não saía da sua cabeça e simplesmente escapuliu. Ela fechou a boca, esperando ser castigada por falar, mas só ouviu o silêncio. Sentiu os olhos do homem sobre si, mas ele não respondeu, fazendo seu medo aumentar. — Você vai me machucar? — Era uma
pergunta boba, já que aquilo já havia acontecido, mas a dor era um medo muito real, assim como o desconhecido, e ela sabia que poderiam provocar muito mais.
Suas lágrimas deslizaram fortes e intensas e a umidade rapidamente
encharcou o pano que cobria seus olhos. O som dos murmúrios profundos do lado de fora do veículo era claro, mas ela só conseguia entender partes do que diziam. Ruby se esforçou para ouvir mais sem parecer que estava fazendo exatamente isso.
— Ela deve alcançar pelo menos cinco dígitos. Tem um corpo bom, um rosto decente e é muito jovem. Se ainda for virgem, esse preço aumentará exponencialmente. Precisa de um exame completo antes de ser colocada no bloco.
A voz era abafada, mas Ruby podia ouvi-la em tom claro o suficiente. Não
demorou muito para perceber qual era o seu destino. Ela havia assistido a muitos programas sobre tráfico humano para fins sexuais para saber que provavelmente era disso que eles estavam falando e que planejavam fazer com ela. Algo a atingiu enquanto o medo, o senso de sobrevivência e a adrenalina pulsavam em
suas veias. Ela chorou com mais intensidade e forçou as amarras, dando pontapés apesar das suas pernas estarem presas. Provavelmente ela parecia um peixe fora d’água, mas não se importava. Tudo o que Ruby tinha em mente era
escapar e sobreviver.
Mãos agarraram seus braços, mas ela continuou se mexendo. Tinha que sair
dali ou morreria. Se este fosse seu destino, não o aceitaria sem brigar. Dando pontapés novamente, Ruby renovou suas forças e atingiu o homem que a segurava. Ela abriu a boca para gritar, mas o som saiu distorcido. Ele bateu em sua boca com força suficiente para fazer seus olhos arderem com a dor.
— Sua puta idiota.
Ela continuou a lutar, mas ele moveu a mão para sua garganta e pressionou
com força o suficiente para que ela ficasse sem ar. Foi a mesma sensação que teve no hotel. E ela tentou gritar, apesar de nenhum som sair. Com as mãos
amarradas nas costas, ela estava impotente e o choro só piorou a sensação de sufocamento. Ele apertou a mão em sua garganta e soltou uma risada baixa enquanto ela se debatia. O som de uma porta se abrindo aliviou seu sofrimento e, de repente, ela pôde respirar. Ruby inspirou ar fresco e frio para os pulmões em chamas. Então ouviu som de socos. Segundos depois, alguém agarrou seus pés e
os puxou. Ela chorou mais e deu pontapés, mas quem quer que a estivesse segurando a puxou com mais força até tirá-la da van e jogá-la no chão duro. O ar escapou dela com o impacto e, em seguida, foi arrastada violentamente para a posição vertical, tendo sua cabeça puxada para trás pelos cabelos. E então, alguém segurou seu queixo e virou sua cabeça de um lado para o outro. Um momento de silêncio passou.
— Corpo decente, mais para magra, mas ela vai ficar bem com as outras no
palco.
— Por favor, me solte. — Depois disso, ninguém falou nada, e ela foi empurrada para os braços de outro homem. — Por favor, me deixe ir para casa
— Ruby chorou, suplicou e implorou, mas só houve silêncio. — Não direi nada
a ninguém, eu juro.
— Garotinha, sua casa será com quem te comprar. — Isso fez seu sangue gelar e seu corpo ficar tenso. Ela tinha imaginado isso, mas ouvir em voz alta fez tornou tudo muito real. Uma risada baixa e sádica soou. — É isso mesmo. A sua vida acabou. Você é apenas um objeto a ser oferecido. — Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, sentiu outra picada no pescoço, mas desta vez, a droga a atingiu com rapidez e força.
— Coloque-a no compartimento de carga com as outras.
Essa foi a última coisa que ouviu antes de cair para frente e a escuridão se
tornar sua única companheira.
Capítulo Três
Ruby baixou a cabeça e se arrastou para frente com as outras mulheres. Ela não sabia onde e nem há quanto tempo estava em cativeiro. O tempo havia passado
de tal forma que ela não fazia ideia se fazia dias ou até mesmo semanas. Tudo o que sabia era que depois de acordar pela segunda vez, não estava mais com a venda nos olhos, mas estava amarrada e amordaçada no que parecia ser um compartimento de cargas de um avião lotado com várias outras mulheres, todas
presas da mesma forma.
Depois do que pareceram horas, finalmente pousaram. Com os olhos
vendados, elas foram retiradas dali como se fossem uma carga imprestável. Eles levaram todas as mulheres para uma sala grande sem janelas onde havia somente uma saída que estava sendo vigiada e um buraco no chão para ser usado como
banheiro. Elas dormiam em colchões no chão manchados e com cheiro
desagradável, comeram algo nojento que nem parecia comida, beberam água de
cor marrom e se lavavam em um banheiro de uso comum. Os homens que estavam de guarda nunca as tocavam ou machucavam. Eles só grunhiam ordens
como se elas fossem animais.
Uma vez a levaram, drogaram e a contiveram em uma mesa. Mas ela
apagou depois disso. Não sabia o que haviam feito com ela e quando acordou, já tinha voltado para o colchão nojento com as outras mulheres. Imagens deles tocando-a ou violando-a enquanto estava inconsciente passaram por sua cabeça.
Não se sentiu diferente nem estava dolorida, mas não conseguia se livrar da sensação de que haviam feito algo muito errado com ela.
Mesmo agora, enquanto avançava devagar na fila, tudo o que conseguia lembrar era de ter ouvido os gritos de uma das garotas que ousou falar. Ela arranhou e chutou um dos homens até que a levaram embora para longe de Ruby
e do resto das garotas. Pareceu passar uma eternidade antes que a trouxessem de volta. Quando o fizeram, Ruby soube que o que quer que tivesse acontecido havia destruído uma parte dela. A moça tinha um olhar distante e uma expressão quase perdida. Era uma das coisas mais assustadoras que Ruby já tinha visto.
Talvez Ruby devesse ter lutado mais, devesse ter tentado se conectar com as
outras garotas que estavam no cativeiro, mas elas eram vigiadas o tempo todo, eram obrigadas a ficar em silêncio e o medo daquela situação e da dor a mantinha calada. Ela se sentia fraca e covarde, embora soubesse que estava simplesmente tentando se manter viva. Estava em conflito, em dúvida se deveria
fazer algo para revidar ou se se mantinha calma e submissa para sobreviver. Não haviam batido nela e, por isso, era grata, mas as palavras que ouviu quando foi sequestrada não saíam da sua cabeça.
Se você marcar a mercadoria, o preço diminui.
Então ela ficou quieta, fez tudo o que mandavam e sabia que essa não era
sua última parada. Ouviu muitas conversas enigmáticas entre os homens que tomavam conta delas, e Ruby compreendeu que seriam vendidas, mesmo que não tivesse chegado a essa conclusão na primeira noite da sua captura. Para quem ainda era um mistério, mas Ruby havia assistido a inúmeros
documentários para saber sobre as coisas imorais que seria forçada a fazer, e eles passavam pela sua cabeça como um filme horrível.
E agora, aqui estava ela, em uma fila, usando somente um vestido e uma corda amarrando seus pulsos na frente do corpo. Ela olhou para cima e viu uma cortina grossa tampando sua visão do restante do local. Tudo ficou silencioso, exceto por algumas garotas que fungavam na tentativa de conter as lágrimas. Ela olhou para o lado e viu os homens nas laterais da fila, com olhos treinados sobre elas. Ruby estremeceu com o frio, especialmente porque usava uma peça de roupa muito larga que mais parecia uma fronha do que um vestido de verdade.
Estava limpo, e todas as mulheres haviam sido forçadas a se lavar muito bem antes de serem amarradas, amordaçadas e empurradas para a parte de trás de uma van novamente.
Um homem saiu de trás da cortina. Ela nunca o havia visto antes, mas parecia que tinha dinheiro. Talvez fosse ele quem controlava toda essa operação doentia. Ele usava um terno que parecia ser caro, relógio de ouro e um brinco de diamante na orelha. Parecia ser muito velho para usar brinco, talvez quase da idade do seu avô, mas havia uma expressão muito fria no rosto enquanto ele olhava para cada garota na fila. Ele não disse nada a princípio, mas depois que olhou para cada uma delas, voltou para a cortina e entrelaçou as mãos. Por alguns segundos, só ficou ali parado, e algumas das garotas começaram a chorar ainda mais.
— Essa é a última parada de vocês, crianças — ele falou, e ainda que essas
palavras tivessem muito significado, eram enigmáticas. O homem inclinou o queixo para alguém, e os homens nas laterais avançaram. Em um piscar de olhos, eles providenciaram agulhas e começaram a injetar em cada uma de nós.
Aquelas que perceberam o que estava acontecendo, se contorceram, primeiro em
surpresa e depois com medo, sem dúvida. No entanto, o que quer que eles tenham injetado funcionou rapidamente e logo as garotas estavam emitindo sons baixos e caindo para frente. O que quer que tivesse naquelas agulhas não deveria ser muito forte, porque as garotas conseguiram permanecer de pé. Tudo
aconteceu em segundos, e Ruby se virou e olhou para o homem que se aproximava dela.
— Por favor, faço o que você disser. Não preciso disso. — Ele sequer a encarou. Em vez disso, segurou seu braço dela com firmeza, espetou a agulha e apertou o êmbolo. Uma sensação de queimação começou no ponto de contato e
lágrimas se formaram no canto dos seus olhos.
— Você precisa se comportar e atrair os compradores, por isso injetamos essa pequena persuasão química — o velho falou sem uma pitada de remorso, mas Ruby também não esperava que qualquer pessoa envolvida com sequestro e
venda de mulheres tivesse qualquer moral ou empatia.
Ela começou a se sentir tonta, seus braços ficaram pesados demais para levantar e ela vacilou um pouco. Já havia bebido uma vez e os efeitos eram semelhantes, mas mais fortes e relaxantes, e ela sabia agora que não eram nada mais que robôs para esses homens. Ruby ainda podia pensar com clareza. Mas parecia que demorava muito tempo para que sua mente processasse as
informações.
As primeiras garotas foram empurradas para a frente. Ela sentiu um
empurrão e tropeçou na garota a sua frente. Sua boca ficou seca de um jeito insuportável e a língua ficou grossa. Ela não conseguia parar as lágrimas nem se forçar a fazer nada além de colocar um pé na frente do outro. Balançar a cabeça para tentar clarear os pensamentos só fez a sala girar e o estômago revirar.
Alguns passos levavam até a área separada com a cortina e, assim que ela a atravessou, pisou em uma plataforma. As luzes se acenderam, e ela teve que fechar os olhos por um momento por causa do brilho desagradável. Ruby tentou
erguer os braços novamente, mas estavam pesados demais, e a cada passo que ela dava parecia que estava tentando se mover através de lama espessa. Quando a garota na sua frente parou, alguém segurou os braços de Ruby e a colocou na posição que queriam. Ela tentou se cobrir, mesmo que estivesse usando o vestido horrível, mas não conseguiu encontrar força. Ela não usava roupas íntimas por baixo do vestido e sabia que seus mamilos e os pelos pubianos eram claramente visíveis através do tecido fino como papel. Embora não ouvisse nada além de um ocasional falatório, sentiu tantos olhos focados em si que um leve suor começou a se formar em sua testa. Ninguém falou, mas cada garota, a partir do início da fila, foi empurrada para a frente por alguns segundos e, em seguida, levadas para a posição inicial, como se tivessem sido descartadas. Ruby se virou e olhou de lado tentando enxergar, mas sua visão estava embaralhada.
Cada vez que uma garota era levada para frente, o homem mais velho dizia
sua idade e se eram virgens ou não. Havia mais não-virgens do que virgens.
Quando chegaram à garota ao lado dela, Ruby a viu se curvar e chorar ainda
mais. O homem sussurrou algo grosseiro para ela, que o encarou com os olhos
arregalados. Tudo estava tão confuso que ela pôde ver a boca do homem se movendo, mas não conseguiu entender as palavras ditas em voz baixa por ele. O
que quer que fossem, a garota chorou mais e balançou a cabeça em resposta. Ele a puxou para frente, declarou que não era virgem, e a empurrou de volta para a fila, como se não pudesse tocá-la. Então foi a vez dela, e toda a força que Ruby pensou ter desapareceu quando ele envolveu uma mão enrugada em seu braço, sorriu e a puxou para frente.
GAVIN DARRIS se recostou na cadeira e olhou para cada jovem apresentada.
Havia cerca de dez outros homens sentados na sala de leilão erguida de maneira rudimentar. Embora esse, certamente, não fosse um cenário luxuoso, ele estava ali pela mercadoria, não pelo cenário. Os itens à venda eram mulheres jovens, que na verdade mal haviam atingido a maioridade. Gavin sabia que elas haviam
sido tiradas de suas casas contra vontade e estavam sendo oferecidas como gado a uma matilha de lobos. Ele deveria ter se sentido enojado consigo mesmo por
estar ali, mas não estava e, na verdade, esperava ansiosamente por esta noite no último mês, quando descobriu sobre isso. Ter uma riqueza ilimitada e conhecer homens muito corruptos tornava muito fácil encontrar e participar desses pequenos leilões.
Havia uma grande variedade de garotas no palco, todas usando o mesmo vestido branco e com a mesma expressão entorpecida. Mas elas variavam em idade, raça, cor de cabelo e tipo de corpo. Gavin não tinha exigências em particular quanto a submissa que queria, mas o que ele desejava era uma mulher que fosse totalmente dele. Não precisava de companhia feminina, não queria que alguém conversasse com ele. Desejava uma mulher que não se entregasse a ele
por causa do seu status social ou conta bancária. Ele queria submissão no verdadeiro sentido da palavra, não do tipo que ele encontraria em um clube.
Particularmente, ele não gostava das cenas em clubes de BDSM. Queria uma submissa que aprendesse a gostar de ter suas marcas no corpo, uma mulher que
se contorceria e desejaria seu toque quando a contivesse e lhe proporcionasse dor.
Gavin precisava do controle total que uma mulher masoquista poderia lhe dar. Ele não queria a rendição porque a mulher estava pensando em ganhar algo em troca, mas porque ela precisava desencadear sua dor interior tanto quanto ele.
Comprar uma mulher que havia sido sequestrada e drogada, certamente,
não era a coisa mais honrosa que um homem poderia fazer, mas Gavin nunca afirmou ser algo do tipo. Ele era quem era, tinha uma conta bancária ilimitada para comprar um harém de submissas se quisesse, mas tudo o que desejava era
uma que o olhasse como se ele mantivesse a vida dela em suas mãos. E ele o faria, em todos os sentidos da palavra.
Cada garota foi apresentada aos licitantes silenciosos e, com o canto do olho, ele viu mãos sendo levantadas enquanto as ofertas eram feitas. Esses leilões humanos ocorriam sempre em lugares diferentes e isolados, onde apenas algumas pessoas selecionadas sabiam a respeito. Gavin não sabia dizer por que escolheu aquele em particular quando soube sobre vários outros antes. Ele soube que estava no momento de se afastar das mulheres com quem havia transado e
que tentaram ser submissas. Tentou encontrar uma da maneira tradicional, mas agora tentaria conseguir de forma não convencional. Até agora, nenhuma mulher despertou seu interesse, provocando o cretino perverso que havia dentro dele.
E então ele a viu, e tudo silenciou.
Ela oscilou e suas lágrimas formaram um fluxo contínuo correndo pelas bochechas. Aquilo fez seu pau endurecer e o sádico cretino dentro dele ficar excitado. A luz brilhou através do vestido e a visão dos pelos pubianos escuros e mamilos duros fizeram seu pênis latejar. Seu cabelo era longo, ondulado e castanho escuro. Mesmo a curta distância e com a expressão drogada dos olhos
semicerrados e vermelhos, ele podia ver o verde vibrante de suas írises. Gavin se mexeu e se inclinou para frente, tentando dar uma olhada melhor, mas não havia como negar que ele a queria e que ela seria a mulher que saciaria seus desejos sombrios e primitivos.
— Virgem certificada de dezoito anos — o homem que apresentava as
mulheres anunciou enquanto puxava a morena para frente. Apesar de ter parecido tímida e ficado em fila com as outras momentos antes, algo brilhou no fundo dos seus olhos quando o homem passou a mão pelas suas costas. Ele puxou o tecido do vestido na parte de trás até que ele se colou a frente do seu corpo. Os seios pressionaram o pano branco em toda a sua glória, e ele teve uma visão livre da sua forma esbelta. Ela tinha curvas, mas as pernas eram longas e tonificadas, e a barriga, lisa. Os seios também eram grandes para sua altura, mas ela era perfeita, e ele estava certo quando viu uma expressão determinada e feroz cobrir seu rosto.
Mas seus movimentos eram lentos por causa da droga que haviam dado a ela. O rosto do homem mais velho assumiu uma tonalidade vermelha. Mãos na
área do público começaram a se levantar. Uma lutadora não era o que todo homem queria, mas excitou vários homens. O tipo de gente que vinha para esses leilões — homens como ele — claramente gostava dos prazeres perversos da
vida. Não precisava olhar nos olhos deles para ver a depravação de seus desejos, a necessidade de degradá-la e arruiná-la, transformá-la em um tipo qualquer de escrava sexual que achassem adequado. Mas Gavin queria lhe dar prazer e dor,
tanto quanto tomaria, e ninguém nesta droga de lugar o impediria de consegui-la.
Capítulo Quatro
Depois de ficarem na plataforma por vários minutos, elas foram novamente levadas para trás da cortina. Ruby esperava ser punida por sua explosão no palco e, honestamente, não sabia o que havia acontecido consigo mesma. Mas quando
aquele cara puxou seu vestido, deixando seu corpo à mostra como se fosse livre para ser visto, ela perdeu o controle. Não queria isso, havia se sentado de braços cruzados e se comportado como se fosse vítima por tempo o suficiente para sobreviver, mas não podia mais agir assim.
— Garota, você tem sorte por ter sido comprada. Se não, eu me certificaria
de que você pagasse com sangue por aquele espetáculo. — Ruby começou a tremer de forma incontrolável enquanto o velho se inclinava em sua direção e sorria. — Mas sei que seu dono vai derramar sangue suficiente para apaziguar meus pensamentos. — Ele segurou seu braço e a empurrou na direção de um dos
seguranças. — Faça com que ela se limpe. — Esses cretinos as estavam olhando
como se fossem objetos inanimados. Ela era um ser humano, mas estava sendo
tratada como algo que poderia ser comprado em uma loja. Ela sabia que sentiria dor, seria degradada e passaria por coisas perversas nas mãos do seu dono. Não tinha a ilusão de que seu comprador a deixaria ir embora ou, pelo menos, a trataria como se ela fosse uma pessoa de verdade.
Não, seu dono agiria de forma doentia, abusiva, pervertida e delirante achando que poderia fazer o que quisesse com ela. Como poderia ser diferente, se estava comprando uma mulher?
Como ela poderia escapar quando nem sabia onde estava? Mas preferia morrer tentando a sobreviver como escrava sexual de alguém. A bile subiu em sua garganta ao pensar em alguém realmente havia pensado em possuí-la.
Seu dono. Ela não era propriedade de ninguém e deixaria isso claro, mesmo
que fosse a última coisa que fizesse.
O segurança a levou para uma fila junto de outras garotas que Ruby supôs
que também haviam sido compradas. Ela olhou para o outro grupo e a sensação
de mal-estar se intensificou quando as viu sendo levadas pela porta dos fundos.
Ela não sabia que destino teriam, mas esperava que fosse melhor que o seu, embora percebesse o quanto esse pensamento era tolo assim que surgiu em sua
cabeça.
Elas já haviam tomado banho antes do leilão, então não tinha certeza do que
planejavam fazer a seguir. Foram levadas para uma pequena sala, e Ruby olhou
em volta. Havia algumas penteadeiras e moças de pé ao lado delas. O segurança a empurrou para uma das cadeiras. Ele a fez se sentar e se afastou quando a mulher se aproximou. A moça não falou ou fez contato visual com Ruby. Ela se
perguntou se era uma mulher sequestrada que não havia sido comprada. O
cabelo de Ruby havia sido escovado e estava solto, uma loção foi aplicada em sua pele exposta e um perfume floral, borrifado nos pontos de pulsação. Ela não lutou, porque as drogas a entorpeceram e ela estava com dificuldade em se concentrar. Aquilo parecia uma espécie de episódio grotesco dos bastidores de um leilão de tráfico sexual. As outras garotas na sala estavam quietas, mas quando Ruby olhou para elas, viu lágrimas silenciosas rolando pelas bochechas.
— Por favor, preciso da sua ajuda — Ruby disse em um sussurro e olhou
para o rosto da mulher. Ela não devia ter mais que vinte anos, mas havia maturidade ao redor dos olhos e boca que indicava uma vida mais vivida. A mulher não reagiu, então Ruby tentou de novo. Ela tinha que fazer isso, porque uma vez que voltasse para as mãos destes homens, eles a arrastariam e o pesadelo de sua vida começaria. — Por favor, por favor, olhe para mim. —
Houve um lampejo nos olhos escuros da mulher. A garota se moveu para o lado
dela, bloqueando a visão da porta.
— Você deve ficar quieta ou nós duas estaremos em apuros. — A jovem tinha um sotaque forte, talvez da América do Sul. Ela passou a escova pelo seu cabelo mais uma vez. Ruby olhou para a mesa onde a maquiagem e os pincéis
estavam arrumados. Antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa para a mulher ou implorar, ela foi puxada da cadeira e empurrada para fora da sala com todas as outras. O coração de Ruby bateu forte e rápido. Gotas de suor começaram a pontilhar sua testa. Amarraram suas mãos depois do banho mais cedo e a corda estava cravada em sua pele. Ela foi conduzida para uma porta diferente no final de um longo corredor e quando a abriram, viu que estava escuro lá fora. Uma brisa fresca a envolveu, movendo as mechas do cabelo de seu ombro e enviando calafrios por seu corpo.
Uma limusine escura estava a poucos metros de distância e uma sensação de déjà vu a atingiu. Será que homem que a comprou era o mesmo que ela havia visto no ônibus e que ela viu entrar na limusine em Fort Hampton? Isso não parecia muito provável, já que ele poderia tê-la levado sem ter que passar por todo esse problema.
Um senhor saiu do lado do motorista e deu a volta para abrir a porta de trás.
Ele não falou nem a olhou. Ela foi empurrada para frente novamente, mas estava tremendamente assustada com o que estava dentro daquele veículo escuro. Não
conseguiu ver nada além de um par de pernas vestidas no que parecia ser um terno e sapatos pretos nem engraxados. A língua de Ruby estava tão grossa que
ela pensou que iria engasgar. Cada passo que dava sentia que estava mais perto de encontrar seu carrasco. Ela começou a lutar de novo, embora soubesse que não faria diferença, mas não podia ir de bom grado.
— Por favor, Deus, por favor, me deixe ir. — Seus braços foram soltos, e
ela os puxou e empurrou os dois homens que a seguravam. Então ouviu seus grunhidos enquanto lutavam com ela. Embora não houvesse maneira de dominá-
los, ela tentou. Mas tudo dentro de si parou quando uma mão emergiu lentamente do interior do carro com a palma para cima e os dedos curvados para dentro como se estivesse tentando fazê-la entrar. Aquele pequeno momento de medo ao ver aquela mão masculina com dedos longos e fortes parecendo alcançá-la, foi o suficiente para que seus captores a puxassem para frente e a jogassem no chão da limusine. A porta se fechou, e ela se levantou do chão e se sentou no banco. Se inclinando contra a lateral do carro, ela ouviu as trancas se fecharem e olhou com horror para o homem sentado em frente a ela.
Ele usava um terno escuro de três peças. A parte aparente da camisa por baixo era de um branco austero e a gravata era azul clara — da mesma cor de seus olhos frios e sem expressão. Ele parecia ser muito musculoso e essa força não estava escondida por trás do tecido da sua roupa. Com seus braços longos e musculosos, Ruby não tinha dúvida de que ele poderia esmagá-la com pouco esforço. De repente, quando o ar dentro do carro ficou mais quente e o cheiro do perfume inebriante e apimentado encheu sua cabeça, ela não conseguiu mais respirar.
— Respire. — Ela olhou para seu rosto quando ele falou. Sua voz possuía
um timbre profundo. Aquela única palavra continha muito poder. Ela engoliu em seco depois de inspirar um bocado de oxigênio e um sorriso sarcástico surgiu no rosto dele, como se estivesse satisfeito por ela ter obedecido sem resistir. — Me diga seu nome. — Ela balançou a cabeça, sentindo a garganta fechada e começou a tremer incontrolavelmente. — Relaxe, querida. — Ele sorriu, e ela teve certeza de que ele havia usado isso com inúmeras pessoas para fazê-los atender ao seu comando, mas para ela, ele só parecia um predador. Ela não queria demonstrar reação na frente dele, mas não podia evitar.
Talvez ela estivesse em choque? Sim, só podia ser, porque se isso não fosse
capaz de deixar alguém em estado de choque, ela não saberia o que conseguiria.
Em vez disso, tentou recuperar seu autocontrole. Umedecer os lábios só o fez olhar para sua boca e observar o ato.
— Para onde você está me levando? — O carro começou a se mover, e Ruby levou os joelhos ao peito, ajustou a roupa para se cobrir e colocou os braços em volta das pernas.
— Para a sua nova casa. — Um calafrio a atingiu quando ela ouviu as
palavras saindo daquela boca perfeita. O diabo adotou uma forma muito bonita, mas por baixo ele ainda era uma horrível criatura do mal. Ele a observou em silêncio com o canto da boca ligeiramente curvado para cima depois disso. Sem dúvidas, gostava do seu desconforto e medo.
O cabelo escuro dele era curto e perfeitamente penteado. Não havia um fio
fora do lugar ou uma linha descosturada de seu terno feito sob medida. Aquele era um homem no controle e que detinha muito poder. Ela não queria olhá-lo, não queria ver que o monstro que a comprara era um demônio bonito. Sua vida
de merda com a mãe naquele trailer decadente não parecia tão ruim agora, embora estivesse cercada pela riqueza e o homem que a “possuía” fosse incrivelmente bonito. Ela olhou para o outro lado, enterrou o rosto nos joelhos e rezou para quem quer que a estivesse ouvindo acordasse e descobrisse que tudo era só um pesadelo terrível.
GAVIN A OBSERVOU OLHAR pelo foyer da sua casa — a casa nova dela. O
percurso de limusine do local do leilão foi durou três horas. Em seguida, eles pegaram o jato particular para a sua propriedade europeia no campo. Era isolada, a cidade mais próxima ficava a horas de distância. Era o lugar perfeito para manter sua nova compra, especialmente porque sabia que ela tentaria fugir.
— Gosta da sua nova casa? — Ele ficou na porta e a observou. Seus pés estavam descalços, e ela ainda usava aquela roupa horrível, mas ele remediaria isso em breve. Ela o olhou, mas não respondeu. Na verdade, não disse uma palavra desde que perguntou para onde estavam indo. Seu medo era
compreensível, e ele não esperava que ela cedesse à sua vontade de imediato, mas acabaria por fazê-lo. Gavin era um homem paciente em alguns aspectos, mas quando se referia a essa morena, sua propriedade, ele tinha muitas coisas deliciosamente perversas que queria fazer com ela e não esperaria muito para experimentá-las.
Ela abraçou o corpo com os braços e se virou para encará-lo de frente.
— Esta não é a minha casa. — Ele sorriu, mas estava lutando pelo controle
agora. Ela não havia proferido mais do que algumas palavras durante todo o caminho até sua propriedade, nem mesmo quando ele tentou fazer com que ela
se abrisse para no avião. Isso o incomodava tanto quanto tentava o monstro que havia dentro dele para fazê-la contar tudo sobre si mesma.
Claro, ele não estava falando sobre um monstro literal dentro de si, mas havia dias em que ele sentia que a maldade e a perversidade eram mais fortes do
que ele. Comprá-la havia sido uma boa e uma péssima ideia. Ele não se arrependia de nada e suas ações eram sempre calculadas.
— Princesa, este é o único lar que você terá a partir de agora. — Ele a ouviu engolir em seco, viu sua garganta se mover para cima e para baixo e o ligeiro tremor em seu corpo.
— Está planejando me machucar? Vai me estuprar? — Ela começou a
chorar e seu pau se contraiu. Era um cretino doente e sádico para ter prazer com o sofrimento claro dela, mas ensinaria que com a dor, vinha o prazer. O resultado final seria um ato para rivalizar com todos os outros, um que nunca poderia ser quebrado. Porque, para ele, essa mulher seria sua de todas as maneiras que ele quisesse.
Ele não se mexeu, não tentou esconder sua excitação e quando a viu olhar
para sua virilha e percebeu que os olhos dela se arregalarem, ficou satisfeito por estar claramente assustada com a visão. Ele era um homem grande... por inteiro.
— Por favor.
O coração dele acelerou com aquelas palavras e sua mente podia imaginá-la
de joelhos, as lágrimas deslizando rapidamente enquanto ela o olhava e implorava que parasse, mas, em seguida, implorava para que continuasse.
— Repita isso. — As palavras saíram em um tom de voz baixo e ríspido, e
ela deu um passo para trás.
— O-o quê?
Ele deu um passo à frente.
— Repita isso.
A pulsação na base do pescoço dela era frenética, e ela engoliu em seco de
novo.
— Por favor.
Foi preciso muito autocontrole da parte dele para não ir até ela, arrancar suas roupas e fodê-la bem ali na escada, mas haveria muito tempo para isso. Ele podia ser um cretino, mas não era selvagem. Ela precisava tomar banho e comer, e ele tinha certeza de que estava exausta. Claro, ela teria uma série de perguntas, e ele tinha as respostas, ela gostando ou não.
ESTE HOMEM, cujo nome ela não sabia, a levou até a escada em espiral, seguiu por um corredor curto e elegante, e gesticulou para que ela entrasse em um cômodo. Ruby nunca esteve tão assustada na vida, nem mesmo quando um
dos namorados da mãe entrou em seu quarto, tarde da noite, e tentou tocá-la.
Depois de um chute rápido nas bolas do homem, ela prometeu nunca mais ser vítima. Mas, claramente, havia quebrado sua promessa no primeiro grande desastre da sua vida. Ela não deveria ter fugido. Devia ter vivido a vida que havia sido reservada para ela. Será que estava sendo punida? Ela nunca foi uma pessoa religiosa demais, mas gostava de acreditar no céu e no inferno e achava que com o mal, sempre havia algo de bom. Será que havia feito algo errado?
Havia roubado um vidro de esmalte de uma loja de conveniência quando tinha treze anos, porque sua mãe se recusou a comprá-lo. Será que era o karma voltando de todos esses anos? Embora, certamente, não tivesse considerado um
pecado transformador, talvez fosse o suficiente para que alguém aprendesse sua lição.
Ela entrou no quarto elegante e ficou imediatamente impressionada com a
beleza. Era todo decorado em prata e azul claro. O resto do cômodo era decorado com detalhes em renda e móveis delicados. A viagem para chegar a esta casa enorme foi longa, e ela não podia negar que estava feliz por finalmente estar em terra firme. Não fazia ideia de onde estava, mas viu o mar abaixo deles no jato e sabia que onde quer que estivessem, estava longe do ponto de partida. Eles não haviam pousado em um aeroporto e não havia nenhum tipo de segurança pedindo a documentação legal para entrarem no país. Na verdade, o avião aterrissou em um hangar e, em seguida, um carro os levou até esse local, a poucos minutos de distância. Ruby ficou alerta para tudo o que a rodeava e, para seu total desapontamento, só viu quilômetros e quilômetros de terras.
— Vá tomar banho e se vestir para o jantar. — Ela se virou e o olhou, mas o
medo fechou sua garganta e inchou sua língua. Naquele momento, ela não poderia ter respondido, mesmo que ele tivesse perguntado algo diretamente a ela.
A garota não sabia o que ele havia planejado, mas parecia que teria o resto da vida para descobrir. O que quer que esse cretino malvado fizesse com ela, com certeza não seria algo que ela gostaria. Ele a estava mantendo como prisioneira, provavelmente, para ser sua escrava sexual. Por que mais um homem teria que
comprar uma mulher? Mas ele era lindo. Por que precisaria recorrer ao ato extremo de comprar alguém que havia sido sequestrada? No entanto, tudo o que
ela precisava fazer para sentir a maldade dele era olhar em seus olhos azuis. Eles pareciam quase vazios, e ela vislumbrou outra presença dentro dele. Teve a percepção doentia de que esta era apenas a superfície muito bonita de um monstro.
Ela não disse nada, apenas o olhou. Ele continuava inexpressivo, mas ela não se enganou pensando que a guarda dele estava baixa. Lá estava o homem, em seu terno escuro, com as mãos para trás e os pés levemente separados.
Parecia muito intimidante, controlado e como se tivesse tudo planejado. que com
certeza tinha.
— Há roupas do seu tamanho no armário e na cômoda, e o banheiro fica ali.
— Ele apontou para uma porta fechada à sua esquerda. — Você tem idade suficiente para tomar banho e se vestir sozinha, mas tenho dois empregados que ficam aqui em todos os momentos para cuidar da casa. Se precisar de alguma coisa, basta pedir. — Ele deixou os olhos deslizarem pelo copo dela lentamente, e ela cruzou os braços quando sentiu os mamilos endurecerem. Ruby estava longe de se sentir provocada, mas olhar para ele era quase tão poderoso quanto senti-lo realmente tocando-a. — Tenho certeza que você tem muitas perguntas,
mas elas serão respondidas mais tarde. Neste momento, você está imunda e te quero limpa e apresentável. — Ela engoliu suas palavras em seco. — Você é minha propriedade, princesa, e como tal, obedecerá a tudo o que eu disser. Essa é a primeira regra. — Ele deu um passo para mais perto, e ela se afastou. A aparência sombria cobriu seu rosto, e ele balançou a cabeça. — A segunda regra é você nunca me negar algo. — Ele parou na frente dela, que não tinha mais para onde ir. A cama estava logo atrás e de jeito nenhum ela se sentaria ali só para se afastar dele. Provavelmente, ele assumiria isso como um convite para usar o corpo dela, e isso não aconteceria.
— Você planeja me machucar? — ela perguntou de novo, já que ele não havia respondido na primeira vez. Mais uma vez, ele não respondeu de imediato, mas ergueu a mão. Ruby ficou tensa e observou quando ele moveu a mão para
mais perto dela.
Ele afastou uma mecha de cabelo dela do ombro, esfregando-a entre os dedos enquanto a olhava. Lentamente, ele afastou o olhar do cabelo e olhou para seu rosto.
— Você é muito bonita. Muito linda, na verdade — ele disse as palavras em
tom de voz baixa e profunda enquanto olhava em seus olhos, mas ela não se enganou com esse jeito aparentemente gentil. Este homem era um demônio decidido a machucá-la.
— Você vai me machucar? — Ruby perguntou de novo. Ela continuaria a
fazê-lo até que ele respondesse.
Ele inclinou a cabeça levemente para o lado e pareceu estudá-la.
— Me diga o seu nome. — Ela balançou a cabeça. Não daria parte alguma
de si mesma para ele. Nada. Quando ela não respondeu, ele moveu a mão de seu
cabelo até a garganta. Foi um aperto fraco, mas a ameaça estava lá. Ele poderia ter quebrado seu pescoço ou a estrangulado sem sequer transpirar. — Já esqueceu as regras, princesa? Obedeça a tudo o que eu disser. — Ele levantou uma sobrancelha escura, mas manteve a postura muito rígida. — Agora, só vou
te perguntar mais uma vez e se você me desobedecer, juro que não vai gostar da
minha reação.
Ruby sentiu o suor escorrer pela testa. Ela sabia que seus olhos estavam arregalados e sentiu que a força a que estava se agarrando estava prestes a desmoronar. Ela estava vulnerável, tão assustada com o que ele faria que abriu a boca para dar o que ele queria.
— Ruby Jacobson. — Assim que o nome deixou seus lábios, ela se sentiu
um fracasso. Ela lhe deu o que ele queria com muita facilidade. O que mais ela daria sem lutar? Ele abriu um sorrisinho e um olhar muito satisfeito cruzou seu rosto.
— Boa garota. — Ele moveu a mão para a lateral do seu pescoço até que
ele pudesse deslizar o polegar ao longo do lábio inferior. Mas tudo dentro dela estava congelado. — E quanto a sua pergunta... — Ele não disse nada por alguns segundos depois disso, e ela sabia que era para fazê-la pensar sobre essa afirmação, fazê-la sentir medo e, com certeza, aquilo surtiu efeito. — Sim, Ruby, eu planejo te machucar. — Então ele se inclinou e tomou sua boca. O beijo começou devagar, mas se tornou mais exigente e rude com os lábios, dentes e língua. Ela colocou as mãos no peito dele, sentiu os músculos duros e definidos flexionados sob o seu toque e o empurrou para longe, ou pelo menos, tentou. Ele era muito forte, muito mais do que ela. Ruby foi capaz de afastá-lo, mas só porque ele permitiu. Ela cobriu a boca com as mãos, sentindo o sangue correr para a superfície dos lábios, onde ele havia mordido de leve a pele sensível, e não conseguia parar de chorar.
— Posso ser um homem gentil, Ruby, e tratá-la como minha protegida, mas
minha paciência tem limite, especialmente se você for inflexível teimosa e me negar o que é meu por direito. — Ele falou as palavras com calma, mas ela não se enganou pensando que ele estava calmo. A ereção erguia a frente da sua calça, e ela chorou ainda mais. Isso só o fez sorrir. — E, só para você saber, te ver chorar me deixa ainda mais excitado, querida.
Ela baixou a mão e disse em uma voz vacilante:
— Não sou sua e nunca serei. Você não me possui, mesmo que tenha me comprado. — Ela agarrou o vestido assim que as palavras a deixaram. Ela o estava provocando, sabia disso. Mas não podia ficar ali parada e deixá-lo tocá-la, beijá-la e falar como se ela não fosse nada, apenas um objeto com quem ele poderia transar do jeito que quisesse.
— É aí que você está errada, Ruby.
Ela umedeceu os lábios novamente. Havia dito aquilo em voz alta?
— Você não é um objeto. Na verdade, é algo muito especial para mim, princesa. — Ele estendeu a mão e acariciou seu queixo com um dedo. Ela não
pôde se mexer quando ele a tocou. Em seguida, se afastou dela, se virou e saiu,
fechando a porta atrás de si. Não houve nenhum som de tranca, então ela se aproximou, segurou a maçaneta e a girou.
Para sua surpresa, ela se abriu silenciosamente. Ruby olhou para o corredor
e o viu descendo as escadas, mas ele parou um pouco antes de desaparecer no corrimão e se virou para olhá-la.
— Esta é a sua casa. Você não é uma prisioneira, mas é minha. Não se engane pensando que irá escapar, porque não vou te deixar ir. Quanto antes você aceitar isso, mais cedo poderá começar a aceitar sua nova vida e aproveitá-la. —
Ele a encarou por vários momentos, e ela segurou a maçaneta com mais força para parar de tremer. — E não me faça voltar para te buscar, Ruby.
Ele se virou e a deixou parada ali. Ruby voltou para o quarto e fechou a porta. Apoiou as duas mãos na madeira lisa e encostou a testa de encontro a ela, fechando os olhos. Essa última declaração foi uma ameaça e uma promessa. Ela
havia entendido que, embora ele não quisesse que ela o desobedecesse, parte dele apreciava a ideia. Isso ficou claro quando o canto da sua boca se levantou e suas narinas se abriram em sinal de excitação.
Ruby se virou e se afastou da porta, olhando para sua bela prisão. Tudo estava perfeitamente limpo e o cheiro doce de algo semelhante a flores e talco de bebê encheu seu nariz. Ela foi até a janela e empurrou as cortinas pesadas para o lado. Estava muito longe para tentar escapar assim e, embora ela provavelmente sobrevivesse a uma queda, não estava disposta a ganhar alguns ossos quebrados.
O cenário era de tirar o fôlego, com terra plana, verde e extensa, árvores finas e graciosas dos dois lados da casa e a promessa de liberdade além dos vidros e das pedras da sua prisão.
Se afastando da janela, ela seguiu em direção ao armário e depois de respirar fundo, estendeu a mão e agarrou as maçanetas de bronze ricamente esculpidas. Abrir as portas revelou uma série de sapatos, principalmente de salto alto, vestidos sociais e casuais, saias e blusas. Todas as peças eram sedosas, rendadas e muito femininas. E tudo no seu tamanho... o que era bem assustador.
Ela se virou, abriu as gavetas da cômoda e encontrou camisolas de cetim, meias finas e cinta-liga. Em meio a todos os artigos de vestuário, não encontrou duas coisas: sutiãs e calcinhas. Estava claro que ele gostava de ter seus brinquedos acessíveis à sua depravação. Ela fechou as gavetas com força e conseguiu um pequeno momento de prazer com aquele ato de rebelião.
Ruby precisava decidir se ia lutar com unhas e dentes e arriscaria a ira escondida por trás do lindo exterior do seu captor, ou se cederia e bancaria a propriedade perfeita que ele queria possuir. Ela se sentou na beira da cama e olhou para a porta do quarto. Ele estava no andar de baixo e a ameaça de não fazê-lo vir “buscá-la” soava constantemente na sua mente. Ela era boa em pensar
sobre as coisas horríveis que ele faria a ela e não queria vê-las se tornarem realidade. Então se levantou, foi até o armário e pegou a primeira coisa que achou. Entrou no banheiro, acendeu a luz, mas não ficou surpresa ao ver que ali também continha uma infinidade de coisas. O que ela sabia era que, naquele momento, poderia conceder fazer as vontades dele, mas lutaria por sua liberdade e encontraria uma saída para fora daquele lugar.
Onde quer que estivessem, estavam muito longe da civilização, mas não era
preciso ser um gênio para perceber porque ele ia querer ficar isolado de tudo e de todos. Se ninguém pudesse ouvi-la gritar, ninguém a procuraria. Mas não havia ninguém para vir mesmo. Ela não tinha amigos nem família que dessem a
mínima para ela. Ninguém. Era só mais uma estatística e logo seria esquecida, se é que, de fato, alguma vez já tivesse sido lembrada.
Capítulo Cinco
Gavin se sentou em frente a Ruby na mesa da sala de jantar e a observou. Ela
parecia muito desconfortável, o que era evidente pela maneira como se remexia.
— Você não gostaria de saber meu nome? Ou qualquer outra coisa a meu respeito? — Ela o olhou, mas não respondeu. Aquilo o divertia, mas seu humor
era limitado.
A jovem balançou a cabeça, mas havia uma centelha de curiosidade em seus olhos.
— Não me importo com quem é você. Tudo o que sei é que você está me
prendendo aqui contra a minha vontade.
Ele sorriu diante daquela explosão.
— Admito que sim, mas sua vida aqui será muito confortável. Você nunca
vai sentir falta de nada. — Ela o encarou e, embora tentasse manter o rosto inexpressivo, ele viu a forma com que ela apertou a mandíbula.
— Nenhum dinheiro do mundo me faria querer ficar aqui com você.
Gavin estava tentando manter a calma, mas ninguém falava com ele desse
jeito, muito menos uma mulher. Ela devia ter visto o olhar sombrio no rosto dele, porque seus lábios se separaram e ela respirou com força suficiente para que ele ouvisse. Ruby não disse mais nada, o que foi muito inteligente da sua parte, e Gavin se permitiu relaxar mais uma vez.
— Pode perguntar, Ruby. — Ela olhou para baixo, mas antes que ele pudesse ordenar que continuasse olhando para ele, ergueu os olhos mais uma vez. — Pergunte sobre o homem que possui cada pedaço seu. — Ela era muito
jovem, mas tinha uma força que rivalizava com a dele. Foi essa força que o fez desejá-la, mesmo querendo que ela se entregasse a ele. Ele queria uma mulher que lutasse, que desse o máximo de si, tanto quanto poderia tomar e sabia que Ruby era aquela mulher.
— Não sei o que perguntar. — Ele apertou a mandíbula. Aquilo parecia um
cabo de guerra com uma criança. Mas ela começou a falar novamente. — Qual o
seu nome? Quantos anos você tem? Onde estou e por quanto tempo você planeja
me manter aqui? O que você faz, pois é claro que você é rico o suficiente para comprar um ser humano sequestrado. E por que você acha que precisa comprar
uma mulher? — Ela fez as perguntas e, embora estivesse tentando soar natural, não havia dúvida na cabeça dele que ela estava tentando mostrar seu lado obstinado. Mas ela ia perceber que ele era o único dominante nessa relação. Ela
fez a última pergunta rapidamente, como se estivesse um pouco insegura se queria pisar naquele território mais uma vez. Ele deixou passar. Era sua primeira noite, e ele podia ser um homem indulgente, mas ela seguiria suas regras e, se achava que poderia quebrá-las depois disso, bem, ele estava ansioso para puni-la de um jeito delicioso.
— O meu nome é Gavin Darris. Você está na minha casa, na Europa, muito
longe da civilização. — Ele sorriu, deixando-a ciente de que se pensasse em escapar, não iria muito longe nem encontraria alguém para ajudá-la. — E planejo mantê-la aqui por muito tempo, Ruby. — Ele passou o dedo pelo guardanapo, mas manteve o foco nela. — Meu trabalho não te diz respeito, além do fato de
que, ocasionalmente, devo viajar e quando isso acontecer, você vai ficar aqui.
Tenho trinta e sete anos e não, não preciso comprar mulheres, mas só porque não preciso, não significa que não queira. — Ela continuou mexendo no garfo, e ele viu sua mão tremendo de leve.
— Sou a primeira mulher que compra ou você tem um harém escondido em
algum lugar desta casa? — Ele poderia dizer pelo seu tom de voz que ela não estava tentando brigar com ele sobre essa questão. Estava realmente curiosa.
— Você foi a primeira mulher que comprei. E a última. — Os olhos dela se
arregalaram um pouco. Gavin a observou deslizar a língua pelo lábio inferior, e seu pênis, que ficou duro no instante em que a viu entrar na sala de jantar, endureceu ainda mais.
— Será que, pelo menos, você pode me dizer o que planeja fazer comigo?
— Não seja tola. Você sabe exatamente o que pretendo fazer. Por que um homem compraria uma mulher em um leilão se não gostasse do seu corpo? —
Ele levou a taça de vinho aos lábios e deu um longo gole enquanto a olhava. Ela pegou o garfo e começou a remexer a comida no prato. — Não gosta de salmão
grelhado? — Ela olhou para ele, mas desviou rapidamente o olhar. — Fiz uma
pergunta, Ruby. — Ela o encarou de novo e pousou o garfo na mesa.
— Não. Na verdade, não sei. — Ele sabia que, provavelmente, ela queria parecer mais forte, mas essas palavras saíram em um sussurro.
— Você não gosta de frutos do mar? — Ele limpou a boca com o
guardanapo de linho e o colocou sobre a mesa. Gavin se recostou na cadeira e envolveu os dedos na haste da taça de vinho.
— Ser sequestrada e mantida em cativeiro consegue arruinar o apetite de uma pessoa.
Ele arqueou uma sobrancelha.
— Imagino que sim. — Ele a observou por vários segundos. Ela começou a
se sentir incomodada novamente. — Eu te deixo nervosa? — Ela o encarou e o
choque estava refletido em seu rosto, embora fosse uma pergunta retórica,
porque ele sabia que sim. Ela não respondeu, mas mais uma vez olhou para o colo. — Olhe para mim, Ruby. — Ela não o obedeceu, e ele bateu com o punho
na mesa, derrubando sua taça. O chardonnay se espalhou pela toalha branca, mas seu foco estava na jovem em frente a ele. Agora ela o olhava com olhos arregalados e as costas pressionadas contra o espaldar da cadeira. Gavin se inclinou e apoiou os antebraços na mesa. — Já que minha cortesia em começar
com uma conversa civilizada não está funcionando do jeito que deveria, terei que fazer isso da maneira mais difícil. — Ela engoliu em seco. — Esta é a sua nova casa, Ruby. Você é minha para eu fazer o que quiser. Tenho certos desejos e é você quem irá satisfazê-los. — Ela começou a balançar a cabeça, mas ele não achou que ela havia percebido que estava fazendo isso. — Ah, sim, princesa.
Tenho muitas coisas planejadas para você, para seu corpo e como fazer você gritar por mais.
— Nunca vou querer isso ou você. — Sua voz tremeu quando ela falou.
— Veremos, querida.
— Por que eu? — Lágrimas caíram de seus olhos, e ela as limpou com raiva. Ele se inclinou de novo e sorriu. — Por que você não pode me dizer isso?
Você pode me falar tudo, mas ainda não me disse por que está me mantendo aqui.
Ele já havia dito a ela por que ela estava ali — para agradá-lo. Mas ficou claro que suas palavras anteriores não a haviam convencido. Ele sabia que seu medo era fundamental, que isso devia ser muito difícil para ela, mas teria que se acostumar com isso e aceitar.
— E por que não você? Você estava disponível, doce Ruby. Mas vi algo especial em você, algo ardente e determinado. Quando você lutou naquele palco, soube que precisava te possuir. Gostei da lutadora que vi em você e não havia ninguém que fosse me impedir de conseguir o que eu queria, e era você. — Ela
não respondeu por alguns segundos. — Vá em frente, Ruby, me diga como você
se sente.
Normalmente, ele não se importaria com o que uma mulher pensava.
Também não se importava com o que os outros pensavam se ele não perguntasse
diretamente. Era assim que o mundo e seus negócios funcionavam, e aquilo lhe
convinha bem. Mas Ruby era diferente dos outros. Sim, ele era seu dono e, sim, ela seria a mulher perfeita para seus prazeres sádicos. Mas só precisava olhar nos olhos dela para saber que sua resistência desapareceria lentamente quando ela concordasse com a sua vida atual. Levaria tempo, mas eles tinham muito pela frente.
— Você percebe o quanto isso é errado? — Ele pensou sobre o que ela havia acabado de perguntar, mas tudo o que podia fazer era sorrir. — Sabe que
fui sequestrada, drogada e vendida como gado? — Ela havia parado de chorar e, mais uma vez, ele viu aquela centelha em seus olhos.
— Nada disso importa, Ruby, porque agora você está aqui e não tenho intenção de te deixar ir embora. Mas se isso te faz sentir melhor, você é mais do que bem-vinda a me contar seus sonhos e aspirações. — Ele sorriu ainda mais quando viu o jeito que ela fechou as mãos em punhos na mesa.
— De qualquer forma, isso não importa.
— Ah, importa sim. Gostaria de saber mais sobre você, princesa.
— Pare de me chamar assim.
Sua atitude descontraída de antes começou a sumir com aquelas palavras.
— Não é você quem faz as exigências, sou eu. — Sua voz era baixa e ele
bateu com o punho na mesa mais uma vez. Ela pulou, e ele gostou de ver que ela estava com medo. — Vou te chamar de qualquer coisa que me agrade. Você está
aqui para me divertir. Se eu escolher te dar prazer, você deve aceitá-lo, agradecer e esperar que eu seja generoso o suficiente para lhe dar mais.
Ruby se levantou rapidamente, derrubando a cadeira no processo. Ela
estava balançando a cabeça e olhando ao redor da sala em busca de uma saída,
mas não iria longe. Ela saiu em direção à porta que dava para a cozinha, mas Gavin já estava fora da cadeira e caminhava em sua direção. Ele empurrou a porta com tanta força que bateu contra a parede oposta. Gritou, se virou e, com o medo e a pressa para fugir, derrubou a louça que estava sobre a ilha de mármore.
Caiu no chão, quebrando a porcelana em pequenos pedaços.
Ela usava um vestido simples de verão, mas estava descalça e quando Gavin percebeu que ela estava prestes a se virar e correr mais uma vez, pisando em todos os cacos no processo, ele se moveu rapidamente. Pegou-a nos braços e a colocou no balcão longe da louça quebrada. O som da porcelana triturada sob seus sapatos era alto, mas não tanto quanto o da respiração frenética de Ruby.
Ele deu um passo à frente, abrindo ainda mais suas pernas. Colocou as duas
mãos no balcão e se inclinou até que havia apenas um centímetro separando suas bocas.
— Quanto mais cedo você perceber que é minha, Ruby, mais fácil será. —
Ele baixou os olhos para seu peito, viu os seios dela subirem e descerem muito rápido sobre o vestido e olhou de volta para seu rosto. — Gosto do seu instinto de lutadora e adoro uma caçada tanto quanto me excito com a captura. — Um pequeno ruído a deixou. — Você está apavorada, mas aposto que se eu colocasse a mão em baixo do seu vestido, sua boceta estaria molhada. — Ela entreabriu os lábios, mas não disse nada. — Você pode agir como se estivesse amedrontada e
até mesmo sentir pavor de mim. Essa seria a reação inteligente. — Ele moveu até o vestido dela, puxou o tecido até a coxa e moveu os dedos pela parte interna
de sua perna. Gavin sentiu o calor da sua boceta no mesmo instante. Abrindo ainda mais sua perna, ele tocou de leve sua boceta, deslizou os dedos em sua fenda e sorriu. — Lutar comigo só me excita mais e vendo o quanto a sua boceta está molhada, provoca a mesma reação distorcida em você.
ISSO É LOUCURA. Você é louca.
Ruby não pôde deixar de pensar nisso repetidas vezes, revoltada consigo mesma e com aquele homem, porque não só tinha medo dele, mas também o desejava. Ele era um lindo demônio que provocava seus desejos mais sombrios,
aqueles com os quais ela só havia sonhado, mas nunca pensou ou falou a respeito por medo do ridículo e da vergonha. Ela era sua prisioneira, sua cativa, e ele estava fazendo parecer que ela queria aquilo tanto quanto ele. Isso era só uma reação física ao seu toque, certo?
Deus, você é tão doente quanto ele. Ali estava ela, sentada sobre o balcão depois de tentar escapar daquele cara que estava dizendo aquelas coisas horríveis para ela, tocando-a como se tivesse direito, e ela não fazia nada além de permitir.
Todas essas coisas a deixaram excitadas de um jeito humilhante. Ela não queria desejá-lo, não queria suas mãos sobre ela, mas estava molhada, assim como ele havia dito que estaria. Malditos sejam os dois por seus desejos indevidos.
Ela tinha que estar com algum problema. Na verdade, sabia que estava.
Quem iria querer dor com prazer? Quem sonhava em como seria se sentir contida? E quem é que ficava molhada e excitada quando seu captor a perseguia, a tocava e dizia coisas depravadas para ela? Deveria tê-lo esbofeteado, tê-lo machucado tanto quanto ela estava machucada por dentro, mas estava com muito
medo do que ele poderia fazer.
Ruby tentou não querer essas coisas, mas disse a si mesma que enterrar aqueles desejos bizarros faria com que fossem embora. Pelo menos, pensava que sim. Ruby havia escondido como se sentia, seguido com sua vida achava que ela simplesmente não era normal, que não havia vivido em um ambiente normal e que sua mãe havia sido cruel com ela. Aqui estava agora, querendo arranhar o rosto de Gavin e gritar para alguém ajudá-la, mas também estava paralisada pelo azul dos olhos dele e pela forma como a olhava, como se ela fosse desejada.
Ele era pervertido e tinha essa ilusão de que ela realmente o pertencia. Ruby não se importava com o quanto ele havia pago por ela, nem com o fato de que o desejava.
— Me deixe em paz. — Claro, ele a ignorou e continuou a deslizar os
dedos por sua boceta molhada, fazendo-a querer mais e se odiar ainda mais por causa disso.
— Você é tão linda, tão suave e quente, tão molhada e minha. — Era como
se ele estivesse falando consigo mesmo pelo tom de voz baixo que usou. Tirou a mão do meio de suas pernas, que se sentiu aliviada, mas não se afastou. Deslizou a mão por seu braço, por cima do ombro nu e envolveu os em seu pescoço. Ele
não estava apertando, mas o peso de sua palma a deixou saber que ele poderia machucá-la a qualquer momento.
Ela abriu a boca para gritar, porque tinha que haver outra pessoa naquela casa, mas a risada profunda a impediu.
— Grite, garota bonita. Grite o mais alto que puder. — Ele se inclinou até
encostar os lábios em sua mandíbula. Ela fechou os olhos, porque não queria gostar do que sentia quando ele beijava seu pescoço ou acariciava sua pele com a língua. Gavin moveu a boca até o ouvido dela e sussurrou: — Esta noite, princesa, somos só nós dois, mas se você quiser fazer barulho, não vou te impedir. — Ele se afastou até conseguir olhar para ela. — Na verdade, quero que você faça muito barulho.
Então ele colou a boca na dela e a língua deslizou por entre seus lábios.
Quando as línguas se chocaram, ele gemeu e aumentou a pressão em seu pescoço. Ele tinha gosto de vinho e o movimento de entra e sai a fazia pensar em algo muito mais erótico.
— Você vai obedecer a tudo o que eu disser — ele murmurou. — Não vai
me negar nada nem me responder com petulância. — Ele falou entre
mordiscadas e lambidas. — Se for uma boa menina, não vou te punir. — Ele acariciou o ponto logo abaixo de sua orelha com o polegar. — E se for uma boa menina, te darei tudo o que você desejar, inclusive dor. — Um suspiro a deixou quando ele sugou seu lábio inferior e roçou os dentes por sua pele.
Ruby apoiou as mãos no peito dele e o empurrou. Ela não queria aquilo, apesar da umidade que cobria a parte interna das coxas e do fato de seu coração estar acelerado e não ter nada a ver com a caçada. Mas ele era forte, caramba, ele era muito forte. Gavin grunhiu e estendeu o braço muito rapidamente para ela compreender, envolveu seus dois pulsos com as mãos e a puxou para fora do balcão. Segundos depois, ele a fez se virar. Com a mão no meio das suas costas, ele a empurrou para frente até que sua barriga ficou apoiada contra o granito frio, duro e implacável. Tudo estava acontecendo muito rápido.
— Por favor, por favor, não faça isso. — Implorar provavelmente só o deixou mais excitado, um fato que ele confirmou quando esfregou a ereção, que parecia enorme, contra sua bunda.
Ele não respondeu, apenas colocou as mãos nas laterais das suas coxas e as
moveu lentamente para cima. Se ajoelhando atrás dela, segurou o vestido e a sensação quente e úmida da sua respiração através do tecido, juntamente com a da sua testa encostada na parte inferior das suas costas enviou uma série de emoções que a percorreu. Quando o ar frio se moveu em seu traseiro exposto, as lágrimas começaram a cair com mais força, e sua respiração ficou mais pesada, umedecendo o balcão escuro em baixo de si. No entanto, tudo o que ele fez foi gemer contra ela como se gostasse do fato de provocar aquele medo todo nela.
— Posso sentir seu cheiro, Ruby. — Suas palavras eram baixas e profundas,
e ela fechou os olhos com força. — Sua excitação cobrindo meus dedos faz meu
pau latejar para te possuir. Você está tão molhada, princesa, muito molhada para mim. — Ela lutou de novo, mas ele aumentou a pressão na parte inferior das suas costas e grunhiu baixo como uma espécie de animal feroz. — Seria bom se você
ficasse parada. Estou tentando muito não te tomar aqui mesmo como um selvagem. Sei que esta é sua primeira vez, mas vou te comer sem pensar duas vezes se você continuar lutando e me tentando. — Isso a fez se acalmar e tudo dentro dela ficou gelado. — Você é virgem e não quero provocar nenhuma dor,
pelo menos não daquela que você não poderia gozar. — Ela prendeu a respiração e olhou em volta de um jeito frenético. A maldade das suas palavras e essa situação a deixaram prestes a desmaiar. — Boa menina.
Ele moveu os lábios pelo seu traseiro e segurou as laterais com as mãos grandes. Quando ele a abriu e o ar frio a atingiu, ela gritou mais alto. Ele gemeu, e ela não teve que olhar por cima do ombro para saber que ele olhava para a área exposta.
— Você está tão molhada para mim. — Gavin passou um dedo em sua
abertura, e ela resistiu, mas ele deu um tapa tão forte em sua bunda que a fez gritar de dor. — Você resiste a mim, mas seu corpo anseia tanto quanto eu. —
Ele a acariciou entre as pernas novamente. — Veja, você ficou ainda mais molhada com a dor. Você odeia essa sensação, mas também adora. — Ao primeiro toque da língua dele em sua boceta, Ruby gritou e tentou se endireitar, mas ele segurou sua cintura com um aperto contundente e a empurrou de encontro ao balcão até que as pontas dos dedos do pé de Ruby mal tocassem o
chão. E foi quando ele se deleitou como se estivesse morrendo de fome. Gavin
lambeu sua vagina, enfiou os dedos com força em dentro dela até que ela gritasse de dor antes de soluçar com mais força, porque o prazer veio logo depois. Ele a estava levando ao clímax, e ela não queria isso.
— Por favor, pare. Por favor. — Ele gemeu contra a pele encharcada e o prazer a atingiu. — Ah, caramba. — Ruby apoiou as mãos no balcão e quando
tentou se afastar da boca abusiva e maliciosa de Gavin, tudo o que acabou fazendo foi erguer mais o traseiro, fazendo com que sua vagina apertasse com
mais firmeza na boca dele. O domínio dele sobre ela era doloroso, mas o que ele estava fazendo entre suas pernas era muito bom. Ela se odiava naquele momento por ser tão fraca e por realmente gostar daquilo.
Ele moveu a cabeça e sugou seu clitóris, levando-o para dentro da boca.
Aquilo foi o fim. O lado depravado de Ruby surgiu para ele, aquele monstro maligno que a estava usando para seus próprios prazeres doentios, e ela começou a se contorcer em seu abraço. Ele sugou ainda mais e ela ofegou, mas ele não havia terminado ainda. Ela sabia disso.
— Esta noite é para te agradar, Ruby. Vou te fazer desejar meu toque, minha
boca e, eventualmente, meu pau. Você vai me ver como o único que pode aliviar sua necessidade sombria. — Ele roçou os dentes pelos lábios dela e Ruby suspirou isopor ser sensível àquilo. — E você tem uma necessidade sombria, da mesma forma que eu. Você é perfeita para mim, princesa. — Isso a fez chutar, mas ele a virou com facilidade no balcão até que ela estivesse deitada de costas.
Ele segurava os dois pulsos dela sobre a cabeça com uma das mãos. — Você vai
gritar meu nome e vai pedir por mais, vai chorar ainda mais quando eu te der e vai me ver como o único homem que pode te dar o prazer da dor. — Ele murmurou contra sua pele, mas foi implacável enquanto acariciava seu clitóris.
— Você é um cretino doente. — Ela tentou bloquear o êxtase que ele provocou dentro dela, mas Gavin deve ter percebido, porque emitiu um som muito baixo e perigoso e moveu a outra mão para a entrada da sua vagina.
— Doce Ruby, a sua relutância só me faz te querer ainda mais, e isso significa algo monumental, já que eu te quero muito como as coisas são. — Ele circulou o dedo em sua abertura, sem penetrá-la, mas prometendo que poderia tomá-la quando quisesse e com pouco esforço. — Você me faz sentir mais desejo com negação deliciosa. — Ele começou a penetrá-la. Ainda mantendo-a presa com os ombros e as mãos. Sua boca o dedo a tornaram escrava dos seus desejos.
Ele foi implacável quando passou a língua sobre o clitóris dela, mas só pressionou um pouco o dedo nela.
— Você gosta do fato de eu ser um cretino doente, porque posso sentir você
ficando mais molhada. — O som da voz dele provocou vibrações em seu clitóris, e ela mordeu o lábio. Por que ele tinha que provocá-la? Por que a força e as exigências dele faziam sentir como se estivesse pegando fogo? Era errado em todos os níveis, e Ruby se odiava por reagir daquela forma. Ela só queria se enrolar em posição fetal e gritar de raiva e frustração, mas as coisas depravadas e perversas que ele fez com ela a fizeram ansiar por mais.
— Não quero isso. — As lágrimas escorreram pelo canto da sua boca enquanto o prazer aumentava dentro dela a cada movimento dos dedos de Gavin
e do toque da sua língua. Ele gemeu contra ela e sugou com força a pequena
protuberância até que ela gozasse pela segunda vez. Gavin foi implacável em seu ataque, e ela soube que ele gemeu não só pela sua rendição, mas pelo fato de que tentou lutar contra ele e falhou. Ela não precisava ouvi-lo dizer que gostava de dor, negação e de tudo mais de errado para se satisfazer. Seu corpo a traiu e ela se sentiu enjoada pelo prazer que ele lhe proporcionou. Só estava na presença dele há um dia e já havia falhado miseravelmente. Gozar duas vezes a fez cobrir o rosto com as mãos e chorar em silêncio.
— Shhh, doce Ruby. — Segundos depois, ele a segurou em seus braços e a
abraçou. A mão suave e quase carinhosa acariciando a parte de trás da sua cabeça era tão reconfortante quanto repugnante. Ela não queria sentir nada além de ódio por esse monstro, não queria pressionar o rosto contra o peito dele e sentir o aroma misterioso e apimentado do perfume que ele usava. E, principalmente, não queria se sentir segura e saciada em seus braços, porque nada disso era certo ou sensato.
No entanto, ela não o afastou, nem tentou fugir de novo. Em vez disso, ela
deixou que ele a carregasse. Sua força física a assustou. O fato de que ele podia olhar para ela e ver diretamente em sua alma a fez ficar petrificada. Ela sabia disso com cada parte de si mesma e prometeu que tentaria escapar. Se ia ser a escrava sexual deste homem, então não facilitaria as coisas para ele. Ao pensar isso, se sentiu ainda pior, afinal não se submeteu a ele com muito mais facilidade do que uma prisioneira deveria?
Capítulo Seis
Ruby ouviu a respiração profunda e regular de Gavin ao seu lado. Depois que
os dois saíram da cozinha, ela achou que iriam até o quarto com decoração azul e prata para onde ela tinha ido quando chegou. Mas em vez disso, ele a carregou para o quarto em frente àquele. Presumivelmente, era dele e a decoração de cor escura parecia se encaixar bem com sua personalidade. Também fazia sentido que ele a quisesse no quarto mais próximo do seu, mas ela se perguntou por que lhe dar um quarto separado se ele a queria como seu brinquedinho.
Nada daquilo realmente importava quando o resultado final ainda era o mesmo. Ela estava deitada de costas, olhando para o teto branco texturizado, durante horas. Estava nua, assim como Gavin. Não havia lutado quando ele tirou seu vestido nem demonstrou qualquer reação quando ele ficou nu. Embora tenha
tentado não olhar enquanto ele se despia, foi difícil resistir. Seu corpo era perfeito, com ombros largos, bíceps grossos e um peito bem definido, como se ele malhasse muito para conseguir o efeito desejado. Ela estava zangada consigo mesma por pensar em tais coisas e por se interessar por ele, mas era difícil resistir quando ele estava bem na sua frente e parecia totalmente inconsciente da sua nudez.
Ela o observou. Ele estava deitado de costas com um lençol preto preso na
cintura. Seu abdômen mostrava as linhas duras e os sulcos dos músculos, mas a parte volumosa da sua anatomia sob o lençol atraiu seus olhos. Ele estava muito duro quando tirou a calça, mas tudo o que fez foi deitar na cama ao seu lado, passar o braço ao redor da sua cintura e puxá-la para perto. Em seguida, se inclinou em sua direção e beijou sua têmpora como se fossem amantes.
Conversou com ela por alguns instantes, dizendo que não precisava voltar ao trabalho até o dia seguinte e que mostraria os arredores da propriedade a ela.
Ruby não disse nada e nem se importava com a vida dele.
A conversa bizarra e fora de lugar havia durado muito mais tempo do que
gostaria. Ela não queria ter vínculos com ele e nem encontrar um terreno comum. Ele só queria que ela ficasse bem com tudo aquilo, que aceitasse seu destino. Que fosse tudo à merda.
Agora que ele, finalmente, estava dormindo pesado e ela não estava mais presa debaixo do braço pesado e musculoso que se apoiava em sua barriga, criou coragem para se mexer. Se forçar a ficar acordada, embora estivesse exausta, era difícil, mas fugir e pensar na sua liberdade eram incentivos muito bons.
Ele estava com um braço sobre os olhos, e ela sabia que se fosse tentar fugir, tinha que ser agora. Ele havia dito que estavam na Europa, mas não especificou em qual país. Falou que havia empregados, mas ela não viu nenhum
e para ele ter feito questão de dizer que a ajudariam com o que ela precisasse, Ruby tinha que assumir que eles sabiam do seu hobby de comprar mulheres e eram tão depravados quanto ele. Era isso ou eram idiotas completos.
Ruby tirou o lençol de cima do seu corpo e saiu da cama devagar. Gavin se
mexeu de leve, mas sua respiração ainda era profunda e constante. Porém, ela parou, esperando para se certificar de que ele continuava dormindo. Quando se sentiu confiante, se sentou na beira da cama. O chão de madeira estava gelado.
Saindo da cama e ficando de pé, ela se aproximou lentamente do vestido que Gavin havia tirado de seu corpo e jogado sobre uma das cadeiras elegantes no canto do cômodo mais cedo. Ela manteve os olhos nele enquanto se vestia. Ruby não ia sair sem sapatos, mas, além dos calçados de salto agulha e algumas sapatilhas, não possuía mais nada. Seguindo para um armário o mais
silenciosamente possível, fez uma careta e parou quando uma tábua do assoalho rangeu sob seu peso. Seu coração batia a mil por hora e as palmas das mãos estavam úmidas. Ela observou Gavin, esperando que ele acordasse a qualquer momento, mas ele continuou a dormir. A jovem respirou aliviada, mas longe de
se sentir livre.
Dentro do armário, havia diversos sapatos dele, mas também havia alguns
do tamanho dela. Depois que pegou um par que parecia permitir que andasse rapidamente sem quebrar o pescoço, ela foi até a porta, segurou a maçaneta e a abriu. Graças a Deus, o movimento foi silencioso. Ela puxou a porta de madeira pesada apenas o suficiente para passar e a fechou mais uma vez. O som do relógio de pêndulo no vestíbulo marcava os segundos, mas, como se uma campainha de aviso tivesse soado, ele tocou quando bateu meia-noite. Ruby não sabia se o sim acordaria Gavin, mas não ia ficar ali para descobrir. Saiu pelo corredor e o tapete grosso de estilo oriental ajudou a tornar seus passos silenciosos. Segurando o corrimão da escada, ela desceu os degraus de dois em dois. Quando chegou ao último, tropeçou e caiu no chão de mármore. Um zumbido escapou de seus lábios quando sentiu a dor em seus joelhos, mas ela deixou o desconforto de lado e se levantou. As portas duplas enormes indicavam que sua fuga estava a apenas alguns metros de distância, e Ruby foi mancando
até elas. Segurando a maçaneta fria de bronze com uma mão e abrindo as três travas com a outra, abriu a porta. Uma rajada de vento passou por ela e jogou seu cabelo para a frente do rosto, tampando por um momento sua visão. O som da
porta do andar de cima se abrindo e batendo contra a parede e os passos pesados de Gavin vindo atrás dela fizeram com que seu medo aumentasse dez vezes
mais.
Ela desceu correndo os degraus de pedra, mas tudo o que havia à sua frente
era um gramado plano e bem cuidado. Com certeza, ele a veria, especialmente com a lua cheia e aquele brilho prateado que iluminava tudo. Ela só pensou nisso por um segundo antes de virar para a esquerda, onde havia um bosque repleto de árvores finas e frondosas. Os troncos eram finos, incapazes de oferecer muito em termos de esconderijo, mas era bem melhor do que o gramado. Ela correu o mais rápido que pôde e, embora não devesse ter olhado por cima do ombro, precisava ver onde ele estava.
Gavin movendo-se movia rapidamente em sua direção, ainda a uma boa
distância, e se ela não se concentrasse e mantivesse o ritmo, ele a pegaria. Seus sapatos eram horríveis para correr e com a vegetação densa abaixo dela e os galhos das árvores que se prendiam a eles, Ruby não ganhava tanta distância quanto gostaria. Com tudo o que chorou desde que foi levada, ficou surpresa por ter sobrado lágrimas. Elas vieram rápidas, intensas e salgadas. Sua visão ficou turva e a respiração saiu de forma frenética. Tudo o que podia pensar era em escapar e encontrar alguém que pudesse ajudá-la. Tinha que ter esperança de que havia algo lá fora para ela e que haveria alguém que sentisse empatia e salvaria sua vida.
O som dos pés batendo ruidosamente logo atrás dela fez Ruby se mover mais rápido, mas ela tropeçou no emaranhado de galhos caídos, perdendo um dos sapatos no processo. Ela olhou por cima do ombro novamente e gritou quando viu o quanto ele estava perto. Gavin usava só a calça do terno e embora seus pés estivessem descalços e o peito nu, ele se movia com rapidez em sua direção. A expressão dele era sombria e determinada. Ele estava irado e lívido, e ela podia sentir essas emoções vindo dele como um chicote de encontro com sua pele tenra. Apesar do medo e as imagens horríveis do que ele faria quando a pegasse, uma umidade quente deixou sua vagina. Ela se sentiu enojada com esse fato, humilhada até. Isso a fez gritar e chorar mais ainda. Esta era uma corrida pela sua vida e sanidade, um momento em que excitação deveria ser a última coisa a se passar pela sua cabeça, mas a perseguição a estava excitando.
Ela tropeçou de novo e perdeu o outro sapato, mas continuou correndo.
Seus pés doeram muito, já que não tinha mais a proteção dos calçados e seus braços queimavam pelo corte dos galhos finos quase afiados como navalha, que
a rodeavam. Mas por mais que tentasse escapar, sabia que não conseguiria.
Sentiu a presença do corpo dele logo atrás de si e jurou que sentiu o calor
de sua respiração na nuca. Ruby gritou e chutou quando ele passou um braço ao redor da sua cintura e a ergueu. Ela se debateu e xingou, tentando em vão sair do seu abraço.
— Acalme-se, Ruby. Você só está se cansando. — A raiva em sua voz mal
foi reprimida, e ela se sacudiu com mais força.
— Foda-se. — Ela se debateu um pouco mais. — Foda-se você e sua mente
doentia e louca. — Ele passou o outro braço ao redor do peito dela, que abaixou a cabeça e mordeu o seu antebraço. Ele xingou e segurou seu queixo em um aperto doloroso.
— Você é uma jovem dama e deve prestar atenção na porra do linguajar.
Ele a virou e a olhou de um jeito tão assustador que ela fechou a boca e arregalou os olhos. Gavin soltou seu queixo, a ergueu e a jogou por cima do ombro em questão de segundos.
— Você é doente, seu cretino. — Ruby bateu nas costas dele e chutou seu
peito. De repente ele parou e o movimento dissonante a fez parar também.
Surpresa e medo a atingiram. Mantendo-a na mesma posição, ele levantou seu vestido. Um suspiro a deixou quando o vento aumentou, provocando arrepios na
pele exposta. Antes que ela pudesse gritar ou resistir, ele deu um tapa em seu traseiro. Ela gritou quando sentiu a dor aguda, uma vez que não foi uma palmada suave. Foi cheia de força, repleta de raiva e, claramente, uma punição por sua fuga. Ele deu outro tapa, tão forte quanto o anterior. Ela não engoliu o grito dessa vez.
— Você vai se acalmar ou não vou me impedir de te jogar aqui no chão e
tirar a porra da sua virgindade como desse fosse um animal. — Ele não disse mais nada por alguns segundos, e ela sabia que era porque ele queria que ela refletisse sobre o que ele tinha acabado de dizer. Embora o tivesse visto perder a paciência antes, agora tinha falado de uma forma muito calma e controlada –
apesar dos palavrões – o que tornou tudo muito mais assustador desta vez. —
Entendeu, princesa?
Ruby não conseguia falar nem respirar enquanto sua pele ficava vermelha e
quente dos tapas e o formigamento entre suas coxas se tornava quase demais para suportar, mas ela assentiu, porque não queria apanhar mais uma vez.
Percebendo que ele não podia balançar a cabeça, ela disse sim em voz baixa.
— Posso ser bom para você, Ruby, ou posso te mostrar exatamente o que significa ter medo de mim. Porque o que eu mostrei agora não é nada. A forma
como eu reajo ou te trato é escolha é sua. — Ele estava caminhando novamente, mas ela não lutou contra isso e ficou pendurada como uma boneca de pano prestes a ser jogada nas chamas do inferno.
O SANGUE de Gavin correu rapidamente em suas veias. Ele estava quente de raiva e excitado por perseguir Ruby pela floresta. Ele entrou no quarto, chutou a porta com tanta força para fechá-la que quando bateu, os quadros nas paredes tremeram. Ruby havia parado de lutar, mas seu corpo estava tenso contra o dele.
Ele a jogou na cama, e ela pulou duas vezes no colchão antes de se inclinar para trás. Agora estava encostada na cabeceira, olhando para ele, com as bochechas vermelhas e um leve brilho de suor no rosto causado pela tentativa de fuga.
Ela estava com medo, não havia dúvida sobre isso, mas ele também sabia que estava excitada. Sentiu seu cheiro quando saíram do bosque. Sua bunda estava bem ao lado do seu rosto e sua boceta, a poucos centímetros da boca de Gavin. Foi preciso muito autocontrole para não sucumbir a ameaça de jogá-la no chão sujo do bosque e transar com ela ali mesmo.
Por vários segundos, tudo o que fez foi encará-la. Sua cabeça estava pensando em várias coisas obscenas que gostaria de fazer. Claro, esperava que ela fugisse, havia antecipado isso. Havia ficado duro só de pensar, esperando que ela corresse para poder persegui-la. Seu pau latejava dentro da calça e a adrenalina e endorfinas estavam constantemente preenchendo cada parte do seu
corpo. Ele pretendia esperar antes de tomá-la, ser gentil com ela na primeira vez.
Poderia ser bruto, mas não seria cruel. Ela já estava com muito medo, principalmente dele, mas depois daquela tentativa de fuga, precisava mostrar a ela quem estava no controle.
— O-o que você pretende fazer comigo? — a voz de Ruby vacilou e, embora seu corpo tremesse, ela não chorou mais.
— Muitas coisas, querida. — Ela olhou ao redor do quarto de forma frenética. — Não se preocupe, Ruby, não vou fazer nada que você não vá gostar.
— Ela já estava balançando a cabeça antes que ele terminasse. — Mas não vou
permitir que você tenha qualquer tipo de prazer já que me desobedeceu. — Ele
deu um passo em direção à cama. — Embora eu adore te ver gozar.
— Não vou gostar de nada que você faça.
Ele riu baixinho e deixou os olhos deslizarem por seu corpo parcialmente descoberto. Os galhos haviam rasgado partes do seu vestido e como ela não usava roupas de baixo, pôde ver lampejos da pele cor de pêssego.
— Então os dois orgasmos que te proporcionei na cozinha foi resultado de
você não ter gostado do que tenho para dar? — Ele foi até o closet e o abriu. Ele a ouviu se mexendo na cama e olhou para ela. — Sugiro que você se sente aí, Ruby — falou, mantendo a voz baixa.
— Tudo bem — ela sussurrou em resposta. Ele assentiu e voltou para o closet. A luz acendeu automaticamente quando ele entrou. Instantaneamente, seu olhar pousou na caixa escura que estava na prateleira de cima. Foi até lá e a
pegou. A caixa era pesada e suas bolas se apertaram ao pensar no que estava ali dentro.
Assim que ele a comprou, ligou para encomendar aqueles itens que agora segurava. Adelbert e Drika, os dois empregados que cuidavam da propriedade, estavam fora aquela noite, o que era perfeito porque ele queria a casa vazia e silenciosa quando fizesse Ruby gritar.
Ele se virou para ela, a observou olhar para a caixa e caminhou até ficar ao
lado da cama.
— Quando te vi naquele palco, imediatamente pensei em como você ficaria
linda usando pérolas. — Ela franziu as sobrancelhas, claramente confusa com o que ele queria dizer, mas logo entenderia. — Tire o vestido, Ruby. — Ela não obedeceu de imediato, e sua paciência já estava se esgotando. — Agora. — Os
olhos da moça se arregalaram com a maneira ríspida com que ele disse aquilo,
mas ela obedeceu. — Boa menina.
Ela se sentou, depois ficou de joelhos, tirou o vestido e no mesmo instante
cobriu os seios com um braço e colocou a mão sobre o monte entre as pernas.
Ele balançou a cabeça.
— Não se esconda de mim. — Gavin olhou diretamente nos olhos dela e emitiu um som rouco em sinal de aprovação quando ela baixou os braços. Seus
seios eram grandes em comparação ao corpo pequeno, com mamilos rosados.
Ele deixou seu olhar viajar até a barriga lisa e suave, os quadris largos e a boceta coberta por uma trilha de pelos escuros aparados. Havia mais pelos ali do que ele costumava gostar, mas isso era fácil de se resolver.
— Por favor — ela falou suavemente. — Estou com medo de você.
Ele sorriu. Seu pênis se moveu para frente, latejando no ritmo da sua pulsação.
— Você deveria estar mesmo. — Ele se aproximou, e ela recuou, mas ficou
na cama. Colocou a caixa ao lado dela e a abriu. No interior, havia vários fios de pérolas e um pequeno chicote de couro de uma tira. Gavin gostava de certos aspectos do BDSM que poderiam ser interpretados como pesados. Ele tirou os itens e os colocou na cama. Ruby olhou para eles com uma expressão cautelosa.
— Deite-se de costas e abra as pernas. — Ela levou um segundo para obedecer,
mas o fez, embora devagar. — Percebo que eu não deveria ter sido tão tolerante com você. — Ele a observou. Ruby olhava para os itens na cama, mas deve ter
sentido o olhar dele porque o encarou.
Ele pegou o fio de pérolas que havia sido reforçado conforme suas
especificações.
— Tenho que ser gentil, porque você é muito frágil, mesmo que goste de demonstrar sua força. — Gavin deslizou as pontas dos dedos sobre as contas
suaves. — Fiz isso especialmente para você. Pedi que trouxessem para cá antes de chegarmos. Sei que você vai ficar linda com elas.
— Você quer que eu use um colar?
— Sim, Ruby, mas não no pescoço. — Ele apoiou um joelho na cama e se
aproximou dela. Seus seios tremeram um pouco quando ele se moveu e o pau de
Gavin latejou de forma dolorosa.
— Não entendo. — Ruby ainda estava com as bochechas vermelhas, e
aquele rubor também se espalhou até o peito e cobriu seios. Sem responder, Gavin segurou suas mãos e as levantou. Ele soltou as pérolas, as enrolou em seus pulsos, prendendo-os à cabeceira da cabeceira.
— Entende agora, Ruby? — Ele se inclinou na direção dela, se certificando
de que as pérolas estavam firmes o suficiente para que ela não se soltasse, mas que não cortassem a sua circulação. — Fiz isso para que eu possa contê-la e fazer o que eu quiser com o seu corpo. — Ele se sentou e a observou resistir um pouco, testando a força delas. — Não podem ser quebradas e servirão para te manter exatamente onde eu quero. — Ele passou os dedos pela linha da sua mandíbula, descendo pelo pescoço e por cima da clavícula. Parou pouco antes de tocar nos seios. A jovem respirou com dificuldade e o movimento fez com que
seus seios saltassem.
Os mamilos estavam duros e pareciam implorar pelo seu toque. A boca de
Gavin salivou para prová-la, mas parou logo antes de fazer contato com sua pele suave e trêmula. Ele a atormentava tanto quanto a si mesmo. Ele queria bater com a palma da mão em sua pele repetidas vezes até que cada parte do seu corpo estivesse vermelha e vibrante devido ao seu abuso erótico. Ele queria marcar seu corpo com as palmas das mãos como uma reivindicação primal e queria ouvi-la
implorar por mais.
— Quer que eu chupe um desses mamilos duros, princesa? — quando
falou, seus lábios roçaram um dos picos tensos e, embora ela não respondesse, ele não deixou de perceber como ela apertava as pernas uma contra a outra.
Virando a cabeça para o lado e olhando para ela, Gavin ficou surpreso ao ver a clara excitação em seu rosto. Ele sabia que, provavelmente, estava enfrentando um debate interno: lutar contra ele com tudo dentro de si ou aceitar seus desejos.
Como ela não respondeu, ele se inclinou para trás e não deixou de notar o ruído baixinho que escapou de si.
— Me amarrar assim e tentar me fazer pensar que quero isso é doentio. —
Ela fez força contra as pérolas mais uma vez. — Eu não quero. Nunca vou querer isso, nem vou querer você. — Ele arqueou uma sobrancelha e se virou para pegar a tira de couro. Envolvendo a mão no cabo, ele testou o peso na palma. Este também havia sido feito sob encomenda, com uma alça embutida em
marfim e couro macio como manteiga. Ser rico tinha muitas vantagens.
— Isso vai emitir um belo som ao tocar sua pele e proporcionar uma visão
ainda mais atraente quando as marcas vermelhas aparecerem. — Ela gritou por
socorro, se debateu e tentou desesperadamente se libertar. Ele a observou e só quando sentiu que ela começou a se cansar, estalou a língua. — Só estamos nós dois aqui, querida. — Ela manteve as pernas bem fechadas, e ele teve uma boa
ideia do porquê. Gavin segurou uma de suas coxas, sentindo os músculos tensos enquanto ela se preparava para o que ele estava prestes a fazer, mas o homem não prestou atenção à sua resistência. Abriu a perna dela e olhou para sua vagina. Estava molhada, tão molhada que sua excitação brilhava na parte interna das coxas. — Sabia que você era perfeita para mim.
Gavin teve que se encaixar entre suas coxas para que pudesse forçar suas pernas a permanecerem abertas. Deslizando a mão pela parte interna da coxa, passou um dedo pela entrada da sua vagina, sentindo a umidade e acariciando seu clitóris. Ela arqueou as costas, empurrando os seios para frente quando um som estrangulado a deixou.
— Você gosta disso. — Ela balançou a cabeça e cerrou os dentes, então ele
adicionou mais pressão enquanto continuava a acariciar seu clitóris. — Me diga o quanto você gosta disso. Diga se é bom. — Ela ainda estava balançando a cabeça, mas seus olhos estavam fechados, a boca estava aberta enquanto ela emitia sons incompreensíveis.
— Por que você está fazendo isso comigo? — Não havia calor em suas palavras e não soava como uma pergunta real. — Isso é muito errado.
— Não, querida, não é. É muito certo e é por isso que é tão bom. — Ele acariciou seu clitóris. Sem parar. — Pare de lutar e se divirta. — Ela começou a levantar os quadris, buscando mais do seu toque, e isso o agradou imensamente.
— Por favor — ela soluçou, mas não havia lágrimas. — Por que você está
fazendo isso? — Ruby perguntou novamente.
— Por que estou fazendo isso? — Ela abriu os olhos lentamente, umedeceu
os lábios feitos para chupar seu pau e assentiu. — Porque você é como eu, Ruby.
Somos um só. O que eu preciso só você pode me dar e o que você precisa, só eu posso te dar. — Ele colocou o chicote ao seu lado na cama e usou a mão livre
para abrir a calça e baixar o zíper. Ele não usava roupa íntima e seu pau saltou, livre. Ele o segurou e o acariciou, da base até a ponta. — Fico duro quando você resiste, Ruby. — Virando a outra mão, ele passou a acariciar o clitóris dela com o polegar e deslizou um dedo em para dentro de sua vagina. — E você fica excitada quando luta comigo, me fazendo ficar forte e sentindo a dor que posso te proporcionar, porque, no fim das contas, é isso que te enlouquece.
Ele só deixou o dedo lá, fazendo-a sentir seu peso na abertura de sua vagina
e soltou sua ereção para pegar o chicote. A tira de couro tinha cerca de trinta centímetros de comprimento, mas era tudo o que precisava para o que havia planejado. Erguendo-a bem alto, ele acertou a barriga dela. Ruby arqueou ainda mais as costas e gritou. Ele não tinha dúvidas de que doía pra caramba, mas seus mamilos ficaram mais duros, seu rubor aumentou e uma onda de umidade cobriu
a mão dele. Gavin abaixou o couro mais uma vez e assistiu com prazer perverso quando finas linhas vermelhas apareceram em sua pele. Sem parar, ele a atingiu com o chicote, enquanto acariciava o clitóris e mantinha o dedo na entrada da sua boceta ao mesmo tempo.
— Ah, caramba. — Os olhos dela estavam arregalados, e ele sabia que ela
ia gozar, mas queria que ela reconhecesse que pertencia a ele. Ele diminuiu o ritmo, e ela soluçou.
— Diga que você é minha e que é isso que você quer. Me fale que embora
esteja com medo, também anseia pelo meu toque. — Os olhos dela estavam muito arregalados e azuis, e o modo como o olhava fazia com que ele sentisse seu prazer aumentando. Era aquele olhar desesperado, um olhar muito
vulnerável que não tinha nada a ver com o fato da sua vida ter mudado para sempre. Um olhar que pedia por mais, mesmo que ela não pudesse verbalizar aquilo. Ele aumentou a pressão em seu clitóris mais uma vez, mas foi um pouco mais devagar. — Fale, Ruby, e prometo te tratar do jeito que você merece. Vou te apreciar, princesa, adorar seu corpo e te dar o tipo de prazer que só pessoas como nós podem desfrutar. — Ela seguiria as regras dele. Elas manteriam os dois seguros e satisfariam suas necessidades mais sombrias. Ele não queria machucá-
la com o único propósito de fazê-la obedecer. Queria machucá-la para tirá-la daquela dor.
— Essa não é a vida que eu queria — ela sussurrou aquelas palavras e, embora não fosse o que ele queria ouvir, não pôde ficar muito bravo com por dizer a verdade.
— Ruby, não podemos controlar a vida que nos é dada. Este mundo tem relação com dominância e submissão, dar e receber, e prazer e dor. — Mantendo a mão em sua vagina, ele se inclinou para frente e roçou os lábios nos dela. —
Só me diga, querida, e posso fazer seu sofrimento desaparecer. Posso fazer o nosso sofrimento sumir. — Ela balançou a cabeça, mas ele sentiu sua resistência se esvaindo.
— Só quero ser importante. — Suas palavras foram dolorosamente
honestas, mas só ela sabia o verdadeiro significado. Ele intensificou o beijo, colando a boca na de Ruby de forma feroz e com tudo o que havia dentro de si.
— Não quero ter medo, mas tenho. — Ele a beijou novamente, passou a língua
pelos lábios dela e gemeu contra sua boca. Gavin moveu o polegar sobre seu
clitóris com mais força e mais rapidez e tirou e colocou o dedo de dentro dela.
Quando a sentiu tensionar mais uma vez, sugou seu lábio inferior, mordendo ao mesmo tempo em que ela gritava pelo orgasmo. Ele continuou assim por vários
segundos, e ela apertou a boceta contra a mão dele. Sim, era a rendição que ele estava procurando, mas ainda não estava nem perto de terminar com ela.
Capítulo Sete
Ruby olhou para Gavin enquanto ele se posicionava entre suas pernas. Ele havia colocado o chicote de couro de lado, e ela não pôde deixar de olhar, sentindo excitação e vergonha pelo fato de ter sentido tanto prazer com a deliciosa punição que ele lhe dera. Não deveria ter se sentido daquele jeito, mas, caramba, foi o que aconteceu. Com as mãos ainda presas nas pérolas, ela estava à sua mercê. Uma parte dela queria gritar e atacar, mas havia outra parte —muito maior — que só queria parar de lutar e resistir e simplesmente aceitar o que ele tinha para dar. Ruby não tentou impedi-lo quando ele segurou a parte interna das suas coxas e as abriu. Ele afundou os dedos em sua pele, e ela soube que haveria mais hematomas em seus quadris além dos que já estavam ali, proveniente dos
apertos anteriores. Com as pernas afastadas e os músculos tensos pela força, tudo o que Gavin fez durante vários segundos foi olhar para sua entrada.
— Vou raspar todos os pelos dessa sua boceta linda, Ruby. — Ele
concentrou sua atenção nos olhos dela e, em seguida, olhou para sua vagina novamente. — Quero o que é meu completamente desnudo, suave e exuberante,
assim, quando eu te lamber lenta e gentilmente e depois te comer com rapidez e força, você só conseguirá sentir a mim. — Foi difícil respirar enquanto ela ouvia suas palavras. — Mas deixaremos isso para depois.
Ele correu as mãos até a parte interna de suas coxas até que chegar em sua
boceta. Os polegares dele estavam bem na sua abertura e o movimento gentil para frente e para trás dos dedos em sua entrada fizeram com que um jorro de umidade a deixasse. Gavin separou os lábios de sua vagina e o ar frio a atingiu.
Um gemido saiu de sua boca, e ela tentou fechar as pernas. O olhar de Gavin era tão penetrante e tão abrangente que ela sentiu como se a tocasse, consumindo-a.
Ele alcançou o chicote novamente e o coração dela começou a bater com tanta força que a jovem pensou que ele ia explodir no peito.
— Por favor. — Para ser sincera, Ruby não sabia se estava implorando para
que ele parasse ou batesse novamente. Aqueles desejos sombrios que ela sempre teve dentro de si estavam bem na superfície, sem se esconder mais quando Gavin conseguiu dar a ela o que precisava desesperadamente. Mas Ruby sentiu como se estivesse traindo a si e a todas as mulheres que estiveram no palco com ela ao permitir que isso acontecesse e estivesse realmente gostando. — Não quero mais fazer isso. — Ah, ela queria, mas não podia se entregar com tanta facilidade na primeira noite do seu cativeiro, certo?
A risada dele foi baixa e profunda.
— Você age como se tivesse escolha. — Ele bateu com chicote em sua barriga, e ela estremeceu de dor. Com cada golpe do chicote em sua pele, ele se aproximava cada vez mais de sua vagina. Depois da dor, sentiu o calor intenso do sangue subindo à superfície e formigando com desejo renovado.
Em seguida, ele golpeou sua vagina várias vezes, até que ela estivesse chorando de dor e prazer. Ela já estava muito sensível, mas ele estava fazendo com que ela ficasse inchada e ainda mais quente. Seu olhar era tão assustador e intenso que ela sabia, por mais gentil que tivesse sido em alguns momentos, que era muito mais para ele que isso.
— Quero ver você gozar de novo, Ruby. — O peito dele subiu e desceu como se estivesse sem fôlego, mas sua voz era forte e uniforme, totalmente controlada.
Era difícil não sucumbir à tentação de seus atos.
— Isso não é certo. — Ela não sabia se estava dizendo isso para ele ou para
si mesma, mas não importava, porque não conseguia parar o prazer que tomava
conta de seu corpo. Com os dentes cerrados e gotas de suor molhando sua testa, ela perdeu a batalha quando Gavin segurou um de seus mamilos entre o polegar
e o indicador e o torceu. Uma dor inacreditavelmente forte encheu seu peito e a percorreu até o clitóris. Com o pescoço esticado, os olhos fechados e completamente encharcada, Ruby estava chorando quando gozou.
— É isso, princesa. Você precisa da dor que lhe dou tanto quanto eu preciso
infligir isso em você. — Ele não parou de chicotear sua boceta ou de puxar seu mamilo até que ela ficasse excessivamente sensível e tentasse fechar as pernas.
Gavin soltou seu seio e a jovem abriu os olhos, observando-o jogar o chicote de lado. Ele se moveu apenas o suficiente para se livrar da calça e, em seguida, estava entre as pernas dela mais uma vez, guiando sua ereção para a entrada da jovem. O membro comprido e grosso era intimidante.
— Não, você não vai caber. — Embora ela soubesse que, na realidade, ele
iria, a ideia de Gavin penetrá-la fez com que a ansiedade e a antecipação a atingissem. Ele sabia que ela era virgem, mas não respondeu, apenas esfregou a ponta do pau para cima e para baixo em sua boceta. Ruby gemeu de prazer quando ele bateu em seu clitóris. Ele pressionou a cabeça em sua entrada e empurrou devagar. A sensação de queimação e a sensação dele esticando-a fez com que ela enrolasse os dedos nas palmas das mãos até que a fisgada de dor a fizesse soltar. Quando a ponta da ereção pressionou em sua abertura, ele colocou as duas mãos na cama ao lado da sua cabeça.
— Você nunca vai saber o quanto isso está sendo bom para mim. — Ela abriu os olhos, sem perceber que havia fechado, e olhou para os azuis claros
dele. Quando parou, ela soube que ele havia se aproximado do hímen. As palmas das mãos de Ruby começaram a suar e ela sentiu a transpiração no espaço entre seus seios. Ele olhou para o mesmo lugar e para seu choque absoluto, baixou a cabeça e lambeu a região. Então Gavin beijou a boca de Ruby. Ela sentiu o gosto salgado do que ele havia acabado de lamber. — Não há como voltar atrás, Ruby.
— Ele esse afastou um pouco dela e, em um impulso rápido e comedido, rompeu
sua inocência e se enterrou por inteiro dentro do seu corpo.
A dor era diferente de tudo o que ela havia sentido até agora. Queimava como se estivesse pegando fogo e as lágrimas se acumulavam no canto dos seus
olhos enquanto ela tentava se impedir de gritar. Não queria dar a ele a satisfação de saber o que estava sentindo. No entanto, quando olhou em seus olhos mais uma vez, contemplou se isso era realmente verdade.
Ele saiu do seu corpo devagar e entrou no mesmo ritmo. Fez isso
repetidamente, sempre mantendo a mesma velocidade até que ela soube que se suas mãos não estivessem presas, ela estaria agarrada a ele, arranhando-o e tentando se segurar enquanto gozava. Mas a leve suavidade que tomou conta dele se transformou quando Gavin acelerou os movimentos. Seu rosto ficou sombrio, obscurecendo seu olhar e seus olhos se assemelharam a uma
tempestade turbulenta em vez de um lago cristalino. O desconforto diminuiu e toda vez que ele a penetrava profundamente e com força, atingindo seu clitóris e dizendo coisas eróticas, seu prazer aumentava.
Gavin começou a penetrá-la com tanta força que ela começou a se mover para cima e para baixo no colchão e acabou batendo contra a cabeceira todas as vezes que ele entrava nela. Ruby sentiu o orgasmo se construindo, sentindo como se fosse explodir dentro dela, mas Gavin diminuiu o ritmo, como se soubesse que ela estava prestes a chegar ao clímax, e um gemido suave a deixou.
Ele se apoiou nos joelhos e acariciou a lateral do corpo e os seios de Ruby. Ele entrou e saiu do seu corpo em um ritmo quase entediante, segurando os seios dela como se estivesse memorizando-os e então olhou para ela. Ruby estava bem quase gozando, mas não conseguia chegar lá. Queria gritar com ele, xingá-lo e implorar por mais, porque ele não estava dando o que ela queria, mas ela se sentia em conflito. Este homem a comprou. Ela era sua prisioneira. Essa percepção fez seus lábios se afastarem.
— Você quer mais, princesa? — perguntou, sem parar de se movimentar. —
Me diga o que você quer. — Ele não estava pedindo que ela dissesse que queria gozar. Não, ele queria que ela contasse seus desejos mais sombrios. Ele moveu uma das mãos para cima e envolveu sua garganta. Era um aperto fraco, mas havia muita promessa nisso. Pare de pensar assim. Este homem é um monstro e quer te usar como sua escrava sexual. No entanto, ele estava lhe dando prazer
tanto quanto estava tomando. Antes que percebesse o que estava fazendo, ela falou.
— Eu quero mais. — Essas três palavras foram proferidas em voz baixa, mas havia um olhar triunfante no rosto dele depois que ela falou. Ele aumentou a pressão em seu pescoço, apertando a mão lentamente para restringir seu oxigênio. Aumentando a velocidade, ele a penetrou, entrando e saindo da sua vagina até que ela as bolas baterem contra sua bunda.
— É isso, Ruby. Me dê o que eu quero. Se entregue a mim. — No terceiro impulso, ela gozou profundamente com Gavin apertando sua garganta ao mesmo
tempo em que seu orgasmo atingia o ápice. Ela podia mal respirar e gritar era impossível. Ruby viu estrelas diante de seus olhos e a escuridão começou a invadir sua visão diante da intensidade de tudo isso.
— Sim. — Ela não sabia com o que estava concordando, mas aquela
palavra saiu da sua boca por conta própria. Ruby estava alheia a tudo, exceto à ereção dele entrando e saindo dela. O desconforto aumentou, mas aquela dor também fez aumentar seu prazer. Então, ele começou a gozar e o gemido que soltou foi tão profundo e másculo que ela sentiu o corpo inteiro se arrepiar.
Embora parecesse impossível, Ruby jurou que seu pênis engrossava ainda mais dentro dela e sentiu os jatos quentes e poderosos do seu sêmen a inundarem. Depois de vários minutos se rendendo ao seu prazer, ele desmoronou em cima dela. No entanto, apenas alguns segundos depois, ele saiu de dentro dela e se deitou de costas, respirando pesadamente. A euforia pós-clímax começou a diminuir, e ela percebeu que se entregou por livre e espontânea vontade ao seu sequestrador e ele nem usou camisinha.
Ruby olhou para ele, seu medo mais uma vez se renovando ao pensar em doenças e gravidez.
— Não estou tomando pílula. — Ela mal podia se ouvir sobre a batida feroz
de seu coração. — E quanto as DST’s? — Ruby não tinha qualquer doença, mas
este homem poderia ser portador de todos os tipos de coisas nojentas. Esse pensamento foi o suficiente para que a bile subisse em sua garganta. Ele se sentou e se inclinou sobre ela sem responder. Depois que a soltou das pérolas nos pulsos, ela esfregou a pele e olhou para ele, esperando que dissesse alguma coisa sobre o que havia dito. Quando se deitou de costas mais uma vez, ele suspirou.
— Não tenho doenças, Ruby. Faço exames regularmente e a última vez foi
pouco antes de ir para o leilão. Não estive com nenhuma mulher desde que fiz o último exame. E sei que você também não tem nada, considerando o fato de que
era virgem. — Ela engoliu em seco, mas não desviou o olhar do dele. — E
gravidez não é um problema, já que fiz vasectomia. — Certo, isso era
reconfortante. Ele colocou as mãos atrás da cabeça e olhou para o teto.
— Você nunca quis ter filhos? — O motivo para sua pergunta, ou até mesmo por que se importava, estava além da sua compreensão, mas estava curiosa para saber por que um homem, que até onde ela sabia não tinha filhos, faria uma cirurgia como essa. Talvez ele tivesse filhos e esposa em outro lugar.
Não, ela não queria pensar sobre isso, porque tornaria a situação, que já era ruim, ainda pior. Ele a encarou como se estivesse surpreso com sua pergunta. Droga, ela também ficou surpresa. Mas ele não disse nada, a princípio, e voltou a olhar para o teto.
— Não acho sábio trazer crianças para a vida que levo. — Você quer dizer o tipo de vida em que você compra mulheres e as mantém prisioneiras para seu próprio divertimento sexual? Uma carranca se instalou em seu rosto, e ela se perguntou se havia dito as palavras em voz alta. — Sem levar em conta que minha profissão exige que eu fique longe por longos períodos e que, às vezes, mal tenho tempo para mim mesmo, não acho que isso seria justo para uma criança. — Uau, ele quase parecia humano.
De repente, ela ficou gelada e estendeu a mão para o edredom. Mas Gavin
colocou a mão em seu braço, acalmando-a.
— Acho que devemos falar sobre o resto das minhas regras agora, Ruby. —
Algo cintilou no fundo dos seus olhos, fazendo os pelos na sua nuca se arrepiarem. Ele se inclinou, pegou o edredom e o colocou sobre eles.
— Obrigada. — Talvez demonstrar gratidão e agir como se não fosse mais
resistir fosse o caminho para não irritá-lo. Porque, embora ela quisesse partir, também sabia que as chances eram muito pequenas.
— Por nada, querida. — Ele se inclinou, e ela se forçou a ficar parada enquanto ele a beijava na testa. — Sua obediência me agrada. Agora, sobre as regras. — Ele voltou a deitar, mas a puxou com ele. Ela ficaria desajeitada se não apoiasse a cabeça no peito dele, então, por uma questão de conforto, fez exatamente isso. Mas no fundo, Ruby admitiu que estar tão perto de alguém que realmente a queria e a olhava como se fosse um tesouro precioso, a fez se sentir muito bem.
— Gosto do lado mais sombrio das coisas – e descobrimos que você
também gosta – mas não quero ir longe demais com você. Não quero ficar com
raiva e te punir por causa disso. Quero provocar dor sim, mas quero fazer isso porque você também gosta. — Ela assentiu devagar. — Esta é a sua casa agora, e deve entender isso, mais cedo ou mais tarde. Você não deve sair da propriedade.
Se quiser andar por ela, então alguém irá acompanhá-la. Até que eu possa confiar em você, não posso permitir que fiquei por aí sozinha. — Ele a olhou. —
Também é mais seguro. Você me entende? — Ela assentiu novamente.
— Mais seguro por quê? — Ele afastou uma mecha de cabelo do seu ombro, mas ela não estremeceu nem se afastou.
— Você é uma mulher jovem e há muitos homens depravados por aí que gostariam de fazer coisas pervertidas com você. — Ele disse em tom sério, com um toque de aviso e raiva na voz. Gavin estava falando em um sentido geral ou será que ele tinha inimigos?
— Você quer dizer homens como você?
Ele segurou sua nuca com força e a fez olhar para ele.
— Sim, Ruby, homens exatamente como eu.
Seu coração acelerou diante daquelas palavras.
— Talvez você devesse me deixar ir embora. — Ruby deveria ter mantido a
boca fechada, mas como ele poderia ficar lá e agir como se estivesse mais segura ali do que em qualquer outro lugar do mundo? As coisas que ele havia feito já eram depravadas por natureza, quer ela gostasse ou não. Ela se lembrou dos horrores que havia imaginado: ser acorrentada em uma cela imunda, faminta, espancada e estuprada repetidamente. Gavin não foi o pior monstro que poderia tê-la comprado. Na verdade, ele havia dado tanto quanto havia recebido.
Você não é um monstro também, Ruby? Não pode bancar a inocente se gostou da dor que ele provocou. Ele a empurrou de bruços antes mesmo que ela terminasse com esse pensamento. Usando um dos joelhos para afastar suas pernas, ele colocou seu peso sobre ela. Ruby perdeu o ar com o peso dele e a ereção encaixou em seu traseiro. Como ele podia estar tão duro de novo e tão rapidamente?
Ele prendeu os pulsos dela na parte inferior das costas.
— Você precisa tomar cuidado com a sua língua, princesa. — A respiração
quente provocou sua orelha, e ela fechou os olhos para tentar afastar a excitação que começou a atingi-la com aquele aviso. — Eu poderia te amarrar agora mesmo e marcar seu corpo até que você se contorcesse pedindo por mais e gritasse para que eu te deixasse gozar. — Ele colocou a mão em seu quadril. —
Mas eu não deixaria. Bateria em sua bunda maravilhosa com minhas mãos até que você não pudesse suportar mais e sua pele ficasse num tom vermelho vivo.
Ele esfregou o pau duro como pedra contra sua bunda e a boca de Ruby secou com a sensação do membro empurrando mais fundo em seu traseiro.
— As marcas das minhas mãos ficariam lindas em seu corpo, Ruby. Muito
adorável. — Ele moveu a mão para a lateral do corpo dela e a descansou ao lado do seio. — Seria muito fácil para mim passar do ponto em meu desejo por você.
— Ele passou a língua por sua bochecha. — E eu te desejo tanto que poderia te sufocar com isso. — Ele colou a boca ao ouvido dela e a cada palavra, seus lábios roçavam na orelha dela.
— Sim — ela disse aquela palavra novamente, a única que poderia formar no momento. Ele a excitou e a assustou com aquelas frases.
— Boa menina. — Gavin se afastou, mas deu uma palmada leve do lado direito da sua bunda antes de sair da cama. — Vamos cuidar dos seus pés. —
Quando ele saiu da cama, ela olhou por cima do ombro e o viu entrar no banheiro principal. Era difícil se concentrar em odiar o homem quando ele tinha aquela aparência. Por mais superficial que isso soasse, ele era constituído como um daqueles deuses gregos que ela havia visto na escola. Os músculos das suas costas se flexionaram e a bunda era muito firme. Ruby nunca havia se importado muito com aquelas partes do corpo de um homem, mas ver Gavin nu a fez pressionar as pernas uma na outra. Ele desapareceu atrás da porta, e ela apoiou a cabeça no travesseiro. Ele não disse que podia se virar e ela não queria irritá-lo depois do discurso que ele fez. Parecia irônico que ela temesse tanto a dor, mas seus desejos mais profundos giravam em torno desse medo específico. Então ela havia experimentado e foi sido aterrorizante e libertador ao mesmo tempo.
Sua necessidade era profunda que nem havia percebido que seus pés doíam.
Levantando a cabeça e olhando por cima do ombro, ergueu uma perna e olhou para a sola do pé. Estava coberto de machucados e quando olhou para eles, começaram a latejar. Gavin voltou com uma bacia e a colocou na cama ao se aproximar. Ali dentro, ela viu alguns suprimentos médicos.
— Você é médico?
— Não. — Ele começou a limpar seus pés com gaze e água oxigenada, aplicou uma pomada nos cortes e começou a enfaixá-los.
— Onde você aprendeu a fazer isso? — Não era como se ele estivesse operando-a ou algo assim, mas suas ações eram precisas e ele estava muito concentrado. Parecia que já havia feito isso antes. Será que ele havia cuidado de outra pessoa, que precisou saber como fazer curativos? Será que ele havia sido abusado e teve que cuidar das próprias feridas? Essa parecia ser a causa mais provável. Embora Ruby nunca tivesse sido fisicamente abusada, ela teve que suportar abusos emocionais e verbais durante a vida toda. Sabia que um trauma como esse poderia ser o motivo pelo qual ela gostava de dor e prazer. Será que a mesma coisa havia acontecido com Gavin?
Por vários segundos, tudo o que ele fez foi observá-la, e ela se sentiu como
a presa de um predador muito grande.
— Posso imaginar o que você está pensando. — Ele voltou a atenção para
seus pés, aplicou esparadrapo na gaze que havia enrolado neles e ficou de pé, destacando sua altura intimidante de mais de 1,80m. Ele se sentou na cama e gesticulou para que ela o encarasse.
— Não sofri abusos quando criança nem fui atormentado por meus colegas
ou torturei pequenos animais. — Ruby não disse nada, mas não precisou, porque ele começou a falar de novo. — Passei a vida com as babás e empregados da equipe do meu pai. — Ele estendeu a mão e pegou a dela. Segurando-a na sua
muito maior, ele ficou olhando enquanto traçava os dedos dela com os seus. —
Suponho que a negligência poderia influenciar em meus sentimentos e desejos,
mas isso seria uma mentira. — Ele olhou para ela. — Sempre senti essas coisas.
Dor e prazer sempre foram coisas que busquei quando queria me sentir livre. É o que quero e o que preciso.
Não havia emoção em seu rosto, mas desde o primeiro momento, ele
manteve seus sentimentos bem trancados.
— Eu poderia ter a mulher que quisesse. Não estou sendo convencido, apenas declarando um fato. As mulheres que tive não foram honestas com suas
emoções. — Ele a puxou para perto, segurou seu rosto e ficou assim.
— Mas como você poderia saber que eu gostaria desse tipo de coisa só olhando para mim?
— Não sabia até que vi sua reação a mim. — Ele disse que sabia que ela era
perfeita desde o momento em que a viu naquele palco. Mas como ele poderia ver que ela gostaria disso? — Só quis você e fui obrigado a te fazer minha. Vi seu senso de resistência, e essa minha parte mais sombria queria que você fizesse o mesmo comigo. Queria que você lutasse contra mim, me tentasse como
nenhuma outra poderia, porque suas emoções seriam reais. Elas não seriam causadas pelo tamanho da minha conta bancária ou da minha posição social.
Seriam profundas, nuas em toda a sua glória e somente para mim.
O aperto dele nos nas laterais do seu rosto a lembrou de ter sido possuída,
cada parte dela, por esse homem. Era estranho se sentir assim, mas não havia dúvida de que o olhar dele era de propriedade.
— Vamos dormir um pouco, querida. — Ele a puxou de volta para a cama e
os cobriu com o edredom. Gavin a puxou para perto até que ela estivesse pressionada contra ele, e Ruby estava cansada demais para resistir naquela noite.
Ele havia lhe mostrado um lado de si mesma que a assustou e a fez pensar que
talvez a vida dela não fosse ser tão ruim ali, mas disse a si mesma que não importava o quanto alguma coisa fosse bonita por fora, era o interior que contava, e ela ainda era sua prisioneira.
Capítulo Oito
Ruby se sentou à mesa. Havia diversas opções de café da manhã na frente dela
e os dois empregados mais velhos se movimentavam pelo cômodo. Gavin estava
do outro lado da mesa, com o jornal de um lado, uma xícara de café e duas fatias de torrada do outro. Fazia alguns dias desde que ela havia chegado ao local e não foi tão ruim quanto imaginou. Gavin a levou para conhecer a propriedade.
Mostrou a ela os jardins, as flores lindas que cobriam um lado inteiro da casa e falou sobre a época em que era mais jovem. Ela não ficou surpresa ao descobrir que ele era o CEO da sua empresa, que havia sido herdada pelo pai ou que ele
dirigia com mãos de ferro. Ela havia descoberto muito rapidamente o tipo de homem que ele era: aquele que sempre conseguia o que queria. Os dois empregados, que pareciam ser os únicos que cuidavam daquele lugar enorme e
passavam o tempo juntos.
Ela olhou para Gavin, mas a atenção dele estava no jornal. Na noite anterior, ele a abraçou com tanta gentileza que ela poderia ter imaginado que eram amantes que tinham muito carinho um pelo outro. Mas não eram, e ela precisava perceber que não importava o quanto ele parecesse carinhoso, havia um lado sombrio dentro dele que era absolutamente assustador.
O que você tinha naquele trailer com a vadia abusiva da sua mãe? O que
você achou que poderia ter em Fort Hampton?
— Ruby, vou precisar viajar para Nova York hoje e não devo estar de volta
até amanhã à noite. — Gavin dobrou o jornal e pegou a xícara de café. Ele a observou, e ela se sentiu nua mais uma vez. Ficou claro que essa era a reação dela sempre que o olhava. — Pretendia ficar mais tempo aqui para que pudéssemos nos conhecer melhor, mas, infelizmente, esse assunto não pode esperar. — Ele colocou a xícara de volta na mesa e se virou para olhar para o senhor mais velho que ela descobriu se chamar Adelbert.
Gavin começou a falar com ele em uma língua estrangeira. O homem
assentiu, olhou em sua direção e depois olhou para Gavin em resposta. Em seguida, chamou a mulher de volta para a sala de jantar. Ela trazia uma bandeja de croissants frescos e, depois de colocá-los sobre a mesa, os três começaram a conversar. Drika, a mulher, não devia ser muito velha, talvez tivesse uns quarenta e poucos anos, mas tinha uma expressão preocupada sempre que se encontrava com Ruby.
A garota se sentiu ainda mais fora de lugar, já que era a única que não sabia
o que estava acontecendo. Claramente, ninguém a informaria sobre a discussão, já que o homem e a mulher se viraram e voltaram para a cozinha. Gavin pegou o guardanapo de linho e limpou o canto da boca.
— Você deveria comer mais, querida.
Ela odiava que ele a chamasse daqueles apelidos carinhosos. “Querida” e
“Princesa” não a fazia sentir como se ele se importasse com ela, e sim, como o objeto que realmente era. Mas irritá-lo não era sua intenção. Se tinha que estar ali pelo tempo que fosse, não queria ficar constantemente com medo de deixá-lo chateado e que com isso ele recorresse aos níveis de punição que com os quais a havia ameaçado.
No entanto, ele estava deixando o país e isso dava a ela a oportunidade perfeita de ir embora.
— E se você está pensando que pode escapar enquanto eu estiver fora, Adelbert e Drika ficarão de olho em você. Eles podem não saber exatamente porque você está aqui, mas sabem que é muito especial para mim e que você precisa ficar aqui para o seu próprio bem.
Espere, os empregados não sabiam que ela era uma prisioneira? Se eles não
falassem inglês, dizer a eles não resolveria, mas ela precisava tentar.
Os dois voltaram e recolheram os pratos. Ela havia comido metade da comida, mas seu apetite era quase inexistente e se forçou a terminar. Quando voltaram para a cozinha, Gavin se recostou na cadeira e olhou para ela.
— O quê? — Ela se remexeu. Fazia alguns dias desde que ele havia tirado a
sua virgindade. Ruby ainda estava dolorida por causa do seu apetite insaciável.
Os banhos quentes que ele preparava e a forçava a tomar depois que transavam
ajudaram muito a aliviar seus músculos e a dor no corpo. Mas esta manhã, ele a tomou de forma lenta e a tocou como se ela realmente fosse uma peça de porcelana frágil e quebrável. Ruby não sabia como se sentir sobre isso, porque foi bom e a deixou satisfeita. O clímax foi tranquilo, se formando lentamente até que se libertou e a deixou ofegante. E depois, ele a ajudou a tomar banho, verificou seus pés mais uma vez para ter certeza de que estavam cicatrizando bem — o que estava — e a beijou de leve nos lábios. Ele era como o dr. Jekyll e o sr. Hyde, e sua cabeça girava com as mudanças da sua personalidade. Agora,
ali estava ela, excitada e mais uma vez com a boceta formigando, mesmo depois de já ter gozado. Por que ele podia olhar para ela, sem sequer dizer palavra, e fazê-la se sentir tão transparente?
— Estou te imaginando nua. — Seu sorriso mudou lentamente os contornos
severos do seu rosto. Ele havia escolhido a roupa que ela estava vestindo. A blusa de cetim branco tinha pequenos botões de pérola, e ela também usava um
colar com as pedras, como se quisesse coordenar seus trajes e acessórios. A saia
cinza chumbo era fluida e muito feminina, com minúsculas flores brancas.
Quase modesta, terminava abaixo dos joelhos. Ruby havia se sentido como uma
boneca quando ele pegou as roupas e pediu que se vestisse para ele. E ela se sentiu ainda mais quando ele veio por trás e começou a deslizar os dedos por seus cabelos enquanto sussurrava coisas muito eróticas em seu ouvido. Ela era sua bonequinha sexual, alguém que podia arrumar, vestir e fazer o que quisesse.
Por que isso não a incomodava tanto quanto deveria?
— A Drika vai te ajudar com qualquer necessidade pessoal. Adelbert estará
aqui principalmente para cuidar da manutenção da casa, mas como é o único que fala inglês – embora não muito fluentemente – ele também te ajudará. — Bem,
isso respondia sua pergunta sobre o inglês. Ela teria que procurar pela casa, talvez encontrar um telefone ou laptop que pudesse usar para acessar a internet.
Poderia enviar um e-mail para o FBI ou alguém que realmente pudesse ajudá-la.
Ruby o sentiu observando-a e olhou para cima, sem perceber que estava concentrada no copo de suco por tanto tempo.
— Sim. — Ela parecia usar muito essa palavra, mas o que mais deveria dizer?
— Ah, e só para você não perder tempo em vasculhar a casa em uma perseguição selvagem, não há telefone fixo na propriedade, e eu levo meu celular e outros dispositivos eletrônicos comigo quando saio.
Merda.
— E se houver uma emergência? — Ela não se importava se não pudesse
entrar em contato com ele, mas talvez pudesse conseguir algumas informações sobre onde poderia ir se precisasse de ajuda.
— Adelbert entrará em contato comigo e eu volto para cá rapidamente. —
Ótimo, ele a deixaria com pessoas com quem ela não conseguiria se comunicar e não tinha meios de buscar ajuda. Ele se levantou, passou as mãos pelo terno de três peças e olhou para ela. — Venha cá, Ruby. — Ela se levantou lentamente e se moveu ao redor da mesa. Olhando para a calça dele, viu que ele estiva excitado. Como ele podia ser tão insaciável? Horas antes, eles haviam feito sexo e, pelo brilho em seus olhos e a ereção que ostentava, ficou claro que aquilo não era um problema.
Deus, ela estava dolorida e seus músculos não utilizados protestavam pelo
simples ato de caminhar, mas parecia que seu corpo não se importava, porque ela estava molhada e, de repente, se sentia muito quente. Quando ela parou na frente dele, Gavin colocou a mão ao redor do seu quadril, envolveu os dedos em seu corpo e a puxou para perto. Sentiu desconforto nos hematomas que ele já havia deixado em sua pele. As marcas de dedos roxas e azuis não deveriam ter feito aquela vermelhidão se espalhar por todo o seu corpo enquanto ela as olhava, mas
foi o que aconteceu. Um mal-estar profundo a atingiu quando seu primeiro pensamento ao vê-las foi que eram marcas de propriedade. Ele moveu a mão até
o pescoço dela novamente. Ruby já havia entendido que ele gostava de segurar
aquela parte específica do seu corpo. Talvez isso o fizesse sentir poderoso, como se pudesse contê-la com muita facilidade.
Claro, essa era a razão.
— O que você está fazendo? — Ela tentou afastar a necessidade de fechar
os olhos quando ele se inclinou para perto e sentiu a respiração dele roçar em seus lábios. Ele tinha um cheiro leve de avelã e café. Mas não a beijou, apenas manteve a boca perigosamente perto.
— Estou aproveitando a sua presença enquanto posso. Vai ser duro – eu vou
ficar duro – estando longe de você.
Ele a puxou ainda mais para perto para que seus peitos ficassem unidos e ela sentiu a ereção contra a barriga.
— Mas você disse que não ia demorar muito, certo? — Ela estava tentando
ter uma ideia melhor de quanto tempo tinha para tentar escapar novamente.
— Não deve levar muito tempo, Ruby. Na verdade — ele roçou os lábios de
leve nos dela —, posso estar de volta ainda assa noite. — Ele moveu as mãos para os ombros dela e a empurrou para trás. Ela piscou rapidamente para se livrar da névoa que se instalou sobre ela. Talvez sofresse da Síndrome de Estocolmo. Quem sabe fosse louca, ainda mais do que havia pensado
inicialmente. Que outra explicação lógica poderia haver para sua necessidade de estar com ele depois de tão pouco tempo?
Ele não a beijou e exerceu pressão sobre os seus ombros até que ela estivesse de joelhos e olhando para ele. Sua boca instantaneamente ficou seca quando ele a soltou e puxou o zíper da calça para baixo. O jeito como puxou a ereção pela abertura, sem nem mesmo se preocupar em abrir o botão foi erótico de um jeito doentio. Isso parecia ordinário em todos os sentidos, mas não a impediu de ficar ainda mais excitada.
Você é doente, garota, muito doente, e está comendo nas mãos dele e amando cada minuto disso.
— Vá em frente, Ruby. Chupe meu pau com essa boca linda. — Ele
acariciou sua mandíbula, moveu o dedo sobre seu queixo e passou o polegar ao
longo do lábio inferior. — Você vai ser ótima nisso, perfeita mesmo. — Se inclinando para frente, ela sentiu a garganta se contrair com o tamanho de Gavin.
Ela não era puritana intelectualmente, mas fisicamente, não tinha quase nenhuma experiência nesse tipo de coisa. Só havia sido tocada uma vez e se tocou algumas vezes. Havia masturbado outra pessoa uma vez, mas esses episódios foram tão rápidos que não eram memoráveis.
— Nunca fiz nada parecido com isso antes. — Ela umedeceu os lábios e viu quando uma gota de líquido claro pontilhou a cabeça da sua ereção.
— Você não tem ideia do quanto me agrada saber que está intocada em todos os sentidos. — Cm certeza, ela não explicaria a realidade do que havia feito nessa área. Ruby o deixaria pensar o que quisesse.
— Não quero te decepcionar. — Caramba, ela tinha dito isso? Sim, disse, mas tentou argumentar consigo mesma que estava interpretando um papel, agradando-o para que ele ficasse feliz e satisfeito até que ela pudesse deixar este lugar.
— Só desobedecer às minhas ordens poderia me desapontar, querida. — Ele
continuou a acariciar seu lábio e depois entrelaçou a mão em seus cabelos, pegando uma mecha grossa e puxando para trás com força suficiente para que ela ofegasse de dor. Mas ela também sentiu uma onda de umidade escapar.
Pressionar as pernas uma na outra não fez nada além de tensionar o clitóris, causando uma onda de prazer por todo seu corpo. Sem roupa íntima, os mamilos
apareciam através da blusa fina e sua excitação deixava a parte interna das coxas desconfortavelmente molhadas. — Vou guiar suas ações. Agora, chupe meu pau,
Ruby. — Ele puxou a cabeça dela para frente até que a ponta do seu pênis se movesse pelos lábios dela. Ruby abriu a boca e a sugou. — Sim, isso é muito bom, princesa. Agora mova sua língua em volta dele. — Ela fez como ele disse e o gosto salgado do líquido pré-ejaculatório atingiu sua língua. — Lamba a parte de baixo do meu pau, Ruby. Acaricie como se você estivesse usando a mão.
Fazer o que ele pediu exigiu que ela tomasse mais do seu comprimento, mas ele era muito grosso e longo para que ela engolisse cada centímetro dele.
Ela lambeu a parte de baixo, jurou que sentiu a veia pulsar de excitação e não conseguiu parar o gemido que de sua garganta. Com certeza não era um sabor que ela acharia que seria bom, mas caramba, era e, naquele momento, não pensou em como chegou até ele. Tudo o que ela queria era agradá-lo, porque, por alguma razão estranha, isso a agradava também.
Deixando sua boca fazer o trabalho, ela começou a chupá-lo com fervor.
Segurando a base do seu pau, ela acariciou o que não conseguia alcançar com a boca.
— É isso aí. Me chupe até eu gozar na sua garganta. — Ele ainda estava com a mão no cabelo dela e se manteve parado enquanto entrava e saía, fodendo sua boca como havia feito com a boceta esta manhã. Além das respirações profundas que vinham dele, Gavin não fez nenhum barulho. Olhando para ele, ela viu a atenção dele voltada para sua boca. — Você deveria ver seus lábios agora, esticados em torno do meu pau. É incrível. — Ele aumentou a velocidade até que a ponta da sua ereção bateu no fundo da garganta de Ruby. Engasgando
com a contundência disso, seus olhos lacrimejaram e a saliva escorreu por seu queixo. Apesar disso, ela ficou mais molhada. — Caramba, Ruby. — Ele estava
sempre no controle das suas emoções, muito duro e estoico. Por um segundo, apenas um, ela viu o lado humano que havia por trás da sua frieza.
Ele soltou um gemido profundo e ela sentiu os jatos fortes do seu sêmen deslizarem no fundo da sua garganta, provando o sabor salgado dele enquanto revestia o interior da sua boca. Ele a manteve prisioneira com o aperto na cabeça, e ela não teve outra opção senão engolir tudo. Diminuindo o movimento dos quadris, ela sentiu seu pênis começar a ficar macio. Ele deu um passo para trás, escapando da boca de Ruby, e ela sentiu uma gota deslizar pelo lábio inferior. Estendendo o polegar, ele o passou ao longo do lábio dela para recolher a gotinha e, em seguida, o pressionou no mesmo lugar para que ela abrisse a boca.
— Chupe, Ruby. — Com os olhos entreabertos, ele manteve o foco no que
estava fazendo enquanto ela chupava seu dedo. Ela passou a língua em volta dele, lambeu e chupou o líquido, sem parar até que ele o puxasse para longe. Ele a puxou para cima e a beijou. Aparentemente, não se importava que ela o tivesse chupado, porque enfiou a língua na dela, girou e gemeu. Quando se afastou, ela se sentia quente, suada e muito excitada. — Não seja malvada enquanto eu estiver fora. Tenho um bom lembrete do quanto você pode ser boa, Ruby. Não me faça voltar mais cedo que o necessário. — A expressão dele estava dura mais uma vez, e ele falou enquanto vestia a calça, fechava o zíper e ajeitava o terno até parecer um homem de negócios mais uma vez. Em seguida, ele se virou e se
afastou e, um momento depois, ela ouviu a porta abrir e fechar.
Ruby correu para o foyer e olhou pela janela ao lado da porta da frente.
Gavin entrou em outra limusine preta, e ela soube que estava indo para o hangar, até uma pequena pista de pouso particular da qual era dono. Ela estava sozinha, bem, além dos dois criados que ficariam observando-a. Ruby correria o risco de tentar escapar, fracassar mais uma vez e ter que suportar a ira que, com certeza, viria de Gavin como resultado? Ou ficaria aqui, conquistaria a confiança dele e esperaria que um dia ele a levasse para uma das cidades onde ela poderia conseguir ajuda?
— Você está bem? — O sotaque profundo veio de trás dela, que se virou e
viu Adelbert. Ele estava com duas tesouras grandes e afiadas na mão. O homem
deve ter visto o medo em seu rosto quando o viu, mas começou a falar novamente e então balançou a cabeça como se percebesse que ela não entendia.
— Para as flores. — Ele levantou as tesouras, as abriu e fechou até que ela ouviu o distinto “clip-clip”, e assentiu.
Ruby não sabia se deveria ser educada ou mostrar o dedo do meio para ele.
Ela poderia abrir a porta e tentar correr para o bosque. Com certeza, poderia fugir. Olhar para ele de cima e a baixo mostrou a Ruby que, embora parecesse
estar na casa dos cinquenta ou no começo dos sessenta anos, ele também estava em forma. Na verdade, ele parecia estar tão musculoso e tonificado quanto Gavin. Por que você achou que eles eram tão velhos? Aquela pergunta não era importante, porque ela ainda tinha que decidir o que planejava fazer. Não deveria ser uma decisão difícil, mas por algum motivo, realmente foi.
Drika entrou, suas palavras eram rápidas e irritadiças enquanto falava com
o homem. Eles discutiram por alguns segundos e, finalmente, a mulher ergueu as mãos e fez um barulho exasperado. Ela se virou para Ruby, a olhou de cima a baixo, suspirou e balançou a cabeça antes de se virar e sair. O homem começou a rir e apontou para onde a mulher havia saído.
— Minha irmã, ela louca — falou, rindo. Então, eles irmãos, e ela era muito
mais brava que ele. — Quer ver flores comigo? — Seu inglês era bem ruim e com o sotaque pesado era difícil compreender as palavras, mas ela entendeu o suficiente.
Ele inclinou a cabeça para trás, e ela olhou para a porta da frente.
— Você viu as flores com o Senhor Gavin, sim? — Ela assentiu lentamente
e juntou as mãos para não gesticular. — Então vamos. — Ele sorriu e pareceu caloroso e gentil. Ela passou as mãos pela saia e decidiu ir com ele, porque, pelo que sabia, Gavin estava observando e esperando que ela fizesse seu movimento.
Ela tinha tempo e precisava usá-lo com sabedoria.
Quando começou a segui-lo, ele sorriu, e as ruguinhas ao redor de seus olhos e boca se tornaram evidentes. Ele os conduziu pela sala de jantar e entrou na cozinha. Do outro lado do cômodo, havia um conjunto de portas francesas duplas.
Entraram em uma estufa. Era grande, com janelas que iam do chão ao teto e
deixavam a luz quente da manhã entrar. Havia móveis de vime ao redor do local, juntamente com tulipas coloridas. As janelas mostravam fundo da propriedade, toda a área plana, com grama alta, ondulada e um céu azul pitoresco. Ruby pôde ver Drika do lado de fora, perto de um varal e os lençóis brancos esvoaçando na brisa. Parecia estranho ver aquela cena em uma propriedade opulenta.
— É bom para a alma. — Ela olhou para Adelbert, que tinha um sorriso no
rosto. Ele estava apontando para o varal. — O sol e o ar fresco tornam tudo mais feliz. — Não esperou que ela respondesse, apenas fez sinal para que ela continuasse seguindo-o. Ele a levou para fora do solário, até os fundos da casa onde ela sabia que havia um mar de flores coloridas. Mesmo que ela as tivesse visto antes, ainda parou e observou a cena.
Durante toda a sua vida, sempre foi rodeada por asfalto, sujeira, carros e
poluição. Mas ali, tudo era fresco, limpo e muito aberto. Não havia prédios bloqueando o céu, nem carros com poluição nociva. Gavin tinha razão, aquele lugar era tão isolado que parecia intocado pelo homem. Ela não deveria estar olhando para a propriedade como se não fosse a prisioneira de um homem lindo
e sádico, mas era. Eles estavam no meio do nada, mas o cenário era tão bonito que tudo que Ruby pôde fazer foi suspirar e absorver tudo.
— É muito bonito, sim? — Adelbert questionou.
Ela assentiu, sem desviar o olhar do arco-íris de cores a sua frente.
— Eu devo consertar as árvores. — Ele apontou para a fileira interminável de árvores que se alinhavam do outro lado da propriedade que precisavam ser podadas. — Mas você pode escolher flores para o jantar? — Virando-se para encará-lo, ela viu quando ele a olhou com o mesmo sorriso agradável.
— Você sabe por que ele me mantem aqui? — Ela não esperou que ele respondesse. As palavras simplesmente fluíram quando suas emoções
aumentaram. — Ele me faz prisioneira, me mantem aqui contra a minha vontade. Ele me comprou em um leilão e temo pela minha vida. — Ela não tinha
certeza se a última parte era verdade ou não. Não sabia até onde ele iria com a necessidade de possuí-la.
— Você está machucada? — Até onde ela podia dizer, ele não estava sendo
sarcástico ou cruel pela forma como perguntou. Parecia honestamente
interessado em sua resposta. — O Senhor da Propriedade te fez mal? — Senhor da Propriedade? Ela passou a mão pela saia, sentindo a ternura das contusões que Gavin lhe deu e abriu a boca para dizer que sim, o Senhor do Propriedade
havia feito mal a ela e tinha as marcas em seu corpo para provar isso. Mas por que ela achava errado pensar isso e dizer em voz alta? Sim, ele a machucou, mas ela gostou.
Não deveria importar que ela tivesse prazer nisso. No entanto, antes que pudesse dizer qualquer coisa, Drika estava caminhando na direção deles com passos apressados. Ela parou na frente deles e olhou para Ruby. Mais uma vez, ela começou a falar rapidamente com Adelbert, mas seus olhos permaneceram em Ruby.
— Minha irmã tem que manter um cronograma rigoroso e diz que estou conversando demais com você. Ela diz que o Senhor Gavin não ficará satisfeito se o nosso trabalho não for concluído. — Ele riu de suas próprias palavras.
Ruby observou enquanto Drika voltava para a propriedade.
— Venha. — Adelbert baixou a tesoura e pegou a mão de Ruby. — Senhor
Gavin me disse para me certificar de que você está feliz e para te fazer companhia. Ele disse que você está com medo, que pode fugir por causa disso,
sim? — Era difícil compreender seu sotaque acentuado e o inglês ruim, mas
quanto mais tempo ela ficava em sua presença, mais fácil se tornava. — Somos todos prisioneiros de nós mesmos, sim? — Ela olhou para ele, sem esconder sua confusão. Ele havia assumido que ela estava falando de forma retórica e não literal?
Ela ficou tão chocada a princípio que permitiu que ele a puxasse para o campo de flores. Quando chegaram, ela olhou ao redor e viu como elas se moviam em conjunto quando o vento aumentou. Era como uma onda colorida.
— Sim, a maravilha de Deus, a glória da criação. Devemos aproveitar e não
fugir. — Ele estava olhando para ela, mas deu um pequeno passo para trás e estendeu a mão para as flores. Ela ficou parada por um segundo, mas depois se abaixou, fechando os olhos e inspirando profundamente para se permitir esse momento de paz. Ela nunca havia sentindo o cheiro de nada tão maravilhoso antes. Ruby abriu os olhos e olhou para Adelbert. Ele enfiou a mão no pequeno cinto de ferramentas que usava ao na cintura e pegou uma tesoura reluzente.
— Você me ajuda e nós vamos conversar. — Por alguma razão, ela queria
falar com alguém, queria conversar onde pudesse ficar com essas flores e aproveitar o sol no rosto. Ela estendeu a mão e pegou a tesoura que ele segurava.
O homem gesticulou para as flores, e ela pegou uma amarelo vivo, encaixando a lâminas no caule. — Senhor Gavin ajudou a mim e a minha irmã há muitos anos.
— Ela olhou para ele, mas sua atenção estava nas flores enquanto ele as cortava com a outra tesoura. — A cidade em que vivíamos é muito longe. — Ele cortou
as flores e as colocou no chão. — Drika e eu perdemos tudo por causa de um incêndio, não só nossos pertences, mas nossos pais também. — Embora ele falasse de maneira constante, ela viu a contração em suas sobrancelhas quando ele disse aquelas palavras.
— Sinto muito.
Ele estendeu a mão e deu um tapinha no ombro dela.
— Foi há muito tempo, e a morte é uma parte da vida. — Ele estendeu a mão, cortou o caule de uma flor cor de rosa e a colocou bem em cima da orelha dela. — Senhor Gavin queria terras para comprar. Mesmo jovem, ele detinha o
poder. Ele ouviu falar do nosso infortúnio e nos ofereceu refúgio. — Adalbert limpou a garganta, e ela sentiu pena dele, embora fosse leal ao homem que ela deveria desprezar. — Sem ele, não sei onde estaríamos. Ele é um bom homem.
Poderia ter nos deixado lá, sem nada. Nossa aldeia era pobre. Não havia ninguém para nos ajudar. — Ele colocou a última flor no chão e olhou para ela.
— Sinto muito, de verdade, mas acho que você não entendeu o que eu quis
dizer...
Ele balançou a cabeça, mas manteve o sorriso no lugar.
— Meu inglês não é bom, mas eu entendo. Você deve me entender também,
sim? — Ela não tinha ideia do que ele queria dizer. — Olhe ao redor. — Ele fez um gesto indicando a propriedade. — O Senhor Gavin é um homem gentil. Você
deve pensar com isso — ele estendeu a mão e colocou a colocou sobre o coração dela — e não com isso. — E então ele a moveu a cabeça dela. — A felicidade
nem sempre está onde você pensa. O medo pode fazer você fugir dela. Você deve olhar fundo para ver o que realmente quer.
Ele afastou a mão dela e seu sorriso desapareceu.
— Só recebemos uma vida neste mundo e não há um jeito errado de viver e
se divertir. — Por alguma razão, essa última frase atingiu algo dentro dela, que precisou desviar o olhar dele quando a emoção fechou sua garganta. — Todos nós temos segredos, aqueles que tentamos enterrar profundamente dentro de nós mesmos, mas não importa o quanto queremos apagá-los, sempre farão farte da gente. — Ruby se virou e olhou para ele novamente. Era como se ele estivesse
falando sobre ela, como se a conhecesse. — Devemos abraçá-los.
Ele se levantou, deu um tapinha na cabeça dela como se ela fosse uma criança obediente e voltou para a propriedade. Ela o observou, olhou para o campo à sua frente e depois para o bosque. Era tão ruim estar aqui? Não havia relação com o dinheiro que Gavin, claramente, tinha ou as posses que o rodeavam. Esta era uma casa muito bonita, e a terra era de tirar o fôlego.
Ela teve que se perguntar se queria deixar a única pessoa que realmente a fez sentir algo diferente de solidão e desespero. Claro, o jeito que eles se encontraram era menos do que convencional e havia aspectos em Gavin que a assustavam, mas quando ela estava com ele e ele a tocava, ela se sentia viva.
Ruby ficou de pé, sem saber ao certo, naquele momento, se deveria fugir ou
voltar para dentro. Olhando para Adelbert, que agora estava ao lado da porta dos fundos, ela soube que não queria fugir tanto quanto naquela manhã.
— Você traz as flores e vou te mostrar como fazer Jodenkoeken, um biscoito de manteiga muito delicioso. — Ruby não podia se esquecer de como havia chegado ou porque ainda estava ali, pois não era tão fácil. Ela simplesmente não podia esquecer o fato de que Gavin a fez se sentir viva. Ela era mais do que apenas alguém que ocupava espaço. A jovem olhou para as flores a seus pés, se inclinou para pegá-las e se levantou.
Ruby começou a voltar para a propriedade. Sabia que sua vida antes havia
sido um horror. Ela havia sido prisioneira de suas circunstâncias. A jovem não tinha tanta certeza de que voltar ao mundo era o que realmente queria. As palavras de Adelbert se repetiram em sua cabeça. Faziam muito sentido e era como se ele estivesse falando com sua alma.
Capítulo Nove
Ruby olhou para o seu reflexo no espelho do banheiro. Estava no quarto para o qual Gavin a levou quando chegou, mesmo que não tenha dormido lá até naquela
noite. Ela apoiou as mãos na pia, inclinou a cabeça e fechou os olhos. Estava muito cansada, mas por mais de uma hora, ficou deitada na cama, olhando as sombras que se moviam teto.
A ideia de ficar naquela mansão com Gavin a assustava. O jeito com que ele a fazia sentir também. No entanto, o que mais a assustava era o que havia no mundo real. Ela nunca tentou fingir que era perfeita ou viveu uma vida de fantasia. Havia sobrevivido apenas porque queria viver. Se tivesse deixado por conta da mãe, teria morrido há muito tempo. Apesar do fato de que Ruby nunca
havia se sentido como se ela se encaixasse, sempre foi rejeitada na escola e insistiu, porque a alternativa não era aceitável.
Levantou a cabeça e se olhou no espelho de novo. Seu cabelo escuro estava
molhado por causa do banho que havia acabado de tomar e caía em ondas soltas
ao redor do seu corpo nu. Sem conseguir dormir, achou que um banho quente ajudaria, mas não a relaxou. Só aumentou a sensação de estar sensível e que cada parte de seu corpo formigava com consciência.
Se fechasse os olhos, poderia sentir Gavin tocando-a. Um arrepio a atingiu.
Sua pele parecia pálida sob a iluminação do banheiro e as contusões que Gavin fez nela se destacavam como um farol. Ela se endireitou e passou os dedos ao redor das marcas em seu quadril, moveu a mão pelas coxas e tocou as que se alinhavam na pele da perna. Por que aquelas a faziam se sentir especial e cuidada quando deveria tê-la feito se sentir abusada e violada? Porque quando ele fez isso, um sonho surgiu dentro de você.
Ela nunca foi amada, nunca se sentiu desejada, nem mesmo pelos garotos com quem tentou passar o tempo. Eles só queriam uma coisa dela, e quando não
conseguiam, a descartavam com a mesma facilidade que os outros.
Ela se sentiu bem quando Gavin a tocou. Viu o jeito que ele a olhava, como
uma possessão preciosa. Havia muito mal no mundo, e ela já tinha visto bastante daquilo. Poderia um ato, nascido do mal, se tornar algo puro?
Depois que pegou flores com Adelbert e as levou para dentro, soube que havia tomado uma decisão monumental. Ela passou o resto da noite na mansão
com s dois empregados. Eles não sabiam que o Senhor gostava de brincadeiras
sexuais sádicas, nem que ela era sua masoquista. Para eles, Gavin os havia
salvado.
Ela passou a mão sobre o espelho mais uma vez quando começou a
embaçar.
— Bem, o que você vai fazer? — O silêncio a cumprimentou enquanto olhava para o seu reflexo. Ela se virou e pegou o robe de veludo que estava pendurado atrás da porta. Depois que o colocou, abriu a porta e apagou a luz.
Soube que não estava sozinha assim que entrou no quarto. Seus olhos levaram apenas um momento para se ajustar à escuridão, mas o viu sentado na beira da
cama e sentiu os olhos dele observando-a.
— Olá, Ruby. — A voz de Gavin era profunda e agora que sua visão estava
mais clara, viu que ele usava um terno, mas não estava tão arrumado como de costume. Não usava gravata e os primeiros botões da camisa estavam abertos. O
paletó não estava abotoado e o colete estava visível.
— Você voltou. — Ela não sabia por que ficou surpresa ao vê-lo, pois havia
dito que poderia voltar no mesmo dia. Estava desapontada por ele já estar em casa? Por ele não ter ficado longe por mais tempo? Não. Essa percepção fez seu coração acelerar e deixou sua boca seca.
— Venha cá, Ruby. — Sua voz era baixa, e mesmo que parecesse estar exausto, havia aquela assertividade e dominância, sempre presente em suas palavras. Ela se afastou do banheiro e se aproximou dele. Parou na sua frente e odiou o fato de que sua respiração havia acelerado só pelo jeito como ele a olhava. A lua estava cheia e a luz prateada entrava pela janela do quarto, onde as cortinas estavam entreabertas. — Sentiu a minha falta? — Ele estendeu a mão e puxou a faixa que mantinha o roupão fechado. Ela não o impediu quando ele desfez o nó, nem quando pegou as laterais do roupão e abriu a peça.
Ela estava nua por baixo, e um barulho profundo deixou os lábios dele quando viu o que ela tinha feito.
— Vejo que sentiu minha falta. — Ele passou o dedo na junção de suas coxas recém depilada. Por que ela havia raspado todos os pelos pubianos?
Honestamente, não sabia. — Você deve ter pensado muito em mim para ter feito
isso. — Ele a olhou, e mesmo que a exaustão fosse evidente em seu rosto, ele estava lindo demais. Como um anjo caído.
Ruby estava no chuveiro, com uma navalha na mão e pensou em como
Gavin ficaria contente se a visse completamente livre de pelos. Ele olhou para sua vagina por vários momentos, passou os dedos por sua fenda lisa e escorregadia e gemeu. O homem a puxou para mais perto. Tudo o que fez foi pressionar a cabeça contra seu peito, sentir seu cheiro e abraçá-la.
Foi um abraço muito carinhoso, e Ruby se viu levantando as mãos e unindo-as no cabelo dele. Os fios grossos não estavam perfeitamente arrumados
como de costume. Parecia que ele já havia passado as mãos por eles inúmeras vezes. Ele ficou tenso por um instante, talvez tão surpreso quanto ela por essa ação íntima. Ruby não conseguia explicar suas ações para ele e nem para si mesma.
— Você deixou a navalha. Não deve ter se preocupado que eu poderia me
cortar. — Ruby não sabia porque havia mencionado isso. Chamar a sua atenção
para o fato dela ter pensado em se machucar — o que, honestamente, pensou por um mísero segundo — poderia deixá-lo ainda mais rígido. Ele se inclinou para
trás a fim de olhar para ela.
— Você pensou em se cortar, princesa? — Sua voz era suave, mas ela não
se enganou. Ele levantou a mão e acariciou sua bochecha com um dedo. Ela pensou em como responder, mas sabia que a honestidade era a única coisa que
ele aceitaria. De qualquer maneira, não tinha dúvidas de que ele saberia se ela estivesse mentindo.
— Pensei sobre isso. — As palavras foram quase um sussurro e um flash sombrio tomou conta do rosto dele. No segundo seguinte, ele a colocou de costas na cama, com as mãos presas acima da cabeça e as pernas bem abertas para acomodar seus quadris. Gavin estava duro, e a ereção encaixou na sua boceta nua. Não havia nada que o impedisse de entrar nela, exceto pelo tecido fino de sua calça.
— Sua estada aqui é tão horrível que você pensou em fazer mal a si mesma? — Ele empurrou contra ela e o prazer a envolveu quando ele acariciou
seu clitóris. — Te tratei tão mal a ponto de você cogitar uma saída covarde? —
Ele se inclinou para que ficassem cara-a-cara. — Não te dei prazer e cuidei de todas as suas necessidades? — Ele empurrou os quadris para frente mais uma vez, encostando em seu clitóris e fazendo um gemido escapar.
— E dor. Você também me provocou dor. — Ele mostrou os dentes e foi uma demonstração assustadora de raiva.
— Sim, e você pediu por mais e gozou. Certo, Ruby? — Ele apertou ainda
mais os pulsos dela, até que ela abriu a boca e gemeu baixinho. Ele continuou se esfregando contra seu corpo, bem no clitóris, fazendo-a ficar mais molhada. —
Falei uma vez e vou dizer de novo. Nós somos iguais. — Ele soltou uma das mãos que a segurava e a moveu para baixo, entre suas pernas. Continuou segurando-a com a outra, deixando-a saber, sem necessidade de palavras, que estava no controle. Mas Ruby sabia disso. Ele fazia com que ela nunca se esquecesse. Espalhando sua umidade com um dedo, havia um olhar muito satisfeito em seus olhos.
— Você pode falar o que quiser e negar até que não possa respirar, mas a
vida que você tinha não te satisfaz como eu. — Ele tirou a mão da sua boceta e
pressionou o dedo em sua boca. — Chupe, Ruby. Lamba a excitação que você está sentindo pensando em todas as coisas eróticas que quer que eu faça contigo.
— Te odeio. — Não havia calor em suas palavras, e ele pressionou ainda mais o dedo em sua boca.
— Chupe essa porra, princesa. — Ela passou a língua ao longo do dedo, provando seu sabor e não deveria ter gostado tanto quanto gostou. Ele afastou o dedo de seus lábios e reivindicou sua boca. Passando a língua por ela, seus sabores se misturaram até que Ruby estava ofegante contra ele. — Se você quer dor, só eu vou te dar — ele murmurou contra sua boca. Gavin se inclinou para
trás e sua expressão dura falou mais alto do que qualquer coisa que ele pudesse ter dito. — Entendeu, Ruby? — Quando ela não respondeu rápido o suficiente,
ele bateu a boca na dela com tanta força que seus dentes se chocaram. — Me responda, porra.
Ela assentiu.
— Sim. Sim, entendi. — Ela podia ter pensado sobre isso, imaginando o que esse tipo de fuga traria, mas nunca teria feito isso a si mesma. Não falou, não disse a ele que nunca tiraria a própria vida, não importava o que acontecesse.
Não era forte o suficiente para fazer isso. Ele olhou para ela mais uma vez, mas não demonstrou emoção. Ruby esperava que ele transasse com ela naquele momento para defender seu ponto de uma forma puramente física, mas ele não o
fez. Em vez disso, se afastou. Ela ficou deitada lá, com as pernas ainda abertas, a boceta e os seios em plena exposição e a ereção dele ainda dentro da calça.
— Durma um pouco. — Ele se virou e caminhou até a porta, mas antes de
sair, parou e a olhou mais uma vez. — Todos os cômodos nesta propriedade são
monitorados. Não houve um momento em que eu não soubesse o que você estava fazendo, e se eu achasse que você realmente se machucaria, alguém estaria ao seu lado em segundos. — Ele abriu a porta. — E não se toque. Se fizer isso, vai se arrepender. — Ele a deixou deitada na cama, com o coração batendo forte e o corpo muito excitado, mas sem nenhum alívio à vista.
GAVIN NÃO VOLTOU para o quarto depois que deixou Ruby na cama
parecendo deliciosamente submissa. Sabia que ela teria se entregado a ele com muita facilidade, mas suas emoções estavam pesando com a ideia de que ela realmente pensou — mesmo que por um momento — em se machucar para se afastar dele. Desceu as escadas e entrou na cozinha. Precisava de uma bebida, de algo para ajudá-lo a relaxar e aliviar a dor em suas bolas.
O plano era ficar em Nova York até o dia seguinte, mas ele havia finalizado todas as suas obrigações com o trabalho e pegou o jato de volta a sua propriedade. Estava sofrendo de jet-lag, exausto e cheio de tesão. Tudo o que queria fazer era enterrar seu pau em Ruby e quando os dois estivessem saciados, ele cairia no sono com seu corpo ainda ligado ao dela. Mas ele a deixou e sabia que a punição seria muito mais forte do que amarrá-la e dar palmadas em sua bunda perfeita.
Ele empurrou a porta da cozinha e viu Adelbert.
— Está tarde. Você deveria estar dormindo — ele falou com o homem em
sua língua nativa, e Adelbert parou e olhou para ele.
— Senhor Gavin, nem percebi que havia retornado. — Adelbert secou as mãos em um pano. — Estava no porão consertando um cano que havia
estourado. Tinha água por toda parte.
— Conseguiu?
Adelbert assentiu. Eles se encararam por um momento, e o outro homem se
virou e abriu o armário de bebidas. Pegou uma garrafa de uísque de trinta anos.
O álcool era quase tão antigo quanto Gavin. Foi do seu pai e que ele comprou enquanto estava em uma das suas viagens de negócios. Gavin não sabia por que
havia guardado. Depois que o pai morreu, há anos, se livrou da maioria dos seus pertences. As lembranças do isolamento e da solidão retornavam toda vez que ele olhava para as coisas de Warren Darris.
Adelbert não disse nada enquanto pegava dois copos e colocava dois dedos
do líquido âmbar em cada um. Entregou um copo a Gavin e os dois tomaram a
bebida suave.
— Correu tudo bem em Nova York?
Gavin assentiu.
— Foi rápido e estou exausto, mas não acho que consigo dormir agora. —
Eles bebericaram o uísque em silêncio por vários segundos. — Sim. A Darris Industries agora está unida à Crowe & Barrett.
— Excelente. Essa é uma razão para comemorar.
Os negócios de Gavin se dividiam em investimentos de consumo final e corporativo. Depois que o acordo de fusão foi assinado, voltou imediatamente, mas ela não esteve longe de seus pensamentos ou de sua visão. Se sentia constrangido por tê-la espiado através do laptop no avião? Não, precisava saber onde ela estava e o que estava fazendo em todos os momentos. Ela era sua propriedade e não só porque a havia comprado. O tempo que estavam juntos havia sido curto até agora, mas ele não tinha intenção de deixá-la ir embora.
Achou que ela tentaria escapar assim que saísse? Sim, mas ela não teria ido longe.
— Quer falar sobre isso?
Gavin tomou o resto da bebida e fez um gesto para mais. Uma vez que seu
copo estava cheio, bebeu outro gole. Não, não queria falar sobre isso, mas Adelbert era muito bom em ler os outros.
— Na verdade, não.
O olhar que Adelbert lhe deu dizia que aquela não era uma resposta aceitável.
— A garota está muito assustada.
Gavin sabia que Adelbert estava certo em relação ao medo de Ruby. Ele via
isso toda vez que ela o olhava, mas por trás disso, ela estava excitada e curiosa sobre o que estava acontecendo entre os dois. Na verdade, ele a viu se inclinar para ele quando a tocou. Estavam se apaixonando? Não, era muito cedo para emoções como essa. Pessoas como os dois eram um tipo especial. Ele havia descoberto isso há muito tempo, reconhecido e, agora, aceitado.
— Sim, eu sei. — Ele bebeu o resto do uísque. Talvez ele devesse ter desfrutado devagar, mas agora precisava sentir algo além da necessidade de voltar para o quarto e tomá-la do jeito que queria. — Ela vai gostar de ficar aqui.
— Embora Gavin não soubesse muito a respeito dela no começo, não foi difícil
conseguir as informações que precisava. Ele tinha dinheiro, o que significava que possuía conexões em todos os lugares. Levou um pouco de tempo, mas assim que o acordo foi fechado, fez com que alguns de seus associados levantassem tudo que queria saber. Descobriu exatamente quem ela era, onde morou e o que estava fazendo em Fort Hampton. Ela levava uma vida muito diferente, mas estranhamente parecida com a dele. Embora não tivesse sido abusado, os dois haviam levado vidas solitárias e quiseram fugir em algum momento.
— Não interfiro em seus assuntos pessoais, mas acho que você precisa falar
com ela e deixá-la saber que, seja lá o motivo pelo qual você a trouxe para cá, foi para se certificar de que ela estava segura. — Gavin não tinha dito ao outro homem suas razões para trazer Ruby e não havia dúvidas de que Adelbert estava curioso sobre a verdade. — Falei com ela do lado de fora e posso dizer que vocês dois são muito parecidos. — Ele olhou para Adelbert. Sabia sobre a conversa e, embora houvesse câmeras no perímetro externo da propriedade e ele a tivesse visto muito bonita entre as flores, não tinha sido capaz de ouvir o que estavam falando. Mas Adelbert ligou para contar, e ele não ficou surpreso por ela ter tentado falar com seus empregados em busca de ajuda. — Ela diz que você
fez mal a ela, que é uma prisioneira aqui.
Embora Adelbert e Drika fossem as pessoas mais próximas que ele tinha em sua vida, isso não significava que compartilhasse seus desejos mais obscuros
com eles. Não contou que a comprou em um leilão. Eles não questionaram o fato de ele pedir que a vigiassem para garantir que não fosse embora e se machucasse. Eram leais a ele e fizeram o que pediu sem queixas ou suspeitas, porque, para eles, Gavin salvou suas vidas. Ele não achava que era um salvador em qualquer sentido. Precisava de ajuda na propriedade tanto quanto os dois precisavam dele. Era um acordo em que os dois lados davam e recebiam e funcionava bem há anos.
Mas Adelbert era uma alma velha, podia ler muito bem as pessoas, e Gavin
não era tolo o suficiente para pensar que ele não havia pego algo no ar de imediato. Nos últimos anos, quando Gavin levava mulheres à propriedade para tentar saciar suas necessidades depravadas, não demorava muito tempo para o outro homem questioná-lo, especialmente quando as mulheres tinham marcas nos corpos quando iam embora. Mas ele nunca foi julgado nem condenado por
Drika e seu irmão. Então Adelbert quis saber as razões e Gavin confiava nele o suficiente para falar sobre as necessidades doentias e distorcidas que apenas certos atos poderiam aliviar.
As mulheres sempre estiveram dispostas. Até Ruby. Mas Gavin não sentiu
nenhum remorso em comprá-la. Se ele não tivesse feito isso... nem queria pensar sobre seu destino, onde ou com quem ela estaria agora.
Essa poderia ter sido sua primeira vez em um desses leilões, mas conhecia
os homens que participavam. Eram como ele, mas também eram diferentes.
Eram cruéis, tinham haréns de mulheres e escravas para fazer o que quisessem.
Tê-la com ele era muito mais seguro para ela.
— Se ela não estiver aqui por vontade própria, não importa as semelhanças
que vocês compartilham, você deve resolver isso.
Gavin colocou o copo, agora vazio, sobre a mesa e olhou para o homem.
— E você a teria ajudado a escapar se soubesse essa verdade?
O outro homem ficou em silêncio por alguns segundos e ergueu o copo para
terminar a bebida.
— Não é meu direito interferir na vida dos outros, especialmente do Senhor
da Propriedade, mas eu sabia que algo não estava certo em seu relacionamento
com a garota. Isso não foi como nas outras vezes em que você teve companhia
feminina. — Aquilo não respondia à pergunta de Gavin, então ele esperou Adelbert continuar. — Mas para responder a sua pergunta, sim, eu a teria ajudado se soubesse que ela realmente queria encontrar um jeito de ir embora.
Gavin engoliu em seco com o pensamento de Ruby lá fora sozinha.
— Eu a quero segura. Não a estou machucando, não no sentido em que você está pensando.
Adelbert assentiu, mas não respondeu. Gavin podia tê-la há apenas alguns
dias, mas pensar nela fora de sua vida não era algo que queria cogitar.
— Você precisa decidir se quer uma vida onde ela não tem escolha ou que
ela fique com você de bom grado. São duas coisas muito diferentes, não importa o quanto você tente manipular para se encaixarem. — Gavin não sabia como responder a isso. — Vi o jeito que ela olhou para as flores e como ela reagiu às minhas palavras. Eu podia não saber que ela não estava aqui por vontade própria, mas sabia que ela era uma prisioneira dentro de si mesma. Ela é uma garota perdida aqui. — Adelbert colocou a mão sobre o coração. O homem levou os dois copos para a pia e lhe deu boa noite, mas Gavin ficou lá por vários minutos, pensando na conversa deles.
Ele saiu da cozinha e voltou a subir as escadas. Abriu a porta do quarto onde Ruby dormia e se inclinou contra o batente, apenas observando-a. Ela estava enrolada em posição fetal, ainda usando o roupão, e o cabelo estava uma bagunça escura espalhada sobre o travesseiro branco. Sim, ele podia gostar de dor, talvez até se alegra em causá-la e ansiar por isso, mas não significava que ele não poderia desfrutar de sua suavidade, ou ser gentil e carinhoso com ela.
Esses momentos podiam ser poucos e não muito frequentes, mas estavam lá.
Fechando a porta e caminhando para seu quarto, ele pensou em tomar banho e deitar na cama com ela. Em vez disso, ficou em seu próprio quarto e deixou sua exaustão consumi-lo.
Capítulo Dez
Duas semanas se passaram desde que Ruby chegou à casa de Gavin. A cada
dia, ela achava mais difícil separar a necessidade de liberdade do desejo de estar com ele. Gavin mostrou a ela dois lados de si mesmo, e a jovem não pôde evitar de gravitar em direção aos dois. O lado irritadiço, determinado e dominante trouxe à tona a parte que ela sempre tentou esconder. Ela queria o que ele tinha para dar, mesmo que isso a fizesse gritar de dor.
E então, algumas vezes ela via aquele lado mais gentil, a parte com a qual
ela simpatizava. Era como olhar para si mesma, uma alma perdida e solitária que não queria mais ficar sozinha. O que ele fez havia sido certo?
No começo, ela gritou e berrou sua resposta, não queria nada além de fugir
e voltar para sua antiga vida, mas a cada segundo que passava, sabia que não tinha uma “vida antiga”. Ela só havia passado pelos dias, esperando que as coisas fossem diferentes. Bem, foi o que aconteceu. Gavin deu a ela o prazer que desejava, a tocou do jeito que ela só sonhava e a instalou em um ambiente seguro. Não havia ninguém procurando por ela, e sabia que a mãe não teria se dado ao trabalho de dar queixa do seu desaparecimento. Ruby estava sozinha, por conta própria e sem ninguém que se importasse com ela. Bem, ninguém além de Gavin.
Com cada palmada e impulso de quadris, ele mostrou a ela que não havia
nada de errado naquilo que gostavam e que haviam encontrado um tipo especial
de desejo entre eles.
— O que está pensando, princesa?
Ela olhou para Gavin. Eles estavam no solário, a jovem estava sentada em
uma das cadeiras de vime e o empresário na outra, em frente a ela. Ele estava com um jornal no colo e uma caneca de café na mão. A observou com expectativa e havia genuína curiosidade em sua expressão.
— Está pensando na sua casa? — Ela se endireitou. Eles não falavam muito
sobre sua vida pessoal, mas era principalmente porque ela não queria e, felizmente, ele não havia pressionado.
— Sim. — Ela teve que desviar o olhar do dele, porque seus olhos azuis viam demais. Mas era difícil não olhar para ele.
— Olhe para mim, querida. — Quando ela chegou, odiava os apelidos
carinhosos que ele usava, mas agora sabia que era sua maneira de mostrar que se importava, que ela era especial para ele, e isso a fazia se sentir bem por dentro.
Gavin estava usando calça azul-marinho e um suéter azul claro que ressaltava a cor de seus olhos. Ela estava acostumada a vê-lo de terno, porque era isso o que ele costumava usar mais. — Me fale. — Ela olhou para baixo, mas rapidamente
voltou a olhar para o rosto dele.
— Só estava apenas pensando no quanto a minha vida mudou. — Era
parcialmente verdade. Mas quando ele se recostou na cadeira e continuou a olhar para ela, Ruby soube que ele queria mais. — É só que ninguém está me procurando. Ninguém se importa que eu tenha ido embora. — Ela olhou para o
colo, sem se importar que ele ficasse bravo com isso.
— Eu me importo se você for embora. — Ela voltou a olhar para ele, e o
calor a preencheu.
— Eu queria tanto sair daqui e voltar para casa, mas não tenho um lar para
onde voltar. A minha mãe é alcoólatra e viciada, não fez nada por mim a não ser me ignorar, tentar me arrastar para a lama com ela e depois me usar por causa de dinheiro. — Ela olhou de volta para ele, mas o homem estava com uma expressão indiferente, como se nada disso fosse surpreendente. Ou ele não se importava – o que ela sabia que não era o caso – ou já sabia tudo a respeito dela.
— Você já sabe disso? — Embora realmente não devesse estar tão surpresa, ela
estava.
Até onde ela sabia, os homens que a sequestraram não tinham como saber
muito a seu respeito, não se eles começaram a observá-la no hotel. O mais provável era que a tivessem visto, notado que ela estava sozinha e arriscado.
Mas Gavin sabia o nome dela, então era idiotice pensar que não procuraria saber a respeito da sua vida anterior. Mas, ainda assim, por alguma razão inexplicável, doía saber que ele só estivesse contando isso agora. Mas você não se ofereceu para contar nada a seu respeito, Ruby. Você não pode ficar chateada com ele.
— Venha aqui, Ruby. — Sua voz não admitia discussão, mas ela não queria
brigar. Ruby só queria sentir seus braços ao redor dela para saber que não estava sozinha neste mundo. Ela se levantou e foi até ele, que a alcançou imediatamente e a puxou para seu colo. Gavin afastou o cabelo do rosto da moça, depois segurou sua bochecha. A mão era tão grande que abrangia toda a lateral da sua face e ela não pôde deixar de se inclinar contra o toque dele.
— Sim, eu sei tudo sobre você. — Ela não disse nada, mas sabia, dada a maneira como ele reagiu. — Era imperativo que eu soubesse tudo sobre você, Ruby. — Ele se inclinou e a beijou com suavidade. Este era o lado doce e gentil de Gavin. Ela podia olhar nos olhos dele e ver que ele estava confortável e à vontade com suas ações e pronto para oferecer uma visão sobre elas.
— Por que você não me contou? — Ruby perguntou.
Ele colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e pareceu examinar o
rosto dela, quase como se estivesse procurando alguma coisa.
— Sei que não fui muito acessível com informações — ela admitiu.
— Não, não foi — Gavin falou e sorriu para ela. Ele a puxou para mais perto do seu peito. — Mas eu precisava saber a seu respeito por razões óbvias e, uma vez que descobri, não senti que era necessário informá-la. Você está começando a se ambientar bem aqui e trazer à tona o seu passado não teria mudado a situação. Além disso, não senti que era uma informação importante para você ter, princesa. — No começo, ela não sentiu nada além de calor por estar em seus braços, mas depois de ouvir tudo isso, não pôde evitar o sentimento de indignação dentro de si.
— Entendo porque você procurou informações a meu respeito, mas não
achou que era uma informação importante para mim? — Seu sorriso
desapareceu, mas ele não respondeu. — Comecei a me sentir conectada a você,
achei que estávamos compartilhando algo que ninguém mais tem. — Ele abriu a
boca para dizer alguma coisa, mas ela continuou falando. O olhar em seu rosto demonstrou que ela o havia irritado. Ótimo, porque ela também estava chateada.
Saiu do colo dele muito rápido para que ele reagisse. Sua expressão descontraída se transformou em aborrecimento e depois raiva quando ela começou a recuar.
— Você pode ter me comprado, mas achei que me via como algo diferente de uma simples propriedade.
— Ruby, sugiro que se acalme.
— Eu estava calma até você me fazer sentir indigna. — Talvez ela, finalmente, tivesse deixado toda a energia acumulada escapar.
Ele se levantou rapidamente e seu rosto assumiu uma máscara
assustadoramente dura.
— Eu nunca te fiz sentir indigna. De fato, sempre te mostrei que você é digna. — Ele estava gritando, e ela se encolheu um pouco. Ele avançou lentamente em sua direção. — Você está agindo como uma criança, Ruby.
Ela enxugou as lágrimas de raiva que caíam, odiando que não pudesse controlar suas emoções.
— Talvez seja porque eu sou uma criança, Gavin. — Ele emitiu um som baixo e um calafrio deslizou sobre seu corpo.
— Você está soando ridícula, Ruby. Você não é criança, mas, com certeza,
está agindo como uma. — O vidro aquecido parou seu movimento. — Me fale
exatamente por que está com tanta raiva e não minta para mim. — Ele disse a última parte como se estivesse tentando se manter calmo, tentando se certificar de que ela não o desobedecesse, mas sem suavizar completamente seu exterior rude.
Honestamente, ela não conseguia nem responder isso. Sabia que sua reação
era ridícula, mas era como se algo tivesse se quebrado dentro dela. Em um movimento que ela não tinha previsto, Gavin bateu as mãos no vido dos dois lados da cabeça de Ruby com tanta força que ele até tremeu.
Ele se inclinou para perto, e ela sentiu o aroma do creme irlandês que ele havia colocado no café da manhã. Seus olhos azuis brilharam com a raiva reprimida.
— Não cometa o erro de pensar que não vou te punir pelo jeito que você está falando comigo. Essa pequena explosão não ficará impune e o fato de você não poder nem me dizer o motivo de estar chateada me irrita ainda mais.
Em um jorro de palavras, ela disse:
— Porque minha vida era uma merda, Gavin – uma merda, e você foi vasculhar. Não te contei sobre isso por que eu a odiava, odiava no que ela quase me transformou. — Ela estava respirando com força e o medo batendo em suas
veias como um tambor errático. Naturalmente, seu corpo traidor ficava cada vez mais flexível ao redor dele. Gavin era enorme e se elevava sobre ela. Embora estivesse furioso, estava duro. Seu pênis pressionou direto a barriga de Ruby, lembrando-a que poderia odiar que ela reagisse, mas também adorava.
Ele gritou:
— Você está com vergonha da sua vida e achou que a melhor maneira de discutir seus sentimentos comigo era agir assim?
Ela engoliu o nervosismo. Dito assim, soava ridículo, mas ela não tinha conseguido se controlar. Era como se uma represa tivesse se quebrado dentro dela e não houvesse parado. Ele não falou, mas Ruby observou os olhos dele tomarem cada parte do rosto dela. Ele se inclinou um centímetro para trás.
Gavin a queria tanto quanto ela o desejava naquele momento. As emoções
dos dois eram intensas, o aborrecimento dele e a raiva, o constrangimento e a vergonha dela. A moça foi tola em pensar que ele nunca saberia sobre a vida dela com a mãe. Mas ainda não havia respondido e sabia que isso o enfurecia ainda
mais.
Ele emitiu outro som baixo, quase animalesco, e agarrou seu braço. Em seguida, saiu do solário, passou por vários cômodos da casa e, finalmente, subiu com ela pelas escadas. Ele a puxou para o quarto, fechou e trancou a porta, e olhou para ela. Ruby não deixou de perceber como ele continuava abrindo e fechando as mãos ao lado do corpo. Mas nas últimas duas semanas, ela aprendeu a lê-lo muito bem. Agora, ele mal estava mantendo o controle, e isso era uma percepção muito, mas muito assustadora.
— Acho que preciso te mostrar que você é digna e que agir assim sobre coisas bobas significa punição. — Ele segurou a barra do suéter e começou a tirá-lo. Usava uma camiseta branca grossa por baixo, mas o tecido não fazia
nada para esconder o poder bruto que exalava. Gavin continuou a encará-la enquanto abria o cinto e o puxava do passador da calça. Ela esperava que ele o jogasse de lado, mas em vez disso, o enrolou na mão. — Tire a roupa, Ruby. —
Com a voz baixa, mas mantendo o controle, Gavin abaixou um pouco a cabeça e
olhou para ela, exigindo que o obedecesse só com aquele olhar.
— E se eu dissesse não? — Deus, ela estava brincando com fogo, mas queria se queimar, queria sentir as chamas atingindo sua pele até que fosse tudo o que podia sentir. Tudo o que a moça conseguia pensar era na porcaria do trailer da mãe, em como Gavin havia visto tudo aquilo e descoberto o quanto sua vida
era ruim. Toda a dor, raiva, vergonha e afeição que sentia eram demais dentro dela e tudo o que ela queria era sentir outra coisa.
O canto da boca de Gavin se levantou lentamente, mas não era um sorriso
de diversão. Era uma satisfação sádica. Ele sabia que estava jogando nas mãos dela, que ela estava tentando estar no controle, mesmo que por um momento?
Então deu um passo à frente.
Ela levantou as mãos e tocou no primeiro botão da blusa. Ele parou seu avanço e a observou continuar. Sua camisa era sedosa e lisa sob os dedos.
Abrindo o primeiro botão, ela continuou e fez o mesmo com todos os outros até que a blusa se abriu. Por baixo ela não usava sutiã, mas estava com uma camiseta rendada. Tirando a alça do ombro, ela puxou a peça para cima e a juntou à camisa no chão. A saia que usava era justa, comprida e moldava seu corpo, e ela estendeu a mão para desabotoá-la. O medo ainda era uma emoção inebriante dentro de Ruby e ela não era tola o suficiente para pensar que não deveria ter medo de Gavin só porque se sentia mais no controle no momento.
Quando estava nua, usando apenas um par de sapatos de salto agulha que ele havia escolhido, a moça esperou pelo próximo passo.
Ele se aproximou, caminhou ao redor dela, que jurou conseguir sentir as mãos dele quando o homem não estava sequer tocando-a. Sua presença era tão intensa que ela não pôde deixar de prender a respiração. Com as mãos tremendo por causa das emoções turbulentas dentro de si, ela abriu os olhos e olhou para ele. Mesmo de salto, ele era muito mais alto que ela e seus ombros largos bloqueavam o cômodo atrás dele. Estavam sozinhos, mas mesmo que estivessem
em uma sala cheia de gente, ela sabia que teria sentido como se fossem apenas os dois.
— Sabe, querida — ele deu um passo para mais perto e os mamilos dela se
eriçaram com o calor que vinha do seu corpo. —, acho muito engraçado você pensar que está no controle dessa situação. — Ruby não se mexeu, porque havia uma parte dela que não sabia nada sobre Gavin. Ela foi boba ao pensar que tinha algum tipo de controle sobre o que estava prestes a acontecer. — E o fato de que
a sua raiva provém da vergonha por eu ter investigado a sua vida me irrita ao ponto de me deixar cego de raiva. — Ela engoliu em seco com sua voz severa.
— A vida de ninguém é perfeita ou glamorosa, mesmo com todo o dinheiro do
mundo. — Ela olhou para o cinto que ainda estava enrolado na mão dele e se perguntou se ele arrancaria sua vergonha e todas as outras emoções turbulentas dela. Ele olhou para baixo e quando levantou a cabeça, havia um sorriso sádico em seus lábios. — Sei que você está se perguntando o quão longe estou prestes a ir.
Ele deu um passo para trás, segurou a barra da camisa e a puxou por cima
da cabeça. Seu cabelo escuro ficou ligeiramente desalinhado com o ato. Agora ele parecia quase desequilibrado enquanto a olhava. Ela observou os músculos duros e enormes do seu peito flexionarem. Ele ainda estava com a calça aberta, mas por alguma razão, isso o fazia parecer ainda mais perigoso do que antes. O
ar ao redor dele estava aquecido e havia um brilho de excitação em seus olhos.
— Sim — ela respondeu, mas sua voz falhou na última letra por causa do
medo, excitação e profunda necessidade de ver exatamente o quão longe ele iria.
Ruby sabia que deveria estar com medo da morte, temendo por sua vida mesmo. Mas a parte dela que sempre achou doentia e perturbada queria tudo o
que Gavin poderia dar. Levou o tempo necessário com seu lindo captor para fazer Ruby perceber que ela não era doentia. Não havia nada de errado com as
necessidades dela, mesmo que não fossem consideradas “normais”. Ela não estava sozinha nisso e, ao olhar para Gavin, soube que havia encontrado a peça do o quebra-cabeça que faltava em sua vida. O estranho era que ela nem havia
percebido que estava faltando até que tivesse sido levada para essa situação.
— Você queria isso, Ruby, e estou prestes a te dar muito mais do que você
acha que pode aguentar.
Capítulo Onze
Por vários segundos, tudo o que Gavin fez foi olhar para Ruby enquanto ela
estava nua diante dele, tão linda que só ficava mais faminto por ela. Ele continuou a apertar o cinto preso em sua mão e imaginar acertar sua bunda com o couro liso deixou seu pau duro e latejando.
— Vire-se e encoste o peito na parede ao seu lado. — O quarto era montado
com as coisas que ele gostava de fazer no sexo, e ele estava prestes a experimentar o Nirvana com sua mulher. Mesmo de longe, viu o jeito que seu coração batia descontrolado na base da garganta e sentiu vontade de beijar e lamber sua pele, sentir a batida daquele medo e a antecipação sob a língua.
Ele inclinou o queixo na direção que queria que ela fosse e ficou onde estava quando a viu se virar e caminhar em direção à parede. Sua bunda era exuberante até mesmo para aquele corpo, mas o bumbum firme e empinado se movia de forma sedutora enquanto ela caminhava até a parede. Ela ficou linda pressionada contra o papel de parede com padronagem damasco azul e preto.
Quando viu a lateral do seu peito pressionada contra a parede, ele se aproximou dela. Gavin se abaixou, tirou seus sapatos e, embora amasse o jeito que ela ficava usando somente eles, não queria que ela tivesse a altura extra para essa diversãozinha que eles teriam. Acima dela havia um sistema de roldanas. A tira de couro que ajustava a altura estava escondida sob a cabeceira da cama, e ele a pegou. Movendo-a para abaixar o sistema, ele a ouviu ofegar rapidamente quando olhou para cima e viu o que ele estava fazendo.
— O que é isso? — A instabilidade da sua voz o excitou ainda mais, porque
era aquela hesitação e falta de conhecimento que fazia com que o monstro dentro dele aparecesse como uma punição.
— É para você, minha querida. — Ele pegou suas mãos e as ergueu para que pudesse prender a tira ao redor dos pulsos dela. Ele deu um passo para o lado, ajustou a altura, e então ela foi forçada a ficar na ponta dos pés para manter o equilíbrio, em seguida garantiu que ela ficasse nessa posição. Gavin deu vários passos para trás até que teve uma visão desobstruída da cena gloriosa à sua frente. Como ela estava na ponta dos pés, todo o seu corpo estava alongado e tudo o que ele conseguia pensar era em deslizar a língua por cada centímetro dela. Ruby olhou por cima do ombro, e ele a encarou. — Vire para a parede, porra. Não se mexa ou fale sem que eu diga para você fazer isso. — Seus olhos se arregalaram, mas ela se virou e apoiou a testa na parede.
— Eu deveria te chamar de alguma coisa? Mestre, senhor, algo assim? —
Ele soltou o cinto que segurava e deu um passo na direção dela. Sem responder à sua pergunta, Gavin puxou o braço para trás e levou a tira de couro para frente.
O som da batida em sua pele e depois seu suspiro de dor, fez com que ele fechasse os olhos e gemesse de prazer. A linha vermelha surgiu instantaneamente em sua pele branca e seu pênis endureceu com a visão. Ele atingiu seu traseiro com o cinto de couro mais uma vez, e ela gritou, inclinando a cabeça para trás.
Ele se moveu para o lado a fim de ver o rosto dela e observou seus olhos se fecharem e uma lágrima deslizar por sua bochecha.
— O primeiro foi por você ter falado quando eu disse para não fazê-lo. —
Ele lhe deu um momento para respirar com, mas também sabia que ela estava excitada, viu como ela juntou as coxas e estava ansioso para lhe dar mais. — E o segundo foi só porque eu amei como a sua pele ficou vermelha quando o couro
atingiu seu corpo. — Ele se aproximou dela e passou a mão pelas duas marcas
em sua bunda. Sua pele estava quente e ligeiramente inchada nos lugares onde o cinto havia atingido. Mas por mais que ele soubesse que, provavelmente, havia doído pra caramba, ele praticamente podia sentir o cheiro de sua excitação.
Ele se agachou, segurou sua bunda e a abriu. Ainda estava com o cinto na
mão, mas queria que ela o sentisse pressionado contra sua perna, que ela percebesse que ele não havia terminando ainda.
— Abra bem as pernas, Ruby. Quero ver o que me pertence. — Ela
obedeceu no mesmo instante, e ele pressionou os dedos na sua bunda. — Boa menina, princesa. — O cheiro da sua excitação o atingiu. Ele olhou para sua entrada, que brilhava com a lubrificação. Sua boceta estava ligeiramente aberta pela maneira como ele a segurava, e ele não se negou a prová-la. Gavin se inclinou e lambeu, pressionando a língua até sua abertura. Ele lambeu a boceta e engoliu sua excitação, necessitando de mais. Gemendo contra a pele
escorregadia, ele se afastou, se forçando a recuar ou não seria capaz de parar.
Gavin ainda não queria terminar sua diversão.
Ficando de pé novamente, ele ficou satisfeito com a forma como ela mantinha as pernas abertas, amou o fato de que suas costas estavam arqueadas enquanto ela empinava a bunda, como se procurasse mais. Daria mais, muito mais até que ela estivesse cega de luxúria.
— Diga-me, querida, gostou da sensação do meu cinto em sua pele?
Seus olhos ainda estavam fechados, os lábios entreabertos e ela quase parecia drogada. Bom, porque ele queria que ela aproveitasse tanto quanto ele.
— Sim. — Um gemido estrangulado saiu de sua boca quando ele atingiu as
pernas dela, dessa vez, com o cinto.
— Respondendo a sua pergunta anterior, não, não quero que você me
chame de nada além de Gavin. — Ele atingiu suas pernas com o cinto de novo e, em seguida, a sua bunda. Gavin a olhou, percebendo que ela estava quase em transe quando sua pele ficou vermelho vivo. — Me diga, Ruby, o quanto você gosta disso? — O suor escorria em sua testa enquanto ele continuava a espancá-
la várias vezes até que ela estava chorando mais do que ele já tinha visto.
— Dói tanto de um jeito tão bom. — Ele jogou o cinto de lado e olhou para
o que havia feito. Sua bunda inteira e a parte de trás das pernas estavam vermelhas, e ele até viu algumas contusões começando a se formar. Ficou de joelhos atrás dela um segundo depois, acariciando sua pele quente e se inclinou para lambê-la. Gavin estava com as mãos na lateral de cada perna enquanto lambia, mordiscava e beijava a pele inchada e ardente. O cheiro da sua excitação era ainda mais potente a medida que se aproximava e viu a umidade cobrindo a
parte interna das coxas. Inclinando a cabeça e lambendo sua excitação, ele gemeu e murmurou coisas incoerentes. Estava fervendo por ela, sentindo o pênis prestes a explodir na calça, e tudo o que conseguia pensar era o som que o cinto havia feito quando atingia sua pele e o gemido que ela dava depois de cada golpe.
— Vou comer sua bunda hoje à noite, querida. — Ele passou a língua por
sua boceta, sugou o clitóris até que ela estivesse esfregando a boceta no rosto dele e deslizou a língua até a entrada de seu traseiro. Gavin havia reivindicado todas as partes dela até agora, exceto sua bunda, mas isso seria corrigido naquela noite. Antes que ele fosse incapaz de se impedir de tomá-la ali mesmo contra a parede, ele se levantou e abaixou a roldana. Ruby caiu contra seus braços assim que ele a libertou. Gavin a abraçou por alguns segundos, acariciando-a até que seu tremor diminuísse. — Quer que eu tome cada parte sua, princesa? — Ela assentiu. Ele segurou sua nuca com suavidade, embora de um jeito firme, e puxou sua cabeça para trás para que ela o olhasse. — Me responda quando eu te fizer uma pergunta.
— Sim, Gavin, quero ser sua. Quero que você possua cada parte minha. —
Enquanto ele olhava para o rosto doce e delicado, viu o jeito que suas pupilas se dilatavam com a verdade das suas palavras, sabendo que nunca seria capaz de deixar essa garota ir embora. Ela era dele, só dele, e qualquer um que tentasse levá-la para longe descobriria o poder da sua ira.
Ele poderia dizer que o equilíbrio dela estava instável e sabia que as endorfinas estavam se movendo através do seu corpo em um ritmo acelerado.
Pegando-a no colo e mantendo-a perto do corpo, ele beijou o topo da sua cabeça.
Gavin ainda estava ansioso para excitá-la, mas não queria chegar ao ponto de não conseguir tê-la de volta, e isso era uma possibilidade muito real se não se controlasse. Ele já estava perto do limite e parecia que a necessidade aumentava
mais rápido dentro dele toda vez que a tocava.
Deitando-a na cama, ele parou um momento para olhar para ela. Gavin não
deixou de notar a careta que cobria seu rosto com a sensibilidade da sua bunda e pernas entrando em contato com a cama, mas isso o fez ficar ainda mais excitado.
— Fique de bruços e me deixe ver o que vou comer. — Vê-la o obedecer
imediatamente o estimularia ainda mais, mas ela não o fez e, em vez disso, hesitou, olhando para ele. E sua relutância era ainda mais satisfatória.
Mas ele conhecia o jogo que ela estava jogando, sabia que ela queria que a
dor entorpecesse o que ela estava sentindo. Ele podia não saber exatamente o que era, mas descobriria. Podia ser porque ele não disse a ela que ele havia investigado o seu passado, mas isso parecia insignificante no momento. Ele a comprou, a espancou até que ela gozasse e se achasse que ele deveria lhe contar tudo que se passasse por sua cabeça, então ela precisaria perceber que seu lugar na vida dele não incluía isso. Ele tinha sentimentos por ela. Ruby era sua propriedade, mas também era muito mais para ele. Eles estavam conectados e, por causa disso, eram um só.
— Se você não ficar de bruços e me mostrar sua bunda, vou ser forçado a te
punir de novo. E, Ruby, não será um castigo que você vai gostar. — Isso a fez umedecer os lábios e se virar de bruços. Sua bunda estava num tom glorioso de vermelho, com toques de roxo e azul. Gavin estendeu a mão e alisou a curva da sua coluna, as costas e as pernas. Ela se contraiu, provavelmente pelo desconforto, mas abriu ligeiramente as pernas e ele pôde ver que estava encharcada. Mas a boceta dela não seria sua naquela noite. Quando ela gozasse, ele estaria enterrado profundamente em seu traseiro apertado.
Indo até a cômoda, ele abriu a gaveta de cima, pegou um colar de pérolas e
um tubo de lubrificante. Como a boa garota que ele sabia que ela podia ser, seus olhos estavam fechados e ela estava na mesma posição que a havia deixado. Indo para o banheiro, lavou as mãos e as pérolas e voltou para o quarto. Por apenas um momento, ele a observou respirando. Ela estava nervosa e ansiosa, tanto que ele percebeu no mesmo instante. Ver o que estava acontecendo com ela e como
ele a fazia sentir fez com que ele tocasse sua ereção. Caramba, ele estava muito duro, o suficiente para que o líquido vazasse da ponta do seu pau. Ele olhou para as pérolas que segurava, agora aquecidas pela água e por seu toque. Ele havia imaginado fazer isso com ela desde o momento em que a viu e, embora contê-la
com as pedras fosse um orgasmo visual por si só, o que estava prestes a fazer seria ainda mais excitante.
Apoiando um joelho na cama, ele separou suas pernas.
— Levante o traseiro, Ruby. — Ela obedeceu imediatamente, e ele deu uma
palmada nela. — Tão obediente. — Sua boceta estava vermelha e inchada de desejo, além de muito molhada. Por mais que ele quisesse comê-la novamente e
fazê-la gozar com a língua, não faria. Pegando o fio de pérolas e deslizando-o na parte de trás de uma das suas pernas, ele observou sua boca se abrir e a ouviu ofegar. Ele colocou o colar na abertura da sua vagina e, lentamente, começou a empurrar as contas grossas para dentro. Ela abriu os olhos e fez um pequeno ruído. Ele podia ver o jeito que sua boceta apertou o colar de pérolas, e seu pau quase rasgou a calça com a visão. Quando só restavam três contas, pegou o lubrificante, abriu sua bunda e olhou sua entrada por um segundo. Inclinando o tubo, deixou o líquido claro deslizar por ela. Ele usou o polegar para espalhá-lo e, em seguida, o empurrou para dentro, se certificando de que ela ficasse suave e escorregadia quando empurrasse seu pau ali.
— Ah. — Foi a única coisa que ela disse quando Gavin tirou o dedão, substituindo-o por outros dois dedos. Movê-los dentro dela e esticá-la para que pudesse receber seu pau, fez com que suor escorresse por sua coluna. Precisava disso, necessitava que ela se rendesse tanto quanto precisava respirar. Ele teve que se afastar e recuperar o fôlego, porque ver sua boceta cheia de pérolas, ainda capaz de sentir os músculos internos da sua bunda apertando e soltando seus dedos deixou Gavin a ponto de gozar.
Tirando a calça, ele pegou o lubrificante mais uma vez e cobriu sua ereção
com o líquido. Em seguida, voltou para sua posição, guiando o pau em sua bunda. Com a mão em seu pescoço e pressionando seu rosto no colchão, ele precisava fazê-la saber que ele estava no comando e precisava sentir sua completa rendição. A cabeça do pau passou através da entrada apertada, e ele soltou a base do membro, começando a empurrar para dentro dela. Gavin estava
consciente de que ela nunca teve um homem ali antes, mas isso não significava que ele agiria com tranquilidade. Usou a outra mão para segurar seu pulso, puxou o braço da moça para trás e prendeu o pulso na base das costas. A outra mão estava junto ao rosto, segurando os lençóis amontoados. A sensação de empurrar naquele lugar apertado quente e lubrificado o fez inclinar a cabeça para trás e fechar os olhos. Ele começou a se mover para dentro e para fora e a sensação das contas enfiadas em sua boceta apertada, com apenas uma fina camada separando-a deles, fez com que suas bolas se apertassem. Ela tentou virar a cabeça, mas ele empurrou o rosto dela para baixo e segurou seu pulso com mais força. Ela gemeu com o prazer, mas também sentindo dor, sem dúvida.
O ar o deixou quando ela apertou seus músculos internos.
— Se você fizer isso de novo, vai acabar antes mesmo de começar. — Ele
puxou o pau quase todo para fora antes de empurrar de volta para dentro dela com força suficiente para que a parte superior do corpo de Ruby se movesse para
frente na cama. — Está tão bom, Ruby. Caramba, você é gostosa pra caralho. Ele se movia dentro e fora dela, aumentando a velocidade a cada segundo até que todo o seu corpo estivesse coberto de suor e algumas gotas caíssem nas costas dela para se misturarem com a própria transpiração da jovem. Seu cabelo estava úmido e os fios curtos, presos à testa.
Olhando para baixo, onde seu pau estava profundamente enterrado nela, ele
assistiu com prazer voyeurista sua pele rosa esticada ao redor dele.
— Está bom para você, querida? — Ele envolveu os dedos no pescoço dela,
que gemeu. — A dor é suficiente? Você precisa que eu provoque mais?
— Está gostoso. — Ele deixou seu olhar viajar sobre as marcas claras em
sua bunda e soltou seu pulso para segurar sua mão. Ruby manteve a manteve para trás, e ele ficou muito contente por não ter que dizer a ela para fazer isso.
Estava muito perto de gozar, mas queria senti-la apertá-lo enquanto ela atingia o próprio clímax. Ele diminuiu o ritmo e passou o braço ao redor da cintura dela, levantando-a.
— Fique de quatro. — Ela fez o que ele pediu, e Gavin deslizou a mão para
baixo, pegou o fio de pérolas e, em seguida, começou a puxá-lo de dentro dela.
— Você vai gozar junto comigo, princesa. — Ele estava ofegante, fazendo tudo
em seu poder para não gozar antes dela. — Entendeu, Ruby? — Ela assentiu, mas depois exalou a afirmação. Puxando o pau para fora e descansando a cabeça em sua entrada, ele bateu nela com tanta força que ela quase perdeu o equilíbrio.
Ele fez isso várias vezes e quando sentiu a primeira onda em sua ereção, começou a remover o fio da sua boceta. Ela inclinou a cabeça para trás e gritou enquanto ele entrava e saía de dentro dela mais rápido e com mais força enquanto continuava a puxar as pérolas do seu corpo.
Seu orgasmo era doce, e ele inspirou profundamente, deixando seu próprio
orgasmo explodir como um animal feroz assumindo o controle. Gemendo e saindo com força da sua bunda, ele jorrou dentro dela, marcando-a e reivindicando totalmente cada parte dela até que nunca houvesse qualquer dúvida de que pertencia a ele. Quando seu prazer diminuiu e ele pôde ver os braços dela tremendo enquanto tentava se manter firme, Gavin se retirou e desabou na cama ao seu lado. Ela caiu para frente, respirando com força, coberta de suor e um belo rubor cobrindo seu corpo. Depois de alguns minutos, ela se virou e Gavin admirou o modo como seus seios fartos e tensos se balançavam com o movimento. Seus olhos estavam fechados, mas quando ele estendeu a mão e afastou uma mecha de seu cabelo úmido, ela abriu os olhos e olhou para
ele. Gavin não disse nada por um momento e apenas a observou, gostando do brilho pós-orgasmo que a rodeava.
— Isso foi intenso.
Gavin continuou a mover as pontas dos dedos em sua testa bochecha. Ele não disse nada, mas sentia o mesmo. Ela era perfeita para ele, a perfeita masoquista do seu sádico faminto. Mas quando a olhou, pensando em todas as coisas que descobriu sobre sua vida e sobre o que Adelbert havia dito, não podia negar que tê-la aqui por livre e espontânea vontade seria ainda mais prazeroso.
Ele precisava que ela o escolhesse, necessitava que decidisse o que realmente queria e não fosse pressionada por ele ou por seus bens para fazer isso. Ele pensou nas palavras de Adelbert de que se ela não estivesse aqui por vontade própria, isso precisava ser resolvido. Não queria dar uma escolha a ela, se fosse honesto, mas sabia que para que o vínculo se formasse completamente, nada poderia ficar entre eles, então Ruby precisava decidir por conta própria.
Você sabe que esta jovem poderia te arruinar só por se afastar e isso te assusta pra caramba.
Gavin nunca se assustou com nada, exceto a solidão. Mas ele poderia lidar
com estar sozinho. Mas não conseguia lidar com o fato de não ficar com Ruby.
— Está tudo bem? — Ela se virou para o lado, mas ele se deitou de costas.
O ar gelou quando as emoções dela mudaram.
— Está tudo bem, princesa. — Mas não estava, e Gavin não gostou desse
sentimento.
Capítulo Doze
Ruby esteve no limite o dia todo e não sabia o porquê. Bem, isso não era bem
verdade. Ela sabia porque estava se sentindo tão insegura. Desde que Gavin havia tomado sua bunda, há alguns dias, ele pareceu se distanciar. Ainda dormia ao seu lado, ainda a abraçava, mas ela sentia seu distanciamento. Será que ela havia feito algo errado ou ele havia percebido que ela não era o que ele queria?
Todas essas perguntas surgiram em sua cabeça várias vezes.
Ruby não conseguia explicar o vazio que sentia e muitas vezes se viu no seu quarto, olhando pela janela e observando Drika cuidar dos jardins. Esta mudança repentina no comportamento não fazia sentido, especialmente com tudo ele havia dito e todas as coisas que fizeram juntos.
Se afastando da janela, ela foi até a cama e se sentou. Talvez Gavin tivesse
encontrado outra mulher de quem gostasse mais. Quem sabe ele realmente fosse
tão malvado quanto ela pensava e queria um harém de mulheres. Talvez ele só quisesse acabar com ela, fazendo-a confiar nele, desejá-lo e então viraria as costas e mostraria que ela realmente não era nada. Mas não, mesmo depois de pensar isso, ela sabia que não era a verdade. Ruby tentou racionalizar, pensar que ele estava ocupado com o trabalho e que talvez fosse por isso que estava dando gelo nela. Conversar com ele não a levou a lugar nenhum. Ele descartou suas perguntas como se não significassem nada, mas ela vislumbrou alguma mudança
no fundo dos seus olhos. Emoção, talvez? De qualquer maneira, ela estava começando a se sentir como alguém de fora, o que doía muito já que ela, finalmente, havia aceitado o fato de que o queria.
Uma batida soou na porta. Ela se levantou e apertou as mãos nas costas. A
porta se abriu e Gavin estava do outro lado, usando um terno preto risca de giz.
A camisa branca e a gravata de seda vermelho-sangue se destacavam, fazendo-o
parecer poderosamente controlado. As abotoaduras brilharam quando a luz do sol as atingiu.
— Como você tem passado, Ruby? — Ele a olhou com indiferença. Era mestre de manter a compostura e não demonstrar suas emoções e agora tinha um
muro erguido em sua frente. Ruby não podia dizer que eles sabiam tudo a respeito um do outro. Deus, ela odiava não saber por que motivo ele agia daquela forma e estava tão frio com ela.
— Fiz algo errado? — ela perguntou pelo que pareceu ser a centésima vez,
sem se incomodar em responder à pergunta. Sua desobediência clara deveria ter
ganho algum tipo de punição deliciosa, mas essa falta de atenção dele era doloroso.
— Por que você acha isso? — Ele não saiu da porta. Sua raiva aumentou com a falta de emoção que ele demonstrou. Então ela se comportou de forma inadequada.
— Porque você não fez nada além de me ignorar nos últimos dias. Desde que comeu minha bunda. — Ela sentiu o rosto esquentar com suas palavras grosseiras. Sempre foi mais reservada, mesmo vivendo com a mãe, que não era
nada disso. Mas não temeu a punição de Gavin, nem queria isso agora. Naquele
momento, estava zangada e magoada, sentindo como se tivesse sido descartada.
— Você está agindo como uma criança novamente, Ruby. — Suas mãos
tremeram por suas emoções, e ela as pressionou sobre as pernas.
— Talvez eu esteja, mas não dou a mínima. — Ela não chorava nem
demonstrava qualquer expressão, embora sua última palavra tivesse falhado. —
Como você pode fazer isso com uma pessoa? — Ele arqueou uma sobrancelha
escura. — Como pode pegar alguém, fazê-la te querer, gostar de você, e depois afastá-la sem qualquer razão ou explicação?
— Sempre tenho uma razão para o que faço. — Isso a irritou ainda mais, e
ela se aproximou até ficarem frente a frente.
— Você me comprou, me trouxe para este lugar e me afastou da minha vida...
— Você não tinha vida antes de eu aparecer, Ruby. Estava apenas
sobrevivendo.
As lágrimas que ela tentou segurar caíram, e ela as enxugou.
— Você é um cretino. — Ela disse aquelas três palavras em um sussurro.
Esperava que ele a agarrasse, a virasse e batesse em seu traseiro até que não pudesse se sentar. Essa dor teria sido bem-vinda. Mas o que ele disse em resposta a surpreendeu.
— Sim, eu sou, Ruby, mas nunca afirmei ser qualquer outra coisa. — Ele deu um passo em direção a ela, mas a jovem se manteve firme e olhou bem dentro dos seus olhos azuis frios.
— Como você se vê?
— O-o que você quer dizer?
— Como você se vê na minha vida? Acha que somos um casal, que você é
minha namorada? — Ele se aproximou um passo, e ela deu um para trás. —
Você acha que eu vou te levar a encontros, apresentá-la a pessoas que eu conheço? — Ele deu outro passo, e ela continuou recuando. — Você se vê como
minha esposa? — Suas lágrimas caíram mais rápido e sua visão estava embaçada. — Responda! — ele gritou, e ela se encolheu com a raiva dele.
— Acho que não sabia o que pensava. — Isso era mentira. Ela não pensava
que iriam se casar ou algo assim, porque o que ela sentia por ele era mais profundo do que um contrato poderia declarar, mesmo depois de apenas algumas
semanas. Mas talvez ele achasse que havia pensado nisso ou algo assim. Ela era muito mais jovem que ele e, claramente, tinha sido só um brinquedinho para ele.
Deus, doía pensar assim.
Ele se afastou dela e assentiu devagar.
— Bem, precisamos ajustar isso então. — O que ele queria dizer com aquilo? Ele estendeu a mão e segurou seu braço, puxando-a para fora do cômodo. Ela teve que correr para acompanhar seus passos rápidos e longos e logo se viu descendo as escadas, saindo pela porta da frente e sendo empurrada para o banco de trás da limusine. Ruby se endireitou assim que Gavin se sentou e fechou a porta. A limusine começou a avançar, e ela tirou o cabelo do rosto e olhou para ele.
— O que você está fazendo? — Ele não respondeu e sequer olhou para ela.
Minutos depois pararam na pista de pouso, e ele a puxou para fora. — Gavin, o que você está fazendo? — Ela não se moveu, mas ele era mais forte e a puxou
junto com facilidade. Em seguida, entraram no jato, e ela foi empurrada para um dos assentos de couro. Ela ainda estava chorando, porque tudo o que conseguia pensar era que ele a estava levando de volta para aqueles caras do tráfico humano. — Por que você está fazendo isso? O que eu fiz? — Ele finalmente a
olhou, e ela viu um lampejo de emoção passar por seu rosto.
— Você não fez nada. Vou te levar de volta à sua antiga vida, Ruby, já que a
única razão pela qual você está aqui é porque foi tirada dela. — As portas se fecharam e faltavam alguns minutos para o avião começar a taxiar.
— Você não me quer mais? — Deus, ele queria levá-la de volta ao seu mundo de merda. Ela não tinha nada, nenhum lugar para ir. Por um tempo não
muito distante, tudo que teria desejado era isso, mas agora, ela odiava o que estava acontecendo.
RUBY HAVIA ADORMECIDO HÁ algumas horas, mas eles deveriam pousar
em breve. Gavin se recostou, com apenas uma luz acesa na cabine principal. Ele a observou, viu o jeito que seu peito subia e descia sob a camisa floral rosa clara que ela usava. Havia sido duro e muito frio com ela nos últimos dias, mas estava pensando muito. Depois que ele a tomou e usou as pérolas nela, tudo o que conseguia pensar era no medo dela ir embora. As palavras de Adelbert haviam
sido cimentadas em sua mente. Ele a queria, merda, a queria com toda sua alma, mas tinha um medo terrível de perdê-la. A única maneira que conhecia para garantir que ela ficasse em sua vida, que o vínculo dos dois fosse solidificado, era levá-la de volta à sua antiga vida e deixá-la decidir entre ele e sua liberdade.
Talvez não fosse o melhor plano, porque, na realidade, ela poderia ir embora se quisesse, mesmo que o escolhesse, mas, pelo menos, ele saberia que
Ruby estava com ele por vontade própria. O avião desceu, pousou e depois de vinte minutos eles foram autorizados a sair.
— Ruby, querida, acorde. — Nos últimos dias, ele manteve distância. Não
demonstrou seu afeto, mas não havia sido um castigo, só uma maneira de colocar seus pensamentos em ordem.
Ela se levantou, esfregou os olhos sonolentos e depois de alguns segundos,
percebeu onde estava. Ela se endireitou, e ele olhou para seu rosto. Odiava que parecesse tão desamparada.
— Chegamos?
Ele assentiu. O trailer de sua mãe ficava a vinte minutos da pista de pouso.
Uma vez fora do avião e na limusine, ele notou que ela ficou quieta e pensativa, não olhava para ele e não disse nada.
— Tenho algo para você. — Quando ela o encarou, ele pegou uma mochila
pequena e escura que estava ao seu lado. Entregou a ela, que parecia relutante em aceitar. — Não vou te deixar sem nada. Aí dentro tem dinheiro para te ajudar até que você se estabilize, com documentos e roupas.
— Por que você está fazendo isso? — Ela pegou a mochila, mas havia tanta
dor em sua voz que partiu seu coração.
— Não estou fazendo isso para te machucar, princesa. — Ela balançou a cabeça e olhou pela janela.
— Sim, você está. Você sente prazer com a dor dos outros.
Ele não respondeu por um minuto, porque era verdade até certo ponto.
— Só quero que saiba que você tem uma escolha. Que estou te dando uma
escolha.
Quando ela olhou para ele, havia raiva em seu rosto.
— Se era disso que se tratava, por que fazer essa grande produção? Por que
me ignorar e me faz sentir indesejada como se eu tivesse feito algo errado?
— Porque eu precisava pensar e precisava que você percebesse que tem uma escolha na vida. Não quero que vá embora, mas não quero saber que pode
me deixar porque nunca teve a opção de voltar para sua antiga vida. Era disso que eu estava com medo. — Ela olhou para ele sem dizer nada, mas ele viu em
seu rosto que ela entendia o que estava dizendo.
Eles seguiram o resto do caminho em silêncio, mas ele não a pressionou
para conversar ou saber o que ela estava pensando. Gavin havia dito o que precisava e cabia a ela fazer sua escolha. Quando a limusine parou em frente ao trailer da mãe, Ruby abriu a porta e começou a sair. Era muito tarde, mas as luzes estavam acesas, que parecia que havia jornais no lugar das cortinas. O
bairro estava degradado, desmoronando e debilitado.
Gavin estendeu a mão antes de Ruby se sair e segurou seu pulso. Ela parou
e olhou para ele.
— Não estou te descartando. — Ele tinha que fazê-la entender isso e falou
repetidamente. Eles se encararam. — Só quero que você saiba que tem uma escolha. Você não é minha prisioneira, não importa o quanto eu goste da ideia.
Talvez eu não devesse ter te tratado como nada além do tesouro que você é para mim, mas fiz o que tinha que ser feito para que você percebesse que tem opções e para que eu entendesse que você precisava escolher o que quer na vida. — E
ele continuaria dizendo isso até que fosse tão sólido dentro dela que ela nunca duvidasse disso. A raiva lentamente se esvaiu do rosto da jovem. — E eu me importo com você, princesa. Muito mesmo. — Ela ofegou, mas não disse nada,
apenas assentiu.
Ele não pretendia agir com suavidade antes de ela ir embora, porque ele sabia que ia na contramão de quem era e como havia tentado se distanciar dela.
Gavin nunca alegou ser um homem bom ou nobre. Ele era daquele jeito e não se
desculpava por isso. Mas vê-la se afastar o fez sentir raiva e dor de um jeito que nunca havia sentido antes. Ela afastou a mão, saiu da parte de trás da limusine e fechou a porta atrás de si. Tudo o que Gavin podia fazer era vê-la ir embora e esperar que ela acabasse escolhendo-o, mesmo que não tivesse o poder de escolha no começo.
RUBY OLHOU para o trailer da mãe. Podia ter feito apenas algumas semanas de
sua partida, mas a vida que levou com Gavin fez este lugar parecer ainda pior.
Ela sentia que ela a observava, embora as portas estivessem fechadas e as janelas fossem escuras. Deu um passo à frente, sem ter certeza se realmente planejava entrar ali ou se estava apenas se forçando a se afastar da limusine e da vida que ela prometia. Odiava o fato de que ele pensasse que precisava se distanciar para mostrar seu ponto de vista antes de ajudá-la a entender o que ele estava tentando fazer.
Começou a perceber que estava grata por ter uma escolha. Claro, ela ainda estava com raiva e odiava o modo como as coisas estavam acontecendo, mas se
ia viver, não podia confiar em ninguém além de si mesma.
Um homem saiu pela porta da frente do trailer da mãe com uma garrafa de
bebida na mão. Ele coçou a barriga protuberante e arrotou alto o suficiente para que ela ouvisse. Não era um dos homens com quem tinha visto a mãe quando morava lá, então deveria ser o novo namorado idiota. O cara se encostou no corrimão deformado e apodrecido da varanda e bebeu metade do álcool da garrafa. Ela ouviu a mãe gritar alguma coisa, mas Ruby já havia dado um passo para trás. Essa nunca foi a sua casa.
Se virando, viu que Gavin estava fora da limusine e parado ao lado da porta
aberta. Seu rosto não demonstrava nada, mas seus olhos tinham profunda afeição, e ela poderia ter notado certo medo.
— Esta não é a vida que eu quero. Nunca foi a vida que eu quis. — Ela sabia disso quando foi embora pela primeira vez, mas vê-la novamente tornou tudo muito mais permanente.
— Me diga o que você quer, princesa. — Gavin sempre foi tão forte, mas
agora ele parecia quase... frágil. Ruby olhou para o gordo desajeitado que ainda estava encostado no corrimão, olhou ao redor, para o local decadente e um pouco morto, e soube que ela nunca pertenceu àquele lugar. Olhando de volta para Gavin, ela não se importava com seu dinheiro ou seus ternos caros. Não pensava na vida que tinha com ele do outro lado do oceano ou em sua grande propriedade. Tudo o que pensava era que ele era o único que a fazia se sentir digna e que o que queria não era errado. Ele a aceitou e abraçou seus desejos, porque era isso que ele queria também. Suas vidas podiam não ter começado da
melhor maneira, mas ela tinha que acreditar que tudo aconteceu por um motivo.
Ele era o homem que ela passou a gostar e confiar. Não queria a bolsa de dinheiro que segurava ou estar em outro lugar se Gavin não estivesse lá.
— Quero você. — Ela se moveu em direção a ele, que imediatamente a abraçou.
— Só queria que você viesse a mim por vontade própria, querida. — Ruby
fechou os olhos e apenas absorveu a sensação de estar em seus braços. — Vamos para casa.
Contanto que estivesse com Gavin, ela estava em casa.
Epílogo
T rês anos depois.
Gavin se sentou no canto, as sombras ocultando sua presença e a luz da lua
se movendo pela janela aberta. A brisa de verão balançou as cortinas de renda, movendo-as pela borda do edredom sobre Ruby e depois tocou a ponta dos seus
cabelos. Ele esteve viajando a negócios na última semana e, embora estivesse no meio da noite, voltou para casa assim que terminou o trabalho.
Os últimos três anos foram cheios de muitas emoções turbulentas:
felicidade, dor e mágoa, cura, amor e, finalmente, esperança. Ruby era sua, sempre seria, e mesmo que eles não precisassem de um documento legal para provar isso, Gavin pediu a ela que se casasse com ele. Eles haviam se casado um mês depois na propriedade, e vê-la envolta em fios de pérolas, aquele vestido cor de creme rendado e o cabelo escuro caindo sobre os ombros, fez com que Gavin
percebesse que essa mulher poderia destruí-lo.
Ele a comprou de um leilão humano, sabia que ela havia sido tirada de casa
e vendida a quem pagasse mais. Deveria sentir vergonha por ter sido ele quem a comprou, mesmo depois de todos esses anos, mas a verdade é que ele nunca se
sentiu assim. E depois que ele a levou de volta para o estacionamento de trailers onde ela morava com a mãe, quando Ruby se jogou de volta em seus braços, ele
soube que nunca a deixaria partir.
Ele havia revertido a vasectomia, porque sabia que um dia ia quer uma família com a mulher que amava. E então, um ano depois de estarem trancados
em sua casa europeia e curtindo um ao outro no prazer sombrio e delicioso, ela engravidou. Embora ele estivesse preparado para isso e Ruby soubesse que um
dia compartilhariam a alegria de criar uma família juntos, sua gravidez ainda era um choque para ambos. Antes de Ruby, Gavin nunca quis uma família, nunca desejou ficar com uma mulher que fosse mais do que um brinquedo sexual.
Ruby ficou assustada, mas no fundo viu a ansiedade de ter uma criança e de ser uma mãe melhor do que a sua. Havia felicidade, e Gavin percebeu que essa jovem o havia feito ver que sem ela em sua vida, ele não era nada. Era a concha de um homem, uma alma oca e vazia.
E então, três meses depois, ela perdeu o bebê. Não foi porque seu apetite por prazer sádico havia sido grande demais, porque no momento em que descobriu que ela carregava seu bebê, colocou seus desejos egoístas de lado. Não havia nada além de doçura e toques gentis, e isso tinha sido o suficiente, desde
que seu filho e a mulher que ele amava estivessem bem. Seus desejos sombrios não haviam desaparecido, nunca aconteceria, mas ele os havia suprimido.
Ela esteve sofrendo e magoada.
Durante meses, ela esteve desesperada, consumida por sua dor, e não havia
nada que ele pudesse fazer que ajudasse a aliviar seu sofrimento. Ele havia sido torturado com ela, sentindo como uma faca cortando seu coração. Toda vez que
ele a olhava e via suas lágrimas ou aquela expressão distante, aquela dor se intensificava dentro dele. Levá-la à cidade para ir às compras ou sugerir que eles fossem para uma ilha particular e não pensassem em nada, não havia conseguido mais que um balançar de cabeça e sua tristeza se intensificando.
Mas conforme os meses se passaram, ela começou a se curar, e ele deu a ela
mais amor do que qualquer pessoa poderia lidar. Ele tirou folga do trabalho e ficou só com ela, dizendo que era a única coisa em sua vida que valia algo. Não estava com pressa de ter outro bebê, especialmente se tivessem que sentir essa dor novamente, mas queria que ela soubesse que ele estava ao seu lado.
Ele voltou ao presente quando ouviu o som suave de Ruby. O lençol caiu ao
redor da sua cintura, e ele ficou contente ao ver que ela estava nua e usava sua gargantilha de pérolas. Desde que ele a trouxe de volta para a mansão, há três anos, disse que a queria nua enquanto dormia e que ela deveria usar as pérolas em todos os momentos. Era sua marca visual de propriedade, mas elegante o suficiente para acentuar sua inocência e beleza.
Ele olhou para seus seios e sentiu seu pênis começar a endurecer. Ainda estava sentado nas sombras e, embora aquilo fosse voyeurista, ficou ainda mais duro. Gavin observou enquanto ela se levantava, com o corpo mais cheio agora e o cabelo comprido o suficiente para que quando o prendesse em uma trança e o
jogasse por cima do ombro, passasse por seu seio. Ela pegou o roupão, vestiu e passou por ele sem perceber que poderia ter esticado a mão e acariciado sua coxa.
Quando ela saiu do quarto, ele se levantou lentamente, tirou o paletó e a gravata, jogou-os por cima da cadeira e abriu as abotoaduras. Foi para o quarto que ficava em frente ao deles. Se encostou no batente da porta e observou a esposa alimentar sua filha de quatro meses. Willasandra, ou Willa, como costumavam chamá-la, tinha uma cabeleira escura e olhos azuis que o faziam lembrar do céu de verão. Willa estendeu a mão e começou a brincar com o final da trança de Ruby, e sua esposa começou a cantarolar uma suave canção de ninar. Ele poderia ficar ali para sempre só observando-as.
Eles não estavam tentando engravidar e quando aconteceu, Gavin viu o medo no rosto de Ruby. A cada mês que passava, o medo se tornava um pouco
menor, e depois deu lugar a esperança. Quando sua filhinha nasceu e ele a olhou
nos olhos pela primeira vez, aquela dureza que sempre havia sido parte dele se rompeu completamente. Ele tinha os dois amores da sua vida. O cretino sádico
que havia associado a si mesmo por muito tempo percebeu que essas duas mulheres eram as coisas mais importantes para ele.
Por longos minutos, tudo o que ele fez foi observar Ruby com Willa. Ele podia ver as pálpebras da filha começarem a se fechar e então ela adormeceu.
Ruby colocou o roupão sobre os seios, se levantou e colocou o bebê no berço.
Por alguns segundos, ele apenas olhou para ela e, em seguida, se virou e lhes deu privacidade. Gavin voltou para o quarto, tirou a roupa e entrou no banheiro para tomar banho. Ansiava por Ruby, queria sua pele macia se esfregando na dele, que seus gemidos ofegantes enchessem seus ouvidos e ansiava pelo doce sabor
dela em sua língua. Ele desejava ver seu corpo avermelhado por causa de suas surras e queria que a marca das pérolas que ele usava nela cobrissem sua forma.
Tomou banho e, ao terminar, voltou para o quarto. As luzes ainda estavam
apagadas, mas ele viu Ruby sentada na beira da cama. Ela estava nua mais uma
vez, a luz do banheiro e da lua banhavam seu corpo. Seu pau endureceu instantaneamente.
— Senti saudade — ela disse com suavidade.
— Também senti sua falta, baby — ele disse tão baixo quanto pôde e apagou a luz do banheiro. Deu um passo em sua direção, olhou para seus seios
fartos, deixou seu olhar deslizar até a barriga, ligeiramente arredondada, e parou no monte nu da sua vagina. Ela mantinha sua boceta depilada para ele, doce e macia. Ela era dele e cada parte do seu corpo o pertencia. Gavin podia usá-la como bem entendesse, agradá-la até que ela gritasse para ele lhe dar mais. E ele faria isso, porque era o que Ruby queria.
— Não sabia que você ia voltar hoje à noite — ela falou de uma vez, e ele
podia dizer que ela estava ficando excitada. Sua respiração era ofegante e os seios subiam e desciam enquanto ela o olhava.
— Quanto você sentiu a minha falta, Ruby? — ele perguntou em voz baixa
e profunda, sentindo seu desejo aumentar.
— Você sabe o quanto. — Ela se levantou e, em seguida, subiu na cama. De
joelhos, as pernas ligeiramente abertas e a visão da sua boceta em exibição clara, ele gemeu baixinho. — Cada parte minha sofre por seu toque, por sua respiração e por seu pau... só quero você, Gavin.
Ela o fez sentir como se seu pau fosse explodir se não estivesse enterrado
dentro da sua boceta apertada, molhada e quente. Ele se aproximou e parou quando chegou à beira da cama. Olhou para ela, tocando cada curva do seu corpo. Ela era muito pequena e magra quando a comprou daqueles traficantes de seres humanos, mas nos últimos três anos e desde que teve Willa, seu corpo
havia desenvolvido. Ela estava mais feminina, cheia de curvas nos lugares certos.
— Deite-se de bruços, baby. — Gavin observou enquanto ela o atendia imediatamente, e ele deu um grunhido de aprovação. O homem deu uma palmada em sua bunda. — Tão obediente, Ruby. — Gavin se moveu para a cama, abriu as pernas o máximo possível e olhou para sua boceta. Ela estava vermelha, inchada, e já muito molhada. O fato de que o cabelo dela ainda estava preso em uma trança, e que ele podia ver seu pescoço e a bela gargantilha presa a ele fez suas bolas se apertarem.
Gavin foi até a mesinha de cabeceira, abriu a gaveta e pegou o saco de seda
que continha os fios de pérolas que usava para lhe dar prazer. Pegando as contas, ele as deslizou pelas costas dela. Ruby virou a cabeça, fechou os olhos e abriu os lábios. Seu corpo se arrepiou, e ele lambeu toda a curva da sua coluna. Pegando as mãos dela e as colocando nas costas, ele usou as pérolas reforçadas para segurar seus pulsos. Em seguida, pegou a corda presa a ela e prendeu o fecho ao pequeno gancho em sua gargantilha. O comprimento das pérolas agora estava nivelado com sua coluna. Pegando a do meio, ele deu um leve puxão até que ela levantou a parte de baixo da cama e se apoiou nos joelhos.
— Abra bem as pernas, baby.
Ela abriu os olhos e fez um pequeno ruído. Seu pau endureceu ainda mais
com a visão. Ela estava muito molhada. Passou os dedos por suas dobras, os cobriu com sua excitação e os levou à boca. Gavin não pôde deixar de sugá-los.
Ela tinha sabor do paraíso e depois de estar longe dela por uma semana, estava faminto por ela em todos os sentidos imagináveis. E então ele enterrou o rosto entre suas coxas. Lambeu e chupou, engoliu sua excitação e grunhiu por mais. Dando outra palmada em sua bunda, ele sentiu o calor da sua pele debaixo da palma, e prosseguiu fazendo isso em ambos os lados. Os gemidos que vieram
dela alimentaram seu desejo sombrio.
— Ah, Gavin. — Essas palavras vieram dela quando ele tirou a boca de sua
boceta e colocou o dedo em sua entrada. Ele o movimentou dentro e fora de Ruby e depois acrescentou outro. Abrindo-a e esticando-a, porque ele gostava da sensação dos seus dedos naquele corpo doce, por fazê-la aceitar sua grossura, suor escorria de seu peito. Ele precisava disso, precisava dela como precisava respirar.
— Nunca haverá mais ninguém para mim, Ruby.
Ela ofegou depois que ele falou.
— Você é minha. Me diga que você me pertence. — Ele mordeu
suavemente o lado direito da sua bunda, amando seu grito de dor e prazer, e fez o mesmo do outro lado.
— Eu sou sua, você sabe disso — ela suspirou. — Sempre serei.
Gavin não conseguia mais se controlar. Ele se endireitou e tirou os dedos do
corpo dela. Depois de sugá-los, virou a cabeça dela para o lado, segurou seu queixo com firmeza e a beijou com força. Ele a forçou a se provar em seus lábios e língua. Quando ela estava implorando por mais, ele se endireitou mais uma vez e guiou seu pênis para dentro dela. Com a mão em seu pescoço, ele pressionou o rosto dela no colchão. Gavin precisava fazê-la saber que estava no comando, que era o único que tinha o controle. Poderia possuir seu corpo, mas ela possuía cada pedacinho dele. Seu pau deslizou para dentro do calor acolhedor de Ruby, e ele soltou a base do pênis e agarrou sua cintura. Sabia que deixaria belas contusões em sua pele branca e precisava ver essas marcas.
A sensação de estar dentro dela, sentindo-a apertar seu comprimento, e tê-la
gemendo seu nome, quase fez Gavin gozar. Ele começou a se mover para dentro
e para fora e suas bolas se apertaram quando o clímax se aproximou.
— Estou tão perto, Gavin — ela ofegou.
— Goza para mim, baby.
Ela choramingou de prazer e quando ele enfiou os dedos no corpo dela com
mais força, ela gritou de dor. Ele perdeu o ar quando ela apertou os músculos da boceta ao redor dele. Gavin puxou o pau quase todo para fora, mas antes que saísse, entrou novamente com força suficiente para que a parte superior do seu corpo fosse para frente na cama.
— Está tão bom, Ruby. Porra, você é gostosa pra caralho. — Ele entrou e
saiu do corpo dela, aumentando a velocidade a cada segundo. Olhando para onde seus corpos se conectavam, ele observou com prazer o tanto que ela estava esticada ao seu redor. — Está bom para você, querida?
Ela gemeu.
— Está bom. Bom demais.
Ele estava muito perto de gozar, mas queria senti-la apertar seu pau quando
encontrasse o próprio clímax primeiro. Diminuiu o movimento e passou o braço
ao redor da cintura dela, levantando-a. Com a outra mão, soltou rapidamente o fecho do pescoço e retirou as pérolas do pulso para que ela ficasse livre e puxou as costas contra seu peito. Ele começou a entrar e sair dela ainda mais rápido.
— Goza, baby. — Ele ofegou com força, fazendo tudo em seu poder para
não gozar antes dela. — Entendeu, Ruby?
Ela assentiu antes de dizer um sim ofegante. Puxando para fora e
descansando a cabeça do pênis em sua entrada, ele bateu nela com tanta força que ela quase caiu para frente. Ele sentiu a primeira onda do seu orgasmo se mover ao longo da sua ereção. Ela jogou a cabeça para trás, a apoiou no ombro dele e gritou bem alto. Era isso que ele queria, sua doce rendição. Ele inspirou
profundamente e deixou seu próprio orgasmo surgir como um animal feroz.
Gemendo, ele a preencheu, marcando-a, reivindicando totalmente cada parte dela. Quando seu prazer diminuiu, Gavin se retirou de dentro de Ruby e desmoronou na cama ao lado dela que caiu para frente, respirando com força e
coberta de suor. Ele a observou, adorando que ela tivesse gozado naquele momento, e então afastou uma mecha de cabelo que caiu da sua trança. Depois
de alguns minutos, ela se virou e Gavin a puxou para perto. Ele apenas a abraçou, feliz por ela estar ali com ele.
Acariciou sua testa e bochecha. Ela sorriu e o suspiro que a deixou foi de
contentamento e de ser completamente amada. Quando o som de Willa chorando
rompeu o silêncio, ele beijou Ruby na testa e saiu da cama.
— Eu posso ir até ela — Ruby disse sonolenta.
— Não, princesa, eu vou buscá-la. — Ele pegou uma calça e saiu do quarto
para ir até Willa. Ela chorou baixinho, e ele murmurou para ela quando chegou ao berço. Sua presença a fez chorar mais, e ele pegou sua filhinha e a embalou contra o peito. Ele cantarolou baixinho e foi até a cadeira. Uma vez sentado, começou a balançar e logo Willa voltou a dormir. Ele não parou de balançar e quando ele olhou para cima, viu Ruby parada na porta. Ele ainda tinha um lado sombrio dentro de si que só ela podia saciar, mas ela era a doce masoquista para seu sádico interior.
Ela era a única que poderia domá-lo.
— Eu te amo — ela disse com suavidade.
— Também te amo, querida.
Ela sorriu, se virou e voltou para o quarto deles.
Ele era um homem melhor agora por causa de Ruby e Willa.
Elas mostraram a ele que na escuridão havia luz.
Fim.
Aflição
Copyright © 2017 por Jenika Snow
Copyright da tradução © 2018 por Andreia Barboza — Bookmarks Serviços Editoriais.
Tradução: Andréia Barboza
Capa criada por: Dana Leah
Fotógrafo: Wander Aguiar
Modelo: Jonny James
Editor do original: Kasi Alexander
Copidesque do original: Lea Ann Schafer
Copidesque da tradução: Luizyana Poletto
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS: A reprodução, transmissão ou distribuição não autorizada de qualquer parte deste trabalho protegido por direitos autorais é ilegal. A violação de direitos autorais é investigada pelo FBI e é punível com até 5 (cinco) anos de prisão federal e multa de 250.000 dólares.
Esta obra literária é ficção. Qualquer nome, lugares, personagens e incidentes são produto da imaginação do autor. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, eventos ou estabelecimentos é mera coincidência.
Por favor, respeite o autor e não participe ou incentive a pirataria de materiais protegidos por direitos autorais que possam violar os direitos do autor.
Só depois de Cameron que eu soube o que era o verdadeiro mal ... ou que eu ansiaria tanto por ele.
Eu deixaria que o mundo me oprimisse, me puxasse para baixo até que nada
fizesse mais sentido. Talvez tenha sido assim que eu me deixei entrar nessa confusão. Talvez tenha sido desse jeito que me coloquei nesta situação com um homem que eu sabia que poderia me salvar de um destino pior que a morte.
Mesmo que estar com Cameron, dar a ele tudo de mim, a única parte que valia
alguma coisa — meu corpo — poderia me arruinar, tive que sobreviver.
Barão da droga. Chefe do crime. Assassino. Eu deveria temê-lo, ficar horrorizada com o que queria de mim e com quem ele era. Mas, em vez disso,
me peguei querendo agradá-lo e me entregar completamente.
Porque eu sabia que isso me dava controle sobre ele.
Cameron Ashton reinava no submundo turbulento, o perigo e a violência da
imoralidade, de seu trono. Uma pistola é sua espada e apatia é seu segundo em comando. Eu sabia que ele era perigoso, sabia que acabaria comigo sem pensar
duas vezes. Mas ele era minha única chance, a única forma de sobreviver.
E eu não sabia o quanto isso era verdade até que ele me possuísse.
Ele era possessivo e controlador. A escuridão nele corria mais forte, mais profundamente que jamais correu em mim. Talvez não sejamos tão diferentes.
Será que desistir do controle para Cameron, lhe dando a minha alma, faça de mim poderosa?
Talvez, no fim das contas, eu seja a dona dele.
Aviso: Este é um romance erótico sombrio. Pode haver assuntos e gatilhos que sejam sensíveis a alguns leitores. É um romance, ainda que distorcido.
Se você está procurando por uma história fofa e que aqueça o seu coração,
este não é o livro para você.
Capítulo Um
O suor escorrendo pelo vale entre meus seios era como dedos se movendo ao longo do meu corpo. Eu estava com calor, meu corpo vermelho, o coração acelerado. Tudo em mim parecia estar vivo, pronto para rasgar minha pele como se fosse outro ser querendo escapar.
Eu estava bêbada e me sentia incrível.
Os corpos pressionados firmemente contra mim, se movendo de forma
sexual e sugestiva me fizeram sentir ainda melhor. Me fizeram sentir viva. Me movi com eles, balançando com a música, sentindo o cheiro de sexo e álcool que parecia me cercar. Eu tinha certeza de que muitas dessas pessoas transariam hoje à noite. Sem dúvida seria obsceno, pois suas inibições ficariam no clube no momento em que elas fossem para casa com alguém. Seria o tipo de sexo que as
pessoas bêbadas costumavam fazer: relaxado e despreocupado.
Eu não era uma boa garota.
Nem me sentia como a garota que chamavam de Sofia.
Não seguia regras. E minha vida não era nada memorável. Eu vivia como se
hoje fosse meu último dia, porque pelo que eu sabia, seria mesmo. Poderia ser.
Vim para o clube quando não consegui mais suportar a minha vida, que mais parecia uma caixa fechada, selada, sem entradas de ar nem de luz. Fiquei bêbada e dancei até que meu corpo estivesse coberto de suor, os músculos doloridos, e um cara de fraternidade pobre e desesperado para transar querendo gozar se esfregando na minha perna. Eu estava um desastre em muitos sentidos e não tinha dúvidas de que as pessoas achavam que eu era uma vagabunda pelo jeito que eu me vestia e me movia na pista de dança.
Mas essas coisas não definiam quem eu era: uma virgem que estava perdida
e não tinha nada nem ninguém. Uma mulher inexperiente que veio até aqui dançar, porque queria um pouco de prazer... o único tipo que já teve. Aqui, eu sentia como se estivesse sendo consumida pela água, sendo impotente, mas sem
peso, sendo sugada até o fundo, onde nenhuma luz era permitida.
Eu não era uma pessoa iluminada. Era alguém sombria em um corpo de um
metro e cinquenta e cinco de altura, com cabelos escuros, um jeito selvagem e ninguém para me impedir.
Talvez eu fosse uma contradição para mim mesma, uma garota perdida que
não sabia o que queria da vida. Mas eu era assim, e foi desse jeito que passei por todos os dias.
Encarei isso, sabendo que talvez minha criação — a mãe ausente, o pai
bêbado e a propensão de ser agredida, de vez em quando pelos dois — possa ter me transformado nisso.
Eu não estava acabada, mas estava com problemas.
Ou talvez não tivesse nada a ver com meus pais ou o que eu não recebi enquanto crescia: amor. Talvez, no fim das contas, eu tenha nascido desse jeito.
De toda forma, não tentei parar. Não tentei mudar.
— Você está muito gostosa dançando aqui, garota. — Ter um cara atrás de
mim, suas mãos em meus quadris e o pau duro contra a parte inferior das minhas costas provocava sentimentos contraditórios em mim. — Está gostosa demais —
ele disse de novo, com a voz rouca, excitada e arrastada, sem dúvida por conta da quantidade de bebida que consumiu.
Eu queria que ele gozasse, porque saber que eu tinha esse tipo de controle,
esse tipo de poder, me alimentava. Mas, por outro lado, senti nojo, principalmente de mim mesma. Senti seu hálito quente cheirando a bebida ao longo do meu pescoço. Estremeci e a forma como ele gemeu me fez supor que
ele achava que eu estava gostando.
Não estava, mas não parei de me esfregar nele.
Levantei as mãos, fechei os olhos e pensei em outra coisa. Eu não estava aqui, não estava tentando fazer esse gozar nas calças. Estava longe, tão distante que nada podia me alcançar.
— Venha para casa comigo. Droga, vamos voltar para o meu carro.
Balancei a cabeça. Ele precisava calar a boca.
— Vamos, garota. — Ele esfregou seu pau contra mim novamente. Parecia
pequeno, mesmo estando duro.
— Não. Ou você cala a boca e dança comigo, ou vá encontrar alguém disposta a ir para casa com você. — Eu nem sabia se ele me ouvia sobre a afobação da música, mas se ele dissesse mais uma palavra, eu só iria tomar uma bebida.
Ele aumentou o aperto em meus quadris, encaixando o pau pequeno nas minhas costas.
— Aposto que você está molhada para mim, não é? — Sua respiração
estava quente e úmida. Era ácida, e eu senti vontade de vomitar.
Eu estava seca, nem mesmo a provocação da excitação me atingia. Eu nunca sentia nada quando dançava com esses caras. Era o que me fazia sentir livre e poderosa em um mundo instável. Eu podia não ter nenhum tipo de controle na minha vida pessoal, minhas finanças ou qualquer coisa que tivesse que fazer, mas neste clube, onde as bebidas fluíam, o sexo era potente e meu poder era imenso... eu era a única no controle.
Já havia sido chamada de provocadora, vadia, prostituta... todo e qualquer
xingamento acima. Nada disso importava. Eram tiros verbais, e nesse clube eu usava meu colete à prova de balas.
Me afastei do cara e segui até o bar. Ou ele estava me xingando ou esperava
que tivesse ido atrás de alguém mais receptivo ao que ele realmente queria. Mas quando cheguei ao bar, as pessoas se espremeram, gritando, levantando as mãos para que um dos três garçons se aproximasse. Decidi que a noite estava encerrada. Eu iria ao banheiro e chamaria um táxi.
Seguindo o caminho pela multidão, o ar estagnado e úmido e o calor sufocante, fiz uma oração silenciosa para que a fila do banheiro não estivesse muito grande. Mas ainda havia algumas garotas à minha frente. Eu me inclinei
contra a parede, descansei a cabeça e olhei para cima. Notei a câmera de segurança virada diretamente para mim. Havia várias neste corredor, duas nos fundos, uma apontando para mim e outra apontada para a pista de dança. Eu não tinha dúvidas de que havia mais uma dúzia em outros locais.
Embora este lugar fosse agitado na maioria das noites, também tinha a fama
de ser seguro — bem, tão seguro quanto uma boate poderia ser. Havia acabado
de ser reformado pelo novo proprietário, um homem do qual sempre ouvi falar,
mas nunca quis conhecer.
Sombrio e perigoso. Violento e psicótico. Não é alguém que você queira encontrar em um beco escuro. Ele logo cortaria sua garganta por olhá-lo do jeito errado.
Rumores, claro, mas foram essas palavras, sussurradas por várias pessoas, o que me dizia que deveria haver um pouco de verdade por trás delas.
Sinto muito por quem irrita Cameron Ashton, porque ele vai resolver esse problema com uma pá e um buraco de quase dois metros de profundidade.
Empurrando a porta quando chegou a minha vez, usei o banheiro, fui até a pia
para lavar as mãos e me olhei no espelho. A garota que olhava seu reflexo parecia triste, e não de um jeito emocional. Meu reflexo mostrou uma bagunça
sexy. Meu delineador estava começando a borrar debaixo dos olhos, mechas do
meu cabelo escuro estavam presas em minhas têmporas, e o batom que eu usava,
que era vermelho vibrante, agora parecia morto e sem cor.
Saí do banheiro, segui pela multidão e finalmente abri a porta que levava para a rua. O ar fresco da noite tomou conta de mim e fechei os olhos involuntariamente, gemendo baixinho. Me senti bem lá fora. As pessoas se esfregando e o calor era uma lembrança distante quanto mais eu ficava ali. O
álcool, que havia me entorpecido, nublando minha cabeça, começou a clarear.
Talvez eu não estivesse tão bêbada quanto pensava. Estar dentro daquelas portas era como estar em outro mundo. As luzes, a música e as pessoas tentando gozar da forma que conseguissem te faziam descer a um nível depravado,
constrangedor e nojento. Era isso o que eu amava.
Eu precisava ir para casa, tinha que trabalhar de manhã e precisava voltar para a minha vida de merda. Peguei meu celular da bolsinha de mão que carregava comigo, disquei para o serviço de táxi que havia salvo na memória do aparelho e dei o endereço. Eu vinha tanto aqui no último ano que eles deveriam me conhecer pelo nome. Enquanto esperava dez longos minutos para que o taxi
chegasse, me afastei da porta da frente e me encostei na parede do lado. Olhei para cima, a luz da rua estava brilhante, mas não me atingia por completo.
Olhando para a esquerda, notei outra câmera de segurança apontada para a porta da frente. Não era possível dizer que este lugar não era organizado.
O som de um isqueiro sendo aceso a direita me fez dar uma olhada. Vi o clarão da chama e senti o cheiro do cigarro enquanto seu dono tragava e depois exalava.
— Ei, garota.
Respirei fundo. Deus, claro que o cara lá de dentro, aquele com o pau pequeno que queria que eu fosse para casa com ele, estaria aqui fora. Não me incomodei em responder, pois não queria me envolver. Em vez disso, virei a cabeça na outra direção e olhei para algumas pessoas do outro lado do estacionamento que estavam fumando. Senti o toque bem leve no meu braço.
Que merda é essa??
Olhei para a direita e, antes que eu soubesse o que estava acontecendo, o leve toque do babaca mudou para ele me puxando mais para dentro da parte escura da rua.
Jenika Snow
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